Os Maias Resumo Detalhado Por Capitulos

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Os Maias

Primeiro Capítulo
Os Maias mudaram-se para uma casa em Lisboa no Outono de 1875. Esta casa era
conhecida por todos como o Ramalhete.
Passaram-se alguns anos, e o Ramalhete encontrava-se desabitado. Em 1858 o
senhor Buccarini decidiu ir visitar a casa com o objetivo de instalar lá a Nunciatura, contudo,
a renda que foi pedida pelo procurador dos Maias, o senhor Vilaça, era demasiado alta e por
isso Buccarini desistiu.
Por estas alturas, foi comprada outra casa dos Maias: a Tojeira. Poucas pessoas
ainda se lembravam desta família (os maias), mas quem se lembrava sabia que esta família
vivia na sua Quinta de Santa Olávia, nas margens do Douro.
Os Maias eram uma antiga família da Beira, nunca foram muito numerosos, sem
colaterais, sem parentelas. No entanto, a família agora estava reduzida a somente duas
pessoas: o senhor da casa, um senhor idoso, chamado Afonso da Maia e o seu neto Carlos
que estava a estudar medicina em Coimbra.
O resultado era que os Maias, tendo o Ramalhete inabitável, não possuíam casa em
Lisboa; e Afonso nesta idade adorava o sossego de Santa Olávia, mas o seu neto, Carlos,
depois de formado não iria querer viver na quinta. Com esta situação, Afonso pediu um
conselho a Vilaça e este mesmo disse-lhe que deveria habitar o Ramalhete, apesar de
necessitar de imensas obras, era isso que o senhor Afonso tinha de fazer.
Depois das obras necessárias, Afonso decidiu mudar-se em 1875 para o Ramalhete
enquanto o seu neto, Carlos, se encontrava numa viagem pela europa. Afonso não queria
viver mais afastado do seu neto, e Carlos com uma carreira ativa deveria habitar o
Ramalhete.
Afonso era baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes, com uma cara larga, pele
corada quase vermelha, o cabelo branco, e a barba de neve aguda e longa.

Caetano da Maia, pai de Afonso, era um português que tinha um ódio imenso ao
Jacobino, a quem atribuía todos os males, os do país e os seus, desde a perda das colónias
até às crises da gota.
Afonso partiu para Inglaterra mas pouco depois teve de voltar a lisboa uma vez que
seu pai, Caetano da Maia, morreu de súbito. Foi então que conheceu D. Maria Eduarda
Runa, filha do conde de Runa. Era morena, linda, mimosa, e um pouco adoentada. No fim
do luto casou com ela e teve um filho, Pedro.
Alguns tempos depois a sua mãe morre de apoplexia em Benfica.
Mas, Afonso sentia que a sua mulher, Maria Eduarda, não era feliz. Andava triste
com saudades do seu país, da família, das igrejas. Era uma verdadeira lisboeta, pequena e
morena.
Afonso odiava tudo o que era inglês e por isso jamais consentiria que seu filho,
Pedro fosse estudar para o colégio de Richmond.
Com o passar do tempo, a tristeza de Maria Eduarda ia aumento, sentia demasiada
falta da sua casa em Benfica. E para aumentar a tristeza de Maria Eduarda e da sua família, a
tia Fanny morreu de pneumonia, em Março. Maria Eduarda adorava a tia Fanny por ela ser
irlandesa e católica. Para a distrair deste triste acontecimento, Afonso, seu marido, levou-a
a Itália, mas nem assim a senhora animou, continua a querer ir para Lisboa.
Afonso queria mandar o seu filho para Coimbra, mas quando a sua mulher soube da
notícia implorou para que não o fizesse pois não queria estar afastada da pessoa que mais
amava, e naturalmente o seu esposo cedeu.
O filho de Afonso e Maria, Pedro, era muito esperto e valente. Quando a mãe
morreu, o rapaz entrou quase em loucura. Passaram muitos meses depois da morte de
Maria e Afonso começava a desesperar por ver o filho em tamanha tristeza e a visitar todos
os dias o corpo da falecida mãe.
É então que Afonso descobre, através de um avô da sua falecida esposa que Pedro
anda a encontrar-se com uma mulher e que a amava perdidamente, uma Monforte. O pai da
rapariga era dos Açores. Esta rapariga chamava-se Maria Monforte. Pedro estava tão
apaixonado que escrevia a Maria todos os dias duas cartas em seis folhas cheios de
poemas. Vilaça, administrador dos Vilaça, decidiu contar a notícia da paixão de Pedro a
Afonso, e o seu pai, odiava a família Monforte e chegou a dizer que Maria até para amante
era má.
No verão, Pedro partiu para Sintra; Afonso soube que a família de Maria Monforte
tinha comprado uma casa lá. Alguns dias depois, Vilaça apareceu no Ramalhete muito
preocupado pouco no dia anterior Pedro tinha passado no cartório e pediu-lhe informações
sobre propriedades e sobre o meio de levantar dinheiro.
Passou o outono e chegou o inverno. Pedro foi ter com o pai e pediu a este para
casar com Maria Monforte, e o pai, insatisfeito disse ao filho que nunca lhe tinha falado
sobre ela e que ela era filha de um assassino, de um negreiro. Para Afonso o facto de Pedro
casar com Maria era uma vergonha, mas não foi isso que ia impedir de Pedro casar com a
sua amada. Dois dias depois desta situação, Vilaça foi a correr contar o que se tinha passado
nessa madrugada: Pedro tinha casado e ia partir para Itália com a noiva. E a partir desta
situação, nunca mais se falou no Pedro da Maia.

Personagens: família “Os Maias”; Afonso; Carlos (neto de Afonso); Sr. Vilaça; Caetano
da Maia (pai de Afonso); Jacobino; D. Maria Eduarda Runa (filha do conde de Runa); Pedro
de Maia (filho de Afonso e Maria Eduarda); Tia Fanny (tia de Maria Eduarda); Maria
Monforte (amada de Pedro).

Síntese do resumo: Os Maias, uma família pequena constituída apenas por duas
pessoas, Afonso de Maia e Carlos (neto de Afonso), estudava medicina na cidade de
Coimbra. Afonso é um senhor idoso, o mesmo era baixo, maciço, de ombros quadrados e
fortes, com uma cara larga, pele corada quase vermelha, o cabelo branco, e a barba de neve
aguda e longa. Em 1858, Os Maias compram uma casa, com o nome de Tojeira. Em 1875 esta
família muda-se para uma casa em Lisboa, conhecida como Ramalhete. Alguns anos se
passaram e os mesmos abandonaram a casa. Após o abandono da casa Ramalhete, a família
foi morar para a Quinta de Santa Olávia, nas margens do Douro, logo, os mesmos já não
tinham casa em Lisboa, e um tempo depois Afonso continua a morar na Quinta enquanto
que Carlos se encontrava em uma viagem pela Europa. Afonso partiu para Inglaterra mas
pouco depois teve de voltar a lisboa uma vez que seu pai, Caetano da Maia, morreu de
súbito. Foi aí, nessa volta a Lisboa, que Afonso se apaixona por uma mulher, cujo o nome é
Maria Eduarda Runa, filha do conde de Runa. Maria Eduarda, era uma verdadeira lisboeta,
pequena e morena, era também uma mulher morena, linda, mimosa, e um pouco
adoentada. Após a fase difícil, ultrapassada por Afonso, os dois têm um filho cujo nome era
Pedro. Um tempo depois de terem o filho, a mãe de Afonso morre de apoplexia em Benfica.
Maria Eduarda, mulher de Afonso, se sente triste e deprimida com o seu casamento, e para
piorar o seu estado de dor emocional, a sua Tia Fanny morre de pneumonia no mês de
Março.
Alguns anos depois a mãe de Pedro (Maria Eduarda), morre, e o pobre filho fica muito triste
e chega ao ponto de extrema loucura, ao ponto de ir visitar o corpo de sua falecida mãe,
todos os dias. Até que então a avó de Maria conta para Afonso que o seu filho, Pedro
andava a encontrar-se com uma mulher e que a amava perdidamente, uma Monforte. O
nome dessa mulher era Maria Monforte.
No verão, Pedro partiu para Sintra; Afonso soube que a família de Maria Monforte tinha
comprado uma casa lá. Alguns dias depois, Vilaça apareceu no Ramalhete muito
preocupado, pois no dia anterior Pedro tinha passado no cartório e pediu-lhe informações
sobre propriedades e sobre o meio de levantar dinheiro. Pedro foi ter com o pai e pediu a
este para casar com Maria Monforte, e o pai, insatisfeito disse ao filho que o facto de ele se
casar com ela era uma vergonha, já que segundo Afonso, ela era filha de um assassino, de
um negreiro, mas não foi isso que impediu Pedro de se casar com a sua amada.
Dois dias depois Vilaça conta a Afonso que o seu filho havia casado com Maria Monforte e
que os dois iam viajar para a Itália. E foi a partir daí que nunca mais se ouviu falar de Pedro
de Maia.

