Ergonomia em Odontologia

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ERGONOMIA EM ODONTOLOGIA

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1 - A Ergonomia Aplicada À Odontologia:

Generalidades:
Desde o despontar da História, o homem vem lutando para avaliar o fardo de seus
esforços diários; considerada a longa extensão do percurso feito, seu progresso tem sido
constante e seguro.
Muito desse progresso se deve à aplicação de certos princípios aos projetos de máquinas,
equipamentos, sistemas e tarefas, com o objetivo de melhorar a segurança, saúde,
conforto e eficiência do trabalho.
Esses princípios estão regidos por um conjunto de regras que recebe o nome genérico de
Ergonomia.

O Que É Ergonomia?
A Ergonomia (ergon – trabalho; nomos – regras) é a “ciência que estuda as leis naturais do
trabalho humano”, isto é, a interação do homem ao ambiente de trabalho e deste ao
homem.
Permite estudar o trabalho em termos do “sistema homem-máquina-ambiente”. Assim,
configura-se a vastidão poliprofissional que compõe a Ergonomia: o homem, mediante a
aplicação de conhecimentos de psicologia, anatomia, fisiologia, antropometria, toxicologia,
biomecânica; a máquina, com conhecimentos de desenho industrial engenharia mecânica,
eletrônica, informática e gerência industrial; e o ambiente, através da adequação de
fatores como iluminação, temperatura, ruídos e cores.
Quando todo esse conjunto atua harmonicamente tem-se o trabalho sendo produzido da
maneira mais natural possível, com qualidade de vida da equipe profissional.
Na maioria das vezes, nota-se que o profissional CD está muito mais preocupado com o
que está fazendo do que como está fazendo.
Assim, doenças do sistema ósteo-muscular (dores nas costas, bursite, tenossinovites) e as
psicológicas (estresse, p. ex.) podem ser atribuídas ao mau projeto e ao uso inadequado
de equipamentos, sistemas e tarefas.
A Ergonomia contribui decisivamente para reduzir esses problemas. Na atualidade, os
equipamentos odontológicos são muito bem projetados. Resta, portanto, fazer com que
sejam adequadamente utilizados, para que os sistemas se tornem eficazes e as tarefas ou
ações sejam produtivas.
Em Odontologia, a Ergonomia tem como objetivos racionalizar o trabalho, eliminar
manobras não produtivas, produzir mais e melhor na unidade de tempo, proporcionar
maior conforto e segurança ao paciente.
Órgãos internacionais como IEA (International Ergonomics Association), ISO (Internacional
Standardization Organization) e FDI (Federation Dentaire International) homologaram as
normas e diretrizes oficiais extraídas das conclusões de estudos, bem como catalogaram
os conceitos ergonômicos aplicados à Odontologia.
Embora fundamentais à boa prática odontológica, notam-se serem escassos os cursos de
Odontologia que oferecem uma Disciplina ou mesmo um conteúdo programático que
contemple esses conhecimentos.
Assim, este manual destina-se a orientar o futuro profissional, bem como o recém formado
ou mesmo o profissional com mais tempo de graduação, na prática de uma Odontologia
mais produtiva, visto que racionalizada.

2 - A Localização Profissional:

Sem dúvida, a pesquisa de mercado para instalar-se profissionalmente é fundamental.


