Aula 02 Libras - Marcos Histoticos PDF
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N
esta aula, vamos abordar a educação de surdos nas classes comuns do ensino regular, o
que nos remete à necessidade de utilizarmos a Libras no contexto da sala de aula, ainda
que de maneira básica. Nesse sentido, discutiremos alguns aspectos históricos e legais
que garantem aos alunos surdos o direito de estudarem na escola comum, isto é, em escolas
que não organizam classes especiais. Significa, pois, reconhecê-los como pessoas plenamente
capazes de aprender os conteúdos curriculares das diferentes áreas de conhecimento.
Compreendemos que a educação especial na perspectiva inclusiva representa um avanço
na história da educação dos surdos porque reconhece tanto a necessidade de uso da Libras
na sala de aula como a necessidade de os surdos estudarem em classes comuns do ensino
regular. Consideramos que tal postura favorece a participação social e política dos surdos, em
detrimento do isolamento cultural ao qual estariam submetidos em classes especiais, porque
estas evidenciam e reforçam para a sociedade em geral a diferença (surdez e incapacidade) e
não a igualdade homem e diversidade).
Objetivos
Conhecer os marcos históricos da educação de surdos.
1
Considerar a inclusão de alunos surdos nas classes co-
2 muns como um direito assegurado por lei.
O
s estudos sobre os direitos das pessoas com deficiência não estão dissociados dos fatos
históricos. Desde a Antiguidade, a falta de entendimento sobre as diferenças entre os
seres humanos fez com que a deficiência fosse alvo de preconceito (MIRANDA, 2008).
Em torno dessas pessoas se criavam marcas – estigmas – que as rotulavam, discriminavam,
excluíam e, em alguns casos, as condenavam à morte. Expressões como anormais, retardados,
dementes, aleijados e outras evidenciam a deficiência ou a doença em detrimento da pessoa:
um sujeito de direitos, capaz de aprender e de participar das mais diferentes atividades da
vida social e cotidiana.
A exclusão das pessoas com deficiência significa impedi-las, em maior ou menor grau,
de exercerem algum ou vários dos direitos sociais que lhes outorgam status de cidadão.
Contrariamente, o movimento mundial contemporâneo pela inclusão das pessoas com defi-
ciência se fundamenta na concepção de direitos humanos, constituindo-se como uma ação
política, cultural, social e pedagógica. Reconhece, assim, a igualdade e a diferença como va-
lores indissociáveis, no sentido como afirma Boaventura de Souza Santos: “Temos o direito a
sermos iguais quando a diferença nos inferioriza. Temos o direito a sermos diferentes quando
a igualdade nos descaracteriza”(SOUZA apud SEESP, 2007, p.25).
Portanto, a educação inclusiva é antes de tudo uma postura que reconhece e valoriza em
cada aluno suas potencialidades e sua condição humana. Trata-se de um princípio filósofico
que agrega valores humanísticos e democráticos, através dos quais se busca assegurar, indis-
tintamente, a todos os indivíduos o direito de aprender na escola, com vistas ao crescimento,
à satisfação pessoal e à inserção social.
Curiosidade
Você sabia que até a Idade Média a Igreja Católica acreditava que os surdos
não podiam salvar sua alma porque não conseguiam proferir os sacramentos?
A partir do século XVI surgem diferentes instituições que passam a cuidar das pessoas
com deficiência. Contudo, tratava-se de uma situação de segregação e isolamento social,
alegando-se que seria melhor para elas ficarem distantes, vivendo em um ambiente mais
tranquilo. Na verdade, era uma forma de livrar-se desses “inconvenientes”. Persistia uma
visão patológica do indivíduo que apresentava deficiência, o que trazia como consequência o
menosprezo da sociedade.
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Figura 1–Gravuras do libro Reducción de las letras y arte para enseñar a hablar a los mudos (Bonet, 1620)
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião,
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou
qualquer outra condição (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1948).
Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua
integração social e a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência (Corde), instituindo a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos
dessas pessoas e disciplinando a atuação do Ministério Público;
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A luta pelo reconhecimento dos direitos das pessoas surdas tem ganhado am-
paro legal nas últimas décadas, porém, é importante observar que as leis apre-
sentam uma hierarquia, na qual as de menor grau devem obedecer às de maior
grau. No direito brasileiro adota-se a seguinte hierarquia: Contituição Federal;
Emenda Constitucional; Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos; Tra-
tados Internacionais dos quais o Brasil seja signatário; Lei complementar; Lei
ordinária; Medida provisória; Resolução; Decreto e Portaria.
Helen Keller (Alabama, 1880 – Connecticut, 1968) foi uma célebre escritora e
filósofa que ficou cega e surda aos 18 meses de idade. Sua biografia foi regis-
trada no filme The Miracle Worker, em 1962, dirigido por Arthur Penn. Algumas
de suas ideias:
“Evitar o perigo não é, em longo prazo, tão seguro quanto se expor ao perigo.
