Isaac Torres - BPM em IFES Disserta
Isaac Torres - BPM em IFES Disserta
Isaac Torres - BPM em IFES Disserta
ESCOLA DE ENGENHARIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Porto Alegre
2015
Isaac da Silva Torres
Porto Alegre
2015
Isaac da Silva Torres
_________________________________
Prof. José Luis Duarte Ribeiro, Dr.
Orientador PPGEP/UFRGS
_________________________________
Prof. José Luis Duarte Ribeiro, Dr.
Coordenador PPGEP/UFRGS
Banca Examinadora:
Professora Angela Brodbeck, Dra. (EA/UFRGS)
Venho por meio deste espaço, agradecer a todas as pessoas que estiveram
comigo ao longo dos anos e que são responsáveis diretos pelo meu sucesso. Agradeço,
também, as pessoas que contribuíram diretamente para que esse trabalho pudesse ser
realizado. Agradeço:
Ao meu orientador, Prof. José Luis Duarte Ribeiro, Dr., o qual foi fundamental
para a realização dessa dissertação e que teve toda paciência do mundo com relação as
minhas entregas. Aprendi, com o referido professor, que a vida é, por si só, um mundo
infinito de estudos de caso e que, portanto, devemos ser coerentes, analíticos e críticos
em relação a todas as decisões tomadas ao longo da mesma.
Aos demais professores do PPGEP, pela apoio e ensinamentos fornecidos ao
longo do curso. Faço uma menção especial à Prof.ª Márcia Elisa Echeveste, Dra., pelo
auxílio em relação a alguns aspectos técnicos dessa dissertação. Mesmo não sendo
minha orientadora, teve disponibilidade e paciência para me ajudar em diversos
momentos da dissertação.
Agradeço em especial à Prof.ª Angela Brodbeck, Dra., que foi praticamente uma
mãe ao me acolher na UFRGS dentro do Escritório de Processos e me ensinar a ser cada
vez melhor. A ela todo meu agradecimento e carinho não serão suficientes para
demonstrar o quanto ela foi importante para mim.
Aos meus amigos Daniel Bomfim, Ricardo Peixoto, Augusto Lio, Renata
Monteiro, Taísa Grosso, Hugo Luna, Thiago Souto, Licia Arantes, que com sua
amizade, ultrapassam as barreiras da distância (pois o sangue é mais forte que as aguás
do mar) e nunca permitiram que eu estivesse sozinho, mesmo tão longe de casa. Vocês
já fazem parte da minha família. A amizade que já dura mais de 14 anos, com certeza,
será para toda a vida. A eles meu muito obrigado, amo muito todos vocês.
Aos meus amigos do conjunto Huascar em Manaus, Bárbara Lopes (irmã),
Flávia Lopes, Fabiane Eloá, Carlos Felipe, Rayssa Siqueira, Rayanny Siqueira, Nathalia
Flor, Renata Carvalho, Tia Carla, Tia Claudia, a vocês meu muito obrigado por todo
carinho e momentos que passamos juntos. Sei que sempre poderei contar com vocês e a
recíproca é verdadeira, amo todos e todas.
Aos meus amigos do Escritório de Processos, João Francisco, Claudio Lassen,
Paula Augustoni, Rafael Nunes, Raquel Rosa, Everson Pinto, Luiz Henrique Zago,
Acelino Ghelen. Essas pessoas sempre serão grandes companheiros na vida. Em
especial a minha cumadre e grande amiga confidente Gabriela Branco. Que nossa
amizade possa perdurar por muitos anos e que possamos continuar nesta sintonia ímpar
que temos no trabalho.
Aos meus tios, tias, primos e primas, que formam uma base familiar sólida, que
permite o meu desenvolvimento moral e intelectual. À minha esposa Jéssica Mota da
Silva Torres, por ser uma grande companheira. Agradeço, imensamente, o fato dela
estar junto a mim em todos os momentos da minha vida. Tenho sorte de ter, em uma
pessoa só, uma amiga e esposa. O apoio dela foi, sem dúvida, fundamental para que
essa dissertação fosse concluída.
Agradeço aos meus irmãos, Israel Torres, Isaías Torres, por serem meus amigos
e companheiros de toda hora. Vocês estão sempre em minhas orações para que Deus
possa me dar o privilégio de tê-los por muitos e muitos anos. Além disso, sinto falta de
brigar com vocês, nem que seja por um motivo qualquer. Vocês são minha vida, a
distância não é nada comparada ao amor que sinto pelos dois, se cuidem.
Por fim, à minha mãe Maria do Perpétuo Socorro Telles da Silva e meu pai
Waldemir Palheta Torres. Esses dois são os grandes responsáveis por essa conquista,
pois me deram (e ainda dão) todo o suporte necessário para o meu desenvolvimento.
Vocês são os grandes amores da minha vida e todo meu sucesso profissional é reflexo
do tempo e dedicação que vocês dedicaram a mim, pois, desde que eu era criança,
batalharam para que eu tivesse uma educação de qualidade. Ambos são incansáveis na
atenção para comigo, auxiliando-me sempre que necessário. Essas duas pessoas são
exemplos que eu procuro seguir na minha vida. Vocês são os melhores pais do mundo,
muito obrigado.
RESUMO
The aim of this work is to propose an extended model for operating Business
Process Management (BPM), observing cultural and interpersonal factors. To achieve
the goal, it was developed three articles. In the first article, a literature review
exploring the relationship between the basic cultural assumptions of organizations and
new management technologies was held. As a result, the research presents a framework
that relates the new management according to the basic cultural assumptions,
identifying the management technologies that most affect or are affected by
organizational culture, giving a new perspective to the concepts underlying
management technologies, in which BPM fits. In the second article, we sought to
identify the Critical Success Factors (CSF) in a BPM initiative through literature
review and participant observation in a case study. The main results of this article
stands out: the identification of new CSF, not previously mentioned in the literature. In
the third article, we propose an extended model for implementation of BPM based on
the new CSF presented in the previous article, among them are: the lack of a framework
between the area of IT and Process Team; through the study of various implementation
methodologies and the relationship between areas was proposed an extended model to
solve the problem at hand. In addition, it was found that the few solutions proposed in
the literature are rarely related to the implementation and the adversities in the
interrelationship between the areas in an organization. Finally, the results should
enable future research in the BPM area.
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 1
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................... 1
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ......................................................................................... 3
1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................... 4
1.3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 4
1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 4
1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 4
1.4.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA ............................................................................. 4
1.4.2 JUSTIFICATIVA DOS OBJETIVOS ................................................................. 5
1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................... 5
1.5.1 CARACTERIZAÇÃO DO MÉTODO DE PESQUISA ...................................... 5
1.5.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .............................................................. 7
1.6 DELIMITAÇÕES ............................................................................................................ 7
1.7 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .............................................................................. 8
1.8 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 8
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 65
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 88
1 INTRODUÇÃO
Thomas Davenport e Michael Hammer foram uns dos poucos autores a difundir
os conceitos de gestão por processos de negócio no final da década de 80. O contraste
entre as empresas que utilizam a gestão por processos das tradicionais é evidente, pois
enquanto as baseadas no modelo anterior têm uma visão voltada para o que acontece
dentro de seu próprio nicho, as empresas organizadas por processos de negócios
priorizam: o cliente final, o trabalho em equipe, cooperação e a responsabilidade
individual (DUMAS et al., 2013).
universidades trabalharem em conjunto para criar soluções que promovam o sucesso das
iniciativas de mudança.
