Governos Do PT Web
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cia brasileira terminou sufocado pela viveu, com atraso de quase seis dé-
força do golpe político que em 2016 cadas, situação comparável à expe-
retirou das funções de mandatária do riência verificada nos países desen-
país, uma presidenta legitimamente Este livro insere-se num esforço para revelar volvidos a partir do final da Segunda
eleita. Concomitante, processou-se a e analisar o legado dos governos do PT. Não ape- Guerra Mundial. Ou seja, uma espécie
“contrarrevolução silenciosa”, funda- de “revolução silenciosa” patrocinada
nas para mostrar o que foi feito no passado, mas
da na retirada dos pobres do orça- pela convergência governamental
fundamentalmente para revelar o que pode ser
mento público com a desconstrução apoiada no moderno direito da cida-
das políticas públicas e o favoreci- feito no futuro. É nosso sólido entendimento de
GOVERNOS DO PT
sulta e participação variada e quali-
trição dos rendimentos individuais
ficada de muitos neste estudo louvá-
ou à capacidade monopolizadora
vel que ora publicamos, organizado
da política pública local –, implicou
por Aloizio Mercadante e Marcelo
Zero. Embora possa não ser definiti- inverter prioridades instauradas por
va e tampouco excludente de outras, governos anteriores. Por isso, a im-
constitui narrativa fundamental para plantação de política econômica
o entendimento coletivo sobre aque- comprometida com o pleno empre-
les que já demonstraram saber fazer go da força de trabalho, da política
o bem ao povo é que apresentam social de extensão de benefícios de
melhores condições de continuar garantia de renda aos mais necessita-
a fazê-lo, desde que o próprio povo dos, da política pública aos sem casa,
possa se manifestar nas eleições li- aos sem iluminação elétrica, aos sem
vres e democráticas. água e saneamento, aos sem escola,
aos sem universidade, entre outras
Marcio Pochmann tantas faces da desigualdade geradas
Presidente da Fundação Perseu Abramo pelas livres forças do mercado.
Governos do PT
UM LEGADO PARA O FUTURO
N o começo do século XXI, o Brasil viveu, com atraso de quase seis décadas, situação
comparável à experiência verificada nos países desenvolvidos a partir do final da
Segunda Guerra Mundial. Ou seja, uma espécie de “revolução silenciosa” patrocinada pela
convergência governamental apoiada no moderno direito da cidadania voltado à garan-
tia de padrão básico de bem-estar a todos.
Nesse sentido, a noção de cidadania avançou consideravelmente para além da di-
mensão primitiva assentada nos rendimentos enquanto homologadores do modelo de
consumo consagrado por simples escolhas individuais.
A difusão do padrão de bem-estar comprometido com a universalização do acesso
aos bens e serviços essenciais – não mais limitados à restrição dos rendimentos indi-
viduais ou à capacidade monopolizadora da política pública local –, implicou inverter
prioridades instauradas por governos anteriores. Por isso, a implantação de política eco-
nômica comprometida com o pleno emprego da força de trabalho, da política social de
extensão de benefícios de garantia de renda aos mais necessitados, da política pública
aos sem casa, aos sem iluminação elétrica, aos sem água e saneamento, aos sem escola,
aos sem universidade, entre outras tantas faces da desigualdade geradas pelas livres for-
ças do mercado.
O ineditismo da recente experiência brasileira terminou sufocado pela força do golpe
político que em 2016 retirou das funções de mandatária do país, uma presidenta legiti-
mamente eleita. Concomitante, processou-se a “contrarrevolução silenciosa”, fundada na
retirada dos pobres do orçamento público com a desconstrução das políticas públicas e o
favorecimento dos já privilegiados.
A trajetória dos governos petistas que vinha sendo validada nas quatro últimas elei-
ções presidenciais sucessivas, não fosse o golpe político de 2016, permitiria consagrar
uma grande nação democrática, com sustentável crescimento econômico e inclusão de
todos no padrão básico de bem-estar.
Tudo isso foi sistematizado de forma didática, compreendendo consulta e participa-
ção variada e qualificada de muitos neste estudo louvável que ora publicamos, organiza-
do por Aloizio Mercadante e Marcelo Zero. Embora possa não ser definitiva e tampouco
excludente de outras, constitui narrativa fundamental para o entendimento coletivo
sobre aqueles que já demonstraram saber fazer o bem ao povo é que apresentam melho-
res condições de continuar a fazê-lo, desde que o próprio povo possa se manifestar nas
eleições livres e democráticas.
