Tese Giglio Final PDF
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SÃO PAULO
2013
SÉRGIO SETTANI GIGLIO
SÃO PAULO
2013
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a
fonte.
Catalogação da Publicação
Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo
Aprovado em:
Banca Julgadora
Agradeço também aos membros da banca que aceitaram participar desse momento
especial de minha carreira acadêmica. Ao José Paulo Florenzano (PUC-SP) que ao
longo dos anos se tornou um grande amigo; ao Fabio Franzini (UNIFESP) que, além
de ter partilhado por pouco tempo a sala de professores da Uninove, também se
tornou um grande amigo; ao Arlei Sander Damo (UFRGS) com quem desde 2006
mantenho um contato próximo que só não é mais frequente pela distância entre São
Paulo e Porto Alegre; e ao Wanderley Marchi Junior (UFPR) que, apesar de ter feito
doutorado na FEF-Unicamp enquanto eu estava por lá, só o conheci pessoalmente
no momento da defesa. Aos suplentes, Alcides José Scaglia (UNICAMP), Bernardo
Borges Buarque de Hollanda (FGV), Flavio de Campos (USP) e Luiz Henrique de
Toledo (UFSCAR) que também aceitaram fazer parte desse quadro de professores a
compor a banca.
Agradeço aos meus pais, que sempre me incentivaram na busca de meus sonhos e
também ao fato de me ajudarem a ficar com o Rafael nos dias em que precisava
trabalhar à noite. Essa “dura” tarefa de avós também foi partilhada com a minha
sogra Regina e com a Lucimar, que é da família faz um tempão. Sem a ajuda de
todos esses “avós” teria sido complicado.
À Regina, minha sogra, e ao Dani, meu cunhado, que em suas viagens aos Estados
Unidos sempre voltavam com um livro sobre Jogos Olímpicos que eu não
encontrava aqui no Brasil.
Ao Dalvio, meu sogro, que diante da minha corrida contra o tempo para finalizar a
tese, gentilmente, fez o resumo em inglês.
Ao Anthony Th. Bijerk, que me indicou a Nuria Puig, que me levou até o Olympic
Studies Centre do COI para conseguir a lista completa de todos os membros do COI.
RESUMO
ABSTRACT
This thesis deals with the establishment of football as a sport field (BOURDIEU,
1983) in the Olympic Games. In order to present the configuration of this structure, a
documental analysis was performed as well as the review of Brazilian athletes’ life
history, since 1952 until 1988. The theme related to amateurism and professionalism
has completely structured this thesis. Political conflicts developed in the relationship
of COI and FIFA for control of football activities were based on the power dispute on
how amateur should be defined. Deviations related to this subject lead to FIFA
launching of its 1930 World Cup, and prevented football from being excluded in the
Olympic Games of 1932. Rooted on this debate, multiple views related to football and
Olympic Games maintained the thesis. Those multiple views were built upon the life
history of Brazilian athletes that defended the country in football games, of members
and presidents of COI and FIFA, of the leaders of COB and CBD, later on CBF, and
upon press articles shown on Folha da Manhã, Folha de S. Paulo and O Estado de
S. Paulo diaries, as well as on COI Olympic Bulletins. In this way, it was built the
thesis that political conflicts between COI and FIFA were the root for the
establishment of the definitions on amateur and professional athlete conditions,
which ruled the track of Olympic football, as well as professional football, worldwide.
Keywords: Football; History; Politic, Olympic Games; World Cup; IOC; FIFA.
LISTA DE FIGURAS
Tabela 1 - Ano de fundação dos Esportes Amadores e das Federações Internacionais ______ 62
Tabela 2 - Presidentes do COI ___________________________________________________________ 69
Tabela 3 - Congressos Olímpicos _______________________________________________________ 72
Tabela 4 - Membros do COI por continente (1894-1912) ___________________________________ 82
Tabela 5 - Membros do COI por continente (1913-1936) ___________________________________ 83
Tabela 6 - Membros do COI por continente (1937-1983) ___________________________________ 84
Tabela 7 - Membros do COI por continente (1984-2012) ___________________________________ 85
Tabela 8 - Presidentes da FIFA __________________________________________________________ 94
Tabela 9 - Comitês Olímpicos Nacionais fundados até 1902 ______________________________ 120
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
INTRODUÇÃO________________________________________________________ 31
jornalismo esportivo. Naquele momento mudei minha opção de curso. Pensei que
seria uma ótima oportunidade para unir duas coisas que gostava: esporte e
jornalismo.
Minha motivação em cursar Educação Física nunca foi provocada
pelas aulas que tive na escola ou por algum professor que tenha sido fundamental
na minha formação. Pelo contrário, foi o meu gosto pessoal, especialmente pelo
futebol, que me direcionou para a Educação Física.
Prestei novamente o vestibular, para ingressar em 1998, mas agora
para as carreiras de Esporte na USP e Educação Física na UNICAMP e PUC de
Campinas. Cheguei à segunda fase da UNICAMP, mas fui desclassificado pela nota
de corte de Biologia (não obtive a nota mínima - três). Naquele ano houve um fato
curioso no vestibular da UNICAMP, no qual metade das vagas do diurno e do
noturno não foram preenchidas nas três primeiras chamadas, pois os candidatos não
obtiveram a nota de corte. Minha esperança acabou quando foi divulgada a quarta e
última lista. Neste ano passei na PUC de Campinas, mas naquele momento pagar
uma mensalidade de 450 reais e arcar com os gastos de moradia e alimentação em
outra cidade não seria possível. Além disso, conseguir um emprego para pagar a
faculdade seria difícil, pois o curso tinha aulas de manhã e de tarde. Resolvi
enfrentar mais um ano de cursinho, até porque tinha garantido bolsa de estudos,
pelo fato do meu pai trabalhar no Anglo, para entrar numa Universidade pública.
Geralmente, muitas pessoas que prestam vestibular para o curso de
Educação Física não têm apoio dos pais. No meu caso sempre tive plena liberdade
de escolher o curso que mais me agradava. Em nenhum momento houve cobrança
deles para eu mudar de opção. Acredito que esse fato serviu como um estímulo para
eu estudar mais e entrar numa boa Universidade.
No final do ano de 1998, prestei vestibular somente para USP e para
UNICAMP. Passei para a segunda fase dos dois vestibulares. O ano de 1999, mais
especificamente aquele verão, foi muito importante para mim, pois a minha vida de
estudante começou a tomar novos caminhos. Infelizmente, em janeiro deste mesmo
ano, meu avô materno e, principalmente, meu companheiro de conversas esportivas,
já com 95 anos, faleceu. Isso aconteceu cerca de uma semana antes de ser
divulgado o resultado do vestibular e, para minha felicidade, fui aprovado na
UNICAMP. Esse fato modificou bruscamente a minha vida. Mudei de São Paulo para
Campinas, já que não tinha sido aprovado na USP.
20
1
Grupo atualmente coordenado pela Profª Drª Katia Rubio da Escola de Educação Física e Esportes da USP e
cadastrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
23
2
Consultar: http://www.unicamp.br/unicamp/noticias/arlei-damo-processo-de-forma%C3%A7%C3%A3o-do-
atleta-%C3%A9-longo-e-penoso e http://www.unicamp.br/unicamp/noticias/copa-do-mundo-%C3%A9-tema-
de-palestra-na-educa%C3%A7%C3%A3o-f%C3%ADsica.
24
Ludopédio, que tem como objetivo principal reunir o material acadêmico produzido e
disponível sobre o tema. O convite para desenvolver o site foi feito para todos os
membros do grupo, mas apenas quatro integrantes3 se interessaram e deram início
ao projeto.
Em meados de 2009 fui convidado pelo professor Flavio de Campos,
do Departamento de História da USP, para compor a Comissão Científica do I
Simpósio de Estudos sobre Futebol a ser realizado em maio de 2010. Foi uma
experiência muito enriquecedora para conhecer o funcionamento de um Simpósio.
Nesse mesmo Simpósio o GIEF produziu um texto coletivo sobre a sua trajetória
(CANALE, GIGLIO e LIMA, 2010) que foi apresentado por mim, pelo Marco Antunes
e pelo Vitor Canale.
Diante da não aprovação para realizar o doutorado na UNICAMP, fiz
contato com a professora Katia Rubio, que havia integrado minha banca de
mestrado, para conhecer e me informar sobre o processo de ingresso no doutorado
da USP. Pelas regras de ingresso teria que ser aprovado na prova de inglês para
depois dar andamento ao processo. Estudei intensivamente inglês durante alguns
meses até ser aprovado no final de dezembro de 2009. Feitos os trâmites
burocráticos, ingressei como aluno regular do doutorado da Educação Física da USP
em janeiro de 2010.
Entrei no programa de doutorado com um projeto de pesquisa
voltado ao estudo dos processos, conhecidos popularmente como “peneiras”, pelos
quais passam os meninos que tentam ingressar na carreira de jogador de futebol por
meio de testes. A pesquisa consistiria em realizar uma etnografia durante as
peneiras dos clubes de futebol. Concomitantemente ao desenvolvimento de meu
projeto, comecei a conhecer um pouco mais sobre o trabalho de pesquisa
desenvolvido pela minha orientadora. Juntamente com os demais colegas de grupo,
está em andamento uma pesquisa com todos os atletas olímpicos brasileiros,
intitulada “Memórias Olímpicas por Atletas Olímpicos”.
Desta forma, o ingresso no Grupo de Estudos Olímpicos (GEO),
coordenado pela professora Drª Katia Rubio, no início do doutorado, permitiu que eu
me familiarizasse com o rico universo teórico-metodológico associado a esse tema.
3
Eu, da Educação Física, o Enrico Spaggiari, da Antropologia, o Marco Antunes de Lima, da História e o Paulo
Miranda Favero, da Geografia. Além dessa configuração original, o Marco Lourenço e o Max Rocha integram os
editores do site, ambos são da História.
26
Trabalhar com a história de vida dos atletas olímpicos tornou-se algo muito
interessante ao longo dos meses em que me dediquei a estudar e a entender esse
método de pesquisa.
Embora já tivesse feito leituras a partir do referencial das Ciências
Humanas desde o período de minha Iniciação Científica, não havia dialogado com
os autores da história oral, como meio para acessar a história de vida dos atletas
feita a partir das memórias deles.
Para participar desse projeto de pesquisa teria que conciliá-lo com o
meu doutorado, com as aulas que leciono na Universidade e com as atividades
vinculadas ao site Ludopédio. Em pouco tempo, percebi que teria que optar por
ajudar na pesquisa do Grupo de Estudos Olímpicos (GEO) ou desenvolver o projeto
com o qual ingressara no doutorado.
A necessidade de mudança do foco da pesquisa tornou-se clara
durante a realização dos créditos obrigatórios e devido à grande demanda gerada
pelo acúmulo de atividades, estava com pouco tempo para desenvolver a pesquisa
propriamente dita. Nesse período, comecei a acompanhar algumas entrevistas para
entender como funcionava na prática o que líamos no grupo. Embora tenha
participado de entrevistas com atletas de outras modalidades, e não do futebol,
resolvi modificar o projeto para poder participar de maneira mais presente nessa
pesquisa junto aos atletas olímpicos e, consequentemente, otimizar o tempo para a
realização do doutorado. Após várias conversas com a minha orientadora
resolvemos estruturar o projeto para estudar os atletas do futebol, já que o futebol
era o meu tema inicial e o que me motivou a fazer o doutorado. Agora, o estudo
seria sobre o futebol olímpico. Um tema desafiador pela pouca atenção dada no
Brasil para essa competição.
O trabalho foi estruturado a partir das entrevistas com os atletas
brasileiros que tinham participado dos Jogos Olímpicos. As entrevistas com os
jogadores de futebol, das quais participei, aconteceram em São Paulo, Campinas,
São José dos Campos, Santos e Rio de Janeiro. Embora meu foco fosse entrevistar
os jogadores de futebol, devido às viagens que fiz, acabei por realizar entrevistas
com atletas de outras modalidades para o projeto “Memórias Olímpicas por Atletas
Olímpicos”. O mais interessante dessa experiência foi a mudança de olhar que cada
história me permitiu fazer, pois cada modalidade possui a sua especificidade. E cada
27
atleta, por meio de suas idiossincrasias, me permitiu lançar um novo olhar para as
histórias dos atletas do futebol.
Colecionar essas histórias fez com que eu acessasse a minha
memória para entender algumas coisas a respeito da própria pesquisa. Meu vínculo
com o futebol foi construído muito antes da entrada na Universidade. Foi
estabelecido a partir dos estímulos dados pelo meu pai e pelo meu avô, quando eu
ainda era criança. Foram eles que plantaram a semente do futebol quando ouviam e
viam os jogos pelo rádio ou pela televisão. Poucas coisas que não fossem relativas
ao mundo do futebol me interessaram durante a minha infância e adolescência.
Embora meu pai goste muito de acompanhar futebol, não posso dizer que ele seja
um fanático, porém, ele sempre gostou de colecionar objetos e, em especial,
guardou algumas preciosidades futebolísticas desde a sua adolescência. Por conta
disso, tenho os times de botão feitos com as peças que dão o nome a esse tipo de
futebol, ou seja, meu pai os confeccionava com muita habilidade diretamente no
botão das roupas, desde os escudos até o uniforme do goleiro. Faz parte deste
acervo também alguns álbuns e figurinhas das balas Futebol, uma das primeiras
Revistas Placar (número 12) e o jornal A Gazeta Esportiva, todos alusivos à
conquista da Copa do Mundo de 1970.
Como cresci nesse ambiente repleto de recordações de histórias do
futebol, e inspirado por meu pai, também me interessei em colecionar objetos do
mundo futebolístico. Tenho muitas revistas, livros, selos e vídeos que guardei/gravei
quando encontrava alguma reportagem ou programa interessante. Porém, todo esse
material foi produzido por um terceiro e chegou até mim após uma série de decisões
editoriais, configurando-se em materiais de segunda ou terceira mãos (GEERTZ,
1989).
A oportunidade em realizar essa pesquisa permitiu-me ser um
agente ativo no registro em primeira mão de uma série de histórias dos atletas que
defenderam o país. Muitos deles, não haviam contado suas experiências. Esse
trabalho representa uma grande oportunidade para ouvi-los, para documentar e
preservar uma parte da história do futebol brasileiro.
No campo da produção científica, publiquei em 2010, com
modificações, parte do trabalho desenvolvido para a disciplina do mestrado que fiz
no Departamento de História da USP (GIGLIO, 2010). Também publiquei em
conjunto com outros dois integrantes do GIEF uma resenha sobre o livro do Arlei
28
Damo (SILVA, NASCIMENTO e GIGLIO, 2010) que foi lido e discutido nas reuniões
do grupo. Por fim, publiquei em conjunto com Enrico Spaggiari, um artigo no Dossiê
História e Futebol da Revista de História da USP, no qual realizamos um
mapeamento da produção das Ciências Humanas sobre futebol a partir de dossiês
temáticos das revistas acadêmicas e das dissertações e teses produzidas no Brasil
(GIGLIO e SPAGGIARI, 2010).
No final desse mesmo ano um novo projeto iniciou-se: a formação
de um Núcleo de Estudos sobre Futebol na USP que integrou os principais
pesquisadores de futebol e esportes do Estado de São Paulo. Nessa data foi
divulgado um edital da reitoria de pesquisa da Universidade de São Paulo para a
formação de novos núcleos de estudos. A partir de uma produção coletiva em que
os integrantes do GIEF e alguns professores da USP montaram um projeto de
formação de um Núcleo de Pesquisa. Esse Núcleo foi aprovado em abril de 2011
(terá duração de três anos) e conseguiu recursos financeiros para a realização de
vários projetos de pesquisas. O núcleo chama-se Ludens (Núcleo Interdisciplinar de
Estudos sobre Futebol e Modalidades Lúdicas) e tem como coordenador o professor
Flavio de Campos da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFLCH-USP).
No Ludens participo do projeto de pesquisa “Memórias dos boleiros:
histórias de vida de atletas e de integrantes de comissões técnicas brasileiros que
atuaram no exterior”. Realizamos entrevistas interessantes com atletas conhecidos e
com outros desconhecidos do grande público (que atuaram ou atuam nos
campeonatos de várzea de São Paulo), mas que tiveram experiências no exterior.
Em meio a esse processo de formação do Ludens também estava
animado com a possibilidade de ficar um período fora do Brasil por meio do
doutorado-sanduíche. O país de destino escolhido foi a Inglaterra e a partir dessa
delimitação fiz inúmeras pesquisas para encontrar algum professor que pudesse me
receber pelo período de um ano. Depois de dois contatos infrutíferos – um disse que
não tinha interesse em me receber e o outro depois de alguns contatos não
respondeu meus emails – estava desanimando com a ideia de ter essa experiência.
Entre essa dúvida em ir para o exterior recebi um e-mail de um
professor conhecido no meio do futebol, Richard Giulianotti. O e-mail chegou via
Ludopédio e Richard fazia o contato porque queria conhecer os grupos existentes
sobre futebol em sua visita que faria ao Brasil. A partir daí trocamos vários e-mails
sobre a possibilidade de realizar o sanduíche, e quando ele veio ao Brasil
29
conversamos melhor sobre o que seria meu período de pesquisa na Inglaterra. Ele
aceitou, mas disse que havia um problema: estava se mudando de Universidade e
precisaria ver como funcionava esse processo em seu novo trabalho. Enquanto
esperava uma resposta oficial da Universidade da Inglaterra tive a confirmação de
que seria pai. Estava decidido: a viagem para o exterior seria adiada.
Para completar todo esse quadro dos anos que compuseram a
pesquisa, eu tinha como prazo final para a entrega do texto de qualificação o dia 26
de maio de 2012. Como o meu primeiro filho, Rafael, estava previsto para nascer
entre o final de maio e início de junho, estabeleci na minha corrida contra o tempo
que até o dia 26 de maio eu teria qualificado. Se até então havia escrito pouca coisa
do meu texto da tese, nada melhor do que o prazo de nove meses para focar e
escrever já que supunha (e de fato estava certo) que os primeiros meses de vida do
Rafael representariam uma grande adaptação para mim e para a minha esposa. Por
uma coincidência de datas, Rafael nasceu no dia 26 de maio e eu consegui realizar
a qualificação 15 dias antes.
As alterações solicitadas na qualificação levaram cerca de três
meses para serem realizadas devido a uma nova dinâmica de vida a qual estava
submetido com um novo membro na família. A demora na continuidade do texto
também se deu devido a leituras que tive de fazer para contemplar as sugestões.
Além disso, não foi fácil alterar a estrutura em que eu havia pensado durante meses.
A sugestão do professor José Paulo Florenzano de deslocar a parte em que discutia
o Esporte Moderno como o primeiro capítulo da tese para a introdução me fez
dialogar intensamente com a estrutura que havia pensado, pois a alteração desta
ordem representou um desafio, mas depois de concretizada, consegui deixar o texto
mais conciso.
Durante esse processo de reestruturação da tese recebi, em 2013,
um convite para integrar como “professor-parceiro” o quadro de docentes do
Mestrado Profissional em Gestão do Esporte da UNINOVE. Apesar de continuar na
graduação do curso de Educação Física, essa oportunidade representou um
recomeço pelo fato de eu ir em busca de outros referenciais teóricos.
Nesse mesmo ano foi aprovado para publicação um artigo em que,
juntamente com a professora Katia Rubio, analisamos a trajetória de Neymar e
Paulo Henrique Ganso diante do modo como agiram no processo que culminou com
a demissão do técnico Dorival Junior (GIGLIO e RUBIO, 2013). Também nesse
30
Introdução
O Esporte Moderno surgido no final do século XIX como fruto da
Revolução Industrial foi um dos produtos das transformações pelas quais passava a
sociedade inglesa. Estava inserido numa estrutura capitalista e, posteriormente, foi
exportado para outros países (ARDOINO e BROHM, 1995; BOURDIEU, 1983;
ELIAS, 1992a; RUBIO, 2001). Dentre os esportes que eram praticados nesses
primórdios do Esporte Moderno, o futebol ganhou grande número de adeptos e, no
Brasil, acabou tornando-se o principal esporte4.
Da forma como se estruturou, o Esporte Moderno teve como
características inerentes os mesmos valores da sociedade capitalista, como a
necessidade de mensuração dos resultados, a competitividade e a seriedade
(ELIAS, 1992c). Dessa forma, a qualidade e eficiência foram mensuradas a partir
dos resultados produzidos e os vencedores agraciados com troféus, medalhas,
prêmios simbólicos ou materiais como forma de recompensar a posição alcançada.
Essa necessidade de quantificar o desempenho foi responsável pela
tecnologização total dos corpos, pela regulação burocrática, pelas competições e
pela espetacularização das práticas esportivas tratadas como mercadorias
(ARDOINO e BROHM, 1995). Para sustentar toda essa estrutura fez-se necessária a
criação de um sistema hierárquico que foi e é responsável por gerir o mundo do
esporte. Duas das entidades máximas dessa estrutura são o Comitê Olímpico
Internacional (COI) que é responsável pelos esportes olímpicos e a Federação
Internacional de Futebol (FIFA) pelo futebol.
No entanto, antes da constituição dessas instituições que organizam
os esportes houve um processo de reconfiguração das práticas de lazer. Nesse
sentido Elias (1992b) afirma que as atividades de lazer ao se transformarem em
esporte passaram a ter regras orientadas pela lógica de “justiça”5 e de igualdade de
oportunidades para os participantes. Conforme as regras tornaram-se mais rígidas, a
vigilância quanto ao cumprimento das mesmas também se intensificou.
A formalização dos esportes, inicialmente na Inglaterra, ofereceu aos
seus praticantes o modelo e o vocabulário que rapidamente se alastrou por outros
4
No Brasil, antes do futebol, os dois esportes mais praticados eram o turfe e o remo (MELO, 2001; LUCENA,
2001).
5
Destaque dado pelo próprio Elias em seu texto (p. 224).
32
6
Hobsbawm (2006) distingue uma classe média reconhecida e a ‘nova’ burguesia. A primeira é definida pela
origem da pessoa, pelo nascimento sendo evidenciada por meio de uma educação e estilo de vida diferenciados e
distantes das classes baixas. E a ‘nova’ burguesia corresponde a uma posição conquistada pelo dinheiro. “O
principal objetivo da ‘nova’ pequena burguesia era o de demarcar tão nitidamente quanto possível a distância
que as separava das classes operárias – objetivo que geralmente as inclinava para a direita radical, na política.
Sua forma de esnobismo era a reação” (p. 255).
33
(2008) completa que a ligação entre o futebol das public schools e da Associação de
Futebol (FA) aconteceu por meio da criação dos times dos old boys. Embora as
public schools tenham sido muito importantes na disseminação do futebol, outros
lugares também contribuíram para que mais pessoas entrassem em contato com
essa prática: as Igrejas9 e as fábricas10.
Sobre as Igrejas, González (1993) afirma que tiveram um papel
fundamental na difusão de uma mensagem esportiva pelo fato de terem um acesso
direto à comunidade e aos bairros dos operários, especialmente, por possuírem
campos para a prática do futebol. Campos geralmente localizados ao lado das
próprias Igrejas.
Esse movimento de promover a realização de exercícios físicos de
forma vinculada à Igreja, principalmente à Igreja Anglicana (GUTTMANN, 2004),
ficou conhecido por meio da expressão Cristandade Muscular e muitas dessas
pessoas foram responsáveis, pelo fato de ocuparem cargos importantes, por levar
elementos da cultura inglesa para outros lugares (RUBIO, 2006). Além disso, sob a
ótica de manter em harmonia o corpo, a mente e o espírito a Cristandade Muscular
defendia “[...] que o fortalecimento do corpo moralizava os costumes e fortalecia o
caráter” (DIAS, 2012, p. 152).
De acordo com Lucas (1975, p. 458), os primeiros usos dessa
expressão aconteceram na Inglaterra no século XIX, no seio de movimentos
culturais e sociais, que naquele momento passava pela Revolução Industrial. De
acordo com Jameson (1999), esse período corresponde ao segundo momento da
Revolução Industrial, caracterizado pelo imperialismo representado pela exaltação
da máquina, especialmente pela criação da metralhadora e do automóvel.
Para Sevcenko (1994), um fator que potencializou o interesse pelo
futebol foi o fato dele ter sido incorporado pelas massas populares por meio das
cidades industriais. Com a expansão dos esportes e, em especial do futebol, para
além do espaço escolar houve uma ampliação do círculo familiar, que antes era
muito restrito, e criaram um universo social para além da casa.
Associado aos elementos apresentados na configuração do Esporte
Moderno, a estruturação das Federações Internacionais também foi responsável
9
Sobre o papel da Igreja, assim relata González (1993, p. 21) indica que vários clubes ingleses se constituíram
em torno das Igrejas: Aston Villa, Bolton Wandeerers, Birmingham City, Everton e Tottenham Hotspur, além de
todos os clubes fundados na cidade de Liverpool.
10
Para saber sobre a relação das fábricas com o futebol de São Paulo consultar Antunes (1992).
35
relataram que a condição amadora funcionava como uma dupla situação, pois os
colocavam em desigualdade frente aos países da Cortina de Ferro11 já que os
amadores, geralmente vinculados ao Estado, tinham a possibilidade de treinar
integralmente para as atividades esportivas e por essa condição possuíam uma
rotina de treinamento semelhante (e muitas vezes iguais) aos atletas profissionais.
Embora eles me apontassem quais eram as lógicas contidas no
momento da participação no evento, eu ainda queria entender melhor como se
davam os embates em torno do que era ser amador e profissional nesse contexto. A
literatura acadêmica sobre o tema trazia a preocupação em discutir a situação atual
dos jogadores de futebol profissional, sob a perspectiva do direito do trabalho
(CORREA, 2002; MACHADO, 2002; PELUSO, 2009; ZAINAGHI, 1997), das
alterações na Lei do Passe (RODRIGUES, 2007) ou a partir de questões pontuais e
de relações específicas que envolviam o amadorismo e o profissionalismo, tais como
a mudança desses períodos no futebol brasileiro (CALDAS, 1990), a partir de algum
clube (SANTOS, 2010) ou da transição de carreira (MARQUES, 2008).
Além dessas referências, uma tese de doutorado (SALLES, 2004)
analisou a temática com o objetivo de mapear os conceitos dos referidos termos no
esporte com a intenção de se chegar ao modo pelo qual o profissionalismo surgiu na
Inglaterra e tempos depois se refletiu no contexto do futebol brasileiro.
Entretanto, a proposta de Bourdieu (1983) quando afirma que não
estava interessado em definir academicamente o termo esporte, pelo contrário,
queria entender em que contexto o esporte surgiu encaixou-se com a proposta que
pretendia desenvolver. Diante dessa perspectiva é que propus entender o
amadorismo e o profissionalismo, ou seja, não como uma definição ou categoria
11
Utilizo o termo “Cortina de Ferro” pelo fato de que foi dessa forma que os atletas entrevistados se referiram
aos países do Leste Europeu. Essa expressão referia-se à barreira invisível que separava a Europa Ocidental
(capitalista) da Europa Oriental (comunista). Por meio da Cortina de Ferro a União Soviética exercia controle
político e economia sobre a Alemanha Oriental, Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Áustria, Sérvia, Bulgária e
Romênia. Segundo Castaño (2008, p. 161): “[...] a expressão «cortina de ferro» imortalizada por Churchill no
seu discurso de Fulton em Março de 1946, tinha já sido usada por Goebbels quando o Exército Vermelho chegou
a Viena, ao avisar os alemães para não deixarem de combater porque «uma cortina de ferro cairá sobre este
enorme território controlado pela União Soviética, para lá da qual vão ser massacradas nações»” (p. 453), e “que
essa expressão seria ainda utilizada antes de Fulton pelo primeiro-ministro britânico em Potsdam, na presença de
Estaline, que respondeu dizendo que isso eram «contos de fadas»” (p. 481). O referido discurso de Churchill foi:
“From Stettin in the Baltic to Trieste in the Adriatic an iron curtain has descended across the Continent. Behind
that line lie all the capitals of the ancient states of Central and Eastern Europe. Warsaw, Berlin, Prague, Vienna,
Budapest, Belgrade, Bucharest and Sofia; all these famous cities and the populations around them lie in what I
must call the Soviet sphere, and all are subject, in one form or another, not only to Soviet influence but to a very
high and in some cases increasing measure of control from Moscow” (ARNOLD e WIENER, 2012, p. 252).
37
12
É preciso salientar o importante trabalho do site da Fundação Los Angeles’84
(http://www.la84foundation.org/) que disponibiliza, gratuitamente em pdf, os boletins de 1901 a 1915 e 1926 a
2003.
39
13
Ginzburg (2007, p. 7) pensa essa relação a partir do mito. Segundo ele: “Os gregos contam que Teseu recebeu
de presente de Ariadne um fio. Com esse fio Teseu se orientou no labirinto, encontrou o Minotauro e o matou.
Dos rastros que Teseu deixou ao vagar pelo labirinto, o mito não fala”. Agradeço a sugestão do professor Fabio
Franzini, na qualificação, para associar com a tese os elementos apresentados por Ginzburg.
40
Copa do Mundo (1984 e 1988) e a partir de 1992 foi implantado o limite de idade no
futebol em que estabelece que somente poderiam participar os atletas com idade
igual ou menor a 23 anos sendo permitida a presença de até três atletas com idade
superior ao limite estabelecido. O ano de 1988 representa, do ponto de vista
simbólico, o final da tese, pois o período posterior (1992-2012) necessitaria de uma
análise específica, já que o futebol passou por inúmeras transformações e, no caso
do futebol brasileiro, representou um aumento do fluxo dos jogadores para o
exterior, fato que também afetou o futebol olímpico.
Nos capítulos seguintes (do dois ao cinco) reconstituo a história do
futebol olímpico a partir do cruzamento de três fontes de informações: os Boletins
Olímpicos (1894-1989)14 e os Relatórios Oficiais (1894-1988) produzidos pelo COI;
os jornais Folha da Manhã (1925-1959) que depois se transforma em Folha de S.
Paulo (1960-1988) e O Estado de S. Paulo (1896-1988)15 para estabelecer o diálogo
com a literatura sobre os períodos analisados. Por meio dessa documentação,
reconstituí os acontecimentos relativos à história dos Jogos Olímpicos,
principalmente sob a perspectiva das ações políticas que envolveram o futebol.
Os referidos capítulos recebem o nome da periodização proposta
por Rubio (2010) com uma alteração para contemplar a modalidade futebol e as
decisões do COI tomadas antes de alguma edição dos Jogos Olímpicos. Com isso,
os períodos referentes à periodização foram ampliados.
Desse modo, no capítulo dois discuto a Fase de Estabelecimento
(1894-1912) em que os Jogos Olímpicos estão em sua fase inicial e o futebol
começa a ganhar espaço no mundo inteiro. Com esse novo espaço conquistado, é
nesse período que existe o primeiro questionamento se o futebol deve continuar ou
sair do programa olímpico.
No capítulo seguinte, a Fase de Afirmação (1913-1936) é o período
de extensa divergência entre o COI e a FIFA, que culmina com a criação da Copa do
14
Somente no Boletim Olímpico avancei até 1989 por ser nesse ano que se adota o limite de idade para o
futebol.
15
Ambos os jornais encontram-se integralmente disponíveis na internet para consulta, fato que facilitou a busca
e a escolha desses jornais para a pesquisa. O Estado de S. Paulo pode ser consultado em
<http://acervo.estadao.com.br/> e a Folha da Manhã e Folha de S. Paulo em <http://acervo.folha.com.br/>.
Quando as informações presentes nesses jornais não foram suficientes para compreender os fatos, consultei o
Jornal do Brasil. A escolha desses jornais também se deu pelo fato de serem os dois veículos de comunicação
com maior circulação em São Paulo e a ideia de trabalhar com os dois jornais foi uma forma de contemplar duas
concepções ideológicas diferentes.
42
Mundo em 1930 a saída do futebol dos Jogos de 1932 e o seu retorno nos Jogos de
1936.
No capítulo quatro, a Fase de Conflito (1937-1983) é o período mais
longo abordado na tese, e nele discuto como os fatores políticos estavam cada vez
mais presentes nas discussões, bem como as diferentes questões que viriam a
surgir em torno do tema amadorismo, especialmente em relação ao futebol.
No quinto capítulo, a Fase Profissional (1984-1988), é analisada a
entrada dos atletas profissionais no futebol olímpico, o que por sua vez estabelece a
continuidade das divergências entre o COI e a FIFA a respeito dos regulamentos
referentes ao futebol dentro dos Jogos Olímpicos.
É a partir do sexto e último capítulo que são introduzidas as
entrevistas com os atletas brasileiros (1952-1988). Os elementos comuns presentes
nas trajetórias dos entrevistados funcionam como sendo os lugares da memória dos
atletas, com a finalidade de entender o percurso do atleta olímpico no futebol. Para
Nora (1993), os lugares da memória são constituídos por três sentidos da palavra:
material, simbólico e funcional; e os três aspectos coexistem constantemente16.
Ao associar os lugares das memórias, os entrevistados trouxeram à
tona a interação dos três elementos propostos por Nora (1993) quando falaram da
origem deles e o vínculo com a família, do início como um rito de passagem, dos
elementos da carreira esportiva (tais como o dom, as dificuldades com o estudo, a
fama, as relações com os técnicos, o fim da carreira, o preconceito e a dor)17.
As representações foram entendidas a partir da definição de Chartier
(1988) que as entende como não sendo neutras, pelo fato de terem sido
construídas, o que faz com que sejam determinadas pelos grupos que as produzem.
Desse modo, as histórias coletadas e os documentos consultados trouxeram indícios
da forma pela qual os Jogos Olímpicos e o futebol, especificamente, se modificaram
ao longo dos anos. Portanto, segundo o autor, é possível constituir como
representações os vestígios que aqui são especialmente discursivos e escritos, e
que podem ser entendidos como indicativos de práticas constituídas por uma
16
Segundo Nora (1993, p. 22): “É material por seu conteúdo demográfico; funcional por hipótese, pois garante,
ao mesmo tempo, a cristalização da lembrança e sua transmissão; mas simbólica por definição visto que
caracteriza por um acontecimento ou uma experiência vividos por um pequeno número uma maioria que deles
não participou”.
17
Embora as entrevistas tenham indicado esses temas, para essa tese serão utilizadas somente a narrativas
referentes aos Jogos Olímpicos.
43
Método
Embora exista na literatura especializada uma discussão acerca das
definições e confusões em torno da utilização dos termos história oral, história de
vida e biografia (PEREIRA, Lígia, 2000; SILVA, 2002), não faço uma discussão
metodológica sobre cada um dos termos. Durante todo o trabalho utilizo o método da
história oral com foco na história de vida do entrevistado (RUBIO, 2006) e apresento
como esse método é essencial para o tipo de proposta aqui realizada.
O método utilizado na pesquisa de campo foi a história de vida dos
jogadores de futebol que defenderam a seleção brasileira em Jogos Olímpicos18. As
entrevistas de história de vida realizadas com os atletas de futebol foram gravadas
em vídeo e depois transcritas literalmente para análise. Todos os entrevistados
receberam “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”, em que estavam cientes
de que as informações por eles concedidas seriam usadas exclusivamente para a
pesquisa do projeto “Memórias Olímpicas por Atletas Olímpicos”, do qual essa tese
faz parte. O termo encontra-se no apêndice A.
As histórias de vida permitem resgatar o processo pelo qual
passaram até chegarem à categoria profissional e à seleção brasileira. Esse
rememorar, embora parta do passado, é construído a partir da visão de mundo que
esse atleta possui no presente. Segundo Rubio (2006, p. 21-22), a importância da
discussão sobre as histórias de vida:
18
Por integrar a pesquisa Memórias Olímpicas por atletas olímpicos brasileiros, coordenado pela minha
orientadora, professora Drª Katia Rubio, participarei das entrevistas com os atletas brasileiros que foram aos
Jogos Olímpicos. Ao todo, em nosso levantamento realizado, no futebol masculino (1952-2012) foram
identificados 214 jogadores olímpicos e desse total 24 já faleceram. Alguns dos atletas do futebol também
participaram da Copa do Mundo.
46
que se espera é que a partir dela, da experiência concreta de uma vida específica,
possamos reformular nossos pressupostos e nossas hipóteses sobre um
determinado assunto”. Sobre essa perspectiva Rubio (2006, p. 23) afirma que “A
história de vida é uma forma particular de história oral, que interessa ao pesquisador
por captar valores que transcendem o caráter individual do que é transmitido e que
se insere na cultura do grupo social ao qual o ator social que narra pertence”.
Desse modo, em história oral não existem mentiras em narrativas.
Os entrevistados contam a sua verdade, sendo as versões dos fatos, o modo como
será construído o que mais interessa (BOSI, 2003; MEIHY e HOLANDA, 2007), a
partir do que o entrevistado destaca como mais significativo em sua trajetória.
As histórias de vida permitem o acesso a elementos agora vistos por
outro ângulo, seja o do observador e/ou observado, sempre possibilitando o
exercício proposto por DaMatta (1978) de se familiarizar com o estranho quando
somos confrontados com outra sociedade e estranhar tudo aquilo que é familiar
quando estudamos a nossa própria sociedade, pois assim conseguiremos acessar
os pormenores, os detalhes daquilo que está dado.
Ter acesso às narrativas no sentido de obter “uma outra história” ou
a “história vista por outro ângulo” é fundamental para não ficarmos restritos à versão
dos fatos que é considerada como a oficial. Embora Magnani (2009, p. 135), escreva
sobre etnografia, é possível relacioná-la com a história oral quando analisa a
presença do pesquisador. Desse modo entende:
19
Para o autor, o trabalho do antropólogo envolve: olhar, ouvir, escrever.
47
Jogos Olímpicos é feita, majoritariamente, pela ótica dos resultados das partidas
e/ou por meio de informações gerais sobre os acontecimentos da edição dos Jogos
(AGOSTINO, 2002; FREITAS e VIEIRA, 2006; MURRAY, 2000; NEGREIROS, 2009;
PRONI, 2000). Esse tipo de informação acaba por pouco contribuir para o
entendimento do futebol e dos seus protagonistas.
A história de vida possibilita todo esse exercício, já que o ponto de
partida desse método é ouvir a história a partir do relato do entrevistado. Para a
realização das entrevistas não seguimos um roteiro fechado no qual deveríamos
sempre interagir do mesmo modo ou na mesma sequência da conversa. O que se
repetiu enquanto padrão para a execução da entrevista foi a pergunta inicial -
“Gostaria que você contasse a sua história de vida” - em alguns casos, aconteceu do
atleta perguntar: “Da minha vida pessoal ou do esporte?” Sempre o deixava à
vontade para começar por onde quisesse. Além disso, acredito que pelo fato de
existir a gravação em vídeo, esse registro da imagem fez com que antes do início da
gravação, alguns atletas indagassem qual seria a primeira pergunta. Tendo claro
que qualquer pergunta feita por mim influenciou os caminhos da conversa, procurei
ao máximo não interromper o entrevistado com uma nova questão antes de concluir
a resposta para que pudesse explorar com maior profundidade a linha de raciocínio
que estava construindo. Conforme realizei um maior número de entrevistas consegui
perceber quais eram os melhores momentos para fazer as intervenções. Ao mesmo
tempo em que a ação do pesquisador interfere na narrativa, ela é essencial para a
proposta da entrevista que é dialogar com o entrevistado, pois várias vezes as
perguntas foram colocadas na tentativa de aprofundar algum tema ou de não deixar
a conversa ser breve.
Segundo Pollak (1992, p. 208-209), “[...] o que devemos fazer é
levantar meios de controlar as distorções ou a gestão da memória. Quanto menos
uma história de vida for pré-construída, mais isso funcionará”. Porém, conforme as
entrevistas se avolumaram, percebi que muitos dos jogadores de futebol gostavam
de seguir uma linha cronológica e de pontuar, em boa parte dos casos, os clubes
defendidos e os títulos conquistados. Entendo que esses fatores tenham sido
apresentados pelo fato da carreira deles estarem diretamente vinculadas aos clubes
de futebol e a visibilidade conquistada foi possível também, entre tantos outros
fatores, por meio dos títulos.
49
maior riqueza, a maior contribuição cognitiva que chega a nós das memórias e das
fontes orais”.
Além disso, o local em que foi realizada a entrevista pode fornecer
alguns indicativos do quanto o entrevistado quer apresentar a respeito de suas
memórias. Se o local é a casa, indica que o entrevistado quer compartilhar muitas
coisas; se é o hall do prédio ou uma área aberta (pátio, churrasqueira), indica certo
distanciamento para contar as suas memórias; se é um local público (shopping,
clube esportivo, aeroporto) indica que espera ser visto pelos outros e que não
pretende compartilhar elementos mais particulares de sua vida. Esses elementos
não funcionam como uma regra, pois alguém pode conceder uma entrevista em uma
lanchonete lotada e apresentar elementos pessoais em sua narrativa, mas o que
indica, ao menos em um primeiro momento, é decifrar o que entrevistado
compartilha com o entrevistador a respeito da sua história e cabe ao pesquisador
encontrar meios para acessá-la, sempre respeitando os limites estabelecidos pelo
entrevistado.
Pollak (1992, p. 215) afirma a respeito de suas entrevistas que,
embora necessite de um amparo de outras pesquisas, pôde estabelecer três tipos de
estilos: cronológico, temático e factual, mesmo que os três estilos possam ser
identificados em uma mesma entrevista ele afirma que existe uma predominância de
estilo na fala do entrevistado.
Para o autor, o estilo cronológico está associado ao grau de
escolarização do entrevistado. Nesse aspecto corroboro com Pollak (1992) que o
estilo cronológico apareça na entrevista, porém descarto esse aspecto ser relativo
ao grau de escolaridade. Se a construção do raciocínio é direcionada pelo
entrevistado, como é possível dizer que seu grau de escolaridade seja menor
apenas pelo fato de recorrer a uma cronologia para contar a sua história? Considero
que os atletas do futebol que recorreram ao estilo cronológico o fizeram por ser esse
caminho um dos modos pelos quais seja possível contar a sua história e pelo qual
são constantemente estimulados a contá-las.
O estilo temático para Pollak (1992) é aquele que não se liga ao
tempo cronológico. O entrevistado pode falar da infância e rapidamente passar para
a vida adulta. Na pesquisa com os atletas olímpicos quando o entrevistado recorreu
a esse estilo ele já começava por sua história esportiva e mesmo quando
51
20
Principal é o termo utilizado para se referir a seleção brasileira que disputa uma Copa do Mundo.
53
“[...] é na memória histórica que temos de nos basear. É através dela que esse fato
exterior à minha vida vem assim mesmo deixar sua impressão tal dia, tal hora, e a
vista dessa impressão me fará recordar a hora ou o dia [...]”. Afirma o autor que
sempre nos relacionamos com duas memórias: a nossa, que é individual e a
coletiva, que é construída a partir da relação com a sociedade.
No caso dos atletas olímpicos, quando cada entrevistado narra a sua
trajetória, seleciona os fatos, fala de algo que é particular, individual, ele apresenta a
sua autobiografia. No entanto, essa autobiografia necessariamente aparece
conectada aos acontecimentos mais amplos da Olimpíada e da sua carreira, isto é,
essa memória está conectada a uma memória histórica (HALBWACHS, 2006) e,
consequentemente, aos fatos daquela Olimpíada e das relações com os outros
atletas que conheceram ao longo da carreira. Seguindo essa linha, Pollak (1992)
afirma que existem três elementos constituintes da memória: os acontecimentos, as
pessoas e os lugares.
Se pensarmos na seleção brasileira como possibilidade de acessar
essa relação entre memória individual e memória coletiva e tomarmos a Copa do
Mundo como exemplo21 podemos nos lembrar com quem e onde estávamos quando
o Brasil venceu a Itália nos pênaltis em 1994; ou quando perdeu a final para a
França na Copa de 1998; ou quando se sagrou pentacampeão em 2002; ou quando
foi desclassificado pela França em 2006, e pela Holanda em 2010.
A primeira reflexão que é preciso ser feita refere-se ao fato de eu ter
mencionado a Copa do Mundo e não a Olimpíada para recuperarmos informações a
respeito da nossa vida e do futebol. Se parto dos atletas olímpicos como forma de
entender as relações entre os dois maiores eventos do futebol de seleções, pode-se
pensar que o exemplo acima não seja ilustrativo. Porém, recorro a esse exemplo e
não a uma situação olímpica, pois, no caso brasileiro, talvez pelo fato do país nunca
ter vencido a competição olímpica e, além disso, a variedade de esportes presentes
nos Jogos Olímpicos faz com que o futebol seja mais um entre tantos outros
esportes, visão corroborada por vários atletas entrevistados.
Com o futebol feminino isso se inverte. Embora a Copa do Mundo do
futebol feminino tenha sido criada antes do torneio de futebol feminino dos Jogos
21
Essa ideia encontra-se em uma crônica de Matthew Shirts. Jogador dá entrevista em língua indígena. O
Estado de S. Paulo, 26 de dezembro de 1998, p. C2 – Cidades.
54
22
A Copa do Mundo de futebol feminino acontece a cada quatro anos desde 1991 enquanto a inclusão do futebol
feminino nos Jogos Olímpicos aconteceu apenas cinco anos depois, nos Jogos de 1996.
23
Embora Halbwachs não utilize o termo mídia, é possível fazer uma associação do modo como as informações
circulam e constituem elementos da memória quando apresenta o conceito de quadro social da memória. Santos
(1998, s/p) ilustra como a informação circula na perspectiva de Halbwachs: “[...] mesmo sem presenciar as
revoluções tecnológicas e informacionais com que vivemos recentemente, o autor, ao destacar a influência dos
escritos de Dickens sobre a forma pela qual ele foi capaz de reconhecer Londres, mostrou a importância da
informação como mediadora do processo de construção de identidade. Se passarmos a compreender que nossas
lembranças relacionam-se a quadros sociais mais amplos, compreendemos também que o passado só aparece a
nós a partir de estruturas ou configurações sociais do presente, e que memórias, embora pareçam ser
exclusivamente individuais, são peças de um contexto social que não só nos contém como é anterior a nós
mesmos”.
55
25
Agradeço a sugestão do professor José Paulo Florenzano, na qualificação, para incorporar na tese a discussão
de Geertz (1989) sobre a briga de galos em Bali a partir destes questionamentos.
57
as transformações culturais também afetaram o futebol, seja por meio das mudanças
nos padrões de vida dos atletas, do processo de formação dos jogadores e da
relação deles com os clubes, e a seleção brasileira.
Foi possível captar elementos da interação entre a cultura e as
histórias de vida que, segundo Meyer (2009), se constituem sistemas de
representação cultural, pois expressam sentimentos e identidades. Os sistemas de
representação cultural funcionam como sendo parte de um universo simbólico que
faz parte de todas as sociedades. Para Ortiz (2000), o universo simbólico interpreta
e ordena a história e faz com que a respeito do passado seja estabelecida uma
memória que será partilha pelos membros do grupo no qual foi produzida.
A história individual está associada à memória coletiva, pois a sua
experiência está sempre conectada a um contexto mais amplo (OLIVEIRA, 2005),
sendo esse contexto chamado por vários autores de memória coletiva. Sobre a
memória coletiva Ortiz (2000, p. 75) afirma:
26
Por pertencer a um projeto de pesquisa mais amplo, que envolve todos os atletas olímpicos brasileiros, não fiz
todas as entrevistas com os jogadores de futebol devido a própria demanda e tempo de agendamento. Porém,
participei de boa parte delas. Os demais atletas entrevistados estão indicados no apêndice B.
61
/ Helsinque Havelange
1960 - Roma Edmar Japiassu Sérgio Settani 53m41 Rio de 70 anos 15/11/2011
México do Campo
1984 – Los Augilmar Silva Sérgio Settani 1h37 Rio de 46 anos 14/11/2011
(Gilmar Popoca)
1988 - Seul José Ferreira Sérgio Settani 1h40 São Paulo 44 anos 27/01/2011
Henrique do
Nascimento,
Enrico
Spaggiari, Max
Filipe N.
Rocha e Ana
Carolina O.
Guariento
62
1. O COI e a FIFA
Pelo fato de o Esporte Moderno ter surgido na Inglaterra, as
primeiras federações esportivas são, por consequência, inglesas. Desse modo, as
datas de fundação dos esportes amadores ingleses são anteriores às datas de
formação das Federações Internacionais exatamente pelo fato da origem do esporte
ter acontecido no contexto inglês e posteriormente se expandido para outros países.
Conforme os esportes se proliferavam pelos mais diferentes lugares, as Federações
surgiram com o objetivo unificar e centralizar as ações por modalidades.
27
Krügger (1999) indica como ano de fundação da FIG 1897 enquanto MacDonald (1998) indica 1881. Esse
último ano está colocado no site oficial da Federação Internacional de Ginástica. No site é informado que em
1881 foi fundada a FEG (Federação Europeia de Ginástica) que posteriormente tornou-se FIG em 1921. Em
1896 o COI reconhece a FEG, porém, não participa dos Jogos Olímpicos como uma Federação Internacional.
Somente em 1908 que a FEG foi oficialmente reconhecida como uma Federação Internacional. Disponível em
<http://www.fig-gymnastics.com/vsite/vcontent/page/custom/0,8510,5187-204412-221635-49054-313081-
custom-item,00.html>. Acesso em 7 de março de 2012.
63
28
O sueco Viktor Gustaf Balck foi o 5º membro do COI (1894-1920). Em 1861, ingressou na academia militar
Karlberg e cinco anos depois se retirou como brigadeiro. Durante sua carreira militar fundou vários clubes
esportivos, principalmente voltados para prática da Ginástica. Fundou o Clube de Patinação de Estocolmo em
1883 e em 1892 ajudou a fundar a União Internacional de Skate, da qual foi presidente (1893-1925). Além disso,
foi o presidente fundador do Comitê Olímpico sueco em 1905. Tentou ajudar a organizar os Jogos Olímpicos de
Inverno, mas Coubertin não mostrou interesse. Com isso, ajudou a organizar os Jogos Nórdicos que aconteceram
pela primeira vez em 1901 (BUCHANAN e LYBERG, 2009a).
29
Revue Olympique, n. 3, julho de 1901, p. 35-36. L’unification des règlements sportifs.
64
30
Revue Olympique, Sports – Éducation Physique – Hygiène, n. 90, junho de 1913, p. 91. Convocation.
31
Revue Olympique, Sports – Éducation Physique – Hygiène, n. 90, junho de 1913, p. 91-92. Fundamental
principles.
32
Revue Olympique, Sports – Éducation Physique – Hygiène, n. 90, junho de 1913, p. 94.
65
33
Sobre as modificações das regras do futebol consultar Franco Junior (2007). Porém a forma como o autor
estabelece uma relação direta entre as mudanças que aconteciam no esporte e na sociedade acaba por reduzir e
simplificar o entendimento das dinâmicas próprias que são cridas em cada espaço. Como se uma mudança
estabelecida dentro do esporte andasse em paralelo às mudanças sociais, sendo capaz de influenciar alterações
nas regras da sociedade. Entendo que a construção e unificação das regras referem-se a demandas internas da
prática esportiva em detrimento de possíveis relações diretas com as mudanças da sociedade. Claro que não
podemos dissociar o futebol da sociedade, mas as alterações nas regras sociais não significam alterações nas
regras do futebol e vice-versa.
67
mais diversos países. Nesse processo novos significados e novas formas de praticá-
los se estruturaram e diante das diferenças estabelecidas foi preciso definir as
regras comuns a fim de garantir a possibilidade do confronto esportivo entre as
nações. Será a unificação das regras a responsável por transformar as práticas
corporais em esportes (GIULIANOTTI, 2002). Sobre a popularização do jogo,
especialmente do futebol, Damo (2007, p. 35) afirma:
34
Revue Olympique, n. 9, fevereiro de 1903, p.8-9. Notes sportives.
68
1.1 O COI
35
Sobre o evento ocorrido na Sorbonne consultar Lucas (1974).
36
Consultar Agenda 21 do Movimento Olímpico. Disponível em
<www.cob.org.br/downloads/downloads/Agenda21.doc>. Acesso em 5 de abril de 2012.
37
Disponível em <http://www.olympic.org/about-ioc-institution?tab=Presidents>. Acesso em 18 de março de
2012.
69
desde presidência
1908
Coubertin 1937
Latour 1942
Unidos 1975
1999
Samaranch 2010
38
Disponível em <http://www.olympic.org/about-ioc-institution?tab=Presidents>. Acesso em 18 de março de
2012.
71
39
Bulletin du Comité International Olympique, n. 73, fevereiro de 1961, p. 55. The Executive Board of the
International Olympic Committee was instituted forty years ago. O primeiro Comitê Executivo foi composto por
Godefroy de Blonay (Suíça), Jiri Guth-Jarkowsky (Bohemia), Conde Baillet-Latour (Bélgica), J. Sigfrid Edström
(Suécia) e Marquês de Melchior de Polignac (França).
40
Olympic Review, n. 101-102, março – abril de 1976, p. 163. Olympic Memoirs, by Pierre de Coubertin. I -
The Paris Congress and the revival of the Olympic Games.
72
pessoas deveriam integrá-lo. Ao contrário, essa medida fez com que restringissem a
participação daqueles que não eram considerados como portadores dos ideais do
movimento olímpico.
Foi durante a presidência de Coubertin que aconteceram seis
Congressos (1897-1921). Se incluirmos nessa conta o primeiro de 1894 como
Coubertin sendo o principal agente pela reedição dos Jogos Olímpicos, mais de 50%
dos Congressos realizados, que tinham por objetivo discutir os rumos do movimento
olímpico, foram influenciados pelo pensamento de seu idealizador. Segundo Müller
(1981), os Congressos tinham uma função importante dentro do movimento olímpico
pelo fato de ser um espaço para promover os ideais olímpicos.
41
Antes do primeiro Congresso de Paris, ocorreram dois encontros preliminares: um no dia 27 de novembro de
1893 no University Club de Nova Iorque e no dia 7 de fevereiro de 1894 no London Sports Club (Olympic
Review, n. S72, agosto – setembro - Special Olympism Issue 1972, p. 53). Para os Congressos consultar: Paris
(1894) - Bulletin du Comité International des Jeux Olympiques, n. 1, julho de 1894; Bruxelas (1905) - Revue
Olympique, n. 14, janeiro de 1905; Lausanne (1913) - Revue Olympique, n. 91, julho de 1913, Sports –
Éducation Physique – Hygiène; Paris (1914) - Revue Olympique, Sports – Éducation Physique – Hygiène, n.
90, junho de 1913, p. 91-95; Praga (1925) - Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 1, janeiro
de 1926; Berlim (1930) - Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 15, janeiro de 1930; Varna
(1973) - Olympic Review, n. S73, Special Congress 1973; Baden-Baden (1981) - Olympic Review, n. 167,
setembro – outubro de 1981 e Olympic Review, n. 169, novembro de 1981; Paris (1994) - Olympic Review, n.
320, julho – agosto de 1994; Copenhague (2009) - http://www.olympic.org/olympic-congress.
42
Existem pequenas divergências quanto ao tema dos Congressos apresentado por Krüger (1999) e o que aparece
no Boletim Olímpico. Na tabela deixei os dados fornecidos por Krüger e indico os temas apresentados pelo
Boletim Olímpico: Paris (1894) – Reedição dos Jogos Olímpicos; Le Havre (1897) Higiene e Pedagogia
esportiva; Bruxelas (1905) – Técnicas dos exercícios esportivos; Paris (1906) – Artes, Letras e Esportes;
Laussanne (1913) – Psicologia esportiva; Paris (1914), Lausanne (1921), Praga (1925) e Berlim (1930) –
Regulamentos Olímpicos. Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 18, julho de 1931, p. 10.
43
Não estão disponibilizados, no site da LA Foundation’84, os Boletins Olímpicos publicados entre 1897 e
1900.
73
44
Disponível em <http://www.olympic.org/about-ioc-institution?tab=Presidents>. Acesso em 18 de março de
2012.
74
45
Disponível em <http://www.olympic.org/about-ioc-institution?tab=Presidents>. Acesso em 18 de março de
2012. Ver também o perfil de Edstrom publicado por ocasião de seu falecimento: Bulletin du Comité
International Olympique, n. 86, maio de 1964, p. 86. J. SIGFRID EDSTRÖM. President of the International
Olympic Committee from 1946 to 1952.
75
Olímpico dos EUA por 25 anos (1929-1953), presidente da Organização dos Jogos
Pan-Americanos (ODEPA)46.
Para Senn (1999), a “Era Brundage” começou 20 anos antes de
assumir a presidência do COI, durante a preparação para os Jogos Olímpicos de
Berlim em 1936. Em seguida foi eleito membro do Comitê Executivo e vice-
presidente em 1945. Foi eleito presidente em 1952 e observou o destino do
Movimento Olímpico até 1972 tornando-se Presidente Honorário Vitalício (1972-
1975). Foi um dos grandes defensores do amadorismo (BUCHANAN e LYBERG,
2011c).
Foi nessa edição olímpica que Brundage deixou o cargo de
presidente após 20 anos no poder. Esperava-se que a sua saída pudesse
representar “[...] uma atitude mais flexível em relação ao problema do
profissionalismo”47. Isso, porque, Brundage era um ferrenho defensor do
amadorismo e era contra a realização dos Jogos Olímpicos de Inverno48.
No balanço das duas décadas à frente da presidência do COI,
Brundage teve que administrar uma série de conflitos em que a Guerra Fria
especialmente, a partir de 1952, foi canalizada também por meio das disputas pela
hegemonia esportiva entre Estados Unidos e União Soviética; o boicote da Hungria
aos Jogos de 1956 após ser invadida pela União Soviética e que teve adesão de
outros países; do protesto dos Panteras Negras nos Jogos de 1968 e do atentado
ocorrido em 197249. Após todo esse tempo no poder, a referência deixada por
Brundage era de um ditador: “[...] a marca que o ex-presidente fez questão de deixar
em seus vinte anos de atuação e que lhe valeu, algumas vezes, a qualificação de
ditador: uma profunda aversão ao profissionalismo no esporte”50.
No meio do mandato de Brundage houve uma mudança na
composição dos membros do COI. Até 1966 eles eram eleitos membros vitalícios e
poderiam, caso outros membros aceitassem, se tornar membros honorários, mas
sem direito a voto. Depois de 1966, os membros somente poderiam permanecer
46
Disponível em <http://www.olympic.org/about-ioc-institution?tab=Presidents>. Acesso em 18 de março de
2012.
47
É o fim da Era Brundage. O Estado de S. Paulo, 22 de agosto de 1972, p. 33.
48
COI expulsa jogador dopado; sua equipe fica. O Estado de S. Paulo, 11 de fevereiro de 1972, p. 18.
49
Vinte anos de poder, um legado de conflitos. O Estado de S. Paulo, 22 de agosto de 1972, p. 33.
50
Brundage sai; a marca fica? O Estado de S. Paulo, 25 de agosto de 1972, p. 24.
76
51
Newsletter n. 4, janeiro de 1968, p. 9. Comité international olympique. How are IOC members nominated.
52
Newsletter n. 4, janeiro de 1968, p. 9. Comité international olympique. The president.
53
Olympic Review, n. 59, outubro de 1972, p. 355. The 73rd session of the I.O.C. Ver também: Um lorde
dirigirá o COI. Folha de S. Paulo, 24 de agosto de 1972, p. 43 – Esportes.
54
Um lorde liberal, jornalista e magnata. O Estado de S. Paulo, 24 de agosto de 1972, p. 39
55
Disponível em <http://www.olympic.org/about-ioc-institution?tab=Presidents>. Acesso em 18 de março de
2012.
56
Killanin foi eleito presidente do COI antes do início dos Jogos de Munique, mas somente assumiu a
presidência após os Jogos.
57
Killanin anuncia que não será candidato à reeleição no COI. O Estado de S. Paulo, 20 de maio de 1980, p. 21.
58
Olympic Review, n. 119, setembro de 1977, p. 538. Lord Killanin... Five years of presidency... and China.
77
59
Bulletin du Comité International Olympique, n. 61, fevereiro de 1958, p. 66. The National Olympic
Committees (continuation III). BRAZIL (1935).
60
Olympic Review, n. 70-71, setembro – outubro de 1973, p. 392. ...and 74th Session of the IOC.
61
Olympic Review, n. 28, janeiro de 1970, p. 16. Speech by the Lord Killanin. Vice-President of the I.O.C.
Zagreb, 7th December, 1969.
78
A partir do momento que ele assumiu o cargo, ele tentou dar uma
nova direção para o Movimento Olímpico, que foi seriamente abalada
pelas dificuldades políticas da XXII Olimpíada, e empreendeu uma
longa viagem ao redor do mundo para estabelecer inúmeros contatos
com os Chefes de Estado e líderes esportivos, e para defender a
causa olímpica. Ele garantiu o status do COI como uma organização
62
Esse é um dos principais argumentos apresentado nas reuniões do Grupo de Estudos Olímpicos pela
professora Drª Katia Rubio, minha orientadora, quando afirma que o maior legado dos Jogos Olímpicos são os
atletas e que sem eles não haveriam os Jogos.
63
Olympic Review, n. 85-86, novembro – dezembro de 1974, p. 573. Speech by Lord Killanin, President of the
IOC.
64
Nessa relação entre esporte e política, Killanin em seu discurso de encerramento do congresso fala sobre a
suspensão da China. Consultar: Olympic Review, n. 72-73, novembro – dezembro de 1973, p. 471-474. Closing
speech of Lord Killanin, President of the Congress and the International Olympic Committee.
65
Biographies. Members of the International Olympic Committee, 2012, p. 170.
66
Samaranch, uma vitória tranquila no COI. O Estado de S. Paulo, 17 de julho de 1980, p. 24; Samaranch foi
eleito. Folha de S. Paulo, 17 de julho de 1980, p. 26 – Esportes.
79
67
Disponível em <http://www.olympic.org/about-ioc-institution?tab=Presidents>. Acesso em 18 de março de
2012.
68
O adeus do senhor da Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 22 de abril de 2010, p. E6 – Esportes; Morte de
Samaranch reabre polêmica. Folha de S. Paulo, 22 de abril de 2010, p. D6 – Esporte.
69
Samaranch. O Estado de S. Paulo, 16 de novembro de 1980, p. 49.
70
Samaranch volta a insistir contra a política no esporte. O Estado de S. Paulo, 26 de julho de 1984, p. 23.
80
escolha da sede dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2002 que aconteceria na cidade
americana de Salt Lake (SUPPO, 2012).
Jacques Rogge (385º membro do COI) foi o oitavo presidente do
COI71. Como atleta da vela disputou os Jogos Olímpicos de 1968, 1972 e 1976. Foi
presidente do Comitê Olímpico da Bélgica (1989-1992), membro do COI em 1991 e
membro do Comitê Executivo em 199872.
A mudança de poder das mãos de Samaranch para Rogge fez com
que mais de 30 comissões e grupos permanentes de trabalho73 da época do
presidente espanhol fossem reduzidas para cerca de 25 na gestão de Rogge
(CHAPPELET e KÜBLER-MABBOTT, 2008).
O nono presidente do COI também é europeu. Thomas Bach (387º
membro do COI) foi eleito na 125ª sessão da entidade para um mandato de oito
anos com possibilidade de renovação por mais quatro anos74. Dentro do COI passou
por vários cargos e há 13 anos era vice-presidente75. Em seu discurso de posse
disse que seu lema na condução do COI será “unidade na diversidade”76.
Segundo MacDonald (1998), ao longo dos anos o COI tornou-se
uma entidade rica, composta por membros influentes e com grande reconhecimento
internacional, seja por meio de seus símbolos (anéis olímpicos)77, periodicidade do
evento que possibilitou atrair o interesse da televisão e do grande número de
filiados.
71
Biographies. Members of the International Olympic Committee, 2012, p. 172.
72
Disponível em <http://www.olympic.org/about-ioc-institution?tab=Presidents>. Acesso em 18 de março de
2012.
73
As comissões estão dividas em: “Juridical Affairs, Athletes, Nominations, Co-ordination of the Games (a
separate commission for each of the coming three or four editions), Culture and Education, Television rights and
New Media, Ethics, Women and Sport, Finance, Marketing, Medicine, Philately and Memorabilia, Press,
Programme of the Olympic Games, Radio and Television, International Relations, Sport and Law, Sport and
Environment, Olympic Solidarity and Sport for all. The chairs of the’mv x various commissions – all entrusted
to an IOC member – are highly sought after since they enthance that member´s profile. The chairpersons of the
most important commissions (Juridical Affairs, Finance, Marketing, Olympic Solidarity) are often members of
the Executive Board” (CHAPPELET e KÜBLER-MABBOTT, 2008, p. 24).
74
O alemão Thomas Bach é formado em Direito e foi atleta da esgrima, sendo campeão Olímpico nos Jogos de
Montreal 1976.
75
Alemão é o sucessor de Rogge. O Estado de S. Paulo, 11 de setembro de 2013, p. A27 – Esportes; Novo
presidente do COI pede mais comunicação à Rio-2016. Folha de S. Paulo, 11 de setembro de 2013, p. D2 –
Esportes.
