Texto de Apoio 1-CGII-Sistemas de Custeio

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CURSOS Administração e Gestão de

Empresas HABILITAÇÃO Licenciatura


Contabilidade & Auditoria
DISCIPLINA Contabilidade de Gestão II CRÉDITOS

CARGA HORÁRIA Semestral SEMESTRE 4º


PRÉ-REQUISITO (S) Contabilidade de Gestão I
DOCENTES Jeremias Francisco Sitoe

Texto de Apoio n.º 1

SISTEMAS DE CUSTEIO

INTRODUÇÃO
O custeio dos produtos ou dos serviços realizados pode ser organizado de diversas formas – técnicas de
custeio. Aquando da organização do custeio é fundamental não olvidar as suas implicações na elaboração e
apresentação das demonstrações financeiras – Balanço e Demonstração de resultados por natureza e por
funções.

A literatura contabilística apresenta diversas cambiantes para o custeio. No entanto, os mais abordados
centram-se, por um lado, na imputação dos custos totais – custeio total e, por outro, nos custos variáveis –
custeio variável. Qualquer deles pode ainda apoiar-se nos custos efectivos ou reais – custeio real ou nos
custos preestabelecidos – custeio básico.

O modelo definido em alguns países para o apuramento do custo de produção admite ainda o custeio racional
que se baseia na imputação dos custos fixos da fábrica tendo em conta a capacidade normal utilizada. O
tratamento dos custos não incorporados deve seguir o modelo aplicável aos desvios contabilísticos.

A diferença entre os sistemas de custos totais e sistemas de custos variáveis fundamenta-se na imputação dos
custos fixos. No primeiro caso, os custos fixos da fábrica são integralmente imputáveis aos produtos e, no
segundo, apenas os custos variáveis são afectos aos custos dos produtos ou serviços. Naturalmente que neste
último caso os custos fixos são totalmente imputados aos resultados do período.

A abordagem que a seguir se apresenta, basear-se-á no seguinte exemplo:

Custos Industriais:
Variáveis: 200,00/unidade de produto acabado
1
Fixos: 15.000,00

Capacidade de produção: 100 unidades por mês


Produção normal: 80 unidades
Produção do mês: 50 unidades
Vendas do mês: 40 unidades

CUSTEIO TOTAL
No Custeio Total, o custo de produção corresponde ao somatório dos custos industriais fixos e variáveis. O
custo total unitário, tende a decrescer em consequência da diminuição do custo fixo que é imputado por
unidade, visto ele decrescer à medida que aumenta o número de unidades que se fabriquem.

Custo de Produção = MP + MOD + GGF variáveis + GGF fixos

Por este sistema, os custos industriais fixos e variáveis, são no seu todo tomados como custos dos produtos
e só se tornam custos dos períodos à medida que os produtos são vendidos. Assim, relativamente ao
exemplo acima, teremos:

Custo de Produção

Custos variáveis industriais: (50*200,00) = 10.000,00


+ Custos fixos industriais: 15.000,00
= Custo Industrial dos Produtos Acabados 25.000,00 (Custos dos produtos)
Custo unitário (25.000,00/50) = 500,00/unidade

Custo Industrial dos P. Vendidos (40*500,00) = 20.000,00 (Custos do Período)

CUSTEIO RACIONAL
O método de imputação racional dos custos fixos, tem por objectivo isolar os efeitos de uma variação de
actividade sobre os custos unitários dos produtos. Consiste em considerar como custo dos produtos, a
totalidade dos custos variáveis industriais e uma parte dos custos fixos, a correspondente à capacidade de
produção utilizada.

Custo de Produção = MP + MOD + GGF variáveis + GGF fixos *Pr/Pn

A parte dos custos fixos industriais não incorporada é considerada automaticamente custo do período, de tal
forma que o custo industrial dos produtos não engloba a parte dos custos fixos correspondente à capacidade
não utilizada dos meios de produção.

