Tese Entregue PDF
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Niterói
2020
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DIEGO MARTINS DÓRIA PAULO
Niterói
2020
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Sumário
Introdução..................................................................................................................................... 5
1. Os tanques de pensamento e o Estado capitalista ................................................................... 19
Parte I: estado da arte ................................................................................................................. 27
1.1 Tanques de pensamento: entidades técnicas, disputas entre Estados e mecanismo
democrático de superação de conflitos .................................................................................... 27
1.2 Os tanques de pensamento e a matriz gramsciana: aparelhos privados de hegemonia nas
lutas de classes ........................................................................................................................ 36
Parte II ......................................................................................................................................... 49
1.3 O Think tanks and Civil Societies Program (TTCSP) e a padronização dos tanques de
pensamento ............................................................................................................................. 50
1.4 O trabalho intelectual vivo e morto no capitalismo ............................................................. 67
1.5 Os tanques de pensamento entre a fábrica e o Estado........................................................ 90
1.6 Tecnologias políticas e lutas de classe no Estado capitalista .............................................. 101
2. O Instituto Fernando Henrique Cardoso e a contenção da democracia ................................. 121
2.1 Contendo a democracia: regimes de tipo democrático como forma política de pacificação
das lutas................................................................................................................................. 124
2.2 A fundação do Instituto Fernando Henrique Cardoso ....................................................... 149
2.3 Uma entidade do grande (e do mega) capital ................................................................... 156
2.4 O IFHC entre a expansão das atividades e a circunscrição do terreno dos debates ............ 170
2.5 Dentro do terreno: quem participa publicamente dos debates e seminários do IFHC........ 182
2.6 O IFHC e o contra-ativismo político empresarial: uma visão dos bastidores da entidade ... 201
2.7 O IFHC e a América Latina: o caso da Plataforma Democrática (2007-2019) ...................... 211
3. Coesão Social e acomodação capitalista na Europa e América Latina ................................... 230
3.1 Entre o socialismo e a barbárie: a matriz durkheimiana de estabilização política em Da
divisão social do trabalho ....................................................................................................... 232
3.2. A integração europeia e a importância da coesão social e econômica .............................. 243
3.3 A redescoberta da América pelos espanhois ..................................................................... 252
3.4. “Coesão social e sentido de pertencer” na América Latina e no Caribe ............................ 263
3.5 O IFHC e a coesão social: um “desafio latino-americano”.................................................. 301
3
4. O IFHC e o antipetismo (2014-2019) ...................................................................................... 314
4.1 O IFHC e a “base social petista”: a “questão racial” e a disputa pelo legado das políticas
sociais durante a eleição de 2014 ........................................................................................... 316
4.2 “Um outro bloco capaz de sustentar o poder”: o IFHC, a derrota de 2014 e a derrubada do
petismo (2014-2015) .............................................................................................................. 345
4.3 Governo Temer: o IFHC entre a representação empresarial e a fragmentação partidária .. 354
4.4 O IFHC e a emergência do “Novo PSDB” após a derrota nas eleições de 2018 ................... 363
4.5 Mapeando as bases do bolsonarismo: o IFHC e o estudo do levante político evangélico ... 374
Considerações finais .................................................................................................................. 400
Anexo I. Tabela com conexões nas sociedades civis, nacional e internacional, por ano (2004-
2019) ......................................................................................................................................... 417
Anexo II. Tabela com conexões com representantes dos poderes políticos por ano (2004-2019).
.................................................................................................................................................. 464
Anexo III. Tabela com conexões em universidades, nacionais e internacionais, públicas e
privadas, por ano (2004-2019) .................................................................................................. 498
Anexo IV . Tabela com conexões com empresas por ano (2004-2019). ..................................... 554
Referências................................................................................................................................ 570
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Introdução
Esta tese começa com uma visita à livraria. Foi vasculhando prateleiras à procura de
algo interessante que me deparei pela primeira vez com uma publicação da Plataforma
Democrática. Como o livro abordava a possível “liderança” do Brasil sobre a América Latina,
optei por investir nele a verba que tinha separado para a empreitada. Logo tomei o caminho
de mais de 2 horas que separava a universidade em que estudava da casa em que morava. A
ocorrida há não muito tempo no Espaço Plínio de Arruda Sampaio. Tratava-se de uma casa
alugada pelo mandato do vereado Renato Cinco, do Partido Socialismo e Liberdade do Rio
de Janeiro (PSOL-RJ), na região da Lapa. O espaço ainda existe, mas agora mudou de local.
A programação é que segue a mesma. Sedia debates e reuniões mensais com a comunidade.
Aquela aula havia me causado bastante impacto, sobretudo no que dizia respeito à
ação das empresas brasileiras no entorno latino-americano. Eram muitos detalhes, todos
horrorosos. Fui fisgado pela questão. À época ainda desenvolvia minha dissertação de
mestrado sobre luta política no Brasil dos anos 1963 e 1964. Uma das organizações
brizolistas que estudava, coitada, ficou por um tempo de lado. Eu só tinha olhos para os
No afã de conhecer mais sobre o assunto que cheguei ao trabalho de Raul Zibechi. Li
Brasil Potência: entre a integração regional e um novo imperialismo em poucos dias, com
extremo prazer. Além de ter belo texto, o volume é fartamente informativo, e antes do final
5
da leitura eu já estava decidido a pesquisar alguma dimensão da relação entre Brasil e
Por isso o volume com o selo da Plataforma Democrática me chamou atenção. Tinha
era, neste sentido, atraente, e logo passei a investigar o que afinal de contas era a Plataforma
Democrática. Conheci as formas de atuação, assisti a vídeos – são mais cem horas de material
América Latina era a missão da iniciativa. Para tanto, a Plataforma Democrática construíra
parcerias com mais de 30 outras organizações pelo subcontinente 2 , por meio das quais
realizava palestras, seminários, conferências. Além do volume que tinha em mãos, outros 10
livros já haviam sido publicados – atualmente são 14. Todos com temáticas que dialogam
Quando iniciei efetivamente essa pesquisa doutoral, muito deste material já estava
1
SORJ, Bernardo; FAUSTO, Sergio (orgs.). O Brasil e a Governança da América Latina: Que Tipo de
Liderança é Possível?. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisa Sociais, 2013. São Paulo: Fundação
Instituto Fernando Henrique Cardoso, 2013. 332 p.
2
São elas: na Argentina, Universidad Torcuato di Tella, Universidad de San Andrés (MAPP e MAEP), Cadal,
Cippec, Red de Acción Politica, Universidad Nacional de San Martin (CESC e Ciedal); na Bolívia, Instituto
para la Democracia; no Brasil, FGV Direito Rio, Fundação João Pinheiro, IETS, Ipespe, Viva Rio; no Chile,
Cieplan, Universidad Diego Portales; na Colômbia, Universidad de los Andes (DCP e Ceper), Fundación
del Rosário (CEPI), Fundación Seguridad y Democracia; Costa Rica: Secretaria General de Flacso;
Equador: Programa de Estudios Politicos de Flacso; Guatemala: Universidad Rafael Landivar (Ingep),
Doses; México: Cide, Itam, Unam (SCS), Fundación Ethos; Peru: Instituto de Estudios Peruanos, Cisepa:
Escola de Gobierno de PUC; Uruguai: Instituto de Ciência Política; Venezuela: Instituto Venezolano de
Estudios Socialyes y Politicos
6
sistematizado e analisado. Àquela altura, a história da Plataforma Democrática parecia a
Democracia Brasileira (PSDB), arrisquei que seu papel seria disputar terreno com o Partido
Democrática, sabia que em algum momento teria de lidar com seu principal inventor. Os
Deste modo, meio sem querer, o IFHC se tornou o objeto principal desta tese. Quando
Democrática então parecia um beco sem saída. Eu não conseguia avançar para além do que
já havia proposto. Assim, foi com prazer que me vi tomado pela leitura de novos documentos.
Estes, por sua vez, giravam em torno de temas parecidos com os já presentes na Plataforma,
mas ali ganhavam maior densidade. Os relatórios do IFHC são muito mais completos,
contou, mas o papel das fontes não foi menor. Ela já era evidentemente uma preocupação
central na Plataforma Democrática, mas os livros publicados pelo IFHC contavam uma
7
história similar. “América Latina, desafios da democracia e do desenvolvimento”, “O desafio
Os dois problemas principais desta tese tinham enfim sido localizados. IFHC e
democracia – na maior parte do tempo, Democracia e IFHC – ocuparam desde então meus
esforços de pesquisa. Quis saber como no conjunto de fontes se entendia aquele regime
político, quem bancava o projeto, de que maneira a entidade atuava. Questões que
entrara no governo de Michel Temer, e as fontes me indicavam que o IFHC cumpria um papel
importante na conjuntura.
O caminho foi melhor iluminado pela mudança de objeto. Falar sobre o IFHC – e
sobre a Plataforma Democrática dentro de uma tese sobre ele – pareceu mais adequado.
Apaguei tudo que havia redigido, conservando apenas o fichamento das fontes feito até então.
Não foi a única vez que reescrevi esta tese. A atual versão do primeiro capítulo é,
seguramente, pelo menos a décima que redigi – provavelmente algumas versões a mais. A
decisão de começar de novo nunca me assustou, e ao longo destes quatro anos sempre
encontrei boas razões para fazê-lo. A descoberta de um documento novo, uma leitura
que por rara sorte minha topou me orientar. É possível que, para cada página selecionada para
8
Papel decisivo neste sentido foi cumprido pela descoberta do The think tank and civil
estudar tanques de pensamento , como o IFHC, desde 1989. Conta com grandes nomes das
ciências burguesas consagrados pela pesquisa do tema - destaco sobretudo James McCagann,
figurão na área e diretor da organização. Desde 2008, publica o Global go to Think Tank
Report, espécie de balanço anual das atividades dos tanques de pensamento em escala
planetária.
Foi por meio deste documento que conheci o TTCSP. Isso porque, em algum
publicação da última edição daquele relatório. O trabalho gráfico destacava a posição obtida
em alguns de seus rankings, com indisfarçável orgulho. A impressão de que havia alguma
coisa a ser investigada ali me levou a ler não apenas a edição mais recente, mas todos os
tanto pior porque escrita em inglês. Em linhas gerais, constatei se tratar de uma série de
pensamento “ideal”, passível de ser extraído das listagens divulgadas pelo TTCSP, deveria
9
circulação pelas novas mídias digitais. No ranking que media os top think tanks, o IFHC
então ocupava o terceiro lugar brasileiro e o décimo segundo das Américas do Sul e Central.
Então já havia escrito sobre a coesão social, identificando como a noção consistia em
analogia metódica que fazia sentido para mim, vi certa homologia entre aquele princípio e os
trabalhos do TTCSP. Isto é, a lista divulgada pelo laboratório, assentada em série de critérios
analisados em primeiro capítulo desta tese, serviria mais para modelar a atuação dos tanques
de pensamento do que efetivamente espelhar resultados alcançados por eles. Por meio dos
sua atuação real nos anos correntes – de fato, era difícil mensurar o impacto efetivo de alguns
dos critérios, posta a falta de clareza sobre as fontes utilizadas na confecção do relatório.
Esta forma de análise pareceu encontrar respaldo na forma como o próprio grupo de
pesquisas entendia suas atividades. Peço desculpas pela citação longa, mas julgo importante
dar esta palavra à fonte. De acordo com o site da iniciativa, em tradução livre,
Parece se passar, afinal, exatamente como eu disse. Os relatórios indicam como as entidades
tanques de pensamento. O primeiro capítulo – ou, para ser mais preciso, a versão que o leitor
e a leitora têm em mãos do primeiro capítulo – é quase todo fruto deste esforço. A tentativa
de fazer uma teoria geral dos tanques de pensamento – algo que eu negava estar fazendo,
limites, igualmente óbvios. Como tirar qualquer parâmetro geral da análise de um caso
3
The Think Tanks and Civil Societies Program (TTCSP) of the Lauder Institute at the University of
Pennsylvania conducts research on the role policy institutes play in governments and civil societies around
the world. Often referred to as the “think tanks’ think tank,” TTCSP examines the evolving role and
character of public policy research organizations. Over the last 25 years, TTCSP has developed and led a
series of global initiatives that have helped bridge the gap between knowledge and policy in critical policy
areas such as international peace and security, globalization and governance, international economics,
environmental issues, information and society, poverty alleviation, and healthcare and global health. These
international collaborative efforts are designed to establish regional and international networks of policy
institutes and communities that improve policy making while strengthening democratic institutions and
civil societies around the world. The TTCSP works with leading scholars and practitioners from think tanks
and universities in a variety of collaborative efforts and programs, and produces the annual Global Go To
Think Tank Index that ranks the world’s leading think tanks in a variety of categories. This is achieved with
the help of a panel of over 1,900 peer institutions and experts from the print and electronic media, academia,
public and private donor institutions, and governments around the world. We have strong relationships with
leading think tanks around the world, and our annual Think Tank Index is used by academics, journalists,
donors and the public to locate and connect with the leading centers of public policy research around the
world. Our goal is to increase the profile and performance of think tanks and raise the public awareness of
the important role think tanks play in governments and civil societies around the globe. Disponivel em:
https://www.gotothinktank.com/history-and-mission
11
particular? Carece de lógica básica. O TTCSP certamente ajudou, assim como a descoberta
Malgrado todas as dificuldades que medeiam a empreitada, ainda assim foi aquele
minha pesquisa e escrita no primeiro capítulo. Não há, evidentemente, nenhuma intenção de
fechar a questão. Tampouco eu apresento ali uma teoria geral dos tanques de pensamento.
Trata-se, ao contrário, de uma interpretação possível, limitada pelas fontes de que disponho
apresentados fizerem o estudo da questão avançar – nem que seja pela negativa, ou seja, pela
específico no conjunto dos aparelhos privados de hegemonia, conceito cunhado por Antônio
Gramsci para designar organizações da sociedade civil que, representando classes e/ou
tratar de um truísmo, de sorte que fui me preocupar com outra face da equação. Se é óbvio
que o elemento técnico é político, pareceu-me paradoxalmente menos natural que, do ponto
12
A pesquisa me conduziu à tentativa de recompor resumidamente a história de
tentei demonstrar como, já no terceiro livro d’O Capital, a discussão da técnica está associada
produtiva, cujo direcionamento deveria ser ditado pelos supervisores - como “generais no
Sugeri, diante disto, que essa técnica seria resultado de trabalho intelectual morto,
divisões na classe trabalhadora, a técnica assim definida poderia, após longo percurso no
tempo e no espaço, encontrar abrigo nos tanques de pensamento. Para tanto, contou com o
auxílio inestimável da “grande virada” da razão neoliberal, que coloca o tecnicismo político
na ordem do dia.
pelo IFHC. Após reportar manobras burguesas de cerceamento da soberania popular desde o
século XIX, sugeri que a entidade se associava às técnicas de dominação mais recentes,
13
estudo detalhado das operações da entidade, contudo, permitiu a identificação de algo
modo similar. Talvez seja padrão presente nas organizações estudadas e formatadas sob os
permitia saber.
debates, bem como da Plataforma Democrática, permitiram avançar hipóteses sobre a base
social da iniciativa. Uma vez notado que o IFHC tentava encapsular a discussão pública,
circunscrição. Os dados coletados pelo estudo dos patrocínios, portanto, foram lidos à luz
capítulo dois, quando discuto a inserção da entidade na sociedade civil e suas relações com
intensamente interpretações similares, não localizei nenhum trabalho que tenha considerado
14
a noção de coesão social como aqui faço. Para tanto, foi importante remontar a discussão
proposta por Emile Durkheim. Na primeira parte do capítulo 3, apresento de que maneira a
especialização dos ofícios foi por ele identificada tanto como um polo de integração quanto
sugeri que ele se convertera em feixe de balizas de políticas públicas, irradiando-se como
conjunto de diretrizes pelo Velho Mundo, ao sabor dos sucessivos estágios de integração
União Europeia é marcado pelo enriquecimento da noção de coesão social. Se antes ela se
referia a formas de integração pacífica em sociedades marcadas por intensa divisão social do
trabalho, nos anos 1990 já contemplava interesses de diferentes formas funcionais do capital.
capitalista e uma forma de dominação marcada pela hipertrofia relativa do consenso sobre a
coerção.
pelo a força relativa de cada um dos termos do binômio. Os defensores da coesão social
apostavam no leve acento do primeiro sobre o segundo, sem jamais abrir mão dos
a “regeneração” do tecido social ameaçado pelo individualismo montante com o fim do bloco
15
“novos populismos de direita e esquerda” que, além de incentivar o conflito social, punham
Como mais acabado exemplo de troca de tecnologias políticas apresentado nesta tese,
a noção de coesão social circula pelos aparelhos privados de hegemonia europeus e chega à
América Latina. O veículo que opera a transação é uma agência de Estado, cuja burguesia
Desenvolvimento (AECID), que, com seus satélites, contata a Comissão Econômica para a
forma de gerar vínculos sociais em uma região marcada pelas turbulências políticas. Desde
sua fundação, o IFHC se preocupou prioritariamente com estes esforços, contribuindo com a
Democrática.
Até ali, cobri os primeiros anos de história do IFHC. A atuação mais recente seria
brasileira marcada pela crise do petismo e pela ascensão do bolsonarismo. Se até então a
narrativa era de algum sucesso, coroado com importante participação durante o governo
16
Michel Temer, ali começamos a acompanhar uma mudança de curso. Os eventos ali narrados
fazem com que esta tese, que começou versando sobre um poderoso aparelho político, trate
flertava antes. Fazendo balanço das eleições de 2014 em evento sediado no prédio do instituto,
a posição assumida pelos seus representantes indica a intenção de não ver Dilma Rousseff
em Curitiba.
inquisitorial barrou seu movimento, ao ferir gravemente a imagem pública de alguns tucanos.
Foi Aécio Neves, outrora paladino da justiça, o mais seriamente atingido. Sufragado por mais
que indicavam crimes bem mais graves do que os inicialmente suspeitos. Sem sua liderança
internas, que opunham os partidários de Alckimin, Serra, bem como os adeptos da nova
pelo posto de presidenciável tucano em 2018, contudo, Alckimin venceu, mas o espaço
alcançado por João Dória evidencia que o projeto de coesão social deixara de ser importante.
rumos. Assim concluímos esta tese. Demonstrando como a entidade se aproxima da formação
17
do “Novo PSDB”, agora com Dória à testa. A metamorfose tucana é certamente diferente da
estão sendo reiteradamente rejeitados pela turba fascista liderada por Jair Bolsonaro, por mais
que Fernando Henrique Cardoso acene insistentemente na direção deste polo do espectro
político. O futuro do IFHC parece difícil, mas nas aguas revoltosas da política nacional
18
1. Os tanques de pensamento e o Estado capitalista
abrigo para a coordenação in loco das batalhas. Ficaram conhecidos como think tanks, ou
das forças armadas em campo. Tem esta origem o nome do objeto de estudo deste capítulo.
de inspiração para entidades que, na frieza da ação cotidiana, enfrentam outros inimigos,
interessam aqui são entidades compostas por políticos e intelectuais com objetivos variados,
mas cujo sentido social se radica nas lutas de classes no capitalismo. A metáfora militar, neste
sentido, ilustra a natureza da paz neste modo de produção – negação da guerra que
sido o celeiro da novidade que, precisamente a partir dos anos 1940, espalha-se em escala
4
SMITH, J. A. The idea brokers. Think tanks and the rise of the new policy elite. New York: The Free
Press, 1991.
19
expressão mais evidente do processo, mas mesmo onde elas não vicejaram a proliferação de
A fim de aplainar o terreno para minhas análises ulteriores, desenvolvo neste capítulo
uma reflexão sobre o sentido sócio-histórico deste tipo de aparelho. Estruturam o presente
texto dois movimentos. Na primeira seção deste capítulo, interessa-me distinguir os limites
do objeto sob análise. À maneira da forma científica dominante, tentatei apreender o conceito
da coisa, demonstrando seu significado para a literatura. Surge desta investigação uma
imagem, um fantasma, que não é a coisa mesma e tampouco o produto da apreensão de seu
desenvolvimento, dada a visível carência do esforço radical nestes estudos. Trata-se de mera
aparência, que mesmo nos melhores casos não passa de estudo sobre determinada forma de
derivadas de sua forma. Com efeito, a preocupação que resulta na captura da aparência dos
desenvolvimento deste objeto. Momento esse que, inserido no estágio próprio da história,
que suprem gaps do Estado. Tais entidades se distinguiriam pela capacidade de aportar
conteúdos embasados na dita racionalidade técnica e científica, entendida esta como ente
20
neutro porque meio de se aproximar de uma missão social tida como universal5. Tal maneira
de compreendê-los lhes consagra espaço de atuação, por meio do qual efetivamente entregam
o que prometem, inclusive por ser a manipulação dos intrumentos de gestão do capital e da
coisa pública cada vez mais dependente de um saber codificado, efetivamente técnico,
particular, métodos e objetivos próprios 6 . Aqui a aparência mais imediata do ser ganha
consistência não apenas por descrever um movimento do real, mas também por se adjudicar
avanços que o marxismo tem logrado no trato da questão. Desde Antônio Gramsci, tem-se
considerado o conjunto das organizações da sociedade civil em sua relação tanto com o
núcleo duro do que é costumeiramente conhecido como Estado quanto com as lutas de
5
Lê-se com muito proveito, a esse respeito, a obra de Lukács, sobretudo no que diz respeito à multiplicidade
de formas de sociabilidade ao longo da história. Parece ser um atributo das sociedades de classe a
coexistência de mais de uma noção de missão social – isto é, de concepções sobre o dever ser do mundo -,
e, por outro lado, uma particularidade das classes dominantes a tendência a considerar a sua missão social
como universal. LUKÁCS, Gyorgy. Para uma ontologia do ser social. São Paulo: Boitempo, 2018, 2v.
6
Nicos Poulantzas, olhando para um Estado capitalista dos anos 1970, já percebera esse encastelamento dos
instrumentos de gestão pública por meio do desenvolvimento autônomo do trabalho intelectual. A dinâmica
entre o que se conhece e o que se ignora é um traço distintivo do Estado capitalista, que, aliás, o legitima
e o torna funcional. Um exemplo revelador é a pressão progressiva por transparência na gestão da coisa
pública. Mira-se, dessa forma, um Estado sujeito à fiscalização da cidadania ativa e, por isso, idealmente
sem bolsões privados em seu interior. A mesma luta por transparência, entretanto, não se direciona e não
pode se direcionar em favor da devassa do próprio saber técnico e de seus produtos, porque a técnica em si
deve ser e é insondável, ao menos enquanto vigir a separação entre trabalhos manual e intelectual, eixo
estrutural do Estado em sua forma capitalista. Em ainda menos palavras: o mistério da fé que permite
economistas elaborarem “instrumentos econômicos” pelo bem de todos é precisamente o que faz do Estado
ser também a condesação do trabalho intelectual legítimo, pois sancionador do que se entende como saber
e, portanto, legitimador do poder de um grupo sobre outros. Ver: POULANTZAS, Nicos. O Estado, o
poder, o socialismo. Rio de Janeiro: Graal, 1978.
21
classes7. Os assim chamados tanques de pensamento, por conseguinte, aparecem, em leituras
hegemonia (APH) na disputa pela direção moral e intelectual da sociedade; disputa esta
diferenças internas dos grupos, que dão origem a diferentes frações e, por conseguinte,
sociedade civil organizada enquanto tal deve ser explicada como desdobramento das
necessidades humanas de reprodução da vida, em sentido mais geral; e, no que diz respeito
aos donos dos meios de produção, das necessidades reprodutivas do capitalismo em particular.
Visão diferente, por suposto, daquela identificada entre os cientistas burgueses. Visão
superior, por sua fecunda politização da técnica evocada como lastro das políticas públicas –
aqui entendida, essa técnica, antes como consolidação, em um nível específico, de relações
sociais determinadas, das quais eventuais interesses estatais antagônicos em uma arena
pesquisa, o marxismo logrou notável avanço no estudo deste objeto por contestar a
vez que os tanques de pensamento foram considerados como APH’s, o problema teórico do
objeto foi frequentemente dado como solucionado, e com isso frequentemente se perdeu a
7
Em Gramsci, o Estado é compreendido integralmente, ou seja, como uma união orgânica entre as
sociedades política – o Estado restrito – e civil, o conjunto de aparelhos privados de hegemonia.
Diferentemente da tradição liberal, que afasta o Estado da sociedade, Gramsci os vincula, afirmando que
tal separação em duas instâncias é meramente analítica, haja vista que na prática ambas se apresentam
imbricadas, vinculadas. Debateremos mais detalhadamente sobre o ponto abaixo.
22
René Dreifuss se distingue neste debate8. Isso porque o autor uruguaio chama atenção
para a diferença de qualidade das várias organizações da sociedade civil. Assim, identifica,
dentre outras, as noções de córtex político, “órgão capaz de visualizar objetivos estratégicos
los, modificando com sua ação as relações de forças” 9 . Se o primeiro é uma espécie de
ação. Mais do que uma descrição pormenorizada das contribuições de Dreifuss, interessa-me
mais pontuar um elemento metódico de seus estudos: tentar diferenciar, por função tática,
particularidades do aparelho que busca investigar. Aqui pretendo expor as vísceras do objeto
por entender que ali há importantes pistas para a compreensão de uma das formas de
dominação de classe em nosso tempo. Os tanques de pensamento são APHs, sem dúvida, e
históricos do cientista político uruguaio. Entendo, porém, ser necessário refletir sobre a
natureza dos tanques de pensamento como tipo específico de APH. A forma com que nele
8
Dreifuss aporta importante contribuição ao estudo da organização empresarial. Em seu mais famoso
trabalho, 1964: A conquista do Estado, o autor aponta como, sob a batuta do Instituto de Pesquisas e
Estudos Sociais (IPES), o golpe contra João Goulart foi dado. As reflexões do pesquisador, contudo, não
se direcionaram apenas aos momentos de ruptura. Também a “normalidade” e o “dia a dia da intervenção
‘fria’ e persistente no conflito de classes, na ação diária, constante, sistemática, nos campos ‘frios da
política”, atraem sua atenção, como fica evidente em seu A Internacional Capitalista. Na obra de título
provocante, aliás, Dreifuss traça um extenso mapa das entidades empresariais que funcionam como centro
de articulações de interesses, planejamento e ação prática das classes dominantes, de 1918 à década de
1980. Ver: DREIFUSS, René. A Internacional Capitalista. Estratégias e táticas do empresariado
transnacional 1918-1986. Rio de Janeiro: Espaço e tempo, 1987, p. 22.
9
DREIFUSS, René. Op cit, p. 26.
23
aparece o trabalho intelectual, tomado como polo dirigente que se opõe ao trabalho manual,
atualiza modos de direção que expressam necessidades do ser dirigido – aqui entendido como
o capital em sua totalidade, do qual a força de trabalho é parte constituinte, mas não a única
parte.
estudo do seu desenvolvimento não apenas como aparelho, mas também como figura
presente capítulo retornará às reflexões sobre o capital postas por Marx. Tento identificar na
por meio do qual os seus traços distintivos, a saber, aquela prerrogativa de direção sobre o
aquele poder de direção, o faz transformando sua forma de organização e exercício. O trajeto
de mediação de uma etapa em outra se dá pela negação do que era específico do modo de
atual. Uma expressão evidente deste movimento negativo é a suposta rejeição de toda
metafísica, tida como influência místico-religiosa, mas que, dadas suas limitações, consegue
10
No estudo sobre o neoempirismo, Lukács mostra como a decadência ideológica burguesa se aferrou à
empiria, delcaradamente tentando expulsar toda “metafísica” de suas determinações, a fim de se obter um
instrumento técnico de intelecção da natureza “livre de influências externas”. LUKÀCS, Gyorgy. Para
uma ontologia do ser social. São Paulo: Boitempo, 2018, v.1.
24
capitalismo. Sua caracterização se torna tanto mais importante porque, ao longo do século
política das classes e frações de classes dominantes. Por isso, neste capítulo, após estabelece-
sobre suas características internas, sobre o prestígio que o tecnicismo nele assume. Como a
entidade é também compreendida por mim como um APH, suas determinações interiores
contemporaneidade.
Um dos fios narrativos que já estão presentes neste capítulo, muito embora só
floresçam nos seguintes, diz respeito à mais nova crise da democracia. A investigação da
construção histórica dos tanques de pensamento, creio, tem muito a dizer neste debate. As
que inviabilizam princípios que lhe são constitutivos como forma de dominação. Refiro-me,
por um lado, à superior capacidade organizativa das classes dominantes, que, segundo
entende Dreifuss, por meio de entidades como o objeto em discussão, tendem a traduzir “suas
intelectual e seu acervo cultural, suas ligações pessoais e vínculos familiares) em capacidades
um regime politico inspirado por liberdades negativas (no caso, pela proibição teórica da
restrição das associações), serve, na prática, para garrotear o debate democrático. Isso porque
11
DREIFUSS, René. Op cit, p. 21.
25
de influência sobre os aparelhos públicos – o que exige esforço sobre-humano de articulação
por parte dos subalternos, a fim de ao menos equilibrar as forças. O Estado que reprime o
sua fase atual, ao permitir a interconexão entre classes e frações de classe e o poder politico
por meio entidades como os tanques de pensamento, aceita que sejam assim contornados os
trabalhadores não são representados nem mesmo pelos modestos padrões do atual estágio de
desenvolvimento deste regime politico. Dito de outra forma, comprova-se assim que a fase
atual da democracia, mesmo quando se efetiva de acordo com seus marcos fundamentais,
que inicialmente lhe deu fôlego. Sua crise, que atualmente atravessamos, revela-se menos
um desvio ao qual devemos atribuir causas acidentais e mais uma tendência de seu
põe as condições e a tarefa da verdadeira democratização. Para tanto, é preciso enfrentar estas
organizações, negando sua técnica pela afirmação de outra política. Política que represente
prático que, combatendo as relações sociais de produção capitalistas, supere a divisão entre
movimento serve, porém, para reforçar a urgência daquela luta. Só sua vitória pode
26
reconciliar Estado e humanidade, permitindo que ele em seu leito de morte enfim suspire:
A primeira parte deste capítulo faz um apanhado geral das principais linhas
teóricas, por assim dizer. Trabalhos que, de alguma maneira, contém reflexão sobre o ser
argumentativos. Parto do que entendo como interpretações mais superficiais – não entender
como estudos simplórios, mas reflexões que priorizam a aparência do fenômeno, ainda que
não se deem conta disso – e chego a interpretações que atingem o que entendo ser o núcleo
As ciências políticas burguesas buscam desde pelo menos 1960 definir precisamente o
que seja um tanque de pensamento. Como mostra Juliana Hauck, muito embora as primeiras
organizações identificadas como pertencentes ao tipo datem do início do século XX, como a
Russell Sage Foundation (1907), é daquela década os primeiros esforços sistemáticos para
27
pensar entidades dedicadas à formulação de políticas públicas em áreas como as relações
internacionais e a política de Estado. Em 1970 surgiria o conceito, em inglês: think tank. Com
ele, uma expansão de sua área de atuação. Desde então, as entidades do tipo discutiriam e
gestão política, postos pelas condições da chamada Guerra Fria 13 . A década de 1960,
autoritarismo 14. A década de turbulência, que em 1968 ganha ares de revolução mundial,
torna sensíveis, assim, os debates em torno do Estado e da democracia. O início das reflexões
exercício do poder político, assim, deve ser interpretado à luz deste pano de fundo.
12
Juliana Hauck fez valiosa revisão bibliográfica das ciências políticas dominantes sobre os tanques de
pensamento. Ela é quem melhor apresenta o debate deste este ponto de vista, inclusive indicando os marcos
e suas compreensões do desenvolvimento dos tanques de pensamento reproduzidos neste parágrafo. Ver:
HAUCK, Juliana. Think tanks. Quem são, como atuam e qual seu panorama de ação no Brasil. Dissertação
de mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 2015. P.
13
13
FONTES, Virgínia. Brasil e o capital-imperialismo. Teoria e história. Rio de Janeiro: UFRJ, 2010.
14
Uma das discussões ainda influentes que surgem nesta conjuntura é o debate sobre os Estados burocráticos-
autoritários. Ver: O´DONNELL, Guillermo. Análise do Autoritário Burocrático. São Paulo: Paz e Terra,
1990; O´DONNELL, Guillermo. Autoritarismo y Modernización. Buenos Aires: Prometeo, 2011;
O´DONNELL, Guillermo. Reflexiones sobre los Patrones de Cambio en el Estado Burocrático-Autoritario.
In: Ecos Mundiales del Golpe de Estado: Escritos sobre el 11 de Septiembre de 1973. Santiago de Chile:
Universidad Diego Portales, 2013.
28
Talvez um dos primeiros a tentar uma análise sistemática dos tanques de pensamento
tenha sido Paul Dickson15. Em trabalho hoje clássico, o autor considera essas entidades como
“fábricas” ou “laboratórios” de ideias. Definição com contornos alargados, sem dúvida, cujo
principal problema é esta imprecisão também vista em outros textos seminais 16. Dificuldades
Hauck quem destaca como a literatura mostra como dois terços dos tanques de pensamento
existentes no início dos anos 2000 haviam sido estabelecidos depois dos anos 1970 – com o
reflexão. Trabalhos mais recentes identificam que, desde os anos 1970, o objeto se tornou
"ator preferencial de elaboração de políticas públicas”, tendo destacado seu papel no processo
os tanques de pensamento aparecem como entidades que atuam no circuito de elaboração das
intelectuais divididos por áreas específicas, cuja atuação busca suprir o Estado de
15
DICKSON, Paul. Think Tanks. Centrais de Ideias. São Paulo: Melhoramentos, 1975.
16
São os casos de trabalhos como o de James McGann, que em uma de suas obras, argumenta que reconhece
um think tank ao ver um – imprecisão que denota a falta de contornos claros de tal objeto; e os de Diane
Stone, que alega que a indefinição conceitual que cerca os think tanks dificulta sua distinção em relação a
outras organizações ditas de consultoria técnica. Ver: MCGANN, J.. (1994) The Competition for Dollars,
Scholars and Influence in the Public Policy Research Industry. University Press of America, 1994; STONE,
Capturing the Political Imagination. Think tanks and the Policy Process. London: Frank Cass.
17
HAUCK, Juliana. Op. Cit. P. 13.
18
PAUTZ, Hartwig. Revisiting the think tank phenomenon. Public Policy and Administration, Sage
Publications, 2011.
29
crescente especialização dos saberes. A síntese da proposta, assim, é entender as entidades
Outra área que se interessou em particular pelo estudo dessas organizações foi o das
relações internacionais. Assim, aos acima referidos, juntaram-se outros trabalhos, com o
objetivo mais específico de investigar a natureza da produção dessas ideias e sua circulação
em âmbito global, sobretudo no que toca à interação entre diferentes Estados-nações. Então,
uma cisão básica começou a se desenvolver no interior desse campo de pesquisas recém-
instaurado, possível reflexo dos estudos acima comentados: de um lado, aqueles que viam os
enxergariam de modo “realista” a ação das entidades. Os idealistas, portanto, concluíram seus
cosmopolitismo almejado, isto é, pela expectativa do advento de uma sociedade civil mundial
harmônica, a ser alcançada pela mediação no âmbito internacional levada a cabo por tais
aquelas entidades como aparelhos de Estado, ainda que fomentados e dirigidos pela
19
Sobre as correntes, o debate nas Relações Internacionais é gigantesco. Para uma primeira aproximação, ver:
NOGUEIRA, João Pontes; MESSARI, Nizar. Teoria das relações internacionais: correntes e debates. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2005; PECEQUILO, Cristina Soreanu. Introdução às relações internacionais. Temas,
30
Estabelecer os tanques de pensamento como instrumentos atuantes na disputa entre
Estados-nações parece ter chamado atenção ao seu potencial político. Mais recentemente,
pesquisas das ciências políticas sobre os tanques de pensamento já destacam sua capacidade
de representar demandas sociais específicos. Matt Grossmann foi um dos que se sustentaram
impacto como ferramenta de lobby seria visível em 2012, quando do lançamento de sua
pesquisa. O autor mostra como então os tanques d pensamento exerciam grande atração sobre
Grossmann, assim, embora não neguem eventuais aportes técnicos realizados pelos tanques
de pensamento na sociedade, termina por ser menos reificador, na medida em que entende o
avanço das ciências políticas. Na década conhecida pelo boom do associativismo em tanques
exato oposto. De acordo com este autor, aquelas entidades seriam organizações “não-
setoriais”, como empresas e partidos. Seu papel fundamental, assim, seria o desenvolvimento
técnico de saberes adequados ao que considera como progresso social 21 . Não há aqui
nenhuma reflexão sobre o que seria o tal progresso, bem como sobre a natureza social desses
atores e visões. Petrópolis: Vozes, 2004; MORGENTHAU, H. Política entre las naciones. La lucha por el
poder y por La paz. Buenos Aires: Grupo Editor Latinoamericano, 1985
20
GROSSMANN, Matt. The not-so-special interests. Interest groups, public representation and American
governance. Stanford: University Press, 2012.
21
WEAVER, Kent. The changing World of think-tanks. Political Science and Politics. N. 22, v. 3. 1989, p.
563-578.
31
desenvolvimentos técnicos. A forma reificada da reflexão unilateraliza tais noções que, como
Embora sem um estudo sistemático dos TT’s em particular, Jürgen Habermas é outro
autor cujas contribuições nos interessam de perto. Isso porque seu pensamento é reivindicado
para fundamentar a ação da entidade analisada mais profundamente nesta tese, a saber, o
deliberativas modernas 22. Para o autor, a formação daquela modalidade de “esfera pública”
marcaria o ponto mais alto do desenvolvimento de um intercâmbio cultural cujo advento data
especificamente ao debate livre de ideias, como os cafés, clubes literários e a imprensa dos
séculos XVII e XVIII. De acordo com o pensador alemão, tais espaços serviram de veículo
para expressão da prática burguesa de sociabilidade, seja pela crítica ao status quo reinante,
seja pela execução de formas de interação entre iguais, que superavam concretamente as
diferenças de status que vertebravam a sociedade feudal. A esfera pública seminal que se
desenvolvia, por conseguinte, pela associação abstrata entre estes locais historicamente
22
HABERMAS, Jurgen. Mudança estrutural da esfera pública: investigações quanto a uma categoria da
sociedade burguesa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984. HABERMAS, Jurgen. Direito e democracia.
Entre facticidade e validade. Rio de Janeiro: Templo Brasileiro, 1997, 2v.
32
“Estado”, o qual, originalmente burguês, desenvolveu-se incorporando outros setores sociais,
sociedade civil, arena das ações privadas tornadas de interesse público com o advento do
modo de produção capitalista, e o Estado, arena de expressão da ação pública por excelência
projetar naquela arena de debates os interesses privados, cuja substância residiria no grupo
o mundo da vida que a democracia extrairia sua validade e legitimidade, sendo esta, portanto,
uma forma de governo eminentemente racional, dado que lastreada no uso público da razão
coletiva, sintetizada por aquela esfera pública democrática existente na interseção entre
público-privado.
Entidades como as que aqui analisamos, portanto, teriam como função tanto fazer
23
O movimento das ideias de Habermas aqui sintetizado eclipsa o desenvolvimento contraditório de seu
pensamento. Conviria, portanto, ressaltar que inicialmente seus apontamentos tenderam a idealizar a esfera
pública burguesa como um espaço de, quando, na prática, aqueles locais incorporavam desigualmente os
sujeitos históricos que dele participavam – é o caso das diferenças de classe e gênero, apontadas por críticos
como Geoffrey Eley, lembradas em prefácio à obra Mudança estrutural da esfera pública, assinado em
1990 (HABERMAS, 2001, p. 49-80). Também a suposição de que somente o espaço burguês constituiria
uma esfera pública, ou mesmo que teria constituído o ponto original de desenvolvimento desse tipo de
espaço, foi alvo de críticas, uma vez que lógicas societais análogas foram identificadas por historiadores
como E. P. Thompson, cujos estudos indicaram a existência do que mesmo Habermas, no mencionado
prefácio, considerou que se poderia chamar de esfera pública plebeia. Ver: THOMPSON, E. P. A Formação
da classe operária inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. ; _______. The Moral economy of the
English crowd in the eighteenth century. Past & Present , 50, p. 76-131, February, 1971.
24
HABERMAS, Jurgen. Op. Cit. 1997
33
lastreadas na inevitável parcialidade dos conflitantes pontos de vista sobre o mundo da vida.
solução de conflitos. Com o avanço da esfera pública democrática, dada sua suposta
os antagonismos não seriam mais do que pontos transitórios na longa marcha da sociedade
do conhecimento.
sobre sua própria atividade. Se considerarmos tal segmento social o que faz do debate de
ideias seu modo de vida, parece haver pelo menos afinidade eletiva entre a interpretação de
Habermas – que hipertrofia a capacidade de solução de problemas por meio do uso público
IFHC. Se avançarmos nesta reflexão, contudo, levantaremos como hipótese que as diversas
interpretações aqui reunidas também contribuem com seu quinhão para a auto-imagem de
tais entidades. Ora, não é raro na descrição das atividades e da “missão” desses tanques de
pensamento ser destacada suposta contribuição com eficiência na gestão da coisa pública
e/ou dos temas relacionados à sua agenda de atuação. A ideia basilar, aqui, é a de que se
tratam de entidades de experts devotados a aprimorar a ação política dos Estados, por ação
crítico-complementar, isto é, por meio de uma relação que mobiliza oposição e construção,
pautados, esses dois elementos, por racionalidade técnica – e essa ideia está presente mesmo
entre os realistas das relações internacionais que enxergam a ação política para além da
34
tecnicidade reivindicada por tais aparelhos. As interpretações hegemônicas, pois, parecem
derivar de uma mesma matriz teórica sobre o ser social e, sobretudo, sobre a relação entre a
Desta forma, pressupõe-se uma missão social única, dada, mas criptografada, daí a
necessidade do saber técnico, capaz de decodificá-la e apresentá-la como verdade para toda
a sociedade. Assim, caberia a esses técnicos descobrir tanto aquela finalidade a ser buscada
como o melhor caminho para atingi-la. Os tanques de pensamento, por conseguinte, seriam
espaços privilegiados de ação desses estrategistas que, detentores da técnica específica para
decifragem daqueles enigmas sociais, reunir-se-iam nas entidades para guiar no rumo àquele
objetivo. Essa visão, eivada por claro elitismo, tem como suposta a homogeneidade do ser
social, do que se depreende que, no limite, todos os indivíduos e grupos em sociedade – para
não falar em classe… - teriam metas similares e compatíveis entre si, a ponto de, pela agência
daqueles experts, a missão social ser tanto mais facilmente exequível. Na prática, dessa forma,
das técnicas adequadas. Poder-se-ia falar da concepção liberal de Estado e sociedade que
subjaz essas formas de ação social, supondo, por fim, os aparelhos estatais como partes de
do caos. Destacar o liberalismo como matriz teórica desta forma de ser no mundo, contudo,
não deve esmaecer seu caráter autoritário, o que não chega a representar um paradoxo, ao
contrário do que se pode imaginar. Com efeito, se a melhor forma de gerir a coisa pública é
descoberta pela ação científica de intelectuais devotados ao estudo das técnologias de gestão
35
estatal, a massa dos expropriados de saberes legítimos deve quedar fora da definição das
devem se consultar com os representantes encastelados naquelas entidades, não apenas sobre
como fazer, mas principalmente sobre o que fazer. O enigma social, por fim, é revelado por
a ação das entidades como expressão do agir técnico em prol da eficiência do Estado, ou, no
limite, como veículo da disputa entre distintos Estados-nacionais na arena global. Somente
Assim, a fim de compreender as condições de possibilidade que pontuam seu advento, remete
das classes sociais fundamentais daquele modo de produção, bem como de seus modos de
dimensões do real. Como mostra Virgínia Fontes, os APH’s são entidades de classe; e, além
dinamizado por disputas pela direção moral e intelectual da sociedade como um todo,
travadas entre classes sociais fundamentais distintas ou frações no interior de uma mesma
classe. O papel dos APH’s neste universe de lutas é o que lhe confere importância teórica na
obra do comunista sardo26. Assim, tais entidades pode contibuir com a generalização de
dominante da burguesia no capitalismo, mas também servir de plataforma para a ação contra-
hegemônica27.
contidas germinalmente nas observações gerais acima apresentadas, foi fronteira de intenso
25 FONTES, Virgínia. Gramsci, Estado e sociedade civil. Anjos, demônios ou lutas de classes? Revista
Outubro, edição 31, n. 1/2019.
26 GRAMSCI, Antônio. Cadernos do Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002, 3v.
27
Um dos textos em que Gramsci efetivamente põe em prática suas concepções teóricas é o Americanismo e
Fordismo. Nesta reflexão, o autor se debruça sobre a influência do Estado – sociedades política e civil – na
“adaptação psicofísica à nova estrutura industrial” (GRAMSCI, 2001d, p.248). Ver: GRAMSCI, Antônio.
Cadernos do cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, v. 4.
37
teóricas, de sorte que seu uso demanda cuidado e atenção no mapeamento das diferenças
Ao iniciar os estudos sobre a obra de Antônio Gramsci por certos intérpretes, uma
qualificação salta à vista. Em diversos momentos o marxista sardo aparece como um “teórico
italiano, Noberto Bobbio. De acordo com ele, Gramsci teria identificado a sociedade civil –
sociais seriam travados em âmbito superestrutural – ainda de acordo com o autor, ao contrário
proposta gramsciana. Com o exposto, o autor ignora que Gramsci quis acrescentar à obra de
Cadernos do Cárcere não são, pois, uma negação das análises marxianas; antes representam
esforços que buscam se somar aos estudos do autor de O Capital. Não estamos, portanto,
diante de uma reflexão que desvincule política, cultura e economia, à maneira liberal. Por
outro lado, a proposta teórica de Gramsci tem um vigoroso sentido de totalidade, ampliando
o âmbito de atuação das lutas de classes analisadas por Karl Marx, como bem salientou Guido
Liguori29.
28
BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade. Para uma teoria geral da política. Sâo Paulo: Paz e Terra,
2009.
29
LIGUORI, Guido. Roteiros para Gramsci. Rio de Janeiro, UFRJ, 2007, p. 41
30
BIANCHI, Álvaro. O laboratório de Gramsci. História, filosofia e política. São Paulo: Alameda, 2008,
p.173.
38
Cárcere que rompem, em diversos sentidos, com o horizonte originalmente presente na obra.
Além de fragmentar a realidade em “esferas” quase autônomas, apartam ainda sociedade civil
Como não poderia deixar de ser, essa leitura tem consequências teóricas e políticas
conceito de classe social. Abre-se espaço, assim, para a impostura de uma sociedade civil
exclusivo da repressão, do controle, da coerção, o que embaça não apenas sua ação na
Bobbio tiveram grande acolhida, como aqui já foi ressaltado. Um indicativo de sua difusão
se dá no encontro decenal da Fundação Instituto Gramsci dos anos 1990, quando é debatida
a atual produção dos comentadores do autor. De comum entre eles, o interesse em modernizar
31
BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade. Para uma teoria geral da política. Sâo Paulo: Paz e
Terra, 2009.
39
Política Internacional32. Os principais nomes do evento seriam posteriormente rotulados de
conceitual que se fará dele. Assim sendo, convém ressalvar que, neste trabalho, priorizei a
liberal popularizada por Bobbio. Ressalva-se, pois, que nesta se entende Estado de modo
integral, isto é, como um todo orgânico que somente para fins analíticos pode ser dividido
entre esferas econômica, política e cultura são ferramentas metodológicas do estudioso, uma
vez que na prática tais instâncias se apresentam estreitamente imbricadas. Seguimos, enfim,
autores como Álvaro Bianchi e Sônia Regina Mendonça, que fundamentam reflexões em
uma perspectiva totalizante da obra gramsciana, articulando, assim, Estado integral e lutas
de classes34.
obra gramsciana. O debate entendido aqui como mais relevante é o que opõe a análise dos
32
Estes foram posteriormente chamados neogramscianos por tentarem, grosso modo, “renovar as
interpretações da obra de Antônio Gramsci” com base nas questões internacionais então postas. (VACA
apud LIGUORI, 2007, p. 51). São representantes máximos da corrente: GILL, Stephen. Gramsci, States
and international relations. An essay on method. MIllenium, v.12, n.2, 1981; COX, Robert. Social
forces, states and world orders. Beyond the international relations theory. Millenium, v.12, n.2, 1981
33
GRAMSCI, A. Cadernos do Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, v.2 p.35-36.
34
MENDONÇA, Sônia Regina. Sociedade civil em Gramsci. Venturas e desventuras de um conceito. In:
DE PAULA, Dilma Andrade. MENDONÇA, Sônia Regina. Sociedade civil. Ensaios críticos. Jundiaí:
Paco editorial, 2013. p. 16
40
Cadernos do Cárcere pelas antinomias, como Perry Anderson (2002), e pela unidade-
distinção entre alguns conceitos, tal qual a proposta de autores como Álvaro Bianchi e o já
aposta em pares antitéticos para explicar a reflexão do cárcere. Assim sendo, oferece uma
leitura esquemática, expondo os conceitos como polos excludentes. Nesse sentido, para
Acreditamos que tal interpretação é muito concessiva com a civilização burguesa, imposta
sobre o pensamento do marxista sardo, sendo pioneiro nesta seara. Em obra sistemática sobre
35
Tal é a proposta de leitura de Álvaro Bianchi, que, da forma como entendemos, enfatiza a dialética na
leitura dos Cadernos do Cárcere.
36
ANDERSON, Perry. As antinomias de Gramsci. In:__. Afinidades seletivas. São Paulo: Boitempo, 2002,
p. 34
37
O conceito de violência simbólica é de Pierre Bourdieu, mas interessante reflexão de Michel Burawoy
aproximou sua construção com as ideias de hegemonia presentes em Gramsci. Não sem razão, o autor
ressalta que o par dialético necessário da hegemonia é o ataque ao desviante, o qual se objetiva suprimir.
Ver: BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand, 1999; BURAWOY, Michel.
Marxismo encontra Bourdieu. Campinas: Unicamp, 2010.
38
ANDERSON, Perry. Op cit. p. 38.
39
GRAMSCI, A. Cádernos do Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, v2, p.33-3
41
oferece uma interpretação que atribui à sociedade política, o Estado estrito, o o espaço
privilegiado da ação dos subalternos40. Apesar de coberto de méritos, pode-se com Sônia
Mendonça, indicar alguns problemas nesta leitura; o principal sendo a suposição de que uma
avanço das lutas populares 41 . Como mostra bem Liguori ao discordar de Coutinho nesse
aspecto, a sociedade civil é uma arena de lutas de classes, sendo, portanto, atravessada por
seu âmbito, e somente uma análise histórica da correlação de forças pode indicar o peso
superestruturas”. Isso porque, da forma como os Cadernos são entendidos em sua análise,
“também na análise das superestruturas Gramsci destacava o nexo que elas mantinham com
na obra de Gramsci, inclusive entre sociedade civil e política – demonstrando que aquelas
40
COUTINHO, Carlos Nelson. Gramsci. Um estudo sobre seu pensamento político. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2014, 119-144.
41
MENDONÇA, Sônia Regina, Op cit., p. 20.
42
LIGUORI, Guido. Op cit, p. 54
43
BIANCHI, Álvaro. Op Cit.
44
BIANCHI, Álvaro. Op cit, p. 133
45
BIANCHI, Álvaro. Op cit, p. 184
42
Insistir na unidade-distinção é fundamental para operar com o arcabouço teórico
gramsciano da maneira como aqui se pretende. É com base nesse princípio que se pode
aceitar a proposta metodológica de Sônia Regina Mendonça, que articula as sociedades civil
e política pela capacidade de a primeira formar disposições e visões de mundo que, uma vez
tendo sucesso nas lutas de classes que envolvem especificamente os aparelhos privados de
eficácia de um aparelho privado de hegemonia seria medida, portanto, pela sua capacidade
de engastar quadros políticos na ossatura estatal, implementando desde esse espaço a agenda
política entendida como mais adequada pela sua formação no âmbito daqueles aparelhos. A
Com esse modo de trabalho, Mendonça, em seus estudos sobre a questão agrária
46
MENDONÇA, Sônia Regina. Op Cit. P. 19
47
Idem, ibidem. p. 18-19.
43
perceber que diferentes aparelhos privados de hegemonia disputavam a agenda política do
setor ruralista, sendo a designação de quadros formados naqueles espaços para o Ministério
da Agricultura um indício da primazia dos grupos representados por estes quadros políticos
ao longo do século XX48. Com isso, sua reflexão desvelou desde muito cedo na História do
Isso posto, convém se indagar como efetivamente acontece a disputa pelo poder em
uma dada formação social – e como se expressa a influência do conjunto das classes sociais.
Recuperar Gramsci, nesse ponto, parece sumamente produtivo. O marxista sardo segue a
senda consagrada nas análises marxistas, considerando o Estado para além de sua aparência
Como visto acima, Gramsci oferece apontamentos poderosos que superam formas de
Concebe-o, em vez disso, como Estado integral, isto é, como articulação entre sociedade
política (o Estado restrito das concepções clássicas do pensamento liberal) e a sociedade civil,
48
Ver, por exemplo: MENDONÇA, Sônia Regina. O patronato rural no Brasil Recente (1964-1993). Rio
de Janeiro: UFRJ, 2010
49
Gramsci opõe sociedades ocidentalizadas às congêneres orientais. Enquanto estas teriam uma sociedade
civil “gelatinosa” e um Estado restrito (ou sociedade política) comparativamente forte, as primeiras seriam
palco da proliferação de APH’s, do que se desdobrariam uma diferença tática na luta revolucionária: nas
formações sociais ocidentalizadas, não bastaria atacar diretamente o centro do poder, mas se deveria travar
as lutas também na sociedade civil, a fim de conseguir transformações ético-morais que possibilitem o
surgimento de um novo tipo de sociedade. Gramsci, portanto, revela aqui a importância da formação de
consensos para o advento e a reprodução de novos tipos de relações sociais, consensos esses que poderiam
ser edificados também pela função pedagógica própria dos APH’s em uma sociedade de tipo ocidental. Ver:
GRAMSCI, Antônio. Cadernos do cárcere. v. 3. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003c.
50
GRAMSCI, Antônio. Cadernos do cárcere. v. 3. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003c.
44
ou o conjunto de associações, chamadas de aparelhos privados de hegemonia (APH’s), por
meio das quais uma classe ou um bloco de classe lutam pela direção político-moral da
formação social. Enfatizar a integralidade do Estado, portanto, é uma forma de ressaltar que
tais instâncias não podem senão didaticamente serem separadas – porque, na prática, a
sociedade civil é uma das trincheiras onde ocorrem as disputas pelo poder em uma sociedade
capitalista ocidentalizada. Os APHs, pois, não podem ser entendidos como agentes de uma
neutralidade técnica, a menos que se conceba essa expressão em toda sua profundidade, isto
trabalho.
classes sociais na sociedade civil, da qual os tanques de pensamento são exemplares. Nos
histórico com intensa mundialização do capital e ampliado trânsito das classes dominantes,
essas associações refletem tal realidade, reproduzindo também o consórcio das burguesias
exponencial, em nivel planetário, das entidades burguesas desde, pelo menos, a década de
191052.
51 POULANTZAS. Op Cit.
52
DREIFUSS, René. A internacional capitalista. Petrópolis: Vozes, 1986.
45
interimperialista e de defesa da ordem do capital-imperialismo 53 . A partir de suas
sobre formas associativas das classes sociais – mais especificamente da burguesia – e as lutas
fecundidade das observações gramscianas, tornadas mais ricas por estudos específicos que
preenchiam com carne viva o esqueleto teórico deixado pelo autor dos Cadernos do Cárcere.
tanto por sua qualidade quanto pela importância que o objeto construído sobre aqueles
alicerces teóricos assume. Aqui destacamos apenas os que dialogam mais diretamente com
nosso tema de pesquisa, muito embora a indicação ao conjunto dos trabalhos fique registrada
aparelhos de ação política e ideológica – uma outra forma de chamar os APH’s. A obra
dominanantes brasileiros55.
53
FONTES, Virginia. Op. Cit. 2010.
54 Ver: http://www.grupodetrabalhoeorientacao.com.br/
55
CALHEIROS, Flávio. A nova direita. Aparelhos de ação política e ideológica no Brasil contemporâneo.
Rio de Janeiro: São Paulo: Expressão Popular, 2018.
46
Poder-se-ia apontar ainda, como contribuição importante daquele grupo, os estudos
sobre o Grupo Banco Mundial. Estes demonstram como, com suporte de fundações como
Rockefeller e Ford, o GBM formou quadros políticos para atuação em países-alvos. Assim,
através de seus braços educadores, inúmeros cursos foram oferecidos, formando vetores de
pesquisa, o Grupo Banco Mundial foi ator presente nas cenas mesmo quando ausente, dadas
Instituto Fernando Henrique Cardoso. As tabelas anexadas ao fim desta tese evidenciam a
avança hipóteses sobre a articulação transnacional das classes dominantes por meio de
conglomerados nacionais e quadros politicos centrais dos principais Estados das chamadas
que arrebenta nos anos 1970, apresentando como novo caminho para a reprodução ampliada
56
PEREIRA, J. M. M. O Banco Mundial como ator político, intelectual e financeiro (1944-2008). Tese de
doutoramento em História. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2009.
57 BRZEZINSKI, Zbigniew. Entre duas eras. América: laboratório do mundo. Rio de Janeiro: Artenova,
1971
58 HOEVELER, Rejane Carolina. As elites orgânicas transnacionais diante da crise. Uma história dos
primórdios da Comissão Trilateral (1973-1979). Dissertação de mestrado em História. Universidade
Federal Fluminense, 2015.
47
mecanismo de sua implementação reforça a importância do método de pesquisa aqui debatido:
por um lado, age no sentido de conformar acordos no interior das burguesias dominantes em
nível internacional, forjando unidade de ação; por outo, com participação frequente em
sociais pela rede de aparelhos privados de hegemonia burgueses. Funcionam como laços,
O estudo das lutas de classe por esta chave de análise fez avançar o conhecimento
porém, que se pode avançar mais estabelecendo qualificadores internos no grupo dos APH’s,
diferentes tipos de associação que, contudo, frequentemente são reunidas sob o guarda-chuva
daquele conceito. Tampouco esta intenção me parece original. René Dreifuss, afinal, já
demonstrara disposição similar ao sugerir uma subconceituação dos aparelhos burgueses por
um tipo específico de APH. Na segunda parte deste primeiro capítulo, coloco-me o objetivo
and Civil Societies Program (TTCSP), para tentar atingir o núcleo essencial – ali entendido
como uma das formas com que, em nosso tempo, o circuito de mando e obediência, que opõe
Parte II
fenômeno em tela. Partimos da análise concreta do Think Tanks and Civil Societies Programa
de tecnologias políticas realizada por meio dos summits daquele laboratório de pesquisa.
Neste processo, fica claro ser a própria ideia de think tank uma mistificação que oculta a
natureza da luta política, substituindo-a por uma miragem idealista que poderia ser sintetizada
A luta política mobiliza afetos, medos, sonhos, horrores. Não consiste na disputa entre
melhores projetos sociais racionalmente concebidos, embora essa dimensão existe. Trata-se
possibilidade graças à divisão social do trabalho no capitalismo. Prisma de luta que, se por
49
por outro prepara as bases para novos tipos de insurreição social – cujo exemplo mais tosco
Ao longo dos anos de pesquisa sobre o IFHC, o Think Tanks and Civil Societies
da Pensilvânia, nos Estados Unidos. A referência ao programa no site do IFHC aparecia por
meio do Global Go To Think Tank Index Report, espécie de relatório anual, lançado pelo
TTCSP. O documento, cuja abrangência mundial impressiona, avalia a atuação dos tanques
De início, atraiu minha atenção o indisfarçado orgulho com que o IFHC noticiava as
boas colocações registradas naqueles relatórios. De fato, a julgar pelos rankings, a fundação
mostrava ter papel relevante na América Latina, figurando entre os principais aparelhos do
tipo na região61. O estudo dos critérios e do método de apuração de dados do TTCSP, portanto,
61
Veremos mais sobre isso no segundo capítulo, quando terei oportunidade de refletir mais particularmente
sobre a fundação.
50
Reproduzo abaixo, com comentários meus, a lista dos critérios contida no report de
201562:
dado tanque de pensamento tem na sua zona de atuação. Quanto maior o grau de consagração,
tanto maior será seu poder de mobilizar recursos e atrair especialistas devotados à sua
membros reconhecidos tanto como autoridades “técnicas” em suas áreas quanto de reputação
ilibada;
desenvolvidas;
62
McGann, James. Global go to think tanks Index Report. Universidade da Pensilvânia, 2015, P. 5.
Disponívelem: https://repository.upenn.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1009&context=think_tanks
(acessado em 02/11/2018).
51
7. “reputação com formuladores de políticas públicas”, medida pelo reconhecimento
8. White papers (livros brancos) produzidos com base nas pesquisas do tanque de
12. influência alcançada pelo think tank, com publicações, visitações em sítios
públicas;
52
14. influência da organização na mobilização pública, no debate acadêmico ou nos
debates legislativos;
organização;
políticas públicas e, por sua vez, entre estes e a “sociedade”, entendida aqui como o restante
da população;
expresso no número de acadêmicos que, dado o elevado prestígio da entidade, são para ela
sobre a sociedades civil e política, naquela disjuntiva meramente didática de que falou
Gramsci e acima pudemos discutir com mais calma. Essa organização é de tal modo orgânica,
no sentido de ser reconhecida como importante fórum de representação de uma classe, que
53
seu sustento é garantido pela iniciativa privada. Trata-se, efetivamente, de um importante
aparelho privado de hegemonia, cuja ideologia comporta o tecnicismo radicado nas práticas
Identificar o IFHC entre os melhores da América Latina em uma lista desta natureza
Assumindo como verdadeiro o que ali consta, poder-se-ia formular hipóteses acerca da
importante nó da rede de associações burguesas que tenta dirigir os rumos políticos da região.
Embora sem dúvidas fosse abrir importantes caminhos de pesquisa, este procedimento
base de dados do ranking se sustenta quanto a que interesses ela atende. A isso passamos
agora63.
63
Algumas análises aceitaram mais ou menos acriticamente as conclusões do laboratório, do que derivou
tanto denúncia do ativismo de organizações de direita desde os anos 1970 – o marco é a fundação da
Heritage Foundation, em 1973 - quanto, paralelamente, a suposição de que existiriam tanques de
pensamento não ativistas, ou menos ativistas, sobretudo antes disso. É o caso do trabalho de Camila Rocha,
que, a despeito da boa qualidade e da adoção de interessante postura crítica geral, ao centrar seu fogo sobre
esses advocacy think tanks (expressão de R. Kent Weaver para caracterizar as organizações ativistas em
oposição às suas congêneres mais imediatamente “desinteressadas”, aceita pela autora), acaba admitindo a
existência de tanques de pensamentos nao enquadrados neste subtipo – o que tem por consequência a
suposição de algum nível de distanciamento político em suas atividades. Ver: ROCHA, Camila. Direitas
em rede. Think tanks de direita na América Latina. In: VELASCO E CRUZ, Sebastião; KAYSEL, André;
CODAS, Gustavo (org.). Direita, volver! O retorno da direita e o ciclo político brasileiro. São Paulo: Perseu
Abramo, 2015, p. 265
54
e privados e especialistas da área. Este grupo de pares e especialistas foi pesquisado
para nomear e classificar os tanques de pensamento para distinção em 201564.
deles vinculados a tanques de pensamento, que origina o escalonamento dos aparelhos com
base naqueles critérios acima listados. Por este expediente, tudo que podemos alcançar é tão
verificação que dimensione o real impacto desses aparelhos na área de produção de políticas
À esta altura, talvez fosse o caso de concluir que a fonte não nos leva muito longe na
investigação do nosso objeto. Seria de fato um recuo dramático para a pesquisa. Postos os
objetivos desta etapa do trabalho, abdicar de uma base de dados que inclui mais de 6 mil
impossível, nos limites desta pesquisa, identificar as especificidades deste tipo de aparelho.
listas, como se eles exprimissem de fato o grau comparativo de sucesso de cada entidade nos
quesitos acima arrolados – e não, em vez disso, a impressão dos consultados sobre o
fenômeno. Mas há o que se tirar da documentação, inclusive na área de nosso interesse. Para
tanto é preciso, porém, entender melhor o que é o TTCSP, seus projetos e sua influência. Por
64
McGann, James. Global go to think tanks Index Report. Universidade da Pensilvânia, 2015.
Disponívelem: https://repository.upenn.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1009&context=think_tanks
(acessado em 02/11/2018).
55
essa análise, mesmo que parnorâmica, pode-se inserir aquela fonte em um conjunto de
pensamento, cujos importantes trabalhos incorporam aquela visão clássica das ciências
políticas dos anos 1980 sobre o tema. Para ele, esses aparelhos são entidades técnicas que
públicas no seio do Estado 65 . Uma visão muito tradicional, conforme vimos acima, que
Trata-se de uma visão eloquente, tanto mais por estar ela na base da explicação da
missão de seu programa de pesquisas. De acordo com site do TTCSP, o laboratório seria
espécie de tanque de pensamento dos tanques de pensamento. Desde sua criação, teria
ajudado a desenvolver aparelhos que superam os gaps entre saber e política em temas como
65
A visão ainda segue basicamente a mesma até os dias de hoje, haja vista a apresentação da “missão” do
TTCSP em seu site, cuja descrição conta com espécie de slogan: Helping to bridge the gap between
knowledge and policy. Ver: https://www.gotothinktank.com/history-and-mission (acessadoem 02/11/2018)
56
e internacionais de tanques de pensamento que melhoram a formulação de políticas públicas
discutia o papel dos tanques de pensamento nas relações exteriores em um mundo com
organizações transnacionais, cujo complexa rede de interações deveria ser decifrada por
mundo com saberes cada vez mais específicos, técnicos e complexos. No mesmo texto,
embasadas.
66
O parágrafo foi construído sobre a descrição da missão do laboratório. Em inglês, consta assim na fonte:
“The Think Tanks and Civil Societies Program (TTCSP) of the Lauder Institute at the University of
Pennsylvania conducts research on the role policy institutes play in governments and civil societies around
the world. Often referred to as the “think tanks’ think tank,” TTCSP examines the evolving role and
character of public policy research organizations. Over the last 25 years, TTCSP has developed and led a
series of global initiatives that have helped bridge the gap between knowledge and policy in critical policy
areas such as international peace and security, globalization and governance, international economics,
environmental issues, information and society, poverty alleviation, and healthcare and global health. These
international collaborative efforts are designed to establish regional and international networks of policy
institutes and communities that improve policy making while strengthening democratic institutions and
civil societies around the world”. Ver: https://www.gotothinktank.com/history-and-mission (acessadoem
02/11/2018)
67
No original em inglês: “despite the efforts of some scholars and policy-makers to question the potential
transferability of U.S.-style independent think tanks to other regions and countries of the world, many policy-
makers and civil society groups from around the globe have sought to create truly independent, free-standing
think tanks to help their governments. So while the transferability of the Brookings Institution, RAND
Corporation, or Heritage Foundation model to other countries and political cultures may be debated, the need
and desire to replicate the independence and influence these institutions enjoy is unchallenged”. Disponível
em:
https://globalnetplatform.org/system/files/1/Think%20Tanks%20and%20the%20Transnationalization%20of%
20Foreign%20Policy.pdf (acessaod em 14/10/2019 às 17h39)
57
Como isso ocorre na prática? Pelo menos desde 2014, o TTCSP convoca cumes
papeis devem desempenhar os aparelhos do tipo em todo o mundo. O primeiro Global think
tank summit Report disponibilizado pela iniciativa, datado de dezembro daquele ano, relata
de pensamento do mundo inteiro para discutir uma série de tópicos, dentre eles, a relação
global”; o papel dos tanques de pensamento em crises, como as provacadas pelo Ebola e pelo
Estado Islâmico; além de temas mais genéricos, como os “desafios globais” postos a esses
O fim do encontro contou com avaliação dos tanques de pensamento pelos representantes
convidados ao encontro, cujos pareceres sublinharam o foco técnico das entidades, muito
científica68.
tem crescido. A última de suas edições globais ocorreu em 2019, na Fundação Getúlio Vargas,
no Rio de Janeiro. Reuniu 150 intelectuais vinculados a 107 entidades de todo o mundo.
Sérgio Fausto representou o IFHC como seu “presidente” 69 . Nesta última edição dos
encontros globais, o formato seguiu quase o mesmo. Após rodadas de debate sobre os
68
https://repository.upenn.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1006&context=ttcsp_summitreports p. 26.
(acessadoem 02/11/2018)
69
https://repository.upenn.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1008&context=ttcsp_papers P. 30 (acessadoem
02/11/2018)
58
desafios postos aos tanques de pensamento na conjuntura, foram tecidos prognósticos sobre
Entre 2014 e 2019 foram realizados 27 encontros do tipo. Além dos cumes globais
que aqui destaquei, há encontros homólogos ocorrendo anualmente em nível regional71. Sua
regularidade, bem como sua capilarização regional, permite hipóteses sejam formuladas,
intenso intercâmbio entre representantes de tanques de pensamento, é possível que tais cumes
práticas dessas entidades. Deste ponto de vista, as deliberações acerca dos papeis
modos de funcionamento específicos, que por meio daquelas reuniões seriam tanto mais ou
menos amalgamados quanto difundidos para e pelos aparelhos que tomam parte dos
encontros. Estou falando, portanto, da formação de uma rede de tanques de pensamento, com
sublinhamos o que o diretor do laboratório entende por este tipo de entidade no que toca ao
70
https://repository.upenn.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1008&context=ttcsp_papers
71
As regiões assim se definem: América Latina, Europa, África, Oriente Médio e norte africano, América do
Norte. Esses encontros regionais, na verdade, parecem ter antecedido em um ano os seus congêneres globais.
As primeiras documentações a respeito datam de 2013 e podem ser encontradas aqui:
https://www.gotothinktank.com/past-summits (acessado 02/11/2019). Chama atenção a ausência de
encontros regionais no restante da Ásia e na Oceânia, especialmente se considerada a importância
geopolítica da região – às portas da potência chinesa
59
A importância do TTSCP assim se justifica. Não por ser ele um laboratório que
permite a aferição dos impactos dos tanques de pensamento em diversas escalas, a saber,
global, regional e nacional; mas por representar o centro de uma rede de trocas que conforma
um tipo ideal de tanque de pensamento, tomado como tal por todas as entidades que,
orgulhosamente, buscam constar em seus relatórios e, por isso, reconhecem sua autoridade
interação daquela rede associativa com o TTSCP, portanto, que ratifica e reproduz seu papel
de direção. Não se trata de uma posição identificada a priori, mas surgida pelo
Seria um erro, entretanto, interromper seu estudo no nível institucional. Claro, a forma
pesquisa, bem como por ser a manifestação histórica visível de uma das principais
ossatura material, para falar como Poulantzas, às classes e frações de classes sociais que por
pensamento. Não há e nem pode haver distanciamento entre técnica e política, conforme
tentarei sustentar de uma maneira que julgo significativamente distinta daquelas colocações
que, de rompante, indicam sua impossibilidade sem demonstrar as raízes da associação entre
trabalho intelectual e capitalismo. Com efeito, entendidos por mim como desenvolvimento
formal daquele tipo de trabalho, tais organizações estão circunscritas a relações sociais
72
POULANZAS, Nicos. O Estado, o poder, o socialismo. Rio de Janeiro: Graal, 1981.
60
específicas, das quais só podem se afastar por um contundente esforço de crítica prática. Seu
históricos do capitalismo, reforça, tanto no âmbito de sua produção quanto pela sua
organização interna, alguns pilares deste modo de produção. É à luz desta perspectiva que
entendo ser necessário trabalhar com os dados levantados pelo importante laboratório da
de pensamento. Assim, se as conclusões tiradas a partir dos dados não nos satisfazem como
leitura do objeto, as informações construídas são importante fonte não apenas da visão
dominante sobre os tanques de pensamento, mas também de importante função que lhe é
Essa função é de alguma maneira reforçada pela sistematização dos dados em formato
de ranking. Dardot e Laval demonstram muito bem como o que eles chamam de razão
excelência quanto forma de ilustrar os fins últimos das práticas sociais sob análise – isto é,
73
Os autores demonstram como a racionalidade empresarial transborda para outros espaços a partir da crise
do welfarismo, nos anos 1970. Assim, entidades públicas e o assim chamado “terceiro setor” passaram a
adotar padrões de funcionamento de Mercado, entendidos como melhores por serem regidos pelo
princípio da competição. O processo em tela é marcado pela reestruturação administrativa, com
instituições terceirizando atividades, a fim de centrar esforços em atividades-fim, nas quais se tornariam
especialistas e, logo, mais eficientes. O princípio da “excelência” preside, ainda, a construção de uma
miríade de tecnologias de controle cujo objetivo é reproduzir determinadas práticas, subsumidas a
padrões gerenciais de accountability e management. Ver: DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova
razão do mundo. Ensaios sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016, principalmente
capítulo O governo empresarial, pp. 271-320.
61
de controle sobre sua maior ou menor eficiência em um dado objetivo – o que, colateralmente,
Ler as listagens sob estes prismas, a saber, destacando a forma associativa idealizada
e as classes e frações de classes que por ela se expressam, permite entender por que parte
significativa dos índices de ranqueamento situa as entidades a meio caminho entre o que
Gramsci chamou de sociedade civil e sociedade política. Claro, já vimos que a distinção no
destas articulações entre o Estado, em sentido restrito, e a sociedade, tanto no que diz respeito
à formação de consenso sobre determinado modo de vida, quanto no que toca às pressões das
pensamento, assim, conforme demonstram as pesquisas sobre o que se espera de suas práticas,
sociedade política.
Creio, no entanto, que há aqui algumas diferenças substanciais entre outras formas de
aparece de modo mais imediato é o uso de um saber técnico, especializado, como forma de
legitimar prescrições sobre como deve ser a ação pública. Jornais e sindicatos também
74
Pressões que podem se dar de diferentes formas, de campanhas em favor de uma maneira de governar à
formação de quadros políticos que, saídos dos aparelhos privados de hegemonia prenhes de sua visão de
mundo, ocupam postos no Estado generalizando interesses setoriais como interesses sociais. Se o
primeiro tipo de “pressão” está presente na obra de Poulantzas (1978), o segundo aparece descrito
detalhadamente na tese de doutorado de Sônia Regina de Mendonça
62
recorrem ao saber técnico – são eles próprios redutos do trabalho intelectual. Ocorre que,
políticos aparecem com mais clareza, especialmente no segundo caso, mas também no
técnico, os tanques de pensamento se apresentassem como a forma mais pura desta evolução
– daí a afirmação constante, por parte destas entidades, de sua imparcialidade política,
partidária; e seu suposto combate a qualquer metafísica, tomada como discurso ideologizado
Não sem razão apenas seis itens da lista de critérios acima não podem ser relacionados
diretamente a nenhum saber especializado – embora mesmo entre eles existam relações
como detentores de saber específico em suas áreas de atuação, sendo suas demais atribuições
recrutamento de “técnicos”.
63
pública por este poder de expertise”75. Os critérios que balizam rankings como o da Global
Go To Think Tank, portanto, carregam o “espírito” desta nova gestão pública, tornando os
Talvez seja essa uma das razões da multiplicação de tanques de pensamento desde os anos
1970, década que também marca a ascensão do que aqueles autores chamam de “governo
empresarial”76.
hegemônica sobre os tanques de pensamento. Como vimos no início deste capítulo, sobretudo
nas ciências políticas, a tese de que essas entidades supririam os “gaps” de racionalidade do
sociedades de tradição liberal. Se por um lado a interpretação também contribuir para emitir
luz sobre o que se espera desse tipo de organização, por outro encobre com um suposto véu
capitalismo. É precisamente aqui que entendemos residir o traço diferencial dos tanques de
pensamento no conjunto dos APH’s. A construção ideológica deste saber descarnado, “livre”
75
DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. Nova razão do mundo. Ensaio sobre a sociedade neoliberal. São
Paulo: Boitempo, 2016, p. 314
76 Camila Rocha identifica que o número de organizações do tipo mais que quadruplicou nos Estados
Unidos entre 1970 e 2000 – subindo de menos de 70 para mais de 300 tanques de pensamento atuantes .
Ver: ROCHA, Camila, Op. cit, p. 264.
64
administração pública, evidenciam, portanto, que os tanques de pensamento podem entregar
com maior eficiência o que também é a aspiração de outros APH’s (penso sobretudo nos já
citados exemplos de jornais e sindicatos patronais, cuja parcialidade tem se tornado mais
sua aplicação, por meio de relatórios, seminários, debates e toda sorte de análise das políticas
– área em que as universidades seguem como principais instituições, o que é ainda mais
evidente em países como o Brasil. Com efeito, a documentação produzida pelo laboratório
“sociedade” e o “Estado”.
As práticas que asseguram essa transferência podem variar. No caso que aqui me
interessa mais de perto, a saber, o O IFHC, a conexão é operada por meio de reuniões entre
de “órgãos multilaterais” e quadros da administração pública. Claro que outros APH’s podem
sediar encontros do tipo. Mas esses eventos representam o centro das investidas de tanques
de pensamento como o IFHC, e nesse sentido fazem parte de suas atividades-fim. Entre 2004
e 2018, mais de 1100 pessoas diferentes concederam palestras nesta fundação – infelizmente
não disponho de dados sobre a plateia, que é importantíssima uma vez que estamos
65
representantes de diferentes “espaços sociais”, a saber, o “mundo produtivo”, a “sociedade
civil” e o Estado. No capítulo 2 veremos dados mais detalhados. Por ora, números
proporcionais bastam para ratificar a posição de intermediário assuimda pelo IFHC. Entre os
em tela, o convite a secretários e ministros de Estado para participar das reuniões é uma forma
detrimento de outros. O circuito também tem uma ponta na sociedade civil, por meio da qual
técnico que, como acima indicaram Dardot e Laval, constitui instrumento suplementar de
Por estes saberes serem entendidos como livre de pressupostos sociais, a síntese
operada pelos tanques de pensamento aparece tão somente como superação das barreiras
77 Dados coletados a partir de relatórios do IFHC publicados entre 2004 e 2018 e disponíveis no site da
fundação.
66
privados de hegemonia, deve ser analisada como construção ideológica – no sentido de ideias
direção social por classe e frações de classe que se entendem universais. Assim, este tipo de
produção não pode ser entendida sem referência às relações sociais de produção dominantes.
no modo de produção capitalista. Não apenas para demonstrar a filiação de classe desses
aparelhos, mas também para sugerir que a tecnologia produzida por eles seja em si mesma
desse tipo de trabalho, isto é, como prática dissociada das relações sociais de produção
serem gênios solitários criticada pela sociologia da ciência pelo menos desde os anos 193078.
78
O clássico de Robert Merton já apontava para a necessidade de se compreender a atividade científica como
produto coletivo. MERTON, Robert. Ensaios sobre a sociologia da ciência. São Paulo: Editora 34, 2013
67
Por outro lado e em outro nível de análise, entende-se por saber uma construção social que
em seção mais abaixo, de sorte que aqui basta reter o caráter social da produção de
conhecimento, bem como da identificação do que se entende legitimamente por saber, do que
depreende que as relações sociais de produção típicas em um período histórico devem ter
com ela algum grau de parentesco, mesmo que distante. Claro, os que, no limite, defendem
ser seu sociometabolismo de tal modo idiossincrático que careceria de sentido relacioná-lo a
qualquer padrão maior de relações sociais tendem a compreender a própria sociedade como
aglomerado de campos por sua vez atomizados; sociedade essa que teria, assim, em comum
vez de qualquer lógica imanente. São, de diferentes formas, os casos de autores clássicos que
estudaram, do ponto de vista social, um dos campos da atividade intelectual, qual seja a
ciência, como Robert Merton e Thomas Kuhn79. Em poucas palavras, estes enfatizaram o
79
Kuhn e Merton contribuíram com a sociologia da ciência por incentivarem estudos sobre a participação
coletiva nas inovações técnicas. Os autores, assim, ajudaram a substituir a mistificada ideia da produção
científica como sendo gerada principalmente por gênios solitários, sendo fundamental, para tanto, dois
conceitos-chave de seus trabalhos, respectivamente, paradigma/ciência normal e ethos científico. No caso
de Merton, a ciência é espécie de “estrutura social”, povoada por comunidades científicas com normas e
valores próprios (universalismo, comunalidade, desinteresse, ceticismo organizado), tornando, assim, a
ciência um sistema autônomo no interior da sociedade. Já para Kuhn, as “revoluções científicas” são
determinadas pelas atividades dos que se dedicam a esse tipo de trabalho intelectual. É pelo acúmulo de
“anomalias” em relação a um paradigma científico vigente que sobrevem uma época disruptiva, abrindo
espaço para o advento de um novo modelo geral de explicação da realidade. Vemos, pois, que, nos dois
casos, ainda que as explicações não excluam as pressões de outras esferas da sociedade (Merton reconheceu
a importância do protestantismo na formação do ascetismo moral que marcaria a atividade científica), o
desenvolvimento deste tipo de conhecimento é autorreferencial, não encontrando relação dialética com a
68
caráter voluntário da atividade científica, bem como da formação de diferentes grupos de
estudo das técnicas sob este prisma80, penso ser necessário considerar, portanto, a relação de
seu objeto com o modo de produção dominante nas sociedades em que a atividade se radica,
como, no mais, foi defendido por Marx e Engels desde A Ideologia Alemã81. Isso, por óbvio,
não implica reduzi-lo a essas mesmas relações, como se deduz a partir de diferentes
Por conseguinte, considero aqui a forma social dominante da produção de saber em sua
correlação com as relações sociais de produção enquanto tais – entendendo, com isso, a forma
sociedade em seu modo de vida mais geral. Ver: KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas.
São Paulo: Perspectiva, 1978
80
São os casos ilustrativos de, no Brasil, Renato Dagnino, que entende a tecnologia como expressão
consolidada do processo de trabalho organizado para gerar mais-valor; e no exterior, de Andrew Feenberg,
que entende como sendo importante a politização das raízes de produção de conhecimento na sociedade
contemporânea, que estaria sob hegemonia da razão instrumental. Ver: DAGNINO, R. Em direção a uma
teoria crítica da tecnologia. In: Tecnologia Social: contribuições conceituais e metodológicas [online].
Campina Grande: EDUEPB, 2014, pp. 113-152; e FEENBERG, Andrew. Critical theory of technology.
New York: Oxford University Press, 1991.
81
MARX, K; ENGELS, F. A Ideologia Alemã. São Paulo: Boitempo, 2007 p. 41-43
82
Marx e Engels, na Ideologia Alemã, entendem a divisão social do trabalho como condição de possibilidade
da emergência do trabalho material e do trabalho espiritual, assim divididos. Como crítica à compreensão
idealista da história, a obra trata dos fundamentos de uma ciência histórica materialista, que, claro,
debruçar-se-ia sobre o capitalismo, mas não necessariamente deveria tratar exclusivamente deste período
histórico, do que se depreende que os autores tratam daquela cisão entre diferentes tipos de trabalho
considerando-na fenômeno anterior à generalização das formas capitalistas de produção. No mais, os
autores parecem ter a mesma visão expressa nesta tese sobre as desigualdades sociais advindas daquela
diferenciação. Na sequência do argumento sobre a divisão social do trabalho e a emergência de tarefas
“materiais” e “espirituais”, os autores indicam que ela torna possível que “fruição e o trabalho, a produção
e o consumo (…) caibam a indivíduos diferentes” Ver: MARX, K; ENGELS, F. Op cit. p. 35-6.