76
Thomas Bach’s speech following his election as IOC President. Disponível em:
<http://www.olympic.org/Documents/IOC_Executive_Boards_and_Sessions/IOC_Sessions/125_Session_Bueno
s_Aires_2013/President_election_Thomas_Bach_speech.pdf>. Acesso em 11 de setembro de 2013.
77
Embora o autor aponte somente os anéis olímpicos, podemos incluir nessa lista a pira, a tocha, os mascotes, as
cerimônias de abertura e encerramento. Sob o ponto de vista comercial, todos esses símbolos são passiveis de
serem comercializado e por isso são tratados como marcas registradas.
81
78
As tabelas foram montadas a partir das informações disponíveis no documento oficial do COI: Biographies.
Members of the International Olympic Committee, 2012).
79
A Rússia foi incluída como parte da Europa, pois o COI a considerava dessa forma.
83
80
Raul Paranhos de Rio Branco foi o 82º membro do COI (1913-1938). Entrou para o serviço diplomático em
1895 para trabalhar em Washington, mas logo seguiu para a Europa e trabalhou em Paris, Roma, Londres e
Berlin antes de ser indicado pelo ministério brasileiro em Berna (1912-1934). Ingressou no COI em 1913 e em
1917 Coubertin o indicou para compor o Comitê de propagação do ideal olímpico na América do Sul. Rio
Branco organizou a primeira equipe brasileira que participou dos Jogos Olímpicos em 1920. Como passou boa
parte de sua vida como diplomata na Europa, quando se aposentou passou a viver na Suíça até o seu falecimento.
(BUCHANAN e LYBERG, 2010a).
84
1.2 A FIFA
81
Nessa ocasião, o primeiro presidente eleito da FIFA, o francês Robert Guérin, foi eleito por unanimidade.
Disponível em <http://pt.fifa.com/aboutfifa/organisation/bodies/congress/presidentelections.html>. Acesso 5 de
abril de 2012. Os setes membros eram: M. Hirschamn (União de Futebol da Holanda), V. Schneider (Associação
de Futebol Suíça), M. Sylow (União de Futebol da Dinamarca), Robert Guérin e A. Espir (União das Sociedades
Francesas de Esportes Atléticos), P. Muhlinghaus e Kahn (União das Sociedades Belgas de Esportes Atléticos)
(MURRAY, 1999, p. 27).
82
Disponível em <http://pt.fifa.com/aboutfifa/organisation/associations.html>. Acesso em 1º de março de 2012.
83
Disponível em <http://www.onu.org.br/conheca-a-onu/paises-membros/>. Acesso em 1º de março de 2012.
84
Esse ano corresponde à primeira reunião da entidade e não o ano de sua formação (1882). “Composta por dois
representantes de cada uma das quatro federações de futebol do Reino Unido — Inglaterra, Escócia, País de
Gales e Irlanda —, a IFAB se reuniu pela primeira vez no dia 2 de junho de 1886 por sugestão da federação
inglesa. Em uma época em que o esporte bretão não era praticado da mesma maneira em todos os países, o órgão
foi instituído a fim de elaborar e proteger as regras fundamentais do futebol. O objetivo da IFAB é preservar as
regras de jogo, supervisionar a sua aplicação, estudá-las e, eventualmente, modificá-las”. Disponível em
<http://pt.fifa.com/aboutfifa/organisation/ifab/history.html>. Acesso em 6 de abril de 2012.
88
85
Retirado do site da FIFA. Disponível em <http://pt.fifa.com/aboutfifa/organisation/ifab/aboutifab.html>.
Acesso em 1º de março de 2012.
86
Sobre os primeiros momentos da necessidade brasileira em unificar e fundar algumas instituições esportivas
para a implantação de elementos comuns no país, consultar: O Estado de S. Paulo, 13 de julho de 1915, p. 5.
Foot-ball: o momento sportivo. O foot-ball – A nossa situação perante a Argentina e perante a Federação
Internacional – A logica a’s avessas – S. Paulo não quer o seu predominio; quer a egualdade.
89
FIFA | International
Board
Confederações
Internacionais
Confederação da
Confederação Confederação Sul‐
Confederação América do Norte, Confederação de União Europeia de
Asiática de Futebol Americana de
Africana de Futebol Central e Associação Futebol da Oceania Futebol
Futebol
de Futebol do Caribe
Confederação
Brasileira de Futebol
(CBF)
Campeonatos
organizados pela CBF
Federações de
Futebol
Clubes de Futebol
Empresários |
Agentes de jogadores
Jogadores
profissionais
87
“A FIFA teve um período de grande sucesso no ciclo de quatro anos entre 2007 e 2010, com a receita
passando de US$ 2,634 bilhões no ciclo de quatro anos anterior para US$ 4,189 bilhões. Os custos também
cresceram, mas permaneceram firmemente sob controle, permitindo que a FIFA obtivesse um ótimo resultado de
US$ 631 milhões”. Disponível em <http://pt.fifa.com/aboutfifa/finances/income.html>. Acesso em 5 de abril de
2012.
88
Bulletin du Comité International des Jeux Olympiques, n. 1, julho de 1894, p. 1-2. Amateurism et
professionalisme.
91
89
“Noventa e três por cento da renda da FIFA durante o período vieram de receitas relacionadas a eventos. O
maior evento de todos também foi o maior arrecadador: a Copa do Mundo da FIFA África do Sul 2010, que
angariou US$ 2,408 bilhões dos US$ 2,448 bilhões obtidos pela FIFA por meio da venda de direitos televisivos,
e US$ 1,072 bilhão do US$ 1,097 bilhão de direitos de marketing. Como um todo, a África do Sul 2010
representou 87% da receita total da FIFA”. Disponível em <http://pt.fifa.com/aboutfifa/finances/income.html>.
Acesso em 5 de abril de 2012.
90
Os dois autores (1992b, p. 133-134) afirmam que o aumento da tensão e da excitação tanto dos torcedores e
quanto dos jogadores dentro de campo estão vinculadas ao equilíbrio da qualidade das duas equipes. Se houver
uma equipe muito superior a outra, esvazia-se a tensão e diminui-se o interesse por aquela partida.
92
91
Consultar Rodrigues (2007).
94
92
Sarmento (2006, p. 5) afirma que ao final do encontro ficou decidida a criação do COB e também da
Federação Brasileira de Esportes (FBE). No entanto, nesse momento foi criado o Comitê Olímpico Nacional
(CON) e não o COB (RUBIO, 2006).
95
Woolfall
Rodolphe William
Bélgica 1876-1955 1954-1955 1 ano
Seeldrayers
15 anos até o
Joseph S. Blatter Suíça 1936 1998-
momento
93
“Thus FIFA heads (Robert Guérin and Louis Mühlinghausen) toyed early with a world championship for
clubs, which was to take place with four geographical groups in 1906. However, at the closing date for entries, at
the end of August 1905, no entry existed at all. As a main reason for this rejection, the high costs were referred
to” (EGCENBERGER, 1986, p. 410).
97
94
Um empresário no futebol. O Estado de S. Paulo, 12 de junho de 1974, p. 20. Texto de Teixeira Heizer.
95
Sempre que algum nome aparecer sem data e com uma citação corresponderá a fala do entrevistado.
98
96
Os franceses já esperavam a derrota de Rous. O Estado de S. Paulo, 12 de junho de 1974, p. 21. Texto de
Reali Junior.
97
O velho sir abandona sua tradicional fleuma: vai derrotar Havelange. Folha de S. Paulo, 9 de abril de 1974, p.
24.
98
O Brasil ganhou a FIFA. Folha de S. Paulo, 12 de junho de 1974, p. 17 – Esportes.
99
[...] foi de 1955 a 74, não 52, eu fui eleito vice-presidente do Sylvio
[Padilha] em 52 e depois assumi e fui até ir para FIFA, em 74. [...], eu
lhe faço uma pergunta: quantas vezes um presidente da República
foi a um estádio? Não conhece. Eu quando estava na CBD, todos os
anos, quando tinha o futebol e mais 24 modalidades amadoras, eu ia
quatro vezes por ano a todos os estádios, a todas as federações.
Assim que a gente deveria dirigir o Brasil e na FIFA dos 178 eu só
não fui ao Afeganistão e o mínimo que eu fui foi 3 vezes [...].
Eu fui com a Ana Maria [sua esposa] e o [...], nós chegamos, eu fui à
suíte, descemos quase na hora do jantar e estavam todos os
membros no hall do salão que eu ia tomar a minha posição na
assembleia [...] que era presidida pelo Stanley Rous, pelo Avery
Brundage, desculpe. E, quando eu desci, estavam todos no salão, a
maioria ingleses e eu me apresentei, eu digo, olha, fui o novo coiso e
tudo [sic], e apresentei a minha senhora, Ana Maria. Ninguém se
levantou pra cumprimentar a minha senhora. Como se eu fosse lixo.
Como se eu cheirasse mal. Então, veja, não é fácil ser brasileiro no
exterior.
101
Olympic Review, n. 95-96, setembro – outubro de 1975, p. 419. Fédération Internationale de Football
Association (FIFA). One year of Presidency.
102
O candidato visita a sua seleção. O Estado de S. Paulo, 9 de junho de 1974, p. 57.
101
Figura 6 - Charge publicada no jornal O Estado de S. Paulo no dia da eleição (11.06.1974) para
presidente da FIFA que aconteceu dias antes do início da Copa do Mundo de 1974
103
Olympic Review, n. 80-81, julho – agosto de 1974, p. 367. Fédération lnternationale de Football Association
(FIFA).
104
Disponível em <http://pt.fifa.com/aboutfifa/organisation/president/pastpresidents.html>. Acesso em 8 de abril
de 2013.
105
Olympic Review, n. 80-81, julho – agosto de 1974, p. 368. Fédération lnternationale de Football Association
(FIFA).
102
Figura 7 - Coca-Cola nos Jogos Olímpicos de 1928. Fonte: Olympic Review, n. 247, junho de
1988, p. 212.
106
Olympic Review, n. 247, junho de 1988, p. 222. Tribute to sixty years of support.
103
107
Disponível em <http://pt.fifa.com/aboutfifa/organisation/president/pastpresidents.html>. Acesso em 8 de abril
de 2013.
108
Disponível em <http://pt.fifa.com/aboutfifa/organisation/president/pastpresidents.html>. Acesso em 8 de abril
de 2013.
104
109
O documento da FIFA, datado de 2010, pode ser consultado no próprio site da entidade sob o título Order on
the dismissal of the criminal proceedings. Disponível em:
<www.fifa.com/mm/document/affederation/footballgovernance/01/66/28/60/orderonthedismissalofthecriminalpr
oceedings.pdf>. Acesso em agosto de 2013.
105
110
Agradeço a sugestão do professor José Paulo Florenzano, na qualificação, para tratar esse capítulo a partir do
conceito proposto por Bourdieu (1983).
106
O poder deve ser analisado como algo que circula, ou melhor, como
algo que só funciona em cadeia. Nunca está localizado aqui ou ali,
nunca está nas mãos de alguns, nunca é apropriado como uma
riqueza ou bem. O poder funciona e se exerce em rede. Nas suas
malhas os indivíduos não só circulam mas estão sempre em posição
de exercer este poder e de sofrer a sua ação; nunca são o alvo inerte
ou consentido do poder, são sempre centros de transmissão. Em
outros termos, o poder não se aplica aos indivíduos, passa por eles
(FOUCAULT, 2011, p. 183).
Essa rede da qual fala Foucault (2011), pode ser entendida como
sendo os membros que integram a FIFA e o COI. As decisões, os votos, os apoios e
os questionamentos funcionam em rede. Aquele que o faz nunca está sozinho. As
decisões tomadas pelos membros dessas entidades somente são decisões efetivas
107
Sedes dos Jogos Olímpicos Sedes Copa do Mundo (1930‐
(1896‐2020) 2022)
Oceania África Oceania África
7% 0% Ásia 0% 5%
Ásia
14%
20%
Europa Europa
50% 45%
América América
23% 36%
109
111
As normas e os membros do Comitê Executivo da FIFA e do COI de 2013 encontram-se em anexo.
110
112
Dados obtidos do site do COI. Disponível em <http://www.olympic.org/executive-board?tab=Composition>.
Acesso em 11 de setembro de 2013.
113
Dados obtidos do site da FIFA. Disponível em
<http://www.fifa.com/aboutfifa/organisation/bodies/excoandemergency/index.html>. Acesso em 11 de setembro
de 2013.
111
114
Voto africano decide hoje o sucessor de Havelange. Folha de S. Paulo, 8 de junho de 1998, p. 6 – Esportes.
112
quase a metade dos votos da FIFA e podem assim fazer impor sua presença agora,
mais do que no passado”115.
Durante muitos anos, Rous foi um defensor de uma tradição
futebolística em que privilegiava a Europa em detrimento dos demais continentes.
Segundo Darby (2002, p. 48), essa hegemonia europeia começou a ser ameaçada
quando houve um aumento do número de filiados da FIFA. Com essa expansão,
independentemente da tradição futebolística ou da qualidade dos jogadores, toda
associação membro tinha direito a voto. Foi muito atento a essa configuração que
Havelange, como um estrategista, percebeu que os continentes africano e asiático
estavam esquecidos na gestão de Rous e sabia que, principalmente, a África devido
aos inúmeros problemas que haviam tido com Rous seria um forte aliado à sua
campanha para chegar ao poder.
Nesse jogo do poder a troca de votos concede o direito de sediar os
dois maiores eventos esportivos do mundo, os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo
de futebol. Na FIFA a distribuição de seus membros apresenta-se, atualmente, de
modo mais homogêneo em comparação à distribuição do COI. Embora a Europa
ainda tenha a maioria, o aumento dos membros da Ásia revela o funcionamento da
estrutura, afinal, as próximas sedes do evento serão na Rússia (2018) e no Catar
(2022). O aumento do número de membros provavelmente foi conquistado por meio
de apoios aos países que sediaram a Copa do Mundo nas últimas décadas. Esses
vínculos entre os membros e a quantidade de votos são explicitados nas palavras de
Havelange:
115
Rous com medo dos rebeldes. Folha de S. Paulo, 20 de agosto de 1972, p. 57 – Esportes.
113
retribuição ao apoio recebido por algum país. Dizer que “nunca me faltaram”
evidencia que sempre soube por onde articular as ações para obter apoio no
comando da FIFA. Essa circulação de ações em torno do poder que colocou regiões
periféricas como centro das decisões revela o que Foucault (2005, p. 51) denominou
de teoria da dominação. Segundo ele:
carta a ele, dizendo que ele ia ter tantos votos, 54 votos e ele
precisava de 53 pra passar na primeira. E mandei a carta e fiquei
esperando a eleição, veio a eleição, ele teve não os 54 que
precisava, dava 53, ele teve 55 e foi eleito, 1980. E ele deixou em
2001, em Moscou, quando entrou o Rogge. O Rogge se apresenta a
ele e mais quatro pessoas. E todos quiseram me ver, eu era
presidente da FIFA e era o mais antigo, e aí não o mais velho, o mais
antigo. E aí, eu os recebi cada um de Leipzig e no final eu disse:
‘Samaranch eu fico com você’. No dia da eleição, em 81, de novo em
Moscou, eu fiz uma carta a ele, dizendo a ele que ele seria eleito no
segundo turno com 54 votos. Ele foi eleito no segundo turno, 54
votos e ele tem essa carta em mãos.
Estabelecida a ordem das cores, o brinquedo está pronto para ser recomeçado e,
nesse caso, representa o início de uma nova disputa para sediar os Jogos
Olímpicos.
Por meio dessa analogia com o Cubo Mágico é possível entender
que João Havelange realmente sabia do número de votos que cada candidato
receberia. Sendo membro do COI ele tinha acesso ao fluxo de poder que se
estabelecia a cada disputa para sediar os Jogos, além de saber o número de
membros que poderiam votar e quem eles tradicionalmente apoiariam ao longo dos
anos. Pelo fato da existência de um pequeno número de membros votantes, essas
disputas estabelecidas sob uma perspectiva democrática faz com que uma série de
alianças e trocas de favores (ora você apoia alguma candidatura e ora você é
apoiado) se estabeleça entre os membros.
Há algum tempo existe uma disputa em torno do COI e da FIFA para
realizar a maior competição esportiva de todos os tempos. A cada nova edição, seja
dos Jogos Olímpicos ou da Copa do Mundo de futebol, espera-se um crescimento
da audiência e, consequentemente, do número dos patrocinadores. Ao longo desse
capítulo, a partir da estrutura das duas entidades, foi possível perceber que elas são
muito mais próximas do que se imagina. Membros da FIFA integram o quadro do
COI, esse é o caso do presidente da FIFA, Joseph Blatter, membro do COI desde
1999 e João Havelange também foi membro durante muito tempo (1963-2011)116.
Por conta dessa situação, do grande número de europeus presentes
nas duas entidades, o resultado é a presença de uma forma de pensar parecida que
faz e fez com que as duas entidades estejam constituídas dentro dos mesmos
princípios. Nesse sentido, sob o ponto de vista financeiro, tanto os Jogos Olímpicos
quanto a Copa do Mundo estão estruturados dentro de um mesmo discurso e de
116
“[...] eu fui eleito para o Comitê Olímpico na presidência do Avery Brundage. [...] eu fui do Comitê Olímpico
como membro 48 anos, por eleição [...]. O tempo passou e eu presidente, e nesses, quanto, 48 anos, devem ter se
realizado, mais do que 110 assembleias e eu faltei, acho que a 4 ou 5. Uma eu me lembro, foi no Japão, porque
eu tinha a Copa do Mundo, no dia que tinha, tinha a abertura da Copa, não ia deixar de ir. Enfim, nunca faltei a
nada. Bom, agora eu recebo uma carta do Rogge, pra eu me apresentar na Comissão de Ética. E, eu aí, respondi a
ele, isso baseado em um jornalista inglês, e eu aí fiz uma carta a ele, mandando um documento, eu nunca fui
chamado ao processo, rodou 10 anos, ele está arquivado e só pode ser aberto daqui há 10 anos, é a lei suíça.
Então, por essa declaração ele mandou me chamar e eu disse que não ia. E mandei a ele uma carta que ele tem o
poder de me demitir. Ele aí me mandou um carta, assim, e me disse que então eu seria recebido para o Comitê
Olímpico para dar explicações. E aí fiz uma carta a ele dizendo que depois de 48 anos, e haver cumprido com
todas as minhas obrigações e missões sem nunca faltar, que eu não aceitava esse sistema de ser interrogado por
membros e que eu [...], e digo, ao lado dessa sua carta tem uma outra carta em que o senhor tem a minha
demissão e acabou, eu saí. Então, depois de 48 anos, ouvir isso e ter isso, e ter eleito esse filho daquilo é duro,
sabe por quê? Nasci aqui”.
116
117
Conforme apresentado no início da tese, utilizo a nomenclatura proposta por Rubio (2010) porém amplio os
períodos correspondetes às referidas fases por incluir os Congressos Olímpicos e não apenas os anos das edições
olímpicas.
118
“A primeira exposição internacional da indústria, do comércio e das artes – a primeira Exposição Universal -
realizou-se em Londres, em 1851, reunindo as novidades do sistema de produção resultantes das novas técnicas,
sejam elas maquinários ou produtos de consumo de massa” (FORTUNA, 2010, p. 153).
119
Bulletin du Comité International des Jeux Olympiques, n. 1, julho de 1894, p. 1. “rendre à César ce qui est
dû à César”.
118
120
Bulletin du Comité International des Jeux Olympiques, n. 1, julho de 1894, p. 1-4. Amateurism et
professionalisme.
119
121
Revue Olympique, Bulletin Trimestriel du Comité International Olympique, n. 8, abril de 1902, sem página.
Questionnaire.
122
Olympic Review, n. 91-92, maio – junho de 1975, p. 160. Through Coubertin’s writings. Coubertin and
amateurism.
120
123
Olympic Review, n. S72, agosto – setembro de 1972, Special Olympism Issue, p. 22. International Olympic
Federations.
121
Portanto, essa conjuntura, permite analisar que do ponto de vista das influências no
movimento olímpico era fundamental possuir membros dentro do COI do que ter um
Comitê Olímpico Nacional estruturado. A existência dos Comitês foi fruto do
crescimento dos Jogos e da estruturação do esporte no mundo, sendo a partir dessa
etapa fundamental ter tanto membros dentro do COI quanto possuir um Comitê
Olímpico Nacional.
Em 1905, as mesmas perguntas foram apresentadas sob o título de
pesquisa internacional sobre o amadorismo. O debate sobre a definição de
amadorismo levantava uma série de elementos essenciais para entender o esporte
naquele momento e o Boletim Olímpico ressaltava que a realização da enquete, a
partir dos mais variados pontos de vista, poderia trazer a essência do problema124.
Ressaltava-se ainda que não seria prudente tentar resolver todos os problemas em
torno da questão antes de implementar a definição de amador ou ao menos ter claro
qual seria a definição125. Porém, mais uma vez, apesar de terem enviado as
perguntas para os grupos interessados, a diversidade de respostas impedia uma
ação direta126.
A busca por uma definição de amadorismo estava muito presente
nas discussões, especialmente após os Jogos de Londres de 1908, e tinha como
objetivo entender e estabelecer as regras para, a partir delas, ficar estabelecido
quem poderia participar das competições. Depois de duas tentativas sem grande
sucesso, a enquete foi publicada na revista britânica Sporting Life com o objetivo de
atingir um público mais amplo.
A revista promoveu o debate sobre o tema entre o dia 16 de outubro
de 1908 e 20 de maio de 1909. Entre as diversas opiniões, os resultados apontavam
pela necessidade em realizar uma reforma generalizada no esporte. Os quatro
pontos destacados eram sobre: dinheiro (lucros e reembolso), contacts (para definir
quem era amador e profissional), professores (no sentido de diferenciar um
profissional de um professor), relatos de diversas experiências127.
124
Revue Olympique, n. 14, janeiro de 1905, sem página. Enquéte Internacionale sur L’Amateurisme.
125
Revue Olympique, n. 41, maio de 1909, p. 67. L’enquête sur L’amateurisme.
126
Revue Olympique, n. 45, setembro de 1909, p. 115. Rapport sur la question de l'amateurisme.
127
Revue Olympique, n. 45, setembro de 1909, p. 116 e 118. Rapport sur la question de l'amateurisme.
122
128
O francês Bertier de Sauvigny foi o 39º membro do COI (1903-1920). A família Sauvigny foi promovida a
condição de nobreza em 16 de maio de 1668 e posteriormente juntou-se a outra família nobre, os Berbers.
Sauvigny apoiou as ideias esportivas e educacionais de seu primo, Barão de Coubertin. Praticou remo, esgrima,
ciclismo e tiro ao arco (BUCHANAN e LYBERG, 2009b).
129
Revue Olympique, Sports – Éducation Physique – Hygiène, n. 57, setembro de 1910, p. 138. The possible
unification of the amateur definition.
130
Revue Olympique, Sports - Éducation Physique – Hygiène, n. 54, junho de 1910, p. 89-90.
131
O americano William Milligan Sloane foi o 6º membro do COI (1894-1924). Foi pioneiro do movimento
Olímpico na América e membro fundador do COI. Estudou na Universidade de Columbia, Nova Iorque (1868) e
nos anos seguintes trabalhou como professor. Depois mudou-se para a Europa onde atuou como ministro
americano em Berlim. Após estudar nas Universidades de Berlim e Leipzig obteve o título de doutor em 1876.
Em 1894, foi presidente fundador do Comitê Olímpico Norte-Americano e nesse mesmo ano tornou-se membro
fundador do COI. Coubertin tinha grande consideração por Sloane pelo fato dele ter sido um grande entusiasta
do movimento olímpico e em uma sessão do COI em 1901 foi convidado por Coubertin para presidir o COI, mas
Sloane declinou. Pediu demissão do COI em abril de 1924 diretamente ao Barão Pierre de Coubertin, mas o
pedido foi oficialmente aceito somente em novembro daquele ano (BUCHANAN e LYBERG, 2009a).
123
esportes de equipes e nenhuma razão foi dada para esse fato. Das seis associações
que foram contra essa possibilidade, apenas uma entendia que o atleta poderia
competir individualmente no golfe e esgrima.
A pergunta seis era em torno do duplo estatuto, ou seja, se uma
pessoa poderia ser profissional em um esporte e amador em outro. Apenas uma
universidade e duas associações eram a favor dessa condição enquanto seis
universidades e quatro associações não aceitavam esse duplo estatuto.
A penúltima pergunta era sobre a existência da diferença entre um
professor de esporte e um profissional. A dúvida era referente à possibilidade de ser
um formador e amador ao mesmo tempo. Duas universidades e quatro associações
disseram que havia diferenças quanto a uma pessoa ocupar essa dupla condição.
Porém, cinco universidades e duas associações disseram que era a mesma coisa
ser um professor de esporte e um profissional. Uma associação não considerava
profissional um professor de esporte que não recebia remuneração.
A oitava e última pergunta era destinada a saber se havia autonomia
da associação ou federação para desqualificar um amador. Também questionava se
a desqualificação somente poderia acontecer caso representasse um
profissionalismo pessoal. Três universidades e quatro associações concordavam
com essa autonomia enquanto quatro universidades e duas associações eram
contra essa possibilidade. Para os que concordavam com a desqualificação
pontuavam que era a associação que deveria ser desqualificada enquanto os que
não concordavam afirmavam que o indivíduo deveria ser desqualificado. Dos “nãos”
das universidades, duas achavam que deveria ser decidido pela Associação
Nacional. Duas associações achavam que deveriam pensar nas desqualificações,
mas que a Federação deveria pronunciar sobre a decisão.
Ao final do documento uma pequena análise foi fornecida e indicava
uma mudança nas respostas132. Se num primeiro momento as respostas foram
negativas quanto às questões relativas ao amadorismo, a própria análise
apresentada mostrou que as mudanças estavam ocorrendo quanto à forma de
pensar o esporte e os atletas.
Embora existissem diferenças de opiniões quanto às despesas,
reembolsos e desqualificações dos atletas, foi reforçado o princípio de que para ser
132
Revue Olympique, n. 54, junho de 1910, p. 90. La question de l'amateurisme.
125
Não demora, porém, para que uma tensão oponha a moral dos
profissionais ligando a façanha esportiva e seu preço à dos
amadores que liga a façanha e a gratuidade. O conflito se aguça
ainda mais quando o amadorismo foi capaz de reivindicar uma certa
“nobreza”. As grandes vozes esportivas do fim do século XIX
adotaram um raciocínio sistemático: ganhar músculos para ganhar
dinheiro é tornar servil a sua força, é aceitar eventualmente ‘trair’,
depender do pagador e não de si mesmo (VIGARELLO, 2009, p.
456-457).
133
As divergências foram apontadas pelo próprio Coubertin tempos depois. Olympic Review, n. 91-92, maio –
junho de 1975, p. 161 e 178. Through Coubertin’s writings. Coubertin and amateurism.
134
Revue Olympique, Sports – Éducation Physique – Hygiène, n. 57, setembro de 1910, p. 139. The possible
unification of the amateur definition.
126
dos esportes fizeram uma análise do ambiente em que ele acontecia para
conseguirem proteger da melhor forma possível os interesses deles, no caso, dos
aristocratas.
Sobre essa condição de limitar a participação nos Jogos Olímpicos
aos amadores, muitos anos depois em 1961, o presidente do COI, Brundage, enviou
uma correspondência para os membros da entidade e para a imprensa. Nessa carta,
fez uma análise do movimento olímpico, das condições que permitiam a um atleta
ser definido como amador e ressaltou que “os Jogos Olímpicos pertencem somente
aos de primeira classe”135. Ao afirmar isso, Brundage explicitava que as restrições
aos profissionais eram estabelecidas pelo fato deles não pertencerem à primeira
classe, ou seja, não faziam parte da “nobreza” e por isso deveriam ficar fora dos
Jogos.
Sob os lemas do prazer e da gratuidade indicados por Vigarello
(2009), os amadores colocavam, em primeiro lugar, o prazer da prática por ela
mesma, ou seja, o prazer seria intrínseco ao esporte que se pratica. Por outro lado,
nessa dicotomia, os profissionais deviam ser mantidos afastados por estarem em
busca de um “prazer” extrínseco (os amadores jamais usariam essa palavra para se
referir aos profissionais) que se materializava por meio do corpo, dos músculos, dos
recordes e se transformava em recompensa financeira, algo completamente
condenado pela aristocracia. Era o dilema entre a prática esportiva como um fim em
si mesmo ou como meio para "outro" fim.
O debate gerado pelas questões apresentadas fez com que o COI
escolhesse dois esportes para realizar as análises. As duas modalidades escolhidas
foram a esgrima e o atletismo. O motivo da escolha deveu-se pela possibilidade de
analisar dois esportes antagônicos do ponto de vista dos praticantes. De acordo com
o Boletim, a esgrima caracterizava-se como um dos mais aristocráticos esportes e o
atletismo como o mais democrático136.
Ao propor a análise dessa forma o COI imaginava que conseguiria
estruturar as demais modalidades tendo uma média a partir de modalidades
antagônicas. Por um lado, ao comparar dois esportes caracterizados por lógicas
135
Bulletin du Comité International Olympique, n. 74, maio de 1961, p. 34. Circular letter sent to
International Olympic Committee members and to the Press by Mr. A. Brundage in March 1961. “The Olympic
Games belong to those of the first class only”.
136
Revue Olympique, Sports – Éducation Physique – Hygiène, n. 57, setembro de 1910, p. 141. The possible
unification of the amateur definition.
127
137
Todas as datas indicadas acerca da duração dos Jogos foram retiradas dos Relatórios Oficiais e conferidas no
site oficial do COI. Porém, O jornal O Estado de S. Paulo republica um texto da Revue des Revues, de autoria
do dr. A. Bauville, que indica uma outra duração dos Jogos: “A 24 de março os Jogos Olympicos foram
celebrados de novo, em sua pompa dos dias de outr’ora [...]. Inauguradas, como acima dissemos, a 24 de março,
as festas só terão fim a 3 de abril e talvez mesmo se prolonguem mais”. Jogos Olympicos, 29 de abril de 1896, p.
2.
138
Bulletin du Comité International des Jeux Olympiques, n. 3, janeiro de 1895, p. 2.
139
Em 1895, fizeram parte 14 membros e em 1894 e 1896 o COI possuía 15 membros.
140
As informações sobre a formação dos Comitês Olímpicos Nacionais estão indicadas nos seguintes números
do Bulletin du Comité International Olympique: n. 59, agosto de 1957; n. 60, novembro de 1957; n. 61,
128
fevereiro de 1958; n. 62, maio de 1958; n. 64, novembro de 1958; n. 65, fevereiro de 1959; n. 66, maio de 1959;
n. 71, agosto de 1960.
141
O Estado de S. Paulo, 29 de maio de 1896, p. 2.
142
Faltam motivação e divulgação do atletismo por trás do insucesso olímpico do “país do futebol”. O Estado
de S. Paulo, 31 de dezembro de 1972, p. 122.
129
143
1900 Paris Olympic Games Official Report Part 1, p. 21. As 15 modalidades foram: 1º Corrida (Courses à
pied); 2º Competição atlética que incluía salto, arremesso de peso e de disco (Concours athlétiques (sauts,
lancement du poids et du disque); 3º Marcha (Marche); 4º Rúgby (Foot-ball rugby); 5º Futebol (Foot-ball
association); 6º Tênis de campo (Lawn-tennis); 7º Esporte de raquete que é antecessor da pelota basca e do tênis
(Jeux de paume); 8º Hóquei (Hockey); 9º Cróquete, jogo que consiste em bater bolas de madeira ou plástico em
direção aos arcos distribuídos pelo campo (Croquet); 10º Críquete (Cricket); 11º Golfe (Golf); 12º Jeu de boules;
13º Beisebol (Baseball); 14º Esgrima (Boxe et canne), 15º Luta (Lutte). Patinação e Levantamento de pesos
(halteres) foram rejeitadas pela Comissão, o primeiro destes exercícios era uma prática rara em Paris, e o
segundo era monopolizado pelos profissionais (Le patinage et les poids – halteres - furent écartés par le Comité,
le premier de ces exercices étant d’une pratique assez rare à Paris, et le second étant accaparé par lês
professionnels).
144
Os franceses venceram por 6 a 2.
145
A partida foi vencida pelos ingleses por 4 a 0. No documento oficial do COI existe uma divergência de datas:
primeiro apresentam que o jogo do dia 20 de setembro foi contra os suíços e logo abaixo indicam a realização,
no mesmo dia, do jogo contra os ingleses. Os jogos dos dias 30 de setembro e 7 de outubro não aconteceram.
146
1900 Paris Olympic Games Official Report Part 1, p. 68.
130
147
1900 Paris Olympic Games Official Report Part 1, p. 75. Le foot-ball association, pour ses deux matchs,
n'a pas atteint 1,000 francs de recettes.
148
1900 Paris Olympic Games Official Report Part 1, p. 69.
131
um novo modo de pensar o mundo indicava como esse esporte, desde então,
estaria associado a uma condição da modernidade.
Por meio do esporte as massas também se mobilizaram, a própria
lógica dos Jogos Olímpicos – de possuir uma sede diferente a cada quatro anos –
fez com que as pessoas circulassem pelos países, apesar da grande concentração
de edições no continente europeu. É nesse sentido que Vigarello (2009, p. 451)
relaciona as mudanças no esporte com a circulação das pessoas:
149
Revue Olympique, n. 3, julho de 1901, p. 32-33. Président du Comité International Olympique, Paris. Paris,
le 9 mai 1901.
150
Revue Olympique, n. 9, fevereiro de 1903, p. 8 e p. 19. Noveulles D’Amérique.
151
Revue Olympique, n. 9, fevereiro de 1903, p. 4. The President of the International Olympian Committee,
Paris. Chicago, nov. 26-1902.
152
O autor explora em seu artigo os 15 dias que antecederam os Jogos e ficaram conhecidos como Jornadas
Antropológicas. “Ademas, estos Juegos Olimpicos fueron precedidos, quince dias antes, por “‘Jornadas
134
antropologicas’ durante las cuales lós organizadores habian organizado competiciones especiales reservadas a
los que lós Americanos xenófobos en ese entonces consideravan como ‘primitivos’” (p. 810). O próprio relatório
oficial dos Jogos, Spalding's Athletic Almanac for 1905, coloca o termo Antropológico no subtítulo do
documento - Official Report of Anthropological Days at the World’s Fair, containing a Review of the First
Series of Athletic Contests ever held, in which Savage Tribes were the Exclusive Contestants – e no relatório
apresenta algumas fotos do dia Antropológico.
153
“Los Juegos Olimpicos fueron englobados en el cuadro de las fiestas de la Exposición universal. Pierre de
Coubertin tenia miedo en cuanto al buen desarollo, al impacto y a la originalidad de estas olimpiadas en el suelo
americano. Los echos le dieron razon. El movimiento olimpico era todavia joven y sus miembros no prestaron
sufisamente cuidado a las derivas que se desarollaron alli. Las competiciones deportivas fueron dispersadas
sobre mas de cuatro meses y medio, perdidas en el caos de la Exposicion”.
154
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 26, outubro de 1934, p. 11. Speech of Count de
Baillet-Latour president of the IOC.
135
embrionário que permitiu aos Jogos Olímpicos crescer e criar a sua própria
identidade.
No entanto, o fato é que ao ter a sua própria identidade, ao longo da
história olímpica essa dinâmica de associar os Jogos a outros eventos, tal como a
Exposição Universal, desapareceu e não foi possível ver essa relação com outros
eventos. Essa premissa de não haver conflitos entre os eventos de grande público
fez com que os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo de futebol tivessem uma
separação bienal muito bem definida como será detalhado posteriormente.
No cronograma dos Jogos Olímpicos de 1904 o futebol continuou a
ser uma modalidade de exibição. Quanto à organização do torneio de futebol, na
época era sabido que os organizadores tinham conhecimento de que as
Universidades não estavam preparadas para receber as partidas de futebol155. A
única Universidade que se dispôs foi a de Saint Louis. Diante dessa situação a
competição olímpica de futebol foi disputada apenas por Universidades. Segundo
Hobsbawm (1997, p. 310):
155
O documento Spalding's Athletic Almanac for 1905 foi compilado por James E. Sullivan e incluía o Official
Report of the Olympic Games of 1904. Consultar informações sobre o futebol na página 247.
136
156
O Estado de S. Paulo, 25 de junho de 1906, p. 3. Junto a essa notícia são apresentados os resultados de
outras modalidades esportivas.
137
quanto à quebra do ciclo de quatro anos entre uma edição e outra157. Salvador
(2004, p. 601) afirma:
157
Olympic Review, n. 146, dezembro de 1979, p. 694. Those controversial Games of 1906... by Fritz K.
Mathys, Former director of the Swiss Sports Museum.
158
“Curiosamente, estas Olimpiadas, inexistentes para el COI, salvaron los Juegos que estaban a punto de
disgregarse por las rencillas políticas que carcomían a los aristócratas detentadores del llamado movimiento
olímpico. Em Atenas se llevó a cabo un encuentro entre los diversos miembros del COI, costeados por el
gobierno griego, y como es natural allí aparecieron todos. Y el miedo a perder lo poco que se había avanzado
puso paz en las reuniones que se celebraron allí, pero los órganos oficiales del COI nunca reconocieren estos
juegos”.
159
Jogos Olimpicos em 1906. O Estado de S. Paulo, 27 de novembro de 1956, p. 22. “Perguntaram-nos varios
leitores se houve Olimpiada em 1906. Não houve. As olimpiadas, a partir de 1896, contam-se de quatro em
quatro anos, efetuando-se, portanto, a terceira em 1904. Em 1906, os gregos fizeram realizar em Atenas o que se
pode chamar de uma ‘pequena olimpiada’, numa tentativa de conseguirem a direção dos III Jogos Olimpicos.
[...]. Esse certame não tem e não teve, entretanto, qualquer ligação com o Olimpismo Moderno, ou melhor, com
as olimpiadas, não se contando entre elas. Assim, fica mais uma vez esclarecido que os atuais são os XII Jogos
Olimpicos e a XVI Olimpiada”.
160
<http://www.olympic.org/>. Acesso em 21 de janeiro de 2012.
161
Revue Olympique, Sports – Éducation Physique - Hyriène, n. 6, maio de 1906, p. 80. Revue Olympique
palmarès des jeux d'athènes. Uma outra referência aos Jogos de 1906 aparece no Revue Olympique, Sports –
Éducation Physique - Hyriène, n. 11, novembro de 1906, p. 175-176. The lesson of the Olympic Games.
138
162
Bulletin du Comité International Olympique, n. 74, maio de 1961, p. 26. What would have happened had
the Olympics of 1908 been held in Rome, to whom they were given?.
163
Foi rei do Reino Unido e dos países sob domínio britânico de 1901 a 1910.
164
O Estado de S. Paulo, 16 de julho de 1908, p. 4. A cobertura dos Jogos Olímpicos pelo jornal O Estado de S.
Paulo resume-se a pequenas notas.
165
1908 London Olympic Games Official Report, p. 34. A Challenge Cup has been presented by the Football
Association; Para conferir as regras gerais da Olimpíada de Londres de 1908 consultar o Revue Olympique,
Sports – Éducation Physique - Hyriène, n. 19, julho de 1907, p. 302-304.
166
1908 London Olympic Games Official Report, p. 457-458.
139
poderiam ser melhores do que outras e de uma relação de poder entre os países,
pois quando os Estados Unidos questionaram as regras inglesas estavam em busca
de ocupar um espaço de liderança dentro do movimento olímpico.
O fair play apareceu para coibir os possíveis acordos de resultados
no futebol. Assim, era considerada uma má conduta de qualquer Associação ou
clube, jogador, oficial, membro de qualquer entidade ou equipe oferecer, direta ou
indiretamente, qualquer consideração para outro clube, jogador ou jogadores de
outro clube com a intenção de influenciar o resultado da partida. Do mesmo modo,
era considerada má conduta de qualquer clube, equipe, jogador, aceitar qualquer
consideração dessa natureza. Já naquela época existia a preocupação em coibir
qualquer tipo de esquema para a compra de resultados. Essa condição se
intensificará ao longo das mudanças pelas quais passará o esporte no mundo ao
longo do século XX.
A curiosidade ficou por conta das inscrições que deveriam ser
enviadas por correio para o Comitê Olímpico, em formulário oficial, até o dia 1º de
setembro de 1908, ou seja, os Jogos Olímpicos já estavam em curso quando as
inscrições para o futebol foram feitas.
168
Revue Olympique, n. 57, setembro de 1910, p. 141. The possible unification of the amateur definition.
141
169
1912 Stockholm Olympic Games Official Report, p.38-39; 95-96. Amateur definitions.
142
170
1912 Stockholm Olympic Games Official Report, p. 479-480. Football. The inclusion of football in the
programme of fifth Olympiad.
171
1912 Stockholm Olympic Games Official Report, p. 38-39.
143
172
1912 Stockholm Olympic Games Official Report, p. 480. The technical management of the competition.
173
1912 Stockholm Olympic Games Official Report, p. 480-481. Special arrangements for the football
competitions.
174
Em 1912, os quatro países foram inscritos como Grã-Bretanha.
175
1912 Stockholm Olympic Games Official Report, p. 481-482.
144
176
Para saber sobre o Torneio de Futebol Olímpico de 1920 consultar o artigo: GARCIA, Juan Fauria. The 1920
football (soccer) tournament. Citius, Altius, Fortius, v. 1, n. 4, 1993. Disponível em:
<http://www.aafla.org/SportsLibrary/JOH/JOHv1n4/JOHv1n4d.pdf>. Acesso em 16/01/2012.
177
Também nos Jogos Olímpicos de 1924 uma série de personagens políticos estiveram presentes no evento:
“Aos lados de chefe de Estado frances apinhavam-se as notabilidades, entre ellas o principe de Galles, o principe
145
Henrique, da Inglaterra, o principe da Suecia e da Rumania, o xa da Persia e o ras Taffari, distinguido-se dentre
outras personalidades de menor vulto, mas não menos importantes, taes como os embaixadores das nacoes
representadas e os membros dos comités olympicos internacional e nacionaes, entre estes figurando o dr. Raul do
Rio Branco, ministro brasileiro na [ilegível] e membro da secção brasileira do C. O. I.”. Athletismo. A
olympiada de Pariz VIII – o desfile das nações. O Estado de S. Paulo, 8 de setembro de 1924, p. 5.
178
A partida de futebol entre belgas e tchequeslovenos – Antuerpia. O Estado de S. Paulo, 5 de setembro de
1920, p. 2.
179
“Alors que les joueurs slaves, mécontents de l’arbitrage, quittent la pelouse après seulement 39 minutes de
jeu, « le public envahit le terrain et s’apprêt[e] à faire un mauvais parti aux Tchèques lorsque la gendarmerie
intervi[e]nt. Les joueurs tchèques sort[e]nt sous sa protection. » Une grande partie des 42 000 spectateurs
présents, « venus des quatre coins de la Belgique » ont, il est vrai, créé plusieurs heures avant la rencontre une
ambiance explosive : « Nombreux [so]nt ceux qui port[e]nt une cocarde tricolore, d’autres, en groupe, pouss[e]nt
des "cris de guerre". Plus loin, nous en v[oyons] porteurs de "crécelles" et de "trompettes", etc”. (Football
association. La finale du tournoi. Victoire des Belges. L’Auto, 3 de setembro de 1920 apud Dietsch (2012, p. 3-
4).
180
“De divers côtés, les drapeaux belges dépass[e]nt de ça et là des têtes180. » Le journaliste français Achille
Duchenne peut résumer l’esprit du match : « Jamais, en somme, la politique ne s’est aussi intimement mêlée au
sport et avec les résultats regrettables, mais certains, que l’on voit!”. La Vie Sportive, 9 de setembro de 1920
apud Dietsch (2012, p. 4).
146
181
Varias. O Estado de S. Paulo, 13 de fevereiro de 1924, p. 6.
182
Athletismo. A Olympiada de Pariz, IV. O Estado de S. Paulo, 25 de agosto de 1924, p. 4.
183
Athletismo. A Olympiada de Pariz, IV. O Estado de S. Paulo, 25 de agosto de 1924, p. 4.
184
Jogos Olympicos de 1924. O Estado de S. Paulo, 24 de maio de 1925, p. 6.
147
185
Les Jeux de la VIII Olympiade Paris 1924, Rapport Officiel. Les Recettes et les Spectateurs du Football
(Stade de Colombes, Stade Pershing, Stade Bergeyre, Stade de Paris), p. 318. Desse valor total, por ter recebido
um maior número de partidas, a receita gerada no estádio de Colombes foi de 1.281.815 francos (p. 319).
186
O rugby fez parte do programa Olímpico dos Jogos de 1900, 1908, 1920 e 1924. Disponível em:
<http://www.olympic.org/content/results-and-
medalists/gamesandsportsummary/?sport=101350&games=1900%2f1&event=>. Acesso em 29 de agosto de
2013. O rubgy com sete jogadores fará parte dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016. Disponível em:
<http://www.rio2016.org/os-jogos/olimpicos/esportes/rugby>. Acesso em 29 de agosto de 2013.
148
187
A olympiada de Pariz. O Estado de S. Paulo, 22 de agosto de 1924, p. 4.
188
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 1, janeiro de 1926, p. 15-19. Decisions taken by
the Technical Congress at Prague.
189
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 8, setembro de 1927, p. 10-12. Speech delivered
at the opening of the session of the E. C. Meeting in Paris in August 1927 by Count Baillet-Latour, President of
the I. O. C.
149
pelo suíço Hirschy190 ao sugerir que o Comitê Executivo do COI deveria fazer uma
pesquisa de opinião junto às Federações Internacionais e o COI para se chegar a
uma definição de amador aplicável para todas as Federações Internacionais. Com
base nessa sugestão, Seeldrayers fez a seguinte proposição191:
1. Deveria existir uma definição de amador aceita por todas as Federações
Internacionais.
2. Era desejável ter uma definição para os Jogos Olímpicos e outra para todos
os demais eventos esportivos.
3. Que o relatório fosse produzido a partir das respostas recebidas pelas
Federações Internacionais.
Durante o Congresso de Praga foi discutido, de início, os dois
primeiros pontos levantados por Seeldrayers no Congresso de Paris. Latour reforçou
que não teria poder nem direito em alterar as regras do amadorismo. No entanto, o
Congresso questionou se teria o direito em decidir a questão da qualificação dos
atletas para os Jogos e após a análise das consequências dessa decisão que
poderia surgir com as Federações, estas se recusaram a adotar esse princípio e
ficou decidido abandonar o projeto discutido no Congresso de Paris.
Os números da votação foram muito significativos e indicavam qual
espaço os membros das Federações Internacionais ocupavam nesse momento no
mundo do esporte. Foram 83 votos a favor para o Congresso decidir a respeito da
qualificação dos atletas, 10 contra e apenas quatro abstenções. Entre os que
votaram contra estavam os presidentes da Federação de boxe, de natação, do
Comitê da Holanda, da Inglaterra, dos Estados Unidos e da Noruega. As abstenções
foram dos membros da Federação de tênis e do futebol que contavam com dois
representantes de cada. Trata-se de uma informação essencial e altamente
representativa desses poderes, pois esses dois esportes seriam excluídos dos Jogos
Olímpicos de 1932.
Pela primeira vez, nos documentos do COI, foi caracterizado que os
atletas não deveriam receber compensação por perda de salário. Segundo o
documento: qualquer pagamento, direto ou indireto, para um atleta, remuneração ou
compensação por salários perdidos representaria ganho financeiro indireto e,
190
William Hirschy foi presidente do Comitê Olímpico da Suíça.
191
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 8, setembro de 1927, p. 10-11. Speech delivered
at the opening of the session of the E. C. Meeting in Paris in August 1927 by Count Baillet-Latour, President of
the I. O. C.
150
192
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 1, janeiro de 1926, p. 18. 5. Recommendations
adopted at the Prague Congress.
193
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 1, janeiro de 1926, p. 15-16. Decisions taken by
the Technical Congress at Prague.
151
194
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 1, janeiro de 1926, p. 19. 11. Meeting of the
Executive Committee. Paris, november 1925.
195
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 5, janeiro de 1927, p. 19. General rules applicable
to the Celebration of the Olympic Games.
196
Esse princípio que restringe a participação dos atletas caso já tenham defendido alguma outra nação
praticamente não sofrerá alterações ao longo das décadas do movimento olímpico. Em virtude da atualização das
regras pequenas modificações serão realizadas muitos anos depois. Bulletin du Comité International
Olympique, n. 89, fevereiro de 1965, p. 79. Annex No. 10. Proposed draft for rules (item 29 on the agenda). b)
Amendment to rule 27.
197
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 7, junho de 1927, p. 16. Decision taken by the
International Amateur Athletic Federation in the Question Regarding Amateur Athletes Travelling for months
152
and receiving disproportional compensation for their expenses (Extraído do relatório do presidente do COI J. S.
Edström).
198
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 8, setembro de 1927, p. 10. Speech delivered at
the opening of the session of the E. C. Meeting in Paris in August 1927 by Count Baillet-Latour, President of the
I. O. C. “Before referring to the important question that we have to consider, and for which we have met today, I
think it is absolutely necessary to recall previous discussions on the question of amateurism in order to define the
responsibility of each in the decisions taken and in the same way to consider the powers of the I. O. C. relative to
the application of these decisions”.
153
199
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 8, setembro de 1927, p. 11. Speech delivered at
the opening of the session of the E. C. Meeting in Paris in August 1927 by Count Baillet-Latour, President of the
I. O. C.
200
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 8, setembro de 1927, p. 12. Minutes of the
Meeting of the Executive Committee, Paris 8th Aug. 1927.
201
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 9, dezembro de 1927 p. 1-2.
202
Tradução adaptada do seguinte trecho: “The terms 'lost time' or 'broken time' refer to the practice of paying
athletes for the time spent away from their place of employment competing in athletic events. In this way,
athletes coming from the middle class would be able to afford to compete in top level events. Those most
opposed to this practice, not surprisingly tended to come from upper reaches of society and who, incidently, did
not have to worry about money they were not earning while they competed. Note: Most of the documentation I
have perused does not state specifically who actually did the paying. In some instances, the organisers of athletic
competitions would be happy to reimburse top athletes for participating. In the case of the Olympic Games, this
technique seems unlikely. Rather, patriotic citizens, business owners, or even the government would likely be
willing to ensure that athletes would be provided enough financial support to be able to leave their jobs for the
requisite period of time”.
154
203
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 9, dezembro de 1927, p. 3-4. Minutes of the
Meeting of the Executive Committee Sunday, 30th October, (afternoon) and Monday, 31st October (morning and
afternoon).
155
anular uma das decisões do Congresso de Praga. O fato é que esse posicionamento
do Comitê Executivo reforçava que era o único autorizado a tomar decisões
provisórias, mas não haveria tempo hábil (estavam a nove meses dos Jogos) para
reunir todos para discutir um novo fato em um Congresso. Além disso, o Comitê
Executivo chamou a atenção da FIFA que, após o Congresso de Roma (1926),
passaria a seguir as resoluções sugeridas sobre o pagamento pela compensação
por salários perdidos.
Grande parte dos itens listados no Boletim Olímpico será
apresentada adiante no texto, pois são informações também vinculadas ao relatório
oficial dos Jogos Olímpicos de 1928. Na sequência destaco o que não foi
apresentado no relatório oficial: a FIFA decidiu que para cada nação existia um
número máximo de dias que deveriam ser pagos e esse número não poderia
exceder 20 dias ao ano; o Comitê Executivo do COI recusou-se, completamente, a
ceder às tentativas da FIFA com a intenção de persuadi-los a aceitar as regras
anteriores como estando em acordo com a decisão do Congresso de Praga a
respeito do pagamento por afastamento.
O debate continuou a aparecer nos Boletins Olímpicos204. Por 4
votos a 2 o Comitê Executivo do COI interpretou que a proposta feita pela FIFA em 8
de agosto de 1927, em Paris constituía um fato novo (fait nouveau), que não tinha
sido discutido em Praga e, em consequência, o Comitê Executivo concordou com a
inclusão do futebol na Olimpíada de Amsterdã como um caso excepcional e não se
posicionou quanto às regras do amadorismo propostas pela FIFA205.
O presidente observou que o Comitê Executivo não havia tomado
nenhuma decisão acerca das regras do amadorismo nos termos estabelecidos pela
FIFA por não se considerar apto a avaliar o caso. Por conta disso, também não
discutiram o princípio do afastamento ou do pagamento por perda de salário.
A FIFA apontou ao Comitê Executivo que essa cláusula, como a
contida na resolução do item VI, apresentada acima, nunca foi discutida no
Congresso de Praga, e foi esquecida pelo Comitê Executivo que decidiu se queria
ou não que a cláusula constituísse um novo e importante fato, e que não foi
providenciado ou previsto pelo Congresso de Praga.
204
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 11, outubro de 1928, p. 15. International
federations of lawn Tennis and football (association).
205
27th IOC Session, Amsterdam, 1928, p. 145.
156
206
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 10, abril de 1928, p. 30. The International
Olympic Committee and the British Football Association.
157
excluídos dos Jogos Olímpicos. Decidiu-se adiar a decisão. Mas na sequência foram
apresentados temas relativos a somente duas Federações Internacionais: a de
futebol e a de tênis207. O motivo para isso foi gerado pela discordância do COI em
relação às duas federações quanto ao problema do amadorismo.
A divergência de opiniões referentes ao posicionamento do COI de
não se expressar quanto ao novo fato surgido em relação à divergência da visão do
COI e da FIFA sobre o amadorismo foi revelada por meio de questionamentos para
entender o motivo pelo qual o COI optou por protelar a decisão.
O inglês Lord Rochdale208 questionou o motivo pelo qual, um
assunto de tamanha importância não fora decidido pelo COI. Para o presidente do
COI o Comitê Executivo tinha o direito para decidir sobre o caso e por se tratar de
um fato novo, já estava esclarecido que não precisaria da aprovação do COI. Por
fim, lamentou a entrada das federações e dos Comitês Olímpicos Nacionais para
discutir o problema levantado por Rochdale209.
O pano de fundo dessa discussão deixa claro que existia uma
disputa pelo poder dentro do COI. Quem deveria tomar a decisão? A quem caberia
decidir um novo fato? A disputa pelo poder não é feita somente em relação ao
controle do esporte do mundo. O poder também está colocado internamente nessas
instituições. Como elas são divididas de forma hierárquica, as disputas internas
também acontecem quando decisões dessa ordem aparecem.
Rochdale foi apoiado pelo General Sherrill210, Dr. Ruperti211 e Count
De Clary212. Ao manter a sua posição, o presidente do COI perguntou a Rochdale
207
27th IOC Session, Amsterdam, 1928, p. 145-146.
208
Nesse momento, Lord George Kemp Rochdale era o Presidente da Associação Olímpica Britânica (1927-
1931). Ele foi o 139º membro do COI (1927-1933) e no ano em que se tornou membro da entidade foi apontado
pela Comissão responsável por coordenar os Jogos da África. Era do ramo industrial. Além disso, foi brigadeiro
na Primeira Guerra Mundial (BUCHANAN e LYBERG, 2011a).
209
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 11, outubro de 1928, p. 15-16. International
federations of lawn Tennis and football (association).
210
O General americano Charles Hitchcock Sherril foi o 111º membro do COI (1922-1936). Formado em Direito
trabalhou como embaixador na Argentina e posteriormente no Japão. Em 1926, tornou-se o primeiro norte-
americano a integrar o Comitê Executivo (BUCHANAN e LYBERG, 2010b).
211
O alemão Dr. Oskar Ruperti foi o 129º membro do COI (1924-1928). Foi presidente da Federação Alemã de
Remo (1919-1926) e responsável pelo remo nos Jogos Olímpicos de 1912 e 1928. Atuava na indústria química
(BUCHANAN e LYBERG, 2011a).
212
O francês Count Justinien-Charles-Xavier De Clary (nê Bertonneau) foi o 94º membro do COI (1919-1933).
Era advogado e foi membro da Comissão Esportiva durante a Exposição Universal de 1900, além de ter sido o
responsável pelo tiro de pistola nos Jogos de Paris do mesmo ano. Foi presidente do Comitê Olímpico Nacional
(1913-1933) e atuou na comissão geral e como president do Comitê Executivo dos Jogos Olímpicos de Paris em
1924. Como Coubertin, era contra a participação das mulheres nos Jogos Olímpicos e durante uma sessão do
COI em 1924 sobre essa questão sugeriu que o status quo fosse mantido e ainda foi enfático contra a inclusão da
158
quem deveria tomar a decisão. A resposta foi de que somente o COI poderia tomá-
la. Em seguida, leu a minuta em que o Comitê Executivo formalmente possuía totais
poderes para resolver as dificuldades que poderiam surgir junto às federações
envolvidas no caso. Diante dessa decisão, Rochdale reconheceu que o Comitê
Executivo não tinha atuado por abuso de poder (ultra vires).
Taylor213 reconheceu que houve, de sua parte, um entendimento
errado a respeito da leitura da carta da Associação Britânica quanto aos
questionamentos e concordou que o Comitê agiu corretamente. Edström afirmou, de
acordo com a opinião geral, que a declaração de Rochdale era desnecessária. A
reunião terminou com a opinião de Sherrill em que ressaltou ser muito importante
resolver as diferenças sobre o amadorismo presentes entre o COI e as Federações
Internacionais.
Na sequência do documento da 27ª sessão do COI foram
apresentados alguns debates214. O primeiro atribuído a Rochdale e a proposta de
Sherrill que afirmou:
esgrima feminina. Em 1925, foi um dos candidatos para a presidência do COI, mas teve apenas quatro votos na
primeira rodada e apenas um na segunda (BUCHANAN e LYBERG, 2010a).
213
O australiano James Taylor foi o 132º membro do COI (1924-1944). Era contador e foi diretor de várias
companhias. Em seu tempo livre dedicava-se à administração esportiva e em 1908 se tornou presidente da
Associação de Esportes Amador New South Wales. Também foi presidente da União de Natação australiana e
em 1920 tornou-se presidente da Federação Olímpica australiana. Em 1924, tornou-se membro do COI, fato que
diminuiu o poder de Coombes, que até então era o único representante australiano (BUCHANAN e LYBERG,
2011a).
214
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 11, outubro de 1928, p. 15-16. International
federations of lawn Tennis and football (association).
215
27th IOC Session, Amsterdam, 1928, p. 146. “IF-matters: “En raison de la différence de doctrihe qui existe au
point de vue l’amateurism, entre le CIO et less FI: a de Football et de Lawn-Tennis, le CIO décide de supprimer
les concours de Football et de Lawn-Tennis, du programme des Jeux Olympiques à l’avenir tant que ces deux
fédérations maintiendreront leur conception d’amateur”.
216
O norueguês Thomas Fearnley foi o 140º membro do COI. Em 1910, fundou e foi o primeiro presidente da
Associação de Tênis da Noruega e participou nesse modalidade dos Jogos de 1912, 1920 e 1924. Ingressou em
1918 como membro do Comitê Olímpico da Noruega. Entre 1950 e 1974 existiu a Fearnley Cup em sua
homenagem (BUCHANAN e LYBERG, 2011a).
159
217
O holandês Baron Alphert Schimmelpenninck van der Oye foi o 134º membro do COI (1925-1943). Formado
em Direito. Em 1925 tornou-se presidente do Comitê Olímpico holandês e membro do COI. Foi presidente do
Comitê Organizador dos Jogos de 1928 (BUCHANAN e LYBERG, 2011a).
218
27th IOC Session, Amsterdam, 1928, p. 146-147. Essas informações também estão presentes no Bulletin
Officiel du Comité International Olympique, n. 11, outubro de 1928. The meeting of friday morning 3rd
August.
160
219
1928 Amsterdam Olympic Games Official Report, p. 344-345. Rules on the allowance of compensation for
broken time. Extract from the “Official communications” of Fédération Internacionale de Football Association,
vol. 4, no. 29, September 16th 1927.
220
Jogos Olympicos. O torneio de futebol. Distúrbios no jogo Hollanda vs. Uruguay. O Estado de S. Paulo, 30
de maio de 1928.
221
Jogos Olympicos. Campeonato de futebol. Retirada da Esthonia. O Estado de S. Paulo, 26 de maio de 1928,
p. 10.
161
222
Jogos Olympicos. Torneio de futebol. A partida foi adiada. O Estado de S. Paulo, 2 de junho de 1928, p. 8.
A notícia é sobre o jogo entre a Espanha e a Itália.
223
O torneio “consolação”. A Hollanda empata com o Chile. O Estado de S. Paulo, 9 de junho de 1928, p. 9; As
Olympiadas de Amsterdam. O encontro entre a Hollanda e o Chile terminou empatado por 2 a 2. Folha da
Manhã, 9 de junho de 1928, p. 4.
224
O torneio de futebol de Amsterdam. Os argentinos empataram com os uruguayos, depois de uma luta
memoravel – O desenvolvimento do jogo. O Estado de S. Paulo, 12 de junho de 1928, p. 12; As olympidas de
Amsterdam. O jogo entre uruguayos e argentinos não foi ainda decidido. Folha da Manhã, 11 de junho de 1928,
p. 3.
162
225
Jogos Olympicos. O torneio olympico de futebol. Desenvolvimento e resultado do desempate da grande
partida final, entre argentinos e uruguayos – Victoria dos uruguayos por 2 a 1 – O ambiente – Antes do jogo –
Enthusiasmo da assitencia – Brilhante actuação do quadro argentino. O Estado de S. Paulo, 14 de junho de
1928, p. 10.
226
Resoluções da Federação Internacional para a possibilidade de um novo empate. O Estado de S. Paulo, 14 de
junho de 1928, p. 10.
227
As Olympiadas de Amsterdam. Os urugayos campeões olympicos e do mundo em 1928. Travou-se hontem a
maior batalha de que ha noticia nos campos esportivos do velho mundo – os argentinos derrotados por 2 a 1 – A
imprensa européa e o grande torneio. Folha da Manhã, 14 de junho de 1928, p. 8; A imprensa allemã é
unaninme em elogios aos sulamericanos. Folha da Manhã, 15 de junho de 1928, p. 10.
228
As Olympiadas de Amsterdam. Os urugayos campeões olympicos e do mundo em 1928. Travou-se hontem a
maior batalha de que ha noticia nos campos esportivos do velho mundo – os argentinos derrotados por 2 a 1 – A
imprensa européa e o grande torneio. Folha da Manhã, 14 de junho de 1928, p. 8.
229
1928 Amsterdam Olympic Games Official Report, p. 342-344.
163
230
Estiveram presentes no encontro: Comitê Executivo do COI, Federação Internacional de Luta Livre Amadora
(Brull), Federação Internacional de Futebol (Hirschman), Federação Internacional de Hipismo (Comandante
Hector), Federação Internacional de Atletismo (Kjellman), Federação Internacional de Boxe Amador (Val
Barker), Federação Internacional de Esgrima (van Rossem).
231
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 11, outubro de 1928, p. 19-20. Meeting of the
Executive Committee and Delegates of the International Federations.
232
O campeonato mundial em 1930. O Estado de S. Paulo, 25 de janeiro de 1929, p. 11. “[...] o campeonato vae
ser disputado de quatro em quatro anos, a começar em 1930, isto é, dois annos depois de uma olympiada e dois
annos antes da que immediatamente a segue. Os Jogos desenvolver-se-ão entre 15 de Maio e 15 de de Junho,
num mez completo, portanto, devendo todos os encontros ser disputados, se possível, num só local. Caso haja
mais de 32 inscriptos, tornar-se-á necessário jogar partidas eliminatorias. Estas bases do campeonato mundial
deverão ser discutidas e approvadas pelo congresso internacional de futebol marcado para 18 de maio proximo,
em Madrid”.
165
233
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 13, julho de 1929, p. 2. 1. — Speech of the
President of the International Olympic Committee, the Count de Baillet-Latour, at the opening of the annual
Meeting, Lausanne, 8th. April 1929.
234
28th IOC Session, Lausanne, 1929, p. 152. Amateurism.
235
28th IOC Session, Lausanne, 1929, p. 152. Amateurism.
166
236
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 13, julho de 1929, p. 2. 1. — Speech of the
President of the International Olympic Committee, the Count de Baillet-Latour, at the opening of the annual
Meeting, Lausanne, 8th. April 1929.
237
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 13, julho de 1929, p. 4. Amateurism.
167
pretender impedir essa possível prática, entendiam que iriam preservar os valores do
amadorismo dos atletas que possuíam suas atividades laborais, mas que se
dedicavam ao esporte por amor.
Um dos pontos levantados como sendo uma dificuldade foi o de
garantir que o atleta, ao manter o seu emprego ainda pudesse participar das
competições esportivas já que houve um aumento do número de jogos
internacionais e, consequentemente, o aumento do número de viagens.
O aumento do número de partidas implicou, ao longo de décadas, na
“consolidação de uma rotina com dedicação exclusiva dos atletas e, como
contrapartida, a remuneração compatível” (DAMO, 2007, p. 76), algo totalmente
contrário ao posicionamento do COI. Enfim, essa preocupação, expressa em 1929,
indicava o quanto o esporte vinha se transformando com o passar dos anos.
