Saneamento Básico E A Saúde Da Humanidade
Saneamento Básico E A Saúde Da Humanidade
Saneamento Básico E A Saúde Da Humanidade
A saúde é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o estado de completo bem-
estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença.
Ao se analisar este conceito amplo de saúde pode-se concluir, apenas observando alguns dados, que
o Brasil é um país em estado grave de saúde e que os investimentos em saúde e saneamento no
Brasil têm sido muito abaixo do mínimo recomendado pela OMS.
Pode-se afirmar que se condições de saneamento no Brasil fossem mais adequadas, haveria uma
melhoria no quadro de saúde da população.
A Organização Mundial de Saúde define saneamento como o controle de todos os fatores do meio
físico do homem, que exercem ou podem exercer efeito deletério sobre seu bem-estar físico, mental
e social. Portanto, é evidente que pela sua própria definição o saneamento é indissociável do
conceito de saúde.
Segundo Cavinatto (1992), desde a antiguidade o homem aprendeu intuitivamente que a água
poluída por dejetos e resíduos sólidos podia transmitir doenças. Há exemplos de civilizações, como
a grega e a romana, que desenvolveram técnicas avançadas para a época, de tratamento e
distribuição de água.
A descoberta de que seres microscópicos eram responsáveis pelas moléstias só aconteceu séculos
mais tarde por volta de 1850, com as pesquisas realizadas por Pasteur¹ e outros cientistas. A partir
de então descobriu-se que mesmo solo e águas aparentemente limpos podiam conter organismos
patogênicos introduzidos por material contaminado ou por fezes de pessoas doentes.
Cavinatto (1992), explica ainda que, quando alguém anda descalço no solo pode estar disposto a
milhares de microrganismos que ali foram lançados. Alguns exemplos são as verminoses cujos
agentes ambientais podem infectar o organismo através do contato com a pele. Ainda hoje,
populações no mundo inteiro sofrem com as moléstias causadas pela falta de saneamento básico.
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¹ Louis Pasteur (Dole, 27 de dezembro de 1822 — Villeneuve-L'Etang, 28 de setembro de 1895) foi um cientista francês
cujas descobertas tiveram enorme importância na história da química e da medicina. A ele se deve a técnica conhecida
como pasteurização. Na Inglaterra, em 1865, o cirurgião Joseph Lister aplicou os conhecimentos de Pasteur para
eliminar os microrganismos vivos em feridas e incisões cirúrgicas. https://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Pasteur
Entretanto, a maioria dos microrganismos existentes na natureza são de vida livre e apenas uma
pequena porcentagem é capaz de causar doenças ao ser humano, pois dependem de outro ser vivo
para sobreviver, parasitando um hospedeiro e assim originando as doenças. Segundo Cavinatto
(1992), os parasitas se proliferam em determinados órgãos do corpo, atrapalhando o funcionamento
normal do organismo. A forma mais adequada de evitar grande parte de tais doenças é cuidando da
higiene, da limpeza do ambiente e da alimentação e uma das formas de fazê-lo é através do
saneamento.
Os parasitas em geral possuem duas fases de vida: uma dentro do hospedeiro e outra no meio
ambiente.
Enquanto estão no corpo do hospedeiro, eles possuem condições ideais para seu desenvolvimento,
como temperatura e umidade adequada, além de dispor de alimento em abundância.
Quando estão no meio ambiente, ao contrário, estão ameaçados e morrem com facilidade, devido à
luminosidade excessiva, à presença de oxigênio, de calor, e à falta de alimentos. O tempo que esses
microrganismos passam fora do hospedeiro deve ser suficiente apenas para que alcancem novos
organismos, continuando seu ciclo de vida.
Normalmente os parasitas são eliminados pelo portador junto com suas excretas, isto é, fezes, urina
e catarros, e então se misturam com os microrganismos que vivem livremente no solo, na água e no
ar.
Assim, uma pessoa ainda sadia poderá ficar doente se ingerir água ou alimentos contaminados e se
andar descalça ou mexer diretamente na terra que contenha excretas de pessoas enfermas.
É comum os parasitas serem disseminados por insetos (moscas, mosquitos, pulgas e baratas), ratos e
outros animais que, por essa razão, são chamados de vetores. Muitas vezes, a transmissão de
doenças ocorre quando estes animais picam uma pessoa enferma e em seguida uma pessoa sadia.
A maior parte das doenças transmitidas para o homem é causada por microrganismos, organismos
de pequenas dimensões que não podem ser observados a olho nu.
• os helmintos, que provocam as verminoses, podem ser microscópicos (ex.: filaria, que é o agente
da elefantíase), ou apresentarem maiores dimensões (ex.: a lombriga).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), grande parte de todas as doenças que se alastram
nos países em desenvolvimento são provenientes da água de má qualidade. Podendo prejudicar a
saúde das pessoas, nas seguintes situações:
• na ingestão de alimentos;
As doenças relacionadas com a água podem ser agrupadas conforme a Tabela 1, a seguir.
Tabela 1 – Doenças relacionadas com a água
As doenças relacionadas com as fezes podem ser agrupadas conforme a Tabela 2 a seguir.
Tabela 2 – Doenças relacionadas com as fezes
Dentre as doenças relacionadas com a falta de saneamento, temos a toxoplasmose, que é essa
moléstia que falaremos abaixo.
