A IGREJA VIVA QUE PRECISAMOS SER - Atos 8,3-8

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A IGREJA VIVA QUE PRECISAMOS SER

Atos 8:3-8

INTRODUÇÃO: Nós vivemos num tempo extremamente desafiador. Muitos não imaginam
o quanto é desafiador ser Igreja de Cristo numa geração de mudanças radicais como a
nossa.
A cada dia tem sido difícil para a Igreja Evangélica do século XXI sobreviver numa
sociedade que não acredita mais que exista uma verdade absoluta, na inerrância e nem na
infalibilidade da Bíblia; que questiona a existência do Deus Eterno, que duvida da divindade
de Jesus, que zomba da pessoa do Espírito Santo, que ignora ou nega a existência de
Satanás e do reino das trevas.
Tem sido difícil para a Igreja Evangélica do século XXI encarar uma sociedade cética,
cansada de uma religião ritualista e desconfiada dos paradigmas, que julga a nossa
pregação como mero fanatismo religioso, que não aceita idéias de céu e de inferno e que
repudia o conceito bíblico de juízo final.
Estamos vivendo numa época desafiadora sim; porém, de grandes oportunidades. A
igreja da nossa geração está sendo desafiada a mostrar que Deus não morreu, que o
Senhor Jesus ainda salva e que o Espírito Santo regenera, santifica e encoraja as pessoas
que querem testemunhar do evangelho santo do reino dos céus.
Estamos vivendo num tempo que os historiadores chamam de contemporaneidade;
que os filósofos chamam de pós-modernidade e que os sociólogos chamam de era
global; ou seja, numa geração que foi atropelada pela velocidade das mudanças religiosas,
éticas, morais, políticas, econômicas, culturais, científicas e, principalmente, tecnológicas.
Então, nossa pergunta é: Como a Igreja de Cristo poderá manter-se viva e relevante
em nossos dias? Para que a Igreja Evangélica do século XXI sobreviva neste tempo será
importante analisarmos três lições importantes do texto lido.
Em primeiro lugar, uma igreja viva não perde a sua consciência de missão.
Uma igreja só pode ser viva se for relevante. A Igreja Primitiva era viva porque abençoava
a sociedade do seu tempo e alcançava a sua geração com a pregação da Palavra de Deus.
Observe, por exemplo, que o verso 3 diz que a Igreja Primitiva estava debaixo de
uma perseguição cerrada; que Saulo de Tarso estava devastando a Igreja de Cristo,
perseguindo os crentes e prendendo muitos deles na prisão. Saulo não poupava nem
mesmo as mulheres. Também as lançava nas prisões. Ele buscava a prisão e a morte de
suas vítimas em Jerusalém e fora dela.
A palavra grega, traduzida como “assolava”, e empregada para definir as atividades
de Paulo, denota uma crueldade brutal e sádica. Essa palavra era usada para descrever a
devastação produzida por um exército, ou por um animal selvagem que dilacera sua vítima.
Eis aqui o retrato terrível de um perseguidor que entrava nas casas dos cristãos ou nos
lugares onde estes se reuniam.
O verso 4 diz que houve uma grande dispersão da Igreja Primitiva, por causa da
perseguição; contudo, ela não perdeu a sua consciência de missão, porque a palavra de
Deus era anunciada sem interrupção.
Alguém já disse que a perseguição é o vento que atiça o fogo do Espírito Santo; e
em vez de destruir a Igreja, promove-a. É por isso que Lucas diz: “Entrementes…” (ARA). 1
Os crentes que deixaram a cidade, por onde quer que fossem, iam pregando a mensagem.
A palavra grega traduzida por “dispersos” é o mesmo termo usado para indicar a
“semeadura, espalhar sementes”. A perseguição faz com a igreja aquilo que o vento faz
com a semente, espalhando-a e aumentando a colheita. Os cristãos em Jerusalém eram
as sementes de Deus, e a perseguição foi usada por Deus para plantá-los em novo solo, a
fim de que dessem frutos.
A dispersão levou ao mais significativo avanço na missão da igreja. Pode-se dizer
que a perseguição foi necessária para levá-los a cumprir o mandamento dado em Atos 1:8
A perseguição não é um acidente de percurso, mas uma agenda. A perseguição não
labora contra a igreja, mas a seu favor. Deus transforma o agente da perseguição em
parceiro da missão. Mesmo quando a igreja é perseguida, Deus continua no controle. A
perseguição nunca destruiu a igreja; ao contrário, sempre alargou suas fronteiras. Uma
igreja que se espalha para além de sua zona de conforto, impacta o mundo.
A estrutura de uma igreja, assim como todos os seus ministérios, precisa ter como
alvo maior as pessoas criadas à imagem e semelhança de Deus e que foram desfiguradas
pelo pecado.
Normalmente corremos o risco de nos voltarmos para nós mesmos. Corremos o
risco de desenvolvermos um trabalho em função dos nossos interesses pessoais,
esquecendo as pessoas que precisam ser alcançadas pelo nosso testemunho. Corremos
o risco de ser uma igreja fechada e ter organizações fechadas, verdadeiros guetos ou Clube
dos Santos, onde as pessoas de fora não encontram espaço.
Corremos o risco de nos isolarmos do mundo e perdermos o contato com as
pessoas. Em Atos 8:4 vemos que Deus permitiu a perseguição porque a igreja estava se
voltando para si mesma e se esquecendo da ordem de Jesus, a qual era testemunhar em
toda a Judéia, Samaria e até os confins do mundo.
Jesus afirmou que os trabalhadores são poucos, não porque existe pouca gente
crente no mundo, mas, especialmente, porque há muita gente ocupada consigo mesma,
sem ter tempo para pensar nos outros (Mt 9:35-37).
Precisamos recuperar a nossa visão! Precisamos cumprir a nossa missão! Se assim
fizermos, o edifício da igreja será usado durante toda a semana, não apenas aos sábados
e domingos; o templo ficará cheio de pessoas desejosas de conhecer Jesus!
A igreja que cumpre a sua missão coloca as pessoas antes das coisas e não
considera a aquisição de bens materiais como um fim em si mesmo, antes, usa todos os
recursos materiais disponíveis como meios para beneficiar e alcançar as pessoas com o
evangelho de Jesus.
O verso 5 diz que Felipe foi à cidade de Samaria e lá pregava a Cristo. Os
samaritanos eram um povo mestiço, meio judeu e meio gentio. Produto de uma
miscigenação com os povos pagãos, começaram a falar uma língua misturada. Eles se
opuseram à reconstrução do templo em Jerusalém no século VI a.C. Mais tarde, no século
IV a. C., o cisma samaritano se consolidou com a construção de um templo rival no monte
Gerizim. Os samaritanos instituíram novos sacerdotes e rejeitaram o Antigo Testamento,
exceto o Pentateuco. Não se davam com os judeus, pois estes os desprezavam como um

