Sebenta de Farmacologia PDF
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Sebenta
Andreia Santos
Ana Sofia Cristóvão
Hugo Martins
Nuno Fernandes
Programa:
1. Introdução à farmacologia
2. Da origem dos fármacos à sua comercialização
3. Auto-medicação, adesão medicamentosa, erro terapêutico
4. Farmacocinética
5. Farmacodinâmica
6. Anti-bacterianos de uso sistémico
7. Anti-micóticos de uso sistémico
8. Anti-micobacterianos
9. Anti-víricos
10. Soros e imunoglobulinas
11. Vacinas
12. Anti-parasitários
13. Sangue e órgãos hematopoiéticos
14. Sistema cardiovascular
15. Sistema nervoso
16. Sistema músculo-esquelético
17. Tracto gastrointestinal e metabolismo de fármacos
ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE LISBOA
CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM
FARMACOLOGIA
Índice
INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA
3 Automedicação ......................................................................................................................................... 32
FARMACOCINÉTICA
2 Farmacocinética ....................................................................................................................................... 35
2.4 Metabolização................................................................................................................................. 44
2.6 Semi-vida......................................................................................................................................... 46
FARMACODINÂMICA
1 Farmacodinâmica ..................................................................................................................................... 50
1.6.2 Antagonismo............................................................................................................................... 53
1.6.4 Metabolismo............................................................................................................................... 53
1.6.5 Excreção...................................................................................................................................... 54
1 Antibióticos............................................................................................................................................... 57
1.3.1 Penicilina..................................................................................................................................... 61
1.4 Cefalosporinas................................................................................................................................. 64
1.7 Sulfonamidas................................................................................................................................... 72
1.10.5 Resistência.............................................................................................................................. 78
1.12.2 Resistência.............................................................................................................................. 79
2 Antifúngicos .............................................................................................................................................. 79
3 Antivíricos ................................................................................................................................................. 82
4 Anti-micobacterianos ............................................................................................................................... 84
FARMACOTERAPIA DO SANGUE
1 Anemia ..................................................................................................................................................... 87
2 Hemostase ................................................................................................................................................ 92
FARMACOTERAPIA CARDIOVASCULAR
6 Hipnóticos............................................................................................................................................... 143
FARMACOTERPIA DO TRACTO GI
FARMACOTERAPIA DA DIABETES
2.1 Efeito da insulina sobre o metabolismo dos hidratos de carbono ............................................... 179
INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA
1. Farmacologia e alguns dos seus ramos
2. Conceitos em farmacologia
3. Classificação dos medicamentos
4. Formulação dos medicamentos
5. Desenvolvimento e comercialização de medicamentos de uso humano
6. Controlo do risco de utilização do medicamento
7. Adesão ao regime terapêutico
8. Automedicação
Bibliografia:
RANG, H.P, et al; Rang & Dale Farmacologia. 6ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
KATZUNG, B. G.; Basic and Clinical Pharmacology. 9th edition. Lange Medical Books: McGraw-Hill, 2004
LÜLLMANN, H. et al; Color Atlas of Pharmacology, 2nd edition. New York: Thieme, 2000
1.1 FARMACOLOGIA
É a ciência que estuda dos fármacos e os medicamentos. Envolve o conhecimento da sua história, origem,
propriedades físicas e químicas, composição, absorção, biotransformação e excreção, efeitos terapêuticos e
acessórios e os seus mecanismos de acção.
1.2 FARMACOGNOSIA
Estuda a origem, conservação, identificação e análise química dos fármacos que provêm do reino vegetal.
Estuda a preparação dos medicamentos de forma a permitir a sua administração às pessoas e animais bem
como o modo de os conservar estáveis. Estuda as várias formas farmacêuticas e as vias de administração.
1.4 FARMACODINÂMICA
Estudo das acções farmacológicas e dos mecanismos do medicamento. Estudo “do que o fármaco faz ao
organismo”. Estuda tudo o que ocorre no organismo até que o fármaco chegue ao efeito final. Contempla:
• Efeitos biológicos;
• Locais e mecanismos de acção;
• Factores que influenciam a segurança e a eficácia do fármaco.
1.5 FARMACOCINÉTICA
• L
o Libertação
• ADME
o Absorção
o Distribuição
o Metabolização
o Ocorre quando o medicamento já está na corrente sanguínea;
o No fígado, quando ocorre a passagem do princípio activo do fármaco no fígado, o fármaco
é activado;
o Os medicamentos sofrem modificações químicas;
o A metabolização está sempre relacionada com o fígado à excepção dos medicamentos que
não sofrem alterações no mesmo.
o Excreção
o Fezes;
o Urina – necessário tornar os medicamentos hidrossolúveis;
o Os pesticidas e os insecticidas são lipossolúveis, ou seja, acumulam-se no tecido adiposo
do organismo o que torna difícil a sua eliminação.
1.6 FARMACOGENÉTICA
Estuda a influência que os factores genéticos podem ter sobre a farmacodinamia, farmacocinética e a
toxicologia dos fármacos e eventuais modificações induzidos por fármacos no material genético que os
recebe.
1.7 TOXICOLOGIA
1.8 FARMACOTERAPIA
2 CONCEITOS EM FARMACOLOGIA
2.1 FÁRMACO
Substância activa de origem humana, animal, vegetal ou química a qual se atribui uma actividade
apropriada para constituir um medicamento.
Todas as substâncias químicas capazes de modificar as funções dos seres vivos podendo utilizar-se com fins:
• Terapêuticos;
• Diagnósticos;
• Profilácticos – prevenção e métodos de diagnóstico (p.e., vacinas).
2.2 MATÉRIA-PRIMA
Qualquer substância, activa ou não, e qualquer que seja a sua origem, empregue na produção de um
medicamento, quer permaneça inalterável quer se modifique ou desapareça no decurso do processo.
2.3 EXCIPIENTE
Qualquer matéria-prima que, incluída nas formas farmacêuticas, se junte às substâncias activas ou suas
associações para servir-lhes de veículo, possibilitar a sua preparação ou estabilidade, modificar as suas
propriedades organolépticas ou determinar as propriedades físico-químicas do medicamento e a sua
biodisponibilidade.
Estado final que as substâncias activas ou excipientes apresentam depois de submetidas às operações
farmacêuticas necessárias, a fim de facilitar a sua administração e obter o maior efeito terapêutico
desejado.
2.5 MEDICAMENTO
• Efeitos terapêuticos;
• Efeito adverso/reacções adversas – qualquer resposta a um fármaco que seja nociva e inesperada
com doses normalmente usadas no homem para profilaxia, diagnóstico ou tratamento de doença,
ou para modificação de uma função fisiológica.
Designação do medicamento, a qual pode ser constituída por uma marca insusceptível de confusão com a
denominação comum, pela denominação comum acompanhada de uma marca ou pelo nome do requerente
ou do titular da autorização, contanto que não estabeleça qualquer equívoco com as propriedades
terapêuticas e a natureza do medicamento.
A Denominação Comum Internacional (DCI) é o nome oficial não comercial ou genérico de uma substância
farmacológica e foi estabelecida pelo Comité de Nomenclaturas da OMS.
NOME QUÍMICO
Nome químico é o nome do composto indicado como substância activa (responsável pela acção
farmacológica) presente no medicamento. Embora exista apenas um nome químico oficial, aprovado pela
União Internacional de Química Pura e Aplicada, o qual identifica uma determinada substância activa,
costuma utilizar-se uma variedade de nomes tradicionais. Estes últimos são utilizados por serem mais
simples e mais fáceis de lembrar.
NOME GENÉRICO
Designa um medicamento genérico é um medicamento com a mesma substância activa, forma farmacêutica
e dosagem e com a mesma indicação terapêutica que o medicamento original, de marca, que serviu de
referência.
4 FORMULAÇÃO DO MEDICAMENTO
• Princípio activo;
• Ligante – gelatina, amido, alginato de sódio;
• Lubrificante – óleo vegetal, glicol de polietileno;
• Agente molhante – detergente;
• Desintegrante – amido, ácido algínico;
• Corante e adoçante.
Bibliografia:
RANG, H.P, et al; Rang & Dale Farmacologia. 6ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
KATZUNG, B. G.; Basic and Clinical Pharmacology. 9th edition. Lange Medical Books: McGraw-Hill, 2004
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• Farmacovigilância
• Investigação e desenvolvimento
o O INFARMED criou, em 2004, um gabinete de Investigação e Desenvolvimento (I&D) de
forma a instituir um sistema de contacto entre a indústria, o meio académico e o
INFARMED facilitador de um maior crescimento em I&D ao nível da indústria
farmacêutica nacional reconhecida como sector estratégico para a economia nacional.
Neste contexto, o Gabinete de I&D dá assistência técnica e regulamentar no âmbito de
I&D ligado à indústria ou academia para o desenvolvimento inicial de infraestuturas e
projectos de acordo com os princípios das boas práticas farmacêuticas. Desde o início da
sua actividade tem dado apoio a 4 projectos relacionados, sobretudo mas não só, com a
biotecnologia e terapias avançadas.
Compete também a este Gabinete criar as condições para o desenvolvimento de projectos
de investigação no INFARMED e elaborar propostas de parceria com outras instituições
científicas, nacionais e estrangeiras.
• Ensaios clínicos
o A realização de ensaios clínicos de medicamentos para uso humano é regulada pelo
regime jurídico estabelecido pela Lei n.º 46/2004, de 19 de Agosto, que transpõe para a
ordem jurídica nacional a Directiva 2001/20/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de
4 de Abril.
• Fabricantes
o As entidades titulares de instalações que se dedicam ao fabrico de medicamentos e
produtos de saúde estão sujeitas ao licenciamento industrial nos termos da legislação
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• Eficácia;
• Segurança;
• Qualidade.
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FARMACOLOGIA
Risco associado: qualquer situação ou circunstância, relacionada com a qualidade, a segurança ou eficácia
de um medicamento, que possa pôr em causa a saúde dos doentes ou a saúde pública, bem como produzir
efeitos indesejáveis sobre o ambiente
A gestão do risco associado à utilização do medicamento tem como objectivo optimizar o seu benefício e
minimizar o risco. Trata-se de um processo contínuo e dinâmico, que se inicia na fase de desenvolvimento
do medicamento e que acompanha todo o seu ciclo de vida.
«Reacção adversa», qualquer reacção nociva e involuntária a um medicamento que ocorra com doses
geralmente utilizadas no ser humano para profilaxia, diagnóstico ou tratamento de doenças ou recuperação,
correcção ou modificação de funções fisiológicas.
«Reacção adversa grave», qualquer reacção adversa que conduza à morte, ponha a vida em perigo, requeira
a hospitalização ou o prolongamento da hospitalização, conduza a incapacidade persistente ou significativa
ou envolva uma anomalia congénita.
«Reacção adversa inesperada», qualquer reacção adversa cuja natureza, gravidade, intensidade ou
consequências sejam incompatíveis.
2.1.2 FARMACOVIGILÂNCIA
Surgiu em 1961, devido aos efeitos adversos da talidomida: milhares de crianças com focomélia, após
utilização deste medicamento, por parte da mãe, durante a gestação.
Houve, assim, uma consciencialização dos profissionais de saúde e do público das RAM, tendo sido criadas
estruturas de vigilância dos efeitos indesejáveis dos medicamentos.
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AUTO-MEDICAÇÃO, ADESÃO
MEDICAMENTOSA E ERRO
TERAPÊUTICO
1. Controlo do risco de utilização do medicamento
2. Adesão ao regime terapêutico
3. Automedicação
Bibliografia:
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28 Auto-medicação, adesão medicamentosa e erro terapêutico | CRISTÓVÃO, A.S.; SANTOS, A.; MARTINS,
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1 ERRO TERAPÊUTICO
ERROS NA ADMINISTRAÇÃO
Erro por
omissão
Medicação
Administração
preparada de
de dose extra
forma errada*
Administração
Administração
a velocidade
sem prescrição
errada
ERRO NA
Erro na técnica ADMINISTRAÇÃO
Administração
de
de dose errada
administração
Administração
Administração
no tempo
por via errada
errado
Administração
Administração
de
ao doente
medicamento
errado
deteriorado
*Pode envolver erro na diluição, reconstituição, fraccionamento de comprimidos que não devem ser fraccionados, etc.
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erro terapêutico
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Segundo a OMS (2003) , a adesão ao regime terapêutico é o “grau ou extensão em que o comportamento
da pessoa, em relação à toma de medicamentos, ao cumprimento da dieta e alteração de hábitos ou estilos
de vida, corresponde às instruções veiculadas por um profissional de saúde.
Nos países desenvolvidos, em terapias a longo prazo, na população geral, a adesão é de cerca de 50% e
muito mais baixa nos países em desenvolvimento.
30 Auto-medicação, adesão medicamentosa e erro terapêutico | CRISTÓVÃO, A.S.; SANTOS, A.; MARTINS,
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• Sociodemográficos
o Idade;
o Raça;
o Sexo;
o Ocupação;
o Nível de educação;
o Educação para a saúde.
• Económicos
o Tipo de assistência na saúde;
o Custo da medicação e dos cuidados de saúde;
o Rendimento do doente.
• Comportamentais
o Interacção doente-profissional de aúde;
o Conhecimento do doente;
o Compreensão e crenças face à doença ou doença e medicamentos;
o Conhecimento e crenças do cuidador;
• Clínicos
o Tipo de doença;
o Gravidade e duração da doença;
o Número de doenças associadas;
o Frequência do uso dos serviços de saúde;
o Satisfação dos doentes com os serviços de saúde;
o Qualidade dos cuidados.
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erro terapêutico
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Existem diversos factores preditores de não adesão, após diagnóstico e interacção com os profissionais de
saúde:
3 AUTOMEDICAÇÃO
FARMACOCINÉTICA
1. Noções introdutórias
2. Farmacocinética
Bibliografia:
RANG, H.P, et al; Rang & Dale Farmacologia. 6ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
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1 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
O ciclo do medicamento no organismo tem uma componente cinética e uma componente de extrensão
(quantidade ou fracção da dose que sofre o processo). É composto por diversas fases:
• (L – libertação);
• Absorção;
• Distribuição;
• Metabolismo;
• Excreção.
• Comprimidos;
• Cápsulas;
• Granulados;
• Pós;
• Supositórios;
• Pomadas;
• Suspensões/emulsões;
• Aerossóis;
• Soluções.
2 FARMACOCINÉTICA
2.1 LIBERTAÇÃO
• Forma farmacêutica
o Forma líquida:
Soluções aquosas;
Emulsões;
Suspensões.
o Forma sólida:
Pós;
Pós revestidos;
Granulados;
Comprimidos;
CRISTÓVÃO, A.S.; SANTOS, A.; MARTINS, H.; FERNANDES, N. | Farmacocinética 35
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Cápsulas moles;
Formas de libertação prolongada;
Sistemas terapêuticos de libertação constante.
2.2 ABSORÇÃO
O princípio activo dissolvido, cuja forma não ionizada é suficientemente lipossolúvel, atravessa as
membranas biológicas do local de absorção e penetra na circulação sanguínea.
A membrana celular é constituída por uma dupla camada fosfolipídica, com pólos lipófilos situados no
interior e pólos hidrófilos situados no exterior e proteínas. É lipofílica, facilitando a passagem de moléculas
lipossolúveis (não ionizadas). Encontram-se também poros (pequenas moléculas transportadoras,
hidrofílicas).
• Difusão passiva
o Ocorre segundo a Lei de Fick (tem em conta a relação entre gradiente de concentração,
espessura da membrana e superfície de contacto)
De acordo com o grandiente de concentração;
Não está sujeita à saturação;
Pouco sensível às variações de temperatura;
Importância da superfície de contacto.
o É condicionada por:
Lipossolubilidade;
Tamanho da molécula;
pH do meio (condiciona a ionização das partículas).
• Transporte activo
o Transporte contra o gradiente de concentração
Consumo de energia;
Sujeito a competição;
Sujeito a saturação;
Muito sensível às variações de temperatura;
Permite a passagem de macromoléculas.
• Alimentação
• Outros
o Área de absorção;
o Tempo de contacto;
o Intimidade do contacto;
o Intensidade da irrigação da membrana;
o Espessura da estrutura absorvente.
BIODISPONIBILIDADE
A biodisponibilidade é um termo farmacocinetico que descreve a velocidade e o grau com que uma
substância activa, ou a sua forma molecular terapeuticamente activa, é absorvida a partir de um
medicamento e se torna disponivel no local de acção.
