Aneis, Braceletes e Brincos de Conimbriga
Aneis, Braceletes e Brincos de Conimbriga
Aneis, Braceletes e Brincos de Conimbriga
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ANÉIS, BRACELETES E BRINCOS
DE CONIMBRIGA
ANÉIS
INTRODUÇÃO
(1) O leitor que desejar elucidar-se melhor sobre este assunto poderá con
sultar Cagnat e Chapot, Manuel d'Archéologie Romaine, Paris, 1920, tomo II,
p. 400 e ss. e Saglio e Daremberg, Dictionaire des Antiquités Grecques et Romaines,
voc. anulus.
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(1) Giovanni Becatti, Oreficerie antiche dalle Minoiche alie barbariche, Roma,
1955, pp. 113 a 118.
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 21
DESCRIÇÃO
Anéis de bronze
1 — Fio de bronze dobrado em círculo, fechando por torção das extremidades.
Esta torção ocupa, aproximadamente, 1/5 da superfície total do aro.
Dimensões: D. 13 mm; d. 12 mm; espessura 1,1 mm(l)
Secção circular.
Estado de conservação: completo.
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3 — Anel de aro filiforme cujo fecho é constituido por dois filamentos enrolados
em espiral e separados por uma porção de aro. Este fecho ocupa aproxima
damente 1/4 da superfície daquele.
Dimensões: D. 17 mm; espessura 1 mm.
Secção circular.
Estado de conservação: completo, mas em decomposição.
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 23
6 — Anel de extremidades abertas, mas achatadas e mais largas que o resto do aro.
Parecem ter tido a ornamentá-las dois sulcos, de cada lado, mas muito pouco
perceptíveis.
Dimensões: D. 21 mm; d. 20 mm; altura 4 mm.
Estado de conservação: completo, mas de extremidades fracturadas.
Secção circular.
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10 — Tal como o anel n.° 5, fecha por sobreposição das extremidades; o aro é todavia
fitiforme.
Dimensões: D. 19 mm; d. 18 mm; altura 3,5 mm; espessura 0,5 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: completo mas torcido.
na l.a Idade do Ferro (séculos ii e i a.C). P.e Francisco Manuel Alves, «O Castro
de Sacoias», O Archeologo Português, XII (1907), p. 268, fig. 4.a. Neste castro
existe também cerâmica dos primeiros séculos da nossa era. Wemer Krámer,
Cambodunumforschungen 1953 — /, 1957, est. 16, n.° 9. Esta estação arqueológica
vai dos inícios do século i d.C. a meados do século m. Femando Jiménez de Gre
gorio, «Hallazgos en la Vega de Santa Maria, en el término de Mezegar», Archivo
Español de Arqueologia, XXXVIII, (1965), p. 214, fig. 25. Está incluido entre os
objectos visigóticos e romanos de El Palomar. Michel Brézillon, «Cimetiére méro-
vingien à Nitry (Yonne)», Gallia, XXII (1964), p. 258, fig. 4.
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Anéis, braceletes e brincos de Conimbriga 25
Secção quadrangular.
Estado de conservação: completo, mas de extremidades levemente
fragmentadas.
16 — Anel de mesa rectangular saliente e aro boleado, que vai estreitando progres
sivamente a partir da mesa para a parte posterior do anel.
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18 — Anel de mesa circular saliente, cujo aro, de rebordos finos, diminui para a
parte posterior do mesmo.
Dimensões: D. 7 mm (mesa); D. 18 mm (aro); altura (máxima) 6 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: incompleto, torcido e em decomposição.
19 — Anel de mesa elíptica, plana, ao nível do aro, que vai estreitando levemente
para a sua parte posterior. Apresenta uma curvatura quase quadrangular.
Dimensões: altura da mesa 10 mm; D. 25 mm; altura (máxima) 8 mm;
espessura 3 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: completo, porém em decomposição incipiente.
(1) Teria este anel possuido uma pedra colada na mesa? Com efeito,
em Antiquities of Roman Britain (British Museum) vemos um anel deste tipo, porém
de mesa losangonal e com uma pedra colada. Está incluído no grupo A da classi
ficação de anéis aí contida e datado do século n d.C.. Igualmente, J. P. Bushe-Fox,
Third Report on the excavations on the Roman town at Wroxeter, Shropshire, Oxford,
1916, est. XVIII, n.os 28 e 29, cita dois anéis deste tipo, porém, um com uma orna
mentação gravada, e o outro com uma pedra colada. O anel gravado está datado
dos fins do século i e começos do século n e o anel de pedra proveio da zona VI,
datada da 2.a metade do século u a fins do século iv.
