Resumo Contabilidade

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 56

CONTABILIDADE GERAL: 1 Lei nº 6.

404/1976 e suas alterações e legislação


complementar. 2 Lei 11.638/2007 e suas alterações e legislação complementar. 3 Lei
11.941/2009 e suas alterações e legislação complementar. 4 Lei 12.249/2010 e suas
alterações e legislação complementar. 5 Pronunciamentos do Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC). 6 Princípios de contabilidade (Norma Brasileira
de Contabilidade – NBC TSP Estrutura Conceitual/2016). 7 Demonstrações
contábeis pela legislação societária, pelos princípios da contabilidade e
pronunciamentos contábeis do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). 7.1
Demonstração de fluxos de caixa (métodos direto e indireto). 7.2 Balanço
patrimonial. 7.3 Demonstração do resultado do exercício. 7.4 Demonstração das
Mutações do Patrimônio Líquido. 7.6 Demonstração do Resultado Abrangente. 8
Mensuração do valor justo. 9 Investimentos em coligadas e controladas. 10 Análise
econômico-financeira. 10.1 Indicadores de endividamento. 10.2 Indicadores de estrutura
de capitais. 10.3 Análise vertical e horizontal.

6. PRINCÍPIOS DA CONTABILIDADE (Aula Extra – AFRFB)


Resolução nº 750/93 do CFC:
Art. 1º Constituem Princípios de Contabilidade (PC) os enunciados por esta Resolução.
§ 1º A observância dos Princípios de Contabilidade é obrigatória no exercício da
profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade
§ 2º Na aplicação dos Princípios de Contabilidade há situações concretas e a essência
das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais.
Como por exemplo, arrendamento mercantil (leasing) financeiro.
Art. 2º Os Princípios de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias
relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos
universos científico e profissional de nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no
seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades.
Art. 3º São Princípios de Contabilidade: 1) da Entidade; 2) o da Continuidade; 3) o da
Oportunidade; 4) o do Registro Pelo Valor Original; 5) da ATUALIZAÇÃO
MONETÁRIA; (Revogado pela Resolução CFC nº. 1.282/10); 6) o da Competência; e
7) o da Prudência.
São SOMENTE 6 Princípios agora.
Princípio da Entidade
Art. 4º O Princípio da entidade reconhece o Patrimônio como objeto da
Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de
um patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes,
independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade
ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por
consequência, nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios
ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.

1
Parágrafo único – O patrimônio pertence à entidade, mas a recíproca não é verdadeira.
A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova entidade,
mas numa unidade de natureza econômico-contábil.
O cerne deste princípio está em separar o patrimônio dos sócios do patrimônio da
pessoa jurídica. Portanto, peca contabilmente o empresário individual que utiliza do
dinheiro da empresa com a finalidade de efetuar pagamento de contas pessoais.
O patrimônio pertence à entidade, mas a recíproca não é verdadeira.
Princípio da Continuidade
Pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a
mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta
circunstância.
A empresa deve ser avaliada e escriturada na suposição de que a entidade não será
extinta, está em funcionamento contínuo.
Está diretamente ligado à avaliação dos ativos e passivos da empresa. Todo o ativo fica
registrado por valores de entrada. As máquinas e equipamentos ficam registrados pelos
valores que a empresa pagou, menos a depreciação acumulada e eventual ajuste para
perdas. Esse critério de avaliação é válido em função da continuidade esperada da
empresa.
Se a empresa fechar as portas, interessa saber por quanto o ativo será vendido. Na
ausência de continuidade, saímos de uma contabilidade basicamente a preços de entrada
para uma contabilidade a preços de saída.
No caso do passivo (obrigações da entidade), se a empresa tiver dívidas a longo prazo e
houver descontinuidade, as dívidas passam a ter vencimento antecipado (ninguém vai
ficar com dívidas de uma empresa fechada; se houver falência, os credores irão se
habilitar junto à massa falida, enfim, vão tomar as providências necessárias para receber
a dívida).
Princípio da Oportunidade
Refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais
para produzir informações íntegras e tempestivas. A falta de integridade e
tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a
perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e
a confiabilidade da informação.
A informação contábil necessita ser tempestiva e íntegra (essas são as duas palavras
chaves).
Por exemplo, uma S/A anuncia a venda de uma filial no momento em seguida à
realização da venda (logo após fechar o negócio). O anúncio é feito verbalmente na
imprensa, sem explicar pormenorizadamente a situação. Essa informação foi tempestiva
(até demais), porém, não foi íntegra, pois não se pautou em documentos, notas,
contratos, que são documentos que garantiriam a fidedignidade da informação contábil.

2
Por isso, deve-se fazer a ponderação entre a oportunidade e a confiabilidade da
informação.

Princípio do Registro pelo Valor Original


Determina que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados
pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional. Exemplo: Se
compramos um carro por R$ 30.000,00, esse é o valor que deverá constar no registro
inicial na contabilidade, o chamado custo histórico.
As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e
combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas: custo histórico envolve suas
variações (custo corrente; valor realizável; e valor presente).
Custo Histórico: Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em
caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entregues para
adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos recursos
que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos
valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o
passivo no curso normal das operações.
Atentem-se! O custo histórico (inicial) pode ser tanto o valor pago ou a ser pago, como
também o valor justo (valor de mercado) dos recursos que são entregues. Depende de
como será registrado o item.
São variações do custo histórico: custo corrente, valor realizável, valor presente,
valor justo e atualização monetária. Atenção! Cada tipo de ativo/passivo estará
sujeito a uma ou mais espécies de variações, mas não necessariamente todas.
Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, os componentes
patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações decorrentes dos seguintes
fatores:
a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes
de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem
adquiridos na data ou no período das demonstrações contábeis. Os passivos são
reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que
seriam necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das demonstrações
contábeis;
Os estoques são contabilizados pelo valor de compra (valor original). Depois, devem ser
avaliados pela regra custo ou mercado, dos dois o menor. Atualmente, o “valor de
mercado” é chamado de “valor justo”. Então agora temos custo ou valor justo, dos
dois o menor. Se a empresa não costuma vender esse material, não podemos usar o
valor que a empresa conseguiria numa eventual venda de ácido sulfônico. Assim, para
as matérias primas, o valor justo é o valor que a empresa iria gastar para comprar o
produto dos fabricantes/vendedores de ácido sulfônico.
O custo corrente é o custo de reposição, ou melhor, o valor que a empresa pagaria hoje
pela matéria prima, se fosse comprá-la.

3
b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de
caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os
passivos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados,
que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso
normal das operações da Entidade;
Valor realizável líquido é o preço de venda estimado no curso normal dos negócios
deduzido dos custos estimados para sua conclusão e dos gastos estimados necessários
para se concretizar a venda.
c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo
futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal
das operações da Entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado do
fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o
passivo no curso normal das operações da Entidade;
É quanto vale hoje um ativo ou passivo pertencente à empresa.
Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes
critérios:
VIII – os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a
valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante.
Art. 184. No balanço, os elementos do passivo serão avaliados de acordo com os
seguintes critérios:
III – as obrigações, os encargos e os riscos classificados no passivo não circulante serão
ajustados ao seu valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito
relevante.
Se tenho um ativo de longo prazo, uma duplicata a receber, por exemplo, no valor de R$
200.000,00, com juros sobre este valor de R$ 50.000,00. Qual o seu valor presente? É
no valor de R$ 150.000,00.
d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado,
entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos;
Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes
critérios:
I - as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos, e em direitos e
títulos de créditos, classificados no ativo circulante ou no realizável a longo prazo:
a) pelo seu valor justo, quando se tratar de aplicações destinadas à negociação ou
disponíveis para venda;

4
e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda
nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da
expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais.
São resultantes da adoção da atualização monetária:
I – a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa
unidade constante em termos do poder aquisitivo;
II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações
originais, é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que
permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por
consequência, o do Patrimônio Líquido; e
III – a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o
ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de
indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da
moeda nacional em um dado período.
O princípio da atualização monetária continua com o mesmo teor do que prescrevia a
Resolução 750/93 antes do CFC 1.282/10. O que houve foi a mudança de
posicionamento, tornando-se “espécie” do genérico princípio do Registro pelo Valor
Original.
Princípio da Competência
Determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos
períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento.
Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com
obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de
contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis
uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de
competência.
Por exemplo: Recebimento da fatura de luz em dezembro de 2009, referente ao mês de
novembro de 2009, para pagamento em janeiro de 2010. Quando lançaremos como
despesa de acordo com o regime de competência?
Ora, temos de procurar a quando a prestação, fatura, se refere. Utilizamos a luz em
novembro. Então, em novembro devemos lançar como despesa.
O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e
de despesas correlatas. Assim, quando realizo a venda de uma mercadoria e procedo à

5
sua entrega, devo reconhecer simultaneamente a receita de vendas e todas as despesas
que correspondam a essa venda.
Atenção: Todavia, as micro e pequenas empresas podem se utilizar do regime de
caixa:
Resolução n. 94 do Comitê Gestor do Simples Nacional:
Art. 61. A ME ou EPP optante pelo Simples Nacional deverá adotar para os registros e
controles das operações e prestações por ela realizadas: I - Livro Caixa, no qual deverá
estar escriturada toda a sua movimentação financeira e bancária;
§ 3 º A apresentação da escrituração contábil, em especial do Livro Diário e do Livro
Razão, dispensa a apresentação do Livro Caixa.
O livro caixa escritura receitas e despesas conforme haja pagamento ou recebimento.
Por seu turno, livros diário e razão coadunam com o princípio da competência. Portanto,
a questão tomou como absoluto algo que comporta uma pequena exceção.
O correto é usar o regime de competência, porém o fisco aceita que esses pequenos
negócios usem o regime de caixa (livro caixa). O imposto é calculado sobre a receita
recebida. O regime de competência deveria ser a regra. Mas, se não der para usar o
método contábil, usa o que é possível, que é o livro caixa.
Princípio da Prudência
Determina a adoção do menor valor para os componentes do ativo e do maior para
os do passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a
quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.
O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício
dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido
de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam
subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensuração e
apresentação dos componentes patrimoniais.
Atenção: O princípio da prudência tem o condão de evitar que: - Ativos e receitas:
sejam superestimados. - Passivos e despesas: sejam subestimados.
Principais Aspectos Da Resolução 1.282/2010 Do Cfc: 1 – Mudança de nomenclatura:
os princípios não são mais denominados princípios fundamentais de contabilidade, mas
tão-somente princípios de contabilidade; 2 – Possuíamos 7 princípios, agora são
somente 6, a saber: entidade, continuidade, oportunidade, registro pelo valor original,
competência e prudência; 3 – O princípio da atualização monetária foi incorporado ao
do registro pelo valor original.

7. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (Aula 03 – TCE/PE)


Demonstrações contábeis obrigatórias pela Lei 6404/76: Balanço Patrimonial,
Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados, Demonstração do Resultado do
Exercício; Demonstração dos Fluxos de Caixa; Demonstração do Valor Adicionado.

6
Demonstração dos Fluxos de Caixa é facultativa para companhia fechada com
patrimônio líquido inferior a R$2.000.000,00 na data do balanço.
Demonstrações contábeis obrigatórias pelo CPC 26: Balanço Patrimonial,
Demonstração do Resultado do Período; Demonstração do Resultado Abrangente do
período; Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido do período;
Demonstração dos Fluxos de Caixa do período; Notas Explicativa; Demonstração do
Valor Adicionado do período, se exigido legalmente ou por algum órgão regulador.
1) Segundo a Lei 6.404/76, nas companhias abertas, a DLPA pode estar contida
dentro da DMPL.
2) A DMPL não consta como sendo obrigatória pela Lei 6.404/76.Todavia, consta no
CPC 26. Assim, a DMPL passa a ser obrigatória a todos os tipos societários. A questão
deverá explicitar se está exigindo o conhecimento da Lei 6.404/76 ou do CPC 26.
3) A Demonstração de origens e aplicações de recursos, a DOAR, deixou de ser
obrigatória com as modificações contábeis introduzidas pelas Leis 11.638 e 11. 941.
4) Além disso, o CPC 26 menciona a DRA - assunto não previsto na Lei 6.404. A DRA
é uma demonstração que evidencia as receitas e despesas que não são reconhecidas no
resultado, indo direto para o patrimônio líquido.

7.2 BALANÇO PATRIMONIAL (Aula 03 – TCE/PE)


A principal demonstração contábil e se destina a evidenciar, seja de forma qualitativa,
seja de forma quantitativa, a posição patrimonial e financeira da entidade.
No balanço patrimonial, temos a apresentação dos bens, direitos e obrigações da
empresa. Esta informação é estática, pois funciona tal qual uma fotografia da entidade
em determinado momento
O exercício social terá duração de 1 (um) ano e a data do término será fixada no
estatuto (LSA, art. 175). Na constituição da companhia e nos casos de alteração
estatutária o exercício social poderá ter duração diversa (LSA, art. 175, parágrafo
único). Não há exigência de que o exercício social se inicie em 01 de janeiro e termine
em 31 de dezembro.
As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores
correspondentes das demonstrações do exercício anterior. Tudo isso para atender a
finalidade básica da contabilidade, que sabemos ser o fornecimento de informações aos
diversos usuários.
Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os pequenos saldos
poderão ser agregados, desde que indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um
décimo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é vedada a utilização de
designações genéricas, como “diversas contas” ou “contas-correntes”.
A finalidade de tal dispositivo é de facilitar o entendimento das demonstrações
contábeis, evitando que o excesso de detalhes prejudique o entendimento.

