Extensão Universitária Enquanto Prática de Ensino
Extensão Universitária Enquanto Prática de Ensino
Extensão Universitária Enquanto Prática de Ensino
Resumo
A extensão universitária é um dos eixos do tripé das universidades públicas, estando
interligada com o ensino e a pesquisa, possibilitando que a prática social seja origem e
destino da construção de conhecimento. É importante ressaltar que a função da extensão
vai além do assistencialismo e prestação de serviços, sendo, portanto, um processo
orgânico-processual de práticas de ensino. Sob essa perspectiva, o objetivo deste
trabalho é fazer uma análise, por meio de relatos de experiências e levantamentos
bibliográficos, do projeto de extensão “Círculos formativos com professores
iniciantes/ingressantes” da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB)
para corroborar as possibilidades formativas da extensão universitária, rompendo com a
lógica de formação inicial e continuada e para propor uma formação continuada-
permanente. Frente ao exposto, apresentar-se-á a experiência desenvolvida, em 2019, no
âmbito do projeto supracitado, de inspiração freiriana e com embasamento da pedagogia
histórico-crítica (SAVIANI, 2013; GASPARIN, 2015), a partir da temática da gestão do
tempo, envolvendo professores da educação básica e alunos da UnB. Considera-se que a
extensão universitária promove uma construção coletiva e dialógica do conhecimento e,
diante disso, ressalta-se a importância da concretização dessa, dentro da
indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão, na formação de professores. Em vistas
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Graduanda do curso de Pedagogia, pela Universidade de Brasília. Pesquisa sobre Ciclo de vida
profissional docente e Extensionista no projeto “Círculos Formativos com Professores
Iniciantes/Ingressantes. [email protected]
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Graduanda do curso de Pedagogia, pela Universidade de Brasília. Pesquisa sobre Ciclo de vida
profissional docente e Extensionista no projeto “Círculos Formativos com Professores
Iniciantes/Ingressantes. [email protected]
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Graduanda do curso de Pedagogia, pela Universidade de Brasília. Extensionista no projeto “Círculos
Formativos com Professores Iniciantes/Ingressantes. [email protected]
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Professora Doutora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília. [email protected]
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Graduanda do curso de Pedagogia, pela Universidade de Brasília. Pesquisa sobre Ciclo de vida
profissional docente e Extensionista no projeto “Círculos Formativos com Professores
Iniciantes/Ingressantes. [email protected]
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disso, na primeira parte do trabalho são descritos os círculos formativos, em seguida são
explicitados os dois relatos de experiência ocorridos em semestres distintos do ano de
2019. Na última parte do trabalho, é examinada a extensão universitária enquanto um
processo formativo, orgânico-processual, em constante articulação com a realidade
social e intrínseca a construção dialógica e conjunta do conhecimento.
Palavras-chave - Círculos Formativos; Extensão Universitária; Formação Docente.
INTRODUÇÃO
Este artigo objetiva analisar a extensão universitária, dentro de uma perspectiva
orgânico-processual (REIS, 1996), e a sua transformação frente a novos desafios e
possibilidades na formação continuada-permanente (COSTA et al, 2019) de professores
da escola pública e de alunos da Universidade de Brasília (UnB). Para isso, serão
descritas duas experiências vividas por estudantes da graduação em Pedagogia 6, no
âmbito do projeto de extensão intitulado “Círculos Formativos com Professores
Iniciantes/Ingressantes”, que foi concebido para estar em diálogo com professores em
atuação na Educação Básica.
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Esse projeto está cadastrado no Sistema de Extensão (Siex) da Universidade de Brasília e é
desenvolvido como disciplina obrigatória (Projetos 3.1 e 3.2) e optativa (Projeto 3.3), de acordo com o
Projeto Acadêmico do curso de Pedagogia (2002) da UnB.
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Disponível em < http://www.unb.br/a-unb?menu=423> Acesso em 25 de setembro de 2019.
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METODOLOGIA
Este trabalho é fruto de uma problematização que surgiu a partir de experiências
dentro do âmbito da extensão universitária, em relação às práticas de ensino
estruturadas metodologicamente de acordo com os passos da didática da pedagogia
Histórico-Crítica (GASPARIN, 2015) e, principalmente, suas possibilidades formativas.
Dessa maneira, utiliza-se como aporte teórico a compreensão sobre extensão
universitária de autores como Reis (1996) e Kochhann (2018).
Assim, a discussão parte do projeto de extensão “Círculos Formativos com
Professores Iniciantes/Ingressantes” e da sua descrição, salientando seus vínculos
metodológicos à didática para pedagogia Histórico-Crítica proposta por Gasparin
(2015). Ademais, são descritos dois relatos de experiência, ambos no contexto de
extensão, porém diferentes entre si devido às diferentes fases da carreira docente.
Por fim, é feita uma análise acerca dos relatos anteriores na qual reitera-se a
extensão universitária como um espaço de construção coletiva de conhecimento e o
projeto “Círculos Formativos com Professores Iniciantes/Ingressantes” como
possibilidade de uma prática voltada à pedagogia histórico-crítica e, consequentemente,
à formação continuada-permanente de professores da educação básica e de estudantes
de Pedagogia.
