Resenha Livro Adolecencia - Aberastury Completo

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Entrar no mundo dos adultos causa uma ambivalência de sentimentos para a criança, é um

mundo ​temido ​e ao mesmo ​desejado​, significa para criança e ​perda definitiva da sua
condição de criança​, mas constitui uma etapa ​decisiva​ de ​desprendimento ​que inicia
desde o nascimento.

Às mudanças psicológicas estão ​correlacionadas​ às mudanças físicas, e essas levam o


adolescente a uma nova relação com os pais e o mundo.

3 lutos​ que o adolescente devem passar: Luto do Corpo Infantil, Luto da Identidade Infantil,
Luto pelos pais da infância.

3 lutos​ que os pais devem passar: Luto pelo corpo de criança do filho, luto pela identidade
infantil do filho e luto pela identidade dos pais da infância, que eles já haviam se habituado.

A adolescente luta entre uma ​dependência e independência ​, só a maturidade será capaz


de fazer com que futuramente ele seja​ independente dentro de um limite de necessária
dependência.

Adolescente e o Meio Socia​l

Às mudanças no corpo (incontroláveis) ​+ novas ​demanda do meio social​ vão exigir do


adolescente uma nova forma de se impor no mundo, afinal ele não é mais uma criança mas
ainda também não é um adulto, essa indefinição faz essas novas imposições que chegam a
eles serem sentidas como uma ​invasão​.
Isso faz com que a criança procure reter suas conquistas infantis mas ao mesmo tempo
queira passar para um novo status (que não é ser criança)

O luto pelo corpo infantil é Duplo


1. O aparecimento de características sexuais secundárias: impõe seu novo status
2. o aparecimento da menarca e da ejaculação: impõe suas determinação sexual, seu
papel na escolha de um parceiro e na procriação.

A nova identidade surge quando ​o adolescente começa a ​aceitar seus aspectos


infantis e de adulto simultaneamente​ mesmo que de forma flutuante.

Nessa nova busca pela identidade, acabam surgindo ​várias identidades,​ o adolescente
parece ser uma pessoa em determinado lugar e outra pessoa em outro lugar, essas
flutuações também acontecem nas mudanças bruscas de humor.
Esses lutos e flutuações não acontecem só com o adolescente ​mas os pais também tem
dificuldade de aceitar a genitalidade do filho​, e a ​livre manifestação da personalidade
que surge dela​, eles tem que encarar a perda do corpo infantil do filho, a personalidade
infantil do filho, a sua própria personalidade de pai da infância onde era visto como herói,
modelo, etc, agora se vê numa situação de envelhecimento, de crítica, de rejeição, e podem
responder de 3 formas:

1. Não dar liberdade :Costumam fechar- se numa atitude de ressentimento e reforço da


autoridade, atitude que torna ainda mais difícil este processo.
2. Liberdade sem limites: Dão acesso de liberdade que é sentida pelo adolescente
como um abandono, que de fato é.
3. Liberdade com limites: Com cuidado, cautela, observação , afetividade, diálogo.

A​ maturidade biológica + Afetiva +Intelectual​, possibilita a entrar no mundo dos adultos.

O adolescente ​perdido nessas alterações do seu papel de identidade consigo mesmo​,


com o mundo exterior e com a família, ​vai fazendo aumentar sua intelectualização como
forma de se defender​, então ele passa a querer responder tudo de forma teórica, aos
problemas e dilemas da vida como:​ matrimônio, religião, liberdade, etc.

Os pais fazem parte do processo de independência da identidade infantil do filho​, só


quando eles ​identificar-se com a força criativa do filho é que poderão recuperar dentro
de si, a própria adolescência​, é nesse momento que a ​liberdade ​concedida pelos pais é
definitiva para conquista da ​independência e maturidade do filho.

O ​desprezo​ que o adolescente mostra para os adultos é em​ parte uma defesa para
mascarar a depressão que sente pela perda da sua identidade infantil e também um
juízo de valor que deve ser respeitado.

Os pais precisam vivenciar o desprendimento do filho, ​concedendo liberdade e a


manutenção da dependência madura.

A síndrome da adolescência Normal

A síndrome normal da adolescência é marcada pelas seguintes situações.

