Cap1 - Ciclo de Manut
Cap1 - Ciclo de Manut
Cap1 - Ciclo de Manut
INTRODUÇÃO
PROCESSO DE AVALIAÇÃO
Intervenções baseadas
no plano de tratamento
Revisão da
formulação
Avaliação inicial e plano
Definição das metas colaborativas
Formulação de caso
Plano de tratamento
Avaliação cognitivo-comportamental
riormente quando necessário e adequado. Pode ser útil, após sair da ava-
liação inicial, reservar um tempo para elaborar uma lista prévia das difi-
culdades que o terapeuta já conseguiu identificar. Isso pode facilitar o
trabalho posterior de elaboração da LDM. Após a avaliação inicial o te-
rapeuta pode ainda reservar algum tempo para elaborar suas primeiras
hipóteses de formulação do caso. Isso pode facilitar a visualização de in-
formações que ainda não foram coletadas, viabilizando o levantamento
dessas informações nestas sessões seguintes da fase pré-tratamento.
siva de todas elas, para ter uma visão real do impacto dos problemas.
No entanto, é preciso estar atento ao tamanho final da LDM, para que
não se torne um projeto inviável. Ao mesmo tempo que a identificação
das dificuldades precisa ser abrangente, a lista final não pode ficar muito
extensa, então sugere-se um número ideal entre 5 a 8 itens, sendo que o
terapeuta pode agrupar problemas para diminuir esta lista final (Per-
sons, 2008). Todas as dificuldades serão ao menos identificadas e aque-
las que serão incluídas como alvos da terapia serão decididas de forma
colaborativa entre paciente e terapeuta. Para essas dificuldades-alvo, te-
rapeuta e paciente estabelecem juntos metas a serem atingidas.
FORMULAÇÃO DE CASO
& Dudley, 2009; Sperry & Sperry, 2012). Nem sempre é necessário ex-
plorar extensivamente todos os níveis de formulação de caso. O nível de
complexidade da formulação vai depender da complexidade de cada
caso (Kuyken, Padesky, & Dudley, 2009). Os elementos de cada nível
de formulação serão apresentados neste capítulo.
Formulação diagnóstica
FATORES
PRECIPITANTES
VISÃO
TRANSVERSAL
Padrão de
funcionamento
Formulação
diagnóstica
Dificuldades
apresentadas
Padrão de funcionamento
PERGUNTE-SE
– O que o paciente costuma pensar quando as situações ativadoras acontecem? Que pala-
vras ou imagens vêm à sua mente nesses momentos? Como esse paciente interpreta e
julga essas situações?
– Como meu paciente se sente diante das situações ativadoras? Ele costuma sentir ansie-
dade, raiva, tristeza, vergonha, culpa, etc.? Qual o seu padrão de resposta emocional?
– Como o corpo do meu paciente responde diante das situações ativadoras? Ele apresenta
quais sintomas fisiológicos típicos quando essas situações acontecem? Ele costuma ex-
perimentar sensações como tontura, náusea, tremores, sudorese, ou outra sensação físi-
ca diante dessas situações?
– Como o paciente costuma agir diante das situações ativadoras? Quando ele pensa e se
sente dessa forma, o que ele costuma fazer para lidar com isso? Quais são os seus com-
portamentos típicos?
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30 Avaliação e formulação de caso
Fatores precipitantes
PERGUNTE-SE
– Desde quando o paciente está funcionando dessa forma e apresentando esses proble-
mas? Algum fator coincide com o início desse quadro atual?
– Quais fatores ou situações do dia a dia ativam o funcionamento do paciente?
– Quando ativado, os sintomas apresentam sempre a mesma intensidade? Existe algum
aspecto do contexto que interfere na intensidade do sintoma? Algum aspecto do contex-
to ameniza ou intensifica o sintoma?
Dificuldades apresentadas
PERGUNTE-SE
– Quais as dificuldades e problemas do paciente nas diferentes áreas da vida?
– Qual o impacto do padrão de funcionamento na vida do paciente? Quais dificuldades ele
enfrenta como consequência por funcionar dessa forma?
