Manutenção em Tanques de Armazenamento
Manutenção em Tanques de Armazenamento
Manutenção em Tanques de Armazenamento
1. Introdução
O tempo dispendido nos trabalhos de manutenção de tanques, ou seja, o prazo de parada do
tanque, fora de operação, depende primordialmente de dois fatores:
• Manutebilidade do parque de tancagem e
• Processo da gestão de manutenção de tanque.
Os intervalos de parada e abertura dos tanques para inspeção, limpeza e manutenção vêm
sendo reduzidos e o não cumprimento dos cronogramas dos serviços passou a gerar “não
conformidades” para as áreas responsáveis, com suas consequências indesejadas.
As normas de controle da qualidade assegurada de certos produtos especiais, como por ex.
QAV-Querosene de Aviação, estão sinalizando que os tanques sejam abertos para limpeza em
média a cada dois anos.
No passado, ainda recente, havia folgas de capacidade de tancagem, que permitiam postergar
a parada de tanques e, até mesmo, atrasar o retorno de tanques sem grandes impactos, o que
para os padrões operacionais atuais é inconcebível.
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2. Referências
API STANDARD 650 - Welded Steel Tanks for Oil Storage
API STANDARD 653 - Tank Inspection, Repair, Alteration, and Reconstruction
Norma Petrobras N-270 Projeto de Tanque Atmosférico
Norma Petrobras N-2318 Inspeção em Serviço de Tanque de Armazenamento Atmosférico
http://sites.petrobras.com.br/CanalFornecedor/portugues/requisitocontratacao/requisito_
normastecnicas.asp#ntp
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Mesmo que se pudesse abrir o dique para acesso de viaturas, isso não seria seguro, pois,
normalmente, a bacia é compartilhada com outros tanques em operação, portanto são
necessárias outras medidas para acesso ao tanque.
:
Nas situações descritas, apesar do parque de tancagem ter sido projetado e construído
conforme as normas e requisitos técnicos da época, sua concepção é completamente
ultrapassada para as atuais exigências, apresentando baixa manutenibilidade, e acarretando
consequente tempo excessivo para intervenção de inspeção, limpeza e manutenção dos
tanques.
Pela impossibilidade do acesso de veículos e máquinas, a opção são os andaimes, mesmo que
caros e de montagem e desmontagem demorados.
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e concentradas na crista dos diques, dificultando ou mesmo impedindo o acesso de veículos,
máquinas e outros equipamentos.
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4.3. Readequação de tubovias no interior da bacia de contenção
Concentrar as tubulações das tubovias de modo a facilitar o trânsito de viaturas, materiais e
pessoal nos vizinhanças dos tanques, numa concepção organizada e de alta manutenibilidade.
A seguir, exemplo de bacia “limpa”, com linhas concentradas em poucas tubovias. Esta
disposição de tubulações garante alta manutenibilidade do tanque, reduzindo o tempo de
parada do equipamento.
Fig. 5 – Bacia com tubovias dispostas de modo a liberar áreas de acesso e de serviços
Este padrão de abertura no costado, de concepção antiga e voltada inicialmente somente para
facilitar a limpeza e remoção da borra acumulada, possui dimensões incompatíveis com a
entrada e utilização de equipamentos modernos para limpeza e manutenção dos tanques.
Instalar uma nova porta de limpeza com dimensões aproximadas de 2030x2030 mm (80 pol), a
ser projetada, já que o API 650 ainda não detalhou, que permita o acesso de veículos e
máquinas ao interior do tanque, substituindo a utilização dos atuais sistemas de manutenção
com andaimes, por plataformas elevatórias que, na maioria dos casos, atenderiam a
manutenção e a inspeção, assim como a logística de remoção e transporte de volumes para o
interior do tanque.
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• Novas bocas de visita
Para as bocas de visita, tradicionalmente se vem utilizando as de diâmetro nominal de 24 pol,
mas o próprio API 650 permite as bocas de visita de 36 pol, o que confere maior facilidade aos
trabalhos de remoção e montagem no interior do tanque.
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dificulta até mesmo a utilização dos ultrapassados andaimes, exigindo a aplicação de calços
para nivelamento, causando mais demora ainda na montagem das estruturas tubulares.