Objetivos que devam nortear aquele que busca onde iniciar sua vida profissional: para
onde vou? Como proceder? Quando chegarei lá? Que tipo de clínica pretendo? Quais os
meios? Quais as etapas?
A pesquisa de mercado visa coletar informações de natureza profissional, social e cultural.
Entidades como IBGE, CFO, APCD, ABO, Prefeituras, entre outras, podem contemplar
dados a respeito da relação habitantes/ profissionais CD, especialidades nas cidades-alvo
da pesquisa, existência de serviços públicos (Divisão Odontológica do Estado e das
Prefeituras) e assistenciais (SESC, Sindicatos e outros) que podem acenar com a
possibilidade de um emprego inicial, como base para firmar-se profissionalmente no local.
Há que verificar-se o número e tipo e laboratórios e casas de artigos odontológicos; tipo e
diversificação de comércio, número de agências bancárias (indicam a potencialidade
econômica da região). Atente-se para os serviços de saúde local, bem como a qualidade
dos serviços públicos. Importante a presença de lazer: clube sociais e/ou desportivos.
Muito importante o nível e a qualidade dos recursos educacionais. Não se esqueça de que
você poderá constituir sua família nesse local e esses recursos serão fundamentais na
educação dos filhos.
Culminando essa pesquisa, atente para o detalhamento cultural presente na cidade. Isto é
importante na complementação de sua formação intelectual.
Definida a cidade, há que se eleger o ponto de instalação profissional. Centro ou bairro?
Isto depende de seus objetivos e subjetivos. Edifício ou casa térrea? Ambos oferecem
vantagens e desvantagens. Há que se pensar no fator segurança, nos custos de
manutenção (condomínio e outras despesas), bem como na possibilidade de futura
ampliação de suas instalações. Há que se pensar na facilidade de acesso e
estacionamento de seus pacientes. Analisar-se o que é mais expressivo: fluxo de pessoas
ou de veículos. Via do tipo bulevar (“calçadão”) ou rua/ avenida? Isto tudo irá influenciar
integralmente a sua indicação profissional: onde e como colocar a sua placa indicativa?
Em edifício, o saguão de entrada contém o painel indicativo. E se for em casa térrea? Não
se esqueça de que sua indicação na fachada dos muros limitantes do imóvel, bem como a
colocação de sua placa no jardim ou mesmo do tipo “totem” na calçada são muito
estratégicos para a visualização de seus pretensos pacientes.
Saiba que a Portaria do CFO publicada em 01/08/98 liberou todas as formas de
propaganda, inclusive outdoors. Apenas é vedado anunciar preços e forma de pagamento
dos tratamentos.
Comunique-se! Saiba tornar-se conhecido!

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Primeiro3 - A Instalação Do Consultório:

Para obter a melhor distribuição de espaços no consultório, deverá ser escolhido um local
que permita a instalação ergonômica dos equipamentos, propiciando condições ideais de
ambientação e de integração ao trabalho, melhorando sua qualidade e produtividade. Por
isto, a instalação do consultório demanda dois importantes fatores: a adequação do imóvel
e a infra-estrutura (representada por água, ar comprimido e eletricidade).
A adequação do imóvel representa o primeiro passo. Dependendo da cidade, existem
edifícios onde se encontram salas previamente concebidas para consultórios
odontológicos, com áreas que variam desde as necessidades mínimas para um CD (sala
de recepção de 6 a 8m², sala de clínica com 9m² e um sanitário com 2m², portanto, área
total de 17 a 19m²: um pequeno grande mundo!), até à instalação ideal ou sofisticada: sala
de recepção: 8m², sanitário de paciente: 2m², escritório: 6m², 2 salas de clínica: 9m² cada,
sanitário da equipe: 4m², laboratório ou similar: 6m², copa: 4m². Portanto, serão 48m²
totalmente aproveitáveis.
Em qualquer destas alternativas, há que se atentar para o fluxo interno: a disposição das
salas deve ser bem elaborada, de modo a evitarem-se pontos de atrito entre os ocupantes.
Muito importante a admissão do paciente: seu trajeto entre a entrada e seu atendimento
deve ser mais curto, evitando-se sua circulação em diagonal pela sala de recepção.

SALA DE RECEPÇÃO - esta é o primeiro ponto de contatarão entre o pretenso paciente e