Os Maias
Segundo Capitulo

Pedro e Maria iam viajando por Itália de cidade em cidade. Tencionavam passar o
inverno neste país, e assim foi. Contudo, passados alguns dias de estarem em Roma, Maria
sentiu um enorme desejo de ir para Paris, e lá foram para França.
Ao chegar a Paris, ainda se sentia o cheiro a pólvora pelas ruas onde ainda estava
presente uma guerra e isto não agradou Maria, mas apesar de Maria não gostar, ela e o seu
marido ainda aguentaram Paris até à Primavera. Mas, apesar de a guerra ter acabado,
começaram a ouvir-se remores de uma revolução, e isso fez com que o casal tivesse que deixar
Paris. Contudo, antes de partir, Maria insistiu para que o seu marido escrevesse uma carta a
seu pai, Afonso. O facto de, ao início, Afonso da Maia não aceitar a relação que Pedro e Maria
tinham, e de não aprovar o casamento, desesperava-a. Maria odiava o velho Afonso, e por
isso, apressou o casamento e planeou a tal partida para Itália. Porém, agora que o casal ia
voltar à capital, era necessário a reconciliação. Esta carta era tal como Maria tinha pedido,
tinha de ser bonita; foi referido que se Maria desse à luz um menino que lhe iria por o nome
do velho Afonso e que Maria já o adorava. Pedro escreveu esta carta comovido com o facto de
vir a ter um filho.
O casal desembarcou rumo a Benfica. Mas, o que não sabiam era que Afonso tinha
partido para Santa Olávia dois dias antes, e isto magoou Pedro. E foi com esta situação que a
relação entre pai e filho acabou.
Quando Maria deu à luz, (nasceu uma menina) Pedro não escreveu ao seu pai a contar
ao seu pai, e até chegou a dizer a Vilaça que já não tinha pai.
Com o passar do tempo, Afonso da Maia ia caindo cada vez mais no esquecimento em
Santa Olávia. Apenas Pedro por vezes perguntava a Vilaça como é que o seu pai ia.
Mas, Maria teve outro filho, um menino desta vez. Pedro pensou em dirigir-se para
santa Olávia, mas Maria tinha um plano melhor: segundo as informações de Vilaça, Afonso iria
voltar a Benfica dentro de pouco tempo, e quando ele voltasse, Maria pegava no bebé e iria
ter com Afonso, todo vestida de preto, e sem mais nem menos, iria atirar-se para seus pés a
pedir bênção para o seu neto, e Maria, tinha a certeza de que este plano era quase infalível.
Para acalmar Afonso da Maia, Pedro quis dar o nome do seu pai a este bebé, mas
Maria não permitiu. Andava a ler uma novela onde existia um Carlos Eduardo, e é este nome
que queria dar ao pequeno: Carlos Eduardo da Maia.
Vilaça informa Pedro que seu pai era esperado em Benfica no dia seguinte, e Pedro,
penso de imediato em avisar para Maria para fazerem o tão esperado espetáculo que tinham
planeado, contudo, esta recusou. Conforme o tempo ia passando mais Pedro ia insistindo na
ideia de ir ter com o seu pai, mas, Maria, recusava sempre e dizia para esperar mais algum
tempo.
Numa tarde de Dezembro, Afonso da Maia estava a ler calmamente, quando, de
repente, a porta do escritório abre violentamente e o velho vê o seu filho. Pedro não estava
normal, estava todo desarranjado e o seu olhar refletia uma certa loucura. Mal Afonso se
levantou, o seu filho caiu-lhe nos braços a chorar como se o mundo fosse acabar. É então,
passado uns minutos, que pedro diz o sucedido. Ele esteve dois dias fora de Lisboa, e voltei
nessa manhã, mas, Maria tinha fugido de casa com um italiano e tinha levado consigo a bebé,
deixando o seu filho, Carlos Eduardo, com a governanta. Quando Pedro chegou a casa
encontrou uma carta a dar todas as informações que Pedro necessitava de saber.
Com tantas desgraças, Pedro necessitava de espairecer. Como sempre sonhou em ir a
América, acho que o momento era o indicado.
Certa noite, Afonso acorda assustado com o som de um tiro que se ouviu em toda a
casa. Levantou-se de imediato e ele, com a ajuda de um criado com uma lanterna, tentaram
descobrir de onde vinha tal tiro, quando, viram a porta do quarto de Pedro, ainda entreaberto,
vinha um cheiro a pólvora, e perto da cama podia ver-se uma poça de sangue que ensopava o
tapete, foi então que Afonso, encontrou o seu querido filho, no chão, morto, com uma pistola
na mão. Em cima da secretária encontrava-se uma carta que dizia com letras bem visíveis:
“Para papá”.
Passados alguns dias a casa de Benfica foi fechada e Afonso e o seu neto Carlos
partiram para Santa Olávia com todos os criados.
Vilaça espalhou por Lisboa que o pobre Afonso não iria durar muito mais de um ano.

Personagens: Filha de Pedro e Maria; Carlos Eduardo da Maia (filho de Pedro e Maria); o
italiano; a governanta; Pedro de Maia; Maria Monforte; Afonso (pai de Pedro).

Síntese do resumo:
Os Maias
Capítulo 3

Ao contrário do que Vilaça tinha previsto, (que Afonso da Maia não ia durar mais que
um ano) o velho Afonso durou mais um ano e muitos mais.
Nas vésperas da Páscoa, em Abril, Vilaça chega de novo a Santa Olávia pela manhã. E
por espanto de Vilaça, Afonso estava completamente diferente, ao contrário de há uns anos
passados, Afonso era feliz.
A verdade é que já tinham passado alguns anos desde a última vez que Vilaça tinha ido
a Santa Olávia e o velho Afonso e o seu neto, Carlos, não estavam sozinhos em casa. A senhora
viscondessa que era prima da falecida mulher de Afonso (era um Runa), quando ficou viúva e
pobre, Afonso deu-lhe teto; um novo mordomo: o Teixeira; um abade: o Custódio.
Vilaça nunca tinha visto Afonso da Maia assim, tão alegre, e toda esta alegria devia-se
ao menino, ao seu neto, Carlos, foi esta criança que fez reviver Afonso da Maia e fez reviver a
casa.
Certo dia, o administrador insinuou que Carlos era apenas uma criança mimada e que
era ele que governava a casa, contudo, Teixeira, teve de intervir para emendar o que o
administrador tinha dito. Segundo Teixeira, a criança tem sofrido bastante, a educação que
está a ter é muito rígida e severa, em casa, até já se chegou a pensar que Afonso queria a
criança morta, mas, todos sabem o amor que o velho sente pelo neto. Mas toda esta rigidez
provém de um sistema inglês ensinado pelo metre inglês: Brown. Este inglês, apesar de ser boa
pessoa, ser calado, asseado, excelente músico e aparentemente bom inglês, não era, de forma
alguma, a melhor pessoa para educar um fidalgo português. Brown, em vez de ensinar coisas
uteis ao rapaz, apenas ensinava acrobacias, a remar e habilidades de palhaço.
Um dia, Afonso da Maia, o abade Custódio e Vilaça, chegam a casa das Silveiras que
eram bastante ricas. D. Ana Silveira era a mais velha e solteira; D. Eugénia tinha dois filhos:
Teresa (que era conhecida por ser a “noiva” de Carlos) e Eusébio. As Silveiras andam sempre
acompanhadas pelo seu amigo fiel, um doutor delegado que há 5 anos andava a pensar em
casa com D. Eugénia, contudo, o casamento foi adiado.
D. Ana nunca gostou de ver a sua sobrinha, Teresa, perto de Carlos, sempre que achou
que ele fazia coisas indecentes, como tocar-lhe no vestido e coisas desse género. Mas a pobre
rapariga apenas gostava de abraçá-lo no quinta.
Um facto é que, para a idade que tinha, Carlos começava a ficar atrasado, (apesar de
ser inteligente) ele apenas sabia falar um pouco de inglês e fazer umas habilidades que não lhe
dariam qualquer futuro.
Uns meses antes, houve uma procissão em que o Eusébio se vestiu de anjo, e a sua
mãe mais a sua tia, como boas pessoas que são, decidiram vir mostra-lo à viscondessa,
contudo, esqueceram-se dos rapazes (Carlos e Eusébio) por uns segundos e passados uns
minutos, Eusébio apareceu na sala, todo mal-arranjado, rasgado e magoado… tinha sido Carlos
que lhe tinha dado uma valente sova por que odiava anjos, e a partir desse dia, sempre que o
Eusébio aparece em casa dos Maias Afonso treme de medo.
Vilaça conta que Maria Monforte (mulher de Pedro), foi vista por Alencar em Paris, e
ele chegou a estar em casa dela. Já tinham passado imensos anos desde que o nome de Maria
fora mencionado, e no início desta situação, o único desejo de Afonso era recuperar a sua
neta, mas aos poucos, foi esquecendo o nome dessa mulher e a sua nota. Segundo Alencar
Maria agora era prostituta. O seu amante morreu num duelo e o seu pai também morreu,
deixando uma herança muito reduzida. Depois de tudo, voltou para paris (após ter viajado um
pouco por todo o mundo) com Mr. De l’Estorade. Mas apesar de saber onde Maria estava, a
única coisa que interessava realmente era a sua neta, porém, quando perguntou se havia
notícias da sua neta, Vilaça respondeu que desconfiava que ela estava morta, caso contrário,
Maria já tinha vindo bater à porta de Afonso a pedir ajuda.
No dia a seguir, Vilaça parte para Lisboa. E duas semanas depois desta partida, Afonso
recebe uma carta do administrador a dizer que no boudoir de Maria existia um retracto de
uma criança, de uma menina, mas que em volta desse retracto estava uma coroa de flores,
conseguia-se entender que aquela menina já tinha falecido. Alencar perguntou a Maria quem
era a menina do quadro e ela responde que era a sua falecida filha, que havia morrido em
Londres.
Após alguma troca de cartas entre Vilaça e Afonso, o administrador manda uma última
carta a dizer que dali a uns tempos, era possível que Vilaça necessitasse de hospitalidade por
parte de Afonso da Maia. Esta ultima carta fora recebida a um domingo em Santa Olávia.
Todavia, dois dias depois, foi recebido um telegrama a anunciar a morte do pai de Vilaça. Nos
dias que se seguiram, Vilaça esteve num sofrimento constante até que começou a sentir-se
muito mal, falta de ar, tonturas, etc. até que cai no chão desamparado e ali fica, morto. Esta
morte abala por completo Santa Olávia.

