5 Demografia e Globalização TRABALHO FINALIZADO
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Globalização
Segundo Anthony Giddens, a Globalização refere-se à intensificação das relações sociais a nível
mundial e às conexões entre as diferentes regiões do mundo, através da qual os
acontecimentos locais sofrem a influência dos acontecimentos que ocorrem a grandes
distâncias e vice-versa. Deste modo, as consequências dos nossos atos estão ligadas de tal
forma que o que fazemos agora pode refletir-se em espaços e tempos distantes. Isto diz
respeito às interconexões que ocorrem entre as dimensões globais, locais e quotidianas.
Giddens afirma que a globalização não está a evoluir de forma imparcial no sentido em que
acaba por beneficiar as nações mais ricas devido à expansão do seu mercado consumidor por
intermédio das suas empresas transnacionais. Estas empresas são as que mais beneficiam com
a globalização levando assim à continuação das suas matrizes em alguns países desenvolvidos
e à atuação com filiais em outros países que se encontram em desenvolvimento, expandindo o
seu mercado consumidor. Estas empresas aproveitam-se da mão de obra barata, além de
alguns benefícios como a isenção de impostos e a doação de terrenos, proporcionados pelos
governos dos países em desenvolvimento, levando a um aumento da lucratividade.
Demografia e Globalização
As migrações constituem um dos principais fatores de mudança na humanidade e,
simultaneamente, uma das mais importantes formas de conexão entre as pessoas. Os
fenómenos da globalização e as atuais transformações demográficas têm marcado
decisivamente os movimentos migratórios exigindo novas formas de diálogo e cooperação
internacionais, colocando desafios adicionais aos políticos e aos governos de todo o mundo. A
própria globalização e a maior facilidade de comunicação têm vindo a promover uma maior
interligação entre os países, tornando as suas populações mais conscientes acerca dos
problemas nacionais e regionais e, daí, acerca das oportunidades de ascensão económica e
social, decorrentes da decisão de emigrar.
Os fenómenos migratórios são muito complexos. Não só as populações dos países mais pobres
emigram para os países considerados ricos, mas assiste-se também a movimentos migratórios
das sociedades desenvolvidas para as economias emergentes, para além da grande
importância da migração Sul-Sul – a qual representa 33% da migração global (segundo a OIM).
Esta migração encontra-se relacionada não só com a procura de trabalho, mas igualmente com
questões relacionadas a conflitos, a insegurança ou os fatores ambientais (alterações
climáticas), exigindo-se respostas adequadas a cada situação específica e uma verdadeira
coordenação de esforços internacionais.
C2 General
De acordo com as Nações Unidas, as maiores movimentações populacionais no mundo
ocorrem dentro dos próprios países, constituindo um termo que se designa por migrantes
internos, que representam cerca de 740 milhões de pessoas em todo o mundo.
Atualmente, as tendências demográficas finalizam um conjunto de questões complexas e
diversificadas, tais como a sustentabilidade dos modelos de crescimento e de segurança social
em sociedades envelhecidas, a coesão social ou o impacto da crescente urbanização e o
desemprego, particularmente nas camadas jovens. Para além disso, a geografia internacional
relacionada com a pobreza está em rápida mudança, com a maior parte da população pobre
concentrada em países de rendimento médio e com o crescimento que se caracteriza por ter
uma grande desigualdade, incluindo nos países mais desenvolvidos.
Neste contexto, importa refletir sobre o papel que o rápido crescimento populacional no
hemisfério sul, com taxas muito elevadas de população jovem, poderá representar para os
processos de desenvolvimento, por contraposição com os países que se debatem com o
acentuado decréscimo da população jovem, juntamente com o envelhecimento da sua
população.
Há que ter em conta que nem sempre a decisão de emigrar resulta de uma escolha formada e
de um desejo de atingir uma melhoria substancial nas suas vidas. Parte dos fenómenos
migratórios resultam de um imperativo substancialmente diferente, de um desespero ou outra
força maior e que naturalmente exige respostas igualmente diferentes.
