A Assembleia de Deus No BR

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9

ASSEMBLEIA DE DEUS NO
BRASIL: UMA IGREJA QUE
CRESCE ENQUANTO SE
FRAGMENTA1

Maxwell Pinheiro Fajardo2

RESUMO

A Igreja Assembleia de Deus é o segundo maior grupo religioso do Brasil, perdendo em


números apenas para a Igreja Católica. Com 12 milhões de membros, a Assembleia de
Deus está muito a frente do segundo maior grupo pentecostal, a Congregação Cristã no
Brasil, com 2 milhões de membros. No entanto, quando falamos de Assembleia de Deus
não estamos falando de um grupo homogêneo. É possível encontrar nas médias e grandes
cidades do país ADs de diferentes Ministérios: Belém, Madureira, Ipiranga, Vitória em
Cristo, Perus, Taubaté, entre uma infinidade, muitas vezes vizinhos. Tais ministérios
podem ou não estar ligados à Convenções Nacionais e também podem ter características
litúrgicas distintas. Assim, não é possível compreender as Assembleias de Deus no Brasil
sem destacar seu processo de fragmentação, que longe de ser uma contingência histórica
recente, remonta à década de 1930. A fragmentação é um elemento constitutivo das ADs
e apresentou-se em todo o processo de expansão da denominação por todas as partes do
país. A Assembleia de Deus é uma igreja que cresce enquanto se fragmenta.

Palavras-chave: Assembleia de Deus; ministérios; pentecostalismo; industrialização;


Brasil.

1
Este artigo apresenta algumas das reflexões de pesquisa de doutorado em desenvol-
vimento na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) com tér-
mino previsto em Julho de 2015.
2
Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. Douto-
rando em História pela UNESP.
162 Maxwell Pinheiro Fajardo

ABSTRACT

The Assemblies of God church is the second greatest religious group in Brazil, losing in
numbers only to the Catholic Church. With 12 million members, the Assemblies of God
is far ahead the second greatest Pentecostal group, the Christian Congregation in Brazil,
with 2 million members. However, when we speak of Assemblies of God we are not
talking of a homogeneous group. It is possible to find in the medium-sized and major
cities of the country Assemblies of God of different Ministries: Belém, Madureira,
Ipiranga, Vitória em Cristo, Perus, Taubaté, among an infinity, many times even neighbors.
Such ministries can or cannot be associated with the National Convention, and can also
have different liturgical characteristics. Therefore, it is not possible to comprehend the
Assemblies of God in Brazil without highlighting its fragmentary process, which, far
from being a recent historical contingency, can be traced back to the 1930’s. Fragmentation
is a constitutive element of the Assemblies of God and was present in all of the expansion
process of the denomination throughout parts of the country. The Assemblies of God is
a church that grows while it is fragmented.

Key-words: Assemblies of God; ministries; pentecostalism; industrialization; Brazil.

INTRODUÇÃO

Estudar a Igreja Assembleia de Deus no Brasil (AD) é uma tarefa


com desafios singulares. Diferente da maioria das outras igrejas
pentecostais, como a Congregação Cristã do Brasil, por exemplo, cujos
templos espalhados pelo país fazem parte de uma rede denominacional
interligada a uma única direção nacional, as ADs estão pulverizadas em
uma série de Ministérios com administrações independentes. Alguns com
abrangência nacional, responsáveis por agrupar milhares de pastores em
todo o país, outros restritos ao universo de uma cidade ou bairro. Além
dos Ministérios há também as Convenções, entidades jurídicas que
arregimentam pastores e obreiros. Há Ministérios locais cujos líderes são
filiados a convenções nacionais, embora suas igrejas tenham autonomia
administrativa. Assim, é possível encontrar na mesma cidade, mesmo
bairro, e em alguns casos na mesma rua Assembleias de Deus de diferentes
Azusa – Revista de Estudos Pentecostais 163

