Apostila Máquinas Elétricas IFCE Pecém - Cap6

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Capítulo 6 – Geradores CC

6.1. INTRODUÇÃO AOS GERADORES CC

As máquinas CC que convertem energia mecânica em elétrica são chamados de Geradores CC, como
sabemos, sua construção não difere em nada de um motor CC e depende apenas do sentido do fluxo
de energia aplicado, sendo assim uma máquina reversível e as equações já descritas se aplicam a esta
máquina, a qual pode ser de cinco tipos:
1. Gerador de excitação independente. Nesse caso o fluxo de campo é obtido de uma fonte de
potência separada do próprio gerador.
2. Gerador em derivação (shunt). Nesse gerador, o fluxo de campo é obtido pela ligação do circuito de
campo diretamente aos terminais do gerador.
3. Gerador série. Nesse caso, o fluxo de campo é obtido ligando o circuito de campo em série com a
armadura do gerador.
4. Gerador composto cumulativo. Nesse caso, temos ambos os campos em série e em derivação
somando seus efeitos.
5. Gerador composto diferencial. Da mesma forma que o composto cumulativo, os campos série e em
derivação estão presentes, porém, seus efeitos são subtrativos.

Cada tipo de gerador possuem curvas características particulares e cada tipo se dedica a
uma aplicação. Nos geradores, um dado importante é a regulação de tensão ( RT) de um gerador, a
qual é calculada por
V VZ −V PC
RT= x 100 % (6-1)
V PC
Todos os geradores necessitam de uma máquina primária (fonte motriz ou máquina
motriz) para acionar o gerador, a MP pode ser uma turbina a vapor, um motor diesel, um motor
elétrico, ou outro dispositivo que imprima velocidade ao gerador. Os geradores CC são bem raros
atualmente.
A figura 6-1 mostra o circuito equivalente de um gerador CC.

Figura 6-1: Circuito equivalente de um gerador CC.

6.2. GERADOR DE EXCITAÇÃO INDEPENDENTE

Um gerador do tipo excitação independente tem sua corrente de campo suprida por uma fonte CC
externa. O circuito equivalente é visto na figura 6-2, a corrente de armadura desse gerador é igual à
sua corrente de linha (corrente que será fornecida a carga conectada aos seus terminais):
I A =I L (6-2)

Caraterísticas terminais de um gerador CC excitação independente

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A característica de terminal de um gerador são a tensão terminal versus a corrente de linha, ou seja,
um gráfico de VT versus IL para uma dada velocidade ω (constante), a tensão de terminal VT é dada pela
equação
V T =E A −I A R A (6-3)

Figura 6-2: Um gerador de excitação independente.

Como a fonte de tensão da máquina é conectada diretamente ao campo, a tensão interna


gerada não depende de IA, portanto a característica de terminal dessa máquina é uma linha reta (a
vazio), conforme a figura 6-3. No caso desse gerador, quando há aplicação de carga aos seus
terminais, o comportamento é simples, ao passo que a carga é conectada, circulará uma corrente de
linha IL (que é igual a IA), a medida que a corrente de armadura cresce, aumenta a queda de tensão
IARA, e naturalmente a tensão terminal irá cair. Se houver reação de armadura, a queda de tensão será
ainda mais acentuada.

Figura 6-3: Característica terminal de um gerador CC


excitação independente (a) com e (b) sem enrolamentos de
compensação.

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Controle da tensão terminal

Há dois métodos possíveis de controle da tensão terminal de um gerador CC de excitação


independente.
1. Alterar a velocidade de rotação. Se ω aumentar, então EA = Kϕωm↑ aumentará, de modo que VT = EA -
IARA também aumentará.
2. Alterar a corrente de campo. Se RF for diminuída, então a corrente de campo aumentará ( IF = VF/
RF↓). Assim, o fluxo aumenta, quando isso acontece, a tensão interna gerada também aumenta ( pois
EA = Kϕ↑ωm, de modo que a tensão interna aumentará.

Ambas as situações mostram que o foco é aumentar a tensão interna, o que refletirá no
aumento de tensão terminal, como a maioria das máquinas primárias trabalha com velocidades
limitadas, desse modo, a tensão terminal é comumente controlada pela variação da corrente de
campo.

Figura 6-4: (a) Um gerador CC de excitação independente com a carga


resistiva. (b) O efeito da diminuição na resistência de campo sobre a tensão de
saída do gerador.

