Despertar para A Ciência
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PEREIRA MALAQUIAS, S. (1); MARTINS PINHEIRO, I. (2); VEIGA, L. (3); TEIXEIRA, F. (4);
VIEIRA TENREIRO, C. (5); VIEIRA MARQUES, R. (6) y RODRIGUES VALENTE, A. (7)
(1) Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa. Universidade de Aveiro [email protected]
(2) Universidade de Aveiro/Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores.
[email protected]
(3) IP Coimbra/Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores.
[email protected]
(4) ESE Coimbra/Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores.
[email protected]
(5) Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores. [email protected]
(6) Universidade de Aveiro/Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores.
[email protected]
(7) Universidade de Aveiro/Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores.
[email protected]
Resumen
A proposta de acção que se apresenta justifica-se pela necessidade de um maior investimento por parte dos
educadores na literacia científica de crianças em idade pré-escolar. Envolve a concepção de um documento
de apoio à construção de um currículo que a promova, complementado de forma articulada por um
programa de formação de educadores.
A brochura Despertar para a Ciência – Actividades dos 3 aos 6 inclui um quadro de referência teórico
consentâneo com a investigação actual e um conjunto de 20 propostas de actividades.
Estas foram desenvolvidas junto de educadores durante a formação concebida, considerando-se este como
um contexto de validação das mesmas. Foram, posteriormente, desenvolvidas pelos educadores junto de
crianças em diversos contextos educativos recolhendo-se indicadores a nível nacional (Portugal) sobre o
processo de implementação.
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OBJECTIVOS
Divulgar uma estratégia concebida no sentido de promover o ensino das ciências na Educação Pré-Escolar
(EPE), envolvendo a elaboração de uma brochura “Despertar para a Ciência – Actividades dos 3 aos 6”,
e a concepção de um programa de formação de formadores que lhes permita, através da replicação da
formação recebida, sensibilizar educadores em exercício para uma educação em ciências mais
fundamentada, sistemática e continuada.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Num tempo em que a ciência e a tecnologia têm vindo a conquistar um papel progressivamente
determinante na esfera pessoal dos indivíduos, na sociedade e, de forma mais lata, na intervenção
recíproca do ser humano com o planeta, a literacia científica, entendida como a capacidade de exprimir
compreensão sobre “grandes” ideias científicas e mobilizar processos de questionamento na tomada de
decisões informadas sobre o impacte da actividade humana (Martins, 2006) assume hoje particular
relevância.
Pretende-se que uma Educação em Ciências (EC) precoce crie condições para que as crianças evoluam do
nível descritivo dos fenómenos que observam e progridam para além da construção de “pequenas” ideias
que ocorrem num registo pessoal (Harlen e Qualter, 2004), contribuindo igualmente para o desenvolvimento
de atitudes positivas face à ciência.
Considerando-se a competência como um “saber em acção” (Roldão, 2003) importa que as crianças
desenvolvam de forma integrada conhecimentos, capacidades e atitudes/valores com vista ao
desenvolvimento de cidadãos competentes nas suas dimensões pessoal, interpessoal, social e profissional.
Estudos recentes demonstram que crianças pequenas conseguem compreender conceitos científicos,
mesmo alegadamente complexos como o de energia (Van Hook e Huziak-Clark, 2008), contribuindo para
contrariar a desvalorização que se atribui à EC nesta etapa. Esta foi uma dimensão também considerada
aquando a concepção as actividades propostas na brochura.
Verifica-se que na EPE, a EC é frequentemente relegada para segundo plano, identificando-se como
entraves à implementação de um sólido currículo de ciências i) a formação – inicial e continuada – dos
educadores, ii) currículos desajustados e iii) recursos didácticos limitados. Este panorama exige uma
intervenção “capaz de conduzir a mudanças de perspectiva e, posteriormente, a novas práticas – a práticas
inovadoras, pela atitude e valores que introduzem, para fazer emergir uma outra cultura de educação
científica” (Cachapuz, Praia e Paixão, 2000, p.122).
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DESENVOLVIMENTO DO TEMA
Despertar para a Ciência – Actividades dos 3 aos 6 foi concebido por solicitação do Ministério da
Educação de Portugal (ME), e pretende ser um recurso didáctico para a operacionalização das Orientações
Curriculares para a Educação Pré-Escolar, centrando-se numa das áreas fundamentais do currículo, a EC,
aí contemplada como “Conhecimento do Mundo”.
A brochura apresenta um quadro teórico que sustenta 20 actividades, enquadradas em 5 blocos temáticos
(Água, Forças e Movimentos, Luz, Objectos e Materiais e Seres Vivos), complementados com uma rede de
conceitos.
Inclui, ainda, um capítulo relativo ao desenvolvimento de competências, ilustrando-se cada uma das suas
dimensões através de exemplos de tarefas associadas às actividades propostas, e um conjunto de obras de
referência que o educador poderá usar para aprofundar o seu conhecimento neste domínio.
