Aneis, Braceletes e Brincos de Conimbriga

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Anéis, braceletes e brincos de Conimbriga

Autor(es): França, Elsa Ávila


Publicado por: Imprensa da Universidade de Coimbra
URL http://hdl.handle.net/10316.2/45909
persistente:
DOI: https://dx.doi.org/10.14195/1647-8657_8_3

Accessed : 28-Aug-2020 23:02:22

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ANÉIS, BRACELETES E BRINCOS
DE CONIMBRIGA

Na sequência de um artigo sobre alfinetes de toucado de Coním-


briga que publicámos no último volume desta revista, apresentamos
agora outros objectos de adorno: anéis, braceletes e brincos. Todas
as peças aqui publicadas são provenientes das escavações anteriores a
1962 e não têm qualquer indicação de estratigrafía. A cronologia
que sugerimos para algumas delas baseia-se em paralelos datáveis
de outras estações arqueológicas.

ANÉIS

INTRODUÇÃO

Tal como hoje, houve, na Antiguidade, um grande gosto pelos


anéis, embora em maior proporção nos homens do que hoje. O anel
constituiu quase o único ornamento masculino (1).
Foi usado desde épocas remotas pelos gregos que devem ter ido
buscá-lo aos povos orientais. Estes utilizavam pedras gravadas,
montadas em anéis, a servir de selo. Com efeito, o anel foi primeira-
mente usado como selo, e só depois como objecto de adorno.
Varia também com o tempo o material usado na sua confecção.
Os anéis mais antigos eram inteiramente de metal, principalmente de

(1) O leitor que desejar elucidar-se melhor sobre este assunto poderá con­
sultar Cagnat e Chapot, Manuel d'Archéologie Romaine, Paris, 1920, tomo II,
p. 400 e ss. e Saglio e Daremberg, Dictionaire des Antiquités Grecques et Romaines,
voc. anulus.

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ferro, e sem pedra. No tempo de Plínio, porém, o anel de ferro, em


Atenas, restringia-se aos pobres, pois os ricos possuiam anéis de metais
preciosos, geralmente com pedras a ornamentá-los. Estas eram notáveis
quer pelo seu brilho natural e raridade, quer pelas figuras nelas
gravadas.
O formato dos anéis também evolucionou muito, sendo os mais
simples os anéis que revestiam a forma de uma fita ou serpente com
uma ou várias voltas em espiral.
Primeiramente usava-se o anel somente no dedo anular; mais
tarde, porém, por influência do Oriente, homens e mulheres começaram
a cobrir os dedos com anéis.
A introdução dos anéis em Itália faz-se bastante cedo, quer através
dos Sabinos, quer dos Etruscos.
O uso do anel sofreu também aqui uma evolução. Os romanos
antigos só usavam o anel nupcial. Durante a República, todavia,
surgiram dois tipos de anel: o de ferro e o de ouro. O primeiro era
o anel do cidadão romano e o segundo, de uso restrito, era uma insígnia
de nobreza, uma recompensa ou um privilégio inerente a certas funções.
Este costume tiraram-no, os romanos, dos etruscos (1).
Depois das guerras civis, o anel de ouro deixou de ser um privi­
légio para se tornar de uso geral. Para esta difusão contribuiu imenso
a atitude dos imperadores, que o foram dando por vezes como recom­
pensa dos serviços prestados.
Assim, o anel de ouro passou finalmente a poder ser usado por
todos os homens livres, que até então se serviam do anel de prata,
enquanto aos escravos não era permitido senão o uso do anel de ferro.
A cultura helenística, por sua vez, propagou dentro do Império
Romano o gosto pelas pedras preciosas e gravadas, bem como o costume
oriental de usar num só dedo muitos anéis sem recear cobrir todos os
dedos das duas mãos. Por superstição evitava-se todavia usar anéis
no dedo médio.
As figuras gravadas nos anéis, além de os enriquecerem, serviam
também de sinetes e amuletos, devido às virtudes mágicas atribuidas
a certas pedras. Os motivos artísticos eram quase sempre gravados;

(1) Giovanni Becatti, Oreficerie antiche dalle Minoiche alie barbariche, Roma,
1955, pp. 113 a 118.

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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 19

eram personagens da mitologia, animais, flores e plantas, e por vezes


atributos simbólicos das divindades (1).
Havia também quem usasse nos anéis a efígie de um antepassado,
de um amigo ou mesmo do imperador.
O luxo dos anéis tornou-se tão exagerado que o uso foi satirizado
e grandemente combatido por vários moralistas, entre os quais Quin­
tiliano. Marcial cita ironicamente Carino, que usava 6 anéis, noite
e dia, e Juvenal satiriza a figura de Crispino, escravo alexandrino
enriquecido, que usava um ligeiro anel estival porque não suportava
o peso da gema do anel de inverno. Havia assim anéis de Inverno
e anéis de Verão (2).
Sob o Império faziam-se anéis tão pesados, que somos levados
a crer tratar-se de peças votivas, consagradas a alguma divindade.
Todavia o imperador Maximiano, que era muito corpulento, usava
o bracelete da esposa como anel.
Os anéis romanos têm formatos muito diversos e, alguns deles,
curiosos.
Os anéis de ouro, largos e chatos, são raros. No séc. i d.C., porém,
continuam a usar-se os anéis serpentiformes provenientes da época
helenística, com duas cabeças afrontadas, ou por vezes com os bustos
de Isis e Serápis como ornamento destas extremidades.
O anel-sinete de aro grosso aumentando progressivamente para
a mesa é muito popular nos séculos i e n. No século m toma uma forma
elíptica (tesouro de Tarsus).
Outra variedade do anel sinete, de aro recortado, por vezes com
uma pedra engastada e outras vezes com uma moeda, surge nos finais
do século ii e estende-se até ao século iv.
No tempo de Cláudio torna-se moda gravar o sinete, não numa
pedra, mas num anel maciço de ouro.
Nos finais do século n surge o anel de aro boleado (secção em D)
e com mesa. Esta, por vezes, tem uma pedra gravada e, outras vezes,
uma moeda de ouro.
Os anéis de aro fino e mesa circular provêm da época helenística

(1) Mário Cardozo, «Pedras de anéis romanos encontrados em Portugal»,


Revista de Guimarães, LXXII (1962), pp. 155 e segs..
(2) Reynold Higgins, Greek and Roman Jewellery, pp. 40 e segs..

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e são comuns em Pompeia. Igualmente de sobrevivência helenística


é o anel de aro espesso e mesa circular.
O anel-selo com mesa oval e um par de glóbulos em cada junção
pertence aos séculos i e ii . Os anéis ornamentais, com uma ou mais
pedras salientes, são extremamente populares no fim deste período.
Não são anteriores ao século n.
O anel octogonal apresenta duas variantes notáveis: a primeira
mostra o aro furado com desenhos abertos à mão e uma pedra engas­
tada numa das faces, a segunda apresenta frequentemente inscrições.
Quer uma, quer outra, são do século iv.
O anel com pedras colocadas ao redor do aro, notável pela sua
policromia, é também dos séculos m e iv.
Ainda deste período são os anéis compostos de dois, três ou quatro
aros sobrepostos. Estes anéis, ornamentados com pedras, uniam-se
atrás num só círculo, ou reuniam-se numa pequena mesa com uma
divindade egípcia gravada, o que nos leva a crer tratar-se de peças
fabricadas no Egipto romano.
Os anéis de noivado ou de amizade aproximavam dois rostos
sobre o engaste ou compunham-se de dois anéis gémeos fundidos num
só dedo.
Outro caso curioso é o anel em que o engaste é flanqueado por
uma pequena chave, destinada a fechar o cofre das jóias.
Nos séculos iv e v encontramos novas formas, de procedência
germânica (1). Os Godos, quando habitavam a parte meridional da
Rússia, sofreram a influência da cultura sarmática e utilizaram muito
os anéis, introduzindo novas formas que passaram logo a outros povos
germânicos. Continuavam a usar os anéis de tipo romano, mas, por
outro lado, notam-se tendências novas na decoração dos anéis de
mesa, onde se podiam gravar figuras ou inscrições. São vários os sím­
bolos cristãos utilizados: a palma, o cordeiro, a pomba, a águia, um
barco, um ramo de palmeira, o alfa, o omega e o crismon. Há a con­
siderar, ainda, as inscrições invocatorias como, por exemplo, Vivas
in Dei, por vezes abreviada V D, ou súplicas à protecção divina.
Na Península fabricaram-se anéis deste tipo.

(1) W. N. Reinhart, «Los anillos hispano-visigodos», Archivo Español de


Arqueologia, 68 (1947), pp. 167-169.

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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 21

Os anéis de Conímbriga são de bronze (1-66), latão (67), cobre (68-69)


prata (70-72), ouro (73-76), osso (77) e vidro (78-83). Para os de bronze
tentámos fazer uma classificação tipológica:

I — Anéis com fecho por torção (1-4)


II — Anéis com as extremidades sobrepostas (5 e 10)
III — Anéis de extremidades abertas (6, 11 e 12)
IV — Anéis com aro fitiforme (7-9)
V — Anel circular de secção quadrada (13)
VI — Anéis poligonais de secção rectangular (14-15)
VII — Anéis de mesa (16-19)
VIII — Anéis de mesa de aro fitiforme
a) Aro de extremidades sobrepostas (20-24)
b) Aro fechado (25-26)
IX — Anéis com decoração incisa linear (27-38)
X — Anéis com decoração pontilhada (39-41)
XI — Anéis com decoração denticulada (43-47)
XII — Anéis com decoração metopada (42 e 48)
XIII — Anéis com decoração linear nas asas e mesa oval (49-50)
XIV — Anéis de mesa com decoração linear (51 e 52)
XV — Anéis de mesa com decoração figurativa esquemática (53-55)
XVI — Anel de mesa decorada com SS (56)
XVII — Anéis com inscrições (57-59)
XVIII — Anéis de mesa com decoração cruciforme (60 e 61)
XIX — Anéis com incrustações (62-64)
XX — Anel com remate em forma de folha de hera (65)
XXI — Anel com remate em forma de lira (66)

DESCRIÇÃO
Anéis de bronze
1 — Fio de bronze dobrado em círculo, fechando por torção das extremidades.
Esta torção ocupa, aproximadamente, 1/5 da superfície total do aro.
Dimensões: D. 13 mm; d. 12 mm; espessura 1,1 mm(l)
Secção circular.
Estado de conservação: completo.

(1) D. significa diâmetro maior e d. diâmetro menor.

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2 — Anel de formato semelhante ao anterior, mas de menores dimensões. O fecho


ocupa cerca de 1/3 da superfície total do aro.
Dimensões: D. 9 mm; espessura 1 mm.
Secção circular.
Estado de conservação: completo, mas em decomposição.

Os braceletes 5 e 6 deste nosso artigo têm fechos semelhantes.


Vários autores consideram estes braceletes comuns às épocas pré-romana
e romana dos séculos n a iv d.C.. Temos, porém, também paralelos
para estes anéis em necrópoles merovíngias e visigóticas (1).

3 — Anel de aro filiforme cujo fecho é constituido por dois filamentos enrolados
em espiral e separados por uma porção de aro. Este fecho ocupa aproxima­
damente 1/4 da superfície daquele.
Dimensões: D. 17 mm; espessura 1 mm.
Secção circular.
Estado de conservação: completo, mas em decomposição.

4 — Fio de bronze dobrado em círculo, fechando por torção e enganchamento das


suas extremidades: a extremidade menor, dobrada em hélice, penetra na
argola da maior.
Dimensões: D. 18 mm; d. 17 mm; espessura 1 mm.
Secção circular.
Estado de conservação: completo.

Este tipo de anel parece ter existido na primeira metade da época


de la Tène(2).

5 — Anel de extremidades sobrepostas, menos espessas e mais estreitas que a res­


tante porção do aro.
Dimensões: D. 20 mm; d. 18 mm; espessura 4,7 mm.
Secção circular.
Estado de conservação: completo, mas muito decomposto.

(1) Georges Goury, «Antiquités Historiques — III circonscription», Gallia, XV


(1957), p. 172, fig. 2. Este achado faz parte duma necrópole merovíngia. Jacques
Heurgon, «Informations — le Circonscription», Gallia, VII (1949), p. 109, fig. 8.
Pertence ao cemitério de Saint-Roch. Fernando Jiménez de Gregório, «Hallazgos
en la Vega de Santa Maria, en le término de Mesegar», Archivo Español de Arqueo­
logía, XXXVIII (1965), fig. 17. É considerado como um anel visigótico.
(2) Marten Stenberger, «Eketorp’s Borg, a fortified village on Oland, Sweden»,
Acta Archaeologica, XXXVII (1966), p. 211, fig. 5, apresenta um anel de fecho
semelhante a este. Os objectos aqui encontrados estão datados da 1.a metade da
última Idade do Ferro.

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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 23

Esta forma de anel mantem-se a mesma em várias épocas: Idade


do Bronze, Idade do Ferro e época romana (1).

6 — Anel de extremidades abertas, mas achatadas e mais largas que o resto do aro.
Parecem ter tido a ornamentá-las dois sulcos, de cada lado, mas muito pouco
perceptíveis.
Dimensões: D. 21 mm; d. 20 mm; altura 4 mm.
Estado de conservação: completo, mas de extremidades fracturadas.
Secção circular.

Este tipo de anel parece pertencer à Idade do Ferro (2).

7 — Anel de aro fechado e boleado.


Dimensões: D. 20 mm; altura 2,3 mm; espessura 0,8 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: completo, mas amolgado.

Há mais 2 anéis deste tipo, porém com 5 mm e 3,5 mm de altura.


É de assinalar que este tipo de anel fitiforme se manteve durante
várias épocas distintas: Idade do Ferro, época romana, visigótica e
merovíngia (3).

