Vida de Cristo - Capítulos 4, 5 e 6
Vida de Cristo - Capítulos 4, 5 e 6
Vida de Cristo - Capítulos 4, 5 e 6
5 – O início da “hora”
Ao longo de todo o Evangelho há um aviso, como um trovão seguido de um
raio, a cruz e a ressurreição sempre estão presentes, essas duas realidades permeiam
todo o Evangelho. Também estão no início da vida pública de Jesus, nas bodas de
Caná.
Em diversos momentos no Antigo Testamento, a relação entre Deus e o povo
de Israel foi comparada à relação entre o noivo e a noiva. Ali nas bodas de Caná,
Jesus se apresenta como o noivo e sua Igreja seria a noiva. A nossa história enquanto
Igreja de Cristo é a história da noiva que espera, deseja, anseia pela volta do noivo.
Dizemos “Maranathá!” Volta Senhor Jesus! A festa só é completa quando noivo e
noiva estão juntos. Cristo está sempre junto e à frente de sua Igreja, mas estará unido
de modo único na sua volta.
Nesta festa de casamento, o vinho é símbolo da alegria ali celebrada, mas
quando ele acaba, a sombra da Cruz se faz presente. Assim como nos momentos
difíceis de nossas vidas, a sombra das nossas cruzes se faz presente. É sobretudo
nos momentos difíceis que lembramos das nossas cruzes. E esse é o meio pelo qual
Deus deseja nos unir a ele: pelas cruzes diárias de nossas vidas, quer nos unir mais
intimamente ao seu mistério. O modo como Cristo perpetuou sua presença entre nós
foi o seu santo sacrifício, e o modo como nos unimos a Cristo é também oferecendo
nossos sacrifícios desta vida.
O fato é que naquela festa o vinho tinha acabado, talvez até pela presença de
tantos seguidores que Cristo atraiu a Si desde o batismo no Jordão. Não foi ao
casamento como o carpinteiro, mas como o Cristo, o Messias, aquele do qual uma voz
do céu havia anunciado: “Eis meu filho muito amado no qual coloco meu prazer.
Neste casamento estava também presenta Maria, sua mãe santíssima. Aliás,
na narração do Evangelho, Maria aparece antes que Jesus. Ela seria o instrumento do
primeiro milagre, da inauguração da vida pública de Jesus. Uma intercessão tão
potente que inspirou pessoas em todas as épocas a invocar seu nome para outros
milagres de natureza e graça. São Luis Maria Grignion de Montfort diz que “Jesus veio
ao mundo por meio de Maria e é por meio de Maria que nós devemos voltar a Jesus”.
Ainda nos dias de hoje, a Virgem Maria continua sendo a porta para tantos e tantos
corações desejosos de Deus.
Foi Nossa Senhora quem reparou a necessidade de Vinho e, em perfeito
espírito de oração, voltou-se para seu Divino Filho, confiou plenamente nele e em sua
misericórdia disse: “Eles não têm mais vinho.” Ali ela já era a mediadora de todos os
que buscam a verdadeira felicidade; não é apenas uma espectadora, mas alguém que
participa ativamente, envolvendo-se nas necessidades da humanidade.
Quando ela diz isso a Jesus, ele responde: “ainda não chegou a minha hora”.
Sempre que a palavra “hora” aparece, se refere à sua Paixão, Morte e Ressurreição, o
mistério central da nossa fé. Se refere à glorificação de Jesus por sua crucifixão,
Ressurreição e Ascenção. Ele dizia que não havia chegado a hora pois, no momento
em que revelasse sua divindade, naturalmente atrairia para si também o ódio, pois o
mal pode tolerar a mediocridade, mas não a extrema bondade.