Na visão de Latour, as divergências de opiniões podiam, por um
lado, encorajar a constituição do profissionalismo, algo que não era valorizado pelo
COI que, por sua vez, defendia ativamente os valores do amadorismo.
Essa será uma contradição presente no avanço do esporte enquanto
espetáculo. Conforme caminhava nessa direção duas ações aconteciam
simultaneamente: o aumento dos investimentos financeiros nos eventos esportivos e
a necessidade de especialização dos atletas por meio de treinamentos intensivos
para que todo o investimento realizado pudesse ser retornado por meio das
apresentações dos atletas nas competições. Ou seja, investia-se na
espetacularização das competições e no desempenho corporal dos atletas para que
se produzisse o interesse do público e de mais empresas em associar a sua marca
com essa estrutura.
Na finalização de seu discurso, Latour apenas relatou que, após a
resolução do problema a respeito do afastamento dos atletas de suas atividades
laborais para competirem no esporte, os Jogos Olímpicos começariam a tomar uma
grande dimensão e que, por conta disso, tornava-se cada vez mais difícil conseguir
mantê-lo a partir dos ideais estabelecidos quando os Jogos foram reeditados, tal
como os valores educativos do esporte. Dessa forma, os esportes que não
possuíssem esse caráter educativo deveriam ser excluídos dos Jogos Olímpicos.
Entre as mudanças, destacou-se a dificuldade em realizá-lo durante
15 dias devido a inclusão de novos esportes a cada edição, o que não permitia
reduzir o programa olímpico. Essa impossibilidade de redução está diretamente
168
ligada com a participação das mulheres que passaram a fazer parte em maior
número do evento.
Nessa parte final, Latour não colocou os questionamentos quanto a
definição do afastamento como sendo um elemento das mudanças do esporte. Após
a resolução dessa pendência, os demais itens seriam discutidos238. Do modo como
apresenta a sua fala pode-se inferir que existia um certo “miopismo” por parte dos
dirigentes do COI em aceitar que o esporte estava em processo de transformação. O
que não percebiam, ou melhor, não queriam aceitar que o esporte caminhava para o
profissionalismo.
A reunião terminou com alguns indicativos de que o COI e as
Federações Internacionais possuíam o mesmo pensamento. Eram contrários ao
pagamento por afastamento, por não estar vinculado ao espírito do amadorismo. O
temor retratado ao final desse item do documento era de que os jovens pudessem
se interessar mais pelo esporte por aquilo que ele poderia oferecer financeiramente.
Porém, em viagem ao Japão em 1929, Edström239 ministrou uma
conferência e debateu os assuntos que estavam na pauta do COI, com destaque
para o amadorismo. Considerou ser muito complicada essa questão e para explicá-
la afirmou que ela pertencia ao antigo modelo de esporte britânico. Ressaltou que
nessa proposta o atleta deveria praticar o esporte pelo prazer e não por receber
alguma recompensa financeira. Porém, afirmou que os jogadores filiados à FIFA
poderiam receber algum pagamento pelo tempo em que ficaram afastados de suas
atividades laborais por conta de competições e que isso poderia acontecer também
nos Jogos Olímpicos240.
Reforçou ser bem aceita a efetuação do pagamento aos amadores
pelas despesas geradas durante às competições sem que viessem perder a
condição de amador, mas reforçou que essa condição poderia gerar amadores
pagos. Relembrou que no Congresso de Praga (1925) ficou decidido que somente
os amadores que não recebessem compensações por salários perdidos estariam
autorizados a participar dos Jogos Olímpicos. Porém, devido às novas ações da
238
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 13, julho de 1929, p. 2-3. 1. — Speech of the
President of the International Olympic Committee, the Count de Baillet-Latour, at the opening of the annual
Meeting, Lausanne, 8th. April 1929.
239
Nesse momento Edström é membro do COI e presidente da IAAF.
240
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 15, janeiro de 1930, p. 10-11. 8 — Conférence de
Mr. J. S. Edström à Tokyo.
169
FIFA quanto às regras para o recebimento das compensações, esse assunto seria
finalmente definido no Congresso de Berlim de 1930.
De modo explícito Edström afirmou que a classe trabalhadora
gostaria de participar dos Jogos Olímpicos e que seria preciso chegar a um
consenso quanto à compensação pelo salário perdido quando participassem das
competições olímpicas, pois a família do trabalhador dependia do salário dele.
Falar dos trabalhadores representa uma mudança de olhar do COI,
por meio de um membro, Edström, quando indicou em seu discurso, em julho de
1929, a dificuldade em manter os ideiais olímpicos estabelecidos por Coubertin. Se
antes os trabalhadores não eram aceitos e a condição amadora era a forma, sem
grandes questionamentos, de mantê-los afastados dos Jogos, o embate entre a
FIFA e o COI pela definição das regras para a compensação pelo salário perdido
colocava como possibilidade a participação dos trabalhadores. Se por um lado ainda
existiam restrições para presença deles nos Jogos, por outro lado se observava que
aos poucos começavam a ganhar espaço no cenário esportivo.
Depois dessa reunião, não houve nenhuma menção nos Boletins
Olímpicos sobre os debates que se seguiram. A temática voltou a aparecer somente
nos documentos no Congresso de Berlim realizado entre os dias 25 a 30 de maio de
1930, período anterior à primeira edição da Copa do Mundo organizada pela FIFA
que aconteceu de 13 a 30 de julho do mesmo ano241.
Nesse Congresso, em seu discurso o presidente Latour apresentou
que aquele era um grande momento para que todos pudessem contribuir com a
causa do amadorismo. Relembrou que as discussões foram iniciadas nos
Congressos de Lausanne (1921) e Praga (1925) e deveriam discutir se as definições
de amador implantadas pela FIFA estavam de acordo com as regras estabelecidas
no Congresso de Praga para os Jogos Olímpicos. Afirmou, ainda, que a grande
controvérsia surgiu no verão de 1927 devido à inclusão do futebol nos Jogos de
Amsterdã (1928) apresentado pela FIFA e pelo Comitê Executivo do COI em acordo
com o artigo 9 do estatuto do Comitê que tinha o direito de tomar as medidas que
consideravam necessárias para o bom desenvolvimento dos Jogos Olímpicos.
Dessa forma, o Comitê Executivo deveria estar em consonância com
as regras do COI e não poderia estar a favor do princípio do afastamento, pois ao
241
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 16, julho de 1930, p. 20-22. Olympic Congress of
Berlin 25th – 30th May, 1930. Third year of the IX Olympiad.
170
244
Uma informação sobre o sucesso financeiro dos Jogos Olímpicos de 1928 foi publicada no jornal O Estado
de S. Paulo, 27 de setembro de 1928, p. 6, sob o título O exito financeiro. “Montreal, (Canadá) 26 (U. P.) – O
consulado hollandez comunicou ter recebido um relatorio não official, o qual indica que a recente Olympiada de
Amsterdam obteve exito financeiro, ao contrario das outras Olympiadas, as quaes, em geral, têm dado prejuizo”.
173
245
O esporte no exterior. As olympiadas de Los Angeles. Ver O Estado de S. Paulo dos dias 3 de agosto de
1932, p. 5; 7 de agosto, p. 5; 10 de agosto, p. 5 – nesse dia existe uma nota referente a um incidente no jogo entre
o Brasil e a Hungria no polo aquático em que a confusão teria sido causada por (excesso de) nacionalismo
esportivo, gerado segundo o jornal londrino “Evening New” de uma diferença de concepção dos regulamentos
da modalidade; 13 de agosto, p. 4; 14 de agosto, p. 5; 15 de agosto, p. 4, 16 de agosto, p. 5. Por meio de notas
publicadas nas seção “telegrammas do exterior”, a Folha da Manhã manteve uma maior periodicidade de
informações sobre os resultados das diversas provas. Consultar os jornais dos dias 3 de agosto a 13 de agosto de
1932. Sobre o incidente no jogo de polo aquático, ver Folha da Manhã, 10 de agosto de 1932, p. 4.
246
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 22, outubro de 1932, p. 12. International Olympic
Committee Session of 1932. (Year I of the Xth Olympiad). Los Angeles. Inaugural meeting of the session.
247
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 24, setembro de 1933 p. 2. Meeting of te
Executive Committee of the International Olympic Committee and of the Council of Delegates of the
International Federations. Vienna, June 5th and 6th, 1933. Minutes of the Proceedings.
174
248
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 24, setembro de 1933 p. 3. Meeting of te
Executive Committee of the International Olympic Committee and of the Council of Delegates of the
International Federations. Vienna, June 5th and 6th, 1933. Minutes of the Proceedings.
175
249
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 24, setembro de 1933, p. 3. Proposals of the
International Amateur Athletic Federation.
176
250
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 24, setembro de 1933, p. 4. Proposals of the
International Amateur Athletic Federation. “7) An Amateur cannot make use or capitalize his «Sports» fame. He
cannot receive any compensation for using the goods or apparatus of any firm, manufacturer or agent, nor shall
he allow his name to be used as a means of advertising or recommending the goods of any firm or manufacturer,
nor shall he engage for financial benefit in any occupation or business transaction wherein his value arises
chiefly from his «Sports» fame. country the importance of the Olympic Oath as well as the shamefulness of
giving an untrue and false declaration, because a false oath dishonours not only the person giving it, but also the
Nation under whose banner he is competing”.
177
251
Esse incidente envolveu a seleção brasileira de polo-aquático que realizou protestos, por se sentir prejudicada
pelas decisões do árbitro. Devido aos protestos a seleção brasileira foi desclassificada da competição após perder
as duas primeiras partidas para os Estados Unidos (6-1) e Alemanha (7-3). Consultar: The Official Report of
the Games of the Xth Olympiad Los Angeles, 1932, p. 634; Bulletin Officiel du Comité International
Olympique, n. 24, setembro de 1933, p. 5. Proposals of the International Amateur Athletic Federation.
178
caso ele tivesse transgredido alguma regra do amadorismo. Essa medida tinha por
objetivo valorizar a importância do juramento olímpico.
Os pontos controversos foram em relação à possibilidade do atleta
se tornar um profissional, caso desejasse. Essa proposta foi rejeitada após uma
votação (quatro votos a favor e oito contra a proposta)252. O outro ponto discutido foi
sobre impedir confrontos entre amadores e profissionais, à exceção de competições
organizadas pela Federação Nacional com um caráter patriótico ou de caridade.
Para esse item, oito votos foram a favor e cinco contra essa medida. Realizou-se
uma nova votação que terminou com 11 votos a favor e nove contra. Edström pediu
para deixarem registrado que ele foi totalmente contra essa aprovação. Com esse
resultado, tornou-se necessária uma autorização da Federação Nacional para haver
uma competição entre amadores e profissionais.
Houve o pedido da Federação Internacional de Hóquei sobre grama,
de se decidir o mais rápido possível uma definição de amador para todos os
esportes. Esse fato seria aclamado por unanimidade caso o futebol não tivesse se
pronunciado contrário a esse pensamento. O secretário da FIFA, Ivo Schricker253,
apresentou uma perspectiva totalmente diferente da visão da maioria, isto é, que a
FIFA havia eliminado a definição de amador, concedendo o direito de cada
Associação Nacional de definir a condição dos jogadores.
A reação do presidente do COI, Baillet-Latour foi de surpresa, afinal,
o presidente da FIFA, Jules Rimet, havia sido informado sobre esse assunto. Houve
o deferimento do pedido da FIFA para que o torneio de futebol fosse organizado sem
a entidade. Também havia sido estabelecido que a Federação Nacional fora
aconselhada a convencer a FIFA a aceitar as condições estabelecidas na carta do
COI referente aos Jogos de 1928.
Dessa forma, o presidente do COI Baillet-Latour apresentou aos
demais colegas da entidade qual havia sido o posicionamento da FIFA quanto à
definição de amadorismo. Em sua fala afirmou que a FIFA retirou a definição de
amador do seu estatuto e também as regras sobre o pagamento por perda de
salário, deixando a cargo das Federações Nacionais a responsabilidade por essas
252
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 24, setembro de 1933, p. 10. Semi-
Professionalism.
253
Ele foi o primeiro funcionário regular de secretário na FIFA (GEHRINGER, 2006) e atuou nesse cargo de
1932-1951 (BECK, 1999).
179
questões. Diante desse fato, afirmou que o COI decidiu aceitar as definições
estabelecidas pelas Federações Nacionais254.
Em uma reunião realizada em maio de 1934, o Comitê Executivo do
COI juntamente com os delegados das Federações Internacionais, decidiram adotar
uma definição de amador para todos os esportes. A definição ficou a seguinte:
254
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 26, outubro de 1934, p. 8-12. Speech of the
president of the I.O.C. Count De Baillet-Latour.
255
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 26, outubro de 1934, p. 3. Report of the
conference held by delegates of the International sports federations with the committee on amateurism
nominated in Vienna. “After a long discussion, in which the majority of the delegates took part, the Federations
voted unanimously the sole definition of an amateur as follows: «An amateur is so called who practises sport
solely for the love of it and for his own pleasure, without any intention from a spirit of greed of obtaining any
direct or indirect profit. Every International Federation shall regulate and control the application of this
fundamental principle».
180
passaram por uma visão idealizada, porém compartilhada entre seus pares, de que
o espírito olímpico fazia com que pessoas de diferentes classes sociais, tais como
príncipes e trabalhadores, pudessem, por meio do esporte, estarem lado a lado e
pediu que deixassem o COI cuidar dos profissionais. Seu descontentamento com as
divergências o fez questionar os motivos dessa situação sendo que considerava a
origem do COI e das Federações Internacionais como sendo a mesma.
Após o futebol ficar de fora do programa olímpico de 1932, dois anos
depois, na reunião realizada em 1934 ficou estabelecida uma alteração no
regulamento geral em que ficou acordado que a definição de amadorismo proposta
pela FIFA poderia ser aceita por outras Federações Internacionais256.
Por sua vez, a FIFA aceitou que somente participariam do futebol
olímpico os atletas que não receberam reembolso por tempo de afastamento, desde
que não tivessem atuado como profissionais em algum esporte257. A FIFA também
realizou um Congresso e decidiu por unanimidade o retorno do futebol aos Jogos
Olímpicos258. Apesar da importância do futebol no cenário esportivo mundial,
Coubertin considerava que o futebol deveria ser contemplado no programa olímpico,
mas de uma maneira independente, como algo à parte, porque entendia que
deveriam ser valorizadas especialmente as modalidades individuais259.
256
Veja nos anexos a carta do presidente do COI, Baillet-Latour, que faz referência ao retorno do futebol no
programa olímpico.
257
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 28, maio de 1935, p. 8. Football tournament.
258
The XIth Olympic Games Berlin, 1936 Official Report Volume II, p. 1047. Football.
259
Olympic Review, n. 30, março – abril de 1970, p. 123. To the Athletes and all taking part at Amsterdam in
the IXth Olympiad.
181
260
The XIth Olympic Games Berlin, 1936 Official Report Volume II, p. 1047-1048. Football.
261
A estreia do Peru nos Jogos Olímpicos aconteceu em 1936. Olympic Review, n. 85-86, novembro –
dezembro de 1974, p. 624-625. Peru’s Olympic Initiation.
262
The XIth Olympic Games Berlin, 1936 Official Report Volume II, p. 1048. Football. Consultar também: O
Perú retira-se do certame. A Folha da Manhã, 11 de agosto de 1936, p. 12, noticia que a decisão da FIFA por
um novo jogo foi causado pelo fato dos espectadores entrarem no estádio após transcorrida metade da partida.
Fato esse que não é relatado pelo relatório oficial dos Jogos e pelo jornal O Estado de S. Paulo (ver as notas
abaixo).
263
A proposito do incidente entre o Perú e a Austria. Uma nota explicativa sobre esse incidente, verificado em
virtude da attitude assumida pela Fifa. O Estado de S. Paulo, 12 de agosto de 1936, p. 9.
182
264
Para ver a decisão do Júri consultar: Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 32,
novembro de 1936, p. 1-2. Minutes of the Meeting of the Executive Committee.
265
The XIth Olympic Games Berlin, 1936 Official Report Volume II, p. 1048. Football.
266
O incidente havido com o Perú. Agrava-se a situação – Declarações do secretario geral da delegação peruana.
O Estado de S. Paulo, 12 de agosto de 1936, p. 8.
267
“Os austriacos, então, allegaram que haviam sido coagidos pela presença de pessoas estranhas durante o jogo.
A queixa official por parte da delegação austriaca não menciona se esses espectaores eram peruanos ou
austriacos [...]”. O incidente Perú x Austria. Folha da Manhã, 12 de agosto de 1936, p. 11.
183
268
O incidente havido com o Perú. Agrava-se a situação – Declarações do secretario geral da delegação peruana.
O Estado de S. Paulo, 12 de agosto de 1936, p. 8.
269
O incidente havido com o Perú. Agrava-se a situação – Declarações do secretario geral da delegação peruana.
O Estado de S. Paulo, 12 de agosto de 1936, p. 8.
270
O árbitro era Thoralf Kristiansen, da Noruega, auxiliado por Pal Von Hertzka, da Hungria e E. K. Pekonen,
da Finlândia. Disponível em
<http://pt.fifa.com/tournaments/archive/tournament=512/edition=197041/matches/match=32348/report.html>.
Acesso em 2 de setembro de 2012.
184
271
Sobre essa decisão da FIFA, muito tempo depois volta a ser vinculada uma informação sobre o episódio.
Campeonato Mundial de Futebol. As possibilidades da seleção peruana nas eliminatorias sul-americanas, a se
realizarem em Montevideu. O Estado de S. Paulo, 8 de dezembro de 1949, p. 12. “Não se deve esquecer,
também, que o Peru participou do Campeonato do Mundo de 1930 e da Olimpiada de Berlim, em 1936. Na
capital alemã, o quadro peruano causou sensação e não chegou ás finais em virtude de uma arbitraria e injusta
decisão da FIFA, decisão essa que causou grande indignação em toda a America do Sul”.
272
O incidente Perú x Austria. Folha da Manhã, 12 de agosto de 1936, p. 11.
273
O incidente Perú x Austria. Folha da Manhã, 12 de agosto de 1936, p. 11.
274
Ainda o caso do Perú. Ventilada a questão pelos membros do “Comite” executivo da F.I.F.A. O Estado de S.
Paulo, 14 de agosto de 1936, p. 2.
275
Continua a se desenvolver, com brilho e imponencia, o certamen olympico da capital da Allemanha. A
delegação do Perú permanecerá, provavelmente, na Europa, afim de disputar partidas amistosas. O Estado de S.
Paulo, 14 de agosto de 1936, p. 8.
185
276
A reacção sul-americana. Folha da Manhã, 12 de agosto de 1936, p. 11.
277
Outras noticias sobre a XI Olympiada. Ainda o incidente verificado entre as representações de futebol da
Austria e do Perú – Os sul-americanos deixaram Berlim, com destino a Colonia – Espera-se uma resolução
favoravel para o caso – O remador brasileiro Celestino Palma, do C. R. Tietê-São Paulo, classifica-se em terceiro
logar nas provas de esquife. O Estado de S. Paulo, 13 de agosto de 1936, p. 6. Os Jogos Olympicos de Berlim.
Os peruanos abandonam definitivamente o certame – A japoneza Mayahata triumpha na final dos 200 metros, de
peito – O Brasil obtem a segunda collocação numa eliminatória de auterrigues a 4 – O Japão venceu o
revezamente aquático em 800 metros – Cresce o vulto do incidente originado pelo embate Austria VS. Perú, de
futebol. Folha da Manhã, 12 de agosto de 1936, p. 11.
278
Um convite que os peruanos não aceitaram. Folha da Manhã, 12 de agosto de 1936, p. 11.
279
O Perú solidario com seus futebolistas. Folha da Manhã, 12 de agosto de 1936, p. 11. A solidariedade
também se anunciava sob a perspectiva financeira: “Segundo o que se anuncia aqui [em Lima], o presidente da
Republica, general Oscar Benevides, vem de doar 35 mil francos, aos membros da delegação peruana aos Jogos
Olympicos, afim de que os mesmos possam gozar um periodo de férias em Paris, após os sucessos de Berlim”. A
sugestão do Peru como alternativa para a não participação dos países sul-americanos é de que as referidas nações
organizem os seus Jogos Olímpicos.
280
A decisão do Chile em deixar os Jogos Olímpicos de Berlim foi adiada depois que a Federação Chilena foi
contra essa ideia. Além desses dois países, o Uruguai também estava disposto a aderir ao movimento. O
incidente havido com o Perú. Agrava-se a situação – Declarações do secretario geral da delegação peruana. O
Estado de S. Paulo, 12 de agosto de 1936, p. 8.
186
281
Repercussão do incidente na capital peruana. O Estado de S. Paulo, 13 de agosto de 1936, p. 6. O Perú terá o
apoio total dos sul-americanos. Folha da Manhã, 12 de agosto de 1936, p. 11.
282
Manifestações em Lima. Folha da Manhã, 12 de agosto de 1936, p. 11.
283
Resposta do “Comité” Olympico Argentino á delegação peruana. O Estado de S. Paulo, 13 de agosto de
1936, p. 6; A solidariedade pretendida pelos peruanos. Folha da Manhã, 13 de agosto de 1936, p. 12.
284
A retirada do Perú e as suas consequencias. Folha da Manhã, 16 de agosto de 1936, p. 1 da segunda seção.
187
285
Caminho que o bom senso approva. Folha da Manhã, 16 de agosto de 1936, p.1 da segunda seção. Texto de
Angelo Calabrese.
188
286
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 32, novembro de 1936, p. 11. Report of the
International Federations on Amateurism. Ver também: A proposito da participação dos brasileiros nos jogos
olympicos. O Estado de S. Paulo, 31 de julho de 1936, p. 9.
287
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 35, outubro de 1937, p. 7-8. Request of the
International Cyclist’s Union.
189
288
Olympische Rundschau, n. 2, julho de 1938, p. 7-9. The Meeting on the Nile.
190
289
Olympische Rundschau, n. 7, especial, outubro de 1939, p. 19-20. The Amateur Paragraphs. Ao que tudo
indica, o artigo foi escrito pelo próprio Carl Diem. A dúvida se dá pelo fato de que o referido tópico não possui
assinatura de que o escreveu. No entanto, o artigo anterior é escrito por Diem e o seguinte é assinado por outra
pessoa.
290
Provavel cancellamento dos Jogos Olympicos de 1940. O Estado de S. Paulo, 31 de agosto de 1937, p. 24.
291
A propósito da boicotagem da Olympiada de 1940, em Tokio. O Estado de S. Paulo, 10 de fevereiro de
1938, p. 5; A Olympiada de 1940. O Estado de S. Paulo, 15 de fevereiro de 1938, p. 10; A realisação da
Olympiada de 1940 depende da duração da actual guerra. O Estado de S. Paulo, 8 de março de 1938, p. 16; A
China não participará da Olympiada de 1940. O Estado de S. Paulo, 20 de março de 1938, p. 13.
191
292
O Japão não desistiu de organisar a proxima Olympiada. O Estado de S. Paulo, 14 de julho de 1938.
293
O Japão desistiu de organisar a Olympiada de 1940 e O Japão espera realisar a Olympiada de 1948. O Estado
de S. Paulo, 15 de julho de 1938, p. 7.
294
A Olympiada de 1940 vae ser na Finlandia. O Estado de S. Paulo, 19 de julho de 1938, p. 4.
295
O alemão Ritter von Halt foi o 149º membro do COI (1929-1964). Graduou-se em economia e realizou um
doutorado em Ciências Políticas pela Universidade de Munique (1921). Competiu no decatlon e no pentatlon nos
Jogos de 1912. Durante 14 anos (1931-1945) foi presidente da Federação Nacional de Atletismo da Alemanha.
No COI fez parte do Comitê Executivo em duas oportunidades, de 1937 a 1946 e de 1958 a 1963. Foi presidente
do Comitê organizador de 1936 e dos Jogos Olímpicos de Inverno de 1940; da Federação Mundial de Handebol
(1931-1938) e da Comissão Europeia da Federação Internacional de Atletismo Amador (1942-1945)
(BUCHANAN e LYBERG, 2011b).
296
Esportes que seriam excluidos da Olympiada de 1940. O Estado de S. Paulo, 15 de julho de 1938, p. 6. No
jornal, o nome do membro do COI aparece errado, está grafado como “Karl Ritter Von Hallas”.
192
297
O futebol na Olympiada de 1940. O Estado de S. Paulo, 24 de julho de 1938, p. 14.
298
Programma dos jogos olympicos de 1940. O Estado de S. Paulo, 28 de março de 1939, p. 9.
299
Detroit quer a Olympiada de 1944. O Estado de S. Paulo, 4 de janeiro de 1939, p. 6.
300
Varias. A Olympiada de 1944 na Italia. O Estado de S. Paulo, 26 de fevereiro de 1939, p. 12.
193
foram cancelados, sob alegação da Finlândia tinha sido invadida pela Rússia301, e o
mesmo aconteceu com os Jogos de 1944.
As relações entre o esporte e a política entraram em cena
novamente quando se iniciaram as especulações sobre o local dos Jogos de 1948.
O presidente do COI, Edström, afirmou que a sede poderia ser um país neutro tal
como a Suíça, Suécia, Espanha ou Portugal e sobre a participação nos Jogos da
Grã-Bretanha e dos Estados Unidos dependeriam que o conflito fosse encerrado,
pois caso contrário, “[...] se a guerra não terminar, havera de ser disputada. Em todo
o caso, nada poderia ser decidido no que diz respeito à próxima Olimpíada até que
se realize uma reunião de todos os membros do Conselho Internacional Olimpico”302.
Com Londres definida como sede, o próximo passo foi saber quais
nações seriam convidadas303. A Alemanha e o Japão eram apontadas como
ausências certas por causa dos reflexos da Guerra e cogitava-se a participação da
Itália por ela integrar a Comunidade das Nações. No entanto, um caso chamou a
atenção quanto à participação olímpica: a União Soviética. A participação dessa
nação provocaria uma mudança no modo como o amadorismo era definido até
então:
301
A olympiada de 1940 não será celebrada. O Estado de S. Paulo, 4 de dezembro de 1939, p. 4. A mesma
notícia foi publicada no dia 5 de dezembro de 1939, p. 11.
302
As Olimpíadas de 1948. O Estado de S. Paulo, 11 de novembro de 1944, p. 11.
303
A Olimpíada de 1948 será efetuada em Londres. O Estado de S. Paulo, 15 de fevereiro de 1946, p. 8.
304
A Olimpíada de 1948. O Estado de S. Paulo, 16 de fevereiro de 1946, p. 9. Ver também: O Estado de S.
Paulo, 20 de fevereiro de 1946, p. 8.
194
305
A Olimpíada de 1948. A participação dos russos nos Jogos Olimpicos de Londres. O Estado de S. Paulo, 24
de fevereiro de 1946, p. 10.
306
Nesse tempo, o Boletim Olímpico publicado em francês ficou interrompido durante dois anos, de 1944 a
1945. A publicação em língua inglesa cessou de 1943 a 1945. Conferir: Bulletin du Comité International
Olympique, n. 1, outubro de 1946, p. 1.
307
Reune-se hoje, em Lausanne, o “Comité” Internacional Olimpico. A ordem do dia da sessão de hoje, a
primeira que se verifica desde 1939 – Eleição do presidente e membros do CIO – Informações prestadas ao
‘Estado’ pelo dr. Ferreira Santos, membro do “Comité” Olimpico Brasileiro – Programa. O Estado de S. Paulo,
3 de setembro de 1946, p. 11.
308
O britânico Lord David George Burghley, Marquis d’Exeter foi 162º membro do COI (1933-1981). Disputou
os Jogos Olímpicos de 1924, 1928 e 1932, sendo campeão dos 400 metros com barreiras em 1928. Foi presidente
da Federação Britânica de Atletismo (1936-1976) e da Federação Internacional de Atletismo Amador (1946-
1976) (BUCHANAN e LYBERG, 2011b).
309
A Olimpíada de Londres. Os pontos de vista de Lord Burghley, presidente do “Comité” Organizador dos
Jogos Olimpicos de 1948. O Estado de S. Paulo, 22 de março de 1947, p. 10. No jornal o tempo de afastamento
é apresentado como “tempo interrompido”.
195
estava por trás de todo esse debate era a busca pelo controle das ações referentes
aos atletas, fato que concederia à entidade que estabelecesse as regras uma
condição de poder no cenário esportivo internacional.
Neste país o futebol profissional tomou tal amplitude e nos seria dificil
para não dizer impossivel, formar um conjunto que, ajustando-se
estrictamente aos regulamentos olimpicos em matéria de esportistas
amadores pudesse competir em Londres com possibilidades medias
de desempenhar um papel brilhante. Não creio, todavia, que se
possa chegar a alguma decisão. Teríamos que formar um quadro de
rapazes menores de dezesseis anos ou jogadores medíocres do
interior. Todos os bons jogadores do país da capital ou do interior
são profissionais. Tambem o são até os jogadores apenas discretos
da terceira divisão. Os que não têm contratos profissionais, com
soldos regulares, recebem propinas, premios ou compensações que
os inibem completamente de participar de uma Olimpíada. Restam
somente os menores ou os mais obscuros jogadores adultos do
interior do país e estes, de nenhuma maneira poderiam competir com
os jogadores da Inglaterra, Suecia, França e outros países europeus,
onde existe um amadorismo desenvolvido e onde,
consequentemente, é possivel a formação de poderosas seleções
310
A Argentina na Olimpíada de Londres. O Estado de S. Paulo, 1º de agosto de 1947, p. 10.
196
311
O futebol argentino na Olimpíada de Londres. O Estado de S. Paulo, 28 de novembro de 1947, p. 11.
312
Na história, 2 Copas. O Estado de S. Paulo, 15 de maio de 1970, p. 20.
313
Futebol. A Argentina na proxima Olimpiada. O Estado de S. Paulo, 20 de janeiro de 1948, p. 10.
197
encontrada em 1908, quando o futebol foi inserido no programa oficial dos Jogos e a
organização do torneio olímpico coube à Associação Britânica de Futebol.
Naquele contexto, em relação às decisões tomadas não cabiam
questionamentos ou recursos. Passados 40 anos, o futebol estava estruturado por
meio de organizações nacionais e internacionais em que existia espaço para discutir
as divergências que poderiam surgir quando os países competissem314.
A nova definição de amadorismo adotada pelo COI em junho de
1947 entraria em vigor no torneio de futebol de Londres. A FIFA, por sua vez,
considerava prudente reforçar as mudanças junto às Federações Nacionais para que
não ocorressem problemas. Nessa nova definição, o secretário geral do Comitê
Executivo Schricker, reforçava que o amador era aquele que sempre se envolveu
com o esporte em busca do prazer e de benefícios físicos e morais sem que
existisse algum ganho material. Porém, alertava que a definição era liberal quando
fosse permitido o reembolso de salário perdido e das despesas do atleta315. Desse
modo, estavam excluídos os atletas que receberam algum prêmio conquistado em
partidas ou tivessem sido remunerados por praticar ou ensinar futebol. Diante das
restrições, foi salientado que o atleta deveria ser honesto e não tentar se aproveitar
dessas situações.
O regulamento do futebol legitimado pela FIFA previa a participação
de 16 seleções, mas 23 países quiseram participar da competição. Por conta desse
fato, a FIFA e o COI entraram em um acordo para aceitar a participação de um
número maior de seleções, o que implicaria a necessidade em realizar partidas fora
de Londres316.
No entanto, a desistência de cinco países (Birmânia, Paquistão,
Polônia, Palestina e Hungria)317 em participar do torneio de futebol olímpico quase
provocou o cancelamento da competição dessa modalidade. A Associação Britânica
de Futebol enviou telegramas aos membros da FIFA para saber quais providências
314
Bulletin du Comité International Olympique, n. 10, maio de 1948, p. 10. Great Britain and the Olympic
Games. Embora tenha sido publicado no Boletim, esse texto de Stanley Rous foi escrito em abril de 1948.
315
Bulletin du Comité International Olympique, n. 10, maio de 1948, p. 22. To the affiliated Associations.
316
The official report of the organising commitee for the XIV Olympiad, London 1948, p. 39.
317
Varias noticias sobre a Olimpiada de Londres. O torneio de futebol. O Estado de S. Paulo, 18 de julho de
1948, p. 15: Duas notas referentes ao dia 28 de julho comunicam que tanto a Palestina quanto a Bulgária se
retiraram dos Jogos Olímpicos: Retirou-se a Palestina. Tambem a Bulgaria. Folha da Manhã, 29 de julho de
1948, p. 7.
198
deveriam ser tomadas318. Apesar desses fatos, o futebol foi confirmado nos Jogos e
foram feitos apenas alguns ajustes na tabela das seleções participantes319. O futebol
transcorreu sem nenhum incidente de ordem política.
318
Noticias sobre a Olimpiada de Londres. O torneio de futebol. O Estado de S. Paulo, 20 de julho de 1948, p.
11.
319
Varias noticias sobre a Olimpiada de Londres. O torneio de futebol. O Estado de S. Paulo, 21 de julho de
1948, p. 8.
320
Os Jogos Olimpicos de Helsinqui. O “Comitê” Internacional Olimpico admitiu, aos jogos de Helsinqui, a
China Nacionalista e a Comunista – Essa decisão provocou protestos dos nacionalistas, que se retiraram do
certame. O Estado de S. Paulo, 18 de julho de 1952, p. 11.
321
Ausente a Alemanha Oriental. Folha da Manhã, 17 de julho de 1952, p. 7; Rejeitada a admissão da
Alemanha Oriental. O Estado de S. Paulo, 19 de julho de 1952, p. 13.
199
322
Jogos Olimpicos para amadores e profissionais. O Estado de S. Paulo, 21 de fevereiro de 1952, p. 10.
323
O esporte na Russia. O Estado de S. Paulo, 25 de junho de 1952, p. 11.
324
Bulletin du Comité International Olympique, n. 14, março de 1949, p. 7. Proposals for 1952 games given
to World Sports the official magazine of the british Olympic association.
200
feita pelo fato do futebol amador não possuir atletas capazes de representar o
país325.
Antes do início do torneio de futebol foram definidos junto ao Comitê
de árbitros alguns pontos do regulamento dessa modalidade, entre elas que não
haveria substituições durante a partida e, em caso de empate no tempo
regulamentar, haveria uma prorrogação com dois tempos de 15 minutos e
permanecendo o empate uma nova partida deveria ser realizada 48 horas após o
primeiro confronto tendo o mesmo árbitro para apitá-la326.
Os jogos eliminatórios do futebol começaram antes da abertura
oficial dos Jogos Olímpicos e em uma das partidas, entre Egito e Chile, “Sir” Stanley
Rous, então membro britânico da FIFA declarou que o futebol deveria ser excluído
dos Jogos Olímpicos. Segundo Rous:
325
O futebol argentino na proxima olimpíada. O Estado de S. Paulo, 22 de dezembro de 1951, p. 11.
326
O torneio de futebol. O Estado de S. Paulo, 15 de julho de 1952, p. 10.
327
A seleção italiana foi derrotada pela Hungria na primeira fase do torneio de futebol por 3 a 0. Ver: Eliminada
a Italia em futebol. Folha da Manhã, 22 de julho de 1952, p. 7.
328
O futebol deverá ser excluido dos proximos jogos. O Estado de S. Paulo, 18 de julho de 1952, p. 11. Ver
também: Exclusão do futebol. Folha da Manhã, 18 de julho de 1952, p. 5.
329
As possibilidades dos futebolistas brasileiros na Olimpiada. O Estado de S. Paulo, 13 de julho de 1952, p.
21.
201
número de atletas para 5 mil, reduzir o número de juízes, inspetores etc., reduzir
lugares gratuitos para a imprensa (mil vagas), redução de 16 para 11 dias na
duração dos Jogos.
Diante dessa discussão para redução do programa Olímpico, entrou
em pauta novamente se o futebol deveria ser mantido nos Jogos Olímpicos. Nesse
artigo de 1953 foi ressaltado que a presença do futebol nos Jogos já era um tema
longamente discutido no COI. Nesse momento, diante da possibilidade de redução
do programa Olímpico, existiam alguns membros da entidade que eram favoráveis à
exclusão dos esportes em equipe. Ao rever a história do futebol nos Jogos Olímpicos
as divergências foram estabelecidas em torno da definição de amadorismo e que
essas confusões não causaram a exclusão de qualquer modalidade dos Jogos.
Portanto, afirmava o artigo, o problema do futebol era causado pela definição de
amadorismo. Esse artigo desconsiderava a exclusão do próprio futebol dos Jogos de
Los Angeles 1932334.
A presença dos profissionais nos Jogos e, especialmente, no futebol
fazia com que nesse momento fosse feito o contraponto entre o torneio olímpico de
futebol e a Copa do Mundo que no pós-guerra foi disputada no Brasil (1950) e teria a
Alemanha Ocidental como sede da seguinte (1954). O que aparece aqui é a dúvida
entre permitir que os profissionais participassem dos Jogos Olímpicos e com isso a
possibilidade de rivalizar com a Copa do Mundo e, caso isso viesse a acontecer,
entendiam que a Copa do Mundo perderia importância e significado.
De acordo com o texto, o ponto que era considerado problemático
na relação entre a Copa do Mundo de futebol e os Jogos Olímpicos referia-se ao
modo como eram escolhidas as sedes. Enquanto na Copa do Mundo privilegiava-se
o país, nos Jogos a sede pertencia a apenas uma cidade. Além disso, a presença
dos profissionais exigiria novas regulamentações quanto às divisões das receitas
dos Jogos, algo contrário aos princípios do Olimpismo. Por outro lado, as
Federações não descartariam os ganhos financeiros em prol de um ideal olímpico.
Foi atribuída à FIFA, como órgão máximo do futebol, a
responsabilidade em estabelecer a definição de amadorismo a ser utilizada por
todas as Federações Nacionais filiadas a ela, já que anteriormente coube às
334
Bulletin du Comité International Olympique, n. 43, dezembro de 1953, p. 16-18. Should Football be
retained in the Programme of the Olympic Games? O referido artigo assinado por Maurice Pefferkorn foi
retirado do Livre d’Ordu Football suisse, publicado por Gottfried Schmid (Zurique, 1953).
203
335
A proposito dos proximos Jogos Olimpicos. O Estado de S. Paulo, 15 de abril de 1953, p. 12.
336
Bulletin du Comité International Olympique, n. 46, junho de 1954, p. 29. Football.
337
Bulletin du Comité International Olympique, n. 49, fevereiro de 1955, p. 12-13. Amateur Definition of the
FIFA.
338
Bulletin du Comité International Olympique, n. 56, outubro de 1956, p. 51-52. Amateur definition of the
F.I.F.A. International Football Association Federation adopted at the Congress of Lisbonne, June 1956. A partir
dessa edição de outubro de 1956 será informado, logo nas primeiras páginas, que as opiniões expressas no
Boletim Olímpico não refletem necessariamente a visão do COI. Embora essa informação começou a ser
204
colocada no Boletim, na edição n. 87 de agosto de 1964, p. 36, em seu último boletim como editor, Otto Mayer
(que estava no cargo desde 1946) censurou uma página que foi publicada com a seguinte manchete na
transversal: “Censored by the editor at the moment of going to press”.
339
O suíço Albert-Roman Mayer foi o 202º membro do COI (1946-1968). Albert é irmão de Otto Mayer e
ingressou no Comitê Olímpico da Suíça em 1924. No COI caracterizou-se por expressar suas opiniões mesmo
diante de uma situação adversa(BUCHANAN e LYBERG, 2012a).
340
Bulletin du Comité International Olympique, n. 49, fevereiro de 1955, p. 12. Correspondence. Amateurism
and the FIFA.
205
tampouco aos atletas do Estado (state athletes) que eram autorizados a participar
dos Jogos, tal como a Rússia341.
O vínculo dos atletas com as Forças Armadas representou uma
condição fundamental para que os países socialistas montassem equipes
competitivas. Ao vincularem seus atletas a essa estrutura, esses países os
colocavam na condição de amadores, pelo fato de não poderem receber salários de
outras fontes porque eram funcionários públicos, e permitiam que os atletas
tivessem acesso a um treinamento intensivo. Esses atletas ficaram conhecidos como
atletas do Estado (state athletes). Com essa medida, garantia-se uma dupla
condição: o treinamento com dedicação exclusiva, proporcionando aos atletas
amadores as mesmas condições de treinamento de um profissional; sendo um atleta
do Estado estava mantida a condição de amador e o deixava livre para competir nos
Jogos Olímpicos.
Na sequência, Seeldrayers respondeu de modo mais enfático a
Mayer, listando uma série de pontos a fim de esclarecer sobre a acusação da
existência de falsos amadores. Entendia que em Helsinque não houve nenhum caso
relatado e, portanto, desconhecia a existência dos falsos amadores apesar de não
descartar possíveis fraudes dos atletas. E quanto as possíveis fraudes que podiam,
de fato acontecer, afirmou que no torneio de futebol Olímpico a fiscalização cabia
aos Comitês Nacionais e não à FIFA342.
Seeldrayers ressaltou que a final do torneio olímpico de 1952
colocou frente a frente à Hungria e Tchecoslováquia, duas seleções que possuíam
jogadores amadores que poderiam ser comparados aos melhores atletas
profissionais do mundo e mesmo assim não poderia colocá-los na qualidade de
falsos amadores. Ainda ressaltou que as duas seleções utilizavam métodos de
treinamento semelhantes aos atletas russos, ou seja, sendo atletas do Estado
poderiam se dedicar integralmente ao treinamento.
É necessário ressaltar o posicionamento de Seeldraayers na análise
do torneio olímpico de futebol. Colocados na competição sob a condição de
amadores entendia que isso fazia com que se confrontassem duas seleções com
341
Ver especialmente o item 5 do Bulletin du Comité International Olympique, n. 50, abril de 1955, p. 15.
Correspondence (the editor assumes no responsibility for this rubric). Amateurism and the FIFA.
342
Para ver os itens listados por Seeldrayers consultar: Bulletin du Comité International Olympique, n. 50,
abril de 1955, p. 15-16. Correspondence (the editor assumes no responsibility for this rubric). Amateurism and
the FIFA.
206
343
Os Jogos Olimpicos de 1956. O Estado de S. Paulo, 20 de janeiro de 1953, p. 12. Ver também: Os Jogos
Olimpicos de 1956, 4 de fevereiro de 1953, p. 10; Varias: a proxima olimpíada, 3 de abril de 1953, p. 8. Em 18
de abril o COI aceitou o relatório apresentado pelo Comitê e Melbourne foi confirmada como sede. Em
Melbourne os Jogos Olimpicos de 1956. O Estado de S. Paulo, 19 de abril de 1953, p. 21.
344
Olimpiada equestre em Estocolmo. O Estado de S. Paulo, 25 de maio de 1956, p. 14. “Vinte e nove nações
participarão da olimpíada equestre que será realizada de 10 a 17 de junho, em Estocolmo [...]”.
207
para entrar na Austrália, pela primeira vez as provas de uma mesma Olimpíada
aconteceram em dois lugares diferentes e em épocas distintas (junho e novembro-
dezembro)346. Segundo Rubio (2006, p. 117), esse fato foi “[...] uma clara
demonstração de que diante do contexto posto, princípios olímpicos e Jogos
Olímpicos haveriam de se adequar às bases materiais dadas”.
345
A Olimpiada de Melbourne. Excluida do programa a competição de hipismo. O Estado de S. Paulo, 2 de
agosto de 1953, p. 18.
346
“To allow for the equestrian sports to be held and to avoid the problem of quarantine for horses entering
Australia, the Games took place in two different cities (Stockholm and Melbourne), in two different countries
(Sweden and Australia), on two different continents (Europe and Oceania) and in two different seasons (June and
November). This is the only time in the Games' hundred-year existence that the unity of time and place, as
stipulated in the Charter, has not been observed”. Disponível em <http://www.olympic.org/melbourne-
stockholm-1956-summer-olympics >. Acesso em 10 de novembro de 2012.
347
Bulletin du Comité International Olympique, n. 45, abril de 1954, p. 20-21. Avery Brundage on Amateur
Sport and Broken Time.
208
348
Bulletin du Comité International Olympique, n. 52, novembro de 1955, p. 39. Amateurism.
349
Bulletin du Comité International Olympique, n. 55, julho de 1956, p. 50. Should the Olympic Games
become open Competitions for Amateurs and Professionals?
209
internacionais por prêmios, a não ser que esses prêmios fossem inferiores a 50
dólares350. Completou, ainda, que o atleta estaria autorizado a ter as despesas com
o transporte e estadia durante a viagem para competir; deveria receber pelo tempo
de afastamento a partir de uma escala estabelecida pelo Comitê Olímpico
Nacional351 e aprovado pelo COI; finalizou com a proposta de definição dos termos
amador (atleta que arca com as suas despesas), profissional (remunerado para
competir) e campeão (atleta que defende o seu país)352.
A proposta do editor-chefe do L’Equipe tentava avançar na
discussão em torno do amadorismo e do profissionalismo. Apesar de indicar
possíveis caminhos ao afirmar que todos poderiam participar dos Jogos Olímpicos
seu posicionamento avançava pouco no debate quando recorria aos termos vigentes
(amador e profissional) para definir quem poderia ou não fazer parte. Entendia
também que deveria ser feito o pagamento ao atleta pelo tempo de afastamento do
seu trabalho, agora regulado pelo Comitê Olímpico Nacional sob o aval do COI. Sem
dúvida, a regulamentação poderia ser uma saída para evitar possíveis abusos nos
pedidos de reembolso, mas a solução apresentada colocava todo o poder nas mãos
das entidades regulamentadoras do esporte e o problema disso era manter
afastados os atletas das possíveis soluções e decisões sobre os seus pedidos.
Meses antes do início dos Jogos, Brundage declarou via imprensa
que os atletas que participassem dessa edição olímpica deveriam declarar, sob
palavra de honra, que eram e tinham “a intenção de continuarem amadores”. Foi
ressaltada que tal medida poderia dificultar a presença de atletas dos mais variados
esportes, entre os quais se destacavam o boxe, patinação artística, basquete,
futebol e ciclismo. Na sequência da notícia, foi apresentada a fala de Brundage:
350
Bulletin du Comité International Olympique, n. 55, julho de 1956, p. 52-54. What oder people say...
351
Os Comitês Olímpicos Nacionais passam a ter um importante papel na fiscalização dos atletas amadores. Ver:
Bulletin du Comité International Olympique, n. 56, outubro de 1956, p. 50. About the Addition in the Entry
Form...
352
Bulletin du Comité International Olympique, n. 55, julho de 1956, p. 55. What oder people say...
211
353
O amadorismo e os Jogos Olimpicos. O Estado de S. Paulo, 4 de agosto de 1956, p. 11.
354
Jogos Olimpicos. Os EUA protestam contra a “declaração de amadorismo”. O Estado de S. Paulo, 5 de
agosto de 1956, p. 24.
355
O amadorismo e os Jogos Olimpicos. O Estado de S. Paulo, 25 de agosto de 1956, p. 13.
356
Decisão do C.I.O. O Estado de S. Paulo, 22 de novembro de 1956, p. 18.
357
Juramento Olimpico. O Estado de S. Paulo, 4 de outubro de 1956, p. 10.
358
Declarações de Avery Brundage. O Estado de S. Paulo, 21 de outubro de 1956, p. 30.
359
O Juramento do Amador. O Estado de S. Paulo, 3 de fevereiro de 1957, p. 33.
360
O referido artigo é o título de um dos capítulos do livro Spor stands at the crossroads, publicado pelo autor em
1928. Bulletin du Comité International Olympique, n. 58, maio de 1957, p. 51-55. The regulation of
amateurism is antisocial.
361
Bulletin du Comité International Olympique, n. 58, maio de 1957, p. 51. The regulation of amateurism is
antisocial. “22 players and 100.000 spectators constitute the chief ambition and ideal from the point of view of
the cashier, 100.000 players and 22 spectators represent sports’ ideal”.
212
afastada das demais classes e defendia que se em algum momento essa distinção
fez sentido, 50 anos depois ela precisaria ser modificada. Além disso, alegou que os
amadores e profissionais possuíam uma rivalidade de classe e que a melhor
proteção do amadorismo era ter um pai rico.
No mesmo número do Boletim, o presidente Brundage respondeu ao
artigo de Meisl. Assim como algumas afirmações de Meisl foram incisivas, as de
Brundage seguiam a mesma linha quando discordou do posicionamento do
jornalista, especialmente em relação à questão da rivalidade entre amadores e
profissionais. Afirmou que o amador era aquele que amava o esporte e não tinha
sentido tal afirmação. Também discordou que filho de homem rico possuísse algum
benefício. Para justificar seu argumento apresentou que os campeões do atletismo
vinham, se não de família pobre também não vinham de família rica. Segundo ele,
os filhos de famílias ricas tinham uma série de opções para diversão e que não se
interessavam pelo sacrifício para se tornar um campeão. Brundage corroborou com
Meisl sobre o entendimento de que o amadorismo foi uma medida social durante o
século XIX, mas completou que as interpretações eram errôneas e naquele
momento existiam os regulamentos362.
O cerne dessa discussão provocada por meio do Boletim Olímpico
funciona em duas bases: a primeira está estabelecida na possibilidade de
questionamento via uma publicação oficial do COI. Por mais que exista uma série de
aprovações e até provavelmente modificações das informações que serão
publicadas, é preciso reconhecer o espaço concedido para criticar o então
presidente do COI; a segunda é a oportunidade do debate, pois logo abaixo do
artigo publicado por Meisl, é publicada uma resposta do Brundage. Não se sabe
como foi feito o processo de edição final dos Boletins Olímpicos, mas em certa
medida ele quer transparecer que ali existe um espaço democrático e de debate de
ideias.
362
Bulletin du Comité International Olympique, n. 58, maio de 1957, p. 55-56. Mr. Avery Brundage's Reply
to Dr Willy Meisl’s Article: The Regulation of the Amateurism is antisocial.
213
363
Barassi entrou para a FIFA em 1932 e ficou na entidade até falecer em 1971, aos 73 anos, quando era vice-
presidente da FIFA. Olympic Review, n. 52, janeiro de 1972, p. 60. Federation Internacionale de Football
Association.
364
O futebol italiano não participará da Olimpiada de 1956. O Estado de S. Paulo, 16 de julho de 1954, p. 11.
365
O Brasil vai mal, obrigado. Folha da Manhã, 24 de abril de 1955, p. 2. A coluna sete dias nos esportes, de
Odilon C. Brás e Henrique Matteucci fornecia um panorama dos esportes.
366
A Olimpiada de Melbourne. O Estado de S. Paulo, 12 de fevereiro de 1955, p. 11.
367
Quadro de futebol argentino irá aos Jogos Olímpicos. O Estado de S. Paulo, 19 de julho de 1956, p. 15.
368
Campeonato Olimpico de Futebol. O Estado de S. Paulo, 2 de setembro de 1956, p. 25.
369
XVI Olympiad Melbourne 1956 (Oficial report), p. 23. The games of the XVI Olympiad. “But the official
programme was not able to list Spain, Holland, Egypt, People's Republic of China, and Switzerland”. Ver
também: No Iraque. O Estado de S. Paulo, 4 de novembro de 1956, p. 22. “O Iraque cancelou sua inscrição nos
jogos olímpicos de Melbourne, em vista dos acontecimentos no Egito”; Critica às nações não participantes. O
Estado de S. Paulo, 17 de novembro de 1956, p. 19. Entre os países mencionados na notícia do jornal, a
Hungria não foi listada como um país que se retirou dos Jogos.
370
Na Italia. O Estado de S. Paulo, 11 de novembro de 1956, p. 24.
214
371
Critica ás nações não participantes. O Estado de S. Paulo, 17 de novembro de 1956, p. 19.
372
Bulletin du Comité International Olympique, n. 57, fevereiro de 1957, p. 60. A Motion was passed by the
International Olympic Committee, reproving with Sorrow and Regret the Abstention to the Games by some
Nations.
373
Ignora-se o numero de atletas húngaros qe retornarão à pátria. Folha da Manhã, 7 de dezembro de 1956,
Assuntos Gerais, p. 8; Seria de quarenta o numero de atletas húngaros que não retornarão à patria. Cenas
emocionantes na partida dos magiares para Budapeste. Folha da Manhã, 9 de dezembro de 1946, Vida
Esportiva, p. 4; Os atletas hungaros na Italia. O Estado de S. Paulo, 13 de dezembro de 1956, p. 23.
215
374
Aquecimento e virilidade derrotaram os brasileiros. A “escola antiga” do basquetebol aproveitou bem sua
ultima oportunidade – Futebol é esporte para homem... civilizado – Dois “segredos” que podem servir ao
esporte em nosso país. Folha da Manhã, 30 de dezembro de 1956, Vida Esportiva, p. 3.
375
O jornal Paris Figaro também aponta que o futebol não deveria fazer parte do programa Olímpico. Além do
futebol, também incluem o ciclismo e boxe. Bulletin du Comité International Olympique, n. 57, fevereiro de
1957, p. 74. Mr. Avery Brundage says... (written before the Melbourne Session).
376
Bulletin du Comité International Olympique, n. 57, fevereiro de 1957, p. 64. Press comments.
216
traduzido pela baixa qualidade das partidas e ainda apontava as equipes, os árbitros
e os espectadores como responsáveis por essa falha377.
Em um artigo publicado pelo jornalista Willy Meisl, em agosto de
1956, na revista World Sports, também foram feitas inúmeras críticas quanto à
presença do futebol no programa Olímpico. No Boletim Olímpico foram selecionadas
algumas passagens do artigo original. Sob o título “A grande farsa do futebol”, Meisl
afirmava que essa modalidade deveria ter saído dos Jogos Olímpicos depois da
realização da primeira Copa do Mundo em 1930. Para ele, a Copa do Mundo era
muito mais justa pelo fato de não limitar a participação dos atletas, já que nos Jogos
Olímpicos sob o lema do amadorismo aconteciam partidas contra equipes
caracterizadas por falsos amadores ou superprofissionais378.
Como se tratava de um texto com alguns trechos do artigo original,
as partes complementares analisavam os argumentos de Meisl. Sobre a presença
de falsos amadores ressaltava que a crítica não cabia ao COI já que a fiscalização
da condição dos atletas deveria ser feita pelo Comitê Olímpico Nacional379. Também
afirmou que poderia existir um movimento em torno da remoção do futebol, mas que
provavelmente receberia uma série de críticas até mesmo por aqueles que queriam
a sua saída. Por fim, a retirada do futebol poderia representar uma queda na receita
dos Jogos, pois apesar do futebol em 1956 ter sido considerado um fiasco, essa
modalidade teve a terceira maior renda ficando atrás somente do atletismo e da
natação, e em 1952 ficou atrás somente do atletismo380. Na primeira oportunidade,
diante das inúmeras desistências das seleções em enviar suas equipes para o
torneio de futebol, voltou-se a questionar a presença dessa modalidade no programa
Olímpico.
377
Bulletin du Comité International Olympique, n. 57, fevereiro de 1957, p. 66. Football fiasco.
378
Bulletin du Comité International Olympique, n. 60, novembro de 1957, p. 48. The great soccer sham.
379
Essa informação também aparece no Bulletin du Comité International Olympique, n. 66, maio de 1959, p.
32-33. Who is competent of preventing the participation of ‘pseudo-amateurs’ in the Olympic Games?; e em um
outro discurso de Brundage publicado no Bulletin du Comité International Olympique, n. 67, agosto de 1959,
p. 54-56. Solemn opening ceremony of the 55th Session of the International Olympic Committee. Munich, May
23d 1959.
380
Bulletin du Comité International Olympique, n. 60, novembro de 1957, p. 48. The great soccer sham.
217
381
Bulletin du Comité International Olympique, n. 61, fevereiro de 1958, p. 73. Amateur International
Football Federation - International Cycling Union - International Amateur Basketball - Federation International
Amateur Swimming Federation.
382
Modificações no programa das olimpiadas. O Estado de S. Paulo, 7 de setembro de 1957, p. 22.
383
Bulletin du Comité International Olympique, n. 61, fevereiro de 1958, p. 73. Rule 30.
384
Bulletin du Comité International Olympique, n. 65, fevereiro de 1959, p. 53. The new Olympic rules -
1958 edition.
385
Bulletin du Comité International Olympique, n. 62, maio de 1958, p. 44. Comments on a decision by
André G. Poplimont, Brussels.
386
Reorganização dos Jogos Olímpicos. O Estado de S. Paulo, 25 de setembro de 1957, p. 8; Bulletin du
Comité International Olympique, n. 61, fevereiro de 1958, p. 74. List of sports which are to figure in the
olympic programme.
218
competições equestres387. Também ficou vedada pelo COI a participação dos atletas
amadores do Estado, mas como a decisão para não permitir a participação desses
atletas seria feita pelos Comitês Olímpicos Nacionais considerou-se que “[...] os
Comitês Olímpicos dos Estados comunistas certamente não desclassificarão a
nenhum de seus atletas ‘amadores do Estado’”388.
A charge abaixo foi veiculada no Boletim Olímpico na apresentação
das definições de amadorismo adotadas pelo COI389. Nenhuma novidade nas
restrições de participação dos atletas nos Jogos Olímpicos. Foi mantida uma série
de condições para o atleta ser enquadrado como amador. Desse modo, a charge
mostra de um lado os dirigentes e do outro os atletas, onde cada um luta para que
exista uma definição para o seu lado.
391
Bulletin du Comité International Olympique, n. 63, agosto de 1958, p. 44. President Brundage spoke in
Tokyo.
392
Consultar: Bulletin du Comité International Olympique, n. 67, agosto de 1959. About the Chinese Problem
(Taiwan) Statement by Avery Brundage President of the International Olympic Committee given in Lausanne, p.
63; Late issue: the Chinese problem News release from the Organizing Committee of the VIIlth Olympic Winter
Games 1960, on June 3d 1959 (see also statement given at the end of the English text), p. 64; Bulletin du
Comité International Olympique, n. 68, novembro de 1959, p. 32-35. The Chinese problem. Bulletin du
Comité International Olympique, n. 72, novembro de 1960, p. 63-64. The China – Taiwan problem.
393
Apenas em 1961 o COI reconheceu Formosa sob o nome de Taiwan. Incluidos judô e voleibol nos Jogos
Olimpicos. Entrevista. O Estado de S. Paulo, 22 de junho de 1961, p. 20. Sobre esses conflitos, Rubio (2006, p.
118) afirma que “A China protestava contra o nome utilizado por Taiwan, levando o COI a obrigar que a
220
delegação se apresentasse sob o nome de Formosa, acatado pela delegação, mas sob protesto. O nome China foi
usado apenas pela delegação continental”.
394
Bulletin du Comité International Olympique, n. 67, agosto de 1959, p. 59. Statement given by the
International Olympic Committee - Racial problem in South Africa; Bulletin du Comité International
Olympique, n. 68, novembro de 1959, p. 42-43. The problem of the racial discrimination in South Africa seems
to be solved, at least where sport is concerned.
395
XVI Olympiad Melbourne 1956 (Oficial report), p. 37. Invitations to the Games.
396
Bulletin du Comité International Olympique, n. 68, novembro de 1959, p. 37. The chinese question seen in
its true light.
397
Apesar dessa medida do COI, a política se fazia presente nos Jogos. Esse fato pode ser visto na notícia:
Alemanha unida na Olimpiada. O Estado de S. Paulo, 30 de junho de 1959, p. 17. “Os Comitês Olimpicos da
Alemanha Ocidental e da Alemanha Oriental, reunidos nesta cidade [Koenigswinter], perto de Bonn, decidiram
apresentar uma só turma comum aos Jogos Olimpicos de ‘Squaw Waley’ e de Roma”. Ver também: Bandeira
“neutra” une a Alemanha. Folha da Manhã, 20 de novembro de 1959, p. 9.
398
Bulletin du Comité International Olympique, n. 61, fevereiro de 1958, p. 75. Finances. Ver também
Bulletin du Comité International Olympique, n. 67, agosto de 1959, p. 71. Extract of the minutes of the
Conference of the Executive Board of the International Olympic Committee with the delegates of the
221
International Federations, in Munich (Haus des Sportes) May 23rd 1959. Financial aide to the international
federations.
399
Bulletin du Comité International Olympique, n. 61, fevereiro de 1958, p. 76. Debate on finances resumed.
400
Bulletin du Comité International Olympique, n. 67, agosto de 1959, p. 83. Financing the International
Federations.
401
Rejeitada a participação de profissionais na Olimpiada. O Estado de S. Paulo, 24 de maio de 1959, p. 27.
402
Concorrencia á Olimpiada. O Estado de S. Paulo, 28 de maio de 1959, p. 18.
403
Bulletin du Comité International Olympique, n. 65, fevereiro de 1959, p. 70-71. Olympism and football.
222
404
O futebol pode ficar fora do Pan e da Olimpíada. Folha de S. Paulo, 18 de agosto de 1979, p. 23 – Esportes.
Sobre as distorções que foram superadas elas serão desenvolvidas no tópico sobre o futebol nos Jogos Olímpicos
de 1980.
405
Bulletin du Comité International Olympique, n. 66, maio de 1959, p. 38. Football in the Olympic Games
of Rome.
406
Bulletin du Comité International Olympique, n. 65, fevereiro de 1959, p. 71. Olympism and football.
407
Bulletin du Comité International Olympique, n. 69, fevereiro de 1960, p. 63-68. Modern Amateurism and
the Olympic Code.
223
408
Bulletin du Comité International Olympique, n. 72, novembro de 1960, p. 70. At the Olympic Games of
Rome, Amateurism has been flouted worse than ever before.
224
havia sido no início dos Jogos Olímpicos, não voltaria a existir e que não seria uma
ação imoral a presença dos profissionais junto aos amadores.
Ao final, analisou que a definição de profissional como sendo aquele
que competia em busca de lucro era incompatível com os Jogos Olímpicos pelo fato
desse evento ser controlado pelas Federações Amadoras. Sugeriu que fosse criado
um grupo de amadores e outro de profissionais como forma de permitir que todos
pudessem participar dos Jogos, mas apesar de considerá-la como sendo uma
medida simples, previa que não teria grande adesão dos atletas. Como
consequência dessa situação, concluiu que a definição de profissional era
incompatível com os Jogos Olímpicos e, portanto, deveriam ser excluídos os
seguintes esportes, pelo fato de serem profissionais: o boxe, o ciclismo e o futebol.
No Brasil, um caso parecido aconteceu no Flamengo. Os atletas
Germano, Vanderlei e Manuelzinho foram convocados para integrar a seleção
olímpica, porém, o clube resolveu profissionalizá-los. Com essa ação do Flamengo,
os atletas ficaram impedidos de participar dos Jogos Olímpicos. Esses jogadores
deveriam comparecer à CBD para serem dispensados oficialmente409. Gerson
também estava na mesma condição dos demais atletas, mas por já estar a serviço
da CBD pôde continuar com a seleção410. Essa relação da CBD com o Flamengo
durou até o momento em que o Brasil foi desclassificado da competição, quando o
clube carioca solicitou junto à entidade que o jogador Gerson retornasse
antecipadamente para poder jogar contra o Fluminense411.
409
Flamengo não acabou dando jogadores para seleção amadora. Jornal do Brasil, 8 de julho de 1960, p. 12.
410
O Flamengo resolveu ceder os amadores. O Estado de S. Paulo, 8 de julho de 1960, p. 20.
411
Gerson regressa: jogara domingo. O Estado de S. Paulo, 7 de setembro de 1960, p. 25.
225
412
COI obriga a Olimpiada tira um. Folha de S. Paulo, 10 de fevereiro de 1962, p. 8 – 1º caderno; A África do
Sul talvez não vá à Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 12 de junho de 1963, p. 15; Fora a União Sul-Africana da
Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 11 de fevereiro de 1964, p. 12; África do Sul terá que eliminar racismo. O
Estado de S. Paulo, 27 de junho de 1964, p. 14. O COI criou uma comissão, liderada por Lord Killanin, para
visitar a África do Sul e fazer um relatório relativas ao esporte amador no país. Lettre d'informations /
Newsletter, n. 1, outubro der 1967, s/p. Comité internacional olympique. Activities of the commissions. IOC
South African Commission.
413
A África do Sul foi eliminada dos Jogos. O Estado de S. Paulo, 19 de agosto de 1964, p. 16.
414
Bulletin du Comité International Olympique, n. 81, fevereiro de 1963, p. 43. A Meeting convened for
February 8th 1963 is to take place in Lausanne between, the International Federations and the Executive Board
of the International Olympic Committee.
415
Árabes querem a Indonésia na Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 22 de maio de 1964, p. 16; Mantida
suspensão a atletas da Indonésia e Coréia do Norte. O Estado de S. Paulo, 25 de setembro de 1964, p. 19; A
Coréia do Norte não participará dos Jogos. O Estado de S. Paulo, 9 de outubro de 1964, p. 16.
416
Duas Alemanhas na Olimpiada. Folha de S. Paulo, 20 de dezembro de 1962, p. 19 – 1º caderno; Lettre
d'informations / Newsletter, n. 2, novembro de 1967, p. 5. Comité internacional olympique. 2 - Extracts of the
speech by Avery Brundage, September 29, 1967.