Numa manhã de julho, em Coimbra, Carlos tinha feito o seu primeiro exame que lhe
daria acesso à universidade, foi uma explosão de alegria naquele momento.

Os Maias
Capítulo IV

Finalmente Carlos ia-se formar em medicina.


A vocação de Carlos para a medicina surgiu quando ele era muito mais novo, num
dia em que ele descobriu no sótão, entre coisas velhas, umas estampas anatómicas. Passou
o dia de volta das tais estampas e foi nesse momento que a curiosidade pela medicina de
Carlos surgiu. Apesar desta paixão pela medicina, todos familiares mas próximos e amigos,
sempre acharam que este rapaz ia seguir direito. No entanto, apesar de Carlos adorar
medicina, esta paixão não era muito aprovada pelas pessoas (amigos mais próximos) de
Santa Olávia, as mulheres, principalmente, achavam um desperdício este rapaz tão bonito,
charmoso, seguir para um profissão em que tivesse que mexer em cadáveres e sangue.
Respondendo a esta indignação das pessoas, Afonso diz que educou o seu neto para ser
bem-sucedido e não educou um Zé-ninguém, disse até que educou o neto para ser útil para
o país. Sendo esta uma época em que ficar doente era já um hábito, segundo Afonso, o
“maior serviço patriótico” é saber curar.
Depois, Carlos Eduardo, parte para a sua viagem pela europa. No outono de 1875,
quando Carlos regressa, o seu avô perguntou o que pretendia fazer agora que já tinha o seu
curso tirado e já podia finalmente exercer, o rapaz responde que primeiro que descansar
um pouco e depois, passar à ação!
Carlos não queria unicamente “fazer clinica”, é certo que queria dar consultas, e até
podia dá-las de graça por caridade. O rapaz queria também exercer a parte de laboratório, e
por isso, decidiu abrir uma clinica e um laboratório.

Os Maias
Capítulo V
Em falta

Os maias
Capítulo VI

Carlos e Ega estavam juntos quando um coupé chegou, dele saiu um homem que Ega conheceu
de imediato, era o Sr. Dâmaso Salcede que tinha acabado de chegar de Paris. Entraram no café para
beber um copo e passados alguns minutos entra “o poeta”: Tomás de Alencar. Apesar de Carlos não
conhecer o tal poeta, apenas conhecia o nome dele, não era a primeira vez que Alencar via Carlos, na
verdade, Alencar fora a primeira pessoa a ver Carlos assim que este nasceu, e a partir daí desenrolou-se
uma história: Pedro da Maia (pai de Pedro) queria chamar Carlos, Afonso, mas a mãe teimou que tinha
de ser Carlos justamente por causa de um romance que o próprio Alencar lhe tinha emprestado que
falava de um príncipe Carlos Eduardo e, Alencar apoiou a mãe de Carlos, dizendo que Carlos Eduardo
era o nome ideal.
Dâmaso Salcede era um grande admirador de Carlos e queria conhecê-lo há imenso tempo, e
nessa tarde ia jantar com Carlos, o que deixou o homem bastante nervoso.
Alencar tinha uma paixão platónica por Raquel Cohen.
Alencar afirmava que já passou por muito na sua vida. Disse que a todos os ricos/ministros ele
emprestou dinheiro e deu teto, porém, agora que eles são alguém não retribuem o favor ao poeta.
Sempre que Carlos e Tomás de Alencar falavam, o poeta evitava a todo o custo mencionar
“Maria Monforte”, porém, Carlos entendeu o quão difícil era para Alencar não mencionar o nome da
mãe de Carlos, e por isso este disse que o poeta podia falar à vontade da mãe que não fazia mal.
Carlos cresceu sem qualquer ligação com os pais uma vez que quando nasceu quase não
conheceu a sua mãe e quanto ao pai, suicidou-se quando era muito pequeno, portanto, o avô, Pedro da
Maia representa para Carlos, os seus pais.

Os Maias
Capítulo VII

No Ramalhete, já era comum a presença de Craft, ele e Carlos tinham muitas coisas
semelhantes. E gostavam bastante dele porque se fosse por vontade de Afonso, Craft jantava
sempre lá em casa.
Ultimamente Carlos saía pouco de casa, para além de andar ocupado a escrever um livro, a
sua profissão enquanto médico não deu grandes frutos, dizia-se que Carlos fazia experiências
mortais nos seus pacientes.
Um dia, Carlos convida o Senhor Salcede para jantar no Ramalhete, este prometeu que não
iria faltar mas, para espanto de todos, faltou. Todos acharam estranho esta falta, Dâmaso dava tudo
para jantar só mais uma vez com o seu ídolo, Carlos. Andou desaparecido mais de uma semana até
que um dia Carlos decide passar por casa dele, quando lá chegou encontrou o seu criado afirmou que
o seu senhor estava em ótimo estado que não era motivo para preocupações, mas Carlos não se
conformou com aquela resposta e decidiu ir perguntar ao seu tio Abraão mas ele também não o via
há dias, e por isso decidiu passar pelo Grémio mas aí também ninguém o tinha visto ultimamente e aí
entendeu que devia parar de procurar.
Afonso da Maia fez uma oferta comovente a Carlos: ofereceu Santa Olávia para passar umas
pequenas férias mas, infelizmente, Carlos não podia aceitar. A europa estava a atravessar uma fase
bastante complicada e ele não podia tirar simplesmente umas férias.
Certo dia, Carlos viu uma mulher lindíssima no fundo da rua, ele pensou para ele mesmo que
achava que era um anjo, uma deusa, porém, ele não conseguiu ver muito, principalmente a sua cara.
Depois desse acontecimento, Carlos não deixou de pensar naquele anjo que tinha visto e durante 3
dias seguidos ia sempre por volta da mesma hora ao mesmo sítio ver se encontrava a tal mulher, mas
sem resultados.
Nessa semana, quando Carlos estava a sair do consultório, chega uma mulher toda vestida
de preto com um véu preto a tapar a cara, acompanhada de um rapaz pequeno igualmente de preto.
Veio ver o que se passava com o seu filho, Charlie, sem nunca levantar o véu. No fim da consulta,
depois de Carlos assegurar que o pequeno não tinha qualquer problema, quase que pareciam uma
família, o médico agarrava no pequeno de forma paternal e a mulher de preto e Carlos trocavam
palavras e sorrisos.
Depois de ter saído do consultório, ia a descer a Rua Nova do Almada, quando para seu
espanto vê Dâmaso, que por acaso reparou em Carlos e estava a chama-lo. Assim que se encontram,
Dâmaso muito exaltado diz que a sua vida tem andado numa confusão, que agora, anda num
romance.
Quando Carlos falou com Taveira sobre o assunto, este diz que a família da mulher por quem
Damaso anda doido, é brasileira, são os Castro Gomes.