Os custos fixos industriais a imputar à produção, resultam da consideração dos custos reais e da relação
entre a produção real e a que se considera normal.

Se: Cf – Custos fixos industriais do mês


Pr – Produção real
Pn – Produção normal

2
Pr
Então: o coeficiente de imputação racional será dado pela relação: e os custos fixos da produção do
Pn
mês serão os que resultam do produto dos custos fixos industriais totais pelo coeficiente de imputação
Pr
racional: Cf * .
Pn

Por conseguinte, os custos fixos industriais não incorporados são obtidos pela relação:
Pr
Cf*(1- ), sendo Pn > Pr. Estes são sempre considerados custos do período em que ocorrem,
Pn
independentemente das vendas do período em causa.
Assim, no exemplo acima, pelo Custeio Racional, teremos:

Custo de Produção

Custos variáveis industriais: (50x200,00) = 10.000,00


50
+ Custos fixos industriais: 15.000,00 x = 9.375,00
80
= Custo Industrial dos Produtos Acabados 19.375,00 (Custos dos produtos)
Custo unitário (19.375,00/50) = 387,50/unidade

Custo Industrial dos P. Vendidos (40*387,50) = 15.500,00 (Custos do Período)

Custos fixos industriais não incorporados (15.000,00-9.375,00) = 5.725,00 (Custos do Período)

CUSTEIO VARIÁVEL
Contrariamente aos dois sistemas acima abordados, o Custeio Variável considera como custos dos produtos,
apenas os custos variáveis de produção.

Assim,
 Apenas os custos variáveis industriais constituem custos dos produtos, pelo que somente os
custos de produção variáveis são considerados na avaliação das existências de produtos
acabados;
 Os custos fixos de produção são, na sua totalidade, custos do período em que ocorrem;
 São custos dos produtos a parte variável dos custos semi variáveis.

Custo de Produção = MP + MOD + GGF variáveis

Os principais objectivos do custeio variável estão relacionados com as necessidades de informação dos
gestores para efeitos de tomada de decisões, nomeadamente as seguintes:

 Melhor utilização a curto prazo da capacidade instalada;


 Análise de sensibilidade dos resultados face à variação do volume de actividade;
 Análise dos resultados dos diferentes produtos e das diferentes estratégias do marketing.

As principais características deste sistema podem resumir-se no seguinte:

3
 Somente os custos variáveis industriais são considerados custos dos produtos, enquanto os custos
fixos de produção são, na sua totalidade, classificados como custos do período;
 A valorização das existências de produtos acabados é feita a custos de produção variáveis. Os custos
fixos não são inventariáveis e são considerados custos do período;
 Todos os custos variáveis de produção, incluindo a parte variável dos custos semi variáveis, são
custos dos produtos;
 Os custos fixos de aprovisionamento e de transformação não são incluídos no custo industrial e, por
conseguinte, não são considerados no apuramento das margens industriais. Os gastos fixos de
distribuição e de administração também não são considerados no apuramento das margens
comerciais;
 Admite-se a identidade entre os custos fixos e indirectos, pelo que este sistema resolve a
arbitrariedade das repartições.

Nos países altamente industrializados é muito aplicável o custeio variável, tendo como vantagens:

 Simplificação do trabalho, dado que não é necessário repartir os custos fixos:


 São custos mais fidedignos, pois a repartição dos custos fixos são estimativas;
 Dado que são proporcionais, é mais rápida e segura a determinação do ponto crítico das vendas;
 Utilização da análise marginal para tomada das decisões.

No entanto, o método do custeio variável também apresenta algumas limitações:

 Difícil distinção entre custos fixos e variáveis;


 A existências de custos semi variáveis, que variam às escalas;
 A avaliação das existências peca por defeito;
 O custo variável é sempre um custo incompleto, ilusório e perigoso.