“medicamento com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias activas, a mesma forma
farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência haja sido demonstrada por estudos
de biodisponibilidade apropriados”
MARGEM TERAPÊUTICA
A margem terapêutica corresponde ao intervalo de concentrações para o qual há efeito farmacológico sem
haver efeito tóxico (intervalo entre a concentração mínima eficaz e a concentração mínima tóxica).
Considera-se, também, que corresponde à maior probabilidade de ter o efeito esperado com a menor
probabilidade de ter efeitos adversos (toxicidade). Existe também uma variabilidade interindividual na
resposta a uma mesma concentração de fármacos, pelo que os limites da margem de segurança são difusos
e, desta forma, é importante a monitorização terapêutica.
• Administração sistémica
o Pressupõe que o fármaco passe por todas as fases para fazer efeito
o Tem que ser transportado pela corrente sanguínea directamente ao seu local de acção
o Quanto maior a lipossolubilidade melhor a passagem das moléculas
o As moléculas atravessam melhor as membranas não estando ionizadas
o Via oral
Vantagens:
• Simples
• Prática
• Económica
• Auto-medicação facilitada
Desvantagens:
• Tempo de latência (to)
• Irritação gastrointestinal
• Inactivação do princípio activo por suco gástrico ou alimentos
o Via sub-lingual
Absorção irregular
Substâncias de baixo peso molecular
o Via rectal
É utilizada em caso de vómito e outras situações particulares
Absorção irregular
o Via parentérica
Vantagens:
• Início rápido da actividade terapêutica
• Utilização de princípios activos mal absorvidos por outras vias
• Índices exactos e constantes
• Administração de grandes quantidades de líquidos
• Controlo de medicamentos com pequena margem terapêutica
Desvantagens:
• Potencial risco de sobredosagem
• Irritação e sensibilização do local de administração
• Custo elevado
• Pessoal qualificado para a preparação e administração
Vias:
• Endovenosa
o Lipossolúveis não podem ser dados por endovenosa
o Podem ser administradas grandes quantidades de liquido
o Não há absorção
o Vantagens (emergência)
o Riscos e limitações
o Administração lenta da solução (60s)
• Intramuscular
o Muito utilizada
o Absorção pelo tecido muscular
o Vantagens
o Limitações
o Quanto mais irrigado o órgão mais rápida a absorção
o Mais rápida do que a via oral
o Factores que influenciam a absorção: taxa de vascularização,
tempo de contacto, espessura
o Não podem ser administradas grandes quantidades de liquido
• Sub-cutânea
o Pouca tolerância a medicamentos irritantes
o Absorção mais lenta que a intramuscular
o Vantagem - Auto-administração
o Não pode ser administrado por via oral porque os fármacos são
inibidos pelas enzimas gástricas
• Inalatória
o Efeitos secundários
o Absorção muito rápida
o Substâncias de baixo peso molecular
o Voláteis ou gasosos
• Trandérmica
o Absorção regular
o Substâncias de baixo peso molecular
o Vias mais recentes de administração do fármaco
o Muito fácil
o Não tem transtornos a nível gástrico
o Entra na circulação sanguínea
o Ex.: anti-nicotínicos, hormonas e pílulas
• Intra-raquidiana
o Administração no espaço intravertebral
o Utilização Limitada
o Raquianestesia
o Passagem rápida ao SNC
2.3 DISTRIBUIÇÃO
A distribuição é o conjunto de processos pelos quais o fármaco se distribui nos diferentes órgãos e tecidos a
partir da circulação sistémica.
O princípio activo, na circulação sistémica, pode ligar-se mais, ou menos, com as proteínas plasmáticas e
difundir-se em certos órgãos e tecidos, contendo, ou não, receptores farmacológicos. O volume de
distribuição aparente (VDA) e a percentagem de ligação às proteínas plasmáticas (LP) são características de
um princípio activo e determinam a amplitude da distribuição deste no espaço vascular e extravascular.
É de salientar que o princípio activo, sob a forma livre, não ligado às proteínas plasmáticas, deixa o espaço
vascular, para se difundir no espaço extravascular e nos tecidos, onde se irá fixar, mais ou menos
fortemente, às proteínas extravasculares do líquido intersticial ou aos outros constituintes tecidulares.
Os fármacos atingem, em primeiro lugar, os órgãos e tecidos mais irrigados (por ordem decrescente de
irrigação: glândulas supra-renais, rins, cérebro, tecido músculo-esquelético, vísceras, tecido adiposo).
• Factores fisiológicos
o Irrigação sanguínea dos órgãos e tecidos;
o Permeabilidade das membranas;
o Proteínas plasmáticas.
As moléculas dos fármacos ligam-se a proteínas plasmáticas (albumina e α-glicoproteína ácida), que as
transportam. Assim, a concentração plasmática de um fármaco é dada pela soma da fracção ligada (que não
atravessa a parede capilar, por a molécula ser demasiado grande; farmacologicamente inactiva) com a
fracção livre.
Volume de distribuição (VD), também conhecido como volume aparente de distribuição, é um termo usado
farmacologicamente para quantificar a distribuição de um fármaco pelo corpo, após administração oral ou
parentérica. É definido como o volume no qual uma determinada quantidade de droga precisaria ser
uniformemente distribuída para produzir a concentração sanguínea observada.
O volume de distribuição pode estar aumentado por insuficiência renal (devido a retenção de fluidos) e
insuficiência hepática (devido ao fluido corporal alterado e ligação a proteínas plasmáticas). Desta maneira,
também pode estar diminuído na desidratação.
𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑉𝑉𝐷𝐷 =
𝐶𝐶𝐶𝐶
2.3.2 CLEARENCE
É a medida da capacidade do organismo em eliminar um fármaco. Esta medida é dada pela soma da
capacidade de biotransformação de todos os órgãos metabolizados. É representada pelo volume de líquido
(sangue ou plasma) completamente depurado do princípio activo, por unidade de tempo.
2.4 METABOLIZAÇÃO
Durante o metabolismo:
• O fármaco fica mais hidrofílico, o que acelera a excreção pelos rins, uma vez que um metabolito
menos lipossolúvel não é prontamente reabsorvido nos túbulos renais;
• Os metabolitos resultantes são, geralmente, menos activos que o fármaco que lhes deu origem
(p.e., diazepam → nordiazepam e oxazepam [menos activos]);
• As prodrogas são inactivas até serem metabolizadas (p.e., levodopa → dopamina);
• Fase I
o Estas reacções envolvem a transformação de um fármaco num metabolito mais polar,
através da introdução ou exposição de um grupo funcional (OH, NH2…)
o Oxidação
Reacções mais comuns, através de enzimas mixed function oxidases (Citocromo
P450s)
o Redução
o Hidrólise
• Fase II
o Conjugação do fármaco com substâncias endógenas – resultam em substâncias menos
activas
o Moléculas polares excretadas pelo rim
2.5 ELIMINAÇÃO
Existem diversas vias de excreção do fármaco, sendo a mais frequente a via renal:
• Biliar;
• Pulmonar – fármacos voláteis;
• Fezes;
• Leite materno – restrição medicamentosa em mulheres que amamentam;
• Suor;
• Saliva;
• Rim.
A excreção renal depende da filtração glomerular, secreção tubular e reabsorção tubular. É influenciada
pelo pH (a ionização dos ácidos e das bases fracos depende do pH do fluido tubular) e pela lipossolubilidade
do fármaco (a ionização dos ácidos e bases fracos depende do pH do fluido tubular).
2.6 SEMI-VIDA
A semi-vida (ou semivida), ou tempo de meia vida, é o tempo que a concentração de fármaco no sangue ou
no plasma leva a atingir um valor igual a metade do seu valor original. Está relacionada com a constante de
eliminação, da seguinte forma:
𝑡𝑡1/2 = 𝑙𝑙𝑙𝑙2�𝐾𝐾
𝑒𝑒
A semivida contempla:
A semivida é condicionada pela distribuição, metabolização e eliminação (e pela absorção quando a cinética
de metabolização e eliminação não é linear, proporcional).
Fig. 10 – O sistema LADMER (fase biofarmacêutica – L: libertação; fase farmacocinética: ADME – Absorção, Distribuição, Metabolização, Eliminação; fase
farmacodinâmica: R – Resposta)
• Simplificação da realidade;
• Descritos por um conjunto de equações matemáticas e por parâmetros farmacocinéticos;
• Descrevem o movimento do fármaco entre regiões de diferentes características, ao longo do tempo
(ADME);
• Permitem a previsão de resultados noutros estudos;
• Permitem a redução dos numerosos dados, que os estudos farmacocinéticos geram;
• Permitem prever níveis plasmáticos, tecidulares e urinários de fármacos com qualquer dosagem;
• Calcular o regime terapêutico óptimo para cada doente;
• Prever a possível acumulação de fármacos e/ou metabolitos;
• Correlacionar as concentrações dos fármacos com a sua actividade farmacológica ou tóxica;
• Avaliar as diferenças de biodisponibilidade entre formulações diferentes (bioequivalência);
• Descrever como mudanças na fisiologia ou doença podem afectar a ADME;
• Explicar as interacções entre os fármacos.
• Modelo monocomportamental
o Mais utilizado na clínica;
o Descrito por um conjunto de equações matemáticas;
o Assume o organismo como um “tanque”;
o Distribuição instantânea do fármaco.
• Modelo bicompartimental
o Distribuição do fármaco não instantânea: rápida nos órgãos muito irrigados
(compartimento central) e lenta nos órgãos pouco irrigados (compartimento periférico).
FARMACODINÂMICA
Bibliografia:
RANG, H.P, et al; Rang & Dale Farmacologia. 6ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
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1 FARMACODINÂMICA
Farmacodinâmica refere-se ao estudo dos mecanismos de acção dos fármacos. Um dos princípios básicos da
farmacologia afirma que as moléculas dos fármacos necessitam de actuar sobre um ou mais constituintes
das células para produzirem uma resposta farmacológica. Assim, é necessário que ocorra uma interacção
química entre as moléculas dos fármacos e as moléculas dos constituintes celulares, de forma a que a
função destas últimas seja alterada (“os fármacos não criam efeitos fisiológicos, apenas os modificam”). Os
processos de acção dos fármacos envolvem consumo energético (transporte activo) para a entrada destes
no meio celular.
Para que os efeitos farmacológicos ocorram é necessário que haja uma distribuição não-uniforme das
moléculas do fármaco dentro do organismo ou tecido, ou seja, as moléculas do fármaco precisam de se ligar
a constituintes específicos das células, moléculas proteicas geralmente, para produzir um efeito (acção
mediada por receptor). No entanto, existem muitos fármacos cuja acção não é mediada por receptores.
Os fármacos que não são mediados por receptores têm uma acção específica. A sua acção biológica
depende das características físico-químicas do fármaco.
Mais de 90% dos fármacos têm a sua acção mediada por receptores. Neste caso, o fármaco tem que ter
afinidade para o receptor, ocorrendo uma interacção selectiva do fármaco com determinadas proteínas da
membrana (ligação fármaco-receptor).
1.3 RECEPTOR
Um receptor é uma macromolécula proteica, constituinte da membrana celular. Constitui uma molécula-
alvo, que se encontra na superfície celular, por meio da qual mediadores químicos (hormonas,
neurotransmissores, etc.) produzem os seus efeitos. Por vezes, o termo receptor é utilizado para indicar
qualquer molécula-alvo com a qual uma molécula de um fármaco tem que se combinar para desencadear o
seu efeito específico.
• Reversível
o Forças de Van der Waals
o Pontes de hidrogénio
o Forças iónicas
• Irreversível
o Tipo covalente
Os receptores são responsáveis pela selectividade da acção do fármaco. Um receptor pode ter capacidade
de ligação a várias moléculas, no entanto, da sua estimulação resulta uma mesma resposta. Assim, o tipo de
efeito (resposta) está “preso” ao tipo de receptor.
Por outro lado, uma molécula (endógena ou fármaco) pode ligar-se a mais de um receptor, originando mais
de um efeito.
1.4 AGONISTAS
Um agonista parcial tem, também, afinidade para o receptor, no entanto, a sua actividade intrínseca é
menor, quando comparada com os agonistas.
• Vareniclina
o Agonista parcial dos receptores nicotínicos, actuando como elemento que compete
directamente com a nicotina para os respectivos receptores.
o A ocupação dos receptores nicotínicos provoca uma menor libertação de dopamina e,
consequentemente, o prazer de fumar será menor.
1.5 ANTAGONISTAS
Um antagonista apenas tem afinidade para o receptor, não tendo actividade intrínseca. No entanto, ocorre
um efeito terapêutico como consequência da sua acção, uma vez que o bloqueio do receptor provoca um
efeito, e não a molécula do fármaco em si.
Uma interacção medicamentosa consiste numa alteração do efeito de um fármaco, provocada pela
administração conjunta de outro.
1.6.1 SINERGISMO
O sinergismo consiste numa potencialização intencional (aumento) do efeito final, que pode ser dada por:
• Adição de efeitos
o Terapêutica oncológica
o Terapêutica da HTA
• Potenciação do efeito
o Ansiolíticos + anti-depressivo
Fármacos com o mesmo efeito, mas com mecanismos de acção diferentes, poderão ser utilizados em
conjunto.
1.6.2 ANTAGONISMO
Interacções de antagonismo habitualmente não são intencionais, no entanto fazem parte do ajuste
necessário da terapêutica de um doente. Nestas, ocorre uma diminuição ou inibição do efeito final. A
administração conjunta de um agonista e de um antagonista resulta numa interacção medicamentosa.
1.6.3 ABSORÇÃO
1.6.4 METABOLISMO
o Indutores enzimáticos
Fenitoína
Fenobarbital
Griseofulvina
Ciclosporina
Álcool
Tabaco
o Inibidores enzimáticos
Cimetidina
Macrólidos
Quinolonas
Diltiazem
Cetoconazole
Alopurinol
Sumo de toranja
1.6.5 EXCREÇÃO
1.6.6 INTERACÇÕES
• Doentes polimedicados
• Doentes com insuficiências, hepática ou renal graves
• Fármacos com intervalo terapêutico estreito
1.6.7 FARMACODINÂMICA
• Intervalo terapêutico
o Dose mínima eficaz
o Dose mínima tóxica
• Idade
o Crianças
o Idosos
• Interacções medicamentosas
• Factores genéticos
o Alterações na síntese proteica
Mecanismo de acção
Metabolização
o Anemia hemolítica por deficiência em glucose-6-fosfato desidrogenase
o Doença hereditária
Favismo
ANTI-INFECCIOSOS, VACINAS E
IMUNOGLOBULINAS
1. Antibióticos
2. Antifúngicos
3. Antivíricos
4. Anti-micobacterianos
5. Vacinas e imunoglobulinas
Bibliografia:
RANG, H.P, et al; Rang & Dale Farmacologia. 6ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
KATZUNG, B. G.; Basic and Clinical Pharmacology. 9th edition. Lange Medical Books: McGraw-Hill, 2004
LÜLLMANN, H. et al; Color Atlas of Pharmacology, 2nd edition. New York: Thieme, 2000
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FARMACOLOGIA
1 ANTIBIÓTICOS
Os antibióticos são os fármacos etiotrópicos (toxicidade selectiva), ou seja, são fármacos cujo mecanismo de
acção se dirige ao parasita do organismo e não ao hospedeiro, actuam nos organitos e estruturas dos
microorganismos de forma a diminuir a sua toxicidade para o hospedeiro, tendo o menor efeito possível
neste último.
A acção deste tipo de fármacos pode ser bacteriostática, evitando a multiplicação das bactérias, mas no
entanto se a dose for grande o suficiente pode ter uma acção bactericida, destruindo as bactérias.
A resistência nas populações bacterianas pode ser espalhada de pessoa para pessoa através da bactéria, de
bactéria para bactéria através dos plasmídeos, de plasmídeo para plasmídeo (ou cromossoma) através de
transposões (sequências de DNA capazes de se movimentar de uma região para a outra num genoma de
uma célula – transposição).
NATURAIS
Um exemplo deste mecanismo são as bactérias gram negativas. Estas são normalmente mais resistentes, já
que possuem uma membrana externa relativamente impermeável, o que quer dizer que muitos fármacos,
como os antibióticos, não a conseguem penetrar.
Devido à facilidade que as bactérias têm de se multiplicar e a probabilidade que existe de haver na divisão
uma mutação que faça com que passe a haver uma bactéria que em vez de ser sensível ao antibiótico é
resistente ao antibiótico, ainda assim, dado o número reduzido de bactérias resistentes resultantes deste
mecanismo, é pouco provável que estas se sobreponham à acção do sistema imunitário do hospedeiro.
As bactérias têm também facilidade em trocar material genético, os plasmídeos. Os plasmídeos são porções
de material genético extra-cromossomal, que se podem replicar independentemente e que podem conter
genes que codificam a resistência aos antibióditos (genes r).