7
Vejam que há também a exigência que não se ultrapasse 10% do valor do respectivo
grupo. Atenção! Não podemos, por exemplo, mesclar os investimentos do ativo
circulante com os investimentos do ativo não circulante.
Observação: os grupos de contas são ativo circulante, ativo não circulante:
realizável a longo prazo, investimentos, intangível, imobilizado.
As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo a proposta
dos órgãos da administração, no pressuposto de sua aprovação pela assembleia-geral.
O lucro ou prejuízo é apurado na DRE. Os lucros obtidos precisam ser destinados
(dividendos, que é uma remuneração do capital dos sócios) e sua destinação é definida
pelo órgão máximo deliberativo dentro da SA: a assembleia-geral.
As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros
analíticos ou demonstrações contábeis necessários para esclarecimento da situação
patrimonial e dos resultados do exercício (LSA, art. 176, parágrafo quarto).
A entidade deve se preocupar em passar as informações do modo mais claro possível.
Por isso, deve complementar com nota explicativas, quadros analíticos, etc.
As demonstrações financeiras serão assinadas pelos administradores e por
contabilistas legalmente habilitados (não só contador, abrangendo tanto o técnico em
contabilidade como o bacharel em ciências contábeis).
As demonstrações financeiras das companhias abertas serão obrigatoriamente
submetidas a auditoria por auditores independentes nela registrados. As companhias
abertas são aquelas que negociam seus títulos no Mercado de Valores Mobiliários (não
é somente a Bolsa de Valores, mas sim a Bolsa e o Mercado de Balcão).
Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido
Segundo o CPC 00, os elementos diretamente relacionados com a mensuração da
posição patrimonial financeira são ativos, passivos e patrimônio líquido. Estes são
definidos como segue:
(a) Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e
do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade;
(b) Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja
liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios
econômicos;
(c) Patrimônio Líquido é o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos
todos os seus passivos. Ou seja, é o que sobra após deduzir todos os passivos dos ativos.
Normalmente é caracterizado como o “dinheiro dos sócios aplicado na empresa".
Podemos dizer também que o patrimônio líquido é o capital próprio.
Estrutura do Balanço Patrimonial

ATIVO PASSIVO
Circulante Passivo Circulante
Não Circulante Passivo Não Circulante

8
  Patrimônio Líquido
Grupos Patrimoniais
São três grandes classes de contas: ativo, passivo e o patrimônio líquido.
Ativo – as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez (se refere
à expectativa de conversão em dinheiro): Ativo Circulante; e Ativo Não Circulante –
ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível.
ATIVO CIRCULANTE - as disponibilidades (conta caixa, bancos conta movimento),
os direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente e as aplicações de
recursos em despesas do exercício seguinte.
As contas bancárias da empresa quando o banco está em liquidação: não entram,
devem ser reclassificadas para contas a receber. As instituições financeiras não estão
sujeitas ao processo de falência. Então, o seu processo de falência é distinto sendo que
uma das fases é chamada de liquidação.
Depósitos vinculados a operações de curto prazo também não entram, já que não estão
prontamente disponíveis para serem sacados pela empresa. Porém estes integram o AC.
Direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente - podem ser reais ou
pessoais. Os reais representam os bens (estoques de matérias primas, produtos
acabados, em elaboração). Os pessoais representam os direitos (clientes, adiantamentos
a fornecedores, ICMS e recuperar). Essa realização dita pela lei se dá pelo consumo ou
venda destes bens.
Despesas Antecipadas - As aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte
(também chamadas despesas antecipadas) são despesas que foram pagas pela empresa
com antecedência e ainda não foram para o resultado pelo regime de competência.
Ficará reconhecido como um direito no ativo até que o prazo vá se esvaindo,
gradativamente.
Atenção: SEGUROS - Prêmio de seguros: despesa na DRE. Valor pago para que você
possa utilizar o seguro durante o ano. Prêmio de seguros a apropriar ou seguros a
vencer: fica no ativo circulante ou no ativo não circulante realizável a longo prazo,
dependendo do prazo. É o valor que será transferido para o resultado, gradativamente,
conforma vamos utilizando o serviço.
A despesa ainda não ocorreu e não foi paga, não irá aparecer na contabilidade.
A despesa já incorrida e ainda não paga aparece como passivo (despesa a pagar).
A despesa já paga e ainda não incorrida aparece como ativo (despesa paga
antecipadamente).
A despesa já incorrida e já paga aparece apenas na demonstração do resultado, como
despesa.
Ainda ficam classificados no ativo circulante os investimentos em outras sociedades
com fins meramente especulativos.

9
ATIVO NÃO CIRCULANTE – é composto por: Realizável a Longo Prazo;
Investimentos; Imobilizado; e Intangível.
Realizável a Longo Prazo - os direitos realizáveis após o término do exercício
seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a
sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores, acionistas ou participantes
no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto
da companhia.
Operações com pessoas ligadas à entidade: 1) deve ser direito realizável após o término
do exercício social subsequente; 2) derivado de: venda, adiantamento ou empréstimo; 3)
a empresas coligadas ou controladas; diretores, administradores, sócios, acionistas ou
participantes no lucro; 4) negócio não usual da entidade.
INVESTIMENTOS: as participações permanentes em outras sociedades e os
direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se
destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa.
Participações permanentes em outras sociedades são os investimentos em sociedade
cujo caráter não seja o especulativo. Esses investimentos podem ser avaliados pelo
método de custo e método da equivalência patrimonial (MEP). Especulativos são
aqueles que não representam, por exemplo, uma proposta de expansão da atuação da
empresa.
Propriedade para Investimento - é a propriedade (terreno ou edifício - ou parte de
edifício - ou ambos) mantida (pelo proprietário ou pelo arrendatário em arrendamento
financeiro) para auferir aluguel ou para valorização do capital ou para ambas, e
não para: a) uso na produção; ou b) venda no curso ordinário do negócio. O CPC a
define como aquela que é mantida para auferir aluguel ou para valorização (ou
ambas), contanto que não sejam utilizadas para finalidades administrativas e nem sejam
vendidas como curso ordinário do negócio. No caso do aluguel – Quando é para auferir
renda unicamente. Ex: uma pagaria que aluga um pavilhão para uma indústria.
A propriedade para investimento não necessita ser juridicamente da entidade que está
publicando as demonstrações contábeis. Pode, também, ser de um arrendatário, no caso
de arrendamento mercantil financeiro (cuidado: arrendamento operacional, em regra,
não!)
Caso a propriedade seja mantida para uso, recebe o nome de propriedade ocupada pelo
proprietário e a classificação é no ativo imobilizado. O grande diferencial, portanto,
entre a propriedade mantida para investimento e a propriedade ocupada pelo
proprietário é a classificação. Enquanto a primeira é contabilizada dentro do ativo não
circulante - investimentos, a segunda é classificada no ativo não circulante –
imobilizado.
Tecnicamente, a propriedade ocupada pelo proprietário (ativo imobilizado) é aquela
mantida para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel
a outros, ou para fins administrativos; e ainda que se espera utilizar por mais de um
período. No caso do aluguel – Quando o aluguel é meio para conseguir um fim. Ex:

10
propriedade alugada para os próprios funcionários onde não se tem outros imóveis à
disposição.
Se o aluguel não estiver vinculado à atividade da empresa, e se destina a gerar renda,
então será classificado como propriedade para investimento. Se o aluguel for apenas um
meio, será considerado imobilizado.
Algumas propriedades compreendem uma parte que é mantida para obter rendimentos
ou para valorização de capital e outra parte que é mantida para uso na produção ou
fornecimento de bens ou serviços ou para finalidades administrativas. Se essas partes
puderem ser vendidas separadamente (ou arrendadas separadamente sob arrendamento
financeiro), a entidade contabiliza as partes separadamente. Se as partes não puderem
ser vendidas separadamente, a propriedade só é propriedade para investimento se
uma parte insignificante for mantida para uso na produção ou fornecimento de bens
ou serviços ou para finalidades administrativas.
IMOBILIZADO – São os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à
manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa
finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os
benefícios, riscos e controle desses bens. Ex: terrenos, máquinas, móveis e utensílios.
A regra é a classificação de bens de propriedade da companhia. Bens locados não
satisfazem, em regra, o critério para serem classificados como ativo, a não ser que sejam
classificados como Arrendamento Financeiro.
Conforme o CPC 27, Ativo imobilizado é o item tangível que: (a) é mantido para uso na
produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou para
fins administrativos; e (b) se espera utilizar por mais de um período.
O leasing, basicamente, pode ser de dois tipos: operacional e financeiro. A diferença
entre um e outro reside principalmente no seguinte critério: o leasing transfere ou não
os riscos e benefícios inerentes à propriedade. Se transferir, será classificado como
leasing financeiro. Se não, como leasing operacional.
Principais características de um arrendamento financeiro: 1) Transfere-se a
propriedade ao final do contrato. Isto é, é esperado que o arrendatário adquira a
propriedade ao final. 2) Valor residual mais baixo que o valor justo. Isto é, o valor a
pagar no final é menor do que o valor justo (valor de mercado). 3) O prazo do
arrendamento refere-se à maior parte da vida útil do ativo. Os pagamentos se darão pela
maior parte da vida útil de um ativo. 4) O valor presente dos pagamentos totaliza
substancialmente o todo o valor justo do ativo. Ou seja, o valor presente (valor que você
pagaria hoje pelo ativo) é equivalente a maior parte do valor de mercado do ativo. 5) No
caso do ativo arrendado, o arrendatário pode usá-lo sem grandes modificações.
O bem objeto de leasing financeiro deve ser reconhecido no balanço patrimonial do
arrendatário como ativo.
Art. 47. Poderão ser computadas na determinação do lucro real da pessoa jurídica
arrendatária as contraprestações pagas ou creditadas por força de contrato de
arrendamento mercantil, referentes a bens móveis ou imóveis intrinsecamente

11
relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços, inclusive as
despesas financeiras nelas consideradas.
Assim, o valor pago em cada prestação (do leasing financeiro) é dedutível para o
cálculo do IR! Apenas! A despesa de depreciação e os juros transcorridos por
competência não são dedutíveis, e devem ser ajustados no LALUR (Livro de Apuração
do Lucro Real). Assim, se a empresa paga R$ 10.000,00 por mês, sendo que destes, R$
7.000,00 seja de principal e R$ 3.000,00 de juros embutidos, ela poderá abater R$
10.000,00 quando for calcular o imposto de renda.
INTANGÍVEL – São os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à
manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de
comércio adquirido. Em suma, são aqueles ativos que não têm existência física. Como
exemplos de intangíveis, temos: direitos de exploração de serviços públicos mediante
concessão ou permissão do Poder Público, marcas e patentes, fundo de comércio
adquirido.
Fundo de comércio adquirido é sinônimo para goodwill, que é o valor que se paga mais
por um ativo ou conjunto de ativos em virtude da expectativa de rentabilidade/ganhos
futuros. É a diferença entre o valor adquirido e o valor justo.
O subgrupo intangível ganhou existência com a vigência da Lei 11.638/07, que separou
os direitos corpóreos no imobilizado e os incorpóreos no intangível. Antes,
classificaríamos tudo no imobilizado.
Ativo Intangível pode ser conceituado ainda como um ativo não monetário
identificável sem substância física.
Ativos monetários são aqueles que representam dinheiro ou serão recebidos em
dinheiro. Por sua vez, ativo não monetário são aqueles que não serão recebidos em
dinheiro. Por isso, o ativo intangível é não monetário.
Itens que se enquadram nessas categorias amplas são: softwares, patentes, direitos
autorais, direitos sobre filmes cinematográficos, listas de clientes, direitos sobre
hipotecas, licenças de pesca, quotas de importação, franquias, relacionamentos com
clientes ou fornecedores, fidelidade de clientes, participação no mercado e direitos de
comercialização.
Resumindo, um intangível será reconhecido se, cumulativamente, atender aos seguintes
critérios: - Atender ao conceito de intangível, ou seja, ser não monetário identificável
sem substância física; - Ser identificável, controlável e gerar benefícios futuros. Se não
atender os requisitos, deve ser reconhecido como despesa.
Ativo Permanente Diferido – era subgrupo do ativo, definido como as despesas pré-
operacionais e os gastos de reestruturação que contribuirão, efetivamente, para o
aumento do resultado de mais de um exercício social e que não configurem tão somente
uma redução de custos ou acréscimo na eficiência operacional.
O diferido foi extinto com as modificações recentes ocorridas na contabilidade. Os
saldos porventura existentes deste grupo patrimonial devem ser alocados a outro grupo
no balanço patrimonial. Não havendo essa possibilidade, ficam no ativo diferido até sua

12
completa amortização ou, alternativamente, podem ser baixados à conta de lucros ou
prejuízos acumulados, do patrimônio líquido. Porém, caso permaneça no ativo diferido,
a conta estará sujeita ao teste de recuperabilidade.
Ativos Biológicos – É um animal e/ou planta que estejam vivos. Não pode estar morto.
Ativo biológico é aquilo que nascem cresce e morre. São classificados no ATIVO
IMOBILIZADO. São exemplos de ativos biológicos: carneiros, plantação de árvores
para madeira, gado de leite, porcos, plantação de algodão, arbusto de chá, videira, cana-
de-açúcar.

7.1 DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA (MÉTODOS DIRETO E


INDIRETO) (Aula 09 – AFRFB – pg. 16)
A demonstração dos fluxos de caixa é obrigatória para a companhia aberta e para a
companhia fechada com patrimônio líquido superior a 2 milhões.
Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e V do caput do art. 176 desta Lei
indicarão, no mínimo:
I - demonstração dos fluxos de caixa – as alterações ocorridas, durante o exercício, no
saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, 3
(três) fluxos: das operações; dos financiamentos; dos investimentos.
Qual a finalidade da DFC? Evidencia a variação das contas caixa e equivalentes de
caixa da companhia. Informações sobre o fluxo de caixa de uma entidade são úteis para
proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a
capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como as necessidades
da entidade de utilização desses fluxos de caixa. As decisões econômicas que são
tomadas pelos usuários exigem avaliação da capacidade de a entidade gerar caixa e
equivalentes de caixa, bem como da época de sua ocorrência e do grau de certeza de sua
geração.
Caixa compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis.
Equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que
são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um
insignificante risco de mudança de valor.
Fluxos de caixa são as entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa.
A demonstração do fluxo de caixa explica a variação ocorrida no caixa da empresa. Por
exemplo, a conta caixa começou com zero e terminou com R$ 1.000 (o saldo pode ser
visto no balanço patrimonial ou compensando as contas dos razonetes).
A demonstração do fluxo de caixa é dividida em três tipos de atividades: fluxo de caixa
das atividades operacionais, das atividades de investimentos e das atividades de
financiamento.