o consultório. Quanto mais adequado estiver o ambiente físico, mais agradável será a
permanência de pessoas.
Assim, a primeira preocupação é quanto à área a ser destinada à sala de recepção, em
torno de 6 a 8m², de acordo com o fluxo de pacientes. O piso e paredes deverão ser
revestidos em material refratário e de fácil limpeza. A escolha, por exemplo, de piso frio
deverá ser muito criteriosa, pois este deve ser absolutamente não escorregadio. Da
mesmo maneira, não se recomenda o uso de carpete ou forração similar, por razões
óbvias: a probabilidade de retenção de poeiras e/ou manchamentos decorrentes do uso
contínuo. Pisos tipo emborrachados tendem a sofrer desgaste nos locais de uso mais
constante.
A escolha poderá recair sobre materiais do tipo sintético simulando madeira, com muita
variedade de padrões que certamente irão compor agradavelmente o ambiente.
As paredes poderão ser simplesmente revestidas de massa corrida, pintadas com tinta
acrílica, que permite fácil higienização. Também o revestimento de madeira sintética ou
ampliações fotográficas devidamente impermeabilizadas compõem muito bem, aliados à
facilidade de limpeza.
Comodidades – sempre que possível, utilize apenas poltronas para individualizar cada
usuário. Outra solução é utilizar-se banco de alvenaria contínuo, alternando-se um
assento/ encosto com um revisteiro. Também muito importantes as variações necessárias
para odontopediatria no caso de você atender adultos e crianças: estas necessitam
identificar-se com o seu mundo, ou este local não oferecerá o menor atrativo para o
pequeno paciente.
Os detalhes de iluminação, temperatura, ruídos e cores serão detidamente analisados no
capítulo “Ambiente físico e produtividade”.
ESCRITÓRIO – Outra consideração igualmente importante é que o paciente não deva ter
acesso direto da sala de recepção à sala de clínica, mas sim pelo escritório. Explica-se:
quando este acesso se faz diretamente da recepção à sala clínica, corre-se o risco de a)
constrangimento do paciente que está sendo atendido, no caso de um terceiro bater à
porta por alguma razão e b) se este terceiro tomar conhecimento, visualmente, da
intervenção que está sendo realizada no paciente, isto poderá caracterizar quebra de sigilo
profissional (Art. 154 do Código Penal Brasileiro) com seriais implicações ao profissional.
Assim, a presença do escritório contribui sobremaneira para: a) ser uma área neutra entre
o ambiente social – sala de recepção – e o ambiente profissional – sala de clínica; b)
primeiros contatos entre o profissional e um pretenso paciente; c) fazer-se o inquérito de
saúde, inclusive obtendo-se o perfil psicológico deste que nos procura; d) local para fazer-
se diagnóstico, prognóstico, planos de tratamento e recebimento de honorários; e)
recepção de terceiros, respeitando-se a individualidade do paciente que está sendo
atendido na sala clínica; f) utilização de recursos instrucionais áudio-visuais; g) uso
particular de telefone; h) arquivos de documentos e fichas.
Dependendo da disponibilidade da área, o escritório pode ter dimensões que variam de 4 a
8m², para conter adequadamente a mesa e cadeira do profissional, cadeira para terceiros,
armário para arquivo e diversos, negatoscópio e telefone.
Importante salientar que as características de piso e paredes devam ser similares às da
sala de recepção.
Se houver um único sanitário, que este fique adstrito ao escritório e não à sala de
recepção. Explica-se: dada a individualidade do escritório, se alguém da equipe ou
aguardando na sala de recepção necessitar usar o toalete, pode fazê-lo sem
constrangimento.
Outra recomendação útil: se possível, que tenha admissão e saída independentes, para
que o paciente atendido não retorne pela recepção.
 SALA CLÍNICA – sua concepção deve conter todo o detalhamento da
infraestrutura (água, energia, ar comprimido e esgoto) e do ambiente físico, para
ser adequadamente funcional.

 água: há que atentar-se para o local de emergência da tubulação na sala clínica,


bem como o reservatório específico para motores de alta rotação. É necessário
haver registro específico para a sala clínica.

 eletricidade: é necessário haver um quadro de disjuntores para tomadas, motores,


iluminação e ar condicionado; com isto, evita-se a descontinuidade do fluxo de
trabalho, se houver problema em algum circuito específico

 ar comprimido: absolutamente necessário ao trabalho. Pode ser fornecido


mediante compressor modelo odontológico ou convencional, ou mediante cilindros
de ar estéril. Se for modelo odontológico, há que ser aquele que tenha ótimo
desempenho e baixo nível de ruídos.

Deve-se atentar para o local de emergência da tubulação na sala clínica, bem como os
cuidados na manutenção; há os tipos que são lubrificados a óleo e outros que apresentam
lubrificação mediante pó de grafite.
O revestimento acústico colabora ainda mais para que possa ser instalado na própria sala
de clínica.
Maiores detalhes dos tipos de compressores serão expostos no capítulo “O equipamento
de concepção ergonômica”.

 esgoto – em princípio, este deve ter pelo menos o dobro do diâmetro da tubulação
de água, sendo dotado de filtro que impeça qualquer probabilidade de
entupimento. Seu acesso, bem como o local de saída, devem ser bastante
facilitados, para permitir inspeção eventual.

Convém ressaltar que o ponto de emergência da tubulação de água, ar comprimido,


energia elétrica, esgoto e o comando dos sugadores deva estar contido no Módulo de
Comando, situado a 30 cm do eixo longitudinal na lateral esquerda da base da cadeira,
próximo aos pés, considerando o CD destro; atualmente, há equipamentos cujo módulo de
comando encontra-se embutido na base da cadeira clínica.