– Qual o tipo e gravidade dos sintomas? Qual o diagnóstico desse paciente?
Formulação clínica
VISÃO LONGITUDINAL
Fatores de predisposição
pode ativar uma crença que já estava lá, muitas vezes “adormecida”
ou desativada, ou seja, existia uma vulnerabilidade.
Crenças centrais são ideias globais, rígidas e supergeneraliza-
das sobre si mesmo, sobre as outras pessoas e sobre o mundo, desen-
volvidas a partir da infância ou de experiências tardias e tidas pelas
pessoas como verdades absolutas (Beck, 2013). Essas crenças podem
ser adaptativas na medida em que podem condizer ou não com a
realidade. Muitas vezes as pessoas desenvolvem crenças distorcidas
(que diferem da realidade), causando sofrimento e prejuízo funcio-
nal, que são por esse motivo consideradas crenças maladaptativas.
Para lidar com suas crenças centrais, numa tentativa de minimizar
esse sofrimento, as pessoas desenvolvem um conjunto de crenças in-
termediárias, que consistem em regras, atitudes e suposições, dando
origem a estratégias compensatórias que, muitas vezes, são igual-
mente maladaptativas. As estratégias compensatórias, por sua vez,
são os comportamentos e reações que decorrem das regras e pressu-
postos (crenças intermediárias) desenvolvidos pelo paciente e que
tentam compensar ou evitar o sofrimento causado pela ativação da
crença central. Vale ressaltar que algumas estratégias compensatórias
podem ser funcionais e adaptativas. No entanto, elas trazem alívio
momentâneo a curto prazo, mas a longo prazo contribuem para a
manutenção das dificuldades, uma vez que impedem que o paciente
modifique suas crenças centrais disfuncionais.
Imagine, por exemplo, uma pessoa que tenha desenvolvido a
crença distorcida “sou uma pessoa desinteressante e ninguém vai gos-
tar de mim”, mesmo sendo de fato uma pessoa agradável. Esta mesma
pessoa, para lidar com esta crença, desenvolve a regra/pressuposto de
que “se eu não me aproximar das pessoas, evito ser rejeitado e evito
sofrimento” (Figura 1.5). Esta pessoa, provavelmente, vai apresentar a
estratégia compensatória de fugir e esquivar das pessoas, acreditando
que está se protegendo de sofrimentos e, mesmo sendo uma pessoa
agradável, terá prejuízo em seu funcionamento social e nas relações
afetivas em decorrência de seu comportamento evitativo. Mesmo que
36 Avaliação e formulação de caso
Crenças centrais
Sou desinteressante
ninguém vai gostar de mim
Pressupostos subjacentes
Se eu não me aproximar das pessoas,
evito ser rejeitado e evito sofrimento.
Estratégias
Fuga/esquiva
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Ciclos de Manutenção em Terapia Cognitivo-Comportamental 37
PERGUNTE-SE
– Quais são os dados relevantes da história do paciente e experiências tardias que ajudam
a compreender seu padrão de funcionamento atual?
– Quais são os dados relevantes da história do paciente e experiências tardias que pare-
cem estar relacionados com a origem de suas crenças?
– Quais os fatores de vulnerabilidade biológicos, psicológicos e sociais desse paciente?
– Existem fatores de risco atuais que predispõem o paciente a dificuldades? Quais são eles?
– Quais são as crenças centrais e intermediárias desse paciente?
– Quais estratégias compensatórias ele foi desenvolvendo ao longo da vida para lidar com
suas crenças?
Fatores perpetuadores
Visão negativa de si
Eu sou incompetente
Eu sou incapaz.
Ciclo de manutenção
Pensamentos negativos
Atividade vista como
sem importância, sem
sentido, difícil de realizar.
Humor deprimido
(Depressão)
Redução de
atividades
PERGUNTE-SE*
– Quais aspectos do próprio padrão de funcionamento do paciente contribuem para a ma-
nutenção de suas dificuldades?