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enzimas que façam com que o plasmídeo se integre noutro plasmídeo. Depois da separação dos dois, este
transposão replica-se de forma a que os dois plasmídeos contenham o gene r.
ADQUIRIDOS
O método mais importante de tranferência de genes r de uma bactéria para outra é através dos plasmídeos
conjugativos. A bactéria forma um tubo de ligação com a outra bactéria através da qual os plasmídeos
passam, conferindo a resistência à segunda bactéria – Conjugação.
Outro método, embora menos comum, é a transferência de genes r através da transdução, por exemplo, a
transmissão através de um virus bacteriano (bacteriofago) de um plasmídeo que contém um gene r para
outras bactérias.
INACTIVAÇÃO ENZIMÁTICA
Algumas bactérias conseguem destruir a estrutura do antibiótico com enzimas que produzem.
O exemplo mais importante de resistência é o causado pela inactivação dos antibióticosβ -lactâmicos. As
enzimas responsáveis são as β -lactamases, que destroiem o anel βlact ãmicos das penicilinas e das
cefalosporinas. Algumas β-lactamases mostram preferência pelas penicilinas e outras pelas cefalosporinas.
Os Staphylococcos são os principais produtores deβ -lactamase, e os genes que codificam estas enzimas
estãoc ontidos em plasmídeos que podem ser transferidos por transdução. Nos Staphylococcos, é enzima é
induzível (ou seja, a enzima não é sintetizada na ausência do antibiótico), concentrações subinibitórias de
antibióticos resultam num aumento da expressão do gene entre 50 e 80 vezes superior. A enzima passa
através da cápsula bacteriana e inactiva as moléculas de antibiótico no meio que rodeia a bactéria. O
problema causado pela secreção de β -lactamase pelos Staphylococcos resistentes foi ultrapassado pelo
desenvolvimento de penicilinas semi-sintéticas (meticilina) e novos antibióticos β -lactâmicos ( as
monobactâmicos e carbapenens) e cefalosporinas (cefamandol), que são menos susceptíceis à inactivação.
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ocorroe, a enzima não inactiva o fármaco no meio que rodeia a bactéria mas em vez disso, mantém-se
ligada à parede celular, evitando o acesso do fármaco aos sítios alvo da membrana a que está associado.
Muitas destas β-lactamases são codificadas por transposões, alguns dos quais também têm informação
genética determinante da resistência a vários outros antibióticos.
INACTIVAÇÃO DO CLORANFENICOL
O Cloranfenicol é inactivado pela cloranfenicol acetiltransferase, uma enzima produzida pelas estirpes
resistentes das bactérias Gram-positivas e Gram-negaticas, estando a resistência presente nos plasmídeos.
Nas bactérias Gram-negativas, a enzima é produzida continuamente, resultante em níveis de resistência 5
vezes mais altos do que nas bactérias Gram-positivas, nas quais a produção de enzima é induzível.
Os Aminoglicosídeos são inactivados pela fosforilação, adenilação ou acetilação, as enzimas que preenchem
estes requesitos são encontradas nas bactérias Gram-positivas e nas bactérias Gram-negativas. Os genes
resistentes estão presentes nos plasmídeos, e vários são encontrados nos transposões.
As bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, contêm plasmídeos cujos genes codificam proteínas (bombas
de efluxo) induzíveis na membrana bacteriana que expulsam as tetraciclinas do interior da bactéria,
diminuindo a sua concentração no interior e, logo, conferindo resistência às bactérias – processo
dependente de energia. Este tipo de resistência é comum e reduziu grandemente o valor terapêutico das
tetraciclinas.
É causada por mutações genéticas que modificam o alvo bacteriano (PBP’s) , impedindo assim que o
antibiótico se ligue à bactéria e exerça a sua função.
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• Inibição da síntese da parede bacteriana – como a bactéria fica sem parede não consegue conter
os seus organelos e morre;
• Modificação da permeabilidade da membrana – este método já não é muito utilzado;
• Alteração da síntese dos ácidos nucleicos – dependendo da dose do fármaco e da concentração do
foco infeccioso, pode ser bactericida ou bactériostático;
• Inibição da síntese proteica;
• Inibição de enzimas metabólicas.
1.3 β-LACTÂMICOS
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1.3.1 PENICILINA
As penicilinas são mais eficazes nas bactérias Gram-positivas do que nas Gram-negativas.
Fig. 13 - Estrutura da Penicilina (B) Anel β-lactâmico; (A) local de ligação das enzimas que inactivam este antibiótico
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MECANISMOS DE ACÇÃO
Interferem com a síntese do peptidoglicano da parede celular bacteriana. Depois da ligação às proteínas de
ligação à penicilina na bactéria (há vários tipos), inibem a tranpeptidação enzimática que forma as ligações
cruzadas das cadeias peptidicas.
O efeito bactericida final é a inactivação de um inibidor de enzimas autoliticas na parede celular, levando à
lise da bactéria. Alguns organismos, conhecidos como “tolerantes”, têm enzimas autoliticas defeituosas e
são inibidos mas não sofrem lise na presença do fármaco.
A benzilpenicilina apresenta um espectro de acção pouco amplo. A sua principal descantagem é a pouca
absorção gastrintestinal e a sua sensibilidade à inactivação βpelas -lactamases. Como tal, deve ser
administrada por via EV ou IM, mas por ser muito rapidamente eliminada, adicionou-se às fórmulas uma
substância que retarda a sua absorção.
Foram elaboradas diversas penicilinas semi-sintéticas pela adição de diferentes cadeias laterais ao núcleo da
penicilina.
Quando administradas por via oral, as diferentes penicilinas são absorvidas em diferentes graus,
dependendo da sua estabilidade em meio ácido. As penicilinas podem ser administradas por via
intramuscular ou endovenosa.
Estes antibióticos apresentam ampla distribuição nos líquidos corporais, penetrando nas articulações na
cavidades pleural e pericárdica, na saliva, no leite e na placenta.
A eliminação da mioria das penicilinas é principalmente renal e ocorre rapidamente, sendo 90% eliminado
por secreção tubular.
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Muito mais grave é o choque anafilático agudo, que pode ser fatal, mas que é raro.
1.3.4 RESISTÊNCIA
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1.4 CEFALOSPORINAS
De uma maneira geral têm um espectro de acção mais amplo porque são menos sensíveis às β -lactamases.
As cefalosporinas de amplo esprectro semi-sintéticas foram produzidas pela adição e diferentes cadeias
laterais ao núcleo da cefalosporina.
Fig. 16 - Estrutura da cefalosporina (B) Anel β-lactâmico; (A) local de ligação das enzimas que inactivam este antibiotico
O mecanismo de acção destes agentes é identico ao das penicilinas – interferência na síntese dos
peptidoglicanos bacterianos após ligação às proteínas de ligação (PBP’s).
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• Algumas cefalosporinas podem ser administradas por via oral, a cefuroxima axetil, a cefadroxil e a
cefixima.
• Os alimentos interferem com a absorção, pelo que devemos espaçar a toma das cefalosporinas das
refeições.
• A maioria é administrada por via parenteral; IM ou EV.
• Exibem ampla distribuição pelo corpo.
• Atravessam a placenta.
• A cefotaxima, a cefuroxima axetil e a ceftriaxona, também atravessam a barreira
hematoencefálica (importante nas meningites).
• São pouco metabolizadas.
• São excretadas por via renal.
Podem-se observar reacções de hipersensibilidade, muito semelhantes às que ocorrem com a penicilina.
Verifica-se ocorrência de algumas reacções cruzadas: assim, cerca de 10% dos indivíduos sensíveis à
penicilina irão apresentar reacções alérgicas às cefalosporinas.
RESISTÊNCIA
A resistência a este grupo de fármacos aumentou com o aparecimentoβ de -lactamases codificadas por
plasmídeos ou cromossomas. Além disso ocorre resistência se houver menos penetração do fármaco em
consequência de alterações nas proteínas da membrana externa ou de mutações nas proteínas dos sítios de
ligação.
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1.5.1 TETRACICLINAS
São antibióticos de amplo espectro, no entanto não são muito utilizadas porque são muito potentes (actuam
onde mais nenhum fármaco actua).
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MECANISMO DE ACÇÃO
• As tetraciclinas actuam ao inibir a síntese de proteínas após a sua captação nos microorganismos
sensíveis por transporte activo.
• Actuam ao nível da sub-unidade 30s ribossomal (o que quer dizer que para actuarem têm mesmo
chegar ao centro da célula.
• Inibem a ligação codão-anticodão.
• As tetraciclinas são bacterioestáticas, mas não bactericidas.
ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS
• Em geral as tetraciclinas são administradas por via oral, mas também podem ser administradas por
via parenteral.
• A absorção no intestino é irrecular e imcompleta, porém é melhor na ausência de alimento
• Como as tetraciclinas são quelantes de iõe smetálicos (cálcio, magnésio, ferro, aluminio), formando
complexos não-absorvíveis, ocorre a diminuição da absorção na presença de leite, certos antiácidos
e preparações de ferro. A doxiciclina é praticamente absorvida por completo.
• Boa difusão nos tecidos e fluidos.
• Grande afinidade para ossos e dentes (porque têm cálcio).
• Atravessam a placenta
• Excressão renal e biliar.
EFEITOS INDESEJÁVEIS
Foi relatada a ocorrência de fototoxicidade (sensibilização à luz solar, uma vez que o fármaco se deposita na
pele) mais particularmente com a demeclociclina. A minociclina pode produzir distúbios vestibulares
relacionados à dose. As tetraciclinas em altas doses podem diminuir a síntese de proteínas nas células
hospedeiras – um efeito antianabólico - , podendo resultar em lesão renal. O tratamento a longo prazo
pode causar distúrbios da medula óssea.
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RESISTÊNCIA
1.5.2 CLORANFENICOL
• Por via oral a absorção é rápida e completa e atinge concentrações máximas no plasma em 2 horas.
Pode ser administrado por via parentérica.
• Distribui-se amplamente pelos tecidos e líquidos quando há infecção no local.
• No plasma, 30 a 50% do cloranfenicol encontra-se ligado à proteína. Cerca de 10% são excretados,
inalterados, na urina, sendo restante inactivado no fígado.
• O efeito indesejável mais importante do cloranfenicol é a grave depressão da medula óssea, com
diminuição de todos os elementos figurados no sangue. Este efeito, apesar de raro, pode ocorrer
até mesmo com doses muito baixas em alguns indivíduos.
• Náuseas, vómitos e diarreia.
• Reacções de hipersensibilidade.
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1.6 AMINOGLICOSÍDEOS
Os aminoglicosídeos são catiões altamente polares. Não são absorvidos no trato gastrintestinal e em geral,
são administrados por via intramuscular ou endovenosa.
Não atravessam a barreira hematocefálica, não penetram nas secreções nem nos líquidos corporais, embora
possam ser obtidas concentrações elevadas nos líquidos articular e pleural. Todavia podem atravessar a
placenta.
A eliminação ocorre quase totalmente por filtração glomerular no rim. Se houver comprometimento da
função renal, verifica-se uma rápida acumulação do fármaco, com consequente aumento dos efeitos
tóxicos, que estão relacionados com a dose.
EFEITOS INDESEJÁVEIS
Os aminoglicosídeos podem produzir graves efeitos tóxicos relacionados com a dose, que podem aumentar
com a duração do tratamento. Os principais riscos consistem em ototoxicidade e nefrotoxicidade.
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RESISTÊNCIA
1.7 SULFONAMIDAS
MECANISMOS DE ACÇÃO
As sulfonamidas são análogos estruturais do ácido p-aminobenzóico (PABA), que é necessário para a síntese
de ácido fólico nas bactérias. O folato é necessário para a síntese dos percursores do DNA e do RNA tanto
nas bactérias cquando nos mamíferos. Os mamíferos obtêm o ácido fólico a partir da dieta, enquanto as
bactérias têm de o sintetizar.
As sulfonamidas competem com o PABA pela enzima dihidropteroato sintetase e o efeito da sulfanamida
pode ser superado pela adição de PABA em excesso.
A acção das sulfonamidas consiste em inibir o crescimento das bactérias, trata-se de uma acção
bacteriostática e não bactericida.
ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS
EFEITOS INDESEJÁVEIS
Os efeitos colaterais leves a moderados consistem em náuseas e vómitos, cefaleias e depressão mental.
Os efeitos adversos graves que exigem a interrupção da terapia incluem hepatite, reacções de
hipersensibilidade (exantemas, febre, reacções anafiláticas), depressão da medula óssea e cristalúria. Esta
última resulta da precipitação dos matabolitos acetilados na urina.
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RESISTÊNCIA
1.8 TRIMETOPRIMA
1.8.5 RESISTÊNCIA
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1.9 QUINOLONAS
Alguns fármacos incluidos neste grupo são: a ciprofloxacina, a levofloxacina, a ofloxacina e a norfloxacina.
Para existir replicação da molécula de DNA, esta tem que se desenrolar de forma a que as enzimas tenham
acesso e se dê a replicação. Quando o DNA se desenrola num sítio, abaixo dele, vai existir um super
enrolamento, existem enzimas para evitarem a quebra da cadeira de DNA: a DNA girase e a Topoisomerase
IV. As quinolonas actuam sobre estas enzimas evitando que o DNA se replique, levando a bactéria à morte.
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1.9.5 RESISTÊNCIA
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1.10 MACRÓLIDOS
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• Infecções genitais.
• Infecções gastrointestinais.
• Infecções do tracto respiratório.
• Infecções da pele e tecidos moles.
1.10.5 RESISTÊNCIA
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1.11 ESTREPTOGRAMINAS
1.12 LINCOSAMIDAS
1.12.2 RESISTÊNCIA
2 ANTIFÚNGICOS
As infecções por fungos (micoses) estão geralmente associadas à pele (por exemplo “pé de atleta”) ou a
membranas mucsas (por exemplo “sapinhos”). No entanto se o sistema imunitário estiver comprometido, os
fundos podem ter acesso à circulação sistémica e infectar orgãos sistémicos, podendo mesmo chegar a ser
fatal.
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2.1 ANFOTERICINA
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• Por via oral é pouco absorvida (só é administrada por esta via para o tratamento de infecções
fúngicas do tracto gastrointestinal).
• Administrada por via endovenosa.
2.2 FLUCITOSINA
A flucitosina é convertida no antimetabolito 5-fluorouracilo (5-FU) nas células dos fungos, mas não nas
células humanas. O 5-FU inibe a timidilato sintetase e portanto, a síntese de DNA. Podem surgir
rapidamente espécies mutantes resistentes, de modo que a flucitosina não deve ser utilizada isoladamente.
• A flucitosina pode ser administrada por infusão endovenosa ou por via oral.
• Eliminação renal
Distúrbios gástricos, anemia, neutropenia, trombocitopenia e alopécia, no entanto estes efeitos adversos
são habitualmente leves e revertidos com a interrupção da terapia.
2.3 AZÓIS
Os azóis inibem uma enzima fúngica (CYP3A) do citocromo P-450, a lanosina 14-α-desmetilase, que é
responsável pela conversão do lanosterol em ergosterol, o principal esteróide encontrado na membrana
celular dos fungos.
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A consequente depleção de ergosterol altera a fluides da membrana, interferindo na acção das enzimas
associadas à membrana. O efeito final consiste na inibição da replicação.
Os azóis também inibem a transformação da forma leveduriforme da Candida em hifas, a forma invasica e
patogénica do parasita.
3 ANTIVÍRICOS
• São fármacos usados para o tratamento das infecções causadas por vírus.
• Como os virús partilham muitos dos processos metabólicos da célula hospedeira, é difícil encontrar
fármacos que sejams electivos para estes agentes infeciosos.
• Existem algumas enzimas que são específicas do vírus e que podem constituir alvos potenciais para
estes fármacos.
• O objectivo principal da terapêutica antivírica é inibir ou eliminar a actividade vírica com efeitos
mínimos na função das células do hospedeiro.
• Fármacos antivíricos usados na terapêutica das infecções por vírus da imunodeficiência humana
(VIH).
Neste grupo encontram-se fármacos usados no tratamento de infecções causadas por Citomegalovírus
(CMV), Herpes Simplex (VHS), vírus da hepatite B (HBV) e da Hepatite C (HCV), e virus influenza entre outros,
como o aciclovir, valaciclovir, fanciclovir, ganciclovir, lamivudina, estavudina, amantadina, rimantadina e
oseltamivir.
82 Anti-infecciosos, vacinas e imunoglobulinas | CRISTÓVÃO, A.S.; SANTOS, A.; MARTINS, H.; FERNANDES, N.
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Estes fármacos impedem a replicação do vírus Influenza A no interior da célula hospedeira infectada. Ambos
são activos contra o vírus Influenza A mas desprovidos de efeito no vírus Influenza B.
