Crimes Sexuais Lei 12.015 09

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Tema: Crimes Sexuais (Lei 12.

015/09)
Professor Felipe Caldeira

1 – Bem jurídico-penal

1.1. Bem jurídico-penal tutelado pelos crimes sexuais

ANTES LEI 12.015/09 DEPOIS LEI 12.015/09


COSTUMES DIGNIDADE SEXUAL

(i) Atualização

(ii) Restrição
- artigos 1º, inciso III, e 5º, inciso X, da CRFB/88.

2 – Estupro

2.1. Conceito (tipo objetivo)

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Constranger mulher à conjunção carnal, Constranger alguém, mediante violência ou
mediante violência ou grave ameaça grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a
praticar ou permitir que com ele se pratique
outro ato libidinoso (forma livre).

NUCCI: toda forma de violência sexual para qualquer fim libidinoso.

2.2. Tipo subjetivo

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Dolo Dolo
Especial fim de agir (NUCCI): ter conjunção
carnal ou outro ato libidinoso (violência sexual),
o que diferencia o constrangimento ilegal (art.
146, do CP).

2.3. Sujeito ativo

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Homem (crime de mão própria). Mulher apenas Homem e mulher como autores diretos (crime
coautora, autora mediata ou partícipe. comum).

2.4. Sujeito passivo

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Homem (crime de mão própria). Mulher apenas Homem e mulher como autores diretos.
coautora, autora mediata ou partícipe.

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2.5. Consumação e tentativa

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Cópula pênis-vagina. Toque físico eficiente para gerar a lascívia ou o
constrangimento sexual à vítima (caso concreto).

2.6. Estupro qualificado

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Art. 223 - Se da violência resulta lesão corporal Art. 213
de natureza grave § 1° Se da conduta resulta lesão corporal de
Pena - reclusão, de oito a doze anos. natureza grave ou se a vítima é menor de 18
Parágrafo único - Se do fato resulta a morte: (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de oito a vinte anos Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2° Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

(i) Antes havia controvérsia: quando se mencionava FATO, poder-se-ia abranger a violência e a grave
ameaça ou apenas a violência?

(ii) Atualização dogmática

Problema na redação:

Menor de 18 anos ou maior de 14 anos?!?!?!?!?!?!


Hoje só existe estupro qualificado, pois todas as vítimas serão menores de 18 anos (17, 16, 15, 14, 13,
12, 11... 1 mês) ou maiores de 14 anos (15, 16, 17, 18... 60).

E o art. 217-A, § 1°???

Problema na redação:

Menor de 18 anos E maior de 14 anos!!!

2.7. Crime hediondo?

Art. 4° O art. 1° da Lei n° 8.072, de 25 de julho de 1990, Lei de Crimes Hediondos, passa a vigorar
com a seguinte redação:
“Art. 1° ............................................................................
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1° e 2°);
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1°, 2°, 3° e 4°);

2.8. Importunação ofensiva ao pudor (artigo 61, da LCP)

Art. 61. Importunar alguem, em lugar público ou acessivel ao público, de modo ofensivo ao pudor:
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.

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2.9. Considerações finais

(i) Unificação: não há mais distinção entre estupro e atentado violento ao pudor, de forma que, por
exemplo, esposa pode praticar estupro no marido (isonomia);
(ii) Unidade: também encerram os debates sobre a incidência de concurso material (recentemente
decidido pelo Pleno do STF) ou de crime continuado entre as condutas, uma vez que, agora, o artigo
213, do Código Penal se caracteriza como tipo misto alternativo. Trata-se de conduta única com a
possibilidade da pluralidade de atos (unidade natural dos crimes sexuais);
(iii) Dispensa de contato físico (NUCCI)

3 – Estupro de vulnerável

3.1. Conceito (tipo objetivo)

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Art. 213 c.c. art. 224 (violência presumida) Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso
com menor de 14 (catorze) anos
1° Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no
caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental,
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que,
por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
§ 2° (VETADO)
§ 3° Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4° Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos

3.1. Conceito (tipo objetivo)

Vulnerável: passível de lesão; sem proteção; coação psicológica de pessoa incapaz de externar o seu
consentimento racional e seguro de forma plena.

3.2. Tipo subjetivo

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Dolo Dolo
Especial fim de agir (NUCCI): ter conjunção
carnal ou outro ato libidinoso (violência sexual).

3.3. Crime hediondo?

Art. 4° O art. 1° da Lei n° 8.072, de 25 de julho de 1990, Lei de Crimes Hediondos, passa a vigorar
com a seguinte redação:
“Art. 1° ............................................................................
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1° e 2°);
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1°, 2°, 3° e 4°);
Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput
e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, 214 e sua

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combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são acrescidas de
metade, respeitado o limite superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das
hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal.
§ 3° Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4° Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos

4 – Atentado violento ao pudor

4.1. Descriminalização???? Despenalização?????

Foi incorporado, integralmente, o artigo 213, do Código Penal. Não houve abolitio criminis, e sim
continuidade normativo-típica.