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Por esses motivos, o presente projeto de extensão tem como público alvo os
professores nessa etapa de carreira, além dos estudantes extensionistas, visando
estabelecer uma formação continuada-permanente em uma escola pública que atende
uma comunidade de baixa renda (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO ESCOLA
CLASSE 831), proporcionando uma prática pedagógica mais segura, evitando evasões,
favorecendo a intervenção e análise de dificuldades e possibilitando transformações
sociais.
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A coordenação pedagógica é um espaço tempo de trabalho coletivo remunerado e com carga horária
dentro da jornada de trabalho, assegurada pela lei 12.796/2013, especificamente no artigo 62-A a garantia
da formação continuada no espaço de trabalho. pela resolução n°02/2015 do Conselho Nacional de
Educação (COSTA et al, 2019).
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cada um dos presentes no primeiro círculo recebeu uma folha na qual deveria ser escrito
uma pergunta, que poderia ser sobre o tema ou sobre alguma questão pessoal para que
uma outra pessoa respondesse, por exemplo: quais são as suas maiores dificuldades na
gestão do tempo? O que te fez escolher ser professora?
Porém, na verdade, cada um teve que responder sua própria pergunta. Nesse
momento, os professores compartilharam um pouco das suas realidades, a forma como
tinham dificuldade de gerir o tempo dentro da sala de aula, perpassando pelo
planejamento, ou pela falta desse, o sentimento de culpa e frustração quando não
conseguem cumprir o proposto. O motivo principal, segundo as professoras, que gerava
tanta dificuldade é a quantidade de conteúdo a ser cumprido ao longo do ano. Além
disso, ressaltaram as distrações dentro da sala de aula, a conversa paralela e a
indisciplina dos alunos como fatores que contribuem para a não concretização do
planejamento.
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Disponível em <http://www.se.df.gov.br/curriculo-em-movimento-da-educacao-basica-2/> acesso em
02 de outubro de 2019.
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Embora a temática escolhida pelo grupo de professores (as) também tenha sido a
gestão do tempo, percebeu-se que a abordagem escolhida estava voltada para gerir a
profissão docente, a qual consideram possuir muitas demandas, com a vida particular,
em contraposição à abordagem dos professores iniciantes de gestão dentro da sala de
aula.
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Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=lTS7jWBcSH4> Acesso em 12 de setembro de
2019.
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A partir dessa ideia, ela apresentou uma rápida visão da Educação Básica no
Brasil e teve como foco da sua fala a necessidade do avanço em relação ao direito de
aprender, ou seja, do estabelecimento desse direito como objetivo claro para o qual todo
o esforço e dedicação deve se voltar. Dessa forma, retoma-se a necessidade de
planejamento a fim de possibilitar um espaço de aprendizagem estruturado,
significativo e intencional. Em seguida, a conversa se voltou para a diferença do tempo
cronológico para o tempo real de aprendizado e à forma como lidamos com esses.
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Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=xL50-Vlfcu0> Acesso em 12 de setembro de
2019.
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Análise
Segundo Cruz (2017) a relação entre o professor iniciante e seus pares pode ser
um elemento facilitador (ou dificultador) da afirmação da profissionalidade. Então,
reitera-se a necessidade de uma prática condizente com a realidade social na qual esse
profissional está inserido. O conhecimento é fruto da existência social dos sujeitos e,
dessa forma, a construção deve ser contextualizada e intencional, buscando reflexões
acerca da realidade com o objetivo de modificar a ação social (GASPARIN, 2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Além disso, reitera-se que a prática docente deve sempre estar relacionada à
ação dos sujeitos na realidade e, consequentemente, às relações históricas. Associado a
isso, essa prática deve estar sempre articulada à teoria.
REFERÊNCIAS
BEJARANO, Nelson Rui Barbosa; CARVALHO, Anna Maria Pessoa de. Tornando-se
professor de ciências: crenças e conflitos. Ciência e Educação, v.9, n. 1, p. 1-15, 2003.
CAMPOS, Gabriel Torres Arrais Fernandes et al. A extensão universitária e a
formação inicial e continuada: uma análise à luz de círculos formativos. 2018
(Mimeo)
COSTA, Ana Sheila Fernandes et al. Círculos formativos com professores
iniciantes/ingressantes: extensão universitária para uma formação continuada-
permanente. In: IMBERNÓN, Francisco; SHIGUNOV NETO, Alexandre e
FORTUNATO, Iva (org). Formação permanente de professores: experiências ibero-
americanas. São Paulo: Edições Hipótese, 2019.
CRUZ, Shirleide da Silva. O início da docência: reflexões sobre a construção da
profissionalidade docente. In: CURADO SILVA, K. CRUZ, S. (org.) O professor
iniciante: sentidos e significado do trabalho docente. 1ed. Jundiaí: Paco, 2017.
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