J. Lynn (J.Lynn - Série Wait For You - Livro3 PDF
J. Lynn (J.Lynn - Série Wait For You - Livro3 PDF
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JENNIFER L. ARMENTROUT
writing as J. LYNN
STAY
J. LYNN
1
Sempre para os leitores. Sem vocês, esta história não
estaria em suas mãos agora.
2
Aos 21, Calla não fez muitas coisas. Ela nunca foi beijada, nunca
viu o oceano e nunca foi a um parque de diversões. Mas ao crescer, ela
testemunhou coisas que nenhuma criança deveria. Ela ainda carrega as
cicatrizes tanto emocionais quanto físicas por ter vivido com sua mãe
drogada, Mona – segredos que ela manteve guardado de todos, inclusive
de seus amigos da faculdade.
3
Capítulo Um .................................................................................................................................................... 5
Capítulo Dois ................................................................................................................................................. 18
Capítulo Três ................................................................................................................................................. 33
Capítulo Quatro ............................................................................................................................................ 44
Capítulo Cinco ............................................................................................................................................... 60
Capítulo Seis.................................................................................................................................................. 73
Capítulo Sete ................................................................................................................................................. 84
Capítulo Oito ................................................................................................................................................. 93
Capítulo Nove ............................................................................................................................................. 106
Capítulo Dez ................................................................................................................................................ 126
Capítulo Onze.............................................................................................................................................. 142
Capítulo Doze .............................................................................................................................................. 158
Capítulo Treze ............................................................................................................................................. 172
Capítulo Quartoze....................................................................................................................................... 189
Capítulo Quinze .......................................................................................................................................... 196
Capítulo Dezesseis ...................................................................................................................................... 211
Capítulo Dezessete ..................................................................................................................................... 222
Capítulo Dezoito ......................................................................................................................................... 233
Capítulo Dezenove ...................................................................................................................................... 251
Capítulo Vinte ............................................................................................................................................. 267
Capítulo Vinte e Um ................................................................................................................................... 281
Capítulo Vinte e Dois .................................................................................................................................. 295
Capítulo Vinte e Três .................................................................................................................................. 307
Capítulo Vinte e Quatro.............................................................................................................................. 324
Capítulo Vinte e Cinco ................................................................................................................................ 340
Capítulo Vinte e Seis ................................................................................................................................... 351
Capítulo Vinte e Sete .................................................................................................................................. 362
Capítulo Vinte e Oito .................................................................................................................................. 374
Capítulo Vinte e Nove................................................................................................................................. 389
Capítulo Trinta ............................................................................................................................................ 402
Capítulo Trinta e Um .................................................................................................................................. 417
Capítulo Trinta e Dois ................................................................................................................................. 430
Capítulo Trinta e Três ................................................................................................................................. 442
Capítulo Trinta e Quatro............................................................................................................................. 457
4
Capítulo Um
Muitas pessoas acreditavam que a brigada dos caras quentes era um mito. Nada
mais do que uma lenda urbana, como a história sobre a rainha do baile que tinha se
armado fora de uma das janelas do dormitório, porque ela estava viajando horrores
devido ao LSD ou crack, ou que ela tinha caído no chuveiro e quebrou a cabeça ou algo
assim. Quem diria? A história mudava toda vez que eu ouvia, mas ao contrário da suposta
morta que assombrou Gardiner Hall, a Brigada dos caras quentes era uma coisa real que
respirava — várias coisas para ser mais exata.
Era raro que eles ficassem todos juntos hoje em dia, por isso é que eles haviam se
tornado um tipo pelo campus, mas wow-wee, quando eles se reuniam, era um monte de
doce para os olhos.
Como o jeito que ele estava olhando para ela agora, como se não houvesse
nenhuma outra mulher no mundo, além dela. Mesmo que eles estivessem sentados juntos,
Cam no sofá e Avery no seu colo, aqueles olhos azuis brilhantes estavam fixos nela
enquanto ele ria de algo que sua irmã, Teresa, disse.
5
Se eu tivesse que classificar a Brigada dos caras quentes, eu diria que Cam era o
Presidente. Não era apenas a sua aparência, mas também sua personalidade. Ninguém se
sentia estranho ou ficava de lado ao redor dele. Ele tinha esse... Calor que era
absolutamente contagiante.
Eu virei minha cabeça para a esquerda e depois para trás, em direção à voz de
Jase Winstead, e perdi um pouco a respiração. Este era o oposto do Cam — extremamente
bonito, mas totalmente não me fazia sentir confortável quando meus olhos encontravam
seus profundos olhos cinzentos. Com sua pele morena, cabelo castanho comprido e sua
quase irreal aparência de modelo, ele seria o Tenente da Brigada dos caras quentes. Ele
era de longe o mais sexy de todos eles e ele poderia ser super agradável, como agora, mas
ele não estava tão descontraído ou encantador como Cam, porque Cam alcançou a
primeira posição.
“Nah, estou bem” - Eu mostrei minha garrafa meio cheia de cerveja que tinha
estado a bebericar desde que tinha chegado. “Mas obrigada...”
6
Então houve Jonathan King. Ele estava na minha turma de história do primeiro
ano, um cara realmente bonito e nos damos bem logo de início. Por razões óbvias, eu tinha
sido relutante em sair com ele quando me pediu, mas porra, ele tinha sido persistente e
eu finalmente tinha dito sim. Tínhamos saído algumas vezes, mas o relacionamento
evoluiu e ele, sendo um cara totalmente normal, tinha investido em mim uma noite,
quando estávamos sozinhos no meu quarto, onde eu sendo estupidamente convencida de
que, desde que ele pudesse ver além da cicatriz no meu rosto, ele seria capaz de superar
todo o resto. Eu havia sido enganada.
Nós nem nos beijamos e, com certeza, não saímos novamente depois disso, e eu
nunca disse a ninguém sobre ele e aquela noite desastrosa. Eu não penso mais nele. Não
mais.
“Deixa comigo!”
Meu queixo subiu quando Ollie pulou do sofá, sua namorada, Brittany, seguindo-
o, seus olhos tão revirados que eu pensei que ela poderia desmaiar enquanto balançava a
cabeça.
“Não é uma festa até que Ollie pegue a tartaruga”, disse Jase, e meus lábios se
curvaram em um sorriso.
“Correção”. Ollie colocou-o sobre a mesa. Com uma mão, ele tirou de seus ombros
seu cabelo loiro e o colocou de volta atrás de uma orelha. “Este é Michelangelo, e acho um
7
absurdo você não saber qual deles é o seu mais. Você provavelmente deixou Raphael em
depressão”.
“Eu tentei impedi-lo, disse Brit, cruzando seus braços”. Os dois pareciam como
finalistas do casal loiro perfeito. “Mas você sabe como ele é...”.
“Como você pode ver, eu criei uma coleira nova”. Ele fez um gesto no que parecia
um cinto em miniatura preso ao redor da concha da tartaruga.
Cam o encarou.
“Pode levá-los para passear agora”. E então ele começou a demonstrar isso com
Michelangelo guiando-o para o outro lado da mesa e eu tive que me perguntar como Avery
e Cam aturavam isso. “É melhor que a de corda”.
Passear com a tartaruga? Isso tinha que ser pior do que passear com um gato. Eu
comecei a rir. “Parece um cinto de Barbie”.
“É uma coleira de designer, ele corrigiu seus lábios se contraindo”. Mas eu tive a
ideia enquanto estávamos no Wal-Mart olhando a seção de brinquedos.
“Sim”, Jase atirou a palavra. “Há alguma coisa que vocês dois não estão contando?”
8
Eu gosto de olhar os brinquedos. Eles são muito mais legais agora do que quando
éramos crianças.
Esta declaração levou a uma discussão aberta sobre como nossa geração havia
sido redondamente enganada em comparação a sofisticação e a diversão dos brinquedos
atuais, e eu tive que realmente me esforçar para lembrar sobre o tipo de brinquedos que
tive. Tive Barbies — obvio que eu tive Barbies, mas, em vez de automóveis e jogos de
tabuleiro, eu tive faixas e coroas brilhantes.
Quando o grupo começou a falar sobre os planos para o verão, eu tentei prestar
atenção em onde cada um deles estava planejando ir. Cam e Avery iriam passar o verão
em DC, desde que Cam havia entrado no time da United. Eu nunca tinha ido para
Washington, mesmo Shepherd não sendo muito longe da capital. Brit e Ollie iriam fazer
algo incrivelmente louco. Eles iriam sair uma semana depois das aulas e ir para Paris, eles
estavam planejando uma viagem pela Europa. Eu nunca estive em um avião, muito menos
no exterior. Inferno, eu nunca fui nem à Nova York. Teresa e Jase estavam no meio do
planejamento de uma viagem incrível para as praias da Carolina com seus pais e irmão
mais novo. Ficariam num condomínio na praia, e tudo o que Teresa podia falar era sobre
colocar seus dedos na água do mar. Também nunca estive na praia, então eu não tinha
ideia de como me sentiria com a areia debaixo dos meus pés.
Mas estava tudo bem, porque essas coisas, incluindo a vagabundagem em todo o
continente com um cara gostoso, não fazia parte dos meus objetivos — os três F:
Finalizar a faculdade.
9
Eu fiquei tensa, incapaz de me conter, e senti o calor infiltrar-se no meu rosto com
o som da voz do Brandon Shiver. Colocando a garrafa entre meus joelhos, forcei os
músculos ao longo dos meus ombros para relaxar. Não era como se eu tivesse esquecido
que Brandon estava sentado ao meu lado, à minha esquerda. Como eu poderia esquecer
isso? Atualmente só estava fingindo que ele não estava lá.
Eu umedeci meus lábios quando virei minha cabeça, para que uma mecha do meu
próprio cabelo loiro caísse sobre meu ombro esquerdo, blindando minha bochecha.
Brandon riu. Ele tinha uma boa risada. E um belo rosto. E um belo corpo. E
realmente uma bela bunda.
“Com o Ollie, aqui, é sempre muito para assimilar”, ele comentou, me olhando
sobre a borda de sua garrafa. “Espere até ele começar a falar sobre a sua ideia de patins
para tartarugas”.
Eu ri, relaxando um pouco. Brandon era quente, mas ele também era um cara
legal, em algum lugar entre Cam e Jase.
“Acho que ele é um gênio”. Assisti Ollie pegar a tartaruga, dar a volta no sofá e
coloca-la no habitat extravagante em que o pequeno rapaz verde vivia. “Pelo que Brit fala,
ele está atendendo a todas as aulas. Faculdade de medicina não deve ser fácil”.
“Sim, mas a maioria das pessoas realmente inteligentes são totalmente insanas”.
Ele sorriu quando eu ri baixo. “Então, terminou a batalha épica para o próximo semestre
de aulas?”
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Concordei, sorrindo novamente, me ajeitando na cadeira em forma de lua. Faltava
apenas um semestre e meio antes que me formasse como bacharel em enfermagem,
conseguir aulas era como uma queda de braço com Hulk Hogan. Todo mundo que sabia
meu nome, ou que estava ao alcance da voz, sabia que eu vinha batalhando com meu
calendário por uma eternidade. Estávamos atualmente a uma semana do fim do semestre
e quase um mês desde que a assessoria acadêmica fechava para o próximo semestre.
“Sim, finalmente. Acho que tive que dar minha perna direita para conseguir
minhas aulas, mas tenho tudo que eu precisava. Vou me encontrar com alguém da ajuda
financeira na segunda-feira, mas deve ficar tudo bem”.
“Acho que sim”. Não consegui pensar em nenhuma razão por que não estaria.
“Planos para este verão?”
“Ainda não pensei muito nisso desde que eu vou ter aulas no verão”.
“Parece divertido”.
Ele bufou.
Comecei a dizer algo, ainda mais ridículo e não inteligente, afinal eu estava indo
muito bem nesta conversa cara a cara com o Brandon, mas perdi a noção do que estava
prestes a dizer quando houve uma batida. Meu olhar acompanhou Ollie para a porta. Ele
respondeu como se gostasse de viver aqui.
“E aí, moça bonita?” Ele disse e eu me sentei, meus dedos apertando a garrafa de
cerveja.
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Também não queria saber por que, após conhecer Brandon por dois semestres,
eu não colocava esforços em conhecer todas as moças que ele "saía", porque eram muitas
e elas nunca ficavam perto por muito tempo.
Mas essa garota — Com seu cabelo castanho curto e seu corpo de bailarina — era
diferente. Eles tinham uma aula juntos neste semestre e eles começaram a sair em março,
mas esta foi a primeira vez que eu tinha visto ela com Brandon fora do campus.
Oh, merda.
Eu era lenta.
Inalei e sorri quando ela desviou dos casais, vindo até Brandon enquanto ele
descruzava as penas e abria os braços. Ela foi diretamente para eles, se sentando em seu
colo e colocando seus braços em volta do pescoço dele. O saco de Sheetz saltou sobre as
costas e sua boca era como um míssil tendo Brandon como alvo, e não podia culpá-la por
isso.
Eles se beijaram.
Um olhar solidário cruzou seu lindo rosto enquanto se virava nos braços do Jase,
porque ela sabia... Ah merda, ela sabia que eu tinha abrigado uma paixão por Brandon.
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Brandon amava biscoitos recheados de queijo como eu amava brownie duplo.
“Ela trouxe Pretzels?” Ollie perguntou. “Cara, coloque logo um anel nela”.
Eu continuei esperando por Brandon voar para fora da cadeira e fugir pela ideia
de colocar um anel no dedo de uma menina que tinha conhecido por apenas alguns meses,
mas desde que não consegui admirar sua linda bunda indo em direção à porta, olhei para
ele quando sabia que não devia. Mas eu era meio masoquista.
Brandon estava encarando a garota, sorrindo de uma forma que disse... Que disse
que ele estava absolutamente feliz.
E então ele olhou para mim, e antes que pudesse processar o fato de que ele me
pegou olhando como uma perseguidora, o sorriso dele aumentou para um nível.
Droga. Eu não queria saber o nome dela, mas Tatiana era um nome tão legal.
Tatiana balançou a cabeça enquanto virava seus olhos castanhos para mim.
“Não”.
“Esta é minha amiga, Calla Fritz”, ele disse, passando uma mão nas suas costas.
“Nós tivemos aula de música juntos no semestre passado."
Era o que eu era — Calla Fritz, agora e para sempre, a amiga da Brigada dos caras
quentes. Nada mais. Nada menos.
Pisquei para esconder as súbitas lágrimas que se formaram e estiquei minha mão
em direção A Tatiana.
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“É bom conhecê-la”.
Na segunda-feira, eu deixei meu dormitório cedo até Ikenberry Hall, que ficava
para cima de uma colina enorme que minha bunda odiava. Era início de maio, mas o tempo
já estava se abrindo e, mesmo com meu cabelo preso em um coque mal feito, eu podia
sentir a umidade enfiando seus irritantes dedos pelo meu cabelo através da minha pele.
Em breve, antes do fim dos meus exames de hoje, eu ficaria como uma bola cheia
de frizz.
Ar frio cobria o ambiente quando empurrei meus óculos de sol sob minha cabeça
e atravessei o corredor, entrando no escritório de ajuda financeira. Depois de dar o meu
nome, a sobrecarregada e trêmula mulher de meia idade pediu para que me sentasse.
Só tive que esperar cinco minutos antes de uma mulher mais velha, alta e esguia,
com cabelo prateado cortado elegantemente saísse para me atender. Não fomos a um dos
cubículos onde trabalhavam o auxílio de consultores. Oh não, ela me levou de volta para
um dos escritórios fechados mais ao fundo do corredor.
Então ela fechou a porta atrás de nós e foi para trás de sua mesa.
Isso nunca tinha acontecido antes. Normalmente, quando era chamada aqui em
baixo, era devido à falta de informações em um arquivo ou um papel que precisava ser
assinado. Afinal, não poderia ser um grande negócio. Só usei ajuda financeira para
despesas que não conseguia cobrir com o emprego de garçonete horrível que eu tinha, e
realmente me ajudou quando precisei larga-lo para focar melhor nos meus estudos.
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Lentamente coloquei minha mochila no chão ao lado das minhas pernas e olhei
para a mesa dela. Elaine Booth estava escrito na sua placa de identificação, a menos que
estivesse fingindo ser outra pessoa, é por isso que eu estava sentada na frente dela. Havia
também um monte de fotos sobre a mesa. Fotos de família — fotos em preto e branco,
coloridas, de crianças que iam desde pequenas até mais ou menos a minha idade, ou mais
velhas.
“O quê?”
“O cheque não compensou”, Ela explicou, olhando para cima do arquivo. O olhar
dela flutuava sobre meu rosto e então rapidamente desviando para longe dos meus olhos.
“Devido à insuficiência de fundos”.
Ela tinha que estar errada. Não havia nenhuma maneira do cheque ser devolvido,
porque aquele cheque foi anexado a uma conta de poupança que só usei para aulas, uma
conta que guardei todo o meu dinheiro para a faculdade.
“Tem de haver algo errado. Lá deve haver dinheiro suficiente para o próximo
semestre e meio”.
Não só isso, mas deveria haver dinheiro suficiente naquela conta para cobrir uma
emergência louca e para me sustentar por alguns meses após a formatura enquanto fosse
à caça de um emprego e me decidia onde queria viver, se eu ficaria aqui ou...
“Verificamos com o banco, Calla”. Ela tinha deixado de usar meu sobrenome e de
alguma forma isso parecia pior. “Às vezes temos problemas com cheques devido à quantia
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ou um erro de digitação ao entrar o número da conta, mas o banco confirmou que houve
insuficiência de fundos”.
Não acreditei.
“Isso é informação particular que não estamos a par, então você precisa falar com
o banco sobre isso. Agora, a boa notícia é que você sempre pagou sua faculdade adiantada,
o que significa que temos tempo para pensar em algo. Vamos começar neste ponto, Calla”.
Pausando, ela abriu o meu arquivo quando olhei para ela, minha bunda de repente
congelada no lugar. “Você já está no sistema de ajuda financeira, e o que podemos fazer é
ajustar os pedidos para o próximo semestre, garantindo que suas aulas sejam cobertas...”.
Meu estômago sumiu em algum ponto e foi rapidamente caindo no chão quando
ela continuou sobre um aumento do empréstimo, aplicação para Bolsas Pell e até mesmo
uma porcaria de toneladas de bolsas de estudo.
Não tinha como não haver dinheiro na conta. Eu era meticulosa, verificava qual
conta usar para a faculdade ou para as minhas necessidades e eu nunca usei essa conta, a
menos que fosse para as mensalidades. Eu nem mesmo tinha ativado o cartão de débito
atrelado a ela.
Então percebi enquanto assistia a forma que Sra. Booth tinha de puxar as pastas
fora das prateleiras ao lado de sua mesa, empilhá-las ordenadamente e calmamente, como
se toda a minha vida não tivesse apenas puxado os freios.
Gelo encharcava minhas veias quando tentei arrastar meu próximo fôlego, que
ficou preso na minha garganta. Isto pode não ser um erro gigante do banco e a faculdade.
Isto poderia muito bem estar acontecendo mesmo.
Oh meu Deus.
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Porque havia alguém, que não era eu, que tinha como acessar aquela conta —
uma pessoa que estava praticamente morta para mim, então sempre me comportava
como se ela estivesse morta — mas eu não podia acreditar que ela faria isso. Não tinha
como.
O resto da reunião com a Sra. Booth foi confusa para mim. Apaticamente, tomei
as aplicações de FAFSA1 e saí do frio escritório, luz do sol brilhante de uma manhã de
maio, carregada com formulários.
Ainda havia tempo antes de meu exame, achei um banco mais próximo, sentei e
empurrei os papéis na minha bolsa. Tirei meu celular com os dedos tremendo, procurei
pelo número do banco e disquei.
Cinco minutos depois, estava sentada no banco, vendo nada além da sombra dos
meus óculos de sol e sentindo nada, o que era bom — o sentimento de vazio no meu
estômago era bom porque eu sabia que iria virar uma puta brava, irritada e assassina em
pouco tempo. Eu Não podia fazer isso. Eu tinha que manter a calma. Controlar as minhas
emoções, por que...
E eu sabia — sabia com cada célula do meu corpo —que isso era só o começo, a
ponta do iceberg.
1
Free Application for Federal Student Aid = Aplicação para o auxílio financeiro.
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Capítulo Dois
Como a minha vida passou de praticamente boa, com exceção de ser um pouco
solitária às vezes, para uma bagunça gigante em um espaço de uma semana foi além da
minha capacidade de compreender.
Não foi só minha conta poupança que tinha literalmente sido eliminada duas
semanas antes de assinar o cheque para as mensalidades escolares. Oh Deus, se fosse só
isso. Poderia me recuperar. Eu poderia até mesmo esquecer isso, porque o que mais
poderia ser feito?
Afinal, eu sabia que tinha sido minha própria carne e sangue que tinha me
arruinado, minha própria mãe — Minha viciada em comprimidos e bêbada mãe que meus
amigos mais próximos acreditavam que estava morta. De uma forma, isso não era muito
diferente da verdade. Uma terrível mentira, mas eu não tinha falado com ela desde a
adolescência e o álcool e as pílulas e Deus sabe o que mais que ela teve ao longo dos anos
matou a mãe carinhosa e divertida, que me lembrava de quando era pequena.
Mas ela ainda era minha mãe. Portanto, a última coisa que eu queria fazer era
envolver a polícia, porque sério, a vida dela já estava uma merda como era e,
inexplicavelmente, após todo o drama e a dor de cabeça, um turbilhão de piedade sempre
vinha à tona quando pensava nela.
Aquela mulher teve de experimentar coisas que nenhuma mãe jamais deveria.
Eu verifiquei meu crédito só por que... Bem, tive esta sensação horrível do pior. E
tinha razão.
Cartões de créditos, que eu nunca tinha visto na minha vida tinham sido retirados
em meu nome, e eles tinham sido estourados. Um empréstimo de estudante em um grande
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banco que eu não tinha conhecimento existia também e tinha sido retirado, e ele custava
mais do que quatro semestres.
Eu estava em dívida, no montante de mais de cem mil dólares, quando tudo foi
dito e feito e isso acabou acumulando com minha própria conta, com os pequenos
empréstimos de estudante que eu tinha tirado e o empréstimo do carro que agora não
sabia se podia pagar.
Tudo mentira.
E como eu diria a Teresa, ou pior ainda, ao Brandon? “Ah ei, eu tenho que ir para
casa, e você sabe cometer um ato de homicídio e estrangular minha mãe — Sim, a que você
pensou que estava morta, porque eu também sou uma péssima mentirosa — até brinco com
a morte. Posso ir à sua casa e beber quando eu voltar?”
Essa conversa era humilhante demais para sequer pensar, porque então eu teria
que contar sobre as drogas, o álcool, a absoluta falha na vida, e então a estranha separação
entre a minha mãe e meu pai, que era realmente só foi pai até desaparecer e então essa
conversa acabará por levar à dor e ao fogo que destruiu minha família inteira e quase me
destruiu.
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Eu não iria lá.
Então eu disse-lhes que ia passar o verão com a família toda, e com sorte, eles não
acabariam lendo sobre mim na imprensa depois que eu matar alguém. Ninguém
questionou esses planos, porque no ano passado eu tinha fingido ir para casa nas férias,
quando na realidade tinha ficado em um hotel em Martinsburg, tinha até ostentado e
usado o serviço de quarto... Como uma perdedora. A total babaca.
De qualquer forma...
Eu estava colocando os três F’s em espera e estava indo para casa. Esperando,
rezando a cada Deus lá fora, que minha mãe ainda teria uma parte do dinheiro que tinha
pegado e que o dinheiro havia sido substancial. Não tinha como ela ter gasto todo o
dinheiro dela e o meu. Eu só precisava fazê-la — não sei —tentar resolver isto de alguma
forma.
Era o plano A.
Plano B consistia apenas na realização que se ela não tinha um centavo no nome
dela, então pelo menos — novamente com sorte — tinha alojamento gratuito para o verão,
um verão onde eu estaria rezando que meu pedido de ajuda financeira iria passar. Eu
também estava rezando para que conseguisse passar o verão em uma cidade longe e não
assassinando minha mãe, assim poderia colocar em uso a ajuda financeira, se eu
conseguir.
Minhas mãos tremiam quando segurava o volante e peguei a saída que levava à
Plymouth Meeting, uma cidade, a poucos quilômetros da Philadelphia. Eu tinha pensado
que iria vomitar tudo sobre mim enquanto os carvalhos grossos e nogueiras
aglomeravam-se na estrada de duas pistas tinham, ficando no lugar das colinas. A viagem
não tinha demorado muito tempo, um pouco menos de quatro horas de Shepherdstown,
mas parecia que tinha sido eterna.
Eu tinha ido para casa primeiro. Nada de carros. Nenhuma luz acesa.
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Levantando minha cabeça um centímetro ou dois, voltei a apoia-la no volante.
Eu tinha pego uma chave que pensei que nunca — nunca —usaria novamente e
entrei. A casa estava praticamente vazia. Um sofá e uma velha tela plana na sala de estar.
A pequena sala estava vazia com exceção de algumas caixas pra abrir. Quase nada na
geladeira. O quarto lá embaixo tinha uma cama, mas sem lençol. A roupa da minha mãe
tinha sido empilhada no chão e estava uma bagunça, cheia de papéis e coisas que eu não
quis olhar mais atentamente. Lá em cima, o quarto que tinha sido meu por alguns anos foi
mudado completamente. A cama se foi, como foram à cômoda e a penteadeira, que minha
avó tinha me comprado antes de falecer. Havia um futon que parecia um pouco limpo, e
eu não queria saber quem estava dormindo lá. A casa não parecia habitada. Como se
alguém, ou seja, minha mãe tivesse sumido da face da terra.
Também não havia uma única foto na casa. Sem quadros de imagens nas paredes.
Sem memórias. Isso não me surpreendeu.
Ugh.
Pelo menos a eletricidade ainda estava ligada na casa. Isso foi uma coisa boa,
certo? Isso significava que minha mãe tinha algum tipo de dinheiro.
Eu gemi enquanto batia pela terceira vez minha cabeça no volante Uma buzina
explodiu atrás de mim e eu, imediatamente, olhei pelo para-brisa. Luz verde. WHOOPS.
Minhas mãos apertaram no meu, suspirei e continuei. Havia apenas outro lugar que ela
poderia estar.
Ugh.
Era outro lugar que eu nunca — nunca — queria ver outra vez. Esforçando-me
para respirar profundamente, eu segui pela estrada principal, provavelmente dirigindo
abaixo do limite de velocidade E irritando cada carro atrás de mim, mas não pude evitar.
Meu coração bateu em meu peito enquanto eu fazia uma curva a direita e chegava
ao que era considerada a maior avenida na cidade, só porque era onde todas as franquias
de fast food e restaurantes ficavam, cercando o shopping e centros comerciais. Cerca de
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dez quilômetros abaixo a estrada era onde o Mona ficava em frente o que parecia ser um
clube de strip meia boca com várias motos alinhadas na frente.
Oh rapaz.
Uma vez eu tinha certeza que não perderia a cabeça indo toda irritada pra cima
dela, saí do meu Ford Focus e puxei, arrumando meu short jeans, ajustando também a
macia e fluida blusa creme, que seria mais cumprida que meus shorts se eu não tivesse
colocado a frente dela para dentro.
Assim que me aproximei da entrada, eu endireitei meus ombros e deixei sair uma
respiração baixa. A janela quadrada na porta estava limpa, mas rachada. A tinta branca e
vermelha que costumava ser tão vibrante e atraente estava descascando como se alguém
tivesse espirrado ácido através das paredes. A grande janela, tingida de preto e com um
sinal de “aberto” chamativo, também estava quebrada no canto, formando fissuras de teia
de aranha minúscula através do centro do vidro.
Meu olhar voltou para a janela escura e quadrada na porta e meus olhos azuis
pareciam de uma maneira grandes demais e meu rosto muito pálido no reflexo, que
também fazia a cicatriz que cortava minha bochecha esquerda, começando logo abaixo do
canto do olho ao canto do lábio, mais visível. Eu tinha tido sorte. Foi isso que os médicos
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e os bombeiros e todo mundo que tinha uma opinião havia declarado. Mais alguns
centímetros, eu teria perdido meu olho esquerdo.
Dizendo a mim mesma que podia fazer isto, peguei a áspera maçaneta e puxei a
porta aberta. Eu parei bruscamente me sentindo uma estranha dentro do bar, perdendo
um dos meus chinelos quando o familiar cheiro de cerveja, perfume barato e frituras me
cercou.
Casa.
Não.
Minhas mãos estavam em um punhos. Este bar não era a minha casa. Ou não
deveria ser a minha casa. Não importava que eu tivesse passado quase todos os dias,
depois da escola escondida em um dos quartos ou que eu fugia para o piso principal para
ver minha mãe, porque este era o único lugar onde ela sorria. Provavelmente porque ela
estava geralmente bêbada quando estava aqui, mas não importa.
Mesas altas e quadradas com o tampo desgastado. Bancos altos de bar com
encostos. O barulho de bolas de bilhar batendo umas nas outras levou minha atenção para
parte de trás do bar, depois do piso elevado que servia como pista de dança, além das
mesas de bilhar.
Uma jukebox no canto tocava algum tipo de música country melódica enquanto
uma mulher de meia idade, que eu nunca tinha visto antes, passava pela porta em frente
à pista de dança. Seu cabelo loiro brilhante, obviamente não natural, foi empilhado em
cima de sua cabeça. Uma caneta foi empurrada para trás da orelha. Vestida de jeans e uma
camiseta branca, ela se parecia com um cliente, mas, novamente, Mona nunca tinha sido
um tipo que exige uniforme. Ela carregava duas cestas vermelhas com as asas de frango
frito empilhadas até em cima enquanto ia em direção as mesas perto da jukebox.
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substituídas. Com a iluminação escura do bar, sabia que eu não estava nem vendo a
metade.
O Mona parecia uma mulher que havia sido usada e deixada aqui para morrer.
Não era sujo, mas como quase limpo. Como se alguém desesperadamente tentou ganhar
uma batalha perdida e estava fazendo o melhor que podia.
O que não poderia ter sido a minha mãe. Ela nunca tinha sido boa na limpeza, mas
ele costumava ser melhor. Havia memórias distantes borradas dele sendo melhor.
Me virei em direção a uma profunda voz masculina, uma voz tão profunda e suave
que abraçou minha pele como se eu tivesse sido envolta em cetim. Comecei a notar que,
dã, desde que eu estava em um bar, provavelmente parecia precisar de uma bebida, mas
as palavras mordazes morreram na minha língua quando olhei para o balcão em forma de
ferradura.
Em primeiro lugar, o cara por trás do bar parecia ter esticado, como se ele fosse
esse desenho. Foi uma reação estranha. Devido a iluminação e a forma como eu estava de
pé, não havia como ele ver a cicatriz, mas então, dei uma boa olhada nele e eu não estava
prestando atenção para mais nada.
Havia um homem atrás do balcão, o tipo de cara que nunca na história esperava
ver por trás do bar do Mona.
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Meu Deus, ele era lindo, deslumbrante da mesma forma que Jase Winstead era,
até mais, não me lembrava de ver alguém que fosse assim como ele era na vida real, e eu
só via o barman cara quente da cintura acima.
Ele tinha cabelo castanho que parecia uma cor rica e quente sob as luzes mais
brilhantes do balcão. Era cortado perto do crânio nas laterais e um pouco mais alto em
cima. Ondulado, fora penteado para trás de um jeito bagunçado, porém intencional,
exibindo suas maçãs do rosto largas e altas. Sua pele era bronzeada, sugerindo algum tipo
de ascendência estrangeira e exótica. Com uma mandíbula forte e esculpida que poderia
cortar pedra, ele poderia ser o garoto-propaganda para anúncios de barbear. Sob um nariz
reto que tinha um ligeiro desvio, mas extremamente pecaminoso, um par de lábios que
nunca vi em um cara.
Bem, eu poderia olhar para aqueles lábios por horas, mais do que o tempo
aceitável pela raça humana, Calla. Então, forcei meu olhar para cima.
Olhos castanhos.
Olhos castanhos que estavam lenta e casualmente flutuando sobre mim de uma
forma que me fez sentir como uma carícia quente. Meus lábios se separaram ao inalar.
Ele estava vestindo uma camisa cinza gasta que se agarrava a um incrivelmente
definido peito e ombros largos. Quer dizer, eu poderia realmente ver o corte do peito
através da camisa. Macacos me mordam, quem sabia que isso era possível? Pelo que pude
ver, até onde o bar deixava, havia um provavelmente igual estômago.
Se este cara fosse de Shepherd, ele teria destronado Jase como tenente da Brigada
dos Caras Quentes. E o suspiro associado ao barman quente, definitivamente seria sentido
em todo o mundo, em suas partes femininas.
Aqueles deliciosos lábios curvaram em um lado. Sim, ele tinha um sorriso quente.
25
Ele disse isso com mel da boca, como se fosse natural para ele. Não brega ou
viscoso, mas uma ternura sexy que tinha aquecido minha barriga.
“Sim”. Encontrei minha voz para dizer uma palavra, e tinha saído com a voz rouca.
Deus, eu queria me bater pelo chão quando o calor subiu para minhas bochechas.
Okay.
Meus pés me mandaram para frente sem qualquer envolvimento do meu cérebro
porque, sério, quem não responde quando o barman quente balança aqueles dedos longos
para você assim? Eu encontrei meu rabo plantado num banco no bar, um com o assento
rasgado e um pouco desconfortável.
Meu Deus, de perto ele realmente era uma obra-prima masculina de gostosura de
dar água na boca.
Aquele meio sorriso não desapareceu quando ele colocou suas mãos na borda do
topo do balcão.
Eu pisquei para ele, bem devagar, e tudo o que conseguia pensar era por que
diabos ele estava trabalhando nesse lixo? Ele poderia estar em revistas ou na TV, ou pelo
menos trabalhar na churrascaria no fim da rua.
O barman quente inclinou a cabeça para o lado enquanto seu sorriso se espalhava
para o outro canto da sua maldita boca.
“Querida...?”
Eu resisti ao impulso de colar meus cotovelos na balcão e olhar para ele, mesmo
que já quase estivesse fazendo isso.
26
“Sim?”
Ele riu suavemente enquanto se inclinava para frente, e eu digo beeeem pra
frente. Dentro de um segundo, ele estava no meu espaço pessoal, sua boca a meras
polegadas da minha, seus bíceps flexionados, esticando o material desgastado da camisa.
Ele arqueou uma sobrancelha enquanto seu olhar vagou a partir da minha boca
para os meus olhos.
“Tem certeza?”
“Eu juro”.
“Jura?”
Meu olhar foi para sua mão, com o dedo mindinho estendido.
Uma covinha começava a se formar em sua bochecha direita quando seu meio
sorriso se transformou em um sorriso inteiro. Puta Merda, se ele tivesse um par de
covinhas eu estava em apuros.
27
Parecia que ele estava com péssimas intenções quando olhei para ele. Havia um
brilho travesso em seus olhos dor de cacau. Meus lábios começaram a se contorcer, até
que estendi minha mão e envolvi meu dedinho no dele.
“Juro juradinho”, eu disse, pensando que era uma péssima maneira de verificar a
idade.
“Ah, uma menina que jura jurado está atrás do meu coração”.
Em vez de me deixar ir, quando afastei minha mão, ele escorregou seus dedos
para meu pulso em um agarro suave, mas firme. Quando os meus olhos começaram a
querer saltar da minha cabeça, de alguma forma ele chegou mais perto, e seu cheiro... era
bom. Uma mistura de especiarias e sabão que foi direto para as minhas partes íntimas.
Meu celular vibrou dentro da minha bolsa, tocando "Brown Eyed Girl". Enquanto
procurava por ele, o quente barman riu.
“Eu... hum, gosto mais dos clássicos do que essas bandas famosas de hoje em dia.
Quer dizer, eles realmente cantavam e tocavam. Agora eles só andam por aí meio nus,
gritando ou falando no meio das músicas. Nem é mais sobre a música em si”.
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Ele derrubou sua cabeça para trás, expondo o pescoço dele enquanto ria e, bem,
surpresa se não era uma risada muito agradável. Profunda. Rica. Brincalhona. O som
revirou minha barriga.
“Mesmo?”
“Claro”, eu respirei.
Por alguma razão, eu não estava muito surpresa com isso. Especialmente quando
ele ainda estava segurando meu pulso.
Não mais.
“Bem, esta é uma cidade pequena e o Mona normalmente tem seus clientes
regulares, não pequenos e quentes pedaços de distração como você, então eu tenho
certeza que você não é daqui”.
Ele soltou o meu pulso, não todo de uma vez, e não quebrou o contato visual. Ah
não, deslizou lentamente seus dedos ao longo do interior do meu pulso, em seguida na
29
palma da minha mão para as pontas dos meus dedos, enviando uma onda de arrepios
dançando pelo meu braço e, depois, fazendo uma rotina de jazz nas minhas costas.
Deus, isso me fez sentir louca, mas parecia que havia uma faísca lá. Algo tangível
que se passou entre mim e ele. Totalmente insano, mas eu estava achando difícil de
respirar e fazer sentido aos meus pensamentos.
Sem tirar os olhos de mim, ele alcançou o cooler e pegou uma garrafa de cerveja,
girando sua tampa e a colocando no canto. Um segundo depois eu percebi que havia
alguém sentado próximo a nós.
Eu olhei de relance para o meu lado, um cara jovem e bonito com algo perto de
um corte de cabelo raspado. Ele assentiu com a cabeça para o barman quente quando ele
agarrou o pescoço da garrafa.
“Valeu cara”.
“De qualquer modo”, disse o barman quente. “Que tal eu fazer para você minha
bebida especial?”
E totalmente fora do controle da situação, que era um... uma experiência única
para mim.
O fato de que me lembrei do tipo de copo me deu vontade de bater minha cabeça
no balcão. Eu também resisti esse desejo — graças a Deus. Quando eu o vi fazer a bebida,
tentei descobrir a idade dele. Ele deve ser pelo menos um ou dois anos mais velho que eu.
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Depois de alguns segundos, ele colocou uma bebida mista impressionante na minha
frente.
“Eu sei”. Ele parecia convencido. “É suave, mas beba com cautela. Beber muito
rápido e demais, vai derruba-la na sua linda bundinha”.
“Como se chama?”
“Jax”.
“Interessante”.
“Ah, é”. Ele dobrou os braços no balcão e se inclinou, me dando o que eu descobri
rapidamente que era seu meio sorriso devastador.
Olhei-o encarando. Era tudo o que eu era capaz de fazer. Além do fato de que, após
alguns minutos de estar na presença dele, eu tinha quase esquecido do porquê estava aqui,
o que não era ser sociável. Ele, com certeza, não poderia estar fazendo o que eu achava
que estava fazendo.
Flertando Comigo.
31
Essas coisas simplesmente não acontecem na terra de Calla. Conseguia acreditar
que coisas assim poderiam acontecer com meninas bonitas tipo Teresa, Brit ou Avery, mas
eu definitivamente sabia que elas não aconteciam comigo.
O barman quente mudou seu peso para frente, o que fez coisas incríveis com os
músculos em seus braços, e então, aqueles lindos olhos ficaram fixos nos meus, e eu
esqueci como se respira por um segundo. O jeito que seus lábios estavam curvados
naquele momento me dizia que ele sabia muito bem o efeito que estava causando.
“No caso de precisar esclarecer o que acabei de dizer, eu quero saber se você está
livre para fazer algo comigo”.
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Capítulo Três
Puta merda.
Foi uma coisa boa que eu tinha colocado o copo para baixo porque,
provavelmente, poderia ter deixado cair.
Seu olhar abaixou me dando uma vista de seus cílios ridiculamente longos.
Eu fiquei boquiaberta, de uma forma que, provavelmente, não era atraente. Ele
não podia estar falando sério.
O barman quente esperou enquanto levantava aqueles cílios. Oh meu Deus, ele
estava realmente falando sério?
“Você pergunta isso a cada garota que entra no bar?” Se fosse isso, depois de dar
uma olhada pelo bar, ele tinha poucas opções. Com exceção do cara que tinha pegado a
cerveja e estava sentado com alguns outros do mesmo tipo, a maioria das pessoas no bar
estavam a poucos anos de se aposentar.
Parte de mim não estava surpresa com sua resposta. Eu tinha um belo rosto.
Sempre tive um belo rosto, desde que era pequena e usava macacão. Minha mãe
costumava dizer o quão simétrico meu rosto era, o quão perfeito ele era. Quando era
jovem, eu parecia uma daquelas bonecas de porcelana e tinha sido criada como tal.
Conforme crescia, minhas características ficaram simétricas — lábios cheios, bochechas
altas, nariz pequeno e olhos azuis para combinar com o cabelo loiro — cabelo louro
natural.
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Mas as palavras chaves aqui são eram e foi, e por mais que eu fosse um monte de
coisas, eu não era estúpida.
Esse cara era tão cheio de si. “Eu estou sentada! Como você pode ver as minhas
pernas?”
“Querida, eu te vi entrar no bar e a primeira coisa que notei foram essas suas
pernas”.
Está bem. Eu tinha umas pernas muito bonitas. Três dias por semana, eu fingia
estar inspirada e corria. Tinha sorte quando se tratava das minhas pernas. Gordura nunca
se depositava em minhas coxas ou panturrilhas. Ela terminava na minha bunda e no meu
quadril. E havia também um agradável zumbido vibrando em minhas veias em resposta
as suas palavras, mas eu...
Mas agora que eu estava pensando sobre isso, abaixei imediatamente um pouco
minha cabeça e me virei para a esquerda enquanto segurava o copo mais forte. Agora eu
sabia que ele não poderia estar falando sério, porque ele era totalmente parte da Brigada
dos Caras Quentes, e eu era Calla, a amiga da Brigada dos Caras Quentes. Não Calla, a
menina que eles descaradamente flertavam.
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Preferi ignorar o que ele disse enquanto me forçava a lembrar o porquê eu estava
aqui
“É uma bebida muito boa”. Mantendo minha bochecha direita em sua direção, eu
comecei a observar o bar novamente. Nenhum sinal da minha mãe. “Bonita e gostosa”.
“Obrigado, mas não estamos falando sobre a bebida. A não ser que falar sobre
bebida envolva você e eu pegando uma quando eu sair”. Ele disse, e meu olhar voltou para
suas feições. Ele arqueou uma sobrancelha quando viu que tinha minha atenção. “Então
eu sou totalmente a favor de tomar uma bebida”.
Suas sobrancelhas levantaram, mas em vez dele recuar, ele fez aquele negócio
com seus olhos, vagarosamente me observando, encarando meus lábios antes de voltar
seu olhar para minhas piscinas azuis.
“Mas, não é para isso que serve sair com uma pessoa? Poder conhecer a outra
parte”.
Eu estava chocada.
“Já falei isso, mas vou te explicar algo diferente. Quando quero algo, eu vou atrás.
A vida é demasiada curta para viver de outra forma. E eu quero te conhecer melhor”. Seus
cílios baixaram mais uma vez, seu olhar admirando os meus lábios como se fosse uma
espécie de Meca. “Sim, eu definitivamente quero te conhecer melhor”.
Puta merda.
Eu abri minha boca, mas não tinha ideia de como responder a isso e, antes que eu
pudesse bolar uma resposta coerente, dei um pulo ao ouvir meu nome.
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“Calla?” disse uma voz profunda e rouca. — “Calla, é você?”
Minha atenção foi em direção às portas holandesas e minha boca caiu quando
identifiquei a voz familiar para o cara grande, volumoso e careca.
Tio Clyde, que não era meu tio de verdade, mas tinha estado por perto desde, bem,
desde sempre, fez seu caminho em direção a nós. Um grande sorriso dentuço eclodiu no
rosto corado.
Eu balancei meus dedos em sua direção, meus lábios divididos em um sorriso. Tio
Clyde não tinha mudado nem um pouco nos três anos que estive fora.
Barman quente ficou tranquilo enquanto se afastava, mas eu sabia o que ele
deveria estar pensando se percebeu que eu era filha da Mona.
Então Tio Clyde estava em mim. O grande urso tinha seus braços maciços em
torno de mim e me levantou, claramente, para fora do bar. Meus pés balançaram no ar
quando me abraçou, forçando a apertar meus dedos em torno da tira fina das minhas
sandálias.
Lágrimas encheram meus olhos quando consegui passar meus braços ao redor de
seus ombros enormes, inalando o aroma fraco de alimentos fritos e seu perfume Old Spice.
Eu tinha sentido falta de Clyde. Ele era a única coisa que senti falta nesta cidade.
“Meu Deus, menina, é tão bom ver você”. Ele me apertou até que soltei um gemido,
como um brinquedo quebrando. “Tão bom”.
“Eu acho que ela não pode falar”, o barman quente disse. “Porque você está
sufocando, apertando-a até a morte”.
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“Cala a boca, rapaz”. Clyde baixou-me aos meus pés, mas manteve um braço ao
redor dos meus ombros. Com sua altura e largura, eu parecia uma anã. “Você sabe quem
ela é, Jax?”
“Acho que vou responder com um sim”, veio outra resposta seca, cheia de humor.
“Espera”. Eu mexi para o lado, virando para o cara quente de barman. “Seu nome
é Jax?”
“Inferno”. O braço do Clyde apertou mais meu ombro. “Jax sabe cantar, pode até
mesmo dedilhar alguns acordes no violão se você o embebedar o suficiente”.
“Sério?” Meu interesse foi despertado, principalmente porque não havia nada
mais quente do que um cara com um violão.
Jax inclinou-se contra a pia atrás do bar, dobrou os braços sobre seu peito.
“Então, o que traz você de volta aqui, menina?” Clyde perguntou, e não havia como
não entender o significado por trás de suas palavras, como se ele estivesse perguntando
o que eu fazia de volta nesse lixo?
2
Referência ao personagem Jax Teller de Sons of Anarchy. http://en.wikipedia.org/wiki/Jax_Teller
3
Não tenho certeza, mas pode ser referência a uma boy band coreana chamada A-JAX,
http://en.wikipedia.org/wiki/A-Jax_(band)
37
se eu tivesse escolhido uma faculdade do outro lado do país, mas eu tinha escolhido uma
que estava meio perto para o caso... apenas no caso de algo como isso acontecer.
“Estou procurando minha mãe”. E isso foi tudo o que disse. Nesse momento, eu
não queria entrar em detalhes na frende do Jax. O fato de que ele agora estava olhando
para mim como se eu fosse mais do que uma menina qualquer que tinha entrado no bar
era bastante assustador.
Algumas pessoas acreditavam que a maçã nunca caía muito longe da árvore.
Não perdi a cena de Clyde ficando tenso, ou como ele olhou para Jax rapidamente
e então de volta para mim. Um mal estar começando, que se espalhou como uma erva
daninha em um canteiro de flores.
Focando totalmente em Clyde, preparei-me para tudo o que estava prestes a vir
voando a caminho.
“O quê?”
Seu grande sorriso diminuiu e ficou nervoso quando deixou cair o braço.
“Cadê ela?”
“Bem, você vê, menina, não sei”, disse Clyde, deslocando o seu olhar para cima,-
arrastado, numa necessidade de uma honestidade completa.
38
“Sim, bem, Mona não tem ficado ao redor por...” Ele perdia, mergulhando o queixo
contra o peito pesado, enquanto esfregou uma mão sobre a cabeça careca.
Essas cólicas tinham voltado, incomodando até que apertei a palma da minha mão
contra o meu estômago.
O olhar do Jax mergulhou em minha mão e então cintilou até meus olhos.
“Sua mãe fugiu há pelo menos duas semanas. Ninguém tem notícias dela, ou
mesmo tinham a visto. Ela já saiu da cidade”.
Clyde não respondeu, mas Jax se aproximou ainda mais do bar e baixou sua voz.
“Ela veio em uma noite, chateada e irritada no escritório como uma louca, que,
aliás, não muito diferente de qualquer outra noite”.
“E?”
“E?”
“E ela cheirava como se estivesse saído de uma sala onde tinha fumando maconha
e cigarros durante várias horas”.
Bem, isso era algo novo. Mamãe costumava ficar com os comprimidos, muitos
comprimidos — uma miscelânea de comprimidos.
39
“E isso não era muito incomum, no último ano ou algo assim, Jax disse, ainda me
olhando, e agora descobri que ele tinha estado por aqui a algum tempo. _ Então ninguém
realmente prestou muita atenção. Você vê sua mãe...”
“Ninguém fez nada enquanto ela estava aqui?” Meu maxilar ficou tenso. “Sim, isso
não é novidade, também.”
Jax desviou do meu olhar por um momento, e então tomou uma respiração
profunda. “Ela saiu naquela noite por volta das oito ou mais, e não temos notícias dela
desde então. Como Clyde disse isso foi há duas semanas.”
Meu Deus.
Eu sentei no bar.
“Não liguei para você, garotinha, porque ... bem, isso não é a primeira vez que sua
mãe vem e desaparece”. Clyde apoiou seu quadril contra o bar quando colocou a mão no
meu ombro. “ A cada dois meses, ela cai na estrada com o Rooster 4e”
Clyde estremeceu.
“Isso é o que ele diz”. disse Jax, fixando no meu olhar novamente.
Deus, isso foi humilhante de tantas maneiras. Minha mãe era uma bêbada
maconheira que abusou de comprimidos, nunca fez nada com o bar que ela era dona e
tinha fugido com um cara, que sem dúvida era muito elegante e seu nome era Rooster.
Ugh.
4
Rooster em português significa Galo.
40
Em seguida, eu ia descobrir que ela estava trabalhando em meio período do outro
lado da rua, no clube de strip. Eu precisava encontrar um canto escuro confortável para
me acalmar.
“Há alguns meses atrás, ela sumiu por um mês e voltou”, disse Clyde. “Então, não
tem realmente nada para se preocupar. Sua mãe, bem, ela está lá fora, e vai estar de volta.
Ela sempre volta”.
Fechei os olhos. Ela não precisava estar lá fora. Ela precisava estar aqui, onde eu
poderia falar com ela, onde poderia descobrir se ela tinha algum do dinheiro que ela não
deveria ter e onde eu poderia gritar de raiva por ela e fazer algo sobre o fato de que toda
a minha vida tinha ficado fora de controle por causa dela.
“Você não precisa ficar por aqui, menina. Acho que é muito bom que você tenha
vindo visitar, e tenho certeza que ela vai ser.”
“Você quer que eu vá embora?” Meus olhos se estreitaram. Ah, havia mais
peripécias definitivamente mais do que eu estava ciente.
“Sim”
“Uh, acho que você tem uma explicação para dar, barman”.
41
não podia, porque eu não tinha para onde ir. Literalmente. Ao contrário dos últimos
semestres, eu não estava tendo cursos de verão, porque este ano não poderia pagá-lo. O
que significava que também não podia ficar nos dormitórios, então quando decidi vir aqui,
eu tive que realmente arrumar tudo. A pequena quantidade de dinheiro que havia na
minha conta pessoal teria que me aguentar até que eu encontrasse a mãe ou outro
emprego. De qualquer forma, eu não podia pagar um apartamento ou um hotel, e com
certeza não ia me intrometer com Teresa, pedindo por um lugar para ficar até que as
coisas fossem resolvidas.
Meu olhar percorreu o visível bar surrado, dançando sobre as antigas placas de
rua, nas fotos em preto e branco emolduradas na parede e, por alguma razão, não tinha
reparado nisso antes. Provavelmente porque estava muito ocupada encarando o colírio
que estava diante de mim, mas eu via agora.
Atrás do bar, sob a placa vermelha que tinha o nome de Mona em uma letra
cursiva elegante, tinha uma foto emoldurada.
Era uma foto, brilhante e colorida, de uma família, uma família de verdade. Dois
pais sorridentes, atraentes e felizes. A mãe segurava um menino, não mais de um ano e
três meses. Outro menino com uma camisa azul, com dez anos e cinco meses, estava ao
lado de uma menina, que tinha oito e ela estava vestida em um vestido de princesa-estilo
bufante azul, e ela estava linda, como uma boneca, radiante para a câmera.
Jax franziu a testa enquanto ele me observou levantar, mas, também... Ele parecia
aliviado. O músculo em seu maxilar tinha parado com os espasmos, seus ombros tinham
relaxado, e era óbvio que ele estava feliz em me ver considerando que há uns minutos
mais cedo que ele estava tentando me fazer beber com ele.
42
Clyde se aproximou, mas facilmente me desviei.
“Não. Está tudo bem”. Virei-me e saí do bar, para o ar quente da noite antes que
Clyde pudesse continuar.
Eu iria voltar para casa da minha mãe, revirar seu quarto e, talvez encontrasse
alguma pista da onde ela tinha enfiado seu rabo. Era a única coisa que eu poderia fazer.
Meus dedos alcançaram o ar, invisível, quando me afastei da porta e fui para
frente. Deixei escapar um grito abafado, surpresa.
43
Capítulo Quatro
Mesmo estando em estado de choque, eu tinha reconhecido que ele não parecia
surpreso. Raiva correu em seu rosto, aprofundando seus olhos, mas surpresa? Não. Quase
como se ele esperasse isso.
E isso foi estranho, mas não muito importante agora. Eu tinha um para brisa
quebrado e não tinha dinheiro para consertar.
Abri meus olhos e me virei para ele. Nem tinha percebido o quão alto ele era,
enquanto estava atrás do balcão, mas ao lado dele agora, era uns bons centímetros mais
alto que eu e eu era alta. Sua cintura era fina e era óbvio que o cara tomava conta de si
mesmo.
“É um Focus”.
Ele passou através do vidro, me deixando tensa. “Cuidado!” Gritei e talvez tenha
sido um pouco dramática, porque ele me atirou um olhar sobre o ombro, suas
sobrancelhas levantadas. Eu voltei a realidade. “O vidro é perigoso”, eu adicionei.
Um lado de seus lábios se curvou para cima. “Sim, eu sei. Eu vou ter cuidado”. —
Ele pegou o tijolo e virou-o em sua mão grande. “Merda”.
Não podia deixar de pensar o quão caro seria consertar meu para brisa, porque
se fizesse, provavelmente não esperaria para virar a curva para dispensar ele.
5
Piadinha com Focus e Fuck
44
Jax jogou o tijolo no chão e se virou. Tomando minha mão na sua, grande e quente,
ele começou a me levar de volta para o bar. Meu estômago acabou em algum lugar na
minha garganta devido ao contato. Estando a um passo ou dois mais atrás, eu tinha uma
boa visão de seu traseiro.
“Vou chamar alguém para dar uma olhada no seu carro”, ele disse, e eu tive que
acelerar meu passo para conseguir acompanhá-lo.
“Mas” —
Ele largou minha mão, se virando totalmente para mim enquanto entrava no meu
espaço pessoal. Suas botas parando próximas aos meus dedos do pé, seu perfume me
cercando, e, então, ele abaixou seu queixo. Por hábito, virei meu rosto para a esquerda e
depois engasguei quando senti seus dedos envolvendo em torno do meu queixo, fazendo
meu rosto virar em sua direção.
“Fique aqui”, ele disse novamente, seu olhar fixo no meu. “Vai levar apenas um
minuto. No máximo”.
“Prometa”.
Seu olhar permaneceu fixo no meu por mais um instante e, então, ele virou, e tudo
o que conseguia pensar era no que ele disse. Eu, definitivamente, quero te conhecer melhor.
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Com passos longos e graciosos, ele desapareceu pelas mesas de bilhar, indo para a área
da cozinha.
Eu fiquei ali.
Não menos que um minuto depois, ele reapareceu com as chaves de um carro
pendurada em seus dedos. Parando perto da garçonete, que eu tinha visto carregando
cestos anteriormente, ele a segurou gentilmente pelo cotovelo. “Você consegue segurar o
bar até Roxy chegar?”
A mulher olhou para mim e, então, de volta ao Jax. “Claro, mas está tudo bem?”
Jax a guiou até onde eu estava presa ao chão. De perto, ela era muito bonita e,
enquanto eu pensava que talvez ela estivesse na casa dos trinta, não vi uma ruga em seu
rosto. “Esta é a Pearl Sanders”. Então, ela estendeu uma mão em minha direção. “E essa é
Calla — filha da Mona”.
Ugh.
“É muito bom finalmente conhecer você, Calla”. Ela se virou para Jax, retirando a
caneta atrás da orelha dela. “E você cuide dela, ok?”
"É claro", murmurou Jax, como se fosse a última coisa que ele quisesse fazer, o
que era idiotice porque eu não precisava que tomassem conta de mim, e, com certeza, não
pedi para ele fazer isso. E o que diabos aconteceu com ele querendo me conhecer melhor?
“Vamos lá”. Jax segurou minha mão novamente. A próxima coisa que eu sabia era
que estava sendo arrastada para fora da porta, de volta para a noite, e depois nós
estávamos ao lado da pick-up, que estava parada na frente do meu pobre carro. Ele estava
abrindo a porta do passageiro. “Entre”.
Eu congelei. “O quê?”
46
Ele puxou minha mão.”Entre”.
Soltando minha mão, eu me encostei contra a porta do carro. “Eu não vou a lugar
algum. Eu preciso cuidar...”
“Do seu carro”, ele terminou, inclinando sua cabeça para o lado. O luar parecia
encontrar sua maça do rosto, acariciando seus ângulos. “Eu vou ver isso e, como disse, eu
tenho um amigo que vai cuidar disso para você. Clyde já está entrando em contato com
ele, o que é uma coisa boa”.
“Você pode sentir no cheiro — fim da primavera, início da chuva de verão”. Ele se
inclinou, e minha cabeça imediatamente inclinou para a esquerda. “Respire fundo,
querida, dá pra sentir o cheiro da chuva”.
Por alguma razão, respirei fundo, e sim, senti o cheiro, cheiro almiscarado e
úmido. Eu gemi. Não havia mais um para brisas, o que significava mais danos pela chuva.
“Então vamos cuidar do seu carro para que ele não esteja mais aqui quando
começar a chover”, ele finalizou.
“Mas...”
“E eu não acho que você quer levar essa sua bunda bonita em um carro com o
vento no rosto”.
“Mas... eu vou tirar você daqui”. Ele suspirou, passando sua mão pelo cabelo
desarrumado. “Olha, podemos ficar aqui e discutir sobre isso nos próximos dez minutos,
mas você ainda vai entrar neste carro”.
47
“E eu não estou te pedindo para tirar a roupa e fazer um show privado”. Pausando,
seu olhar pareceu percorrer meu corpo novamente. “Embora, isso seria interessante. Uma
má ideia, mas interessante”.
Passei um segundo antes que absorvesse suas palavras e meu queixo caísse.
Resmungando sob sua respiração, ele deu a volta em mim. Um momento depois,
ele tinha as mãos nas minhas axilas, me deixando assustada com o contato. As mãos dele
eram incrivelmente grandes e isso significava que elas estavam super perto do meu peito.
As pontas dos dedos acariciando levemente meus seios. Uma onda de arrepios, apertados
e inesperados, irradiou a partir das minhas costelas.
Então, ele me ergueu. Literalmente. Pés fora do chão e tudo. “Abaixe a cabeça,
querida, ele ordenou”.
Obedeci porque, sério, eu não sabia o que diabos estava acontecendo aqui.
Encontrei-me sentada em sua caminhonete e a porta sendo fechando ao meu outro lado.
Cristo. Eu passei minhas mãos pelo rosto, abaixando-as apenas a tempo de vê-lo correr
para frente. Ele estava dentro da pick-up um momento depois, fechando a porta atrás dele.
Uma vez que estava com o cinto, eu atirei-lhe um olhar e disse a primeira coisa
que me veio à cabeça. “Você dirige um Chevy?”
Jax riu ligando o carro. Eu não disse nada enquanto saíamos do estacionamento e
pegávamos a estrada. Comecei a pensar em como ele estava flertando comigo mais cedo
e a me preocupar com a minha mãe desaparecida enquanto mordiscava meu lábio
inferior.
“Pelo menos uns 150 e, como ele quebrou inteiro, talvez mais”.
48
Meu peito se apertou enquanto eu mentalmente deduzia isso do saldo que eu
sabia que tinha na minha conta.
“Isso é ótimo”.
“Você vai ficar na casa da sua mãe?” Seu tom mostrava incredulidade.
“Sim”.
Ele fixou seu olhar na estrada novamente. “Mas ela não está lá”.
“E? Eu costumava viver lá”. Dei de ombros e abaixei minha mão ao meu colo.
“Além disso, eu realmente não vou gastar dinheiro em um hotel quando posso ficar de
graça em algum lugar”. Mesmo se fosse realmente o último lugar que eu queria ficar.
Jax não disse nada por um longo instante, e então, “Você já comeu alguma coisa?”
Balançando a cabeça, eu pressionei meus lábios juntos. Eu não tinha comido nada
desde de manhã, e mesmo assim foi uma pequena porção de arroz frito. Estava nervosa
demais para comer qualquer coisa. Meu estômago resmungou, aparentemente estava
furioso por só me lembrar dele agora.
Ele me olhou suavemente enquanto apoiava um braço na sua janela. “Você pediu
um hambúrguer e um chá doce. Eu acho que tenho tudo sob controle”.
49
“Mas eu tenho dinheiro”, insisti.
Balancei minha cabeça e comecei a abrir minha carteira. “Quanto que isso fo —
Ei!” Me assustei quando ele pegou minha carteira e minha bolsa das minhas mãos. “Mas
que diabos?”
“Como eu disse, querida, eu tenho tudo sob controle”. Fechando minha carteira,
ele colocou na minha bolsa e então enfiou trás do seu banco.
“Então?”
Jax piscou.
Recuei um pouco. Ele piscou, e minhas partes femininas estavam todas whoa,
totalmente de acordo com isso, o que era uma indicação que eu precisava prestar mais
atenção no que elas diziam, porque elas estavam ficando desesperadas.
“Você não se parece em nada com sua mãe”, ele disse inesperadamente.
Isso era verdade. Minha mãe tingia o cabelo de um amarelo sol, pelo menos
costumava. Eu não tinha certeza, desde que não a via há algum tempo, mas a última vez
50
que estive com ela, o dia que deixei Plymouth Meeting6 para ir para Shepherd, ela parecia...
Dura.
“A vida dela... tem sido difícil”. Ela costumava ser muito bonita, ouvi-me dizendo
enquanto olhava pela janela, vendo varias cadeias de fast food desaparecerem.
Foquei meu olhar nele rapidamente, mas ele não estava olhando para mim. Ele
não estava rindo ou sorrindo. Nada sobre ele me levaria a acreditar que isso não havia
sido uma opinião sincera, mas eu não era bonita, e isso não tinha nada a ver com baixa
autoestima. Eu tinha uma cicatriz cortando minha bochecha esquerda. Isso tendia a
arruinar algumas feições.
Eu não sabia o que Jax estava planejando e nem queria descobrir. Eu tinha
problemas maiores para focar as minhas preocupações
Mas quando eu vi Jax sair da estrada principal, pegando uma rua paralela" um
atalho" eu estava encarando ele novamente. “Você sabe onde a casa fica?”
“Você não quis dizer ‘nossa casa’ já que costumava viver lá também?”
“Uh, não. Por mais que eu morasse lá durante o colégio, nunca foi a minha casa”.
Ele olhou para mim e voltou a fixar seu olhar na rua. Um momento passou.
“A primeira vez que tive que ir para casa da sua mãe foi com o Clyde. Mona... ela
estava festejando. Ficou tão bêbada que pensamos que teríamos que leva-la para o
hospital”.
6
Plymouth Meeting é uma Região censo-designada localizada no estado norte-americano de Pensilvânia, no Condado de
Montgomery.
51
Eu tremi.
“Então voltei algumas vezes quando ela passava dias sem aparecer e nós
estávamos preocupados”. Ele havia aliviado o aperto no volante, batendo os dedos nele
agora. “Um dia ou outro, Clyde ou Pearl davam uma olhada para ver se ela estava bem”.
Ele assentiu.
Mordendo meu lábio, ignorei a onda de culpa enlameada que ameaçou subir em
minha garganta. Estas pessoas, com exceção de Clyde, eram estranhos e aqui estava eu,
família, e não estava fazendo essa viagem, nem uma vez ao dia, nem uma vez ao ano, para
me certificar se ela estava viva ou descobrir se ela, finalmente, teria uma overdose. Afinal
de contas, eu sabia o que era esse ‘dar uma olhada’.
Tentei encontrar um pouco de culpa mas falhei. “Não sou próxima da minha mãe.
Nós temos...”
“Obrigada”, sussurrei antes de pensar sobre isso, e então me senti uma idiota.
Tudo o que ele fez foi um aceno em resposta.
O resto do caminho até a casa da minha mãe foi feito em silêncio, e fiquei surpresa
quando ele estacionou seu carro na garagem e me seguiu até a porta, carregando os dois
chás doces.
Quando abri a porta, olhei para ele. “Você não precisa entrar”.
“Eu sei”. Ele sorriu. “Mas prefiro não comer no meu carro enquanto dirijo. Tudo
bem?”
Estava na ponta da minha língua o não, pronto para ser dito, mas minha cabeça
tinha vontade própria, então apenas concordei enquanto abria a porta.
52
“Sinta-se em casa”, murmurei.
Ele não me ouviu, porque estava se movendo pela casa furtivamente procurando
pelos interruptores, para acender as luzes. Ele sondou a casa com um olhar intenso,
cauteloso, como se esperasse que um troll saísse de debaixo do sofá gasto. Quando ele foi
para a cozinha, eu o segui e, quando me disse que precisava ir ao banheiro, coloquei o saco
em cima do balcão e comecei a descarregar os itens.
Droga, ele realmente esteve aqui antes porque não usou o banheiro no andar de
baixo. Eu ouvi seus pés subindo as escadas e me perguntei por que ele tinha escolhido o
lá de cima, mas meu cérebro estava muito sobrecarregado de trabalho para que realmente
pensasse demais nisso. Quando ele retornou, encontrei meu hambúrguer entre a pilha de
comida que ele tinha pedido.
Jax puxou uma cadeira ao meu lado e se jogou nela com graça. Ele estava sentado
à minha direita. “Então”, Ele disse isso enquanto desembrulhava seu sanduiche de frango.
“Quanto tempo planeja ficar aqui?”
Dei de ombros enquanto arrancava os picles do meu sanduíche. “Ainda não sei”.
“Provavelmente não muito tempo, certo? Não tem nada para fazer por aqui
enquanto sua mãe está fazendo as coisas dela, não existem muitas razões para ficar”.
Houve uma pausa. “ Você vai comer esses picles?" Quando balancei minha cabeça, ele os
pegou.
Eu não respondi e consegui dar duas mordidas antes que ele falasse novamente.
Minhas mãos pararam no meio do caminho para a minha boca. “Como você sabe?”
Ele voltou sua atenção para seu hambúrguer, colocando os picles roubados
dentro. “Clyde fala de você de vez em quando. Assim como Mona”.
Cada musculo em meu corpo ficou tenso e meu estomago revirou. Qualquer coisa
que minha mãe tinha a dizer sobre mim não poderia ser coisa boa.
53
Coloquei meu hambúrguer meio comido de volta na embalagem. “Enfermagem.”
Suas sobrancelhas levantaram enquanto ele deixava sair um assovio baixo. “Bem,
minhas fantasias envolvendo enfermeiras com pequenas saias brancas acabaram de ficar
melhores”.
“Você quer dizer, o que eu faço além de ser um bartender?” Ele terminou seu
hambúrguer e pegou algumas batatas fritas.
Ele não elaborou, como eu, então eu não insisti, mas isso deixou pouco sobre o
que conversar.
“Fritas?”
“Vamos lá. É a melhor parte de se comer fast food. Você não pode recusar as
batatas”. Aqueles olhos ficaram ainda mais calorosos. “É puramente gordura, carboidrato
e sal. Paraíso”.
Meus lábios se curvaram. “Você não parece com alguém que come muito
carboidrato”.
Um de seus ombros largos levantou. “Eu corro todo dia. Vou para academia antes
de ir para o bar. Isso significa que posso comer o que eu quiser, quando eu quiser. De outro
jeito, a vida seria uma merda se você passasse metade do tempo brigando consigo mesmo
sobre as coisas que você quer”.
54
Deus, eu sabia o tanto de verdade que tinha nisso.
Então peguei uma batata frita. E depois duas. Ok, talvez cinco batatas fritas antes
de me levantar para jogar fora nosso lixo em uma pequena lixeira que
surpreendentemente tinha um saco limpo dentro. Enquanto eu lavava minhas mãos, Jax
levantou e fez seu caminho até a geladeira, deixando sair outro assovio baixo enquanto a
abria. Eu não tinha ideia do que estava acontecendo. A geladeira estava vazia, com a
exceção de alguns condimentos.
Ele fechou a porta e apoiou seu quadril no balcão. Olhando para as paredes cor
de manteiga, paredes que Clyde tinha pintado antes de nos mudarmos e para a pequena
mesa, toda arranhada, que estava em um dos cantos, ele inalou profundamente enquanto
sua feição ficava séria. Maxilar cerrado. Lábios totalmente juntos. Olhos em um tom de
marrom profundo, quase mogno.
Eu pisquei enquanto me virava para que meu lado direito ficasse visível para ele.
“Pensei que já havíamos conversado sobre isso”.
“Sim, eu meio que percebi isso”. Eu pausei, cruzando meus braços. “Também não
tem comida em um hotel" um hotel que eu teria que pagar.
Jax inclinou seu corpo em minha direção e eu abaixei meu olhar. Cintura e quadris
estreitos. Definitivamente um corredor. “Hotéis não são tão caros por aqui”.
E se não fosse?
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Talvez eu conseguisse alugar um quarto para que eu pudesse dormir.
Isso eram coisas que o Jax não precisava saber. “Obrigada por me trazer aqui e
pela comida. Eu estou realmente agradecida e, se você pudesse me contar com quem eu
tenho que falar sobre meu para brisas, seria ótimo. Mas eu estou meio que cansada e” —
De repente, Jax estava diretamente na minha frente. Um segundo atrás ele estava
do lado da geladeira e agora ele estava exatamente aqui. Eu inalei profundamente
enquanto pressionava minhas costas contra o balcão.
Obviamente não.
Okay. Uma coisa era eu dizer que minha mãe era uma fodida. Agora, era outra
totalmente diferente ouvir isso da boca dele. “Olhe, minha mãe "
“Não vai ganhar nenhum prêmio de mãe do ano? Sim, eu sei disso”. Ele disse, e
minhas mãos se fecharam em punhos. “Ela também não vai ganhar nenhum prêmio de
chefe do ano, mas provavelmente você sabe disso”.
“O que qualquer coisa dessas tem a ver comigo ficando aqui ou não?” eu
retruquei”.
“Você, na verdade, não precisa ficar nessa cidade, quanto mais sozinha nessa
casa”.
Minha boca caiu aberta desde que eu não estava esperando esse comentário. “O
que?”
“Você precisa ficar em um hotel essa noite e, logo que seu carro estiver pronto,
você precisa levar essa linda bunda para a estrada, o que, espero que seja amanhã à tarde,
e você não precisa voltar”.
Okay. Era isso. Tudo envolvia o ‘aqui’ e eu não ligava para quão quente o cara era,
sendo, provavelmente o cara mais quente que eu já tinha visto, e ainda foi cavalheiro o
suficiente para me levar para casa e me comprar comida. Ou que tenha trazido para o
assunto que minha bunda era linda e que havia gostado das minhas pernas.
56
Eu afastei essas coisas, esquecendo de todo o resto. “Responda uma pergunta”.
Minha voz faltava doçura quando falei novamente. “Quem você pensa que é para
me dizer o que fazer?”
Ele piscou e, então, deixou sua cabeça cair para trás enquanto ria. “Você tem
atitude. Realmente tem. Eu meio que gosto disso”.
Isso me irritou ainda mais, e além do mais, era meio distorcido. “Você pode ir
embora agora”.
“Não até que você entenda o que está acontecendo aqui”. Jax colocou suas mãos
no balcão, cada uma de um lado meu, me aprisionando. “Eu preciso que você me escute”.
Eu travei e não conseguia me lembrar da última vez que um cara esteve assim tão
perto de mim.
“Calla”, ele disse, e eu tremi ao som suave porém profundo da sua voz dizendo
meu nome. “Eu não acho que você entende o quão longe Mona foi e o que isso significa
para todos que a conhecem”.
“Não é bonito”.
Seu olhar segurou o meu. — Essa casa foi um antro de festas nos últimos anos.
Não o tipo legal de festas que uma pessoa com duas células cerebrais vivas iria querer ir.
A policia vinha aqui regularmente. Essa casa, basicamente, virou uma casa de drogas e eu
não ficaria surpreso se você encontrasse pedras de crack escondidas nas gavetas da
cozinha.
Meu Deus.
“O tipo de pessoas que ela sai? Eles são o fundo do barril. Não da para ir mais
baixo que isso. E você não consegue ficar mais afundado que eles. E essa nem é a pior
parte”.
57
“Não é?” Como poderia ser pior que minha mãe ser dona de uma casa de drogas?
Acho que só se fosse um laboratório de metanfetamina.
“Ela irritou muita dessas pessoas”, ele disse e meu estômago caiu para meus pés.
“Ela os deve muito dinheiro pelo que ouvi. Do mesmo jeito que Rooster”.
“Agora, eu sei que Clyde provavelmente não quer que você saiba, mas eu não acho
que te proteger das coisas que estão acontecendo aqui vai ajudar em algo agora. Mona
tem todo o tipo de pessoa errada procurando por ela. O tipo de pessoas que sua mãe se
envolveu são as más notícias. O para brisas?”
“Você veio aqui antes, certo? Alguém provavelmente tem uma pessoa vigiando
essa casa, a viu e decidiu te dar um bom e velho aviso. Eles podem não ter percebido ainda
que você é da família, mas eles sabem que você a conhece desde que você veio aqui. E olhe,
essa coisa do para brisa pode até ser coincidência, mas eu duvido. Vamos apenas rezar
que eles não tenham percebido que você é sua filha”.
Ah, puta merda, isso não era bom. Meu peito se elevou rapidamente enquanto
minha pulsação aumentava. Isso tinha saído da parte ruim e ido direto para ‘shitville’7.
“Sim”, Eu vejo que está começando a fazer sentido. Ele disse calmamente, quase
gentilmente. “E vai ficar pior daqui em diante, especialmente se ela não sair de seu
esconderijo”.
Virando minha cabeça para a esquerda, eu ouvi suas palavras. Elas foram
absorvidas, fazendo um tremor percorrer minha coluna. Deus, um laboratório de
metanfetamina seria melhor que isso.
Sua vida, e o que ela havia se tornado, machucaram como uma dor física e, algo
que há muito tempo eu acreditei que havia morrido, surgiu dentro de mim. Uma
7
Algo como ‘uma cidade cheia de merda.
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necessidade que me fez sofrer por muitos anos, uma urgência, um desejo de arrumar ela"
arrumar minha mãe.
Meu cérebro imediatamente desligou. Essa coisa toda era muito para mim. Minha
mãe roubou meu dinheiro e tinha alguém em busca de vingança com toda essa coisa do
para brisas. Isso soava como um tema de filme estrelado por uma celebridade esquecida.
“Querida, a melhor coisa que você pode fazer é voltar e deixar essa cidade”. Ele
disse novamente, seus olhos castanhos segurando meu olhar incrédulo. “Não há nada aqui
para você”. Jax quase soava desapontado por isso e, quando minha respiração voltou ao
normal, seu olhar finalmente deixou o meu, se movendo para meus lábios. Sua voz estava
mais profunda, mais crua quando ele falou novamente. “Nada além de problemas”.
59
Capítulo Cinco
Não fui para casa no dia seguinte como Jax tinha ordenado que eu fizesse. Não
porque eu não estava com meu próprio carro, ou porque ele não tinha, absolutamente,
direito nenhum de me dizer o que fazer. Eu realmente não tinha outra escolha do que ficar
e... E fazer o que? Rastrear minha mãe e descobrir o tipo de merda que ela tinha se metido
e, esperançosamente, pegar meu dinheiro de volta?
A ideia que não havia nenhum dinheiro restante era algo que eu não poderia me
permitir em pensar, mas era esse o ponto, era ou ficar aqui durante o verão ou viver no
meu carro. Quando eu tivesse meu carro de volta.
Mas era mais que isso. Sim, a parte do dinheiro era grande, e estava associada a
minha vida, mas também era sobre minha mãe. Era sempre sobre minha mãe.
Quando Jax saiu na noite passada, ele queria que eu fosse com ele, para que ele
pudesse deixar minha ‘linda bunda’ em um hotel que ele tinha se oferecido para pagar,
mas eu recusei, imaginando que a última coisa que eu precisava era ficar devendo
dinheiro a alguém. Ele tinha me avisado que iria mandar um taxi.
Ele, na verdade, tinha tido a coragem de dizer para mim “Eu sei que você é mais
inteligente que isso, querida, então vou te dar quarenta minutos para você se recuperar e,
quando o taxi estacionar na frente da sua casa, você vai colocar sua linda bunda nele.”
Sim, foi meio legal da parte dele se oferecer para pagar por um hotel e enviar um
táxi, de um jeito muito estranho e arrogante. Mas isso era algo, esse seu lado dominante
misturado com bondade, que eu não podia desperdiçar meus pensamentos.
Eu tive uma noite agitada no sofá e passei boa parte da manhã vasculhando a
bagunça no quarto da minha mãe — e não encontrando absolutamente nada de útil, nem
60
mesmo uma pedra de crack. No entanto, tinham alguns itens no armário que eu desejei
não ter visto.
Um deles era uma foto emoldurada minha de quanto eu tinha uns oito ou nove
anos. A outras eram os troféus" e eram grandes, ainda brilhando. Eles eram marcos de um
passado que eu não podia mais ter.
Ele apareceu logo após o meio dia, e eu estava esperando por ele na varanda. Eu
entrei em sua caminhonete, um Ford que era bem mais velho que o de Jax e coloquei o
cinto antes que ele conseguisse sair do carro.
“Menina...”
Eu franzi meu nariz enquanto colocava minha bolsa em meu colo. “Isso é
reconfortante”. Eu murmurei, o que foi um pouco sacana porque, mesmo que ele fosse
meio mandão, ele tinha sido útil.
Ajeitando sua corpulência no banco, ele virou em minha direção. “Menina”, ele
começou novamente. “Você vai, realmente, ficar por aqui?”
Eu suspirei enquanto colocava meus óculos de sol. Eles eram bons. Imitações, mas
eu achava que ficava bem com eles. “Na famosa casa de drogas? Sim. Não vou para um
hotel”.
61
“Calla...”
“Jax já tentou me convencer a ir para um. Ele até chamou um taxi!” Mesmo que eu
estivesse balançando minha mão para enfatizar, eu não perdi o jeito que os lábios de Clyde
se contorceram. “Minha mãe... ela realmente me ferrou. Bem ruim. E eu imagino que ela
também esteja passando por maus bocados”.
Clyde pressionou seus lábios juntos enquanto colocava a marcha ré. “É ruim”.
Eu respirava e tremia. “É tão ruim quanto Jax me disse?” Havia uma pequena
parte de mim que esperava que Clyde iria me dizer que Jax tendia ao exagero.
Mesmo que eu não tivesse elaborado, ele resmungou, afirmando. “Eu não sei
exatamente o que ele disse, mas estou imaginando que não lhe contou tudo isso”.
Fechei os olhos, apenas ouvindo os pneus fazendo seu caminho para a rua. Deus,
o que eu estava fazendo? Talvez eu devesse apenas ter ido para um hotel, voltado para a
escola, ligado para Teresa" Não. Eu me obriguei a parar. Ela e Jase tinham vários planos
para esse verão. Viagens. Praias. Sol e areia. Eu não iria estragar isso jogando meus
problemas nela" neles. Ainda mais, havia algo muito estranho sobre dormir no sofá da
casa de seus amigos que eu não conseguia me acostumar.
Minutos se passaram antes que Clyde falasse novamente. “Esta é a última coisa
que eu queria que você fizesse”.
“Você voltar? Bem, eu sempre fui realista com você, menina, e eu vou continuar
sendo”.
Meu coração foi parar na minha garganta e tudo que eu conseguia pensar era
sobre o que Jax havia dito para mim. Que não havia nada além de problemas aqui.
“Esse é o último lugar que eu queria que você estivesse e, bem, tem coisas que
você não precisa ficar sabendo. Você nunca vai precisar saber, mas tem uma coisa que não
mudou, e isso é você, menina”.
62
“Você é boa, cada pedacinho. Sempre foi, não importando qual merda Mona te
colocasse, mesmo antes do incêndio”.
Um calor passou pelo meu peito, percorrendo meu corpo todo e se espalhou pela
cicatriz na minha bochecha e sobre as outras cicatrizes" as piores. Era como se isso tivesse
acontecido ontem. O incêndio.
“Eu sei disso”, eu sussurrei, surpresa por haver um nó em minha garganta. “Não
é por isso que eu estou aqui. Ela estragou minhas coisas Clyde”. Eu não estou mentindo.
Ele me atirou um rápido olhar de reconhecimento. “Eu sei e eu acredito nisso, mas
também sei que você está aqui, e que agora você sabe que sua mãe está numa confusão,
você vai querer ajudá-la de alguma forma”.
Eu inalei profundamente.
“Mas vale a pena repetir”, ele continuou. “Não tem uma maneira de ajudar a Mona.
Não dessa vez. A melhor coisa que você pode fazer é voltar para a faculdade e não olhar
para trás”.
Uma tigela de sucrilhos estava sobre uma mesa de carvalho no escritório situado
na extremidade do corredor que levava para os banheiros. Havia dois armários de
arquivos atrás da mesa, e contra a parede tinha um sofá que era feito de couro e parecia
surpreendentemente novo — muito mais novo do que eu tinha dormido na noite passada.
Eu nunca administrei um bar antes e não era das melhores quando se tratava de
números, mas depois de passar por todos os recibos e contas, que eu encontrei
extremamente organizadas, eu sabia de duas coisas.
Primeiro, minha mãe não poderia estar tomando conta disso no último ano. Se
você olhasse através da pilha organizada, havia uma foto da minha mãe sorrindo. Alguém
estava mantendo os livros em ordem e eu duvidava que era Clyde. Deus que me perdoe,
ele era ótimo em manter as coisas reais, ótimo em ser o único modelo de pessoa disponível
63
ao meu redor, e fantástico na cozinha, mas tomar conta da parte financeira do bar? Uh.
Não.
Segunda coisa que aprendi era que o bar não estava sangrando dinheiro como se
tivesse sido atingido repetidamente por uma faca mal assombrada. Essa parte da noticia
me deixou confusa. Se minha mãe tinha gasto todo meu dinheiro e potencialmente o seu,
eu tinha imaginado que o bar seria o próximo em sua lista. Além do mais, ele não estava
na sua melhor condição.
Eu tinha olhado o bar desde que estava sozinha, quando Clyde tinha ido direto
para a cozinha para fazer um pouco de limpeza depois de ter explicado que meu carro,
que não estava mais no estacionamento, estava em uma oficina no fim da rua tendo o para
brisas trocado.