(1) Pierre Abauzit, «Du Chalcolithique au premier Âge du Fer en Langue­


doc», Revue Archéologique du Centre, III (1964), p. 233, fig. 4. É considerado como
sendo do Bonze Médio.
Hermanfrid Schubart, «Atalaia — uma necrópole da Idade do Bronze no Baixo
Alentejo», Arquivo de Beja, XXII (1965), p. 121, fig. 7.
Jonas Palm, «Véeian tomb groups in the Museo Preistorico, Rome», Opuscula
Archaeologica, II (1952), est. XIII, n.° 11. Os túmulos de Vaccareccia, a que per­
tence, são datados das últimas décadas do século vn e começo do século vi a.C..
Juan Cabré Aguiló, «Museo Arqueológico de Sevilla», Memorias de los Museos
Arqueológicos Provinciales, V (1949), est. XL. Parece ser datado da 2.a época
do ferro.
André Soutou, «La grotte — sanctuaire de Sargel», Ogam, XVIII (1966),
p. 7, est. 3, fig. 5. Estes achados pertencem à época galo-romana.
(2) Odette e Jean Taffanel, «La necrópole hallstattienne de “Las Fados”»,
Gallia, VI (1958), p. 7, fig. 10, 34.
(3) Jerzy Potocki e Zenon Wozmik, «Les celtes en Pologne», Ogam, XIII
(1961), est. XXVI, fig. 2, n.° 4. Os autores datam estes achados de 300 a.C. ou
da 1.a metade do século m a.C.. O aro deste anel é mais largo do que o de Coním­
briga. G. Rancoule, «L’oppidum protohistorique de La Lagaste», Cahiers ligures
de Préhistoire et d'Archéologie, 14 (1965), p. 62, fig. 8-A. Este oppidum situa-se

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24 Elsa Ávila França

8 — Anel de aro fitiforme. Parece ter tido as extremidades sobrepostas e, depois,


soldadas, dando origem, assim, a um aro fechado.
Dimensões: D. 17 mm; altura 2 mm; espessura 1,5 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: completo.

Há mais dois anéis deste tipo, em Conímbriga, um deles completo,


outro não, porém de dimensões diferentes.

9 — É idêntico ao anel anterior, apresentando, todavia, um aro mais alto.


Dimensões: D. 18 mm; altura 3,5 mm; espessura 1 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: completo.

10 — Tal como o anel n.° 5, fecha por sobreposição das extremidades; o aro é todavia
fitiforme.
Dimensões: D. 19 mm; d. 18 mm; altura 3,5 mm; espessura 0,5 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: completo mas torcido.

Encontram-se em Conímbriga mais 7 anéis deste tipo, cujas alturas


variam entre 2,5 mm e 5,2 mm.

11 — Anel de aro fitiforme e extremidades abertas e assimétricas. A altura do aro


vai diminuindo, progressivamente, da extremidade menor para a maior, que
tem um formato quase triangular.
Dimensões: D. 17 mm; d. 16 mm; altura 6,5 mm a 3,5 mm; espessura
1,5 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: completo, mas torcido e em decomposição.

12 — Anel de extremidades abertas e mais planas e largas que o resto do aro.


Dimensões: D. 22 mm; d. 20 mm; altura e espessura 1,8 mm.

na l.a Idade do Ferro (séculos ii e i a.C). P.e Francisco Manuel Alves, «O Castro
de Sacoias», O Archeologo Português, XII (1907), p. 268, fig. 4.a. Neste castro
existe também cerâmica dos primeiros séculos da nossa era. Wemer Krámer,
Cambodunumforschungen 1953 — /, 1957, est. 16, n.° 9. Esta estação arqueológica
vai dos inícios do século i d.C. a meados do século m. Femando Jiménez de Gre­
gorio, «Hallazgos en la Vega de Santa Maria, en el término de Mezegar», Archivo
Español de Arqueologia, XXXVIII, (1965), p. 214, fig. 25. Está incluido entre os
objectos visigóticos e romanos de El Palomar. Michel Brézillon, «Cimetiére méro-
vingien à Nitry (Yonne)», Gallia, XXII (1964), p. 258, fig. 4.

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Anéis, braceletes e brincos de Conimbriga 25

Secção quadrangular.
Estado de conservação: completo, mas de extremidades levemente
fragmentadas.

13 — Anel de aro fechado e secção quadrangular.


Dimensões: D. 20 mm; altura e espessura 2 mm.
Estado de conservação: completo mas em decomposição.

Há mais um anel deste tipo.


Esta forma de anel existiu já na época de Hallstatt (1).

14 — Anel poligonal, de aro fechado e em forma de eneágono.


Dimensões: D. 22 mm; altura 1,8 mm; espessura (mínima) 2 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: completo.

15 — É também um anel poligonal de aro em forma de héxagono.


Dimensões: D. 15 mm; altura 1,6 mm; espessura (mínima) 0,6 mm.
Estado de conservação: completo, mas aberto numa das faces do hexágono.

Há mais um anel deste tipo, porém de 7 lados.


O anel poligonal parece ser típico da época romana imperial (2).

16 — Anel de mesa rectangular saliente e aro boleado, que vai estreitando progres­
sivamente a partir da mesa para a parte posterior do anel.

(1) Odette et Jean Taffanel, «La nécropole hallstattienne de Las Fados»,


Gallia, VI (1948), p. 16, fig. 18, 106.
(2) J. L. de Vasconcellos, «Apêndice II — Sepultura de Santa Menina
(Fundão)», O Archeologo Português, XXII (1917), p. 338, fig. 34. Este anel fechado,
de aro poligonal, pertence à época romana. Jonn Ward, The Roman era in Britain,
Londres, p. 267, fig. 76, I. O autor não determina com precisão a datação deste
achado, dando-o como pertença da época Imperial Romana. W. Whiting, W. Hawley
e Thomas May, Report on the excavation of the Roman cemetery at Ospringe,
Kent, Oxford, 1931. Este achado arqueológico não se encontra delimitado com
precisão considerando-o o autor como pertencente à época imperial. J. P. Busche-
-Fox, Second Report on the Excavations on the site of the Roman town at Wroxeter,
Shropshire, II, 1914, p. 15, fig. 8, n.° 27. Sabe-se que esta estação arqueológica se
estende dos fins do século i e começos do século n aos fins do século iv d.C. J. Cl.
Courtois, «Objects provenent d’un cimitière protohistorique et gallo-romain à
Lanslevillard (Savoie)», Gallia, XIX (1961), p. 247, fig. 4. Pertence ao mobiliário
funerário dum cemitério galo-romano do século i e n d.C.

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26 Elsa Ávila França

Dimensões: da mesa 10,5 mm x 9,5 mm; D. 20 mm; espessura 2 mm.


Secção em D.
Estado de conservação: incompleto e muito decomposto.

17 — Anel de mesa rectangular saliente e aro de secção rectangular e estrutura


uniforme.
Dimensões: da mesa 7 mm x 4,5 mm; D. 11 mm; d. 10 mm; altura
2 mm; espessura (máxima) 2 mm.
Estado de conservação: completo.

18 — Anel de mesa circular saliente, cujo aro, de rebordos finos, diminui para a
parte posterior do mesmo.
Dimensões: D. 7 mm (mesa); D. 18 mm (aro); altura (máxima) 6 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: incompleto, torcido e em decomposição.

19 — Anel de mesa elíptica, plana, ao nível do aro, que vai estreitando levemente
para a sua parte posterior. Apresenta uma curvatura quase quadrangular.
Dimensões: altura da mesa 10 mm; D. 25 mm; altura (máxima) 8 mm;
espessura 3 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: completo, porém em decomposição incipiente.

Este tipo pode datar-se da segunda metade do século ii a fins do


século iv d.C. (1).

20 — Anel de mesa circular de aro fitiforme de extremidades sobrepostas.


Dimensões: D. da mesa 8,5 mm; D. 22 m; d. 19 mm; altura 5,5 mm:
espessura 1 mm.
Estado de conservação: completo, mas torcido.

21 — Anel de mesa elíptica e aro fino fitiforme de extremidade sobrepostas.

(1) Teria este anel possuido uma pedra colada na mesa? Com efeito,
em Antiquities of Roman Britain (British Museum) vemos um anel deste tipo, porém
de mesa losangonal e com uma pedra colada. Está incluído no grupo A da classi­
ficação de anéis aí contida e datado do século n d.C.. Igualmente, J. P. Bushe-Fox,
Third Report on the excavations on the Roman town at Wroxeter, Shropshire, Oxford,
1916, est. XVIII, n.os 28 e 29, cita dois anéis deste tipo, porém, um com uma orna­
mentação gravada, e o outro com uma pedra colada. O anel gravado está datado
dos fins do século i e começos do século n e o anel de pedra proveio da zona VI,
datada da 2.a metade do século u a fins do século iv.

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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 27

Dimensões: altura da mesa 6,5 mm; D. 17 mm; altura do aro 3 mm;


espessura 1,3 mm.
Estado de conservação: completo (1).

22 — Anel de mesa losangonal, pouco perceptível e ligeiramente mais espessa que


o resto do aro, que apresenta as extremidades sobrepostas. Estas são arre­
dondadas, achatadas e maior uma do que a outra. O aro é fitiforme.
Dimensões: altura da mesa 4,8 mm; D. 17 mm; d. 16 mm; altura do
aro 3 mm; espessura 1 mm.
Estado de conservação: completo.

Conhecemos um anel semelhante, mas de época merovíngea (2).

23 — Anel de mesa vagamente hexagonal, muito grande, e aro fitiforme e de extremi­


dades sobrepostas e arredondadas. O aro vai estreitando para as extremidades.
Dimensões: altura da mesa 13 mm; D. 20 mm; espessura 0,6 mm.
Estado de conservação: incompleto e de mesa fracturada(3).

24 — Anel de mesa hexagonal irregular e aro fitiforme de extremidades sobrepostas.


Dá-nos a ideia de estar voltado do avesso.
Dimensões: altura da mesa 6 mm; espessura da mesa 1,5 mm; D. 20 mm;
d. 18 mm; altura do aro 3 mm; espessura do aro 1 mm.
Estado de conservação: completo, torcido nas extremidades e em decom­
posição.

25 — Anel de mesa quadrangular imperfeita e aro fitiforme, levemente convexo,


fechado.
Dimensões: altura da mesa 5,8 mm; espessura da mesa 0,2 mm; D. 20 mm;
altura do aro 2,2 mm; espessura do aro 1 mm.
Estado de conservação: incompleto, partido em dois pedaços e em
decomposição.

26 — Apresenta igualmente uma mesa quadrangular irregular, mesa essa, todavia,


que é feita de uma peça solta que se enrolou em volta do aro e se uniu, depois,
na base. O aro é fitiforme.

(1) René Louis, «Informations — XIXe circonscription historique», Gal-


lia, XIV (1956), p. 312, fig. 7. Este anel faz parte do mobiliário de uma sepultura
merovíngia em Escolives (Yonne).
(2) Jacques Heurgon, «l.e circonscription», Gallia, VII (1949), p. 109, fig. 8.
É um achado de Valenciennes e pertence a um cemitério merovíngio.
(3) Reinhart, art. cit. p. 176, fig. 3, n.° 60. O anel aqui indicado embora
apresente formato semelhante ao de Conímbriga tem, contudo, a mesa ornamentada
por estrias. Pertence a uma necrópole visigótica.

11
28 Elsa Ávila França

Dimensões: altura da mesa 6 mm; altura do aro 3,2 mm; espessura 1 mm;
D. 20 mm; d. 17 mm.
Estado de conservação: completo, mas decomposto.

27 — Anel de aro fitiforme com decoração linear incisa: linhas verticais e oblíquas,
dispostas irregularmente, e atingindo o aro nos seus dois bordos.
Dimensões: D. 20 mm; d. 15 mm; altura 3 mm; espessura 1 mm.
Estado de conservação: incompleto.

28 — Anel de aro fitiforme com decoração linear incisa: linhas verticais e oblíquas,
que ora atingem ora não, os bordos do aro.
Dimensões: D. 15 mm; altura 3 mm; espessura 0,7 mm.
Estado de conservação: incompleto.

29 — Anel de aro em forma de fita com decoração linear incisa em zigue-zague.


Dimensões: D. 17 mm; d. 16 mm; altura 4 mm; espessura 0,9 mm.
Estado de conservação: incompleto e decomposto.

30 — Anel de aro fitiforme de extremidades sobrepostas com uma decoração cons­


tituida por dois sulcos, um de cada lado, contornando o aro e, na parte média
deste, uma linha em zigue-zague.
Dimensões: D. 19 mm; altura 3,5 mm; espessura 0,8 mm.
Estado de conservação: completo.

31 —Anel de aro fitiforme de extremidades sobrepostas, uma arredondada e outra


recta com uma decoração linear incisa formando uma espécie de zigue-zague
duplo.
Dimensões: D. 17 mm; d. 15 mm; altura 4 mm; espessura 1 mm.
Estado de conservação: completo, mas torcido.

Há mais quatro fragmentos de anéis deste tipo cujas alturas variam


entre 3 e 4 mm.
Parece ser um anel visigótico (1).

32 — Anel de aro fitiforme, de extremidades levemente sobrepostas e cuja decoração


é constituída por linhas verticais incisas.
Dimensões: D. 16 mm; altura 1,5 mm; espessura 1 mm.
Estado de conservação: completo.

33 — Anel de aro laminar com decoração linear incisa: um sulco profundo envolve
o anel na sua parte média.

(1) W. M. Reinhart, art. cit.9 p. 176, fig. 3, n.° 58.

12
Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 29

Dimensões: D. 22 mm; d. 19 mm; altura 2 mm; espessura 0,9 mm.


Estado de conservação: incompleto e partido em dois pedaços.

34 — Anel de aro em forma de fita, aberto, cuja decoração linear incisa é constituida
por dois sulcos incisos que contornam o aro, nos seus dois bordos. A parte
média é levemente boleada.
Dimensões: D. 20 mm; altura 3,8 mm; espessura 0,5 mm.
Estado de conservação: completo.

Esta forma de anel parece ser bastante comum e estender-se do


Bronze Final III à época romana imperial (1).

35 — Anel de mesa plana, possivelmente circular, o aro fitiforme com decoração


idêntica à do anel anterior.
Dimensões: D. 22 mm; d. 20 mm; altura do aro 4,8 mm; espessura
0,8 mm.
Estado de conservação: incompleto, muito partido e decomposto.