Ministérios: Belém, Madureira, Perus, Santos, Ipiranga, Santo Amaro, Bom


Retiro, Vitória em Cristo, Manancial, Nova Aliança, Deus Forte, Nova
Esperança, entre centenas de outros.
A multiplicidade de formas institucionais assumidas pela AD no
Brasil garante não pouca confusão ao observador não acostumado ao
complexo sistema de organização e interligação das diferentes vertentes
da igreja em seus ministérios e convenções. Só para citar um exemplo,
podemos falar da presença da AD na grade de programas evangélicos
vinculados nacionalmente pela Rede TV! aos sábados pela manhã durante
o ano de 2012. Em um espaço de aproximadamente cinco horas, havia
seis programas televisivos ligados à AD, cada um deles vinculado a um
diferente Ministério da denominação: Mensagem de Esperança,
apresentado pelo Pr. Jabes de Alencar da Igreja Assembleia de Deus do
Bom Retiro, Vitória em Cristo, do Pr. Silas Malafaia, presidente da Igreja
Assembleia de Deus Vitória em Cristo; Movimento Pentecostal,
patrocinado pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) e
Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB); Voz da
Assembleia de Deus, dirigido pelo Pr. Samuel Câmara da AD em Belém
do Pará (a “igreja mãe” da AD3); Família Debaixo da Graça, do Pr. Josué
Gonçalves da Assembleia de Deus Projeto Família Debaixo da Graça e
Palavra de Vida da Assembleia de Deus do Brás.4 Mais do que a localização
geográfica de tais igrejas, os nomes acrescentados após o nome
“Assembleia de Deus” indicam um ministério distinto, com suas
peculiaridades próprias.

3
A expressão explica-se pelo fato de a AD de Belém do Pará ser a igreja mais antiga
do país, fundada em 1911.
4
Dos programas listados apenas o Vitória em Cristo e o Família debaixo da Graça
não se apresentam como programas oficiais de suas respectivas igrejas ou convenções,
embora seus apresentadores se identifiquem como pastores-presidentes de tais igrejas.
Especificamente sobre a Igreja liderada por Malafaia falaremos mais no decorrer do
texto.
164 Maxwell Pinheiro Fajardo

A complexidade não se restringe aos fatores corporativo-


institucionais. É possível encontrar Assembleias de Deus cujas práticas
litúrgicas lembram igrejas pentecostais ligadas à teologia da prosperidade,
como a Universal do Reino de Deus. Por outro lado, também é possível
assistir cultos em igrejas onde tais práticas são severamente questionadas.
Há ADs onde danças e palmas fazem parte de todo o momento do cântico
comunitário, em outras, tais elementos não são permitidos em nenhuma
hipótese. Existem ADs em que é proibido aos membros o uso de
maquiagens, brincos e outros adereços, enquanto em outras tais costumes
são incentivados. Em alguns casos o estudo da teologia é reprimido,
enquanto em outros são organizados cursos que pleiteiam o reconhecimento
do MEC.
Estudar a Assembleia de Deus no Brasil, ou melhor, as
Assembleias de Deus, com toda a sua pluralidade, significa deparar-se
com um sistema de práticas e representações sociais nascidas no
entrelaçamento de elementos do protestantismo sueco e do
pentecostalismo estadunidense, que se consolidam entre brasileiros
oriundos principalmente do catolicismo popular. Assim, se desenvolvem
com maior intensidade nos espaços urbanos marcados pela secularização,
onde a igreja se fragmenta.
A partir desta variedade de formas institucionais e
comportamentais, pretendemos neste texto traçar um panorama histórico
das raízes de suas divisões internas. Tal panorama nos permitirá colher
subsídios para uma análise mais detalhada das razões de seu crescimento
durante o processo de urbanização e industrialização das grandes
metrópoles brasileiras no decorrer do século XX. Pretende-se captar os
indícios de uma cultura religiosa que liga os diferentes ramos da
Assembleia de Deus e que torna seu estudo um campo de pesquisas no
mínimo intrigante.
Azusa – Revista de Estudos Pentecostais 165