13
Além disso, a DFC pode ser elaborada pelo método direto ou pelo método indireto. A
diferença entre os métodos está somente no fluxo operacional.
Basicamente, o método direto parte diretamente da conta caixa, enquanto que o
indireto é feito partindo do lucro líquido do exercício, fazendo alguns ajustes na DRE.
Só há diferença no fluxo operacional. O de financiamento e investimentos é igual.
DFC – Método Indireto
Passo 1: Ajustar as receitas e despesas que não afetaram o caixa.
Partir do lucro líquido do exercício e procurar o que não afeta o caixa (seja receita, seja
despesa). Basicamente é isso que fazemos no método indireto.
Fluxo de Atividades Operacionais
As Atividades Operacionais são as principais atividades geradoras de receita da
entidade e outras atividades que não são de investimento e tampouco de financiamento.
Por exemplo: lucro líquido é 450, mais depreciação de 50 = Lucro ajustado de 500.
A despesa de depreciação de R$ 50 diminuiu o Lucro Líquido. Mas a depreciação não é
paga a ninguém. Não resulta em saída de caixa. Assim, devemos somar ao lucro líquido
a despesa de depreciação e as outras despesas que diminuíram o Lucro, mas não são
saídas de caixa, como amortização, exaustão, despesas financeiras, perda no método da
equivalência patrimonial, etc.
Exemplo de despesas que não resultam em saída de caixa e devem ser ajustadas:
-Depreciação; - Amortização; - Exaustão; - Despesas financeiras; - Perda no método da
equivalência patrimonial.
Da mesma forma, as receitas que aumentaram o lucro, mas não resultaram em entradas
de caixa devem ser ajustadas no lucro líquido, diminuindo-o (receita de equivalência
patrimonial, receita financeira não recebida, e outras).
Exemplo de receitas que não resultam em entrada de caixa e devem ser ajustadas: -
Equivalência patrimonial; - Receita financeira não recebida.
Passo 2: Eliminar o efeito das vendas e compras a prazo do caixa.
Se todas as operações da empresa fossem realizadas à vista, o lucro ajustado já seria
equivalente à movimentação do caixa. Mas é comum que as empresas realizem
operações a prazo. Portanto, devemos eliminar o efeito das vendas e compras a prazo
do caixa.
Quando iniciamos o fluxo de caixa indireto pelo lucro líquido de 450, a premissa inicial
é que todo o valor das vendas (2.000) entrou no caixa. É uma premissa! Da mesma
forma, consideramos que todo o custo da mercadoria vendida representa efetiva saída de
dinheiro do Caixa. Afinal, começamos o fluxo de caixa somando o lucro líquido com a
depreciação.
Mas existem as operações a prazo e operações que resultam em saídas de caixa, mas não
afetam o resultado (por exemplo, a aquisição de estoque à vista). Para eliminar tais
efeitos do caixa, usamos a variação das contas patrimoniais. Como a conta duplicatas a
14
receber aumentou (o que significa que parte do dinheiro das vendas lá ficou represado),
vamos diminuir $ 2.000 na demonstração do fluxo de caixa.
As variações das contas do Ativo/Passivo Circulante/Não Circulante ficam, em síntese
do seguinte modo:

Ativo Aumenta Caixa Diminui


Ativo Diminui Caixa Aumenta
Passivo Aumenta Caixa Aumenta
Passivo Diminui Caixa Diminui

Por exemplo, se o estoque aumentou $1500, a conta caixa diminuiu em mesmo valor. Se
o estoque diminuiu 1500, a conta caixa deve ter aumentado 1500 também. Se a conta
fornecedores diminuiu 1500, quer dizer que foi pago esse valor, diminuindo o caixa. Se
o passivo aumentou, é sinal de que não foi pago, então o caixa aumentou também.
Cada fluxo pode gerar caixa ou consumir caixa.
Fluxo de Atividades de Investimentos
São as referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de outros
investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa. Estão relacionados à compra e
venda de ativos não circulantes e investimentos que não sejam equivalentes de caixa.
Exemplo, houve apenas a compra da Máquina, por $ 6.000, no Fluxo das atividades se
Investimentos. Com isso há a diminuição de caixa no valor de $6.000.
Fluxo de Atividades de Financiamentos
São aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio
e no capital de terceiros da entidade. É composto pelo dinheiro dos sócios (aumento de
capital) e de terceiros (empréstimos). Por exemplo, integralização de capital.
DFC – Método Direto
Usamos o Lucro Líquido e a variação do saldo das contas patrimoniais.
No método direto, usamos as contas patrimoniais e ajustamos pelas contas de resultado.
Ou seja, usamos as mesmas informações, mas a forma de cálculo muda.
Saldo Final = Saldo Inicial + Entradas – Saídas
O saldo inicial e final de cada conta vem do Balanço Patrimonial. E as contas de
Resultado representam as entradas ou as saídas, dependendo da conta.
Por exemplo, a conta Estoque. Saídas (CMV que aparece na DRE) é 1.500. Saldo Final
é igual a 1500. Então queremos saber quanto entrou. A fórmula Saldo Inicial + Entradas
– Saídas = Saldo Final.
1500 = 0 + entradas - 1500 => entrada = 3000 => Assim, entrou 3.000, que são as
compras de estoque. A entrada no estoque também é entrada na conta fornecedores.

15
A conta Fornecedores: Saldo inicial = 0; Entradas (é o total de compras) = 3000; Saldo
Final = 0 Qual a saída? Saldo Final = Inicial + Entradas – Saídas
0 = 0 + 3000 – saída => Saída = 3000
Resumidamente: 1) Para calcular as saídas de caixa, precisamos calcular as saídas da
conta fornecedores (é o pagamento do fornecedor). 2) Para calcular a saída da conta
fornecedores, precisamos de três informações: o saldo inicial, o saldo final e as entradas.
3) As entradas da conta fornecedores são as entradas da conta estoque.
Portanto:
- Usamos a conta estoque para calcular as entradas no estoque (são as compras).
- A entrada no estoque é igual a entrada em fornecedores.
- Usamos a conta fornecedores para calcular a saída dessa conta (é igual às saídas de
caixa).
Fluxo de Atividades Operacionais
Entre o método indireto ou direto, só há diferença no fluxo das atividades operacionais.
Os fluxos das atividades de Investimento e Financiamento são iguais nos dois métodos.
Assim, somando-se as movimentações das contas patrimoniais: Recebimento de clientes
= 0; Pagamento de Fornecedores = 3000; Somando-se as contas patrimoniais temos um
caixa consumido de 3000.
DFC no CPC 03
A DFC quando usada em conjunto com as demais demonstrações contábeis,
proporciona informações que permitem que os usuários avaliem as mudanças nos ativos
líquidos da entidade, sua estrutura financeira (inclusive sua liquidez e solvência) e sua
capacidade para mudar os montantes e a época de ocorrência dos fluxos de caixa, a fim
de adaptá-los às mudanças nas circunstâncias e oportunidades. As informações sobre os
fluxos de caixa são úteis para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e
equivalentes de caixa e possibilitam aos usuários desenvolver modelos para avaliar e
comparar o valor presente dos fluxos de caixa futuros de diferentes entidades. Também
concorre para o incremento da comparabilidade na apresentação do desempenho
operacional por diferentes entidades, visto que reduz os efeitos decorrentes do uso de
diferentes critérios contábeis para as mesmas transações e eventos. Informações
históricas dos fluxos de caixa são frequentemente utilizadas como indicador do
montante, época de ocorrência e grau de certeza dos fluxos de caixa futuros.
A entidade deve apresentar seus fluxos de caixa advindos das atividades operacionais,
de investimento e de financiamento da forma que seja mais apropriada aos seus
negócios.
Uma única transação pode incluir fluxos de caixa classificados em mais de uma
atividade. Por exemplo, quando o desembolso de caixa para pagamento de empréstimo
inclui tanto os juros como o principal, a parte dos juros pode ser classificada como
atividade operacional, mas a parte do principal deve ser classificada como atividade de
financiamento.
16
Atividades Operacionais
Os fluxos de caixa advindos das atividades operacionais são basicamente derivados das
principais atividades geradoras de receita da entidade. Portanto, eles geralmente
resultam de transações e de outros eventos que entram na apuração do lucro líquido ou
prejuízo.
Atividades de Investimento
A divulgação em separado é importante em função de tais fluxos de caixa representarem
a extensão em que os dispêndios de recursos são feitos pela entidade com a finalidade
de gerar lucros e fluxos de caixa no futuro. Somente desembolsos que resultam em ativo
reconhecido nas demonstrações contábeis são passíveis de classificação como
atividades de investimento.
Quando um contrato for contabilizado como proteção (hedge) de posição identificável,
os fluxos de caixa do contrato devem ser classificados do mesmo modo como foram
classificados os fluxos de caixa da posição que estiver sendo protegida.

Exemplos do Fluxo de Investimentos


Venda de imobilizado
Venda de intangível
Recebiment
o Outros ativos de longo prazo
Venda de participações
societárias
Aquisição de imobilizado
Aquisição de intangível
Pagamento Outros ativos de longo prazo
Compra de participações
societárias

Atividades de Financiamento
A divulgação separada dos fluxos de caixa advindos das atividades de financiamento é
importante por ser útil na predição de exigências de fluxos futuros de caixa por parte de
fornecedores de capital à entidade.
Exemplos: (a) caixa recebido pela emissão de ações ou outros instrumentos
patrimoniais; (b) pagamentos em caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações da
entidade; (c) caixa recebido pela emissão de debêntures, empréstimos, notas
promissórias, outros títulos de dívida, hipotecas e outros empréstimos de curto e longo
prazos; (d) amortização de empréstimos e financiamentos; e (e) pagamentos em caixa
pelo arrendatário para redução do passivo relativo a arrendamento mercantil financeiro.
Juros e Dividendos
Juros, dividendos e juros sobre o capital próprio recebidos e pagos devem ser
apresentados separadamente. Cada um deles deve ser classificado de maneira

17
consistente, de período a período, como decorrentes de atividades operacionais, de
investimento ou de financiamento
Os juros pagos e recebidos e os dividendos e os juros sobre o capital próprio recebidos
são comumente classificados como fluxos de caixa operacionais em instituições
financeiras. Alternativamente, os juros pagos e os juros, os dividendos e os juros sobre o
capital próprio recebidos podem ser classificados, respectivamente, como fluxos de
caixa de financiamento e fluxos de caixa de investimento, porque são custos de
obtenção de recursos financeiros ou retornos sobre investimentos.
Os dividendos e os juros sobre o capital próprio pagos podem ser classificados como
fluxo de caixa de financiamento porque são custos da obtenção de recursos financeiros.
Alternativamente, os dividendos e os juros sobre o capital próprio pagos podem ser
classificados como componente dos fluxos de caixa das atividades operacionais, a fim
de auxiliar os usuários a determinar a capacidade de a entidade pagar dividendos e juros
sobre o capital próprio utilizando os fluxos de caixa operacionais.
Portanto, o pronunciamento encoraja fortemente a seguinte classificação:
Juros Recebidos ou pagos = Atividades Operacionais
Dividendos e Juros sobre o capital próprio recebidos = Atividades Operacionais
Dividendos e Juros sobre o capital próprio pagos = Atividades de Financiamento
Modelo de DFC – Método Indireto
Atividades Operacionais
Lucro líquido
(+) Depreciação, amortização e exaustão
(+)(-) Resultado da equivalência patrimonial
(+)(-) Resultado na alienação de imobilizado, investimentos ou intangíveis
(+) Despesas financeiras que não afetam o caixa
(-) Receitas financeiras que não afetam o caixa
Lucro ajustado
Variação nas contas do ativo circulante e realizável a longo prazo:
Duplicatas a receber
Clientes
(PDD)
(Duplicatas descontadas)
Estoques
Despesas antecipadas
Variação nas contas do passivo circulante e passivo não circulante:
Fornecedores
Contas a pagar
Impostos a recolher
Atividades de Financiamento
Terceiros
Empréstimos e financiamentos (passivo – captação e pagamento)

18
Sócios
Aumento/integralização de capital (PL)
Pagamento de dividendos
Atividades de Investimentos
Compra e venda de investimentos, imobilizado e intangível (parte do ativo não
circulante)
Modelo de DFC – Método Direto
Atividades Operacionais
Recebimento de clientes
Recebimento de juros
Pagamentos
- A fornecedores de mercadorias
- De impostos
- De salários
- De juros
- Despesas pagas antecipadamente
Exemplo: A partir do Balanço Patrimonial e da Demonstração dos Resultados abaixo,
elabore a Demonstração dos fluxos de Caixa pelo método Direto e pelo método Indireto.
31.12.X 31.12.X
Empresa Exemplo S.A
1 2
Ativo Circulante
Caixa 100 100
Bancos 18.900 17.900
Duplicatas a Receber 15.000 31.000
Estoque 22.000 21.500
Ativo Não Circulante
Investimentos
10.000 10.000
Permanentes
Imobilizado 20.000 27.000
Depreciação Acumulada 6.500 -7.400
Intangível 6.800 6.800
Total do Ativo 86.300 106.900
Passivo Circulante
Fornecedores 26.800 35.800
Salários a Pagar 7.000 7.300
Impostos a Recolher 4.500 3.300
Passivo Não Circulante
Empréstimos a Longo
18.000 23.000
Prazo
Patrimônio Líquido
Capital Social 25.000 30.000
Reservas de Lucros 5.000 7.500

19
Total Passivo + PL 86.300 106.900

Demonstração do Resultado
3500
Receita líquida de Vendas 0
-
1800
(-) CMV 0
1700
Lucro Bruto 0
(-) Despesas  
De Vendas -3000
De Salários -6800
Depreciação -900
Financeiras -3000
Lucro Operacional 3300
(-) Provisão IR e CSLL -800
Lucro Líquido 2500

Detalhes adicionais da questão: 1) O aumento de Empréstimos de Longo Prazo: R$


3.000 refere-se a juros que serão pagos junto com o valor principal; R$ 2.000 refere-se a
novos empréstimos. 2) O aumento do Capital Social foi integralizado pelos sócios em
dinheiro.
A DFC Indireto completa fica assim:

Fluxo de Caixa - Método Indireto


Fluxo Operacional
Lucro Líquido 2500
(+) Depreciação 900
(+) Des. Juros Não Pagos 3000
Lucro Ajustado 6400
-
(-) Var. Duplicatas a Receber 1600
0
(+) Var. Estoques 500
(+) Var. Fornecedores 9000
(+) Var. Salários a Pagar 300
(-) Var. Impostos a Recolher -1200
Caixa Consumido Ativ. Operacionais -1000
 
Fluxo de Atividades de Investimento
Aquisição de Imobilizado -7000
Caixa Consumido Atividades de Invest. -7000

20
 
Fluxo de Atividades de Financiamento
Dos sócios
Integralização de Capital 5000
Novos Empréstimos 2000
Caixa Gerado Atrividades de
7000
Financiamento
TOTAL DE CAIXA CONSUMIDO -1000
1800
Disponibilidades em X2
0
1900
Disponibilidades em X1
0
Disponibilidade X1 - X2 = -1000

Pontos de atenção
Empréstimo: Contraído é Financiamento. Concedido é Investimento. Juros sobre
empréstimos é Operacional.
Arrendamento: Arrendamento mercantil financeiro é Financiamento (pagamento das
parcelas). Arrendamento mercantil operacional é Operacional.
Compra e venda de ações: De outras companhias: Investimento. Da própria
companhia: Financiamento.
Duplicadas descontadas: Fluxo Operacional

7.4 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Será apresentada a DLPA antes pois é um requisito para entender a DMPL.
A demonstração das mutações do patrimônio líquido é a demonstração que evidencia,
como o próprio nome sugere, as modificações neste grupo patrimonial.
A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados demonstra as movimentações da
conta lucros ou prejuízos acumulados, passando desde o saldo do início do período (se
for prejuízo) até a recepção do lucro (que vem da DRE) e sua distribuição.
O primeiro ponto a destacar é que a demonstração das mutações do patrimônio
líquido (DMPL) não é obrigatória segundo a Lei das Sociedades por Ações.
Todavia, a DMPL é obrigatória segundo o CPC 26, sendo que este Pronunciamento
Técnico não faz qualquer referência à DLPA.
DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS – DLPA
A DLPA demonstra o dividendo por ação do capital social. Distinga-se da
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) que demonstra o lucro ou
prejuízo por ação do capital.