Parece ser um anel visigótico (2).

36 — Anel de aro fitiforme e circular, fechado, cuja decoração incisa linear é cons­
tituida por uma série profusa de linhas verticais cortadas, na sua parte média,
por um sulco longitudinal que contorna o aro.
Dimensões: D. 20 mm; altura 2 mm; espessura 0,8 mm.
Estado de conservação: completo, mas partido.

Há mais um anel deste tipo.

37 — A decoração deste aro em forma de fita é constituída por dois sulcos que envol­
vem a parte média do aro e por estrias oblíquas profusas, partindo daqueles
para os bordos do aro.
Dimensões: D. 18 mm; d. 14 mm; altura 3 mm; espessura 1,8 mm.
Estado de conservação: incompleto, fragmentado e em decomposição.

(1) Pierre Abauzit, «Du chalcolithique au premier âge du Fer en Langue­


doc», Revue Archéologique du Centre, III (1964), p. 233, fig. 6. Este anel é con­
siderado como sendo do Bronze Final III. Georges Fouet, «Puits funéraires d’Aqui-
taine», Gallia, XVI (1958), p. 142, fig. 21, n.° 303. O autor cita aqui um bracelete
de ornamentação idêntica à deste anel e datado do século i a.C.
(2) W. M. Reinhart, art. cit.y p. 176, fig. 3, n.° 57. A mesa deste anel possui
uma pedra.

13
30 Elsa Ávila França

38 — Este anel de espessura laminar apresenta uma decoração linear incisa cons­
tituida por uma série de estrias verticais, dispostas irregularmente, cortadas
na sua parte média por dois sulcos longitudinais.
Dimensões: D. 20 mm; altura 3 mm; espessura 1 mm.
Estado de conservação: completo, mas partido em dois pedaços e torcido.

39 — Anel em forma de fita com decoração pontilhada em espirais e de extremidades


abertas, sendo uma delas arredondada.
Dimensões: D. 20 mm; altura 6 mm; espessura 6,5 mm.
Estado de conservação: completo, mas com as extremidades fragmentadas.

40 — Anel fitiforme e de extremidades sobrepostas. Apresenta uma decoração


pontilhada a contornar os dois bordos e um motivo oval repetido na parte
média. As extremidades são mais largas do que o restante aro.
Dimensões: D. 18 mm; d. 15 mm; altura 5 e 6 mm; espessura 1 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: completo, torcido e com uma extremidade
fragmentada.

41 — Anel de aro fechado com mesa de decoração pontilhada, formando um rec­


tángulo central e dois triângulos, enquadrados por duas linhas verticais também
pontilhadas. O aro vai estreitando progressivamente para a parte posterior.
Dimensões: D. 18 mm; altura da mesa 5,5 mm; altura do aro 4,5 mm
(a mais estreita); espessura 0,9 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: completo, mas muito torcido (1).

42 — Anel em forma de fita, com decoração metopada aberta a cinzel: rectángulos


separados por dois sulcos verticais.
Dimensões: D. 16 mm; d. 15 mm; altura 2,8 mm; espessura 1,7 mm.
Estado de conservação: incompleto.

43 — Anel de aro fitiforme e com decoração denticulada imperfeita.


Dimensões: D. 16 mm; altura 2,2 mm; espessura 1 mm.
Estado de conservação: incompleto e ligeiramente torcido.

Há outro anel deste tipo, mas de aro mais estreito.

44 — Anel de mesa losangonal cujo aro fechado apresenta decoração idêntica à do


anel anterior.

(1) Gisela M. A. Richter, Catalogue of engraved gems, Roma, 1956, est. LXV,
n.° 598. Este anel apresenta, todavia, uma inscrição pontilhada na mesa e está
integrado nos anéis romanos com inscrição dos séculos i a.C. a iv d.C.

14
Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 31

Dimensões: D. 18 mm; altura da mesa 3 mm; altura do aro 2 mm;


espessura 1,3 mm.
Estado de conservação: completo.

45 — Anel fitiforme, de aro fechado, cuja decoração denticulada se apresenta per­


feita, formando figuras geométricas (losangos).
Dimensões: D. 17 mm; altura 2 mm (máxima); espessura 1 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: completo.

46 — Anel de aro fechado em forma de fita e com ornamentação denticulada perfeita


aberta a cinzel, formando diversos polígonos, héxagonos e paralelogramos.
Dimensões: D. 19 mm; d. 17 mm; altura 2 mm; espessura 1 mm a 0,5 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: completo.

47 — Fita enrolada em círculo com decoração denticulada aberta a cinzel.


Dimensões: D. 19 mm; altura 3 mm; espessura 1 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: incompleto.

Há outro anel deste tipo.

48 — Anel fitiforme com decoração metopada: losangos separados por 3 sulcos


verticais.
Dimensões: D. 20 mm; altura 2,8 mm; espessura 1,5 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: incompleto.

49 — Anel de mesa oval e extremidades sobrepostas, com decoração linear nas


asas — 3 estrias verticais, de cada lado da mesa, que se apresenta menos espessa
que o aro.
Dimensões: D. 20 mm; altura da mesa 4 mm; altura do aro 2,5 mm;
espessura da mesa 0,1 mm; espessura do aro 1,1 mm.
Secção do aro em D.
Estado de conservação: completo, mas muito torcido (1).

50 — Anel de mesa oval e de asas salientes com decoração linear: 3 linhas verticais
ladeando a mesa. Esta apresenta também uma ornamentação constituida
por 3 linhas, formando entre si ângulos. O aro fecha pela sobreposição das
extremidades, arredondadas.

(1) René Louis, «Informations — XIXe circonscription historique», Gallia,


XIV (1956), p. 312, fig. 7. A mesa deste anel é quase rectangular e tem mais sulcos
verticais a omamentá-la. Pertence a um túmulo merovíngio.

75
32 Elsa Ávila França

Dimensões: D. 20 mm; altura da mesa 5 mm; altura do aro 3 mm


(máxima); espessura: 1 mm.
Estado de conservação: completo, mas muito carcomido (1).

51 —Anel de mesa quadrangular com ornamentação linear; dois sulcos contornam


a mesa e, no centro, duas diagonais duplas. As asas têm um ornamento em
forma de aspas.
Dimensões: D. 20 mm (provável); altura de mesa: 10 mm; altura do
aro: 3 mm; espessura 1 mm.
Estado de conservação: incompleto e partido em dois bocados.

52 — Anel de mesa elíptica soldada ao aro e com decoração linear: 9 incisões dis­
postas oblíqua e irregularmente (umas rectas e outras curvas).
Dimensões: D. 16 mm; altura da mesa 8 mm; altura do aro 2 mm;
espessura 1 mm.
Secção do aro em D quase imperceptível.
Estado de conservação: completo.

53 — Anel de mesa oval, plana, com decoração figurativa esquemática duvidosa


aberta a cinzel: uma figura que nos parece uma ave, no centro da mesa contor­
nada por um pontilhado. Esta ornamentação está pouco perceptível. O aro,
boleado, diminui para a parte posterior.
Dimensões: D. 22 mm; altura da mesa 8 mm; altura do aro 5 mm;
espessura 1 mm.
Estado de conservação: incompleto, carcomido e de extremidades frac­
turadas (2).

54 — Anel de aro boleado, fechado, e mesa oval com decoração figurativa esque­
mática, aberta a cinzel, de interpretação muito duvidosa: um pontilhado con­
torna a mesa e, no interior deste, a figura do que nos parece ser uma ave, cuja
cabeça é formada por um círculo com uma espécie de resplendor e o corpo por
traços ramificados. As asas da mesa estão ornamentadas por dois traços
verticais e aspas. O aro adelgaça para a parte posterior.
Dimensões: D. 24 mm; altura da mesa 10 mm; espessura 2 mm (máxima).

(1) O anel apresentado por Reinhart, art. cit., p. 176, fig. 3, n.° 59, tem um
formato semelhante ao deste anel, porém a mesa possui uma cruz a omamentá-la.
Está incluído no grupo de anéis visigóticos procedentes de necrópoles de Espanha.
(2) Mendes Correia, «A necrópole de Parada Todeia», O Archeologo Por­
tuguês, XXVI (1923-24), p. 9, fig. 7. Há aqui um anel ornamentado com uma ave
cujos contornos se aproximam da do n.° 53. Segundo o autor, esta ave lembra
os palmípedes estampados na cerâmica pré-romana de Sabroso, os motivos zoomór-
ficos das fíbulas de La Tène I e as pinturas de aves na cerâmica ibérica da 2.a idade
do ferro do SE espanhol.

16
Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 33

Secção em D.
Estado de conservação: completo
Número do inventário geral: A 409.

55— Anel de mesa oval, plana, cuja ornamentação é constituida por um motivo
de interpretação duvidosa no qual pretendemos ver um peixe muito esquema­
tizado; duas linhas curvas formam o corpo; duas linhas em X, a cabeça e
um ponto, o olho. Um pontilhado contorna a parte superior e inferior
da mesa. O aro em forma de fita apresenta, posteriormente, um enfeite em
aspas.
Dimensões: D. 16 mm; (provável); altura da mesa 6,5 mm; altura do
aro 2 mm; espessura 0,9 mm.
Estado de conservação: incompleto.

Parece ser um anel visigótico (1).

56 — Anel de mesa circular decorada com cinco S, dispostos em cruz, sendo três
deles separados por dois pontos. As asas, separadas do resto do aro, revestem
a forma de uma folha, contornada por um sulco. O aro está fechado.
Dimensões: D. 23 mm; altura da mesa 11 mm; altura do aro 3 mm;
espessura 1,5 mm.
Estado de conservação: completo, mas fragmentado numa das asas.
Secção rectangular.

Anel típico do Baixo Império Romano e época visigótica (2).

(1) Um anel publicado por D. Femando de Almeida, «Arte visigótica em


Portugal», O Arqueólogo Português, nova série, IV (1962), est. LXI, fig. 336, apre­
senta na mesa 3 peixes bem definidos.
(2) John Ward, The Roman Era in Britain, Londres, p. 267, fig. 76 N e O.
Estes dois anéis apresentam um formato idêntico ao de Conímbriga, porém a mesa
é elíptica e os ornamentos são diferentes. O autor não delimita com precisão a data
destes achados. Sabemos só que pertencem à época romana imperial. Antiquities
of Roman Britain, Londres, British Museum (1958), p. 25, fig. 13, n.° 3. O aro,
de formato idêntico ao deste anel, apresenta uma secção circular e a mesa, octogonal,
possui uma incrustação. Está integrado no grupo C da classificação de anéis aqui
inserida e é considerado como sendo do século m e iv d.C.. M. Wheeler, London
in Roman Times, Londres, 1946, p. 101, fig. 30, n.° 10. Embora não seja exactamente
igual ao de Conímbriga apresenta semelhanças flagrantes. É um anel do século iii
e começo do século iv d.C.. D. Fernando de Almeida, «Arte Visigótica em Por­
tugal», O Arqueólogo Português, nova série, IV (1962), est. LXI, fig. 337. Embora
apresente o mesmo tipo de ornamento é diferente do nosso anel. W. M. Reinhart,
art. cit.y p. 76, fig. 3, n.° 50. Este anel possui uma decoração em S, decoração essa
característica de algumas fíbulas godas dos séculos v e vi d.C..

17
3
34 Elsa Ávila França

57 — Anel fitiforme, cujo aro, fechado por soldadura, apresenta letras gravadas,
rodeadas por alguns pontos, formando dois grupos distintos separados por
duas palmas. É possível que estas letras não façam sentido. Num dos grupos
parecem ver-se as seguintes letras: NXIIN — e no outro XN (ou H) XHX.
A letra II tanto pode ser um H, como um E, pois que o E cursivo represen-
tava-se, precisamente, por dois traços verticais (1). Se voltamos o aro ao
contrário, a ordem destas letras passa a ser a inversa.
Dimensões: D. 20 mm; d. 17,5 mm; altura 5 mm; espessura 0,6 mm.
Estado de conservação: completo, mas aberto.

58 — Anel de mesa elíptica, saliente em relação ao aro boleado (2,5 mm) e com a
seguinte inscrição: AVE. O aro vai diminuindo para a sua parte posterior.
Dimensões: D. 25 mm; altura da mesa 10 mm; altura do aro (máxima)
8 mm; espessura 4 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: incompleto.

59 — Anel de mesa circular, saliente em relação ao aro, formando como que um


tronco de cone invertido e partindo duma base losagonal. Apresenta uma
inscrição, constituida pelas seguintes letras — A M A O N —, que talvez
representasse o nome da sua proprietária. Esta leitura poderá fazer-se a
partir de qualquer das letras.
Dimensões: D. 22 mm; altura da saliência 7,5 mm; altura do aro 3 mm;
espessura 2,2 mm.
Secção do aro em D.
Estado de conservação: incompleto.

60 — Anel de mesa rectangular, muito pouco perceptível em relação ao aro, fitiforme


e de extremidades sobrepostas. O aro vai diminuindo de altura para as
extremidades. A decoração da mesa é constituida por um losango e, no
interior deste, uma cruz simples, incisos. Uma espécie de quadriculado orna­
menta as asas da mesa.
Dimensões: D. 21 mm; d. 20 mm; altura da mesa 5 mm; altura mínima
do aro 2,5 mm; espessura 1 mm.
Estado de conservação: completo.

61 — Este anel de mesa oval e achatada apresenta igualmente uma decoração cruci­
forme: cruz simples com um ponto em cada extremidade. Encontram-se
mais dois pontos, um de cada lado do aro, junto da mesa. Este é aberto e vai
estreitando levemente para as extremidades arredondadas.
Dimensões: D. 20 mm; d. 18 mm; altura da mesa 8 mm; altura máxima
do aro 5 mm; espessura da mesa 1,1 mm; espessura do aro 1 mm
a 0,5 mm.

(1) René Cagnat, Cours d'Épigraphie Latine, Paris, (1914), pp. 3 e ss.

18
Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 35

Secção do aro em D.
Estado de conservação: incompleto, pois tem uma das extremidades
partidas (1).