A força magnetomotriz total de um gerador de excitação independente é dado por


FMM liq=N F I F −FMM RA (6-4)
A corrente de campo equivalente (quando há reação de armadura) para um gerador de
excitação independente é dada por
* FMM RA
I F =I F− (6-5)
NF
Assim como nos motores, na análise de geradores utilizaremos a curva de magnetização, a
mesma deve ser consultada empregando-se a corrente de campo para encontrar a tensão interna
gerada EA0 para uma dada velocidade. A diferença entre a velocidade da curva de magnetização e a
velocidade real pode ser obtida por

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E A nm
= (6-6)
E A 0 n0

Figura 6-5: Gerador de excitação independente do Exemplo 6-1.

EXEMPLO 6-1 Um gerador CC de excitação independente tem especificações nominais de 172 kW, 430
V, 400 A e 1800 rpm. O gerador está mostrado na figura 6-5 e sua curva de magnetização na figura 6-6.
Essa máquina tem as seguintes características:
RA = 0,05 Ω VF = 430 V
RF = 20 Ω NF = 1000 espiras por polo.
Raj = 0 a 300 Ω

(a) Se o resistor ajustável Raj do circuito de campo desse gerador for ajustado para 63 Ω e a máquina
motriz estiver acionando o gerador a 1600 rpm, qual será a tensão de terminal a vazio do gerador?
(b) Qual seria sua tensão se uma carga de 360 A fosse conectada aos seus terminais? Assuma que o
gerador tem enrolamentos de compensação.
(c) Qual seria sua tensão se uma carga de 360 A fosse conectada aos seus terminais, mas o gerador não
tivesse enrolamentos de compensação? Assuma que sua reação de armadura é 450 A • e para essa
carga.
(d) Que ajuste poderia ser feito no gerador para que a sua tensão de terminal voltasse ao valor
encontrado na parte (a)?
(e) Quanta corrente de campo seria necessária para que a tensão de terminal voltasse ao valor a vazio?
(Assuma que a máquina tem enrolamentos de compensação.) Qual é o valor requerido do resistor Raj
para que isso seja possível?

Solução
(a) A resistência total do circuito de campo é
RF + Raj =83 Ω
Assim, a corrente de campo dessa máquina resulta em
V F 430 V
I F= = =5,2 A
RF 83 Ω
Consultando a curva de magnetização, para uma corrente de campo IF de 5,2 A, teremos uma tensão
interna gerada EA0 = 430 V, para uma velocidade de 1800 rpm, dado que essa máquina está a nm =
1600 rpm, temos que a tensão gerada a essa velocidade será
E A nm
=
E A 0 n0

nm 1600 rpm
EA= E A 0= 430 V =382 V
n0 1800 rpm
A vazio VT = EA, a tensão de saída do gerador será de VT = 382 V.

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(b) Se adicionarmos uma carga de 360 Amperes aos terminais desse gerador, a tensão de terminal
cairá para
V T =E A −I A R A =382 V −(360 A)(0,05 Ω)=364 V

(c) A mesma carga do item anterior sendo conectada aos terminais do gerador, e considerando que
haverá reação de armadura de 450 Ae, temos que, como haverá ainda mais enfraquecimento de
campo (devido a reação de armadura), sua tensão terminal irá cair em relação ao que não possui
reação de armadura. Assim, primeiro calcularemos a nova corrente de campo ( efetiva) considerando a
reação de armadura. Temos
* FMM RA 450 Ae
I F =I F− =5,2 A− =4,75 A
NF 1000 e
Da curva de magnetização, para uma corrente de campo IF de 4,75 amperes, teremos uma tensão
interna gerada EA0 de 410 V a 1800 rpm, para nm = 1600 rpm, a tensão interna será
1600 rpm
EA= 410V =364 V
1800 rpm
Assim, a tensão terminal da máquina será
V T =E A −I A R A =364 V −(360 A )(0,05 Ω)=346 V
Ou seja, menor que a do item b, exatamente por conta da reação de armadura.

(d) A tensão nos terminais do gerador caiu, de modo que a tensão do gerador deve ser aumentada
para que ela volte ao seu valor original. Isso requer um aumento em EA, o que implica uma diminuição
em Raj para que a corrente de campo do gerador seja incrementada.

