Gsv-Glossc3a1rio-2 2

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GSV – VOCABULÁRIO

prascóvio – tolo, ingênuo

abusão – crendice, superstição

toleima – tolice, bobeira

almargem – prado natural, pastagem

glosar – comentar

rebuço – disfarce, dissimulação, eufemismo

maria-preta – planta

patavim (ND) – nada (var. de patavina) (Cf. neblim)

abrenúncio – ato de renunciar, esconjuro

estúrdio – esquisito, extravagante, fora do comum

azougue – mercúrio

loca – esconderijo do peixe sob uma laje debaixo d’água

sapiranga – de olhos vermelhos, inflamados por doença

susseguinte (ND) – seguinte

demudar – transformar-se, mudar a própria índole, o caráter, a personalidade

haja (ND) – ato, ação, feito // (insólita substantivação da forma de presente do subjuntivo com artigo feminino)

tossura (ND) – tosse (acréscimo do sufixo –ura para maior força expressiva)

blimbilim (ND) – onomatopeia que designa o fim de alguma coisa. Talvez “alusão ao sininho da missa póstuma”.
Variante: Bilim-bilim [em Castro. Martins não traz]

logogrifo - modalidade de charada em que se propõe a adivinhação de uma palavra pela adivinhação prévia de
outras que, em conjunto, têm as mesmas letras que aquela, combinadas de modo diferente [Houaiss]

beócio – ignorante, simplório, boçal

escorva – na fase final

curial – próprio, conveniente (do Latim)

bofe – pulmão

bofé – na verdade, com franqueza (interjeição arcaica)

meremerência (ND) – merecimento, valor (forma enfática com duplicação do radical)

supro (ND) – supremo, alto


antesmente (ND) – antecipadamente, antes do tempo (uma das muitas formas adverbiais que o Autor enfatiza
acrescentando o sufixo –mente)

arrochar – ser implacável, duro, exigir muito, oprimir, sobrecarregar [Houaiss]

urco – cavalo forte, corpulento

osga – interjeição exprimindo repulsa, equivalente a ‘uma ova’

almar (ND) – ficar doido, ver alma

trape – ligeiro, ruidoso

borraina – almofada interior dos arções [armação da sela de montaria, de madeira revestida de couro, formada por
uma arcada na dianteira e outra na traseira] das selas

pró – vantagem, primazia

jereba – arreios, sela

burumbum – onomatopeia que exprime o ruído da queda de um corpo

masgalhar (ND) – esmigalhar

repular – pular muitas vezes

réis-coado (ND) – coisa sem valor, insignificância; tostão-furado (Redução da expressão ‘dez réis de mel coado’)

tretar – usar de tretas (ardil, manha, esperteza), de recursos para conseguir alguma coisa

cruez (ND) – crueza, crueldade

sovacar (ND) – intrigar, fazer pensar (pode-se pensar numa metáfora proveniente de ‘sentir cócega no sovaco’)

subtratar (ND) – tratar sem a devida seriedade

fidúcia – confiança (arcaísmo)

desvir (ND) – reunir-se [Martins]; não vir [Castro]

grugir (ND) – rumorejar (aglutinação de ‘gruir’ (correr fazendo algazarra) e ‘rugir’ (ressoar, bradar))

gargaragem (ND) – grito tremido (gargar(ejar) + suf. –agem)

neblim (ND) – variante de ‘neblina’

xererém – chuvisco, garoa

soposo (ND) – encharcado, ensopado (prov. de ‘sopa’)

diversiar (ND) – diferir, ser diverso

quisquilha (ND) – minúcias, coisas pequeninas, de pouca importância (talvez variação de ‘quinquilharias’)

turbulir (ND) – agitar-se, remoinhar (combinação de ‘turbilhão’ + ‘bulir’)


esclaro (ND) – forma enfática de claro. “Trata-se de expressão sintética usada para um sentimento que, de repente,
se revela. Na própria palavra ainda se conserva um vestígio d’ escuridão anterior.” (Castro) // Esclarecimento,
iluminação (Martins).

sufusar (ND) – dispersar, derramar

resmão (ND) – resmungo

estadonho (ND) – “sem-jeito, constrangido, não à-vontade, mas por isso mesmo afetando ares de autoridade ou
importância” (Bizzarri) / Em grande estado, gozando de boa situação; rico, respeitado (Martins) [já eu acho difícil
afastar a imagem de ‘enfadonho’ e ‘tristonho’, p.ex.]

conspeito – aspecto

belimbeleza (ND) – beleza extraordinária, empolgante (formado com o redobro do radical bel-) (Martins) // Beleza
festiva. Termo formado pela aglutinação de belim com beleza, sendo o primeiro vocábulo corruptela de belém, o
toque do sino, onomatopeia usada como sinônimo de festa, alegria. (Castro)

papeagem (ND) – conversa, rumor

lequelequear (ND) – agitar os leques, as palmas (sugere o vaivém das folhas com o vento) (Martins)

receder (ND) – voltar, recuar, retroceder (do lat. ‘recedere’: caminhar para trás, bater em retirada) (Martins)

vágado – vertigem

truaca – bebedeira

airar – tomar ar, refrescar-se, sentir alívio, suavidade, paz

diguice – tolice (var. desnasalada de ‘denguice’)

sebaça – assalto à propriedade, seguido de roubo

tremedal – pântano

sucrepar (ND) – estalar por debaixo, estrepitar (do lat. sub-crepare)