1. Busca de si mesmo e da Identidade

Não podemos entender​ o período infantil e o ​período de adolescência​ apenas


como um processo que nos levará a maturidade​, pois em cada período se
estabelece uma identidade que é característica de cada momento da vida de um
indivíduo.
Autoconceito e auto conhecimento:

O autoconceito vai se desenvolvendo a medida que o sujeito vai mudando e vai se


integrando com as ​concepções que muitas pessoas, grupos e instituições tem a
respeito dele mesmo e vai assimilando esses valores que constituem o
ambiente social, concomitante vai formando esse sentimento de identidade
como uma verdadeira experiência de autoconhecimento.

Em busca de identidade o adolescente​ recorre a situações que representam mais


favoráveis no momento​, uma delas é a ​Uniformidade ​que proporciona segurança
e estima pessoal.
Ocorre com isso uma ​dupla identificação em massa​, onde todos se identificam
com cada um, e que explica, pelo menos em parte, o processo grupal do qual
participa o adolescente.
Mas em certas ocasiões a única solução pode ser de procurar como diz Erikson
“uma ​identidade negativa​” baseadas em figuras negativas mas reais. É preferível
ser alguém perverso, indesejado, a não ser nada. Aí se encontra os delinquentes,
homossexuais, etc. A realidade é mesquinha ao proporcionar figuras com as quais
se podem fazer identificações positivas, e então, na necessidade de ter uma
personalidade, se ocorre a essa forma de identificação, isso ocorre muitas vezes
quando já houve transtornos na aquisição da personalidade infantil, quando o
processo de luto pelos aspectos infantis perdidos se realizam em forma patológica, a
necessidade de conquistar uma personalidade adulta é urgente como modo de se
livrar da personalidade infantil.
Desconformidade com a personalidade adquirida​: Quando a personalidade
adquirida não é a desejável, o indivíduo apresenta o desejo de conseguir outra por
meio da ​Identificação Projetiva.

Pseudo-Identidade: ​Expressões que escondem a identidade latente, a verdadeira.

Identidades transitórias: ​São as adotadas durante um período de tempo, como por


exemplo o período de machismo no rapaz.
Identidades circunstanciais: ​São identidades usadas de formas diferentes da
habitual em lugares específicos, ex: Filho de um jeito em casa, de outro na escola,
de outro no clube.

2. Tendência grupal

Na busca da identidade, o adolescente recorre a comportamentos defensivos e a


busca da ​Uniformidade ​que proporciona estima e segurança, aí entra o espírito de
grupo que o adolescente tanto se inclina.​ Há um processo de superidentificação
em massa​, às vezes pode ser tão intenso que torna-se impossível que o indivíduo
se separe, ​as vezes dando mais importância a esse grupo que o grupo familiar.
Se transfere a estrutura familiar ao grupo, como parte para formação da
personalidade, o grupo age como um substituto da composição familiar que atua
como um meio para de desprender das identificações com os pais e formar sua
própria personalidade se livrando da identidade infantil.

3. Necessidade de Intelectualizar e Fantasiar


O adolescente precisa fantasiar como forma de defesa que a realidade lhe impõe,
como a de renunciar o seu corpo, o papel e os pais da infância, como sua
bissexualidade infantil, frente a situações que não pode ter controle como essas
surgem sentimentos de impotência frente à realidade externa, então o ​ascetismo e
a intelectualização​ são manifestações típicas do adolescente como forma de se
defender.
4. Crises Religiosas
O adolescente pode se manifestar como um ateu exacerbado ou como um místico
muito fervoroso.
Nesse estágio o adolescente ​quer dúvida, procurar, e não se decidir....
Na adolescência o adolescente lida com a ideia da possível morte dos pais​ o
que pode gerar uma necessidade de identificação projetivas com imagens muito
idealizadas que possam garantir a existência dos pais e Deus pode ser essa
identificação, do contrário, quando os pais são sentidos como perseguidores, ou se
tenha passado por demasiadas frustrações, pode o adolescente assumir uma
postura niilista.

5. Deslocalização Temporal

É possível dizer que o adolescente vive com uma certa deslocalização temporal;
converte o tempo em presente e ativo​, numa tentativa de manejá-lo, A urgências
são enormes e, às vezes, as postergações aparentemente irracionais. A dimensão
temporal para o adolescente não é discriminativa, Ex: Tem uma prova para amanhã,
e acha que tem todo tempo do mundo, do outro extremo, tem um baile para daqui 3
meses e já está desesperado que não tem uma roupa para ir.
Às dificuldades do adolescente para diferenciar externo-interno,
adulto-infantil, etc., devo acrescentar a dificuldade para distinguir presente -
passado - futuro.