62 — Anel de mesa oval, com incrustação que já não existe. O aro, boleado, vai
adelgaçando progressivamente para a parte posterior.
Dimensões: D. 18 mm; altura da mesa 7 mm; altura do aro 1,5 mm;
espessura do aro 1 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: incompleto e partido.

Há mais um fragmento de outro anel deste tipo.

63 — Tal como o anel anterior, apresenta uma mesa elíptica com incrustação, que
desapareceu. O aro fechado vai diminuindo de altura para a sua parte pos­
terior.
Dimensões: D. 16 mm; altura mínima do aro 2 mm; espessura
máxima 1,8 mm.
Secção do aro em D.
Estado de conservação: incompleto, pois falta-lhe a pedra.

A forma destes dois últimos anéis é frequente e encontra-se, pelo


menos, do século i ao m d.C. (2).

64 — A mesa circular deste anel, com incrustação, encontra-se 7 mm saliente do aro,


apresentando a forma de um tronco de cone, com nítida separação daquele.
O orifício de incrustação atinge a parte intema do anel. O aro possui uma
maior espessura na parte central e tem, aí, uma ranhura.
Dimensões: D. 14 mm; espessura do aro 4,5 mm.
Secção do aro quase circular.
Estado de conservação: incompleto, pois falta-lhe a pedra e um pequeno
fragmento no interior (3).

(1) Wolfgang Hübener, «Schildfõrmige gurtelhaften der Merowingerzeit in


Spanien und Mitteleurope», Madrider Mitteilungen, 3 (1962), p. 155, fig. 2. A mesa
deste anel não nos dá a ideia de estar saliente e parece ter um ponteado a contornar
a cruz, sem pontos nos extremos. O aro é fechado. Trata-se dum anel merovíngio.
(2) Wemer Krámer, Cambodunumforschungen 1953 — /, 1957, est. 16, n.° 7.
Esta estação arqueológica estende-se dos inícios do século i a meados do século m d.C.
Hans-Gíinther Simon, «Die rõmischen Funde aus der Grabunger in Gross-Gerau,
1962-63», Saalburg-Jahrbuch, XXII (1965), p. 52, fig. 6, n.° 19. Este anel, de
mesa todavia oval, está datado dos começos do século n d.C.
(3) Georges C. Boon, Roman Silchester, London, p. I l l , fig. 16, n.° 4.
O formato deste anel é muito semelhante ao do anel citado anteriormente.

19
36 Elsa Ávila França

65 — Anel com remate em forma de folha de hera. Provàvelmente, pertencia à


categoria dos anéis serpentiformes muito usados na época romana.
Dimensões: D. 17 mm; comprimento da folha 10 mm; espessura da
folha 1,5 mm; espessura do aro 2 mm.
Secção do aro: circular.
Estado de conservação: incompleto (1).

Há ainda um fragmento de um anel que parece ser deste tipo,


porém, sem as duas extremidades.

66 — Anel com remate em forma de lira e aro fitiforme. Faz-nos lembrar pelo
seu formato os anéis de chave romanos.
Dimensões: D. 20 mm; altura do aro 1,9 mm; espessura 1,2 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: incompleto e em decomposição (2).

Anel de latão

67 — Anel de mesa elíptica levemente pronunciada em relação ao aro onde se insere.


Este vai estreitanto progressivamente para a sua parte posterior.
Dimensões: D. 14 mm; altura da mesa 10 mm; altura mínima do
aro 4,5 mm; espessura 3 mm.
Secção do aro em D.
Estado de conservação: completo, mas em decomposição.

É o único anel neste metal procedente das escavações anteriores


a 1962.

(1) Anita Büttner, «Figiirlich verzierte Bronzen von Kastell Zugmantel»,


Saalburg-Jahrbuch, XX (1962), est. 3, n.° 3. O formato deste anel aproxima-se
do anel n.° 65, o que nos leva a supor que este anel seja do mesmo tipo, mas mais
imperfeito. Sabemos que o castelo foi destruido entre 120 e 130 d.C. Wemer
Krãmer, ob. cit., est. 16, n.° 11. O formato deste anel serpentinforme aproxima-se
do de Conímbriga. A estação arqueológica a que pertence estende-se dos inícios
do século i a meados do século m d.C.
(2) J. P. Bushe-Fox, Second Report on the excavations on the site of the
Roman town at Wroxeter, Shropshire, II, 1914, p. 12, fig. 5, n.°20. Pertence ao tipo
de anéis de chave muito em voga na época romana e aproxima-se do de Conímbriga.
Esta estação arqueológica vai dos fins do século i e princípios do n aos fins do
século iv d.C. Mortimer Wheeler, London in Roman Times, Londres, 1946, p. 101,
fig. 30, n.os 24 e 25. Os dois anéis de bronze, com chave, fazem-nos lembrar o anel
citado acima. O último destes anéis está datado do século ni ou iv d.C.

20
Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 37

Anéis de cobre ou bronze

68 — Fita de cobre dobrada circularmente e de extremidades sobrepostas, uma


arredondada e outra não, de dimensões diferentes. A sua decoração linear
é constituída por uma mesa rectangular, central, ornamentada por sulcos
duplos, que seguem as diagonais e descrevem quatro triângulos. Dois outros
sulcos marcam os lados do rectángulo e separam-no do aro. Dois trifólios
decoram as asas da mesa.
Dimensões: D. 20 mm; altura 7,5 mm a 4 mm; espessura 1 mm.
Estado de conservação: completo.
Número do inventário geral: A 410.

69 — Anel de aro fitiforme aberto, com decoração floral aberta a cinzel: malmequeres
separados por aspas pontilhadas; de cada lado do malmequer, 4 pontos formam
uma espécie de losango; duas folhas losangonais compridas contornam as
aspas, ora no interior ora no exterior destas; entre as aspas, vários pontos des­
crevem dois losangos com um ponto central.
Dimensões: D. 20 mm; altura 7 mm; espessura 1 mm.
Estado de conservação: completo.
Número do inventário geral: A 407.

Anel de prata
70 — Anel de aro fitiforme, simples e fechado, cuja altura não se mantém uniforme.
É do mesmo tipo do anel de bronze n.° 9.
Dimensões: D. 20 mm; altura máxima 3 mm; espessura 1 mm.
Estado de conservação: completo.
Número do inventário geral: A 413.

71 — O aro poligonal deste anel apresenta o formato de um trapézio isósceles (na


parte média anterior) e de um semi-círculo (na parte média posterior). A parte
central do anel (base menor do trapézio) tem um orifício arredondado, que
atravessa toda a sua espessura.
Dimensões: D. 22 mm; d. 18 mm; altura 4,5 mm a 2,5 mm; espes­
sura 4 mm a 2 mm.
Secção quase quadrangular.
Estado de conservação: parece estar completo.

Anel característico dos séculos m e iv d.C. (1).

(1) Mortimer Wheeler, London in Roman Times, Londres, 1946, p. 101,


fig. 30, n.° 5. Embora não seja igual ao anel considerado aqui, apresenta todavia

21
38 Elsa Ávila França

72 — Anel de prata com pedra vítrea convexa, verde-gelo, incrustada numa caixa
da forma elíptica, com fundo horizontal e paredes convergentes. O aro de
espessura laminar encontra-se decorado por dois sulcos incisos, longitudinais,
rodeados por uma espécie de espinhos.
Dimensões: D. 20 mm; d. 18 mm; altura do aro 3 mm; espessura 1 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: completo, mas partido. A pedra encontra-se
em mau estado de conservação: fragmentada e com crateras,
picado miúdo e intenso e irisão prateada incipiente.

Este anel parece datar dos fins da época imperial romana ou da


época visigótica (1).

Anéis de ouro
73 — Anel de mesa losangonal decorada com uma palmeta muito estilizada e de aro
fino e boleado, que vai estreitando progressivamente para a sua parte posterior.
Dimensões: d. 17 mm; altura da mesa 4 mm. Peso: 1.500 mg.
Secção de aro em D.
Estado de conservação: completo, mas ligeiramente amolado.
Número de inventário geral: A 277.

Este tipo de anel é característico da época imperial romana (2).

um formato análogo. Cita-se nesta obra que o aro angular é típico do século n
e iv d.C. Na p. 101, fig. 30, n.° 12 fala-se doutro anel de bronze, de aro angular,
porém de mesa hexagonal furada, com o topo circular. Está datado como sendo
do romano final. British Museum, Antiquities of Roman Britain, Londres, 1958,
p. 25, fig. 13, n.° 2. O aro deste anel assemelha-se ao de Conímbriga mas possui
mesá com incrustação. Está datado do século m ou iv d.C. e incluido no grupo B
da classificação de anéis desta obra.
(1) R. A. Higgins, Greek and Roman Jewellery, Londres, est. 63, G. A mesa
deste anel é todavia rectangular. O autor não delimita com exactidão a época a
que pertence e dá-lo como sendo da época imperial. Mortimer Wheeler, London
in Roman Times, Londres, 1946, p. 101, fig. 30, n.° 9. Embora seja exactamente
igual ao de Conímbriga, a mesa é contudo igual, bem como o processo de a inserir
no aro. É de bronze e, provàvelmente, do século m d.C. H. Roosens, Quelques
mobiliers funéraires de la fin de Vépoque romaine dans le nord de la France, Brugge,
1962, est. VI, n.° 7. Difere do anel n.° 72 no formato do aro e pertence ao romano
final. W. M. Reinhart, art. cit., p. 176, fig. 3, n.° 56. Este anel visigótico é de
bronze.
(2) Mortimer Wheler, London in Roman Times, Londres, 1946, p. 101,
fig. 30, n.° 2. A mesa deste anel é oval. É provàvelmente do século i d.C. Gisela

22
Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 39

74 — Fita de ouro, dobrada certamente em círculo, cuja decoração é constituída


por fios de ouro formando SS espiralados e por um estreito cordão contornando
os dois bordos do anel, ornamentado com sulcos verticais.
Estado de conservação: partido, torcido e amolado (daí a impossibili­
dade de determinar o seu diâmetro exacto).
Dimensões: comprimento total da fita 50 mm. Peso: 1585 mg.

Este anel, pela sua decoração, parece ser da época bisantina (1).

75 — Anel de mesa oval com incrustação rodeada, exteriormente, por pequenas


pérolas. O aro encontra-se decorado por uma fila de pérolas na sua parte
média, ladeadas por sulcos longitudinais. O interior apresenta também dois
sulcos longitudinais.
Dimensões: D. 20 mm; d. 16 mm; altura do aro 5 mm; espessura 1 mm.
Peso: 1.600 mg.
Estado de conservação: incompleto, pois falta-lhe a pedra; partido em
três pedaços e um deles fendido.

Os anéis deste tipo parecem ser bisantinos (2).

76 — O aro deste anel apresenta-se recortado e formando uma espécie de losangos


e hexágonos alternados. Tem duas pestanas bastante prolongadas, entre as
quais se passou um eixo, e onde roda uma pedra de coral, barrilóide, rosa-claro.
Dimensões: D. 20 mm; comprimento da pedra 8 mm; altura máxima
do aro 3,5 mm; espessura 1 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: completo.
Número do inventário geral: A 414.

M. A. Richter, Catalogue of engraved gems, est. LXIV, n.08 574, 575. Estes dois
anéis apresentam palmas gravadas na mesa, embora não sejam exactamente iguais
ao de Conímbriga. A autora não precisa com exactidão a sua cronologia e considera,
para eles, um período muito extenso — século i a.C. a iv d.C.
(1) Samuel dos Santos Gener, «Museo Arqueológico de Córdoba» — II — Un
anillo relicario bizantino», Memorias de los Museos Arqueológicos Provinciales, V
(1944), p. 90. O autor diz-nos que os bordos dos anéis semelhantes aos de Coním­
briga são frequentes na decoração bisantina. Na p. 12 citam-se anéis do mesmo
tipo do de Conímbriga mas não exactamente iguais e todos possuem mesa.
(2) Alejandro Ramos Folques, «Museo Municipal de Elche (Alicante)»,
Memorias de los Museos Arqueológicos Provinciales, est. XLVII, 1-6. Surgem aqui
anéis ornamentados por pequenas pérolas, porém de formato muito mais simpli­
ficado que o do anel n.° 75. São tipicamente bisantinos e datados dos
séculos iv a x d.C.

23
40 Elsa Ávila França

Anel dos fins do século n ao século iv d.C. (1).

Anel de osso
77 — Anel de aro boleado e bordos de espessuras diferentes.
Dimensões: D. 20 mm; altura 5 mm; espessura máxima 3 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: incompleto e partido em dois bocados.

É o único anel neste material existente em Conímbriga e prove­


niente das escavações anteriores a 1962.

Anéis de vidro

78 — Anel de vidro preto, imitando azeviche, com forma lisa no interior e o exterior
com aspecto de gomos verticais estreitos e salientes. É de tipo idêntico ao
do bracelete n.° 30.
Dimensões: D. 20 mm; altura 6 mm; espessura máxima 2 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: incompleto.

79 — Anel de vidro preto e opaco com mesa oval, plana.


Dimensões: D. 20 mm; d. 16 mm; altura 6,6 mm; espessura máxima 4 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: incompleto. O vidro apresenta picado intenso
em toda a sua superfície e algumas crateras.

80 — Anel de vidro negro e fosco, em forma de fita, mas cuja superfície externa se
apresenta ligeiramente côncava.
Dimensões: D. 16 mm; altura 4 mm; espessura 1,2 mm.
Secção levemente em C.
Estado de conservação: incompleto. O vidro mostra picado em toda
a sua superfície.

(1) R. A. Higgins, Greek and Roman Jewellery, est. 62-E e 63-D. Estes
anéis não são exactamente iguais ao anel citado anteriormente. O autor considera
para a sua datação o período de fins do século n ao século iv d.C. Manuel Heleno,
«O tesouro da Borralheira (Teixoso)», O Arqueólogo Português, nova série, II (1953),
fíg. 2, n.° 1. Difere do anel n.° 76 no formato do aro, que não se apresenta recortado.
Pertence à época imperial, como o demonstra a existência de moedas do princípio
do século m d.C.