Outro problema está relacionado aos tipos e modelos de implantação BPM. Não
existe ainda uma definição sobre quais seriam os aspectos humanos em uma iniciativa
BPM. Com isto, a identificação de uma inter-relação humana entre as áreas,
identificando os perfis de quem opera a implementação do BPM e as diversas
metodologias de implantação, resultará na proposição de soluções para o tema. Por fim,
em um nível operacional, verifica-se uma carência de estudos que desenvolvam os
habilitadores do BPM, ou seja, os principais atores em iniciativas BPM. Este trabalho
4
1.3 OBJETIVOS
1.4 JUSTIFICATIVA
Etapas da Artigos da
Objetivo Geral Objetivos Específicos
Aplicação Dissertação
Explorar a relação entre os Artigo 1: Novas
pressupostos culturais (i) Identificação tecnologias de gestão
e cultura
básicos das organizações e e entendimento
organizacional:
novas tecnologias de do tema
revisão sistemática da
gestão; literatura
Na etapa (ii), partindo-se do que foi identificado na etapa (i), é verificado frente
a um estudo de caso com observação participante os fatores críticos de sucesso em uma
iniciativa BPM. Nessa etapa, são identificados novos fatores críticos de sucesso antes
não evidenciados na literatura. O artigo desenvolvido nessa etapa denomina-se “Fatores
Críticos de Sucesso em uma aplicação BPM: estudo de caso em uma IFES”.
1.6 DELIMITAÇÕES
Nessa subseção, são apresentadas algumas limitações da pesquisa apresentada
na presente dissertação. Primeiramente, é importante ressaltar que, como os conceitos
de Cultura Organizacional são identificados por diversos autores, com visões diferentes
(HOFSTEDE; HOFSTEDE, 2004; ROBINSON; SHARP, 2003; SCHEIN, 2010;
VATRAPU; SUTHERS, 2008), não é possível garantir a generalização dos resultados
obtidos. Os resultados são aplicáveis apenas à IFES estudada ou as que apresentem
características semelhantes.
Outras tecnologias de gestão atuais, como, por exemplo, ERP, TQM, Green
Chemistry, Innovation Management, não são estudados neste trabalho. Ressalta-se, no
entanto, a existência de oportunidades de pesquisa nessa área, dado o aumento do uso
dessas metodologias (BECKER, 2010). Ressalta-se que foram verificadas, durante a
8
revisão sistemática, linhas de pesquisa sobre inovação e cultura que não envolviam uma
tecnologia em si, mas somente o contexto da relação entre elas.
1.8 REFERÊNCIAS
AALST, van der; HOFSTEDE, A. F. M.; WESKE, M. Business Process Management.
In: International Conference of Business Process Management. Eindhoven: [s.n.], 2003.
ABPMP, BPM CBOK. Guide to the Business Process Management Common Body of
Knowledge. v.3.0, 1ª ed., ABPMP International, 2013.
BAUMÖL, U. Organisational Change. Wiesbadena: Gabler Verlag, 2008.
9
Resumo
Este artigo tem por objetivo explorar a relação entre os pressupostos culturais básicos
das organizações e as novas tecnologias de gestão. Através de uma revisão sistemática,
este estudo propõe uma reflexão contextualizada nos paradigmas culturais
organizacionais e das tecnologias de gestão mais presentes na atualidade, listando
valores e pressupostos destas áreas à medida que as relaciona em vários pontos. Como
resultado, a pesquisa apresenta um quadro que relaciona as novas tecnologias de gestão
em função dos pressupostos culturais básicos estabelecidos por Schein (2010),
identificando as tecnologias que mais afetam ou são afetadas, dando um novo panorama
aos conceitos subjacentes às tecnologias de gestão.
Abstract
This article aims to explore the relationship between the basic cultural assumptions of
organizations and new management technologies. Through a systematic review, this
study proposes a contextualized reflection in organizational cultural paradigms and
more gifts management technologies today, listing values and assumptions of these
areas as the lists at several points. As a result, the research provides a framework that
considers the new technologies based management of basic cultural assumptions
established by Schein (2010), identifying the technologies that most affect or are
affected, giving a new perspective to the concepts underlying management technologies.
2.1 INTRODUÇÃO
A tecnologia continua a ser uma força motriz da mudança no mundo dos
negócios e, de fato, na sociedade como um todo. A introdução de novas tecnologias no
local de trabalho continua a ser um desafio para os gestores e profissionais, e a
obrigação de gerir eficazmente tais mudanças não parece susceptível de diminuir a
qualquer momento no futuro próximo (BECKER, 2010).
Diante deste contexto, emerge a questão de pesquisa que norteou este trabalho:
Qual a tecnologia de gestão que mais se relaciona com Cultura Organizacional? O
objetivo desse artigo é explorar a relação entre os pressupostos culturais básicos das
organizações e novas tecnologias de gestão. Para tal, foi realizado uma revisão que
apresenta uma reflexão contextualizada dos paradigmas culturais organizacionais e das
tecnologias de gestão mais presentes na atualidade, listando valores e pressupostos
destas áreas à medida que as relaciona em vários pontos. O artigo está organizado por
seções. Na seção 2.2 é apresentado o método de pesquisa utilizado; Em seguida, a seção
2.3 e 2.4 trazem um referencial teórico sobre Cultura Organizacional e Novas
Tecnologias respectivamente; Em seguida, a seção 2.5 aborda o Modelo de Pesquisa;
por último, na seção 2.6, são apresentadas as conclusões e contribuições.
Para realizar a definição das palavras a serem pesquisadas nas bases de artigos,
foram analisados, de forma preliminar, alguns artigos que permitiram identificar as
palavras e expressões recorrentes. As palavras utilizadas por essa pesquisa são
apresentadas no Quadro 2.
Tipos de
Palavras Pesquisadas
Periódicos
"Organizational"
"Organization"
"New" "Organizations"
"News" "Technology" "Organisation" "Culture"
"Novelty" "Technologies" "Manag*" "Organisations" "Cultures" Todas as áreas de
"Newness" "Technological" "Company" "Cultural" conhecimento
"Innovation" "Companies"
"Innovations" "Enterprise"
"Enterprises"
"Administration"
"Institution"
"Institutions"
Após a definição das palavras e das bases de artigos a serem utilizadas, iniciou-
se a busca efetiva de trabalhos, a qual ocorreu em Outubro de 2014 (ou seja, artigos
publicados após essa data não estão apresentados nesta revisão). Para tanto, foram
utilizadas variáveis booleanas (OR, AND e *) para definir a amplitude da pesquisa e
gerar o máximo de combinações, buscou-se então por:
14
Retornaram dessa busca 1378 artigos, artigos duplicados foram excluídos, o que
resultou no total de 774 artigos únicos. A partir da análise do título, foram selecionados
102 artigos, ressaltando, no entanto, que um artigo era selecionado caso seu título
fornecesse algum indicativo de que seu tema atendia aos propósitos da pesquisa. Após a
análise dos resumos, selecionou-se 53 artigos para serem analisados de forma completa.