Embora o bar não estivesse no seu auge; mais como se estivesse na fase geriátrica,
estava mais limpo que eu tenha dado crédito ontem. Atrás do bar, o gelo havia sido
recentemente jogado fora e substituído com água quente, prevenindo que alguma bactéria
nojenta se formasse. Eu não via moscas ou excrementos de pequenos bichos que,
infelizmente, eram comuns em bares. O balcão havia sido recentemente limpo e o chão
atrás do bar também; as garrafas estocadas e organizadas.
Mesmo as mesas haviam sido limpas, assim como os cinzeiros. Então, mesmo que
o bar precisasse de uma reforma, alguém definitivamente se preocupava com isso, e eu
sabia que não era minha mãe.
64
Meu olhar desviou para a planilha impressa do mês passado — a planilha
grampeada com um zilhão de recibos — e eu fiz a varredura das linhas. Como as dúzias
de planilhas que encontrei, até março do ano passado, antes de tudo ser contabilizado —
contas mensais, como eletricidade e outras utilidades, renda chegando, os custos de
alimentos e bebidas e avarias e, mais surpreendente, folha de pagamento.
A razão por que minha mãe sempre tinha amigos trabalhando para ela, que
estavam interessados apenas em bebidas de graça, era que ela nunca teria de se preocupar
com a folha de pagamento. A ideia do Mona’s estar ganhando dinheiro suficiente para
pagar seus funcionários regularmente era engraçada. Não com uma risada comum, mas
com uma maníaca, quase louca.
Mas o Mona’s tinha mantido uma folha de pagamento por quase um ano agora e
tinha nomes de empregados que eu não reconhecia com a exceção de Jax e Clyde. Havia
até um cara que trabalhava na cozinha nos fins de semana a noite ajudando Clyde.
O Mona’s estava dando lucro nos últimos quatro meses. Nada muito grande, nem
algo para ficar muito animada, mas lucro era lucro.
Havia passado apenas algumas horas desde que eu tinha visto Jax, e não era como
se eu tivesse esquecido dele nessas horas, mas Deus, tudo que eu consegui fazer era
encará-lo por um momento.
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De banho recém-tomado, seu cabelo estava levemente mais escuro enquanto
enrolava contra sua testa. A camiseta preta que ele usava parecia mais justa ainda do que
a da noite passada, o que eu tinha certeza que a população feminina agradecia.
Seu maxilar estava tenso e seus lábios estavam pressionados juntos enquanto ele
olhava pra mim, enquanto eu o encarava de volta como uma presa. “O que você está
fazendo aqui, Calla?”
“Essa é uma lógica idiota considerando que eu estive nesse bar nos últimos dois
anos e noite passada foi a primeira vez que vi sua linda bunda aqui”.
“Não.”
“Sexy?”
Seus lábios se curvaram e estavam cheios de humor enquanto seu olhar viajava
até os papeis. Ele andou até a mesa. “Você estava olhando os arquivos?”
Eu dei de ombros, casualmente. “Só queria ver como o bar estava indo”.
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Ele colocou uma mão na mesa, ao lado da pilha de planilhas. “Não me diga”.
Girando a cadeira, eu deixei meu lado direito em sua direção. “Bem, considerando
que o bar é a única coisa que minha mãe vai me deixar um dia, eu tenho todo o direito de
olhar a papelada”.
Algo passou em seu rosto enquanto virava sua cabeça para o outro lado. “Te
deixar o bar?”
“Minha mãe tem um testamento. Tem há alguns anos. Então, a menos que ela
tenha mudado ele recentemente, o que eu duvido que estivesse como prioridade em suas
coisas a fazer, se algo acontecer a ela, Deus que a tenha, o bar é meu”.
Novamente, havia aquela estranha expressão passando em seu rosto que eu não
entendia. Um momento se passou. “É isso que você quer? O bar?”
“O que você faria com esse bar se você inesperadamente o ganhasse?“ ele
perguntou.
Jax se afastou da mesa, voltando a ficar totalmente ereto. Seus olhos eram como
pedaços afiados de vidro enquanto ele olhava para mim. Lá se foi o bartender flertador.
“Se você não liga para esse bar"
Ele ignorou meu comentário. “Então, por que está aqui? Pela sua mãe? Isso é uma
causa perdida e você sabe muito bem disso. E você não ficou no hotel ontem à noite,
ficou?”
Sua brusca mudança de assunto deixou minha cabeça girando. Havia dias onde
eu pensava que ela era uma causa perdida e outros onde eu não me permitia pensar nisso.
“Obrigada por mandar o taxi, mas"
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“Deus, você vai ser um estorvo8”. Ele se afastou ainda mais da mesa, passando
seus dedos pelo seu cabelo. Os músculos nas suas costas tensos sob sua camiseta.
Ele soltou uma risada aguda e se virou para mim. “Não vai? Eu te disse que o tipo
de merda que sua mãe está metida, e que várias pessoas ruins querem um pedaço dela e
você ainda está aqui. Além de tudo está sendo"
“Olhe, eu entendo o tipo de problema que minha mãe está metida e tudo isso. Não
é nenhuma novidade para mim”. Bem, ela parecia estar com muito mais problemas do que
o normal, mas esse não era o ponto, ou que fosse. “E as coisas com meu carro? Eu estive
naquela casa por um minuto. Não tem como alguém ter me visto assim tão rápido. Sem
mencionar, meu carro estava estacionado perto de um bar, não do clube de Strip do outro
lado da rua. Essas coisas acontecem”.
“Mesmo?” Ele cruzou seus braços sobre seu peito novamente. “Você vai
frequentemente a clubes de Strip?”
“Não”. eu retruquei.
Jax começou a andar para a porta, seus olhos nunca deixando meu rosto. “Apenas
vá pra casa, Calla. Você não"
“Minha vida toda está parada!” O momento que essas palavras deixaram minha
boca... puta merda, eu percebi o quão verdadeiras elas eram. E era uma merda dizer isso
8
No original, ‘pain in the ass’ . A tradução literal seria ‘dor na bunda’
9
Na tradução literal, ela fala ‘não vou ser uma dor em nenhuma parte do seu corpo’
68
como se eu tivesse tomado algum tipo de ácido. Eu nem sabia o que me fez dizer elas.
Talvez fosse a suavidade em sua voz que me lembrou pena. Eu não sabia.
“Eu não tenho outro lugar para ir”, eu continuei, sentindo um caroço estranho em
minha garganta e meus olhos nublados. “Eu não posso ficar no dormitório porque eu não
pude pagar pelas aulas de verão. Ela me deixou com nada exceto o pouco dinheiro que eu
tinha em minha conta e uma casa que, aparentemente, é um point para drogas. Além disso,
ela fugiu para fazer sabe-se Deus o que com um cara chamado Rooster. E minha única
esperança minha única fé nesse momento, é que ela tenha algum dinheiro, algo para me
pagar de volta. Então, Sim, eu entendo que não tenha nada aqui pra mim e que eu sou um
estorvo gigante, mas eu realmente não tenho outro lugar para ir”.
Eu forcei meus olhos abertos e encontrei ele me encarando. Não havia pena em
seu olhar, mas eles estavam mais claros novamente. “Não há muita coisa que você possa
falar”.
“Não há dinheiro nenhum aqui, querida. Nada que ela possa te dar”. Seus olhos
encontraram os meus. “Eu não estou brincando com você. Isso é uma merda, mas não tem
nada. Nem uma gota do lado de fora e o que o bar começou a ganhar não é muito”.
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Eu me encostei novamente enquanto deixava sair uma respiração trêmula. Não.
Não. Não. Essa palavra estava em repetição.
“Se ela pegou seu dinheiro, ela não o tem mais. E se ela tivesse algum dinheiro
com ela, também já teria sumido há muito tempo. Acredite em mim”. Sua voz ficou ainda
mais baixa. “Não se passa uma semana onde não apareça alguém nesse bar procurando
por ela por causa de uma divida”.
Eu tremi.
Jax se moveu ao redor da mesa, ficando mais perto. Eu não queria ele tão perto.
Nervosa, eu passei minhas mãos sobre minha calça. “Plano B, eu sussurrei”.
“O quê ?”
Ele me encarou e, então, franziu a testa. “Trabalhar aqui? Querida, esse lugar não
é para você”.
“Olhe para você”. Eu gesticulei um circulo grande na frente dele. “Você não parece
com alguém que trabalha em um bar decadente”.
70
Uma sobrancelha levantou. “Eu gosto de pensar que ele está um passo a cima da
decadência”.
Um lado de seus lábios se curvou para cima. “Onde você acha que eu deveria estar
trabalhando?”
“Eu não sei”. Me encostando na cadeira novamente, eu tirei meu cabelo da minha
testa e suspirei. “Talvez na Hot Guys R Us10”.
“Se você acha que eu sou quente, então por que você estava apreensiva em sair
comigo quando você veio a primeira vez ao bar?”
“Sim”.
Seus olhos brilharam com surpresa. “Bem, vamos ter que discordar nisso”.
“Nós não estamos concordando com nada”. Eu me levantei e parei. Ele não tinha
se movido, deixando o lugar meio apertado. Eu não podia passar por ele. “Eu posso
trabalhar aqui”.
“Uns clientes pesados vem nos finais de semana. Talvez você devesse tentar o
Outback no fim da rua ou coisa do tipo”.
10
Trocadilho com a loja de brinquedos Toys R Us
71
“O que?” Eu levantei minhas mãos. “Não é como se o bar não precisasse da minha
ajuda. E eu preciso de dinheiro. Claramente. E, talvez, trabalhando aqui eu posso fazer
algumas gorjetas e recuperar meu dinheiro, mesmo que seja uma pequena parte dele”.
“Gorjetas?” Ele deu mais um passo para frente, me deixando presa entre ele e a
cadeira. “O que você acha que vai fazer aqui?”
“Você já fez isso alguma vez na vida antes?” Quando eu dei de ombros de novo,
ele riu. Agora eram meus olhos que estavam estreitos em sua direção. “Querida, isso não
é fácil”.
Jax me encarou por um longo momento e uma das coisas mais fascinantes de se
assistir aconteceu. Cada músculo que estava tenso, relaxou e, vagarosamente, um pequeno
sorriso apareceu em seus lábios.
“Ter o que?” Minha barriga fazendo barulho? Não tinha como ele ter ouvido isso.
“Você não ter um lugar para ir”. Quando eu não respondi, ele inclinou sua cabeça
para o lado. “Okay, querida, se você quer isso, você o tem”.
Por alguma razão insana, parecia como se ele estivesse falando sobre alguma
outra coisa, fazendo formar pequenas cólicas na minha barriga. “Bom”.
Seu sorriso se alargou até que uma faixa de lindos dentes brancos aparecessem.
“Ótimo”.
72
Capítulo Seis
O bar abriu à uma da tarde e, já que ninguém tinha entrado, Jax me colocou atrás
do balcão do bar para fatiar limões e limas, com apenas um aviso.
De vez em quando, eu dava uma olhada rápida em Jax. Ele estava inclinado contra
o balcão do bar, tornozelos cruzados e braços sobrados sob seu peito, e sua cabeça estava
virada na direção da TV.
Quando saímos do escritório, ele me explicou que eu estaria no mesmo turno que
ele, o que, aparentemente, começava às quatro da tarde e ia até o bar fechar. O que ele
fazia no bar tão cedo hoje, eu não tinha ideia. Ele trabalhava nas noites mais
movimentadas" de quarta a sábado" em turnos de dez horas.
Isso era além do meu horário usual para dormir, que era em torno das onze, mas
eu poderia fazer. Eu tinha que fazer. Eu não tinha tempo a perder tentando conseguir um
emprego no Outback como ele sugeriu.
73
Eu olhei ao redor do bar, vendo que ele ainda estava vazio e percebi algo, algo que
estava o tempo todo na minha frente. Meu olhar voltou para Jax, seu cabelo agora seco e
bagunçado, fazendo que as ondas castanho escuro caíssem do topo da sua cabeça.
Além disso, eu não tinha conhecido ninguém mais além de Pearl. Eu tinha visto os
turnos no escritório e haviam mais dois garçons, Roxy e um cara chamado Nick. Outra
atendente que trabalhava apenas de sexta e sábado chamada Gloria e, então, havia um tal
de Sherwood que trabalhava na cozinha com Clyde.
Talvez eu estivesse enganada e fosse um deles, mas eu tinha uma intuição que
não era, e eu não sabia o que pensar sobre isso. Mas eu estava curiosa. Porque ele iria
investir tanto no Mona’s?
Fora do meu controle, meu olhar viajou para onde seu cabelo estava cortado logo
acima da gola da sua camiseta, para suas costas e, então, viajando para seus jeans
desgastados.
Deus, ele tinha uma ótima bunda. Uma obra de arte. Mesmo que seus jeans não
fossem nada justos, mas a forma geral"
Jax, inesperadamente, virou seu pescoço, olhando sobre seu ombro para mim,
justo quando eu estava olhando ele. Mais como encarando ele.
Nunca poderia.
74
“Nós não temos um estoque então todo dia precisamos conferir se o bar está
abastecido. Também precisamos fazer uma contagem de inventário. Isso já foi feito hoje,
mas eu posso te mostrar como fazer. Tenho certeza que isso mudou desde a última vez
que você esteve por aqui”.
Muitas coisas mudaram desde a última vez. Enquanto eu secava minhas mãos, eu
me perguntei se minha mãe alguma vez tinha feito uma contagem de inventário. “Quem
está administrando o bar?”
A linha em suas costas enrijeceu e ele se virou totalmente para mim. “Eu preciso
te mostrar onde guardamos tudo. A cerveja é mantida refrigerada, fora da cozinha. Os
destilados estão nos fundos”. “Ele se afastou do balcão e saiu, me deixando sem opção
além de segui-lo pelo corredor”.
Ele pegou um molho de chaves. “Não sei do que está falando, querida”.
A porta se abriu. “Viu essa lousa?” ele apontou com seu queixo para onde ela
estava pendurada perto das prateleiras. “Qualquer coisa que sair daqui, precisa ser
anotada. Qualquer coisa. Essa é a mesma planilha que fazemos o inventário”.
“O mesmo para tudo que entra. Tudo está bem arrumado aqui, então vai ser fácil
encontrar”. Ele se virou, me apressando para fora do cômodo, mas quando ele tentou
passar por mim, fiquei no seu caminho.
75
“Você vem administrando o bar e é por isso que esse lugar não é mais uma total
lástima”.
Eu virei meu queixo para a esquerda. “Não é nada como costumava ser. As coisas
estão organizadas e limpas. Mona’s está até dando lucro”.
“Mas esse ano ele foi muito melhor do que foi durante os outros anos”. Eu apontei.
“Isso é por causa...” minhas palavras ficaram presas em minha garganta quando suas mãos
seguraram meus ombros. Eu engoli.
Ele baixou sua cabeça, seu olhar segurando o meu enquanto ele falava. “Não é só
por causa de mim. Nós temos pessoas que se importam e Clyde sempre se importou. Isso
é porque estamos melhor. Foi um trabalho em equipe. Ainda é”.
Nosso olhar ficou cara a cara e, como na última noite na cozinha da minha mãe,
eu estava atordoada pelo silêncio da sua aproximação. Eu não gostava de ninguém assim
tão perto, permitindo que eles vissem minha maquiagem.
“Nós temos um publico melhor vindo agora”. Ele continuou, e seu olhar me
impedia de desviar ou me esconder. E merda, isso era muito desconfortável considerando
que eu era ótima em me esconder. Sua voz ficou ainda mais baixa. “Policiais fora de turno.
Alguns estudantes da faculdade comunitária local. Até motoqueiros que vem e não
causam problemas. Sem as péssimas pessoas que a Mona tinha aqui, mesmo que o publico
se exalte as vezes, isso ficou melhor”.
“Obviamente”. Eu murmurei.
Seus cílios impossivelmente grossos baixaram, levando junto meu olhar parando
na altura de seus lábios. Deus, como poderia ele ter uma boca assim? Aquele meio sorriso
apareceu, aquecendo meu rosto todo. “Interessante”. Ele disse.
“Você”.
76
“Eu?” Eu tentei dar um passo para trás, mas suas mãos apertaram mais meus
ombros. “Eu não sou nada interessante”.
Sua cabeça inclinou para o lado. “Eu sei que isso não é verdade”.
Por que parecia que o peso das suas mãos em meus ombros era, possivelmente,
a coisa mais prazerosa que eu tinha sentido? Mesmo que ele estivesse apenas me tocando
ali, eu sentia aquele peso percorrer todo meu corpo.
“Não sou”. Eu sussurrei finalmente e, então, a diarreia verbal estava de volta como
uma vingança da Montezuma. “Eu sou a pessoa mais entediante que já existiu. Eu nunca
fui a uma praia ou a Nova York. Nunca andei de avião ou fui a um parque de diversões. Eu
não faço nada quando estou na escola e eu...” Eu parei, deixando sair um suspiro. “De
qualquer modo, eu sou entediante”.
Deus, eu precisava achar uma agulha e linha para dar um jeito na minha boca.
Eu tentei me afastar novamente, mas não deu em nada. Meu peito levantou
rapidamente quando inalei profundamente. “Por que você se importa tanto com esse
bar?”
“Por que está colocando tanto empenho nele? Você poderia estar trabalhando em
um lugar melhor, provavelmente lidando com menos stress que administrar um bar
sozinho”.
Jax me encarou por um momento e, então, suas mãos deslizaram dos meus
ombros, pelo meus braços, deixando um rastro de arrepio no seu caminho antes de caírem
completamente. “Você sabe, se você me conhecesse melhor, você não teria de fazer essa
pergunta”.
77
“Eu não te conheço”.
“Exatamente”. Ele passou por mim e voltou para o bar, me deixando parada no
corredor, um pouco mais do que confusa.
Claro que eu não o conhecia. Eu tinha acabado de conhecer ele, ontem, então por
quê? Era só uma pergunta. Eu me virei, trazendo meu cabelo sob meu ombro esquerdo
novamente. Inalando. Exalando.
Eu tinha um problema.
Eu queria conhecer Jackson" Jax" James melhor e não deveria. Isso deveria ser a
última coisa que eu gostaria de fazer, mas não era.
Por sorte, Jax não levou isso mal. Quando alguém chegava, o que começaram a
fazer por volta das três, um depois do outro, e pediam um drink que parecia em outra
língua para mim, ele não fazia isso mais difícil. Em vez disso, ele apenas observava, dando
leves dicas se eu usasse o mexedor errado ou colocasse um pouco de bebida demais.
Tendo trabalhado como garçonete, eu sabia que conseguiria sorrir para me livrar
das piores situações. Com homens velhos e meio cegos, isso funcionava ainda melhor.
“Leve seu tempo, querida”. Um homem mais velho disse quando eu tive que jogar
fora o drink depois de ter colocado, sem medir, bebida suficiente para matar o cara. “Tudo
que tenho é tempo”.
78
“Obrigada”. Eu sorri e refiz o drink, o que era simplesmente gin e tônica.
“Melhor?”
Enquanto ele se afastava, voltando para a mesa perto da sinuca, Jax se moveu
atrás de mim. — Aqui. Deixe-me te mostrar como fazer sem medir. Se aproximando, ele
pegou um copo pequeno e a garrafa de gin. “Prestando atenção?”
Uh.
Ele estava parado tão próximo ao meu lado que eu poderia sentir o calor
emanando do seu corpo. Ele poderia estar falando sobre quantas vezes Marte circulava o
sol até onde eu sabia. “Claro”, eu murmurei.
“Nós não usamos o medidor, mas é bem simples. Basicamente, para cada
contagem, você está colocando 7,5ml. Então se você estiver colocando 45ml, você vai
contar até seis. Para cada 15ml, você vai contar até dois”.
Parecia fácil, mas depois de tentar algumas vezes, eu ainda não estava colocando
a mesma quantidade em cada contagem, e tudo que estava fazendo era desperdiçar
bebida.
“Isso fica melhor com a prática”. Ele disse, apoiando seu quadril no balcão. “Por
sorte, a maioria das pessoas prefere cerveja, shots e uns drinks mais básicos”.
“Sim, mas alguém vai vir aqui e pedir por um especial do Jax e eu vou ficar parada
como uma idiota”. Eu disse enquanto limpava a bebida que havia derramado no bar.
Jax riu. “Só eu faço ele, então você não precisa se preocupar”.
Eu o imaginei oferecendo bebidas para meninas com quem ele queria transar e,
imediatamente percebi o quanto não gostava dessa imagem. “Bem, bom saber disso”.
“Você está indo bem”. Empurrando para fora do bar, ele colocou sua mão nas
minhas costas enquanto inclinava seus lábios perigosamente perto da minha orelha, me
fazendo enrijecer enquanto ele falava, ar quente dançando sobre minha pele. “Apenas
continue sorrindo como você estava e qualquer homem vai perdoar você”.
79
Meus olhos se arregalaram enquanto ele andava para a outra ponta do bar,
cruzando os braços enquanto um dos caras que estava sentado dizia algo a ele.
Não havia duvidas que Jax sabia flertar. Enquanto eu me afastava do balcão do
bar, limpando meu rosto do que eu imaginei que fosse um sorriso estúpido, eu olhei para
o fim do balcão.
Jax estava rindo. Ele tinha essa risada profunda, onde ele levantava seu queixo e
soltava um profundo som como se ele não desse a mínima para o mundo. O som ficou
preso no canto dos meus lábios. Com quem fosse que ele estivesse falando parecia ter a
sua idade, o que ainda era um mistério. O rapaz também era atraente" cabelo castanho
escuro, um pouco mais comprido do que eu preferia, mas não tão longo quanto o do Jase.
De onde eu conseguia ver, ele também tinha ombros largos.
Roxy chegou no começo da noite, e ela foi outra surpresa. Eu não era a garota mais
alta, tendo mais ou menos 1,70m, mas ela era uma coisa minúscula. Mal passando de
1,50m, ela tinha uma massa de cabelo castanho claro com mechas vermelho escuro preso
em um coque alto. Ela estava usando uma armação preta que complementava as feições
de seu rosto e estava vestida mais ou menos como eu, em jeans e uma camiseta. Eu decidi
imediatamente que gostava dela, principalmente por que ela estava usando uma camiseta
do Supernatural, com Dean e Sam nela.
Seus olhos se arregalaram quando ela me viu do outro lado do bar, e Jax
rapidamente a chamou, indicando para onde ele estava apoiado no balcão. O que quer que
ele disse a Roxy fez ela olhar na minha direção.
Quando ela, finalmente, terminou de falar com ele, ele voltou a conversar com o
outro cara quente. Eu me forcei a inalar profundamente para me acalmar. Conhecer
pessoas novas pela primeira vez era... Difícil. Teresa provavelmente nunca viu esse meu
outro lado porque acabamos nos aproximando rapidamente devido nosso desinteresse
80
mutual na aula de Apreciação Musical, mas tipicamente eu não era boa conhecendo
pessoas novas. Por mais patético que isso soasse, eu sempre me preocupei que eles
ficassem prestando atenção demais na cicatriz no meu rosto, quando eu sabia que eles
iriam, porque eu iria. Era a natureza humana.
Ela tirou sua bolsa de seu ombro. “Jax disse que você estuda em Shepherd,
enfermagem?”
Meu olhar foi direto para onde ele estava. Merda, ele trabalhava e falava rápido.
“Sim. Você está na faculdade comunitária?”
“Yeppers peppers”. Levantando uma mão, ela ajustou seus óculos. “Nada tão legal
quanto enfermagem. Estou estudando design gráfico”.
Ela concordou. “Sim. Desenhar e pintar meio que corre no sangue da minha
família. Não é a profissão mais lucrativa, mas é algo que eu amo fazer. Imaginei que
transformar isso em design gráfico fosse melhor do que levar a vida de uma artista
faminta”.
“Estou com inveja”. Eu admiti, penteando meu cabelo sob meu ombro esquerdo.
“Eu sempre quis saber desenhar, mas não consigo nem mesmo fazer um boneco palito
sem que pareça estúpido. Duas coisas que realmente não tenho" jeito para artes e talento.
Uma risada escapou dela. “Tenho certeza que seu talento é outra coisa”.
Roxy riu novamente, e eu vi Jax olhar para nós. “Esse é um verdadeiro talento.
Vou guardar minha bolsa. Já volto”.
Quando ela voltou, nós trabalhamos juntas no bar e, como Jax, ela era super
simpática e paciente. Os clientes adoravam seu senso de humor, o que incluía desenhos
81
nos guardanapos que ela distribuía e, aparentemente, tinha a ver com sua escolha de
camisetas. Parecia que várias pessoas olhavam o que sua camiseta dizia antes de fazer um
pedido.
O bar não estava muito cheio, mas enquanto a quinta feira ia passando, a parte
das mesas foi enchendo e, porque eu era lerda demais, eu saio de trás do bar.
“O que?”
Aquele meio sorriso apareceu enquanto sua mão segurava meu braço, me
puxando em sua direção. Eu mordi meu lábio inferior enquanto cambaleava para frente,
não tendo ideia do que ele estava tramando. Eu cheguei perto dele, perto o suficiente para,
quando ele abaixou, seu braço roçou na minha coxa.
Eu suspirei quando vi que ela tinha um amarrado em sua cintura e o peguei. “Que
seja”.
“A última vez que olhei, eu sabia amarrar um avental sem" Eu congelei. De algum
modo o avental estava de volta em suas mãos enquanto a outra estava em meu quadril,
me segurando. “O que está fazendo?”
“Te ajudando”. Ele se inclinou, levando sua boca para minha orelha esquerda e,
imediatamente, eu virei minha bochecha. “Nervosa?” ele perguntou.
Eu balancei minha cabeça, descobrindo que eu não sabia mais como formar
silabas, e que isso era vergonhoso.
82
Sem dizer outra palavra, ele me virou para que minhas costas estivessem de
frente para ele e deslizou um braço entre a cintura e meu braço. Eu não me atrevi a me
mexer.
“Você pode respirar, você sabe”. Seu braço passou pela parte de baixo do meu
estômago, mandando uma série de arrepios enquanto ele ajeitava o avental.
“Sim”.
Pearl entrou no bar nesse momento, carregando uma bandeja de copos limpos.
Ela levantou uma sobrancelha na nossa direção. “Ocupando suas mãos, Jackie boy?”
Jax riu não muito longe da minha orelha. “Fazer nós é difícil”.
Meu rosto parecia que tinha sido queimado pelo sol quando ele terminou o que
levou um tempo absurdo se você pensar sobre isso. Quando eu senti o puxão final do nó
sendo feito, ele segurou a lateral do meu quadril.
“Tudo certo”. Suas mãos deslizaram pelo meu quadril e, então, ele estava me
dando um pequeno empurrão em direção ao fim do bar. “Se divirta”.
Atirando um olhar a ele por cima do meu ombro, meus lábios se partiram
enquanto ele deixava sair aquela maldita risada que eu decidi que não, em nenhuma
circunstância, acharia sexy. Nope. Nunca.
83
Capítulo Sete
Ajudando a servir mesas com Pear, anotando pedidos para o bar e pegar comida
da cozinha não era ruim. Eu não tinha certeza o que mudava em relação as gorjetas, desde
que eu não era realmente uma funcionária que não tinha um salário fixo, mas eu esperava
que não fossem ruins
Eu deixei um prato de wings11 em uma mesa que imaginei estar cheias de policiais
a paisana, ou do exército, baseado em seus, quase idênticos, cabelos raspados. E puta
merda, haviam vários caras yummy sentados ali. O cara quente que Jax estava
conversando se juntou a ele e, eu estava um pouco nervosa em me aproximar daquela
mesa desde que eu estava imaginando eles vestidos em diversos uniformes na minha
cabeça.
11
Prato com as coxinhas da asa do frango
84
inapropriados para o trabalho no bar, fazendo meus pés doerem, mas eu não queria
reclamar.
Ele passou a mão na frente da sua camiseta gigante enquanto seu olhar desviava
de mim. “Uh, que tal uma Bud?”
“Lata ou garrafa?”
“Garrafa”. Seu olhar voltou para mim enquanto ele arrumava seus jeans largos.
“Já trago”. Me virando, eu passei por Jax e peguei uma garrafa. Quando o Mona’s
costumava ficar cheio, era uma loucura no bar e eu meio que estava surpreendentemente
animada pela perspectiva. Havia algo meio Zen em ficar tão ocupada. Voltando para o
cliente, eu abri a tampa, sorrindo quando um pequeno ar gelado saiu pelo gargalo. “Conta
ou você vai pagando?”
Minha sobrancelha levantou. “Pena?” Eu realmente duvidava que esse era seu
nome. “Me desculpe?”
Eu olhei ao redor, sem ter certeza do que ele estava falando, me perguntando se
ele já estava bêbado. Eu não precisei interromper ninguém ainda, e realmente não estava
ansiando por esse momento. Pelo canto de olho vi Jax parar e inclinar seu corpo em nossa
direção. “Me desculpe”, eu disse, “Eu não estou entendendo”.
Com uma mão segurando sua cerveja, ele fez um circulo no ar em direção onde
meu rosto estava. “Seu rosto”, ele especificou e eu inalei profundamente. “É uma pena”.
12
Trocadinho de Shame (pena) com Shane (um nome comum)
85
Cada músculo no meu corpo travou enquanto eu encarava o rapaz. De um modo,
talvez porque eu estive tão ocupada, eu tinha feito o impossível. Eu tinha esquecido da
cicatriz. Isso não era uma coisa fácil de acontecer. Ela não tinha somente cortado a pele,
ela tinha se aprofundado, se tornando uma parte tangível de mim. Eu sabia que ela era
visível, mesmo com a Dermablend13, ela apenas clareava para um leve corte, mas eu tinha
esquecido.
Tomando outro grande gole da sua cerveja, ele continuou. “Eu aposto que você
foi realmente gostosa em um ponto”.
Aquele comentário ficou. Oh Sim, era como pisar em uma buzina. Isso não deveria
me incomodar, a opinião de algum idiota aleatório, mas a picada passou por mim. Eu não
sabia como responder. Tinha se passado tanto tempo desde que alguém comentou sobre
ela. Provavelmente porque as pessoas que me conheciam, que não ficavam horrorizadas
pela cicatriz, sempre me ajudavam quando a maquiagem saia ao longo do dia.
“Dê o fora”.
Eu pulei ao ouvir o som de sua profunda voz, rugindo atrás de mim enquanto eu
me virava. Jax estava parado ali, seus olhos brilhando e seu maxilar tenso, preso em uma
linha reta. Embasbacada, eu me perguntei por que ele queria que eu saísse. Eu não tinha
feito nada e não era como se ele não tivesse percebido que meu rosto era levemente
desfigurado.
Duh.
Jax estava encarando o cara do outro lado do bar, e ele estava se aproximando.
Batendo uma mão no balcão, ele pulou sobre o bar, aterrissando do outro lado a
centímetros do cara.
13
Uma marca de bases de alta cobertura.
86
Eu nunca tinha visto ninguém fazer algo como aquilo. Nem sabia que era possível.
Jax nem encostou nos bancos do bar. Era como se ele pulasse o bar todo dia. Talvez era
isso que ele fazia no seu tempo livre, pulando de novo e de novo sobre o bar.
Pearl parou no meio do salão, encarando Jax, e ela não parecia estar surpresa, o
que eu achei estranho. Seu amigo que estava em uma das mesas levantou. O resto dos
homens naquela mesa se revirou em seus lugares, encarando, mas não com curiosidade.
Mais como se eles estivessem prontos para pular a qualquer segundo.
Jax pegou a garrafa do cara enquanto empurrava o cara com a outra mão,
afastando ele alguns metros.
“Eu disse para dar o fora daqui”. Jax estava cara a cara com ele, e sendo um bom
tanto mais alto, era bem impressionante. “Nesse maldito segundo, seu pseudo-gangster”.
“Mas que porra? Eu não fiz nada de errado”. O cara de camiseta branca se afastou.
“Apenas estava tentando beber”.
“Eu não dou a mínima para o que você estava tentando fazer”. Os músculos em
suas costas ficaram tensos sob sua camiseta. “Tudo que me importo agora é que você saia
desse bar”.
“Cara, isso é muito errado”. O cara de camiseta branca inclinou sua cabeça para o
lado como se ele estivesse provocando, o que pela aparência e pelo som que Jax fez, eu
podia dizer que foi uma má idéia. “Você não pode simplesmente me expulsar por essa
merda”.
Meu estômago revirou novamente e, antes que eu pudesse perceber o que estava
fazendo, eu levantei minha mão, pressionando meus dedos contra a linha saltada em
minha bochecha. Me forcei a afastar minha mão.
Ele não havia terminado. “O que você esperava, cara? Não é minha culpa que ela
é a filha da Mona. E não é como se você não pudesse ver seu rosto"
87
“Termine essa frase e eu vou foder tanto com seu rosto que você vai enxergar
dobrado pelo resto da sua vida, seu idiota”.
Oh Deus, isso estava saindo fora de controle. Eu fui em direção ao balcão. “Jax,
apenas esqueça isso. Não foi nada”.
O rosto do cara de camiseta branca ficou um rosa profundo. “Aw, cara, você está
começando realmente a me irritar”.
Graças a Deus que seu amigo estava em pé ao seu lado agora, porque Jax parecia
não ter me ouvido. “Vamos lá, Mack”, o amigo de Jax disse, segurando ele pelo braço e, de
uma maneira nada gentil, o guiando pela porta. “Vamos dar o fora daqui antes que Jax
encoste em você”.
Ah, então Reece, seu amigo, era um policial. Com as mãos trêmulas, eu as
esfreguei pelas minhas coxas, esperando que essa cena toda terminasse logo. Todos no
bar estavam ouvindo isso sob a música, observando esse confronto. Isso só deixava as
coisas piores.
“Você é perturbada”. Mack disse, parando na porta para que pudesse ter suas
últimas palavras. “Você acha que tem problemas agora? Você ainda não viu merda
nenhuma. Sua mãe...”
“Deus, vocês nunca aprendem”, Reece gritou, empurrando Mack porta a fora e,
enquanto ele desaparecia na noite, Reece olhou para Jax. “Vou ter certeza que esse pedaço
de merda saia daqui”.
88
“Isso foi por causa de Mona?” Pearl perguntou em uma voz baixa, e isso respondia
por que ela não estava surpresa quando Jax pulou sobre o bar. “Ela fez"
“Não”. Ele gemeu, dando a volta no bar. “Cuide do bar até que Roxy saia de sua
pausa”.
Pearl ficou confusa, mas concordou enquanto arrumava seu cabelo loiro. “Pode
deixar”.
Eu não me movi enquanto observei Jax dar a volta pelo bar parando na entrada.
Ele fez um gesto para mim. “Venha aqui".
Meu coração estava a mil e eu não queria me mover, porque ele soava e parecia
irritado, e eu não tinha certeza se ele estava bravo comigo. Depois de tudo, ele tinha
concordado comigo trabalhando aqui, mas isso não queria dizer que ele estava do meu
lado. Considerando que a briga quase estourou minha primeira noite de trabalho, não era
um bom sinal.
“Venha aqui”. Jax pediu novamente, sua voz dura e seca. “Agora”.
“Jax” -
Ele segurou minha mão, me puxando pelo resto do caminho de trás do bar. “Agora
não”.
Demandou muito da minha vontade, mas mantive minha boca fechada enquanto
ele me guiava pelo corredor, em direção ao escritório. Abrindo a porta, ele me guiou para
dentro e meu estômago estava em algum lugar perto dos meus pés enquanto ele fechava
a porta. Eu tentei novamente, mas quando ele me virou, sua mão ainda em volta da minha,
todas as palavras que eu tinha na ponta da língua morreram.
89
“Você está pedindo desculpas?”
Meu olhar levantou para encontrar o dele. “Sim, eu acho. Quero dizer, o cara foi
um idiota, mas ele"
“Você está falando sério?” Seus olhos estavam tão escuros que eu me perguntei
como eles mudavam de cor assim tão fácil. “Você não tem que pedir desculpa nenhuma
por aquele imbecil”.
“Eu não ligo se é sua primeira noite ou sua décima, se alguém agir daquele jeito,
ele está fora. Sem segunda chance”. Ele estava olhando para mim, e seus olhos estavam
tão intensos como se ele pudesse ver tudo além de mim.
“O que?” Seus olhos arregalaram enquanto sua mão se moveu para meu cotovelo.
“Qual razão eu teria para ficar bravo com você, Calla?”
Eu balancei minha cabeça. Pensando melhor sobre isso, realmente soava como
uma pergunta idiota.
De repente, eu estava desesperada para sair desse cômodo ou, pelo menos, mudar
de assunto. “Ele disse algo sobre problema, Mack disse. Ele estava falando sobre minha
mãe?”
Essas palavras ficaram se repetindo na minha cabeça. Ele queria ter certeza que
eu estava bem e isso... Isso era gentil.
“Você não fez nada de errado lá”, Jax continuou enquanto apertava gentilmente
meu braço, de um jeito confortante. “Eu estou irritado porque foi tudo besteira”.
90
“Sim, bem, foi, mas...”
Calor atingiu meu rosto e eu dei um passo para trás, o mais longe que conseguia
ir com sua mão ainda segurando meu cotovelo.
“O que, Calla?” Ele reclamou o espaço, a ponta de suas botas encostando em meus
dedos.
Eu dei outro passo para trás, ficando contra a parede, minhas costas encostadas
nela, e ele ainda estava na minha frente. Meu corpo todo tremia em reconhecimento. Eu
comecei a desviar o olhar, a virar minha cabeça.
Como na noite anterior, dois dedos encontraram meu queixo, forçando meu rosto
na direção do dele, e sua cabeça estava se abaixando em direção da minha. E sua boca...
Estava a centímetros da minha.
“Você não acredita no que ele disse, né?” Sua voz era baixa, calma.
Ele soltou meu braço e pressionou sua mão contra a parede, mantendo a outra
ainda em meu queixo. “Eu não posso acreditar nessa merda”.
“Sim”, eu suspirei. O que eu estava prestes a dizer era verdade. “Eu sei o que as
pessoas veem quando olham pra mim. A maioria não diz nada porque não são idiotas, mas
eu sei o que eles veem”. É desse jeito desde que eu tinha dez anos. E nada mudou desde
lá.
14
Uma página com frases realistas usando imagens de várias personagens chamadas Rachel em sitcons.
91
“Eu realmente preciso falar isso em voz alta?” Eu retruquei, irritada e frustrada e
sentindo mais um monte de coisa. “Eu acho que é bem óbvio”.
Mesmo que eu estivesse tentando dizer isso esse tempo todo, ouvindo ele
concordar comigo ainda parecia como levar um soco. Eu queria desviar meu olhar, mas
ele não estava permitindo isso. “Eu acho que precisamos voltar"
Oh meu Deus...
Não houve um aviso, nada que pudesse indicar o que ele estava prestes a fazer.
Um segundo eu estava falando e, no outro, sua boca estava na minha.
92
Capítulo Oito
Meu cérebro entrou em curto circuito no momento que eu realmente entendi que
Jax estava me beijando que, na realidade, seus lábios estavam nos meus.
Não, não foi profundo e não envolveu línguas, nada como os beijos que eu li sobre
em romances, o tipo molhado que parecia meio nojento, mas eu imaginei que, se feito
corretamente, iria me fazer querer arrancar meus shorts como se não houvesse amanhã,
mas esse beijo... era real.
Meus braços estavam congelados ao meu lado, mas eu podia sentir meu corpo
começando a se inclinar para frente, se afastando da parede indo em direção ao dele.
Nossos corpos não se tocaram, o que provavelmente foi uma coisa boa.
Jax levantou sua cabeça da minha, e eu percebi que meus olhos estavam fechados.
Mesmo assim, eu podia sentir seu olhar nas minhas bochechas quentes, no meu nariz...
meus olhos.
“Você me beijou”, eu sussurrei, e Sim, era uma observação estupida, mas eu estava
me sentindo bem estúpida.
“Sim.” Sua voz soava mais profunda, rouca. Mais sexy. “ Eu beijei”.
Ele se apoiou, um braço na parede absorvendo seu peso enquanto tirava sua mão
do meu queixo. “Eu não beijo meninas que eu não acho que são quentes pra cacete ou
lindas. Então, você entende meu ponto?”
93
Havia uma confusão em meu cérebro. “ Você me beijou para provar um ponto?”
Era isso. Eu não sabia se deveria me sentir ofendida dele ter me beijado para
provar seu ponto e que provavelmente não significava nada mais do que um beijo, ou me
sentir honrada que ele pelo beijo por que achava que eu era quente pra cacete e bonita.
Eu não sabia o que pensar ou dizer, então só bati minhas costas contra a parede
enquanto ele se afastava. Um meio sorriso apareceu, enquanto ele ia em direção a porta e
a abria.
“Nada como isso vai acontecer novamente nesse bar”, Jax disse e, então, ele saiu.
Ele tinha dito isso como uma promessa, uma promessa onde ele sabia que não ia
conseguir cumprir, mas era mais como... outra coisa gostosa para se fazer.
Era isso.
Semanas depois, tudo tinha mudado. Aqui estava eu, no Mona’s com uma mãe
desaparecida, sem dinheiro, meu futuro completamente em jogo e um membro não oficial
da Brigada dos Caras Quentes tinha me beijado.
Mas aquele beijo... para provar um ponto ou não, tinha sido importante. Muito
importante. Depois de tudo, tinha sido meu primeiro beijo de verdade.
Por varias razões eu fiquei feliz quando Pearl apareceu no corredor, me avisando
que ela iria me levar para casa. Por mais que eu odiasse ser dispensada desse jeito, como
se eu não pudesse opinar no que estivesse acontecendo, depois do que tinha acontecido
94
com Mack e, depois com Jax, eu não era contra sair do bar e limpar minha cabeça das
coisas ruins e das não tão ruins.
Eu peguei minha bolsa e disse adeus para Clyde. No meu caminho, eu disse a mim
mesma para não olhar para Jax, e eu consegui cumprir isso por dois segundos. Na porta,
eu olhei para o bar concorrido. Jax estava lá com Roxy. Ambos sorrindo e rindo enquanto
trabalhavam com os fregueses.
Roxy olhou para cima, me dando um pequeno e discreto aceno, que eu devolvi.
Pearl manteve a conversa leve enquanto dirigia para minha casa, novamente sem
eu precisar mostrar o caminho. Eu gostava dela, e pelo fato dela ter praticamente a mesma
idade que minha mãe, eu meio que imaginava que era assim que minha mãe pareceria se
ela não tivesse decidido desperdiçar sua vida.
Quando Pearl chegou em casa, ela me parou antes que eu pudesse sair. “Oh, quase
esqueci”. Se esticando em direção ao banco de trás do seu Honda velho, ela pegou um
bolinho de dinheiro. “ Os rapazes que pediram as wings te deixaram uma gorjeta”.
Ah, a mesa dos policiais. Sorrindo, eu peguei o dinheiro, já sabendo que era muito
para uma gorjeta normal. “Obrigada”.
“Sem problema. Agora, leve sua bunda para dentro e descanse.“ Ela deu um
grande sorriso.
Pearl concordou e ela esperou até que eu tivesse me trancado do lado de dentro
da casa para sair. Ligando a luz do corredor, eu tentei ignorar o sentimento de nostalgia
que me atingiu. Meus olhos se fecharam e eu fui transportada de volta para quando tinha
dezesseis, chegando em casa tarde depois de ter passado a tarde com Clyde no bar. Eu não
15
ASAP = As Soon As Possible = O Mais Rápido Possível
95
precisava tentar imaginar o som da risada da minha mãe. Ela sempre teve uma boa risada
barulhenta e rouca, o tipo de risada que chamava as pessoas para ela, mas o lado ruim era
que ela não fazia isso com frequência. E quando ela fazia, normalmente significava que ela
estava tão alta que podia lamber as nuvens.
A casa tinha estado cheia com seus amigos, outras crianças grandes que tinham
seus próprios filhos em casa mas estavam mais interessados em festejar do que ser
responsáveis.
Eu andei pelo corredor, vendo o que tinha acontecido a cinco anos. Algum cara
estranho tinha desmaiado no chão da sala. Minha mãe no sofá, uma garrafa em sua mão;
outro cara que eu nunca tinha visto antes com seu rosto enterrado em seu pescoço e uma
mão entre suas pernas.
Minha mãe nem tinha percebido que eu havia chegado em casa. Foi o cara em
cima dela que percebeu e ele me convidou para me juntar a festa. Eu tinha ido para o andar
de cima, fingindo que eles não estavam aqui.
Exceto que o cara no chão ainda não tinha se movido depois de uma hora e,
finalmente alguém na casa tinha ficado preocupado.
Minha mãe tinha parado depois disso... bem, pelo menos, por uns meses.
96
Balançando minha cabeça, eu deixei minha bolsa no sofá e empurrei esses
pensamentos para longe. Peguei um elástico de cabelo do bolso e amarrei meu cabelo em
um rápido coque.
Sem querer passar outra noite no sofá nem no andar de cima, eu finalmente
arranquei os lençóis da cama do andar de baixo e os joguei na lavadora junto com a colcha
que encontrei no armário no andar de cima, me forçando a não usar muito Lysol16 no
colchão. A única coisa que me impediu é que o colchão parecia relativamente novo e não
haviam manchas suspeitas nele.
Eu não sabia o que pensar nem como me sentir sobre isso. Ela me roubou, jogando
a maior bomba na minha vida. Ela tinha roubado de outros. E ela estava ai fora, ou
surtando ou tão fodida que nem sabia o que tinha feito.
Pegando o dinheiro do meu bolso, eu contei trinta dólares mais os vinte que os
policiais tinham deixado. Essa quantia parecia excessiva, e provavelmente tinha mais a
ver com pena do que meu serviço, mas para a primeira noite não tinha sido ruim. Eu
guardei o dinheiro na minha carteira depois de colocar minha bolsa no quarto do andar
de baixo.
16
Uma marca de desinfetante.
97
eu tinha considerado a ideia, mas me inclinando para frente, eu passei minha mão por ele,
limpando-o.
Talvez fosse o stress de tudo que estava acontecendo. Talvez fosse o que aquele
cara Mack tinha dito no bar. Talvez fosse por Jax e o beijo. Provavelmente o beijo, mas não
importava, porque eu estava fazendo isso.
Eu sempre tinha evitado olhar para mim mesma, especialmente logo depois, e
então, pelas várias camadas de cicatrização que vieram nos anos seguintes. Como eu disse
anos desde que eu olhei meu corpo todo em um espelho. Era só algo que eu não me
permitia fazer.
Minha clavícula era OK, pele em um tom de pêssego. Eu tinha um ótimo tom de
pele, perfeito para realmente usar maquiagem e me exibir. A parte de cima do meu peito
era macia. Então, meu olhar caiu.
O mesmo tipo de cicatriz que tinha estragado meu rosto tinha tido uma chance
com meu seio esquerdo, começando logo no topo do inchaço, passando em volta da
aureola, por pouco não acertando meu mamilo. Eu tive sorte. Ter apenas um mamilo seria
uma merda. Não que alguém tivesse visto eles, mas ainda assim, eu não queria pensar em
mim mesma como a ‘Calla Um Mamilo’. Meu outro seio era bom. Ambos tinham um
tamanho decente, eu pensava, mas a pele entre eles estava descoloria, um tom mais claro.
Queimaduras de segundo grau. As cicatrizes eram apenas a mudança do pigmento mas,
então, havia minha barriga.
Eu parecia um sofá velho que alguém tinha usado vários tons de pele para fazer
o tecido. Sério. Queimaduras de terceiro grau não eram brincadeira.
98
fazendo a pele saltar, quase parecendo rugas, e de uma cor muito mais profunda, quase
marrom.
Meu pai já tinha ido embora nessa época, desaparecendo do drama e luto para o
grande desconhecido. Quando eu me formei no colegial, com a ajuda de Clyde, eu consegui
rastrear meu pai.
E depois de uma ligação, eu sabia que ele não queria retomar os laços de pai e
filha.
Então ele estava ausente quando precisei retornar para os enxertos de pele nas
minhas costas e minha mãe... bem, eu achava que ela tinha se esquecido das consultas ou
tinha parado de se importar.
Eu fechei meus olhos enquanto me virava, mas eu ainda podia me ver. Não foi
bonito. Poderia ser pior. Quando eu estive no chão pegando fogo, eu tinha visto o pior.
Crianças pequenas que brincavam com fogo. Adultos em acidentes de carro. A pele,
literalmente, derretia. E, então, haviam as pessoas" as crianças" que não sobreviviam aos
incêndios, seja pela fumaça ou pelo fogo. Então eu sabia que poderia ter sido pior, mas
não importava o que eu fizesse, não importava o quão longe eu viajasse ou por quanto
tempo eu ficasse longe, a noite do incêndio ainda deixava sua marca em mim, fisicamente
e emocionalmente.
Beijar.
99
Eu mordi meu lábio inferior até sentir gosto de sangue.
Beijar era estúpido. Ter uma queda por Brandon tinha sido estúpido. Beijar Jax
Johnson era ainda mais estúpido. Tudo era estúpido.
Correndo para longe do espelho, eu vesti um shorts de algodão com uma camiseta
de manga longa. Por alguma razão, não importando a época do ano, essa casa ficava gelada
e poderia ficar pior a noite, então coloquei também um par de meias para manter meus
pés quentes.
Eu fui para a cozinha, minha barriga fazendo barulho, mas a viagem foi bem inútil
porque tudo que havia na dispensa eram bolachas de agua e sal. Pegando um pacote, eu
me prometi que, não importando a condição que meu carro estivesse, eu iria ao mercado
e gastaria um pouco daqueles cinquenta dólares em lamen17.
Levando o pacote de bolachas e um pouco do chá que eu tinha feito ontem a noite
para a sala, eu parei quando ouvi uma batida na porta.
Pelo que eu podia ver, não tinha ninguém. Apoiando minhas mãos na porta, eu
olhei novamente pelo olho mágico. A varanda estava vazia.
Pelo que eu pude ver do cara na fraca luz da noite, não era coisa boa. Alto e
realmente magro, ele tinha um cabelo loiro na altura dos ombros e estava gorduroso e
fedido. Seu rosto era esquelético e seus lábios estavam cortados. Eca. Eu não queria ver
17
Macarrão instantâneo (o famoso miojo)
100
mais nada . Eu dei um passo para trás, para fechar a porta, mas quando tentei ele bateu
uma mão na porta.
“Ela n-não está aqui. Desculpa”. Eu comecei a fechar a porta novamente, mas ele
colocou uma perna na fresta e empurrou, empurrou mais forte que eu pensei que pudesse,
me empurrando para trás. Eu bati na parede, minha cabeça indo junto. Havia um pequeno
fio de dor que rapidamente aumentou quando a porta voou em minha direção, batendo
na minha testa.
O cara com o cabelo gorduroso entrou, olhando para onde eu estava espremida
como um inseto. “Desculpe”. Ele disse, empurrando a porta de mim e a fechando com sua
bota de motoqueiro. “Eu preciso ver Mona”.
Eu pisquei algumas vezes e pressionei minha palma contra minha testa. Por um
momento, eu achei que tinha visto passarinhos.
Eu corri pelo corredor, ainda meio tonta. “Ela não está aqui”.
Merda.
As marcas.
Merda dupla.
101
“Mona não está aqui,” eu tentei novamente, meu coração acelerado em potência
máxima, o que fazia com que minha testa parecesse a miniatura de uma taboa sendo
martelada.
Merda tripa. Isso estava em tudo que era lugar e, agora, perto de mim.
O cara do cabelo gorduroso se virou para mim, seus olhos eram um azul pálido,
sem foco. Eu não tinha certeza se ele estava me vendo. “Ela deve ter alguma merda aqui.
Sei que ela tem”.
Meus olhos arregalaram. Melhor que não tivesse merda nenhuma aqui.
Sem dizer outra palavra, ele passou por mim, indo para o quarto. Meu coração
pulou no meu peito. “O que você está fazendo?” eu ordenei.
Ele não respondeu enquanto ele foi direto para a cama, arrancando os lençóis
limpos e as fronhas.
“Hey!” eu gritei
Ainda assim ele me ignorou enquanto deslizava suas mãos sobre o colchão e o
virava. Quando ele não encontrou nada, ele deixou sair vários xingamentos.
Eu andei em sua direção, mas ele me empurrou de volta e gritou. “Fique longe!”
Meu estômago revirou, e eu fiquei longe enquanto ele ia para a cômoda, tirando
minhas roupas dobradas, depois indo para o armário. Por algum motivo divino, ele não
foi em direção a minha bolsa depois de ter revirado o quarto todo que eu tinha acabado
de arrumar.
Então ele parou na entrada do banheiro, suas costas retas. Um olhar estranho
passou pelo seu rosto. “Merda”. O cara do cabelo gorduroso se virou e saiu do quarto, indo
para as escadas.
102
Oh não. Onde ele achava que estava indo? Com as mãos trêmulas, eu tentei ficar
na sua frente, bloqueando as escadas. “Me desculpe, mas ela não está aqui. Eu não sei onde
ela está ou o que você está procurando, mas você não precisa"
“Olhe, eu não sei quem você é e não dou a mínima. Mas eu não tenho nenhum
problema com você”. Ele disse. “Então, não me faça ter problemas com você. Okay?”
Ele me encarou por um momento então seu olhar se voltou para minha bochecha.
“Você é a filha da Mona, não?”
Eu não respondi por que eu não sabia se isso queria dizer que eu teria problemas
com ele.
“Merda, isso deve ser uma bosta para você”, ele disse então, abaixou sua mão. O
cara do cabelo gorduroso subiu a escada.
Contra o bom senso comum, eu o segui pela escada até o quarto meu antigo
quarto. O cara do cabelo gorduroso sabia pelo que estava procurando. Ele foi direto para
o armário e abriu bruscamente a porta, me surpreendendo pelo fato dela não ter
quebrado. Então ele ficou de joelhos, se inclinando para um espaço apertado. Segurando
minha respiração, eu espiei por trás dele, debatendo comigo mesma se eu deveria pegar
o abajur e atacar ele.
Oh não.
103
Eu não queria olhar, mas eu tinha que. O cara do cabelo gorduroso estava
segurando não um, mas pelo menos, dez pacotes Ziploc pacotes cheios de algo marrom
que me lembrava açúcar mascavo.
O cara do cabelo gorduroso não me ouviu. Ele estava olhando para os pacotes em
sua mão como se ele estivesse há segundos de abrir um e enfiar seu rosto naquela
porcaria.
O cara do cabelo gorduroso parecia ter esquecido que eu existia, o que era ok por
mim. Ele desceu pelas escadas e, uns segundos depois, ouvi a porta bater, fechada, me
fazendo pular.
Eu não sabia quanto tempo fiquei naquele quarto, olhando para a porta aberta do
armário antes que eu forçasse meus pés a se moverem. Eu fui para o andar de baixo, para
o quarto, pegando meu celular da minha bolsa. Minha mão tremia enquanto eu ligava para
Clyde.
Era tarde e ele, provavelmente, ainda estava no bar. “Um cara esteve aqui”.
Ouve uma pausa, então sua voz ficou realmente baixa e séria. “O que aconteceu?”
Eu disse a ele tudo com pressa, então ele me disse para me assegurar que a porta
estava fechada bom ponto e para aguentar. Ele estava vindo. Não havia nada que ele
pudesse fazer agora, mas eu estava grata. Na verdade, eu estava assustada. Muito
assustada.
104
Eu olhei pelo olho mágico novamente e dessa vez eu vi alguém do lado de fora -
alguém que mandou meu coração já acelerado a um nível de ataque cardíaco.
105
Capítulo Nove
“Mas que porra você estava pensando?”, foi a primeira coisa que saiu da boca de
Jax quando eu abri a porta.
Eu tinha uma pergunta melhor. “O que você está fazendo aqui? Eu liguei para
Clyde”.
Ainda não aceitando o fato de Jax estar, de repente, na minha varanda, eu pisquei
lentamente. “Que pergunta?”
Ele dobrou seus braços bem definidos sobre seu peito. “Então, deixe-me ver se
entendi direito. Você ouviu uma batida na porta, foi e realmente usou o olho mágico mas,
quando não viu ninguém, você pensou Oh, mas que inferno, eu vou apenas abrir a porta?
Você, por acaso, pensou que alguém poderia estar se escondendo?”
Oh wow, ele parecia irritado, mas ele poderia ir se ferrar. “O cara não estava se
escondendo. Ele estava sentado”.
Suas sobrancelhas castanhas dispararam para cima. “Você sabia disso quando
abriu a porta?”
“Então, por que inferno você a abriu?” Ele perguntou novamente, seus olhos
ficando escuros.
106
“Veja, eu entendi que abrir a porta foi idiotice”. Segurei mais forte meu celular,
meio que querendo bater com minha outra mão em seu peito. “Eu não estava pensando”.
Meus olhos se estreitaram. “Eu entendi. Eu não preciso que você aponte meu
erro”.
“Jesus Cristo, Calla, eu te disse o tipo de merda que sua mãe estava envolvida e eu
te disse para não ficar aqui. A última coisa que você precisava fazer era abrir a porta no
meio da noite”.
Uma expressão assustadora apareceu em seus olhos e, de repente, ele estava bem
na minha frente, se movendo como no escritório mais cedo. Eu me afastei, acertando a
parede, e não havia outro lugar que pudesse ir. A ponta de seus dedos pressionaram
levemente na minha teste, do lado direito. Seu olhar, confuso e sombrio, estava fixo
naquela área.
Meu coração batia tão rápido como quando o cara do cabelo gorduroso tinha
entrado na casa. “Jax...?”
“Não”. Eu sussurrei.
“Então, o que aconteceu com sua testa? Está vermelha e inchada”. Sua voz era
gélida e dura.
“Foi a porta. Quando ele empurrou para abrir. Eu meio que estava parada no
caminho”. Raiva surgiu naqueles olhos, e seu maxilar ficou tenso. “Ele realmente não me
machucou, Jax. Ele apenas queria pegar o que tinha nessa casa”.
A tensão em seu maxilar não aliviou e um longo momento se passou onde eu não
consegui respirar. “Você está bem?”
107
Nosso olhar se encontrou novamente. “Sim. É só que... me assustou”. Eu não
esperava por aquilo. Soava estupido considerando que ele tinha me avisado. “Eu não sabia
que aquele tipo de coisa ainda estava na casa”.
“Eu sei”. Sua voz ficou mais baixa, mais suave e quanto mais ele olhava para mim,
mais pequenos redemoinhos se formavam em meu peito, o que eram vários avisos para
me afastar. “Clyde disse que você contou para ele que o cara achou alguma coisa?”
Um momento se passou onde eu apenas fiquei ali, parada, uma mão segurando o
telefone entre meus seios. Então me forcei a me afastar da parede. Ainda sem saber
porque Jax veio no lugar de Clyde, eu o segui. Ele estava no meio da escada, e nenhum de
nós falou até que ele estivesse na frente do armário, segurando um pedaço de reboco.
“Eram várias sacolas de algo que parecia como açúcar mascavo. Eu acho que não
era isso”.
“Merda”, ele murmurou, soando distraído. “Parece como heroína. Pequenos sacos
ou grandes?”
Heroína. Deus, minha mãe usava essa merda agora? “O que você quer dizer com
pequeno? Como do tamanho de um saco de sanduiche?”
“Não”. Ele tossiu rindo enquanto se levantava, se virando para mim. “Um saco
para sanduiche cheio de heroína não seria pouco. Era pequeno?” Ele levantou a mão,
afastando seu dedo indicador de seu dedão alguns centímetros. “Que tal assim?”
“Eram vários sacos Ziploc, Jax. Haviam por volta de oito deles e eles estavam
cheios”. Meu coração pulou uma batida quando seu rosto ficou branco. “Isso... isso é ruim,
certo?”
“O caralho que é”. Ele passou sua mão pelo seu cabelo. “Parece que tinha por volta
de um quilo ou mais nesses sacos. E, pelo jeito que você descreveu, parece heroína preta”.
108
Eu sabia que o quanto era um quilo devido as classes que eu tinha, mas eu não
sabia o quanto isso era traduzido para o mundo das drogas. “Preta?”
“Merda. Algo por volta de setenta mil até cem mil pelo quilo”. Ele explicou,
inalando profundamente. “Realmente depende do grau de pureza se era coisa de primeira
linha ou não. Poderia até valer alguns milhões”.
“Oh meu Deus”. Meus joelhos ficaram fracos. “Como você sabe dessas coisas?”
Seu olhar terminou em mim. “Já estive por aqui algumas vezes”.
“Inferno, não”. Ele não explicou. “Me diga como esse cara parecia”. Depois que eu
terminei de descrever o cara do cabelo gorduroso, Jax parecia ainda mais tenso. “Duvido
que era dele o que ele pegou. E eu não acho que era da Mona, também”.
Meu estômago revirou. “Você acha que ela estava... guardando para alguém?”
Ele concordou. “Vamos apenas rezar que era para esse cara que ela estava
segurando. Se não...”
Oh Deus, eu não precisava ser um chefe do tráfico para entender o que ele disse.
Se minha mãe estava guardando drogas desse valor, o dono iria, eventualmente, aparecer
procurando por isso, e com isso tendo sumido, ela estava além da salvação. Ela estava
afundando. Tudo que podia esperar, como Jax tinha dito, era que aquela merda
pertencesse ao cara de cabelo gorduroso. Ele parecia saber exatamente o que era.
Enquanto íamos para o andar de baixo, meu telefone tocou em minha mão.
Levantando-o, eu vi que era Clyde ligando. “Alô?”
“Você está bem, pequenina?” ele disse em sua voz grossa e profunda.
“Sim”.
109
“Sim”.
Eu franzi meu nariz, não por causa das palavras do Clyde, mas porque Jax estava
no quarto, pegando as coisas que o cara do cabelo gorduroso havia espalhado, o que
incluía alguns pares de roupa íntima. “Uh, tio Clyde... eu preciso ir”.
“Eu quis dizer isso, pequenina, ele vai ficar ao seu lado”. Clyde continuou e suas
palavras doeram mais ainda em meu peito, fazendo ele inchar, mais ainda que antes. “Você
me ouviu?”
“O que parece que estou fazendo?” Ele arrumou o colchão. “Eu duvido que essa
seja sua idéia de arrumar o quarto”.
“Eu estou ajudando, então não discuta sobre isso”. Ele se inclinou, pegando o
lençol e jogando em minha direção. “E eu vou passar a noite aqui”.
“Eu vou ficar aqui com você”. Ele continuou arrumando o outro lençol no colchão.
“Eu posso ficar no sofá”. Seus grossos cílios levantaram, seus olhos voltando a um tom
marrom. “Ou eu posso ficar aqui...”
Ele pegou outro lençol da onde estavam jogados e eu apenas fiquei ali enquanto
ele terminava de arrumar a cama e voltava a pegar as roupas que estavam espalhadas.
Quando ele pegou um punhado de coisas coloridas, sedosas, eu sai do transe.
110
Eu corri para frente, pegando minhas calcinhas de sua mão. “Você não vai ficar
aqui”.
Um minuto passou antes que eu conseguisse processar essa informação. “Eu não
vou ficar com você”.
“Então eu vou ficar com você, aqui”. Ele começou a pegar o que havia sobrado das
minhas roupas no chão enquanto eu enfiava minhas calcinhas em uma gaveta. “Essa casa
não é segura, obviamente, especialmente quando você abre a porta para qualquer
ladrãozinho"
“O que?” e olhei para mim mesma. A camiseta era preta, com um sutiã embutido,
graças a Deus, porque eu não queria ficar toda ‘livre’, e o shorts de dormir era de um rosa
claro. “O que está errado com o que estou vestindo?”
“Nada”. Rindo, ele fechou a gaveta. “Gostei das meias. São fofas. Você é fofa”.
As meias eram xadrez azul e rosa, e elas eram fofas. — Obrigada. Eu murmurei,
distraida pelo zumbido prazeroso que invadiu meus pensamentos. O que era ruim. Muito
ruim. Mais para muito, muito ruim, porque não deveria haver nenhum zumbido de
nenhum tipo. Eu tentei afastar isso. “Você não vai ficar"
Minha testa começou a latejar. “Eu não vou ficar na sua casa”.
Eu fiz uma careta para ele. “E, porque você é sempre tão mandão?”
111
Ele sorriu em minha direção. “Querida, eu não fui mandão ainda.”
Rindo, ele pegou dois travesseiros e rodeou a cama. Suas longas pernas o levaram
logo para meu lado e ele parou a apenas alguns centímetros longe. “Você pode dizer que
não posso ficar o quanto quiser. Grite. Balance seus dedos pra mim. Que seja. Não vai
mudar nada porque eu duvido seriamente que você consiga me tirar desta casa. Você
entendeu o que eu disse?”
Eu senti meus olhos arregalarem. Sim, eu entendi o que ele estava dizendo, e eu
não gostava, então eu me perguntei se dar um chute em suas bolas ajudaria fazer ele
entender o que eu estava dizendo.
Jax abaixou seu queixo, e por fazer isso, seus lábios estavam na mesma distância
dos meus. Apesar da irritação que perambulava em minha pele como um exercito de
formigas, meu coração pulava em meu peito. “Eu sei, lá no fundo, você entendeu o porque
eu estou aqui em vez de Clyde.”
Uh. Na verdade, eu não entendia. Eu queria dizer isso a ele, mas ele continuou.
“Eu quero ter certeza que você está em segurança desde que você vai ficar... bem,
muito tempo.” Ele virou um pouco, inclinando sua cabeça no processo. Uma batida se
passou e seus olhos alcançaram os meus. “E ficar aqui sozinha não é seguro, então vou
deixar aqui seguro para você.”
Um suspiro escapou pelos meus lábios, já afastados. Uma urgência crescia vinda
de algum lugar. Meu corpo queria se inclinar no dele. Merda. Essa era uma coisa muito
estranha. Nunca tive essa vontade de me apoiar em um cara. Mas eu me sentiria segura
por me apoiar nele, ficar perto. Eu sabia que seu corpo seria caloroso, e seria duro em
todos os lugares certos.
112
Mas era mais que isso.
Deus todo poderoso, eu poderia cometer um pecado mortal só de pensar, mas ele
era como um Cam 2.0.
Porque, pelo que eu sabia sobre Jax, ele era legal, realmente real, o que deixava
ele extremamente perigoso para minha saúde mental, mas eu imaginava que ficar louca
por ele seria uma aventura.
Mas eu podia praticamente sentir seus lábios nos meus. Quando ele me beijou
mais cedo, tinha sido para provar um ponto de vista, mas eu podia sentir isso agora.
“Sim, eu acho que você está começando a me entender.” Então ele passou por mim
em direção a sala.
Ele olhou sobre o ombro para mim, sobrancelhas arregaladas. “Você, por acaso,
acabou de bater o pé?”
“E você vai me dar uma carona amanhã de manhã quando você voltar para o bar,”
ele terminou, parando na frente do sofá.
113
“Eu não vou te dar...” minha irritação sumiu enquanto eu absorvia suas palavras.
“O que?”
“Eu vou precisar de uma carona amanhã,” ele repetiu, deixando cair os
travesseiros contra o braço do sofá. “Eu dirigi seu carro até aqui. O para brisas tá
consertado.”
Eu fiquei encarando ele por tanto tempo que ele provavelmente pensou que havia
algo de errado comigo, então eu passei correndo por ele até a janela ao lado da TV. Eu abri
as cortinas e ali estava, meu Focus, estacionado na entrada de carros.
“Nada.”
“Eu preciso pagar você por isso. Não é a mesma coisa do que você me comprar
comida. Eu não estou tão falida assim. Eu posso pagar"“
“Eu não paguei por ele.” Ele correu seus dedos pelo seu cabelo enquanto me
observava. “Como eu disse, o cara" seu nome é Brent" me devia um favor. Ele cuidou do
para brisas. Sem custo.”
Ele jogou sua cabeça para trás e deixou sair uma risada profunda, fazendo minha
barriga se revirar. “Não.”
114
Me afastando da janela, eu, de repente, senti... eu não sei o que senti. Alívio?
Tensão? Surpresa? Pareciam todas essas coisas juntas, mas eu sabia que não podia
reclamar de um presente assim. “Obrigada.”
“É.”
Seus olhos encontraram os meus por um segundo então, ele se jogou no sofá. Ele
não disse nada mais enquanto eu andava para o pequeno armário e pegava outra colcha
que eu tinha visto mais cedo. Eu voltei, coloquei ela no braço do sofá, o mais afastado dele.
“Por sinal...” Jax me deu outro meio sorriso que fez meus dedos do pé encolherem
dentro das minhas meias enquanto eu me virava em sua direção. “Esses shorts e essas
pernas? Maldita perfeição.”
Eu me virei e me revirei pelo que pareceram horas, sem conseguir desligar meu
cérebro. Cada vez que eu me movia, a cama rangia um pouco. Ou, talvez, muito. Soava
extremamente alto para mim, mas meu coração palpitava tão alto.
Jax estava deitado no sofá, apenas alguns passos distantes desse quarto. E ele
tinha me beijado mais cedo. E tinha arrumado meu para brisas. E ele tinha dito que minhas
pernas e meus shorts eram uma maldita perfeição.
115
Virando de estômago para baixo, eu gemi para o travesseiro. Minhas pernas não
deveriam importar. Obviamente, não era importante, mas eu estava cismada no porque
ele ficava focando nas minhas pernas. Haviam outras coisas sobre mim, coisas mais
notáveis como meu rosto, que chamavam atenção. Não minhas pernas.
Mas ele tinha me beijado e ele estava no cômodo ao lado, aqui, e meus lábios
estavam formigando novamente. Meu primeiro beijo" aos vinte e um anos, eu tinha
experimentado meu primeiro beijo. Finalmente. E eu nem tinha certeza se era um beijo
real.
Me virei novamente, decidida a não pensar mais sobre Jax, porque era
definitivamente sem sentido. Então a próxima coisa que pensei era sobre a heroína. Muita
heroína. Heroína que valia, talvez, milhares de centenas de dólares. Quanto será que
realmente tinha ali? E se chegasse na rua? Quantas vidas iria infectar e arruinar?
Centenas? Milhares?
Okay. Isso não era uma boa coisa para se pensar, também. Minha mente estava
vazia por um momento e, então, começou a focar na escola. O pânico inicial que envolvia
como eu iria pagar pelos meus estudos desapareceu de algum modo e eu sabia que eu
conseguiria a ajuda financeira. Eles não checavam a linha de crédito, mas isso não
concertava tudo. Eu precisava de um emprego como garçonete quanto voltasse, para
conseguir dinheiro para pagar minhas contas. E isso era uma merda porque o último
semestre da faculdade de enfermagem era extremamente difícil. E terminar a faculdade
não concertava todo o resto" a divida, o nome sujo e todo o resto.
Eu não sabia o que iria fazer, e eu não queria pensar mais sobre isso porque eu
estava fazendo o melhor que podia. Eu tinha conseguido cinquenta dólares hoje e isso era
melhor do que nada.
Cinquenta dólares.
116
Deus.
Eu me virei de costas e fiquei nessa posição por cinco minutos. Quando ficou ruim,
eu me movi novamente, dessa vez congelando enquanto eu me ajeitava do outro lado,
olhando para o banheiro.
O que ele estava fazendo? Será que eu ficar me revirando tinha acordado ele?
Provavelmente, desde que a porta do quarto não fechava, deixando meio pé aberto entre
a porta e o batente. Algo estava errado com as dobradiças. Eu não queria saber o que e
isso não importava.
Oh meu Deus.
“Calla?” Sua voz não era alta, mas ainda era como um trovão.
Será que eu devia fingir que estava dormindo? Eu apertei meus olhos fechados,
pensando que isso era bobagem, mas eu estava tentada a dar uma chance.
Merda.
Eu ainda não disse nada porque eu tinha certeza que não conseguiria falar. Uma
onda de pequenos arrepios se espalharam pela minha pele enquanto eu vagarosamente
abria meus olhos. Triste, porém era a verdade que eu nunca estive na cama com outro
cara no mesmo cômodo. Bem, não era inteiramente verdade. Jacob, um colega de classe
tinha estado em meu dormitório uma vez, mas não era a mesma coisa de agora.
O chão não rangeu novamente, mas a cama, de repente, afundou devido ao seu
peso. Esqueça fingir que estava dormindo. Meu corpo não iria permitir isso. Eu me apoiei
em um cotovelo, virando meu pescoço para olhar para trás, meus olhos arregalados. Sob
a luz da lua, eu podia ver o topo de suas bochechas e a forma de seu corpo. Isso era mais
que o suficiente.
117
“O que você está fazendo?” Minha voz soou excessivamente alta.
Jax estava apoiando em seu quadril, uma mão na cama ao meu lado. “Você não
estava dormindo.”
“Eu acho que ouvi você se mexendo nessa cama pela última hora.”
Eu não sabia o que dizer sobre isso, mas meu coração virou uma bateria.
Sua risada foi profunda e baixa. “Não precisa pedir desculpas. É uma boa
distração.”
Depois de mentalmente, repetir o que ele disse, eu ainda não fazia ideia do que
isso significava.
“Huh?”
“Dormir,” ele repetiu e eu conseguia ouvir a surpresa em seu tom de voz. “Você
normalmente tem problemas?”
Se eu tinha tantos problemas para lidar com uma conversa? Eu mordi a parte de
dentro do meu lábio inferior. “Não até voltar aqui.”
“Sim, quando eu voltei para casa" não aqui, mas minha casa, eu tive vários
problemas para conseguir dormir e ficava acordado a noite toda. Muita coisa estava
acontecendo.” Ele levou uma mão para onde sua cabeça estava.
118
Senso comum me dizia para dizer a ele para sair da minha cama, ou que pelo
menos eu precisava colocar alguma distância entre nós, mas a curiosidade obteve o
melhor de mim. “Casa onde?”
Houve outra pausa e ele se moveu novamente" rolou para suas costas, sua cabeça
no travesseiro ao meu lado. De costas, ao meu lado, na mesma casa que eu estava! Mas
que inferno? Minha língua estava presa no topo da minha boca enquanto meu coração
pulava, meu estômago tendo crises de todos os tipos de excitação.
“Eu estava fora do país,” ele disse, e me levou um minuto para lembrar sobre o
que ele estava falando.
Meu cérebro tentou entender aquilo e conseguiu responder com apenas uma
palavra. “Fora?”
“Vamos lá,” ele disse em uma voz suave, o tipo de tom que fazia coisas estranhas
com minhas células nervosas, derretendo-as juntas como se fossem colocadas em um
micro-ondas. “Deite-se, Calla. Relaxe.”
Não sei se foi pelo modo que ele disse, mas eu me deitei em cima do meu braço
esquerdo e, a próxima coisa que sabia, era que minha bochecha direita estava grudada no
travesseiro.
“Eu me alistei quanto tinha dezoito, logo que me graduei.” Ele explicou. “Era ou
isso ou trabalhar em uma mina de carvão como meu pai e meu irmão mais velho.”
A cama se moveu novamente, e eu imaginei que ele tinha se virado para um dos
lados, me olhando. “Oceana, West Virginia.”
“Oceana...” eu sussurrei, encarando a parede do outro lado da cama. “Por que esse
nome é familiar?”
119
Jax riu. “Provavelmente porque seu apelido é Oxyana e fizeram um documentário
sobre a cidade. Ela tem um pequeno problema com o analgésico OxyContin porque,
provavelmente, metade da cidade toma essa merda.”
“Trabalhar nas minas, é trabalho pesado e alguns acham que paga bem, mas eu
não queria essa vida. Não havia muitas opções por lá e eu queria sair da maldita cidade.”
Uma brusca rispidez em sua voz fez um calafrio percorrer minha coluna. “Me alistar
parecia a única opção.”
“Marinha.”
Uma imagem de Jax de uniforme, o tipo que eu havia visto no armário do meu tio
quando era pequena se formou em minha cabeça.
“Eu me alistei por cinco anos, fiquei pronto para a guerra em dois anos e passei
quase três no deserto.” Ele explicou e eu engoli duramente. Trabalho na guerra não era
brincadeira. “Quando meu tempo acabou, eu não tinha certeza se queria me alistar
novamente. E, quando voltei para casa, eu não conseguia dormir. Eu não sabia o que iria
fazer comigo. Não havia nada em casa e ficar ali não era a melhor coisa do mundo, você
sabe? É um tipo diferente de vida ali, e isso te muda. As coisas que você tem que fazer. As
coisas que você acaba vendo. Algumas noites, eu conseguia dormir apenas por poucas
horas. Algumas noites, não dormia nada. Minha cabeça não iria desligar, então passei
várias noites sem descansar.”
120
Eu queria me virar e olhar para ele, mas eu não conseguia me mover. “Você... se
realistou?”
“Inferno, não.” Sua resposta foi firme e rápida. “Me senti bem fazendo algo pelo
pais e coisa do tipo.”
Algo quente invadiu meu peito, e eu realmente queria ver ele, mas isso
demandava esforço e coragem, Então, eu fui para as palavras porque eram tudo que eu
conseguia oferecer, e eu queria dar algo a ele. “Eu acho que isso é incrível.”
“O que?”
Calor invadiu meu rosto. “Se alistar na marinha e lutar. Eu acho que é uma coisa
honrada, brava e incrível de se fazer.” Três coisa que eu não era, e três coisas que eu não
poderia dizer honestamente sobre muitas pessoas que eu conhecia, incluindo os caras da
Brigada dos Caras Quentes. Bem, com a exceção de Brandon. Ele tinha estado fora do país,
também.
Jax não disse nada sobre isso, silêncio se alastrando entre nós, e eu apertei minha
mão fechada. “Faz quanto tempo... que você saiu?” eu perguntei.
“Humm, vão fazer dois anos na próxima primavera.” Sua voz soou mais próxima.
“Yep, e você tem realmente vinte e um mesmo que pareça ter dezessete?”
“Não brinca?” uma risada profunda veio dele, me fazendo sorrir ainda mais. “Meu
aniversário é dia dezessete de Abril.”
“Isso é.”
121
Enquanto eu me acostumava com sua proximidade, meu corpo relaxou. “Como
você terminou aqui?”
“Somente uma bagunça,” ele respondeu sem realmente falar nada. “Fui para o
Mona’s uma noite, terminei com um trabalho, finalmente consegui meu próprio lugar e
aqui estou, deitado na cama com a linda filha da Mona. A vida é fodidamente estranha
assim.”
Eu inalei suavemente. Linda filha? “Você... você diz coisas gentis.” Era uma coisa
estúpida para se dizer, mas eu estava cansada e meu cérebro não estava funcionando
direito.
Não havia resposta para isso, mais silêncio penetrou, e eu sussurrei com um tom
preocupado. “Você acha que alguém vai aparecer procurando por aquelas drogas?”
Eu não acreditava nele. Provavelmente tinha a ver com a dúvida que ele
expressou mais cedo sobre o cara do cabelo gorduroso ser o dono de toda aquela porcaria,
e honestamente, o cara não parecia como alguém que tinha meios de ter toda aquela
droga. “Minha mãe... está com muitos problemas, não?”
122
“Ela está.”
“Não é o tipo de problema que você precisa se envolver,” Jax disse firmemente. “E
esse é o tipo de problema que você não vai conseguir arrumar dessa vez.”
Deus, isso era uma merda porque eu sabia que era verdade, mas ainda não
entendia como ele descobriu que eu passei os últimos anos concertando os problemas da
minha mãe. Era como se isso fosse um trabalho de meio período.
Jax soava cansado, e eu deveria calar a boca ou dizer que agora eu estava cansada
e poderia dormir, para que ele pudesse sair. Mas eu não queria. “Por que você está aqui?
Você não me conhece e...” eu interrompi, porque não tinha certeza se tinha algo mais que
precisava ser dito.
Um minuto se passou e ele ainda não tinha respondido minha pergunta e, quando
eu pensei que outro minuto passaria, e eu estava OK com ele não respondendo por que,
talvez, nem ele soubesse. Ou, talvez, ele estava apenas entediado e por isso estava aqui.
Jax se pressionou contra minhas costas, e minha próxima respiração ficou presa
na minha garganta. Meus olhos se arregalaram. O lençol e a colcha estavam entre nós, mas
parecia não haver nada.
123
“Ficando mais confortável.” Ele colocou um braço sobre minha cintura e meu
corpo todo tremeu contra o seu. “É hora de dormir, eu acho.”
“Mas...”
Sua risada em resposta atiçou o cabelo no meu pescoço. “Querida, eu não estou
em cima de você.”
“Você não vai a lugar algum,” ele anunciou, casualmente, como se ele estivesse me
segurando prisioneira na cama.
Okay. Toda essa coisa de prisioneira poderia ser meio melodramática, mas ele
não estava me soltando. Nem quando ele estava ficando confortável de todos os jeitos
atrás de mim.
“Durma,” ele demandou, como se uma palavra carregasse tanto poder. “Vá
dormir, Calla.” Dessa vez sua voz estava mais suave, calma.
“Sim, não funciona desse jeito, Jax. Você pode ter uma boa voz, mas ela não tem o
poder de me fazer dormir ao seu comando.”
Ele riu.
Eu revirei meus olhos, mas a parte mais ridícula era o fato que depois de uns
minutos, meus olhos estavam fechados. Eu... eu realmente me aconcheguei nele. Com sua
frente pressionada contra minhas costas, suas longas pernas acomodando as minhas e seu
braço em volta da minha cintura, eu realmente me sentia segura. Mais que isso, eu sentia
outra coisa algo que eu não sentia há anos.
124
Eu me senti cuidada... querida.
O que era o cúmulo da burrice, porque eu mal conhecia ele, mas me sentia assim,
reconhecendo o calor e a conforto que ele trazia, e eu cai direto no sono.
125
Capítulo Dez
Oh, inferno que não, eu estava tão não sozinha na cama e eu sabia que não tinha
ido dormir sozinha, mas se eu lembrava corretamente, eu não tinha adormecido com a
minha bochecha contra um peitoral masculino. O que era realmente estranho, porque eu
era uma dessas pessoas que uma vez que dormisse, não me mexia a noite toda, então isso...
isso era estranho e eu não me responsabilizava pela minha posição.
Oh meu bem Deus, cada musculo no meu peito ficou tenso e eu estava totalmente
consciente de como eu estava dormindo.
Minha bochecha não era a única coisa em cima de Jax. Meu ombro e meus peitos
estavam apertados contra sua lateral, do tipo que não havia nem um centímetro de espaço
entre nós. Meu braço esquerdo estava jogado em cima do seu estômago e a cada
respiração dele, eu podia sentir a dureza de seu abdômen. Ele ainda estava de camiseta,
ainda bem, porque eu provavelmente começaria a pegar fogo se ele não estivesse. Uma de
suas pernas estava jogada entre as minhas, pressionadas contra uma área que,
provavelmente, não queria ter nada mais do que tudo pressionando contra ele. Nossas
pernas estavam, literalmente, entrelaçadas.
Jax se moveu um pouco, fazendo com que suas pernas se movessem para entre as
minhas. Eu mordi meu lábio enquanto meu estômago se apertava e uma onda de arrepios
percorria minha coluna. Sua respiração não tinha mudado, ainda profunda e ritmada, mas
a mão que estava no meu quadril começou a se mover.
Um tremor seguia a sua mão e meu peito levantou bruscamente contra a lateral
do seu corpo. Sua mão foi mais pra baixo.
126
Totalmente, de mão cheia, apalpando minha bunda.