Aqui, do exemplo acima, teremos:

Custo de Produção

Custos variáveis industriais: (50x200,00) = 10.000,00


= Custo Industrial dos Produtos Acabados 10.000,00 (Custos dos produtos)
Custo unitário (19.375,00/50) = 200,00/unidade

Custo Industrial dos P. Vendidos (40*200,00) = 8.000,00 (Custos do Período)

Custos fixos industriais não incorporados = 15.000,00 (Custos do Período)

Sistemas de custeio e o tratamento dos custos não industriais


Na abordagem feita até aqui, não nos referimos ao tratamento a dar aos custos não industriais. Como é
sabido, os custos de distribuição, de administração e financeiros não são incorporados no custo de
produção. Com efeito, qualquer que seja o sistema de custeio, são sempre custos de períodos.

Relativamente ao exemplo em apreço, admitamos ainda que os custos não industriais do mês foram os
seguintes:

Custos de distribuição:
Fixos: 500,00
4
Variáveis: 1.050,00
Custos administrativos:
Fixos: 2.000,00
Variáveis: 50,00
Custos financeiros:
Fixos: 2.800,00
Variáveis: 660,00

Comparemos, em seguida, os valores obtidos pelos três métodos acima abordados:


Custeio Custeio Custeio
Total Racional Variável
Custo da produção do mês
Custos industriais globais:
Variáveis 10.000 10.000 10.000
Fixos 15.000 9.375 ----
Total 25.000 19.375 10.000
Custo industrial unitário 500,00 387,50 200,00

Valor da produção entrada no armazém de


de produtos acabados 25.000 19.375 10.000
Valor das existências finais de PA (10 unidades) 5.000 3.875 2.000
Custo I. dos Produtos Vendidos (40 unidades) 20.000 15.500 8.000
Custos Industriais não incorporados --- 5.625 15.000

Ao preço de venda de 680,00/unidade, teremos os seguintes resultados:

Custeio Custeio Custeio


Total Racional Variável

Vendas 27.200 27.200 27.200


Custo I. dos Produtos Vendidos 20.000 15.500 8.000
Custos Industriais não incorporados --- 5.625 15.000
Custos de distribuição (fixos + variáveis) 1.550 1.550 1.550
Custos administrativos (fixos + variáveis) 2.050 2.050 2.050
Custos financeiros (fixos + variáveis) 3.460 3.460 3.460
Resultado (140) (985) (2.860)

Conforme se pode constatar, o resultado não é igual. Tal deve-se à diferente valorização que é dada às
existências finais.

5
RELAÇÃO CUSTO/VOLUME/RESULTADO
Alternativas de custeio e resultados
Os resultados obtidos usando um critério podem ser diferentes dos que se obtêm por um outro critério. A
diferença nos resultados será explicada pela forma de consideração dos custos fixos incorporados num e
noutro caso.

Pontos de análise
- Hipótese A- Produção igual às Vendas ( P=V)
- Hipótese B- Produção maior que as Vendas (P>V)
- Hipótese C- Produção menor que as Vendas (P < V) (neste caso, verifica-se a venda,
também, de existências iniciais)

Tendo em conta o Custeio Racional que apenas incorpora no custo dos produtos apenas parte dos custos
fixos incorridos no período, haverá que considerar ainda as hipóteses seguintes:
 Pr =Pn
 Pr > Pn
 Pr < Pn
Considere-se o seguinte exemplo:
A empresa Kapa, L.da, dedica-se ao fabrico do produto A. No mês de Março de determinado ano, registou
os seguintes custos (em milhares de MT):

Custos Custos Total


Fixos Variáveis

Custos Industriais 9.000 18.000 27.000


Custos de distribuição 4.200 4.800 9.000
Custos Adm./Financeiros 5.700 300 6.000
18.900 23.100 42.000

No mês em questão a empresa fabricou 100.000 unidades do produto A. A produção normal é de 120.000
unidades. Não havia produtos em vias de fabrico nem no início nem no final do mês. O preço de venda
unitário do produto acabado é de 500,00 MT. O critério de valorimetria é LIFO.