 aspectos de praticidade – sua dimensão ideal é em torno de 9m², para permitir


abrigar todo o equipamento, o CD, o ACD e o paciente, evidenciando a
funcionalidade. O esquema de circulação do paciente deve ser estratégico: sua
admissão e saída devem ser mediante porta à direita ou à frente da cadeira clínica,
para que não interfira na área de ação de CD e ACD. A distribuição do
equipamento estará de acordo com a posição da cadeira clínica: esta deverá estar
em diagonal ao longo eixo da sala, o que permitirá a distribuição dos armários de
estoque, em forma de L ou U, de acordo com a necessidade ou preferência do CD.
Importante enfatizar que, de acordo com o CVS (Centro de Vigilância Sanitária), é
absolutamente imperiosa a presença de dois lavatórios mesmo que o CD trabalhe só: um
destina-se à higienização de suas mãos e outro à lavagem do instrumental a ser
esterilizado, ambos com liberação automatizada de água.
Ressalta-se que o piso e as paredes devam ser de material o mais refratário possível.
Os detalhes sobre iluminação, temperatura, ruídos e cores serão expostos no capítulo
“Ambiente físico de trabalho”, a seguir.

4 - O Ambiente Físico De Trabalho:

O desempenho de uma tarefa profissional é condicionado, entre outras, por condições


gerais do ambiente físico, tais como iluminação, temperatura, ruídos e cores.
Os estudos sistemáticos sobre os aspectos ergonômicos, visando a melhoria de
produtividade, demonstram a necessidade de adequar-se convenientemente o ambiente
físico de trabalho.

Sala De Recepção E Escritório:


Iluminação – deve proporcionar atmosfera agradável, de efeito repousante. Se possível,
que haja a presença de iluminação natural. Na impossibilidade, procure promover
iluminação artificial adequada, mediante lâmpadas comuns (filamento aquecido) ou
“lâmpadas econômicas” com 2.700°K (luz amarela),com nível adequado (cerca de 500
lux), para permitir correta visibilidade na leitura ou lazer na recepção.
Temperatura – o ar-condicionado é um substituto da ventilação natural renovando o ar
ambiental, resfriando ou aquecendo o ambiente, procurando-se manter a umidade relativa
desejada.
Ruídos – devem apresentar um nível sonoro agradável, produzido, por exemplo, por
música instrumental. Impõe-se o isolamento acústico em relação à sala de clínica.
Cores – respeitadas as preferências individuais, estes ambientes devem ter predomínio de
tons quentes nas superfícies mais amplas, pois isto confere uma sensação aconchegante
e agradável ao ocupante.

Sala De Clínica:
Iluminação – as condições de visibilidade dos objetos devem ser tais que permitam ao
observador a realização da tarefa visual com segurança, precisão, rapidez e eficiência.
Preferencialmente, a sala de clínica deve apresentar dois tipos de iluminação: natural e
artificial.
A iluminação natural ideal é aquela obtida quando a janela situa-se numa posição em que
oferece a iluminação proveniente da direção Norte: isto permitirá excelente qualidade de
iluminação, bem como evitará a incidência de raios solares diretos dentro da sala de
clínica. É também importante para a seleção de cores de dentes artificiais, desde que em
horário compatível.
Além disso, a iluminação natural tem seu efeito psicológico sobre os indivíduos: sua
ausência torna-se opressiva tanto para o paciente quanto à equipe profissional.
A iluminação artificial permite complementar a iluminação natural. A sala de clínica deve
apresentar, basicamente, três diferentes intensidades de iluminação:

 área periférica: é aquela situada nos limites da sala, com aproximadamente 500 lux
de iluminação;

 área de ação: compreende o espaço onde se situam os elementos de trabalho do


CD e ACD (0,5 m em torno do apoio de cabeça do paciente), com intensidade
luminosa entre 800 e 1000 lux;
 área de intervenção: compreende a boca do paciente, com um nível mínimo de
15.000 lux.

As áreas periféricas e de ação devem receber iluminação por lâmpadas tubulares


fluorescentes. Algumas condições, em conjunto, definem a qualidade da iluminação, entre
as quais, não deve modificar as cores com que os objetos se mostram, em comparação à
luz natural.
Um tipo de lâmpada tubular fluorescente adequado à prática odontológica é a G.E
Duramax super luz do dia 40 W 5.500º K (6 lâmpadas para uma sala clínica com até
10m²); outro tipo bastante satisfatório é a G.E. High Output (HO) super luz do dia 85 W
5.500 Kº (3 lâmpadas para uma sala clínica com até 10m²); ambas proveem intensa
iluminação de excelente qualidade e reproduzem adequada discriminação de cores devido
à temperatura de cor: 5.500 ºK.
A área de intervenção (cavidade bucal) deve receber iluminação com nível mínimo de
8.000 lux. Essa intensidade é conseguida com refletores de luminosidade fria: apresentam
lâmpadas de tungstênio-halogêneo ou LEDs (semicondutores que geram luz fria com
grande vida útil a partir de uma baixíssima quantidade de energia, irradiando grande
intensidade de luz).