Marcio Pochmann
Presidente da Fundação Perseu Abramo
GOVERNOS DO PT
UM LEGADO PARA O FUTURO
ALOIZIO MERCADANTE
MARCELO ZERO
ORGANIZADORES
SÃO PAULO
BRASIL
2018
Fundação Perseu Abramo
Diretoria
ISBN 978-85-5708-096-6
CDD 330.981
(Bibliotecária responsável: Eduardo Marcos Fahl – CRB8-8387)
|5|
AGRADECIMENTOS
13 APRESENTAÇÃO
149
CONSIDERAÇÕES FINAIS
APRESENTAÇÃO
Dilma Rousseff
Presidenta do Conselho Curador da FPA
| 17 |
UM BRASIL MAIS
JUSTO, INCLUSIVO E COM
OPORTUNIDADES PARA TODOS
0,620 12.000,00
0,500 11.000,00
0,580 10.000,00
0,560 9.000,00
0,540 8.000,00
0,520 7.000,00
0,500 6.000,00
O,480 5.000,00
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
O PIB per capita, entre 1980 e 2003, cresceu apenas 6%, uma
taxa anual de 0,02%. Já no período de 2004 e 2013, como resultado
dessas políticas, o PIB per capita teve um crescimento de 30%, equiva-
lente a um incremento médio anual de 2,6% (Carneiro, R., 2017).
Ao longo dos governos do PT, 36 milhões de brasileiros deixa-
ram a pobreza extrema e outros 42 milhões ascenderam socialmente.
Pelo conceito de pobreza multidimensional do Banco Mundial, que
considera um conjunto de indicadores, a redução da pobreza extre-
ma foi de 9,3% da população para apenas 1%.
Em síntese, um conjunto de políticas públicas garantiu o en-
frentamento à pobreza nas suas múltiplas faces, assegurando renda e
emprego, mas também investindo em acesso à água e ao saneamento
básico, à habitação, saúde, educação, e a bens de consumo que me-
lhoraram muito a vida da população. Esses investimentos assegu-
raram qualidade de vida e oportunidades. São direitos que geram
direitos. O direito à água, o direito à segurança alimentar, o direi-
to à moradia digna. E geram também investimentos e emprego nas
ações de infraestrutura social e de habitação. No campo, houve um
importante avanço da reforma agrária e da agricultura familiar. Esse
conjunto articulado de investimentos e políticas públicas fortalecem
e dinamizam o mercado interno de consumo de massas.
As consequências são reconhecidas. O Brasil saiu do Mapa da
Fome da ONU/FAO, com uma queda de 82% da população suba-
limentada, entre 2002 e 2014. A mortalidade infantil caiu à metade
indicadores relativos ao período de 2002 a 2015. A oferta de água de qualidade que, em 2002, beneficiava
152 milhões de brasileiros passou a beneficiar 193 milhões em 2015, graças à construção de 1,2 milhão de
cisternas e de obras estruturantes, como a Transposição do São Francisco, no semiárido nordestino. E o acesso
ao escoamento sanitário que chegava a 114 milhões beneficiou 48 milhões de novos cidadãos, nesse mesmo
período. Além disso, a energia elétrica passou a ser ofertada para 35,6 milhões de pessoas que não tinham
acesso a esse serviço público essencial. No caso dos bens de consumo duráveis, como telefone, televisão,
fogão, geladeira, rádio e máquina de lavar, a elevação do acesso foi de 28,2% da população, em 2003, para
44,4% dos brasileiros em 2012 (Ipea, 2013). Foram 24 milhões de famílias que passaram a ter geladeira e
outras 37 milhões de famílias que passaram a ter fogão elétrico ou a gás, entre 2002 e 2015 (Pnad/Ibge, 2002
e 2015). Tivemos, assim, uma importante democratização do acesso aos bens de consumo duráveis e uma
ampla modernização do padrão de consumo da população de baixa renda.
| 24 | GOVERNOS DO PT | UM LEGADO PARA O FUTURO |
(de 23,4 para 12,9 por mil nascidos vivos). O trabalho infantil entre
os pobres e extremamente pobres caiu 84%, de 2004 a 2015. Em
números absolutos, declinou de 2,4 milhões para 390 mil.
A constituição de um amplo mercado de consumo de mas-
sas fazia parte do programa de governo e da estratégia do governo
Lula desde seu início. Esse programa se assentava, como vimos, em
alguns pilares: as políticas sociais de transferência de renda, a am-
pliação e melhoria do emprego e da renda e a democratização do
acesso ao crédito para a população de baixa renda. A constituição
de um amplo mercado de consumo de massas mudaria o padrão de
crescimento, porque estimulava a estrutura produtiva doméstica e,
por meio de ganhos de escala das empresas, proporcionava ganhos
de produtividade e competitividade, impulsionando as exportações
e promovendo um círculo virtuoso de crescimento (Bielschwsky,
R.,2012; Rossi, P. e Mello, G., 2017).