A vida é uma aventura ousada ou, então, não é nada.”
“As melhores e mais belas coisas do mundo não podem ser vistas nem toca-
das, mas o coração as sente.”
Apesar dos muitos avanços e conquistas, e da vasta legislação em defesa da total in-
clusão dos alunos com deficiência nas classes comuns do ensino regular, ainda há grupos
resistentes que pensam de maneira diversa. Esses grupos defendem as escolas especiais sob
o argumento de que nelas haveria maiores condições de atendimento educacional condizente
com as necessidades, por exemplo, dos alunos surdos. Caberia, segundo eles, aos alunos e
seus responsáveis optarem por um ou outro tipo de escola.
Todavia, o fundamento que nega essa posição considera que havendo separação dos
alunos com deficiência em escolas de educação especial estaremos, de fato, excluindo-os
porque negamos a pluralidade e a diversidade que existe no meio social, que é independente
de nossa vontade pessoal. Separá-los na intenção de melhor prepará-los seria um equívoco.
Por isso, a perspectiva oficial adotada pelo Ministério da Educação é de que a Educação Es-
pecial se constitua como Atendimento Educacional Especializado, de maneira adicional e não
substitutiva à escola comum (SEESP, 2007).
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A palavra correta não é inclusão, e sim uma forçada adaptação com a situação
do dia-a-dia dentro da sala de aula e na maior parte de tempo eu me sinto exclu-
ída pois não capto100% a leitura labial dos professores que tem diversos tipos
de articulações, tais como lábios finos, grossos, tortos, como espesso bigode,
ou falam rapidamente de boca fechada ou muito aberta, sem expressão facial,
etc. além disto, os meus olhos cansam de ler os movimentos dos lábios e uns
10 minutos depois já nem tenho ânimo de prestar atenção.(Karin)
Fonte:MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Especial (SEESP).
Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para
o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos. Brasília: MEC/SEESP, 2006. p. 103-106)
O Imperial Instituto dos Surdos-Mudos foi a primeira escola especial para surdos no
Brasil, criada por D. Pedro II, por meio da Lei no. 839, de 26 de setembro de 1857. Teve como
primeiro diretor o professor francês Erenest Huet, que era surdo. O currículo que Huet desen-
volveu era constituído por língua portuguesa, aritmética, linguagem articulada e leitura labial.
O instituto funcionava em regime de internato, atendendo exclusivamente surdos do sexo
masculino. Somente em 1931 passou a atender alunas surdas, em regime de externato, com
oficinas de costura e bordado, consolidando seu caráter profissionalizante. Em1951, o INES
criou seu primeiro curso normal para professores na área de surdez e, no inicio da década de
1980, um curso de especialização para professores, também na área da surdez. A partir de
1993, com a mudança de seu Regimento Interno e através de ato ministerial, o INES passa a
ser um centro nacional de referência e, com esta nova atribuição, realiza ações que subsidiam
todo o país. Ao longo de sua existência, o INES já utilizou diferentes abordagens na educação
de surdos, chegando a proibir, no período de 1957 ate aproximadamente 1980, o uso da língua
gestual, adotando, assim, uma posição oralista.
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A Feneis é uma entidade representativa dos surdos que mantém relações dire-
tas com a ONU (Organização das Nações Unidas); Unesco (Organização Edu-
cacional, Científica e Cultural das Nações Unidas; OMS (Organização Mundial
da Saúde); OIT (Organização Internacional do Trabalho) e OEA (Organização
dos Estados Americanos). Dentre os objetivos da Feneis enumeramos dois:
1- promover a inclusão dos profissionais surdos no mercado de trabalho; 2-
realizar pesquisas para a sistematização e padronização do ensino de Libras
para ouvintes. Outras informações podem ser consultadas diretamente no site
da federação <http://www.feneis.com.br>
Por sua vez, a proposta bilíngue de ensino considera a língua de sinais como a primeira
língua e a língua oral como a segunda língua na modalidade escrita, visando capacitar a pessoa
com surdez para a utilização de duas línguas no cotidiano escolar e na vida social. Trata-se de
um grande desafio, tendo em vista que a Língua Portuguesa é difícil de ser assimilada pelo
aluno surdo, principalmente porque requer “mudanças estruturais e pedagógicas nas escolas
para romper com as barreiras que se interpõem entre esse aluno e o ensino” (SEESP, 2007). A
despeito disso, compreendemos, conforme pontua Quadros (in FERNANDES, 2010, p. 28), que
“conhecer várias línguas não representa uma ameaça, mas abre um leque de manifestações
linguísticas dependentes de diferentes contextos”.
Resumo
Autoavaliação
Explore o site do Ines<http://www.ines.gov.br> e o site da Feneis www.feneis.com.br
1 e, em seguida, registre o que você descobriu de importante em cada um.
Reflita e escreva um comentário sobre o papel da Libras nas salas de aula que
2 possuem alunos surdos.