69
circunstâncias historicamente construídas que, por terem esta natureza, induzem padrões de
produção, em sentido lato, devem ser compreendidas como “forças produtivas”, entendendo
que estas, por conseguinte, não seriam neutras ou universais, mas condicionadas pelo modo
de produção dominante em uma formação social84 . Nesse sentido, considerar uma das
vinculação com o modo de produção dominante é tentar entendê-los como polo de expressão
força produtiva e as forças produtivas desta forma, teremos como hipótese que outra máxima
de Marx, qual seja, a de que “épocas de revolução social” são condicionadas pelo choque
entre relações sociais de produção e forças produtivas, pode se referir não apenas aos limites
impostos por aquelas sobre o “livre desenvolvimento” destas, mas também pela hipertrofia
proposição. Assim sendo, estamos distante da usual crença no caráter cumulativo do trabalho
intelectual – o que entendo como expressão da desatenção às lutas concretas travadas nesta
83
A ideia é um dos pilares da obra marxiana, sendo conhecida a sua referência à criação histórica dos seres
humanos ser determinada por circunstâncias que, em diferentes épocas, encontram-se dadas. O princípio foi
anunciado na já mencionada Ideologia Alemã e posteriormente recuperado e desenvolvido. Ver: MARX, K;
ENGELS, F. Op cit.. p. 43.
84
MARX, K; ENGELS, F. Op cit.. p. 34.
70
área, que tornam a narrativa do desenvolvimento técnico muito menos linear do que
em relação às leituras clássicas que as encerram no reino da “economia”. Evito, por este
expediente, reduzir à nomenclatura burguesa e à lógica formal por ela esposada o pensamento
vivo de Marx, entendendo que a força motriz de suas contribuições reside na rejeição deste
método de investigação. Neste sentido, tanto o autor quanto alguns dos seus melhores
seguidores consideram como resultado das relações sociais de produção os diferentes modos
força das sociedades onde reina este modo de produção, exercendo atração sobre as demais
expressões daqueles modo de vida, deste ponto de vista, atuariam exercendo forças díspares.
Força que contribui efetivamente com sua diferenciação daquele, sendo a maior capacidade
produção do saber no capitalismo a ela, procuro descrever uma tensão que só se dissolve com
o fim de alguma das partes em oposição – como ocorre, no mais, também em outros campos
85
É o caso de Antônio Gramsci, evidente em sua tradução do famoso prefácio marxiano à edição de 1859
de Para uma Crítica da Economia Política.
71
O objeto que tentei descrever em suas linhas mais gerais é, assim, basicamente
trajetória particular da própria forma social de produção de conhecimento. Com isso busco
enfatizar o que aqui já foi dito: aquela atividade, enquanto ser genérico, tem história mais
que, insisto, não chega a ser uma especificidade digna de nota, dado que também o capital
porta um horizonte de futuro para além de si. Enquanto reinar o modo de produção capitalista,
mais particular, devem estar mais ou menos relacionados a ele, mesmo que pela negação.
Disso se depreende o que a esta altura convém reter: diferentemente da sociologia da ciência
dominantes porque também elas são produtoras de ideias; a tecnologia dominante é produto
daquelas, de sorte que me parece equivocado compreender a história das forças produtivas
como um processo evolutivo e acumulativo que se desenrola, ora ao fundo, ora à frente, da
trama que destaca o trânsito histórico entre diferentes modos de produção. Parece-me melhor
considerá-las à luz das relações sociais de produção, do que se conclui que a tecnologia
carrega a tensão que aqui tentei esboçar, portando pressupostos e proposições acerca dos
processos produtivos.
72
“sociedade de Mercado”, demonstrando como o advento da mecanização pressupôs a
momentos de turbulência que marcaram o nascimento deste novo tipo de formação social
de o país mergulhar em convulsão social, adotava medidas de reação, cujo exemplo mais
O fracasso desta proteção social – com efeito, o sistema parece ter contribuído
que um grupo de pensadores refletisse sobre este novo tipo de formação social, identificando
nela leis que, se contrariadas, trariam enormes prejuízos ao “conjunto da sociedade”. Polanyi
então demonstra como o estudo deste período histórico foi fundamental não apenas para a
Era tempo de prestígio dos cientistas sociais, que se sobrepunham mesmo às demais áreas
do saber, sendo responsáveis direto pela formulação de uma nova lei dos pobres, em 1834,
cujo significado histórico foi retirar óbices politicos à mercantilização radical da sociedade87.
que o trabalho intelectual tem sido fundamental na história do capitalismo desde os seus
86 Ver: POLANYI, Karl. A Grande transformação. As origem da nossa época. 2º ed. Rio de Janeiro:
Câmpus, 2000 e HOBSBAWM, E. J. Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo. Rio de
Janeiro: Forense-Universitária, 1979.
87 POLANYI, K. op cit;
73
primórdios. Não se trata, porém, apenas do trabalho intelectual objetivado em máquinas, mas
também de uma forma de compreender a sociedade capitalista que contribuiu ativamente não
apenas com a sua construção, mas também com a sua regulação. Assim, não é possível
determinações materiais do tempo e do espaço de sua produção - se isso vale para ciências
da natureza, vale muito mais para as ciências sociais, campo principal de atuaçao dos tanques
vale para outros produtos do saber ao longo da história do capitalismo. Àquele exemplo,
pelo período em que eles gerarem valor – que, por esta razão, é parcialmente apropriado por
quem a tecnologia determina. A politização da questão conforme aqui proposto não é nova.
Cultural, travando interessante debate sobre o tema88 que, inclusive, representou revisões a
88
Charles Bettelheim, discutindo a reorganização industrial na China durante a Revolução Cultural, lembra a
importância então assumida pelo princípio da gestão compartilhada do processo produtivo, cuja
legitimidade foi extraída da “Carta de Anshan”, produzida em 1960 mas desde então “sufocada”. O
documento criticava a separação entre trabalho e direção, resultado da cisão entre trabalho manual e
trabalho intelectual justificada pelo domínio técnico do segundo sobre o primeiro. A carta, pois, criava
condições de possibilidades para se considerar o saber como adscrito em um regime produtivo específico
voltado para a extração de mais-valor - e que, no mais, alienava o trabalho no processo. A análise social
dos desenvolvimentos tecnológicos apresentada por Bettelheim contrasta com o trato tradicional do tema,
com relatos que descrevem cronologica e cumulativamente os inventos da área, sem maiores referências às
condições sociais que lhes deram à luz, como exemplificado em: ZENHA, Celeste. Mídia e informação no
cotidiano contemporâneo. In: REIS FILHO-, Daniel Aarão; FERREIRA, Jorge; ZENHA, Celeste (org.) O
século XX. O tempo das dúvidas: do declínio das utopias às globalizações. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2000, p. 225-248. Ver também: BETTELHEIM, Charles. Revolucion Cultural y organización
industrial en China. Buenos Aires: Siglo Ventuno, 1974.
74
orientações anteriores que associavam imediatamente a grande indústria à emancipação
política89.
trabalho “espiritual”, em O Capital ela encontra seu desenvolvimento máximo sob a pena
marxiana. Deste ponto de vista, a seção IV da obra máxima de Marx, que agora passamos a
das forças produtivas de tipo capitalista – agora penso ser conveniente adjetivar. São
diferenciados, neste interím, mais-valor relativo de mais-valor absoluto, este formado pelo
e/ou, em casos mais específicos, pela redução dos salários abaixo do valor da força de
trabalho – que, inclusive pode ser encetada por transformações tecnológicas que ampliam o
exército industrial de reserva 90 ; bem como pode contar, agregaríamos, com inovações
tecnológicas avançadas por outros ramos do saber que “liofilizam” a organização produtiva
89 Maiores informações na discussão travada por Domenico Losurdo sobre as especificidades do marxismo
oriental, que, segundo ele, distancia-se de seu congênere ocidental por privilegiar a luta anticolonial e o
desenvolvimento tecnológico, este entendido por revolucionários como Mao Tsé-Tung, pelo menos nos
anos 1950, e Ho Chi Minh como elemento necessário para a superação do atraso técnico do mundo
colonial em relação às potencias imperialistas. Algum cuidado é necessário nesta análise, porque, se, por
um lado, é fora de questão que o hiato bélico que marca a distância entre o capitalismo central e periférico
de fato reforça os laços de dependência e dominação, por outro, a transposição pura e simples da técnica e
da máquina do centro à periferia não resolve necessariamente o problema da alienação, o que dificulta a
emancipação social. Neste sentido, a revolução cultural chinesa marca um passo à frente na reflexão
prática sobre a ontologia do ser social na China, identificando na contradição entre trabalhos manual e
intelectual uma forma de expressão da subsunção social ao capital. Ver: LOSURDO, Domenico. O
marxismo ocidental. Como nasceu, como morreu, como pode renascer. São Paulo: Boitempo, 2018,
sobretudo capítulos 1 e 2.
90
MARX, Karl. O capital. Crítica da economia política. O processo de produção do capital. São Paulo:
Boitempo, 2011, Livro 1. P. 387-396.
91
O termo é de Ricardo Antunes e indica o processo de “secagem” da renda do trabalho. Ver: ANTUNES,
Ricardo. Os caminhos da liofilização organizacional: as formas diferenciadas da reestruturação produtiva
no Brasil. Ideias. Campinas. 9 (2)/ 10(1): 13-24, 2002-2003.
75
componentes importantes daquelas forças produtivas, tais quais as novas relações de
toda a cadeia produtiva. Entendo haver aqui, por conseguinte, importante discussão sobre a
técnicas produtivas, mas que guarda, uma força produtiva específica que é o desenvolvimento
processo produtivo. Não tenho tempo para um empreendimento desta natureza. Trata-se-ia
de uma outra tese de doutorado. Nesse sentido, tentarei apresentar sinteticamente um dos
forma com que a lei geral de acumulação capitalista e, no interior dela, o papel do trabalho
intelectual se apresentam. Por conseguinte, destacarei do texto alguns elementos úteis para a
do livro 1 da obra máxima de Marx. Ora, sabemos que a ordem dos capítulos tem, neste autor,
uma função específica no desvelamento do objeto em análise. Respeitar a sequência que vai
como expressões de um campo específico que se diferencia no conjunto das relações sociais
de produção.
76
Seguindo a trilha de Marx, portanto, percebemos que, na formação do capital, a
repartição social do trabalho uma das forças motrizes, por um lado, do aperfeiçoamento
técnico, por outro, do aumento da produtividade laboral. Como grande leitor da economia
política que era, Marx reapresenta a questão, mas em outra forma e outro conteúdo social.
Discorrendo sobre as necessidades daquela cooperação, identificada por ele nos marcos do
capitalismo, e não mais como força da natureza, o autor aponta para o imperativo de reunião
Atento à dialética presente no seu objeto de análise, Marx considera de fato esta uma
poucos porque inacessível por meio da experiência imediata; e trabalho manual, este
implicando o exercício prático, simples, bruto mesmo das forças que transformam a natureza.
92
MARX, K. Op cit. p. 405
77
Dessa diferenciação, que, como bem lembrou Gramsci, é mais política do que concreta,
(…) o comando do capital sobre o trabalho parecia inicialmente ser apenas uma
decorrência formal do fato de o trabalhador trabalhar não para si, mas para o
capitalista e, portanto, sob o capitalista. Com a cooperação de muitos trabaladores
assalariados, o comando do capital se converte num requisito para a consecução do
próprio processo de trabalho, numa verdadeira condição da produção. O comando
do capitalista no campo de produção torna-se agora tão imprescindível quanto o
comando do general no campo de batalha93.
cooperado neste modo de produção. O tipo de trabalho intelectual que é produto desta relação,
ao ser vinculado à produção de valor, recria, em outros termos, uma hierarquia social baseada
no saber incorporado. Adorno aborda a questão, mas sugerindo que o trabalho intelectual
enquanto tal é capaz de gerar sua própria hierarquia – definindo como “oposto” o trabalho
dito não-intelectual, logo manual e, por conseguinte, inferior porque concebido pela falta de
elementos constituintes do outro tipo de trabalho, tornado, pelo próprio método comparativo,
padrão. Em um de seus trabalhos clássicos, o pensador alemão lembra o poder social dos
sacerdotes e emissários do “oculto” nas sociedades ainda plenamente dominadas pelas forças
enxergar o que não se via e falar com quem não se escutava94. O circuito mando-obediência
93
MARX, K. Op cit. p. 406
94
A reflexão de Adorno, claro, é bem mais rica do que o ponto ressaltado, dedicando-se a capturar a dialética
do processo de esclarecimento encetado pela revolução das luzes. Em certo nível de análise, assim como
os sacerdotes que entravam em contato com o invisível, os intelectuais modernos também conjuram
explicações e teses pouco visíveis a maioria dos não-iniciados em suas tradições. Neste sentido, por
conseguinte, a subsunção do social ao domínio do esclarecimento carrega consigo, potencialmente, a
edificação de um novo tipo de hierarquia, assentada nessas premissas do novo tipo de saber oculto
socialmente dominante. A compreensão dialética do processo, assim, lembra a expansão do conhecimento
sobre a natureza e a sociedade, derivada do trabalho intelectual revivido em novos termos pela razão, mas
não esquece os efeitos deletérios que estão no verso da história. Efeitos esses que engendram um novo tipo
de autoritarismo, tecnocrático, além de gerar as condições de possibilidade de manipulação da natureza
78
que daí resultava, porém, deve ser entendido como produto e produtor de uma formação
capital, o modo de exercício dessa função na produção de valor deve ser considerado sob seu
dada aquela maior resistência do trabalho nas condições em que se radica a concentração
acrescentar96.
para fins de morte e exploração, como os genocídios, as guerras e as grandes indústrias capitalistas não
deixam esquecer. ADORNO, T. Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1985
95
MARX, K. Op cit. p. 406
96
Este é um elemento importante para a minha tese. Recupero-o mais abaixo, mas gostaria de destacar, neste
altura, que considero as técnicas de reorganização produtiva e de debelamento das contestações proletárias
igualmente como produtos de um saber técnico, vinculado, portanto, ao exercício do “trabalho intelectual”.
Este se difere daquele “trabalho morto” empregado na produção na forma de máquinas por ser resultado de
um ramo diferente de exercício do trabalho intelectual.
97
MARX, K. Op cit. p. 406
79
Para os fins do meu argumento, pouco importa se esta função é posteriormente
repassada a uma seção dos trabalhadores, tornada gestora por obra dos capitalistas – como,
o resultado já verificado nos primórdios da produção capitalista (e que se torna também pré-
condição para seu funcionamento). A letra marxiana rejeita a necessidade de sua existência
casos, como anota Marx à margem, foram comprovadas as capacidades de autogestão dos
e, no processo, não deixaram qualquer lugar para “patrões”99. Até onde se conhece, não
foram criadas hierarquias pela diferenciação entre tipos distintos de trabalho. Essas
experiências revelam, ainda, o caráter ideológico daquela distinção entre trabalhos intelectual
relações socias de produção que emergem com a manufatura. É ela que produz o trabalhador
98
MARX, K. Op cit. p. 407.
99
MARX, K. Op cit. p. 406-407.
100
MARX, K. Op cit. p. 414.
80
e aprimora tecnicamente os trabalhos, gerando, como condição de possibilidades, a
Sempre segundo nosso autor, este “trabalhador coletivo” resulta da combinação de muitos
para a execução das tarefas desigualmente distribuídas entre a classe trabalhadora. Assim,
destreza; em um terceiro, “a força mental”, etc 101 . Marx sintetiza algumas das
Nesta altura de sua reflexão, o autor está mais atento ao movimento do capital em sua
qualificado, assim, é o anverso da força de trabalho não qualificada, “ossificada” nas funções
dos custos da mão de obra, dados, por um lado, a formação de funções simples que “qualquer
101
MARX, K. Op cit. p. 423.
102
MARX, K. Op cit. p. 424.
81
do trabalhador especializado, em vista da parcialização do processo produtivo103. Para nosso
campo de trabalho que lida essencialmente com a produção de saber, ainda que este possa se
fragmentar em ofícios privados sem perder seu traço distintivo, qual seja, a produção de
conhecimento que legitima o mando. Por outro lado, a noção de separação entre diferentes
tipos de trabalho expressa contradições reais que são postas no seio da classe trabalhadora
pelo capital, mesmo nos primeiros momentos de sua existência sob o capitalismo.
Em nível elementar e do ponto de vista do capital, as relações sociais que marcam a sociedade
tecnológicas da época fabril, assim, são “trabalho morto”, mas não qualquer trabalho. Trata-
se, em vez disso, de trabalho subsumido a relações sociais de produção específicas, como,
103
MARX, K. Op cit. p. 424.
82
manufatura são de um tipo relativamente mais simples, os mesmos elementos aparecem, na
Além disso, transforma novamente o mundo do trabalho de tipo capitalista, ainda que, como
defendi acima, suas características mais simples sigam as mesmas. Ofícios são eliminados
pela maré montante de mecanização, enquanto novas tarefas são ressuscitadas em novos
104
MARX, K. Op cit. p. 455-456.
105
Não confundir com concentração de capital, processo também aludido na seção IV do livro 1 de O
Capital.
83
Mas a grande indústria não é, em certo sentido, o progresso da manufatura apenas por
acumulação capitalista se expressa, na letra marxiana, pelo advento de “de máquinas que
sobre a natureza que a sujeita aos ditames da valorização do valor. Como resultado, a
sobre o mundo do trabalho, incluindo aqui a produção de saber. A expressão mais imediata
fabricação de máquinas por meio de máquinas era uma máquina motriz capaz de gerar
106
MARX, K. Op cit. 457-458.
84
autônomo de ofícios práticos do trabalho intelectual aparece como elemento impulsionador
resultado mais aparente é o advento de tecnologia cada vez mais complexa, modificando os
clube da classe dominante, dado o custo crescentemente elevado da maquinaria de ponta que
compõe as unidades produtivas. Indicando esta tensão entre acumulo de trabalho intelectual
morto e capital, Marx lembra que o mundo em que viveu ainda careceria de ferrovias não
a concentração de capital107.
Neste sentido,
Convém retomar, de modo a destacar, a natureza dessa aceleração, ponto onde reside
o cerne do meu argumento. Como diz Marx no trecho destacado, as massas de capital
qual razão? Porque esse capital muscularizado, contando com apoio de sociedades de ações,
107
MARX, K. Op cit. p. 703.
108
MARX, K. Op cit. p. 703.
85
processo produtivo, aumentando a produtividade, a rotatividade do capital e o mais-valor
relativo. É precisamente esta uma das forças de atração do trabalho intelectual em direção ao
núcleo do capital, cuja expressão mais óbvia é o financiamento de pesquisas. Se parte dos
e dos seres pelo capital, com o trabalho intelectual em patamar destacado de direção do
mas não se limitando a ela. No seu desenvolvimento, vemos a formação daquele grupo de
institucionaliza, e disso Marx estava ciente, o saber técnico como elemento central do
sociometabolismo capitalista. Não apenas nas ciências naturais, é importante ressaltar, mas
armas importantes para a ação despótica do trabalho intelectual que dirige empresas e contém
109
E aqui a análise de Merton parece descrever eficientemente uma das aparências do processo, ainda que
descure o movimento interno que torna os dois objetos sociais, a saber, ciência e capitalismo, desiguais na
sua interdependência, dada a força maior de determinação do ser social detida pelo segundo.
86
conflitos de classe110. As manifestações do conhecimento posto a serviço do capital, assim,
são identificadas na organização da produção com o fito de dirimir eventuais conflitos entre
fito de transformá-la sob os desígnios daquele modo de produção. Temos, assim, que a
atividade intelectual é atraída para a esfera de influência do capital, com seus diferentes
ofícios exclusivos sendo afetados, mais ou menos diretamente, pela dinâmica de acumulação
– incluindo aqui os que são afetados por se oporem a ela. A concentração e a centralização,
nesse sentido, reforçam aquela atração. Se o trabalho intelectual para o capital organiza e
amplia em escala aquela acumulação, os efeitos do seu trabalho se voltam contra si. Pouco
importa que em seu primórdio as instituições modernas dedicadas ao seu exercício tenham
tentado se distanciar da produção de valor 111 . Como acima mencionei, a tensão entre
as contradições do campo, que se legitima enquanto esfera social particular pela busca de
distanciamento em relação ao reino da “economia”, mas cujo principal motor tem sido a
110 Wanderson Chaves mostra como, no ambiente Guerra Fria, o Departamento de Estado estadunidense
coordenou ação ideológica e doutrinal de um conjunto de fundações privadas, dentre elas a Fundação
Ford, escalada para defender os pilares do chamado modo de vida americano dentro e fora do país. Para
tanto, a produção de conhecimento foi vista como principal fronteira de luta, sobretudo pela cooptação de
intelectuais e especialistas das ciências sociais, que deveriam produzir conhecimento adequado à costura
de visões de mundo compatíveis com o capitalismo e a democracia liberal. Ver: CHAVES, Wanderson. A
Questão Negra: a Fundação Ford e a Guerra Fria (1950-1970) Curitiba: Appris, 2019.
111
Com efeito, as primeiras descobertas da Royal Society de Londres, isto é, transfusão de sangue entre os
animais e a microbiologia, por exemplo, não tinham vinculação imediata com o desenvolvimento fabril
verificado principalmente no norte da Inglaterra. A tensão entre a maior ou menor dependência do campo
científico em relação a outras “esferas” da sociedade, no mais, marca a produção da sociologia da ciência,
de Merton e Kuhn a Bourdieu e Latour.
87
acumulação capitalista. Nesta altura da explanação, importa perceber a interrelação – ainda
natural. O que me parece chave na questão é que se, como vimos, esses produtos do saber
de conhecimento sobre a natureza importante para sua dinâmica expansiva, de outro ponto
de vista o distanciamento do campo científico que vai se formando é também importante para
autorregente atua como força de atração de trabalho para a área, como o esforço em patentear
ergue um novo padrão de mando-obediência. Não é que o capitalismo inaugure a cisão entre
trabalho intelectual e manual, assim entendidos, mas se aproveita desta diferenciação para
O advento dos tanques de pensamento, por sua vez, é por mim entendido como fruto
desta etapa histórica. Se adotarmos uma visão alargada sobre o conceito de tecnologia, como
112
Lembrar que o senso comum entende tecnologia como produto vinculado estreitamente ao mundo produtivo,
da economia, da natureza; aqui defendemos que tecnologia é o estudo das técnicas, estas significando
dispositivos aprendidos pelos seres humanos em sociedade. A ciência e seus produtos não passam de,
respectivamente, trabalhos vivo e morto, cujo sentido social é determinado pelo modo de produção no qual
repousam. Se o trabalho intelectual no capitalismo é principalmente trabalho para o capital, dados os elementos
aqui discutidos, temos que a reprodução ampliada do capital está matricialmente inscrita como potencialidade
no sóciometabolismo da ciência. Por outro lado, o descompasso entre a capacidade de captura do saber pelo
capital e a dinâmica de produção do conhecimento, esta irreduvitel naquela tendência, permite, pelo menos em
88
das instituições sociais e, por fim, o conhecimento mesmo da sociedade em geral, aquelas
entidades, assim, atuariam na interface entre diferentes níveis de produção de saber em sua
dinâmica mais geral de atração e repulsão do capital, ainda que com particularidades que
devam ser apontadas. Esses elementos em seu conjunto, encarnam a dinâmica real da
geral de acumulação capitalista. São tão importantes quanto aqueles “generais no campo de
batalha” da produção fabril a que Marx fazia referência - por incorporar e expandir parte de
suas funções, talvez representem atualmente uma patente superior àquela. Ao longo desta
tese, indicaremos aqui e ali papeis desempenhados pelos tanques de pensamento não só na
geração de valor, posto serem loci de trabalho intelectual que, dentre outras tarefas, dinamiza
sociais despertadas pelo próprio movimento do capital. No que resta deste capítulo, porém,
desenvolvimento do trabalho intelectual para aquele novo tipo de gestão estatal de que
teoria, surgir tecnologia anticapitalista, como defende a teoria crítica da tecnologia. Ver: FEENBERG, A.
Critical Theory of Technology. Oxford: Oxford Printing Press, 1991.
89
1.5 Os tanques de pensamento entre a fábrica e o Estado
do processo, temos o Estado moderno, cuja inserção neste debate foi melhor feita pelas
reflexões de Nicos Poulantzas. De acordo com elas, esta forma histórica de organização do
poder politico tem origem na divisão social do trabalho de tipo capitalista, com a consequente
forma específica de cisão entre trabalho intelectual e manual e subsunção deste àquele, bem
especificidade do que chama de Estado Moderno, tentando entender a sua genealogia e seus
traços distintivos em relação a outras formas históricas de expressão do poder político, é por
113 Neste sentido, a aceitar as conclusões deste autor, o processo identificado por Dardot e Laval acima
comentado seria o desenvolvimento de uma trajetória anterior, uma vez que a relação entre técnica,
autoridade e exercício intelectual não seria um produto novo dos anos 1970, mas acompanharia a
estruturação dos aparelhos politicos de tipo “moderno”.
114
Importante destacar que, para Poulantzas, o Estado Representativo Moderno não implica necessariamente
regime democrático. Trata-se, em vez disso, de um modelo de poder político que extrai sua legitimidade da
representação do “povo-nação”. Neste sentido, a diferença específica entre este tipo de Estado e a
“Monarquia Absolutista”, a qual ele se refere, é que, no último caso, a vontade do monarca, e, por seu
intermédio, da divindidade, é o pilar do saber legítimo e, logo, dos aparelhos que concentram o trabalho
intelectual no período histórico de seu desenvolvimento.
90
respectivos campos, implicada na total espoliação do trabalhador direto nas
relações de produção capitalistas” (POULANTZAS, 1981, p. 51-52)
burocratas que, não se confundindo com os proprietários de meios de produção stricto sensu,
torna o aparelho Estatal funcional aos seus interesses, ainda que ele permaneça relativamente
autônomo.
por sua referência à discussão de Marx, debatidas parcialmente na seção anterior. Embora o
deixar de ser, residiriam na esfera da produção115. Como vimos, tais relações conformam
uma “reorganização prodigiosa da divisão social do trabalho”, qual seja um novo tipo de
cisão entre trabalho manual e trabalho intelectual, desta feita vinculada ao mundo da
produção de valor116 . Recuperando Marx, Poulantzas torna este o nervo central de sua
análise do Estado no capitalismo. Sem essa forma de divisão social do trabalho – inclusive e
esta forma de organização do poder politico não seria possível. Assim, se o Estado Moderno
conta com quadros dedicados puramente ao exercício deste tipo de poder, é porque a relações
115
A discussão sobre o trabalho intelectual é central para a concepção de Estado capitalista formulada em O
Estado, o poder, o socialismo. Não sem razão Poulantzas abre o capítulo dedicado a discutir a materialidade
institucional do Estado por aquela reflexão. As conclusões políticas mais dramáticas serão expostas na
quarta parte, que encerra esta grande obra. Na ocasião, o autor debate o que chama de estatismo autoritário,
isto é, o processo de vedação dea influência democrática sobre certos aparelhos do Estado cujo
sociometabolismo é extraído do domínio de tecnicalidades inacessíveis às “massas populares”. Ver:
POULANTZAS, N. O Estado, o poder, o socialismo. Graal: Rio de Janeiro, 1981, p. 207-253
116
POULANTZAS, Op. cit, p. 52
91
sociais de produção que encarnam sua anatomia permitem a alocação de força de trabalho no
Diferentemente de definições mais apressadas sobre essa divisão, o autor não aparta
os dois tipos de trabalho de maneira “empírico-naturalista”, isto é, “como uma cisão entre os
que trabalham com suas mãos e os que trabalham com sua cabeça” (POULANTZAS, 1978,
p. 52). Como visto acima, Antônio Gramsci já havia ressaltado a inadequação da observação,
uma vez que mesmo o mais manual dos trabalhos envolve dispêndio de energia mental – e,
cisão operada é eminentemente, portanto, político-ideológica, isto é, revela muito menos uma
distinção essencial do que uma separação política. A repartição entre trabalho manual e
trabalho intelectual, por conseguinte, está “ligada à espoliação completa do trabalhador direto
intelectual, o que não significa aqui a cristalização efetiva e essencial do saber neste polo,
117
Para enfatizar como a burocracia estatal compõe o conjunto de intelectuais, Poulantzas lembra o uso dos
saberes codificados embutidos nas rotinas administrativas, dos mais básicos, como a escrita, aos mais
específicos, como as tecnicalidades setoriais. Acrescentaríamos, ainda, que a maré montante da busca pela
eficiência no Estado revela a importância dos saberes, prisma por meio do qual as práticas são gerenciadas.
118
POULANTZAS, Op. Cit, p. 52
92
separado do trabalho manual e as relações de dominação políticas, em suma entre
o saber e o poder capitalistas (POULANTZAS, 1981, p. 52-53)
expropriação do saber, o que enseja uma relação de poder com exercício necessário da
obediência. É pelo saber estar concentrado em um determinado polo que o outro, desprovido
do conhecimento legítimo, deve acatar e seguir ordens. Daí o Estado ter uma miríade de
análise e abstração -, cuja função é “gerir a sociedade” ao passo em que reforça o circuito
pelo capital; por outro, os circuitos de mando-obediência cujas pontas são ocupadas,
respectivamente, pelo trabalho intelectual e pelo trabalho manual. Por conseguinte, ainda que
não reúna o exercício de todo o trabalho intelectual nascido da divisão social do trabalho no
93
tornando-se um dos pilares daquela hierarquia que separa os que mandam dos que
obedecem119.
Aqui considero a análise de Poulantzas sobre o Estado muito interessante, e ela será
base do restante do desenvolvimento desta tese. Todavia, parece-me que essas reflexões do
autor pecam no que diz respeito ao sociometabolismo dos produtos do trabalho intelectual na
“sociedade” e no “Estado”, nas definições mais comuns destas instâncias da vida social. O
Estado é, com efeito, locus da difusão de ideias, hábitos, princípios e toda sorte de normas
de convivência que organizam a vida sob o capitalismo. Mas como ele seleciona
política avançar. Há, entretanto, outros que, nem sempre citando diretamente as contribuições
119
O supracitado trabalho de Poulantzas, além dos elementos já aqui apresentados, identifica ainda uma
dinâmica contraditória operada essencialmente pelo Estado. Tendo em mente o processo de parcialização
radicado nas relações sociais de produção, durante as quais, pela expropriação do trabalhador de seus meios
de vida, o indívuo aparece “livre” de quaisquer compromissos, o autor lembra que aquele aparelho especial,
por um lado, atua positivamente na individualização do corpo político; atuação exemplificada pela eleição
de representantes e pela responsabilização individual frente ao império da lei. Por outro, reune magicamente
o povo-nação em um conjunto de representantes e práticas institucionais, reafirmando, no processo, a
prerrogativa de direção do Estado sobre aquele mesmo corpo político, dada a relativa debilidade dos
indivíduos-cdadãos isolados. Assim, se o trabalho intelectual é igualmente o trabalho de coordenação de
esforços de outro modo dispersos, o Estado, além de sua síntese máxima, também é executor espécifico,
no nível político, do exercício de trabalho intelectual em uma sociedade capitalista – isto é, uma sociedade
regida pela lei do valor derivada da fragmentação do processo produtivo. Mas isso não é tudo. Dada a
individualização grassante, o trabalho de coordenação deve ser necessariamente individual, o que rejeita,
de partida, esforços coletivos na coordenação-execução de tarefas, reafirmando, por este expediente, a
diferenciação tanto no mundo produtivo quanto na esfera da política institucional. Assim, se à primeira
vista o Estado aparece como grande coordenador, ao reduzir a escala de análise o exercício de coordenação
é atributo de indivíduos específicos – daí a importância tendêncial do “pessoal do Estado” e da
administração pública no intercurso da obra em debate, que, claro, adquire o estatuto identificado na
reflexão sobre o estatismo autoritário, cara ao autor, devido à debilidade relativa de suas contratendências.
94
do marxista sardo, atuaram em sentido homólogo e têm com ele dívidas intelectuais. Dardot
e Laval, aqui já referenciados, inserem-se neste grupo. Com efeito, ao refletirem como a
razão neoliberal se tornou norma de uma nova forma de gestão pública, os autores lembram
o papel dos intelectuais orgânicos, conceito de Antônio Gramsci, que, contudo, não é
apresentação da origem das difusão de ideias de Mises, Hayek, e companhia 121 . Eles
também integram as reflexões de Elizabeth Cancelli, cujo interessante trabalho também tem
dívida com Gramsci, que não é citado, e René Dreifuss, este sim referenciado. É o caso de
suas reflexões sobre o que ela chama de guerra fria cultural, campo de disputas entre
Freedom, organização que tentou rivalizar com associação de comunistas que atraiam
Inicialmente projetado pela CIA, fundações de direito privado, como a Ford e a Rockefeller,
programa ter sido avaliado como prejudicial à sua influência 122 . Esses tanques de
conservadora foram estimuladas, inclusive pela concessão de bolsas de estudo nos Estados
reformas de Estado que estabilizassem a reprodução capitalista no país, cujo exemplo mais
Nesta chave de análise, os tanques de pensamento estiveram “por trás” dos grandes
movimentos sísmicos que abalaram a América Latina pelo menos desde a Segunda Guerra
Mundial. Se golpes de Estado como o brasileiro de 1964 não podem ser entendidos sem
referência ao IPES, também as transições democráticas que eclodem na região a partir dos
anos 1970 se tornam resultado do embate entre diferentes organizações que disputam a
122 Ver: CANCELLI, Elizabeth. O Brasil na Guerra Fria Cultural. O Pós-guerra em releitura. São Paulo:
Intermeios, 2017.
123 CANCELLI, Elizabeth. Op cit. P. 89.
96
direção do processo. Beatriz Stolowicz (2005) evoca o papel dos tanques de pensamento na
elaboração da tese dos dois demônios, que lastreou a ação política de democratas naquela
quadra histórica. Por meio deles, idealizou-se o passado e o futuro: o regime político de matiz
liberal era estendido para trás, como norma aviltada por tentações populistas, e à frente, como
projeto. A democracia burguesa era apresentada como saída para a crise política. Mesmo
algumas alas das esquerdas que combatiam o capitalismo aceitaram tais marcos para o debate,
fazendo, então, com que o retorno ao regime democrático daquele tipo se tornasse a principal
bandeira de luta. A operação, desta forma, foi fundamental para que o combate ao capitalismo
perdesse terreno, e a questão do socialism quedasse esmaecida, recoberta pelo entulho das
“mais urgentes” lutas por abertura política. Além disso, favoreceu-se a identificação entre
forma democrática burguesa e democracia enquanto tal. Importante ponto deste trabalho,
assim, é a caracterização daquelas entidades e instutos de pesquisa como nós de uma rede de
formulação e propagação dessas visões de mundo, do que se pode extrair o papel dos tanques
Outro campo de estudos aberto por aquela perspectiva se dedica a analisar a Comissão
estudos indicam sua atuação na virada da política externa estadunidense nos anos 1970,
124
ASSMAN, Hugo; SANTOS, Theotônio dos; CHOMSKY, Noam (orgs.). A Trilateral. Nova fase do
capitalismo mundial. Petrópolis: Vozes, 1979; GILL, Stephen. American hegemony and the Trilateral
Commission. Cambridge: Cambridge University Press, 1990; SKLAR, Holly. Trilateralism. The trilateral
commission and elite planning for world management. Boston: South and Press, 1980; SANTOS, Thetonio.
The multinational corporation. Cell of a contemporary captalism. Toronto: Laru, 1978. SKLAR, Holly
(org.) Trilateralism. Managing dependence and democracy. Boston: South Press, 1980; HOEVELER,
Rejane Carolina. As elites orgânicas transnacionais diante da crise. Os primórdios da Comissão
Trilateral (1973-1979). Dissertação de mestrado. Univesidade Federal Fluminense, Programa de Pós-
Graduação em História, 2015.
97
Latina, então parcialmente imersa em regimes autoritários. Tais pesquisas apontaram que,
por meio dessas associações burguesas, defendeu-se a construção de uma democracia para o
capital, que favoreceria não só as burguesias locais dos países redemocratizados, mas
Nessa perspectiva, também o chamado neoliberalismo contou com uma rede de apoio
instituições cujas formulações foram pautadas pela burguesia, intelectuais das classes
dominantes difundem sua ideologia como senso comum, seja pela grande mídia, seja por
125
GUILHOT, Nicolas. Op cit; MATO, Daniel. Critica de la modernidad, globalizacion, y construccion de
identidades en América Latina y el Caribe. Caracas: UCV, 1995; _______ On the making of transnational
identities in the age of globalizacion. Caracas: UCV, 1998; _______ Sobre la fetichización de la
‘globalización’. In: Revista venezolana de analisis de coyuntura, v. 5, n.1, Caracas, 1999
126
HARVEY, David. Neoliberalismo. História e implicações. São Paulo: Loyola, 2014; CHESNAIS, Francois.
Mundialização do capital; HUSSON, Michel. Misere du capital. Paris: Syros, 1996; NETTO, José Paulo.
Crise do socialismo e ofensiva neoliberal. São Paulo: Cortez, 1995.RAPLEY, J. Globalization and
inequality. Neoliberalism’s downward Spiral, Colorado: Lynne Reiner, 2004. ROUQUIÉ, Alain;
SCHVARZER, Jorge; LAMOUNIER, Bolivar. Como renascem as democracias. São Paulo: Brasiliense,
1985.
127
MATTO, Daniel. Think tanks, fundaciones y profesionales en la promoción de ideas neoliberales en
America Latina. In: GRIMSON, Alejandro (org.). Cultura y neoliberalismo. Buenos Aires: CLACSO,
2007, p. 29
128
NEVES, Lúcia Wanderley (org). Nova pedagogia da hegemonia. São Paulo: Xamã, 2005. MARTINS,
André. A direita para o social. A educação da sociabilidade no Brasil contemporâneo. Juiz de Fora: Editora
UFJF, 2009.
129
Em uma anedota popular nos círculos burgueses, Friedrich Hayek aconselha um entusiasta do liberalismo
a agir em âmbitos extrapartidários, notadamente no convencimento de acadêmicos e jornalistas para sua
98
Este conjunto de trabalhos ratifica a perspectiva dos tanques de pensamento como
laços entre a sociedade civil e a sociedade política, conforme acima discutimos. O destaque
à capacidade de produção de saberes por entidades fora do Estado que, contudo, por
instituições que intermediam as suas relações com as “massas-populares”, como fica evidente
interesse em discutir prolongadamente a “sociedade civil”, pelo menos não enquanto rede de
interação dos aparelhos privados de hegemonia que agem na sociedade civil e sobre a
sociedade política. Essa distinção se anuncia pela crítica a Gramsci, que não teria entendido
as relações de produção também elas como loci de construção política130. Por um lado, o
ideologia. Este seria um primeiro passo para a posterior refundação do Estado de acordo com os
princípios defendidos pelos adeptos da Sociedade Mont Pelerín (Blundell, 2004, 20-29; Friedman, 1994,
XIX; 2002; Liggio, 2002; MATO, 2007, p. 29).
130
Importante destacar, entretanto, que Poulantzas não parecia aceitar principalmente a compreensão de
Gramsci sobre o Estado, embora tenha reconhecido o “mérito” do sardo em “ampliar o espaço do Estado
nas instituições ideológicas” (p. 28) e compreendê-lo como “a realização por excenlência de um trabalho
intelectual separado de maneira característica do trabalho manual”, a ponto de entender os intelectuais em
amplo sentido, para incluir mesmo “os aparelhos repressivos (policaiis, guardas, militares)” (p. 54).
Crítica do filósofo greco-francês repousa sobre suposta desatenção ao mundo da economia, que teria, por
conseguinte, entendido como “auto-regulado” ou “livre” da presença do poder político. A crítica
poulantziana, no entanto, queda frágil à luz da discussão gramsciana sobre o liberismo, entendido pelo
autor dos Cadernos do Cárcere como produto da ação organizada das classes dominantes, não como
99
pouco desenvolvimento do tema da sociedade civil no pensamento poulantziano se tornou
mais problemático desde a publicação original de seus últimos trabalhos, no fim dos anos
1970. Isso porque, como vimos, desde então os tanques de pensamento têm se multiplicado,
forma de organização das relações sociais de produção no capitalismo, como bem notou o
próprio Poulantzas. Neste quesito, as reflexões gramscianas contribuem mais com o estudo
das sociedades contemporâneas, inclusive porque também ele esteve preocupado com a
organização das relações sociais de produção em sua função de formação de consenso, como
entre Estado e relações de produção, com respectiva separação entre trabalho intelectual e
destaco também a atuação das entidades da sociedade civil, os aparelhos privados, que atuam
Também elas possuem homologias com as relações sociais de produção no capitalismo, uma
vez que encarnam o tipo de cisão do trabalho que é alimentada pelo modo de produção.
manifestação, em nível ideal, do próprio “jogo” econômico. Da forma como entendo, contudo, os aportes
gramscianos podem ser combinados à análise de Poulantzas sem se contradições insolúveis.
131
E que, se ele não ignora totalmente, haja vista sua análise de partidos e sindicatos, não ressalta
adequadamente sua complexidade e nem a sua interação interna, prefereindo – dado o objeto de sua
investigação, é verdade – estudar aquelas organizações em sua interface com a sociedade política.
100
civil colaboram com o quadro. Dentre elas, os tanques de pensamento tem neste quesito
função de destaque, por isso os considero um tipo específico de APH que deve ser entendido
em sua especificidade. Creio que, dessa forma, entende-se de maneira enriquecida o circuito
das tecnologias políticas que, de acordo com Poulantzas, a partir do Estado engendram
sociedades civil e política, fica identificado o plano geral do circuito que o trabalho
intelectual percorre, das relações sociais de produção até o Estado, onde se impõe da maneira
como acima indiquei. Restam duas questões a serem tratadas no capítulo: como as classes
sociais em disputa interagem com este circuito?; b) de que modo o mesmo pode ser
Conforme dito acima, o trabalho intelectual não é uma criação burguesa. Tampouco
é uma exclusividade sua. Embora, em termos capitalistas, ele tenha sido impulsionado pela
histórico viu representantes das classes dominadas ocuparem postos de exercício daquela
101
necessidade de os subalternos procurarem gerar seus próprios intelectuais orgânicos132 .
entidades como os tanques de pensamento. São eles que, cuja atuação é consagrada pelo
fundamental para gabaritar pessoas a cargos no Estado. É assim que entendemos o papel
dos aparelhos estatais. Por serem aparelhos de classes, identificadas não apenas pela
composição de seus quadros, como também por seus financiadores, parceiros e apoiadores,
são interesses materiais os defendidos envoltos sob o manto da técnica. Este expediente, por
internas, único grupo efetivamente capaz de, no quadro atual de predomínio do modo de
132
A discussão de Gramsci sobre o assunto revela a importância de que o intelectual orgânico dos dominados
seja recrutado entre os representantes proletários e, mesmo alçado à posição de direção, mantenha com a
base vínculos estreitos, a fim de evitar o esclerosamento da representação. Essa discussão, no mais, integra
o debate sobre a burocratização dos postos de comando e a possibilidade de uma vanguarda proletária ser
representativa dos interesses dos de baixo. Do meu ponto de vista, a posição mais avançada sobre a questão
foi identificada, em termos práticos, no debate sobre a Revolução Cultural chinesa, acima mencionado. Em
todo o caso, o destaque dado ao longo do capítulo à questão do circuito mando-obediência tem o interesse
também de ressaltar a necessidade de todos atuarem efetivamente como “filósofos” (o que, segundo
Gramsci, na prática já o são). Isso porque, do ponto de vista dos que planejam o futuro para além do capital,
quebrar a espinha dorsal da hierarquia vertebrada pela posse desigual de saber legítimo só é possível com
a gestão cooperada da direção e coordenação do trabalho e da classe revolucionária – que, na medida em
que transforma a missão social (o termo é de Lukács) dominante, tende, inclusive, a ressignificar o que se
entende por saber.
133
A referida desigualdade, no caso brasileiro, dá-se inclusive por ação do Estado, que reprime a organização
autônoma da classe trabalhadora. Virgínia Fontes discute a questão quando debate a ampliação seletiva do
Estado no país. Ver: FONTES, Virgínia. Brasil e o capital-imperialismo. Teoria e história. Rio de
Janeiro: UFRJ, 2010.
102
produção capitalista, fazer com que seus interesses pareçam naturais. De sorte que, se
mistificadores, mas também por reproduzir a hierarquia entre trabalhos manual e intelectual
– também ela uma forma de causar cisões nas fileiras da classe trabalhadora.
Como vimos, a sociedade civil assim entendida é composta por espécies de cabeças
de pontes por meio das quais as classes e fraçoes de classes tentam impor seus interesses ao
Estado. Também pontuamos que desde os anos 1970 se multiplicam os números de tanques
de pensamento, inclusive de ação internacional. Temos, portanto, que a rede que aqui
instrumental teórico gramsciano acima comentado ter sido adaptado aos estudos das relações
internacionais, em estudos que ganharam força diante das expectativas com a emergência de
classe em sua atuação sobre os Estados, assim, não pode considerar apenas as organizações
pelo IFHC. Em novembro de 2019, a entidade demonstrou preocupação com o que chamou
134 Ver: MURPHY, Craig. International organizations and Industrial Change. Global Governance since
1850. Cambridge: Polity Press, 1994.
103
Gorman, especialista em inovações do The German Marshall Fund of the United States
(GMF), considerado um dos principais tanques de pensamento com presença nos Estados
Unidos e na Europa. O evento foi apoiado por inúmeras empresas, organizações da sociedade
na área, precisamente por suposta ausência de limites éticos ao avanço da ciência sobre a
democracias. Ainda que tenha admitido que também nos Estados Unidos e em outros “países
palestrante silenciou sobre a espionagem dos cidadãos em ambiente privado, sancionada por
135 Ambe; Athie Wohnrath; Apas; Banco Alfa; Banco Safra; Bradesco; B³ Brasil, Bolsa, Balcão; Bunge;
Carrefour; CCR; Comgas; Cosan; CPFL Energias; Femsa; Itaú; Natura; Raizen; Sanofi, Raps; Telefônica
Vivo; Votorantim; Band News; Embaixadas e Consulados dos Estados Unidos da América.
136 Gorman apresenta os dados que mostram como o programa de reconhecimento facial tem muito mais
sucesso em identificar homens brancos (acerta 99% das vezes) do que mulheres negras (grupo em que os
erros chegam a 35%). Segundo ela, o descompasso da eficiência tecnológica pode prejudicar a população
negra, submetendo-a a erros policiais também motivados por falhas no sistema de vigilância,
aprofundando o racismo.
104
medidas tais quais o Ato Patriótico de George W. Bush em 2001. O evento contribuiu, assim,
com a elaboração de uma imagem esquemática não apenas sobre o regime chinês, mas
que aqui tentamos defender mais acima: se a tecnologia pressupõe e engendra determinadas
relações sociais, é também porque os dilemas éticos que favorecem ou dificultam seu
desenvolvimento expressam interesses de classes. Faz sentido, assim, que sejam elogiados
esses sinais fundamentais para o trânsito seguro da futura geração de automóveis sem
motoristas. Como vemos, não foram questionadas a apropriação de trabalho não pago – é
efetivamente disso que se trata, quando os usuários são postos para fazer o serviço de
fechar postos de trabalho. Assim, se nos aspectos negativos foram destacados principalmente
os riscos às democracias por suposta maior eficiência neste tipo de campo tecnológico por
século XXI tanto para a democracia quanto para o capitalismo. Por um lado, o risco do
críticos” de escolha entre vida e morte, notadamente na área da saúde e no campo militar.
Naturalmente, a preocupação com países que possam pôr em xeque à liderança internacional
dos Estados Unidos é evidente, mas há aqui também a preocupação com o fim de equilíbrio
relativo entre as classes dominantes dos países centrais, alcançado com o claro predomínio
poderia ser provocada por uma nova corrida armamentista, por sua vez possibilitada pela
Por outro lado, áreas de ponta no campo da inteligência artificial podem representar,
recurso estratégico tanto na definição das relações de força em níveis de Estados quanto
ocidentais” sobre os riscos das tecnologias disruptivas, informa-se a classe dominante sobre
106
avaliação de tanques de pensamento, como os produzidos pela Univesidade da Pensilvânia.
Ao mesmo tempo que as entidades coordenam a ação das classes dominantes em nível global,
da hierarquia entre classes e frações de classes138. Deste ponto de vista, o constant redesenho
em tela.
sobre o poder politico “moderno” traz inegáveis ganhos. O autoro o percebia como um campo
Dessa forma, sempre segundo o filósofo grego, têm-se condições de superar o eterno
Estado: este não seria um sujeito como defendiam Hegel e Weber, que o postulavam como
138 Leo Panitch tem uma interessante contribuição que discute o papel dos Estados Unidos como promotores
e defensores do “capitalismo global”. Ver: PANITCH, Leo. The making of global capitalism. London:
Verso, 2013.
139
Poulantzas, Op. Cit, p. 130.
107
por uma única classe, como uma ferramenta exclusivamente erguida para sua dominação. O
Estado-relação, assim, seria uma premissa teórica superior por considerar a interação que há
material e sua práticas de rotina, bem como sua disposição à reprodução da lógica social
dominante.140
Poulantzas, ele certamente chegou mais longe na constituição daquele objeto como um
“aparelho especial”. Não se trata, portanto, de considerar o Estado mera relação social. Isso
porque ele mantém em conjunto instituições que não perdem sua materialidade de aparelhos,
porém, a tentativa de capturar sua genealogia sempre dinâmica, uma vez que sua construção
e reconstrução constantes são resultados de lutas de classes, expressas inclusive por meio de
APH’s e tanques de pensamento, cuja atuação impacta de diferentes formas sua expressão
sempre histórica. Em que pese tais instituições específicas do Estado terem uma constituição
particular, esta é definida pela dinâmica conflitiva da sociedade capitalista, com seus
passados afetam suas disposições, suas práticas, seus procedimentos, rotinizados pelo
140
Idem, ibidem, p. 131.
108
trabalho intelectual morto contido nas orientações que presidem sua concepção e pautam sua
atuação. Tendo essa operação em mente, Poulantzas é capaz de sentenciar que a subida ao
governo por representantes da classe dominada não é por si só bastante para pôr fim à
dominação da burguesia, uma vez que traços do domínio burguês ficam impressos de tal
forma que é mantido certo grau de autonomia em relação ao dirigentes da vez. Nesse sentido,
o conjunto de instituições que formam o Estado parece ganhar vida própria a ponto de, ainda
que limitadamente, ser capaz de funcionar por uma lógica intrínseca, historicamente
período de tempo que deve ser entendido emu ma duração mais longa do que eventuais
lo.
acordo com o que entendemos, a particularidade das propostas da “última fase” desse autor
da luta de classes presentes e passadas na constituição de um Estado que está permeado por
aquelas relações. Temos, aqui, duas proposições diferentes, ambas fecundas: de um lado, se
entende o Estado como a consolidação das correlações de força entre as classes sociais, o
que abre caminho para se verificar a relação direta entre o grau de organização classista e a
capacidade de influência nas políticas públicas; por outro lado, temos a hipótese de inscrição
das lutas de classes na ossatura material do Estado e nas práticas e procedimentos de rotina
dos aparelhos estatais, o que abre campo de estudos das tecnologias de gestão pública,
notadamente a relação de troca desses saberes entre diferentes setores das classes dominantes
141
Idem, ibidem, p. 133.
109
ao redor do globo, cujo ritmo respeita o movimento desigual e combinado que marca a
Recuperemos como exemplo um trecho do trabalho de Dardot e Laval já aqui citado. Em sua
detrimento de outras “não quantificáveis” nestes termos143 . São, por isso, importantes
globalização”, constituindo importante exemplo não apenas da ligação genética de certo tipo
de trabalho intelectual morto às relações sociais nas quais ele se radica, mas também de sua
Estado eficiente foram difundidos por agências transnacionais, como o Grupo Banco
Mundial, desde os anos 1990, sendo essa difusão, por sua vez, cristalização das experiências
apreendidas pelas lutas de classes em países centrais desde os anos 1970 e 1980, época
por Carlos Ari Sundfeld e Francisco Gaetani, professores da FGV; além de Marcelo Barros
avaliação e controle tem sido a regra do Estado nacional desde a elaboração da Constituição
144 Ambev, Athie Wonhrath, Banco Alfa, Banco Safra, B³, Bunge, CCR, Comgas, Cosan, CPFL, FEMSA,
Itaú, Natura, Raízen, Sanofi, Telefônica Vivo, Votorantim, Band News, Livraria Cultura. O vídeo do
debate pode ser acompanhado aqui: https://www.youtube.com/watch?v=gKpdLV9lDP0 (acessado
31/07/2020, às 11h31).
145 Em torno do 4m20seg do seguinte video: https://www.youtube.com/watch?v=F-v_iyCtCiA (02/08/2020
às 18:04)
146 Em torno do 5m15seg do seguinte video: https://www.youtube.com/watch?v=yA1uOoyerQs&t=1s
(02/08/2020 às 19h30)
111
tanque de pensamento, busca aclimatar à realidade nacional os princípios estruturantes do
capitalismo “globalizado”. Para tanto, convoca técnicos versados não apenas nas diretrizes e
nos padrões de otimização da ação pública, postos pelas demandas da fase do capitalismo,
portanto, por efetivar as tecnologias políticas discutidas, como é o caso de Claudineli Ramos,
objetivos, haja vista que esse tipo de regime tem como característica a preservação do
dissenso e de constantes reorientações da direção social. Assim, por mais que Dobrowski
mantem seu horizonte pautado por princípios de accountability que na prática estrangulam
que Nicos Poulantzas torna possíveis não apenas estudos mais complexos sobre a
internacionalização dos Estados, mas também sobre o papel fundamental dos tanques de
112
subordinação pela própria natureza do trabalho intelectual morto ali contido. Deste ponto de
classes dominantes ao redor do globo e a influência que a troca de trabalho intelectual, “vivo”
lastreadas na busca por eficiência de Estado, indicando ainda que elas estão em acordo com
tese, tentarei demonstrar uma vez mais como o IFHC integra um circuito de trocas de
sujeitos disruptivos.
das lutas de classes, certamente deve-se levar em conta aquela associação, que combina
147 Ver: DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. Op cit. P. 311. Sobre o Banco Mundial como formulador de
políticas públicas, ver também: PEREIRA, João Márcio Mendes. O Banco Mundial como ator político,
intelectual e financeiro (1944-2008). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; 2010.
113
secundarização frente ao surgimento de um super-Estado – como queriam os adeptos da
públicas.
entrelaçamento de capitais externos com o que ele chama de burguesia interna. Logo, temos
dessa forma, no entrechoque com as classes e frações de classe dominadas saltam aos olhos
estratégica dos aparelhos estatais por parte dos dominantes, a relação entre os manipuladores
148
POULANTZAS, Nicos. As classes sociais no capitalismo de hoje. Rio de Janeiro: Zahar, 1976, p. 78.
114
do trabalho intelectual e as “massas-populares” encerradas no trabalho manual tende a ser de
manual, com intensificação relativa da alienação neste polo150. O resultado que ora nos
consequentemente menos acessíveis aos subalternos. Com efeito, isso tende a ocorrer tanto
149 Daí a importância das orientações de Antônio Gramsci sobre os perigos da manutenção, no grupo que
porta o “progresso histórico”, de resolutas divisões entre dirigentes e dirigidos, expressão em âmbito
político da cisão entre trabalho intelectual e manual no capitalismo. A discussão pode ser acompanhada
quando de sua reflexão sobre as distinções entre centralismos “burocrático”, o qual considera regressivo
por manter uma estrita cadeia de comando à maneira do despotismo burguês, e “democrático”, quando a
organização se constitui por deliberação efetiva da comunidade organicamente associada. Ver:
GRAMSCI, A. Op cit. V.3 p. 307-309.
150
De alguma forma, a uberização do trabalho pode ilustrar essa dinâmica, transferindo um dos elementos da
direção do processo produtivo ao executor do trabalho manual ao passo que, por conseguinte, isola ainda
mais a técnica que organiza a produção de valor na economia de plataforma.
115
enfraquecimento das organizações dos trabalhadores que punham obstáculo ao afastamento
acessível aos que estão atados às cadeias do trabalho manual, mas gradualmente mais distante
também dos que, no grupo dos trabalhadores intelectuais, cada vez mais são encerrados nas
no caso dos aparelhos econômicos e jurídicos, alguns dos principais centros de poder no
Estado moderno, mas cuja regulação interna é cada vez mais autorreferencial, expressa no
mistérios.
propensões autoritárias imanentes ao Estado capitalista 152 . O problema tratado por ele
151
Poulantzas trata da questão, dedicando-se ao estudo de sindicatos e partidos de classe, durante a discussão
do estatismo autoritário. Ver: POULANTZAS, N. O declínio da democracia. O estatismo autoritário. In:
______. O Estado, o poder, o socialismo. Rio de Janeiro: Graal, 1981.
152
Poulantzas sustenta, que durante os anos 1970, nos países desenvolvidos, o poder legislativo passou a ser
progressivamente contornado por ações do executivo e da administração pública, que passavam então, no
exercício de um poder que não era o seu, a fabricar a norma ou a ignorá-la. Ver: POULANTZAS, N. O
116
encontrou vazão na hipertrofia do poder da administração pública tecnocrática, às espensas
em nível do poder politico, das desiguais capacidades organizativas entre as classes e frações
de classes. Refiro-me aqui para traços próprios daquele regime politico que, nesse sentido,
encontram mais ou menos força de acordo com a conjuntura, mas, no limite, independem
dela para existir como virtualidade. Dentre eles, destaca-se o livre associativismo assentado
na premissa das liberdades negativas, que, por compreenderem direito como direito de não-
organização das classes se traduza no poder politico como homologia153. Associada com a
liberação relativa do trabalho intelectual dos entraves que objetavam sua emancipação em
diretamente o poder politico, como é o caso dos tanques de pensamento, reveste-se de reforço
sociedade, assim, queda mais isolada frente a um poder democrático já em recuo. Essa
tendência autoritária não é a única a se destacar em época de refluxo democrático, mas para
declínio da democracia. O estatismo autoritário. In: ______. O Estado, o poder, o socialismo. Rio de
Janeiro: Graal, 1981.
153 Abriremos o segundo capítulo com esta discussão.
154
Bobbio, que não pode ser enquadrado como um pensador crítico ao capitalismo, já identificava segredo a
poder, em obra que versa sobre um dos aspectos da crise da democracia. O aumento do volume dos
segredos em um Estado dá luz a um tipo de poder que aparece como oculto, por ser essencialmente
117
Primeiro porque o reforço relativo da técnica no interior do Estado é expressão do
é uma comprovação paradoxal do potencial explosivo destas contradições. Que ele tenham
sido apropriado pela extrema-direita é apenas mais uma peça dos escombros deixados pela
falência das esquerdas revolucionárias e mesmo reformistas stricto sensu, cujos princípios
processo em tela, os canais democráticos. Como já parece claro a esta altura, meu argumento
conduz para identificar, assim, uma das razões para o possível reforço dos tanques de
pensamento em épocas de crise como a teorizada por Poulantzas 156 . Como difusor de
saberes técnicos e centro de articulação direta com a sociedade política, essas entidades
contribuem, assim, com o reforço das tendências autoritárias imanentes ao Estado capitalista.
políticas de dominação que demonstram, em nossa época, uma renovada capacidade das
antidemocrático, e, portanto, não aparecer nos marcos da democracia. O filósofo italiano qualifica, assim,
o exercício do poder por for a dos mecanismos de publicização. Nesse sentido, valoriza como conquista
democrática a transparência a que os Estados estão cada vez mais submetidos, como mostram Dardot e
Laval em sua análise da nova gestão pública. Poderíamos acrescentar, contudo, a contradição presente na
própria luta por transparência do Estado, geralmente levada a cabo por liberais, que deixa de for a a
transparência do código e dos saberes que enformam as práticas de dominação. Ver: BOBBIO, Norberto.
Democracia e segredo. São Paulo: Unesp, 2015.
155
O anti-intelectualismo vigente, nesse sentido, seria expressão a) do afastamento entre trabalho intelectual
e trabalho manual produzido pela expansão do capitalismo e, por conseguinte, da subsunção real do
trabalho ao capital; b) da debilidade organizativa da classe trabalhadora que, então, encontra
representação em bufões que reproduzem o anti-intelectualismo, mas seletivamente, na medida em que
poupam de ataques a parte que mais lhe interessa do saber técnico, qual seja, o produzido pela “ciência
econômica”.
156
Refiro-me aos diversos níveis de crise, econômica, política e de Estado, tratados durante o exame do
estatismo autoritário.
118
* * *
Por ora, convém recuperar o que aqui tentou se demonstrar. Os tanques de pensamento se
trabalho intelectual de tipo novo e a atração deste ao mundo produtivo, que se torna, no
capitalismo, uma das esferas sociais privilegiadas para sua consagração. O livre curso do
lógica de valorização do valor, emprenhando o que se entende por tecnologia pela dinâmica
expansiva do capital. Se míssil e geladeira são, nesse sentido, verso e anverso da mesma
moeda, para ficarmos em uma expressão conhecida, ambos tem como razão de ser, em última
determinações da “economia”.
entificação de uma forma alternativa de sociabilidade com o advento da URSS. Sua eficiência
saberes e da técnica em geral, reforçou as tendências para seu surgimento, de sorte que a
multiplicação destes aparelho seguiu seu curso mesmo quando aquelas ameaças ficaram
dois níveis; na sociedade civil, como polo de desequilíbrio em favor de visões de mundo
119
adequadas à reprodução do capital; na sociedade política, como aneis que se conectam aos
aparelhos públicos direta ou indiretamente insulados, sobre os quais o poder democrático tem
pouca ou tendencialmente nenhuma influência, dado, quando não pelo autoritarismo puro e
simples que os isola, seu simples funcionamento rotineiro, vivificado por códigos pouco
Talvez uma inovação esteja na tentativa de captura destes canais pelos partidos
regime politico que extrai sua legitimidade da representação popular157, no qual mesmo essa
história do IFHC, versará também sobre isso, identificando seu ponto de surgimento no
tendências imanentes do capital. Se, como vimos no primeiro capítulo, as relações sociais de
polo do “trabalho intelectual”, por outro lado, o livre associativismo característico daquele
burguesia um canal alternativo de conexão entre sociedade civil e sociedade política – muito
mais direto do que o experimentado pelas vias representativas. O quadro em tela, por
liberalismo, bem como a consequente negação de uma das “bases éticas” do regime: a
soberania popular.
dá novas formas àquele conteúdo. As estratégias de contenção ainda estão ali, ainda que agora
121
trabalho intelectual sobre o trabalho manual – são reforçadas na conjuntura. Os tanques de
pensamento já existiam, mas ganham mais fôlego, sobretudo a partir dos anos 1970, com a
assim, postos em uma espécie de simulacro de Congresso para debater “políticas públicas”.
Aqui temos entendido este traço dos think tanks como sendo seu diferencial. Isso não
fundação, nesse sentido, devem ser entendidos como seleções a priori de pontos de vista que
devem ser difundidos pelos canais de comunicação da entidade – o que implica, claro, que
outros não sejam divulgados. A multiplicação desses canais, por outro lado, também expressa
o esforço de conquista de espaços na sociedade civil. O IFHC esteve atento a esses caminhos,
debruçando-se sobre as novas tecnologias com celeridade. A internet tem sido o terreno de
158 Ao longo deste trabalho, adotamos a conceituação de Antônio Gramsci também no que se refere a esse
conceito: é conhecida a sentença do comunista sardo que coloca toda pessoa como filósofa, na medida em
que esta é capaz de gestar uma visão e compreensão de mundo próprias. O intelectual na obra gramsciana,
por conseguinte, é o formulador de cultura – que, no limite, pode ser qualquer um, ainda que existam níveis
distintos de capacidade de influenciar.
122
Pelo lado da articulação, vemos o IFHC se conectar a diversas outras entidades, no
entorno estratégico do país, por meio da Plataforma Democrática; com os grandes veículos
de transmitir invenções no campo das lutas de classes entre seus diferentes setores em escala
global. Este tema em particular aprofundaremos no capítulo seguinte, mas aqui já teremos,
políticas.
por um lado, grandes capitais transnacionalizados pela América do Sul, precisamente onde a
Plataforma Democrática atua, sendo uma caixa de ressonância do IFHC na região; por outro,
ao projeto. Este apoio contudo, não pode ser superdimensionado. Isso porque algumas das
que, para estas, parece ser mais importante o apoio à rede associativa do que a nós específicos.
É a rede, com sua diversidade na igualdade, que oferece diferentes alternativas de gestão
123
2.1 Contendo a democracia: regimes de tipo democrático como forma
política de pacificação das lutas
morrem. Por aqui visitaram o Instituto Fernando Henrique Cardoso, onde apresentaram a tese
será analisado. Aqui, basta dizer que o que se ouviu na fundação foi uma advertência
política brasileira, mas para o regime democrático. O drama que o país poderia viver se
inseria em uma trama maior, em que diversos outros exemplos se coligiam indicando a
amplitude da crise vivida. Turquia, Estados Unidos, Inglaterra, Polônia, Itália. Nestes e em
política eventualmente tomam. Isso porque a hipertrofia dos poderes presidenciais já foi
mais sobre a falha estrutural do regime do que parece fazê-lo à primeira vista.
medida em que desloca o interesse dos aspectos acidentais para elementos estruturantes da
popular – do povo, do demos – como fonte de legitimidade para suas instituições de regulação,
mas o fazia sobre uma forma de sociabilidade que exclui a maioria do direito gozado por
poucos - o direito à propriedade. Luminares do pensamento burguês, de John Stuart Mill aos
como Tocqueville via como imparável – aos estreitos limites de um modo de vida dominado
pelo capital163. Deste ponto de vista, ao se tornar regime político de uma sociedade de
estabelecida, sob pena de gerar condições para a correção do abismo existente entre a
161 É uma das teses do importante livro de Domenico Losurdo. Democracia ou bonapartismo. Também está
presente como prescrição em relatório intitulado Crisis of Democracy, encomendado pela Comissão
Trilateral e lançado por Samuel Huntington, Michel Crozier e Joji Watanuke, em 1975. Ver:
https://trilateral.org/download/doc/crisis_of_democracy.pdf (acessado em 16/11/2019 às 16h04)
162 CUNNINGHAM, Frank. Teorias da democracia. Uma introdução crítica. Porto Alegre: Grupo A, 2009.
163 Democracia nas Américas. Tocqueville, aliás, foi importante intelectual da primeira metade do século XIX,
e seus estudos revelam claro esforço para aclimatar o processo de desenvolvimento democrático às relações
soicais dominantes. Criação de oposição, elogio da prudência administrativa. Tudo isso está em
Lembranças de 1848.
125
A democratização, assim, representa o avanço popular sobre a política, e, desde as
primeiras experiências modernas com este regime, a ampliação dos direitos de participação
falácia das posições burguesas que identificam democracia e liberalismo, como se aquela
história das lutas contra ela, e sua crise deve ser entendida como o desgaste de uma forma de
dominação que, embora extremamente plástica, põe-se progressivamente novos limites, dada
manobras das classes dominantes para impedir ou, quando a força dos subalternos se
O trabalho de Domenico Losurdo sobre o tema fez grande parte do trabalho. Nesta
obra, o autor apresenta uma vantagem em relação a tantas outras histórias da democracia.
Com efeito, em nenhum momento o regime político é analisado sem referência às bases
materiais da sociedade em que ele era imposto. Desta forma, o italiano esquadrinha as
caracterização do regime variara conforme a definição que se fazia de cidadania, e esta luta,
por sua vez, expressava as correlações das lutas de classes, gênero e raça. Restringir a
participação, por conseguinte, foi um dos primeiros esforços considerados por aqueles que
164 Eley, Geofrey. Forjando a democracia. São Paulo: Perseu Abramo, 2009; ROSENBERG. Artur.
Democracia e socialismo. Rio de Janeiro: Global, 1986.
165 É a posição de Norberto Bobbio. BOBBIO, Norberto. Liberalismo e democracia. São Paulo: Edipro
166 LOSURDO, Domenico. Democracia ou bonapartismo. Triunfo e decadência do sufrágio universal. Rio
de Janeiro: UFRJ, 2004.
126
prosseguimento das pesquisas na área revela que outros métodos foram empregados com
variável sucesso.
clássico de Crawford Brough Macpherson. A exemplo de Losurdo, o autor também não perde
que fala são, assim, a consolidação de esforços intelectuais que atuam no sentido de adequar
regimes políticos de tipo democrático a uma forma social cuja classe e frações de classe
dominantes aspiram à manutenção da ordem pela solução pacífica dos conflitos originados
pela distribuição desigual de propriedades 167 . O regime político, portanto, tem papel
forma de regulação dos dissensos, assentando-se em princípios moventes em torno dos quais
democráticas da ordem sintetizam lutas de classes presentes e passadas, não apenas das
democracia protetora, por exemplo, revelam sua adequação a uma sociedade de livre
mercado em que os cidadãos deveriam ser protegidos de “governos rapaces”. O laço que
167 MACPHERSON, Crawford Brough. A democracia liberal: origens e evolução. Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1978.p. 17.
127
uniria o sistema econômico ao regime político, neste formato, seria o da preservação das
trocas mercantis e da igualdade jurídica, assegurado pela prerrogativa de escolha dos líderes,
inerente ao regime168. Ao associar este modelo democrático a pensadores como James Mill e
democracia ainda era valorizada principalmente pela sua capacidade de proteger a circulação
rompantes “autoritários”. Enquanto fundamentada sobre este pilar, a democracia refletiu uma
etapa histórica que tinha na burguesia seu sujeito revolucionário. O proletariado organizado
autonomamente não havia entrado em cena, e 1848 ainda era apenas um número. O princípio
cada cabeça um voto não era visto como uma ameaça às posições dominantes169 , e a
A situação era outra após a Segunda Guerra Mundial. Com efeito, a vitória aliada
trouxeram novos desafios aos capitalistas. Sobre isso o trabalho de John Lewis Gaddis é
burguesas, o autor, ainda que sem querer, acaba por revelar um importante papel
desempenhado pela vitória soviética no Ocidente. Além do prestígio auferido pela destruição
do Terceiro Reich, ao fim da guerra, a URSS contava com inigualável exército mobilizado
168
‘MACPHERSON, Crawford Brough. A democracia liberal: origens e evolução. Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1978.p 39.
169 Muito embora Lukács defenda que alguns críticos sociais, como Linguet, antes mesmo da Revolução
Francesa, já haviam percebido as contradições entre igualdade e liberdade política e igualdade e liberdade
reais do homem que desafiavam a estabilidade democrática. Ver LUKACS. G. Concepção aristocrática e
concepção democrática de mundo. IN: O jovem Marx e outros escritos de filosofia. Editora UFRJ, Rio de
janeiro, 2009 p. 27
128
na Europa, o que representava enorme ponto de tensão entre os ex-aliados. Diante disto,
Gaddis defende que a cautela e a busca por segurança foram os princípios norteadores da
assim chamada Guerra Fria – o que, se por um lado ajuda a explicar a existência e o
período, bem como a disposição burguesa à negociação nas áreas sob alcance do poderio
militar soviético170. Era preciso conter a ameaça vermelha, ainda mais forte depois de o
As classes e frações de classes dominantes dos países ocidentais teriam de lidar com
uma classe trabalhadora reforçada pela experiência recente de resistência e vitória sobre a
de poder material, virtualmente disponível aos seus partidários no Ocidente. Mais do que o
choque entre dois modos de vida vistos como viáveis, o período representa de fato um
momento específico das lutas de classe, em que o monopólio fático da força pela burguesia
Quanto mais porque a dominação de suas congêneres europeias sobre colônias afro-
considerando apenas os eventos europeus, mas essa, sobretudo ao idealizar uma dourada de
classes estavam em guerra aberta. Mais: o panorama mundial nos anos 1950 e 1960,
sobretudo após o triunfo dos comunistas chineses e dos nacionalistas cubanos, era de fato
preocupante para a burguesia, de sorte ser anacrônico considerar aquela “ameaça” como mera
Assim, quando não em guerra aberta, a reação burguesa assumiu a forma de inclusão
circunscreviam um lugar para o irredutível dissenso. Por outro lado, além de contar com
inestimável apoio político, o capitalismo ganhou força também em razão de sua própria
Por isso que defesas enfáticas de um futuro socialista não podem ser consideradas
173 O espaço em questão se restringiu praticamente à Europa Ocidental. Só no Velho Mundo a mistura de
reformismo social e rebaixamento democrático foi experimentada de modo sistemático. Na periferia, a
Doutrina Mann ainda regia a ação do Estado estadunidense. O princípio defendia as boas relações com
ditaduras militares e outros regimes autoritários, contanto que eles fossem pró-americanos e anticomunistas
(CANCELLI, p. 108). Entre os pensadores liberais da década de 1950, existia certo consenso de que a
democracia só poderia ser alcançada por países modernos e industrializados, o que encarava os eventuais
défices democráticos na região como uma necessidade estrutural contra a qual nada se podia fazer (p. 110).
Ver: CANCELLI, Elizabeth. Op. Cit.
130
reminiscência de bolsões fascistizantes no seio das democracias liberais europeias, atacando
neles sua “visão aristocrática de mundo”. Fazia-o em nome do socialismo democrático, visto
difundida também pela constatação do horror vivido na Guerra. Era, afinal, a defesa de uma
democracia autêntica que encontraria na revolução proletária seu apogeu, pela enfim
superação das diferenças entre liberdades potenciais e liberdades reais 174. Dimensionado ao
Lukács estava longe de soar exagerado, e a burguesia atenta escalou seus representantes para
enfrentar sua repercussão no campo de batalha intelectual. A polêmica com Karl Jaspers é
174
LUKÁCS, G. Op. Cit p. 19
175 CANCELLI, Elizabeth. O Brasil na guerra fria cultural. O pós-guerra em releitura. São Paulo: Artes e
Livros, 2017.
176 Também a democracia seria um primado “ocidental”, e esses tanques de pensamento se lançaram
ativamente no embate em favor de um regime de tipo democrático adequado aos limites do
desenvolvimento capitalista. Neste intento, a Fundação Rockefeller chegou a publicar livros defendendo o
131
Dentre os esforços, a historiadora destaca o Congresso pela Liberdade da Cultura
(Congress for Cultural Freedom). Sua primeira edição, realizada em Berlim, em 1950, além
Livres”. O documento, entre suas 14 teses, evidencia o uso político da teoria do totalitarismo,
óbvios eram as organizações inspiradas pela Revolução de Outubro. “Em seu auge”, anota
Cancelli
Segundo a autora, estudos da área mostram que, além de combater o modo de vida
críticos ao regime soviético”, como a New Left, receberam subsídios que integraram os
esforços de construção de uma esquerda “democrática”, isto é, para o capital (p, 27). Tratava-
“poder da ideia democrática” contra o “autoritarismo igualitarista”. A edição brasileira saiu em 1963, em
conjuntura quente que culminaria com o golpe de Primeiro de Abril. Ver: ROCKEFELLER BROTHERS
FUNDATION. O poder da ideia democrática, 1963.
177 CANCELLI, Op. Cit. p. 22-24
178 O importante trabalho de Jacob Talmon, The Origins of Totalitarian Democracy, lançado em 1952, deve
ser dimensionado à luz deste projeto. Nele, o autor diferenciou a democracia para a liberdade, desejável;
132
de conformação de espaços de disputa política autorizada, cujos oponentes expressassem
Seguindo a senda deixada pela autora, vemos que as manobras alcançaram também a
América Latina, onde os intelectuais eram vistos como especialmente importantes pela sua
Brasileiros, fomentou grupos de pesquisa – o caso do apoio da Fundação Ford, peça central
dominada por ele. Do ponto de vista que interessa nesta seção, importa destacar que a
burguesia e suas frações internas nas lutas de classes. São essas mesmas lutas a matéria-prima
táticas dos dominantes mostra como o desafio de manipular uma forma social
principalmente por disputas contra a aristocracia nobilitar, o que ele intitula de democracia
apenas pelo reforço relativo da classe trabalhadora, mas também pelo potencial destrutivo
necessário produzir apatia social. Desmobilização entendida por mim não apenas como
contenção de reivindicação dos dominados, mas também como despolitização das frações
burguesas, cujas disputas registradas até a Segunda Guerra já haviam se mostrado capazes
de dramáticos abalos sísmicos. Deste ponto de vista, o modelo sintetiza essa busca comum
levada a cabo por trabalhos dispersos, alguns apoiados inclusive materialmente por agências
“arranjo institucional para se chegar a decisões políticas em que indivíduos adquirem o poder
schumpeteriana é a força centrípeta que organiza diferentes trabalhos a ponto de ser possível
Samuel Huntington avalia que o sucesso schumpeteriano seria verificado nos anos
extremamente influente. Tanto como base de um modelo de democracia vigente por anos
quanto por fornecer um instrumento de solução pacífica de conflitos. Com efeito, ao reduzir
safra de pesquisas sobre sistema eleitoral e suas variáveis internas, que viria à luz a partir dos
burguesa. Tudo isso devido ao poder estabilizador do sistema eleitoral bem ajustado.
Mas há razões para duvidar da sentença definitiva de Huntington. Ele foi consultor
sociedades capitalistas durante a Guerra Fria foi uma de suas responsabilidades187. Com
este objetivo, apoiou a modernização autoritária em países sob ditadura militar188; auxiliou
brasileiro, o qual contou com seu aconselhamento pessoal189; e contribuiu com os esforços
de contenção dos “excessos” das redemocratizações iniciadas nos anos 1970 – dentre os quais
as ondas de democratização191, e, por isso, seria necessário identificar padrões sociais que
livro, Huntington é até explícito no combate a outras definições de democracia que poderiam
desencadeadores de “reversão autoritária” formulada pelo autor192. Não existia clara vitória
de Schumpeter nos anos 1970. Em vez disso, parte dos intelectuais burgueses trabalhava duro
para tornar possível essa redução, e o diagnóstico do próprio Huntington – um dos mais
dedicados à missão – deve ser considerado também ele como esforço em favor daqueles
limites.
as contradições existentes no período de sua vigência. Seria uma leitura superficial da obra
de Macpherson, que jamais reduziu a história das teorias democráticas aos modelos que
apresenta. A realidade, como se sabe, é muito mais caótica, e o pós-guerra foi atravessado
por conflitos em torno dos limites da democracia que transcenderam mesmo os marcos
temporais da chamada Guerra Fria até os nossos dias193. Qualquer tentativa de recomposição
O exemplo mais óbvio de uma forma democrática que não se reduz à fórmula
ordenamento jurídico, que estabelece leis que limitam a ação individual; por outro, é
assegurada por direitos civis, como o de associação, expressão e livre trânsito. A segunda,
por sua vez, quando descontrolada, representaria uma ameaça a esses mesmos direitos,
da democracia como o regime mais apto a assegurar a liberdade. Qualquer ação fora da
Claro que o contexto de produção da obra deixa marca evidente no produto final.
Dimensionado nesta quadra histórica, Dois conceitos de liberdade teria exercido o papel de
da sociedade, tornando-se matriz seminal de uma nova forma de conter os conflitos derivados
194 BERLIN, Isaiah, Os dois conceitos de liberdade. In: HARD, H (org.), Estudos sobre a humanidade , São
Paulo, Cia. das Letras, 2002.
195 CUNNINGHAM, Frank Op. Cit. P. 48-52.
196 TULLY, James. T wo concepts of liberty in context. In: BAUM, B. (org.) Isaiah Berlin and the politics
of freedom. Nova York: Routledge, 2014, p.24.
197 CUNNINGHAM, Frank Op Cit.
138
Frank Cunningham foi quem me chamou atenção para a importância de Berlin na
sentido, liberdades negativas, definida pelo direito ao pleno exercício de direitos civis; e
restringe a base de ação governamental. É curioso notar como esses autores raramente
de fundo, ainda que diferentemente. De fato, a obra hayekiana acentua a questão moral de
uma forma que inspiraria, mais à frente, a nova direita inclusive contra setores que tiraram
gostaria de destacar as reflexões realizadas pelo autor em excursão pela Austrália no ano de
governamental. Segundo ele, por séculos, o que se viu foram esforços de contenção do poder
político, esforços dos quais o constitucionalismo seria o melhor exemplo. Aquele século
representantes eleitos pela maioria tornava qualquer outra limitação de poderes desnecessária,
dispensadas202. Assim teria nascido o que Hayek chama de democracia ilimitada. Ela, e
não a democracia enquanto tal, seria a “abominação” a ser combatida daquele momento203.
O autor parece preocupado com poderes autoritários detidos por um governo que,
sem limites, poderia agir contra minorias circunstanciais. Se esta é uma questão cara à
luta pelos direitos humanos, que no pós-guerra ganhou espaço, sendo incluída na agenda
201 HAYEK, Friedrich. Social justice, socialism and democracy. Australian lectures. Turramurra: Centre
for Independent Studies, 1976.
202 No original, em inglês, consta assim: Suddenly it was believed that the control of government by elected
representatives of the majority made any other checks on the powers of government unnecessary, so that
all the various Constitutional safeguards which had been developed in the course of time could be dispensed
with. Ver: HAYEK, Friedrich. Social justice, socialism and democracy. Australian lectures. Turramurra:
Centre for Independent Studies, 1976, p. 34
203 No original, em inglês, consta assim: While personally I believe that democratic decision on all issues on
which there is general agreement that some government action is necessary is an indispensable method of
peaceful change, I also feel that a form of government in which any temporary majority can decide that any
matter it likes should be regarded as "common affairs" subject to its control is an abomination. Ver: HAYEK,
Friedrich. Social justice, socialism and democracy. Australian lectures. Turramurra: Centre for
Independent Studies, 1976, p. 34
140
de instituições multilaterais como a Organização das Nações Unidas, Hayek a reivindica
de possuir. O autor, por conseguinte, vê como igualmente ilegítimas leis que atentem
conjugar democracia com direitos naturais, definidos pelos costumes e tradições – daí
também a inviolabilidade das relações familiares pelo Estado; a família é entendida por
um mundo complexo onde não há verdade em si, a tradição e a família são os depositários
de certeza sem as quais a própria sociedade fica ameaçada. Por isso a necessidade
zona fortificada contra pressões “políticas” aparece de modo cristalino. Wendy Brown
mostra como os ordoliberais diferem dos demais neoliberais por não atacarem o tamanho
do Estado de Bem-Estar Social, mas suas funções. Segundo a autora, autores como Walter
204 No original, em inglês, consta assim: Arbitrary oppression - that is coercion undefined by any rule by the
representatives of the majority - is no better than arbitrary action by any other ruler. Whether it requires
that some hated person should be boiled and quartered, or that his property should be taken from him,
comes in this respect to the same thing Ver: HAYEK, Friedrich. Social justice, socialism and democracy.
Australian lectures. Turramurra: Centre for Independent Studies, 1976, p. 35
205 BROWN, Wendy. Op. Cit.
141
a solução ordoliberal para esse problema envolve isolar o Estado tanto da
democracia quanto da economia. Isso é realizado pela transformação da
constituição política mais em um ethos animador do que um documento soberano,
e pela complementação dessa constituição política com uma econômica (p. 95).
A necessidade de uma constituição do tipo vem da multiplicidade de ordens
dos mecanismos econômicos “exigem uma planta técnica para uma ordem técnica gerida
acidentado das lutas transcenda limites indesejáveis. Desta forma, estanca-se não apenas
confrontos entre as frações das classes dominantes sobre como e quais deveriam ser os
como os adeptos da doutrina aproveitaram uma “grande oportunidade” deixada pelo pós-
guerra para se aproximarem do poder político na República Federal Alemã, então sob
ocupação das forças ocidentais que compuseram a aliança contra o Eixo206. A partir da
e a livre concorrência – sem deixar de lado a preocupação com possíveis ebulições sociais
sustentação das liberdades negativas, como vimos, deriva de uma premissa: a atividade
intervenção “política” nesta esfera, por maiorias circunstanciais expressas pelos métodos
povos”208.
“sociedade livre” em que proliferam os APHs. Virginia Fontes mostrou como o processo
ocupando espaços deixados pelo poder público 209 . Na fronteira com as classes
em países cuja expansão do Estado (em sentido gramsciano) se deu seletivamente (como
atualmente predominante.
Apresentando outros elementos e uma análise mais complexa, a autora define melhor
o processo que no capítulo anterior foi esboçado quando da apresentação dos dados
adequados.
demonstrará como a entidade tenta criar terrenos de debate legítimos sobre questões que,
escolhe-se também de modo adiantado tanto o que é dado à discussão quanto as posições
legítimas sobre o tema. Teremos oportunidade de ver, ainda neste capítulo, um caso de
da enorme diversidade social, moderando o que pode e o que não pode vazar para a arena
política.
