Ministerio Do Meio Ambiente Secretaria D PDF
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Redação:
Alcoa, AMANE, AMLD, Arvoredo, Avina, BNDES, BVRio, Conservação International, Conservation
Strategy Fund, Embrapa, Fibria, Fundação Florestal, Fundação SOS Mata Atlantica, GIZ, GTPS,
IBIO, ICV, IIS, IFV, Imaflora, Imazon, Instituto Arapyaú, Instituto Floresta Viva, Instituto Florestal,
Instituto Refloresta, Instituto Terra (ITPA), Instituto Terra Aimorés, IAEDS, IPE, IPEA, IPEF, ISA,
IUCN Brasil, IUCN EUA, MATER NATURA, MOV Investments, OCT, Pacto pela Restauração da
Mata Atlântica, Plant, REBRE, SMA – São Paulo, SPVS, MMA, TNC, UFSC, UNESP – Botucatu,
USP/ESALQ (LERF e LASTROP), Viveiro Bioflora, WRI Brasil, WRI EUA.
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PLANAVEG - Versão Preliminar
1 APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................ 5
2 SUMÁRIO EXECUTIVO ...................................................................................................................... 6
3 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 9
4 VISÃO E OBJETIVO .......................................................................................................................... 15
4.1 Visão ................................................................................................................................................ 15
4.2 Objetivo........................................................................................................................................... 16
7 ESTRATÉGIA ..................................................................................................................................... 31
7.1 EIXO: MOTIVAR ............................................................................................................................... 32
7.1.1 INICIATIVA ESTRATÉGICA: SENSIBILIZAÇÃO - lançar movimento de comunicação com foco em
agricultores, agronegócio, cidadãos urbanos e líderes de opinião e tomadores de decisão a fim de
promover a consciência sobre o que é a recuperação da vegetação nativa, quais benefícios ela traz e
como se envolver e apoiar este processo. ............................................................................................... 32
7.2 EIXO: FACILITAR .............................................................................................................................. 36
7.2.1 INICIATIVA ESTRATÉGICA: SEMENTES & MUDAS - Promover a cadeia produtiva da
recuperação da vegetação nativa por meio do aumento da capacidade de viveiros e demais estruturas
para produção de espécies nativas e racionalizar as políticas para melhorar a quantidade, qualidade e
acessibilidade de sementes e mudas de espécies nativas. ..................................................................... 36
7.2.2 INICIATIVA ESTRATÉGICA: MERCADOS - Fomentar mercados a partir dos quais os
proprietários de terras possam gerar receita e melhorar os meios de vida por meio da comercialização
de madeira, produtos não-madeireiros, proteção de bacias hidrográficas, entre outros serviços e
produtos gerados pela recuperação da vegetação nativa ..................................................................... 39
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PLANAVEG - Versão Preliminar
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PLANAVEG - Versão Preliminar
1 APRESENTAÇÃO
O Ministério do Meio Ambiente (MMA), diante do desafio da implementação da Lei n 12.651, de 25 de
maio de 2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, preparou esta versão preliminar do
Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa - PLANAVEG. A elaboração e implementação de um
plano dessa magnitude é um enorme desafio. Dessa forma, um ponto de partida fundamental é
conhecer ações e experiências de sucesso existentes no Brasil e no resto do mundo.
Em apoio a esse processo, foram realizadas oficinas de trabalho em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e
Brasília (DF), entre os dias 24 a 30 de setembro de 2013, com o objetivo de promover discussões e
compartilhar informações sobre melhores práticas de recuperação de áreas degradadas ou alteradas no
Brasil entre representantes de ONGs, setor privado, governos e instituições de pesquisa e extensão que
atuam na área. Participaram dessas oficinas mais de 45 organizações, totalizando 70 participantes, que
discutiram as oportunidades e os desafios para a elaboração de uma estratégia nacional de recuperação
da vegetação nativa. Com o objetivo de contribuir com o tema, o World Resources Institute (WRI) e a
União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), membros da
Parceria Global para a Restauração da Paisagem Florestal (GPFLR), compartilharam exemplos históricos
e melhores práticas internacionais. O objetivo desses debates e exemplos foi identificar as barreiras
existentes para a recuperação da vegetação nativa, bem como indicar os fatores de sucesso que
permitiram o êxito da recuperação no Brasil e em outros lugares ao redor do mundo. As sugestões e
recomendações geradas nessas oficinas, bem como por meio de reuniões, discussões e pesquisas
forneceram as bases para este documento.
O presente documento é a “Versão Preliminar” do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa,
um dos instrumentos básicos previstos na proposta de Política Nacional de Recuperação da Vegetação
Nativa. O mesmo não tem a intenção de ser completo, mas constitui um ponto de partida para iniciar o
processo de coleta de contribuições e realização de discussões com todas as partes interessadas da
sociedade brasileira na recuperação da vegetação. Nesta versão preliminar, propõe-se que o Plano seja
coordenado e liderado por um Comitê Interministerial a ser criado por um Decreto que instituirá a
Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa. Este documento será submetido a consulta
pública visando a coleta de contribuições das partes interessadas de todas as esferas do governo
(federal, estadual, municipal), sociedade civil (organizações não governamentais, entidades de
agricultores, grupos comunitários, grupos de povos indígenas e outras organizações e cidadãos
interessados), academia e setor privado.
Este plano não pode ser visto em isolamento de outras políticas públicas já existentes. É, na verdade,
complemento necessário para viabilizar diferentes políticas setoriais e trans-setoriais, como as de
combate à fome e à miséria, mudanças climáticas, agricultura sustentável, recursos hídricos, energia,
para mencionar os mais relevantes. De fato, a recuperação da vegetação nativa gera um ciclo virtuoso
de recuperação de solo, aumento da produção agrícola, geração e manutenção de recursos hídricos,
redução e absorção de emissões de carbono, inclusão social, com geração de emprego e renda, que são
complementares e necessárias para uma economia inclusiva, robusta e sustentável baseada no uso
saudável dos recursos naturais. Durante muito tempo as ações de recuperação de vegetação nativa não
foram privilegiadas, mas hoje isso se faz urgente e necessário, para aumento da produtividade do setor
agropecuário e também para enfrentar crises de abastecimento de água em muitas partes do país, bem
como a sustentação de mananciais necessários para produção energética de nosso grande parque
hidráulico e abastecimento das cidades. A implementação deste plano garantirá ainda melhores
condições para que o Brasil se consolide como um dos maiores pólos de produção de alimentos do
mundo, num momento em que partes do planeta sofrem como consequência do aumento da demanda
por alimentos.
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PLANAVEG - Versão Preliminar
2 SUMÁRIO EXECUTIVO
O governo brasileiro aprovou a nova Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Lei nº 12.651) no ano 2012.
As alterações e revisões do antigo Código Florestal, como era conhecida a lei anterior, confirmaram a
necessidade dos proprietários de terra de conservar ou recuperar a vegetação nativa situada em áreas
de preservação permanente (APP) e reserva legal (RL), em delimitação variável de acordo com o
tamanho e a localização geográfica da propriedade. Embora os números variem, uma análise recente
estimou que o Brasil tem cerca de 21 milhões de hectares de déficit de vegetação nativa situada em APP
e RL (Soares-Filho et al 2014.). A implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) trará a possibilidade
de refinar esta estimativa.
Diante desse novo cenário, os proprietários que não estiverem de acordo com a Lei nº 12.651/2012
precisarão de apoio para atender às exigências de recuperação da vegetação nativa. Prevê-se que as
situações que serão enfrentadas sejam diferentes e que será necessário oferecer-se apoio para agilizar e
viabilizar o cumprimento da lei. Desta forma, alguns proprietários de terras, por exemplo, precisarão
estar informados sobre as exigências para recuperação da vegetação nativa, quais são os benefícios da
recuperação para o ambiente e toda a sociedade, bem como os meios possível para implementação de
ações de recuperação. Outros proprietários precisarão ter acesso a sementes e mudas de qualidade e
com baixo custo. Em alguns casos serão necessários recursos para financiar o plantio de mudas,
instalação de cercas, e assistência técnica para o desenvolvimento e implantação dos projetos de
recuperação. Por fim, há proprietários que buscarão acesso a mercados para a venda de bens e serviços
gerados por suas áreas recuperadas.
O Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (PLANAVEG) foi elaborado para atender essas
demandas, assim como para expandir e fortalecer as políticas públicas, incentivos financeiros, mercados
privados, práticas agrícolas, e outras medidas que permitirão a recuperação da vegetação nativa em um
mínimo de 12,5 milhões de hectares ao longo dos próximos 20 anos. As medidas previstas no Plano irão
determinar as bases para alcançar a recuperação em uma escala maior, com a possibilidade de agregar
áreas adicionais àquelas exigidas pela Lei 12.651/2012.
O PLANAVEG está baseado em oito iniciativas estratégicas elaboradas para motivar, facilitar e
implementar a recuperação da vegetação nativa, conforme descrição abaixo:
1. Sensibilização: lançar movimento de comunicação com foco em agricultores, agronegócio,
cidadãos urbanos, formadores de opinião e tomadores de decisão, a fim de promover a
consciência sobre o que é a recuperação da vegetação nativa, quais benefícios ela traz, e como
se envolver e apoiar este processo.
2. Sementes & mudas: promover a cadeia produtiva da recuperação da vegetação nativa por meio
do aumento da capacidade de viveiros e demais estruturas para produção de espécies nativas, e
racionalizar as políticas para melhorar a quantidade, qualidade e acessibilidade de sementes e
mudas de espécies nativas.
3. Mercados: fomentar mercados a partir dos quais os proprietários de terra possam gerar receitas
por meio da comercialização de madeira, produtos não-madeireiros, proteção de bacias
hidrográficas, entre outros serviços e produtos gerados pela recuperação da vegetação nativa.
4. Instituições: definir os papéis e responsabilidades entre os órgãos de governo, empresas e a
sociedade civil, e alinhar e integrar as políticas públicas existentes e novas em prol da
recuperação da vegetação nativa.
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PLANAVEG - Versão Preliminar
O Plano abrangerá um período inicial de 20 anos, uma vez que a recuperação da vegetação nativa é um
processo de longo prazo. O governo fará uma revisão intermediária da implementação no 10º ano e
análises de progresso intermediários em 5 e 15 anos com o intuito de:
Ajustar as estratégias e ações com base nos resultados alcançados, barreiras encontradas, lições
aprendidas e avanços no conhecimento e experiência.
É recomendável que o Brasil desenvolva e implemente uma série de Planos Nacionais de Recuperação
da Vegetação Nativa com duração de 20 anos ao longo desse século, uma vez que o sucesso de uma
ação de recuperação da vegetação nativa é um processo de longo prazo que também requer
compromissos político, econômico e social de longo prazo.
O orçamento preliminar para a implementação das oito iniciativas estratégias ao longo dos cinco
primeiros anos está estimado em R$ 181 milhões de reais. Os fundos para o financiamento do
PLANAVEG podem vir de uma série de fontes, incluindo orçamentos de governo, instituições financeiras
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PLANAVEG - Versão Preliminar
nacionais e multilaterais, fundos (como, por exemplo, Global Environment Facility - GEF), acordos
governamentais bilaterais, doações, setor privado e fundações. Uma primeira estimativa do custo de
recuperação em campo de um primeiro subconjunto de 390.000 ha da meta de 12,5 milhões de
hectares, relativo aos 5 primeiros anos de implementação do PLANAVEG, é da ordem de grandeza de R$
1,3 a R$ 1,9 bilhão de reais. Nesse valor estão contabilizados os custos diretos das ações em campo
necessários para recuperar a vegetação nativa, tais como a compra de sementes e mudas, preparo do
solo, plantio, instalação de cercas, realização de manutenções contínua entre outras atividades
relacionadas. Tais recursos não se configuram como custos líquidos uma vez que podem ser financiados
por meio de empréstimos, que poderão posteriormente ser reembolsados com a receita gerada pelos
produtos e serviços das áreas recuperadas. Com a implementação do PLANAVEG os custos de
recuperação por hectare dos diferentes sistemas de recuperação serão reduzidos com o aumento da
escala e consolidação de uma cadeia da recuperação. Esse fator acrescido da dificuldade de antecipar o
grau de participação dos mecanismos de compensação do déficit de Reserva Legal conferem um grau de
incerteza muito grande para uma estimativa do custo total da implementação da meta do PLANAVEG.
A implementação do PLANAVEG irá gerar uma série de benefícios econômicos, sociais e ambientais para
os proprietários rurais, população urbana, terceiro setor, e setores público e privado. Dentre esses
podemos destacar:
• Reduzirá o custo necessário para a adequação da propriedade às exigências da Lei nº
12.651/2012.
• Aumentará o acesso de proprietários rurais a recursos e mercados de serviços ecossistêmicos,
ou atrelados à implementação da Lei nº 12.651/2012, que cada vez mais estão relacionadas as
condições ambientais e níveis de desempenho.
• Criará entre 112.000 e 191.000 empregos rurais diretos (por exemplo, coleta de sementes,
gestão de viveiros, plantio), contribuindo assim para a criação de novos posto de trabalhos e
redução de pobreza.