Os fármacos anti-retrovirais são usados para o tratamento da infecção causada por VIH, e incluem os
Inibidores da transcriptase reversa, os inibidores da entrada e os Inibidores da integrase.
CRISTÓVÃO, A.S.; SANTOS, A.; MARTINS, H.; FERNANDES, N. | Anti-infecciosos, vacinas e imunoglobulinas 83
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4 ANTI-MICOBACTERIANOS
Os fármacos anti-tuberculosos participam nos regimes terapêuticos mediante três propriedades principais:
actividade bactericida, actividade esterilizante e capacidade de prevenção de resistência. Estas
propriedades têm expressão variável nos diferentes fármacos.
A isoniazida e a rifampicina são os fármacos de maior poder bactericida, sendo activas contra todas as
populações de bacilos de TB. A rifampicina é o fármaco disponível com maior poder esterilizante.
A pirazinamida é activa apenas em ambiente ácido. O etambutol é usado em associação com os fármacos
mais poderosos para previnir a emergência de bacilos resistentes.
84 Anti-infecciosos, vacinas e imunoglobulinas | CRISTÓVÃO, A.S.; SANTOS, A.; MARTINS, H.; FERNANDES, N.
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5 VACINAS E IMUNOGLOBULINAS
Inteiras – o agente bacteriano ou viral é inactivado mas preserva a capacidade de estimular o sistema
imunitário.
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FARMACOTERAPIA DO SANGUE
1. Anemia
2. Hemostase
Bibliografia:
RANG, H.P, et al; Rang & Dale Farmacologia. 6ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
KATZUNG, B. G.; Basic and Clinical Pharmacology. 9th edition. Lange Medical Books: McGraw-Hill, 2004
1 ANEMIA
Por definição, os doentes com anemia têm uma redução significativa da massa de eritrócitos, e desta forma
da capacidade sanguínea de transporte de oxigénio. Normalmente, o volume sanguíneo mantém-se
constante. Assim, a anemia corresponde a uma redução da concentração de glóbulos vermelhos ou da Hb
no sangue periférico abaixo do limite inferior dos valores normais. A anemia pode no entanto ser ainda
definida como uma redução de mais de 10% abaixo dos valores médios de Hb consoante o sexo masculino
ou feminino.
A anemia pode causar fadiga, mas, se for crónica, é frequentemente assintomática. A causa mais comum é a
perda de sangue relacionada com a menstruação e gestação, mas há diversos tipos de anemias e
diagnósticos.
• Compostos de ferro
• Vitamina B12
• Ácido fólico
O ferro é um dos elementos mais comuns na crosta terrestre. No entanto, a deficiência de ferro é a causa
mais frequente de anemia, o que se deve à capacidade limitada do organismo para absorver o ferro e à
frequência com que se perde ferro por hemorragia. O ferro é um metal de transição com duas propriedades
importantes relevantes para o papel biológico:
O corpo de um homem de 70 kg contém 4 g de ferro, 75% dos quais circulam no sangue como hemoglobina,
cerca de metade do restante encontra-se armazenado no fígado, baço e medula óssea, principalmente
como ferritina e hemossidrina. O ferro nessas moléculas está disponível para síntese de hemoglobina. O
restante, que não está disponível para síntese de hemoglobina, encontra-se na mioglobina dos músculos, e
está presente na maioria das células do organismo associado a várias enzimas.
Tabela 5 - Distribuição de ferro corporal num homem saudável de 70 kg (os valores correspondentes para uma mulher seriam cerca
de 55% dos valores apresentados)
Fig. 29 - Hemoglobina (a) quatro cadeias polipeptidicas, cada uma com um grupo heme, formam uma molécula de hemoglobina (b)
cada grupo heme contém um átomo de ferro
As necessidades diárias normais de ferro variam consoante o sexo e a fase de desenvolvimento da pessoa:
A absorção de ferro ocorre no duodeno e na porção proximal do jejuno em duas fases. A primeira fase
envolve uma passagem rápida através das vilosidades intestinais, seguindo-se a passagem para o plasma a
partir do interior das células epiteliais. A segunda fase, que é o limitante da velocidade, é dependente de
energia. O ferro hémico da dieta é absorvido como o heme intacto e o ferro é libertado na célula mucosa
pela acção da hemoxidase. O ferro não hémico é absorvido no estado ferroso.
O ferro não hémico na dieta está maioritariamente no estado férrico e precisa de ser convertido para o
estado ferroso para ser absorvido. O ferro no estado férrico, e numa porção menor, o ferro no estado
ferroso, são pouco solúveis no pH neutro do intestino; no entanto, no estômago o ferro dissolve-se e liga-se
à apoferritina (que serve de transporte), formando a ferritina. A relação entre estas duas proteínas
determina a velocidade de administração. Na presença de ácido ascórbico, frutose e vários outros
aminoácidos, o ferro desliga-se da ferritina, e liga-se a estes últimos formando complexos de baixa
densidade molecular que lhe permitem permanecer solúvel no intestino. O ácido ascórbico estimula a
absorção do ferro, por um lado por formar quelatos ferro-ascorbato e por outro lado, por reduzir o ferro em
estado férrico para a forma mais solúvel, ferro em estado ferroso. Verifica-se também, uma absorção mais
intensa nos doentes com deficiência grave.
A tetraciclina quela o ferro, formando um complexo insolúvel, que resulta na incapacidade de absorção de
ambas as substâncias. O cloranfenicol e os anti-ácidos diminuem também a absorção do ferro.
Dentro da célula, o ferro no estado ferroso é oxidado a férrico, que se liga a um transportador intracelular,
uma proteína semelhante à transferrina; o ferro é, então, ou armazenado na célula mucosa como ferritina
(se os stocks de ferro corporais de ferro forem altos), ou passa para o plasma (se os stocks forem baixos).
O organismo não tem como eliminar o ferro activamente. Pequenas quantidades deixam o corpo por
descamação das células da mucosa contendo ferritina, e quantidades ainda menores saem na bílis, no suor
e na urina.
1.1.2 ADMINISTRAÇÃO
O ferro é geralmente administrado por via oral, mas pode ser feito por via parentérica em circunstâncias
especiais.
Várias preparações diferentes de sais de ferro estão disponíveis para administração oral. A principal é o
sulfato ferroso, que possui um conteúdo de ferro elementar de 200µg/mg. Outras preparações incluem o
gluconato, o succinilato e o furamato, que constituem os sais ferrosos orgânicos.
• Indivíduos com insuficiência renal crónica que estejam sujeitos a tratamentos com eritropoietina
As preparações usadas são ferro-dextrana (IM profunda ou EV lenta) ou ferro-sucrose (EV lentamente). Faz-
se uma pequena dose inicial por causa do risco de choque anafiláctico.
A frequência e a intensidade dos efeitos adversos depende da quantidade de ferro elementar presente no
preparado, sendo as reacções mais comuns:
• Náuseas
• Dor epigástrica
• Obstipação
• Diarreia
• Fezes escuras
• Choque anafiláctico (no caso do ferro administrado por via parentérica)
1.1.4 TOXICIDADE
Um grama de sulfato de ferro pode causar a morte de uma criança pequena. Os preparados de ferro
apresentam efeitos corrosivos sobre a mucosa intestinal, efeitos metabólicos e hemodinâmicos.
O tratamento da toxicidade por ferro aguda e crónica inclui o uso de agentes quelantes de ferro, como a
desferoxamina, que liga os iões férricos aos grupos 3-hidroxâmicos da molécula de ferro. Este composto não
deve ser utilizado em crianças com menos de 3 anos, devido à má eficácia da sua excreção/remoção. A
administração diária remove 20mg de ferro/dia.
A absorção ocorre ao nível do íleo através da ligação ao factor intrínseco por transporte activo. A vitamina
B12 é transportada no plasma por proteínas de ligação chamadas transcobalaminas. A vitamina é
armazenada, principalmente, no fígado, com uma quantidade total no organismo de aproximadamente
4mg. Uma vez que o stock é bastante elevado, só aparecerão sinais de deficiência de vitamina B12 depois de
2 a 4 anos após a cessação súbita de absorção da vitamina.
1.2.1 ADMINISTRAÇÃO
A hidroxicobalamina é considerada a preparação de escolha, uma vez que, apresenta uma maior captação
hepática, uma maior afinidade para as proteínas específicas no sangue e nos tecidos e ainda, porque
apenas requer 1 injecção a cada 3 meses.
• Urticária
• Acne
• Hipocaliémia
O ácido fólico é percursor de um coenzima – ácido tetrahidrofólico – que sintetiza os ácidos nucleicos e é
responsável pela manutenção dos eritrócitos.
O défice em ácido fólico pode conduzir a uma anemia megaliblástica com sinais análogos aos da vitamina
B12, mas sem sintomas neurológicos. Esta carência pode resultar de:
• Alimentação pobre
• Gravidez
• Alcoolismo
• Alguns medicamentos – trimetoprim, contraceptivos hormonais, antiepilépticos e metotrexato
1.3.1 ADMINISTRAÇÃO
• Febre
• Reacções de hipersensibilidade
2 HEMOSTASE
A hemostase normal pode ser dividida em primária e secundária e é iniciada quando num traumatismo,
doença ou cirurgia se promove uma disrupção do endotélio vascular com exposição de tecido conjuntivo
subendotelial. Hemostase primária é o nome dado ao processo de formação de um coágulo de plaquetas no
local da lesão. Ocorre ao fim de segundos e é muito importante para parar a hemorragia dos capilares,
pequenas arteríolas e vénulas. A hemostase secundária consiste nas reacções do sistema de coagulação
plasmática que resulta na formação de fibrina. Demora alguns minutos e reforça o coágulo primário. É
particularmente importante, em vasos de maior calibre e evita a hemorragia recorrente durante horas ou
dias. A hemostase primária e secundária estão intimamente ligadas actuando conjuntamente.
• Coagulação
• Agregação plaquetária
• Fibrinólise
• Hemorragia
2.1 COAGULAÇÃO
A coagulação consiste num processo complexo que leva à formação de coágulos pelo sangue, sendo um
factor importante para a hemostasia. Desordens ao nível da coagulação podem levar a uma hemorragia
aumentada e/ou trombos e embolismo.
2.1.1 HEPARINA
A heparina não é uma substância única, mas uma família de glicosaminoglicanas sulfatadas
(mucopolissacarídeos). Ela está presente, junto com a histamina, nos grânulos dos mastócitos. As
preparações comerciais são extraídas de pulmão bovino ou do intestino do porco e, como as preparações
diferem em potência, são analisadas biologicamente tendo em conta um padrão internacional comum: as
doses são especificadas em unidades de actividade em vez de massa.
Tabela 7 - Heparinas
MECANISMO DE ACÇÃO
A heparina tem uma acção rápida, actuando através de uma ligação à anti-trombina III, que inibe a Xa e IIa,
que por sua vez, bloqueia a conversão de fibrinogénio em fibrina.
ADMINISTRAÇÃO
A heparina não é absorvida no intestino em virtude da sua carga e elevada dimensão, sendo administrada,
portanto, por via EV ou SC (IM causaria hematomas).
A heparina age imediatamente após a administração EV, mas o seu início de acção demora até 60 minutos
quando é administrada por via SC. A meia-vida de eliminação é de aproximadamente 40-90 minutos. Em
situação de urgência, portanto, é frequente iniciar-se o tratamento com uma dose EV em bolus
(medicamento injectado com rapidez no sangue por meio de uma impulsão forte do êmbolo), seguida de
infusão a velocidade constante.
As heparinas de baixo peso molecular são administradas por via SC, tendo uma meia-vida de eliminação
superior às heparinas não fraccionadas independentemente da dose, logo os efeitos são mais previsíveis e o
intervalo entre as doses maior. Estas heparinas são metabolizadas no fígado e excretadas, principalmente,
por via renal, sendo preferível usar a heparina não fraccionada em caso de insuficiência renal. Há que
referir, que as heparinas não atravessam a barreira placentária e não aparecem no leite materno.
Administração EV Administração SC
• Início imediato • Início de acção: 1h
• [máxima]: 3h
• Duração: 8h
• Heparina cálcica
EFEITOS ADVERSOS
• Hemorragias
• Trombocitopenia
• Tratamento prolongado
o Osteoporose
o Supressão da função renal
o Alopécia transitória
UTILIZAÇÕES CLÍNICAS
• Profilaxia
o Tromboembolismo (cirurgia e doentes cardíacos – valvulopatias)
o SC
• Tratamento
o Tromboembolismo pulmonar
o Tromboses venosas profundas pós-cirurgia
CONTRA-INDICAÇÕES
INTERACÇÕES MEDICAMENTOSAS
• AINEs
• Dipiridamol
• Estreptoquinase (enzima bacteriana isolada de filtrados da cultura de estreptococos hemolíticos,
capaz de digerir a fibrina, utilizada frequentemente em combinação com a estreptodornase para
provocar a dissolução de coágulos nas tromboses arteriais ou venosas) ou Uroquinase (Enzima
extraída da urina humana ou animal, utilizada por via intravenosa no tratamento das tromboses,
melhor tolerada do que a estreptoquinase) – aumenta o risco de hemorragia
• Varfarina
Os anticoagulantes orais são também designados por antagonistas da vitamina k, sendo compostos
orgânicos com uma estrutura semelhante à da vitamina k. A varfina é o anticoagulante oral mais
importante, existindo alguns fármacos alternativos, com mecanismos de acção semelhantes, como a
fenindiona, que são utilizados em casos raros que apresentem reacções adversas idiossincrásicas à varfina.
A varfina e outros antagonistas da vitamina k requerem exames ao sangue frequentes para individualização
da dose.
MECANISMO DE ACÇÃO
• Factor II
• Factor VII
• Factor IX
• Factor X
ADMINISTRAÇÃO
A varfina é absorvida rapidamente no intestino após a sua administração oralmente. Ela tem um pequeno
volume de distribuição, encontrando-se fortemente ligada à albumina e outras proteínas plasmáticas. O
pico de concentração no sangue ocorre dentro de 1h após a ingestão, mas por causa do seu mecanismo de
acção, ele não coincide com o pico do efeito farmacológico, que ocorre 48h depois. O efeito no tempo de
protrombina (exame usado para determinar a tendência de coagulação do sangue) de uma dose única
começa em aproximadamente 12-16h e dura 4-5 dias. A varfina é metabolizada pelo sistema hepático e a
sua meia-vida é variável, sendo da ordem de 40h em muitos indivíduos. Efeito antagonizado pela vitamina
K.
EFEITOS ADVERSOS
• Hemorragia
• Atravessa a placenta (malformações do feto)
• Anorexia e intolerância digestiva
• Ocasionalmente lesões cutâneas (púrpura, urticária, alopécia, necrose da pele)
CONTRA-INDICAÇÕES
• Gravidez
• Hemorragia cerebral ou intra-ocular recente
• Úlcera gastroduodenal em evolução
• HTA grave
INTERACÇÕES MEDICAMENTOSAS
Potenciação do efeito
• Diminuição do metabolismo
o Metronidazol
o Cotrimoxazol
o Eritromicina
o Alopurinol
• Diminuição da ligação às proteínas plasmáticas
o AINEs
• Efeitos aditivos sobre a hemostase
o AINEs
o Heparina
Diminuição do efeito
INTERACÇÕES ALIMENTARES
Ao fim de alguns segundos após a lesão, as plaquetas aderem às fibrilhas do colagénio subendotelial através
de um receptor plaquetar específico para o colagénio (glicoproteína Ia e IIa). Esta interacção é estabilizada
pelo factor de Von Willebrand (FVW), uma glicoproteína adesiva que permite às plaquetas manterem-se
aderentes à parede vascular apesar da corrente sanguínea, ligando as plaquetas (glicoproteína Ib) às
fibrilhas do colagénio subendotelial.
3) Plaquetas formam, a partir dos fosfolípidos da membrana, o ácido araquidónico que leva à síntese
de tromboxano A2
4) Tromboxano A2 liberta conteúdo granular das plaquetas, que recrutam novas plaquetas
5) Forma-se o trombo plaquetar
Os antiagregantes plaquetários são fármacos que se opõem à activação plaquetar necessária para a
formação do rolhão hemostático ou trombo gerador da trombose; previnem acidentes trombóticos em
doentes que sofreram EAM, AVC isquémico ou angina.
O ASS e o clopidogrel são os fármacos de 1ª linha, no entanto, um número considerável de doentes escapa à
protecção com um só fármaco, passando-se à associação de antitrombóticos.