Os Maias
Capítulo VIII

Um dia, às 8 da manhã, Carlos parava em frente ao portão da casa de Cruges, porém,


um trintanário veio dizer-lhe que o senhor já não morava ali. A criada aconselhou Carlos a ir à
Rua de S. Francisco pois era lá que o Sr. agora morava. Quando chegou à atual morada de
Cruges, Carlos teve de esperar algum tempo até que por fim, desceu o senhor Cruges, bastante
apressado. E assim, estavam prontos para seguir viagem a Sintra.
Apesar de não ter dito nada a Cruges, o verdadeiro motivo que trazia Carlos a Sintra era
o facto de não ver a sua “deusa” há mais de duas semanas, e por isso supunha que ela estava em
Sintra.
Alencar, o poeta, conhecia Cruges desde pequeno, por isso para Alencar ele era como
um filho.
Tinham uma grande paixão por Sintra, dizendo até: “tudo em Sintra é divino.”.
Carlos perguntou se alguém sabia se a família da “sua brasileira” tinha ido para a Pena,
um dos homens que estava presente afirmou imediatamente que tinha ido para lá há pouco
tempo, porém, o outro, negou dizendo que a tal família foi para um palácio não muito longe
dali.
Afinal os Castro Gomes não tinham ido para o tal palácio, na verdade, eles mais o Sr.
Salcede partiram para mafra no dia anterior. E, neste momento, Sintra perdeu (para Carlos) todo
o encanto.
Passavam duas semanas desde que recebeu essa notícia e andava perdido pelo Aterro a
procurar perdidamente a sua “deusa”. Chegou-lhe aos ouvidos que a “sua” senhora estava em
Sintra e este correu até Sintra mais não a encontrou. Foi então, que num dia, eles cruzaram-se
no Aterro. Contudo, depois desse momento, nunca mais a viu outra vez mas os outros sim.
Os Maias
Capítulo IX
Certo dia, Afonso da Maia aparece com uma carta na mão para Carlos. Esta tal carta
cheirava a verbena, o cheiro da condensa Gouvarinho, e era um convite do conde para um jantar
no Sábado seguinte.
Dâmaso chega ao Ramalhete extremamente apressado a correr, e sem dar tempo a
Carlos para o cumprimentar, Dâmaso começa por dizer que há um doente, um doente da tal
família brasileira. Porém não era a madame, era a filha de 6 anos que esteve quase a morrer.
De vez em quando Dâmaso ia visitar a casa dos brasileiros para ver como é que as
coisas estavam uma vez que a família foi para Queluz e deixou a pequena com a governanta,
Miss Sara. Depois de almoço a criança sentiu uma dor, e a governanta queria um médico inglês
porque era a única língua que esta falava, apesar de procurarem o médico inglês, Smith, não o
encontraram (enquanto a miúda quase que morria), felizmente Dâmaso chegou nessa altura e
lembrou-se de imediato de Carlos. Depois de chegar à pequena e fazer um pequeno exame,
Carlos conseguiu tranquilizar Miss Sara, a pequena rosa/rosicler estava bem de saúde, apenas
necessitava de algum descanso e se a dor voltasse era necessário um exame mais rigoroso. Rosa
e Carlos entenderam-se muito bem, tanto que a pequena queria que ele voltasse.
Para sorte de Carlos, o marido da sua “deusa” ia para o brasil durante dois ou três meses
tratar de negócios e a senhora ficava cá sozinha com a pequena rosa.
Alguns dias depois, Dâmaso informa Carlos de que o Castro Gomes está doente e de
cama, e por Carlos ter visto a pequena rosa, é chamado também para ir ver como está o velho
Castro Gomes. No dia a seguir Carlos não saiu de casa à espera de um recado, e não chegou
nada. Dois dias depois a caminho do Aterro, viu o Castro Gomes e a mulher (mais a cadelinha
ao colo) na varanda e foi aí que Carlos decidiu pedir a Dâmaso para este o apresentar a Castro
Gomes.
Para azar de Carlos, o marido da sua amada já não ia para o brasil, ficava no hotel
central até perto do verão. Carlos ia aproveitar para falar com Dâmaso sobre a sua apresentação,
mas algo fez com que este achasse que era mau ser apresentado por ele aos Castro Gomes. Mais
tarde surgiu uma oportunidade de Carlos conhecer os brasileiros, quando Castro Gomes quis
oferecer algo a Carlos pelo cuidado com rosa, era óbvio que se iam conhecer sem a ajuda de
Dâmaso.
O tal jantar (num sábado em casa dos Gouvarinho) chegou, e no fim do jantar Carlos
começou a ficar bastante intimo da condensa Gouvarinho, acabando por darem um beijo no
final.

Os maias
Capítulo X

Durante três semanas, Carlos e a Condessa Gouvarinho viviam um romance; tinham-se


encontrado várias vezes numa casa da tia, Miss Jones, da condessa na Rua de Santa Isabel uma
vez que a tia fora para o Porto e a casa estava livre e a condessa tinha a obrigação de cuidar do
gato.
Apesar de todo este romance vivido entre estes os dois, Carlos começava a sentir-se
“farto” da condessa devido às atitudes desta. A condessa queria entrar na vida de Carlos a todo
o custo. Ela até planeou fugir com o médico para “viver num sonho eterno de amor lírico”, mas
era óbvio que Carlos não queria nada disto.
Num domingo, começavam as corridas de cavalos (que toda a gente adorava) e Carlos
tinha a certeza absoluta de que “ela”, a Castro Gomes, estaria lá, finalmente Carlos ia conhece-
la! Durante as três semanas de romance com a Gouvarinho viu a sua “deusa” duas vezes, e isto
levou a que, mais do que nunca, Carlos quisesse ser apresentado aos Castro Gomes, Dâmaso
não conseguia apoiar isto, relembrando a Carlos o que o Castro Gomes fez no outro dia (Castro
Gomes disse que passava pelo Ramalhete e no fim não passou sem avisar. Carlos insistiu que
queria ser apresentado a eles e no fim, ambos concordaram esperar pelo fim das corridas.
Perto do Grémio estava um carro e um trintanário à porta, Carlos olhou e reconheceu de
imediato uma das pessoas: era a pequena Rosa/Rosicler; olhou com mais atenção e reconheceu
a sua “deusa”.
Não esquecendo quem tinha acabado de ver, Carlos teve a brilhante ideia para conhecer
os brasileiros antes das corridas. Dâmaso podia levar o Castro Gomes para este observar a
coleção de Craft onde estaria Carlos para o convidar para almoçar no Ramalhete e assim, antes
das corridas, já se conheciam.
Reverendo Bonifácio era o gato de Afonso.
Assim que Carlos viu Dâmaso, contou-lhe logo o brilhante plano. Dâmaso concordou e
apoiou Carlos. Enquanto Craft e Dâmaso andam a mostrar as curiosidades e a falar das corridas,
Carlos andava a passear com a madame pela quinta. Convencido de que aceitavam logo,
Dâmaso afirma que no dia seguinte ia falar com os Castro Gomes.
No domingo a seguir, às duas horas, Carlos e Craft pararam no largo de Belém. Era um
dia quente.
Passou uma semana deste que Carlos e Dâmaso combinaram o tal plano, porém, desde
aí, a semana estava a ser desastrosa. Dâmaso desapareceu sem ter revelado qual era a resposta
dos brasileiros, naturalmente que o plano não foi posto em prática; ainda não conhecia a
madame nem nunca mais a viu nem a esperava ver nas corridas.
O maior desejo de Carlos neste momento, era encontrar Dâmaso e saber o que se
passou.
Ao dobrar a esquina da tribuna, viu Craft, que o apresentou ao famoso atleta Clifford.
Fazia algum tempo que Carlos não se encontrava com a condessa, e um dia,
encontraram, por acaso. A Gouvarinho diz que tem de ir ao Porto ter com o pai uma vez que
este não a vê há dois anos, e então ia aproveitar que o aniversário dele estava a chegar para ir ter
com ele. O conde não ia. E, após algum silêncio, ela pergunta a Carlos se ele queria com ela,
mas, nesse momento Teles da Gama aproxima-se deles e começa a falar sobre apostas das
corridas e etc. e a ele juntaram-se mais pessoas. Ao ver a condessa rodeada de pessoas, Carlos
afastou-se. Passado algum tempo esta já estava disponível novamente, e começou a falar sobre o
plano que fez cuidadosamente sobre a viagem dos dois ao Porto. Ia segunda à noite para o Porto
apenas com a criada num compartimento privado, e Carlos apanhava o mesmo comboio mas
noutro compartimento. Ambos saíam em Santarém e iam passar a noite a um hotel, no dia
seguinte ela seguia para o Porto e ele voltava para Lisboa. Carlos não concordou plenamente
com este plano uma vez que tinha a certeza de que iriam ser reconhecidos.
Finalmente Carlos conseguia encontrar Dâmaso e quando começou a falar sobre o tal
plano, Dâmaso disse-lhe que havia uma grande novidade: o Castro Gomes partiu para o Brasil
sozinho e a madame ficava cá sozinha durante três meses. E o melhor de tudo era que morava
no mesmo prédio do seu amigo Cruges.
Agora que tinha a certeza que a Castro Gomes estava mesmo em Lisboa, e no mesmo
prédio que Cruges, crescia na sua imaginação a possibilidade de um encontro, troca de
palavras… e de repente veio-lhe uma vontade imensa de ir ter com Cruges.
Quando desceu à realidade, foi falar com a Condessa sobre o plano ridículo que esta
teve, dizendo-lhe tudo o que achava sobre o plano e no fim a Gouvarinho propôs acabarem
tudo, ela partia para o Porto e tudo acabava. Depois de ouvir tudo o que a condessa lhe disse,
Carlos ficou indeciso até que no fim aceitou.
Carlos recebeu uma carta, de um doente, porém, esta carta era particularmente especial
uma vez que começava com: “Madame Castro Gomes…” e ela estava a pedir para este ir lá a
casa examinar “uma pessoa de família”. Tinha a certeza de que não era ela ou Rosa a doente.

