6 - Materiais Polimericos

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Capítulo 6.

Materiais poliméricos

Tópicos a abordar...
• Quais são as características microestruturais básicas?
• Como é que as propriedades do material polimérico são
afectadas pelo peso molecular?
• Como se arranjam as cadeias nos materiais poliméricos?
• Como é que as características microestruturais afectam o
comportamento mecânico dos materiais poliméricos?
• Qual o efeito da temperatura no comportamento mecânico
dos materiais poliméricos?
1
Polímeros na Antiguidade
•  Polímeros naturais usados:
–  Madeira – Borracha
–  Algodão – Lã
–  Pele – Seda

•  Utilizações mais antigas conhecidas


–  Bolas de borracha usadas pelos Incas
–  Noé usou pinho (um polímero natural) para
a arca

2
Polímeros

O que é um polímero?

Poli mero
(polys) muitas partes (unidade de repetição)

unidade unidade unidade


repetição repetição repetição
H H H H H H H H H H H H H H H H H H
C C C C C C C C C C C C C C C C C C
H H H H H H H Cl H Cl H Cl H CH3 H CH3 H CH3
Polietileno (PE) Policloreto de vinilo (PVC) Polipropileno (PP)

3
Composição química
A maior parte dos polímeros são hidrocarbonetos, i. e.
feitos de Hidrogénio (H) e Carbono (C) provenientes
de gás natural, petróleo e carvão.

•  Hidrocarbonetos saturados
–  Cada átomo de Carbono está ligado a quatro outros átomos

CnH2n+2

4
Composição e estrutura molecular de
hidrocarbonetos saturados (CnH2n+2)
Temperatura de
Nome Composição Estrutura ebulição (ºC)

Metano

Etano

Propano

Butano
Pentano
Hexano
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Hidrocarbonetos insaturados
•  Ligações duplas e triplas relativamente reactivas →
podem formar novas ligações

–  Ligação dupla: etileno (CnH2n)

•  4 ligações, mas cada C está ligado apenas a 3 átomos

–  Ligação tripla: acetileno (CnH2n-2)

• 4 ligações, mas cada C está ligado apenas a 2 átomos


6
Reacções de polimerização

•  Polimerização em cadeia (por adição)


Exemplo: Polietileno

•  Polimerização por passos sucessivos (por


condensação)
Exemplo: Nylon 6,6

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Polimerização em cadeia

1. Iniciação
Monomero (etileno)

2. Propagação

3. Terminação
mero

Iniciador
Exemplo: peróxido de benzoílo
Polímero (polietileno)

8
R· = radical livre
Polimerização por passos
sucessivos

hexametileno diamina ácido adípico

nylon 6,6 água

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Unidade de repetição = Mero
Exemplo: Polietileno

Unidade de repetição = Mero

10
Grau de polimerização, n
n = número de meros (unidades de repetição)
na cadeia polimérica (macromolécula)

ni = 6

Material polimérico → muitas cadeias poliméricas, com


diferentes comprimentos, cada uma com o seu
peso molecular e grau de polimerização

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Peso molecular da cadeia
• Peso molecular, Mi: peso de uma mole de cadeias poliméricas.

baixo M alto M
Fracção em número

Fracção em peso

Peso molecular Peso molecular

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Peso molecular médio

Média – número,

Quantidade de polímero
Média – peso,

Mw é mais sensível a pesos


moleculares mais altos

Peso molecular
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Cálculo do peso molecular
Exemplo: peso médio dos alunos de uma turma

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Isomerismo
•  Isomerismo
–  Dois compostos com a mesma fórmula química
podem apresentar estruturas muito diferentes.
Exemplo: C8H18
•  n-octano

•  2-metil-4-etil pentano (isooctano)

15
Forma das moléculas
Configurações – para serem alteradas tem que haver
quebra de ligações
•  Estéreo-isomerismo: mesma composição química
mas diferentes arranjos espaciais

ou

espelho plano 16
Formas de estéreo-isomerismo

Isotáctico: todos os grupos R


estão do mesmo lado da cadeia
principal de Carbono

Sindiotáctico: os grupos R
encontram-se alternadamente
num lado e noutro da cadeia
principal

