Metapsicologia Freudiana
Metapsicologia Freudiana
Metapsicologia Freudiana
movimentado por uma tensão desagradável buscando em si uma redução da tensão a partir de uma
evitação de desprazer ou produção de prazer. O princípio do prazer é próprio de um método primário
de funcionamento por parte do aparelho mental, mas é ineficaz do ponto de vista da autopreservação do
organismo. É substituído pelo princípio de realidade, entrando em constante conflito com o mesmo.
Freud (2006d, p.74) também salienta que a pulsão de morte parece ser servida pelo princípio do prazer,
que mantém guarda contra estímulos de fora que são vistos como perigosos por ambas as pulsões, mas
também esta é guarda contra a estimulação provida de dentro, que tornaria mais difícil a tarefa de
viver.
manter a quantidade de excitação constante ou mais baixa possível. Em contrapartida
há propriamente o aparelho psíquico que visa seu escoamento. Assim, introduzimos
também conceitos como libido 2 – uma energia vital - e pulsão 3 . Como um
instrumentalista, Freud isolava os dispositivos conceituais e os testava a fim de
investigar, no intuito de validar suas pesquisas, esgotando as possibilidades de
resultados para os quais estes conceitos poderiam conduzir.
Em 1915 fez uma tentativa para produzir uma ‘Metapsicologia. ‘Sobre o
Narcisismo’ (1914) ‘As Pulsões e suas Vicissitudes’ (1915), ‘Repressão’ (1915), ‘O
Inconsciente’ (1915), ‘Luto e Melancolia’ (1917) etc. vem fazer parte dessa tentativa.
Com isso queria construir um método de abordagem de acordo com o qual todo
processo mental é considerado em relação com três coordenadas, as quais descreveu
como dinâmica, topográfica e econômica, respectivamente.
2 Utilizaremos aqui o conceito destacado por Freud no texto Psicologia de grupo e a análise do Ego:
“Libido é expressão extraída da teoria das emoções. Damos esse nome à energia, considerada como
uma magnitude quantitativa (embora na realidade não seja presentemente mensurável), daqueles
instintos que têm a ver com tudo o que pode ser abrangido sob a palavra ‘amor’.” (FREUD, 2006d, p.
101).
3 Trieb é o termo alemão utilizado por Freud para aquilo que chamamos de pulsão, ou impulso, ou até
mesmo instinto. Sua caracterização básica pode ser enunciada do seguinte modo: trata-se de um
impulso dinâmico (Drang) delimitado por fonte, finalidade e objeto. (PEREZ, 2012, p. 44)
Já em seu glossário, Safouan (2006, p.203) designa a pulsão como “uma compulsão ao
reencontro em que se resolve a relação com o objeto a. Longe de assimilar ao instinto e à repetição da
necessidade, a pulsão constitui o efeito mais virulento do significante no sujeito”.
4 Pulsões - É necessário distinguir pulsão (trieb) de instinto (instinkt), que designa explicitamente
padrões hereditários de comportamento animal, típicos de cada espécie. Na Tradução Brasileira das
Obras Completas de Freud pela editora Imago pulsão foi erroneamente traduzida como instinto.
Em Psicopatologia da Vida Cotidiana Freud (1914) diz que os lapsos de
língua, erros, atos sintomáticos, sonhos são os melhores exemplos de conflitos que se
produzem entre a luta pela descarga das forças que a isso se opõem. Em Conferências
Introdutórias Freud (1916) defende que o produto do lapso pode ele próprio ter o
direito de ser considerado como ato psíquico inteiramente válido, que persegue um
objetivo próprio. Para Freud os fenômenos lacunares – sonhos, atos falhos,
parapraxias, sintomas constituem um meio – êxito e um meio – fracasso para cada
uma das duas intenções.
Quando as tendências à descarga e as forças repressoras que inibem essa
descarga são igualmente fortes a energia consome-se em luta interna e oculta; o que
se manifesta clinicamente com sinais de exaustão sem produção de trabalho
perceptível. (Fenichel, 2005).
5 Como define Freud: Podemos identificar a expressão do amor a si mesmo, do narcisismo. Esse amor
198). Esta é uma instancia à qual Freud primeiramente atribui o EU (ICH) a função de realidade. Ele a
reduz a uma estrutura passional com a introdução do narcisismo. Já em Lacan seria uma estrutura
imaginária, ligada em sua própria gênese a um conhecimento que de imediato cai ao lado ou que é
Sobre o narcisismo: uma introdução
(1914)
Teoria Topográfica
fundamentalmente desconhecimento, aquele que se opera no estádio do espelho. Apenas nas citações
de Freud (2006d), respeitaremos a tradução e manteremos o termo EGO.
A palavra “aparelho” é usada para caracterizar uma organização psíquica
dividida em sistemas, ou instâncias psíquicas, com funções especificas para cada uma
delas, que estão interligadas entre si. (Zimerman, 1999).
Consciente
Pré-Consciente
Inconsciente
“(...) retrataremos o aparelho psíquico como um instrumento composto a
cujos componentes daremos o nome de ‘instâncias’, ou ‘sistemas’. (...)
esses sistemas talvez mantenham entre si uma relação espacial constante,
do mesmo modo que os vários sistemas de lentes de um telescópio se
dispõem uns atrás dos outros. A rigor, não há necessidade da hipótese de
que os sistemas psíquicos realmente se disponham numa ordem especial.
Bastaria que uma ordem fixa fosse estabelecida pelo fato de, num
determinado processo psíquico, a excitação atravessar os sistemas numa
dada sequência temporal.” (Freud, A Interpretação dos Sonhos, 1900)
Segunda tópica
Isso-Id
Eu-Ego
Supereu-Superego
Desejo
“Em Sigmund Freud, essa ideia é empregada no contexto de uma teoria do
inconsciente para designar, ao mesmo tempo, a propensão e a realização da
propensão. Nesse sentido, o desejo é a realização de um anseio ou voto (Wunsch)
inconsciente”. (ROUDINESCO & PLON, Dicionário de Psicanálise)
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FREUD, S. (1921). Além do Princípio de Prazer, Psicologia de Grupo e a Análise do Ego e Outros
Trabalhos. In: Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Edição standard brasileira. Rio de
Janeiro: Imago. 2006d.
" O neurótico é um doente que se trata com a palavra, e acima de tudo,
com a dele. Ele deve falar, contar, explicar-se a si próprio. Freud define a
psicanálise como a assunção da parte do sujeito de sua própria história, na
medida em que ela é constituída pela palavra endereçada a um outro. A
psicanálise é a rainha da palavra, não há outro remédio. " (Lacan, em
entrevista para revista Panorama - Itália, em 1974)