1 UM PANORAMA DO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO


DA AD

Foi a partir da década de 1940 que as ADs transformaram-se na


maior igreja pentecostal do país, ultrapassando a Congregação Cristã do
Brasil, sua irmã dez meses mais velha.5 Neste período o ritmo de
crescimento da AD intensificou-se principalmente nas regiões
metropolitanas do país, que passaram a receber migrantes oriundos
principalmente do nordeste do Brasil. O auge das migrações internas no
Brasil (entre as décadas de 1940 e 1980) também se configurou como o
período de maior crescimento das ADs. No entanto, o boom das décadas
de 1940-50 não representou apenas o aumento na musculatura numérica
da igreja, mas também foi responsável pela adaptação da AD ao ritmo de
vida das metrópoles em processo de industrialização, regiões onde a igreja
começava a se desenvolver com maior rapidez. O período marcou a
adaptação do ethos sueco-nordestino da AD, para usar a consagrada
expressão de Freston6, para a realidade urbana-industrial, onde a igreja
desenvolveria novas práticas culturais, que influenciariam os rumos da
denominação a partir de então.
Podemos considerar o período anterior, compreendido entre os anos
de 1911 e 1946, como a fase de consolidação das ADs.7 Nesta primeira
fase a igreja desenvolveu sua estrutura institucional: criou um jornal de
circulação nacional, o Mensageiro da Paz, em que fez questão de destacar

5
READ, William R. Fermento religioso nas massas do Brasil. Campinas: Livraria
Cristã Unida, 1967.
6
FRESTON, Paul. Breve história do pentecostalismo brasileiro. In: ANTONIAZZI,
Alberto. Nem anjos nem demônios: interpretações sociológicas do pentecostalismo.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
7
ALENCAR, Gedeon. Assembleias de Deus: origem, implantação e militância (1911-
1946). São Paulo: Arte Editorial, 2010.
166 Maxwell Pinheiro Fajardo

suas diferenças em relação aos outros ramos do protestantismo8; fundou


uma convenção, a CGADB; organizou uma editora, a CPAD (Casa
Publicadora das Assembleias de Deus); editou um hinário próprio, a Harpa
Cristã9; criou um instrumento de formatação doutrinária, as Lições
Bíblicas10; estabeleceu metas para implantação nos estados do país onde
ainda não aparecia com destaque;11 e transferiu o centro de poder para o
Rio de Janeiro, então capital do país.12 Neste período destacava-se
inicialmente como liderança nacional o fundador Gunnar Vingren, bem
como sua esposa Frida, que rapidamente perderam espaço para os demais
suecos, em especial Samuel Nyström.
No período anterior a 1930, os primeiros missionários suecos,
oriundos de um país protestante em que eram marginalizados, não se
entusiasmavam com a ideia da institucionalização da igreja. Na Suécia, a
Instituição religiosa, com seus seminários e rígida hierarquia representava
a frieza espiritual que massacrava o movimento do Espírito presente no
pentecostalismo, assim, “os pentecostais suecos, em vez da ousadia de

8
Desde 1917, no antigo Jornal Boa Semente, os artigos doutrinários publicados fazi-
am questão de destacar a diferença da AD em relação às igrejas protestantes históricas.
9
A primeira edição da Harpa Cristã, hinário oficial da Igreja, com a adaptação/tradu-
ção de canções suecas e estadunidenses, além de composições próprias foi publicada
em 1922.
10
As Lições Bíblicas são o material didático produzido pela CPAD para as Escolas
Bíblicas Dominicais (EBD’s) das igrejas em todo o país. Até hoje são publicadas trimes-
tralmente.
11
Na Convenção de 1930 decidiu-se que os missionários suecos deveriam evangelizar
nas regiões sul e sudeste do país. Apesar de ser uma decisão política, que deixaria o
nordeste “livre” para a liderança dos pastores brasileiros, a decisão não deixou de ser
uma estratégia para a expansão da igreja nas outras partes do território nacional.
12
A Igreja no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, além de ser dirigida pelos
líderes mais influentes da denominação, também abrigava em suas dependências a reda-
ção do Jornal Mensageiro da Paz. Embora não fosse a sede nacional da Igreja (aliás, em
consequência do sistema decentralizado de liderança, nunca houve uma igreja que pu-
desse ser considerada a “sede nacional” da AD), era a igreja que exercia maior influên-
cia sobre as demais.
Azusa – Revista de Estudos Pentecostais 167