Atáctico: os grupos R estão


colocados aleatoriamente num e
noutro lado da cadeia principal de
Carbono

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Isomerismo geométrico

cis trans
cis-isopreno trans-isopreno
(borracha natural) (gutta percha)
H e CH 3 do mesmo lado H e CH 3 em lados opostos
da dupla ligação da dupla ligação

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Forma das cadeias
Conformação: orientação das cadeias poliméricas
(macromoléculas) pode ser alterada por
rotação em torno das ligações, sem
necessidade de estas serem quebradas

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Cadeias moleculares

• Configurações das cadeias covalentes e resistência mecânica:

ligação
secundária

Linear Ramificado Ligações cruzadas Reticulados 3D

Resistência mecânica aumenta

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Distância entre extremidades, r

r ≠ do comprimento da cadeia

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Polímeros comuns
Polímero Unidade de repetição (mero)

Polietileno (PE)

Policloreto de vinilo (PVC)

Politetrafluoroetileno (PTFE)

Polipropileno (PP)

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Polímeros comuns
Polímero Unidade de repetição (mero)

Poliestireno (PS)

Polimetacrilato de metilo (PMMA)

Fenolformaldeído (Baquelite)

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Polímeros comuns
Polímero Unidade de repetição (mero)

Polihexametileno
adipamida (nylon 6,6)

Politereftalato de etileno
(PET, um poliester)

Policarbonato (PC)

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Tipos de polímeros

Termoplásticos (PE, PVC, ...)


• Plásticos
Termoendurecíveis (poliéster, ...)

• Elastómeros (borracha)

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Termoplásticos vs termoendurecíves
T
• Termoplásticos: Callister,
líquido borracha
- poucas ligações cruzadas Fig. 16.9
- “dúcteis” líquido viscoso Tf
“móvel” plástico
- amaciam qdo T ↑ tenaz
- polietileno Tg
polipropileno
policarbonato sólido
poliestireno, etc parcialmente
sólido
cristalino
cristalino

• Termoendurecíveis: Peso molecular


- muitas ligações cruzadas
(10 a 50% dos meros)
- duros e frágeis
- NÃO amaciam por aquecimento
- borracha vulcanizada, resinas
epoxídicas, poliéster, fenólicas
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Cristalinidade de polímeros
Exemplo: célula unitária do PE

•  Nos cristais as cadeias têm de


estar dispostas com uma certa
ordem

Cadeias dobradas numa lamela de


PE de baixa densidade
10 nm

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Cristalinidade de polímeros
Polímeros 100% cristalinos são raros
Região
•  Muito difícil conseguir que todas as cadeias cristalina
fiquem alinhadas
Região
região amorfa
cristalina

• % cristalinidade: % de
material que é cristalino

- muitas vezes E e a resistência


mecânica aumentam com a %
de cristalinidade

região
amorfa

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Formas cristalinas de polímero
•  Monocristais – é necessário um crescimento lento e
cuidado (feito em condições especiais)

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Formas cristalinas de polímero
Direcção de crescimento Cristalite
da esferulite constituída por
cadeias dobradas
Material
•  Esferulites
amorfo

Macromolécula

Local de nucleação
Spherulite
surface Fronteira
interesferulítica

30
Esferulites
Cruz de Malta

31
Copolímeros
aleatório
Dois ou mais tipos de meros:

•  Aleatório: A e B dispostos
aleatoriamente na cadeia alternado

•  Alternado: A e B dispostos
alternadamente na cadeia
por blocos

•  Por blocos: blocos de A


alternam com blocos de B

•  Ramificados: cadeia principal ramificado


de A com ramificações de B

A– B–

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Propriedades mecânicas
•  Curvas tensão-extensão de polímeros

polímero frágil
σmax polímeros ≈
10% σmax metais
Tensão (MPa)

plástico
elastómero

E inferior ao
dos metais

Extensão

Nos polímeros é possível atingir extensões (deformações) > 1000%


(nos metais, a extensão máxima é ≤ 10%) 33
Comportamento em tracção
σ (MPa) estrutura
perto fractura
fibrilar
x fractura frágil
estricção perto fractura

fractura dúctil
x
Início

ε regiões cristalinas
deslizam

alinhado, reticulado
com
ligações
cruzadas
polímero
regiões regiões
semi-cristalino
amorfas cristalinas
alongam alinham-se

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Comportamento em tracção: elastómero
σ (MPa)
x fractura frágil

fractura dúctil
x
x
elastómero
final: cadeias
esticadas mas ligadas
ε
início: cadeias Deformação
desalinhadas ligadas é reversível!