Os maias
Capitulo XI

Na manhã a seguir à carta, Carlos acordou cedo e foi a pé até à Rua de S. Francisco (a
casa da Madame Gomes). Quando chegou, ficou à espera do criado, Domingos, para lhe abrir o
portão. Sr. Domingos já tinha trabalhado para Carlos (como criado também) mas despediu-se
devido a uns desentendimentos com o cozinheiro francês do Ramalhete.
Maria Eduarda era o nome da sua “deusa”, era a primeira vez que ouvia o seu nome.
Disseram-lhe que era a governanta, Miss Sara que estava doente. E depois de uma
pequena conversa com Maria Eduarda, ele entendeu que ela estava a agradecer-lhe
indiretamente pelos cuidados que ele tinha tido com Rosa.
Niniche era o nome da cadela de Maria.
Depois de examinar a governanta, Carlos chegou à conclusão que ela tem uma
bronquite ligeira e teria de ficar quinze dias de cama.
Conversaram mais um pouco e, ao contrário do que Carlos pensava e do que era dito,
Maria Eduarda e a sua família não eram brasileiros, eram portugueses!
Agora com a governanta doente, era necessário que Carlos fosse lá a casa todos os dias.
Quando chegou ao Ramalhete, tinha uma carta para si da Gouvarinho. Quase já nem se
lembrava dela depois da última conversa que tiveram. Era no comboio dessa noite que era
suposto eles embarcarem para Santarém, e Carlos prometeu que ia, mas com tudo o que se
passou agora, com Maria Eduarda e tudo mais, Carlos não queria mesmo ir, por isso, apesar de
não lhe apetecer nada ir para a estação de Santa Apolónia, lá teve de ser, tinha de ir para dizer
uma desculpa qualquer à condessa para que ele não fosse.
Ao chegar a Santa Apolónia, encontrou Dâmaso vestido de preto, estava obviamente de
luto, morreu o seu tio Guimarães de Penafiel. Assim que Dâmaso avisou Carlos que os
Gouvarinho estavam mais adiante, este teve uma desculpa brilhante: ter que acompanhar
Dâmaso a Penafiel devido à morte do seu tio.
Durante semanas Carlos e Maria tinham pelo menos uma hora para falarem, tanto que
se tornaram mais íntimos.
Os Maias
Capítulo XII

No sábado, quando Carlos regressava ao Ramalhete vindo da Rua de S. Francisco,


encontra Ega no seu quarto com um aspeto desleixado. Ega queria que ninguém soubesse da
sua vinda ao Ramalhete, pois vinha a Lisboa só por uns dias para se “tratar” (“(…) unicamente
para comer bem e conversar bem.”) e esperava que Carlos o ajudasse.
Ega disse que segunda-feira, ele e Carlos iriam jantar com os Gouvarinho. A condessa
convidou, durante a viagem de comboio, Ega para jantar e claro que não podia faltar Carlos
(segundo o conde).
Quando chegou a segunda-feira, a do jantar, o tempo estava chuvoso quando eles (Ega
e Carlos) iam a caminho. Desde que a condessa chegou, Carlos só a tinha visto ainda uma vez e
foi bastante desconfortável sob um ambiente muito pesado, onde ela aproveitou para se
queixar do quão secas eram as cartas de Carlos.
Ega pediu a Carlos para explicar a história da brasileira (que é portuguesa) pois ficou
curioso quando Dâmaso foi falar-lhe sobre isso. Ega contou que Dâmaso afirma que foi ele
quem apresentou a mulher a Carlos e que este aproveitou a ausência de Dâmaso para se fazer
a ela. Carlos revoltou-se logo dizendo que tudo isso era mentira, a verdade é que quando a
governante adoeceu, era necessário Carlos ir examiná-la, e como precisa de cuidados, todos os
dias vai lá para ver como ela está e se precisa de alguma coisa. A Madame Gomes não
suportava Dâmaso e por isso fechava-lhe a porta.
A condessa estava um pouco desconfortável como toda a situação de Carlos com os
Castro Gomes, mas Carlos, apesar de tudo, assegurou-lhe que não se passava nada entre eles.
E após uma longa conversa, a condessa e Carlos fizeram (mais ou menos) as pazes.
Numa tarde, pelas 5 horas, Carlos atrasou-se em casa da tia da condessa devido aos
beijos infinitos que esta lhe dava, ele já devia estar a caminho da casa da Madame. Quando
finalmente conseguiu escapar dos braços da condessa, foi de imediato para a Rua de S.
Francisco e quando chega à casa da Gomes, a madame “cai-lhe em cima” dizendo que é
inaceitável fazê-la esperar, ela já pensava que ele os tinha abandonado. Carlos ficou
preocupado pois pensava que miss Sara estava pior, mas, quando Maria Eduarda diz o porquê
de estar tão chateada Carlos não esconde o sorriso, toda aquela exaltação foi porque ela
sentia falta de Carlos e das suas conversas “de rotina”.
Maria necessitava de sair daquela casa, ir para o campo talvez, e então, perguntou a
Carlos se ele conhecia alguma casa. Ele lembrou-se imediatamente da casa de Craft, nos
olivais, o melhor de tudo é que Craft queria ver-se livre da casa. Contudo, apesar da casa ser
perfeita, ela não queria que as visitas diárias de Carlos acabassem.
Após a troca de algumas frases românticas inesperadas entre os dois, quando deram
por si estavam a dar um beijo. Depois do sucedido Carlos afirma que um amor como o deles
não pode viver nas condições que vivem, só havia uma solução: fugir.
No dia seguinte, após uma semana de Craft não aparecer no Ramalhete, estava a
passear no seu jardim quando aparece Carlos, onde aproveitou para perguntar a Craft se lhe
vendia tudo aquilo (jardim, casa, etc.), e o outro, sem hesitar, afirma que tudo aquilo está à
sua disposição e ali ficou feita a negociação.

Assim que saiu dos olivais, foi a correr para a Rua de S. Francisco para contar as
novidades à sua querida Maria. Quando lhe contou, esta ficou surpresa, desconfiada, sem
saber o que dizer.

Afonso aprovou a nova aquisição do seu neto, porém, Ega não ficara muito satisfeito.
Antes Carlos contava-lhe tudo, todas as suas aventuras e etc. mas agora, com Maria Eduarda,
Carlos não contava nada o que chateava Ega. Todavia havia uma diferença entre Maria e as
outras mulheres (as “outras aventuras”), é que Maria não era uma mera aventura, era uma
verdadeira paixão. Mas Carlos ao ver que Ega estava realmente chateado, entendeu que não
estava a ser justo com o seu amigo de longa data e por isso decidiu contar toda a história
desde a primeira vez que a viu.

Os Maias
Capítulo XIII
Carlos tinha almoçado mais cedo do que o habitual, e quando já estava preparado para
sair, chegou-lhe a noticia de que Ega necessitava de falar com ele desesperadamente e por isso
era pedido a Carlos que esperasse. Já tocava para as dez horas e Ega não descia, Carlos estava
já muito impaciente. Mas nesse momento, chegou uma carta da Gouvarinho para ele. No
preciso momento em que acabara de ler a tal carta, Ega descia um pouco mal-arranjado ainda.
Mas antes de Ega contar o que se passava, Carlos pediu-lhe para ler primeiro a carta da
Gouvarinho.
A tal carta era basicamente uma queixa da condessa devido ao comportamento de
Carlos. Carlos faltou a dois compromissos com a condessa em casa da tia sem dizer uma única
palavra. E por isso, para discutir esta situação, a condessa pedia-lhe para ele ir à rua de S.
Marçal ao meio dia no domingo para resolver os problemas e para Carlos explicar toda esta
situação. Ega afirmara que esta era a altura perfeita para meter fim à “relação” deles e Carlos
concordou.
Finalmente Ega pode contar aquilo que Carlos tinha de saber urgentemente. Dâmaso,
andava a falar mal de Carlos e Maria a toda a gente possível, corriam boatos sobre eles,
fazendo o “casal” passar má figura, um dos boatos era o facto de a Madame estar com Carlos
apenas por dinheiro. Assim que ouviu isto, Carlos pensou ir imediatamente a casa de Dâmaso
“fazer justiça” mas depois pensou melhor e talvez fosse melhor continuar a passar por Dâmaso
e acenar como se nada fosse.
Eram quase 11 horas e ele tinha que ir aos olivais. No dia a seguir, no sábado, Maria
Eduarda ia ver finalmente a casa e até esse dia, ele deveria ter a casa em condições, pelo que
pediu aos criados para a limparem e darem uma arrumação.
Tudo o que tinham de saber sobre esta casa era que Carlos a comprou e arrendou a
uma senhora, que ia passar 3 meses lá (todo o verão) enquanto Carlos estava em Santa Olávia.
Depois destes 3 meses, planeavam fugir para Itália.
Quando Carlos chegou a casa da madame, ela não estava e apenas deixou um bilhete a
dizer que tinha ido a Belém com Rosa e pedia-lhe para vir à noite. Ao sair de casa, encontrou
Alencar, o poeta, que não via desde as corridas.
Mais uma vez, surgiu a tal conversa de Dâmaso e do romance de Carlos e Maria, tendo
Dâmaso repetido todas as mentiras a Alencar, o que o preocupo. Mas, para espanto de Carlos,
vê Dâmaso mesmo do outro lado do passeio, e aí não conseguiu controlar-se e teve mesmo
que dizer a Dâmaso para parar com todas as mentiras ou então Carlos teria de tomar medidas
mais graves (recorrer à violência).
No dia a seguir, de manhã, era o dia em que Maria Eduarda finalmente vinha conhecer
a casa de verão, deveria chegar perto das 10 horas. Quando finalmente chegou, e depois de
uma pequena visita pela casa, ela apenas disse que era um verdadeiro paraíso. Era perfeita,
mas faltava-lhe um nome, após uma pequena ponderação, Carlos surge com uma
possibilidade: Toca, e Maria Eduarda adorou.
Quando Carlos viu a Gouvarinho, não resistiu e foi bruto, e assim acabou tudo com ela.