conquistadores, tinham uma postura de sofrimento, martírio e


marginalização cultural”.13
Os líderes suecos, influenciados por sua experiência com o sistema
centralizado de uma igreja hegemônica e estatal na Suécia que perseguia a
minoria batista, se recusavam a criar no Brasil uma igreja orientada pelos
mesmos padrões. Preferiam um sistema em que cada congregação
individualmente ficasse responsável por sua própria gestão e que seus
líderes se reunissem periodicamente para discutir problemas comuns,
embora sem a preponderância de uma igreja sobre outra. Além disso, os
pastores brasileiros pleiteavam maior autonomia em relação aos suecos.14
Em 1929 um grupo de dez pastores brasileiros do Norte e do Nordeste
do país se reuniu na cidade de Natal para discutir seu posicionamento em
relação à expansão da igreja. Nesta reunião o grupo decidiu convocar para o
próximo ano uma convenção geral com a participação de obreiros de todo o
país, fossem brasileiros ou suecos. Nesta convenção os pastores apresentariam
suas demandas por mais autonomia frente aos suecos.
Assim, entre os dias 5 e 10 de setembro de 1930 aconteceu em
Natal/RN a primeira reunião da Convenção Geral das Assembleias de Deus
no Brasil (CGADB)15, presidida na ocasião pelo pastor paraibano Cícero
Canuto de Lima. Os quatro pontos propostos para a pauta da reunião foram:
“1) O relatório do trabalho realizado pelos missionários; 2) A nova direção
do trabalho pentecostal do Norte e Nordeste; 3) A circulação dos Jornais
Boa Semente e O Som Alegre; 4) O trabalho feminino na igreja”.16

13
FRESTON, 1994, p. 78.
14
DANIEL, Silas. História da convenção geral das Assembléias de Deus no Brasil.
Rio de Janeiro, CPAD, 2004. p. 22-23.
15
A CGADB ganhou personalidade jurídica em 1946. Atualmente reúne-se ordinaria-
mente a cada dois anos em uma cidade diferente do país. Até Agosto de 2013 a entidade
já havia realizado 46 assembleias gerais, sendo 41 ordinárias e 5 extraordinárias
(www.cgadb.com.br).
16
DANIEL, 2004, p. 27.
168 Maxwell Pinheiro Fajardo

Receoso sobre os possíveis desdobramentos do encontro, Gunnar


Vingren viajou para a Suécia para convencer o Pr. Lewi Petrhus a participar.
Petrhus era o pastor titular da Igreja Filadélfia de Estocolmo17, que desde
1917 enviava missionários ao Brasil. Embora não fosse o líder da AD, ele
era o líder dos missionários suecos. Assim, na ótica de Vingren, sua presença
poderia conter uma possível cisão18. Na convenção, Pethrus defendeu que
todas as igrejas das regiões Norte e Nordeste do Brasil deveriam ser
entregues aos obreiros brasileiros, o que estava de acordo com a proposta
dos suecos de estabelecer no Brasil um sistema de igrejas livres, sem uma
direção nacional. Os missionários deveriam concentrar seus esforços nas
regiões mais ao sul do Brasil, onde a Igreja estava começando a se
desenvolver.
Além desta questão, decidiu-se pela fusão dos jornais Boa Semente
(produzido em Belém por Samuel Nyström) e Som Alegre (feito no Rio de
Janeiro pelo casal Vingren), em único periódico, o Mensageiro da Paz,
que seria editado no Rio de Janeiro, por Samuel Nyström e Frida Vingren.
Ou seja, enquanto por um lado se buscou a autonomia das igrejas, por
outro se optou pela centralização dos órgãos de comunicação.
Assim, em 1930, com a criação da CGADB a Igreja entra em uma
nova fase. No entanto, apesar do desejo das lideranças nordestinas de
aumentarem sua influência, o poder continuou a gravitar em torno dos
suecos, até pelo menos a década de 1950, em especial na figura de Samuel

17
Pethrus era pastor da Sétima Igreja Batista de Estocolmo desde 1911. Em 1913 sua
Igreja foi excluída da Convenção Batista Sueca, transformando-se na Igreja Pentecostal
Filadélfia. Posteriormente Pethrus se tornaria um dos mais conhecidos líderes pentecostais
da Suécia, inaugurando um enorme templo em Estocolmo em 1930 (PETHRUS, 2004).
Graças à proximidade de Petrhus com o fundador Daniel Berg, a Igreja Filadélfia envi-
ava missionários ao Brasil desde 1917, mesmo ano em que Gunnar Vingren e Daniel
Berg foram inscritos no rol de missionários da Igreja.
18
PETHRUS, Lewi. Lewi Pethrus: biografia. Rio de Janeiro, CPAD, 2004. p. 221-
222.
Azusa – Revista de Estudos Pentecostais 169

