Camões Lírico e Épico
Camões Lírico e Épico
Camões Lírico e Épico
A LÍRICA DE CAMÕES E
INTRODUÇÃO AO GÊNERO
ÉPICO
META
Apresentar um painel dos principais temas da lírica de Camões. Contrapor a
representação do amor, mulher e “desconcerto” na lírica de Camões e no contexto
cultural renascentista. Apresentar os principais elementos do gênero épico e
propor uma nova nomenclatura para a épica clássica e a épica renascentista.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
caracterizar a poesia lírica de Luís de Camões;
identificar as especificidades dos textos lírico-amorosos de Camões;
diferenciar os aspectos do lirismo medieval do clássico na obra de Camões;
apontar os principais temas da poesia comoniana;
identificar características de uma epopéia e diferenciar o modelo clássico do
renascentista.
PRÉ-REQUISITOS
Características da poesia lírica medieval e renascentista
Os Lusíadas e outras obras seleccionadas, Luis Vaz de Camões, © 2008, (sic) idéia e criação
editorial, Jacob Taurà.
(Fonte: http://www.flickr.com)
Literatura Portuguesa I
INTRODUÇÃO
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A PRESENÇA DO MANEIRISMO
NA LÍRICA DE CAMÕES
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Sua produção lírica foi publicada pela primeira vez por Estevão Lopes,
em duas partes, ambas intituladas Rimas (ou Rhythmas, em arcaico). A
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primeira, de 1595, reúne composições de 1524? (data incerta) a 1580 e
está dividida em cinco seções a saber: primeira - I. Sonetos (65); segunda
- II. Canções (10), Sextina (1) e III. Odes (5); terceira - IV. Elegias (4) e V.
Oitavas (3); quarta - VI. Églogas (8); quinta - VII. Redondilhas (81). A
segunda, publicada em 1598, divide-se do mesmo modo. Como a segun-
da publicação reproduzia a maior parte dos poemas da primeira e inseria
poemas descobertos a partir do acesso do editor aos “novos cadernos”, a
obra lírica camoniana registra, em termos numéricos (com ressalvas a
pequenas variações que a segunda parte traz em relação à primeira): 105
sonetos, 10 canções, 1 sextina, 10 odes, 5 elegias, 3 poemas em oitavas, 8
églogas e 95 redondilhas. Depois de Estêvão Lopes, outros começaram a
se interessar pela divulgação da obra camoniana. Alguns, buscando
ineditismo, incluíram poemas desconhecidos por Lopes, o que gerou, e
ainda gera, grandes polêmicas sobre a autenticidade de alguns poemas e
de algumas versões.
A produção lírica de Camões pode ser analisada sob enfoques bas-
tante diversos. Antônio Salgado Júnior, por exemplo, divide a poesia
camoniana em três grupos: as de caráter leve, graciosas, tendendo à
musicalidade e a certa despreocupação com questões polêmicas e exis-
tências, a que corresponderiam, em sua visão, a maior parte das redondilhas
maiores e menores; as de temática amorosa, geralmente poemas com ver-
sos decassílabos, na qual a visão do amor é conflituosa, mas cercada por
“teorias” que suavizam e explicam o impacto do sofrimento amoroso; e a
de caráter conflituoso denso, resultante da falta de perspectivas para um
desenlace claro das oposições entre a teoria e a prática do amor.
Outro estudioso, Massaud Moisés, contempla sua poesia através de
uma ótica inicialmente formalista, porque divide sua poesia em duas, a
de contornos medievais e a de forma clássica, para, depois propor as ca-
tegorias: “lirismo tradicional”, “lirismo clássico”, “lirismo amoroso” e
“poesia de reflexão”. Vamos às categorias. Lembremos, antes, contudo,
muitos poemas trazem traços passíveis de serem analisados por uma ou
mais óticas, o que impede, naturalmente, que se vincule ou restrinja os
poemas camonianos a essa ou aquela categoria.
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Celestes jardins,
As flores, estrelas,
Horteloas delas
São uns serafins.
Rosas e jasmins
De diversas cores;
Anjos que as regam
Matam-me d’amores.
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Artemisa sepultou
A seu irmão e marido;
Vós a mi[m] e a meu sentido.
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Soneto 6
Apartava-se Nise de Montano,
Em cuja alma, partindo-se, ficava;
Que o pastor na memória a debuxava,
Por poder sustentar-se deste engano.
Soneto 154
Não vás ao monte, Nise, com teu gado,
Que eu lá vi que Cupido te buscava;
Por ti somente a todos perguntava,
No gesto menos plácido que irado.
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Bárbara, a outra musa, é descrita como negra e tem rendido aos bió-
grafos de Camões muitas conjecturas sobre o valor simbólico de sua in-
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serção no rol das musas e sobre sua identidade histórica. Os poemas a ela
dedicados estão, contudo, impregnados de um lirismo cotidiano e de des-
crições tão explícitas, que parecem apontar para um amor vivido, não de
todo traumático, ainda que igualmente projetado para o campo da rejei-
ção amorosa. Leiamos, para conferir, a “Endecha 7”, que integra as
redondilhas da segunda parte de Rimas (p. 447-8):
Aquela cativa,
Que me tem cativo,
Porque nela vivo,
Já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa,
Em suaves molhos,
Que pera meus olhos,
Fosse mais fermosa.
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DIFERENCIANDO A EPOPÉIA
CLÁSSICA DA RENASCENTISTA
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CONCLUSÃO
RESUMO
ATIVIDADES
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PRÓXIMA AULA
AUTOAVALIAÇÃO
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REFERÊNCIAS