Eu deveria ter ficado brava por ele estar me apalpando enquanto dormia, mas
não era isso que eu estava sentindo. Um calor invadiu meu corpo, afundando por baixo da
pele e músculos, se espalhando por cada célula. Algumas partes do meu corpo começou a
latejar. Minha respiração ficou curta e profunda enquanto meu quadril se moveu contra
sua coxa. A sensação intensificou, correndo por mim como lava derretida. O latejo entre
minhas pernas ficou mais forte.
Isso era ruim, porque não era justo. Não havia razão para me permitir ficar tão
excitada quando nada nunca sairia disso, então eu precisava sair dessa cama. Pânico me
percorria como uma tempestade, misturado com uma excitação invasiva.
Meu olhar mudou para ele. Seus olhos estavam pesados, seus lábios afastados.
Uma sombra escura cobria seu maxilar, adicionada ao seu estilo bagunçado.
Ele virou sua cabeça para o lado, olhando para o relógio na cômoda. Um gemido
saiu dele. “É muito cedo. Volte a dormir.”
Muito cedo? Eram quase nove horas da manhã! Claro, trabalhar em um bar fazia
que seu sentido de cedo e tarde mudasse um pouco.
Quando eu não me movi, Jax me puxou para baixo para que eu estivesse espalhada
em cima dele mais um vez.
“Jax"“
“Eu não"“
“Hora de dormir.”
127
Mas que porra? Eu consegui me afastar o suficiente para colocar uma mão entre
nós. Eu empurrei enquanto me levantava. “Eu não vou voltar a dormir e eu não acho que
isso é apropriado. Eu preciso...” eu parei enquanto eu o encarava.
Oh wow.
A cabeça de Jax estava inclinada para trás, expondo seu longo pescoço e pedaços
de dentes brancos que estavam mordendo seu lábio inferior. O olhar em seu rosto, como
se ele estivesse se segurando para não fazer algo sujo era engraçado, e me confundia.
Eu tinha colocado minha mão em seu estômago, bem baixo em seu estômago e
minha coxa estava agora pressionando entre suas pernas. “Oh Deus,” eu sussurrei,
sentindo meu rosto esquentar enquanto eu movia minha mão.
Jax se moveu como um raio, pegando meu pulso na sua mão. “Você,
provavelmente, devia ter voltado a dormir.”
Ele rolou e, antes que eu pudesse respirar de novo, eu estava de costas e ele estava
sobre mim, uma mão ainda segurando meu pulso e a outra apoiada na cama ao lado da
minha cabeça, seu braço baixo, curvado no colchão.
Sem responder imediatamente, seu calorosos olhos castanhos viajaram pelo meu
rosto" meu rosto" antes de se fixar em minha boca. “Você sabe o que eles dizem sobre
homens de manhã?”
“O que?”
Um lado de seus lábios se curvou para cima e foi então que eu entendi, meu rosto
ficando quente. Um profundo e rouco gemido saiu dele. “Eu estou feliz que não voltei a
dormir. Isso é muito mais interessante.”
128
A mão em volta do meu pulso deslizou pelo meu braço, parando em meu cotovelo,
onde ele estava apoiado na lateral da minha barriga. “Você sabe o que mais eu acho
interessante?”
Sua cabeça abaixou até que eu senti seu nariz passar no meu, e eu fiquei tensa. “É
interessante o quanto eu gostei de ter acordado com minha mão em sua bunda e minha
perna entre as suas.”
Usando meu outro braço, eu empurrei minha mão contra seu peito. “Saia18.”
Meu olhos se estreitaram com irritação. “Sim, não é disso que eu estou falando,
seu idiota.”
Não convencido, ele moveu seu dedão em leves círculos pela parte de dentro do
meu cotovelo. Aquele pequeno, quase inconsciente, toque mandou calafrios por mim. Um
segundo eu estava prestes a dar uma joelhada em suas bolas e no outro eu estava
pensando em coisas mais prazerosas envolvendo bolas.
Jax baixou sua cabeça e a ponta de seu nariz acariciou minha bochecha direita.
“Eu gosto de você.”
18
No caso, ela fala ‘get off’ que pode ser traduzido como ‘se alivie’
129
“Eu gosto de você,” ele repetiu, seu tom de voz baixando para um sussurro que
deslizou sob minha pele.
“Você nem me conhece,” eu apontei pelo que pareceu a centésima vez naquele
curto período que eu conhecia ele.
“Não pense muito, querida. A vida é curta demais para essa merda,” ele disse, seus
lábios acariciando minha pele. Cada musculo ficou tenso de um modo mais gostoso
enquanto seu dedão ainda estava fazendo movimentos circulares, ainda fazendo seu
caminho delicioso. “Eu gosto de você. Isso é tudo.”
Seus lábios pararam contra minha bochecha e, então, ele levantou sua cabeça.
Nossos olhares colidiram e eu queria desviar, mas não podia. “Eu posso.”
Então, Jax se abaixou e todo o ar do mundo foi sugado deste quarto. Seu peso... eu
nunca senti nada assim antes. Ele era pesado, mas era bom, e seu quadril estava entre
minhas pernas e...
Santa mãezinha, não havia dúvidas do que eu senti pressionado contra mim.
“Entendeu?” ele perguntou em uma voz profunda que fez minha calcinha pegar
fogo.
Jax gostava de mim e ele só me conhecia há alguns dias. Isso não fazia sentido. Se
eu tivesse a aparência da Avery ou da Teresa, eu poderia entender. Elas eram
maravilhosas de seu jeito único, praticamente impecáveis. Elas tinham membros da
Brigada dos Caras Quentes ao seu lado. E eu era Calla, Calla cuja maquiagem, minha
Dermablend, tinha derretido do meu rosto, deixando a cicatriz mais visível. Eu não era
como a Miss Personalidade Brilhante e Maravilhosa também. Inferno, pelo que Jax sabia,
uma pedra poderia ser mais inteligente que eu.
130
“Eu gosto de você, Calla. Sim, eu só te conheço há alguns dias. Mas você me fez
rir,” ele disse, seu olhar nunca deixando o meu. “Eu presumi que você é legal e doce
quando quer ser. Eu acho que você é extremamente fofa e que você me deixa duro.”
“Você me deixou duro algumas vezes nessas últimas setenta e tantas horas e eu
tenho que assumir que não é uma coisa ruim,” ele continuou. “Eu quero te foder, e tudo
que eu preciso para fazer isso com você, é gostar de você. Não é assim tão difícil de ir do
ponto A para o C nesse sentido, querida.”
Duplo Whoa.
Ele foi direto ao ponto e não enrolou nada sobre isso, e eu achei que era algo
refrescantemente... quente sobre isso, o que provavelmente indicava que tinha algo de
errado comigo. Ou era a falta de experiência quando se tratava de caras dizendo o que eles
queriam para ficar todo chick-a-bow-wow comigo.
Entendendo como aceitação meu silêncio embasbacado, ele abaixou sua cabeça
novamente, e eu não surtei dessa vez. Ele me queria, e eu honestamente não sabia o que
isso significava até... até agora, e eu estava consumida pelo calor que percorria meu corpo.
Eu esqueci sobre o fato que a maior parte da minha maquiagem deve ter saído durante a
noite. Meus olhos se fecharam e meus dedos do pé se curvaram mais uma vez. Ele iria me
beijar, e eu não iria parar ele. Talvez, dessa vez, houvesse língua. Eu estava realmente
interessada em explorar isso.
Não em meus lábios pelo menos. Sua boca foi para a esquerda e, no último
segundo, passou sobre meus lábios para minha bochecha esquerda. Ele beijou a cicatriz.
131
Eu bati minha mão em seu peito. “Saia.”
“Por favor.”
Jax saiu. Meu tom de voz deve ter ajudado, porque ele rolou de cima de mim, e eu
rolei para fora da cama, me levantando. Eu me afastei até que bati no canto da cômoda,
mandando uma rajada de dor pelo meu quadril.
Ele se sentou e se moveu sobre a cama, ambas as mãos no colchão. “Calla, querida,
você está com medo de mim?”
“Não. Sim. Quero dizer, não. Eu não tenho medo de você.” Eu apertei meus olhos
fechados por um segundo. “Não desse jeito.”
Aí. Eu nunca diria isso em voz alta, mas ai estava. Eu nunca iria ficar nua com ele.
Eu nunca iria ficar tão próxima.
Deus, isso soava tão broxante quanto realmente era, mas isso com Jax estar na
cama, enrolados juntos e querendo um ao outro era normal. E eu não entendia esse tipo
de normal, não com um cara como Jax. Não quando ele superou a cicatriz no meu rosto,
mas não tinha visto ou sentido o resto de mim.
Isso não era sobre ter baixa autoestima, não ter experiência, ou fraca ou estar
muito nervosa sobre ficar nua porque eu precisava perder alguns quilos. Meu corpo
estava quebrado. Não havia nada de atraente sobre isso.
Inalando várias vezes, eu forcei a queimação em meus olhos de volta para minha
garganta. “É isso que eu sou. Okay. Então isso não vai acontecer.”
132
Eu estava distraída novamente. “Quero dizer, você é realmente quente. Não me
leve a mal. E eu tenho certeza que você sabe disso, porque não tem como você não saber.”
Deus, eu precisava calar a boca. “E eu estou lisonjeada que você... hum, que você
gosta de mim, mas isso... isso não pode acontecer. Okay? Não tem outro modo. Eu não sou
seu tipo de mulher.”
“Como você sabe meu tipo de mulher?” ele perguntou, soando genuinamente
curioso.
Eu quase revirei meus olhos. “Eu sei. Acredite em mim. E isso está bem. Você é
legal e eu aprecio tudo que você fez por mim e o que ainda está fazendo, mas isso... isso
não vai acontecer. Tudo bem? Você entendeu isso?”
Ele me encarou por um momento, parecendo que ele queria ignorar o problema,
até que ele concordou vagarosamente.
Jax vivia mais perto do bar, em um conjunto de casas limpas e bem mantidas, nem
mesmo a alguns quilômetros fora da cidade. Eu não tinha entrado quanto o deixei e não
tinha me demorado quando ele voltou para o carro. Ter acordado do jeito que estávamos
e tendo meu ataque me deixou apreensiva por um bom tempo.
Tempo onde eu consegui dar sentido ao que Jax queria e como ele queria. Não
deveria importar. Nunca seria, mas Jax era extremamente lindo. Ele não deveria machucar
quando as meninas vinham correndo para ter uma chance na cama com ele. Devia haver
vários motivos para eu não querer estar nem perto do topo da sua lista de ‘a fazeres’
Deus, não havia tempo suficiente para que eu conseguisse entender isso.
133
Na verdade, eu não tinha ido para o bar quando eu deixei Jax. Nesse dia eu iria
trabalhar no mesmo turno que ele, então não precisaria estar lá até de tarde, então eu
peguei algumas coisas no mercado que faziam parecer que eu estava de dieta e voltei para
a casa. Durante o dia, eu não estava tão preocupada com drogados ou pessoas loucas por
drogas, o que, provavelmente, era estupido porque eles não eram um tipo de vampiros
que só saiam à noite.
Durante todo aquele turno ele agiu como se nada tivesse acontecido nessa manhã,
como se tudo estivesse normal. Ou, pelo menos, o que eu pensava que era normal com ele.
Ele jogava seu charme e flertava. Pela segunda noite consecutiva, ele fez questão de
amarrar meu avental quando eu fui trabalhar no salão, suas mãos passando em meu
quadril, me fazendo corar, mas era só isso.
Eu tinha acabado de chegar no meu carro quando ouvi meu nome sendo chamado.
Eu me virei, sentindo meu coração pular quando vi Jax.
“Estarei logo atrás de você,” ele disse, parando ao lado de sua caminhonete.
Ele pegou suas chaves do bolso. “Ir para sua casa, babe.”
E isso começou uma discussão sobre ele ir ou não que durou bons trinta minutos
e eu terminei desistindo, porque eu estava bocejando mais do que falando.
Ele até trouxe uma muda de roupa com ele, pelo amor de Deus — uma maldita
muda de roupa.
134
Quando entramos em casa, eu tentei ignorar ele enquanto me fazia uma xícara de
chá, mas parecia rude não fazer ou, no mínimo, oferecer uma a ele desde que ele estava
plantado no sofá sendo meu segurança pessoal.
Cansada e nervosa, eu achava difícil conseguir olhar para ele enquanto tomava
um gole da minha. “Eu não sabia se você preferia açúcar ou mel, então não coloquei muito
de ambos.” Pela lateral do olho, ele pareceu pegar a caneca e tomar um gole. “Se quiser
essas coisas, estão na cozinha.”
“Está perfeito” Então houve uma pequena pausa. “Você foi ao mercado.”
Meu olhar vagou para ele, e vi um livro em seu colo. Ele lia? Oh meu Deus, homens
que leem são como unicórnios. Eles só existem em contos de fadas. Eu queria perguntar a
ele o que ele estava lendo, mas não o fiz. Tudo que fiz foi concordar.
Parte de mim tinha esperado que ele resistisse, que jogasse seu charme, mas tudo
que ele fez foi se encostar e deitar no sofá. “Te vejo de manhã, babe.”
E eu fiquei congelada ali por um segundo, desapontada, até que me forcei para o
quarto, onde a porta não fechava. Depois que me limpei e me troquei, cansada demais
para um banho, eu cai no sono em minutos e acordei com Jax fazendo os ovos e o bacon
que eu tinha comprado.
A noite de Sábado foi uma reprise da de Sexta, com a exceção de conhecer Nick
pela primeira vez. Desde minha teoria sobre caras quentes tinham que andar juntos, não
fiquei surpresa quando eu vi o alto bartender de cabelo escuro e olhos verdes que poderia
estrelar o calendário de Bartenders Quentes que eu realmente precisava criar. O tipo de
dinheiro que eu poderia conseguir apenas com fotos dele e de Jax...
135
Nick era diferente de Jax, muito mais quieto, mais reservado. Quando nos
conhecemos, ele me encarou por um longo momento até que senti minhas bochechas
ficarem quentes. Havia essa estranha expressão em seu rosto, um reconhecimento em seu
olhar que eu não entendia e me perguntei se ele era dessa região. Mas, então, ele disse ‘oi’
e seguiu em frente. Nós podemos até ter trocado algumas palavras naquele turno. Não é
que ele parecia ser rude. Mais como o tipo de cara que não queria falar até que tivesse
realmente algo para dizer. Ele era do tipo interessante.
Como na noite anterior, eu fechei o bar e Jax me seguiu para minha casa. Era meio
estranho pensar que ele ou alguém sentia a necessidade de estar aqui pelo que poderia
acontecer, então eu tentei não me focar nisso.
Naquela noite quando fiz chá, eu não fui direto para o quarto. Eu tinha ficado na
sala e finalmente sentei no braço do sofá. O livro estava em seu colo novamente.
“O que você está lendo?” eu perguntei, já que não tinha feito isso na noite anterior.
“O Último Sobrevivente19.”
Ele me deu um meio sorriso. “É uma história verídica sobre um SEAL da marinha,
Marcus Luttrell e sua missão que falhou. Não é uma história feliz, mas é boa.”
“Então você só lê não-ficção?” Curiosidade iria matar Calla, mas eu não consegui
me impedir.
“Nah. Eu gosto de David Baldacci, John Grisham e até um pouco de Dean Koontz e
Stephen King.” Ele desviou o olhar enquanto apoiava sua cabeça no encosto do sofá
enquanto eu começava a perceber um padrão ali. “Eu não li muito no ensino médio, mas
estando fora do país, haviam períodos onde não tinha muito o que se fazer. Ter algo para
ler ajudava a não endoidar pelo tédio e...”
19
O Último Sobrevivente por Patrick Robinson e Marcus Luttrell. Sinopse: Eles foram enviados ao Afeganistão
para capturar ou eliminar um líder da al Qaeda. Eles são os soldados mais bem treinados dos EUA. Eles são SEALs.
Mas apenas um deles voltou. O único sobrevivente é o testemunho emocionante de Marcus Luttrell, combatente
de elite da Marinha dos EUA que enfrentou as montanhas repletas de terroristas e perdeu toda a sua equipe. O
estilo apaixonante dos autores faz deste livro um dos relatos de guerra mais impressionantes da história
contemporânea.
136
Jax não respondeu e eu não precisava de muita imaginação para descobrir o que
mais que a leitura ajudava além do tédio. Eu pensei sobre seu passado" um militar. Isso
explicava o porque dele ser tão protetor, mas ainda haviam coisas melhores que ele
poderia estar fazendo em um sábado a noite, porque ele não estaria fazendo nada comigo.
Eu quero te foder.
Eu não hesitei. Eu me levantei. “Você sabe, você não tem que ficar...”
“Não comece,” ele respondeu, abrindo seu livro. Ele havia terminado de falar
comigo.
Eu fui para meu quarto logo depois, descansando minha cabeça no travesseiro,
meus olhos na direção da porta do quarto. Eu tinha adormecido rapidamente e, de manhã,
Jax não tinha feito o café e ele tinha saído bem cedo.
Tendo o domingo de folga, eu pude conversar com Teresa e isso foi ótimo. Eu
realmente sentia falta dela e de Jase e de como eles eram um com o outro. Eles estavam
indo para a praia e eu sabia que Teresa estava animada do mesmo jeito que ela estava
nervosa. Era a primeira viagem deles como um casal. Eu nunca tive essa experiência, mas
eu podia entender que ela estava nervosa.
“Então, você realmente vai ficar aí o verão todo?” Teresa perguntou, surpresa
fazendo sua voz afinar.
Eu concordei, como uma idiota, porque ela não poderia me ver. “Sim.”
“Você nunca falou sobre sua família...” A voz de Teresa cortou, mas o que ficou
sem falar era obvio.
Eu nunca falei sobre minha família por vários motivos, então ela tinha ficado
confusa pela minha vontade de passar meu verão com eles, mesmo que na verdade eles
não existissem. “Pensei que você faria algo diferente nesse verão.”
137
“Mas você normalmente tem aula,” ela disse, e eu ouvi uma porta fechar ao fundo
do lado dela, seguido por uma voz masculina profunda. Grande e quente, Jase.
Eu gemi. “Bem...”
Houve uns sons pelo telefone e, então “Se acalme, Jase. Deus, meus lábios ainda
vão estar aqui daqui a cinco minutos, como o resto do meu corpo.”
“Não.” Sua resposta foi imediata. “Jase pode esperar.” Houve uma risada profunda
ao fundo, meus lábios se curvando em resposta. Então, Teresa disse, “Eu sinto como minha
vida toda fosse uma mentira.”
“Você. Nós. Nossa vida junta. Tem tanto que eu não sei sobre você.”
“Você é bartender. Eu não sabia disso.” Houve uma pausa. “Quando Jase e eu
voltarmos da praia, talvez podemos ir te visitar.”
Meus olhos arregalaram. Isso não foi uma pergunta, mais como uma observação,
e eu tinha certeza que seria uma má ideia, mas não era como se eu pudesse dizer não. Isso
seria rude, então balbuciei um okay e sai do telefone, já que Jase parecia precisar da boca
dela e de outras partes do seu corpo.
Eu quero te foder.
Eu tive cinco minutos para entrar em pânico sobre a possível visita dos meus
amigos algum dia no futuro antes que o Tio Clyde aparecesse do nada. Eu o encontrei na
porta.
138
“O que tem na sua lista hoje, menininha?” ele perguntou, entrando na casa,
usando uma camiseta do Philadelphia Eagles que, mesmo para seu tamanho, parecia ser
dois números maior.
Clyde me deu um pequeno sorriso. “Vamos pelo começo, menininha. Temos que
vasculhar essa casa, de ponta a ponta, e ter certeza que não tem mais nenhuma porcaria
aqui.”
Oh.
Essa era uma ideia incrível. Clyde e eu fuçamos a casa toda a maior parte do
domingo. Fuçando no sentido de procurar mais buracos escondidos cheios de drogas. Era
uma coisa estranha para se fazer, mas eu amava ter Clyde por perto e foi meio que um
momento de reconciliação. Como se estivéssemos refazendo nossa história, juntos, tendo
que lidar com a minha mãe. E Clyde e eu tínhamos sidos os únicos a lidar com ela a maior
parte da minha vida. Era meio triste, mas era familiar e, nesse momento, familiar era uma
coisa boa.
Nós não encontramos mais drogas, graças a Deus por isso, e ele terminou indo ao
mercado antes de escurecer e voltando com os ingredientes para fazer tacos.
Tacos.
Clyde já foi casado. Eu mal lembrava de Nettie, sua esposa, porque ela faleceu
inesperadamente de um aneurisma quando eu tinha seis anos e isso foi há muito tempo.
Já se passaram quinze anos e Clyde nunca se casou novamente. Eu nem tinha certeza se
ele namorava. Ele tinha amado Nettie e, algumas noites, quando eu ainda morava aqui, ele
me contava sobre ela.
139
Mas umas das coisas que eu lembrava que ele costumava contar era sobre seu
ritual de domingo com Nettie — fazer tacos do zero. Pimentões vermelhos e verdes,
salpicados de cebola e cobertos com queijo derretido e alface picada.
Também tinha virado nosso ritual de domingo a noite, para Clyde e eu, e nas vezes
que minha mãe estava por perto e com a cabeça boa, ela tinha feito parte.
Nesse momento, algo cresceu em meu peito. Eu não entendia mas, de repente, eu
não estava confortável. Não pelo que estava acontecendo agora, mas pelo que aconteceu
nos últimos anos.
Lágrimas queimavam o fundo dos meus olhos. Eu não sabia o porque. Era
estupido. Eu estava de volta a pensar sobre tudo sendo estupido.
Clyde tirou um pé de alface. “Você sabe o que fazer, menininha, então traga sua
bunda aqui e comece a picar.”
Eu me arrastei para o balcão, engolindo as lágrimas. Não vou chorar. Não vou
perder o controle. Minhas bochechas estavam úmidas.
“Eu não peguei aquela mistura de queijos mexicanos. Nós vamos fazer isso... Aw,
menininha.” Clyde abaixou um bloco de queijo e virou seu grande corpo na minha direção.
“Qual o motivo dessas lágrimas?” ele perguntou.
“É sobre sua mãe?” Aquelas grandes mãos eram gentis contra meu rosto, calos
dos vários anos de trabalho limpando as lágrimas. “Ou isso é sobre os meninos? Kevin e
Tommy?”
Eu engoli forte. Eu nunca pensava sobre eles ou sobre aquela noite onde o mundo
todo queimou em chamas laranjas e vermelhas. Não queria ser fria ou não me importar,
mas era difícil demais pensar sobre eles, porque eu mal conseguia me lembrar como eles
eram, mas eu me lembrava de seus caixões, especialmente o do Tommy. Então eu me
recusava a pensar sobre seus nomes, mas eles ficavam voltando de novo e de novo.
140
“Ou é sobre tudo?” ele perguntou gentilmente.
“Menininha,” ele murmurou contra o topo da minha cabeça depois que ele me
puxou contra si, me envolvendo em um de seus abraços de urso. “Tudo parece ser tão
grande agora, mas não é. Você já passou pelo pior, menininha.”
“Eu sei,” eu concordei. Eu soluçava enquanto lutava para segurar minha emoção.
“è só que... isso é tão familiar. Nós fizemos isso por anos e eu nunca pensei que faríamos
novamente. Ou que eu estaria aqui trabalhando no Mona’s. Eu iria ser uma enfermeira. Eu
tinha tudo planejado.” E nada disso incluia um cara como Jax ou fazer tacos com Tio Clyde,
mas eu não queria compartilhar isso. “Eu não tenho mais nada planejado agora.”
Clyde deu uns tapinhas nas minhas costas como um bebe que precisava arrotar,
mas eu amei. “Calla, menina, você é tantas coisas, tantas coisas lindas enroladas em uma
pessoa só. Você é forte. Você tem sua cabeça sobre seus ombros. Você ainda vai ser uma
enfermeira. Isso aqui não vai ser sua vida. Você ainda tem tudo planejado.”
Eu concordei, mas ele tinha entendido errado. A minha histeria não era pelo
desapontamento que minha vida tinha se tornado, ou por causa daquela noite infernal.
Não que eu não preferiria algumas partes, como a da heroína ou minha mãe estar
desaparecida, mas para diferenciar, eu não estava chorando por causa disso.
Essa não era a razão das minhas lágrimas. Eu estava chorando porque tudo isso
era familiar e a familiaridade disso me fazia feliz.
141
Capítulo Onze
Tinha se passado uma semana desde a noite em que o cara gorduroso tinha
aparecido na casa da minha mãe e saído dela com uma fortuna em heroína. Não tive mais
nenhuma visita desse tipo e isso poderia ser porque havia sempre um homem na casa. Os
homens não eram quaisquer um. Ou era Clyde ou Jax.
Nos meus dias de folga, era o dever de Clyde e quando eu voltava ao trabalho na
quarta feira, era Jax que me seguia para casa, o que me surpreendeu um pouco. Durante
minha folga, eu não tinha ouvido falar dele. Nem uma vez. Eu sabia que ele tinha acesso
ao meu celular, porque eu tive que colocar o número em uma lista no escritório, ao lado
do de todo mundo para o caso de emergências.
Do outro lado, eu não tinha tentado entrar em contato com ele também, porque
eu disse a mim mesma que seria sem sentido e idiotice. E eu estava tentando evitar todas
as coisas idiotas, mas eu realmente ansiava para voltar ao Mona’s na quarta-feira, e isso
era totalmente idiota.
Nos meus dias de folga, Jax não existia, mas as quartas, quando eu voltei, ele já
estava lá analisando recibos na mesa, enquanto eu entrei no escritório para guardar
minha bolsa, ele olhou para cima e sorriu e me chamou de querida.
Talvez ele tenha mudado de ideia desde aquele dia, talvez ele acordou naquela
manhã com um bom e velho caso de ereção matinal e quisesse transar.
Totalmente.
142
Não era por isso que eu arrumei melhor meu cabelo, minha maquiagem e roupas
essa manha. Eram pelas gorjetas.
Jax estava aqui agora, mas ele sempre estava no escritório fazendo Deus sabe lá o
que, e eu sentia como se eu tivesse que estar lá porque esse bar era da minha mãe, mas
antes que eu pudesse fazer isso, Reece se aproximou do bar. Algumas vezes quando eu via
Reece, eu pensava sobre meu irmão Kevin. Ele era fascinado por bombeiros e policiais.
Havia uma grande chance que se ele tivesse sido permitido viver, se o céu não tivesse
precisando de anjos, ele teria sido um policial ou bombeiro.
Toda vez que Reece vinha ao bar, o que parecia ser sempre que ele não estava
trabalhando, Roxy pulava como uma bola de borracha. E era obvio.
“Hey,” Reece disse para mim, mas seus olhos estavam nas costas da Roxy. “Me vê
duas Buds20?”
“Tudo bem por mim.” Seu olhar finalmente voltou para mim. Ele tinha lindos
olhos azuis" vibrantes, praticamente perdidos em sua profundidade. “Então, você vai
realmente ficar por aqui?”
Como Reece não olhava para mim do mesmo jeito que ele olhava para Roxy, que
ainda estava de costas para ele, eu não estava admirada. Bem, não muito. Era como se eu
estivesse falando com Cam, Jase ou Ollie. Em outras palavras, caras quentes que tinham
olhos para apenas uma mulher e não se importavam se eu parecesse a prima do Coringa.
“Sim, pelo menos até o fim do verão.” As palavras soavam estranhas para meus
ouvidos, e eu não sabia por quê.
20
Budweiser. Marca de cerveja
143
“Legal.” Ele se inclinou sobre o bar, cabeça virada para o lado. Ele tinha um
maxilar e estrutura óssea perfeita. E eu estava facilmente distraída. “Esse bar realmente
mudou desde quando Jax apareceu.”
Eu tinha que concordar com isso. “Quando eu morava aqui, minha mãe tinha... um,
uma gangue trabalhando no bar.”
Reece riu, e era uma boa risada. “Eu tenho certeza que temos ficha no escritório
do xerife sobre as pessoas que trabalharam aqui.”
Ele sorriu e uma covinha apareceu em sua bochecha esquerda. “Vejo você mais
tarde.”
Roxy esperou até que Reece estivesse de volta a sua mesa, perto de onde estava
acontecendo um jogo sério de sinuca, para fazer seu caminho até mim. Eu olhei para ela
enquanto jogava as tampinhas no lixo. “Posso te fazer uma pergunta?”
“Claro.”
Ela tirou seus grandes óculos pelo que pareceu a primeira vez desde que eu a
tinha conhecido e os limpou em sua camiseta. Sem os óculos, eu consegui ver realmente
seu rosto. A menina era tão fofa como uma pilha de gatinhos dormindo juntos. Pequena,
nariz estreito e boca de boneca junto com grandes olhos castanhos. Aqueles lábios se
curvaram para cima.
“Eu não atendo ele,” ela disse enquanto colocava os óculos de volta.
Mas que?
Eu me virei para onde o som vinha e no inicio não tinha ideia de quem estava
parada ali.
144
Meio que.
A mulher que estava entrando no bar usava um tipo de vestido colado de Lycra
que cobria apenas das suas nádegas até seus seios, nada mais. Parecia como se alguém
tivesse tido um ataque de loucura e costurado lantejoulas pelo vestido. Ela era como uma
bola de discoteca em uma noite de Ano Novo.
Seu cabelo loiro escovado e armado enquanto ela corria na minha direção em
seus sapatos transparentes de saltos gigantes, seu cabelo voando como se ela estivesse
andando em uma passarela.
Quando ela se aproximou e seu grande sorriso apareceu, eu comecei a ver além
de todo o glitter em suas bochechas e olhos. Eu a conhecia.
“Você me reconheceu!” Ela parou e fez algo naqueles saltos que eu teria quebrado
meu pescoço ao tentar. Ela pulou, enquanto batia palmas, animada. “Ninguém me
reconhece!”
Eu conseguia ver agora. Katie Barbara foi uma menina quieta no colegial. Alguns
podiam chamá-la de diferente. Ela sempre trazia seu almoço em uma lancheira da Hello
Kitty, até no último ano. Ela sempre tinha seu nariz enfiado em um livro e sempre usava
um chapéu até que um professor a mandou retirar. Eu vagamente lembrava dela fazendo
um discurso na aula de literatura na terceira pessoa. Durante a escola, seu cabelo tinha
sido uma mistura de cores" loiro, castanho, preto, roxo e vermelho fogo. O rosa tinha sido
meu favorito, e ainda era, porque agora eu conseguia ver que as pontas de seu cabelo
estavam rosas, combinando com seu vestido.
“Claro que estou. Eu dei um jeito no meu corpo.” Ela deslizou suas mãos pela
lateral do seu corpo enquanto rebolava um pouco. “Fiz uma pequena transformação.”
145
“Você está ótima.” Vestidos de discoteca não eram minha coisa, mas Katie parecia
gostosa. Gostosa de um jeito que provavelmente deixava todos os caras querendo fazer
coisas estupidas por ela. Muito diferente da época do colegial, e eu comecei a pensar o que
meus outros colegas pensavam dela agora.
“Você parece a mesma. A cicatriz diminuiu bastante. Você mal consegue vê-la com
a maquiagem,” Katie disse e Roxy inalou profundamente enquanto Katie tomava o lugar
na minha frente.
Eu percebi que ela não havia mudado totalmente. Ela ainda era direta demais.
Não rude. Apenas não tinha nenhum filtro. Eu sorri em vez de deixar esse comentário me
afetar, porque eu sabia que não era algo ruim. “Sim.”
Ela colocou seus cotovelos bronzeados no bar e descansou seu queixo em sua
palma. “Eu não acredito que você voltou para essa cidade, trabalhando no bar da sua mãe.
Pensei que você tivesse saído para fazer coisas maiores e melhores.”
Bem, isso era estranho. Era como as pessoas que saiam, festejavam demais e
depois reprovavam e voltavam para casa com o rabo entre as pernas. “Eu estou aqui para
as férias de verão.”
Novamente, Katie era uma farpa na minha unha. “Eu estava planejando isso, mas
ela não está por aqui.”
“Isso é provavelmente uma coisa boa, menina.” Seus olhos azuis reviraram. “Acho
legal você ter voltado.”
“Obrigada.” Eu mordi meu lábio enquanto eu olhava para Roxy. Ela estava
sorrindo para Katie. “Então, o que você esteve fazendo?”
Katie se ajeitou no banco enquanto passava suas mãos pelo seu corpo. “Um, o que
parece? Não estou trabalhando em um escritório.”
Eu pensei que ela parecia como uma stripper, mas se esse não era o caso, então
eu realmente não queria soltar a bomba.
146
“Ela trabalha do outro lado da rua,” Roxy explicou, inclinando contra o balcão. “No
clube.”
Katie riu enquanto ela batia seu longos cílios para mim. “Eu, absolutamente, amo
isso.”
Oh triplo.
“Deixe-me te contar, a maioria das meninas gostam. Essa coisa toda que você só
tira a roupa por que tem problema com seus pais?” Ela fez o gesto com seu pulso,
descaradamente. “Eu tiro minha roupa por que homens idiotas me pagam sendo que
podem ter isso de graça em casa, e eu faço um bom dinheiro fazendo isso.”
Bem, se ela estava feliz fazendo isso, então tudo bem. Eu sorri. “Parece bom.”
Eu não ficava bêbada. Bem, por causa da minha mãe. Eu podia sentir os olhos de
Roxy em mim. “Eu bebo uma cerveja ou duas, mas eu nunca fiquei bêbada.”
Reece e os meninos olharam de suas mesas. Eu abaixei minha voz enquanto senti
minhas bochechas queimarem. “Bem, é provavelmente uma coisa boa que eu realmente
não bebo desde que eu trabalho em um bar.”
“Whiskey. Puro.” Ele pediu, seu olhar passando de mim, até Roxy, que pegou o
copo baixo.
147
O olhar de Katie vagou da ponta preta das botas do homem, para seus jeans,
camiseta branca e viajou pelo seu cabelo loiro escuro. “Merda, eu gostaria de ficar bêbada
com isso.”
“De qualquer maneira, sua vida está prestes a mudar,” Katie anunciou
aleatoriamente. Ela apoiou seu queixo em sua palma da mão. “De verdade.”
“Estou te dizendo. Sua vida toda está prestes a mudar,” Katie continuou, e Roxy
bateu com seu quadril no meu. “Esse verão vai ser épico.”
Eu não tinha ideia onde essa conversa estava indo. “Bem, minha vida meio que já
mudou.”
“Oh, não. Eu não estou falando do que já aconteceu. É sobre o que ainda vai
acontecer.” Katie se inclinou sobre o bar, e eu pensei que seus seios iriam pular do vestido
e esfregar o balcão para mim. Seria uma limpeza de mamilos. “Veja bem, eu tenho o dom.”
Katie bateu com suas longas unhas, pintadas com francesinhas. “O dom. Visão.
Telepatia. O que quer que você chame hoje em dia. Eu tenho essas premonições sobre as
coisas e eu simplesmente sei de coisas.”
Um...
Eu não tinha ideia de como responder a isso, e não tinha certeza se ela estava
falando sério, mas Katie sempre foi estranha, então eu iria dizer que sim, e Roxy não era
de nenhuma ajuda. De trás de seus óculos, ela estava encarando o teto, seus lábios se
contorcendo enquanto pressionados em uma fina linha.
148
“Então, hum... você tinha esses dons na época do colegial?” eu perguntei.
Katie riu. “Não. Eu tive um acidente. Acordei no dia seguinte com esse dom.”
Ela concordou enquanto passava um dedo pelos lábios. “Yep. Aquelas putas
passam tanto óleo nelas mesmas que poderiam fritar um ovo, então, algumas vezes, o
poste fica escorregadio se não for limpo. E, acredite em mim, depois de algumas meninas,
você vai querer limpar aquele poste.”
Meus olhos arregalaram e tudo que eu conseguia imaginar era um poste de pole-
dancing escorregadio.
Uma pequena risada escapou de Roxy e terminou em uma tosse forçada e falsa
enquanto ela pegava uma garrafa e três copos.
Oh não.
“De qualquer modo, eu subi no poste para um show. Noite cheia. Em um sábado,
e eu estava fazendo essa coisa onde eu me penduro de cabeça para baixo.” Katie se
inclinou para trás e levantou seus braços, e por um segundo eu pensei que ela fosse
reencenar a coisa toda e, eu tinha uma premonição que isso iria virar um apocalipse de
peitos. “E eu estava desse jeito” Trançando seus braços juntos, um olhar falsamente sexy
em seu rosto. “Só que de cabeça para baixo, certo?”
Outro som de risada e tossida escapou de Roxy enquanto ela colocava a garrafa
de volta no bar, me forçando a recuperar meu fôlego enquanto murmurava. “Oh noes.”
149
“Yep,” ela disse. “Bati minha cabeça no palco. Eu apaguei como um umbigo.”
“E o resto é uma longa história de médium, mas sem ver pessoas mortas ou os
grandes cabelos loiros.”
“Mesmo?” eu ri.
Ela concordou. “Então sua vida vai mudar. Não vai ser fácil, mas vai mudar.”
“Doses, alguém?”
“Impressionante,” eu disse.
Katie sorriu.
Depois que Roxy tomou sua dose, ambas meninas olharam para mim e eu
balancei minha cabeça. “Acho que não.”
Roxy franziu as sobrancelhas para mim. “Eu quero ver você provar a bebida pela
primeira vez, e eu coloquei a coisa boa.”
Meu estômago apertou. A ideia de realmente beber, de não ter controle e... eu nem
conseguia pensar nisso.
Suspirando, Katie pegou a minha dose. “Piscou, perdeu.” Ela engoliu e bateu o
copo no topo do bar. “Sim, eu acabei de dizer isso. E sim, eu preciso ir e fazer um pouco de
dinheiro! Vejo vocês mais tarde, suas putas!”
Eu fiquei assistindo Katie se virar como uma bailarina em seus saltos e sair pela
porta no mesmo momento que outras duas meninas entravam. Uma delas, com cachos
vermelhos, torceu a boca em direção a Katie e sussurrou algo para sua amiga, fazendo com
que ela risse.
150
Com meus olhos estreitos, eu percebi que não gostava disso.
Katie parou, olhou para a ruiva, direto em seus olhos, e disse: “Eu posso matar
uma puta.”
“E aquelas putas ali atrás não vão te servir, então vocês podem ir passear no
Apple-Back21 no fim da rua.” Katie olhou sobre seu ombro para nós. “Certo?”
Desde que eu imaginei que tinha certo tipo de posse sobre o bar, eu concordei.
“Certo.”
“Até mais, putas.” Katie empurrou elas de volta pela porta, pausando para olhar
para nós com um sorriso gigante. “Paz, queridas!”
Roxy e eu estávamos quietas por um minuto até que olhei para ela. “Katie sempre
foi diferente, mas eu sempre gostei dela.”
Ela concordou enquanto pegava nossos copos de dose, rindo. “Estranhamente, ela
sempre acertou sobre as suas premonições. Ela me disse algo uma vez...” Seu pequeno
nariz franziu. “Algo que eu realmente deveria ter escutado.”
“Nope,” ela continuou. “Mas eu amo aquela menina. Coisas loucas sempre
acontecem quando ela está aqui. E eu gosto de seus dons,”
“Sentimentos...”
Especialmente Reece.
21
Trocadilho com Applebees
22
Nessa parte, Roxy e Calla então cantando a música Feelings de Morris Albert.
http://en.wikipedia.org/wiki/Feelings_(song)
151
Seus lábios se curvaram no canto enquanto ele observava Roxy se virar como uma
dançarina bêbada e colocava os copos na bandeja para serem lavados. Ela se virou para
mim e apontou. “Nada mais que...”
“De volta nesse assunto?” Eu cruzei meus braços. Eu preferia voltar a cantar.
“Ela nunca ficou bêbada,” Roxy disse a Jax, que ainda estava me encarando como
se eu tivesse tirado minha blusa e estivesse me balançando para ele. “Nunca.”
“Você ao menos bebe?” ele perguntou, andando para frente, de algum modo
conseguindo ficar no minúsculo espaço entre Roxy e eu, o que significava que todo seu
lado esquerdo estrava pressionado contra meu corpo.
Eu tentei não tremer em resposta e perdi. “Eu bebo uma cerveja ou duas de vez
em quando.” Na verdade, eu nunca terminei uma cerveja sozinha na minha vida.
Colocando uma mão no balcão do bar, ele inclinou seu corpo em minha direção, o
que alinhou nosso quadril e deixou nosso olhar na mesma altura, sua camiseta preta
esticada em seu peito. Oh Deus. Eu conseguia ver suas elevações. O homem tinha
realmente elevações. “Você já bebeu destilados antes?”
152
“Nem uma vez?”
“Antes daquele drink que você fez, eu nunca tinha provado uma bebida,” eu
suspirei para Roxy. “Nunca estive bêbada. Perdi muita coisa estupida.”
“Nós vamos ter que mudar isso.” Do cano dos meus olhos, eu consegui ver Jax
mover sua mão. Meu queixo levantou enquanto ele colocava uma mecha do meu cabelo
atrás da minha orelha. “Logo.”
Quando ele expos minha bochecha esquerda, eu me afastei, batendo minha bunda
na parede. Eu conseguia ver Roxy nos observando, sobrancelhas arregaladas e sorrindo.
Deus, esse bar precisava ficar mais agitado nas quintas feiras para que Jax tivesse menos
tempo para me torturar.
E Jax estava realmente com vontade de me torturar com seu charme e flertadas.
Ele abaixou sua cabeça e eu sabia que não tinha apenas Roxy nos observando. “O que mais
você nunca fez? Eu acho que você disse algo sobre isso antes.”
Prendi a respiração e a soltei. Ele estando tão próximo a mim me deixava agitada.
“Eu nunca fui a praia.”
“E... eu nunca fui para New York ou estive em um avião. Eu nunca fui a um parque
de diversões,” eu continuei a balbuciar, meu estômago revirado. “Eu nunca fiz varias
coisas.”
Jax segurou meu olhar por um momento, então se afastou, indo para o outro lado
do bar. Eu fiquei onde estava, me encontrando encarando Roxy.
Eu balancei minha cabeça, sentindo o calor em meu rosto enquanto ela se virava
para Jax, seu sorriso aumentando. Eu não tinha ideia do que ela estava pensando, mas eu
tinha certeza que envolvia algo estupido. Me virando para encarar a pilha de copos sujos,
eu imaginei que era uma boa hora de leva-los para a cozinha.
153
A porta se abriu, e eu senti a mudança na atmosfera antes que eu visse quem
entrou. Tensão enchia o ar, contaminando com raiva e medo. Mordendo meu lábio
inferior, eu vi o quão tenso Jax estava enquanto me virava.
Oh não.
Mack Attack23 estava de volta e ele não estava sozinho dessa vez. Um cara estava
com ele, tão grande e tão desgranado quanto ele. Eles olharam em volta do bar até a mesa
de Reece, então o olhar de Mack voltou para mim.
Isso veio de Jax e, enquanto meu olhar vagava em sua direção, eu vi que seu
maxilar estava tão tenso que poderia cortar gelo.
“Não estou planejando ficar,” Mack respondeu, seus olhos nunca deixando os
meus. “Eu apenas tenho uma mensagem para entregar — uma mensagem que estou tão
animado para entregar.”
Whoa.
Os olhos escuros de Mack viraram obsidianas. “Eu disse uma vez e direi
novamente que você não sabe com quem está lidando.”
“Eu sei exatamente com quem estou lidando.” Jax se inclinou sobre o balcão do
bar, sua voz baixa e perigosamente calma, como o centro de um furacão. “Ninguém.”
Mack parecia como alguém que queria dizer algo, mas seu amigo ficou tenso e ele
se moveu, para que ele pudesse ver atrás de Jax. “Isaiah precisa falar com sua mãe. Pra
ontem.”
23
Vou deixar Attack para rimar com Mack, mas seria ataque.
154
Quem era esse tal de Isaiah?
“É a mãe da sua puta e, desde que a mãe dela não está por aqui, é seu trabalho ter
certeza que a mãe dela fale com o Isaiah.” Mack retrucou.
“Ela tem uma semana,” Mack disse, indo em direção a porta. “Antes que Isaiah
fique impaciente.”
Mack e seu amigo estavam fora pela porta antes que eu conseguisse dizer uma
palavra. Meu coração estava a mil enquanto Jax se virava para mim, um musculo pulsando
em seu maxilar. “Quem é Isaiah? Um tipo de mafioso amish24?”
“O que está acontecendo?” Reece estava no bar, seu olhar fixo em Jax.
Eu olhei para Roxy, meio surpresa que ela não saiu correndo fingindo estar
fazendo algo. “Eu não sei quem Isaiah é e eu não sei onde minha mãe está,” eu disse, me
sentindo como se precisasse explicar.
“Eu sei.” A voz de Jax estava estática. “Reece sabe disso também.”
Seu amigo policial olhou para mim. “Você tem certeza que quer ficar por aqui?”
24
Amish é um grupo religioso cristão anabatista baseado nos Estados Unidos e Canadá. São conhecidos por
seus costumes conservadores, como o uso restrito de equipamentos eletrônicos, inclusive telefones e
automóveis.
155
Eu comecei a abrir minha boca.
“Isso já foi discutido,” Jax respondeu por mim. “Ela vai ficar.”
Meu olhar foi na direção dele. Eu estava surpresa que ele falou isso. Pelo lado
bom, eu estava aliviada que eu não tive que passar pela explicação embaraçosa do porque.
Do lado ruim... bem, eu não tinha certeza se tinha um lado ruim.
Reece soltou um suspiro enquanto voltava a se focar em mim. “Se você tiver
qualquer problema com aquele imbecil ou qualquer outro imbecil, deixe-me saber.”
Eu concordei.
“Ela vai me deixar saber antes,” Jax disse a mim e, novamente, eu só pude balançar
minha cabeça para ele. “Então eu vou deixar você saber.”
Reece levantou uma sobrancelha. “Cara, eu não sei o que você tem aqui,” ele disse
e eu enrijeci. “Mas você precisa ficar fora de problemas com Isaiah.”
“Eu já tenho problemas com Isaiah, por causa desse lugar, e você sabe disso.” Jax
levantou o queixo. “E não são os meus problemas que eu estou preocupado.”
Oh wow.
“Okay. Quem é Isaiah?” Eu perguntei, determinada que essa era a coisa mais
importante agora. “E por que a palavra problema está sempre ligada a ele?”
“Eu vou mandar alguns rapazes visita-lo,” Reece disse, voltando a olhar para Jax.
“Para que ele entenda que Mona não é problema da Calla.”
25
Filadélfia
156
Como eu. “Obrigada... eu acho.”
Reece riu.
Levantando um braço, Jax passou seus dedos pelo seu cabelo. “Roxy, você pode
fechar o bar hoje?”
“Eu vou estar aqui,” Eu disse a ele, mas Jax balançou sua cabeça. “O que? Eu ainda
tenho algumas horas para cumprir do meu turno.”
“Não mais.” Ele pegou minha mão e começou a andar, não me deixando outra
opção a não ser segui-lo. Do outro lado do bar, ele pegou uma garrafa de um liquido
marrom. “Nós vamos riscar uma das suas coisas ‘nunca feitas antes’ hoje a noite.”
“O que?” Eu gemi.
157
Capítulo Doze
Poderia dizer que Isaiah, que era ou não traficante, enviando seus súditos idiotas
para o bar atrás de mim, seria a minha maior preocupação, mas, como sou uma
especialista em coisas estúpidas, é claro que não era.
Uma dor atraente em minha bunda, mas ainda assim, uma dor na minha bunda.
Em nenhum momento ele tirou sarro de mim por não querer beber.
Nem uma vez tive que me impedir de dizer a ele a verdade por que eu não bebia.
Eu estava ficando sem desculpas, e meu olhar voltou para os dois copos cheios.
Engoli em seco, frustrada e... só realmente frustrada. Não era como se eu nunca quisesse
beber. Eu queria. Eu queria experimentar o que todo mundo e aparentemente minha mãe,
gostavam de sentir ao estarem bêbados. Isso era algo desconhecido para mim.
Eu queria me jogar no chão e rolar como uma criança, como o meu irmão
costumava fazer - Eu cortei rapidamente esse pensamento , balançando a cabeça.
26
Jose Cuervo. Uma marca de tequila
158
"Querida, você tem que tentar. Apenas um tiro. "
Meu olhar se virou para ele. Eu gostava quando ele me chamava de querida ou
baby, e isso foi a cereja estúpida do fodido bolo. Nossos olhos colidiram, e esses cílios
grossos, naqueles olhos, aquelas sobrancelhas e esse rosto...
Porra.
Whoa. O fato dele ter acertado em cheio, me fez dar um passo atrás. Eu bati na
cadeira da mesa, e suas pernas sacudiram contra o chão. "O quê?", Eu sussurrei.
Ele deu a volta no balcão, seus braços caindo ao seu lado. "Isso é por causa de sua
mãe? De como ela é? "
Santo inferno, meus pés estavam enraizados enquanto eu olhava para Jax. Eu não
o conhecia há mais de uma semana e alguns dias, e ele estava levando isso a sério.
Como isso aconteceu? Talvez pelo fato de que ele conhecia minha mãe quando
ninguém, nem Teresa ou Avery, nunca tinham posto os olhos nela ou tiveram a chance de
experimentar perguntar sobre Mona.
Era por causa da minha mãe. Isso não foi uma surpresa para mim, mas ouvi-lo,
me atingiu como um caminhão em uma estrada.
Eu tinha visto minha mãe fazer coisas terríveis e estúpidas, e vi fazerem coisas
horríveis e humilhantes com ela, quando estava bêbada ou drogada. Ela nunca teve
qualquer controle quando estava assim. Inferno, ela nunca teve qualquer controle mesmo
antes disso, mas era pior quando estava chapada. Ela era a razão por eu não fazer uma
monte de coisas e eu queria o controle completo, porque eu...
159
Dei um passo, antes que meu cérebro registrasse o que estava fazendo.
Caminhando em direção ao balcão, passei por Jax e senti quando ele se virou quando
cheguei ao tiro. Meus dedos tremiam quando se fecharam em torno do copo frio.
Me virei para onde Jax estava em pé, com minha mão, agora firme, disse - “Eu não
sou minha mãe”.
Jax acariciou minha testa, com um toque suave, fazendo com que o cobertor
elétrico do meu corpo se superaquecesse e o zunido em meu sangue, cantarolasse mais
alto. “Jax, tequila... tequila é...” Eu deixei morrer as palavras, porque estava muito difícil
pensar e falar ao mesmo tempo...
Abri os olhos e sorri. Ele estava sentado ao meu lado, suas longas pernas esticadas
na frente dele e com suas costas pressionadas no sofá. Estávamos apenas alguns
centímetros separados, e eu não me lembro como acabei deitada no chão, mas eu sei que
ele tinha se deitado lá comigo imediatamente.
"Calla?"
"Hmm?" Meus olhos estavam fechados novamente, então os abri. Ele estendeu a
mão, batendo no meu joelho com seus dedos, e eu ri. "Estou bêbada, não estou?"
Ele deu um sorriso. "Como esta é a primeira vez que você esteve bêbada, eu vou
dizer que quatro doses foi uma bela maldita marca. "
160
"Eu perdi Tequila por um longo tempo, portanto não seja o amigo chato." Eu
apertei a garrafa em meus braços, pressionando-a contra o meu peito. "Eu realmente
gosto de tequila."
"Vamos ver como você se sente na parte da manhã. Por que você não me devolve
a garrafa? "
Fiz uma carranca com minha boca. "Mas eu gosto dela. Você não pode tirar isso
de mim."
Jax se inclinou para frente, rindo. "Eu não vou quebrar a garrafa, Calla ".
Eu tentei olhar irritada, mas acho que tudo o que acabei fazendo, foi cruzar meus
olhos. Suspirando alto, aliviei o aperto de morte na garrafa.
Ele gentilmente a retirou de mim e colocou-a na mesa de café, apenas fora do meu
alcance. Imediatamente, senti a perda da felicidade pela garrafa de ouro, e pensei que
deveria sentar-me e recuperá-la, mas, novamente, era muito esforço. Quando seu olhar
voltou a mim, seu sorriso me deu uma sensação estranha em meu peito e barriga.
"Então, de volta para as coisas que você ainda não fez." Ele se debruçou de volta
contra o sofá, obviamente, não se sentindo tão bem como eu estava. Nós tínhamos feito
uma lista, do que eu não tinha feito ao longo dos meus 21 anos, algumas coisas
impressionantemente embaraçosas, mas eu não me importava. Gostava de vê-lo sorrindo
com cada coisa que eu falava que não tinha feito, e notar a mudança em seus olhos, como
se estivesse imaginando algo para corrigir isso. "Nunca sentiu areia sob seus pés?", ele
perguntou.
Eu balancei minha cabeça. Pelo menos, pensei que fiz. "Eu tenho planos. E meus
planos não envolvem essas coisas ".
161
Ele arqueou as sobrancelhas. "Três Fs?"
"Sim!" Eu percebi que gritei, então continuei com uma voz muito mais suave.
"Finalizar a faculdade. Focar em uma carreira no campo da enfermagem. Eeeeee
Finalmente colher os benefícios de terminar alguma coisa. " Fiz uma pausa, enrugando
meu lábio superior. "Embora eu não tenha certeza sobre a última parte. Eu meio que
terminei a maioria das coisas que comecei, mas não há um monte de coisas que começam
com a letra F que poderia colocar como planejamento, por isso...."
Ele sorriu. "Então é isso? Os seus grandes planos são basicamente terminar a
faculdade e encontrar um emprego?"
Comecei a dizer-lhe que era tudo, mas então pensei sobre isso, e notei que ele
estava certo, ou talvez fosse o efeito da tequila.
No começo eu não sabia que o que tinha dito, então não fazia idéia do por que ele
estava olhando para mim como se tivesse falado alguma coisa louca. Então eu percebi que
acabei de admitir que ele foi meu primeiro beijo... e sim, eu não me importava que deixei
escapar essa humilhante informação.
Seus olhos castanhos se arregalaram. "Você está com vinte e um e você nunca..."
A expressão em seu rosto ficou ainda melhor, quando seus olhos olharam rapidamente
para o teto, como se estivesse orando ao céus.
162
Agora, eu me sentia um pouco estranha por estar deitada, então resolvi me sentar.
O quarto girou por um segundo e meu estômago mergulhou precariamente. Eu não gostei
dessa sensação de reviravolta, mas segurei firme, e então estava olhando para Jax.
Puxa, ele era assim... tão bonito. Quanto mais tempo eu olhava para ele, percebia
que não era um típico cara quente. Alguns podiam achar que seus lábios eram muito
cheios, ou sua testa muito grossa, mas para mim ele era quente. Ele me fazia desejar por...
"Oh," eu sussurrei.
Oh.
Pelo menos, não garotas como eu, que cresciam jogadas em meio a pobreza e
sujeira.
A preocupação em sua voz aliviou o aperto do meu peito. "Eu... Eu ainda gosto de
tequila.”
Houve uma pausa e Jax caiu na gargalhada. "Espere até que você prove vodka ".
163
"Mmm. Russos ".
"Uísque?" Engoli em seco, meus olhos se ampliando, quando apertei minhas mãos
sob meu queixo. Eu estava começando a perceber que ficava um tanto dramática quando
bebia. "Não. Não uísque. Mamãe costumava beber uísque e coisas... e, ela ficaria ou muito
feliz ou muito triste. " Levantei-me em meus joelhos, empurrando meu cabelo para trás
por cima dos meus ombros. "Está muito quente aqui? "
"Está confortável." Ele passou a mão em volta do meu pulso, me firmando. "Mona
gosta de uísque."
Sim, claro. Jax conhecia mamãe. Nossos olhares colidiram, e eu pensei... Eu podia
dizer isso a ele. "Eu achei... que seria como ela se eu bebesse, sabe? Fazendo coisas
estúpidas e... é que eu vi várias coisas enquanto ela bebia. "
Algo mudou na postura de Jax, tipo um alerta, e talvez mais tarde, quando eu não
estivesse sob os efeitos da tequila, eu poderia perceber que ele não viveu tão longe da
pobreza e sujeira que eu cresci. "Que tipo de coisas?"
Sentei sobre meus tornozelos, sabendo que não deveria dizer a ele as coisas que
tinha visto. Ninguém queria ouvir isso. Era uma confusão. Era feio. Não tão feio como as
cicatrizes no meu corpo, mas extremamente desagradável.
Mas eu tinha a língua solta pela tequila. "A primeira vez, digo primeira, porque
aconteceu mais de uma vez, ela estava dando uma festa. Estava sempre dando festas, mas
esta noite já era tarde e eu estava com sede. Eu tinha um resfriado ou uma gripe. Alguma
coisa assim. Eu precisava de algo para beber. E precisava descer. Mamãe tinha me dito
antes, para não vir no andar de baixo quando ela estava dando as festas, mas desta vez
tive que ir ".
"Doze, eu acho. Eu não sei. Não muito mais velha que isso...Bem, de qualquer
maneira, eu desci e havia pessoas desmaiadas no chão, e eu ouvi minha mãe. Ela estava
fazendo esses ruídos estranhos e a porta de seu quarto estava aberta. Olhei, e ela estava
164
no chão. Um cara estava com ela. Ele era... " Eu balancei a cabeça lentamente, vendo as
imagens nebulosas e difusas na minha cabeça. "Minha mãe me viu. E o cara também. Ela
se assustou, e eu corri para cima. Ela estava tão bêbada naquela noite...”.
Seu peito subia rapidamente. "Será que algum desses caras, alguma vez...mexeu
com você? "
Olhei para ele um momento e depois ri. Não era engraçado. Estava longe de ser,
mas na época... Eu parecia pior do que estava agora. "Não."
"Mas Deus, caramba Calla...." Seus dedos apertaram meu pulso delicadamente
enquanto registrei um olhar duro em seus olhos. "Você não deveria ter visto essas
merdas."
"Eu sei, mas eu vi e não existe nada que possa mudar isto. " Eu parei quando seu
olhar segurou o meu. Eu queria que ele me achasse bonita e que seu beijo tivesse sido real.
"Sendo assim. Tequila é melhor do que o uísque."
Eu sorri. "Ótimo. Isto... isto não tem sido como aquelas vezes com minha mãe. Por
que será que eu tinha tanto medo? " Eu não lhe dei a chance de responder, porque eu pulei
para os meus pés, deixando meu pulso livre do seu alcance. O movimento brusco me fez
cambalear, e eu abri meus braços para tentar me estabilizar. "Whoa totó... "
Jax se levantou facilmente e não balançou. "Calla, baby, talvez você devesse se
sentar. "
165
Ele estava sorrindo novamente. "Não tenho certeza. Você estava falando sobre ter
medo ".
Eu enruguei o nariz, e então me veio a mente. "Oh! Fique bem aí. " Eu saí antes
que ele pudesse me parar.
"Calla-"
Fui para o quarto, até o armário e agarrei meus itens. Mantive-os perto do meu
peito, voltei tropeçando para a sala de estar. Jax estava junto ao sofá, ambas as
sobrancelhas levantadas.
Fui até onde ele estava e coloquei o troféu, que ganhei no Desfile Miss Sunshine,
ou alguma coisa estúpida com um nome parecido, na mesa de café. "Isso é meu."
Jax se sentou na beirada do sofá, seu olhar caiu para o troféu. O metal e plástico
brilhavam sob as luzes do teto da sala.
"Eu costumava participar de concursos." Parte de mim, a pequena fatia que estava
presa na névoa em minha cabeça, não podia acreditar que estava dizendo-lhe isso. Eu não
havia contado a ninguém. "Desde que eu era, assim, um recém-nascido. Sem brincadeira.
Eu não conseguia nem sentar-me e mamãe já me tinha em concursos. Eu poderia ter
participado do programa de TV, você sabe, Toddlers & Tiaras? Por anos isso foi tão eu ".
Seu olhar finalmente se voltou para mim, para a foto que segurava perto do meu
peito. Mais uma vez, ele me olhava de um jeito estranho.
"Esta sou eu. Quero dizer, ok, eu estava com uns oito ou nove anos nesta foto, mas
era assim que eu me parecia. "
166
Agora, suas sobrancelhas estavam franzidas, enquanto olhava para mim, e não
mais para a minha foto antiga. "Ela fazia isso com frequência?"
Olhei para a minha foto, todos os cachos loiros e grande sorriso, com grandes
falsos dentes brancos, eram chamados de dentição postiça, e eu odiava como ficava em
minha boca. Os falsos dentes tinham ferido minha boca, mas quando eu usava, mãe dizia
que eu era linda. Todos os juízes disseram que era bonita. Eu venci prêmios por causa
desses dentes estúpidos. Papai... ele apenas sacudia a cabeça. "O quê?”
"Ela te deixava por dias sem comida e itens básicos de higiene pessoal."
Eu olhei para ele, e lá estava novamente, algo em seu olhar que eu não entendia,
mas queria. Eu ergui a foto de novo, praticamente esfregando em seu rosto. "Eu costumava
ser muito bonita ", eu sussurrei, compartilhando o segredo.
"Não existe um “costumava” aqui." Ele pegou a foto de minha mão, e meu queixo
caiu quando ele atirou-o longe. A foto passou zunindo no ar, batendo em uma almofada e
pousando inofensivamente no sofá. "Você é realmente muito, muito bonita agora."
Eu abri minha boca e ri bem alto. Talvez tenha até mesmo bufado. "Você é tão... "
Eu sentei no sofá, de repente cansada e talvez um pouco tonta. "Eu não sou muito
bonita."
Ele olhou para mim. "Eu só acabei de dizer que você é muito bonita agora. Então,
você é muito bonita. Ponto final porra, e não se discute mais isso. " Minha boca se abriu
167
para retrucar e apontar todas as razões disso não ser verdade, mas então eu dei de
ombros. Era legal da parte dele. Eu aceitaria por hora.
"Você é legal", eu disse novamente. "Está sendo bom. Obrigada por fazer isso
comigo. Quero dizer, tenho certeza que você teria coisas mais interessantes do que ficar
de babá de uma garota que está sentindo pela primeira vez como é estar bêbada."
Ele inclinou a cabeça para o lado. "Você não precisa agradecer-me. " " Obrigado,
"eu murmurei novamente.
Seus lábios curvaram para cima. "Sempre que você quiser beber, eu estarei aqui
para você."
Bem, isso foi bom, também. Do nada, um nó se formou no meu peito. Me senti uma
bagunça. "Sério?"
Ele assentiu com a cabeça. "Como eu disse, você está segura comigo. Sempre.
Sério. Tudo o que você quiser explorar, você vai sempre poder contar comigo."
Essas palavras... oh meu Deus, essas palavras desequilibraram algo em mim. Não
que eu me sentisse insegura. Bem, quando eu morava com a mamãe, as coisas não eram
aconchegantes, e obviamente, merdas cabeludas aconteceram uma vez ou duas.
"Na verdade, você sabe... Acho que posso ajudá-la a eliminar algumas dessas
outras coisas em sua lista ", continuou ele, e seu sorriso torto se espalhou para um
completo que poderia parar corações.
Eu estava olhando para ele e realmente não estava ouvindo nada do que dizia, e
aquele nó subiu do meu peito para a minha garganta, me fazendo sentir ainda mais
bagunçada. Jax não era apenas um cara quente que as meninas cobiçavam. Ele era bem
mais agradável do que Jase, provavelmente mais ainda do que Cam e até mesmo Brandon.
Nem sequer parei para pensar no que estava fazendo. Saltei em direção a ele e em
menos de um segundo, joguei meus braços, em um movimento brusco, em torno do
168
pescoço de Jax. Isso o pegou desprevenido e ele cambaleou um passo para trás, antes de
se firmar. Um momento passou, e, logo seus braços me rodearam também.
"Obrigada", eu disse, minha voz abafada contra o seu peito firme, realmente firme.
"Eu sei que você disse para não te agradecer, mas obrigado."
Ele não respondeu. Em vez disso, um braço afrouxou e sua mão se arrastou pela
minha espinha, chegando nas extremidades do meu cabelo. Uma onda de arrepios seguia
o toque de sua mão, e aqueles arrepios se espalharam através dos meus braços, para as
pontas dos meus dedos e nos dedos do pé, e em toda parte do meu corpo, especialmente
entre minhas pernas.
Levantei meu rosto e olhei para ele. Jax estava olhando para mim, com um sorriso
suave sobre seus lábios. Sua outra mão, mudou da parte inferior da minha costa para o
meu quadril, e santo inferno, eu me sentia muito bem. Tão bem, que nem considerei que
ele pudesse sentir em seu peito, minha necessidade por ele, através da minha fina camisa.
Seus olhos chocolates estavam quentes quando vagaram pelo meu rosto e sua
mão apertou meu quadril, me fazendo ficar mole. "Estou feliz que você voltou pra casa,
Calla".
Estiquei-me na ponta dos pés e abaixei minhas mãos para seu ombros, e então fui
para a sua boca. Eu ia beijá-lo. Eu nunca tentei beijar um cara antes, mas eu faria isso
169
agora. Eu estava indo beijar aqueles lábios maravilhosos, porque ele disse que era seguro,
e que estava feliz que voltei pra casa, e que eu realmente estava fodendo-
Jax puxou a cabeça para trás. Na verdade, todo o seu corpo se afastou, e minha
boca não pousou na sua, mas escorregou pelo queixo e pescoço. Desde que minha boca
estava aberta, saboreei o bom gosto de sua pele.
Ele contornou a mesa de café, colocando espaço entre nós. Sem ele para me
apoiar, eu tombei para a frente. Suas mãos enrolaram em torno de meus braços, evitando
a minha queda e... e mantendo-me a um braço de distância.
Confusa, eu olhava para ele. Seus olhos estavam arregalados de novo, toda a
descontração e calor fora deles. Uhhh. Isto não era bom.
Meu coração começou a bater violentamente, abafando o que quer que Jax estava
dizendo. Isso era fodidamente muito ruim. Do tipo ruim, que só te resta morrer. Eu tentei
beijá-lo, o belo, encantador e muito fodidamente agradável Jax.
"...eu disse que você estava segura comigo. " Sua voz era mais profunda, mais
baixa quando voltei a prestar atenção no que diabos ele estava falando. "Eu não estava
mentindo."
O que diabos isso tem a ver com o preço do chá na China? Ou era a tequila que de
repente se voltou contra mim como um drogado com um garfo enferrujado? Eu tentei
beijá-lo e ele tinha se afastado de mim, fisicamente negando minha boca.
Puta merda.
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O nó confuso e úmido estava de volta, desta vez em meu estômago e peito, mas
foi misturando-se com alguma outra coisa que era feio, e subindo rapidamente.
Ah não.
Eu pulei para trás, me puxando do seu aperto. "Oh meu Deus ", eu disse ofegante.
"Eu não posso acreditar que eu tentei... "Eu engoli um soluço, um soluço horrível. "Oh
wow."
"Está tudo bem. Por que não nos sentamos? ", Ele ofereceu, dando um passo em
minha direção.
Girando, eu corri para o quarto. Eu podia senti-lo. A confusão estava quase lá. Eu
tropecei em volta da cama, meus pés deslizando quando eu abri a porta do banheiro,
batendo as minhas mãos nela. A porta explodiu na parede, sem dúvida amassando o gesso.
Eu caí no chão de joelhos, em frente ao vaso sanitário, oh Deus, será que estava
limpo? Tarde demais. Agarrei o lados, quando meu estômago embrulhou, trazendo à tona
tudo e qualquer coisa de dentro dele.
171
Capítulo Treze
Tequila era o suco selvagem do diabo e eu nunca mais provaria dele novamente.
A coisa mais confusa era que as pessoas alegavam não se lembrar de nada do que fizeram
quando estavam bêbadas. Eu digo que isso é conversa furada, porque me lembrei de tudo.
Ah Deus, eu poderia lembrar de cada detalhe humilhante, meticulosamente.
Eu disse a Jax todas as coisas que eu nunca tinha feito, e algumas dessas coisas
eram simplesmente ridículas. Coisas, que provavelmente o fizeram acreditar que cresci
em um abrigo anti-bombas, ou algo do tipo.
Eu também tinha mostrado a ele um troféu e uma imagem minha toda arrumada
como uma boneca e disse-lhe que costumava ser bonita.
E isso só me fez querer enfiar a cabeça em um forno, mas oh, tinha mais.
Eu também disse a ele coisas sobre mamãe, que eram muito horripilantes até
mesmo para repetir.
Eeeee então, vomitei as tripas enquanto Jax segurava meu cabelo e esfregava
minhas costas. Oh meu Deus, ele realmente esfregou minhas costas, e eu acho que ele
falava comigo enquanto isso. Não sei o que ele disse, mas me lembro de sua voz, baixa e
suave, enquanto meu estômago se apertava e revolvia. Mas ele deve ter sentido as
cicatrizes. A minha pele não era exatamente lisa nas minhas costas. Era áspero e saliente
em algumas áreas, e eu sabia que poderia ser sentida através da minha camisa.
Uma vez que toda a tequila tinha ido embora do meu estômago e junto com ela
meu orgulho, eu me deitei no chão do banheiro, porque estava fresco, suave e perfeito. Ele
me deixou ficar lá, enquanto pegava uma toalha úmida, e oh Deus, fazia algo ainda mais
embaraçoso... limpava meu rosto. Depois disso, quando ele teve a certeza que eu não
172
vomitaria em cima dele, me levantou e levou para a cama, forçando em minha garganta
dois ibuprofenos com um copo de água.
Peguei no sono com Jax sentado ao meu lado, com sua perna pressionando meu
quadril, e quando acordei, em algum momento do amanhecer, me sentindo como se
tivesse sido atropelada por um caminhão cheio de bombeiros quentes e musculosos, Jax
ainda estava lá.
Ele estava deitado atrás de mim, com a frente do seu corpo pressionado em
minhas costas, e seu braço pesando sobre meu quadril. Se eu não sentisse como se minha
cabeça fosse rachar ao meio, eu poderia apreciar acordar assim.
Em vez disso, entrei em pânico, como se tivesse acordado na cama errada com
um cara estranho. Pulei da cama que quase beijei o chão. Não faço idéia de como agarrei
roupas limpas e fui para o chuveiro lavar a sujeira pegajosa da tequila do meu corpo, e a
vontade de me sentar na banheira e chorar pela dor de cabeça enorme e as coisas
estúpidas que tinha feito e dito na noite anterior, era enorme.
Quando saí do banheiro, Jax já estava todo acordado e alerta, quando entrou no
banheiro, pegando sua própria escova de dentes, que ele havia colocado lá após a segunda
noite consecutiva nesta casa.
Eu estava sentada no sofá, quando ele saiu do banheiro, com seu cabelo e rosto
respingados de água, e rapidamente tive que desviar o olhar, encarando o local no chão
onde fiquei abraçada à garrafa de tequila.
Eu não podia olhar para ele. Não conseguia. Nem mesmo quando ele chamou meu
nome.
173
"Uma porcaria"
"Nós vamos para o café da manhã oficial dos campeões em ressacas ".
"Waffle House."
Olhei para ele, piscando lentamente, e então desviei o olhar, sentindo meu rosto
aquecer sob a maquiagem que eu usava. "Eu não quero comer. Eu não quero nem pensar
em comida."
"Você acha isso agora, mas confie em mim, a comida vai fazer maravilhas para o
seu estômago. Eu sei. Tenho praticado bastante. "
Balancei minha cabeça olhando pela janela. “Eu realmente acho que preciso
apenas me deitar e dormir por oito horas antes de ir para o bar esta noite. Então acho
melhor você ir embora. Não quero ser rude-"
"Não faça isso", disse ele, já bem ao meu lado. Eu nem sequer ouvi ele se mover.
"Não, Calla".
Meu olhar desceu para seu peito. Como ele poderia parecer tão bem na mesma
maldita camisa que tinha dormido na noite passada? Eu queria gritar que isso não era
justo. "Não o quê?"
"Nada é fácil para mim. Você não tem nenhuma razão para estar envergonhada.
Você bebeu na noite passada. Você se divertiu, pelo menos até que você se sentiu mal- "
174
"É comum. Inferno, você sabe quantas vezes eu já estive enrolado em torno de um
vaso sanitário, jurando que eu nunca beberia de novo? Você não precisa e nem quer saber
as histórias horríveis que eu poderia compartilhar. "
Mas eu aposto que ele nunca tinha tentado beijar uma garota e sido rejeitado por
ela.
"Querida, não." Dois dedos curvaram ao redor do meu queixo, e não havia como
lutar, quando ele levantou o meu olhar ao seu. Eu respirei fundo, me sentindo um pouco
tonta de novo, e me perguntei se ainda havia alguma tequila no meu sistema.
Abri a boca, mas, em seguida, Jax deu um passo atrás, soltando meu queixo.
Depois de um segundo passo, ele abaixou-se, e antes que eu pudesse me mover ou
processar o que estava fazendo, ele deslizou um braço ao redor dos meus joelhos e o outro
em minha cintura, me levantando do chão e deixando-me pressionada contra seu peito.
"Que diabos?", Eu gritei, agarrando seus ombros enquanto ele me virava. "O que
você está fazendo?"
Olhando para mim, ele respirou fundo. "Quando eu tinha quatorze anos, eu bebi
cerveja pela primeira vez. Bebi tanto na casa de um amigo, que passei a noite inteira
agarrado ao vaso. "
"Passei por isso tantas vezes quando era garoto, que você pensaria que aprendi
minha lição ", ele continuou, me olhando. "Em seguida, quando voltei do exterior, algumas
doses de uísque por noite era tudo o que me levava a fechar os olhos por algumas horas."
Meu corpo enrijeceu ainda mais. Uísque. Deus, eu odiava uísque, mas eu
realmente não estava pensando sobre minha mãe. Eu não podia imaginar o tipo de coisas
que o manteve acordado durante a noite.
175
"Mesmo quando eu vim aqui, foi preciso um uísque e... assim, de qualquer
maneira, o ponto é, eu passei muitas noites e dias lamentando o que fiz. Mas o que você
fez na noite passada e mesmo você sentindo-se como merda agora, você não fez nada que
tenha que arrepender-se."
Ignorando-me, ele se dirigiu para a porta e depois parou, voltando para a cozinha.
"Agarre suas chaves e óculos de sol. Você vai precisar de ambos."
Ele abaixou a cabeça, diminuindo sua voz, fazendo meus dedos enrolarem.
"Querida, você pode argumentar e gritar o quanto quiser, mas eu ainda vou levar a sua
bunda para aquela caminhonete, e nós estaremos indo para Waffle House, e você vai
comer ovos fritos, bacon, e uma maldita waffle ".
Havia um brilho em seus olhos castanhos profundos. "E talvez, até mesmo uma
fatia de torta de maçã, se você for uma menina boazinha e parar de discutir comigo ".
176
"Não."
"Isso é tão... tão anti-americano ", disse ele, e eu rolei meus olhos. "Você é uma
terrorista?"
Jax apertou os braços mais forte. "Querida, você me mata. Realmente, você faz.
Nunca ficou bêbada. Nunca foi para a praia. Nem ao menos comeu uma torta de maçã? Nós
já riscamos algumas dessas coisas, e estamos prestes a riscar mais uma. "
Achei que não era o momento apropriado para compartilhar o fato que eu nunca
fui a uma Waffle House, também.
Seu sorriso estava de volta, e havia algo totalmente encantador sobre isso. "Fique
comigo, querida, e eu mudarei sua vida. "
Lembrei-me das palavras de Katie. Sua vida vai mudar. Eu parei de pensar e lutar,
pelo menos por um tempo. Estendi a mão, pegando minhas chaves e colocando meu óculos
de sol sobre minha cabeça.
O que Jax não sabia, era que ele já estava mudando a minha vida, mesmo que fosse
aos poucos, apenas o fato de me tirar de casa, me colocar em sua caminhonete, e me levar
para uma Waffle House, já era um grande negócio.
O vidro de margarita quase escorregou da minha mão quando me virei para onde
estava Roxy. Atrás dela, Nick estava olhando para nós. Era provavelmente a primeira vez,
desde que nos conhecemos, que ele realmente mostrou algum interesse em mim ou Roxy.
Mas também, quando você diz coisas como 'tomar sua virgindade ,' isso tende a chamar a
atenção das pessoas.
177
"Oh meu Deus, esta é uma conversa tão perfeita."
Minhas bochechas estavam quentes quando olhei de volta para onde Katie estava
sentada. "Esta não é uma conversa perfeita."
Ela arregalou excessivamente seus olhos. "Você era virgem? Como no tempo
passado? "
O cara ao lado dela se virou e olhou para mim. Eu estava prestes a gritar. "Roxy
está falando quanto a ficar bêbada. Eu nunca fiquei bêbada antes. A noite passada foi
minha primeira vez. Jax tirou minha- "
Oh Deus.
Katie inclinou-se para frente e seus peitos quase saltaram para fora seu decote
me cegando. "Você tirou a virgindade de Calla?"
"Eu tirei... o quê? "Ele piscou e, em seguida, olhou para mim, com a cabeça
inclinada. "Será que não me lembro de alguma coisa sobre ontem à noite? Porque querida,
eu estaria seriamente desapontado se isso aconteceu, e eu não me lembrar de nada. Tipo,
realmente transei- "
"Não!" Eu gritei, fazendo com que várias cabeças no bar virassem para mim. "Ela
está falando sobre nunca ter bebido. Não a minha ... você sabe... "
Oh Deus...
Jax olhou para mim um momento, com a mandíbula serrada, e então virou-se para
Nick, dizendo algo em voz baixa, que eu rezei para que não fosse nada a ver comigo.
Já tinha sido muito difícil tomar o café da manhã com ele sem me sentir como uma
idiota pela noite anterior, mas não fiz mais nenhum comentário sobre isso, e ganhei a fatia
de torta de maça, que estava realmente ótima.
"Oh." Katie pareceu desapontada. Assim fez o cara ao lado dela. "Bem, inferno,
não importa. Tenho mesmo que voltar para o meu pole."
178
Eu a vi saltar para fora do banco, enquanto piscava para nós e em seguida,
passeava pela multidão.
"Mas essa não foi sua única primeira vez que eu tomei", Jax anunciou.
Um sorriso lento e sexy apareceu nos lábios de Jax. "Não. Ela nunca comeu uma
torta de maçã. Mudei isto esta manhã ".
Jax não estava satisfeito. Não. Nem um pouco. Seus olhos encontraram os meus, e
algo neles me causou um calafrio para baixo na minha barriga. "Eu também a levei para
Waffle House."
Meu queixo caiu. "Como você sabia que eu nunca estive lá antes?"
"Ontem à noite foi a primeira vez que você ficou bêbada?" Nick falou,
surpreendendo o inferno em mim.
Roxy assentiu enquanto se dirigia para uma menina que estava acenando para ela
como se tivesse estado ali por dez minutos quando só passou apenas dez segundos.
"Tequila", respondeu Jax, piscando para mim. "Ela realmente gostou de tequila. "
179
Nick apertou seus lábios juntos. "Isso é uma merda forte."
"Bem, eu nunca, nunca mais vou beber de novo", eu disse a ele, indo para onde o
meu avental estava escondido. Com toda as bartenders experientes atrás do bar, eu
precisava ficar do lado de fora ajudando Pérola desde que Gloria estava sumida.
Ele movimentou por um momento seus lábios, como se segurando para não
sorrir. "Entendido".
Ele deu uma risada rouca. "Eu já ouvi isso antes. "
De repente, Jax envolveu sua mão na minha. "Você vem comigo. "
Meu olhar passou do rosto de Jax para onde sua mão estava fechada em torno da
minha. "Ir pra onde?"
Jax não soltou a minha mão quando se inclinou contra a borda da mesa, e não
disse mais nada.
Mudei o meu peso de um pé para o outro e tentei puxar minha mão da dele, mas
ele não a soltou. "O quê foi?"
180
Um sorriso brilhou em seu rosto. "Um encontro. Você e eu. Domingo à noite. Não
no Waffle House."
"Há uma nova casa de carnes na cidade. Só abriu há um ou dois anos, mas todo
mundo adora", ele continuou enquanto me observava. "Eu posso buscá-la às seis."
Duas coisas estavam acontecendo dentro de mim. Uma delas era a onda de calor
que estava inundando todos os lugares, me acendendo de dentro pra fora. A outra era a
incredulidade gélida. Eu não entendia o por que ele estava me convidando para um
encontro, a menos que fosse algum tipo estranho de encontro por piedade.
"Não", eu disse, puxando meu braço. Mas ele não me deixou ir, mas eu não ia
tolerar este tipo de coisa. "Eu não estou indo em um encontro com você."
Sua mão escorregou da minha e deslizou para o meu pulso. "Eu acho que você
está. "
"Você vai gostar das carnes", ele continuou como se eu não tivesse negado. "Eles
têm um filé ótimo."
"Eu não gosto de carne," eu menti. Eu amava todos os tipos de carne vermelha.
Era uma pessoa carnívora, muito carnívora.
Ele arqueou uma sobrancelha enquanto seu polegar alisava o interior do meu
pulso. "Por favor, me diga que você gosta de carne. Eu acho que não poderemos ser amigos
se você disser que não. "
181
Eu quase ri, porque isso era ridículo. "Eu gosto de carne, mas- "
"Perfeito", ele murmurou, inclinando a cabeça para trás. "Você trouxe qualquer
vestido com você? Eu gostaria de vê-la em um. "
Meu coração pulou no meu peito, e se ele não estivesse segurando ainda minhas
mãos, teria aplaudido de alegria. "Você não pode gostar de mim."
"Eu já te disse que quero te foder. Você não pode se esquecer disso. "
Ele riu profundamente, claramente divertido. "Você não pode estar surpresa por
eu gostar de você. "
"Sim. E não. " Seus olhos se encontraram com os meus. "Você está dizendo que
não porque não se acha bonita?"
"Eu sei."
Tentei puxar para trás, desta vez cavando em meus pés, mas o seu braço se
enrolou em mim, mantendo-me no lugar. Pânico tomou conta de mim e meu peito
levantava a cada respiração profunda, então forcei meus olhos a se estreitarem, dando-
lhe a melhor aparência irritada que eu podia, tudo para afastar a imagem de rejeição em
minha cabeça.
“Eu sei", disse ele novamente, puxando-me para a frente, me colocando entre o V
de suas coxas.
182
Eu não entendi o que quis dizer que ele sabia, então eu continuei olhando para
ele com meu olhar irritado. "Me solta."
"Sua mãe costumava falar muito sobre isso, dizendo-nos o quão bonita seu bebê
é. Não ERA, mas É. "
"Clyde falava sobre isso também", continuou ele, não tendo idéia de que eu
adicionei tio Clyde à minha lista de assassinatos, e então eu teria que me matar também,
porque a noite passada, eu fiz a mesma coisa. "Ele não era um fã dos concursos ou a forma
como sua mãe a desfilava por aí. Nem seu pai, certo? "
Clyde odiava os concursos, mas o meu pai... "Eu não sei ", eu me ouvi dizendo.
"Meu pai nunca disse nada para mamãe ".
"Acho que ele falou com o Clyde." Jax sorriu um pouco. "Você sabe, o que eu disse
ontem à noite sobre a coisa toda de ser bonita? Eu não estava de brincadeira. É por isso
que eu vou levar você para sair."
Em seguida, seu braço me envolveu ainda mais, e eu estava peito a peito com ele.
O contato enviou uma onda de choque de sensações rodopiando através de mim. Sua
cabeça mergulhou, e sua boca estava a centímetros da minha. Minha mão livre acabou
pressionada contra seu peito.