• Diversificará a renda dos proprietários rurais por meio da criação de novas fontes de receita, tais
como produtos madeireiros, e não-madeireiros, bem como o pagamento por serviços
ambientais (por exemplo, água, carbono).
• Reduzirá o risco associados a desastres naturais e eventos climáticos extremos, tais como
deslizamentos de terra e inundações.
• Ampliará o fornecimento de água potável para as áreas urbanas.
• Contribuirá para a conservação da biodiversidade do Brasil.
• Mitigará os efeitos das mudanças climáticas por meio da absorção e captura do dióxido de
carbono da atmosfera ou pela redução de emissões decorrentes de adoção de melhores práticas
agropecuárias e de silvicultura.
Em resumo, o PLANAVEG trata de uma agenda positiva que apoiará os proprietários de terras de forma
a permitir benefícios a toda sociedade brasileira. Proporcionará ainda novas oportunidades de negócios
e reforçará o papel do Brasil como líder global entre as nações tropicais na conservação e recuperação
de ecossistemas para o benefício das pessoas e de todo planeta.
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PLANAVEG - Versão Preliminar
3 INTRODUÇÃO
O Brasil é um dos países com maior cobertura vegetal no mundo, com 62% do território nacional, ou,
cerca de 530 milhões de hectares (Mha) cobertos por vegetação nativa (SAE, 2013). Desse total, 40% se
encontram em áreas de conservação de domínio público ou em terras indígenas, sendo que, 91% dessa
fração se concentram na Amazônia, e os 60% restantes em propriedades privadas ou terras públicas
ainda sem designação (SAE, 2013).
Dada a importância da conservação e do uso sustentável do seu inestimável patrimônio natural, o Brasil
assumiu compromissos, por meio da adesão a tratados internacionais, como a Convenção da
Diversidade Biológica (CDB) e a Convenção de Áreas Úmidas (RAMSAR). Assumiu também o
compromisso no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC)
de reduzir em 38% suas emissões de gases de efeito estufa até 2020. Todos esses compromissos
demandam não somente a preservação e conservação de áreas naturais existentes, mas também a
recuperação de ecossistemas degradados.
Durante a 10ª Conferência das Partes da CDB (COP-10), realizada em 2010 na cidade de Nagoya, Japão,
foi estabelecido um conjunto de 20 metas voltadas à redução da perda de biodiversidade em âmbito
mundial, denominadas Metas de Aichi para a biodiversidade. As Partes da CDB concordaram em
trabalhar juntas para implementarem as 20 metas até 2020. Dentre elas, as metas 14 e 15 objetivam
aumentar os benefícios da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos por meio da recuperação de
ecossistemas degradados.
O Brasil teve um papel decisivo na definição e aprovação das Metas de Aichi e, agora, pretende exercer,
um papel de liderança na sua implantação. Em 2013, o Governo Brasileiro, atendendo à solicitação da
CDB, estabeleceu as Metas Nacionais de Biodiversidade para 2020. A Resolução CONABIO nº 6, de 3 de
setembro de 2013, dispõe sobre as metas nacionais e propõe princípios para seu cumprimento. Dentre
as metas assumidas relacionadas à conservação e recuperação dos ecossistemas brasileiros,
destacamos:
Meta Nacional 11: Até 2020 serão conservadas, por meio de unidades de conservação previstas na Lei
do SNUC e outras categorias de áreas oficialmente protegidas como áreas de preservação permanente
(APPs), reservas legais (RL) e terras indígenas com vegetação nativa, pelo menos 30% da Amazônia, 17%
de cada uma das demais regiões biogeográficas terrestres e 10% de áreas marinhas e costeiras,
principalmente áreas de especial importância para biodiversidade e serviços ecossistêmicos, assegurada
e respeitada a demarcação, regularização e a gestão efetiva e equitativa, visando garantir a interligação,
interação e representação ecológica em paisagens terrestres e marinhas mais amplas.
Meta Nacional 14: Até 2020, ecossistemas provedores de serviços essenciais, inclusive serviços relativos
à água e que contribuem à saúde, meios de vida e bem-estar, terão sido restaurados e preservados,
levando em conta as necessidades das mulheres, povos e comunidades tradicionais, povos indígenas e
comunidades locais, e de pobres e vulneráveis.
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PLANAVEG - Versão Preliminar
Meta Nacional 15: Até 2020, a resiliência de ecossistemas e a contribuição da biodiversidade para
estoques de carbono terão sido aumentadas através de ações de conservação e recuperação, inclusive
por meio da recuperação de pelo menos 15% dos ecossistemas degradados, priorizando regiões
biogeográficas, bacias hidrográficas e ecorregiões mais devastados, contribuindo para mitigação e
adaptação à mudança climática e para o combate à desertificação.
Além disso, em 2011 foi estabelecido o Desafio de Bonn, um instrumento para o cumprimento de vários
compromissos nacionais e internacionais visando a recuperação de 150 milhões de hectares de terras
desmatadas e degradadas em todo o mundo até 2020. O Desafio de Bonn é apoiado pela Parceria Global
para Restauração da Paisagem Florestal (GPFLR), com sua Secretaria Executiva coordenada pela União
Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). No âmbito desse desafio, vários governos,
empresas do setor privado e grupos comunitários ao redor do mundo já sinalizaram a intenção de
restaurar quase 50 milhões de hectares, ou seja, quase 30% da meta total. Desses 50 milhões de
hectares, 20 milhões foram objeto de compromissos formais para a recuperação da vegetação nativa.
No Brasil, o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica – PACTO, iniciativa de caráter coletivo e
permanente que envolve mais de 260 instituições públicas e privadas, cuja a meta é restaurar 15
milhões de hectares até o ano 2050, já se comprometeu em restaurar 1 milhão de hectares como
contribuição ao alcance da meta do Desafio de Bonn.
Nos últimos anos, a tendência da agropecuária brasileira tem sido de crescimento sistemático da
produção, principalmente em decorrência de ganhos constantes de produtividade. Apesar da redução
dos impactos ambientais de algumas práticas agropecuárias, o histórico de ocupação do território
brasileiro resultou, em alguns casos, em áreas com baixa produtividade, no aumento das pressões sobre
o meio ambiente, em processos erosivos, na perda de biodiversidade, na contaminação ambiental e em
desequilíbrios sociais. Assim, o desperdício dos recursos naturais decorrente do uso inadequado das
terras é uma realidade a ser enfrentada, levando-nos a repensar essa ocupação para evitar os erros do
passado e promover uma gradual adequação ambiental e agrícola da atividade rural.
A Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, trata em
diversos artigos de ações organizadas entre o setor público e a sociedade civil para promover a
recuperação de áreas degradadas ou alteradas, com ênfase nas Áreas de Preservação Permanente
(APPs) e Reserva Legal (RL), por meio de instrumentos de adequação e regularização ambiental de
imóveis rurais.
As APPs são áreas protegidas com funções ambientais específicas, onde a vegetação nativa deve ser
mantida ou recomposta em caso de supressão. São consideradas APPs: as faixas marginais de cursos
d’água, proporcionalmente à sua largura; as áreas no entorno de lagos, reservatórios d’água e
nascentes; as encostas, chapadas e topos de morro; além das restingas, manguezais e veredas.
A Lei nº 12.651/2012 também obriga todo proprietário de imóvel rural a manter, a título de Reserva
Legal, área com cobertura de vegetação nativa em certo percentual da propriedade. Este percentual
varia conforme a localização da propriedade, sendo de 80% para imóveis situados em área de floresta
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PLANAVEG - Versão Preliminar
na Amazônia Legal, 35% para imóveis localizados em área de Cerrado da Amazônia Legal e 20% para as
demais regiões do país.
Para fins de controle, monitoramento e planejamento ambiental, foram tomadas uma série de medidas
para a implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) em escala nacional. O CAR é um registro
público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, cuja finalidade é
registrar e integrar as informações ambientais das propriedades rurais. Outra medida importante
prevista na legislação é a implantação do Programas de Regularização Ambiental (PRAs) de propriedades
rurais pela União, Estados e Distrito Federal.
Além de instrumentos de comando e controle, tradicionalmente utilizados para coibir o uso não
sustentável dos recursos florestais e dos ecossistemas, essa lei traz novas disposições que utilizam
instrumentos de apoio e incentivo para impulsionar a recuperação de áreas degradadas ou alteradas no
país. Isso permitirá a implementação de uma agenda positiva, permitindo conciliar medidas de produção
agrícola com respeito a requisitos de proteção social e de ecossistemas.
Essa legislação autoriza a instituição de um programa de apoio e incentivo à conservação ambiental que
deverá abranger uma série de linhas de ação, dentre elas: pagamento por serviços ambientais (PSA);
concessão de créditos agrícolas especiais e isenção de impostos para agricultores que preservem ou
recuperem a vegetação nativa, e linhas de financiamento para atenderem iniciativas voluntárias de
recuperação de áreas degradadas ou alteradas. Além disso, foi instituída a Cota de Reserva Ambiental
(CRA), título nominativo representativo de área com vegetação nativa, que poderá ser comercializado
no mercado financeiro, inclusive como forma de compensação de Reserva Legal.
Para os pequenos produtores rurais foram garantidos vários incentivos na lei, dentre eles: menores
exigências em termos de recuperação de APP e RL; procedimentos simplificados para inscrição no CAR e
adesão ao PRA; além de apoio técnico e incentivos financeiros voltados a atender prioritariamente a
agricultura familiar. A Lei nº 12.651/2012 ainda define a existência de áreas rurais consolidadas, que
possuem ocupação antrópica anterior à data de 22 de julho de 2008. Nessas áreas consolidadas, é
permitida a continuidade de atividades agrosilvopastoril, de ecoturismo e de turismo rural, sendo
estabelecidas normas especiais para a recuperação de APP e RL.
Hoje, no Brasil, somando-se as áreas de APP e RL que necessitam ser recuperadas segundo a atual
legislação, existe um passivo de aproximadamente 21 milhões de hectares (Mha) (SAE, 2013). Esse
passivo concentra-se nas bordas da Amazônia, por quase toda a extensão da Mata Atlântica e no sul do
Cerrado, onde a ocupação agrícola é maior (Figura 1). As regiões biogeográficas com maior passivo
ambiental são: Amazônia (8 Mha), Mata Atlântica (6 Mha) e Cerrado (5 Mha). Apenas o passivo de APP
atinge um montante de 4,8 Mha, distribuídos principalmente no Cerrado (≈1,7 Mha), Mata Atlântica
(≈1,5 Mha) e Amazônia (≈1 Mha) (Figura 2). Em termos de sequestro de carbono, considerando-se
apenas o potencial da vegetação original, a recuperação do passivo ambiental de 21±0,6 Mha tem o
potencial de sequestrar 1 bilhão de toneladas de carbono no prazo de 20 anos, período estipulado para
a recomposição da RL pela Lei nº 12.651/2012, (SAE, 2013).
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PLANAVEG - Versão Preliminar
Figura 1. Valores em percentuais às áreas de cobertura de vegetação determinadas para o cumprimento da Lei
de Proteção à Vegetação Nativa (Lei nº 12.651/2012) utilizando os dados de microbacia de ordem até 12 da
Agência Nacional de Águas (ANA). Valores positivos de percentagem indicam ativo ambiental e os valores
negativo em percentagem indicam passivos ambientais. AC - Acre, AM - Amazonas, AP – Amapá, BA – Bahia, CE
– Ceará, GO – Goiás, MA – Maranhão, MG – Minas Gerais, MS – Mato Grosso do Sul, MT – Mato Grosso, PA –
Pará, PI – Piauí, PR – Paraná, RO – Rondônia, RR – Roraima, RS – Rio Grande do Sul, SP – São Paulo, SC – Santa
Catarina, TO – Tocantins, RN - Rio Grande do Norte, PB – Paraíba, PE – Pernambuco, AL- Alagoas, SE – Sergipe, ES
– Espírito Santo, RJ- Rio de Janeiro. (Fonte SAE. 2013).
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PLANAVEG - Versão Preliminar
Figura 2. Síntese dos números de passivo, ativo e déficit de APP por regiões biogeográficas (Fonte: SAE.
2013).
Os dados científicos disponíveis e as projeções indicam que o país pode resgatar passivos ambientais
sem prejudicar a produção e a oferta de alimentos, fibras e energia, mantendo a tendência de aumento
continuado de produtividade das últimas décadas (Brancalion et al., 2012; Sparovek et al., 2012). O
Brasil possui cerca de 300 Mha ocupados pela agropecuária. Desse total, 68 Mha são usados pela
agricultura e o restante por pastagens em diversos graus de ocupação e de produtividade ou de
degradação. Do passivo de APP de 4,8±1,8 Mha, estima-se que somente 0,6±0,35 Mha possam estar
ocupados por culturas, representando menos de 1% da agricultura nacional. Também do total de
aproximadamente 230 Mha de pastagens, 60% poderiam ser utilizadas para agricultura, se não forem
consideradas as restrições climáticas (SAE, 2013). São terras de pouca declividade, com fertilidade boa
ou razoável, situadas em regiões em que é possível produzir sem irrigação; terras que já estão
desmatadas, mas em grande parte subutilizadas e com baixa produtividade e que poderiam servir para a
expansão e aumento da produção das lavouras e florestas nativas e exóticas para fins econômicos. Um
terço disto está no Cerrado, a principal região de expansão da fronteira agrícola (Sparovek et al., 2011).