Vamos analisar as diversas alternativas de resultados, considerando as seguintes hipóteses:

A – Produção igual a Vendas ( P=V)

Custo da produção acabada:

Pelo Custeio Total = (27.000.000,00/ 100.000) = 270,00 MT/unidade

100.000
Pelo Custeio Racional =18.000.000,00+( x9.000.000 )/100.000=255,00/unidade
120.000
Pelo Custeio Variável = 18.000.000,00/ 100.000 = 180,00MT/unidade

Demonstração de Resultados
Custeio Total (milhares de MT)
6
1-Vendas (100.000x500,00MT) 50.000
2-CIPV (100.000x270,00MT) 27.000
3-Resultado Bruto (1-2) 23.000
4-Custos de distribuição 9.000
5-C.Adm./finanças 6.000 15.000
6-Resultado antes de impostos 8.000

Custeio Racional (milhares de MT)


1-Vendas (100.000x500,00 MT) 50.000
2-CIPV (100.000x255,00 MT) 25.500
3-Resultado Bruto (1-2) 24.500
4-Custos fixos industriais
não Incorporados 1.500
5-Custos de distribuição 9.000
6-C.Adm./finanças 6.000 16.500
7-Resultados antes de impostos 8.000

Custeio Variável (milhares de MT)


1-Vendas (100.000x500,00 MT) 50.000
2-CIPV (100.000x180,00 MT) 18.000
3-Margem Bruta Industrial (1-2) 32.000
4-Custos de distrib. variáveis 4.800
5-C. adm./financ. variáveis 300 5.100
6-Margem de Contribuição [3-(4+5)] 26.900
7-Custos Fixos
Indust. não incorporados 9.000
De distribuição 4.200
Adm./ Financeiros 5.700 18.900
8-Resultados antes de impostos 8.000

B- Produção maior que as Vendas (P>V)


Considere-se Vendas = 90.000 unidades e que todas as restantes situações se mantêm.

Custeio Total (milhares de MT)


1-Vendas (90.000x500,00) 45.000
2-CIPV (90.000x270,00) 24.300
3-Resultado Bruto (1-2) 20.700
4-Custos de distribuição 9.000
5-C. adm./financeiros 6.000 15.000
6-Resultados antes de impostos 5.700

Neste caso, há uma distribuição dos custos fixos industriais entre a produção não vendida e a que foi
vendida, conforme segue:
9.000
Custos fixos incluídos no CIPV = x90.000 unidades = 8.100 contos
100.000
9.000
Custos fixos incluídos nas exist. finais de PA = x10.000 unidades = 900 contos
100.000

7
Custeio Racional (milhares de MT)
1-Vendas (90.000x500,00 MT) 45.000
2-CIPV (90.000x255,00 MT) 22.950
3-Resultado Bruto (1-2) 22.050
4-Custos fixos Industriais
não Incorporados 1.500
5-Custos de distribuição 9.000
6-C adm./financeiros 6.000 16.500
7-Resultados antes de impostos 5.550

Neste caso os custos fixos incorporados são repartidos entre o custo das vendas e o custo das existências e
os não incorporados são sempre custos dos períodos:

7.500
Custos fixos incluídos no CIPV = x90.000 unidades = 6.750 contos
100.000
Custos fixos industriais não incorporados = 1.500 contos
7.500
Custos fixos incluídos nas exist. finais de PA = x10.000 unidades = 750 contos
100.000

Note que a diferença entre os resultados pelos custeios total e racional é de 150 contos (5.700-5.550). A
diferença entre os custos fixos em stock é também de 150 contos (900-750) o que significa que o custeio
total “armazenou” mais custos que o racional.