24
Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 41

81 — Anel de vidro, negro e opaco, de aro liso no interior e cujo exterior se apresenta
ornamentado por protuberâncias salientes (3 ordens de saliências) de forma
losangonal.
Dimensões: D. 20 mm; altura 7,2 mm; espessura 3,5 mm.
Estado de conservação: incompleto. O vidro apresenta picado miúdo e
algumas crateras.

82 — Anel de vidro, negro e fosco, com mesa oval quase redonda, saliente e de aro
boleado.
Dimensões: D. 20 mm; d. 16 mm; altura do aro 4 mm; espessura 3,5 mm.
Secção do aro oval.
Estado de conservação: incompleto. O vidro mostra picado incipiente,
além do desgaste causado pelo uso.
Número do inventário geral: A 441 (1).

83 — Fita de vidro incolor, dobrada em círculo e cujas extremidades ovais se sobre­


põem. Faz-nos lembrar os anéis serpentiformes de metal.
Dimensões: D. 20 mm; altura 4 mm; espessura 1,8 mm.
Estado de conservação: uma das pontas está incompleta e apresenta
leve irrisão multicolor, estrias e picado incipiente.
Número do inventário geral: A 412.

Pedras de anel

Provenientes das antigas escavações existem, em Conímbriga,


7 pedras de anel gravadas com motivos diversos.

1 — Pedra de anel oval, em ónix castanho-escuro com veio branco no centro, de


mesa plana e lados talhados em bisel. Tem gravado um javali correndo para
a esquerda e um cão entre as patas daquele animal, voltado igualmente para
a esquerda.
Dimensões: D. 13,5 mm; d. 9,8 mm; espessura 3,1 mm.
Estado de conservação: completa.
Número do inventário geral: A 425 (2).

(1) François Eygun, «Circonscription de Poitiers», Gallia, XXI (1963),


p. 460, fig. 32. Apresenta formato semelhante ao de Conímbriga e pertence à época
romana imperial.
(2) Este mesmo motivo aparece em Gisela Richter, Catalogue of engraved
gems, Roma, 1956, est. XXXVI, n.° 243, numa pedra que a autora data do século m
ou ii a.C. — o que, certamente, é uma data demasiadamente recuada para a pedra
do anel de Conímbriga.

25
42 Elsa Ávila França

2 — Pedra de anel em vidro, oval, cor de vinho (quase lilás). A face superior,
levemente convexa, tem entalhada uma figura ambígua, um grifo ou, menos
provàvelmente, esfinge ou capricórnio.
Dimensões: D. 15 mm; d. 11 mm; espessura 2 mm.
Estado de conservação: completa, mas ligeiramente fragmentada num
dos bordos. Apresenta picado miúdo em toda a sua superfície.
Número do inventário geral: A 427(1).

3 — Pedra de anel, oval, em cornalina, alaranjada, de bordos talhados em bisel e


face superior levemente convexa. Tem gravada uma figura da Marte, de pé,
voltada para a direita, com o escudo na mão direita, a lança na esquerda e a
cabeça coberta com um capacete.
Dimensões: D. 17 mm; d. 11 mm; espessura 4,5 mm.
Estado de conservação: completa.
Número do inventário geral: A 424.
Mário Cardozo publicou já esta pedra (2).

4 — Pedra de anel oval, em vidro. Sobre uma mesa de vidro preto surge uma
segunda camada de vidro azul-cobalto claro com um peixe gravado, que nada
para a direita, muito mal impresso.
Dimensões: D. 13 mm; d. 11 mm; espessura 2,5 mm.
Estado de conservação: completo. O vidro apresenta picado miúdo
em toda a superfície e algumas crateras.
Número do inventário geral: A 423.
Mário Cardozo publicou já esta pedra, cuja figura interpretou como
um golfinho, atributo de Apoio, de Cibele, ou até de Neptuno (3).

Há outra pedra deste tipo embora o desenho não seja perceptível.

(1) Gisela M. A. Richter, ob cit., est. XLIX, n.os 390 e 391. A esfinge aqui
representada apresenta semelhanças com a figura de Conímbriga pois possui asas,
mas tem cabeça humana e corpo de leão. Na est. L, n.os 400 e 403, surge-nos gra­
vado o capricórnio com certa semelhança com a pedra de anel de Conímbriga.
Na est. L, n.os 397 e 398 surge o grifo que se mostra muito mais parecido com a figura
gravada na pedra n.° 2. Todos estes anéis não possuem uma datação precisa pois
são considerados como sendo da época imperial.
(?.) Mário Cardozo, «Pedras de anéis romanos encontradas em Portugal»,
Revista de Guimarães, LXXII, 1962, fig. 1. Gisela M. A. Richter, ob. cit., est. XLI,
n.os 294 e 298. Representa-se aqui Ares (Marte) ora vestido, ora não, porém não
exactamente igual ao da pedra n.° 3. Pertencem estas pedras de anel à época imperial.
(3) Mário Cardozo, art. cit., p. 160-161, fig. 5. Gisela M. A. Richter,
ob. cit., est. LXII, n.08 537 e 538. Não são exactamente iguais às de Conímbriga.
Pertencem à época romana imperial.

26
Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 43

5 — Pedra de anel oval, em ónix, castanho-âmbar, de face superior muito convexa.


Tem entalhada a figura de um pequeno quadrúpede a correr para a esquerda.
Dimensões: D. 11,5 mm; d. 9 mm; espessura 4 mm.
Estado de conservação: completa.
Número do inventário geral: A 426.
Foi publicada também já por Mário Cardozo, que considera esta figura
como um cavalo e põe a hipótese dela figurar como um atributo
do Sol ou da Aurora (1).

6 — Pedra de anel em ónix, oval, com dois tons de azul: azul-escuro (quase negro)
e azul-acinzentado. Esta é a cor da face superior, onde se encontra
gravada uma figura masculina, de frente, com bastão na mão esquerda e túnica
caindo do ombro direito.
Dimensões: D. 12 mm; d. 12 mm; espessura 2 mm.
Estado de conservação: incompleta e fragmentada, faltando a cabeça
e o ombro direito da figura.
Número do inventário geral: A 428.
Mário Cardozo publicou esta pedra, cuja figura interpretou como
Hércules, empunhando a clava na mão direita e a pele de leão na
esquerda (2).

7 — Pedra de anel em cornalina circular, vermelha, de lados talhados em bisel; tem


gravada a cabeça de um velho barbado voltado para a esquerda.
Dimensões: D. 13,5 mm; espessura 2,2 mm.
Estado de conservação: partida em dois pedaços e colada.
Número do inventário geral: A 422.

(1) Mário Cardozo, art. cit., pp. 160-161, fig. 4. Gisela M. A. Richter,
ob. cit., est. LXI. Citam-se aqui pedras de anel da época imperial figurando animais,
mas nenhuma exactamente igual à de Conímbriga.
(2) Mário Cardozo, art. cit., pp. 160-161, fig. 3. H. Gallet de Santerre,
«Circonscription de Languedoc-Roussillon», Gallia, XXIV (1966), p. 458, fig. 16.
A figura aqui representada de um velho barbudo não é exactamente igual à de Coním­
briga. Foi encontrada perto de uma vila romana em Aiguefer. Gisela M. A. Richter,
ob. cit., est. LXI, n.os 459 a 461. Todas estas pedras representam afigura de um
velho barbudo, porém a do n.° 461 é a mais parecida com a citada. Pertencem à
época imperial romana. Na estampa XXXIV, n.° 241 encontra-se igualmente a
figura de um velho barbudo gravada numa pedra, datada do século m a n a.C..
Esta peça de Conímbriga, aparecida sob os mosaicos do peristilo da casa dos repuxos,
não pode ser anterior aos inícios do século m, data que parece dever atribuir-se
a esses mosaicos.

27
44 Elsa Ávila França

BRINCOS

INTRODUÇÃO

Para bem compreendermos a evolução dos brincos (inaures na


denominação latina) temos de remontar à sua origem (1).
O costume de furar as orelhas e de aí colocar um aro de metal
veio do Oriente. Assim, egípcios e asiáticos usavam já os brincos
nas suas duas modalidades: o brinco rígido, de uma só peça, geral­
mente curta, e o brinco de pingentes. Em Chipre, todavia, nota-se
o aparecimento de uma nova modalidade de brinco — guarnição
metálica ricamente ornamentada, cinzelada ou decorada, seguindo os
contornos da orelha sobre a cartilagem. Tinha, por vezes, pingentes
que desciam até ao pescoço.
Do Oriente, os brincos transitam para a Grécia e Roma. Os gregos,
com o seu gosto muito requintado, permaneceram fiéis, durante muito
tempo, ao brinco rígido de proporções modestas: uma simples rodela
(ou escudo) ou um pingente. Porém, na época helenística e greco-
-romana vemos surgir as formas plásticas e complicadas, os conjuntos
de rosáceas e correntes e figuras de todos os géneros: animais, pássaros,
Eros, etc. Ao mesmo tempo, aplicam-se também na sua confecção
as pérolas e as pedras preciosas. No Baixo-Império Romano e no
tempo dos imperadores de Constantinopla os brincos tornam-se exage­
rados no seu formato, fazendo-nos lembrar, assim, a barbárie das
primeiras idades.
É de assinalar, todavia, que os homens não usavam brincos, quer
entre gregos, quer entre romanos, o que não sucedia nas civilizações
orientais. Igualmente gregos e romanos não se deixaram cair inteira­
mente nos exageros orientais, conservando sempre um gosto sóbrio.
Pelos autores latinos temos conhecimento do excessivo gosto que
as damas romanas tiveram pelas jóias, apesar das proibições da Lex
Oppia e da política de morigeração dos costumes, de Catão.

(1) Vide Cagnat e Chapot, Manuel d'Archéologie Romaine, Paris, 1920,


Tomo II, pp. 400 ss. e Saglio e Daremberg, Dictionnaire des Antiquités Grecques et
Romaines, voc. inaures

28
Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 45

Há uma característica essencial do brinco romano que o distingue


dos precedentes: a importância dada às pérolas e pedras preciosas.
Embora os gregos já as tivessem usado, visavam, porém, uma finali­
dade diferente ao servirem-se delas: valorizar a beleza do ouro e das
cinzeladuras pelo contraste das cores. Mas, com os romanos, a pérola
e a pedra preciosa tornam-se a parte essencial do brinco. No Império,
esta paixão pelas pérolas tornou-se grande loucura e causa de profundas
rivalidades.
Podemos considerar várias modalidades de brincos: uniones,
pérolas unidas num engaste; elenchi, pendentes em forma de pequenas
peras ou alabastros; crotalia, dois ou três conjuntos suspensos de cada
orelha e que, ao entrechocarem-se, faziam um certo barulho, o que deu
o nome a este conjunto. Os brincos com o aro em forma de cabeça
humana, ou de animal, ou com contas, aparecem ainda no Egipto e
Oriente no século n a.C. Porém, em Pompeia e Tebas, no período
de Augusto, sobrevive uma versão degenerada do brinco com cabeça
de animal. Nos séculos i e n d.C. era muito comum o brinco composto,
básicamente, por um pendente maçudo e aro em forma de S. O tipo
de forma esférica aparece súbitamente no século i d.C. e acaba no
século ii. É constituido por um hemisfério de ouro e aro em forma
de S, no dorso. Deriva dos brincos do período final da civilização
etrusca (1). No Baixo Império, os pendentes atingem enormes pro­
porções e são formados por várias correntes.
Os brincos foram, sem dúvida, das jóias mais procuradas pelas
damas romanas, nas suas diversas modalidades: simples pérola presa
por um fio, uniones, crotalia ou o modelo anular dos gregos, terminado
em cabeça de animal. A combinação mais complicada é o crescente-
-lunar do qual pende uma ânfora rodeada de correntes de natureza
diversa. Estes variados formatos de brincos podem ser observados
quer. directamente nos exemplares provenientes de Pompeia, quer,
indirectamente, através das pinturas desta cidade.

(1) Reynold Higgins, Greek and Roman Jewellery, pp. 40 ss.

29
46 Elsa Ávila França

DESCRIÇÃO

Brincos de bronze

1 — (Fig. 85) Fio de bronze, possivelmente dobrado em círculo e de extremidades


ponteagudas. Deveria ter provàvelmente um ornamento numa das extre­
midades.
Dimensões: D. 20 mm; d. 16 mm; espessura 1,5 mm.
Secção circular.
Estado de conservação: incompleto e torcido.

Há outro filamento deste tipo, mas mais pequeno (1).

2 — (Fig. 86) Brinco de bronze, de aro fitiforme, adelgaçando para as extremi­


dades. A extremidade mais larga tem uma pequena argola, formada pelo
enganchamento do aro e que, possivelmente, sustentaria um pendente.
Dimensões: D. 14 mm; d. 12 mm; espessura 1 mm.
Secção circular.
Estado de conservação: incompleto e partido em dois bocados.

Parece ser uma forma de brinco comum às épocas romana e


merovíngia (2).

3 — (Fig. 87) Fio de bronze, de aro fino e secção circular, dobrado em círculo e
com as extremidades enganchadas e entrelaçando-se mutuamente.
Dimensões: D. 17 mm; espessura 1,1 mm.
Secção circular.

(1) M. de Boiiard, «Circonscription de Haute et Basse Normandie», Gallia,


XXIV (1966), p. 264, fig. 10. Este brinco possui, como ornamento, uma espécie
de cubo. J. P. Bushe-Fox, Third report on the excavations on the site of the Roman
town at Wroxeter, Shropshire, Oxford, 1916, est. XXI, fig. I, n.° 8. Este achado da
época romana imperial possui um ornamento.
(2) J. Cl. Courtois, «Objects provenant d’un cimetiére protohistorique et
gallo-romain à Lanslevillard», Gallia, XIX (1961), p. 246, fig. 3. Este brinco romano
datado do século i ou n d.C. tem um pendente como adorno. Wolfgang Hübener,
«Schildformige gurtelhalften der Merowingerzeit in Spanien und Mitteleuropa»,
Madrider Mitteilungen, 3 (1962), p. 156, fig. 3. O aro deste brinco merovíngio apre-
senta-se fechado e mostra uma pequena argola nele introduzida.