Portanto, o paradigma de que a recuperação de APP e RL é um empecilho ao desenvolvimento da
agricultura no Brasil precisa ser quebrado, principalmente entre os produtores rurais, tendo em vista
que há espaço para ambos e que a agricultura só tem a se beneficiar da provisão dos vários serviços
ecossistêmicos promovidos pela conservação e recuperação da vegetação nativa em larga escala (SAE,
2013).
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PLANAVEG - Versão Preliminar
26±1,5 Mha na Caatinga (Figura 2). Já o ativo ambiental encontrado na Amazônia, de cerca de 20±1
Mha, deve ser visto com cautela, pois boa parte dele se encontra em áreas ainda sem designação,
sobretudo no estado do Amazonas e, por conseguinte, passivas de se tornarem áreas públicas. Por fim,
o ativo ambiental na Mata Atlântica de 4±0,3 Mha corresponde a apenas 3% de sua extensão original,
dado que demonstra a necessidade de recuperação dessa região biogeográfica (SAE, 2013).
Os conceitos teóricos e prática relativos a restauração ecológica avançaram muito nos últimos anos e
hoje em dia existe muitas abordagens e técnicas diferentes disponíveis (Rodrigues et al., 2010). No
entanto, ainda há necessidade de pesquisas adicionais, especialmente no que diz respeito ao
desenvolvimento de uma base teórica forte para restauração ecológica, redução de custos e
monitoramento. No Brasil, a diversidade de fitofisionomias encontradas nos diferentes domínios
biogeográficos exige estratégias diferentes de restauração que demandam diagnósticos detalhados
considerando-se a histórico de perturbação e degradação do solo, o grau de resiliência e a paisagem
circundante para planejar e otimizar a recuperação da paisagem (Rodrigues et al., 2009).
As ações estratégicas aqui contidas objetivam apoiar a implementação das determinações da Lei nº
12.651/2012, com enfoque na recuperação de APP e RL, no sentido de eliminar os passivos ambientais
nas propriedades rurais e recuperar a capacidade produtiva das áreas degradadas ou alteradas com
baixa aptidão agrícola. A construção deste Plano Nacional é uma das metas do governo brasileiro
incluída no Plano Plurianual (PPA) 2012-2015, no âmbito do Programa 2036 - Objetivo 0229, que indica a
necessidade de se promover a recuperação de áreas degradadas com ênfase nas APPs e RLs. Sua
implementação é fundamental para que o Brasil desenvolva uma cultura de sustentabilidade que faça
jus à sua proeminência como produtor agrícola mundial, e assegure acesso ao mercado, conserve os
recursos naturais e permitam a diversificação de renda do produtor rural via pagamento por serviços
ambientais. Esse plano também promove a conservação e recuperação de ecossistemas em larga escala,
conservando a biodiversidade e os benefícios e serviços ambientais gerados pelos ecossistemas.
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PLANAVEG - Versão Preliminar
4 VISÃO E OBJETIVO
4.1 Visão
A recuperação da vegetação nativa em áreas de Áreas de Preservação Permanente (APPs), Reserva Legal
(RL) e de terras degradadas e com baixa produtividade no Brasil em pelo menos 12.5 milhões de
hectares trará uma ampla gama de benefícios para a sociedade, incluindo:
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PLANAVEG - Versão Preliminar
4.2 Objetivo
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PLANAVEG - Versão Preliminar
13
12,50
12
Recuperação de vegetação nativa (milhões ha)
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
0,05 0,39
1
-
2015 2017 2019 2021 2023 2025 2027 2029 2031 2033 2035
Figura 4. Trajetória temporal da meta de recuperação da vegetação nativa proposta para o PLANAVEG.
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PLANAVEG - Versão Preliminar
5.1.1 Criação de uma nova “economia verde” baseada na recuperação da vegetação nativa
A implantação de projetos para atingir o objetivo do Plano Nacional tem o potencial para gerar milhões
de empregos diretos e indiretos. A cadeia produtiva da recuperação da vegetação, que inclui a coleta de
sementes, a produção de mudas, o plantio, a manutenção e o monitoramento dos projetos, representa
um elemento diferencial na geração de empregos verdes, aumento da renda e melhoria da qualidade de
vida das pessoas. Uma publicação realizada sobre o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica estimou
que para cada 1000 hectares de áreas em recuperação, 200 empregos diretos e indiretos são criados
(Calmon et al., 2011).
Conforme a Tabela 1, para o atingimento da meta estabelecida neste plano, o número pode variar de
112 a 191 mil postos de trabalho por ano a depender do cenário e sistema de recuperação usado,
considerando-se somente na parte da cadeia diretamente envolvida na implantação e manutenção das
áreas recuperadas. Considerando-se ainda os empregos indiretos e a cadeia de processamento dos
produtos da recuperação da vegetação, fica evidente que a recuperação de áreas degradadas ou
alteradas é uma atividade econômica comparável a importantes culturas agrícolas (Strassburg et al.,
2014).
18
PLANAVEG - Versão Preliminar
Tabela 1. Número de postos de trabalhos diretos gerados a partir da adoção de diferentes sistemas e cenários de
recuperação da vegetação. Os cálculos foram realizados considerando a meta de recuperação de 12 milhões de
hectares. Valores calculados de acordo as premissas do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica.
19
PLANAVEG - Versão Preliminar
Vale ressaltar o potencial econômico das áreas recuperadas, pois os modelos de recuperação da
vegetação com fins econômicos podem gerar taxas de retorno superiores a atividades agropecuárias
(ex. pecuária de baixa produtividade) e investimentos consolidados como a poupança (Brancalion et al.,
2012; Strassburg et al., 2014).
Ao mesmo tempo, vale destacar que a degradação ambiental gera inúmeros prejuízos ao país. Além de
privar a sociedade dos benefícios gerados pelos serviços ecossistêmicos (ver seção 5.3), gera grandes
prejuízos econômicos e oferece riscos de vida às populações locais (BRASIL, 2011). Como exemplo,
podemos destacar o desastre ocorrido na região serrana do estado do Rio de Janeiro, no ano de 2011,
em decorrência das enchentes e deslizamentos de terra. Os prejuízos econômicos desse desastre,
apenas no município de Teresópolis, somaram mais de 425 milhões de reais, em uma avaliação
comparativa dos custos do desastre com os gastos da boa gestão das APPs (Tabela 3). Além desse valor
ser muito superior comparado com os custos de implantação de atividades de boa ocupação e gestão
das Áreas de Preservação Permanente, como realocação de assentamentos, urbanização e recuperação
de áreas degradadas ou alteradas, o risco de perda de vidas seria reduzido. Segundo esse relatório do
Ministério do Meio Ambiente (MMA), 92% dos deslizamentos ocorreram em áreas com algum tipo de
alteração no ecossistema (MMA, 2011). Portanto, caso não sejam adotadas medidas de ordenamento
territorial conjuntamente com a recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva
legal, os riscos associados a novos eventos extremos não serão mitigados.
20
PLANAVEG - Versão Preliminar
Tabela 3. Custos do desastre ocorrido em 2011 e custos da boa gestão das Áreas de Preservação Permanentes
(APPs) em dois bairros no município de Teresópolis, Rio de Janeiro (MMA, 2011).
Áreas de Preservação Permanente (APP) - Beira de rio Campo Grande* (R$/mil) Bonsucesso* (R$/mil)
Os serviços ambientais são definidos como os benefícios gerados pelos ecossistemas para a sociedade
que contribuem de maneira direta ou indireta com o bem estar humano (Millenium Ecosystem
Assessement, 2005). Grande parte dos serviços ambientais tem o valor real incorporado na economia, já
que são utilizados como insumos essenciais para produção em diversos setores da economia, como a
agricultura, empresas de saneamento, indústria de bebidas e a geração de energia. A Tabela 4 indica
que o valor dos serviços ambientais gerados por florestas tropicais é muito superior ao investimento
necessário para recuperação. Desta maneira, a recuperação da vegetação nativa pode contribuir com o
aumento significativo na provisão desses serviços, sobretudo naqueles ecossistemas extremamente
perturbados.
Tabela 4. Estimativas de custos e benefícios dos projetos de recuperação da vegetação em diferentes
ecossistemas.
21
PLANAVEG - Versão Preliminar
22
PLANAVEG - Versão Preliminar
carbono dos plantios de espécies arbóreas, iniciativas de recuperação em larga escala podem
representar ganhos consideráveis no estoque de carbono nas diferentes regiões biogeográficas do
Brasil.
O serviço ambiental produzido através da conservação e recuperação dos ecossistemas naturais mais
estudado, reconhecido e valorado atualmente é sem dúvida o relacionado à água. Um estudo realizado
em 105 cidades consideradas entre o grupo das mais populosas do mundo revelou uma relação clara
entre as florestas e a qualidade da água das bacias que abastecem estas cidades (Dudley & Stolton,
2003; Stolton & Dudley, 2007). A cobertura florestal também possui um papel fundamental na
prevenção de inundações (Bradshaw et al. 2007). Desta forma, o aumento das iniciativas de recuperação
da vegetação nativa podem contribuir para o aumento da provisão dos serviços ambientais relacionados
à água e representará um enorme benefício a toda a sociedade brasileira, particularmente importante
diante dos eventos climáticos extremos e escassez que tem ocorrido no país.
23
PLANAVEG - Versão Preliminar
Alguns exemplos no mundo sugerem que a recuperação de áreas degradadas ou alteradas em larga
escala é possível e viável do ponto de vista econômico, social e ambiental. A Costa Rica é um exemplo
bastante divulgado e reconhecido por seu sucesso e desdobramentos. O país testemunhou a redução de
sua cobertura florestal tropical de 77% de seu território em 1943 para apenas 21% por volta de 1987
(GOCR 2011). No entanto, por meio de uma série de iniciativas de conservação e recuperação, a
cobertura florestal do país voltou ao patamar de 52% em 2010 (GOCR, 2011), produzindo diversos
benefícios para o meio ambiente, economia e sociedade do país. Menos conhecido é o caso da Coréia
do Sul, que restaurou suas florestas após a Guerra da Coréia. Entre 1953 e 2007, a cobertura florestal
do país registrou uma expansão de 35% para 64% do território ao passo que sua população dobrou e a
economia cresceu 300 vezes (Bae et al., 2012; KFS 2010).
Histórias semelhantes ocorreram em outros países e regiões. No leste dos Estados Unidos, por exemplo,
cerca de 13 milhões de hectares de florestas foram recuperados entre 1910 e 1960 (USDA Forest Service
n.d Hanson et al., 2010). O aumento da cobertura florestal de Porto Rico saltou de 6% do território da
ilha (por volta de 1940) para cerca de 40% em 2000 (Chazdon, 2008; Zimmerman et al., 2007). No sul do
Níger, os agricultores recuperaram 5 milhões de hectares de paisagens com sistemas agroflorestais
(Tappan, 2007; WRR, 2008; Tougiani et al., 2009). Da mesma forma, a China (Tang et al., 2013; Lu et al.,
2012), Índia (Banco Mundial, 2011), Panamá (Dale et al., 2010; Ibáñez 2002), Suécia (Holmberg, 2005) e
Tanzânia (Barrow, 2005; Barrow & Mlenge, 2004) passaram por um processo de recuperação da
vegetação nativa em larga escala.
No Brasil existe um histórico de ações de recuperação em diversas áreas, sendo que um dos mais
emblemáticos é o do Parque Nacional da Tijuca, por se tratar do mais antigo e estar relacionado à
ameaça da falta de água na cidade do Rio de Janeiro no século XIX.
Como não poderia deixar de ser, o Plano Nacional para Recuperação da Vegetação Nativa levou em
consideração as lições aprendidas e experiências destes e outros exemplos de restauração no mundo ao
longo dos últimos 150 anos, bem como as experiências nacionais (Rodrigues, 2009; Garret et al, 2013).
Tais exemplos apontam para alguns padrões que são relevantes para o desenvolvimento de um plano
nacional com foco em recuperação da vegetação nativa. Em primeiro lugar, os países e seus cidadãos
muitas vezes buscam alcançar uma ampla variedade de benefícios da recuperação da vegetação nativa.
Historicamente, a proteção de bacias hidrográficas, a redução da erosão e degradação do solo, a criação
de empregos, o aumento da oferta de madeira, o aumento de áreas para recreação, a conservação e
mitigação das mudanças climáticas estão entre aqueles mais buscados pelos países. Em segundo lugar,
os benefícios desejados muitas vezes mudam ao longo do tempo, como evolução das prioridades do
governo e dos cidadãos. Em terceiro lugar, há uma série de fatores que, quando presentes, aumentam a
probabilidade de que a recuperação da vegetação nativa ocorrerá com sucesso.
24
PLANAVEG - Versão Preliminar
A experiência demonstra que há uma série de fatores que, quando presentes - tanto naturalmente ou
porque as pessoas têm tomado medidas para torná-los presentes – que aumentam a probabilidade de
sucesso da recuperação da vegetação nativa. Esses fatores de sucesso podem ser agrupados em 3 eixos
no processo da recuperação da vegetação nativa dependendo dos objetivos e do estágio desses:
1. Motivar - os fatores necessários para inspirar e motivar os tomadores de decisão, proprietários
de terra e/ou cidadãos a recuperar suas áreas degradadas.