417
A Coréia do Norte envia protesto ao COI. O Estado de S. Paulo, 19 de agosto de 1964, p. 16.
418
Seleção única das 2 Coréias na Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 27 de janeiro de 1963, p. 23.
419
Bulletin du Comité International Olympique, n. 89, fevereiro de 1965, p. 72. Minutes. Extracts. Meeting of
Wednesday 7 October 1964, 9.30 a.m. 5. Report on meeting with N.O.C.’s, October 3rd, 1964.
420
Os países que compunham a GANEFO eram: China, Camboja, Vietnã do norte, Paquistão, RAU (formado
por Egito e Síria), Mali, Guiné e União Soviética (GUTTMANN, 2002). Conforme os Jogos Olímpicos
cresceram e se expandiram, o COI teve que enfrentar alguns desafios diante de outras organizações que surgiam
com a intenção de promover competições esportivas internacionais, tal como o Festival Esportivo dos
Trabalhadores (anos 30), a GANEFO (anos 60) e o Godwill Games (1986) (SENN, 1999).
226
(ADAMS, 2003). A resposta do COI foi proibir a participação nos Jogos Olímpicos
dos atletas que fizessem parte da GANEFO421.
Insatisfeito com as interferências políticas no esporte, o COI foi
obrigado a se posicionar diante desse debate422 e estreitar as ações entre as
Federações Internacionais e os Comitês Olímpicos Nacionais423.
421
Bulletin du Comité International Olympique, n. 89, fevereiro de 1965, p. 72. Minutes. Extracts. Meeting of
Wednesday 7 October 1964, 9.30 a.m. 5. Report on meeting with N.O.C.’s, October 3rd, 1964.
422
Para essas notícias, consultar: Bulletin du Comité International Olympique, n. 80, novembro de 1962, p.
47; Bulletin du Comité International Olympique, n. 81, fevereiro de 1963, p. 43-44. Olimpiada. Folha de S.
Paulo, 5 de abril de 1963, p. 5 – 1º caderno.
423
Bulletin du Comité International Olympique, n. 89, fevereiro de 1965, p. 77-78. Annex No. 5. Proposals
by Mr. Constantin Andrianow (item 23 on the agenda). d) Political interference into sport.
424
Bulletin du Comité International Olympique, n. 75, agosto de 1961, p. 84. Minutes of the 58th Session of
the International Olympic Committee Athens 1961 - Senate House - June, 19th, 20th and 21st. Annex No. 5 –
Amateurism. Rule No. 26.
425
Bulletin du Comité International Olympique, n. 75, agosto de 1961, p. 63. Address by Avery Brundage at
the solemn opening ceremony, International Olympic Committee, 58th Session, at the Herodus Atticus ancient
Theatre June 16th 1961.
426
Bulletin du Comité International Olympique, n. 73, fevereiro de 1961, p. 45-47. Soon the Coloureds will
dominate the White Men. Ver também: Should the Olympic Programme be cut down?
227
muito provável que o judô ainda figure nos proximos jogos, simplesmente porque a
nação-sede será o Japão”427.
No ano seguinte, ainda em busca da decisão de quais modalidades
fariam parte do programa dos Jogos de Tóquio, discutiu-se que 22 modalidades
poderiam compor o programa, mas a decisão final confirmou a presença de 20
modalidades. A votação foi estabelecida de modo a indicar quais esportes deveriam
ser retirados. Apenas seis esportes não receberam votos, fato que indicava a
valorização deles dentro do COI. Esses esportes foram: atletismo, ginástica,
levantamento de peso, luta livre, natação e remo428. Os mais votados e, portanto,
indicados a sair do programa foram o arco e flecha (26 votos) e o handebol (28
votos). O futebol ficou na terceira colocação entre os mais votados, com 16
indicações429.
Para justificar os argumentos a favor da retirada do futebol dos
Jogos Olímpicos comparou-se com a primeira Copa do Mundo profissional vencida
pelo Uruguai430 e que após a sua criação o torneio de futebol olímpico necessitava
possuir um maior alcance. Ressaltava que depois da Segunda Guerra Mundial, os
vencedores foram, invariavelmente, países que não adotavam o profissionalismo. À
medida que a FIFA propôs (muitos anos após esses Jogos), a restrição da idade dos
atletas do futebol, foi indicada pela primeira vez para justificar uma possível
presença da modalidade no evento:
427
O futebol pode ser excluido das olimpiadas. O Estado de S. Paulo, 27 de novembro de 1960, p. 36; O futebol
não se justifica nos Jogos Olimpicos desde a criação da Copa do Mundo. Folha de S. Paulo, 27 de novembro de
1960, p. 6 – Assuntos Diversos II. A notícia reproduzida pelos dois jornais foi produzida por Rafael Garcia, da
AFP.
428
Na publicação do Boletim n. 75 não constava o remo que foi incluído na edição seguinte por meio de uma
errata. Bulletin du Comité International Olympique, n. 76, novembro de 1961, p. 40. Corrections in the
International Olympic Committee Athen’s minutes.
429
Bulletin du Comité International Olympique, n. 75, agosto de 1961, p. 79. Minutes of the 58th Session of
the International Olympic Committee Athens 1961 - Senate House - June, 19th, 20th and 21st. Tokyo
programme. A lista de votação ainda teve os seguintes esportes indicados: pentatlo moderno (15), canoagem
(12), ciclismo (11), voleibol e polo-aquático (9), basquetebol (8), boxe e hóquei de campo (7), iatismo (4),
hipismo, esgrima e judô (2), tiro (1).
430
O futebol pode ser excluido das olimpiadas. O Estado de S. Paulo, 27 de novembro de 1960, p. 36. A notícia
informa, equivocadamente, a data em que aconteceu “a primeira taça do mundo ‘profissional’ vencida pelo
Uruguai, em 1934, [...]”, quando o correto é 1930.
228
431
O futebol não se justifica nos Jogos Olimpicos desde a criação da Copa do Mundo. Folha de S. Paulo, 27 de
novembro de 1960, p. 6 – Assuntos Diversos II.
432
A Russia que o futebol nos Jogos Olimpicos. O Estado de S. Paulo, 10 de fevereiro de 1961, p. 19; A URSS
vai “democratizar a FIFA”. Folha de S. Paulo, 10 de fevereiro de 1961, p. 9 – 2º caderno.
433
Bulletin du Comité International Olympique, n. 75, agosto de 1961, p. 77. Minutes of the 58th Session of
the International Olympic Committee Athens 1961 - Senate House - June, 19th, 20th and 21st. Tokyo report.
434
Logo houve um protesto contra a saída do remo do programa olímpico. Ver: Bulletin du Comité
International Olympique, n. 75, agosto de 1961, p. 67. Tokyo delegation.
435
Bulletin du Comité International Olympique, n. 75, agosto de 1961, p. 81. Minutes of the 58th Session of
the International Olympic Committee Athens 1961 - Senate House - June, 19th, 20th and 21st. Tokyo delegation.
436
4 modalidades foram excluidas da Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 23 de dezembro de 1960, p. 19.
437
Quando Brundage assumiu a presidência do COI em 1952, Otto Mayer se tornou por seis anos o chanceler do
COI. Otto era um homem de negócios de Lausanne e trabalhava com o joias e relojoaria (GUTTMANN, 2002, p.
113).
438
Organização do programa da Olimpiada de 64. O Estado de S. Paulo, 20 de janeiro de 1961, p. 34.
229
439
Federações são contra proposta dos japoneses. O Estado de S. Paulo, 16 de junho de 1961, p. 32; João
Havelange defendeu a permanência do judô para os Jogos do México de 1968. Ver: Bulletin du Comité
International Olympique, n. 89, fevereiro de 1965, p. 76. 31. Other business. Judo.
440
Outras abolições. O Estado de S. Paulo, 20 de janeiro de 1961, p. 34.
441
Bulletin du Comité International Olympique, n. 77, fevereiro de 1962, p. 34. Increase of the number of
Sports and Events at The 1964 Olympic Games (Tokyo and Innsbruck). They will be the greatest of History;
Incluidos judô e voleibol nos Jogos Olimpicos. O Estado de S. Paulo, 22 de junho de 1961, p. 20.
442
Bulletin du Comité International Olympique, n. 83, agosto de 1963, p. 53. Minutes of the meeting of the
Executive Board of the International Olympic Committee with the representatives of the International Sports
Federations Lausanne, June 6th 1963. Hôtel de la Paix. Protection of Olympic emblems.
443
Bulletin du Comité International Olympique, n. 75, agosto de 1961, p. 64. Minutes of the Conference of
the Executive Board of the International Olympic Committee with the delegates of the International Federations
Athens 1961 - Senate House - June 16th.
230
444
Bulletin du Comité International Olympique, n. 75, agosto de 1961, p. 79. Minutes of the 58th Session of
the International Olympic Committee Athens 1961 - Senate House - June, 19th, 20th and 21st. “Rule o n
amateurism (Annex No. 5).
445
Bulletin du Comité International Olympique, n. 75, agosto de 1961, p. 66. Limiting entries.
446
Bulletin du Comité International Olympique, n. 75, agosto de 1961, p. 67. The organizing committee of
Innsbruck.
447
Bulletin du Comité International Olympique, n. 75, agosto de 1961, p. 67-68. Annex No 4 - To the
President of the International Olympic Committee.
448
Bulletin du Comité International Olympique, n. 75, agosto de 1961, p. 74. Minutes of the 58th Session of
the International Olympic Committee Athens 1961 - Senate House - June, 19th, 20th and 21st. Doping.
449
Uma crítica ao amadorismo é apresentada por Frédéric Schlatter no Bulletin du Comité International
Olympique, n. 75, agosto de 1961, p. 90-91. Sport versus Amateurism.
231
como foco no sentido de estabelecer os critérios para um atleta fazer parte dos
Jogos Olímpicos. Após essas seis décadas de debate intenso, o esporte começa a
se modificar de forma mais rápida e essa discussão a perder força. Não
desaparecerá por completo; vestígios dela aparecerão nos anos e décadas
seguintes, mas um novo tema habita o olhar do COI: a ameaça do doping.
Embora o doping seja o tema que irá compor as discussões, um
novo tema aparecerá nos números seguintes, também pelo fato de estar em
destaque na imprensa: a discriminação racial450. Foi nesse contexto que a FIFA
suspendeu a Associação Sul-Africana de Futebol451.
450
Bulletin du Comité International Olympique, n. 76, novembro de 1961, p. 29-30. Press Review - Racial
discrimination in South Africa (from the Daily Mail 12. 8. 61).
451
Bulletin du Comité International Olympique, n. 76, novembro de 1961, p. 30. News in brief.
452
Bulletin du Comité International Olympique, n. 80, novembro de 1962, p. 44. Eligibility Rules of the
International Olympic Committee.
232
453
Bulletin du Comité International Olympique, n. 80, novembro de 1962, p. 45. Contribution because of loss
of salary.
454
Bulletin du Comité International Olympique, n. 80, novembro de 1962, p. 44. The Olympic Games are
restricted to amateurs.
455
Bulletin du Comité International Olympique, n. 80, novembro de 1962, p. 44-45. Among others, the
following are not eligible for Olympic competitions.
456
Definição Olimpica de amador. O Estado de S. Paulo, 17 de junho de 1961, p. 25. Havia também o desejo de
alguns membros do COI de eliminar como amador os atletas que exerciam “função profissional relacionada com
o esporte, tais como professores de educação física, jornalistas esportivos, médicos e treinadores. Na mesma
reunião foram tratados ainda os seguintes assuntos, que poderão ser objeto de deliberação na reunião do COI: -
diminuição dos torneios continentais; - estabelecimento de medalhas para os quartos, quinto e sexto colocados
nos Jogos Olimpicos; - eliminação do hasteamento de bandeiras e execução dos hinos nacionais durante a
entrega de premios”. Olhando para as edições posteriores, esses três itens foram apenas propostas que nunca
foram concretizadas.
457
Bulletin du Comité International Olympique, n. 80, novembro de 1962, p. 44. Article 26.
458
Bulletin du Comité International Olympique, n. 80, novembro de 1962, p. 45. Among others, the following
are not eligible for Olympic competitions.
233
459
Bulletin du Comité International Olympique, n. 80, novembro de 1962, p. 44-45. Pseudo Amateurs.
460
Bulletin du Comité International Olympique, n. 85, fevereiro de 1964, p. 75. 6. A new rule for the
eligibility to the Olympic Games.
461
Bulletin du Comité International Olympique, n. 85, fevereiro de 1964, p. 82. How was established the
1968 Games Programme.
462
Judô excluído da Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 10 de outubro de 1965, p. 40.
463
Bulletin du Comité International Olympique, n. 85, fevereiro de 1964, p. 68. Minutes of the 60th Session
of the International Olympic Committee Baden-Baden Kurhaus October 14th-20th 1963. 9. Programme of sports
for the 1968 Games.
234
464
O COI reduz para menos de vinte os esportes olímpicos. O Estado de S. Paulo, 8 de junho de 1962, p. 13.
465
Itália analisa o pré-olímpico. O Estado de S. Paulo, 30 de outubro de 1965, p. 17.
466
Altitude começa a prejudicar. O Estado de S. Paulo, 14 de outubro de 1965, p. 21.
467
Lettre d'informations / Newsletter, n. 2, novembro de 1967, p. 5-6. Comité internacional olympique. 2 -
Extracts of the speech by Avery Brundage, September 29, 1967.
468
Fora da Olimpiada. O Estado de S. Paulo, 29 de maio de 1962, p. 22.
235
469
Ver em anexo - Formulário de inscrição para os Jogos Olímpicos e declaração de amador (1967) - um
modelo do formulário padrão de inscrição com as regras e da declaração de amador que o atleta deveria
preencher.
470
Esse fato também foi solicitado para a União de Ciclistas Internacionais (UCI). Bulletin du Comité
International Olympique, n. 89, fevereiro de 1965, p. 74. 17. Future policy on International Federations which
rule bath amateur and professional sport.
471
Bulletin du Comité International Olympique, n. 90, maio de 1965, p. 66. Extracts of the minutes Meeting
of the Executive Board of the International Olympic Committee with the representatives of the International
Federations, In Lausanne on 12 April 1965. Resolution No. 3 by the International Federations. (participation of
all sports on the Olympic programme).
472
Bulletin du Comité International Olympique, n. 95, agosto de 1966, p. 91. Annex No. 7. Proposal from the
“Fédération lnternationale de Football Association”.
236
473
Bulletin du Comité International Olympique, n. 90, maio de 1965, p. 66. Extracts of the minutes Meeting
of the Executive Board of the International Olympic Committee with the representatives of the International
Federations, In Lausanne on 12 April 1965. Resolution No. 3 by the International Federations. (participation of
all sports on the Olympic programme).
474
Bulletin du Comité International Olympique, n. 92, novembro de 1965, p. 77. Minutes of the 63rd Meeting
of the I.O.C. 21. Negotiations with the U.C.I. and the F.I.F.A.
475
Bulletin du Comité International Olympique, n. 92, novembro de 1965, p. 66. Meeting of the I.O.C.
Executive Board with the delegates of the National Olympic Committees. 10. Other business.
476
Bulletin du Comité International Olympique, n. 95, agosto de 1966, p. 90. Annex No. 7. Proposal from the
“Fédération lnternationale de Football Association”.
477
Bulletin du Comité International Olympique, n. 95, agosto de 1966, p. 84. Minutes of the 64th session of
the I.O.C. 20. Report on Amateur Organizations for Cycling and Football.
237
478
Bulletin du Comité International Olympique, n. 95, agosto de 1966, p. 90. Annex No. 7. Proposal from the
“Fédération lnternationale de Football Association”.
479
Newsletter, n. 9, junho de 1968, p. 242. Comité international olympique. Football.
480
Bulletin du Comité International Olympique, n. 98-99, maio – agosto de 1967, p. 93. Extracts of the
minutes of the 65th session of the International Olympic Committee Tehran, 6, 7, and 8 May, 1967. 19 Report on
distribution television Money.
481
COI separa as turmas alemãs. O Estado de S. Paulo, 9 de outubro de 1965, p. 16. Essa situação durou até o
dia 1º de novembro de 1968 quando ficou decidido que a Alemanha Oriental poderia ter seu próprio hino,
bandeira e símbolo. Consultar: Newsletter, n. 15, dezembro de 1968, p. 599. Comité internacional olympique.
Request for change of name of the North Korean Olympic Committee.
482
COI separa as turmas alemãs. O Estado de S. Paulo, 9 de outubro de 1965, p. 16.
483
Questão da Coréia. O Estado de S. Paulo, 5 de maio de 1967, p. 17; Newsletter, n. 15, dezembro de 1968, p.
598. Comité internacional olympique. Request for change of name of the North Korean Olympic Committee.
238
Porém antes da permissão entrar em vigor, o COI alegando o descumprimento por parte da Coreia do Norte de
um acordo que haviam feito retirou a permissão para usarem a sigla D. P. R. Korea. Consultar no mesmo número
do Boletim, a página 600.
484
Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 12 de outubro de 1967, p. 27.
485
Newsletter, n. 15, dezembro de 1968, p. 598. Comité internacional olympique. Request for change of name
of the North Korean Olympic Committee.
486
Newsletter, n. 5, fevereiro de 1968, p. 108. Comité international olympique. North Korea; Coréia não vai à
Olimpíada por causa do nome. Folha de S. Paulo, 4 de fevereiro de 1968, p. 14 – 1º caderno; Coréia do Norte
abandona os Jogos em sinal de protesto. Folha de S. Paulo, 16 de outubro de 1968, p. 11 – 1º caderno.
487
Africanos ameaçam desistir. O Estado de S. Paulo, 18 de março de 1967, p. 14; África negra decide pelo
boicote. O Estado de S. Paulo, 25 de fevereiro de 1968, p. 23.
488
África do Sul na Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 14 de abril de 1967, p. 15.
489
Os sul-africanos vão fazer apelo. O Estado de S. Paulo, 5 de março de 1968, p. 27.
490
África promete integrar. O Estado de S. Paulo, 5 de maio de 1967, p. 17.
491
COI reúne-se dentro de 60 dias. O Estado de S. Paulo, 3 de março de 1968, p. 43; Olimpiada: boicote
confirmado. Folha de S. Paulo, 26 de fevereiro de 1968, p. 8 – 2º caderno; Olimpíada: não participar. Folha de
S. Paulo, 29 de fevereiro de 1968, p. 7 – 2º caderno.
492
O Kwait aderiu alguns dias depois. Ver: Os sul-africanos vão fazer apelo. Adesão. O Estado de S. Paulo, 5
de março de 1968, p. 27.
493
Etiopia e Indonesia boicotam a Olimpiada. Folha de S. Paulo, 25 de fevereiro de 1968, p. 11 – 1º caderno.
239
494
México veta a África do Sul. O Estado de S. Paulo, 10 de março de 1968, p. 37.
495
Newsletter, n. 5, fevereiro de 1968, p. 104. Comité international olympique. Postal vote on the south african
question.
496
Negros ianques podem boicotar as Olimpíadas. O Estado de S. Paulo, 27 de setembro de 1967, p. 17. “Os
dois atletas citados encontram-se ainda indecisos e Smith explica o dilmea: ‘Se os atletas negros decidirem
boicotar os Jogos Olímpicos, os Estados Unidos o sentirão, uma vez que os negros constituem sua grande força
em provas de velocidade, corridas com barreiras e salto em extensão, principalmente. Mas, por outro lado, é de
arrancar o coração ter que competir ao lado de atletas brancos: ‘na pista, és Tommie Smith, o homem mais
rápido do mundo, mas ao entrar nos vestiários, és apenas um negro sujo’. Lee Evans afirma que o movimento é
grande, mas que não acredita que surta resultados a tempo”.
497
Negros vão boicotar as Olimpíadas. O Estado de S. Paulo, 25 de novembro de 1967, p. 17.
498
Negros exigem saída de Brundage do COI. O Estado de S. Paulo, 17 de dezembro de 1967, p. 52.
240
499
Negros exigem saída de Brundage do COI. O Estado de S. Paulo, 17 de dezembro de 1967, p. 52.
500
COI vai rever o caso da África. O Estado de S. Paulo, 2 de março de 1968, p. 14; Brundage sem solução
ainda. O Estado de S. Paulo, 18 de abril de 1968, p. 26.
501
Newsletter, n. 8, maio de 1968, p. 149-150. Comité international olympique. Mexico without the South
Africans. Ver também: O Estado de S. Paulo, 24 de abril de 1968, p. 17; África do Sul não vai à Olimpiada.
Folha de S. Paulo, 25 de abril de 1968, p. 5 -2º caderno.
502
Boicote negro deve malograr. O Estado de S. Paulo, 26 de junho de 1968, p. 17.
503
EUA poderão boicotar Jogos como protesto contra URSS. O Estado de S. Paulo, 24 de agosto de 1968, p.
16.
504
México tentará evitar conflitos. O Estado de S. Paulo, 29 de agosto de 1968, p. 26.
505
Movimento estudantil de 1968 representa luta contra opressão no mundo, diz professora. Folha Online, 5 de
maio de 2008. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u397995.shtml. Acesso em 23 de
fevereiro de 2013.
506
México tentará evitar conflitos. O Estado de S. Paulo, 29 de agosto de 1968, p. 26.
241
507
Crise mexicana ainda tolda clima olímpico. O Estado de S. Paulo, 29 de setembro de 1968, p. 42.
508
Sobre o relato do massacre, conferir a reportagem de Mariana Lajolo: Sobrevivente. Folha de S. Paulo, 30 de
outubro de 2011, p. D10-11 – Esporte.
509
Olimpiada ameaçada. Banho de sangue no México: 26 mortos. Folha de S. Paulo, 3 de outubro de 1968, p. 1
– 1º caderno.
510
Movimento faz ameaça. O Estado de S. Paulo, 3 de outubro de 1968, p. 23.
511
Comitê Olímpico confirma os Jogos do México. O Estado de S. Paulo, 4 de outubro de 1968, p. 19.
512
Olimpiada: adiamento em discussão. Folha de S. Paulo, 4 de outubro de 1968, p. 22 – 1º caderno.
242
513
Comitê Olímpico confirma os Jogos do México. O Estado de S. Paulo, 4 de outubro de 1968, p. 19.
514
Jogos olímpicos não serão suspensos. Folha de S. Paulo, 4 de outubro de 1968, p. 2 – 1º caderno.
515
Negros boicotam Brundage. O Estado de S. Paulo, 16 de outubro de 1968, p. 19.
243
516
Negros fazem seu protesto. O Estado de S. Paulo, 18 de outubro de 1968, p. 17.
517
Negros fazem seu protesto. O Estado de S. Paulo, 18 de outubro de 1968, p. 17.
518
Negros fazem seu protesto. O Estado de S. Paulo, 18 de outubro de 1968, p. 17.
519
Negros fazem seu protesto. O Estado de S. Paulo, 18 de outubro de 1968, p. 17.
244
A decisão do COI foi pela imediata suspensão dos dois atletas norte-
americanos dos Jogos Olímpicos. O Comitê Olímpico dos Estados Unidos emitiu
comunicados com pedidos de desculpas e advertiu os demais atletas da delegação
que não iriam tolerar manifestações desse tipo. Em uma das notas o Comitê
americano tratou a postura dos dois atletas como um fato isolado e destacava que
eles “[...] violaram voluntariamente um principio universalmente aceito (o de que a
política não desempenha nenhum papel nas Olimpíadas) utilizando a oportunidade
que se lhes dava para a publicidade de seus problemas políticos pessoais”520.
Diante do posicionamento do próprio Comitê, outros cinco atletas americanos do
atletismo abandonaram a Vila Olímpica em solidariedade aos dois atletas
expulsos521.
A postura do COI em separar o esporte da política era uma forma
encontrada para afastar dos Jogos Olímpicos qualquer possibilidade de protesto. No
entanto, a cada edição dos Jogos aumentava-se o número de pessoas envolvidas
com o evento, do público presente nos estádios ou da audiência televisiva.
Conforme, o movimento olímpico se expandiu e os Jogos Olímpicos atraíram
milhares de pessoas também fez com que os holofotes ficassem direcionados para o
evento, evidenciando como um espaço privilegiado de atuação política e de
protestos das minorias. O COI ainda não sabia como lidar com a exposição política
que os Jogos Olímpicos atraíram, mas ações seriam tomadas para que o seleto
grupo dos membros do COI mantivessem o poder e o controle do evento sob seus
princípios.
520
Recordistas negros estão fora dos Jogos Olímpicos. O Estado de S. Paulo, 19 de outubro de 1968, p. 17.
Sobre a reação dos atletas diante do caso, o jornal traz o seguinte relato de um atleta brasileiro: “Mosquito, da
seleção de basquete do Brasil declarou: ‘Felizmente, não temos nenhum problema racial. Os atletas norte-
americanos deveriam ter esperado o regresso aos Estados Unidos, para se manifestarem’”.
521
Cinco negros abandonam a equipe norte-americana. O Estado de S. Paulo, 20 de outubro de 1968, p. 40;
Mais 5 atletas excluidos das Olimpiadas. Folha de S. Paulo, 20 de outubro de 1968, p. 1.
245
522
Mudança nos Jogos Olímpicos. O Estado de S. Paulo, 17 de outubro de 1965, p. 44; Arco e flecha na
Olimpiada de Munique. Folha de S. Paulo, 8 de agosto de 1971, p. 37 – 4º caderno.
523
Olympic Review, n. 32, maio de 1970, p. 251. Importan decisions. South Africa.
524
Olympic Review, n. 43, abril de 1971, p. 200-204. The new rule 26.
525
Olympic Review, n. 32, maio de 1970, p. 254-258. Press conference of Mr. Avery Brundage.
526
Olympic Review, n. 43, abril de 1971, p. 200-204. The new rule 26.
246
dos problemas pelos quais o COI enfrentaria para definir os rumos do movimento
olímpico, agora teria que se posicionar diante da acusação de um presidente de um
país europeu. Brundage rapidamente respondeu as acusações feitas por Kekkonen,
via um programa de rádio, colocando-se na condição de chocado e surpreso, além
de supor que o presidente da Finlândia deveria ter sido mal-entendido em sua
explanação.
Em sua argumentação, Brundage discordou das declarações de
Kekkonen e afirmou que os Jogos Olímpicos não deveriam ser organizados pela
UNESCO ou pela ONU, pois o grande sucesso dessa competição residia no fato de
ser organizada por uma entidade limpa, pura e honesta, além de ser livre de
influências políticas e comerciais527. Por ocasião dos Jogos Olímpicos de Inverno de
1972, a mídia finlandesa caracterizou Brundage como uma pessoa que se “auto
intitulou um Deus Olímpico”528.
Novamente, no plano político, por conta de outro país africano, a
Rodésia529, o debate sobre a segregação racial continuou na pauta do COI. Trinta e
sete países africanos solicitavam que o COI retirasse o convite para esse país de
integrar os Jogos Olímpicos de Munique, sob a ameaça de haver um boicote ao
evento530, devido a sua política de segregação racial531. Apesar dos protestos e sob
o alerta de punição aos países que viessem a boicotar os Jogos Olímpicos por
razões políticas532, o COI resolveu manter o convite533. Embora tivesse ficado
decidido que a Rodésia participaria sob a mesma bandeira e hino, dias antes dos
Jogos o COI oficializou a exclusão do país dos Jogos de Munique534. Brundage que
havia criticado a possibilidade de boicote dos países africanos, por entender que “a
solicitação africana é chantagem política” justificou a exclusão da Rodésia ao dizer
527
Olympic Review, n. 50-51, novembro – dezembro de 1971, p. 575-576. A reply from Mr. Avery Brundage.
528
Olympic Review, n. 58, julho de 1972, p. 307. In defense of Avery Brundage.
529
A Rodésia é o atual Zimbábue.
530
Olympic Review, n. 59, outubro de 1972, p. 356. The 73rd session of the I.O.C. 6. Report from the president
and executive board. Participation of Rhodesia in the Games of the XXth Olympiad; A África ameaça não
disputar o Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 4 de agosto de 1972, p. 20. “Os 37 países africanos inscritos na
Olimpíada ameaçam não ir a Munique se o Comitê Olímpico Internacional mantiver a inscrição da Rodésia”;
África aumenta pressãopara retirar a Rodésia. O Estado de S. Paulo, 5 de agosto de 1972, p. 21.
531
Padilha explica reunião do COI. O Estado de S. Paulo, 3 de outubro de 1971, p. 60.
532
Brundage ameaça os países que boicotam os Jogos. O Estado de S. Paulo, 17 de agosto de 1972, p. 42;
Folha de S. Paulo, 17 de agosto de 1972, p. 37 – Esportes.
533
Olympic Review, n. 59, outubro de 1972, p. 356. The 73rd session of the I.O.C. 6. Report from the president
and executive board. Participation of Rhodesia in the Games of the XXth Olympiad.
534
Padilha relata os problemas da Olimpíada. Folha de S. Paulo, 3 de outubro de 1971, p. 34 – 4º caderno;
Rodésia vai participar, mas como uma colônia britânica. O Estado de S. Paulo, 10 de agosto de 1972, p. 45.
247
que ela “[...] não havia cumprido os termos do convite. Eles não puderam provar que
eram cidadãos rodesianos sob proteção da coroa britanica”535.
O caso da Rodésia ilustrava mais uma vez a conexão entre o
esporte e a política tal como já havia acontecido em edições anteriores dos Jogos
Olímpicos536 e o quanto os Jogos Olímpicos estavam distantes dos ideais de
Coubertin537.
Descontente com a decisão, Brundage se pronunciou do seguinte
modo: “Foi a primeira vez em 20 anos que o comitê se voltou contra mim. Estou
muito triste. Foi uma descarada intromissão política. Puseram-nos um revolver na
cabeça. Isso é chantagem. E nós cedemos. Lutei o maximo que pude, mas perdi”538.
Esses fatos indicavam apenas o que poderia acontecer nos Jogos
de Munique. Antes do início dos Jogos, houve uma ameaça de uma organização
extremista argentina explodir o local da Vila Olímpica em que estivessem instalados
os atletas do país. Apesar do fato, “[...] fontes da embaixada alemã informaram que
a ameaça não chegou a preocupar os diplomatas da Alemanha, porque ‘elas não
são novas’, enquanto a policia evita fazer comentarios, sem confirmar ou desmentir
a ameaça”539.
O primeiro incidente de ordem política aconteceu após o desfile de
abertura dos Jogos de Munique quando, no centro da cidade, a polícia montou
barricadas metálicas para conter os “mais de mil ativistas de toda a Alemanha
Ocidental [que] protestavam contra a guerra do Vietnã”540.
Os indícios de que algo mais grave poderia acontecer não impediu a
ação terrorista promovida pelo grupo palestino Setembro Negro541. O atentado
abalou os Jogos Olímpicos de Munique e em meio à tristeza havia o questionamento
de como os terroristas haviam conseguido entrar na Vila Olímpica que era
considerada, até aquele momento um dos lugares mais seguros e a Alemanha era
vista como “[...] um país onde a perfeição parece atingir seu grau mais elevado, onde
535
Rodésia é expulsa de Munique por 36 votos a 31. O Estado de S. Paulo, 23 de agosto de 1972, p. 26. Ver
tamém: Rodesia expulsa dos Jogos Olimpicos. Folha de S. Paulo, 23 de agosto de 1972, p. 29 – Esportes.
536
Munique, 5 dias antes: a política está vencendo. O Estado de S. Paulo, 22 de agosto de 1972, p. 33; A
Rodésia pode deixar Munique. Folha de S. Paulo, 22 de agosto de 1972, p. 31 – Esportes.
537
O esporte cada vez mais político. O Estado de S. Paulo, 20 de agosto de 1972, p. 66.
538
Para Brundage, os ideiais olímpicos estão morrendo. O Estado de S. Paulo, 24 de agosto de 1972, p. 39. Ver
também: Brundage prevê o fim dos ideais olímpicos. Folha de S. Paulo, 24 de agosto de 1972, p. 43 – Esportes.
539
Terror argentino ameaça explodir a vila olímpica. O Estado de S. Paulo, 26 de julho de 1972, p. 22.
540
Primeiro incidente, pela paz. O Estado de S. Paulo, 27 de agosto de 1972, p. 56.
541
Havia a especulação de que a Interpol soubesse da organização do atentado. Ver: Interpol de Viena previa o
atentado. O Estado de S. Paulo, 7 de setembro de 1972, p. 16.
248
542
Um esquema quase perfeito. O Estado de S. Paulo, 6 de setembro de 1972, p. 5.
543
Brundage suspende os jogos. O Estado de S. Paulo, 6 de setembro de 1972, p. 5; Os membros do COI
criticam Brundage. Folha de S. Paulo, 6 de setembro de 1972, p. 38 – Esportes.
544
Brundage suspende os jogos. O Estado de S. Paulo, 6 de setembro de 1972, p. 5.
545
Tristes, os Jogos continuam. Folha de S. Paulo, 7 de setembro de 1972, p. 50.
546
Mudam os rostos e as roupas, silêncio. O Estado de S. Paulo, 7 de setembro de 1972, p. 69.
547
Olympic Review, n. 59, outubro de 1972, p. 404. In memoriam.
249
548
Os Jogos, de protesto em protesto. Folha de S. Paulo, 9 de setembro de 1972, p. 24. Consultar também:
Punição para os dois atletas negros dos EUA é a base para uma nova crise. Folha de S. Paulo, 10 de setembro de
1972, p. 25 – Esportes.
549
Atletas negros dos EUA ameaçam voltar. Folha de S. Paulo, 20 de agosto de 1972, p. 59 – Esportes; Atletas
negros dos EUA ameaçam deixar os Jogos. O Estado de S. Paulo, 9 de setembro de 1972, p. 16.
550
Olimpíada divide alemães. O Estado de S. Paulo, 8 de janeiro de 1970, p. 23; Olimpíada. O Estado de S.
Paulo, 27 de janeiro de 1970, p. 29. “O custo dos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, Alemanha, subiu mais
98 milhões de marcos (NCr$ 125 milhões), devido aos gastos com sua organização e preparação”; Munique
apresenta as contas. O Estado de S. Paulo, 25 de maio de 1972, p. 35. “Os alemães estão gastando três vezes
mais do que esperavam para organizer a mais perfeita Olimpíada de todos os tempos, mas, a três meses da
abertura oficial da competição, o povo de Munique permanece em dúvida sobre a conveniência de todas essas
despesas. O ultimo calculo do Comitê Organizador previa um custo total de 619 milões de dolares
(aproximadamente Cr$ 3,7 bilhões) e está bem além daquele feito pelos dirigentes que, em 1966, obtiveram para
a Alemanha Ocidental o direito de promover a XX Olimpíada”.
551
Olympic Review, n. 28, janeiro de 1970, p. 14. Speech by the Lord Killanin. Vice-President of the I.O.C.
250
552
Newsletter, n. 22, julho de 1969, p. 361. Comité international olympique. . . . by Mr. Avery Brundage.
President of the International Olympic Committee.
553
O suíço Raymond Gafner foi o 290º membro do COI. Foi professor da University Cantonal Hospital em
Lausanne e doutor em Direito com a tese The exercise of Federal Power by the government of Swiss
Confederation. Entre 1965 e 1985 foi membro e presidente do Comitê Olímpico Suíço e no COI atuou em
diversas Comissões. Foi goleiro de hóquei no gelo e depois tornou-se árbitro internacional dessa modalidade.
Consultar: Newsletter, n. 23, agosto – setembro de 1969, p. 441-442. Six new members of the l.O.C.; 114th
IOC Session IOC President's Report. COI, 2013. Disponível em:
<http://www.olympic.org/Documents/Reports/EN/en_report_596.pdf>. Acesso em 17 de agosto de 2013.
554
Olympic Review, n. 40-41, janeiro – fevereiro de 1971, p. 25-26. Will the Olympic Games survive?
251
555
Newsletter, n. 16, janeiro de 1969, p. 34-35. Comité international olympique. Thoughts on relations between
International Olympic Committee / National Olympic Committees. Essas reflexões foram escritas por Edward
Wieczorek, membro do Comitê Olímpico da Polônia.
556
Newsletter, n. 22, julho de 1969, p. 363-364. Comité international olympique. . . . by Mr. Avery Brundage.
557
Olympic Review, n. 28, janeiro de 1970, p. 15. Speech by the Lord Killanin. Vice-President of the I.O.C.
558
Olympic Review, n. 40-41, janeiro – fevereiro de 1971, p. 27. Will the Olympic Games survive?
559
Munique: esforço para reduzir força do COI. Folha de S. Paulo, 10 de setembro de 1971, p. 22 1º caderno.
560
“The athlete is the main victim of the gigantism aimed at by the organisers, who reduce him to the role of a
performer in a big show whose interest lies outside him”.
252
561
Olympic Review, n. 32, maio de 1970, p. 258-259. Press conference of Mr. Avery Brundage.
562
Olympic Review, n. 33, junho de 1970, p. 296-297. The Olympic Games in danger.
563
Presidente do COI quer eliminar o futebol dos jogos olímpicos. Folha de S. Paulo, 10 de maio de 1970, p. 1 -
Esporte . “[...] Avery Brundage, declarou ontem, durante a reunião da comissão executive do órgão internacional
das olimpíadas com os representantes das federações internacionais, que esportes como o futebol não têm a ver
com os jogos olímpicos”.
253
críticas e incômodo quanto à presença do futebol nos Jogos foi revelada quando
afirmou que na final de 1968, o público mexicano saiu antes do fim da partida por
estar descontente com o futebol que viu praticado em campo.
No entanto, os três esportes apontados por Brundage estavam
confirmados para os Jogos Olímpicos de 1972. Seu posicionamento continuou a ser
incisivo em relação aos esportes que possuíam um grande espaço de
comercialização chegando a ponto de sugerir que se não conseguissem montar
equipes competitivas de acordo com o regulamento olímpico que poderiam se retirar
dos Jogos, afinal, conseguiriam sobreviver sem esse evento tanto quanto os Jogos
também poderiam sobreviver sem esses esportes.
Para sustentar seus argumentos, Brundage recorria aos fatos
ocorridos nos próprios Jogos Olímpicos. Respondeu às críticas daqueles que diziam
ser necessária uma adequação das regras olímpicas ao mundo moderno ao
apresentar que desde a primeira edição havia dois tipos de participantes: os que se
interessavam somente pelo esporte e os interessados em ter algum benefício
financeiro. Retomou que o pedido de afastamento indicava uma interferência nos
esportes amadores e que há 42 anos havia sido feita uma votação, da qual somente
a FIFA se recusou a aceitar, que impediu o pagamento pelo tempo de afastamento.
A consequência desse ato fez com que o futebol ficasse fora dos Jogos Olímpicos
de 1932.
Para Brundage, a única forma de conservar intactos os ideais
amadores era manter os Jogos Olímpicos restritos aos amadores e afastado da
comercialização, caracterizada especialmente pelo vínculo da imagem do atleta com
algum produto esportivo, além de impedir que os atletas recebessem bolsas de
estudos para praticar esportes e proibir os subsídios estatais564.
Também ressaltou que os Jogos Olímpicos, de acordo com os ideais
propostos por Coubertin eram um meio e não um fim. Com isso, refutava que a
participação dos atletas nos Jogos não poderia ser condicionada meramente pela
conquista de medalhas e a quebra de recordes. Sendo os Jogos um meio, os
governos deveriam reconhecer os valores de um programa nacional de treinamento
físico e do esporte competitivo no desenvolvimento de homens e mulheres mais
564
Olympic Review, n. 33, junho de 1970, p. 297-300. The Olympic Games in danger.
254
565
Olympic Review, n. 49, outubro de 1971, p. 536. Speech by Mr. Avery Brundage, President of the
International Olympic Committee.
566
Olympic Review, n. 33, junho de 1970, p. 300. The Olympic Games in danger.
567
Brundage sai; a marca fica? O Estado de S. Paulo, 25 de agosto de 1972, p. 24.
568
CT da seleção juvenil convoca 22. Folha de S. Paulo, 27 de janeiro de 1971, p. 15 – 1º caderno.
569
Mundial amador é bem recebido. O Estado de S. Paulo, 1 de dezembro de 1971, p. 23.
255
Caso criasse uma competição, fora dos Jogos Olímpicos, exclusiva para os
amadores a FIFA iria proceder tal como o COI que defendia a presença somente dos
amadores em sua competição. Portanto, tanto a FIFA quanto o COI durante os
muitos anos de convívio mútuo dentro do movimento olímpico mantiveram uma linha
de pensamento que ora se aproximava e ora se distanciava.
As sugestões para resolver os problemas do movimento olímpico
foram inúmeras. Gaston Meyer, ainda no cargo de editor-chefe do L’Equipe, fez uma
proposta dividida em três possíveis soluções: reduzir o programa olímpico; dividir os
Jogos Olímpicos em esportes de verão e de outono/primavera que seriam os
esportes de quadra; dividir por continente onde haveria uma seletiva olímpica570.
Como nenhuma das sugestões acima foram adotadas e diante do
grande número de interessados em participar dos Jogos, cada vez mais o
movimento olímpico rumava para ter a cada edição um aumento do número de
atletas, de público e de cobertura da mídia. Uma nova definição estabeleceu que
nas modalidades exclusivamente masculinas houvesse 12 equipes, e 18 equipes
nos esportes em que houvesse competição de homens e mulheres571.
No caso do futebol, foram 84 Federações que participaram das
eliminatórias e a restrição para a presença de apenas oito equipes não se efetivou
para os Jogos de Munique. O torneio de futebol tampouco teria menos jogos (38 ao
todo) e menos sedes (seis cidades diferentes)572.
570
Olympic Review, n. 45, junho de 1971, p. 340-345. To relieve the congestion of the Olympic Games.
571
Olympic Review, n. 49, outubro de 1971, p. 546. 71st session of the International Olympic Committee
Luxembourg, 15th, 16th and 17th September 1971. Team Sports.
572
Olympic Review, n. 40-41, janeiro – fevereiro de 1971, p. 101. Federation Internacionale de Football
Association.
573
Apesar de ter se candidata, a cidade de Florença retirou sua intenção de sediar os Jogos Olímpicos de 1976.
Florença desiste da Olimpiada. Folha de S. Paulo, 7 de fevereiro de 1970, p. 14 – 1º caderno.
574
Montreal fará Jogos de 1976. O Estado de S. Paulo, 13 de maio de 1970, p. 18. “Na primeira votação,
Moscou havia recebido 28, seguida de Montreal com 25 e Los Angeles com 17. Ao ser eliminada a cidade
californiana, a quase totalidade dos que tinham votado por Los Angeles inclinaram-se, na segunda votação, pela
cidade canadense”.
256
enquanto Los Angeles não recebeu nenhum voto575. O atentado que ocorreu em
Munique nos Jogos Olímpicos de 1972 não influenciou a candidatura das cidades
interessadas em sediar o evento, pois a votação aconteceu em 1970.
No Congresso de Varna, realizado na Bulgária em 1973, um dos
pontos discutidos entre os membros do COI foi em relação ao tamanho dos Jogos. O
seu gigantismo era uma preocupação latente no movimento olímpico e as
consequências dessa condição cogitou-se a eliminação de 10 provas dos Jogos de
Montreal, entre elas, uma das mais tradicionais provas, a maratona576. No entanto,
essas exclusões precisariam de uma chancela oficial do COI fato que não ocorreu.
Sobre as divergências políticas que poderiam transformar os Jogos
Olímpicos em um grande palco de discussões Killanin foi enfático durante o
Congresso de Varna ao afirmar que não era mais possível dissociar o esporte da
política, mas ressaltou que:
575
Olympic Review, n. 32, maio de 1970, p. 232. The Games of the XXIth Olympiad attributed to Montreal.
576
Olimpíada fica sem 10 provas. O Estado de S. Paulo, 6 de outubro de 1973, p. 23. No COI, a guerra ao
gigantismo. Folha de S. Paulo, 8 de outubro de 1973, p. 21 – Esportes.
577
Reunião do COI admite novo conceito de amadorismo. Folha de S. Paulo, 22 de outubro de 1974, p. 30.
578
Olympic Review, n. 70-71, setembro – outubro de 1973, p. 457. Fédération lnternationale de Football
Association.
579
Desde 1973, a China estava na pauta das reuniões da FIFA. Consultar: Assunto antes da eleição: China.
Folha de S. Paulo, 12 de junho de 1974, p. 18 – Esportes; FIFA admite a China e expulsa África do Sul. Folha
de S. Paulo, 17 de julho de 1976, p. 21 – Esportes.
257
580
Olympic Review, n. 107-108, setembro – outubro de 1976, p. 558. Fédération Internationale de Football
Association (FIFA).
581
Olympic Review, n. 109-110, novembro – dezembro de 1976, p. 648. Fédération Internationale de Football
Association (FIFA). Consultar também: China desiste de entrar na FIFA. O Estado de S. Paulo, 17 de julho de
1976, p. 21.
582
Olympic Review, n. 107-108, setembro – outubro de 1976, p. 558. Fédération Internationale de Football
Association (FIFA).
583
Olympic Review, n. 72-73, novembro – dezembro de 1973, p. 471-474. Closing speech of Lord Killanin,
President of the Congress and the International Olympic Committee. Embora a China Comunista estivesse
afastada há 20 anos do COI, ela tinha a intenção de retomar. Para essa notícia consultar: Um país decidido a
voltar às Olimpiadas. Folha de S. Paulo, 9 de abril de 1973, p. 16 – Esportes.
584
China a um passo da Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 13 de feveiro de 1974, p. 19; China pode entrar na
Olimpiada de Montreal. Folha de S. Paulo, 6 de abril de 1974, p. 21 – Esportes.
585
China quer entrar na Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 18 de abril de 1975, p. 23.
586
Formosa chega hoje ao Canadá. Folha de S. Paulo, 8 de julho de 1976, p. 31 – Esportes.
258
587
Cresce a crise olímpica: EUA ameaçam não competir. Folha de S. Paulo, 3 de julho de 1976, p. 23 –
Esportes.
588
Olympic Review, n. 107-108, setembro – outubro de 1976, p. 462. Game playing in Montreal. Not
Acceptable.
589
COI ameaça proibir medalhas no Canadá. Folha de S. Paulo, 2 de julho de 1976, p. 24 – Esportes.
590
COI ameaça proibir medalhas no Canadá. Folha de S. Paulo, 2 de julho de 1976, p. 24 – Esportes.
591
COI recua, Formosa pode sair da Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 4 de julho de 1976, p. 53.
592
A difícil solução para Formosa. Folha de S. Paulo, 10 de julho de 1976, p. 21 – Esportes.
593
Formosa mantém posição. Folha de S. Paulo, 11 de julho de 1976, p. 31 – Esportes.
259
594
Para o CND, o Brasil já não apoia Formosa. O Estado de S. Paulo, 13 de julho de 1976, p. 36.
595
Formosa resiste e divide apoio dos EUA. Folha de S. Paulo, 16 de julho de 1976, p. 24 – Esportes.
596
Derrotada, Formosa só espera reunião de hoje. Folha de S. Paulo, 13 de julho de 1976, p. 34 – Esportes.
597
Formosa decide abandonar a Olimpíada. Folha de S. Paulo, 15 de julho de 1976, p. 32 – Esportes. Consultar
também: Formosa sai, a Africa e EUA fazem ameaças. O Estado de S. Paulo, 15 de julho de 1976, p. 37.
598
Já sem apoio dos EUA, Formosa perde força. O Estado de S. Paulo, 16 de julho de 1976, p. 23; Formosa
resiste e divide apoio dos EUA. Folha de S. Paulo, 16 de julho de 1976, p. 24 – Esportes.
599
Fim do caso Formosa, todos irritados. O Estado de S. Paulo, 17 de julho de 1976, p. 21. Formosa retira-se da
Olimpíada. Folha de S. Paulo, 17 de julho de 1976, p. 22 – Esportes.
260
olímpicas e a greve de 70 mil operários600, que durou oito semanas601, fizeram com
que surgisse uma série de especulações, entre elas, a de que os Jogos poderiam
mudar de cidade602 ou de país – já que o México se oferecera oficialmente para
sediar o evento caso Montreal não conseguisse terminar as obras603. Essa ideia já
havia aparecido em 1973, quando surgiram notícias de que Montreal não teria
condições financeiras de sediar o evento604.
Em meio às especulações, Roger Rousseau, presidente do Comitê
Organizador de Montreal, mostrava-se confiante com a procura por ingressos:
“Tenho a certeza de que a XXI Olimpíada se autofinanciará: e isso estará
acontecendo pela primeira vez na história do esporte”605. A garantia para a
realização dos Jogos Olímpicos era a conclusão das obras606, especialmente da Vila
Olímpica, concretizada somente quando foi anunciado que o Canadá iria mesclar
recursos públicos e privados607.
No entanto, a previsão orçamentária foi totalmente ampliada porque
“a inflação, o encarecimento dos materiais de construções, e problemas trabalhistas
elevaram de 310 milhões para 635 milhões de dólares as despesas previstas [...]”608.
Essa enorme discrepância entre o previsto e o investido gerava uma série de
dificuldades em aprovar as contas, já que as cidades canadenses de Quebec609 e
Ottawa insistiam na “[...] necessidade de fazer com que os Jogos Olímpicos se auto-
financiem, e negam o refinanciamento do capital necessário à construção das
instalações”610.
Apesar das resistências, “o Conselho Municipal de Montreal aprovou
um crédito de 250 milhões de cruzeiros para financiar a conclusão da Vila Olímpica
600
Greve pára as obras olímpicas. O Estado de S. Paulo, 26 de junho de 1974, p. 26.
601
Operários voltam e garantem Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 19 de janeiro de 1975, p. 46; Acaba a greve:
as Olimpíadas serão realizadas em Montreal. Folha de S. Paulo, 22 de maio de 1975, p. 26.
602
Olympic Review, n. 99-100, janeiro – fevereiro de 1976, p. 23. The press release of 3rd December. Ver
também: Contratempo olimpico. Folha de S. Paulo, 15 de janeiro de 1973, p. 17 – Esportes.
603
México-76 já é oficial. O Estado de S. Paulo, 3 de dezembro de 1975, p. 28.
604
COB apresenta o plano de 76. O Estado de S. Paulo, 16 de janeiro de 1973, p. 35; A falta de dinheiro pode
atrapalhar a Olimpiada. Folha de S. Paulo, 10 de agosto de 1974, p. 27 – Esportes.
605
Finalmente, haverá uma autofinanciada. Folha de S. Paulo, 19 de julho de 1973, p. 39 – Esportes.
606
Olimpiada. As obras, em ritmo normal. Folha de S. Paulo, 13 de agosto de 1974, p. 24.
607
Canadá combina recursos e garante os Jogos Olímpicos. O Estado de S. Paulo, 23 de outubro de 1974, p. 28.
608
A Olimpíada mais cara, em Montreal. O Estado de S. Paulo, 24 de dezembro de 1974, p. 27; Ver também:
As Olimpíadas do azar. Folha de S. Paulo, 3 de feveiro de 1975, p. 10 – Esportes; Ameaças à Olimpíada
canadense. Folha de S. Paulo, 25 de novembro de 1975, p. 32 – Esporte.
609
Olimpíada já é um assunto da polícia. O Estado de S. Paulo, 16 de maio de 1975, p. 22.
610
A Olimpíada corre perigo, mas ainda tem apoio do COI. O Estado de S. Paulo, 30 de janeiro de 1975, p. 29.
261
611
Tiro aguarda liberação da verba. Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 8 de março de 1975, p. 20.
612
Olimpíada dará grande prejuízo. O Estado de S. Paulo, 27 de setembro de 1975, p. 24.
613
Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 17 de julho de 1975, p. 39.
614
Novos planos para que a Olimpíada não fracasse. O Estado de S. Paulo, 22 de novembro de 1975, p. 24.
615
Em Paris, canadenses garantem a Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 7 de abril de 1976, p. 26. Texto de Reali
Junior. Consultar também: CPI investigará custos olímpicos. Folha de S. Paulo, 11 de abril de 1976, p. 39 –
Esportes.
616
Hoje, a reunião no COB. Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 17 de abril de 1975, p. 39.
617
O terror inquieta Israel. O Estado de S. Paulo, 10 de julho de 1976, p. 21.
618
Innsbruck inicia Jogos de Inverno e do medo. O Estado de S. Paulo, 4 de fevereiro de 1976, p. 23.
619
Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 2 de março de 1976, p. 21.
620
Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 24 de abril de 1976, p. 26.
621
Luta política e segurança. Folha de S. Paulo, 17 de julho de 1976, p. 22 – Esportes.
262
622
África faz ameaça. O Estado de S. Paulo, 29 de junho de 1976, p. 32.
623
Olympic Review, n. 107-108, setembro – outubro de 1976, p. 462. Game playing in Montreal. Consultar
também: Segregação racial ameaça sucesso dos Jogos Olímpicos. Folha de S. Paulo, 29 de junho de 1973, p. 33
– Esportes.
624
COI decide contra 16 da África. O Estado de S. Paulo, 17 de julho de 1976, p. 21.
625
O tunísio Mohamed Mzali foi o 271º membro do COI (1965-2010). Foi Primeiro Ministro da Tunísia entre
1980-1986, mas com a mudança de governo se exilou em Paris. Foi presidente do Comitê Olímpico da Tunísia
(1962-1986) , da Federação de Futebol da Tunísia (1962-1963), da Academia Olímpica Internacional (1977-
1988) e membro de várias Comissões do COI (BUCHANAN e LYBERG, 2013b).
626
Olympic Review, n. 107-108, setembro – outubro de 1976, p. 463.
627
Olympic Review, n. 109-110, novembro – dezembro de 1976, p. 584-585. Africa and the XXIst Olympiad.
Os países que boicotaram os Jogos foram: Argélia, Camarões, Chade, Congo, Egito, Eitópia, Gana, Guiana,
Iraque, Quênia, Líbia, Mali, Marrocos, Níger, Nigéria, Sudão, Suazilândia, Togo, Tunísia, Upper Volta (atual
263
Burkina Faso), Uganda, Zâmbia. Consultar também: Mais africanos deixam a competição. Folha de S. Paulo, 17
de julho de 1976, p. 22 – Esportes; Mais 10 países africanos abandonam a Olimpíada. Folha de S. Paulo, 18 de
julho de 1976, p. 31 – Esportes. Grande parte dos países africanos que boicotaram Alguns países se retiraram
após o início dos Jogos de Montreal.
628
Olympic Review, n. 85-86, novembro – dezembro de 1974, p. 579-580. 1st November 1974 at Winnipeg
(Canada) The Olympic Movement brought up to date by Lord Killanin, President of the IOC. The Structures of
the Olympic Movement.
629
Killanin: ‘O esporte tem que mudar’. O Estado de S. Paulo, 24 de maio de 1973, p. 34.
630
Olympic Review, n. 85-86, novembro – dezembro de 1974, p. 581. 1st November 1974 at Winnipeg
(Canada) The Olympic Movement brought up to date by Lord Killanin, President of the IOC. Eligibility for the
Olympic Games. Sobre essa questão ver, no mesmo Boletim, a carta do president do COI, Lord Killanin enviada
às Federações Internacionais, Comitês Olímpicos Nacionais e imprensa datada do dia 26 de novembro de 1974
(p. 583-584).
264
Não posso afirmar que os atletas dos países da “cortina de ferro” são
profissionais, embora saiba que eles recebem certos benefícios de
seus governos. Mas é evidente que os países ocidentais também
têm formas de ajudar seus atletas, concedendo-lhes bolsas de
estudos e outras facilidades. Isso tudo está sendo revisto por mim632.
631
Lord Killanin veio, quem não veio foi sua revolução. Folha de S. Paulo, 28 de maio de 1973, p. 25 –
Esportes.
632
Killanin: ‘O esporte tem que mudar’. O Estado de S. Paulo, 24 de maio de 1973, p. 34.
633
Para ver a reação de inúmeros veículos de imprensa internacional consultar: Olympic Review, n. 87-88,
janeiro – fevereiros de 1975, p. 3-8. With regard to Rule 26...Some journalists’ reactions.
634
Olympic Review, n. 85-86, novembro – dezembro de 1974, p. 585. New rules. Eligibility code.
635
Olympic Review, n. 85-86, novembro – dezembro de 1974, p. 585-586. Bye-laws to rule 26.
265
636
Olympic Review, n. 85-86, novembro – dezembro de 1974, p. 586. 2. A competitor must not.
637
Olympic Review, n. 101-102, março – abril de 1976, p. 145. Bye-laws to rule 26.
638
Olympic Review, n. 87-88, janeiro – fevereiro de 1975, p. 9-10 (e página 20). The Modern Sports
Administrator: His Problems and a Code of Conduct by Sir Stanley Rous, Honorary President of the Fédération
lnternationale de Football Association.
639
Olympic Review No. 107-108, setembro – outubro de 1976, p. 469. Montreal, 13th July 1976 Official
opening of the 78th Session of the International Olympic Committee Speech by Lord Killanin, President of the
International Olympic Committee.
266
640
Olympic Review, n. 85-86, novembro – dezembro de 1974, p. 635. Fédération lnternationale de Football
Association (FIFA).
641
A francesa Monique Berlioux foi uma nadadora. Quando trabalhava como jornalista foi levada por uma
assistente de Otto Mayer para conhecer Brundage. Com o trabalho no Boletim Olímpico do COI, trabalhou como
diretora de imprensa e relações públicas do COI. Consultar: Guttmann (2002, p. 114).
642
Olympic Review, n. 85-86, novembro – dezembro de 1974, p. 635. Fédération lnternationale de Football
Association (FIFA).
643
Olympic Review, n. 105-106, julho – agosto de 1976, p. 340. João Havelange, President of the Fédération
lnternationale de Football Association.
267
644
Propaganda russa explora Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 13 de setembro de 1972, p. 2.
645
Los Angeles pede a Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 26 de março de 1974, p. 33.
646
Moscou será a sede da Olimpíada de 80. O Estado de S. Paulo, 24 de outubro de 1974, p. 36; Moscou ganha
a Olimpíada Folha de S. Paulo, 24 de outubro de 1974, p. 39 – Esportes.
268
Soviética deu nova garantia de que todos os países terão acesso aos Jogos
Olímpicos de Moscou em 1980”647.
Killanin não retirava os assuntos sobre política da pauta do COI
exatamente pelo fato de reconhecer a existência deles. A questão da China estava
prestes a se resolver quando esta solicitou o pedido de reconhecimento de seu
Comitê Olímpico de acordo com as regras estabelecidas pelo COI648. O primeiro
passo em direção a uma resolução aconteceu quando o COI aceitou a presença do
Comitê Olímpico tanto de Pequim como o de Formosa649 (62 votos a favor, 17 contra
e 2 votos anulados)650 tendo cada um o seu emblema e bandeira651. Porém, essa
condição foi aprovada somente para a República Popular da China652 – que também
voltava a fazer parte do quadro de membros da FIFA653, pois para Formosa654 ainda
necessitava de uma aprovação do Comitê Executivo655. A China, por sua vez,
somente aceitava a existência de um Comitê Olímpico de Formosa caso estivesse
vinculado ao seu e nessa relação de subordinação “[...] Formosa poderia até
participar de olimpíadas, mas não teria nem estatutos, nem bandeira e hino nas
competições”656. A situação de Formosa seria somente regularizada em 1981
quando o COI e o Comitê Olímpico da China Taipei (Formosa) entraram em um
acordo quanto ao nome, bandeira e emblema que seriam utilizados657.
Em uma reunião do COI ocorrida em Praga (1977), Killanin
destacava a importância do debate entre as Federações Internacionais e os Comitês
Olímpicos Nacionais nas discussões sobre os rumos do movimento olímpico mesmo
diante de opiniões divergentes. As decisões tomadas nessa reunião somente seriam
implantadas nos Jogos Olímpicos de 1984. Entre os itens discutidos destaco o
647
Olimpíada sem política. O Estado de S. Paulo, 13 de outubro de 1976, p. 23.
648
Olympic Review, n. 137, março de 1979, p. 141. The China Question.
649
Olympic Review, n. 138-139, abril – maio de 1979, p. 221. The China question.
650
Olympic Review, n. 145, novembro de 1979, p. 626. China and the five rings. Consultar também: China
recebe 62 votos a favor e volta ao COI. O Estado de S. Paulo, 27 de novembro de 1979, p. 23; A China na
Olimpíada. Folha de S. Paulo, 27 de novembro de 1979, p. 25 – Esportes.
651
Olympic Review, n. 144, outubro de 1979, p. 562. Meeting of the Executive Board in Nagoya. China
question.
652
Apesar de tantos anos afastada das competições olímpicas, a China aderiu ao boicote. Consultar: Japão e
China decidem não ir mais a Moscou. Folha de S. Paulo, 2 de fevereiro de 1980, p. 23 – Esportes.
653
Olympic Review, n. 144, outubro de 1979, p. 602. Fédération Internationale de Football Association (FIFA);
Fifa admite China nas eliminatórias da Copa. Folha de S. Paulo, 14 de outubro de 1979, p. 40 – Esportes.
654
O próprio Comitê de Taipé não aceitava utilizar o nome Taiwan. Olympic Review, n. 145, novembro de
1979, p. 629.
655
Olympic Review, n. 143 – setembro de 1979, p. 497. The President of the IOC meets the problems of
Olympism. China.
656
China, um tema difícil. O Estado de S. Paulo, 26 de junho de 1979, p. 28.
657
Olympic Review, n. 162, abril de 1981, p. 211. The Chinese Taipei Olympic Committee.
269
658
Olympic Review, n. 116, junho – julho de 1977, p. 362-365. Lord Killanin, President of the IOC.
659
Olympic Review, n. 129, julho de 1978, p. 422. The President of the IOC... on the air.
660
Olympic Review, n. 130-131, agosto – setembro de 1978, p. 491. Lord Killanin in Algiers, 10th July 1978.
Amateurism.
661
Killanin admite o fim do amadorismo. Folha de S. Paulo, 25 de novembro de 1979, p. 47 – Esportes.
662
Olympic Review, n. 129, julho de 1978, p. 422. The President of the IOC... on the air.
270
663
Olympic Review, n. 137, março de 1979, p. 140. Six Questions to the President of the I O C. Lord Killanin
analyses the problems of Olympism. Amateurism.
664
Os EUA já pensam em Moscou. O Estado de S. Paulo, 2 de janeiro de 1977, p. 33. Texto de Paulo Ferraz
Filho.
665
Boicote em 1980. Folha de S. Paulo, 21 de julho de 1978, p. 32.
666
COI já responde à proposta de boicote. Folha de S. Paulo, 3 de janeiro de 1980, p. 26 – Esportes.
667
EUA cortam venda de trigo à URSS. Carter anuncia as represálias pelo ataque ao Afeganistão. Folha de S.
Paulo, 5 de janeiro de 1980, p. 1.
271
668
Inglaterra proíbe ida à Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 14 de março de 1980, p. 21. Apesar do
posicionamento de Margareth Thatcher, o Comitê Olímpico Britânico não apoiava o boicote, sendo 15 de suas
Federações a favor de participar dos Jogos de Moscou e apenas quatro contra. Consultar: Comitê Britânico não
apóia boicote olímpico. O Estado de S. Paulo, 26 de março de 1980, p. 21; Ingleses decidem não boicotar a
Olimpíada. Folha de S. Paulo, 26 de março de 1980, p. 27.
669
Olympic Review, n. 150, abril de 1980, p. 154. Seven questions one hundred days before the Games of the
XXllnd Olympiad.
670
Olympic Review, n. 151, maio de 1980, p. 227. Olympic focus on Lausanne.
671
COI faz nova advertência contra boicote. O Estado de S. Paulo, 18 de janeiro de 1980, p. 19.
672
A comédia das Olimpíadas. Folha de S. Paulo, 19 de janeiro de 1980, p. 6 – Exterior.
673
A ameaça de Carter já divide a Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 22 de janeiro de 1980, p. 23.
674
EUA não conseguem convencer Brasil a aderir ao boicote. Folha de S. Paulo, 29 de janeiro de 1980, p. 6 –
Nacional; Havelange diz que Figueiredo é contra boicote à Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 8 de fevereiro de
1980, p. 21; O Brasil é contra o boicote, Folha de S. Paulo, 8 de fevereiro de 1980, p. 19 – Esportes.
“Anteriormente, o Brasil se negou a boicotar o fornecimento de cereais para aquele pais, conforme solicitação do
presidente Carter [...]”.
272
675
Governo estuda boicote, COB aceita convite. O Estado de S. Paulo, 25 de janeiro de 1980, p. 29. Consultar
também: COB alinha com Moscou na crise da Olimpíada. Folha de S. Paulo, 25 de janeiro de 1980, p. 40 –
Esportes.
676
Padilha faz apelo a Jimmy Carter. O Estado de S. Paulo, 31 de janeiro de 1980, p. 30. Consultar também:
EUA pedem apoio do Brasil ao boicote. Folha de S. Paulo, 24 de janeiro de 1980, p. 32 – Esportes.
677
COB confirma a ida do Brasil a Moscou. O Estado de S. Paulo, 4 de março de 1980, p. 21.
678
Olympic Review, n. 151, maio de 1980, p. 227. Olympic focus on Lausanne.