Os Maias
Capítulo XIV
Era sábado e Afonso da Maia partia para Santa Olávia. Nesse mesmo dia, Maria,
instalara-se nos Olivais.
No domingo, quando Carlos regressava ao Ramalhete ao anoitecer, Batista anunciou
que Ega tinha partido para Sintra e tinha deixado uma carta. A carta era um pouco estranha.
Ega voltaria dentro de três ou quatro dias.
O Ramalhete para Carlos agora era algo triste, e então decidiu dar uma volta, e quando
dá por si está perto da R. de São Francisco perto da casa de Maria Eduarda e de Cruges.
Decidiu então, subir ao andar de Cruges mas este não estava em casa. Entrou depois no
Grémio e deu de caras com Taveira que ia ao Price e Taveira acabou por convidar Carlos para ir
também. Carlos aceitou. Pelo caminho, surgiu, mais uma vez, a conversa de Dâmaso. Andava
desaparecido. Mas algo preocupava Taveira, o facto de Dâmaso ameaçar Carlos. Carlos não
aguentou muito no Price, era um local bastante desconfortável, e por isso, decidiu sair, e à
saída encontrou Alencar, o poeta que ficou pasmado por ver Carlos ali, pensava que ele estava
em santa Olávia. O poeta informou que os Cohens estavam em Sintra, e aí Carlos entendeu o
porquê da partida apressada de Ega para Sintra.
Estava decidido. Carlos e Maria partiam para Itália em Outubro, uma vez que o marido
da madame chegava perto de Novembro, e por isso convinha estarem já instalados antes da
chegada do marido dela. Tudo isto de ir para Itália era muito fácil, mas havia um único
problema: Afonso. Ele não iria aceitar que o seu neto, a sua família mais próxima, fugisse com
uma mulher casada e com uma filha, Carlos iria destruir uma família, Carlos iria ser semelhante
à sua mãe que fugiu com um homem deixando o seu pai, Pedro, a sofrer, causando assim o seu
suicídio. Afonso não iria mesmo aceitar isto.
Todas as manhãs, Carlos ia para os Olivais. Já era rotina. Ele, Maria e Rosa, ficavam a
falar até às duas, que era quando a pequena rosa tinha aulas de piano.
Nos primeiros tempos, Carlos e Maria eram felizes, mas à medida que o tempo ia
passando, começavam a sentir necessidade de mais intimidade. Precisavam de uma noite a
sós. E assim foi, tiveram a tal noite.
Maria queria fugir já para Itália, afinal de contas, se era para irem embora, porque não
iam já? Podiam ir, claro, mas primeiro Carlos tinha de falar com Afonso.
Quando estava a regressar ao Ramalhete estava a chover.
Certo dia, quando Maria e Carlos estavam a passear nos jardins da Toca, Carlos
reparou numa casinha, muito pequena, do outro lado da estrada, mesmo em frente da Toca.
Esta casa era perfeita para Carlos e pensou em aluga-la imediatamente. Ia-lhe dar muito jeito
naqueles dias em que saía da Toca a meio da madrugada. Alugou-a logo. A partir daí, os
encontros noturnos entre eles os dois tornaram-se mais frequentes.
No início de Setembro, Afonso mandou uma carta a Carlos a avisar de que Craft
chegava no próximo Sábado ao Hotel Central, e por isso, de manhã, Carlos foi logo para o
Hotel para ouvir as novidades que o seu amigo trazia de Santa Olávia. Depois de Craft mostrar
o seu encanto por Santa Olávia, teve que falar de uma maneira mais séria com Carlos. Afonso
estava com um enorme desgosto devido ao facto de Carlos não ter ido visitar Santa Olávia, o
velhote estava muito magoado com o neto. Carlos, sentindo remorsos por não ter ido, afirmou
que talvez fosse com Ega dali a uma semana. Logo nesse dia, à noite, Carlos falou com Maria
sobre a tal visita que deveria fazer ao avô, era por pouco tempo (quatro dias no máximo).
Nesse momento, Maria afirmou que tinha um grande desejo: visitar o Ramalhete. Tal só era
possível enquanto o velho Afonso estivesse em Santa Olávia, por isso, chegaram a um acordo:
Maria iria jantar ao Ramalhete no dia em que Carlos estivesse de partida para Santa Olávia. E
assim foi.
Maria adorou o Ramalhete especialmente o jardim e o escritório de Afonso. Mesmo
sem conhecer Afonso, Maria tinha medo dele, dizia que ele tinha um ar assustador. Ao jantar,
Maria reparou no retracto do pai de Carlos (Pedro da Maia),o que lhe interessou muito, depois
de examinar melhor o retracto, afirmou que Carlos e Pedro não tinham muitas parecenças,
porém, e por muito estranho que fosse, Maria achava que Carlos era bastante parecido com a
mãe dela e, ao dizer isto, Carlos achou curioso Maria nunca ter falado da sua mãe e por isso,
Maria começou a falar da mãe. Era uma senhora da ilha da Madeira e não tinha muitas posses,
por isso casou na Madeira com um austríaco. Maria nunca conhecera o pai e teve uma irmã
que morreu em pequena.
No sábado seguinte, às duas horas, Carlos e Ega ainda estavam à mesa. Carlos chegara
de Santa Olávia de madrugada sozinho. Afonso quis ficar por lá até ao fim do outono.
Carlos viu o seu avô alegre e forte. O facto de Afonso estar ótimo de saúde era um
alívio para Carlos, pois agora era mais fácil a sua partida para Itália com Maria em Outubro,
para além disso, Carlos encontrou um plano simples para viver a sua vida tal como imaginava e
sem magoar o avô, o plano era: Carlos ia para Madrid para começar uma suposta viagem de
estudo e Maria fica na Toca durante um mês, depois encontravam-se ambos em Bordéus e aí
começavam a sua vida em conjunto. Na primavera, Carlos voltava para Lisboa deixando maria
instalada no seu lar, e então, aos poucos, ia revelando toda esta história.
Entretanto, chega Baptista com o correio, mas na verdade não era correio, era apenas
um bilhete do próprio Baptista para Carlos afirmando que estava um homem à espera de
Carlos na sala, Carlos ficou pálido e pensou logo que era Castro Gomes. Era realmente Castro
Gomes, o marido de Maria!
O assunto que trazia Joaquim Álvares de Castro Gomes ali, era muito urgente, e
naquele mesmo dia, à noite, queria partir para Madrid. Castro Gomes tirou uma carta do bolso
que tinha recebido no Rio de Janeiro antes de partir, era anónima. A tal carta, dizia que Carlos
e Maria eram amantes. Carlos esperava que Castro Gomes tivesse ido ali para lhe dar uma
sova, mas, na verdade, Castro Gomes afirmou que não queria violência, apenas queria contar
algo, pois estava farto de ser conhecido por “o marido infeliz” ou “o marido que tem sido
traído”, por isso, queria deixar de ser humilhado, havia uma coisa que só Castro Gomes e
Maria sabiam: eles não eram casados. Isto foi um choque para Carlos obviamente. Castro
Gomes contou a história toda. Ele vive há três anos com Maria, quando esteve no Brasil o
inverno anterior trouxe Maria a Lisboa para lhe fazer companhia, foram para o Hotel Central e
toda a gente via Maria com Castro Gomes, e dormiam juntos, por isso, para todos os efeitos
Maria era mulher dele, ficou conhecida por ser a mulher do Castro Gomes. A pequena rosa
não é filha dele, quando eles se conheceram (à 3 três anos) ela já vinha com a pequena. Maria
era apenas a mulher paga por Castro Gomes. E, para chocar mais ainda Carlos, ela chamava-se
Mac Gren. Castro Gomes foi embora. E Carlos teve que contar tudo isto a Ega.
Ainda chocado e sem pensar corretamente, Carlos queria escrever uma carta a Maria a
perguntar quanto é que ela ia cobrar pelos dois meses que ele dormiu com ela. Ega afirmou
que Castro Gomes ia para os Olivais para ir ter com Maria, o que Carlos achou nojento.
Pouco a pouco, Carlos começava a desejar ir aos olivais e confrontar Maria com o
sucedido, por muito insensível que fosse, Carlos queria vê-la chorar. Mas para ir lá, Carlos tinha
de ter a certeza de que Castro Gomes já tinha saído de lá, e por isso mandou Baptista, o criado,
investigar, quando este voltou, trazia certezas que era seguro Carlos ir à Toca. Antes de sair fez
um cheque de duzentas libras para pagar os dois meses, e ele mesmo o iria entregar a Maria.
Ega tinha a certeza de quem é que tinha sido o autor da carta anónima: Dâmaso. E
Carlos finalmente entendeu que era necessário vingança.
Quando ia a caminho dos olivais, teve um momento em que pensava que o melhor
seria voltar ao Ramalhete e escrever uma carta, mas rapidamente essa ideia lhe passou.
Ao sair do carro, estava Melanie, a confidente (e criada) de Maria, que afirmou que
Maria estava muito mal, foi deitar-se sem jantar e que não parou ainda de chorar desde que
Castro Gomes esteve aqui. Carlos perguntou a Melanie se Maria sabia que Castro Gomes
esteve no Ramalhete a contar toda a verdade, e a criada afirmou que sim e por isso é que
Maria chorava desesperadamente.
Quando Carlos entrou no quarto de Maria, apenas conseguiu dizer que não havia
motivo para chorar. Maria implorava para que Carlos a perdoasse. Maria contou tudo o que
sabia a seu respeito lavada em lágrimas, e no fim, disse que ela queria contar-lhe. Naquele dia
em que ele chegou tarde e ela falou na casa do campo, onde Carlos se declarou, ela queria
contar, mas quando Carlos falou em fugir ela sentiu uma enorme tentação. E não contou nos
olivais pois tinha medo que ele ficasse muito magoado e que acabasse com tudo o que eles
tinham. Carlos afirmou que dificilmente iria acreditar em algo que Maria dissesse, pois “tudo”
o que ele sabia sobre ela, era mentira. Maria disse que continuava a mesma pessoa por quem
Carlos se tinha apaixonado, não era o passado dela que iria alterar a sua pessoa, ela
continuava a ser “A” Maria.
Quando Carlos virou costas, e viu Maria, deitada no chão a chorar mais que tudo, só
lhe ocorreu uma coisa: “Maria, queres casar comigo?” e ela, surpreendida, claro que aceitou.