Nyström. Após a criação da Convenção, o centro de poder desceu do Norte/


Nordeste para o Sudeste. A partir da década de 1930, o Rio de Janeiro
passa a ser o centro das decisões da liderança e a pioneira igreja do bairro
de São Cristóvão, na época pastoreada por Vingren19, ganha destaque e
preponderância sobre as demais, haja vista ser o local em que se produzia
o jornal oficial da denominação. Diversos presidentes da CGADB também
exerceram a direção desta igreja20, na então capital do Brasil.
Um personagem de destaque na AD que posteriormente ficaria
nacionalmente conhecido serve para exemplificar a trajetória da igreja até
aquele momento: trata-se do pastor Cícero Canuto de Lima21, a quem já
nos referimos há pouco. Canuto nasceu em 1893 em Mossoró/RN, mas
converteu-se no mesmo estado em que a AD nasceu: o Pará. Ele conheceu
o pentecostalismo no interior do estado em 1918, tornando-se algum tempo
depois líder de sua igreja local, na pequena cidade de Timboteua22. Desta
forma, Canuto foi um dos remanescentes da primeira versão da AD, aquela
que se desenvolveu entre os seringueiros migrantes no interior do Pará.
Destes núcleos no interior do Pará surgiram os primeiros
pastores autóctones da denominação, muitas vezes escolhidos por serem
os únicos alfabetizados do núcleo ou por já terem alguma experiência
eclesiástica anterior23. Canuto foi consagrado a pastor pelo próprio Gunnar

19
A AD de São Cristóvão foi pastoreada por suecos até 1958. VASCONCELOS; LIMA,
2003.
20
Por treze vezes o presidente da CGADB também era pastor da AD de São Cristóvão.
Atualmente a Igreja não está mais vinculada à Convenção. DANIEL, 2004.
21
Apesar da grande influência que exerceu na AD, Cícero Canuto não tem nenhuma
biografia produzida, diferente de Paulo Macalão, que teve duas biografias publicadas.
ALMEIDA, 1983 e MACALÃO, 1986.
22
ARAÚJO, Isael. José Wellington: biografia. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
23
Foi o caso de Isidoro Filho, o primeiro brasileiro a ser consagrado pastor na AD.
Escolhido para liderar o grupo de crentes em Soure/PA em 1913, Isidoro era o único
alfabetizado do grupo. Já Absalão Piano, o segundo pastor autóctone, responsável pelo
núcleo de Tajapurú/PA já havia sido membro da Igreja Presbiteriana Independente.
ARAÚJO, 2007.
170 Maxwell Pinheiro Fajardo

Vingren em 1923 em Belém do Pará. Em 1924 foi enviado para o Nordeste


para dirigir a igreja na cidade da Parahyba (atual João Pessoa). Ali exerceu
o pastorado durante quinze anos. No Nordeste Canuto esteve diretamente
envolvido no processo de fortalecimento dos pastores brasileiros frente à
administração sueca, presidindo a Convenção de 1930.
Em 1937 Canuto planejou transferir-se para São Paulo para
assumir a direção da Igreja na capital, conforme declarou: “Senti que tinha
chamada para cá [São Paulo] em 1937. [Porém, na época] Puseram muitos
obstáculos aqui para que eu não entrasse.[...]”.24 Ou seja, já na década de
1930, Canuto, que era uma das principais lideranças na Igreja no Nordeste
cria interesse em trabalhar na metrópole, possivelmente antevendo o
destaque que a Igreja em São Paulo poderia representar para a denominação
no futuro. Não é possível dizer a quais obstáculos o pastor se referia, já
que poderiam ser tanto os suecos que dirigiam a Igreja em São Paulo na
época, ou mesmo a atuação de Paulo Leivas Macalão na cidade, à qual
faremos referência mais a frente.
Sem sucesso em sua tentativa de instalar-se em São Paulo, Canuto
foi convidado pelo próprio Samuel Nyström para auxiliá-lo na Igreja em
São Cristóvão. Assim, Canuto tornou-se co-pastor de Nyström no período
compreendido entre 1939 e 1946 no Rio de Janeiro. O fato de uma liderança
de destaque no Nordeste, com quinze anos de pastorado na mesma igreja,
com força suficiente para articular um grupo de pastores contra os suecos
e criar um órgão institucional de nível nacional, ter sido designado para
vir ao Sudeste, não para dirigir uma igreja, mas para ser auxiliar do principal
líder sueco, parece um indício de que os problemas entre os pastores
nacionais e os suecos não foram totalmente resolvidos na criação da
CGADB em 1930, sem contar a afirmação do próprio Pr. Cícero: “No Rio
de Janeiro sofri muito. Tudo muito difícil e diferente. Mas, a Igreja não