5 – Estupro: concurso de crimes (atentado violento ao pudor)

5.1. Problematização

Tipo objetivo (Estupro c.c. atentado) Concurso material

Bem jurídico (tradicional) Crime continuado

“MESMA ESPÉCIE”
Concurso material (2 ou+ desígnios
específicos)
Bem jurídico (moderna)
(depende do caso concreto)
Crime continuado (1 desígnio geral; “contexto”,
“UNIDADE NATURAL”)

5.2. Postura do Supremo Tribunal Federal

O Supremo Tribunal Federal, até o julgamento do HC 89.827 (24/04/2.007), tinha a sua jurisprudência
majoritária no sentido do concurso material (mesmo tipo), porém, a partir deste HC, passou a realizar
uma análise casuística (mesmo bem jurídico), ora reconhecendo o concurso material, ora
reconhecendo a continuidade criminosa.

O Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, tende a adotar o concurso material, porém, assim como o
Supremo Tribunal Federal, tem demonstrado uma tendência de alteração jurisprudencial para adotar
uma análise casuística.

Entretanto, no dia 18/06/09, por 6 votos a 4, o STF decidiu pelo concurso material, pois não são crimes
da mesma espécie. Os 4 votos vencidos eram no sentido da análise casuística.

HC 86238 (info. 542)  Plenário. JULGADO NO DIA 18/06/09

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5.3. Lei 12.015/09
Como fica a questão do concurso com o advento da Lei 12.015/09? Crime único ou concurso?
Retroage?
Abolitio criminis?
Fase cognitiva? Fase executiva?

6 – Violação sexual mediante fraude

6.1. Conceito (tipo objetivo)

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Art. 215 - Ter conjunção carnal com mulher honesta, Art. 215 - Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
mediante fraude. libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio
Parágrafo único - Se o crime é praticado contra que impeça ou dificulte a livre manifestação de
mulher virgem, menor de 18 (dezoito) e maior de 14 vontade da vítima.
(catorze) anos. Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de
Art. 216 - Induzir mulher honesta, mediante fraude, obter vantagem econômica, aplica-se também multa
a praticar ou permitir que com ela se pratique ato
libidinoso diverso da conjunção carnal.
6.2. Tipo subjetivo

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Dolo Dolo
Especial fim de agir: “Parágrafo único. Se o crime é
cometido com o fim de obter vantagem econômica.”

6.3. Sujeito ativo

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Art. 215 - Homem (crime de mão própria). Mulher Homem e mulher como autores diretos (crime comum).
apenas coautora, autora mediata ou partícipe.
Art. 216 – Homem e mulher

6.4. Sujeito passivo

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Art. 215 - mulher honesta Homem e mulher
Parágrafo único - mulher virgem, menor de 18 (dezoito)
e maior de 14 (catorze) anos.
Art. 216 - mulher honesta

6.5. Distinção entre violência sexual mediante fraude (art. 215, do CP) e estupro de vulnerável (art. 217-A, §
1º, do CP).

art. 215 art. 217-A, § 1º


Ter conjunção carnal ou praticar outro ato Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro libidinoso com menor de 14 (catorze) anos.

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meio que impeça ou dificulte a livre manifestação § 1° Incorre na mesma pena quem pratica as ações
de vontade da vítima descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. deficiência mental, não tem o necessário discernimento para
a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência. Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15
(quinze) anos

NUCCI: a resistência do art. 215 é RELATIVA enquanto que a resistência do art. 217-A, § 1º é
ABSOLUTA. A diferença é do grau de resistência, o que justifica a exasperação da pena. Desta forma,
o art. 217-A, § 1º é subsidiário em relação ao art. 215.

??????: a vítima do art. 215 é “ENGANADA” enquanto que a vítima do art. 217-A, § 1º é
“IMPOSSIBILITADA”.

7 – Satisfação de lascívia mediante a presença de criança ou adolescente

7.1. Conceito (tipo objetivo)

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Sem correspondência Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14
(catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou
outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de
outrem

7.2. Tipo subjetivo

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Sem correspondência Dolo
Especial fim de agir:
“fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem.”

7.3. Sujeito ativo

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Sem correspondência Homem e mulher

7.4. Sujeito passivo

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Sem correspondência Menor de 14 anos

8 – Ação penal

8.1. Natureza

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Art. 225. Nos crimes definidos nos capítulos Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste
anteriores, somente se procede mediante queixa. Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada
§ 1º Procede-se, entretanto, mediante ação à representação.

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pública: Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação
I - se a vítima ou seus pais não podem prover às penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18
despesas do processo, sem privar-se de recursos (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.
indispensáveis à manutenção própria ou da
família;
II - se o crime é cometido com abuso do pátrio
poder, ou da qualidade de padrasto, tutor ou
curador.
§ 2º No caso do nº I do parágrafo anterior, a ação
do Ministério Público depende de representação

8.2. Retroatividade? Inconstitucionalidade?

NUCCI: constitucional. O magistrado deve intimar a vítima imediatamente para representar; não há
novo prazo de 6 meses.

ARTUR: inconstitucional, pois há ofensa ao princípio da proteção eficiente dos bens jurídico-penais.

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