Custeio Variável (milhares de MT)


1-Vendas (90.00x500,00 MT) 45.000
2-CIPV (90.000x180,00 MT) 16.200
3-Margem Bruta Industrial (1-2) 28.800
4-Custos distrib. variáveis 4.800
5-C adm./financeiros variáveis 300 5.100
6-Margem de Contribuição [3-(4+5)] 23.700
7-Custos fixos
Indust. não incorporados 9.000
De distribuição 4.200
Adm./ financeiros 5.700 18.900
8-Resultados antes de impostos 4.800

Pelo custeio variável, os custos fixos industriais são sempre custos do período, pelo que todos eles (9.000
contos) foram considerados custos do período.

C- Produção menor que as Vendas (P < V)

Considere-se:
- Produção de 90.000 unidades
- Vendas de 100.000 unidades
- Existências iniciais de 10.000 unidades ao custo do mês corrente.

Custeio Total (milhares de MT)


1-Vendas (100.000x500,00 MT) 50.000
2-CIPV
8
(90.000x300,00 MT)
(10.000x300,00 MT) 30.000
3-Resultado Bruto (1-2) 20.000
4-Custos de distribuição 9.000
5-C. adm./financeiros 6.000 15.000
6-R.A.I 5.000

Admitindo o critério LIFO, o custo das vendas contém:

 Custos fixos industriais incluídos no custo das vendas referentes à produção do mês:
9.000
 x90.000 = 9.000 contos
90.000
 Custos fixos industriais das existências iniciais incluídos no custo das vendas:
 10.000 unid.x100,00 = 1.000 contos
Custos fixos industriais considerados na demonstração de resultados: 10.000 contos.
Custeio Racional (milhares de MT)
1-Vendas (100.000x500,00 MT) 50.000
2-CIPV
(90.000x275,00)
(10.000x275,00) 27.500
3-Resultado Bruto (1-2) 22.500
4-Custos fixos industriais
não incorporados 2.250
5-Custos de distribuição 9.000
6-C. adm./financeiros 6.000 17.250
7-R.A.I 5.250

Aqui, a demonstração de resultados inclui:

 Custos fixos industriais incluídos no custo das vendas referentes à produção do mês:
6.750
 x90.000 = 6.750 contos
90.000
 Custos fixos industriais das existências iniciais incluídos no custo das vendas:
 10.000 unid.x75,00 = 750 contos
 Custos fixos industriais não incorporados: 2.250 contos

Custos fixos industriais considerados na demonstração de resultados: 9.750 contos.

Vendendo mais que a produção, os resultados pelos sistemas de custeio total e racional tendem a sofrer uma
redução porque os custos armazenados no período ou em períodos anteriores, passaram para o custo das
vendas. Por outro lado, com a redução da produção, há uma maior incidência dos custos fixos sobre a
quantidade produzida.

Custeio Variável (milhares de MT)


1-Vendas (100.000x500,00 MT) 50.000
2-CIPV
(90.000x200,00 MT)
(10.000x200,00 MT) 20.000
3-Margem bruta industrial (1-2) 30.000
9
4-Custos distrib.variáveis 4.800
5-C. adm./financ. variáveis 300 5.100
6-Margem de Contribuição [3-(4+5)] 24.900
7-Custos Fixos
Indust. não incorporados 9.000
De distribuição 4.200
Adm./financeiros 5.700 18.900
8-R.A.I 6.000

Tal como nos casos anteriores, os custos fixos industriais incluídos em custos industriais não incorporados
são de 9.000 contos.

Sintese dos Resultados e Conclusões

1. Produção igual às Vendas (P=V)

Custeio Custeio Custeio


Total Racional Variável
1-Vendas 50.000 50.000 50.000
2-CIPV 27.000 25.500 18.000
3-Margem Industrial 23.000 24.500 32.000
4-Custos Ind. Não Incorporados 1.500 9.000
5-Resultado Bruto 23.000 23.000 23.000
6-Custos não Industriais 15.000 15.000 15.000
7-RAI 8.000 8.000 8.000

Conclusão: Sempre que P=V e sendo LIFO o critério de custeio das saídas, os resultados são iguais pelos
diversos sistemas de custeio dado que, é debitado na conta de resultados o mesmo montante de custos fixos
industriais.