24
Entrevista ao Jornal Mensageiro da Paz: Ano 44 nº 6, jun.1974.
Azusa – Revista de Estudos Pentecostais 171

era diferente. Fiquei trabalhando com um sofrimento muito grande, mas


Deus me abençoou”.25
Cícero Canuto deixou o Rio de Janeiro em 1946 quando
Samuel Nyström voltou para a Suécia deixando em seu lugar outro sueco,
Otto Nelson. Assim, em 1946 Canuto finalmente tornou-se pastor da AD
em São Paulo.26
Desta forma, Cícero Canuto é um personagem cuja trajetória
resume as principais fases da AD entre as décadas de 1920 e 1980:
acompanhou o início no interior do Pará, o fortalecimento das lideranças
nacionais no Nordeste, a influência sueca que ainda persistia no RJ mesmo
após a criação da CGADB, e por fim o processo de ministerialização da
denominação com o consequente fortalecimento da figura dos pastores-
presidentes e seus respectivos Ministérios, do qual Canuto foi um dos
principais expoentes.

2 MINISTERIALIZAÇÃO DA AD E O FORTALECIMENTO DAS


LIDERANÇAS REGIONAIS

A CGADB, apesar de nominalmente representar a Assembleia


de Deus no país, na realidade é uma entidade que representa apenas sua
liderança. Apenas pastores e evangelistas27 podem se filiar a ela. Assim, a
Convenção não conta com um cadastro de números de membros das igrejas
e nem mesmo exerce controle sobre a administração dos templos, sendo
assim um órgão de sua classe dirigente.28

25
Entrevista ao Jornal Mensageiro da Paz: Ano 44 nº 6, jun.1974.
26
Antes de assumir a Igreja do Belenzinho em São Paulo, Canuto pastoreou por dois
meses a AD de Santos, litoral de São Paulo. ARAÚJO, 2007.
27
Evangelista é o cargo que hierarquicamente está logo abaixo ao de pastor.
28
CORREA, Marina Aparecida Oliveira dos Santos. A operação do carisma e o exer-
cício do poder. A lógica dos ministérios das igrejas Assembleias de Deus no Brasil, Tese
de Doutorado em Ciencias da Religião, PUC-SP, 2012.
172 Maxwell Pinheiro Fajardo

Neste sentido a CGADB preserva o desejo original dos suecos


de organizar um sistema de igrejas livres. No entanto, no interior de tais
igrejas livres consolidou-se um sistema de governo episcopal, capitaneado
na figura do “pastor-presidente de campo”. Para entender este processo é
indispensável reportar-se à figura do pastor Paulo Leivas Macalão, um
dos precursores do sistema de ministerialização da AD.
Paulo Leivas Macalão nasceu em Santana do Livramento, Rio
Grande do Sul em 1903, no entanto converteu-se no Rio de Janeiro em
1924, no bairro de São Cristóvão. Na época a Igreja de São Cristóvão era
um núcleo familiar de recém-convertidos, que contava com a presença de
pelo menos dois migrantes paraenses, José Vicente e Heráclito de Menezes.
Este grupo costumava assistir aos cultos da Igreja de Deus, também
conhecida como Igreja do Orfanato, no mesmo bairro. Em 1920, Gunnar
Vingren visitou a Igreja do Orfanato e nela pregou, ocasião em que “muitos
haviam aceitado a doutrina pentecostal”.29 No entanto, em sua segunda
passagem pela cidade, em 1923, Vingren tentou contato com o líder da
Igreja, mas não foi atendido. Assim, realizou alguns cultos na casa de uma
família liderada por Eduardo Brito, e em seguida retornou à Belém. Nesta
época mesma época Macalão converteu-se.30
Em 1924 o grupo reunido na casa da família Brito decidiu
desvincular-se da Igreja de Deus e criar uma AD na cidade. Assim, o grupo
enviou uma carta para a igreja de Belém do Pará, solicitando que um obreiro
fosse enviado para o Rio de Janeiro para tomar conta da nova congregação.
Assim, ainda em 1924, chegou de mudança à cidade o próprio missionário
Gunnar Vingren e sua família com o objetivo de estruturarem a AD na
então capital do país.