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 27
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28 Elsa Ávila França
Dimensões: altura da mesa 6 mm; altura do aro 3,2 mm; espessura 1 mm;
D. 20 mm; d. 17 mm.
Estado de conservação: completo, mas decomposto.
27 — Anel de aro fitiforme com decoração linear incisa: linhas verticais e oblíquas,
dispostas irregularmente, e atingindo o aro nos seus dois bordos.
Dimensões: D. 20 mm; d. 15 mm; altura 3 mm; espessura 1 mm.
Estado de conservação: incompleto.
28 — Anel de aro fitiforme com decoração linear incisa: linhas verticais e oblíquas,
que ora atingem ora não, os bordos do aro.
Dimensões: D. 15 mm; altura 3 mm; espessura 0,7 mm.
Estado de conservação: incompleto.
33 — Anel de aro laminar com decoração linear incisa: um sulco profundo envolve
o anel na sua parte média.
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 29
34 — Anel de aro em forma de fita, aberto, cuja decoração linear incisa é constituida
por dois sulcos incisos que contornam o aro, nos seus dois bordos. A parte
média é levemente boleada.
Dimensões: D. 20 mm; altura 3,8 mm; espessura 0,5 mm.
Estado de conservação: completo.
36 — Anel de aro fitiforme e circular, fechado, cuja decoração incisa linear é cons
tituida por uma série profusa de linhas verticais cortadas, na sua parte média,
por um sulco longitudinal que contorna o aro.
Dimensões: D. 20 mm; altura 2 mm; espessura 0,8 mm.
Estado de conservação: completo, mas partido.
37 — A decoração deste aro em forma de fita é constituída por dois sulcos que envol
vem a parte média do aro e por estrias oblíquas profusas, partindo daqueles
para os bordos do aro.
Dimensões: D. 18 mm; d. 14 mm; altura 3 mm; espessura 1,8 mm.
Estado de conservação: incompleto, fragmentado e em decomposição.
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38 — Este anel de espessura laminar apresenta uma decoração linear incisa cons
tituida por uma série de estrias verticais, dispostas irregularmente, cortadas
na sua parte média por dois sulcos longitudinais.
Dimensões: D. 20 mm; altura 3 mm; espessura 1 mm.
Estado de conservação: completo, mas partido em dois pedaços e torcido.
(1) Gisela M. A. Richter, Catalogue of engraved gems, Roma, 1956, est. LXV,
n.° 598. Este anel apresenta, todavia, uma inscrição pontilhada na mesa e está
integrado nos anéis romanos com inscrição dos séculos i a.C. a iv d.C.
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 31
50 — Anel de mesa oval e de asas salientes com decoração linear: 3 linhas verticais
ladeando a mesa. Esta apresenta também uma ornamentação constituida
por 3 linhas, formando entre si ângulos. O aro fecha pela sobreposição das
extremidades, arredondadas.
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52 — Anel de mesa elíptica soldada ao aro e com decoração linear: 9 incisões dis
postas oblíqua e irregularmente (umas rectas e outras curvas).
Dimensões: D. 16 mm; altura da mesa 8 mm; altura do aro 2 mm;
espessura 1 mm.
Secção do aro em D quase imperceptível.
Estado de conservação: completo.
54 — Anel de aro boleado, fechado, e mesa oval com decoração figurativa esque
mática, aberta a cinzel, de interpretação muito duvidosa: um pontilhado con
torna a mesa e, no interior deste, a figura do que nos parece ser uma ave, cuja
cabeça é formada por um círculo com uma espécie de resplendor e o corpo por
traços ramificados. As asas da mesa estão ornamentadas por dois traços
verticais e aspas. O aro adelgaça para a parte posterior.
Dimensões: D. 24 mm; altura da mesa 10 mm; espessura 2 mm (máxima).
(1) O anel apresentado por Reinhart, art. cit., p. 176, fig. 3, n.° 59, tem um
formato semelhante ao deste anel, porém a mesa possui uma cruz a omamentá-la.
Está incluído no grupo de anéis visigóticos procedentes de necrópoles de Espanha.