4. No ensino médio, as matrículas na faixa etária de 15 a 17 anos cresceram de 42%, em 2002, para 61,7%
em 2014. Nessa faixa etária, frequentam hoje a escola 84,6% da população. Entre os 20% mais pobres, em
2002, apenas 31,6% estavam na série esperada, em 2015, 60,2% estavam nessa condição. Entre os 5% mais
pobres, aumentou em quatro vezes o número de adolescentes que acessou o ensino médio na idade certa. As
chefes de famílias negras que concluíram o ensino fundamental cresceram de 5,7 milhões para 17,5 milhões,
entre 2003 e 2015.
| UM BRASIL MAIS JUSTO, INCLUSIVO E COM OPORTUNIDADES PARA TODOS | 29 |
5. A partir daí, a porta de acesso se abriu e as inscrições no Enem atingiram mais de 8 milhões de partici-
pantes, nos últimos anos. Isso porque temos cerca de 16,8 milhões de estudantes, entre 18 e 29 anos, que
terminaram o ensino médio e não acessaram o ensino superior, além de mais de 2,5 milhões de concluintes
do ensino médio todos os anos. Esse era o tamanho da demanda reprimida por acesso ao ensino superior.
6. No final do governo Dilma, já eram 38 IFETs e 600 campi. As matrículas praticamente dobraram, de
um patamar de 558 mil estudantes em 2002, para mais de 1 milhão em 2015, considerando apenas o ensino
médio e ensino profissional técnico. Todos os IFETs possuem ainda 30% de suas matrículas no nível superior,
incluindo cursos de pós-graduação.
| UM BRASIL MAIS JUSTO, INCLUSIVO E COM OPORTUNIDADES PARA TODOS | 31 |
8. Do lançamento do Mais Médicos até 2015, foram criadas 6.391 novas vagas em cursos de graduação de
Medicina, sendo 59% em instituições privadas e 41% em instituições públicas. Com os processos de cha-
mamentos públicos foram autorizadas mais 4 mil novas vagas em instituições privadas. Essa ampliação foi
acompanhada pela introdução do teste de progresso a cada dois anos da graduação, pela articulação com um
campo de prática no SUS e pela adoção das políticas de inclusão educacional, como o Fies, nos novos cursos.
Em relação à formação de especialistas, foram criadas aproximadamente 7 mil novas vagas de residências
médicas, entre 2011 e 2015.
9. Em 2003, de R$ 12,3 bilhões destinados à atenção especializada, de média e alta complexidade, apenas
R$ 3,5 bilhões estavam destinados aos estados do Norte e Nordeste. Em 2010, tais recursos atingiram R$
8,7 bilhões e mais de R$ 12 bilhões, em 2015. Os governos do PT mudaram radicalmente a qualidade e
abrangência da oferta de serviços de alta complexidade nas regiões mais carentes do país.
| 34 | GOVERNOS DO PT | UM LEGADO PARA O FUTURO |
10. No final do governo Dilma, funcionavam 85 PDP, envolvendo 19 produtores públicos e 50 produtores
privados e 91 produtos (61 medicamentos, seis vacinas, 19 produtos para a saúde e cinco equipamentos) e
nove parcerias de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), responsáveis pelo desenvolvimento de 28 produtos, já
em aquisição pelo Ministério da Saúde (um produto para a saúde e 27 medicamentos). As PDP corresponde-
ram, até dezembro de 2015, 28% do valor total de aquisições realizadas pelo Ministério da Saúde, com uma
economia realizada (2011-2015) de R$ 2,4 bilhões e uma economia prevista (ao final dos projetos em fase de
PDP) de cerca de R$ 5,3 bilhões (Padilha, A. e Pinto, H., 2017).
| UM BRASIL MAIS JUSTO, INCLUSIVO E COM OPORTUNIDADES PARA TODOS | 35 |
11. Dessa forma, entre 2009 e 2016, foram contratadas 4,5 milhões de moradias, em 96% dos municípios
brasileiros e 3,3 milhões foram entregues durante os nossos governos. Sendo que para as famílias com renda
de até R$ 1.600,00, onde se concentra o grande déficit habitacional foram entregues 1,7 milhões de mora-
dias. Nesta faixa 46% dos beneficiados recebiam Bolsa Família, 66,8% são negros, mais da metade não tinha
o ensino fundamental completo e 70% recebiam até R$ 800,00 de renda familiar.
12. Estudo da Fundação Getúlio Vargas (2014), comprovou que cerca de 49% dos subsídios do programa
retornam ao patrimônio público em forma de tributos e que 1,7 milhão de postos de trabalhos, diretos e
indiretos, foram criados até aquele ano, como consequência dessa política. Os dados disponíveis do IBGE
demonstram que em 2008, antes do MCMV, o setor da construção imobiliária tinha 29 mil empresas que
empregavam cerca de 760 mil trabalhadores, com um faturamento de R$ 60,2 bilhões. Em 2014, o número
de empresas atinge 43 mil, são empregados diretamente 1,2 milhões de trabalhadores com um faturamento
de R$ 153,2 bilhão (Magalhães, I. e Muniz, M., 2017).
| 38 | GOVERNOS DO PT | UM LEGADO PARA O FUTURO |
15. Uma nova legislação, objeto de uma longa e complexa disputa parlamentar acabou sendo aprovada na
forma do Código Florestal, em 2012, no governo Dilma, que definiu as regras gerais sobre onde e de que
forma a vegetação nativa brasileira pode ser explorada. Ele determina as áreas a serem preservadas e quais os
tipos de produção agrícola para cada região. Uma inovação importante foi a criação do Cadastro Ambiental
Rural (CAR) e o SICAR (Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural), que estabelecem as exigências de
conservação ambiental de cada propriedade, permitindo o controle e acompanhamento pelas ferramentas de
tecnologia da informação.