Eu não me importava.
"Você não me beijou ontem à noite", eu disse, e então eu queria me dar um chute.
183
Senti uma pontada dolorida no meu peito. "Então por que você quer sair comigo?"
Jax olhou para mim por um momento, e então seu olhar se transformou em algo
lânguido, relaxado, incrivelmente sexy e enervante. "Querida, eu não faria nada com uma
menina que estivesse bêbada, especialmente você. Nenhuma maneira no inferno. Quando
eu disse que você estava segura comigo, eu não estava te enrolando. Eu até lhe disse isso
na noite passada."
"Você disse?" Tudo o que eu lembrava era de Jax me empurrando para trás, mas
ele estava falando enquanto eu estava no modo histérica e prestes a vomitar. "Oh."
"E eu me lembro de você dizendo que eu era o seu primeiro beijo. Aquela merda
de beijo no escritório outro dia não conta, mas eu prometo ser seu primeiro beijo real.
Depois que eu levá-la para sair no domingo ".
Meu queixo caiu. Eu estava pirando novamente, porque ele sabia sobre os meus
anos desfilando como uma rainha, e que eu precisava me deixar levar e me sentir ligada
sexualmente. Sim, porque eu estava ligada. Eu poderia ser muito inexperiente por
algumas razões óbvias, mas eu reconhecia o que meu corpo estava passando.
O que não era bom, porque de jeito nenhum que eu iria explorar qualquer uma
dessas coisas com ele, e eu não planejava ficar por perto tempo suficiente, para alimentar
essa coisa entre nós.
"Na verdade... " Sua cabeça mergulhou novamente e seu queixo roçou minha
bochecha direita. "Eu quero te beijar agora."
Eu tremi.
Jax sentiu. "E eu acho que você quer que eu te beije também. Correção. Eu sei que
você quer que eu te beije. "
Estremeci desta vez, quase me entregando pelo peso dos meus seios e o
formigamento girando para baixo do meu corpo. Minha mão agarrou sua camisa. Ele não
podia me beijar. Eu não poderia sair com ele. Isto não era o porquê eu estava aqui.
184
Por que mesmo eu estava aqui de novo? Não importava. A razão tinha sido
estúpida.
Ele fez um som profundo em sua garganta que realmente me fez contorcer no
lugar, e agora seus lábios estavam deslizando sobre minha bochecha, seguindo a curva,
dirigindo-se em linha reta para-
Então a porta do escritório se abriu. "Jax, está- Whoa. Não esperava por isso. "
Clyde olhou para mim e seus olhos se moviam sobre meu ombro. Eu podia sentir
o calor de Jax atrás de mim, e, em seguida, Clyde olhou para mim novamente.
Ele sorriu!
"Não estava esperando por isso", ele disse, alisando a mão sobre seu avental.
"Nem um pouco."
"Nós vamos sair no domingo", Jax anunciou para minha surpresa. Então ele me
puxou de volta contra o seu peito, em seu calor, e eu quase morri ali mesmo. Pela forma
como o meu coração acelerou, eu tinha certeza de que ia acontecer. "Vou levá-la para o
Apollo ".
O Apolo?
"Boa escolha, menino, muito boa escolha." Clyde selou o comentário com um
aceno de aprovação.
Puta merda!
Eu tinha que sair daqui. Desta vez, quando eu me afastei, Jax me deixou ir. Eu
tropecei para frente, atirando-lhe um olhar sobre meu ombro.
Jax piscou.
185
Ele piscou!
Eu saí, passando por Clyde, ou tentando passar por ele, mas ele olhou para mim e
também piscou. "Boa escolha, bebê, muito boa escolha."
Voltando para o bar, eu dei várias respirações profundas. Com as mãos tremendo,
eu ignorei os olhares de Roxy e Nick, e agarrei meu avental. Amarrando-o, eu me apressei
para o salão semi-ocupado, antes que Jax fizesse o seu caminho de volta.
Ele queria levar-me para sair com ele no Apollo, para comermos carne.
Oh querido Senhor, como no mundo eu fui acabar aqui? Mas eu fiz a coisa certa
ao sair daquela sala, e faria a coisa certa, não indo para esse encontro com Jax. Eu
precisava de um coração partido tanto quanto eu precisava da minha mãe estando uma
bagunça maior do que ela já é.
Meu passo era hesitante com esse pensamento, e eu quase caí com a cesta de
batatas fritas, em cima da cabeça do cara na mesa, mas me agarrei a janela, evitando a
queda.
Coração partido?
O homem mais velho olhou para cima, com a pele ao redor dos olhos enrugada.
"Você está bem, garota?"
"Conheço o sentimento."
Coloquei o cesto sobre a mesa, e sorri. "Necessita de algo mais? Outra cerveja? "
186
"Não, doçura, isto é tudo por agora." Quando comecei a me afastar, ele me parou,
colocando a mão no meu braço. "É bom vê-la aqui, fazendo o que sua mãe deveria estar
fazendo."
Minha boca se abriu, mas eu não tinha idéia do que dizer a ele ou como me sentir
sobre todos saberem quem eu era. No entanto, isso não era um segredo. Ele bateu no meu
braço e, em seguida, virou-se para suas batatas fritas, que foram sufocadas com tempero
Old Bay.
Ok. Hoje a noite estava esquisita. Minha vida era esquisita. E ridícula, não podia
esquecer do ridícula.
Virei-me para poder verificar as mesas que não precisavam ser verificadas. Voltei
a ficar atrás do bar, apenas para aliviar Nick, e então peguei o meu almoço, o que era
estranho almoçar tão tarde da noite. Eu não estava com fome, ainda cheia de toda
guloseima que comi, mas eu queria sair do bar e ir para a cozinha, considerando que Clyde
já tinha ido, e provavelmente, planejando meu casamento.
Imagens do início do dia, invadiram minha mente, mas sair para fora, o ar fresco
me aliviou. O ar ainda era grosso com umidade. Andando sem rumo em torno do edifício,
eu levantei meu cabelo do meu pescoço e desejei poder usar rabos de cavalo em noites
como esta.
Eu gosto de você.
Eu tinha dado mais dois passos quando eu vi uma sombra agrupada em torno das
lixeiras afastando e tornando-se mais espessa, sólida. Meu coração gaguejou enquanto eu
recuava um passo.
187
Girando, voltei para a parte da frente do edifício. Provavelmente era alguém em
volta das lixeiras, se aliviando ou fazendo outra coisa desagradável, mas eu peguei meu
passo. Uma cesta de batatas fritas seria bom agora.
Eu estava quase na esquina do prédio quando, sem qualquer aviso, meus pêlos se
arrepiaram em todo o meu corpo. A batida constante de passos atrás de mim estava perto.
Minha respiração acelerou. Cada instinto no meu corpo disparou.
Um segundo depois, fui agarrada por trás e empurrada contra a parede de tijolo,
quando uma mão quente e úmida, segurava em volta da minha garganta.
188
Capítulo Quartoze
“Diga uma palavra que eu não queira ouvir e você vai se arrepender.” Ele ameaçou
e na fraca luz, algo brilhoso e afiado apareceu no canto direito dos meus olhos. “Eu vou
igualar essa sua cara.”
Mesmo enquanto ficava com raiva, meu estômago era tomado por gelo enquanto
eu encarava seus olhos escuros. Seu rosto rígido e a tensão em seus lábios me diziam que
ele não estava fazendo as ameaças em vão. Tudo que consegui fazer foi respirar.
Eu não queria concordar, mas por não querer perder um olho, eu fiz o que ele
disse. Eu acenei.
“Mona tem um pouco menos de uma semana antes que Isaiah fique realmente
impaciente,” ele continuou, ainda segurando a faca. Ar ficou preso em minha garganta. “Se
ela não aparecer até quinta que vem, isso vai ser seu problema. Vai ser problema do
imbecil também.”
Eu estava imaginando que esse imbecil era Jax. “Eu... eu não sei onde ela está.”
“Isso não é problema meu. E não é problema de Isaiah.” Mack se moveu, a parte
da frente de seu corpo pressionado contra o meu, e havia uma boa chance que eu fosse
vomitar novamente. “Isso é problema seu. E nem pense em pegar suas merdas e sair da
189
cidade. Nós sabemos onde te encontrar e você não vai querer seus amigos da faculdade
sejam envolvidos nisso. Entendeu?”
Meu coração palpitava em meu peito enquanto acenava pela terceira vez.
“Você não vai querer ver o lado ruim de Isaiah. Ou meu. A gente não dorme no
ponto.” Quando ele se moveu contra mim dessa vez, eu segurei minha respiração. Não
tinha espaço entre nós, e esse toque não parecia em nada com o de Jax. Isso fez minha pele
arrepiar. “Se ela não aparecer, nós vamos mandar uma mensagem a ela. Você não vai
querer ser parte dessa mensagem.”
Seus olhos viajaram pelo meu rosto, parando na minha bochecha esquerda. “Você
sabe, você não é tão feia de se olhar. Eu poderia encarar você no estilo cachorrinho. Te
virar. Te foder por trás.”
Meus olhos arregalaram e minha pele parecia que iria saltar de meus ossos e sair
correndo para longe, muito longe. Acido se formava em meu estômago, abastecendo o
pânico um pouco mais.
Minha mãe havia feito isso, trazido esse pedaço de merda para minha porta.
Seu sorriso ficou ainda mais diabólico. “Sim, eu acho que eu tenho uma boa ideia
de qual mensagem passar. Melhor ainda, eu acho que isso passaria outra mensagem para
o imbecil lá dentro.”
Oh Deus, isso não era bom. Eu estava com minhas costas contra a parede,
totalmente horrorizada pelo que estava implícito em sua ameaça. Eu sabia como essa
mensagem poderia terminar.
“E é melhor você manter essa sua boca fechada,” ele adicionou, se afastando. A
faca desapareceu por um segundo, até que senti a ponta em meu queixo, fazendo que meus
dedos se enterrassem na parede atrás de mim. “Entendeu?”
190
Mack riu diabolicamente e se afastou, andando pelo estacionamento totalmente
casual, como se ele não tivesse acabado de me ameaçar e de ter dito coisas sujas ou ter
segurado uma faca em minha garganta. Ele entrou em um SUV e foi embora.
Então eu me movi.
Com meus joelhos fracos, eu coloquei um pé na frente do outro e voltei para o bar,
entorpecida. Eu passei direto pelo bar e eu pensei ter ouvido alguém me chamar, mas
continuei andando. Eu fui para o escritório e me sentei no primeiro lugar que vi. O couro
fez um som engraçado quando eu me joguei no sofá. Com minhas mãos tremendo, eu
coloquei elas contra minha testa e me forcei a respirar direito.
“Calla?” Roxy me chamou da porta. Como uma idiota, eu não tinha trancado ela.
“Você está bem?”
Eu não levantei minha cabeça ou disse uma palavra, porque eu tinha certeza que
se eu fizesse uma dessas coisas, eu perderia o controle. Tudo que fiz foi balançar a cabeça,
mesmo sem saber se foi algo bom ou ruim.
Roxy não disse nada de novo e eu apertei meus olhos fechados. O que eu iria fazer
agora? Eu não tinha ideia de onde minha mãe estava ou mesmo por onde começar a
procurar por ela, e eu tinha esse sentimento que uma mensagem precisaria ser entregue,
porque eu nunca consegui encontrar minha mãe antes e dessa vez não seria diferente.
Talvez eu realmente devesse ter ido embora logo no começo quando Jax e Clyde
me pediram.
“Calla?” Dessa vez foi a voz de Jax que ouvi e ela estava mais próxima do que a de
Roxy. Eu poderia dizer que ele estava exatamente na minha frente, no mesmo nível que
eu. Ele deveria estar agachado, porque o rapaz era do tamanho do Godzilla. “O que está
acontecendo?”
191
Ele se joelhou enquanto soltava minhas mãos e colocava as suas em minhas
bochechas. “Fale comigo, querida. Você está começando a me deixar realmente
preocupado.”
Isso era verdade. Seus olhos estavam mais escuros que o normal e seu maxilar
tenso. Nossos olhos se encontraram, e eu sabia o que tinha que fazer.
Que se foda.
Manter minha boca fechada era a coisa mais idiota para se fazer porque eu não
conseguia lidar com essa bagunça sozinha. Eu sabia disso. Não tinha como. “Mack esteve
aqui. Ele estava do lado de fora quando sai. Eu acho que ele estava esperando por mim.”
Jax inalou profundamente enquanto seu olhar ficava afiado e seus ombros tensos.
“Ele te abordou.”
Sua expressão ficou ainda mais tensa, me dizendo que ele não achava que isso era
engraçado. E não era.
“Ele disse que eu precisava encontrar minha mãe. Que ela estar sumida era
problema meu. E disse que se minha mãe não aparecesse até quinta-feira, ai realmente
seria problema meu.” Enquanto eu falava, o rosto de Jax literalmente se fechou. Sem
emoção. Nada. Sua expressão era branca, mas era fria como gelo. “Ele disse que eu viraria
a mensagem que eles iriam mandar para minha mãe.”
Houve um pequeno tremor em sua mão então Jax se levantou rapidamente. Ele
deu um passo para trás. Um musculo pulsando em seu maxilar.
“Eu não quero ser a mensagem,” eu disse, minha voz baixa. “Eu realmente não
quero ser o tipo de mensagem que ele estava falando.”
Ele me encarou por um momento até que finalmente entendimento assumiu sua
expressão, mudando toda a atmosfera do cômodo. Tensão emanava como a chuva que
teve mais cedo. “Eu vou encontrar aquele filho da puta e matar ele.”
Whoa.
192
Eu me levantei, levantando minhas mãos. “Okay. Eu não acho que essa foi a
resposta apropriada.”
“Ele te ameaçou do jeito que eu penso que ele fez?” Apesar de não ter afirmado
isso, foi uma coisa boa que não compartilhei exatamente a mensagem de Mack, mas ainda
assim Jax entendeu. “E ele te ameaçou no meu espaço?”
Eu não tinha certeza de como esse lugar era dele, mas que fosse. “Jax...”
“Agora não,” Jax cuspiu essas duas palavras de um jeito que me faria correr na
direção oposta, mas Nick ficou, seu olhar viajando entre nós dois, obviamente percebendo
que algo tinha acontecido. “Calla.”
Talvez ter contado a Jax não tenha sido uma boa ideia. Eu, provavelmente, deveria
ter ido diretamente para a polícia, porque ele parecia como alguém que iria fazer justiça
com as próprias mãos. Eu engoli fortemente. “Mack tinha uma faca.”
“Não,” eu sussurrei. “Tudo que ele fez foi me ameaçar. Ele disse que iria...” Eu olhei
para Nick, mas ele assim como Jax, estava em alerta. Então eu abaixei minha voz. “Ele disse
que iria igualar meu rosto se eu gritasse.”
Houve um momento de Silêncio então Jax explodiu. Como uma granada. “Filho da
puta!” ele gritou, e eu pulei alto. “Eu vou matar aquele filho da puta.”
193
“Jax, passar um tempo na cadeia realmente não está em seus planos,” Nick disse,
e eu me perguntei se Jax realmente tinha um plano, estupidamente percebendo que eu
nunca ouvir Nick realmente falar. “Você sabia que isso estava prestes a acontecer.”
Meu olhar foi para Nick, e ele sabia. Clyde tinha me avisado. Jax tinha me avisado.
Eles tinham dito que minha mãe estava em uma bagunça tão grande, e eles tinham avisado
que isso iria respingar em mim. Eles não estavam brincando, mas eu realmente não tinha
pensado que era assim tão ruim; mesmo com a heroína, eu não tinha percebido que
poderia ser assim. Eu estava mais preocupada com recuperar meu dinheiro e ficar brava
com minha mãe e comigo mesma.
Eu deveria ter voltado para Shepherd. Eu deveria ter ligado para Teresa e
perguntado se podia dormir no seu apartamento. Eu deveria ter fugido de Dodge.
Na verdade, mesmo que eu soubesse desde o começo que os problemas eram bem
sérios, eu não tenho certeza se teria ido sabendo que minha mãe estava com problemas.
Eu, provavelmente, teria tentado encontra-la desde o primeiro dia se tivesse percebido
que era assim tão ruim. Encontrado ela, pegar o dinheiro de volta e manda-la sem volta
para qualquer lugar longe daqui.
Jax se virou, passando uma mão pelo seu cabelo. “Saber que isso poderia
acontecer e ver que realmente está acontecendo são duas coisas bem diferentes, Nick.”
Jax, de repente, estava na minha frente, segurando meu rosto. Seu dedão encostou
na minha cicatriz, mas o olhar em seu rosto era mais assustador do que qualquer coisa
que eu tenha visto em meus vinte e um anos de vida, e eu vi coisas realmente
perturbadoras.
194
“Você não vai ser a mensagem. Você não vai ser nada para eles. Você me
entendeu? Ninguém vai tocar em você,” ele disse, e ele disse bem na frente de Nick. Ele me
tocou na frente de Nick, tocou minha cicatriz. “Nós vamos cuidar disso e ninguém vai fazer
nada para você. Okay?”
Eu acreditava nele.
“Okay,” eu sussurrei.
Jax abaixou sua cabeça, colocando um casto beijo em minha testa, e ele fez isso na
frente de Nick também. Isso trouxe algo para meu peito, realmente profundo. Então, ele
se virou para Nick e, enquanto ele fazia isso, colocou um braço em meus ombros, me
puxando contra si. Eu hesitei por um segundo, mas fui com ele. Eu me inclinei contra ele,
porque naquele momento eu pensei que realmente precisava me apoiar em alguém.
“Precisamos ligar para a polícia,” Nick disse. Eu abri minha boca mas ele
continuou. “Nós vamos ter que esperar e não fazer isso aqui.”
“Precisamos fazer isso em um local privado,” Jax confirmou, sua mão em minha
cintura. “Eu vou ligar para Reece, deixar ele saber o que está acontecendo. Você cuida do
bar essa noite?”
Nick levantou seu queixo, emanando a postura masculina clichê. “Tenho tudo
sobre controle.”
195
Capítulo Quinze
Clyde estava muito mais que irritado, posso dizer, quando Jax o atualizou sobre o
que aconteceu. Eu não queria contar a ele, mas novamente, ele não deveria ficar alheio
também.
Clyde me deu um de seus abraços de urso que me faziam me sentir tão bem e
prometiam que eu não precisava me preocupar com isso. Ele fez isso segurando uma
espátula.
Era próximo a meia noite quando eu e Jax saímos do Mona’s, eu odiando ter que
sair cedo em uma sexta, uma das melhores noites para gorjetas, mas dinheiro"
incrivelmente" era o menor dos meus problemas.
Nós dirigimos para minha casa, e Jax me seguiu para dentro, ficando próximo. Ele
não estava falando muito enquanto eu rapidamente me troquei, colocando um jeans limpo
e uma camiseta que não cheirasse como o bar.
“Nós vamos nos encontrar com Reece,” foi tudo que ele disse antes que eu
entrasse no banheiro.
196
Eu retoquei minha maquiagem, por habito, e fomos para a caminhonete de Jax,
dirigindo de volta para a cidade. Meu estômago estava revirado quando eu finalmente
reconheci que estávamos na rua que levava para a casa dele.
Ele concordou, olhos na rua. “Reece vai passar aqui. Se você está sendo vigiada,
espero que eles pensem que você está aqui apenas para me ver. Todos sabem que somos
amigos.”
“Deus,” eu respirei, balançando minha cabeça de vagar. Tudo isso... parecia tão
irreal.
Nós não falamos enquanto ele estacionava, saia, e andava até meu lado enquanto
eu apenas tinha aberto a porta. Ele pegou minha mão, segurando firme enquanto me
guiava para a porta que continha os números prateados 474.
Eu não sabia o que esperar enquanto eu entrava na casa de Jax. Eu não estive em
muitas casas de meninos, pelo menos um que não tivesse uma namorada, então eu estava
esperando que o lugar estivesse uma bagunça, cheio de caixas de pizza e latinhas de
cerveja.
Kevin.
Tirando esses pensamentos da minha mente, eu tirei minhas sandálias, mas Jax
manteve seu sapato. Logo na frente havia uma escada que levava ao segundo andar e para
baixo, pelo que eu presumi que fosse o porão.
197
Eu o segui até uma sala bem masculina" sofá marrom escuro e uma poltrona
reclinável posicionadas em volta de uma TV do tamanho de um carro pequeno. Haviam
algumas plantas na frente da janela. Cortinas estavam fechadas. A sala de jantar tinha uma
mesa de madeira escura e ela ficava logo ao lado da cozinha que parecia ter sido limpa
recentemente. Com uma parte totalmente aberta, ela parecia aconchegante e arejada.
“Eu gostei da sua casa,” eu disse, e corei, porque eu tinha certeza que parecia uma
idiota falando isso.
Ele sorriu sobre seus ombros para mim enquanto guardava suas chaves. “Ela
funciona por agora mas, eventualmente, eu quero um lugar com um jardim e sem vizinhos
logo em cima de mim. De vez em quando, o casal da casa ao lado se anima. Da para ouvir
tudo. As vezes é interessante, As vezes, nem tanto.”
Por alguma razão, eu senti meu estômago revirar. Ele era apenas alguns anos
mais velho que eu e já tinha o que queria agora e já sabia o que queria no futuro. Eu não
sabia se gostaria de morar em um apartamento, uma casa conjugada ou uma casa com
jardim. Eu nunca pensei tão longe e não sabia o porque. Era algo que eu realmente só
percebi naquele momento.
“Entendível.” Jax se moveu para onde eu estava, logo na entrada da sala de jantar.
Bem, ele não se moveu. Ele se moveu para frente com a graça de um dançarino. Parando
a apenas a alguns centímetros de distancia, ele colocou ambas as mãos, uma em cada lado
do meu pescoço e baixou sua cabeça, seus dedões logo abaixo do meu queixo. “Vai ficar
tudo bem.”
Meu coração saltitou e por tudo que era mais sagrado, eu não consegui evitar. Eu
queria perguntar por que ele estava se envolvendo tanto, mas as palavras como ‘eu gosto
de você’ e outras coisas do tipo que ele havia dito vieram pra minha cabeça. E ele tinha
beijado a minha testa na frente de Nick.
198
Ele abaixou sua cabeça e colocou outro beijo em minha testa. “Quer algo para
beber? Eu tenho refrigerante. Água. Suco de maçã.”
Eu não tinha percebido que meus olhos estavam fechados até que ouvi sua risada
e abri meus olhos. “Água,” eu disse, limpando minha garganta. “Por favor.”
Um lado de seus lábios se curvaram para cima. “Sim, eu estou realmente ansioso
para nosso encontro no domingo.”
Eu não sabia o que pensar sobre isso ou como responder. Minhas mãos estavam
tremendo novamente, mas por razões diferentes. Eu corri para a sala de estar e me sentei
no sofá. Eu não me sentia como se tivesse vinte e um anos naquele momento. Quatorze
seria mais apropriado.
“Na verdade,” eu disse, me virando. Eu não conseguia ver onde ele havia
desaparecido na cozinha. “Posso tomar o suco de maçã?”
Outra risada profunda e sexy viajou até onde eu estava. “Claro que pode.”
Eu mordi meu lábio e me virei de volta. Jax apareceu, segurando uma caixinha de
suco com um canudo perfurado nela. Meu olhar viajou do seu rosto para a caixa e de volta
para seu rosto. Eu não consegui me aguentar. Eu ri. Aqui estava ele, um cara lindo que
tinha esse lado sexy e brusco, e ele tinha caixinhas de suco em sua casa.
Eu amei.
Jax me encarou. Não havia um meio sorriso dessa vez. Ele estava realmente
sorrindo e, puta merda, ele tinha um lindo sorriso. Ele encontrava com seus olhos, os
deixando da cor de chocolate derretido. “Você tem um riso lindo,” ele disse. “E um
sorrindo estonteante. Você devia fazer isso mais vezes. Ambas. Sorrir e rir.”
199
A caixa de suco quase escorregou da minha mão. Novamente, ele me deixou sem
palavras. Eu não tinha ideia do que dizer e a única coisa que consegui inventar foi
“Obrigada.”
Yep.
Eu realmente estava falando isso tudo em voz alta? Eu disse que ele tinha ótimos
lábios?
O sorriso de Jax parecia ter aumentado e, inferno, era como a única estrela no céu
de tão brilhante.
Por sorte, a campainha tocou, me salvando de dizer mais coisas bobas. Ele se
aproximou, passando seu dedão pelo meu lábio inferior, totalmente me impressionando.
Então ele foi atender a porta.
Eu corri para fechar minha boca. “Oi,” eu murmurei, dando outra olhada.
O sorriso de Reece ficou ainda maior enquanto ele olhava para Jax. “Desculpa ter
demorado. Eu troquei o carro, peguei o meu pessoal para vir aqui caso tivessem olhos na
rua.”
200
Eu tremi sob a ideia de ter pessoas que pudessem estar vigiando o bar, as ruas e
até mesmo a casa de Jax.
“Bom plano,” Jax disse, se sentando ao meu lado no sofá. E ele realmente se sentou
ao meu lado. Sua coxa estava totalmente pressionada contra a minha. “Mas o que eu quero
saber é como os capangas de Isaiah podem ficar circulando por ai e ameaçando Calla
quando você deveria ter falado com eles.”
Oh. Wow.
Reece estreitou seus olhos para Jax, e ele não era mais algum cara gostoso
aleatório que ficava em um bar com alguns amigos. Sua postura toda mudou. Seus ombros
se alinharam, seus olhos se afiaram e suas pernas se afastaram enquanto ele se sentava
na poltrona. “Nós não conseguimos encontrar o idiota. Não é como se fosse algo fácil de
se fazer, mas vamos chegar até ele.”
Oh. Merda.
“Seu trabalho é servir e proteger, certo?” Jax retrucou, seu maxilar tenso. “Então,
porra, sirva e proteja.”
Em um momento tenso, eu pensei que eles iriam sair nos socos no meio da sala,
mas Reece inalou profundamente. “Você tem sorte de ter salvado minha bunda no deserto
ou eu estaria chutando a sua agora.”
Ele piscou para seu amigo. “Você tentaria. Palavra chave aqui sendo tentar.”
Esse comentário foi ignorado enquanto Reece apoiava seu braço na poltrona, sua
atenção em mim, e eu sabia que eu não iria saber sobre a história dos dois. “Eu preciso
que você me conte tudo, Calla.”
Eu olhei para Jax, por algum motivo bobo, e quando ele concordou, eu tomei mais
um pouco do meu suco e suspirei. Então eu contei tudo a Reece" começando do dinheiro
que minha mãe tinha roubado de mim, o verdadeiro motivo para estar aqui e o porque de
201
estar trabalhando no bar. Enquanto eu contava a ele, Reece tinha olhado estranho para
Jax, coisa que não consegui entender, mas sua atenção voltou para mim quando eu contei
a ele sobre o cara gorduroso, a heroína e, então, o que Mack tinha dito para mim fora do
bar.
“Merda,” Reece gemeu quando eu terminei, e eu assumi que tinha terminado tudo
bem. “Essa é uma merda gigante que você está pisando. Não precisa de muita lógica para
entender que a heroína na casa não era da sua mãe. Há uma boa chance dela estar
guardando para alguém e, quando você pensa na quantidade, então provavelmente era
para Isaiah. E Deus sabe lá o negócio que ele tem com a sua mãe para ela estar disposta a
guardar aquilo. É algo muito valioso para se ser responsável.”
Pelo jeito que meu coração estava acelerado, eu não estava gostando do que ele
dizia. “Quem é esse Isaiah?”
“Não que isso importe agora,” Jax disse. “Mona está com problemas com Isaiah e
deve dinheiro a ele e, conhecendo nossa sorte, muita heroína.” Jax se apoiou contra a
almofada, deixando sair sua cabeça nas costas do sofá. Sua mão terminou no meu ombro,
me fazendo pular. “E isso espirrou para Calla.”
27
Se referindo a um terno da marca Armani
202
até mesmo em Brandon e a mulher que não lembrava o nome. Nós conversamos sobre a
faculdade, ir para a praia e viajar o mundo. Não sobre heroína e um traficante que
provavelmente tinha muita experiência em enterrar fatos.
“Se você sabe que ele trafica drogas, como ele não está preso?” Eu perguntei.
Ambos os rapazes olharam para mim, então Jax murmurou. “Fofa. Ela é fofa.”
Eu atirei a ele um olhar que dizia que iria pular de uma ponte.
“Quando eu disse que Isaiah era poderoso, eu não estava brincando. Os policiais
que não estão em seu bolso já tentaram arrastar sua bunda para baixo. Até mesmo os
federais estão na sua cola, mas as provas... bem elas não parecem colar.” Reece explicou,
cuidadosamente, e eu senti como se tivesse muito mais que ele não estava falando. “Há
um mundo lá fora que não opera no sentido de certo ou errado e tudo que a gente pode
fazer é tentar minimizar o dano colateral.”
Dano colateral. Wow. Foi ai, nesse momento enquanto eu encarava meus dedos
que eu percebi que eu era um dano colateral. E o mundo lá fora, aquele pouco que eu vi
enquanto crescia, era muito maior e pior que eu poderia imaginar.
“Nós precisamos encontrar minha mãe,” eu disse, olhando para cima. “Eu não
tenho ideia de onde ela possa estar, mas talvez Clyde sabe. Ou, talvez, eu posso tentar falar
com Isaiah, explicar meu"“
“Você não vai chegar perto de Isaiah,” Jax disse, sua mão apertando meu ombro
ainda mais. “E há alguns lugares que podemos olhar, procurando sua mãe, mas eles são
buracos que você não vai chegar perto também.”
“Me desculpe?” Eu me virei em sua direção enquanto continuava, mas sua mão
não saiu do lugar. “Da última vez que conferi, você não era dono de mim, camarada.” Sim,
essa não era uma boa resposta, mas que seja. “Isso é problema meu.”
203
Minha mão apertou a caixinha de suco, amassando o papelão. “Mona pode ser sua
chefe, mas ela é minha mãe. É meu problema.”
Jax se inclinou para frente, seu rosto logo na frente do meu. “É meu problema
porque é seu problema.”
“Isso não faz sentido!” Eu estava frustrada, e confusa. “Você mal me conhece, Jax.
Você não tem motivo para se envolver com isso.”
“Oh, lá vamos nós de novo com essa basbaquice de ‘mal conhecer’. Eu não preciso
ser seu melhor amigo, querida, para me envolver.” Ele respondeu, seus olhos mais escuros
que eu já tinha visto. “A verdade é, eu te conheço a algum tempo. Você só não me
conhecia.”
Eu pisquei, meio que paralisada pelo fato, mas eu me recuperei rapidamente. “Só
porque você conhece Clyde e minha mãe não quer dizer que me conhece ou que pode me
dizer o que posso ou não fazer.”
Ele foi ignorado. De novo. “Oh, não é só isso. Eu dormi com você. Isso faz você
problema meu.”
“Oh, nós dormimos juntos.” Seus lábios se curvaram de um lado. “E eu sei muito
bem que você não esqueceu disso.”
Oh meu Deus.
“Ou esqueceu de ter acordado comigo,” ele acrescentou, seus olhos se aquecendo.
“Sim, aquilo.”
Oh meu bom Deus. Eu me virei para Reece. “Ele não quer dizer o que você acha
que ele disse.”
204
Reece levantou suas mãos, como que dizendo para eu não arrasta-lo para aquilo.
Eu me virei para Jax, que estava sorrindo descaradamente, mas antes que pudesse
dizer outra palavra, e eu sabia exatamente o que iria dizer, ele colocou sua mão na parte
de trás do meu pescoço, seus dedos prendendo meu cabelo.
“É nosso problema,” ele disse, com a voz baixa. “Okay? Você quer encontrar sua
mãe, eu vou ajudar e vou estar ao seu lado, mas você não vai fazer isso sozinha.”
Eu abri minha boca para argumentar que eu não precisava da sua ajuda. Eu passei
a maior parte da minha vida sem precisar de ajuda, mas Reece interrompeu antes que eu
pudesse continuar. “Você fez bem, Calla, em contar a Jax o que está acontecendo. Muitas
pessoas acham que podem lidar com isso sozinhas, quando na verdade qualquer criança
sabe que não poderia. Continue sendo inteligente sobre isso. Enquanto algumas pessoas
por aqui podem parecer inofensivas, essa situação toda está indo para um território
perigoso. Seja esperta. Esteja segura.”
Aquelas palavras de algum jeito me levaram para uma névoa de irritação. Seja
inteligente. Esteja segura. Em outras palavras, eu não seja idiota. E era uma coisa ser idiota
quando se tratava de Jax, mas outra totalmente diferente quando se tratava de me
machucar ou pior.
Então eu concordei.
Jax gentilmente apertou a parte de trás do meu pescoço e abaixou sua mão. “Boa
menina.”
“Eu vou fazer com que alguns rapazes procurem por Mona também e vamos
entrar em contato com Isaiah. No meio tempo, eu sugiro que você fique perto de Jax ou de
Clyde.” Reece respirou fundo. “E eu quero falar com Mack.”
“Eu não disse que iria falar com Mack sobre você. Eu não gosto do fato que ele te
ameaçou, mas eu também vou ser esperto sobre isso.”
205
“Não vai.” Reece sorriu, tenso. “Confie em mim, Mack vai fazer algo nas próximas
vinte e quatro horas que vai forçar que seja preso e que me visite. Eu posso focar sua
atenção em outra coisa, pelo menos por um tempo.”
Nada disso realmente soava como um bom plano para mim, mas o que eu sabia?
Reece se levantou para sair, dizendo que ele entraria em contato e Jax o acompanhou para
fora. Eu me apoiei no sofá e estava no meio de um grande bocejo quando Jax voltou.
“Está tudo bem? Quero dizer, enquanto você foi lá fora com Reece?”
“Sim. Ele, na verdade, estava falando sobre algo não relacionado a isso tudo. Um
de nossos amigos vai se casar. Eu vou ser um dos padrinhos.”
Ele concordou. “É o Dennis. Ele estava tendo certeza que eu poderia fazer a festa
de despedida de solteiro, já que vai ser durante a semana.” Ele me observou por um
momento. “Cansada?”
Em vez de pegar suas chaves que estavam no canto, ele tirou suas botas. Eu não
entendi o que ele estava fazendo, já que não achava que ele fosse dirigir descalço. “Você
não vai me levar para casa?”
As meias foram as próximas a saírem, então ele soltou suas botas. “Eu estava
ficando com você. Clyde também. Isso, com certeza, não vai mudar agora.”
Eu estava meio que aliviada que um deles iria ficar comigo agora.
“Está tarde. Não tem motivo para que voltemos para lá,” ele continuou. “Você
pode ficar aqui.”
206
Meu coração deu um salto. Eu nunca passei a noite na casa de um cara antes. “Eu
não acho que deveria ficar.”
Eu olhei para a porta da frente enquanto me revirava por dentro e minhas mãos
começavam a ficar meio fracas. “Eu não quero mais suco de maçã.”
“Eu tenho um mix de frutas também. Não qualquer porcaria. Capri Sun28.”
Ele tinha uma variedade de caixinhas de suco? Eu balancei minha cabeça. Isso não
era importante. Era fofo, com certeza, mas não era importante. “Eu não tenho uma muda
de roupa.”
Jax sorriu enquanto dava a volta no sofá e se aproximava de mim. Cada musculo
no meu corpo ficou tenso. “Eu tenho certeza que tenho algo que você pode usar. E também
tenho escova de dente nova. Você está segura.”
Merda.
Mas era. Meus batimentos aceleraram enquanto eu procurava por uma razão
lógica que não envolvesse eu fazendo algo estupido, mas não havia realmente uma válida
que eu pudesse elaborar. “Okay,” eu sussurrei.
Ele riu. “Inferno, não, essa coisa não é confortável. Ninguém que eu remotamente
gosto vai dormir nesse sofá.”
28
Marca de sucos. http://parents.caprisun.com/juice-drinks
207
“Só uma, mas é grande.” Ele se aproximou, pegando minha mão e eu encolhi,
porque eu realmente esperava que minha mão não estivesse soada. “Tamanho king-size.
Espaço suficiente para nós dois e um São Bernardo.”
Essa foi uma pergunta boba. “Eu não acho que é certo dormimos juntos. Quero
dizer, realmente... eu não sei, só não é uma boa ideia.”
Uma sobrancelha levantou. “As melhores coisas da vida nunca são boas ideias.”
Jax pareceu não perceber enquanto ele dava a volta na cama gigante e ia em
direção a uma cômoda de madeira escura antiga. Eu estava completamente parada.
No meio da noite.
208
Eu seria apenas a menina parada no quarto de um cara que ela gostava. E por
Deus, eu realmente gostava de Jax. Sim, eu não o conhecia a muito tempo, mas o que eu
sabia sobre ele, eu gostava.
“Essa camiseta provavelmente vai servir como camisola para você.” Ele andou
para meu lado, me entregando enquanto eu o encarava. “Aquela porta leva ao banheiro.
Há escovas de dente novas no armário abaixo da pia.”
Segurando a peça de roupa emprestada perto do meu peito, eu não disse nada ou
me movi enquanto Jax passava por mim. Ele parou, colocando uma mão nas minhas costas,
falando perto da minha orelha. A sensação do seu hálito quente foi boa. “Lembra do que
eu te disse?”
“Eu imagino que você nunca passou a noite na casa de um homem antes.”
“Eu gosto disso sobre você,” ele continuou, e eu pensei que essa era uma coisa
estranha para se gostar. “É fofo.”
“Eu te disse que você está segura comigo.” Sua mão viajou para meu quadril,
dando uma apertada. “Isso não mudou, Calla.”
Eu exalei suavemente. Ele tinha dito isso e eu realmente confiava nele. Hora de
enfiar a calcinha de gente grande. Eu iria ficar aqui, iria dormir na mesma cama, mas não
iria transar com ele.
209
“E você não vai dormir no sofá. Nem eu.”
Meu coração fez uma acrobacia dessa vez, e eu suspirei mais uma vez e concordei.
210
Capítulo Dezesseis
Quando Jax deixou o quarto, tudo que consegui fazer foi correr para o banheiro e
fechar a porta atrás de mim. Como o resto da sua casa, o banheiro estava limpo e
arrumado. Tapete azul no chão combinando com a cortina do chuveiro. Sem outra
decoração. Nem olhei para o grande espelho, eu rapidamente tirei minha roupa. Eu tinha
que tirar o sutiã. Eu não conseguia dormir com um, não tinha certeza se era algo
relacionado com as cicatrizes ou se apenas era mega desconfortável. Max Jax estava certo,
sua camiseta era tão grande que chegou até metade das minhas coxas e não era justa. E eu
coloquei de volta a blusa que eu estava usando para me dar algumas camadas à mais.
Minha calcinha era fofa — rosa vibrante com um pequeno laço no meio — mas
isso não importava, porque não tinha motivo para ele ver minha calcinha, então pensar
nela ou no pequeno laço era burrice.
Eu lavei a maquiagem dos meus olhos e peguei uma das escovas de dente,
tentando não pensar porque ele tinha tantas escovas novas em seu banheiro.
Uma vez que tinha voltado para o quarto, eu fui para o outro lado do cômodo,
desliguei as luzes, tirei as cobertas do lado mais longe da porta e me deitei. Me virando de
lado, eu encarei a porta do armário por bons vinte minutos, não me sentindo mais
cansada.
A cama tinha um cheiro bom. Cheirava a ele, na verdade, uma mistura de perfume
e algum tipo de sabonete. Eu inalei e quase me engasguei. Eu estava mesmo cheirando sua
cama? Isso era algo realmente baixo.
Levou todo meu autocontrole para me manter quieta, em vez de me virar e ficar
esperando como uma idiota. Eu pressionei meus lábios juntos e minhas mãos fechadas
enquanto ouvia seus passos até o quarto. Eu o ouvi andar até a cômoda, os próximos sons
me fazendo ter desejado que eu tivesse respirado uma última vez antes de segurar minha
respiração.
211
Roupas arrastaram.
Eu abaixei meu queixo ainda mais, mesmo que o cômodo estivesse escuro e tudo
que eu pudesse ver fosse sua forma de sombra, eu me ajeitei para tentar ver mais. Isso
poderia me tornar uma pervertida, mas quem se importava. Ele estava vestindo alguma
coisa, uma parte de baixo, mas não parecia que ele tinha uma camiseta enquanto andava
para a cama.
A cama afundou devido a seu peso e houve um pequeno puxão enquanto ele
ajeitava as cobertas. Ele se moveu e, mesmo que ele não estivesse próximo a mim, eu podia
sentir seu calor. Ele não disse nada, me fazendo pensar no que ele havia dito mais cedo,
sobre ele me conhecer há mais tempo que eu o conhecia. Isso não fazia sentido porque ele
tinha ficado surpreso quando ele descobriu que Mona era minha mãe.
Eu não queria pensar sobre nada, mas minha mente estava agitada, se recusando
a desligar. E mesmo que eu estivesse confortável do meu lado, de repente, eu queria deitar
de costas, mas não queria me mover porque eu deveria apenas dormir. Eu me movi um
pouco, esperando ficar mais confortável e que ele caísse logo no sono. A primeira noite
que ele tinha dormido na minha cama, ele tinha caído no sono bem rápido.
“Calla?”
212
“É esse o motivo de você estar se contorcendo toda desde que eu me deitei?”
Eu abri meus olhos junto a um suspiro dramático. “Você não está com sono?”
“Não mais,” ele respondeu e, wow, sua voz estava naquele tom profundo que fazia
meus lábios se separarem. "Você está lidando bem com tudo?”
Aw, merda, agora aqueles tremores estavam de volta ao meu peito. Isso era legal
dele ter perguntado. Deus, ele era tão legal, e eu nem precisava estar bebendo tequila para
querer contar a ele. “Sim. E não. Quero dizer, poderia ser pior.”
“Sim, acho que sim.” A cama se moveu um pouco e eu conseguia dizer que ele
estava mais próximo. Eu podia sentir seu calor sob as cobertas. “Eu conheço alguns
lugares que sua mãe pode estar. Podemos olhar eles amanhã antes de ir para o bar.”
“E Reece vai ter certeza que Mack não volte na semana que vem. Você não tem
que se preocupar com ele.”
“Mas eu tenho que me preocupar com Isaiah?” Eu perguntei com a voz baixa.
Eu tive a minha resposta sem minha pergunta ser respondida. Meus lábios
estavam pressionados juntos novamente e havia esse peso na minha garganta. Minha
mãe... no que ela tinha se metido? Precisando focar em outra coisa, eu pensei no que foi
dito enquanto Reece estava aqui. “Você salvou a vida do Reece?”
Alguns segundos se passaram, então Jax se ajeitou atrás de mim, mais próximo.
Eu poderia quase sentir suas pernas atrás de mim. “Não é uma história para se saber antes
de dormir.”
“Tem certeza?”
213
Me fazendo essa mesma pergunta, eu percebi que eu queria saber sim" queria
saber mais sobre ele. “Sim.”
Houve mais uma pausa. “Nós estávamos no Afeganistão juntos, parte de um grupo
de reconhecimento. Éramos em vinte e já tínhamos feito isso varias vezes, que era quase
um hábito. Todos estávamos alertas, mas não estávamos preocupados, por isso ser um
hábito. Isso pode ser fatal.”
Eu mordi meu lábio inferior, sem conseguir imaginar o mundo que ele tinha visto.
Eu me encolhi. Meu Deus, uma bomba? Você não vivia na américa pelos últimos
dez anos e não ficava sabendo sobre que poder de destruição de uma bomba, mesmo as
menores, era avassalador.
“Foi uma emboscada,” ele adicionou rapidamente, como se tivesse lido meus
pensamentos. “Essas coisas acontecem muito. Um minuto tudo está indo bem e no outro
o mundo todo está explodindo. Nosso grupo foi cercado. Reece foi baleado. Eu o tirei dali.”
“Sim.”
E isso foi tudo que ele contou sobre isso, mas eu sabia que tinha que ter mais. Não
era tão simples como pegar a pessoa e sair quando haviam outros atirando em você.
“Essa... essa foi uma das coisas que te mantinha acordado à noite?”
Ele não respondeu por um longo momento. “Algumas noites... Eu sonhava que eu
não conseguia tirar Reece a tempo. Outras, eu via os acontecimentos daquele dia. Incrível
como o cérebro se apega a essas imagens.”
“Às vezes,” ele murmurou. “Meio que embaçava tudo" “embaçava os detalhes.”
Eu queria perguntar mais, mas então ele veio com uma pergunta que me pegou
de guarda baixa.
214
“Você gostava de participar de todos aqueles concursos de beleza?”
Eu suguei meu lábio inferior entre meus dentes e fechei meus olhos. “Às vezes era
divertido. Eu era pequena e gostava de brincar de me fantasiar. Eu me sentia como uma
fada princesa.” Eu ri secamente. “Então era como brincar de me fantasiar toda semana e
isso fazia... fazia minha mãe feliz quando eu ia fazer meu cabelo, maquiagem e estava no
palco. E fazia ela extremamente feliz quando eu ganhava, especialmente os grandes
títulos.”
“Grand Supreme é um deles.” Eu tive que abrir meus olhos porque eu conseguia
me ver em um palco, me virando e soprando beijos e colocando minhas mãos sobre meu
queixo. “Quando minha mãe estava feliz, era como se ela me amasse. Eu sei que ela me
amava, mas era como se ela realmente me amasse.” Eu mexi meu quadril novamente,
tentando achar uma posição sem me apoiar nas minhas costas. “Mas às vezes que eu
apenas queria ser... eu não sei, uma criança. Eu queria brincar, mas eu tinha que praticar
a caminhada, ou eu queria sair com meu pai, mas ele não gostava de ir nessas coisas, ou
às vezes que eu queria passar tempo com...” Eu interrompi, fechando minha boca.
“Passar tempo?”
Às vezes eu queria estar em casa, passando tempo correndo atrás de Kevin. Ele
era mais velho que eu — o irmãozão. — e quando eu estava em casa, eu era sua sombra.
E eu também gostava de ficar com Tommy, porque ele era tão pequeno e fofo, como as
bonecas bebês que eu costumava brincar.
215
Mas eu não queria dizer isso, porque já se passaram anos desde a última vez que
eu falei, em voz alta, o nome deles, e já tinham se passado anos desde que outra pessoa
tinha dito o nome deles, até Clyde no último final de semana.
“Está tudo bem” Eu disse, me corrigindo. “Não é algo que eu vá fazer quando tiver
uma criança.”
“Nem eu. Eu acho que isso faz com que as meninas foquem nas coisas erradas"
tudo ser sobre aparências. “Então isso é algo que concordamos.”
“Sim,” eu sussurrei, sentindo minha barriga contorcer. Era diferente estar deitada
na cama com Jax falando sobre o que concordávamos ou não quando se tratava da criação
de uma criança.
“O que você gostava de fazer quando era criança que não envolvia essas coisas de
concursos de beleza?” ele perguntou.
“Sim, e você?”
Não houve hesitação. Nenhuma. “Fingir que minha irmã mais nova me irritava
quando, na verdade, eu amava quando ela me seguia por todo canto porque, com ela, nós
sempre estávamos no meio de algo.”
Eu perdi a respiração, e eu não sabia o que tinha me afetado mais" o fato que ele
tinha uma irmã ou o fato que sua relação com sua irmã parecia muito com a que tinha com
Kevin, ou o que ela poderia ter sido. “Você tem uma irmã?” Eu perguntei depois de um
tempo.
“Tinha.”
Um peso afundou meu peito e isso não era uma coisa boa. “Tinha?”
216
Oh não. Eu fechei meus olhos. “Ela não está... mais com conosco?”
“Não.”
Eu virei de costas. Eu nem parei para pensar sobre isso e, quando virei minha
cabeça, o rosto de Jax estava a centímetros do meu. “O que aconteceu?”
Seu olhar estava no meu. “Quando ela tinha dezesseis, ela sofreu um acidente de
carro com seu namorado. Ele estava correndo e a caminhonete virou. Ele morreu no
acidente e minha irmã... bem, ela quebrou uma perna e a coluna. Então ela estava sentindo
muita dor depois do acidente, e não somente dor física.”
Um pequeno e triste sorriso apareceu em seus lábios. “Jena... ela era uma menina
tão legal, tinha mais coragem que a maioria dos homens que eu conhecia. Iria esquiar,
fazer base jump ou saltar de paraquedas, e estava constantemente dando a nossos pais
um ataque cardíaco, mas depois do acidente, ela mudou.”
Por eu estar encarando seu rosto, eu não vi sua mão se mover no pequeno e
escuro espaço entre nós, mas eu senti seu dedão passando pelo meu lábio inferior, e senti
até cada ponta do meu corpo. “Ela recebeu várias medicações para dor. Começou como
algo bom, mas ela ficou viciada. Eu acho que estar nesse estado ajudava ela a não ter de
lidar com o pesar, você sabe?”
217
“Eu pensava que, talvez, se eu estivesse em casa, eu poderia ter impedido ela,” ele
respondeu. “Inferno, parte de mim ainda pensa isso.”
“Você não pode impedir outras pessoas a não ser que eles queiram ajuda,” eu
disse a ele. “Confie em mim, eu sei.”
“Eu sei que você sabe,” ele respondeu baixo. “Mas esse é o tipo de culpa que eu
vou carregar por um bom tempo, se não para sempre. Ela era... ela era minha irmã. Era
meu trabalho mantê-la a salvo.”
Seu dedão passou novamente pelo meu lábio antes dele afastar sua mão. “Não
tem nada que você precise se desculpar.”
“Eu acho que era mais a vontade de não morrer ou não querer ver meus amigos
morrerem do que coragem.”
Isso era algo bem modesto para se dizer. Ele tinha compartilhado tanto comigo
que eu senti necessidade de compartilhar algo realmente pessoal sobre mim, mas era
difícil. Levou uma mordida na língua para as palavras saírem. “Eu sou uma mentirosa.”
Mesmo estando escuro, meu rosto estava quente. “Eu sou uma mentirosa. Meus
amigos lá em casa" Teresa e seu namorado Jase, Avery e Cam. Cam é o irmão mais velho
da Teresa, e ele e a Avery são o casal mais fofo do mundo, — eu estava balbuciando,
nervosa. “Cam tinha uma tartaruga de estimação e comprou outra para Avery.”
218
Seu corpo tremeu com a risada. “A tartaruga deles estão apaixonadas?”
“Yep. Você não consegue evitar amá-los quando eles estão perto; nem mesmo as
tartarugas conseguiram.” E eu continuei. “Teresa e Jase são o casal mais quente no mundo.
Sério. E tem Brandon.”
Provavelmente não deveria ter mencionado ele. “Ele é outro amigo. Ele tem
namorada.” Eu adicionei, rapidamente, só para poder continuar. “De qualquer modo, eles
são ótimos. Eles realmente são, e eu os amo, mas eu menti para eles. Eles não sabem nada
sobre mim e eu contei tantas mentiras.”
“Babe...”
“Não. Sério. Eu disse a eles que minha mãe estava morta.” Então, houve Silêncio,
eu fazendo careta para mim mesma no escuro. “Viu? Essa é uma mentira grande. Mas não
havia chance deles conhecerem ela de qualquer jeito, e ela está meio que morta, você
sabe? A bebida e as drogas mataram a minha mãe há anos atrás.”
Eu não tinha certeza se ele entendia. “E eles acham que eu estou visitando um
parente agora.”
Eu abri minha boca para corrigi-lo, mas ele estava certo. Huh. “No último
semestre, eu disse a Teresa que iria para casa para as férias de verão e você sabe o que eu
fiz, Jax?”
“Eu fiquei em um hotel e pedi serviço de quarto.” Quando ele não falou, eu
adicionei. “Apesar de tudo, o serviço de quarto era realmente bom.”
“Um, que parte dessa conversa você perdeu? Eu menti para eles. De propósito.” E
agora que eu estava conversando sobre isso, eu me sentia totalmente inútil.
219
“Você teve seus motivos, Calla. Você não mentiu para ser chata ou coisa do tipo.
Você não teve uma boa infância e o seu relacionamento com sua mãe é inexistente, no
melhor caso. Eu tenho certeza que eles entenderiam se soubessem da verdade.” Ele
pausou. “E todos tem segredos, babe. Nenhuma pessoa é cem por cento honesta em todas
as situações. E isso vale para seus amigos também.”
Eu fechei meus olhos enquanto absorvia suas palavras e não havia como negar
que elas me ajudaram a me sentir um pouquinho melhor sobre tudo que escondi deles.
“Obrigada.”
Ele não disse nada por alguns minutos, então ele se moveu novamente. Suas
pernas estavam definitivamente tocando as minhas. “Calla?”
Depois de uma batida, ele perguntou. “Então você acha que eu tenho lábios
lindos?”
“Oh meu Deus,” eu gemi, eu tinha esquecido o que havia dito mais cedo. A risada
de Jax percorreu toda minha pele e, simples assim, tudo parecia bem de novo. “Eu te
odeio.”
O quarto estava escuro, então eu sorri, ele não iria ver, mas eu sabia que ele estava
sorrindo também. Eu não o odiava.
“Calla?”
Ele tocou meu cabelo, ou eu pensei que ele o fez. Foi tão leve e tão brevemente
que eu não tinha certeza. Então ele disse. “Você precisa ser corajosa também.”
Jax não respondeu, e eu não forcei, porque eu tinha medo que ele iria elaborar
essa sua frase e eu não tinha certeza o que viria e tinha medo. Depois de um tempo, eu
ouvi sua respiração se aprofundar, então eu sabia que ele tinha caído no sono, enquanto
eu estava deitada ao seu lado, sentindo um nó em meu peito. Demorou muito até que meus
220
pensamentos se acalmassem, após tudo que ele me disse. E por tudo que eu não tinha dito
a ele.
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Capítulo Dezessete
Acordar uma segunda vez ao lado de Jax James foi como acordar pela primeira
vez. Ele realmente era alguém que se aconchegava enquanto dormia.
Quando eu finalmente peguei no sono, suas coxas estavam contra a parte de trás
das minhas, mas não desse jeito de agora. Toda a parte da frente do seu corpo estava
encostada em minhas costas, e não somente isso, uma de suas pernas estava encaixada
entre as minhas, seu braço segurando minha cintura. Nossas cabeças tinham de estar
dividindo o mesmo travesseiro porque conseguia sentir seu hálito quente pelo meu
cabelo, passando por minha cabeça até minha bochecha.
E isso era algo bom e burro assim como da última vez, mas um burro bom. Um
burro que eu queria investigar mais, por que o calor do seu corpo criava um casulo que eu
não queria sair, mas eu lembrava do que aconteceu da última vez.
Jax passou sua perna sobre a minha e se moveu — não, ele se esgueirou. Quando
ele falou, seus lábios passaram pela lateral do meu pescoço, mandando uma onda de
arrepios pela minha pele. “O que você acha que está fazendo?”
Oh, wow. Sua voz era profunda e rouca de sono, e misturada com o fato que seus
lábios acariciavam minha pele enquanto ele falava, era uma combinação alucinógena. Meu
coração palpitava, acelerando minha pulsação.
“Mmm,” ele murmurou, deslizando uma de suas mãos para cima e para baixo em
meu estômago, para que ela parasse logo abaixo dos meus seios. Eu mordi meu lábio
inferior devido a sensação que se acumulava dentro de mim. Sua mão estava perto e, se
222
ele abrisse seus dedos, seu dedão iria, mais do que com certeza, encontrar ação. “Você não
entende o conceito de hora de dormir.”
Meus olhos estavam arregalados e fixos no teto. Eu sabia que deveria mover sua
mão. Eu não queria pensar que ele pudesse sentir qualquer diferença na minha pele pela
camiseta emprestada e o top que eu estava usando, mas uma energia se formou em meu
estômago, misturando com um sentimento que eu reconhecia.
Eu nunca fui despertada, excitada ou que seja. Obviamente. Mas eu estava tão
curiosa quanto qualquer outra menina que tinha passado pela puberdade e, por que não,
então eu tinha me familiarizado com meu corpo mais de uma vez, e eu sabia o que era esse
sentimento passando pelas minhas veias.
“Eu...” minha língua parou de se mover porque foi nessa hora que sua mão se
moveu um pouquinho e seus dedos se afastaram. Seu dedão passou pela parte de baixo
dos meus seios e eu tremi, em reflexo. Eu não sabia se isso tinha algo a ver com as
cicatrizes, mas meu seio esquerdo era sensível demais.
Sua mão ficou imóvel depois disso. Esperando. Instinto me disse que Jax sabia
exatamente onde seu dedão tinha passado e agora estava esperando para ver como eu
respondia. Ou, talvez, ele estava fingindo uma preguiça matinal e não sabia o que estava
fazendo.
Os lábios de Jax passaram pelo ponto logo abaixo da minha orelha e eu fiquei sem
ar. Wow. Okay. Ele não estava fingindo nada e sabia exatamente o que estava fazendo.
E qualquer que fosse a resposta que ele estava esperando, ele deve ter
conseguido. Seu dedão passou novamente pelo meu seio, e minha garganta ficou seca.
Puta merda, o que estávamos fazendo?
223
“Esqueça a hora de dormir,” ele disse, movendo seus lábios contra a pele da minha
garganta novamente. “Eu acho que gosto do fato de você não saber o que isso é.”
“Gosta?”
Aquele dedão subiu meio centímetro e eu mordi meu lábio inferior. “Sim, eu gosto
quando você acorda.”
Eu não tinha ideia de como responder isso, e meus cílios estavam vagarosamente,
bem devagar mesmo, abaixando, meu coração acelerando e calor invadindo meu corpo,
aliviando a tensão em meus músculos, mas, ao mesmo tempo, criando outra totalmente
diferente.
“Você sabe o que está acontecendo aqui.” Sua afirmação fez meus olhos ficarem
arregalados novamente. Silêncio. “Por favor me diga que você entende o que está
acontecendo aqui.”
“Sim e não?” sua voz tinha ficado mais profunda, mais rouca. Arrepios dançavam
pela ponta de meus seios até minha barriga e indo para baixo, bem para baixo. “Pode
explicar?”
Aqueles lábios ainda estavam passando pela lateral da minha garganta. “Por que
o que?”
“Eu já te disse.” Ele pressionou seus lábios contra meu pulso, me fazendo suspirar
e, então ele levantou sua cabeça, apoiando seu peso no braço ao meu lado. Ele me encarou,
seu olhar intenso. “É o mesmo motivo que eu quero te levar para jantar amanhã à noite.”
224
Meus olhos estavam presos no dele e meu coração estava batendo como se
estivesse preso em uma bateria. Aquele maldito dedão dele estava se movendo
novamente, irradiando outra onda de arrepios.
“Eu gosto de você, Calla,” ele disse com a voz um pouco mais alta que um sussurro.
Jax piscou.
A pequena mudança de palavra soava patética até nos meus próprios ouvidos,
mas eu realmente não entendia. Metade do meu rosto estava bem. Metade não estava. Ele
nem tinha visto o resto de mim, e ele era o tipo de homem que você contaria tudo para
sua mãe, seu pai, e cada pessoa que você conhecesse. E eu não tinha certeza se ele me
conhecia por tempo suficiente para julgar minha personalidade ou — Deus, eu nem podia
acreditar que estava pensando nisso — se eu tinha beleza interior suficiente ou não.
Um calor diferente se formou em minhas bochechas. “Eu sou uma pessoa realista,
okay? Eu sou há muito tempo. Eu preciso ser, e você gostando de mim — querendo me
levar para sair e fazer...”
“Coisas safadas que irão te fazer se sentir tão bem,” Jax continuou, e suas palavras
e o jeito que ele as falava me excitavam como nunca antes. “É isso o que quero fazer com
você.”
“Mas isso não faz sentido,” Eu segurei um punhado do lençol. “Você é todo quente
e...”
“Bem, obrigado.”
225
Eu ignorei e tentei desesperadamente ignorar como sua mão estava quase
apalpando meu seio esquerdo. Eu não queria pensar sobre isso, porque isso me fazia
pensar que se eu não fosse desse jeito, ele não estaria fazendo isso que está fazendo agora.
Eu inalei profundamente. “Eu não sou bonita. Eu não...”
Minhas palavras morreram porque ele abaixou sua cabeça e seus lábios estavam
tocando os meus. “Nós já tivemos essa conversa antes,” ele disse, movendo sua boca sobre
a minha. “E eu já disse que eu não beijaria uma menina que não achasse atraente.”
O beijo... era molhado e profundo e não era bom ou agradável. Era ótimo e tudo
que os livros de romance diziam ser. Jax me provou. Não haviam palavras para descrever
esse tipo de beijo. Não quando ele apertou sua cabeça contra a minha, nossas línguas se
tocando. Não quando ele passou sua língua contra o céu da minha boca, puxando um
gemido vindo da minha garganta.
Jax se afastou para dizer, “Eu gosto desse Som. Merda. Eu amo esse som.”
Ele me beijou de novo, e foi tão bom quanto o primeiro, mas esse... esse beijo virou
algo mais. A mão que estava quase apalpando meu seio estava agora, definitivamente,
apalpando meu seio e meu corpo estava se movendo por conta própria. Minhas costas
226
arquearam e eu fiz aquele som novamente, e ele pareceu realmente gostar dele de novo,
porque houve um rugido descente vindo dele. Então seus dedos se moveram pelo meu
seio, e merda, aquele seu dedão habilidoso encontrou a ponta dele com uma precisão
incrível. Minha cabeça voltou para o travesseiro e sua boca me seguiu, sugando e beijando
enquanto seu dedão acariciava o pico enrijecido.
A parte de baixo do seu corpo se moveu debaixo das cobertas, se ajeitando sobre
mim. Usando sua coxa, ele afastou um pouco minhas pernas e se encaixou entre elas. Eu
suspirei em sua boca quando uma pontada de prazer passou por mim, concentrada em
um ponto.
Meu cérebro se fechou. Eu não estava mais pensando sobre nada, e eu fiz isso. Eu
o beijei de volta. Eu tirei uma de minhas mãos de seu peito e passei em volta de seu
pescoço. Meus dedos se enrolaram em seu cabelo. Eu corri atrás dele, querendo provar
ele e eu o fiz. Ele me deixou tomar tanto quanto ele tomava de mim, e ele me deixou
aprender o formato de seus lábios e de sua boca. Meu quadril se movia sozinho,
pressionando contra sua coxa só devido ao instinto.
“Deus, você é tão doce.” Ele se moveu levemente, se levantando para me dar
espaço suficiente para que sua mão pudesse passar pelo meu estômago. “Você sabe o que
eu quero? Eu quero ver você ficar ainda mais doce.”
Mais doce? Eu estava respirando pesadamente, praticamente sem ar. Meus lábios
estavam inchados, meus seios também. A tensão entre minhas pernas me deixava
delirando.
“Você já gozou antes?” ele perguntou enquanto sua mão alcançava a barra da
minha camiseta, que estava enrolava em volta do meu quadril.
Meus olhos voaram abertos. O que ele estava fazendo? Eu não poderia deixar sua
mão chegar em baixo do meu top. Pânico se misturava com prazer quando eu abaixei
minha mão e segurei seu pulso.
Seus olhos estavam abertos, e eles eram de uma cor de chocolate escuro. Eles me
faziam tremer e aceitar fazer as coisas safadas que ele tinha falado. “Você já gozou?” Ele
perguntou novamente.
Calor invadiu meu rosto e eu murmurei uma resposta. “S-sim. Meio que sim.”
227
“Meio?” Ele abaixou seu braço e, sendo bem mais forte que eu, eu não consegui
pará-lo. Seus dedos estavam abaixo da barra, mas não sob ela. “Isso significa que ninguém
nunca te fez gozar? Ninguém além de você mesma?”
Oh meu Deus, eu não podia acreditar que ele estava me perguntando isso — que
essa conversa estava acontecendo. Meu coração estava batendo tão rápido que doía; meu
corpo estava literalmente levantado.
Seus cílios baixaram até que seu olhar estivesse sombrio. “Sim, eu serei o
primeiro a te dar um.”
Puta merda mais sagrada, ele não acabou de dizer isso. “Jax...”
“Eu vou tocar em você,” ele disse contra minha boca e meu estômago contraiu.
Outras partes do meu corpo se contraíram e eu imaginava se era possível um cara me
fazer gozar apenas com as palavras. “Isso é tudo que vou fazer, okay?”
Tudo? Antes que eu pudesse questionar isso, ele estava me beijando novamente
e a parte de trás da sua mão passava sobre mim — a parte do meio de mim. Dessa vez
minhas costas saíram da cama e ele fez um som profundo de aprovação. Meus dedos
apertaram em seu cabelo e minha outra mão apertou seu pulso. Então a ponta de seus
dedos passaram pela minha calcinha e eu pensei que teria um ataque cardíaco.
“Calla, babe...” ele beijou o canto de meus lábios. “Me deixe tocar em você.”
Eu não podia. Não tinha como. Deixar ele me tocar era algo estúpido.
“Deixe-me,” ele disse e sua voz era como seda sobre minha pele.
Meu coração estava a mil e minha mão em volta de seu pulso soltou, indo para
seu braço, para seu bíceps flexionado.
228
Eu era tão idiota.
Minha menina? Partes de mim ficaram animadas com o som disso, e meu sangue
estava realmente gritando porque seus dedos tinham feito mais algumas passadas, um
círculo sobre minha calcinha que se aproximava, e se aproximava até que movi meu
quadril, e agora ele estava tocando um acumulo de nervos, pressionando com dois dedos.
Girando. Pressionando. Girando.
Eu senti seus lábios se curvarem em um sorriso, e o beijo ficou ainda mais louco
enquanto meu quadril se movia contra sua mão. “É isso,” ele disse, usando seus dedos para
fazer mágica. “Me deixe ver você ficar ainda mais doce.”
Minha cabeça foi ainda mais para trás e sua boca passou pela minha bochecha
enquanto eu gemia. Eu posso ter dito seu nome. Eu não tenho certeza. Eu estava focada
demais no aperto profundo que estava se soltando dentro de mim, passando pelo meu
corpo todo como um choque intenso.
“Mais doce do que imaginei,” ele murmurou, beijando a lateral do meu pescoço,
Então ele se virou, ficando de lado e sua mão vagarosamente saiu de entre minhas pernas,
parando na minha pélvis. “Você ainda está viva?”
Ele riu. “Apenas pense. Isso não é nada em comparação de como vai ser quando
eu estiver dentro de você.”
229
ele não tinha, e eu olhei para ele, pronta para apontar o que poderia ser a coisa mais
estranha da minha vida, mas tudo que consegui fazer foi encara-lo.
Jax estava deitado de lado, sua cabeça apoiada contra sua palma. As cobertas
estavam na altura de seu quadril e sua calça estava baixa, mostrando aquelas cavidades
mais que sexys ao lado de seu quadril e os músculos definidos de seu abdômen. Sim, ele
tinha um ‘six-pack’, e Sim, enquanto eu passava meu olhar vagarosamente por eles, eu
posso ter babado um pouco. Ou muito. Minha boca estava definitivamente aberta, mas por
motivos diferentes.
Seu corpo estava marcado e definido e era só wow, mas sua pele... era outra
história. Haviam marcas, dezenas delas, por todo seu peito e sobre seu abdômen, e eu
entendi agora porque sua pele parecia áspera.
Me sentando, eu olhei para seu rosto" para sua expressão preguiçosa, o meio
sorriso e a sobrancelha levantada" e para seu corpo. As marcas eram como crateras em
algumas áreas, onde pedaços de pele tinham ou sido removidos ou afundado. Outras
marcas eram leves, curadas.
Sem pensar, eu fui em sua direção, e sua mão livre disparou como um raio para
segurar meu pulso. Eu engoli forte enquanto levantava meus olhos. “O que aconteceu?” Eu
me ouvi perguntar e depois, xingar baixo, abaixando meu queixo. Cabelo caiu sobre meu
ombro, ficando entre nós. “Me desculpe. Essa é uma pergunta rude. Eu deveria saber.”
“Tudo bem.” Ele trouxe minha mão e a ponta dos meus dedos tocaram uma
cicatriz. “A mina terrestre,” ele me lembrou. “Estilhaços são uma merda.”
Oh meu...
Eu sabia que ele não tinha contato tudo ontem a noite. Eu levantei meu olhar.
“Então você salvou Reece de lá, mas você ficou com os estilhaços?”
Mas tinha que ser, porque muitas dessas marcas estavam sobre seu coração e
outros lugares vitais. Algumas eram profundas. Elas devem ter doido e sangrado muito. E
ele ainda assim conseguiu salvar Reece? Deus, ele não era apenas corajoso. Ele era
230
loucamente corajoso. Nosso olhar se encontrou e eu não sabia que minha boca podia se
mexer sozinha. “Foi um vidro explodindo que cortou meu rosto.”
Jax não respondeu enquanto ele deslizou sua mão para baixo, pressionando seus
dedos sobre os meus, contra sua pele.
“Você teve sorte.” Ele levantou até ficar sentado e seus joelhos estavam contra os
meus. Ele abaixou sua cabeça e nós estávamos cara a cara. “Você poderia ter perdido um
olho.”
Ou um mamilo, mas eu não iria compartilhar essa parte. “Você teve sorte
também.”
“Com certeza.”
Nenhum de nós falou por um longo momento e, então, ele se levantou e saiu da
cama em um nanosegundo. “Vamos tomar café da manhã. Talvez IHOP29 hoje,” ele
anunciou enquanto eu continuava encarando ele. “Então vamos sair para procurar sua
mãe. Combinado?”
Ele parou no pé da cama, cabeça virada para o lado, suas calcas tão baixas que eu
poderia ver seu ‘caminho feliz’. “O que tem eu?”
29
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“Não?” O sorriso estava maior ainda.
“Sim. Isso.”
O canto dos meu lábios viraram para baixo. “O que tem de engraçado?”
Oh. Wow.
“Eu sei que eu não gozei, mas querida, você nunca teve nada além de suas mãos
entre suas lindas pernas antes.” Seu olhar caiu para minhas pernas e eu tremi. “Essa foi a
primeira vez que você teve isso e precisava ser sobre você. Não sobre mim.”
Eu o encarei enquanto ele se virava, indo para o banheiro. Meu interior começou
a derreter, como uma geleca.
Então, ele parou e se virou para mim, seus lábios curvados em um sorriso
malicioso. “Eu cuido de mim mesmo durante o banho.”
Jax sugou seu sábio entre seus dentes brancos. “E eu vou estar pensando em você
enquanto fizer isso.”
232
Capítulo Dezoito
As coisas mudam depois que um cara te dá um orgasmo. Não era algo que eu
estivesse acostumada, já que nunca nenhum cara havia feito isso pra mim, mas eu poderia
me acostumar a isso muito rapidamente.
Eu ainda estava na cama, enquanto ele tomava banho, desde que ainda era
realmente cedo. Não era nem mesmo oito da manhã. Eu tentei não imaginá-lo se
acariciando, mas meus pensamentos voltavam a isso e como ele se parecia, e isso foi me
excitando, o que foi muito chocante, considerando que eu ainda tinha minhas pernas
bambas. Eu realmente precisava parar de pensar sobre isso.
Eu finalmente tive um orgasmo, não induzido por mim mesma, que foi muito
épico. Parte de mim estava orgulhosa que eu finalmente pulei esse obstáculo, mesmo que
estivesse com vinte e um anos quando aconteceu. Mas eu não tinha certeza do que fazer
com isso. Quero dizer, o que isso significa para mim? Para Jax? Para nós?
O que eu estava fazendo aqui? Não poderia haver um "nós" com orgasmos
envolvidos e chuveiros e músicas sendo cantadas e café da manhã. Eu não planejava ficar
aqui para sempre e voltaria para faculdade em agosto quando chegasse a aprovação da
ajuda financeira; e isso é o que eu queria, certo? Não havia nenhum futuro entre nós.
Pisquei lentamente.
233
Eu precisava focar em encontrar a minha mãe para não acabar virando picadinho
de algum gangster de baixo nível, ou pior ainda, ficar cara-a-cara com esse Isaiah.
E o mais importante, Jax não podia estar na minha vida. Estar a minha volta agora
era muito pe-
Estava tão perdida em meus pensamentos, que não ouvi quando o chuveiro foi
desligado, e quando a porta do banheiro se abriu e Jax entrou no quarto, eu não estava
esperando por isso.
Ele tinha uma toalha amarrada ao redor de seus quadris estreitos e seu cabelo
estava encharcado, penteado para trás da testa, e seu corpo inteiro estava em exposição.
Droga, ele parecia bom. Bom o suficiente para eu ficar babando novamente.
"Você quer tomar banho antes de sairmos?", Perguntou ele, vindo em direção à
cama como se ele não estivesse usando nada mais do que uma toalha.
"Huh?"
Um meio sorriso apareceu. "Um banho? Você quer tomar banho? "
Eu era uma idiota. "Sim", eu guinchei, saltando da cama. Peguei minhas roupas do
armário. "Um chuveiro é uma grande ideia " Eu divagava, tentando não olhar para ele.
"Você é tão inteligente."
Jax girou para o lado quando passei por ele e bateu na minha bunda. Eu pulei e
emiti outro grito de choque, e ele riu. Olhando por cima do meu ombro para atirar-lhe um
olhar cortante, percebi que ele não tinha me batido com a mão. Foi com a toalha em torno
de seus quadris. E eu não só estava olhando para suas costas musculosas, que, wow, era
uma agradável vista, mas também o seu musculoso traseiro. "Oh meu Deus! " Eu gritei.
"Você está nu!"
234
estava lá, cimentando ainda mais o porque que nunca poderia haver um "nós". Eu tinha
mais modéstia do que uma igreja cheia de freiras velhas.
Nada.
O que tinha em meu rosto esta manhã, foi esfregado, deixando a cicatriz a mostra
mais claramente. Dermablend era um assunto sério para mim, e definitivamente era a pele
do meu rosto agora.
"Oh, Deus."
Com meus olhos arregalados no reflexo, via o azul brilhante do sol no amanhecer
no canto através da pequena janela quadrada. Meu rosto tinha cor de pêssego e creme
sem o Dermablend. Se eu só pudesse ver o lado direito do meu rosto, eu sabia que parecia
melhor sem a maquiagem, mas não tinha como andar por aí com apenas metade de um
rosto.
Sem maquiagem, a cicatriz ainda era uma cor profunda de rosa, destacando
nitidamente, o corte do canto do meu olho esquerdo quase até o canto do meu lábio,
contra a minha pele. Era a única coisa que eu podia ver.
"Calla?"
Eu endureci com o som da voz de Jax e, em seguida, agarrei a pia. Eu não podia
sair. Era ridículo, mas eu não podia deixar que ele me visse assim.
Segurando minha respiração, virei-me para a porta. Será que ia ser óbvio, se eu
saísse com uma toalha sobre a cabeça? Eu estava sendo estúpida. Eu sabia disso, mas Jax
tinha acabado de me beijar, ele tinha suas mãos sobre mim, e me tocou, fazendo-me sentir
algo tão bonito- e isso era tão feio. Eu não queria que ele...
235
Uma lufada de ar frio varreu meu corpo e eu fechei os olhos, dando várias
respirações profundas. Jax sabia sobre a cicatriz no meu rosto. Ele tinha visto tudo de
perto. Ele até mesmo beijou-
Seu corpo estava tenso, como se estivesse certificando se eu estava ferida ou algo
assim. "Jesus", ele grunhiu. "Eu pensei que você tivesse caído e batido a cabeça,
inconsciente ou algo assim. "
Bem, isso foi meio constrangedor, mas não mais do que a questão iminente. Eu
virei meu corpo para a esquerda, assim ele veria apenas o perfil direito. "Eu não posso ir
para o café da manhã."
"O quê?"
"Eu não posso ir para o café da manhã. Eu preciso voltar para casa." Eu sabia que
parecia irracional e estúpido. "Podemos voltar para a casa? "
Dei um olhar para Jax e vi que ele havia se trocado em um jeans e parecia muito
bom. Seus pés estavam descalços, saindo para fora da bainha desfiada de sua calças. "Por
quê?"
"Eu só preciso voltar para a casa. Se você quiser ir à frente para o IHOP, eu posso
pegar meu carro e encontrá-lo lá. Que seria provavelmente- "
Seus olhos brilhavam com raiva. "Nós não estamos indo em carros separados
quando eu apenas há uns minutos tinha a mão entre suas pernas e você gozou chamando
o meu nome. "
236
"Nós vamos sair daqui juntos, comer alguma delícia gordurosa, e então nós
iremos verificar se sua mãe está neste lugar”, ele continuou. "E se quando terminarmos,
ainda tivermos algum tempo, vamos voltar para um cochilo."
"Juntos".
"Sim", e então sua voz caiu —, e se tivermos tempo, eu poderia fazer você gozar,
novamente chamando meu nome ".
Em seguida, ele deu um passo mais para dentro do banheiro, vindo para mim, e
eu me afastei, acertando a pia. Ele me encurralou, e quando tentei olhar para a esquerda,
sua mão foi em concha na minha bochecha direita e a outra circulou o lado esquerdo do
meu pescoço. Ele me virou para enfrentá-lo. Percebi que esta não foi a primeira vez que
ele tinha feito isso.
"Eu não sou estúpido", disse ele, alisando seu polegar ao longo dos ossos na minha
garganta. "Eu também sou muito, muito atento quando eu preciso ser. "
Seus lábios tremeram quando ele inclinou a cabeça para trás para que os nossos
olhares se encontrassem. "Eu sei por que você está se escondendo no banheiro."
Oh Deus. "Porque eu tenho medo que você vai me fazer tentar comer outra torta
que nunca comi antes? "
"Ha. Não. " Sua cabeça abaixou, e eu engoli em seco. "Eu não a noto. "
Meu coração parou e fingi que não sabia do que ele falava. "Nota o que?"
"Calla, querida, você sabe do que estou falando. Disto ". Em seguida, com a cabeça
inclinada eu senti seus lábios logo abaixo do canto do meu olho esquerdo. Eu chupei uma
respiração afiada que doeu. Ele já tinha feito isso antes, e criou o mesmo turbilhão de
237
emoção em mim, mas ele fez mais neste momento. Seus lábios seguiram a cicatriz por todo
o caminho até minha bochecha, ao canto esquerdo do meu lábio, e então ele me beijou.
Era suave, doce e persistente. Minhas mãos foram para seu peito e me inclinei para ele.
Eu fechei meus olhos bem apertados, assim como meu coração que estava a ponto
de explodir em meu peito. É claro que eu não acreditei nele, porque vamos lá porra- mas
eu simplesmente parei. Parei dizendo a mim mesma que eu não sabia o que estava
acontecendo na cabeça de Jax , mas ele sabia o que queria e não queria. Eu parei. Porque
eu não sabia- ninguém sabia, marcada ou não. Parei dizendo-me que não adiantaria
mesmo, porque eu planejava ir embora.
E tudo o que eu tinha era o que Jax estava me dizendo, e o que ele estava me
mostrando. Então eu parei com todas essas merdas e livrei-me desses pensamentos, e foi
como se tivesse passado Dermablend em meu rosto porque eu finalmente me senti como
eu. Tudo isso pode ser estupidez. Isso pode me morder na bunda mais tarde, mas eu estava
fazendo isso. Eu estaria sendo a melhor idiota que eu poderia ser.
Whoa.
Eu vacilei um pouco e exalei pelo nariz, quando falei, minha voz era instável e e
meus olhos ardiam, mas eu enguli. "Ok. Vamos fazer isso. E rápido, porque eu realmente
quero tirar uma soneca."
Quando Jax saiu de casa, ele estava colocando sua camisa enquanto caminhava
pelo pequeno conjunto de escadas na varanda da frente. Ele estava balançando seus
óculos de sol espelhado, estilo aviador, como os que Jase usava, e ficava ótimo nele.
Nós não falamos muito enquanto ele dirigia para IHOP, o que foi bom, porque eu
estava ocupada pensando no que poderia acontecer antes ou depois do eventual cochilo.
Mais orgasmos não auto induzidos? Conte comigo. Eu estava seguindo com a minha recém
desejada estupidez e não me preocuparia com mais nada enquanto explorava tudo.
238
Como qualquer mulher normal, eu tinha pensado em sexo uma quantidade
razoável, mas não tanto quanto agora. Meu cérebro estava brincando alegremente na
sarjeta, e até o prato de bacon, biscoitos, e quando Jax dizia ‘algo gorduroso’, eu não podia
me segurar.
É difícil não ficar pensando que estou sem maquiagem em público, e minha mente
voltava pra isso imaginando que alguém estava olhando, tipo quando o garotinho tinha
espiado por cima da sua cabine, ou quando a garçonete sorriu pra mim, mas eu tentava
empurrá-lo para fora dos meus pensamentos.
E então eles iam para esta coisa entre Jax e eu. Havia uma coisa. Como ele mesmo
disse, ele teve sua mão entre minhas coxas e eu tinha gozado chamando seu nome, então
isso era alguma coisa. Algo que tinha pouca experiência e não sabia até que ponto isso
levaria, porque se minha ajuda financeira viesse, eu estaria dirigindo por três horas de
volta a estrada. Que tipo de futuro isso teria, quando eu voltasse para a faculdade e ele
ficaria todo sexy trabalhando no bar?
Por que eu estava pensando sobre isso mesmo?? Ah sim, porque eu era uma
estúpida e já tinha fantasiado sobre essa coisa e o que ela significava, fosse ela o que fosse.
Decidi colocar a minha mente em algo concreto, e o espetei com meu garfo “Isto
é Grits30?”
"Experimente."
"Parece algo saído de um filme de terror." Espetei novamente. "Eu tenho medo
que vai sair voando do meu prato e cobrir o meu rosto."
"Não é engraçado. Eu vou acabar dando à luz a um bebê gosmento ou algo do tipo
", murmurei. "E daí o que faremos? "
Ele olhou para cima através de seus cílios, um pequeno sorriso divertido jogando
em seus lábios. "Basta experimentá-lo."
30
: Grits é milho moído, parecido com canjica. Dele é feito um mingau, que pode ser tanto doce como salgado.
E pode ser cozido com água ou leite (com leite obtém-se uma textura mais cremosa). Ele faz parte do café da
manhã do sul dos Estados Unidos, mas também é consumido em outras regiões.
239
"Qual o gosto?" Eu resisti.
"Grits".
Ele riu quando cortou o que parecia ser dez panquecas empilhadas. "Não se pode
simplesmente descrever grits. Você deve simplesmente apreciá-los."
Meus olhos rolaram, mas peguei uma pequena porção, tendo certeza de que havia
queijo nele, e cuidadosamente provei-o. Jax assistiu todo o tempo e esperou. Engoli em
seco, sem saber o que pensar. Tentei um pouco mais.
"Então?", Perguntou.
"Eu não sei." Empurrei outro bocado. "Não me decidi ainda. Acho que tem um
gosto bom, mas eles são chamados de grits; então, não tenho certeza se posso admitir
livremente que gosto de algo chamado grits. Eu tenho que realmente pensar sobre isso."
Sorri quando peguei uma fatia de bacon. "Então, onde vamos depois disto?"
"Interior de Philly, disse ele em entre garfadas. "Há uma casa que ela costumava
frequentar bastante. Talvez tenhamos sorte e ela esteja lá ou a viram recentemente."