Após essa análise, chegou-se a 29 artigos, aos quais foram adicionadas mais 12 obras
consideradas relevantes por estarem diretamente relacionadas ao tema em questão, onde
9 delas versavam sobre as 3 tecnologias de gestão mais encontradas através do método e
3 sobre Inovação e Cultura Organizacional, envolvendo livros e artigos de conferência,
chegando-se a um total de 41 trabalhos para serem utilizados nesta revisão. É
importante ressaltar que artigos que realizavam discussões estritamente técnicas sobre a
área da Medicina e de serviços sociais (como, por exemplo, conceitos de grupo sociais,
tecnologias específicas de hospitais) foram desconsiderados.
Dos 41 trabalhos definidos para essa pesquisa, verificou-se que 28 (68%) eram
provenientes de periódicos científicos, 9 (22%) de congressos e 4 (10%) de livros. Os
periódicos com maior incidência de artigos foram: Journal of Business & Industrial
Marketing e Journal of Service Research.
“cultura” é uma palavra com muitos significados. Schein (1988) conclui que “cultura”
por si só é um construto cultural, ou seja, dificilmente será possível se estabelecer
isenção sobre a uma única abordagem.
válido para somente daí então, ser ensinado para novos membros que tornarão está a
forma correta de se perceber, pensar e sentir.
artigos e E2.0 com 5 artigos. Estas Tecnologias serão abordadas sucintamente nas
subseções subsequentes.
TI/ Designers
de sistema
A medida pode ser vista a partir de uma única dimensão holística (BHAT;
FERNANDEZ 2008) ou separado em alguns elementos específicos. Hung (2006)
identificou cinco elementos relevantes a ponto de BPM: infraestrutura; alinhamento dos
processos; atendimento ao cliente; envolvimento dos trabalhadores; e comprometimento
da alta gestão. Em um ambiente dinâmico, as empresas precisam se adaptar rapidamente
às necessidades dos clientes. Em ambientes turbulentos, o sucesso das empresas
depende de sua adaptação à mudança e nas necessidades dos clientes. A Figura 3 mostra
estas relações em detalhes (HUNG, 2006).
Formalidade
Interação
25
Ao longo dos últimos anos, desencadeada pelo sucesso da Web 2.0, e baseada
em aplicações sociais, como: wikis e blogs, software específico, como o meu MySpace,
Flickr e YouTube (PAPANIKOLAOU; MAVROMOUSTAKOS, 2008) ou, mais
recentemente, Facebook, LinkedIn e Twitter (GIBSON, 2009), tecnologias E2.0 têm
sido adotadas em ambientes de negócios. Dado que a colaboração é facilitada através
dos canais de comunicação que são oferecidas através do E2.0, é comum encontrar
bases de conhecimento ou outros sistemas de banco de dados que contenham
informações e documentos relativos à experiência do passado. Este princípio permite a
comutação - fundamental vantagem que uma E2.0 tem sobre as organizações
tradicionais. Porque as ligações entre funções organizacionais são em grande parte
eletrônicas e não físicas, é fácil substituir um componente fraco com um mais robusto
(MCAFFE, 2009). De acordo com os autores pesquisados, as tecnologias, como: wikis,
serviços de redes sociais ou blogs, têm um enorme potencial para fortalecer os laços
entre trabalhadores do conhecimento, permitindo um acesso mais rápido ao
conhecimento (BADER, 2010; MCAFEE, 2009; OLIVEIRA, 2012).
básicos e a tecnologia em si, de maneira que, para que seja aceita, é necessário que esta
já tenha sido implantada como o modo correto de se fazer dentro da organização.
Existem pesquisas que explicam que a adoção entre uma tecnologia ou outras,
pode influenciar na cultura da organização, o que confirma a existência de uma relação
entre elas, faltando somente saber qual resulta em mudança cultural ou impacta mais
nessa mudança e de que forma: gradual, drástica ou permanente (ROBINSON; SHARP,
2003; WHITWORTH; BIDDLE, 2007; NERUR 2005). Este trabalho investiga tal
relação, na tentativa de identificar as correlações entre os pressupostos culturais básicos
de Schein (2010) e as três Tecnologias de Gestão mais incidentes durante a revisão
sistemática. Através da análise dessas relações, busca apresentar um quadro indicando
qual Tecnologia impacta e/ou é impactada com maior intensidade. Conforme visto por
toda seção 3 deste artigo, existem vários fatores culturais relacionados na adoção de
novas tecnologias de gestão. O Quadro 3 relaciona os principais fatores culturais
identificados em cada uma das tecnologias encontradas através da revisão sistemática.
mesmo conceito, pois a medida que alinha suas estratégias aos processos, criando
padrões e moldando a estrutura organizacional da empresa, transforma o ambiente em
que está inserido.
Natureza da realidade e
Natureza da atividade
Natureza da natureza
Natureza do espaço
Natureza do tempo
relacionamentos
Natureza dos
da verdade
humanos
humana
humana
Tecnologias de
Fatores Culturais
Gestão
Em um ambiente organizacional
caracterizado pela complexidade,
diversidade, grandes demandas BPM engloba mecanismos e
a utilização do Business
mercadológicas e relação filosofias como o Lean, Six Hung (2006) identificou
Process Management,
tempo/velocidade cada vez Sigma e gestão da elementos relevantes a
passa a ser uma vantagem
Alinhamento por menores, o número de processos o BPM se estende por meio competitiva em relação a
qualidade total para ponto de BPM: envolvimento
BPM a serem geridos e monitorados de sua implementação em gerenciar processos de dos trabalhadores
Processos necessidades dos usuários e
em uma organização aumenta uma organização forma eficiente e de uma (NIEHAVES et al . 2010).
fornecedores (HARMON,
significativamente (HARMON, forma adaptável (Harmon,
2010).
2010) 2010).
O paradigma da orientação
por processo do BPM
abrange as dimensões Em um ambiente dinâmico,
Harmon (2010) descreve BPM
organizacionais, pessoas, as empresas precisam se
como o alcance e a evolução da
Visão Integrada processos e tecnologia, e adaptar rapidamente às
forma como as pessoas gerem
considera estrategicamente necessidades dos clientes
os negócios.
as ligações entre elas e o (Hung, 2006)
ambiente de negócios
(NIEHAVES et al. 2010).
Quando há muitos jogadores no
mercado, os clientes têm mais
oportunidades (opções o sucesso das empresas
alternativas) para satisfazer suas depende de sua adaptação à
Foco do Cliente necessidades e demandas, o que mudança e nas
acarreta em mais processos. necessidades dos clientes
(Harmon,2010; Morton e Hu, (Hung, 2006)
2008).