16. Uma Portaria de 2013 possibilitou a renegociação dos débitos de 947 mil famílias assentadas, 200 mil
do Pronaf. Com a facilidade para liquidar e renegociar as dívidas, com descontos de até 80%, as famílias vol-
taram ao sistema de crédito produtivo, mobilizando oito milhões de hectares para a produção de alimentos.
| 44 | GOVERNOS DO PT | UM LEGADO PARA O FUTURO |
17. Antes do PT, o governo investia apenas R$ 56 milhões em assistência técnica. Em 2014, o investimento
foi de R$ 1,1 bilhão. Com a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), os agricul-
tores passaram a ter apoio para incorporar novas tecnologias e aumentar a produtividade, proporcionando
maior integração entre a inovação e a pesquisa desenvolvida pela Embrapa e a assistência técnica e extensão
rural.
| UM BRASIL MAIS JUSTO, INCLUSIVO E COM OPORTUNIDADES PARA TODOS | 45 |
lia rural, o Minha Casa, Minha Vida Rural, que beneficiou 180 mil
famílias na primeira fase do programa. A população rural também
pode contar com o programa Luz para Todos, que levou energia elé-
trica para 97% das casas. Ressalte-se que, em 2001, apenas 78% das
casas no meio rural tinham acesso à energia elétrica. Por sua vez, o
Água para Todos permitiu que 74% dos domicílios rurais tivessem
acesso à água canalizada, frente aos 53% em 2001.
O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa
Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) foram projetos inovadores
que permitiam agricultores familiares vendessem diretamente seus
produtos e ainda contribuíssem nos bons resultados de combate à
fome no país e na qualidade da merenda escolar. Com eles, o gover-
no local comprava alimentos diretamente dos agricultores familiares
da região, que eram usados na merenda escolar e atendiam a popula-
ção em segurança alimentar.
Destaque-se que as mulheres foram protagonistas em progra-
mas do governo no campo, criados para fortalecer a inserção econô-
mica das trabalhadoras rurais, como o Programa Nacional de Do-
cumentação da Trabalhadora Rural, a criação das linhas de crédito
Pronaf Mulher e o Programa de Organização Produtiva de Mulhe-
res Rurais. A elas também foram levados serviços especializados em
atendimento a mulheres em situação de violência.
O Governo do PT também criou programas para estimular a
permanência dos jovens nas áreas rurais, como o Programa Nacional
de Crédito Fundiário. A destinação de pelo menos 5% dos lotes va-
gos nos assentamentos da reforma agrária para os filhos e filhas de as-
sentados cria condições reais de posse e uso da terra para a juventude.
O governo de Dilma criou condições de acesso à terra pela juventude
rural, com ampliação do crédito Pronaf Jovem, assistência técnica e
extensão rural específica e incentivo à transição agroecológica com
ações de formação.
| 46 | GOVERNOS DO PT | UM LEGADO PARA O FUTURO |
19. A democratização da gestão e a ampliação da participação popular envolveu 115 conferências setoriais
nacionais, 27 fóruns de discussão e formulação de políticas públicas, 15 Conselhos Nacionais, além de várias
mesas de negociação, monitoramento e avaliação.
| 50 | GOVERNOS DO PT | UM LEGADO PARA O FUTURO |
0
-10,0
1995
1996
1997
1998
1999
2000
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2014
1,00
0,81
0,80
0,66 0,68
0,77
0,60 0,64 0,59
0,40 0,50
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
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2000
2001
2002
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2005
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2009
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2011
2012
2013
2014
Importação de manufaturados Exportação de manufaturados
Não se pode ser a sétima economia, ser membro do BRICS e do G-20, ter
toda a importância que o Brasil assumiu e não ter Forças Armadas devida-
mente equipadas. A existência de forças equipadas e adestradas fortalece a
capacidade diplomática e minimiza a possibilidade de agressões, permitin-
do que a política de defesa contribua com a política externa voltada para a
paz e o desenvolvimento.
| UM BRASIL MAIS JUSTO, INCLUSIVO E COM OPORTUNIDADES PARA TODOS | 71 |
22. Um bom exemplo foi a completa e qualificada reformulação do Fies em 2015. O Fies cresceu acelerada-
mente após 2010 para atender uma demanda reprimida de acesso à educação superior que se manifestou com
toda a intensidade no Enem, com mais de 9 milhões de participantes inscritos. A demanda é muito superior
ao ingresso, não pela falta de vagas, mas pela falta de renda para acessar e permanecer. O Fies e o Prouni
procuraram atender parte desta demanda reprimida, mas foram requalificados e aprimorados ao longo do
processo. As ofertas de vagas para o financiamento do Fies foram mais rigorosas com a qualidade dos cursos,
com a prioridade dos cursos e regionalizadas, mas sofreu uma queda importante no volume ofertado, a partir
de 2015.