1
“Entrementes” é a tradução do grego ουν (oun), e significa: então, por esta razão, consequentemente,
conformemente, sendo assim.
povo híbrido, tanto na raça como na religião. Para os judeus, os samaritanos eram hereges
e cismáticos. Mas o evangelho rompe barreiras e desfaz mágoas.
Observe que Filipe se centraliza na proclamação de Jesus como o Cristo. Isto
significa que o centro da pregação da Igreja do século XXI precisa ser a pessoa, o poder e
a obra de Jesus Cristo. Não um manual de doutrinas!
Qual tem sido o centro da nossa pregação? Será que Jesus tem sido o centro da
pregação das igrejas da nossa geração? Qual tem sido a nossa missão? Temos
consciência do motivo pelo qual existimos como Igreja?
Em segundo lugar, uma igreja viva é instrumento dos milagres de Jesus.
Vivemos numa geração que acredita na sorte, porém não ousa crer em milagres da parte
do Deus vivo.
A missão de uma igreja direcionada pelo Espírito Santo, em nossos dias, é pregar a
Palavra de Deus com conhecimento e consciência de missão, com a convicção, poder,
ousadia e autoridade espiritual, mesmo debaixo da perseguição cultural, religiosa, política
ou social.
O cristianismo nunca foi algo que só consiste em palavras. Ele trazia luz à mente dos
homens e cura para seu corpo. É por isto que o Apóstolo Paulo, escrevendo à Igreja de
Corinto, lhes disse: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem
persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa
fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus” (1Co 2:4,5).
No verso 5, Lucas diz que Felipe pregava a Cristo e no verso 6 existe a confirmação
de que as multidões da cidade prestavam atenção unanimemente na sua pregação. E por
quê? Porque à medida que ele pregava a Palavra de Deus, o Espírito Santo se manifestava
por meio dele libertando as pessoas escravizadas pelos poderes das trevas (veja a primeira
parte do verso 7) e curando os paralíticos e coxos.
Duas coisas atraíam a atenção de multidões inteiras para Filipe: por um lado, aquilo
que ele afirmava e as pessoas ouviam, e por outro os milagres e atos de poder que
presenciavam. As pessoas não só ouviam, mas também viam as coisas que Filipe fazia.
Hoje as pessoas escutam belos sermões, mas não veem vida. A igreja é mais
conhecida pelos seus escândalos do que pelos seus milagres. A igreja divorciou a pregação
da vida. Hoje a igreja prega apenas aos ouvidos, mas não aos olhos!
Filipe aprendeu com Jesus que a pregação não consiste apenas em palavras, mas
deve ser uma demonstração do Espírito e de poder. A pregação é lógica em fogo. E a
proclamação do evangelho, e o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo
aquele que crê. Filipe pregava aos ouvidos e aos olhos. As pessoas não apenas ouviam
dele belas palavras, mas também viam por intermédio dele grandes obras.
A cura de coxos e paralítica constituía sinais de que a esperança messiânica estava
sendo cumprida. Observe o que diz o profeta Isaías 35:3-6:
Fortalecei as mãos frouxas e firmai os joelhos vacilantes. Dizei aos desalentados de
coração: Sede fortes, não temais. Eis o vosso Deus. A vingança vem, a retribuição
de Deus; Ele vem e vos salvará. Então, se abrirão os olhos dos cegos, e se
desimpedirão os ouvidos dos surdos; os coxos saltarão como cervos, e a língua dos
mudos cantará; pois águas arrebentarão no deserto, e ribeiros, no ermo.
Hoje há gigantes do saber nos púlpitos, mas anões na demonstração de poder. Os