A proposta é a concretagem de espaços de formato quadrado, com aproximadamente 5 metros
de lado, em locais escolhidos ao redor do tanque, para o acesso perimetral, propiciando o
posicionamento de máquinas para manutenção e inspeção de costado pelo lado externo.
No interior do tanque em que são sempre necessárias luminosidade e ventilação artificiais, seja
dia ou noite, a execução da manutenção no período noturno é recomendável por ser mais
produtiva, pois se verifica maior conforto térmico, sem demandar qualquer alteração.
A lista dos tanques que vão entrar em parada de manutenção deve ter um cronograma anual.
Assim, para cada ano, deve ser elaborada uma lista dos tanques a serem manutenidos,
conforme a necessidade e a disponibilidade da refinaria.
Essa lista deve ser revista anualmente, com a participação de representantes das áreas de
Manutenção, Inspeção e Operação, considerando as seguintes informações:
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a) vencimento do prazo de inspeção de cada tanque;
b) recomendações emitidas decorrentes da inspeção externa de rotina;
c) histórico de problemas ocorridos em campanha.
A antecipação das dificuldades mais comuns a cada tipo de tanque e a análise prévia de
propostas de solução são fundamentais para:
• Projeto e compra dos materiais necessários às modificações;
• Evitar surpresas desagradáveis quando da inspeção interna do tanque.
Caso 1:
No grupo dos tanques de teto flutuante externo, o principal problema é a constante falha da
junta articulada no sistema do dreno articulado do teto.
Solução:
• A alternativa é não se utilizar o dreno de junta articulada, substituindo por dreno de
mangote flexível, como o fornecido pela COFLEXIP.
Caso 2:
No grupo de tanques de teto fixo com sucção flutuante, a falha mais recorrente é a quebra do
cabo do tubo móvel da sucção flutuante, antes do tanque completar sua campanha de
operação.
Solução:
• Substituir o material do cabo do tubo móvel e das presilhas de aço carbono para aço
inoxidável;
• Instalar também cabo de aço inoxidável adicional (stand-by)
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Caso 3:
No grupo de tanques de teto flutuante, que armazenam naftas, além do problema de falha
constante no sistema do dreno articulado do teto, outro gargalo é o alto grau de corrosividade
no costado, fundo e parte interna do teto flutuante.
Solução:
• Revestir o fundo e o costado internos e face interna do teto flutuante com fibra de vidro
reforçada.
• Instalar dreno de mangote flexível da COFLEXIP.
A tabela a seguir ilustra o arranjo dos Grupos de Tanques, em função do tipo de teto e do
produto armazenado, alinha as dificuldades principais das ocorrências durante a operação e
propõe as medidas corretivas a serem programadas para execução durante a parada de
manutenção do tanque.
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Tipo de
Grupo de Tanque Principais dificuldades Soluções corretivas
tanque
Petróleo - Limpeza interna e - Aumentar o diâmetro das bocas de visita do costado para 36
Elevado volume de borra no fundo do tanque destinação do resíduo pol, facilitando o acesso de pessoal para remoção e entrada de
- Falha constante no sistema material;
do dreno articulado do teto - Projetar e instalar uma nova porta de limpeza do costado com
80 pol, para facilitar o acesso de veículos e máquinas.
- Instalar válvula termostática para controle de aquecimento do
Teto tanque
flutuante - Instalar sistema drenagem multi ponto no teto
externo - Não utilizar o dreno de junta articulada, substituindo por dreno
de mangote flexível, como o fornecido pela Coflexip roof drain
hose
Gasolina automotiva (com ou sem aditivo de - Falha constante no sistema - Instalar sistema drenagem multi ponto no teto
álcool) do dreno articulado do teto - Não utilizar o dreno de junta articulada, substituindo por dreno
Volume de borra no fundo do tanque desprezível de mangote flexível, como o fornecido pela Coflexip roof drain
hose
Diesel rodoviário (S500, S50, S10) - Contaminação do produto - Instalar a sucção flutuante suportada no teto flutuante
HBio com água residual no fundo
Biodiesel B100 do tanque
Light cycle oil-LCO (óleo leve de reciclo)
Volume de borra no fundo do tanque desprezível
Gasolina de Aviação-GAV - Contaminação do produto - Instalar a sucção flutuante suportada no teto flutuante
Volume de borra no fundo do tanque desprezível com água residual no fundo
do tanque
Naftas (nafta leve de destilação, nafta - Corrosão interna nas - Revestir o fundo e os dois primeiros anéis do costado interno e
craqueada, nafta coque, nafta petroquímica, chapas do fundo, costado e a face interna do teto flutuante com fibra de vidro reforçada
nafta reformada, nafta aromática) teto flutuante.