| 84 | GOVERNOS DO PT | UM LEGADO PARA O FUTURO |
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
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2015
Fonte: BCB - Elaboração: Marcelo Zero
GRÁFICO 8 CRESCIMENTO DAS RECEITAS E DAS DESPESAS (R$ BILHÕES DE MAIO/14, ACUMU-
LADOS EM 12 MESES) - 1997-2015
Os déficits surgem com a forte redução das receitas,
não com um aumento abrupto das despesas
1.400
1.200
1.000
800
600
400
dez/97
mai/98
jun/99
mar/00
dez/00
mai/01
jun/02
mar/03
dez/03
mai/04
jun/05
mar/06
dez/06
mai/07
jun/08
mar/09
dez/09
Mai/10
jun/11
mar/12
dez/12
mai/13
jun/14
mar/15
dez/15
Receitas Despesas
Elaboração: Plataforma Social - Comentário: Marcelo Zero
| 85 |
LIMITES ESTRUTURAIS
AO NOVO PADRÃO
DE DESENVOLVIMENTO
23. No período, entre 2004 e 2010, com a breve interrupção pelo impacto da crise de 2009, o índice da taxa
de câmbio real (em US$) passa de 86,4 em 2004, para 50,3 em 2010. No período de 2003 a 2014, ingressa-
ram no país US$ 575 bilhões, predominantemente para a aquisição de ativos já existentes, o que foi mais um
fator para a apreciação da taxa de câmbio.
| UM BRASIL MAIS
| LIMITES JUSTO, INCLUSIVO
ESTRUTURAIS E COM
AO NOVO OPORTUNIDADES
PADRÃO PARA TODOS
DE DESENVOLVIMENTO 91 ||
|| 91
11,0
10,5
10,0
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
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2009
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2012
2013
2014
2015
Constante Nominal
Fonte: Unido. Elaboração NEIT-IE- UNICAMP
O MERCADO DE TRABALHO E
O NOVO PARADIGMA TECNOLÓGICO
24. A lei orçamentária de 2017 previu R$ 5 bilhões para o setor, o que representou uma brutal redução de
investimentos, se comparados aos R$ 8,4 bilhões de 2015. Em março, o já exíguo orçamento de R$ 5 bilhões
sofreu um corte de 44%, com uma pequena revisão, mas atingindo o pífio montante no final de ano de R$
3,2 bilhões. No orçamento 2018, estão previstos cortes adicionais de 40%, o que representará o desmonte
completo do setor (Molina, D. 2017).
| 96 | GOVERNOS DO PT | UM LEGADO PARA O FUTURO |
PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO
E REFORMAS ESTRUTURAIS
As medidas anticíclicas
Por vários anos, o governo brasileiro buscou evitar que os efei-
tos da crise financeira que eclodiu nos EUA, em 2008, derrubassem o
emprego e a produção, atingindo nossa economia e nossa população.
Um conjunto de medidas anticíclicas impediram a eclosão da
crise nesse período: a redução de 32% para 4,3% dos tributos inciden-
tes sobre o investimento em bens de capital; a maior oferta de crédito,
a taxas subsidiadas, permitindo melhores condições ao investimen-
12,1 12,3
11,7 11,5
11,1 11,0 11,2
10,2
9,8 10,0
9,5 9,3
8,4
7,9 8,1
6,7 6,9
6,0
5,5 5,4
4,8
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
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2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Fonte: PME/IBGE - Elaboração do Centro de Altos Estudos Brasil Século XXI
31,6 31,7
31,1 30,6
30,3
34,0%
33,0% 32,2%
32,0%
30,6%
31,0%
30,0%
29,0%
28,0%
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Fonte: IBGE, a partir de 2000, ref. 2010 – série das Contas Nacionais Anuais termina em 2013
O Brasil e o Brexit
A distorção dos fatos, acima referida, feita por parte da mídia
teve um papel crucial na criação do ambiente propício para a ins-
tabilidade. Então a pergunta que cabe responder é: o Brasil estava
mesmo quebrado?
A resposta é um rotundo não. Um país somente está que-
brado quando não consegue pagar suas dívidas com credores de
outros países, que é o que ocorreu recentemente em alguns casos na
Europa, na crise do euro, por exemplo, com a Grécia. Quando isso
acontece, os credores se organizam para garantir que os devedores
paguem. No Brasil, no passado, durante os governos militares, tive-
mos a organização do Clube de Paris e a presença do FMI, impondo
suas regras. Nos anos finais do governo FHC, como o Brasil não
tinha reservas em dólares suficientes para pagar os credores, e, aí sim
estava quebrado, missões do FMI impuseram ao governo sua polí-
tica de austeridade recessiva, voltada exclusivamente para garantir
o pagamento dos juros e do principal da dívida, sem considerar as
consequências que os cortes exigidos teriam sobre as necessidades da
população.