21
Portanto, podemos inferir que a demonstração de lucros ou prejuízos acumulados é
elaborada posteriormente à demonstração do resultado do exercício. Na
demonstração de resultados lançamos receitas/despesa para encontrar lucro/prejuízo.
Posteriormente, transferimos este valor encontrado para o balanço patrimonial, para a
conta lucros ou prejuízos acumulados, onde haverá a distribuição, caso seja lucro ou a
absorção deste valor, caso seja prejuízo.
Segundo a Lei 6.404/76:
Art. 186. A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados discriminará:
I - o saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção
monetária do saldo inicial;
II - as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício;
III - as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao
capital e o saldo ao fim do período.
§ 1º Como ajustes de exercícios anteriores serão considerados apenas os decorrentes de
efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a
determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subsequentes.
§ 2º A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do
dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das
mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia.
Portanto, a DLPA pode ser incluída na DMPL. Seguirá basicamente a seguinte
estrutura:

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados - DLPA


Saldo do início do exercício (só se for prejuízo acumulado)
(+/-) Ajustes de exercícios anteriores
(+) Reversão de reservas de lucros do período
(+) Lucro líquido do exercício
(-) Transferência para reservas de lucros
a) Reserva Legal
b) Reserva Estatutária
c) Reservas para contingências
d) Reserva de retenção de lucros
e) Reserva de lucros a realizar
f) Reserva de incentivos fiscais
g) Reserva Especial de dividendo obrigatório não distribuído
h) Reserva específica de prêmio na emissão de debêntures
(-) Dividendos propostos
(-) Parcela dos lucros incorporada ao capital social
(-) Dividendos intermediários
Saldo no fim do período

22
Saldo do Início do Período
A demonstração que se destina a apurar o lucro ou prejuízo do exercício é a
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Todavia, esse resultado do exercício
integra o chamado capital próprio e deve, pois, ser transferido para o patrimônio líquido,
no balanço patrimonial.
A transferência do lucro ou prejuízo do exercício se dá para conta Lucro ou Prejuízos
Acumulados do PL. Assim, não mais poderá reter lucros injustificadamente. Repita-se:
a conta lucros acumulados não pode mais constar no Balanço Patrimonial, quando
do fechamento da demonstração.
Contudo, a conta prejuízos acumulados pode subsistir ao término do exercício,
diminuindo o PL, tendo, assim, saldo devedor.
Ajuste de Exercícios Anteriores
Serão considerados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou
da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser
atribuídos a fatos subsequentes.
Os ajustes de exercícios anteriores não são uma conta propriamente dita, mas um ajuste
ou uma "subconta" de lucros acumulados.
Art. 186. § 1º Como ajustes de exercícios anteriores serão considerados apenas os
decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro
imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos
subsequentes.
§ 2º A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do
dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das
mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia.
Assim, os erros devem ser corrigidos em contrapartida da conta lucros acumulados.
Temos de saber discernir entre as políticas contábeis, estimativas contábeis e retificação
de erro. Senão vejamos, de acordo com o CPC 23:
Políticas contábeis são os princípios, as bases, as convenções, as regras e as práticas
específicas aplicados pela entidade na elaboração e na apresentação de demonstrações
contábeis.
Mudança na estimativa contábil é um ajuste nos saldos contábeis de ativo ou de
passivo, ou nos montantes relativos ao consumo periódico de ativo, que decorre da
avaliação da situação atual e das obrigações e dos benefícios futuros esperados
associados aos ativos e passivos. As alterações nas estimativas contábeis decorrem de
nova informação ou inovações e, portanto, não são retificações de erros.
Erros de períodos anteriores são omissões e incorreções nas demonstrações contábeis
da entidade de um ou mais períodos anteriores decorrentes da falta de uso, ou uso
incorreto, de informação confiável que:

23
(a) estava disponível quando da autorização para divulgação das demonstrações
contábeis desses períodos; e (b) pudesse ter sido razoavelmente obtida e levada em
consideração na elaboração e na apresentação dessas demonstrações contábeis.
Tais erros incluem os efeitos de erros matemáticos, erros na aplicação de políticas
contábeis, descuidos ou interpretações incorretas de fatos e fraudes.
As políticas são mais amplas e gerais que as estimativas. Referem-se à escolha da
base de avaliação, das regras que a entidade irá usar para elaboração das suas
demonstrações contábeis.
Assim, alteração na política contábil configura uma mudança na forma de
avaliação, em virtude de alteração em princípios, bases, convenções, regras ou práticas
específicas aplicadas. Por exemplo, mudar do PEPS para o Custo Médio Ponderado
para a avaliação de estoques é uma mudança de política contábil.
A mudança na estimativa contábil é um ajuste nos saldos contábeis de ativo ou de
passivo, ou nos montantes relativos ao consumo periódico de ativo, que decorre da
avaliação da situação atual e das obrigações e dos benefícios futuros esperados
associados aos ativos e passivos.
Por exemplo, uma empresa estima que um veículo terá vida útil de seis anos, com valor
residual de XX. Após três anos de uso, a empresa verifica que o veículo está sendo
utilizado em condições mais severas, e que irá durar cinco anos, em vez de seis. Trata-se
de uma mudança de estimativa, que vale para aquele veículo em particular.
Erros de períodos anteriores são omissões e incorreções nas demonstrações contábeis da
entidade de um ou mais períodos anteriores decorrentes da falta de uso, ou uso
incorreto, de informação confiável que estava disponível que ou poderia ser
razoavelmente obtida.
Tais erros incluem os efeitos de erros matemáticos, erros na aplicação de políticas
contábeis, descuidos ou interpretações incorretas de fatos e fraudes.
Vale ressaltar ainda a diferença entre aplicação retrospectiva e aplicação prospectiva:
Aplicação retrospectiva é a aplicação de nova política contábil, como se essa política
tivesse sido sempre aplicada. Refere-se portanto a ajustes de transações e eventos
passados. Por exemplo, se a empresa muda o método de avaliação de estoques, de PEPS
para custo médio ponderado, deve ajustar o estoque inicial, como se já utilizasse o custo
médio ponderado no final do exercício anterior.
Aplicação prospectiva de mudança em política contábil e de reconhecimento do efeito
de mudança em estimativa contábil representa, respectivamente: (a) a aplicação da
nova política contábil a transações, a outros eventos e a condições que ocorram após
a data em que a política é alterada; e (b) o reconhecimento do efeito da mudança na
estimativa contábil nos períodos corrente e futuro afetados pela mudança.
Assim as alterações nas políticas contábeis devem ter aplicação retrospectiva, a não
ser que isso seja impraticável.
As alterações nas estimativas contábeis devem ser aplicadas de forma prospectiva.

24
E quanto à correção de erros:
A) Erros materiais (que podem alterar a decisão dos usuários das demonstrações
contábeis) devem ser ajustados de forma retrospectiva;
B) Erros decorrentes de fraudes (material ou imaterial) devem ter aplicação
retrospectiva.
O lançamento para correção deve ser feito diretamente à conta de lucros ou prejuízos
acumulados.
Resultado Apurado no Exercício
É apurado na DRE, podendo ser lucro ou prejuízo.
Art. 189. Parágrafo único. O prejuízo do exercício será obrigatoriamente absorvido
pelos lucros acumulados, pelas reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem
Art. 200. As reservas de capital somente poderão ser utilizadas para:
I - absorção de prejuízos que ultrapassarem os lucros acumulados e as reservas de
lucros (artigo 189, parágrafo único).
Dessa forma, temos a seguinte ordem para utilização das reservas:

Absorção do Prejuízo
Lucros Acumulados
Reserva de Lucros
Reserva Legal
Reservas de Capital

Dividendos
Representam a remuneração do capital dos sócios. É o principal recebimento dos sócios.
Só são pagos caso haja lucro.
Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório, em cada
exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto.
Portanto, a regra é a distribuição de dividendos obrigatórios ao final de cada
exercício social.
O estatuto é livre para fixar o percentual que pagará a título de dividendos obrigatórios.
Em uma sociedade por ações, geralmente temos dois tipos de acionistas: ordinários (que
têm direito a voto) e preferenciais (que, geralmente, abrem mão do seu direito a voto em
troca de pagamento de dividendos melhores).
Os dividendos dos preferencialistas pode ser fixo, pode ser mínimo ou pode ser a
conjugação dos dois itens. Depois de calcular os dividendos dos preferencialistas é que
vamos para as ordinárias. Saliente-se, ainda, que as ações em tesouraria não recebem
dividendos.

25
Se o estatuto for omisso sobre o valor a ser pago a título de dividendos, aplicamos a
regra prevista no inciso I do artigo 202, que propõe:
Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório, em cada
exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto ou, se este for omisso, a
importância determinada de acordo com as seguintes normas:
I - metade do lucro líquido do exercício diminuído ou acrescido dos seguintes valores:
a) importância destinada à constituição da reserva legal (art. 193); e
b) importância destinada à formação da reserva para contingências (art. 195) e reversão
da mesma reserva formada em exercícios anteriores;
Caso o estatuto seja omisso, a base de cálculo do dividendo obrigatório é:

Dividendos - Base de Cálculo


Lucro líquido do exercício
- Reserva legal
- Reserva para contingências
+ Reversão da reserva de contingências
- Reserva de incentivos fiscais (facultativamente)
- Reserva esp. emissão de debêntures (facultativamente)
Lucro líquido ajustado
x 50% = Dividendo

Caso seja omisso e venha a fixar depois, não poderá fazê-lo em menos de 25% do
percentual do lucro líquido ajustado, mostrado acima.
Pode acontecer de a empresa possuir lucro, mas não possuir situação financeira ou
patrimonial que permita o pagamento de dividendos, como, por exemplo, quando a
empresa tem um volume extraordinário de empréstimos a serem quitados, ou quando
está em recuperação judicial ou extrajudicial. Tal situação está prevista na Lei das SA
da seguinte forma:
§ 4º O dividendo previsto neste artigo não será obrigatório no exercício social em que
os órgãos da administração informarem à assembleia-geral ordinária ser ele
incompatível com a situação financeira da companhia. O conselho fiscal, se em
funcionamento, deverá dar parecer sobre essa informação e, na companhia aberta, seus
administradores encaminharão à Comissão de Valores Mobiliários, dentro de 5 (cinco)
dias da realização da assembleia-geral, exposição justificativa da informação
transmitida à assembleia.
§ 5º Os lucros que deixarem de ser distribuídos nos termos do § 4º serão registrados
como reserva especial e, se não absorvidos por prejuízos em exercícios subsequentes,
deverão ser pagos como dividendo assim que o permitir a situação financeira da
companhia.
Dividendos Intermediários

26
A companhia que, por força de lei ou de disposição estatutária, levantar balanço
semestral, poderá declarar, por deliberação dos órgãos de administração, se autorizados
pelo estatuto, dividendo à conta do lucro apurado nesse balanço (LSA, art. 204).
Desde que o total dos dividendos pagos em cada semestre do exercício social não
exceda o montante das reservas de capital de que trata o § 1º do artigo 182 (LSA, art.
204, §1º).
O estatuto poderá autorizar os órgãos de administração a declarar dividendos
intermediários, à conta de lucros acumulados ou de reservas de lucros existentes no
último balanço anual ou semestral (LSA, art. 204, §2º).
Portanto, a companhia pode apurar dividendos intermediários, caso opte por (ou seja
obrigada a) elaborar balanço semestral.
Dividendos Adicionais
Os dividendos mínimos obrigatórios devem figurar no passivo, na data do balanço.
Quanto aos dividendos adicionais, serão contabilizados ou não, dependendo da data
em que forem declarados. Ou seja, se a empresa fechar as demonstrações contábeis em
31.12.X1, e declarar dividendos adicionais em janeiro ou fevereiro de X2, tais
dividendos não serão contabilizados no balanço de 31.12.X1. Serão apenas divulgados
em Nota Explicativa.
Por outro lado, os dividendos adicionais que forem declarados pela assembleia geral ou
outro órgão competente antes da data base das demonstrações contábeis, atendem aos
requisitos de obrigação presente e, portanto, devem figurar nas demonstrações contábeis
da entidade.
As demonstrações vão fechar em 31.12.X1. Se a companhia declarar dividendos
adicionais (que excedem ao mínimo) antes de encerrar (antes de 31.12.X1) esses
dividendos serão contabilizados.
Caso o dividendo seja declarado depois desta data, como as demonstrações
contábeis já estão “fechadas”, os valores serão apenas declarados em notas
explicativas.
A parcela do dividendo mínimo obrigatório, que se caracterize efetivamente como uma
obrigação legal, deve figurar no passivo da entidade. Mas a parcela da proposta dos
órgãos da administração à assembleia de sócios que exceder a esse mínimo obrigatório
deve ser mantida no patrimônio líquido, em conta específica, do tipo dividendo
adicional proposto, até a deliberação definitiva que vier a ser tomada pelos sócios.
Parcela do Lucro Incorporada ao Capital – Uma parte do lucro líquido pode ser
incorporada no capital social. Debita-se a conta Lucros acumulados e Credita-se a conta
Capital Social.
Constituição de Reservas
As reservas de lucros são retenções de parcelas provenientes de ganhos do período, com
o objetivo de preservar o Patrimônio Líquido de uma sociedade, e posterior destinação.

27
São, em suma, lucros que a empresa não entrega aos acionistas, mas guarda para si, seja
para investir em projetos, seja para resguardar o capital social. Segundo a Lei das AS
Art. 182, §4º Serão classificados como reservas de lucros as contas constituídas pela
apropriação de lucros da companhia.
Ao final do exercício social as contas de resultado (receitas e despesas) são zeradas. O
saldo, lucro ou prejuízo, é transferido para o PL. No PL, podemos ter três destinações:
1) Dividendos (para os sócios); 2) Reservas de lucros; e/ou 3) Aumento do capital
social.
A conta antigamente denominada lucros ou prejuízos acumulados passa a ser
denominada prejuízos acumulados, ou seja, haverá de existir uma destinação para
este lucro, não podendo ficar em conta específica do PL. As reservas de lucros hoje
existentes são as seguintes:

Reservas de lucros
Reserva Legal
Reservas Estatutárias
Reservas para Contingências
Reservas de Incentivos Fiscais
Reservas de Retenção de Lucros
Reserva de Lucros a Realizar
Reserva Esp. Dividendos Não Distribuídos
Reserva de Prêmio na Emissão de
Debêntures

Existe um limite máximo para essas reservas, a saber:


Art. 199. O saldo das reservas de lucros, exceto as para contingências, de incentivos
fiscais e de lucros a realizar, não poderá ultrapassar o capital social. Atingindo esse
limite, a assembleia deliberará sobre aplicação do excesso na integralização ou no
aumento do capital social ou na distribuição de dividendos.
Ou seja, Reserva Legal + Reserva estatutária + Reserva de retenção de lucros + Reserva
especial para pagamento de dividendos < Capital Social.
Reserva Legal
Art. 193. Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por cento) serão aplicados, antes de
qualquer outra destinação, na constituição da reserva legal, que não excederá de 20%
(vinte por cento) do capital social.
§ 1º A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal no exercício em que o
saldo dessa reserva, acrescido do montante das reservas de capital de que trata o § 1º do
artigo 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital social.
§ 2º A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do capital social e somente
poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar o capital.