DIPIRIDAMOL
TICLOPIDINA E CLOPIDOGREL
UTILIZAÇÃO CLÍNICA
• AVC
• Angina de peito
• Prevenção de EAM
• Prevenção da trombose arterial
EFEITOS INDESEJÁVEIS
• Distúrbios gastrointestinais
• Erupções cutâneas
• Hemorragias
• Desordens hematológicas (leucopenia, trombocitopenia)
A fibrinólise ou trombólise são um conjunto de processo fisiológicos que levam à dissolução de um trombo
de fibrina. O sistema fibrinolítico mantém um equilíbrio dinâmico entre a síntese de fibrina e de fibrinólise.
UTILIZAÇÃO CLÍNICA
EFEITOS INDESEJÁVEIS
• Hemorragia
• Urticária
• Febre
2.4 HEMORRAGIA
2.4.1 ANTI-HEMORRÁGICOS
ANTI-FIBRINOLÍTICOS E HEMOSTÁTICOS
Estes fármacos são utilizados para restaurar a capacidade de defesa normal do organismo contra a
hemorragia espontânea, estando divididos em:
A terapêutica farmacológica para reduzir os lípidos plasmáticos constitui apenas uma abordagem para
reduzir o colesterol. As principais classes são:
• Estatinas
• Fibratos
• Resinas de ligação de ácidos biliares
2.5.1 ESTATINAS
O principal efeito das estatinas é reduzir o LDL-C plasmático. Também há uma certa redução dos triglicéridos
plasmáticos e aumento do HDL-C. Assim, as estatinas inibem a HMG-CoA redutase, que cataliza a conversão
de HMG-CoA a ácido mevalónico. A atorvastatina produz inibição prolongada.
ADMINISTRAÇÃO
As estatinas de acção curta são dadas por via oral, à noite, para reduzir o pico matinal de síntese de
colesterol. São bem absorvidas e extraídas pelo fígado, local de acção, e sofrem extenso metabolismo pré-
sistémico.
EFEITOS INDESEJÁVEIS
• Distúrbio gastrointestinal
• Aumento das concentrações plasmáticas das enzimas hepáticas
• Insónia
• Eczema
100 Farmacoterapia do sangue | CRISTÓVÃO, A.S.; SANTOS, A.; MARTINS, H.; FERNANDES, N.
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2.5.2 FIBRATOS
Estão disponíveis vários derivados do ácido fíbrico (fibratos), incluindo benzafibrato, ciprofibrato,
gentibrozila, fenofibrato e clofibrato. Estes fármacos causam acentuada redução de VLDL circulante
(diminuição da produção hepática) e, por isso, de triglicéridos, com redução modesta do LDL-C (aumento da
captação hepática) e aumento de 10% do HDL-C.
MECANISMO DE ACÇÃO
EFEITOS INDESEJÁVEIS
• Mioglobinúria
• Insuficiência renal aguda
MECANISMO DE ACÇÃO
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EFEITOS INDESEJÁVEIS
102 Farmacoterapia do sangue | CRISTÓVÃO, A.S.; SANTOS, A.; MARTINS, H.; FERNANDES, N.
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FARMACOTERAPIA CARDIOVASCULAR
1. Fármacos que actuam no SN simpático
2. Inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA)
3. Antagonistas dos receptores da angiotensina II (ARA)
4. Terapêutica farmacológica da insuficiência cardíaca
5. Terapêutica farmacológica da angina de peito
6. Terapêutica farmacológica da arritmia
7. Diuréticos
8. Substâncias que reduzem os lípidos
Bibliografia:
RANG, H.P, et al; Rang & Dale Farmacologia. 6ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
KATZUNG, B. G.; Basic and Clinical Pharmacology. 9th edition. Lange Medical Books: McGraw-Hill, 2004
LÜLLMANN, H. et al; Color Atlas of Pharmacology, 2nd edition. New York: Thieme, 2000
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O principal neurotransmissor que actua ao nível do sistema nervoso simpático é a noradrenalina. Existem
diversos receptores para este neurotransmissor, sendo que a sua ligação a cada tipo de receptor
desencadeia uma resposta específica. Estes receptores não são, no entanto, exclusivos da noradrenalina.
Aos receptores adrenérgicos ligam-se catecolaminas, ou seja, adrenalina e noradrenalina.
Existem dois grupos principais de receptores, α e β, ligados à proteína G, com vários subtipos:
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Reduzem a descarga simpática dos centros vasopressores. Pensa-se que estes fármacos estimulam, a nível
central, receptores adrenérgicos pós-sinápticos desencadeando uma atenuação da actividade simpática.
1.1.2 METILDOPA
É uma amina simpaticomimética. As aminas simpaticomiméticas são fármacos que mimetizam os efeitos
da estimulação do sistema nervoso simpático. Desta forma, são considerados simpaticomiméticos todos os
fármacos que actuam sobre os receptores e são antagonizados pelos mesmos bloqueadores.
Fig. 31 – Diagrama generalizado de uma terminação nervosa noradrenérgica, mostrando os locais de acção dos fármacos. MAO
– monoaminooxidase, MeNA – metilnoradrenalina, NA - noradrenalina
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Mecanismo de acção
Farmacocinética
1.1.3 CLONIDINA
Mecanismo de acção
Farmacocinética
• Propanolol
• Atenolol
• Carvedilol
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• Cardiosselectividade β1/ β2
• Lipossubilidade/hidrofilia
• Hipertensão;
• Angina de esforço;
• Enxaqueca.
• Nifedipina
• Verapamil
• Ditiazem
• Amlodipina
Bloqueiam a entrada de cálcio através de canais dependentes da voltagem no miocárdio, tecidos nodais,
músculo liso vascular e em canais activados por receptores.
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1.3.2 FARMACOCINÉTICA
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1.3.3 INTERACÇÕES
• Cefaleias;
• Tonturas;
• Hipotensão;
• Bradicardia;
• Rubefacção facial;
• Edemas periféricos.
• Hipertensão arterial;
• Agina de peito;
• Arritmias.
• Captopril
• Enalapril
• Lisinopril
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Fig. 34 – Controlo da libertação e formação de renina e acção da Fig. 33 – Sistema RAA e inibidores
angiotensina II
2.1.3 FARMACOCINÉTICA
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2.1.4 INTERACÇÕES
• Poupadores de potássio;
• AINE.
• Tosse;
• Perda de paladar;
• Hipotensão de primeira dose;
• Aumento dos níveis de potássio;
• Cefaleias e fadiga.
• Tratamento da hipertensão;
• Tratamento da insuficiência cardíaca.
• Irbesartan
• Cadesartan
• Losartan
• Valsartan
A angiotensina tem dois receptores. Os ARA bloqueiam os receptores do tipo AT1 e, consequentemente,
inibem os efeitos vasoconstritores e retensores de água e sódio da angiotensina II.
3.1.2 FARMACOCINÉTICA
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4.1 DIGITÁLICOS
• Digoxina
• Metildigoxina
• Digitoxina
Digoxina Digitoxina
Lipossolubilidade Média Alta
Absorção oral 75% >90%
Semi-vida 40 h 168 h
Fixação às proteínas 20-40 >90
Metabolização <20 >80
Distribuição 6.3 0.6
Excreção renal sim não
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A digitoxina é metabolizada no fígado e o seu metabolismo é acelerado por fármacos indutores enzimáticos:
• Barbitúricos;
• Fenitoína;
• Rifampicina.
São fármacos com uma pequena margem de segurança, pelo que podem provocar intoxicações, pondo em
risco a vida do doente.
4.1.4 FARMACOCINÉTICA
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O uso das aminas simpaticomiméticas para tratamento da IC tem sido limitado por:
As aminas simpaticomiméticas mais usadas como inotrópicos no tratamento agudo da IC com disfunção
sistólica, sobretudo em situações de choque por falência orgânica, são:
• Dopamina
• Dubotamina
4.2.1 DOPAMINA
4.2.2 DUBOTAMINA
A angina é tratada pelo uso de fármacos que melhoram a perfusão do miocárdio ou reduzem as suas
exigências metabólicas (ou ambos). Dois dos principais grupos de fármacos, nitratos orgânicos e
antagonistas do cálcio, são vasodilatadores e produzem estes efeitos. O terceiro grupo, os antagonistas dos
receptores β-adrenérgicos, tornam mais lenta a frequência cardíaca e, assim, reduzem as exigências
metabólicas.
5.1 NITRATOS
• Nitroglicerina
• Dinitrato de isossorbido
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Fig. 36 - Nitratos
• Exercem uma acção global relaxante da musculatura lisa (a venodilatação predomina sobre a
arteriodilatação).
• Reduzem as necessidade do miocárdio em oxigénio.
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FARMACOLOGIA
• Na angina de esforço, o principal mecanismo pelo qual os nitratos poderão reduzir a isquémia
miocárdica é a redução das exigências e do consumo de oxigénio associado à redução do retorno
venoso e da pré-carga (a administração de nitratos, antes da instalação das crises anginosas de
esforço, permite reduzir significativamente o número de acessos e retardar o seu aparecimento,
proporcionando uma maior tolerância dos doentes ao exercício).
• São venodilatadores contribuindo para a redução dos sintomas de congestão venosa pulmonar.
• Reduzem a pressão de enchimento ventricular e são vasodilatadores coronários pelo que são úteis
nos doentes com Insuficiência Cardíaca ou com Angina de Peito.
5.1.2 FARMACOCINÉTICA
A via sublingual proporciona, de uma forma rápida, as concentrações plasmáticas máximas devido à intensa
absorção e permite evitar que a maior parte do produto atinja logo de início a circulação hepática e seja
precocemente inactivado.
O doente anginoso deve ser aconselhado a recorrer ao produto sempre que necessário (durante a crise ou
imediatamente antes de um esforço) dada a ausência de risco de tolerância, que se justifica pelo recurso
intermitente a esta via de administração.
É indespensável esclarecer o doente que a NTG presente em qualquer comprimido sofre rápida deterioração
quando retirada de uma embalagem de vidro escuro bem fechada.
Deve alertar-se o doente que pode ocorrer uma rápida perda de potência se houver contacto com algodão
ou se for transferida para recipientes de outro tipo.
Desta forma, é necessário uma renovação frequente das embalagens (de 6 em 6 meses) depois de abertas.
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FARMACOLOGIA
Além disso, a boa qualidade da preparação pode ser certificada pelo doente enquanto sentir uma leve
ardência ou sensação de picada sempre que coloca o comprimido debaixo da língua.
• A tolerância é mais provável com preparações que asseguram a libertação prolongada a partir de
doses únicas de nitratos, como nas aplicações por via transdérmica (discos e cremes) de NTG e
dinitrato de isossorbido ou formulações retard de dinitrato de isossorbido e de 5 mononitrato de
isossorbido;
• O recurso a administrações intermitentes parece ser o processo que assegura um menor risco de
tolerância;
• É aconselhável que se proceda a uma redução gradual das doses, após terapêutica prolongada com
nitratos.
• Cefaleias frequentes e por vezes intensas e de aparecimento rápido após administração (diminui de
intensidade com a continuação do tratamento, podendo ser controlada com a redução da
posologia);
• Alguns doentes, quando de pé, podem sentir vertigens;
• Erupções cutâneas.
• O fenobarbital acelera a inactivação da NTG mediante indução hepática, reduzindo os seus níveis
plasmáticos;
• O etanol inibe a activação de NTG potenciando a sua acção;
• Os efeitos dos nitratos são reduzidos pela administração concomitante de indometacina.
• Angina de peito;
• Edema agudo do pulmão;
• Insuficiência cardíaca congestiva.
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FARMACOLOGIA
6.1 CLASSE I
São fármacos que bloqueiam canais de sódio sensíveis a voltagem. São subdivididos em: Ia (bloqueio dos
canais de sódio – dissociação intermédia), Ib (bloqueio dos canais de sódio – dissociação rápida) e Ic
(bloqueio dos canais de sódio – dissociação lenta).
FARMACOCINÉTICA
6.2 CLASSE II
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7 DIURÉTICOS
• Indapamida
• Hidroclorotiazida
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FARMACOLOGIA
• Diminuem a reabsorção de sódio a nível do túbulo contornado distal, dado que inibem o
cotransporte de sódio e cloro através da membrana luminal do túbulo contornado distal.
• Promovem a excreção de cloro, potássio, magnésio e bicarbonato.
• São os diuréticos mais utilizados porque são eficazes e bem tolerados.
• Furosemida
• São diuréticos mais potentes que as Tiazidas o que justifica o seu uso em situações agudas ou
quando há necessidade de um efeito diurético mais potente.
• São os diuréticos que se devem utilizar quando há insuficiência renal.
7.2.2 FARMACOCINÉTICA
• Devido à sua elevada potência e à rapidez do seu efeito são muito úteis no edema agudo do
pulmão;
• Tratamento da hipertensão arterial;
• Insuficiência renal aguda;
• Em situações de intoxicações agudas para aumentar a excreção urinária dos tóxicos.
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FARMACOLOGIA
• Antagonistas da aldosterona
o Espironolactona
• Não antagonistas da aldosterona
o Amiloride
Espironolactona
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FARMACOLOGIA
Amiloride
São utilizados diversos fármacos para reduzir o colesterol do plasma. A terapêutica farmacológica para
reduzir os lípidos plasmáticos constitui apenas uma abordagem para o tratamento.
As principais classes de substâncias utilizadas clinicamente são: estatinas, fibratos e resinas de ligação de
ácidos biliares.
Fig. 41 – Diagrama esquemático do transporte de colesterol nos tecido, com os locais de acção dos principais
fármacos que afectam o metabolismo das lipoproteínas
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FARMACOLOGIA
A enzima que limita a velocidade de síntese do colesterol é a HMG-CoA redutase, que catalisa a conversão
da HMG-CoA em ácido mevalonico.
O principal efeito bioquímico das estatinas consiste em reduzir as concentrações plasmáticas de LDL-
colesterol. Além disso, as estatinas reduzem os triglicerídios plasmáticos e aumentam o HDL-colesterol. A
atorvastatina produz inibição prolongada da HMG-CoA redutase.
8.1.1 FARMACOCINÉTICA
Os inibidores da HMG-CoA redutase são bem tolerados. Os efeitos indesejáveis discretos incluem distúrbio
gastrointestinal, aumento das concentrações plasmáticas das enzimas hepáticas, insónia e eczema. A
rabdomiólise e angioedema são raros.
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8.2 FIBRATOS
São derivados do ácido fíbrico, incluindo bezafibrato, ciprofibrato, genfibrozila, fenofibrato e clofibrato.
Esses fármacos produzem acentuada redução das VLDL circulantes e por conseguinte, dos triglicerídios, com
redução moderada das LDL e aumento de 10% das HDL.
Os fibratos actuam como agonistas num receptor que estimula a degradação β-oxidativa dos ácidos
gordos.
Os fibratos estimulam a lipoproteína lipase, com consequente aumento da hidrólise dos triglicerídios dos
quilomicras e partículas de VLDL com libertação de ácidos gordos livres para armazenamento do tecido
adiposo ou para metabolismo no músculo estriado.
Estas substâncias diminuem a produção hepática de VLDL e aumentam a captação hepática de LDL.
A miosite é rara, mas pode ser grave, resultando em mioglobinúrina e insuficiência renal aguda.
Essa situação resulta numa maior expressão dos receptores de LDL nos hepatócitos e portanto no aumento
da remoção das LDL do sangue e redução das concentrações plasmáticas de LDL-colesterol.
Sintomas gastrintestinais de náusea, distensão abdominal, constipação ou diarreia, que estão relacionados
com a dose.
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FARMACOLOGIA
FARMACOTERAPIA DO SISTEMA
NERVOSO
1. Sistema nervoso
2. Fármacos com acção no SNC
3. Fisiologia da dor
4. Analgésicos de acção central
5. Ansiedade e ansiolíticos
6. Hipnóticos
7. Psicoses e anti-psicóticos
8. Antidepressivos
9. Doença de Parkinson e antiparkinsónicos
Bibliografia:
RANG, H.P, et al; Rang & Dale Farmacologia. 6ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
KATZUNG, B. G.; Basic and Clinical Pharmacology. 9th edition. Lange Medical Books: McGraw-Hill, 2004
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FARMACOLOGIA
1 SISTEMA NERVOSO
• Informação sensorial;
• Integração;
• Homeostase;
• Actividade mental;
• Controlo dos músculos e glândulas.
O sistema nervoso subdivide-se em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP).
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FARMACOLOGIA
• SNC – consiste no encéfalo e medula espinhal, que são protegidos pelos ossos que os rodeiam. O
encéfalo localiza-se no interior da caixa craniana e a medula espinhal aloja-se no interior do canal
raquidiano, formado pelas vértebras. O encéfalo e a medula espinhal estão em continuidade um
com o outro através do buraco occipital.