30
Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 47

Estado de conservação: completo, mas com um dos ganchos partidos.


Número do inventário geral: A 408(1).

4 — (Fig. 88) Aro de bronze de uma extremidade mais larga e estreitando, progres­
sivamente, para a extremidade oposta. As extremidades sobrepõem-se.
Dimensões: D. 27 mm; d. 25 mm; espessura 2 mm a 1 mm.
Secção circular transformando-se gradualmente em D, que é a secção
da extremidade maior.
Estado de conservação: completo.

5 — (Fig. 89) Este brinco apresenta um formato idêntico ao do anterior, mas


menores dimensões. Está decorado com sulcos verticais, que parecem ter
revestido todo o aro, mas de que só são visíveis dois na extremidade mais
larga. Os extremos sobrepõem-se levemente. Parece ser oco.
Dimensões: D. 17 mm; d. 15 mm; espessura 2 a 1 mm.
Secção circular.
Estado de conservação: completo, mas com a extremidade afuselada
fragmentada.

Os brincos 4 e 5 são, possivelmente, da Idade do Ferro (2).

6 — (Fig. 91) Brinco de aro em forma de fio e cujas extremidades, de espessuras


diferentes, são menos grossas do que a parte central. Uma delas termina
num bico que parece encaixar no extremo da maior, que se apresenta orna­
mentada por uma série de sulcos formando 3 gomos pouco salientes.
Dimensões: D. 26 mm; d. 24 mm; espessura máxima 2 mm.
Secção circular.
Estado de conservação: completo, mas ligeiramente torcido.

Este tipo de brinco parece ser comum às épocas romana e visi­


gótica (3).

(1) Gratiano Nieto Gallo, «Los fondos visigodos del Museo Arqueológico
de Valladolid», Memorias de los Museos Arqueológicos Provinciales, III (1942),
est. LXXVI, n.° 2. É proveniente de urna necrópole visigótica com muitas reminis­
cências romanas e apresenta um pendente formado de contas enfiadas.
(2) Fernando Collantes de Terán, «La collección arqueológica municipal
de Sevilla», Memórias de los Museos Arqueológicos Provinciales, III (1942), est. LV,
n.° 2. É considerado como um achado pre-histórico. L. Lerat, «Circonscription
de Franche-Conté», Gallia, XXIV (1966), p. 353, fig. 10, n.° 26. É considerado como
sendo da Idade do Ferro. Margat e Cannus, «La nécropole de Bonia au Tafilalt»,
Bulletin d'Archéologie Marocainet III (1958-59), p. 367, est. VIL É considerado
como pertencente às populações berberes dos primeiros séculos.
(3) César Pires, «Sepulturas romanas de Bencafede», O Archeólogo Por­
tuguês, II (1896), p. 278. O fecho deste brinco romano apresenta maiores propor-

31
48 Elsa Ávila França

Brinco de Ouro

7 — (Fig. 90) Brinco fitiforme de ouro apresentando uma pequena argolinha na


parte exterior do círculo. O seu formato aproxima-se do do brinco n.° 2.
Dimenções: D. 18 mm; d. 17,2 mm; espessura 1,2 mm. Peso: 1010 mg.
Secção circular.
Estado de conservação: incompleto e partido no aro e na argolinha.

Este brinco é de época romana (1).

OS BRACELETES

INTRODUÇÃO

Os braceletes e, duma maneira geral, os anéis usados nos braços


e pernas são numerosos e encontram-se entre os povos mais antigos (2).
Na época neolítica usavam-se já braceletes de pectúnculo; todavia
a pouco e pouco, no Eneolítico e Bronze Inicial, vão-se utilizando
os metais, e, em plena Idade do Ferro, usa-se também o vidro (3).

ções do que o de Conímbriga. D. Fernando de Almeida, «Arte visigótica em


Portugal», O Arqueólogo Português, nova série IV, est. LX, fig. 332. Embora estes
dois brincos sejam do mesmo tipo do do brinco n.° 6, têm enfeites diferentes: uma
saliência cúbica, num, uma esfera ladeada por dois toros, no outro. Fernando
Jiménez de Gregorio, art. cit., p. 217, fig. 32. É considerado como um pendente
visigótico.
(1) Alejandro Ramos Folques, «Museo Municipal de Elche», Memorias
de los Museos Arqueológicos Provinciales, IX-X, (1948-49), est. XLVII, n.os 10 e 16.
Dois destes brincos têm pendentes e os outros dois não. São achados do Baixo
Império. Diz-nos o autor que o aro destes brincos se assemelha ao dos brincos
do Museu Nacional de Nápoles que Breglia classifica como sendo da época greco-
-romana.
(2) O leitor que desejar informar-se melhor sobre este assunto poderá con­
sultar Cagnat e Chapot, Manuel d'Archéologie Romaine, Paris, 1920, Tomo II,
p. 400 ss. e Saglio e Daremberg, Dictionaire des Antiquités Grecques et Romaines,
voc. anulus.
(3) Mário Cardozo, «Pulseiras antigas de vidro encontradas em Portugal»,
Revista de Guimarães, LXXI (1961), pp. 50 e ss.

32
Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 49

O mundo nórdico europeu (danubiano, renano e escandinavo)


deu uma notabilíssima civilização do bronze, onde é digna de nota a
ourivesaria geométrica nórdica e hallstática. Notas importantes desta
civilização são a falta do elemento figurativo e o comum elemento
geométrico (1).
O gosto pelos braceletes passou das gentes orientais para os gregos,
etruscos e romanos, cujas mulheres os usavam em todos os tempos e
condições. Foram também objecto de adorno masculino, embora em
menor proporção, já que constituiam sinal de efeminação e de luxo
exagerado. Houve, inclusivamente, imperadores que os usaram, como
Caligula, Nero, Heliogábalo, etc.
Várias foram as denominações dadas, tanto pelos gregos como
pelos romanos, aos braceletes, quer no respeitante às formas dos seus
ornamentos, quer à maneira como eram usados. Foquemos, par­
ticularmente, os nomes latinos; armilla era o termo mais usual; brachiale
ou torques brachiales et spinter eram braceletes usadas no antebraço;
porém a partir de Festus, passou a aplicar-se este nome ao bracelete
que se usava no braço esquerdo; dextrocherium ou dextrale era bra­
celete usado no braço direito; spatalium, o bracelete usado no braço
e no punho; periscelides, os braceletes que rodeavam as pernas, acima
do tornozelo. Em pinturas de Pompeia pode ver-se esta modalidade
de braceletes.
A maior parte das mulheres gregas usavam os braceletes quase
sempre nos dois braços e, por vezes, dois no mesmo braço; um no punho
e outro entre a espádua e o cotovelo. Traziam-nos também nas pernas.
Várias foram as modalidades e os formatos que os braceletes
revestiam. Houve, todavia, formas muito simples, comuns aos gregos,
etruscos e romanos. É o caso dos braceletes serpentiformes, enrolados
em espiral, com uma ou mais voltas, bem como dos que consistiam
num simples círculo plano, ou cilíndrico, ou num fio mais ou menos
extenso de metal. Alguns são abertos e aderem ao braço por simples
pressão; outros apresentam dois segmentos ocos cujas extremidades,
de grossura desigual, penetram uma na outra.
Na época romana, o tipo de bracelete serpentiforme difunde-se
rápidamente no século i a.C. na Itália meridional e está em ligação

(1) Giovanni Beccatti, Oreficerie Antiche dalle Minoiche alie Bar baric he,
1955, pp. 13 e 58.

33
4
50 Elsa Ávila França

com os braceletes serpentiformes egipcios, relacionados com o culto


de Isis e Serápis (1). Afirma-se, porém, a tendência a reduzir as
circunvoluções e acontece, às vezes, que a cauda da serpente é substituida
por urna segunda cabeça, que vem defrontar-se com a primeira, dei­
xando entre elas um pequeno intervalo. O aro podia ter, por vezes,
pingentes ou bulas.
No fim do Alto Império nota-se uma predilecção especial pelos
grossos fios de metal que se enrolavam juntos, em hélice, em volta de
um fio central (como no nosso bracelete n.° 9).
O ajustamento das duas extremidades fazia-se de muitas maneiras:
por anéis, ganchos, discos, cabeças de animais, ou por uma grande
gema.
Era notável também no Império o gosto que os Romanos tinham
pelos braceletes de medalhas geralmente com a efígie dos imperadores.
Outras vezes eram ornamentados com pedras preciosas.
No século iv surge um novo tipo de bracelete, depois muito em
voga na época bisantina — bracelete de trabalho manual (2).
Plínio fala-nos ainda de braceletes ocos onde se guardava uma
substância que servia de remédio, de amuleto ou veneno.
O calbeus ou galbeus, bracelete dado como recompensa aos mili­
tares, recebiam-no os soldados romanos, como prémio, das mãos do
seu general e, mais tarde, do imperador. Revestia a forma de três
espirais enroladas em volta do punho direito. No século n as armillae
eram reservados aos soldados e centuriões. É provável que os romanos
fossem buscar este costume aos Sabinos.
Os periscelides, braceletes que se usavam nas coxas ou nas pernas,
junto dos tornozelos, são bastante antigos, tão antigos como as mais
antigas civilizações orientais, e o seu uso passou para os gregos, etruscos
e romanos. Além de servirem de ornamento, eram também profilá­
ticos contra a infelicidade. A sua forma mais simples era a de um
fio ou fita, tendo, acidentalmente, uma pérola ou fila de pérolas ou
bolas na extremidade. Podia revestir o formato de um simples ou duplo
rosário de pérolas, mais ou menos grandes, ou ainda o de uma serpente.
Parece que os romanos restingiram o uso do periscelides às mulheres
e muito especialmente às cortesãs. Plínio designa-os por compedes.

(1) Giovanni Becatti, ob. cit.9 pp. 113 a 118.


(2) Reynold Higgins, Greek and Roman Jewellery, pp. 40 e ss.

34
Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 51

Os braceletes faziam-se de ouro, prata, bronze, ferro, marfim,


âmbar, coral, vidro, pasta vítrea, etc. Estes últimos materiais eram
enfiados, por vezes, em forma de pérolas ou de cilindros. O vidro,
muito usado na confecção dos braceletes bem como nas outras jóias
(contas de colar e anéis) passou a usar-se no Ocidente, em larga escala,
em plena Idade do Ferro, apesar do seu aparecimento a partir de meados
da Idade do Bronze (1).

Classificação tipológica dos braceletes.

Confrontando os braceletes existentes em Conímbriga podemos


considerar a existência de alguns grupos. Assim, nos braceletes de
bronze, formámos os seguintes grupos:

I — Braceletes de fecho em gancho (1 e 2)


II — Braceletes de fecho por torção (3-6 e 9)
III — Braceletes de aro com decoração linear (12-14)
IV — Braceletes de remate serpentiforme (18 e 19)

Quanto aos braceletes de vidro, podemos distinguir três formas


fundamentais:

I — Braceletes de aro liso e secção em D (24 e 25)


II — Braceletes de aro canelado (26-30)
III — Bracelete de aro torcido (31)

DESCRIÇÃO

Braceletes de bronze

1 — Bracelete de bronze de aro filiforme e fechando por meio de enganchamento


das extremidades, que penetram uma na outra.
Dimensões: D. 62 mm; d. 55 mm; espessura 2 mm.

(1) Mário Cardozo, «Pulseiras antigas de vidro encontradas em Portugal»,


Revista de Guimarães, LXXI (1961), pp. 50 e ss.

35
52 Elsa Ávila França

Secção circular.
Estado de conservação: completo, mas torcido.

2 — Formato idêntico ao anterior, mas de dimensões mais reduzidas.


Dimensões: D. 45 mm; d. 40 mm; espessura 1,6 mm.
Secção circular.
Estado de conservação: completo.

Este tipo de bracelete de aro filiforme e extremidades em forma


de gancho é comum a várias épocas: fim de Hallstatt, época de La Tène,
época galo-romana, época visigótica e época carolíngia (1).

3 — Bracelete de aro cilíndrico e fecho por torção, que ocupa um quarto da super­
fície de aro. Este estreita progressivamente para as extremidades.
Dimensões: D. 44 mm; d. 40 mm; espessura 2 mm.
Secção circular.
Estado de conservação: completo.

4 — O fecho deste bracelete filiforme apresenta as extremidades sobrepostas e


de pontas enroladas no aro. Ocupa cerca de um quarto da superfície total
do aro.
Dimensões: D. 37 mm; espessura 1 mm.
Secção circular.
Estado de conservação: completo mas muito decomposto.

5 — Bracelete de aro em forma de fio e fecho por torção, de extremidade em espiral.


Este ocupa uma pequena porção do aro, que adelgaça para as extremidades.
Dimensões: D. 55 mm; espessura 2 mm.

(1) René Joffroy, «La tombe à char de Pemant», Gallia, XXI (1963), p. 7,
fig. 8. É de ouro. Estes achados arqueológicos pertencem ao fim da época de
Hallstatt ou à de La Téne I. L. Lerat, «Circonscription de Besançon», Gallia,
XXII (1964), p. 387, fig. 16, n.° 8. Apresenta todavia ornamentos. Pertence a
uma sepultura da época de La Téne, a ou b. G. Farenc e A. Soutou, «Documents
inédits d’E. Cabié sur le Champ d’umes de Gabor», Ogam, XII (1960), p. 147, fig. 6,
n.° BB 26. Este bracelete pertence a um cemitério gaulês. François Eygun, «Cir­
conscription de Poitiers», Gallia, XIX (1961), p. 419, fig. 38. O autor considera-o
como um brinco. É de ouro e pertence a urna sepultura galo-romana. Femando
Jimenez de Gregorio, «Hallazgos en La Vega de Santa Maria en el término de Mese-
gar», Archivo Español de Arqueologia, XXXVIII, (1965), p. 184, fig. 17. O fecho
deste bracelete não é exactamente igual ao de Conímbriga. É um achado visigótico.
A. Roes, Vondsten Van Dorestad, 1965, est. III, n.° 19. Esta estação arqueológica
teve o seu apogeu na época carolíngia (séculos vni e ix) e parece ter deixado de existir
em 860 d.C.