Uma abordagem que leva a uma integração mais coerente entre as questões das migrações,
da demografia e do desenvolvimento pressupõe, igualmente, por colocar as pessoas no centro
das preocupações, de forma assegurar os direitos das populações e contribuir para o progresso
equitativo e sustentável das sociedades. O reforço do diálogo e da cooperação entre os povos
são fatores essenciais que levam à reflexão, ao entendimento acerca de todas estas realidades
e às políticas que colocam a defesa dos direitos humanos no centro da agenda para o
desenvolvimento.
A posição de Portugal
A cooperação portuguesa tem estado especialmente atenta a estas dinâmicas, posicionando-
se como um importante interlocutor, quer no contexto bilateral, com os seus principais
parceiros da cooperação, quer enquanto país que participa nos principais fóruns internacionais
onde estas temáticas são discutidas e negociadas, tais como a União Europeia, a OCDE e as
Nações Unidas.
No contexto da negociação e definição da Nova Agenda Global de Desenvolvimento, Portugal
apoiou a inclusão das migrações como um elemento muito importante. Como país que
conhece os desafios que pertencem aos fenómenos migratórios, quer enquanto país de
emigrantes, quer enquanto destino de imigrantes, Portugal defende que a proteção dos
direitos humanos dos migrantes é uma prioridade política transversal e que todos os meios
deverão ser postos em prática para combater todas as formas de tráfico de seres humanos,
assim como todos os tipos de exploração laboral.
Portugal é internacionalmente considerado como um país que promove a migração segura e
protegida e que assegura a proteção dos direitos dos migrantes, apoiando as populações com
os migrantes mais vulneráveis, inclusivamente no que toca à saúde e à educação. Todo este
trabalho provém da ação em conjunto de diversas instituições nacionais e internacionais,
públicas e privadas, destacando o papel desempenhado pelo Alto Comissariado para as
Migrações.
C2 General
Como organismo coordenador da política de cooperação para o desenvolvimento, o Camões
I.P. possui a responsabilidade de lutar por uma agenda de Desenvolvimento que tenha em
conta a nova arquitetura mundial, os seus desafios e condicionalismos, mas que
essencialmente consiga marcar a diferença no que toca a erradicação da pobreza e o combate
às desigualdades mundiais, regionais e nacionais, em prol de um mundo mais justo e
equitativo.
Compromissos internacionais
Além do enquadramento geral da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), que
determina que todos os seres humanos têm acesso há liberdade e aos direitos que foram
proclamados na presente Declaração, sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
pública, existem outros compromissos internacionais sobre a temática migratória, os quais
foram igualmente subscritos por Portugal, tais como:
- Organização Internacional do Trabalho
- União Europeia
- Nações unidas
No quadro das Nações Unidas os migrantes são considerados como um grupo vulnerável da
população que estão sujeitos a vulnerabilidades estruturais levando a maiores dificuldades
jurídicas ou de outra ordem no que toca a escolhas e na exigência dos seus direitos ao apoio e
proteção em caso de crises. A única forma de assegurar um progresso resiliente e sustentável
passa por comunicar os problemas com o objetivo de serem tratados e levarem à redução das
vulnerabilidades. É neste caso que a definição da Nova Agenda para o Desenvolvimento e os
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável constituíram uma oportunidade para incluir uma
referência específica aos desafios resultantes dos movimentos migratórios e à importância de
as migrações serem entendidas como um fator positivo do desenvolvimento.
Temas como o emprego e o desemprego, mobilidade laboral, desequilíbrios populacionais,
direitos humanos, exploração e tráfico humano, migrações e alterações climáticas, entre
outros, encontram-se hoje em dia bem presentes na agenda internacional da cooperação para
o desenvolvimento, sendo irresponsável a relação que existe entre todos estes fatores,
nomeadamente entre os fenómenos migratórios e o processo de desenvolvimento, sem deixar
de referir a sua interligação com as dinâmicas demográficas.
2 Questões Chave
1. De que forma o carácter descentralizador da globalização impacta a demografia global?
Para muitos povos que vivem fora da Europa e da América do Norte, a globalização parece
tratar-se de uma ocidentalização que causa desconforto ou, talvez, de uma americanização,
visto que os Estados Unidos são a única superpotência que desfruta de posições dominantes,
económicas, culturais e militares, na ordem global. Muitas das expressões mais visíveis da
globalização são americanas, como por exemplo, a Coca-Cola, o McDonald’s e a CNN.