2. Facilitar - os fatores necessários para criar condições (ecológicas, de mercado, políticas, sociais
e/ou institucionais presentes) necessárias para favorecer a recuperação de vegetação nativa.
3. Implementar - os fatores necessários para viabilizar a implementação da recuperação no campo
de maneira sustentada, como recursos e capacitação, monitoramento etc.
Esses "fatores de sucesso" chaves para a recuperação da vegetação nativa estão resumidos na Tabela 5.
Quanto maior o número de fatores de sucesso presentes, maior será a probabilidade de a recuperação
ser bem sucedida. No entanto, nem todos os fatores-chave de sucesso precisam estar presentes e
nenhum único fator é suficiente para o sucesso da restauração.
25
PLANAVEG - Versão Preliminar
Tabela 5. Principais fatores de sucesso para recuperação da vegetação nativa agrupados em 3 eixos.
26
PLANAVEG - Versão Preliminar
Em que medida os principais fatores de sucesso para recuperação da vegetação já estão presentes no
Brasil? A Tabela 6 apresenta os resultados de uma avaliação preliminar do grau em que esses fatores-
chave de sucesso já estão em vigor nos cinco domínios biogeográficos brasileiros: Amazônia, Caatinga,
Cerrado, Mata Atlântica e Pampa (para mais detalhes, ver Tabelas A1, A2 e A3 no Anexo).
Essa avaliação qualitativa foi baseada em contribuições provenientes de uma série de oficinas,
entrevistas com profissionais da área e organizações não-governamentais que coordenam ou executam
projetos de recuperação de vegetação in loco, empresas do setor privado, órgãos governamentais e
pesquisas disponíveis na literatura (Pastorok et al., 1997; Leitão & Ahern, 2002; Linkov et al., 2006;
Doren et al., 2009; Orsia et al., 2011; Jalilova et al., 2012; Le et al. 2012; Trivedi et al., 2012; Hernández-
Morcilloa et al., 2013; Hou et al., 2013; Melo et al., 2013; Newton et al., 2013; Pataki et al., 2013;
Whately & Campanili, 2003; PMV, 2013).
Tal avaliação mostrou que a presença desses fatores-chave de sucesso varia por região biogeográfica e
que alguns dos principais fatores de sucesso já estão presentes, outros estão parcialmente presentes e
outros ausentes. Para contribuir com o sucesso da iniciativa, o Plano Nacional de Recuperação da
Vegetação Nativa adotou um foco naqueles ausentes ou que estão parcialmente presentes.
Sugere-se que no processo de consolidação do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa seja
prevista uma fase de consulta pública na qual os interessados teriam a oportunidade de contribuir e
aperfeiçoar o diagnóstico para cada uma das regiões biogeográficas.
Tabela 6. Avaliação qualitativa dos principais fatores de sucesso para recuperação da vegetação nativa para as
regiões biogeográficas: verde – quando as condições estão presentes; amarelo: quando as condições estão
parcialmente presente; vermelho: quando as condições estão ausentes.
Eixo Aspecto Fator chave de sucesso Mat. Amz Cerr Caat Pam
A recuperação proporciona benefícios sociais e
ambientais
a. Benefícios
A recuperação é viável economicamente
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PLANAVEG - Versão Preliminar
Tabela 6. Continuação: Avaliação qualitativa dos principais fatores de sucesso para recuperação da vegetação
nativa para as regiões biogeográficas: verde – quando as condições estão presentes; amarelo: quando as
condições estão parcialmente presente; vermelho: quando as condições estão ausentes.
Eixo Aspecto Fator chave de sucesso Mat. Amz Cerr Caat Pam
As condições de solo, água, clima e fogo são
adequadas à recuperação
a. Condições Ausência de plantas e animais que podem impedir a
ecológicas recuperação
Disponibilidade de sementes, mudas, banco de
sementes e propágulos.
Redução de demandas concorrentes em áreas
b. Condições de degradadas ou alteradas
mercado Existência de mercados para produtos das áreas
recuperadas
Garantia da posse da terra e dos recursos naturais
Alinhamento e coerência entre as políticas que
2. Facilitar influenciam a recuperação
c. Condições
políticas Existência de restrições ao desmatamento da
vegetação nativa
Aplicação das restrições e penalidades sobre o
desmatamento da vegetação
Engajamento e empoderamento da comunidade
d. Condições local para tomada de decisões
sociais População local se beneficia da recuperação da
vegetação nativa
Clareza na definição dos papeis e responsabilidade
e. Condições pela recuperação
institucionais Existência de arranjo e articulação institucional
eficaz
Existência de lideranças em nível nacional e/ou local
a. Lideranças
Existência de compromisso político de longo prazo
Existência de conhecimento sobre a recuperação de
ecossistemas
b. Conhecimento
Transferência de conhecimento por meio de serviços
de assistência técnica e extensão rural.
3. As técnicas e métodos para recuperação ecológica
c. Técnicas
Implementar tem base científica
Os incentivos “positivos” e recursos superam os
d. Financiamento incentivos “negativos”
e incentivos Incentivos e recursos financeiros estão prontamente
acessíveis
Existência de um sistema efetivo de monitoramento
e. e avaliação do resultado.
Monitoramento Os bons exemplos são amplamente divulgados e
conhecidos pela sociedade.
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PLANAVEG - Versão Preliminar
Uma condição fundamental para o êxito do PLANAVEG é que haja a implementação de vários programas
e políticas já existentes, dentre as quais destacamos três de especial importância: a) aumento da
sustentabilidade da produção e produtividade de pastagens e terras cultivadas por meio do Programa
ABC e outros programas correlatos em regiões fora das áreas a serem recuperadas; b) implementação
das determinações da Lei nº 12.651/2012 tais como o Cadastro Ambiental Rural - CAR, os Programas de
Regularização Ambiental – PRAs e as Cotas de Reserva Ambiental – CRAs; e c) garantia da titularidade da
terra recuperada e propriedade sobre os seus recursos naturais gerados. Esses esforços existentes
precisam de continuidade, fortalecimento e aumento da escala e abrangência.
Finalmente, o aumento sustentável da produtividade reforçará o Brasil no seu papel de liderança global
no suprimento das crescentes demandas mundiais por alimentos dentro de bases sustentáveis e, ao
mesmo tempo, nas iniciativas para a recuperação de ecossistemas.
É necessário dar continuidade à implementação das disposições da Lei de Proteção da Vegetação Nativa
(Lei nº 12.651/2012) no sentido de eliminar os passivos ambientais e evitar o desmatamento e
conversão de áreas naturais além dos níveis permitidos.
Dois aspectos da Lei nº 12.651/2012 podem permitir ao Brasil promover a recuperação em larga escala e
ao mesmo tempo expandir as atividades do setor agropecuário. Em primeiro lugar, a Lei nº 12.651/2012
29
PLANAVEG - Versão Preliminar
determina os limites e porcentagens de áreas de APP e RL das propriedades rurais que devem ser
mantidas com cobertura vegetal nativa. Essa disposição tem um impacto crucial na conservação da
biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos no Brasil e contribuirá para assegurar fontes de
propágulos, sementes e mudas de espécies nativas para a recuperação dos ecossistemas. Em segundo
lugar, a Lei nº 12.651/2012 estabelece que os proprietários de terras devem recuperar ou compensar os
déficits de vegetação em áreas de APP e RL (exceto os pequenos proprietários, no caso de recuperação
de RL desmatada antes de 22 de julho de 2008). Essa disposição é uma das principais motivações para o
desenvolvimento e implementação do Plano de Recuperação da Vegetação Nativa.
Regularização fundiária: ampliar o número de proprietários rurais com o título da terra e direito
aos recursos florestais recuperados
Ampliar o número de proprietários com o título da terra e garantir a titularidade sobre a terra e seus
recursos naturais provenientes das áreas recuperadas constitui uma condição importante para motivar
os proprietários a investir na recuperação da vegetação nativa e ter acesso aos incentivos e crédito para
financiar a recuperação. Exemplos do passado mostram que é improvável que os produtores invistam na
recuperação da propriedade rural caso não tenham a clareza da posse ou propriedade da terra, bem
como o direito a quaisquer dos benefícios gerados pela vegetação recuperada na propriedade. Da
mesma forma, torna-se difícil para os proprietários que não possuem titularidade acessar linhas de
crédito ou outras fontes de recursos necessárias para financiar a recuperação da vegetação nativa.
No Brasil, apesar da situação da garantia da posse da terra variar por região biogeográfica, a posse da
terra inclui a propriedade dos recursos naturais superficiais. Na Mata Atlântica, por exemplo, a maioria
das áreas oferece garantia em termos da posse ou título da terra. Porém, em outras áreas como a
Amazônia, a posse da terra é menos clara.
30
PLANAVEG - Versão Preliminar
7 ESTRATÉGIA
O Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa visa permitir ao Brasil cumprir com seus
compromissos nacionais e internacionais e reforçar seu papel como um dos líderes globais na
conservação e recuperação de ecossistemas em larga escala. Para tanto, procura equacionar as lacunas
e obstáculos que o Brasil tem atualmente em relação aos principais fatores de sucesso necessários para
a recuperação de vegetação nativa em larga escala. A estratégia do plano consiste de oito iniciativas
estratégicas organizadas em torno de três grandes eixos de sucesso: motivar, facilitar e implementar a
recuperação da vegetação nativa.
Motivar
1. Sensibilização: lançar movimento de comunicação com foco em agricultores, agronegócio,
cidadãos urbanos, formadores de opinião e tomadores de decisão, a fim de promover a
consciência sobre o que é a recuperação da vegetação nativa, quais benefícios ela traz, e como se
envolver e apoiar este processo.
Facilitar
2. Sementes & mudas: promover a cadeia produtiva da recuperação da vegetação nativa por meio
do aumento da capacidade de viveiros e demais estruturas para produção de espécies nativas, e
racionalizar as políticas para melhorar a quantidade, qualidade e acessibilidade de sementes e
mudas de espécies nativas.
3. Mercados: fomentar mercados a partir dos quais os proprietários de terra possam gerar receitas
por meio da comercialização de madeira, produtos não-madeireiros, proteção de bacias
hidrográficas, entre outros serviços e produtos gerados pela recuperação da vegetação nativa.
Implementar
6. Extensão rural: expandir os serviços de extensão rural (públicos e privados) com objetivo de
contribuir para capacitação dos proprietários de terras, com destaque para os métodos de
recuperação de baixo custo.
31
PLANAVEG - Versão Preliminar
Esse eixo prevê a adoção da seguinte iniciativa estratégica para inspirar e motivar os proprietários de
terras e outros atores chaves a apoiar e implementar esforços para a recuperação da vegetação nativa.
Objetivo: Sensibilizar os proprietários de terras, empresas do setor agrícola, população urbana, líderes e
formadores de opinião e órgãos governamentais acerca das disposições sobre recuperação da
vegetação nativa da Lei nº 12.651/2012, o conceito de recuperação de áreas degradadas ou alteradas,
benefícios associados à recuperação, onde é possível e como receber assistência técnica e obter
incentivos quando disponíveis para implementação de projetos de recuperação.
População rural: inclui proprietários de terras, comunidades rurais, empresas do setor agrícola e
entidades que prestam assistência técnica e extensão rural.
O que a Lei de Proteção da Vegetação Nativa preconiza. A campanha irá esclarecer o significado
das disposições da Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Lei nº 12.651/2012), o que é permitido,
e o que é exigido pelos regulamentos federais e estaduais com respeito à recuperação da
vegetação nativa em RL e APP.
O que é a recuperação da vegetação nativa. A campanha irá usar recursos visuais (por exemplo:
fotos e vídeos de “antes e depois”) para explicar e ilustrar bons exemplos de áreas recuperadas
no Brasil.
Quais são os benefícios da recuperação. A campanha irá explicar e dar exemplos dos benefícios
econômicos, sociais e ambientais gerados por meio da recuperação da vegetação nativa.
Benefícios incluem a geração de postos de trabalho, oportunidades para a diversificação da
renda do proprietário rural e comunidades, o aumento da oferta de produtos madeireiros e
não-madeireiros, a proteção das bacias hidrográficas que abastecem os centros urbanos e
população rural, segurança alimentar, a redução da erosão do solo e do assoreamento dos
recursos hídricos, a oportunidade para recreação e turismo, a conservação da biodiversidade, o
sequestro de carbono, cumprimento da Lei nº 12.651/2012, etc. A campanha também irá
32
PLANAVEG - Versão Preliminar
mostrar como a recuperação da vegetação pode reduzir o risco de desastres naturais, como
deslizamentos de terra e inundações.
Como iniciativas de recuperação podem se tornar um bom negócio. Com base em estudos
econômicos, a campanha mostrará como os benefícios financeiros da recuperação podem
superar os custos e como os agricultores podem recuperar suas áreas de forma rentável,
conforme as determinações da Lei nº 12.651/2012. Além disso, a campanha identificará como a
recuperação da vegetação nativa pode ser uma alternativa de baixo custo para melhorar a
qualidade da água, garantindo o abastecimento de água para as cidades, e evitando o
assoreamento dos reservatórios usados para geração de energia, irrigação e suprimento de água
potável, e gerando renda por meio do pagamento de serviços ambientais para os produtores
rurais.