Esse padrão de subserviência ao FMI foi radicalmente inter-
rompido e abandonado. O governo do presidente Lula pagou a dívi-
da com o FMI e, durante os governos petistas, jamais uma missão do
órgão colocou os pés no país para determinar a política econômica do
governo. Hoje, o Brasil possui reservas internacionais elevadas – cerca
de US$ 370 bilhões acumulados nos governos petistas – e não há ne-
| UM BRASIL MAIS DESIGUAL, EXCLUDENTE E DE POUCOS | 109 |
TABELA 2 TAXA MÉDIA ANUAL DE CRESCIMENTO DAS RECEITAS E DESPESAS PRIMÁRIAS (%)
1999-2015
Ano Receita total Transferências Despesa total PIB
1999-2002 6.5 9.1 2.4
2003-2006 4.8 5.6 5.0 3.5
2007-2010 3.7 3.0 5.3 4.7
2011-2014 1.7 2.7 3.7 2.2
2015 -5.9 -5.2 -2.5 -3.8
26. O Bolsa Família sofreu um corte de R$ 1 bilhão no orçamento para 2018. Os programas e políticas públi-
cas para reforma agrária e agricultura familiar, para os povos indígenas e comunidades tradicionais sofreram
cortes profundos. Em alguns casos ficaram sem qualquer previsão orçamentária. Como exemplos, podemos
considerar ainda outros valores para a agricultura familiar e a reforma agrária, como os recursos para aquisição
de terras para Reforma Agrária que tiveram um corte de R$ 800 milhões em 2015, para R$ 84 milhões em
2018; a assistência técnica para assentados da Reforma Agrária caiu de R$ 356 milhões para R$ 19,7 milhões;
o Programa de Educação para os Assentados da Reforma Agrária (Pronera) teve uma redução de R$ 32,5
milhões para R$ 9,5 milhões; a concessão de créditos para famílias assentadas caiu de R$ 946 milhões para
R$ 266 milhões; o crédito para estruturação e organização de unidades produtivas caiu de R$ 54,7 milhões
para R$ 5,6 milhões; a promoção e fortalecimento da agricultura familiar caiu R$ 83 milhões para R$ 27,3
milhões; os recursos para o desenvolvimento sustentável em territórios rurais caiu de R$ 372 milhões para
R$ 78 milhões; nas cisternas, a queda foi R$ 268 milhões para R$ 40 milhões; na distribuição de alimentos
para populações tradicionais e específicos houve diminuição de R$ 78 milhões para R$ 24 milhões; na bolsa
verde, o corte foi de R$ 101 milhões para zero; os recursos para mitigação e adaptação as mudanças climáticas
caíram de R$ 22 milhões para R$ 7 milhões; o orçamento para Minha Casa, Minha Vida Rural caiu de R$
977 milhões para R$ 267 milhões; para indenização das comunidades quilombolas as receitas caíram de R$
29,5 milhões para R$ 2,8 milhões; para demarcações e fiscalizações em terras indígenas a queda foi de R$ 78
milhões para R$ 41 milhões etc. Foram poucos os programas sociais que tiveram seu orçamento preservado.
Em alguns casos isolados e de baixo impacto, alguns poucos programas tiveram um aumento marginal de
recursos, pela pressão das bancadas de oposição.
| UM BRASIL MAIS DESIGUAL, EXCLUDENTE E DE POUCOS | 125 |
100%
Período golpista Período Temer
80% 69%
77%
69,%
63%
60% 64%
58%
40%
51%
40% 33% 37%
34%
31%
20%
0
dez/14
jan/15
fev/15
mar/15
abr/15
mai/15
jun/15
jul/15
ago/15
set/15
out/15
nov/15
dez/15
jan/16
fev/16
mar/16
abr/16
mai/16
jun/16
jul/16
ago/16
set/16
out/16
nov/16
dez/16
jan/17
fev/17
mar/17
Financiamento imobiliário com taxas de mercado Financiamento imobiliário com taxas reguladas
Financiamento imobiliário total Financiamento de investimentos com recursos do BNDES
27. Cabe lembrar que cerca de 75% da CLT originária já tinha sofrido alterações, ao longo de mais de 70 anos
de vigência. Novas propostas estavam em debate sobre o sistema de relações de trabalho, incluindo a redução
dos custos de contratação do trabalho pelas empresas, em especial a substituição da excessiva judicialização
dos conflitos trabalhistas pelo fortalecimento da negociação e de acordos coletivos. Mas não houve diálogo
ou negociação para a implementação dessa ampla retirada de direitos, rebaixamento dos princípios essenciais
do direito do trabalho e fragilização da representação sindical dos trabalhadores.
