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Balcão de redação − Tema 8 − 2010

Caiu na rede... – Gênero textual: Carta ao leitor


F | Período: 19 a 25 de abril

Orientações para o aluno O fato noticiado é extremo, limítrofe, desvela o que pode haver de
pior nessa relação realidade x mundo virtual. É difícil identificar, porém,
Para começar, considere a charge a seguir. quando o acesso a esse universo deixa de ser saudável para transformar-se
em uma situação de dependência.
Leia os depoimentos a seguir, publicados na matéria “Quando a Rede
vira um vício”, da Revista Veja, de 24 de março de 2010.

Texto 1

Só o sono me faz parar


Há dois anos, minha relação com a internet deixou de ser saudável.
Sinceramente, não sei em que momento eu perdi a medida. Entro no com-
putador para trabalhar em meu projeto de conclusão de curso da faculda-
de e, quando me dou conta, estou às voltas com conversas infindáveis no
Orkut. Isso me preenche. Sei que pode me custar até uma repetência, mas
é irresistível. Já faltei a muita festa de amigo só para ficar on-line. Minha
mãe acha que devo moderar, e talvez esteja certa. Cogito procurar ajuda
médica. Hoje, nada no mundo faz com que eu me desconecte daquele com-
putador — só o sono.
Tiago Lourenço, 25 anos
Muito bate papo pela internet. <http://www.cartunista.com.br/>. <http://veja.abril.com.br/240310/quando-rede-vira-vicio-p-110.
shtml>.
A charge, por meio da ironia proposta, aborda um tema bastante polê-
mico: o quanto somos influenciados pelo mundo virtual. Casos de acidentes
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ou lesões provocados por exposição demasiada ao mundo cibernético são
recorrentes na mídia e em todo o mundo. O episódio de uma casal que Três anos perdidos
deixou a própria filha morrer de fome para criar um bebê virtual chocou o
Desperdicei três anos da minha vida jogando Tibia, um game no com-
mundo nesse mês de março. Confira a notícia:
putador cuja graça, para aficionados como eu, é ser infinito. Passava pelo
menos seis horas por dia em frente à tela e, longe dela, não conseguia
Casal coreano deixa bebê morrer para criar filho virtual pensar em outra coisa senão na hora em que voltaria ao jogo. Foi uma
Pais estavam foragidos desde a morte do filho, há 5 meses época negra. Não saía de casa e perdi os amigos. Estava tão isolada que,
por iniciativa própria, decidi restringir, por ora, o computador na minha
Um casal sul-coreano “viciado em internet” deixou sua bebê de três vida. Esse processo de desintoxicação, imagino, deve ser tão sofrido quanto
meses morrer de inanição enquanto criava uma filha virtual na web, disse o daqueles que tentam largar o álcool. Você precisa reatar as velhas amiza-
a polícia local. des e até se acostumar de novo à vida ao ar livre. O saldo é bom.
Segundo a agência de notícias oficial Yonhap, o casal alimentava sua Caroline Parreiras, 18 anos
bebê prematura apenas uma vez por dia, entre períodos de 12 horas passa- <http://veja.abril.com.br/240310/quando-rede-vira-vicio-p-110.
dos em um internet café. shtml>.
O oficial da polícia Chung Jin-won disse à Yonhap que o casal “per-
deu a vontade de viver uma vida normal” depois que os dois perderam seus
empregos. Texto 3
O pai, de 41 anos de idade, e sua mulher, 25 anos, foram presos na
cidade de Suweon, ao sul de Seul, no início da semana, cinco meses depois O mundo paralelo é melhor
de terem reportado a morte da bebê. Eles estavam foragidos desde a morte
da criança. Com 14 anos, ganhei meu primeiro computador e fui, pouco a pouco,
A autópsia mostrou que sua morte foi provocada por um longo período me tornando dependente dele, sem me dar conta da gravidade disso. Há
de desnutrição. seis meses, desde que concluí a escola e fiquei ociosa, ainda sem saber
O casal teria ficado obcecado em criar uma menina virtual chamada qual faculdade seguir, passo em média oito horas por dia navegando — e
Anima, no popular jogo Prius Online, disse a polícia nesta sexta-feira. sempre me parece insuficiente. Na internet me refugio da timidez. Tenho um
O jogo permite aos jogadores interagir com Amina e enquanto fazem blog e frequento as redes sociais, onde já conto com 300 amigos e arranjei
isso, a ajudam a recuperar sua memória perdida e desenvolver emoções. até namorado. Só me sobrou uma amiga dos tempos pré-internet, e as re-
Já houve outros casos de morte ligados ao vício em jogos de compu- feições eu faço apenas em frente à tela. Vivo num mundo tão à parte que,
tadores na Coreia do Sul, onde um jovem morreu supostamente depois de confesso, saio à rua e acho tudo estranho. Sou uma pessoa improdutiva, e
o mais assombroso é que tenho total consciência disso. Ainda não procurei
passar cinco dias jogando com apenas pequenos intervalos.
tratamento, mas talvez seja o caso.
<http://www.94fm.com.br/editorias_noticia.asp?nomeEditoria=
Marilia Dalabeneta, 18 anos
Tecnologia&idNoticia=8209&nomeNoticia=Casal+coreano+deixa+
<http://veja.abril.com.br/240310/quando-rede-vira-vicio-p-110.
beb%EA+morrer+para+criar+filho+virtual >. 6 mar. 2010.
shtml>.
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Caiu na rede... – Gênero textual: Carta ao leitor
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Os relatos confirmam que a imersão no mundo virtual pode, mesmo, 1. Folheie algumas revistas e leia algumas cartas ao leitor para ter contato
mudar a vida de uma pessoa e tornar-se uma doença. Confira a seguir como com essa estrutura de texto.
identificar os sintomas desse desvio. 2. Lembre-se de que a revista Veja não é direcionada a crianças e adolescen-
tes, mas aos seus pais.
3. Estabeleça quais pontos sobre o tema merecem ser destaque. Por que o
Texto 4
computador pode se tornar um perigo para os filhos e, consequentemente,
Sintomas da doença para toda família?
Preste atenção aos sinais de abuso no uso do computador e da 4. Deixe bem claro qual a posição da revista em relação ao problema. Como
internet os pais podem agir para mediar a situação?
• Dores ou comprometimento nas articulações motoras usadas na digi- 5. Por fim, façam um painel em classe com todas as “cartas”; dessa maneira
tação (ou LER – lesão por esforço repetitivo) diferentes pontos de vista podem ser levantados para que se reflita e dis-
• Surgimento ou agravamento de dificuldades visuais cuta sobre uma questão tão relevante para o mundo atual.
• Alterações do sono e/ou de apetite (emagrecimento ou ganho de peso)
Bom trabalho!
• Sinais generalizados de estresse, como irritabilidade
• Em casos mais graves e de uso muito prolongado, podem ocorrer Profas Fernanda Baccaro e Kelly Naiara.
distúrbios neurológicos ou cardíacos
• Alterações na circulação sanguínea (caso já exista uma pré-disposi-
ção)
• Dores de cabeça Texto 5
• Dores na coluna
• Preocupação constante com a internet quando está offline Modelo de uma carta ao leitor
• Dificuldade de reduzir o tempo gasto com a internet
• Redução da produtividade profissional ou escolar
• Falta de interesse em atividades fora da internet
• Conversas exclusivas sobre assuntos relacionados com a rede
• Uso repetitivo e pouco criativo dos recursos da rede
Rosa Maria Farah e Ivelise Fortim de Campos. <http://revistagalileu.
globo.com/EditoraGlobo/componentes/article/edg_article_
print/1,3916,1242130-1719-1,00.html>.