disfarçação (ND) – ato ou efeito de disfarçar (Castro)

aiar – soltar ais, emitir gritos de dor, gemer (Houaiss)

braçagem – serviço de quem trabalha com os braços, trabalho braçal (Houaiss)

esporte – (‘Vupes, esporte de alto’) forte, robusto (deslizamento semântico para o sentido de ‘homem atlético, forte
como os que praticam esporte’) (Martins)

leandrado (ND) – sent. incerto – MLDaniel interpreta como ‘leonino’. Do contexto deduz-se o sentido de
‘avermelhado, ruivo’

rosalgar – 1 (mineral.) m.q. “realgar” - sulfeto de arsênio monoclínico, de cor vermelha transparente, us. como fonte
de arsênio e na fabricação de fogos de artifício; rosalgar, rubi de enxofre, sandáraca; 2 (Region. Nordeste Brasil)
aquele que é muito loiro ou muito ruivo [do árabe, ‘pó-de-caverna’]. (Houaiss)

róger – de boa qualidade, bom, forte; superior (em op. a “roscofe”). Estrangeirismos em metonímia: roger, do ingl.,
marca de um canivete muito afamado no Brasil no começo do séc. XX; a qualidade do canivete passou a símbolo de
excelência. Já roscoff era uma marca de relógios, suícos, antigamente muito difundida, no interior do Brasil, por
serem os mais baratos, mas que não prestavam.

roscofe – 1 de qualidade inferior (diz-se de relógio), ruim, ordinário, reles. 2. (Regional. Pernambuco, Alagoas,
Sergipe) ânus. (Uso: tabuísmo)

lualã (ND) – Lua (cheia). Forma poética de sonora suavidade. Pode-se ver uma inusitada forma de aumentativo (-ã,
fem. de –ão, precedido da consoante de ligação (‘l’).

esbravaçar (ND) – esbravejar, tornar-se bravo.

monarquia – grande quantidade // o termo esta empregado como sinôn. de despotismo, poder, que na ling. pop.
assumem o sent. de ‘grande quantidade’. (Martins)

fré (ND) – caipora, azarento (Region. prov. abreviação de ‘frechado’) (Martins) [‘frechado’ (Region. Nordeste.) – de
larga reputação, célebre, famoso (Houaiss).

intrugir (intrujar) – perceber, compreender.

nenhão (ND) – de jeito nenhum (neg. reforçada pela aglut. de ‘nem’ + ‘não’)

vivalei (ND) – aplicação de pena, punição com morte (a expr. se deve ao fato de Zé Bebelo, de arma na mão, gritar
‘Viva a lei!’)

bafe-bafe (ND) – onomatopeia do barulho do vento batendo no couro estendido (Castro)

bilim-bilim (ND) – final, agonia (onomatopeia que designa o fim de alguma coisa. No texto, é alusão ao sininho da
missa póstuma)

panca (ND) – pancada de chuva (forma reduzida de ‘pancada’)

troz-troz – chuva forte que passa rápido (onomatopeia. Regionalismo: Bahia)

sonoite – o período logo depois do anoitecer, lusco-fusco (obsoleto)

cirro – tumor no olho que deixa-o com consistência dura (Houaiss)

vidrento – vidrado, sem brilho (Houaiss)

sarrido – respiração ruidosa dos moribundos (Houaiss)

arreglórias (ND) – grandes glórias (pref. arre- é intensificador)

maisfazer (ND) – avultar, crescer, demonstrando coragem

nu (ND) – minuto (estranho corte da palavra ‘minuto’, que só deixa a sílaba tônica)

nego – negação, não (deverbal de ‘negar’)

nanje (nanja) (ant. e pop.) – não; mais não; nunca (negação enfática)

nimpes (ND) – (obsc.) termo usado para efeito de aliteração, formando ‘expressão superlativa’. (V. que no mesmo
parágrafo ocorrem várias expressões de neg.: nego, não..., não, nunca, nanje, nulo.) (Martins)

tresdizer (ND) – forma enfática de ‘dizer’ (Castro)

caborje – ação maléfica que se atribui a magos, mandinga, feitiço, bruxaria; quebranto, azar; aliança com o diabo;
saquinho que se traz preso ao pescoço e dentro do qual se coloca uma oração escrita, amuleto, patuá (Houaiss).
xaxaxo (ND) – ruído de alpercatas se arrastando pelo chão (onomatopeia).

arupa (ND) – açodado, assustado (forma reduzida de ‘arupanado’, bras. pop. bahia)

trozante – rápida e grossa (de ‘troz-troz’)

desrir (ND) – desfazer o riso por desaponto (Martins); parar de rir (Castro)

pim (ND) - provável forma apocopada de “pingo”, usada como recurso enfático (Castro)

lealdar – aprovar, legalizar (desus., Portugal) (Martins); ser leal (Castro); declarar (mercadorias importadas) para
satisfazer exigências legais, de acordo com as regras fiscais aduaneiras (Houaiss).

trovoo (ND) – ato ou efeito de trovoar (Castro)

berbezim (ND) – peludo (Martins); diminutivo do hipotético antônimo de ‘imberbe’: coberto de pelos, peludinho
(Castro)

drongo – (Ant.) tropa, grupo

transato – já deixou de existir, passado (Houaiss)

suindara – coruja; rasga-mortalha (Houaiss)

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