3. Toxoplasmose
Segundo Hill (2005), a toxoplasmose é uma zoonose cosmopolita, causada pelo protozoário
Toxoplasma gondii, sendo a única espécie capaz de produzir a doença em todos os hospedeiros. É
uma doença que afeta principalmente o sistema nervoso central, e ocasionalmente o sistema
reprodutor, músculos esqueléticos e órgãos viscerais. É caracterizada como uma doença parasitária
de mamíferos, aves e repteis. A maioria das infecções é inaparente ou latente.
A enfermidade tem grande importância na saúde pública e acredita-se que cerca de 500 milhões de
pessoas em todo mundo apresentam reação sorológica positiva para o parasito (MAROBIN et al.,
2004). Causa importantes alterações neonatais, lesões oculares, microcefalia, hidrocefalia,
calcificações cerebrais, alterações psicomotoras e retardo mental, tornando a infecção primária na
gestante e, consequentemente a infecção do feto por via transplacentária, considerando o aspecto
mais grave da toxoplasmose humana (LUCAS et al, 1998).
Segundo Hill (2005), a doença teve comprovação em todas as áreas zoogeográficas em cerca de 200
espécies de mamíferos. Muitas espécies de aves também abrigam o parasito, além do que quase
todos os animais homeotérmicos são passíveis ao protozoário T.gondii, ainda que em diferentes
graus.
Nos animais, a toxoplasmose adquire importância principalmente porque quando esses são
infectados servem de fonte direta ou indireta de infecção ao homem, além de causar danos diretos
aos animais de interesse econômico e de estimação. O parasito se deposita na musculatura e pode
infectar o homem pela ingestão de carne crua ou mal cozida (OLIVEIRA et al., 2001).
Dos animais susceptíveis os felinos exercem um importante papel nesta zoonose, considerando que
esses animais estão envolvidos com a produção de oocistos e perpetuação da doença, devido à
contaminação ambiental (GARCIA et al., 1999).
Garcia (1999), diz ainda que o cão é um hospedeiro intermediário do T. gondii e que a possibilidade
de transmitir o parasito fica bem restrito ao consumir sua carne, hábito que é pouco usado pelos
brasileiros.
3.1 Epidemiologia
6. Diagnóstico sorológico
• Western blot
A reação de Western blot tem mostrado que o soro materno e o da criança reconhecem diferentes
antígenos do T. gondii, quando a criança está congenitamente infectada (CHUMPITAZI, et al.,
1995).
Segundo Hofflin & Remington (1985), já haviam reconhecido antígenos diferentes por anticorpos
das classes IgG e IgM pela mãe e filho congenitamente infectado. Anticorpos das classes IgM e IgA
podem ser identificados contra a principal proteína de superfície do T. gondii, a proteína P30, pela
técnica de Western blot. Comparando-se a técnica de Western blot . Discussão imunocaptura
ELISA, demonstrasse que a primeira tem vantagens sobre a segunda especialmente no diagnóstico
da toxoplasmose cerebral dos pacientes com AIDS (GROSS, et al., 1992). No paciente com HIV e
encefalite, o uso dessa reação mostra diversidade antigênica entre diferentes cepas do T. gondii.
Para a pesquisa de anticorpos IgA e IgE específicos para a toxoplasmose, utilizam-se as técnicas
imunoenzimáticas, tanto a indireta como a de captura. Embora estas reações estejam sujeitas a
alguma discrepância de resultado, pois ainda não estão suficientemente padronizadas, elas vêm
assumindo importância crescente como marcadores de infecções recentes inclusive congênitas
(DECOSTER, et al., 1992, WONG, 1993).
Segundo Stepick-Biek (1990), a IgA específica pode ser detectada no sangue de adultos e crianças
congenitamente infectados, usando ELISA ou ISAGA. Sua sensibilidade é maior na identificação
da infecção congênita ou agudamente adquirida. Esse método é importante em sangue do cordão
umbilical para evitar a contaminação pelo sangue materno, uma vez que o anticorpo não atravessa a
barreira placentária e o seu encontro no feto é diagnóstico de infecção congênita. Os títulos
permanecem elevados por um período de 26 semanas, praticamente semelhantes à persistência da
IgM.
A IgE específica pode ser detectada por Imunoabsorção, podendo também ser usada para o
diagnóstico da doença aguda e congênita (29). Os componentes desse teste são: anticorpos
monoclonais para IgE humana, amostra do paciente e taquizoítos do T. gondii tratados com
formalina. Quando os anticorpos IgE específicos anti T. gondii estão presentes, ocorre aglutinação
visivelmente detectada. Por esse método, podem ser testados soro, sangue fetal, fluido cérebro
espinhal e fluido amniótico. A persistência do anticorpo específico no sangue materno é detectada
até por quatro meses nas pesquisas realizadas, tornando esse método mais seguro do que o da
determinação da IgM no diagnóstico da infecção na gestante. Por outro lado, não atravessa a
placenta, e sua presença no sangue do feto ou do recém-nascido é diagnóstico de transmissão
congênita da infecção. Entretanto, no sangue de pacientes com toxoplasmose congênita, o anticorpo
pode ser encontrado por tempo prolongado (um ano) e durante períodos de recrudescências, após a
suspensão da terapêutica com Sulfa Pirimetamina (PINON, et al., 1985).