Proposta de redação

Observe a capa da revista a seguir. É uma capa bastante antiga da revista


Veja. Imagine que você seja o editor dessa edição e o responsável por escrever o
texto que apresenta a edição aos leitores: a carta ao leitor. Nela você deve apre-
sentar ao leitor os principais pontos da matéria especial da semana (“Perigo na
tela”), além de revelar qual é o ponto de vista da equipe em relação a tais fatos.

Carta ao Leitor
O tempo e a política

Muitos historiadores sustentam que a Revolução Francesa de 1789,


apesar de todas as iniquidades do regime monárquico, não teria eclodido
sem a sequência cruel de invernos rigorosos e longos que arruinou as plan-
tações de trigo, levando os pobres à inanição epidêmica. Também se atribui
ao drástico desequilíbrio climático de meados dos anos 1840 a eclosão
de uma onda de sangrentas insurreições populares que varreu quase todo
o continente europeu. Chuvas e geadas inclementes intercaladas abriram
caminho para a proliferação de uma praga que dizimou as plantações de
batata, então a única fonte disponível de calorias em larga escala. Da pe-
núria resultaram uma mortandade e um êxodo sem iguais na história da
humanidade. Só na Irlanda, 2 milhões de habitantes – um em cada quatro
– morreram ou emigraram.
Uma reportagem desta edição de Veja investiga as causas meteoro-
lógicas do dilúvio que se abate sobre o Sul e o Sudeste brasileiros. Com
especial ferocidade, as águas castigaram São Paulo, a maior cidade do
Hemisfério Sul, motor econômico que produz 12% do PIB do Brasil. Desde
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23 de dezembro passado choveu todos os dias em São Paulo. As nuvens


derramaram sobre seus moradores uma quantidade de água que não se
registrava havia 63 anos. A reportagem reflete sobre o inevitável custo po-
lítico dos efeitos catastróficos trazidos pelo dilúvio. A exploração eleitoral
das enchentes em São Paulo é desde já uma das estratégias declaradas
pelos partidários da candidata governista em sua disputa com José Serra,
governador de São Paulo. Não há dúvida de que hoje os governos são mais
eficientes e democráticos e os eleitores mais atendidos e menos manipulá-
veis do que as legiões de miseráveis franceses de 1789 e dos carbonários
pauperizados da Europa de 1840. Mas é a mesma a revolta das pessoas
diante do sofrimento provocado pela devastação das águas.
O que fazer? Ao poder público resta atender com presteza cada uma
das vítimas e cuidar para que elas tenham condições materiais e emocio-
nais de retomar quanto antes sua vida produtiva. Cabe também fazer pla-
nos e obras para tentar garantir que na próxima estação das chuvas a
única surpresa seja todos estarem preparados para evitar o pior.
<http://veja.abril.com.br/100210/sumario.shtml>. 10 fev. 2010.

www.sistemapoliedro.com.br

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