28
Trata-se a reserva legal da única reserva de constituição obrigatória para a empresa.
Para o cálculo da reserva legal, as bancas consideram o capital realizado (já
integralizado), isto é capital social menos capital social a integralizar.
Reserva Legal x Prejuízo Acumulado - O IR, as participações e as reservas devem ser
calculados sobre o lucro. Mas, não há lucro se a empresa tem prejuízos acumulados.
A reserva legal destina-se a garantir a integridade do capital social (tanto que só pode
ser usada para cobrir prejuízos ou para ser incorporada ao capital). Assim, se há
prejuízo, não há sentido em constituir a reserva legal. O capital já está afetado, e a
reserva legal, se houvesse, deveria ser usada para compensar prejuízos. Portanto, se há
prejuízos acumulados, o lucro do exercício deve ser destinado a cobrir o prejuízo, sem
qualquer participação ou destinação.
Reservas Estatutárias
Art. 194. O estatuto poderá criar reservas desde que, para cada uma:
I - indique, de modo preciso e completo, a sua finalidade;
II - fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos que serão
destinados à sua constituição;
III - estabeleça o limite máximo da reserva.
Reserva de Contingências
A assembleia-geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar parte do
lucro líquido à formação de reserva com a finalidade de compensar, em exercício
futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa
ser estimado (LSA, art. 195).
A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a causa da perda prevista e
justificar, com as razões de prudência que a recomendem, a constituição da reserva
(LSA, art. 195, §1º).
A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as razões que
justificaram a sua constituição ou em que ocorrer a perda (LSA, art. 195, §2º).
O termo contingência, em contabilidade, quando usada sem nenhuma qualificação
(como ativa ou passiva), é usado para se referir a problema previsto, sobre o qual existe
dúvida acerca de sua ocorrência. As reservas de contingências, especificamente,
objetivam salvaguardar o capital social, de modo que se posteriormente algo acontecer,
decorrente de perda julgada provável cujo valor possa ser estimado, a companhia esteja
preparada.
Importante distinção é a que devemos fazer entre a reserva para contingências da
provisão para contingências.
Os principais fundamentos para constituição da reserva para contingência são: a) Dar
cobertura a perdas ou prejuízos potenciais (extraordinários, não repetitivos) ainda não
incorridos, mediante segregação de parcela de lucros que seria distribuída como
dividendo; b) Ocorrendo ou não o evento esperado, a parcela constituída será, em
29
exercício futuro, revertida para lucros acumulados, integrando a base de cálculo para
efeito de pagamento do dividendo e a perda, de fato ocorrendo, é registrada no resultado
do exercício; c) É uma conta integrante do patrimônio líquido, no grupamento de
reserva de lucros. d) Representa uma destinação do lucro líquido do exercício,
contrapartida da conta de lucros acumulados, por isso sua constituição não afeta o
resultado do exercício.
Quanto à provisão para contingências suas particularidades são: a) tem por finalidade
dar cobertura a perdas ou despesas, cujo fato gerador já ocorreu, mas não tendo
havido, ainda, o correspondente desembolso ou perda. Em atenção ao regime de
competência, entretanto, há necessidade de se efetuar o registro contábil; b) representa
uma apropriação ao resultado do exercício, contrapartida de perdas extraordinárias,
despesas ou custos e sua constituição normalmente influencia o resultado do exercício
ou os custos de produção; c) deve ser constituída independentemente de a companhia
apresentar, afinal, lucro ou prejuízo no exercício; d) visto que o evento que serviu de
base à sua constituição já ocorreu, não há, em princípio, reversão dos valores registrados
nessa provisão. A pequena sobra ou insuficiência é decorrente do cálculo estimativo
feito à época da constituição; e) não está sujeita à atualização monetária patrimonial
(art. 185, LEI Nº 6.404/76) e sim à decorrente da natureza do evento que a originou; f)
finalmente, se a probabilidade for difícil de calcular ou se o valor não for mensurável,
há necessidade de uma nota explicativa esclarecendo o fato e mencionando tais
impossibilidades.
Reserva de Incentivos Fiscais
Anteriormente as doações e subvenções governamentais, antes do advento das
mudanças contábeis, eram registradas à conta de reserva de capital. Pois bem, agora
essas doações são registradas como receita (lembrem-se de que as receitas são contas
de resultado).
Inobstante o valor do lucro líquido recebido com doações e subvenções governamentais
tenha deixado de figurar como reserva de capital, a companhia poderá deliberar por
formar com esse montante uma reserva de lucro, chamada reserva de incentivos fiscais.
Art. 195-A. A assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração,
destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de
doações ou subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da
base de cálculo do dividendo obrigatório (inciso I do caput do art. 202 desta Lei).
Mais um detalhe! A receita da subvenção deve ser apropriada ao resultado de acordo
com as despesas geradas.
Por exemplo, a empresa recebeu uma máquina do governo para utilizar em sua
produção. A receita deveria ser apropriada de acordo com a despesa de depreciação da
máquina.
Se não houver condição e nem despesa relacionada, aí pode ir direto para o Resultado.
Pode a reserva de incentivos fiscais ser utilizada para compensar prejuízos?

30
A RIF pode ser utilizada para compensar prejuízos, desde que as outras reservas já
tenham sido utilizadas. Além disso, quando houver lucro, a empresa deve
recompor a reserva imediatamente. Segundo a Lei 12.973/2014:
Art. 30. As subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de
impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos
econômicos e as doações feitas pelo poder público não serão computadas na
determinação do lucro real, desde que seja registrada em reserva de lucros a que se
refere o art. 195-A da Lei no 6.404/76, que somente poderá ser utilizada para:
I - Absorção de prejuízos, desde que anteriormente já tenham sido totalmente
absorvidas as demais Reservas de Lucros, com exceção da Reserva Legal; ou
II - Aumento do capital social.
§ 1o Na hipótese do inciso I do caput, a pessoa jurídica deverá recompor a reserva à
medida que forem apurados lucros nos períodos subsequentes.
§ 2o As doações e subvenções de que trata o caput serão tributadas caso não seja
observado o disposto no § 1o ou seja dada destinação diversa da que está prevista no
caput.
Tem que reconstituir imediatamente, quando houver lucro. Por quê? Senão, a reserva
poderia ser utilizada a reserva como simples subterfúgio para não pagar Imposto de
Renda.
Reserva de Lucros a Realizar
No exercício em que o montante do dividendo obrigatório, calculado nos termos do
estatuto ou do art. 202 da Lei das S/A, ultrapassar a parcela realizada do lucro líquido
do exercício, a assembleia-geral poderá, por proposta dos órgãos da administração,
destinar o excesso à constituição de reserva de lucros a realizar.
Todavia, o cálculo dos dividendos, via de regra, é feita com base no lucro líquido, que
leva por pressuposto o regime de competência. Então, quando calculamos os
dividendos, estamos incluindo ali receitas à vista e receitas a prazo. Mas e se não entrar
dinheiro suficiente para pagar os dividendos? O que acontece?
Se ela tem dividendos a pagar superiores às receitas que ingressaram, significa que os
valores em verde estarão, em tese, descobertos. Não haverá recursos para pagamento
deste montante. Dizemos em tese, pois a empresa pode ter recurso suficiente em caixa.
Desta forma, à opção da companhia, poderá ser constituída a reserva de lucros a
realizar, mediante destinação dos lucros do exercício, cujo objetivo é evidenciar a
parcela de lucros ainda não realizada financeiramente, apesar de reconhecida
contabilmente, pela empresa.
É este o intuito da reserva de lucros a realizar: evitar que a companhia pague
dividendos sobre receitas/lucros que ainda foram realizados, que não entraram no
caixa. Um aspecto deveras importante é anotar que a constituição desta reserva é
facultativa.
Lucros não realizados ou Lucros a realizar são considerados:
31
- Resultado positivo com equivalência patrimonial: a receita de equivalência patrimonial
não ingressa no caixa. Portanto, a sua receita é considerada ganha, mas não realizada.
Realização está ligado à entrada de dinheiro em caixa.
- Lucro, rendimento, ganhos cuja realização financeira se dê no longo prazo. Aqui é o
caso das vendas de longo prazo.
Por fim, à medida que esses lucros estiverem sendo realizados, entrando em caixa,
deveremos acrescer o lucro agora realizado ao dividendo a pagar.
A reversão deve-se dar no primeiro dividendo declarado após a realização.
As reservas de lucros a realizar só podem ser utilizadas para dois fins: pagamento de
dividendos ou absorção de prejuízos. NÃO PODE AUMENTAR CAPITAL
SOCIAL.
Reserva Especial para Dividendos Obrigatórios Não Distribuídos
A regra é a distribuição de dividendos ao final de cada exercício social. Contudo, como
todo negócio está sujeito a risco, pode acontecer de a empresa possuir lucro, mas não
possuir situação financeira ou patrimonial que permita o pagamento de dividendos,
como, por exemplo, quando a empresa tem um volume extraordinário de empréstimos a
serem quitados, ou quando está em recuperação judicial ou extrajudicial. Tal situação
está prevista na Lei da SAs da seguinte forma:
§ 4º O dividendo previsto neste artigo não será obrigatório no exercício social em que
os órgãos da administração informarem à assembleia-geral ordinária ser ele
incompatível com a situação financeira da companhia. O conselho fiscal, se em
funcionamento, deverá dar parecer sobre essa informação e, na companhia aberta, seus
administradores encaminharão à Comissão de Valores Mobiliários, dentro de 5 (cinco)
dias da realização da assembleia-geral, exposição justificativa da informação
transmitida à assembleia.
§ 5º Os lucros que deixarem de ser distribuídos nos termos do § 4º serão registrados
como reserva especial e, se não absorvidos por prejuízos em exercícios subsequentes,
deverão ser pagos como dividendo assim que o permitir a situação financeira da
companhia.
Reserva de Prêmio na Emissão de Debêntures
O Prêmio na emissão de debêntures era classificado como reserva de capital. Com o
advento da Lei n° 11.638 e 11.941, ele passou a ser apropriado ao resultado como
receita, conforme o regime de competência.
Quando o preço da debênture supera o seu valor nominal, teríamos, à visão da
legislação antiga, uma reserva de capital a ser registrada, chamada Reserva de Prêmio
na Emissão de Debêntures. Isso ocorre quando as condições como juros, garantias e
outras vantagens forem atraentes para os investidores.
Contudo, essa reserva de capital deixou de existir.
Agora, se o resgate dessas debêntures se dará em 10 anos, deveremos apropriar ao
resultado R$ 500,00 por ano, através do seguinte lançamento:
32
D - Receitas recebidas antecipadamente - 500,00 (PNC - Receitas diferidas)
C - Receitas financeiras 500,00 (Resultado)
Observação: usamos o método linear (juros simples) para fins didáticos. O correto é
usar o método exponencial (juros compostos).
O valor apropriado ao resultado pode ser destinado à formação de reserva específica de
prêmios de debêntures, para evitar a tributação pelo Imposto de Renda (Lei 11.941/09).
Assim, deixou de ser reserva de capital. Agora a reserva específica de prêmio de
debêntures é reserva de lucro, eis que esse valor transitou pelo resultado do exercício.
Vejamos o art. 31 da lei 12.973/14:
Art. 31. O prêmio na emissão de debêntures não será computado na determinação do
lucro real, desde que
I - a titularidade da debênture não seja de sócio ou titular da pessoa jurídica emitente; e
II - seja registrado em reserva de lucros específica, que somente poderá ser utilizada
para:
a) absorção de prejuízos, desde que anteriormente já tenham sido totalmente absorvidas
as demais Reservas de Lucros, com exceção da Reserva Legal; ou
b) aumento do capital social.
Reserva de Retenção de Lucro ou Reserva Orçamentária
Art. 196. A assembleia-geral poderá, por proposta dos órgãos da administração,
deliberar reter parcela do lucro líquido do exercício prevista em orçamento de capital
por ela previamente aprovado.
§ 1º O orçamento, submetido pelos órgãos da administração com a justificação da
retenção de lucros proposta, deverá compreender todas as fontes de recursos e
aplicações de capital, fixo ou circulante, e poderá ter a duração de até 5 (cinco)
exercícios, salvo no caso de execução, por prazo maior, de projeto de investimento.
§ 2o O orçamento poderá ser aprovado pela assembleia-geral ordinária que deliberar
sobre o balanço do exercício e revisado anualmente, quando tiver duração superior a um
exercício social.
A finalidade dessa reserva é financiar projetos de investimentos, e não pode afetar
(diminuir) os dividendos obrigatórios. Mas, ao invés de distribuir todo o lucro na forma
de dividendos adicionais, a empresa pode constituir a reserva de retenção de lucros.
O orçamento poderá ter prazo de até 5 exercício, salvo no caso de execução, por prazo
maior, de projeto de investimento.
DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO – DMPL
Art. 186. § 2º A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o
montante do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na

33
demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela
companhia.
A DMPL é mais completa que a DLPA. A DLPA torna-se apenas uma coluna da
DMPL.
Assim, de acordo com a Lei 6404/76 a DMPL é facultativa. Porém, de acordo com a
Instrução CVM nº 56/86, a mesma tornou-se obrigatória para as companhias abertas.
Art. 1º - As companhias abertas deverão elaborar e publicar, como parte integrante
de suas demonstrações financeiras, a demonstração das mutações do patrimônio
líquido, referida ao artigo 186, § 2º, da Lei nº 6.404/76.
A DMPL passa a fazer parte do conjunto completo de demonstrações contábeis,
passando a ser obrigatória para praticamente todas as empresas e substituindo, de forma
definitiva, a DLPA.
As principais novidades, em relação à Lei 6404/76 são: DRA, DMPL, e a inclusão das
Notas Explicativas entre as demonstrações obrigatórias.
Como elaborar a DMPL
A DMPL evidencia a variação de todas as contas do patrimônio líquido. Para elaborá-la
você deve, nas linhas evidenciar os fatos que ocorreram no exercício social e, nas
colunas, as diversas contas que compõem o patrimônio líquido.
A demonstração das mutações do patrimônio líquido inclui as seguintes informações:
(a) o resultado abrangente do período, apresentando separadamente o montante total
atribuível aos proprietários da entidade controladora e o montante correspondente à
participação de não controladores;
(b) para cada componente do patrimônio líquido, os efeitos da aplicação retrospectiva
ou da reapresentação retrospectiva, reconhecidos de acordo com o Pronunciamento
Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro.
(c) [eliminado];
(d) para cada componente do patrimônio líquido, a conciliação do saldo no início e no
final do período, demonstrando-se separadamente as mutações decorrentes:
(i) do resultado líquido;
(ii) de cada item dos outros resultados abrangentes; e
(iii) de transações com os proprietários realizadas na condição de proprietário,
demonstrando separadamente suas integralizações e as distribuições realizadas, bem
como modificações nas participações em controladas que não implicaram perda do
controle.
Na revisão (R1), foi eliminada a possibilidade de incluir a DRA na DMPL. A DRA
deve ser uma demonstração separada. Mas também entra na DMPL, pois as contas do
resultado abrangente ficam no PL.

34
A elaboração da DMPL começa com os saldos iniciais. Depois, incluímos os aumentos
de capital (com reservas e com integralização de capital). O passo seguinte é incluir o
lucro do Exercício (que vai para a conta Lucros Acumulados); incluir os Outros
Resultados Abrangentes; e excluir os dividendos.
O saldo inicial, somado às movimentações (entradas e saídas) deve bater com o saldo
final do PL.
O Pronunciamento também fornece um modelo de DMPL:

Reservas
de Capital, Patrimônio
Capital Lucros ou Outros Patrimônio Patrimônio
Opções Reserv Líquido dos
Social Prejuízos Resultados dos Não Líquido
Outorgada a de Sócios da
Integralizad Acumulado Abrangente Controladore Consolidad
s e Ações Lucros Controlador
o s s s o
em a
Tesouraria
Saldo Inicial 1000 80 300 0 270 1650 158 1808
Aumento de
500 -50 -100     350 32 382
Capital
Dividendos       -162   -162 -13,2 -175,2
Transação de
Capital com 1500 30 200 -162 270 188 18,8 206,8
os Sócios
Lucro Líquido
      250   250 22 272
do Período
Ajustes
Instrumentos         -60 -60   -60
Financeiros
Ajustes de
Conversão do         260 260   260
Período
Outros
Resultados           200 0 200
Abrangentes
Resultado
Abrangente           450 22 472
Total
Constituição
    140 -140        
de Reserva
Realização de
      52 -52      
Reserva
Saldos Finais 1500   340 0 418 2288 198,8 2486,8

7.3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (Aula 09 TCE/PE)


É a demonstração contábil que apresenta o confronto entre receitas e despesas da
entidade. Se as receitas forem maiores que as despesas, temos a ocorrência de lucro. Ao
contrário, sobrepondo-se as despesas às receitas, temos prejuízo. Tudo isso, de acordo
com o pressuposto contábil da competência.