2. Produção superior às Vendas (P>V, Pr<Pn, LIFO)

Custeio Custeio Custeio


Total Racional Variável
1-Vendas 45.000 45.000 45.000
2-CIPV 24.300 22.950 16.200
3-Margem industrial 20.700 22.050 28.800
4-Custos ind. não incorporados 1.500 9.000
5-Resultado Bruto 20.700 20.550 19.800
6-Custos não Industriais 15.000 15.000 15.000
7-RAI 5.700 5.550 4.800

Quando a produção é superior às vendas, os resultados apurados pelo custeio total são superiores aos do
custeio variável dado que uma parte dos custos fixos industriais ocorridos no mês são imputados à produção
feita e não vendida, isto é, às existências finais.

10
3. Produção inferior às Vendas (P<V, Pr<Pn, LIFO)

Custeio Custeio Custeio


Total Racional Variável
1-Vendas 50.000 50.000 50.000
2-CIPV 30.000 27.500 20.000
3-Margem industrial 20.000 22.500 30.000
4-Custos ind. não Incorporados 2.250 9.000
5-Resultado bruto 20.000 20.250 21.000
6-Custos não industriais 15.000 15.000 15.000
7-RAI 5.000 5.250 6.000

4. Custos fixos industriais incorporados nas existências finais e diferença de resultados:

Custeio Custeio Custeio


Total Racional Variável
Produção igual às vendas 0 0 0
Produção superior às vendas 900 750 0
Produção inferior às vendas (1.000) (750) 0

Resumidamente:
Adoptando o critério LIFO,
 Se P=V os resultados são iguais;
 Se P>V o custeio variável dá menor resultado que os custeios racional e total;
 Se P<V os resultados do custeio variável serão maiores que os dos custeios racional e total.

Escolha do sistema de custeio


A reflexão sobre a escolha do sistema de custeio mais apropriado, pode ser encaminhada sob duas
perspectivas no que respeita à informação contabilística obtida, nomeadamente, utilização da informação
pelos gestores da empresa (objectivos internos) ou por entidades exteriores à gestão – sócios não
administradores, credores, Estado, etc. (objectivos externos).
No que respeita aos objectivos internos, de uma forma geral, o custeio variável ou o custeio racional, mas
sobretudo o primeiro, são preferíveis ao custeio total completo. Com efeito, salientam na conta de
resultados o efeito das variações da produção e das vendas, enquanto que com o custeio total, tal nem
sempre acontece. No custeio variável, os resultados são fundamentalmente influenciados pelo volume de
vendas, enquanto no custeio total podem ser significativamente determinados pela produção.
No entanto, os objectivos externos – fiabilidade da informação e sua comparabilidade com empresas
congéneres – podem condicionar a dos diversos sistemas de custeio, limitando a adopção àqueles que
melhor sirvam aqueles objectivos.

Volume relevante e função de custos


11
Numa primeira fase de actividade produtiva, os custos fixos sofrem oscilações e os custos variáveis são
degressivos. Segue-se depois uma fase em que há uma proporção directa entre o custo e o rendimento
(volume relevante)
Entende-se por volume relevante a fase em que:
 Os custos variáveis são proporcionais;
 Os custos fixos totais são constantes; e
 O nível de produção é igual ao nível de vendas, ou seja toda a produção é vendável (tem mercado).

Função de custo no volume relevante (apenas aplicável no custeio variável)

R=Q x Pv – (CVT+CFT)
CVT = Q x Cv

R= Q x Pv – (Q x Cv + CFT)

Ponto Crítico das Vendas


Tomando em conta os pressupostos anteriores, o Ponto Crítico das Vendas é o volume de produção e venda
sobre o qual a empresa não tem nem lucro nem prejuízo, ou seja, o resultado é nulo; ou por outra, é o ponto
de produção e venda em que a margem de contribuição é igual aos custos fixos.