36
Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 53

Secção circular.
Estado de conservação: completo mas em decomposição incipiente.
Número do inventário geral: A 404.

Este tipo de bracelete de aro filiforme e fecho por torção encontra-se


na época de La Tène III e por todo o período romano (1).
Há outra pulseira deste tipo.

6 — Este bracelete apresenta, igualmente, um fecho por torção e de extremidades


em espiral que ocupa pequena parte do aro. Este mostra decoração denticulada
aberta a cinzel, motivo este que se repete por três vezes intervaladas. Esta
ornamentação é idêntica à dos anéis n.os 43 e 44. O aro estreita para junto
do fecho.
Dimensões: D. 65 mm; d. 62 mm; espessura máxima 2,6 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: completo.

Bracelete romano dos séculos ii a iv d.C. (2).

7 — Bracelete de aro filiforme com uma protuberância afunilada junto de uma das
extremidades.
Dimensões: D. 60 mm; d. 55 mm; espessura 2 mm.
Secção circular.
Estado de conservação: incompleto (3).

(1) A. Beltran, Arqueologia Clásica, p. 85, fig. 38, n.° 17. É datado da época
de La Téne III. Tomás Gómez Infante, «Museo Arqueológico de Badajoz», Memó­
rias de los Museos Arqueológicos Provinciales, Madrid, 1942, est. VIII, n.° 1. É con­
siderado uma jóia pré-romana. G. S., «Objects recueillis dans le colecteur», Bulletin
d'Archéologie Marocaine, II, 1957. A maior parte dos objectos aqui encontrados
é romana. P. F. Foumier, «Circonscription de Clermont-Ferrand», Gallia, XXI
(1963), p. 491, fig. 12. John Ward, The Roman Era in Britain, Londres, p. 267,
fig. 76B. Não há uma delimitação exacta para a datação destes achados. São
considerados como sendo da época romana imperial. M. Adrien Bruhl, «Infor­
mations— XIVe circonscription historique», Gallia, XIV (1956), p. 264, fig. 5.
Este bracelete é galo-romano.
(2) Julian Grey, «Circonscription de Lyon», Galliay XVI (1958), p. 357,
fig. 11. É de ouro o brinco aqui apresentado semelhante a este bracelete de Coním­
briga e datado do século n a iv d.C. Mortimer Wheeler, London in Roman Times,
Londres, 1946, est. XL, n.° 4. Este bracelete pertence à época romana imperial.
British Museum, Antiquities of Roman Britain, Londres, 1958, p. 15, fig. 7, n.° 10.
A secção deste bracelete de ouro, datado do século ui d.C., é circular.
(3) J. Cl. Courtois, «Objects provenant d’un cimetière protohistorique et
gallo-romain à Lanslevillard (Savoie)», Gallia, XIX (1961), p. 247, diz-nos que os

37
54 Elsa Ávila França

8 — Pequeno fragmento dum bracelete, semelhante à cauda de uma serpente e,


daí, pertencer, possivelmente, à categoria dos braceletes serpentiformes. Falta-
-lhe, contudo, a outra extremidade, onde deveria estar a cabeça do animal.
Apresenta uma decoração linear, dividida em duas partes por três sulcos
centrais: uma junto da cauda, formando um ornamento em espinha; e outra,
ornamento em X.
Estado de conservação: muito incompleto; e daí a impossibilidade de
determinar o seu diâmetro.

9 — Bracelete de bronze de fecho por torção, de extremos em espiral, e cujo aro


se apresenta igualmente torcido. O fecho ocupa cerca de um quinto da super­
fície do aro.
Dimensões: D. 80 mm; espessura máxima 21 mm.
Estado de conservação: completo, mas muito decomposto.

Forma de bracelete comum ao final da Idade do Bronze, à do Ferro


e à época romana (1).

10 — Bracelete de aro boleado e aberto e de extremidades formadas por dois troncos


de pirâmide unidos por um cordão, na parte mais estreita, com os cantos ligei­
ramente boleados. Faz lembrar, pelo seu formato, um torques. A decoração
do aro é feita por um motivo que se repete por três vezes, de espaço a espaço:
sulcos paralelos e inclinados ladeados de outros em forma de ângulos agudos.
Dimensões: 65 mm; espessura 4 mm e 3 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: completo.
Número do Inventário Geral: A 398.

Há outro bracelete igual a este. Este tipo de bracelete manteve

braceletes filiformes são considerados como do fim da época de La Téne e começo


da época galo-romana.
(1) Pierre Durvin, «Le village protohistorique de Thivemy et son milieu
archéologique», Ogam, XIII (1961), p. 553, fig. 7. Este bracelete considerado como
sendo da época de Bronze, provàvelmente do Bronze Recente, não possui fecho
igual ao de Conímbriga. Odette et Jean Taffanei, «La nécropole hallstattienne
de Las Fados», Gallia, VI (1948), p. 7, fig. 9, n.° 62, Achado da época de Hallstatt.
Ernest Will, «Circonscription de Lille», Gallia, XXI (1963), p. 327, fig. 7. Este
bracelete encontrado num cemitério gaulês de Pemant, do período de La Téne I,
difere do de Conímbriga pelo seu fecho. Mortimer Wheeler, London in Roman
Times, Londres 1946, est. XL, n.° 6. O fecho difere do de Conímbriga e o fio
interior do aro é de ferro. É um achado da época romana imperial. W. Whiting,
W. Hawley e Thomas May, ob. cit., est. LVIII. O fecho é diferente. É um
achado da época romana imperial.

38
Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 55

a mesma forma durante várias épocas: fim da Idade do Bronze e Idade


do Ferro (1).

11 — Bracelete de aro laminar e de extremidades sobrepostas, uma mais estreita


do que a outra.
Dimensões: D. 50 mm; d. 48 mm; espessura 1,1 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: completo, mas torcido e carcomido.

Há mais um fragmento dum bracelete deste tipo. Esta forma de


bracelete parece ser comum a várias épocas: pré-romana, romana e
visigótica (2).

12 — Bracelete de aro laminar e extremidades sobrepostas com decoração linear:


sulcos verticais e oblíquos, que por vezes se cruzam. A altura diminui para
as extremidades.

(1) François Eygun, «Une cachette de fondeur de la fin de 1’Age du Bronze


à Challons (Vendée)», Gallia, XV (1957), pp. 82 e 83, ests. 6 e 7. Assemelham-se
ao bracelete de Conímbriga e pertencem ao fim da Idade do Bronze. Jean Jacques
Hatt, «Informations — XVIIIe Circonscription» Gallia, XII (1954), p. 488, fig. 4.
Há aqui alguns braceletes deste tipo, da época de La Téne I, porém não são orna­
mentados. Ernest Will, «Circonscription de Lille», Gallia, XXI (1963), p. 327, fig. 6.
É do mesmo tipo do de Conímbriga, embora não seja exactamente igual a este.
Pertence a um cemitério gaulês do período de La Tène I. L. Lerat, «Circonscription
de Besançon», Gallia, XXII (1964), p. 387, fig. 16, n.° 6 e 7. Não são ornamentados
e as extremidades, do mesmo tipo do bracelete n.° 10, não são exactamente iguais.
Estes braceletes foram encontrados numa sepultura do período de La Tène I, a ou b.
A. Beltran, Arqueologia Clássica, p. 82, fig. 35, n.° 7, 10 e 11, cita alguns braceletes
da época de La Téne I, porém não totalmente iguais ao de Conímbriga, embora
do mesmo tipo. Paul Wemert, «IIIe Circonscription», Gallia, XI (1953), p. 314,
fig. 5, n.° 3. O autor considera este achado da época de La Tène como um brinco,
cujo formato se assemelha ao de Conímbriga, porém com ornamentos e extremos
diferentes. Jerzy Potocki e Zenon Wozmak, «Les Celtes en Pylogne», Ogam, XIII
(1961), est. XXVI, fig. 2, n.os 1, 2 e 3. São datados do ano 300 a.C. ou da 1.a metade
do século in a.C. mas não são exactamente iguais a este.
(2) Tomás Gómes Infante, «Museo Arqueológico de Badajoz», Memorias
de los Museos Arqueológicos Provinciales, 1942, est. VIII, 1. É uma jóia hispânica
pré-romana. Heli Roosens, Quelques mobiliers funéraires de la fin de Vépoque
romaine dans le nord de la France, Brugge, 1962, est. Ill, n.° 9. As extremidades
deste bracelete, dos fins da época romana, são ornamentadas por círculos. Fer­
nando Jiménez de Gregorio, art. cit., p. 184, fig. 17. Este bracelete está incluido
entre os achados visigóticos.

39
56 Elsa Ávila França

Dimensões: D. 38 mm; d. 35 mm; altura 5 mm e 4 mm, espessura 21 mm.


Secção rectangular.
Estado de conservação: completo mas em decomposição.

13 —Bracelete de aro fitiforme com decoração linear: linhas oblíquas quase per­
pendiculares e paralelas entre si.
Dimensões: D. 44 mm; d. 38 mm; altura 3,5 mm; espessura 1,5 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: incompleto.

14 — Bracelete de aro em forma de fita e decoração linear: sulcos paralelos no sen­


tido da vertical, separados por um ornamento em forma de X ladeado por
quatro pequenos sulcos triangulares (2 de cada lado) abertos a cinzel.
Dimensões: D. 57 mm; d. 54 mm; altura entre 1,5 e 4,5 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação; incompleto e ligeiramente corroído.

Os braceletes de aro laminar com decoração linear parecem datar


da Idade do Ferro (1).

15 — Pequeno fragmento de bracelete de espessura laminar e aro recortado e com


círculos incisos no seu interior. Um sulco envolve a parte média do aro.
Dimensões: D. 60 mm; altura 5,8 mm; espessura 1,1 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: muito incompleto e em decomposição.

16 — Pequeno fragmento da extremidade de um bracelete, de espessura laminar,


com decoração linear denticulada. O aro vai adelgaçando para a extremi­
dade onde parece formar um pequeno gancho.
Dimensões: D. 6 mm (provável); altura 4 mm (máxima); espessura 1 mm.

(1) Bernhard Stumpel, «Bodendenkmalpflege-Bericht 1957/58», Mainzer-


zeitschrifty 54 (1959), p. 67, fig. 13. A secção do aro deste bracelete apresenta-se
em D, porém a sua ornamentação é idêntica à do bracelete n.° 14. O autor con­
sidera-o como da época de Hallstatt. M. Le Glay, «Circonscription de Grenoble»,
Gallia, XXII (1964), p. 541, fig. 49. Estes braceletes de aro fechado pertencem
a uma necrópole da época de La Tène. J. Cl. Courtois, «Objects provenant d’un
cimetière protohistorique et gallo-romain à Lanslevillard (Savoie)», Gallia, XIX
(1961), p. 247, fig. 5. Estes braceletes pertencem ao mobiliário funerário dum
cemitério do fim da época de La Tène e começo da época galo-romana. Jacques
Gourvest, «Les tumules du quartier de Beauregard», Ogam, XI (1959), p. 252,
est. XXXI, n.° 12. A necrópole a que pertence este bracelete estende-se desde a
l.a Idade do Ferro até à época merovíngia.

40
Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 57

Secção rectangular.
Estado de conservação: muito incompleto, torcido e em decomposição
inicial (1).

17 — Este anel de aro laminar apresenta um fecho curioso, onde as duas extremi­
dades do aro se podem mover uma sobre a outra.
Dimensões: D. 46 mm; d. 42 mm; altura 5 mm; espessura 1 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: incompleto.

Trata-se de um achado romano, possivelmente do Baixo Impé­


rio (2).

18 — Pedaço de bracelete serpentiforme de aro laminar. Este apresenta, na extre­


midade, os contornos de uma cabeça de serpente, achatada, vista de perfil
com um orifício circular (o olho) rodeado por sulcos angulares. Desta cabeça
sai o aro, mais saliente, ornamentado por pequenos sulcos, abertos a cinzel,
formando uma espécie de espinha.
Dimensões: D. 75 ou 80 mm; altura 3,5 mm; espessura 1,5 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação; muito incompleto.

19 — Bracelete serpentiforme e de aro em forma de fita. A extremidade mostra-nos


também a cabeça achatada de uma serpente, mas vista de frente, e parte do
corpo: um sulco marca-lhe a parte média e, de cada lado deste, um orifício
indica o olho. Seguem-se-lhe sulcos triangulares abertos a cinzel descrevendo
uma espécie de espinha. Seguidamente, vê-se o aro do bracelete decorado,
de onde a onde, por sulcos verticais e paralelos; na ligação deste com a ser­
pente vemos porém um ornamento em X, entre duas estrias verticais, e dois
sulcos angulares, abertos a cinzel, ladeando o aro e dentro do mesmo X.
Dimensões: D. 60 mm; altura 6 mm; espessura 1,5 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: incompleto.

(1) James Laver, Costume in Antiquity, p. 17, n.° 1. Este bracelete da Idade
do Bronze, embora apresente as extremidades análogas à do bracelete n.° 16, possui,
todavia, o aro cilíndrico. Mortimer Wheeler, London in Roman Times, Londres,
1946, p. 102, fig. 31, n.° 2. Embora não seja exactamente igual ao bracelete citado
anteriormente, o seu processo de fechar parece idêntico. É um achado romano.
(2) J. P. Bushe-Fox, Second Report on the Excavation of the Roman Fort
at Richborough, Kent, 1928, est. XXII, n.° 63. O seu aro apresenta-se todavia
decorado. É um achado romano. Giinter Ulbert, «Spátrõmische Skelettgràber
aus Wessling... Vilshofen», Germania, 41 (1963), est. 23. Parece ser idêntico ao
bracelete de Conímbriga. Está datado como sendo do Baixo Império Romano.

41
58 Elsa Ávila França

Estes braceletes serpentiformes são muito comuns na época imperial


romana (1).