6. A EVOLUÇÃO SEXUAL DESDE O AUTO-EROTISMO ATÉ A


HETEROSSEXUALIDADE

Ao ir aceitando sua genitalidade, o adolescente inicia a busca do parceiro de


maneira tímida, mas intensa, oscila de carinhos até contatos mais profundos e
íntimos.
É normal que, na adolescência, apareçam períodos de predomínio de aspectos
femininos no rapaz e masculinos na moça. É preciso ter sempre presente o conceito
de bissexualidade e aceitar que a posição heterossexual adulta exige um processo
de flutuações e aprendizagem em ambos os papéis.
Na adolescência o adolescente ainda não perdeu sua bissexualidade, e pode ser
que tanto o menino quanto a menina tenha desejos homossexuais transitórios que
podem ser permanentes ou não

7. ATITUDE SOCIAL REIVINDICATÓRIA

Nem todo o processo da adolescência depende do próprio adolescente como uma


unidade isolada, a família é a primeira constelação social onde o adolescente tem contato e
que influi em sua conduta.
A adolescência é recebida predominantemente de maneira hostil pelo mundo dos
adultos.
O aparecimento de genitalidade angustiam tanto os filhos quanto os pais.
A adolescência também é influenciada pela cultura, pois a cultura modifica
enormemente as características exteriores do processo
A adolescência é recebida predominantemente de maneira hostil pelo mundo dos
adultos, em virtude das situações conflitivas edípicas
É muito conhecida a rigidez de alguns pais, as formalidades que exigem da conduta de
seus filhos adolescentes, as limitações brutais que costumam impor, a ocultação maliciosa
que fazem do aparecimento da sexualidade, o tabu da menarca, as negações de tipo
moralista que contribuem para reforçar as ansiedades paranóicas dos adolescentes

8 - CONTRADIÇÕES SUCESSIVAS EM TODAS AS MANIFESTAÇÕES DA CONDUTA

A conduta do adolescente está dominada pela ação, que constitui o modo de


expressão mais típico nestes momentos da vida
A personalidade do adolescente nesse momento da adolescência é esponjosa, isso
quer dizer que absorve muitas coisas do meio ​(introjeta) e ( projeta) muito​, dessa forma o
adolescente ​não pode manter uma linha de conduta rígida, ​só o adolescente
mentalmente ​doente poderá mostrar rigidez na conduta
É o ​mundo adulto quem não suporta as mudanças ​de conduta do adolescente,
quem não aceita que o adolescente possa ter identidades ocasionais, transitórias,
circunstanciais, como descrevi anteriormente, e exige dele uma identidade adulta, que
logicamente não tem por que ter.

9- SEPARAÇÃO PROGRESSIVA DOS PAIS

Um dos lutos fundamentais dos adolescentes é o luto pelos pais da infância uma tarefa
concomitante á isso é a separação progressiva dos pais
O aparecimento da genitalidade com capacidade procriativa,fazem com que muitos pais se
angustiem e se atemorizem, revivendo suas próprias situações edípicas, o que, dá lugar a
situações conflitivas muito complexas.
A presença internalizada de boas imagens parentais, com papéis bem definidos, e uma
cena primária amorosa e criativa, permitirá uma boa separação dos pais, um
desprendimento útil, e facilitará ao adolescente a passagem à maturidade, para o exercício
da genitalidade num plano adulto.
Por outro lado, figuras parentais não muito estáveis nem bem definidas em seus papéis
podem aparecer ante o adolescente como desvalorizadas e​ obrigá-lo a procurar
identificação com personalidades mais consistentes e firmes​, pelo menos num sentido
compensatório ou idealizado. Nestes momentos, a identificação com ídolos de diferentes
tipos, cinematográficos, desportivos, etc., é muito freqüente. Em certas ocasiões, podem
acontecer identificações de caráter psicopático, onde por meio da identificação introjetiva e
adolescente começa a viver os papéis que atribui ao personagem com o qual se identificou.

10- CONSTANTES FLUTUAÇÕES DO HUMOR E DO ESTADO DE ÂNIMO

A adolescência é marcada por um processo de luto, depressão e ansiedade, esse


sentimento básico de ansiedade e depressão sempre estará com o indivíduo como
substrato da adolescência.

A quantidade e a qualidade da elaboração dos lutos da adolescência determinarão a maior


ou menor intensidade desta expressão e destes sentimentos

A intensidade e a freqüência dos processos de introjeção e projeção podem obrigar o


adolescente a realizar rápidas modificações no seu estado de ânimo,

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