Por ser um fórum de debates que colige representantes das sociedades civil e
política, bem como das classes e frações de classes sociais, talvez seja o caso de
como mais fluído do que etapas anteriores das atividades de outros APH’s. Permanece
145
diferentes frações do capital agrário por postos ministeriais211. A dinâmica ali destacada
foi a da guerra de posições, com conquista de espaços e avanço sobre a cidadela do Estado.
Por mais que alguma moderação tenha havido, e os momentos de guerra aberta tenham
se intercalado com períodos de relativa paz, o processo narrado pela brilhante historiadora
possível que tanques de pensamento como o IFHC representem uma alternativa menos
belicosa, por conseguirem abrigar mais de uma tendência burguesa ao mesmo tempo. Eles
são fóruns de discussão e apresentação de ideias, afinal, por meio do qual os setores e
talvez corresponda a uma forma de dominação mais fluida, em que diferentes caminhos
– todos no marco do capitalismo – possam ser adotados sem necessidade de guerra civil
por conquistas de espaços no Estado – com efeito, a luta logicamente não cessaria, mas
seleção prévia dos assuntos e posições dadas ao debate. Os limites desta pesquisa não
Seja como for, é certo que, na interface política, o papel renovado dos aparelhos
211 MENDONÇA, Sônia Regina de. O ruralismo brasileiro. Rio de Janeiro: Hucitec, 1997.
146
estruturais do capitalismo. Entendo que a sacralização das liberdades negativas cumpriu
aí papel importante – denúncia, aliás, que, mutatis mutandis, fora feita por Lênin em seu
conexões diretas entre classes e frações de classe, seus intelectuais e o poder político, deu
lutas sociais sob o reino do capital. Neste sentido, sua multiplicação não deixa de ser uma
bolchevique212.
212 Na conjuntura do imediato pós-guerra, tendo triunfado a Revolução Soviética, muita tinta foi gasta para se
analisar o regime político dos bolcheviques. Kautsky, um dos mais eruditos conhecedores da obra de Marx e
Engels, foi então uma das figuras de proa a criticar a experiência. O que ele considerou como autoritarismo dos
métodos bolcheviques foi o alvo preferencial de seus ataques. Destacaram-se entre os elementos de sua
abordagem as duras críticas à dissolução da Assembleia Constituinte pelos bolcheviques, em 1918, bem como
a supressão da “imprensa livre” e a cassação dos “direitos burgueses”. Na ocasião, Kautsky defendia a
“democracia pura”, opondo-lhe o modelo então criado pelos revolucionários de outubro. Sem respeito pela
“democracia em geral”, argumentava, retirava-se o fundamento de uma sociabilidade que privilegiasse a
coletividade, e o resultado só poderia ser a degeneração ditatorial exercida não por uma classe, mas por um
partido agindo em seu nome Essa concepção de democracia pura e a consequente crítica à “forma de governo
ditatorial” foram ferozmente rebatidas por Lênin em A revolução proletária e o renegado Kautsky, brochura
lançada naquele ano de 1918. Para o autor, não havia sentido em analisar um regime político sem referência às
suas determinações de classe. Os princípios liberais identificáveis na concepção kautskyana de pureza
democrática recobririam, assim, o fato de qualquer Estado ser um aparato de poder; de as condições universais
de liberdade, de igualdade, na democracia burguesa, jamais ultrapassarem seus aspectos formais, o que, ao
mesmo tempo, ocultaria e revelaria que os meios de produção permaneciam privatizados na época histórica de
sua expansão como forma de dominação. As medidas da Revolução Soviética, portanto, evidenciariam que a
democracia burguesa seria democrática para a burguesia, mas ditatorial para o proletariado. Para Lênin, não
enxergar isso seria cair em espécie de reificação das formas de governo e fetichização do Estado. Em suma:
seria abandonar o ponto de vista marxista, como um renegado.
Concebendo o Estado desta forma, a transformação da classe trabalhadora em classe dominante
passaria necessariamente pelo uso dos instrumentos coercitivos conhecidos. Para Lênin, portanto, a ditadura
do proletariado é de fato ditatorial, mas na sua interface com a burguesia. Nesse sentido, acentuar a repressão
daquela experiência revolucionária seria indício importante da aceitação do ponto de vista burguês, posto que
os trabalhadores jamais teriam desfrutado de liberdade comparável à verificada no regime soviético.
Ao substituir o antagonismo entre exploradores e explorados pela fórmula minoria-maioria, Kautsky
acabaria por ocultar, sempre de acordo com o líder bolchevique, as desigualdades realmente existentes entre,
por um lado, burguesia e seus acólitos, por outro, a classe trabalhadora. Diferenças de formação – a vida pródiga
da burguesia poderia se expressar em maior domínio sobre os produtos culturais -, de oportunidades, de
capacidade de fala (estavam sob posse burguesa, afinal, os maiores e mais influentes meios de comunicação),
enfim, de exercício de poder (inclusive de setores de Estado que recrutavam preferencialmente das fileiras da
burguesia ou da pequena burguesia seus representantes). O sentido social da revolução proletária seria, portanto,
menos a conquista do poder político e mais a transformação das estruturas da sociedade capitalista com o fito
de dissolver as desigualdades de classe – e, logo, as classes enquanto tais. Para Lênin, portanto, a revolução
147
A democracia projetada por estes intelectuais da ordem, assim, é o regime político
atuação está limitada pelo insulamento de aparelhos. O acesso a eles é controlado por
quanto pela sintonia fina capaz de apaziguar os confrontos e reproduzir o condomínio das
ainda que alternâncias sejam possíveis, eventualmente desejáveis, desde que realizadas
pelos mecanismos consagrados, isto é, pelas atividades regular dos APHE’s. Mais do que
pacificar e limitar dissensos, não pelo seu sufocamento, mas por sua restrição a um terreno
cujos resultados mais gerais são conhecidos de antemão. Não deixa de ser curiosa a
sugestão de ser a liberdade negativa (negative liberty) uma tecnologia política de base tão
* * *
O período histórico de que trata esta tese vê o prosseguimento dos embates em torno
proletária seria precisamente o momento de luta em que a classe que aspira à dominação quebra as resistências
dos então dominantes, retirando-lhes não apenas as bases “econômicas” do poder, mas também os meios
culturais usados para expressar e reproduzir aquela condição de dominação. Um exemplo eloquente desta visão
sobre os imperativos das lutas de classes está no debate em torno da liberdade de imprensa, travado por Lênin
contra o pensamento liberal em outro trabalho. Ver: LENIN, V. Democracia e luta de classes. São Paulo:
Boitempo, 2019.
148
impossíveis de serem superados enquanto a dinâmica expansiva do capital ditar o ritmo da
passageiro, embora renovável. Válido até o próximo ponto de contradição amadurecer. Isso
defesa da democracia, outros sentidos democráticos serão seus naturais rivais, assim como
os que recusam a democracia de princípio – ainda que alianças táticas possam ser
da entidade em análise. Identificando sua base social, veremos como as consequências de sua
existência representa uma ameaça mortal para a democracia em sentido amplo (e não restrito
ou limitado). Com efeito, como tentei mostrar até aqui, em uma sociedade com atuação de
tanques de pensamento deste tipo, uma democracia que se identifique como a forma de
governo da soberania popular não pode vicejar. Por outro lado, essa democracia “tecnocrática”
constantemente erode as bases de sua própria sustentação, posto ser o elemento técnico em
presidente estadunidense Bill Clinton; e a Fundação Mário Soares, criada em 1991 pelo ex-
presidente português, eram seus modelos. São fundações com práticas similares, que vão da
assim como em sua congênere portuguesa, suas atividades principais parecem ser de cunho
intelectual.
devotada à preservação da memória do político que lhe empresta o nome. Sedia igualmente
tucano e seus governos sem dúvida é importante, mas o leit-motiv parece mesmo ser sediar
sociais da entidade, bem como refletir com maior riqueza de detalhes sobre suas funções e
desempenhado por este tipo de entidade no capitalismo moderno, quais suas relações com os
Apresentar o início de sua história é uma boa maneira de começar a busca pelas respostas.
Embora Fernando Henrique Cardoso atribua inspiração exógena à sua fundação, ela
nome deles. A primeira entidade do tipo, após a última ditadura, foi logo de Tancredo Neves
Presumivelmente a hora de Itamar Franco chegaria, e o Instituto Itamar Augusto Franco veio
à luz em 2002, recebendo depois o beneplácito da Universidade Federal de Juiz de Fora, que
o tomou como seu órgão214. Fernando Collor não nomeia nenhuma entidade, mas se associa
a fins semelhantes às demais aqui apresentadas – e que leva o nome do pai do ex-presidente.
No Partido dos Trabalhadores, Lula tem o seu instituto; Dilma, ainda não. A julgar pelo
panorama visto, é questão de tempo. Ou aos ex-presidentes que sofreram impeachment não
Posto que todas essas fundações presidenciais reivindicam o direito de discutir “os
problemas” de seu país e interferir nas políticas públicas, parece que o prestígio de ex-
que os líderes com menor capital político não dariam bons nomes de fundação. Sem dúvida,
a atração que a forma tanque de pensamento exerce sobre o campo político é enorme, e não
são apenas os ex-presidentes que procuram prolongar sua influência criando suas próprias
entidades. Os partidos já o fazem, e dentro deles suas correntes, tendências. Fora deles não é
diferente. São indícios importantes que não serão esquecidos enquanto avançamos na história
do IFHC. Também queremos saber o que o ex-presidente tem a ver com o problema aqui
tratado, bem como o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), derivação do Partido
demais, fora pensado para ser uma instituição declaradamente dedicada a preservar o acervo
sua produção intelectual como sociólogo. Ainda seguindo a pista dos anteriores, o IFHC,
esforçou-se também em outras áreas. Em seu sítio virtual oficial, acessível pelo endereço
Cardoso tem um “duplo proposito”. Para além da preservação e disponibilização dos arquivos
do ex-presidente, de sua esposa Ruth Cardoso e “outras figuras públicas ligadas ao casal, de
Para tanto, o IFHC promove exposições, eventos educativos, debates, estudos e publicações.
O debate sobre o tema é escasso no meio científico. Antes dessa pesquisa ser iniciada,
não foram encontradas investigações de fôlego sobre a história do instituto e seu significado
social. Mesmo agora, os textos que tocam no assunto dialogam com apontamentos
Nessas notas, interessou-se, sobretudo, pelo papel político da organização e pela natureza do
ÉPOCA daquela semana (o texto foi publicado em 29 de abril) revelava que o ex-presidente
Dividindo o valor pelos quinze meses de atividade, o autor chega à conta de 200 mil reais
mensais, os quais não batem com o valor e a periodicidade declarados de suas palestras –
duas por mês, a valores que giram entre 10 a 20 mil dólares cada. (TRIBUNA DA
IMPRENSA, 29-04-2004, P. 6)
temas mais quentes do jornalismo nacional. Torna-se centro das atenções quando de
denúncias à suposta lavagem de dinheiro realizada pelo ex-presidente Lula por meio de seu
instituto. Já em 2004, porém, Nery levanta suspeitas sobre o funcionamento do IFHC, usando
para isso novamente armas concedidas pela revista ÉPOCA. Argumentando sobre dados
reproduzidos pelo semanário, que davam conta de que a compra do andar e subsolos que
pertenciam ao Automóvel Clube, em edifício na região central de São Paulo, custara R$ 900
mil reais, e as reformas realizadas no espaço para torná-lo apto a receber o acervo do ex-
presidente, mais R$ 3 milhões, Nery sugere que FHC utilizava o instituto para lavar dinheiro
153
A tinta afiada de Nery é também uma das primeiras a legar interpretação sobre o
significado sócio-político do IFHC. Em outra coluna, esta do dia 24 de abril, o IFHC é tido
como “uma indisfarçada agência política para defender e vender as posições dos Estados
6). A interpretação do jornalista remonta uma visão pessoal sobre o ex-presidente. De acordo
com Nery, já quando da criação do Cebrap, FHC fora financiado pela Fundação Ford para
evidentemente outros lados sobre a questão. Embora o aporte financeiro da Fundação Ford
seja conhecido, não necessariamente é prova suficiente para atestar a subordinação do grupo
de pesquisas ao governo forâneo – isso porque a entidade estadunidense era reconhecida por
esse tipo de “filantropia” nos anos 1960, ainda que reconheçamos, por óbvio, que aportes
Clinton esteve na inauguração da entidade para falar sobre “democracia como valor universal”
– embora, é verdade, ao custo de um cachê generoso, especulado pela imprensa como algo
ocasião, de acordo com o jornal, John Danilovich elogiou o papel “da diplomacia brasileira
04/08/2018, p. 11). Uma mirada mais larga para a História da entidade, contudo, desautoriza
abordagens simplistas como a acima esboçada. Com efeito, como se verá abaixo, a amplitude
154
de assuntos abordados e de personagens participantes nos encontros da entidade torna difícil
de sustentar qualquer tese que defenda ser o IFHC uma “estrutura para defesa dos interesses
consideramos limitadas – desta feita, por conta de certa ingenuidade dos autores, que aceitam
o discurso dos investigados sobre si mesmos. É o caso do Correio Braziliense, que repercutiu
a inauguração do IFHC em sua edição de 22 de maio de 2004. FHC inaugura seu grande
palanque”, foi a manchete de reportagem que detalhava o financiamento – feito “com a ajuda
Soares. O texto traz ainda uma pequena entrevista com FHC, na qual se aborda o “objetivo”
periódico sobre o instituto, a entidade teria sido fundada “com o objetivo de abrir espaço para
reflexões sobre desafios políticos, sociais e econômicos enfrentados pelo Brasil diante da
O jornalismo nacional, primeiro canal de debate sobre a razão de ser do IFHC, assim,
ou apenas amplifica o discurso do criador sobre a criatura, ou confunde oposição política rasa
naquela que deveria ser uma análise mais criteriosa. De nossa parte, consideramos o IFHC
155
de fato como um centro de reflexão, conforme os próprios participantes e o sítio virtual da
entidade se anunciam. A pergunta que persiste, porém, é sobre o sentido das reflexões, bem
como seu papel e sua importância políticas. Dessa forma, enfatizamos que o elemento mais
ser apartado de determinações políticas. O que recoloca a questão em outro nível: que tipo
de reflexão é feita e quais são seus principais interessados? Que o IFHC e os setores do PSDB
que orbitam o ex-presidente tentem extrair daí algum grau de capital político parece certo,
mas não tudo, e certamente insuficiente como resposta sobre o sentido social da organização.
e, sobretudo, acerca do volume de inversões realizado nos institutos a que prestam serviço.
É claro que o apoio divulgado pelos documentos públicos das iniciativas é importante, mas
estes rastros, mas ciente de que provavelmente eles só deixam ver uma parte da história.
divulgados anualmente em seu sítio virtual. Como divulgado por Sérgio Fausto em evento
156
recente 217 , o patrocínio à entidade é realizado principalmente por pacotes anuais. Os
a ter o mesmo grupo de patrocinadores. Ocorre, porém, que o tanque de pensamento conta
também com auxílios pontuais. Organizações e empresas que ajudam a realização de eventos
específicos, não figurando entre as financiadoras da carteira anual de debates e palestras, mas
ainda assim sendo expostas na documentação que aqui temos como base. Somados, esses
enquanto outras tarefas – tidas como mais técnicas, de manutenção e preservação da memória
Entendo que essa base pode ser melhor compreendida pelo estudo do financiamento, uma
apoio de um certo tipo de fração se torna claramente predominante em relação aos demais,
programação da entidade ser pensada para atrair maior atenção do segmento cujo apoio se
provou mais provável ou farto. Trata-se de um dos mandamentos dos tanques de pensamento,
ainda veremos, seguido como cartilha pelo IFHC218. Claro, toda a dinâmica pressupõe a luta
217 Ver:https://fundacaofhc.org.br/iniciativas/debates/ameacas-e-oportunidades-das-novas-tecnologias-para-o-
desenvolvimento-e-a-democracia (acessado em 18/11/2019 às 21h28)
218 Refiro-me às recomendações, feitas na forma de critério de hierarquização dos tanques de pensamento,
para que as entidades busquem formas de financiamento privada a fim de se tornarem economicamente
viáveis.
157
também entre os patrocinadores por uma programação mais afinada aos seus próprios
interesses.
apoio – e, logo, de sua influência sobre a entidade – através do tempo. Daí também ressaltar
este dado. O recurso a este método tenta dar alguma ordem ao caos de informações que, além
acessar aquela base, afastando eventuais influências episódicas. É certo que uma organização
de interesses pontuais. Sem me desinteressar por este outro tipo de evento, privilegio as
estrutura dos financiadores. Por não ser essencialmente uma entidade vinculada a um
segmento específico, é possível que a base social do IFHC seja especialmente dinâmica,
mutável, e o direcionamento da entidade pode mesmo ser alvo de disputa entre diferentes
Também por isso o terço final desta seção analisará a dinâmica dos patrocínios anuais
no tempo. Tentarei captar mudanças na base de apoio, seja na natureza do capital vinculado
à iniciativa, seja no volume de empresas que o IFHC consegue atrair. Por motivos que
envolvem a periodização (esta pesquisa se detém em 2019), algumas das mutações não
bolsonarismo ao governo federal, após as eleições de 2018. Quando for o caso, apontarei as
158
necessidades de investigações futuras a fim de acompanhar o desenvolvimento dessas
160
Banco Itaú Real Instituto Elcano
Japan House Kroton
JHSF Mabisa
Jorge Zahar Editor Instituto Brasileiro de Estudos em Defesa
(IBED)
JOTA Raizen
Fonte: elaboração própria a partir de dados retirados dos Relatórios de Atividades do IFHC
Todos contribuíram com ao menos um evento do IFHC. É claro que este critério de
responsáveis por patrocínios anuais. A lista está apresentada por ordem decrescente de
pacotes adquiridos. Não custa ressaltar que o baixo número de pacotes não indica
como são os casos do RAPS, Carrefour, Banco e seguradora Alfa, Banco Safra; da Mabisa e
da APAS - todos com contratos iniciados de 2017 em diante. Ou seja, é possível que estes
novos elementos indiquem mutações na base social da entidade, mas as limitações de que
161
Natura 127 5
JHSF 114 5
IBM 58 4
Bunge 112 4
Banco/Seguradora Alfa 112 4
Banco Itaú 114 4
FEMSA 90 3
Raps 90 3
Raizen 90 3
Comgas 90 3
CCR 90 3
Banco Safra 90 3
athie Wohnrath 90 3
PepsiCo 46 3
ESPM 47 3
Sanofi 63 2
Mabisa 63 2
Carrefour 36 1
Santander 9 1
APAS 36 1
Fonte: elaboração própria a partir de dados retirados dos Relatórios de Atividades do IFHC
serviria para nos fazer olhar para além dos nomes de empresas e organizações sociais,
observando aquela base social que aqui buscamos. Meu primeiro passo foi arriscar a
O dos bancos talvez seja o mais evidente. Nele, o Itaú é sem dúvidas o de maior
destaque. Parceiro ininterrupto do IFHC desde 2016, trata-se do maior banco do país (e 58º
Na região, empresa da família Setúbal atende mais de dois milhões de pessoas, e desde
relatório divulgado aos acionistas em 2017 admitiu pretender ser reconhecido como o “banco
220 https://economia.estadao.com.br/blogs/coluna-do-broad/itau-unibanco-expande-agencias-digitais-para-
toda-america-latina/ (acessado em 12/11/2020 às 16h51)
162
da América Latina”221. É importante reter o objetivo, que será relembrado quando falarmos
Santander. O primeiro foi criado em 2006 a partir de divisões do Banco Real não adquiridas
pelo ABN Amro. Em 2018, já registrava a 32º posição no Brasil em volume de ativos222.
Integra o Conglomerado Alfa, de Aloysio Faria, que também controla grandes investimentos
Espanha e tem no Brasil o seu melhor mercado225 . Falaremos mais dele – e de outras
com larga atuação na América Latina226; líderes no segmento de energia e gás encanado,
holandesa, que manda no mercado de agronegócio do país, sendo inclusive a maior empresa
Brasil, que em 2016 controlou 55% dos projetos corporativos do páis233; a brasileira CCR,
América Latina em termos de receita – é considerada também uma das maiores companhias
maiores grupos do país, responsável pela produção e exportação de açúcar e álcool. Lidera o
230 https://exame.com/negocios/as-10-maiores-empresas-de-agronegocio-do-brasil/
231 https://valor.globo.com/eu-e/noticia/2020/08/28/christian-gebara-da-telefonica-brasil-atuacao-mais-
ampla.ghtml
232 https://forbes.com.br/listas/2020/05/global-2000-as-maiores-empresas-de-tecnologia-do-mundo-em-2020/
233 https://forbes.com.br/negocios/2016/08/como-o-maior-escritorio-de-arquitetura-do-pais-superou-a-epoca-
de-crise/
234 https://economia.uol.com.br/noticias/efe/2018/01/30/ccr-aposta-em-novos-negocios-nos-eua-e-na-
america-latina-em-2018.htm
235 http://www.grupoccr.com.br/ri2011/pt-br/o-grupo-ccr.html
236 https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/02/03/francesa-sanofi-tenta-reconquistar-lideranca-no-
brasil.ghtml
237 https://exame.com/negocios/com-rappi-carrefour-quer-ser-o-lider-no-e-commerce-
alimentar/#:~:text=O%20Carrefour%20tem%20investido%20em,mercado%20que%20vai%20se%20dese
nvolver.
164
Ao lado do IFHC em seis temporadas de eventos, a Ambev foi desbancada em 2019
pelo Itaú como a maior empresa em valor de mercado na Bolsa de São Paulo (B3)238. Trata-
se da maior cervejaria do mundo239 e uma das líderes do segmento de bebidas. Mercado que
disputa com a FEMSA, outra parceira do IFHC. Desde 2017 na carteira de patrocinadores da
Heineken), mas também se espraia por outras áreas, como lojas de conveniência e
drogarias240 . Trava há muitos anos intensa concorrência com a Ambev, de Jorge Paulo
Lemann241. A PepsiCo, outra multinacional da área, também aporta recursos ao IFHC, tendo
o quarto do mundo. Tem atuação destacada na América Latina, onde investe mais de 70% do
Democrática, no final do presente capítulo. Encerra a lista de holdings a JHSF, que controla
é a menor do grupo, mas ainda assim líder no segmento de alta renda no páis. Ambas, Natura
e JHSF, patrocinaram o IFHC por cinco anos, de 2015 até 2019 – por enquanto.
238 https://valor.globo.com/empresas/noticia/2019/01/04/itau-desbanca-ambev-como-maior-empresa-em-
valor-de-mercado-da-b3.ghtml
239 https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2019/06/livro-conta-historia-da-ambev-responsavel-
por-mudar-historia-dos-negocios-do-brasil-e-do-mundo.html
240 https://forbes.com.br/last/2019/11/coca-cola-femsa-mantem-contratos-de-distribuicao-da-heineken-no-
brasil/
241 https://exame.com/blog/primeiro-lugar/femsa-supera-a-ambev;
https://economia.estadao.com.br/noticias/mercados,ambev-declara-guerra-a-femsa,20061108p17601;
https://administradores.com.br/noticias/funcionario-da-femsa-e-demitido-por-beber-cerveja-da-ambev
242 Relatórios de Atividades do IFHC 2014-2016.
165
Mas certamente a parceria mais longeva é com a Bolsa de Valores de São Paulo.
segmento de renda variável no país243. Ainda que a condição esteja sob desafio, a empresa
contrário, são líderes em seus segmentos, quando não constam entre as maiores companhias
demonstra que, quando nos referimos aos apoiadores relativamente permanentes do IFHC, a
sua esmagadora maioria é composta por grandes capitalistas – ainda que mais recentemente
empresas de muito menor porte tenham se associado ao instituto, como é o curioso caso da
Mabisa, da qual tive dificuldades até para encontrar informações básicas na internet, como
seu ramo de atividade. Ao que parece, trata-se de uma firma de serviços imobiliários
relacionada com a tradicional família Matarazzo, de São Paulo, mas nem isso é certo.
atenção à constante tensão que envolve os diferentes setores das classes dominantes. Segundo
ela,
243 https://blogs.oglobo.globo.com/capital/post/markt2market-uma-fintech-que-tenta-quebrar-o-monopolio-
da-b3.html
244 https://www.moneytimes.com.br/volatilidade-dos-mercados-faz-b3-ter-lucro-bilionario-no-2o-trimestre/
245 http://clientes.b3.com.br/pt_br/publicacoes/noticias/b3-e-eleita-a-bolsa-de-valores-do-ano-pelo-global-
investor-group-com-sede-em-londres.htm
166
em função da origem histórica de certos grupos, da concorrência entre capitais do
mesmo setor, da concorrência em escala internacional, dos conflitos resultantes da
crescente disparidade entre as corporações (monopólios) e outras empresas
capitalistas, das questões nacionais, dentre outras (p. 267).
A magnitude do capital é um dos elementos que a autora mais destaca. De acordo com
ela, desde as últimas décadas do século XX, a escala de concentração e centralização da “pura
propriedade capitalistas, ao mesmo tempo em que se torna uma ameaça permanente sobre
e o capital industrial, cuja relação é potencialmente conflituosa. Mas o traço distintivo que
engloba todas as empresas aqui apresentadas é mesmo sua magnitude. São todos grandes
capitais, se considerados à luz do seu segmento de atuação. Não sei se incorporam, enquanto
empresas, os megacapitais de que fala Virginia Fontes (FONTES, 2019, p. 264). Talvez estes
se refiram aos controladores destas empresas, posta sua forma de “pura propriedade”, do que
Sem necessariamente se confundir com ela, o grande capital que apoia mais
decisivamente o IFHC lhe presta serviço. Ao patrocinar uma das mais importantes funções
167
de pensamento e do IFHC em particular, sobretudo a interface de sua atuação investigada no
capítulo 3, veremos aquele grande capital apoiar também a organização do condomínio das
e congêneres estrangeiras, diferentes frações burguesas, mas agindo sob a égide do grande
capital, o IFHC atuaria para ajustar o solo social às demandas da reprodução ampliada da
sociabilidade capitalista – o que em tese favorece o conjunto das frações burguesas, inclusive
concentração de capitais de que fala Virginia Fontes, aquele papel de bombeiro da ordem
sucesso seria igualmente a medida de sucesso indireto da mesma megaburguesia, que assim
tem relativamente conservado um mundo social para destruir. Sendo essa forma de “pura
propriedade” uma forma extremamente fetichizada de ciclo capitalista, a agência que prepara
e supervisiona seu circuito metabólico contribui diretamente com sua reprodução, mesmo
sem saber ou sem querer. Por isso que aqui consideramos o grande e o “mega” capital as
prioritariamente trata.
Isso, por óbvio, não exclui outras dimensões da vida social. No quarto capítulo, ficará
claro como o fato de ser uma entidade próxima ao PSDB influencia a atividade do IFHC no
chão quente da história. Entretanto, quando discutimos financiamento, talvez esta relação
168
entidade246, quanto das flutuações no número de empresas que a apoiam por meio de pacotes
anuais. Com efeito, dentro de seus limites, a documentação captura bem uma mudança de
crise do petismo, foi, do ponto de vista da organização em estudo, marcado também pelo
espraiamento do apoio burguês às suas atividades. Entre 2014 e 2015, o número de empresas
guerra do IFHC aos governos do PT, com seu patrono Fernando Henrique Cardoso chegando
prezar247 . A maior atenção empresarial de que foi alvo a organização desde então, por
conseguinte, pode ser resultado da crise de direção social, deflagrada pela decadência do
governo de Dilma Rousseff, que se encerraria definitivamente com o golpe de 2016. Por
outro lado, a maior atração de capital também pode ser explicada pelo crescimento da
influência da entidade.
São hipóteses que surgem da análise de nosso corpo documental. O certo é que, se a
base social do IFHC é mesmo composta por grandes e megacapitalistas, a dimensão mais
propriamente “partidária” também tem algo a dizer nesta história. A suposição de que esta
246 Como bem defende André Guiot, aquele seria o “partido dos banqueiros”, afinal: GUIOT, André. Um
“moderno príncipe” da burguesia brasileira: O PSDB (1988-2002). Programa de Pós-Graduação em
História da Universidade Federal Fluminense (PPGH-UFF). Dissertação de mestrado. 2006
247 https://veja.abril.com.br/politica/fhc-sobre-bolsonaro-e-uma-pessoa-tosca/
169
Neste sentido, na próxima seção debateremos o alcance das ações do IFHC,
destacando o salto de qualidade registrado pelo menos desde 2013, quando a escala de
melhor a dimensão da política partidária que aqui ficou apenas indicada. O desafio do restante
O IFHC nasceu para ser grande. Sua fundação, em 2004, foi amplamente noticiada
pela imprensa, com destaques positivos e polêmicas sobre a natureza da iniciativa. O ato
inaugural da nova entidade contou com a presença de Bill Clinton, em uma “festa” que
prometia ser “grandiosa”, como anotou ironicamente reportagem de Época em 2004 – uma
política do Brasil.
nos relatórios da Global go to Think Tank, do The Think Tank and Civil Societies Program
detalhados sobre os tanques de pensamento desde 2009 – com dados sendo coletados desde
248 http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDR63980-6009,00.html
249 http://repository.upenn.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1009&context=think_tanks (12/10/17, às 12h10)
170
2008 –, a Global go to Think Tanks só passaria a incluir a Fundação Fernando Henrique
apareceu como a vigésima quinta organização da sociedade civil mais importante da América
Latina e Caribe – ocupando o quinto posto entre os brasileiros, atrás, pela ordem, da
Fundação Getúlio Vargas (FGV) – primeiro lugar geral e com posição de destaque na série
Ranking 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Impactos em políticas - - - 61 68 67 52 58 60 65 62
públicas (Mundial)
Impactos em políticas - - - 3 3 3 2 2 2 2 2
públicas (Brasil)
Top think tanks nas 25 5 6 10 11 11 11 12 12 13 14
Américas do Sul e Central
Top think tanks no Brasil 3 3 3 3 3 3 3 3 4 5 5
Fonte: elaboração própria a partir de dados coletados dos Relatórios Anuais de Atividades do IFHC
cuja obra foi apresentada no primeiro capítulo, dão grande importância à capacidade de
autor referidos, conforme demonstrei quando da discussão acerca da visão das ciências
burguesas sobre o tema. Interessa-me, ao contrário, os dados coletados, por serem frutos de
171
uma pesquisa quantitativa capaz de ajudar a inserir nosso objeto em confronto com outros
aparelhos similares.
aferição daquela influência – o que, por extensão, fornece-nos indícios sobre a capacidade de
influência do IFHC sobre as sociedades civil e política no Brasil. Para construir a listagem,
seguintes itens:
debate público, mas também sobre as decisões dos aparelhos de Estado. A coleta de dados,
contudo, merece reflexão cuidadosa. Os dados ali coligidos, postos serem fruto de entrevistas
conduzidas com os “especialistas” – nunca identificados - não projeta mais do que a sensação
apresentado, de sorte que não há forma de aferir a veracidade do que é dito. Se as entrevistas
são a matéria-prima das análises, e por meio delas tenta se identificar quais são os tanques
de pensamento mais lembrados nos quesitos arrolados pelo programa (além da já mencionada
contatos, etc), no limite não há garantia que esta sensação espelhe capacidade de influência
efetiva sobre o poder político, embora demonstre sem dúvida a capacidade de influência
sobre os “especialistas”.
Se aqui abordamos essa documentação é por crermos ser ela espécie de termômetro
que indica a ascendência do IFHC, se não sobre o aparelho de Estado, certamente sobre a
pesquisas, assim, acabam por paradoxalmente revelar algo diferente do que pretendiam.
Tratam-se de indícios importantes da medida com que os intelectuais orgânicos das frações
lidera-los251.
atuação de 2015, o IFHC aparecia em duas listas, sendo o quinquagésimo segundo de maior
segundo do Brasil, atrás apenas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), na décima nona
colocação global. O IFHC era também o décimo primeiro na lista dos “top think tanks” das
Américas central e do sul. A última relação é liderada pela FGV e tem o Centro Brasileiro de
Relações Internacionais (CEBRI) na quarta colocação, o que faz com que, entre os brasileiros,
251 E isso parece ser verdade sobretudo no que diz respeito a São Paulo. Como visível pelos dados que vão em
anexo a esta tese, o volume de palestrantes vinculados direta ou indiretamente ao governo de São Paulo é
grande – não poderia ser diferente dada a proximidade com o PSDB, que há anos lidera o Estado. Talvez
esteja aqui uma das razões da crença na capacidade de influenciar políticas públicas, supostamente detida
pelo iFHC.
173
A melhor posição da fundação na série histórica coincide com o período de expansão
das atividades da entidade até aqui. O quadro 4, montado a partir de dados dos relatórios de
anualmente, indicando o número de cada um dos tipos de iniciativas realizadas e, por fim, o
total.
Eventos 2004 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Debates e 14 9 13 19 19 20 17 12 16 22 29 30 31 42 40 44
seminários
Diálogos com - - - - 10 8 8 10 9 9 4 4 4 3 6 6
o presidente
Internet252 - - - - - - - - - - - - 5 10 9 24
Publicações de - 2 - 4 2 3 6 6 - 2 2 1 1 2 2 -
livros
Total anual 14 11 13 23 31 31 31 28 25 33 35 35 40 57 57 64
Fonte: elaboração própria a partir de dados coletados dos Relatórios Anuais de Atividades do IFHC
2007, o salto coincide com o lançamento da Plataforma Democrática, que será discutida no
bojo da disputa por influência com o petismo; em 2017, outro grande aumento ocorreria no
252 As atividades na internet estão reunidas no mesmo item por uma opção expositiva. Em 2016, ano de estreia
desta modalidade de ação nas redes, o IFHC inaugurou o então “debate ao vivo”, tornado “debate na WEB”
a partir do ano seguinte. Até 2018, os números se referem a este tipo de atividade. Em 2019, foram lançados
os podcasts do IFHC e o programa fura-bolha, disponibilizado no site da entidade e no YouTube. O número
de 2019, portanto, se refere à soma dos diálogos na web com estes dois novos produtos.
174
momento da saída do PT do governo federal, conjuntura que será analisada no quarto capítulo,
mas que, por ora, basta apresentar como sendo de intensa disputa por maior espaço na cena
política. Por fim, em 2019, ainda que crescendo a uma taxa menor do que os outros dois
que, no limite, significou retumbante derrota tanto para o PSDB quanto para o IFHC.
Até então, o IFHC só atuara em ambiente virtual por meio de parceiros. Dois foram
De alguma forma, essas duas parcerias antecipam a dualidade que se evidenciaria a partir de
Lançado como página do Facebook em 2011, o Observador Político (OP) tem como
175
observadores logados na rede são majoritariamente homens (74%), a maioria
(43 %) entre 18 e 34 anos253.
sua importância. Tratando-se do tráfego virtual, 500 mil visitantes em quase 10 anos de
existência é uma marca bastante tímida. De sorte ser exagerado atribuir alguma importância
Para os fins de nossa pesquisa, contudo, a página funciona para indicar a presença
latente de uma veia bastante diferente do que a fachada “civilizada” do IFHC projeta.
vivíamos “um cerco do politicamente correto, uma espécie de patrulha ideológica que
impunha à sociedade, tão diversa, concordar sobre temas ligados à sexualidade, à cultura, aos
costumes”256.
Junto ao Quebrando o Tabu, o IFHC promove desde 2016 o “Diálogo na Web”, série de
Esses parceiros sem dúvida foram importantes para introduzir o IFHC ao mundo
virtual. Mas a partir de 2016, a entidade passaria a atuar sem intermediários. Em mensagem
no último relatório publicado, referente a 2019, Fernando Henrique Cardoso avaliava assim
A presença digital da Fundação FHC não para de crescer nos seus 7 canais de
mídias online. No Youtube, já publicamos quase 2 mil vídeos e atingimos a marca
de 1 milhão de visualizações. Os 44 seminários realizados e transmitidos na nossa
página do Facebook foram vistos por mais de 400 mil pessoas. Passamos também
a oferecer Podcasts, com a criação da série “Vamos Falar de Democracia”259.
debates em escala reduzida, para serem transmitidos pela rede. Seu formato é muito similar
ao homólogo tradicional, que ocorre na sede em São Paulo. Chamado Diálogos na web,
aparecerou primeiramente em 2016, como “debates ao vivo”. Ganhando o nome atual no ano
seguinte, desde então ocorre aproximadamente uma vez por mês, discutindo temas quentes
da conjuntura.
257 Nestes quatro anos de existência do projeto, o IFHC e o Quebrando o Tabu já promoveram 33 diálogos.
Discutem-se, por uma ótica progressista, temas como a violência polícia, a homofobia, o racismo, a
desigualdade de gênero, a importância da imprensa na democracia, a posse de armas, o progressismo, o
populismo, o antiglobalismo, a terceirização no mundo do trabalho, dentre outros. Ver:
https://fundacaofhc.org.br/iniciativas/dialogo-na-web
258 RELATÓRIO DE ATIVIDADES, IFHC, 2017, p. 5.
259O podcast “Vamos falar de democracia” apresenta resumos das discussões dos seminários presenciais, com
sínteses operadas pelos próprios participantes. Ver: RELATÓRIO DE ATIVIDADES, IFHC, 2019, p. 3
177
Em 2019, como evidente reação ao eficiente uso da internet demonstrado pelo
“radicalmente distintas” para uma conversa sobre suas diferentes “visões de mundo”. O
presenciais. Tanto nas redes como no edifício da Rua Formosa, os debates congregariam as
“múltiplas” visões sobre o tema em discussão. Como fiz o patrono da entidade em documento
de 2019,
Mas a análise das posições em confronto mostra que não é bem assim. Vejamos o
elenco convidado para discutir um tema tão importante quanto a introdução do ensino
Ana Inoue, assessora de Educação do Itaú BBA. Claudia Costin, diretora global
de educação do Banco Mundial (2014-2016). Claudio de Moura Castro, consultor.
Eduardo Deschamps, presidente do Conselho Nacional de Educação. Fernando
Henrique Cardoso, presidente da República do Brasil (1995-2003). Jorge Arbache,
secretário de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento, Orçamento
e Gestão. Júlio Gregório Filho, secretário de Estado de Educação do Distrito
Federal. Maria Helena Guimarães Castro, secretária executiva do Ministério da
Educação. Mendonça Filho, ministro de Estado da Educação. Rafael Lucchesi,
260 https://fundacaofhc.org.br/files/FFHC-Relatorio_Anual_2019_WEB.pdf
178
diretor-geral do Senai. Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto
Unibanco. Simon Schwartzmann, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho
e Sociedade261.
núcleo básico – o que naturalmente tende a prejudicar as escolas que padecem com o projeto
ensino. O texto que a entidade usou para apresentar o debate resumiu bem a ausência de
discussão efetiva:
sancionada sem vetos pelo então Presidente da República, Michel Temer. Em fevereiro
daquele ano, o IFHC se reuniu para discutir o tema. Participaram do seminário intitulado A
que, aprovada a medida, “não haveria eliminação nem redução e nenhum direito. Ao
atuação.
defender que a Justiça do Trabalho poderia acabar, caso o texto não fosse aprovado pelo
defendeu o projeto como forma de prevenir contra a “fragilização cada vez maior das
União Geral dos Trabalhadores (UGT), apesar da central sindical representar apenas 11,67%
dos trabalhadores, segundo dados de 2016, à época os mais recentes267 . Para piorar, O
a UGT como uma entidade “reformista”, que em seu último congresso teria até defendido as
reformas propostas pelo governo Temer269. Pautou sua fala mais na defesa do sindicalismo,
segundo ele atacado pela imprensa, do que na crítica ao texto. O problema central para Patah
seria o “açodamento” da discussão dos pontos da reforma, não ela em si. Sintetizando sua
intervenção em uma “brincadeira” com a plateia, defendeu que sua posição sobre a reforma
O IFHC até enfrenta “temas sensíveis”, contanto que todas as posições em disputa no
fundo sejam a mesma. Por este expediente, a fundação circunscreve o terreno do debate
social – e de “confronto entre extremos” esterilizam o debate pela exclusão de pontos de vista
contra-hegemônicos.
Assim, parece claro que o potencial político da operação não deve ser negligenciado.
bem controlado, não importando tanto qual posição prevaleça. A paródia da noção de
268 https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2017-04/bancada-do-psd-decide-apoiar-reforma-
trabalhista-mas-pede-adiamento-da
269 https://www.youtube.com/watch?v=JIxVahEfCX4 (3m em diante)
270 https://www.youtube.com/watch?v=JIxVahEfCX4 (aprox. 14m45seg)
181
“liberdade de ideias em confronto”, por trás de tudo isso, acaba legitimando a imposição de
enorme importância. Quanto mais porque eles representam conexões estabelecidas pelo
IFHC com outras organizações do tipo, além de empresas e dos já citados representantes do
estudo ilustra a amplitude das linhas políticas tornadas legítimas por sua inclusão no terreno
do aceitável pela entidade. Uma mirada global nos participantes convidados a tomar partido
país, são esses simulacros de debates que ela difunde271. Sua chegada aos meios eletrônicos
abre novos horizontes de influência. Dada a importância da arma política aqui apresentada,
insuficientes. É possível refinar a compreensão a fim de se obter dados mais seguros. Disso
trataremos a seguir.
271
Simulacro, aliás, teoricamente sustentado pelas observações de Habermas discutidas no capítulo 1, e que
pelo IFHCsão reivindicadas como fundamento de suas atividades.
182
Acima dei alguns exemplos de quem é convidado para tomar parte dos debates
travados no IFHC. Na ocasião foi importante para ilustrar meu argumento. Nesta seção,
com frequência nas atividades do IFHC, por isso a opção por seu uso. Como pressuposto,
entidade, conferindo ao produto das discussões força de penetração derivada de sua posição
além de indicar a formação dos fios que atam IFHC e as sociedades civis e políticas, refletir
majorada pelo “prestígio” por eles agregado aos produtos dessa rede. As informações
devemos concluir que a organização em estudo é uma importante instância de difusão de uma
tal interação com o mundo, por meio da qual certos interesses sociais específicos são
183
tendencialmente espalhados, ainda que de incontroláveis maneiras – e, note-se, nem sempre
por intercâmbio de consciências, haja vista que aquelas disposições se fundam também em
possíveis de serem formados pelos participantes, sem que isso incorresse em alguma
fundamenta a noção de Estado ampliado aqui esposada, segmentei sociedades civil e política,
mas inclui duas colunas a mais, uma originalmente do âmbito da sociedade civil, outra da
representantes de ambos nos debates referidos, o que, do meu ponto de vista, fez por merecer
o destaque.
2004 23 13 11 1 48
2005 10 18 6 3 37
2006 24 19 11 5 59
2007 77 46 16 6 145
2008 32 24 18 20 94
2009 8 21 14 7 50
2010 15 22 12 0 49
2011 12 27 15 8 62
184
2012 9 13 9 3 34
2013 11 19 9 8 47
2014 17 17 7 6 47
2015 12 19 15 20 66
2016 20 32 21 9 82
2017 25 36 33 21 115
2018 38 50 31 11 130
2019 34 42 23 7 106
Fonte: elaboração própria a partir de dados coletados dos Relatórios Anuais de Atividades do IFHC
circulação das ideias que vêm e vão do IFHC. As universidades (públicas e privadas), na
leitura gramsciana que lastreia nossa diferenciação entre sociedades civil e política,
uma coluna específica a fim de evidenciar o alto número de participantes deste tipo de
organização nos circuitos em que o IFHC está presente. A coluna “sociedade civil” representa
nacional e internacional272. A coluna das “sociedade políticas”, por outro lado, indica as
conexões entre IFHC e os poderes políticos em escala nacional, nos diferentes níveis da
272 Como mostra Virgínia Fontes, as diferentes sociedades civis são constituídas de entidades de classe e
frações de classe que ajustam, em nível nacional e/ou internacional, a ação política daqueles setores sociais
que se organizam por essas iniciativas. No caso dos APH’s empresariais, sua internacionalização é
tendencialmente maior, expressando o maior poder político, econômico e cultural da burguesia. Ver:
FONTES, Virginia. Op. Cit, 2018, p.225-226
185
de outros Estados na troca de tecnologias políticas273 . Por fim, a coluna “empresas” é
relatórios de atividades do IFHC desde 2004 até 2019. Tomando os números menos por sua
exatidão e mais como “tendências”, temos que a maioria dos palestrantes convidados a falar
sociedade civil e sociedade política, o conceito de Estado era ampliado precisamente para
dar conta das disputas que envolviam aqueles dois “momentos” das lutas de classes. Na
melhor o papel esperado dos tanques de pensamento, quedando destacada sua capacidade de
273 Incluímos nas colunas todos os representantes de aparelhos públicos, não importando o nível de sua atuação.
Assim, mesmo diretores de empresas estatais estão posicionados nesta coluna. Foi minha opção por
entender que a gestão “técnica” desses espaços representa o “ajuste” de interesses de classes e frações de
classes, conforme discutido no primeiro capítulo desta tese.
186
na prática, os canais tradicionais da democracia representativa. Nesse sentido, portanto,
que modo essa entidade funciona como um canal de pressão empresarial sobre o Estado
(restrito). Se estes canais forem superpostos à trama de articulação no interior das sociedades
compreender melhor a natureza das conexões com a sociedade política, portanto, prova-se
À primeira vista, esse grau poderia ser aferido pelas tendências expostas na tabela 4.
Teríamos, assim, que extrair o percentual de conexões com a sociedade política do total
registrado anualmente. Uma taxa maior acima da calha média registraria, assim, a maior
Quadro 6: percentual de conexões com representantes das sociedades políticas por ano
(2004-2019).
Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Percentual 21,4 13,15 18,3 10,7 21,2 12,6 9,45 17,3 26,1 10,5
Fonte: elaboração própria a partir de dados coletados dos Relatórios Anuais de Atividades do IFHC
187
Os resultados de uma investigação conduzida desta forma, entretanto, seriam
políticas, forma de influenciar as políticas públicas em outros Estados. Por isso, se as divisões
na tabela 4 são importantes por demonstrarem tendências gerais de articulação do IFHC com
entidade.
outros cargos que ficaram de fora desta lista. Na sequência, temos os detentores de poder de
Estado vinculados a São Paulo, tanto em nível municipal quanto estadual. A linha se justifica
por eu entender que o IFHC tem a manutenção do poder do PSDB em São Paulo como
durante a última conjuntura de crise política pela qual o país passou (e ainda passa). Na
sequência, a linha apresenta a conexão com outros Estados, por meio de representantes
encarregada da Reforma da Previdência Chilena, então em discussão no país, o que nos revela
que o “modelo chileno” já era acompanhado pela burguesia muito antes de se tornar
em 2017; da ministra do mar, Ana Paula Vitorino, de Portugal, em reunião para discutir o
fim, de Luís Filipe Loureiro Góes Pinheiro, Secretário de Estado Adjunto e da Modernização
Administrativa de Portugal, que veio ao IFHC em 2019 falar dos usos da tecnologia, na
a tese desenvolvida nesta tese, qual seja, de que o IFHC funciona como veículo de articulação
dominação e extração de valor da classe trabalhadora. Por fim, a tabela indica o número de
IFHC para, por um lado, oferecer relatórios sobre o panorama do Congresso; por outro, para
assim, diferiria do registrado a partir de 2016, com as conexões com a sociedade política se referindo a uma
incidência relativamente maior de contatos com representantes da União - expressão, na programação do IFHC,
do apoio ao PSDB ao governo Temer e, logo, da aproximação de alas do partido da administração federal. Para
mais detalhes, ver Anexo I desta tese.
189
apreender produtos técnicos, aportados à entidade pelos intelectuais orgânicos que por ela
Nesse sentido, não foi raro identificar a participação de petistas na entidade, é verdade que
sobretudo antes de 2015. Sua presença pareceu indicar, sobretudo, a tentativa de reproduzir,
nas reuniões do IFHC, os principais argumentos esgrimidos pelos lados em disputa durante
previdenciária, etc. Ainda sobre este quesito, não passa despercebido, a partir de 2016, a
participação do primeiro grupo cresce muito em relação a do último, talvez indicando maior
expressão possível do apoio do PSDB ao governo Temer, no único momento em que o partido
2004 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Secretário/Ministros 2 - 1 - 1 1 1 1 1 - - 1 8 7 4 4
da União
Secretarias de SP 4 2 2 1 3 - - - 3 1 1 3 3 4 7 2
(Estado/município)
190
Representantes de - 1 1 1 - 5 4 5 - 1 - 1 4 7 3 1
outros países
Representantes 2 1 3 8 6 4 5 4 - 2 2 4 1 4 2 3
eleitos
Fonte: elaboração própria a partir de dados coletados dos Relatórios Anuais de Atividades do IFHC
representantes do Estado no IFHC entre 2016 e 2017. Os índices ali expostos, entretanto, são
que entendamos diferentemente o movimento verificado naquele biênio. Deste ponto de vista,
recua a partir de 2018, com o enfraquecimento do apoio do partido ao mandato Temer, imerso
em acusações de corrupção pelo menos desde o vazamento de uma ligação entre o empresário
mobilizando seus aparelhos privados de hegemonia. Nesse sentido, o estudo dos relatórios
anuais de atividades do IFHC permite a identificação dos nós da rede associativa burguesa
com os quais a organização aqui estudada mais frequentemente estabelece contato público.
próprio deste modelo de apresentação diferenciar as palavras por sua incidência no banco de
191
dados que lhe dá origem. Assim, o gráfico 1 é ilustrativo não apenas das conexões
mesmas276. Na imagem, alguns nomes chamam atenção, sobretudo aqueles vinculados aos
ligações da entidade.
276 A lista completa dos APHs com os quais o IFHC interage durante os seminários e debates presenciais
sediados na fundação está disponível no Anexo II desta tese.
277 Gráfico ilustrativo construído a partir dos dados coligidos no Anexo II desta tese.
192
Dessas conexões internacionais, a que mais se destaca no gráfico é a efetivada com o
Banco Mundial (BM). Com efeito, ele seria melhor qualificado como um “grupo”, não como
uma única entidade. Por trás do Banco Mundial, articula-se um feixe de entidades, empresas
adequada à expansão capitalista278. As conexões de seus agentes com o IFHC revelam, por
278 Em tese doutoral que virou livro, João Márcio Mendes Pereira destrincha o grupo Banco Mundial,
desvelando sua atuação política entre 1944 e 2008. Ver: PEREIRA, JOÃO MÁRCIO MENDES. O Banco
Mundial como ator político, intelectual e financeiro (1944-2008).
193
entidade, em debate sobre “agenda públicas” para desigualdade, pobreza e desenvolvimento
Único de Saúde (SUS) brasileiro 282 . O Banco Mundial funciona nestes debates como
De maneira similar atuam as conexões com o Programa das Nações Unidas para o
as vezes de moderadores oficiosos, nos seminários e debates, sobre as ações políticas das
constantemente o consórcio das classes e frações de classes dominantes, como sugeri no item
uma centena de aparelhos privados de hegemonia. A lista completa pode ser consultada nos
Anexos II desta tese. Por ora, convém sublinhar algumas organizações cuja constância em
Fiesp.
a “coesão social” no Brasil e na América Latina – objeto de atenção do terceiro capítulo desta
propriedades dos pobres como forma de acesso ao crédito e ao mercado de consumo, para
de mercado, bem como para ajustar a gestão social da miséria e o apaziguamento das pontas
projeto é importante e revelador da ambição das organizações que o lançam. Falarei dele
tanks da América Latina. A julgar pela lista produzida pela Universidade da Pensilvânia e
aqui referenciada, disputa com o próprio IFHC o posto de segunda organização mais influente
sobre as sociedades civil e política no Brasil, atrás apenas da gigante FGV. Como o nome da
285 Idem
286 https://fundacaofhc.org.br/debates/high-level-commission-on-legal-empowerment-of-the-poor (acessado
em 23/10/2020 às 15h51)
196
entidade sugere, o Cebri se especializou em produzir relatórios do ponto de vista das relações
a formação de blocos interestatais. Não sem razão, seus representantes participam de eventos
no IFHC para discutir temas como a liderança brasileira na América Latina e o futuro do
Mercosul.
Isso porque grande parte de seus convites aos representantes do Cebri se deu entre 2009 e
que investia na região participou ativamente, como palestrante e/ou financiadores, nas
atividades do IFHC. Por outro lado, a partir de 2013 e o início das turbulências sociais que
Cebri sofre claro refluxo, voltando a ocorrer apenas em 2016, em debate sobre a crise da
Esse movimento pendular pode indicar que as atenções do IFHC se voltam, no interior
do grupo de entidades que compõem sua network, para as organizações entendidas como
mais capazes de enfrentar a questão exigida por sua agenda política. Como veremos quando
287 https://fundacaofhc.org.br/debates/democracias-turbulentas-o-que-acontece-na-europa-na-america-latina-
e-nos-eua (acessado em 23/10/2020 às 15h56)
197
da qualidade na liderança brasileira na região, para dizer em poucas palavras, parecem ser
O que vimos até aqui foi o IFHC procurando com mais frequência entidades
Ocorre o mesmo com a FIESP e com os grandes veículos da mídia empresarial, destacados
setores de representação institucional das camadas sociais cujo apoio o IFHC procura cultivar,
a acompanharem e participarem de um amplo leque de debates, que vai dos grandes eventos
polêmicas locais – assegurando, por outro lado, a extensão da influência do próprio IFHC
Toma parte também dos debates e seminários, apresentando diretamente suas demandas para
representantes do setor que falaram, ao longo dos 15 anos de história, em eventos da entidade.
Em comum, o fato de a maior parte desse grupo ser composta por grandes capitalistas, o que
reforça a qualificação, feita mais acima, do IFHC como uma agência do grande capital.
segundo grupo são convocados para comentar sobretudo eventos que discutem os “circuitos
financeiros mundiais” e os “desafios” do “novo mundo rural”, com o debate sobre segurança
198
alimentar em economia rural de escala. Representantes do Itaú, BTG Pactual e Citibank,
diretores do agronegócio, como Marcos Jank, são personagens frequentes nas discussões que
interessam à área.
A associação à vanguarda do capital global, por sua vez, fica evidenciada pela
representado pelo IFHC por duas empresas consideradas entre as quatro maiores da área: a
KPMG e a Price WaterHouse Coopers. Sua participação na organização pode ser entendida
eventos e seminários do IFHC. Assim, em encontros realizados em 2016 e 2017 para discutir
KPMG, observou os riscos e as vantagens para investimento estrangeiro nas áreas em que o
governo Temer buscava atrair o capital externo, por meio da implementação de parcerias
do país com base nas inversões da iniciativa privada, e para isso fazia propaganda de seu
IFHC, então apoiador do governo, tratou de convocar representantes das principais firmas de
avaliação de riscos de mercado, como a KPMG, para atraírem o volume de capital desejado,
199
Temos, assim, que as influências do IFHC sobre as sociedades civil e política têm um
claro corte de classe. A frequência da participação de acadêmicos nos eventos aqui analisados,
dessa forma, demonstra tanto a importância do conhecimento técnico para o balizamento das
do capitalismo. É claro que a academia em geral é composta também por pesquisadores que
combatem a dinâmica expansiva do capital e seus efeitos deletérios sobre a natureza e a classe
trabalhadora, mas o grande número de professores que, no nosso objeto de estudo, avalizam
acadêmico, das ideias burguesas – elemento indicado nas discussões do primeiro capítulo.
interesses nascidos da estrutura produtiva por sobre outros aparelhos privados de hegemonia
e setores do poder político, convidados a integrarem os circuitos por meio da ação da entidade
Em outras palavras, as pesquisas com dados seriais aqui realizada podem iluminar a
e sua crise288. Ele seria um dos nós da rede associativa burguesa que envolve o Estado em
sentido ampliado, como um elo que busca conectar setores da sociedade civil aos centros
“Estado” nos debates travados na organização. A pesquisa que se detenha nesse momento,
entretanto, perderá de vista outras dimensões importantes de sua atuação. Na próxima seção,
288 Assim como pode auxiliar na compreensão do que tem sido chamado de “crise de representatividade” nas
“democracias liberais”, conforme vimos na primeira seção do presente capítulo.
200
refletiremos, na medida do possível, sobre um aspecto que não pôde ser deslindado nesta
parte do trabalho, dada sua natureza “de bastidor”. Compreendendo que a interface “pública”
do IFHC é apenas uma das existentes, versaremos agora sobre a dinâmica “privada” da
entidade, lançando mão, para tanto, da documentação existente – diminuta, mas, ainda assim,
importante por permitir aproximações a esse lado menos conhecido de sua atuação.
mais para se analisar, sobretudo no que tange à sua dinâmica “privada”, isto é, às relações
sociais que se desenrolam em seu interior sem terem a pretensão de ser socialmente
conhecidas. Neste caso, a escassez ou mesmo ausência de fontes são um obstáculo aos
pesquisadores, que, contudo, não podem interromper sua análise no lado desvelado dessas
organizações, sob pena, por um lado, de parcializarem sua visão, perdendo de vista o
do próprio analisado sobre si. Assim, tirei especial proveito dos documentos vazados pelo
Wikileaks. Alguns deles, tendo o IFHC como personagem, permitem-nos visões sobre a vida
nos bastidores da entidade. São vislumbres de ações políticas que inicialmente não eram
dadas a serem amplamente conhecidas. Vislumbres que nos fazem pensar que, aparentemente,
a vida privada dessas organizações é ao menos tão agitada quanto sua face pública. Dois
201
mensagem, repassada pela secretaria da entidade, assinada por Paulo Gregoire, que se
reunião no instituto a fim de discutir o “momento atual do Brasil”290. Após alguns acertos
de agenda, o encontro foi marcado para o dia 10 de janeiro naquele ano, na sede da entidade,
pela manhã.
Não há documentos sobre o que foi conversado naquela reunião. Indícios, porém,
apontam que ali tivera início uma parceria. Os documentos liberados pelo Wikileaks indicam
que Gregoire voltou a entrar em contato com Fausto quatro dias depois, primeiro
do mundo”, depois enviando dados pessoais tanto para cadastramento no mailing list da
anso 1970 e 1980, as corporações multinacionais enfrentaram nos Estados Unidos o que
então era uma forma renovada de ativismo político, com constante denúncia pública dos
289 Stratfor é um think tank estadunidense fundado em 1996, no Texas. Segundo seu site, surgiu a partir da
decisão de um “grupo de cientistas políticos e empresários” de transformar um grupo de estudos vinculado
à Universidade de Louisiana em uma empresa de análise geopolítica. Atuando desde então no setor privado,
a iniciativa se descreve, em seu website, como uma “plataforma de inteligência geopolítica líder mundial”.
Com sua atividade, a Stratfor interpreta eventos globais a fim de potencializar negócios, capacitar governos
e instruir indivíduos em um mundo “crescentemente complexo”. A iniciativa se assenta no princípio de que
eventos globais são previsíveis, e os atores sociais, se bem informados, podem se preparar para gerencia-
los adequadamente. O principal fundador da iniciativa é o empresário e cientista político George Friedman,
conhecido na esfera pública por previsões ousadas. Escritor, publica literatura sensacionalista com verniz
de estudos de política internacional – sua obra mais famosa se chama Os próximos 100 anos, lançada pela
editora Best Business, e lança apostas à primeira vista pouco verossímeis, como a de que o México pode
se transformar na próxima grande potência mundial. A aparência de bufão, todavia, recobre uma rotina bem
mais séria: coleta, processamento e distribuição de informações recolhidas a partir de conexões com outros
centros globais de produção de saber. Ver: https://www.stratfor.com/about-stratfor acessível às 15h42 do
09/11/2018
290 https://wikileaks.org/gifiles/docs/20/2034634_re-pedido-de-reuniao-.html (acessado às 09/11/2018 às
15h30)
291 https://wikileaks.org/gifiles/docs/20/2034634_re-pedido-de-reuniao-.html
202
impactos sociais das empresas e boicote aos seus produtos. O autor francês detalha o caso da
Nestlé. Segundo ele, “em 1974, ativistas britânicos publicaram um panfleto intitulado The
leite materno comercializado pela Nestlé em países do Terceiro Mundo”292. Após uma reação
intempestiva que piorou o problema, sempre seguindo Chamayou, a Nestlé resolveu “mudar
Kennedy e Johnson, convertido no fim dos anos 1970 a consultor empresarial” 293. A chegada
Mas, poderíamos legitimamente perguntar, o que a Stratfor tem a ver com isso? “Em
forma de ativisimo”. Chamayou mostra como a orientação tática que passou a prevalecer
Seria preciso, portanto, conhecer o ambiente social de atuação das empresas-clientes, a fim
292
CHAMAYOU, Grégoire. A sociedade ingovernável. Uma genealogia do liberalismo autoritário.São
Paulo: Ubu, 2020. P. 190.
293
CHAMAYOY, Grégoire. Op. Cit. P. 190.
294
CHAMAYOY, Grégoire. Op. Cit. P. 192-3
203
de prever potenciais problemas e atuar preventivamente 295 . Participava da tática, aliás
promoção de uma “boa imagem empresarial”, contra-atacando o ativismo político que estaria
corroendo as bases de legitimidade do mundo corporativo. Talvez esteja aqui uma das
explicações para o interesse em tanques de pensamento como o IFHC, ao mesmo tempo fonte
Tendo esse fundo histórico em mente é que devemos analisar o encontro dos
contato com o diretor executivo do IFHC, desta feita um dia depois da reunião, no 12 de
conhecimento de muitos tópicos que teriam sido discutidos na reunião, dentre os citados,
favelas do país. A representante da Stratfor acrescenta que “adoraria” se consultar com Fausto
Reva Bhalla já despertara atenção antes. Em sua viagem ao Brasil, naquele 2011, a
consultora esteve também no sistema nervoso da sociedade política nacional, circulando com
aparente liberdade pelo alto escalão da inteligência de Estado brasileira. Assim noticiou a
295
CHAMAYOY, Grégoire. Op. Cit
296 https://wikileaks.org/gifiles/docs/21/216480_re-muito-obrigada-.html
204
Agência Pública em 2012. Segundo a reportagem, que teve acesso a documentos internos da
Stratfor, “Bhalla foi recebida com entusiasmo pelo gabinete do ministro-chefe do GSI, o
general José Elito Siqueira, menos de um mês depois de chegar ao país para sua missão” em
nome da entidade297. Ainda de acordo com a Agência Pública, o relato indica que Bhalla foi
teria estado, sempre de acordo com o documento, até na sala da então presidente Dilma
Rousseff, então em reunião que impediu o encontro. “Mais do que ser bem recebida”,
portanto, “Bhalla obteve informações confidenciais de funcionários do GSI que são negadas
para os fatos narrados. Reportagem de Carta Capital de março de 2012 também descreve os
eventos daquele janeiro de 2011, destacando a atuação de Reva Bhella – a quem o CEO da
Stratfor, George Fridman, teria aconselhado tentar assumir controle sobre suas fontes, por
297 http://apublica.org/2012/03/wikileaks-reva-bhalla-da-stratfor-
gsi/?fbclid=IwAR0oSsOD5YbncFW6KUZDYA3DcMMv-oHjaBqib1meiZRQNuCfrP7ASfvXq5M
298 http://apublica.org/2012/03/wikileaks-reva-bhalla-da-stratfor-
gsi/?fbclid=IwAR0oSsOD5YbncFW6KUZDYA3DcMMv-oHjaBqib1meiZRQNuCfrP7ASfvXq5M
299 Idem
205
vias financeiras, psicológicas ou sexuais300. De acordo com a publicação, na ocasião, Bhalla
relatara
aos colegas da Stratfor que naquela visita ao GSI chegou a se reunir com o
ministro-chefe, o general José Elito Siqueira. Foi até convidada a visitar um posto
militar na Amazônia. E durante a longa conversa com Macedo Soares, diz ter
ouvido que a Abin capturara “terroristas” em São Paulo, incluindo pessoas ligadas
aos ataques de 11 de setembro. O GSI confirmou a visita de Bhalla301.
estabelecer parcerias de “colaboração” com a imprensa nacional – tendo obtido sucesso com
a Folha de S. Paulo, que teria assinado acordo para troca de informações302. A atração que
a Stratfor exerce, conforme reportagem da Carta Capital sobre a passagem de Reva Bhella
pelo Brasil, teria origem em sua acurácia na previsão da Guerra do Iraque. Segundo a
mapeando fontes a fim de obter informações preciosas que fundamentem suas “análises de
tomaríamos a agência como uma obra de bufões. A empresa empregaria, afinal, sempre
feita por Sérgio Fausto. Falando um ano depois àquele veículo sobre o encontro com
300 https://www.cartacapital.com.br/mundo/alunos-de-clouseau-2/
301 https://www.cartacapital.com.br/mundo/alunos-de-clouseau-2/
302 https://www.cartacapital.com.br/mundo/alunos-de-clouseau-2/
303 https://www.cartacapital.com.br/mundo/alunos-de-clouseau-2/
206
representantes da entidade, o diretor executivo do IFHC sustentou que a Stratfor não
mereceria maiores atenções no que diz respeito à política latino-americana, seja por falta de
No mais, o desprestígio da Stratfor com a Carta Capital e com o IFHC contrasta com
bem como, via Renato Whitaker, um dos analistas da Stratfor sediados no Brasil, “folhear o
esboço do Livro Branco de Defesa”, produzido pela Escola Superior de Guerra (ESG), antes
site da entidade indica como parceiras companhias suficientemente grandes para figurarem
na lista da Fortune 500, publicada anualmente pela revista Fortune ranqueando as 500
maiores corporações dos Estados Unidos, com base na receita total expressa em seus
respectivos anos fiscais. Para efeitos de ilustração, o top 10 de 2018 da lista ficou assim: 1-
pois, de grandes empresas: a maior delas, a Walmart, tem arrecadação que supera o PIB de
304 https://www.cartacapital.com.br/mundo/alunos-de-clouseau-2/
305 O e-mail vazado pelo Wikileaks deixa claro que o convite a Reva Bhalla partiu de Sérgio Fausto.
306 https://www.cartacapital.com.br/mundo/alunos-de-clouseau-2/
307 https://www.stratfor.com/about-stratfor acessível às 15h42 do 09/11/2018; http://fortune.com/fortune500/
acessível às 16h04 do 09/11/2018; https://noticias.r7.com/internacional/fotos/conheca-8-empresas-
poderosas-que-tem-faturamento-maior-do-que-o-pib-de-muitos-paises-27032016#!/foto/1
207
Para o que nos interessa, importa destacar tanto a posição do IFHC nas teias
associativas da burguesia quanto alguns elementos da ação política desta rede. Por um lado,
o fato de a Stratfor ter entrado em contato com o instituto que estudamos revela a importância
funcionamento da Stratfor, acima descrito. Com efeito, essa posição de prestígio do IFHC
tem sido destacada ao longo deste trabalho por meio da análise de fontes que atribuem ao
instituto importância na elaboração de políticas públicas no Brasil, mas aqui encontra forma
informação, trocadas entre Estados e agentes de mercado por meio de associações como a
Stratfor. Sob a alcunha de “análise de risco para investimentos”, temos um mercado que
reservado do Estado brasileiro 308 . Sendo o IFHC um dos elos desse circuito, conviria
perguntar se o instituto se apropria de parte dos valores que circulam por estas cadeias – por
meio de venda de conteúdo ou por meio do financiamento de atividades que incluem debates,
mas que podem incluir outros eventos de bastidores. Não há, entretanto, documentos que
308 Renato Whitaker, representando a Stratfor, encontrou-se em novembro daquele 2011 com o diretor do
Centro de Estudos Estratégicos da escola e comandante da Artilharia Divisionária da 6ª Divisão de Exército,
o general-de-brigada João Cesar Zambão da Silva. Relembrando em 2012 o encontro, Zambão confirmou
que recebeu o “consultor” na ESG, como “costuma fazer com qualquer pessoa em situação similar”. Ver:
https://www.cartacapital.com.br/mundo/alunos-de-clouseau-2/
208
atividades são mesmo bastante restritos, de sorte que mais pesquisas são necessárias para
burguesa, nós com diferentes especializações, mas que, atuando juntos, fazem circular um
política para seu desenvolvimento. Assim, se a interface pública do IFHC privilegia o contato
nacional, sua interface privada esconde outro tipo de relação. O caráter reservado da atividade
entrevista à Carta Capital. Seja como for, a interface privada das atividades do IFHC parece
parecem bastante interessantes e sinal de uma “vida privada” bastante ativa. Aos indícios
comentados acima, soma-se a correspondência do cônsul geral dos Estados Unidos no Brasil,
Latina – também vazada pelo Wikileaks. No telegrama, White narra um encontro entre
Clifford Sobel, embaixador dos Estados Unidos no Brasil, e Fernando Henrique Cardoso,
realizado na sede do IFHC em 15 de junho de 2009. Sempre de acordo com White, FHC
Henrique Cardoso, um think tank criado por Fernando Henrique Cardoso para discutir e
309 https://wikileaks.org/plusd/cables/09SAOPAULO366_a.html
209
durante o mandato petista, com FHC entregando ao embaixador dos Estados Unidos seu
presidente “claramente” considerava José Serra, pré-candidato pelo PSDB, o favorito nas
confirmarem as previsões de FHC. White anota, ainda, que o IFHC foi apresentado como
O documento chama atenção principalmente por dois fatores. O primeiro, o papel que
capacidade – ainda que seja imaginada apenas por FHC e os membros da cúpula do instituto
– de que o mesmo pudesse se transformar em ponte direta entre governos diferentes, a saber,
por mim pela análise de sua atuação por meio da Plataforma Democrática, discutida em item
310 https://wikileaks.org/plusd/cables/09SAOPAULO366_a.html
210
2.7 O IFHC e a América Latina: o caso da Plataforma Democrática
(2007-2019)
Em 2007, surgia a Plataforma Democrática. Iniciativa do IFHC em parceria com o
democráticas no Brasil e na América Latina” 311. Desde então até 2013, o projeto adquiriu
estampados com o selo da Plataforma312.O projeto ainda publica revistas científicas digitais,
jornais e um curioso “Informe Cuba”, que tem como intenção acompanhar a situação política
da ilha.
eventos – entre palestras, entrevistas, debates. Os vídeos destes encontros estão disponíveis
em sítios virtuais da iniciativa e das fundações parceiras. Juntos, somam mais de 100 horas
de material.
Ronald Reagan para “reunir defensores da democracia pela e para a iniciativa privada”.
212
dominantes, as empresas norte-americanas e a cúpula sindical”314 , o NED é um órgão
suprapartidário que defende regimes políticos pautados pelos interesses do capital e pela
Agindo globalmente, o NED financia partidos, tanques de pensamento, “ONG’s”, etc. Nos
anos 1990, financiou 1754 organizações, com o custo de 150 milhões de dólares316. No
recente ascensão da extrema-direita. Aqui, basta estabelecer sua relação com a Plataforma
Neste material, duas temáticas são centrais. A questão da democracia, clara já no título
314 MINELLA, Ary César. Construindo a hegemonia na América Latina. Democracia e livre mercado,
associações empresariais e sistema financeiro. In: OLIVEIRA, Francisco; BRAGA, Ruy; RIZEK, Cibele
(orgs.) Hegemonia às avessas. Economia, política e cultura na era da servidão financeira. São Paulo:
Boitempo, 2010. P. 257-258.
315 LOWE, David. Idea to reality. A brief history of the National Endowment for Democracy, p. 8
Disponível em: http://www.ned.org/about/history (acesso às 11:28 de 09 de setembro de 2016)
316 SCOTT, james. WALTERS, Kelly. Supporting de Wave. Western political foundations and the promotion
of a global democratic society. Global Society. V. 14, n. , 2000. P. 243-244.
213
Estes dois temas, a saber, democracia “com coesão social” e liderança brasileira na
políticos e intelectuais”, cujo objetivo foi entender as novas dinâmicas sociais da América
Latina, então passando por o que muitos viram como uma “guinada à esquerda”, dada a
origem a uma série de debates e eventos, que culminaram na edição de um livro. “O desafio
latino-americano: coesão social e democracia” foi lançado ainda em 2008, mas seguiu sendo
realizado no hotel Westin Camino Real, na Guatemala317, onde um dos presidentes eleitos
pela “onda rosada”, Álvaro Colom (2008-2012), governava. Em junho, foi a vez da
Universidad Nacional de San Martin, na Argentina, receber Bernardo Sorj, um dos autores
317 http://www.plataformademocratica.org/videoteca/14
318 http://www.plataformademocratica.org/videoteca/11
214
A questão da liderança do Brasil na América Latina surge com mais força a partir de
2010. Desde novembro daquele ano, quando na sede do IFHC falou-se sobre o estado da
democracia na América Latina, o debate sobre o papel do país na região ganha progressivo
virar livro lançado na Argentina, pela editora Siglo XXI em parceria com o selo da Plataforma
liderar a América Latina, mas de acordo com os auspícios das organizações burguesas
internacionais321.
319 http://www.plataformademocratica.org/videoteca/21
320 http://www.centroedelstein.org.br/PDF/bsorj_America_Latina_Transformaciones_geopoliticas.pdf
321 Os presentes no encontro revelam a aproximação entre sujeitos políticos que se viam na oposição aos
governos progressistas da América Latina, bem como seu livre transito com empresários importantes da
região e com importantes líderes de organizações sociais do subcontinente. A lista completa dos
participantes é a que segue: Alberto Pfeifer, diretor-executivo do Conselho Empresarial da América Latina
(CEAL), Aluizio Araujo, conselheiro da Odebrecht, Amaury de Souza, diretor da MCM Consultores Associados,
Antônio Carlos Mendes Thame, deputado federal (PSDB-SP), Bernardo Sorj, diretor-executivo do Centro
Edelstein de Pesquisas Sociais, Bóris Fausto, historiador, presidente do Grupo de Análise da Conjuntura,
Internacional da USP (GACINT-USP), Brigida Scaffo, cônsul-geral do Uruguai, Bruno Soller, assistente
parlamentar da Câmara Federal, Carlos Mesa, ex-presidente da Bolívia, Celso Lafer, professor de Direito
da USP e presidente da Fundação de Amparo, à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) Cesário
Ramalho, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB) Constanza Moreira, senadora uruguaia da Frente
Ampla Décio Oddone, vice-presidente da Braskem Edgardo Riveros, presidente do Centro Democracia y
Comunidad Eduardo Graeff, assessor do PSDB Fausto Alvarado Dodero, ex-ministro do Peru Fernando
Henrique Cardoso Fernando Xavier Ferreira, conselheiro da Telefônica Gunther Rudzit, coordenador de
relações internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) Humberto Saccomandi, editor de
Internacional do jornal Valor Econômico Ignácio Walker, senador e presidente da Democracia Cristã
Chilena Ingo Ploger, presidente do CEAL Joel Edelstein, presidente do Centro Edelstein de Pesquisas
Sociais José Botafogo Gonçalves, presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) José
Geraldo Traslosheros, cônsul-geral do México Lourival Sant’Anna, repórter especial do jornal O Estado de
S. Paulo Luciano de Freitas Pinto, assistente da reitoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Luiz Carlos Costa, assessor da Câmara Federal Maria Hermínia Tavares, professora do Instituto de Relações
Internacionais da USP (IRI-USP) Mariana Luz, coordenadora institucional do CEBRI Mauro Aguiar,
diretor-presidente do Colégio Bandeirantes Moisés Costa, relações governamentais do MAN Patricia
Villela Marino, conselheira do Instituto Ilhabela Sustentável (IIS) Pedro da Motta Veiga, diretor do Centro
de Estudos de Integração e Desenvolvimento (CINDES) Pedro Herz, diretor-presidente da Livraria Cultura
215
A lista segue já em novembro de 2012, com evento na sede do IFHC, intitulado
“liderança do Brasil na América do Sul”; vai adiante em 18 de abril de 2013, com “Brasil e
América Latina: que liderança é possível?”; e 08 de maio de 2013, quando Sérgio Fausto fala
liderazgo es posible?”324.
Democrática se espraia pela América Latina, levava sua mensagem a um número cada vez
maior de pessoas. Tal constatação nos dá a dimensão de seu alcance, bem como sua inserção
na arena política regional. Emerge daí sua potencialidade na direção de políticas públicas e
pretendidos.
Sendo a Plataforma Democrática uma iniciativa do IFHC, que aqui nos interessa mais
quadros políticos; do conteúdo de sua produção, isto é, a tal democracia a ser “exportada”; e,
paralelamente, uma pesquisa sobre financiamento do projeto. Essas três perguntas de caráter
Raul Jungmann, presidente estadual do PPS Roberto Freire, presidente nacional do PPS Roberto Russell,
professor da Universidad di Tella (Argentina) Sandra Polonia Rios, diretora do CINDES Sérgio Amaral,
diretor da FAAP Sérgio E. A. Conforto, diretor da FAAP Sérgio Fausto, superintendente-executivo da
Fundação iFHC Sibele Martins, assessora de imprensa do gabinete do deputado federal Roberto Freire
Vinícius Camargo, coordenador do CEAL. Ver: IFHC, Relatório de atividades, 2011, p. 30-31. Acessível
em: https://fundacaofhc.org.br/files/Relatorio%20de%20atividades%202011.pdf
322 http://www.plataformademocratica.org/videoteca/27
323 http://www.plataformademocratica.org/videoteca/29
324 http://www.plataformademocratica.org/videoteca/30
216
inicial permitem a formulação de questões e hipóteses mais sofisticadas, indispensáveis para
reflexões ulteriores.
profissionais das ciências humanas. No primeiro grupo, constam executivos de grupos como
Vorotantim, Itaú, Natura, além do onipresente Jorge Gerdau Johannpeter, dentre outros, não
Democracia Brasileira (PSDB). A última categoria listada é composta por gente como
Demétrio Magnoli, Bernado Sorj, Sérgio Fausto, o próprio FHC, enfim, adeptos de uma
perspectiva liberal e conservadora, o que fica evidente nos produtos que, por intermédio da
preferindo, em vez disso, qualificação mais descritiva. Isso se deve à concepção de que todos
os quadros expostos são intelectuais, não no sentido do senso comum, mas na ótica sugerida
por Antônio Gramsci, antes comentada326. São, assim, operadores e organizadores da cultura,
organicamente vinculados a uma classe social ou fração, favorecida pela visão de mundo que
difundem. Por conseguinte, são intelectuais orgânicos, que articulam interesses materiais e
É relevante ressaltar que outras personagens não listadas participam dos eventos
325 Os grupos mencionados ocupam o ranking das 20 empresas brasileiras mais internacionalizadas pela
América Latina desde pelo menos 2007, ano de criação da Plataforma Democrática. Ver: SPOSITO, Eliseu;
SANTOS, Leandro. O capitalismo industrial e as multinacionais brasileiras. São Paulo: Outras
Expressões, 2012.
326 GRAMSCI, Antônio. Caderno 12 (1932). Apontamentos e notas dispersas para um grupo de ensaios sobre
a história dos intelectuais. In: ________. Cadernos do Cárcere. V. 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2014. P. 15-21.
217
ao projeto, acima expostas em nota. Articulada a instituições por quase toda a América Latina,
modo, que aqueles intelectuais orgânicos ajam no interior de diversos tanques de pensamento
e outros aparelhos privados de hegemonia, influenciando sua produção, sua audiência, sua
extremamente móvel, que ocupa as organizações da América Latina, agindo por seu
à Plataforma como aparelhos privados de hegemonia, tal qual conceituação de Gramsci. São,
assim, elementos classistas da sociedade civil que organizam vontades coletivas, buscando
nitidez. Ela não teria o fito de “colonizar” as sociedades civis do subcontinente? Ora, em seus
pela Plataforma, cuja base social é composta por aqueles grandes capitais apresentados acima,
que têm na América Latina uma área de especial interesse para seus investimentos. Se os
classista, ocupá-los e veicular, por meio deles, as práticas consideradas adequadas pela
327 GRAMSCI. Antônio. Cadernos do cárcere, v. 3. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, p. 244
218
iniciativa. Sugerimos, pois, que a Plataforma Democrática age na América Latina ao sabor
dos interesses da classe que a anima, como uma embaixada transnacional. Seria um exemplo
do que René Dreifuss qualificou de frentes móveis de ação internacional, isto é, organizações
adequada às transformações materiais operadas pelo capital brasileiro na região. Luta-se, por
meio dela, pela construção de um consenso acerca do papel de líder que o Brasil deve
desempenhar na América do Sul, daí ganhando sentido esse tema ser recorrente nas
sustentam e no site da própria iniciativa329, mas também pela circunscrição dos debates,
método caro ao IFHC, como acima debatido. Dessa forma, busca-se conformar na América
crença no associativismo burguês e, por outro lado, em ações de contenção dos conflitos, por
meio da integração subalternizada de questões caras aos setores populares, sempre acolhidas
de modo a combinarem com os estreitos limites da ordem. Isso se revela com a pauta
328 O debate sobre o termo pode ser conferido em DREIFUSS, René. A internacional capitalista. Petrópolis:
Vozes, 1986. Virgínia Fontes também adota a conceituação. Ver: FONTES, Virgínia. Brasil e o capital
imperialismo. Teoria e História. Rio de Janeiro: UFRJ, 2010, p. 112. 6
329 Retirado de: http://www.ifhc.org.br/instituto/missao/,http://www.centroedelstein.org.br/QuemSomos.asp,
http://www.ifhc.org.br/wp-content/uploads/apresentacoes/1869.pdf (acessados em 09 de setembro, às
09h01
219
identitária ali perseguida, bem como o trato específico da questão do multiculturalismo,
Posto isso, não é sem razão que as atividades da Plataforma se intensificam em áreas
interesses do capitalismo no Brasil e a difusão dessa democracia nos territórios que hospedam
suas inversões. É como se o modelo fosse fiador político dos interesses materiais daqueles
que bancam o projeto. A democracia pretensamente esterilizadora das lutas sociais é, então,
detalhada. Aqui destacaremos tão somente alguns elementos, reservando a discussão sobre o
sentido da coesão social na democracia projetada pelo IFHC e pela Plataforma Democrática
para o próximo capítulo – embora os elementos aqui constantes sejam fundamentais para seu
Gerdau, tomou a palavra em daqueles eventos que debatia a “liderança do Brasil na América
Latina”. O empresário tinha tempo reservado para versar sobre a integração latino-americana
preocupação em especial lhe tirava o sono: sentia falta de previsibilidade política que
220
permitisse planejar investimentos de longo prazo no continente. “Nos ramos que investimos”,
arengou, “teoricamente deveríamos planejar hoje nossos negócios de daqui a dez anos, mas
não há estudos sobre integração regional em curso, não há meios de saber como estará a
seus capitais. A plateia composta por outros empresários, tecnocratas e governantes assentia
compreensiva.
Daí dar voz a Gerdau é dar voz a um dos maiores grupos de investimento na América
Latina, com 71% de seus capitais alocados na região 331 . Quando ele demanda maior
esforços petistas conseguiram entregar o que esses setores do empresariado esperavam. Até
então, os esforços dos governos federais do Partido dos Trabalhadores (PT), principalmente
transnacional das empresas brasileiras. Tanto pela política externa quanto pela linha de
Mesmo durante essa história, até ali de sucesso, Gerdau demonstra insatisfações e revela
namoro entre partido e fração de classe. O significado do ato, contudo, é bem mais profundo.
Ora, Gerdau foi, ao longo das gestões petistas, o símbolo da aliança entre governo e
foi convidado a compor estruturas de Estado, chegando a ser especulado como ministro de
para ser um suporte ao capital brasileiro em sua agenda internacional. No programa de rádio
“Café com a Presidenta”, Dilma qualificou a câmara como “meio para diminuir a burocracia
que as empresas nacionais enfrentam no comércio com outros países”, e que, por meio da
CPGDC, “empresas e governo vão pensar juntos técnicas de boa administração” (ZIBECHI,
brasileiro, a criação da câmara gerou expectativas, mas ela teve vida curta. Um ano após seu
surgimento já era considerada moribunda. Foi declarada morta em 2014, após 12 reuniões,
precisamente no período de ocaso da CPGDC. A maior parte dos eventos devotados a discutir
Poder-se-ia argumentar que, em outras áreas, o governo petista manteve apoio à burguesia
aproximação de seu chefe com o PSDB, adquire um simbolismo especial. Nessa ótica, as
significado.