(e) Para que a tensão terminal do gerador volte a ser 382 V, o valor da tensão interna gerada EA deve
ser
E A =V T + I A R A =382V +(360 A)(0,05Ω)=400 V

Para obter uma tensão EA de 400 V para nm = 1600 rpm, a tensão equivalente para 1800 rpm seria
E A nm
=
E A 0 n0

n0 1800 rpm
EA0= EA= 400 V =450 V
nm 1600 rpm
Na curva de magnetização, para uma tensão interna de 450 V, precisamos de uma corrente de campo
IF de 6,15 A. Assim, a resistência do circuito de campo (RF + Raj), deve ser

VF
RF + Raj =
IF

430V
20 Ω+ R A = =69,9 Ω
6,15 A

Raj =69,9 Ω−20Ω=49,9 Ω

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Figura 6-6: Curva de magnetização do gerador do exemplo 6-1.

6.3. GERADOR CC DERIVAÇÃO

O gerador CC em derivação é um gerado que possui autoexcitação, ou seja, ele próprio produz sua
corrente de campo, conectando seu campo diretamente aos terminais da máquina. O circuito
equivalente de um gerador em derivação (shunt) é mostrado na figura 6-7, onde, toda a corrente de
armadura se distribui para a carga e para gerar campo magnético, assim
I A =I F + I L (6-7)
A LKT para o circuito da armadura dessa máquina é
V T =E A −I A R A (6-8)

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Uma das vantagens desse gerador sobre o de excitação independente é que o mesmo não precisa de
uma fonte de alimentação externa.

Figura 6-7: Circuito equivalente de um gerador CC


em derivação.

Geração inicial da tensão de um gerador CC em derivação

Assumindo a máquina a vazio, a máquina primária começa a girar o eixo do gerador, como é gerada
uma tensão inicial nos terminais da máquina?
Tudo depende da presença de um fluxo residual inicial nos polos do gerador, assim, quando o gerador
inicia seu giro, uma tensão interna gerada será induzida, segundo a equação
E A =K ϕ res ω m
Assim, essa tensão surgirá nos terminais do gerador (mesmo que da ordem de um ou dois
volts apenas), essa pequena tensão fará circular uma corrente na bobina de campo do gerador (IF
=VT↑/RF). Essa corrente de campo produz FMM nos polos da máquina, aumentando o fluxo neles, esse
incremento de fluxo aumenta a tensão interna EA que consequentemente aumenta VT, quando a
tensão terminal sobe, a corrente de campo IF cresce ainda mais, aumentando o fluxo o que aumenta EA,
e assim a reação segue até a saturação magnética das faces polares estabilizando a tensão interna e
em consequência a
terminal.

Figura 6-8: Geração da tensão inicial, ou escorvamento,


na partida de um gerador CC em derivação.

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Quais os problemas que podem levar ao gerador CC não desenvolver a tensão inicial na partida?
Explicaremos a seguir as possíveis causas, entre elas, temos:
1. Pode não haver fluxo magnético residual, nesse caso, como não há fluxo residual, não haverá tensão
interna sendo induzida (gerada) e a tensão terminal será zero. Nesse caso, pode ser solucionado com a
aplicação de corrente CC ao campo por um breve período para que a máquina desenvolva sua tensão
terminal.
2. Pode ter ocorrido inversão no sentido de rotação da máquina, assim, será desenvolvido uma tensão
interna, porém a mesma se opõe ao fluxo residual, o que causa diminuição de fluxo residual e a tensão
terminal será 0. A solução é inverter o sentido de rotação, inverter as ligações, ou ainda, aplicando uma
corrente CC ao campo a fim de inverter a polaridade magnética.
3. O valor da resistência de campo pode ter sido ajustado para um valor maior que o da resistência
crítica. Nesse caso, reduzir RF resolverá esse problema.

Figura 6-9: O efeito da resistência de campo em derivação


sobre a tensão de terminal a vazio em um gerador CC. Se
RF > R2 (a resistência crítica), nunca haverá produção de
tensão no gerador.