679
Olympic Review, n. 151, maio de 1980, p. 273. Around the National Olympic Committees Declaration by 18
European NOCs. Os 18 países foram: Alemanha Ocidental, Andorra, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia,
França, Grã-Bretanha, Grécia, Irlanda, Itália, Liechtenstein, Luxemburgo, Malta, Holanda, San Marino, Suíça e
Turquia.
273
político dos Jogos e essa despolitização era uma necessidade apontada – também
por ele – para salvaguardar o movimento olímpico680.
O fato é que o presidente norte-americano Jimmy Carter não teve
apoio que esperava dos mais diversos Comitês Olímpicos Nacionais, pois recusaram
a orientação de Carter quando este pediu que os países não enviassem seus atletas
para Moscou681 e “[...] nem mesmo o Comitê Olímpico dos EUA mostra-se disposto a
endossar a posição assumida pelo presidente Carter”682. Entretanto, o Comitê
Olímpico norte-americano mudou de posição e decidiu por unanimidade (68 votos a
favor e nenhum contra) estar de acordo com o posicionamento de Carter sobre o
boicote, adiamento ou mudança do local dos Jogos de 1980683. A decisão do Comitê
Olímpico norte-americano de não participar dos Jogos de Moscou foi oficialmente
confirmada em abril684. Em um encontro entre os membros do COI ficou decidido
que não haveria troca de sede e diante da decisão, Lord Killanin afirmou que o COI
não poderia resolver os problemas políticos mundiais685.
Como resposta ao seu rival da Guerra Fria, a União Soviética tentou
junto ao COI, sem êxito, propor punições aos Estados Unidos, entre elas: “a
cassação da sede da Olimpíada de 1984, prevista para Los Angeles; a proibição da
ida de jornalistas norte-americanos para a cobertura dos Jogos de Moscou; a
suspensão de atletas norte-americanos de futuras competições”686.
Ao final do prazo oficial estabelecido pelo COI, 86 países se
inscreveram, mas em Moscou estiveram representados 80 países687. Os Estados
Unidos conseguiram a adesão de 36 países688 que não se inscreveram para
680
Olympic Review, n. 154, agosto de 1980, p. 407-408. Remarks by Lord Killanin, President of the
International Olympic Committee.
681
O apelo de Carter não dá resultados. Folha de S. Paulo, 22 de janeiro de 1979, p. 27.
682
Sete dias no esporte. Olimpíada (1). Folha de S. Paulo, 27 de janeiro de 1980, p. 28. Texto de Aroldo
Chiorino. Consultar também: Comitê dos EUA não desistiu da Olimpíada. Folha de S. Paulo, 22 de fevereiro de
1980, p. 27; Atletas dos EUA contra o boicote. Folha de S. Paulo, 2 de março de 1980, p. 29 – Esportes.
683
Comitê Olímpico dos EUA aprova boicote. Folha de S. Paulo, 28 de janeiro de 1980, p. 14.
684
EUA desistem oficialmente dos Jogos. Folha de S. Paulo, 14 de abril de 1980, p. 9 – Esportes. O dia em que
a Olimpíada ficou pela metade. O Estado de S. Paulo, 15 de abril de 1980, p. 31.
685
COI mantém os Jogos em Moscou. O Estado de S. Paulo, 13 de fevereiro de 1980, p. 20.
686
URSS faz pressão, sem êxito. O Estado de S. Paulo, 22 de abril de 1980, p. 28. Consultar também: Soviético
ameaça, mas COI não pune países do boicote. O Estado de S. Paulo, 23 de abril de 1980, p. 22.
687
A Folha de S. Paulo indicou 81 países enquanto o site do COI e O Estado de S. Paulo informam que
estiveram presentes 80 países. Apesar das incertezas, uma grande festa. O Estado de S. Paulo, 19 de julho de
1980, p. 40; A maior festa do esporte começa às 10 horas, com TV. Folha de S. Paulo, 19 de julho de 1980, p.
22 – Esportes.
688
Jogos Olímpicos terão 86 participantes. O Estado de S. Paulo, 28 de maio de 1980, p. 20. “Os que recusaram
o convite são: Albânia, Alemanha Ocidental, Arábia Saudita, Argentina, Baherein, Bermudas, Bolívia, Caiman,
Canadá, Chile, Cingapura, Coréia do Sul, Egito, Estados Unidos, Gâmbia, Haiti, Hondura, Hong Kong,
Indonésia, Israel, Japão, Kênia, Liechtenstein, Malásia, Malawi, Mauritânia, Mônaco, Noruega, Paquistão,
274
Paraguai, Filipinas, Tailândia, Tunísia, Turquia e Uruguai”. Consultar também: Diferença entre Moscou e
Montreal: 2 países. Folha de S. Paulo, 28 de maio de 1980, p. 25.
689
Jogos Olímpicos terão 86 participantes. O Estado de S. Paulo, 28 de maio de 1980, p. 20. “Os países que não
deram resposta são: Antigua, Antilhas Holandesas, Bahamas, Barbados, Belize, Costa do Marfim, Chade, Ilhas
Fiji, Ilhas Virgens, Ghana, Libéria, Marrocos, Papuásia, Nova Guiné, El Salvador, Somália, Sudão, Suazilândia,
Togo e Zaire”.
690
Coi não pensa em punições. O Estado de S. Paulo, 22 de março de 1981, p. 50.
691
Jogos Olímpicos terão 86 participantes. O Estado de S. Paulo, 28 de maio de 1980, p. 20.
692
Olympic Review, n. 120, outubro de 1977, p. 648. Fédération Internationale de Football Association (FIFA).
693
Olympic Review, n. 128, junho de 1978, p. 401. Fédération Internationale de Football Association (FIFA).
Moscow 1980.
694
Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 2 de setembro de 1978, p. 20.
695
Futebol pode não ir a Moscou. Folha de S. Paulo, 14 de novembro de 1978, p. 38 – Esportes.
275
sido implantada por ocasião dos Jogos Olímpicos de 1960 quando a FIFA também
impediu que os atletas que haviam disputado a Copa de 1958 de participarem do
torneio olímpico.
Essa restrição afetava principalmente os países socialistas que
utilizavam as mesmas seleções tanto para os Jogos Olímpicos quanto para a Copa
do Mundo sob a justificativa de que não existia profissionalismo nesses países e,
portanto, todos eram amadores696. Diante de seu posicionamento, Havelange
recebeu críticas da agência oficial de notícias Tass, da União Soviética, sobre a
restrição e a possibilidade em retirar o futebol do programa olímpico: “O presidente
da FIFA evidentemente acredita que é o único ‘patrão’ do futebol mundial”697.
Os organizadores dos Jogos de Moscou relutaram, mas foram
obrigados a aceitar essa condição proposta pelo presidente da FIFA, João
Havelange e seu secretário-geral, Helmut Käser. O vice-presidente do COI,
Mohamed Mzali, afirmou que o “COI compreende a preocupação da FIFA de impedir
aos profissionais, mas nos desagrada a discriminação de que são vítimas a América
Latina e Europa e desejamos que essa medida se amplie ao mundo todo para os
Jogos de Los Angeles de 1984”698.
Lord Killanin como forma de demarcar os espaços de poder entre o
COI e a FIFA declarou que as regras das Federações Internacionais referentes aos
Jogos Olímpicos deveriam passar por aprovação prévia699. No comunicado fornecido
à imprensa o COI ressaltou sua discordância com a determinação da FIFA, mas que
a aceitaria para não prejudicar as seleções classificadas. Para o COI, um atleta
somente estaria impossibilitado de participar dos Jogos caso não se enquadrasse
nos itens da regra 26700.
Na entrevista realizada com Havelange, ele foi enfático em ressaltar
que foi um defensor da exclusividade do futebol, ou sem suas palavras: “Você não
vai engordar o porco do outro e o seu morrer de inanição”. Portanto, a ação de
Havelange no comando da FIFA foi extremamente planejada e ele sabia que, por
meio de medidas restritivas, poderia garantir que os principais jogadores
disputassem a Copa do Mundo. Além disso, fortalecer a Copa do Mundo era uma
696
Moscou pode perder o futebol nos Jogos. O Estado de S. Paulo, 14 de novembro de 1978, p. 30.
697
As acusações da URSS contra FIFA. O Estado de S. Paulo, 15 de novembro de 1978, p. 25.
698
Vitória da FIFA: Olimpíada de 80 vai ter futebol. Folha de S. Paulo, 31 de janeiro de 1979, p. 35 – Esportes.
699
Olympic Review, n. 136, fevereiro de 1979, p. 72-73. Executive Board in Lausanne.
700
Olympic Review, n. 136, fevereiro de 1979, p. 73. The Olympic Football Tournament (press release).
276
701
As sedes das Copas do Mundo sub-20 foram: Tunísia (1977), Japão (1979), Austrália (1981), México (1983),
União Soviética (1985), Chile (1987), Arábia Saudita (1989), Portugal (1991), Austrália (1993), Catar (1995),
Malásia (1999), Argentina (2001), Emirados Árabes Unidos (2003), Holanda (2005), Canadá (2007), Egito
(2009), Colômbia (2011) e Turquia (2013). Nesse torneio o Brasil também é pentacampeão mundial. Disponível
em <http://pt.fifa.com/tournaments/archive/u20worldcup/index.html>. Acesso em 24 de maio de 2013.
702
O futebol pode ficar fora do Pan e da Olimpíada. Folha de S. Paulo, 18 de agosto de 1979, p. 23.
277
concepção da FIFA fosse validada por quem estava abaixo dela no sistema
hierárquico. Dessa forma, segundo Salinas:
703
Salinas não quer futebol na Olimpíada. Folha de S. Paulo, 14 de abril de 1980, p. 15.
704
Olympic Football Tournament Moscow 1980 Technical Study, p. 90-92. Evaluation, Conclusion,
Deduction.
278
705
Em Moscou, uma olimpíada profissional. Folha de S. Paulo, 12 de fevereiro de 1976, p. 32 – Ilustrada.
281
706
Olympic Review, n. 132-133, outubro – novembro de 1978, p. 585. 1984: Los Angeles, Olympic city.
Consultar também: COI decide: Los Angeles sedia em 84. Folha de S. Paulo, 10 de outubro de 1978, p. 34 –
Esportes.
707
Profissionais na Olimpíada. Folha de S. Paulo, 13 de dezembro de 1980, p. 23.
282
presentes há algum tempo, mas naquele momento apareciam como o suporte para
garantir que não haveria prejuízo:
708
Organizadores asseguram que não haverá prejuízo. O Estado de S. Paulo, 22 de novembro de 1981, p. 27.
709
O lucro com número maior. O Estado de S. Paulo, 21 de dezembro de 1984, p. 22. “[...] após o último
balanço, dos investimentos feitos, a previsão é de que, no mínimo, será de 215 milhões de dólares
(aproximadamente Cr$ 645 bilhões), com boa possibilidade de atingir 250 milhões (cerca de Cr$ 750 bilhões)”.
710
Coi comemora a comercialização e prevê lucros. Folha de S. Paulo, 26 de janeiro de 1984, p. 25 – Esportes.
711
A importância da televisão. O Estado de S. Paulo, 5 de agosto de 1984, p. 45.
712
URSS diz que vai a Los Angeles. O Estado de S. Paulo, 5 de agosto de 1980, p. 25; URSS diz que irá a Los
Angeles em 84. Folha de S. Paulo, 5 de agosto de 1980, p. 19.
283
713
Ameaça de boicote à Olimpíada de 84. Folha de S. Paulo, 11 de setembro de 1981, p. 31 – Esportes; URSS
pode comandar um novo boicote. O Estado de S. Paulo, 13 de setembro de 1981, p. 58; Rúgby sul-africano
pode causar boicote olímpico. O Estado de S. Paulo, 17 de setembro de 1981, p. 31; Olimpíada de 84 já corre
risco de um boicote. Folha de S. Paulo, 18 de setembro de 1981, p. 31 – Esportes.
714
Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 5 de setembro de 1981, p. 20.
715
Política já não ameaça tanto os Jogos. O Estado de S. Paulo, 22 de setembro de 1981, p. 32.
716
Nova York veta o jogo mas não afasta ameaça. O Estado de S. Paulo, 18 de setembro de 1981, p. 23; No
rúgby, um jogo contra as ameaças. O Estado de S. Paulo, 19 de setembro de 1981, p. 22.
717
Olimpíada não sofrerá boicote, diz dirigente. Folha de S. Paulo, 6 de maio de 1982, p. 35 – Esportes.
718
URSS nega boicote a Olimpíada de 84. Folha de S. Paulo, 18 de junho de 1982, p. 23 – Esportes.
719
Política já não ameaça tanto os Jogos. O Estado de S. Paulo, 22 de setembro de 1981, p. 32.
720
Os soviéticos fazem ameaça para 1984. O Estado de S. Paulo, 23 de maio de 1982, p. 53.
284
721
Soviéticos negam boicote a Los Angeles. O Estado de S. Paulo, 18 de junho de 1982, p. 25. Consultar
também: URSS não boicotará Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 21 de janeiro de 1983, p. 23.
722
União Soviética abre campanha para difamar a sede dos Jogos. Folha de S. Paulo, 8 de outubro de 1983, p.
20 – Esportes.
723
A vingança de Moscou contra Los Angeles. O Estado de S. Paulo, 31 de outubro de 1982, p. 36. Texto de
Rodney Mello. Consultar também: No jogo econômico, é a vez das empresas. O Estado de S. Paulo, 29 de maio
de 1983, p. 42. Texto de Fran Augusti.
724
A vingança de Moscou contra Los Angeles. O Estado de S. Paulo, 31 de outubro de 1982, p. 36. Texto de
Rodney Mello.
285
725
As informações sobre o boicote foram vinculadas, tanto no O Estado de S. Paulo quanto na Folha de S. Paulo,
entre fevereiro de 1983 e abril de 1984. Consultar especialmente as seguintes reportagens: URSS acusa os EUA
e pede providências ao COI. O Estado de S. Paulo, 10 de abril de 1984, p. 25; EUA rebatem as críticas dos
soviéticos. O Estado de S. Paulo, 11 de abril de 1984, p. 23; EUA já pedem desculpas aos soviéticos. O Estado
de S. Paulo, 14 de abril de 1984, p. 20; Estados Unidos pedem descuplas à União Soviética. Folha de S. Paulo,
14 de abril de 1984, p. 22 – Esportes.
726
O anúncio oficial da não participação foi feito no dia 9 de maio de 1984 e o prazo final de inscrição era dia 2
de junho de 1984. E tudo começou com o Afeganistão. Folha de S. Paulo, 9 de maio de 1984, p. 26 – Esportes.
727
O boicote soviético também tomou forma por meio da realização de sua “Contra-Olimpíada” que ficou
conhecida como Jogos da Amizade. Em Moscou, cerimônia grandiosa mas sóbria. O Estado de S. Paulo, 19 de
agosto de 1984, p. 40.
728
Olympic Review, n. 200, junho de 1984, p. 419-420. 1984 and non-participation Declaration by the President
of the International Olympic Committee. Os países que aderiram foram: Afeganistão, Alemanha Oriental,
Bulgária, Coreia do Norte, Cuba, Etiópia, Hungria, Iemen, Mongólia, Polônia, Tchecoslováquia e Vietnam.
729
A URSS não vai aos Jogos. O Estado de S. Paulo, 9 de maio de 1984, p. 18; A decisão soviética é
irreversível. O Estado de S. Paulo, 15 de maio de 1984, p. 22.
730
Olho por olho, dente por dente. Folha de S. Paulo, 9 de maio de 1984, p. 25 – Esportes. Texto de Paulo
Francis.
731
COI acusa Jimmy Carter. O Estado de S. Paulo, 8 de junho de 1984, p. 20.
286
os atletas tinham pouco espaço para se expressarem criou uma comissão de atletas.
E essa comissão declarava-se contra o boicote732.
732
Olympic Review, n. 203, setembro de 1984, p. 598. Speech by H.E. Juan Antonio Samaranch President of
the IOC.
733
Olympic Review, n. 169, novembro de 1981, p. 604-606. Speech by Mr. Juan Antonio Samaranch.
287
concessões, estabelecendo para isso que o COI deveria aprovar as regras das
Federações Internacionais734.
Na busca por uma nova definição para a regra 26 foram ouvidos
atletas e técnicos. Ambos possuíam a mesma visão. Por ocasião desse Congresso
foi criada a Comissão dos Atletas735 com o objetivo de criar uma ligação entre o COI
e os atletas736. Nessa oportunidade, o representante dos atletas, o britânico
Sebastian Coe737 e o representante dos técnicos, Claude Li Bihan, possuíam um
mesmo ponto de vista. Para ambos, essa regra estava obsoleta e que cada
Federação Internacional, por conhecer as necessidades de sua modalidade, deveria
estabelecer as suas regras diante da impossibilidade de todos os esportes
possuírem uma única regra738.
No entanto, um fato que estava presente na gestão de Killanin e
tomaria forma na presidência de Samaranch era o vínculo não só do esporte com a
política como a do esporte com os negócios e, consequentemente, colocava o
esporte olímpico definitivamente nos rumos do profissionalismo.
Na 84ª sessão do COI ficou definida a alteração na regra número 26
que definia quais atletas poderiam fazer parte dos Jogos Olímpicos. Com a nova
regra, cada Federação Internacional tinha autonomia para estabelecer a regra da
elegibilidade e a partir dessa definição o Comitê Executivo do COI aprovaria o que
foi estabelecido pela Federação Internacional. Apesar dessa nova condição para
poder participar dos Jogos Olímpicos, ainda existiam seis condições restritivas: estar
registrado como atleta profissional em qualquer esporte; ter assinado um contrato
como atleta profissional ou técnico profissional em qualquer esporte antes da
participação nos Jogos Olímpicos; ter aceitado, sem conhecimento da Federação
Internacional, Federação Nacional ou Comitê Olímpico Nacional, vantagens
materiais em sua preparação ou participação em alguma competição esportiva; ter
vinculado seu nome, imagem ou desempenho esportivo em alguma propaganda
sem a autorização da Federação Internacional, Federação Nacional ou Comitê
734
Olympic Review, n. 169, novembro de 1981, p. 609. From Varna to Baden-Baden Speech by Lord Killanin
IOC Honorary Life President 24th September 1981.
735
Olympic Review, n. 253 Special Issue 1988, p. 632-633. Seven years of work retrospective of ioc athletes’
commission 1981-1988 by Thomas Bach member of the IOC athletes’ commission.
736
Olympic Review, n. 247, junho de 1988, p. 224. Making contact.
737
No atlestimo disputava as provas de 800 e 1500 metros. Foi presidente do Comitê Organizador dos Jogos de
Londres 2012.
738
Olympic Review, n. 169, novembro de 1981, p. 617-619. On behalf of the athletes Speech by Sebastian Coe
28th September 1981.
288
Olímpico Nacional e além disso, o pagamento deveria ser feito via essas entidades e
não diretamente ao atleta; ter participado de alguma propaganda nos Jogos
Olímpicos ou outra competição promovida pelo COI, vinculando marcas em seus
equipamentos ou roupas que não estivessem de acordo com o COI e a Federação
Internacional; o atleta deveria estar de acordo com os princípios do fair play,
mantendo-se afastado do doping e violência739.
739
Olympic Review, n. 169, novembro de 1981, p. 647-648. Bye-law to Rule 26.
740
Olympic Review, n. 158, dezembro de 1980, p. 699-700. For 1988: seven candidate cities for the
organisation of the Games. I. Four for the Olympic Games.
741
Olympic Review, n. 161, março de 1981, p. 138. 1988 Games of the XXlVth Olympiad XVth Winter Games.
742
Olympic Review, n. 169, novembro de 1981, p. 629. The decisions of the 84th Session of the IOC. Consultar
também: Seul eleita como sede para a Olimpíada de 88. O Estado de S. Paulo, 1º de outubro de 1981, p. 24;
Seul será a sede dos Jogos Olímpicos de 88. Folha de S. Paulo, 1º de outubro de 1981, p. 28 – Esportes.
743
Seul faz tudo para evitar um boicote. Folha de S. Paulo, 29 de agosto de 1984, p. 23 – Esportes.
744
COI deve punir boicote a Seul com sanções econômicas. Folha de S. Paulo, 9 de fevereiro de 1988, p. 25 –
Esportes. Havia uma proposta, de Samaranch, de realizar uma sanção econômica em relação aos países que
boicotassem os Jogos. Essa sanção envolvia excluir os países que aderissem ao boicote do rateio do dinheiro
arrecadado com a venda dos direitos de transmissão dos Jogos.
745
COI discute punição a quem boicotar. O Estado de S. Paulo, 2 de dezembro de 1984, p. 52.
746
Olympic Review, n. 207, janeiro de 1985, p. 13. 89th session a choice to be made. Speech of H.E. Mr. Juan
Antonio Samaranch.
289
Soviética747, mas também contava com o apoio de outros países, tal como os do
Leste Europeu748 e de Cuba749.
Numa perspectiva muito parecida com que havia acontecido antes
dos Jogos de Los Angeles, o discurso soviético novamente oscilava entre a ameaça
de boicote aos Jogos, sob a alegação de falta de segurança750, e o discurso de que
participaria dessa edição. Essa estratégia de ameaçar com o boicote também foi
implantada por Cuba751 e canalizada pelo seu presidente Fidel Castro que não
poupava críticas ao governo repressivo da Coreia do Sul nem ao COI por entender
que a entidade estava sendo controlada “[...] por uma máfia de condes, marqueses e
milionários. A ONU – Organização das Nações Unidas – deveria organizar e dirigir o
esporte olímpico”752. Apesar das críticas, Cuba defendia que os Jogos deveriam ser
organizados conjuntamente entre as duas Coreias753.
Embora a União Soviética e a maioria dos países socialistas não
mantivessem relações diplomáticas com a Coreia do Sul, Samaranch estava
confiante que a confirmação da participação soviética nos Jogos de 1988 encerraria
o ciclo de boicotes dentro do movimento olímpico754.
Nesse âmbito político, com o objetivo de impedir um novo boicote,
cogitava-se até que os Jogos de 1988 fossem organizados conjuntamente entre a
Coreia do Sul e a do Norte755. Essa proposta foi a princípio rejeitada756 e depois
ponderada por Samaranch ao dizer que era preciso “[...] estudar a posição das duas
747
URSS ameaça boicotar Olimpíada de Seul. Folha de S. Paulo, 18 de dezembro de 1986, p. 22 – Esportes;
União Soviética pode boicotar Olimpíada 88. Folha de S. Paulo, 21 de setembro de 1987, p. 20 – Esportes.
748
Já surge uma ameaça de boicote aos Jogos de 88. O Estado de S. Paulo, 15 de agosto de 1984, p. 20.
749
A decisão de Cuba em boicotar os Jogos de Seul. O Estado de S. Paulo, 5 de dezembro de 1984, p. 20.
750
URSS também ameaça não ir. O Estado de S. Paulo, 20 de junho de 1987, p. 18.
751
Cuba ameaça boicotar Jogos. O Estado de S. Paulo, 27 de junho de 1986, p. 16; Fidel volta a ameaçar com
boicote. Folha de S. Paulo, 7 de agosto de 1986, p. 25 – Esportes.
752
Fidel critica COI e ameaça não ir a Seul. O Estado de S. Paulo, 10 de julho de 1985, p. 18.
753
Fidel Castro ameaça boicotar Olimpíada 88. Folha de S. Paulo, 19 de abril de 1987, p. 23 – Esportes;
Presença de Cuba na Olimpíada ameaçada com boicote norte-coreano. Folha de S. Paulo, 13 de janeiro de 1988,
p. 20 – Esportes; Boicote não é definitivo. O Estado de S. Paulo, 13 de janeiro de 1988, p. 15 – Esportes; Cuba
não recua. Prazo acaba hoje. O Estado de S. Paulo, 17 de janeiro de 1988, p. 42 – Esportes; Cuba defende co-
organização dos Jogos e decide manter o boicote. Folha de S. Paulo, 5 de setembro de 1988, p. D6 – Esportes.
754
Samaranch animado: URSS em Seul. O Estado de S. Paulo, 28 de julho de 1985, p. 40; A URSS anuncia sua
participação nos Jogos de Seul. Folha de S. Paulo, 3 de agosto de 1985, p. 23 – Esportes; URSS confirma
presença. O Estado de S. Paulo, 12 de janeiro de 1988, p. 18 – Esportes; EUA e URSS se encontram nos Jogos
após 12 anos. Folha de S. Paulo, 12 de janeiro de 1988, p.
755
Proposta a união das Coréias. O Estado de S. Paulo, 31 de julho de 1985, p. 20; Coréia do Norte quer acordo
com Sul para organizar Jogos. Folha de S. Paulo, 1º de agosto de 1985, p. 29 – Esportes.
756
Samaranch: Olimpíada em Seul. O Estado de S. Paulo, 25 de agosto de 1985, p. 44.
290
757
Samaranch admite união das Coréias. O Estado de S. Paulo, 29 de agosto de 1985, p. 25; Seul já admite
estudar unificação. O Estado de S. Paulo, 31 de agosto de 1985, p. 21.
758
COI rejeita união em 88. O Estado de S. Paulo, 17 de novembro de 1985, p. 52.
759
Coréia do Norte confirma a ameaça de boicote aos Jogos. O Estado de S. Paulo, 9 de outubro de 1985, p. 21;
Coréia do Norte ameaça Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 23 de outubro de 1985, p. 22.
760
As Coréias estão perto do acordo para a realização dos Jogos de 88. O Estado de S. Paulo, 10 de janeiro de
1986, p. 22; Coréias, perto do entendimento. O Estado de S. Paulo, 21 de junho de 1986, p. 23.
761
Coréia do Norte insiste e adverte. O Estado de S. Paulo, 23 de abril de 1986, p. 17.
762
Coréia do Norte aceita provas. O Estado de S. Paulo, 13 de fevereiro de 1987, p. 25.
763
A Coréia do Norte aceita o plano, mas exige mais. O Estado de S. Paulo, 4 de julho de 1986, p. 17.
Consultar também: COI tenta evitar boicote. Folha de S. Paulo, 12 de junho de 1986, p. 41 – Esportes.
764
COI pressiona Pyongyang. O Estado de S. Paulo, 14 de outubro de 1986, p. 23; COI dá prazo para a Coréia
do Norte. Folha de S. Paulo, 14 de outubro de 1986, p. 19 – Esportes.
765
Coréias: nenhuma solução. O Estado de S. Paulo, 16 de julho de 1987, p. 19.
766
Coréia não disputa o Pré e COI ameaça. O Estado de S. Paulo, 20 de março de 1987, p. 20.
767
Fifa elimina a Coréia do Norte. O Estado de S. Paulo, 28 de fevereiro de 1987, p. 18; Fifa. Folha de S.
Paulo, 14 de junho de 1987, p. 35 – Esportes. “A Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa)
291
confirmou a eliminação da Coréia do Norte do torneio de futebol da Olimpíada de 88 e multa de cinco mil
francos suíços que terá de ser paga pela Federação Norte-coreana”.
768
Seul mantida, por enquanto. O Estado de S. Paulo, 18 de junho de 1987, p. 22.
769
Policiais e manifestantes se enfrentam na Coréia do Sul. O Estado de S. Paulo, 11 de junho de 1987, p. 9 –
Exterior.
770
Jogos Olímpicos estão ameaçados. Folha de S. Paulo, 21 de junho de 1987, p. 16 – Exterior; Los Angeles já
se oferece como sede. O Estado de S. Paulo, 19 de junho de 1987, p. 18; Comitê vê trama para tirar Olimpíada
de Seul. Folha de S. Paulo, 29 de junho de 1987, p. 22 – Esportes.
771
Coréia do Sul revela interesse político na Olimpíada. Folha de S. Paulo, 9 de novembro de 1987, p. 20 –
Esportes.
772
Em Seul, dia de distúrbios. O Estado de S. Paulo, 11 de maio de 1988, p. 21 – Esportes.
773
Estudantes sul-coreanos ameaçam tumultuar a Olimpíada. Folha de S. Paulo, 28 de agosto de 1988, p. D4 –
Esportes; Estudantes da Coréia do Sul fazem protestos. Folha de S. Paulo, 3 de setembro de 1988, p. D3 –
Esportes.
774
Mais um dia violento em Seul. O Estado de S. Paulo, 10 de setembro de 1988, p. 16 – Esportes; Estudantes
sul-coreanos protestam e entram em choque com a polícia. Folha de S. Paulo, 11 de setembro de 1988, p. D7 –
Esportes; Estudantes fazem manifestações em Seul pelo terceiro dia consecutivo. Folha de S. Paulo, 12 de
setembro de 1988, p. D6 – Esportes; Protesto até contra o símbolo. O Estado de S. Paulo, 14 de setembro de
1988, p. 16 – Esportes; Estudantes jogam bombas na tocha olímpica. Folha de S. Paulo, 15 de setembro de
1988, p. D1 – Esportes; Estudantes queimam foto de Reagan em protesto contra os Jogos de Seul. Folha de S.
Paulo, 16 de setembro de 1988, p. D10 – Esportes; Protesto de estudantes provoca um princípio de incêndio em
Seul. Folha de S. Paulo, 30 de setembro de 1988, p. D6 – Esportes.
775
Seul teme ataque norte-coreano nos Jogos Olímpicos. Folha de S. Paulo, 22 de janeiro de 1988, p. 25 –
Esportes; Polícia japonesa descobre plano terrorista para Seul. Folha de S. Paulo, 4 de maio de 1988, p. 22 –
292
Esportes; Seul aciona seu esquema antiterrorista. Folha de S. Paulo, 12 de agosto de 1988, p. D1 – Esportes;
Especialista diz que terroristas estão em Seul. Folha de S. Paulo, 7 de setembro de 1988, p. D3 – Esportes;
Coréia investiga as ameaças do terror. O Estado de S. Paulo, 13 de setembro de 1988, p. 22 – Olimpíada; Grupo
desconhecido ameaça com banho de sangue igual ao de 72. Folha de S. Paulo, 13 de setembro de 1988, p. D2 –
Esportes.
776
Fracassam as negociações entre Coréias. Folha de S. Paulo, 27 de agosto de 1988, p. D1 – Esportes.
777
Coréia do Norte mantém decisão de não ir a Seul. Folha de S. Paulo, 20 de fevereiro de 1988, p. 16 –
Esportes; Coréia do Norte confirma boicote. O Estado de S. Paulo, 25 de maio de 1988, p. 22 – Esportes; A
Coréia do Norte agora desiste de vez. O Estado de S. Paulo, 4 de setembro de 1988, p. 34 – Esportes.
778
Cuba não compete em Seul. O Estado de S. Paulo, 16 de janeiro de 1988, p. 18 – Esportes; Cuba anuncia
boicote aos Jogos Olímpicos de Seul. Folha de S. Paulo, 16 de janeiro de 1988, p. 19 – Esportes.
779
A Etiópia imita Cuba. O Estado de S. Paulo, 20 de janeiro de 1988, p. 16 – Esportes.
780
COI ainda espera por Cuba e Coréia do Norte. O Estado de S. Paulo, 19 de janeiro de 1988, p. 23 – Esportes.
781
Samaranch faz advertencies. O Estado de S. Paulo, 1º de junho de 1988, p. 18 – Esportes.
782
Samaranch critica os países ausentes. O Estado de S. Paulo, 13 de setembro de 1988, p. 20 – Esportes.
783
Olympic Review, n. 253 Special Issue 1988, p. 609. Speech by H.E. Juan Antonio Samaranch president of
the IOC.
784
Olympic Review, n. 220, fevereiro de 1986, p. 80. Commission of the Olympic Movement. The athlete’s
code.
293
diretamente os atletas785. Portanto, o COI não poderia manter seu discurso de que
os profissionais não participavam de seu evento. Para o presidente do Comitê
Olímpico da Bélgica, Raoul Mollet, esse novo código era fundamental para proteger
os valores educativos e humanistas do esporte786.
De início houve muita resistência e acusações na 5ª Assembleia
Geral da Associação dos Comitês Olímpicos Nacionais que congregava 152 países
quando foi discutida a possibilidade de participação dos atletas profissionais. Entre
os 21 países que tiveram a palavra na reunião, apenas dois (Inglaterra e Nova
Zelândia) se posicionaram a favor da entrada dos profissionais com o objetivo de
acabar com a hipocrisia dentro do movimento olímpico pelo fato de todos saberem
que muitos atletas recebiam prêmios em dinheiro. A oposição a essa ideia vinha
juntamente com o ataque do ministro dos esportes e presidente do Comitê Olímpico
da União Soviética, Marat Gramov, ao declarar que “São os fabricantes de material
esportivo, os patrocinadores de competições. Os que defendem essa idéia na
verdade estão defendendo o interesse das empresas privadas. Estão confundindo
olimpismo com comercialismo”787. A decisão final aprovou as propostas
apresentadas, por unanimidade, pelo Comitê Executivo do COI.
Considerada obsoleta, a regra 26 não conseguia distinguir o que
seria um atleta amador de um profissional. Nessa nova perspectiva, o atleta deveria
assinar um termo para participar dos Jogos comprometendo-se a respeitar as regras
olímpicas e das Federações Internacionais que definiria, conjuntamente com os
Comitês Olímpicos Nacionais, a forma de seleção dos atletas; respeitar o fair play;
submeter-se a exames médicos e ao antidoping; respeitar as regras adotadas pelo
COI a respeito da publicidade e recusar qualquer recompensa financeira relacionada
à sua participação ou vitória nos Jogos Olímpicos788.
A mudança na regra da elegibilidade colocava o movimento olímpico
alinhado com as alterações pelas quais passaram os esportes no mundo inteiro.
Apesar do avanço dessa revisão aceita pelo Comitê Executivo ainda havia uma
785
Olympic Review, n. 233, março de 1987, p. 92. Television rights: New contracts signed. Por exemplo, para
os Jogos de Seul, a rede japonesa NHK comprou com exclusividade os direitos de transmissão desses Jogos para
o Japão por 52 milhões de dólares. Consultar também: Jogos de 88 e amadorismo: temas da reunião de Lisboa. O
Estado de S. Paulo, 13 de outubro de 1985, p. 47; Amadorismo em discussão. O Estado de S. Paulo, 15 de
outubro de 1985, p. 23.
786
Olympic Review, n. 220, fevereiro de 1986, p. 81. Commission of the Olympic Movement. The athlete’s
code follows The trends of modern sport; Folha de S. Paulo, 4 de junho de 1985, p. 27 – Esportes.
787
Comitês rejeitam profissionais nos Jogos. O Estado de S. Paulo, 24 de abril de 1986, p. 29.
788
Olympic Review, n. 221, março de 1986, p. 155. Adoption of the eligibility Commission’s report.
294
789
Olympic Review, n. 224, junho de 1986, p. 304. The IOC executive board: A full agenda. Revision of the
charter.
790
Comitê Olímpico aprova profissionais nos Jogos de Seul. Folha de S. Paulo, 12 de maio de 1987, p. 17 –
Esportes.
791
Olympic Review, n. 224, junho de 1986, p. 304. The IOC executive board: A full agenda. Eligibility; COI
aceita profissional nos Jogos. Folha de S. Paulo, 13 de fevereiro de 1986, p. 31 – Esportes.
792
A decisão que vale milhões de dólares. Folha de S. Paulo, 13 de fevereiro de 1986, p. 31 – Esportes.
793
Profissional olímpico terá normas. Folha de S. Paulo, 14 de fevereiro de 1986, p. 28.
295
794
Futebol atraiu mais público em Seul, diz Fifa. Folha de S. Paulo, 19 de outubro de 1988, p. D4 – Esportes.
“O boletim da Fifa informou ainda que somente jogadores nascidos até 1º de janeiro de 1969 poderão participar
dos Jogos de 92, em Barcelona. O anúncio rompe a trégua entre o presidente da Fifa, João Havelange, e o do
COI, Juan Antonio Saramanch [sic], que divergem sobre a idade máxima dos atletas”.
795
Olympic Review, n. 255-256, janeiro – fevereiro de 1989, p. 16. Other decisions.
796
Olympic Review, n. 259, maio de 1989, p. 193-194. Secure games.
797
Fifa limita idade de atleta. O Estado de S. Paulo, 3 de julho de 1988, p. 34 – Esportes.
798
Olympic Review, n. 263/264, setembro – outubro de 1989, p. 439. Definitive Inclusion of Tennis; Olympic
Review, n. 263/264, setembro – outubro de 1989, p. 441. IOC Eligibility Commission.
799
Fifa limitará idade a partir de 92. O Estado de S. Paulo, 22 de fevereiro de 1986, p. 23.
800
Olympic Review, n. 285, julho de 1991, p. 321. Commission reports. Eligibility.
801
Fifa não aceita a participação de jogadores que disputaram Mundiais. Folha de S. Paulo, 17 de setembro de
1988, p. D5 – Esportes.
296
802
Olimpíada de 92 pode ficar sem o futebol. Folha de S. Paulo, 12 de novembro de 1988, p. D3 – Esportes;
Presidente do COI quer assegurar torneio de futebol nos Jogos de 92. Folha de S. Paulo, 18 de novembro de
1988, p. D4 – Esportes.
803
Em 92, futebol olímpico poderá ter jogadores que já disputaram Copas. Folha de S. Paulo, 15 de setembro de
1988, p. D3 – Esportes.
804
Olympic Review, n. 306, abril de 1993, p. 157. Star solution for games; Olympic Review, n. 312, outubro –
novembro de 1993, p. 413. Mountain bike, beach volleyball and women’s football.
297
O mosaico de figurinhas
805
Vale ressaltar que essa não foi uma ação individual e sim do grupo de pesquisadores que integram o projeto
de pesquisa.
299
saber se realmente o atleta incluído na lista havia ido aos Jogos Olímpicos. As
nossas figurinhas não foram compradas em bancas de jornal, tivemos que pedir
ajuda para os amigos e conhecidos que trabalham nas grandes empresas
jornalísticas para ajudar a encontrarmos os atletas. Especialmente os contatos do
futebol masculino foram muito difíceis, primeiro pelo fato dos jogadores mais
conhecidos trocarem constantemente os números dos telefones devido ao assédio
que recebem e, em segundo lugar pelo fato dos jogadores que encerraram a sua
carreira há algumas décadas não serem procurados pela mídia e acabarem por ficar
no ostracismo. Realizar a entrevista teve o mesmo prazer de colar uma figurinha no
álbum. Ao final delas o desejo, tal qual o de ir à banca de jornal para comprar mais
figurinhas se deu por meio da vontade de fazer um novo contato e agendar o quanto
antes uma nova entrevista.
As figurinhas repetidas também apareceriam na medida em que o
entrevistado fornecia o telefone de alguém que já havia sido entrevistado. Outro fato
que acontecia com frequência na compra de figurinhas era a de nunca tirar
determinados jogadores e times, pois eles pertenciam a outros lotes vendidos em
bancas distantes das que eu comprava. As entrevistas realizadas com jogadores
que disputaram a mesma edição dos Jogos Olímpicos fez com que algumas redes
de contatos se tornassem circular e se esgotassem, sendo que esse fato revelou
que os jogadores transitam entre pequenos grupos de amigos. É ilusão pensar que
todos os atletas de um mesmo time são amigos. Era como sempre comprar
figurinhas na mesma banca e ficar com um monte de repetidas.
Da mesma maneira, alguns contatos foram difíceis de conseguir.
Essa situação revelou que também em nosso álbum tínhamos as chamadas
“figurinhas carimbadas” que indicavam o jogador considerado o craque do time e,
por isso, eram as mais difíceis de serem achadas. Aqui não foi diferente: os
jogadores mais famosos foram os mais difíceis de conseguir o contato.
A troca de figurinhas também deixou alguns entrevistados felizes.
Principalmente os atletas que foram aos Jogos Olímpicos até o início dos anos 70 e,
que por uma dinâmica de vida os afastou daqueles que participaram da competição
olímpica. Ficaram felizes em saber que um amigo de longa data havia sido
entrevistado e que poderíamos fornecer o telefone daquele que ficou apenas na
memória. “Puxa, você tem o telefone dele?” ou “Quando você entrevistar esse
jogador pode perguntar para ele essa história!”.
300
806
Titãs, Enquanto houver sol.
807
Skank, Acima do sol.
301
808
Ela disputou os Jogos Olímpicos de Barcelona de 1992. Ressalto que essa entrevista faz parte do projeto de
pesquisa “Memórias Olímpicas por Atletas Olímpicos”.
809
A própria autora em artigo posterior (2002) apresenta uma nova ideia a respeito da reconstrução do passado
feita no presente. Entende que os indivíduos se lembram e se esquecem em complexas e contraditórias formas a
partir de uma interação social.
305
que afirmava: “Veni, vidi, vinci”810. Apesar dessas críticas, o país conquistou três
medalhas (ouro, prata e bronze) no tiro.
Quatro anos depois, a presença da delegação brasileira nos Jogos
Olímpicos de Paris de 1924 foi marcada por algumas disputas políticas. A
participação brasileira somente se tornou mais factível após o Congresso Nacional
aprovar um auxílio de 300 contos de réis para que o país pudesse mandar
representantes em diversas modalidades811.
A conquista da medalha de ouro pelo Uruguai em 1924 fez o Brasil
projetar possibilidades de sucesso caso tivesse enviado uma seleção para a disputa
do futebol. No entanto, o desejo de jogar contra os europeus e mesmo de estar na
final olímpica contra os Uruguaios tomava conta do cenário das possibilidades, mas
que logo foram contrapostas diante da distância entre querer fazer parte e participar
efetivamente do evento, distância causada pelos rumos do esporte no país812.
No entanto esse desejo brasileiro em participar do futebol olímpico
ganharia força na edição seguinte, mas antes de resolver essa questão era preciso
criar condições para enviar os atletas brasileiros. Dessa forma, em âmbito nacional,
continuavam as preocupações para a falta de investimento na preparação prévia dos
atletas.
O apelo para a participação brasileira tomava forma desde os Jogos
de 1924 e um ano antes dos Jogos de 1928, a organização da Argentina para
participar do evento juntamente com o Uruguai representavam que diante de seus
rivais o Brasil ficava para trás em termos organizacionais e não conseguiria medir
força contra os seus rivais813:
810
Varias. Ida para Antuerpia. O Estado de S. Paulo, 18 de março de 1920, p. 6 e O Estado de S. Paulo, 7 de
abril de 1920, p. 6. Em dois outros momentos o jornal coloca notas sobre a equipe norte americana e nada fala do
Brasil. “Os norte-americanos não gostaram do tratamento que lhes foi dispensado em Antuerpia, o disseram que
as condições sanitarias daquella cidade não são boas. Allegaram que os juizes dos jogos olympicos
demonstraram uma certa parcialidade em prejuízo dos norte-americanos”. O Estado de S. Paulo, 13 de
setembro de 1920, p. 4. Outra nota semelhante aparece no dia 10 de setembro de 1920, p. 1.
811
A confederação e o athletismo. O Estado de S. Paulo, 27 de janeiro de 1924, p. 6.
812
Futebol. Assumptos do momento. O Estado de S. Paulo, 11 de junho de 1924, p. 5.
813
Partida dos futebolistas argentinos para Amsterdam. O Estado de S. Paulo, 13 de março de 1928, p. 9.
307
814
Varias. Os Jogos Olympicos de 1928. Os primeiros preparativos. O Estado de S. Paulo, 22 de janeiro de
1927, p. 7.
815
O futebol e o polo aquático são apontados juntamente com o tiro como sendo as modalidades com maiores
chances de brilhar nos Jogos Olímpicos de 1928. O Brasil nos Jogos Olympicos. O Estado de S. Paulo, 11 de
fevereiro de 1928, p. 12; O Brasil nos Jogos Olympicos. O Estado de S. Paulo, 16 de fevereiro de 1928, p. 9.
816
O Brasil em Amsterdam. O Estado de S. Paulo, 20 de março de 1928, p. 9; O Brasil não irá às olympiadas.
Folha da Manhã, 20 de março de 1928, p. 9.
308
817
O motivo de um fracasso. Porque o Brasil não vae a’ IX Olympiada, em Amsterdam. O Estado de S. Paulo,
22 de março de 1928, p. 8; O Brasil e as olympiadas. A inutilidade da Confederação Brasileira de Desportos – o
exemplo dos chilenos. Folha da Manhã, 23 de março de 1928, p. 9.
818
Uma questão do momento. Reformemos a orientação e não os processos. O Estado de S. Paulo, 29 de março
de 1928, p. 10. Em abril, nos dias 6 (p. 7) e 15 (p. 9), são vinculadas notícias no O Estado de S. Paulo sobre os
valores que o governo argentino e chileno destinaram para o envio da delegação para os Jogos de Amsterdã.
Apesar da crítica, muitas das notas do próprio jornal sobre os Jogos Olímpicos eram, principalmente, voltadas
para o futebol. Consultar principalmente O Estado de S. Paulo entre 26 de maio e 14 de junho de 1928. No
entanto, a cobertura do jornal em relação aos esportes é muito mais diversificada do que atualmente. Diariamente
notícias sobre atletismo, aviação, automobilismo, bola ao cesto, ciclismo, esgrima, educação física, futebol,
iatismo, natação, polo aquático, pugilismo, pingue pongue e turfe eram vinculadas no jornal O Estado de S.
Paulo nos anos 20. Sobre o futebol olímpico a Folha da Manhã fez uma cobertura mais espaçada. Consultar dos
dias 31 de maio a 15 de junho.
819
O Brasil e as olympiadas. A inutilidade da Confederação Brasileira de Desportos – o exemplo dos chilenos.
Folha da Manhã, 23 de março de 1928, p. 9.
309
820
Na Argentina. A expectativa em torno do jogo de hoje. O Estado de S. Paulo, 10 de junho de 1928, p. 9.
821
Jogos Olympicos. O torneio de futebol de Amsterdam. A final de hoje, entre uruguayos e argentinos. O
Estado de S. Paulo, 10 de junho de 1928, p. 9.
822
Noticias de esporte. Ultima hora. Regressa de Amsterdam o esportista, Fernando Nabuco de Abreu – Suas
impressões sobre a olympiada. O Estado de S. Paulo, 16 de setembro de 1928, p. 8.
310
823
Athletismo. O Brasil na XI Olympiada. O Estado de S. Paulo, 11 de janeiro de 1936, p. 6.
824
A C.B.D. e a Olympiada de 1936. O Estado de São Paulo, 3 de março de 1936, p. 13.
825
Os brasileiros deixarão de participar dos certames de athlétismo, remo e natação dos Jogos Olympicos. Foi
essa a deliberação que o Comité Olympico Internacional foi obrigado a tomar, em face das attitudes da
Confederação Brasileira de Desportos e do Comité Olympico Brasileiro – Tokio escolhida para sede do certame
de 1940 – Os brasileiros competirão em bola ao cesto, esgrima e tiro – Outras notas. Folha da Manhã, 1º de
agosto de 1936, p. 14.
826
Os brasileiros de Berlim pesarosos com o desenlace da pendencia. Folha da Manhã, 1º de agosto de 1936, p.
14.
827
O brasileiro José Joaquim Ferreira dos Santos foi o 119º membro do COI (1923-1962). Ferreira Santos era
médico. Praticou remo, natação, ciclismo e futebol. Foi secretário geral da primeira participação olímpica
311
brasileira em 1920 e chefe da delegação nos Jogos Olímpicos de 1936. Foi presidente do Comitê Olímpico
brasileiro de 1951 a 1962, ano em que faleceu. Era o presidente do Comitê Organizador dos Jogos Pan-
Americanos de 1963 que aconteceu em São Paulo. Um pouco antes de falecer havia sido eleito para a
presidência da Comissão de Doping (BUCHANAN e LYBERG, 2010b). Conferir também Bulletin du Comité
International Olympique, n. 81, fevereiro de 1963, p. 62. The Olympic family.
828
Inauguraram-se, hontem, os Jogos Olympicos de Berlim. Enquanto á capital allemã se preparava para a
cerimonia, reinava grande desolação entre todos os sul-amernicanos, pelo facto de uma questão de fórma ter
impossibilitado os brasileiros de competir. Folha da Manhã, 2 de agosto de 1936, p. 18. A entrevista do senhor
Ferreira dos Santos foi concedida à agência Havas.
829
A proposito da participação do Brasil na Olympiada. Troca de telegrammas entre o ministro Macedo Soares
e o embaixador Muniz de Aragão. O Estado de S. Paulo, 4 de agosto de 1936, p. 4; A participação dos
brasileiros, em vista do accôrdo assignado. O Estado de S. Paulo, 4 de agosto de 1936, p. 8. Os athletas
brasileiros estão competindo nos Jogos Olympicos. O embaixador Moniz de Aragão é o chefe da delegação
brasileira. Folha da Manhã, 4 de agosto de 1936, p. 5. Além do embaixador, o senhor Ferreira dos Santos
também é colocado como um dos responsáveis pelo acordo. As providencias do Dr. Ferreira dos Santos. Folha
da Manhã, 4 de agosto de 1936, p. 5.
830
Bulletin Officiel du Comité International Olympique, n. 32, novembro de 1936, p. 1-2. Minutes of the
Meeting of the Executive Committee.
312
831
Nós e a proxima Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 10 de setembro de 1944, p. 10. O artigo é assinado por
J. R. Pantoja. Observação: Período de intervenção – “De 25 de março de 1940 a 6 de dezembro de 1945, o jornal
foi tomado de seus proprietários pela Ditadura Vargas e por isso o Estadão não reconhece o conteúdo produzido
nesse período como de sua autoria. Apesar disso, essas edições estão sendo compartilhadas como documento
histórico”. Informação disponível no acervo on-line do jornal O Estado de S. Paulo.
832
O Brasil e os Jogos Olimpicos de 1948. O Estado de S. Paulo, 21 de março de 1946, p. 10.
833
O Brasil e os Jogos Olimpicos de 1948. O Estado de S. Paulo, 21 de março de 1946, p. 10.
313
reorganizar o esporte do país de modo que a base fosse fornecida por meio dos
esportes amadores, para que o esporte amador ficasse separado do profissional.
A preparação dos atletas nacionais continuava na mesma situação
de edições anteriores em que, às vésperas de mais uma competição, a CBD ainda
não sabia se o governo iria liberar verba para a participação brasileira nos Jogos
Olímpicos de Londres de 1948834. As incertezas diante do apoio financeiro, do
governo ou de entidades particulares, fez com que a confirmação da participação do
país fosse efetivada tardiamente835. Com isso, meses antes dos Jogos, ocorreu uma
série de seletivas para a montagem dos atletas que iriam disputar os Jogos de
Londres836.
A CBD, por meio de seu Conselho Técnico do Futebol, com o
objetivo de enviar a delegação brasileira para o torneio de futebol sem ter que arcar
com as despesas de treinamento dos atletas pediu às Federações Carioca e
Paulista que prosseguissem com o treinamento dos atletas amadores. A Federação
Gaúcha, por sua vez, se ofereceu para enviar uma seleção de amadores ao Rio de
Janeiro837.
Como parte da preparação da equipe de futebol brasileira a CBD
organizou um amistoso que reuniu a seleção amadora da Federação Paulista contra
os jogadores da Federação Metropolitana838. No entanto, apesar da organização das
Federações, sob alegação de dificuldades financeiras por parte do Conselho
Técnico de Futebol da CBD que não dispunha de verba para o período de
convocação e treinamento dos atletas amadores fez com que fosse solicitado junto
ao COB o cancelamento da participação nacional no torneio de futebol839.
834
Varias. O Brasil na Olimpíada de Londres. O Estado de S. Paulo, 13 de novembro de 1947, p. 9.
835
A Olimpiada de Londres. O Estado de S. Paulo, 10 de março de 1948, p. 8.
836
Credito para as Olimpiadas. Folha da Manhã, 27 de julho de 1948, p. 12. “É aprovado em discussão única o
projeto de lei da Camara que [ilegível], pelo Ministerio da Viação, o credito especial de Cr$ 4.800.000,00 para
contribuição do governo à representação do Brasil nas olimpiadas de Londres”; Decretos assinados. O Estado
de S. Paulo, 2 de dezembro de 1948, p. 18. Após a participação brasileira nos Jogos de 1948, o jornal vinculou a
seguinte notícia: “credito especial para pagamento de contribuição do governo federal pela participação dos
esportistas brasileiros na Olimpiada de Londres”.
837
O futebol brasileiro na Olimpiada de Londres. O Estado de S. Paulo, 15 de maio de 1948, p. 9.
838
A ultima exibição do Southampton em São Paulo. A preliminar. O Estado de S. Paulo, 2 de junho de 1948,
p. 10.
839
Não participará dos Jogos Olimpicos a representação de futebol do Brasil. Folha da Manhã, 8 de junho de
1948, p. 9.
314
840
Certame interestadual para escolher os futebolistas olimpicos do Brasil. Folha da Manhã, 11 de outubro de
1951, p. 7.
841
Taça “Paulo Goulart de Oliveira”. O Estado de S. Paulo, 23 de janeiro de 1952, p. 8.
842
O futebol e a Olimpiada. O Estado de S. Paulo, 27 de janeiro de 1952, p. 18.
315
843
O futebol e a Olimpiada. O Estado de S. Paulo, 27 de janeiro de 1952, p. 18.
844
O futebol e a Olimpiada. O Estado de S. Paulo, 27 de janeiro de 1952, p. 18.
845
Resoluções do “Comité” Olimpico. O Estado de S. Paulo, 5 de abril de 1952, p. 9.
846
A semana esportiva. O Estado de S. Paulo, 17 de abril de 1952, p. 12.
316
grande teste da seleção amadora847, mas a decisão final sobre a participação seria
dada pelo COB e não pelo Conselho Técnico de Futebol848.
A participação das modalidades esportivas brasileiras em 1952 foi
dividida em duas categorias: técnico (conseguiram o índice olímpico) e benevolente
(não conseguiram a aprovação do COB para participação)849. Embora o futebol
tenha sido colocado como benevolente e, portanto, fora dos Jogos, o presidente da
CBD Rivadavia Correia Meyer850 foi a favor da participação dos esportes que não
haviam conseguido a aprovação do COB desde que se conseguissem os valores
para cobrir as despesas de viagem e estadia851. Essa proposta foi aprovada com
restrições pelo COB852, apesar do posicionamento contrário do almirante Lemos
Bastos, major Sylvio Magalhães Padilha853 e Carlos Joel Nelli854.
847
Ultima hora esportiva. A seleção amadora brasileira de futebolistas. O Estado de S. Paulo, 20 de abril de
1952, p. 13. “A seleção de amadores, que provavelmente representará o Brasil na Olimpiada de Helsinqui e, que,
tendo perdido do Santos, em Vila Belmiro, venceu espetacularmente o Vasco da Gama, em São Januário [...]”.
Desde o início do mês de abril o COB queria medir o potencial técnico da seleção. Ver a notícia: Prova de fogo
para a seleção amadora. Folha da Manhã, 2 de abril de 1952, p. 7.
848
Conselho Tecnico de Futebol. O Estado de S. Paulo, 26 de abril de 1952, p.12; No mesmo dia, existe uma
outra referência sobre a participação do Brasil no futebol. Os elementos convocados para a seleção de amadores.
O Estado de S. Paulo, 26 de abril de 1952, p. 11. “A F. M. F. oficiou á C. B. D., solicitando-lhe que indagasse
do ‘Comité’ Olimpico Brasileiro se o selecionado de amadores irá ou não á Olimpiada de Helsinqui”.
849
Ultima hora esportiva. A participação do Brasil na Olimpiada. Resolução do “Comité” Olimpico Brasileiro –
A ida do quadro de futebol a Helsinqui. O Estado de S. Paulo, 10 de maio de 1952, p. 8. Entre as modalidades
que conseguiram o índice olímpico estavam: atletismo, basquetebol, natação, esgrima, tiro ao alvo, hipismo,
pentatlo, vela, pugilismo, saltos e halterofilismo. Já os benevolentes eram o futebol, polo aquático e remo.
850
Foi presidente da CBD de 28 de janeiro de 1943 a 14 de janeiro de 1955 (SARMENTO, 2006, p. 173).
851
O Brasil na Olimpiada de Helsinqui. Polo aquático, remo e futebol. O Estado de S. Paulo, 14 de maio de
1952, p. 13.
852
Ultima hora esportiva. A participação do Brasil na Olimpiada. Resolução do “Comité” Olimpico Brasileiro –
A ida do quadro de futebol a Helsinqui. O Estado de S. Paulo, 10 de maio de 1952, p. 8. “Ao término da
reunião o sr. Rivadavia Correia Meyer, falando á reportagem, informou que estava otimista quanto á ida da
representação do futebol, pois já era do conhecimento geral que existe um movimento na Camara de Vereadores
desta Capital no sentido de conseguir um credito especial para custeio da viagem do selecionado de amadores de
futebol a Helsinque”.
853
O brasileiro Sylvio de Magalhães Padilha foi o 265º membro do COI (1964-1995). Formado em Educação
Física pela Springfield College (EUA) e pelo Royal Institute (Suécia), Padilha foi diretor geral do departamento
de Educação Física do Estado de São Paulo. Atuou como atleta do salto com barreiras nos Jogos Olímpicos de
Los Angeles (1932) e de Berlim (1936). Entre 1931 e 1939, foi cinco vezes campeão sul-americano nessa prova.
Foi presidente do Comitê Organizador do IV Jogos Pan-Americanos de 1963, realizado em São Paulo. Também
foi chefe da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de Londres (1948), Helsinque (1952), Melbourne (1956),
Roma (1960) e Tóquio (1964). Em 1963, tornou-se presidente do COB e em 1971, assumiu interinamente a
presidência da ODEPA. (Ver: Sílvio Padilha assume a presidência da ODEPA. O Estado de S. Paulo, 28 de
abril de 1971, p. 20. Padilha é esperado na Colombia. Folha de S. Paulo, 29 de abril de 1971, p. 2). Em 1972,
foi eleito membro do Comitê Executivo do COI com duração de quatro anos (Ver: Olympic Review, n. 59,
outubro de 1972, p. 355. The 73rd session of the I.O.C. Se tornou membro do COI em 1964, depois foi membro
do Comitê Executivo (1972-1974; 1983-1988), presidente da Comissão de Inquérito do caso da Rodésia (1973-
1975), 3º vice presidente do COI (1975-1976– Ver: Olympic Review, n. 93-94, julho – agosto de 1975, p. 253.
Elections to the IOC Executive Board); 2º vice presidente (1976- junho de 1978) e 1º vice presidente (julho de
1978-junho de 1979). Consultar a biografia disponível no Bulletin du Comité International Olympique, n. 90,
maio de 1965, p. 53 e Buchanan e Lyberg (2013a).
317
854
Todos eram membros do COB e nesse momento o major Sylvio Magalhães Padilha ocupava o cargo de
diretor executivo da entidade.
855
O futebol nos Jogos Olimpicos da Finlandia. O Estado de S. Paulo, 15 de maio de 1952, p. 13.
856
O futebol nos Jogos Olimpicos da Finlandia. O Estado de S. Paulo, 15 de maio de 1952, p. 13.
857
O Brasil na Olimpiada de Helsinqui. O Estado de S. Paulo, 21 de maio de 1952, p. 12. “Além do futebol, o
Comité Olimpico Brasileiro achou de bom alvitro não incluir, na delegação que irá á Finlandia, outros esportes,
como o remo, ginastica, polo aquatico e tiro aos pratos”.
858
O futebol amador na Olimpiada. O Estado de S. Paulo, 9 de maio de 1952, p. 11.
318
Foi exigido um índice e este até hoje não satisfez por duas razões.
Primeira porque até agora, por motivos independentes da vontade de
ambas as partes, não foi conseguido um teste com o quadro principal
de um dos clubes mais fortes e segundo, porque não vimos de fato o
que pudesse mudar nossa opinião. Não precisamos tecer
considerações a respeito da projeção internacional do futebol
brasileiro e entrar no seu merito, como uma das muitas
considerações a respeito da sua participação. Sobre a parte de que
todos os jogadores da seleção são profissionais, como afirma muita
gente e como muitos clubes têm certeza, é um ponto que também
não podemos levar em consideração uma vez que, oficialmente,
ninguém pode provar como também poderá haver e sem prova um
desses elementos desgarrados em qualquer um desses esportes
escalados. Temos que julgar apenas com o que temos oficialmente
para colocarmos o visto de amadores. O que afirmam os jornais
sobre contratos, premios, etc., desses elementos também não
levamos aqui em consideração, mas sim o futebol que vimos e que
fomos escalados para observar em Santos. Foi um futebol fraco,
jogado contra um quadro misto e fraquissimo do Santos, sendo que
nossas palavras textuais aos representantes da Confederação
Brasileira de Esportes na ocasião, foram as seguintes: “pelo que
vimos hoje, esta seleção, no momento, não está em condições de
representar o Pais”, sendo que os mesmos representantes comigo
859
A ausencia do Futebol Brasileiro na Olimpiada. O Estado de S. Paulo, 16 de maio de 1952, p. 12.
319
860
A ausencia do Futebol Brasileiro na Olimpiada. O Estado de S. Paulo, 16 de maio de 1952, p. 12.
861
A ausencia do Futebol Brasileiro na Olimpiada. O Estado de S. Paulo, 16 de maio de 1952, p. 12.
862
O Futebol Brasileiro na Olimpiada de Helsinqui. O Estado de S. Paulo, 26 de junho de 1952, p. 11. Ver
também: O malogro dos nossos tenistas. O Estado de S. Paulo, 27 de junho de 1952, p. 13. Embora o texto seja
sobre os tenistas brasileiros, existe uma referência quanto às incertezas que pairavam sobre participação do
futebol brasileiro.
320
863
Declarações do Sr. Castelo Branco. O Estado de S. Paulo, 9 de maio de 1952, p. 11. Futebol. Os amadores
uruguaios jogarão com os brasileiros. O Estado de S. Paulo, 23 de maio de 1952, p. 9.
864
A ida do selecionado de futebol amador a Helsinqui. O Estado de S. Paulo, 30 de maio de 1952, p. 10. Sobre
o auxílio financeiro, ver também: Auxilio ao C.O.B. Folha da Manhã, 4 de abril de 1952, p. 7, “Os membros do
Comitê Olimpico Brasileiro serão recebidos amanhã á tarde, no Palacio do Rio Negro, em Petropolis, pelo
presidente da Republica. Nessa audiencia, os componentes daquele órgão solicitarão do sr. Getulio Vargas, a
exemplo do que aconteceu nos Jogos Pan-Americanos de Buenos Aires, a concessão do auxilio pecuniário que
permitirá ao Brasil comparecer à Olimpiada de Helsinque”; Credito para as despesas com o comparecimento do
Brasil a Olimpiada. O Estado de S. Paulo, 17 de junho de 1952, p. 13. “O presidente da Republica enviou
mensagem ao Congresso Nacional, acompanhada de projeto de lei autorizando a abertura, pelo Ministerio da
Educação e Saude, do credito especial de sete milhões de cruzeiros, destinao ao custeio de despesas para o
comparecimento do Brasil á XV Olimpiada [...]”. Ver também: Ultima hora esportiva. A participação do Brasil
na Olimpiada. O Estado de S. Paulo, 21 de junho de 1952, p. 2 e Olimpiada de Helsinque. Folha da Manhã, 27
de junho de 1952, p. 3. Três anos depois foi vinculada essa notícia: Comissão de finanças. Folha da Manhã, 20
de outubro de 1955, p. 5. “Por essa comissão foi aprovado parecer do sr. Lino Braun, favoravel ao projeto
governamental que autoriza a abertura de credito especial, de Cr$ 7.000.000,00, para custeio das despesas
decorrentes do comparecimento do Brasil à XV Olimpiada, realizada em Helsinque em 1952, na cidade de
Helsinque”.
865
O futebol brasileiro na Olimpiada de Helsinqui. Relação dos amadores convocados pelo Conselho Tecnico de
Futebol da C. B. D. – Programa de treinos – A delegação embarcará no dia 5 de julho. O Estado de S. Paulo, 12
de junho de 1952, p. 11. Ver também: O selecionado de futebol que irá a Helsinqui. O Estado de S. Paulo, 14
de junho de 1952, p. 12.
321
Figura 15 - A seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de 1952 (Arquivo Público do Estado de
São Paulo)
866
Bulletin du Comité International Olympique, n. 36, novembro de 1952, p. 7. Circular letter to all
international federations, all national olympic committees and all members of the I.O.C. ty is given to this
subject it may be possible to avoid embarrassing situations in the future.
322
anos. Apesar de sempre ter sido amador, ressaltou que “[...] sempre fui amador no
esporte, como eu dizia, mas executei o trabalho como se profissional fosse”.
Ele é militar reformado no posto de major-brigadeiro e foi goleiro do
Brasil em duas edições dos Jogos Olímpicos (1952 e 1960). Em suas palavras: “[...]
o regulamento militar não permite que você seja profissional de nada, muito menos
de futebol”.
Devido às inúmeras restrições impostas pela FIFA, são poucos os
atletas brasileiros de futebol que disputaram mais de uma Olimpíada. Além de
Cavalheiro, tiveram essa oportunidade Ademir Roque Kaefer e Luís Carlos Coelho
Winck, ambos em 1984 e 1988; José Roberto Gama de Oliveira, o Bebeto em 1988
e 1996; Ronaldo de Assis Moreira, o Ronaldinho Gaúcho em 2000 e 2008;
Alexandre Pato e Thiago Silva em 2008 e 2012.