(2) Mendes Correia, «A necrópole de Parada Todeia», O Archeologo Por
tuguês, XXVI (1923-24), p. 9, fig. 7. Há aqui um anel ornamentado com uma ave
cujos contornos se aproximam da do n.° 53. Segundo o autor, esta ave lembra
os palmípedes estampados na cerâmica pré-romana de Sabroso, os motivos zoomór-
ficos das fíbulas de La Tène I e as pinturas de aves na cerâmica ibérica da 2.a idade
do ferro do SE espanhol.
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 33
Secção em D.
Estado de conservação: completo
Número do inventário geral: A 409.
55— Anel de mesa oval, plana, cuja ornamentação é constituida por um motivo
de interpretação duvidosa no qual pretendemos ver um peixe muito esquema
tizado; duas linhas curvas formam o corpo; duas linhas em X, a cabeça e
um ponto, o olho. Um pontilhado contorna a parte superior e inferior
da mesa. O aro em forma de fita apresenta, posteriormente, um enfeite em
aspas.
Dimensões: D. 16 mm; (provável); altura da mesa 6,5 mm; altura do
aro 2 mm; espessura 0,9 mm.
Estado de conservação: incompleto.
56 — Anel de mesa circular decorada com cinco S, dispostos em cruz, sendo três
deles separados por dois pontos. As asas, separadas do resto do aro, revestem
a forma de uma folha, contornada por um sulco. O aro está fechado.
Dimensões: D. 23 mm; altura da mesa 11 mm; altura do aro 3 mm;
espessura 1,5 mm.
Estado de conservação: completo, mas fragmentado numa das asas.
Secção rectangular.
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34 Elsa Ávila França
57 — Anel fitiforme, cujo aro, fechado por soldadura, apresenta letras gravadas,
rodeadas por alguns pontos, formando dois grupos distintos separados por
duas palmas. É possível que estas letras não façam sentido. Num dos grupos
parecem ver-se as seguintes letras: NXIIN — e no outro XN (ou H) XHX.
A letra II tanto pode ser um H, como um E, pois que o E cursivo represen-
tava-se, precisamente, por dois traços verticais (1). Se voltamos o aro ao
contrário, a ordem destas letras passa a ser a inversa.
Dimensões: D. 20 mm; d. 17,5 mm; altura 5 mm; espessura 0,6 mm.
Estado de conservação: completo, mas aberto.
58 — Anel de mesa elíptica, saliente em relação ao aro boleado (2,5 mm) e com a
seguinte inscrição: AVE. O aro vai diminuindo para a sua parte posterior.
Dimensões: D. 25 mm; altura da mesa 10 mm; altura do aro (máxima)
8 mm; espessura 4 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: incompleto.
61 — Este anel de mesa oval e achatada apresenta igualmente uma decoração cruci
forme: cruz simples com um ponto em cada extremidade. Encontram-se
mais dois pontos, um de cada lado do aro, junto da mesa. Este é aberto e vai
estreitando levemente para as extremidades arredondadas.
Dimensões: D. 20 mm; d. 18 mm; altura da mesa 8 mm; altura máxima
do aro 5 mm; espessura da mesa 1,1 mm; espessura do aro 1 mm
a 0,5 mm.
(1) René Cagnat, Cours d'Épigraphie Latine, Paris, (1914), pp. 3 e ss.
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 35
Secção do aro em D.
Estado de conservação: incompleto, pois tem uma das extremidades
partidas (1).
62 — Anel de mesa oval, com incrustação que já não existe. O aro, boleado, vai
adelgaçando progressivamente para a parte posterior.
Dimensões: D. 18 mm; altura da mesa 7 mm; altura do aro 1,5 mm;
espessura do aro 1 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: incompleto e partido.
63 — Tal como o anel anterior, apresenta uma mesa elíptica com incrustação, que
desapareceu. O aro fechado vai diminuindo de altura para a sua parte pos
terior.
Dimensões: D. 16 mm; altura mínima do aro 2 mm; espessura
máxima 1,8 mm.
Secção do aro em D.
Estado de conservação: incompleto, pois falta-lhe a pedra.
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66 — Anel com remate em forma de lira e aro fitiforme. Faz-nos lembrar pelo
seu formato os anéis de chave romanos.
Dimensões: D. 20 mm; altura do aro 1,9 mm; espessura 1,2 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: incompleto e em decomposição (2).