35
Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com
obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de
contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis
uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de
competência.
A DRE objetiva evidenciar a situação econômica da entidade. Ela integra o chamado
capital próprio. Ou seja, o lucro ou prejuízo auferido ao término do exercício deverá
compor o patrimônio líquido. Por isso, as contas que integram a demonstração do
resultado são zeradas ao fim do exercício. O resultado será integrado ao patrimônio
líquido, seja lucro, seja prejuízo.
Feito isso, a DRE ficará com o saldo zerado (dizemos encerrada) e teremos transferido o
valor para a conta lucros acumulados (contra transitória que fica no PL, até a
distribuição destes valores).
A entidade deve apresentar todos os itens de receita e despesa reconhecidos no período
em duas demonstrações: DRE e DRA. Esta última começa com o resultado líquido e
inclui os outros resultados abrangentes.

DRE Segundo a Lei 6.404/76


Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará:
I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os
impostos; II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços
vendidos e o lucro bruto; III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras,
deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas
operacionais;
IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; V - o
resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI –
as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias,
mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência
ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa;
VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital
social.
§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados:
a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização
em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos,
correspondentes a essas receitas e rendimentos.
O CPC 00 salienta que a demonstração do resultado do exercício relata o desempenho
(performance) da entidade. Para isso, há um confronto entre receitas e despesas.
Receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a
forma da entrada de recursos ou do aumento de ativos ou diminuição de passivos, que

36
resultam em aumentos do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com a
contribuição dos detentores dos instrumentos patrimoniais;
Despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a
forma da saída de recursos ou da redução de ativos ou assunção de passivos, que
resultam em decréscimo do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com
distribuições aos detentores dos instrumentos patrimoniais.

37
Estrutura da DRA conforme a Lei 6404/76:
ESTRUTURA DA DRE - LEI 6.404/76
Faturamento bruto (venda bruta + IPI sobre faturamento)
(-) IPI sobre faturamento bruto
Vendas brutas/Receita bruta de vendas/Receita operacional bruta
(-) Deduções da receita bruta
Devoluções e cancelamento de vendas
Abatimentos sobre vendas
Descontos incondicionais concedidos/descontos comerciais
Impostos e contribuições sobre vendas e serviços (ICMS, ISS, PIS, COFINS)
Ajuste a valor presente sobre clientes
Vendas líquidas/Receita líquida de vendas/Receita operacional líquida
(-) Custo da mercadoria vendida (CMV)
Lucro bruto/Resultado operacional bruto/Resultado com mercadorias
(-) Despesas operacionais
Com vendas
Administrativas
Gerais
Financeiras líquidas (despesas - receitas )
(-) Outras despesas operacionais
(+) Outras receitas operacionais
Resultado operacional líquido/Lucro ou prejuízo operacional líquido
(-) Outras despesas (antigas despesas não operacionais)
(+) Outras receitas (antigas receitas não operacionais)
Resultado antes do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre Lucro Líquido
(-) Despesa com provisão para Imposto de Renda e CSLL
Resultado após o Imposto de Renda/CSLL e antes das participações
(-) Participações estatutárias sobre o lucro
Debenturistas
Empregados
Administradores
Partes beneficiárias
Fundo de assistência/previdência a empregados
Lucro ou prejuízo líquido do exercício

Receita bruta de Vendas - A contabilização das vendas é feita pelo valor bruto,
incluindo impostos. A receita deve ser mensurada pelo valor justo da retribuição
recebida ou a receber. Já o momento em que o registro se dá é o da transferência dos
riscos e recompensas da propriedade dos bens ao comprador, o que coincide com a
entrega da mercadoria ao cliente.
Devolução de Vendas ou Vendas Canceladas – Representa as devoluções ocorridas
dentro do exercício social. As devoluções de vendas de exercícios anteriores são
consideradas como despesas operacionais. É considerado redução da receita bruta de
vendas.

38
Abatimento sobre Vendas – São descontos concedidos após a entrega dos produtos.
Como é concedido após a emissão da nota fiscal, não afeta a base de cálculo dos
impostos (IPI, ICMS, PIS e COFINS).
Descontos Incondicionais sobre Vendas ou Desconto Comercial - É o desconto
efetuado antes da concretização do negócio e não depende de condição posterior. É
considerado redução da receita bruta de vendas.
Tributos sobre Vendas – Os principais são ICMS, ISS, PIS e COFINS. O IPI não é
dedução da receita bruta, mas é considerado antes da receita bruta, sendo um imposto
por fora.
Ajuste a Valor Presente sobre Clientes - As vendas e as compras, quando feitas a
prazo, inserem no valor da operação, juros e encargos financeiros referentes à
remuneração de um capital no futuro.
Assim, a contabilização pelo valor nominal faz com que essas operações sejam
demonstradas de forma superavaliada no Balanço Patrimonial. O ajuste a valor presente
(AVP) veio para que possamos dirimir esse problema.
E por que o ajuste a valor presente pode aparecer como dedução da receita bruta de
vendas?! Pelos motivos já expostos acima. A venda, quando efetivada pela empresa,
deve ser, o máximo possível, líquida de juros. O correto é registrar o valor dos juros e
encargos financeiros como receitas financeiras.
No momento da venda, lançamos:
D – Clientes (ativo) 11.200,00 C – Receita de vendas (resultado) 11.200,00
Pelo reconhecimento do ajuste a valor presente
D – Ajuste a valor presente sobre clientes (resultado) 1.200,00
C – Ajuste a valor presente a apropriar sobre clientes (red. ativo) 1.200,00
Mês a mês, lançaremos para reconhecer a receita de juros:
D – Ajuste a valor presente a aproprias sobre clientes (red. ativo) 100,00
C – Receita financeira (resultado)

Receita Líquida de Vendas, CMV e Lucro Bruto:


Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará:
II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos
e o lucro bruto;
Custos do estoque: O valor de custo do estoque deve incluir todos os custos de
aquisição e de transformação, bem como outros custos incorridos para trazer os
estoques à sua condição e localização atuais.

39
Custos de aquisição: O custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra,
os impostos de importação e outros tributos (exceto os recuperáveis junto ao fisco), bem
como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à
aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais,
abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo
de aquisição.
Assim, o custo do estoque inclui:

CUSTO DO ESTOQUE INCLUI


Preço de compra
Impostos de importação e outros tributos (exceto recuperáveis)
Custo de transportes
Seguro
Manuseio
Custos diretamente atribuíveis
NÃO INCLUI
Tributos recuperáveis (MP: IPI, ICMS, PIS, COFINS não cumulativos.
Revenda: ICMS, PIS, COFINS não cumulativos)
Descontos comerciais
Abatimentos

O valor de custo do estoque deve incluir todos os custos de aquisição e de


transformação, bem como outros custos incorridos para trazer os estoques à sua
condição e localização atuais.
O desconto financeiro não deve ser abatido do custo de aquisição. Esse último tipo de
desconto é contabilizado como Receita Financeira, para o comprador, e não afeta o
custo do estoque. O abatimento ocorre num momento posterior à compra.
Despesas Operacionais - As despesas operacionais são aquelas pagar ou incorridas
com o fito de se vender produtos e administrar a empresa.
Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará:
III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as
despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;
Assim, basicamente, estas são as despesas que a LSA considera como operacionais:
- Despesas de vendas: São gastos de promoção, colocação e distribuição dos produtos
da empresa. Por exemplo: gastos com marketing, gastos com distribuição, gasto com
frete sobre vendas, gastos com pessoal da área de vendas, gasto com comissões.
- Despesas gerais e administrativas: São gastos pagos ou incorridos para a direção
e/ou gestão da empresa. Correspondem a atividades gerais que beneficiam todo o
negócio. Por exemplo: honorários da administração, salário administrativos, despesas
com publicidade, despesas com material de limpeza, despesa com assinaturas de
revistas.

40
- Despesas financeiras e receitas financeiras: As despesas financeiras compreendem:
juros passivos, descontos condicionais concedidos, comissões passivas. Já as receitas
financeiras compreendem, por exemplo, descontos obtidos, juros ativos, receitas de
títulos vinculados ao mercado aberto.
No balanço, a lei ordena que se publiquem as despesas financeiras líquidas das receitas
financeiras. Todavia, tanto o valor das despesas como os das receitas devem ser
publicados. Assim, a demonstração do resultado pode aparecer dos dois modos.
- Outras receitas e despesas operacionais: O exemplo clássico de outras receitas
operacionais e outras despesas operacionais são os resultados de investimentos
avaliados pelo método da equivalência patrimonial e pelo método de custo. Aqui ficam
classificados os ganhos e perdas com MEP.
Outras receitas e outras despesas - Era denominada receitas não operacionais e
despesas não operacionais passa agora a figurar como outras receitas e outras despesas.
A Lei 6.404 não trouxe um rol do que vem a se classificar como outras receitas e outras
despesas. A contabilidade, contudo, traz emprestado para si o conceito estatuído pela
legislação do IR. Segundo o Imposto de Renda, são não operacionais os ganhos e perdas
de capital. Por exemplo, a alienação de investimentos e ativos imobilizados com lucro
ou prejuízo.
Atenção! Ganho de capital ou perda de capital se refere exclusivamente às negociações
do ativo imobilizado, intangível e investimento. Ou seja, se a empresa tem um veículo
com valor contábil de 10.000 e vende por 15.000, tem um ganho de capital de 5.000 (o
"lucro" na transação).
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL - A alíquota da CSLL é de 9%
(nove por cento) para as pessoas jurídicas em geral, e de 15% (quinze por cento), no
caso das pessoas jurídicas consideradas instituições financeiras. No imposto de renda,
temos Lucro ou Prejuízo. Na CSLL, temos base de cálculo (quando for positiva) ou
base de cálculo negativa. A pessoa jurídica pode compensar a base de cálculo negativa,
observado o limite máximo de redução de 30% da base de cálculo do período.
Exemplo: uma empresa apura base de cálculo para a CSLL de 100.000. A empresa tem
base de cálculo negativa de 150.000. Nesse caso, a empresa pode compensar 30% do
lucro (100.000 x 30% = 30.000), e irá pagar CSLL sobre $70.000.
Supondo alíquota de 9%, temos: Base de cálculo $70.000 x 9% = $6.300 de CSLL.
Imposto de Renda Pessoa Jurídica - O lucro presumido pode ser utilizado pelos
contribuintes cuja receita bruta total tenha sido igual ou inferior a R$ 78 milhões, no ano
calendário anterior, ou R$ 6,5 milhões por mês se ano calendário tiver menos de 12
meses. No lucro presumido o imposto é calculado trimestralmente. A alíquota do IR é
de 15% (quinze por cento). O adicional é de 10% (dez por cento) sobre a parcela do
lucro presumido que exceder ao valor de R$60.000 (sessenta mil reais) em cada
trimestre.
O lucro arbitrado é lançado de ofício. O lucro real é o lucro líquido do período
ajustado por adições, exclusões e compensações.

41
LAIR
(+) Adições
(-) Exclusões
(-) Compensações
Base de Cálculo do IR

As adições aumentam a base do imposto. Um exemplo clássico são as multas. As


exclusões têm por fim reduzir a base de cálculo do imposto, tendo em vista que no
resultado contábil foram considerados resultados que não devem ser tributadas, como as
receitas de dividendos, que são tributadas na empresa que os distribui.
A parcela do lucro real que exceder ao resultado da multiplicação de R$20.000,00 (vinte
mil reais) pelo número dos meses do respectivo período de apuração sujeita-se à
incidência do adicional, à alíquota de 10% (dez por cento).
O máximo que poderá ser utilizado com as compensações é o montante de 30% (trinta
por cento) deste lucro ajustado.
De acordo com o Princípio Contábil da Competência, se a contabilidade já reconheceu
uma receita ou lucro, a despesa de Imposto de Renda deve ser reconhecida nesse mesmo
período, ainda que tais receitas e lucros tenham a sua tributação diferida para efeitos
fiscais, ou seja, o Imposto de Renda incidente sobre elas será pago em períodos futuros.
A entidade deve reconhecer esses efeitos fiscais por meio da contabilização do passivo
fiscal diferido, no exercício em que ocorrer. Ressalte-se que o diferimento do Imposto
de Renda é feito somente para fins fiscais no LALUR, não alterando o lucro líquido na
contabilidade, pois em função do regime de competência, na contabilidade não há
postergação do reconhecimento do resultado. Esses registros de IR também podem
ocorrer em conta de ativo, denominada Ativo Fiscal Diferido.
Despesa tributária = Despesas tributária corrente + despesa tributária diferida.
Receita tributária = Receita tributária corrente + receita tributária diferida.
Tratamento do Prejuízo Acumulado - O Prejuízo Acumulado, para efeito do Imposto
de Renda, é apurado no LALUR (Livro de apuração do Lucro Real). Só pode abater
30% (trinta por cento) do Lucro Real apurado no exercício.
Participações Estatutárias - Art. 187. A demonstração do resultado do exercício
discriminará:
VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias,
mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência
ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa;
Art. 190. As participações estatutárias de empregados, administradores e partes
beneficiárias serão determinadas, sucessivamente e nessa ordem, com base nos lucros
que remanescerem depois de deduzida a participação anteriormente calculada.
Art. 189. Do resultado do exercício serão deduzidos, antes de qualquer participação, os
prejuízos acumulados e a provisão para o Imposto sobre a Renda.