Justificativa: Poucos cidadãos, tanto em área urbana quanto rural, estão suficientemente esclarecidos
sobre as disposições da Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Lei nº 12.651/2012) com relação à
temática da recuperação da vegetação nativa, incluindo as várias técnicas e métodos para a recuperação
de áreas degradadas, os benefícios destas ações e como receber assistência e apoio para sua
implementação. Uma campanha de sensibilização sobre a recuperação da vegetação irá direcionar
esforços para responder e resolver essas lacunas.
Atores: Os atores envolvidos com a execução dessa estratégia serão definidos ao longo do processo de
consulta pública do Plano, mas possíveis candidatos incluem, mas não estão limitados a: Ministério do
Meio Ambiente; Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento; Ministério do Desenvolvimento
Agrário; Ministério do Desenvolvimento Social; governos estaduais; governos municipais (por exemplo,
Secretarias de Meio Ambiente, Programa Municípios Verdes do Pará, Conselhos Municipais de Meio
Ambiente); setor privado; associações beneficentes e de classe, organizações agrícolas comerciais;
organizações não governamentais, Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e outros tipos de
iniciativas multilaterais relacionadas com o tema, entre outros.
33
PLANAVEG - Versão Preliminar
Financiamento
Capacidade
Ano 1-5
Tecnologia
Sinergia
Política
orçamento
Atividade Meta Cronograma
(R$
milhões)
34
PLANAVEG - Versão Preliminar
35
PLANAVEG - Versão Preliminar
Esse eixo prevê a adoção de estratégias para criar as condições necessárias para facilitar e viabilizar a
recuperação da vegetação nativa em larga escala.
Apesar da regeneração natural ser a estratégia mais barata e desejada para a recuperação da vegetação
nativa, ela apresenta algumas restrições em certas áreas do Brasil em função da falta de remanescentes
naturais, nível de degradação, ausência de banco de sementes e baixa resiliência das áreas. Nesse caso,
a recuperação irá ocorrer predominantemente por meio do plantio de mudas ou sementes, o que
demanda uma alta capacidade de produção de mudas e sementes. Embora a capacidade varie conforme
o estado, o Brasil como um todo não possui até o momento um número suficiente de viveiros e
coletores de sementes para concretizar a recuperação da vegetação nativa em larga escala.
Atores: Atores envolvidos com a execução dessa estratégia serão definidos durante o processo de
consulta pública do Plano. Candidatos preliminares incluem, mas não estão limitados a: Ministério do
Meio Ambiente; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; governos estaduais e municipais;
universidades federais e estaduais; SENAR; empresas do setor privado; instituições de pesquisa e
extensão; redes de coletores de sementes e viveiros; CNA; iniciativas multilaterais relacionadas com a
recuperação da vegetação, Sebrae e organizações não governamentais.
36
PLANAVEG - Versão Preliminar
As atividades para a implementação da iniciativa estratégica 7.2.1. SEMENTES & MUDAS incluem, entre outras:
Tipo de atividade
Financiamento
Capacidade
Tecnologia
Sinergia
Ano 1-5
Política
Atividade Meta Cronograma orçamento
(R$ milhões)
1. Estimular a demanda por sementes e mudas nativas, já que a demanda irá deflagrar esforços
para estimular os empreendedores da cadeia de valor atrelada a este mercado a investir na
produção de mudas e sementes:
monitorar e fiscalizar de forma efetiva o cumprimento da Lei nº 12.651/2012, da reposição
florestal obrigatória e das compensações e condicionantes de empreendimentos;
desenvolver e implementar programas de compras públicas (dispensa de licitação) para Leis Em Custos são
aquisição de sementes e mudas; implementadas andamento cobertos por
priorizar a criação da Política Nacional de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) gastos
existentes
criar e fortalecer mercados de bens e serviços gerados pelas florestas recuperadas (ver seção Mercados Em
X
7.2.2). formados andamento
37
PLANAVEG - Versão Preliminar
3. Ampliar o fomento à produção de sementes e mudas e o financiamento e doações
destinados à implantação de pomares de sementes e viveiros de espécies nativas:
Novas linhas de
criar linhas de crédito ou doações dedicados a apoiar a expansão de pomares de sementes e Início no 24º
X financiamento
viveiros de mudas de espécies nativas (ver item 7.3.1); mês
disponíveis
apoiar programas de formação técnica, capacitação institucional, gestão de negócios e
organização empresarial (ver seção 7.3.2) voltados a agentes de produção de sementes e mudas 21,2
Programas Início no 24º
(incluindo cooperativas e associações de produtores rurais), extensionistas rurais, povos e X disponíveis mês
comunidades tradicionais, técnicos governamentais, pequenas empresas e organizações não
governamentais;
Documento
X técnico Concluído até
Encomendar um estudo técnico para refinar os custos de produção de sementes e mudas e realizado o 12º mês
identificar oportunidades de redução desses.
4. Criar e implementar um sistema nacional on-line de cadastramento e rastreamento de
sementes e mudas:
incluir um catálogo para a identificação de espécies nativas e sementes, com ajuda de
aplicativos para celular que possam registrar o local de coleta e distribuição das sementes,
localização de viveiros e inventários em tempo real, além de outros recursos que ajudem a alinhar a
oferta e demanda de sementes e ao mesmo tempo contribuam para reduzir a burocracia;
Sistema
articular o proposto sistema com outros sistemas e bancos de dados já existentes (RENASEM, Início no 30º
X operacional on- 1,1
RENAM, Sistema DOF, SINAFLOR, CNCFlora, Lista da Flora Digital, Inventário Florestal) assegurando mês
line
interoperabilidade dos sistemas;
integrar o sistema com o “sistema de planejamento e monitoramento espacial para a
recuperação da vegetação nativa” (ver seção 7.3.3).
implementar zoneamento de coleta e uso de sementes para restauração (dendrozondas),
incentivando pequenos e médios produtores a formar áreas produtoras de semente ex-situ
aproveitando parte das Reservas Legais a serem recompostas
38
PLANAVEG - Versão Preliminar
39
PLANAVEG - Versão Preliminar
As atividades para a implementação da iniciativa estratégica 7.2.2 MERCADOS incluem, entre outras:
Tipo de atividade
Financiamento
Capacidade
Tecnologia
Sinergia
Ano 1-5
Política
Atividade Meta Cronograma orçamento
(R$ milhões)
40
PLANAVEG - Versão Preliminar
0,45 para
documento
técnico,
demais
Métodos custos estão
3. Assegurar que os programas de certificação de floresta incluam ou aperfeiçoem métodos
incluídos nos Início no 24º cobertos por
para identificação e rastreamento de produtos madeireiros e não-madeireiros extraídos de forma X
programas de mês orçamentos
sustentável de áreas em processo de recuperação de vegetação nativa.
certificação existentes
em
organizações
e
certificadoras
Projetos de
recuperação
4. Estimular a implantação de programas de pagamentos por serviços ambientais (PSA) em Início no 36º
X X apoiados por
estados, municípios e bacias hidrográficas: mês
PSA sendo 0,45 para
iniciados documento
definir as APPs e RLs em processo de recuperação como elegíveis a programas de PSA; técnico,
demais
identificar áreas prioritárias para implantar projetos e programas de PSA (ver seção 7.4.3);
custos estão
ampliar recursos financeiros disponíveis por programas de PSA, por meio do envolvimento cobertos por
de entidades do setor público e privado que se beneficiam desses serviços ambientais (ex.: orçamentos
empresas geradoras de energia elétrica, serviços públicos de fornecimento de água e empresas de existentes
bebidas); nas agências
capacitar estados e municípios para a administração de programas de PSA (ver seção 7.3.3);
sensibilizar e incentivar os fundos dos comitês de bacias a investirem em infraestrutura
verde.
5. Assegurar que o sistema de comercialização de cotas de reserva ambiental (CRA) estimule a
recuperação de vegetação nativa e com isso aumente a conectividade da paisagem:
elaborar um documento técnico para avaliar os impactos da negociação de CRAs e para criar Artigo
Concluído até
os componentes de um sistema de controle unificado para a emissão, comércio e registro de CRAs X técnico 0,6
12º mês
(previsto no parágrafo 4, Artigo 45 da Lei de Proteção da Vegetação Nativa); realizado
Sistema
com base nas conclusões deste documento técnico, aperfeiçoar ou adaptar o projeto do CRA Concluído até o
X Piloto do CRA
para que ele incentive um aumento da conectividade da paisagem 24º mês
adaptado
41
PLANAVEG - Versão Preliminar
Justificativa: A recuperação da vegetação natural tem mais chances de sucesso quando as funções e
responsabilidades para a implementação do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa são
claramente definidos, integrados e acordados entre todas as partes interessadas. A ausência dessa
coordenação pode ocasionar aplicação insuficiente das ações previstas devido ao não-preenchimento de
funções importantes ou devido à alegação de sobreposição de responsabilidades pelas instituições.
Da mesma forma, a recuperação tem mais chances de obter êxito quando há alinhamento e integração
do conjunto de políticas públicas que podem influenciar a recuperação nos níveis federal, estadual e
municipal. Na ausência de alinhamento e integração, as políticas promovidas por uma instituição
governamental podem invalidar ou conflitar com as políticas de outra instituição governamental,
prejudicando assim o progresso na recuperação.
Atores: Atores envolvidos na execução dessa iniciativa estratégica serão definidos durante o processo
de consulta pública do Plano. Algumas das entidades que poderiam participar são os Estados, Ministério
do Meio Ambiente; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Ministério do
Desenvolvimento Agrário; Conselho Municipal de Meio Ambiente (CMMA); Confederação Nacional da
Indústria (CNI); Confederação Nacional da Agricultura (CNA); REBRE; PACTO pela Restauração da Mata
Atlântica; Rede Mata Atlântica (RMA); Rede do Cerrado e outras organizações não-governamentais.
42
PLANAVEG - Versão Preliminar
As atividades para a implementação da iniciativa estratégica 7.2.3. INSTITUIÇÕES incluem, entre outras:
Tipo de atividade
Financiamento
Capacidade
Tecnologia
Sinergia
Ano 1-5
Política
Atividade Meta Cronograma orçamento (R$
milhões)
Custos
1. Estabelecer o “Comitê Interministerial* para a Recuperação da Vegetação Nativa”
cobertos por
encarregado de supervisionar a implementação do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Comitê Início no 6º
X orçamentos
Nativa, esclarecendo as funções e responsabilidades das diversas instituições em relação ao Plano, operacional mês
existentes dos
e assegurando a articulação entre governos, sociedade civil e setor privado.
participantes
2. Modificar políticas públicas selecionadas, quando necessário, a fim de garantir que estejam
X X
alinhadas e reforcem-se mutuamente:
encomendar um documento técnico para rever o conjunto de políticas públicas nas esferas
federal, estadual e municipal de setores relevantes que afetam a recuperação da vegetação nativa.
O documento técnico irá identificar políticas que carecem de coerência, políticas que dificultam a
Documento Concluído até
recuperação ou aquelas que podem criar confusão entre os proprietários de terras em relação ao
técnico o 18º mês 2,3
que eles precisam fazer para promover a recuperação da vegetação nativa. Além disso, o
documento identificará quais políticas públicas efetivamente contribuem para a recuperação da
vegetação nativa;
com base no documento técnico, o Comitê Interministerial para Recuperação da
Políticas Concluído até
Vegetação Nativa tomará decisão acerca das propostas de políticas a serem modificadas ou
modificadas o 30º mês
replicadas.
3. Estabelecer padrões mínimos a serem exigidos no âmbito do Projeto de Recuperação ou
Custos
Recomposição de Área Degradada ou Área Alterada. Estes padrões mínimos devem oferecer
Padrões e Concluído até cobertos por
orientações claras sobre o que deve ser incluído no projeto e facilitar a disseminar essas X X
orientação o 18º mês orçamentos
informações entre os estados a fim de promover a coerência e a eficácia na implementação dos
existentes
projetos.
*
Instância de Gestão da Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa de caráter deliberativo, compete dentre outras funções, coordenar a
implementação, monitoramento e a avaliação do PLANAVEG.
43
PLANAVEG - Versão Preliminar
Custos
cobertos pela
4. Definir regulamentação para a implementação da recuperação da vegetação para cada Instrumentos Concluído até
X dotação
região biogeográfico. legais definidos o 30º mês
orçamentária
do MMA
Custos
5. Garantir que a recuperação da vegetação nativa esteja incorporada e alinhada com outras cobertos pela
Políticas Concluído até
políticas ambientais, como REDD+, Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), Plano Nacional de X X dotação
atualizadas o 36º mês
Adaptação à Mudança do Clima e Plano Nacional de Florestas Plantadas, dentre outras. orçamentária
do MMA
Custos coberto
6. Garantir a incorporação ou alinhamento de políticas de outros setores, como agricultura, por
Políticas Concluído até
infraestrutura e energia, que podem afetar a recuperação da vegetação nativa (ex.: regulamentos, X X orçamentos
atualizadas 36º mês
subsídios e incentivos). existentes nas
organizações
7. Treinar órgãos e entidades estatais e municipais de meio ambiente (por meio de
seminários e aplicação de materiais de treinamento) sobre como garantir o alinhamento de 100 oficinas Concluído até
X X X 7,5
políticas e coordenação da execução, a fim de apoiarem-se mutuamente em prol da recuperação realizadas 60º mês
da vegetação nativa.