Anel de latão
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 37
69 — Anel de aro fitiforme aberto, com decoração floral aberta a cinzel: malmequeres
separados por aspas pontilhadas; de cada lado do malmequer, 4 pontos formam
uma espécie de losango; duas folhas losangonais compridas contornam as
aspas, ora no interior ora no exterior destas; entre as aspas, vários pontos des
crevem dois losangos com um ponto central.
Dimensões: D. 20 mm; altura 7 mm; espessura 1 mm.
Estado de conservação: completo.
Número do inventário geral: A 407.
Anel de prata
70 — Anel de aro fitiforme, simples e fechado, cuja altura não se mantém uniforme.
É do mesmo tipo do anel de bronze n.° 9.
Dimensões: D. 20 mm; altura máxima 3 mm; espessura 1 mm.
Estado de conservação: completo.
Número do inventário geral: A 413.
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38 Elsa Ávila França
72 — Anel de prata com pedra vítrea convexa, verde-gelo, incrustada numa caixa
da forma elíptica, com fundo horizontal e paredes convergentes. O aro de
espessura laminar encontra-se decorado por dois sulcos incisos, longitudinais,
rodeados por uma espécie de espinhos.
Dimensões: D. 20 mm; d. 18 mm; altura do aro 3 mm; espessura 1 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: completo, mas partido. A pedra encontra-se
em mau estado de conservação: fragmentada e com crateras,
picado miúdo e intenso e irisão prateada incipiente.
Anéis de ouro
73 — Anel de mesa losangonal decorada com uma palmeta muito estilizada e de aro
fino e boleado, que vai estreitando progressivamente para a sua parte posterior.
Dimensões: d. 17 mm; altura da mesa 4 mm. Peso: 1.500 mg.
Secção de aro em D.
Estado de conservação: completo, mas ligeiramente amolado.
Número de inventário geral: A 277.
um formato análogo. Cita-se nesta obra que o aro angular é típico do século n
e iv d.C. Na p. 101, fig. 30, n.° 12 fala-se doutro anel de bronze, de aro angular,
porém de mesa hexagonal furada, com o topo circular. Está datado como sendo
do romano final. British Museum, Antiquities of Roman Britain, Londres, 1958,
p. 25, fig. 13, n.° 2. O aro deste anel assemelha-se ao de Conímbriga mas possui
mesá com incrustação. Está datado do século m ou iv d.C. e incluido no grupo B
da classificação de anéis desta obra.
(1) R. A. Higgins, Greek and Roman Jewellery, Londres, est. 63, G. A mesa
deste anel é todavia rectangular. O autor não delimita com exactidão a época a
que pertence e dá-lo como sendo da época imperial. Mortimer Wheeler, London
in Roman Times, Londres, 1946, p. 101, fig. 30, n.° 9. Embora seja exactamente
igual ao de Conímbriga, a mesa é contudo igual, bem como o processo de a inserir
no aro. É de bronze e, provàvelmente, do século m d.C. H. Roosens, Quelques
mobiliers funéraires de la fin de Vépoque romaine dans le nord de la France, Brugge,
1962, est. VI, n.° 7. Difere do anel n.° 72 no formato do aro e pertence ao romano
final. W. M. Reinhart, art. cit., p. 176, fig. 3, n.° 56. Este anel visigótico é de
bronze.
(2) Mortimer Wheler, London in Roman Times, Londres, 1946, p. 101,
fig. 30, n.° 2. A mesa deste anel é oval. É provàvelmente do século i d.C. Gisela
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 39
Este anel, pela sua decoração, parece ser da época bisantina (1).
M. A. Richter, Catalogue of engraved gems, est. LXIV, n.08 574, 575. Estes dois
anéis apresentam palmas gravadas na mesa, embora não sejam exactamente iguais
ao de Conímbriga. A autora não precisa com exactidão a sua cronologia e considera,
para eles, um período muito extenso — século i a.C. a iv d.C.
(1) Samuel dos Santos Gener, «Museo Arqueológico de Córdoba» — II — Un
anillo relicario bizantino», Memorias de los Museos Arqueológicos Provinciales, V
(1944), p. 90. O autor diz-nos que os bordos dos anéis semelhantes aos de Coním
briga são frequentes na decoração bisantina. Na p. 12 citam-se anéis do mesmo
tipo do de Conímbriga mas não exactamente iguais e todos possuem mesa.
(2) Alejandro Ramos Folques, «Museo Municipal de Elche (Alicante)»,
Memorias de los Museos Arqueológicos Provinciales, est. XLVII, 1-6. Surgem aqui
anéis ornamentados por pequenas pérolas, porém de formato muito mais simpli
ficado que o do anel n.° 75. São tipicamente bisantinos e datados dos
séculos iv a x d.C.