32
A cultura corporativa
formada a partir destas
inter-relações produz um
Sem padrão de ambiente altamente
Trabalho colaborativo ao contrário de
organizações tradicionais
(LEE, KIM e RAVEN, 2014).
Quadro 4: Relação dos Fatores Culturais das Tecnologias de Gestão e os Pressupostos de Schein (2010)
Fonte: Elaborado pelo Autor
33
trabalhadores e procuram o debate como medida para solução dos seus problemas são
propícias para implantação destas tecnologias. O fator cultural - Envolvimento da Equipe de
Negócios (BPM) foi o único fator dentre as tecnologias a obter relação com todos os
pressupostos culturais básicos. O que salienta o forte impacto que o BPM tem sobre a cultura
de uma organização.
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37
Resumo
O presente trabalho apresenta uma implementação do BPM (Business Process Management)
em uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES) que busca aprimorar seus processos de
trabalho. A partir da análise do processo atual, foram propostas melhorias visando otimizar
recursos, melhorar a confiabilidade e diminuir os custos advindos do mesmo. A principal
contribuição do trabalho é a identificação de fatores críticos de sucesso em uma iniciativa
BPM. O trabalho foi realizado envolvendo os setores-chave na execução de um processo, no
qual o pesquisador foi inserido como observador-participante durante as etapas de: (i) análise
contextual; (ii) mapeamento do macroprocesso; (iii) modelagem dos processos; (iv) validação
e análise dos processos; e (v) definição das ações de melhoria. Isso possibilitou uma
abordagem crítica do esforço de implementação. Como resultado, são apresentados os fatores
críticos de sucesso observados na revisão da literatura e durante a aplicação BPM, gerando
um quadro ampliado dos mesmos.
Abstract
This paper presents an implementation of BPM (Business Process Management) in a Federal
Institution of Higher Education that seeks to improve their work processes. From the analysis
of the current process, were proposed improvements to optimize resources, improve reliability
and reduce costs arising thereof. The main contribution of this work is the identification of
critical success factors in a BPM initiative. The work was carried out with the key areas in
the execution of a process in which the researcher was inserted as an observer-participant
during the steps of: (i) contextual analysis; (ii) mapping macroprocess; (iii) modeling of
processes; (iv) validation and analysis of processes; and (v) definition of improvement
actions. This enabled a critical approach of the implementation effort. As a result, the critical
success factors observed in the literature review and during the BPM application are
presented, creating a broad picture of them.
3.1 INTRODUÇÃO
Com a Revolução Industrial, no final do século XVIII, a produtividade aumentou
devido ao desenvolvimento de novas técnicas para a organização da força de trabalho. No
século XX, por volta de 1960, os computadores e infraestruturas de comunicação digital
foram introduzidos no contexto atual das organizações. Na década de 90, a popularização da
Internet alterou a relação corporativa, o que possibilitou um intenso acesso à informação.
Consequentemente, isto repercutiu ao longo do tempo, resultando em mudanças significativas
na organização do trabalho, no acesso à informação, na tomada de decisão, na elaboração do
planejamento estratégico, na flexibilização e customização de produtos e serviços, assim
como permitiu o desenvolvimento de novas formas de fazer negócios (BARBARÁ, 2006).
Na década de 60, os SIs eram desenvolvidos de forma linear, ou seja, dados e funções
eram tratados dentro da mesma aplicação; na década de 70, surgiu o banco de dados, as
aplicações passaram a ter maior capacidade e interface de fácil uso para back-up e tratamento
40
dos dados e informações. Na década de 80, com o surgimento das ferramentas gráficas, os
sistemas passam a integrar e disponibilizar maior sinergia entre máquinas e homens. Em
meados de 90, início dos anos 2000, o BPM ascende, juntamente com vários conceitos que
tentavam explicar melhor a integração e alinhamento de sistemas aos processos de negócio, o
BPM torna-se então um instrumento no desenvolvimento de SIs (AALST, 2012).
Gerir processos de negócio é mais difícil do que parece, pois muitos deles não
acontecem isoladamente, mas interagem entre si. A metodologia BPM pode contribuir para
aprimorar as atividades gerenciais, pois se baseia no alinhamento da Gestão de Negócios com
a Tecnologia da Informação visando a otimização e integração dos processos (SMITH;
FINGAR, 2007).
Em sua pesquisa voltada à para área pública, Vinheiros (2008) afirma que o sistema de
gestão por processos deve ser corretamente utilizado e otimizado, uma vez que os benefícios
advindos de seu uso correto facilitam a rotina de trabalho das pessoas que o utilizam e da
comunidade. O resultado prático da aplicação dessas iniciativas, tanto na dimensão da gestão
como na legal, vem produzindo economia para os cofres públicos. Apesar das dificuldades de
implantação, com o passar do tempo, o sistema gera comodidade aos usuários, possibilita à
organização condições de análise que minimizam a perda ou desvio de recursos, além de
trazer benefícios à sociedade, que paga impostos, e poderá ter a certeza da correta utilização
do material ou de produto comprado para uso no setor público com o mínimo desperdício,
mostrando-se assim zelo pelo bem comum.
Diante disto, emerge a questão de pesquisa que norteou este trabalho: quais são os
fatores de sucesso em uma iniciativa BPM? O objetivo desse artigo é identificar os fatores
41
críticos de sucesso em uma iniciativa BPM. Para tal, foi realizado um levantamento da
literatura e um estudo de caso, onde o pesquisador foi inserido nas etapas: (i) análise
contextual; (ii) mapeamento do macroprocesso; (iii) modelagem dos processos; (iv) validação
e análise dos processos; e (v) definição das ações de melhoria, para trazer uma análise crítica
sobre o estudo de caso.
O artigo está organizado por seções. Na seção 3.2 é apresentado um referencial teórico
sobre Gestão por Processos e BPM. Em seguida, a seção 3.3 aborda o BPM e seus fatores
críticos de sucesso. Na seção 3.4, consta dos procedimentos metodológicos do estudo de caso.
Já a seção 3.5, que trata do estudo de caso em si, é subdividida em subseções apresentando a
análise do Macroprocesso, o Mapeamento do Processo Efetividade de Terceiros (as is e to be)
e a proposição da automação do processo baseado nas melhorias identificadas nas etapas
anteriores, juntamente com os resultados da pesquisa, os quais trouxeram a identificação de
novos fatores críticos de sucesso, antes não reportados na literatura; Por último, na seção 3.6,
são apresentadas as considerações finais.
A maioria das organizações ainda tem seu modelo de gestão focado nas funções e
apresentam dificuldade para implantar o BPM e, consequentemente, para conhecer e melhorar
seus processos de negócio, implantar sistemas aderentes aos processos de forma a apoiar as
atividades administrativas, promovendo transparência nas informações (PINA, 2013). A
dificuldade em conhecer os processos organizacionais torna o levantamento de requisitos do
desenvolvimento de sistemas de informação uma atividade com risco de insucesso, visto que,
é neste momento que são definidos o escopo e as funcionalidades necessárias que o sistema
deve disponibilizar para apoiar os processos organizacionais melhorados. Neste caso, se o
43
sistema não for aderente ao processo e alinhado aos objetivos estratégicos da organização, a
implantação do sistema tende ao fracasso (BRODBECK, 2013).