42
O resultado do exercício a que aluda o caput do artigo 189 equivale ao chamado lucro
antes do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – LAIR.
O prejuízo acumulado deve ser diminuído da base de cálculo das participações. Mas é
um cálculo extra contábil. O prejuízo acumulado não aparece na DRE.
O lucro líquido do exercício é transferido para o PL na conta Lucros Acumulados. Se
houver prejuízos acumulados, esse valor é abatido.
As Reservas e os Dividendos também não aparecem na DRE e não afetam o Resultado
do Exercício (irão afetar os lucros acumulados, no PL).
Lucro Líquido do Exercício, Lucro Líquido por Ação e Transferência do
Resultado para Reservas – Depois de deduzidas as participações, chegamos ao lucro
líquido do exercício. Daí, temos de transferir o resultado para o patrimônio líquido, pois
as receitas e despesas da entidade integram o chamado capital próprio.
Do lucro líquido do exercício, podemos extrair o valor do lucro por ação do capital
social. A empresa não mais poderá reter lucros injustificadamente. Repita-se: a conta
lucros acumulados não pode mais constar no Balanço Patrimonial, quando do
fechamento da demonstração. Porém, a conta lucros acumulados pode ser utilizada
temporariamente (antes do fechamento do balanço). Sendo uma conta de PL, o seu
saldo é credor.
Ressalve-se que a conta prejuízos acumulados pode subsistir ao término do exercício.
Diminui o PL, tendo o seu saldo devedor.
DRE CONFORME O CPC 26
O CPC 26 determina que a entidade deve apresentar todos os itens de receita e despesa
reconhecidos no período em duas demonstrações:
1) demonstração do resultado do período (DRE); e
2) demonstração do resultado abrangente do período; esta última começa com o
resultado líquido e inclui os outros resultados abrangentes.
Segundo o CPC 26:
Além dos itens requeridos em outros Pronunciamentos do CPC, a demonstração do
resultado do período deve, no mínimo, incluir as seguintes rubricas, obedecidas também
as determinações legais:
(a) receitas;
(aa) ganhos e perdas decorrentes de baixa de ativos financeiros mensurados pelo custo
amortizado;
(b) custos de financiamento;
(c) parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do método da
equivalência patrimonial;
(d) tributos sobre o lucro;

43
(e) (eliminada);
(ea) um único valor para o total de operações descontinuadas;
(f) em atendimento à legislação societária brasileira vigente na data da emissão deste
Pronunciamento, a demonstração do resultado deve incluir ainda as seguintes rubricas:
(i) custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos;
(ii) lucro bruto;
(iii) despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e receitas
operacionais;
(iv) resultado antes das receitas e despesas financeiras;
(v) resultado antes dos tributos sobre o lucro;
(vi) resultado líquido do período.
As Principais diferenças entre a DRE da Lei 6.404/76 e a DRE do CPC 26 são:
Receita Bruta x Receita Líquida
Pela Lei 6404/76 inicia-se a DRE a partir da Receita Bruta. Pelo CPC já inicia com a
Receita Líquida (modelo seguido pelas empresas). Este procedimento é reforçado pelo
CPC 30:
Para fins de divulgação na demonstração do resultado, a receita inclui somente os
ingressos brutos de benefícios econômicos recebidos e a receber pela entidade quando
originários de suas próprias atividades. As quantias cobradas por conta de terceiros –
tais como tributos sobre vendas, tributos sobre bens e serviços e tributos sobre valor
adicionado não são benefícios econômicos que fluam para a entidade e não resultam em
aumento do patrimônio líquido. Portanto, são excluídos da receita.
Separação das Despesas e Receitas Financeiras
O CPC 26 apresenta um subtotal, chamado de “Resultado antes Receitas e Despesas
Financeiras”
A apresentação apartada do resultado financeiro ocorre para separar o resultado
operacional do resultado obtido com a sobra (ou a falta) de caixa.
Em outras palavras, a empresa aufere um determinado resultado a partir das suas
operações. Além disso, se houver caixa sobrando, será aplicado e irá gerar receitas; se
faltar caixa, a empresa deverá pegar dinheiro emprestado, pagando despesas financeiras
para isso.
A separação do resultado financeiro evidencia com mais propriedade o resultado
oriundo das operações da empresa.
Resultado das Operações Descontinuadas
Uma operação descontinuada é um componente da entidade que foi baixado ou está
classificado como mantido para venda e

44
(a) representa uma importante linha separada de negócios ou área geográfica de
operações; (b) é parte integrante de um único plano coordenado para venda de uma
importante linha separada de negócios ou área geográfica de operações; ou (c) é uma
controlada adquirida exclusivamente com o objetivo da revenda.
A entidade deve evidenciar:
(a) um montante único na demonstração do resultado compreendendo: (i) o resultado
total após o imposto de renda das operações descontinuadas; e (ii) os ganhos ou as
perdas após o imposto de renda reconhecidos na mensuração pelo valor justo menos as
despesas de venda ou na baixa de ativos ou de grupo de ativos(s) mantidos para venda
que constituam a operação descontinuada.
As operações descontinuadas são as vendas relativas a divisões, produtos ou atividades
que a empresa abandonou, que não existirão mais no futuro.
É por isso que a estrutura da DRE do pronunciamento CPC 26 inclui essas informações,
de forma separada das operações normais, contínuas, da empresa.
Os resultados apurados de operações descontinuadas devem ser apresentados em um
montante único na DRE.
Outras Instruções
CPC 26 não estabelece um modelo rígido. Pelo contrário, outras rubricas e contas,
títulos e subtotais devem ser apresentados na demonstração do resultado do período
quando tal apresentação for relevante para a compreensão do desempenho da entidade.
Mas a entidade não deve apresentar rubricas ou itens de receitas ou despesas como itens
extraordinários.
Informação a ser apresentada na DRE do período ou nas notas explicativas:
Quando os itens de receitas e despesas são materiais, sua natureza e montantes devem
ser divulgados separadamente.
As circunstâncias que dão origem à divulgação separada de itens de receitas e despesas
incluem: (a) reduções nos estoques ao seu valor realizável líquido ou no ativo
imobilizado ao seu valor recuperável, bem como as reversões de tais reduções; (b)
reestruturações das atividades da entidade e reversões de quaisquer provisões para
gastos de reestruturação; (c) baixas de itens do ativo imobilizado; (d) baixas de
investimento; (e) unidades operacionais descontinuadas; (f) solução de litígios; e (g)
outras reversões de provisões.
Uma informação é material se a sua omissão ou sua divulgação distorcida (misstating)
puder influenciar decisões que os usuários tomam com base na informação contábil-
financeira acerca de entidade específica que reporta a informação.
Os itens de receitas e despesas que sejam materiais devem ser divulgados
separadamente.

45
Todos os itens de receitas e despesas reconhecidos no período devem ser incluídos no
resultado líquido do período a menos que um ou mais Pronunciamentos Técnicos,
Interpretações e Orientações do CPC requeiram ou permitam procedimento distinto.
A correção de erros e o efeito de alterações nas políticas contábeis. Nestes casos, o
efeito da alteração nas políticas contábeis e a correção de erro devem ser ajustados no
balanço inicial.
A entidade deve apresentar uma análise das despesas utilizando uma classificação
baseada na sua natureza, se permitida legalmente, ou na sua função dentro da entidade,
devendo eleger o critério que proporcionar informação confiável e mais relevante,
obedecidas as determinações legais.
No método da natureza da despesa, as despesas são agregadas na demonstração do
resultado de acordo com a sua natureza (por exemplo, depreciações, compras de
materiais, despesas com transporte, benefícios aos empregados e despesas de
publicidade), não sendo realocados entre as várias funções dentro da entidade.
Por exemplo, ao invés de dividir a depreciação do período entre depreciação das
máquinas usadas na fabricação (que é atribuída ao custo do produto) e depreciação do
escritório (que gera despesa administrativa), é demonstrado apenas o valor total da
depreciação.
A segunda forma de análise é o método da função da despesa ou do custo dos
produtos e serviços vendidos, classificando-se as despesas de acordo com a sua função
como parte do custo dos produtos ou serviços vendidos ou, por exemplo, das
despesas de distribuição ou das atividades administrativas.
No mínimo, a entidade deve divulgar o custo dos produtos e serviços vendidos segundo
esse método separadamente das outras despesas. Esse método pode proporcionar
informação mais relevante aos usuários do que a classificação de gastos por natureza,
mas a alocação de despesas às funções pode exigir alocações arbitrárias e envolver
considerável julgamento.
NO BRASIL, como se percebe, as empresas usam o método da função da despesa
(também chamado de método do custo do produto ou serviço vendido),pois esse é o
método que consta na Lei 6404/76.

46
7.6 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE (Aula 09 TCE/PE)
Resultado abrangente é a mutação que ocorre no patrimônio líquido durante um período
que resulta de transações e outros eventos que não derivados de transações com os
sócios na sua qualidade de proprietários.
Todas as receitas e despesas do exercício devem ser reconhecidas em duas
demonstrações: a demonstração do resultado do exercício e a demonstração de
resultados abrangentes.
A DRA representa as mutações no Patrimônio Líquido que sejam decorrentes de
operações que não são aquelas relacionadas à contribuição dos sócios.
Sabemos que o patrimônio líquido pode se alterar. As alterações, portanto, segundo o
CPC 26, serão evidenciadas na demonstração das mutações do patrimônio líquido
(DMPL) por dois valores totais: - Mutações ocorridas de operações com os sócios; -
Resultado abrangente total.
Composição do resultado abrangente total: - Resultado líquido do período; - Outros
resultados abrangentes; - Reclassificação de outros resultados abrangentes para o
resultado do período.
As receitas e despesas de uma entidade devem figurar na DRE.
Por seu turno, as outras variações do patrimônio líquido, que, futuramente, poderão
transitar pelo resultado ou irem para lucros ou prejuízos acumulados são apresentadas
como outros resultados abrangentes, na chamada DRA, desde que não sejam
valores provenientes dos sócios.
Como exemplo de resultados abrangentes temos:
- Ajustes de conversão do período e acumulados.
- Ajuste de avaliação patrimonial.
Atenção! É vedada a inclusão da DRA apenas na DMPL. Portanto, atualmente a
DRA deve ser apresentada como uma demonstração separada.
Explicando: as normas internacionais permitem que a DRA seja incluída na DRE, se
permitido legalmente.
Conforme o CPC 26: A entidade pode, se permitido legalmente, apresentar uma única
demonstração do resultado do período e outros resultados abrangentes, com a
demonstração do resultado e outros resultados abrangentes apresentados em duas
seções. As seções devem ser apresentadas juntas, com o resultado do período
apresentado em primeiro lugar seguido pela seção de outros resultados abrangentes. A
entidade pode apresentar a demonstração do resultado como uma demonstração
separada. Nesse caso, a demonstração separada do resultado do período precederá
imediatamente a demonstração que apresenta o resultado abrangente, que se inicia com
o resultado do período.

47
A legislação societária brasileira requer que seja apresentada a demonstração do
resultado do período como uma seção separada. A DRA deve iniciar pelo Lucro Líquido
do Exercício.
DRA x DMPL - A DMPL demonstra o saldo inicial, as entradas e saídas e o saldo final
para todas as contas do Patrimônio Líquido, incluindo as contas do Resultado
Abrangente. Portanto, a Demonstração do Resultado Abrangente está incluída na
DMPL. Fica faltando, apenas, o Lucro Líquido do Exercício (da DRE).
Ou seja: os resultados abrangentes (contas do PL) aparecem normalmente na DMPL e
também na DRA, sendo que a segunda demonstração se inicia com o resultado do
período, que vem da DRE.
Outros resultados abrangentes compreendem itens de receita e despesa (incluindo
ajustes de reclassificação) que não são reconhecidos na demonstração do resultado
como requerido ou permitido pelos Pronunciamentos, Interpretações e Orientações
emitidos pelo CPC. Os componentes dos outros resultados abrangentes incluem:
(a) variações na reserva de reavaliação, quando permitidas legalmente;
(b) ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com benefício definido;
(c) ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações
no exterior;
(d) ganhos e perdas na remensuração de ativos financeiros disponíveis para venda;
(e) parcela efetiva de ganhos ou perdas advindos de instrumentos de hedge em operação
de hedge de fluxo de caixa.
Resumindo:

Outros resultados abrangentes


Variações na reserva de reavaliação
Ganhos e perdas atuariais
Ganhos e perdas de conversão das demonstrações (exterior)
Ganhos e perdas ativos financeiros disponíveis para venda
Ganhos e perdas com hedge

Os resultados abrangentes compreendem todas as receitas da entidade que não sejam


derivadas de transações com os sócios. Então, a demonstração de resultados abrangentes
começa do lucro líquido do exercício e consta também com outros resultados
abrangentes, que são aquelas receitas que não transitam pela DRE (ajustes de avaliação
patrimonial, ganhos e perdas com conversão de demonstrações contábeis de empresas
do exterior, ganhos e perdas com hedge, etc).

8. MENSURAÇÃO DO VALOR JUSTO (Livro Ricardo Ferreira – Cap. 33)


Valor justo é o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela
transferência de um passivo, em uma transação não forçada entre participantes do

48
mercado, na data de avaliação. Devem estar em condições de equilíbrio (não serem
forçadas a vender ou comprar o bem por determinação administrativa ou judicial, por
exemplo).
Ativo ou Passivo mensurado a valor justo – a mensuração do valor justo destina-se a
um ativo ou passivo em particular (pertencente à entidade ou a um terceiro com quem
ela negocia, por exemplo). Essas características incluem, por exemplo: condição e
localização do ativo; e restrições, se houver, para a venda ou o uso do ativo. O ativo ou
o passivo mensurado ao valor justo pode ser qualquer um dos seguintes: ativo ou
passivo individual; ou grupo de ativos, grupo de passivos ou grupo de ativos e passivos.
Participantes do mercado – A entidade deve mensurar o valor justo através de
premissas que os participantes do mercado utilizariam ao precificar o ativo ou o passivo,
presumindo-se que os compradores e vendedores ajam em seu melhor interesse
econômico.
Participantes do mercado são compradores e vendedores do mercado principal (ou mais
vantajoso) para o ativo ou passivo, com todas as características a seguir: são
independentes entre si; são conhecedores; são capazes de realizar transação com o ativo
ou passivo; estão interessados em realizar transação com o ativo ou passivo, ou seja,
estão motivados, mas não forçados ou obrigados a fazê-lo.
Preço – Valor justo é o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou pago pela
transferência de um passivo em uma transação não forçada no mercado principal (ou
mais vantajoso) na data de mensuração nas condições atuais de mercado (ou seja, preço
de saída), independentemente de esse preço ser diretamente observável ou estimado
com base em outra técnica de avaliação.
O preço no mercado principal não deve ser ajustado para refletir custos de transação. Os
custos de transação não são uma característica de um ativo ou passivo. Em vez disso,
são específicos de uma transação e podem diferir dependendo de como a entidade
realizar a transação para o ativo ou passivo.
Melhor uso possível para ativos não financeiros – A mensuração do valor justo de
um ativo não financeiro leva em consideração a capacidade do participante do mercado
de gerar benefícios econômicos utilizando o ativo em seu melhor uso possível ou
vendendo-o a outro participante do mercado que utilizaria o ativo em seu melhor uso.
O melhor uso possível do ativo não financeiro leva em conta o uso do ativo que seja:
fisicamente possível; legalmente permitido; financeiramente viável.
Fisicamente possível: Considera as características físicas do ativo que os participantes
do mercado levariam em conta ao precificar o ativo (por exemplo, localização ou
tamanho do imóvel).
Legalmente permitido: Considera quaisquer restrições legais sobre o uso do ativo que
os participantes do mercado levariam em conta ao precifica-lo (por exemplo, regras de
zoneamento aplicáveis ao imóvel).