 Temperatura – é imprescindível a utilização de aparelho de ar condicionado para


manter-se o conforto térmico (21/22 º C) e a estabilidade dos materiais
odontológicos em uso. Além disto, renova o ar saturado com substâncias químicas
volatilizadas e microorganismos em suspensão, presentes na sala de clínica.

 Ruídos – os níveis ideais de ruídos situam-se entre 60 e 70 dB (decibéis); entre 70


e 90 dB aumenta a sensação de desconforto (atenção! Os motores de alta rotação
convencionais situam-se na faixa de 82 a 86 dB); entre 90 e 140 dB, alto risco da
acuidade auditiva; aos 140 dB situa-se o limite da dor, com sério risco de dano
irreversível da membrana timpânica

Na sala de clínica temos os ruídos ambientais (motores: compressor de ar, dependendo do


tipo; aparelho de baixa rotação, condicionador de ar), turbinas de alta rotação, sucção de
alta potência e outros; recomenda-se a substituição de aparelhos ruidosos, do local da sua
instalação, etc. Os ruídos externos compreendem todas as formas de poluição sonora:
ruas de trânsito intenso e outras, sendo de mais difícil controle.

 Cores – estudos realizados pelo Canadian Color Studio (Toronto, Canadá),


indicam que o profissional trabalhando em ambiente cromaticamente concebido
pode render cerca de 10% a mais; as cores inadequadas podem influir
negativamente do rendimento do trabalho.

Ao contrário do que ocorre na sala de recepção, a sala de clínica deve apresentar, sempre
que possível, cores frias (verde, azul); os tons pastéis em verde são especialmente
recomendados para obter-se uma atmosfera repousante, complementada pela harmonia
cromática dos demais componentes (piso, equipamento e ornamentos).
Um detalhe importante: a cor branca ou gelo deve ser evitada, pois devido ao fato de ser
extremamente reflexiva, leva à fadiga visual, globo ocular injetado, tendência a esfregar os
olhos. Mesmo o guardanapo colocado no paciente deve apresentar cor fria. A cor branca é
aceita, no máximo, para o teto da sala de clínica.
Uma sugestão para a sala de clínica:

 paredes: bege claro (é a cor que mais adequadamente reflete a iluminação);

 equipamento: bege mais claro, com pintura semi-brilho e estofamento verde água;

 armários (estoque e clínico) na mesma cor do equipamento, em fórmica fosca, com


tampo também verde água;

 piso: verde mate

É importante notar, especialmente na sala de clínica, onde a equipe permanece em média


oito horas ao dia, que as cores devam obedecer a critério científico, para criar uma
atmosfera aconchegante, acolhedora, de forma a permitir uma produtividade satisfatória.

5 - A Simplificação Do Trabalho:

Em princípio, todo trabalho pode ser simplificado, racionalizado. Na Odontologia acontece


a mesma coisa. Se cada ato profissional for decomposto, veremos que ele abrange
tempos, ações e movimentos. Quanto mais o tempo for melhor aproveitado e quanto mais
consistentes e racionalizados forem os movimentos, mais produtivo será o trabalho.

Estudos Dos Tempos:


Em Odontologia, temos:

 Tempo (ou turno) profissional: é aquele dedicado ao exercício da profissão, com


atendimento aos pacientes ou dedicando-se ao aperfeiçoamento (cursos,
congressos, jornadas e similares);

 tempo despendido produtivo: compreende as ações prévias, simultâneas e


complementares à realização do trabalho;

 tempo despendido improdutivo: também conhecido como tempo de espera. É


aquele que interrompe o fluxo de trabalho, tal como aguardar a chegada do
paciente, a indução anestésica, a substituição de brocas, o tempo de presa do
material, etc. Nem sempre este tempo pode ser eliminado, mas sim minimizado.

Estudos De Ações:
O conjunto de atos destinados à produção de um trabalho compreende dois tipos de ação:
as diretas (ou irreversíveis) e as indiretas (ou reversíveis).
As ações diretas são as realizadas na boca do paciente, exclusivamente pelo CD. Exigem
conhecimento tecno-científico universitário, sendo fundamentais na geração do produto
final.
As ações indiretas são realizadas fora ou dentro da boca, porém não requerem formação
universitária por quem realiza. São as ações que, preferentemente, devem ser delegáveis
a outra pessoa adequadamente preparada para essas tarefas, ou seja, a ACD (auxiliar de
consultório dentário). Estas ações indiretas são três tipos: as prévias, as simultâneas e as
complementares a qualquer intervenção, e podem ser sintetizados no seguinte fluxograma:

Quando ambos os tipo de ações, as diretas e as indiretas são realizadas simultaneamente,


tem-se o aumento de produtividade, bem como a situação de conforto e a melhoria de
qualidade de trabalho, com manifesta diminuição do processo de fadiga.