Os Maias
Capitulo XV

Maria e Carlos estavam a acabar de almoçar quando Carlos pergunta se Maria já


sabia quando queria partir, ela não queria alterar os planos para Itália, mas agora, já não
tinham de esconder uma “felicidade culpada”. Carlos gostaria de partir no dia a seguir, mas
maria não respondeu. Rosa apareceu, e Maria, muito séria, perguntou à pequena se
gostaria que Carlos passasse a viver com elas o tempo todo, e Rosa, saltou radiante, e antes
que ela acabasse de mostrar o seu entusiasmo, Maria perguntou se aceitava que Carlos
fosse o seu novo “papá”, e miúda, claro que aceitou. E desta maneira tiveram o
consentimento de Rosa.
Quando maria foi ter com Carlos ao jardim, trazia um cofre e obrigou Carlos a
sentar-se ao pé dela. Ele entendeu que Maria iria contar-lhe tudo sobre a vida dela. Ela
nasceu em Viena, mas não se recordava de nada desses tempos e quase nada sabia sobre o
pai. Tinha uma irmã, que morreu aos 2 anos e chamava-se Heloísa. A mãe nunca tolerou que
lhe perguntassem coisas sobre o passado. Foram para Inglaterra. Mas Maria só se lembrava
a partir de Paris, aí, a mãe já era viúva e andava de luto pelo avô. Passado algum tempo a
mãe colocou-a num convento perto de Tours. A princípio, a mãe ia visitá-la todos os meses,
ficando em Tours 2/3 dias. Depois a visitas foram ficando menos frequentes assim como as
cartas e esteve quase um ano sem aparecer, viajou pela Alemanha e voltou um dia, magra,
gelada, de luto, e ficou agarrada a maria a manhã inteira a chorar. Mas na visita a seguir já
vinha bem melhor. Maria então tinha quase 16 anos. Um dia, contra a vontade de Maria,
aparecer uma mulher (Madame de Chavigny) que a ia levar para ao pé da sua mãe em paris.
A casa da mãe, no parque Monceaux, era uma casa de jogo. A mãe, mais tarde, caiu nas
mãos de um homem muito perigoso, o Mr. De Trevernnes. A casa descaiu rapidamente.
Numa noite, acordou com gritos, foi ver as escadas e estava lá a mãe desmaiada, mais
tarde, quando acordou, disse à filha que tinha havido uma desgraça. Mudaram-se outra vez
para um terceiro andar da Chaussée-D’Antin. Aí começaram a aparecer homens estranhos,
mas às vezes, entre eles vinha um cavalheiro, um deles, era um irlandês chamado Mac Gren.
Este irlandês prometeu casar com a mãe no entanto, queria que a mãe dela fugisse com ele.
Neste tempo, a mãe estava a dar em maluca. Por fim houve a penhora. Dentro do tal cofre
que maria trazia para ao pé de Carlos estavam as cartas do irlandês onde pedia para ir com
ele para Fontainebleau; chama-lhe esposa. Um dia, a mãe partiu para Baden, e maria ficou
sozinha em paris, e nesse desespero, apareceu Mac Gren e maria foi com ele. Passado
algum tempo nasce Rosa. No começa da primavera a mãe finalmente acabou tudo o que
tinha com mr. De Tevernnes e, quase a seguir, começou a adorar o Mac Gren. De repente,
começa a guerra com a Prússia, e Mac Gren vai a correr alistar-sena batalha. Ela foi a Paris
tentar encontrar notícias dele pois ele não dizia nada, mas continuou sem saber nada. Não
podiam continuar em Fontainebleau e por isso partiram para Londres. Londres não foi
muito melhor, aliás, foi bem pior: não tinham dinheiro, comida, cheias de dívidas, etc. até
que chegou o dia em que não tinham mesmo dinheiro nenhum para pagar a casa de
Londres. Uma noite, maria ia vender algumas coisas da mãe para tentar arranjar algum
dinheiro, mas perdeu-se e não sabia como voltar para casa, encontrou-se numa rua deserta
com dois bêbedos, e para fugir a eles entrou num carro que ia a passar mas não tinha
dinheiro para pagar ao homem e quando ele começou a mandar vir com ela, ela desata a
chorar e o homem lá compreendeu. Ela queria encontrar um emprego, qualquer coisa, mas
estava difícil encontrar emprego em Londres, não havia nada. Entretanto fez-se a paz e
mais tarde a mãe veio a saber que Mac Gren morreu. Maria finalmente encontrou um
trabalho, mal pago que dava só para a renda e para não morrerem de fome. Porém maria
adoeceu. E, quando rosa já estava a morrer à fome e a mãe já estava doida, maria
encontrou o Castro Gomes que lhe dava trabalho na costura, e o resto já Carlos sabe.
Dias depois, Carlos e Ega iam a caminho da Toca, e Carlos ia contando a história de
Maria.
Carlos estava decidido a casar em Roma, mas é então que aparece o “espinho”:
Afonso. E Carlos não sabia o que fazer quanto a isso. Mais tarde surgiu um plano (mais um),
mas Ega teve de dar a sua opinião: Carlos devia esperar que Afonso morresse e aí, começar
a sua vida com Maria, o avô já tinha 80 e tal anos, mais tarde ou mais cedo iria morrer. E
Carlos concordou com este plano, era mesmo isto que iria ser feito.
Desde Outubro que Afonso fala na sua chegada de Santa Olávia, mas umas obras
em casa retardavam a tal chegada. Carlos e Maria, pensavam em abandonar os Olivais, e
Carlos deveria estar instalado no Ramalhete antes da chegada do avô.
Numa manhã, ao receber o correio, Carlos repara numa carta de Ega que dizia para
Carlos não se assustar, mas Ega tinha descoberto algo terrível, estava à sua espera às 2
horas. Inquieto com o bilhete de Ega, Carlos decide abrir o jornal que vinha com a carta,
chamava-se a “Corneta do Diabo”. Logo na primeira página, Carlos reparou em duas cruzes
que marcavam artigo sobre Carlos e, depois de ler o artigo ficou estupefacto: estava a
contar toda a história de amor de Carlos e Maria e, para além disso, gozava com eles! Carlos
só conseguiu pensar que queria apanhar o autor desta calamidade e mata-lo. Mas, por
muito chateado que Carlos estivesse com toda situação, tinha de admitir que nada disto era
mentira ou inventado… tudo era verdade! Foi então que Carlos começou a pensar se “a
honra doméstica, honra social, a pureza dos seus descendentes, a dignidade da sua família”
permitiam o seu casamento com Maria.
Quando Ega e Carlos se encontraram, Ega contou a história da “corneta do Diabo”
ao seu amigo. Foi no dia anterior, à tarde, que Ega recebeu, no Ramalhete, a “corneta”. Ele
já conhecia o redator: Palma “cavalão” (às vezes chamavam-no de Palma “cavalinho” para
distinguir de outra pessoa) e, afirmou que este tal Palma, nada sabia sobre Carlos nem tinha
qualquer ódio contra este mesmo. O artigo tinha sido encomendado e pago! E por isso, Ega
foi a correr para tentar falar com o redator. “No campo do dinheiro vence quem tem mais
dinheiro” disse Ega, e depois de ele dizer isto, Carlos perguntou quanto é que Palma queria
para dizer o nome do autor do artigo a Carlos, cem mil reis foi o que ficou acordado. Depois,
pensando sobre o assunto, Ega começa a pensar em quem poderá ser a tal pessoa e,