222
Em outras palavras, de aliado petista, Jorge Gerdau passou a ser francamente bajulado
por tucanos, que dispensam atenção ao empresário e propõem, por meio da Plataforma
Democrática, uma solução para seus problemas. O sociólogo Sérgio Fausto, diretor do IFHC,
região.
A Plataforma Democrática – e o IFHC por trás dela – tentou aproveitar este espaço. De
fato, através da iniciativa, aquela burguesia se relacionou com outras classes latino-
interessa àquele empresariado nacional. Por tal intercâmbio se dar inclusive em aparelhos
privados de hegemonia, o capital brasileiro utiliza as casamatas dos Estados vizinhos para
defender suas ambições imperiais. Trata-se de um impulso colonizador das sociedades civis
Claro que o produto final da relação não é necessariamente o desejado por aquela frente
expansionista, sendo antes o resultado das lutas intra e extraclasses que se verificam no
subcontinente, e que, no objeto aqui exposto, são exprimidas por embates entre os partícipes
332 http://www.plataformademocratica.org/videoteca/25
223
representantes do imperialismo nacional nesses espaços deve ser considerada como indício
importantes por revelarem sua estreita relação com as transformações políticas em âmbito
replicar na América Latina estratégias de contenção social que tinham se mostrado bem
sucedidas no Brasil e no mundo. O know how adquirido pelas classes dominantes nas
contendas contra os trabalhadores é assim difundido para zonas de seus investimentos, por
meio das relações entre aparelhos privados de hegemonia, dentre eles tanques de pensamento
partidária e suas relações de classe no Brasil. Isso porque não se pode esquecer o quão
operação político-partidária atende a uma lógica própria, típica do campo em que está
inserida. Por conseguinte, na dinâmica daquela disputa, entendo que certas legendas buscam
liderar uma determinada classe ou fração de classe social, identificando nesta aliança como
224
meio de ascensão ao poder. Por isso, suas diretrizes sofrem modificações, representando a
relação entre os objetivos partidários e os interesses das classes e seus conflitos na sociedade.
sucesso conquistado pelo petismo em abrir mercados para empresas brasileiras. O papel
desempenhado pessoalmente por Lula não deve ser desmerecido. Mesmo livros-reportagens,
como os de Raul Zibechi e Renato Zanini, aquele muito melhor do que este, capturam a
o capitalismo brasileiro avançou na América Latina, inclusive por iniciativa materiais, como
a formação dos “campeões nacionais”, via BNDES, exemplifica. Sem acesso a mecanismos
instrumentos que demonstrem o interesse tucano em continuar a odisseia petista. Trata-se de,
nos limites do que é possível a um partido da oposição, fornecer uma embaixada para o
da defesa dos interesses daqueles setores empresariais diante da nova realidade do século
XXI. Assim sendo, para lograr seu intento, os tucanos devem se mostrar adequados para
disputa. Pensada para seguir os passos e mesmo ultrapassar o petismo na corrida pela
333 ZIBECHI, Raul. Brasil potência. Rio de Janeiro: Consequência, 2012; ZANINI, Fábio. Euforia e fracasso
do Brasil Grande. Política externa e multinacionais brasileiras na Era Lula. São Paulo: Contexto, 2017.
225
liderança da burguesia transnacionalizada brasileira, a iniciativa chega a 2014 cortejando
seus principais líderes, apresentando seu partido, o PSDB, como um candidato a dirigir seus
interesses na importante eleição daquele ano. A derrota de Aécio Neves em si não representa
a derrota do projeto. É o que ocorre a seguir que agrega novos elementos à história.
De fato, os eventos sediados pela iniciativa pós-eleição de 2014 ainda dialogam com
capítulo como, em 2015, reunião do IFHC decreta que o PSDB deve decisivamente apoiar a
Compara-as com a situação brasileira. Atua como o intelectual coletivo que se informa para
melhor agir na realidade prática. Os anos de 2015 e 2016 da Plataforma Democrática, assim,
Rousseff, há pouca atividade, mas nas restritas intervenções, só se fala de como a mobilização
virtual, um dos carros-chefes das grandes manifestações de rua no Brasil, poderia ser
Democrática. Ele marca o que pode ser um novo período de sua história – ou, pelo menos,
334 São três conferências realizadas no período. Duas no auditório do IFHC (em 29 de abril de 2015 – ver aqui:
http://www.plataformademocratica.org/videoteca/31; e em 18 de maio de 2016 – ver aqui:
http://www.plataformademocratica.org/videoteca/32) e uma em Santiago (realizada em 11 de maio de 2016
– disponível aqui: http://www.plataformademocratica.org/videoteca/33)
226
um mês depois da eleição de Jair Bolsonaro – o IFHC, sob bandeira da Plataforma
Democrática e em parceria com o The German Marshall Fund of the United States (GMF) e
internacional”.
Para ele, a ascensão de líderes “populistas” como Donald Trump, Boris Johnson e Jair
Bolsonaro, tenderia a colocar em xeque instâncias organizativas cuja história prova sua
importância para a manutenção de uma ordem internacional do interesse dos que presidem e
sustentam estas associações 335 . Destacou o uso das mídias sociais e o surgimento da
democracia e nossos países”, sendo para tanto importante sustentar as relações de base da
“ordem mundial”. Para ele, os Estados Unidos já demonstravam então um caminho para a
últimos anos. O reforço dos laços entre associações “atlânticas” é, assim, projetado como
caminho para superar os obstáculos postos pela “mudança das placas tectônicas” da política
335 https://fundacaofhc.org.br/debates/democracias-turbulentas-e-seus-impactos-no-sistema-internacional a
partir dos 7m
227
global, e suas atividades deveriam ser pautadas pela superação da “polarização” social.
Mcllhenny lembra da coalizão de esforços nos Estados Unidos para barrar a ameaça de
Trump aos acordos de livre comércio, e mostra que este é o caminho para aqueles que
O IFHC parece ter aprendido com os conselhos de sua congênere estatunidense. Ato
contra a tal “polarização social”, conforme acima comentado. O mesmo já é difundido pela
liderança brasileira na América Latina, hoje tem atuação bastante tímida, envolta nos
campeã da democracia. O sentido social de sua atuação, contudo, é melhor entendido pela
coalizão de esforços das frações burguesas que sustentam suas atividades e das manobras
estratégicas do PSDB, partido com a qual tem grande proximidade. De projeto de embaixada
contra a ascensão da extrema-direita – por sua vez estimulada pelo próprio IFHC, como
veremos. Sua trajetória, assim, dialoga intimamente com o que se discutirá daqui para frente.
Se a busca por coesão social foi antes a senha da atuação do IFHC e de seus parceiros e
afiliados, no ambiente de profunda crise instaurado desde 2015, inclusive com ajuda da
entidade, o objetivo agora parece salvar o que for possível do associativismo construído no
228
último período histórico. Em meio às turbulências, assim como o IFHC, a Plataforma
229
3. Coesão Social e acomodação capitalista na Europa e América
Latina
Neste capítulo, analisaremos uma das balizas de ação do Instituto Fernando Henrique
na América Latina. Assim, debruçaremo-nos sobre o sentido histórico de tal esforço, a fim
iniciativa. A reflexão nos levou a considerar a luta pela estabilidade social em seus vínculos
mais íntimos com a acumulação capitalista. Veremos, ainda, como, tornando-se espécie de
tecnologia política de base, a noção de coesão social enfeixou diretrizes de políticas públicas
usos do conceito de coesão social na obra daquele apontado como o primeiro a utilizá-lo
sistematicamente: Émile Durkheim. A intenção, nesta seção, é resgatar a relação entre coesão
social e a divisão social do trabalho – notadamente a cisão entre os assim chamados trabalhos
de princípios mais abstratos, a defesa das socieadades coesas passa a incluir políticas
230
econômicas mais concretas, circunscritas à formas de acumulação capitalista que despontam
dominantes utilizam-no a fim de assegurar solo social adequado à reprodução capitalista. Por
rumo à América Latina a partir de 1980. Amparado pela ação empresarial e diplomática do
Estado espanhol, tais capitais financiam iniciativas latino-americanas que se associam aos
braços daquele aparelho estatal, com o objetivo de promover a coesão social pela América
Plataforma Democrática, que tem a defesa da coesão social na democracia como sendo um
dos bastiões preferenciais de sua atuação, o que engendra a adequação da ideia de coesão às
Dessa forma, vemos como o debate sobre as identidades, o racismo e a questão indígena
anos 2000.
princípio como basilar das ações de nosso objeto de estudo. A relação em tela permite, ainda,
reflexões sobre a associação entre interesses das burguesias europeias com suas congêneres
latino-americanos – processo que se conhece bem pelo menos desde os anos 1960, mas que
231
aqui ganha uma luminosidade particular na medida em que uma iniciativa concreta é
analisada
O final do século XIX foi terreno de embates acirrados sobre a natureza da sociedade
moderna. Enquanto as ciências sociais ainda firmavam seus pilares, a consistência do que,
em outro contexto, viria a ser conhecido como ser social era posta indiretamente em debate.
Prestigiado desde meados do século XIX, Herbert Spencer foi considerado uma das
principais vozes do período. Partia dele a associação entre o social e o natural no que diz
respeito ao ritmo da evolução da espécie, em uma leitura confusa do que seria a tese
vista, desdobrar-se-iam em uma vida de sucesso, expressa no conforto de quem foi capaz,
verificado desde o fim do século XVIII. A miséria, por outro lado, seria manifestação da
lassidão moral dos que trocavam voluntariamente o trabalho pela taverna, “parasitando” o
A importância de Spencer pode ser medida pelo número de seus seguidores e pela
virulência com que, assim como seu mestre, atacavam qualquer esforço de institucionalizar
336
SPENCER, Herbert. El individuo contra el Estado. Valência: Sempere, 1884, p. 44.
232
redes públicas de amparo social337. Com que repudiavam como “sentimentalismo” qualquer
ação mesmo daqueles que, preocupados com o potencial corrosivo das desigualdades,
defendiam alguma espécie de proteção, geralmente sustentada pelo Estado, aos que
dependiam do trabalho. De fato, para spenceristas como William Grahan Sumner, distinções
entre ricos e pobres, em uma sociedade de homens livres, seriam tão somente determinadas
pelo sucesso daqueles que aproveitam oportunidades; carecendo de base ética, portanto,
século XIX havia revelado a outra face do desenvolvimento capitalista. Guerras, repressão,
emancipação humana, formulada como conceito-chave desta tradição por Marx e Engels339.
Com efeito, a ideia foi tomada como bandeira por aqueles que identificaram a etapa
metade final do século XIX, por conseguinte, o marxismo já era expressão teórica das lutas
da classe trabalhadora, então reconhecida como classe cuja tarefa histórica era revolucionar
337
No citado O indivíduo contra o Estado, Spencer chega a identificar na proteção social o início de um
caminho para a escravidão – em argumento e terminologia muito similares aos que seriam repostos décadas
depois por Friedrich Hayek. Ver: SPENCER, Herbert. El individuo contra el Estado. Valência: Sempere,
1884; HAYEK, Friedrich. O caminho da servidão. São Paulo: Instituto Mises Brasil, 2010.
338
Essa discussão e uma importante síntese do debate acerca da desigualdade entre o fím do século XIX e
meados do século XX podem ser conferidas na interessante tese de doutorado de Pedro Ferreira de Souza.
Ver: FERREIRA DE SOUZA, Pedro. Uma história da desigualdade. A concentração de renda entre os
ricos no Brasil (1926-2013). São Paulo: Hucitec, 2017.
339
O primeiro trabalho neste sentido é de Karl Marx, ainda em sua “juventude”. Ver: MARX, Karl. A questão
judaica. São Paulo: Boitempo, 2009.
340
Para uma síntese básica, ver: HOBSBAWM, Eric. A era do capital. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
233
florescimento das verdades diferenças – expressas pelas múltiplas formas diferentes de
Durkheim. Tendo como horizonte de trabalho aquela amplitude política, o sociólogo francês
entendeu como “um grito de dor e cólera lançado por homens que mais vivamente sentem
nosso mal-estar coletivo” 342 . Sua primeira grande obra de teoria social indica, contudo,
oferece soluções distintas para os problemas que ele reconhecia existir. Portanto, Da divisão
social do trabalho, lançada em 1893, acaba por expressar um outro campo de enfrentamento
aos problemas sociais. Nem a barbárie spenceriana, nem socialismo. Seria necessário dotar
um grupo dirigente de poder de intervir na realidade a fim de assegurar o que era visto como
A legitimação desta função social e de seus executores vem do estudo dos efeitos
importante enigma da sociedade moderna, a saber, como se explica o vínculo que mantém
pessoas unidas em colaboração. É a procura dos fundamentos dessa civilização, portanto, que
341
Trata-se do horizonte de futuro aberto com a organização do movimento comunista, cuja expressão da sua
vanguarda no período pode ser identificada na produção da obra de Marx.
342
234
O argumento do francês passa, claro, pelo esclarecimendo do que para ele é uma função
Mantendo a metáfora orgânica, cara à matriz durkheimiana, mas avançando para como
ele enxerga a função especial da divisão social do trabalho, diria que se trata do abastecimento
de órgãos vitais do corpo social. Assim, a função da divisão social do trabalho é, por um lado,
garantir que as diferentes partes se organizem do modo como ela determina. As divisões do
trabalho social, portanto, formam em seu conjunto a anatomia do corpo social assim
entendido.
Em outras palavras, Durkheim tenta desvendar o papel que essa função desempenha
no metabolismo do organismo social - e aqui a analogia aos seres vivos tem como
343
Ramesh Mishra é um dos que qualifica o funcionalismo como uma teoria que desta as funções sociais. Isso
não o impede, porém, de reconhecer a heterogeneidade interna deste campo, com o termo designando
diversos tipos de abordagem em áreas distintas. Há, portanto, funcionalismo na psicologia, na comunicação,
na sociologia. Mishra opina, contudo, que um mesmo grupo de pilares constitutivos alicerçam essas
abordagens – daí elas merecerem o nome de teoria. São eles: a explicação sistêmica da realidade, a análise
das partes sob o conceito de função e, por fim, a analogia orgânica, o que revela a influência das ciências
naturais sobre esse corpo teórico. Ver: MISHRA, Ramesh. Society and social policy: theories and practice
of Welfare. London: The Macmillan Press, 1981.
344
DURKHEIM, Émile. Da divisão social do Trabalho. São Paulo: WMF, 2013, p. 13.
235
possibilidade de equilíbrio funcional da sociedade – esta condição, aliás, sendo indício de
Durkheim, mais de cem anos depois, se opõe assim a Adam Smith e seus seguidores.
Com efeito, para estes a função da divisão social do trabalho seria acelerar a produção de
riquezas346. Sobre este juízo, Durkheim defendeu se tratar de uma avaliação superficial, que
defesa da “mais bela harmonia” que “nasce das diferenças”, investigando como um grupo de
dois ou mais indivíduos se articula 348. Segundo ele, quando assim procedemos,
somos levados (...) a considerar a divisão do trabalho sob um novo aspecto. Nesse
caso, de fato, os serviços econômicos que ela pode prestar são pouca coisa em
comparação com o efeito moral que ela produz, e sua verdadeira função é criar
entre duas ou várias pessoas um sentimento de solidariedade. Como quer que esse
resultado seja obtido, é ela que suscita essas sociedades de amigos, e ela as marca
com seu cunho349
A aposta aqui, contudo, não está na comumidade defendida então pelos comunistas.
A divisão social do trabalho aqui defendida prevê hierarquia entre funções. É, no mais,
principalmente com respeito ao poder de uns comandarem outros que se pode assegurar a
coesão social, com cada parte exercendo mais eficientemente o que dela se espera. O tema
usado para ilustrar isso é a divisão do “trabalho sexual”, apresentado com a carga de
345
É sugestivo como, neste sentido, a historiografia influenciada por estas colocações enxerga as revoluções
como estágios febris que revelam disfunções capazes de matar o corpo social se não enfrentadas a tempo.
Ver: BRINTON, Crane. The anatomy of revolution. Nova Iorque: Vintage, 1965.
346
Pelo menos os cinco primeiros capítulos de A riqueza das nações versam sobre a relação entre divisão
social do trabalho e a produção e distribuição de riquezas – o que é eloquente sobre o sentido atribuído
àquela divisão no plano da obra. Ver: SMITH, Adam. A riqueza das nações. Investigação sobre sua
natureza e suas causas. São Paulo: Abril, 1996, p. 65-100.
347
DURKHEIM, Émile. Op cit, p. 14
348
DURKHEIM, Émile. Op cit, p. 20
349
DURKHEIM, Émile. Op cit, p. 21
236
(…) o trabalho sexual tornou-se cada vez mais dividido. Limitado a princípio
apenas às funções sexuais, estrendeu-se pouco a pouco a vários outros. Faz tempo
que a mulher retirou-se da guerra e dos negócios públicos e que sua vida
concentrou-se inteira no interior da família. Desde então, seu papel especializou-
se cada vez mais. Hoje, entre os povos cultos, a mulher leva uma existência
totalmente diferente da do homem. Dir-se-ia que as duas grandes funçõas da vida
psíquica como que se dissociaram, que um dos sexos monopolizou as funções
afetivas e o outro as funções intelectuais 350.
Poder-se-ia dizer que a citação não deixa evidente a relação de poder entre as partes.
Neste caso, o argumento indicaria que a distinção de funções, via especialização, não
significa, por si mesma, relações de poder entre elas. Esta posição, contudo, seria debelada
A passagem, além de grotesca aos nossos olhos, é prova contundente de que seu autor
defendia a direção social por uma elite cujos “crânios”, dadas as determinações sociais,
seriam “mais desenvolvidos”. A relação entre biologia e sociedade por ele tecida ajuda a
trabalho social que, naquela divisão, exerce funções organizadoras, dirigindo a articulação
entre as partes e o todo, em uma escala amplíssima que vai da vida individual à social. É
luminosa, neste sentido, a analogia entre o homem, na vida privada; e o Estado, na pública352.
Ambas partes de um organismo social que, compreendendo as todas aquelas dimensões, tem
350
DURKHEIM, Émile. Op cit, p. 26
351
DURKHEIM, Émile. Op cit, p. 26
352
De sorte que poderíamos falar que o Patriarca é o Estado da vida familiar.
237
Durkheim não as via como objeto passível de críticas. Ao contrário, identifica nelas
os pilares daquela sociedade complexa que ele defendia. Espécie de natureza possível, sem
Por essa compreensão, ainda tomando a divisão do “trabalho sexual” como ilustração
além de certo ponto” poria em risco a sociedade conjugal, “deixando subsistir apenas relações
sexuais eminentemente efêmereas”. Elevando a contundência da tese, afirma que “se os sexos
não fossem em nada separados, toda uma forma de vida social sequer teria nascido”354.
solidariedade mecâmica – que se mantém por similitude das partes -, a solidariedade orgânica
tipo de vínculo social, portanto, é a complementaridade entre partes diferentes. Por um lado,
isso permite sua combinação virtuosa, supostamente potencializando sua eficiência em nome
daqueles setores dirigentes que organiza as partes de cima a baixo do edifício social, fazendo-
353
DURKHEIM, Émile. Op cit, p. 27
354
DURKHEIM, Émile. Op cit, p. 27
355
Daí decorreria, para muito dos seguidores de Durkheim, nomeadamente os funcionalistas, a justificativa
para a intervenção Estatal – a função desse órgão seria assegurar a reprodução do corpo social pelo
combate às tendências disfuncionais. Ver: MISHRA, Ramesh. Society and social policy: theories and
practice of Welfare. London: The Macmillan Press, 1981
238
Aqui reside uma proposta importante que distingue Durkheim dentre aquelas duas
tanto conserva a corrente divisão social do trabalho quanto postula um papel dirigente para
um dos termos da relação, a saber, aquele ocupado pelo trabalho dito intelectual. Sobre isso
O nosso método não tem, portanto, nada de revolucionário. É até, num certo
sentido, essencialmente conservador, uma vez que considera os fatos sociais como
coisas cuja natureza, por mais elástica e maleável que seja, não é, no entanto,
modificável à nossa vontade356
“consciências individuais”, sendo imutáveis pela ação de indivíduos que os encontram como
que age sobre a sociedade. A analogia aqui é com o cérebro, cuja função é comandar as partes
constitutivas do corpo social. Compreendido desta forma, esse polo de controle, lastreado na
das partes. Deveria fazer com que elas funcionassem de modo adequado, funcionando da
melhor forma possível de acordo com o que determina aquele edifício social. O estágio de
equilíbrio, ponto ótimo das relações sociais, em que cada parte é mais verdadeiramente o que
Aqui chegamos à questão que intitula este capítulo. Entendo que Durkheim não versa
sobre outra sociedade que não aquela nascida sob a égide do capital, ainda que para ele esta
forma social apareça de outro modo. Sua “sociedade de economia complexa” aqui é
356
DURKHEIM, Emile. As regras do método sociológico. São Paulo: Abril, 1978, p. 74
239
considerada como sendo o capitalismo, para mim evidente ao serem conservadas, no seu
Se analisada à luz das disputas de seu tempo, a ação social conservadora representada
pela publicação de Da divisão social do trabalho defende a manutenção da forma social que
analisa, para tanto postulando um sujeito conservador; organizador por excelência das
funções de cada parte desta sociedade. Camada social fiadora daquela divisão social do
trabalho porque surgida dela. Grupo de “intelectuais” que assegura a ordem e seu bom
funcionamento. Em uma escala do maior poder ao menor, claro que no topo está o Estado,
cuja ação coesiva foi valorizada pelos funcionalistas; mas Durkheim não parece ignorar a
Aqui entendo, portanto, que Durkheim formula bases para o estudo das relações de
poder na sociedade derivadas da desigual distribuição do trabalho social. Não por ser contra
elas, mas por querer defende-las. Mantendo a recorrente metáfora do corpo humano, a divisão
cada órgão, além daquele órgão cuja própria essência é a direção. E é essa divisão, logo essa
configuração de poder, que permite que a sociedade se reproduza. Não estamos aqui perante
uma mera defesa da ordem em geral, mas mais especificamente diante da apologia das
funções diretivas encarnadas por pessoas que, posta a posição em que são inseridas na divisão
Claro que a sociedade assim organizada tende a produzir desigualdade. Ocorre que
isso não é um problema nem do ponto vista político-social, porque há pessoas naturalmente
357
DURKHEIM, Émile. Op cit, p. 26
240
formadas para a direção, nem do econômico. Michael Lowy capturou bem a posição de
Lowy concluiu daí que Da divisão social do trabalho era uma obra “marcada pela
Embora acredite que isso esteja correto, como acima apresentamos, quero aqui destacar outro
elemento, que apesar de imbricado e pressuposto nos argumentos anteriores, neles não é
corpo social –aquelas cujo papel social supostamente aprimoraria a inteligência dos que o
exercem. Expressão, no plano ideal, da defesa de sua própria posição como intelectual e
cientista social, cujas faculdades o habilitariam para funções de mando. Claro que estas
funções tendem a se concentrar no Estado, aquele órgão diretivo por excelência, mas, como
vimos, não estão apenas ali. Elas podem ser identificadas em muitas formas cujo conteúdo é
Quando colocamos aquela sociedade complexa na história, essas funções revelam seu
transformações e adaptações, mas não revoluções 360. Assim, toda evolução deve ser mediada
divisão social do trabalho. O “método conservador”, portanto, deve se equilibrar nesta fina
358
LOWY, Michael. Ideologia e ciências sociais. São Paulo: Cortez, 1985, p. 53.
359
LOWY, Michael. Marxismo contra positivismo. São Paulo: Cortez, 2018, p. 19.
360
PEREIRA, Camila. Proteção social no capitalismo. São Paulo: Cortez, 2016.
241
lâmina: reafirmar as bases constitutivas da sociedade ao passo que atualiza constantemente
Talvez por este motivo seja o sociólogo funcionalista tão mencionado por aqueles que
mais-valor, e que viram nas teses durkheimianas uma forma de legitimar sua posição social
Como projeto político, por outro lado, a luta pela coesão social, já em Durkheim,
também expressa a emergência de uma camada social que faz o capitalismo funcionar
função de organização da sociedade para o capital; tarefa que o capitalismo livra da burguesia,
estágio indicativo de que cada função social está sendo exercida conforme o esperado - a
coloca em oposição à guerra aberta aos trabalhadores preconizada pelo spencerismo, pelo
menos em tese.
Não chega a surpreender, portanto, que Da divisão social do trabalho seja recuperado
por organizações que tentam atualizar as formas de dominação burguesa no calor das lutas
361
Nisso diferindo substancialmente do modo de produção imediatamente anterior na Europa ocidental.
242
de classes. Na próxima seção, mostraremos como a ideia de coesão social foi eixo
importante neste processo. De sorte que nossa atenção se volta novamente a eles.
das partes, a qual era entendida precisamente como expressão de uma sociedade coesa.
Indício do sucesso desses intelectuais, esse princípio transcende, ao longo do século XX, os
porém, é a história de uma marcha longa, que encontra seu apogeu na década de 1990, e que
caminha pari passu com a trajetória de integração econômica europeia. Entendemos que a
políticas públicas inspiradas livremente na rubrica da coesão social podem servir para a
e divulgados pela União Europeia sempre como marco de referência. Não por acreditar que
243
eles sejam espécie de fiel depositários dos acontecimentos transcorridos no século XX, mas
por identificar neste corpus documental pistas importantes para se verificar em que medida
Os tratados de integração europeia contam a história das políticas públicas para gestão
do capitalismo europeu. Com isso não queremos dizer que a instância econômica é a
determinante das ações humanas, mas que não se pode analisar a ação de uma instituição da
importância dos Estados sem relação com o metabolismo socionatural que estrutura as vidas
nas sociedades que erigem quais instituições. A seleção da documentação ganhará sentido na
coesão social no continente. Ela é, portanto, o principal elo de ligação com as demais partes
do capítulo, que buscam refletir mais propriamente sobre a elaboração das políticas públicas,
Isso posto, nossa História tem início em 9 de maio de 1950, data da Declaração
Schuman. Editado à luz do terror da Segunda Guerra Mundial – que, na prática, reduziu a
do Carvão e do Aço (CECA), com vistas a criar um mercado comum desses produtos entre
os países signatários (França, República Federal da Alemanha, Itália, Países Baixos, Bélgica
um dado essencial.
era vista como meio para se assegurar a paz em um contexto de profundo trauma pelas chagas
da Grande Guerra. A partir daí, desdobram-se argumentos com verniz histórico sobre a busca
construção da Europa pela via pacífica. Vamos assim até o ponto alto do texto, destacado no
site da UE.
conta os efeitos dos conflitos que se estenderam de 1939 a 1945. Deve-se, entretanto, lembrar
362https://europa.eu/european-union/about-eu/symbols/europe-day/schuman-declaration_pt (acessado
27/11/2018 às 11h22).
363https://europa.eu/european-union/about-eu/symbols/europe-day/schuman-declaration_pt (acessado
27/11/2018 às 11h27).
245
Ocidental, portanto, pode ser interpretada também como formas de reprodução do
1957, seus objetivos centrais declarados eram instituir a Comunidade Econômica Europeia
inicial da União Europeia, os textos (são, na prática, dois, um para cada objetivo assinalado
No documento, são instituídas a União Aduaneira, tornando a CEE uma área de “mercado
comum”; e a Política Agrícola Comum (PAC), que determinou a livre circulação dos produtos
agrícolas dentro da CEE, assim como a adoção de políticas protecionistas, que permitiram
aos agricultores europeus evitar a concorrência de produtos procedentes de outros países não
primário. Diante do objetivo deste texto, o que mais chama atenção no Tratado de Roma é a
restrição da livre circulação às mercadorias; pessoas e capitais teriam de esperar o Ato Único
Europeu (AUE), de 1986, e, finalmente, o Tratado de Maastricht, que abriu este artigo, para
Novamente, os acordos devem ser entendidos como normas gerais que regulamentam
364AZEVEDO, Mário Luiz Neves de. A Integração Regional, a Estratégia Europeia de Desenvolvimento e
algumas comparações com o Mercosul. Revista latinoamericana de educación comparada. Buenos Aires:
SAECE, pp 29-40 / relec / Año 5 Nº5 / 2014
246
e dos transportes – vista como necessária para a formação efetiva de um mercado comum.
a mesma não pode desconsiderar as disputas que marcam a Guerra Fria, bem como as
ameaças reais vividas pelos sujeitos históricos da época, quando a revolução não era uma
econômico registrado no período só pode ser explicado, primeiro, pela destruição criadora
da Grande Guerra, segundo, pelas sombras lançadas sobre a Europa a partir do Leste. A
então arrancava à burguesia local uma série de concessões históricas que permitiram nomear
o período com sua alcunha mais famosa: Anos Dourados. A forma de expressão dessas lutas
sociais nos frios dados da economia foi a curva ascendente no produto interno bruto dos
do trabalho tiveram importante crescimento entre 1950 e 1973, para logo se retraírem a níveis
similares aos anteriores a partir da década de 1970 (CRAFTS e TONIOLO, 1996). Nesse
sentido, a expansão capitalista daí oriunda encontra apenas uma explicação na política
DOMÉNECH, MOLINAS, 1993), haja vista que ela seguiu, inclusive com fôlego renovado,
247
após 1980. A explicação que relaciona os anos dourados com a reconstrução europeia após a
guerra, assim, parece mesmo um ponto incontornável – o que ganha ainda mais força quando
comparamos as taxas de crescimento europeu às margens muito menores dos Estados Unidos,
que tiveram seu território continental preservado (HOBSBAWM, 1994, p. 254). Assim sendo,
criou uma situação nova. Passada a década de 1970, o período áureo ficava inegavelmente
financeira – pretendia lançar as bases para uma nova etapa de acumulação, bem como
preparar o terreno para novos padrões de relações internacionais, após o fim da Guerra Fria.
formação de uma comunidade forte o suficiente para rivalizar, do ponto de vista econômico,
lógica citada, ter-se-ia, então, forjado o “maior mercado financeiro do mundo”, tendo o euro
ao extinguir barreiras cambiais entre países europeus. Paul Krugman demonstra como o
248
continente se caracteriza por um “esquema centro-periferia” interno, que tem como motor a
tendência de se buscar áreas de menor nível salarial – utilizando, para tanto, a livre
CASADIO, MARTUFI, CARARO, 2004). Veremos mais abaixo como esse mesmo processo
acaba, em um primeiro momento, forçando sobretudo, mas não somente, empresas menos
competitivos a migrarem para fora do Velho Mundo – especialmente para a América Latina,
Até aqui, pudemos perceber como as determinações do capital podem nos ajudar a
entender a sua adoção de uma noção discutida na primeira parte deste capítulo: a ideia de
coesão social.
criação da União Europeia, no ano seguinte. Além disso, pela primeira vez um texto de
lógica social europeia, após a queda do chamado socialismo real, trouxe novos desafios. A
Agora, porém, urge destacar que o bloco europeu, muito longe de homogêneo, abriga
áreas periféricas que são exploradas pelas classes dominantes dos principais países –
cujo epicentro foi uma ortodoxa “política de austeridade”, desvelou essa realidade com
nitidez. Nesta toada, os autores lembram que Maastricht tem uma particularidade: a aceitação
da insuperabilidade dos diferentes ritmos das economias europeias, tomadas como entidades
Não causa surpresa, nesta altura, constatar que este tratado versa pela primeira vez
deslocadas para outros espaços mundiais. A busca pela harmonia das partes parece ser
– traz embutido em si determinações ao ser social e ao devir. Ora, a coesão, aqui, não é apenas
o mínimo grau de consenso que vertebra qualquer forma de sociabilidade que conte com
250
divisão social do trabalho; mas demanda a aplicação de políticas econômicas bastante
Artigo 3.°-A
1. Para alcançar os fins enunciados no artigo 2.°, a ação dos Estados-
membros e da Comunidade implica, nos termos do disposto e segundo o
calendário previsto no presente Tratado, a adoção de uma política econômica
baseada na estreita coordenação das políticas econômicas dos Estados-
membros, no mercado interno e na definição de objetivos comuns, e conduzida
de acordo com o princípio de uma economia de mercado aberto e de livre
concorrência.
2. Paralelamente, nos termos do disposto e segundo o calendário e os
procedimentos previstos no presente Tratado, essa ação implica a fixação
irrevogável das taxas de câmbio conducente à criação de uma moeda única,
o ECU, e a definição e condução de uma política monetária e de uma política
cambial únicas, cujo objetivo primordial é a manutenção da estabilidade dos
preços e, sem prejuízo desse objectivo, o apoio às políticas econômicas gerais
na Comunidade, de acordo com o princípio de uma economia de mercado
aberto e de livre concorrência.
3. Essa ação dos Estados-membros e da Comunidade implica a observância
dos seguintes princípios orientadores: preços estáveis, finanças públicas e
condições monetárias sólidas e balança de pagamentos sustentável. (Idem, p.
13)
pagamentos sustentável. Eis os elemetos que agora estão presentes no que se entende como
acadêmica a ideia era assegurar a reprodução da ordem por meio da sociologia funcionalista,
251
em seu circuito iniciado em instâncias monetárias. Desvela-se, pois, como a integração
econômica da Europa não pode ser entendida sem as devidas determinações políticas; e se
do capitalismo moderno.
enriquecida por novas determinações que dizem respeito a políticas econômicas específicas,
adequadas aos desafio dessa “nova fase” do capitalismo. Ainda se trata de uma forma de
como mínimo comum de toda sociabilidade possível; mas não se pode negligenciar o fato de
que, se antes convinha valorizar o mercado como forma de integração de partes diferentes,
agora há mais: orientações específicas sobre como agir na gestão da chamada política
financeira. Parece óbvio que isso limita a soberania, não só a popular, mas a própria ideia de
democracia como expressão da vontade dos eleitores. Trata-se também, no entanto, de uma
forma de lubrificar as engrenagens de uma nova forma de acumulação sustentada pela lógica
do capital monetário. Isso nos interessará particularmente mais abaixo. Agora, no entanto,
convém destacar como agentes das classes dominantes europeias “redescobrem” a América
Latina nas décadas de 1980 e 1990, trazendo consigo um novo inventário de tecnologias
252
a Espanha passaria, então, a exportar capitais, inclusive como política ativa de Estado. As
concorrência com grupos de maior força vindos sobretudo da Alemanha (SÁNCHES DÍEZ,
América Latina a partir dos anos 1980, no conjunto de medidas que passou à história como
“ajuste neoliberal”, cuja capacidade de atração serviu para fornecer a capitais forâneos
externos diretos vindos da Espanha, sobretudo pela proximidade cultural entre as regiões
(BEJAR, 2002); c) a já aludida atuação promotora do Estado, responsável por medidas tais
“recursos humanos” com fins naquela atividade, por programas de instrução empresarial
365 Relatório da CEPAL revela que as empresas espanholas que puxaram os IED na região concentram suas
atividades básicas no setor de serviços. São elas: Telefónica de España, Banco Santander, Banco Bilbao
Vizcaya Argentaría (BBVA), Repsol – YPF, Endesa España, Iberdrola, Unión Fenosa. (CEPAL, 2001, p.
253
tamanho do mercado potencial da América Latina e sua potencialidade de crescimento, sendo
este importante fator de atração de investimentos externos diretos (IED) (RUESGA e BEJAR,
2008).
americanas a partir dos anos 1990. Dados da Comissão Econômica para a América Latina e
por movimentos internos na economia das nações. No caso em tela, a crise capitalista que
atinge a Espanha pelo menos a partir de 2007 causa importante impacto no volume de
investimentos entre aquele país e a América Latina, como vemos abaixo no relatório da
CEPAL produzido em 2008, o qual apresenta um panorama dos IED entre 2005-2007,
112). Dessas, as duas maiores, têm atuação destacada no financiamento do Instituto Fernando Henrique
Cardoso (IFHC) – sobre o qual falaremos mais abaixo.
254
que representou 29% dos investimentos europeus em projetos novos na
região e 29% do valor das fusões e aquisições europeias no período 2005-
2017. Alemanha (16%), Reino Unido (13%), Itália (12%) e França (11%)
são os outros países investidores mais destacados em projetos novos na
região. (CEPAL, 2018, p. 11)
Em que pese a crise ter sido severa na Espanha – cujos resultados políticos debilitaram,
permaneceu sendo a maior dentre os europeus, com montantes que chegaram a ser quase
duas vezes maiores do que os invertidos pelo segundo colocado - a Alemanha. Isso se deve
não apenas à continuidade da ação dos aparelhos estatais – ainda que de modo mais
diplomático do que propriamente “econômico” -, mas também à atuação cada vez mais
destacada de think tanks que fertilizam solo social latino-americano para as inversões de
255
desarrollo mundiales durante los próximos 15 años. Se plantean 17 Objetivos de
Desarrollo Sostenible (ODS) que incluyen poner fin a la pobreza en el
mundo, erradicar el hambre y lograr la seguridad alimentaria; garantizar una vida
sana y una educación de calidad; lograr la igualdad de género; asegurar el acceso
al agua y la energía; promover el crecimiento económico sostenido; adoptar
medidas urgentes contra el cambio climático; promover la paz y facilitar el acceso
a la justicia366.
coesão social, sendo este assunto frequente em suas intervenções no debate público.
espanhol em relação à América Latina. Tem como meta reunir chefes de Estado da
Con sede central en Madrid, la SEGIB fue creada con los objetivos de:
-Contribuir al fortalecimiento y la cohesión de la Comunidad Iberoamericana e
impulsar su proyección internacional.
-Colaborar en la preparación de las Cumbres de jefes de Estado y de Gobierno,
en estrecha cooperación con la Secretaría Pro Tempore, que recae en el país
anfitrión de la cita.
-Fortalecer la labor desarrollada en materia de cooperación en el marco de la
Conferencia Iberoamericana, de conformidad con el Convenio de Bariloche.
-Promover los vínculos históricos, culturales, sociales y económicos entre los
países iberoamericanos, reconociendo y valorando la diversidad de suspueblos.
espanholas na comunidade, é a tal coesão social novamente evocada. Logo debateremos sua
função política. Por ora, convém destacar que a SEGIB, a despeito de ter sido criada por
desempenhada pela costa riquenha Rebeca Grynspan, o que nos dá importante indício da
O EUROsociAL também é uma ação que conta com o apoio do Estado espanhol, por
Por fim, convém destacar outro ramo de atuação das agências do Estado espanhol,
precedente tanto a origem da noção quanto o uso que aqui empregamos para conceituá-la.
Tratam-se, pois, de aparelhos privados de hegemonia (APH’s), que, sob uma roupagem
Estado espanhol com APH’s latino-americanos não pode ser entendida de modo ingênuo, isto
cabo por tais entidades como a defesa do aprofundamento de relações capitalistas369. Sob
então, não sem idealizações. De acordo com a obra, aqui fonte de nossa pesquisa, a CIEPLAN
369A noção de desenvolvimento não é neutra. O trabalho de Bianca Imbiriba Bonente sobre o assunto politiza
o conceito, ao demonstrar como ele é utilizado para legitimar a reprodução ampliada do capital. Ver:
BONENTE, Bianca Imbiriba. Desenvolvimento em Marx e na teoria econômica: por uma crítica negativa
do desenvolvimento capitalista. Niterói: Eduff, 2016.
258
nasce como fruto de um projeto esboçado ainda no primeiro ano do governo socialista da
Unidad Popular (UP), dirigido por Salvador Allende e que seria golpeado em 1973.
Idealizada pelo então reitor da Universidad Catolica do Chile, Fernando Castillo Velasco, e
organizada pelo economista Alejandro Foxley, que se tornaria seu principal quadro e
referido, deveria se dar a partir de um ponto de vista dito “econômico”, com foco no
Sempre de acordo com a fonte, o desnível entre gastos e receitas nas contas do
governo foi o principal causador da queda dos níveis salariais frente à inflação de 300%.
Outra consequência teria sido o estouro da dívida pública (Idem, p. 16).
O golpe de 11 de setembro de 1973 deu início à intervenção da ditadura no meio
universitário. Na Universidad Catolica, o reitor foi substituído por um almirante da reserva
que levou a cabo uma operação limpeza nos quadros acadêmicos. O resultado foi a demissão
259
de muitos professores, o que forçou a CEPLAN a se tornar independente da instituição. A
entidade, então, agregou uma letra “I” em seu nome, a fim de enfatizar sua independência
em relação à Universidad Catolica e à ditadura (Idem, p. 17).
Do tempo de vida da entidade durante a ditadura, a Cieplan relembra confrontos
entre “cieplanes” e “chicabo boys” - porta-vozes do “experimento liberal ortodoxo de
orientação neoclássica e monetarista” (Idem, p. 18)
Com efeito, no governo de transição, a CIEPLAN teve papel central – inclusive com
seus membros ocupando postos no Estado. O trabalho de análise produzido durante a ditadura
e a formação de redes de conexões com dirigentes sociais, sindicais, empresariais, políticos
e acadêmicos, também durante os anos de Pinochet, ajudam a explicar a força e a legitimidade
política da organização no momento de transição democrática. Nesse momento, a política
econômica defendida pela CIEPLAN, então, girou em torno de um paradigma: continuidade
e mudança.
Continuidad en las políticas de profundización de la apertura
económica hacia el exterior. Y cambio, esencialmente en las políticas
sociales. El objetivo era combatir la pobreza resguardando el
260
equilibrio fiscal y sin caer en el populismo de satisfacer todas las
demandas sociales acumuladas por la vía de aumentar el gasto fiscal.
(Idem, p. 44)
publicada pel Cieplan, essa posição encontra eco maior na historiografia. Fundamentada na
261
interpretação de um dos principais trabalhos dos cieplanes censurados no período ditatorial,
a saber, Modelo econômico chileno: trajetória de una crítica, a avaliação de Patrício Silva
cieplanes e chicago boys, atesta que as diferenças eram muito menores do que desejariam
não teriam feito parte da trajetória da crítica – a qual teria se atido aos aspectos formais e ao
“revoluçaõ econômica”. A Cieplan, assim, orgulhosa de sua luta contra os Chicago Boys,
diferia pouco no essencial: assegurar nova vitalidade ao metabolismo do capital, por nova
importante guarda-chuva que abrigava, sob escolta do Estado espanhol, um pool de capitais
ocorreram no Chile a partir dos anos 1970. Assim, a abertura econômica que funcionaria, na
anos 1990, como polo de atração de IED para a América Latina, encontra precisamente na
A Cieplan voltará a receber atenção neste capítulo, quando falarmos, mais à frente,
da defesa da Coesão Social pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso. Agora, porém, cumpre
destacar como a noção chega à América Latina de modo a balizar políticas públicas na região.
É importante destacar o que até aqui se tem tentado demonstrar: a defesa da coesão social
262
não pode ser entendida sem referência aos interesses econômicos que perpassam as relações
entre Europa e América Latina, sobretudo a partir dos anos 1990. Isso posto, sua defesa da
coesão aparece como meio de se atingir o que seria um nível adequado de gestão de conflitos,
a fim de assegurar estabilidade social e institucional desejada para a garantia de IED que
Em 2006 foi realizado o XVI Cume Iberoamericano, organizado pela SEGIB e pela
seria central no encontro do ano seguinte, a ser celebrado no Chile. Como forma de preparar
inclusión y sentido de pertenencia em América Latina y el Caribe, cujo objetivo era balizar
prólogo é, ainda, assinado pelo secretário geral da SEGIB, Enrique V. Iglesias, ex-consultor
da CIEPLAN. Vemos, pois, como algumas das instituições aqui descritas participam da
elaboração do documento. Convém, então, sua análise, a fim de identificar que tipo de
políticas públicas são sugeridas, bem como sua possível conexão com determinações do
capitalismo na região.
o documento, tem sua história lembrada, sobretudo o modo como transitou do âmbito
Assim, ressalta-se a estreita associação entre o que passa a ser chamado de coesão
social e o desenvolvimento econômico, para o qual já há receita de “estabilidade financeira”.
A correlação entre os conceitos fica evidente mais abaixo.
No es necessário insistir sobre la importância que tiene la cohesión para el
funcionamento estable de las sociedades en general y de las latinoamericnas em
particular y, sobre todo, para em afianzamiento y perfeccionamiento de la
institutcionalidad democrática.
Sin embargo, conviene enfatizar esa relevância porque em muchas ocasiones el
razonamiento dominante tende a centrarse em el crecimiento económico – sin duda
de enorme importancia – dejando en un cono de sombra la relación de mutua
realimentación que él tiene com los processos de naturaliza social que explican el
fortalecimento de lo que acertadamente la CEPAL denomina el ‘sentimiento de
pertenencia’ como expresión de la cohesión social. (COHESIÓN SOCIAL, 2007,
p. 9)
coesão social nos espaços de formulação de políticas públicas na América Latina. Tendo
Esse translado coincide com o crescimento de IED na região, do que depreendemos algum
para refletir mais aprofundadamente sobre a hipótese que vertebra este capítulo, qual seja, a
do significado político de uma sociedade coesa em que reina o modo de produção capitalista.
Para fins de organização desta parte do texto, dividimos o que segue em subseções, as quais
versam sobre as questões presentes no documento e sobre o sentido e a forma de sua produção.
de empresas e grandes entidades multilaterais sobre o que é considerado como uma época de
A coesão social surge como tema prioritário quando a humanidade passa por
uma mudança de época e as próprias bases da vida em comum começam a ser
questionadas e corroídas. Há boas e objetivas razões para crer que nos encontramos
em um período de importante transição histórica e vivenciando uma profunda
mudança de ciclo na história da humanidade. (COESÃO SOCIAL, 2007, p. 7)
mencionadas de modo geral no parágrafo que abriu esta seção, surgem ou ganham novo
sentido em tal conjuntura, legando como desafio aos produtores do material a tarefa de
sem dúvida interessante investigar as próprias “transformações”, por ora nos interessa mais
refletir sobre a natureza das análises sobre transformações sociais, ou, em outras palavras,
existência.
265
A trilha percorrida pelos produtores do conhecimento aqui enformado em cartilha
seu próprio tempo capaz de estudar e instruir sobre transformações provocadas pelo advento
da sociedade industrial. Essa “nova” época que é a nossa demandaria, por conseguinte, se
não uma nova sociologia, pelo menos contribuição científica com potencial político
semelhante, qual seja, a de fornecer elementos para a construção da coesão social, este “tema
Esse raciocínio aparecer no início do documento indica não apenas o recurso dos
autores para reforçar sua própria posição, mas aponta também para o potencial legitimador
da própria ciência – no caso, uma ciência social, qual seja a sociologia -, bem como se seu
próprio Estado (POULANTZAS, 1978). Importa, neste espaço, destacar a forma como se
articulam práticas e interesses de think tanks e das classes sociais que são as razões últimas
de sua existência. Assim, é através do discurso científico e por meio de constantes apelos aos
representantes de sua classe que os think tanks extraem o sentido de sua prática, conforme
Uma reflexão que busque analisar documentos como os produzidos por essas
entidades, assim, deve estar atenta aos critérios e ao ambiente que pautam e vivificam seu
conteúdo e sua forma de produção. Do ponto de vista desses intelectuais, não interessa apenas
266
direcionamento eminentemente prático: formar e reformar Estados, elaborar e redesenhar
políticas públicas.
circuito que, nos think tanks estudados, forma-se: a dinâmica científica está ali presente, mas
tom significativamente maior, haja vista a presença física e a participação ativa de capitalistas
externo, dialogando com parte da bibliografia consagrada aos temas destacados no texto.
Figuram na lista de referência autores como Manuel Castells, Martins Hopenhayn, Gøsta
Esping-Andersen, John Rawls e Albert Hirschman. O estudo desses autores com quem se
abre o diálogo, bem como a concepção de sociedade e de Estado subjacente ao texto, revelaria
muito do seu propósito, como que determinando de modo indireto o rumo das discussões –
e, por conseguinte, das políticas públicas propostas pelo documento. Além disso, o recurso à
discussões produzidas por uma das entidades apoiadoras do evento e, por conseguinte, do
de uma entidade que, como outras tantas que competem com ela, procura oferecer assessoria
267
Neste documento, talvez pela sua finalidade – que preside a seleção tanto de objetivos
principais quanto a limitação de seu tamanho -, não se analisa com profundidade a história
do conceito de coesão social. Argumenta-se brevemente, contudo, que o ele foi pensado com
base “na tradição de cidadania das sociedades europeias” (COESÃO SOCIAL, 2007, p. 23-
24). A ideia, assim entendida, referir-se-ia ao estágio de plena integração dos indivíduos à
executivo da Cepal, dão-nos mais algumas pistas para se compreender a noção. O texto de
e 1985, sobre “a necessidade da ‘coesão econômica e social’” (IGLESIAS, 2007, p.14). Esta
entende por coesão: a estabilidade social. Sendo as sociedades produtos históricos, com
grau desejado de coesão social devem necessariamente ser historicizadas, isto é, pensadas
268
em acordo com as vicissitudes de uma determinada formação social. Assim, partindo do
entende que, em seu tempo, a coesão social não pode mais ser atingida somente por táticas
que a CEPAL chama, com acerto, de ‘sentido de pertencimento’, como expressão da coesão
social” (idem).
democrática (MACHINEA, 2007, p. 10). Assim, em que pese não haver “uma acepção clara
do conceito de coesão social”, o sentido mais aceito busca dar conta da sensação de “pleno
é desdobramento de uma sociedade percebida como mais justa e solidária, sem grandes
retribuições coletivas.
pertencimento “constitui um eixo fundamental das diversas definições de coesão social. Esse
disposições dos que integram a sociedade” (COESÃO SOCIAL, 2007, p. 26). Em outras
palavras, trata-se sobretudo da expressão cultural que indica a existência de um grau mínimo
269
É o caso de formações sociais povoadas por comunidades menores com sentido de
integração grupal em micro-escala não pode sobrepujar os verificados em sua relação com o
código de leis, às normas sociais e às autoridades constituídas que daí usualmente é derivado.
A coesão social, posto isso, é um horizonte almejado para a região. Isso por ser
fundamentalmente útil. O tom de sua utilidade é dado pelo secretário executivo da Cepal.
A CEPAL vem, desde o início dos anos noventa, estruturando uma visão do
desenvolvimento adequado a um mundo globalizado de economias abertas. O
objetivo é propiciar sinergias positivas entre crescimento econômico e eqüidade
social no contexto da modernização produtiva. Também se atribui especial
importância aos objetivos orientados para o aumento da competitividade, o zelo
pelos equilíbrios macroeconômicos e o fortalecimento de uma democracia política
participativa e inclusiva. Nesse contexto, a reflexão que a CEPAL faz neste livro
traduz o propósito de dar à coesão social maior representação, identidade e
profundidade, permitindo que se torne um importante guia das políticas públicas
(MACHINEA, 2007, p. 9-10)
“além da sua inegável relevância ética em razão da equidade, tal coesão também é importante
governabilidade” (idem). Machinea destaca, assim, a concepção que preside sua análise da
ordem social democrática e o desenvolvimento econômico: são pares que, embora não andem
ainda, a correlação entre coesão social e desenvolvimento econômico aludida acima. É de tal
270
articulação que se perceber mais claramente sua finalidade: ser um meio para maiores e mais
(...) definida nos termos descritos, a coesão social é, ao mesmo tempo, um fim
e um meio. Como fim, é objetivo das políticas sociais na medida em que estas
visam a que todos os membros da sociedade sintam que são parte ativa dela, como
contribuintes para o progresso e seus beneficiários. Numa inflexão histórica de
mudanças rápidas e profundas precipitadas pela globalização e pelo novo
paradigma da sociedade da informação (Castells, 1999), a recriação e a garantia do
sentido de pertencimento e de inclusão são, em si mesmas, um fim. Mas a coesão
social também é um meio, e em mais de um sentido. Por um lado, porque as
sociedades que ostentam os níveis mais altos de coesão proporcionam um melhor
marco institucional para o crescimento econômico e agem como fator de atração
de investimentos por oferecerem um ambiente de confiança e regras claras
(Ocampo, 2004). Por outro, porque as políticas de longo prazo destinadas a igualar
oportunidades requerem um contrato social que lhes dê força e continuidade, e um
contrato de tal natureza supõe o apoio de uma vasta gama de atores dispostos a
negociar e alcançar amplos acordos. Com essa fi nalidade, os atores devem sentir-
se parte do todo e dispostos a ceder em seus interesses pessoais em benefício do
conjunto. A maior disposição dos cidadãos de apoiar a democracia, participar em
assuntos públicos e espaços de deliberação e confi ar nas instituições, bem como o
maior sentido de pertencimento à comunidade e de solidariedade com os grupos
excluídos e vulneráveis facilitam a celebração dos pactos ou contratos sociais
necessários para respaldar políticas orientadas para a consecução da eqüidade e da
inclusão” (p. 26).
analisado - quais sejam a luta pela igualdade de gênero e raça; a defesa da cidadania ampla;
o combate à miséria, etc – do fundamento político que lastreia sua construção como
problemas sociais e encaminha uma forma específica para sua resolução: a preocupação com
estrutura econômica sem levar em conta a genuína preocupação social que dela vem a
reboque seria um erro; mas o seu contrário, isto é, considerar a política social sem
271
introjeção das normas sociais e uma ação prática correspondente com esses valores. A partir
hierarquias mais ou menos implícitas, seus padrões de relações sociais, suas normas vigentes.
determinada. Tampouco se pode considerar que tal forma social é neutra, do que se extrai seu
reprodução capitalista.
Para atingir esse objetivo, políticas públicas devem ser pensadas para atuarem sobre
entre representantes e representados, etc. O folheto ora analisado tem como finalidade,
casos se requerem recursos e vontade política que possam diminuir as lacunas em matéria de
exclusão” (idem).
272
A análise pormenorizada da realidade latino-americana, por conseguinte, não
corresponde unicamente às idiossincrasias do metabolismo social típico dos think tanks. Diz
daquele de onde ela foi originada – diz, ainda, muito sobre os interesses daqueles que
importam tal tecnologia. A noção de coesão social, assim, embora desenvolvida na Europa,
que ela expressa e garante. Para isso, entretanto, é necessário respeitar as especifidades da
Assim sendo, as balizas para dimensionar o grau de hamornia social, a qual seria
expressão de uma sociedade coesa, derivam das especificidades de uma realidade concreta.
Em outras palavras, a ideia-força que é coesão social, tal qual formulado na Europa, serve
de inspiração e mesmo orientação, mas jamais como definição acabada do que se deve fazer
tela são qualitativamente distintas. É também daqui que se extrai a importância do estudo
sistemático das questões latino-americanos, bem como dos desafios que elas interpõem aos
mecanismos de solidariedade.
Como vimos, por requisitos específicos do discurso científico, uma visão prestigiada
sobre a dada realidade social demanda diálogo bibliográfico com os pares. É dessa forma que
273
se extraem o que se consideram condições necessárias para a coesão social na região. Como
que se entende por particular do ambiente latino-americano e seus desafios para a coesão
histórica da região colocam desafio ao potencial agregador do mundo do trabalho. Visto como
fiador de pactos sociais, a esfera produtiva em suas novas realidades poderia servir ao seu
contrário, isto é, ao esgarçamento do tecido social. Isso porque “(…) o desemprego crescente,
instabilidade, entre outras”, são vistos como limitadores da coesão social na região
274
outras palavras, identifica-se como um óbice potencial à coesão social latino-americana a
conjunto de fatores que vão do legado histórico aos aspectos culturais que fundamentam os
marcados pela diferença racial, étnica e cultural” (COESÃO SOCIAL, 2007, p. 19). O
problema fica especialmente agravado por ser essa região intensamente “pluriétnica e
formas de discriminação ou exclusão” (idem). Por outro lado, a questão de gênero mereceria
âmbito do trabalho reprodutivo, as mulheres. Tais grupos atingidos pela desigualdade oriunda
de padrões específicos de identidade, assim, sofrem com menor ingresso de renda, mas
também com a falta de “reconhecimento político e cultural de seus valores” (idem). Uma
sociedade com cidadania completa e inclusiva e que esteja atenta a essas questões, portanto,
acordo com a publicação, “o fato de o privado exercer maior influência do que o público e a
autonomia pessoal impor-se à solidariedade coletiva é acelerado tanto pela economia quanto
pela cultura midiática e pelo papel mais relevante do consumo na vida social” (COESÃO
275
SOCIAL, 2007, p. 19). Disso decorrem dúvidas sobre “como recriar o vínculo social, desde
19-20). Esse laço seria especialmente importante para a integração social que impediria, na
sociais com base em identidades variadas, tais quais “mulheres, grupos étnicos, jovens,
camponeses sem-terra, ecologistas, grupos de bairro, entre outros”, teriam tornado o vínculo
entre política e cultura tanto mais “candente” quanto “problemático” (COESÃO SOCIAL,
2007, p. 20-21). A tarefa, portanto, é observar essas novas formações grupais, sobretudo em
realmente existente entre a ordem simbólica – isto é, as leis e as normas oficiais – e a ordem
jurídico na região. Para o texto, nota-se, ainda, o acesso discriminatório à justiça, aos
benefícios sociais, às políticas públicas, etc. Tais fatores degradariam “a ordem simbólica,
276
Disso se desdobra também a existência de lacuna entre o “de jure e o de facto”. Na
América Latina, “a igualdade é uma norma jurídica e um valor, não um fato e tampouco uma
de obstáculos à conquista e à manutenção da coesão social. Nesse caso específico, pela erosão
continuada dos valores e das normas jurídicas fundamentadas em um princípio que não se
verifica na prática. A reforma dos aparelhos do Estado, portanto, caminha junto com a
fundamental para se formar um índice específico de coesão social para a região. A experiência
política europeia, contudo, também deve ser levada em conta, sobretudo pelo histórico de
sucesso alcançado na região, no que diz respeito aos objetivos principais a serem perseguidos,
quais sejam o
então que o padrão a ser alcançado para se assegurar estabilidade social era determinado pela
“erradicação da pobreza” (idem). Esse princípio lançou as bases para, já no século XXI, se
sociedades coesas (logo ampliados para 21, em 2006). As balizas abrangem quatro áreas
277
quadro é atribuída, no documento, à inspiração de políticas públicas e agendas sociais daí
advindas (COESÃO SOCIAL, 2007, p. 30). O quadro abaixo, produzido a partir de dados da
fonte, mostra o resultado a que se chegou – e que ficou conhecido como indicadores de
Laeken.
complexidade” que impediria uma simples mimetização dos dados (COESÃO SOCIAL,
278
“política social”. Os mesmos indicadores, ainda, permitiriam sua constante avaliação, a fim
do texto avaliam assim as distancias entre as regiões, cuja diferença deve ser destacada para
Por um lado, há na América Latina mais de 650 povos originários que têm
culturas, religiões e modos de vida próprios. Por outro, segundo dados do Banco
Mundial,6 a União Européia tinha, em 2005, um PIB per capita calculado em
paridade de per capita calculado em paridade de per capita poder aquisitivo (PPA)
de 26.038 dólares, ao passo que esse mesmo PIB, na América Latina, era de apenas
7.575 dólares. Ao mesmo tempo, enquanto a União Européia apresenta um coefi
ciente de Gini relativo às rendas provenientes do trabalho da ordem de 0,32, esse
coeficiente é, na América Latina, da ordem de 0,53. Falamos, então, de uma região
rica e igualitária e de outra de rendas médias e mal distribuídas. (idem)
riqueza e sua distribuição – quanto de cariz cultural, sobretudo no que tange aos povos
que é menos regional e mais temporal, isto é, diz mais respeito à nova conjuntura histórica
renda, emprego, educação e saúde, outros elementos, “como as de habitação, pensões e hiato
digital. Isso significa admitir que a distribuição do bem-estar e das oportunidades transcende
a mera distribuição da renda proveniente do trabalho” (COESÃO SOCIAL, 2007, p. 32). Há,
portanto, preocupação com a formulação de vínculos sociais que perpassem não apenas a
satisfação das necessidades mais imediatas, mas também aquelas construídas pelo “estágio
de desenvolvimento” da região.
279
Aqui a interpretação que se faz da América Latina – acima exposta – ganha um sentido
no entanto, sobre os critérios e os objetivos a serem atingidos com a coesão social, os quais
Dada a coesão social ser determinada tanto no tempo quanto no espaço, pode parecer
do tempo histórico. Aqui, pela falta de dados cabais que dividam os elementos novos listados,
especificidades regionais e temporais aparecem combinadas. Ora, é o caso das questões que
substrato histórico, haja vista que a conjuntura vivida durante a produção do documento só
pode ser entendida como sendo produto de uma época marcada pelo passado recente de
regimes autoritários, da qual a região começou a emergir a partir dos anos 1980. Assim, a
fraqueza, tanto do que é usualmente chamado de cultura democrática quanto das instituições
políticas – e a fraqueza destas últimas deve ser entendida, claro está, pela sua capacidade de
governo talvez seja a principal. O regime é entendido como elemento necessário para a
construção de uma sociedade coesa, cujo resultado, por fim, seria o desenvolvimento
econômico e social perseguido. Assim, os autores recorrem aos dados coletados em pesquisas
incorporados na rodada de censos do ano 2002 e dados de 1996, ressalta a diminuição de 61%
para 57% do índice dos entrevistados que manifestaram preferir a democracia a qualquer
outro regime. De acordo com o IAD, Índice de Apoio à Democracia (PNUD, 2004, pp. 132
e 133), 43% dos latino-americanos definiram-se como democratas, 26,5% como não-
americanos. Aqui, o “desinteresse pela política” e o “repúdio aos partidos” ganha sentido
58-9).
281
Se as causas do desinteresse pela política podem ser atribuídas à pouca
política, a sociedade latino-americana perde poder de coesão social, na avaliação dos autores
do documento. Isso demonstra uma das potencialidades do Estado no continente: agir como
a crise dos Estados, por conseguinte, o que se vê aqui é a confiança em seu potencial político,
tanto que se lamenta a baixa integração entre poder político e sociedade. Eis mais um dos
elementos que deve ser trabalhado na América Latina, a fim de se dirimir óbices a sociedades
chega à região principalmente por influência das lutas dos povos originários por direitos e
reconhecimento político.
“raízes históricas e culturais” (idem). As políticas públicas devem tratar com atenção a
questão, entretanto, sobretudo pelo potencial disruptivo que delas emerge. Com efeito,
argumenta o texto,
tanto da democracia e suas instituições quanto do multiculturalismo. Que fique bem claro:
compreendemo-las como sujeitas a disputa, e sua conversão, para um lado ou para outro,
pode representar tanto desafios à ordem quanto mecanismos facilitadores de sua reprodução.
são propostas soluções. As atenções mais destacadas se direcionam para “três pilares da
mundo do trabalho, à educação e à proteção social. Tais áreas da sociedade são entendidas
283
áreas como alvo da elaboração de políticas públicas para a coesão, por conseguinte, revela a
potencial coesivo. O emprego é visto como meio de integração social não só por seus efeitos
distribuição da renda socialmente produzida, mas também por seus efeitos “culturais”, isto é,
trabalho. A partir de dados da Cepal (2001, 2002, 2003), lembra-se que “cerca de 70% dos
Tendo como horizonte a coesão social, crê-se ser necessário agir sobre o trabalho
informal, a fim de definir sua natureza jurídica, propor formas de organização e expressão
284
desses trabalhadores e elaborar novas formas de proteção social que os inclua (COESÃO
e a precariedade do trabalho”, cujos efeitos são deletérios para uma sociedade que aspira à
laboral.
285
Com esse problema em tela, alguns prognósticos são propostos. O que primeiro
p. 67-68).
Uma estratégia para lidar com o mesmo problema, mas que recebe maior atenção no
contrário, “de margens aceitáveis de segurança e flexibilidade oportuna para fazer frente a
novas situações” (COESÃO SOCIAL, 2007, p. 66-67). Em outras palavras, importa mais a
melhoria de vida efetiva dos trabalhadores. Nesse sentido, defende-se espécie de ajuste fino
286
que flexibilize o trabalho tanto quanto possível, sendo um limite da flexibilidade o nível de
Em alguns países que servem de amostra para a reflexão, a baixa quantidade e qualidade da
Dinamarca é o exemplo mais acabado: com alto grau de proteção e assistência. O curioso é
a relativa omissão das razões que permitem à Dinamarca a adoção do modelo: se uma
trabalho, etc.
econômico (idem). Em outras palavras, a reflexão se debruça sobre o problema laboral com
insistimos, a coesão social aparece, mais uma vez, como fiadora do desenvolvimento
capitalista, inclusive quando atua sobre áreas críticas objetivando melhora na sensação de
A educação é vista como fundamental para a coesão social, por difundir normas e
287
potencialmente contraditória, haja vista que em situações muito específicas pode funcionar
das relações entre educação e coesão social”, de modo que aqui tentaremos capturar essa
ambiguidade pela expressão das duas posições sobre o assunto que perpassam o texto
estudado.
socialmente mais vulneráveis, por sua inclusão no mercado de trabalho. Nessa ótica,
Ainda na avaliação de seus aspectos positivos para a coesão, a educação é vista como
constante transformação.
288
produtividade no trabalho, escasso acesso às ferramentas da vida moderna,
marginalidade sociocultural, maior vulnerabilidade das famílias em matéria de
saúde, e descontinuidade e baixos resultados da educação dos filhos (COESÃO
SOCIAL, 2007, p. 69)
quando convertido a polo de crise em uma dada sociedade. São listados três possíveis causas
de distribuição dos tais ativos simbólicos. A orientação para as políticas públicas passa,
portanto, pelo ajuste entre qualidade e equidade, significando que as melhores instituições
289
Do que se depreende que a subsunção das instituições de ensino à lógica do capital
não é apenas admitida como projetada, desde que acompanhada por instrumentos de inclusão
distribuídos. Essa é precisamente a preocupação que guia a crítica aos sistemas duais na
região:
permitir que os municípios “tomem iniciativas” para adequar “oferta e demanda” local. Da
forma como entendemos, o exposto busca legitimar o ingresso do mercado também na esfera
texto, uma otimizada alocação de recursos contribuiria com o fim das disparidades do sistema
Não há, por evidente, qualquer vestígio de entendimento da educação como direito.
Ela é tratada, ao contrário, como mercadoria cujos recursos para a produção deveriam ser
alocados de acordo com a criticidade do estágio do serviço. Essa é a ideia por trás do processo
290
modalidades de financiamento. E então ganha sentido a alternativa mercantil defendida nesta
seção do documento.
sob o prisma da coesão social, o maior problema está no fato de que uma
educação mais ampla gera maiores expectativas de acesso a melhores empregos à
saída do sistema educacional. O risco, por conseguinte, é que essas expectativas
se frustrem caso persista ou se prolongue a assincronia assinalada entre mais
educação e menos opções para capitalizá-la. Isso pode provocar maiores tensões
entre adultos e jovens, bem como uma percepção mais ampla de falhas na
meritocracia e uma confiança menor tanto no futuro quanto nas instituições de
integração social (COESÃO SOCIAL, 2007, p. 72).
a instrução de mão-de-obra. Por outro lado, os processos educativos devem estar vinculados
baixos recursos”.
Na avaliação do documento, a coesão social está ameaçada sempre que a lacuna entre
291
conhecida “fuga de cérebros”, como também pelo desmanche do tecido social por ação
daqueles que permanecem no país sem, contudo, obterem formas de ingresso no mundo
produtivo. A solução, assim, passa pela disciplinação da educação pelo mercado de trabalho,
apoio à mentalidade empreendedora deve ser entendida também nessa chave, como forma
qualquer vestígio de educação humanista, bem como qualquer espaço de reflexão que leve
do corpo social. A educação, por essa razão, deve se voltar para as diferenças, a fim de ensinar
a convivência coletiva sob os valores da igualdade. Igualdade aqui entendida, claro está,
como a igualdade de direitos e oportunidades, não uma igualdade social mais substantiva.
e disposições para com a sociedade que aprofundem a união dos laços sociais,
compreendendo que o mesmo se dá quando as diferenças não são pontos de disputa entre um
292
oportunidades de aprendizado se dê prioridade aos grupos que secularmente têm
sido mais discriminados e excluídos (COESÃO SOCIAL, 2007, p. 73).
educacional não deve ser pensada de modo desarticulado aos objetivos políticos e
potencial apassivador, ao restringir o trato da diferença ao trato das identidades. Com isso, é
bom que se esclareça, não queremos defender que tal conjunto de ideias e metodologias de
pesquisa seja necessariamente conservador ou, pior, reacionário; mas que, quando funcional
à harmonia social em uma formação histórica onde reina o modo de produção capitalista,
Elaine Behring e Ivanete Boschetti, a partir de uma chave interpretativa marxista, entendem
2008, p. 51). Dessa perspectiva, sobretudo desde o fim do século XIX a burguesia adota
particularmente exemplar, inclusive por cunhar a noção de “política social” a partir de 1873
(PIANA, 2009, p. 23). A questão social atinge novo patamar, ainda de acordo com as autoras,
organizados força recuos do empresariado, dos quais a constituição do welfare state é o seu
293
principal produto (BEHRING, BOSCHETTI, 2008). Desde então, essas vitórias proletárias
casos, como o brasileiro da década de 1980, com a instituição na forma de norma de medidas
No debate sobre pontos específicos da política social, há quem que enxergue nos
programas, para além de seus elementos mais propriamente de assistência, uma forma de
XXXX), outras linhas trabalham com a perspectiva da integração da sociedade enquanto tal.
Fernando Filgueira adota precisamente esta abordagem, cujos fundamentos teóricos tem
370 BEHRING, Elaine Rosseti; BOSCHETTI, Ivanete. Política Social: fundamentos e história. São Paulo:
Cortez, 2008 – 5. Ed. – (Biblioteca Básica do Serviço Social).
José Paulo Netto. FHC e a política social: um desastre para as massas trabalhadoras. In: O desmonte da nação
- balanço do governo FHC. Petrópolis, Vozes, 1999, p. 79.
PIANA, MC. A construção do perfil do assistente social no cenário educacional. São Paulo: Editora UNESP;
São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009
294
Do exposto acima, extrai-se que a seguridade social é dínamo criador de vínculos
entre pessoa e sociedade, já que desta se extraem formas de assistência social em fases de
formas de financiamento. Ora, segundo o argumento do autor, precisamente por ser solidária,
esforços dos indivíduos isolados, fabricando uma coletividade na qual o cidadão pode se
sentir amparado. O sentido político da proteção é, aqui, evidente. Funciona como espécie de
amarra que, ao atrelar destinos individuais e coletivos, torna os cidadãos mais dispostos a
primar pela excelência de seu funcionamento. Este processo tornaria a distribuição de renda
295
Como importam mais as sensações dos cidadãos do que a realidade social efetiva, o
modelo de proteção social não pode se basear no padrão clássico verificado nos Estados de
engendra, não pode ser atendida pela estrutura social latino-americana, do que se concluí
A recusa ao modelo do welfare state abre uma brecha que não pode ser preenchida
visão do texto, as reformas pró-mercado dos anos 1990 falharam em criar “novos marcos de
a curto e médio prazo, o emprego remunerado e formal não pode ser o único
mecanismo de acesso à proteção social. Um esquema que permita melhor
equilíbrio entre os mecanismos de incentivos e de solidariedade é necessário, e
medidas devem ser tomadas para fazer frente às mudanças demográficas,
epidemiológicas e da estrutura familiar (COESÃO SOCIAL, 2007, p. 75).
Temos, pois, que a proteção social idealizada deve, ao mesmo tempo, combinar
financiamento solidário e, no que diz respeito aos fundos por essa forma de contribuição,
entretanto, à lógica da otimização dos “ganhos”, o que não chega a ser surpreendente. Diante
disso, a proteção social aqui proposta se enquadra naquela que defende a lógica societal
pelas diferenças sociais a que ela dá origem. Por outro lado, diante da debilidade das contas
oferecer algum grau de proteção aos cidadãos, com seus efeitos políticos coesivos daí
297
derivados. A solução para a questão, portanto, passaria pelo estabelecimento de um sistema
Esse tipo de proteção social não resolveria, por si mesma, as limitações da cobertura
da assistência, posto que os benefícios sociais são em parte limitados a empregos formais.
na região, que é precisamente o défice das contas públicas. Assim, ainda tendo em vista a
[Um] aspecto crucial das finanças públicas é a carga tributária que tanto permite
ao Estado cobrir lacunas de proteção diante de riscos em setores mais vulneráveis
como, de modo geral, lhe proporciona recursos para aplicar em políticas sociais
que contribuam para maior coesão. Na América Latina a carga tributária ascende
em média a 17% do PIB, índice muito inferior ao de 41% da União Européia, 36%
da OCDE e 26% dos Estados Unidos (COESÃO SOCIAL, 2007, p. 79-80).
298
A avaliação é de que a América Latina taxa pouco a renda e a propriedade, com a
maior parte do tributo sendo de natureza indireta, incidindo no consumo. Há que se alterar a
governo.
Qualquer reforma nessa área, entretanto, não pode atacar a capacidade de reprodução
programas que combinem o menor custo com a máxima qualidade. Para tanto, alguns fatores
são observados:
social deve ter “prioridade contracíclica”, recebendo maiores recursos em fases de contração
área durante períodos de crise; ii) a seletividade ou focalização é vista como forma de se
(CEPAL, 2000, p. 32 e 33); iii) o último aspecto destacado é o caráter “intertemporal” das
finanças públicas, cujo orçamento é sujeito a oscilações que impõem atenção ao manejo de
uma adequada previsão dos compromissos fiscais futuros”, por conseguinte, poderia
“sacrificar a qualidade das contribuições para fins sociais, a fim de cobrir passivos que com
o tempo se vão tornando efetivos e crescentes, com o conseqüente efeito negativo na coesão
pelo governo podem comprometer o orçamento dedicado à política social, sobretudo se forem
crescentes e direcionados a verbas constantes, como gasto com pessoal. O ajuste fiscal, assim,
é visto como condição necessária para a reprodução continuada das políticas sociais e,
públicos nessas áreas. A proposta do texto, ainda que declaradamente mirando objetivos
similares, vai em outra direção. A fim de liberar o orçamento para o gasto social, defende-se
a desvinculação das receitas públicas. Essa proposta revela como a política social é
importante também para a burguesia, uma vez que, entendendo o orçamento como resultado
300
das disputas sociais, conclui-se que sua desvinculação abre campos de disputa pelas fatias de
orçamento “flexível” seja benéfico para a chamada questão social é admitir sua incorporação
A assim chamada coesão social é um tema caro ao IFHC, sendo essa importância
revelada pelo tempo e espaço dedicados à questão: nas intervenções realizadas pelo instituto,
o tema é frequente, sendo, inclusive, objeto de um livro lançado pela organização. Fruto de
um debate realizado sobre o tema na sede do instituto, em São Paulo, o produto foi um dos
sobre o tema nos marcos da iniciativa, do que se conclui que a presente reflexão padecerá de
detalhadamente precisamente ao livro editado por Bernardo Sörj e Danilo Martuccelli (2008),
acima mencionado. Ainda assim, o esforço de análise deste material específico está longe de
ser exaustivo, dada sua amplitude. De toda forma, ele constitui fonte improtante
informados de que o conceito de “coesão social” foi “elaborado pela União Europeia” a partir
301
desejável para a sociedade” (SÖRJ E MARTUCCELLI, 2008, p. 287), que se converteria em
necessidade de uma forma de sociabilidade que absorva os conflitos nos limites da ordem.
Em outras palavras, uma sociedade “coesa” deve estar apta a acomodar oposições – desde
que estas se pautem pelo respeito ao estabelecido, descartando os grandes debates daquilo
que Antônio Gramsci chamou de grande política (GRAMSCI, [1932] 2014). Assim sendo,
A coesão social nos tempos modernos não pode ser dissociada da mudança e
do conflito social. As sociedades modernas estão em mutação constante, o que
implica que elas geram permanentemente processos de desintegração das formas
de sociabilidade, abrindo lugar ao mesmo tempo para novos mecanismos de
integração nos quais a participação das demandas dos cidadãos desempenha um
papel central. (Idem, p. 291).
Há, no fragmento acima, a ideia de que o dissenso pode existir, desde que haja
seguimento da argumentação, admite-se que a ideia de coesão social defendida pela União
europeia, dadas a inserção do continente nos processos de globalização, com seus conhecidos
bem-estar. Nas palavras de Sörj e Martuccelli, a “coesão social” europeia “supõe uma
371 Em tradução livre, o conceito de coesão social é definido como a capacidade de uma sociedade assegurar
bem-estar a todos os seus membros, minimizando e evitando polarização. Uma sociedade coesa é uma
comunidade de ajuda mútua de indivíduos livres perseguindo interesses comuns por meios democráticos.
302
representação do passado imediato que, de alguma forma, pretende-se preservar” (idem.
ibidem). A absorção daqueles conflitos, potencializados por abalos nas estruturas econômica
e social, assim, aparece como de suma importância nos marcos de uma iniciativa
tal ordem que logo se estabeleceram parâmetros para dimensionar o avanço naquela direção.
acesso a serviços públicos, pretendiam qualificar o grau de “coesão” dos diversos Estados do
portanto, pode se transformar em objeto de políticas públicas, que têm como meta incidir
operacionalização do conceito de coesão social faz com que uma interpretação da realidade
europeia passe a ser vista como o horizonte de interesses coletivos dos participantes daquela
Disso parecem discordar os autores do documento analisado, haja vista que consideram que
mobilizar uma teoria e um marco analítico da dinâmica social” (idem, p. 288, grifo meu). Em
sua visão, tratar-se-ia, por conseguinte, de “uma referência normativa associada a critérios
operacionais em torno de indicadores (emprego, saúde, etc.) que são selecionados pelo debate
público, pelos políticos e pelos tecnocratas”. Poder-se-ia replicar que, dada as condições do
303
comprometida -, a universalização de pressupostos, como os contidos na noção de coesão
social, inevitavelmente impõe um marco interpretativo da realidade que supõe uma teoria
social ou uma tradição teórica dessa natureza, especialmente quando eles se convertem em
balizas de ação governamental – processo então em curso, como admitem os autores do texto.
É esse projeto que Sorj e Martuccelli importam para analisar a realidade latino-
americana, projetando ao mesmo tempo um futuro para a região. Para justificar a adoção
desse conceito normativo, assim, argumentam que essa interpretação sobre a América Latina
tenderia a colocar no centro do debate suas dinâmicas sociais e culturais, tão negligenciadas
289). Em que pese a aceitação desse objetivo, isso não significaria, para os autores do
analítico quanto político do conceito de coesão social para nossa região” (idem, p. 288),
gerais do que seja coesão social para uma rubrica latino-americana. Em outras palavras, trata-
fim de se diagnosticar “problemas” próprios da América Latina, que certamente não seriam
304
indicadores próprios para fundamentar a ação estatal “adequada”. A orientação dos
próprio da América Latina, ainda que seguindo “parâmetros similares aos elaborados pela
americana”, perceberemos que essa “tradução” aceita alguns cânones interpretativos, como,
qualidade de vida, ou mesmo um indicador relevante desse processo - proposição que não
está isenta de carga ideológica, como parecem entender Martuccelli e Sörj. Assim sendo, o
– e nem poderia -, mas sim de um conjunto de valores consagrados como indicadores de uma
modos de vida “adequados” feitas de “cima” para “baixo”. Por trás da proposta de “diálogo”
Latina – sem o qual os autores corretamente não veem sentido na discussão. O horizonte
305
democracia. Se a coesão social significa, em outras palavras, a manutenção do estabelecido,
o meio para se alcançar tal meta, entre nós, passaria pela consolidação democrática. Restaria,
claro está, perguntar aos partícipes da iniciativa o que eles consideram democracia, já que
esse conceito é polissêmico. De toda forma, ainda que nesse espaço não se possa detalhar
de coesão social.
vista que elas devem ser pensadas tendo aquele objetivo. Igualmente, também há esboçada a
preocupação com a formação das disposições políticas dos cidadãos. Dito de outra forma,
espera-se que suas expectativas sejam pautadas nos limites do estabelecido, de modo que a
“sistemas políticos e culturais” na agenda de uma democracia com coesão social. Tendo em
vista os objetivos do projeto acima mencionados, essa seria certamente uma forma de
contenção dos processos disruptivos ainda no seu leito de nascimento. Isso, porém, não é
tudo. Não se trata, aqui, apenas das expectativas revolucionárias e insurrecionais que
306
Essas mudanças no continente seriam identificadas por “análises sobre coesão social
nas sociedades contemporâneas” que enfatizam “as mudanças que estão dando lugar a um
se associando à
social. Assim, essa “opacidade geradora de angústia”, seria, ao mesmo tempo, um motor de
pretensamente novas, mas vistas como portadoras das tradições clientelísticas e nepotistas
coesão social. A batalha a se travar, portanto, seria sobretudo contra essa “tradição latino-
americana”.
307
Diante dessa individualização em curso, a sociabilidade patrimonialista
enraizada no Estado possui ainda uma enorme força, o que coloca em risco a
credibilidade das instituições democráticas, pois por um lado gera apatia,
frustração e repúdio pela política, e, por outro, fortalece em certos setores a visão
de que o Estado é um grande cofre, e que a única coisa que se deve esperar é a
chegada de algum líder com discurso de Robin Hood que proponha dividir uma
parte da pilhagem com os pobres. Em todo o caso, o reverso dessa incapacidade do
Estado de regular as relações sociais se expressa (...) na expansão de um enorme
espaço de atividades econômicas não legais que favorecem uma cultura de state
failure. E essas estratégias orientadas para a ilegalidade ou para a apatia diante da
política têm efeitos corrosivos igualmente importantes sobre a democracia (Idem,
ibidem).
o recurso para se garantir a “ação individual”, participativa e até crítica – desde que nos
limites da ordem.
institucional é uma varável importante na formação dos Estados e regimes políticos. Nesse
parece, portanto, temos aí um exemplo claro de como a luta por uma sociedade “coesa” pode
ensejar transformações na estrutura política a serem operadas por setores sociais organizados
ter em mente um modelo bastante específico de regime político a ser evitado. Tanto é que,
pobreza na região por “agentes antidemocráticos”. Assim, atentar aos modelos políticos
semântico, certamente têm muito a dizer (Idem, p. 231). No caso venezuelano, é o fenômeno
do chavismo que mais desperta interesse. Não tanto como “modelo a ser exportado para
outros países da América do Sul”, “ameaça” descartada por Sörj e Martuccelli, por
entenderem que o único Estado capaz de servir de guia para o subcontinente seja o Brasil,
região. Assim, enquanto persistirem essas “brechas”, a “coesão social efetiva e sustentável”
enfraquecem o bloco dirigente; e as falhas das democracias na América Latina, que não
permitiram a inclusão “econômica e simbólica” dos mais pobres, tornando possível o avanço
unidade em torno de um pólo, ‘o povo’, que fala com uma só voz, a do ‘líder’, ao mesmo
tempo que se situa em uma relação de forte e irreconciliável antagonismo com o restante das
Na contraface do que é considerado como falha temos detalhes do que seria uma
necessidade de maior articulação “nas alturas”. Ambas as propostas são abarcadas no âmbito
ex-presidente da Bolívia entre 2003 e 2005, naquele evento dedicado a debater a “liderança”
do Brasil na América Latina, acima mencionado. Com efeito, a discussão gira em torno da
372 FHC insistiu, durante a elaboração das contrarreformas do governo Temer, na importância de se “contar à
sociedade” o que se pretende, a fim de se “construir consenso”. O conselho aparece com frequência em
suas preleções nos eventos da Plataforma Democrática. Ver mais em:
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2016/10/09/internas_polbraeco,552476/entrevis
ta-exclusiva-com-fhc.shtml (acessado em 15 de julho de 2017, às 19:07)
310
governamentais, isto é, de se garantir maior perenidade e previsibilidade na ação pública. Ao
analisar mais detalhadamente o caso boliviano, assim, Mesa critica a política voluntarista dos
governos da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba), entendida como
ilógica, porque pautada em outros princípios que não aqueles tidos como “econômicos”.
lógica capitalista na política externa de uma democracia coesa. Não deve haver espaço para
outros tipos de integração que não a “empresarial”. Na mesma fala, fica claro ainda o
antagonismo existente entre a política interna dos países da Alba e a lógica empresarial
Fica evidente, assim, que a defesa dos valores democráticos recobre o combate a
Entendemos que não se enfrenta a coesão social somente com propostas de políticas
públicas mais adequadas ou eficazes – sem dúvidas centrais, e que não deixamos de
mencionar neste trabalho -, mas supõe também questionarmos sobre os mecanismos de
mobilização simbólica e política dos cidadãos, que são uma das condições de possibilidade
(ou impossibilidade) das políticas públicas e reformas do Estado (Idem, p. 293-294).
realidade. Sabemos que, nos últimos tempos, têm crescido a atuação mais propriamente
crescimento de impulsos disruptivos nesses “mecanismos”. Há, portanto, a crença que uma
Democrática e suas instituições promotoras. São propostas como essa que circulam pelos nós
democrática pautado pelos interesses do capital que seja capaz, ainda, de se reproduzir
estavelmente.