44
PLANAVEG - Versão Preliminar
Esse eixo prevê a adoção um número de estratégias para promover a efetiva mobilização de
capacidades e recursos com vistas à implementação do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação
Nativa.
Incentivos fiscais. Isenções de imposto ou outras isenções que incidem sobre os insumos,
produtos aplicações financeiras (debêntures de infraestrutura), ou atividades associadas à
recuperação da vegetação nativa.
45
PLANAVEG - Versão Preliminar
Atores: Atores envolvidos na execução dessa estratégia serão definidos durante o processo de consulta
pública do Plano, mas alguns potencias candidatos são: Ministério do Meio Ambiente; Ministério da
Fazenda; Receita Federal; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Ministério do
Desenvolvimento Agrário; BNDES; grandes bancos comerciais públicos e privados (por exemplo: Banco
do Brasil, Caixa Econômica Federal, Rabobank, Santander, Itaú, Bradesco); grupo de trabalho de
economia do Pacto pela recuperação da Mata Atlântica, Funbio e instituições internacionais
multilaterais ou bilaterais.
46
PLANAVEG - Versão Preliminar
As atividades para a implementação da iniciativa estratégica 7.3.1 MECANISMOS FINANCEIROS incluem, entre outras:
Tipo de
atividade
Financiamento
Capacidade
Tecnologia
Sinergia
Ano 1-5
Política
Atividade Meta Cronograma orçamento
(R$ milhões)
1. Elaborar cinco documentos técnicos para (a) elaborar inventário sobre a disponibilidade
atual de empréstimos, doações e incentivos fiscais para a recuperação da vegetação nativa; (b) Documentos
Concluído até o
aprimorar ou delinear novos e melhores incentivos financeiros; (c) analisar o potencial impacto X X técnicos 2,3
24º mês
desses incentivos no sucesso da recuperação; e (d) avaliar o impacto desses incentivos financeiros elaborado
sobre a economia nacional, incluindo impactos sobre o setor bancário e agropecuário.
2. Criar e ampliar linhas de crédito destinadas a estimular a recuperação da vegetação nativa
com espécies nativas.
linhas de crédito terão taxas, condições e prazos de pagamento melhores do que os
praticados no mercado atualmente, além de processos de requerimento simplificados, tornando-
se mais atraentes e de fácil acesso para os proprietários de terras que pretendam recuperar suas
áreas;
Custo
as novas linhas poderão vir de bancos de varejo que atendam diretamente aos
Linhas de crédito incorrido
proprietários rurais, bem como vir de bancos de fomento e investimento;
novas ou pelos bancos
alguns exemplos dessas linhas de crédito são (mas não estão limitadas a): a) linhas de X aprimoradas
Início no 24º
é capturado
financiamento para o manejo integrado da propriedade incluindo áreas agrícola e natural; b) mês
disponíveis para nas tarifas
linhas condicionadas ao cumprimento da Lei de Proteção da Vegetação Nativa; c) linhas de crédito o mercado cobradas aos
onde os agricultores em conformidade com a legislação e com ações de recuperação em clientes
andamento têm um limite de crédito maior e/ou uma menor taxa de juros; d) linhas com a
inclusão de assistência técnica a recuperação da vegetação nativa durante a implementação; e)
linhas para financiar atividades agrícolas combinadas com subsídios para financiar a recuperação
da APP e RL desse proprietário; f) linhas para pequenos e médios proprietários de terras visando o
financiamento da recuperação de RLs com um prazo suficientemente longo de modo a permitir a
venda de produtos florestais madeireiros e não madeireiros.
47
PLANAVEG - Versão Preliminar
Custo
incorrido por
Lançamentos de
financistas é
3. Avaliar e desenvolver instrumentos de financiamento de longo prazo para a recuperação instrumentos Início no 36º
X capturado
de vegetações nativas, como os “títulos florestais”. financeiros de mês
nas tarifas
longo prazo
cobradas
dos clientes
4. Criar programas de doações ou empréstimos não-reembolsáveis para a recuperação da Custo
vegetação nativa para ajudar a financiar e amortizar os custos iniciais da implementação. incorrido por
os beneficiários poderiam ser pequenos e médios proprietários de terras, comunidades e desenvolve-
organizações não governamentais que promovem recuperação em áreas prioritárias (ex.: APPs); Lançamento de dores de
Início no 30º
identificar e recrutar fontes de financiamento (ex.: agências bilaterais e multilaterais X novos programas programas
mês
internacionais, BNDES, fundações públicas e privadas, contribuições filantrópicas e financiamento de doação de doação
coletivo (“crowd-sourcing’); faz parte do
discutir a viabilidade de criação de um ou mais fundos que viabilizem os programas de seu
subsídios que distribuem recursos no Brasil. orçamento
5. Explorar a criação ou aprimoramento de incentivos fiscais para viabilizar a recuperação da
vegetação com espécies nativas. Custo para
desenvolver
baseado nos resultados dos documento técnicos (ver acima Atividade 1), considerar
incentivos
deduções fiscais, isenções de impostos e redução de taxas sobre insumo para a recuperação (por
fiscais é
exemplo: cercas para gado, sementes), produtos (por exemplo: produtos de vegetação nativas Novos incentivos Início no 30º
X parte do
provenientes de áreas restauradas), serviços (por exemplo: entidades que prestam serviços de fiscais adotados mês
orçamento
implementação de recuperação, fornecedores de sementes nativas e viveiros) e/ou financiamento
existente na
(por exemplo.: fundos que investem em recuperação);
agência
selecionar os incentivos fiscais propostos que serão adotados; tributária
promoção da emissão de debêntures de infraestrutura incentivada.
48
PLANAVEG - Versão Preliminar
Descrição: Aumentar os programas de capacitação, serviços de assistência técnica e extensão rural para
os proprietários de terras, comunidades, cooperativas e associações de produtores rurais, e
organizações não governamentais. Essa ampliação da assistência técnica e extensão rural irá:
incluir a recuperação da vegetação nativa nos serviços de assistência técnica e extensão rural.
É importante notar que aqueles que realizam extensão e capacitação neste Plano podem ser
representantes de governo, setor privado, organizações não-governamentais, e/ou universidades.
Justificativa: Os serviços de capacitação, assistência técnica e extensão rural com foco na recuperação
da vegetação nativa são fundamentais para o sucesso da recuperação em função de:
49
PLANAVEG - Versão Preliminar
As atividades para a implementação da iniciativa estratégica 7.3.2 EXTENSÃO RURAL incluem, entre outras:
Tipo de atividade
Financiamento
Capacidade
Tecnologia
Sinergia
Ano 1-5
Política
Atividade Meta Cronograma orçamento
(R$ milhões)
1. Aumentar o número e aprimorar os centros de referência em Recuperação de áreas 14 CRAD em Concluído até o
X 26
degradadas (CRADs). funcionamento 60º mês
2. Criar e implementar um grande programa para “formação de multiplicadores” com
Número de
vistas a estabelecer uma extensa rede de agentes que possam mobilizar proprietários
pessoas Concluído até o
particulares a promover a recuperação da vegetação nativa. O programa incluirá o sistema X 5
capacitadas a 60º mês
ATER (público e privado), associações e cooperativas de agricultores, clubes (por exemplo:
definir
Rotary e Lion’s Clubes), SENAR, Sebrae, programas de voluntariado e universidades.
Número de
3. Criar e implementar programas de capacitação para produtores de sementes e mudas, fornecedores de
Concluído até o
voltados tanto para o treinamento em técnicas de produção quanto para gerenciamento de X sementes/mudas 3,6
36º mês
viveiros (ex.: finanças, administração, gestão de recursos humanos, entre outros). capacitados a
definir
4. Fortalecer a capacidade do sistema ATER em prestar serviços de assistência técnica e
extensão sobre a recuperação da vegetação nativa.
aumentar o número de especialistas em recuperação da vegetação nativa no âmbito do
sistema ATER, sobretudo nos serviços de extensão estaduais (Emater) e nos serviços de Número de
extensão privados; novos O custo é
especialistas a parte da
inserir a temática da recuperação de áreas degradadas e vegetação nativa na definir capacitação
estruturação da Anater; Concluído até o de equipe de
X
Número de 36º mês ATER em
formar e diversificar a formação técnica dos funcionários do sistema ATER (por técnicos orçamentos
exemplo: agrônomos, gestores ambientais) em recuperação da vegetação nativa; capacitados a público
definir existentes
Indicadores-
garantir que os “indicadores-chave de desempenho” do serviço de extensão incluam chave de
metas para a recuperação da vegetação nativa. desempenho
selecionados
50
PLANAVEG - Versão Preliminar
Número de
downloads de
5. Intensificar o uso de tecnologias da informação e comunicação “TICs” (por exemplo: informações
Concluído até o
aplicativos para celular, vídeos on-line, rádio) para aumentar a disseminação e abrangência da X X sobre 4,8
60º mês
assistência técnica e extensão rural. capacitação em
recuperação a
definir
51
PLANAVEG - Versão Preliminar
plataforma on-line: Uma plataforma interativa on-line que contenha os dados em formatos
espaciais e tabulares.
mapas de cobertura e uso da terras (por exemplo: Terra Class, PROBIO, SOSMA/INPE).
mapas das áreas com potencial para a recuperação da vegetação nativa, incluindo os déficits de
APP e RL (obtidos pelo SiCAR), terras degradadas com baixo potencial agrícola e terras
degradadas adequadas para sistemas agroflorestais.
52
PLANAVEG - Versão Preliminar
mapas e dados sobre os locais e lições aprendidas dos projetos de recuperação existentes.
mapas com localização dos viveiros produtores de mudas nativas e de áreas de coleta de
sementes nativas.
O sistema irá incorporar, em uma única plataforma, dados existentes e em preparação de governos
(nacional, estadual, municipal), instituições de pesquisa e organizações não-governamentais. Esse
sistema será capaz de conectar e complementar projeto e sistemas de planejamento e monitoramento,
no nível estadual e municipal, permitindo a troca de dados e interoperabilidade. Em particular esse será
elaborado com base no sistema SiCAR para que os usuários possam ligar informações sobre a
recuperação de vegetação nativa com dados detalhados sobre os déficits de vegetação nativa.
Justificativa: Governos (federal, estaduais, municipais), sociedade civil, setor privado, instituições de
pesquisas e proprietários de terra precisam de uma infraestrutura unificada e compartilhada de
planejamento espacial e monitoramento da recuperação da vegetação. O sistema proposto atingirá
esses objetivos por meio de:
integrar informação espacial e bancos de dados relevante, mas atualmente díspares (aqueles
que já existem, bem como os em desenvolvimento);
estabelecer uma linha de base espacialmente definida e quantificável com relação a qual a
recuperação da vegetação nativa pode ser medida ao longo do tempo, incluindo mapas de
déficit de vegetação nativa;
priorizar áreas para recuperação da vegetação nativa, adotando uma abordagem calcada na
ecologia de paisagem e na conservação dos processos ecológicos;
localizar, quantificar e monitorar áreas com alto potencial de regeneração natural, bem como
áreas que necessitam de ações para a recuperação da vegetação;
53
PLANAVEG - Versão Preliminar
Atores: Atores envolvidos na execução dessa estratégia serão definidos durante o processo de consulta
pública do Plano. Candidatos preliminares incluem, mas não estão limitados a: Instituto Nacional de
Pesquisa Espaciais (INPE); Ministério do Meio Ambiente; Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação;
Embrapa; Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Universidade de São Paulo e instituições de
pesquisa com experiência em modelagem espacial, sensoriamento remoto e processamento de dados;
organizações não governamentais; e setor privado.
54
PLANAVEG - Versão Preliminar
As atividades para a implementação da iniciativa estratégica 7.3.3 PLANEJAMENTO ESPACIAL & MONITORAMENTO incluem, entre outras:
Tipo de atividade
Financiamento
Capacidade
Ano 1-5
Tecnologia
Sinergia
Política
orçamento
Atividade Meta* Cronograma
(R$
milhões)
56
PLANAVEG - Versão Preliminar
condições, políticas, incentivos e técnicas (por exemplo: cercamento) que reduzam os custos por
hectare da recuperação da vegetação nativa.
potencial da regeneração natural (por exemplo: restauração passiva).
recuperação em regiões biogeográficas ainda pouco estudado (por exemplo: Caatinga, Cerrado
e Pampa).
práticas para o controle de plantas invasoras (por exemplo: Brachiaria spp.) de forma eficaz e de
baixo custo.
impacto do uso de herbicidas em projetos de recuperação.
manejo do fogo na recuperação.
modelos financeiros e econômicos viáveis para a recuperação, inclusive utilizando produtos
madeireiros e não madeireiros da vegetação nativa.
ecologia de espécies nativas (por exemplo: diversidade genética, curvas de crescimento, grupos
funcionais, formas de vida, diversidade de espécies, reprodução, mistura de espécies,
comportamento silvicultural) e aplicações comerciais.
tecnologias de produção de sementes e mudas das espécies nativas.
práticas de manejo e enriquecimento de remanescentes de vegetação com fins de uso
sustentável e conservação.
relações entre biodiversidade e os processos ecológicos na restauração.
impactos sociais, econômicos e ambientais da recuperação da vegetação nativa, quantificados
no curto, médio e longo prazo.
métodos de baixo custo para monitoramento e avaliação.
práticas agroflorestais efetivas, com benefícios econômicos, sociais e ambientais.
lições aprendidas por meio de projetos demonstrativos de recuperação da vegetação nativa.
métodos para acelerar o ritmo da difusão do conhecimento sobre a recuperação da vegetação
nativa e sua adoção pelos proprietários de terras.