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40 Elsa Ávila França
Anel de osso
77 — Anel de aro boleado e bordos de espessuras diferentes.
Dimensões: D. 20 mm; altura 5 mm; espessura máxima 3 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: incompleto e partido em dois bocados.
Anéis de vidro
78 — Anel de vidro preto, imitando azeviche, com forma lisa no interior e o exterior
com aspecto de gomos verticais estreitos e salientes. É de tipo idêntico ao
do bracelete n.° 30.
Dimensões: D. 20 mm; altura 6 mm; espessura máxima 2 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: incompleto.
80 — Anel de vidro negro e fosco, em forma de fita, mas cuja superfície externa se
apresenta ligeiramente côncava.
Dimensões: D. 16 mm; altura 4 mm; espessura 1,2 mm.
Secção levemente em C.
Estado de conservação: incompleto. O vidro mostra picado em toda
a sua superfície.
(1) R. A. Higgins, Greek and Roman Jewellery, est. 62-E e 63-D. Estes
anéis não são exactamente iguais ao anel citado anteriormente. O autor considera
para a sua datação o período de fins do século n ao século iv d.C. Manuel Heleno,
«O tesouro da Borralheira (Teixoso)», O Arqueólogo Português, nova série, II (1953),
fíg. 2, n.° 1. Difere do anel n.° 76 no formato do aro, que não se apresenta recortado.
Pertence à época imperial, como o demonstra a existência de moedas do princípio
do século m d.C.
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 41
81 — Anel de vidro, negro e opaco, de aro liso no interior e cujo exterior se apresenta
ornamentado por protuberâncias salientes (3 ordens de saliências) de forma
losangonal.
Dimensões: D. 20 mm; altura 7,2 mm; espessura 3,5 mm.
Estado de conservação: incompleto. O vidro apresenta picado miúdo e
algumas crateras.
82 — Anel de vidro, negro e fosco, com mesa oval quase redonda, saliente e de aro
boleado.
Dimensões: D. 20 mm; d. 16 mm; altura do aro 4 mm; espessura 3,5 mm.
Secção do aro oval.
Estado de conservação: incompleto. O vidro mostra picado incipiente,
além do desgaste causado pelo uso.
Número do inventário geral: A 441 (1).
Pedras de anel
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42 Elsa Ávila França
2 — Pedra de anel em vidro, oval, cor de vinho (quase lilás). A face superior,
levemente convexa, tem entalhada uma figura ambígua, um grifo ou, menos
provàvelmente, esfinge ou capricórnio.
Dimensões: D. 15 mm; d. 11 mm; espessura 2 mm.
Estado de conservação: completa, mas ligeiramente fragmentada num
dos bordos. Apresenta picado miúdo em toda a sua superfície.
Número do inventário geral: A 427(1).
4 — Pedra de anel oval, em vidro. Sobre uma mesa de vidro preto surge uma
segunda camada de vidro azul-cobalto claro com um peixe gravado, que nada
para a direita, muito mal impresso.
Dimensões: D. 13 mm; d. 11 mm; espessura 2,5 mm.
Estado de conservação: completo. O vidro apresenta picado miúdo
em toda a superfície e algumas crateras.
Número do inventário geral: A 423.
Mário Cardozo publicou já esta pedra, cuja figura interpretou como
um golfinho, atributo de Apoio, de Cibele, ou até de Neptuno (3).
(1) Gisela M. A. Richter, ob cit., est. XLIX, n.os 390 e 391. A esfinge aqui
representada apresenta semelhanças com a figura de Conímbriga pois possui asas,
mas tem cabeça humana e corpo de leão. Na est. L, n.os 400 e 403, surge-nos gra
vado o capricórnio com certa semelhança com a pedra de anel de Conímbriga.
Na est. L, n.os 397 e 398 surge o grifo que se mostra muito mais parecido com a figura
gravada na pedra n.° 2. Todos estes anéis não possuem uma datação precisa pois
são considerados como sendo da época imperial.
(?.) Mário Cardozo, «Pedras de anéis romanos encontradas em Portugal»,
Revista de Guimarães, LXXII, 1962, fig. 1. Gisela M. A. Richter, ob. cit., est. XLI,
n.os 294 e 298. Representa-se aqui Ares (Marte) ora vestido, ora não, porém não
exactamente igual ao da pedra n.° 3. Pertencem estas pedras de anel à época imperial.