Empresas que ainda utilizam sistemas tradicionais de organização e gestão por funções
perdem em agilidade e competitividade quando comparadas com empresas que são
gerenciadas por processos, modelo este, caracterizado fundamentalmente por valorizar a
estrutura horizontal, ser interdepartamental e basear-se na divisão de responsabilidades,
comunicação e transferência de informações (GONÇALVES, 2000; MULLER, 2003). O
Quadro 5 mostra as diferenças entre estas duas visões.
Albuquerque e Rocha (2008) relatam que a implantação da visão por processos deve
ser executada em fases, que começa com a sensibilização da diretoria do board da
organização. O próximo passo é a definição da estratégia, seguido do levantamento de todos
os processos da organização. Após, devem ser selecionados os processos críticos, ou seja, os
que mais alavancam as estratégias previamente traçadas. Para trabalhar nestes processos
críticos e sincronizá-los com a estratégia da organização, as equipes de trabalho são montadas
segundo o conceito de equipe ideal, compostas por pessoas chave de cada departamento ou
área na qual o processo tem interação, além de um profissional de recursos humanos e outro
de tecnologia da informação.
Dependendo dos objetivos da empresa, uma iniciativa de BPM pode abranger todos os
níveis organizacionais. Consequentemente, são necessárias precauções específicas para extrair
o melhor de seus benefícios. As pessoas são a chave do sucesso para as iniciativas de BPM
(FNQ, 2005). A FNQ (2005) afirma também que é preciso elaborar programas de incentivo
46
para haver maior participação e colaboração no ambiente interno à organização. Lock (2008)
apresenta um relatório demonstrando as práticas adotadas e indicações preventivas para não
falhar. Entre outros fatores, destacam-se: o alinhamento da TI com os processos de negócio,
apoio da alta direção e investimento no capital humano.
O trabalho foi realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que
está entre as melhores IFES do país, sendo primeiro lugar entre as universidades, conforme
última avaliação do Ministério da Educação (MEC). A Universidade conta com 32.065 alunos
entre os 237 cursos de graduação e pós-graduação, 2570 docentes e 2613 técnicos
administrativos. A Universidade passa por um momento singular na sua história, onde a alta
Gestão entendeu que era preciso abandonar os antigos preceitos da visão funcional por uma
visão mais integrada e coesa.
50
O roteiro definido para esta observação segue os seguintes passos: (i) caracterização
do estudo de caso; (ii) descrição e comentários; (iii) interpretação e inferência; e (iv)
proposição de novos FCS. Para realização do passo (i) foram realizadas reuniões semanais de
aproximadamente três horas de duração, no período de setembro de 2013 a março de 2014,
com os usuários-chave dos setores envolvidos: Gerência de Serviços Terceirizados (GERTE),
Fiscais das Unidades Gestoras de Recurso (UGR) responsáveis pela execução dos maiores
contratos de terceiros, Auditoria Interna (AUDIN) da UFRGS, Seção de Contratos (SEC),
Departamento de Contabilidade e Financeiro (DCF) e o Núcleo de Contratos e Normativas
(NUDECON). O Centro de Processamento de Dados (CPD), responsável pela área de
Tecnologia da Informação (TI) da Instituição, integrou-se somente ao final do projeto, após
todos os mapeamentos concluídos, para criação de um sistema para o processo em questão.
Os dados coletados foram recursivos ao longo de cada encontro, isto é, todos os dados de uma
reunião eram analisados entre uma e outra reunião e validados na reunião seguinte pelos
usuários-chave. Decisões cruciais foram validadas em grandes grupos, no intuito de obter o
comprometimento, a validação e certificação de todos. Todos os usuários selecionados são
Técnicos Administrativos de nível Superior com mais de 10 anos de experiência na casa,
especialistas no processo em questão. Para a análise do processo utilizou-se recursos gráficos
diretamente nas reuniões, sendo que, no início da reunião seguinte, todas as pendências eram
analisadas para os passos futuros.
Importante lembrar que alguns dados contêm informações confidenciais, que são de
uso exclusivo da instituição, portanto foram omitidos para preservar este direito
constitucional, o que não propiciou nenhum dano a pesquisa em si. As etapas (ii) e (iii) do
método serão abordadas na seção 5, enquanto a etapa (iv) é descrita na subseção 5.2.
Deste comentário, juntamente com o que foi observado, é factível relacionar dois FCS
abordados anteriormente: Envolvimento da equipe de negócio e Cultura voltada para
52
Pensava-se que o problema estava sendo gerado pelo DCF, responsável pelo efetivo
pagamento da folha terceirizada, no entanto, este tipo de pensamento advém de uma estrutura
funcional que insiste em trabalhar isoladamente e não por processos. A última etapa do
processo estava sendo o principal problema muito provavelmente porque existia uma restrição
anterior, portanto, somente uma análise aprofundada revelaria o real entrave do processo.
Se por parte da empresa o problema era dado na entrega das planilhas, o problema
constatado dentro da instituição era de como gerenciar os funcionários terceirizados, pois
além de numerosos eram designados a um fiscal por Unidade, sendo este funcionário técnico-
administrativo, que responde também pelas atribuições de seu cargo e muitas vezes não teria
tempo hábil para checar se o colaborador terceirizado simplesmente faltou ou foi substituído.
54
À medida que o sistema tomava forma ia passando por uma série de testes, onde
usuários e analistas de processos contribuíram tanto com a interface do sistema como com sua
operabilidade. O sistema foi disponibilizado no portal da UFRGS como mostra a Figura 8.
A implantação ainda contou com uma iniciativa de sucesso que foi anterior à criação
da equipe de processos e que tinha apoio da alta gestão. No entanto, a implantação não
possuía as etapas bem definidas, o que ocasionou vários atritos, principalmente com a área de
TI, a qual deveria ter participado do projeto desde as etapas iniciais do projeto e não somente
ao final delas. Através do observação-participante, foi possível perceber alguns fatores antes
não mencionados pela bibliografia. Estes FCS, juntamente com os apontados na literatura, são
apresentados no Quadro 8 de forma mais clara.
Alguns FCS por sua vez não foram evidenciados pelo estudo de caso, como:
Alinhamento com o Planejamento Estratégico e o Acompanhamento com indicadores de
Processo. O primeiro porque não houve a preocupação em se considerar o planejamento
estratégico do ano vigente para daí, então, verificar que haviam problemas no processo
observado. O que aconteceu foi a urgência em sanar um problema crônico já vigente. Já o
segundo, não foi possível observar, pois o estudo de caso não incluiu a etapa de
acompanhamento do processo pós-instalação do sistema (novo modelo do processo). O que é
factível mencionar é que houve redução nos custos e no tempo dos trâmites do processo,
porém é necessário medi-los corretamente para uma exata constatação.