| 130 | GOVERNOS DO PT | UM LEGADO PARA O FUTURO |
28. Levantamento recente da LCA Consultores, com os dados da PNAD Contínua do IBGE, revela que os
10% dos que recebem os melhores salários (cerca de 8,5 milhões de pessoas), em 2016, concentravam cerca
de 39% da massa salarial. Em 2017, passaram a concentrar 41,1%, equivalente a R$ 774 bilhões. Na outra
ponta, os 40% dos trabalhadores ocupados com os menores salários recebiam, em 2016, 14,1% da massa
salarial, em igual período de 2017, passaram a receber 12,7%, equivalente a R$ 23,7 bilhões. A nova legisla-
ção trabalhista e o teto fiscal declinante tendem a agravar essa tendência de retrocesso na desigualdade social.
| UM BRASIL MAIS DESIGUAL, EXCLUDENTE E DE POUCOS | 135 |
O ATAQUE À DEMOCRACIA E
A FRAGILIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES
O GOLPE
O golpe afetou, além do mandato da presidenta, a base da
institucionalidade do sistema presidencialista, na mesma medida
em que abala todas as conquistas sociais promovidas nos últimos
13 anos. Não vamos nos estender, mas há um completo desmonte
das políticas sociais e dos programas e das ações do governo em
todas as áreas importantes.
Não se pode pretender a destituição de uma presidenta da Re-
pública por razões “puramente” políticas para atender demandas do
setor financeiro e econômico e de uma agenda de ortodoxia fiscal per-
manente e reformas neoliberais derrotadas nas urnas, em quatro elei-
ções presidenciais sucessivas.
Não se destitui um chefe de Estado e de governo no presiden-
cialismo como se destitui um governo no sistema parlamentarista. Em
um estado democrático de direito não pode ser admitida a invocação
de falsos motivos jurídicos para a destituição de um presidente da re-
pública. Uma cassação de mandato presidencial legitimamente outor-
gada pela maioria da população, com desatendimento ao disposto na
Constituição, é uma ofensa profunda aos seus alicerces. É uma ruptura
institucional. É uma violência profunda e uma histórica injustiça per-
petrada contra o eleito e contra a sociedade que o elegeu.
A bem da verdade, o golpe de 2016 atingiu profundamente o
regime democrático brasileiro e abriu o espaço para o arbítrio e para o
Estado de exceção, produzindo um ambiente extremamente hostil
para as liberdades políticas e individuais, os direitos civis e as con-
quistas sociais do suado pacto político de 1988. Longe de ser um
fato isolado, o golpe mostrou que o pensamento autoritário no Brasil
continua vivo, atuante e disposto a desestabilizar as instituições po-
| 136 | GOVERNOS DO PT | UM LEGADO PARA O FUTURO |
um objetivo claro: impedir que Lula seja eleito novamente para, mais
uma vez, realizar as conquistas econômicas, políticas e sociais de que o
povo brasileiro precisa para se tornar cada vez mais altivo e soberano.
São muitas as arbitrariedades que Lula vem sofrendo ao longo
dos tortuosos inquéritos e processos, como a espantosa e ilegal con-
dução coercitiva a que foi submetido em março de 2016, ou as mon-
tagens midiáticas de imagens e power points, especialmente por parte
de promotores públicos, com o objetivo evidente de constrangê-lo e
submetê-lo à humilhação pública, em clara ofensa a princípios fun-
damentais do direito de defesa e da dignidade da pessoa humana.
Outro fato gravíssimo foi o vazamento, pela própria justiça, de
áudios de conversas gravadas do ex-presidente Lula com a então pre-
sidenta Dilma Rousseff, cuja ilegalidade foi reconhecida pelo próprio
Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro, órgão a que compete a
guarda da Constituição. Até o momento, contudo, tal condenação do
STF não resultou em punição ou providências que assegurem impar-
cialidade no julgamento do presidente Lula.
Adotou-se contra Lula o chamado “direito penal do inimigo”.
Uma política judiciária de identificação prévia e de criminalização
total da pessoa, independentemente e antes mesmo da existência de
crime. Em relação à Lula, agem como o “juiz que não quer perder
o jogo”, como foi exposto pelo renomado jurista italiano Luigi Fer-
rajoli, em análise pública realizada no dia 11 de abril de 2017, em
audiência no parlamento de Roma.
Há, portanto, uma clara seletividade política de parte do sis-
tema judiciário brasileiro. Assim, enquanto políticos ligados às oli-
garquias tradicionais do Brasil são protegidos, mesmo com provas
materiais inquestionáveis, Lula é condenado com absoluta ausência
de provas.
Saliente-se que o ex-presidente Lula nunca procurou proteção
ou privilégios de qualquer espécie. Sempre esteve à disposição da lei.
| 146 | GOVERNOS DO PT | UM LEGADO PARA O FUTURO |
Nunca pretendeu estar acima da lei. Mas o que não se pode aceitar é
que o coloquem abaixo da devida proteção a que todo cidadão tem
direito. Lula não está acima da lei, mas não pode ficar abaixo da lei,
que deveria assegurar a todos um julgamento justo.