"Parece que-"
"Calla! E Jax! " Uma voz familiar gritou. Virei na cabine, encontrando Katie. Ela
estava trotando até nós. Literalmente trotando, e pisquei, perguntando se nós voltamos
no tempo para a década de oitenta e não tinha percebido.
"Garota." Katie parou em nossa cabine, segurando um saco pra viagem. "Olhe para
você. Disse que sua vida estaria mudando "
240
Hum.
Jax empurrou uma enorme fatia de panqueca em sua boca, e poderia dizer que
estava tentando não sorrir.
"O que está fazendo acordada tão cedo?", Ela perguntou, e, em seguida, falou antes
que pudesse responder. "Eu estava fazendo yoga. Cada manhã. E então venho ao IHOP, ou
Waffle House, ou as vezes no Denny. É um tipo de compensação, ou alguma merda assim.
Mas ainda é muito cedo para barmen’s quentes e ocupados estarem tomando café da
manhã. Juntos ".
"Nós acordamos juntos", e isso foi tudo o que disse. Os olhos de Katie se
transformaram em naves espaciais, e quase gritei que não era o que estava pensando, mas
então percebi que era o que ela estava pensando, e me obriguei a não dizer nada.
Um grande sorriso dividiu seu rosto bonito. "Maravilha. Sério. Se vocês dois
ficarem juntos e acabarem se casando e tendo uma filha, acho que deveriam nomeá-la
Katie. "
"Quero dizer, você pode nomear um menino de Katie também, mas ele
provavelmente sofreria bullyng na escola, e não acho que vocês gostariam disso. Oh- você
pediu grits? "Ela trocou de tema sem nem mesmo tomar fôlego. "Você precisa de mais
queijo neles. Qualquer dia, você precisa vir até a minha casa. Eu posso fazer algumas grits
realmente boas. "
"Isso soa bom," Jax respondeu suavemente, seu olhos escuros brilhando nas luzes.
"E nós vamos levar em consideração a coisa do nome. "
Katie deu uma risadinha. "Maravilha. Bem, preciso ir pra casa com meus muffins
e waffles. Vejo vocês mais tarde."
241
Observei-a saindo rebolando para fora do restaurante, com nada importante a
dizer, então fui com a primeira coisa que pensei. "Você sabia que ela caiu de um pole, bateu
a cabeça, e agora é vidente?"
Mordi meu lábio inferior. "Roxy diz que ela tem acertado algumas coisas."
"Katie", Jax falou lentamente, e olhei por cima da mesa para ele. Estava sorrindo.
"Eu não iria me opor de nomear nossa filha de Katie."
Jax inclinou a cabeça para trás e deu aquela sexy e profunda risada, e não pude
deixar de sorrir.
Meu olhar passou sobre as janelas e portas com tábuas de algumas das unidades.
"Eu não tenho certeza sobre isso."
"Este é o último buraco de merda que gostaria de te trazer, mas a última vez que
verifiquei, você me veio com uma dose de atitude sobre isto sendo o seu problema e sua
merda." Ele desligou o motor e me deu o que era provavelmente um olhar muito
presunçoso. "Então, é por isso que estamos aqui."
Ele tinha um bom ponto, mas eu não admitiria isso. "Tanto faz."
Seus lábios estremeceram. "Fique perto de mim. Ok? Deixe-me falar, e não olhe
para mim como se você apenas chupou algo azedo. Deixe-me fazer as perguntas. Se você
não puder concordar com isso, iremos embora, e vou trancá-la com Clyde ou Reece, e
então virei aqui sozinho. "
Meus olhos se estreitaram para ele. "Você não precisa ser tão mandona."
242
"Sim, eu preciso." Ele se inclinou e beijou a ponta do meu nariz. Foi rápido, mas
ainda me assustou. Quando puxou para trás, estava sorrindo. "Você concorda?"
Hesitei e então suspirei. Não era como se fosse Rambo e entraria na casa sozinha,
exigindo que entregassem minha mãe ou outra pessoa. "Ok, ta bom. Sim, eu concordo."
Jax assentiu com a cabeça e, em seguida, saiu. Sentei lá por um segundo, fiz uma
pequena oração, e depois saí. Fiquei perto dele enquanto caminhávamos para baixo do
quarteirão e então chegamos a um triplex em ruínas, que tinha duas janelas bloqueadas
no segundo andar.
Sabia que não deveria estar surpresa. Na verdade, isto não era nada de novo pra
mim, mas vê-lo e imaginar minha mãe em lugar como este apenas não me fazia bem, não
importava quantas vezes eu já tinha ido buscá-la quando era adolescente.
"Whoa," murmurei, olhando ao redor. "Você acha que essa é uma boa ideia? "
Ele me ignorou quando se inclinou e gritou. "Abra a porta, Ritchey. Eu sei que
você está aí. Esse pedaço de merda de carro aqui fora é seu ".
Hum.
Jax colocou a mão sobre o centro da porta vermelha desbotada. "Nós precisamos
conversar."
243
"Fale", foi a resposta.
Houve uma pausa. "Nós?" Então a porta se abriu um pouco mais e a cabeça de um
homem apareceu. Dei um involuntário passo para trás com a visão do rosto com barba
rala, olhos vermelhos, nariz bulboso e coberto de varizes. "Quem diabos é você?"
Eu reconheci o homem, mas ele não me reconheceu. Puta merda, não havia
nenhuma maneira que esqueceria aqueles olhos e nariz lacrimejantes. Ele costumava vir
para a casa nas festas da minha mãe.
"Realmente isso não te interessa, Ritchey, e não estou aqui para fazer
apresentações " Jax cortou, e seu tom de voz... wow, era todo tipo de mauzão. Estava
realmente olhando para ele, em uma espécie de choque. "Abra a porta."
Houve uma maldição baixa e em seguida, Jax avançou. Plantando seu pé na porta,
empurrou com a bota e a mão. A porta se abriu e Ritchey foi jogado para trás.
"Hum..."
Jax tomou minha mão, me puxando para dentro, e o cheiro- Deus, o cheiro foi a
primeira coisa que senti quando ele fechou a porta atrás de nós. O quarto, que consistia
em uma TV e dois sofás que já tinham visto dias melhores, cheirava como uma mistura de
mijo de gato e bebida.
Por favor, não deixe que a minha mãe esteja aqui. Sei que estava errada por pensar
assim, e que encontrá-la aliviaria os meus problemas rapidamente, mas não queria
imaginá-la em um lugar como este.
"Isso não é legal, cara." Ritchey recuou, arranhando sua garganta com unhas sujas.
A pele de seu pescoço estava vermelho. "Empurrando a porta aberta como se você fosse
um maldito policial ou coisa parecida."
Eu tinha que saber sobre a sua prática de bater em casas com tipo de... moradores
questionáveis, porque ele estava completamente à vontade por fazê-lo. Dei um passo para
244
o lado, porque percebi um buraco na tábua do chão diante de mim, e pude olhar sobre as
costas de um dos sofás.
Era uma criança pequena, talvez cinco ou seis anos, enrolada no sofá, sob uma
colcha fina. Um gato estava escondido no colo do menino. Olhei para o garoto, chocada.
Jax manteve os braços soltos ao lado do seu corpo. "Nós estamos procurando por
Mona."
"Mona Fritz?"
"Como se houvesse outra Mona que viria aqui procurando. E esta não é a primeira
vez que venho aqui à procura de Mona, "Jax disse, me surpreendendo. Mas então me
lembrei dele dizendo que ele e Clyde tinham feito isso antes. "Não me venha com essa
merda. Você sabe como isso funciona."
Ritchey continuava coçando sua pele na garganta, mas um certo brilho penetrou
em seus olhos. "Eu não tenho nenhuma participação na merda de Mona. "
Jax deu um passo adiante, afundando o queixo. "Eu só vou perguntar a você uma
vez, Ritchey."
Ritchey não respondeu, e, em seguida, Jax saltou para a frente, agarrando a frente
da camisa dele e levantando-o sobre as pontas de seus pés descalços.
Minha boca caiu e, em seguida, dei um passo a frente, mantendo minha voz baixa
quando estava ao seu lado. "Há um garoto sobre o sofá, Jax. "
245
"Merda", murmurou Jax, mas suas mãos não largaram o cara. "Você trouxe Shia
aqui, neste buraco de rato?"
"Sua mãe maldita pulou fora. Estou fazendo o melhor que posso. "
Seus bíceps flexionaram. "Vamos levar isto para a cozinha e você vai colaborar.
Por Shia, ok? "
Nós fomos para a cozinha, ou o que sobrou dela. Não havia uma pia, apenas um
buraco onde deveria estar. Com o canto dos meus olhos, pensei ter visto algo marrom
grande e repugnante correndo sobre a parede perto da geladeira.
"Fique à vontade". Ritchey deu um passo para o lado e se inclinou contra o balcão.
"Mas estou lhe dizendo. Ela não está e você não é a primeira pessoa a vir procurá-la. "
"Olhos em mim, Ritchey." Quando ele obedeceu a ordem, Jax não pareceu relaxar
no entanto. Mal-estar se formou na minha barriga. "Quem veio à procura de Mona?"
"Alguns caras. Alguns malditos caras maus ", ele respondeu, cruzando os braços
magros no peito de aparência frágil. Pensei que isso provavelmente não era a melhor
conversa para se ter em um quarto que uma criança pequena estava dormindo, mas com
certeza foi feito. "Os caras que trabalham para Isaíah."
"Há um boato", disse ele depois de alguns instantes. "Mona está no fundo do
poço."
246
Ritchey fez uma careta. "Sim, mas você sabia que ela estava de intermediária em
um lance perto de três milhões em heroína para Isaíah? E que ela deveria trazer isto há
mais de uma semana atrás?"
"A palavra na rua é que alguém tem a merda e Isaíah quer ouvir isso direto dela
que ela não tem a merda mais. " Ritchey soltou uma risada seca. "Cara, se eu soubesse que
o material estava na casa e ela não estava lá, eu mesmo teria feito tudo isso. "
Legal.
E ele continuou. "Ela é uma cadela morta caminhando por aí. Você sabe disso, Jax.
Boa coisa que ela deu-"
"Rooster?" Ritchey riu de novo. "Cara, ele deve estar enfurnado onde quer que
Mona esteja, ou se ele for inteligente, ficou longe dela. Cara, Jax, você sabe como Mona era.
No mínimo ela ficou alta, começou a falar e agir como se fosse grande merda porque estava
servindo de mula para Isaíah e a merda estourou. Mona não é inteligente. Ela deveria ter
entregue as drogas e não guardado elas".
"Por que ela não fez?", Perguntei, e podia sentir os olhos de Jax em mim. "Você
ouviu alguma coisa sobre isso?"
Ele balançou a cabeça. "Rooster fodido estúpido, falou que estava tentando
executar algum tipo de manobra sobre Isaíah. Em vez de ficar com o pouco que eles
tinham ele pediu para entregar mais drogas. Então, eles foram guardando isso. O que
colocou o imbecil do Mack em uma posição ruim, porque era para ele pegar essa merda
deles e entregá-la. Porque você sabe, Isaiah, não suja suas mãos com isso".
247
"E conhecendo Mona e Rooster, eles provavelmente usaram um pouco disso,
ficaram loucos, e, em seguida, assustados, sabendo que eles tinham chateado Isaiah.
Merda, não está nada bom para eles. "Ele fez uma pausa, abrindo os braços. "E agora, aqui
estamos nós e toda essa merda rolando para baixo e para a direita através de Mack,
Rooster e Mona. "
"Yep. Você sabe quem pode ter uma pista de onde eles estão? "Ritchey inclinou a
cabeça para o lado. O queixo de Jax subiu um pouco. "Você conhece o Ike?"
"Ritchey", alertou Jax em voz baixa quando ele enfiou a mão bolso. "Não me irrite."
"Whoa, cara, não estou tentando. Gosto de você. Sempre , mesmo que a gente
sempre esta brigando. "Ele ergueu as mãos, e vi as marcas de faixa vermelha cruéis em
seus braços. "Mas você tem que saber, estão falando por aí, sobre a filha de Mona estar de
volta. Eu simplesmente não acreditei nisso. É melhor esperar que Isaíah não escute nada
dessa merda. "
"Pare de olhar para ela," Jax ordenou, e Ritchey parou de me olhar, quando Jax
puxou um maço de dinheiro do bolso e deixou-o cair sobre o balcão. "Use isso para
comprar alguma comida para o seu menino. Se por acaso eu souber que você o gastou com
drogas, vou voltar aqui e a merda não vai ser bonita."
Minha respiração ficou presa enquanto eu olhava para o dinheiro. Não era uma
tonelada, mas era um maço de tamanho decente. Então, reparei em Jax. Ele estava dando
o dinheiro para Ritchey cuidar do seu filho. Acho que naquele momento, eu
definitivamente fui de gostar de Jax para algo mais forte e esmagador.
248
Depois que Jax deixou cair o dinheiro no balcão, ele disse algo a Ritchey sobre
como nós nunca estivemos lá, e então pegou minha mão e me levou para fora da casa. Eu
queria agarrar a criança e correr com ele de lá, mas considerando tudo que estava
acontecendo a minha volta, eu duvidava que ele estaria melhor comigo.
Jax negou com a cabeça. "Ritchey não está mentindo. Mona não estava lá. Vamos
verificar esse Ike e ver se ele tem alguma ideia."
Mamãe.
Suspiro.
"Você está bem?", Ele perguntou baixinho, apertando a minha mão quando
chegamos na calçada.
Olhando para ele, percebi outra coisa, algo que era, provavelmente, a parte mais
inesperada em tudo isso. Eu tinha encontrado Jax. Balancei a cabeça, e então disse: "Não.
Quero dizer, já faz tanto tempo desde que estive em torno dessas coisas. Esqueci como é
que era ".
Jax me puxou mais para perto até que estava andando com o meu corpo
pressionado contra o seu e, soltando minha mão, ele colocou seu braço sobre meus
ombros. Isso era bom. Brandon fazia isso às vezes, mas nunca me senti como agora.
"Não é legal que você tenha que se lembrar disso, "ele disse. "Gostaria que você
simplesmente esquecesse. Eu não quero isso-"
249
carros estacionados, batendo em um deles. Metal amassado e moído, dando lugar ao SUV
quando saltou pela calçada.
250
Capítulo Dezenove
Um segundo ele estava com o braço em volta dos meus ombros e no próximo, ele
tinha um braço em volta da minha cintura e meus pés estavam fora do chão. Estávamos
voando, ou pelo menos me senti assim, porque estava no ar nos movendo rápido.
O SUV girou para fora sobre a calçada, saltando para trás na estrada derrapando,
enviando nuvens de fumaça branca para o ar quando os pneus cantaram novamente.
Levantando agilmente, Jax manteve o braço treinado no SUV, recuando rapidamente.
E Jax estava segurando uma arma. Ele não só estava segurando uma arma, mas a
tinha o tempo todo, e me lembrava dele saindo do condomínio, colocando sua camisa. E
se isso não fosse motivo suficiente para ter totalmente a mente fundida, ele tinha saltado
e rolado como um profissional e lidou com essa arma como se soubesse o que estava
fazendo.
251
Jax me enfrentou e de repente estava ajoelhado ao meu lado, colocando as mãos
sobre meus ombros. Eles estavam tremendo.
"Sim."
Eu balancei a cabeça enquanto meu coração batia por uma razão diferente.
Havia pânico em seu rosto, um medo brutal. "Estou realmente bem. "
Ele fechou os olhos por um momento. "Quando eu vi esse carro chegando, pensei...
"Ele balançou a cabeça. "A bomba na estrada- nós nunca vimos isso. "
Seus olhos estavam escuros quando os abriu novamente. "Apenas fodeu com a
minha cabeça por um segundo ".
Ele assentiu, e a cor estava de volta em seu rosto. Xingando baixinho, Jax olhou ao
redor quando uma das portas descendo a rua foi aberta e alguém gritou alguma coisa. Isto
soava como Ritchey, e parecia que ele estava gritando algo sobre trazer coisas ruins à sua
porta, mas minha atenção estava focada em Jax.
Pisquei para ele quando me sentei. "Isso foi impressionante. Você sabe, a coisa
toda. "
252
Está certo. Treinamento militar. Duh. "E a arma?"
"Trabalhando com Mona, acabei cara-a-cara com pessoas que me fazem sentir um
pouco melhor enquanto converso com elas, sabendo que estou carregando uma arma. —
Ele estendeu a mão, pegou as minhas nas dele, e me levantou. "Além disso, segurar e
disparar uma arma não são nada estranho para mim. "
Duplo Duh. Treinamento militar. "O que... o que você acha que foi tudo aquilo? "
"Provavelmente não é algo bom." Ele agarrou os lados do meu rosto, inclinando a
cabeça para trás. "Você realmente está bem?" perguntou uma vez mais.
"Mas eles tentaram." E então isso realmente me bateu. Alguém tentou nos
atropelar e Jax portava uma arma por causa da Mona, ou mais provavelmente, por causa
da Mona alguém tentou seriamente nos atropelar.
Meus joelhos começaram a bater um no outro. Isso me fez sentir fraca, mas em
toda a minha vida, não importava o quão louco ou tão baixo que cheguei, nunca tive uma
faca apontada para o meu rosto e quase fui atropelada em menos de vinte e quatro horas.
Isso foi meio assustador.
"Merda", disse Jax, e então me puxou para ele, contra seu peito, e fui, apertando
os lados do seu estômago. "Querida... "
253
antes, um senhor mais velho com pele escura e olhos cansados, mas um sorriso sincero.
Seu nome era detetive Dornell Jackson, e ele parecia saber o que estava acontecendo,
porque ele fez um monte de perguntas que tinha a ver com a minha mãe, Mack e até
mesmo Isaíah. Então nos reunimos com Reece, e Jax lhe contou tudo. Reece não parecia
feliz, especialmente quando chegamos à casa de Jax e os dois rapazes notaram alguns
minúsculos e quando digo minúsculo, quero dizer inofensivos- arranhões ao longo do meu
braço.
Isso resultou neles me arrastando para o lavado, lavando os braços com várias
bolas de algodão embebidas em peróxido, como se houvesse uma chance de infeccionar e
meu braço cair.
Supunha-se que alguém estava vigiando a casa de Ritchey, mais provável para
encontrar Mona, e que por isso acabamos quase sendo atropelados, mas não explicava o
porquê. Se eu era potencialmente vital na entrega de minha mãe ou para atraí-la, por que
tentar atropelar a mim ou Jax?
Antes do início do meu turno, Jax tinha me levado de volta para a casa para que
pudesse ficar e me trocar. Em vez de sair, ficou por lá até a hora de irmos. Em algum
momento, ele tinha decidido que eu estava indo para o trabalho de carona com ele.
Jax caiu no sofá, com as sobrancelhas levantadas. "Eu te quero segura, Calla. E,
obviamente, a merda está indo para baixo. Assim, você vai ficar segura. Além disso, nós
literalmente trabalhamos no mesmo maldito turno. Você pode economizar o dinheiro da
gasolina. "
"Arrume algumas roupas também, você vai ficar comigo hoje à noite ", continuou
ele, e minha boca caiu aberta. "Calla, volto a dizer que quero mantê-la segura. Meu lugar é
melhor. Sem ofensa, mas tenho mais do que um monte de macarrão no armário e tenho
TV a cabo."
254
Ok. Comida real e TV a cabo foram um bônus. "Isso é demais, Jax. Quero dizer,
ficar com você é-"
"Bom", ele interrompeu, sorrindo. "Divertido. Melhor do que ficar nesta casa?"
Ele se inclinou para frente, apoiando as mãos nas coxas e suspirou. "Calla, eu só
quero ter certeza de que você está segura enquanto lidamos com essa porcaria, e, querida,
você sabe esta casa não é segura. Ninguém vai invadir minha casa, mas este lugar? Vale
tudo."
Hesitando na porta do quarto, tive que reconhecer que ele tinha um ponto e
estava certo. Esta casa não estava no seu melhor. Eu estaria mais segura em seu lugar, mas
era a sua casa, e ficar lá significava alguma coisa, e...
Droga.
Ele queria dizer alguma coisa. Esse foi o terceiro Duh do dia. Jax me queria em seu
lugar porque ele quis dizer algo, sobre nós, sobre essa nossa coisa.
Ele riu alto, e fui para dentro do quarto. Depois de me trocar para um par de jeans
escuros que estavam bem apertados, escorreguei em um par de sapatos bonitos, um top
preto padrão, e uma fina camisa solta que escorregava fora de um ombro, mas não
expunha as minhas costas. Quando soltei o meu cabelo, ele tinha secado em ondas por ter
ficado preso ao coque, e depois peguei minha maleta roxa de maquiagem.
Olhei para o espelho. Lavei meu rosto antes de me trocar e estava todo limpo e
fresco. Me senti leve, sem toda a maquiagem carregada.
Pressionando meus lábios, olhei para o tubo de base. Eu tinha passado toda a
manhã e maior parte da tarde sem um pingo de maquiagem, e ninguém, nem mesmo
nenhuma criança pequena que é fácil de assustar, tinha corrido gritando por minha causa.
255
Ninguém realmente sequer notou. E honestamente não me importei sobre isso. O
encontro com Ritchey e quase ser atropelada podem ter algo a ver com isso, mas ainda
assim.
A maioria das pessoas não entenderiam, mas era um grande negócio para mim,
colocar a base de volta na bolsa sem aplicá-la. A maquiagem era como um escudo e era
literalmente uma máscara.
Eu não gostava disso também, mas quinta-feira não estava longe e precisávamos
encontrá-la. "Pode ter sido um coincidência ", eu disse em seu peito enorme.
256
"Não existem coincidências nisso." Ele apertou-me de novo, e se fosse um
brinquedo, teria quebrado. "Eu não quero você em perigo."
A coisa era, eu tinha a sensação de que estava em perigo mesmo se não estivesse
lá fora, procurando por minha mãe, mas não disse isso. "Eu vou ficar bem. Eu prometo."
Clyde puxou para trás e passou a mão sobre a sua cabeça. "Garota, estou feliz em
vê-la ao redor e sorrindo novamente... "
Bem, quando morava aqui, não tive muitas coisas para sorrir.
"Mas se voltando para a escola, significa estar mais segura, então eu prefiro vê-la
segura. "
"Eu não posso voltar agora," disse a ele, e sorri. "Você sabe disso." Mas deixei de
fora a ameaça de Mack, que me encontraria onde quer que fosse. "Vai ficar tudo bem."
Seu rosto formou um expressão preocupada e sabia que ele não acreditava nisso
quando se virou, pegou a espátula com uma mão, e esfregou seu peito com a outra.
Demorei-me na porta dupla, desejando que pudesse fazer algo para aliviar sua
preocupação, mas a única coisa que podia fazer era ficar segura.
Assim que Nick veio para seu turno, ele se ofereceu para me dar uma carona de
volta, o que me surpreendeu pra caramba, mas essa oferta foi rapidamente esquecida por
um único olhar de Jax. Mas, se Jax não estava no bar enquanto nós trabalhávamos, notei
que Nick nunca ficava muito longe.
Eu não sabia o que pensar sobre isso. Eu mal conhecia Nick, mas isso era doce e
um pouco desconcertante.
Roxy estava em causa e ofereceu seu apartamento para eu dormir, mas também
foi descartado quando Jax anunciou que estava "ficando" no seu lugar, antes dele
desaparecer no almoxarifado.
257
"Você vai ficar com Jax?", Ela perguntou quando estávamos no corredor. "Tipo
como morar com ele?"
"Eu acho que sim, pelo menos esta noite." Fiz uma pausa, franzindo a testa. "E
ontem a noite, também. "
Seus olhos se arregalaram por trás de seus óculos. "Você ficou com ele na noite
passada? E na noite anterior fez você ter sua primeira bebedeira?"
Eu não respondi, porque Jax tinha saído da sala de bebidas, carregando várias
garrafas. Seus olhos se estreitaram em nós quando passou devagar, mas havia um
pequeno sorriso em seus lábios cheios.
"Você sabe, ele realmente é um grande cara", disse ela, nada do que eu já não
tivesse percebido. "Aquele tipo que você realmente pode confiar. No ano passado, Reece...
"Ela disse seu nome com um pausa que me fez levantar uma sobrancelha. "Ele estava
envolvido em um tiroteio policial. Foi tudo correto, mas você sabe, acho que atirar em
alguém meio que mexe com sua cabeça. Jax estava totalmente lá para ele. "
Ela pegou minha mão e me puxou para o escritório. "Então vocês dois estão
juntos."
"Não. Quero dizer, eu não sei. " Fechei meus olhos e respirei. "Eu acho que nós
estamos. Mais ou menos. "
258
"Regras?"
Oh. E aí estava o quarto Duh do dia. "Nós não discutimos sobre isso. "
"Então vocês são amigos de foda?", Ela perguntou, com os olhos estreitando.
Minhas bochechas aqueceram. "Eu não acho que somos isso, também." Ou
éramos? Quero dizer, não era como se nada tivesse sido rotulado ou discutido ou qualquer
coisa.
"Ok." Roxy bateu no meu braço, e pisquei longe esse pensamento de amigos de
foda. "Posso dizer então que ser amigos de foda não seria legal com você. Assim sobra,
vocês estão juntos, como em um namoro, deixando rolar pra ver no que dá? "
Ela aplaudiu. "Oh, esse é um lugar muito bom. Ótimos bifes ".
"Amigos de foda não te levam para jantar no Apollo". O canto de seus lábios
deslizaram para baixo. "Eles te levam para lugares como Mona’s. Confie em mim, eu sei."
Notei-a franzir a testa, mas ela continuou. "Apollo é para aqueles que levam o
namoro a sério. Assim como o cara que sabe o tipo de café que você gosta na parte da
manhã e como você gosta disso. Apollo é impressionante. E mencionei que os bifes são
enormes? "
De repente, queria falar com Teresa. Eu queria dizer a ela o que estava
acontecendo, porque tinha um sentimento que realmente não sabia o que estava
acontecendo. Mas já era tarde e Teresa estava na praia com Jase. Olhei para Roxy e mordi
meu lábio inferior. Eu não sabia... ah, foda-se. "Nunca tive um namorado. "
Roxy piscou lentamente e, em seguida, deu um passo para trás. Ela levantou um
dedo, caminhou até a porta e fechou-a, depois virou-se para mim. "Nem um único
namorado?"
259
"Alguma vez você já teve um amigo de foda?"
Ela encostou-se à porta. "Então, estou supondo que sua virgindade continua
intacta? "
"Eu não sei. Jovens de vinte e um anos virgens são tipo uma espécie como o Pé
Grande ".
"Você sabe o que quero dizer." Ela colocou os óculos no topo de sua cabeça. "Você
ouve falar sobre o Pé Grande, mas ninguém nunca realmente o viu pessoalmente. Mesma
coisa com jovens de vinte e um anos virgens ".
Eu estava começando a pensar que foi uma má idéia dividir essa informação.
"Por quê?", Ela perguntou e minhas sobrancelhas subiram. "Por que nunca
namorou? "
"Sinceramente?"
"Sinceramente."
Cruzei os braços sobre o peito. "Você pode me ver com esses óculos, certo? "
Ela apertou os olhos, franzindo o nariz. "Sim, eu posso ver. E você é muito bonita.
E legal. Você tem que ser inteligente para estar em um programa de enfermagem, então
qual é o problema? "
"Bonita?" murmurei.
260
Então ela piscou novamente, se afastando da porta e se aproximando de mim.
"Entendi. A cicatriz em seu rosto? Isso não distrai de sua beleza. Você tem que saber isso.
Eu meio que queria dizer alguma coisa antes, mas pensei que seria muito chato por trazê-
lo à tona ", ela prosseguiu. "Mas você está mais bonita esta noite. Posso dizer que não está
usando um monte de maquiagem, e você parecia ótima antes, mas hoje está
impressionante sem ela. "
Dermablend não era brincadeira, essa maquiagem era usada para cobertura
máxima, e eu sempre soube que era perceptível. Apenas pensei que parecia melhor com
ela.
"Eu mataria para ter seus lábios", continuou Roxy, puxando minha atenção para
os dela. Eram lábios agradáveis. Lábios em forma de arco.
"E mataria alguém para ter seus seios. Você os cobre, mas sei que eles estão lá, e
que são bonitos".
Confusão marcou seu rosto. "O que você quer dizer? Ou você tem os sutiãs mais
incríveis da história dos sutiãs? Se for isso, por favor me deixe saber onde conseguir um
desses? "Ela colocou as mãos sobre os peitos pequenos. "Porque estes bebês poderia usar
de alguma ajuda. "
Eu nunca tinha falado com ninguém sobre como eu me via, e achar as palavras
certas parecia muito difícil. "A cicatriz no meu rosto não é nada em comparação com o
resto de mim. É muito ruim. De verdade."
Roxy abriu a boca, mas estava claro que não sabia o que dizer, então continuei.
"Eu não tenho um monte de experiência com homens, então acho que estamos
namorando, e acho que ... gosto disso. "
Suspirando, assenti. "Gosto. Eu gosto dele. E sei que isso é estúpido. "
261
"Não é estúpido."
Continuei como se não a tivesse ouvido. "Quero dizer, ele é quente, tipo muito
quente e tão legal, ele é a combinação perfeita; mas com tudo isso acontecendo com a
minha mãe, agora provavelmente não é o momento mais inteligente para me envolver
com ninguém. "
"Sim, as coisas com sua mãe não são fáceis." Ela trocou o peso de um pé para o
outro. "Uma merda grande, mas também não tem nada a ver com Jax, sabe? Eles são duas
coisas separadas."
Eu podia ver isso. "Mas estou pensando em voltar para a escola em agosto. "
"Então?", Ela disse. "Shepherd fica há três horas daqui. Grande coisa. Vocês ainda
podem namorar. Não só vocês podem dirigir, como existem essas coisas legais chamadas
trens. "
"Ele gosta de você", ela me disse assentindo com sua cabeça para afirmar sua
declaração. "Jax gosta de você, Calla. Confie em mim, eu sei. "
"Você acha?"
Ela assentiu novamente, mas antes que pudesse continuar, a porta se abriu e Nick
enfiou sua cabeça. "Se vocês duas já terminaram o que quer que seja que estavam fazendo
aqui, nós realmente poderíamos usar um pouco de sua ajuda. "
Olhei para Roxy, e ela revirou os olhos. "Meninos", disse girando ao redor. "O que
fariam sem nós?"
Não respondi, mas queria rir ao ver o olhar fulminante de Nick no seu caminho.
Voltamos para fora e o bar estava lotado.
Jax me parou, amarrando meu avental, me dando um tapa não tão sutil em meu
traseiro, e enviou-me para o bar.
"Menina, eu não sei o que está acontecendo hoje à noite, mas isto aqui está uma
loucura" Pearl disse quando peguei o caderno de anotações.
262
E estava realmente.
A multidão era uma mistura de jovens e velhos, e no momento que Melvin me viu,
ele fez um sinal para a mesa com seu dedo torto. Ele não estava sozinho, esta noite ele
estava acompanhado de um cara que aparentava ter a mesma idade dele.
"O que é isso que ouvi sobre você e Jackson quase serem atropelados por um
carro hoje?", perguntou Melvin, e fui lembrada, mais uma vez, que as notícias voam.
"Este é Arthur." Melvin acenou para seu amigo. "Esta é a filha de Mona ".
Arthur tinha seu rosto fortemente alinhado, com olhos escuros enrugados e
centrados em mim. "É bom te conhecer, querida."
Dei-lhe um curto e um pouco estranho aceno, e admiti ser quase atropelada, mas
minimizei a história dizendo ter sido falha de um motorista muito ruim, pois não queria
preocupar qualquer um deles. Melvin não parecia muito convencido quando bateu em
meu braço e me disse para ter cuidado.
Estava fazendo dois drinques de Jäger Bomb31 quando olhei para cima e os
avistei. Bem, primeiro eu vi o cara e quase deixei cair o vidro menor do drinque de um
jeito que não seria bonito.
Ele era enorme, tipo muito maior e mais amplo do que Jax, e ainda mais alto. Ele
usava uma camisa preta que se esticada por todo seu peito e braços definidos. Seu cabelo
era castanho cortado baixo dos lados, um pouco mais alto no topo, e ficava espetado para
cima, um pouco mais do que do Jax, dando a impressão que seria encaracolado se deixasse
crescer. Esse cara tinha um rosto angular, definitivamente alguma ascendência hispânica
ali. Pele marrom suave, com maçãs do rosto salientes e cílios castanhos espessos
emoldurado de olhos escuros.
31
O Jager Bomb é um drinque delicioso. A combinação do Jägermeister com o energético é perfeita.
263
Havia uma cicatriz em forma de meia-lua em seu olho esquerdo e outra sob o
centro do seu lábio, cortando-o.
A menina que estava atrás dele, poderia muito bem se passar pela Britney Spears,
mais como um tipo colegial da Britney. Seu cabelo loiro era ondulado e cortado
perfeitamente para emoldurar seu rosto em forma de coração. Ela tinha lábios carnudos,
grandes olhos castanhos e um belo corpo. Como eu sabia que ela tinha um corpo bonito?
Porque a maior parte estava em exibição.
Ela estava vestindo um top rendado que mostrava sua barriga chapada e uma saia
jeans curta que revelava impressionantes pernas bronzeadas. A garota tinha peitos de
matar, e era universalmente quente.
Mas ela não estava prestando atenção para o cara grande e bonito ao lado dela.
Ela estava olhando diretamente para o bar. E não era nem um pouco para mim, muito
menos para Roxy. O seu olhar castanho estava fixo na parte lateral do bar, um pouco mais
distante onde eu e Roxy estávamos. Seu olhar estava em Jax.
"Você sabe quem é?", Roxy me perguntou enquanto cavava um monte de gelo.
"Aquele cara quente como o inferno lá?"
Meu olhar se desviou da garota para ele. "Como eu poderia não notar? "Entreguei
os drinques de Jäger Bomb com um sorriso e peguei o dinheiro. "Quem é ele?" Perguntei
quando na verdade queria saber quem ela era e por que estava olhando para o Jax como
se fosse seu jantar.
"Hum? Quem? " Perguntei quando me virei para um cara em idade de faculdade.
"Esse é Brock 'Besta' Mitchell," o cara disse em vez de me responder, e piscou pra
mim. "Você não sabe quem ele é? "
264
O cara riu quando balançou a cabeça. "Ele faz MMA, é um negócio muito grande.
Ou prestes a se tornar um grande negócio. " Ele olhou com uma expressão de espanto em
seu rosto.
"Meu, ele não é um cara que eu gostaria de irritar. Não sabia que ele estava na
cidade. De qualquer forma, eu vou querer uma Bud."
Agarrando a cerveja, dei uma olhada sobre Brock. Eu sabia o que era MMA -artes
marciais mistas- e estava adivinhando que ser um grande negócio, significava que ele
estava lutando em um desses circuitos que Cam e Jase eram obcecados. De fato, sabia que
o cara não era local. Eu teria lembrado de um rosto como este, mesmo se tivesse sido há
muito tempo atrás.
"Oh merda." Roxy endireitou, e vi que ela estava olhando para a menina agora.
Ela se virou, e seu olhar pousou em Jax. "Oh merda ".
Roxy girou na minha direção, com os lábios franzidos como se tivesse provado
algo ruim. "Esta é Aimee- Aimee com dois e´s e um i."
"Eu não tenho ideia do que ela está fazendo com Brock. Bem, na verdade tenho
algumas ideias, mas não sei o porque ela está aqui com Brock. "
E agora eu estava começando a ficar com uma sensação ruim sobre isso,
especialmente porque vários caras rodearam Brock, e Aimee com dois e’s, nem sequer
estava prestando atenção nele.
Roxy parecia que não conseguia se mover e estava prestes a ter um colapso, e
havia pessoas que precisávamos servir, mas meu olhar estava rastreando Aimee,
enquanto ela se aproximava do balcão, então olhei para Jax.
265
Encostado no balcão, ele estava entregando duas bebidas mistas para um grupo
de meninas risonhas, e quando endireitou-se e olhou para cima, seu olhar passou por
Aimee com um i, e depois se recuperou. Ele piscou os olhos e se ajeitou como se alguém
tivesse agarrado o seu traseiro. Meu estômago afundou um pouco. Ah não.
Aimee com dois e’s, se espremeu entre as meninas risonhas e um cara mais velho,
colocando as mãos no balcão superior e se esticou toda, o que fez com que seus peitos
praticamente saltasse de seu top.
Então, falou de uma maneira profunda, rouca. "Jax, baby, senti sua falta."
266
Capítulo Vinte
‘Queridinho’ Jax encarou Aimee por um momento e deu um meio sorriso a ela"
não um qualquer, mas aquele que me fazia revirar por dentro. Ele disse algo e ela jogou
sua cabeça para trás, rindo histericamente.
Eu me virei e voltei a focar nas pessoas que estavam esperando por suas bebidas.
Eu não tinha certeza quanto tempo passou, e eu nem mesmo tentei me impedir de espiá-
los, mas eles ainda estavam conversando.
Quando procurei por Brock, o cara que ela tinha vindo, eu não o vi em lugar algum,
mas havia um grande grupo em volta das mesas de sinuca, então imaginei que ele estava
ali.
Eu estava correndo de trás do bar, meus olhos focados em Pearl, cujo cabelo loiro
estava escapando do seu coque, quando fui agarrada pela cintura e puxada para o lado.
Engolindo um gritinho, eu me virei e me encontrei entre Jax e o fim do bar, encarando
Aimee.
Hum.
Aimee parecia confusa enquanto olhava para Jax e eu, até que seu olhar foi para
o braço que estava em minha cintura.
“Aimee, eu não tenho certeza se você teve a chance de conhecer Calla,” Jax disse,
seu braço como uma marca em minha cintura. “Ela é daqui, mas esteve fora por causa da
faculdade. Ela voltou por...”
267
“Eu sei quem ela é,” ela respondeu e seu tom não era nem frio nem esnobe, na
verdade era neutro.
Minha sobrancelha levantou. Eu não tinha ideia de quem ela era e eu tinha a
sensação que me lembraria dela se a conhecesse.
Aimee sorriu enquanto jogava seu cabelo por cima do ombro. “Você obviamente
não lembra de mim. Nós nos conhecemos a eras atrás.”
Jax se virou para que sua lateral ficasse pressionada contra a minha. “Como você
conhece ela? Você cresceu a estados de distância.”
Eu realmente não ligava que ele soubesse que Aimee com os dois ‘es’ tinha
crescido em um lugar longe.
“Foi há muito tempo,” ela disse, levantando sua voz para que quem estivesse nas
mesas de sinuca pudesse ouvir. “Nós participamos de alguns concursos de beleza juntas.”
Puta merda.
Seu sorriso aumentou e puta merda, ela era linda. Dentes perfeitos, como se ela
estivesse usando um molde. “Sim! Você se lembra. Oh meu Deus, Jax.” Seu olhar voou para
ele enquanto ela se aproximava do bar, colocando uma mão em seu braço como se ela
tivesse feito isso um milhão de vezes. “Calla e eu praticamente crescemos juntas.”
Uh, eu não teria chegado a tanto. Nós provavelmente esbarramos uma na outra a
cada mês por causa dos concursos e nós nunca fomos amigas. Se eu me lembro bem,
nossas mães se odiavam com uma paixão incandescente. Minha mãe era considerada ralé
por ser dona de um bar e a mãe de Aimee era dona de casa, casada com um médico ou,
levando em conta o sorriso perfeito, um dentista.
“É mesmo?” Jax deslizou sua mão para a parte mais baixa das minhas costas e eu
pressionei meus lábios juntos. Ele posicionou seu corpo pressionado ao meu, indo para
trás para que a mão dela não estivesse mais em seu braço e, mesmo que eu não fosse
expert em relacionamentos, eu sabia que ele estava dizendo isso com seu corpo. Eu tinha
visto Jase fazer o mesmo. Eu tinha visto Cam também.
268
Eu estava feliz por dentro.
Uma bola se formou no topo do meu estômago, pesando enquanto abaixava, e por
reflexo, eu tentei me afastar, mas com Jax tão perto, não havia como eu sair.
Ela inclinou sua cabeça para o lado enquanto se apoiava no balcão. “Eu não te vejo
desde o incêndio.”
Oh meu Deus.
Eu também lembrava disso" lembrava do meu pai dizendo algo sobre enquanto
eu estava no hospital e minha mãe estava ocupada de mais com o luto para se quer fazer
uma visita.
“Tão triste,” Aimee disse, piscando seus grandes olhos. “Tudo que aconteceu com
você e sua família. Por quanto tempo você ficou no hospital?”
Quem fazia perguntas desse tipo? Mas eu sabia a resposta. Durante toda minha
vida, pessoas estranhas colocavam seu nariz onde não eram convidadas e faziam
perguntas que outras pensavam que eram inapropriadas ou fora de contexto. Elas não
pensavam ou, simplesmente, não se importavam.
269
“Meses,” eu me ouvi dizendo.
A mão de Jax enrijeceu contra minhas costas e eu senti seus músculos ficarem
tensos. Os pequenos cabelos estavam arrepiados agora.
“Com licença.” Minha voz estava rouca enquanto eu me livrava de Jax e do bar.
“Eu tenho que voltar ao trabalho.”
Eu me afastei, sem nem ouvir o que fosse que Aimee disse quando eu andava por
trás do balcão e ia em direção ao salão para encontrar copos e garrafas vazias. Minha
cabeça estava girando em pensamentos que eu não conseguia me focar em um só.
Aimee era uma inesperada e indesejada visita do passado. Ela era parte de
memórias que, depois de todos esses anos, eu não tinha feito as pazes e não tinha certeza
se um dia faria. Não só isso, mas ela representava tudo que eu deveria ser.
Então a ficha caiu, naquele momento, tão forte que meus dedos formigaram. Se o
incêndio nunca tivesse acontecido, eu provavelmente estaria exatamente aqui onde eu
estava. Eu teria sido criada para trabalhar no bar, porque ele teria sido bem sucedido, e
foi algo que meus pais construíram para passar para nós. Kevin estaria administrando o
lugar. Tommy estaria aqui. Assim como meus pais.
270
“Calla.”
Meu coração estava apertado. Eu não queria me virar. “Eu tenho mesas para
limpar,” eu disse a ele. “Muitas mesas.”
A mão de Jax foi para meu ombro e ele me virou. Nossos olhares se encontraram
e, quando ele falou, eu sabia" eu só sabia" o que ele quis dizer e isso me despedaçou.
Ele se aproximou, abaixando sua cabeça para dizer em meu ouvido. “Eu sei.”
Eu estava quieta na volta para a casa de Jax, passando a viagem toda de carro
olhando para fora da janela, para as casas escuras. Eu estava cansada, mentalmente e
fisicamente, e tudo que eu queria era ir para a cama, jogar um cobertor sobre minha
cabeça e dizer boa noite.
Aimee tinha ficado até a hora de fechar, nem um momento voltando para se juntar
a Brock, que terminou saindo bem antes dela. Roxy tinha dito que ele saiu com uma
menina diferente, então eu não tinha idéia do que estava acontecendo entre ele e Aimee,
mas ela parecia encantada. E eu sabia o porque ela tinha ficado. Ela queria ir para casa
com Jax.
Quando o último pedido foi feito e Aimee estava encarando Jax, Roxy me disse
que ele gentilmente perguntou se ela tinha carona para casa, mas antes que ela
respondesse, ele disse que ele poderia chamar um taxi.
Suave.
Roxy disse que Aimee parecia como alguém que tinha acabado de ver um
fantasma e, por mais que isso fosse algo divertido de se ver, eu me perguntava se Jax a
teria levado para casa se eu não estivesse aqui. Isso não deveria importar, mas importava,
porque eu era uma menina e eu estava me sentindo extra idiota.
Eu sei.
271
Perdi a respiração quando Jax entrou na rua que levava a sua casa. Eu sabia que
ele iria querer falar sobre o incêndio. Como ele havia trabalhado com minha mãe e ela
tinha contado a ele sobre os grades dias dos concursos de beleza, não precisava muito
para descobrir que ela também tinha falado sobre o incêndio. Mas quanto? Quanto ele
sabia quando seus olhos pararam em mim pela primeira vez que entrei novamente no
Mona’s?
De volta a casa, eu levei minha mala para o andar de cima enquanto Jax foi para a
cozinha, fazendo a mesma coisa que a última vez, tirando seus sapatos e deixando a chave
no aparador.
Eu me despi, dessa vez usando um top por baixo da minha camiseta de manga
comprida e meus shorts de dormir e, depois de lavar meu rosto, eu prendi meu cabelo em
um rabo de cavalo. Quando deixei o banheiro, eu peguei meu celular da minha bolsa e
liguei o abajur. Um leve brilho iluminou o quarto.
Havia uma mensagem não lida da Teresa, uma foto dela e de Jase na praia. Ela
estava nos braços dele, fazendo chifrinho nele com seus dedos e ele estava sorrindo, seus
lindos olhos cinzentos escondidos pelo mesmo estilo de óculos de sol que Jax usava.
Ele estava segurando uma cerveja em uma mão e uma caixa de suco na outra.
“Eu imaginei que você precisaria de uma bebida, ou de um suco pelo menos.”
272
Parecia como uma pergunta idiota.
Seu olhar foi de encontro ao meu enquanto ele tomava outro gole. Ele não disse
nada enquanto sua garganta se movimentava e, puta merda, ele tinha terminado aquela
garrafa enquanto eu tinha tomado apenas um pouco do meu suco.
A ansiedade aumentou como uma erva daninha em um jardim. Ele tinha mudado
de opinião sobre eu ficar aqui com ele? Ele não parecia feliz. Talvez ele desejasse que
estivesse aqui com Aimee de dois ‘e’. Dado sua pele e sorriso perfeitos, e uma mãe que não
estivesse atualmente desaparecida e se enfiada em uma bagunça com traficantes, eu
conseguia entender se ele estivesse repensando várias coisas. Afinal, ele quase tinha sido
atropelado hoje e isso não foi sua culpa.
Eu nem deveria estar em sua casa, ainda mais sentada em sua cama. Eu não
pertenço aqui.
Depois disso tudo eu queria voltar para Shepherd, sentar com Teresa e observar
a Brigada dos Caras Quentes de uma distância segura. Lá eu estava protegida, porque
ninguém sabia nada sobre mim e eu tinha meus três ‘F’s, era tudo que eu sabia e que tinha
me forçado a aceitar.
“O que?”
Meus pés estavam quase encostando no chão. “Eu disse que poderia ir dormir no
andar de baixo e amanhã eu...”
“Eu te ouvi.” Ele colocou a garrafa vazia no criado mudo e se virou na minha
direção.
Eu olhei ao redor. “Estou confusa. Se você ouviu o que eu disse então porque
perguntou?”
“Okay. Talvez eu devesse ter expandido minha pergunta.” Ele se corrigiu, e com
os olhos arregalados, eu o observei se inclinar para frente e quando ele segurou meu
quadril, eu congelei. Um calafrio percorreu minhas coxas, porque wow-wee, esse homem
273
sabia como segurar em um quadril. “Por que motivo você iria ir dormir no andar de
baixo?”
Vagarosamente, eu levantei meu suco e tomei um grande gole. “Eu só pensei que
depois de... um, tudo...” eu me cortei quando ele me levantou, meus pés agora bem longe
do chão.
“Você pensou o que? Que eu não queria mais você aqui comigo?” Ele engatinhou
pela cama. Não há outra palavra para descrever o que ele estava fazendo. Uma perna
estava de um lado meu e a outra, do outro lado. Suas mãos ainda estavam no meu quadril.
“Que eu não percebi o quão linda você estava hoje? E que nenhuma vez você virou sua
bochecha para esquerda para tentar se esconder?”
Oh meu Deus.
Suco esquecido.
“Você pensou que eu não iria querer dormir ao seu lado novamente? Você achou
errado se esse foi o caso.” Seus dedos apertaram meu quadril, mandando uma onda de
calor pelas minhas veias. “Eu realmente gostei de dormir com você e andar ao seu lado. O
que é algo novo para mim. Eu não sou um grande fã de coisas como essas, mas você... Sim,
você é diferente.”
Suas mãos deslizaram para minha lateral. “Ou você pensou que eu não reparei
que você estava bem o dia todo, apesar da merda com que teve que lidar de manhã? Nós
fomos em um buraco e quase fomos atropelados, mas você ainda sorriu, mesmo depois
disso. Você aguentou firme, foi trabalhar. Até que Aimee apareceu.”
Jax abaixou sua cabeça e passou seus lábios pelos meus. “Aimee e eu nunca
namoramos.”
Meus músculos travaram enquanto meu cérebro dizia que isso era mentira. “Eu
não acho que isso é assunto meu.”
Ele fez um som grave, não concordando. “Você está na minha cama agora, certo?”
“Bem, sim.”
274
“E minha boca esteve em você, certo?”
Eu concordei.
Oh wow. Aquele calor derreteu meu coração e foi parar entre minhas pernas.
Ele pressionou sua testa na minha. “E eu vou te levar para jantar mais tarde. Então
me diga, como uma menina qualquer aparecendo hoje a noite, se jogando em mim e
insinuando que temos um passado tem nada a ver com você?”
“Okay,” eu sussurrei. “Quando você diz desse jeito, eu acho que tem.”
“Acha?” Ele se afastou, balançando sua cabeça. Então ele se sentou, suas pernas
em cada lado das minhas, suas mãos em minha cintura. “Eu entendo que você nunca fez
isso antes.”
Eu levantei meu suco e tomei outro gole enquanto meu estômago flutuava.
“Mas você precisa entender onde isso está indo. Eu já te disse que gosto de você.
Eu acho que eu deixei isso bem óbvio. E, quando terminarmos com essa conversa, eu vou
deixar isso ainda mais obvio para você.”
Não vou mentir. Várias partes de mim gostaram de como isso soou.
Um sorriso se formou em seu rosto. “Aimee é uma menina bonita. Ela sabe como
se divertir, mas ela não é a menina para mim. Nunca foi.”
275
E ele moveu suas mãos enquanto inclinava sua cabeça para o lado. “E eu sei o que
está passando pela sua cabeça é mais do que uma menina que eu dormi no passado
aparecendo. É sobre o que ela disse essa noite.”
“Eu sei,” ele disse com a voz baixa. “Eu sei tudo sobre o incêndio.”
“Mona falava sobre isso de vez em quando e Clyde preencheu as partes que ela
não disse,” ele continuou naquela voz baixa e paciente. “Eu sei como isso aconteceu.”
Meu coração começou a pular em meu peito e quando eu falei minha voz estava
rouca. “Eu não quero fazer isso.”
“Eu sei.” Jax se aproximou de algum jeito, sua pélvis sobre a minha, mas seu peso
estava suportado pelas suas pernas. Ele estava perto, perto demais para isso. “O bar era
um sucesso na cidade. Sempre cheio. Fazendo montanhas de dinheiro. Seus pais
decidiram construir sua casa dos sonhos.”
Eu desviei meu olhar de seus olhos castanhos, minha mão livre segurando firme
o edredom. “Eu não quero fazer isso,” eu repeti, sussurrando.
Ele abaixou sua cabeça, pressionando um leve beijo no meio da minha bochecha
esquerda, e minha respiração falhou. “Era o tipo de casa que seus pais sonharam em criar
uma família, espaço suficiente para todos vocês crescerem, especialmente Kevin e Tomy.”
Oh Deus.
Meu peito foi cortado por um ar gelado e eu balancei minha cabeça. “Eu não posso
fazer isso.”
276
Jax não aliviou. “Seus pais não perceberam que contrataram um eletricista que
não era o melhor qualificado. Um que economizava no trabalho para que pudesse
embolsar mais dinheiro. Sua licença estava sob investigação por um trabalho mal feito em
outra casa. O que seus pais não sabiam quando eles se mudaram para o novo lugar,
levando vocês, todos felizes e festejando, era que esse eletricista não tinha seguido o
protocolo para a instalação no interruptor do corredor do segundo andar" o andar com
todos os quartos das crianças.”
Abaixando meu queixo, eu apertei meus olhos fechados. Foi uma péssima ideia
pois eu conseguia ver nitidamente aquela noite. Até o dia que morresse, eu seria capaz de
reviver aquela noite, da parte de andar até meu quarto novo, com suas paredes rosas e
meu nome escrito em letras garrafais preso na parede, cheio de fumaça. Eu nunca iria
esquecer aquele grande fôlego que eu inalei que tinha queimado minha garganta e meu
peito por dentro. Eu entrei em pânico enquanto eu saia da cama e vi a tinta rosa
descascando da parede, o terror quando eu abri a porta do banheiro e o mundo inteiro
explodiu. A fumaça tinha ficado amarela e marrom" eu lembrava disso" um momento
antes disso tudo acontecer. Estilhaços de vidro voaram pelo ar, cortando minha pele.
Chamas estavam em todos os lugares, dançando pelo chão, chegando ao teto e as paredes.
Era como um flash gigante. E haviam os gritos. Gritos horríveis que nem filmes de terror
conseguiam replicar e algum deles eram meus. Outro eram de Kevin.
“Estava tão quente. A tinta estava derretendo. Não havia ar e...” eu inalei, tremula,
e eu não percebi que tinha falado isso em voz alta até que seus lábios pressionaram contra
minha testa novamente.
“Eu sei que você teve sorte por sobreviver,” ele disse, acariciando a lateral da
minha cintura com seu dedão. “Seu pai chegou a você primeiro e a levou para o lado de
fora. E quando ele e sua mãe tentaram voltar para dentro, para o segundo andar, já estava
tomado pelo fogo. Eles não conseguiram subir as escadas... era tarde demais para seus
irmãos.”
Eu tentei me mover novamente, mas Jax me segurou. O gelo em meu peito estava
expandindo, se tornando uma dor real e tangível. “Tommy nunca acordou.” Eu lembrava
de minha mãe dizendo isso uma vez. Isso depois de uma autopsia ser feita que mostrou
que ele morreu pela inalação de fumaça. Uma benção em meio a desgraça, porque quando
277
o fogo foi apagado, seu quarto não era nada mais do que cinza e madeira. “Kevin... ele
estava acordado.”
Eu abri meus olhos vagarosamente e meus cílios estavam úmidos. “Seus caixões,”
eu sussurrei, apertando meus olhos fechados mais uma vez e os vendo. “Eles eram tão
pequenos. Você sabe, menor que você pode imaginar que costumam fazer os caixões. E
ainda assim, eu sei que fazem ainda menores, mas Deus... eles eram tão pequenos.”
Seus lábios roçaram a pele ao lado do meu olho direito, e eu sabia — oh Deus,
meu peito doía" eu sabia que ele tinha pego uma lágrima, e o gelo em meu peito, que agora
invadia meu estômago e minha alma, aliviou um pouco.
Meus olhos se arregalaram e eu pensei em defender meu pai mas me parei. Sim,
ele era meio que um filho da mãe. Eu aceitei isso há muito tempo. Minha próxima
respiração foi mais fácil. “Eu nunca falei com ninguém sobre isso. Nem meus amigos em
casa. Não é como se eu não tivesse... aceitado isso, porque eu o fiz. Eu era jovem quando
isso tudo aconteceu e eu ainda sinto falta dos meus irmãos. É só muito triste.”
“É.”
278
“Eu sei que essa não é a única coisa.” Ele levantou uma mão e passou ela pelo
cumprimento de minha cicatriz. “Eu sei que você tem outras.”
Eu não conseguia olhar para outro lugar. Merda, eu queria, mas seu olhar me
segurou e seus olhos estavam quentes, eles estavam focados.
“E eu sei que você foi queimada, Calla.” E nisso, meu peito se apertou com uma
mistura de vergonha de alívio. “Eu sei que você fez algumas cirurgias e eu sei que elas
pararam antes do que deveriam.”
“Ela ficou presa em sua própria merda. Ela esqueceu ou não pôde lidar.” Ele
confirmou. “Ela nunca disse o porquê, e eu sei que isso não faria nada melhor, mas ela
sentia muita culpa sobre isso. Isso era bem óbvio.”
Sim, isso não mudaria nada. Nunca poderia. Eu não sabia se isso me fazia uma
pessoa insensível ou não, mas algumas coisas não podiam ser esquecidas tão fácil. Elas
não foram feitas desse jeito.
“Eu nunca... ninguém nunca viu as cicatrizes,” eu disse em um tom mal acima de
um sussurro. “Elas não são bonitas.”
“Eu já te disse como.” Ambas suas mãos estavam de volta a minha cintura e eu
perdi o fôlego. “Eu acho que já passou do tempo de te mostrar.”
279
Minhas sobrancelhas levantaram. “Me mostrar?”
“Sim, te mostrar.”
Sua mão se curvou sobre meus braços enquanto ele me levantava, e eu segurei
minha bebida ainda mais forte. Ele me moveu até que eu estivesse perto da cabeceira, bem
no meio da cama. Ele pegou a caixa de suco e a colocou no criado mudo.
Então ele começou seu trabalho de deixar bem óbvio que ele gostava de mim.
280
Capítulo Vinte e Um
Luz do sol entrava pela grande janela quadrada enquanto eu piscava e abria meus
olhos, e eu acordei com uma boca em meu pescoço, traçando pequenos beijos pela lateral
da minha garganta.
Oh, wow. Meus lábios se curvaram e eu ofeguei quando sua língua passou pelo
ponto sensível logo abaixo da minha orelha. Minhas costas se curvaram sozinhas quando
sua mão, que estava na minha barriga, se moveu para minha camiseta para parar na curva
do meu quadril.
Noite passada foi... bem, foi literalmente orgástica e apesar de não ter dormido
por muitas horas, eu acordei sentindo como se tivesse dormido por um ano. Apesar que
eu duvidava que o orgasmo que ele tinha me dado com suas mãos tinha algo a ver com
isso. Era o fato que noite passada aconteceu algo. Um pouco do peso saiu do meu peito.
Não havia uma parede entre nós.
A coisa engraçada era que essa parede pode nunca ter existido, pelo menos não
do seu lado. Ele sabia sobre o incêndio, sobre meus irmãos e o dinheiro, sobre as cicatrizes
e o quão ruim tudo isso foi. Ele sabia antes de me conhecer cara a cara. E ele não se
importava. Eu não entendia isso completamente. Provavelmente nunca iria, mas quando
ele foi provar o que gostava de mim ontem a noite, com todos os beijos e toques, eu decidi
que iria parar de tentar entender tudo isso.
Meus shorts foram esquecidos em algum lugar do chão do quarto de Jax e quando
sua mão viajou debaixo do elástico da minha calcinha, deslizando sobre minha pele nua,
eu mordi meu lábio. Sua outra mão tinha feito seu caminho sobre minha coxa e estava,
agora, atrás do meu joelho. Ele levantou minha perna, me forçando para seu colo.
Havia mais que apenas um calor entre minhas pernas quando o senti pressionado
contra minhas costas. O peso estava de volta em meu peito e, com um beijo sensual em
281
meu pulso, eu estava pronta e levou tudo de mim para não começar a reagir
imediatamente.
Noite passada, Jax... ele não tinha se aliviado. Depois que ele terminou de fazer
aquilo comigo, ele tinha me puxado de costas contra si, e só isso. Eu imaginava como ele
poderia dar uma coisa sem esperar nada em troca, mas eu estava muito presa no momento
— e eu não tive coragem de mudar isso. Principalmente porque eu tinha uma ideia geral
do que eu deveria fazer para retificar isso, mas eu precisaria de uma curva de
aprendizado.
Mas hoje era outro dia e eu iria tomar coragem, a começar por agora. Eu me virei
de costas, e Jax estava olhando para baixo diretamente para mim, todo sonolento e com
aquela aparência sexy. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, seus lábios estavam
nos meus, começando em um beijo calmo e doce. A leve aspereza em sua bochecha pinicou
minha mão enquanto eu acariciava seu rosto. Ele se moveu sobre mim, apoiando uma
perna entre as minhas, pressionando sua coxa contra a minha parte mais suave e tudo que
eu conseguia sentir era sua ereção contra minha barriga. Essa sensação me deixou sem ar.
“Hey.”
Meu coração começou a acelerar por vários motivos. Primeiro, sua boca estava na
minha novamente, e o beijo foi muito mais profundo. Sua língua estava se movendo contra
a minha assim como sua mão direita. Ela estava se movendo e eu tinha a sensação que ela
iria para o mesmo lugar onde foi ontem a noite. Para meus seios. Eu fiquei tensa, como
tinha ficado antes e tive de me forçar a não pegar sua mão, como eu tinha feito antes. Não
dessa vez, porque eu sabia que não tinha razão. Quando ele quisesse me tocar, ele iria me
tocar.
Sua mão estava sobre meu seio esquerdo e eu sabia que ele podia sentir as
cicatrizes que eu tinha ali, mas a preocupação não importou enquanto ele circulava a
minha ponta. Jax era bom... tão bom que mesmo com uma camiseta e um top, ele tinha
meu mamilo duro enquanto seu dedão o circulava, mandando um arrepio pelo meus seios
282
para baixo. Eu estava ofegante durante o beijo, arqueando minhas costas, e eu não estava
desapontada quando ele se moveu para meu outro seio.
“Merda, eu amo esse som que você faz,” ele gemeu contra minha boca. E me beijou
de novo. “Eu quero ouvir de novo.”
Então ele fez aquele som novamente, e eu não conseguia evitar os gemidos, mas
eu queria tocar ele. Eu sabia que precisava agir agora, porque se não o fizesse, sua mão
estaria viajando para o sul novamente, e inferno, ai eu não conseguiria fazer nada.
Tirando minha mão da parte de trás do meu pescoço, eu a deslizei pela pele
áspera do seu peito, e quase me esqueci o que estava fazendo quando eu imaginei como
seria a sensação da nossa pele sem nada entre ela. Não que isso um dia iria acontecer,
então eu foquei no meu caminho, passando minha mão pela sua lateral até seu estômago.
“Nada.”
Jax levantou para que houvesse um espaço entre nossos corpos e eu amei como
seu abdômen se contraia com o movimento. Ele levantou uma sobrancelha. “Nada?”
Balançando minha cabeça, eu mordi meu lábio enquanto meus dedos trilhavam
para baixo até alcançar o elástico de sua boxer preta. Com um profundo suspiro, eu
deslizei meus dedos debaixo do elástico.
Calor inundou meu rosto e, um calor diferente minhas veias. “Sim.” Eu forcei meu
olhar para encontrar o seu. “Eu quero te dar... o que você me deu.”
“Acordo?”
Ele passou seus lábios pelo meu maxilar. “Sim. Um Acordo. Você pode me tocar.”
Ele moveu meu pulso alguns centímetros pelo caminho de pêlos. “Mas você precisa tirar
sua blusa.”
283
“Minha blusa?”
Meu coração acelerou e eu fiquei tensa. Tirar minha blusa não significava que eu
ficaria nua. Eu tinha um top por baixo, mas isso iria deixar as cicatrizes a mostra na parte
de cima do meu peito e também iria expor algumas das minhas costas. Mas eu estava com
as costas contra a cama, então não era como se ele fosse imediatamente vê-las.
Jax foi rápido. Ele afastou minha mão dele e pegou a barra da blusa. Sua outra mão
deslizou para minhas costas para que ele pudesse me levantar o suficiente para subir
minha camiseta e, em um segundo, ela estava saindo sobre minha cabeça.
“Não se atreva,” ele ordenou de uma maneira gentil. “Não tem nada que você
precise esconder.”
Eu estava com medo enquanto ele passava sua mão pelo meu seio. Foi quando eu
percebi no que ele estava olhando. Não era a pequena parte exposta entre meus seios ou
a parte de pele a mostra sobre meu seio esquerdo.
Sua boca encontrou a pele entre meus seios e ele me beijou ali, então foi para a
ponta de um dos meus seios e também me beijou, por cima do tecido, e ele sugou
284
profundamente, fazendo que minhas costas arqueassem fora da cama enquanto uma
mistura de sensações passava por mim.
Ele se moveu para meu outro seio, e isso foi incrível. Eu mal consegui respirar
quando ele envolveu sua mão e eu quase esqueci do propósito dei ter tirado minha blusa,
porque eu não tinha ideia do qual sensível eu poderia ser ali, até que ele levantou sua
cabeça. Ele teve a sua parte do acordo, e ele foi rápido. Ele levou suas mãos até o elástico
de sua boxer e a puxou para baixo, pelo seu quadril.
Wow.
“Eu não ligo de você ficar me encarando assim, mas isso vai terminar antes de
você sequer me tocar, se você continuar.”
Houve uma pausa então ele jogou a cabeça para trás e soltou uma risada
profunda. “Eu aposto que sim.”
Antes que eu perdesse minha coragem, eu me movi entre nós e coloquei minha
mão nele. Sua risada foi substituída por um gemido masculino e seus lábios se afastaram
enquanto eu deslizava minha mão sobre seu comprimento.
285
Eu não precisei ficar testando diversas coisas para descobrir o que ele gostava
porque ele colocou sua mão sobre a minha, colocando um ritmo e certa pressão. Ele até
fez essa coisa com meu dedão, onde ele o moveu sobre a sua ponta e, pelo jeito que ele me
beijou depois, um beijo profundo, eu sabia que ele gostava disso. Então, depois que eu fiz
outro movimento, passando da base até a ponta, eu fiz isso novamente.
“Merda,” ele gemeu, enterrando sua cabeça em meu pescoço, o beijar, lamber e
tocar já me deixava excitada ao máximo. Quando ele colocou sua mão entre nossos corpos,
tomando cuidado com o que eu estava fazendo, eu afastei minhas pernas para ele. “Deus.”
Seu dedo se moveu sobre o centro da minha calcinha até que ele entrou em mim.
No primeiro contato de sua pele contra a minha, eu gemi, e quando eu disse seu nome, ele
rugiu outro “Merda.”
Ele moveu suas mãos enquanto levantava meu quadril, puxando minha calcinha
pelas minhas pernas. Minha mão apertou mais ele enquanto eu realmente começava a
ficar sem ar. Eu abri meus olhos e tensão se acumulou na minha barriga.
O que eu vi era quase uma bomba hormonal. Minha mão em volta dele, e ele
estava inchado, rosado e duro. Mas além disso, minha calcinha estava no meio das minhas
coxas, quase nos meus joelhos, minhas pernas abertas e sua mão entre elas.
Então ele deslizou um dedo dentro de mim e meu corpo reagiu. Meu quadril se
moveu e eu fiquei sem ar.
“Calla, baby, você é tão apertada,” ele murmurou e pela profundidade da sua voz,
eu imaginei que isso era uma coisa boa. Ele moveu seu dedo vagarosamente — muito mais
devagar e suave do que eu estava fazendo com ele e, então, eu parei de me mover, porque
ele pegou ritmo. “Eu acho que você gosta disso.”
“Eu..” eu não sabia o que responder, mas eu sabia que queria mais. Eu queria ele.
O dedo era ótimo, mas eu queria mais. Eu não parei para pensar onde isso levaria. “Eu
quero você.”
“Eu sei.”
286
Meus olhos estreitaram e eu ri enquanto minha mão apertava mais em volta dele.
Eu podia senti-lo pulsar contra minha palma. “Eu quero isso,” eu disse a ele em um
sussurro. “Eu quero isso em mim.”
Seu quadril se moveu ao ouvir o que eu disse e ele fez aquele som profundo que
fazia meus dedos dos pés se enrolarem. Ele apoiou sua testa na minha, e o próximo beijo
era doce e cheio de sentimentos, um tipo diferente de beijo. Enquanto esse beijo se
transformava em algo muito mais sensual, ele adicionou outro dedo.
“Eu não quero outra coisa do que estar dentro de você. Deus, eu poderia gozar só
de pensar sobre isso.” Ele se moveu vagarosamente, me fazendo aproveitar a sensação.
“Mas essa sua coisa precisa sair.”
“Yep, baby, precisa ir embora.” Sua língua passou pela ponta de meus lábios.
“Você está pronta para isso?”
Okay. Hoje era um dia diferente, mas não tão diferente assim e algumas coisas
nunca iriam mudar. Minha camiseta pode ser saído, mas o top nunca, nunca iria sair.
“Não,” eu sussurrei.
“Foi o que pensei.” Ele beijou a ponta do meu nariz. “Mas você precisa entender
uma coisa, querida, eu não vou estar em você até que estejamos pele contra pele.”
Meu pulso acelerou pelas suas palavras, mas o olhar que eu dei a ele dizia que isso
ainda seria discutido e ele respondeu com uma risadinha e outro beijo. Sua mão se movia
entre minhas pernas, colocando seu dedão sobre a parte mais sensível de mim. Não
demorou muito para meu quadril estar mexendo contra ele, seguindo o ritmo que ele
criou, e criando o meu próprio. Ele me deu o que podia com seus dois dedos deslizando
dentro e fora, seu dedão pressionando contra a bola de nervos.
“É isso.” Ele abaixou sua boca na minha, inclinando sua cabeça e me beijando
profundamente enquanto o nó crescia. “Guie a minha mão.”
287
Qualquer outra hora, eu poderia morrer de vergonha ao ouvir essas palavras e,
talvez mais tarde eu não fosse ligar, mas agora? Eu fiz o que ele disse. Eu guiei sua mão
enquanto eu movia a minha sobre ele. Então houve apenas um pequeno aviso — uma
palpitação — e o nó se rompeu, se desfazendo dentro de mim, e eu gemi enquanto gozava.
Ele manteve o ritmo, prolongando a sensação até que minhas pernas ficassem fracas.
Então ele foi retirando seus dedos de mim e colocou sua mão em volta da minha.
Eu o observei — nos observei — pelos meus olhos pesados. Havia algo totalmente íntimo
sobre isso, algo que se formou em meu peito e se alojou ali. Seu corpo se movia
lindamente, cheio de uma graça masculina. Os músculos em seu quadril flexionaram
enquanto ele investia contra minha mão.
Sua boca estava na minha quando ele gozou e essa deve ter sido a coisa mais
incrível de tudo isso. Podendo sentir os tremores em seu corpo, o gemido do prazer que
ficou preso em minha língua e pelo jeito que seu quadril foi parando. Mas a parte mais
incrível foram os minutos logo depois disso.
Jax ficou comigo por alguns minutos, metade do seu peso em mim, e os beijos
voltaram a ser algo doce, um carinho que significava mais, o que fazia aumentar ainda
mais aquele peso em meu peito. Quando ele se levantou, ele correu para o banheiro em
toda sua nudez gloriosa e voltou rapidamente com uma toalha úmida. Ele limpou o que
deixou para trás e, então, deslizou minha calcinha de volta pelo meu quadril, mas ele não
parou aí.
Colocando suas mãos em meus pulsos, ele me forçou em uma posição sentada e
era tarde demais quando eu percebi que isso expunha minhas coisas e tudo que ele
poderia ver que o top não cobria.
Eu sabia que ele podia sentir a aspereza das cicatrizes logo abaixo dos meus
ombros, porque o top era um daqueles com as costas cavadas. E eu também sabia que ele
288
as tinha visto antes de me puxar contra ele. Talvez não tenha tido tempo para dar uma
boa olhada, mas ele com certeza as viu.
“Eu já te contei sobre a primeira vez que conheci Clyde?” ele disse.
“Foi em um domingo. Eu o conheci no bar. Ele terminou fazendo tacos para mim.”
Ele pausou, rindo suavemente em minha orelha. “Disse que era tradição se eu iria fazer
parte de sua família.”
Minha próxima respiração foi falhada como se mais um pedaço de peso fosse
retirado de mim.
Era mais tarde no mesmo dia e Jax estava terminando seu banho antes de me
levar de volta para a casa para que eu pudesse me arrumar para nosso encontro.
Nosso encontro.
Wow.
Parecia estranho sair para um encontro com tudo que estava acontecendo, mas
Jax vivia sobre o mantra de ‘a vida é curta’, então eu não estava tão surpresa. E apesar de
toda a loucura e minha bebedeira, eu estava me sentindo bem sobre o encontro" sobre
essa manhã e sobre nós.
Como ele estava ocupado, eu tentei ligar para Teresa e eu fiquei animada quando
ela atendeu no terceiro toque. “Yo,” ela disse no telefone. “Eu estava pensando sobre você.”
289
Eu ri. “Eu não sei se você gostaria disso. A maioria das pessoas que atendo pedem
coisas direto das garrafas, ou a garrafa, ou shots, o que é uma coisa boa porque eu não sou
tão boa assim preparando drinks.”
Eu tinha certeza que haviam várias coisas que Teresa não poderia acreditar sobre
mim. “Como está a praia?” eu perguntei.
O suspiro de Teresa era audível. “Está ótima. Eu tenho um ótimo bronzeado e Jack
realmente adorou aqui. É a primeira vez que ele vem a praia.”
Jack era o irmão mais novo de Jase, e eles eram super próximos.
“E você precisa ver os dois juntos brincando na areia. Nada deixa seus ovários
mais felizes do que ver um cara gostoso brincando com uma criança.” Ela explicou e eu
sorri quando imaginei Jax com uma criança e houve um pequeno arrepio em algum lugar
mais pra baixo. “De qualquer modo,” ela continuou. “Nós vamos embora daqui a alguns
dias, mas eu juro, eu acho que poderia viver na praia.”
“Bem, Sim, as coisas estão... estão ótimas,” eu disse, olhando para as escadas. “Eu,
hum... eu conheci um cara.”
Silêncio.
E mais silêncio.
“Sim. Sim! Você só me pegou de guarda baixa. Você foi de coisas estarem bem para
um cara e eu estava, bem, esperando por mais detalhes.” Ela praticamente gritou a última
palavra. “Mais como vários detalhes.”
Com outra olhada para a escadaria, eu disse a ela sobre Jax e nosso encontro hoje
a noite. Eu terminei minha pequena confissão com um “Então, Sim, eu tenho certeza que
ele gosta de mim.”
290
“Bem, duh. Claro que ele gosta. Então o lugar se chama Apollo’s? Espere um
segundo,” ela disse então sua voz soou a distância. “Hey, Jase, procure por Apollo’s ao
redor de Philly. O que? Só faça isso.”
Oh meu Deus.
“De volta a parte de gostar de você. Por que você estaria surpresa dele gostar de
você? Brandon totalmente gostava de você, mas você...”
“Oh, sim. Ele gostava. Era fofo. Você estava toda quieta quando ele começou a
aparecer mais e ele estava sempre olhando para você, mas você nunca prestava atenção
nele. Eu pensei que talvez tivesse te entendido errado e que você não estava interessada
nele.”
“Você gosta dele?” ela perguntou de repente. “Porque Jase acabou de pesquisar
sobre esse Apollo’s" e por sinal, Jase mandou um oi.”
“Ela disse oi!” ela gritou e, então, “Ele disse que o lugar parece bem chique. Você
gosta dele, Calla?”
“Bom. Eu mal posso esperar para conhecê-lo. E te ver. Mas eu realmente quero
conhecê-lo.” Ela riu e eu terminei rindo também. “Eu estou feliz por você. Mesmo.”
Suspirando, eu então admiti algo que era totalmente assustador. “Eu estou feliz
também.”
Eu desliguei o telefone depois de prometer a ela que daria todos os detalhes e foi
quando eu coloquei meu cabelo atrás da minha orelha que eu senti" aquele sentimento de
não estar sozinha.
Oh não.
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Mordendo meu lábio, eu me virei e vi Jax parado na base da escadaria, já vestido
para nosso encontro. Jeans escuro e uma camisa de abotoar branca. Ele estava muito bem.
Ele também estava com um sorriso esperto. “Então você gosta de mim? Você
realmente gosta?”
Jax jogou sua cabeça para trás e riu. Ele tinha tanta sorte de ter uma risada tão
incrível.
Brilho labial foi o toque final e eu estava feliz de estar finalmente pronta. Minha
barriga estava fazendo barulho e eu realmente esperava que Jax gostasse de meninas com
um grande apetite porque eu tinha a sensação que iria me deliciar com a comida.
Eu tinha feito uns cachos soltos no meu cabelo e dividido ele de lado. Eu pulei
novamente a Dermablend, optando por um look leve com olhos esfumados.
O vestido que eu estava usando, desde que eu tive que trazer todas as minhas
roupas comigo, era fofo e insinuante. Era um vestido azul marinho de alcinha que era justo
do busto até a cintura. Talvez um pouco na área do quadril também, mas ele se abria logo
depois, com a saia terminando no meio das minhas coxas. Eu vesti um par de sandálias
com salto baixo. O toque final era o cardigã azul claro que terminava logo abaixo dos meios
seios e também era mais justo.
Eu balancei minha cabeça para meu reflexo como uma idiota e andei para a sala.
Enquanto eu me arrumava, Jax tinha ficado a vontade na casa até fazer seu caminho para
o sofá, onde ele estava lendo seu livro.
Estudando seu perfil, com seu queixo baixo e seu rosto com uma máscara de
concentração, eu tinha de dizer que ele era quente. Mas quando ele olhou para cima e me
viu, ele era ainda mais quente.
292
Yep. Era oficial. Eu era uma imbecil.
Ugh.
“Você está masculinamente lindo,” eu adicionei, mas isso soou ainda mais
estúpido. “Okay. Isso foi idiota. Você está quente.”
Ele riu enquanto se movia, passando seus lábios sobre a curva da minha
bochecha. Ele beijou a cicatriz novamente e eu fiquei tensa, mas por um motivo diferente
do normal, porque seus lábios tinham ido para o lugar logo abaixo da orelha.
“Eu sou quente e você gosta de mim,” ele murmurou. “É meu dia de sorte.”
“Fique quieto.”
Outra risada profunda e, então, sua boca estava na minha. Eu gostava" não, eu
amava" o jeito que Jax beijava. Começava suave e. então virava algo inteiramente
diferente, definitivamente não era mais devagar, e muito mais profundo e quente. Antes
que eu percebesse, minhas mãos estavam em seu peito, deslizando para seus ombros.
“Jantar.” Ele me beijou novamente, sua boca parando do jeito mais doce. “Ou
vamos nos atrasar.”
Eu apertei mais sua camisa como se eu estivesse me segurando nele. Eu não tive
chance de responder, porque ele estava me beijando de novo de um jeito que fazia me
sentir devorada.
“Jantar,” ele repetiu, e seus lábios acariciaram os meus. “Eu fiz reserva.”
293
Movendo minhas mãos pelo seu peito, eu inclinei minha cabeça para trás e abri
meus olhos. “Sim. Comida.”
“É fofo.” Sua mão caiu para meu quadril, para que eu não pudesse ir muito longe.
Eu revirei meus olhos. “Não muito, mas meu estômago está com fome. Não é fofo.
Então se não formos...”
Minhas palavras foram cortadas quando algo pesado bateu na frente da casa.
Engolindo um gemido, eu pulei e me virei. “Mas que porra?”
Jax já estava indo em direção da porta quando eu ouvi pneus acelerando pela
garagem. Meu coração foi parar na minha garganta enquanto eu seguia Jax.
Eu não o ouvi.
Colocando minhas mãos sobre a minha boca, eu dei um passo para trás pelo
horror. Jax xingou e se virou, escondendo o que esperava por nós na varanda, mas era
tarde de mais. Não tinha como desfazer o que foi visto, o corpo pálido e imóvel ou o
pequeno buraco vermelho no meio de sua testa.
294
Capítulo Vinte e Dois
Um corpo jogado" literalmente" na frente da minha casa fez isso. E o corpo ainda
estava lá, exatamente onde caiu, enquanto a polícia fazia qualquer coisa forense que
precisava.
O corpo tinha um nome, eu aprendi" um nome que mandava uma onda de medo
pelo meu corpo.
O corpo pertencia a Ronald R. Miller, também conhecido nas ruas como Rooster,
o tal namorado da minha mãe.
Rooster tinha uma bala no meio de sua testa e eu tinha ouvido Reece do lado de
fora falando com outro policial. O jeans de Rooster tinha marcas de grama no joelho e não
precisava de muita imaginação para entender que ele estava de joelhos quando o gatilho
foi puxado.
Onde estava minha mãe? Essa pergunta rodava e rodava, porque todos disseram
que ela tinha fugido com Rooster.
Eu tremi enquanto me foquei em Jax. Ele estava em pé perto da janela, suas costas
e maxilar tensos. Ele não havia falado muito depois que tudo aconteceu. Nós já tínhamos
dado nosso depoimento, o que não era muito.
Eu concordei. Ele apareceu uma hora depois da polícia. Como ele tinha
descoberto sobre o que aconteceu eu não sabia, mas ele chegou em sua picape velha,
gritando e esbravejando para deixarem ele entrar na casa, para que ele pudesse ver sua
295
‘menininha’ e ajudar nessa ‘experiência traumática’ que ‘não era certa’ e varias outras
coisas que incluíam palavrões. Eles não deixaram ele passar pela porta da frente, por
razões obvias, e eles não queriam que ele entrasse, mas ele gritou até que conseguiu
entrar pela porta de trás, pela cozinha.
“Quanto tempo você acha...” eu pausei, engolindo contra a náusea. “Quanto você
acha que ainda vai levar até que tirem ele?”
Meu olhar foi em sua direção e eu percebi uma fina linha de suor brilhando em
sua careca.
Jax se virou da janela e andou para onde eu estava sentada perto de Clyde. Ele não
disse nada enquanto ele se apoiava no braço do sofá. Um segundo depois, eu ouvi a porta
da frente se abrir e Reece entrou com um detetive usando uma calça bege e uma camisa
de botão branca, como a de Jax, mas combinada com uma gravata da cor das calças.
Por uma razão estranha, eu pensei sobre o que Roxy havia me dito sobre Reece
estar envolvido em um tiroteio. Era a última coisa que eu precisava pensar, mas eu me
perguntava se incomodava ele ver Rooster desse... desse jeito. Então, novamente, ele
provavelmente via muito isso.
Eu quase me esqueci do nome dele" do detetive. Ele não era muito mais velho que
nós, no fim de seus vinte anos ou no começo dos trinta. Ele era bonito, muito, com seu
cabelo castanho bem curto e olhos azuis claros.
“Estamos terminando agora,” ele disse, seu olhar passando por nós três. “Nós
temos alguns suspeitos e iremos encontrar quem fez isso.”
Seus lábios se curvaram. “Agora, o oficial Anders me disse que vocês estão
procurando pela Senhora Fritz.”
Oficial Anders? Eu pisquei vagarosamente e percebi que ele estava falando sobre
Reece. Meu olhar se moveu de Reece até o Detetive Anders. Espere um segundo... “Vocês
são parentes?”
296
“Irmãos,” Jax respondeu.
Detetive Anders inclinou sua cabeça para o que, obviamente, era seu irmão mais
novo. “Definitivamente, não é o inteligente.”
“De qualquer maneira,” O detetive disse. “Ele estava me contando que vocês estão
tentando encontrar sua mãe e que tiveram alguns problemas ontem quando estavam na
cidade. Eu sei o que está acontecendo.”
Reece me encarou com um olhar que suplicava por desculpas, mas que ele tinha
que fazer algo. “Ele sabe sobre Mack. E aquele merdinha é o primeiro na lista de
suspeitos.”
“Isso foi, com certeza, um aviso para Calla,” Jax respondeu, com a voz rouca. “Mas
não faz sentido. Se Mack encontrou Rooster, então como ele não encontrou Mona?”