Característica terminal de um gerador CC derivação

Considerando que a corrente de campo do gerador em derivação depende da tensão terminal, o


comportamento dessa máquina difere do gerador CC excitação independente.
Quando a carga do gerador aumenta, a corrente de linha IL cresce e, em consequência, a
corrente de armadura aumenta (IA = IL + IF), elevando a corrente de armadura, haverá uma queda na
tensão terminal. Até aqui, o comportamento é bem similar ao do gerador com excitação
independente, porém, a queda da tensão terminal diminuirá a corrente de campo, enfraquecendo o
campo magnético e reduzindo a tensão terminal ( EA = Kϕ↓ωm), automaticamente refletindo
novamente na tensão terminal, o que mostra que a regulação de tensão desse gerador é pior que o de
excitação independente.

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Figura 6-10: Característica terminal de um
gerador CC em derivação.
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Controle da tensão de um gerador CC em derivação

Há dois modos de controle da tensão nesse tipo de gerador, são:


1. Alterar a velocidade de rotação ωm.
2. Alterando a resistência de campo, variando assim a corrente de campo.

De forma simplificada, o método mais comum é variar a resistência de campo, pois, diminuindo a
resistência de campo, aumentaremos o fluxo e em decorrência a tensão interna gerada EA o que
aumenta a tensão terminal.

Análise não linear do gerador CC em derivação

A análise de um gerador em derivação é mais complexa que o de excitação independente, visto que a
corrente de campo da máquina depende diretamente da própria tensão terminal desse gerador.
A figura 6-11 mostra uma curva de magnetização para um gerador CC em derivação desenhada para a
velocidade real de funcionamento da máquina, a resistência de campo RF (VT/IF) é a linha reta que
sobrepõe a curva de magnetização. A vazio, sabemos que VT = EA e o gerador opera na tensão em que
a curva de magnetização cruza a curva da resistência de campo.

Figura 6-11: Análise gráfica da curva de um gerador CC em derivação com


enrolamentos de compensação.

Para compreender a análise gráfica dos geradores em derivação, é importante lembrar a LKT.
V T =E A −I A R A (6-8)
ou
E A −V T =I A R A (6-9)
Ou seja, a diferença entre a tensão interna gerada e a tensão terminal, nos dá a queda de tensão IARA
da máquina. A linha com todos os valores possíveis de EA é a curva de magnetização e a linha com
todas as tensões possíveis de terminal é a reta da resistência ( IF = VT/RF). Assim, para encontrar a tensão
de terminal para uma dada carga, simplesmente determine a queda IARA e localize no gráfico um lugar
onde essa queda se encaixa exatamente entre a curva EA e a reta VT. No máximo haverá dois lugares

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onde a queda IARA irá se encaixar exatamente. Se houver dois lugares possíveis, o que estiver mais
próximo da tensão a vazio representará um ponto de funcionamento normal.

Figura 6-12: Obtenção gráfica da característica de terminal de um gerador CC em


derivação.

Caso haja reação de armadura presente em um gerador CC em derivação, esse processo se tornará um
pouco mais complexo. A reação de armadura produzirá uma FMM desmagnetizante no gerador, ao
mesmo tempo que ocorre uma queda IARA.
Para análise de um gerador em derivação com reação de armadura, assumiremos que sua corrente de
armadura é conhecida, e portanto, sua queda de tensão IARA será conhecida. Para determinar a tensão
de saída correspondente a uma dada força magnetomotriz, localize o lugar abaixo da curva de
magnetização onde o triângulo formado pelos efeitos da reação de armadura e de IARA encaixam-se
perfeitamente entre a reta de valores de tensão terminal VT e a curva de valores de EA.

Figura 6-13: Análise gráfica de um gerador CC em derivação com


reação de armadura.

6.4. GERADOR CC SÉRIE

O gerador CC série tem seu circuito de campo em série com o da armadura, basicamente, como em
todo circuito série, a corrente que circula pelo campo, armadura e linha tem a mesma corrente, como a
corrente de armadura é elevada, a mesma dispõe de poucas espiras de fio mais grosso. O campo em
série, por onde circulará toda a corrente que fluirá para a carga, deve ter a menor resistência possível.

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O circuito equivalente dessa máquina é mostrado na figura 6-14. A lei de Kirchoff das tensões para um
motor CC série, é
V T =E A −I A (R A + R S) (6-11)

Figura 6-14: Circuito equivalente de um


motor CC série.