(3) Mário Cardozo, art. cit., p. 160-161, fig. 5. Gisela M. A. Richter,
ob. cit., est. LXII, n.08 537 e 538. Não são exactamente iguais às de Conímbriga.
Pertencem à época romana imperial.
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 43
6 — Pedra de anel em ónix, oval, com dois tons de azul: azul-escuro (quase negro)
e azul-acinzentado. Esta é a cor da face superior, onde se encontra
gravada uma figura masculina, de frente, com bastão na mão esquerda e túnica
caindo do ombro direito.
Dimensões: D. 12 mm; d. 12 mm; espessura 2 mm.
Estado de conservação: incompleta e fragmentada, faltando a cabeça
e o ombro direito da figura.
Número do inventário geral: A 428.
Mário Cardozo publicou esta pedra, cuja figura interpretou como
Hércules, empunhando a clava na mão direita e a pele de leão na
esquerda (2).
(1) Mário Cardozo, art. cit., pp. 160-161, fig. 4. Gisela M. A. Richter,
ob. cit., est. LXI. Citam-se aqui pedras de anel da época imperial figurando animais,
mas nenhuma exactamente igual à de Conímbriga.
(2) Mário Cardozo, art. cit., pp. 160-161, fig. 3. H. Gallet de Santerre,
«Circonscription de Languedoc-Roussillon», Gallia, XXIV (1966), p. 458, fig. 16.
A figura aqui representada de um velho barbudo não é exactamente igual à de Coním
briga. Foi encontrada perto de uma vila romana em Aiguefer. Gisela M. A. Richter,
ob. cit., est. LXI, n.os 459 a 461. Todas estas pedras representam afigura de um
velho barbudo, porém a do n.° 461 é a mais parecida com a citada. Pertencem à
época imperial romana. Na estampa XXXIV, n.° 241 encontra-se igualmente a
figura de um velho barbudo gravada numa pedra, datada do século m a n a.C..
Esta peça de Conímbriga, aparecida sob os mosaicos do peristilo da casa dos repuxos,
não pode ser anterior aos inícios do século m, data que parece dever atribuir-se
a esses mosaicos.
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44 Elsa Ávila França
BRINCOS
INTRODUÇÃO
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 45
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46 Elsa Ávila França
DESCRIÇÃO
Brincos de bronze
3 — (Fig. 87) Fio de bronze, de aro fino e secção circular, dobrado em círculo e
com as extremidades enganchadas e entrelaçando-se mutuamente.
Dimensões: D. 17 mm; espessura 1,1 mm.
Secção circular.
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 47
4 — (Fig. 88) Aro de bronze de uma extremidade mais larga e estreitando, progres
sivamente, para a extremidade oposta. As extremidades sobrepõem-se.
Dimensões: D. 27 mm; d. 25 mm; espessura 2 mm a 1 mm.
Secção circular transformando-se gradualmente em D, que é a secção
da extremidade maior.
Estado de conservação: completo.
(1) Gratiano Nieto Gallo, «Los fondos visigodos del Museo Arqueológico
de Valladolid», Memorias de los Museos Arqueológicos Provinciales, III (1942),
est. LXXVI, n.° 2. É proveniente de urna necrópole visigótica com muitas reminis
cências romanas e apresenta um pendente formado de contas enfiadas.
(2) Fernando Collantes de Terán, «La collección arqueológica municipal
de Sevilla», Memórias de los Museos Arqueológicos Provinciales, III (1942), est. LV,
n.° 2. É considerado como um achado pre-histórico. L. Lerat, «Circonscription
de Franche-Conté», Gallia, XXIV (1966), p. 353, fig. 10, n.° 26. É considerado como
sendo da Idade do Ferro. Margat e Cannus, «La nécropole de Bonia au Tafilalt»,
Bulletin d'Archéologie Marocainet III (1958-59), p. 367, est. VIL É considerado
como pertencente às populações berberes dos primeiros séculos.
(3) César Pires, «Sepulturas romanas de Bencafede», O Archeólogo Por
tuguês, II (1896), p. 278. O fecho deste brinco romano apresenta maiores propor-
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Brinco de Ouro
OS BRACELETES
INTRODUÇÃO
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 49
(1) Giovanni Beccatti, Oreficerie Antiche dalle Minoiche alie Bar baric he,
1955, pp. 13 e 58.