“Rooster pode ter decidido tentar sair dessa bagunça,” Detetive Anders disse,
cruzando seus braços sobre seu peito. “Ele poderia ter voltado e se sua... sua fonte está
dizendo a verdade, se ele voltou sem as drogas ou a quantia equivalente em dinheiro, ele
pode ter recebido uma calorosa boas vindas.”
Yah, ele tinha recebido uma bala em sua cabeça. Minha mãe não tinha a droga. E,
com certeza, ela não tinha o dinheiro.
Tinha que ter sido Mack porque como Ritchey disse, a merda rolava montanha
abaixo e essa merda rolou sobre Mack.
“Nós também estamos procurando pelo homem que veio a sua casa e pegou as
drogas. Nós vamos encontrar eles.” Detetive Anders disse. “Mas precisamos que vocês se
afastem. Nos deixem fazer nosso trabalho. Nós não queremos vocês perto dessas pessoas.”
297
Eu não queria ficar perto dessas pessoas, mas eu tinha apenas uns dias antes que
precisasse entregar minha mãe. Eu não respondi porque eu realmente não queria ouvir
eles tentarem me convencer sobre o que precisava ser feito.
Ike.
E Jax não tinha mencionado Ike para a policia ou para Reece até onde eu sabia.
Outro policial entrou, anunciando que a varanda tinha sido limpa, e eu suspirei aliviada.
Jax seguiu Reece e seu irmão mais velho para fora depois que tudo terminou aqui.
Clyde passou sua mão pelo seu peito. “Isso é uma bagunça.”
Eu suspirei. “Eu sei. Minha mãe... você acha que ela tem alguma ideia na bagunça
que se envolveu?”
Clyde concordou. “Eu acho que ela sabe e, se ela for esperta, ela está morando no
México agora.”
Deus, isso seria péssimo" ela tendo se mudado para longe e nunca vê-la
novamente, mas se minha mãe fosse esperta, era o que ela devia fazer. Não tinha um jeito
que ela pudesse voltar para cá. “Se ela não voltar... o que acontece com o bar?” eu
perguntei, me focando na coisa menos importante, porque era melhor do que toda a
loucura. Eu sabia que o bar ficaria para mim se ela... se ela morresse, mas eu não tinha
ideia do que aconteceria se ela simplesmente desaparecesse.
“Menininha, você não precisa se preocupar com isso.” Ele trocou seu pé de apoio,
seu peito se movimentando com sua respiração profunda. “O bar vai ficar bem.”
Eu não tinha certeza disso mas, então Jax voltou sem a companhia dos irmãos
policiais. Ele andou direto para onde eu estava sentada, pegou minha mão e me ajudou a
me levantar. “Quer sair daqui?” ele perguntou.
298
Clyde andou até mim e sem deixar a mão de Jax sair da minha, ele me deu um de
seus abraços de urso. “Eu gosto que você não vai ficar aqui. Isso é bom. Muito bom.”
Eu estava relutante em deixa-lo ir quando ele se afastou. “Tudo vai ficar bem,” eu
disse a ele, porque eu sentia a necessidade de dizer isso em voz alta.
Ele me deu um sorriso, mostrando os dentes, enquanto seu olhar foi na direção
de Jax. “Sim, menininha, vai ficar.”
Enquanto Clyde saia, eu arrumei mais roupas e coisas pessoais e as levei para a
parte de trás da picape de Jax. Era difícil passar pela varanda sem imaginar o corpo ali.
Uma vez dentro da caminhonete, Jax olhou para mim. “Você está bem?”
Seu sorriso aumentou para um dos lados de seus lábios. “Como eu disse. Você é
forte.”
Meu peito aqueceu e, em vez de negar isso, eu sorri um pouco. “Podemos parar
no caminho da sua casa e pegar algo para comer?”
Estava tarde para jantar em qualquer lugar então o menu era fast food. Nesse
ponto, eu provavelmente teria comido um cavalo, então eu não reclamei quando paramos
na hamburgueria. Não eram os melhores bifes do estado, mas iria funcionar.
Nós não falamos enquanto íamos para a casa ou enquanto comíamos. Foi só
depois de termos comido e eu ter jogado meu refrigerante no lixo que eu sabia que
tínhamos que falar sobre isso.
299
Ou que eu tinha que falar sobre isso.
Jax estava na mesa perto da porta que levava a um pequeno quintal. Ele se virou
para mim, seu queixo baixo. “Eu não sei.”
“Eu odeio dizer isso, mas eu preciso ser honesto com você.”
“Eu sei que você gosta,” ele disse, então eu senti ele se aproximar e abri meus
olhos. Ele estava diretamente na minha frente. “Se Rooster caiu foi, provavelmente,
porque ele sentiu o calor. Isso significa que sua mãe ainda deve estar por aí.”
Assim como Clyde tinha dito. “Não tem um jeito que ela possa consertar isso.
Mesmo que eles prendam Mack pelo que aconteceu com Rooster, ainda tem esse Isaiah.
Foi muita droga e muito dinheiro. Ela não vai poder passar por isso.”
Uma bola se formou no fundo da minha garganta. “Ela realmente conseguiu dessa
vez. Quero dizer, ela realmente conseguiu, Jax. Não tem como arrumar. Não tem como
fazer tudo ficar bem. E ela me arrastou para isso, o que arrastou você. E eu sinto muito
por isso. Você não precisa de nada disso. Você nem deveria ter visto Rooster hoje.”
“Querida,” ele disse gentilmente, segurando meu rosto. Ele inclinou minha cabeça
para trás. “Nada disso é culpa sua. Saiba disso. Não tem por que você pedir desculpas por
nada disso. Você não pediu por isso ou fez isso com você mesma.”
O que ele disse era verdade mas eu não conseguia evitar em sentir de alguma
forma responsável, porque era minha mãe no fim de tudo. Colocando minhas mãos ao meu
lado, eu fiz algo que eu realmente nunca tinha feito antes. Eu me inclinei para ele,
colocando minha bochecha em seu peito.
300
“O que vamos fazer?” E essa pergunta era importante e difícil de se fazer, por que
eu estava querendo saber sobre ‘nós’, como se eu não esperasse fazer isso sozinha. Esse
era um grande passo, um bem assustador.
Jax me abraçou. “Ainda temos que falar com Ike. Se conseguirmos achar sua
mãe...”
“E o que?” eu perguntei. “Nós não podemos entregá-la. Nós vimos o que eles
fizeram com Rooster.”
“Eu não estava sugerindo entregá-la. Nós chegamos a ela primeiro, temos certeza
que ela entenda o tipo de merda que ela esta e, então... bem, vamos a partir disso.”
Ir a partir disso era fazer ela entender que pisar novamente na Pennsylvania e
não levar um tiro na cabeça era praticamente improvável. “Mas e sobre Mack?”
“Ele não vai chegar perto de você.” Jax se afastou, seus olhos encontrando os
meus. “Você pode confiar nisso. Nem ele, nem Isaiah.”
Eu queria acreditar nisso. Eu quase acreditei, porque ele disse de um jeito como
se ele pudesse controlar essas coisas.
Meus lábios se curvaram e eu disse com a voz rouca. “Sim, eu estava realmente
ansiosa por aquele bife.”
Eu fechei meus olhos, gostando do som do plano. Era apenas para uma semana,
mas uma semana era muito tempo. A próxima coisa que disse meio que saiu sozinha. “Essa
foi a segunda vez que eu vi um corpo.”
“Babe...”
301
O peito de Jax levantou contra o meu. “Merda, babe. Eu não sei o que dizer. Você
não deveria ter visto essas coisas.”
Um momento de Silêncio se passou entre nós. “Não é algo que você se acostuma
a fazer,” ele admitiu. “Eu vi muitos na caixa de areia" o deserto. Às vezes eram indigentes,
outras eram civis inocentes pegos no fogo cruzado e...”
“Sim,” ele respondeu. “Eu nunca esqueci nenhum dos seus rostos.”
Eu mordi meu lábio, forte. Eu entendia totalmente o que ele estava dizendo.
Haviam coisas que você nunca iria esquecer.
Haviam tantas coisas acontecendo na minha cabeça. Mack. Mãe. Corpos com
marcas de bala na testa. Clyde esfregando seu peito, obviamente preocupado ou
estressado. Jantares com bifes gloriosos que nunca aconteceram. Voltar para cá. Ir
embora. O jeito que Jax me abraçou essa manhã com minhas costas pressionadas no seu
peito.
Levantando meu olhar, eu encontrei o dele. “Eu não quero mais pensar.”
Jax não fez perguntas ou comentou. Havia um brilho de algo quente em seus olhos
e, então, ele abaixou sua cabeça, sua boca na minha, e me beijou docemente" o tipo de
beijo que ia além do pesado e sensual. O que significava algo, e parecia que eu respondia,
realmente sentindo e acreditando.
Quando o beijo ficou mais quente, minha boca abriu para a dele e no momento
que nossas línguas se tocaram, suas mãos foram para meu quadril. Ele me puxou contra
ele, e eu podia senti-lo pressionado contra minha barriga. Eu lembrei dessa manhã, minha
mão em volta dele, seu corpo poderoso tremendo com sua liberação. Essas memórias
passavam por minha pele mas não eram nada comparadas aos beijos que ele deixou pelo
302
meu maxilar, minha orelha e abaixo, sobre minha garganta. Minha cabeça inclinou para
trás enquanto meus dedos viajavam pelo seu cabelo.
“Você não vai pensar,” ele me disse entre os beijos. “Nem por um maldito
segundo.”
“Bom,” eu disse.
Ele riu enquanto suas mãos deslizavam pelo meu quadril e faziam seu caminho
para debaixo do meu vestido. Eu realmente gostava de onde isso estava indo,
especialmente quando ele colocou seus dedos em baixo do elástico da minha calcinha.
Yep.
Jax passou suas mãos pela parte de dentro das minhas pernas. Quando ele
alcançou meu joelho, ele os afastou. Eu perdi a respiração e meu instinto dizia para fechar
minhas pernas, mas seus cílios estavam levantados e ele estava olhando diretamente para
mim.
“Não as feche, baby.” Sua voz era profunda e vibrou por mim.
Eu não as fechei.
Quando ele as afastou ainda mais, eu podia sentir o ar gelado passando por mim.
Calor subiu para minhas bochechas, se alastrando pela minha garganta e meu peito. Meu
coração palpitava enquanto ele abaixava sua cabeça, me beijando suavemente enquanto
suas mãos continuavam sobre a parte de cima das minhas coxas. Ele subiu mais a barra
do meu vestido enquanto suas mãos viajavam. Eu mordi meu lábio quando a saia
303
terminou enrolada sobre meu quadril, na cintura. Minhas mãos apertaram mais a borda
do balcão.
Oh meu Deus. Eu não tinha ideia do que fazer ou dizer. Eu estava completamente
exposta. Como, totalmente aberta, e seus olhos estavam focados nas minhas partes
femininas de um jeito tão intenso. Enquanto eu sabia o que ele estava" o que estávamos"
prestes a fazer não era nada anormal, era completamente inspirador e novo para mim.
Então suas mãos começaram a se mover novamente, sobre a parte de dentro das
minhas coxas, começando em meus joelhos e vagarosamente, de um jeito torturante,
fazendo seu caminho para cima. “Você é realmente linda, Calla. Nunca duvide disso.
Inferno, não tem como você duvidar disso.”
Meu coração ficou mais ou menos cinco vezes maior do que meu peito. Minha pele
formigava com o peso das sensações que ele tirava de mim.
Um meio sorriso apareceu e, então, suas mãos estavam em meu quadril. Ele me
puxou pelo balcão" um balcão que eu nunca olharia do mesmo jeito novamente" até que
parecia que eu ia cair.
Ele não me tocou ou provocou. Um momento ele estava sorrindo para mim e no
outro, seu corpo estava abaixado e sua boca estava em mim. Eu tremi ao contato intimo e
calor percorreu minhas veias.
O que ele fez era molhado e quente e avassalador em maneiras que ultrapassavam
minha mente. Jax sabia o que estava fazendo. O jeito que ele movia sua boca sobre mim, o
jeito que ele trabalhava sua língua de uma forma provocante, me torturando até que
minha cabeça estivesse jogada para trás, contra os armários, e meu quadril estivesse
levantado do balcão, encontrando as investidas de sua língua. As sensações que passavam
por mim eram puramente primal e lindas.
Ele estava fazendo o que eu pedi. Eu não estava pensando sobre todas aquelas
coisas ruins. Não mesmo. Meu cérebro tinha cortado e meu corpo tinha assumido. Eu
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estava fazendo aqueles pequenos sons e eu nem mesmo sabia da onde eles estavam vindo.
E, então, ele começou a ir mais profundamente, mais forte, mas rápido. Eu pensei que
meus dedos fossem quebrar de quão fortes eles estavam agarrando o balcão.
“Jax,” eu suspirei.
Meu corpo estava se contraindo enquanto meus olhos se abriam. Eu não podia
mantê-los fechados mais. Eu queria ver cada momento disso. Meu queixo abaixou e tudo
que eu podia ver era o topo de seu cabelo escuro entre minhas pernas.
Eu gemi e ele rugiu contra mim. A liberação passava por mim e eu estava perdida
enquanto cada osso se liquefazia, um furação de sensações pulsando e se infiltrando por
mim.
Jax ficou comigo até que minha coluna se curvou e minha respiração se acalmou
e, então, ele levantou seu corpo, pressionando sua boca em meu pescoço. “Eu amo os sons
que você faz, querida. Melhor ainda, quando você diz meu nome como você fez...? Sim, eu
realmente amo isso.”
Eu abaixei minha cabeça, descansando contra a sua. “Isso... isso foi incrível.”
“Você é incrível.”
Aquelas palavras eram tão simples e doces que perfuraram algo profundamente
esquecido em mim. Era como se o sol estivesse surgindo depois de um mês de nada a não
ser chuva. Mas era mais do que aquelas palavras.
Levantando minha cabeça, eu soltei o balcão e coloquei minha mão em seu ombro.
Eu o empurrei para trás e ele foi, somente porque ele foi pego de guarda baixa. Eu sai do
balcão, sentindo meu vestido baixar em minhas coxas.
305
“Calla?” Ele inclinou sua cabeça para o lado enquanto dizia meu nome
gentilmente.
Deus, seus lábios estavam brilhando por mim, e isso era como levar uma pancada
no peito do melhor jeito possível. Me envolver com alguém agora, com tudo que estava
acontecendo, era loucura pura. Era idiota.
Um olhar profundo apareceu em seu rosto, que atingiu direto meu coração.
“Calla...” O jeito que ele disse meu nome era diferente agora.
Então eu estava parada na frente dele, na cozinha, na luz clara, em nada mais do
que minhas sandálias e, por Deus, eu estava assustada. Totalmente aterrorizada, e minha
pele parecia dormente quando eu finalmente percebi que não era porque eu estava
praticamente nua, pela primeira vez na minha vida, na frente de alguém, mas porque eu
estava apaixonada por ele.
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Capítulo Vinte e Três
Eu estava tremendo enquanto ficava na frente de Jax. Até meus dedos estavam se
contorcendo. Eu o amava. Eu estava apaixonada por ele. Eu não tinha ideia de quando isso
tinha acontecido, era um sentimento incrível e assustador, e puta merda, era algo
esperançoso, porque mesmo que eu tivesse gostado de caras no passado, até sentido
desejo por alguns, eu nunca tinha me apaixonado por um deles e nunca pensei que
realmente fosse conhecer um cara o suficiente para me apaixonar por ele.
Mas eu tinha.
Os olhos de Jax estavam grudados no meu rosto e parecia que ele estava lendo
algo na minha expressão, porque veio um som do fundo de sua garganta que enviou um
calafrio por mim.
Suas mãos seguravam minhas bochechas e ele inclinou minha cabeça para trás
enquanto sua boca alcançava a minha. O beijo era profundo e emocionante. Eu podia
sentir ele e outro gosto meio salgado que eu sabia que pertencia a mim e isso ativou meus
sentidos. Sua língua se movia com a minha, passando pelo céu da minha boca antes de ir
mais profundamente. Tudo que eu precisava sentir estava naquele beijo.
Eu tomei um fôlego, mesmo que não tivesse expandido meus pulmões. “Eu estou
aqui nua. Eu tenho certeza.”
Jax riu e o som dançou sobre minha pele. “Eu esperava que sim mas querida, você
nunca fez isso antes e eu quero ter certeza que você esteja cem por cento comigo.”
Ele fez aquele som novamente antes de me beijar. “Eu estou tão feliz de ouvir isso,
você não tem ideia.” Então ele pegou minha mão e colocou sobre seu peito, sobre seu
coração. “Você pode confiar em mim.”
307
Eu realmente confiava nele.
Segurando minha mão, ele me levou para fora da cozinha, para longe das luzes,
pela sala de estar escura, até as escadas. Meu coração estava acelerado enquanto nós
subíamos e parávamos em seu quarto, na frente de sua cama.
Ele soltou minha mão e eu observei ele andar para a cômoda. Ele abriu uma
gaveta e pegou um punhado do que pareciam ser embrulhos de alumínio. Minhas
sobrancelhas arregalaram. Um, quantas ele precisava? Ele sorriu quando viu minha
expressão e jogou algumas na cama. Então ele se virou para mim.
Com os olhos presos no meu, ele retirou sua camiseta antes de se mover para o
cinto que usava. Desprendendo ele, ele abriu o botão e abaixou o zíper de seu jeans. Ele
abaixou eles e a boxer preta rapidamente seguiu.
Ele era maravilhoso. Cada centímetro dele. Do topo de seu cabeço bagunçado,
pelas suas maçãs do rosto e seus lábios cheios, seu pescoço, sobre os cumes do seu
abdômen e estômago. Mais para baixo ele era ainda mais magnífico. Os músculos em cada
lado de seu quadril chamaram minha atenção por um momento até que meu olhar foi para
a fina parte de pelos onde ele era mais duro.
Bom Deus.
Eu suguei meu lábio inferior e senti um calor gostoso passar por minhas veias. Jax
com certeza não deixava a desejar nesse departamento.
Com meu coração pulsando em todos os pontos, eu andei para onde ele estava ao
lado da cama. Ele colocou suas mãos em meus ombros e me guiou para baixo, para que eu
estivesse sentada na cama. Então ele se ajoelhou, passando seus dedos pela parte externa
das minhas penas, das minhas coxas aos meus tornozelos. Uma vez que ele chegou nas
tiras da minha sandália, ele a soltou.
“Próxima vez, eu quero você usando esses sapatos,” ele disse olhando para cima.
“Você entendeu?”
308
Oh Deus. Eu concordei.
“Essa é minha menina,” ele murmurou, movendo suas mãos para a outra sandália.
Uma vez que ele tirou meus sapatos, suas mãos viajaram para a parte de trás das minhas
pernas enquanto ele se levantava. Ele não parou. Passando pelo meu estômago, pela curva
dos meus seios, ele, eventualmente, chegou as minhas bochechas e parou.
“Nós podemos parar qualquer hora que você queira. Okay?” ele disse, sua voz em
um tom que fez meus dedos do pé se curvarem. “Se machucar, você me avisa. Se você não
estiver gostando do que está acontecendo, você me diz. Okay?”
Ele me deu um grande sorriso e, então, seus lábios estavam nos meus. O beijo era
diferente, mais profundo, mais impactante. Sua boca trabalhou a minha até que eu
estivesse implorando por ar, até que minhas mãos estivessem em seus ombros. Meus
nervos se acalmaram enquanto seus lábios se moviam dos meus, viajando pelo meu
pescoço e sobre a linha da minha clavícula, com uma série de pequenos e quentes beijos
e passadas da sua língua.
Eu fechei meus olhos enquanto seus lábios se moviam para meus seios, sobre as
cicatrizes, perto demais do meu mamilo. Minhas costas arquearam, saindo da cama,
quando ele sugou profundamente e o som que saiu de mim iria me assombrar durante
anos. Ele trabalhou o cume dolorido enquanto seus dedos iam para meu outro seio. Cada
puxada da sua boca, cada investida de seus dedos enviava um raio de prazer pelo meu
309
corpo diretamente para meu centro, onde a bola de tensão começou a se formar
novamente.
Ele moveu sua boca para meu outro seio e repetiu aqueles movimentos sensuais,
fazendo meu sangue pulsar em vários lugares interessantes. Meu quadril se movia contra
o dele, acariciando seu cumprimento duro e eu estava ofegante enquanto aquelas
pequenas sensações passavam por mim.
Sua boca continuou lambendo, provando e provocando enquanto ele movia seu
corpo, levando uma de suas mãos para entre minhas coxas. Eu podia senti-lo lá, me
segurando e meu quadril reagiu por puro instinto, pressionando contra ele.
Ele levantou sua cabeça de meu seio enquanto deslizava um dedo dentro de mim.
Eu arqueei minhas costas novamente, inalando profundamente enquanto ele adicionava
outro. “Isso é bom?” ele perguntou.
“Sim,” eu disse, e balancei minha cabeça junto, para caso ele não ter entendido.
Seu sorriso virou algo diabólico enquanto ele baixava sua cabeça, sugando o pico
no mesmo ritmo que a investida de seus dedos. As duas sensações juntas era como ter um
raio em uma garrafa. Um fogo começou em meu sangue e meus dedos se enterraram em
seu ombro. Sua mão virou, pressionando a palma contra o bolo de nervos e meu quadril
se moveu contra sua mão novamente. A liberação se formou rapidamente e quando se
quebrou, eu joguei minha cabeça para trás, meu gemido rouco enquanto o poder do
orgasmo passava por mim uma segunda vez naquela noite.
“Você tem certeza?” ele perguntou novamente, seus braços tremendo onde ele os
tinha apoiado ao lado da minha cabeça. “Me diga que você tem , querida.”
“Eu tenho.”
310
Ele fechou seus olhos por um momento antes de voltar a olhar para mim. “Santo
Deus, obrigado. Eu quero você tanto que parece que estou saindo do meu corpo.”
Eu teria rido se ele não tivesse apoiado todo seu peso em um braço enquanto
alcançava entre nós, guiando a si mesmo em mim. O primeiro ponto de pressão roubou
meu ar e eu tremi. Ele nem deve ter percorrido um centímetro, mas eu me senti esticando.
Havia uma queimação e eu não tinha certeza se gostava ou não. Eu mordi meu lábio
Seu olhar estava fixo no meu enquanto ele movia sua mão para minha bochecha.
“Ainda comigo?”
Eu concordei porque eu não tinha certeza se podia falar. Seu dedão passou sobre
meu lábio, retirando ele de entre meus dentes. Ele moveu seu quadril, uma leve pressão
que o levou mais profundamente. Minhas coxas se fecharam nele enquanto a sensação de
queimação aumentava, ativando algo que não era somente dolorido, mas mais como
prazer.
Seu braço ao lado da minha cabeça tremeu devido ao controle que ele estava
exercendo. “Você é tão apertada. Merda, Calla, você está me matando.”
Ele congelou, sua mão curvada em meu maxilar. “Eu preciso ouvir que você está
pronta, querida. Eu preciso ouvir você dizer isso.”
Minha boca estava seca, mas eu forcei as palavras a saírem. “Eu estou pronta.”
Jax segurou meu olhar por um momento e, então, me beijou. Meus lábios estavam
selados, juntos, naquele ponto, mas ele trabalhou até que eu os abrisse para ele e,
enquanto o beijo se aprofundava, ele investiu para frente, indo até o final. O beijo suprimiu
o gemido enquanto uma onda de dor passava por entre minhas pernas, seguida por uma
queimação intensa. Ele estava em mim, sem se mover, e eu sabia nesse segundo que não
era mais virgem. Yep. Com certeza.
Eu engoli. “Okay.”
311
E isso era verdade. A dor tinha sumido. A queimação ainda estava ali. Não era algo
ruim. Era só algo que estava ali.
“Bem, eu estou prestes a transformar isso de algo okay para algo incrível,” ele
disse contra meus lábios e eu tinha certeza que isso iria acontecer.
Jax continuou devagar, mantendo o ritmo, até que a queimação não era mais
dolorosa, mas algo totalmente diferente. A queimação virou uma pequena onda de prazer
que reagia com cada retirada e investida.
Me sentindo mais confortável com isso, eu deslizei minhas mãos para baixo, pela
sua lateral, até chegar em seu quadril enquanto eu movia meu quadril no mesmo ritmo do
seu.
“Merda,” ele gemeu e eu descobri bem rápido que me mover junto a ele era uma
coisa boa, uma coisa realmente boa, então eu fiz isso de novo e de novo, e suas próximas
palavras eram ásperas contra minha boca. “Porra.”
Eu movi meu quadril, no ritmo que ele me deixou criar e aquela bola de sensações
estava de volta, crescendo e crescendo. Eu movi minhas pernas, passando elas em volta
do seu quadril e, de alguma forma, ele conseguiu ir mais profundamente. Seus beijos
viraram algo feroz, sua língua investindo no mesmo ritmo que seu quadril enquanto
minhas unhas arranhavam a sua pele.
“Mais,” eu me ouvi sussurrar, não tendo ideia de onde essa palavra veio, mas ele
respondeu.
Muito mais.
Seus movimentos aceleraram enquanto sua cabeça caia para o espaço entre meu
ombro e meu pescoço. A pressão em meu centro se tornou tudo. Qualquer vestígio de dor
estava há muito esquecido. Nossos movimentos ficaram fanáticos e qualquer ritmo que
312
havia estava completamente perdido. Ele gemeu em minha orelha enquanto minhas
costas arqueavam, minhas mãos puxando ele para baixo.
“Deus, Calla, eu amo sentir você,” ele sussurrou em meu ouvido. “Eu consigo
sentir você contraindo. Fodidamente lindo.”
Seu quadril bateu contra o meu, todo o controle perdido enquanto ele enterrava
sua cabeça em meu ombro. Ele investiu, indo mais profundamente e parou por um
momento antes que seu quadril se movesse. Meu nome era um gemido contra minha pele
enquanto ele encontrava sua própria liberação. Eu o segurei, mais emocionada do que
achei que ficaria após o sexo, apertando meus olhos fechados enquanto respirava
profundamente.
Pareceu uma eternidade antes que ele se movesse, levantando sua cabeça o
suficiente para colocar um beijo na lateral da minha garganta, logo abaixo do meu ponto
pulsante. “Você está bem?”
“Sim,” eu sussurrei. “Isso foi...” não haviam palavras para descrever o que eu
estava sentindo. Nenhuma.
Ele se apoiou nos seus braços e levou sua boca a minha. Ainda dentro de mim, ele
me beijou suavemente. “Isso foi... perfeito.”
“Eu não sabia que poderia ser assim,” eu admiti, me sentindo meio boba. “Eu só
não pensei que poderia ser assim.”
Algo como um sorriso apareceu novamente antes que ele me beijasse e saísse.
Havia um pequeno desconforto e uma sensação estranha pela perda do que estava me
preenchendo.
313
Meu corpo era apenas pele enquanto ele saia da cama e ia em direção ao banheiro.
Quando ele voltou, ele tinha se livrado da camisinha e estava carregando uma toalha
úmida. Enquanto ele se sentava na beira da cama, ao meu lado, e gentilmente limpava as
provas do que havia acontecido, eu fiquei alarmada pela intimidade de seus movimentos.
De alguma maneira parecia mais do que ele havia feito. Minha garganta estava presa
enquanto ele se levantou para deixar o pano no banheiro.
Eu não disse nada quando ele voltou para cama, para mim, e colocou as cobertas
sobre nós. Ele me virou para que eu estivesse olhando para ele enquanto seu braço estava
sobre minha cintura, nossos joelhos dobrados e pressionados juntos. Ele brincou com uma
mecha de meu cabelo, torcendo ela em seus dedos. O silêncio se esticou entre nós por
tanto tempo que eu comecei a me preocupar que ele não tinha gostado tanto quanto eu,
que ele não estava tão movido quanto eu estava.
Eu pisquei. “O que?”
Eu engasguei.
“Então, obrigado.”
Jax fechou a distância entre nós, juntando nossos lábios no que deve ter sido o
beijo mais doce possível, me fazendo perceber que isso era real. Não uma alucinação
induzida pelo orgasmo, não havia dúvidas que eu realmente tinha me apaixonado por ele.
Meus dedos cravaram no peito de Jax e eu joguei minha cabeça pra trás, gemendo
enquanto gozava. Suas mãos apalparam meus seios e seu quadril investiu para cima
enquanto eu fazia nada além de cair em seu peito. Seus braços me circularam enquanto
314
ele gozava e eu me foquei na respiração, porque era algo fácil enquanto eu sentia seu
corpo se desfazer a minha volta.
Eu estava sedada e não servia para nada além de respirar enquanto sua mão
circulava a parte de trás da minha cabeça, pressionando minha bochecha contra seu peito.
Eu podia sentir seu coração batendo tão rápido quanto o meu. Sorrindo, eu fechei meus
olhos.
Como ele me convenceu a fazer isso dessa maneira — eu por cima — eu não tinha
ideia. Provavelmente começou com ele me acordando na manhã de segunda com sua boca
em meu seio, sugando e lambendo. Isso tinha levado a ele se mover dentro de mim muito
mais devagar que a noite anterior, se isso era possível. E pode ter tido algo a ver com o
jeito que ele me deixou nua da cintura para baixo na noite de segunda em sua cozinha, e
como tínhamos recriado o que tínhamos feito na noite anterior, mas com seu pau e não
sua língua.
Ou pode ter sido a terça feira à tarde, depois de termos ido ao lugar onde Ike
deveria estar acampado, o que no fim foi uma total perda de tempo. Ele não estava lá.
Ninguém tinha visto ele há dias. Ele tinha sumido, como cinzas em um furacão. Isso foi
decepcionante porque eu esperava que esse fosse uma boa pista, mas esse
desapontamento sumiu na caminhonete, voltando para casa de Jax.
Jax podia fazer várias coisas ao mesmo tempo como uma facilidade, como dirigir
com uma mão no volante enquanto a outra estava nas minhas calças. E eu paguei pelo que
ele tinha feito quando chegamos na sua casa, de joelhos e feliz no meio da sala. Havia algo
incrivelmente safado sobre isso.
Talvez foi a terça a noite que tinha ajudado ele a me convencer de ficar por cima
essa tarde, porque eu tinha certeza que depois de ontem a noite, eu sabia em primeira
mão o que a frase ‘foder até explodir a cabeça’ realmente queria dizer.
Poderia, também, ter sido por causa dessa manhã, porque ele, definitivamente,
era uma pessoa que gostava de sexo de manhã. Era quando levava mais tempo para ambos
315
e se tornava algo extremamente épico. Mas foi quando ele me interrompeu, tentando
preparar um banho que eu terminei na sua cama, com ele de costas e eu por cima.
Eu estava nervosa, apesar de tudo. Com ele por cima, eu realmente não estava
pensando na condição do meu corpo. Ele podia ver toda a minha parte da frente, mas isso
tinha funcionado. Muito bem. Do jeito que eu achava que estar por cima poderia ser minha
posição favorita entre todas.
Isso levou ele a rir novamente enquanto ele dava uma palmada em minha bunda.
Rindo, eu rolei de cima dele e terminei em uma pilha de ossos ao lado dele na cama. “Você
pode tomar banho primeiro. Eu vou tirar um cochilo.”
Ele se virou de lado, parando seus dedos sobre a curva do meu quadril. “Nós
podemos tomar banho juntos.”
Ele riu contra minha pele. “Você tem razão.” Então ele moveu sua cabeça, achando
meus lábios e me beijando. “Eu não vou demorar.”
“Uh-huh.”
Jax demorava mais no banho que qualquer outra menina que eu conhecia. Eu
estava constantemente impressionada que ainda havia água quente quando chegava a
minha vez. Mas que seja. Um banho frio poderia ser uma boa coisa, do jeito que tudo estava
caminhando.
316
Então eu fiquei ali deitada, entrando e saindo do sono, me deixando ir para aquele
lugar quente e feliz que eu totalmente admitia que estava loucamente, profundamente e,
talvez, idiotamente apaixonada por ele. Mas que seja. Eu não ligava sobre um possível
coração quebrado, um término como se fosse o fim do mundo depois de todo o entorpecer
do sexo.
Quando Jax finalmente saiu do banho, levou um pouco mais de tempo para me
arrumar. Eu estava me movendo na mesma velocidade de uma tartaruga. Enquanto eu
secava meu cabelo com o secador, do jeito liso e sem graça, porque eu estava além do
ponto de gastar qualquer energia nele, eu imaginava como seria o trabalho agora que nós
tínhamos totalmente feito isso. Como, várias vezes. Por toda a casa. O tipo de sexo que
explodia em qualquer lugar.
“O que?” Jax perguntou, olhando para mim enquanto chegava na rua principal.
Eu poderia abraçá-lo e beijá-lo nesse momento. “Sim, mas você está dirigindo e
se forem boas ou más noticias eu não quero morrer em uma pilha dos anos cinquenta.”
Ele bufou.
317
olhando as palavras chaves. Quando eu achei a palavra parabéns entre as outras como
taxas do empréstimo, eu soltei um grito, animada, e me virei para Jax tão rápido que quase
me enforquei com o cinto de segurança.
Seus lábios se curvaram em um grande sorriso. “Eu estou presumindo que sejam
boas notícias.”
Ele se inclinou, colocando sua mão em meu joelho e apertou gentilmente. “Isso
são ótimas notícias querida.”
E eram. “Esse é um peso gigante que saiu dos meus ombros. Pelo menos eu sei
que vou conseguir terminar a faculdade. Isso é grande.”
Pelo tom e o sorriso em seu rosto, eu podia dizer que ele estava realmente feliz
por mim, e isso me deixou toda aconchegada e animada até que eu percebi que isso
significava que eu estaria indo embora em Agosto, de volta a faculdade e Jax ficaria aqui.
Merda.
Parte da minha felicidade foi por água abaixo, não a maior parte, mas o suficiente
para que eu estivesse irritada comigo mesma por deixar isso acontecer e frustrada porque
eu, de repente, precisava definir exatamente o que éramos e o que significaria quando eu
voltasse para a faculdade.
318
O fato de Jax ter me beijado antes de desaparecer no escritório, na frente de Nick
e Clyde, talvez tivesse algo a ver sobre não me preocupar com muitas coisas que eu não
tinha controle.
“Esse é meu garoto,” foi o que Clyde disse antes de voltar para a cozinha.
Sorrindo, eu balancei minha cabeça enquanto movia a taboa para o lado. Dentre
tudo, as coisas estavam boas, eu acho. Eu não era mais virgem. Eu estava apaixonada pelo
cara que tirou minha virgindade e eu tinha certeza que ele gostava de mim. Muito. E minha
ajuda financeira foi aprovada.
O bar estava calmo, só comigo e com Nick atrás do balcão quando um casal jovem
entrou. No tempo que eu estava ali, eu sabia que eles não eram clientes regulares e eu os
observei enquanto ocupavam dois bancos vazios.
Eles faziam um casal adorável" ela era baixa, como a pequena Roxy e ele era super
alto, com um cabelo castanho bagunçado. A menina tinha os olhos azuis lindos, um
contraste contra seu cabelo escuro.
A menina passou uma mão por sua camiseta da Universidade de Maryland. “Só
uma Coca, por favor.”
“É para já.” Depois de pegar suas bebidas, eu entreguei a folha coberta com
plástico para eles. “As batatas fritas são ótimas. Assim como as asas de frango, se você é fã
do tempero do tipo Old Bay32.”
32
http://www.oldbay.com/Products/Old-Bay-Seasoning
319
Os olhos da menina se iluminaram. “Eu amo Old Bay. Eu acho que é um pré
requisito para cursar a faculdade em Maryland.”
“Estão aproveitando?”
Syd concordou. “Ele me levou pela primeira vez em um jogo dos Phillies, mas eu
não pedi nada para comer então, agora estou faminta.”
O cara olhou o menu. “Eu acho que vamos querer uma porção de fritas e de frango.
Com osso. Dezesseis pedaços.”
Eu fui levar o seu pedido e quando voltei, o velho Melvin estava no bar, esperando
por mim.
Oh não.
Eu sorri para ele, mesmo que ele parecesse como se estivesse prestes a desabar,
mas meu sorriso se perdeu quando a porta se abriu e Aimee com dois ‘es’ entrou. Seu olhar
viajou pelo bar, além de mim, até o Nick, que parecia irritado.
Não funcionou.
“O que é isso que eu ouvi sobre o corpo de Rooster ter sido jogado na sua porta?”
ele perguntou, colocando sua mão em volta da garrafa.
“É uma vergonha que esses drogados estão fazendo com a cidade,” Melvin
continuou, trazendo olhares para si. Ele tomou outro gole de sua cerveja. “Essa cidade
costumava ser boa, um bom lugar. Agora eles estão ajoelhando e colocando buracos de
bala em suas cabeças. Uma vergonha.”
320
“Kyler,” a menina sussurrou enquanto se movia para ele. “Um...?”
Ele não disse nada enquanto seu olhar vinha na minha direção. Antes que eu
pudesse falar, Melvin decidiu que ele não tinha terminado. “Não posso dizer que isso sobre
Rooster é uma pena. Quem não sabia o fim terrível que ele teria? Ele era nada além de um
vagabundo e...”
A porta abriu novamente e eu olhei para cima, vendo Katie caminhando para
dentro. Eu sabia o exato momento que a menina a viu, porque seus olhos ficaram ainda
maiores. Talvez tenha sido o fato de Katie estar usando um vestido vazado rosa sobre o
que parecia ser um biquíni. Ou roupa íntima. Eu não olhei tempo suficiente para adivinhar.
Sorrindo, ela andou para onde eu estava. “Menina. Olhe para você hoje. Apesar do
fato que você teve cadáveres caindo em sua cabeça.”
“Na verdade, você parece com alguém que foi comida recentemente,” ela
continuou, e minha boca caiu aberta. “Sim, você parece. Você realmente parece.”
321
Eu estava seriamente começando a imaginar se ela tinha super poderes ou algo
do tipo. Mas eu não ia discutir isso com estranhos sentados logo ao nosso lado. “Está no
intervalo, Katie?”
“Nope. Indo para o trabalho. Pensei em passar aqui e ver se você não estava
isolada em um canto, toda traumatizada ou coisa do tipo.”
“Eu estou bem,” eu disse a ela. “Mas obrigada por vir me ver.” E eu realmente
estava agradecida.
Ela começou a dizer algo, mas Jax apareceu no fundo do corredor, vindo do
escritório. Ele olhou para mim e piscou. Eu senti um sorriso estúpido se formando em
meus lábios.
“Ele realmente entrou nas suas calças,” ela fingiu estar sussurrando, fazendo o
cara ao nosso lado engasgar com um pedaço de frango.
Jax se afastou e antes que eu pudesse lidar com esse comentário, Aimee virou
para nós, com uma elegante virada de seu pescoço.
“Ele é tão quente, não?” ela disse, focando seus grandes olhos em mim. “Jax, quero
dizer.”
Revirando seus olhos, Nick se afastou dela e foi para o lugar onde ficavam as
garrafas no fundo do bar.
Eu abri minha boca mas Katie não me deu tempo. “Cara, você está drogada?
Porque eu tenho certeza que aquele cara quente que se chama Jax estava flertando para
Calla aqui e nem viu você sentada. Só PSC33.”
Eu pressionei meus lábios juntos tão forte que eu achei que fosse explodir bem
na cara de Aimee. Ela encarou Katie por um momento e, então se virou, indo em direção
de onde Jax estava pegando copos e cestas vazias das mesas.
Eu suspirei.
33
PSC = Para Seu Conhecimento
322
Katie virou para mim. “Eu vou yippie-ki-yay aquela puta desse bar um dia desses.
Guarde minhas palavras, entregue a Deus, e todas essas coisas.”
Meu olhar foi para onde o jovem casal estava sentado, seus olhos arregalados e
suas bocas em um leve sorriso. Eles olharam para mim juntos.
323
Capítulo Vinte e Quatro
No sábado à noite, Roxy estava atrás do bar, seus braços finos cruzados em seu
peito e suas pernas afastadas. Seus óculos com armação preta estavam para cima, parado
apenas acima do perfeito coque bagunçado.
Seus olhos estavam estreitos e sua expressão irritada, as linhas que apareceram
em seu queijo, eram fofas. Eu disse a ela, uns minutos antes, quando eu fui no bar pegar
umas cervejas para o grupo de caras que estavam sentados no fundo, e ela não tinha
pensado que isso era fofo, o que a fez parecer ainda mais irritada.
E mais fofa.
A vitima de seu olhar mortal era Aimee com os dois ‘es’. Pela quarta noite seguida,
Aimee estava aqui, sentada no bar com uma amiga que meio que parecia laranja. Roxy
tinha apelidado sua amiga de Oompa 34Um.
Eu tinha que rir porque seu olhar mortal era para meu benefício. Aimee tinha sido
realmente gentil com Roxy e até mesmo comigo, mas ela tinha deixado bem claro porque
estava aqui e Roxy não estava nada feliz com isso.
Cada vez que Jax ia para trás do bar, Aimee monopolizava sua atenção o quanto
podia. E como cada noite anterior, ele deveria estar contando ótimas piadas porque não
passava nem um minuto antes que Aimee risse alto. Ou brincasse com seu cabelo. Ou se
inclinando sobre o bar, dando a Jax uma visão privilegiada de seu decote.
E de vez em quando, como nos últimos quatro dias, Jax ia encontrar meus olhos,
realmente me olhando, e eu não iria me importar com Aimee sentada no bar, fazendo de
tudo para conseguir alguma retribuição a seus flertes.
E novamente, eu imaginei que Jax poderia muito bem acabar com essa coisa da
Aimee dizendo a ela que ele não estava mais disponível. Quero dizer, nós não tínhamos
dado nenhum título um ao outro, mas estávamos juntos em todos os jeitos que
poderíamos estar juntos.
34
Referência aos Oompa Loompas da Fantástica Fábrica de Chocolate
324
E... eu o amava, apesar de tudo. Nós estávamos juntos.
Ele não tinha dito essas palavras para mim, mas eu também não. E eu não iria
pensar sobre isso agora ou transformar isso em uma coisa maior. Apesar de tudo, eu
estava realmente feliz e já era domingo e ainda não havia nenhum sinal de Mack.
Levando o pedido de asas de frango com Old Bay para a mesa de Melvin, eu sorri
para o velho enquanto colocava a cesta entre eles. “Aqui está. Mais alguma coisa?”
“Estamos bem.” A pele ao redor de seus olhos ficou ainda mais profunda enquanto
ele sorria. “Enquanto você nos der um outro sorriso desses.”
Ele riu enquanto pegando uma asa de frango. “Se eu fosse vinte anos mais novo,
eu e você estaríamos deslizando por esse piso.”
Eu quase não pude acreditar que disse isso, mas seus olhos pareceram acender.
“Farei isso.”
Dando a ele outro ‘desse sorriso’, eu me virei e andei até a outra mesa onde seus
copos estavam vazios e, antes que eu percebesse, eu dei uma olhada para o bar.
Mas que...?
Aimee estava praticamente sentada no balcão do bar e suas mãos estavam nas
bochechas de Jax, nas suas bochechas. Ela estava segurando suas bochechas. Raiva passou
pela minha pele, mas algo gelado e feio se formou na beira do meu estômago, e essa coisa
pequena fez meu peito se contrair de um jeito nada agradável. Porque como"inferno– ela
325
estaria tocando ele daquele jeito e porque - por tudo que é mais sagrado" ele teria
permitido isso?
Antes que eu percebesse, eu estava andando em direção ao bar. Eu não tinha ideia
do que eu iria fazer quando chegasse lá, mas eu tinha certeza que não seria nada bonito e
que eu iria me arrepender depois, mas foda-se...
“Hey, menina.”
Eu parei abruptamente ao ouvir essa voz familiar. Descrença passou por mim.
Impossível. Pega com a guarda baixa, eu tirei meus olhos da Aimee e Jax e me virei. Meu
queijo caiu no chão.
Meu olhar passou pela Teresa até Jase e foi para trás deles, e eu quase cai morta.
Eles não estavam sozinhos. Cameron Hamilton" o presidente da Brigada dos Caras
Quentes" estava com eles. Assim como Avery. Ele tinha um braço sobre seu ombro,
puxando ela para perto do jeito mais adorável possível.
Jase riu. “Eu acho que assustamos ela ao ponto dela perder a língua.”
“Oh meu Deus,” eu disse, piscando algumas vezes. “Vocês realmente conseguiram.
Eu não tinha idéia.”
“É por isso que se chama surpresa.” Teresa olhou sobre seu ombro, para seu
irmão e sua namorada. “Nós decidimos vir de última hora. Eu senti sua falta!”
Então ela correu para frente e me abraçou. Eu também senti falta dela e estava
feliz que eles estavam aqui, mas eu me afastei e Teresa começou a contar a Jase como ela
não sabia que eu sabia usar um dosador, muito menos misturar uma bebida, e eu percebi
que eles realmente não sabiam nada sobre mim. Pelo menos nada que fosse verdade.
326
Puta merda, minha casa de mentiras estava prestes a me dar um tapa na cara. A
única coisa que eu tinha ao meu favor era que Jax sabia sobre as mentiras que eu contei.
Ele provavelmente seria consciente o suficiente para não me dedurar.
Meu coração acelerou. Além do fato que eles pensavam que minha mãe estava
morta, isso poderia ser um desastre se mais corpos aparecessem na minha direção ou se
alguém dissesse algo na frente deles. Eu pensei sobre o adorável casal de Quarta-feira que
não-intencionalmente ouviram sobre o aparecimento de Rooster.
De repente eu queria correr pelo bar, gritando o mais alto que pudesse.
“Então, Teresa estava contando para gente que tem um cara que você está
saindo?” Avery perguntou.
“Um cara,” Teresa disse, passando seu braço na cintura de Jase. “Você disse que
seu nome era Jax. Vocês saíram para jantar? O que trabalha aqui? Não te lembra nada?”
“Oh. Sim.” Eu soava como uma idiota. Minha mão passou pelo meu cabelo e eu
coloquei uma mecha atrás da minha orelha. Eu percebi que Teresa piscou ao ver meu
movimento. “Ele está aqui. Ele, um...”
Oh, não.
Roxy tinha saído da sua concentração e virado uma arma cuspidora de fogo e Jax
ainda estava trás do balcão. E Aimee, com um ‘i’ e dois ‘es’ não estava no bar mais, mas ela
tinha suas mãos em seu peito, apalpando seu peito como se ela estivesse sentindo seus
músculos.
Eu engoli, mas minha garganta estava seca como um deserto durante a noite.
Cam se moveu para frente, trazendo Avery com ele. “Não é ele, certo?”
327
Oh meu Deus, meus amigos estavam aqui e eles queriam conhecer Jax e a Pequena
Miss Poconos Aimee Grant estava atualmente se jogando nele.
Teresa estava olhando ao redor, procurando por outro cara, mas havia apenas
Roxy e ela não parecia em nada com um rapaz, então...
Enquanto todos nós encarávamos o bar, Jax deu um passo para trás, saindo do
alcance de Aimee, e disse algo que fez ela rir como se ele fosse uma cópia de Tyler Perry35.
Jase olhou para mim, inclinou sua cabeça para o lado e, depois, voltou a olhar para
onde Jax estava. “É mesmo?”
Oh não.
O tom da sua voz disse que iria, de alguma forma, mudar o fato que esse cara era
Jax.
Jax afastou seu olhar e seus lábios criaram um sorriso quando seus olhos
encontraram os meus. Esse sorriso não durou muito porque Jase colocou sua mão em meu
ombro e, quando eu olhei para trás dele, Teresa não estava abraçada nele como um polvo
sexy mais.
Jax começou a andar atrás do bar, o que fez Aimee e sua amiga se virarem como
se estivessem em uma cadeira giratória, mas ele passou por elas como se não existissem.
Ele parou na minha frente, mas seus olhos estavam em Jase. “Tudo certo aqui,
Calla?”
35
Ator, diretor, roteirista e produtor americano. https://pt.wikipedia.org/wiki/Tyler_Perry
328
Eu não podia ver Jase, mas eu imaginava que ele tinha aquele sorriso pervertido
em seu rosto. “Sim, esse é Jase.” Eu me virei um pouco. “E essa é Teresa. Esses são Cam e
Avery. Eles...”
Sim, isso não soou sincero. E isso tudo era estranho. “Um, eles vieram de
surpresa.”
“Isso é legal,” ele respondeu, sua cabeça virada para o lado enquanto ele se virava
para Teresa. “Calla realmente sentiu falta de vocês.”
Eu sabia quem ele tinha visto no segundo que Cam e Jase viraram meninas
adolescentes.
Brock estava parado a alguns passos atrás de Jax, segurando um bastão de sinuca.
Era obvio que Cam e Jase estavam encarando ele abertamente, e ele não se importou,
dando aos caras um aceno com a cabeça.
329
“Quem é esse?” Jase se virou com os olhos arregalados para ela. “Eu não acho que
posso continuar com você.”
Seus olhos reviraram enquanto ela batia em seu braço. “Que seja.”
“Vocês querem conhecer ele?” Jax ofereceu, piscando para mim, fazendo meu
coração cair um pouco porque, sério, ele tinha uma boa piscada.
“Um refrigerante seria bom,” Avery disse e foi quando eu lembrei que Teresa não
era velha o suficiente para estar aqui, mas nesse ponto, que seja. Eu os levei para o bar e
fui para a parte detrás do balcão pegar dois refrigerantes.
Eu concordei.
“Não é isso...”
“Tire um tempo, Calla,” ele repetiu solenemente. “Está tudo bem. Eu e Roxy
cuidamos do bar.”
330
Eu peguei as bebidas e as levei ao outro lado do bar onde as duas meninas
estavam paradas atrás dos bancos ocupados. Roxy estava ocupada servindo os drinks e
eu fiz uma nota mental que precisava apresentá-la.
“Eu gostei.” Ela balançou seu pulso para que a pulseira prateada ficasse em seu
lugar.
“Você realmente está ótima.” Teresa disse mordendo seu lábio e, então, foi direto
ao ponto. “Quem é a menina?”
Eu queria chorar. Eu queria bater minha testa na parede e chorar. “Ela é só uma
menina que ele saia há um tempo atrás.”
“Há um tempo?” Teresa estava olhando para Jax enquanto ele estava em pé,
virado para nós. Seu tom aumentou e eu queria me jogar na frente de um caminhão em
movimento.
“Fizemos check-in em um hotel não muito longe daqui.” Avery colocou seu cabelo
para trás, por cima de um dos ombros. Ela era tão linda com seu cabelo ruivo e sardas. “E
vamos fazer um city-tour amanhã.”
36
Famoso Moto Clube
331
Eu concordei. “Sim, eu posso ir com vocês. Vai ser divertido.” Pelo menos, eu
esperava que podia me juntar a eles, considerando tudo.
Avery e eu... Sim, nós éramos meio que parecidas apesar que eu não a conhecia
tão bem quanto Teresa. Eu sorri para ela. “Eu nunca fui a metade dos lugares também,
então está tudo bem.”
Seu sorriso ficou ainda maior, alcançando seus olhos, e ela olhou para ao rapazes
no mesmo momento que Cam olhou para nós. Seus lábios se curvaram.
Eu abri minha boca mas a porta se abriu e Katie entrou, brilhando como uma fada.
A menina brilhava do topo de seu cabelo loiro, por todo seu corpo até a ponta de seus
dedos rosas que apareciam na ponta de sua plataforma dourada. Seu vestido era mais uma
saia ou um top longo. Ele apertava seus seios e quadril mas era solto na cintura e
terminava no meio da coxa. E ela realmente o ‘usava’.
Asas rosas translúcidas" não do tipo angelical" mas asas de fada estavam presas
as suas costas, e ela também as ‘usava’.
Katie olhou pelo bar, seus olhos se estreitando quando ela viu Aimee e sua amiga,
mas ela desviou logo. Um grande sorriso se formou em seu rosto. Ela andou em nossa
direção.
332
Eu não fazia ideia de como ela adivinhou que essas eram minhas amigas da
faculdade, mas eu não queria perguntar porque eu tinha ideia que ela diria que foi porque
ela caiu do poste. Então eu só deixei isso de lado. “Yep. Essas são Teresa e Avery.”
“E na minha linha de trabalho, parecer uma cenoura não ajuda a pagar as contas.”
Katie continuou enquanto parava de brincar com o cabelo de Avery, se virando para
Teresa. “E OM Gee38, você é linda. Como do tipo que eu consideraria trocar de lado.”
Há!
Katie inclinou sua cabeça para o lado. “Você faria muito dinheiro dançando.”
Oh não.
“Eu duvido que seja o mesmo tipo de dança que eu faço. Para as duas.” Katie
explicou sem nenhum pingo de vergonha, e eu a amava por isso. “Eu trabalho do outro
lado da rua.”
37
Algo como “macacos me mordam” ou coisa do tipo.
38
Seria OMG = Oh My God, mas ela fala como se estivesse soletrando.
333
“Tiro minhas roupas?” Katie riu. “Eu mostro um pouco do produto de tempos em
tempos, mas é mais elegante que simplesmente mostrar sua vajaja na cara dos outros.”
Eu mão pude evitar. Eu ri, mas Teresa se manteve séria. “Você tem que odiar
quando isso acontece.”
Meu maxilar estava doendo do quão forte tive que manter meus lábios
pressionados juntos e Avery ria por trás de seu copo.
“Você sabe, eu sempre quis fazer isso" strip" pelo menos uma vez,” Teresa disse
pensadora, e meus olhos quase saíram da minha cabeça. “Parece algo muito divertido.”
Um. Eu imaginava que Jase não ficaria muito feliz com isso, nem seu irmão. Na
verdade, eu queria estar ao lado de Teresa quando ela contasse que iria tirar isso da sua
lista.
Pearl estava começando a correr como uma louca e eu estava me sentindo mal
por estar aqui parada, conversando. “Gente, eu preciso ajudar. Me desculpe mas...”
“Está tudo bem.” Teresa balançou sua mão, sorrindo para Katie. “Não se preocupe.
Nós provavelmente ficaremos aqui mais tempo.”
“Okay.” Eu andei para frente e beijei sua bochecha e a de Avery. “Se comportem.”
Teresa riu enquanto eu abraçava Katie e, então, corria, esperando que quando eu
voltasse, Teresa não estivesse do outro lado da rua esquentando o poste. Eu passei pelas
pessoas mas eu mal tinha andado uns metros quando Jax apareceu ao meu lado. Ele
colocou um braço sobre meu ombro e me guiou corredor abaixo, em direção ao escritório
antes que eu pudesse piscar.
Ali, ele parou do lado de fora da porta e se virou para mim. Sua cabeça baixou e
ele falou com a voz baixa. “O que aconteceu?”
“Nada.”
334
Havia muitas coisas erradas comigo nesse momento mas eu realmente não queria
falar sobre isso com Jax. “Estou bem. Eu provavelmente vou sair com o pessoal amanhã já
que eles vão ficar na cidade.”
Um músculo em seu maxilar tremeu. “Você não está bem. E você está mentindo
para mim.”
“Você estava ali fora, falando com seus amigos como se alguém tivesse chutado
seu cachorrinho no meio do trânsito.”
“Você disse?” Frustação emanava de sua expressão e ele começou a sorrir. “Bom.”
Eu ia bater nele. “Não é bom. Porque ela disse a Jase, que contou a Cam, que no
final contou a Avery, que por sinal são o casal mais perfeito em todo mundo dos casais, e
eles vieram aqui para me surpreender, mas eu sei que eles têm uma missão secreta, que é
observar você, porque eu abri minha boca grande sobre isso.”
Na verdade, eu iria dar um soco em sua garganta. “Bem, fico feliz que você gosta
disso, porque a primeira vez que eles o viram havia outra menina que tinha suas mãos
sobre você.”
“Sim. Isso,” eu continuei. Agora que eu não estava escondendo nada dele, eu tinha
pegado ritmo. “Eles viram você e viram Aimee antes que eu tivesse a chance de apresentá-
los e isso... bem, isso foi uma merda.”
“Babe...”
“Não me venha com ‘babe’.” Eu retruquei, dando um passo para trás. “Eu sei que
não tem nenhum rótulo entre a gente e que nós nos conhecemos há pouco tempo, e que
335
talvez isso seja algo casual para você, mas eu realmente esperava que a primeira vez que
você conhecesse meus amigos fosse quando Aimee não estivesse fazendo um exame
mamário em você.”
“Algo casual?” Ele repetiu, e eu imaginava se ele tinha ouvido qualquer coisa que
eu disse. “Isso é algo casual para você?”
Eu queria responder que sim porque... bem, porque eu queria ser malvada e
aquela onda gélida estava de volta em meu estômago. Meus sentimentos estavam
machucados e eu estava envergonhada, e eu queria jogar esse jogo, mas não foi isso o que
eu disse por que eu não tinha ideia de como jogar. “Não. Isso não é casual para mim. Nem
um pouco.”
Sua expressão suavizou enquanto ele dava um passo para frente. “Baby, isso não
é casual para mim também e o fato que você acha que pode ser realmente me
impressiona.”
“Sério?”
“Querida, cada sinal, cada ação e cada palavra que eu disse para você desde o
primeiro dia diz que isso não é casual para mim,” ele disse, apoiando seu quadril contra a
parede. “Eu sei que você não tem muita experiência com relacionamentos e isso não
importa, mas eu realmente não sei mais o que posso fazer para te mostrar isso. E toda essa
coisa de rótulo?” ele continuou enquanto colocava seus dedos em meu queixo. “Eu acho
que você sabe o que somos.”
A coisa era que, eu não sabia. Eu poderia ter adivinhado no Domingo a noite,
quando eu tirei minha roupa e ele idolatrou meu corpo como um tipo de deus, o que ele
tinha feito desde aquele dia, mas vê-lo com Aimee? Sim, eu não tinha experiência com
relacionamentos, mas eu não era burra e eu não era estúpida.
E não era como se ele tivesse sido pego aos amassos com ela ou que ele soubesse
que meus amigos estivessem chegando, mas ainda havia o fato que cada noite que ele
trabalhava, Aimee estava aqui. E cada noite que ele trabalhava, Aimee estava grudada
nele. E cada noite que ele trabalhava, até onde podia ver, se eu fosse ser honesta comigo
mesma e se ela não fosse a menina mais forte do mundo, ele não fazia nada para pará-la.
336
Repetidamente.
A parte detrás dos meus olhos doía, porque era isso. O que estava acontecendo
não era uma coisa grande, mas era inapropriado. Porra, eu trabalhava aqui. E eu
realmente não sabia o que dizer agora, por que eu não estava contente com isso.
“Sim, terminamos. Por agora, Okay? Nós podemos falar sobre isso mais tarde.” Eu
comecei a me virar, e sua mão saiu do meu queixo.
Eu estreitei meus olhos para ele. “Tudo bem. Talvez eu esteja. Isso é alguma
surpresa? Quero dizer, eu acabei de dizer isso”" eu balancei minha mão entre nós como se
estivesse tendo um ataque" “Isso não é casual, então sim, eu não vou ficar por ai ao ver
uma menina ficar em cima de você noite após noite. Especialmente sendo uma menina
que você já saiu.”
Com o maxilar tenso, ele inclinou sua cabeça. “Você não tem nada para ficar com
ciúmes, Calla.”
“Sim, mesmo. E além do mais, tudo que você tem que fazer é confiar em mim. Não
nela. Mas em mim. E se você confiasse em mim, então você não estaria com ciúmes.”
Eu estava boquiaberta. Parte disso fazia sentido. Precisava de duas pessoas para
dançar tango e tudo mais, mas sério?
337
“E se isso vai funcionar entre nós, você vai ter que confiar em mim”, — ele
continuou, e isso — o se for funcionar entre nós" fez meu estômago cair. “Porque sua ajuda
financeira saiu e se você vai voltar para a faculdade em Agosto, vão haver alguns
quilômetros entre nós e tudo que vamos ter é confiança. Você entende o que estou
dizendo?”
Eu totalmente entendia o que ele estava falando. Metade do meu coração estava
dando pequenos pulos e gritinhos, porque ele estava planejando quando eu voltasse para
a faculdade, e isso era ótimo, mas a outra parte do meu coração estava em algum lugar do
meu estômago. Confiar nele era uma coisa, mas isso não estava certo. Eu poderia confiar
nele o quanto quisesse, mas isso não significa que eu ficaria feliz dele deixar meninas
passarem a mão nele e isso me levava a ficar com ciúmes.
Quando eu me virei dessa vez, Jax não fez nada para me parar. Eu andei de volta
para o salão e precisou de toda a minha força de vontade para não pular em seus
luminosos cabelos loiros como um macaco-aranha.
Jase e Cam estavam com as meninas e Brock estava com eles. Katie não estava em
nenhum lugar a vista e eu imaginava se Teresa iria procurar uma nova profissão. Eu
queria conversar com eles, mas quando eu vi Pearl, ela parecia perdida.
338
perto da porta, quando eu me virei para voltar para as mesas que ficavam em volta da
mesa de bilhar, eu senti uma mão em meu braço, logo acima do meu cotovelo, e ouvi uma
voz que não reconheci, logo em minha orelha.
Cada molécula em meu corpo ficou tensa enquanto eu congelava. A única coisa
que se movia era meu coração acelerado.
“Boa menina,” o homem disse, sua mão ainda em volta do meu braço. “Nós vamos
andar para fora desse bar. Se comporte e ninguém vai se machucar. Entendeu?”
Minha boca ficou seca, e eu tremi quando senti algo pressionado na parte baixa
das minhas costas. Uma arma? Eu estava em choque quando compreendi o que estava
acontecendo. O homem atrás de mim começou a me guiar para a porta, e eu imaginava
que para qualquer um a nossa volta, pareceria que nós nos conhecíamos. Bem, além do
meu olhar horrorizado, mas nós estávamos na porta em segundos.
Havia uma multidão no bar. Roxy, Nick e Jax estavam servindo bebidas e haviam
pessoas suficiente para que eu não conseguisse ver nem Aimee nem meus amigos
enquanto o homem abria a porta.
339
Capítulo Vinte e Cinco
Sequestrada!
Isso não acontecia na vida real. Talvez nos livros e nos filmes, mas não com
pessoas reais.
Mas estava acontecendo a não ser que eu estivesse alucinando. Meu coração
estava rápido demais enquanto eu era levada para a lateral do Mona’s, em direção ao
estacionamento, onde era cheio de árvores, onde tinha galpões vazios e onde,
provavelmente, as pessoas eram levadas para morrer.
A mão que estava em meu braço era áspera, cortando minha pele, e eu não sentia
mais o que suspeitava ser uma arma pressionada contra as minhas costas. Minhas pernas
estavam tremendo tanto que eu estava surpresa que ainda podia andar ou até ficar de pé,
até que vi a SUV escura, parada perto das lixeiras, com o motor ligado.
A janela abaixou do lado do motorista e uma voz profunda e grossa disse “Se
apresse Mo.”
Oh meu Deus, havia dois homens e haviam boas chances que eu fosse terminar
como Rooster.
Cada mulher no mundo foi ensinada e nunca deixar que o sequestrador te levasse
a qualquer lugar. Que o risco em lutar e consegui um furo no corpo era maior do que ser
deixada levar.
Perceber que eu tinha esquecido isso, algo que aprendi a anos atrás, me tirou do
choque.
340
puxasse meu braço com força. Minhas costas estavam, de repente, pressionadas contra a
sua frente e sua mão estava segurando minha boca.
Então eu mordi sua mão, mordendo forte até que eu senti a pele romper. Meu
estômago revirou, mas eu continuei mordendo.
Dor passou pelo meu maxilar e minha boca, e eu cambaleei para trás. Pequenas
estrelas explodiram em minha visão enquanto a dor se estendia pelo meu pescoço.
“Mas que porra?” o cara da SUV gritou, deixando sair uma linha de xingamentos
em seguida.
Eu não ouvi o resto porque minha pressão deve ter chegado ao teto, afundando
todos os sons enquanto eu me virava e corria.
Os chinelos que estava usando não ajudava nisso mas eu ignorei as partes do chão
que dava para sentir pelas solas finas. Eu corri para frente do prédio, soltando um grito
tão alto enquanto algo me atingia por trás. Eu cai para frente, abrindo meus joelhos no
chão.
Um braço circulou minha cintura, me levantando, e isso não era bom. Isso era
ruim, muito ruim. Mo se virou, me carregando em direção a SUV, que agora tinha a porta
do motorista aberta.
341
Eu me contorcia como um gato prestes a ser jogado em uma banheira. Eu estava
puxando minhas pernas para cima e movendo meus braços como um cata-vento. Mo lutou
comigo e minhas ações o deixaram mais lento. O tempo todo eu estava gritando.
Eu tinha quase certeza que estava a segundos de ter um colapso, mas além da dor
em meu maxilar e por ter caído no chão, eu estava viva. “Estou bem.”
“Tem certeza?” Ele gemeu, e esse som me fez esquecer sobre o que acabou de
acontecer. Era o tipo errado de som" um som que um ser humano não deveria fazer.
Sua cabeça se moveu rapidamente, e eu não tinha certeza sobre isso. “Eu te vi
andando... para fora. Eu não... reconheci o homem. Eu... eu não tinha certeza. Com tudo que
vem acontecendo...”
342
De repente tinham mãos em meus ombros. Jax estava aqui, ajoelhado ao meu
lado. Seu rosto estava pálido, sério como no dia em que quase fomos atropelados. “Mas
que inferno está acontecendo? As pessoas estão dizendo que alguém tentou te pegar.”
As mãos de Jax apertaram meu ombro. “E por que raios você estava aqui fora?”
“Eu não vim aqui porque eu quis. O cara estava do lado de dentro. Ele me disse
que se eu fizesse um escândalo, ele iria acender o lugar.” Eu disse, e meu olhar voltou para
Clyde. Ele parecia melhor. Um pouco pálido, mas ele não estava gemendo mais. “Eu pensei
que ele tinha uma arma.”
“Jesus. Merda.” Jax disse. Uma mão deslizou em volta do meu pescoço enquanto
ele guiava minha cabeça para trás. Meu olhar se moveu com o seu, e eu inalei
profundamente. Seu rosto estava cheio de fúria e preocupação até que a raiva tomou
conta. “Ele bateu em você.”
Não era uma pergunta e não havia como negar. “Eu o mordi.”
“E ele te bateu? Porra, baby.” Jax baixou sua cabeça, pressionando seus lábios em
minha testa. Ele se afastou, segurando meu olhar.
O maxilar de Jax estava cerrado e seus olhos nunca deixaram meu rosto. Havia
esse brilho em seus olhos que era assustador, como se uma raiva explosiva estivesse
prestes a emergir.
“Filho, eu sei o que você está pensando,” Clyde anunciou. “Mas você precisa ligar
para seu amigo, Reece. Isso não é algo para você lidar.”
O que? Jax queria resolver isso? Então eu entendi. Eu vivia esquecendo que ele
não era como Cam ou Jase. Não que tivesse qualquer coisa errada com eles, mas Jax era
diferente. Ele era mais áspero e tinha visto coisas que Cam e Jase nem podiam começar a
entender. Ele não era como eles então, ele potencialmente poderia lidar com as coisas.
343
Sua mão apertou em volta do meu pescoço enquanto ele me ajudava a levantar e
me puxava contra seu peito, enquanto um tremor passava por mim. “Eu vou ligar para
Reece.”
Sobre o ombro de Jax eu podia ver várias pessoas do lado de fora. Parecia ser
metade do bar mas, os mais importantes eram meus amigos. A boca de Teresa parecia
estar pendurada, aberta. Jase e Cam pareciam irritados e a pobre Avery tinha uma
expressão em seu rosto que dizia que ela não tinha entendido o que estava acontecendo.
Até Brock estava do lado de fora, e pelo olhar em seu rosto, ele parecia estar
pronto para usar algumas de suas técnicas ninjas de MMA.
Então Teresa correu para frente, suas mãos fechadas em casa lado seu. “O que
está acontecendo Calla?”
Eu apertei meus olhos fechados. Não tinha mais como esconder meu passado
deles agora.
Pior era o fato que o nome Mi não estava na lista dos conhecidos do Detetive
Anders. Claro, isso tinha a ver com a minha mãe então não era como se ele tivesse alguma
pista, mas Mack estava escondido em algum lugar e nada" nem um pedaço de evidência"
levava ao misterioso Isaiah.
Teresa e Jase, e Cam e Avery estavam no andar de baixo junto com Brock. Meus
amigos tinham sido informados sobre todo o meu drama, parte por mim e parte por
estarem perto quando Reece tinha aparecido com seu irmão mais velho.
O que trazia a real pergunta do porque eu estava aqui. Eu não sabia por que eu
estava no quarto de Jax se todos estavam lá em baixo.
344
A casa de mentiras tinha desabado mais rapidamente do que eu tinha percebido.
No meio de tudo que eu disse a Reece e a seu irmão e o que tive de dizer a eles, eles sabiam
agora que minha mão estava em um emaranhado de porcaria e estava perdida por ai e
que isso tinha espirrado para minha vida. A única coisa que não estava aberta para
discussões era o incêndio, mas essa era a última coisa a se saber sobre mim nesse
momento.
Então, Sim, eu sabia o porque eu estava sentada na beira da cama de Jax, sem
poder ir lá para baixo e encarar meus amigos. Eu iria ficar aqui, cercada pelo cheiro de Jax
e de imagens das coisas que tínhamos feito aqui, nessa cama, nesse chão... no banheiro.
Yep, eu iria penas ficar aqui para sempre. Parecia como um plano decente,
legítimo. Talvez eu poderia convencer Jax a me trazer comida pelo menos duas vezes ao
dia. Se conseguisse, esse plano ficaria ainda melhor.
“Calla?”
“Jax nos disse que podíamos vir aqui,” Avery explicou enquanto Teresa abria
ainda mais a porta com seu quadril. “Então nós subimos.”
Eu imaginei que Jax tinha feito isso. Só Deus sabe que eu estava aqui há um bom
tempo. “Desculpa,” eu disse, focando minha atenção em meus dedos do pé. “Eu perdi a
noção do tempo.”
Teresa entrou e se sentou na cama ao meu lado. “Aparentemente, você teve uma
vida louca.”
Eu gemi.
Avery atirou um olhar para Teresa que passou direto sobre sua cabeça. “Você está
se escondendo aqui,” Teresa disse.
345
Meus lábios se contorceram e o movimento meio que doeu. Quando eu olhei no
espelho mais cedo, um leve hematoma estava se formando em meu maxilar e meu lábio
inferior estava com um corte no canto. “Isso é tão óbvio?”
Teresa inclinou sua cabeça para o lado enquanto Avery se sentava na beira da
cama, seus pequenos dedos brincando com seu bracelete. “Então... você não é das
redondezas de Shepherdstown, né?”
Mortificada, eu balancei minha cabeça. Eu não me sentia assim desde que tinha
seis anos e acabei jogando um chiclete no cabelo da menina que iria entrar no palco antes
de mim. Eu não queria jogar ele em sua bola de cachos, mas minha mãe estava na beira do
palco e quando ela percebeu que eu ainda estava com o chiclete na boca, ela teve uma crise
de mãe de estrela e eu tinha entrado em pânico.
“Eu estou em Shepherd desde meus dezoito e, sendo honesta, parece como minha
única casa.” Eu disse, olhando para Teresa. Ela estava me observando de perto. “Eu sei que
isso não justifica minha mentira, mas eu só... eu nunca pensei que aqui fosse minha casa,
pelo menos não há um bom tempo.”
Teresa concordou vagarosamente. “Mas e sobre quando você disse que iria visitar
sua família nos feriados? Pelo que percebi mais cedo, você não voltava aqui há anos.”
“Eu não ia para casa.” Minhas bochechas esquentaram. “Eu ficava em um hotel
nessa época.”
“Eu sei que isso é idiota. Eu, honestamente, só disse porque eu queria fugir um
pouco, e era a minha única opção. É meio que legal, na verdade. E eu sei que dizer que
minha mãe estava morta é algo horrível e vocês provavelmente estão pensando que eu
sou uma péssima pessoa.”
346
“Na verdade, não, não pensamos.” Teresa se virou na minha direção enquanto ela
esticava a perna que tinha machucado enquanto dançava e, depois, novamente quando o
namorado da sua colega de quarto a empurrou, terminando definitivamente com os
sonhos de Teresa de ser uma dançarina profissional em uma renomada escola de Ballet.
“Calla, eu não sei todos os motivos por você não ter nos contado sobre sua mãe e sua vida
daqui, mas pelo que aprendemos nessas poucas horas, eu entendo o porquê você não
queria contar."
Teresa me cutucou com seu joelho. “Mas eu espero que você saiba que qualquer
que seja o seu passado, nós não vamos julgar você. Você pode ser sincera com a gente.”
“Confie em nós,” Avery adicionou, “Nós somos as últimas pessoas que vão te
julgar.”
Meu olhar vagou entre as duas, e elas estavam de olhando de um jeito que eu não
entendia totalmente. Então, Avery se moveu para se sentar ao meu lado. Nervosa, ela
colocou uma mecha de cabelo atrás da sua relha.
Então ela inalou profundamente, e eu ouvi, olhou para Teresa mais uma vez e,
então, seu olhar estava em mim. Os músculos no meu estômago se torceram e eu sabia
que ela estava prestes a me contar algo grande. Estava escrito sobre seu rosto pálido.
“Quando eu era mais nova, eu fui a uma festa que um cara mais velho da escola que estava
dando em sua casa. Ele era fofo e eu flertei com ele, mas as coisas saíram do controle.
Ficaram bem feias.”
Oh, Deus não. Parte de mim sabia onde isso estava indo e eu me inclinei, passando
minha mão na dela, e a apertando.
Ela pressionou seus lábios juntos e eu podia dizer que o que ela estava prestes a
dizer era difícil" mais difícil que qualquer coisa que eu tivesse para admitir. “Ele me
estuprou,” Avery disse com a voz baixa, tão suavemente que eu mal pude ouvir, mas ouvi,
e em resposta meu coração se apertou. “Eu fiz a coisa certa. A princípio. Eu disse a meus
pais e a polícia, mas seus pais e os meus eram amigos e eles ofereceram a meus pais muito
dinheiro para ficar quieta. Além disso, havia uma foto minha mais cedo naquela noite
347
sentada em seu colo e eu tinha bebido. Meus pais estavam preocupados no que as pessoas
iriam falar sobre mim em vez do que foi feito comigo, então eu concordei. Eu peguei o
dinheiro e isso me consumiu, Calla. Eu me sentia uma merda por isso.”
Lágrimas se formaram em meus olhos enquanto ela soltava sua mão da minha e,
vagarosamente, retirava seu bracelete. Ela virou seu pulso para cima e eu inalei
fortemente e imediatamente desejei que eu não tivesse feito isso. Eu vi a cicatriz. Eu sabia
o que isso significava.
Avery deu um pequeno sorriso. “Essa não é a pior parte. Porque eu não prestei
queixa, o cara continuou fazendo a mesma coisa que fez comigo.”
“Oh meu Deus,” eu inalei, querendo abraçá-la. “Querida, não é culpa sua. Você não
obrigou ele a fazer essas coisas com você ou com o resto.”
“Eu sei.” Seu sorriso ficou um pouco mais firme. “Eu sei, mas eu sou um pouco
responsável por isso. E o motivo que eu estou te contando isso é porque eu passei anos
sem contar a ninguém o que realmente aconteceu comigo e quando eu conheci Cam, me
levou ainda mais tempo para conseguir me abrir e dizer a ele a verdade. Eu quase o perdi
por causa disso.” Ela inalou profundamente de novo. “Moral da história? Eu tenho
vergonha que eu tentei tirar minha própria vida e que eu joguei a culpa em meus pais, mas
eu cheguei a um ponto" com terapia" que eu entendo porque eu fiz tudo isso e isso não
me transforma em uma pessoa má ou uma amiga pior para as pessoas se eu não me abrir.”
“Não.” Eu sussurrei, piscando para afastar as lágrimas. “Você não é uma pessoa
má.”
Teresa limpou sua garganta então falou, sua voz grossa e, quando olhei pra ela,
fiquei tensa novamente. “Quando eu estava no colegial, meu namorado me bateu. Mais de
uma vez. Várias vezes, na verdade.”
Oh Deus.
Eu não podia acreditar. Teresa nunca pareceu o tipo de pessoa que ficaria em um
relacionamento abusivo, mas logo que esse pensamento começou, eu percebi o quão
julgadora eu estava sendo.
348
“Eu era nova, mas isso não é a maior desculpa por estar com um cara que me
batia.” Ela disse, seguido meus pensamentos. “Eu mantive para mim mesma e escondi. Eu
inventava histórias sempre que os hematomas eram visíveis, mas um ano, logo depois do
Thanksgiving, minha mãe viu e não tinha mais como esconder o que estava acontecendo.
A coisa pior não era estar em um relacionamento abusivo, mas o que isso fez com meu
irmão. Ele enlouqueceu, Calla. Ele dirigiu até a casa do meu namorado. Cam o confrontou
e... e ele entrou de cabeça. Cam bateu tanto nele que o cara terminou no hospital e meu
irmão foi preso.”
Teresa concordou. “Cam teve vários problemas, e eu vivi com a dúvida por um
bom tempo. E se eu não tivesse ficado com ele? E se eu tivesse dito a alguém? Cam teria
perdido praticamente tudo? E ele perdeu muito. Um semestre da faculdade. Ele estava
fora do time de futebol e ele, também, teve de lidar com a merda que ele fez. Eu carreguei
muita culpa por causa disso. Até os dias de hoje, eu ainda me arrependo.”
“Ele não o faz.” Foi Avery que respondeu. “Ele nunca o fez.”
Avery pressionou contra meu lado. “Assim como Jase. Ele também é bem incrível.”
“E ele tem seus segredos. Uns realmente grandes e importantes" segredos que
não posso contar, porque isso é assunto seu, mas eu estive no escuro por muito tempo e
quando ele me deixou entrar, eu entendi porque ele manteve algumas coisas para si
mesmo.” Emoção enchia o rosto de Teresa enquanto ela continuava. “O ponto disso, Calla,
é que nós todos tivemos coisas que passamos e que temos vergonha e coisas que
gostaríamos que pudéssemos falar com alguém muito antes.”
“Mas contar a alguém, confessar tudo...” Avery sorriu novamente quando eu olhei
para ela. Ela apertou minha mão de volta e eu percebi que por minha causa, todas nós
349
estávamos conectadas nesse momento. “Sem querer soar totalmente cliché e boba, mas
isso muda tudo.”
Pressionando meus lábios juntos, eu concordei algumas vezes mas não tinha
certeza do que exatamente eu estava concordando. Provavelmente com tudo e, talvez, um
minuto se passou antes que eu pudesse encontrar o que foi que me deu a habilidade de
contar a Jax que não envolvesse tequila.
Eu contei a elas sobre minha mãe" tudo. O jeito que ela era antes e como ela era
agora e o que causou essa mudança. O incêndio. Eu contei sobre Kevin e Tommy, meu pai,
que desistiu de nós. E eu contei sobre as cicatrizes, todas elas, e eu fiz isso tudo
choramingando como um bebê que tinha acabado de jogar seu brinquedo favorito no chão
e ninguém foi pegar. Na verdade, nós estávamos tendo um festival de lágrimas, mas havia
algo limpo em se abrir e compartilhar com elas depois de todas as histórias poderosas que
elas me contaram. Também havia algo limpo nas lágrimas.
Enquanto nos segurávamos, eu percebi algo importante. Era o tipo de tristeza que
levava vinte e um anos para perceber, que família não era apenas as conexões de sangue
e DNA. Família era além disso. Assim como com Clyde, mesmo que eu não fosse parente
de Teresa ou da Avery, elas eram minha família.
E tão importante quanto isso, mesmo com meus olhos inchados e lágrimas
correndo pelo meu rosto, eu senti o que Jax disse sobre mim, algo que eu só senti quando
me despi para ele.
Eu me senti corajosa.
Fungando, Teresa se afastou e limpou seus olhos com seus dedos. “Agora que
temos tudo isso, qual a bunda que precisamos chutar para te manter longe dos problemas
da sua mãe?”
350
Capítulo Vinte e Seis
Faltava um pouco mais de uma hora para o amanhecer quando todos saíram da
casa de Jax. Teresa e o pessoal ainda iriam fazer o tour por Philly amanhã mas, por mais
que eu quisesse passar tempo com eles, não era algo inteligente e Detetive Anders poderia
enlouquecer se eu fosse passear pela cidade.
O que era uma merda, porque eu sentia falta dos meus amigos e havia mais de um
momento onde eu me perguntava se essa seria minha vida agora, não poder fazer diversas
coisas, por causa dessa ameaça que havia sobre minha cabeça.
Mas eu tinha que admitir algo. Eu não sabia o que, mas eu não tinha certeza se
poderia viver assim por muito tempo sem enlouquecer.
Apesar disso, Jax veio com uma ótima ideia" um café da manhã tardio ou um
almoço cedo em sua casa com todo mundo antes que eles fossem para a cidade e, mais
provavelmente, voltassem para West Virginia. Então eu poderia ver eles... atrás de quatro
paredes.
Mas agora estava aqui, passando pelas outras coisas no meio do caminho. Não
importava que os problemas com Aimee não chegassem perto de todos os outros.
351
já vinha me acostumando, a ponta de seus dedos passaram pelo meu maxilar até o canto
do meu lábio cortado.
A íris de seus olhos escureceu enquanto ele baixava sua mão. “Não deveria ter
acontecido.”
Ele passou sua mão pelo seu cabelo. “Eu nem percebi que você saiu. Você estava
com uma arma nas suas costas e eu estava logo aqui, não muito longe, e nem percebi. Eu
deveria ter visto.”
“Whoa. Espere um pouco. Isso" tudo isso" não é culpa sua, Jax. Você estava
ocupado no bar e eu estou feliz que você não viu isso acontecendo,” eu disse a ele. “Você
poderia ter se machucado.”
Sua expressão era de alguém incrédulo. “Eu poderia ter me machucado? Você se
machucou, Calla. O maldito te bateu e você está preocupada comigo?”
“Bem, Sim... isso e o bar cheio de pessoas que ele ameaçou atirar.” Logo que eu
disse essas palavras, eu percebi que elas não importavam. Isso, provavelmente, só ajudou
a provocá-lo mais. Me afastando, eu sentei na cama. “Eu estou bem, Jax. Sério.”
“Você teve de morder uma pessoa. Você tinha sua boca na pele de algum imbecil
e teve de morder para se defender. Como isso te faz ficar bem?”
Seu maxilar tremia enquanto ele andava para frente e se ajoelhava na minha
frente. “Eu prometi que você não iria se machucar.”
“Jax...”
“E você se machucou.” Suas mãos se fecharam na parte de trás dos meus joelhos
e ele os afastou enquanto se inclinava. Ele estava encarando meu braço, e meu olhar
352
seguiu o seu. Havia um hematoma ali também. “Eu não estou bem com isso. Isso fode com
minha cabeça" apenas o suficiente. Eu estive nessa situação antes.”
Eu não peguei logo de cara o que ele estava dizendo e quando finalmente entendi,
eu balancei minha cabeça. “Não é a mesma coisa que foi com sua irmã.”
“Você sabe disso, certo? Eu não sou sua responsabilidade. Não assim,” eu insisti.
“Assim como Jena não era.”
Eu o ignorei. “Mesmo se você estivesse em casa, Jax, não haveria nenhuma dúvida
envolvida.”