Pretendeu-se que o acesso à brochura não acontecesse dissociado de formação, optimizando o impacte
que pudesse ter nas suas práticas, pelo que se concebeu e desenvolveu um plano de formação de
formadores, com a finalidade de investir na formação didáctica e específica de conteúdo que permitisse uma
exploração adequada das actividades propostas na brochura. Foram seleccionados 25 educadores com
formação pós-graduada na área da EC e/ou com práticas pedagógicas neste domínio.
A formação decorreu na Universidade de Aveiro com a duração de 15 horas presenciais e outras tantas de
trabalho autónomo individual, tendo sido dinamizada pelos autores. Nas sessões práticas os formandos
executaram as actividades constantes na brochura e exploraram os recursos didácticos concebidos. Nas
sessões plenárias reflectiu-se sobre a importância e finalidades da EC nos primeiros anos e sobre as
actividades realizadas.
A avaliação de todo o processo recaiu sobre a adequabilidade das actividades propostas e do programa de
formação desenvolvido.
Uma primeira fase consistiu na recolha de elementos dos questionários preenchidos pelos formandos após
a frequência da formação. Estes permitem concluir que o seu grau de satisfação se situa nos dois níveis
mais elevados da escala, no que se refere à organização (84%), conteúdos (98%), estratégias (86%) e
ambiente de formação (89%). As actividades foram caracterizadas como “promotoras do desenvolvimento
de múltiplas competências nas crianças” que permitem “investir na literacia científica” correspondendo a um
“rigor científico adequado”.
Menor satisfação foi manifestada quanto à duração da oficina (76%) por não permitir uma mais profunda
reflexão sobre as actividades e os conteúdos envolvidos.
Numa segunda fase de análise, e após a implementação das actividades pelos educadores nos
Jardins-de-Infância, os relatórios por eles elaborados incluíam uma dimensão reflexiva sobre a formação
realizada e as actividades por eles replicadas. Foi possível retirar elementos que fundamentam a
adequabilidade das actividades propostas, que foram caracterizadas como “motivantes para as crianças” e
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“adequadas às suas capacidades e conhecimentos” tendo sido reforçado pelos educadores a possibilidade
de serem facilmente adaptadas a diferentes contextos educativos mantendo a sua “pertinência, quer a nível
conceptual como procedimental e atitudinal”. Os educadores referiram igualmente terem tido como suporte
conceptual e didáctico a formação recebida e os conteúdos da brochura, o que comprova a sua
complementaridade.
Estes educadores irão desenvolver a nível nacional cursos de formação aos seus pares contribuindo para o
incremento da confiança e competências exigidas para abordar adequadamente a temática das ciências
neste nível etário, tendo como base as actividades constantes na Brochura e validadas no contexto da
formação decorrida e das múltiplas implementações realizadas pelos educadores.
CONCLUSÕES
A brochura, como ferramenta curricular de apoio à autonomia do educador na construção do seu currículo,
está fundamentada por um processo formativo paralelo, tendo o modelo de formação adoptado sido
considerado por formadores e formandos como eficaz para sensibilizar os educadores para uma EC
precoce e para confrontar as suas práticas e opiniões.
Os efeitos da implementação deste programa de formação nas práticas pedagógicas dos educadores
apenas poderão ser analisados após a sua implementação a nível nacional. À data, e pelos indicadores
recolhidos através dos questionários e relatórios realizados pelos formandos, é possível assumir que o
programa de formação de formadores concebido em paralelo com a brochura foi promotor do
desenvolvimento de competências ao nível do ensino das ciências nos primeiros anos de escolaridade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CACHAPUZ, A., PRAIA, J., PAIXÃO, M. F., MARTINS, I. P. (2000). Uma visão sobre o ensino das ciências
no pós-mudança conceptual: contributos para a formação de professores. Inovação, 2 e 3, pp.117-137.
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HARLEN, W., QUALTER, A. (2004). The Teaching of Science in Primary Schools. London: David Fulton
Publishers.
MARTINS, I. P. (2006). Inovar o ensino para promover a aprendizagem das ciências no 1º Ciclo. Noesis, 66,
30-33.
VAN HOOK, S. e HUZIAK-CLARK, T. (2008). Lift, squeeze, Stretch, and Twist: Research-based Inquiry
Physics Experiences of Energy for Kindergartners. Journal of Elementary Science Education, Vol. 20, nº3,
pp. 1-16.
CITACIÓN
PEREIRA, S.; MARTINS, I.; VEIGA, L.; TEIXEIRA, F.; VIEIRA, C.; VIEIRA, R. y RODRIGUES, A. (2009). Despertar para
a ciência - actividades dos 3 aos 6. Enseñanza de las Ciencias, Número Extra VIII Congreso Internacional sobre
Investigación en Didáctica de las Ciencias, Barcelona, pp. 1076-1080
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