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 51
DESCRIÇÃO
Braceletes de bronze
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Secção circular.
Estado de conservação: completo, mas torcido.
3 — Bracelete de aro cilíndrico e fecho por torção, que ocupa um quarto da super
fície de aro. Este estreita progressivamente para as extremidades.
Dimensões: D. 44 mm; d. 40 mm; espessura 2 mm.
Secção circular.
Estado de conservação: completo.
(1) René Joffroy, «La tombe à char de Pemant», Gallia, XXI (1963), p. 7,
fig. 8. É de ouro. Estes achados arqueológicos pertencem ao fim da época de
Hallstatt ou à de La Téne I. L. Lerat, «Circonscription de Besançon», Gallia,
XXII (1964), p. 387, fig. 16, n.° 8. Apresenta todavia ornamentos. Pertence a
uma sepultura da época de La Téne, a ou b. G. Farenc e A. Soutou, «Documents
inédits d’E. Cabié sur le Champ d’umes de Gabor», Ogam, XII (1960), p. 147, fig. 6,
n.° BB 26. Este bracelete pertence a um cemitério gaulês. François Eygun, «Cir
conscription de Poitiers», Gallia, XIX (1961), p. 419, fig. 38. O autor considera-o
como um brinco. É de ouro e pertence a urna sepultura galo-romana. Femando
Jimenez de Gregorio, «Hallazgos en La Vega de Santa Maria en el término de Mese-
gar», Archivo Español de Arqueologia, XXXVIII, (1965), p. 184, fig. 17. O fecho
deste bracelete não é exactamente igual ao de Conímbriga. É um achado visigótico.
A. Roes, Vondsten Van Dorestad, 1965, est. III, n.° 19. Esta estação arqueológica
teve o seu apogeu na época carolíngia (séculos vni e ix) e parece ter deixado de existir
em 860 d.C.
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 53
Secção circular.
Estado de conservação: completo mas em decomposição incipiente.
Número do inventário geral: A 404.
7 — Bracelete de aro filiforme com uma protuberância afunilada junto de uma das
extremidades.
Dimensões: D. 60 mm; d. 55 mm; espessura 2 mm.
Secção circular.
Estado de conservação: incompleto (3).
(1) A. Beltran, Arqueologia Clásica, p. 85, fig. 38, n.° 17. É datado da época
de La Téne III. Tomás Gómez Infante, «Museo Arqueológico de Badajoz», Memó
rias de los Museos Arqueológicos Provinciales, Madrid, 1942, est. VIII, n.° 1. É con
siderado uma jóia pré-romana. G. S., «Objects recueillis dans le colecteur», Bulletin
d'Archéologie Marocaine, II, 1957. A maior parte dos objectos aqui encontrados
é romana. P. F. Foumier, «Circonscription de Clermont-Ferrand», Gallia, XXI
(1963), p. 491, fig. 12. John Ward, The Roman Era in Britain, Londres, p. 267,
fig. 76B. Não há uma delimitação exacta para a datação destes achados. São
considerados como sendo da época romana imperial. M. Adrien Bruhl, «Infor
mations— XIVe circonscription historique», Gallia, XIV (1956), p. 264, fig. 5.
Este bracelete é galo-romano.
(2) Julian Grey, «Circonscription de Lyon», Galliay XVI (1958), p. 357,
fig. 11. É de ouro o brinco aqui apresentado semelhante a este bracelete de Coním
briga e datado do século n a iv d.C. Mortimer Wheeler, London in Roman Times,
Londres, 1946, est. XL, n.° 4. Este bracelete pertence à época romana imperial.
British Museum, Antiquities of Roman Britain, Londres, 1958, p. 15, fig. 7, n.° 10.
A secção deste bracelete de ouro, datado do século ui d.C., é circular.
(3) J. Cl. Courtois, «Objects provenant d’un cimetière protohistorique et
gallo-romain à Lanslevillard (Savoie)», Gallia, XIX (1961), p. 247, diz-nos que os
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 55
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13 —Bracelete de aro fitiforme com decoração linear: linhas oblíquas quase per
pendiculares e paralelas entre si.
Dimensões: D. 44 mm; d. 38 mm; altura 3,5 mm; espessura 1,5 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: incompleto.
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 57
Secção rectangular.
Estado de conservação: muito incompleto, torcido e em decomposição
inicial (1).