29
ARAÚJO, Isael. Dicionário do movimento pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
p.140.
30
CABRAL, David. Assembléias de Deus: a outra face da história. Rio de Janeiro:
Betel, 2002.
Azusa – Revista de Estudos Pentecostais 173

Com o crescimento do grupo no bairro de São Cristóvão, Paulo


Macalão destacou-se se tornando secretário da Igreja e organizando inclusive
uma banda musical.31 No entanto, em 1926 Macalão decidiu desenvolver
um trabalho de evangelização independente nas áreas periféricas da cidade,
embora não tenha se desligado da igreja em São Cristóvão.32 Suas
divergências, porém, não o impediram de ser consagrado a pastor pelo próprio
Gunnar Vingren e por Lewi Petrhus em 1930, mesmo ano da fundação da
CGADB. Os biógrafos de Macalão dão destaque aos atritos que teve com
“alguns” irmãos da Igreja de São Cristóvão, embora não especifiquem os
nomes.33 Alencar vê no nacionalismo de Macalão uma das pistas para a
compreensão de seus atritos com os suecos, o que pode nos ajudar a entender
a tendência do pastor em se isolar e “alçar um voo solo”:
Macalão vem de uma família rica, de tradição militar, portanto
nacionalista. O governo do Getúlio (seu conterrâneo gaúcho) e o
tenentismo é um substrato conceitual importante na sua formação.
Ele não aceitou se submeter à liderança de um jovem sueco – ou
mais grave – e/ou de uma mulher? Em 1932, quando Vingren vai
embora, Nyström assume em seu lugar. Por que não Macalão que
já era um pastor com ministério consolidado na cidade? 34
Com a indisposição sofrida em São Cristóvão, Macalão conseguiu
captar a possibilidade de crescimento da igreja nas áreas periféricas do
Rio de Janeiro, assim, enquanto criava núcleos da AD nas casas de pessoas
que se convertiam em Realengo, Campo Grande, Santa Cruz e Marechal
Hermes, inaugurou em 1933 um templo da AD em Bangú. No entanto, foi
no bairro de Madureira, onde organizou uma igreja no ano de 1929 que
Macalão conseguiu deixar sua maior marca. A Igreja estabelecida ali passou
a ser o centro das atividades de Macalão. Desta forma, a cidade passou a

31
ARAÚJO, 2007.
32
ALENCAR, 2012.
33
ALMEIDA, Abrãao de (Org). Paulo Macalão: a chamada que Deus confirmou. Rio
de Janeiro: CPAD, 1983. p. 32.
34
ALENCAR, 2012, p.142.
174 Maxwell Pinheiro Fajardo

contar com dois grupos de ADs, aquelas ligadas à Igreja de São Cristóvão,
lideradas pelos suecos e aquelas ligadas à igreja de Madureira, que com o
tempo passaram a ser denominadas respectivamente de Igrejas da Missão
(já que eram lideradas pelos missionários suecos) e Igrejas de Madureira,
embora os líderes de ambos os grupos pertencessem à CGADB.35
Cria-se aqui o conceito de “Ministério”, sem o qual não é possível
entender a configuração atual da AD. O Ministério, no sentido corporativo-
institucional, diz respeito aos grupos de igrejas liderados por um mesmo
pastor-presidente e que têm autonomia administrativa em relação aos
demais Ministérios e que pode manter ou não um vínculo com uma
convenção de abrangência nacional, como a CGADB.
Com o tempo, o Ministério liderado por Macalão ultrapassou os
limites geográficos da Guanabara e do Rio de Janeiro. Em 1938, por
exemplo, Macalão alugou um pequeno salão no bairro do Brás, em São
Paulo, onde estabeleceu seu Ministério na metrópole paulista. Segundo os
relatos oficiais da Igreja, esta empreitada se justificou a partir de uma
revelação divina por intermédio de um sonho, elemento fundamental no
imaginário assembleiano:
O Ministério do Brás36, na verdade, foi gestado em outro estado,
quando um pastor da Igreja Assembleia de Deus do Rio de Janeiro
teve uma revelação de Deus. Em visão ele viu um salão com uma
placa de aluguel. O nome desse pastor era Paulo Leivas Macalão.
Pastor Paulo não perdeu tempo. Acompanhado da esposa, Zélia,
e do cunhado Sylvio Brito, viajou a São Paulo a fim de receber
mais provas da vontade de Deus. Andando pelas ruas do antigo
Centro da Capital paulista, passou em frente ao número 605 da
Rua da Glória onde reconheceu o salão e viu a placa de aluguel.37