Quanto aos fatores: análise dos esforços de automação que agregam valor e uso de
automação que integre ponta-a-ponta, foram identificados nas reuniões e pelo excesso de
sistemas obsoletos existentes na Instituição, a qual pecava por ter uma visão funcional e acaba
automatizando rotinas de uma área e não de um processo. O caso também apresentou o
estreitamento na relação processos e TI, onde se faz necessário uma atenção maior de como se
fazer esta condução para que se tenha o resultado esperado, o que resultou na descoberta do
64
quinto fator. A falta de um padrão de trabalho e comunicação entre as áreas foram a principal
evidência do terceiro fator.
O último fator descoberto é autoexplicativo. Para que uma iniciativa em BPM possa
conter todos os fatores anteriores e fazer com que se repitam ao longo dos anos em uma
organização, um produto de sucesso deve ser apresentado para a alta gestão, seja ele na
própria instituição ou em outra. O objetivo é fazer com que o board da empresa veja no BPM,
a solução para suas demandas.
Nesse aspecto, fica evidente que, cada nova iniciativa BPM, deve ser planejada dando
maior ênfase aos FCS e posteriormente, quando o projeto já estiver em andamento, focar no
gerenciamento desses fatores, o que envolve atividades de monitoramento e controle visando
alcançar os objetivos estratégicos da organização.
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67
Resumo
No contexto atual, a adoção de práticas de BPM é algo corriqueiro em uma organização. A
literatura sobre o tema, no entanto, ainda não aborda de forma clara quais atores devem
participar na sua implantação. Dado isso, este artigo tem por objetivo a proposição de uma
sistemática que contemple os principais atores, bem como suas inter-relações, ao longo das
etapas da implantação do BPM. Para tal, foram utilizadas duas fontes de dados para embasar
essa proposição: uma revisão bibliográfica e as observações feitas em um estudo de caso. A
sistemática proposta é composta por sete etapas: (i) estruturação do projeto; (ii) modelagem as
is; (iii) validação as is; (iv) diagnóstico; (v) análise; (vi) modelagem to be; e (vii)
homologação to be. Por fim, é detalhado, também, quais atores devem estar envolvidos em
cada etapa.
Abstract
In the current context, the adoption of BPM practices is imperative to the success of an
organization. The literature on the subject, however, not yet addresses clearly which actors
should be involved in its implementation. Given that, this article aims to propose a systematic
covering the main actors and their interrelationships, throughout the stages of BPM
deployment. To this end, we used two data sources to support this proposition: a literature
review and the comments made on a case study. The systematic proposed is composed of
seven steps: (i) structuring of the project; (ii) modeling as is; (iii) validation as is; (iv)
diagnostic; (v) analysis; (vi) modeling to be; and (vii) to be approval. Finally, it is detailed,
too, which actors should be involved at every stage.
4.1 INTRODUÇÃO
A globalização tem reforçado nas organizações a necessidade de diferenciar e explorar
as vantagens derivadas da integração de competências essenciais. Isto converge para
organizações que incentivam a experimentação, aprendem sobre novas práticas e tecnologias,
monitoram constantemente o ambiente, avaliam seu próprio desempenho, e têm o
compromisso de continuamente melhorar o seu desempenho. Estratégias, estruturas, sistemas
de recompensa, e práticas de comunicação devem ser concebidos de modo a incentivar a
inovação (DASGUPTA; GUPTA, 2009).
Nesse cenário, a BPM tem se destacado como uma metodologia que pode contribuir
no sucesso organizacional. A literatura indica que a BPM apresenta diversos benefícios para
as organizações que a implementam de forma estruturada e completa, tais como: foco no
cliente, alinhamento dos objetivos estratégicos com os objetivos dos processos, padronização
das atividades, aprimoramento do fluxo de informações entre os setores, foco nos resultados
finais, combate à visão departamental, aumento da confiabilidade das operações, menor
tempo de resposta, aumento da satisfação dos clientes, melhora no moral do pessoal, aumento
dos lucros e redução da burocracia (ZAIRI, 1997; DE TORO; MCCABE, 1997;
HARRINGTON 1993 apud MÜLLER, 2003).
Torres (2015) afirma que, mesmo quando as iniciativas em BPM são pensadas e
planejadas, tendem a enfrentar resistências, sejam elas estruturais ou relacionais. O
estreitamento na relação entre processos e Tecnologia da Informação (TI) é um fator crítico
de sucesso, onde se faz necessário uma atenção maior sobre a forma como fazer esta
condução para que se tenha o resultado esperado. A falta de um padrão de trabalho e
comunicação entre as áreas é a principal evidência desta problemática.
Diante deste contexto, emerge uma questão de pesquisa interessante: qual a melhor
forma de operacionalizar a implantação de BPM? A partir disso, o objetivo desse artigo é
propor uma sistemática que contemple os principais atores, bem como suas inter-relações, ao
longo das etapas da implantação do BPM. Para tal, utilizaram-se os resultados do artigo de
Torres (2015) e uma revisão bibliográfica, onde foram coletadas informações sobre os
métodos de implantação já reportados e a importância das relações humanas para o sucesso da
implantação, o que resultou na formulação de uma sistemática que contribui para a solução do
problema em questão.
Este artigo está organizado em seis seções. Na seção 4.2 é apresentado o método de
pesquisa utilizado. Em seguida, as seções 4.3 e 4.4 trazem um referencial teórico sobre o ciclo
de vida/metodologias de implantação do BPM e os desafios e impactos gerados pelas relações
humanas envolvidas em uma implementação BPM respectivamente. Após, a seção 4.5 aborda
a proposição da sistemática. Por último, na seção 4.6, são apresentadas as conclusões do
estudo.
71
O roteiro definido para esta pesquisa segue os seguintes passos: (i) identificar os
modelos/etapas de implantação do BPM e suas respectivas inter-relações humanas propostas
na literatura; (ii) aprender com a aplicação de Torres (2015); (iii) aplicar as propostas da
72
literatura nos resultados de Torres (2015); (iv) propor uma sistemática de operacionalização
do BPM baseado na experiência acumulada.
Para realização do passo (i), foi realizada uma revisão bibliográfica sobre as etapas da
metodologia BPM bem como suas principais metodologias de implantação e inter-relações
entre as áreas em uma aplicação BPM. Para atender aos passos (ii) e (iii), realizou-se uma
análise nos resultados da pesquisa de Torres (2015) para identificar a principal questão
levantada pelo autor e respondê-la com base na literatura relacionada. O passo (iv) é a solução
para a questão de pesquisa, onde se propôs uma sistemática para operacionalização do BPM
observando o que foi identificado nos passos (i), (ii) e (iii). A etapa (i) é abordada nas seções
3 e 4; Já os passos (ii), (iii) e (iv) do método, serão abordados na seção 5.