• SNP – exterior ao sistema nervoso central. Consiste em receptores sensoriais, nervos, gânglios e
plexos. Os receptores sensoriais são terminações de células nervosas, ou células isoladas,
especializadas, que detectam a temperatura, dor, tacto, pressão, luz, som, odores e outros
estímulos. Os receptores sensoriais localizam-se na pele, músculos, articulações, órgãos internos e
órgãos sensoriais especializados como os olhos e os ouvidos.
Os nervos são feixes de axónios, com as suas bainhas, que ligam o SNC aos receptores sensoriais, músculos e
glândulas. Doze pares de nervos cranianos têm origem no encéfalo, e trinta e um pares de nervos
raquidianos têm origem na medula espinhal. Os gânglios são aglomerações de corpos celulares neuronais
localizadas no exterior do SNC. Os plexos são extensas redes de axónios e, em alguns casos, também de
corpos celulares neuronais, localizadas no exterior do SNC.
SNP
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FARMACOLOGIA
A divisão motora do sistema nervoso divide-se em sistema nervoso somático e sistema nervoso autónomo
(SNA).
O sistema nervoso somático motor transmite os potenciais de acção do SNC aos músculos esqueléticos. Os
músculos esqueléticos são controlados voluntariamente pelo sistema nervoso somático. Os corpos celulares
dos neurónios somáticos motores localizam-se dentro do SNC e os seus axónios estendem-se através dos
nervos até formarem sinapses com as células musculares esqueléticas.
O SNA transmite os potenciais de acção do SNC ao músculo liso, ao músculo cardíaco e a certas glândulas. O
controlo subconsciente do músculo liso, do músculo cardíaco ou das glândulas depende do SNA.
A parte sensorial do SNP funciona primariamente para detectar os estímulos e transmitir informação sob
forma de potenciais de acção ao SNC. O SNC é o mais importante local de processamento da informação,
iniciação da resposta e integração dos processos mentais. A divisão motora do SNP conduz potenciais de
acção do SNC para os músculos e glândulas.
Sistema
Nervoso
Sistema nervoso
Sistema nervoso autónomo
somático
SNA
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1.3 HISTOLOGIA
1.3.1 NEURÓNIO
Os neurónios, ou células nervosas, recebem estímulos e transmitem potenciais de acção para outros
neurónios ou para os órgãos efectores. Organizam-se de modo a formar redes complexas que
desempenham as funções do sistema nervoso. Cada neurónio consiste num corpo celular e dois tipos de
prolongamentos. O corpo celular designa-se por corpo celular neuronal ou soma, e os prolongamentos
denominam-se dendritos (árvore), o que sublinha a sua disposição ramificada, e axónios (eixo), o que se
refere ao alinhamento rectilíneo e diâmetro uniforme da maioria dos axónios. Os axónios são também
designados por fibras nervosas.
Fig. 46 - Neurónio
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NEVRÓGLIA DO SNC
A nevróglia é de longe muito mais numerosa que os neurónios e constitui mais de metade do peso
encefálico. Consiste no conjunto mais importante de células de suporte do SNC, participa na formação da
barreira hemato-encefálica (barreira de permeabilidade entre o sangue e os neurónios), fagocita substâncias
estranhas, produz líquido cefalorraquidiano e forma bainhas de mielina em torno dos axónios. Cada um dos
4 tipos de glia tem características estruturais e funcionais únicas.
ASTRÓCITOS
CÉLULAS EPENDIMÁRIAS
superfície livre das células ependimárias tem muitas vezes zonas providas de cílios, que auxiliam o
movimento do líquido cefalorraquidiano através das cavidades ventriculares. As células ependimárias têm
também longos prolongamentos na sua superfície basal, que se estendem profundamente para o interior do
encéfalo e da medula espinhal. Parece, em alguns casos, terem funções semelhantes às dos astrócitos.
MICRÓGLIA
A micróglia é um conjunto de pequenas células, macrófagos especializados do SNC, que se tornam móveis e
fagocitárias em resposta à infecção, fagocitando tecido necrótico, microrganismos e substâncias estranhas
que invadam o SNC.
Fig. 49 - Micróglia
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OLIGODENDRÓCITOS
Fig. 50 - Oligodendrócito
NEVRÓGLIA DO SNP
Os neurilemócitos, ou células de Schwann, são células gliais do SNP que se enrolam em torno dos axónios.
Se as células de Schwann se enrolarem muitas vezes em torno dos axónios, formam bainhas de mielina.
Diferem no entanto dos oligodendrócitos porque cada neurilemócito forma uma bainha de mielina em torno
de uma porção de um único axónio.
As células satélite, que são neurilemócitos especializados, rodeiam os corpos celulares neuronais nos
gânglios, proprocionam suporte e podem proporcionar nutrientes aos corpos celulares neuronais.
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1.3.2 A SINAPSE
Os potenciais de acção de uma célula podem estimular a produção de potenciais de acção noutra célula,
permitindo a comunicação entre elas.
A sinapse, que é uma junção entre duas células, é o local onde os potenciais de acção de uma célula podem
causar a produção de potenciais de acção noutra célula. A célula que transporta os potenciais de acção para
a sinapse chama-se célula pré-sináptica e a célula que transporta os potenciais de acção para longe da
sinapse é a célula pós-sináptica. Existem dois tipos de sinapses: as eléctricas e as químicas.
SINAPSES ELÉCTRICAS
sinapses eléctricas.
Fig. 52 – Sinapse eléctrica
SINAPSES QUÍMICAS
Os componentes essenciais de uma sinapse química são o terminal pré-sináptico, a fenda sináptica e a
membrana pós-sináptica. O terminal pré-sináptico forma-se a partir da extremidade de um axónio e o
espaço que separa a extremidade do axónio da célula com a qual se articula na sinapse é a fenda sináptica.
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LIBERTAÇÃO DE NEUROTRANSMISSORES
Nas sinapses químicas, os potenciais de acção não passam directamente do terminal pré-sináptico para a
membrana pós-sináptica. Em vez disso, os potenciais de acção no terminal pré-sináptico provocam a
libertação de neurotransmissores, a partir do seu terminal.
Uma vez libertado do terminal pré-sináptico, o neurotransmissor difunde-se rapidamente através da fenda
sináptica e liga-se de forma reversível a receptores específicos da membrana pós-sináptica. Consoante o tipo
de receptores, esta ligação provoca uma despolarização ou uma hiperpolarização da membrana pós-
sináptica.
REMOÇÃO DE NEUROTRANSMISSORES
Os neurotransmissores têm efeitos a curto prazo nas membranas pós-sinápticas, porque são rapidamente
destruídos ou removidos da fenda sináptica.
A difusão de moléculas de neurotransmissor para fora da sinapse e para o líquido extracelular também
limita o período de tempo em que as moléculas de neurotransmissor permanecem ligadas aos seus
receptores.
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As moléculas receptoras nas sinapses constituem receptores ligados à membrana, activados por ligando
com locais receptores de elevado grau de especificidade. Em consequência disso, apenas moléculas de
neurotransmissor ou substâncias muito estreitamente relacionadas se ligam normalmente aos seus
receptores. Nenhuma célula tem todos os receptores possíveis.
Um neurotransmissor pode estimular algumas células e inibir outras. Para alguns neurotransmissores existe
mais de um tipo de moléculas receptoras. Diferentes células respondem de modo diferente a um
neurotransmissor quando essas células têm receptores diferentes.
NEUROTRANSMISSORES E NEUROMODULADORES
Os neuromoduladores são substâncias libertadas pelos neurónios que podem, a nível pré ou pós sináptico,
influenciar a probabilidade de um potencial de acção no terminal pré-sináptico resultar na produção de um
potencial de acção na célula pós-sináptica.
Muitas das sinapses do SNC são sinapses axo-axónicas, em que o axónio de um neurónio faz sinapse com o
terminal pré-sináptico (axónio) de outro neurónio. A sinapse axo-axónica não inicia um potencial de acção
no terminal pré-sináptico. No entanto, quando um potencial de acção atinge o terminal pré-sináptico, os
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1.4 SÍNTESE
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3 FISIOLOGIA DA DOR
A dor é a causa mais frequente de recurso aos profissionais de saúde. É um sintoma, por ser subjectiva, e é
difícil de caracterizar, dado o seu carácter pessoal.
É influenciada por factores de ordem fisiológica e psicológica, não havendo uma relação directa entre a a
intensidade do estímulo e a da reposta.
O limiar da dor é definido como a intensidade do estímulo a partir da qual é referido como dolorso (o limiar
da dor é, portanto, sensorial). Por outro lado, a tolerância à dor é o ponto a partir do qual não se suporta
um aumento (ou a continuação) da estimulação (é reactiva).
Os impulsos dolorosos são gerados na periferia e conduzidos pelas fibras nervosas até ao SNC, segundo uma
via ascendente:
• Periferia
• Medula
• Tálamo
• Córtex
A via descendente da dor contraria a entrada dos estímulos dolorosos no SNC, dirigindo-se no sentido
inverso à via ascendente, estimulando o sistema endógeno de controlo da dor.
• Encefalinas
• Endorfinas
• Dinorfinas
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5 ANSIEDADE E ANSIOLÍTICOS
“Fenómeno humano normal, que só deve ser interpretado como patológico, quando interfere com o bem-
estar e a actividade no geral”
Linford Rees
• GABA;
• NA;
• 5-HT.
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• Hiperfunção noradrenérgica;
• Hiperfunção serotoninérgica;
• Hipofunção gabérgica.
5.1 ANSIOLÍTICOS
• Benzodiazepinas
o Actuam nos receptores GABA;
o Aumentam a actividade inibitória do GABA;
o Depressores do sistema nervoso;
o Diminuem a excitabilidade
Ansiolíticos;
Indutores do sono;
Miorrelaxantes.
o Uso crónico provoca:
Diminuição do número de receptores livres – dessensibilização;
Tolerância aumentada ao fármaco – dependência.
o Interrupção da terapêutica leva a:
Hipotensão ortostática;
Ansiedade;
Agitação;
Reflexos hiperactivos.
o Interacções:
Álcool;
Administração concomitante com outros depressores do SNC
• Adição de efeito
o Contra-indicações:
Atravessam a barreira placentária;
Geriatria – uso cauteloso;
Condução de máquinas.
o Semi-vida curta:
Flunitrazepam (Rohypnol)
Midazolam (Dormicum)
Triazolam (Halcion)
Lormetazepam (Noctamid)
Lorazepam (Lorenin)
o Semi-vida média:
Alprazolam (Xanax, Pazolam, Unilan…)
Bromazepam (Lexotan, Bromalex...)
Estazolam (Kainever)
Halazepam (Pacinone)
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• Ansiolíticos não-benzodiazepínicos
o Buspirona (Buspar, Buscalma, Ansiten)
Actua no sistema serotoninérgico;
Vantagens:
• Ausência de interaccções (BDZ, indutores do sono ou álcool);
• Ausência de dependência;
• Ausência de sintomas de abstinência.
Desvantagem:
• Início de acção lento.
o Clonidina (Catapressan);
Propanolol (Inderal).
Actuam no sistema noradrenérgico;
Diminuem a libertação de noradrenalina na sinapse;
Diminuem os sintomas físicos da ansiedade (taquicárdia, tremor, sudorese).
6 HIPNÓTICOS
• Zopidem
o Mesmos receptores das BDZ;
o Curta duração de acção;
o Muito potente
Tratamento da insónia (curto prazo)
7 PSICOSES E ANTI-PSICÓTICOS
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• Amissulprida (Socian)
• Cloropromazina (Largactil)
• Haloperidol (Haldol)
Os atípicos incluem:
• Risperidona (Risperdal)
• Olanzapina (Zyprexa)
• Clozapina (Leponex)
• Alterações da:
o Capacidade motora
o Postura
o Tónus muscular
8 ANTIDEPRESSIVOS
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• Sedação;
• Obstipação;
• Boca seca;
• Retenção urinária.
Efeitos cardiovasculares:
• Alterações na frequência cardíaca;
• Alterações na contractilidade cardíaca;
• Depressão directa do miocárdio.
Precauções:
• Patologia cardíaca pré-existente;
• Idosos;
• Tendências suicidas;
• Anestesia;
• Hipertrofia prostática;
• Glaucoma.
o IRMAO
Inibem o metabolismo da serotonina e noradrenalina por inibição reversível da
monoaminoxidade (MAO)
o Inibidores selectivos da recaptação da serotonina (ISRS) – fluoxetina
Inibem de forma selectiva a recaptação da serotonina;
Principais efeitos secundários:
• Náuseas;
• Alterações do peso;
• Alterações da líbido.
o Inibidores selectivos da recaptação da serotonina e noradrenalina (ISRSN) – venlafaxina
Inibem de forma selectiva a recaptação de serotonina e noradrenalina
Venlafaxina
• Rápido início de acção;
• Não tem acção colinérgica nem histaminérgica.
A doença de Parkinson foi descrita pela primeira vez em 1817, pelo médico inglês James Parkinson. É uma
doença neurológica, que afecta os movimentos. Deve-se à degeneração das células duma região do cérebro
denominada substância negra, estando associada aos neurónio dopaminérgicos: a falta ou diminuição da
dopamina afecta os movimentos.
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A doença de Parkinson pode afectar qualquer pessoa, mas tende a afectar pessoas mais idosas. A grande
maioria dos doentes tem os primeiros sintomas a partir dos 50 anos. Pode também acontecer em pessoas
mais jovens, embora os casos sejam mais raros.
Não existe nenhum teste específico para fazer o diagnóstico desta doença, nem para a sua prevenção. Além
disso, não existe cura, uma vez que no cérebro não existe renovação celular.
• Tremores;
• Lentidão de movimentos;
• Rigidez muscular;
• Alterações na fala e escrita.
9.2 ANTIPARKINSÓNICOS
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9.2.1 DOPAMINOMIMÉTICOS
• L-Dopa
o Aumento da produção de dopamina
Benserazida (Madopar);
Carbidopa (Sinemet).
• Agonistas dopaminérgicos
o Estimulam os neurónios dopaminérgicos
Bromocriptina (Parlodel);
Pergolide (Permax);
Ropinirole (Requip);
Pirebedil (Trivastal).
• Precauções:
o Agitação;
o Alucinações;
o Psicose;
o Mania.
9.2.2 ANTI-COLINÉRGICOS
São fármacos que inibem o funcionamento do sistema colinérgico. Inibem o SNA parassimpático e são
antagonistas dos receptores colinérgicos (muscarínicos).
• Biperideno (Akineton)
Tri-hexifenidilo (Artane)
o Primeiros medicamentos usados no controlo dos sintomas do parkinsonismo;
o Utilização limitada mas pertinente quando há predomínio de tremor;
o Má tolerabilidade:
Devido à interferência no SNA;
Alterações da memória;
Quadros confusionais.
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FARMACOTERAPIA DO SISTEMA
MÚSCULO-ESQUELÉTICO
1. Doenças reumáticas
Bibliografia:
RANG, H.P, et al; Rang & Dale Farmacologia. 6ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
KATZUNG, B. G.; Basic and Clinical Pharmacology. 9th edition. Lange Medical Books: McGraw-Hill, 2004
148 Farmacoterapia do sistema Músculo-esquelético | CRISTÓVÃO, A.S.; SANTOS, A.; MARTINS, H.;
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FARMACOLOGIA
1 DOENÇAS REUMÁTICAS
Doenças reumáticas são todas as doenças e alterações funcionais do sistema músculo-esquelético de causa
não traumática.
• Doenças inflamatórias
• Doenças degenerativas
• Doenças metabólicas
• Alterações dos tecidos moles periarticulares
• Doenças de outros órgãos e/ou sistemas relacionadas com as anteriores
• Inflamatória
o Artrite reumatóide
• Degenerativa
o Osteoartrose
• Funcional
o Fibromialgia
1.3 CLÍNICA
Existem diversos sinais e sintomas indicadores da presença da doença reumática, entre os quais:
• Dor
• Envolvimento músculo-esquelético
o Sinais inflamatórios (calor, rubor, tumor)
o Diminuição da amplitude de movimentos
o Deformação
o Compromisso da função
• Compromisso sistémico
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esquelético
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1.3.1 INFLAMAÇÃO
O processo inflamatório consiste numa resposta do organismo a uma agressão (infecção, isquémia,
interacções antigénio-anticorpo, agressões térmicas, agressões físicas), tendo como sintomas a
vermelhidão, a tumefacção, o calor local, a febre e a perda de função.