Para Giddens, esta é uma visão pessimista da globalização que poderia dar a ideia de que em
grande parte se trata de um problema do Norte industrializado, em que os países em
desenvolvimento do Sul têm um papel discreto ou não têm papel nenhum. Assim, os teóricos
C2 General
pessimistas (nome atribuído por Giddens) afirmam que a globalização tende a destruir as
culturas locais, a aumentar as desigualdades do mundo e piorar a sorte dos empobrecidos.
Já Giddens observa que a globalização é um fenómeno cada vez mais descentralizado, que não
esta sob o controlo de nenhum grupo de nações e ainda menos sob o domínio de grandes
empresas. Os seus efeitos fazem-se sentir tanto no ocidente como em qualquer outra parte.
Assim, países do oriente, e do hemisfério sul estão também a desfrutar das transformações
ocorridos no ocidente.
A nível político, a globalização, levou à expansão da democracia no mundo. Exemplo disto, foi
o papel da televisão na abertura do Muro de Berlim e nas transformações que abalaram o
Leste da Europa em 1989. Contudo, Giddens afirma que é necessário existir um
aprofundamento da democracia numa escala transnacional. Outro exemplo o leva a refletir
sobre o avanço dos governos democráticos no mundo são as manifestações e revoltas
populares que deram origem à Primavera Árabe, em que os meios de comunicação se
tornaram peças fundamentais na expansão do movimento.
C2 General
muitos aspetos, de forma positiva e progressista. Mesmo países mais tradicionais no que toca
a estes temas, como a China, começaram a ser mais flexíveis. Também o Brasil avançou
significativamente no que diz respeito aos direitos dos homossexuais. Em 2011, foi
promulgada a lei de união estável, permitindo a casais do mesmo sexo ter acesso a um
contrato matrimonial, a transmitir herança e declarar o(a) companheiro(a) como dependente,
para fins de declaração de impostos, ou mesmo ter acesso a plano de saúde.
Por outro lado, devido à globalização existe uma grande quantidade de dinheiro que fica nos
países desenvolvidos. Estes países conseguem grandes lucros, criando uma relação
desproporcional relativamente aos países menos desenvolvidos, levando a uma grande
concentração de riqueza ocidental que acaba por não ser partilhada.
Conclusão
Em conclusão, a globalização é um processo de intensificação da integração económica e
política internacional, que é influenciado pelos sistemas de comunicação e dos transportes e
consequentemente significa uma intensificação das relações socioeconómicas a nível mundial.
A globalização não está a evoluir de forma imparcial devido à mesma beneficiar as nações mais
ricas e as empresas transnacionais que se aproveitam da mão de obra mais barata, da isenção
de impostos e da doação de terrenos, benefícios estes proporcionados pelos governos dos
países em desenvolvimento, levando assim a um aumento da sua lucratividade.
No que toca ao seu impacto na demografia, a globalização tem marcado decisivamente os
movimentos migratórios. A maior facilidade de comunicação tem vindo a promover o aumento
da interligação entre os países, tornando as suas populações mais conscientes acerca dos
problemas nacionais e regionais e, daí, acerca das oportunidades de ascensão económica e
social, decorrentes da decisão de emigrar. Assim, podemos verificar a emigração das
populações dos países mais pobres para os países considerados ricos, assistindo-se também a
movimentos migratórios das sociedades desenvolvidas para as economias emergentes.
Pode dizer-se que a globalização trouxe muitos positivos à humanidade mas também alguns
pontos negativos. Promoveu uma maior abertura e inclusão entre as nações e uma maior
aceitação das diferenças, mas ao mesmo tempo acentuou uma certa desigualdade entre os
países desenvolvidos e os países em desenvolvimento.
Dados Bibliográficos
- “O Mundo na Era da Globalização”, Antony Giddens, Editorial Presença, 2002
- https://pt.slideshare.net/uraeus/globalizao-9418527
-https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/globalizacao-demografia-e-tecnologia-o-que-vai-
mudar-no-turismo-mundial-nos-proximos-anos-386226
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