20 — Fragmentos de uma cadeia de bronze com pedras a omamentá-la que deveria


ser do tipo do bracelete n.° 22. Há somente dois pedaços desta corrente:
um deles, que deveria fazer parte do aro, apresenta duas pedras de vidro,
cilíndricas, sobrepostas, sendo uma preta e uma verde; o outro, que perten­
ceria, possivelmente, a uma das extremidades, tem uma pedra vítrea, preta,
troncocónica e maior do que as outras já citadas. Deveria ser um pingente
que cairia junto do fecho.
Estado de conservação: muito incompleto.

Bracelete de Prata
21 — Este bracelete de aro cilíndrico apresenta a extremidade em forma de dois
segmentos esféricos sobrepostos e encimados por um toro. O último destes
segmentos tem num orifício central onde penetraria, certamente, a outra extre­
midade aguçada do bracelete, que não existe.
Dimensões: D. 45 a 50 mm; d. 35 mm; espessura 1,5 mm.
Secção circular.
Estado de conservação: muito incompleto e partido em três pedaços.

Há mais dois fragmentos de fio de prata, circulares, talvez per­


tencentes a braceletes do mesmo tipo.
Parece tratar-se de um achado do Baixo Império Romano ou
da época visigótica (2).

Bracelete de Ouro e Pedras


22 — Cadeia de elos de ouro decorada, de onde a onde, por contas discóides de
vidro, de cor verde sombria. Uma das extremidades termina num gancho,
e a outra, num pingente troncocónico, de cor vermelho-sombria.

(1) Cagnat et Chapot, Manuel d'Archéologie Romaine, II, 1920, p. 401,


fig. 592, n.° 2. É um achado romano. Anita Biittner, «Figurlich verzierte Bronzen
vom Kastell Zugmantel», Saalburg-Jahrbuch, XX (1962), est. 3, n.° 2. Esta estação
arqueológica estende-se dos fins do século i ao século hi d.C. J. Coupry, «Circons-
cription de Bordeaux», Gallia, XXIII (1965), p. 419, fig. 13. É um achado do Baixo
Império Romano.
(2) Giinther Ulbert, art. cit., est. 23. Ê de bronze este bracelete e datado
do Baixo Império Romano. Fernando Jiménez de Gregório, art. cit., p. 184, fig. 17.
Este bracelete visigótico, de tipo semelhante ao bracelete n.° 21, é de bronze.

42
Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 59

Dimensões: comprimento 155 mm.


Estado de conservação: falta a maior parte das contas.
Número do inventário geral: A 399.

Há ainda dois fragmentos de um bracelete de ouro, deste mesmo


tipo; possivelmente, um deles corresponde a uma extremidade. Têm
de comprimento 22 e 11 mm. No fragmento maior vemos uma pedra
de vidro, branca, mas muito desvitrificada. Pode datar-se da época
romana imperial (1).

Bracelete de Osso
23 — Pequeno fragmento de bracelete de osso, fitiforme, cuja decoração consiste
num profundo sulco central a envolver o aro e linhas oblíquas e paralelas,
de cada lado deste, formando num enfeite espiniforme.
Dimensões: D. 80 mm; altura 6 mm; espessura 2,5 mm.
Cor castanho-acinzentada.
Secção rectangular.
Estado de conservação: incompleto.

Deve tratar-se dum bracelete do século n d.C. (2).

Braceletes de Vidro
24 — Bracelete de vidro negro e opaco, liso, convexo exteriormente e plano do
interior.
Dimensões: D. 70 mm; altura 8 mm; espessura máxima 5 mm.
Secção em D.

(1) J. L. de Vasconcellos, «Apêndice —II — Sepultura de Santa Menina


(Fundão)», O Archeologo Português, XXII, (1917), p. 338, fig. 34. As pedras e o
fecho deste bracelete romano são diferentes dos do n.° 22. Manuel Heleno, «O tesouro
da Borralheira (Teixoso)», O Arqueólogo Português, nova série, II (1953), pp. 226-227,
fig. 1, n.° 1. Trata-se de um colar da época imperial romana, de tipo semelhante
ao deste bracelete. Giovanni Becatti, Oreficerie antiche dalle minoiche alie bar-
barichey 1955, est. CXLVII, n.° 523. O colar aqui citado apresenta-se do mesmo
tipo do bracelete considerado anteriormente. Está datado do século i a.C. ao
século ii d.C..
(2) Nino Lamboglia e Anna Siccardi, «Nuovi scavi nelle necropoli romana
del Marte ad Albenga», Rivista Ingauna e Intemelia, XIV, (1959), p. 68, fig. 10, n.° 5.
Embora de bronze, este bracelete, datado do século n d.C., apresenta-se semelhante
ao de Conímbriga.

43
60 Elsa Ávila França

tstado de conservação: incompleto e fragmentado. O vidro apresenta


algumas crateras, picado incipiente e um começo de irisão dourada.
Número do inventário geral: A 402.

Existem ainda fragmentos de mais cinco braceletes deste tipo e


cujas alturas variam entre 9 e 7 mm, os diâmetros entre 50 e 70 mm
e a espessura entre 5 e 6 mm.

25 — Bracelete de vidro negro e opaco de formato idêntico ao n.° 24 mas de maiores


dimensões. Uma das bases é mais espessa do que a outra.
Dimensões: D. 60 mm; altura 14,5 mm; espessura 6,2 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: incompleto. O vidro está bem conservado.

Há mais dois fragmentos de braceletes de vidro deste tipo cujas


alturas são de 12,6 e 13 mm, os diâmetros de 50 e 60 mm e as espes­
suras máximas de 5,2 mm e 4 mm.
Este tipo de bracelete de aro em D e liso é romano. Pertence
ao grupo 21 de Haevermick (1).

26 — Bracelete de vidro negro e opaco, de aro canelado e cujos gomos se apresentam


muito fundos e pouco inclinados.
Dimensões: D. 60 mm; altura 11,5 mm; espessura máxima 6,5 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: incompleto. O vidro mostra irisão multicolor,
predominantemente dourada, além do desgaste causado pelo uso.

Há mais dois braceletes deste tipo incompletos com 9 mm e 11 mm


de altura, 60 mm de diâmetro e 3 mm de espessura máxima.

27 — Os gomos deste bracelete de vidro negro e fosco e aro canelado apresentam-se


pouco salientes e muito inclinados, e o sulco que os separa, muito aberto.
O interior do aro é levemente côncavo.
Dimensões: D. 60 mm; altura 10 mm; espessura máxima 6 mm.

(1) Otto Kuntel, «Zur Frage Keltischer Glasindustrie», Germania, 39 (1961),


est. 44, n.° 9 e 13 a 16. O autor coloca estas pulseiras no grupo 21 da classificação
de Haevemick. Mortimer Wheeler, London in Roman Times, Londres, 1946, est. XL,
n.° 3. O bracelete romano aqui citado é de piçarra ou azeviche. Mário Cardozo,
«Pulseiras antigas de vidro encontradas em Portugal», Revista de Guimarães, LXXI
(1961), est. III. Trata-se de um achado lusitano-romano.

44
Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 61

Secção quase em D.
Estado de conservação: incompleto. O vidro apresenta picado incipiente
e irisão multicolor, predominantemente dourada.

28 — Bracelete de vidro negro opaco, de aro canelado e cujos gomos não apresentam
disposição uniforme, chegando uma das partes do aro a ser quase lisa.
Dimensões: D. 50 mm; altura 11 e 11,5 mm; espessura máxima 7,2 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: incompleto. O vidro possui irisão multicolor,
predominantemente dourada, e picado incipiente.

29 — Bracelete de vidro negro opaco, de aro canelado e cujos gomos se apresentam


muito profusos e verticais. São pouco pronunciados.
Dimensões: D. 60 mm; altura 11 mm; espessura máxima 5,1 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: incompleto e com crateras e picado miúdo
intenso em toda a superfície.

30 — Este bracelete de vidro negro e opaco mosttfa-se profusamente coberto de gomos


estreitos e salientes, dispersos verticalmente. A parte média deste fragmento
é mais larga do que as extremidades.
Dimensões: D. 50 mm; altura 11 mm a 9,5 mm,; espessura 6 mm.
Secção plano-convexa.
Estado de conservação: incompleto e com picado variado em toda a
superfície.

Os braceletes de vidro, de aro canelado, são romanos e estão inclui­


dos no grupo II da classificação de Haevernick (1).
31 — Bracelete de vidro negro fosco de aro torcido.
Dimensões: D. 60 mm; altura 9 mm; espessura 4,8 mm.
Secção plano-convexa.
Estado de conservação: incompleto; o vidro apresenta estrias superficiais
e picado miúdo incipiente.

Parece ser do final da Idade do Ferro (2).

(1) Mortimer Wheeler, London in Roman Times, Londres, 1946, est. XL, n.° 2.
Este achado romano é de piçarra. W. Whiting, W. Hawley e Thomas May, ob. cit.,
est. LV; não se encontra datado com exactidão este achado arqueológico; os autores
citam-no como sendo da época romana imperial. Mário Cardozo, art. cit., est. I e IV.
São achados lusitano-romanos. Werner Kramer, «Fremder Frauenschsmuck aus
Manching», Germania, 39 (1961), est. 39, fig. 2. Pertence ao grupo II da classificação
de Haevemick.
(2) A. Beltran, Arqueologia Clásica, p. 84, fig. 37, n.° 13. Este bracelete
está datado da época de La Téne II.

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62 Elsa Ávila França

OBJECTOS DE INTERPRETAÇÃO DUVIDOSA

1 — (Fig. 84) Pendente ornamental de bronze em forma de chouriço que, possivel­


mente, deveria fazer parte duma xorca.
Dimensões: D. 16 mm; espessura 8 a 4 mm.
Secção quase circular.
Estado de conservação: incompleto.

Há dúvidas sobre a possível datação das xorcas, pois não se sabe


se serão de Idade do Bronze, se da Idade do Ferro (1).

2 — (Fig. 92) Não sabemos ao certo se se trata propriamente de um brinco ou de


um pendente de um brinco, colar ou bracelete. É em ouro e com forma de
chouriço.
Dimensões: D. 14 mm; espessura máxima 3,5 mm. Peso: 1950 mg.
Secção em D.
Estado de conservação: incompleto e partido nas extremidades.
Número do inventário geral: A 279(2).

3 — (Fig. 93) Pedra de vidro translúcido, azul ultramarino, em forma de gota


e que deveria estar incrustada nalgum pendente de brinco (ou colar).
Dimensões: comprimento 15 mm; largura 9,5 mm; espessura máxima
4,8 mm.
Secção em D.

(1) José Leite de Vasconcellos, O Archeólogo Português, XXIV, (1919),


p. 100, fig. a e b. O autor diz-nos que estes pendentes de bronze, datados da época
do Ferro, se colocavam nas xorcas e não eram arrecadas, como pretendia Santos
Rocha, Portugalia, I (1898-1903), p. 593, fig. 2. Cita igualmente na p. 106, est. XXVIII
fig. 1, dois pendentes deste tipo, da Idade do Ferro, actualmente no Museu Etnoló­
gico e sendo um deles de Conímbriga. J. L. de Vasconcellos, «Antiguidades do
Alentejo», O Archeologo Português, XXVIII (1929), p. 177, fig. 41. Existe aqui uma
xorca de bronze, da Idade do Ferro, com pendentes semelhantes a este. Segundo
o autor, as xorcas deste tipo datam dos fins da Idade do Ferro. Fernando Nunes
Ribeiro, O bronze meridional português, Beja, 1965, contesta a ideia de Leite de
Vasconcelos atribuindo a xorca de bronze não à Idade do Ferro II, mas sim à Idade
do Bronze. Diz ainda que o próprio Vasconcelos se contradiz dentro do mesmo
volume XXIV de O Archéologo Português, pois na p. 193 e segs. considera-as como
sendo da época do Ferro.
(2) John Ward, The Roman Era in Britain, Londres, p. 267, fig. 76 T. O brinco
apresentado aqui pelo autor assemelha-se ao de Conímbriga. É de prata. Só depois
de estar enfiado na orelha é que se apertava e era, então, usado permanentemente.

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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 63

Estado de conservação: completa mas com crateras e picado miúdo


intenso (1).

4 — (Fig. 94) Pingente de ouro formando duas volutas afrontadas, encimadas


por uma argola oval. Um sulco fundo descreve a parte média desta argola.
Dimensões: comprimento 12 mm; largura 8 mm; espessura 0,9 mm;
comprimento da argola 5 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: completo e intacto, mas de extremidades leve­
mente torcidas (2).

(1) James Laver, Costume itt Antiquity, p. 108, n.° 3. Encontramos aqui
um brinco com pingentes onde se nota a existência de pedras com o feitio desta.
(2) Joaquina Eguaras, «Museo Arqueológico de Granada», Memorias de
los Museos Arqueológicos Provinciales, III-IV (1942), est. XXXVII, n.° 2. É consi­
derado como um pendente de colar visigótico de formato semelhante ao de Conímbriga.

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64 Elsa Ávila França

DISTRIBUIÇÃO DOS ACHADOS POR ZONAS

Anéis

Casa dos repuxos (palácio extramuros): 9, 73


Zona B: 4
Grandes Termas do Sul: 1-3, 10, 16, 19-21, 24, 29, 30, 33, 35, 38, 39, 41, 46,
49-51, 54, 58, 63, 70, 83.
Zona E: 23, 32, 44, 82.
Colector: 42
Bico ocidental da muralha: 43.

Pedras de anel

Casa dos repuxos: 2, 7


Grandes Termas do Sul: 1

Brincos

Grandes Termas do Sul: 3, 5


Zona B: 4

Braceletes

Casa dos repuxos: 4, 12


Grandes Termas do Sul: 3, 7, 11, 16, 18, 23, 27, 28, 31.
Zona E: 9, 24, 26, 29.

Elsa Ávila França

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Est. I
(Página deixada propositadamente em branco)
Est. II
(Página deixada propositadamente em branco)
Est. Ill
(Página deixada propositadamente em branco)
Est. IV
(Página deixada propositadamente em branco)
Est. V

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