Volume de borra no fundo do tanque desprezível
Querosene de Aviação-QAV - Contaminação do produto - Instalar a sucção flutuante suportada no teto flutuante
Volume de borra no fundo do tanque desprezível com água residual no fundo
do tanque
Álcool anidro - Contaminação do produto - Instalar a sucção flutuante suportada no teto flutuante
Álcool hidratado com água residual no fundo
Metanol do tanque
Etanol
Teto
flutuante Volume de borra no fundo do tanque desprezível
interno Aromáticos (BTXH-Benzeno, Tolueno, Xileno, - Vazamento causando grave - Equipar o teto flutuante com selo primário tipo sapata
Hexano e Nafta aromática) contaminação ambiental e estendendo-se 150 mm dentro do líquido e a outra extremidade
Volume de borra no fundo do tanque desprezível risco humano 100 mm acima da superfície do líquido.
- Instalar em cada passagem de coluna de suportação do teto fixo
uma vedação com luva de tecido resiliente.
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- Fechar o topo das pernas de apoio do teto flutuante com luva de
tecido resiliente.
Águas ácidas - Vazamento causando grave - Equipar o teto flutuante com selo primário tipo sapata
Volume de borra no fundo do tanque desprezível contaminação ambiental e estendendo-se 150 mm dentro do líquido e a outra extremidade
risco humano. 100 mm acima da superfície do líquido.
- Corrosão interna do teto. - Instalar em cada passagem de coluna de suportação do teto fixo
uma vedação com luva de tecido resiliente.
- Fechar o topo das pernas de apoio do teto flutuante com luva de
tecido resiliente.
- Revestir a face interna do teto flutuante com fibra de vidro
reforçada
Diesel marítimo - Corrosão interna do teto. - Substituir chapas do teto de aço carbono para aço inoxidável
Volume de borra no fundo do tanque desprezível - Rompimento do cabo de (tanque de teto fixo)
atuação da sucção flutuante - Substituir o material do cabo do tubo móvel e das presilhas de
aço carbono para aço inoxidável e instalar também cabo de aço
inoxidável adicional (stand-by)
- Aumentar o diâmetro das bocas de visita do costado para 36
pol, facilitando o acesso.
Nafta pesada da destilação - Corrosão interna do teto - Substituir chapas do teto de aço carbono para aço inoxidável
Resíduo aromático-RARO - Rompimento do cabo de - Substituir o material do cabo do tubo móvel e das presilhas de
Óleo Combustível atuação da sucção flutuante aço carbono para aço inoxidável e instalar também cabo de aço
Querosene inoxidável adicional (stand-by);
Óleo Bunker - Instalar válvulas termostáticas para controle de aquecimento do
Diluente tanque
Volume de borra no fundo do tanque desprezível - Instalar anodos de sacrifício para as chapas do fundo do tanque
- Aumentar o diâmetro das bocas de visita do costado para 36
pol, facilitando o acesso.
Teto fixo Gasóleo - Corrosão interna do teto - Substituir chapas do teto de aço carbono para aço inoxidável
Resíduo atmosférico-RAT - Instalar válvulas termostáticas para controle de aquecimento do
Resíduo de vácuo-RV tanque
Resíduo craqueado - Instalar anodos de sacrifício para as chapas do fundo do tanque
Resíduo asfáltico - Aumentar o diâmetro das bocas de visita do costado para 36
Volume de borra no fundo do tanque razoável pol, facilitando o acesso.
Asfalto (ADP, CAP) - Corrosão interna do teto e - Substituir chapas do teto de aço carbono para aço inoxidável
SLOP do fundo - Instalar válvulas termostáticas para controle de aquecimento do
Elevado volume de borra no fundo do tanque tanque
- Instalar anodos de sacrifício para as chapas do fundo do tanque
- Projetar e instalar uma nova porta de limpeza do costado com
80 pol, para facilitar o acesso de veículos e máquinas.