Após encerrar a carreira, Carlos Alberto chegou a trabalhar como
dirigente esportivo na década de 70 e pela CBD participou dos Mundiais de 74 e 78
a convite do então presidente da FIFA, João Havelange. Além disso, foi por 12 anos
presidente do Conselho de Beneméritos do Vasco até janeiro de 2011.
Aos 79 anos de idade, a narrativa de Carlos revelou uma relação
com o tempo quando se mostrou saudosista em certas passagens e uma
constatação de que várias pessoas citadas em sua história já faleceram, como se ao
falar sobre as experiências fosse uma forma de comprovar que o “tempo não para”.
Carlos Alberto relembrou que os Jogos Olímpicos de 1952
aconteceram em meio à recuperação dos países europeus pós Segunda Guerra e
que naquele momento o centro do futebol estava na Europa, especialmente,
Alemanha Ocidental, Itália, Espanha, Inglaterra e esses países, exceção feita à
Espanha, foram arrasados. Diante disso, a escolha foi por Helsinque, na Finlândia.
Segundo Carlos Alberto, “[...] todo mundo estranhou na ocasião, eu era garoto (em
52 eu fiz 20 anos, eu nasci em 32). Então, houve um estranhamento por causa do
local que foi destinado às Olimpíadas, que foi a Finlândia”. Com a sede escolhida,
chegou o momento de participar pela primeira vez dos Jogos Olímpicos. A viagem
para chegar até a Finlândia foi uma epopeia de 39 horas de avião, o primeiro de
quatro motores chamado Constelation. De acordo com Carlos Alberto:
867
Mesmo diante de todas as dificuldades e apesar do déficit final de aproximadamente 23.500 dólares, o Comitê
Organizador dos Jogos Olímpicos de Helsinque comemorou que o déficit ficou abaixo do esperado. Consultar:
Bulletin du Comité International Olympique, n. 42, outubro de 1953, p. 26. The Games of the XVth
Olympiada at Helsinki: have shown a déficit amouting to a sum below 100.000 Swiss Frcs.- (or 23.500 dollars.).
324
868
O Brasil vence o Luxemburgo. O Estado de S. Paulo, 22 de julho de 1952, p. 13; Brasil (2) VS. Luxemburgo
(1). Folha da Manhã, 22 de julho de 1952, p. 7.
869
O futebol brasileiro em Helsinqui. O Estado de S. Paulo, 27 de julho de 1952, p. 19. Eliminada das
Olimpiadas a representação brasileira de futebol. Depois de estarem vencendo a Alemanha por 2 a 0, os
nacionais cederam o empate e, na prorrogação, acabaram inferiorizados por 4 tentos a 2. Folha da Manhã, 25 de
julho de 1952, p. 7.
870
Os Jogos Olimpicos de Helsinqui. Brilhante estreia dos futebolistas brasileiros no torneio pré-olímpico – os
nossos representantes derrotaram facilmente o quadro da Holanda, por 5 a 1 – Outros resultados de futebol – Os
paises classificados para o torneio olimpico – Sessão do Comité Internacional Olimpico – Eleito o novo
presidente do C. I. O. O Estado de S. Paulo, 17 de julho de 1952, p. 10. Nitida vitoria registrou a equipe
olímpica de futebol do Brasil no jogo com a Holanda. Depois de inferiorizados por 1 a 0, os brasileiros
conseguiram expressivo triunfo por 5 a 1. Folha da Manhã, 17 de junho de 1952, p. 5.
325
base da seleção iugoslava era a mesma que havia disputado a Copa de 1950 no
Brasil.
Mesmo dois anos depois da Copa de 50, a lembrança da derrota
para o Uruguai naquela final aparecia como uma sombra diante da seleção olímpica,
como se o problema da derrota de 50 estivesse vinculada a uma data específica
causadora de tristeza e que deveria ser vista de outra forma a partir do futebol
olímpico.
871
A passagem já está paga. Folha da Manhã, 17 de junho de 1952, p. 5.
326
inferir o motivo pelo qual Cavalheiro não mencionou essa desconfiança que estava
presente nas reportagens dos jornais e provavelmente houve certa repercussão a
respeito da indecisão de confirmar a presença do futebol diante do medo da seleção
brasileira ser derrotada facilmente pelos adversários europeus que tinham amadores
profissionais. O que é possível de analisar, segundo Pollak (1989) que a memória é
seletiva e, dessa forma, algumas lembranças serão rejeitadas (BOSI, 2003).
Ao pensar a relação entre o futebol jogado na Copa do Mundo com o
futebol olímpico Carlos Alberto assim definiu: “O futebol olímpico é brincadeira perto
do futebol de Copa pelo fato do grande interesse das seleções em participaram da
Copa do Mundo”. Esse interesse, segundo relatou, é de ordem financeira, pois “Na
Copa do Mundo você vai recebendo conforme vai saltando de posição. Então, você
ganha algo ali que já compensa, e também o marketing, você é visto pelo mundo
inteiro por bilhões de pessoas, não é milhões, é bilhões!”.
Fez questão de frisar que essa análise correspondia somente ao
futebol e entendia que a importância do futebol dentro do programa olímpico era
reduzida pelo fato de dividir a atenção com outras modalidades que têm nessa
competição o grande momento de visibilidade mundial. Em suas palavras; “O futebol
na Olimpíada é mais um esporte, eu não sei quantos esportes são? Trinta e algo, é,
eu não sei esse trinta quanto é [...], mas é mais de trinta. O futebol é 1/30, então não
adianta nada, já na Copa do Mundo não [...]”.
Como a FIFA também busca visibilidade, para ela não se torna
interessante ter a atenção do futebol dividida com outras modalidades. Essa busca
pela exclusividade também pode ser revelada pelo modo como a entidade controla o
futebol. Na opinião de Carlos Alberto a FIFA:
872
Consultar: <http://pt.fifa.com/aboutfifa/finances/income.html>. Acesso em 3 de maio de 2013.
329
de etapas da sua vida e conforme seus colegas morrem não poderá mais
compartilhar com aqueles que participaram de suas experiências.
É possível associar outro fator analisado por Bosi (2010) à fala de
Carlos Alberto, quando a autor se refere ao modo como Simone de Beauvoir analisa
o idoso. Bosi (2010) por não considerar que todo idoso seja um sobrevivente
entende que Beauvoir seja pessimista. Porém, essa ideia funciona para entender
essa fala final de Carlos Alberto. Ele nada mais é do que o sobrevivente de seu
tempo. A sua longa entrevista (3h16) revela o quanto ele sente prazer em contar
sobre as suas experiências e, ao reforçar que são poucos os que estão vivos, é
como se indicasse ser ele a única pessoa – o sobrevivente – capaz de reconstituir
essas histórias vividas.
875
Sete dias nos esportes. Folha da Manhã, 16 de agosto de 1959, p. 2. O texto é de Aroldo Chiorino e Durval
Silva.
876
Satisfeito o presidente do Comitê Olimpico Brasileiro: “não fizemos nem mais nem menos do que
esperavamos”. Folha da Manhã, 6 de setembro de 1959, p. 1.
877
Seleção na Olimpiada. O Estado de S. Paulo, 11 de novembro de 1959, p. 16.
878
Feola não aceitou mesmo. Folha da Manhã, 8 de novembro de 1959, p. 3. “Vicente Feola disse [...] que não
pode mesmo aceitar o cargo de Gradim, técnico da seleção pré-olimpica brasileira. Em face da palavra definitiva
de Feola sobre o assunto, o supervisor deixa entrever que a escolha de Gradim é virtual. Isso, todavia, ficará
perfeitamente esclarecido, ao que tudo indica na reunião que o Conselho Técnico de Futebol da CBD efetuará
segunda-feira”.
331
879
Olimpiada: convocados os jogadores. O Estado de S. Paulo, 3 de dezembro de 1959, p. 16. Na relação dos
40 convocados já estavam na lista: os goleiros Carlos Alberto (Portuguesa de Desportos) e Edmar (Flamengo); e
um jogador que anos mais tarde se tornou um grande ídolo no Palmeiras, Ademir [da Guia] (Bangu), mas que
não foi convocado para os Jogos Olímpicos.
880
1960, Seleção e Esther. O Estado de S. Paulo, 3 de dezembro de 1959, p. 17.
881
Bulletin du Comité International Olympique, n. 67, agosto de 1959, p. 62. In the 1960 olympic football
tournament a selection of 16 will be made out of 50 entries.
332
Então, neste grande torneio que jogou México e tal, classificou Brasil,
Argentina e Peru. Então, os três que foram às Olimpíadas foram
esses. E aí sim, você já teve o pré-olímpico, 56 a vida já estava
882
Sete dias nos esportes. Folha da Manhã, 27 de setembro de 1959, p. 2. Texto de Aroldo Chiorino e Durlval
Silva. Sobre a derrota para a seleção dos Estados Unidos, mencionada na nota, ela refere-se a única derrota do
Brasil nos Jogos Pan-Americanos de 1959. Nessa ocasião, os norte-americanos venceram os brasileiros por 5 a 3.
883
Derrotada a seleção brasileira. O Estado de S. Paulo, 22 de dezembro de 1959, p. 22; Os amadores
brasileiros foram vencidos em Bogotá. Folha da Manhã, 22 de dezembro de 1959, p. 9.
884
A imprensa do Rio diz que mesmo com 7 a 1 a seleção não convenceu. O Estado de S. Paulo, 29 de
dezembro de 1959, p. 17; O Brasil goleou a Colombia: 7 a 1. Folha da Manhã, 29 de dezembro de 1959, p. 8.
885
Paulistas entrarão. O Estado de S. Paulo, 29 de dezembro de 1959, p. 17.
333
886
Eliminatorias no Peru: datas das partidas. O Estado de S. Paulo, 27 de fevereiro de 1960, p. 14.
887
Sem esquecer do balancete. O Estado de S. Paulo, 23 de fevereiro de 1960, p. 19.
888
2 a 1: o Brasil derrotou o México no pré-olímpico. O Estado de S. Paulo, 20 de abril de 1960, p. 17. “O
Brasil derrotou o México por 2 a 1, em sua estreia no Pentagonal que se realiza nesta capital pelas eliminatorias
dos Jogos Olimpicos de Roma”.
889
Pré-Olimpico: a Argentina venceu o Brasil: 3 a 1. O Estado de S. Paulo, 22 de abril de 1960, p. 20. “A
Argentina derrotou o Brasil por 3 a 1, hoje á noite, na segunda partida da terceira rodada do Pentagonal Pré-
Olimpico”.
890
Falho Carlos Alberto. O Estado de S. Paulo, 23 de abril de 1960, p. 22.
891
4 a 1: o Brasil venceu a Guiana Holandesa. O Estado de S. Paulo, 28 de abril de 1960, p. 19. “A primeira
partida da penultima rodada do Campeonato Pré-Olimpico de Futebol, entre o Brasil e a Guiana Holandesa
começou ás 19 e 35 (hora local) e terminou com a vitoria dos brasileiros, por 4 a 1”; Brasil, 4 Surinã, 1. Folha de
S. Paulo, 28 de abril de 1960, p. 6 – Ilustrada.
892
Final do torneio de Lima: vencido o Brasil. O Estado de S. Paulo, 1º de maio de 1960, p. 31. “Brasil e Peru
encerraram hoje á noite o Pentagonal Pré-Olimpico, com a vitoria do Peru por 2 a 0. [...] A atuação dos
brasileiros não convenceu, principalmente sua defesa, muito falha, sendo a principal causadora de suas derrotas
diante da Argentina e do Peru agora. Os platinos foram os que melhor atuaram, apresentando um jogo rapido,
envolvente e eficiente, seguidos de perto pelos peruanos”; Vencido o Brasil pelo Peru por 2 a 0. Folha de S.
Paulo, 3 de maio de 1960, p. 6 – 2º caderno.
893
Sete dias nos esportes. Outra vez. Folha de S. Paulo, 1º de maio de 1960, p. 2 - Esportes e Turfe. “A
Argentina venceu o torneio pentagonal pré-olimpico em Lima. Mostrou, uma vez mais, que se não é campeã
mundial é, por mais paradoxal que pareça, a líder do futebol sul-americano. Os títulos que os argentinos possuem
dizem isso. E aqui entre nós: não é verdade que os platinos são superiores dos brasileiros nos esportes”.
334
894
Chegou a pré-olimpica: “é preciso renovar o plantel”. Folha de S. Paulo, 3 de maio de 1960, p. 6 – 2º
caderno.
895
Exibição no Peru. O Estado de S. Paulo, 7 de maio de 1960, p. 19.
896
Feola não garante a vitoria na Olimpiada, mas confia no entusiasmo dos nacionais. Folha de S. Paulo, 21 de
agosto de 1960, p. 2 – Esportes e Turfe.
897
Olimpiada: sorteados os grupos de futebol. O Estado de S. Paulo, 25 de maio de 196, p. 20.
335
898
Italia, principal adversario. O Estado de S. Paulo, 25 de maio de 1960, p. 20.
336
899
A CBD proibiria a transferencia de jogadores. Os amadores. O Estado de S. Paulo, 14 de agosto de 1956, p.
17.
337
[...] eu sei que na época era o Carlos Alberto, era eu, tinha um outro
goleiro do [...] do Vasco, chamado Bruno [...] Bruno, e tinha um
goleiro de São Paulo, do Palmeiras, eu acho que chamava-se Silvio,
entendeu, nós quatro convocados, né. Aí no final ficou eu e o Carlos
Alberto, né, mas os quatro, nós inclusive fizemos uma temporada
aqui de uns 20 dias em Volta Redonda, entendeu. Ficamos lá, num
hotel, até treinava por lá, inclusive a gente, é um fato até histórico,
né, eu acho que foi a última seleção que o [...] que o Vicente Feola é
[...] dirigiu.
900
Olimpiada: dia 17 o embarque dos brasileiros. Edmar convocado. O Estado de S. Paulo, 22 de julho de 1960,
p. 15.
338
Mas então ele veio me entrevistar por causa disso, o que aconteceu
naquele jogo e tal, eu expliquei a minha maneira, é que é difícil
lembrar porque primeiro a idade vai chegando mas, também, é um
jogo atrás do outro, toda semana, pra aqueles anos todos que você
joga, você não é obrigado também a lembrar, embora você possa
lembrar alguns bons momentos e tal, mas em mim não fica, eu acho
aquilo tão natural que vai levando. Mas a entrevista foi por causa
desse jogo do Brasil e o Leo Batista até falou o Carlos Alberto é o
mais olímpico dos goleiros porque é o único que jogou duas Copas
do Mundo, duas Olimpíadas, e vai ser difícil alguém jogar porque
joga e depois cresce, vai ser profissional e tal, vai para um outro
clube. Então, de qualquer maneira, houve, vamos dizer assim,
lembranças, lembrança obrigatória, porque eu não imaginava que
alguém fosse lembrar [...].
901
4 a 3: o Brasil venceu a seleção da Inglaterra. O Estado de S. Paulo, 27 de agosto de 1960, p. 12; Brasil, 4 vs
Inglaterra, 3 no torneio olimpico de futebol. Folha de S. Paulo, 27 de agosto de 1960, p. 1.
902
Brasil, 4 vs Inglaterra, 3 no torneio olimpico de futebol. Folha de S. Paulo, 27 de agosto de 1960, p. 1.
339
goleiro reserva e de não ter participado de nenhuma partida, Edmar não incorporou
elementos significativos dessa experiência a ponto de marcá-lo como sendo a
participação olímpica algo especial em sua trajetória futebolística. Lembrou-se de
detalhes da derrota, de jogadores da Itália que compunham a seleção anfitriã e teve
muitas dificuldades em lembrar todos os adversários e os placares dos jogos do
Brasil.
903
5 a 0: o Brasil venceu Formosa em futebol. O Estado de S. Paulo, 30 de agosto de 1960, p. 20; O futebol
brasileiro venceu novamente no torneio de Roma. Folha de S. Paulo, 30 de agosto de 1960, p. 9 – 2º caderno.
904
Eliminado o Brasil pela Italia: 3 a 1. O Estado de S. Paulo, 2 de setembro de 1960, p. 21; Brasil derrotado
em futebol e surpresas no atletismo. Folha de S. Paulo, 2 de setembro de 1960, p. 11 - 2º caderno.
905
Um empate hoje com a Italia classificará o Brasil para as semifinais de futebol. Folha de S. Paulo, 1º de
setembro de 1960, p. 7 – 2º caderno.
340
afirmou o técnico: “A equipe nacional fez o que pôde. O rendimento atingiu o máximo
e nenhuma arma secreta ficou reservada para qualquer partida em particular. [...] o
selecionado atuou à altura daquilo que realmente pode”. A crítica que fez foi em
relação à postura de alguns jogadores que viam na figura de Gerson a única
possibilidade de iniciar as ações de maior eficiência da equipe906.
Embora tenha havido uma série de críticas quanto ao desempenho
do Brasil em todas as modalidades nesses Jogos Olímpicos, para Edmar não houve
pressão para a seleção brasileira conquistar alguma medalha em Roma.
Não, não, não, não, não, realmente não havia nada disso, foi uma
coisa normal, ah tem que ganhar não sei o quê, não. Isso já foi agora
depois que o Brasil começou a conquistar a Copa do Mundo, essas
coisas, aí que passou a haver pressão também sobre os times
olímpicos, né, ah não tem na Olimpíada, tem que ganhar, que não
sei o que, mas agora entrou jogador profissional, já pode ter um
número, né, até [...] até uma certa idade, não é, então a pressão é
maior pela falta desse título.
907
O COI prevê um superavit de 35 milhões. O Estado de S. Paulo, 4 de setembro de 1960, p. 35; O deficit da
Olimpiada foi de 110 milhões. O Estado de S. Paulo, 23 de outubro de 1960, p. 36. A notícia do jornal
informava a conversão dos valores. Os 300 milhões de lira correspondiam, na época, a 480 mil dólares ou a 110
milhões de cruzeiros, moeda vigente no país naquele momento.
342
908
Inespressivo o balanço do Brasil na Olimpiada. Folha de S. Paulo, 11 de setembro de 1960, p. 1.
909
Discussão sobre o malogro em Roma. O Estado de S. Paulo, 7 de outubro de 1960, p. 19. “Dirigentes,
tecnicos, atletas e jornalistas discutirão amanhã ás 20 horas, na Escola Naval, as causas do malogro da
representação brasileira que participou da ultima Olimpiada. Na mesma reunião serão discutidos os planos para a
Olimpiada de Toquio, em 1964”. Ver também: Dignidade do esporte-1. O Estado de S. Paulo, 31 de dezembro
de 1960, p. 15.
910
Para maiores informações consultar as informações referentes ao CND Disponível em:
<http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=152593>. Acesso em 28/01/2013.
911
Reestruturação administrativa dos esportes. O Estado de S. Paulo, 26 de outubro de 1960, p. 36.
912
O fim do CND. O Estado de S. Paulo, 28 de outubro de 1960, p. 35.
913
Uma notícia indicava uma possível substituição do CND. Ministerio dos Esportes em lugar do CND. O
Estado de S. Paulo, 31 de janeiro de 1961, p. 22. “O sr. Marun Jasbick, consultor-juridico do Conselho
Nacional de Desportos, informou que é pensamento do presidente Janio Quadros extinguir o CND e criar o
Ministério dos Esportes. Entretanto, enquanto não surge a medida presidencial, o coronel Jeronimo Bastos é o
mais indicado para ocupar a presidencia do CND, em substituição ao sr. Paula Ramos”. O Ministério dos
Esportes somente seria criado muitos anos depois, em 1995, durante a presidência de Fernando Henrique
Cardoso (FHC) sob o nome Ministério de Estado Extraordinário do Esporte, tendo como ministro o ex-jogador
Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. Em seu segundo mandato, no dia 31 de dezembro de 1998, o presidente
FHC criou o Ministério do Esporte e do Turismo. Em 2003, o presidente Lula separou as duas pastas e criou o
Ministério do Esporte. Disponível em <http://www.esporte.gov.br/institucional/historico.jsp>. Acesso em 8 de
fevereiro de 2013.
914
Consultar lei nº 8.672, de 6 de julho de 1993. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8672.htm>. Acesso em 28 de janeiro de 2013.
343
915
Sete dias nos esportes. Futebol na Olimpiada é a luta de sempre. Folha de S. Paulo, 15 de março de 1964, p.
3 – economia e esportes. Texto de Aroldo Chiorino e Durval Silva.
916
Flamengo não pode contratar Paulo Henrique. O Estado de S. Paulo, 18 de março de 1964, p. 15.
917
Olimpíada: a CBD trata da eliminatória. O Estado de S. Paulo, 20 de fevereiro de 1963, p. 14.
918
Olimpíada: 16 quadros vão jogar em Tóquio. O Estado de S. Paulo, 23 de janeiro de 1963, p. 15.
919
Brasil estreia contra o Chile na eliminatória. O Estado de S. Paulo, 11 de março de 1964, p. 14.
344
920
Seleção fraca. O Estado de S. Paulo, 3 de maio de 1964, p. 28.
921
Esse torneio pré-olímpico ficou marcado por uma tragédia no jogo entre Peru e Argentina. Os argentinos
venciam a partida por 1 a 0 quando o Peru teve um gol anulado pelo árbitro uruguaio Angel Eduardo Pazos.
Diante da anulação, um torcedor peruano entrou em campo para bater no árbitro, mas foi parado com um chute
recebido de um policial. Essa ação do policial gerou uma reação da torcida que começou a quebrar o alambrado
e invadir o campo para bater no árbitro e nos jogadores argentinos. A polícia revidou com bombas de gás
lacrimogêneo e com o uso de cães enquanto os torcedores responderam com pedras e garrafas. Na tentativa dos
torcedores escaparem do gás lacrimogêneo houve pânico e o resultado foram 315 mortos e mais de 800 feridos
no incidente. Consultar: Pontapé de polícia em torcedor foi início da guerra dentro de campo. Jornal do Brasil,
26 de maio de 1964, p. 15. Disponível em
<http://news.google.com/newspapers?nid=0qX8s2k1IRwC&dat=19640526&printsec=frontpage&hl=pt-BR>.
Acesso em 15 de fevereiro de 2013; Incidentes no estádio de Lima: 300 mortes. O Estado de S. Paulo, 26 de
maio de 1964, p. 1; Tragedia de Lima: asfixia matou 90% e Para Argentina tragédia de Lima é inconcebivel.
Folha de S. Paulo, 26 de maio de 1964, s/p - 2º caderno. Consultar também: Peru recorda tragédia de 1964. O
Estado de S. Paulo, 27 de maio de 1984, p. 35.
922
Brasil vs Peru será dia 7, no Maracanã. O Estado de S. Paulo, 26 de maio de 1964, p. 20; Brasil e Peru
acertam disputar dia 7 no Rio 2a. vaga às Olimpíadas. Jornal do Brasil, 26 de maio de 1964, p. 15 – 1º.
Caderno.
923
O Brasil venceu e vai a Tóquio. O Estado de S. Paulo, 9 de junho de 1964, p. 20; Goleada no Peru leva o
Brasil aos Jogos. Folha de S. Paulo, 8 de junho de 1964, p. 11 – ilustrada.
924
Futebol. O Estado de S. Paulo, 19 de junho de 1964, p. 13.
925
O Botafogo derrotou os olímpicos. O Estado de S. Paulo, 3 de setembro de 1964, p. 18.
926
Olimpicos do Brasil batem os argentinos. O Estado de S. Paulo, 8 de setembro de 1964, p. 23.
345
ainda a ansiedade dos jogadores pela indicação de dois atletas que seriam cortados
para se chegar ao número permitido de inscritos927.
Antes do início da competição de futebol existia a expectativa desse
torneio “[...] ser um dos mais interessantes desde a guerra”928. A Argentina (prata em
1928) e o Uruguai (ouro em 1924 e 1928) eram apontadas como favoritas dentro do
contexto olímpico pelo fato de terem juntos três medalhas929, mas as reais chances
dos representantes da América do Sul, Brasil e Argentina, eram pequenas pelo fato
de possuírem um time, segundo o chefe da delegação do Peru, Torolina, composto
por “verdadeiros amadores” enquanto alguns países incluíam em seus quadros os
profissionais930.
927
Adiado para hoje o corte dos olímpicos. O Estado de S. Paulo, 10 de setembro de 1964, p. 21.
928
Futebol. O Estado de S. Paulo, 10 de outubro de 1964, p. 13.
929
De forma equivocada o texto do jornal informa: “A Argentina e o Uruguai ganharam três medalhas de ouro
no futebol nas Olimpíadas realisadas na decada de vinte [...]”. Futebol. O Estado de S. Paulo, 10 de outubro de
1964, p. 13.
930
Futebol. O Estado de S. Paulo, 10 de outubro de 1964, p. 13.
346
931
Sobre a trajetória de Afonsinho consultar Florenzano (1998).
347
em suas palavras “nós éramos conhecidos porque nos nossos clubes nós já
tínhamos algum prestígio, né, mas não éramos nem como é hoje, né, 64 nem se
fala”.
Sobre o princípio da exclusividade apontado por Havelange,
Humberto também entende que o futebol nos Jogos Olímpicos se torna mais uma
modalidade entre tantas outras enquanto na Copa do Mundo todo o foco é para o
futebol.
Então, eu vejo assim uma distância grande, não quero dizer com isso
que o futebol olímpico ele não tem o seu carisma, eu acho que tem e
é [...], vai estar muito forte, embora você vê a própria FIFA não chega
a dar uma grande ênfase, quis até tirar o futebol dos Jogos
Olímpicos, já tentou várias vezes, pra valorizá-lo mais, porque a FIFA
na verdade é uma empresa, uma entidade privada e ela tem vários
interesses e ela abdicar do poder supremo, porque quando entra
uma olimpíada, embora a FIFA tenha muitas, assim, ingerências, não
é tanto como no campeonato mundial, ela talvez tenha que fazer
algumas exceções, né, em termos do olimpismo e tal. Mas eu ainda
vejo uma separação, daquela época muito mais, vem diminuindo,
pode ser até que diminua, mas eu acho que esse fator enquanto
existir esse fator idade é de jogadores até 23 anos vai ainda limitar
[...].
932
Será Feola. O Estado de S. Paulo, 1 de julho de 1964, p. 18.
349
que muitos países europeus tinham jogadores que eram considerados amadores, já
que possuíam uma condição de treinamento igual ao dos profissionais, a própria
seleção brasileira contou com dois atletas que eram da Marinha e jogavam no time
profissional do São Cristovão:
Era uma seleção muito boa, na nossa fase preparatória, nós fomos
muito bem, mas qual era o problema da seleção dessa época? É que
só podia jogar amador, e eram jogadores de equipes juvenis, que
seria os juniores de hoje pela idade, até 20 anos, então, eu tinha 19,
e tinham dois jogadores, o Aladim e o Ivo, o Aladim jogava no São
Cristovão, o Ivo eu não sei se jogava no São Cristovão ou no
Bonsucesso, mas eles como eram da Marinha, eles jogavam no time
do São Cristovão, profissional, então era um reforço, porque eles
podiam, eles eram amadores, né, cê vê como que naquela época a
ética parece que prevalecia, né, eles faziam um [...], não existia essa
coisa de repente contratar um jogador pro Exército pra virar amador,
pra levar numa seleção, então, mas o quê que acontecia lá, a gente
jogava contra equipes da [...], do grupo da União Soviética, né, que
eram os países do Leste Europeu, que eram todos amadores, então,
a Hungria, Tchecoslováquia, Polônia, União Soviética, quase sempre
eles papavam os campeonatos, porque eles jogavam com a mesma
seleção que disputava a Copa do Mundo, praticamente, porque eram
amadores.
[...] você naquela época assinava um contrato e ele não tinha data,
se você fosse pra outro clube, o clube registrava você como
profissional, porque como amador eu podia me transferir pra outro
clube se eu quisesse, eu tinha que cumprir um estágio de um ou dois
anos, não me recordo, acho que eram dois anos. Então, ninguém
mudava de clube, você ficava dois anos, garoto, para jogar, dois
anos, não era legal, mas cê fazia um contrato de gaveta, então eu
tinha um contrato com o Botafogo de gaveta, que era um contrato se
eu saísse do Botafogo [...], depois eu fiz um contrato, quando eu
voltei da Olimpíada, eu fiz um contrato de profissional, foi o meu
primeiro contrato, em 1965, foi em 10 de outubro de 65, meu primeiro
contrato como profissional. Não deixava de ser um amadorismo
marrom, porque eu tinha um contrato só que era de gaveta, porque
ficava dentro da gaveta, era o nome que se dava.
350
933
Futebol estreia hoje contra seleção da RAU. Folha de S. Paulo, 12 de outubro de 1964, p. 10 – 1º caderno.
351
934
Futebol: Brasil e RAU empataram. O Estado de S. Paulo, 13 de outubro de 1964, p. 23; Brasil empata em
futebol e perde em polo aquatico. Folha de S. Paulo, 12 de outubro de 1964, p. 6 – 2ª edição.
935
Tanto o Boletim Olímpico (Bulletin du Comité International Olympique, n. 89, fevereiro de 1965, p. 49)
quanto os jornais colocam que o Brasil jogou contra a República Arábe Unida (RAU). Já o site da FIFA coloca
as informações como sendo Egito. Disponível em
<http://pt.fifa.com/tournaments/archive/tournament=512/edition=197085/results/index.html>. Acesso em 11 de
fevereiro de 2013.
936
Ataque ineficiente levou time do Brasil ao empate. Folha de S. Paulo, 13 de outubro de 1964, p. 10 – 1º
caderno.
937
Futebol do Brasil busca a reabilitação contra Coréia. Folha de S. Paulo, 14 de outubro de 1964, p. 18 – 3º
caderno.
938
Futebol: Brasil, 4 e Coréia, 0. O Estado de S. Paulo, 15 de outubro de 1964, p. 24; Brasil dá de 4 na Coréia e
joga amanhã contra os tchecos. Folha de S. Paulo, 14 de outubro de 1964, p. 26 – 2ª edição.
939
Brasil goleia a Coréia e joga amanhã com tchecos. Folha de S. Paulo, 15 de outubro de 1964, p. 11 – 3º
caderno.
352
940
O próprio jornal atualizou a informação sobre os critérios de desempate: “O maior azar do Brasil foi a decisão
anterior do Congresso dos XVIII Jogos Olimpicos, segundo a qual a classificação seria feita não pelo sistema de
‘goal-avarage’, mas pela diferença de gols”. Com RAU dando de 10 até Brasil cai fora. Folha de S. Paulo, 17 de
outubro de 1964, p. 10 – 1º caderno.
941
Brasil vs Tchecoslovaquia. Folha de S. Paulo, 15 de outubro de 1964, p. 10 – 3º caderno.
942
Futebol brasileiro eliminado dos Jogos Olímpicos de Tóquio. O Estado de S. Paulo, 17 de outubro de 1964,
p. 15; Com RAU dando de 10 até Brasil cai fora. Folha de S. Paulo, 17 de outubro de 1964, p. 10 – 1º caderno.
943
A Coreia perdeu por 10 a 0.
353
um gol faltando assim poucos minutos pra acabar o jogo944, foi muito
chato porque o empate nos classificava, independente do resultado
do Egito. Aí nós nos abraçamos, quer dizer, tamos classificado pra
segunda fase, aí vem o resultado do jogo, eu não me lembro se foi
12 a 1 ou 12 a 0, Coreia, entendeu. Então foi assim uma coisa, uma
decepção que eu senti, porque nós tínhamos um time muito bom e
poderíamos até disputar o título apesar de naquela época ninguém
levava o título a não ser essas equipes, né, a Hungria sempre
ganhava, era a Hungria, era a União Soviética, bom aí voltamos pra
casa.
944
Com RAU dando de 10 até Brasil cai fora. Folha de S. Paulo, 17 de outubro de 1964, p. 10 – 1º caderno. “Os
adversarios do Brasil realizaram boa exibição, contudo, e acabaram por marcar o tento que lhes daria a vitoria
aos 32 minutos do 2º. Tempo, por intermedio de Valosck”.
945
Olímpicos chegaram: Feola falou pouco. O Estado de S. Paulo, 30 de outubro de 1964, p. 15.
946
Newsletter, n. 4, janeiro de 1968, p. 29. Comité international olympique. Football- pre-olympic football
tournament.- programme. South America.
354
de cada grupo se classificavam para uma fase final e os vencedores desse confronto
iriam disputar os Jogos Olímpicos947.
Na primeira partida do pré-olímpico Brasil empatou sem gols com o
Paraguai e algumas críticas ao modo de jogar da seleção começou a aparecer
quando os brasileiros foram classificados como lentos948. O que estava por trás
desses discursos era a desconfiança vista nas edições anteriores, especialmente,
sobre as qualidades dos jogadores brasileiros, mas que foram substituídas por certo
otimismo frente à possibilidade de classificação da seleção nacional para o torneio
de futebol após a vitória contra a Venezuela por 3 a 0949. O discurso da imprensa
também oscilava de acordo com o desempenho da seleção em campo.
A classificação brasileira para a segunda fase confirmou-se após o
empate sem gols contra o Chile. Ao final da primeira fase classificaram-se Paraguai
(1º grupo A) e Brasil (2º grupo A); Colômbia (1º grupo B) e Uruguai (2º grupo B).
Nessa nova fase, somente os dois primeiros colocados se classificariam para os
Jogos Olímpicos do México em um sistema de disputa de todos contra todos950.
A derrota por 2 a 1 para o Uruguai gerou uma série de reclamações
por parte da delegação brasileira sob alegação de que a seleção nacional fora
prejudicada951. No jogo seguinte contra o Paraguai quando a partida caminhava para
o final, o Brasil teve um pênalti marcado a seu favor (aos 36 minutos do segundo
tempo) quando imediatamente “[...] os suplentes invadiram o campo causando o
abandono do juiz que considerou não ter garantias suficientes para a continuação do
encontro”952. Lauro, atacante da seleção brasileira, relatou de uma forma diferente o
incidente:
947
FIFA elabora tabela do Torneio Pré-Olímpico. Folha de S. Paulo, 10 de novembro de 1967, p. 6 – 2º
caderno.
948
Pré do Brasil empata a primeira. O Estado de S. Paulo, 20 de março de 1968, p. 15.
949
Brasil precisa só do empate. O Estado de S. Paulo, 26 de março de 1968, p. 22.
950
Brasil estreará contra Uruguai. O Estado de S. Paulo, 29 de março de 1968, p. 15.
951
Pré-olímpicos perdem 1a. da final. O Estado de S. Paulo, 2 de abril de 1968, p. 27.
952
Brasil ganha o jôgo no tribunal. O Estado de S. Paulo, 7 de abril de 1968, p. 44.
355
953
Os olímpicos confiam em Aimoré. O Estado de S. Paulo, 1º de agosto de 1968, p. 24.
954
Paraguai tumultua e perde o jôgo. O Estado de S. Paulo, 6 de abril de 1968, p. 16.
955
Brasil ganha o jôgo no tribunal. O Estado de S. Paulo, 7 de abril de 1968, p. 44.
956
Futebol do Brasil classificado para a Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 10 de abril de 1968, p. 19.
957
Assegurada a ida do futebol. O Estado de S. Paulo, 16 de abril de 1968, p. 25. Ver também: Olimpiada:
futebol é incerto. Folha de S. Paulo, 11 de abril de 1968, p. 7 – 2º caderno.
958
Assegurada a ida do futebol. O Estado de S. Paulo, 16 de abril de 1968, p. 25.
959
Seleção ainda teme os cortes. Folha de S. Paulo, 30 de janeiro de 1968, p. 15 – 1º caderno.
960
Padilha explica a posição do Comitê. O Estado de S. Paulo, 28 de julho de 1968, p. 38.
356
961
Padilha explica a posição do Comitê. O Estado de S. Paulo, 28 de julho de 1968, p. 38.
962
Padilha explica a posição do Comitê. O Estado de S. Paulo, 28 de julho de 1968, p. 38.
963
A campanha irregular de Aimoré Moreira como técnico da seleção brasileira profissional, nos amistosos
realizados em 1967 e 1968, gerava uma série de críticas ao treinador. Um de seus defensores, o chefe das
seleções brasileiras, Paulo Machado de Carvalho (CARDOSO e ROCKMANN, 2005).
964
É uma seleção que já teve três técnicos. Folha de S. Paulo, 15 de agosto de 1968, p. 16 – 2º caderno. “Para o
Torneio Eliminatorio, em Bogotá, há alguns meses a seleção foi com Antoninho e mais um tecnico diplomado
que era o preparador físico Jorge Pena. Desta vez, porém, não há lugar para mais um, porque o Comitê Olímpico
Brasileiro só fornece 20 passagens à delegação de futebol: 18 jogadores, o tecnico e o supervisor”.
965
Tecnicos: Antoninho, Aimoré e Marão. Folha de S. Paulo, 15 de agosto de 1968, p. 9 – 2º caderno.
966
Havelange é contra a liberação de Aimoré. O Estado de S. Paulo, 30 de julho de 1968, p. 22.
357
967
Havelange é contra a liberação de Aimoré. O Estado de S. Paulo, 30 de julho de 1968, p. 22.
968
Aimoré e Corinthians decidem hoje. O Estado de S. Paulo, 31 de julho de 1968, p. 17.
969
Aimoré assina com o Corinthians às 14 horas. O Estado de S. Paulo, 1º de agosto de 1968, p. 25.
970
Aimoré indicará Marão para a seleção. O Estado de S. Paulo, 2 de agosto de 1968, p. 19.
358
Moreira indicou o nome do treinador Mario Celso de Abreu, o Marão, que treinava o
Usipa de Minas Gerais.
A contratação de Marão para ser o técnico do Brasil nos Jogos
Olímpicos do México gerou uma crise no departamento de futebol da CBD971. Dois
diretores de futebol da entidade, Mello Machado e Roberto Osorio pediram demissão
sob a justificativa de que não foram consultados sobre a contratação do novo técnico
da seleção olímpica972. Além deles, Pedro Fischetti que seria o chefe da delegação
do futebol nos Jogos Olímpicos também pediu demissão pelos mesmos motivos dos
outros diretores973.
No torneio de futebol do México, a seleção brasileira era apontada
como uma das favoritas para a conquista da medalha de ouro juntamente com a
Hungria e a Tchecoslováquia que também poderiam alcançar o título974. Porém,
esse favoritismo era indicado como uma simples transferência para a seleção
olímpica do prestígio que a seleção profissional possuía. Contudo, se a CBD tivesse
impedido os atletas da seleção amadora de se profissionalizarem com o objetivo de
ter uma seleção forte nos Jogos Olímpicos poderia ter alguma chance diante dos
países da Cortina de Ferro, sempre apontados como favoritos975 pelo fato de que os
mesmos jogadores que disputavam a Copa do Mundo poderiam participar, porque
em seus países não havia profissionalismo. Essa condição fazia com que a seleção
de amadores desses países tivesse mais experiência e, portanto, fossem
consideradas superiores do que as seleções dos outros países976.
971
CBD indica mineiro Celso. O Estado de S. Paulo, 3 de agosto de 1968, p. 16.
972
Crise impede CBD de fazer tabela. O Estado de S. Paulo, 6 de agosto de 1968, p. 20.
973
Fischetti explica os motivos da demissão. O Estado de S. Paulo, 6 de agosto de 1968, p.20.
974
Embarca a turma olímpica. O Estado de S. Paulo, 26 de setembro de 1968, p. 30.
975
Se por um lado, o favoritismo antecipado da Tchecoslováquia não se concretizou: a equipe perdeu uma
partida (1 a 0 para a Guatemala), empatou uma (2 a 2 com a Bulgária) e venceu uma (8 a 0 contra a Tailândia),
sendo desclassificada ainda na primeira fase, por outro, dois países da Cortina de Ferro chegaram à final:
Bulgária e Hungria. Para a notícia da Tchecoslováquia ver: Outros jogos. O Estado de S. Paulo, 17 de outubro
de 1968, p. 28. Para a da final do torneio de futebol ver: Hungria e Bulgária passam à final de futebol. O Estado
de S. Paulo, 23 de outubro de 1968, p. 17.
976
Como sempre, há poucas esperanças. Futebol tem fama. O Estado de S. Paulo, 26 de setembro de 1968, p.
30.
359
uns 2-3 meses e tal, não sei o que. Aí quando saiu a convocação o
meu nome tava lá. Quer dizer, até naquela época eu fui o primeiro
atleta do Juventus a defender uma seleção brasileira, entendeu. Até
naquela época, entendeu. E aí aos poucos, aí nós fomos, viajamos
pelo Brasil todo, fizemos pré-temporada em Campos, Campos de
Jordão que era o negócio de clima, tudo isso né.
977
Nosso futebol estréia perdendo: 1 a 0. Folha de S. Paulo, 15 de outubro de 1968, p. 14.
978
Espanha derrota Brasil em jôgo cheio de violência. O Estado de S. Paulo, 15 de outubro de 1968, p. 25.
361
979
Espanha derrota Brasil em jôgo cheio de violência. O Estado de S. Paulo, 15 de outubro de 1968, p. 25.
980
Nosso futebol está quase fora. Folha de S. Paulo, 17 de outubro de 1968, p. 16 – 1º caderno.
981
Brasil empata e está quase fora no futebol. O Estado de S. Paulo, 17 de outubro de 1968, p. 28.
362
[...] aí virou 3 x 0 pra Nigéria esse jogo. Aí nós fomos pro vestiário o
doutor, o nosso treinador chamava-se José Marão, é José Marão, ele
era de Minas. Ele falou: gente, se nós perder esse jogo nós não
voltamos pro Brasil [risos], entendeu. Aí conseguimos empatar 3 x 3.
Esse jogo eu joguei. O outro não, o outro eu fiquei no banco, mas
esse jogo eu joguei, entendeu. Aí empatamos 3 x 3, mas
infelizmente, combinação de resultados a gente ficou fora, aí foi só
farra, brincar, namorar, ir pras boates, tal.
982
Na notícia sobre o jogo no jornal não indica a escalação de Hamilton para esse jogo. Consultar: Empate com
Nigéria elimina futebol do Brasil. O Estado de S. Paulo, 19 de outubro de 1968, p. 15. Porém, no Relatório
Oficial dos Jogos, Hamilton aparece na escalação brasileira. Consultar: Olympic Report Mexico 1968 Volume
4 Part 1, p. 662. Group B, match 22.
983
Empate com Nigéria elimina futebol do Brasil. O Estado de S. Paulo, 19 de outubro de 1968, p. 15.
984
Pesquisei depois da entrevista sobre essa informação e descobri que o Dionísio foi da seleção pré-olímpica,
mas que não foi convocado pra Olimpíada.
363
Nós fomos e [faz gesto de estar se lixando com as mãos] se der deu
se não deu, não deu. Não era assim, você tinha que ter um pouco
mais de responsabilidade. É o que faltou pra nós, entendeu. Eu me
incluo também, também me incluo entendeu. A gente, a gente não
sabia o que, na volta o que poderia estar esperando a gente aqui.
Você faz um bom contrato, que nem eu que era de um time pequeno
podia ser convocado pra ir prum time maior, entendeu. Mas, falta de
responsabilidade, a verdade foi essa.
985
FAB levará os olímpicos. O Estado de S. Paulo, 28 de março de 1968, p. 24.
986
Avaria do avião atrasa volta dos brasileiros. O Estado de S. Paulo, 29 de outubro de 1968, p. 22. “As 72
pessoas da delegação que ficaram no México ainda não sabem quando poderão voltar para o Brasil: o avião que
foi buscá-las enguiçou ao chegar no aeroporto da Cidade do México e a FAB teve de mandar um motor novo do
Brasil. Por isso, os brasileiros só devem embarcar amanhã ou na quinta-feira, porque o conserto do avião demora
de dois a três dias”.
364
987
Avaria do avião atrasa volta dos brasileiros. O Estado de S. Paulo, 29 de outubro de 1968, p. 22.
“Anteontem, pela Aeronaves do México, vieram os jogadores da seleção de cestobol [...]”.
988
Delegação inicia viagem de volta. O Estado de S. Paulo, 30 de outubro de 1968, p. 17.
365
Aí eu fiquei com o passe livre e falei vou abandonar. Até depois que
eu já tinha abandonado há mais de um ano, esse São Caetano que
naquela época era o Saad, naquela época era Saad de São
Caetano, hoje é São Caetano, eles foram em casa. Morava na
Moinho Velho, ali no comecinho da via Anchieta. Aí eu peguei e falei:
pô, mas não dá, eu não tenho mais condição de jogar, ó eu engordei
e tal. Mas isso daí o peso você tira e tal, não sei o que. Não, não,
não. Aí toquei a minha vida de uma outra maneira.
989
Profissionalismo: a 1a. pedra foi atirada? Brasil prejudicado. O Estado de S. Paulo, 25 de outubro de 1968,
p. 20.
990
Entre decepções, vêm três medalhas. Depois, o vexame. O Estado de S. Paulo, 11 de janeiro de 1969, p. 51.
991
Esporte e educação. O Estado de S. Paulo, 5 de novembro de 1968, p. 3.
368
culpados por tudo. A CBD já faz demais em dispor de verbas do futebol para os
esportes amadores”992. Sua fala, porém, revela que nas instâncias de poder das
entidades esportivas e na relação com o governo as responsabilidades das ações
eram delegadas ao outro sem que nenhuma instância assumisse a sua falha.
992
Delegação é esperada hoje. O Estado de S. Paulo, 2 de novembro de 1968, p. 14.
993
Olympic Review, n. 38-39, novembro - dezembro de 1970, p. 656-657. Federation Internacionale de Football
Association.
994
Nesse momento Sylvio Padilha era presidente do COI e membro do Comitê Executivo do COI e apoiava as
novas regras de elegibilidade. Ver: Major Padilha defende amadorismo sem marca comercial. Folha de S.
Paulo, 16 de janeiro de 1972, p. 1 – 4º caderno.
995
Argentina quer tomar lugar da Colombia em Munique. Folha de S. Paulo, 12 de fevereiro, p. 18 – 1º caderno.
369
foram impedidos de participar dos Jogos Olímpicos de 1972 por serem considerados
ilegíveis. Os atletas impedidos foram: Martin Emilio “Cochise” Rodriguez
(ciclismo)996; Jaimes Rodriguez, Luis Garcia, Adolfo Endoede, Oscar Orgeta
(futebol)997 da Colômbia e Vic Preston Jr. (tiro) do Quênia998.
Brundage explicou, especialmente sobre “Cochise”, que o campeão
mundial estava proibido de participar da competição sob a justificativa de que “os
atletas deixam de ser amadores quando começam a atuar como verdadeiros
cartazes de publicidade e, se isso fôsse permitido, os Jogos seriam apenas um
veículo dos patrocinadores”999. A exclusão do atleta colombiano aconteceu pelo fato
dele ter sido fotografado com uma camisa de um fabricante de bicicletas.
Sobre a elegibilidade a FIFA emitiu uma nota para esclarecer
possíveis mal-entendidos sobre a condição do atleta amador. Nos esclarecimentos,
a FIFA afirmou que não afetaria a condição do atleta amador caso ele tivesse jogado
contra profissionais ou não amadores. O problema central que impediria a
participação era ter recebido algum tipo de pagamento para jogar futebol nem que
tivesse assinado algum contrato. Caso o atleta não possuísse tais características ele
estaria apto a participar do torneio de futebol como um atleta amador1000.
No Brasil, depois de muitas participações em que a seleção nacional
de futebol teve dificuldades na organização das equipes, com muitas críticas ao
desempenho técnico dos atletas nacionais, para os Jogos Olímpicos de Munique a
expectativa era outra. A conquista do tricampeonato mundial de futebol ditava novos
parâmetros para o futebol olímpico que passaria, naquele momento, por “[...] uma
nova fase para o futebol amador no Brasil. O trabalho sério na preparação, imitando
a seleção tricampeã do mundo, abre novos caminhos para as próximas
seleções”1001.
996
Comitê mantém veto a Cochise. O Estado de S. Paulo, 31 de maio de 1972, p. 27.
997
Futebol colombiano é acusado. O Estado de S. Paulo, 17 de agosto de 1972, p. 42; Colombia participa do
futebol. O Estado de S. Paulo, 18 de agosto de 1972, p. 28. “O presidente do COI, Avery Brundage, enviara
uma carta à federação revelando ter recebido denuncias de que havia irregularidades na formação do selecionado
amador. A denuncia fora feita pelo ex-dirigente colombiano Edgard Senior, por meio de documentos e
publicações sobre a profissionalização de varios jogadores incluídos na delegação”. Os referidos jogadores
teriam assinado um contrato com o clube Santa Fé, de Bogotá.
998
Olympic Review, n. 59, outubro de 1972, p. 359. The 73rd session of the I.O.C. 9. Report of commissions.
Eligibility Commission.
999
Brundage volta a vetar Cochise. O Estado de S. Paulo, 17 de maio de 1972, p. 21.
1000
Olympic Review, n. 50-51, novembro – dezembro de 1971, p. 623. Federation Internacional de Football
Association.
1001
Amadores têm uma nova fase. O Estado de S. Paulo, 3 de fevereiro de 1971, p. 21.
370
1006
Olimpíada -76, a 1a. meta para nôvo esporte amador. O Estado de S. Paulo, 2 de junho de 1971, p. 19.
1007
1976 é a meta olímpica. O Estado de S. Paulo, 2 de junho de 1971, p. 1.
1008
Olimpíada -76, a 1a. meta para nôvo esporte amador. O Estado de S. Paulo, 2 de junho de 1971, p. 19.
372
1009
Silvio de Magalhães Padilha quer levar esporte às escolas. Folha de S. Paulo, 23 de março de 1971, p. 18 –
1º caderno.
1010
Para Tinoco, esporte muda em 10 anos. O Estado de S. Paulo, 19 de junho de 1971, p. 16.
1011
Para Tinoco, esporte muda em 10 anos. O Estado de S. Paulo, 19 de junho de 1971, p. 16.
1012
Govêrno dá prioridade para esporte e educação física. O Estado de S. Paulo, 24 de junho de 1971, p. 37.
1013
Vitória, apenas 2.a meta. O Estado de S. Paulo, 29 de agosto de 1971, p. 53.
1014
Essa também era a visão de Padilha que previa uma melhoria significativa dos atletas dentro de 8 a 10 anos,
tempo suficiente para disputarem em patamar de igualdade contra os americanos e os soviéticos. Ver: Padilha
não espera muito da Olimpíada de Munique. O Estado de S. Paulo, 25 de novembro de 1971, p. 41.
373
1015
Brasil vai à Olimpíada sem pensar em vitórias. O Estado de S. Paulo, 30 de julho de 1972, p. 50.
1016
Homenagem do COB a Medici. Folha de S. Paulo, 11 de agosto de 1972, p. 31 – Esportes.
1017
Padilha: está será nossa penultima Olimpiada ruim. Folha de S. Paulo, 26 de junho de 1972, p. 20 –
Esportes.
1018
Padilha já tem planos para 72. O Estado de S. Paulo, 27 de agosto de 1971, p. 23.
1019
Antoninho escolhe os 16 que viajam. O Estado de S. Paulo, 23 de fevereiro de 1971, p. 12.
374
1020
CPI para investigar CBD. Folha de S. Paulo, 17 de setembro de 1971, p. 19 – 1º caderno.
1021
CPI é certa e Ministério só observa o futebol. O Estado de S. Paulo, 18 de setembro de 1971, p. 17.
1022
CPI é certa e Ministério só observa o futebol. O Estado de S. Paulo, 18 de setembro de 1971, p. 17.
1023
CBD não teme devassa, mas acha que prejudica. O Estado de S. Paulo, 19 de setembro de 1971, p. 61.
1024
CBD faz sua defesa e ataca. O Estado de S. Paulo, 21 de setembro de 1971, p. 28.
375
[...] para o regime militar, não havia nenhuma dúvida quanto ao lugar
superlativo que ele ocupava na sociedade e quanto essa posição
poderia lhe abrir as veias da vida nacional, permitindo-lhe tocar o
coração e penetrar a mente de cada indivíduo de forma muito mais
direta e intensa do que qualquer outro veículo, imagem ou discurso.
1025
Presidente da Câmara susta a CPI do futebol. O Estado de S. Paulo, 23 de setembro de 1971, p. 33.
1026
Na CBD, tranquilidade. O Estado de S. Paulo, 23 de setembro de 1971, p. 33.
376
1027
CBD dispensa os amadores. O Estado de S. Paulo, 18 de setembro de 1971, p. 17.
1028
CBD debate a ida à Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 22 de setembro de 1971, p. 23.
1029
CBD vai levar os olímpicos. O Estado de S. Paulo, 14 de outubro de 1971, p. 41.
1030
CBD pretende convocar Adão. O Estado de S. Paulo, 15 de outubro de 1971, p. 23; Amadores: pressão
pode levar a reconsideração. Folha de S. Paulo, 13 de outubro de 1971, p. 27 – 1º caderno.
1031
Amadorismo ou não? Há muito artifício. Folha de S. Paulo, 20 de maio de 1972, p. 22 – 1º caderno.
377
1032
Padilha: está será nossa penultima Olimpiada ruim. Folha de S. Paulo, 26 de junho de 1972, p. 20 –
Esportes.
1033
Brasil enfrenta a Colômbia na final. O Estado de S. Paulo, 7 de dezembro de 1971, p. 35; Brasil está na
final do pré-olimpico de futebol. Folha de S. Paulo, 6 de dezembro de 1971, p. 10 – 1º caderno. A campanha na
primeira fase foi a seguinte: empate com o Equador (1 a 1 - Olímpicos enfrentam a Bolívia. O Estado de S.
Paulo, 28 de novembro de 1971, p. 57; Brasil começa Pré-Olimpico empatando com Equador. Folha de S.
Paulo, 28 de novembro de 1971, p. 42 – 4º caderno); vitória contra a Bolívia (2 a 1 - Brasil derrota a Bolivia.
Folha de S. Paulo, 29 de novembro de 1971, p. 10 – 1º caderno); empate sem gols com a Argentina (Brasil
continua em primeiro. O Estado de S. Paulo, 2 de dezembro de 1971, p. 35; Brasil continua lider na Colombia.
Folha de S. Paulo, 2 de dezembro de 1971, p. 34 – 1º caderno) e vitória contra o Chile (1 a 0).
1034
O futebol do Brasil vai à Olimpiada. Folha de S. Paulo, 13 de dezembro de 1971, p. 10 – 1º caderno.
1035
Para Munique, Brasil usará o mesmo elenco. O Estado de S. Paulo, 14 de dezembro de 1971, p. 36.
378
1036
Chefe da delegação brasileira denuncia falso amadorismo. O Estado de S. Paulo, 12 de dezembro de 1971,
p. 43 – 4º caderno.
1037
Chefe da delegação brasileira denuncia falso amadorismo. O Estado de S. Paulo, 12 de dezembro de 1971,
p. 43 – 4º caderno.
1038
Olympic Review, n. 59, outubro de 1972, p. 398. With Lord Killanin.
1039
Para Munique, Brasil usará o mesmo elenco. O Estado de S. Paulo, 14 de dezembro de 1971, p. 36.
379
Joguei as eliminatórias, fiz alguns dos gols mais importantes da Seleção Brasileira,
mas o Antoninho esqueceu de me convocar”1040.
1040
Fala o Zico. O Estado de S. Paulo, 5 de junho de 1982, p. 60.
380
1041
Destaque. Folha de S. Paulo, 29 de janeiro de 1972, p. 26 – 1º cardeno. “Por causa da participação do Brasil
na Olimpíada de Munique, conforme resolução baixada há alguns meses, a CBD vetou os pedidos de
Washington Luis de Paulo e Valter Trippé, pelo Guarani, de Campinas; e, Adolfo José Lima Neves, Alexandre
Gusmão Bueno, Adilson David e Roberto Silva, pelo Santos, para passarem à categoria de profissional”.
1042
Os dois ainda esperam uma decisão do COB. O Estado de S. Paulo, 7 de junho de 1972, p. 27.
381
recebiam salário e/ou prêmios por vitórias e empates1043. Sobre os problemas que
existiam para formar uma equipe olímpica do futebol, o presidente do COB, Sylvio
Padilha relatou as dificuldades em estruturá-la:
1043
Denuncia contra o futebol amador do Brasil. Folha de S. Paulo, 19 de maio de 1972, p. 20 – 1º caderno.
1044
Padilha: está será nossa penultima Olimpiada ruim. Folha de S. Paulo, 26 de junho de 1972, p. 20 –
Esportes.
1045
CBD ignora se olímpicos ganham dinheiro. Folha de S. Paulo, 20 de maio de 1972, p. 22 – 1º caderno.
1046
Coisas da convocação. Folha de S. Paulo, 21 de maio de 1972, p. 25 – 1º caderno.
1047
Se Washington sair, Vaguinho poderá voltar. O Estado de S. Paulo, 3 de junho de 1972, p. 18.
382
1048
Os dois ainda esperam uma decisão do COB. O Estado de S. Paulo, 7 de junho de 1972, p. 27.
1049
Passo prefere esperar. O Estado de S. Paulo, 3 de junho de 1972, p. 18.
1050
COB corta 6 no time que vai à Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 22 de junho de 1972, p. 36. “A lista de
cortes foi apresentada pelo supervisor Luís Carlos Calomino e pelo treinador Antoninho, e nela estão Rui (São
Paulo), Aluisio (Flamengo), Marquinho (Fluminense), Nilson e Tuca (Botafogo), e Fredy, do Palestra da Bahia”;
Olímpicos saem levando mágoas. O Estado de S. Paulo, 23 de junho de 1972, p. 23.
383
ouro não vai ser difícil, apesar dos alemães tentarem criar mais dificuldades”1051 ou
ainda, em suas palavras, o Brasil não vai “[...] apenas para figurar, mas para ganhar
o título”1052. Essa confiança também estava presente na fala do preparador físico,
Raul Carlesso: “O Brasil nunca passou das oitavas de final numa competição
olímpica. Agora vai a Munique para ganhar a medalha de ouro”1053.
Para o técnico Antoninho, esse otimismo tornou-se uma
preocupação antes do início do torneio por entender que o excesso de confiança
poderia afetar o desempenho da equipe e ressaltou a qualidade dos adversários
brasileiros1054.
Apesar de todo otimismo, o próprio técnico Antoninho, antes da
estreia contra a Dinamarca resolveu ponderar e alertou os jogadores brasileiros
quanto o excesso de confiança: “Os Dinamarqueses praticam um bom futebol e
tenho certeza que a partida será muito mais difícil do que esperamos. Em todo caso,
estou confiante na vitoria e já preveni os jogadores para que não entrem em campo
com o excesso de otimismo”1055.
Esse otimismo dos atletas brasileiros também era validado por meio
da aproximação da seleção olímpica com a seleção tricampeã do mundo em 1970,
fosse pela presença de membros tricampeões na comissão técnica, como era o caso
de Carlos Alberto Parreira ou pela forma de jogar:
1051
Olímpicos e Atlético não marcam. O Estado de S. Paulo, 14 de junho de 1972, p. 28.
1052
Calomino adverte dos do futebol. O Estado de S. Paulo, 22 de agosto de 1972, p. 32.
1053
Seleção de futebol inicia a fase final de treinos. O Estado de S. Paulo, 6 de agosto de 1972, p. 60.
1054
Antoninho só teme o excesso de otimismo. O Estado de S. Paulo, 18 de agosto de 1972, p. 28.
1055
Futebol do Brasil estréia domingo. Folha de S. Paulo, 25 de agosto de 1972, p. 35 – Esportes.
1056
Antoninho escala mas pede sigilo. O Estado de S. Paulo, 25 de agosto de 1972, p. 25.
384
[...] nós empatamos dois jogos e depois nós perdemos pra Polônia.
Polônia do [...]. Polônia que foi caminhando, ela tava caminhando
com aquela seleção olímpica, foram três Copas do Mundo com essa
seleção. Com tal de Lato, um carequinha. Eu joguei com ele na
seleção olímpica né. Eles foram campeões em Munique né. Eu acho
que foram campeões em Munique e esse Lato e aquela turma toda
jogaram três Copas do Mundo. De juvenil, de júnior até o profissional
jogaram três Copas do Mundo e isso aí foi muito bom. Nós perdemos
a classificação com o Lato, com a Polônia. Perdemos de 2 a 0 deles.
É uma seleção muito boa.
1057
Agora, a Polônia já não é só uma surpresa. O Estado de S. Paulo, 6 de julho de 1974, p. 19.
385
1058
Futebol, o desastre. Folha de S. Paulo, 28 de agosto de 1972, p. 21 – Esportes.
1059
Futebol muda a defesa para evitar a eliminação. O Estado de S. Paulo, 29 de agosto de 1972, p. 28.
1060
Futebol, quase fora. Folha de S. Paulo, 30 de agosto de 1972, p. 28.
1061
Futebol empata e sai de campo chorando. O Estado de S. Paulo, 30 de agosto de 1972, p. 27.
1062
Futebol perde até do Irã e está fora dos Jogos. O Estado de S. Paulo, 1 de setembro de 1972, p. 28. Futebol,
a despedida humilhante. Folha de S. Paulo, 1 de setembro de 1972, p. 40.
386
única condição do insucesso brasileiro no futebol olímpico até porque muitos dos
atletas nacionais já atuavam na equipe profissional de seus clubes. O supervisor
Calomino também recorreu ao argumento da idade para justificar a derrota do
futebol brasileiro e ressaltou a dificuldade do Brasil em se organizar:
1066
“Não temos condições de competir”. Folha de S. Paulo, 8 de setembro de 1972, p. 16.
1067
Abilio faz estudo do futebol na Olimpiada. Folha de S. Paulo, 19 de setembro de 1972, p. 31 – Esportes.
1068
Amadorismo ou não? Há muito artifício. Folha de S. Paulo, 20 de maio de 1972, p. 22 – 1º caderno.
388
Tinha, em termos, né. Porque daqui nós éramos como júnior. E eles
lá não eram júnior. Eles eram júnior-profissional. Um negócio
misturado disso aí. Eles jogavam no profissional e jogavam também
no júnior. Mas nós também, o nosso time [...], o nosso time todos os
jogadores jogavam no profissional. Eu jogava no profissional, o
Falcão jogava no profissional, o Dirceu, tá me entendendo, o Fred,
todo mundo jogava no profissional. Mas aí tinha uma, como é que se
diz, uma, uma experiência muito grande. E com isso aí deu mais pra
eles do que propriamente a gente né.
1070
Para Médici, o tempo da improvisação acabou. O Estado de S. Paulo, 11 de agosto de 1972, p. 24.
1071
Para a Copa do Mundo de 1966, o técnico da Hungria, por exemplo, convocou todos os atletas que haviam
disputado os Jogos Olímpicos de Roma. Nessa reportagem era feita uma análise das seleções que o Brasil jogaria
na primeira fase. Os três adversários. Hungria. O Estado de S. Paulo, 7 de janeiro de 1966, p. 16. “Lajos Baroti
[técnico] aproveitou, inclusive, todos os jogadores que disputaram a Olimpíada de Roma e vêm realizando jogos-
treinos e jogos oficiais, sempre com bons resultados”.
391
difundida pela visão oficial – governo e dirigentes brasileiros – que são, por sua vez,
compartilhadas pela visão dos jogadores, no caso, de Osmar.
Ao final dessa edição olímpica, o ministro da Educação e Cultura1072,
o coronel Jarbas Passarinho juntamente com o presidente do CND, brigadeiro
Jeronimo Bastos se reuniram para entender os motivos do baixo desempenho
brasileiro e planejar alterações para os próximos Jogos Olímpicos1073. Tanto o
ministro da cultura1074 quanto o presidente do COI1075 criticaram os comentários de
que o Brasil havia fracassado nos Jogos e pediram para não culpar os atletas. Para
Anatol Rosenfeld, essa condição de exclusividade do futebol, tanto nas ações dos
dirigentes quanto da imprensa, gerava uma série de problemas para os demais
esportes e não eram exclusivas somente daquele momento, eram fruto de uma
característica histórica do país:
1072
Um mês após os Jogos Olímpicos de Munique, em uma proposta do deputado Leo Simões (MDB) cogita-se
a criação do Ministério dos Esportes. Ver: Deputado quer criação do Ministério dos Esportes. O Estado de S.
Paulo, 19 de outubro de 1972, p. 39; Projeto o Ministerio de Esportes. Folha de S. Paulo, 19 de outubro de
1972, p. 37 – Esportes.
1073
Ministro ouve amanhã os atletas e dirigentes. O Estado de S. Paulo, 14 de setembro de 1972, p. 36. Ver
também: Ministro discute hoje os erros da Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 15 de setembro de 1972, p. 22.
1074
Afinal, não era uma guerra. Folha de S. Paulo, 16 de setembro de 1972, p. 1 – 1º caderno.
1075
O intercambio fará nosso esporte mais forte, diz Padilha. Folha de S. Paulo, 4 de outubro de 1972, p. 28.