R= 0 ; R= Q x Pv – ( Q x Cv + CFT)

Se Q* é a quantidade do ponto crítico então,

Q* Pv –(Q*x Cv + CFT)=0
Q*Pv – Q*x Cv = CFT

CFT
Q* =
Pv  Cv

Se Pv-Cv=m, onde m = margem de contribuição unitária, então

CFT
Q*=
m

Se: V= Pv x Q, então V*=Q* x Pv

CFT
Se: Q* =
Pv  Cv

CFT
Multiplicando ambos os membros por Pv, teremos Q*x Pv= x Pv
Pv  Cv

CFTxPv
Sendo V* = Q* x Pv, teremos V* =
Pv  Cv

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CFT
Dividindo por Pv ambos o numerador e o denominador, V* =
Cv
1
Pv
Cv CFT
Se 1   m' , finalmente teremos V*=
Pv m'

Resultado esperado ou estimado


Conhecido o ponto crítico, fácil e rapidamente se pode determinar os resultados antes de impostos, pois
ficando os custos fixos cobertos pela margem de contribuição proporcionada pelo ponto crítico, o resultado
estimado será igual à margem de contribuição proporcionada pelas quantidades vendidas para além desse
ponto:

R= (Q – Q*) x (Pv-Cv) ou R= (Q – Q*) x m

Determinação da quantidade a produzir e vender para um Lucro Desejado (LD)

CFT  LD
Q*’= Onde: Q*’= quantidade a produzir/vender, LD= lucro desejado
Pv  Cv

Margem de segurança (MS)


Designa-se por margem de segurança o nível pelo qual as vendas actuais da empresa podem sofrer uma
redução, sem que a mesma incorra em prejuízo. É o quociente da diferença entre as vendas previstas e o
ponto crítico, pelas vendas previstas.

Q Q* Q*
MS= ou MS= 1 
Q Q

Análise dos Resultados dos diferentes produtos

Este problema coloca-se quando uma empresa produz mais do que um produto, impondo-se, por isso, a
necessidade de verificar a contribuição de cada produto nos resultados globais da empresa através do
Product Mix.

Exemplo

De uma empresa que fabrica três produtos - A, B e C - dispõe-se dos seguintes elementos em relação ao
mês de Outubro de 2006.

Produto A Produto B Produto C


Vendas (unidades) 12.500 10.000 10.000
Preço de venda (MT) 2.000,00 1.000,00 500,00
Custo variável unitário (MT) 1.500,00 600,00 200,00
Margem de contribuição
Em valor 500,00 400,00 300,00
Em % 25% 40% 60%

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Os Custos fixos totais são calculados em 8.000 contos.

Solução:

Em primeiro lugar, determina-se o peso relativo do valor das vendas de cada produto no valor de venda
total.

Produtos Unidades vendidas Valor (cts) % Total


A 12.500 25.000 62.5
B 10.000 10.000 25.0
C 10.000 5.000 12.5
Total 32.500 40.000 100.0

Assim, temos: Product Mix (62,5 – 25 – 12,5)

Segundo, determina-se a margem de contribuição do Product Mix

Produtos Valor(cts) Custos Marg. de m’


Variáveis (cts) Cont. (cts)
A 25.000 18.750 6.250 25
B 10.000 6.000 4.000 40
C 5.000 2.000 3.000 60
Total 40.000 26.750 13.250 33.125

Terceiro, determina-se o Ponto Crítico da empresa (em valor)

V* = 8.000 / 33.125% = 24.151 contos

Quarto, determina-se a contribuição de cada produto do Product Mix para o ponto crítico, tendo em conta
que cada um deles contribui de acordo com a sua percentagem no Mix.

Produtos %MIX V* (cts) Contribuição Pv (MT) Q*


de cada produto
A 62.5 15.094 2.000 7.547
B 25.0 24.151 6.038 1.000 6.038
C 12.5 3.019 500 6.038
100 24.151

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