• Reconhecimento imunológico
• Síntese dos mediadores da inflamação
• Eliminação do agente agressor
Para além destes, ocorrem uma série de alterações celulares, nomeadamente ao nível do seu
funcionamento, de forma a neutralizar o agente agressor e a reparar os tecidos lesados.
O sistema imunológico está intimamente ligado à resposta inflamatória, intervindo com as suas células na
localização e eliminação de substâncias estranhas ao organismo. A reacção inflamatória acompanha-se de
um número considerável de substâncias com grande actividade. Dos mediadores intervenientes na reacção
inflamatória salientam-se pela sua importância, os metabolitos ou produtos do ácido araquidónico, certas
aminas (histamina, serotonina), radicais livres, ILS, etc.
O ácido araquidónico provém dos fosfolípidos das membranas celulares. Os fosfolípidos são componentes
importantes das membranas celulares, que pela acção das fosfolipases, dão origem ao ácido araquidónico,
que por acção de duas enzimas (ciclooxigenase e a lipooxigenase) dá origem aos percursos da reacção
inflamatória.
A partir do ácido araquidónico formam-se várias substâncias com acção inflamatória marcada:
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Uma vez que as prostaglandinas produzidas durante o processo inflamatório têm um efeito vasodilatador,
pirogénico e intensificador do estímulo álgico, é necessário inibir o seu efeito de forma a reduzir a resposta
inflamatória.
Ácido Acetilsalicílico
Derivados do Ác. Antranílico Ác. Mefenâmico; Ác. Niflúmico; Etofenamato
Derivados do Ác. Acético Aceclofenac; Diclofenac
Derivados do Ác. Propiónico Ibuprofeno; Cetoprofeno; Naproxeno
Derivados Pirazolónicos Fenilbutazona
Derivados do Indol Acemetacina; Etodolac; Indometacina
Oxicans Lornoxican; Meloxican; Piroxican; Tenoxican
Sulfanilamídicos Nimesulida
Inibidores Selectivos da COX2 Celecobix; Etoricoxib
EFEITOS SECUNDÁRIOS
• Intolerância gastro-intestinal
o Úlceras
o Hemorragias digestivas
• Reacções de hipersensibilidade
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esquelético
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• Toxicidade hepática
• Toxicidade renal
o Nefropatia associada ao uso continuado e abusivo
ANALGÉSICOS
Sabe-se que o primeiro passo que conduz à sensação de dor é a estimulação de receptores conhecidos como
nociceptores. Estas terminações nervosas (receptores) existem na pele, vasos sanguíneos, articulações, etc.
O mecanismo exacto da estimulação dos nociceptores não é conhecido, no entanto sabe-se que as
substâncias como as bradicininas, prostaglandinas, serotonina, histamina, etc. quando libertadas estimulam
ou sensibilizam os receptores, contribuindo para a sensação de dor.
• Paracetamol
• Tramadol
PARACETAMOL
• Mecanismo de acção
o Inibição fraca das ciclooxigenases 1 e 2 (COX-1;COX-2)
o Inibição forte da ciclooxigenase 3 (COX-3), que só existe no cérebro
• Efeitos secundários
o Alterações hematológicas
o Rash cutâneo
o Reacções alérgicas
o Toxicidade (relacionada com doses excessivas)
Aumento da taxa de ligação às proteínas plasmáticas
Acumulação de um metabolito hidroxilado com toxicidade hepática devido a
ligação irreversível ao tecido hepático
• Toxicidade
o Sintomas
Náuseas
Vómitos
Dores abdominais
Lesão hepática pode surgir 12 a 48 horas após ingestão excessiva (>10g)
Insuficiência renal aguda com necrose tubular
o Tratamento
Rapidez é essencial
Lavagem gástrica nas primeiras 4 horas
Administração de acetilcisteína (ineficaz após 15 horas)
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1.3.2 OSTEOARTROSE
A oesteoartrose, também conhecida como doença articular degenerativa (DAD), consiste num processo
degenerativo da cartilagem articular.
Pensa-se que este processo ocorre devido à digestão da cartilagem por enzimas e alteração da nutrição da
cartilagem.
GLUCOSAMINA
CONDROITINA
ÁCIDO HIALURÓNICO
1.3.3 ARTRITE
A artrite consiste numa reacção inflamatória inespecífica e multicausal, resultante de lesões articulares.
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esquelético
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CORTICOSTERÓIDES (GLUCOCORTICÓIDES)
• A sua libertação em situação de stress tem como finalidade evitar que os mecanismos orgânicos de
defesa saiam do controlo endógeno.
• Têm um potente efeito anti-inflamatório e imunosupressor
• Hidroxicloroquina
o Profilaxia e tratamento da malária
• Sulfassalazina
o Anti-inflamatório intestinal
Doença de Crohn
Colite ulcerosa
• Fármacos biológicos
o Adalimumab
o Infliximab
o Anacinra
o Etanercept
O esqueleto humano consiste em 80% de osso cortical (ou compacto) e 20% de osso trabecular (ou
esponjoso). O osso é composto por componentes inorgânicos (cristais de hidroxiapatite, fosfato de cálcio) e
por componentes orgânicos (osteoblastos e osteoclastos).
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Os osteoblastos (responsáveis pela formação óssea) e os osteoclastos (responsáveis pela reabsorção óssea)
são as principais células responsáveis pela homeostasia óssea. A formação de tecido ósseo conta ainda com
a regulação hormonal: calcitonina (hormona hipocalcemiante) e paratormona (hormona hipercalcemiante).
Quando não existe equilíbrio entre a formação e a reabsorção de tecido ósseo ocorre perda de massa óssea.
OSTEOPOROSE
A osteoporose consiste numa doença óssea que provoca uma diminuição da quantidade de osso, uma
alteração da micro arquitectura do osso, levando a um aumento da fragilidade do osso e do risco de
fractura.
CÁLCIO
Tal como a vitamina D, o cálcio é utilizado para estimular o crescimento ósseo e para manter a força do
osso. O cálcio é o mineral mais abundante do corpo humano, correspondendo a 2% do peso corporal. 99%
da concentração total de cálcio do organismo está nos ossos e dentes. Uma vez que as membranas celulares
são pouco permeáveis ao ião cálcio, a concentração deste no meio intracelular é baixa.
Uma vez que não há síntese endógena de cálcio, todo o seu aporte é feito de forma exógena. Assim, quando
o aporte falha o organismo retira cálcio dos ossos.
• Alimentação
o Leite e derivados
o Vegetais verdes
o Cereais
o Peixe
• Suplementos
o Sais de cálcio (carbonato, gluconato, citrato, fosfato)
• Necessidades diárias
o Crianças, idosos, gravidez, menopausa = 1000mg a 1500mg / dia
• Efeitos secundários
o Distúrbios gastro-intestinais
Flatulência
Obstipação
Diarreia
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esquelético
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CALCITONINA
RALOXIFENO
BIOFOSFONATOS
• Alendronato
• Risedronato
• Ibandronato
• Zoledronato
o Análogos do pirofosfato
o Fixam-se na hidroxiapatite na superfície do osso
o Internalizam nos osteoclastos
o Induzem a morte celular
o Inibem a activação dos osteoclastos, inibindo a reabsorção óssea
o Travam a perda de massa óssea
o Aumentam a densidade óssea na coluna e na anca
o Reduzem o risco de fracturas vertebrais e não vertebrais incluindo a anda (tratamento de 1ª
linha).
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FARMACOLOGIA
Recomendações:
A sua ingestão deve ser feita com muita água, em jejum. Não deverão ser ingeridos outros medicamentos
ou alimentos durante 30 minutos após a toma, e, durante este período, permanecer em pé ou sentado,
sendo fundamental manter o tronco na vertical durante esse tempo.
Contra-Indicações:
• Disfunção esofágica
• Hipocalcemia
• Insuficiência renal
• Gravidez
• Amamentação
RANELATO DE ESTRÔNCIO
Recomendações:
Não deve ser tomado em simultâneo com cálcio ou alimentos que o contenham, uma vez que o cálcio vai
competir com o fármaco para a integração na matriz óssea. É, no entanto, essencial a ingestão de cálcio e
vitamina D durante o tratamento. Deve ser tomado 2g ao deitar.
O ranelato de estrôncio constitui uma alternativa aos bifosfonatos. A sua eficácia demonstrada na redução
do número de fracturas vertebrais e não vertebrais faz com que seja utilizado no tratamento da osteoporose
em mulheres na pós-menopausa.
TERIPARATIDA
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• Hipercalcemiante
• Acção reabsortiva
o Aumenta indirectamente a absorção intestinal de cálcio
o Aumenta a reabsorção tubular de cálcio e a excreção de fosfato pelo rim
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FARMACOTERAPIA DO TRACTO GI
1. Farmacologia do sistema digestivo
2. Fármacos que actuam sobre a motilidade gastrointestinal
3. Ácidos biliares
Bibliografia:
RANG, H.P, et al; Rang & Dale Farmacologia. 6ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
KATZUNG, B. G.; Basic and Clinical Pharmacology. 9th edition. Lange Medical Books: McGraw-Hill, 2004
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FARMACOLOGIA
Além da sua função principal de digestão e absorção de alimentos, mo tracto gastrointestinal é um dos
principais sistemas endócrinos do corpo e tem a sua própria rede neuronal integradora, o sistema nervoso
entérico, que contém quase o mesmo número de neurónios que a medula espinhal. Também é o local de
muitas patologias comuns, variando da simples dispepsia às complexas afecções auto-imunes, como a
doença de Crohn. Os medicamentos para tratar estes distúrbios gastrointestinais compreendem cerca de 8%
de todas as prescrições.
• Secreção gástrica
• Vómito (emese)
• Motilidade gastrointestinal
• Expulsão de fezes
O estômago secreta cerca de 2,5 litros de suco gástrico por dia. As principais secreções exócrinas são pró-
enzimas, como a pró-renina e o pepsinogénio, elaborados pelas células principais ou pépticas, e o ácido
clorídrico (HCL) e o factor intrínseco secretados pelas células parietais ou oxínticas. As células secretoras de
muco são abundantes entre as células superficiais da mucosa gástrica. Iões de bicarbonato também são
secretados e ficam presos no muco, criando uma barreira protectora como um gel que mantém a superfície
da mucosa num pH entre 6-7 em face de um ambiente muito mais ácido (pH 1-2) na luz. Álcool e bílis
podem romper esta camada. Prostaglandinas “citoprotectoras” produzidas localmente estimulam a
secreção de muco e bicarbonato.
• Anticolinérgicos
• Antagonistas dos receptores H2
• Inibidores da bomba de protões
• Prostaglandinas
• Misoprostol
• Sucralfato
• Sais de bismuto
160 Farmacoterapia do Tracto GI | CRISTÓVÃO, A.S.; SANTOS, A.; MARTINS, H.; FERNANDES, N.
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1.1.1 ANTICOLINÉRGICOS
PIRENZEPINA E TELENZEPINA
• Atravessam com dificuldade a BHE (barreira hematoencefálica), tendo por isso, um efeito central
reduzido
• Não apresenta efeitos sistémicos nas doses terapêuticas utilizadas para inibição da secreção ácida
• A sua absorção oral encontra-se diminuída quando tomados em simultâneo com alimentos
EFEITOS ADVERSOS
• Secura da boca
• Visão enevoada
• Obstipação
• Diarreia
• Cefaleias
• Confusão mental
FARMACOCINÉTICA
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FARMACODINÂMICA
REACÇÕES ADVERSAS
Estes fármacos são relativamente seguros, apresentando reacções adversas em cerca de 3% das vezes, das
quais, menos de 1% são reacções graves. Assim sendo, podemos dividir a reacções em:
• Comuns
o Tonturas
o Fadiga
o Rash (alteração da pele que afecta a coloração, aspecto e textura – associada ao prurido,
p.e.)
• Raras
o Cefaleias
o Disfunção hepática
o Alterações sanguíneas
o Bradicardia
o Confusão
o Nefrite intestinal
o Ginecomastia (crescimento das mamas nos homens)
RANITIDINA
162 Farmacoterapia do Tracto GI | CRISTÓVÃO, A.S.; SANTOS, A.; MARTINS, H.; FERNANDES, N.
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FARMACOLOGIA
CIMETIDINA
O primeiro inibidor da bomba de protões foi o benzimidazol, substituído actualmente pelo omeprazol, que
+ +
inibe irreversivelmente a H /K -ATPase gástrica (bomba de protões), que é a etapa terminal na via secretora
de ácido. Reduzem-se as secreções de ácido gástrico basal e estimuladas por alimentos em 90%,
aumentando o risco de acloridria (ausência de ácido clorídrico no suco gástrico). O fármaco é uma base
fraca, que se acumula no ambiente ácido dos canalículos da célula parietal estimulada, onde é activada
(selectividade), razão pela qual, este apresenta uma grande afinidade para ambiente com pH baixo. Os
inibidores da bomba de protões são pró-fármacos que em circulação atravessam facilmente a membrana
celular.
Diferentes PPI (inibidores da bomba de protões) ligam-se a diferentes locais na bomba de protões, o que
pode justificar a diferença de potência.
• Esofagite de refluxo
• Úlcera péptica
• Dispepsia (não ulcerosa)
• Prevenção de hemorragia na gastrite de stress
• Gastrinoma ou outras situações hipersecretórias
PPIs apresentam maior rapidez no alívio dos sintomas e na cicatrização da úlcera. Após a continuação da
terapêutica, a taxa de cicatrização é semelhante à dos antagonistas dos receptores de H2.
FARMACOCINÉTICA
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FARMACOLOGIA
INTERACÇÕES
Uma vez que estes fármacos são metabolizados por isoenzimas do CYP450 poderá ocorrer interacções com
outros fármacos metabolizados pelas mesmas.
REACÇÕES ADVERSAS
Estes fármacos são relativamente seguros, apresentando reacções adversas com uma frequência inferior a
1%. As reacções adversas podem ser agrupadas em:
• Comuns
o Diarreia
o Cefaleias
o Náuseas
o Obstipação
o Dor abdominal
o Rash cutâneo
o Tonturas
o Fadiga
• Raras
o Fotossensibilidade
o Angioedema
o Alopécia
o Parastesias
o Confusão
o Mialgia
o Alterações do gosto
o Ginecomastia
o Leucopenia
o Disfunção hepática
OMEPRAZOL
• A inibição da secreção ácida persiste 24h após a administração de uma dose única
• Interacção com varfina e teofilina
164 Farmacoterapia do Tracto GI | CRISTÓVÃO, A.S.; SANTOS, A.; MARTINS, H.; FERNANDES, N.
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FARMACOLOGIA
PANTOPRAZOL
LANSOPRAZOL
1.1.4 ANTI-ÁCIDOS
Os anti-ácidos são a mais simples de todas as terapias para tratar os sintomas de secreção excessiva de
ácido gástrico. Neutralizam directamente o ácido, elevando, assim, o pH gástrico; isto também tem o efeito
de inibir a actividade dos enzimas pépticas, que cessa em pH 5. Quando administrados em doses adequadas,
por tempo suficiente, estes fármacos podem encerrar as úlceras duodenais, contudo, a sua eficácia reduz-se
nas úlceras gástricas.
Os anti-ácidos, que são uma base fraca, quando combinados com o ácido clorídrico originam NaCl e água, e
consoante a dose administrada, verificam-se respostas variáveis, nomeadamente, na capacidade de
secreção gástrica (variação individual), na taxa de esvaziamento e na potência do anti-ácido.
Opta-se por administrar este tipo de fármacos, até 1h após a refeição, quando estamos perante uma úlcera
péptica ou sinais de refluxo gastro-esofágico.
INTERACÇÕES
Estes fármacos apresentam interacções com outras categorias de fármacos, razão pela qual, a sua
administração deve ser feita com um intervalo de 2h. Assim sendo, os anti-ácidos podem afectar a absorção
de outros fármacos por:
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BICARBONATO DE SÓDIO
HIDRÓXIDO DE ALUMÍNIO
• Provoca obstipação
• Uso frequente
• Toxicidade na insuficiência renal
CARBONATO DE CÁLCIO
HIDRÓXIDO DE MAGNÉSIO
• Provoca diarreia
• Actua rapidamente
• Toxicidade na insuficiência renal
1.1.5 PROSTAGLANDINAS
As prostaglandinas inibem a secreção ácida basal, estimulada pela histamina e pelos alimentos. As
prostaglandinas E1 e E2 têm efeito antisecretor e exercem funções na prevenção de lesões erosivas de AINEs,
aumentando o fluxo sanguíneo da mucosa e estimulando a secreção do muco e bicarbonato.
