Sociologia Do Trabalho

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS

SOCIOLOGIA DO TRABALHO

O processo de desenvolvimento da indústria têxtil no Maranhão

Professor: Inaldo Bata


Aluno: Lucas Moreira

São Luís - MA

julho/2018
O processo de desenvolvimento da indústria têxtil no Maranhão

Lucas Moreira

MELO, Maria Cristina Pereira de. O bater dos panos; um estudo das relações de trabalho na
indústria têxtil do Maranhão (1940 – 1960). São Luís, SIOGE, 1990.

Neste texto, abordaremos o processo de ascensão e decadência da indústria têxtil no


Brasil e, em especial, no estado do Maranhão. Na obra intitulada “O bater dos panos: um
estudo das relações de trabalho na indústria têxtil do Maranhão (1940 – 1960)”, da
economista Maria Melo, encontramos um recorte histórico desse desenvolvimento industrial
no Maranhão.

O contexto que nos é apresentado é de um Brasil colonial recém-inserido na divisão


internacional do trabalho, no qual seu papel como colônia é exportar a matéria-prima à
Europa – a partir do trabalho escravo – e receber os produtos já industrializados em solo
europeu. Maria Melo aponta para um Brasil que se desenvolvia para um capitalismo industrial
antes mesmo de meados do século XX, mas desde o final do século XVIII, acompanhando o
então ideal desenvolvimentista propagado pela Revolução Industrial e, é na produção de
tecidos, principalmente, que o período industrial brasileiro irá se iniciar.

Segundo a autora, o desenvolvimento no Brasil se deu de maneira regionalista, isto é,


cada região, conforme sua economia local – contribuindo para isso, a sua geografia, uma vez
que até então a base econômica advinha de matéria-prima agrícola – desenvolvia-se de modo
diferente. O Sudeste, por exemplo, como maior exportador do café, a principal matéria-prima
que o Brasil até então exportava, apresentou-se com um grande potencial desenvolvimentista,
não atoa que os primeiros maquinários industriais advinham desta região. Assim, nosso
desenvolvimento era compatível como nosso grau de capital (MELO, 1990).

O processo de industrialização no Brasil criou a necessidade de uma organização do


trabalho. É nesse contexto que se desenvolvem as leis trabalhistas, que viriam para garantir
alguns direitos aos trabalhadores da época de constante mudança nas forças produtivas de
trabalho, uma vez que grande parte da composição de trabalhadores das indústrias, eram
crianças e mulheres com cargas de trabalho exaustivas. A indústria brasileira têxtil entra em
decadência quando o mercado têxtil encontra algumas dificuldades de acompanhar o avanço
tecnológico dos grandes maquinários, passando a produzir mais gastos e menos lucros,
invertendo a lógica da composição orgânica do capital1.

Na segunda metade do século XVIII, o Maranhão adentrou para a divisão


internacional do trabalho como um dos principais exportadores de matéria-prima agrícola,
entre elas, algodão, o arroz e o couro. A criação das indústrias que revolucionavam a Europa
neste período fez nascer uma competição no mercado têxtil de produção de tecidos no qual o
Maranhão, como grande produtor de algodão, inseriu-se, com a mão-de-obra escrava, como
grande região para o desenvolvimento têxtil (MELO, 1990). O algodão, antes utilizado para
fins particulares, passa agora a pertencer à indústria, suprindo as necessidades do mercado
europeu que, paulatinamente, adentrava nos territórios maranhenses (MELO, 1990).

Com o fim do trabalho escravo legal, os então senhores do mercado brasileiro,


migraram suas atividades baseadas no trabalho escravo, e voltaram-se para a atividade
industrial, tendo como principal matéria-prima, o algodão. O sistema de peonagem 2 criava
uma nova versão do trabalho escravo e criava a necessidade dos trabalhadores, compostos em
suma de homens, crianças e mulheres pobres – em contraste com a região Sudeste, que
desenvolvia uma mão-de-obra estrangeira – de habitarem casas ao redor das fábricas cedidas
pelos grandes capitalistas (MELO, 1990). Esse controle sobre os trabalhadores possibilitava a
eliminação de absenteísmo e atrasos na produção.

Uma vez que o mercado nacional ainda não estava unificado, o Maranhão era o
principal exportador de tecido da região Nordeste. Assim, não encontrava necessidade de
renovar seu quadro de maquinaria que, até meados do século XX, já se apresentava 100%
destas máquinas avindas do século passado. A forte industrialização do Sudeste, possibilitada
pelo período do café3, e a unificação do mercado nacional, criou uma competição das
indústrias têxteis dessas duas regiões – de um lado, o Maranhão com maquinários
ultrapassados e que geravam mais custos e, conjuntamente, as grandes reinvindicações dos
trabalhadores por seus direitos trabalhistas; e do outro, o Sudeste, com um maquinário
avançado e menos custoso. O resultado era um tecido mais caro do mercado maranhense que

1
O C.O.C. (Composição Orgânica do Capital) é um cálculo desenvolvido por Karl Marx, em sua obra “O
Capital” para se referir aos gastos necessários com manutenção de maquinários e forças produtivas de trabalho.
A lógica invertida desse cálculo, isto é, quando o gasto com essas manutenções excedeu o valor adquirido das
vendas dos produtos industriais, as indústrias entravam em um processo de falência.
2
Sistema citado por Marx para se referir ao sistema de produção por dívida, onde o trabalhador endividava-se ao
receber dinheiro ou terra adiantados.
3
Período entre 1800 a 1930, conhecido como ciclo do café, no qual a principal matéria de exportação do Brasil e
que representava quase toda economia brasileira, era o café.
não podia competir com um tecido mais barateado do Sudeste. Ainda na relação calculada por
Marx, o resultado era uma decadência das indústrias têxteis no Maranhão (MELO, 1990).

Com o fim da efervescência industrial têxtil, os proprietários das grandes fábricas


mudaram seu investimento capital para um novo mercado que crescia no Maranhão – o
imobiliário. Ainda que esta não seja a causa para o fim do período têxtil no estado, foi o
resultado dos grandes desenvolvimentos industriais que chegavam no território maranhense
(MELO, 1990).

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