“Não.” Eu não ia parar agora. “Ela teria tido uma overdose mesmo se você
estivesse no cômodo ao lado. Você estar lá não teria mudado o resultado. De um jeito ou
de outro, ela teria encontrado seu caminho.”
“Porque eu vivi isso também.” Eu segurei seu olhar. “Não tinha nada que eu
pudesse fazer para alterar o caminho da minha Mãe e eu tentei. Eu tentei um milhão de
vezes. Você sabe lá no fundo que seria o mesmo com a sua irmã.”
Alguns minutos se passaram até que ouvi um suspiro profundo vindo dele. “Eu
não sei, Calla. Isso... Sim, é difícil realmente aceitar.”
“Eu sei.” Oh Deus, eu sabia, e eu também sabia que não tinha muito que eu
pudesse dizer para mudar qualquer tipo de culpa que Jax carregava. Era algo que poderia
levar muito tempo e ele teria que encontrar por conta própria.
353
“Eu acho que você vai precisar ficar aqui por alguns dias,” ele disse depois de um
momento.
“Não foi isso que quis dizer, babe.” Seus dedos passaram pelas marcas acima do
meu cotovelo. “Ficar longe do bar até... bem, até que isso se acalme.”
“O que?” Eu puxei meu braço e seu queixo levantou, seus olhos de volta aos meus.
“Eu não vou me esconder nessa casa ou em qualquer lugar. E não é porque eu não entendo
o que está acontecendo, mas é porque eu preciso do dinheiro.”
Suas mãos se fecharam na parte de trás dos meus joelhos novamente. “Calla...”
“Eu realmente preciso do dinheiro. Eu tenho mais de cem mil em débitos, Jax. Eu
não estou fazendo muito dinheiro, mas eu estou conseguindo algo. Eu não posso me dar
ao luxo de relaxar no Programa de Realocação do Jax.”
Ele riu um pouco, mas não todo, a raiva passou em sua expressão. “Eu gosto de
como isso soa.”
“Tenho certeza que sim,” Eu retruquei, secamente. “Eu só... eu preciso ser mais
cuidadosa, mais atenta ao meu redor. Quero dizer, eu tenho certeza que Mo pareceria
inofensivo no bar. Eu preciso prestar mais atenção.”
Eu comecei a negar mas imaginei que não havia propósito. Um pouco da raiva
ainda estava em seu rosto e eu me lembrei do olhar quase assassino em seus olhos mais
cedo no bar.
Enquanto eu o observava, algo mudou em seus olhos. A cor ainda era escura, mas
era mais quente, bem mais. Estava tarde. Ou cedo. Dependia de quem olhava. E ainda havia
muito que precisávamos conversar, começando por Aimee com um ‘i’ e dois ‘es’ e o seu
‘você precisa confiar em mim’, a solução para ela toda em cima dele como se fosse um
pedaço suculento de carne.
354
Sim, nós realmente precisávamos falar sobre isso.
Mas enquanto ele me encarava, eu podia dizer o que ele estava pensando" eu
podia sentir o que ele estava pensando. E depois de quase ser raptada e finalmente ter me
aberto para Avery e Teresa, a última coisa que eu queria fazer as quatro da manhã era
falar sobre Aimee, suas mãos bobas e como elas me faziam querer me transformar em um
canguru raivoso e chutar sua cabeça fora de seus ombros.
Eu precisava falar com ele. Era algo sério e ele estava certo, haveriam algumas
milhas entre nós no outono, e eu precisava confiar nele.
E eu confiava.
Meio.
Mas meu corpo fez um sinal contente quando as mãos de Jax se moveram para
minhas coxas, alcançando a barra dos meus shorts. Um lado de seus lábios rapidamente
se curvou para cima, naquele seu meio sorriso sexy.
Okay.
Sem dar uma chance para meu cérebro argumentar que isso era uma má ideia e
que eu iria estar jogando todo meu poder feminino ou qualquer merda do tipo fora por
um bow-chick-a-wow, eu peguei a lateral da sua camiseta e a puxei para cima. Sem
palavras, Jax se afastou e levantou seus braços. Sem perder tempo, ele estava sem camisa
e minhas mãos estavam em seu peitoral duro, e mais uma vez eu me perguntava como
passei tanto tempo sem saber como o peitoral de um homem" o peitoral de Jax" parecia
abaixo dos meus dedos.
355
Suas mãos deslizaram pela minha lateral, pegando a barra da minha blusa e,
então, ele tinha conseguido tirar ela. Eu estava nua da cintura para cima e o ar frio passava
por minha pele quente enquanto Jax se levantava, colocando suas mãos em meus ombros.
Ele beijou o canto dos meus lábios gentilmente e sua boca viajou sobre o hematoma em
meu maxilar enquanto ele me deitava de costas. Os pêlos em seu peito pinicavam o meu
enquanto sua boca deslizava pela minha garganta. Minhas mãos pararam em seus braços,
sentindo os músculos flexionados em seus bíceps enquanto ele se levantava.
Então seus lábios estavam na ponta dos meus seios e meu corpo estava vivo.
Minhas costas arqueadas e minha boca aberta em um ganido.
“Você é tão sensível,” ele disse contra meu seio. “Faz te deixar excitada e pronta
tão mais fácil.”
Jax riu. “Só você quer se desculpar por isso.” Então ele passou sua língua sobre a
ponta enrijecida e minhas unhas enterraram em sua pele. Ele mudou seu peso de um
braço para o outro e, então, sua mão estava em volta do meu outro seio, e isso virou meu
local feliz, especialmente quando eu podia senti-lo duro pressionando contra minha coxa.
Sensações corriam pelas minhas veias enquanto sua mão esquerda deixava meu
seio e descia pela minha barriga. Sua mão parou logo abaixo meu umbigo e deslizou abaixo
dos meus shorts. Eu gemi enquanto ele sugava profundamente, como se ele pudesse me
retirar do meu próprio corpo.
Ele beliscou a pele sensível e se levantou, rolando para longe de mim enquanto
ele se sentava e tirava meu shorts e minha calcinha. Assim que eles se foram, suas roupas
acompanharam. Ele desapareceu e voltou logo em seguida, com um pacotinho de alumínio
em sua mão. Uma vez que tinha se protegido e seu corpo estava sobre o meu novamente,
ele começou tudo de novo, beijando o canto do meu lábio gentilmente, movendo sobre o
machucado no meu maxilar e para baixo, para meu seio esquerdo e, então para o direito.
356
“Merda.” Sua voz era grossa e profunda enquanto seu quadril estava sobre o meu,
e eu abri minhas pernas, o convidando, o querendo.
Quando ele começou a se afastar, eu sabia que ele queria ir devagar, me deixar a
beira da loucura, mas eu não iria aceitar isso.
Uma de suas sobrancelhas levantou. “Ser paciente vai valer a pena, babe.”
Ele riu, mas sua risada terminou com um gemido quando eu alcancei entre nós,
passando minha mão na base de seu pênis. “Merda, babe, você realmente está impaciente
hoje a noite.”
Meus dedos envolveram ele enquanto seu quadril se afastava, me dando uma
visão privilegiada daqueles músculos sexys de cada lado do seu quadril. “Talvez um
pouco.”
Uma de suas mãos passou pelo meu quadril, pela minha coxa enquanto ele me
levantava, eu o guiei exatamente para onde eu o queria. Sua ponta pressionada e alinhada
com meu núcleo. Eu movi minhas mãos, passando um braço em volta de seu pescoço.
Tão forte quanto ele era, ele me segurou. Seu sorriso ficou convencido.
“Jax” eu sussurrei.
Posicionado, ele deslizou para dentro talvez um centímetro enquanto ele baixava
sua boca até que estivesse próxima a minha. “Você quer isso?”
“Oh? É?” Ele passou seu dedão sobre meu seio e, quando segurou meu mamilo
entre seus dedos, eu gemi a sensação de prazer.
“Não sei como eu me sinto sobre você dizendo que a pergunta é idiota.” Baixando
sua cabeça, ele fez um caminho de beijos pelo meu ombro enquanto continuava a beliscar
357
meu mamilo até que meus seios estivessem pesados e inchados. “Ainda é uma pergunta
idiota?”
“Sim,” eu forcei a me soltar até que estivesse com uma perna livre. Eu passei elas
em volta do seu quadril e o puxei enquanto empurrava meu próprio quadril para cima.
Ar escapou por entre seus dentes enquanto ele afundava, direto para o centro. A
sensação dele me preenchendo era algo que eu nunca iria esquecer. “Babe,” ele gemeu.
“Eu acho que você está precisando de mim.”
E eu estava.
E ele não estava se movendo. Nope. O cara tinha um auto controle infinito. Ele
estava completamente imóvel, profundamente em mim, e eu estava completamente sem
paciência. Eu investi meu quadril contra ele e nós gememos juntos.
“Deus, você realmente quer isso agora.” Ele beijou onde podia sentir meu pulso.
“Você está pedindo.”
Jax baixou sua cabeça, passando sua língua pelo centro dos meus lábios até que
eu os abrisse para ele. Ele me beijou profundamente, ainda consciente do corte em meu
lábio e, então, levantou sua cabeça. “Você está comigo?”
Lembrando que ele havia dito isso antes, na nossa primeira vez, eu concordei e
sussurrei. “Sim.”
Antes que eu pudesse questionar isso, ele quebrou o aperto das minhas pernas e
saiu. Meu gemido de protesto foi perdido quando ele pegou meus lábios e me virou de
costas.
Eu congelei.
Meu cabelo tinha sido jogado sobre meu ombro e minhas costas estava
completamente exposta para ele, a pior parte de mim, e ele tinha visto antes, mas agora
era diferente. Eu comecei a me mexer, tentando me virar, mas ele segurou meu quadril e
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me levantou de joelhos. Sua frente estava pressionada contra minhas costas e eu estava
em pânico, misturado com outras emoções.
“Jax...” eu perdi a habilidade de falar quando ele investiu em mim por trás.
Sentir ele assim era diferente, mais cheio e apertado. Eu estava apoiada nos meus
joelhos e mãos e ele estava enterrado em mim. Eu não conseguia respirar. A sensação era
tão intensa, esmagadora e poderosa.
“Oh meu Deus,” eu sussurrei. Eu não sabia muito sobre sexo e todas as vezes que
eu tinha feito com ele, eu tinha sido surpreendida, mas eu não sabia que eu poderia sentir
assim.
Os sons de aprovação vindos dele passaram por mim e ele colocou um braço em
volta da minha cintura, selando seu corpo com o meu. Então sua mão foi para entre minhas
pernas, seu dedão pressionando contra meu centro e foi simplesmente muito de tudo.
Meu corpo tremia enquanto o prazer aumentava tão rapidamente que me fazia sentir
tonta, enquanto ele investia contra mim, e meus movimentos ficaram frenéticos enquanto
eu empurrava contra ele.
359
Contra meu pescoço, ele grunhiu. “Nunca foi assim. Não com ninguém. Só com
você.”
Eu cheguei a beira nesse momento. Meu corpo contraiu no seu, meus braços,
minhas pernas e cada parte de mim enquanto eu jogava a cabeça para trás e gemia. A
pressão dentro de mim explodiu, serpenteando por mim enquanto ele gemia com cada
investida poderosa. Meus braços cederam. Minha bochecha estava contra a cama e ele
continuou a me levar por trás enquanto tinha um braço em volta da minha perna,
levantando-a e atingindo cada parte de mim.
A sensação, os sons que ele fazia, nossos corpos, isso me atingiu novamente e
dessa vez eu gritei seu nome e, quando ele entrou em mim mais profundamente que antes,
seus gemidos eram pesados e sensuais na minha orelha enquanto ele gozava.
Só assim ele acalmou, seu corpo parecendo deslizar por conta própria enquanto
ele trabalhava sua liberação e, os espasmos que vinham depois ainda me surpreenderam.
Eu não sabia quanto tempo tinha se passado com ele se movendo dentro de mim
antes que parasse, saísse e levantasse para lidar com a camisinha. Eu não me movi. Isso
estava além da minha capacidade. Meus músculos eram gelatina. Eu estava exatamente
onde ele me deixou quando ele voltou para cama e eu não era nada enquanto ele me
colocava debaixo das cobertas ou quando ele me rolou de lado, colocando meu corpo
contra o dele.
360
Ele beijou a parte de trás do meu ombro. “Você gostou disso.”
Não era uma pergunta, não do jeito que ele disso, mas eu murmurei novamente.
“Mmm-hmm”
A risada de Jax arrepiou meu pescoço enquanto ele me puxava mais para perto
dele, para que não houvesse espaço entre nós. “Você ainda está comigo?”
361
Capítulo Vinte e Sete
Jogada na cama com minha barriga para baixo, com um braço enfiado por baixo
do travesseiro, com minha bochecha descansando sobre ele e o outro braço sobrado ao
meu lado, eu vagarosamente acordei para sentir um toque, como uma pena, trilhando
sobre meu quadril até a curva das minhas costas.
Eu me movi, pisquei, abrindo meus olhos e fui imediatamente cegada pela luz do
sol que entrava no quarto. Gemendo, eu fechei meus olhos e tentei me cobrir. Meus ossos
não pareciam estar presos a nenhum dos meus músculos e, de alguma forma, essa era uma
sensação prazerosa. Assim como a leve pressão traçando minha pele.
Meu corpo ainda parecia cansado, mas da melhor maneira possível. Tanto que...
Tudo que eu vi quando meus olhos se ajustaram a luz foram as portas do armário
de Jax e eu imaginei que ele era o responsável pelo que eu podia sentir como se fosse um
desenho sendo feito na minha bunda, a não ser que algum artista tivesse subido na cama
comigo.
362
certeza que tinha umas linhas estranhas feitas pelo lençol bagunçado na minha pele e isso,
a cima de tudo, não seria sexy. Como se eu fosse totalmente o oposto de sexy agora.
“Não.”
Eu encarei o armário, considerando fingir que eu ainda estava dormindo mas tive
que abandonar essa ideia porque era idiota, então eu resolvi brincar de ser a idiota. “Não
o que?”
A mão de Jax segurou meu quadril nu. “Não esconda. Eu sei que você estava se
preparando para fugir. Não.”
Uh.
“É serio. Sua bunda é extremamente linda, babe.” Ele continuou, e meus cílios
levantaram enquanto minhas sobrancelhas franziam. “Você é uma das mulheres que
somente nasceram com uma boa bunda. Nenhum tipo de exercício pode criar uma bunda
assim.”
“Você está certo,” eu disse depois de uns segundos. “Eu acho que foram os Big
Macs e os tacos que criaram essa bunda.”
Jax riu profundamente e isso me fez sorrir, então eu senti suas pernas se
moverem sobre as minhas, seguida por seu cumprimento duro e quente pressionado
sobre minha bunda. “Então nunca pare de comer esses Big Macs e tacos.”
“Eu posso fazer isso, “ eu disse com a voz tremula. “Comer Big Macs e tacos.”
363
Ele colocou um beijo no meu ombro enquanto seu joelho separava minhas coxas
e sua mão deslizava entre nossos corpos. “Nós devemos estar saindo logo.”
Sua risada dançou sobre meu ombro. “São quase dez. eu não tenho ideia de que
horas seus amigos vão chegar.”
“Nós temos tempo,” eu disse a ele quando realmente não tinha certeza se
tínhamos ou não.
A mão de Jax foi parar entre minhas pernas e meu quadril levantou quando seus
dedos encontraram minha umidade. “Merda, querida, você é insaciável. Eu amo isso.”
Oh, meu coração fez uma pequena dança feliz quando ele usou a palavra amor
mesmo que isso não significasse nada.
Sua mão desapareceu e eu esperei que ele saísse de mim e fosse pegar uma
camisinha, mas ele não se moveu e, depois de uns segundos, eu comecei a sentir aqueles
arabescos novamente. Me apoiando em meu cotovelo, eu olhei para ele sobre meu ombro.
Eu sabia pelo jeito que ele tinha perguntado que era algo genuíno e, por alguma
razão, isso criou uma bola em minha garganta. Meus braços se moveram e eu voltei a
descansar minha bochecha no travesseiro. “É feio,” eu sussurrei.
Jax estava quieto enquanto ele tirava algumas mechas de cabelo das minhas
costas. “Você quer saber o que eu vejo quando olho para suas costas?”
364
“Não, querida.” Ele inalou profundamente. “Eu vou ser honesto, okay? Eu não vou
ficar sentado aqui e te dizer que o que eu vejo é algo fácil.”
“Mas não é pela razão que você acha,” ele continuou e eu senti, senti sua mão
sobre a pior parte nas minhas costas e meu corpo todo pareceu reagir ao toque, mas eu
não podia ir a lugar nenhum porque ele estava praticamente deitado sobre mim. “Quando
eu vejo suas costas, o que eu penso é sobre a dor que você experimentou. Eu não sei
exatamente como isso é, mas eu tive estilhaços perfurando minha pele e eu tenho certeza
que isso não chega nem perto do que você sentiu. Mas quando a bomba acionou no
deserto, eu vi soldados" meus amigos" serem queimados vivos.”
Eu apertei meus olhos fechados, mas suas palavras dispararam imagens na minha
cabeça que eu não queria ver, mas precisava.
“E eu sei que não tem uma dose de analgésicos que pode realmente amortizar o
tipo de dor que essas queimaduras fizeram e você sobreviveu a isso. Isso é o que eu penso
quando eu as vejo. Também penso sobre como essas malditas cicatrizes moldaram sua
vida. Como elas te derrotaram e ainda assim você é uma das meninas mais lindas que eu
já vi e essas cicatrizes não mudam isso. Elas não são nada comparadas com seu sorriso,
com seus olhos azuis ou com sua linda bunda.”
Oh meu Deus.
E ele não tinha terminado. “Você sabe o que mais eu vejo? Um lembrete físico de
quão forte você é Calla, o quão corajosa você é. Isso é o que eu vejo quando olho para suas
costas. Um mapa de braveza, de força e de coragem.”
Oh meu Deus.
“E essa merda não é feia.” Ele baixou sua voz até virar um sussurro.
Eu me virei, me apoiando em meus cotovelos e olhei sobre meu ombro para ele
novamente. Seu rosto estava embaçado. “Jax...”
365
“Essa merda é linda em seu jeito único, mas ainda assim linda.”
Eu queria dizer mais e eu iria chorar mais, e era uma coisa boa que seu telefone
começou a tocar porque eu estava a segundos de dizer a ele que o amava e que queria ter
seus bebês. Não ter seus bebês agora, mas depois, mas eu imaginava que era cedo demais
para dizer uma coisa dessas, mas por Deus, eu o amava.
Jax ignorou seu telefone enquanto me virava de costas. “Eu acho que você
entendeu,” Apoiando um braço no travesseiro, ele afastou as lágrimas com sua outra mão.
“Finalmente.”
A semente do entendimento esta lá, e era pequena e frágil, mas estava lá,
enterrada em meu estômago como uma que tinha acabado de desabrochar. Precisava de
amor e cuidado, mas eu estava começando a compreender.
Ele sorriu e disse, “Sim.” Então ele baixou sua cabeça, beijando minha bochecha
esquerda assim que seu telefone começou a tocar novamente. Ele se afastou, atirando um
olhar para o criado-mudo.
Jax não parecia que queria, mas com um palavrão, ele saiu de cima de mim e
pegou seu celular. Ele atendeu a chamada com um “O que?”
O tom em sua voz me fez ficar ansiosa e eu reagi. Me sentando, eu peguei o lençol
e cobri meus seios.
366
“O que está acontecendo?” Eu perguntei logo que ele abaixou o telefone.
Jax pegou seu jeans e roupa de baixo do chão. “Você precisa acordar e se vestir
querida.”
O seu tom dizia que não havia lugar para argumentar e eu sabia que algo tinha
acontecido, então fiz o que ele pediu. Eu joguei as cobertas pro lado e me levantei. Jax já
estava de jeans e logo estava na minha frente.
Fiquei sem ar quando eu vi o olhar que ele tinha. Oh não. Meu coração acelerou.
“É minha mãe, não é? Eles acharam seu co...”
“Não, querida. Não é sua mãe.” Ele segurou minhas bochechas, seus olhos
procurando os meus. “É Clyde. E é serio. Ele teve um ataque cardíaco.”
Uma das razões que eu queria ser uma enfermeira era porque eu odiava hospitais.
Eles eram o centro de memórias de perdas, dor e desespero e de um modo, me tornar uma
enfermeira era um jeito de superar esse medo. Mas mesmo por razões óbvias, eu não
estava pensando na minha futura carreira e eu odiava eles ainda mais hoje que eu tinha
em muito tempo, porque eu estava a beira de ter mais uma memória horrível atrelada a
um hospital.
O lugar estava vazio com a exceção de Jax e eu, e eu estava grata por isso porque
eu mal estava me contendo. Quando Teresa ligou dizendo que estava a cinco minutos da
casa de Jax, eu tinha esquecido totalmente deles. Uma vez que expliquei o que aconteceu,
ela disse imediatamente que iria para o Hospital Montgomery, mas eu disse para eles não
virem e que eu os manteria informado. Primeiro, eu queria que eles aproveitassem o dia
em Philly e, depois, eu iria perder a calma se eles estivessem aqui.
367
Agora eu encarava o quarto branco e estéril com cadeiras marrons e sofás. Tudo
que eu sabia que que ele tinha tido um ataque cardíaco e que era feio. Clyde estava na
cirurgia. Era isso.
“Não posso.” Eu passei pela fila de cadeiras. “Quanto tempo mais você acha que
vai levar?”
Ele se inclinou para frente, apoiando seus braços em suas coxas. “Não sei. Esse
tipo de coisa pode levar muito tempo.”
Concordando, eu cruzei meus braços sobre meu peito e continuei andando. “Eu
sabia que havia algo de errado com ele, especialmente noite passada. Ele estava
esfregando muito seu peito, ficando com o rosto vermelho ou extremamente pálido. E ele
estava suando...”
“Calla, você não sabia. Nenhum de nós sabia. Você não pode se culpar por isso.”
Ele tinha um bom ponto, mas eu tinha visto o jeito que Clyde estava noite passada
quando ele apareceu e correu para cima do sequestrador. Eu balancei minha cabeça
enquanto a raiva crescia dentro de mim como uma sombra na noite. “Foda-se ela,” eu
suspirei.
Jax se endireitou.
Eu olhei para ele por um momento então desviei o olhar. “Eu sei que ele deveria
estar muito estressado por causa do bar e por causa dela estar desaparecida. Inferno, você
está estressado! Você esteve cuidando do bar por ela e pelo que? Gorjetas e pagamento
mínimo?”
Uma expressão estranha apareceu em seu rosto enquanto ele esfregava a mão em
seu maxilar.
“Eu quase fui sequestrada ontem a noite por causa dela e Clyde estava lá. Ele não
precisa desse tipo de stress. O que isso fez com ele?” Eu parei, descruzando meus braços
e apertando minhas mãos em punhos. A raiva tinha virado veneno em meu sangue
enquanto eu dizia. “Eu odeio ela.”
368
Jax piscou. “Babe...”
Perdi a respiração. “Eu sei que não devia mas não consigo evitar. Olhe o que ela
fez com tudo mundo. E pelo que? Eu sei que sua vida foi difícil porque eu a vivi! Eu estava
ao seu lado, Jax! Eu vivi isso também, mas eu...”
“Nós provavelmente não estaríamos aqui hoje. Você sabe disso, certo?” ele disse
com a voz baixa. “Ela nos deu isso.”
Eu fechei minha boca, meus ombros tensos. Eu encarei seus olhos e tive que
desviar o olhar. A queimação em meu peito doía. E tão rápido quanto o veneno entrou nas
minhas veias, ele diminuiu e eu sussurrei. “Sim, ela nos deu isso.”
A verdade era que às vezes eu queria odiá-la, porque ai eu não me importaria com
o que acontecesse com ela e com o que ela tinha feito da sua vida. Eu não teria de me
preocupar com quais drogas ela estava usando. Eu não teria que me preocupar se ela tinha
um teto sobre a cabeça ou roupas limpas. Eu não teria que me preocupar e, merda,
importar dói.”
Uma emoção crua esteve ali por tanto tempo antes de hoje, dessa semana ou até
mesmo desse ano, começou a crescer em mim, e eu comecei a tentar controlá-la. Eu
precisava focar em outra coisa. “Por que eles te ligaram?”
O que significava que eu não era. Eu não era o contato do homem que ajudou a
me criar. Era burrice me sentir culpada sobre não ser o contato de emergência de Clyde,
mas eu sabia que se eu viesse mais aqui, eu estaria na posição de ser contatada. Me
assustava saber que isso poderia ter acontecido e ninguém teria me avisado.
369
minhas escolhas que praticamente acabaram o relacionamento com o homem que tinha
sido o único modelo na minha vida. Eu poderia ter mantido contato. Eu poderia estar por
perto. Porra. Talvez se eu tivesse, minha mãe teria achado mais difícil de me cortar. Quem
sabia? Mas eu tinha corrido na primeira chance que tive e eu sabia que Clyde não me
culpava por isso, mas ainda assim. Eu disse a mim mesma que odiava o bar, mas minhas
memórias mais felizes tinham sido ali. Eu mentia para mim mesma. Muito.
Meus joelhos estavam fracos, e eu não tinha ideia de como eu não cai de bunda no
chão. “Oh meu Deus.”
“Se eu não tivesse voltado aqui esse verão e se ele ainda tivesse esse ataque
cardíaco, eu não teria como saber.” Eu parei na frente dele. “Jax, eu nunca iria saber, e se
ele morresse? E se essa fosse a última oportunidade que eu teria de vê-lo?”
Sua expressão ficou tensa enquanto ele passava um braço em volta da minha
cintura e me puxava para seu colo. Sua outra mão foi para minha bochecha. “Querida, se
algo acontecesse com Clyde eu teria entrado em contato com você.”
Aquela expressão estava novamente em seu rosto, mas sua mão deslizou para
meu pescoço e ele guiou minha bochecha para seu peito. “Eu teria encontrado você,
querida, mas você está aqui e é isso que importa.”
Fungando, eu passei meus braços em volta dele e fiz algo que não tinha feito a
anos. Eu rezei, realmente rezei para que Clyde ficasse bem. E eu meio que me senti uma
paga pau por estar rezando, mas eu fiz mesmo assim.
Eu fiquei ali até que a porta se abriu, então me afastei., esperando ver o médico,
mas era Reece que entrou, usando seu uniforme. Ele estava trabalhando. Eu fiquei tensa e
370
ele deve ter visto isso em meu rosto e imediatamente correu para me tranquilizar. “Eu
soube sobre Clyde. Só queria saber se está tudo bem.”
“Ele está fazendo uma cirurgia,” eu disse a ele. “Eu não sei nada mais que isso.”
“Conhecendo Clyde há uns anos,” Reece disse depois que se sentou ao nosso lado.
“Ele é um homem forte. Ele vai passar por isso.”
Eu respirei, ainda sem certeza, e Jax passou sua mão pelas minhas costas.
“Obrigada.”
Reece não disse muito mais, mas ele se sentava como se estivesse planejando ficar
por um tempo, o que me deixou calma e aquecida. Quando a porta abriu novamente uns
dez minutos depois, eu vi Teresa passando pela porta, seguida dos meus amigos e meu
coração apertou.
Eu os encarei enquanto eles faziam seu caminho até onde eu estava. “O que vocês
estão fazendo aqui?”
“Nós tínhamos que vir,” Teresa disse, se sentando do outro lado. Ela se inclinou e
apertou meu braço. “Nós queríamos ter certeza que você estava bem.”
Cam e Avery ficaram na mesma posição que nós do outro lado as sala, ela em seu
colo descansando sua cabeça contra o peito dele. “Nenhum de nós se sentiu bem.”
“Nós queríamos estar aqui com você,” Jase disse, se sentando ao lado de Teresa.
371
Quando eu sussurrei isso para Jax, ele sussurrou de volta. “Eles também se
preocupam com você.”
E ele estava certo. Como sempre. E isso estava ficando meio irritante.
A porta se abriu novamente logo depois disso e meu estômago caiu quando eu vi
que era a médica. Eu comecei a me soltar, mas Jax me apertou ainda mais, e tudo que eu
era capaz de fazer era encarar o médico.
Seus olhos passaram pela sala de espera. “Vocês todos são da família?”
“Sim, nós somos todos da família,” Jax respondeu, sua mão em meu estômago.
“Como ele está?”
Ela andou para a pequena poltrona do outro lado onde estávamos sentados e
colocou suas mãos nos joelhos. “Ele sobreviveu a cirurgia.”
“Nós ainda não eliminamos todo o risco,” ela continuou dizendo e eu sabia pelos
meus anos de faculdade que as próximas coisas que ela iria dizer eram sérias. “Ele sofreu
um grande ataque por causa de vários bloqueios. Nós colocamos stents, porque
normalmente...”
Eles normalmente viam uma recuperação mais rápida naqueles que tinham
stents sobre os desvios. Enquanto a médica continuou, duas partes do meu cérebro
funcionavam independentes da outra" a clínica e a pessoal. Mas, além de tudo, Clyde tinha
sobrevivido a cirurgia e eu sabia que as coisas poderiam ficar muito piores nesse ponto,
mas ele tinha sobrevivido e isso era ótimo. Lágrimas de alivio se formaram em meus olhos.
“Ele está dormindo agora e provavelmente vai ficar assim pelo resto do dia e
agora, nós realmente precisamos deixar ele descansar” A médica levantou, sorrindo. “Se
tudo se acalmar amanhã, pelo menos um de vocês pode visitá-lo se ele estiver bem.”
372
Eu levantei e Jax não me parou. “Obrigada" muito obrigada.”
Seu fraco sorriso permaneceu. “Agora todos vocês deveriam ir para casa
descansar. Se algo mudar entre agora e amanhã, nós avisamos. Okay?”
Enquanto a médica saia, eu me virei e Teresa estava ali em pé. Ela passou seus
braços em volta de mim, e eu a abracei de volta. “Isso é bom,” ela disse. “Isso é muito bom.”
Piscando para afastar minhas lágrimas, eu concordei. “Eu sei. Clyde é forte. Ele
vai superar isso.” Fungando, eu me afastei e sorri para ela. Jax estava de pé ao meu lado e
ele pegou minha mão, entrelaçando seus dedos com os meus. Ele os apertou. “Obrigada,”
eu disse novamente, totalmente emocionada enquanto me virava para meus amigos.
“Obrigada.”
Avery sorriu em resposta e meus olhos caíram para sua cintura por alguma razão.
Eu não sei bem porque, mas eu vi que eles estavam sendo o casal tipicamente adorável do
mundo inteiro; sua pequena mão estava na de Cam, suas palmas pressionadas juntas e
seus dedos seguravam os dela.
373
Capítulo Vinte e Oito
Demorou até segunda a tarde para Clyde estar bem o suficiente para uma visita
rápida. Jax teve de ficar na sala de espera enquanto uma enfermeira jovem me guiava para
seu quarto.
Vê-lo deitado naquela cama estreita, sua grande forma parecendo tão frágil, e
coberto de tubos e fios me assustou.
Meus joelhos bateram juntos enquanto ele piscava vagarosamente e eu tive que
engolir a emoção que estava se formando em minha garganta. Eu me sentei na pequena
cadeira ao lado da sua cama. Alcançando-o, eu coloquei meus dedos sobre os seus. “Hey.”
“Eu quero que você fique melhor para quando minhas aulas voltarem e eu vier
para casa nos finais de semana, você faça tacos para mim,” eu disse a ele. “Okay?”
Preocupada que o ataque cardíaco tivesse afetado mais que seu coração, eu
concordei. “Sim, quando eu vier para casa, eu quero que você...” eu me cortei quando a
afiada faca do entendimento passou.
Casa.
374
E eu não tinha chamado aqui de casa em anos, porque não parecia isso desde que
minha mãe tinha se afundado e meu pai nos deixou. Minha boca abriu, sem palavras, mas
eu não sabia o que dizer. O mais estranho era que eu não tinha intenção de corrigir o que
eu tinha dito porque aqui... aqui era, de novo, minha casa.
Wow.
Aquele sorriso cansado soltou uma pequena risada que sumiu rapidamente.
“Menininha, eu nunca... pensei que ouviria... isso novamente.”
“Eu... eu nunca pensei que diria isso novamente.” Merda. Lágrimas estavam se
formando em meus olhos e eu me perguntava se esse seria o verão que eu começaria a
tomar Prozac39. “Mas isso...”
“É verdade.” Ele inalou profundamente e gemeu. “Isso é bom, menininha. É.. muito
bom.”
E eu não estava mentindo. Realmente era. Meu coração acelerou em meu peito
enquanto eu limpava minha bochecha com a parte de trás da minha mão.
“O que?” eu respondi.
Tive que respirar profundamente de novo e precisou de muito esforço dele para
virar sua mão. Ele apertou meu dedos novamente, com a pressão de uma criança, e isso
era difícil de se ver. “Sua mãe... ela te amava, menininha. Ela ainda ama. Você.. sabe disso,
certo?”
39
Medicamento anti depressivo.
375
Pressionando meus lábios juntos, eu concordei. Eu realmente sabia. Apesar de
todas as coisas ruins que ela fez, eu sabia que ela ainda me amava. Ela só precisava ficar
alta mais do que precisava do meu amor ou de mim. Era apenas a triste verdade sobre
alguém viciado em drogas.
Seu aperto relaxou e ele fechou seus olhos. Eu fiquei ali, sentada, por alguns
minutos. “Você precisa descansar. Eu volto mais tarde.”
Mas não houve resposta. Tio Clyde estava apagado e suas palavras me deixaram
confusa. O jeito que ele falou sobre Jax parecia que ele estava na minha vida por um longo
tempo quando ele não estava. Mas, novamente, Clyde estava tomando alguns analgésicos
bem fortes. Eu fiquei por mais alguns minutos, vendo seu peito subir e descer, garantindo
para mim mesma que ele estava vivo e que ele iria ficar bem. Eu dei um beijo em sua
bochecha e sai do quarto.
Detetive Anders estava apoiado contra a parede, esperando por mim. Eu não
podia evitar a tensão que se formou em mim quando o vi.
“Hey,” eu disse, diminuindo meu passo. Eu olhei para as janelas da sala de espera.
Ela estava vazia.
“Jax desceu para pegar uma bebida naquelas máquinas,” Detetive Anders
explicou. “Ele deve voltar logo. Eu disse a ele que esperaria por você. Eu liguei para seu
celular e quando ninguém atendeu, eu liguei para Jax.”
376
nisso. O homem realmente usava um terno. Desviando o olhar, eu queria me dar um chute
na boca. “Eu deixei meu celular em seu carro.”
“Ele é um cara valente. Eu tenho que acreditar que ele vai superar isso também.”
Colton? Seu nome era Colton? Eu passei minha vida toda sem conhecer outra
pessoa com esse nome e era um nome que realmente combinava com ele, um nome áspero
e sexy. “Colton, você estava apenas se atualizando sobre Clyde ou...”
“Um pouco disso, e eu queria falar com você e te dizer que ainda estamos
trabalhando em tudo.”
Um olhar de piedade passou em seu rosto. “Não, Calla, realmente não tem noticia
nenhuma agora. Nós não fomos capazes de localizar ninguém que entra na descrição que
você nos deu, nem nos registros criminais, e Mack ainda está fora do radar, mas isso é uma
boa coisa. A última parte, pelo menos.”
Ele olhou ao redor, então indicou a sala de espera com um movimento do seu
queixo. “Vamos falar lá dentro.”
Ruh-roh.
377
nenhuma surpresa aqui, e mesmo que ele mantenha suas mãos limpas, nós sabemos que
essas mãos estão sobre tudo isso. Você me entende?”
“Ele não gosta de bagunça ou peças soltas. Mack é exatamente essas duas coisas
e ele está trazendo tudo pro colo de Isaiah, além do que ele não está feliz pelo
desaparecimento das drogas,” ele explicou, seus olhos fixos em mim. “Mack está no meio
dessas duas pontas com Isaiah. Ele está no mesmo barco que...”
Ele não quebrou o contato do seu olhar. “Sim. Eu odeio dizer isso para você, mas
sim.”
Passando minha mão sobre meus jeans, eu suspirei. Não havia nada que eu
pudesse dizer. Nada.
“Se você tiver noticias da sua mãe, você precisa nos avisar,” ele continuou. “Eu sei
que isso vai ser difícil mas não é seguro para ela. Nós somos o melhor de dois demônios.
Você entendeu o que quero dizer?”
Sem saber se poderia fazer isso, entregar minha mãe para a polícia, eu desviei
meu olhar. Eu sabia que era a coisa certa a fazer caso minha mãe aparecesse e mesmo que
eu quisesse dizer que poderia, seria diferente se isso viesse a acontecer.
Detetive Anders levantou e eu imaginei que a conversa tinha acabado. Ele parou
na porta, virando sua cabeça. “Você tem uma boa coisa acontecendo aqui, certo?”
Pensando que era algo estranho para ele dizer, tudo que fiz foi concordar.
“Então pense com carinho no que te disse, Calla. Eu sei que ela é seu sangue. Eu
sei que você a ama. E eu sei que essas coisas são difíceis, mas não deixe que ela tire as
coisas boas de você.”
As palavras do Detetive Anders ficaram comigo pelo resto da tarde, até a noite.
Eu tentei não pensar sobre quando Jax e eu saímos para jantar em um pequeno
378
restaurante na cidade ou enquanto descansamos em sua sala. Era muito para se lidar"
tudo" e era exaustivo, tanto mental quanto emocionalmente.
Da onde Jax estava sentado, ele se inclinou para frente e colocou suas mãos em
meu quadril enquanto eu passava por ele, para me sentar ao seu lado. Aparentemente isso
não ia acontecer. “Eu acho que vou pular a despedida de solteiro do Dennis.”
Deus, eu tinha esquecido totalmente que era amanhã a noite. “Por que?”
Um ombro levantou enquanto ele passava suas mãos em meu quadril. “Com tudo
que aconteceu com Clyde e com você, eu acho que a última coisa que preciso é ficar
sentado em um clube de strip.”
“Eu tenho certeza que com tudo que aconteceu, você poderia aproveitar o
descanso. Só não vá para um dos quartos privados,” eu brinquei.
“Totes-ma-goats.”
Ele piscou. “Eu não acho que isso é algo que você tem o poder de decidir.”
“Se eu ficar atrás do bar, eu acho que ficarei bem. Além do mais, Nick vai estar lá.
E você já fez ele vir na quinta para te cobrir. Nós ficaremos bem.”
Eu suspirei. “Jax.”
379
Com um sorriso pervertido em seus lábios, ele me puxou para seu colo e eu fui
com ele, montada em suas coxas. Eu gostava disso. Muito. Mas ele não iria me distrair. “Vá.
Okay. Eu ficarei no bar e você pode ir me pegar antes de fecharmos. Eu vou ficar bem.”
Ele apoiou suas costas no sofá. “Mas e se eu quiser levar uma garota para casa
comigo?”
“Eu não sei nada sobre isso. Do jeito que Katie fala, aquelas meninas passam
muito óleo. Você pode não conseguir segurar em nenhuma delas.”
Ele balançou sua cabeça. “Essa seria uma pausa para ir ao banheiro para mim.”
Passando seus braços em volta do meu quadril, ele abriu suas pernas e eu deslizei
ainda mais contra ele. “Não é isso. É porque ela é Katie... e eu não quero vê-la daquele
jeito.”
Eu sorri e esperava que ela se vestisse de fada novamente. “Então você vai?”
Uma mão traçou a linha da minha coluna, se enrolou em meu cabelo e, então,
guiou minha cabeça para seus lábios. “Eu vou.”
“Bom.”
Ele mordeu meu lábio inferior. “Você é, provavelmente, a única menina no mundo
que diz ‘bom’ para o fato que seu homem vai em um clube de strip.”
Meu homem? Eu fiquei meio surpresa por essa frase então eu não apontei o fato
que muitas meninas não ligavam para clubes de strip, porque nesse momento, ele estava
me beijando, vagarosamente.
Quando sua boca deixou a minha, seus lábios passaram para a curva do meu
maxilar. O hematoma da tentativa de sequestro já tinha começado a sumir, mas ele
colocou um beijo ali e meu coração fez uma pequena dança.
380
Eu me aconcheguei em seus braços enquanto ele ia passando pelos canais da TV
e não demorou muito para que meus olhos se fechassem. Eu fui levada pelo movimento
constante da sua mão passando pela minha coluna. Era estranho. Eu nunca pensei que
deixaria alguém me tocar, mesmo se estivesse usando roupas e ali estava eu, confortada
por um carinho que me faria fugir não muito tempo atrás.
Uma vez que ele tinha parado em um jogo de baseball, ele largou o controle e sua
mão terminou no meu cabelo. “Reece ligou mais cedo, quando você estava no computador
vendo as coisas para a faculdade.”
Meus olhos abriram, mas eu não me movi. Eu estava meio desconexa, preguiçosa
demais para esse tipo de esforço. “O que ele queria?”
“Apenas atualizando sobre Mack. Reece e Colton realmente acham que ele sumiu,
especialmente desde que eles tão forte em cima de Isaiah, o que não vai ser bom para
Mack.” Ele disse enquanto brincava com meu cabelo.
“Sim, Detetive Anders disse algo do tipo ontem quando falou comigo.” Minha mão
estava em seu peito então eu comecei a desenhar um circulo imaginário com meu dedo.
“É só que é uma loucura. É como se todos soubessem que a culpa é de Isaiah mas ninguém
faz nada.”
“Eles não podem, querida. Isaiah é esperto. Ele limpa tudo depois e nada leva de
volta a ele. É por isso que ele não está feliz com Mack. Ele pisou na bola, com essa situação
da sua mãe e Rooster, obviamente derrubou Rooster-“
Jax passou meu cabelo sobre meu ombro. “Eu não acho. Ele é mais limpo que isso.
E, ele é esperto. Ele não deixaria um corpo em sua varanda no meio do dia. Ele é mais
como a pessoa que levaria para um mergulho no cimento.”
“Tão bem quanto eu quero e nada mais.” Sua mão estava parada na curva das
minhas costas e ali ficou. “Ele esteve no Mona’s algumas vezes. Eu acho que ele estava
analisando o lugar.”
381
“Isso é meio assustador.”
“Esse é Isaiah.” Ele me deu uns tapinhas nas costas. “De qualquer modo, se Mack
desapareceu, há uma boa chance que você está livre dessa merda.”
Foi isso que Detetive Anders tinha dito mas realmente não me fazia sentir como
se eu devesse parar de me preocupar. “Eles encontraram Ike?”
“Nope.”
“Eu não sei. O tipo de vida que essas pessoas levam, não é incomum elas
desaparecerem. Pode não ter nada a ver com isso.”
Eu esperava. Bem, eu esperava que quem quer que esse Ike fosse, ele não estava
desaparecido de um jeito ruim. Eu não o conhecia, nunca o tinha visto, mas ainda assim
ele era humano.
“Eu tenho pensado,” ele disse enquanto gentilmente desembaraçava seus dedos
do meu cabelo. “Quando você voltar para Shepherd, você vai ficar no dormitório, certo?”
Eu concordei. “Eu vou ficar no Printz esse ano. Bom, era o que eu tinha sido
aprovada. Eu acho que ainda vou ficar, mas Printz é um dormitório com dois ou três
quartos por apartamento.”
“Então, privacidade?”
Eu mordi meu lábio, mas isso não me fez parar de sorrir. “Vamos?”
“Querida, eu não quero ficar nu com você em uma cama com uma menina
qualquer a alguns metros de distância de nós.”
382
“Se eu manter meus horários assim, eu posso ir no sábado e ficar com você alguns
dias.” Ele pegou uma mecha do meu cabelo e a colocou para trás. “E, talvez, quando seus
horários na escola não estiverem tão pesados, você pode vir no final de semana.”
Eu ri e ele sorriu. “Eu posso fazer isso.” Seu sorriso virou algo genuíno e eu disse.
“Eu acho que você gosta de mim, Jackson James.”
Eu dei um tapinha em seu peito e ele riu. “Não. Eu acho que você realmente gosta
de mim.”
“Que seja.”
Ele beijou o canto do meu lábio. “É uma boa coisa você ter uma bunda tão linda.”
Eu bati em seu abdômen dessa vez, mas então ele pegou meu pulso e levantou
minha mão para sua boca. Ele beijou o centro da minha palma. “Sim, babe, eu realmente
gosto de você.”
Meus olhos ficaram presos nos seus. “Eu realmente gosto de você também.”
“Convencido.”
“Confiante.”
A conversa foi terminando enquanto ele voltava sua atenção para o jogo de
baseball e eu relaxava completamente, enrolada em seus braços. Eu nunca pensei que
teria isso com alguém, especialmente com alguém tão incrível quanto Jax.
383
E de um jeito estranho, eu tinha que agradecer a minha mãe por isso.
Não demorou muito para que eu pegasse no sono daquele jeito e quando ele
estava pronto para ir para cama, ele simplesmente desligou a TV, me puxou mais para
perto e levantou.
Eu gostava do som disso e era algo bom, ele fazer isso. Enquanto eu passava um
braço em volta do seu pescoço e fechava meus olhos, eu me permiti ser uma total manteiga
derretida enquanto meu interior se derretia também.
Os lábios de Jax passavam pela parte de trás do meu pescoço e antes que eu
voltasse a terra dos sonhos, eu o ouvi dizer por razão nenhuma, “Você é linda, babe.”
Quando eu acordei, eu sabia que havia algo diferente. Jax não estava trás de mim,
tão perto quanto possível. Eu rolei para seu lado, pegando um leve cheiro de seu perfume
e pisquei até que minha visão se adaptasse a escuridão.
Me levantando, eu olhei ao redor do quarto. Não havia nenhuma luz entrando pela
porta fechava do banheiro, mas a porta do quarto estava aberta. Isso era estranho para
meu cérebro sonolento. Eu não podia pensar sobre um dia em que dividimos sua cama
onde ele se levantou no meio da noite. Apesar que não estávamos dividindo a cama há
muito tempo.
384
Eu fiquei ali, sentada, por um momento enquanto minha mente voltava a
funcionar. Eu sabia que várias pessoas que estiveram em batalhas tinham problemas para
dormir e Jax disse que quando ele voltou, ele teve problemas. Preocupação me consumiu,
me acordando. Ele estaria tendo uma má noite? Desde que não estávamos dormindo
juntos a tanto tempo era possível que ele estivesse e eu não sabia.
Jogando as cobertas de lado, eu sai da cama. Sua camiseta terminava nas minhas
coxas enquanto eu saia pela porta do quarto aberta. E foi aí que ouvi sua voz.
“Agora não.”
Meu coração parou em meu peito" parou como se tivesse atingido uma parede de
tijolos. Essa era, definitivamente, uma voz feminina. Dentro da casa. As três da manhã.
Se Jax respondeu, eu não o ouvi, mas eu ouvi a menina novamente. “Eu estava fora
e eu senti sua falta, baby. Eu senti tanto sua falta.”
Então eu ouvi Jax, mas era apenas partes do que ele estava dizendo. “... agora não
é uma boa hora.. sem tempo... ligue antes, mas...”
Pelo que eu podia ouvir, era bem obvio. Ligue antes de vir, porque pode haver
alguém aqui. Um segundo depois, minha teoria foi confirmada.
385
“Tem alguém aqui?” A voz ficou mais alta.
Oh Deus...
Então eu ouvi Jax alto e em bom tom. “Mantenha sua voz baixa, Aimee.”
Aimee? A linda ex-miss com os dentes perfeitos, Aimee, que teve uma historia
com ele e que dava exames mamários de graça no bar? Talvez uma história não tão
distante assim?
“Essa é uma bolsa?” Aimee disse. “Mas que porra, Jax? Você tem alguém aqui.
Onde ela está? E ela sabe que da última vez que estive na cidade estivemos juntos? O que,
por sinal, não faz nem um mês?”
Meu estômago caiu nos meus pés. Um mês? Eu fiz uma pequena conta de quando
eu cheguei e agora e realmente, isso não ajudou em nada meu estômago voltar ao lugar.
“Merda, Aimee, faz mais de um mês,” Jax disse, sua voz mais alta também. “Olhe,
você sabe que eu me importo com você-“
Eu apertei meus olhos fechados. Há algumas horas trás, nós estávamos na cama,
e ele me segurava e eu me segurava nele e era lindo e a algumas horas antes disso ele tinha
me dito que realmente gostava de mim, e estávamos fazendo planos para quando eu
voltasse para Shepherd, mas agora Aimee com dois ‘es’ estava nessa casa e eles estiveram
juntos mês passado, e ele se importava com ela. Eu abri meus olhos. Eles não estavam
secos. A porta da frente ainda estava aberta.
Algo doía em meu peito, como uma dor física, e eu deixei o corrimão e pressionei
minha palma entre meus seios.
386
Então, Aimee estava no pé das escadas.
“Puta...” ela parou enquanto seus olhos arregalavam. “Não. Isso não está
acontecendo.”
Bem, Aimee e eu concordávamos com algo pela primeira vez, porque eu estava
pensando exatamente a mesma coisa.
“Você está com ela?” Sua voz estava mais aguda enquanto sua cabeça virava na
outra direção, e eu imaginava como ela podia ficar virando a cabeça assim como a menina
do Exorcista. “Sério? Calla Fritz?”
Eu tremi.
Jax apareceu na minha linha de visão. Sem camisa. Todos seus músculos expostos.
Por alguma razão isso me atingiu ainda mais forte. Ele estava semi nu com Aimee em sua
casa, que havia esse nível de intimidade entre eles. O que era bem estúpido porque eles
haviam fodido um ao outro como se fosse nada em algum momento, que não era há muito
tempo.
“Você precisa ir embora,” Jax disse, sem olhar para mim. “Agora.”
Aimee ignorou isso. Ela levantou seu fino e bronzeado braço e apontou para mim.
“Você deve estar brincando, certo? Ela? Quero dizer, eu sei que vocês homens gostam de
uma favelada de vez em quando mas sério?
Outro tiro direto no meu peito, mas cara, aquela pequena vagabunda me atingiu
como uma faísca em uma piscina de gasolina, e isso aconteceu.
387
Eu explodi.
388
Capítulo Vinte e Nove
“Mas que porra?” As palavras saíram de mim como um foguete e eu tinha descido
a escada e estava na frente de Aimee sem perceber. “Primeiro, eu não acho que alguém
usa a palavra favelada há muito tempo, mas provavelmente você saberia disso se você não
tentasse fritar seu cérebro com todo essa água oxigenada para chegar nessa cor.” Eu
peguei uma mecha de seu cabelo e ela deu um passo para trás. Eu avancei, ainda furiosa.
“Sim, o meu é natural. E segundo, eu já me cansei de você.”
Sua pele ficou um pouco mais pálida debaixo de todo o bronzeado e um tom de
vermelho percorreu seu rosto e seu pescoço. “Me desculpe. Lixo é uma palavra melhor
para você?”
Jax deve ter saído do seu estupor e pelo canto dos meus olhos eu podia vê-lo se
movendo para frente. “Já basta. Aimee, você-“
“Lixo?” Eu intervi, minhas mãos fechadas em punhos. Jax estava errado. Não era
nem um pouco suficiente. “Quem você acha que está chamando de lixo?”
Seu olhar passou por mim, do topo da minha cabeça até minhas pernas nuas. Ela
bufou. “Poderia ser a puta que está na minha frente vestindo nada mais que uma
camiseta?”
Seu maxilar estava cerrado, seus músculos tensos nas suas costas. “Se desculpe,
Aimee. Eu estou falando sério.”
Aimee deve ter sentido sua raiva, porque ela diminuiu um pouco, como uma
planta ofuscada por uma roseira. “Jax,” ela sussurrou.
389
Ouvindo ela sussurrar seu nome desse jeito, como se ela não acreditasse que ele
estava me defendendo, me mandou para a estratosfera. Eu não iria ficar de lado. Eu andei
para frente, chegando a Aimee pelo outro lado. “Você sabe o que? Você não precisa se
desculpar. Eu não preciso de sua maldita desculpa. O fato é que você gostaria de ser a
menina usando a camiseta dele e que estava dormindo na sua cama. Você está com inveja.”
Ela me atirou um olhar mortal, mas meu refletor de putas estava ligado. “Eu fuii
a menina, querida, e por muito mais tempo que você.”
Ouch.
Okay. Queimadura. Ela me pegou nessa. E minha raiva torcia, misturando com o
machucado que tinha se cortado fundo em meu peito. “Você sabe o que Aimee? Me chame
de lixo. Que seja. Eu não sou a menina que fica no bar toda noite se jogando para um cara
que está com outra. E eu não sou a menina que tem a ideia de uma vida sendo uma ‘ring
girl40’.Eu estou na faculdade. Serei uma enfermeira. Você sabe, fazendo coisas com a
minha vida. Então, sim, se isso me faz um lixo e uma puta? Eu estou bem orgulhosa disso.”
Ela riu secamente. “O que? Você acha que é especial para ele?” Antes que eu
pudesse responder, ela continuou. “Que você é a sua menina pro resto da vida?”
“Porque você não é,” ela retrucou. “Sua cama é como a estação de trem de Philly,
especialmente agora.”
Um pedaço atingiu meu peito. Eu... eu não sabia disso, e enquanto eu olhava para
Jax, não havia nada em seu rosto que negasse isso. Eu hesitei. “Então eu acho que você é
somente uma na multidão também.”
Seus olhos brilharam e eu não sabia se foi porque eu a tinha machucado ou se isso
não fazia diferença para ela. “Pelo menos eu não tenho essa cara, sua puta.”
Meus pés se moveram e eu honestamente não sabia o que eu iria fazer, se eu iria
introduzi-la ao épico tapa ou se eu iria jogar meu joelho na virilha de Jax, mas ele se virou
40
As meninas que ficam passando com as placas dos rounds antes das lutas.
390
para mim. Passando um braço em volta da minha cintura, ele me levantou do chão
enquanto se movia e virava seu corpo para que eu estivesse encarando a parede e ele
estivesse de frente para Aimee. Eu torci meu pescoço tentando ver ela.
Ela inalou profundamente e seus olhos azuis viraram vidro. Seu rosto desabou e
pode ser que eu fosse a maior idiota no mundo, mas havia uma pequena parte de mim que
realmente se sentia mal por ela, porque eu reconhecia a dor que estava estampada em seu
rosto.
Então Aimee piscou e engoliu suas lagrimas. “Eu entendi. O que seja isso. Eu
entendi.”
Ela sorriu, como se ele não tivesse acabado de dizer para ela sair da sua casa. “Falo
com você mais tarde, babe.”
Jax apenas deu um chute na porta e a fechou, então se virou para mim, me
colocando no chão. Eu comecei a me soltar, mas seu braço na minha cintura estava firme,
então ele me puxou contra seu peito.
“Okay,” ele murmurou em minha orelha. “Eu vou admitir. Você atirando para cima
dela foi meio que excitante.”
Raiva vazava e pulsava pelo dolorido e profundo corte. “Me deixe ir, Jax.”
391
“Especialmente com você aqui, toda atiçada e usando minha camiseta? Sim.
Quente pra caralho.” Ele continuou e minha raiva sobressaia a dor.
Uma mão tinha caído da minha cintura e estava contra a minha barriga. Ele
pressionou e minhas costas estavam contra ele e sim, eu entendia totalmente que ele
achava isso quente. A evidência estava logo aqui e meu corpo, porque ele era estúpido,
reagiu. Meu estômago se contraiu e a idiota área entre minhas pernas pulsou.
“Se você não me soltar, eu juro por Deus, Jax,” eu o avisei, apertando seus braços
com minhas mãos.
Ele abaixou seu queixo para meu ombro e disse. “É tão errado que eu ache isso
quente também, porque eu meio que acho.”
Eu perdi e gritei alto o suficiente para acordar todos os vizinhos. “Porra, me deixa
ir!”
Jax soltou seus braços como se eu fosse uma batata quente e eu me virei para ele,
respirando pesadamente. Nossos olhares se encontraram e o tom de brincadeira que
havia em sua voz tinha saído totalmente de seu rosto. Ele me encarou. Eu encarei de volta.
Nesse momento, eu ouvi de novo o que tinha presenciado quando estava no topo das
escadas novamente. Eu senti a mesma coisa quando vi o rosto de Aimee quando ela me
viu no topo das escadas.
Ele deu um passo para frente e eu continuei movendo minhas pernas até que
esbarrei contra o braço do sofá. Ele parou um pouco distante de mim. “Eu não sei o que
você está pensando nesse momento, mas eu vou me arriscar e chutar aqui, e dizer que o
que aconteceu não é o que você está pensando.”
No meu peito, meu coração se jogou contra minhas costelas. “Não é?”
392
“Eu não tinha ideia que ela iria aparecer essa noite. Ela não esteve na minha casa
há-“
A tensão em sua boca aumentou. “Faz mais de um mês, Calla. Eu não sei
exatamente o tempo, mas ela não esteve aqui desde que você veio. Você tem que acreditar
nisso. Eu praticamente passei todas as noites com você desde que você esteve aqui.”
“Não todas.”
“Todas desde que ela voltou a cidade,” ele disse e eu tinha que admitir que isso
era verdade. “Nós não estamos juntos a cada segundo, mas não me culpe por isso. Não é
como se eu tivesse todo o tempo do mundo para estar dormindo com ela.”
Outro bom ponto.” Mas você esteve dormindo com ela há um pouco mais de um
mês.”
Isso importava? Eu sabia que não deveria. Eu nem estava na cidade e não poderia
ficar brava com quem ele dormia antes de mim, mas merda, eu estava. Eu estava tão puta
e eu estava com inveja. Eu era mulher suficiente para admitir minha raiva irracional era
sobre isso, mas ainda havia mais.
“Para alguém que você não esta namorando, ela estava brava o suficiente pelo
fato de haver uma menina aqui, Jax. Ela aparece no meio da noite como se ela tivesse o
direito de estar aqui.”
“Calla-“
“E cada noite que ela esteve no bar, ela estava se jogando em você e você deixou.”
Minhas mãos se fecharam em punhos novamente. “A primeira vez que meus amigos te
conheceram ela estava em cima de você.”
“Sim!” eu gritei. “Nós voltamos a isso, baby. Você sabe, todo aquele ‘você precisa
confiar em mim’ e basicamente ter de lidar com o fato de você ter uma menina sobre você
na frente dos meus amigos.”
393
“Eu nunca disse que você tinha que lidar com isso, Calla.”
“O que havia para explicar? Ela estava em cima de você, várias vezes, e você
apenas sorriu para ela!” Minha cabeça parecia que ia explodir. “E eu apenas deveria
confiar em você e ficar feliz com tudo isso? Mesmo quando ela aparece na sua casa às três
da manhã como se pertencesse aqui e não tivesse ideia que você estava saindo com outra
pessoa?”
“Correção,” ele rugiu. “Ela não liga que eu esteja saindo com outra pessoa.”
Totalmente presa na minha raiva, eu continuei. “E ela saiu daqui como se vocês
ainda fossem transar!”
“Calla-“
“Você disse que se importava com ela!” O momento que essas palavras saíram da
minha boca, eu percebi o quão ridículas elas soavam. Eu me virei, indo para a sala de
jantar. Eu sabia que ele tinha me seguido, mesmo sem o ouvir. “Você disse que se
importava com ela. Eu te ouvi. Eu também ouvi você dizer que agora não era uma boa hora
e que ela precisava ligar antes de aparecer aqui.”
“Espere um pouco,” sua voz ficou mais alta, mas bem mais alta. “Eu não sei o que
você acha que ouviu ou que merda você entendeu, mas porra, Calla. Ela precisa ligar antes
de aparecer na minha casa e três da manhã não é uma bora hora.”
Eu me virei para ele, meu coração acelerado. “Então se ela tivesse ligado antes e
se eu não estivesse aqui, então aí seria uma boa hora, Jax?”
Seus ombros ficaram tensos enquanto ele se afastava. “Você está falando sério?”
“E você?” eu retruquei, meus punhos tremendo. “Eu não sei se você percebe isso
ou não, mas eu não sou a pessoa aqui que tem caras aparecendo no meio da noite ou me
394
dando exames de mama grátis. E você não me ouviu dizer a outro cara que eu me importo
com ele quando ele, obviamente, estava tentando transar comigo.”
Jax se afastou enquanto passou uma mão pelo seu cabelo. “Sim, eu costumava
pensar que Aimee era uma menina okay, você sabe? Eu nunca tive nada sério com ela e,
para ser honesto, eu nunca tive a sensação que ela queria algo sério comigo. Então, sim,
eu me importo com ela. Não quero ver nada de ruim acontecendo com ela. Ainda não
quero, mas eu estou começando a repensar essa coisa toda de boa-menina depois de hoje.”
Ele baixou sua mão, seu olhar voltando para mim. “Se importar com ela não é a mesma
coisa. Calla. E me desculpe-“
“É por isso que você tem tantas escovas de dente?” eu despejei nele.
“O que?”
“Você está falando sério,” ele disse, e isso não fez nada para me acalmar.
“Primeiro, eu tenho tantas escovas de dente porque minha mãe me da uma a cada
aniversário ou feriado. Ela sempre deu. É uma maldita tradição e eu as guardo.”
Oh.
395
“Eu não quero soar como um imbecil, e eu sei como isso parece para você, e me
desculpe" realmente, porque a última coisa que você precisa lidar é com ela estando aqui.
E eu entendo que você não tem muita experiência com essas coisas,” ele continuou, e eu
senti minhas bochechas esquentarem, porque o que ele disse era verdade. Eu tinha vinte
e um e não tinha experiência nenhuma com homens. “Então eu entendo e estou tentando
aceitar o fato que você não entende a diferença entre as meninas que eu fodi e você.”
“Eu realmente não quero ouvir sobre as meninas que você fodeu,” eu disse,
transformando meus pensamentos em palavras. “Mas desde que você tocou no assunto, e
sobre sua cama ser uma estação de trem?”
Algo passou por seu rosto enquanto ele se afastava e eu não sabia porque isso
pareceu tê-lo machucado, porque ele era a última pessoa que eu deveria estar com pena.
“Sim, okay, eu não tenho orgulho de algumas merdas que eu fiz no meu passado" não a
bebida e nem o sexo. Más decisões, mas essa coisa... está no passado.”
Oh meu Deus.
Então eu percebi" a coisa que ele nunca me disse, o que ele tinha feito quando ele
voltou para os Estados Unidos e quando ele estava aqui, e eu não conseguia fazer minha
mente se afastar disso. O álcool e o sexo andavam lado a lado. Um pouco de culpa se
manifestou. “Eu não quero ouvir isso.”
“Mas você vai ouvir, Calla, desde que é uma coisa tão importante e se estamos
brigando sobre isso no meio da noite.” Sua voz ainda estava no mesmo nível mas seus
olhos estavam tão escuros, quase pretos. “Eu só vou dizer isso uma vez. Eu já estive com
pessoas o suficiente que eu sei a diferença entre o que aconteceu com elas e o que está
acontecendo com você. Você não é uma delas. Você não é Aimee. Você não está nem no
mesmo nível.”
Vacilando, eu enrijeci.
“Oh não, não leve isso como se eu tivesse acabado de te insultar. Você não está no
mesmo nível que elas, porque eu não estou brincando com você. Você me entende? O que
eu tive com elas ou o que eu fiz não é nada parecido do que tenho com você. Okay?” Ele
continuou antes que eu pudesse responder. “E eu queria falar com você sobre o que
aconteceu no bar quando seus amigos apareceram, mas você quase foi raptada e, então,
396
Clyde teve um ataque cardíaco, então realmente não houve uma hora boa para falar sobre
essa merda.”
“Mas vamos falar sobre isso agora" nós vamos terminar a conversa que
deveríamos ter tido antes de você sair andando.” Ele deu um passo para frente e, puta
merda, ele estava bravo. Eu me forcei a não me mover. “Você estava certa.”
Eu pisquei.
“Eu deveria ter me esforçado mais para ter certeza que Aimee entendesse que eu
não estava interessado nela. Cada vez que ela me tocava ou se jogava em mim, eu me
afastava. Eu não fiquei parado e apenas deixei. Mas, Sim, eu obviamente não fiz o
suficiente. E eu nem percebi o quanto eu não fiz porque eu nunca esperei ela aparecer
aqui. E não apenas isso, mas quando eu percebi o quão magoada e machucada você ficou,
eu me senti um merda por isso. Eu ainda me sinto assim por isso. Não tive muito tempo
para te falar isso ou até mesmo te mostrar, mas eu me sinto assim.” Ele pausou, seu olhar
sombrio segurando o meu. “Eu nunca quis que você ficasse envergonhada de mim ou de
qualquer coisa que faço, mas você estava e por isso eu estou realmente arrependido.
Realmente estou. E essa merda não vai acontecer novamente.”
Eu tinha. Havia muito que eu poderia falar. Esse era o momento que ele estava me
dando para eu levar toda essa bagunça para algo mais racional, mas eu não disse nada,
porque ainda tinha uma parte de mim que estava com raiva e ainda estava machucada e
eu estava com vergonha sobre isso e muito mais. E eu não queria ser uma puta. Então eu
fiquei encarando-o em silêncio.
397
Uma onda de arrepios passou pela parte de trás do meu pescoço. Eu precisava
abrir minha boca. Eu precisava dizer algo.
Então ele deu outro passo e ele estava exatamente na minha frente. “Eu vou te
falar outra coisa, Calla. Sua vida não foi normal. Não foi muito uma vida.”
“Você tem? Sério?” ele desafiou. “Porque eu tenho certeza que você nunca fez
nada realmente quando se trata de viver. Tudo que você tinha eram seus três ‘F’. Que
porra é essa? De verdade.”
Merda! Claro que ele lembrava disso. E agora minha vergonha não tinha mais
limite. Eu tinha compartilhado meus três “F’ e eles eram tristes. E merda, ele estava certo
sobre realmente não ter vivido. Mas isso não deixava mais fácil de ser ouvido.
“Eu sou o primeiro homem que você esteve ou que você beijou.” Ele disse.
Ele balançou sua cabeça. “Você não está entendendo o que estou dizendo. Essa
merda não é algo que você precisa ter vergonha. Tudo que estou dizendo é que você nunca
deixou ninguém se aproximar de você e eu aposto que tiveram caras que queriam e você
nunca viu isso. Como eu disse, você não tem muita experiência com isso.”
“Você obviamente não confia em mim, mas essa não é a pior parte disso, Calla.
Você, obviamente, não me considera muito se você realmente acha que eu estaria bem em
398
fazer planos de ficar com alguma menina enquanto eu tenho outra na minha casa, na
minha cama, usando minha camiseta, você, obviamente, não me conhece.”
Jax segurou meu olhar enquanto eu respirava profundamente então ele se virou
e saiu. Eu o vi chegar a escada e subir. Então uma porta bateu fechada.
Eu não sabia quanto tempo eu fiquei ali antes de colocar meus braços em volta de
mim mesma. Eu apertei meus olhos fechados, não mais brava, apenas confusa. Como
tínhamos saído de mim estar certa e ele errado para ele irritado e me deixando para trás?
Eu não tinha feito nada de errado.
Ou tinha?
Eu tinha tomado conclusões precipitadas? Eu não tinha ouvido tudo que ele disse
a Aimee. Eu só tinha ouvido partes. E ele tinha se desculpado por sábado à noite. Ele tinha
dito que não aconteceria novamente, mas isso compensava pelo que tinha acontecido? Eu
não sabia. Esse era o problema. Eu não sabia.
Deus sabe quanto tempo eu fiquei parada ali antes que eu juntasse minha
coragem e subisse as escadas, bem devagar. Quando eu cheguei no andar, eu esperava
encontrar a porta do quarto fechada, mas estava aberta.
Era o quarto extra que tinha a porta fechada. Eu comecei a andar em direção a ele,
para bater na porta, mas eu parei, congelada pela indecisão. Eu estava do lado de fora do
quarto, minhas mãos fechadas contra meu peito, mas eu não sabia o que dizer se eu
batesse e ele respondesse. Pedaços de pura raiva ainda estavam em mim, misturados com
vergonha e confusão.
Eu ouvi movimentos dentro do quarto extra, pensei serem passos perto da porta
e fiquei tensa antecipando que a porta fosse aberta, mas depois de alguns momentos, eu
percebi que não iria.
Mordendo meu lábio, eu fechei meus olhos, esperando mais um pouco, então me
virei e, porque eu não sabia o que mais poderia fazer, eu voltei ao quarto principal e subi
na cama. Eu fui para meu lugar e esperei, olhando o relógio no criado mudo. Minutos
399
passavam vagarosamente e eu finalmente me deitei, virada para porta aberta. Tudo isso
parecia errado, estar deitada em sua cama com ele bravo comigo e eu com ele.
Em algum momento meus pensamentos devem ter acalmado e eu devo ter pego
no sono, caindo em um sonho onde eu estava nessa casa seguindo Jax e gritando por ele,
mas eu nunca conseguia chamar sua atenção ou alcançá-lo. E quando esse sonho sumiu,
eu sonhei que senti sua mão em mim, acariciando o topo da minha cabeça,
cuidadosamente colocando meu cabelo atrás da minha orelha. E eu senti seus lábios
passando pela minha bochecha.
Isso pareceu tão real que quando eu acordei, cansada e com os olhos inchados, eu
quase pensei que ele estaria na cama ao meu lado. Que o lugar perto de mim não iria estar
frio, mas estava. Eu ainda tinha seu travesseiro perto de mim e Jax não estava ali.
Parecia que eu não tinha dormido mais do que alguns minutos e meus olhos
doíam, minha garganta e minha boca estavam secas. Minha cabeça doía. E eu
imediatamente comecei a pensar no que aconteceu entre nós e com Aimee. Na luz da
manhã, eu podia simplesmente admitir que Jax estava certo. Eu não tinha muita
experiência com nada disso. Eu não sabia a diferença entre os tipos de relacionamentos,
não pessoalmente. Tudo que eu sabia era o que tinha visto dos meus amigos.
Eu estava certa de estar brava com ele no sábado, mas eu não tinha dado a ele
uma chance para se explicar e ele tinha pedido desculpas. E ele não tinha controle sobre
Aimee. Não era como se ele a tivesse convidado.
400
Agora que a raiva tinha se dissipado, eu também podia admitir que eu não tinha
ouvido tudo que ele tinha dito na noite passada, como realmente admitir isso e, além de
não fazer o suficiente para parar os avanços de Aimee, Jax não tinha feito nada de errado.
401
Capítulo Trinta
Jax tinha saído e ele não tinha dito nada. Não havia bilhete, mensagem ou recado
no meu celular. Ele só tinha saído da casa sem me acordar e enquanto isso pudesse não
parecer uma grande coisa, ele estava realmente chateado.
Eu me sentei na beira do sofá e pude ouvir novamente o que ele tinha dito. Que
ele não conseguia acreditar que eu pensava certas coisas sobre ele e que eu não o
conhecia.
Minhas unhas cravaram na minha palma. Ele estava realmente bravo, tinha ido
para cama assim ou tinha feito o que fosse que ele tinha no quarto extra, e ele tinha dito
coisas bem estupidas também. Eu sabia que algumas palavras não podiam sumir, não
podiam ser retiradas.
Oh meu Deus.
E se ele tivesse saído e me quisesse fora daqui antes que ele voltasse? E eu estava
aqui, sentada no sofá, ainda em sua camiseta, como uma idiota? Isso era totalmente
possível. Ele estava irritado por que eu tinha insinuado que ele estava dormindo com
Aimee.
Eu pulei, ficando de pé, minhas mãos tremendo enquanto eu tirava meu cabelo
do meu resto. Jax era um bom homem. De verdade. Ele não iria querer confusão. Inferno,
ele tinha sido gentil com Aimee até que ela tinha falado meu nome. Ele provavelmente só
me queria longe daqui.
402
Eu corri escada acima, arranquei sua camiseta e a joguei em sua cama. Eu
rapidamente coloquei uma roupa, prendi meu cabelo em um coque bagunçado e enfiei
minhas coisas na minha mala.
Eu comecei a ir embora, mas me virei e peguei sua camiseta que eu tinha usado
para dormir. Eu nem sei porque eu fiz isso, mas eu a peguei e a levei comigo enquanto eu
pegava minha bolsa e deixava sua casa.
Eu nem sabia como tinha chegado lá, porque eu não me lembrava de ter dirigido.
A casa estava Silênciosa, mais quente que o normal porque eu não tinha estado aqui para
ligar o ar. Eu deixei minha mala no sofá e peguei meu celular.
Não haviam ligações ou mensagens, e eu não sabia o porque eu pensei que teriam.
Meu coração estava acelerado, meu estômago se remoendo e eu comecei a ligar para
Teresa porque eu precisava falar com alguém, mas ela não conhecia Jax.
Eu dei algumas voltas no sofá antes que eu apertasse o nome de Roxy na minha
lista de contados. Ela atendeu no terceiro toque.
“Não. Nada disso. É...” eu me preparei. “Eu acho que eu e Jax terminamos.”
403
Houve uma pausa e, então, ela gritou. “O que?”
Eu me larguei no sofá. “Quero dizer, nós estávamos juntos, eu acho. Nós não nos
chamávamos de namorados. Nós não tivemos essa conversa.”
“Menina, eu não acho que as pessoas tem essa conversa. Isso meio que acontece.
Vocês dois estavam realmente juntos.”
“Ele disse que era meu homem, então sim, mas ontem a noite...” eu me interrompi,
me sentindo enjoada novamente. “Eu não sei. Ele sumiu.”
Aquele enjoo viajou para meu peito. “Quando eu acordei ele tinha ido embora e
ele não dormiu comigo noite passada.”
“Na de Jax?”
“Não. Na casa da minha mãe. Eu não consegui ficar na sua casa. Eu nem sei se ele
me quer la e eu não queria estar quando ele chegasse, se esse for o caso.” Minha mão
apertou mais o telefone. “Então eu... eu estou na casa da minha mãe.”
“Você acha que essa é uma boa ideia?” ela perguntou e sua voz mudou, como se
ela estivesse se movendo apressadamente. “Com tudo que está acontecendo?”
Meu coração virou. Puta merda. “Eu sou uma idiota. Mais que uma idiota normal.
Eu sou ultra idiota. Eu nem pensei sobre isso.” Puta merda, eu realmente não tinha
pensado nisso. Eu me levantei e corri para porta da frente para me certificar que estava
trancada. “Eu realmente sou idiota o suficiente para não merecer viver.”
“Okay. Você está estressada. Não está pensando claramente. Não que você seja
idiota para não viver. Ou talvez um pouco.” Ela respondeu e sua voz soou mais distante.
“Eu coloquei você no viva-voz. Eu estou me vestindo. Fique onde está. Eu vou aí. Me mande
o endereço por mensagem.”
404
“Sim, preciso. Eu sou sua amiga. Você está com problemas e quase foi sequestrada
há uns dias atrás. Isso é o dever de um amigo então eu estou indo. Fique onde está, tranque
as portas e esconda as crianças. Eu estou chegando.”
“Talvez.” Roxy gritou para responder. “Eu vou chegar no máximo em quinze
minutos. Okay? Eu só preciso escovar meus dentes e, talvez, meu cabelo.”
Eu acho que nem se passaram vinte minutos, o que me fez imaginar onde ela
morava exatamente, porque eu não sabia isso nem o quão rápido ela estava dirigindo, mas
ela apareceu na casa usando um short jeans cortado e uma regata grande demais que mal
cobria seu sutiã esportivo, e seu cabelo estava em um coque mais bagunçado que o meu.
Ela parecia incrivelmente fofa, de um jeito que eu não conseguiria ficar se me vestisse
desse jeito.
Ela também estava carregando uma caixa branca que colocou na mesa. “Eu trouxe
doughnuts. Vamos precisar de gordura para essa conversa.”
Eu não pensei que pudesse comer sem vomitar, mas isso foi bem legal da parte
dela. Ela se sentou no sofá e se inclinou para frente, abrindo a tampa e revelando uma
variedade de delicias. Eu peguei alguns guardanapos de fast foods na cozinha e me juntei
a ela no sofá.
Exalando, eu me sentei ao seu lado e disse tudo, começando com Aimee, algo que
ela estava bem familiarizada, e terminando essa manhã. Eu até contei sobre os planos que
fizemos para quando eu voltasse para a faculdade. Quando eu terminei, eu surpreendi a
mim mesma quando peguei um doughnut de glacê.
“Okay.” Ela pegou seu quarto doughnut e eu imaginei onde ela tinha colocado os
outros três. “Vamos começar com Aimee. A menina não acha que nenhum cara vai recusá-
41
Celebridade da internet. https://en.wikipedia.org/wiki/Antoine_Dodson
405
la e eu tenho certeza que ela sabe que ele gosta de você, porque todos sabem. Inferno. Eles
veem.”
“Vêem?”
Roxy sorriu com a boca cheia de doughnut. “No minuto que você apareceu, Jax
colocou seus olhos em você, literalmente e figuradamente. É bem óbvio.”
Calor passou por mim enquanto eu absorvia isso. Eu gostava de saber o que as
pessoas pensavam. Então eu me senti meio idiota porque não era tão legal para as outras
pessoas como era para mim.
“Você sabe que eu percebi o jeito que Aimee se joga em Jax,” ela continuou. “Eu
vim aperfeiçoando meu olhar mortal desde que ela entrou no bar. Tristemente, não está
funcionando.”
Eu sorri ao ouvir isso enquanto eu mordia um pequeno pedaço. Seu olhar mortal
não estava funcionando em Reece também.
“Jax não alimenta isso. Apesar que ele poderia fazer mais para que ela entendesse
a mensagem, mas ele não está retornando o sentimento. Nem uma vez. Mas ele é um bom
homem.” Pegando um guardanapo, ela limpou seus dedos. “Precisa de muito para irritá-
lo. Você já viu isso. E ele é bom para as meninas. Ele, simplesmente, foi educado
corretamente.”
Ela concordou.
“Eu mataria a cadela se ela aparecesse no meio da noite na casa do meu homem,
se eu tivesse um, mas que seja. Eu provavelmente iria castrá-lo também, e me levaria um
tempo para superar isso, mas...”
406
Eu me encostei, trazendo meus joelhos para meu peito. “Aqui vem a parte de ‘eu
estraguei tudo’?”
“Sim. E não.” Roxy sorriu enquanto se virava para mim. “Esse é seu primeiro
relacionamento e sua primeira briga. Esperançosamente, não vai ser seu único
relacionamento, mas definitivamente não vai ser sua última briga. Isso, provavelmente,
vai acontecer muitas vezes.”
“E você basicamente acusou Jax de ser um puto enquanto ele estava com você,
então ele vai estar irritado, mas ele não vai parar de gostar de você. E se ele parar, ele não
vale seu tempo. Mas não é assim que Jax é. Ele vai se acalmar e vocês vão ficar bem.”
Mordendo meu lábio, eu deixei suas palavras girarem em volta da minha cabeça.
Tudo que ela disse era razoável. Esperança surgiu. “Você acha que eu devia ligar para ele?”
“Eu acho que você tem que dar a ele um pouco de tempo,” ela sugeriu. “Não é
errado deixar o cara vir até você. Certo? Vocês dois estão errados e precisam se lembrar
que não são os únicos que estragaram tudo.”
“Você está certa.” Eu suspirei, jogando minha cabeça contra o sofá. “Você acha que
eu deveria ter ido embora essa manhã?”
“Um...” ela ajustou seus óculos. “Bem, se você não tivesse todas essas coisas loucas
acontecendo? Provavelmente não teria importância. Jax provavelmente não está feliz, mas
ele vai te ver hoje a noite.”
“Não. Ele vai para a festa. Você e Nick vão trabalhar hoje à noite, lembra?”
“Você fez planos? Porque tenho certeza que estaremos tranquilos hoje.”
Roxy riu. “Eu preciso ter uma vida para fazer planos, mas eu estava pensando em
ficar deitada, lendo e comendo porcaria até altas horas da noite como qualquer menina
linda e gostosa de vinte e dois anos.”
Eu ri.
407
Seu sorriso aumentou e, então, nosso olhar se encontrou quando ela se inclinou
para dar um tapinha no meu braço. “Vai ficar tudo bem.”
“Se não, tenho certeza que sua mãe tem um pequeno caderno preto aqui e ela
provavelmente sabe alguém que poderíamos contratar para dar uma surra nele.”
Ela riu enquanto se aconchegava contra meu braço. Ela era tão pequena que mal
ocupava meia almofada. “Vamos chamar isso de Plano B.”
“Você aparecer em sua casa usando nada além de um sobretudo e quando ele
abrir a porta, você pula nele.”
Era Quarta a noite e eu estava uma pilha de nervos. Meu estômago estava cheio
deles e eu mal conseguia segurar o lanche que tinha comido depois que eu e Roxy
visitamos Clyde, o que era nada além de metade de um sanduiche de salada de frango.
Por alguma maldita razão feminina, eu tinha levado meu tempo me arrumando
para meu turno enquanto Roxy me esperava. Eu deixei meu cabelo ondulado e me
maquiei, colocando um tom um pouco mais claro que vermelho nos meus lábios. Eu sabia
que os caras da festa de solteiro poderiam aparecer no bar alguma hora e isso significava
que Jax estaria com eles.
Eu não tentei saber sobre Jax enquanto entrava no meu próprio carro e Roxy no
dela. Eu tinha mandado a ele uma mensagem rápida dizendo que eu esperava vê-lo hoje a
noite. Então, porque eu estava assustada como uma menininha com um monstro em seu
408
armário, eu larguei meu celular na minha bolsa e liguei musica alta. Eu não olhei para ver
se ele tinha respondido até que chegamos no bar.
Sem respostas.
“Nada demais,” eu disse a mim mesma enquanto saia do carro e entrava no bar,
meu coração palpitando.
Para deixar tudo ainda mais fodido, Aimee estava estranhamente longe do bar.
Com certeza, ela finalmente entendeu a mensagem, mas meu coração não tinha diminuído
e eu estava começando a pensar que, talvez, Roxy estava errada essa manhã. Talvez ele
tivesse mudado de opinião.
“Você está bem?” Roxy perguntou depois que eu entreguei um Martini de Maçã
que eu não estava certa se tinha feito corretamente.
“Calla, eu não...”
A porta abriu e meu olhar foi direto para ela e meu coração pulava cada vez que
eu fazia isso hoje. Não era Jax.
Katie entrou, usando saltos que poderiam ser usados também como arma. Ela
nem tropeçava neles. Ela andou até o bar, dando um tapinha no ombro de uma mulher.
“Você está no meu lugar.”
Eu suspirei.
Roxy riu.
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A mulher devia estar acostumada com Katie porque ela murmurou algo enquanto
saia do lugar. Katie se sentou, ajustando o pequeno vestido na parte dos seios, o puxando
para cima. “Whiskey. Puro.”
Seus olhos reviraram. “June" uma das meninas" está tentando uma coreografia
nova. Dança do Ventre. A menina nem pode dançar hip-hop sem mandar os homens
correndo pela porta como se tivesse aparecido um tsunami.”
Até Nick parecia estar ouvindo da onde ele estava, há alguns metros a frente, do
outro lado da bancada.
“Quem sabe? Ela tem bons peitos e uma boa bunda. De qualquer forma, eu não
consigo lidar com isso.”
Eu sorri enquanto colocava uma dose e deslizava o copo para ela. Nenhuma gota
foi derramada.