Característica terminal de um gerador CC série

A vazio, não haverá corrente de campo, desse modo VT reduz-se a um nível bem baixo pelo fluxo
residual presente na máquina, a medida que a carga cresce, a corrente de campo aumenta, elevando a
tensão interna gerada EA rapidamente, haverá um aumento na queda IA(RA + RS), porém o aumento da
tensão interna gerada aumenta mais rápido que a queda de tensão e consequentemente a tensão
terminal VT aumenta. Após um tempo, a máquina chega próximo a saturação e a tensão interna EA
torna-se constante, a partir dai, a queda nas resistências da armadura e série predominam e a tensão
terminal VT começa a cair.
Devido o fato que sua regulação de tensão não ser muito estável, os geradores série são usados em
poucas aplicações específicas, como por exemplo, soldagem por arco elétrico.

Figura 6-15: Característica terminal de um


gerador série, com grande efeito de reação de
armadura adequada para solda a arco.

6.5. GERADOR CC COMPOSTO CUMULATIVO

O gerador composto cumulativo possui os campos série e em derivação, ambos são conectados de tal
forma que os efeitos da FMM somem-se. A figura 6-16 mostra o circuito equivalente do gerador CC
composto cumulativo em derivação longa. A força magnetomotriz total de um gerador composto
cumulativo é dado por
FMM liq=FMM F + FMM SE−FMM RA (6-12)
onde:
FMMF = força magnetomotriz do campo em derivação

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FMMSE = força magnetomotriz do campo série


FMMRA = força magnetomotriz da reação de armadura

A corrente equivalente efetiva do campo em derivação para esse gerador é dada por
N F I *F=N F I F + N SE I A −FMM RA

N SE FMM RA
I *F =I F + I A− (6-13)
NF NF
As correntes para esse gerador são dadas por
I A =I F + I L (6-14)

V T =E A −I A (R A + R S) (6-15)
A corrente de armadura e a corrente de campo são dados por
I A =I F + I L (6-16)

VT
I F= (6-17)
RF

Figura 6-16: O circuito equivalente de um


gerador CC composto cumulativo com uma
ligação em derivação longa.
Um motor composto cumulativo pode ser ligado também em derivação curta, a qual o campo em série
fica fora do circuito de campo em derivação e tem a corrente IL circulando por ele ao invés de IA, esse
modelo é mostrado na figura 6-17.

Figura 6-17: Circuito equivalente de gerador CC


composto cumulativo com uma ligação em
derivação curta.

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Características terminais de um gerador CC composto cumulativo

Devemos compreender os efeitos simultâneos que ocorrem dentro da máquina, suponha que a carga
do gerador seja aumentada, então a medida que a carga sobe. Como IA = IF + IL↑, a corrente de
armadura também aumenta, nesse ponto ocorrem dois efeitos no gerador:
1. Quando a corrente de armadura aumenta, a queda de tensão IA(RA + RS) também aumenta. Isso
tende a causar uma diminuição na tensão terminal VT = EA – IA↑(RA + RS).
2. Quando a corrente de armadura aumenta, a FMM do campo série também aumenta ( FMMSE = NSEIA),
o que causará um incremento a FMM total no fluxo magnético, o aumento do fluxo faz a tensão
interna gerada EA subir, causando um incremento na tensão terminal.

Esses dois efeitos são opostos, enquanto um tende a elevar a tensão terminal, o outro tende a
diminuir, o que definirá qual dos efeitos predominará sobre o outro é quantidade de espiras do campo
série forem colocados nos polos da máquina.

1. Poucas espiras em série. Se houver poucas espiras, o efeito da queda de tensão resistiva prevalece e
o comportamento é similar à de um gerador CC em derivação. Nessa configuração, onde a tensão a
plena carga é menor que a tensão a vazio, é denominado hipocomposto.
2. Com mais espiras em série, haverá um aumento no fluxo de campo e a tensão terminal aumentará
com a carga, no entanto, a medida que a carga continua aumentando, teremos a saturação magnética
e a queda de tensão resistiva supera o efeito do aumento de fluxo. Se a tensão terminal VT a vazio for
igual à tensão terminal a plena carga, o gerador será denominado normal.
3. Se forem adicionadas ainda mais espiras em série, o efeito do reforço do fluxo sobreporá ainda mais
a queda de tensão resistiva, o que resulta em uma tensão terminal a plena carga maior que a tensão
terminal a vazio, este gerador é conhecido como hipercomposto.

Figura 6-18: Característica de terminal de


geradores CC compostos cumulativos.