1076
Faltam motivação e divulgação do atletismo por trás do insucesso olímpico do “país do futebol”. O Estado
de S. Paulo, 31 de dezembro de 1972, p. 122.
392
1077
Quem quiser jogar futebol terá de ser alfabetizado. Folha de S. Paulo, 27 de setembro de 1972, p. 27 –
Esportes. Profissionalismo em nova fase. Folha de S. Paulo, 28 de setembro de 1972, p. 44. Futebol sempre um
bom assunto. O Estado de S. Paulo, 30 de setembro de 1972, p. 19.
1078
Futebol sempre um bom assunto. O Estado de S. Paulo, 30 de setembro de 1972, p. 19. A discussão vigente
versava sobre uma criação de uma resolução que pudesse impedisse o clube de obrigar seu atleta a jogar mais de
65 partidas por ano.
1079
Depois do impacto, o que resta? O Estado de S. Paulo, 9 de janeiro de 1973, p. 27.
393
1080
O futuro do esporte amador. Folha de S. Paulo, 2 de janeiro de 1975, p. 21 – Esportes. Texto de Artur
Vogel.
1081
COB expõe planos para Montreal. O Estado de S. Paulo, 5 de janeiro de 1973, p. 24.
1082
COB expõe planos para Montreal. O Estado de S. Paulo, 5 de janeiro de 1973, p. 24. A exceção seria o
basquetebol pelo fato da Confederação Brasileira de Basquetebol possuir, naquele momento, um extenso
programa de competições. Ver também: Padilha discute os calendários. O Estado de S. Paulo, 14 de janeiro de
1973, p. 47.
1083
Plano do COB programa o futuro do nosso esporte. O Estado de S. Paulo, 17 de janeiro de 1973, p. 23.
1084
COB expõe planos para Montreal. O Estado de S. Paulo, 5 de janeiro de 1973, p. 24.
1085
Um campeonato maior. Folha de S. Paulo, 10 de janeiro de 1973, p. 41. Texto de Aroldo Chiorino.
1086
Havelange veta ida a Montreal. O Estado de S. Paulo, 10 de janeiro de 1973, p. 23.
394
1087
Paraguai exige pressa da CBD. O Estado de S. Paulo, 1 de fevereiro de 1973, p. 31.
1088
CBD cede as ameaças da África: seleção não vai. O Estado de S. Paulo, 9 de fevereiro de 1973, p. 23.
1089
CBD cede as ameaças da África: seleção não vai. O Estado de S. Paulo, 9 de fevereiro de 1973, p. 23.
1090
Havelange faz contas: já venceu. O Estado de S. Paulo, 9 de dezembro de 1973, p. 92. No mesmo jornal,
porém do dia 19 de abril de 1974, na entrevista feita com Havelange (Buscar os votos, tática de Havelange), são
indicados 141 países filiados, mas dois deles estavam suspensos (África do Sul e Rodésia).
1091
Buscar os votos, tática de Havelange. O Estado de S. Paulo, 19 de abril de 1974, p. 21.
395
1092
COB. O Estado de S. Paulo, 6 de março de 1973, p. 18.
1093
Antoninho, com os nossos parabéns. Folha de S. Paulo, 30 de abril de 1973, p. 25 – Esportes.
1094
O futebol amador pode ir a Montreal. O Estado de S. Paulo, 27 de abril de 1973, p. 27.
1095
A CBF ainda é só boato, mas pode surgir em 76. Folha de S. Paulo, 11 de abril de 1975, p. 36 – Esporte.
1096
Médici e Havelange discutem a reforma do esporte amador. O Estado de S. Paulo, 14 de agosto de 1973, p.
30.
1097
CND distribui verbas, o futebol ganha mais. O Estado de S. Paulo, 6 de fevereiro de 1976, p. 24. “Com Cr$
4.016.800,00, quase metade da verba, o futebol foi o esporte mais beneficiado, enquanto a menor parte coube ao
boxe, com apenas Cr$ 62.700,00. Além do futebol, o basquete e o vôlei foram os mais favorecidos, cabendo ao
basquete Cr$ 1.272.200,00 e ao vôlei Cr$ 1.081.600,00”.
1098
Dia 30 de dezembro, fim da era Havelange. O Estado de S. Paulo, 23 de novembro de 1974, p. 21.
396
1099
Este País ainda vai deixar de ser apenas do Futebol. O Estado de S. Paulo, 23 de novembro de 1974, p. 21.
1100
Havelange aceita vontade do governo e não indica ninguém. O Estado de S. Paulo, 30 de novembro de
1974, p. 29.
1101
Heleno continua até 78 e já garante Brandão. O Estado de S. Paulo, 20 de fevereiro de 1975, p. 31.
1102
“Coutinho esteve no Brasil durante a Copa-78”. O Estado de S. Paulo, 12 de outubro de 1980, p. 45. Nessa
entrevista, Heleno Nunes ainda afirmou que “O Havelange deixou uns Cr$ 15 milhões de dívidas e tudo foi pago
quando eu assumi”.
1103
O novo plano do esporte. O Estado de S. Paulo, 28 de maio de 1976, p. 22.
1104
O esporte precisa conquistar escolas. Folha de S. Paulo, 2 de fevereiro de 1976, p. 18.
1105
Só em 1980 nosso esporte vai ter seu verdadeiro teste. O Estado de S. Paulo, 5 de março de 1975, p. 25.
1106
O esporte precisa conquistar escolas. Folha de S. Paulo, 2 de fevereiro de 1976, p. 18. Na visão de Sylvio
Padilha, “Enquanto o esporte estiver somente nos Diários Oficiais, como obrigatoriedade escolar, enquanto ele
não entrar no ensino primário principalmente, que é onde se tem a base de tudo para depois se passar ao ensino
secundário, onde o estudante pode ter um nível melhor para que ele [não] se desenvolva em vão. Normalmente,
enqaunto não se tem isso, não se pode ter esporte em nosso país”.
397
1107
Olimpíada, principal meta do plano de reforma do esporte. O Estado de S. Paulo, 1º de março de 1975, p.
27. A proposta foi formulada por Nelson Mello e Souza que era diretor do planejamento da Organização dos
Estados Americanos.
1108
É cedo para a ambição. O Estado de S. Paulo, 18 de maio de 1975, p. 56.
1109
Adiado início da preparação do Brasil para as Olimpíadas. Folha de S. Paulo, 2 de janeiro de 1971, p. 21 –
Esportes.
1110
CBD, de novo, adia entrega do plano olímpico. Folha de S. Paulo, 8 de janeiro de 1976, p. 26 – 1º Caderno.
1111
Olympic Review, n. 62-63, janeiro – fevereiro de 1973, p. 71. Fédération international de football amateur.
“Following the decision of the Football Association Council (G.B.) to abolish the distinction between
professionals and amateurs and just to call them ‘players’ analyses the reasons and consequences of this
decision, particularly as far as the participation of these teams in the Olympic Games is concerned”.
1112
Olympic Review, n. 68-69, julho – agosto de 1973, p. 256. Appeals by the International Federations. VI
Football.
398
1118
Notas Olímpicas. Folha de S. Paulo, 4 de julho de 1976, p. 39 – Esportes.
1119
Futebol inédito, com plano de ser campeão. O Estado de S. Paulo, 18 de maio de 1975, p. 56.
1120
Futebol inédito, com plano de ser campeão. O Estado de S. Paulo, 18 de maio de 1975, p. 56.
1121
Existe uma falha de impressão no jornal consultado que impossibilita precisar se são 260 ou 269 nomes
selecionados.
1122
Futebol inédito, com plano de ser campeão. O Estado de S. Paulo, 18 de maio de 1975, p. 56.
400
caso do atleta Ernane, do Olaria, que havia sido um dos jogadores contatados pelo
árbitro. Em seu depoimento foi questionado sobre a sua condição no futebol:
1128
O caso de suborno vai logo à Polícia. O Estado de S. Paulo, 2 de novembro de 1975, p. 54.
1129
CBD receia que portaria vá prejudicar seleção amadora. O Estado de S. Paulo, 26 de novembro de 1975, p.
26.
1130
CBD receia que portaria vá prejudicar seleção amadora. O Estado de S. Paulo, 26 de novembro de 1975, p.
26.
402
1131
Futebol. O Estado de S. Paulo, 5 de dezembro de 1975, p. 30.
1132
Futebol. O Estado de S. Paulo, 5 de dezembro de 1975, p. 30.
1133
Futebol define plano para a Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 5 de novembro de 1975, p. 21.
1134
Os paulistas são maioria na convocação para a Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 6 de dezembro de 1975, p.
31.
1135
Amadores. Folha de S. Paulo, 19 de dezembro de 1975, p. 30.
1136
Cannes: equipe base em 10 dias. Folha de S. Paulo, 25 de janeiro de 1976, p. 46 – Esportes.
1137
Futebol, despesa e crise sem medalha. O Estado de S. Paulo, 1º de agosto de 1976, p. 57. Texto de Mario J.
Guimarães.
1138
Brasil só consegue empate contra Uruguai. O Estado de S. Paulo, 22 de janeiro de 1976, p. 35.
403
1139
Heleno Nunes em São Paulo para eleições na Federação. Folha de S. Paulo, 25 de janeiro de 1976, p. 46.
1140
Brasil goleia no Pré-olímpico: 4 a 0. Folha de S. Paulo, 26 de janeiro de 1976, p. 18 – Esportes.
1141
Pré-Olímpico: Brasil vence e lidera. Folha de S. Paulo, 28 de janeiro de 1976, p. 30 – Esportes.
1142
Brasil vence Peru no torneio pré-olímpico. Folha de S. Paulo, 30 de janeiro de 1976, p. 40 – Turismo.
1143
Brasil é o campeão do Pré-olímpico. Folha de S. Paulo, 2 de fevereiro de 1976, p. 15 – Esportes.
1144
Olympic Review, n. 105-106, julho – agosto de 1976, p. 428. Fédération Internationale de Football
Association (FIFA).
1145
FIFA leva Colômbia aos Jogos. O Estado de S. Paulo, 18 de junho de 1976, p. 20.
1146
Futebol, um bom teste hoje. O Estado de S. Paulo, 30 de junho de 1976, p. 24.
1147
Aumenta apoio, não a esperança de medalhas. O Estado de S. Paulo, 18 de abril de 1976, p. 37. Texto de
Gilson Menezes.
1148
Seleção Olímpica inicia excursão. O Estado de S. Paulo, 21 de maio de 1976, p. 20. “Para uma excursão de
doze jogos no Oriente Médio, Africa e Europa, mas que começa amanhã no México, embarca hoje, às 10 horas,
a seleção olímpica brasileira de futebol [...]”.
404
dar mais experiência aos atletas brasileiros. Porém, o próprio Zizinho1152 já sabia da
decisão da CBD em substituí-lo por Osvaldo Brandão1153, que acumularia além do
cargo de técnico da seleção profissional o de técnico da seleção olímpica, ao
retornar da excursão anunciou que não iria para Montreal1154.
Para Brandão, a seleção brasileira poderia fazer um bom
campeonato olímpico e supunha que encontrariam adversários difíceis,
especialmente, os países socialistas1155. Mesmo sabendo das dificuldades apontava
que “A medalha de ouro, em futebol, é mais do que um objetivo. É uma
obsessão”1156. Ainda projetava para o futuro, devido à qualidade de alguns jogadores
olímpicos, o aproveitamento de Edinho, Rosemiro e Cláudio Adão para a seleção
principal1157.
Brandão fez a proposta de apenas acompanhar a seleção olímpica e
que Zizinho fosse mantido como o técnico, pois segundo ele “[...] não haveria
necessidade de intervir no trabalho que vem sendo executado sem maiores
problemas”1158. No entanto, Zizinho reiterou que deixaria o cargo logo após o final da
excursão da seleção olímpica:
1149
Seleção Olímpica vence o Kuwait. O Estado de S. Paulo, 26 de maio de 1976, p. 21; Seleção olímpica
empata com o Irã a apenas 4 minutos do final. O Estado de S. Paulo, 29 de maio de 1976, p. 21.
1150
Amadores: Comissão Técnica decide continuar a excursão pela África. Folha de S. Paulo, 8 de junho de
1976, p. 29.
1151
Futebol, um bom teste hoje. O Estado de S. Paulo, 30 de junho de 1976, p. 24.
1152
Amadores jogam hoje no México. O Estado de S. Paulo, 22 de maio de 1976, p. 19. “Heleno Nunes,
presidente da CBD, foi ao aeroporto e ofereceu uma passagem para Zizinho, o técnico dos amadores, ir a
Montreal como turista assistir aos jogos da equipe, já que na Olimpíada Osvaldo Brandão será o treinador do
selecionado. Mas Zizinho recuso-a”.
1153
Brandão é o técnico também para Olimpíada de Montreal. O Estado de S. Paulo, 14 de abril de 1976, p. 25.
1154
A Olimpíada em crise, no Canadá e no Brasil. O Estado de S. Paulo, 3 de julho de 1976, p. 21.
1155
A 45 dias, a expectativa dos técnicos. O Estado de S. Paulo, 30 de maio de 1976, p. 47.
1156
Futebol, despesa e crise sem medalha. O Estado de S. Paulo, 1º de agosto de 1976, p. 57.
1157
Apesar de sua importante participação no torneio pré-olímpico, Cláudio Adão estava fora dos Jogos de
Montreal por ter fraturado o tornozelo. Consultar: Cláudio Adão só voltará ao futebol em 1977. O Estado de S.
Paulo, 5 de maio de 1976, p. 26; E Cláudio Adão espera voltar em quatro meses. O Estado de S. Paulo, 29 de
maio de 1976, p. 21.
1158
Brandão viaja, Zizinho orienta em Montreal. O Estado de S. Paulo, 16 de junho de 1976, p. 22.
1159
Paris: Zizinho fala em renúncia. Folha de S. Paulo, 24 de junho de 1976, p. 31 – Esportes.
405
1160
“Brandão foi um covarde”. Folha de S. Paulo, 8 de julho de 1976, p. 31 – Esportes.
1161
Futebol olímpico sem técnico. O Estado de S. Paulo, 6 de julho de 1976, p. 34.
1162
Zizinho volta atrás e viaja. O Estado de S. Paulo, 7 de julho de 1976, p. 26.
1163
“Brandão foi um covarde”. Folha de S. Paulo, 8 de julho de 1976, p. 31 – Esportes.
406
1164
Zizinho demitido: Coutinho é o técnico. Folha de S. Paulo, 9 de julho de 1976, p. 28 – Esportes.
1165
Zizinho demitido: Coutinho é o técnico. Folha de S. Paulo, 9 de julho de 1976, p. 28 – Esportes.
1166
Sete dias no esporte. Folha de S. Paulo, 11 de julho de 1976, p. 32 – Esportes. Texto de Aroldo Chiorino.
1167
Zizinho demitido: Coutinho é o técnico. Folha de S. Paulo, 9 de julho de 1976, p. 28 – Esportes.
1168
Após as crises, o futebol já pensa em ficar bem colocado. O Estado de S. Paulo, 18 de julho de 1976.
1169
Futebol, três cortes. O Estado de S. Paulo, 2 de julho de 1976, p. 25.
407
medalhas. Por essa lógica, as duas medalhas de bronze validavam o que fora
projetado pelo COB.
A segunda análise, ressaltada pela Folha de S. Paulo à época, foi
em relação aos números investidos. Em outras palavras afirmou-se que essas duas
medalhas “[...] custaram ao governo brasileiro mais de 17 milhões de cruzeiros”1175.
Fazer essa crítica é correr riscos, especialmente quando se analisa apenas o
resultado final e não o processo no qual os atletas estiveram envolvidos. As
modalidades que mais receberam verbas foram o futebol (4ª lugar), o voleibol (8º
lugar) não conquistaram medalhas e o basquetebol que não se classificou para os
Jogos Olímpicos. Tomar a explicação única e exclusivamente por essa ótica é
validar que o resultado em si é muito mais importante do que o processo e em uma
competição de alto nível o resultado que diferencia o vencedor de um perdedor,
especialmente, nas provas individuais é mínimo. Ademais esse quadro já era
ressaltado pelo presidente do COB, Sylvio Padilha e pela imprensa antes do início
dos Jogos de Montreal1176.
Ao analisar o processo e não o resultado final, poderia se ter outro
tipo de conclusão apontada pelo O Estado de S. Paulo que o problema não era mais
a falta de dinheiro, pois para esses Jogos houve um investimento considerável na
preparação das equipes olímpicas brasileiras e indicava que, mesmo com pouca
verba, como o caso de Quênia, era possível conquistar medalhas. O que foi
apontado é que continuávamos a ter problemas de organização1177, pois de nada
adiantaria possuir verba para os treinamentos se não houvesse um plano de
formação de atletas de alto rendimento1178.
Uma nova ação seria implantada pelo governo brasileiro por meio do
PNED: massificar o esporte para que o Brasil se tornasse uma nação esportiva,
tendo como um dos pontos principais desenvolver o esporte nas categorias de
base1179. Para implantar o programa eram estimados Cr$ 1.067 milhões de
1175
17 milhões por duas medalhas. Folha de S. Paulo, 3 de agosto de 1976, p. 32 – Esportes.
1176
Muito dinheiro, pouco otimismo. O Estado de S. Paulo, 9 de julho de 1976, p. 34.
1177
No país de 2 medalhas, necessidade de mudar. O Estado de S. Paulo, 1º de agosto de 1976, p. 56. Texto de
Gilson Menezes.
1178
Enquanto não vem outro longo relatório. O Estado de S. Paulo, 1º de agosto de 1976, p. 56. Texto de
Everton Capri Freire.
1179
Sete dias no esporte. Um plano para os esportes. Folha de S. Paulo, 26 de setembro de 1976, p. 35 –
Esportes.
409
1180
Esportes e educação física para milhões, o objetivo do PNED. Folha de S. Paulo, 6 de setembro de 1976, p.
13 – Esportes. A verba estava assim dividida: “até 1976 Cr$ 306.300 mil e do Desporto de Massa, Cr$ 285.247
mil, do Desporto de Alto Nível, Cr$ 294.393 mil, e o de Apoio, Cr$ 181.109 mil”.
1181
O Brasil no esporte, ainda um país do futuro. O Estado de S. Paulo, 10 de outubro de 1976, p. 58.
1182
É proposta a criação de um ministério. O Estado de S. Paulo, 10 de outubro de 1976, p. 59.
1183
O esporte na escola, um sonho para daqui 30 anos. O Estado de S. Paulo, 10 de outubro de 1976, p. 58.
1184
Manual de Orientação — Escolas - Programa de Formação Esportiva Escolar – Competições de Atletismo –
Fase Escolar. Disponível em <http://atletanaescola.mec.gov.br/anexos/cart_escolar_mec1.pdf>. Acesso em 19 de
maio de 2013.
1185
Justificativa e objetivo do programa Atleta na Escola: “O Brasil irá sediar, em 2014, a Copa do Mundo de
Futebol e, em 2016, as Olimpíadas e Paraolimpíadas. Tendo em vista este cenário esportivo ímpar na história
brasileira, o Programa de Formação Esportiva Escolar surge com o objetivo incentivar a prática esportiva nas
escolas, democratizar o acesso ao esporte, desenvolver e difundir valores olímpicos e paraolímpicos entre
estudantes de educação básica, estimular a formação do atleta escolar e identificar e orientar jovens talentos”.
Disponível em <http://atletanaescola.mec.gov.br/programa.html>. Acesso em 19 de maio de 2013.
410
seleção brasileira começou no sub-18 quando foi convocado para disputar o torneio
de Cannes em 1974. Quando retornou como campeão desse torneio teve a primeira
oportunidade de jogar como titular do time profissional da Ponte Preta e essa
condição durou por quase um ano, com 18-19 anos de idade (1974-1975).
Na seleção brasileira, continuou a ser convocado para o
campeonato Sul-Americano juvenil (1975), Jogos Pan-Americanos (1975) em que
conquistaram a medalha de ouro, torneio pré-olímpico (1976) disputado em Recife e
os Jogos Olímpicos de 1976. Sobre a sua atuação torneio no pré-olímpico assim o
jornal O Estado de S. Paulo analisou o seu desempenho: “No gol, Carlos, em três ou
quatro bons lances em todo o torneio garantiu que o lugar é seu e com muitos
méritos”1186.
Em sua análise, toda a sua trajetória que culminou na participação
olímpica é indicativa de um tempo em que o atleta era caracterizado como amador.
Em suas palavras isso aconteceu porque “[...] naquele período não era permitido
atletas profissionais. Então, eu passei por todo esse processo até terminar as
Olimpíadas pra posteriormente ser profissionalizado. Foi uma experiência fantástica,
fabulosa [...]”. Sobre a preparação para disputar os Jogos Olímpicos assim relatou:
Nós tivemos uma preparação muito boa, longa, nós fomos é [...], nós
fizemos uma excursão à Europa, enfrentamos equipes fortes, nós
enfrentamos a [...] a seleção da Polônia em amistoso lá na Polônia, e
naquele período os [...] os países do Leste Europeu eles [...] eles
eram as equipes principais, as seleções principais do país, ao
contrário de nós aqui no Brasil, aqui jogava com uma espécie de uma
seleção sub-20, não é, uma equipe de juniores, enquanto que eles
jogavam com [...] com suas equipes principais que disputavam a
Copa do Mundo.
1186
Futebol vai à Olimpíada, mas precisa melhorar. O Estado de S. Paulo, 3 de fevereiro de 1976, p. 32.
412
1187
A difícil estréia de nosso futebol. Folha de S. Paulo, 18 de julho de 1976, p. 21 – Esportes. Os seis
jogadores eram: Jurgen Croy, Gerd Kishe, Lothar Kurbjuweit, Reinhard Lauck, Konrad Weise e Martin
Hoffmann.
1188
No futebol, Brasil empata com a Alemanha Oriental. Folha de S. Paulo, 19 de julho de 1976, p. 9 –
Esportes; Futebol tenta a classificação contra a Espanha. O Estado de S. Paulo, 20 de julho de 1976, p. 33.
1189
Futebol do Brasil ganha e está classificado. O Estado de S. Paulo, 21 de julho de 1976, p. 23; O futebol
brilha: ganhou bem e está classificado. Folha de S. Paulo, 21 de julho de 1976, p. 36 – Esportes.
1190
Futebol define o adversário. O Estado de S. Paulo, 24 de julho de 1976, p. 20; No futebol, Brasil aguarda o
sorteio para jogar amanhã. Folha de S. Paulo, 24 de julho de 1976, p. 25 – Esportes.
1191
Brasil enfrenta Israel, às 17h, com tevê direta. Folha de S. Paulo, 25 de julho de 1976, p. 36 – Esportes.
1192
Brasil 4, Israel 1: o futebol na semifinal por uma medalha. Folha de S. Paulo, 26 de julho de 1976, p. 9 –
Esportes.
1193
Se vencer, Brasil garante medalha. Folha de S. Paulo, 27 de julho de 1974, p. 34.
413
1194
O futebol também cai, lutará pelo 3º lugar. Folha de S. Paulo, 28 de julho de 1976, p. 28 – Esportes.
Consultar também: Derrotado no futebol, Brasil vai lutar pelo 3º. O Estado de S. Paulo, 28 de julho de 1976, p.
24.
414
1195
Futebol joga pela medalha de bronze. Folha de S. Paulo, 29 de julho de 1976, p. 32 – Esportes.
1196
O futebol também cai, lutará pelo 3º lugar. Folha de S. Paulo, 28 de julho de 1976, p. 28 – Esportes.
1197
Vale ressaltar que a última partida da excursão da seleção brasileira em sua preparação foi contra a Polônia.
O Brasil perdeu por 3 a 0, com dois gols de Szarmach e um de Deyna. Na ocasião foi destacado que um dos
determinantes da derrota fora a falta de preparo físico dos brasileiros. Futebol volta outra derrota. O Estado de
S. Paulo, 1º de julho de 1976, p. 37.
1198
No futebol, outra derrota, o fim sem medalha. O Estado de S. Paulo, 30 de julho de 1976, p. 20;
1199
Polônia e RDA, decisão do futebol. Folha de S. Paulo, 31 de julho de 1976, p. 24 – Esportes.
1200
A Alemanha Oriental venceu a Polônia por 3 a 1 na final. Consultar: Na emocionante final do futebol, a
RDA garantiu o 1º título. Folha de S. Paulo, 2 de agosto de 1976, p. 12 – Esportes.
1201
Polônia e RDA, decisão do futebol. Folha de S. Paulo, 31 de julho de 1976, p. 24 – Esportes.
416
tinham seus atletas também nas seleções profissionais, foi fundamental para
amadurecer como atleta. Por isso, entende que conseguiu se efetivar como titular da
Ponte Preta, em 1977, após essa experiência olímpica.
Para a seleção profissional a sua primeira convocação aconteceu
em 1977 e no ano seguinte foi o goleiro reserva do Leão na Copa do Mundo da
Argentina. Uma luxação no cotovelo que aconteceu no Mundialito de 1981 no
Uruguai fez com que perdesse espaço na seleção brasileira, mas mesmo assim
ainda foi convocado como terceiro goleiro do Brasil na Copa do Mundo da Espanha
de 1982. Segundo Carlos, ter sido convocado quando ainda defendia a Ponte Preta
representou “[...] um marco interessante também, um goleiro de um clube do interior
ter participado de [...] de duas Copas do Mundo, apesar de [...] sem ser o titular, mas
sendo o jogador de uma equipe do interior, de um porte médio do interior”.
Após ficar ausente de algumas convocações, voltou a ser chamado
quando se transferiu para o Corinthians em 1984. Para as eliminatórias para a Copa
do Mundo do México de 1986 foi convocado como o segundo goleiro pelo técnico
Evaristo de Macedo. Porém, depois da derrota em dois amistosos contra o Chile e a
Colômbia houve a troca do Evaristo de Macedo por Telê Santana e partir daí
transformou-se no goleiro titular. Dias antes do início da Copa do Mundo, uma
contusão no dedo de sua mão após um choque no treinamento quase o tirou do
campeonato, mas a sua força de vontade, segundo relatou, de ter ido a duas Copas
sem ter entrado como titular o motivou a superar a dor e ser o titular da equipe.
Carlos conseguiu disputar os Jogos Olímpicos e anos mais tarde
defender a seleção brasileira na Copa do Mundo. Essa trajetória é pouco frequente
entre os atletas que foram aos Jogos Olímpicos, pois muitos ainda jovens pela
condição imposta pelas regras de elegibilidade que permitiam somente aos
amadores participar da competição não conseguiram se manter na seleção brasileira
quando se tornaram profissionais.
Sobre essas experiências frisou que o futebol nos Jogos Olímpicos é
um dentre tantos outros esportes e que na Copa do Mundo, pelo fato de ser
exclusivamente uma competição de futebol coloca a modalidade em evidência
gerando um “glamour especial”. Além disso, afirmou que “A Olimpíada ela integra
tanto socialmente como esportivamente o mundo todo, né, então, é o clima da
Olimpíada é um clima que eu acredito, pela minha experiência que eu vivi na época,
é um clima muito mais alegre, festivo, de convivência acima de tudo”. Enquanto na
417
Copa do Mundo, no Brasil, existe uma grande cobrança pela vitória. No entanto, um
ponto central em sua fala aponta para a diferença de percepção pelo fato de ter
vivido as competições em momentos distintos:
[...] a Copa do Mundo, eu acho que esse peso da vitória, ele é muito
maior, talvez eu não saiba nem explicar, mas o sentimento é assim,
vamos dizer, as disputas foram diferentes, né, a disputa da [...] foram
momentos muito diferentes. A Copa do Mundo eu disputei em [...] a
Copa do mundo não, a Olimpíada eu disputei em 1976, a Copa do
Mundo foi em 1986, foram 10 anos depois, a minha [...] a minha
mentalidade, a minha experiência foram [...] foram, vamos dizer, a
experiência que eu tive entre uma competição e outra foram muitas,
né, então, eu cheguei muito maduro na Copa do Mundo que eu
disputei, enquanto que eu era muito verde na Olimpíada que eu
disputei, por estar disputando contra países com equipes superiores,
então, a responsabilidade era deles, a responsabilidade, vamos
dizer, vendo por esse lado competitivo, a responsabilidade era o
outro, a nossa era, se nós vencermos nós vamos ser o máximo,
enquanto que na Copa do Mundo, a responsabilidade era de vencer,
porque é [...] tradicionalmente o Brasil é uma equipe que [...] tem a
necessidade de vencer e ela é sempre tida como favorita.
forma de entender a fala de Carlos quando afirma que a “Leitura social do passado
com os olhos do presente, o seu teor ideológico se torna mais visível”. Quando a
análise de Carlos parte do presente para acessar o seu passado, esse
distanciamento temporal permite que faça uma reelaboração do que viveu, quando
narra e pensa suas ações recorre de modo implícito às inúmeras interferências que
aconteceram ao longo dos anos sobre tais episódios. E é exatamente essa
reelaboração feita juntamente com as interferências de diversas ordens que o
permite ter uma análise do seu processo como algo dinâmico e, portanto, diferente
em cada fase relatada.
Carlos defendeu o Corinthians até 1988 quando se transferiu para o
futebol da Turquia para o clube “Malatyaspor, na cidade de Malatya, que fica no
centro do país, uma equipe porte-médio que realizou sempre campanhas
intermediárias”. Em relação à seleção brasileira, Carlos pretendia disputar a Copa do
Mundo de 1990, mas acredita que pelo fato de estar no futebol turco não teve
visibilidade necessária fruto das limitações dos meios de comunicação da época.
Após duas temporadas retornou ao Brasil para jogar pelo Atlético Mineiro. Apesar de
já caminhar para o final de sua carreira voltou a ser convocado para a seleção
brasileira até 1993 e ainda defendeu o Guarani, Palmeiras, Portuguesa e quando
terminou o contrato parou de jogar. Um mês após encerrar a carreira foi convidado a
trabalhar como assistente da equipe de juniores do Guarani. Essa rápida transição
não o fez sentir o término da carreira.
Se você perguntar pra mim hoje, cê tem saudade do tempo que você
jogava? Não. Eu tenho boas recordações, saudade não, porque foi
um período que eu vivi intensamente, fiz tudo que eu [...] que eu
poderia ter feito, que a minha capacidade permitiu fazer, eu fiz, né,
tudo que dependeu de mim, eu fiz e [...] cheguei até onde tinha [...]
até onde deu pra chegar, e encerrei, encerrei. Então, eu tenho
recordações boas, se [...] se às vezes eu tô ali disponível e vejo algo,
pô, eu tô com vontade de ver isso daqui, esse vídeo que eu joguei,
os lances defendendo bola, eu olho, eu acho que é legal, até
motivador, né, fico [...] fico até arrepiado de ver aquilo lá, pô, eu
jogava legal, fazia umas defesas bonitas, então, é gostoso isso, cê
ter uma recordação, saudade nenhuma, parei consciente e feliz do
que fiz e vivo hoje minha vida intensamente o que eu estou fazendo,
luto, eu luto pra galgar degraus na [...] na profissão que eu vivo hoje,
que é a de treinador de goleiros, demorei bastante tempo é [...] pra
chegar a esta definição, porque eu relutei, como eu relutei em
começar a jogar futebol, eu fui empurrado, né, eu fui puxado pra isso
daí, eu relutei em ser treinador de goleiro [...]
419
1202
COB tem plano para Pan e Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 9 de janeiro de 1977, p. 40.
1203
Comitê Olímpico quer a renovação no esporte. O Estado de S. Paulo, 28 de janeiro de 1977, p. 30.
420
1204
CND já tem planos, falta só a aplicação. O Estado de S. Paulo, 24 de julho de 1977, p. 34.
1205
Um encontro com o ministro definirá área para a CBD. O Estado de S. Paulo, 16 de agosto de 1977, p. 23.
1206
Figueiredo critica futebol e vai mudar esporte. O Estado de S. Paulo, 24 de outubro de 1978, p. 28.
Praticamente a mesma notícia foi retomada no ano seguinte: Com Figueiredo, planos para mudar o esporte. O
Estado de S. Paulo, 15 de março de 1979, p. 46.
1207
As sugestões de Havelange. Folha de S. Paulo, 8 de outubro de 1980, p. 24.
1208
A CBF poderá ser uma realidade até agosto. O Estado de S. Paulo, 25 de abril de 1979, p. 22. “O presidente
do CND, Giulitte Coutinho, anunciou ontem que pretende reunir o plenário da entidade, no máximo dentro de 60
dias, para iniciar os trabalhos de criação da Confederação Brasileira de Futebol, conforme desejo do governo,
manifestado pelo ministro da Educação, Eduardo Portella”; A CBD está morta, nasce hoje a CBF. Folha de S.
Paulo, 24 de setembro de 1979, p. 14 – Esportes. “O processo de criação da CBF foi iniciado em março, quando
Giulitte Coutinho foi indicado para presidir o Conselho Nacional de Desportos. Antes mesmo de assumir já
anunciava que criaria a CBF. A princípio tirando o futebol e deixando a CBD com os outros esportes. Mas na
gestão sem se importar com os aspectos legais da transformação. E também com o fato de já estar em execução
um plano de afastamento gradativo dos esportes amadores da CBD, aprovado pelo ex-presidente Jerônimo
Bastos. Seriam criadas novas Confederações e o futebol continuaria a usar a sigla CBD, tradicional pelo tri-
campeonato mundial”; Às 17, Giulite toma posse na CBF. O Estado de S. Paulo, 18 de janeiro de 1980, p. 18.
1209
No futebol, Heleno sai como entrou. O Estado de S. Paulo, 15 de março de 1979, p. 46.
421
1210
Giulitte Coutinho, eleito na CBF, promete seleção permanente. O Estado de S. Paulo, 18 de dezembro de
1979, p. 25.
1211
Um CND sem esporte amador. O Estado de S. Paulo, 8 de abril de 1979, p. 60. Texto de Luiz Fernando
Lima.
1212
Brasil nas Olimpíadas, a situação de sempre. O Estado de S. Paulo, 22 de abril de 1979, p. 54.
1213
Liberação de verbas prejudica os planos. O Estado de S. Paulo, 22 de abril de 1979, p. 54.
422
os Jogos Olímpicos. E por esse fato previa-se que “[...] há poucas perspectivas de
que os resultados escapem do fracasso”1214.
Os resultados esportivos brasileiros no cenário internacional
colocavam em questionamento a figura de Sylvio Padilha à frente do COB.
Aproveitando-se da situação, Carlos Arthur Nuzman, presidente da Confederação
Brasileira de Voleibol (CBV) estruturava uma oposição chamada Movimento
Olímpico Renovador para concorrer à presidência da entidade clamando por
mudanças1215. Afirmava que sua ação seria “[...] simples e voltada para a
dinamização da estrutura do esporte amador brasileiro”1216, prometia a candidatura
de São Paulo para sediar os Jogos de 19881217 e para as eleições afirmava ter o
apoio de 10 confederações, além de saber que não teria apoio de outras três
(hipismo, pugilismo e futebol, este último que passaria a apoiá-lo por meio de André
Richer)1218. Nuzman considerava impossível desistir de sua candidatura em troca de
um cargo dentro do COB1219.
Ao mesmo tempo em que recusava qualquer cargo para não se
candidatar, Nuzman utilizava-se dos mesmos subterfúgios para convencer Padilha
de não se candidatar. Segundo Padilha, “Ele queria, com aquela história de respeito
ao meu passado, me colocar como presidente de honra, ficando ele com a
presidência. Como estou firmemente decidido a me candidatar, não aceitei”1220.
Padilha, no entanto, queria se aproximar de Nuzman e o nomeou, juntamente com o
general e membro do COI Ramiro Tavares Gonçalves, João Correia da Costa e
André Richer, para ser um dos coordenadores da Comissão Especial responsável
por elaborar um anteprojeto para reestruturar o COB1221.
Nuzman clamava por transparência, alternância de poder e uma
reformulação dos estatutos do COB. Em meio as suas promessas de mudança
levantava essa bandeira para alertar o mundo esportivo sobre a situação do esporte
1214
E a Olimpíada já preocupa. O Estado de S. Paulo, 17 de julho de 1979, p. 27.
1215
A plataforma de Nuzman para derrotar Padilha. Folha de S. Paulo, 10 de outubro de 1979, p. 26 – Esportes.
1216
A oposição ao COB marca sua 1ª reunião. O Estado de S. Paulo, 4 de agosto de 1979, p. 24.
1217
No COB, a luta final pelo poder. O Estado de S. Paulo, 9 de novembro de 1979, p. 25.
1218
Começa a luta pelo poder no COB. Folha de S. Paulo, 1º de agosto de 1979, p. 25 – Esportes; Padilha vai
lutar contra Nuzman pelo poder no COB. Folha de S. Paulo, 2 de agosto de 1979, p. 31 – Esportes; A oposição
ao COB marca sua 1ª reunião. O Estado de S. Paulo, 4 de agosto de 1979, p. 24.
1219
Nuzman não quer nem falar em composição para o COB. Folha de S. Paulo, 3 de agosto de 1979, p. 31 –
Esportes.
1220
Padilha reafirma candidatura ao COB e desmente a oposição. Folha de S. Paulo, 10 de agosto de 1979, p. 33
– Esportes.
1221
Padilha cria comissão de reestruturação e indica Carlos Nuzman. Folha de S. Paulo, 18 de agosto de 1979,
p. 23 – Esportes.
423
nacional e ressaltava que a entidade não poderia ficar restrita a participar apenas do
Pan e dos Jogos Olímpicos1222.
No entanto, a trajetória de Nuzman à frente do COB se iniciou
somente em 1995 – e permanece até o momento (2013). A sua gestão teve e tem
como característica tudo aquilo que ele apontava negativamente em relação ao
Padilha quando argumentava que a estagnação do esporte brasileiro era causada
pelo fato de Padilha estar muito tempo como presidente do COB.
Por outro lado, Sylvio Padilha, começava a se organizar para não
perder o espaço conquistado à frente do COB e “[...] anunciou uma medida
surpreendente, ou pelo menos inédita para os 16 anos em que está na direção da
entidade: a preparação das equipes e atletas para a Olimpíada de Moscou [...] terá
início na metade de setembro, dez meses antes do início dos Jogos”1223. Nesse jogo
político, Padilha tinha um grande nome ao seu lado: Havelange, que havia pedido
seu apoio na eleição de Samaranch para presidente do COI1224.
Apesar de Nuzman anunciar que possuía apoio de 10
confederações1225, tanto Padilha quanto Havelange1226 projetavam que venceriam
por 13 a 81227. No final, Padilha foi realmente reeleito para mais quatro anos à frente
do COB (12 a 9)1228 enquanto Nuzman1229 ao acusar de traidores os presidentes de
quatro confederações declarava que o esporte brasileiro era o grande
1230
prejudicado .
1222
Como vai ser o COB, segundo a oposição. Folha de S. Paulo, 9 de agosto de 1979, p. 37 – Esportes.
1223
Padilha tenta voltar à iniciativa no COB. O Estado de S. Paulo, 18 de agosto de 1979, p. 21.
1224
Padilha tenta voltar à iniciativa no COB. O Estado de S. Paulo, 18 de agosto de 1979, p. 21. Consultar
também: Samaranch, o candidato do Brasil. Folha de S. Paulo, 14 de julho de 1980, p. 13 – Esportes.
1225
Ao todo existiam 19 Confederações (atletismo, ciclismo, basquete, desportos terrestres, esgrima, futebol,
ginástica, pugilismo, halterofilismo, handebol, hipismo, judô natação remo, tênis de campo, tênis de mesa, tiro
ao alvo vela e motor, vôlei. Além dessas Confederações tinham direito a voto o presidente do COI e João
Havelange como membro do COI. Consultar: Dia 10, o COB entre Padilha e Nuzman. Folha de S. Paulo, 29 de
outubro de 1979, p. 14-14 – Esportes.
1226
A força de Havelange desequilibrou o jogo. Folha de S. Paulo, 12 de novembro de 1979, p. 14. “‘O Sílvio
Padilha é meu amigo há muitos anos. Vim para votar nele e a vitória será tranquila. Ele será reeleito por 13 votos
contra oito. Os opositores querem mudar os métodos de trabalho e estão certos, mas para isso não é obrigatório
que se mudem os homens, quando eles têm qualidades’, afirmava Havelange”.
1227
Padilha vai ao Rio com a certeza de uma vitória. O Estado de S. Paulo, 7 de agosto de 1979, p. 22.
1228
Padilha, reeleito, fica mais 4 anos no Comitê Olímpico. O Estado de S. Paulo, 11 de novembro de 1979, p.
60; Por 12 votos a 9, Padilha continua mandando no COB. Folha de S. Paulo, 11 de novembro de 1979, p. 39 –
Esportes.
1229
Velhos dirigentes estão atrapalhando, diz Nuzman. Folha de S. Paulo, 3 de março de 1980, p. 15 – Esportes.
“‘O esporte brasileiro só vai melhorar no dia em que os velhos dirigentes morrerem...’ Calma pessoal! Junto com
essa declaração, Carlos Arthur Nuzman desejou também vida longa aos atuais donos do esporte do País. Enfim,
como um bom político acendeu uma vela a Deus e outra ao diabo”.
1230
Padilha, reeleito, fica mais 4 anos no Comitê Olímpico. O Estado de S. Paulo, 11 de novembro de 1979, p.
60. Consultar também: “A juventude perdeu nessa eleição”. Folha de S. Paulo, 12 de novembro de 1979, p. 14 –
424
Padilha, por sua vez, sem citar nomes, acusava Nuzman pelo baixo
nível da campanha, pontuava que era preciso saber ganhar e perder e ressaltava
que “Não se deve querer levar ao publico, que não vota, uma imagem diferente do
adversário, só porque é adversário, porque, se nem todos conhecem a fundo os
problemas em causa ou mesmo o adversário, a verdade e a razão sempre hão de
aparecer”1231.
Para viabilizar a participação brasileira nos Jogos Olímpicos de
Moscou, uma verba de Cr$ 20 milhões foi liberada pela Caixa Econômica Federal,
como adiantamento do valor arrecadado por um teste da Loteria Esportiva, a partir
de janeiro de 1980 para que os esportes pudessem ter condições financeiras de
iniciarem os treinamentos1232. Mais uma vez, o futebol foi a modalidade que mais
recebeu verba1233.
Para a disputa do torneio pré-olímpico 88 países se inscreveram
para participar, distribuídos da seguinte forma: 20 países da África, 20 da Ásia, 17 da
Concacaf, oito da América do Sul, 21 da Europa e dois da Oceania1234. Todos esses
países concorreriam a 16 vagas no torneio olímpico de futebol. As vagas para cada
federação estavam definidas dessa forma: três para a África, três para a Ásia, duas
para a Concacaf, duas para a América do Sul, quatro para a Europa e ainda contaria
com a Alemanha Oriental (campeã dos Jogos anteriores) e com a União Soviética
(país sede)1235.
Nem todas as seleções que disputaram uma vaga para o torneio de
futebol haviam submetido a sua inscrição via seu Comitê Olímpico Nacional. Por
Esportes. Os presidentes acusados eram: Alberto Curi (basquete), Hélio Vieira (esgrima), Sigrried (ginástica) e
José Bruno Klein (desportos terrestres).
1231
“Não esperem muitas medalhas nas próximas Olimpíadas”. O Estado de S. Paulo, 2 de dezembro de 1979,
p. 65.
1232
COB diz que Olimpíada em São Paulo é impossível. Verba liberada. Folha de S. Paulo, 30 de novembro de
1979, p. 23.
1233
Verba para Olimpíada sai até segunda. Folha de S. Paulo, 21 de novembro de 1979, p. 25 – Esportes. “A
verba de Cr$ 20 milhões está assim distribuída: futebol (Cr$ 4 milhões), voleibol (Cr$ 1 milhão e 680 mil),
basquete (Cr$ 1 milhão e 405 mil), ginástica (Cr$ 1 milhão e 500 mil), handebol (Cr$ 1 milhão e 300 mil), remo
(Cr$ 815 mil), tiro (Cr$ 600 mil), esgrima (Cr$ 600 mil), hipismo (Cr$ 580 mil), boxe (Cr$ 515 mil), natação
(Cr$ 440 mil), atletismo (Cr$ 400 mil), iatismo (Cr$ 353 mil), levantamento de peso (Cr$ 280 mil) e ciclismo
(Cr$ 126 mil)”. Consultar também: As verbas do MEC para os esportes. Folha de S. Paulo, 12 de março de
1980, p. 25 – Esportes; Figueiredo exige contenção de gastos com a Olimpíada. Folha de S. Paulo, 13 de março
de 1980, p. 36 – Esportes.
1234
Olympic Review, n. 132-133, outubro – novembro de 1978, p. 643. Fédération Internationale de Football
Association (FIFA). Moscow 1980.
1235
Olympic Review, n. 134, dezembro de 1978, p. 643. Fédération Internationale de Football Association
(FIFA). Moscow 1980.
425
meio de seu Comitê Executivo, o COI informou que os países classificados seriam
chamados para confirmar a elegibilidade dos atletas1236.
Indicado por Claudio Coutinho, o técnico da seleção brasileira
amadora foi Jaime Valente para a disputa do torneio Pré-Olímpico que aconteceria
na Colômbia1237. Valente ressaltava a importância em conquistar uma das vagas
para os Jogos Olímpicos e exaltava a qualidade dos atletas convocados pelo fato de
quase todos jogarem nos principais de grandes clubes do país1238.
A base da seleção era a mesma que havia conquistado o
bicampeonato no Pan-Americano de Porto Rico de 1979, quando esteve sob
comando do técnico Mario Travaglini1239. A combinação de resultados que o Brasil
precisava na última partida do pré-olímpico era vista pela imprensa como uma
missão impossível1240 e a crítica do jornalista Aroldo Chiorino buscava na derrota o
alívio de não ir a Moscou e dessa forma evitar um vexame ainda maior: “Diante de
tudo o que está ocorrendo na Colômbia, até que será ótimo o futebol brasileiro não ir
a Moscou, onde o fracasso, fatalmente, seria muito maior, diante de equipes
tecnicamente superiores e formadas por jogadores adultos [...]”1241.
A derrota por goleada no último jogo do torneio pré-olímpico e a não
classificação para os Jogos de 1980 deflagrou uma crise na CBF. Entre os culpados
pelo pífio resultado estavam o ex-presidente Heleno Nunes, o técnico Jaime Valente
e o preparador físico Lazzaroni. Ao chegar ao Brasil, o técnico assumiu a culpa pelo
resultado negativo1242.
Aos jogadores da seleção olímpica ficava, em tom pejorativo, o
rótulo de seleçãozinha: “Falar da seleção olímpica, a seleçãozinha, que acabou
1236
Olympic Review, n. 138-139, abril – maio de 1979, p. 228. IOC circulars.
1237
CBF convocou a seleção amadora. Folha de S. Paulo, 30 de novembro de 1979, p. 23 – Esportes.
1238
Seleção, só uma dúvida. O Estado de S. Paulo, 18 de janeiro de 1980, p. 18.
1239
Seleção Olímpica viaja com boas perspectivas. O Estado de S. Paulo, 17 de janeiro de 1980, p. 23.
1240
A campanha brasileira foi a seguinte: Venezuela (2 a 1 - Brasil venceu a Venezuela. Folha de S. Paulo, 25
de janeiro de 1980, p. 39), Peru (0 a 3 - O futebol amador esquece a derrota dançando e bebendo. Folha de S.
Paulo, 29 de janeiro de 1980, p. 23), Bolívia (4 a 0 - Brasil, agora confiante. O Estado de S. Paulo, 1º de
fevereiro de 1980, p. 19), Chile (0 a 0 - No futebol, a decepção. O Estado de S. Paulo, 5 de fevereiro de 1980, p.
24), Argentina (1 a 3 - As poucas chances no Pré-Olímpico. O Estado de S. Paulo, 9 de fevereiro de 1980, p.
17; Futebol ameaçado de não ir a Moscou. Folha de S. Paulo, 9 de fevereiro de 1980, p. 21 – Esportes) e
Colômbia (1 a 5 - Futebol gasta 4 milhões e nem assim vai para Moscou. Folha de S. Paulo, 11 de fevereiro de
1980, p. 18 – Esportes).
1241
Sete dias no esporte. Fracasso. Folha de S. Paulo, 10 de fevereiro de 1980, p. 36 – Esportes.
1242
Técnico da seleção amadora assume culpa. O Estado de S. Paulo, 14 de fevereiro de 1980, p. 24; Valente, o
discípulo de Coutinho, explica fracasso da seleção. Folha de S. Paulo, 14 de feveiro de 1980, p. 29 – Esportes.
426
1243
O fracasso da seleção olímpica já é assunto proibido na CBF. O Estado de S. Paulo, 12 de fevereiro de
1980, p. 22.
1244
Ninguém respeita mais o Brasil, garante Jorginho. Folha de S. Paulo, 15 de feveiro de 1980, p. 30 –
Esportes.
1245
No Pré, desastre do futebol brasileiro. Folha de S. Paulo, 12 de fevereiro de 1980, p. 23.
1246
Pouco futebol e muita farra. Folha de S. Paulo, 15 de fevereiro de 1980, p. 29 – Esportes.
1247
Novo enfoque do vexame do Pré. Folha de S. Paulo, 16 de feveiro de 1980, p. 21 – Esportes.
1248
Pouco futebol e muita farra. Folha de S. Paulo, 15 de fevereiro de 1980, p. 29 – Esportes.
1249
Ponte quer um time jovem para a Copa Brasil. Folha de S. Paulo, 14 de fevereiro de 1980, p. 30 – Esportes.
“A Ponte está interessada em Lela, do Noroeste, jogador que defendeu a seleção olímpica brasileira. Também há
interesse pelo aproveitamento de Luis Henrique, Édison e Rudnei, que agora poderão ser profissionalizados, já
427
que, com a desclassificação do Brasil à Olimpíada de Moscou, não terão impedimento da CBF para se
profissionalizarem”.
1250
No amador, antepenúltimo lugar. O Estado de S. Paulo, 15 de fevereiro de 1980, p. 21.
1251
A expectativa do futebol. Folha de S. Paulo, 11 de maio de 1980, p. 34 – Esportes.
1252
Colômbia garantiu sua vaga em Moscou. Folha de S. Paulo, 17 de fevereiro de 1980, p. 20. A classificação
final ficou assim: 1º Argentina; 2º Colômbia; 3º Peru; 4º Venezuela; 5º Brasil; 6º Chile e 7º Bolívia.
1253
A expectativa do futebol. Folha de S. Paulo, 11 de maio de 1980, p. 34 – Esportes.
1254
FIFA divulga a lista dos 15 inscritos nos Jogos. O Estado de S. Paulo, 6 de junho de 1980, p. 17. Consultar
também: Futebol tem 15 para Olimpíada. Folha de S. Paulo, 7 de junho de 1980, p. 21 – Esportes; Nigéria
aceita o convite da Fifa e completa os 16. Folha de S. Paulo, 17 de junho de 1980, p. 24 – Esportes; Olympic
Football Tournament Moscow 1980 Technical Study. Evaluation, Conclusion, Deduction, p. 89. Documento
da FIFA. As seleções que puderam participar devido ao boicote foram: Venezuela, Síria, Finlândia, Nigéria,
Zâmbia, Cuba, Iraque e Kuwait.
1255
50 milhões, o preço de cada uma das medalhas. Folha de S. Paulo, 4 de agosto de 1980, p. 10 – Esportes.
428
1256
Em discussão, a subnutrição no esporte. O Estado de S. Paulo, 3 de agosto de 1980, p. 51.
1257
Delegação olímpica chega reduzida e sem festa. Havelange, nova versão. O Estado de S. Paulo, 7 de agosto
de 1980, p. 29.
1258
Sugestão de Havelange não anima governo. O Estado de S. Paulo, 15 de agosto de 1980, p. 21.
1259
Uma comissão para planejar Olimpíada-84. O Estado de S. Paulo, 23 de agosto de 1980, p. 24. Consultar
também: COB já pensa em Los Angeles. Folha de S. Paulo, 24 de agosto de 1980, p. 27 – Esportes.
1260
Posse no COB. O Estado de S. Paulo, 28 de agosto de 1980, p. 27; Criada comissão de apoio do COB.
Folha de S. Paulo, 28 de agosto de 1980, p. 25 – Esportes.
1261
Olympic Review, n. 178-179, agosto – setembro de 1982, p. 511. Fédération Internationale de Football
Association (FIFA). Re-election of Mr. Joáo Havelange.
1262
Olympic Review, n. 176, junho de 1982, p. 326. Eligibility.
1263
Havelange desmente mudanças das regras. Folha de S. Paulo, 30 de abril de 1982, p. 24 – Esportes.
429
1264
Olympic Review, n. 181, novembro de 1982, p. 691. Federation Internationale de Football Association
(FIFA).
1265
Olympic Review, n. 178-179, agosto – setembro de 1982, p. 511. Fédération Internationale de Football
Association (FIFA). Re-election of Mr. Joáo Havelange.
1266
Abertura para o futebol. Folha de S. Paulo, 3 de abril de 1983, p. 25.
430
1267
Olympic Review, n. 190-191, agosto – setembro de 1983, p. 603. Football. Eligibility of Football players for
the Olympic tournament. Consultar também: COI já admite discutir novo regulamento para o futebol. O Estado
de S. Paulo, 20 de janeiro de 1983, p. 26.
1268
França inclui profissionais na seleção. O Estado de S. Paulo, 12 de fevereiro de 1983, p. 16.
1269
Olimpíada: só futebol amador. O Estado de S. Paulo, 16 de julho de 1983, p. 21.
1270
“Não esperem bons resultados”. O Estado de S. Paulo, 7 de outubro de 1983, p. 17.
1271
Esporte e almoço na conta do Caio. Folha de S. Paulo, 11 de fevereiro de 1984, p. 25; São Paulo já começa
a procurar os talentos. O Estado de S. Paulo, 12 de feveiro de 1984, p. 41. Texto de Fran Augusti.
1272
Histórias (e esperanças) dos futuros atletas. O Estado de S. Paulo, 25 de março de 1984, p. 44.
1273
Padilha eleito por aclamação. O Estado de S. Paulo, 17 de novembro de 1983, p. 28. “Sem oposição, o
major Sylvio de Magalhães Padilha foi reeleito ontem para um quinto mandato na presidência do Comitê
431
mudar o panorama do esporte amador brasileiro, mas a cada novo ciclo reforçava
que os resultados não seriam satisfatórios e o que agravava ainda mais a situação
era que o esporte brasileiro tinha se modificado pouco ao longo dessas duas
décadas.
O número de países inscritos para disputar o pré-olímpico de futebol
continuava estável. Para os Jogos de 1984, 86 nações realizaram a inscrição. Elas
estavam divididas entre a Europa (21), África (25), Ásia (19), Concacaf (12), América
do Sul (7) e Oceania (2)1274.
As ameaças em torno da saída do futebol do programa olímpico
continuavam a aparecer, agora canalizadas na insatisfação da FIFA em relação às
instalações olímpicas para o futebol. Artemio Franchi, vice-presidente da entidade,
declarou que as obras em um estádio dos Jogos não apresentava evoluções nas
obras e ameaçava: “Se o campo de Long Beach não estiver em condições, os Jogos
de 84 ficarão sem futebol”1275.
Como a FIFA e o COI ainda não haviam chegado a uma definição
consensual sobre a elegibilidade dos atletas, especialmente pelo fato da FIFA
defender o limite de idade (23 anos) e não a condição profissional do atleta, o
regulamento do torneio Pré-Olímpico de futebol estabelecia que os jogadores
deveriam ter menos de 23 anos, não importando se eram profissionais1276.
A seleção pré-olímpica teve como técnico Cleber Camerino1277 e
Carlos Alberto Parreira, técnico da seleção principal, ficou na função de observador
técnico1278. O Brasil que ao longo da história dos Jogos Olímpicos manteve-se alheio
aos conflitos entre o amadorismo e o profissionalismo, sempre acatando as decisões
do COI, mudava essa conjuntura por meio do futebol. Amparados pelo acordo entre
o COI e a FIFA que permitia a participação dos atletas que não tivessem disputado
jogos eliminatórios ou partidas em Copa do Mundo e, caso fossem profissionais
Olímpico Brasileiro, por aclamação de 18 das 19 confederações filiadas. Apenas o presidente da CBV, Carlos
Nuzman, adversário derrotado por Padilha nas eleições de 1979, não compareceu. Junto com Padilha, no cargo
desde 1963, foi reeleito para a vice-presidência o brigadeiro Jeronimo Bastos e todo o Conselho Fiscal e o
Conselho Executivo”. Consultar também: Padilha é reeleito no Rio, por aclamação. Folha de S. Paulo, 17 de
novembro de 1983, p. 25 – Esportes.
1274
Olympic Review, n. 182, dezembro de 1982, p. 766. Fédération Internationale de Football Association
(FIFA).
1275
Olimpíada. O Estado de S. Paulo, 4 de fevereiro de 1982, p. 27.
1276
O prêmio é bem recebido. O Estado de S. Paulo, 29 de março de 1983, p. 22.
1277
Convocados os 23 que vão ao Equador. O Estado de S. Paulo, 20 de dezembro de 1983, p. 21.
1278
Seleção embarca com o time ainda indefinido; Parreira é observador. Folha de S. Paulo, 9 de fevereiro de
1984, p. 30 – Esportes.
432
1279
CBF e COB podem entrar em conflito. O Estado de S. Paulo, 7 de janeiro de 1984, p. 19.
1280
CBF arruma jeitinho para levar equipe boa. Folha de S. Paulo, 5 de janeiro de 1984, p. 27.
1281
Profissionalismo ameaça brasileiros. Folha de S. Paulo, 26 de janeiro de 1984, p. 25 – Esportes.
1282
Jogador profissional não vai. Folha de S. Paulo, 4 de janeiro de 1984, p. 23 – Esportes.
1283
COB decide não intervir no futebol. O Estado de S. Paulo, 27 de janeiro de 1984, p. 19. Consultar também:
Padilha adverte sobre o desvirtuamento da Carta Olímpica. Folha de S. Paulo, 27 de janeiro de 1984, p. 20.
1284
Participação no Pré é garantida. Folha de S. Paulo, 25 de janeiro de 1984, p. 24 – Esportes.
433
A Argentina desistia por entender que sua seleção não teria sucesso
diante dos países que utilizassem os atletas da seleção principal. Além da Argentina,
o Peru alegou problemas financeiros e retirou a sua equipe da competição1288 e o
Uruguai não se inscreveu para a disputa. Da América do Sul classificaram-se o
Brasil e o Chile para os Jogos de Los Angeles.
Para a disputa dos Jogos, o Brasil já previa convocar outra
seleção1289 e apenas três jogadores eram cotados a continuar (o goleiro Paulo Vitor,
o volante Dunga e o lateral-esquerdo Adalberto)1290. Roberto Abranches, membro do
COB, declarava-se contra o “jeitinho brasileiro” que se valia de uma interpretação da
regra 26 do COI quando enviou os atletas profissionais para conquistar a vaga
1285
Paraguai e Equador ameaçados. O Estado de S. Paulo, 26 de janeiro de 1984, p. 22.
1286
Futebol só viaja dia 8. O Estado de S. Paulo, 1 de fevereiro de 1984, p. 19.
1287
A Argentina já desiste no futebol. O Estado de S. Paulo, 2 de fevereiro de 1984, p. 20.
1288
Peru não vai disputar o Pré-Olímpico de Quito. O Estado de S. Paulo, 11 de janeiro de 1984, p. 19;
Peruanos não vão jogar futebol. Folha de S. Paulo, 11 de janeiro de 1984, p. 23 – Esportes.
1289
COB decide não intervir no futebol. O Estado de S. Paulo, 27 de janeiro de 1984, p. 19; Seleção de futebol
já tem os 18 para o Pré-Olímpico. Folha de S. Paulo, 27 de janeiro de 1984, p. 20 – Esportes. Ao final da fase
preparatória, antes do início do pré-olímpico foram cortados cinco jogadores: Ademir Maria, Júlio César,
Jacenir, Chicão e Ado.
1290
Futebol terá muitas mudanças. O Estado de S. Paulo, 23 de fevereiro de 1984, p. 24. Texto de Gilson
Menezes.
434
olímpica e alertava que a CBF teria que montar uma nova equipe, pois os atletas
profissionais convocados possuíam registro em carteira1291.
Apesar do posicionamento de Abranches a CBF planejava “[...]
manter jogadores profissionais, usando como artifício de registrá-los como
funcionários de empresas privadas”1292. Nessa onda de mudanças, cogitava-se
deixar Carlos Alberto Parreira como técnico tanto da seleção principal quanto da
olímpica. Parreira, por sua vez, planejava estabelecer um vínculo de continuidade
entre as duas seleções:
1291
Brasil ganha a vaga, mas terá que mudar o time. Folha de S. Paulo, 23 de fevereiro de 1984, p. 27 –
Esportes.
1292
Futebol terá muitas mudanças. O Estado de S. Paulo, 23 de fevereiro de 1984, p. 24. Texto de Gilson
Menezes.
1293
E o futebol poderá ter Parreira como técnico. O Estado de S. Paulo, 26 de fevereiro de 1984, p. 45.
1294
Picerni define time e Chicão é destaque. O Estado de S. Paulo, 28 de julho de 1984, p. 23.
1295
Parreira diz que não aceita Cr$ 6 milhões. O Estado de S. Paulo, 23 de fevereiro de 1984, p.21; E Parreira
não é mais o técnico. O Estado de S. Paulo, 28 de março de 1984, p. 21; Pelo menos no futebol, uma vitória do
povo. Folha de S. Paulo, 28 de março de 1984, p. 24 – Esportes.
1296
O técnico não esconde: “Quero ficar”. O Estado de S. Paulo, 22 de junho de 1984, p. 16.
435
1297
Evaristo faz hoje as análises pela televisão. O Estado de S. Paulo, 23 de fevereiro de 1985, p. 23; Evaritso
acusa. O Estado de S. Paulo, 9 de junho de 1985, p. 37.
1298
Telê de volta, dois anos depois. O Estado de S. Paulo, 30 de novembro de 1984, p. 22; Telê confirma
convite para a Seleção. Folha de S. Paulo, 30 de novembro de 1984, p. 25 – Esportes; Al Ahli admite liberar
Telê e até Pelé participa da reunião. O Estado de S. Paulo, 6 de junho de 1985, p. 20; Al Ahli negocia com CBF
futuro de Telê. Folha de S. Paulo, 6 de junho de 1985, p. 25 – Esportes.
1299
A CBF escolhe Jair Picerni. O Estado de S. Paulo, 1 de maio de 1984, p.17; Picerni está pronto para o
desafio olímpico. Folha de S. Paulo, 2 de maio de 1984, p. 19 – Esportes.
1300
Futebol ainda indefinido. Folha de S. Paulo, 12 de abril de 1984, p. 33.
1301
Torneio de futebol ainda não tem normas. Folha de S. Paulo, 7 de abril de 1984, p. 26.
1302
COB proíbe profissionais no futebol. O Estado de S. Paulo, 24 de abril de abril de 1984, p. 30.
1303
Futebol: nova medida. O Estado de S. Paulo, 25 de abril de 1984, p. 25; Futebol: só de times pequenos. O
Estado de S. Paulo, 26 de abril de 1984, p. 29.
1304
Profissionais da Primeira não vão à Olimpíada. Folha de S. Paulo, 24 de abril de 1984, p. 36. “O provável é
que a seleção brasileira seja formada por integrantes de clubes paulistas como Noroeste, Francana,
Catanduvense, Paulista, Nacional e São Bernardo, entre outros, além de cariocas do São Cristóvão, Madureira e
Bonsucesso e, eventualmente, algum integrante de clubes gaúchos”.
436
1313
COB não muda posição; Jair quer profissionais. O Estado de S. Paulo, 16 de junho de 1984, p. 19.
1314
Europeus não entendem o futebol do Brasil. Folha de S. Paulo, 29 de abril de 1984, p. 28 – Esportes.
438
1315
Agora, Padilha consulta o COI. O Estado de S. Paulo, 20 de junho de 1984, p. 21.
1316
Seleção para os Jogos sai na 5ª. O Estado de S. Paulo, 19 de junho de 1984, p. 23.
1317
COB quer implodir a pobre seleção olímpica de Picerni. Folha de S. Paulo, 15 de junho de 1984, p. 22 –
Esportes.
1318
COB já permite os profissionais. O Estado de S. Paulo, 26 de junho de 1984, p. 22.
1319
Olympic Review, n. 207, janeiro de 1985, p. 17. 89th session. The International Olympic Committee
meeting in Lausanne in extraordinary Session, to consider the future of the Olympic Games.
1320
No futebol, só incertezas. O Estado de S. Paulo, 27 de junho de 1984, p. 19.
1321
Fluminense quer ser a seleção nos Jogos. Folha de S. Paulo, 26 de junho de 1984, p. 24.
1322
Olympic Review, n. 215, setembro de 1985, p. 537. Influential figures in sport: H.E. Mr. Juan Antonio
Samaranch. Entrevista realizada com o presidente do COI, Juan Antonio Samaranch.
439
1323
Olympic Football Tournament Los Angeles 1984 Technical Report, p. 21. Selection of Players.