57
PLANAVEG - Versão Preliminar
Justificativa: O Brasil é líder mundial em pesquisa sobre recuperação de florestas tropicais, tendo sido
pioneiro no sucesso de técnicas para recuperar florestas nativas em regiões biogeográficas tropicais.
Porém, é necessário ampliar a pesquisa e a geração de conhecimento se o Brasil quiser atingir a escala
de recuperação aspirada pelo Plano. Por exemplo, ainda persistem muitas questões sobre como
recuperar outros tipos de vegetação, como o pampa e o cerrado e sobre como recuperar milhões de
hectares de maneira economicamente viável, socialmente aceitável e ambientalmente sustentável. Da
mesma forma, a pesquisa sobre recuperação precisa ter um enfoque maior em questões prioritárias,
mais sinergias entre os profissionais e menos dispersão nos esforços de pesquisa a fim de permitir
avanços significativos do conhecimento.
Atores: Atores envolvidos na execução dessa estratégia serão definidos durante o processo de consulta
pública do Plano. Candidatos preliminares incluem, mas não estão limitados a: Ministério do Meio
Ambiente (inclusive os fundos do Serviço Florestal para a pesquisa do desenvolvimento florestal);
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico; Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência; Embrapa; Pacto pela Restauração da
Mata Atlântica, setor privado; e centros de pesquisa vinculados a universidades e instituições.
58
PLANAVEG - Versão Preliminar
As atividades para a implementação da iniciativa estratégica 7.3.4.PESQUISA & DESENVOLVIMENTO incluem, entre outras:
Tipo de atividade
Financiamento
Capacidade
Tecnologia
Sinergia
Ano 1-5
Política
Atividade Meta Cronograma orçamento (R$
milhões)
59
PLANAVEG - Versão Preliminar
60
PLANAVEG - Versão Preliminar
Tabela 7. Iniciativas estratégicas que podem reduzir os custos e criar incentivos positivos para a recuperação
61
PLANAVEG - Versão Preliminar
Tabela 8. Relação das estratégias e principais fatores de sucesso para a recuperação da vegetação nativa
Avaliação preliminar
Eixo Aspecto Fatores de sucesso Mat. Amz. Cer. Cat. Pam. Iniciativas Estratégia
1. Motivar a. Benefícios Recuperação proporciona benefícios
sociais e ambientais
Recuperação é viável economicamente Sem Sensibilização (7.1.1)
X X X X dados Mercado (7.2.2)
Mecanismos financeiros (7.3.1)
b. Sensibilização Benefícios da recuperação são Sensibilização (7.1.1)
amplamente divulgados X X X X X
Oportunidade para a recuperação é Sensibilização (7.1.1)
identificada / X X X
c. Crises Eventos extremos e crises são Sensibilização (7.1.1)
transformados em oportunidades X X X X X
d. Mecanismos Existência de legislação para recuperação Lei de proteção da vegetação nativa
legais da vegetação nativa /
Legislação sobre recuperação floresta é Lei de proteção da vegetação nativa
clara entre os atores chaves e cumpridas X X X X X
pelos proprietários
e. Cultura Existência de uma cultura ligada a Sensibilização (7.1.1)
diferentes tipos de vegetação nativas / / / X /
Reconhecimento do Brasil no papel de Sensibilização (7.1.1)
liderança para questões de recuperação. / X X
2. Facilitar a. Condições Condições abióticas adequadas (solo, Extensão rural (7.3.2)
Ecológicas água, clima) e controle da incidência de / / / X / Pesquisa & desenvolvimento (7.3.4)
fogo permitindo a recuperação da
vegetação nativa
Presença de fatores de perturbação Extensão rural (7.3.2)
bióticos (plantas e animais) X / X X X Pesquisa & desenvolvimento (7.3.4)
Pronta disponibilidade de propágulos, Sementes & mudas (7.2.1)
sementes, mudas e populações de origem X X X X X
b. Mercado Estão em queda demandas concorrentes Intensificação da sustentabilidade
(alimentos e biocombustível) por florestas X X X X X
nativas
Consolidação de mercados de produtos Não Mercados (7.2.2)
(madeireiros e não madeireiros) X X X X se
provenientes das áreas recuperadas. aplica
c. Condições Garantia da posse da terra e dos recursos Regularização fundiária
Políticas e naturais / / / X /
Legais Alinhamento das políticas que influenciam Instituições (7.2.3)
a recuperação da vegetação nativa
/ / X X /
Existência de proibições e restrições a
supressão da vegetação nativa X
62
PLANAVEG - Versão Preliminar
* A avaliação se refere às regiões biogeográficas da Mata Atlântica (Mat.), Amazônia (Amz.), Cerrado (Cer.), Caatinga (Cat.) e Pampas (Pam.).
63
PLANAVEG - Versão Preliminar
9 ORÇAMENTO PRELIMINAR
O orçamento preliminar para a implementação do PLANAVEG nos primeiros cinco anos será de R$ 181
milhões (Tabela 9). Este orçamento reflete os custos de implementação de cada uma das atividades
descritas no item anterior, que sejam adicionais a das operações usuais. Os custos foram obtidos a partir
de dados do governo, custos históricos de atividades análogas, modelagem e contribuição de
especialistas através de oficinas técnicas. Esses custos serão aprimorados durante o período de consulta
pública do Plano e pelas contribuições de outros Ministérios no âmbito do Comitê Interministerial.
É de suma importância observar que algumas das atividades do Plano já fazem parte da rotina de certas
agências governamentais ou empresas (por exemplo, a criação de uma política de compras de um
governo, desenvolvimento de uma nova linha de crédito em um banco) e por isso não são considerados
custos adicionais ao Plano. O mesmo ocorre com aqueles custos que já estão cobertos em orçamentos
existentes, como por exemplo o desenvolvimento do PRAD). Os custos associados com aumento de
pessoal no governo federal necessários para coordenar e dirigir a implantação do Plano também estão
incluídos na Tabela 9.
Tabela 9. Orçamento para implementar as 8 iniciativas estratégicas do PLANAVEG, no seu primeiro ciclo de 5
anos
Orçamento*
Itens
(R$ milhões)
Iniciativas Estratégicas
1. Sensibilização 50,2
2. Sementes e mudas 22,3
3. Mercados 2,3
4. Instituições 9,8
5. Mecanismos financeiros 2,2
6. Extensão rural 39,4
7. Planejamento espacial e
21,3
monitoramento
8. Pesquisa e desenvolvimento 28,5
*Esses valores consolidam estimativas de custos desenvolvidas para cada uma das atividades listadas na
apresentação das oito estratégias nesse documento. As planilhas com esses dados podem ser consultadas no
DCBio/SBF/MMA.
64
PLANAVEG - Versão Preliminar
A Tabela 10 resume a projeção de custos preliminares para implantação dos projetos em campo. Estes
são os custos diretos das ações necessárias para recuperar a vegetação nativa, incluindo a compra de
mudas, preparo do solo, plantio de mudas, compra e instalação de cercas, realização de manutenção
contínua, além de outras atividades relacionadas. A tabela ainda inclui a descrição dos cinco métodos ou
abordagens comuns para promover a recuperação da vegetação nativa e seu custo total associado por
hectare, assim como três cenários e os seus custos totais de implantação ao longo dos primeiros cinco
anos do Plano (ver item 4.2).
Alguns dos recursos investidos em ações de recuperação estão projetados para serem pagos
diretamente pelos proprietários de terras. Tal investimento deve ser considerado como parte dos custos
de gestão de propriedade com vistas a promover a conformidade com a Lei nº 12.651/2012,
implementar práticas de intensificação sustentável da agricultura, permitir a geração e diversificação da
receita, bem como para prevenir a degradação do solo e demais recursos naturais. Custos adicionais
serão financiados por empréstimos de bancos comerciais ou novos mecanismos de financiamento, como
os títulos florestais. Uma vez que esses recursos são posteriormente reembolsados, por meio da receita
gerada por produtos e serviços das áreas recuperadas, eles não se configuram como custos líquidos.
Desta forma, o único custo liquido para o governo é o subsídio aos empréstimos, utilizados para os custo
adicionais à recuperação.
Espera-se ainda que os custos de recuperação apresentem uma tendência de decréscimo ao longo do
tempo por várias razões. Em primeiro lugar, os proprietários de terra tendem a utilizar inicialmente as
abordagens mais baratas para a recuperação, antes de passar para abordagens mais caras. Em segundo
lugar, é provável que várias áreas no Brasil estejam em processo de regeneração natural, que apresenta
custos muito baixos, e que essas áreas ainda não tenham sido identificadas e monitoradas. Em terceiro
lugar, o custo de recuperação por hectare diminuirá com o aumento da escala de implementação do
Plano ao longo do tempo e as inovações tecnológicas geradas pela pesquisa e desenvolvimento na
disciplina da ecologia da restauração.
Vale destacar ainda que a Tabela 10 representa um quadro parcial da recuperação em campo, pois só
aborda os custos e não os benefícios de recuperação como o acesso a mercados, ou renda a partir da
comercialização de madeira e produtos não-madeireiros, ou pagamentos por serviços ambientais.
Também não representa os benefícios públicos da recuperação como a melhoria no suprimento de água
para as áreas urbanas e rurais, a geração de empregos, a conservação da biodiversidade e a mitigação e
adaptação às mudanças climáticas.
65
PLANAVEG - Versão Preliminar
Tabela 10. Custos da recuperação da vegetação nativa em campo em três diferentes cenários de adoção de 5
abordagens/métodos.
Custos totais da
recuperação de cerca
de 390 mil hectares
Custo Cenários de de vegetação nativa2,
Abordagem Descrição total recuperação por cenário, ao longo
dos primeiros cinco
anos do plano (R$
milhões)
(R$/ha) A B C A B C
Fazer plantio de
enriquecimento,
2. Alto
preenchendo áreas
enriquecimento e 5.000 15% 15% 15% 293 293 293
abertas em florestas
alta densidade
(800 mudas por
hectare)
Fazer plantio de
enriquecimento,
3. Baixo
preenchendo áreas
enriquecimento e 3.400 15% 15% 15% 199 199 199
abertas em florestas
baixa densidade
(400 mudas per
hectare)
2
Vide item 4.2.
66
PLANAVEG - Versão Preliminar
10 DEFINIÇÕES
As definições estabelecidas pela Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012.
Área urbana consolidada: parcela da área urbana com densidade demográfica superior a 50 (cinquenta)
habitantes por hectare e malha viária implantada e que tenha, no mínimo, 2 (dois) dos seguintes
equipamentos de infraestrutura urbana implantados: a) drenagem de águas pluviais urbanas; b)
esgotamento sanitário; c) abastecimento de água potável; d) distribuição de energia elétrica; ou e)
limpeza urbana, coleta e manejo de resíduos sólidos, conforme o inciso II do caput do art. 47 da Lei nº
11.977, de 7 de julho de 2009.
Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER: aquela definida no inc. I do art. 2º da Lei nº 12.188, de 11
de janeiro de 2010.
Ativo Ambiental: áreas de vegetação nativa ainda sem designação, não protegidas pela legislação
ambiental brasileira por meio de Unidades de Conservação, Terras indígenas, Áreas de Preservação
Permanente (APP) e de Reserva Legal (RL) ou outros instrumentos similares.
Condição de referência: estado de um ecossistema natural que serve de modelo para o planejamento
da recuperação de vegetação nativa e pode ser obtido a partir de um conjunto de áreas naturais
remanescentes, descrições ecológicas de ecossistemas previamente existentes ou presumidos a partir
das condições de solo e clima de determinada região ecológica.
67
PLANAVEG - Versão Preliminar
Resiliência: habilidade de um ecossistema natural em, após distúrbio, retornar à condição anterior sem
intervenção humana.
Serviços ecossistêmicos: benefícios gerados pelos ecossistemas para a sociedade que contribuem de
maneira direta ou indireta com o bem estar humano.
Uso sustentável: exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais
renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de
forma socialmente justa e economicamente viável.
68
PLANAVEG - Versão Preliminar
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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PLANAVEG - Versão Preliminar
12 ANEXOS
Legenda: Fator de sucesso presente / Fator de sucesso parcialmente presente X Fator de sucesso não presente
Tabela A1. Avaliação das regiões biogeográficas em relação aos principais fatores de sucesso para recuperação da vegetação nativa
Avaliação preliminar*
Eixo Aspecto Fatores de sucesso Definição Mat. Amz. Cer. Cat. Pam.