49
Financeiramente viável: Leva em conta se o uso do ativo gera receita ou fluxo de
caixa adequados para produzir o retorno que os participantes do mercado exigiriam do
investimento nesse ativo colocado para esse uso.
O melhor uso possível é determinado do ponto de vista dos participantes do mercado,
ainda que a entidade pretenda um uso diferente.
Valor justo no reconhecimento inicial – Para o adquirente, o preço da transação é o
preço pago (preço de entrada). Para o alienante, o valor justo do ativo ou passivo é o
preço que seria recebido para vender o ativo ou pago para transferir o passivo (preço de
saída).
No entanto, o preço da transação, que é o valor efetivamente pago ou recebido pelas
partes numa operação (compra e venda, por exemplo), pode ser maior ou menor que o
valor justo (o mercado do bem vendido, por exemplo).
Técnicas de avaliação – O objetivo das técnicas é estimar o preço pelo qual uma
transação não forçada para a venda do ativo ou para a transferência do passivo ocorreria
entra participantes do mercado na data de mensuração nas condições atuais de mercado.
A entidade deve utilizar técnicas que sejam apropriadas nas circunstâncias e para as
quais haja dados suficientes disponíveis para mensurar o valor justo. Três técnicas de
avaliação amplamente utilizadas são: 1) Abordagem de Mercado; 2) Abordagem de
Custo; 3) Abordagem de Receita.
Abordagem de Mercado: Utiliza preços e outras informações relevantes geradas por
transações de mercado envolvendo ativos, passivos ou grupo de ativos e passivos
idênticos ou comparáveis (similares).
Abordagem de Custo: Reflete o valor que seria exigido atualmente para substituir um
ativo.
Abordagem de Receita: Convertem valores futuros em um valor único atual (ou seja,
descontado), por exemplo, fluxos de caixa ou receitas e despesas. A mensuração do
valor justo é determinada com base no valor indicado pelas expectativas de mercado
atuais em relação a esses valores futuros.
Informações para técnicas de avaliação – São premissas que seriam utilizadas por
participantes do mercado ao precificar o ativo ou o passivo, incluindo premissas sobre
risco, como: a) risco inerente a uma técnica de avaliação específica utilizada para
mensurar o valor justo (por exemplo, um modelo de precificação); b) risco inerente às
informações da técnica de avaliação. As informações podem ser observáveis ou não
observáveis:
Dados Observáveis: São informações que utilizam dados de mercado, tais como
informações disponíveis publicamente sobre eventos ou transações reais, que refletem
as premissas que participantes do mercado utilizariam ao precificar o ativo ou o passivo.
Dados Não Observáveis: São informações que não existem disponíveis dados no
mercado. São desenvolvidas utilizando-se as melhores informações disponíveis sobre as
premissas que seriam utilizadas pelos participantes do mercado ao avaliar o ativo ou o
passivo.

50
As técnicas utilizadas para mensurar o valor justo devem maximizar o uso de dados
observáveis relevantes e minimizar o uso de dados não observáveis.
Hierarquia de Valor Justo – Para aumentar a consistência e a comparabilidade nas
mensurações do valor justo e nas divulgações correspondentes, o CPC 46 estabelece
uma hierarquia de valor justo que classifica em 3 (três) níveis as informações aplicadas
nas técnicas de avaliação utilizadas na apuração do valor justo, a saber:
Informações de Nível 1: São preços cotados em mercados ativos para ativos ou
passivos idênticos a que a entidade possa ter acesso na data de mensuração. Oferece a
evidência mais confiável do valor justo e, sempre que disponível, deve ser utilizado sem
ajuste para sua mensuração.
Informação de Nível 2: São aquelas observáveis para o ativo ou passivo, seja direta ou
indiretamente, exceto os incluídos no Nível 1. Por exemplo, se não houver cotação para
ativos e passivos idênticos (nível 1), pode-se cotar preços de ativos e passivos similares.
Informação de Nível 3: São dados não observáveis, não estando disponíveis para ativo
ou passivo. Admite-se assim situações em que há pouca ou nenhuma atividade de
mercado para o ativo ou passivo na data de mensuração.
A hierarquia de valor justo dá a mais alta prioridade a preços cotados em mercados
ativos para ativos ou passivos idênticos (nível 1) e a mais baixa prioridade a dados não
observáveis (nível 3).
Quando as informações utilizadas para mensurar o valor justo de um ativo puderem ser
classificadas em diferentes níveis da hierarquia desse valor, a mensuração do valor
justo será classificada integralmente no mesmo nível da hierarquia de valor justo que a
informação de nível mais baixo significativo para a mensuração como um todo.
Mercado ativo é aquele no qual as transações com o ativo ou passivo ocorrem com
frequência e volume suficientes para fornecer informações de precificação de forma
contínua. Por exemplo, Bolsa de Valores no caso de uma ação.
Dados não observáveis devem ser utilizados para mensurar o valor justo na medida em
que dados observáveis relevantes não estejam disponíveis.
Risco e Incerteza – A avaliação do valor justo com o uso de técnicas de valor presente
é feita sob condições de incerteza, uma vez que os fluxos de caixa utilizados são
estimados, e não valores conhecidos. Mesmo valores contratualmente fixados, como os
pagamentos de empréstimo, são incertos se houver risco de descumprimento.
Risco de descumprimento é o risco de a entidade não cumprir uma obrigação. Inclui,
entre outros, o risco de crédito próprio da entidade.
Os participantes do mercado geralmente buscam compensação (ou seja, prêmio por
risco) por suportar a incerteza relativa ao fluxo de caixa de ativo ou passivo. Por isso, a
mensuração do valor justo deve incluir um prêmio de risco. Do contrário, a mensuração
não representaria fielmente o valor justo. Contudo, o grau de dificuldade por si só não é
razão suficiente para excluir o prêmio de risco.

51
Por exemplo, se um título de R$10.000 sem riscos de recebimento pode ser trocado por
um título de R$11.000 com alguns riscos de recebimento, então o prêmio de risco para o
segundo caso é de R$1.000.
Então, pode resumir que Prêmio de Risco, também denominado Ajuste de Risco, é uma
compensação buscada por participantes do mercado avessos ao risco por suportar a
incerteza inerente ao fluxo de caixa de um ativo ou passivo.

9. INVESTIMENTOS EM COLIGADAS E CONTROLADAS (Aula 06 TCE/PE)


Os investimentos podem ser transitórios ou permanentes. Os transitórios são aqueles
que a empresa não tem a intenção de permanecer com eles no longo prazo, classificados
no Ativo Circulante ou Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo. Os
permanentes são aqueles que a empresa tem a intenção de mantê-los, sendo
classificados como Ativo Não Circulante Investimentos.
Os investimentos em coligadas e controladas, sociedade do mesmo grupo e sob controle
comum são avaliados pelo Método da Equivalência Patrimonial.
Os outros investimentos, que não sejam em coligadas e controladas, serão avaliados
pelo Método de Custo. Vejam que este critério é residual.
Método de Custo
São avaliados pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para perdas prováveis,
se esta perda for comprovada como permanente.
Portanto, inicialmente, os investimentos são avaliados pelo custo. No final do exercício,
a empresa avalia se há alguma perda que possa ser considerada como permanente, que
não será mais recuperada. Havendo, faz-se o ajuste (conta retificadora do ativo). Sendo
uma perda temporária, nada há de ser feito.
Os dividendos recebidos no método de custo são contabilizados como receita, quando
da distribuição. Entretanto, os dividendos distribuídos no prazo de até 6 meses após a
aquisição do investimento são considerados como uma recuperação de parte do
investimento (deduzidos do custo do investimento em si). Assim, não influenciarão as
contas de resultado.
Porém, as normas internacionais de contabilidade não aceitam esse procedimento.
Método da Equivalência Patrimonial – MEP
Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas ou em
controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob
controle comum serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial, de acordo
com as seguintes normas:
I - o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será determinado com
base em balanço patrimonial ou balancete de verificação levantado na mesma data ou
até 60 (sessenta) dias, no máximo, antes da data do balanço da companhia; no valor de
patrimônio líquido não serão computados os resultados não realizados decorrentes de

52
negócios com a companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou por
ela controladas;
II - o valor do investimento será determinado mediante a aplicação, sobre o valor de
patrimônio líquido referido no número anterior, da porcentagem de participação no
capital da coligada ou controlada;
III - a diferença entre o valor do investimento, de acordo com o número II, e o custo de
aquisição corrigido monetariamente; somente será registrada como resultado do
exercício:
a) se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou controlada; b) se
corresponder, comprovadamente, a ganhos ou perdas efetivos; c) no caso de companhia
aberta, com observância das normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários.
§ 1 ° Para efeito de determinar a relevância do investimento, nos casos deste artigo,
serão computados como parte do custo de aquisição os saldos de créditos da companhia
contra as coligadas e controladas.
§ 2º A sociedade coligada, sempre que solicitada pela companhia, deverá elaborar e
fornecer o balanço ou balancete de verificação previsto no número I.
A Companhia Alfa vislumbra uma excelente possibilidade de investimento e decide
adquirir o controle de outra empresa, a Companhia Beta.
Quando você está comprando ações de uma entidade, você está comprando uma fatia de
seu patrimônio líquido. Você passa a se tornar sócio dessa empresa. Então, o que
acontecer com o PL da investida (no caso Beta) vai refletir no seu investimento. Se ela
tiver lucro, vai aumentar o PL, então, bom para você e seu investimento, que aumentará
proporcionalmente a sua fatia no capital próprio da empresa.
Havendo um prejuízo, de igual maneira isso ocorrerá no seu investimento, o que
acarretará uma diminuição no valor do PL da investida e no seu investimento.
Se a Companhia Alfa está adquirindo 80% das ações ordinárias (as que, em regra, dão
direito a voto) de Beta, ela está se tornando sócia de Beta. 80% de suas ações
caracterizará controle. Alfa registrará esse valor como Ativo não circulante -
Investimentos/Equivalência patrimonial.
Débito - Ativo não circulante investimentos/MEP; Crédito - Caixa
Depois disso, todas as variações que ocorrerem no PL de Beta refletirão diretamente no
valor do investimento.
Conceito de Controle - Controle é o poder de governar as políticas financeiras e
operacionais da entidade de forma a obter benefícios de suas atividades.
Art. 243 § 2°: Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente
ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de
modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a
maioria dos administradores.

53
E como se dá a preponderância nas deliberações sociais? As ações de uma sociedade
anônima podem ser ordinárias ou preferenciais.
As ordinárias são as que dão direito a voto, enquanto que as preferenciais, na maioria
das vezes dão privilégios a seus detentores, como dividendo maior ou prioridade para
reembolso do capital, mas são frustradas do direito a voto.
O número máximo de ações preferenciais sem direito a voto é de 50% do total!
Conceito de Coligação - Art. 243 § 1 °: São coligadas as sociedades nas quais a
investidora tenha influência significativa.
§ 4º Considera-se que há influência significativa quando a investidora detém ou exerce
o poder de participar nas decisões das políticas financeira ou operacional da investida,
sem controla-la.
§5º É presumida influência significativa quando a investidora for titular de 20% (vinte
por cento) ou mais do capital votante da investida, sem controlá-la.
Para definir se uma empresa é ou não coligada precisamos verificar a existência da
influência significativa. Esta será a palavra chave! A influência significativa existe
quando a investidora detém ou exerce o poder de participar nas decisões das
políticas financeira ou operacional da investida, sem controlá-la.
Ela é presumida quando se possui 20% do capital votante (ações ordinárias). Essa
presunção, entretanto, admite prova em contrário! Uma empresa pode ter mais de 20% e
não ter influência significativa e ter menos de 20% e ter influência significativa.
Se o investidor mantém direta ou indiretamente (por exemplo, por meio de controladas),
vinte por cento ou mais do poder de voto da investida, presume-se que ele tenha
influência significativa, a menos que possa ser claramente demonstrado o
contrário. Por outro lado, se o investidor detém, direta ou indiretamente (por meio de
controladas, por exemplo), menos de vinte por cento do poder de voto da investida,
presume-se que ele não tenha influência significativa, a menos que essa influência
possa ser claramente demonstrada. A propriedade substancial ou majoritária da
investida por outro investidor não necessariamente impede que o investidor minoritário
tenha influência significativa.
A existência de influência significativa por investidor geralmente é evidenciada por um
ou mais das seguintes formas:
(a) representação no conselho de administração ou na diretoria da investida;
(b) participação nos processos de elaboração de políticas, inclusive em decisões sobre
dividendos e outras distribuições;
(c) operações materiais entre o investidor e a investida;
(d) intercâmbio de diretores ou gerentes; ou
(e) fornecimento de informação técnica essencial
Na verdade, o MEP consiste em reconhecer o resultado auferido pela investida na
medida em que ocorre, e não apenas quando há distribuição de dividendos.
54
Chamamos a atenção para o fato de que o MEP reflete, na investidora, o que está
ocorrendo com o resultado da investida. Assim, quando a investida apura prejuízo ou
lucro, isso se reflete no resultado da investira, independentemente da distribuição dos
dividendos.
Contabilização do Dividendo – A regra de contabilização é a seguinte:
Dividendos Obrigatório  é Passivo.
Dividendos Adicionais não declarados até a data do balanço  Não são contabilizados.
Dividendos Adicionais declarados até a data do balanço  são contabilizados no PL,
até serem confirmados pela Assembleia de acionistas. Depois disso, vão para o Passivo.
Quando a investida resolve, de acordo com os seus estatutos, pagar os dividendos, seu
PL diminui. Dessa forma, a investidora deverá contabilizar os dividendos a receber e
diminuir o valor do seu investimento (MEP).
Assim, no Método de Custo, o valor do investimento não se altera em função dos
lucros ou prejuízos da investida. Só irá se alterar se houver indício de perda permanente.
Os dividendos são contabilizados como receita. Não altera o investimento.
Já no MEP, o resultado da investida (lucro ou prejuízo) reflete-se no balanço e no
resultado da Investidora. Altera o investimento. Distribuição de dividendos diminui
investimento. O dividendo que a investidora receber vai pra conta do ativo, dividendos
a receber. Dessa forma, não há receita de dividendos no MEP.
Aquisição de Investimento em Coligadas ou Controladas – Com Mais Valia e
Goodwill
Quando nós adquirimos uma participação societária, quando compramos a parte de uma
empresa e nos tornamos sócios, não necessariamente compramos pelo valor nominal.
Podemos pagar um valor a mais ou menos do que ele vale.
O ágio (valor pago a maior) na aquisição de investimentos em coligadas e controladas
deve ser classificado em duas parcelas:
1) Mais Valia dos ativos líquidos – é a diferença entre o valor justo e o valor contábil
dos ativos líquidos.
2) Goodwill – é a diferença entre o valor justo e o valor pago. Também é chamado de
ágio por expectativa de rentabilidade futura.
Nas demonstrações individuais da controladora e da investidora, a Mais Valia e o
Goodwill ficam classificados em Investimentos, controlados em Subcontas:
D - Investimento controlada XYZ - Valor patrimonial 70.000
D - Investimento controlada XYZ - Mais Valia do ativo líquido 10.000
D - Investimento controlada XYZ – Goodwill 20.000
C - Caixa/bancos 100.000

55
Observação: no balanço, pode aparecer apenas o valor do investimento, sem as
subcontas:
D - Investimento controlada XYZ 100.000
C - Caixa/bancos 100.000
No balanço consolidado, a Mais Valia será eliminada contra os ativos e passivos que
lhe deram origem.
E o Goodwill será transferido para o Intangível, em conta específica.
A Mais Valia será realizada conforme a realização do ativo e passivo que a originaram.
E o Goodwill não é amortizado (não é realizado), apenas deve ser submetido ao teste
de recuperabilidade.
Se o valor pago for menor que o valor justo, surge a compra vantajosa, que era
chamada de "Deságio". A Compra Vantajosa deve ser reconhecida (contabilizada) no
Resultado do Período. Na compra vantajosa, você paga pelo investimento menos do que
o seu valor de mercado.
Resumo do capítulo: Critérios de avaliação do ativo e passivo:
Investimentos avaliados pelo custo  Custo de Aquisição menos Provisão para perdas
prováveis.
Investimentos em Coligadas/Controladas  Método da Equivalência Patrimonial.

10 ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA

10.1 INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO

10.2 INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAIS

10.3 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL

56

Você também pode gostar