“Aw, veja, você é como uma bartender de verdade agora,” Roxy apontou.
Nick bufou.
Eu olhei para eles e, então, a porta se abriu. Minha cabeça virou rapidamente em
direção a ela que eu fiquei surpresa que isso não me deixou tonta. Perdi a respiração e
quase deixei cair a garrafa de whiskey.
Reece foi o primeiro a entrar, usando um jeans velho e uma camisa de botão,
parecendo elegante.
“Merda,” gemeu Roxy. “Sério. Eu pensei de verdade que não precisaria lidar com
ele olhando para mim hoje.”
Katie bufou enquanto levantava seu copo. “Eu teria várias longas noites com ele.
“Então ela engoliu o whiskey e um gole. “Holy guacamole,” ela quase engasgou.
410
Merda.
Mais alguns outros caras entraram. Eu vi seu irmão mais velho e fiquei surpresa
ao ver Colton com eles, mas fazia sentido. O noivo era policial. Meu coração estava
dançando agora, porque Jax estaria com ele.
Katie olhou sobre seu ombro. “Viu! June expulsou até eles.” Ela jogou suas mãos
pra cima.
A porta se fechou e a risada vinda do grupo de homens se moveu para uma das
mesas de sinuca. Meu coração caiu para meu estômago.
“Yep. Não dava para não vê-los.” Katie inspecionou suas unhas por um momento
e olhou para cima, seus olhos azuis cheios de simpatia.
Oh não.
Eu dei um passo para trás, esbarrando em Sherwood, que era como um maldito
fantasma pois tinha ido para trás do bar e estava fazendo algo com os copos.
Roxy se moveu mais para perto enquanto olhava pelo bar. Seu olhar pegou o de
Nick e ele se moveu para ajudar um cliente.
“Okay,” eu sussurrei, e eu não estava certa de como ela me ouviu por causa de
todo o barulho.
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Katie sugou seu lábio com gloss rosa. “Os caras estavam se divertindo, mas Jax
não parecia tão feliz então, talvez meia hora antes de vir aqui, Aimee apareceu.”
Claro que não, porque Aimee só estava ali por que Jax também estava.
“Uns dez minutos depois que ela apareceu, Jax foi embora.” Os olhos de Katie
encontraram os meus. “E Aimee foi embora, também, logo atrás dele. Eu não estou dizendo
que eles estão juntos. Mas ela estava literalmente atrás dele.”
Oh meu Deus.
“Calla,” Roxy tocou meu braço. “Aimee está a um passo de ser considerada uma
perseguidora. Você sabe que Jax não pediria para ela aparecer lá.”
Eu olhei para ela, sem ter certeza se a estava vendo. O vazio de antes tinha
voltado. “Ele não respondeu minha mensagem que mandei antes de vir trabalhar. Eu
mandei uma mensagem. Ele não respondeu.”
Mesmo? Aimee aparecendo ontem a noite. Ele a expulsou mas a conversa foi
duvidosa. Nós tivemos uma grande briga. Ele não dormiu comigo, tinha ido embora
quando acordei e não tinha tentado falar comigo o dia todo e ele não tinha me respondido.
Nada disso parecia bom.
Algo poderoso saia de mim enquanto eu ficava ali de pé, como se estivesse
sangrando de uma ferida de faca que iria te matar vagarosamente.
“Vocês dois são mais que amigos. Vocês não disseram isso para mim, mas eu sei.”
Katie disse enquanto ela batia seus dedos na lateral da sua cabeça. “Eu sei.”
412
“Eu te disse que sua vida iria mudar,” ela continuou. “Lembra? Eu te disse. Eu não
disse que seria fácil.”
Por sorte, uma multidão veio chegando no bar então eu não tive chance de
responder a Katie, fui me ocupando em atender os pedidos de um jeito quase obsessivo.
Eu nem notei quando Katie saiu.
Roxy tentou falar comigo várias vezes, mas eu a evitei, porque ela queria falar
sobre Jax e eu não podia fazer isso. Eu não conseguiria.
Eu fiz três Long Island e sorri. Eu ri. Eu peguei o dinheiro. Eu fiz gorjetas. E fiz
várias Jäger Bombs para a mesa de Reece por que, do nada, Roxy estava ajudando Gloria.
Eu também não.
Quando os rapazes saíram faltava quase uma hora para que fechássemos pela
noite e tudo que eu queria era ir para casa e me jogar na cama. Provavelmente não era a
coisa mais sensata a se fazer. Uma hora durante a noite, Roxy mencionou que eu poderia
ficar com ela, mas eu precisava ficar sozinha. Eu estava disposta a arriscar ficar sozinha,
porque o que quer que estivesse sangrando de mim mais cedo, ainda não tinha parado.
Eu olhei para as portas mais uma vez naquela noite e meus lábios tremiam com a
dor que enchia meu peito vazio, revirando meu interior. Eu podia sentir aquilo se
transformando dentro de mim. Eu iria quebrar e isso seria apenas a cereja do maldito
bolo.
“Okay. Obrigada” Eu corri para ela, dei um rápido abraço e passei por eles. Eu
peguei logo minha bolsa do escritório e quando estava saindo, Nick estava vindo do bar.
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“Não,” eu disse rapidamente, inclinando minha cabeça para a esquerda. “Eu vim
de carro. Você não precisa fazer isso.”
Nick olhou para Roxy e eu aproveitei isso como um sinal para ir embora antes
que eu terminasse indo para casa com um dos dois, acabando chorando em cima de um
dos dois. Eu corri para fora do bar onde o cheiro da chuva empregava o ar da noite.
Eu parei, peguei meu celular da minha bolsa e apertei o botão. A tela acendeu.
Nenhuma chamada perdida. Nenhuma mensagem.
Eu soltei uma risada seca enquanto eu levantava minha cabeça, colocando meu
celular de volta na minha bolsa. Meus dedos doíam para ligar para ele enquanto eu
encarava o estacionamento do outro lado da rua. Claro que a caminhonete de Jax não
estaria ali, porque ele tinha ido embora segundos antes de Aimee e ele não tinha aparecido
no Mona’s hoje a noite. Ele não tinha tentado entrar em contato e ele não tinha respondido
minha ligação.
“Calla?”
Meus olhos arregalaram e meus dedos tremiam em volta da alça da minha bolsa
enquanto eu me virava, minhas costas para a rua, desacreditando enquanto meu olhar ia
e terminava na origem da voz.
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Ela deu m um passo em minha direção, mas eu me movi um passo para trás. Seu
sorriso era grande e brilhante. “Bebê...”
Ela abriu sua boca, mas qualquer coisa que fosse dizer foi cortada pelo som alto,
como um motor acelerando. Minha cabeça virou e eu olhei para trás de mim. Um carro de
quatro portas com janelas escuras acelerou pelo estacionamento, parando abaixo de uma
placa. Uma janela se abriu.
Houve um disparo.
Minha mãe gritou e eu pensei que ela tivesse gritado meu nome, mas houveram
mais disparos, como uma dúzias sendo atirados ao mesmo tempo, e mais faíscas. No meio
de tudo eu percebi que eram tiros assim que vidro explodiu em volta de mim. Metal voou
perto de mim, muito perto, e minha bolsa escorregou dos meus dedos enquanto um grito
se formava em minha garganta.
O som nunca me deixou, por que eu fiquei sem ar quando uma queimação
começou em meu estômago, afiada e de surpresa, intensa e roubando meu ar.
415
Não houve resposta.
416
Capítulo Trinta e Um
Quando abri meus olhos de novo eu não estava olhando para estrelas ou para uma
luz brilhante. Era um teto, um teto totalmente branco com uma luz suave. O resto estava
sombrio e enquanto meu olhar ia para a parede oposta, eu vi uma cortina azul clara. Meus
pensamentos estavam confusos e eu me sentia estranha, como se eu estivesse flutuando,
mas eu sabia que estava em um hospital. Havia uma sensação amortizada de algo na
minha mão direita e meu olhar foi, vagarosamente, para onde ela estava na cama, e eu
podia ver um IV.
Definitivamente um hospital.
Oh Sim, verdade, eu tinha levado um tiro. Um tiro vindo de uma arma. De verdade.
Eu comecei a me sentar, mas a dor ficou pior, passando pela minha barriga e eu
perdi o fôlego. As paredes giraram como se eu estivesse drogada.
Jax estava sentado na cadeira do lado da cama e ele parecia... mal. Olheiras
escuras estavam abaixo de seus olhos que estavam da rotineira cor de whiskey. A sombra
da barba em seu maxilar estava mais escura que o normal.
Mas ele sorriu quando meus olhos encontraram os seus e ele disse em uma voz
que era mais pesada que o normal. “Aqui está você.”
417
Eu não sei porque disse isso. Eu podia dizer que haviam alguns bons
medicamentos brincando dentro de mim agora. Então eu iria culpá-los. “Eu peguei sua
camiseta quando você saiu da sua casa porque eu queria ter uma parte de você se você
decidisse que não queria mais me ver.”
Sua expressão ficou tensa. “Você levou um tiro sim, querida. No estômago.”
Eu umedeci meus lábios secos. “Isso soa ruim.” Eu sabia que isso podia ser ruim,
agora que estava pensando nisso. Nós tivemos uma semana inteira dedicada a ferimentos
de bala em uma das minhas aulas.
“Você teve sorte, na verdade. O médico disse que a bala não acertou nenhum
órgão vital. Limpa, da entrada a saída.” Ele explicou com a voz baixa. “Houve um pouco de
hemorragia interna.”
Ele inclinou sua cabeça para o lado e fechou os olhos. “Sim, querida, isso é ruim.”
Jax parecia tão preocupado, tão... eu não sei, fora da realidade, que eu senti a
necessidade de tranquiliza-lo. “Não está nem doendo.”
“Eu sei,” ele murmurou. “Eles disseram que estão te dando analgésicos. Eu...
merda. Calla.” Ele se inclinou para frente, trazendo seu rosto tão perto do meu que eu
conseguia sentir o cheiro do seu perfume. “Oh, querida...” ele balançou sua cabeça e a
escuridão em seus olhos ficou torturante. Ele colocou sua mão na minha bochecha
esquerda e eu senti um arrepio vindo disso. “Eu sei que você provavelmente tem
perguntas mas tem algo que eu preciso dizer, okay?”
“Okay.”
“Quando você acordou ontem e eu tinha ido embora, não foi o que você pensou.”
418
Ontem foi uma merda.
“Eu tive que ir no centro da cidade para prova da roupa do casamento e eu tive
que sair cedo. Eu deveria ter deixado um recado, mas eu ainda estava irritado sobre a
noite anterior. Eu sai pensando que quando voltasse poderíamos conversar, mas Roxy me
ligou.”
“Sim.” Seu olhar se moveu para meu rosto, depois para baixo, e eu podia jurar que
ele estava olhando meu peito se mover como se estivesse garantindo a si mesmo que eu
estava respirando. “Ela me ligou no caminho para sua casa, porque estava preocupada
com a sua segurança. Eu sabia que você tinha ido embora e sim, eu estava com raiva disso.
Eu pensei que estávamos na mesma página.” Ele riu secamente. “Eu liguei para Reece, para
que ele soubesse que você estava na sua casa. Eles tinham um carro te seguindo.”
Seu dedão passou pelo meu maxilar enquanto seu olhar encontrava o meu
novamente. “Eu passei o dia todo ontem bravo com você, com nós, comigo.”
Bem, essas eram as coisas que eu realmente não queria ouvir agora, mas eu sabia
que o que quer que ele precisasse dizer, ele tinha que tirar isso logo de si, então eu
permaneci quieta enquanto o observava.
Um músculo escapou no canto de seus olhos. “Todo dia,” ele disse, balançando
sua cabeça. “Um maldito dia inteiro perdido com uma merda idiota, e eu deveria saber
melhor. Eu já provei esse tipo de arrependimento, você sabe, com minha irmã. Passei
tanto tempo bravo com Jena que quando ela se foi, eu não podia nem mesmo contar todas
essas horas perdidas que eu poderia estar lá com ela.”
Ele descansou seu peso em seu outro braço, tomando cuidado para não balançar
muito a cama, apensar que eu não tinha certeza do quanto eu conseguia sentir a essa
altura. “O ponto é, eu estava bravo, mas isso não mudou o que eu sinto sobre você ou o
419
que eu quero de você. Eu não sou perfeito. Pelo contrário, e eu estava sendo um cuzão. Eu
poderia ter ligado para você e ter certeza que você entendesse isso. Eu poderia ter
respondido sua mensagem. Eu não o fiz. Eu pensei que, talvez, nós dois precisássemos de
espaço para acalmar as coisas para que quando conversássemos, nós nos entenderíamos.
E noite passada, quando eu fui ao clube, Aimee apareceu.”
Agora eu lembrava disso também, e aquela dor aumentou, não tanto quanto antes
e por isso eu estava grata.
“Isso me irritou ainda mais. Eu fui embora. Ela me seguiu. Nós discutimos no meio
do estacionamento. E eu juro, mesmo o término de namoro mais bagunçado que eu já tive
com alguém foi mais fácil do que falar com ela. Ela não vai ser mais um problema, mas
porra, foi mais tempo perdido. Depois disso, eu voltei para casa. Eu estava planejando em
ir ao bar antes de fechar. Eu não pensei que você fosse sair mais cedo, mas eu estava indo
para você. Eu só nunca consegui chegar.”
Quando ele continuou falando, a rouquidão em sua voz, a dor era real, e isso me
atingiu. “Eu estava me arrumando para sair. Eu tinha minhas chaves na minha mão, Calla.
Eu estava quase passando pela porta. Eu estava pensando em te mandar uma mensagem
e meu telefone tocou. Era Colton. Eu quase não atendi porque eu sabia que eles ainda
estariam festejando e eu não estava no humor para essa merda, mas eu atendi. E ele me
disse que ele tinha acabado de receber um telefonema de um dos seus oficiais, que tinha
acontecido um tiroteio no bar e que alguém tinha se ferido. Isso era tudo que eu sabia, e
porra, babe, meu coração... fez a mesma coisa de quando eu recebi a ligação dos meus pais.
Era um sentimento de merda, como se não machucasse, mas machucou. Eu tentei te ligar
e quando você não atendeu, eu sabia" eu simplesmente sabia, porque se houve um tiroteio
no bar, você teria atendido o telefone se pudesse.”
“Eu estou bem,” eu sussurrei o melhor que pude, porque eu pensei que ele
precisasse ouvir isso, mas ele continuou, ignorando.
“Quando eu cheguei ao bar e vi seu carro cheio de marcas de balas, e você não
estava lá. Nem Roxy...” Ele parecia estar se recompondo enquanto sua mão tremia contra
minha bochecha. “Foi Nick que me contou que foi você. Ele estava do lado de fora. Chegou
a mim antes da polícia. Tudo que ele sabia era que você tinha sido baleada e que não estava
acordada quando os paramédicos chegaram. Calla, eu... eu nem consigo expressar com
palavras o que senti naquele momento ou o que senti enquanto vinha para esse hospital.
420
Tudo que sabia era que tinha fodido com tudo ontem.” Seu peito levantou com sua
respiração profunda. “Eu poderia ter perdido você. Merda, eu podia realmente ter te
perdido. E se eu não tivesse tido a chance de estar conversando com você agora, se você
tivesse sido levada de mim e se eu tivesse perdido a oportunidade de passar o dia de
ontem com você, estar com você, te amar, eu nunca me perdoaria por isso. Então, para que
você saiba Calla, eu vou esquecer qualquer merda agora. E eu espero que você esteja
comigo nisso, mas mesmo se não estiver, eu preciso tirar isso de mim e não vou me
arrepender de dizer a você.”
“Eu preciso dizer que eu te amo, Calla,” ele disse eu fiquei surpresa que o monitor
cardíaco não marcou o fato que meu coração havia parado por um momento. “Sem
brincadeiras, eu amo. Eu amo o jeito que você pensa, mesmo que seja irritante às vezes e
mesmo quando ainda é fofo. Eu amo que tem um monte de merdas que você nunca
experimentou e que vai poder experimentar comigo. Que eu vou poder ter essa honra. Eu
amo sua força e tudo que você sobreviveu. Eu amo sua coragem e eu amo que seus drinks
são uma merda mas ninguém liga, porque você é legal demais.”
Uma risada suave me surpreendeu quando saiu de mim, minhas palavras soando
bobas quando eu disse. “Eu realmente faço péssimos drinks.”
“Sim, você faz. É verdade. Tenho certeza que seus Long Island poderiam matar
pessoas, mas está tudo bem.” Seus lábios se curvaram de um lado enquanto seu olhar
segurava o meu. “Eu amo seu senso de humor e o fato que você nunca tinha comido grits
antes. Há tantas coisas que eu amo em você que eu sei que eu estou apaixonado por você.
Então, querida, você pode ficar com quantas camisetas minhas você quiser.”
Eu perdi a respiração de novo, e eu abri minha boca mas nenhuma palavra saiu,
por que havia tanto que eu queria dizer a ele. Eu queria listar as coisas que eu amava sobre
ele também, mas tudo que conseguir dizer foi “Eu estou apaixonava por você.”
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Jax inalou profundamente e seus olhos se arregalaram, e eu percebi que ele não
pensava que eu fosse dizer isso. Ele era um idiota por isso, mas ele era o idiota que eu
amava, então eu disse de novo e, então, ele se moveu, baixando sua cabeça para a minha
e aquele beijo... oh Deus, eu conhecia esse beijo porque ele já tinha me beijado assim antes
e ele estava com tanto amor quanto das outras vezes que ele tinha me beijado assim.
E então, talvez porque Jax me amava" estava apaixonado por mim" e eu estava
apaixonado por ele, ou porque eu tinha acabado de ser baleada e estava sob efeito de
alguns bons medicamentos, eu comecei a chorar.
Jax murmurou algo contra meus lábios e pegou algumas lágrimas com seu dedão.
Como não tinha como ele se juntar a mim nessa cama, ele fez a coisa mais próxima. Ele
trouxe sua cadeira o mais perto que pode e esticou seu corpo em direção ao meu,
colocando um braço em volta do meu ombro enquanto descansava sua bochecha no
travesseiro ao lado do meu. Um tempo passou antes que a enxurrada de lágrimas parasse
e eu me encontrasse sorrindo para ele. Eu consegui fazer meu braço direito funcionar e
coloquei minha mão na parte de trás do seu pescoço, meus dedos brincando com seu
cabelo enquanto ele me explicava detalhadamente como ele planejava me mostrar o
quando me amava, em tantos detalhes que eu tinha certeza que meu rosto estava
vermelho como um tomate, mas rapaz, como eu tinha algo para ansiar.
Mais tempo passou, o suficiente que eu imaginasse como ele conseguiu para que
os funcionários deixassem ele no meu quarto, mas isso não importava. Ele estava aqui e
era tudo que eu ligava. Nós estávamos ficando cansados quando ele disse. “Tem uma coisa
que precisamos conversar mas isso pode esperar para quando você sair daqui. Okay?”
Naquele momento, ele disse tudo que eu desesperadamente precisava que ele
dissesse, então eu poderia esperar o que quer que ele fosse me dizer. Eu concordei e senti
minhas pálpebras pesando e era isso, depois de estar acordada vai se saber a quanto
tempo, o sono me atingiu.
“Oh Deus,” Eu comecei a me sentar novamente, mas Jax estava ali, gentilmente
mantendo meus ombros para baixo.
422
Eu segurei seu pulso com minha mão direita. “Minha mãe. Ela estava lá, Jax. Ela
estava no estacionamento. Ela foi ferida?”
Ele me encarou por um momento e, então, balançou sua cabeça enquanto suas
sobrancelhas baixaram. “Mona estava lá?”
“Sim! Ela estava do lado de fora esperando por mim, mas um carro chegou e
alguém começou a atirar. Ela foi atingida?”
“Okay. Você precisa se acalmar.” Ele colocou sua mão em volta da minha bochecha
de novo. “Essa é a primeira vez que alguém está sabendo sobre sua mãe, querida. Ninguém
sabia que ela estava lá.”
Confusa, eu fiquei encarando ele. “Espere. Ela estava lá. Eu falei com ela. Ela me
chamou de bebê. Ela estava lá, Jax.”
Minha mente estava correndo. “Ela estava lá quando eles começaram a atirar e eu
ouvi o carro saindo...”
“A polícia encontrou o carro que eles acreditam que foi usado, abandonado a
alguns quilômetros do bar.” Ele explicou. “Eu não sei o nome que ele estava registrado,
mas eles acham que provavelmente era roubado. Tenho certeza que teremos mais
informações depois.”
Seus olhos encontraram os meus e ele beijou minha bochecha. “Querida, eu... eu
sinto muito.”
Eu comecei a perguntar a ele pelo que ele estava se desculpando mas eu sabia. Eu
entendi. Ele estava se desculpando porque minha mãe tinha aparecido no bar, tinha me
visto e eu tinha visto ela, pessoas estavam irritadas com ela e abriram fogo e eu fui atingida
e... e minha mãe deveria saber disso.
Eu pisquei devagar e balancei minha cabeça. “Ela tinha de saber que eu estava
ferida.”
423
Ele passou seu dedão sobre meu lábio e eu me senti incrédula. Eu lembro de
chamar por ela e não haver resposta. “Ela me deixou lá, Jax, em um estacionamento,
sangrando de um tiro que deveria ser para ela. Ela me deixou.”
Por que o que se diz para algo assim? Minha própria mãe tinha me deixado
sangrando em um estacionamento. Bom Deus, será que ela se importava? Meus lábios
tremiam e Jax se moveu mais para perto, seus dedos espalhados pela minha bochecha
enquanto ele virava minha cabeça para ele.
Eu fechei meus olhos enquanto concordava. Ele pressionou sua testa na minha,
me segurando do único jeito que ele conseguia até que a exaustão finalmente chegou,
levando tudo que era bom e ruim.
Durante os próximos dois dias eu fui mantida no hospital para observação, meu
quarto virando uma turbulência. Detetive Anders tinha entrado e saído mais de uma vez,
assim como Reece. Roxy e Nick apareceram, a menina trazendo doughnuts
sorrateiramente, coisa que eu não estava permitida em comer ainda, mas eu não tive
coragem de dizer isso a ela e ele estava com seu humor mais oscilante que nunca. Eu me
sentia responsável por isso. Ele tinha se oferecido para me levar para casa e talvez se eu
tivesse aceitado a oferta, minha mãe não teria tentado se aproximar de mim e eu não
estaria deitada em uma cama de hospital enlouquecendo por estar presa.
O tiroteio tinha chegado aos noticiários e de alguma forma Cam tinha ficado
sabendo, ou Teresa tinha continuado a ligar no meu celular até que Jax atendeu" eu não
sabia o que era ou se era ambos, mas meus amigos" Deus os proteja" estavam de volta a
cidade, tendo dirigido no momento que eles ficaram sabendo que eu tinha levado um tiro.
Eles estavam hospedados em um hotel a algumas quadras do hospital e eles estavam
levando tudo na boa. Jase até tinha brincado como as férias de verão estavam
interessantes para todos, mas eu podia dizer que eles estavam realmente preocupados,
especialmente quando Teresa disse que ela queria que eu voltasse para casa, para
Shepherd logo que possível. Mas eu não precisei dizer a ela que isso não resolveria tudo.
424
No final, eu estava no mesmo hospital de Clyde. Ele estava bem o suficiente para
ficar de pé por pequenos períodos e isso significava que ele estava no meu quarto, soltava
uma tempestade de palavrões e era levado de volta para seu quarto antes que tivesse
outro ataque cardíaco.
No meio disso tudo, Jax raramente saia do meu lado. Ele tirou uma folga do bar e
Nick e Roxy realmente se voluntariaram para ajudar. Ele tinha algum poder Jedi de um
cara quente sobre os funcionários porque ele ficou no meu quarto durante a noite e eu
sabia que isso era proibido, mas eu não questionei. Aquelas longas horas no meio da noite,
quando eu não conseguia dormir e tudo que eu queria era sair dali, ele estava comigo. Nós
conversamos sobre coisas importantes, como o que brigamos e falamos sobre coisas
bobas, como o que faríamos no caso de um apocalipse zumbi ou quais era nossos reality
shows favoritos. Eu admitir que ainda assistia Toddlers & Tiaras, que tinha uma quedinha
por Property Brothers 42e mais que uma quedinha por Robbie Welsh de Shipping Wars43.
Quando ele começou a falar sobre seu time de futebol favorito, eu apaguei e quando
acordei um tempo depois, ele estava dormindo no que deveria ser a posição mais
desconfortável conhecida pela humanidade.
Ele tinha dormido na sua cadeira, mas sua cabeça estava descansando em seus
braços que estavam dobrados em cima da cama ao meu lado. Sua bochecha estava virada
para mim e eu tinha atingido um nível novo de total estranheza porque eu não sabia
quanto tempo eu tinha ficado ali, vendo o jeito que seus cílios se mexiam em seu sono ou
somente olhando seu rosto.
Foi assim por duas noites e na manhã do terceiro dia, eu estava sendo liberada e
poderia ir para casa se tomasse cuidado. As enfermeiras me deram permissão naquela
manhã para lavar meu cabelo enquanto Jax ia para a casa e pegava algumas roupas para
mim. Banhos de esponja não estavam servindo, mas a pequena cicatriz por cima das
outras já cicatrizadas e toda a dor que eu tinha quando me virava muito rápido ou quando
respirava muito profundamente me diziam para tomar cuidado.
42
Chamado de Irmãos a Obra no Brasil, é um reality sobre dois irmãos gêmeos que ajudam pessoas a
comprarem e renovarem casas. https://en.wikipedia.org/wiki/Property_Brothers
43
Reality sobre pessoas que transportam cargas que transportadoras normais não aceitam.
https://en.wikipedia.org/wiki/Shipping_Wars
425
Meus amigos ainda estavam na cidade e eu não tinha ideia de quanto tempo eles
planejavam ficar, mas eu sabia que eles iriam me visitar amanhã, já que hoje eu fui
ordenada a não fazer nada, então eu acho que eles transformaram essa segunda viagem
em uma miniférias.
Minha mãe.
Minha própria mãe, de carne e osso, tinha me deixado deitada no meu sangue.
Isso doía mais que ter um prego enferrujado enfiado em seu coração. Repetidamente. Não
importava quantas desculpas ela tivesse ou quão assustada ela estivesse, não havia
justificativa, e isso era difícil de se reconhecer, por que eu não entendia até o momento
que eu percebi que ela tinha me deixado que eu ainda mantinha um pouco de esperança
que ela, um dia, seria como antes do incêndio, das mortes e das drogas.
Eu tinha feito a coisa certa quando falei com o Detetive Anders. Eu disse que eu
tinha visto minha mãe, ele não pareceu muito feliz de ouvir isso e eu não estava muito
animada de estar falando sobre isso.
Agora, eu não podia me deixar pensar nela, porque mesmo que ter levado um tiro
fosse uma merda e ser forçada a uma divida não fosse bom também, eu estava viva e eu
tinha muito pelo que agradecer.
Eu olhei sobre meu ombro para Jax enquanto o médico tirava a cinta do medidor
de pressão. Ele piscou e eu me contorci.
Eu fui liberada e nós fizemos uma parada no quarto de Clyde antes de ir para a
casa de Jax. Pelo que eu aprendi, Clyde seria liberado no final da semana, talvez amanhã
se seus exames fossem bons.
426
Quando cheguei na casa de Jax, eu fui para o sofá e me joguei ali, cansada pela
viagem de carro.
Seus olhos procuraram o meu e ele se levantou, colocando uma mão no braço do
sofá. Ele passou seus lábios pelos meus. “Você acha que consegue comer alguma coisa?
Eles disseram comidas leves, né? Como canja de galinha?”
Seus lábios se curvaram e ele se abaixou, me beijando mais uma vez. “Não tem
nada que você precise me agradecer, querida. Se por tudo, é ao contrário.”
Antes que ele respondesse, ele aliviou o franzido com meus lábios e criou vários
arrepios na minha barriga. “Você está sentada aqui no meu sofá e nada que eu fizer vai
mudar isso.”
Wow. Meu peito ficou todo derretido, o que era outro motivo para estar
agradecida por ele. Quando ele saiu para preparar a sopa, eu me aconcheguei ainda mais
no cobertor e, então, comemos sopa enquanto assistíamos a uma maratona de Property
Brothers, o que me fez querer comprar uma casa velha e reformar ela até virar uma
427
maravilha. E o fato que eles eram gêmeos gostosos talvez tivesse um pouco a ver com isso
também.
Mal tinha anoitecido quando ouve uma batida na porta. Eu me estiquei no sofá,
minhas costas contra a parte da frente de Jax e eu quase cai. Eu virei meu pescoço e vi a
tensão em seus lábios.
Ele balançou sua cabeça enquanto cuidadosamente tirava seu braço de baixo dos
meus ombros. “Fique aqui, okay?”
Concordando, eu me sentei depois dele ter passado por cima de mim. Ele deu a
volta no sofá, indo para a porta, onde ele espiou pelo olho-magico. “Mas que porra?”
Sua cabeça foi para o lado enquanto eu ouvia uma voz masculina vindo do outro
lado da porta. Eu não tinha ideia do que estava sendo dito mas vários minutos se passaram
e, então, Jax virou. Meu maxilar caiu enquanto ele foi até a sala de jantar e pegou uma
arma. A preocupação foi para um nível totalmente novo.
Mesmo eu sabendo que ele tinha uma arma e já a tinha visto antes, ainda era
chocante sempre que ele a pegava. “Jax...”
“Está tudo bem,” ele disse, vindo para onde eu estava. Sua mão passou pela parte
de trás do meu pescoço enquanto ele inclinava minha cabeça para trás, me dando um
rápido beijo. “Apenas por precaução.”
Até onde eu sabia, não havia nada sobre uma arma ser uma medida de precaução
e meu coração estava pulando enquanto ele voltava para a porta, abrindo a fechadura.
Meus músculos ficaram tensos enquanto ele a abria, segurando a arma a vista.
“Eu não dou a mínima para quem você é, faça um movimento que eu não goste e
você não vai sair dessa casa andando.” Jax avisou com a voz baixa enquanto dava um passo
para o lado.
428
Houve um minuto de silêncio uma voz masculina respondeu. “Eu gosto de pensar
que sou inteligente o suficiente para não fazer você usar essa arma que está em sua mão.”
Uma risada masculina profunda ressoou. “Isso pode ser verdade, mas eu não
estou aqui para causar problema, Jackson. Eu estou aqui para terminá-lo.”
Essas palavras eram como gelo que veio cortando minha coluna.
Um segundo se passou e, então, um homem entrou na casa. Bem, ele deslizou para
dentro. Vestido em um terno cinza escuro que obviamente era feito sob medida para
servir seu quadril estreito e seus ombros largos, cabelo escuro que estava penteado para
cima de uma testa e bochechas grandes, ele exalava dinheiro e poder.
Xingando baixo, Jax fechou a porta e se virou para nós. Colocando a arma na parte
de trás do seu jeans, ele suspirou. Eu estava presa no meu lugar, respirando
espaçadamente enquanto o homem esperava até que Jax viesse ao meu lado e colocasse
um braço em volta da minha cintura, me protegendo.
O homem andou e parou na nossa frente, estendendo uma mão. “Calla Fritz, é um
prazer finalmente conhecê-la.”
Meu olhar caiu de seu lindo rosto para a mão na frente de mim. E dei a ele um
aperto de mão fraco e imediatamente soltei sua mão. “Oi. Um, e você é?”
429
Capítulo Trinta e Dois
Meus olhos arregalaram até que pareciam que iriam pular do meu rosto. Puta
merda. Esse era Isaiah? E ele estava na minha frente, na casa de Jax? E Jax tinha deixado
ele entrar na casa?
“Posso?” Isaiah apontou com seu queixo para velha poltrona e quando Jax
concordou, ele se sentou.
Eu quase ri, porque ele parecia tão desconfortável sentado em uma cadeira que
já tinha visto dias melhores, usando um terno que provavelmente custava mais que cada
móvel dessa sala. Mas rir teria me feito parecer louca, e eu estava me sentindo meio assim.
O cara que minha mãe devia milhões e que provavelmente tinha algo a ver com o novo
buraco em meu corpo estava sentado na minha frente.
Jax me guiou para o sofá, mantendo seu braço em volta de mim. Ele foi direto ao
ponto. “O que está acontecendo Isaiah?”
Ele virou sua cabeça para o lado e seu sorriso ainda estava lá, apesar de ser um
sorriso falso. O lendário Isaiah era mais novo do que imaginei para o que imaginei ser o
deus das drogas e sabe-se lá o que mais. Talvez estivesse com trinta e poucos? “Primeiro,”
ele disse, desabotoando seu paletó, e eu pude sentir Jax ficando tenso ao meu lado, mas
Isaiah cruzou suas mãos juntas. “Eu gostaria de me desculpar por Mo.”
430
“Eu não sou fã da palavra sequestro, minha querida.”
“Meu sócio deveria te trazer a mim e não forçadamente, mas eu precisava falar
com você. Infelizmente, ele foi um pouco enfático demais na sua tarefa.”
“Ele bateu nela,” Jax disse com a voz seca. “Eu não chamaria isso de enfático.”
Minhas sobrancelhas foram jogadas para cima da minha testa. Contra mulheres
inocentes...?
“Eu precisava falar com você sobre o que vem acontecendo. Ele deveria apenas te
trazer a mim. Isso é tudo e eu sinceramente peço desculpas pelas suas ações naquela
noite.” Isaiah disse. “Como falei, já tomei conta disso. Assim como outro problema seu foi...
ou será... resolvido.”
“Um certo sócio meu era responsável por uma transação grande. Ele distribuiu
um pouco dessa responsabilidade para pessoas que, francamente, não deveriam ser
confiadas.” Ele explicou, seu olhar sombrio segurando o meu. Eu sabia totalmente de
quem ele estava falando" Mack, Rooster e minha mãe" e eu também sabia que transação
era. “No fim, quando essa transação não deu certo”" novamente, em outras palavras,
frustrada e arruinada pelo Cara Gorduroso roubando a heroína" “meu sócio era o
431
responsável por isso e ele estava bem ciente de quanto eu repudio quando as coisas não
dão certo.”
“Não só meu sócio falhou em assegurar a transação, como ele também impactou
minha imagem. Nem passam quarenta e oito horas sem que alguém da nossa estimada
força policial esteja no meu pescoço.” Aquele sorriso fácil e frio saiu do seu rosto e sua
expressão ficou gélida. “E uma vez que meu sócio percebeu isso, ele ficou razoavelmente
incomunicável, e pelo que pude descobrir, imaginou que o melhor jeito de retificar a
situação era te ameaçando, um inocente em tudo isso, e tomando decisões por si próprio.
Aparentemente, ele pensou que lidando com aqueles a quem ele confiou a
responsabilidade de alguma forma me deixaria feliz. Ele estava errado.”
Oh. Wow.
“Então você está dizendo que não teve nada a ver com Mack bagunçando com
Calla ou com ela levanto um tiro a uns dias atrás?” Jax perguntou.
“Com isso dito,” Isaiah continuou, sorrindo daquele jeito assustador. “meu sócio
não vai mais ser um problema.”
“O que?” eu pisquei.
O braço de Jax saiu dos meus ombros e sua mão terminou em volta da minha.
“Você está dizendo o que acho que está?”
432
Ele inclinou sua cabeça. “O que estou dizendo é que ele não vai mais ser uma
ameaça. Você não vai mais ter de se preocupar com alguém aparecendo no Mona’s, na sua
casa ou em algum carro aleatório.”
Eu o encarei.
Eu sabia o que ele estava dizendo sem realmente falar. Mack não seria mais um
problema para mim e desde que Isaiah, aparentemente, nunca foi um problema desde o
início, o respingo do que minha mãe tinha feito finalmente sairia de mim e, pela maior
parte, eu estaria livre.
“Se você ver sua mãe ou ouvir falar dela, por favor, a deixe saber que ela não é
bem vinda nesse estado ou nesse país,” ele disse suavemente. “Como eu disse, não gosto
de pontas soltas.”
433
Jax se levantou, de repente, e beijou minha testa antes de correr para a porta da
frente. Ele olhou o lado de fora antes de trancá-la. Se virando para mim, ele esticou seu
pescoço e suspirou. “Quem diria.”
Eu balancei minha cabeça de vagar. “Eu não sei o que dizer. Basicamente, ele me
disse que tudo iria ficar bem e ameaçou minha mãe, certo? Quero dizer, foi só isso que
aconteceu?”
“Isso aí.” Jax andou para mim e se agachou um pouco, para que nossos olhares
estivessem da mesma altura. “Eu não estava esperando por isso.”
Eu tossi, rindo, e tremi. “Eu também não. Quero dizer, wow. Isso pareceu com algo
saído direto de um filme. Você...”
Seu telefone tocou em seu bolso. Se endireitando, ele o pegou, olhou para a tela e
xingou antes de atender. “Sim?”
Eu o observei virar e andar em direção a janela da sala. “Sério?” Ele passou sua
outra mão pelo cabelo e deixou cair seu braço. “Bem, não posso dizer que estou animado
com isso.”
“Okay. Sim, precisamos conversar. Amanhã é bom. Eu tenho que voltar para o bar
amanhã a noite.” Ele se virou para mim. “Sim, Calla está indo bem. Ela vai ficar bem.” Outra
pausa. “Tudo certo, falo com você depois cara.”
Jax desligou e eu esperei tão paciente quanto possível para que ele viesse na
minha direção. “Bem, isso foi rápido. Realmente rápido.”
“O que?”
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Seus olhos procuraram os meus por um momento. “Eles acabaram de encontrar
o corpo de Mack em uma estrada de terra. Uma bala na cabeça. No estilo de uma execução.”
“Puta...” eu parei para respirar. “Oh meu Deus.” Ele não disse nada enquanto
tirava meu cabelo do meu rosto e nós ficamos quietos por vários minutos enquanto eu
absorvia essas informações. Eu não sabia como me sentir. Mack tinha atirado contra mim"
em mim. Ele tinha me ameaçado. E ele provavelmente não ligava se eu vivesse ou
morresse enquanto ele tentava consertar sua relação com Isaiah, mas ainda assim, ele
estava morto agora e eu não sabia se estava bem me sentir assim sobre isso. Então eu não
sabia o que sentir. “Isso foi rápido,” eu disse, estupidamente.
“Sim.”
“Não termine isso.” Ele pressionou um dedo contra meus lábios. “Nós não
queremos saber de tudo e não queremos levar isso conosco, Calla. Simples assim. Negação
plausível e, merda, você não quer isso na sua consciência. Okay? Isso não é pra gente.”
Eu baixei meu olhar. “Eu sei que não é assunto nosso. Mack não está onde está
por minha culpa. É pelo que ele fez. Eu só... eu não sei como me sentir sobre isso.”
Seus lábios encontraram minha testa. “Querida, você não precisa sentir nada a
não ser um pouco de alívio. Você está segura. E merda, isso é tudo que importa.”
Seus braços se apertaram ainda mais em volta de mim enquanto seus lábios
acariciavam minha bochecha. “Sim, querida, acabou.”
Eu acordei com a sensação mais prazerosa do mundo, tão boa que eu pensei que
estava sonhando. Mas não estava. Oh não, isso era um sonho, mas o tipo vivo.
Eu pisquei, abrindo meus olhos, e mordi meu lábio inferior enquanto abaixava
meu queixo e olhava para a extensão do meu corpo.
435
Olhos quentes, da cor de chocolate, cheios de uma perversão brincalhona
encontraram os meus. “Bom dia,” ele disse em uma voz rouca que foi direto para meu
ponto mais sensível.
Devia ser o meio da noite ou bem cedo, mas ainda estava escuro do outro lado da
janela. A luz no criado mudo estava ligada e os lenços haviam sido tirados de mim e a barra
da camiseta dele que estava usando" a mesma que eu havia roubado há uns dias atrás"
estava levantada até minha cintura. A barra da minha calcinha estava baixa até meu
quadril, baixo o suficiente para que não houvesse nada entre sua boca e eu.
“Bom dia,” eu suspirei e antes que pudesse dizer outra palavra, ele se moveu para
cima e me beijou docemente, tão carinhosamente que uma bola se formou em minha
garganta. Ele levantou sua cabeça, me beijou novamente, mas dessa vez foi na ponta do
meu nariz, e se moveu para baixo de mim.
Colocando seus dedos por dentro do elástico da minha calcinha, ele a puxou para
baixo até que estivessem em algum lugar do desconhecido. Estando entre minhas coxas,
ele me olhou pelo meio de seus cílios. “Você promete se comportar?”
Ele sugou seu lábio inferior entre seus dentes e disse. “Você precisa ficar imóvel,
baby. Eu não quero estragar seus pontos.” Seu olhar caiu para a parte mais intima minha
e ele lambeu seus lábios. Pela barrinha de granola mais sagrada, eu quase gozei ali. “Eu
deveria esperar até você estar cem por cento, mas eu estou com fome por você e não
consigo esperar.”
Eu realmente não podia fazer nenhuma promessa, mas concordei. Seus olhos
seguraram os meus por um momento e, então ele se esticou e colocou um beijo acima do
meu umbigo, na pele danificada.
Ofegante, eu o observei fazer um caminho com sua boca em volta do meu umbigo
até me lambeu, indo mais para baixo. Eu inalei bruscamente novamente enquanto ele
436
continuava, beijando e lambendo como se ele estivesse procurando provar cada curva ou
cada elevação minha. Ele levou seu tempo no meu estômago e quando chegou na área
entre minhas coxas, minha cabeça caiu de volta no travesseiro.
Ele primeiro me tocou, uma passada suave do seu dedo e eu me forcei a ficar
parada, mas houve um leve movimento do meu quadril e isso não fez nada pro meu
estômago. Seus dedos se moveram de novo, circulando e, então, entrando.
Eu gemia enquanto me agarrava no lençol, mas ele não tinha terminado enquanto
vagarosamente se movia para dentro e para fora. Minha respiração acelerou quando eu
senti sua boca contra a parte de dentro da minha coxa e, então, sua língua. Eu estava
devagar" tão devagar que cada toque dos seus lábios ou passada de sua língua me
consumia.
Ele se moveu, colocando um braço sobre meu quadril, me segurando no lugar. Ele
parecia saber que eu estava próxima. Tensão e calor se acumulavam em mim, explodindo
como uma flash, uma combustão de sensações que atingiram cada nervo com uma onde
quente de prazer. Espasmos pós o tremor passavam por mim enquanto ele levantava sua
cabeça, beijando a parte de dentro da minha coxa e logo acima do meu umbigo. Enquanto
ele se levantava, eu alcancei a borda dos shorts que ele usava. Ele suspirou enquanto meus
dedos passavam pela parte dura através do nylon.
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“Eu sei.” Eu me virei cuidadosamente para o lado não machucado e o encontrei
ali, seu corpo apoiado em um de seus braços. Sua boca estava tão perto que eu fui em
frente e o beijei, pega pelo gosto dele e de mim mesma misturados.
Jax gostava de beijar. Isso eu aprendi de cara. Ele gostava de fazer isso,
aproveitava e era realmente bom. E enquanto estávamos nos beijando, eu alcancei entre
nós novamente. Sexo talvez estivesse fora de questão pelos próximos dias, para ter
certeza, mas isso não significava que eu não podia usar minha mão. Ou minha boca.
Eu alcancei seus shorts mas ele pegou meu pulso, falando contra meus lábios.
“Calla, queri...”
Ele não se moveu pelo que pareceu uma eternidade e, então, pegou minha mão, a
guiando por dentro de seu shorts. Bem, bom saber que ele estava a bordo.
Seu corpo tremeu quando minha mão envolveu sua grossura e ele soltou meu
pulso, colocando seus dedos em seu shorts. Ele o abaixou até sua coxa enquanto beijava
meu pescoço.
Aliviando, eu o empurrei para baixo com minha outra mão enquanto ele me
encarava da onde estava deitado de costas. Meu olhar vagou sobre ele, tão devagar como
o movimento da minha mão. Deus, ele era incrível. Cada pedaço de pele, cada musculo e
cada imperfeição.
Seu quadril se moveu enquanto meu dedão acariciava sua ponta, e eu sorri,
lembrando dele me mostrando isso e o quanto ele gostava.
“Deus, Calla,” ele gemeu enquanto se movia, entrelaçando seus dedos em meu
cabelo. “Você está me enlouquecendo.”
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Houve um pequeno desconforto vindo do machucado mas nada muito grande e
com certeza não era isso que iria me parar do que queria fazer por ele. Minha boca
deslizava sobre ele e a mão que estava no meu cabelo se moveu para meu pescoço. Seu
dedão se movia na base do meu crânio enquanto eu levantava minha cabeça, lambendo e
sugando até que seu quadril estivesse se movendo em pequenas e controladas investidas.
Sua mão apertou meu pescoço e eu podia sentir os espasmos em sua base, pequenas
pulsações. Sua respiração ficou mais rápida e, enquanto eu ia mais profundamente quanto
podia, o que provavelmente não era muito, ele soltou um gemido alto.
“Merda, Calla.” Ele me puxou para cima e colocou sua boca na minha, me beijando
tão profundamente que eu senti o calor entre minhas coxas aumentando enquanto ele me
colocava de costas. “Você é perfeita, sabia disso?”
“Não, não sou.” Apesar disso eu sorri, por que eu gostava de como isso soava.
“Com certeza.”
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Seu peito levantou bruscamente contra minhas costas e ele colocou um beijo
contra minha garganta e pescoço. “Também te amo.”
“Tem certeza que você vai ficar bem aqui?” Teresa perguntou enquanto ela se
afastada do nosso abraço. “Nós podemos ficar. Jase não se incomoda.”
Eu olhei para Jase que estava apoiado contra a parede da casa de Jax. Pela última
hora, ele estava observando Teresa como se quisesse tê-la para sobremesa. Então eu
duvidava que ele não se incomodasse com isso. Sorri para ela. “Estou bem. Eu vou apenas
relaxar e ver TV pelo resto da noite e eu não acho que Jax vai ficar para o turno todo. Eu
acho que ele disse que voltava por volta da meia noite.”
“Bem, nós vamos ficar acordados até tarde,” Jase respondeu. “Então se precisar
de qualquer coisa, é só ligar.”
Sorrindo, ele saiu da parede e abraçou a cintura de Teresa por trás. Ele piscou
para mim enquanto abaixava sua cabeça, beijando sua testa. “Vamos, querida, vamos
pegar a estrada.”
Teresa colocou suas mãos sobre seu braço enquanto ele começou a andar para
trás, para a porta. “Não se esqueça de amanhã! Se você e Jax ainda quiserem, podemos
todos sair antes de voltarmos. Tudo certo?”
“Não vou esquecer.” Eu segui um Jase que tinha um olhar desesperado até a porta.
Eles estava aqui há horas depois que Cam e Avery tinham ido embora fazer qualquer coisa
que casais adoráveis faziam em seu tempo livre. “Eu vou ficar bem. Vocês se divirtam.”
Teresa revirou os olhos enquanto ele a arrastava para fora da porta mas no último
momento ela se soltou, correu de volta para onde eu estava e me abraçou de novo. “Eu
estou feliz que tudo vai ficar bem,” ela sussurrou, se virando, usando a perna boa de apoio.
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Teresa correu e pulou de cima dos pequenos degraus. Jase, que estava embaixo,
xingou enquanto ele a pegava, dando um passo para trás. “Jesus, você ainda vai me matar
do coração.”
Ela riu enquanto passava suas pernas em volta da sua cintura. Quando ele se virou
para ir para o carro, ela me deu tchau por cima do seu ombro. Eu balancei meus dedos de
volta pra ela, pensando que eles iriam dar uma disputa acirrada para Cam e Avery.
Eu fechei a porta e voltei para o sofá. Meio cansada depois de passar o dia todo
com meus amigos e com Jax, eu me envolvi com o cobertor e me aconcheguei no sofá. Não
demorou muito para que eu dormisse, e por mais que isso soasse bobo, eu dormi cercada
por pensamentos felizes.
Hoje tinha sido um bom dia, talvez ótimo. Tinha sido normal" meu novo tipo de
normal" cheio de risadas, sorrisos, conversas e beijos, muitos beijos doces e outros não
tão doces. Eu podia me acostumar com isso e iria. Seria difícil voltar para Shepherd, mas
nós faríamos isso funcionar. Aquela nuvem de felicidade iria manter tudo lindo e
maravilhoso.
Eu não sabia quanto tempo dormi, mas eu fui tirada do sono por dedos gelados
que passaram contra minha bochecha. Piscando meus olhos para se abrirem, eu esperava
ver Jax ao meu lado, pensando que eu tinha dormido mais do que deveria.
Meu coração foi parar na minha boca e eu me sentei tão rápido que repuxou a
pele do meu estômago e eu me contraí. “Oh meu Deus.”
441
Capítulo Trinta e Três
Eu a encarei pelo que pareceu uma hora inteira antes que eu encontrasse minha
habilidade de falar. “Como você entrou aqui?” eu perguntei, torcendo meu pescoço para
saber se Jax estava em algum lugar, mas aparentemente nós éramos as únicas pessoas na
casa. Talvez essa não fosse a melhor pergunta para se começar mas eu fui pega de
surpresa, totalmente despreparada.
Ela se afastou do sofá e se levantou. Foi quando eu percebi que ela estava usando
a mesma roupa que da última vez que eu a tinha visto e quando inalei profundamente,
meu coração... Deus, doeu como se alguém tivesse enfiado a mão dentro de mim e
apertado ele. Ela cheirava como alguém que não tinha visto um chuveiro há dias.
Deus.
Esfregando sua mão esquerda por seu braço direito, ela olhou ao redor. “Eu me
deixei entrar.”
“Como?”
“A porta de trás. Ela tem uma daquelas fechaduras antigas. Sem segredo. Eu
arrombei.”
“Você... você sabe como arrombar uma fechadura?” Quando ela concordou eu
apenas fiquei encarando-a. “Você sabe como arrombar uma fechadura?”
Ela concordou de novo e parou de esfregar seu braço. Sua mão ficou parada do
lado de dentro do seu cotovelo. “Bebê, eu não tenho...”
“Eu não ligo para o que você tem de falar pra mim.” E isso era verdade. Tão
terrível quanto fosse, era completamente verdade. “Eu levei um tiro. Você tem noção
disso?”
442
“Bebê...”
Ela abriu seus lábios, mas não falou. Em vez, ela levantou seu queixo enquanto
começava a coçar seu braço direito.
Dor se alojou na minha garganta como se eu tivesse engolido uma pílula amarga.
Eu encarei ela, minha mãe, e era como ver um fantasma. “Você sabia que eu tinha tomado
um tiro e você me deixou no estacionamento, sangrando. Eu fiquei dois dias no hospital.
Eu tive hemorragia interna. Você ao menos se importa?”
Ainda com o queixo levantado, seu olhar marejado encontrou o meu por uma
fração de segundo antes de se afastar. “Eu me importo com você, Calla. Eu te amo. Você é
minha filha. Eu só... eu...”
“Ama mais ficar alta?” Uma risada estranha escapou de mim. “História da minha
e da sua vida. As drogas sempre foram mais importantes.”
Ela não disse nada a principio e, então, ela disse aquilo que eu sabia que diria.
“Meus bebês se foram, Calla. Kevin e Tommy, eles...”
Suas pernas se moveram, se afastando, como se ela pudesse fugir de tudo que eu
estava falando, mas essa não era a primeira vez que eu tinha dito essas coisas para ela.
Mas eu sabia que seria a última.
443
“Não apenas isso, mas você quase me matou. Como realmente morta" tão morta
quando fodidamente morta, mãe.” Ela recuou novamente, mas não podia ser a primeira
vez que isso passava em sua cabeça. “Clyde teve um ataque cardíaco por causa das pessoas
que estão irritadas com você e que estavam mexendo comigo. Ele quase morreu.”
Balançando sua cabeça, ela olhou em volta da sala de Jax enquanto mechas do seu
cabelo cobriam sua visão e as suas bochechas. “Eu pensei... eu pensei que conseguiria de
volta o dinheiro.”
“Sim, roubando a heroína do Isaiah. Bem, isso não funcionou, certo?” Eu estava
respirando pesadamente enquanto meu coração palpitava com raiva e um pouco de
tristeza. “Você sabe, ele esteve aqui. Ele disse que você não pode nem ficar nesse estado.
Você sabe o que isso significa, mãe?”
“Eu estou indo embora,” ela engasgou, seu olhar saindo de mim e indo para as
paredes. Ela estava tão encurralada quanto um rato assustado. “Eu tenho alguns amigos
no Novo México que estou conversando. Eu queria te ver antes de ir.”
Okay.
Wow. Isso mexeu mais comigo do que pensei que iria, o que era estúpido.
Eu imaginei que isso fosse acontecer. A única opção era ela ficar, o que era igual
a uma sentença de morte, no estilo de Mack. Eu a observei se mover devagar, dando
pequenos círculos na minha frente, cravando suas unhas sujas em seu braço. Eu
pressionei meus lábios juntos, cortando o que teria sido um soluço.
Ela parou com o pequeno circulo que estava fazendo. “Eu não estou alta. Eu só
precisava de alguma coisa, bebê. As coisas não estão boas.”
444
infiltrando desde que eu era pequena. Não era nada novo, mas eu abri meus olhos e a
observei coçar seu braço enquanto ela tentava fazer um caminho dentro do chão. De
repente eu estava exausta para segurar as partes mais afiadas da raiva. Depois de hoje a
noite, eu nunca iria ver minha mãe de novo. Ela iria sumir. Nos últimos anos era como se
ela estivesse morta, mas agora seria ainda mais real. Antes, eu sabia que ela estaria aqui
ou pelo menos perto daqui, mas depois de hoje a noite, eu não tinha ideia de onde ela iria.
Se ela se ferisse ou algo pior acontecesse, não haveria um Jax ou Clyde para me ligar. Eu
nunca saberia. Ela iria realmente desaparecer.
Eu me sentei, exalando.
Levantei meu olhar e ela estava mais próxima agora, ainda impaciente e ainda
coçando o que provavelmente eram marcas de picadas. Eu fiquei tensa. “Eu sei.”
Ela parou, olhando para mim como um veado na frente de um carro, então
começou a falar. Franzindo o cenho, eu me virei e a observei fazer seu caminho até a mesa
de jantar que eu duvidava que Jax se quer usasse.
Com as mãos trêmulas, ela pegou os papeis e virou para mim. Ela caminhou para
frente, passando alguns metros atrás do sofá. “Isso... isso é seu.”
Ela limpou sua testa soada com a parte de trás do seu braço. A temperatura era
congelante. “É sua vida de volta.”
Eu a encarei, não tendo ideia do que isso significava. Então ela esticou seu braço,
segurando os papeis para mim. Me preparando para qualquer coisa, eu os peguei e
rapidamente passei por eles.
Os papeis eram apenas três folhas, e uma era mais longa, dobrada e, enquanto eu
a abria, perdi a respiração. “Mãe...”
445
“É sua. A casa.” Ela disse e enquanto eu olhava para cima, ela estava correndo
ambas as mãos pelo lado de suas bochechas. “Nunca houve um empréstimo em cima dela.
Eu nunca fiz isso. Eu... eu apenas deixei ela quieta.”
Eu não sabia disso. Eu tinha assumido que tivesse um empréstimo e que ela
tivesse a meses atrasada no pagamento e que o lugar seria tomado a qualquer minuto. O
fato dela não ter usado a casa como uma fonte adicional de fundos realmente me
impressionou. Eu olhei para os papeis para ter certeza que suas palavras não haviam
mudado. Nope. Ainda quitado. Ainda assinado pela minha mãe e algum cara que o nome
eu não reconheci.
“Tudo que você tem de fazer é assinar, mas está feito.” Ela se afastou da mesa e
parou. “A casa é sua. Venda. Você vai consegui, pelo menos, cem mil por ela.”
Eu olhei para ela, a bola de emoções de volta, mas dessa vez do tamanho de uma
bola de basquete no meu peito. “Mãe, eu não sei o que dizer.”
“Não me agradeça. O que quer que você faça, não me agradeça.” Ela engoliu forte.
“Você e eu sabemos que não mereço.”
“Eu te amo bebê.” Ela deu um passo para frente, ficando a um braço de distância
de mim, mas se afastou rapidamente. “Eu sei que não parece, mas eu te amo. Eu sempre
te amei. Sempre vou amar.”
Meu corpo tremia e meus olhos se abriram. Ela estava parada ali, me encarando
enquanto vagarosamente andava para trás, para longe de mim, e eu sabia que poderia
446
abraçá-la. Seria a última vez que eu a veria pelo resto da vida. Eu deveria abraçá-la. Ela
era minha mãe e por mais que eu a odiasse às vezes, eu a amava. Eu sempre a amaria.
Minha mãe se afastou, indo para a porta de trás e eu sabia que esse era seu jeito
de dizer para não tocá-la. Ela estava indo embora e, com meu coração estava na minha
boca, eu a observei abrir a porta" aquela que ela tinha arrombado a fechadura.
“Espere,” eu chamei, segurando os papeis mais perto do meu peito. E eu sabia que
não era da minha conta me preocupar com o bar ao ponto de chama-la. Eu estava
atrasando o inevitável. “E sobre o Mona’s" o bar?”
Okay. Eu duvidava que ela tinha se esquecido dele. “O bar, mãe. O que você vai
fazer com ele? Se você me deixou a casa, você também entregou o bar?” Porque o bar só
passaria para mim no caso da sua morte, e eu não queria pensar nisso agora.
Minha mãe balançou sua cabeça. “Bebê, eu não sou mais dona do bar. Eu não sou
há... um ano ou algo do tipo.”
“Eu o vendi para...” ela soltou uma risada fraca e seca. “Isso não importa. Eu o
vendi e está em boas mãos bebê.”
“E você está nas mesmas boas mãos. Eu sempre pensei que... você e Jackson
seriam perfeitos um para o outro. Ele é um bom menino. Sim, realmente um bom homem.
Ele ama intensamente e se importa, realmente se importa,” ela continuou enquanto eu ia
para frente, me abraçando e colocando uma mão na parte de trás de uma cadeira de jantar.
“Ele está sendo bom para o bar. Ele vai cuidar dele como sempre fez.”
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Minha mãe concordou e sua mão apertou mais a maçaneta da porta. “Eu não
queria esse tipo de vida para você. Você vai ser uma enfermeira, certo? Você vai fazer
diferença na vida das pessoas. Boas coisas. Esse é... seu caminho.”
Ela abriu sua boca e uma mecha do seu cabelo passou por sua bochecha
novamente. “Eu tenho que ir, bebê. Seja boa. Eu sei que você vai, mas seja boa e... e seja
feliz. Você merece isso.”
Então ela foi embora, deslizando pela porta como uma sombra e eu fiquei ali,
presa entre muitas emoções para me mover. Minha mãe tinha ido embora. Ela tinha
realmente ido agora e antes dela sair, ela tinha me dado o mundo.
E ela também tinha estragado uma grande parte dele, direto em suas fundações
que agora estavam rachadas.
Pegando os papeis que minha mãe tinha me dado, eu os levei comigo para o sofá
e peguei meu celular da mesinha de centro. Eu desejava que tivesse meu carro. Desde que
a janela de trás tinha sido estourada e haviam alguns furos desnecessários no corpo dele
devido a uma versão da Pennsylvania de O.K. Corral44, meu carro estava na manutenção
pela segunda vez e eu duvidava que os reparos seriam de graça. Nada disso importava
agora, apesar de tudo. Eu só queria sair daqui. Eu precisava fazer algo porque minha
cabeça estava girando e a pressão no meu peito estava aumentando.
Eram quase onze da noite. Jax estaria em casa logo e eu soltei o aperto no meu
telefone, considerando mandar uma mensagem ou ligar para ele. Em vez disso, coloquei
ele de volta na mesa.
Tudo fazia sentido agora e eu deveria saber que minha mãe não tinha mais nada
a ver com o bar. A condição estava lá, do jeito que tudo estava indo suavemente, e todos
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Referência a um filme de velho oeste dos anos 50. http://www.imdb.com/title/tt0050468/
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os papeis organizados no escritório gritavam que outra pessoa estava no comando. E
Clyde tinha me dito que eu não precisava me preocupar com o bar. Claro que não.
Minha mãe tinha vendido ele para Jax e ele nunca tinha me dito. Nem tinha Clyde,
mas eu não estava dormindo com Clyde, eu não estava apaixonada por Clyde; então esse
pequeno segredo não compartilhado parecia ainda mais importante.
Eu não sabia o que pensar. Eu nem mesmo entendia o porque dele não ter me
contado, especialmente desde a primeira vez que estive no escritório olhando a papelada
e pensando que eu tinha todo o direito de estar fazendo isso quando, aparentemente, eu
não tinha direito nenhum.
Passando minha mão pelo meu rosto, eu encarei os papeis da casa da minha mãe"
agora minha casa, meu bilhete para fora das dívidas que minha mãe tinha forçado. Isso
arrumaria o maior problema que estava sobre minha cabeça, o que eu não tinha me
esquecido mas tentava não pensar muito porque me deixaria louca, mas agora... agora
havia isso.
Eu não sabia como me sentir sobre isso e eu estava sentindo muita coisa, porque
minha mãe estava aqui e ela tinha ido embora de verdade, e Jax tinha mantido algo grande
escondido de mim. Minha confiança estava abalada. Estava estilhaçada, mal se segurando
junto.
Se ele tinha mentido sobre isso, se ele tinha mantido isso de mim, o que mais ele
tinha mentido ou mantido de mim? Eu não achava que essa era uma pergunta sem razão.
Por experiências passadas eu sabia que quando uma pessoa tinha coisas escondidas de
outras havia mais por trás.
Meu olhar foi para meu telefone enquanto eu baixava minhas mãos, então eu me
inclinei para frente, peguei ele da mesa e fiz uma coisa que nunca tinha feito antes.
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Eu meio que me senti mal por ligar para Teresa, porque estava tarde e eu tinha
certeza que tinha interrompido seu tempo sozinha com Jase devido as suas roupas
amassadas e a bagunça que estava seu cabelo.
Mas como uma boa amiga, ela atendeu a ligação. Não apenas isso, mas ela e Jase
tinham dirigido de volta para a casa de Jax e me pegado, me levando para a suíte que eles
estavam dividindo com Cam e Avery.
Cam, que estava sentado atrás dela no chão, com seus braços em volta da sua
cintura, suas longas pernas envolvendo seu corpo, não parecia muito feliz com as últimas
noticias" toda a parte de Jax ser dono do bar que eu pensava que um dia seria meu.
Jase estava apoiado contra a cabeceira da cama e sua expressão era indecifrável,
mas ele foi o primeiro a realmente dizer alguma coisa diferente de ‘mas que porra’ e ‘puta
merda’.
“As pessoas tem seus motivos para manter certas coisas em segredo,” ele disse.
“Eu não estou dizendo que isso justifica tudo isso ou o que seja, mas você precisa ouvi-lo.”
Cam revirou os olhos. “Cara, isso não é algo que você esconde.”
“Sim, eu sei tudo sobre coisas que não devem ficar em segredo.” O olhar que Jase
atirou a Cam fez meu radar apitar. Havia alguma coisa ali. “Mas as pessoas tem seus
motivos. Ele parecia um rapaz legal e ele não escondeu isso apenas para ser um imbecil.”
“Jase está certo,” Teresa disse antes que Cam pudesse responder. “Quero dizer,
não é legal que ele tenha escondido isso de você. É importante, mas tem que haver um
motivo.”
Eu concordei enquanto meu olhar ia para meu telefone, que estava no meu colo.
Há uns vinte minutos atrás Jax tinha ligado. Eu não tinha atendido mas mandei uma
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mensagem dizendo que eu estava com Teresa. Ele respondeu, mas eu não tinha me
permitido olhar. Ele tinha ligado novamente, e eu tinha desligado o som. Não foi a coisa
mais madura a se fazer, mas eu ainda não tinha ideia do que dizer a ele, ou o que pensar.
Mas Teresa e Jase tinham um ponto. Nós todos tínhamos nossos segredos e
contamos nossas mentiras. Eu era mulher o suficiente para admitir que eu tinha contado
umas mentiras gigante para meus amigos e que quando eles me ouviram, eles me
perdoaram.
“Ele realmente se importa com você,” Avery disse, e meu olhar se moveu para ela.
Eu imaginava se ela lia mentes além de ser uma linda ruiva. “Quando você se machucou,
ele não deixou o seu lado.”
“Não,” ela disse. “Quero dizer, quando você estava apagada, nós ouvimos da sua
amiga Roxy sobre como ele agiu. Ele travou uma batalha quando eles não queriam falar
com ele sobre sua condição por ele não ser da família.”
Ela concordou. “Ele quase foi expulso. Foi um de seus amigos policiais que
finalmente o acalmou e falou com os médicos. Ele realmente se importa com você, Calla,
então tem que haver um motivo para...”
Cam se soltou de Avery e levantou. “Não estamos mas estou disposto a apostar
um beijo em quem provavelmente é.”
Oh wow.
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Eu comecei a me levantar, pensando que provavelmente deveria ter atendido o
telefone, mas agora eu tinha uma boa suspeita de quem era.
Cam abriu a porta e deu um passo para o lado, revelando quem estava na porta,
confirmando minhas suspeitas.
Jax estava ali, e sua expressão, a tensão em seus lábios e em volta dos seus olhos
escuros me dizia que ele sabia o que eu sabia.
Ele entrou no quarto enquanto Cam fechava a porta, dizendo. “Pode entrar.”
Jax o ignorou e seu olhar estava fixo em mim. “Nós precisamos conversar.”
“Eu sou o único que está imaginando como ele sabia que ela estava aqui, nesse
hotel?” Cam perguntou enquanto andava de volta para onde Avery estava.
“Não existem muitos hotéis perto do hospital,” ele respondeu, ainda olhando para
mim. “E eu tenho amigos que podem descobrir qualquer merda para mim bem
rapidamente.”
“Bem, isso é meio estranho,” Cam murmurou sobre sua respiração enquanto
estendia um braço, ajudando Avery a se levantar.
“Tenho certeza que eles já sabem também, porque você foi para eles em vez de
vir para mim, então eles também vão ouvir isso.”
Cam e Avery pararam onde estavam, perto da porta da suíte, pegos saindo de
fininho do quarto. Um olhar rápido para Jase e Teresa me disse que eles desejavam ter
pipoca para compartilhar agora.
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“Jax, nós podemos ir lá pra fora.”
“Eu cheguei em casa e você não estava lá,” ele disse e continuou. “Considerando
tudo que aconteceu, isso realmente mexeu comigo. Sim, eu sei que estamos bem, mas
ainda assim apreciaria uma mensagem avisando.”
“Agora. Espere,” eu disse. “Eu te contei que estava com meus amigos.”
“Depois que eu cheguei em casa e vi aqueles papéis na mesinha,” ele corrigiu, seus
olhos brilhantes, quase pretos. Merda, ele tinha um ponto, então eu mantive minha boca
fechada e ele continuou. “Você viu sua mãe. Então, logo de cara eu sabia que isso deve ter
mexido com sua cabeça e que ela te deixou a casa. Isso é bom, eu fiquei feliz de ver isso.”
“Mas eu sei que não é por isso que você está sentada nesse quarto de hotel em vez
da minha cama agora.”
Boa hora para trazer esse tópico para a conversa. Se ele quer falar na frente dos
meus amigos, então vamos colocar isso pra fora. “Você é o dono do Mona’s. Você é do dono
do Mona’s pelo último ano e nunca pensou que deveria me falar isso?”
“É isso o que você estava dizendo enquanto eu estava naquele hospital, sobre
precisar falar algo comigo? Você teve tempo suficiente para me contar. Muito tempo antes
disso, como quando eu apareci no primeiro dia e estava passando pela papelada no
escritório!”
A cabeça de Jase se virou na direção de Jax, como se quisesse dizer que agora a
bola estava com ele.
Ele não respondeu imediatamente, o que estava okay, porque agora eu sabia que
estava me preparando para toda a batalha de palavras e perguntas e, talvez, um pouco de
xingamentos, mas quando ele falou, pela segunda vez nessa noite, meu mundo foi abalado.
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“Eu te conheço há mais de um ano,” ele disse, e a tensão saiu de seus ombros,
como se algum tipo de peso o estivesse prendendo. “Eu não estou falando de saber sobre
você através de Clyde ou pelo que sua mãe contou. Eu conhecia você. Eu tinha visto você
antes mesmo de você saber que eu existia.”
Oh meu Deus, minha perna estava bamba. Meus pensamentos iam e voltavam e
havia uma boa chance que ele estivesse falando sobre Brandon.
“A última vez foi nessa primavera. Você estava sentada em um banco, sozinha, do
lado de fora do que parecia ser a biblioteca. Você estava lendo. E cada vez que eu levava
sua mãe lá, ela nunca conseguiu terminar. Ela não teve coragem de acertar as coisas que
ela criou, mas ela queria. Só nunca deu certo porque você parecia estar sempre tão feliz.”
Ele exalou. “Você sempre parecia tão malditamente feliz. Sorrindo. Rindo. Sua mãe não
queria estragar isso.”
“Em cada viagem, ela falava sobre você e era real, você sabe? Ela não estava alta
ou brincando. É por isso que eu sabia de tudo. Não foi Clyde e não foi quando ela estava
bêbada, mesmo que às vezes ela falasse sobre você nesses momentos também, mas ela
realmente falava sobre você quando ela estava sóbria. Ela descobriu que você estava
estudando para ser enfermeira e ela não ficou surpresa. Ela me disse que uma vez você
ficou amiga das enfermeiras quando estava no hospital.”
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Eu fechei meus olhos contra a súbita inquietação. Isso era verdade, o que minha
mãe tinha dito. Eu tinha ficado amiga das enfermeiras e agora eu sabia como minha mãe
descobriu minha formação. Ela tinha estado em Shepherd, com Jax.
“Todas essas vezes que ela vinha, ela vinha falar comigo?” Eu perguntei e minha
voz soou incrivelmente pequena.
“Sim, ela queria. Ela reconhecia seus erros e suas merdas mais que qualquer um,”
ele disse, e quando eu abri meus olhos ele estava me observando. “Ela nunca quis a vida
no bar para você. Ela sabia as chances dela estar por perto não eram boas. Quando ela
soube que eu poderia tirar o bar das mãos dela, torná-lo bom, ela o vendeu para mim. Ela
não queria você tivesse essa opção.”
E ele não tinha terminado. “Eu não te contei sobre isso porque eu não sabia como
você iria se sentir se soubesse que sua mãe tinha ido te visitar. Vocês duas não estavam
bem e explicar isso me faz parecer estranho, mas era algo que eu não estava ansiando em
fazer.”
Os lábios dele se curvaram por um momento e, então, ele voltou seu foco para
mim. “Cada vez que eu te vi, pareceu como... como se eu soubesse um pouco mais sobre
você. Eu nunca falei com você mas te ver sempre sorrindo, ou rindo... ou estando
pacifica...” Ele balançou sua cabeça e meu coração se apertou . “Havia algo sobre isso... e
isso me consumiu, Calla. Merda. Eu me apaixonei por você antes mesmo de você saber
meu nome.”
Oh, holey moley. Lágrimas corriam dos meus olhos e seu rosto ficou embaçado.
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Eu engoli, mas a bola estava presa na minha garganta.
Seus olhos procuraram os meus. “Eu te amo, Calla. Eu ser o dono do bar não muda
isso. E se mudar, então eu não quero nada dele. Tudo que quero é você.”
Encarando ele de volta, eu não conseguia fazer nenhuma palavra sair da minha
boca. Tudo que ele disse rodopiava ao redor da minha cabeça. Eu estava impressionada.
“Diga algo, querida. Eu não quero desistir de você, mas você precisa dizer algo
para me parar de sair por aquela porta.”
Jax exalou enquanto segurava meu olhar, então ele se virou e andou. Ele foi em
direção da porta, e eu estava lá, parada, encarando ele, observando a porta se fechando.
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Capítulo Trinta e Quatro
“Oh Deus,” Avery disse, se sentando na beira da cama. Ela me encarou. “Ele se
apaixonou por você antes mesmo de você saber seu nome?”
Eu ainda não conseguia respirar, não conseguia pensar em nada para dizer. Eu
era uma estátua.
Jase virou sua cabeça para mim, com as sobrancelhas levantadas. “Se eu gostasse
de caras - você sabe, nadasse nessa onda, eu teria ficado nu depois disso.”
Eu pisquei. Um.
“E eu teria colocado um anel nele,” Cam adicionou, se movendo para onde Avery
estava sentada.
Teresa bufou. “Eu estou feliz e tenho o amor da minha vida então, Jase, não leve a
mal o que estou prestes a dizer, mas eu apoio ambas as coisas. Meu Deus, menina, isso foi
lindo. Isso foi real. E dói ouvir que você apenas deixou ele sair andando daqui.”
Eu fiz.
“Eu não sei,” ela disse. “Mas eu acho que você sabe o que precisa fazer.”
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Então eu corri, segurando meu celular como se ele me desse uma habilidade extra
na corrida, como se um T. Rex estivesse me perseguindo. Eu abri a porta sem olhar para
trás e fui para o corredor.
Claro, Jax não estava lá. Eu corri por lá, passando pelo elevador e cheguei nas
escadas. Eles estavam hospedados no terceiro andar e eu nunca desci degraus tão rápido
quanto fiz naquele momento, ainda sem quebrar o pescoço.
“Jax!” Eu gritei, passando por baixo da entrada do hotel. Meus olhos foram para o
estacionamento, não achando sua caminhonete. O lugar estava lotado. “Jax!”
Eu podia ligar para ele. Deus, eu era tão idiota. Eu poderia apenas ter ligado para
ele. Me endireitando, eu toquei na tela quando meu coração parou.
“Calla.
Me virando, eu quase deixei cair meu celular quando vi Jax parado a alguns
metros de mim. Eu não parei para pensar sobre o que estava fazendo ou para virar outra
estátua idiota.
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Jax não se moveu por um segundo até que seus braços me envolveram enquanto
eu dizia. “Eu te amo. Fique com o Mona’s. É seu. E Sim, você deveria ter me contado, mas
eu ainda te amo. Eu amo.”
Ele se afastou para que eu pudesse ver seu rosto sombrio. Quando ele não disse
nada, eu comecei a balbuciar. “Eu sou idiota, okay? Eu tenho esse histórico de fazer coisas
idiotas, então eu só fiquei ali parada. Mas em minha defesa, muitas coisas loucas
aconteceram últimamente e você apenas admitiu que tinha me visto antes mesmo que eu
soubesse que você existia. Isso, sozinho, é muito para processar. E você disse que se
apaixonou por mim antes mesmo de me conhecer, e agora as coisas fazem sentido para
mim, porque eu não conseguia entender como você conseguia me aceitar se tinha acabado
de me conhecer, mas você...”
Ele cortou minhas palavras com sua boca e não havia nada de gentil sobre seu
beijo. Era rico e profundo, consumindo tudo e não era uma sedução lenta. Seu beijo me
selou, me reivindicou e, enquanto sua língua passava pela minha, eu gemi em sua boca.
Quando ele parou o beijo, seus lábios passaram sobre os meus quando ele falou.
“Tudo que você precisava dizer era que você me amava. Isso era tudo.”
Uma risada escapou de mim. “Eu te amo, Jackson James. Eu te amo. Eu te...”
Seus braços me apertaram de novo e o rugido que saiu de seu peito me Silênciou.
Nossos olharem se encontraram. “Eu preciso estar em você. Agora.”
“Não tenho tempo de voltar para casa.” Então ele pegou uma mão e começamos a
voltar para a entrada do hotel.
“Jax?”
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Talvez amanhã eu fosse ficar envergonhada, porque os olhos do funcionário
foram para mim, depois para Jax, até seu braço que apertava meu quadril. Tudo que o
velho fez foi sorrir e concordar.
No primeiro andar.
Logo que ele fechou a porta atrás de nós, Jax estava em cima de mim. Suas mãos
estavam nas minha bochechas, guiando minha cabeça para trás, e ele me beijou
profundamente. Quando nos afastamos, eu tentei alcançar sua camiseta, mas ele pegou
meu pulso.“Antes que as coisas vão além, nós precisamos esclarecer algumas coisas.”Eu
concordei. “Okay. Diga.”
“Me desculpe por não te contar. Eu estraguei tudo. Você merece estar brava
comigo.”
Eu ouvi isso. Entendi. “Você está certo, mas eu disse uma mentira pior para meus
amigos por muito mais tempo. Você não é a panela e eu não sou a tampa. Eu preferia que
você tivesse me contado e eu realmente me importo com o Mona’s, e você estava certo,
mais ainda do que consigo imaginar, mas é seu Jax. Não meu. Nunca foi realmente meu,
mas de um jeito... ainda é, por sua causa. É.”
“Estou falando sério.” Eu queria tocar nele. Ficar nua. Mostrar a ele o quanto isso
significava. Ele fechou seus olhos rapidamente e disse. “Há apenas mais uma coisa. Eu te
amo, mas se você vai ficar comigo, você precisa entrar de cabeça. Você precisa ficar
realmente comigo, Calla. Quando algo acontecer, você não pode me ignorar. Você tem de
vir a mim. Nós falaremos sobre isso. Okay?” Pressionando meus lábios juntos, eu
concordei. “Eu aceito.”
“Isso...”
“Mas isso não significa que não vou fazer nada de idiota. Que eu sempre vou saber
como reagir ou que eu não vou precisar de tempo para digerir as coisas,” eu continuei. “E
eu faço muitas coisas idiotas regularmente. Como toda a...”
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Em vez de falar que estávamos, ele me mostrou o quão bem estávamos. Nossas
roupas voaram em tempo recorde. No fim, ele tinha um preservativo em sua carteira, o
que levou as minhas sobrancelhas a arregalarem.
Nós estávamos nus e na cama, nossas mãos e bocas possessivas. Ele tomou
cuidado extra com a cicatriz nova e, então, sua cabeça estava entre minhas pernas, meus
dedos cravando no lençol. Logo antes da tensão explodir em meu corpo, ele subiu em cima
de mim, se ajeitando entre minhas pernas.
Sua boca se curvou em um canto. “Essa é uma das suas coisas idiotas.”
“Fique quieto.” Eu envolvi minhas pernas em volta dele, trazendo ele ainda mais
para perto. Ele riu, mas quando deslizou dentro de mim, não havia nada realmente para
se rir. Era devagar e suave como nossa primeira vez, ele tomando cuidado extra e eu
esquecendo completamente sobre meu lado gentil. Minhas costas arquearam e meus
quadris se mexiam, investindo contra o dele.
Uma de suas mãos estava em meu seio, seus dedos trabalhando a ponta dolorida
enquanto ele suportava seu peso com o outro braço ao lado da minha cabeça. Eu tinha
ambas as pernas em volta dele agora, meu calcanhar cravado nas suas costas, implorando
para ele se mexer mais rápido.
“Tão impaciente.” Ele beijou o canto dos meus lábios e, então, o outro, antes de
aprofundar o beijo. Então ele se moveu mais rápido. Sua mão saiu do meu seio esquerdo
e encontrou a minha e ele entrelaçou nossos dedos juntos enquanto investia em mim, nos
conectando em mais um lugar. Ele disse meu nome em minha orelha e isso reverberou em
mim. Calor fluía e eu estava nadando em sensações cruas enquanto meu peito pressionava
contra o dele, tão perto que eu podia sentir seu coração batendo. Então ele levantou sua
cabeça, seu olhar travando com o meu, e a pressão dentro de mim aumentou ainda mais.
Eu o apertei dentro de mim.
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“É isso,” ele disse com a voz rouca.
Meus gemidos suaves aumentaram, justando aos dele enquanto o ritmo ficava
enlouquecido. Eu me movia mais rápido, agarrando seu quadril ao meu. Eu estava perdida,
levada para longe enquanto gemia seu nome e gozava de em ondas sensuais, seguida por
ele, se juntando a mim enquanto enterrava sua cabeça em meu ombro.
“Eu acho que você gosta de mim,” eu disse, minha voz rouca e grave, trêmula
conforme arrepios passavam por mim.
Jax riu no meu ombro e nos rolou de lado para que estivéssemos olhando um para
o outro. “Você é uma boba.”
“Sim.” Eu coloquei minha mão em sua bochecha. “Eu sou, mas você me ama.”
Ele colocou seus dedos em volta do meu pulso e trouxe minha mão para sua boca.
Ele beijou minha palma. “Eu amo.”
“Está na hora de levantar, bela adormecida.” Ele disse. Me curvando em uma bola,
eu balbuciei algo sobre precisar dormir mais, mas ele não ficou convencido, gentilmente
acariciando meu cabelo. “Nós temos planos para hoje.
Eu abri um olho. Então abri o segundo quando percebi que ele já estava vestido e
sentado na cama. “Por que você já está vestido?”
“Eu preciso começar a tomar pílula,” eu disse a ele, fechando meus olhos.
Jax riu alto. “Eu acho que eu posso te apoiar nisso mas você precisa tirar sua linda
bunda da cama”
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“Boo.
“Nós temos planos, querida, e precisamos fazer o checkout, ir para casa, tomar
banho e se você se levantar agora vamos ter tempo suficiente para foder um ao outro.”
Meus olhos abriram de novo. Eu gostava do som disso. “Que planos temos para
hoje?”
“Bons planos. Eu estou de folga do bar e você e eu vamos fazer algo divertido.
Então se levante.”
Ele bateu na minha bunda quando eu não me movi. “Seus amigos estão
esperando.”
“Eles estão?” Como uma idiota, eu olhei ao redor do quarto e fiquei aliviada
quando não os vi no quarto.
Ele sorriu e seus olhos estavam calorosos, de uma cor linda de whiskey. “Sim,
aquele monte de coisas que você nunca experimentou? Nós precisamos começar com elas
hoje se vamos ter a pequena chama de esperança de tirar umas delas da lista antes de você
voltar para Shepherd.”
Oh wow, meu coração fez algo como uma acrobacia no meu peito. Ele soltou meus
dedos do lençol e ele deslizou para minha cintura. Eu estava ocupada demais encarando
ele para parar ou me importar que metade do meu corpo estava a mostra. Ele passou seu
dedo por um mamilo inchado, agora distraído.
Ele abaixou sua cabeça, beijando onde seu dedão estava anteriormente. “Nós
vamos ao Hershey Park”
“Hershey Park?”
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Levantando sua cabeça, ele colocou uma mão atrás do meu pescoço. “Sim,
querida, é um parque de diversões. Você nunca esteve em um. E quando eu encontrei com
Jase do lado de fora, no lobby, eu disse a ele que queria te levar lá. Eles toparam.”
Sorrindo, ele concordou. “Olhe para você. Você está pronta para derramar as
lágrimas.”
Seu outro braço passou em volta da minha cintura e ele me puxou para seu colo.
Eu me segurei nele, apertando meus olhos fechados. Eu pensei em uma coisa, algo que Jax
disse uma vez. Ele estava certo, também. As circunstâncias eram uma merda e eram
loucas, mas eu tinha que agradecer a minha mãe por isso - por Jax. Nosso relacionamento
se tornou um raio brilhante no meio de uma nuvem sombria e triste.
Jax sorriu enquanto seu braço que estava em volta das minhas costas apertava
mais. “Essa é minha menina.”
FIM.
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