Controle de tensão de um gerador CC composto cumulativo

Para controlar a tensão terminal de um gerado composto cumulativo, podem ser adotados as
seguintes formas:

1. Variar a velocidade de rotação. Um incremento na velocidade (ω) faz a tensão interna EA = Kϕωm↑
aumentar, o que eleva a tensão de terminal VT = EA ↑– IA(RA + RS).
2. Variar a corrente de campo. Uma diminuição na resistência de campo RF faz a corrente de campo (IF
= VT/RF↓) aumentar, o que eleva a FMM total do gerador. Quando a FMMtotal sobe, o fluxo ϕ da
máquina aumenta, o que eleva a tensão interna gerada ( EA = Kϕωm), esse aumento em EA faz a tensão
terminal aumentar.

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Análise de um gerador CC composto cumulativo

Para entendimento do comportamento do gerador CC composto é necessário compreender as


equações 6-18 e 6-19, a corrente equivalente do campo em derivação é dada por
N SE FMM
I eq= I − (6-18)
NF A NF
A corrente efetiva total de campo em derivação da máquina é
*
I F =I F + I eq (6-19)
Essa corrente equivalente Ieq corresponde a uma distância horizontal à esquerda ou à direita da reta da
resistência de campo (RF = VT/IF) ao longo dos eixos da curva de magnetização.

Figura 6-19: Análise gráfica de um gerador CC composto


cumulativo.

A queda de tensão nas resistências de armadura e série é dada por IA(RA + RS). Tanto a corrente
equivalente quanto a queda de tensão resistiva dependem do valor da corrente de armadura.
Portanto, elas formam os dois lados de um triângulo cujos valores são uma função da corrente de
armadura. Para obter a tensão terminal para uma dada carga, determine o tamanho do triângulo e
encontre o local onde ela se encaixa exatamente entre a reta da corrente de campo e a curva de
magnetização.

Figura 20: Obtenção gráfica da característica de terminal de um


gerador CC composto cumulativo, levantamento da tensão
terminal para diferentes cargas para traçar a curva do gerador.

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6.6. GERADOR CC COMPOSTO CUMULATIVO

O gerador composto diferencial possui os campos série e em derivação, ambos são conectados de tal
forma que os efeitos da FMM se subtraem. A figura 6-21 mostra o circuito equivalente do gerador CC
composto diferencial em derivação longa. A força magnetomotriz total de um gerador composto
diferencial é dado por
FMM liq=FMM F −FMM SE−FMM RA (6-20)

FMM liq=N F I F −N SE I A −FMM RA (6-21)

A corrente equivalente do campo em derivação para esse gerador é dada por


N SE FMM RA
I eq=− I A− (6-22)
NF NF
A corrente efetiva total do campo em derivação é dada por
*
I F =I F + I eq (6-23)
ou
* N SE FMM RA
I F =I F− I A− (6-24)
NF NF

Figura 6-21: Circuito equivalente de um gerador CC composto


diferencial com uma ligação em derivação longa.
Um motor composto diferencial pode ser ligado também em derivação curta ou longa.

Características terminais de um gerador CC composto cumulativo

No gerador composto diferencial, ocorrem os mesmos dois efeitos que no composto cumulativo, no
entanto estes efeitos agora agem no mesmo sentido.
1. Quando a corrente de armadura aumenta, a queda de tensão IA(RA + RS) também aumenta. Isso
tende a causar uma diminuição na tensão terminal VT = EA – IA↑(RA + RS).
2. Quando a corrente de armadura aumenta, a FMM do campo série também aumenta ( FMMSE = NSEIA),
o que causará uma redução na FMM total e no fluxo magnético, essa redução causa uma queda na
tensão interna e consequente redução na tensão terminal.

Como ambos os efeitos reduzem a tensão terminal, a tensão cai drasticamente quando a carga
aumenta no gerador. Essa característica é mostrada na figura 6-22.

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Figura 6-22: Característica terminal de um


gerador CC composto diferencial.

Análise gráfica de um gerador CC composto diferencial

A análise das características terminais do gerador CC composto diferencial é similar à do composto


cumulativo, a figura 6-23 ilustra isso.

Figura 6-23: Análise gráfica de um gerador CC


composto diferencial.

Figura 6-24: Construção gráfica das características de terminal de


um gerador CC composto diferencial.