- Aumentar o diâmetro das bocas de visita do costado para 36
pol, facilitando o acesso.
Óleos lubrificantes - Vazamento do gás de - Prover uma alimentação redundante de gás inerte.
Volume de borra no fundo do tanque desprezível inertização levando à
oxidação do óleo.
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5.2. Planejamento e busca de melhorias
A etapa de planejamento, que efetivamente é a pré-parada, se inicia com a identificação de
gargalos previsíveis, que atrasam ou interrompem o andamento dos trabalhos, e como resolvê-
los.
Neste planejamento devem ser focados:
• Identificar com antecedência possíveis gargalos e buscar solução;
• Identificar e tratar as interfaces;
• Buscar novas tecnologias;
• Gestão de resíduos;
• Não deslocar recursos;
• Contrato de prestação de serviços independente do dia-a-dia.
A seguir são apresentados alguns gargalos crônicos, que necessitam de solução estabelecida
dentro do contrato de manutenção do tanque.
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O risco de intempéries, particularmente de descargas atmosféricas, muitas vezes
impossibilitam os trabalhos no campo.
Solução: na etapa de elaboração do cronograma de atividades, deve ser considerada essa
situação, reservando-se uma folga no tempo de execução dos trabalhos.
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• Liberação para início dos trabalhos de manutenção
O trabalho da manutenção se inicia com o descarte do produto residual do lastro do tanque,
drenagem e preparação da bacia de contenção para os acessos de pessoal, veículos,
máquinas e materiais. .
• Raqueteamento
Antes de se permitir a entrada no interior do tanque se deve providenciar o raqueteamento de
todos os bocais interligados a tubulações de produto, vapor e água e a desconexão de todas
as ligações elétricas.
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• Interligações corretas das tubulações;
• Interligação correta dos instrumentos;
• Teste de pressão dos componentes soldados;
• Vazamentos em válvulas e ligações flangeadas;
• Teste hidrostático do tanque;
• Teste de flutuabilidade do teto, caso tenha havido modificações no teto flutuante.
• Retorno à operação
Depois de cumprido o check list de partida ou liberação para a operação é assinado pelos
responsáveis e o tanque é liberado para operar novamente.
A empresa contratada deve providenciar pessoal e ferramentas para, sob a orientação da área
de Operação, providenciar:
• Desraqueteamento dos bocais ligados a tubulações;
• Gaseificação do tanque.
ANEXOS
Anexo 1
Tipos de inspeção e intervalos conforme a norma API STANDARD 653 Tank Inspection,
Repair, Alteration, and Reconstruction
• Objetivo
O API 653 aplica-se aos tanques de armazenamento de aço construído conforme as regras do
API 650 e de seu antecessor API 12C, em que são fornecidos os requisitos mínimos para
manter a integridade desses tanques, depois que eles foram colocados em serviço, abordando
inspeção, manutenção e reparos.
A inspeção periódica durante a vida operacional dos tanques deve ser realizada, com o objetivo
de assegurar a integridade física e a segurança do tanque.
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O pessoal que realiza esta inspeção deve estar bem informado sobre as condições de
operação do tanque e das características do produto armazenado, de preferencia o próprio
operador da área de tancagem.
Essa inspeção visual externa do tanque deve verificar e registrar evidências de vazamentos;
deformações do costado; sinais de recalque; corrosão; condição da fundação, pintura;
isolamento térmico; acessórios, etc.
Anexo 2
Definição de manutenibilidade conforme BLANCHARD, Benjamin. Logistics engineering
and management. 4th ed. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1992. p. 15
É uma característica inerente a um projeto de sistema ou produto, e se refere à facilidade,
precisão, segurança e economia na execução de ações de manutenção nesse sistema ou
produto.
Em uma instalação industrial manutenibilidade é a facilidade de execução das tarefas de
inspeção e manutenção dos equipamentos e tubulações da instalação.
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Equipe de manutenção de tanques da Petrobras/Refinaria RPBC que colaborou:
Gilberto Mendes
Danilo Xavier Rocha
Alcides Tadeu Santin Junior
Dilermando Mendes Galdino
Edson Machado
Gilberto Quental Lopes
Esdras Prado Calderan
Valmir Soares Dos Santos
Nelson Pedrão
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