3579 10183 1 SM

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 5

SEMIÓTICA: SUA CONTRIBUIÇÃO PARA AS ARTES VISUAIS

Cristiano J. Steinmetz; Rafaela Citadin

Resumo: O objetivo deste artigo é tecer questões acerca da Semiótica,


relacionando-a com o curso Artes Visuais. Este estudo foi de cunho bibliográfico
e qualitativo, apresentando resultados que demonstram o quão importante é a
utilização desta ciência ao curso. Sendo assim, ressalta-se que o conhecimento
dos acadêmicos e docentes sobre os benefícios que a mesma proporciona é de
grande relevância.

Palavras-chave: Semiótica. Linguagem Visual. Artes Visuais.

Introdução

Este artigo científico tem o propósito de realizar discussões e informar


sobre a Semiótica. De acordo com SANTAELLA (1983, p. 1): "O nome [...] vem
da raiz grega semeion, que quer dizer signo. Semiótica é a ciência dos signos”.
Porém, não está relacionada ao zodíaco ou à Astrologia, mas sim aos signos
presentes nas linguagens, que permitem a comunicação e a troca de
informações. Isto é,

[...] A Semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação


todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o
exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno
como fenômeno de produção de significação e de sentido.
(SANTAELLA, 1983, p. 2)

Considera-se signo tudo que existe em forma de representação, e,


portanto, quanto maior nosso domínio sobre ele, mais clareza teremos ao
transmitir a mensagem desejada. Segundo BUORO (2002, p.46, apud VIANA,
2008, p.1):
a ampliação da consciência visual possibilita a construção de um
repertório de imagens significativas para o sujeito, capacitando-
o a imaginar, criar, compreender, ressignificar, criticar, escolher
entre uma infinidade de ações possíveis.

É nesse sentido que se envolve, principalmente, a mídia e o marketing:


as propagandas; os outdoors; todos têm por trás um objetivo e uma mensagem
central, que norteiam toda a composição. Inclusive, os artistas também procuram
estabelecer uma comunicação, tanto específica quanto subjetiva, através de
seus trabalhos.

Peirce agregou muito à tal ciência, especialmente sobre a linguagem


visual. Por meio de estudos onde buscava entender como os signos se
apresentam a nossa consciência, desenvolveu “conceitos e dispositivos de
indagação que nos permitem descrever, analisar e interpretar linguagens”
(SANTAELLA, 1983, p. 15). Ele entendia que a nossa própria percepção do
mundo acontece por meio da interpretação de signos, e que linguagem,
percepção e signo são elementos inseparáveis e imprescindíveis para
compreensão do mundo. Desta forma os seus estudos se mostram de grande
relevância para o campo das Artes Visuais, pois não podemos pensar Arte sem
o uso de linguagens.

Assim, Pierce formulou definições e classificações para os signos e, além


disso, criou “[...] três modalidades possíveis de apreensão de todo e qualquer
fenômeno” (SANTAELLA, 1983, p. 9). São elas:

Primeiridade: É relacionada com a qualidade - a sensação imediata de


algo; nossa primeira impressão, sem que nos remeta a algum sentido ou
lembranças.

Secundidade: É ligada à existência – a identificação de que aquela


qualidade anterior existe em um local; é a sua materialização.
Terceiridade: Corresponde à nossa interpretação do signo em um todo –
parte em que a primeiridade e secundidade se unem em uma síntese intelectual.

Um exemplo bem simples: Primeiridade: Azul; Secundidade: Céu;


Terceiridade: O azul do céu.

Agora, levando os estudos de Pierce para o campo das Artes Visuais,


entendemos a obra de arte como portadora de uma dessas três modalidades de
classificação:

Na obra de arte estão contidos ícones e índices, qualidades e


reações que produzem interpretações do mundo. Como lógica
expressiva, a arte tem, portanto, um status de terceiridade, pois
enquanto signo consiste num símbolo que justifica outro
símbolo. (NETTO, 2013, p. 263)

Em vista disso, o objetivo desta pesquisa é demonstrar a importância do


uso da Semiótica em relação ao curso de Artes Visuais, levando em conta que,
como acadêmicos do mesmo, notamos diariamente a ligação que as disciplinas
possuem com imagens e os diversos significados através delas.

Para que possamos ampliar ainda mais as discussões, apresentamos à


seguinte pergunta: Qual a contribuição que a Semiótica Peirceana traz para o
curso de Artes Visuais?