312
A relação do projeto com aqueles que o patrocinam pode ser aqui vislumbrada. Não
negócios? Com efeito, arece-nos particularmente claro que o apelo à noção de “coesão social”
casa perfeitamente com o cacoete conservador das classes dominantes latino-americanas. Ver
que o livro é, conforme sua folha de rosto, apoiado, dentre outras, precisamente pela CEPAL
interesses que, oriundos do Velho Mundo, chegam à América Latina, atingindo o IFHC, que,
Democrática. Se recuperarmos a reflexão que abriu este capítulo, teríamos que essa
democracia coesa seria um produto por meio do qual o consórcio dos dominantes na América
Latina – que não conta, obviamente, apenas com latino-americanos, mas também com a
pelo reforço e pela reprodução da divisão social do trabalho que é estruturante do capitalismo.
Não surpreende, portanto, o projeto contar com o apoio, inclusive financeiro, esboçado mais
Trata-se, pois, de tentar assegurar um solo social fértil para a reprodução ampliada do
313
4. O IFHC e o antipetismo (2014-2019)
A história que acompanhamos até aqui é a seguinte. O primeiro capítulo desta tese
versou sobre a natureza social dos tanques de pensamento e sua integração no Estado
capitalista. Ali pretendi demonstrar como, surgindo como condição de possibilidade das
divisões existentes nas relações sociais de produção sob o jugo do capital, aquelas entidades
constituem um novo canal de interação entre classes sociais e frações de classes dominantes
No segundo capítulo desta tese, mencionei que o IFHC era uma entidade
condicionada por duas forças principais. A dos grandes capitais, sem dúvidas. São eles que
pagam as contas da fundação. Mas também de sua proximidade ao PSDB. O terceiro capítulo
teve como tarefa demonstrar a troca de tecnologias políticas entre os nós da teia associativa
da burguesia. Vimos como o IFHC busca se tornar o principal agente de difusão, pelo Brasil
e pela América Latina, das políticas públicas concebidas sob o imperativo da coesão social.
Esta meta representa a busca por estabilidade política desejável ao capital, em uma era de
conflituosidade sistêmica.
quente da disputa política. Essa forma de inserção condicionará, por sua vez, tanto sua
atuação como tanque de pensamento – cujos aspectos mais gerais tentamos captar no
primeiro capítulo – quanto a adaptação que se fará às pautas da coesão social. É bem verdade
que, mundo a fora, a busca por sociedades coesas no capitalismo enfrentou dois constantes
condições sociais que assegurem a emancipação humana; e os que ansiavam por ver sua
314
dimensão de barbárie eclodir na guerra aberta. Aqui no Brasil os parâmetros da coesão social
particulares travadas pelos seus promotores limitaram não apenas o alcance, mas a própria
agenda coesiva.
sociais” de transferência de renda, cujo domínio simbólico do PT então era claro. Aqui
tornar campo desta batalha. Reivindicaram a autoria das políticas de integração racial.
tema em seminários realizados pela fundação. Na tentativa de construir uma forte base de
construir um equilíbrio entre aquelas partes – tomando como suas posições francamente
A derrota obtida na eleição de 2014 parece ter aprofundado este caminho. Seria
impreciso, contudo, defender que o PSDB tomou o rumo da extrema-direita após as eleições
de 2014. É verdade que a aproximação já ocorria antes, como revelara Xico Graziano nesse
ano374 - ele próprio tomaria aquele rumo com sua adesão ao bolsonarismo. Entre 2015 e
2016, a união foi quase celebrada. De fato, a derrota de Aécio Neves deixou o IFHC, no ano
374 https://jornalggn.com.br/partidos/xico-graziano-recoloca-psdb-no-caminho-da-legalidade/
315
Veremos, então, como a entidade planejou a construção de uma “alternativa de poder”,
progressivamente apoio dos extremistas de direita. Bolsonaro passou a surgir como sua
alternativas aos “extremos” PT e Bolsonaro. Não foi bem sucedido, e desde então, tanto
entidade quanto legenda tentam procurar um novo rumo. Este tatear tucano veremos nas
principais pontos de conflito em uma dada formação histórica. O conceito seria, assim,
encaminhando análise motivada pela perspectiva de sua resolução. Esta tem como traço
distintivo, ainda, a incorporação dos opositores, com o fito de normalização das contradições.
conflitos que podem ameaçar a estabilidade social – sendo esse o principal ponto de contato
que ameaçam a harmonia e a paz social. O trato da questão pelo IFHC, entretanto, enfatizará
316
a incorporação dos negros e negras à ordem do capital – o que se depreende pela total
Brasil. No livro, uma seção desenvolve análise do problema, evidenciando seus impactos
sobre antagonismos sociais. No trato da “questão racial” pelo documento, está enfocada uma
política pública então em amplo debate na arena pública nacional: a política de cotas, e
Nacional desde 2000, mas então entrava em fases decisivas para sua aprovação e posterior
originalmente proposto por Paulo Paim, deputado pelo Partido dos Trabalhadores - é
duramente criticada. Com o fito de apreciar o ponto de vista do IFHC sobre o problema, além
do encaminhamento para sua superação, convém recuperar o debate público que marca a
conjuntura de produção do livro ora analisado. A política de cotas versa sobre indígenas e
negros, mas nesta seção, por questão de recorte de pesquisa, analisaremos a questão sob o
prisma dos segundos, reservando o debate sobre a “questão indígena” para outro momento.
A polêmica sobre as cotas raciais estoura, no Brasil, a partir de 2001. Fora realizada,
e Intolerância Correlata, em Duban, na África do Sul. O evento reuniu mais de 2,5 mil
representantes de 170 países, incluindo 16 chefes de Estado e 4 mil representantes de 450 mil
317
surgido com encaminhamentos do encontro, sistematiza ações a serem adotadas por Estados
pelo acervo documental com entrevistas de membros do movimento negro constituído pelo
CPDOC/FGV, mostram que o debate sobre cotas raciais ganha fôlego nas rodadas de
identificam na ação midiática – balizada por duas críticas à proposta – importante veículo da
Assim, embora não tenha sido uma das principais pautas da agenda do novo
movimento negro brasileiro, a questão das cotas raciais é abraçada, influenciando a ação
política desse segmento social, a partir de então375. Seria um equívoco, entretanto, atribuir
375O movimento negro remonta ao período colonial da história brasileira, mas é sobretudo a partir dos anos
1970 que a interpretação benevolente da integração entre as raças, marca da suposta democracia racial que
existiria no Brasil, passa a ser contestada. O período da transição política da ditadura para a Nova República
marcaria, assim, uma virada para o movimento negro, não apenas nas suas concepções de Brasil, mas também
na sua forma de atuação, rumo à formação de organizações na sociedade civil com o fito de influenciarem o
processo de escolhas políticas no seio do Estado. Nessa conjuntura, a luta por ações afirmativas ganharia espaço
entre as lideranças negras (GOMES, 2012).
318
as cotas no Brasil. Isso porque a questão já era desenvolvida em meio à lideranças negras,
como Edna Roland e Ivanir dos Santos, cujas entrevistas disponíveis no acervo documental
marcados pelo racismo, como é o caso brasileiro, que lastreou a luta de parte significativa do
movimento negro pela adoção das cotas como instrumento de combate à segregação informal
a uma longa história no mundo ocidental, marcada pela escravidão. Esse legado traria marcas
condições de existência díspares. Estudos que buscam entender a questão para além do
padrões de existência que legitimam as condições dadas. Estaria aqui a origem do chamado
indiretamente responsável pelo estado da coisa. Além da escravidão, cujo lugar de destaque
é inquestionável, citam-se outras práticas e instituições, como a Igreja, que teria contribuído
2017, p. 61).
A defesa das cotas raciais, assim, visaria à transformação da usual identificação entre
319
da inclusão, isto é, a de propiciar, no interior do sistema existente, mecanismos de
Florestan Fernandes é recuperado por autores que discutem o tema de um ponto de vista
mecanismos para a participação racial igualitária nas estruturas de poder era um imperativo
negros e negras, criando representações suas em espaços tidos como privilegiados, a fim de
a existência per se desses espaços de poder. Assim, embora entendida como principal
bandeira dos movimentos negros a partir de 2001, a questão das cotas raciais não é ponto
pacífico entre os que lutam contra o racismo, sobretudo pelo seu aspecto reformista e
Verena Alberti há também espaço para críticas à matéria, seja por seu moderado alcance
transformador, seja por sua limitação aos grandes centros urbanos – ainda que estes pontos
Combate ao Racismo do Partido dos Trabalhadores, criada em 1995, e uma das principais
320
favorável às cotas, não só não as vê como solução para a questão racial, como também como
o que favorecia a dissolução dos laços de solidariedade grupal. Isso porque a cota, ao
encaminhar negros para a vida acadêmica, poderia reforçar o mito do esforço individual e da
como típicas do pensamento conservador representado por pessoas como Condoleeza Rice e
Colin Powell. (ALBERTI e PEREIRA, 2006, p.157). Por outro lado, o tema das cotas, nas
entrevistas produzidas pelo acervo da FGV, é considerado ainda como uma questão que não
alcança as “terras de pretos”. É a visão da maranhense Maria Raimunda Araújo, cuja fala
lembra que a população negra das zonas rurais não era, então, atingida pela medida – ao
contrário dos “negros da cidade”, que teriam, historicamente, melhores condições de vida.
Assim, embora defenda as cotas, enfatiza a limitação de sua aplicação e de sua efetividade
Congresso pelo então deputado Onyx Lorenzone (DEM-RS), preocupados com elementos
que favoreceriam a demarcação de terras quilombolas376. Segundo Tatiana Dias Silva (2012,
“racialização” do Brasil, com a consequente cisão interna do país pelo confronto entre raças
(MARTUCCELLI E SORJ, 2008, p. 260). Pode-se inferir, dessa forma, que, na conjuntura
marcada pela discussão do Estatuto de Igualdade Racial e um aspecto muito concreto de sua
redação, a saber, a política de cotas, o IFHC toma partido da oposição às cotas, sendo essa a
luz que delineia a discussão sobre a questão racial apresentada no texto. Se aquele horizonte
na coesão social pode explicar o posicionamento, o antagonismo forçado com o PT, de Paulo
Paim, responsável pela edição inicial do Estatuto de Igualdade Racial, não deve ser esquecida,
Igualdade Racial se inicia por uma reflexão acerca da construção de identidades das classes
dominantes brasileiras do século XX. Na letra dos autores, elas não teriam associado “suas
ênfase na migração e no cosmopolitismo de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, o fato
322
ideológica deixou de ser legítimo e foi substituído por uma cultura brasileira que afirma a
mais. Em relação às críticas direcionadas à Fundação Ford, entendemos que se trata de uma
afirmação da posição contra as cotas raciais que, insistimos, atravessa o texto. Isso porque a
referida entidade se destaca na promoção desse tipo de ação afirmativa pelo mundo, com o
conflitos sociais surgidos a partir das desigualdades raciais. Isso não significa, todavia, que
as posições entre IFHC e Fundação Ford – e “ONGs afiliadas” - sejam radicalmente distintas,
entre essas diferentes alternativas, responsáveis pelo constante aggiornamento das formas de
dominação no capitalismo377. Assim, no que diz respeito às duas entidades, a saber, o IFHC
377Do mesmo ponto de vista de manutenção do capitalismo, há outras posições críticas – talvez ainda mais
duras – ao papel desempenhado pela Fundação Ford, aqui também invisibilizadas. Refiro-me ao
movimento contra o assim chamado globalismo, supostamente representado por movimentos feministas,
323
e a Fundação Ford, consideramos que se tratam de divergências táticas para uma mesma
é o seu esforço, em conjunto com a The Open Society e a Kellogg e Ibirapitanga, de doação
cujo objetivo era, menos de mês depois de seu brutal assassinato, formar lideranças a partir
do “legado” da ativista; o que entendemos ser uma tentativa de captura apassivada das
e seus aliados, dentre eles o PT, na defesa da política de cotas raciais, dentre outras ações
tentativa de se “construir um novo ator histórico, afro-brasileiro, com sua memória própria
de vítima da história, imitando o modelo dos Estados Unidos”, algo criticável por imputar
elementos de origem africana na prática social no país. Para além do hipotético falseamento
negro e LGBTQI+, cujo objetivo seria “atacar as bases da civilização ocidental” e do “Estado-nação”. Ver
a esse respeito: ABDO, Camila. Interesse da Ford Foundation (e os valores investidos) nos coletivos
feministas. Disponível em: https://politicaedireito.org/br/2017/03/14/interesse-da-ford-foundation-e-os-
valores-investidos-nos-coletivos-feministas-imagens-e-videos/
378Ver, a esse respeito, FORDFOUNDATION, Fundos investidores internacionais e brasileiro se unem para
financiar a criação de lideranças políticas como Marielle Franco. Em:
https://www.fordfoundation.org/the-latest/news/fundos-investidores-internacionais-e-brasileiro-se-unem-
para-financiar-a-criacao-de-liderancas-politicas-como-marielle-franco/ (acessado em 12/06/2019, às
11:09).
324
objetivamente “brancos”, “negros”, “índios” e “miscigenados”. Tal dificuldade constituiria
óbice irremovível que tornaria qualquer política afirmativa direcionada a um daqueles grupos
conexões com as críticas ao projeto social defendido, na letra do documento, por “ONGs e
a democracia racial, ainda que com atenuantes, mostra-se interessante por supostamente
retirar as bases históricas que fundamentam a defesa daquela agenda política. Por conseguinte,
ainda que como um “mito”, defende-se que aquele discurso “fez com que no Brasil não se
resultado teria sido a maior harmonia social, o que tornaria tanto difícil quanto perigoso opor
Como é possível que o Parlamento brasileiro esteja discutindo uma lei que vai
na direção oposta da construção de uma identidade nacional aparentemente
consolidada? Exitem sem dúvida, como indicamos antes, distintos grupos de
interesse (intelectuais que acreditam que na falta de uma luta de classes é bom
recorrer à luta de raças, ONGs que alimentam esse discurso graças ao qual obtêm
recursos e status social, pessoas no governo que pensam que o custo desse tipo de
política é nulo e que o benefício político é alto), mas, por mais importante que seja
325
sua ação, é certamente um erro reduzir a presença dessa temática unicamente à
desses fatores. Na realidade, esse conjunto de demandas e atitudes reflete um
humor crescente da opinião pública que perdeu a confiança no futuro por falta de
crescimento econômico e baixa mobilidade social. Em resumo, e por paradoxal que
pareça, os questionamentos atuais sobre a nação brasileira não se alimentam tanto
de um passado oculto como provavelmente de um futuro incerto.
(MARTUCCELLI E SORJ, 2008, p. 262-3).
O racismo não é diretamente negado no documento. Ao contrário, reconhece-se sua
Os argumentos defendidos pelo instituto são similares aos esgrimidos, em 2010, pela
379 A proposta para criação de um Estatuto da Igualdade Racial foi oferecida, em 2000, pelo então deputado
Paulo Paim, do Partido dos Trabalhadores (PT-RS). Apresentada como fruto do debate do movimento negro, a
redação original do PL no 3.198/2000 reunia, em 36 artigos, encaminhamentos para as áreas da saúde, educação,
trabalho, cultura, esporte, lazer, acesso à terra e à justiça. Uma das novidades do PL foi a instituição de “cotas
326
prevalência do mérito em seleções públicas, o senador despacha contra as cotas, alegando
impossibilidade objetiva de definição racial no Brasil, dadas, por um lado, a sua inexistência
do ponto de vista biológico, e, por outro, a dificuldade de se demarcar linha clara de separação
entre brancos e negros, sobretudo pela indefinição do que seria o brasileiro “pardo” (SILVA,
racial no Brasil”380. Entendemos, assim, que a exclusão das cotas raciais do resultado final
o IFHC tomou partido, auxiliando a formular, inclusive, alguns de seus principais argumentos.
pararam por aí. Isso porque a sua exclusão do Estatuto da Igualdade Racial não interrompeu
a tramitação de diversos projetos de lei que pretendiam legislar sobre a matéria 381 . A
agosto de 2012, assim, recoloca na ordem do dia a polêmica que envolveu aquela ação
afirmativa382.
de 30% a 70% para afrodescendentes” em partidos e coligações para candidatura a cargos eletivos, medida que
seria ampliada para outras áreas a partir de 2002, com o apensamento, pelo deputado Pompeo de Matos (PDT-
RS), de cotas, em Universidades Públicas Federais e Estaduais, para estudantes negros e índios (SILVA, 2012,
p. 11).
380 Senado aprova Estatuto da Igualdade Racial, mas retira cotas para negros nas escolas. Ver:
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2010/06/16/senado-aprova-estatuto-da-igualdade-racial-mas-
retira-cotas-para-negros-nas-escolas (acessado em 10/05/2019, às 08:01)
381São os casos dos Pls 180/08, proposto pela deputada Nice Lobão, que pretendia a criação de cotas raciais,
para negros e pardos, nas universidades federais e estaduais e nas instituições federais de ensino técnico de
nível médio; 3627/04, de autoria do poder executivo, que pretendia reservar 50% das vagas para estudantes
que tivessem cursado Ensino Médio em instituições públicas de ensino; e 613/05, do deputado Murilo
Zauith, que pretendia estabelecer reserva de vagas para índios e seus descendentes. Desses, é o texto de
Lobão que prossegue em sua tramitação, incorporando as demais matérias até a sua aprovação, em agosto
de 2012.
382Vale exemplificar a virulência do debate sobre a questão por uma ação do então deputado Jair Bolsonaro
(PP-RJ). Então acusado de racismo após comentário, em rede de televisão, sobre Preta Gil, o parlamentar
reapresentou na câmara federal PL que pretendia reservar 50% das 513 cadeiras da casa para a população
negra e parda. Segundo o próprio, o objetivo da proposta era “ironizar” o que considerava a “indústria de
cotas no país”. Ver: CAMPANERUT, Camila. Acusado de racismo, Bolsonaro reapresenta projeto de cotas
327
Nessa conjuntura, em 24 de novembro de 2011, é realizado o debate “Raça e
cidadania no Brasil: a questão das cotas”, no IFHC. O evento reuniu, na sede do instituto,
Igualdade Social (Seppir) Luiza Barrios; Antônio Sérgio Alfredo Guimarães, professor da
debates realizados pelo instituto polemizam com posições mais ou menos assemelhadas no
espectro político, isto é, que, ainda que divergentes, concordem com o essencial, qual seja, a
Fabiano Dias Monteiro esteve presente para, além de representar o Viva Rio, APH
tentou oferecer um panorama dito acadêmico dos problemas suscitados pelas cotas raciais,
estrutural” no Brasil, e Roberta Kauffman, com fala contra as cotas raciais. Sobre a
participação das duas nos debruçaremos, bem como sobre os posteriores comentários de
Fernando Henrique Cardoso, a fim de melhor entender a atuação do iFHC no debate sobre
as cotas raciais.
pretender, ali, apresentar um “pano de fundo” que, segundo ela, é necessário ser
naturalização do racismo, em sua visão traço típico da sociabilidade brasileira. Uma das
329
O apagamento discursivo do racismo engendraria alguns “sérios problemas” para o
negro e sua integração na sociedade. O primeiro seria a atribuição de seus eventuais fracassos
suscitado pelo negro. Nesse caso, a insistência no mito da igualdade racial serviria para
como se a contradição fosse uma criação ideal, e não a interpretação de práticas sociais
efetivas.
Nós negros somos vistos como aqueles que constroem uma realidade falsa do
ponto de vista histórico e cultural, e consequentemente todo esforço que temos feito
nos últimos anos para pensar as políticas públicas fosse também um esforço
derivado de algo que não existe, ou esforço derivado de mera cópia de iniciativas
tomadas em outros países (idem).
histórico no Brasil, com suas conhecidas consequências sobre as desigualdades sociais e nas
interdições ao que seria o pleno exercício da cidadania no país. De acordo com ela, “se não
afirmativas levadas a cabo pelas gestões petistas, com ampla participação da Seppir. O que
popular nas instâncias de poder, inclusive de negros. Esse papel enxergado como sendo da
Seppir, qual seja, o de analisar os problemas brasileiros do ponto de vista dos negros, é o
330
veículo que legitima os esforços de defesa das cotas raciais, inclusive para a representação
parlamentar.
Assim, em que pesem os “avanços nos últimos anos (de gestão do PT)”, faltariam
conservadora anticotas, assim, restaria uma face do racismo brasileiro, que resiste em
Avançamos nos últimos anos (gestão do PT), mas ainda faltam pontos
estruturantes do racismo para serem combatidos. (…) Analisadas no conjunto, as
forças políticas do Brasil ainda são pouquíssimo inclinadas a considerarem os
limites do universalismo, da forma como ele se apresenta no nosso processo
democrático. E eu diria que esse universalismo ainda toma o sujeito branco como
o universal. (…) Por isso ser importante questionar esses argumentos a favor da
desracialização do Brasil; são argumentos sempre evocados quando se trata de
desconstruir os avanços que temos tido na inclusão dos negros. Até porque na base
desse discurso está a defesa do mando e do controle de setores que não querem
alterar essa ordem política que se constituiu com base em privilégios raciais dos
brancos. Vivemos no Brasil um tipo de discussão sobre a questão racial como se
grupo racial fôssemos nós negros e nenhum outro mais. As pessoas brancas não se
constituem enquanto grupo racial, e nesse sentido elas são invisibilizadas no que
toca à raça. Por isso surge esse universalismo que toma o branco como sujeito
universal “arracializado”, quando os racializados seríamos nós (negros). (…)
Todos os cientistas sociais sabem que os negros não poderiam ter constituído uma
identidade negra se não houvesse uma identidade branca, porque a construção da
identidade é relacional.
A fala ministerial, por fim, busca reafirmar os avanços do governo – e deve ser lida
sendo considerada a apologia que faz do próprio trabalho. Convém destacar, contudo, o fato
racial da história brasileira”, que tomariam somente o ser negro como sujeito racial, como se
331
também ela, uma análise racializada, mas pelo viés dos brancos. Tal análise desvela dura
crítica aos argumentos – e aos esforços práticos – dos setores “resistentes à mudança” das
desigualdades raciais, incorporados pelos combatentes das cotas raciais e de outras medidas
negros 385 . Seu ingresso no APH se deu precisamente na conjuntura aqui analisada,
sobretudo por seu engajamento e destaque público na crítica ao programa de cotas, que então
Universidade de Brasília (UnB) e adoção de critério racial para reservar àqueles grupos 20%
das vagas no serviço público do Estado do Rio de Janeiro, na época de governo de Sérgio
Cabral Filho (PMDB-RJ). Seu destaque na área, todavia, deve ser mensurado considerando
Senado do reitor da universidade, José Geraldo de Souza Júnior – convocação disferida por
Demóstenes Torres (então DEM-GO), precisamente o relator contrário à inclusão das cotas
384O Instituto Millenium foi fundado em 2005, com o nome de Instituto da Realidade Nacional. Chegou a ser
avaliado como o 33º mais relevante think tank da América Latina (MCGANN, 2015, p. 72), atuando,
segundo a sua fundadora, Patrícia Carlos de Andrade, para abrigar “formadores de opinião (...) apoiados
por empresários que querem defender o avanço de certas ideias. E estas ideias, elas só vão avançar se elas
se transformarem de alguma forma em política” (IMIL, 06.10.13: s./p). A entidade tem sido objeto de
interesse de historiadores e cientistas sociais por defender sistematicamente interesses empresariais na
“sociedade civil”. Sobre o Instituto Millenium, ver: .PATSCHIKI, Lucas. Organizar-se contra o povo: a
criação do Instituto Millenium (2005-2007) in ANAIS do XXIII ENCONTRO ESTADUAL DE
HISTÓRIA. Por quê e para quem?. São Paulo, 2016; PATSCHIKI, Lucas. Quem organiza a classe
dominante? Uma análise sobre os financiadores do Instituto Millenium (2013). In: Anais XII Semana de
História: Tempo, história e mundo da vida, Goiás, 2013.
385Ver: https://www.institutomillenium.org.br/etiqueta/roberta-fragoso-kaufmann/ (acessado em 11/05/2019,
às 11:23)
332
raciais no Estatuto da Igualdade Racial, acima comentado. Kaufmann teria sido uma das
“perseguidas”, ao lado de, dentre outros, Demétrio Magnoli, outro opositor ferrenho da
questão racial pelo viés da biologia, com o fito, em ambos os casos, de contestar a
constitucionalidade – e a justiça – das cotas raciais. Afirmando “não ser culpada por ser
branca” e ter “muitas amigas e dois ex-namorados negros”, a advogada enfileira frases de
efeito usuais aos defensores do mito da meritocracia, como o elogio do “esforço sobrenatural”
aparência da cor errada”, dispara, “não quero pensar minha vida a partir da minha cor, mesmo
porque tenho familiares negros e isso na minha família sempre foi muito natural”. A falácia
racismo por uma suposta igualdade de condições no interior de sua família - deve ser
conhecida pela promotora federal, de modo que a colocação pode ser entendida como efeito
retórico para buscar simpatia do público, em sua maioria composto de brancos de posições
preconceito”, insiste que a “constituição de direitos humanos não precisa passar pela
polarização. Pode-se criar direitos humanos universais sem negar preconceitos e o racismo”.
386GOULART, Nathalia. Reitor da UnB deve ir ao Senador em agosto para explicar perseguição ideológica
na universidade. Ver em: https://veja.abril.com.br/educacao/reitor-da-unb-deve-ir-ao-senado-em-agosto-
para-explicar-perseguicao-ideologica-na-universidade/ (acessado em 11/05/2019, às 11:31).
333
Isso evitaria, assim, o perigo do surgimento de um suposto “racismo institucionalizado”, com
a definição de um ordenamento jurídico específico para negros no corpo das regras universais.
verificadas nos Estados Unidos das leis jim crow e na Alemanha do Terceiro Reich, são
vista biológico.
É óbvio para todos aqui (no auditório do IFHC) que raças não existem. (…)
São apenas 10 genes que definem cor de pele de um grupo de 25 mil genes. Então
é perfeitamente possível que o mesmo pai e a mesma mãe tenham filhos de cores
diferentes. (…) Mostra-se que a cor de pele não quer dizer diante das
características gerais das pessoas.
reprodução efetivo do racismo, cuja discriminação é tanto causa quanto efeito dos traços
fenotípicos. Com base nisso, intelectuais vinculados ao movimento negro que estudam a
questão não derivam suas análises de raça de argumentos biológicos, mas enfatizam fatores
na formação dos preconceitos387. Com efeito, mesmo entre intelectuais brancos do século
caso de Henri Vallois que, ainda em 1966, considerava “raça” o “agrupamento natural de
óbice insuperável à formação de políticas de cotas para negros – insinuando, inclusive, que
se o critério de DNA para a determinação racial fosse adotado, o resultado poderia ser inverso,
com o que considera brancos sendo favorecidos pela reserva de vagas em instituições de
Uma pesquisa excelente feita por Sérgio Danilo Pena (…) chamada Retrato
Molecular do Brasil. Essa pesquisa me salva e salva eventuais pessoas que se
considerem branca da culpa de terem escravizado os hoje negros. Porque essa
pesquisa mostra análise de DNA que as pessoas que aparentemente são negras hoje
não necessariamente descendem daqueles que outrora foram escravizados, essa
pesquisa mostra (…) que negros hoje tenham ancestralidade genômica europeia
muito maior do que os brancos, já que só 10 genes definem a cor de pele. Então é
possível que brancos hoje descendam de escravos, e é possível que negros
descendam de senhores de engenho. Então o único critério objetivo para definir
uma política como essa é o critério de DNA, ou você eventualmente assumir os
ônus e os riscos da autodeclaração.
O objetivo de retirar os fundamentos históricos das cotas raciais parece acima bastante
explícito. Outro alvo é a formação dos assim chamados tribunais raciais, comissões de
Quando você cria políticas públicas com base em raças, você tem de inventar
um critério para poder legitimar essa política. É óbvio que quando eu faço de
inventar um critério, é muito fácil você se distinguir o 7,61% de pretos no Brasil,
o problema é identificar no Brasil quem são os 44% que são pardos. E aí que
estamos percebendo, na minha visão de uma maneira totalmente inconstitucional,
a criação de tribunais raciais, de composição secreta, em que a própria Sociedade
Brasileira de Antropologia lançou um comunicado que isso é o cúmulo do absurdo
você ter uma héteroidentificação, que a própria convenção de Direitos Humanos
da ONU disse que não é possível criar comissões para identificar a raça de alguém,
mesmo porque raça não existe. (Querer os Tribunais Raciais) é o cúmulo porque é
fazer ressurgir as ideias de Hitler das leis de Nuremberg de 1935, quando você
inventava critérios para definir quem é de uma cor, quem é de uma etnia, ou quem
é de uma origem e outra.
335
A proposta da advogada, que, insistamos, não nega a existência do racismo, ainda que
reduza seu impacto social, é a formação de cotas sociais – cujos principais beneficiários,
segundo ela, seriam os negros. A superioridade dessa medida, assim, justificar-se-ia por tratar
do problema das desigualdades raciais sem, contudo, acirrar contradições entre brancos e
negros.
Quando eu proponho cotas sociais, não é cota social para resolver os problemas
dos pobres no Brasil. A minha proposta de cota social é para resolver o problema
da falta de integração dos negros no Brasil, sem criar a polarização e o risco da
criação de identidades paralelas, porque esse risco existe, e o recrudescimento do
ódio e o discurso de revanche (também existem).
Roberta Kaufmann dá, assim, vazão a uma das principais preocupações demonstradas
no livro do iFHC, acima discutido: a formação de cisões no tecido social, motivadas pelas
aqueles que comporiam, de fato, as “raças” – já que a própria ideia de raça e as coletividades
que ela enseja são negadas como grupos componentes da que seria cidadão em geral. A chave
direitos particulares, que reafirmem e reforcem divisões sociais. No debate acima comentado,
àquelas defendidas por FHC e seu instituto, como delineado na intervenção final de Fernando
A luta é para garantir que hajam direitos universais. Não é para garantir que
hajam particularismos juntos. É para garantir que, havendo desigualdades,
produzam-se situações em que se possa alcançar a igualdade, até na lei. O medo
que tenho não é o debate (…), não há uma só forma de solucionar o problema, por
isso temos de ter criatividade. Mas tribunal racial é inaceitável porque reforça o
racismo, e a proposta é combater o racismo. (…) É importante que nesse embate
vejamos sempre os limites. É inaceitável negar a desigualdade racial. Por outro
lado, me parece que colocar na lei certas questões que impliquem critério de raça,
336
é perigoso. No dia em que se legalizar a raça entramos no caminho complicado
(FHC, 2011).
2011. O petismo vivia, então, seu auge, tendo apresentado robusto crescimento no ano
anterior (aceleração de 7,5 do PIB) e gozava de altas taxas de popularidade – com Dilma
contudo, não poderia representar um caminho radicalmente distinto. A tarefa, então, era
racial.
Dois anos mais tarde o ex-presidente voltaria ao tema. Em 2013, foi convidado a
PSDB, que na ocasião se lançava como grupo nacional. Ao avaliar a questão racial brasileira,
os horizontes da luta dos negros e negras e sua própria trajetória pessoal no enfrentamento
A luta, portanto, seria pela efetivação da democracia racial no Brasil, que o ex-
presidente reconhece, no mesmo discurso, só existir no plano das ideias nacionais. Isso,
388 https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/valor/2011/09/30/cniibope-popularidade-de-dilma-supera-as-
de-lula-e-fhc.jhtm
337
contudo, passaria pela já afirmada superação das particularidades derivadas das raças, com
(…) Quando você vê um branco de verdade, nós não somos brancos. Nossa
questão fundamental é que somos outra coisa. E temos de assumir que somos outra
coisa e com orgulho dizer que pertencemos a um país que é formado por uma
mistura muito grande, que não implica esconder identidade, mas implica dizer que
temos identidades variadas mas uma é maior: somos brasileiros e queremos viver
juntos (…) Martin Luther King, em seu discurso famoso, não faz uma pregação a
favor da separação, mas a integração. (…) A grande obra de Mandela foi, em um
país racista, tremendamente racista, num sentido pleno (…) afirmar a negritude,
mas também diz que tem de viver junto. Essa é a grandeza do Mandela. Não foi
formar um racismo, mas dissolver os racismos todos, principalmente dos brancos,
que são os mais racistas (FHC, 2013).
uma questão que já aparece no seminário e no documento acima discutidos, mas que, a partir
sobretudo no que diz respeito aos esforços para a “integração do negro”. Se acima ele
sua história na presidência se torna clara, quando são listadas suas realizações como
presidente.
O primeiro título de terra dado aos quilombolas dei eu, lá no Paraná. (…) Assim
como, quando Ministro do Exterior, eu vi que o Itamaraty à época era formado só
por brancos. (…) Criamos uma bolsa para preparar negros para entrar no Itamaraty.
(…) Também fiz um decreto para que no serviço público houvesse um espaço para
negros. (…) Então eu sempre apoiei que tivéssemos políticas compensatórias, que
houvesse um estímulo para que os negros pudessem participar. (…) Eu e o Hélio
Silva (na verdade, Hélio Santos) fizemos um longo trabalho, quando estávamos no
PMDB, para promover candidatos negros a vereador em todos os lugares que
pudéssemos, para capitalizar para o Hélio votos para deputado estadual. (…) O
PSDB tem a obrigação de defender essas teses (de integração racial). Não só uma
obrigação do ponto de vista racial, mas político, porque nós fomos os primeiros a
defender essas coisas, os primeiros a declarar publicamente que nós temos um
compromisso com os negros (FHC, 2013)389.
389Hélio Santos, importante liderança do movimento negro, evocado na fala de FHC, apesar do equívoco sobre
seu sobrenome, parece não ter juntado esforços ao ex-presidente na tentativa de construção da imagem de
um PSDB afro. Um ano depois deste evento, nos momentos quentes da eleição de 2014, Santos não só
declarou voto em Dilma Rousseff (PT), como ressaltou que o candidato tucano, Aécio Neves, não “tocava
no assunto” da questão racial. Ver: GELEDÉS. Hélio Santos diz que para negros ‘Dilma é melhor” Em:
338
Em que pese ser, então, ainda 2013, a preocupação com a eleição presidencial do ano
seguinte já era clara, haja vista a entrevista coletiva concedida pelo ex-presidente na saída do
encontro, quando as perguntas dos jornalistas tiveram no pleito o seu eixo comum. Discutia-
se, na ocasião, sobretudo quem seria o candidato do PSDB à corrida presidencial: Aécio
Neves (PSDB-MG) ou José Serra (PSDB-SP). A preferência pelo mineiro ficava evidente
nas palavras de FHC, que o tratava como escolhido “natural” do partido. Uma estratégia para
“frente” da luta pela “compensação aos negros”. Mais abaixo, veremos que, na mesma
conjuntura, mas na área da “questão social”, o IFHC agiu de modo parecido, tentando
Assim, ao longo desta pesquisa, insisti que o IFHC, embora, por óbvio, não se
apresente como tal, deve ser analisado como um APH, ao mesmo tempo, empresarial e
partidário – no sentido estrito da noção de partido, isto é, como órgão do PSDB, cujas ações
são também influenciadas pela direção estratégica da legenda. Assim, no livro e no seminário
analisados nesta seção, as posições do instituto, mais ou menos evidentes, têm nas posições
petistas o seu grande outro390 , o que fundamenta uma de nossas hipóteses iniciais de
investigação, qual seja, a de que o IFHC se apresenta à burguesia – classe que o financia e
para a qual ele se dirige prioritariamente – como alternativa para dirigir, no plano da
do Tucanafro, dessa vez de modo mais explícito. Em bate-papo com Juvenal Araújo,
militância negra do São Paulo, o ex-presidente reitera a necessidade de ações afirmativas que
integrem o negro sem despertar “particularismos”. Opina que no Brasil faltam “respeito” com
os negros e combate às “injustiças” derivadas das desigualdades raciais. Até aqui nada de
muito novo em relação ao utras intervenções de FHC no debate. Cabe a Juvenal Araújo, então,
expor aquela que talvez seja a principal razão da grande atenção dada à questão negra naquela
do partido, isto é, o próprio FHC: reafirmar o PSDB como alternativa ao PT, inclusive no que
O PSDB passou a nos enxergar de outra forma desde a sua palestra (de FHC)
nos dez anos do Tucanafro (acima comentada). O que é importante para nós agora
pensarmos é essa questão do resgate. O PT nos roubou, usurpou muitas bandeiras
nossas. Essa do negro precisamos resgatar. Em 1995 o senhor (FHC) criou o grupo
interministerial para tratar da questão da população negra, e logo no ano seguinte
foi criado o Programa Nacional de Direitos Humanos, mas com uma ênfase forte
na população negra. Ali naquele momento as ações afirmativas começaram a se
pensar muito fortemente a reparação, as políticas compensatórias...11 anos depois
a gente vê o PT fazendo decreto e piorando a forma de pensar...o senhor deixou
uma frase que a gente tá usando com muita lucidez, que é a ‘luta não é do negro, é
nossa’, mencionando a social-democracia...o próprio Franco Montoro criou o
conselho da comunidade negra, o primeiro órgão...então a gente tá vivendo um
momento de resgate da história maravilhosa (…) que o senhor deu para o país, não
só para o negro, mas o Plano Real, que nós entendemos que é um dos melhores
programas para a igualdade de oportunidades (ARAÚJO, 2014).
Quando assumi o governo criei logo uma comissão para tratar da questão dos
negros. Em seguida, medidas a favor dos direitos humanos voltados para negros e
para índios. (...) E o PSDB não pode perder essa bandeira. É preciso que o PSDB
entenda que isso é a formação de um Brasil democrático. É preciso maior
integração. (…) O PSDB não pode ficar acovardado perdendo bandeira para o PT.
Criamos o bolsa-escola. Eles formaram o bolsa-família, mas a origem fomos nós,
(…) nós começamos os programas de bolsa para compensar os mais pobres. Nós
340
criamos os programas de integração racial. Eu fui a Alagoas para comemorar o dia
de Zumbi, e foi colocado Zumbi no panteão da História Nacional, e eu fui lá
simbolicamente, para mostrar importância da referência negra. Como que o PSDB
não vai tomar isso com orgulho? (…) O Brasil nasceu para melhorar a condição
social do Brasil, e o Plano Real não foi para pobre ou rico, foi para todos, e foi bom
para todos, foi condição para que depois pudéssemos avançar em outras áreas. (…)
Essas bandeiras têm de ser do país, mas nós iniciamos esse movimento de resgate
do negro no Brasil (FHC, 2014).
A conexão entre essa elaborada história de lutas tucanas pela igualdade racial e os
problemas mais urgentes da época é realizada por Ivan Lima, com intervenção que elogia a
atuação de Aécio Neves, não apenas na promoção do Tucanafro, mas no trato do racismo em
Em Minas, Aécio Neves, quando era governador, ele então fez o primeiro e o
segundo seminário estadual de promoção da igualdade racial. Criou o primeiro
conselho estadual de promoção da igualdade racial, que tantos outros estados
depois criaram. Minas hoje é o único estado que tem uma diretoria de vilas e favelas,
que realmente trabalha em comunidades onde a maioria ainda é do povo negro.
Esse trabalho de Aécio Neves, enquanto governador, também criou programas
juntos aos quilombos, para que professores pudessem ser oriundos das
comunidades e pudessem lecionar para os quilombolas. Essa é a nossa realiadade
em Minas, (…) mas o senador Aécio sempre buscou essa igualdade racial, é o
principal entusiasta do Tucanafro. (LIMA, 2014)
Nossa oportunidade com Aécio é grande, não só por ter sido um bom
governador, mas por ter essa visão (a favor da igualdade racial). (…) Aécio tem de
demonstrar que a luta é a mesma, pela igualdade, pela democracia, e ele quem mais
encarna isso como muito vigor e com muita força. (…) Desde o século XIX tem
luta do movimento negro. Agora chega, né? Temos de completar isso aí. Acho que
o Aécio é o nome mais indicado para ajudar o Brasil nessa caminhada rumo a mais
igualdade e democracia” (FHC, 2014).
Instituto Fernando Henrique Cardoso. A defesa da coesão social busca incorporar, ao projeto
sendo a linha-mestra que guia o princípio de suas diversas frentes táticas. É por isso que
341
convém incorporar setores e bandeiras do movimento negro em sua agenda política, desde
como dínamo de resolução de uma contradição social, com sua consequente aclimatação aos
de coesão social.
entidade; estas, por sua vez, condicionadas pela oposição ao partido do governo no Brasil,
então o Partido dos Trabalhadores (PT). Desse conflito, surge o objetivo de se apresentar
como alternativa viável à condução do país pela via da institucionalidade política. A interface
em tela, por conseguinte, articula interesses de duas naturezas distintas; um, mais
outro, partidário, que, embora possa também ter contornos classistas, atende a critérios
PSDB analisado acima, no que diz respeito ao movimento negro. Há clara tentativa de
capitalizar votos em cima da agenda deve ser entendida como um esforço do partido para
longo dos anos 2000. Demandas de classe e especificamente partidárias, assim, imiscuem-se
no iFHC, sendo difícil a sua total separação. Melhor é entender a trajetória do instituto pelo
viés da articulação entre tais elementos. Se no capítulo anterior enfatizamos mais a atuação
da entidade na arena de classe, neste é a dinâmica da luta interpartidária que conduz a ação.
342
Neste sentido, a disputa pela questão racial não foi o único campo de predomínio
petista no qual os tucanos decidiram travar disputa pelas bases sociais. Em paralelo a trama
acompanhada acima, disputa similar seria travada pelo legado das políticas sociais – campo
claramente defensivo, que coincidiu com o auge dos governos do PT, os representantes
tucanos têm disputado a autoria das políticas de transferência de renda em uma narrativa que
colocaria as origens do Programa Bolsa Família (PBF) nos programas setorizados lançados
Vale-Gás.
O ponto alto do confronto se deu nas eleições de 2014. Os debates entre os candidatos
que transcorreram durante a preparação para o pleito formaram cenário da disputa, às vezes
encarniçada, entre, por um lado, Dilma Rousseff, que reivindicava o mérito petista pela
criação de mecanismos de transferência de renda e de proteção social, como o PBF, por outro,
Aécio Neves, que defendia ter sido o governo de Fernando Henrique Cardoso o verdadeiro
“pai” daquele sistema391. Nas hostes tucanas, a preparação para aquele confronto começou,
pelo menos, no ano anterior, com o IFHC tendo um papel importante no processo.
Em fevereiro de 2013, Dilma Roussef foi lançada candidata à reeleição pelo PT, em
pleito a ser realizado em 2014. Na ocasião, a petista argumentou que o partido “não herdou
nada” das gestões tucanas, mas sim “construiu” os pilares que sustentaram a boa fase vivida
pelo país. Na semana seguinte, FHC subiu o tom das críticas à presidenta e à sigla rival,
disparando que Dilma teria “cuspido no prato que comeu” e o PT, “usurpado os programas
391 https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,aecio-defende-paternidade-de-fhc-sobre-bolsa-
familia,1576919
343
sociais do PSDB”392. Poucos meses depois, em maio daquele ano, às vésperas da convenção
que elegeria Aécio Neves presidente da sigla com mais de 97% dos votos393 , o IFHC
na construção dos programas de proteção social394. Cito o documento, escrito por Xico
Graziano.
Econômico reproduzida pelo portal de notícias G1, do grupo Globo, o IFHC é colocado como
o protagonista dos esforços para derrubar tese de que Lula seria o pai de programas
sociais396. A reportagem indica que a ideia seria “unificar um discurso que rebata a tese
petista com precisão de datas e acontecimentos”397. Discurso que já estaria sendo “ensaiado”
por Aécio Neves, que, em declaração dada em março daquele ano, defendeu ser preciso “que
se respeite o passado. O Bolsa Família, quando foi criado em decreto de 2004, dizia claramente o
392 https://oglobo.globo.com/brasil/dilma-ingrata-cospe-no-prato-que-comeu-diz-fernando-henrique-7670460
393 http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/05/aecio-neves-e-eleito-presidente-do-psdb-com-973-dos-
votos-do-partido.html
394 https://oglobo.globo.com/brasil/instituto-divulga-texto-no-qual-diz-ser-legado-de-fh-protecao-social-
8403905
395 http://www.ifhc.org.br/fhc/fhc-hoje/políticas-sociais-no-brasil-pequena-história-dos-programas-de-
transferência-de-renda/
396 http://g1.globo.com/economia/noticia/2013/05/ifhc-quer-derrubar-tese-de-que-lula-e-o-pai-de-programas-
sociais.html
397 Programas como o de erradicação do Trabalho Infantil (PETI), em 1996, deram à transferência monetária
a famílias carentes, defende o texto. Na sequência, vieram ações como o Programa Bolsa Escola (1999),
Bolsa Alimentação (2001), depois unificados em um mesmo cadastro (CadUnico).
344
seguinte: estamos aqui unificando os programas de transferência de renda existentes, herdados do
conjuntura de crise que emergiu mais decisivamente após a reeleição de Dilma Rousseff, contudo,
pela atração de setores tucanos para a extrema-direita, como João Dória; quanto no plano da tática
política. Com efeito, sobretudo a crise econômica, mas também a crise de hegemonia evidenciada
a partir de 2015, mudaram o tom da ação política tucana. Aécio Neves abraçou francamente o
golpismo. Não reconheceu o resultado das urnas, exigindo recontagem de votos e, quando os
pelas urnas eletrônicas, em claro flerte com o conspiracionismo de extrema-direita que então era
eleitoralmente a base popular do partido, como ficou evidenciado pelo combate em torno da
autoria das políticas de “inclusão social” acima comentadas, as manifestações dirigidas pela direita
a partir de 2015, a adoção de uma agenda econômica ortodoxa, expressa pela indicação do
398 http://g1.globo.com/economia/noticia/2013/05/ifhc-quer-derrubar-tese-de-que-lula-e-o-pai-de-programas-
sociais.html
399 http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/04/aecio-defende-urna-eletronica-com-recibo-para-conferir-
votos-em-eleicoes.html
345
demonstraram ao partido uma oportunidade histórica poderia ter sido aberta. Para uns, como
Aloysio Nunes, importava fazer Dilma sangrar, minando as bases de apoio petista, criando um
declaradamente os esforços do senador Aécio Neves em encerrar o ciclo petista por quaisquer
meios, não descartava a necessidade de se aproveitar o momento para criar uma “alternativa de
novo mandato presidencial petista. Era 09 de março de 2015, e a presidenta eleita um ano antes
Aparecia ali, pela primeira vez com clareza, a tese que então passaria a ser repetida pelo
tese do cientista político Sérgio Abranches sobre o “presidencialismo de coalizão” que marcaria a
Nova República brasileira. Se este era determinado pela dispersão de siglas no espectro partidário
brasileiro, o que, por sua vez, forçaria a formação de grandes coalizões para conquista da
marca a engrenagem que uniria, no polo do poder político, frentes partidárias por meio da
400 Assim se expressou o senador e ex-candidato à vice-presidência na chapa de Aécio Neves, derrotada em
2014, Aloysio Nunes, em evento sediado pelo IFHC. Ver: https://fundacaofhc.org.br/debates/avaliacao-
das-perspectivas-do-novo-governo
401 Assim Sérgio Fausto, diretor executivo do IFHC, expressou-se em entrevista concedida a BBC, em 2018,
ao recordar a conjuntura em tela. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-42713238
402 A fala completa de FHC no evento está disponível neste link: https://www.youtube.com/watch?v=w-V-
fz6_LFk
346
embora uma manobra considerada legal, o mecanismo teria feito renascer uma espécie de
recursos públicos403 . As múltiplas crises que teriam irrompido em 2015, defende Fernando
Henrique Cardoso, não seriam, assim, casuais, nem tampouco produtos de flutuações da economia
internacional, conforme defendia Dilma Rousseff404. Seriam produtos necessários do jeito petista
Reinaldo de Azevedo, e seu uso pelo ex-presidente busca qualificar os governos petistas como
em espécie de culto à personalidade de Lula. Naquela quadra histórica, o termo também era usado
reuniriam as hostes da reação. Deste ponto de vista, se, por um lado, conviria qualificar os anos
petistas à frente do governo federal como um todo homogêneo – do que se tiraria a conclusão
lógica que a crise então vivida era produto direto e necessário do elogiado governo Lula -, por
outro, interessaria aos tucanos próximos a FHC a reabilitação de seu governo. Assim, o ex-
presidente criticou ainda, no mesmo evento, a versão que interpreta seu mandato como
“neoliberal”.
De acordo com ele, vivia-se então o reordenamento das relações internacionais, com a
403 As considerações sobre o “nacional-estatismo” redivivo, que parecem ecoar avaliações de historiadores
conhecidos, também foram tecidas por Sérgio Fausto, na entrevista acima referenciada em nota. Ver:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-42713238
404 http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/03/dilma-pede-paciencia-e-diz-que-sociedade-precisa-dividir-
esforco.html
347
valor. Esta orientação geral se traduziu, concretamente, em uma série de medidas de estabilização
monetária e abertura econômica, conduzidas tanto por ele quanto por Gustavo Franco, ex-
antevisto pelo senador tucano Mário Covas em 1989, tinha como objetivo aumentar a
setores da burguesia brasileira. O caso mais conhecido foi o conflito entre FIESP e setores do
governo FHC, sobretudo os que se agrupavam em torno de Gustavo Franco em defesa da sua
política monetária. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo de 1998, a central patronal, contando
com o apoio inclusive de setores da CUT e da Força Sindical, então pressionava o governo por
uma “política mais voltada à produção”, e o consequente abandono da política de defesa do valor
do Real, levada a cabo por Franco, que na prática tornava difícil a vida dos industriais brasileiros,
dada a competição internacional tornada ainda mais forte pelo baixo preço do dólar. Abaixo
Na verdade, já desde a década de 1980 estava claro que nós estávamos numa
situação complicada no Brasil. A nossa constituição foi aprovada em 1988, o muro
de Berlim caiu em 1989, aqui tinha uma confusão bastante grande, não havia muita
clareza sobre o que fazer e o que não fazer. De fato, a década de 1990 mostrou que
a chamada globalização estava aí, e as pessoas custaram muito entender... em 1990
estava claro, mas as pessoas custaram muito a entender que era um desafio de novo
tipo. Coube a nós [do PSDB] em parte tentar equacionar a situação... que que você
faz com o país que que cuja raiz fundamental da sua cultura é fechar economia... é
dar mais força ao Estado e o Estado dar a mão para o empresário por que ele cresça...
e aumentar o consumo... o que você faz um país quando ele de repente não pode
mais ser assim? Porque tem que abrir economia... a economia está toda inter-
relacionada, o setor financeiro nem se fala... as redes, não só sociais, mas
financeiras também... então o desafio era esse, e isso foi difícil de fazer... as pessoas
entenderem... aí qual foi a reação? Ah, vocês são neoliberais. Neoliberais coisa
nenhuma. Mudou o processo produtivo, mudou a tecnologia, mudaram os meios
de comunicação e você tem de se situar nesse novo mundo, não no mundo do
passado. A duras penas isso foi avançando, conseguimos alguma coisa...
trabalhamos com dificuldade, aqui é sempre com dificuldade, mas a coisa foi indo,
com várias crises, etc, com vários erros, etc, mas foi indo...foi indo405
405 https://www.youtube.com/watch?v=w-V-fz6_LFk
348
A crítica, então, volta-se para a chamada “nova matriz econômica”. Em operação já
manutenção dos instrumentos construídos nos seus anos à frente do Governo Federal. Os
processo teria sido operada por Dilma Rousseff, quando se tentou mudar as bases da estrutura
dos dois governos, FHC destaca que a base daquela nova política econômica foi a construção
bloco hegemônico”. Tratava-se do uso de dinheiro público para, do lado dos pobres, via PBF,
conquistar apoio eleitoral; e, do lado de “algumas empresas” (as “campeãs nacionais”), sua
logo interrompida e substituída pela expressão “Lava-Jato”. A tese de que o BNDES teria
sido usado como mecanismo de “repasse de dinheiro para ditaduras” ou “compra de apoio
406 https://www.youtube.com/watch?v=w-V-fz6_LFk
349
capturada pelo bolsonarismo e desmentida recentemente por apurações de auditorias sobre a
atuação do banco407. O recurso de FHC ao tema, aqui, já prefigurava a tentação que as armas
sua discussão sobre o Estado na América Latina dos anos 1960409. É intrigante, porque a
impressão que fica naqueles que estudam a história da sua fundação, marcada pelo convite
para que membros do Estado participem das reuniões, atravessada pelo contato direto com o
confiança em que seria o momento de agir para a construção de uma “alternativa de poder”
ao PT, então empossado para mais quatro anos na presidência, FHC parece contornar mesmo
Mello, quando, então tornado Ministro da Fazenda, teria enfrentado resistência no Congresso
às suas medidas. “Parlamentares diziam”, sempre de acordo com FHC, que “não existia ainda
Eu digo: olha, a única possibilidade de fazer alguma coisa é agora. Quando tem
governo, quer dizer, quando está organizado tudo, os interesses organizados não
deixam eu controlar inflação... (...) mas aí nós tivemos uma vontade política, uma
visão de que tinha que fazer e um programa... então empurramos goela abaixo, não
goela abaixo do país, mas goela abaixo do Congresso uma série de medidas que
em situações normais não seriam votadas.
“Goela abaixo” foi introduzido, entre 1993 e 1994, um conjunto de medidas que ficou
conhecido na época como Plano FHC, preparatórias para o lançamento de uma nova moeda:
o Real. A primeira delas foi o Programa de Ação Imediada (PAI), por meio do qual o
iniciado na década anterior, reativando, por este expediente, o serviço da dívida externa. Mais
próximo da implementação do Plano Real, veio ainda o Fundo Social de Emergência (FSE),
atual Desvinculação de Receitas da União (DRU), que permitiu ao governo o confisco de 20%
351
emergenciais”, na tentativa de formação do superávit primário defendido como necessário
Chama atenção o argumento proferido por alguém que dedicou bastante tempo a
correlação de forças eleitorais nem sempre se adjudica na composição relativa das classes e
frações de classe de uma sociedade – observação que deveria ser elementar em um país com
Se aqui este destaque é feito, porém, é porque o protagonista da narrativa é conhecido por se
Segue FHC
agora é mesma coisa, só que falta quem faça isto. O ministro Levy (Joaquim
Levy, então ministro da fazenda) é um técnico, não é um líder político, não vai
fazer isso, não vai... eu me lembro, Aloysio também se lembra, outros aqui
presentes também...eu era ministro da fazenda e era senador, líder do PSDB e do
PMDB, então tinha autoridade moral para enfrentar o debate no congresso... não
é... tem que fazer isso. Quero ver algum tecnocrata enfrentar os senadores... não
enfrenta. (...) a situação agora é imprevisível, mas haverá... a opinião pública vai
ter peso... vai ter peso nisso, porque a desmoralização simultânea do sistema
econômico e do político faz com que as pessoas.... começa essa coisa de bater
panela... vai ter peso, e em algum momento isso acaba afetando os que conduzem
a política. Não é que seja fatal que aconteça isso, mas não se pode minimizar essa
questão. Aloysio também disse com muita propriedade que a quem tem
responsabilidade política também não cabe acirrar um processo se não sabe onde
vai dar, mas você não pode também se eximir da responsabilidade de certos
momentos, dizer: “olha, tem que tomar tais e tais medidas, tem de juntar tais e tais
forças”... depende do clima que vai se criando. (...) Oxalá os próprios políticos
410 José Paulo Netto mostra como a implementação do Plano Real foi preparada por um conjunto de medidas
que retiraram recursos de proteção social, fragilizando a capacidade do Estado em perseguir
determinações constitucionais celebradas em 1988. NETTO, José Paulo. FHC e a política social. Um
desastre para as massas trabalhadoras. In: LESPAUBIN, Ivo (org.) O desmonte da nação. Balanço do
governo FHC. Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
352
percebam que têm que mudar as coisas...Oxalá entendam que têm que mudar as
coisas....e que alguma liderança política assuma o processo (...) que alguém ou
alguéns reajam contra isso... e refazer o que arrebentou agora...um outro bloco
capaz de sustentar o poder, e não é um bloco dentro do congresso, é na sociedade
com o congresso, e a justiça e a rua precisam botar mais pressão...mas a sociedade
e o congresso precisam refazer seu caminho para que seja construída uma nova
situação de poder....Quer dizer, tira e presidente da república... não adianta nada,
vai fazer o que depois? Você tem de construir um polo e ter uma visão do que dá
para fazer411.
A conjuntura ajuda a entender melhor a arenga de FHC às ruas, à Justiça e às panelas.
Em 2014, diversos grupos de extrema-direita foram criados. MBL, Revoltados On-Line, Vem
Pra Rua, alguns deles claramente golpistas, lideraram manifestações maciças, atraindo
Lava-Jato, o escândalo do Petrolão vinha à tona, com o STF tendo ordenado abertura de
evento comentado. Na noite anterior à fala de FHC, 8 de março, dia Internacional das
pedira “paciência” com situação econômica do país, sendo recebida na sequência por
direitas, nas ruas e nas janela e varandas, devem compor o “outro bloco no poder”, isso não
basta para compreende a natureza social deste novo arranjo. Fernando Henrique Cardoso é
principais trabalhos414 . Sabe que “blocos no poder”, conceito utilizado largamente pelo
411 https://www.youtube.com/watch?v=w-V-fz6_LFk
412 https://www.istoedinheiro.com.br/vem-pra-rua-faz-mobilizacao-em-recife-contra-decisao-do-stf/
413 https://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,cronologia-protestos-2015-a-2016,12157,0.htm
414 A referência à amizade está em entrevista concedida pelo ex-presidente e disponível aqui:
http://desigualdadediversidade.soc.puc-
rio.br/media/05%20DeD%20_%20n.%209%20-%20Entrevista%20FHC.pdf
353
intermediárias” certamente são um setor importante da pequena burguesia, aliada histórica
do PSDB e base importante de apoio ao governo FHC. Já a pergunta sobre quais setores
instituto um importante indício para se construir uma resposta. Sobre isso refleti mais
demoradamente no capítulo 3, ainda que no espaço tenha evitado conclusões por falta de
provas contundentes.
Restaria entender melhor quem deveria representar o “outro bloco” no nível político-
partidário. Aqui o céu desanuvia e as respostas parecem ganhar mais precisão. No evento
descrito, FHC instigava a “opinião pública”, as ruas, a justiça, além do próprio partido, a
mas também da liderança daquele “bloco” que apoiava e constituía o governo – substituindo-
o por outro. Do que se depreende a possibilidade de ser o próprio IFHC candidato ao cargo.
Não seria novidade. Anos antes, quando do lançamento da entidade, o ex-presidente alertava
não apenas à pequena burguesia, mas também aos setores empresariais. A crise do
“lulopetismo”, assim, parece ter indicado ao tucano a oportunidade há muito aguardada. Era
09 de março de 2015. Dilma Rousseff iniciara seu novo mandato há pouco mais de dois
meses.
em agosto daquele ano, impôs ao comando do país a coligação partidária derrotada em 2014,
354
mantendo o PMDB no governo, desta feita à frente. A identidade de projetos do plano de
governo pemedebista, a famigerada “Ponte para o Futuro”, e a agenda tucana foi reconhecida
Michel Temer, assim, para muitos significou a implementação do programa derrotado nas
urnas em 2014 – agravando o “estelionato eleitoral” cometido pelos petistas que, após
defenderem uma plataforma de governo nas eleições, praticaram outra no início do seu quarto
mandado presidencial415.
O embarque do PSDB no novo governo, contudo, não se deu sem revelar algumas
cisões internas, ainda que o partido então ainda se mantivesse razoavelmente coeso. As
disputas evidenciavam as contradições entre uma agenda de Estado, marcada pelo apoio ao
IFHC como centro de articulação entre setores sociais dominantes e a sociedade política
brasileira; e a luta partidária, já tendo as eleições de 2018 no horizonte. De acordo com Eliseu
Padilha, então ministro chefe da Casa Civil, coube a FHC o papel de “maior entusiasta e
reunião de cúpula que selaria o embarque do partido no governo, FHC defendeu a ocupação
de ministérios por membros do partido, reforçando, por este expediente, o grupo tucano
próximo a José Serra, que aspirava ter peso no governo417. Na conjuntura, por medo da
415 https://theintercept.com/2016/08/28/o-romance-entre-psdb-e-pmdb-na-ponte-de-volta-para-o-futuro/
416 https://www.nsctotal.com.br/noticias/fhc-foi-entusiasta-do-apoio-ao-governo-temer-afirma-padilha-0
417 https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,fhc-apoia-entrada-do-psdb-em-eventual-governo-temer-e-
reforca-posicao-de-serra,10000027977
355
defendiam tese contrária, alegando que o PSDB deveria apoiar a agenda econômica
reduziu a intensidade das disputas internas. Aécio Neves ainda era a figura pública da legenda,
República em 2014 apelava à união das forças políticas419 . Segundo ele, para além do
“ajuste fiscal” então implementado pelo governo pemedebista, era urgente avançar em
“Reformas Constitucionais” que haviam sido “descontinuadas” pelo “ciclo de poder” anterior,
então “vencido”420. A fala reforça, assim, aqueles que defendem ter sido o golpe de 2016
espécie de efetivação de “Ponte para Passado”, por pretender restaurar ataques mais incisivos
contra os direitos previstos na Constituição de 1988; período de ataques cujo maior símbolo,
para José Paulo Netto, teria sido precisamente o governo Fernando Henrique Cardoso421.
Por outro lado, ter sido Aécio Neves o responsável por assinar espécie de memorial tucano
do ano que se encerrava revela a posição de prestígio da qual o senador então ainda desfrutava.
O IFHC também teve seu butim no novo governo. Xico Graziano, que atuava na
parte de membros da organização, contudo, não foi o principal esteio de apoio à agenda
418 Idem
419 https://www.psdb.org.br/pe/ponte-para-o-futuro-por-aecio-neves/
420 Idem
421 NETTO, José Paulo. Op. Cit.
422 https://painel.blogfolha.uol.com.br/2016/05/16/ministro-da-industria-tentara-resgatar-poderes-da-pasta-
no-congresso/
356
governamental de Michel Temer. Concordando com as bases da “Ponte para o Futuro”, o
capital externo.
Parcerias e Investimentos (PPI), anunciado pelo presidente no primeiro dia de governo, ainda
durante seu mandato interino. Tratava-se de um generoso pacote incluindo portos, aeroportos,
evento, mediado por Sérgio Fausto, um dos principais porta-vozes do IFHC, reuniu James
423 http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/09/governo-temer-anuncia-concessao-ou-venda-de-25-
projetos-de-infraestrutura.html
424 http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/09/governo-quer-arrecadar-r-24-bilhoes-com-concessao-e-
privatizacao-em-2017.html
425 https://fundacaofhc.org.br/iniciativas/debates/investimento-em-infraestrutura-no-brasil-primeiras-
medidas-do-governo-temer
426 Na ocasião, o debate contou com financiamento da Ambev, Cosan, BM&FBovespa, CPFL Energia,
Bunge, Alfa Seguradora, Itaú, Pepsico, Natura, Telefônica-Vivo, IBM, ESPM e Votorantim; e com o
apoio da Rádio BandNews, Grant Thornton e da Livraria Cultura. Ver:
https://fundacaofhc.org.br/iniciativas/debates/investimento-em-infraestrutura-no-brasil-primeiras-
medidas-do-governo-temer
357
Stewart, diretor global da Área de Infraestrutura da KPMG, multinacional de auditoria e
Marcelo Allain detalhou o funcionamento do PPI, considerada pelo IFHC como “uma
das principais apostas do governo Temer para o país retomar o crescimento econômico após
dois anos de recessão”. Segundo ele, “o programa parte do diagnóstico de que, além do
esforço de fazer o ajuste fiscal, precisamos avançar em iniciativas que tragam investimentos,
apresentada pelo secretário, era utilizar “pouco” o BNDES, com financiamento nunca
superando a casa dos 50% do montante total. A ideia, assim, era privilegiar os capitais com
governo reforçaria o papel das agências reguladoras, bem como criaria mecanismos para
estavam planejados para serem realizados entre cem dias e um ano após o lançamento dos
editais429.
427 https://fundacaofhc.org.br/iniciativas/debates/investimento-em-infraestrutura-no-brasil-primeiras-
medidas-do-governo-temer
428 https://fundacaofhc.org.br/iniciativas/debates/investimento-em-infraestrutura-no-brasil-primeiras-
medidas-do-governo-temer
429 Idem.
430 https://kpmgbrasil.com.br/news/list?id=40
358
Trata-se, como se vê, no que diz respeito à sua interface de consultoria, de espécie de
mercado, apontando destinos e formas mais desejáveis para alocação de capitais. Faz sentido,
portanto, que a fala de Stewart suceda do representante do governo que disponibilizava, então,
problemas foram apontados à plateia. “Quando se trata de atrair investimento externo”, disse,
“o Brasil tem sido um mercado fechado”. Para mudar o quadro, conviria ao governo avançar
“mais reformas”, “dando apoio e correndo mais risco” para conseguir atrair investimento
o sítio do IFHC,
Nos últimos dez anos, a maioria dos governos (federal, estaduais e municipais)
recorreu aos PMIs para estruturar e licitar projetos de concessão e PPPs (parcerias
público-privadas). Isso tende a favorecer proponentes e “players” locais, mais
informados sobre os projetos, enquanto os estrangeiros só ficam sabendo das
oportunidades durante “road shows” ou quando os editais são publicados431.
A página virtual do IFHC destaca outros trechos da fala do britânico. Para Stewart,
“as ‘unsolicited bids’ são um pesadelo para os investidores estrangeiros. Eles não entendem
esta prática, que tem sido uma grande barreira ao investimento externo no Brasil”. Segundo
o IFHC, seriam ainda obstáculos para investimentos externos as altas taxas de juros
política também assusta, por isso o consultor sugeriu a criação, por parte do governo, de
431 https://fundacaofhc.org.br/iniciativas/debates/investimento-em-infraestrutura-no-brasil-primeiras-
medidas-do-governo-temer
359
mecanismos de garantias de investimento432. Tomando de volta a palavra, o representante
do governo concordou com a observação do britânico, mas argumentou que o ajuste fiscal,
motivado pela deterioração das contas públicas, dificultava a adoção de algumas medidas
sugeridas.
Destaco, aqui, a participação de um empresário – que pode ser notado porque, no momento
do debate, dirigiu uma pergunta à mesa. Trata-se de Juan Santos, representante de consórcio
espanhol para investimento em infraestruturas, composto pelas estatais Renfe e Adif, além
parcialmente vertidos em obras como a do trem de alta velocidade que ligaria Meca à
Medina434, Santos declarou estar acompanhando de perto o projeto brasileiro lançado pelo
432 https://fundacaofhc.org.br/iniciativas/debates/investimento-em-infraestrutura-no-brasil-primeiras-
medidas-do-governo-temer
433 Não tive acesso à listagem dos que compareceram ao encontro como ouvintes. Assim, só posso apresentar
os que fizeram perguntas à mesa na hora dedicada ao debate. Se de alguma forma, este grupo puder ser
considerado representante do todo, então teríamos que compareceram à reunião, além dos empresários,
políticos e intelectuais tucanos, representados por Andrea Calabi, ex-presidente do BB e do BNDES
durante governo FHC, e Alberto Goldman; além de porta-vozes de organizações sociais, principalmente
vinculadas à defesa das pautas ambientas, como exemplificado por Ana Carolina, da Nature Conservancy,
que, na ocasião, interessou-se por saber como o mercado enxergava a relação entre transformações nas
matrizes infraestruturais e as mudanças climáticas em curso. Ver em:
https://www.youtube.com/watch?v=mrd9T1WPBHM&t=1080s
434 O consórcio dirigiu todas as etapas de construção da via, do planejamento à execução da obra. Além
disso, adquiriu a concessão de exploração do serviço por 12 anos.
435 https://www.youtube.com/watch?v=mrd9T1WPBHM&t=1080s
360
A dinâmica da discussão apresentada, creio, é bastante reveladora de uma das funções
de influência nas políticas públicas, demonstrada pelo IFHC, é endossada pelas pesquisas
quantitativas levadas a cabo pela Universidade da Pensilvânia, que aqui utilizo como
termômetro do potencial político das instituições arroladas – ainda que rejeite as conclusões
e mesmo a concepção de think tank esgrimidas pelo laboratório de pesquisas. Atendo-se aos
dados, verifica-se que, de 2013 em diante, o IFHC passa a constar na lista dos think tanks
com maior capacidade de influência sobre as políticas públicas no mundo todo. A partir de
2014, alcança a segunda posição entre os brasileiros, superando o Cebri, mas mantendo-se
bem atrás da FGV, líder de longe em nível nacional e uma das mais importantes em nível
mundial436.
É tentador argumentar, diante dos dados acima expostos, que, a partir de 2013, a crise
de hegemonia do petismo abre espaço para a emergência do IFHC como um dos novos líderes
Creio que mais pesquisas seriam necessárias para que esta hipótese pudesse ser efetivamente
testada. A mera presença da entidade naquela lista, contudo, é reveladora da sua capacidade
436 O índex com todos os relatórios produzidos pela Universidade da Pensilvânia, de 2008 a 2019, está
disponível neste endereço eletrônico: https://www.gotothinktank.com/global-goto-think-tank-index
361
de influência nas políticas públicas – em outras palavras, de seu potencial de ação sobre o
instituto na disputa política nacional deve ser considerado relevante, do que os quadros da
iniciativa devem ter consciência, dado o volume crescente da sua produtividade437. Ainda
com os dados em mente, ganha outro peso a articulação realizada por FHC em favor de um
“poder alternativo” ao “lulopetismo”, comentada na seção acima; bem como se torna mais
entidade e, por meio deles e do IFHC, apresentou suas demandas a representantes do poder
político brasileiro.
Não seria exagerado, assim, considerar o IFHC um dos centros de articulação da tática
político do PSDB, não apenas em eventos públicos, mas também em reuniões a portas
fechadas – sobre as quais tudo que se pode fazer é especular438. Entender este think tanks
em questão nesta interface entre política para a sociedade e política para o partido é também
compreender que sua ação não se resume às suas atuações públicas, ainda que também nestas
362
Se assim for, o estudo do papel do IFHC na conjuntura de crise interna no PSDB pode
ser útil para que se compreenda melhor as disputas que ameaçaram rachar o partido a partir
de 2017. Não que tudo tenha começado com a irrupção de uma série de denúncias de
corrupção – e crimes ainda mais graves... – que tinham em Aécio Neves o alvo principal. O
marco é arbitrário, pois as contradições que emergem com força neste momento já estavam
maturando havia longo tempo; processo ocasionado, em parte, pelas sucessivas derrotas de
tucanos históricos em eleições disputadas contra os o PT. O “Novo PSDB” já crescia nas
entranhas do velho, mas foi preciso uma ocasião de grande impacto como aquela série de
frequências nas intervenções tucanas durante a crise do petismo, deu o tom das eleições de
2014. Pesavam contra o partido inúmeras denúncias, apresentadas não sem sensacionalismo
pela mídia empresarial e replicadas com voracidade pelas redes sociais e aplicativos de
Operação Lava-Jato. O pleito que marcaria a reeleição de Dilma Rousseff, assim, foi cenário
363
defendendo que “casos de corrupção no governo PT tem sido quase a regra”439. O PSDB
que o lançou candidato à presidência, Aécio Neves teve espaço para disparar contra os
Vimos que a estreita derrota sofrida naquele pleito paradoxalmente fortaleceu o PSDB
campanha, forçando o que chegou a ser considerado “terceiro turno eleitoral” mesmo por
“trabalhar para pôr fim ao governo” da presidenta Dilma Rousseff o mais rapidamente
possível442, ainda que, no interior do PSDB, posições diversas poderiam ser identificadas,
como acima ilustrado. A sedução do golpismo, entretanto, tornava Aécio Neves candidato
contra o senador já circulavam antes, ainda que reprimidas pela parca cobertura midiática
prestada443. Mas o patamar dos indícios apresentados pela justiça contra o ex-candidato foi
elevado subitamente pelo vazamento de um áudio, em maio daquele ano, entregue por
439 https://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/09/1513301-fhc-diz-que-casos-de-corrupcao-no-governo-pt-
tem-sido-quase-uma-regra.shtml
440 https://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/06/1470506-aecio-neves-diz-que-promovera-reencontro-do-
brasil-consigo-mesmo.shtml
441 https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/aecio-vence-dilma-no-8220-terceiro-turno-8221/pagina-
comentarios-2/
442 https://exame.abril.com.br/brasil/aecio-sinaliza-vai-trabalhar-para-por-fim-ao-governo-dilma/
443 Falar do caso do aeroporto.
364
Joesley Batista à Justiça por acordo de delação premiada. A fita evidenciava um repasse
Na parte mais chocante da gravação, Aécio Neves afirmara que o intermediador da negociata
deveria ser escolhido dentre pessoas que poderiam ser mortas antes de delatar o esquema445.
Tribunal Federal foi considerado o dobre de sinos de sua vida pública, selando “seu obituário
político”446.
do PSDB. João Dória Jr. foi quem mais se aproveitou deste espaço. Negando ser político e
se afirmando “gestor”, Dória ganhou fama após bater, em primeiro turno, o então candidato
da direita demonstraram grande capacidade de mobilização nas ruas desde 2015 até a
2018448. Na ausência de Aécio Neves, o novo prefeito de São Paulo parecia o candidato
mais capaz de capitalizar o antipetismo virulento que ganhou a cena com a dinâmica de
444 https://g1.globo.com/politica/noticia/audio-aecio-e-joesley-batista-acertam-pagamento-de-r-2-
milhoes.ghtml
445 https://oglobo.globo.com/brasil/grampo-revela-que-aecio-pediu-2-milhoes-dono-da-jbs-21353924
446 https://veja.abril.com.br/brasil/a-queda-de-aecio-neves/
447 http://g1.globo.com/sao-paulo/eleicoes/2016/noticia/2016/10/joao-doria-do-psdb-e-eleito-prefeito-de-sao-
paulo.html
448 https://blogdarose.band.uol.com.br/kim-kataguiri-diz-que-doria-sera-o-candidato-do-mp-a-presidente/
365
múltiplas crises instaurada a partir de 2015. Dória era considerado o perfeito “anti-Lula”
Enquanto Dória era alçado campeão da direita, Geraldo Alckmin trabalhava nos
bastidores. Sem o mesmo carisma do prefeito de São Paulo, o então governador do Estado
(Lide)451. Em meados de 2017, era inegável a disputa entre os dois tucanos em torno da
considerado mais moderado. Se João Dória Jr. se mostrava agressivo em 2017, dialogando
desde 2015, Geraldo Alckmin adotava tom conciliatório, sendo preferido pelos “caciques da
sigla” frente a outros tucanos tradicionais, como José Serra e o próprio Aécio Neves, vistos
como mais expostos à ação da Lava-jato453. Pelo menos assim defendeu o diretor do IFHC,
Sérgio Fausto, para quem o governador de São Paulo iria “bem na partida mesmo jogando
449 https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,doria-o-anti-lula,70001779856
450 https://istoe.com.br/o-furacao-doria/
451 O Grupo de Líderes Empresariais (Lide) reúne os CEO’s e diretores das principais empresas brasileiras,
que juntas somam 50% do PIB nacional Ver: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/03/1864021-
doria-diz-que-e-grato-a-alckmin-e-que-governador-e-seu-candidato-a-presidente.shtml e
http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/alckmin-faz-palestra-aos-empresarios-do-lide-sobre-
crescimento-economico/
452 https://noticias.r7.com/brasil/fhc-e-natural-disputa-entre-alckmin-e-doria-por-candidatura-11092017
453 https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/10/politica/1507647757_113301.html
366
fato do governador ser o pole position do partido obriga o prefeito a fazer manobras
arriscadas. Ele acaba se tornando mais conhecido nacionalmente do que um
prefeito novato seria, mas isso gera um desgaste454.
Era outubro de 2017, e a faltava pouco menos de dois meses para a convenção do
partido que anunciaria o candidato à presidência na corrida eleitoral do próximo ano. Naquele
mês, pesquisas de opinião haviam revelado que os eleitores de São Paulo entendiam que o
prefeito viajava menos do que deveria, em alusão crítica às incursões de Dória pelo país para
participar de eventos a fim de angaria apoio à sua própria candidatura à cabeça da chapa
tucana em 2018.
de fazer pelos mais pobres e não perder de vista as demandas de uma sociedade “plural”, em
que questões de raça e gênero ainda restariam por ser resolvidas455. Buscando demarcar
distância em relação aos setores da extrema-direita que exigiam prisão imediata de Lula,
então em julgamento por suspeita de corrupção, FHC reforçou a linha seguida pela legenda
na conjuntura, destacando que preferia ver o petista derrotado nas urnas456. Sobre o PSDB,
foram menos harmônicos457. Aécio Neves, isolado, foi ausência sintomática no palco do
internet já havia sido debatida, em evento realizado pelo instituto sob o nome da Plataforma
Democrática, em maio de 2016. Ocasião em que, com apoio do Open Society Institute e
fomento do National Endowment for Democracy (NED), a fundação recebeu dentre outros
e pautada pelas regras da democracia, alguns dos serviços online mais populares, como
Twitter, Flikr e Craigslist, foram idealizados por ativistas antiglobalização. De acordo com
Ortellado, assim, o desafio dos democratas frente à expansão e as ameaças do mundo virtual
rivalizam com a televisão e outras mídias tradicionais”, cuja regulação já estava estabilizada,
– mas também como uma arena sujeita à captura por instituições ou grupos que, mais
pesquisador citou indicação de que 80% das mensagens que circularam na internet na semana
459 https://fundacaofhc.org.br/debates/ativismo-politico-em-tempos-de-internet
460 https://fundacaofhc.org.br/debates/ativismo-politico-em-tempos-de-internet
368
alinhava “a duas narrativas de campanha”: ‘É golpe!’ ou ‘É corrupção!’. “Essas duas
percepção da importância de atuar nos circuitos virtuais. Como vimos no capítulo 2, desde
2011 a entidade já esticava seus braços sobre a rede, com o lançamento do site Observador
Político, com página na rede social Facebook destinada à “jogar um papel grande” nos
debates políticos em ambiente virtual462. Desde 2017, contudo, a atuação do instituto nas
destacada na preparação para as eleições de 2018, com encontros pensados para discutir a
situação da democracia na América Latina, bem como temas considerados polêmicos – o que
funciona como espécie de termômetro da movimentação social sobre tópicos tidos como
sensíveis.
presidenciais a serem realizadas naquele ano em alguns países da América Laitna – dentre
eles o Brasil - Sério Fausto, representando a voz do IFHC, analisa que a região vive
historicamente “ciclos” que expressam os países indo em uma ou outra direção. Após
mencionar os anos 60 e 70, marcados por ditaduras; 0s 80, pela crise da dívida e os 90 por
“reformas liberais” de estabilização econômica, Fausto declara que a América Latina viveu
um ciclo “mais à esquerda”, com, todavia, diferentes tipos de regime político, dos mais
461 https://fundacaofhc.org.br/debates/ativismo-politico-em-tempos-de-internet
462 https://www.tribunapr.com.br/noticias/politica/instituto-fhc-lanca-site-de-debates-na-internet/
463 Os dados referentes à iniciativa, a articulação do IFHC com outras ferramentas de interação virtual e
potencial capilaridade da organização foram discutidos no capítulo 2.
369
autoritários, como Bolívia e Venezuela, até os mais democráticos, como Chile e Uruguai,
passando pelos que oscilavam entre dois polos, como Brasil, do PT, e Argentina. O último
ciclo teria chegado ao fim com a “catástrofe humanitária” do “socialismo do século XXI”
Venezuelano e, no caso brasileiro, com a crise dos governos petistas, revelando o fracasso do
método de incorporação dos mais pobres ao mercado e ao consumo de massas. Para Fausto,
contudo, o tema da inclusão social foi “cravado” na agenda política da região. Novo ciclo:
Não se ganha eleição na América Latina se o social não está no centro da agenda.
O social tem mais importância que o tema da corrupção. (...) Para o grosso do
eleitorado, os dois temas que mobilizam são econômico-social, basicamente
emprego e renda, e segurança pública. Corrupção é um tema da opinião pública, é
um tema das classes médias, é um tema importante, mas que não é central464.
O diretor do IFHC, assim, ressaltava que a agenda potencialmente vitoriosa nas
inclusão social. Tratava-se da linha que a entidade assumiria no pleito seguinte, considerada
por Fausto como “uma eleição decisiva”. Geraldo Alckmin, ainda no início da campanha,
Vimos no capítulo 3, ainda, que a segurança pública já havia sido tema de evento no IFHC –
ocasião que reforçaria a tese de que o IFHC caminhou mais para a direita do espectro político
desde a crise do petismo, senão abandonando o mantra da coesão social em uma sociedade
464 https://fundacaofhc.org.br/dialogo-na-web/eleicoes-2018-para-onde-vai-a-america-latina
465 http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/03/psdb-lanca-pre-candidatura-de-alckmin-presidencia-
da-republica.html
370
punitivista introduzido mais largamente no senso comum pelas práticas e discursos do lava-
jatismo.
Havia, contudo, mais do que o PT para ser derrotado. Ciente de que o bolsonarismo
era uma ameaça real para as pretensões tucanas no pleito, FHC tomou para si a
representados por Jair Bolsonaro, então candidato pelo Partido Social Liberal (PSL), e
Fernando Haddad (PT). No dia 20 de setembro de 2018, o ex-presidente lançou uma carta
pública endereçada aos “eleitores e eleitoras” no Brasil. Tratava-se, enfim, de uma tática que
seria repetida pelas hostes tucanas desde então: apresentar o PSDB como espaço da
referindo-se ao atentado que, no mesmo mês, foi dirigido contra o candidato da extrema-
para pedir votos em Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à presidência, então quarto
colocado nas pesquisas eleitorais, com a taxa de votação estagnada em torno de 8%. Os
demais presidenciais considerados pelo PSDB como ocupando o “centro”, como João
Amoedo, Marina Silva e Henrique Meirelles, também não viam suas campanhas decolarem,
o que abriu espaço para que os tucanos pedissem a retirada das candidaturas e posterior união
466 https://exame.abril.com.br/brasil/em-carta-divulgada-nas-redes-sociais-fhc-defende-uniao-contra-
extremos/
371
em torno do nome do governador de São Paulo – proposta prontamente rechaçada pelos
presidenciáveis mencionados467.
O esforço parecia expressar a tentativa de capturar a bandeira do antipetismo, até então tão
democrático” liderado por Alckmin. É esse o tom da fala de FHC após a palestra de Steven
Levitsky sobre seu livro Como as democracias morrem?. Após o palestrante descrever Jair
tecido social por conta de influxos autoritários, construir a “coesão”, nas palavras de FHC,
crise brasileira: moral, ética, econômica, política. Já tendo apresentado ao público Geraldo
Alckmin como seu candidato à presidência, a avaliação de FHC e seu instituto sobre o pleito,
especialista.
467 https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/fhc-diz-que-carta-e-destinada-a-eleitores-nao-a-
candidatos-e-partidos,4e1e9b80667eb1eaa3b53963dc9fe2cdt7tey6j0.html
468 https://veja.abril.com.br/politica/alckmin-diz-que-bolsonaro-e-o-pior-candidato-e-o-mais-despreparado/
469 https://www.youtube.com/watch?v=sNsFx6eEqbo
372
A tática não surgiu efeito. Alckmin saiu da disputa ainda no primeiro turno, e o
embate decisivo foi mesmo entre Haddad e Bolsonaro. Apesar dos esforços do petista na
Levitsky, que prevenira os ouvintes de sua palestra no IFHC contra os riscos da corrosão da
democracia que a eleição de Bolsonaro representaria -, o IFHC decidiu não decidir, e entre
dois candidatos ainda postulantes ao cargo – ressaltando que, fosse eleito quem fosse,
pleito de 2018 esmagou os titubeantes. Não fosse o bastante ficar fora da disputa pela
a redução de palanques a serem disponibilizados aos eventuais candidatos por aliados eleitos.