1.1.6 MISOPROSTOL
1.1.7 SUCRALFATO
1.2 EMESE
O acto de vomitar é um evento físico que resulta na evacuação forçada do conteúdo gástrico pela boca.
Costuma ser precedida por náuseas (uma sensação de “contracção dolorosa” ou sensação iminente de
vómito) e pode ser acompanhado de ânsias de vómito (contracções repetitivas dos músculos abdominais,
com ou sem efectiva expulsão do vómito). Os vómitos podem ser uma resposta fisiológica valiosa (até salvar
a vida) à ingestão de uma substância tóxica (p.e. álcool), mas também são um efeito colateral indesejável de
muitos fármacos clinicamente úteis, utilizados para quimioterapia, no tratamento do cancro, como opióides,
anestésicos gerais e digoxina (droga utilizada no tratamento de problemas cardíacos). Os vómitos também
ocorrem na cinetose (é uma doença que se caracteriza pela sensação de enjoo ou náusea quando se anda
em qualquer meio de transporte, ou se movimenta o corpo de forma inabitual, perturbando o sistema
vestibular responsável pelo equilíbrio) e durante o inicio da gravidez e acompanham numerosas doenças
(p.e. enxaqueca), bem como infecções bacterianas e virais.
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FARMACOLOGIA
O mecanismo do vómito resume-se a uma activação do centro de vómito que conduz a um influxo
neuronal proveniente da zona dos quimiorreceptores (CTZ) do TGI:
• Acetilcolina
• Histamina
• Serotonina
• Dopamina
• Indicações terapêuticas
o Cinetose
o Vómitos provocados pela presença de substâncias irritantes no estômago
• Desvantagem
o Exercem pouco efeito nas substâncias que actuam na zona dos quimiorreceptores
• Indicações terapêuticas
o Vómitos provocados pela radioterapia ou pelo uso de citotóxicos
• Vantagem
o Actuam na zona dos quimiorreceptores
DOMPERIDONA
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METOCLOPRAMIDA
Estes fármacos são úteis na obstipação, na paralisia intestinal e nas alterações que surgem a este nível
essencialmente após as cirurgias (ex: íleos paralítico), mas também na preparação intestinal que antecede a
mesma e alguns tipos de exames. Neste grupo estão incluídos fármacos parassimpaticomiméticos, pró-
cinéticos, macrólidos, activadores de cálcio, laxantes e anti-diarreicos. Embora nem todos sejam utilizados
para a alterar a motilidade gástrica, todos têm efeito na mesma.
2.1 PARASSIMPATICOMIMÉTICOS
Estes fármacos estimulam os receptores muscarínicos M3, acelerando o esvaziamento gástrico e intestinal
entre outros efeitos. Os efeitos colinérgicos produzem salivação excessiva, náuseas, vómitos, diarreia e
bradicárdia.
Como exemplo de fármacos que fazem parte deste grupo e têm efeito na motilidade gástrica temos o
betanecol, que tem muitos efeitos colaterais, e a neostigmina, que é um inibidor das acetilcolinesterases.
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2.2 PRÓ-CINÉTICOS
Estes fármacos são antagonistas dos receptores D2, ou seja, bloqueiam os receptores da Dopamina na
região quimio-receptora, inibindo a estimulação colinergica do músculo liso. Têm um podente efeito anti-
emético e anti-náuseas.
• Esofagite de refluxo
• Alterações do esvaziamento gástrico
• Dispépsia não ulcerosa
• Prevenção do vómito
• Estimulação da lactação (pós-parto)
2.2.2 METOCLOPRAMIDA
REACÇÕES ADVERSAS
• Efeitos no SNC
• Inquitação, tonturas, insónias, ansiedade e agitação (em 10-20% dos doentes, em especial nos
idosos)
• Efeitos extrapiramidais
• Discinésia tardia – movimentos repetitivos involuntários (por vezes irreversível)
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• Os níveis elevados de prolactina podem causar galactorreia (produção de leite pelas glândulas
mamárias), ginecomastia, impotência e alterações mentruais
2.2.3 DOMPERIDONA
FARMACOCINÉTICA
2.3 MACRÓLIDOS
2.3.1 ERITROMICINA
2.4.1 IUBIPROSTONA
É derivado do ácido prostanóico utilizado no tratamento da obstipação crónica. Ao abrir os canais de Cl-,
este fármaco, promove a produção de líquido para o lúmen intestinal, encurtando o tempo de transito
intestinal. Este fármaco atraza o esvasiamento intestinal, podendo causar náuseas.
2.5 LAXANTES
Estes fármacos facilitam ou estimulam a defecação, e a intensidade da sua acção depende da posologia que
é utilizada.
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O tratamento da obstipação varia com a sua forma clílina (muitas vezes é iatrogénica) e compreende não só
medicamentos, mas sobretudo regras higieno-dietéticas como o aumento do conteúdo fibroso na
alimentação, a ingestão adequada de líquidos, exercício físico e aquisição de hábitos de evacuação. O uso de
um laxante é uma medida apenas temporária, enquando outras medidas não surtem efeito, no entanto os
laxantes são largamente utilizados como auto-medicação.
Este grupo de fármacos inclui: a Metilcelulose, Gomas, Farelo, Bassorina, Carboximetilcelulose e preparados
de psílio.
MECANISMOS DE ACÇÃO
Este grupo inclui substâncias que são parcialmente digeríveis. A porção não digerível é hidrofílica (absorve
água) pp que leva a um aumento do volume que estimula o peristaltismo. Podem levar vários dias a actuar
mas não têm efeitos adversos relevantes.
CONTRA-INDICAÇÕES
Este grupo de fármacos inclui: o Docusato (oral ou enema), a Glicerina (supositórios) e a parafina líquida. É
necessário algum controlo do uso destes fármacos, já que são moléculas gordas e podem condicionar a
absorção de vitaminas lipossolúveis.
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MECANISMOS DE ACÇÃO
Diminuem a consistência das fezes, pois permitem a penetração de água e lípidos (lubrificam as fezes), e
estimulam a distensão do ânus.
Este grupo de fármacos inclui: Leite de magnésia (óxido de magnésio), citrato de magnésio, fosfato de sódio,
sorbitol, manitol, lactulose, PEG (sulfato de sódio, cloreto de sódio, bicabornato de sódio e cloreto de
potássio). Estes fármacos são solúveis mas não são absorvidos.
MECANISMOS DE ACÇÃO
Retêm a água no lúmen intestinal, porque têm propriedades osmóticas, aumentando o fluído fecal, o que
por sua vez aumenta a fluidez das fezes.
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EFEITOS INDESEJÁVEIS
Uma vez que chamam sais e água para o lúmen intestinal, e que estes são eliminados, corre-se o risco de
haver desequilibrios hidroelectrolíticos.
Este grupo de fármacos inclui: Aloe, Sene (Pursenid®), Cáscara Sagrada (Pursenid®), Óleo de Ricínio,
Bisacodil (Dulcolax®)
MECANISMOS DE ACÇÃO
FARMACOCINÉTICA
MECANISMOS DE ACÇÃO
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FARMACOCINÉTICA
2.6 ANTI-DIARREICOS
A terapêutica anti-diarreica só deve ser aplicada após diagnóstico etiológico e se a dieta e outras medidas de
suporte, hidratação e correcção das alterações electrolíticas forem insuficientes. Existem numerosas causas
para a diarreia: agentes infecciosos, toxinas, ansiedade, fármacos, etc.
A duração das diarreias infecciosas pode ser prolongada e a incidência de complicações pode ser aumentada
pelo uso de antidiarreicos, uma vez que o uso dos mesmos pode atrasar a eliminação de microorganismos
patogénicos para o organismo.
Fármaco opióide que não atravessa a barreira hematoencefálica. Estimula os receptores opióides da parede
do intestino diminuindo o peristaltismo.
3 ÁCIDOS BILIARES
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UTILIZAÇÃO CLÍNICA
• Diminui a quantidade de colesterol na bílis por diminuir a quantidade de colesterol secretado pelo
fígado
• Dissolução dos cálculos da vesícula biliar formados por colesterol.
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FARMACOTERAPIA DA DIABETES
1. Diabetes
2. Insulinas
3. Antidiabéticos orais
Bibliografia:
RANG, H.P, et al; Rang & Dale Farmacologia. 6ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
KATZUNG, B. G.; Basic and Clinical Pharmacology. 9th edition. Lange Medical Books: McGraw-Hill, 2004
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1 DIABETES
A insulina é a principal hormona reguladora do metabolismo intermediário, sendo o seu efeito mais óbvio a
redução da glicemia. A secreção reduzida, ou ausente, de insulina, muitas vezes juntamente com a redução
da sensibilidade à sua acção (resistência à insulina), causa o aparecimento da diabetes mellitus.
A diabetes mellitus tipo 1 é mais rara que a DM tipo2, sendo mais frequente em crianças e
jovens. Neste tipo de diabetes, a genética parece ter um papel determinante, permitindo
aos factores ambientais (provavelmente vírus) desencadear o início da diabetes, pela
estimulação de uma resposta auto-imune.
A diabetes mellitus tipo 1 caracteriza-se por uma produção insuficiente de insulina (ou com
qualidade deficiente). Sendo assim, a abordagem farmacológica feita a esta doença é a
administração de insulina.
É o tipo de diabetes mais comum, correspondendo a 90% dos casos, sendo mais frequente
na idade adulta. As suas causas são múltiplas, podendo ser devida a uma produção
insuficiente de insulina, bem como a uma resistência das células do organismo à acção da
insulina.
• DIABETES GESTACIONAL
Cerca de 1/20 das grávidas desenvolvem diabetes durante a gravidez, sendo semelhante à
diabetes mellitus tipo 2.
Neste caso, a terapêutica incide sobre a dieta alimentar, um aumento da actividade física ou,
em alguns casos, administração de insulina.
2 INSULINA
A insulina, produzida pelas células beta, é a hormona principal na regulação do metabolismo intermediário,
actuando a nível do metabolismo dos hidratos de carbono (acção principal) e lípidos e influenciando de
forma significativa o metabolismo proteico e electrolítico.
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A insulina influencia o metabolismo da glicose na maioria dos tecidos, especialmente no fígado, onde inibe a
glicogenólise (degradação do glicogénio) e a glicogénese (síntese de glicose a partir de fontes que não sejam
os hidratos de carbono), enquanto estimula a síntese de glicogénio.
A insulina aumenta a síntese de ácidos graxos e triglicerídeos no tecido adiposo e no fígado. Inibe a lipólise,
em parte através da desfosforilação das lipases. Também inibe as acções lipolíticas da adrenalina, da
hormona do crescimento e do glucagon.
A insulina estimula a captação de aminoácidos pelo músculo e aumenta a síntese de proteínas. Diminui,
também, o catabolismo de proteínas e inibe a oxidação de aminoácidos no fígado.
2.4 DIFERENÇAS
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2.6 ORIGEM
A insulina poderá ter uma origem humana, porcina ou bovina. Dentro da insulina de origem humana temos:
2.7 CLASSIFICAÇÃO
Tipos Início de acção (t) Concentação máxima (t) Duração de acção (t)
Rápida 15 min 30 min a 1,5h 3 a 5h
Curta 30 a 60 min 2 a 4h 6 a 8h
Intermédia 1,5h 4 a 8h 18 a 24h
Longa 4 a 8h 20h 30h
Bifásica ou Misturas 30 min 1 a 12h até 24h
• Aspecto cristalino
• Administração SC ou IV
• Pode ser misturada com insulinas de acção intermédia
• A sua administração tem de ser feita 30 a 60min antes da refeição, o que é uma desvantagem
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• Complexação insulina-zinco
• Via de administração SC
• Utilizada em terapêutica combinada com insulinas rápidas ou de curta duração
• Insulina glargina – duração de 24h
2.8 FARMACOCINÉTICA
Um dos principais problemas ao usar-se insulina, é evitar amplas flutuações da concentração plasmática e,
deste modo, da glicemia.
• Local de injecção
o Abdómen (mais elevada)
o Braço
o Glúteo
o Coxa (mais baixa)
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o Exercício
o Ortostatismo
• Profundidade da injecção
• Quando administrada pela via IM, a sua absorção é mais rápida
A sua metabolização é feita ao nível hepático, enquanto que a sua excreção é feita ao nível renal.
2.9.1 HIPOGLICÉMIA
Sinais e Sintomas
• 60 a 80mg/dL
o Sudação
o Fome
o Parestesias
o Palpitações
o Tremor
o Ansiedade
• Inferior a 60mg/dL
o Dificuldade de concentração
o Confusão
o Sonolência
o Tonturas
o Visão turva
o Alterações do comportamento
o Alteração da consciência
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o Durante o sono
Suores nocturnos
Hipotermia
o Pela manhã
Cefaleias
Hiperglicemia
2.9.3 INTERACÇÕES
• Corticóides
• Álcool
• Bloqueadores β
• Diuréticos
2.9.4 LIPO-ATROFIA
A lipoatrofia corresponde a uma atrofia do tecido adiposo no local de injecção da insulina sendo,
provavelmente, uma variante de uma resposta imune à insulina. A lipoatrofia pode causar uma absorção
irregular da insulina, para além de problemas cosméticos.
A insulina deverá ser injectada na periferia dos locais atróficos, de forma a restaurar o tecido adiposo
subcutâneo.
3 ANTIDIABÉTICOS ORAIS
3.1 SULFONILUREIAS
As sulfonilureias foram desenvolvidas após a observação causal de que um derivado de sulfonamida causava
hipoglicemia, sendo um insulinosecretor.
• 1ª Geração
o Tolbutamida
o Clorpropamida
• 2ªGeração
o Glibenclamida
o Glipizida
o Glicazida
o Gliquidona
o Glimepirida
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• DM tipo 2, com deficiência de insulina mas com a função das células β-pancreáticas mantida
• DM tipo 2 não controlada com dieta e exercício físico
• 1ª linha no não obeso
• 2ª linha no obeso, juntamente com as biguanidas
3.1.4 FARMACOCINÉTICA
3.1.5 CONTRA-INDICAÇÕES
• DM tipo 1
• Gravidez e lactação
• Infecções graves
• Hipersensibilidade ao fármaco
• Predisposição para hipoglicemia
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• Cetoacidose
• Insuficiência renal
• Insuficiência hepática
• AVC
• Doente idoso ou obeso
• Hipoglicemia
• Aumento do peso (efeito anabólico do aumento da insulina)
• Náuseas e vómitos
• Reacções cutâneas
• Fotossensibilidade
• Alterações hepáticas
• Alterações hematológicas
3.2 MEGLITINIDAS
3.2.3 FARMACOCINÉTICA
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3.2.4 CONTRA-INDICAÇÕES
• DM tipo 1
• Gravidez e lactação
• IR, IH severas
• Hipersensibilidade ao fármaco
• Aumento do peso
• Hipoglicemia
• Náuseas e vómitos
3.2.6 PARTICULARIDADES
3.3 BIGUANIDAS
• Tratamento da hiperglicemia da DM tipo 2, quando não controlada com a dieta e o exercício físico
• 1ª linha na DM tipo 2 no obeso
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3.3.3 FARMACOCINÉTICA
3.3.4 CONTRA-INDICAÇÕES
As reacções adversas são 10 vezes mais frequentes com Fenformina do que com Metformina.
• Anorexia
• Diarreia
• Naúseas
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• Sabor metálico
• Dor abdominal
• Acidose
• Prurido
• Urticária
• Erupção cutânea
As biguanidas diferem das sulfonilureias por não provocarem hipoglicemia e não aumentarem o peso.
3.3.6 PARTICULARIDADES
3.4 GLITAZONAS
• Diminuição da hiperglicemia
• Diminuição da HbA1c
• Diminuição da TG
• Potenciam a sensibilidade dos tecidos alvos à insulina
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3.4.4 FARMACOCINÉTICA
3.4.5 CONTRA-INDICAÇÕES
• DM tipo 1
• Pessoas com idade inferior a 18 anos
• Gravidez e lactação
• Função renal alterada
• Insuficiência hepática
• Hipersensibilidade ao fármaco
• Aumento do peso
• Cardiomegalia
• Aumento do volume plasmático
• Insuficiência cardíaca (?)
• Risco de carcinogenese (?)
3.4.7 PARTICULARIDADES
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3.5.3 FARMACOCINÉTICA
• Pouco absorvida
• Fraca ligação às proteínas plasmáticas
• Não metabolizada
3.5.4 CONTRA-INDICAÇÕES
• 1ª linha na DM tipo 1
• Doenças intestinais crónicas
• Gravidez e lactação
• IH e IR
• Hipersensibilidade ao fármaco
• Pessoas com idade inferior a 18 anos
3.5.6 PARTICULARIDADES
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