Resultados e Discussão
Somos seres simbólicos, ou seja, de linguagem - desde os primórdios da
existência humana, a comunicação é feita por meio de representações.
As pessoas são seres simbólicos que criam ativamente seu
mundo através da interpretação, que não é um ato autônomo,
mas sim, coletivo: os indivíduos interpretam com o auxílio dos
outros, os significados são construídos através de interações.
(MARTUCCI, 2001, p. 167)
Isso não mudou, ainda trocamos informações por meio de signos.
Entretanto, no mundo atual somos bombardeados com milhões de dados
simultaneamente - justamente pelo avanço da tecnologia e das
telecomunicações - que se torna rotineiro e muitas vezes não percebemos a
gama de interesses por trás de uma simples imagem. Estamos acostumados a
observar uma representação em seu todo - já os semioticistas procuram dividir
todos os elementos, estudar o efeito de cada um, para que deste modo, o
objetivo central seja transmitido com maior êxito ao final de uma interpretação
dos elementos linguísticos.
Levando tudo isso em consideração, constatamos, através de
experiências vivenciadas, que nas Artes Visuais há sim, o constante uso de
imagens, muitas vezes apresentando um conteúdo simbólico e significativo.
Essas imagens podem ser criadas usando técnicas de abstração, por exemplo,
que por sua vez, podem trazer em si a pratica da leitura semiótica. Tal leitura iria
possibilitar que novas interpretações e significados coletivos surgissem através
de discussões, permitindo o desdobramento significativo da obra.

É nessa questão que entra a Semiótica Peirceana, pois com seu uso é
muito mais fácil interpretar a mensagem específica que uma obra detém,
reduzindo o espaço para as variadas interpretações subjetivas que poderiam ser
formadas (ainda considerando a importância da subjetividade como um meio
vital pelo qual, parte da arte contemporânea, por exemplo, se manifesta e se
articula). Utilizar e compreender a Semiótica seria benéfico, seja na explicação
de um conteúdo; seja em um trabalho acadêmico; ou até mesmo em uma
produção artística.

Considerações Finais
Acredita-se que, a Semiótica Peirceana trará uma grande contribuição
para o estudo das linguagens presentes no curso de Artes Visuais, pois, assim,
serão melhor utilizadas, analisadas e interpretadas. Porém, destaca-se que esse
estudo se distancia das questões publicitárias, apesar de também se
correlacionarem com o assunto.
Contudo, pelo curto período de tempo, não foi possível ampliar as
pesquisas para que as propostas aqui descritas pudessem ser aplicadas, sendo
esse o próximo passo para estudos futuros dentro deste campo.

Referências
MARTUCCI, Elisabeth Márcia. Estudo de caso etnográfico. Revista de
Biblioteconomia de Brasília, [S.l], v. 25, n. 2, p. 167-180, 2001. Disponível
em:
<http://www.brapci.ufpr.br/brapci/_repositorio/2010/03/pdf_1e9bd793d3_00087
83.pdf>. Acesso em: 28 out. 2016.

NETTO, Marinilse; PERASSI, Dr. Richard; FIALHO, Dr. Francisco Antonio


Pereira. Estudos semióticos: análise perceptiva e a terceiridade peirceana na
obra “Jogos Infantis” de Pieter Bruegel. 2013. Disponível em:
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/projetica/article/view/15541/13430>.
Acesso em: 28 out. 2016.

SANTAELLA, Lúcia. O que é Semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983.


Disponível em:
<https://drive.google.com/file/d/0B0wb01fQa_9cYjc5YWI0YmEtZjExNi00YmFjL
Tg3ZGItNTY2YzE3YjZlZWQz/view?layout=list&ddrp=1&cindex=6&pid=0B0wb0
1fQa_9cMzA5NWM4M2UtM2Y4OS00MzRkLTk1MzktMzAzZjY1ZGVjYzM5&sor
t=name>. Acesso em: 28 out. 2016.

VIANA, Alice de Oliveira. Repensando a cidade contemporânea: o método da


semiótica visual para a leitura de imagens. Revista Espaço Acadêmico, [S.l],
v. 89, p.1-1, out. 2008. Disponível em:
<http://www.espacoacademico.com.br/089/89viana.htm>. Acesso em: 28 out.
2016.

Você também pode gostar