chegaram a uma conclusão: só podia ser Dâmaso!
Finalmente Carlos tinha o dinheiro para entregar a Palma, e assim que o teve foram
logo a correr para falar com o redator, eram quatro horas. O redator ainda tinha a tal carta
em que o tal “amigo” dizia o que queria, quanto pagava, em fim, dizia tudo que
comprovava realmente quem era o autor da carta… Carlos conhecera de imediato a letra
era de Dâmaso! Na carta vinha uma lista de pessoas a quem Dâmaso queria que o artigo
fosse entregue: a Gouvarinho, Castro Gomes, todas as pessoas do Ramalhete, o Cohen,
entre outros, mas para sorte de Carlos, a máquina que imprimia as edições, encravou, o que
impediu que fossem impressas.
Agora Carlos só tinha em mente uma coisa: desafiar Dâmaso para um duelo de
armas. Carlos precisava de dois padrinhos para o duelo e escolheu Cruges e Ega, que foram
a casa de Dâmaso desafia-lo em nome de Carlos. Porém, nesse momento, Dâmaso sentiu-se
humilhado por Carlos, o seu “amigo”, estar a fazer-lhe uma coisa destas, e decidiu escrever
uma carta a dizer que era um bêbado e que nesse momento estava bêbado, não estava em
si, inicialmente a carta foi escrita por Ega, mas depois quando foi para “passar a limpo” o
próprio Dâmaso fê-lo. Agora Carlos e Ega tinham um documento em mãos extremamente
poderoso… Dâmaso, não queria de modo algum que a carta para Carlos fosse publicada
num jornal por isso, quando quisessem chantagear Dâmaso, bastava ameaça-lo com a tal
carta, deste modo, Dâmaso estava “sempre controlado”.
No dia a seguir, depois do almoço, Ega relia a carta e nesse momento pensava no
impacto que teria se ele publicasse a tal carta, assim vingava-se de Dâmaso quando ele
esteve com Raquel Cohen, o “amor” de Ega, mas Carlos não queria publicar a carta, por
isso, Ega não o iria fazer.
Nessa noite, Carlos regressa para casa e abandona definitivamente os Olivais, assim
como maria que se iria instalar em Lisboa, na Rua de São Francisco por seis meses.
Os Maias
Capítulo XVI
Depois de algum tempo no sarau, Alencar queria falar com Ega. O tio de Dâmaso, o
Guimarães, queria ser apresentado a Ega e queria falar com ele sobre uma coisa muito séria
e urgente. Alencar apresentou-os e Guimarães pediu a Ega uma explicação sobre a tal carta
em que Dâmaso afirmava que ele era um bêbado, e Guimarães perguntou se Ega achava
que ele era um bêbado. Dâmaso tinha escrito uma carta afirmar mentiras sobre o sucedido
e mostrou a Ega, este afirmou que era tudo mentira e, depois de alguma conversa,
Guimarães chegou a afirmar que o seu sobrinho Salcede não era uma pessoa de confiança,
era um mentiroso.
Quando Ega saiu do sarau (depois de ter voltado lá para assistir Alencar a citar um
poema), Guimarães queria falar com Ega novamente. Ele tinha sido grande amigo da mãe
de Carlos em Paris e nessa altura, ela entregou a Guimarães um cofre que este deveria
guardar, entretanto a mãe de Carlos morreu e Guimarães ainda tinha o tal cofre e começou
a refletir que deveria entrega-lo à família. O velho disse que enviava um criado para
entregar o cofre ao Ramalhete com um bilhete para Carlos ou para a sua irmã. Ega ficou
surpreendido quando ouviu “irmã”, que irmã? Ele não sabia de nada e conhecia Carlos aos
anos! Alencar afirmou que ainda há dias a tinha visto com o irmão, Ega ficou pálido.
Guimarães começou a contar toda a história de Maria e da sua mãe e Ega começou a pensar
e tudo fazia sentido. Agora Ega, mais do que nunca, sentiu a necessidade de contar a Carlos,
não podia deixar que ele e Maria passassem mais uma noite juntos mas ao mesmo tempo
não conseguia deixar de pensar que iria estragar um romance. Mas acho melhor falar com
Vilaça e tentar que este contasse a Carlos toda a verdade. No dia a seguir, deveria acordar
cedo para tentar falar com Vilaça.
Os Maias
Capítulo XVII

Ega acordou pontualmente às 7 horas. Quando chegou a casa de Vilaça, este já não
estava lá. Um dos criados afirmou que Vilaça dali a pouco tempo regressaria a casa, mas
quando lá voltou, o homem ainda não tinha voltado, mas à 3ª foi de vez, encontrou Vilaça,
mas este estava com muita pressa mas, um pouco à pressa, Ega conseguiu contar o
desastre. Vilaça tentou escapar a essa responsabilidade de contar tudo a Carlos, e começou
a dizer que ninguém tinha certezas de que o que Guimarães estava a dizer era totalmente
verdade, e então decidiram abrir o cofre e tentar encontrar algo que o comprovasse, e
encontraram uma carta onde afirmava que maria era realmente irmã de Carlos. Vilaça
contou tudo a Carlos. Carlos não quis acreditar em nada e afirmou que nada o iria
convencer de que maria e ele eram irmãos, mas quando viu a tal carta, ficou mais ou menos
convencido mas nunca iria deixar de gostar de Maria.
Quando Ega e Afonso estavam a falar, o velho afirmou que já sabia de toda esta
história de Carlos e Maria.
Carlos decidiu ir falar com Maria. Mas achou melhor contar tudo através de cartas e
iria ter com Maria nessa altura e inventava que estava com muita pressa. Na noite a seguir ia
para Santa Olávia com Ega e aí contava tudo a Maria.
Nessa noite, às 3 da manhã, Ega ouviu uma porta a bater e foi ver quem era, era
Carlos! E nesse dia, com o medo de encontrar Carlos ou Afonso, decidiu passar o dia fora do
Ramalhete, quando regressou eram duas da manhã e quando se estava a preparar para se
deitar, ouviu passos e foi ver quem era. Era Afonso da Maia e foi perguntar a Ega se Carlos
estava em casa e Ega não sabia e Afonso ficou pálido, com medo de que Carlos estivesse
com a sua irmã! E foi nesse momento que Ega entendeu que Afonso estava a morrer por
causa dessa história toda.
Depois de mais uma noite com Maria, Carlos entrou em casa e Afonso apanhou-o e
ficou pálido. No dia a seguir, vieram-lhe dizer que Afonso estava no jardim a sentir-se muito
mal, Carlos tentou fazer alguma coisa, mas nada feito, o seu avô já estava morto.
Com a morte do avô, Carlos ficou a pensar que este morrera por causa de saber de
tudo sobre maria e ele, e por isso, a morte do seu avô era como um castigo para Carlos.
Carlos precisava de consolo, precisava de sair dali e por isso Ega foi com ele. Foram
para Santa Olávia. Mas antes disso, Ega contou tudo a Maria.

Os Maias
Capítulo XVIII

Semanas depois, nos primeiros dias do ano novo, Ega e Carlos foram para Londres e
depois iam para a América do norte até ao japão. Passado um ano e meio, Ega apareceu no
Chiado. Carlos estava instalado em Paris. Passado algum tempo Ega e Carlos foram visitar o
Ramalhete.
Maria Eduarda ia casar com um homem perto de 50 anos.

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