A experiência recente dos governos do PT mostra, como vi-
mos, que o voto popular e a política podem fazer diferença. Podem
mudar para melhor a vida das pessoas.
A candidatura de Lula é única que, até agora, se apresenta
com credibilidade suficiente para se antepor à agenda de ortodoxia
fiscal permanente e às reformas neoliberais patrocinadas pelo golpe.
Todas as outras pré-candidaturas, com exceções das pouco competi-
tivas no campo progressista, se apresentam como mera continuidade
do golpe.
As candidaturas conservadoras representam as mesmas polí-
ticas que vêm sendo implantadas pelo consórcio golpista, com va-
riações pouco significativas. Os partidos de direita tradicionais, os
“novos” partidos, as “escolhas técnicas e apolíticas” e o “populismo
de direita” não se constituem em escolhas verdadeiras e alternativas
reais ao que já está sendo concretizado pelo golpe.
O fracasso moral, político, econômico e social do golpe in-
viabiliza uma candidatura competitiva eleitoralmente para disputar
com o projeto que Lula representa, como nenhuma outra liderança
política do país.
Por isso mesmo, a primeira tentativa de derrotar Lula anteci-
padamente se deu por meio de uma agressiva campanha midiática.
Alguns veículos oligopolizados da mídia patrocinaram um ataque
cotidiano e incondicional à Lula e à sua família durante todos esses
últimos anos.
Paralelamente, foram esboçadas as tentativas de retomar o
discurso do medo e da instabilidade econômica com Lula, a mesma
tentativa de articular os mal intencionados especuladores financeiros
| O BRASIL DE VOLTA AO FUTURO? | 147 |
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ta(o), que não tenha maioria parlamentar e que não cometeu nenhum
crime pode ser derrubada(o) pelo desastroso e fraudulento mecanismo
de um impeachment sem crime de responsabilidade e, um presidente,
denunciado inúmeras vezes por corrupção, pode continuar como presi-
dente, desde que compre e pague por seu mandato para obter maioria
parlamentar e que se submeta aos anseios de reformas antipopulares
demandados pelo mercado. A soberania popular foi simplesmente ex-
tirpada da vida política brasileira.
O ex-presidente Lula que, nos seus mandatos, contribuiu com
o maior legado social e projeção soberana para o nosso País, é julgado
a despeito da inexistência de provas e condenado apenas com base em
convicções, enquanto as principais lideranças do golpe e do governo
golpista têm garantida sua impunidade, apesar das provas e devido a
favoráveis convicções partidarizadas.
Ao mesmo tempo, todas as investigações desenvolvidas no âm-
bito do combate à corrupção deixaram evidente que Lula não possui
conta no exterior, patrimônio oculto em paraísos fiscais ou malas de
dinheiro no Brasil. O mesmo não se pode dizer dos principais políticos
líderes do golpe. Eles estão sendo claramente protegidos pelas institui-
ções que deviam investigá-los e poupados pelas instituições que deviam
puni-los (ROUSSEFF, V.D., 2017).
Além disso, sem nenhum voto para legitimar tais mudanças, aí
estão a absurda emenda do teto dos gastos literalmente reduzindo os
gastos públicos em educação e na saúde por 20 anos; a reforma traba-
lhista que revoga os mais importantes direitos históricos conquistados
pelos trabalhadores e abre portas para a exploração selvagem; a permis-
são de leniência com o trabalho análogo à escravidão; a venda de blocos
do pré-sal a preços aviltantes; a venda da Eletrobrás; a venda das terras
férteis sem restrição a estrangeiros; a redução do Bolsa Família; o fim do
Minha Casa Minha Vida para os pobres e de outros programas essen-
ciais para a inclusão social e a distribuição de renda.
| O BRASIL DE VOLTA AO FUTURO? | 155 |
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SOBRE OS ORGANIZADORES
GOVERNOS DO PT
sulta e participação variada e quali-
trição dos rendimentos individuais
ficada de muitos neste estudo louvá-
ou à capacidade monopolizadora
vel que ora publicamos, organizado
da política pública local –, implicou
por Aloizio Mercadante e Marcelo
Zero. Embora possa não ser definiti- inverter prioridades instauradas por
va e tampouco excludente de outras, governos anteriores. Por isso, a im-
constitui narrativa fundamental para plantação de política econômica
o entendimento coletivo sobre aque- comprometida com o pleno empre-
les que já demonstraram saber fazer go da força de trabalho, da política
o bem ao povo é que apresentam social de extensão de benefícios de
melhores condições de continuar garantia de renda aos mais necessita-
a fazê-lo, desde que o próprio povo dos, da política pública aos sem casa,
possa se manifestar nas eleições li- aos sem iluminação elétrica, aos sem
vres e democráticas. água e saneamento, aos sem escola,
aos sem universidade, entre outras
Marcio Pochmann tantas faces da desigualdade geradas
Presidente da Fundação Perseu Abramo pelas livres forças do mercado.