• Comparar com a resposta de outros polímeros:


- frágil (polímeros alinhados, com ligações cruzadas ou reticulados)
- dúctil (polímeros semi-cristalinos)
35
Vulcanização da borracha

Cis-poliisopreno
(borracha natural)

Na borracha vulcanizada as cadeias poliméricas estão ligadas


através de átomos de Enxofre (S) (≈3% peso) (O, N)

45% S borracha
totalmente rígida

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Comportamento em tracção de uma borracha

Tensão (MPa)

Vulcanizada

Não-vulcanizada

Extensão

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Fractura de polímeros
– Esferulites deformam-se “plasticamente” formando
uma estrutura fibrilar
– Formam-se microcavidades e pontes com as fibras

cadeias alinhadas

pontes com microcavidades fenda


fibras

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Termoplásticos: efeitos da T e da
velocidade de deformação

σ (MPa)
• Diminuindo T...
80 4°C Dados para um
- aumenta E
- aumenta σmax
polímero semi-
- diminui %EL 60 cristalino: PMMA
20°C (Plexiglass)
• Aumentando a 40 40°C
velocidade de
deformação... 20
0 até 1,3
- efeitos idênticos 60°C
a diminuir T
0 0.1 0.2 ε 0.3

39
Temperatura de fusão (Tf) vs
temperatura de transição vítrea (Tg)
Quais os factores que
afectam Tf e Tg? Líquido

•  Tf e Tg aumentam com a
rigidez da cadeia

Volume específico
•  Rigidez da cadeia aumenta
Vidro
com:
–  Grupos laterais volumosos Sólido semi-cristalino
–  Grupos polares ou grupos
laterais
–  Ligações duplas e grupos
aromáticos na cadeia

Sólido cristalino

Tg Tf
Temperatura
40
Deformação dependente do tempo
• Ensaio de relaxação de tensão: • Dados: Forte queda de Er para
- extensão εο mantida constante T > Tg (Poliestireno
5
- observa-se uma diminuição da 10 sólido rígido amorfo)
tensão ao longo do tempo Er (10s) 3 (pequena relax)
em MPa10
região de
Ensaio de relaxação 101 transição

εo extensão 10-1
líquido viscoso
σ(t) 10-3 (grande relax)
60 100 140 180 T(°C)
tempo Tg
• Valores de Tg(°C):
• Módulo de relaxação: PE (baixa dens.) - 110
PE (alta dens.) - 90
PVC + 87
PS +100
PC +150
41
Aditivos
Melhorar propriedades mecânicas, processabilidade,
durabilidade, etc.

•  de enchimento
–  Adicionados para melhorar a resistência à tracção e
à abrasão, a tenacidade e diminuir o custo
Exemplos: negro de fumo, vidro, talco, calcário, etc.

•  Plastificantes
–  Adicionados para reduzir a temperatura de transição
vítrea Tg
–  vulgarmente adicionado ao PVC (é frágil)

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Aditivos
•  Estabilizantes
–  Antioxidantes
–  Protectores de radiação UV

•  Lubrificantes
–  Adicionados para facilitar o processamento
–  Facilitar o escoamento na matriz. Ex: estearato de Na
•  Corantes
–  Tintas ou pigmentos

•  Retardantes de chama
–  Cl, F e B

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Resumo
• Considerações gerais:
- E, σced, Kc e Taplicação geralmente baixos
- Deformação depende, muitas vezes, de T e do tempo

• Termoplásticos (PE, PS, PP, PC):


- E, σced e Taplicação baixos
- Kc alto
- Fáceis de enformar e reciclar

• Elastómeros (borracha):
- Grandes deformações reversíveis!

• Termoendurecíveis (poliesteres, resinas epoxídicas):


- E, σced, Taplicação altos
- Kc baixo 44

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