440
1324
Olympic Review, n. 235-236, maio – junho de 1987, p. 278. FIFA.
1325
Olympic Review, n. 200, junho de 1984, p. 466. FIFA.
1326
Sete dias nos esportes. Olimpíada. Folha de S. Paulo, 1 de julho de 1984, p. 30 – Esportes. Texto de Aroldo
Chiorino.
1327
Sete dias nos esportes. Olimpíada. Folha de S. Paulo, 1 de julho de 1984, p. 30 – Esportes. Texto de Aroldo
Chiorino.
1328
Limite de idade, a proposta de Havelange. O Estado de S. Paulo, 21 de julho de 1984, p. 19.
441
1329
Equipe quer gratificações. O Estado de S. Paulo, 27 de julho de 1984, p. 18. “Ele disse que não se sente
constrangido por fazer essa reivindicação porque o Internacional de Porto Alegre – equipe a que ele e a maioria
dos jogadores da seleção pertence – recebeu, a título de indenização, US$ 300 mil para ceder os atletas. Para
Ademir, é justo que eles também recebam prêmios por vitórias e empates já que são profissionais”.
1330
Aumenta a expectativa de ouro. O Estado de S. Paulo, 5 de agosto de 1984, p. 44.
1331
Fifa ameaça retirar o futebol em 1992. O Estado de S. Paulo, 14 de agosto de 1984, p. 24.
1332
Havelange protesta. O Estado de S. Paulo, 8 de agosto de 1984, p. 20.
442
1333
Fifa ameaça retirar o futebol em 1992. O Estado de S. Paulo, 14 de agosto de 1984, p. 24.
1334
Fifa e o Comitê Olímpico. Folha de S. Paulo, 30 de novembro de 1984, p. 24 – Esportes.
443
das camisas que eu mais jogava, e claro, lógico, o Zico também”. Seu pai também o
apoiou e o alertou que encontraria muitas dificuldades no Rio de Janeiro.
Vencidas as dificuldades, após os Jogos Olímpicos de 1984 assinou
seu primeiro contrato profissional e conseguiu trazer os seus pais para morar no Rio
de Janeiro. Pela seleção brasileira disputou um Sul-Americano junto com “Bebeto,
Dunga, Giovani, Mauricinho, essa galera toda e depois, logo em seguida fomos
campeões mundiais, o primeiro campeão sub-20 foi a nossa geração, e aí eu senti
que realmente estavam acontecendo as coisas pra mim”. Embora caminhasse para
se tornar um atleta profissional ainda teve que esperar algum tempo para isso
acontecer:
1335
Picerni ‘corta’ sete jogadores. O Estado de S. Paulo, 1 de junho de 1984, p. 19; Jair anuncia mais 3 cortes.
O Estado de S. Paulo, 10 de julho de 1984, p. 19.
1336
Flu pode dar dez titulares para a Seleção. Folha de S. Paulo, 28 de junho de 1984, p. 32 – Esportes.
444
Era uma seleção muito boa, mas por cargas d´água, né, eu não sei
por que, eles resolveram não seguir em frente, eu lembro que a
gente fez o último amistoso contra o Coritiba lá em [...] lá em Curitiba,
e eles resolveram cortar, acharam que a seleção não tinha condições
de jogar essa Olimpíada, eu não sei se foi briga política, eu não
lembro o real [...] da história, né, da situação, aí eles convocaram [...],
iam cortar praticamente toda a seleção e iam convocar uma outra
seleção, e aí surgiu se eu não me engano o primeiro assumir foi o
Fluminense, mas o Fluminense exigia parece a comissão técnica
toda, aí a CBF não [...] não aceitou, aí depois convocaram o
Internacional, e eu lembro que de todos os atletas ficaram: eu, né, do
Flamengo, o Ronaldo, lateral-direito, que era do Corinthians, o
Henrique, Luis Henrique, que era o goleiro da Ponte Preta e o
Chicão, centroavante. O Davi, também, do Santos, ficou.
1337
No futebol, só incertezas. O Estado de S. Paulo, 27 de junho de 1984, p. 19.
1338
Picerni fez uma comparação entre o seu novo clube e a seleção olímpica, pois havia se transferido do Santo
André para o Corinthians: “O Corínthians é um paraíso comparado à seleção olímpica. Aqui, ao menos você
sabe com quem pode contar. Na seleção, varia conforme a politicagem da CBF. Mesmo assim, não quero ir à
Olimpíada só para competir. Quero trazer a medalha de ouro”. Folha de S. Paulo, 18 de julho de 1984, p. 24 –
Esportes.
1339
Flu representará o país. O Estado de S. Paulo, 28 de junho de 1984, p. 29.
445
1340
Inter deve ser base da seleção e Picerni pode perder o cargo. Folha de S. Paulo, 29 de junho de 1984, p. 25 –
Esportes.
1341
Convocados 12 jogadores do Inter e um do Corínthians. Folha de S. Paulo, 30 de junho de 1984, p. 26 –
Esportes.
1342
Flu desiste; Inter é base. O Estado de S. Paulo, 29 de junho de 1984, p. 20.
1343
Enfim, sai a Seleção Olímpica. O Estado de S. Paulo, 30 de junho de 1984, p. 22.
446
Para Gilmar, essa situação foi gerada pela insatisfação da CBF com
os resultados da equipe, pois queriam que a seleção vencesse todos os jogos. As
dificuldades em vencer os adversários estava, segundo Gilmar, no fato de serem
jovens: “[...] nós éramos atletas que mesmo no profissional, ainda eram jovens,
entendeu, ainda eram jovens, [...] a gente enfrentava adversários assim bem fortes,
por exemplo, Coritiba, era o principal de Curitiba [...]”.
Em relação a essa seleção olímpica não se pode dizer que não
houve planejamento. Ele existiu, porém, a desorganização na determinação de
quem poderia ser convocado atrasou a montagem da equipe que foi aos Jogos. De
acordo com Gilmar, “alguns países como Alemanha, Itália, França, Iugoslávia, eles
iam com praticamente os jogadores que eles estavam já preparando pra Copa de
86”.
O relatório técnico da FIFA para 1984 organizou as seleções em três
grupos: o primeiro indicava que não havia diferença entre a equipe olímpica e a
principal e contemplava os países da África, América do Norte e Ásia que não
sofriam sanções por parte do regulamento do futebol olímpico; o segundo grupo
reunia as seleções da América do Sul e da Europa que não poderiam enviar os
atletas que tivessem participado de jogos eliminatórios e/ou da Copa do Mundo; e
um terceiro grupo que pertencia ao segundo, mas que representava as seleções que
foram convidadas devido à desistência de outras três seleções por conta do boicote
liderado pela União Soviética.
O time da Alemanha era muito forte, era [...] era o cotado pra ser o
campeão, um dos finalistas, e aí eu fiz o gol aos 43 do segundo
tempo, de falta1345, e foi assim a classificação, porque ganhamos o
primeiro jogo, 3 pontos1346, né, se classificavam [...] se classificavam
dois de cada chave, ou um de cada dupla, não lembro, e nós
1344
Hoje o grande teste, contra a Alemanha. O Estado de S. Paulo, 1º de agosto de 1984, p. 24.
1345
A vitória contra a Alemanha no final. O Estado de S. Paulo, 3 de agosto de 1984, p. 21; Futebol vence a
incompetência dos cartolas. Folha de S. Paulo, 3 de agosto de 1984, p. 20 – Esportes.
1346
Na época a vitória valia 2 pontos.
448
brasileira voltava a disputar uma partida importante contra a Itália1353. A partida valia
a vaga na final e a imprensa dizia: “[...] a comparação é inevitável: existe um clima
de revanche, ainda por causa da derrota brasileira na Copa do Mundo de 82 [...]”1354.
Gilmar relembrou esse clima:
Eu lembro que eu passei o jogo todo discutindo com esse Bagni, que
era o volante do Napoli, né, e ele era muito assim [...], muito metido,
né, muito cheio de marra, e eu nunca esqueci, porque quando a
gente termina o primeiro tempo, a gente saia juntos, né, pelo estádio,
pelos túneis, pelo túnel, sai todo muito junto andando e ele falava
1353
Brasil, fim de um sonho. O Estado de S. Paulo, 6 de julho de 1982, p. 1.
1354
Brasil x Itália em clima de revanche. O Estado de S. Paulo, 8 de agosto de 1984, p. 40.
1355
Brasil x Itália em clima de revanche. O Estado de S. Paulo, 8 de agosto de 1984, p. 40. “[...] tanto que o
supervisor técnico Enzo Bearzot decidiu mudar a delegação da Vila Olímpica para um hotel cinco estrelas,
alegando que a alimentação não era ideal para os jogadores do nível dos que integram a seleção italiana. [...] Sem
tanto luxo, a delegação brasileira continua na Universidade [...]”.
1356
O Brasil vingado. Agora quer o ouro. O Estado de S. Paulo, 10 de agosto de 1984, p. 23.
1357
Vingadores do Sarriá não fazem promessa. Folha de S. Paulo, 10 de agosto de 1984, p. 26.
1358
O Brasil vingado. Agora quer o ouro. O Estado de S. Paulo, 10 de agosto de 1984, p. 23.
450
Gilmar ressaltou que não havia pressão por parte da CBF para a
conquista da medalha de ouro1359 e “[...] já estavam tão felizes com aquela
participação, pela conquista da medalha de prata, por ter chegado à final, por ter
desbancado a Itália, a França, a Alemanha, né, enfim, tantos países assim
poderosos, que eles já estavam bem satisfeitos mesmo” e que se tinha alguma
pressão era por parte dos próprios jogadores. As conversas antes da decisão
ressaltavam a importância da conquista inédita: “A gente chegou tão longe, essa
medalha tem que vir pra gente, é a primeira, é uma coisa histórica pro país [...]”. A
final contra a França1360 foi assim descrita por Gilmar:
1359
Na CBF, ninguém liga para fracasso em Los Angeles. Folha de S. Paulo, 17 de julho de 1984, p. 22.
1360
França tira o ouro do futebol. Folha de S. Paulo, 12 de agosto de 1984, p. 34 – Esportes.
451
1361
As denúncias do capitão Ademir. Folha de S. Paulo, 21 de agosto de 1984, p. 21 – Esportes.
1362
Apesar da derrota, o futebol fica feliz. Folha de S. Paulo, 13 de agosto de 1984, p. 19 – Esportes.
1363
Com esforço, a equipe supera os problemas. O Estado de S. Paulo, 12 de agosto de 1984, p. 40.
1364
Rio, SP e Sul – festa para os atletas. O Estado de S. Paulo, 15 de agosto de 1984, p. 20.
452
1365
Vai pra casa Padilha. Folha de S. Paulo, 13 de agosto de 1984, p. 15 – Esportes.
1366
Brasil, ótimo desempenho na Olimpíada de Los Angeles. Folha de S. Paulo, 19 de agosto de 1984, p. 25 –
Esportes. Texto de Sylvio de Magalhães Padilha.
1367
Padilha volta satisfeito. Folha de S. Paulo, 15 de agosto de 1984, p. 24 – Esportes.
453
1368
“Profissionalismo é inevitável”. O Estado de S. Paulo, 19 de agosto de 1984, p. 41. Entrevista com Sylvio
Padilha.
1369
COI já começa a falar em aceitar os profissionais. Folha de S. Paulo, 29 de julho de 1984, p. 28.
1370
Olympic Review, n. 208, fevereiro de 1985, p. 114. FIFA.
1371
Fifa limita idade em 23. O Estado de S. Paulo, 1º de dezembro de 1984, p. 23.
1372
Olympic Review, n. 215, setembro de 1985, p. 574. FIFA.
1373
Olympic Review, n. 229/230, novembro – dezembro de 1986, p. 650. Decisions of the 91st IOC session.
Progress in eligibility. Consultar também: Olympic Review, n. 225, julho de 1986, p. 416. FIFA.
454
anos) para qualquer jogador1374, exceto aos que tivessem participado da fase final
da Copa do Mundo. As alterações deveriam ser implantadas a partir de 19921375.
Essa decisão da FIFA, no entanto, chocava-se com o
posicionamento do COI. O presidente da entidade, Juan Samaranch queria que
fosse mantido o regulamento vigente desde os Jogos de 1984 em que não havia
limite de idade e ponderava que poderia haver a restrição quanto aos atletas que
tivessem participado da Copa do Mundo1376.
A restrição da idade tinha por finalidade ter o mesmo efeito de
impedir a participação dos atletas que tivessem jogado na Copa do Mundo, pois ao
limitar a idade diminuiria consideravelmente as chances de um atleta já ter
participado em uma Copa do Mundo com a seleção principal. Por exemplo, na
seleção brasileira que disputou a Copa de 86 tinham seis jogadores com 23 anos ou
menos (Müller, Casagrande, Júlio César, Branco, Silas e Valdo)1377, apenas um nas
Copas de 90 (Bismarck)1378 e 94 (Ronaldo)1379, três na Copa de 98 (Ronaldo,
Emerson e Denílson)1380. Se analisarmos os dados das edições mais recentes o
quadro se altera um pouco: na Copa de 2002, quatro atletas (Ronaldinho Gaúcho,
Anderson Polga, Kaká e Kleberson)1381, na Copa de 2006, dois jogadores (Fred e
Robinho)1382 e na Copa de 2010, somente um atleta (Ramires)1383.
Os dados relativos à seleção brasileira trazem indicativos de que as
ações estabelecidas por meio da restrição de idade tinham a intenção de não ter os
jogadores das seleções principais nos Jogos Olímpicos. Afinal, somente na Copa de
1374
Olympic Review, n. 226, agosto de 1986, p. 477. FIFA; Havelange presidente por mais 4 anos. O Estado de
S. Paulo, 29 de maio de 1986, p. 22.
1375
Olympic Review, n. 249, agosto de 1988, p. 383. FIFA.
1376
Olympic Review, n. 253, Special Issue 1988, p. 615. Decisions of the 94th session.
1377
Disponível em: <http://pt.fifa.com/worldcup/archive/edition=68/teams/team=43924.html>. Acesso em 10 de
setembro de 2013.
1378
Disponível em: <http://pt.fifa.com/worldcup/archive/edition=76/teams/team=43924.html>. Acesso em 10 de
setembro de 2013.
1379
Disponível em: <http://pt.fifa.com/worldcup/archive/edition=84/teams/team=43924.html>. Acesso em 10 de
setembro de 2013.
1380
Disponível em: <http://pt.fifa.com/worldcup/archive/edition=1013/teams/team=43924.html >. Acesso em 10
de setembro de 2013.
1381
Disponível em: <http://pt.fifa.com/worldcup/archive/edition=4395/teams/team=43924.html>. Acesso em 10
de setembro de 2013.
1382
Disponível em: <http://pt.fifa.com/worldcup/archive/germany2006/teams/team=43924.html>. Acesso em 10
de setembro de 2013.
1383
Disponível em: <http://pt.fifa.com/worldcup/archive/southafrica2010/teams/team=43924/squadlist.html>.
Acesso em 10 de setembro de 2013.
455
1384
Para se ter uma visão mais precisa se o indicativo válido para a seleção brasileira também pode ser um
elemento adequado para as outras seleções teríamos que fazer esse levantamento com todas as seleções que
participaram das referidas Copas bem como considerar o status da seleção no cenário mundial.
1385
Olympic Review, n. 253, Special Issue 1988, p. 616. Report from the commissions. Eligibility commission.
1386
Profissionais já podem ir aos Jogos. O Estado de S. Paulo, 13 de fevereiro de 1986, p. 21.
1387
Seleção de Cilinho será base para Copa-90. Folha de S. Paulo, 25 de dezembro de 1986, p. 20 – Esportes;
Seleção vai usar Seul como etapa de preparação para o Mundial de 90. Folha de S. Paulo, 16 de maio de 1988,
p. 19 – Esportes.
1388
E Cilinho fica fora dos planos. O Estado de S. Paulo, 30 de dezembro de 1986, p. 16.
456
seleção principal sairá do grupo de atletas que trabalharão com Jair Pereira [técnico
dos juniores]1389 e Cilinho”1390.
Caso tivesse bons resultados com a seleção olímpica, Cilinho
poderia ser o técnico da seleção principal que não tinha um treinador desde a saída
de Telê Santana após a Copa de 19861391. A contrapartida de Cilinho para assumir a
seleção era ter um contrato de um ano1392 e que houvesse sequência de seu
trabalho com a Copa América e com o Pan-Americano de Indianápolis1393. O acordo
entre Cilinho e Chedid estava selado1394 e haveria uma nova reunião com o
presidente da CBF, Octávio Guimarães, para fazer o anúncio oficial1395. No entanto,
nessa reunião não houve acerto entre as duas partes, pois Octávio Guimarães
queria contratá-lo somente para o torneio pré-olímpico deixando a decisão da
escolha do técnico da seleção principal para depois1396.
A contraproposta da CBF foi oferecer um contrato de seis meses
que, segundo a entidade contemplaria os campeonatos que Cilinho gostaria de
participar1397. Alegando demora na análise de seu plano de trabalho, Cilinho optou
por não aceitar a proposta da CBF1398. Para seu lugar especulou-se que o técnico
seria o Zé Duarte1399, mas por fim, Carlos Alberto Silva, que estava no Cruzeiro, foi
contratado para dirigir a seleção no torneio pré-olímpico1400.
Depois de quase ser desclassificado na primeira fase do torneio
classificatório, o Brasil se classificou para os Jogos Olímpicos como campeão do
pré-olímpico. Na campanha do pré-olímpico, a primeira partida foi contra o Paraguai
e terminou com vitória da seleção brasileira (3 a 1)1401. A derrota no segundo jogo
1389
Em fevereiro de 1987, Jair Pereira deixou a seleção brasileira de juniores e assumiu o Botafogo.
1390
Nabi exclui Parreira como técnico. O Estado de S. Paulo, 17 de janeiro de 1987, p. 12.
1391
Cilinho pode treinar Seleção principal. O Estado de S. Paulo, 6 de fevereiro de 1987, p. 17; Cilinho
indicado para treinar seleção pré-olímpica. Folha de S. Paulo, 6 de fevereiro de 1987, p. 20 – Esportes.
1392
Cilinho: só com contrato. O Estado de S. Paulo, 10 de fevereiro de 1987, p. 18.
1393
Cilinho é o técnico para a Copa América. O Estado de S. Paulo, 15 de fevereiro de 1987, p. 40.
1394
Confirmado: é Cilinho. O Estado de S. Paulo, 18 de fevereiro de 1987, p. 17.
1395
No Rio, Octávio apresenta Cilinho. O Estado de S. Paulo, 19 de fevereiro de 1987, p. 27.
1396
Cilinho não define acordo. O Estado de S. Paulo, 20 de fevereiro de 1987, p. 16.
1397
Nabi: Cilinho por seis meses. O Estado de S. Paulo, 21 de fevereiro de 1987, p. 18.
1398
Cilinho recusa convite da CBF e fica na Ponte. O Estado de S. Paulo, 27 de fevereiro de 1987, p. 20;
Cilinho não acerta com a CBF e a seleção continua sem técnico. Folha de S. Paulo, 27 de fevereiro de 1987, p.
25 – Esportes.
1399
Zé Duarte na Pré-Olímpica. O Estado de S. Paulo, 5 de março de 1987, p. 20.
1400
Carlos Alberto Silva é o novo técnico da pré-olímpica. O Estado de S. Paulo, 7 de março de 1987, p. 15;
Nabi diz que teve vitória ao indicar Carlos Alberto Silva. Folha de S. Paulo, 9 de março de 1987, p. 15 –
Esportes.
1401
Seleção tenta a 2ª vitória no Pré-olímpico. Folha de S. Paulo, 20 de abril de 1987, p. 18 – Esportes; Nabi
quer manter Carlos Alberto Silva. O Estado de S. Paulo, 21 de abril de 1987, p. 17.
457
1402
Seleção viaja abatida e preocupa técnico. Nabi cria mais confusão. O Estado de S. Paulo, 22 de abril de
1987, p. 15; Médico ameaça abandonar a seleção. Folha de S. Paulo, 22 de abril de 1987, p. 15 – Esportes.
1403
A última esperança. O Estado de S. Paulo, 26 de abril de 1987, p. 46; Seleção espera tropeço uruguaio e
tem que vencer. Folha de S. Paulo, 26 de abril de 1987, p. 38 – Esportes.
1404
Classificação, apesar do futebol ruim. O Estado de S. Paulo, 28 de abril de 1987, p. 15.
1405
Nabi está arrependido de ter se aliado a Octávio na CBF. Folha de S. Paulo, 18 de maio de 1987, p. 18 –
Esportes.
1406
Cartolas brigam, futebol perde. O Estado de S. Paulo, 28 de agosto de 1988, p. 40 – Esportes.
1407
Seleção viaja abatida e preocupa técnico. Nabi cria mais confusão. O Estado de S. Paulo, 22 de abril de
1987, p. 15. “Paulo Vitor, um dos mais experientes da equipe e uma das vítimas da derrota, disse que o segundo
gol da Colômbia, num chute de longa distância, aconteceu porque o campo estava molhado e a bola bateu numa
saliência e subiu, surpreendendo-o e passando sobre seu ombro”.
1408
Técnico diz que atleta torceu contra a equipe; goleiro nega. Folha de S. Paulo, 28 de abril de 1987, p. 22 –
Esportes.
458
1409
Paulo Vítor é cortado da Seleção. O Estado de S. Paulo, 28 de abril de 1987, p. 15.
1410
Carlos Alberto exige disciplina. O Estado de S. Paulo, 28 de abril de 1987, p. 15; Paulo Victor é cortado da
seleção. Folha de S. Paulo, 28 de abril de 1987, p. 22 – Esportes.
1411
Douglas desmente embriaguez e dá outra versão ao incidente. Folha de S. Paulo, 28 de abril de 1987, p. 22
– Esportes.
1412
Paulo Vítor é cortado da Seleção. O Estado de S. Paulo, 28 de abril de 1987, p. 15.
1413
Já no Rio, goleiro nega as acusações e confessa ter discutido com o técnico. O Estado de S. Paulo, 28 de
abril de 1987, p. 15.
1414
A “punição” para Eduardo e Douglas. O Estado de S. Paulo, 29 de abril de 1987, p. 16.
459
1415
Luta, pressão e muitas falhas. O Estado de S. Paulo, 1º de maio de 1987, p. 15; Em clima tenso e sem
vencer há 4 jogos, Brasil enfrenta a Colômbia. Folha de S. Paulo, 1º de maio de 1987, p. 20.
1416
Abalado, Brasil tenta vitória às 16h. O Estado de S. Paulo, 1º de maio de 1987, p. 15.
1417
Bebeto. O Estado de S. Paulo, 1º de maio de 1987, p. 15. Consultar também: Bebeto xinga, chora, pede
desculpas e não é afastado por Carlos Alberto. Folha de S. Paulo, 1º de maio de 1987, p. 20. Após xingar o
técnico, Bebeto continuou entre os titulares nas duas últimas partidas.
1418
Seleção só precisa derrotar a Bolívia para ia Seul. Folha de S. Paulo, 2 de maio de 1987, p. 21; A vitória da
paciência. O Estado de S. Paulo, 3 de maio de 1987, p. 35.
1419
Seleção consegue vaga nas Olimpíadas. Folha de S. Paulo, 4 de maio de 1987, p. 17 – Esportes; E o
“impossível acontece na Bolívia. O Estado de S. Paulo, 5 de maio de 1987, p. 20.
460
Para tudo acontecer do jeito que Carlos Alberto Silva queria era
preciso organização e planejamento, algo que estava longe de existir dentro da CBF.
Por exemplo, uma semana antes da viagem e um dia antes da convocação não
tinha definido por parte da CBF se Carlos Alberto seria mantido como treinador1423.
No final, Carlos Alberto Silva foi confirmado como técnico da seleção brasileira1424.
A revogação do repasse da verba da Loteria Esportiva assinada pelo
presidente Figueiredo em 1985, “[...] que destinava ao Comitê Olímpico Brasileiro a
renda líquida de um dos testes da Loteria Esportiva nos anos em que não são
realizados Jogos Olímpicos ou Pan-Americanos”1425 fazia com que o COB
precisasse replanejar o orçamento disponível para ser aplicado nas diferentes
1420
CBF confirma Carlos Alberto Silva como o técnico da equipe. Folha de S. Paulo, 4 de maio de 1987, p. 17 –
Esportes.
1421
As exigências de Carlos Alberto para continuar. O Estado de S. Paulo, 5 de maio de 1987, p. 20; Carlos
Alberto faz exigências e já cita nomes para excursão à Europa. Folha de S. Paulo, 5 de maio de 1987, p. 21 –
Esportes.
1422
As exigências de Carlos Alberto para continuar. O Estado de S. Paulo, 5 de maio de 1987, p. 20.
1423
A bagunça continua; dirigentes discursam e não definem excursão. O Estado de S. Paulo, 7 de maio de
1987, p. 27.
1424
Carlos Alberto é o técnico, mas... O Estado de S. Paulo, 8 de maio de 1987, p. 14; Carlos Alberto anuncia
hoje à tarde os convocados da seleção brasileira. Folha de S. Paulo, 8 de maio de 1987, p. 20 – Esportes; Carlos
Alberto mantém time e critica tempo de preparação. Folha de S. Paulo, 19 de maio de 1988, p. 17 – Esportes.
1425
COB fica sem verba da Loteria Esportiva. O Estado de S. Paulo, 5 de março de 1985, p. 29.
461
1426
Padilha quer dinheiro. Nenhuma novidade. O Estado de S. Paulo, 3 de fevereiro de 1988, p. 15.
1427
Verba sai após carnaval. O Estado de S. Paulo, 11 de fevereiro de 1988, p. 24 – Esportes.
1428
Definidas quantias para confederações. O Estado de S. Paulo, 23 de março de 1988, p. 17 – Esportes.
1429
Padilha adverte: Seul é só para experiências. O Estado de S. Paulo, 28 de agosto de 1988, p. 36 – Esportes.
462
1430
Nabi quer medalha de ouro em Seul mas não define técnico. Folha de S. Paulo, 1º de janeiro de 1988, p. 15
– Esportes.
1431
Nabi promete uma seleção forte. O Estado de S. Paulo, 1º de março de 1988, p. 20 – Esportes.
1432
Evasão de atletas interrompe renovação de Carlos Alberto. Folha de S. Paulo, 6 de junho de 1988, p. 22 –
Esportes.
1433
CBF impede viagem de Valdo para Portugal. Folha de S. Paulo, 24 de julho de 1988, p. 36 – Esportes.
463
pelo Benfica, sendo que o clube português informou que não liberaria o atleta para
os Jogos Olímpicos1434.
Na listagem dos convocados por Carlos Alberto Silva havia seis
jogadores recém-contratados por clubes do exterior (Ricardo Gomes e Valdo,
Benfica-POR; Milton, Como-ITA; Aloísio, Barcelona-ESP; Edmar, Pescara-ITA;
Andrade, Roma-ITA)1435. Poucos atletas que haviam disputado o pré-olímpico
continuavam na lista. Especulou-se que dois atletas – Neto e João Paulo, ambos do
Guarani - haviam sido convocados por imposição do vice-presidente da CBF, Nabi
Abi Chedid1436.
A situação mais crítica envolvia os dois jogadores do Benfica já que
o clube português queria contar com os atletas para um jogo da Copa da UEFA, o
que acarretaria um atraso na apresentação na seleção brasileira. A princípio houve a
liberação dos jogadores pelo Benfica1437, mas em uma reunião com Chedid, os dois
jogadores “[...] deixaram claro que preferem jogar pelo Benfica e até ameaçaram
abandonar a seleção. Mas o dirigente também ameaçou: ‘Se eles fizerem isso, eu os
denunciarei à Fifa’”1438.
O jogador Andrade também se juntava a Ricardo Gomes e Valdo
para conseguir se apresentar fora do prazo. O técnico Carlos Alberto Silva não
concordava com a apresentação tardia, mas a CBF estava disposta a autorizá-los a
se apresentar depois de cumprirem os compromissos com seus respectivos
clubes1439. Para os jogos amistosos que a seleção faria nos Estados Unidos antes
da viagem para Seul1440, como Aloísio ainda não estava oficialmente contratado pelo
Barcelona1441, ele seguiu com a delegação brasileira enquanto Ricardo Gomes,
Valdo e Andrade seriam incorporados cerca de 10 dias depois1442.
1434
Lusa confirma venda de Edu. O Estado de S. Paulo, 18 de junho de 1988, p. 25 – Esportes.
1435
Após os Jogos Olímpicos, Romário foi vendido para o PSV da Holanda. Romário ganha ‘visto de saída’ na
Olimpíada. Folha de S. Paulo, 10 de dezembro de 1988, p. D1 – Esportes.
1436
Carlos Alberto define a Seleção para Seul. O Estado de S. Paulo, 13 de agosto de 1988, p. 21 – Esportes.
1437
Benfica libera Valdo e Ricardo para jogar na seleção brasileira. Folha de S. Paulo, 18 de agosto de 1988, p.
D3 – Esportes.
1438
Agora, Seleção depende até do Benfica. O Estado de S. Paulo, 23 de agosto de 1988, p. 20 – Esportes;
Consultar também: Valod e Ricardo pedem dispensa da seleção brasileira; Nabi nega. Folha de S. Paulo, 23 de
agosto de 1988, p. D3 – Esportes.
1439
CBF deverá manter desertores na lista. O Estado de S. Paulo, 26 de agosto de 1988, p. 19 – Esportes.
1440
Seleção inicia amanhã viagem para Seul, passando pelos EUA e Japão. Folha de S. Paulo, 25 de agosto de
1988, p. D3 – Esportes.
1441
Carlos Alberto pode dispensar Valdo e Ricardo da seleção brasileira. Folha de S. Paulo, 26 de agosto de
1988, p. D2 – Esportes.
1442
É o fim da confusão: a Seleção viaja. O Estado de S. Paulo, 27 de agosto de 1988, p. 21 – Esportes; CBF
libera atletas de times estrangeiros. Folha de S. Paulo, 27 de agosto de 1988, p. D3 – Esportes.
464
1443
Ricardo e Valdo seguem hoje para Seul, diz Nabi. Folha de S. Paulo, 15 de setembro de 1988, p. D3 –
Esportes.
1444
Andrade chega a Seul mas não joga contra Nigéria. Folha de S. Paulo, 17 de setembro de 1988, p. D5 –
Esportes.
1445
André Cruz ganha o lugar de Ricardo. O Estado de S. Paulo, 16 de setembro de 1988, p. 17 – Esportes;
Andrade, Valdo e Ricardo não se apresentam à seleção olímpica. Folha de S. Paulo, 16 de setembro de 1988, p.
D6 – Esportes.
1446
Seleção brasileira goleia Nigéria e disputa liderança com a Austrália. Folha de S. Paulo, 19 de setembro de
1988, p. D1 – Esportes.
1447
Benfica não libera Ricardo e meia Valdo. Folha de S. Paulo, 17 de setembro de 1988, p. D1 – Esportes.
1448
Andrade chega a Seul mas não joga contra Nigéria. Folha de S. Paulo, 17 de setembro de 1988, p. D5 –
Esportes. As informações sobre o seguro dos jogadores contrariavam o que Nabid Abi Chedid havia informado
de: “[...] ter concordado com todas as exigências do Benfica, inclusive quanto ao pagamento de salários dos
jogadores. Se o clube de Portugal confirmar que os dois jogadores não irão a Seul, a entidade brasileira poderá
recorrer à Federação Internacional de Futebol Association”.
1449
Carlos Alberto espera ter o lateral Mazinho. O Estado de S. Paulo, 20 de setembro de 1988, p. 20 –
Esportes; Mazinho, do Vasco, vai defender a seleção em Seul. Folha de S. Paulo, 21 de setembro de 1988, p. D7
– Esportes.
1450
Romário faz 3 gols contra a Austrália e é artilheiro. Folha de S. Paulo, 21 de setembro de 1988, p. D10 –
Esportes.
1451
Seleção ganha e se aproxima do ouro. O Estado de S. Paulo, 21 de setembro de 1988, p. 17 – Esportes.
1452
Nabi denuncia Benfica à Fifa pela recusa em ceder Valdo e Ricardo. Folha de S. Paulo, 18 de setembro de
1988, p. D5 – Esportes.
465
suspendeu o atleta1453. A referência era somente ao jogador Valdo, pois a CBF ainda
não havia enviado os documentos da transferência de Ricardo Gomes do
Fluminense ao Benfica. Embora a FIFA quisesse informações sobre Ricardo, o atleta
não estava suspenso por ainda não ter vínculo formal com seu novo clube1454.
A vitória contra a Iugoslávia (2 a 1) classificou o Brasil em primeiro
lugar de seu grupo e colocou a Argentina no caminho brasileiro1455. Apesar do clima
de rivalidade, o Brasil venceu a partida contra a Argentina (1 a 0) e classificou-se
para a semifinal ficando com chances de disputar uma medalha1456.
A semifinal disputada contra a Alemanha Ocidental foi uma das
partidas mais emocionantes da seleção brasileira dentro do torneio olímpico1457. A
dramática classificação conquistada nos pênaltis fazia com que os momentos vividos
nas Copas anteriores fossem relembrados como parte de um rito de passagem em
que naquele momento o Brasil colocava fim aos resultados adversos1458 marcados
“[...] pela má sorte em 82, na Espanha, azarado demais e derrotado nos pênaltis
pela França, em 86 [...]”1459.
Uma divergência em relação ao modo como seria efetuado o
pagamento da premiação aos atletas do futebol instaurava, novamente, um clima
tenso antes da final contra a União Soviética1460. Os prêmios por vitória, mil dólares
(Cz$ 350 mil), não foram pagos integralmente pela CBF, além disso, os jogadores
exigiam receber os valores na sua totalidade e não em partes como a CBF havia
feito1461. Para conquistar a medalha de ouro a CBF ofereceu prêmio de 10 mil
1453
Fifa suspende Valdo por não se apresentar à seleção. Folha de S. Paulo, 22 de setembro de 1988, p. D6 –
Esportes.
1454
Valdo não vai a Seul e a Fifa pune Benfica. O Estado de S. Paulo, 22 de setembro de 1988, p. 28 –
Esportes; Benfica agora quer acordo com a CBF. O Estado de S. Paulo, 24 de setembro de 1988, p. 20 –
Esportes.
1455
Brasil vence e enfrenta os argentinos. O Estado de S. Paulo, 23 de setembro de 1988, p. 24 – Esportes;
Seleção bate Iugoslávia e enfrenta argentinos no domingo. Folha de S. Paulo, 23 de setembro de 1988, p. D3 –
Esportes.
1456
Seleção brasileira vence Argentina e disputa vaga na final com alemães. Folha de S. Paulo, 26 de setembro
de 1988, p. D1 – Esportes; Seleção não muda contra Alemanha. O Estado de S. Paulo, 27 de setembro de 1988,
p. 19 – Esportes.
1457
Taffarel leva Brasil para perto do ouro. O Estado de S. Paulo, 28 de setembro de 1988, p. 18 – Esportes;
Taffarel defende três pênaltis e leva o Brasil à final. Folha de S. Paulo, 28 de setembro de 1988, p. D8 –
Esportes. A Alemanha fez o primeiro gol e um minuto depois do Brasil empatar, o goleiro Taffarel defendeu um
pênalti. Na prorrogação não houve gols e na disputa por pênaltis, o goleiro defendeu mais dois e um outro foi
chutado na trave, garantiu a vitória por 3 a 2.
1458
A vingança e o fim de uma antiga psicose. O Estado de S. Paulo, 28 de setembro de 1988, p. 18 – Esportes.
1459
Taffarel leva Brasil para perto do ouro. O Estado de S. Paulo, 28 de setembro de 1988, p. 18 – Esportes.
1460
Brasil em crise disputa ouro com soviéticos. Folha de S. Paulo, 30 de setembro de 1988, p. D1 – Esportes.
1461
Jogadores são furtados e exigem prêmio total. O Estado de S. Paulo, 29 de setembro de 1988, p. 23 –
Esportes.
466
dólares1462. Carlos Alberto não poupou críticas a CBF e aos que questionavam os
atletas brasileiros de mercenários1463 sob a justificativa de que a proposta de pagá-
los foi feita pelos dirigentes da CBF1464.
Sem ter sido titular nas partidas anteriores, Neto estava escalado
para a final devido ao segundo cartão amarelo recebido por Ademir e Geovani que
não poderiam jogar a última partida da seleção no torneio olímpico1465. Quando
Romário, após cobrança de escanteio de Neto, cabeceou para fazer o gol do Brasil
contra a União Soviética na final olímpica parecia que a medalha de ouro estava
cada vez mais perto de ser conquistada pela primeira vez. O empate dos soviéticos
conseguido, no segundo tempo, após Andrade cometer pênalti deixou uma incógnita
para qual seleção ficaria a medalha de ouro. Na prorrogação, no final do primeiro
tempo os soviéticos fizeram 2 a 11466. No início do segundo tempo, aos quatro
minutos, um jogador soviético foi expulso e as esperanças voltaram para os
brasileiros, mas faltando dois minutos para terminar a partida Edmar, que havia
entrado no lugar de Neto, também foi expulso e acabou de vez com as esperanças
brasileiras. O técnico Carlos Alberto Silva buscava explicações para a derrota na
final1467 e encontrou os argumentos necessários nas alterações da equipe que foi
obrigado a fazer. De acordo com o técnico, a ausência na final dos jogadores
Geovani e Ademir seria suprida com as presenças de Valdo e Ricardo, mas os dois
atletas não haviam se apresentado para os Jogos1468.
No final, o Brasil conquistou a sua segunda medalha de prata no
futebol desde a sua primeira participação em 1952. E como frequentemente
acontecia, ao término de mais uma participação brasileira foi feito um balanço sobre
o desempenho do país. Apesar das seis medalhas conquistadas em Seul
representarem o segundo melhor resultado desde que o Brasil começou a disputar
1462
CBF promete pagar prêmio de US$ 10 mil. Folha de S. Paulo, 1º de outubro de 1988, p. D1 – Esportes.
1463
Por exemplo, no painel do leitor da Folha de S. Paulo foi divulgada a seguinte mensagem: “Venho protestar
contra a falta de patriotismo dos jogadores da seleção de futebol que acabam de perder para a URSS. Estavam
mais preocupados com o ‘bicho’ do que com a medalha de ouro. O Brasil para ganhar títulos no futebol, tem que
ser dirigido por militares, pois eles saberiam defender a nossa pátria com amor e respeito” – Luiz Alves Filho
(São Paulo, SP). Seleção brasileira. Folha de S. Paulo, 7 de outubro de 1988, p. A3 – Opinião.
1464
Brasil tenta vencer a crise e ganhar ouro. O Estado de S. Paulo, 30 de setembro de 1988, p. 17 – Esportes.
1465
Milton e Neto estão escalados. O Estado de S. Paulo, 29 de setembro de 1988, p. 23 – Esportes.
1466
Seleção lamenta, mas traz só a prata. O Estado de S. Paulo, 2 de outubro de 1988, p. 36 – Olimpíada.
1467
Padilha, por sua vez, criticou a atuação do árbitro francês Gerard Piquet. Padilha dá ouro ao futebol olímpico
e critica juiz da final. Folha de S. Paulo, 25 de outubro de 1988, p. D3 – Esportes.
1468
Seleção lamenta, mas traz só a prata. O Estado de S. Paulo, 2 de outubro de 1988, p. 36 – Olimpíada.
467
1469
Brasil faz as contas e percebe evolução. O Estado de S. Paulo, 4 de outubro de 1988, p. 16 – Olimpíada.
1470
Maioria dos atletas do Brasil tem desempenho fraco em Seul. Folha de S. Paulo, 5 de outubro de 1988, p.
D2 – Esportes.
1471
Os resultados de Seul. Folha de S. Paulo, 5 de outubro de 1988, p. A2 – Opinião.
1472
Esporte já busca apoio para Jogos-92. O Estado de S. Paulo, 9 de outubro de 1988, p. 30 – Esportes.
1473
A curto prazo não há muita esperança. O Estado de S. Paulo, 9 de outubro de 1988, p. 30 – Esportes.
468
jogar não têm um emprego. Para Neto, a imprensa forja esse sucesso em torno dos
jogadores de futebol, pois para ele, 92% dos atletas não conseguirão atingir o status
e o sucesso financeiro dos que estão retratados na mídia.
A dinâmica da vida do jogador pode ser traiçoeira. Quando estava
no Guarani, “com 15 anos já me tornei titular do Guarani, profissional, muito cedo,
né? Muito cedo, muito cedo, porque com 15 anos eu já ganhava mais que o meu
pai, já ganhava mais que todo mundo da minha família”. Afirmou que nunca se
preparou para lidar com o dinheiro que recebia e a sua independência financeira o
fez afastar do convívio com família.
Em pouco tempo chegou às categorias menores da seleção
brasileira e depois de oito anos de Guarani se transferiu “pro São Paulo, depois fui
emprestado pro Bangu, foi uma passagem rápida por esses times. Aí em 88 eu
joguei muito bem pelo Guarani, a gente foi campeão, vice-campeão paulista contra o
Corinthians, que eu fiz o gol de bicicleta”. Nesse ano foi convocado para seleção
brasileira para os Jogos Olímpicos de Seul. Sobre essa experiência relatou que:
Uma das causas da derrota na final olímpica apontada por Neto foi o
fato dos atletas brasileiros serem amadores. Contudo, desde 1984 podiam participar
do futebol olímpico os atletas profissionais que não tivessem participado das
eliminatórias e/ou da Copa do Mundo. Portanto, Neto assume um discurso
recorrente da fala dos atletas de futebol amadores do Brasil que justificaram as
derrotas nos Jogos relacionando-a a sua condição de amadores enquanto os países
socialistas enviavam os jogadores vinculados ao Estado e que por isso tinham
condições de treinamento iguais a de um atleta profissional. O trauma da derrota
pode ser percebido no modo como Neto lidou com a conquista da medalha de prata,
quando a deixou guardada por 15 anos:
469
Eu pra falar a verdade, acho que ela ficou 15 anos guardada, assim,
sem eu ter nenhum tipo de [...] vontade de mostrar pras pessoas.
Porque eu tenho a medalha, tá lá em casa, um puta dum negócio
bonito, todo um, um estojo bonito é [...] trouxe outras medalhas lá de
Seul, e aí ficou guardado, eu trouxe na mala. [...] Tava bem
guardada, mas nunca foi valorizada nem diante da minha família né.
Pô, se não foi valorizada diante da minha família será que o povo
brasileiro valorizou uma medalha de prata? Eu acho que não. [...]
Hoje eu entendi pra que você tenha uma medalha de prata numa
Olimpíadas o cara tem que ser foda. Mesmo no futebol. Por que
quem tem medalha de prata no mundo? Se aqui a gente tem 170
milhões de habitantes quantos têm medalha de prata igual eu tenho?
Pouca gente.
Neto relembrou que no período anterior aos Jogos fizeram uma série
de amistosos em Los Angeles e que chegaram a ficar poucos dias na Vila Olímpica:
“[...] nós fomos pra Vila, uma semana antes do jogo conta a Alemanha, que o
Taffarel pegou dois pênaltis, e depois que nós fomos pra final contra a União
Soviética. Até então a gente nem sabia, qual era a importância de ganhar uma
medalha de ouro”. A sua percepção da importância da conquista de uma medalha
de prata aconteceu muitos anos depois. Durante vários anos não valorizou essa
etapa de sua carreira e no seu entender a falta de compreensão do processo que
viveu se deu pelo fato de ser jovem: “Eu era um moleque, porque eu tinha 18 anos,
né? 18 pra 19 anos”. Essa dimensão de que era jovem e por isso não entendia
certas coisas fez com que Neto colocasse sua idade menor do que tinha na época,
pois dias antes dos Jogos Olímpicos de Seul completou 22 anos. Essa condição
está atrelada ao discurso de ser amador, pois ser jovem e amador eram elementos
vinculados à idade do atleta.
Gostaria de ter participado da abertura dos Jogos, mas a equipe de
futebol não foi autorizada. Não sabe dizer por quem, mas acredita que a não
permissão foi dada pela comissão técnica “[...] que não deixou porque achava que ia
ficar muito tempo de pé, ficar muito tempo esperando, que ia prejudicar, o que era
uma tremenda de uma idiotice, né?”
Sobre as particularidades de se disputar os Jogos Olímpicos, Neto
entende que a seleção de futebol deva ser organizada pelo Comitê Olímpico e não
pela CBF. De um modo geral, não pensando somente no futebol entende que
dificilmente o Brasil será uma potência olímpica, pois “Pra você ganhar medalha
olímpica você não pode só pensar nas Olimpíadas. Você tem que preparar os
470
1474
Essa ideia é trabalhada por Sérgio Buarque de Holanda (1995) no capítulo O semeador e o ladrilhador
quando analisa as conquistas portuguesas, de exploração, fazendo um contraponto com a ação dos espanhóis que
estabeleciam o espaço conquistado como prolongamento de seu território.
471
durante a fase de treinamento e depois substituídos por outros foi uma marca
constante das equipes brasileiras.
Para Neto, “o futebol olímpico não deveria ser profissional. Mesmo
agora não é, mas pode ter três jogadores profissionais. Eu acho que não deveria.
Deveria ser amador. Eu acho que é totalmente diferente de Copa do Mundo. Eu
acho que o espírito olímpico é diferente de Copa do Mundo”. Ressalta que o espírito
olímpico somente pode ser descrito por quem esteve lá. Embora Neto tenha tido
grande projeção pelo Corinthians, não foi convocado para disputar a Copa do Mundo
de 1990 na Itália. Foi um atleta que conseguiu resultados importantes em boa parte
dos clubes que defendeu, mas que não conseguiu se firmar como uma referência na
seleção brasileira. Certamente, por essa situação valorize que o espírito olímpico
seja diferente do ambiente da Copa do Mundo.
[...] não fui convocado pra algumas Copas do Mundo, duas Copas do
Mundo, eu acho que eu poderia ter ido, 90 e 94. Não fui. Não fui um
jogador que ganhou dinheiro como essas caras ganham hoje, né. [...]
Na verdade eu sempre caguei e andei pela Copa de 90. Apesar que
você disputar uma Copa do Mundo é sempre legal. Mas se eu
tivesse ido, não sei se eu seria tão falado quanto não ter ido. Até
porque essa Copa de 90 foi uma vergonha em termos de [...]
dinheiro, em termos de [...], tudo aquilo que a gente enxerga de [...],
como jogar pela seleção brasileira né. Porque as pessoas vão pra
seleção brasileira: ‘aí que orgulho’. É mentira! Os caras querem é
ganhar grana, entendeu. Agora, as Olimpíadas se eu tivesse a
medalha de ouro teria sido maravilhoso porque foi muito legal.
foi a melhor decisão que eu tomei da minha vida, não queria sofrer mais, sabe?”.
Como estava convicto de sua decisão, depois de encerrar a carreira, afirmou que
nunca teve vontade de voltar a jogar futebol.
Nessa nova fase de sua carreira pós-jogador de futebol, os trabalhos
na rádio Transamérica e na rede de televisão Bandeirantes o colocou novamente em
evidência. Disse que muitos dos jovens que o assiste associam mais a sua imagem
a de comentarista do que jogador pelo fato de não terem o visto jogar.
Considera que a maior dificuldade das carreiras que tem (e teve) é a
de lidar com a fama pelo fato de lidar com a paixão dos torcedores, no caso, o clube
de cada pessoa. Em seu entender, um dos pontos negativos da fama é que muitas
pessoas se aproximam para tirar algum proveito e por isso concluiu que “gostaria de
ser normal”.
474
Conclusões
O ponto de partida da tese foi a realização de entrevistas com os
atletas brasileiros de futebol masculino que participaram dos Jogos Olímpicos. Ao
seguir por esse caminho uma coisa ficou clara: os atletas contavam as suas histórias
de um lugar específico e que suas narrativas estavam vinculadas a um contexto
mais amplo do qual haviam feito parte. Esse contexto, muitas vezes apresentado de
modo implícito na fala dos entrevistados, me conduziu para investigar como se
formou o movimento olímpico e como o Brasil, por meio do COB e CBD depois CBF,
estava inserido nessa conjuntura.
Pelo fato das histórias indicarem elementos construtivos do campo,
mas não resolverem como funcionavam ou haviam se estruturado as regras do
amadorismo no mundo do esporte foi necessário entender como se deu a formação
do campo esportivo (BOURDIEU, 1983) nos Jogos Olímpicos. A partir da definição
de amadorismo presente nos documentos oficiais do COI, publicados em seu
Boletim Olímpico, foi possível reconstituir como se deu o processo de constituição
das definições dos termos amadorismo e profissionalismo. Desde a primeira reunião
em 1894, quando o COI foi criado, até o último ano analisado (1988) essa discussão
esteve presente. Foi essa discussão que seguiu junto ao fio (GINZBURG, 2007) dos
Jogos Olímpicos.
Desse modo, foi preciso entender em que momento histórico os
Jogos Olímpicos surgiram. Para apresentar a intersecção desses pontos
contextualizei a formação do Esporte Moderno, a partir de um modelo inglês, e que
rapidamente se difundiu por diferentes países. Após essa apropriação do esporte
pelas outras nações foi necessária a constituição de regras comuns para que as
competições entre as diferentes equipes pudessem ocorrer. Nesse processo se
formaram em âmbito nacional as confederações, as federações e os Comitês
Olímpicos. No plano internacional, as Federações Internacionais, o COI e a FIFA
englobaram essas instituições nacionais para compor a estrutura esportiva mundial.
Com essa estrutura disseminada em vários países foi preciso
entender como ocorreu a formação das duas maiores entidades esportivas do
mundo: o COI e a FIFA. No processo de construção das características de cada
entidade aconteceu um jogo de aproximação e distanciamento que permitiu
entender como as relações de poder (FOUCAULT, 2011) se estabeleceram e a partir
475
dessa sua estrutura identificar e analisar uma composição interna muito parecida
das duas entidades, marcadas historicamente pela presença de um maior número
de europeus tanto no quadro de seus membros como de seus presidentes.
A história do futebol nos Jogos Olímpicos foi marcada por uma série
de disputas políticas. A sua rápida transformação dentro do evento pôde ser
analisada a partir da falta de interesse em alguns países em participar da
modalidade (1896), passando nas duas edições seguintes (1900-1904) a ser uma
modalidade exibição. Em 1908, o futebol entrou efetivamente no programa sendo
reforçado o seu caráter amador. No entanto, o futebol ganhava novos adeptos no
mundo inteiro e já em 1912 cogitou-se retirar a modalidade do programa pelo fato de
que não eram mais somente os aristocratas que jogavam. Com isso, a presença de
outros atletas (os trabalhadores) além dos amadores na prática do futebol ameaçava
a chancela dos Jogos Olímpicos pautada nos ideais do amadorismo.
Mas, foi no Pós Primeira Guerra que o embate entre a FIFA e o COI
tomou forma. De um lado a FIFA defendia o pagamento pelo tempo de afastamento
dos atletas que se ausentassem do trabalho para competir. O COI era contra essa
medida sob a justificativa que poderiam haver fraudes na especificação dos gastos
dos atletas. Essa discussão foi muito intensa nos anos 20 e culminou com a saída
do futebol do programa olímpico ao final dos Jogos de 1928. Nesse mesmo ano,
diante dessa situação a FIFA resolveu que promoveria a sua primeira Copa do
Mundo para profissionais e amadores, algo que aconteceu em 1930. Essa era a
resposta da FIFA ao COI na disputa pelo controle do futebol nos Jogos Olímpicos
que, até aquele momento, era a principal competição entre as seleções do mundo
inteiro.
Em 1934, apenas dois anos após ter sido excluído dos Jogos o
futebol foi reintegrado. A volta a partir dos Jogos de 1936 e a consolidação da Copa
do Mundo como um evento importante no calendário do futebol fez com que as duas
entidades continuassem a divergir em relação ao futebol gerando uma série de
restrições ao modo como acontece esse esporte dentro dos Jogos. As sanções
passaram pela restrição aos atletas que tivessem disputado uma Copa do Mundo,
condição que apareceu nos Jogos de 1960 e depois voltou a ser colocada na
década de 80 com pequenas modificações.
A condição de amador também restringia a participação e um amplo
debate foi promovido diante das mudanças pelas quais passavam o futebol.
476
Questionava-se que não havia mais atletas amadores e em alguns países da Cortina
de Ferro, pelo fato de não existir profissionalismo já que os atletas pertenciam ao
Estado, fazia com que os atletas desses países tivessem um grande número de
experiências, porque sendo amadores competiam tanto nos Jogos Olímpicos quanto
na Copa do Mundo, fato que gerou acusações quanto à presença de “falsos
amadores”. Os intensos debates fizeram com que a partir da década de 80 voltasse
a acontecer a restrição aos atletas que tivessem participado das eliminatórias e/ou
da Copa do Mundo. Essa condição era válida somente para os atletas da Europa e
da América do Sul.
Portanto, os rastros (GINZBURG, 2007) que foram sendo
construídos a partir das edições olímpicas permitiram sustentar a tese de que o jogo
político entre o COI e a FIFA com a finalidade de estabelecer as definições
referentes aos atletas amadores e profissionais que determinou os rumos do futebol
no mundo. Sem dúvida interferiu diretamente nas decisões do futebol olímpico, mas
suas ações podem ser vistas para além dos Jogos Olímpicos quando a definição
para a criação da Copa do Mundo aconteceu após um conflito entre as duas
entidades.
Em busca de uma interpretação, tal qual foi apresentada,
especialmente sob a perspectiva de Geertz (1989), o corpo da tese que foi
construído – entrevistas e documentos – permitiu mostrarmos como os diferentes
atores analisavam a presença do futebol nos Jogos Olímpicos. Na perspectiva de
assumir os Jogos Olímpicos como um texto cultural, foram apresentados múltiplos
olhares sobre o mesmo tema para entendermos o que eles dizem, com quem
dialogavam e de qual perspectiva se manifestavam. Os rastros apresentados
também mostraram como cada ator envolvido (atletas, membros e presidentes do
COI e da FIFA, imprensa, dirigentes do COB e da CBD, depois CBF) fizeram a
leitura desse texto cultural.
Nesse caminho foi preciso entender a relação entre o futebol
olímpico e o futebol da Copa do Mundo. Fala-se tanto da importância da Copa do
Mundo, de que é a principal competição do futebol e poucas referências são feitas
ao futebol dos Jogos Olímpicos. Talvez, essas diferenças possam ser apontadas
colocando o Brasil em lados opostos. De um lado, pelo fato do Brasil ser o maior
campeão mundial de futebol e ser a única seleção do mundo a ter participado de
todas as edições o país possui um grande destaque nas Copas do Mundo. Por outro
477
lado, em relação aos Jogos Olímpicos pelo fato do Brasil nunca ter conquistado uma
medalha de ouro e ter participado apenas de 12 edições são alguns dos elementos
que faz com que essa competição não seja tão valorizada em nosso país.
Nesse jogo de espelhos entre a Copa do Mundo e os Jogos
Olímpicos, existe um imaginário de que a seleção olímpica deve ter um desempenho
equivalente ao da seleção principal. E nessa lógica, a não conquista da medalha de
ouro, materializada por meio das derrotas, paira como uma maldição sob o “país do
futebol” (RUBIO, 2006). E nesse imaginário, durante muitas edições, havia a
desconfiança de que o futebol olímpico brasileiro fosse humilhado diante dos países
europeus que não adotavam o profissionalismo. Esse medo era pautado no dilema
do sucesso conquistado nas Copas e o fracasso das participações olímpicas.
Esses eram os elementos prévios, partilhados, principalmente, por
muitos meios de comunicação. E como forma de se consolidar essas visões, esses
veículos valorizam as histórias dos atletas que participaram da Copa do Mundo e
pouco se sabe sobre as trajetórias dos atletas que disputaram os Jogos Olímpicos,
ao menos, daqueles que não chegaram a disputar uma Copa do Mundo.
As histórias dos atletas brasileiros do futebol resolveram uma
questão importante dessa condição: eram amadores e pelo regulamento eram
elegíveis para participarem dos Jogos. Apesar de serem amadores muitas vezes
atuavam no time principal, leia-se profissional. Nesse cenário, muitos jogadores não
possuíam contrato oficial, apenas um “contrato de gaveta” que era uma forma do
clube ter inúmeras garantias em relação ao atleta, deixando-o numa condição de
total dependência junto ao clube. A participação nos Jogos Olímpicos, muitas vezes,
representou a impossibilidade em ser contratado como um atleta profissional. Para
os clubes, profissionalizar os jogadores era uma forma de impedi-lo de participar dos
Jogos Olímpicos e, consequentemente, não desfalcar seu time durante alguma
competição. Como medida para dificultar essa ação, a própria CBD-CBF chegou a
impedir, especialmente nos anos 60-70, que os atletas pré-selecionados pudessem
se profissionalizar. Então, para os atletas que galgavam espaços no futebol
profissional dos clubes tinham na condição de amador e da participação nos Jogos
Olímpicos um fator que limitava, em um primeiro momento, as possibilidades de
ascensão na carreira futebolística.
A condição amadora também foi uma via acionada para justificar as
derrotas diante das seleções da Cortina de Ferro que contavam com os “falsos
478
participem dessa competição ainda jovens, reforçando que é uma competição com
um caráter de preparação para a principal competição do futebol: a Copa do Mundo.
A preparação brasileira para disputar o futebol olímpico não difere
das diretivas do COB na preparação dos demais atletas olímpicos. Os períodos que
antecederam os Jogos das mais diversas edições foram para o Brasil, em sua
maioria, marcados pela indefinição de verbas e o comprometimento do período de
treinamento visando à disputa. No caso do futebol, não raro as seleções,
organizadas pela CBD e posteriormente pela CBF foram preparadas em pouco
tempo. Frequentemente demorou-se para definir o técnico, encontrar equipes
competitivas para realizar partidas amistosas, enfim, uma série de empecilhos
interferiram diretamente no desempenho das equipes no torneio olímpico.
Embora os presidentes do COB e da CBD/CBF tenham se
caracterizados pela longa duração de seus mandatos, a formação das equipes do
futebol olímpico pode ser percebido como um lugar de passagem marcado pelo
conflito. Em um primeiro momento, o conflito deveu-se pela intenção dos atletas em
se tornarem profissionais quando a CBD impediu por diversas vezes esse direito aos
atletas com o objetivo de que permanecessem elegíveis para defender a seleção
brasileira. Em outro momento, quando regressavam dos Jogos, imbuídos de um
novo status, buscavam mudar a sua situação dentro do clube requisitando a
mudança para a condição de atleta profissional.
Considero a seleção olímpica como esse lugar de passagem na
concepção dos presidentes das entidades citadas porque a organização das
seleções de futebol foi marcada por uma ação de exploração (HOLANDA, 1995), no
sentido de que se caracterizaram pelo pouco tempo de preparação e quando houve
um tempo maior aconteceram crises envolvendo, especialmente, os técnicos que ali
estavam.
A última edição olímpica analisada na tese, 1988, mostrou as
tensões pelas quais passavam a seleção brasileira e por extensão o futebol
nacional. Foi um período que marcou o início mais intenso da saída dos jogadores
brasileiros para o exterior. O dilema apontado pelo então técnico da seleção
olímpica, Carlos Alberto Silva, representava um dos últimos redutos que validavam
um discurso de que a seleção brasileira deveria ser formada por atletas que atuavam
no país. Essa resistência mostrada por meio da sua fala tornou-se praticamente uma
condição sine qua non para os atletas que vão integrar as seleções brasileiras a
480
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Anexos
Carta de Baillet-Latour informa o retorno do futebol aos Jogos Olímpicos (1935)
503
504
1. The Executive Committee shall pass decisions on all cases that do not come
within the sphere of responsibility of the Congress or are not reserved for other
bodies by law or under these Statutes.
2. The Executive Committee shall meet at least twice a year.
3. The President shall convene the Executive Committee meetings. If at least
thirteen members of the Executive Committee request a meeting, the President
shall convene it.
4. The Executive Committee shall appoint the chairmen, deputy chairmen and
members of the standing committees.
5. The Executive Committee shall appoint the chairmen, deputy chairmen and
members of the judicial bodies.
6. The President shall compile the agenda. Each member of the Executive
Committee is entitled to propose items for inclusion in the agenda.
7. The Executive Committee may decide to set up ad-hoc committees
if necessary at any time.
8. The Executive Committee shall appoint the delegates from FIFA to IFAB.
9. The Executive Committee shall compile the regulations for the organisation of
standing committees and ad-hoc committees.
10. The Executive Committee shall appoint or dismiss the Secretary General on the
proposal of the President. The Secretary General shall attend the meetings of all
the committees ex officio.
11. The Executive Committee shall decide the place and dates of the final
competitions of FIFA tournaments and the number of teams taking part from
each Confederation.
12. The Executive Committee shall approve regulations stipulating how
FIFA shall be organised internally.
Apêndice
Apêndice A: Termo de consentimento livre e esclarecido
Dados de identificação
Título do Projeto: MEMÓRIAS OLÍMPICAS POR ATLETAS OLÍMPICOS BRASILEIROS
Pesquisador Responsável: Profa. Dra. Katia Rubio
Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: EEFE-USP
Telefones para contato: (11) 30913181 - (11) 30913151 - (11) 91387466
Nome do voluntário:
______________________________________________________________________________
Idade: _____________ anosR.G. __________________________
Responsável legal (quando for o caso):
_______________________________________________________________
R.G. Responsável legal: _________________________
O Sr. (ª) está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa “MEMÓRIAS OLÍMPICAS POR
ATLETAS OLÍMPICOS BRASILEIROS, de responsabilidade da Profa. Dra. Katia Rubio.
O presente projeto tem como objetivo recuperar a memória dos atletas olímpicos que
representaram o Brasil em várias edições dos Jogos Olímpicos da Era Moderna e por meio dessas
histórias individuais discutir a formação da identidade do atleta, a importância desse ator social no
cenário brasileiro e o movimento de construção e manutenção do imaginário esportivo brasileiro.
Com o consentimento do atleta as entrevistas são registradas em vídeo e posteriormente
transcritas para análise.
A pesquisa não oferece risco ao participante e espera-se com essa pesquisa fazer um
levantamento das modalidades medalhistas, da trajetória de seus atletas no cenário nacional – e o
reconhecimento por parte da população de seus feitos – e analisar a política das Federações e
Confederações Esportivas naquilo que se refere à influência desse procedimento na formação de
novos atletas. Montar um banco de dados – em forma de imagem e de textos – com a memória do
esporte nacional e a partir desses dados construir uma Enciclopédia dos atletas olímpicos brasileiros.
As informações coletadas serão publicadas com o consentimento do participante.
_________________________________
Nome e assinatura do participante
_________________________________
Testemunha
Janeiro
Eduardo de Oliveira
Cruz Carlassara
Veloso Janeiro
Janeiro
do Campo
Camargo Filho
Caravetti
Janeiro
Negra
Mura Janeiro
Janeiro
Vinagre Godoy
do Campo
Daniel Euclides Moreno Sérgio Settani Giglio 50m47 São José 62 anos
dos
Campos
Ademir Ueta (China) Sérgio Settani Giglio 2h05 São Paulo 62 anos
Almeida Janeiro
Sebastião Carlos Silva Sérgio Settani Giglio 2h08 São Paulo 63 anos
Antônio Pedro de Jesus Carlos Rey Perez 57m16 São Paulo 66 anos
(Toninho)
Dinamite)
Roberto Vagner Chinoca Sérgio Settani Giglio 52m36 São Paulo 62 anos
Braga Janeiro
Richter do Sul-RS
Oliveira Janeiro
Janeiro
Rafael Campos
Veloso
Gurjol Janeiro
Souza
Angelo Claros-MG
Angelo e Júlia
Amato
Janeiro
Alegre
Gilmar Luís Rinaldi Sérgio Settani Giglio 44m19 São Paulo 52 anos
514
e Paulo Henrique do
Nascimento
Alegre
e Paulo Henrique do
Nascimento
Amato
Fundo
Fundo
José Ferreira Neto Sérgio Settani Giglio, 1h40 São Paulo 44 anos x
Paulo Henrique do
Nascimento, Enrico
Carolina Oettinger
Guariento
Santos
Tonini
e Marcel Diego
Tonini
(Mazinho)
Winck Fundo
Luiz Carlos Bombonato Sérgio Settani Giglio 36m21 São Paulo 35 anos
Nascimento
Narciso dos Santos Sérgio Settani Giglio 46m14 São Paulo 37 anos
516
José Elias Moedin Júnior Sérgio Settani Giglio 1h10 São Paulo 36 anos
(Zé Elias)
(Juninho Paulista)
José Marcelo Ferreira (Zé Sérgio Settani Giglio 1h59 São Paulo 39 anos
Tonini
Hinterholz Alegre
Maurício Gomez
e Marcel Diego
Tonini
Fabiano Pereira da Costa Carlos Rey Perez 1h02 São Paulo 35 anos
Luiz Eduardo Schmidt Carlos Rey Perez 1h15 São Paulo 33 anos
517
Angelo Alegre
Alegre
Alegre
(Jô) Alegre
Janeiro
Janeiro
518