O resultado apocalíptico para a legenda reverberou na mídia empresarial – que chegou a trata-
partido de Covas, Montoro e FHC. Dória, por um lado, e a sedução da extrema-direita, por
470 https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/10/08/fhc-desmente-boato-nas-redes-de-
que-apoiara-haddad-no-segundo-turno.htm
471 https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2018-10-28/respeito-constituicao-fhc-eleicoes.html
472 https://www.gazetadopovo.com.br/politica/republica/eleicoes-2018/ofim-da-revoadapor-que-o-psdb-
sofreu-a-maior-derrota-da-historia-0gaj9cey6u50jtxux3czqx0c6/
373
outro, despontavam no horizonte como chamariz para tucanos sem rumo. Era a época do
nascimento do “Novo PSDB”, nas palavras de FHC e Dória após encontro amistoso473. O
último, eleito governador de São Paulo, despontava como nova liderança partidária,
os analistas políticos mais atentos ao plano eleitoral do que às disputas de mais longa duração
e de menor relevo, mas que são fundamentais para advento de qualquer terremoto. Se a
problema desde, pelo menos, 2012, ano em que começou a publicar no Brasil e em português
(NED), criado no governo Ronald Reagan para reunir defensores da democracia pela e para
“desconsolidação democrática” com ênfase pelo menos desde 2016, quando da eleição de
473 https://istoe.com.br/doria-discute-o-novo-psdb-com-fernando-henrique-cardoso/
374
Donald Trump. Em edição daquele ano, a revista divulgou um artigo assinado por Roberto
índice bastante menor do que os 70% registrados após a Segunda Guerra Mundial. Os mais
que apoiavam líderes fortes que não precisassem lidar com deputados, senadores e eleições.
Por último, os autores destacavam o apelo, sobretudo entre os mais jovens, de líderes
Trump, nos Estados Unidos; foram também acusados de serem “ameaças à democracia”
Viktor Orban, na Hungria; Rodrigo Duterte, nas Filipinas; Marine Le Pen, na França; e o
sucesso dos “populistas” - tal é a categoria que reúne personagens tão distintos entre si –
474 O texto republicado pelo IFHC levanta críticas à tese da “consolidação democrática”, defendida, entre
outros, pelos clássicos Linz e Stepan. De acordo com eles, no mais, citados no artigo acima citado como
tese a ser combatida, democracias consolidadas seriam aquelas em que os cidadãos passaram a ver nas
regras do “jogo democrático” o único mecanismo de disputa política possível. Elas seriam consolidadas,
sempre segundo os autores, porque a fé nas instituições liberais do tipo seria algo cumulativa, contendo, no
seu trajeto, um ponto a partir do qual não haveria retorno. Democracias consolidadas, assim, seriam estáveis
precisamente por não poderem mais regredir a “estágios” autoritários. Para Stefan e Mounk, entretanto, os
dados que indicam o baixo apelo do regime democrático entre os mais jovens pode indicar que, afinal, a
consolidação democrática pode não ser uma via de mão única. A “desconsolidação democrática”, assim,
poria em risco a “pluralidade” em nome de alternativas políticas que declaradamente seriam responsáveis
375
O artigo brevemente apresentado foi apenas um da lista de textos publicados pelo
Journal of Democracy a versarem sobre o tema475 . Nas últimas edições, com efeito, a
campo, a saber, o que se declara contra “as ameaças antidemocráticas” de quaisquer matizes;
revelando, por sua vez, as contradições existentes não só entre aparelhos de classes opostas,
por contornar os canais democráticos assentados no diálogo e na conciliação. A fim de evitar o “perigo”, a
dupla recomenda a construção de um “sistema de detecção de falhas geológicas”; espécie de campo de
estudos sobre a democracia capaz de indicar, previamente, os descaminhos de uma sociedade que tende a
deixar de seguir as regras do afamado “jogo”. Faria parte desses esforços a detecção prévia de pontos nódais
sobre os quais o discurso “populista” - e, portanto, autoritário – pode se estabelecer, erigindo uma
plataforma de desenvolvimento cuja evolução poderia desestabilizar democracias mesmo as mais
“consolidadas”. Há aqui, portanto, recomendações acerca tanto da alimentação contínua de entidades
dedicadas aos estudos e a produção de tecnologia política quanto exortação à execução de reformas por
“políticos verdadeiramente comprometidos com a democracia liberal”, especialmente em sociedades em
que partidos “antissistemas” estivessem próximos de assumir o governo. Ver:
https://medium.com/fundação-fhc/os-sinais-de-desconsolidação-d0fcec29b47b
475 Citar os outros
476 No caso em tela, a atuação do NED parece mirar, no que toca ao autoritarismo considerado de direita, os
representantes modernos do que é também eventualmente chamado de “Nova Direita estadunidense”,
nomeadamente Donald Trump e as alas republicanas que orbitam me torno dele. Para a cientista política Marina
Basso Lacerda, Trump, por sua vez, seria espécie de atualização de um movimento que irrompeu como força
política com Ronald Reagan (LACERDA, 2019). Teria sido na presidência deste republicano que uma agenda
“neoliberal na economia e conservadora nos costumes” teria sido imposta, articulando defensores do livre
mercado, direita cristã e grupos militaristas. Debruçando-se sobre o mesmo problema, Sebastião Velasco e Cruz
enxerga as origens do movimento um pouco antes, na década de 1970, mas vê no governo Reagan a capacidade
de “operar a síntese” de elementos contraditórios presentes naquela ampla frente: empresários contra regulações
estatais, epígonos do livre mercado com todo seu proselitismo, eclosão de movimentos conservadores do ponto
de vista moral e favoráveis à agenda “Pro-Life”, defensores do punivismo e da “política de tolerância zero”
(como mais tarde, Rudolph Giuliani, o famoso prefeito de Nova Iorque) na área da segurança pública, o
surgimento espetacular do ativismo de ONG’s favoráveis aos direitos humanos e de associações de defesa da
democracia, estas últimas interferindo mesmo na política externa dos Estados Unidos, com seu apoio aos
"movimentos democráticos” na América Latina nos anos 1970 e 1980 e a justificativa retórica da política de
intervenção militar estadunidense nas chamadas “guerras humanitárias” do pós-Guerra Fria (VELASCO E
CRUZ, 2015, p. 42-43).
Entender a formação do NED como parte deste movimento, e, por sua vez, o governo Trump como
espécie de retorno da agenda neoconservadora, portanto, nos revela um traço específico da atual fase de
ativismo político da nova “Nova Direita” estadunidense, agora mais frequentemente chamada alt-right: a
negação, no plano do discurso, de uma das correntes que compuseram o movimento em sua fase ainda
embrionária. Isso porque se as associações para defesa da democracia e a intensa politização de ONG’s
376
difundindo a discussão, o IFHC se coloca em posição equidistante às expressões de direita e
reação do IFHC à expressão de direita deste fenômeno político – que, no Brasil, foi enfeixado
no bolsonarismo.
internacional mobilizou o instituto a estudar as suas bases sociais. Discussões, assim, sobre
cristã na sociedade brasileira – entendida, assim como sua congênere estadunidense, como
Assim, no dia 09 de maio, o IFHC sediou evento para debater a influência evangélica
internacionais surgiram sob o guarda-chuva “neoconservador”, membros de ambos setores já não encontram a
mesma guarida sob Trump e a direita alternativa. Para além dos frequentes ataques ao chamado “globalismo”,
no caso específico do NED, Donald Trump tem representado uma concreta ameaça de corte de financiamento.
A preocupação com a ascensão de governantes homólogos ao redor do mundo, evidenciada pela política
editorial do jornal of democracy, assim, pode expressar as contradições internas de um movimento conservador
que, todavia, esfacelou-se ainda durante o governo Reagan, com essa desagregação aparecendo como disputas
palacianas (NORRIS, 1996). Ver: https://www.bostonglobe.com/opinion/2018/03/14/trump-gutting-national-
endowment-for-democracy-and-that-good-thing/fKxkRFVIC6F9wLIw4WsUzL/story.html e NORRIS, Pippa.
Conservatism in disarray? The Brown Journal of World Affairs, 1996.
477 Em evento intitulado “Populismo e Democracia: ameaça ou corretivo?”, Jan Werner Mueller, especialista
alemão no tema, foi convidado para analisar a relação entre democracia liberal e “populismo” – oferendo
como explicação críticas ao antipluralismo característico dos regimes liberais. Debaterei mais
detalhadamente esse evento nas considerações finais desta tese.
377
Departamento de Sociologia da USP e pesquisador do CNP, e Ronaldo de Almeida, professor
evangélico.
Segundo ele, com base na evolução dos censos de 2000 a 2010, o Brasil passa por uma
neopentecostal se tornando a corrente líder não só entre os cristãos, mas também a principal
religião do país478.
478 https://fundacaofhc.org.br/debates/os-evangelicos-na-sociedade-e-na-politica-efeitos-e-
significados-de-uma-influencia-crescente
378
Retirado https://fundacaofhc.org.br/debates/os-evangelicos-na-sociedade-e-na-politica-
efeitos-e-significados-de-uma-influencia-crescente
enxerga esse crescimento da influência evangélica sobretudo nas periferias e nos grotões do
país, onde os religiosos criam instituições de apoio para atuar nas áreas em que o Estado se
mostraria ausente. A organização de base neopentecostal teria reflexos sobre a escolha dos
representantes populares – dada a máxima “irmão vota em irmão”, presente nas igrejas pelo
desejável do ponto de vista religioso. Dois reflexos sociais são apontados pelo pesquisador
379
que o sucesso na vida depende do esforço individual – diluindo, portanto, qualquer tendência
há clara oposição aos cânones da “teologia da libertação”, cuja orientação apontava para a
pública. Em um cenário em que a ação do Estado parece ineficiente para dar conta da
punitivistas dos defensores do Estado Penal. Ainda Ronaldo de Almeida lembra que a maioria
dos evangélicos defendeu a Pena de Morte e a redução da “maioridade penal”, inclusive tendo
votado favorável à última matéria no plenário da Câmara Federal. Assim, sintetiza que o
vezes de linha auxiliar da bancada da bala. A aliança da bancada da bíblia com o militarismo,
para Ronaldo de Almeida, indica uma “virada” nacional para uma “linha americana” de
conservadorismo, construída sobretudo a partir dos anos 1970 nos Estados Unidos.
380
novo na política brasileira. Tem como fundamento a crença em uma “maioria” silenciada
pelo “politicamente correto”, mas que, finalmente, rebelou-se contra essa espécie de ditadura.
Como essa maioria ainda não é demográfica, assentam seu discurso na defesa de uma suposta
das minorias, aos direitos de gênero, ao feminismo, à pauta LGBTQI. Opõem-se frontalmente
ao aborto – com algumas instituições evangélicas, como a Assembleia de Deus, não aceitando
Neste sentido, trata-se de uma ameaça para os progressistas; para as religiões de matrizes
Ronaldo de Almeida avalia que os eixos sobre os quais se dão as atividades políticas
dos evangélicos são consubstanciados na “defesa da ordem”. Defesa da ordem moral, das
pela hierarquia presente nas práticas religiosas, com o “missionário” sendo o “pastor do
rebanho”.
O tom da apresentação, assim, aponta para uma ameaça para os valores civilizacionais
preocupar o IFHC. A fala do palestrante, nesse sentido, marca claramente a alteridade entre
o instituto e o movimento evangélico – sobretudo na questão dos costumes, haja vista que a
381
pauta econômica, em seu núcleo duro de defesa da sociedade de mercado, por óbvio não é
rechaçada pela entidade. Assim, parece que estamos de frente a uma disputa entre candidatos
distintos a líder das classes dominantes brasileiras, com o IFHC tentando representar uma
posição mais central, em meio aos “extremos” de esquerda e de direita – estes simbolizados,
eloquência um dos elementos de preocupação para todos que são arrolados como adversários
382
Assim, parece claro que o setor evangélico é suficientemente plural para que não possa
ser enquadrado em um único campo da disputa política. Ocorre, porém, que, como mostra
Almeida, os setores conservadores têm sido hábeis em impor sua hegemonia no interior do
portanto, por mais que existam progressistas entre os evangélicos, estes são minoria e,
atualmente, tem pouca capacidade de mobilização com base em suas bandeiras. Para Almeida,
arena política – o que revela a preocupação com a atuação institucional dos representantes
das variadas seitas que compõem aquela religião. O palestrante destaca que o Brasil é um
383
político – algo significativo no contexto regional da América Latina, região “mais cristã” do
globo na atualidade.
Concordando com o ponto de vista de Almeida, Mariano avalia como uma das forças
do evangelismo a capacidade de agir onde o poder público não agiria. Os serviços ofertados
pelos neopentecostais (apoio emocional, terapêutico e assistencial aos fiéis) carregariam uma
identitárias que atuam ora como grupos de conforto em épocas de transformações culturais
abaixo.
384
Por envolvimento congregacional, Mariano se refere a membros de conselhos, líderes
ao menos uma vez por semana, ou a consideração da religião como um elemento central da
vida é quase três vezes maior em evangélicos do que entre católicos. Os dados, portanto,
por semana, fora das igrejas que habitualmente frequentam. O número três vezes maior entre
os evangélicos revela que eles evangelizam muito mais do que os católicos – o que pode ser
grupos LGBTQI+. Isso não deve ocultar, entretanto, o também grande percentual de católicos
Mariano apresenta, ainda, outro dado que não entrou na contabilidade acima. Segundo
385
católicos. Dito de outra forma, as lideranças evangélicas teriam mais condições de influenciar
seu “rebanho” nos aspectos éticos, morais e políticos, precisamente pela maior prevalência
da hierarquia no interior dessa igreja – que, no caso da elevação destes líderes a cargos na
vida social.
o denomina. O neopentecostalismo, um dos braços dos evangélicos que mais cresce, teria, na
argumentação do palestrante, uma espécie de teto. Isso porque a religião não encontraria
impregnados pelo individualismo e pelo relativismo moral. Assim, a base de apoio deste tipo
Assim, para Mariano, em que pese não formarem um bloco coeso, os evangélicos
foram hegemonizados pelos seus setores conservadores – geralmente reunidos nas diversas
democracia brasileira sem considerar o ativismo político deste grupo. Não são mais
política”479.
Com efeito, o grupo, desde 1988, atuaria principalmente com o lema de irmão vota
Sua luta política tem um sentido claro. Tentam transformar a ética e a moral religiosas
valores “da maioria”. Assim, lutaram a favor do Estatuto do nascituro; a favor do Estatuto da
família – isto é, pela restrição do conceito de família à união entre homem e mulher; pleiteiam
nas escolas, como educação religiosa, além da observância ao estatuto do “Escola sem
Partido”.
FHC sabe o que o apoio evangélico é capaz de fazer em uma eleição. Em setembro
de 1997, cerca de 300 mil evangélicos receberam o então presidente da república e pré-
norte de São Paulo. Aos gritos de “Jesus te ama”, os presentes saudaram o discurso do tucano,
realizado após fala de apoio ao político feita por José Wellington Bezerra da Costa, então
387
Reportagem de Xico Sá, publicada na Folha de S. Paulo, anota ainda outras passagens
pode dizer da Igreja Universal. Pesquisadores da área afirmam mesmo que a congregação
iniciou uma aproximação tímida à candidatura de Lula naquele ano, superando, na prática,
dos católicos, que não declararam voto a nenhum presidenciável no pleito de 1998. Jornais
especularam, à época, que a Igreja estaria “apoiando informalmente” a “frente das esquerdas”
liderada por Lula, mas o bispo d. Demétrio Valentini, então líder da Pastoral Social da
Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), insistia que a Igreja manteria
do IFHC no tema parece natural, diante do fortalecimento evangélico nos últimos anos
somado à experiência vivida nas eleições anteriores, quando a politização religiosa já ficava
evidente – e, nesse sentido, contrastando com o catolicismo não apenas no grau de exposição
480 https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc290907.htm
481 https://www.folhadelondrina.com.br/politica/fhc-agora-diz-que-representa-os-pobres-96761.html
388
das alianças, muito mais declaradas, mas também na capacidade de mobilização do eleitorado,
que, conforme defendeu Ricardo Mariano, é muito maior entre as diversas seitas evangélicas.
creio que a atenção prestada aos evangélicos atende sobretudo ao segundo grupo. Não há
trabalhadora. Por outro lado, a rede de apoio social formada pelas congregações
portanto, mera casualidade que a direita cristã tenha se aliado aos epígonos do neoliberalismo
482 Lyndon de Araújo Santos destaca a importância da Assembleia de Deus durante a ditadura iniciada em
1964. Para ele, a Igreja seria “tão radicalmente anticomunista quanto os militares”. SANTOS, Lyndon de
Araújo. O púlpito, a praça e o palanque. Os evangélicos e o regime militar brasileiro. In: FREIXO, Adriano
de; MUNTEAL FILHO, Oswaldo. A ditadura em debate: Estado e sociedade nos anos do autoritarismo.
Rio de Janeiro: Contraponto, 2005
483 Como mostra o informativo trabalho de Marina Basso Lacerda, a direita cristã teve papel fundamental na
articulação política que sustentou o governo de Ronald Reagan. Aliando-se ao presidente republicano,
organizações religiosas e missionárias atuaram, nos Estados Unidos e na América Latina, de modo a combater
os influxos progressistas; atuaram em nome da expansão da palavra de Deus, do combate ao comunismo, em
uma guerra espiritual do bem contra o mal (LACERDA, 2019, p. 58). Atuando na América Latina desde os anos
1970, a autora identifica o período de ascensão do republicano como sendo o cenário em que os grupos
religiosos passam a atuar mais incisivamente ao lado da direita nacionalista na região, infundindo, inclusive,
visões de mundo “neoliberais” entre os fiéis (LACERDA, 2019, p. 34-35). Com atuação específica na América
Central, aparecem destacadamente organizações como o Comitê de Açao Pró-Vida, cuja agenda era o combate
às legislações de legalização do aborto; e a Maioria Moral. Sua atuação passava pela arrecadação de dinheiro e
389
na Fundação Fernando Henrique Cardoso. As organizações que viam com bons olhos
também realizadas na sede da entidade, não parecem estar dispostas a empenharem seu
(PSDB), que, não apenas pensam em organizar a dominação de classe, mas também em
apresentar o partido como um dos mais capazes a liderar a burguesia no Brasil. Não é sem
como alternativa burguesa para a gestão do Estado nacional. Da forma como entendo, a
sociedade cumpre o papel de instruir as lideranças do IFHC para lidar com o fenômeno.
doações que eram então repassadas a áreas estratégicas, junto com o envio de bíblias e missionários (LACERDA,
2019, p. 37). Neste processo, eram apresentadas cosmovisões que defendiam a luta do bem contra o mal, na
conjuntura apresentados, respectivamente, como o mundo livre e o comunismo. Tratava-se do que então se
convencionou chamar de “guerra espiritual” contra o comunismo ateu, a Teologia da Libertação, muito influente
na América Latina desde os anos 1960; e mesmo o modos de vida diferentes do padrão anglo-saxão branco
protestante, como os indígenas. Assim, embora institutos e fundações tenham cumprido papel importante na
transferência da agenda neoconservadora, não se pode desprezar o papel de igrejas483 e missionários, estes
agindo, inclusive, por meio de programas de TV – como o folclore em torno da figura do televangelista expressa.
Para Diamond (1989, p.42-43), “a transmissão ideológica não se deva apenas aos fiéis nos cultos e não se
restringiu à América Central. Os veículos mais visíveis eram os programas de televisão, que oferecia, uma
mistura harmoniosa de patriotismo, capitalismo e anticomunismo. Por exemplo: o pregador Jummy Swaggart,
ligado à Assembleia de Deus, tinha seus programas transmitidos em três mil estações espalhadas por mais de
140 países, alcançando meio bilhão de pessoas. No Brasil, seu programa era apresentado pela Rede
Bandeirantes às manhãs de sábado. A National Religious Broadcasters, rede de radiodifusão evangélica, tinha
várias filiais na América Latina. Uma das maiores ficava no Brasil, onde, na década de 1980, a NRB financiou
construção de estações de rádio cristãs brasileiras, uma escola de treinamento técnico para radiodifusores
cristãos e um transmissor de ondas curtas”. Para Lacerda, entidades como o Institute for Christian Economics
expressaram essa aliança entre “neoliberalismo” e neopentecostalismo, na medida em que, no processo de
difusão do evangelho, acabavam por naturalizar as desigualdades sociais, ampliadas pelo “ajuste neoliberal”.
Ver: LACERDA, Marina Bessa. O novo conservadorismo brasileiro. Rio de Janeiro: Zouk, 2019;
390
O recado que fica é claro. As organizações evangélicas fortalecidas colocaram na
neste terreno se tornaram escaramuças ferrenhas, que opuseram aos conservadores todos os
identificados com a “perversão da moral dominante” pela defesa dos direitos das “minorias”.
De sorte que, aos que se viram, em relação ao levante evangélico, do outro lado do campo de
como provedor de serviços sociais em uma agenda pública positiva pode minar as bases do
associativismo evangélico tal qual ele hoje se dá, por outro lado, a adoção, na arena pública,
de posturas que se amoldam às teses conservadoras pode servir aos políticos que desejam
opção restringe o leque de opções disponíveis àqueles que lutam por um “liberalismo mais
consequente”, tanto na economia como nos costumes. Nesse sentido, o combate à polarização
PSDB um lugar no espectro político para chamar de seu. Para tanto, saber dialogar com os
um imperativo incontornável, da mesma forma como o fora aprender a lidar com os pobres
governo de três Estados da Federação (Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e São Paulo)
391
federais; e, na câmara alta, de 12 para 8 senadores484. Houve quem especulasse o fim do
partido485. O que se viu, a partir daí, foi o acirramento das disputas internas e a consequente
ascensão de João Dória, eleito governador de São Paulo, como o principal nome da sigla –
social democracia brasileira. Era João Dória, afinal, um líder que reivindicava para si a clara
trabalho que sempre marcou a autoimagem que o PSDB tinha de si mesmo ao longo de sua
história487. FHC, atento às flutuações da disputa interna no PSDB, já havia prevenido contra
candidatos que se colocariam como representantes exclusivamente dos ricos 488 . O ex-
presidente alertava, então, sobre a necessidade de capturar a representação dos mais pobres,
maioria do eleitorado – ilustrando um traço que marcaria as campanhas do PSDB pelo menos
484 https://static.poder360.com.br/2018/10/Novo-Congresso-Nacional-em-Numeros-2019-2023.pdf
485 GONÇALVES, Anderson. "O fim da revoada: por que o PSDB sofreu a maior derrota da história"
Em: https://www.gazetadopovo.com.br/politica/republica/eleicoes-2018/ofim-da-revoadapor-que-o-psdb-
sofreu-a-maior-derrota-da-historia-0gaj9cey6u50jtxux3czqx0c6/
Copyright © 2020, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.
486 https://jovempan.com.br/programas/nao-sou-politico-sou-empresario-diz-candidato-joao-doria-jr.html
487 Em entrevista ao site Nexo, em 2018, FHC definiu o partido como de centro. Isso porque, segundo o ex-
presidente, no espectro brasileiro, o PSDB teria como marca não ser representante do capital e nem do
trabalho. Nas palavras dele, a legenda “fica um pouco ‘entre les deux, mon cœur balance” [entre os dois,
meu coração balança]’” Ver: https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2018/03/03/%E2%80%98O-
pensamento-liberal-sempre-foi-fr%C3%A1gil-no-Brasil%E2%80%99-diz-FHC.
488 https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2018/03/03/%E2%80%98O-pensamento-liberal-sempre-foi-
fr%C3%A1gil-no-Brasil%E2%80%99-diz-FHC
392
projeto “ultraliberal”489. O PT, derrotado, tentaria se rearticular, desta vez como líder da
torno de seu instituto, restaria tentar se afirmar como terceiro polo daquela relação –
governador de São Paulo, de olho tanto em 2022 quanto em negar a pecha de “reacionário”
porquê de, no Brasil, não ter sido formada uma “frente democrática” contra a extrema-direita,
interna da democracia – palestra, inclusive, realizada no próprio FHC – avaliando que, se,
por um lado, o PT não se esforçou para formar uma frente ampla, por outro, o bolsonarismo
não representaria um risco às instituições. Em opinião que constrastava com a avaliação dos
governos petistas 490 , FHC, após a eleição de Bolsonaro, preferia acreditar na forças
Não houve esforço. O PT não se mostrou aberto para isso. Fizeram tantas
escolhas erradas...será quem eu voto não vai fortalecer o que está errado? Também
não vou votar naquele outro. (...) Não avaliei que o novo governo ameaçasse a
democracia. Senão seria diferente491.
A linha-mestra de seu posicionamento permanecia sendo, contudo,
resultado do “desastre” que houve no Brasil em função dos “erros do PT”. A corrupção
489 https://www.cartacapital.com.br/politica/o-que-pretende-joao-doria-ao-se-tornar-o-
novo-lider-do-psdb/
490 https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0411200905.htm
491 491 https://www.youtube.com/watch?v=aENlwhAx9Mw
393
“organizada como fundamento do poder” pelo partido, portanto, teria parido a ascensão da
extrema-direita.
interesse partidário por trás da conduta. Em nova entrevista, desta vez concedida à BBC
Brasil a partir de Londres, o ex-presidente explica com mais detalhes o porquê de não ter se
unido a Fernando Haddad no que muitos considerariam como uma “frente democrática”.
Segundo ele, o PSDB estava em disputa com o PT em segundos turnos para governadores de
“vários estados”, de sorte que ficaria “complicado” firmar uma aliança em plano federal.
Em vários estados o PSDB ainda lutava com o PT, Como é que eu vou fazer?
Vou manifestar pelo PT? (...) É verdade que minha ligação com o PSDB é simbólica,
sou presidente de honra, não tenho uma ligação orgânica e nem estou de acordo
com muita coisa que é feita, nem sou responsável por isso. Ainda assim tenho uma
certa simbologia, eu não podia toda hora ficar desconsiderando o PSDB... ah, vou
votar no PT. Meu estado é PSDB contra PT, como faz?493
No front interno, a tentativa de se equilibrar em um espectro político polarizado
também era perceptível. Se, por um lado, como vimos no capítulo 3, o IFHC sediou eventos
evidentes, no mais, em série de reportagens conhecida como Vaza-Jato, produzidas pelo site
The Intercept Brasil em parceria com veículos da grande imprensa; por outro, debates sobre
492 https://www.youtube.com/watch?v=aENlwhAx9Mw
493 https://www.youtube.com/watch?v=E3jCH-_NHDI
394
pontos específicos do programa de governo bolsonarista foram travados na entidade, com
foi debatida a exploração econômica das terras de povos nativos. Uma das promessas de
campanha de Jair Bolsonaro foi olhar com mais atenção para as demandas do garimpo,
quilombolas494. A procura por apoio de garimpeiros se deu ao longo da campanha com base
Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada495. Após o segundo turno das
Intercept Brasil investigou as relações da família com o garimpo, revelando que o agora
presidente eleito, em julho daquele ano, havia recebido abaixo-assinado com mais de 500
nomes de garimpeiros da Serra Pelada, pedindo o fim das restrições ambientais para a prática
mineradora. O texto indicava, inclusive, o temor acerca de uma “nova corrida do ouro”, dada
a crença de que as florestas nativas ainda esconderiam toneladas de metais preciosos em seu
subsolo. Por isso, o encontro realizado no IFHC tem importância particular. A entidade, afinal,
discutir o assunto então em voga no debate público brasileiro. O tom geral do encontro foi
indígena, eleita em 2018 pela Rede Sustentabilidade em Roraima; Mario Luiz Bonsaglia,
494 https://oglobo.globo.com/brasil/bolsonaro-promete-liberar-garimpo-em-terras-quilombolas-22884565
495 https://theintercept.com/2018/11/05/passado-garimpeiro-bolsonaro/
395
subprocurador geral da República e membro titular da 6ª Câmara do Ministério Público
Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM); o biólogo Ismael Nobre (Projeto Amazônia 4.0); o
Brasil, relembrando que as tradições nativas devem ser preservadas, sobretudo no que diz
Houve espaço também para a defesa da exploração das reservas indígenas, mas com
os povos nativos protagonizando a solução da questão, com regulamentação que atenda aos
pesquisa mineral,
(...) não é de hoje que as terras indígenas são invadidas por garimpeiros,
madeireiros e grileiros. Os direitos indígenas, apesar de protegidos na Constituição
de 1988, na prática continuam a ser violados. Por isso, é fundamental regulamentar
a mineração empresarial e outras atividades produtivas nas reservas. Uma coisa é
certa: o índio tem que estar no centro da solução.
A posição da ABPM expressa no evento difere do posicionamento do governo, como
sua oposição, e não ter poder de veto. O dissenso se fundamenta juridicamente em uma
496 https://fundacaofhc.org.br/iniciativas/debates/direitos-indigenas-entrave-ao-desenvolvimento-ou-parte-
da-riqueza-nacional
396
interpretação distinta do artigo 231 da Constituição Federal de 1988, cujo parágrafo 3
determina que
determina a consulta aos povos indígenas com vias de obter consentimento para exploração
agropecuário no painel,
associações como a CNA – que, além de razões mais evidentes envolvendo disputas pela
terra, veriam na atividade garimpeira a devastação do meio-ambiente que tornaria mais dura
a fiscalização sobre suas próprias atividades, além de prejudicar a produção agrícola a longo
497 https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_08.09.2016/art_231_.asp
498 https://fundacaofhc.org.br/iniciativas/debates/direitos-indigenas-entrave-ao-desenvolvimento-ou-parte-
da-riqueza-nacional
499 https://fundacaofhc.org.br/iniciativas/debates/direitos-indigenas-entrave-ao-desenvolvimento-ou-parte-
da-riqueza-nacional
397
prazo pela restrição de mercados internacionais500. Com feito, sobretudo na região do rio
Cupixi, no Amapá, onde uma liderança indígena dos Wajãpi foi assassinada em 2019 pelo
acirramento das lutas na floresta501, o terreno acidentado dificultaria operações com grande
importante das contradições entre garimpeiros ilegais e o grande capital foi a situação na
disputas entre garimpeiros ilegais, que acreditavam encontrar ouro em grande quantidade na
concessionária da exploração do território por 25 anos, com alvará cuja data de início
localizar ouro de aluvião, isto é, na superfície do solo, contam com uma margem de tolerância
por parte das grandes empresas que centralizam a atividade mineradora504. Isso porque os
500 Estes elementos foram discutidos em visita do Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, a CNA,
em setembro de 2019, portanto um mês antes do evento comentado. Na ocasião, Maia defendeu a
convergência de interesses entre ambientalistas e o agronegócio – sobretudo no que diz respeito à garantia
de mercado pela preservação das florestas, evitando embargos de outros países. No encontro, representantes
da CNA afirmaram, ainda, se preocupar com o desmatamento ilegal, mas insistiram que a crise da Amazônia
abria uma janela de oportunidades para forjar consenso entre o agronegócio e pauta ambiental pelo alcance
de um meio termo entre os interesses potencialmente conflitantes de ambos. Ver:
https://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2019/09/03/interna_nacional,1082107/na-cna-maia-diz-que-
havera-um-texto-convergente-sobre-licenciamento-a.shtml
501 https://brasil.elpais.com/brasil/2019/07/28/politica/1564324247_225765.html
502 https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49133192
503 https://istoe.com.br/repetindo-serra-pelada/
504 O Estatuto do Garimpeiro, ratificado em 2008 pela Lei Nº 11.685, evidencia o associativismo da atividade,
considerando, em seu Art. 2º, por garimpeiro: “toda pessoa física de nacionalidade brasileira que,
individualmente ou em forma associativa, atue diretamente no processo da extração de substâncias minerais
garimpáveis”. Ver:
398
garimpeiros são considerados eficientes exploradores do território, auxiliando a encontrar
importantes reservas de minerais a serem exploradas pelo grande capital. Por outro lado, o
cooperativismo, que surgiu no setor mineral brasileiro nos anos 1980 com o fito de controlar
cooperativas controladas por um único indivíduo ou família, que ditam as regras, os projetos
COSTA, 2017)505.
de menor porte – representados aqui pelas cooperativas de garimpo, ainda que, como vimos,
essa classificação seja passível de relativizações -, o IFHC corteja os capitais tradicionais dos
setores, como as grandes mineradoras – dentre elas a Votorantim, que financia a entidade.
o instituto busca apoio até de lideranças indígenas que defendem as tradições originárias, que,
O equilíbrio instável que marca a atuação do IFHC em 2019 é sinal dos novos tempos para o
PSDB, cada vez mais afetado por um espectro político com polaridades que o excluem. A
um desafio que tem sido enfrentado pela entidade. Dele falaremos na última seção deste
capítulo.
505 Sobre isso, ver o trabalho de Maria Célia Coelho, Luiz Jardim Wanderley e Reinaldo Costa, intitulado
“Garimpeiros de Ouro e Cooperativismo no século XXI. Exemplos nos rios Tapajós, Juma e Madeira no
Sudoeste da Amazônia Brasileira”, disponível aqui: https://journals.openedition.org/confins/12445
506 Ver livro coesão social desafio latino-americano.
399
Considerações finais
marcos temporais que se estendem de 2004, ano de fundação da entidade, a 2019, ano em
pelos seguintes pontos: a) compreender um pouco mais o que são os tanques de pensamento;
compreender sua relação com a política brasileira, certamente no nível partidário, dada sua
associação com o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), mas também no nível do
que Gramsci chamou de Grande Política, que embora eventualmente possa se confundir com
aquele, a ele não se identifica. Da compreensão das raízes sociais dos tanques de pensamento
destacar a linha narrativa que, creio, nem sempre ficou clara neste processo.
400
capitalismo. Retornei, assim, ao estudo de O Capital, obra máxima de Marx, investigando
manual. Com efeito, essa cisão arbitrária entre os dois tipos de trabalho fundamenta o
um saber dominante.
tecnologia. A técnica que se radica no capital, compondo seu conjunto de forças produtivas,
não é neutra, como querem os liberais. É, em vez disso, consolidação, no âmbito dos saberes
última instância, para o alcance daquele objetivo se dirigem os esforços das ciências
burguesas, mesmo na área das humanidades – seara em que o IFHC se destaca. A divisão
umbilical, na medida em que a grande indústria requisitava mais e mais tecnologia, mais e
401
em conceito cunhado a partir da obra carcerária de Antônio Gramsci, a fim de chamar atenção
para o fato de que as análises técnicas levadas a cabo por aquelas entidades não são expressão
de uma razão pura, improfanável por interesses mundanos, mas a tentativa de generalização
identificar as classes e/ou frações de classe que apoiavam sua produção buscando transformar
em valores universais a visão de mundo privada, radicada, por sua vez, nas demandas da
posição específica ocupada nas relações sociais de produção. O solo da “economia”, assim,
particular. Sua atuação e produção deveriam ser entendidas sob o prisma extraído da
de René Dreifuss, interessado em entender como uma classe “traduz suas capacidades
organizacionais” (1986, p. 21). O resultado dos seus estudos conferiu corpo histórico às
classes dominantes do século XX, demonstrando como entre 1918 e 1986, as “elites
coletivo articulado, orientado politicamente para dar respostas aos desafios postos por uma
“econômica” não é garantia de direção política; ou, ainda, se entendemos que a posição
contribuição de Dreifuss.
402
Virgínia Fontes procurou entender a explosão do associativismo burguês à luz dos
surgida “sob o fantasma atômico e a Guerra Fria” (FONTES, 2010, p. 149). Assim, associado
principalmente do “bloco socialista” e de seus agentes, mas também das próprias rivalidades
Em 2007, o IFHC chega a este mundo. Embora o tenha identificado como aparelho
do grande capital, não esqueci sua origem tucana. Embora se apresente como “independente
do PSDB”, a história aqui analisada demonstra as diversas vezes em que o vínculo se impôs
um APH, mas de tipo específico: não se pode analisa-lo sem lembrar que ele funciona como
um dos mais importantes tanques de pensamento do Brasil, mas também como um órgão do
PSDB que, em última instância, defende eleitoralmente o partido como o mais apto a
recandidata ao cargo507.
sociedade civil e para a sociedade política. Na face privada, o IFHC estabelece contatos com
507
Guiot, André Pereira (2006). Um “moderno príncipe” para a burguesia brasileira: O PSDB (1988-2002).
Niterói, UFF (Dissertação de mestrado).
403
agências de “avaliação de mercado”, ajudando a tecer nós da vasta teia de circulação de
tecnologias burguesas, como ilustrou o caso da Stratfor. Uma informação que favorece
alocação “eficiente” de capital e sua reprodução não seria uma parte das forças produtivas do
social, funcionando como aparelhos detectores de abalos sociais capazes de pôr em risco a
ordem. A partir daí, atua-se preventivamente para assegurar solo social adequado à
germinação dos investimentos. É bem verdade que o mesmo é verificado em sua face pública,
mas o vazamento das conversas eletrônicas que revelam a visita da Stratfor à sede do instituto
para fazer negócios indica que há muito mais o que saber. Outro indício importante é a
embaixador estadunidense no país, na sede do IFHC, em 2009, com FHC e José Serra,
apresentado na ocasião como futuro presidente brasileiro e aliado em potencial dos Estados
Unidos na América do Sul. As fontes nos permitem saber muito pouco desta vida privada,
mas dão uma medida do tipo de relação que nela se desenvolve. É preciso mais pesquisas,
mas também a sorte de encontrar documentos específicos sobre esta face, que pode esconder
qualquer coisa.
intelectual e como chefe de Estado. Nesta face pública, ainda, o IFHC disputa o consenso na
sociedade civil, bem como tenta funcionar como parceiro de conexão entre membros da
classe dominante e representantes de Estado. No primeiro caso, lembremos que, como ensina
Gramsci, um dos objetivos táticos dos APHs é disputar a guerra de posições, travando a
“batalha das ideias”, muito mais concreta do que meramente um confronto de discursos. Para
404
tanto mobiliza seus recursos financeiros, técnicos, políticos, tudo o que for necessário para
generalizar, como senso comum, interesses específicos. A hegemonia, estágio final do avanço
de um dos lados em confronto, pode ser antecedida por etapas anteriores, de predomínio de
uma visão “ético-política” sobre outras. Ao longo dessa “guerra”, travar batalhas pela defesa
“eventos” sediados pelo IFHC não deve ser entendida sem consideração a este ponto. Ocupar
posições, inclusive no Estado, talvez seja uma das fases decisivas daquela guerra, e disso o
instituto se encarregou à sua maneira. Se não ocupando de fato postos do Estado – o único
servindo de plataforma para a conexão entre membros da classe dominante e setores vistos
Articulando ainda esta face pública aos elementos tratados quando da análise do papel
dos tanques de pensamento na democracia, sugeri que dois elementos centrais, sem os quais
sociedade política – via conexões com seus representantes eleitos ou com seu “pessoal do
convidados aos debates que, na lógica de atuação dos tanques de pensamento, servem de
405
No primeiro caso, vaza-se a soberania popular, posto que se insulam aparelhos de
confronto no espaço consagrado para a finalidade. Mostrei como o O IFHC não hesitou em
lançar mão desta arma em momentos politicamente cruciais, como o que antecedeu a
anos 1980, recuperada por Dreifuss. Diz o então presidente da Associação Nacional dos
interesses com dois ou três ministros; mas num regime aberto temos de nos acostumar a falar
para uma audiência muito mais ampla”(COELHO apud DREIFUSS, 1989, p. 43). Eleito
deputado federal constituinte pelo PMDB antes de ingressar nas fileiras do PSDB, Coelho se
política em uma democracia. Hoje parecemos estar presenciando algo diferente, ainda que
406
precisamente a iniciativa de influenciar “positivamente” as políticas públicas, não raro
colocações obtidas em seus rankings – sempre impulsionadas por suposta ingerência sobre
dos tanques de pensamento” não esclarece quais são suas fontes e qual é a base de dados
utilizada para a formação das listagens, não temos como saber qual é sua efetiva influência
sobre as políticas públicas – e nem se ela existe de fato. Pode-se especular que talvez o
predomínio deste partido sobre o governo daquele estado. Mas são só especulações. Não há
como saber.
Por isso é melhor entender o ranqueamento como meta a ser alcançada, isto é, como
manual de instruções proposto por esta entidade que se entende como tanque de pensamento
dos tanques de pensamento – e, portanto, de acordo com a definição deste tipo de entidade
por seu diretor, James McGann, como organização devotada à instrução técnica para a melhor
ação do ente por ela instruído. Entendo as edições anuais da Global Go to Think Tanks como
a constante balizador da ação dos tanques de pensamento, percebe-se uma das razões
possíveis para que o IFHC busque sempre se relacionar com o representantes do Estado.
O número deste tipo de participante nas atividades do IFHC cresceu entre 2014 e
2018, acompanhando a maior participação do PSDB no governo federal. Nesta tese, alguns
508
Como vimos no capítulo 1, por meio dos chamados white papers.
407
diretamente ao secretário de Estado dedicado à gestão da área. A realidade da democracia da
comum, responsável por minar a aceitação social de modos alternativos de gestão pública 509)
parece ter transformado a política em uma questão de eficiência. Nesta nova fase de “regime
com o Estado restrito, inclusive porque são estimulados a perseguirem este objetivo. Não
Sobre este conjunto de indícios empíricos, sugeri que uma das características que
melhor iluminaria o sentido social do IFHC seria a capacidade de se conectar, mais ou menos
diretamente, aos aparelhos da sociedade política – via conexões com seus representantes
Apontei ainda o fenômeno como uma das contradições da democracia liberal que, no discurso,
estimula o livre associativismo, mas, ao não confrontar a cisão entre trabalho intelectual e
mobilização de interesses – pela maior preparação intelectual, pelo maior domínio do acervo
cultural além de, é claro, do predomínio econômico dos setores sociais que financiam as
509
Refiro-me ao que alguns chamaram de nova razão do mundo, em análise competente, mas que falha em não
investigar os veículos práticos de imposição dessa racionalidade “neoliberal”, caindo em fetiche ardiloso
da história das ideias que a entende como expressão, quando muito, das disputas entre grandes intelectuais
distintos, sem jamais versar sobre os determinantes do prestígio de cada pensador e/ou corrente de ideias.
Ver: DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo. Ensaios sobre a sociedade neoliberal.
São Paulo: Boitempo, 2016.
408
entidades dos dominantes 510 . A democracia “representativa” que se ergue sobre tais
acima descrito favoreceu o advento de mais e mais tanques de pensamento. Seu papel na
expansão das empresas brasileiras sobre a América do Sul, por meio do lançamento da
por conseguinte, que por trás da iniciativa estejam grandes empresas brasileiras com capital
alocado nos países que compõem o entorno geopolítico do Brasil. Fruto de condições
capitais que viam a concorrência no mercado interno dificultada. É bem verdade que os
Plataforma Democrática, criada em 2007, mira a região, é também porque interessa ao PSDB
510
Sendo este um dos elementos da desigualdade de representação. Outros tantos passam pelo que Virgínia
Fontes chamou de “ampliação seletiva do Estado”, inclusive com a repressão pura e simples do aparelho
coercitivo sobre as organizações proletárias. Ver: FONTES, Virgínia. Brasil e o capital-imperialismo. Teoria
e História. Rio de Janeiro: UFRJ, 2010.
409
Trata-se, portanto, de aparelho capaz de responder às flutuações da cena política
brasileira. Assim, o IFHC investiu desde cedo em novas tecnologias, ciente de que ali estava
Manuel Castells para falar a respeito da sociedade em rede, publicou livro sobre a internet e
associou-se ao Quebrando o Tabu, página com mais de dez milhões de seguidores, que
divulga visões políticas moderadamente progressistas, mas com clara defesa da ortodoxia
reunindo especialistas próximos à sua orientação política de defesa rebaixada das pautas
extrema-direita que ameaça deixar o PSDB, mais uma vez, alijado de poder no Estado.
Que a fachada progressista não deixe ninguém se enganar sobre suposto apoio
internet, fomentou também outra página naquela rede social, intitulada O observador político,
esta em claro flerte com a extrema direita. Sob o pretexto de “debater política com qualidade
nas redes”, o OP, tocado por uma equipe encabeçada pelo já mencionado Xico Graziano,
511
FAUSTO, Sério; SORJ, Bernando (org.). Internet e mobilizações sociais. Transformações do espaço público
e da sociedade civil. São Paulo: Edições Plataforma Democrática, 2015.
410
atacou duramente o “lulopetismo”, defendeu intransigentemente o uso de agrotóxicos,
debochou das pautas progressistas sobre a questão das identidades, embarcou no extremismo
de João Dória e acabou nos braços do bolsonarismo. Nos veículos da grande imprensa, FHC
traduz a indecisão de um partido que se viu sem base eleitoral: mesmo passada a eleição de
“lulopetismo”, ainda disputando a representação de setores desta direita mais raivosa que se
fortaleceu no pleito. No início de 2020, após a emergência de uma coleção de fatos que
demostram o ataque aos limites da democracia pelo Presidente da República como tática de
governo, o tucano voltaria a se pronunciar sobre a política brasileira, alertando, contudo, que
seu partido havia privilegiado a ofensiva sobre Jair Bolsonaro, quando, em sua avaliação, o
petismo deveria seguir como alvo preferencial. Ainda em janeiro deste ano, FHC trocou
amenidades em encontro com governador de São Paulo, João Dória Jr., buscando
reaproximação com aquele que, dentro do partido, chegou a tentar disputar a liderança da
ascensão da direita.
São tempos de um “Novo PSDB”, na fala de Dória. Seu nascimento parece estar
transcorrendo, em parto doloroso, desde a derrota histórica nas eleições de 2018. Flertes com
a energia reacionária que foi galvanizada em torno do bolsonarismo houve, com vários
acenos ao lava-jatismo já desde, pelo menos, o malogro de Aécio Neves no pleito de 2014.
Em reunião de balanço do novo mandato de Dilma Rousseff, ainda em início naquele março
de 2015, FHC vociferou contra o governo. Defendeu união “das ruas” (isto é, dos
PT, preparando o caldo de cultura golpista que passaria a grassar no país), da sociedade civil
411
uma “alternativa de poder” ao “lulopetismo” que teria, em sua visão, açambarcado a
instituto, e talvez mesmo do PSDB, com o recurso ao lawfare dando o tom da novíssima
estratégia partidária 512. Confundindo-se com a autoimagem do partido, o IFHC até então
harmônico. A série de debates fomentada pelo instituto sobre o tema deu origem mesmo a
um livro assinado pela entidade. Nas páginas, a questão das identidades era vista com cuidado,
como polo gerador de tensões emanadas por abordagens tanto à esquerda quanto mais à
direita do problema. A defesa da coesão, neste panorama, não era mais do que a estratégia
que contivessem as insatisfações no interior da ordem, com o mínimo ruído possível sobre a
de um verniz social-democrático que o partido então ainda gostava de ostentar, mas cujo
512
Em evento realizado no IFHC, Steven Levitsky, autor do best-seller Como as democracias morrem, preveniu
contra a postura de “liberais” que, atuando nas brechas das leis, acabam por deslegitimar as “regras do jogo”
que juraram defender. Ver: https://fundacaofhc.org.br/enfotografias/como-morrem-as-democracias-por-
steven-levitsky
412
padrão dramaticamente rebaixado ficava evidente no encaminhamento das questões. O
Não é que o partido tenha rompido de vez com a ideia de representar uma terceira via.
conjuntura, lançado em livro em que o ex-presidente especula as razões da crise pela qual
defendendo a legalização das drogas e a descriminalização do aborto 513 . Por outro lado,
disparou também contra a “velha esquerda estatista”, da qual ele procurava se distanciar, é
verdade que sem serem necessários muitos esforços. O “partido efeagacista”, assim,
“requentaria” a velha terceira via dos anos 1990, com sua defesa da “harmonia” entre Estado
segurança pública, novo campo de batalhas sobretudo à direita, o IFHC ainda tenta se
equilibrar na velha fórmula de coerção somada a medidas de proteção social. Foram estes os
tons de palestras realizada no instituto por Raul Jungmann, sobre o crime organizado no país,
e por Armínio Fraga, sobre desigualdade social, ambas em 2019. Não há, contudo, nada
diferente da repetição da velha cantilena de que, no primeiro caso, “não adianta apenas
medida prática efetiva tanto para reinserção social de marginalizados quanto para redução do
descompasso entre renda do capital e do trabalho 515. É como se a extrema-direita, que foi em
513
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/04/ex-presidente-lanca-manifesto-do-partido-efeagacista-em-
novo-livro.shtml (acessado em 17/09/2020 às 17h21)
514
https://www.brasildefato.com.br/2018/05/24/novo-livro-de-fhc-requenta-ideia-de-terceira-via-dos-anos-90
515
Ver: https://fundacaofhc.org.br/iniciativas/debates/seguranca-publica-e-crime-organizado-o-pais-sabe-
como-enfrentalo e https://fundacaofhc.org.br/iniciativas/debates/politica-social-reformas-e-reducao-da-
desigualdade-social-no-brasil (acessados em 05 de março de 2020, às 14:24)
413
alguma medida cativada pelo IFHC quando do movimento para derrubada de Dilma Rousseff,
lançasse um desafio aos membros da entidade, mas que eles não podem enfrentar
coerentemente, por ainda estarem de alguma forma presos aos esquematismos da velha
Sobretudo após a vitória de Donald Trump em 2016, muita tinta foi usada em análises dos
segundo plano a vontade popular517; em parte pelo crescimento da “política do medo”, com
pelo desemprego estrutural produzido por uma economia “interconectada às cadeias globais
de valor”520. Chave interpretativa que, claro, retira o debate sobre os elementos imanentes ao
516
MARTINS, André. A direita para o social. A educação da sociabilidade no Brasil contemporâneo. Juiz de
Fora: UFJF, 2009.
517
CASTELLS, Manuel. A Ruptura. A crise da democracia liberal. Rio de Janeiro: Zahar, 2018.
518
Trata-se do nome de uma coletânea que reúne diversos autores para um “debate internacional sobre os
novos populismos e como enfrenta-los”. Ver: GEISELBERGER, Heinrich (org). A grande regressão.
São Paulo: Edições Liberdade, 2019.
519
APPADURAI, Arjun. Fadiga da democracia. In: GEISELBERGER, Heinrich (org). A grande regressão.
São Paulo: Edições Liberdade, 2019.
520
GEISELBERGER, Heinrich. Prefácio. In: ______ A grande regressão. São Paulo: Edições Liberdade,
2019.
414
capital da discussão, deslocando-a para os efeitos da mundialização da economia, com a
defesa de maior ou menor controle sobre os fluxos de capital, mas jamais sobre o capital em
si. No primeiro caso, trata-se do cansaço com a democracia pela incapacidade de o Estado
considerada “de portas abertas”. No segundo, tenta-se entender a crise atual em sua
de cariz neoliberal sendo amplificados pelas ondas migratórias e, por sua vez, sendo
discussões pelo menos desde 2008, quando o livro sobre coesão social já alertava sobre os
ano anterior e a tomada do Brasil pelo bolsonarismo, sediou debate sobre o tema. Sem
defender que esse “populismo” sempre mal definido seria uma reação aos “tecnocratas” que,
415
problemas econômicos e sociais521. A eventual potencialidade de “corrigir” a democracia,
assim, viria da capacidade de reabrir discussões que refluíram frente ao avanço do discurso
liberal globalizante.
Alertas são feitos, mas a resposta não vem, principalmente porque talvez não possa
vir. Aqui entra o problema que o IFHC, como instituição, não parece ser capaz de superar
sem negar elementos que lhe são constitutivos. Os tanques de pensamento, como “supridores
de gaps de racionalidade no Estado”, como reza a vulgata liberal, ou como APH’s burgueses,
em aparelhos que funcionam com códigos inacessíveis aos proscritos do saber técnico
legítimo, as organizações em tela são uma das forças que atuam no aprofundamento do
enfraquecimento, em nível planetário, de uma esquerda que desde a Queda do Muro não se
mostra capaz de oferecer um novo horizonte social, a ponto de o novo tempo do mundo ser
progresso522.
521
Ver: https://fundacaofhc.org.br/iniciativas/debates/populismo-e-democracia-ameaca-ou-corretivo
522
ARANTES, Paulo. O novo tempo do mundo e outros estudos sobre a era da emergência. São Paulo:
Boitempo, 2014.
416
Anexo I. Tabela com conexões nas sociedades civis, nacional e
internacional, por ano (2004-2019)
417
2005 Dominique Moisi editorialista do Colóquio com Dominique
jornal Financial Moisi
Times.
2005 Bill Clinton Clinton Foundation Jantar com Bill Clinton
2005 Hans Blix presidente da OS DESAFIOS DA
Comissão de Armas SEGURANÇA E DO
de Destruição em CONTROLE DE
Massa. ARMAMENTOS NA
AGENDA
INTERNACIONAL
CONTEMPORÂNEA
2005 Michael Fritsche assessor do Projeto DESIGUALDADE,
de Políticas POBREZA E
Econômicas e DESENVOLVIMENTO
Sociais da NA AMÉRICA LATINA:
Fundação Konrad BALANÇO E AGENDA
Adenauer DE POLÍTICAS
2005 Simon presidente do DESIGUALDADE,
Schwartzman Instituto de Estudos POBREZA E
do Trabalho e DESENVOLVIMENTO
Sociedade (IETS) NA AMÉRICA LATINA:
BALANÇO E AGENDA
DE POLÍTICAS
2005 Francisco Ferreira Banco Mundial DESIGUALDADE,
POBREZA E
DESENVOLVIMENTO
NA AMÉRICA LATINA:
BALANÇO E AGENDA
DE POLÍTICAS
2005 André Urani diretor executivo do DESIGUALDADE,
IETS POBREZA E
DESENVOLVIMENTO
NA AMÉRICA LATINA:
BALANÇO E AGENDA
DE POLÍTICAS
2005 Wilhelm representante da DESIGUALDADE,
Hofmeister Fundação Konrad POBREZA E
Adenauer no Brasil DESENVOLVIMENTO
NA AMÉRICA LATINA:
BALANÇO E AGENDA
DE POLÍTICAS
2005 Wanda Engel especialista do DESIGUALDADE,
Banco POBREZA E
Interamericano de DESENVOLVIMENTO
NA AMÉRICA LATINA:
418
Desenvolvimento BALANÇO E AGENDA
(BID). DE POLÍTICAS
2005 Francisco Perez pesquisador DESIGUALDADE,
Calle associado da POBREZA E
Fedesarrollo DESENVOLVIMENTO
NA AMÉRICA LATINA:
BALANÇO E AGENDA
DE POLÍTICAS
2005 Ruth Cardoso Comunitas DESIGUALDADE,
POBREZA E
DESENVOLVIMENTO
NA AMÉRICA LATINA:
BALANÇO E AGENDA
DE POLÍTICAS
2005 Jailson de Sousa e coordenador geral DESIGUALDADE,
Silva do Observatório de POBREZA E
Favelas DESENVOLVIMENTO
NA AMÉRICA LATINA:
BALANÇO E AGENDA
DE POLÍTICAS
2005 Carlos Lopes representante do DESIGUALDADE,
PNUD no Brasi POBREZA E
DESENVOLVIMENTO
NA AMÉRICA LATINA:
BALANÇO E AGENDA
DE POLÍTICAS
2005 Juan Luis Bour economista-chefe DESIGUALDADE,
da Fundación de POBREZA E
Investigaciones DESENVOLVIMENTO
Económicas NA AMÉRICA LATINA:
Latinoamericanas BALANÇO E AGENDA
(FIEL). DE POLÍTICAS
2005 Luiz Gylvan quadro das Nações MUDANÇA
Meira Filho Unidas sobre CLIMÁTICA E
Mudança do Clima DESAFIOS DO
DESENVOLVIMENTO
2005 Laura Tetti assessora de meio MUDANÇA
ambiente da União CLIMÁTICA E
da Agroindústria DESAFIOS DO
Canavieira de São DESENVOLVIMENTO
Paulo (Unica)
2005 Eliana Cardoso Colunista do Valor RELAÇÕES BRASIL-
Econômico ESTADOS UNIDOS:
ASSIMETRIAS E
CONVERGÊNCIAS
419
2005 Bolivar Instituto Millenium, O SISTEMA POLÍTICO
Lamounier Augurium BRASILEIRO:
Consultoria EVOLUÇÃO E
TENDÊNCIAS ATUAIS
2006 Moisés Naím editor da Revista Ilícito: o ataque da
Foreign Policy. pirataria, da lavagem de
dinheiro e do tráfico à
economia global
2006 Renato Guerreiro Guerreiro Desafios das
Consultoria telecomunicações no
Brasil: cenários e
políticas de longo prazo
2006 Ceres Prates diretora Desafios das
administrativa do telecomunicações no
Instituto Via Brasil: cenários e
Pública e sócia da políticas de longo prazo
Acesso Consultoria
2006 Naresh Singh High Level High Level Commission
Commission on on legal empowerment of
legal empowerment the poor
of the poor
(HLCLEP).
2006 Edgardo especialista sênior High Level Commission
Mosquiera do Setor Público em on legal empowerment of
Gerenciamento the poor
Econômico e
Redução da
Pobreza do Banco
Mundial.
2006 Miguel Darcy de assessor de High Level Commission
Oliveira Fernando Henrique on legal empowerment of
Cardoso e diretor da the poor
Comunitas
2006 Joaquim Falcão Conselho Nacional High Level Commission
de Justiça on legal empowerment of
the poor
2006 Oscar Vilhena Sou da Paz e High Level Commission
Vieira Conectas on legal empowerment of
the poor
2006 André Urani diretor executivo do High Level Commission
Instituto de Estudos on legal empowerment of
de Trabalho e the poor
Sociedade (IETS)
420
2006 Wanda Engel Divisão de High Level Commission
Programas Sociais on legal empowerment of
do Departamento de the poor
Desenvolvimento
Sustentável do
Banco
Interamericano de
Desenvolvimento
2006 Ivo Imparato representante High Level Commission
regional do Caribe e on legal empowerment of
da América Latina the poor
da Associação de
Cidades (Cities
Alliance)
2006 Liliana de Riz Coordenadora da High Level Commission
equipe de on legal empowerment of
Desenvolvimento the poor
Humano do
Programa das
Nações Unidas para
o Desenvolvimento
(Argentina).
2006 Joel Edelstein presidente do Sociedade civil e
Conselho do Centro democracia na América
Edelstein de Latina: crise e reinvenção
Pesquisas Sociais da política
2006 Bernardo Sorj Diretor do Sociedade civil e
Conselho do Centro democracia na América
Edelstein de Latina: crise e reinvenção
Pesquisas Sociais da política
2006 Ernesto Ottone secretário executivo Sociedade civil e
adjunto da democracia na América
Comissão Latina: crise e reinvenção
Econômica para da política
América Latina e
Caribe - CEPAL
(Chile)
2006 Fernando assessor especial Sociedade civil e
Calderon em democracia na América
Desenvolvimento Latina: crise e reinvenção
Humano do da política
Programa das
Nações Unidas para
o Desenvolvimento
- PNUD (Bolívia)
421
2006 Francine Jacome diretora do Instituto Sociedade civil e
Venezuelano de democracia na América
Estudos Sociais e Latina: crise e reinvenção
Políticos da política
(Venezuela)
2006 Mauricio Archila pesquisador Sociedade civil e
Neira associado e democracia na América
coordenador da Latina: crise e reinvenção
equipe sobre da política
Movimentos
Sociais do Centro
de Investigación y
Educación Popular
- CINEP
(Colômbia)
2006 Miguel Darcy de assessor do Sociedade civil e
Oliveira Presidente democracia na América
Fernando Henrique Latina: crise e reinvenção
Cardoso e diretor da da política
Comunitas (Brasil).
2007 Maria Ignez EXPOMUS Arquivos pessoais de
Mantovani Franco (Exposições, titulares de cargos
Museus, Projetos públicos: curadoria e
Culturais) tratamento técnico
2007 Bolívar Instituto Millenium, Voto distrital: a reforma
Lamounier Augurium política que interessa ao
Consultoria Brasil
2007 Jairo Nicolau FGV Voto distrital: a reforma
política que interessa ao
Brasil
2007 João Carlos Ferraz pesquisador da Inovação e
Comissão competitividade
Econômica para a
América Latina e o
Caribe (CEPAL)
2007 Laura Golbert pesquisadora da Programas de
área de políticas transferência de renda
sociais do Centro de condicionada
Estudios de Estado
y Sociedad
(CEDES-Argentina)
2007 Donald Winkler economista-sênior Impasses e soluções para
do Research uma política educacional
Triangle Institute para a América Latina
(RTI International)
422
e consultor do
Banco Mundial
2007 Norman Gall Instituto Fernand Impasses e soluções para
Braudel de uma política educacional
Economia Mundial para a América Latina
2007 Patrícia Guedes Instituto Fernand Impasses e soluções para
Braudel de uma política educacional
Economia Mundial para a América Latina
2007 Rose Neubauer Instituto de Impasses e soluções para
Protagonismo uma política educacional
Jovem e Educação para a América Latina
2007 Simon diretor-presidente Impasses e soluções para
Schwartzman do Instituto de uma política educacional
Estudos do para a América Latina
Trabalho e
Sociedade (IETS).
2007 Olavo Monteiro presidente da A reinvenção do futuro
de Carvalho Associação das grandes metrópoles e
Comercial do Rio a nova agenda de
de Janeiro (ACRJ). desenvolvimento
econômico e social da
América Latina
2007 André Urani diretor-executivo do A reinvenção do futuro
Instituto de Estudos das grandes metrópoles e
do Trabalho e a nova agenda de
Sociedade (IETS) desenvolvimento
econômico e social da
América Latina
2007 Joe Chan Downtown A reinvenção do futuro
Brooklyn das grandes metrópoles e
Partnership a nova agenda de
desenvolvimento
econômico e social da
América Latina
2007 Carmenza Saldias Centro A reinvenção do futuro
Iberoamericano de das grandes metrópoles e
Desarrollo a nova agenda de
Estratégico Urbano desenvolvimento
(CIDEU) econômico e social da
América Latina
2007 Julio Cotler Instituto de A reinvenção do futuro
Estudios Peruanos das grandes metrópoles e
a nova agenda de
desenvolvimento
423
econômico e social da
América Latina
2007 Sérgio Besserman presidente do A reinvenção do futuro
Vianna Instituto Pereira das grandes metrópoles e
Passos a nova agenda de
desenvolvimento
econômico e social da
América Latina
2007 Pedro da Motta Centro de Estudos A reinvenção do futuro
Veiga de Integração e das grandes metrópoles e
Desenvolvimento a nova agenda de
(CINDES) desenvolvimento
econômico e social da
América Latina
2007 Simon diretor-presidente A reinvenção do futuro
Schwartzman do IETS das grandes metrópoles e
a nova agenda de
desenvolvimento
econômico e social da
América Latina
2007 Francisco Gaetani assessor especial do A reinvenção do futuro
Programa das das grandes metrópoles e
Nações Unidas para a nova agenda de
o Desenvolvimento desenvolvimento
(PNUD) econômico e social da
América Latina
2007 José Brakarz analista econômico A reinvenção do futuro
do Banco das grandes metrópoles e
Interamericano de a nova agenda de
Desenvolvimento desenvolvimento
(BID) econômico e social da
América Latina
2007 Cezar Vasquez diretor do IETS A reinvenção do futuro
das grandes metrópoles e
a nova agenda de
desenvolvimento
econômico e social da
América Latina
2007 Sérgio Abranches diretor da Meio ambiente
associação O Eco e
comentarista do
boletim Ecopolítica,
da Rádio CBN
424
2007 Francine Jácome Instituto Coesão social em
Venezoelano de democracia na América
Estudios Sociales y Latina
Políticos (INVESP-
Venezuela)
2007 Julio Cotler pesquisador do Coesão social em
Instituto de democracia na América
Estudios Peruanos Latina
(Peru)
2007 Pablo Dreyfus Viva Rio Coesão social em
democracia na América
Latina
2007 Rubem César pesquisador do Coesão social em
Fernandes Instituto Superior democracia na América
de Estudos da Latina
Religião (ISER) e
diretor-executivo do
Viva Rio
2007 Simon diretor-presidente Coesão social em
Schwartzman do Instituto de democracia na América
Estudos do Latina
Trabalho e
Sociedade (IETS).
2007 Rubens Barbosa presidente do Brasil e México: o desafio
Conselho Superior do crescimento acelerado
de Comércio
Externo da
Federação das
Indústrias de São
Paulo (FIESP)
2007 Edward Glaeser John F. Kennedy Um novo repertório de
School of estratégias frente ao crime
Government e à violência na América
Latina
2007 Andrew Morrison Banco Mundial Um novo repertório de
estratégias frente ao crime
e à violência na América
Latina
2007 Rodrigo Guerrero criador do Um novo repertório de
Programa estratégias frente ao crime
Desarollo, e à violência na América
Seguridad y Paz Latina
(DESEPAZ),
Colômbia
425
2007 Rubem César diretor-executivo da Um novo repertório de
Fernandes ONG Viva Rio estratégias frente ao crime
e à violência na América
Latina
2007 Norman Loyaza economista do Um novo repertório de
Banco Mundial estratégias frente ao crime
e à violência na América
Latina
2007 Linn Hammergren especialista em Um novo repertório de
administração estratégias frente ao crime
pública do Banco e à violência na América
Mundial Latina
2007 André Franco Instituto Brasileiro Cultura das transgressões
Montoro Filho de Ética no Brasil: lições da
Concorrencial história. Superar essa
(ETCO) cultura é condição para o
desenvolvimento?
2007 Marcílio Marques presidente do Cultura das transgressões
Moreira Conselho no Brasil: lições da
Consultivo do história. Superar essa
ETCO cultura é condição para o
desenvolvimento?
2007 Bolívar Instituto Millenium Cultura das transgressões
Lamounier no Brasil: lições da
história. Superar essa
cultura é condição para o
desenvolvimento?
2007 Joaquim Falcão Escola de Direito da Cultura das transgressões
Fundação Getúlio no Brasil: lições da
Vargas do Rio de história. Superar essa
Janeiro (FGV-RJ) cultura é condição para o
desenvolvimento?
2007 José Guilherme economista sênior São Paulo: declínio ou
Reis do Banco Mundial reinvenção da metrópole?
2007 André Urani economista, diretor- São Paulo: declínio ou
executivo do reinvenção da metrópole?
Instituto de Estudos
do Trabalho e
Sociedade (IETS).
2007 Cynthia Arnson diretora do Mesa-redonda com
Programa Latino- representantes do Wilson
Americano do Center
Wilson Center
(EUA)
426
2007 Samuel Wells diretor-associado do Mesa-redonda com
Wilson Center e representantes do Wilson
diretor de Estudos Center
da Europa
Ocidental;
2007 Alan Wright assistente de Mesa-redonda com
programa do Brazil representantes do Wilson
Institute do Wilson Center
Center;
2007 Antônio Carlos Opinião do jornal O Mesa-redonda com
Pereira Estado de S.Paulo; representantes do Wilson
Center
2007 Paulo Sotero diretor do Brazil Mesa-redonda com
Institute do Wilson representantes do Wilson
Center Center
2007 Rubens Barbosa presidente do Mesa-redonda com
Conselho Superior representantes do Wilson
de Comércio Center
Externo da
Federação das
Indústrias de São
Paulo (FIESP).
2008 André.Skaf Novos Líderes Mesa Redonda do Projeto
Plataforma Democrática
428
2008 Maria Odete IASP DEmoCrACiA E EstADo
Duque Bertasi DE DirEito: o JuDiCiário
Em FoCo
2008 Maria Odete IASP usos E ABusos Dos
Duque Bertasi GrAmPos tElEFÔNiCos
2009 Fernando Solana Comexi ii ENCoNtro iFHC-
ComEXi
2009 Luiz Alberto Bid NuEVos DEsAFíos DE lA
Moreno DEmoCrACiA y DEl
DEsArrollo EN AmériCA
lAtiNA
2009 Alejandro Foxley Cieplan (Chile) NuEVos DEsAFíos DE lA
DEmoCrACiA y DEl
DEsArrollo EN AmériCA
lAtiNA
2009 Patricio Meller Cieplan (Chile) NuEVos DEsAFíos DE lA
DEmoCrACiA y DEl
DEsArrollo EN AmériCA
lAtiNA
2009 Santiago Levy BID NuEVos DEsAFíos DE lA
DEmoCrACiA y DEl
DEsArrollo EN AmériCA
lAtiNA
2009 Mário Morel BID NuEVos DEsAFíos DE lA
DEmoCrACiA y DEl
DEsArrollo EN AmériCA
lAtiNA
2009 Maurício Brooking Institute NuEVos DEsAFíos DE lA
Cardenas DEmoCrACiA y DEl
DEsArrollo EN AmériCA
lAtiNA
2009 Ricardo Markwald FUNCEX O futuro do mercosul
2009 Roberto Gianetti FIESP O futuro do mercosul
da Fonseca
2009 José Botafogo CEBRI O futuro do mercosul
Gonçalves
2009 Danny Leipziger Banco Mundial “DEsAFios Do
CrEsCimENto E Do
DEsENVolVimENto:
liçÕEs DA HistóriA
rECENtE E
PErsPECtiVAs PArA o
Futuro
2009 Maureen Lewis Banco Mundial “DEsAFios Do
CrEsCimENto E Do
429
DEsENVolVimENto:
liçÕEs DA HistóriA
rECENtE E
PErsPECtiVAs PArA o
Futuro
2009 André Medici Banco Mundial “DEsAFios Do
CrEsCimENto E Do
DEsENVolVimENto:
liçÕEs DA HistóriA
rECENtE E
PErsPECtiVAs PArA o
Futuro
2009 Geraldo Biasoto Diretor da “DEsAFios Do
FUNDAP CrEsCimENto E Do
DEsENVolVimENto:
liçÕEs DA HistóriA
rECENtE E
PErsPECtiVAs PArA o
Futuro
2009 André Franco ETCO CulturA DAs
Montoro Filho trANsGrEssÕEs: VisÕEs
Do PrEsENtE
2009 Marcílio Marques ETCO CulturA DAs
Moreira trANsGrEssÕEs: VisÕEs
Do PrEsENtE
2009 Ann Bersnstein Center for soutH AFriCA 15 yEArs
Development and AFtEr tHE END oF
Enterprise (África APArtHEiD – A
do Sul) DEmoCrACtiC AND
EmErGiNG CouNtry
2009 Victor IMEMO (Rússia) russiA AND BrAzil:
Krasilshchikov DiVErGiNG
DEVEloPmENt PAtHs?
2009 Joaquim Falcão FGV os triBuNAis Em
DEBAtE: mANDAtos,
PoDErEs E EstruturAs
2009 Maria Odete IASP os triBuNAis Em
Duque Bertasi DEBAtE: mANDAtos,
PoDErEs E EstruturAs
2009 Paulo Skaf FIESP Pré-sAl: VAlE A PENA
muDAr o mArCo
rEGulAtório?
2010 Bernardo Sorj Edelstein a estratégia nacional de
defesa
430
2010 Malak Poppovic Conectas Mesa-redonda reforma da
onu
2010 Pedro Paulo Conectas Mesa-redonda reforma da
Poppovic onu
2010 Camila Asano Conectas Mesa-redonda reforma da
onu
2010 Guilherme L. da representante Mesa-redonda reforma da
Cunha regional do Alto onu
Comissariado das
Nações Unidas;
2010 Bernardo Sorj Edelstein dinâmicas geopolíticas
globais e o futuro da
democracia na américa
latina
2010 Pedro da Motta diretor do Centro de dinâmicas geopolíticas
Veiga Estudos de globais e o futuro da
Integração e democracia na américa
Desenvolvimento latina
(CINDES
2010 Peter Fischer- representante da dinâmicas geopolíticas
Bollin Konrad-Adenauer- globais e o futuro da
Stiftung (KAS) no democracia na américa
Brasil; latina
2010 Hildegard chefe de Política dinâmicas geopolíticas
Stausberg Internacional do globais e o futuro da
jornal Die Welt democracia na américa
latina
436
2013 Caio Koch-Weser presidente do Climate Change:
European Climate Sustainable development
Fundation and responsible
investment
2013 lidia Goldenstein membro do São Paulo, entre o
Conselho da passado e o futuro:
Desenvolve SP, iniciativas presentes para
diretora da a reinvenção da metrópole
Fundação Bienal,
atua na área de
Economia Criativa
2013 Moisés naim colunista A Crise do Poder: por que
internacional dos hoje se tornou mais difícil
jornais El Pais exercê-lo?
(Espanha) e La
Reppubblica (itália)
e associado sênior
do Programa
internacional de
Economia da
Carnegie
Endowment for
international Peace
2013 rubens ricupero ex-secretário-geral taming the american
da UnCTAD Power: US Foreign Policy
in a Multipolar World
2013 Federico Burone international Participação do Setor
Development Privado na oferta de Bens
research Centre Públicos
(iDrC)
2013 Haroldo torres hoje diretor-adjunto Participação do Setor
do SEADE Privado na oferta de Bens
Públicos
2013 vera Monteiro sócia da Sundfeld Participação do Setor
Advogados – Privado na oferta de Bens
Consultores em Públicos
Direito Público e
regulação
2013 ricardo Markwald real instituto Elcano os novos acordos
regionais de Comércio e
Investimentos: desafios
para Brasil e europa
2013 Sandra rios real instituto Elcano os novos acordos
regionais de Comércio e
437
Investimentos: desafios
para Brasil e europa
2013 lia valls Pereira real instituto Elcano os novos acordos
regionais de Comércio e
Investimentos: desafios
para Brasil e europa
2013 rafael estrella real instituto Elcano os novos acordos
regionais de Comércio e
Investimentos: desafios
para Brasil e europa
2013 Carlos Malamud real instituto Elcano os novos acordos
regionais de Comércio e
Investimentos: desafios
para Brasil e europa
2013 Milton Braga Curador do Urbem São Paulo, entre o
passado e o futuro:
iniciativas presentes para
a reinvenção da metrópole
438
RELAÇÃO ENTRE AS
DUAS POTÊNCIAS
2014 André Medici Banco Mundial OS DESAFIOS DE
FINANCIAMENTO À
SAÚDE PÚBLICA NO
BRASIL
2014 Paulo Modes Instituto Brasileiro OS DESAFIOS À
de Direito Público GESTÃO DA SAÚDE
NO BRASIL
2014 Lilia Cristina colaboradora do El PARA ONDE VAI A
Marcano País da Espanha e VENEZUELA?
coautora de Hugo
Chávez sem
uniforme , primeira
biografi a
documentada do
presidente
venezuelano
2014 Gro Brundtland enviada especial ENCONTRO COM GRO
para as Alterações BRUNDTLAND E O
Climáticas da ONU EX-PRESIDENTE
FERNANDO
HENRIQUE CARDOSO
2014 Antonio Jiménez El País O BRASIL PELO
Barca OLHAR DE
CORRESPONDENTES
ESTRANGEIROS
2014 Brian Winter Reuters O BRASIL PELO
OLHAR DE
CORRESPONDENTES
ESTRANGEIROS
2014 Simon Romero The New York O BRASIL PELO
Times OLHAR DE
CORRESPONDENTES
ESTRANGEIROS
2014 Verônica ABC O BRASIL PELO
Goyzueta OLHAR DE
CORRESPONDENTES
ESTRANGEIROS
2014 Peter Hakin fundador e COMO OS ESTADOS
presidente emérito UNIDOS VEEM A
do Inter-American RELAÇÃO COM O
Dialogue, BRASIL NO PRÓXIMO
colaborador em MANDATO
periódicos PRESIDENCIAL?
439
especializados
( Foreign Policy e
Foreign Affairs ) e
em jornais como
The New York
Times e Financial
Times
2014 Pedro Parente membro do OPORTUNIDADES E
Conselho do AVANÇOS NA
Instituto Sou da Paz SEGURANÇA PÚBLICA
BRASILEIRA
2014 Lanxin Xiang é fundador do CHINA: DESAFIOS
Fórum Trilateral INTERNOS E
PROJEÇÃO GLOBAL
2014 Fernando jornalista trabalhou O BRASIL NO NOVO
Rodrigues na Folha de S.Paulo MANDATO
como repórter, PRESIDENCIAL (2015-
editor de Economia, 2018)
correspondente em
Nova York, Tóquio
e Washington, e
como colunista e
repórter na Sucursal
de Brasília
2014 André Liohn Revistas Der CRIME ORGANIZADO
Spiegel, Newsweek, E JOVENS DA
Time PERIFERIA
2015 Bernardo Sorj Edelstein os ATenTADos De PAris:
signiFiCADos e
ConseQUÊnCiAs Dos
ATos De Terror
2015 Gloria Alvarez Representando o venCenDo o PoPUlisMo
MCN - Movimento CoM As ArMAs DA
Cívico Nacional DeMoCrACiA: UM
enConTro CoM gloriA
AlvAreZ
2015 Moreira Franco presidente da reForMA Do sisTeMA
Fundação Ulysses eleiTorAl: o QUe É
Guimarães, do Melhor PArA A
PMDB DeMoCrACiA
BrAsileirA?
2015 Bernardo Sorj Edelstein inTerneT e
MoBiliZAÇÕes soCiAis:
TrAnsForMAÇÕes Do
440
esPAÇo PÚBliCo e DA
soCieDADe Civil
2015 Rudá Ricci membro do inTerneT e
Observatório MoBiliZAÇÕes soCiAis:
Internacional da TrAnsForMAÇÕes Do
Democracia esPAÇo PÚBliCo e DA
Participativa. soCieDADe Civil
2015 Alexandre Global Alliance of DesAFios e
Kalache International oPorTUniDADes Do
Longevity Centres envelheCiMenTo
PoPUlACionAl
2015 Ruy Salvari diretor da Fiesp. inovAÇÃo e sAÚDe no
Baumer BrAsil: iDenTiFiCAnDo
DesAFios e BUsCAnDo
solUÇÕes
2015 Aziz Mekouar membro da OCP TrADe, FooD, energY
Policy Center AnD ChAnges in The
inTernATionAl sYsTeM:
vieWs FroM norTh AnD
soUTh ATlAnTiC
nATions
2015 Cheikh Tidiane presidente do TrADe, FooD, energY
Gadio Institut PanAfricain AnD ChAnges in The
de Stratégies inTernATionAl sYsTeM:
vieWs FroM norTh AnD
soUTh ATlAnTiC
nATions
2015 Eckart Woertz Barcelona Centre TrADe, FooD, energY
for International AnD ChAnges in The
Affairs inTernATionAl sYsTeM:
vieWs FroM norTh AnD
soUTh ATlAnTiC
nATions
2015 John Yearwood editor internacional TrADe, FooD, energY
na Miami Herald AnD ChAnges in The
inTernATionAl sYsTeM:
vieWs FroM norTh AnD
soUTh ATlAnTiC
nATions
2015 Ezana Bocresian membro do OCP TrADe, FooD, energY
Policy Center AnD ChAnges in The
inTernATionAl sYsTeM:
vieWs FroM norTh AnD
soUTh ATlAnTiC
nATions
441
2015 José Goldemberg presidente da TrADe, FooD, energY
Fapesp AnD ChAnges in The
inTernATionAl sYsTeM:
vieWs FroM norTh AnD
soUTh ATlAnTiC
nATions
2015 Sandra Rios Centro de Estudos TrADe, FooD, energY
de Integração e AnD ChAnges in The
Desenvolvimento inTernATionAl sYsTeM:
vieWs FroM norTh AnD
soUTh ATlAnTiC
nATions
2015 Vera Songwe e membro da OCP TrADe, FooD, energY
Policy Center AnD ChAnges in The
inTernATionAl sYsTeM:
vieWs FroM norTh AnD
soUTh ATlAnTiC
nATions
2015 Pedro C. B. de pesquisador do A ConTrovÉrsiA eM
Paula Internet Lab. Torno DA UBer: CoMo
regUlAr inovAÇÕes
DisrUPTivAs
2015 Armínio Fraga Casa das Garças PolÍTiCA e eConoMiA
nA DinÂMiCA DA Crise
2015 Sérgio Abranches CBN PolÍTiCA e eConoMiA
nA DinÂMiCA DA Crise
2015 Maria Alice socióloga e PlAno nACionAl DA
Setubal presidente do eDUCAÇÃo: UMA
Conselho de AvAliAÇÃo De seUs
Administração do oBJeTivos,
Centro de Estudos e insTrUMenTos e
Pesquisas em PossiBiliDADes De
Educação, Cultura e FinAnCiAMenTo
Ação Comunitária
(CENPEC) e da
Fundação Tide
Setuba
2016 Sérgio Abranches CBN mudança climática: paris
Foi um divisor dE águas?
2016 Manuel Cuesta Membro do Comité atÉ ondE podEm cHEgar
Morúa Ciudadanos por la as mudanças Em cuBa?
Integración Encontro com o
Racialembro do dissidEntE cuBano
Comité Ciudadanos manuEl cuEsta morÚa
442
por la Integración
Racial
2016 Marcos de Barros presidente do Insper crEscimEnto, dEmocracia
Lisboa E distriBuição da rEnda:
Em Busca dE um novo
modElo
2016 Luis Norberto membro do HomEnagEm a JosÉ
Pascoal conselho roBErto magalHãEs
deliberativo do tEiXEira (1937-1996)
Insper
2016 Yavuz Baydar Cofundador da P24, a turQuia soB alta tEnsão
plataforma de
Jornalismo
Independente.
Publica artigos no
New York Times,
The Guardian,
Süddeutsche
Zeitung, El Pais e
no Al Jazeera.
Escreve para o
Özgür Düşünce e
para o site do
Haberdar
2016 Uzi Rabi diretor do Moshe a gEopolÍtica do oriEntE
Dayan Center para mÉdio E as cHancEs dE
Estudos do Oriente uma solução dE dois
Médio e áfrica e Estados
pesquisador sênior
do Centro de
Estudos Iranianos
2016 Jorge quiroga presidente da os dEsaFios para a
Fundemos desde conclusão do acordo
2002 mErcosul / união
EuropEia
2016 Bernardo Sorj diretor do Centro lançamEnto E-BooK
Edelstein de ativismo polÍtico Em
Pesquisas Sociais e tEmpos dE intErnEt
codiretor da
Plataforma
Democrática
2016 Marco Aurélio do Instituto de lançamEnto E-BooK
Nogueira Pesquisa de ativismo polÍtico Em
Relações tEmpos dE intErnEt
443
Internacionais
(IPPRI)
2016 Carlos Pagni colunista político argEntina: um Balanço
do jornal La Nación dos primEiros sEis mEsEs
e colunista do govErno macri
internacional do
jornal El País
2016 Jussara Carvalho Cetesb para as águas no tErritÓrio das
Mudanças grandes cidadEs: um
Climáticas dEsaFio Às polÍticas
pÚBlicas
2016 Stela Goldenstein águas Claras do Rio as águas no tErritÓrio das
Pinheiros grandEs cidadEs: um
dEsaFio Às polÍticas
pÚBlicas
2016 Claudia Costin vice-presidente da Educação no Brasil: o
Fundação Victor QuE podEmos aprEndEr
Civita com o mundo?
2016 Naercio Menezes consultor da Educação no Brasil: o
Filho Fundação Itaú QuE podEmos aprEndEr
Social. com o mundo?
2016 Rafael Fernández ditor da Foreign Brasil E mÉXico:
de Castro Medina Affairs em espanhol traJEtÓrias distintas E
e colunista da dEsaFios comuns
revista Proceso
2016 Pedro da Motta diretor do Cindes e Brasil E mÉXico:
Veiga sócio-diretor da traJEtÓrias distintas E
Ecostrat dEsaFios comuns
Consultores,
consultor regional
da Agência Suíça de
Cooperação para o
Desenvolvimento e
consultor
permanente da
Confederação
Nacional da
Indústria,
coordenador no
Brasil e membro do
Latin American
Trade Network
(LATN)
444
2016 Rubens Barbosa presidente de HomEnagEm aos 100
conselho de anos dE nascimEnto dE
comércio exterior andrÉ Franco montoro
da Fiesp
2016 Bernardo Sorj Edelstein dEmocracias turBulEntas:
o QuE acontEcE na
Europa, na amÉrica latina
E nos Eua?