1. Motivar a. Benefícios Ações de recuperação A recuperação da vegetação fornece uma ampla gama de benefícios para
proporcionam benefícios os proprietários de terras(redução da erosão do solo, fornecimento de
sociais e ambientais? produtos naturais, etc.), comunidades (locais de lazer e recreação), e o
público em geral (conservação da biodiversidade, água limpa).
Ações de recuperação Os proprietários de terra têm consciência que o custo de recuperação da
Sem
são viáveis vegetação nativa é elevado. Apesar dos custos de oportunidade de alguns X X X X dados
economicamente? usos de terra serem relativamente baixos, o custo da recuperação da
vegetação pode ser muito caro em alguns casos ou até mesmo
desconhecido.
b. Sensibilização Os benefícios da A despeito do esforço das instituições do terceiro setor e academia em
recuperação são demostrar os benefícios gerados pela recuperação, eles ainda não foram X X X X X
amplamente divulgados? suficientemente quantificados e disseminados para os proprietários de
terra e a população em geral, apesar de serem conhecidos por
especialistas.
As oportunidades para Áreas potenciais para a recuperação da vegetação foram mapeadas e
recuperação são quantificadas nas regiões biogeográficas Esforços de mapeamento para
/ X X X
identificadas? quantificar o déficit de APP e RL em nível nacional e estadual estão em
andamento.
c. Eventos Eventos extremos e Governo e sociedade civil ainda não foram sensibilizados para os riscos
extremos ou crises são transformados ocasionais de desastres naturais (p. ex. enchentes e deslizamentos) para X X X X X
crises em oportunidades? justificar a necessidade de uma política e suporte público voltados à
recuperação da vegetação nativa.
d. Mecanismos Existe uma legislação que A Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Lei 12.651) exige que os
legais dê subsídio para ações proprietários de terra recuperem seus passivos ambientais.
de recuperação da
/
vegetação?
A Lei de Proteção da Muitos proprietários não entendem a legislação e por isso não sabem
Vegetação Nativa é clara exatamente quais as exigências relacionadas a recuperação que devem ser X X X X X
e cumprida pelos cumpridas. O cumprimento vai depender dos estados os quais estão
proprietários? elaborando seus Programas de Regularização Ambiental (PRAs)
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PLANAVEG - Versão Preliminar
e. Cultura Existe uma cultura ligada O Brasil tem a maior área vegetação nos trópicos, uma forte ética e cultura
a vegetações naturais de conservação de biodiversidade e áreas naturais (florestais e não
nas mais diversas regiões florestais), comemorando, por exemplo o Dia da Árvore. Apesar de muitas / / / X X
do País? populações tradicionais na Amazônia terem uma forte ligação cultural com
as florestas, não existe ainda um reconhecimento da "recuperação de
ecossistemas" e da vegetação nativa como a base para o desenvolvimento
socioeconômico e o bem-estar humano.
O Brasil é reconhecido no O governo brasileiro pretende ser visto como um líder no cenário mundial
papel de liderança para em questões relativas à conservação da Biodiversidade, gestão sustentável
questões de recuperação e recuperação da vegetação. A evidência para isto inclui o compromisso X
da vegetação? com as disposições relacionadas com as florestas da UNFCCC e REDD + e as / X
Metas Aichi 5, 11 e 15 da CDB. Da mesma forma, alguns estados e
municípios desejam reconhecimento nacional por seus compromissos
ambientais (muitas vezes por razões econômicas, tais como fim de sanções
devido ao não cumprimento da Lei 12.651).
* A avaliação se refere às regiões biogeográficas da Mata Atlântica (Mat.), Amazônia (Amz.), Cerrado (Cer.), Caatinga (Cat.) e Pampas (Pam.).
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PLANAVEG - Versão Preliminar
Legenda: Fator de sucesso presente Fator de sucesso parcialmente presente Fator de sucesso não presente
Tabela A2. Avaliação das regiões biogeográficas em relação aos principais fatores de sucesso para recuperação da vegetação nativa
Avaliação preliminar*
Eixo Aspecto Fatores de sucesso Definição Mat. Amz. Cer. Cat. Pam.
2. Facilitar a. Condições As condições de solo, Apesar das variações entre locais, as condições climáticas são relativamente
ecológicas água e clima são favoráveis para a recuperação da vegetação Em alguns locais, a degradação
/ / / X /
adequadas à do solo pode dificultar a recuperação.
recuperação da
vegetação nativa
Os fatores de A maior parte das áreas elegíveis à recuperação contem espécies invasoras
perturbação bióticos como gramíneas (Urochloa spp., Eragrostis plana) e árvores (Pinus spp.), X / X X X
(plantas e animais) e presença de gado solto e sem controle e fogo que dificultam a regeneração
presença de fogo estão natural.
ausentes
Pronta disponibilidade Embora existam avanços em alguns estados, em muitas áreas elegíveis falta
de propágulos, ainda uma estrutura básica de fornecimento de sementes e/ou mudas de
sementes, mudas e espécies nativas para a implantação de projeto de recuperação da X X X X X
populações de origem vegetação.
b. Mercado As demandas A demanda para a produção de alimentos (agricultura e pecuária),
concorrentes (alimentos, biocombustível e fibras em áreas elegíveis para a recuperação ainda não X X X X X
biocombustível, fibras, estão em declínio, embora políticas recentemente têm sido postas em
etc.,) por áreas aptas à prática para intensificar a produção agrícola e pecuária e assim liberando
recuperação estão em áreas para recuperação.
queda (
Existência de um A comercialização de produtos provenientes de áreas recuperadas é
mercado consolidado dificultada por questões de mercado (oferta e demanda). Embora existam
para produtos mercados para alguns produtos florestais não-madeireiros (por exemplo, X X X X Não se
aplica
madeireiros e não mel e palmito), os mercados são incipientes e as condições de
madeireiros comercialização são restritas ou pouco desenvolvidas para muitas espécies
provenientes das áreas madeireiras provenientes de áreas recuperadas.
recuperadas
c. Condições A posse da terra e dos A clareza e segurança da posse da terra é difusa no Brasil e varia por região
políticas e recursos naturais é e região biogeográfica. Apesar desta barreira, já existe uma quantidade
legais assegurada aos suficiente de áreas com regularização fundiária possibilitando o início da / / / X /
proprietários recuperação em larga escala.
As políticas que Políticas que afetam a recuperação da vegetação são por vezes confusas e
influenciam a há sobreposição ou falta de coerência entre estados e entre os órgãos do / / X X /
restauração estão governo federal, pondo em risco ações de recuperação por proprietários de
alinhadas terras.
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PLANAVEG - Versão Preliminar
As leis existentes A Lei 12.651 e outras legislações regionais (por exemplo, Lei da Mata
proíbem e/ou restringem Atlântica) e locais restringem o corte e supressão de vegetação nativa X /
a supressão da vegetação remanescente.
nativa
A restrição a supressão Aplicação das restrições à supressão de vegetação nativa, como por
da vegetação nativa é exemplo, conversão de florestas e campos para pastagem, agricultura e / Não se
aplica / /
aplicada silvicultura varia por região biogeográfica.
d. Condições Engajamento e A maior parte do conhecimento técnico sobre a recuperação de vegetação
sociais empoderamento das nativa vem de organizações não-governamentais, universidades e institutos
pessoas acerca dos de pesquisa. Em alguns casos os proprietários têm sido envolvidos nos X X X X
projetos e as ações de esforços de recuperação e projetos pilotos, mas em outros locais a
recuperação participação tem sido menor.
A população local se Os proprietários rurais que necessitam realizar a adequação ambiental em
beneficia da recuperação conformidade com a Lei 12.651, muitas vezes não percebem os benefícios X X X X X
gerados pela recuperação dos ecossistemas e só realizam essa ação para
regularizar sua propriedade perante a legislação.
e. Condições As responsabilidades Regras e responsabilidades para questões ligadas a recuperação dos
institucionais pela recuperação dos ecossistemas ainda não foram totalmente definidos entre os órgãos do X X X X X
ecossistemas estão claras governo e governos (federal, estadual e municipal), sociedade civil, e setor
e definidas privado.
Integração entre A coordenação entre órgãos do governo e governos federal, estaduais e
diferentes instâncias municipais está crescendo, mas as políticas que afetam a recuperação da
/ / X X X
governamentais? vegetação nativa são, por vezes confusas e conflitantes entre instâncias
governamentais, dificultando ações de recuperação, afetando tanto
pequenos proprietários de terra quanto o setor privado. O PRA poderá
ajudar a esclarecer os procedimentos para a recuperação da vegetação
* A avaliação se refere às regiões biogeográficas da Mata Atlântica (Mat.), Amazônia (Amz.), Cerrado (Cer.), Caatinga (Cat.) e Pampas (Pam.).
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PLANAVEG - Versão Preliminar
Legenda: Fator de sucesso presente Fator de sucesso parcialmente presente Fator de sucesso não presente
Tabela A3. Avaliação das regiões biogeográficas em relação aos principais fatores de sucesso para recuperação da vegetação nativa
Avaliação preliminar*
Eixo Aspecto Fatores de sucesso Definição Mat. Amz. Cer. Cat. Pam.
3. Implementar a. Lideranças Participação de Em algumas regiões biogeográficas existem bons exemplos de projetos de
lideranças nacionais e recuperação da vegetação nativa entre indivíduos e organizações (ex.
/ / X X
locais PACTO na Mata Atlântica), enquanto em outras os modelos ainda são
escassos.
Existência de Compromissos para recuperação de ecossistemas existem e estão
compromissos políticos crescendo, em parte devido à necessidade de cumprimento das exigências / / / X X
de longo prazo da Lei 12.651.
b. Conhecimento Existência de “know- Diversas instituições e empresas estão realizando pesquisas de alta
how”, conhecimento, e qualidade em técnicas e metodologias de restauração ecológica. No
arcabouço técnico entanto, para o Brasil atingir a recuperação na escala de milhões de / / / X X
necessários para a hectares, ainda são necessárias mais pesquisas sobre uma série de
recuperação de questões (por exemplo, redução de custos, remoção de espécies invasoras,
ecossistemas técnicas de regeneração natural, valoração comercial de espécies arbóreas
e não arbóreas nativas), além de pesquisas sobre recuperação nas regiões
biogeográficas não florestais.
É realizada a Diversas instituições e empresas já estão oferecendo treinamento técnico
transferência de “know- aos diferentes elos da cadeia da recuperação da vegetação nativa (ex. X X X X X
how” via parcerias entre coletores de sementes, reflorestadores e proprietários de terras). No
produtores e extensão entanto, isso ainda é insuficiente para atender a escala de recuperação
rural pretendida pelo Brasil, devido ao tamanho da área que necessita de
treinamento, assistência técnica e extensão rural ("serviços de extensão").
c. Técnicas e As técnicas e O Brasil tem experiência e capacidade técnica para elaborar projetos de
metodologias metodologias de recuperação da vegetação nativa em larga escala, por exemplo, com as
recuperação são espécies nativas regionais e técnicas e metodologias de recuperação / / / X X
fundamentadas e baseadas no melhor arcabouço teórico disponível. Porém isso não é
adaptadas as situações aplicável em todas as regiões biogeográficas as principais iniciativas ainda
atuais e futuras (ex. não estão contemplando os impactos das mudanças climáticas nas espécies
mudanças climáticas) nativas.
d. Incentivos Os incentivos financeiros Apesar de incentivos econômicos para a recuperação da vegetação nativa
financeiros positivos superam os (por exemplo, fundos, empréstimos com juros baixos ou subsidiados,
negativos pagamentos por serviços ambientais) existirem, eles ainda são insuficientes / X X X X
em quantidade e duração para compensar as atividades econômicas
existentes que competem com a recuperação nestas áreas.
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PLANAVEG - Versão Preliminar
O acesso a incentivos Proprietários de terras elegíveis e instituições que prestam assistência
financeiros e outras técnica (por exemplo, organizações não-governamentais, empresas X X X X X
fontes de recursos é privadas) muitas vezes enfrentam obstáculos para ter acesso aos recursos e
facilitado incentivos financeiros para recuperação da vegetação, incluindo a falta de
conhecimento sobre a existência desses recursos, exigências para
submissão de projetos são burocráticas e complexas, incapacidade de
demonstrar a rentabilidade na recuperação da vegetação nativa(a exigência
para empréstimos), entre outros.
e. Sistema de Existência de um efetivo Embora exista um sistema reconhecido mundialmente para monitorar o
monitorament sistema de supressão e degradação de vegetação nativa em algumas partes do Brasil
o dos monitoramento e (INPE na Amazônia), ainda falta um sistema para monitorar o progresso e
X / X X X
resultados avaliação impacto da recuperação da vegetação (hectares recuperados e os
benefícios gerados) de forma consistente em todo o Brasil.
* A avaliação se refere às regiões biogeográficas da Mata Atlântica (Mat.), Amazônia (Amz.), Cerrado (Cer.), Caatinga (Cat.) e Pampas (Pam.).
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