Estudos Dos Movimentos:


A classificação geral da movimentação (cinética) da mão compreende os movimentos de:
1 – dedos
2 – dedos e punho
3 – dedos, punho e antebraço
4 – dedos, punhos, antebraço e braço
5 - dedos, punhos, antebraço, braço e ombro, movimento este implicando mudança de
postura do profissional.
Em odontologia, é clássico afirmar-se que o movimento ideal é aquele contido até ao nº 3
ou seja, aquele em que o CD realiza suas tarefas (alcança, move, gira, posiciona, aplica
pressão, apreende e descarta instrumentos) mantendo os cotovelos o mais próximo
possível do tronco, isto é, que o instrumental, o material e as pontas ativas estejam dentro
do chamado espaço ideal de apreensão (aproximadamente a 0,5 m da boca do paciente).
O movimento nº 4 é realizado dentro do chamado espaço máximo de apreensão (todo o
conjunto de trabalho está além de 0,5 m da boca do paciente), o que exige a extensão de
todo o braço: isto envolve um número adicional de músculos, o que propicia o
desencadeamento precoce do processo de fadiga; a repetir-se com freqüência passa a ser
francamente agressivo, promovendo episódios inflamatórios que podem culminar nas
lesões por esforço repetitivo (LER).
Especial atenção deve ser dispensada à coluna vertebral durante a realização do
procedimento: os movimentos de lateralidade devem ser reduzidos e os de torção,
abolidos.
A utilização adequada de pessoal auxiliar e a racionalização de técnicas, bem como o
ajuste às limitações fisiológicas do corpo relativamente aos movimentos dele requeridos,
devem estar presentes no planejamento do procedimento a ser realizado.
Para que isto ocorra, algumas condições precisam estar presentes:

 equipamento adequado, onde os princípios ergonômicos tenham sido observados


na concepção da cadeira, do mocho, das pontas ativas, da unidade auxiliar, do
refletor e do armário clínico;

 distribuição racional do equipamento e do instrumento nas áreas de ação do CD e


de ACD;

 posturas ergonômicas de trabalho;

 utilização eficiente de pessoal auxiliar, inclusive na função instrumentadora.

6 - O Equipamento De Concepção Ergonômica:

Cadeira Clínica:
Este importante componente do equipamento deve preencher determinados requisitos,
quais sejam:

 sua forma deve ser reta e simples, permitindo que o paciente seja
confortavelmente instalado. Deve permitir posicionamento horizontal do usuário (a
chamada posição supina). Isto mantém seu corpo totalmente apoiado, facilitando o
acesso do profissional ao campo de trabalho; o apoio de cabeça deve ser
ajustável, propiciando a visão direta a todos os segmentos da cavidade bucal, seja
na mandíbula ou na maxila, na distância correta de visibilidade.
 o comando deve ser elétrico, tanto para sua elevação e descenso quanto para o
reajustes horizontais. Este comando, se possível, deve ser um dispositivo tipo
pedal localizado na parte posterior da base da cadeira, para ser acionado tanto por
CD quanto por ACD.

 o apoio de braços da cadeira deve ter design moderno, com movimentação ou


não, permitindo fácil acesso do paciente.
Mocho:
Este componente deve preencher os seguintes requisitos:

 sua base deve ter preferentemente 5 rodízios, para permitir deslocamento sem
risco de queda. A altura do assento deverá permitir que o profissional com variação
de estatura de 1,50 m a 1,80 m possa sentar-se corretamente, isto é, com o fêmur
paralelo ao solo, o que permitirá que a circulação de retorno (hemodinâmica) se
processe naturalmente, sem risco de compressão das safenas, situadas na porção
póstero-interna da coxa. O diâmetro do assento poderá ser em torno de 30 cm, de
consistência semi rígida. Sua elevação pode ser à gás ou mecânica. O encosto
deve proporcionar correto apoio à coluna vertebral lombar, apresentando
regulagens em altura e profundidade de acordo com o biótipo do usuário. Os
mochos de CD e de ACD devem ter as mesmas características.
Pontas Ativas:
Nome genérico das canetas de alta e baixa rotação, bem como da seringa tríplice. As
características ideais de uma caneta de alta rotação compreendem: extratorque, nível de
ruído até 75 dB, de 3 a 4 orifícios de resfriamento, sistema friction grip com saca brocas ou
push-button de liberação de broca, acoplamento de mangueira tipo Borden para facilitar a
maneabilidade do instrumento. Muito importante é que, se possível, a mangueira não seja
espiralada ou curta, para evitar contra-pressão ao usar o aparelho. A pressão de ar de
trabalho deve ser em torno de 32 e 35 Ibs, com RPM acima de 400 mil.
A caneta de baixa rotação, seja a peça reta ou o contra-ângulo, também deva ser
impulsionada a ar, pois, psicologicamente é mais bem aceita pelo paciente. Presença ou
não de sistema de resfriamento.
O esquema de lubrificação deva ser rigorosamente obedecido, a critério do fabricante.
Muito importante o sistema de esterilização: estas pontas ativas devem ser passíveis de
autoclavagem.
A seringa tríplice sempre impõe o recobrimento de sua ponta, para evitar contágio entre
pacientes.