2016 Christian Leffler European External dEmocracias turBulEntas:
Action Service o QuE acontEcE na
Europa, na amÉrica latina
E nos Eua?
2016 Jorge G. Co-presidente do dEmocracias turBulEntas:
Castañeda Conselho o QuE acontEcE na
Estratégico Franco- Europa, na amÉrica latina
Mexicano e E nos Eua?
conselheiro da
Human Rights
Watch
2016 José Botafogo embaixador e vice- dEmocracias turBulEntas:
Gonçalves presidente emérito o QuE acontEcE na
do Cebri Europa, na amÉrica latina
E nos Eua?
2016 Kori Schake Instituição Hoover dEmocracias turBulEntas:
participa dos o QuE acontEcE na
conselhos do Orbis Europa, na amÉrica latina
Journal e do Centro E nos Eua?
para a Reforma
Europeia
2016 Mathew J. diretor do Atlantic dEmocracias turBulEntas:
Burrows Council’s Strategic o QuE acontEcE na
Foresight Initiative Europa, na amÉrica latina
no Brent Scowcroft E nos Eua?
Center
2016 Lanxin Xiang CSIS a cHina soB Xi Jinping: o
QuE QuEr E o QuE podE
o lÍdEr cHinês?
2016 Andreas Dombret Basel Comittee on os dEsaFios dos Bancos
Banking EuropEus num amBiEntE
Supervision dE taXa dE Juros
nEgativos
2016 James Stewart membro da cEnário gloBal E
infraestrutura do invEstimEnto Em
Conselho da inFraEstrutura no Brasil
Agenda Global do
445
Fórum Econômico
Mundial e
presidente do
conselho consultivo
para a united
Nations Economic
Commission for
Europe (UNECE
PPP
2016 Ana Inoue assessora de a Educação tÉcnica E a
Educação do Itaú rEForma do Ensino
BBA mÉdio
2016 Rafael Lucchesi diretor-geral do a Educação tÉcnica E a
Senai rEForma do Ensino
mÉdio
2016 Ricardo Henriques superintendente a Educação tÉcnica E a
executivo do rEForma do Ensino
Instituto unibanco mÉdio
2016 Simon pesquisador do a Educação tÉcnica E a
Schwartzmann Instituto de Estudos rEForma do Ensino
do Trabalho e mÉdio
Sociedade.
2017 Helio Zylberstajn Fundação instituto A REFORMA
de Pesquisas TRABALHISTA: JOGO
econômicas (FiPe) DE SOMA ZERO OU DE
SOMA POSITIVA?
2017 Ricardo Patah presidente da união A REFORMA
geral dos TRABALHISTA: JOGO
trabalhadores (ugt) DE SOMA ZERO OU DE
e do sindicato dos SOMA POSITIVA?
comerciários de são
Paulo. graduado em
direito pela
universidade são
Judas tadeu (usJt) e
em administração
pela Puc-sP.
2017 Bernardo Sorj Edelstein DIREITO À
PRIVACIDADE E
LIBERDADE DE
EXPRESSÃO NO
MUNDO DIGITAL
2017 Dennys Antonialli diretor do DIREITO À
internetlab PRIVACIDADE E
LIBERDADE DE
446
EXPRESSÃO NO
MUNDO DIGITAL
2017 Francisco Cruz diretor do DIREITO À
internetlab PRIVACIDADE E
LIBERDADE DE
EXPRESSÃO NO
MUNDO DIGITAL
2017 Francisco Inácio Fundação oswaldo DESCRIMINALIZAÇÃO
Bastos cruz DO USO DE DROGAS:
UM DEBATE
INADIÁVEL
2017 Antonio Carlos instituto brasileiro POLÍTICA
Migliari de Petróleo, gás e INDUSTRIAL PARA
Guimarães biocombustíveis PETRÓLEO E GÁS:
(ibP) QUAL O RUMO A
SEGUIR?
2017 Eloi Fernández y organização POLÍTICA
Fernández nacional da INDUSTRIAL PARA
indústria do PETRÓLEO E GÁS:
Petróleo QUAL O RUMO A
SEGUIR?
2017 Felix Peña Fundação icbc BRASIL E
ARGENTINA: DEVEM
OS DOIS PAÍSES
ATUAR JUNTOS NUM
MUNDO EM
FRAGMENTAÇÃO?
2017 Larry Diamond coeditor e fundador HÁ UM DECLÍNIO
do mundialmente GLOBAL DAS
respeitado Journal DEMOCRACIAS
of democracy. LIBERAIS?
2017 Alexandre copresidente da POLÍTICAS PÚBLICAS
Kalache international PARA O
longevity centre ENVELHECIMENTO
global alliance e SAUDÁVEL: O QUE O
presidente do centro BRASIL PODE
internacional de APRENDER COM A
longevidade do HOLANDA?
brasil.
2017 Bas van den diretor da POLÍTICAS PÚBLICAS
Dungen associação nacional PARA O
de cuidados ENVELHECIMENTO
domiciliários SAUDÁVEL: O QUE O
BRASIL PODE
447
APRENDER COM A
HOLANDA?
2017 Enrique V. Iglesias copresidente do BRASIL:
ciPc PRODUTIVIDADE E
COMPETITIVIDADE
2017 Enrique García copresidente do BRASIL:
ciPc PRODUTIVIDADE E
COMPETITIVIDADE
2017 Pedro presidente do iedi BRASIL:
Wongtschowski PRODUTIVIDADE E
COMPETITIVIDADE
2017 Roberto Teixeira conselheiro emérito BRASIL:
da Costa do cebri PRODUTIVIDADE E
COMPETITIVIDADE
2017 Claudio Sales presidente do REESTRUTURAÇÃO
instituto acende DO SETOR ELÉTRICO
brasil
2017 Jean-François conselheiro científi CIDADES
Soupizet co do Futuribles “INTELIGENTES”:
International PROJETOS, AÇÕES E
DESAFIOS PARA A
REINVENÇÃO DA
DEMOCRACIA, DO
GOVERNO E DA
EXPERIÊNCIA
URBANA
2017 Martín Tanaka pesquisador do PERU: UM MODELO
instituto de estudos PARA A AMÉRICA
Peruanos, colunista LATINA?
semanal do jornal
La República
2017 Laura Diniz sócia-fundadora do AS LIÇÕES DA LAVA
portal jurídico Jota. JATO E OS AVANÇOS E
É vice-presidente DESAFIOS NO
do instituto não COMBATE À
aceito corrupção CORRUPÇÃO
2017 Marcos Vinícius fundador e diretor FINANCIAMENTO DE
executivo da rede CAMPANHAS: QUE
de ação Política MODELO O BRASIL
pela DEVE ADOTAR?
sustentabilidade
(raPs)
2017 Robert Atkinson a Fundação de INOVAÇÕES
tecnologia da DISRUPTIVAS E O
informação e FUTURO DO
448
inovação EMPREGO: AMEAÇAS
(information E OPORTUNIDADES
technology and
innovation
Foundation - itiF)
2017 Fernando Mello diretor do urbeM A IMPORTÂNCIA DOS
Franco PARQUES PÚBLICOS
NAS GRANDES
CIDADES
2017 Philip Yang fundador do urbeM A IMPORTÂNCIA DOS
PARQUES PÚBLICOS
NAS GRANDES
CIDADES
2017 Rafael Birmann presidente do A IMPORTÂNCIA DOS
conselho da PARQUES PÚBLICOS
Fundação birmann NAS GRANDES
CIDADES
2017 Martin Wolf editor associado e A RECUPERAÇÃO DA
comentarista chefe ECONOMIA GLOBAL
de economia do
jornal britânico
Financial Times
2017 Ian Bremmer É presidente OS EFEITOS DO
fundador do QUADRO POLÍTICO
conselho agenda INTERNACIONAL
global do Fórum SOBRE A
econômico Mundial RECUPERAÇÃO DA
(davos) e autor de ECONOMIA GLOBAL
diversos livros
sobre geopolítica
global
2017 Alfredo Romero diretor executivo da A LUTA PELA
Foro Penal, ong DEMOCRACIA NA
venezuelana VENEZUELA E O QUE
O BRASIL PODE
FAZER
2017 David Smolansky ex-prefeito da A LUTA PELA
cidade de el hatillo DEMOCRACIA NA
e integrante e VENEZUELA E O QUE
cofundador do O BRASIL PODE
partido voluntad FAZER
Popular
2017 Manuela Bolivar deputada A LUTA PELA
venezuelana, DEMOCRACIA NA
também do partido VENEZUELA E O QUE
449
voluntad Popular e O BRASIL PODE
fundadora da FAZER
organização Futuro
Presente
2017 Tamara Taraciuk pesquisadora sênior A LUTA PELA
Broner da divisão das DEMOCRACIA NA
américas da human VENEZUELA E O QUE
rights Watch O BRASIL PODE
FAZER
2017 Dominique diretor-geral da MACRON FRENTE À
Reynié Fundação para a AMEAÇA DO
inovação Política NACIONALISMO
(Fondapol) XENÓFOBO E À
ESPERANÇA DE
RENOVAÇÃO DO
PROJETO EUROPEU
2017 Clemente Ganz diretor técnico do REFORMA
Lúcio departamento TRABALHISTA: O QUE
intersindical de MUDA, O QUE DEVE
estatística e estudos MUDAR
socioeconômicos
(dieese) desde 2004
2017 Eduardo Pastore advogado REFORMA
trabalhista, TRABALHISTA: O QUE
consultor da MUDA, O QUE DEVE
confederação MUDAR
nacional da
indústria (cni/Pda) e
membro do
conselho de
relações do trabalho
da Fecomércio e
Fiesp.
2017 Adilson Araújo presidente nacional REFORMA
da central dos TRABALHISTA: O QUE
trabalhadores e MUDA, O QUE DEVE
trabalhadoras do MUDAR
brasil (ctb) nos
mandatos 2013-
2017 e 2017-2021
2017 Manuel participa de INOVAÇÕES
Trajtenberg conselhos DISRUPTIVAS E O
consultivos da FUTURO DO
organização para a EMPREGO: AMEAÇAS
cooperação e E OPORTUNIDADES
450
desenvolvimento
econômico (ocde)
2018 Eduardo Pastore advogado RELAÇÕES
trabalhista, TRABALHISTAS PÓS-
consultor da REFORMA: COMO
Confederação FICAM AS
Nacional da NEGOCIAÇÕES ENTRE
Indústria EMPREGADOS E
(CNI/PDA) e EMPREGADORES?
membro do
Conselho de
Relações do
Trabalho da
Fecomércio e da
Fiesp
2018 Fausto Augusto coordenador de RELAÇÕES
Junior educação e TRABALHISTAS PÓS-
comunicação do REFORMA: COMO
Departamento FICAM AS
Intersindical de NEGOCIAÇÕES ENTRE
Estatística e EMPREGADOS E
Estudos EMPREGADORES?
Socioeconômicos
(DIEESE) e
professor da Escola
DIEESE de
Ciências do
Trabalho
2018 Juvandia Moreira vice-presidente da RELAÇÕES
Leite Confederação TRABALHISTAS PÓS-
Nacional dos REFORMA: COMO
Trabalhadores do FICAM AS
Ramo Financeiro NEGOCIAÇÕES ENTRE
(Contraf-CUT) EMPREGADOS E
desde 2016. EMPREGADORES?
2018 Embaixador CTBTO 50 ANOS DO TRATADO
Rafael Grossi DE NÃO
PROLIFERAÇÃO DE
ARMAS NUCLEARES:
IMPASSES E
PERSPECTIVAS
2018 Embaixador conselheiro emérito 50 ANOS DO TRATADO
Marcos Azambuja do Centro DE NÃO
Brasileiro de PROLIFERAÇÃO DE
Relações ARMAS NUCLEARES:
451
Internacionais IMPASSES E
(CEBRI) PERSPECTIVAS
2018 Dr. Marco Marzo secretário-geral da 50 ANOS DO TRATADO
Agência Brasileiro- DE NÃO
Argentina de PROLIFERAÇÃO DE
Contabilidade e ARMAS NUCLEARES:
Controle de IMPASSES E
Materiais Nucleares PERSPECTIVAS
(ABACC).
2018 Embaixador representante do 50 ANOS DO TRATADO
Marcel Fortuna Brasil junto à AIEA DE NÃO
Biato e CTBTO PROLIFERAÇÃO DE
ARMAS NUCLEARES:
IMPASSES E
PERSPECTIVAS
2018 Dra. Renata Superintendente de 50 ANOS DO TRATADO
Dalaqua Projetos do CEBRI DE NÃO
PROLIFERAÇÃO DE
ARMAS NUCLEARES:
IMPASSES E
PERSPECTIVAS
2018 Embaixador presidente da 50 ANOS DO TRATADO
Sérgio Eduardo Fundação DE NÃO
Moreira Lima Alexandre de PROLIFERAÇÃO DE
Gusmão ARMAS NUCLEARES:
IMPASSES E
PERSPECTIVAS
2018 Roberto SRB SEGURANÇA
Rodrigues ALIMENTAR GLOBAL:
UMA POLÍTICA DE
ESTADO
2018 Arthur R. Kroeber membro do Comitê APRENDENDO A
Nacional de VIVER COM A
Relações EUA- RIVALIDADE
China ESTRATÉGICA ENTRE
OS ESTADOS UNIDOS
E A CHINA
2018 Kenarik Boujikian co-fundadora e O JUDICIÁRIO: ENTRE
Felippe presidente da OS PERIGOS DA
Associação Juízes IMPUNIDADE E OS
para a Democracia RISCOS DO
PUNITIVISMO
2018 Bernardo Sorj Edelstein LANÇAMENTO -
SOBREVIVENDO NAS
452
REDES: GUIA DO
CIDADÃO
2018 Pedro Dória CBN LANÇAMENTO -
SOBREVIVENDO NAS
REDES: GUIA DO
CIDADÃO
2018 Edmar Bacha é diretor do DESENVOLVIMENTO
Instituto de Estudos
ECONÔMICO - POR
de Política QUE FICAMOS PARA
Econômica/Casa TRÁS?
das Garças (IEPE/
CdG
2018 Bernard Appy diretor do Centro de A DIFÍCIL REFORMA
Cidadania Fiscal TRIBUTÁRIA:
DESAFIOS POLÍTICOS,
CONCEITUAIS E
PRÁTICOS
2018 Everardo Maciel presidente do A DIFÍCIL REFORMA
Conselho TRIBUTÁRIA:
Consultivo do DESAFIOS POLÍTICOS,
ETCO (Instituto CONCEITUAIS E
Brasileiro de Ética PRÁTICOS
Concorrencial)
2018 Marcos Jank fundador do PESQUISA E
Instituto de Estudos INOVAÇÃO NO
do Comércio e das AGRONEGÓCIO: OS
Negociações DESAFIOS DO
Internacionais FUTURO BATEM À
(ICONE) PORTA
2018 Pedro de Camargo pecuarista e PESQUISA E
Neto agricultor, foi INOVAÇÃO NO
presidente da AGRONEGÓCIO: OS
Sociedade Rural DESAFIOS DO
Brasileira (SRB FUTURO BATEM À
PORTA
2018 Dmitri Trenin dirige o Centro O OCIDENTE DEVE
Carnegie de TEMER A RÚSSIA?
Moscou
2018 João Augusto médico, é desde UM DIÁLOGO SOBRE
Castel-Branco 2005 diretor-geral AS POLÍTICAS DE
Goulão do Serviço de COMBATE ÀS
Intervenção nos DROGAS
Comportamentos
Aditivos e nas
Dependências
453
(SICAD) e
coordenador
Nacional para os
Problemas da
Droga, das
Toxicodependências
e do Uso Nocivo do
Álcool, em
Portugal.
2018 Mauro Teixeira Instituto Rio REVITALIZAÇÃO DE
Patrimônio da CENTROS
Humanidade HISTÓRICOS
METROPOLITANOS
2018 José Roberto membro do 4º REVOLUÇÃO
Mendonça de Conselho INDUSTRIAL: O
Barros Consultivo da BRASIL VAI PERDER
FEBRABAN e ESSE TREM?
fundador da
empresa de
consultoria
empresarial MB
Associados (1978)
2018 Ricardo Paes de Instituto Ayrton COMO VOLTAR A
Barros Senna no Insper; REDUZIR A POBREZA
especialista em EM ANOS DE APERTO
questões FISCAL?
relacionadas à
pobreza,
desigualdade e
política social.
2018 Cecilia Machado Institute for the REDUÇÃO DA
Study of Labor POBREZA E DA
DESIGUALDADE:
QUAIS AS POLÍTICAS
SOCIAIS MAIS
EFICAZES?
2018 Naercio Menezes iNSTITUTO REDUÇÃO DA
Filho MIllenium POBREZA E DA
DESIGUALDADE:
QUAIS AS POLÍTICAS
SOCIAIS MAIS
EFICAZES?
2018 Sergio Firpo economista, é REDUÇÃO DA
professor titular da POBREZA E DA
Cátedra Instituto DESIGUALDADE:
454
Unibanco no Insper QUAIS AS POLÍTICAS
e pesquisa SOCIAIS MAIS
economia do EFICAZES?
trabalho e do
desenvolvimento.
2018 Bernardo Sorj Edelstein AMÉRICA LATINA:
CENÁRIO DE UMA
DISPUTA
ESTRATÉGICA ENTRE
ESTADOS UNIDOS E
CHINA?
2018 Jakeline Pereira pesquisadora do OS DESAFIOS DA
Instituto do Homem INDÚSTRIA MINERAL
e Meio Ambiente da BRASILEIRA
Amazônia - Imazon
2018 Roberto Waack diretor-presidente OS DESAFIOS DA
Fundação Renova INDÚSTRIA MINERAL
BRASILEIRA
2018 Walter Alvarenga presidente do OS DESAFIOS DA
IBRAM - Instituto INDÚSTRIA MINERAL
Brasileiro de BRASILEIRA
Mineração
2018 Alan J. Berkeley American Law ACORDOS DE
Institute Continuing LENIÊNCIA: TEORIA E
Legal Education PRÁTICA NO BRASIL E
(ALI CLE) NOS ESTADOS
UNIDOS
2018 Caio Farah professor Senior ACORDOS DE
Rodriguez Fellow no Insper LENIÊNCIA: TEORIA E
PRÁTICA NO BRASIL E
NOS ESTADOS
UNIDOS
2018 Tamara Taraciuk Human Rights A CRISE
Broner Watch’s Americas HUMANITÁRIA NA
Division VENEZUELA E O
PAPEL DO BRASIL
2018 Maria Beatriz chefe do escritório A CRISE
Bonna Nogueira do ACNUR HUMANITÁRIA NA
(Agência da ONU VENEZUELA E O
para Refugiados) PAPEL DO BRASIL
em São Paulo
2018 Lourival repórter na Exame, INTERNATIONAL
Sant’Anna colunista no POLITICS AT A
Estadão e CROSSROADS:
comentarista de JAPAN’S DIPLOMATIC
455
assuntos AND SECURITY
internacionais da STRATEGY IN THE
Rádio CBN. INDO-PACIFIC REGION
456
2018 Lilian Hofmeister fundou e preside a DISCRIMINAÇÃO
Austrian Women CONTRA A MULHER:
Judges Association DESAFIOS A SUPERAR
(AWJA) NO MUNDO E NO
BRASIL
2018 Sílvia Pimentel membra fundadora DISCRIMINAÇÃO
do Conselho CONTRA A MULHER:
Consultivo do DESAFIOS A SUPERAR
Comitê Latino- NO MUNDO E NO
Americano e do BRASIL
Caribe para a
Defesa dos Direitos
das Mulheres
(CLADEM).
2018 Maria Beatriz chefe do escritório A CRISE
Bonna Nogueira do ACNUR HUMANITÁRIA NA
(Agência da ONU VENEZUELA E O
para Refugiados) PAPEL DO BRASIL
em São Paulo.
2018 Ana Marisa Instituto Butantan INOVAÇÃO EM
Chudzinski SAÚDE: ONDE
Tavassi ESTAMOS E AONDE
PODEMOS CHEGAR?
2018 Bill Mcllhenny membro sênior DEMOCRACIAS
Wider Atlantic TURBULENTAS E
Fellow, The SEUS IMPACTOS NO
German Marshall SISTEMA
Fund of the United INTERNACIONAL
States, GMF.
2018 Ian Lesser vice-presidente, The DEMOCRACIAS
German Marshall TURBULENTAS E
Fund of the United SEUS IMPACTOS NO
States, GMF SISTEMA
INTERNACIONAL
2018 Bill Mcllhenny membro sênior DEMOCRACIAS
Wider Atlantic TURBULENTAS E
Fellow, The SEUS IMPACTOS NO
German Marshall SISTEMA
Fund of the United INTERNACIONAL
States, GMF.
2019 Toshihiro professor de Opções do Japão em um
Nakayama política mundo turbulento
norteamericana e
política externa na
Keio University
457
(Tóquio), é
pesquisador
visitante do
Woodrow Wilson
International Center
for Scholars, em
Washington (EUA).
2019 Eduardo Salcedo diretor da Scientific Os desafios À paz na
Vortex Inc. e do Colômbia
Global Observatory
of Transnational
Criminal Networks.
2019 Beatriz Cardoso presidente do Formação de professores:
Laboratório da o que o Brasil tem a
Educação, aprender com a
Finlândia?
2019 Enrique V. Iglesias Cepal O Lugar da América
Latina em um mundo em
transformação
2019 Carlos Malamud Real Instituto América Latina e União
Elcano (Madri) Europeia: história
entrelaçada, mas e o
futuro?
2019 Rubens Barbosa Representante América Latina e União
Permanente do Europeia: história
Brasil junto à entrelaçada, mas e o
Associação Latino futuro?
Americana de
Integração
(ALADI)
2019 Eric Glen Weyl pesquisador Mercados radicais: uma
principal na resposta criativa à crise do
Microsoft Research capitalismo liberal e da
New York City, é democracia representativa
fundador e
presidente da
RadicalxChange
Foundation
2019 Fausto Augusto é coordenador de Educação: os desafios
Junior educação e para implementar a
comunicação do reforma do Ensino Médio
Departamento e renovar o Fundeb
Intersindical de
Estatística e
Estudos
458
Socioeconômicos
(DIEESE).
2019 Emma Harrington, gerente sênior do Despoluição do Pinheiros:
programa de o que pode significar para
voluntariado, na a cidade?
Thames21
2019 Roberval Tavares Presidente Nacional Despoluição do Pinheiros:
de Souza da Abes o que pode significar para
a cidade?
2019 Ronaldo Camargo presidente do Despoluição do Pinheiros:
EMAE e o que pode significar para
coordenador do a cidade?
Projeto Novo
Pinheiros.
2019 Stela Goldenstein consultora do Despoluição do Pinheiros:
Banco Mundial o que pode significar para
para programas a cidade?
voltados à
universalização do
saneamento no
Brasil.
2019 Catherine Wihtol advogada, é doutora Migrações internacionais
de Wenden em Ciências em um mundo
Políticas pela globalizado
Sciences Po (Paris).
Foi consultora de
várias organizações,
incluindo OCDE,
Comissão Europeia,
ACNUR e
Conselho da
Europa. Pesquisa
fluxos migratórios,
políticas de
migração e
cidadania.
2019 John Collins diretor-Executivo Mercados ilícitos e
da International desenvolvimento no
Drug Policy Unit e Brasil: as drogas não são
editor do Journal of uma questão isolada
Illicit Economies
and Development
(LSE)
459
2019 Leonardo Silva coordenador de Mercados ilícitos e
Projetos no Instituto desenvolvimento no
Sou da Paz. Brasil: as drogas não são
uma questão isolada
2019 Luiz Guilherme co-editor da edição Mercados ilícitos e
Paiva brasileira do desenvolvimento no
Journal of Brasil: as drogas não são
democracy uma questão isolada
2019 Maurício Fiore pesquisador do Mercados ilícitos e
Centro Brasileiro de desenvolvimento no
Análise e Brasil: as drogas não são
Planejamento uma questão isolada
(Cebrap).
2019 Sabrina Martina fundadora do Mercados ilícitos e
Movimentos-RJ desenvolvimento no
Brasil: as drogas não são
uma questão isolada
2019 Andre Cezar economista sênior O futuro do sus: desafios
Medici do Banco Mundial, e mudanças necessárias
dedica-se há mais
de 30 anos a temas
relacionados à
saúde.
2019 Cesar Abicalaffe é presidente do O futuro do sus: desafios
IBRAVS (Instituto e mudanças necessárias
Brasileiro de Valor
em Saúde)
2019 Claudio é presidente do O futuro do sus: desafios
Lottenberg UnitedHealth e mudanças necessárias
Group Brasil e ex-
presidente do
Hospital Israelita
Albert Einstein
2019 Edson Correia economista sênior O futuro do sus: desafios
Araujo do Banco Mundial. e mudanças necessárias
2019 José Cechin engenheiro e O futuro do sus: desafios
economista, foi e mudanças necessárias
ministro
da Previdência e
Assistência Social
(Governo FHC) e é
superintendente
executivo do
Instituto de Estudos
de Saúde
460
Suplementar
(IESS).
2019 Leandro Fonseca economista, é O futuro do sus: desafios
da Silva diretor-presidente e mudanças necessárias
da Agência
Nacional de Saúde
Suplementar
(ANS).
2019 Sergio Bitar engenheiro civil, foi Transições democráticas:
senador e ministro ensinamentos dos líderes
de três diferentes políticos
governos
democráticos
chilenos e é vice-
presidente do
Conselho
Consultivo do
IDEA International.
2019 Daniel Zovatto advogado ítalo- Transições democráticas:
argentino, é diretor ensinamentos dos líderes
regional para a políticos
América Latina e o
Caribe do IDEA
International.
2019 Gary Banks economista, liderou Inovação em políticas
a Comissão de públicas: o exemplo da
Produtividade Austrália
australiana (1998-
2012). Preside o
Comitê de Política
Regulatória da
OCDE.
2019 Ronaldo Lemos advogado, é Desafios e oportunidades
professor da da inteligência artificial
Columbia SIPA e para o direito e a justiça
pesquisador do MIT
Media Lab (EUA),
fundou e dirige o
Instituto de
Tecnologia e
Sociedade (Rio)
2019 Bernardo Sorj diretor do Centro A América Latina frente
Edelstein de às transformações globais:
Políticas Sociais como navegar águas
(Rio de Janeiro). turbulentas?
461
2019 Daniel Zovatto diretor do IDEA A América Latina frente
International para às transformações globais:
América Latina e como navegar águas
Caribe. turbulentas?
2019 Ignacio Walker pesquisador sênior A América Latina frente
da CIEPLAN às transformações globais:
(Chile). como navegar águas
turbulentas?
2019 Manuel Marfán ex-ministro das A América Latina frente
Finanças do Chile, às transformações globais:
é diretor do como navegar águas
Programa turbulentas?
CIEPLAN-
UTALCA
2019 Elmer Salomão geólogo, é Direitos indígenas:
presidente da entrave ao
Associação desenvolvimento ou parte
Brasileira de da riqueza nacional?
Empresas de
Pesquisa Mineral
2019 Ismael Nobre pesquisador do Direitos indígenas:
INPE (Instituto entrave ao
Nacional de desenvolvimento ou parte
Pesquisas da riqueza nacional?
Espaciais)
2019 Marcio Santili sócio-fundador do Direitos indígenas:
ISA (Instituto entrave ao
Socioambiental). desenvolvimento ou parte
da riqueza nacional?
2019 Rodrigo Justus assessor técnico Direitos indígenas:
sênior da entrave ao
Confederação da desenvolvimento ou parte
Agricultura e da riqueza nacional?
Pecuária do Brasil
(CNA).
2019 David ex-diretorgeral da Desafios e oportunidades
Zylbersztajn Agência Nacional para as energias
do Petróleo renováveis no Brasil
2019 Elbia Gannoum presidente da Desafios e oportunidades
Associação para as energias
Brasileira de renováveis no Brasil
Energia Eólica.
2019 Flávio Antônio presidente da Desafios e oportunidades
Neiva Associação para as energias
Brasileira das renováveis no Brasil
462
Empresas
Geradoras de
Energia Elétrica
(ABRAGE).
2019 Giovani Vitória diretor da Empresa Desafios e oportunidades
Machado de Pesquisa para as energias
Energética (EPE). renováveis no Brasil
2019 Newton José presidente Desafios e oportunidades
Leme Duarte executivo da para as energias
Associação da renováveis no Brasil
Indústria de
Cogeração
de Energia
2019 Rodrigo Lopes presidente Desafios e oportunidades
Sauaia executivo da para as energias
Associação renováveis no Brasil
Brasileira de
Energia Solar
Fotovoltaica
(ABSOLAR).
463
Anexo II. Tabela com conexões com representantes dos poderes
políticos por ano (2004-2019).
466
2007 Arnaldo Madeira deputado federal Voto distrital: a reforma
(PSDB-SP) política que interessa ao
Brasil
2007 Arnaldo Jardim deputado federal Voto distrital: a reforma
(PPS-SP). política que interessa ao
Brasil
2007 Fernando Gabeira deputado federal Voto distrital: a reforma
(PV-RJ) política que interessa ao
Brasil
2007 Raul Jungmann deputado federal Voto distrital: a reforma
(PPS-PE) política que interessa ao
Brasil
2007 Maria Helena secretária de Impasses e soluções para
Guimarães Castro Educação do uma política educacional
Distrito Federal para a América Latina
2007 Juarez Brandão Emplasa A reinvenção do futuro
Lopes das grandes metrópoles e
a nova agenda de
desenvolvimento
econômico e social da
América Latina
2007 Luiz Paulo deputado federal A reinvenção do futuro
Vellozo Lucas (PSDB-ES) das grandes metrópoles e
a nova agenda de
desenvolvimento
econômico e social da
América Latina
2007 Sérgio Ruy secretário de A reinvenção do futuro
Planejamento do das grandes metrópoles e
Governo do a nova agenda de
Estado do Rio de desenvolvimento
Janeiro econômico e social da
América Latina
2007 Luiz Eduardo secretário Coesão social em
Soares municipal de democracia na América
Valorização da Latina
Vida e Prevenção
da Violência de
Nova Iguaçu (Rio
de Janeiro);
2007 Sergio Amaral embaixador Brasil e México: o desafio
do crescimento acelerado
2007 Carlos Henrique Embratel Brasil e México: o desafio
Moreira do crescimento acelerado
467
2007 Salvador Arriola cônsul-geral do Brasil e México: o desafio
México em São do crescimento acelerado
Paulo
2007 Lídia Goldenstein economista, São Paulo: declínio ou
membro do reinvenção da metrópole?
Comitê para o
Desenvolvimento
do Município de
São Paulo
2008 Tereza.Cruvinel diretora-presidentesEmiNário “tV PúBliCA
da Empresa Brasil E DEmoCrACiA: Por
de Comunicação QuE E PArA QuE A tV
BrAsil?”
2008 Eugênio.Bucci Membro do “As NEGoCiAçÕEs
Conselho Curador soBrE o ClimA Em FAsE
da Fundação DECisiVA: o QuE Está
Padre Anchieta Em JoGo, o QuE
(TV Cultura de QuErEm os GrANDEs
São Paulo) JoGADorEs E Como
DEVE JoGAr o BrAsil”
2008 Paulo.Markun diretor-presidente “As NEGoCiAçÕEs
da Fundação Padre soBrE o ClimA Em FAsE
Anchieta (TV DECisiVA: o QuE Está
Cultura de São Em JoGo, o QuE
Paulo) QuErEm os GrANDEs
JoGADorEs E Como
DEVE JoGAr o BrAsil”
2008 José Domingos secretário- “As NEGoCiAçÕEs
Gonzalez Miguez, executivo da soBrE o ClimA Em FAsE
Comissão DECisiVA: o QuE Está
Interministerial Em JoGo, o QuE
sobre Mudanças QuErEm os GrANDEs
Climáticas JoGADorEs E Como
DEVE JoGAr o BrAsil”
2008 Francisco Secretário do Meio “As NEGoCiAçÕEs
Graziano Neto Ambiente do soBrE o ClimA Em FAsE
Estado de São DECisiVA: o QuE Está
Paulo Em JoGo, o QuE
QuErEm os GrANDEs
JoGADorEs E Como
DEVE JoGAr o BrAsil”
2008 Luiz Guilherme ANATEL O Futuro das
Schymura telecomunicações no
Brasil
468
2008 Renato Navarro ANATEL O Futuro das
Guerreiro telecomunicações no
Brasil
2008 Julio Semeghini Deputado Federal O Futuro das
pelo PSDB-SP telecomunicações no
Brasil
2008 Jorge Bittar Deputado Federal O Futuro das
pelo PT-RJ telecomunicações no
Brasil
2008 Paulo Bornhausen Deputado Federal O Futuro das
pelo DEM-SC telecomunicações no
Brasil
2008 Paulo Renato Deputado Federal sEmiNário
Souza PSDB-SP “rEPENsANDo A
DEmoCrACiA NA
AmériCA lAtiNA:
DEsAFios PolítiCos E
iNtElECtuAis”
2008 Fernando Gabeira Deputado Federal sEmiNário
PV-RJ “rEPENsANDo A
DEmoCrACiA NA
AmériCA lAtiNA:
DEsAFios PolítiCos E
iNtElECtuAis”
2008 Clifford Sobel Embaixador dos As eleições americanas
Estados Unidos no
Brasil
2008 Luiz Augusto de Embaixador do PErsPECtiVAs DAs
Castor Neves Brasil na China rElAçÕEs BrAsil-CHiNA
469
2009 Alejandro Werner Secretaria da II Encontro IFHC-
Fazenda e do COMEXI
Crédito Público no
México
2009 Gerônimo Subsecretario para II Encontro IFHC-
Gutierrez América Latina e COMEXI
o Caribe da
Secretaria de
Relações
Exteriores do
México
2009 Rosário Green II Encontro IFHC- II Encontro IFHC-
COMEXI COMEXI
2009 Juan Pablo de la AECI NuEVos DEsAFíos DE lA
Iglesia DEmoCrACiA y DEl
DEsArrollo EN AmériCA
lAtiNA
470
2009 Arlindo Chinaglia PT-SP Pré-sAl: VAlE A PENA
muDAr o mArCo
rEGulAtório
2009 Luiz Paulo Velloso PSDB-ES Pré-sAl: VAlE A PENA
Lucas muDAr o mArCo
rEGulAtório
2009 Fabio.Giambiagi Chefe de o BrAsil Pós-CrisE: umA
Departamento do AGENDA PArA A
BNDES PróXimA DéCADA
2009 Michel Rocard Membro do CoNFErêNCiA DE são
parlamento PAulo
europeu
2010 Nelson Jobim ministro da Defesa a estratégia nacional de
defesa
2010 Nicholas Hopton chefe do reforma da onu
Departamento de
Organizações
Internacionais do
Ministério das
Relações
Exteriores do
Reino Unido
2010 Edwin Samuel , primeiro- reforma da onu
secretário da
Embaixada do
Reino Unido no
Relatório de
Atividades 2010
43
Brasil
2010 Constanza senadora da dinâmicas geopolíticas
Moreira república do globais e o futuro da
Uruguai democracia na américa
latina
2010 Celso Lafer Presidente da dinâmicas geopolíticas
Fapesp globais e o futuro da
democracia na américa
latina
2010 Ignacio Walker senador da dinâmicas geopolíticas
República e ex- globais e o futuro da
ministro das democracia na américa
Relações latina
Exteriores do
Chile
471
2010 Raul Jungmann Deputado Federal seminário de lançamento
PPS-PE do livro As FARC. Uma
guerrilha sem fins?
2010 Luiz Felipe Embaixador seminário de lançamento
Lampreia do livro As FARC. Uma
guerrilha sem fins?
2010 Aldo Rebelo deputado federal Mesa-redonda código
(PCdoB-SP) Florestal Brasileiro
2010 José Aníbal Deputado Federal Mesa-redonda código
PSDB-SP Florestal Brasileiro
2010 Antônio Carlos Deputado Federal Mesa-redonda código
Pannunzio PSDB-SP Florestal Brasileiro
472
do Brasil na América do
Sul Seminário
2011 Luiz Carlos Costa assessor da Mudanças geopolíticas e
Câmara Federal geoeconômicas e o papel
do Brasil na América do
Sul Seminário
2011 Raul Jungmann presidente estadual Mudanças geopolíticas e
do PPS e deputado geoeconômicas e o papel
federal do Brasil na América do
Sul Seminário
2011 Roberto Freire presidente Mudanças geopolíticas e
nacional do PPS e geoeconômicas e o papel
deputado federal do Brasil na América do
Sul Seminário
2011 Sibele Martins assessora de Mudanças geopolíticas e
imprensa do geoeconômicas e o papel
gabinete do do Brasil na América do
deputado federal Sul Seminário
Roberto Freire
2011 Cezar Peluso Presidente do STF As razões da emenda
Peluso
2011 Aloysio Nunes senador (PSDB- As razões da emenda
Ferreira SP) Peluso
2011 Roberta promotora pública Raça e cidadania no
Kaufmann federal Brasil: a questão das cotas
Seminário
2011 Luiza Bairros ministra de Estado Raça e cidadania no
chefe da Secretaria Brasil: a questão das cotas
de Políticas de Seminário
Promoção da
Igualdade Racial
2012 Jean Caris subsecretário de Como Ampliar a
Planejamento e Transparência e o
Modernização da Controle na Gestão de
Gestão, Casa Civil Grandes Cidades
da Prefeitura do
Rio de Janeiro
2012 Diana Motta diretora de Gestão Habitação e Usos do Solo:
de Projetos da Entre o Mercado
Emplasa – Imobiliário, a Segregação
Empresa Paulista e a Favela
de Planejamento
S/A
2012 Maria Cláudia superintendente de Habitação e Usos do Solo:
Pereira de Souza Planejamento Entre o Mercado
473
Habitacional na Imobiliário, a Segregação
CDHU – e a Favela
Companhia de
Desenvolvimento
Habitacional e
Urbano
2012 Elisabete França superintendente de Habitação e Usos do Solo:
Habitação Popular Entre o Mercado
e secretária- Imobiliário, a Segregação
adjunta de e a Favela
Habitação da
Prefeitura do
Município de São
Paulo na gestão de
Gilberto Kassab
(2006-2012)
2012 Claudia Costin secretária de Educação: Como Garantir
Educação do a Efi ciência do Ensino
Município do Rio em Regiões
de Janeiro Metropolitanas
2012 Hans Dohmann secretário de Saúde Municipal: Os
Saúde do Desafi os do SUS e o
Município do Rio Papel das Parcerias
de Janeiro Público-Privadas
2012 Januario Montone secretário de Saúde Municipal: Os
Saúde do Desafi os do SUS e o
Município de São Papel das Parcerias
Paulo na gestão de Público-Privadas
Gilberto Kassab
(2006-2012)
2012 Bruno subsecretário de Segurança Metropolitana:
Bondarovsky Planejamento da Qual é o Papel dos
Secretaria de Municípios na Prevenção
Ordem Pública da Criminalidade?
(SEOP) do
Município do Rio
de Janeiro
2012 Joaquim Monteiro subsecretário de Integração Metropolitana:
de Carvalho Conservação da Novos Desafi os em
Prefeitura do Rio Saneamento e Gestão de
de Janeiro Recursos Hídricos
2013 Narcís Serra Vice-presidente do a espanha e a crise na
governo da europa: uma visão de
Espanha e ministro dentro
da Defesa nos
474
governos de Felipe
González
2013 Sergio amaral Embaixador China: the challenges of
the new leadership
2013 antonio anastasia Governador lideranças inovadoras na
PSDB-MG Gestão Pública, com
antonio anastasia
2013 Sérgio Cabral Governador pelo diálogo com o
PMDB-RJ Governador Sérgio Cabral
2013 Maria Silvia (presidente da o legado (?) dos grandes
Bastos Marques Empresa Olímpica eventos esportivos
Municipal do Rio
de Janeiro, foi
presidente da CSN
e diretora
financeira e de
planejamento do
BnDES)
2013 Fernando de (secretário de Desafios ao Planejamento
Mello Franco Desenvolvimento Urbano na Grande
Urbano da Metrópole: o caso de São
Prefeitura de São Paulo
Paulo)
2013 aurea Maria representantes da Desafios ao Planejamento
queiroz davanzo Emplasa Urbano na Grande
Metrópole: o caso de São
Paulo
2013 lucia Figueiredo representantes da Desafios ao Planejamento
Bueno de Emplasa Urbano na Grande
Camargo Metrópole: o caso de São
Paulo
2013 Celso lafer FApesp taming the american
Power: US Foreign Policy
in a Multipolar World
2014 Celso lafer FApesp AS AMÉRICAS NO
SÉCULO 21: AS
PERSPECTIVAS DO
BRASIL E DOS
ESTADOS UNIDOS
2014 Januário Montone secretário OS DESAFIOS DE
municipal da FINANCIAMENTO À
Saúde de São SAÚDE PÚBLICA NO
Paulo BRASIL
2014 Arnaldo Jardim Deputado Federal GESTÃO DE
PPS RESÍDUOS SÓLIDOS
475
2014 Carlos Vinícius de presidente da GESTÃO DE
Sá Roriz COMLURB RESÍDUOS SÓLIDOS
2014 José Mariano secretário de OPORTUNIDADES E
Beltrame Segurança Pública AVANÇOS NA
do Rio de Janeiro SEGURANÇA PÚBLICA
BRASILEIRA
2014 Antonio Carlos Prefeito de A LEI DA POLÍTICA
Pannunzio Sorocaba pelo NACIONAL DE SAÚDE
PSDB MENTAL (L10216/01) E
A IMPLANTAÇÃO DA
REDE DE ATENÇÃO
PSICOSSOCIAL NO
ESTADO DE SÃO
PAULO
2014 Marcio Fernando procurador geral A LEI DA POLÍTICA
Elias Rosa de Justiça NACIONAL DE SAÚDE
MENTAL (L10216/01) E
A IMPLANTAÇÃO DA
REDE DE ATENÇÃO
PSICOSSOCIAL NO
ESTADO DE SÃO
PAULO
2015 Aloysio Nunes senador do PSDB- AvAliAÇÃo DAs
Ferreira Filho SP PersPeCTivAs Do novo
governo
2015 Henrique Fontana deputado federal reForMA Do sisTeMA
do PT-RS eleiTorAl: o QUe É
Melhor PArA A
DeMoCrACiA
BrAsileirA?
2015 Marcus Pestana deputado federal reForMA Do sisTeMA
do PSDB-MG eleiTorAl: o QUe É
Melhor PArA A
DeMoCrACiA
BrAsileirA?
2015 Jerson Kelman presidente da o enFrenTAMenTo DA
Sabesp - Crise hÍDriCA: UM
Companhia de DeBATe CoM Jerson
Saneamento KelMAn, PresiDenTe DA
Básico do Estado sABesP
de São Paulo.
2015 José Manuel presidente da TrADe, FooD, energY
Durão Barroso Comissão AnD ChAnges in The
Europeia inTernATionAl sYsTeM:
vieWs FroM norTh AnD
476
soUTh ATlAnTiC
nATions
2015 Luís Roberto ministro do ConsTiTUiÇÃo, DireiTo
Barroso Supremo Tribunal e PolÍTiCA: o sTF e os
Federal PoDeres DA rePÚBliCA
2015 Rubens embaixador eConoMiA, PolÍTiCA e
RicupERO DiPloMACiA: o BrAsil
eM BUsCA De UMA
novA AgenDA
inTernACionAl
2015 Carlos Henrique diretor científico A eConoMiA Do MAr:
Britto Cruz da Fapesp DesAFios Ao
DesenvolviMenTo
sUsTenTÁvel Do BrAsil
2015 Almirante de comandante da A eConoMiA Do MAr:
Esquadra Eduardo Marinha desde DesAFios Ao
Bacellar Leal 2015 DesenvolviMenTo
Ferreira sUsTenTÁvel Do BrAsil
2015 José Augusto contra-almirante A eConoMiA Do MAr:
Vieira da Cunha DesAFios Ao
de Menezes DesenvolviMenTo
sUsTenTÁvel Do BrAsil
2015 Rodrigo Mendes diplomata e chefe A eConoMiA Do MAr:
Carlos de Almeidada Divisão do DesAFios Ao
Mar, da Antártida DesenvolviMenTo
e do Espaço do sUsTenTÁvel Do BrAsil
Ministério das
Relações
Exteriores
2015 Maria Helena de conselheira do PlAno nACionAl DA
Castro Conselho Estadual eDUCAÇÃo: UMA
de Educação de AvAliAÇÃo De seUs
São Paulo e oBJeTivos,
diretora executiva insTrUMenTos e
da Fundação PossiBiliDADes De
Seade FinAnCiAMenTo
2015 Mansueto Almeida Técnico de PlAno nACionAl DA
Jr. pesquisas no IPEA eDUCAÇÃo: UMA
AvAliAÇÃo De seUs
oBJeTivos,
insTrUMenTos e
PossiBiliDADes De
FinAnCiAMenTo
2015 Antonio Anastasia senador (PSDB- reMoÇÃo De
MG) oBsTÁCUlos Ao
477
invesTiMenTo eM
inFrAesTrUTUrA: UMA
ConTriBUiÇÃo Ao
DeBATe PÚBliCo e À
AgenDA De PolÍTiCAs
2015 Jim Knight membro da inovAÇÃo nA
Câmara dos eDUCAÇÃo: UMA
Lordes desde 2010 ConTriBUiÇÃo DA
eXPeriÊnCiA inglesA
2016 Carlos Nobre doutor em mudança climática: paris
Meteorologia pelo Foi um divisor dE águas?
MIT e presidente
da CAPES do
Ministério da
Educação e
Cultura (MEC)
2016 General Óscar ministro- o QuE podEmos EspErar
Naranjo conselheiro da do acordo dE paZ com as
Presidência para Farc: a visão do gEnEral
temas relacionados Óscar naranJo, da
ao pós-conflito, comissão dE
direitos humanos e nEgociaçÕEs com o
segurança; grupo guErrilHEiro
representante do
governo da
Colômbia na
discussão para
término do
conflito e
construção de paz
estável e
duradoura
2016 Sérgio Besserman presidente do crEscimEnto, dEmocracia
Instituto E distriBuição da rEnda:
Municipal Pereira Em Busca dE um novo
Passos, da Câmara modElo
Técnica de
Desenvolvimento
Sustentável da
Prefeitura da
Cidade do Rio de
Janeir
2016 Maria Helena secretária HomEnagEm a JosÉ
Guimarães Castro executiva do roBErto magalHãEs
Ministério da tEiXEira (1937-1996)
478
Educação e
Cultura (MEC)
2016 Sidney Beraldo membro do HomEnagEm a JosÉ
Tribunal de Contas roBErto magalHãEs
do Estado tEiXEira (1937-1996)
(TCESP)
2016 João Gomes embaixador da os dEsaFios para a
Cravinho União Europeia conclusão do acordo
em Brasília mErcosul / união
EuropEia
2016 Claudia Costin secretária de Educação no Brasil: o
Cultura do Estado QuE podEmos aprEndEr
de São Paulo com o mundo?
2016 José Serra ministro das HomEnagEm aos 100
Relações anos dE nascimEnto dE
Exteriores do andrÉ Franco montoro
governo do
presidente Michel
Temer
2016 Luis Felipe ministro e membro 20 anos da lEi E o Futuro
Salomão da 2ª Seção, da 4ª da arBitragEm no Brasil
Turma e da Corte
Especial do STJ,
presidente da
Comissão de
Regimento Interno
do STJ e da
comissão de
juristas
2016 Ana Carla Abrão secretária de os Estados E o aJustE
Costa Estado da Fazenda Fiscal: pontE para o
de Goiás Futuro ou volta para o
passado inFlacionário?
2016 Janes Vescovi secretária do os Estados E o aJustE
Tesouro Nacional Fiscal: pontE para o
e mestre em Futuro ou volta para o
Economia do Setor passado inFlacionário?
Público pela UnB
e em
Administração
Pública pela FGV
(EBAP-RJ).
2016 Maria Elena ministra para as mudar a itália, para mudar
Boschi Reformas a Europa: palEstra com a
Constitucionais e ministra das rEFormas
479
as relações com o constitucionais, maria
Parlamento do ElEna BoscHi
governo do
primeiro ministro
Matteo Renzi
2016 Marcelo Allain secretário de cEnário gloBal E
Articulação para invEstimEnto Em
Investimentos e inFraEstrutura no Brasil
Parcerias do PPI
do governo federal
e coordenador-
geral de Política
Monetária e
Financeira da
Secretaria de
Política
Econômica do
Ministério da
Fazenda.
2016 Eduardo presidente do a Educação tÉcnica E a
Deschamps Conselho Nacional rEForma do Ensino
de Educação mÉdio
2016 Jorge Arbache secretário de a Educação tÉcnica E a
Assuntos rEForma do Ensino
Internacionais do mÉdio
Ministério do
Planejamento,
Orçamento e
Gestão
2016 Claudia Costin Secretaria de a Educação tÉcnica E a
Cultura de São rEForma do Ensino
Paulo mÉdio
2016 Maria Helena secretária a Educação tÉcnica E a
Guimarães Castro executiva do rEForma do Ensino
Ministério da mÉdio
Educação
2016 Mendonça Filho ministro de Estado a Educação tÉcnica E a
da Educação rEForma do Ensino
mÉdio
2016 Randolfe senador (REDE) a polÍtica Em crisE: como
Rodrigues virar o Jogo?
2016 Joëlle Milquet ministra da a intEgração dos
Educação, da imigrantEs na Europa:
Cultura, da dEsaFios E oportunidadEs
Infância e da
480
Federação
Valônia-Bruxelas
desde 2014
2016 René van der Plas Ministério gEstão portuária
holandês da EFiciEntE: o modElo dE
Infraestrutura rotErdã
2017 Ives Gandra presidente do tst e A REFORMA
Martins Filho do conselho TRABALHISTA: JOGO
superior da Justiça DE SOMA ZERO OU DE
do trabalho SOMA POSITIVA?
2017 Bruno Araújo ministro das MORADIA E ESPAÇO
cidades e PÚBLICO: UMA
advogado pela DISCUSSÃO SOBRE O
universidade MINHA CASA MINHA
Federal de VIDA
Pernambuco
(uFPe).
2017 Elisabete França diretora de MORADIA E ESPAÇO
Planejamento da PÚBLICO: UMA
cdhu e doutora em DISCUSSÃO SOBRE O
arquitetura e MINHA CASA MINHA
urbanismo pelo VIDA
Mackenzie.
2017 Maria Henriqueta secretária nacional MORADIA E ESPAÇO
Arantes Alves de habitação e PÚBLICO: UMA
graduada em DISCUSSÃO SOBRE O
arquitetura e MINHA CASA MINHA
urbanismo pela VIDA
universidade
Federal de Minas
gerais (uFMg).
2017 John Halligan ministro do A IRLANDA SOB O
treinamento, IMPACTO DO BREXIT:
habilidades e UMA PALESTRA DO
inovação, membro MINISTRO IRLANDÊS
independente do JOHN HALLIGAN
Parlamento da
irlanda, foi
membro da aliança
dos deputados
independentes
(2015) e da
delegação
irlandesa para o
conselho da
481
europa (2013-
2015).
2017 Luís Roberto ministro do stF, DESCRIMINALIZAÇÃO
Barroso professor titular da DO USO DE DROGAS:
uerJ e professor UM DEBATE
visitante da INADIÁVEL
universidade de
brasília (unb).
2017 Ana Paula ministra do Mar de A ECONOMIA DO MAR
Vitorino Portugal EO
DESENVOLVIMENTO
FUTURO DE
PORTUGAL E DO
BRASIL
2017 Almirante de diretor-geral de A ECONOMIA DO MAR
Esquadra Paulo navegação da EO
Cezar de Quadro Marinha do brasil. DESENVOLVIMENTO
Küster FUTURO DE
PORTUGAL E DO
BRASIL
2017 Guiomar Namo de membro do A EVOLUÇÃO DE
Mello conselho estadual PORTUGAL NA
de educação de EDUCAÇÃO: O QUE O
são Paulo e BRASIL TEM A
consultora da APRENDER?
secretaria
executiva do Mec.
Pedagoga pela usP,
mestre e doutora
em educação pela
Puc-sP.
2017 Hussein Kalout secretário de BRASIL E
assuntos ARGENTINA: DEVEM
estratégicos da OS DOIS PAÍSES
Presidência da ATUAR JUNTOS NUM
república (Brasil) MUNDO EM
FRAGMENTAÇÃO?
2017 Rogelio Frigerio ministro do BRASIL E
interior, obras ARGENTINA: DEVEM
Públicas e OS DOIS PAÍSES
habitação da ATUAR JUNTOS NUM
argentina MUNDO EM
FRAGMENTAÇÃO?
2017 Bas van den vice-ministro da POLÍTICAS PÚBLICAS
Dungen saúde da holanda. PARA O
482
Foi membro do ENVELHECIMENTO
conselho da royal SAUDÁVEL: O QUE O
dutch Kentalis e BRASIL PODE
diretor da APRENDER COM A
associação HOLANDA?
nacional de
cuidados
domiciliários
(landelijke
vereniging voor
thuiszorg).
2017 Andrés Rozental embaixador O MÉXICO FRENTE A
eminente vitalício DONALD TRUMP:
do México. Foi QUAIS OS PRÓXIMOS
vice-ministro de ROUNDS?
negócios
estrangeiros,
embaixador no
Reino Unido e na
Suécia e
representante
permanente do
México junto às
Nações Unidas em
genebra.
2017 General de chefe do gabinete DEFESA NACIONAL,
Divisão Tomás do comandante do VIGILÂNCIA DE
Miguel Miné exército FRONTEIRAS E
Ribeiro Paiva SEGURANÇA
PÚBLICA: O PAPEL
DAS FORÇAS
ARMADAS
2017 General Eduardo comandante do DEFESA NACIONAL,
Dias da Costa exército brasileiro VIGILÂNCIA DE
Villas Bôas FRONTEIRAS E
SEGURANÇA
PÚBLICA: O PAPEL
DAS FORÇAS
ARMADAS
2017 Fábio Bechara promotor de DEFESA NACIONAL,
Justiça do estado VIGILÂNCIA DE
de são Paulo. FRONTEIRAS E
SEGURANÇA
PÚBLICA: O PAPEL
483
DAS FORÇAS
ARMADAS
2017 João Manoel chefe da assessoria BRASIL:
Pinho de Mello especial de PRODUTIVIDADE E
reformas COMPETITIVIDADE
Microeconômicas
do Ministério da
Fazenda.
2017 Jorge Arbache secretário de BRASIL:
assuntos PRODUTIVIDADE E
internacionais do COMPETITIVIDADE
Ministério do
Planejamento
2017 Jerson Kelman presidente da OS DESAFIOS DO
sabesP SANEAMENTO
AMBIENTAL PARA A
PRÓXIMA DÉCADA
2017 Daniel Annenberg secretário CIDADES
municipal de “INTELIGENTES”:
inovação e PROJETOS, AÇÕES E
tecnologia. DESAFIOS PARA A
comandou a REINVENÇÃO DA
reestruturação do DEMOCRACIA, DO
detran -sP e é um GOVERNO E DA
dos idealizadores EXPERIÊNCIA
do programa URBANA
Poupatempo.
Formado em
administração
Pública pela
Fundação getúlio
vargas (Fgv) e
ciências sociais
pela universidade
de são Paulo (usP)
2017 Elmer Cuba diretor do banco PERU: UM MODELO
Bustinza central do Peru PARA A AMÉRICA
(bcrP), professor LATINA?
da Pontifícia
universidade
católica do Peru,
sócio da
Macroconsult e
mestre em
economia pela
484
Pontifícia
universidade
católica do chile
2017 Silvana Batini procuradora AS LIÇÕES DA LAVA
Cesar Góes regional da JATO E OS AVANÇOS E
república do DESAFIOS NO
Ministério Público COMBATE À
Federal (MPF) no CORRUPÇÃO
rio de Janeiro e
professora da Fgv
na mesma cidade.
2017 Alessandro Molon deputado federal FINANCIAMENTO DE
(rede) pelo rio de CAMPANHAS: QUE
Janeiro desde 2014 MODELO O BRASIL
DEVE ADOTAR?
2017 Bruno Carazza servidor público FINANCIAMENTO DE
dos Santos federal especialista CAMPANHAS: QUE
em Políticas MODELO O BRASIL
Públicas e gestão DEVE ADOTAR?
governamental
2017 Tadeu Alencar deputado federal FINANCIAMENTO DE
(Psb) por CAMPANHAS: QUE
Pernambuco. MODELO O BRASIL
DEVE ADOTAR?
2017 Tereza Cristina deputada federal, REGULARIZAÇÃO
Correia da Costa vice-presidente da AMBIENTAL E
Frente Parlamentar AGROPECUÁRIA DE
da agropecuária BAIXO CARBONO:
(FPa) e líder do AMEAÇAS OU
Partido socialista OPORTUNIDADES
brasileiro (Psb) na PARA O
câmara dos AGRONEGÓCIO?
deputados.
2017 Brigadeiro Márcio Presidente da DESENVOLVIMENTO
Bruno comissão TECNOLÓGICO E
coordenadora do COOPERAÇÃO
Programa INTERNACIONAL: O
aeronave de PROJETO GRIPEN EM
combate (coPac). PAUTA
2017 Jorge Arbache secretário de DESENVOLVIMENTO
assuntos TECNOLÓGICO E
internacionais do COOPERAÇÃO
Ministério do INTERNACIONAL: O
Planejamento PROJETO GRIPEN EM
PAUTA
485
2017 Tarcísio Freitas consultor OPORTUNIDADES
legislativo da GLOBAIS E
câmara dos NECESSIDADES
deputados e NACIONAIS EM
secretário de INFRAESTRUTURA
coordenação de
Projetos do
Programa de
Parcerias de
investimentos da
Presidência da
república.
2017 Manuela Bolivar deputada A LUTA PELA
venezuelana, DEMOCRACIA NA
também do partido VENEZUELA E O QUE
voluntad Popular e O BRASIL PODE
fundadora da FAZER
organização
Futuro Presente
2017 Embaixador ministro de A LUTA PELA
Tarcísio de Lima primeira classe e DEMOCRACIA NA
Ferreira Fernandes diretor do VENEZUELA E O QUE
Costa departamento da O BRASIL PODE
américa do sul FAZER
setentrional e
ocidental do
Ministério das
relações
exteriores.
2017 Alexandre de ministro do A DELAÇÃO
Moraes supremo tribunal PREMIADA: UMA
Federal (stF) e COMPARAÇÃO ENTRE
professor de OS ESTADOS UNIDOS
diversas E O BRASIL
instituições, entre
elas a Faculdade
de direito da usP, a
escola superior do
Ministério Público
de são Paulo e a
escola Paulista da
Magistratura.
2017 Cristovam senador da BRASIL, BRASILEIROS
Buarque república desde - POR QUE SOMOS
2003, professor ASSIM?
486
universitário,
engenheiro
mecânico e
economista.
2018 Monica Porto secretária adjunta FÓRUM MUNDIAL DA
de Saneamento e ÁGUA 2018: DESAFIOS
Recursos Hídricos DA GESTÃO HÍDRICA
do Estado de São NA GRANDE SÃO
Paulo e presidente PAULO
do Comitê de
Integração da
Bacia Hidrográfi
ca do Rio Paraíba
do Sul (CEIVAP).
2018 Kenarik Boujikian desembargadora O JUDICIÁRIO: ENTRE
Felippe do Tribunal de OS PERIGOS DA
Justiça de São IMPUNIDADE E OS
Paulo. Foi co- RISCOS DO
fundadora e PUNITIVISMO
presidente da
Associação Juízes
para a Democracia
2018 Nino Toldo desembargador no O JUDICIÁRIO: ENTRE
Tribunal Regional OS PERIGOS DA
Federal da 3ª IMPUNIDADE E OS
Região, foi RISCOS DO
presidente da PUNITIVISMO
Associação dos
Juízes Federais do
Brasil (Ajufe) de
2012 a 2014
2018 Zander Navarro, Embrapa PESQUISA E
INOVAÇÃO NO
AGRONEGÓCIO: OS
DESAFIOS DO
FUTURO BATEM À
PORTA
2018 Bruno Covas Prefeito de SP REVITALIZAÇÃO DE
CENTROS
HISTÓRICOS
METROPOLITANOS
2018 Heloisa M. Salles secretária REVITALIZAÇÃO DE
Penteado Proença municipal de CENTROS
Urbanismo e HISTÓRICOS
METROPOLITANOS
487
Licenciamento de
São Paulo
2018 José Armênio de Presidente da SP REVITALIZAÇÃO DE
Brito Cruz Urbanismo CENTROS
HISTÓRICOS
METROPOLITANOS
2018 Jorge Arbache é secretário de 4º REVOLUÇÃO
Assuntos INDUSTRIAL: O
Internacionais do BRASIL VAI PERDER
Ministério do ESSE TREM?
Planejamento do
Brasil e secretário
executivo do
Fundo de
Investimento
Brasil-China
2018 Evan Ellis é professor- AMÉRICA LATINA:
pesquisador no CENÁRIO DE UMA
Instituto de DISPUTA
Estudos ESTRATÉGICA ENTRE
Estratégicos da ESTADOS UNIDOS E
Escola de Guerra CHINA?
do Exército dos
EUA. Especialista
em questões
relacionadas à
segurança na
América Latina e
relação com a
China, é autor de
China on the
Ground in Latin
America (2014).
2018 Regina Silvia administradora e REFORMA DO
Pacheco urbanista, é ESTADO: UMA
secretária adjunta AGENDA PARA O
de Governo do PRÓXIMO MANDATO
Município de São PRESIDENCIAL
Paulo; foi
Presidente da
Escola Nacional
de Administração
Pública (ENAP).
2018 Janaína Lima advogada, é REINVENÇÃO DA
vereadora em São POLÍTICA: COMO
488
Paulo pelo Partido RECONECTAR
Novo INDIVÍDUOS,
SOCIEDADE E
ESTADO?
2018 Vicente Lobo secretário de OS DESAFIOS DA
Geologia, INDÚSTRIA MINERAL
Mineração e BRASILEIRA
Transformação
Mineral do
Ministério de
Minas e Energia -
MME
2018 Júlio Cesar Maciel superintendente da OS DESAFIOS DA
Ramundo Área de Indústria e INDÚSTRIA MINERAL
Serviços do BNDE BRASILEIRA
2018 joão Fernando diretor-presidente OS DESAFIOS DA
Gomes de Oliveira do EMBRAPII - INDÚSTRIA MINERAL
Empresa Brasileira BRASILEIRA
de Pesquisa e
Inovação
Industrial
2018 João Carlos de secretário de OS DESAFIOS DA
Souza Meirelles Energia e INDÚSTRIA MINERAL
Mineração do BRASILEIRA
Estado de São
Paulo
2018 Ricardo Villas ministro do ACORDOS DE
Bôas Cueva Superior Tribunal LENIÊNCIA: TEORIA E
de Justiça (STJ) PRÁTICA NO BRASIL E
desde 2011 NOS ESTADOS
UNIDOS
2018 Bruno Dantas ministro do ACORDOS DE
Nascimento Tribunal de Contas LENIÊNCIA: TEORIA E
da União desde PRÁTICA NO BRASIL E
2014; foi NOS ESTADOS
Consultor-Geral UNIDOS
do Senado de 2007
a 2011 e membro
do Conselho
Nacional do
Ministério Público
(CNMP) entre
2009 e 2011 e do
Conselho Nacional
489
de Justiça (CNJ)
de 2011 a 2013.
2018 Vladimir Aras procurador ACORDOS DE
regional da LENIÊNCIA: TEORIA E
República (MPF) PRÁTICA NO BRASIL E
em Brasília, é NOS ESTADOS
membro do UNIDOS
Ministério Público
do Brasil desde
1993; foi
secretário de
Cooperação
Jurídica
Internacional da
Procuradoria Geral
da República
(2013-2017).
2018 General Eduardo general de Brigada A CRISE
Pazuello desde 2014, é HUMANITÁRIA NA
coordenador da VENEZUELA E O
Força Tarefa PAPEL DO BRASIL
Logística
Humanitária no
Estado de Roraima
2018 Viviane Esse engenheira civil, é A CRISE
assessora especial HUMANITÁRIA NA
da Casa Civil da VENEZUELA E O
Presidência da PAPEL DO BRASIL
República, onde
coordena projetos
considerados
prioritários
2018 Fernanda de Negri IPEA INOVAÇÃO EM
SAÚDE: ONDE
ESTAMOS E AONDE
PODEMOS CHEGAR?
2018 Samantha Chantal procuradora EFICIÊNCIA DA
Dobrowolski regional da GESTÃO PÚBLICA E
República da 3ª INSTITUIÇÕES DE
Região e membro CONTROLE: COMO
suplente da 5ª MAXIMIZAR OS DOIS
Câmara de TERMOS DA
Coordenação e EQUAÇÃO?
Revisão do
Ministério Público
490
Federal (MPF),
onde também
coordena a
Comissão
Permanente de
Assessoramento
em Leniência e
Colaboração
Premiada
2018 Marcelo Barros auditor federal de EFICIÊNCIA DA
Gomes Controle Externo GESTÃO PÚBLICA E
do Tribunal de INSTITUIÇÕES DE
Contas da União CONTROLE: COMO
desde 1995 e MAXIMIZAR OS DOIS
coordenador-geral TERMOS DA
da área de EQUAÇÃO?
Resultados de
Políticas Públicas
do TCU.
2018 Kelps Lima deputado estadual CAMINHOS E
no Rio Grande do DESCAMINHOS DA
Norte, foi POLÍTICA: DA CRISE
secretário de NASCERÁ UMA
Mobilidade DEMOCRACIA
Urbana da MELHOR?
Prefeitura de Natal
2018 Adriana professora de CAMINHOS E
Vasconcellos Geografi a no DESCAMINHOS DA
ensino POLÍTICA: DA CRISE
fundamental da NASCERÁ UMA
rede pública, é DEMOCRACIA
assessora MELHOR?
parlamentar na
Câmara Municipal
de São Paulo
2018 Murilo Xavier secretário de CAMINHOS E
Flores Estado de DESCAMINHOS DA
Planejamento de POLÍTICA: DA CRISE
Santa Catarina. NASCERÁ UMA
Foi presidente da DEMOCRACIA
Embrapa, da MELHOR?
Sociedade de
Economia e
Sociologia Rural
(SOBER) e
491
secretário nacional
de
Desenvolvimento
Rural.
2018 Horacio Aragonés responsável por A INDÚSTRIA 4.0 NA
Forjaz Relações ALEMANHA: HÁ
Institucionais da LIÇÕES ÚTEIS PARA O
FAPESP; foi vice- BRASIL?
presidente
executivo da
Embraer.
2018 Xie Chuntao bacharel em A CHINA SOB A
Educação e mestre LIDERANÇA DE XI
e doutor em JINPING: UMA VISÃO
Direito, é vice- DE DENTRO
presidente da
Escola Central do
Partido Comunista
da China (Escola
Nacional de
Administração).
Foi representante
no 19º Congresso
Nacional do PC
chinês (2017) e
vice-prefeito de
Jinhua (Zhejiang).
É autor de dezenas
de artigos e
coordenou a
edição de obras
como History of
Socialism with
Chinese
Characteristics,
Turning China:
1976-1982 e The
Track of History:
Why the
Communist Party
of China can?.
2018 Zhang Zhongjun bacharel, mestre e A CHINA SOB A
PhD em Direito, LIDERANÇA DE XI
desde 1999 atua JINPING: UMA VISÃO
como professor na DE DENTRO
492
Escola Central do
Partido Comunista
da China, onde
ocupou os cargos
de diretor-geral do
Departamento de
Educação
Continuada e vice-
Secretário.
2018 Ministro Michel diplomata de BRASIL E MÉXICO
Arslanian Neto carreira, é diretor NOS GOVERNOS DE
do Departamento JAIR BOLSONARO E
de Integração ANDRÉS MANUEL
Econômica LÓPEZ OBRADOR:
Regional do RELAÇÕES
Ministério das BILATERAIS E
Relações DESAFIOS
Exteriores. Serviu PRESIDENCIAIS
nas missões do
Brasil junto à
União Europeia, à
ALADI, ao
MERCOSUL e à
Organização dos
Estados
Americanos.
2018 Embaixador subsecretário de DEMOCRACIAS
Thomas A. Estado para TURBULENTAS E
Shannon Assuntos Políticos SEUS IMPACTOS NO
(2016-2018) e SISTEMA
subsecretário de INTERNACIONAL
Estado para o
Hemisfério
Ocidental do
Departamento de
Estado dos EUA
(2005-2009).
2019 Antonio Anastasia Senador PSDB Os Estados por um fio:
Como sairão do fundo do
poço?
2019 Aloysio Nunes bacharel em O lugar do Brasil num
Ferreira Direito e mundo incerto: desafios
Economia, foi da política externa
ministro das
Relações
493
Exteriores (2017-
2019), senador,
deputado federal e
vicegovernador de
São Paulo.
2019 Arthur Maia advogado, é Reforma da Previdência:
deputado federal entre o necessário e o
(DEM-BA), possível
reeleito em 2018.
Foi relator da Lei
de
Responsabilidade
das Estatais e da
Reforma da
Previdência.
2019 Silvana Batini procuradora Combate à corrupção e
Cesar Góes, Regional da mudanças no direito penal
República do
Ministério Público
Federal (MPF) no
Rio de Janeiro
2019 Capitão de Mar e professor do A economia e a
Guerra André Programa de Pós- geopolítica do mar
Panno Beirão graduação em
Estudos Marítimos
da Escola de
Guerra Naval
(EGN) da Marinha
do Brasil.
2019 Conselheiro diplomata de A economia e a
Rodrigo Mendes carreira, é chefe da geopolítica do mar
Carlos de Almeida Divisão do Mar,
da Antártida e do
Espaço (DMAE)
do Ministério das
Relações
Exteriores.
2019 ContraAlmirante secretário da A economia e a
Sergio Gago Comissão geopolítica do mar
Guida, Interministerial
para os Recursos
do Mar (CIRM).
2019 Barjas Negri Prefeito Piracicaba Educação: os desafios
PSDB para implementar a
494
reforma do Ensino Médio
e renovar o Fundeb
2019 Maria Helena conselheira do Educação: os desafios
Guimarães de Conselho Nacional para implementar a
Castro de Educação/CNE reforma do Ensino Médio
e renovar o Fundeb
2019 Embaixador diretor de As visões de Moscou
Aleksandr Departamento da sobre as relações com a
Valentinovitch América Latina do América Latina e o Brasil
Schetinin Ministério dos
Negócios
Estrangeiros da
Federação da
Rússia (desde
2012)
2019 Benedito Braga presidente da Despoluição do Pinheiros:
SABESP. o que pode significar para
a cidade?
2019 Raul Jungmann membro Segurança pública e crime
consultivo do organizado: o país sabe
Conselho Nacional como enfrenta-lo?
de Justiça (CNJ)
2019 Sergio Etchegoyen general da reserva, A participação das Forças
foi chefe do Armadas no governo: um
Estado-Maior do novo normal?
Exército (2015-16)
e ministro chefe
do Gabinete de
Segurança
Institucional
(2016-18).
Formado na
Academia Militar
das Agulhas
Negras, comandou
a Escola de
Comando e
Estado-Maior do
Exército.
2019 Embaixadora chefe do Escritório Para onde vão as duas
Débora Vainer de Representação coreias?
Barenboim-Sale do Ministério de
Relações
Exteriores (MRE)
em São Paulo
495
2019 Luís Filipe secretário de O uso da tecnologia na
Loureiro Goes Estado Adjunto e reforma do Estado
Pinheiro da Modernização
Administrativa de
Portugal.
2019 Daniel Annenberg ecretário O uso da tecnologia na
municipal de reforma do Estado
Inovação e
Tecnologia de São
Paulo, foi um dos
idealizadores e
superintendente do
programa
Poupatempo
(1996-2006).
2019 Denizar Vianna médico, é O futuro do sus: desafios
secretário de e mudanças necessárias
Ciência,
Tecnologia,
Inovação e
Insumos
Estratégicos do
Ministério da
Saúde.
2019 Erno Harzheim médico, é O futuro do sus: desafios
secretário de e mudanças necessárias
Atenção Primária
à Saúde do
Ministério da
Saúde. Foi
secretário
municipal de
Saúde de Porto
Alegre (2017-
2018).
2019 Paulo de Tarso ministro do Desafios e oportunidades
Sanseverino Superior Tribunal da inteligência artificial
de Justiça. para o direito e a justiça
2019 Mario Luiz geólogo, é Direitos indígenas:
Bonsaglia presidente da entrave ao
Associação desenvolvimento ou parte
Brasileira de da riqueza nacional?
Empresas de
Pesquisa Mineral.
496
2019 Joenia Wapichana advogada, foi a Direitos indígenas:
primeira mulher entrave ao
indígena eleita desenvolvimento ou parte
deputada federal da riqueza nacional?
(REDERR).
2019 Hélvio Neves secretário–adjunto Desafios e oportunidades
Guerra de Planejamento e para as energias
Desenvolvimento renováveis no Brasil
Energético.
2019 Wilson Ferreira presidente da Desafios e oportunidades
Junior Eletrobras desde para as energias
2016. renováveis no Brasil
497
Anexo III. Tabela com conexões em universidades, nacionais e
internacionais, públicas e privadas, por ano (2004-2019)
498
2004 Boris Fausto USP Documentos privados e
titulares de cargos
públicos
2004 Celso Lafer USP Documentos privados e
titulares de cargos
públicos
2004 Roberto DaMatta PUC-RJ Documentos privados e
titulares de cargos
públicos
2004 Ernesto Villanueva Universidade Documentos privados e
Nacional titulares de cargos
Autônoma do públicos
México
2004 Richard Cox Universidade de Documentos privados e
Pittsburgh (EUA) titulares de cargos
públicos
2004 Alicia Casas de Universidade da Documentos privados e
Barrán República de titulares de cargos
Uruguai públicos
2004 Alzira Alves de CPDOC/FGV Documentos privados e
Abreu titulares de cargos
públicos
2004 Marcos Sawaja FEA/USP Perspectivas das
Jank principais negociações
comerciais em curso
2004 Marco Antônio USP Pesquisas com células-
Zago tronco: aspectos
científicos, éticos e
sociais
2004 Lygia da Veiga USP Pesquisas com células-
Pereira tronco: aspectos
científicos, éticos e
sociais
2004 Marcos Sagre USP Pesquisas com células-
tronco: aspectos
científicos, éticos e
sociais
2005 Dominique Moisi conselheiro Colóquio com
especial do Institut Dominique Moisi
Français des
Relations
Internationales
(IFRI), titular da
cadeira de
Geopolítica
499
Européia do
Collège D’Europe
2005 Walter Bender Massachusetts O FUTURO PRÓXIMO
Institute of DA TECNOLOGIA
Technology (MIT). DIGITAL: IMPACTOS
SOBRE A ECONOMIA
E A SOCIEDADE
2005 David Cavallo Massachusetts O FUTURO PRÓXIMO
Institute of DA TECNOLOGIA
Technology (MIT). DIGITAL: IMPACTOS
SOBRE A ECONOMIA
E A SOCIEDADE
2005 Celso Lafer USP OS DESAFIOS DA
SEGURANÇA E DO
CONTROLE DE
ARMAMENTOS NA
AGENDA
INTERNACIONAL
CONTEMPORÂNEA
2005 Sérgio Abranches UFRJ DESIGUALDADE,
POBREZA E
DESENVOLVIMENTO
NA AMÉRICA
LATINA: BALANÇO E
AGENDA DE
POLÍTICAS
2005 Sebastian Galiani Universidad de San DESIGUALDADE,
Andrés (Argentina) POBREZA E
DESENVOLVIMENTO
NA AMÉRICA
LATINA: BALANÇO E
AGENDA DE
POLÍTICAS
2005 Eliana Cardoso EESP-FGV RELAÇÕES BRASIL-
ESTADOS UNIDOS:
ASSIMETRIAS E
CONVERGÊNCIAS
500
2005 Carlos Américo Unicamp INOVAÇÃO
Pacheco TECNOLÓGICA E
DESENVOLVIMENTO:
O QUE NOS ENSINA A
EXPERIÊNCIA
INTERNACIONAL
2005 Wilson Suzigan Unicamp INOVAÇÃO
TECNOLÓGICA E
DESENVOLVIMENTO:
O QUE NOS ENSINA A
EXPERIÊNCIA
INTERNACIONAL
2006 Raul Velloso Yale University Esgotamento e
perspectivas do ajuste
fiscal
2006 Abraham F. professor da Bridging the gap
Lowenthal Faculdade de between ideas and
Relações power: the role and
Internacionais da development of think
University of tanks
Southern
California (EUA)
2006 Abraham F. professor da América Latina e
Lowenthal Faculdade de Estados Unidos em uma
Relações nova era
Internacionais da
University of
Southern
California (EUA)
2006 Carlos Américo professor do Desafios das
Pacheco Instituto de telecomunicações no
Economia da Brasil: cenários e
Unicamp políticas de longo prazo
2006 Murilo Ramos professor da Desafios das
Universidade de telecomunicações no
Brasília Brasil: cenários e
políticas de longo prazo
2006 Luiz Cesar pesquisador em High Level Commission
Queiroz Planejamento on legal empowerment
Urbano do of the poor
IPPUR/UFRJ
2006 Juarez Brandão professor da High Level Commission
Lopes Universidade de on legal empowerment
São Paulo of the poor
501
2006 José Pastore professor da High Level Commission
Universidade de on legal empowerment
São Paulo of the poor
2006 José Márcio professor da High Level Commission
Camargo Faculdade de on legal empowerment
Economia da PUC- of the poor
RJ
2006 Joaquim Falcão diretor da High Level Commission
Faculdade de on legal empowerment
Direito da of the poor
Fundação Getúlio
Vargas
2006 Luiz Eduardo professor da High Level Commission
Soares Universidade on legal empowerment
Cândido Mendes of the poor
2006 José Roberto presidente do Energia e crescimento:
Moreira Conselho Nacional cenários para a
de Referência em economia mundial e
Biomassa (USP) oportunidades para o
Brasil
2006 Marcelo Paiva professor titular do A política externa
Abreu Departamento de brasileira para a América
Economia da PUC- do Sul no período
RJ recente: balanço e
perspectivas
2006 Sérgio Amaral diretor da A política externa
Faculdade de brasileira para a América
Economia da do Sul no período
Fundação recente: balanço e
Armando Álvares perspectivas
Penteado (FAAP).
2006 Catalina diretora do Sociedade civil e
Smulovitz Departamento de democracia na América
Ciência Política e Latina: crise e
Estudos reinvenção da política
Internacionais da
Universidade
Torcuato Di Tella
(Argentina);
Ernesto Ottone,
secretário
executivo adjunto
2006 Celso Campilongo professor da USP e Regras do jogo e
da PUC/SP investimento no Brasil:
502
onde estamos e para
onde vamos?
2006 Luiz Guilherme diretor do Instituto Regras do jogo e
Schymura Brasileiro de investimento no Brasil:
Economia onde estamos e para
(IBRE)/FGV onde vamos?
Ronaldo Porto Faculdade de Regras do jogo e
Macedo Junior Direito da FGV-SP investimento no Brasil:
onde estamos e para
onde vamos?
2006 Samuel Pessoa professor da FGV- Regras do jogo e
RJ investimento no Brasil:
onde estamos e para
onde vamos?
2006 José Maria da IE/Unicamp Oportunidades para o
Silveira avanço da biotecnologia
no Brasil: impactos
econômicos e sociais
2006 Leila Oda USP Oportunidades para o
avanço da biotecnologia
no Brasil: impactos
econômicos e sociais
2006 Albert Fishlow Universidade de tendências e cenários da
Columbia (EUA) economia mundial e
seus impactos sobre o
Brasil
2006 André Portela professor da FGV- Caminhos para a
Souza SP reforma da Previdência
Social no Brasil
2006 Hélio Zylberstajn professor da Caminhos para a
FEA/USP reforma da Previdência
Social no Brasil
2006 Luís Eduardo FGV/EAESP e Caminhos para a
Afonso ESPM reforma da Previdência
Social no Brasil
2007 Bruno Delmas École Nationale Arquivos pessoais de
des Chartes titulares de cargos
(França) públicos: curadoria e
tratamento técnico
2007 Ana Maria de Faculdade de Arquivos pessoais de
Almeida Camargo Filosofia, Letras e titulares de cargos
Ciências Humanas públicos: curadoria e
da Universidade de tratamento técnico
São Paulo
(FFLCH-USP)
503
2007 Bruno Delmas École Nationale Arquivos pessoais de
des Chartes titulares de cargos
(França) públicos: curadoria e
tratamento técnico
2007 Luciana Quillet pesquisadora do Arquivos pessoais de
Heymann Centro de Pesquisa titulares de cargos
e Documentação públicos: curadoria e
de História tratamento técnico
Contemporânea do
Brasil da Fundação
Getúlio Vargas
(CPDOC-FGV) e
professora da
Escola Superior de
Ciências Sociais da
FGV.
2007 Heloísa Liberalli professora de pós- Arquivos pessoais de
Bellotto graduação em titulares de cargos
História Social da públicos: curadoria e
FFLCH e do curso tratamento técnico
de especialização
em Organização de
Arquivos do
Instituto de
Estudos Brasileiros
da Universidade de
São Paulo (IEB-
USP).
2007 Martin Grossmann professor titular da Arquivos pessoais de
Escola de titulares de cargos
Comunicações e públicos: curadoria e
Artes da tratamento técnico
Universidade de
São Paulo (ECA-
USP) e diretor do
Centro Cultural
São Paulo (CCSP)
2007 Regina Abreu professora e Arquivos pessoais de
pesquisadora no titulares de cargos
Programa de Pós- públicos: curadoria e
Graduação em tratamento técnico
Memória Social da
Universidade
Federal do Estado
504
do Rio de Janeiro
(UNIRIO).
2007 Carl Dahlman professor da Inovação e
Georgetown competitividade
University (EUA)
2007 Carlos Américo professor do Inovação e
Pacheco Instituto de competitividade
Economia da
Unicamp
2007 Carlos Henrique professor do Inovação e
de Brito Cruz Instituto de Física competitividade
da Unicamp
2007 João Furtado professor do Inovação e
Departamento de competitividade
Engenharia de
Produção da
Escola Politécnica
da Universidade de
São Paulo (POLI-
USP)
2007 Mario Cimoli professor do Inovação e
Departamento de competitividade
Economia da
Università di
Venezia (Itália)
2007 Dagmar Raczinski professora da Programas de
Universidad transferência de renda
Católica de Chile e condicionada
pesquisadora da
Asesorías para el
Desarrollo (Chile)
2007 Ernesto Cohen professor da Programas de
Faculdad transferência de renda
Latinoamericana condicionada
de Ciencias
Sociales
(FLACSO-Chile)
2007 Rolando Franco professor da Programas de
Faculdad transferência de renda
Latinoamericana condicionada
de Ciencias
Sociales
(FLACSO-Chile)
505
2007 Sônia Draibe professora do Programas de
Núcleo de Políticas transferência de renda
Públicas (NEPP) condicionada
da Unicamp.