17 — Este anel de aro laminar apresenta um fecho curioso, onde as duas extremi
dades do aro se podem mover uma sobre a outra.
Dimensões: D. 46 mm; d. 42 mm; altura 5 mm; espessura 1 mm.
Secção rectangular.
Estado de conservação: incompleto.
(1) James Laver, Costume in Antiquity, p. 17, n.° 1. Este bracelete da Idade
do Bronze, embora apresente as extremidades análogas à do bracelete n.° 16, possui,
todavia, o aro cilíndrico. Mortimer Wheeler, London in Roman Times, Londres,
1946, p. 102, fig. 31, n.° 2. Embora não seja exactamente igual ao bracelete citado
anteriormente, o seu processo de fechar parece idêntico. É um achado romano.
(2) J. P. Bushe-Fox, Second Report on the Excavation of the Roman Fort
at Richborough, Kent, 1928, est. XXII, n.° 63. O seu aro apresenta-se todavia
decorado. É um achado romano. Giinter Ulbert, «Spátrõmische Skelettgràber
aus Wessling... Vilshofen», Germania, 41 (1963), est. 23. Parece ser idêntico ao
bracelete de Conímbriga. Está datado como sendo do Baixo Império Romano.
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Bracelete de Prata
21 — Este bracelete de aro cilíndrico apresenta a extremidade em forma de dois
segmentos esféricos sobrepostos e encimados por um toro. O último destes
segmentos tem num orifício central onde penetraria, certamente, a outra extre
midade aguçada do bracelete, que não existe.
Dimensões: D. 45 a 50 mm; d. 35 mm; espessura 1,5 mm.
Secção circular.
Estado de conservação: muito incompleto e partido em três pedaços.
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 59
Bracelete de Osso
23 — Pequeno fragmento de bracelete de osso, fitiforme, cuja decoração consiste
num profundo sulco central a envolver o aro e linhas oblíquas e paralelas,
de cada lado deste, formando num enfeite espiniforme.
Dimensões: D. 80 mm; altura 6 mm; espessura 2,5 mm.
Cor castanho-acinzentada.
Secção rectangular.
Estado de conservação: incompleto.
Braceletes de Vidro
24 — Bracelete de vidro negro e opaco, liso, convexo exteriormente e plano do
interior.
Dimensões: D. 70 mm; altura 8 mm; espessura máxima 5 mm.
Secção em D.
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 61
Secção quase em D.
Estado de conservação: incompleto. O vidro apresenta picado incipiente
e irisão multicolor, predominantemente dourada.
28 — Bracelete de vidro negro opaco, de aro canelado e cujos gomos não apresentam
disposição uniforme, chegando uma das partes do aro a ser quase lisa.
Dimensões: D. 50 mm; altura 11 e 11,5 mm; espessura máxima 7,2 mm.
Secção em D.
Estado de conservação: incompleto. O vidro possui irisão multicolor,
predominantemente dourada, e picado incipiente.
(1) Mortimer Wheeler, London in Roman Times, Londres, 1946, est. XL, n.° 2.
Este achado romano é de piçarra. W. Whiting, W. Hawley e Thomas May, ob. cit.,
est. LV; não se encontra datado com exactidão este achado arqueológico; os autores
citam-no como sendo da época romana imperial. Mário Cardozo, art. cit., est. I e IV.
São achados lusitano-romanos. Werner Kramer, «Fremder Frauenschsmuck aus
Manching», Germania, 39 (1961), est. 39, fig. 2. Pertence ao grupo II da classificação
de Haevemick.
(2) A. Beltran, Arqueologia Clásica, p. 84, fig. 37, n.° 13. Este bracelete
está datado da época de La Téne II.
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Anéis, braceletes e brincos de Conímbriga 63
(1) James Laver, Costume itt Antiquity, p. 108, n.° 3. Encontramos aqui
um brinco com pingentes onde se nota a existência de pedras com o feitio desta.
(2) Joaquina Eguaras, «Museo Arqueológico de Granada», Memorias de
los Museos Arqueológicos Provinciales, III-IV (1942), est. XXXVII, n.° 2. É consi
derado como um pendente de colar visigótico de formato semelhante ao de Conímbriga.
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Anéis
Pedras de anel
Brincos
Braceletes
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Est. I
(Página deixada propositadamente em branco)
Est. II
(Página deixada propositadamente em branco)
Est. Ill
(Página deixada propositadamente em branco)
Est. IV
(Página deixada propositadamente em branco)
Est. V