– Quais aspectos do ambiente e contexto social e cultural no qual o paciente está inserido
contribuem para a manutenção de suas dificuldades?
*
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Ciclos de Manutenção em Terapia Cognitivo-Comportamental 41
FATORES
PRECIPITANTES
Dificuldades
apresentadas
Formulação cultural
FATORES
PRECIPITANTES
Dificuldades
apresentadas
Formulação
cultural
Identidade Cultural
Aculturação
Explicação cultural
Trata-se da explicação que o próprio paciente dá para o seu
problema (Sperry & Sperry, 2012). É a forma como ele explica a
origem de seus problemas e sofrimento, com base em suas crenças
culturais. Um paciente deprimido, por exemplo, pode explicar que
está passando por dificuldades em função de um carma. Outro pode
dizer que o universo está testando sua força. Outro pode explicar
que está sofrendo algum desequilíbrio neuroquímico que afeta for-
temente seu estado de humor e nível de energia. Não importa aqui
questionar a validade da explicação do paciente, nem determinar seu
grau de cientificidade, mas compreender a explicação que ele dá
para seu próprio problema. Isso é importante pois pode ter relação
com métodos de tratamentos procurados, crença ou não no processo
terapêutico e procedimentos, esperança em relação ao futuro, expec-
tativas de melhora.
PERGUNTE-SE
– Com qual grupo étnico/cultural seu paciente se identifica? Que grupo define sua
identidade cultural?
– O paciente está aculturado no contexto onde está inserido atualmente? Passa por
algum estresse aculturativo? De que tipo?
– Qual explicação o paciente dá para seu problema (com base em suas crenças culturais)?
– O que está operando nas dificuldades apresentadas? Dinâmica cultural, de persona-
lidade ou ambos? De que forma?
Formulação de tratamento
*
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Ciclos de Manutenção em Terapia Cognitivo-Comportamental 47
FATORES
PRECIPITANTES
Dificuldades
apresentadas
Formulação
cultural
Formulação de tratamento
Pontos fortes
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48 Avaliação e formulação de caso
Obstáculos
PERGUNTE-SE
– Existem aspectos do próprio funcionamento do paciente que podem se tornar obstácu-
los ao tratamento? Quais?
– Existem aspectos do ambiente e/ou contexto sociocultural do paciente que podem se
tornar obstáculos ao tratamento? Quais?
– Existe algo no próprio funcionamento do terapeuta que pode se tornar obstáculo na con-
dução deste caso? O quê?
Metas terapêuticas
PERGUNTE-SE
– O que você pretende alcançar com esse paciente? Onde você quer chegar?
– Quais são suas metas terapêuticas no que se refere à redução de sintomas e funcionalidade?
– Quais são suas metas terapêuticas no que se refere à mudança de padrões e aquisição
de habilidades?
RESUMO DO CAPÍTULO
O processo terapêutico em TCC inicia com uma fase pré-tratamento, que
engloba processo de avaliação, definição de metas colaborativas (LDM),
formulação de caso, plano de tratamento, desenvolvimento da aliança tera-
pêutica (Figura 1.1).
O processo de avaliação cognitivo-comportamental inicia na avaliação
inicial e continua nas demais sessões pré-tratamento. O foco da avalia-
ção é a compreensão das dificuldades e do funcionamento do paciente
em termos cognitivo-comportamentais. Existe uma estrutura sugerida
para a sessão de avaliação inicial (Quadro 1.1).
Considerando uma de fase pré-tratamento de até quatro sessões, após a
avaliação inicial o terapeuta tem mais três sessões para elaborar a LDM com
o paciente. Neste momento as áreas de vida investigadas na avaliação inicial
são retomadas de forma mais detalhada e extensiva, identificando dificulda-
des e definindo colaborativamente metas para o tratamento.
Ainda durante a fase de pré-tratamento, é fundamental que o terapeuta
desenvolva uma formulação de caso inicial, ainda que não tenha todos
os elementos necessários para uma formulação de caso mais completa.
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REFERÊNCIAS