2007 Creso Franco professor da Impasses e soluções para
Pontifícia uma política educacional
Universidade para a América Latina
Católica do Rio de
Janeiro (PUC-RJ)
2007 Cristián Cox professor da Impasses e soluções para
Universidad uma política educacional
Católica de Chile para a América Latina
2007 Denise Vaillant coordenadora do Impasses e soluções para
programa GTD- uma política educacional
PREAL, da para a América Latina
Universidad ORT
(Uruguai)
2007 Eunice Durham professora da Impasses e soluções para
Universidade de uma política educacional
São Paulo (USP) para a América Latina
2007 Gilbert Valverde professor da Impasses e soluções para
University of New uma política educacional
York (Albany, para a América Latina
EUA)
2007 Maria Ligia professora da Impasses e soluções para
Barbosa Universidade uma política educacional
Federal do Rio de para a América Latina
Janeiro (UFRJ)
2007 Naércio Aquino professor da Impasses e soluções para
Menezes Faculdade de uma política educacional
Economia e para a América Latina
Administração da
Universidade de
São Paulo (FEA-
USP)
2007 Rose Neubauer professora da Impasses e soluções para
Universidade de uma política educacional
São Paulo (USP) para a América Latina
2007 Michael Storper professor da A reinvenção do futuro
London School of das grandes metrópoles
Economics and e a nova agenda de
Political Science desenvolvimento
(Reino Unido) e da econômico e social da
University of América Latina
506
California (Los
Angeles, EUA)
2007 Matteo Bocci professor da A reinvenção do futuro
London School of das grandes metrópoles
Economics and e a nova agenda de
Political Science desenvolvimento
(Reino Unido) econômico e social da
América Latina
2007 Giuseppe Cocco Universidade A reinvenção do futuro
Federal do Rio de das grandes metrópoles
Janeiro (UFRJ) e a nova agenda de
desenvolvimento
econômico e social da
América Latina
2007 Miguel Lengyel pesquisador da A reinvenção do futuro
Facultad das grandes metrópoles
Latinoamericana e a nova agenda de
de Ciencias desenvolvimento
Sociales econômico e social da
(FLACSO- América Latina
Argentina)
2007 Pablo Sanguinetti professor da A reinvenção do futuro
Universidad das grandes metrópoles
Torcuato di Tella e a nova agenda de
(Argentina) desenvolvimento
econômico e social da
América Latina
2007 Gonzalo Chavez professor da A reinvenção do futuro
Universidad das grandes metrópoles
Católica de La Paz e a nova agenda de
(Bolívia) desenvolvimento
econômico e social da
América Latina
2007 Fernando Abrúcio professor da A reinvenção do futuro
Fundação Getúlio das grandes metrópoles
Vargas (FGV-SP) e e a nova agenda de
da Pontifícia desenvolvimento
Universidade econômico e social da
Católica de São América Latina
Paulo (PUC-SP)
2007 Eduardo Viola professor da Meio ambiente
Universidade de
Brasília (UnB)
2007 Myanna Lahsen Centro de Meio ambiente
Pesquisas sobre
507
Ciências e
Tecnologia da
University of
Colorado (EUA)
2007 Adalberto Moreira professor do Coesão social em
Cardoso Instituto democracia na América
Universitário de Latina
Pesquisas do Rio
de Janeiro
(IUPERJ);
2007 Ana María professora da Coesão social em
Mustapic Universidad democracia na América
Torcuato Di Tella Latina
(Argentina);
2007 Angelina Peralva professora da Coesão social em
Université de democracia na América
Toulouse (Le Latina
Mirail-França);
2007 Antonio Mitre professor da Coesão social em
Universidade democracia na América
Federal de Minas Latina
Gerais (UFMG)
2007 Ari Pedro Oro professor da Coesão social em
Universidade democracia na América
Federal do Rio Latina
Grande do Sul
(UFRGS)
2007 Bernardo Sorj professor da Coesão social em
Universidade democracia na América
Federal do Rio de Latina
Janeiro (UFRJ)
2007 Catalina diretora do Coesão social em
Smulovitz Departamento de democracia na América
Ciência Política e Latina
Estudos
Internacionais da
Universidad
Torcuato Di Tella
(Argentina)
2007 Danilo Martuccelli professor da Coesão social em
Université de democracia na América
Sciences et Latina
Technologies de
Lille (França);
508
2007 Demetrio Magnoli pesquisador do Coesão social em
Grupo de Análise democracia na América
da Conjuntura Latina
Internacional
(GACINT-USP);
2007 Denise Vaillant coordenadora do Coesão social em
programa GTD- democracia na América
PREAL, da Latina
Universidad ORT
(Uruguai);
2007 Enrique Larreta diretor-executivo Coesão social em
do Instituto de democracia na América
Pluralismo Latina
Cultural da
Universidade
Candido Mendes
(UCAM)
2007 George Yudice professor da Coesão social em
University of New democracia na América
York (EUA) Latina
2007 Juan Carlos Torre professor da Coesão social em
Universidad democracia na América
Torcuato Di Tella Latina
(Argentina)
2007 Leon Zamosc professor da Coesão social em
University of democracia na América
California (San Latina
Diego-EUA)
2007 Luis Alberto diretor do Coesão social em
Quevedo programa de democracia na América
Comunicação da Latina
Faculdad
Latinoamericana
de Ciencias
Sociales
(FLACSO-Chile)
2007 Luiz Cesar de professor da Coesão social em
Queiroz Ribeiro Universidade democracia na América
Federal do Rio de Latina
Janeiro (UFRJ)
2007 Nizar Messari professor da Coesão social em
Pontifícia democracia na América
Universidade Latina
Católica do Rio de
Janeiro (PUC-RJ);
509
2007 Ruben Kaztman diretor do Coesão social em
Programa de democracia na América
Investigação sobre Latina
Pobreza,
Integração e
Exclusão Social da
Universidad
Católica del
Uruguay
2007 Eduardo Giannetti economista e Brasil e México: o
da Fonseca professor titular do desafio do crescimento
IBMEC São Paulo acelerado
2007 Timothy Garton historiador The world crisis of
Ash britânico, professor democratic leadership
de Estudos and how Brazil can
Europeus da contribute to addressing
University of it
Oxford (Reino
Unido), Isaiah
Berlin Professorial
Fellow do St.
Antony’s College
(Oxford-Reino
Unido) e Senior
Fellow da Hoover
Institution, da
University of
Stanford (EUA)
2007 Celso Lafer professor da The world crisis of
Universidade de democratic leadership
São Paulo (USP) and how Brazil can
contribute to addressing
it
2007 Edward Glaeser John F. Kennedy Um novo repertório de
School of estratégias frente ao
Government crime e à violência na
América Latina
2007 José Alexandre professor da Um novo repertório de
Scheinkman Princeton estratégias frente ao
University (EUA) crime e à violência na
América Latina
2007 Per-Olof professor da Um novo repertório de
Wikström Cambridge estratégias frente ao
University (Reino crime e à violência na
Unido) América Latina
510
2007 Maurício Rúbio professor da Um novo repertório de
Universidad de los estratégias frente ao
Andes (Colômbia) crime e à violência na
América Latina
2007 Leandro Piquet professor do Um novo repertório de
Carneiro departamento de estratégias frente ao
Ciência Política e crime e à violência na
pesquisador do América Latina
Núcleo de Pesquisa
de Políticas
Públicas (NUPPS),
da Universidade de
São Paulo (USP)
2007 Ana Maria professora da Um novo repertório de
Sanjuan Universidad estratégias frente ao
Central de crime e à violência na
Venezuela América Latina
2007 Claudio Beato professor da Um novo repertório de
Universidade estratégias frente ao
Federal de Minas crime e à violência na
Gerais (UFMG) América Latina
2007 Keith Krause professor da Um novo repertório de
University of estratégias frente ao
Oxford (Reino crime e à violência na
Unido) América Latina
2007 Christopher professor da Um novo repertório de
Winship Harvard University estratégias frente ao
(EUA) crime e à violência na
América Latina
2007 Hugo Fruhling professor da Um novo repertório de
Universidad de estratégias frente ao
Chile crime e à violência na
América Latina
2007 Rodrigo Soares professor da Um novo repertório de
Maryland estratégias frente ao
University (EUA) crime e à violência na
e da Pontifícia América Latina
Universidade
Católica do Rio de
Janeiro (PUC-RJ)
2007 Regina Madalozzo professora do Um novo repertório de
IBMEC São Paulo estratégias frente ao
crime e à violência na
América Latina
511
2007 Archon Fung professor da Um novo repertório de
Harvard University estratégias frente ao
(EUA) crime e à violência na
América Latina
2007 Paulo Mesquita professor da Um novo repertório de
Universidade de estratégias frente ao
São Paulo (USP) crime e à violência na
América Latina
2007 José Miguel Cruz professor da Um novo repertório de
Universidad estratégias frente ao
Centro Americana crime e à violência na
(El Salvador) América Latina
2007 Joaquim Falcão diretor da Escola Cultura das
de Direito da transgressões no Brasil:
Fundação Getúlio lições da história.
Vargas do Rio de Superar essa cultura é
Janeiro (FGV-RJ) condição para o
desenvolvimento?
2007 José Murilo de professor do Cultura das
Carvalho Departamento de transgressões no Brasil:
História da lições da história.
Universidade Superar essa cultura é
Federal do Rio de condição para o
Janeiro (UFRJ) desenvolvimento?
2007 Leandro Piquet professor do Novas estratégias frente
Carneiro Núcleo de Pesquisa ao crime e à violência no
de Políticas Brasil e na América
Públicas (NUPPS) Latina
da Universidade de
São Paulo (USP)
2007 Regina Madalozzo professora do Novas estratégias frente
IBMEC São Paulo ao crime e à violência no
e superintendente Brasil e na América
do Instituto Futuro Latina
Brasil (IFB)
2007 Rodrigo Soares professor da Novas estratégias frente
University of ao crime e à violência no
Maryland (EUA) e Brasil e na América
da PUC-RJ Latina
2007 Christopher Stone na John F. Políticas de combate ao
Kennedy School of crime: experiências e
Government, da lições internacionais
Harvard University
(EUA)
512
2007 Ernesto Ph.D em economia Políticas de combate ao
Schargrodsky pela Harvard crime: experiências e
University e lições internacionais
decano da Escola
de Negócios da
Universidad
Torcuato Di Tella
(Argentina).
2007 Leandro Piquet professor do Políticas de combate ao
Carneiro departamento de crime: experiências e
Ciência Política e lições internacionais
pesquisador do
Núcleo de Pesquisa
de Políticas
Públicas (NUPPS),
da Universidade de
São Paulo (USP),
2008 Eduardo.Viola UNB sEmiNário “As
NEGoCiAçÕEs soBrE o
ClimA Em FAsE
DECisiVA: o QuE Está
Em JoGo, o QuE
QuErEm os GrANDEs
JoGADorEs E Como
DEVE JoGAr o BrAsil”
2008 Celso Lafer USP Repensando a
Democracia na América
Latina
2008 Bernardo Sorj UFRJ Repensando a
Democracia na América
Latina
2008 Maria Hermínia USP Repensando a
Tavares de Democracia na América
Almeida Latina
2008 Gilberto Dupas USP Repensando a
Democracia na América
Latina
2008 Danilo Martuccelli Universidade de Repensando a
Lille 3 Democracia na América
Latina
2008 Manuel Mora y Universidad Repensando a
Araujo Torcuato di Tella Democracia na América
(Argentina) Latina
513
2008 Gonzalo Chavez Universidad Repensando a
Catolica Boliviana Democracia na América
(Bolivia) Latina
2008 Boris Fausto USP Repensando a
Democracia na América
Latina
2008 Demetrio Magnoli USP Repensando a
Democracia na América
Latina
2008 Ricardo Steinfus UFSM Repensando a
Democracia na América
Latina
2008 Kenneth.Rogoff Harvard tHE CurrENt
FiNANCiAl Crisis AND
its imPACt oN tHE
GloBAl ECoNomy: is
tHis timE DiFFErENt?”
2008 Rubens Ricupero FAAP As eleições americanas
2008 Sérgio Amaral FAAP As eleições americanas
2008 Luiz Gonzaga Unicamp A CrisE E o rEméDio: o
Beluzzo sistEmA FiNANCEiro
iNtErNACioNAl
PrECisA DE mAis
rEGulAção?”
2008 Claudio Haddad Ibmec “mAis PolíCiA E mAis
Prisão: BoNs rEméDios
PArA o CoNtrolE Do
CrimE?”
2008 José Alexandre Princeton “mAis PolíCiA E mAis
Scheikman University Prisão: BoNs rEméDios
PArA o CoNtrolE Do
CrimE?”
2008 Aloisio Pessoa de FGV “mAis PolíCiA E mAis
Araújo Prisão: BoNs rEméDios
PArA o CoNtrolE Do
CrimE?”
2008 Mauricio Mesquita BID “imPACtos Dos Custos
Moreira DE trANsPortE soBrE A
iNtEGrAção rEGioNAl
2008 Pedro de Camargo ABIPECS “imPACtos Dos Custos
Neto DE trANsPortE soBrE A
iNtEGrAção rEGioNAl
2008 Paul Kennedy Yale University muDANçAs NA
BAlANçA Do PoDEr
GloBAl: PErsPECtiVAs
514
ECoNÔmiCAs E
GEoPolítiCAs
2008 Nayan Chanda Yale University muDANçAs NA
BAlANçA Do PoDEr
GloBAl: PErsPECtiVAs
ECoNÔmiCAs E
GEoPolítiCAs
2008 Zhiwu Chen Yale University muDANçAs NA
BAlANçA Do PoDEr
GloBAl: PErsPECtiVAs
ECoNÔmiCAs E
GEoPolítiCAs
2008 Sérgio Amaral FAAP muDANçAs NA
BAlANçA Do PoDEr
GloBAl: PErsPECtiVAs
ECoNÔmiCAs E
GEoPolítiCAs
2008 Rubens Ricupero FAAP muDANçAs NA
BAlANçA Do PoDEr
GloBAl: PErsPECtiVAs
ECoNÔmiCAs E
GEoPolítiCAs
2008 Roberto Macedo FAAP muDANçAs NA
BAlANçA Do PoDEr
GloBAl: PErsPECtiVAs
ECoNÔmiCAs E
GEoPolítiCAs
2008 Célio Borja UERJ DEmoCrACiA E
EstADo DE DirEito: o
JuDiCiário Em FoCo
2008 Joaquim Falcão FGV DEmoCrACiA E
EstADo DE DirEito: o
JuDiCiário Em FoCo
2008 Miguel Reale Jr USP DEmoCrACiA E
EstADo DE DirEito: o
JuDiCiário Em FoCo
2008 Tércio Sampaio USP DEmoCrACiA E
Ferraz EstADo DE DirEito: o
JuDiCiário Em FoCo
2008 Joaquim Falcão FGV usos E ABusos Dos
GrAmPos tElEFÔNiCos
2008 Tércio Sampaio USP usos E ABusos Dos
Ferraz GrAmPos tElEFÔNiCos
2009 Albert Fishlow Columbia NuEVos DEsAFíos DE
University lA DEmoCrACiA y DEl
515
DEsArrollo EN
AmériCA lAtiNA
516
Federal de Minas futuro da democracia na
Gerais (UFMG); américa latina
2010 John Wilkinson , professor da Mesa-redonda dinâmicas
Universidade geopolíticas globais e o
Federal Rural do futuro da democracia na
Rio de Janeiro américa latina
(UFRRJ);
2010 Daniel Pécaut pesquisador da seminário de lançamento
École des Hautes do livro As FARC. Uma
Études en Sciences guerrilha sem fins?
Sociales de Paris
2010 Gerd Sparovek professor da Escola agricultura vs. meio
de Agronomia Luiz ambiente? um debate
de Queiroz sobre o código Florestal
(ESALQ-USP). Brasileiro
2010 Manuel Castells professor de seminário sobre o livro
Sociologia da Communication power
Universidade
Aberta da
Catalúnia
(Barcelona) e da
University of
Southern
California (Los
Angeles)
2010 Antônio Delfim , ex-ministro do índia: uma nova china
Netto Planejamento, para as economias do
professor emérito Brasil e da américa
da Faculdade de latina?
Economia e
Administração da
Universidade de
São Paulo (USP)
2010 Antônio Barros de professor emérito índia: uma nova china
Castro do Instituto de para as economias do
Economia da Brasil e da américa
Universidade latina?
Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) e
membro do
Institute for
Advanced Study da
Universidade de
Princeton (EUA).
517
2010 Henry Pease professor da o estado da democracia
Garcia Universidade na américa latina
Católica de Lima
2011 Renato Janine professor de Ética Cultura das
Ribeiro e Filosofia Política transgressões no Brasil:
da Universidade cenários do amanhã
de São Paulo Lançamento do livro
(USP) com título homônimo
2011 Ricardo economista e A América Latina em
Hausmann diretor do Center um mundo em
for International transformação
Development, de Seminário
Harvard (EUA)
2011 José Goldemberg professor da USP Energia nuclear no
Brasil: vale a pena ter
mais? Seminário
2011 Celso Lafer professor de Mudanças geopolíticas e
Direito da USP geoeconômicas e o
papel do Brasil na
América do Sul
Seminário
2011 Bóris Fausto presidente do Mudanças geopolíticas e
Grupo de Análise geoeconômicas e o
da Conjuntura papel do Brasil na
Internacional da América do Sul
USP (GACINT- Seminário
USP)
2011 Gunther Rudzit coordenador de Mudanças geopolíticas e
relações geoeconômicas e o
internacionais da papel do Brasil na
Fundação América do Sul
Armando Alvares Seminário
Penteado (FAAP)
2011 Luciano de Freitas assistente da Mudanças geopolíticas e
Pinto reitoria da geoeconômicas e o
Universidade papel do Brasil na
Estadual de América do Sul
Campinas Seminário
(Unicamp)
2011 Maria Hermínia professora do Mudanças geopolíticas e
Tavares Instituto de geoeconômicas e o
Relações papel do Brasil na
Internacionais da América do Sul
USP (IRI-USP) Seminário
518
2011 Roberto Russell professor da Mudanças geopolíticas e
Universidad di geoeconômicas e o
Tella (Argentina) papel do Brasil na
América do Sul
Seminário
2011 Jorge Castañeda professor O fracasso da guerra às
catedrático da New drogas na América
York University Latina e no México
Seminário
2011 Dominique Moïsi professor da Encontro com
Harvard University Dominique Moïsi
2011 Antônio Sérgio professor titular do Raça e cidadania no
Alfredo Departamento de Brasil: a questão das
Guimarães Sociologia da cotas Seminário
Faculdade de
Filosofia, Letras e
Ciências Humanas
(FFLCH-USP)
2012 Fernando Abrucio professor da Como Ampliar a
Fundação Getúlio Transparência e o
Vargas Controle na Gestão de
Grandes Cidades
2012 Ronaldo professor da Mobilidade Urbana:
Balassiano COPPE/UFRJ Esse Problema tem
Solução?
2012 Thomas Kane professor e diretor Educação: Como
do Centro de Garantir a Efi ciência do
Pesquisas em Ensino em Regiões
Políticas Metropolitanas
Educacionais da
Universidade de
Harvard
2012 Barry Eichengreen economista da The Global Financial
Universidade da Crisis: Currencies and
Califórnia, Future Scenarios
Berkeley
2012 Sônia Fleury professora titular Saúde Municipal: Os
da FGV- Desafios do SUS e o
RIO/EBAPE – Papel das Parcerias
Escola Brasileira Público-Privadas
de Administração
Pública e de
Empresas, da
Fundação Getúlio
Vargas
519
2012 Cláudio Beato professor titular do Segurança
Departamento de Metropolitana: Qual é o
Sociologia da Papel dos Municípios na
UFMG e Prevenção da
coordenador do Criminalidade?
CRISP – Centro de
Estudos em
Criminalidade e
Segurança Pública
2012 Leandro Piquet professor do Segurança
Instituto de Metropolitana: Qual é o
Relações Papel dos Municípios na
Internacionais da Prevenção da
Universidade de Criminalidade?
São Paulo e
coordenador do
programa de
pesquisa em
segurança e
criminalidade do
NUPPs – Núcleo
de Pesquisa em
Políticas Públicas
da mesma
universidade
2012 Antonio Delfi m economista e Keynes, Crise e Política
Netto professor-emérito Fiscal: um debate
da Faculdade de necessário sobre um
Administração, tema mal compreendido
Economia e
Contabilidade da
USP.
2012 Ricardo Toledo professor titular de Integração
Silva Infraestrutura Metropolitana: Novos
Urbana da Desafi os em
Faculdade de Saneamento e Gestão de
Arquitetura e Recursos Hídricos
Urbanismo da USP
2013 Celso lafer porfessor emérito Brasil e américa latina:
do instituto de que liderança é possível?
relações
internacionais da
USP
520
2013 Fernando rezende economista, State vs. Market: a
professor titular da contemporary
EBAPE - FgV Perspective
2013 david Shambaugh (diretor do China: the challenges of
programa sobre a the new leadership
China da
Universidade de
george
Washington),
2013 Manuel Castells Crise na europa: protesto
social e mudança
política
2013 eduardo viola (professor titular os limites planetários do
do instituto de crescimento econômico
relações
internacionais da
Universidade de
Brasília
2013 roberto lotufo (professor titular a cultura empreendedora
na Faculdade de no Brasil: riscos e
Engenharia oportunidades
Elétrica e de
Computação da
Unicamp)
2013 Silvio Meira professor titular de a cultura empreendedora
Engenharia de no Brasil: riscos e
Software do Centro oportunidades
de informática da
UFPE
2013 Sahin alpay professor de turkey: domestic and
ciência política e foreign policy in a
relações convulsed Middle east
internacionais da
Universidade de
Bahcesehir em
istambul
2013 Stephen Walt professor de taming the american
relações Power: US Foreign
internacionais da Policy in a Multipolar
Universidade de World
Harvard
2013 Fernanda pesquisadora do Participação do Setor
Meirelles Centro de Privado na oferta de
Pesquisas Jurídicas Bens Públicos
Aplicadas da
521
Escola de Direito
da FgV-SP
2013 Carlos américo reitor do iTA - empreendedorismo e
Pacheco instituto sistemas de inovação:
Tecnológico de como superar os
Aeronáutica desafios brasileiros
2014 Ashraf El-Sherif professor de EGITO: A
ciência política da DEMOCRACIA AINDA
American TEM UMA CHANCE?
University, no
Cairo
2014 James Stavridis reitor da Escola AS AMÉRICAS NO
Fletcher de Direito SÉCULO 21: AS
e Diplomacia da PERSPECTIVAS DO
Universidade de BRASIL E DOS
Tufts ESTADOS UNIDOS
2014 Celso Lafer professor emérito AS AMÉRICAS NO
do Instituto de SÉCULO 21: AS
Relações PERSPECTIVAS DO
Internacionais da BRASIL E DOS
USP ESTADOS UNIDOS
2014 Danilo Martuccelli Professor de PARTICIPAÇÃO,
sociologia da ESPAÇO PÚBLICO E
Universidade Paris JUVENTUDE NA
Descartes, membro AMÉRICA LATINA
do Institut
Universitaire de
France e
investigador no
Cerlis-CNRS
2014 Carlos Ary professor da Escola PROGRAMA
Sundfeld de Direito da FGV- FEDERAL DE
SP INVESTIMENTOS EM
LOGÍSTICA: ONDE
ESTAMOS, PARA
ONDE VAMOS?
2014 Sam Zhao (diretor-executivo EUA E CHINA:
do Centro de CHANCES DE
Cooperação China CONFLITO E
EUA da COOPERAÇÃO NA
Universidade de RELAÇÃO ENTRE AS
Denver DUAS POTÊNCIAS
2014 Sam Zhao (diretor-executivo REFORMAS,
do Centro de POLÍTICA EXTERNA
Cooperação China E NACIONALISMO
522
EUA da NA CHINA PÓS-
Universidade de COMUNISTA: O QUE
Denver ESPERAR DA NOVA
LIDERANÇA
CHINESA?
2014 José Roberto pesquisador do OS DESAFIOS DE
Afonso FGV/IBRE FINANCIAMENTO À
SAÚDE PÚBLICA NO
BRASIL
2014 Paulo Modesto professor de direito OS DESAFIOS À
administrativo da GESTÃO DA SAÚDE
Universidade NO BRASIL
Federal da Bahia
2014 John Wilkinson especialista em O NOVO MUNDO
estudos RURAL E O
agroalimentares e DESENVOLVIMENTO
professor da DO BRASIL
Universidade
Federal Rural do
Rio de Janeiro
2014 Antônio Márcio (professor do O NOVO MUNDO
Buainain Instituto de RURAL E O
Economia da DESENVOLVIMENTO
Unicamp e DO BRASIL
pesquisador do
Instituto Nacional
de Ciência e
Tecnologia em
Políticas Públicas,
Estratégia e
Desenvolvimento
(INCT/PPED
2014 Valdir Schalch professor da GESTÃO DE
UFSCAR e RESÍDUOS SÓLIDOS
coordenador do
Núcleo de Estudo e
Pesquisa em
Resíduos Sólidos
[NEPER)
2014 Leandro Piquet professor da USP e OPORTUNIDADES E
coordenador do AVANÇOS NA
programa de SEGURANÇA
pesquisa em PÚBLICA
segurança e BRASILEIRA
criminalidade do
523
Núcleo de
Pesquisas em
Políticas Públicas
[NUPPs] da USP
2014 Renato Sergio de professor da FGV OPORTUNIDADES E
Lima e membro do AVANÇOS NA
Fórum Brasileiro SEGURANÇA
de Segurança PÚBLICA
Pública BRASILEIRA
2014 Lanxin Xiang (professor do CHINA: DESAFIOS
Graduate Institute INTERNOS E
of Geneva e da PROJEÇÃO GLOBAL
School of
Advanced
International
Studies da Johns
Hopkins
University
2014 José Roberto economista, foi O BRASIL NO NOVO
Mendonça de professor da MANDATO
Barros Faculdade de PRESIDENCIAL (2015-
Economia da USP 2018)
2014 Leandro Pique USP CRIME
ORGANIZADO E
JOVENS DA
PERIFERIA
2015 Renato Janine professor titular de os ATenTADos De
Ribeiro Ética e Filosofi a PAris: signiFiCADos e
Política da ConseQUÊnCiAs Dos
Universidade de ATos De Terror
São Paulo
2015 Ronaldo Lemos professor e inTerneT e
pesquisador, MoBiliZAÇÕes
leciona na soCiAis:
Faculdade de TrAnsForMAÇÕes Do
Direito da esPAÇo PÚBliCo e DA
Universidade do soCieDADe Civil
Estado do Rio de
Janeiro, UERJ
2015 Alfredo Valladão professor na TrADe, FooD, energY
Sciences Po AnD ChAnges in The
(PSIA) inTernATionAl sYsTeM:
vieWs FroM norTh AnD
soUTh ATlAnTiC
nATions
524
2015 Esther Brimmer professor no TrADe, FooD, energY
International AnD ChAnges in The
Affairs George inTernATionAl sYsTeM:
Washington vieWs FroM norTh AnD
University soUTh ATlAnTiC
nATions
2015 John Wilkinson professor da TrADe, FooD, energY
Universidade AnD ChAnges in The
Federal do Rio de inTernATionAl sYsTeM:
Janeiro vieWs FroM norTh AnD
soUTh ATlAnTiC
nATions
2015 José Goldemberg reitor da TrADe, FooD, energY
Universidade de AnD ChAnges in The
São Paulo inTernATionAl sYsTeM:
vieWs FroM norTh AnD
soUTh ATlAnTiC
nATions
2015 Luís Roberto professor titular da ConsTiTUiÇÃo, DireiTo
Barroso Universidade do e PolÍTiCA: o sTF e os
Estado do Rio de PoDeres DA rePÚBliCA
Janeiro (UFRJ).
2015 Carlos Henrique professor titular no inovAÇÃo e sAÚDe no
Britto Cruz Instituto de Física BrAsil: iDenTiFiCAnDo
da Unicamp DesAFios e BUsCAnDo
solUÇÕes
2015 Giovanni Cerri professor titular de inovAÇÃo e sAÚDe no
Radiologia da BrAsil: iDenTiFiCAnDo
FMUSP DesAFios e BUsCAnDo
solUÇÕes
2015 Henrique professor da As relAÇÕes enTre
Cymerman Universidade isrAel e PAlesTinA: A
Israelita IDC e visÃo e o TesTeMUnho
correspondente do De UM grAnDe
Médio Oriente para JornAlisTA
La Vanguardia,
Antena 3, SIC e
Globo News
2015 Luigi Zingales professor de o CAPiTAlisMo PArA o
Empreendedorismo Povo e o PAPel Do
e Finanças na esTADo
University of
Chicago Booth
School of Business
e autor do livro
525
Saving Capitalism
from Capitalists.
2015 Carlos Ari professor titular da reMoÇÃo De
Sundfeld FGV Direito SP e oBsTÁCUlos Ao
presidente da invesTiMenTo eM
Sociedade inFrAesTrUTUrA: UMA
Brasileira de ConTriBUiÇÃo Ao
Direito Público DeBATe PÚBliCo e À
(SBDP). AgenDA De PolÍTiCAs
2016 Sérgio Besserman, presidente do crEscimEnto,
Instituto Municipal dEmocracia E
Pereira Passos, da distriBuição da rEnda:
Câmara Técnica de Em Busca dE um novo
Desenvolvimento modElo
Sustentável da
Prefeitura da
Cidade do Rio de
Janeiro e professor
de economia e
engenharia
ambiental da PUC-
RJ
2016 Luis Vicente León Professor no vEnEZuEla: Há luZ no
Instituto de Fim do tÚnEl do
Estudios cHavismo?
Superiores de
Administración
(IESA) e
Universidad
Católica Andrés
Bello (UCAB).
Membro do
Conselho da
UCAB e
conferencista.
2016 Uzi Rabi diretor do Moshe a gEopolÍtica do oriEntE
Dayan Center para mÉdio E as cHancEs dE
Estudos do Oriente uma solução dE dois
Médio e áfrica e Estados
pesquisador sênior
do Centro de
Estudos Iranianos,
ambos da
Universidade de
Tel Aviv
526
2016 David doutor em o Fim do triunFalismo
Zylbersztajn Economia da pEtrolEiro E a
Energia pela dEFinição dE novos
Universidade de rumos para a EnErgia no
Grenoble - França Brasil
2016 Isidoro Cheresky professor de Teoria lançamEnto E-BooK
Política ativismo polÍtico Em
Contemporânea na tEmpos dE intErnEt
Universidade de
Buenos Aires e
pesquisador
principal
contratado do
Consejo Nacional
de Investigaciones
Científicas y
Técnicas (Conicet).
2016 Marco Aurélio professor de Teoria lançamEnto E-BooK
Nogueira Política e ativismo polÍtico Em
coordenador tEmpos dE intErnEt
científico do
Núcleo de Estudos
e Análises
Internacionais
2016 Pablo Ortellado professor doutor do lançamEnto E-BooK
curso de Gestão de ativismo polÍtico Em
Políticas Públicas e tEmpos dE intErnEt
orientador no
programa de pós-
graduação em
Estudos Culturais
da USP
2016 Carlos Pagni Professor de argEntina: um Balanço
História e dos primEiros sEis
pesquisador na mEsEs do govErno
universidad macri
Nacional de Mar
del Plata e
pesquisador na
universidad de
Buenos Aires
2016 Ernesto Ricardo professor de direito argEntina: um Balanço
Sanz na Facultad de dos primEiros sEis
Ciencias mEsEs do govErno
Económicas da macri
527
Universidad
Nacional de Cuyo
e no Instituto de
Seguridad Pública
2016 Nicolas Dujovne professor da argEntina: um Balanço
Universidad de dos primEiros sEis
Buenos Aires e da mEsEs do govErno
Universidad Di macri
Tella
2016 Pablo Gerchunoff professor emérito argEntina: um Balanço
da universidad dos primEiros sEis
Torcuato Di Tella, mEsEs do govErno
professor de honra macri
da universidad de
Buenos Aires e
pesquisador do
Instituto de
Estudios
Latinoamericanos
da universidad de
Alcalá de Henares.
2016 Paulo Portas Professor a Europa Em sua Hora
convidado de mais gravE
Economia e
Geopolítica nas
Relações
Internacionais na
universidade Nova
de Lisboa
2016 Claudia Costin É professora da Educação no Brasil: o
Faculdade de QuE podEmos aprEndEr
Educação de com o mundo?
Harvard.
2016 Naercio Menezes professor Educação no Brasil: o
Filho associado da USP QuE podEmos aprEndEr
com o mundo?
2016 Juan Gabriel sociólogo e dEmocracias
Tokatlian professor de turBulEntas: o QuE
Relações acontEcE na Europa, na
Internacionais na amÉrica latina E nos
universidad Di Eua?
Tella (uTDT), em
Buenos Aires
528
2016 Flávio Luiz professor de 20 anos da lEi E o
Yarshell Direito na uSP Futuro da arBitragEm no
Brasil
2016 Marcelo José professor de 20 anos da lEi E o
Magalhães graduação e de Futuro da arBitragEm no
Bonizzi pós-graduação da Brasil
USP, autor de
livros e artigos e
procurador do
Estado de São
Paulo
2016 Lanxin Xiang professor de a cHina soB Xi Jinping:
História o QuE QuEr E o QuE
Internacional e podE o lÍdEr cHinês?
Política do
Graduate Institute
of International
and Development
Studies (IHED)
2016 Heizo Takenaka Professor Japão: a polÍtica
honorário na Keio EconÔmica dE sHinZo
university, em aBE Em QuEstão
Tóquio, onde
lecionou por
muitos anos.
2016 Fernando Limongi professor titular da a polÍtica Em crisE:
uSP como virar o Jogo?
2017 David Held diretor do DIREITOS HUMANOS
university college, E DEMOCRACIA: O
da universidade de MUNDO ESTÁ EM
durham (reino MARCHA A RÉ?
unido), onde
também é
professor de
ciência Política e
relações
internacionais e
diretor do institute
of global Policy.
2017 Eduardo Augusto professor titular do POLÍTICA
Guimarães instituto de INDUSTRIAL PARA
economia da uFrJ PETRÓLEO E GÁS:
QUAL O RUMO A
SEGUIR?
529
2017 Eloi Fernández y pesquisador do POLÍTICA
Fernández departamento de INDUSTRIAL PARA
engenharia PETRÓLEO E GÁS:
Mecânica da Puc- QUAL O RUMO A
rio e diretor-geral SEGUIR?
da organização
nacional da
indústria do
Petróleo (oniP,
2002-2017).
2017 Nuno Crato Professor A EVOLUÇÃO DE
catedrático de PORTUGAL NA
Matemática e EDUCAÇÃO: O QUE
estatística no O BRASIL TEM A
instituto superior APRENDER?
de economia e
gestão. licenciado
em economia,
mestre em
Métodos
Matemáticos para
gestão de empresa
pela universidade
técnica de lisboa e
doutor em
Matemática
aplicada pela
universidade de
delaware
2017 Larry Diamond, pesquisador sênior HÁ UM DECLÍNIO
na hoover GLOBAL DAS
institution, da DEMOCRACIAS
universidade de LIBERAIS?
stanford
2017 Dino Cofrancesco professor emérito EUROPA: PASSADO,
da Universidade PRESENTE E
de Gênova FUTURO DE UMA
IDEIA
2017 Carlos Antonio diretor do ceMec BRASIL:
Rocca – centro de PRODUTIVIDADE E
estudos do COMPETITIVIDADE
instituto ibMec e
membro do
conselho do ibgc
530
2017 Marcos Troyjo codiretor do BRASIL:
briclab na PRODUTIVIDADE E
columbia COMPETITIVIDADE
university
2017 Elmer Cuba professor da PERU: UM
Bustinza Pontifícia MODELO PARA A
universidade AMÉRICA
católica do Peru LATINA?
2017 Martin Tanaka professor da PERU: UM
Pontifícia MODELO PARA A
universidade AMÉRICA
católica do Peru LATINA?
2017 Pierpaolo Cruz dvogado, professor FINANCIAMENTO
Bottini livre-docente da DE CAMPANHAS:
usP e membro da QUE MODELO O
comissão de BRASIL DEVE
Jurados do Prêmio ADOTAR?
innovare
2017 Beto Ferreira professor de FINANCIAMENTO
Martins direito da Fgv-rJ e DE CAMPANHAS:
Vasconcelos pesquisador QUE MODELO O
visitante na BRASIL DEVE
universidade ADOTAR?
columbia (nY)
2017 Silvana Batini professora da Fgv FINANCIAMENTO
Cesar Góes na mesma cidade DE CAMPANHAS:
QUE MODELO O
BRASIL DEVE
ADOTAR?
2017 Marcos Vinícius professor na FINANCIAMENTO
Fundação armando DE CAMPANHAS:
alvares Penteado QUE MODELO O
(FaaP) e fundador BRASIL DEVE
e sócio da campos ADOTAR?
& antonioli. Sergio
Fausto, cientista
político e
superintendente da
Fundação
2017 Pablo Gerchunoff professor emérito ELEIÇÕES
da universidad PARLAMENTARES
torcuato di tella, NA ARGENTINA:
professor de honra NOVOS
da universidad de HORIZONTES
buenos aires e ECONÔMICOS E
531
pesquisador do POLÍTICOS PARA
instituto de O GOVERNO DE
estudios MAURÍCIO
latinoamericanos, MACRI?
da universidad de
alcalá de henares.
2017 Manuel leciona economia INOVAÇÕES
Trajtenberg na universidade de DISRUPTIVAS E O
tel aviv, é membro FUTURO DO
de institutos de EMPREGO:
pesquisa nos AMEAÇAS E
estados unidos e OPORTUNIDADES
na europa,
participa de
conselhos
consultivos da
organização para a
cooperação e
desenvolvimento
econômico (ocde).
especialista em
economia da
tecnologia e da
inovação
2017 Mikael Román também é DESENVOLVIMENTO
professor TECNOLÓGICO E
associado do COOPERAÇÃO
centro de ciência INTERNACIONAL: O
climática e PROJETO GRIPEN
Pesquisa Política EM PAUTA
na universidade
de linköping, na
suécia. cientista
social, ph.d. em
ciência Política e
pós-doutor pelo
centro de estudos
internacionais no
instituto de
tecnologia de
Massachusetts
(Mit).
2017 Patrícia Sampaio professora da Fgv A IMPORTÂNCIA
direito rio e da DOS PARQUES
Unirio
532
PÚBLICOS NAS
GRANDES CIDADES
2017 David professor de O 19º CONGRESSO E
Shambaugh estudos asiáticos,
O FUTURO DO
ciência Política e
PARTIDO
assuntos COMUNISTA DA
internacionais e CHINA
diretor fundador
do Programa de
Política da china
na universidade
george
Washington.
2017 Alfredo Romero professor da A LUTA PELA
universidade DEMOCRACIA NA
central da VENEZUELA E O
venezuela. David QUE O BRASIL PODE
Smolansky FAZER
2017 Dominique Reynié professor MACRON
associado de FRENTE À
ciência Política do AMEAÇA DO
instituto de estudos NACIONALISMO
Políticos de Paris XENÓFOBO E À
(sciences Po) e ESPERANÇA DE
diretor-geral da RENOVAÇÃO DO
Fundação para a PROJETO
inovação Política EUROPEU
(Fondapol).
2017 Marc Lazar ofessor de história MACRON
e sociologia FRENTE À
Política na AMEAÇA DO
sciences Po, na NACIONALISMO
qual é também XENÓFOBO E À
presidente do ESPERANÇA DE
centro de história, RENOVAÇÃO DO
diretor do PROJETO
departamento de EUROPEU
História e
presidente do
Conselho Científi
co. É professor
associado e
presidente da
School of
government na
533
universidade luiss-
guido carli, em
roma.
2017 André Portela professor da escola REFORMA
de economia de TRABALHISTA:
são Paulo da Fgv, O QUE MUDA, O
coordenador do QUE DEVE
centro de MUDAR
Microeconomia
aplicada e diretor
do centro Fgv
eesP.
2017 Gustavo Badaró professor A DELAÇÃO
associado de PREMIADA:
direito Processual UMA
Penal da usP COMPARAÇÃO
ENTRE OS
ESTADOS
UNIDOS E O
BRASIL
2017 Peter Messitte juiz federal do A DELAÇÃO
distrito de PREMIADA:
Maryland, estados UMA
unidos e diretor do COMPARAÇÃO
Programa brasil- ENTRE OS
eua de estudos ESTADOS
legais e Jurídicos UNIDOS E O
na american BRASIL
university
Washington
college of law.
2018 Matias Spektor professor e 50 ANOS DO
coordenador do TRATADO DE
Centro de Relações NÃO
Internacionais da PROLIFERAÇÃO
FGV-SP DE ARMAS
NUCLEARES:
IMPASSES E
PERSPECTIVAS
2018 José Caixeta Filho professor titular da SEGURANÇA
Escola Superior de ALIMENTAR
Agricultura Luiz GLOBAL: UMA
de Queiroz POLÍTICA DE
(ESALQ) da USP ESTADO
e coordenador do
534
Grupo de Pesquisa
e Extensão em
Logística
Agroindustrial
(ESALQ- LOG)
2018 Roberto Rodrigues agrônomo e SEGURANÇA
agricultor, é ALIMENTAR
coordenador do GLOBAL: UMA
Centro de POLÍTICA DE
Agronegócios da ESTADO
FGV-EESP
(Fundação Getulio
Vargas). Foi
ministro da
Agricultura,
Pecuária e
Abastecimento
(2003-2006) e
presidente da
Sociedade Rural
Brasileira.
2018 Oscar Vilhena professor de O JUDICIÁRIO:
Vieira Direito ENTRE OS PERIGOS
Constitucional e DA IMPUNIDADE E
Direitos Humanos OS RISCOS DO
e diretor da Escola PUNITIVISMO
de Direito de São
Paulo da
Fundação Getulio
Vargas (FGV
DIREITO SP).
2018 Samuel de Abreu economista, é DESENVOLVIMENTO
Pessoa sócio da Reliance ECONÔMICO - POR
(SP) e QUE FICAMOS PARA
pesquisador do TRÁS?
Instituto
Brasileiro de
Economia da
2018Fundação
Getulio Vargas
(FGV IBRE).
2018 Pascal Perrineau Professor do BALANÇO DE 1 ANO
Instituto de DA PRESIDÊNCIA DE
Estudos Políticos EMMANUEL
de Paris, mais MACRON: A
535
conhecido como MUDANÇA ESTÁ EM
Sciences Po. MARCHA?
2018 Danilo Igliori professor da FEA- REVITALIZAÇÃO DE
USP CENTROS
HISTÓRICOS
METROPOLITANOS
2018 João Fernando é professor titular 4º REVOLUÇÃO
Gomes de Oliveir da Escola de INDUSTRIAL: O
Engenharia de São BRASIL VAI
Carlos (USP) PERDER ESSE
TREM?
2018 Marta Arretche cientista política, é COMO VOLTAR A
professora titular REDUZIR A
da USP e diretora POBREZA EM
do Centro de ANOS DE
Estudos da APERTO FISCAL?
Metrópole
(CEM/Cepid);
pesquisa
desigualdade e
sistemas de
proteção social.
2018 Cecilia Machado economista, é REDUÇÃO DA
professora POBREZA E DA
assistente da DESIGUALDADE:
EPGE-FGV QUAIS AS
(Escola Brasileira POLÍTICAS
de Economia e SOCIAIS MAIS
Finanças, Rio de EFICAZES?
Janeiro) e research
aff iliate do
Institute for the
Study of Labor
(IZA, Alemanha).
2018 Naercio Menezes é professor titular REDUÇÃO DA
Filho (Cátedra IFB) e POBREZA E DA
coordenador do DESIGUALDADE:
Centro de Políticas QUAIS AS
Públicas do Insper POLÍTICAS
SOCIAIS MAIS
EFICAZES?
2018 Sergio Firpo , economista, é REDUÇÃO DA
professor titular da POBREZA E DA
Cátedra Instituto DESIGUALDADE:
Unibanco no QUAIS AS
536
Insper e pesquisa POLÍTICAS SOCIAIS
economia do MAIS EFICAZES?
trabalho e do
desenvolvimento
2018 Fábio Bechara promotor de DROGAS E
Justiça do Estado SEGURANÇA
de São Paulo, é PÚBLICA: É HORA
professor na USP DE
(pós-graduação) e DESCRIMINALIZAR?
na Universidade
Presbiteriana
Mackenzie;
leciona na Escola
Superior do
Ministério Público
de São Paulo.
2018 Gorete Marques pesquisadora do DROGAS E
Núcleo de Estudos SEGURANÇA
da Violência da PÚBLICA: É HORA
USP (NEV/ USP). DE
DESCRIMINALIZAR?
2018 Leandro Piquet economista e DROGAS E
cientista político, é SEGURANÇA
professor do PÚBLICA: É HORA
Instituto de DE
Relações DESCRIMINALIZAR?
Internacionais
(IRI) e
pesquisador do
Núcleo de
Pesquisa de
Políticas Públicas
da USP.
2018 Steven Levitsky cientista político COMO MORREM
norte-americano e AS
professor na DEMOCRACIAS,
Universidade PALESTRA DE
Harvard (EUA), é STEVEN
autor de How LEVITSKY
Democracies Die:
What History
Reveals About Our
Future (Penguin
Random House,
2018), em
537
coautoria com
Daniel Ziblatt.
2018 Jairo Nicolau cientista político REINVENÇÃO
especializado em DA POLÍTICA:
sistemas eleitorais, COMO
é professor titular RECONECTAR
da Universidade INDIVÍDUOS,
Federal do Rio de SOCIEDADE E
Janeiro (UFRJ). ESTADO?
538
Faculdade de PARA O BRASIL
Direito da SAIR DA CRISE
Universidade de
São Paulo e da
Fundação Getúlio
Vargas. É autor de
O Brasil Pós-
Constituinte
(Editora Graal).
2018 Fernando Abrucio cientista político, é OS 30 ANOS DA
professor da CONSTITUIÇÃO
Fundação Getulio E OS DESAFIOS
Vargas (SP), onde PARA O BRASIL
chefi a o SAIR DA CRISE
Departamento de
Gestão Pública
2018 Maria Paula professora da OS 30 ANOS DA
Dallari Bucci Faculdade de CONSTITUIÇÃO
Direito da USP, foi E OS DESAFIOS
secretária de PARA O BRASIL
Educação Superior SAIR DA CRISE
do Ministério da
Educação (2008-
2010).
2018 Oscar Vilhena professor de OS 30 ANOS DA
Vieira Direito CONSTITUIÇÃO
Constitucional e E OS DESAFIOS
Direitos Humanos PARA O BRASIL
e diretor da Escola SAIR DA CRISE
de Direito de São
Paulo da Fundação
Getulio Vargas
(FGV DIREITO
SP).
2018 Toshihiro professor de INTERNATIONAL
Minohara Diplomacia e POLITICS AT A
Estudos de CROSSROADS:
Segurança da JAPAN’S
Faculdade de DIPLOMATIC
Direito e Política AND SECURITY
da Universidade de STRATEGY IN
Kobe desde 1999; THE INDO-
leciona também na PACIFIC REGION
Faculdade de
Estudos de
539
Cooperação
Internacional da
mesma
universidade.
2018 Oliver Stuenkel professor adjunto INTERNATIONAL
de Relações POLITICS AT A
Internacionais na CROSSROADS:
FGV-SP, onde JAPAN’S
também coordena DIPLOMATIC
a Escola de AND SECURITY
História e Ciências STRATEGY IN
Sociais e o MBA THE INDO-
em RI. PACIFIC REGION
2018 Carlos Ari professor titular da EFICIÊNCIA DA
Sundfeld Escola de Direito GESTÃO
de São Paulo da PÚBLICA E
Fundação Getúlio INSTITUIÇÕES
Vargas (FGV DE CONTROLE:
Direito SP) e sócio COMO
fundador de MAXIMIZAR OS
Sundfeld DOIS TERMOS
Advogados; DA EQUAÇÃO?
presidente da
Sociedade
Brasileira de
Direito Público e
autor de Direito
Administrativo
para Céticos (Ed.
Malheiros, 2014).
2018 Francisco presidente da EFICIÊNCIA DA
Gaetani Escola Nacional GESTÃO PÚBLICA E
de Administração INSTITUIÇÕES DE
Pública (ENAP) CONTROLE: COMO
desde junho de MAXIMIZAR OS
2016. Atuou como DOIS TERMOS DA
secretário- EQUAÇÃO?-
executivo nos
ministérios do
Planejamento
(MP) e do Meio
Ambiente (MMA)
e como
coordenador-geral
do Programa das
540
Nações Unidas
para o
Desenvolvimento
(PNUD) no Brasil.
2018 Salvatore Settis arqueólogo e DESAFIOS À
historiador de arte MEMÓRIA
italiano, é HISTÓRICO-
professor CULTURAL EM
catedrático de SOCIEDADES
arqueologia grega CONTEMPORÂNEAS
e romana. Entre
2008 e 2009,
presidiu o
Conselho Superior
do Patrimônio
Cultural da Itália
2018 Fernando Nieto cientista político, é ESTADO E
Morales professor e DEMOCRACIA NO
pesquisador no MÉXICO SOB A
Centro de Estudos PRESIDÊNCIA DE
Internacionais do AMLO: MUDANÇAS
Colégio de SIGNIFICATIVAS OU
México; pesquisa MAIS DO MESMO?
organização e profi
ssionalização do
setor público,
corrupção e
patologias
burocráticas.
2018 Simone Diniz cientista social, é CAMINHOS E
professora da DESCAMINHOS DA
Universidade POLÍTICA: DA
Federal de São CRISE NASCERÁ
Carlos (UFSCar); UMA DEMOCRACIA
coordena o projeto MELHOR?
de pesquisa
“Promessas de
Campanha
Eleitoral e Agenda
de Governo -
Análise da Gestão
dos ex-Presidentes
Fernando
Henrique Cardoso
e Luiz Inácio Lula
541
da Silva”, fi
nanciado pela
FAPESP
2018 Giowana professora- CAMINHOS E
Cambrone orientadora nas DESCAMINHOS DA
Faculdades POLÍTICA: DA CRISE
Integradas Hélio NASCERÁ UMA
Alonso (FACHA), DEMOCRACIA
no Rio, é MELHOR?
especialista em
democracia
participativa e
movimentos
sociais (UFMG)
2018 Pedro Floriano cientista político, CAMINHOS E
Ribeiro é professor da DESCAMINHOS DA
Universidade POLÍTICA: DA CRISE
Federal de São NASCERÁ UMA
Carlos (UFSCar) e DEMOCRACIA
editor associado MELHOR?
da Brazilian
Political Science
Review.
2018 Tomoo professor do A EXPANSÃO
Marukawa Instituto de ECONÔMICA DA
Ciências Sociais CHINA E O SEU
da Universidade IMPACTO NA
de Tóquio, foi ECONOMIA
pesquisador do GLOBAL
Institute of
Developing
Economies (IDE);
é autor de vários
livros sobre a
indústria e a
economia chinesa,
como O Sonho
Chinês: o
Capitalismo de
Massa Muda o
Mundo (Chikuma
Shinsho, 2013) e
A Economia
Contemporânea
Chinesa
542
(Contemporary
Chinese Economy,
Yuhikaku, 2013).
2018 Magna Inácio professora CRISE DO
associada do PRESIDENCIALISMO
Departamento de DE COALIZÃO: OS
Ciência Política DESAFIOS DA
da UFMG, faz GOVERNABILIDADE
pesquisas DEMOCRÁTICA NO
comparadas e PRÓXIMO PERÍODO
sobre o Brasil, PRESIDENCIAL
com foco em
relação Executivo-
Legislativo,
exercício das
presidências e
governos de
coalizão; recebeu
o prêmio da
Associação
Americana de
Ciência Política-
APSA pelo artigo
The Institutional
Presidency in
Latin America: A
Comparative
Analysis, em
coautoria com
Mariana Llanos.
2018 Bruno P. W. Reis vice-diretor e CRISE DO
professor da PRESIDENCIALISMO
Faculdade de DE COALIZÃO: OS
Filosofi a e DESAFIOS DA
Ciências Humanas GOVERNABILIDADE
da Universidade DEMOCRÁTICA NO
Federal de Minas PRÓXIMO PERÍODO
Gerais (UFMG), PRESIDENCIAL
pesquisa o fi
nanciamento de
campanhas
eleitorais desde
2011.
543
2018 Eduardo Viola professor titular de DEMOCRACIAS
Relações TURBULENTAS E
Internacionais, SEUS IMPACTOS NO
SISTEMA
INTERNACIONAL
2018 Sílvia Pimentel professora doutora DISCRIMINAÇÃO
na Faculdade de CONTRA A
Direito da MULHER: DESAFIOS
Pontifícia A SUPERAR NO
Universidade MUNDO E NO
Católica de São BRASIL
Paulo – PUC-SP,
integrou entre
2005 e 2016 o
Comitê sobre a
Eliminação da
Discriminação
contra as Mulheres
da Organização
das Nações Unidas
(CEDAW/ONU),
tendo presidido o
órgão no biênio
2011-2012. Além
disso, é membra
fundadora do
Conselho
Consultivo do
Comitê Latino-
Americano e do
Caribe para a
Defesa dos
Direitos das
Mulheres
(CLADEM).
2019 Toshihiro professor de Opções do Japão em
Nakayama política um mundo turbulento
norteamericana e
política externa na
Keio University
(Tóquio), é
pesquisador
visitante do
Woodrow Wilson
International
544
Center for
Scholars, em
Washington
(EUA).
2019 Paulo Tafner professor e Reforma da
pesquisador da Previdência: entre
Fundação Instituto o necessário e o
de Pesquisas possível
Econômicas
(FIPE/USP), autor
e organizador de
“Reforma da
Previdência: a
visita da velha
senhora” (2015).
2019 Prof. Jan-Werner professor de Populismo e
Mueller Ciência Política na democracia:
Universidade de ameaça ou
Princeton (EUA) e corretivo?
cofundador do
Colégio Europeu
de Artes Liberais
(ECLA; hoje: Bard
Berlin). Seu livro
mais recente é
“What is
Populism?”
(University of
Pennsylvania
Press, 2016).
2019 Prof. Dr. Wolfgang diretor do Populismo e
Merkel programa de democracia:
pesquisa ameaça ou
“Democracia e corretivo?
Democratização”
do Centro de
Ciências Sociais
WZB (Berlim) e
professor de
Ciência Política na
Humboldt
University em
Berlim. É autor e
editor de
“Democracies and
545
Crisis: Challenges
in Turbulent
Times” (Springer,
2018).
2019 Luís Greco professor Combate à
Catedrático de corrupção e
Direito Penal, mudanças no
Direito Processual direito penal
Penal, Direito
Penal Estrangeiro e
Teoria do Direito
Penal na
Universidade
Humboldt de
Berlim.
2019 Alaor Leite mestre e Doutor Combate à
em Direito pela corrupção e
Universidade mudanças no
Ludwig- direito penal
Maximilian
(Munique), é
assistente
científico junto à
cátedra de Direito
Penal da
Universidade
Humboldt de
Berlim
2019 Theo Dias advogado criminal, Combate à
é professor da corrupção e
Escola de Direito mudanças no
de São Paulo da direito penal
FGV e conselheiro
da Conectas
Direitos Humanos.
2019 Minna Mäkihonko professora Formação de
universitária professores: o que
especializada em o Brasil tem a
educação infantil e aprender com a
de pessoas com Finlândia?
necessidades
especiais, é chefe
de educação
inclusiva na
Tampere
546
University
(Finlândia)
2019 Professor biólogo, é A economia e a
Alexander Turra professor titular do geopolítica do mar
Instituto
Oceanográfico da
Universidade de
São Paulo
(IOUSP).
2019 Professor Jose oceanógrafo, é A economia e a
Angel Alvarez professor do curso geopolítica do mar
Perez, de Oceanografia e
do mestrado e
doutorado em
Ciência e
Tecnologia
Ambiental da
Universidade do
Vale do Itajaí
(UNIVALI).
2019 Ricardo Mariano professor do Os evangélicos na
Departamento de sociedade e na
Sociologia da USP, política
é pesquisador do
CNPq e autor de
“Neopentecostais:
sociologia do novo
pentecostalismo no
Brasil” (Ed.
Loyola, 2018).
2019 Ronaldo de professor do Os evangélicos na
Almeida Departamento de sociedade e na
Antropologia da política
UNICAMP, é
diretor científico
do CEBRAP e
autor de “A Igreja
Universal e seus
demônios” (Edit.
Terceiro Nome,
2009).
2019 Profª Kyung-Ae presidente da Para onde vão as
Park Fundação Coreana duas coreias?
na Escola de
Políticas Públicas
547
e Assuntos Globais
da Universidade de
British Columbia
(Canadá) e
coautora de “North
Korea in
Transition:
Politics, Economy,
and Society”
(2012).
2019 Cristiane Lucena professora do Para onde vão as
Carneiro Instituto de duas coreias?
Relações
Internacionais da
Universidade de
São Paulo
2019 Kate Raworth economista, é Os limites
professora e ecológicos do
pesquisadora crescimento: em
visitante do busca do
Environmental desenvolvimento
Change Institute sustentável e
(Universidade de inclusivo
Oxford) e
associada sênior
do Institute for
Sustainability
Leadership
(Cambridge). É
uma das autoras do
Human
Development
Report da ONU.
2019 Carolina Grillo Professora e Mercados ilícitos e
pesquisadora da desenvolvimento
Universidade no Brasil: as
Federal drogas não são
Fluminense. uma questão
isolada
2019 Marcella Araújo professora e Mercados ilícitos e
pesquisadora da desenvolvimento
Universidade no Brasil: as
Federal do Rio de drogas não são
Janeiro. uma questão
isolada
548
2019 Ana Maria Malik médica, é O futuro do sus:
professora titular desafios e
na FGV EAESP, mudanças
onde coordena o necessárias
Centro de Estudos
em Gestão e
Planejamento em
Saúde
(FGVsaúde).
2019 Abraham F. cientista político, é Transições
Lowenthal professor emérito democráticas:
da University of ensinamentos dos
Southern líderes políticos
California. Foi
diretor do Inter-
American
Dialogue
(Washington,
EUA).
2019 Dra. Giovanna historiadora da Lugares de
Rosso Del Brenna arte, é professora memória e
da Scuola di mudanças urbanas
Specializzazione in em grandes
Beni Storico- cidades: outro
Artistici dell’ caminho possível?
Università di
Genova
2019 Prof. Paulo Julio arquiteto, é Lugares de
Valentino Bruna professor memória e
colaborador da mudanças urbanas
Universidade de em grandes
São Paulo e cidades: outro
representante da caminho possível?
Área de
Arquitetura e
Urbanismo da
Fapesp (Fundação
de Amparo à
Pesquisa do Estado
de São Paulo).
2019 Carlos Alba Vega sociólogo, é Desigualdades
professor e sociais no Brasil e
pesquisador no El no México
Colegio de México
549
2019 Laura Flamand cientista política, é Desigualdades
professora do sociais no Brasil e
Centro de Estudios no México
Internacionales (El
Colegio de
México), onde
pesquisa políticas
públicas,
instituições
políticas
comparadas e
estatística aplicada
2019 Marta Arretche cientista social e Desigualdades
política, é diretora sociais no Brasil e
do Centro de no México
Estudos da
Metrópole
(CEM/Cepid) e
professora da
FFLCH-USP, onde
pesquisa
desigualdade e
análise comparada
dos sistemas de
proteção social.
2019 José de Souza sociólogo, é A questão racial no
Martins professor titular Brasil: como
aposentado da USP enfrenta-la?
e membro da
Academia Paulista
de Letras. Foi
membro da Junta
de Curadores do
Fundo Voluntário
da ONU contra as
Formas
Contemporâneas
de Escravidão.
2019 Carlos Pagni professor de Eleições na
História da Argentina: o futuro
Universidad do país vizinho e
Nacional de Mar do Mercosul
del Plata, foi
escolhido pelo
terceiro ano
550
seguido como o
jornalista mais
respeitado da
Argentina pela
consultoria
Poliarquía.
2019 Tanja A. Börzel cientista política, é A crise da ordem
professora do liberal no mundo:
Otto-Suhr-Institut qual o papel das
da Freie alianças e acordos
Universität Berlin, regionais?
onde detém a
Cátedra de
Integração
Europeia e dirige o
cluster de pesquisa
Contestations of
the Liberal Script
(SCRIPTS). É co-
editora das obras
“The Oxford
Handbook of
Comparative
Regionalism”
(Oxford University
Press, 2016) e
“European
Integration
Theory” (Oxford
University Press
2019).
2019 Thomas Risse professor e A crise da ordem
pesquisador, é liberal no mundo:
diretor do Center qual o papel das
for Transnational alianças e acordos
Relations, Foreign regionais?
and
Security Policy da
Freie Universität
Berlin. É autor de
“The Oxford
Handbook of
Comparative
Regionalism”
551
(Oxford University
Press 2016).
2019 Peter Messitte juiz federal do Desafios e
Distrito de oportunidades da
Maryland (EUA), inteligência
é diretor do artificial para o
Programa Brasil- direito e a justiça
EUA de Estudos
Legais e Jurídicos
na American
University
Washington
College of Law.
2019 Oscar Vilhena professor de Desafios e
Vieira Direito oportunidades da
Constitucional e inteligência
Direitos Humanos, artificial para o
é diretor da Escola direito e a justiça
de Direito de São
Paulo da Fundação
Getulio Vargas
(FGV DIREITO
SP)
2019 Pablo Gerchunoff professor emérito A América Latina
da Universidad frente às
Torcuato Di Tella transformações
(Argentina). globais: como
navegar águas
turbulentas?
2019 Jeremy Adelman professor da A América Latina
Universidade de frente às
Princeton (EUA). transformações
globais: como
navegar águas
turbulentas?
2019 Lindsay Gorman bacharel em Física Ameaças e
(Princeton oportunidades das
University) com novas tecnologias
mestrado em para o
Física Aplicada desenvolvimento
(Stanford da democracia
University), é
fellow de
tecnologias
emergentes da
552
Alliance for
Securing
Democracy
2019 Dominique Reynié professor do Democracias sob
Instituto de tensão: uma
Estudos Políticos pesquisa sobre o
de Paris (Sciences estado da
Po), é diretor do democracia em 42
think tank francês países.
Fondation pour
l’innovation
politique e diretor
da publicação
Démocraties sous
tension (Fondapol,
2019).
553
Anexo IV . Tabela com conexões com empresas por ano (2004-
2019).
555
200 Gabriel.Felix.Saldiva.Cintr Banco.Indusval.Multistoc Mesa Redonda do
8 a k Projeto Plataforma
Democrática
200 Guilherme.Pacheco Mundi Mesa Redonda do
8 Projeto Plataforma
Democrática
200 isabel.Farah Schwartzman .Editora.Moderna Mesa Redonda do
8 Projeto Plataforma
Democrática
200 Joana.Lee.Ribeiro Brasil.Wealth.Manageme Mesa Redonda do
8 nt Projeto Plataforma
Democrática
200 Luiza Nascimento Assistente de Mesa Redonda do
8 Marques da Cruz comunicação da área de Projeto Plataforma
sustentabilidade da. Democrática
Construtora Camargo
Corrêa
200 Fábio Luis Chateaubriand Financeiras da Solví Mesa Redonda do
8 Guedes Borba Participações Projeto Plataforma
Democrática
200 Mário Dias Ripper F&R Engenheiros o Futuro DAs
8 Consultoria (tElE)ComuNiCAçÕEs
No BrAsil
200 Antonio Lavareda APPM e MCI-Estratégia Repensando a
8 Democracia na América
Latina
557
200 Pérsio Arida BTG Invest DA CrisE Ao
9 CrEsCimENto: As
NoVAs rElAçÕEs
ENtrE EstADo E o
sEtor PriVADo No
BrAsil
200 Edemir Pinto BM&FBOVESPA DA CrisE Ao
9 CrEsCimENto: As
NoVAs rElAçÕEs
ENtrE EstADo E o
sEtor PriVADo No
BrAsil
200 Luiz Carlos Mendonça de Quest Investimentos o BrAsil Pós-CrisE:
9 Barros umA AGENDA PArA A
PróXimA DéCADA
201 Aluizio Araujo conselheiro da Odebrecht Mudanças geopolíticas
1 e geoeconômicas e o
papel do Brasil na
América do Sul
Seminário
201 Décio Oddone vice-presidente da Mudanças geopolíticas
1 Braskem e geoeconômicas e o
papel do Brasil na
América do Sul
Seminário
201 Fernando Xavier Ferreira conselheiro da Telefônica Mudanças geopolíticas
1 e geoeconômicas e o
papel do Brasil na
América do Sul
Seminário
201 Pedro Herz diretor-presidente da Mudanças geopolíticas
1 Livraria Cultura e geoeconômicas e o
papel do Brasil na
América do Sul
Seminário
201 André Lara Resende sócio-diretor da Lanx Transição incompleta e
1 Capital dilemas da (macro)
economia brasileira
Seminário
201 Gustavo Franco sócio-diretor da Rio Transição incompleta e
1 Bravo Investimentos dilemas da (macro)
economia brasileira
Seminário
201 Pérsio Arida chairman do Banco BTG Transição incompleta e
1 Pactual dilemas da (macro)
558
economia brasileira
Seminário
201 Pedro Malan presidente do Conselho Transição incompleta e
1 Consultivo Internacional dilemas da (macro)
do Itaú Unibanco economia brasileira
Seminário
201 Louis-Vincent Gavel CEO da Gavekal The Key Investment
2 Trends for 2012:
especialistas em China
apontam as novas
tendências da economia
chinesa e seus efeitos
para a economia global
201 Arthur Kroeber Dragonomics Research The Key Investment
2 and Advisory Trends for 2012:
especialistas em China
apontam as novas
tendências da economia
chinesa e seus efeitos
para a economia global
201 Jorge Gerdau Johannpeter presidente do Conselho A liderança do Brasil na
2 de Administração do América do Sul –
Grupo Gerdau Visões de Empresários,
Diplomatas e Políticos
201 Fernando reinach Fundo Pitanga empreendedorismo e
3 sistemas de inovação:
como superar os
desafios brasileiros
201 luiz eduardo rezende diretor industrial da empreendedorismo e
3 Prática Technicook - sistemas de inovação:
Technipan como superar os
desafios brasileiros
201 andré lara resende sócio-diretor da Lanx os limites planetários
3 Capital do crescimento
econômico
201 Bento Koike fundador da Tecsis - a cultura
3 Tecnologia e Sistemas empreendedora no
Avançados Brasil: riscos e
oportunidades
201 Caio Koch-Weser vice-presidente do Climate Change:
3 conselho do Deutsche Sustainable
Bank development and
responsible investment
559
201 Wilson Poit (diretor presidente da SP São Paulo, entre o
3 negócios e fundador da passado e o futuro:
Poit Energia iniciativas presentes
para a reinvenção da
metrópole
201 daniel Kliman senior advisor do german Global Swing States:
3 Marshall Fund) Brazil, india, indonesia,
turkey and the future of
international order
201 Lidia Goldenstein Desenvolve SP São Paulo, entre o
3 passado e o futuro:
iniciativas presentes
para a reinvenção da
metrópole
201 Ian Bremmer presidente do Eurasia ASSESSING GLOBAL
4 Group, consultoria líder RISKS IN TIMES OF
global de risco político ECONOMIC AND
GEOPOLITICAL
UNCERTAINTY
201 Jerson Kelman Presidente Light ÁGUA, RECURSO
4 ESCASSO: DESAFIOS
DE
DESENVOLVIMENT
O, GOVERNANÇA E
GESTÃO
201 Hélcio Tokeshi economista e codiretor de PROGRAMA
4 infra-estrutura na GP FEDERAL DE
Investments INVESTIMENTOS
EM LOGÍSTICA:
ONDE ESTAMOS,
PARA ONDE VAMOS?
201 Gonzalo Vecina Neto superintendente do OS DESAFIOS À
4 Hospital Sírio Libanês GESTÃO DA SAÚDE
NO BRASIL
201 Marcos Jank engenheiro agrônomo, O NOVO MUNDO
4 diretor-executivo global RURAL E O
para assuntos DESENVOLVIMENT
corporativos da BRF O DO BRASIL
201 Manoel Antonio Amarante presidente da Arcadis GESTÃO DE
4 Avelino da Silva Logos RESÍDUOS SÓLIDOS
201 Ilan Goldfajn Economista chefe do Itaú AvAliAÇÃo DAs
5 Unibanco. PersPeCTivAs Do novo
gove
201 Ian Bremmer presidente do Eurasia PAnorAMAs Dos
5 Group risCos geoPolÍTiCos
560
gloBAis e seUs
reFleXos soBre o
BrAsil
201 Cynthia Catlett Forensic Investigations & novos rUMos DA
5 Disputes Services da eConoMiA e DA
Grant Thornton Brasil PolÍTiCA eXTernA
ChinesAs: CoMo e Por
QUe isso iMPorTA
PArA o BrAsil
201 Paulo Funchal sócio de Transaction novos rUMos DA
5 Advisory Services na eConoMiA e DA
Grant Thornton Brasil. PolÍTiCA eXTernA
ChinesAs: CoMo e Por
QUe isso iMPorTA
PArA o BrAsil
201 Marcos Caramuru de Paiva sócio e gestor da KEMU novos rUMos DA
5 Consultoria de Negócios eConoMiA e DA
PolÍTiCA eXTernA
ChinesAs: CoMo e Por
QUe isso iMPorTA
PArA o BrAsil
201 Daniel Mangabeira diretor de Políticas da eConoMiA, PolÍTiCA e
5 Uber DiPloMACiA: o BrAsil
eM BUsCA De UMA
novA AgenDA
inTernACionAl
201 Pedro Passos empresário e sócio eConoMiA, PolÍTiCA e
5 fundador da Natura DiPloMACiA: o BrAsil
eM BUsCA De UMA
novA AgenDA
inTernACionAl
201 Ruy Salvari Baumer presidente da Baumer S.A inovAÇÃo e sAÚDe no
5 BrAsil:
iDenTiFiCAnDo
DesAFios e
BUsCAnDo solUÇÕes
201 André Dorf presidente da CPFL CoMo ACelerAr o
5 Renováveis DesenvolviMenTo Do
negÓCio De energiAs
renovÁveis no BrAsil?
201 Luiz Eduardo F. do Amaral vice-presidente jurídico e CoMo ACelerAr o
5 Osorio de Relações Institucionais DesenvolviMenTo Do
da CPFL Energia negÓCio De energiAs
renovÁveis no BrAsil?
561
201 Wilson Ferrreira Jr. diretor-presidente da CoMo ACelerAr o
5 CPFL. DesenvolviMenTo Do
negÓCio De energiAs
renovÁveis no BrAsil?
201 Anthony Blow presidente e COO da TrADe, FooD, energY
5 Global Energy USA, Inc AnD ChAnges in The
inTernATionAl
sYsTeM: vieWs FroM
norTh AnD soUTh
ATlAnTiC nATions
201 Barry Lowenkron VP executivo e COO na TrADe, FooD, energY
5 German Marshall Fund of AnD ChAnges in The
the United States inTernATionAl
sYsTeM: vieWs FroM
norTh AnD soUTh
ATlAnTiC nATions
201 Donna Hrinak Boeing Brasil Boeing TrADe, FooD, energY
5 Company AnD ChAnges in The
inTernATionAl
sYsTeM: vieWs FroM
norTh AnD soUTh
ATlAnTiC nATions
201 Douglas Hengel German Marshall Fund of TrADe, FooD, energY
5 the United States AnD ChAnges in The
inTernATionAl
sYsTeM: vieWs FroM
norTh AnD soUTh
ATlAnTiC nATions
201 Ezana Bocresian cofundador e CIO da TrADe, FooD, energY
5 Copia Agribusiness AnD ChAnges in The
inTernATionAl
sYsTeM: vieWs FroM
norTh AnD soUTh
ATlAnTiC nATions
201 Ian Lesser diretor executivo na TrADe, FooD, energY
5 Transatlantic Center e AnD ChAnges in The
diretor-geral na German inTernATionAl
Marshall Fund of the sYsTeM: vieWs FroM
United States norTh AnD soUTh
ATlAnTiC nATions
201 Karim El Aynaoui presidente do OCP Group TrADe, FooD, energY
5 AnD ChAnges in The
inTernATionAl
sYsTeM: vieWs FroM
562
norTh AnD soUTh
ATlAnTiC nATions
201 Ricardo Veluttini Presidente da DuPont TrADe, FooD, energY
5 Brazil AnD ChAnges in The
inTernATionAl
sYsTeM: vieWs FroM
norTh AnD soUTh
ATlAnTiC nATions
201 Marcos Caramuru de Paiva sócio e gestor da KEMU novos rUMos DA
5 Consultoria de Negócios eConoMiA e DA
PolÍTiCA eXTernA
ChinesAs: CoMo e Por
QUe isso iMPorTA
PArA o BrAsil
201 Samuel de Abreu Pessoa sócio da Reliance crEscimEnto,
6 dEmocracia E
distriBuição da rEnda:
Em Busca dE um novo
modElo
201 Wilson Ferreira presidente da CPFL HomEnagEm a JosÉ
6 Energia roBErto magalHãEs
tEiXEira (1937-1996)
201 Luis Vicente León Presidente da Datanalisis vEnEZuEla: Há luZ no
6 e diretor na Tendencias Fim do tÚnEl do
Digitales, Corporación cHavismo?
Grupo químico e na
Gold’s Gym.
201 David Zylbersztajn Sócio e Diretor da DZ o Fim do triunFalismo
6 Negócios com Energia pEtrolEiro E a
dEFinição dE novos
rumos para a EnErgia
no Brasil
201 Luiz Henrique Guimarães presidente da Raízen o Fim do triunFalismo
6 pEtrolEiro E a
dEFinição dE novos
rumos para a EnErgia
no Brasil
201 Emilio Lozoya Austin fundador e CEO da Brasil E mÉXico:
6 Makech Capital, foi CEO traJEtÓrias distintas E
da estatal de petróleo dEsaFios comuns
mexicana Pemex,
cofundador e membro do
conselho executivo de
diversos fundos de
investimento
563
201 Michael Leigh GMF dEmocracias
6 turBulEntas: o QuE
acontEcE na Europa, na
amÉrica latina E nos
Eua?
201 William McIlhenn GMF dEmocracias
6 turBulEntas: o QuE
acontEcE na Europa, na
amÉrica latina E nos
Eua?
201 James Stewart diretor global da área de cEnário gloBal E
6 Infraestrutura da KPMG invEstimEnto Em
inFraEstrutura no Brasil
201 Cesar Prata presidente do conselho de POLÍTICA
7 Óleo e gás da associação INDUSTRIAL PARA
brasileira da indústria de PETRÓLEO E GÁS:
Máquinas e equipamentos QUAL O RUMO A
(abiMaQ). SEGUIR?
201 Miguel Marques partner da A ECONOMIA DO
7 Pricewaterhousecoopers, MAR E O
responsável pelo projeto DESENVOLVIMENT
economia do Mar em O FUTURO DE
Portugal e licenciado em PORTUGAL E DO
economia pela BRASIL
universidade do Porto
201 Antonio Juan Sosa vice-presidente de BRASIL:
7 infraestrutura do caF PRODUTIVIDADE E
COMPETITIVIDADE
201 Dan Ioschpe vicepresidente da iochpe- BRASIL:
7 Maxion s/a e membro do PRODUTIVIDADE E
conselho do instituto de COMPETITIVIDADE
estudos para o
desenvolvimento
industrial (iedi)
201 Blanca Treviño presidente da soFtteK BRASIL:
7 PRODUTIVIDADE E
COMPETITIVIDADE
201 Eliane Lustosa diretora da área de BRASIL:
7 Mercado de capitais na PRODUTIVIDADE E
bndespar. COMPETITIVIDADE
201 Gustavo Grobocopatel presidente do grupo los BRASIL:
7 grobo PRODUTIVIDADE E
COMPETITIVIDADE
564
201 Luiz Furlan membro do conselho de BRASIL:
7 administração da brasil PRODUTIVIDADE E
Foods COMPETITIVIDADE
201 Pedro Passos presidente do grupo BRASIL:
7 natura PRODUTIVIDADE E
COMPETITIVIDADE
201 Roberto Teixeira da Costa membro do conselho de BRASIL:
7 administração da sul PRODUTIVIDADE E
américa s/a COMPETITIVIDADE
201 Octávio de Barros sócio-diretor da b3a BRASIL:
7 inovação PRODUTIVIDADE E
COMPETITIVIDADE
201 José Manuel Durão presidente do conselho do PARA ONDE VAI A
7 Barroso banco goldman sachs EUROPA? - COM
international. JOSÉ MANUEL
DURÃO BARROSO
201 Elmer Cuba Bustinza sócio da Macroconsult PERU: UM MODELO
7 PARA A AMÉRICA
LATINA?
201 Rodrigo Lima diretor-geral da agroicone REGULARIZAÇÃO
7 AMBIENTAL E
AGROPECUÁRIA DE
BAIXO CARBONO:
AMEAÇAS OU
OPORTUNIDADES
PARA O
AGRONEGÓCIO?
201 Catherine Bromilow membro associada do CYBERSECURITY:
7 governance insights RISCO PARA AS
center da Pwc, coordena o EMPRESAS E PARA A
grupo de estudos PRIVACIDADE DAS
supervisão de riscos. PESSOAS
201 Armando Carbonari vice Presidente do DESENVOLVIMENT
7 Programa gripen da O TECNOLÓGICO E
embraer COOPERAÇÃO
INTERNACIONAL: O
PROJETO GRIPEN
EM PAUTA
201 Bengt Janér diretor do Projeto gripen DESENVOLVIMENT
7 no brasil O TECNOLÓGICO E
COOPERAÇÃO
INTERNACIONAL: O
PROJETO GRIPEN
EM PAUTA
565
201 Ian Bremmer presidente do eurasia OS EFEITOS DO
7 group, consultoria líder QUADRO POLÍTICO
global de risco político. INTERNACIONAL
criou o primeiro índice de SOBRE A
risco político mundial de RECUPERAÇÃO DA
Wall street (dPri). É ECONOMIA GLOBAL
presidente fundador do
conselho agenda global
do Fórum econômico
Mundial (davos) e autor
de diversos livros sobre
geopolítica global.
201 James Stewart diretor global da área de OPORTUNIDADES
7 infraestrutura da KPMg, GLOBAIS E
membro do conselho NECESSIDADES
global de infraestrutura NACIONAIS EM
do Fórum econômico INFRAESTRUTURA
Mundial e presidente do
conselho consultivo para
a unece PPP centro de
excelência.
201 Armin Wuzella diretor presidente da ENSINO TÉCNICO: O
7 villares Metals s.a., QUE PODEMOS
empresa do grupo APRENDER COM A
austríaco voestalpine, ÁUSTRIA E A SUÍÇA?
maior produtora de aços
especiais não planos de
alta-liga da américa latina
e que implementou um
sistema de educação profi
ssional inspirado no
sistema austríaco.
201 Dirceu Fumach trabalha no rh da bobst ENSINO TÉCNICO: O
7 group, da suíça, com QUE PODEMOS
desenvolvimento de APRENDER COM A
liderança, integração ÁUSTRIA E A SUÍÇA?
global e Multicultural
para gestores, além de
desenvolvimento de
novos talentos.
201 Marta Bacchi gerente jurídica de RELAÇÕES
8 Contencioso Trabalhista e TRABALHISTAS
Cível na Nexa Resources PÓS-REFORMA:
(antiga Votorantim Metais COMO FICAM AS
Zinco S.A) e NEGOCIAÇÕES
566
coordenadora do Grupo ENTRE
Disciplinar Trabalhista da EMPREGADOS E
Votorantim. EMPREGADORES?
201 Marcos Jank presidente da Aliança PESQUISA E
8 Agro Ásia-Brasil (Asia- INOVAÇÃO NO
Brazil Agro Alliance – AGRONEGÓCIO: OS
ABAA) e fundador do DESAFIOS DO
Instituto de Estudos do FUTURO BATEM À
Comércio e das PORTA
Negociações
Internacionais (ICONE).
201 José Tomé engenheiro químico, é co- PESQUISA E
8 fundador e CEO da INOVAÇÃO NO
AgTech Garage, hub de AGRONEGÓCIO: OS
conexão e inteligência DESAFIOS DO
focado em startups do FUTURO BATEM À
agronegócio PORTA
201 Mauro Teixeira sócio da TPA REVITALIZAÇÃO DE
8 Empreendimentos e CENTROS
membro do Conselho HISTÓRICOS
Fiscal da SECOVI – SP METROPOLITANOS
201 Ana Carla Abrão Costa sócia da consultoria REFORMA DO
8 Oliver Wyman ESTADO: UMA
AGENDA PARA O
PRÓXIMO
MANDATO
PRESIDENCIAL
201 Luiz Eduardo Fróes do diretor-executivo de OS DESAFIOS DA
8 Amaral Osorio Sustentabilidade e INDÚSTRIA
Relações Institucionais da MINERAL
Vale. BRASILEIRA
201 Juarez Saliba de Avelar, diretor de Estratégia, OS DESAFIOS DA
8 Exploração, Novos INDÚSTRIA
Negócios e Tecnologia da MINERAL
Vale BRASILEIRA
201 Otávio Cavalheira diretor-presidente da OS DESAFIOS DA
8 Alcoa World Alumina INDÚSTRIA
Brasil Ltda MINERAL
BRASILEIRA
201 Tito Botelho Martins diretor-presidente da OS DESAFIOS DA
8 Júnior Nexa Resources INDÚSTRIA
MINERAL
BRASILEIRA
201 Zeina Latif economista-chefe da XP OS 30 ANOS DA
8 Investimentos. CONSTITUIÇÃO E
567
OS DESAFIOS PARA
O BRASIL SAIR DA
CRISE
201 Embaixador Thomas A. subsecretário de Estado DEMOCRACIAS
8 Shannon para Assuntos Políticos TURBULENTAS E
(2016-2018) e SEUS IMPACTOS NO
subsecretário de Estado SISTEMA
para o Hemisfério INTERNACIONAL
Ocidental do
Departamento de Estado
dos EUA (2005-2009).
201 Miguel Marques economista, é sócio da A economia e a
9 PwC Portugal e líder do geopolítica do mar
Centro de Excelência
Global da PwC para os
Assuntos do Mar.
201 José Sampaio de Souza empresário, é membro do A economia e a
9 Filho, Conselho Gestor do geopolítica do mar
Fundo de Inovação
Tecnológica do Estado do
Ceará (Cogefit).
201 Armínio Fraga sócio fundador da Gávea Estado e desigualdade
9 Investimentos, foi no Brasil: um apanhado
presidente do Banco e algumas respostas de
Central (1999-2003), do políticas públicas
conselho da B3 e diretor
do Soros Fund
Management. Doutor em
economia pela
Universidade Princeton
(EUA), foi professor da
PUC-Rio, da FGV-EPGE,
da Columbia University e
da Wharton School
(EUA).
201 Edouard Cukierman fundador da Catalyst O vale de Israel: o
9 Investments e do novo escudo tecnológico da
fundo de Private Equity inovação
Catalyst CEL (Israel-
China), é presidente da
Cukierman & Co.
Investment House e
criador da conferência
Go4Israel. É co-autor de
“O Vale de Israel: O
568
Escudo Tecnológico da
Inovação” (Best Business,
2019).
201 Antonio Simões Rodrigues diretor Executivo da Desafios e
9 Raízen. oportunidades para as
energias renováveis no
Brasil
201 Filipe Domingues, diretor-presidente da EDP Desafios e
9 Renováveis Brasil oportunidades para as
energias renováveis no
Brasil
201 Richard Threlfall chefe global de O investimento privado
9 infraestrutura da KPMG, em infraestrutura no
é membro da Instituição Brasil: uma visão
de Engenheiros Civis global
(Reino Unido) e do
Conselho de
Infraestrutura da
Confederação da Indústria
Britânica. Possui
experiência nos setores
público nas áreas de
estratégia, regulação,
financiamento e
governança
569
Referências
570
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Paulo: Expressão Popular, 2012.
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1997
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CARDOSO, R. Movimentos sociais na América Latina. Revista Brasileira de Ciências
Sociais, n. 1(3), 1987
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projetos políticos dos grupos dirigentes do PT (1979- 1998). Tese de Doutorado em História,
Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2005.
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Universidade Federal Fluminense, 2012 34 COSTA, E. A globalização e o capitalismo
contemporâneo. São Paulo: Expressão Popular, 2008.
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Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. COUTINHO, C. N. Gramsci: um estudo sobre seu
pensamento político. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.
COUTINHO, J. A. ONGs e políticas neoliberais no Brasil. Tese de Doutorado em Ciências
Sociais, São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2004. COUTINHO, L. &
HIRATUKA, C. (orgs.). Internacionalização e desenvolvimento da indústria no Brasil. São
Paulo-Campinas: Editora Unesp-Instituto de Economia da Unicamp, 2003. COX, Robert.
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v.12, n.2, 1981
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Jundiaí: Paco editorial, 2013
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1978.
DREIFUSS, R. 1964: a conquista do Estado. Ação política, poder e golpe de classe.
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