Unidade Auxiliar:
É composta pela unidade suctora (suctor e salivador) e a cuspideira. Unidade de Água
Syncrus Alcance 4T BV UE
O suctor é o dispositivo para a sucção de alta potência, destinado ao trabalho com campo
seco. Esta potência deve ser propiciada por bomba à vácuo, que pode suprir 4
consultórios simultaneamente (BIO VAC IV) ou 2 consultórios simultaneamente (BIO VAC
II).
Em qualquer tipo de atendimento, observe-se que o paciente não deve levantar-se para
cuspir: a sucção deverá ocorrer o tempo todo. O kit Suctor deve apresentar alternativas de
acoplamento em coluna ou em laterais de armários.

O salivador, dispositivo de sucção de baixa potência, destina-se a intervenções onde o


isolamento absoluto seja necessário, ficando sob o lençol de borracha, para conforto do
paciente.
A cuspideira, confeccionada em porcelana esmaltada, destina-se ao conforto do paciente,
apenas quando encerrado o atendimento.
Um recurso muito valioso é o suporte de pontas ativas com extensor, dotado de um
aparelho fotopolimerizador Optlight LD Max. Este dispositivo extensor permite posicionar
os terminais próximos ao C.D., quando este trabalha só, isto é, não trabalha auxiliado a 4
mãos.

Refletor:
Durante a intervenção sempre impõe-se a presença de iluminação fria, mediante o
conjunto de lâmpadas de tungstênio-halogêno ou LEDs (semicondutores que geram luz
fria com grande vida útil a partir de uma baixíssima quantidade de energia, irradiando
grande intensidade de luz).
A intensidade luminosa deve variar de um mínimo de 8 mil até 35 mil lux, níveis que
permitem a adequada iluminação de todos os quadrantes da cavidade bucal. Seu
acionamento pode ser:
a) mediante interruptor com haste longa, impondo seu recobrimento como medida de
biossegurança;
b) mediante acionamento através do pedal de comando da cadeira.
O braço do refletor deve ter extensão suficiente para que o foco luminoso recaia
verticalmente na boca do paciente, quando na posição supina.

Mesa Clínica E Armário Clínico:


São elementos do equipamento que permitem complementar o trabalho racionalizado.
Contêm a bandeja de instrumentos e materiais, que devem ser dispostos de acordo com a
seqüência de uso na intervenção a ser realizada. Assim, por exemplo, um procedimento
de dentística restauradora abrange cinco fases: anestesia, preparo, isolamento, forramento
e restauração. Cada uma destas fases demanda o instrumental e o material necessários, o
que permite organizar a bandeja adequadamente num trabalho a quatro mãos. Se
levarmos esse raciocínio para todos os tipos de intervenção clínica, teremos a aplicação
dos princípios de produtividade na sua plenitude.

Periféricos:
É óbvio que a excelência de serviços oferecidos e realizados conta ainda com outros
recursos valiosos, como os periféricos de alta qualidade.

Jet Sonic 30.000 Hz:


Ultra-som e jato de bicarbonato. Sistema piezoelétrico. Aparelho que reúne características
de ultra-som convencional com multifunções, proporcionando máxima eficiência clínica em
diversas especialidades.
Jet Sonic US 30.000 Hz:
Ultra-som piezoelétrico.
Atenção especial deve ser dada a um importante elemento do equipamento: o compressor
de ar. Como na maioria das vezes este componente está na sala de clínica ou próximo a
ela, impõe-se que, além de alta eficiência, tenha um nível de ruído muito compatível,
satisfatório (entre 50 e 60 dB) a ponto de sequer ser percebido pela equipe e o paciente.