Para Smith e Fingar (2007), BPM abrange não somente a descoberta, desenho e
implantação dos processos de negócio, mas também o acompanhamento na execução,
administração e supervisionamento sobre eles, certificando-se que os mesmos continuem
alinhados aos objetivos do negócio, assegurando sempre a qualidade na entrega para o cliente
final. ABPMP (2013), em seu livro (BPM CBOK®) que referencia a metodologia BPM,
define BPM da seguinte maneira: "BPM é uma jornada, não um destino. A adoção de BPM
reforça a vantagem competitiva das organizações bem posicionadas. Organizações centradas
em BPM desfrutam de maior alinhamento entre a estratégia e a operação, maior resiliência
operacional, conformidade menos intrusiva e, certamente, aumento de produtividade".
Albuquerque e Rocha (2006) relatam que a implantação da visão por processos deve
ser executada em fases, que começa com a sensibilização da diretoria do board da
organização. O próximo passo é a definição da estratégia, seguido do levantamento de todos
os processos da organização. Após, devem ser selecionados os processos críticos, ou seja, os
que mais alavancam as estratégias previamente traçadas. Para trabalhar nestes processos
críticos e sincronizá-los com a estratégia da organização, as equipes de trabalho são montadas
segundo o conceito de equipe ideal, compostas por pessoas chave de cada departamento ou
área na qual o processo tem interação, além de um profissional de recursos humanos e outro
de tecnologia da informação.
BPM, diversas publicações já foram feitas com esse objetivo. Em geral, as metodologias para
implementação do BPM detalham atividades a serem realizadas durante o seu ciclo de vida
(ZUR MUEHLEN; ROSEMANN, 2004; AALST et al., 2003; WESKE, 2007).
Uma das metodologias de implantação de BPM mais difundidas foi apresentada por
Cruz (2008). A metodologia é composta por oito etapas: (i) análise inicial das necessidades,
(ii) documentação, (iii) desenho e análise do processo atual, (iv) análise, (v) redesenho, (vi)
modelagem e criação do novo processo, (vii) implantação do novo processo), (viii)
gerenciamento dos processos. É importante ressaltar que as sete primeiras etapas são
realizadas de forma pontual para cada processo e a oitava etapa é realizada de forma cíclica.
A metodologia proposta por De Sordi (2012) é composta por seis atividades que uma
organização deve fazer para realizar a gestão de um processo. As atividades são: (i)
desenvolvimento da cultura de gestão por processos de negócio, a qual pode ser atingida
através de treinamentos e capacitações para os colaboradores e gestores da organização; (ii)
identificação e seleção de processo de negócio, o qual deve ser crítico para a organização
atingir seus objetivos estratégicos; (iii) preparação da equipe multidisciplinar para o projeto
do novo processo de negócio; (iv) levantamento e documentação do processo atual; (v)
análise e reestruturação do fluxo de execução e ambiente de gerenciamento do processo de
negócio atual; e (vi) adaptações necessárias nas tecnologias de integração e nos sistemas de
informação. Verifica-se que, comparada a metodologia proposta por Cruz (2008), a de De
Sordi (2012) é mais abrangente, pois considera os aspectos estratégicos na seleção de um
processo.
A metodologia proposta por Rummler e Brache (1994) é uma das mais difundidas na
literatura. Os autores propõem cinco fases: (i) seleção do processo crítico e apoio da gerência
para o projeto de melhoria; (ii) definição de metas para o processo selecionado e definição da
equipe de atuação; (iii) entendimento do processo atual e identificação de oportunidades de
melhoria; (iv) projeto do processo, considerando as melhorias identificadas na fase anterior;
(v) implementação do processo.
Albuquerque e Rocha (2006) propõem um método composto por cinco fases: (i)
formulação e classificação da estratégia; (ii) análise de contexto, no qual busca-se entender de
forma geral os relacionamentos existentes processo a ser modelado; (iii) análise do processo
atual, onde é realizada a modelagem do processo e a análise do mesmo; (iv) redesenho do
75
Por fim, apresenta-se a metodologia GRESSUS, a qual foi proposta por PINA (2013).
Acredita-se que essa metodologia seja uma das mais completas, pois contempla todo o ciclo
de vida do BPM. As etapas da metodologia GRESSUS são: (i) sensibilizar sobre BPM, no
qual o conceito de BPM é disseminado para os colaboradores e a alta gestão da organização a
fim de que todos estejam envolvidos no projeto; (ii) estruturar o escritório de processos, o
qual será responsável por direcionar a implantação do BPM; (iii) planejar projeto de
processos, que é o momento em que serão selecionados os processos prioritários; (iv)
capacitação da equipe; (v) modelar processo no seu estado atual; (vi) proposição de melhorias
processos e mapeamento do estado futuro, contemplando as melhorias; (vii) implantação do
processos; e (viii) gestão do processo, que é o momento em que deve-se fazer o
acompanhamento do processos através de indicadores de desempenho.
Apesar da crescente adoção da gestão por processos pelas organizações, pouco se sabe
sobre as melhores práticas para a organização e gerenciamento das equipes de trabalho. Para
analisar os papéis assumidos e as responsabilidades da equipe de gestão, deve-se ter uma
visão clara de seu trabalho (ABPMP, 2013).
Apesar das divergências, existem muito mais pontos comuns do que adversos nestas
duas figuras, a figura de um “gerente responsável pelo processo”, independentemente da
nomenclatura (Dono ou Gestor), terá a difícil tarefa de fazer com que profissionais de
diferentes áreas, organizações e perfis, que desempenham diferentes papéis, interajam com
interesse e motivação para superar obstáculos (PAVANI; SCUGUGLIA, 2013). A
identificação destas oportunidades tem o propósito de conseguir entregar sempre, produtos e
serviços de maior valor agregado a seus clientes finais (foco do cliente) (VINHEIROS, 2008).
Segundo Slavicek (2001), no futuro, processos e TI podem ser capazes de evoluir e co-
evoluir em si, mas a intervenção humana é hoje necessária e com os seres humanos vem à
questão dos relacionamentos, redes sociais e compartilhamento de ideias e conhecimentos.
Estas restrições são primordialmente: redes de comunicação que envolve linguagem
simbólica, restrições culturais, as relações de poder e assim por diante.
(ii) ao se adotar a visão de gestão por processos repercute uma série de alterações na estrutura
da organização, onde a eliminação das barreiras de comunicação causam maior sinergia e
interação entre profissionais de diferentes áreas (VINHEIROS, 2008), este artigo propõe uma
sistemática para operacionalizar esta interação.
Definição dos
objetivos da iniciativa
BPM e dos Equipe de (ALBUQUERQUE;
Estruturação parâmetros do projeto processos e ROCHA, 2008);
do Projeto de (cronograma, equipe Responsável pelo (BRODBECK et al.,
Processo executora e Processo (equipe 2013) ;(CRUZ,
stakeholders) além do de negócios) 2008); (PINA, 2013).
entendimento do
processo.
(ALBUQUERQUE;
ROCHA, 2008);
Gerente do projeto, (BRODBECK et al.,
equipe de 2013) ;(CRUZ,
Modelagem as Modelagem do estado
processos, equipe 2008); (PINA, 2013);
is do processo atual do processo.
de negócios e dono (DE SORDI, 2012);
do processo. (PINA, 2013);
(RUMMLER;
BRACHE, 1994);
Cruz (2008); De
Sordi (2012);
Validação do Gerente do Projeto,
Rummler; Brache
processo atual e equipe de
Validação as is (1994);
identificação de processos, equipe
do processo Albuquerque; Rocha
oportunidades de de negócios, dono
(2008); Brodbeck et
melhorias do processo.
al. (2013); Pina
(2013).