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A parte da corrente efetiva de campo em derivação, devido ao campo real em derivação, é igual a VT/
RF, porque esse é o valor de corrente presente no campo em derivação. O restante da corrente efetiva
de campo é dado por Ieq e é a soma dos efeitos de campo em série e da reação de armadura. A
corrente equivalente representa uma distância horizontal negativa ao longo dos eixos da curva de
magnetização, por que o campo em série e a reação de armadura são subtrativos.
A queda resistiva IA(RA + RS) correspondem a um comprimento ao longo do eixo vertical da cuva de
magnetização, assim, o triângulo formado pela queda de tensão resistiva e pela corrente equivalente
Ieq dará a tensão terminal desse gerador. A figura 6-24 ilustra esse processo.

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PERGUNTAS

6.1. Dê o nome e descreva as características dos cinco tipos de geradores estudados neste capítulo.
6.2. Como ocorre a geração inicial de tensão em um gerador CC em derivação durante a partida?
6.3. O que poderia impedir que a geração inicial de tensão ocorresse durante a partida? Como se pode
remediar esse problema?
6.4. De que forma a reação de armadura afeta a tensão de saída em um gerador de excitação
independente?
6.5. O que causa a queda extraordinariamente rápida da tensão com o aumento da carga em um
gerador CC composto diferencial?

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PROBLEMAS

Figura P6-1: Curva de magnetização do Gerador dos problemas 6-1 a 6-5, para uma velocidade de 1800 rpm.

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6.1. A curva de magnetização de um gerador CC de excitação independente está mostrada na Figura


P8-7. As especificações nominais do gerador são 6 kW, 120 V, 50 A e 1800 rpm, e o gerador está
ilustrado na Figura P6.2. A corrente nominal do seu circuito de campo é 5 A. Os seguintes dados da
máquina são conhecidos:
RA = 0,18 Ω VF = 120 V
Raj = 0 a 40 Ω RF = 20 Ω
NF = 1000 espiras por polo

Figura P6-2: Máquina CC em derivação dos


problemas 6.1

Assumindo que não há reação de armadura, responda as seguintes perguntas.


(a) Se esse gerador estiver funcionando a vazio, qual será o intervalo de ajustes de tensão que pode ser
obtido variando Raj?
(b) Se o reostato de campo variar de 0 a 30 Ω e a velocidade do gerador varias de 1500 a 2000 rpm,
quais serão as tensões a vazio máxima e mínima do gerador?

6.2. A máquina do problema 6-1 é ligada como um gerador CC em derivação e está mostrada na figura
P6-3. O resistor Raj de campo em derivação é ajustado para 10 Ω e a velocidade do gerador é 1800
rpm.

Figura P6-3: Geador CC em derivação dos


problemas 6.2 e 6.3.

(a) Qual é a tensão de terminal a vazio do gerador?


(b) Assumindo que não há reação de armadura, qual é a tensão de terminal do gerador com uma
corrente de armadura de 20 A? 40 A?
(c) Assumindo que a plena carga há uma reação de armadura de 300 Ae, qual é a tensão de terminal
do gerador com uma corrente de armadura de 20 A? 40 A?

6.3. Se a máquina do problema 6.2 estiver funcionando a 1800 rpm com uma resistência de campo Raj
= 10 Ω e uma corrente de armadura de 25 A, qual será a tensão de terminal resultante? Se o resistor de
campo diminuir para 5 Ω enquanto a corrente de armadura permanece em 25 A, qual será a nova
tensão de terminal? (não há reação de armadura.)

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6.4. Um gerador CC composto cumulativo, de 120 V e 50 A, tem as seguintes características:


RA + RS = 0,21 Ω NF = 1000 espiras
RF = 20 Ω NSE = 25 espiras
Raj = 0 a 30 Ω ajustado em 10 Ω nm = 1800 rpm
A máquina tem a curva de magnetização mostrada na figura P6-1. Seu circuito equivalente é mostrado
na figura P6-4. Responda as seguintes perguntas sobre essa máquina, assumindo que não há reação
de armadura.
(a) Se o gerador estiver operando a vazio, qual será sua tensão de terminal?
(b) Se o gerador tiver uma corrente de armadura de 20 A, qual será sua tensão de terminal?
(c) Se o gerador tiver uma corrente de armadura de 40 A, qual será sua tensão de terminal?

Figura P6-4: O gerador composto do


problema 6.4.

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