7 - O Equipamento De Concepção Ergonômica:

Finalmente, como recomendação de biossegurança extremamente necessária, há que se


atentar para a esterilização. Esta é um processo capaz de destruir todas as formas de vida
microbiana como bactérias, fungos e vírus, inclusive na sua forma vegetativa e esporulada.
Os métodos de esterilização mais comuns em Odontologia são o uso de calor seco
(estufa) e o calor úmido (autoclave), sendo este último o meio mais eficaz e prático. A
eficiência de cada método estará na dependência das recomendações do fabricante do
produto, bem como na seqüência rotineira do protocolo de esterilização (GUANDALINI, S.
L. et al. “Como controlar a infecção na Odontologia”. Gnatus Divulgação, Londrina, 1997,
88p.)
Distribuição Racional Do Equipamento E Instrumental:
Para a análise da distribuição do equipamento na sala clínica, as entidades ISO/ FDI
convencionaram dividir a sala idealizando um mostrador de relógio: o centro corresponde
ao eixo dos ponteiros e à boca do paciente, quando em posição supina, e círculos
concêntricos (A), (B) e (C) de raios 0.5, 1.0 e 1.5 metros respectivamente, que se destinam
à localização dos elementos do equipamento.

Divisões Das Áreas Da Sala:


- Eixo 6-12 horas: divide a sala em duas áreas, à direita e à esquerda da cadeira. Estas
áreas são destinadas ao CD e à ACD, respectivamente.
- Área limitada pelo círculo (A): os instrumentos e as pontas ativas do equipo devem estar
situados nela, compreendendo a área de transferência (espaço ideal de apreensão). Aí
também devem estar os mochos.
- Área limitada entre círculos (A) e (B): é a área útil de trabalho, alcançada nos
movimentos com o braço estendido (espaço máximo de apreensão).
- Área limitada entre os círculos (B) e (C): indica a área da sala clínica, não devendo
exceder os 3 m de diâmetro para não se tornar anti-ergonômica. Aí se localizam os
lavatórios e armários fixos, sendo que suas gavetas, quando abertas, devem alcançar o
círculo (B).

Classificação Dos Equipos Quanto À Sua Mobilidade:


Um equipo de concepção ergonômica pode ser classificado em semi-móvel e totalmente
móvel.
O equipo semi-móvel é conectado à estrutura da cadeira mediante uma haste/ coluna,
permitindo assim ascensão/descenso. A partir da coluna, uma haste com ajuste para
movimento horizontal e vertical contém o equipo com as pontas ativas, tantas quantas
forem necessárias. Apresenta uma ou mais alças para permitir sua aproximação à posição
adequada ao trabalho do CD, seja destro ou sinistro (canhoto).

O modelo totalmente móvel compõe-se de uma plataforma sobre rodízios. A partir dessa
base, uma coluna sustenta o equipo, a uma altura padrão. Mediante alças, o conjunto
pode ser movimentado à vontade, também seja o CD destro ou canhoto.
Estes conceitos compreendem um sistema de classificar o equipamento de intervenção do
CD e a unidade auxiliar em tipos 1, 2, e 3 (modelos nacionais), conforme sua localização.
A inscrição gráfica de diferenciação do elemento do CD e o da ACD se faz mediante uma
barra: o que estiver à esquerda significa o equipo e à direita representa a unidade auxiliar.
Exemplo: 1/1, 1/2, 2/1, etc.

Equipo:

 É posicionado à direita da cadeira odontológica e à direita do CD.

 É localizado à esquerda do CD e atrás da cadeira, sendo somente do tipo


totalmente móvel.

Equipo: Conceito Básico 3


Localiza-se por sobre a cadeira, mais à direita ou à esquerda, conforme o CD seja destro
ou canhoto. Será sempre do tipo semi-móvel.

Unidade Auxiliar:

 Localiza-se à esquerda da ACD e da cadeira clínica, estando conectada a esta.

 A seringa tríplice e o Kit Suctor/ Salivador situam-se à direita da ACD e atrás da


cadeira, compondo o equipo do tipo móvel do CD. A cuspideira permanece
conectada à cadeira.

 A seringa tríplice e o Kit Suctor/ Salivador situam-se por sobre a cadeira,


compondo o equipo do tipo semi-móvel do CD. A cuspideira permanece conectada
à cadeira clínica.
Observação: Estes elementos combinados formam várias concepções de equipamentos,
de acordo com CD destro ou canhoto. Seqüência de diagramas: 1/1, 1/2, 2/1, 2/2, 3/1, 3/2,
3/3. Embora o diagrama traga o conceito 4/4, a indústria nacional não oferece esta opção.
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