82
Cruz (2008); De
Sordi (2012);
Apresentação do Rummler; Brache
Gerente do Projeto,
estado atual do (1994);
Diagnóstico do equipe de
processo e análise do Albuquerque; Rocha
processo processos, equipe
valor agregado do (2008); Brodbeck et
de negócios
processo al. (2013); Pina
(2013); Torres
(2015)
Cruz (2008); De
Sordi (2012);
Gerente do Projeto,
Analisar Rummler; Brache
Equipe de
cuidadosamente o (1994);
Análise do processos, equipe
processo observando Albuquerque; Rocha
Processo de negócios, dono
e definindo melhorias (2006); Brodbeck et
do processo e
e indicadores al. (2013); Pina
Analista da TI
(2013); Torres
(2015)
Cruz (2008); De
Sordi (2012);
Modelagem do estado Rummler; Brache
Gerente do Projeto,
futuro do processo, (1994);
Modelagem to Equipe de
introduzindo-se as Albuquerque; Rocha
be do processo processos, Equipe
melhorias verificadas (2006); Brodbeck et
de negócios
na etapa anterior. al. (2013); Pina
(2013); Torres
(2015)
Cruz (2008); De
Sordi (2012);
Escritório de
Confirmarção do Rummler; Brache
processos, atores
Homologação modelo com todos os (1994);
do processo, dono
to be do envolvidos/ Albuquerque; Rocha
do processo e alta
processo Implantação do novo (2006); Brodbeck et
gestão (em alguns
processo al. (2013); Pina
casos).
(2013); Torres
(2015)
A primeira etapa, estruturação do projeto, tem por finalidade obter uma compreensão
geral do processo e definir os objetivos da implantação BPM. Esse é o momento em que é
formalizado o projeto para essa iniciativa, definindo-se o cronograma para a implantação, a
equipe de processos envolvida, os stakeholders (equipe de negócios) e seus principais
requisitos. Além disso, esboça-se um mapa conceitual para o processo e um mapeamento de
alto nível, denominado de macro-processo. Nessa etapa, devem estar envolvidos a equipe de
processos (Escritório de Processo), o dono do processo e os atores envolvidos no processo.
83
fazem com que as respostas, quando da decisão de automatizar ou não um processo, sejam
mais céleres e eficientes. Com os atores bem definidos e a relação entre Equipe de Processos,
no caso em questão o Escritório de Processos, e a área de TI em harmonia, o projeto tende a
ser executado sem muitas adversidades.
Após a realização das reuniões de diagnóstico, são realizadas reuniões para análise do
processo, a partir da modelagem as is e do diagnóstico realizado, e definição de melhorias e
do novo processo (to be). É importante destacar que, nesta etapa, não é realizada a
modelagem to be, mas um desenho do novo processo, ou seja, projeta-se como o processo
deveria ser para atender as necessidades dos stakeholders, alcançar os resultados esperados e
cumprir os objetivos do projeto, acordados na primeira etapa.
4.6 CONCLUSÃO
A partir de uma pesquisa bibliográfica e análise do estudo de caso de Torres (2015),
foi possível identificar e analisar as relações entre os diversos atores em uma implantação
BPM. Durante as etapas da sistemática, o artigo se deteve a indicar quais eram os melhores
atores para cada inter-relação. Com isto foi possível atingir o objetivo principal do trabalho
que era a proposição de uma sistemática que contemplasse os principais atores, bem como
suas inter-relações, ao longo das etapas da implantação do BPM.
Academicamente, esta pesquisa trouxe uma nova visão dentro das etapas do BPM,
delineando sua operacionalização e mapeando a atuação de cada ator, bem como explicitando
os diversos níveis de interação entre as áreas atuantes. Nesse aspecto, fica evidente que, cada
nova iniciativa BPM, deve ser planejada e executada dando maior ênfase às inter-relações
pessoais.
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89
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1 CONCLUSÕES
A presente dissertação teve como tema a Cultura Organizacional e as relações
interpessoais na implantação de uma nova tecnologia de gestão - BPM. Verifica-se que o
BPM possui a maioria de suas pesquisas focadas nas etapas de seu ciclo de vida, não
considerando especificamente cultura organizacional e relções interperssoais. Isso resulta em
um conhecimento escasso sobre a aplicação do conceito a essa linha de pesquisa. Como
existem diversas oportunidades de pesquisa em relação ao BPM (ABPMP, 2013), esta
dissertação teve como objetivo abordar, de forma ampla, os conceitos do BPM, já difundidos
na literatura, na cultura organizacional e inter-relacional.
Assim como Berthon et al. (2001) argumentara, memória organizacional pode criar
inércia e restringir o futuro da mudança cultural organizacional, a pesquisa descobriu que a
história da mudança pode ter impacto sobre pessoas. Em organizações com um histórico
pobre na implementação de BPM, os funcionários podem resistir à mudança, como a história
e sua memória coletiva lhes diz que a nova tecnologia não vai funcionar de forma eficaz e
aprendê-la pode não valer a pena o esforço.
Desta forma, os indivíduos desenvolvem o que Gieskes e Hyland (2003) viram como
rotinas defensivas organizacionais que impedem a aprendizagem e a aceitação da mudança.
Uma pobre história ou a história positiva da mudança está ligada a sentimentos e expectativas
dos indivíduos. Como Akgun et al. (2003) observou que, desaprender envolve a mudança de
crenças organizacionais, normas e valores e crenças e valores de um indivíduo irão influenciar
suas expectativas e sentimentos. Se as pessoas esperam e sentem que BPM é uma mudança
positiva, então elas devem estar preparadas para esquecer as velhas formas. No entanto, se os
seus sentimentos e as expectativas são negativas, então elas irão ter dificuldade em
desaprender os hábitos anteriores, conhecimentos e comportamentos, estarão então, menos
propensos a abrir mão da visão anterior (HAMEL; PRAHALAD, 1994; NYSTROM;
STARBUCK, 1984).
Apesar das limitações, este estudo detém importante implicações para a investigação
do trabalho social-tecnológico. As organizações lidam com diversas situações adversas na
atualidade e para que isto não se torne algo corriqueiro dentro da empresa, a cultura
91
Academicamente, esta dissertação trouxe uma nova visão dentro das etapas do BPM,
delineando sua operacionalização e mapeando a atuação de cada ator, bem como explicitando
os diversos níveis de interação entre Cultura Organizacional, Pessoas e BPM.
• Estudos sobre o BPM e serviços virtuais: BPMS e camadas SOA, ainda não é
estudado em profundidade os impactos nas relações humanas desse tipo de serviço;
5.3 REFERÊNCIAS
ABPMP, BPM CBOK. Guide to the Business Process Management Common Body of
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