samaritanos foram libertados de aflições físicas, controle demoníaco e, sobretudo, de seus
pecados. O evangelho produziu salvação, libertação e alegria.
Quando o centro da pregação da Igreja do século XXI for a pessoa, a obra, o
poder e a autoridade de Jesus Cristo milagres acontecerão: pessoas serão salvas,
regeneradas e santificadas para honra e glória do Senhor Jesus; pessoas serão curadas
de doenças físicas, emocionais e espirituais; crianças, homens e mulheres serão libertos
de qualquer obra de demônios. Será que ainda acreditamos nisto?
Em terceiro lugar, uma igreja viva é motivo de alegria para o mundo. Uma igreja
de Cristo só é motivo de alegria para o mundo quando é relevante. Igreja relevante prega,
discípula, ensina, dá testemunho do poder de Deus e se dedica à beneficência.
O verso 8 ensina que havia grande alegria na cidade de Samaria, uma alegria que
os samaritanos nunca tinham conhecido. Mas, qual o motivo de tanta alegria? Nos versos
6 e 7 somos informados do motivo da grande alegria em Samaria: à medida que o nome de
Jesus era pregado, o Espírito Santo confirmava as palavras de Felipe com sinais e
prodígios.
Havia grande alegria em Samaria, porque à medida que Felipe apresentava a pessoa
de Cristo àquela multidão, os demônios eram desafiados e confrontados, e as pessoas
escravizadas por eles eram libertadas para honra e glória do Senhor Jesus (releia o verso
7). Os samaritanos que ouviram o evangelho e creram foram libertados de suas aflições
físicas, da possessão demoníaca e, acima de tudo, de seus pecados. Você já desejou ser
um instrumento de Deus para libertar pessoas oprimidas por satanás?
Outro motivo para a alegria da cidade de Samaria é que Felipe não falava só da
pessoa de Jesus, ele também falava sobre o reinado de Deus neste mundo (o reino de
Deus ou reino dos céus). Por conta disto as pessoas creram na mensagem de Felipe e
foram batizadas (leia o verso 12).
Outro motivo para a grande alegria da cidade de Samaria era que Felipe agia como
um instrumento vivo do Deus Altíssimo, para manifestar os seus sinais poderosos e grandes
maravilhas (leia o verso 13). Você já desejou ser um instrumento do Deus Altíssimo na vida
das pessoas?
Se as igrejas da nossa geração desejam ser motivo de alegria verdadeira para este
mundo, só há um caminho certo a seguir: vivenciar a fé em Jesus Cristo, proclamar com
poder e autoridade a pessoa e a obra de Jesus Cristo e ser um instrumento vivo de Cristo,
para que os seus sinais e prodígios sejam vistos e toda honra e gloria seja dada a Deus.

CONCLUSÃO: Para sermos uma igreja viva num mundo hostil se faz necessário cultivar
uma vida de santidade, vivenciar uma fé convicta em Jesus Cristo e praticar os ensinos
absolutos das Sagradas Escrituras. Parece muito radical?
Seguir a Jesus Cristo tem um preço: praticar os ensinos da Palavra de Deus como
regra absoluta de conduta exige muita coragem, extrema disposição espiritual e muita
fidelidade. Você deseja ser uma igreja viva de verdade ou quer continuar no mundo dos
sonhos?
A minha oração é que cada um de nós se disponha a cumprir a sua função para a
edificação do corpo de Cristo. Que todos nós busquemos o auxílio do Espírito Santo, para
que a igreja cumpra a sua missão, funcionando como Deus quer que ela funcione,
alcançando as pessoas com o amor de Deus!

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