35
O próprio Macalão chegou a presidir a CGADB em 1937.
36
Ministério do Brás é a forma como o Ministério de Madureira por vezes é chamado
no Estado de São Paulo, já que sua sede estadual está no bairro do Brás, na capital.
37
Relato de João Cruzué. Disponível em: <www.olharcristao.blogspot.com.br> Aces-
so em: 23 jul. 2013.
Azusa – Revista de Estudos Pentecostais 175

No entanto, a AD chegara a São Paulo onze anos antes. Em 1927,


Daniel Berg começou a realizar cultos em Vilão Carrão e posteriormente
no bairro do Belém, outro bairro da zona leste de São Paulo. Nesta igreja
fora realizada a reunião ordinária da CGADB no ano de 1937, que na
ocasião foi presidida pelo próprio Macalão. Assim, a dualidade entre as
Igrejas de Madureira e da Missão chegaria também a São Paulo.38
Posteriormente novas igrejas do Ministério de Madureira foram sendo
criadas em diferentes cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, não tardando
a chegar também em outros estados.39
Além do Ministério de Madureira, outros Ministérios surgiram. Hoje
existem centenas em todo país, muitos deles com redes de igrejas
espalhadas por diferentes estados, outros com número reduzido de
congregações. Cada um destes Ministérios, apesar de preservar uma
identidade geral criada pala nomenclatura “Assembleia de Deus” apresenta
suas próprias características, e um campo propício para a criação de suas
próprias representações sociais. Assim, é comum que quando dois
assembleianos se conhecem e conversam pela primeira vez a primeira
pergunta que façam um a outro seja: “de qual Ministério você é?”
Identificar-se como membro de determinado Ministério significa estar
ligado a uma série de práticas litúrgicas e comportamentais mais ou menos
conservadoras, o que pode ditar o rumo da conversa, já que em várias
cidades, muitos Ministérios veem-se como concorrentes.40

38
Sylvio Brito, cunhado de Macalão, era pastor da Missão em São Paulo, no entanto,
deixou a liderança da igreja para pastorear a Igreja de Madureira no Brás, possivelmen-
te levando membros da antiga igreja com ele. Disponível em:
<www.mariosergiohistoria.blogspot.com.br> Acesso em: jul. 2013. ARAÚJO, 2007.
39
CABRAL, 2002.
40
Como exemplo cito o caso de um pastor assembleiano que era responsável por uma
igreja no interior do Mato Grosso. Em conversa informal, o pastor me contou que na
cidade os membros das igrejas ligadas ao Ministério do Belém não cumprimentavam os
membros dos Ministérios de Perus e Madureira, e vice-versa, já que os consideravam
menos crentes”. Na ocasião, o pastor me falou das dificuldades que encontrou para
tentar mudar tal situação.
176 Maxwell Pinheiro Fajardo

Desta forma, a partir de Macalão começa a ficar evidente na AD


um sistema de governo com “igrejas livres” em que não há uma liderança
a nível nacional, mas diversos presidentes de Ministérios independentes,
que governam suas redes de igrejas em um sistema de governo episcopal.
É um sistema de igrejas livres mesclado a um episcopalismo que dá
destaque à figura do pastor-presidente.41
Os grandes ministérios da AD normalmente obedecem a uma
estrutura onde a Igreja-sede ocupa lugar de destaque, tanto no aspecto
administrativo como no simbólico. O templo sede normalmente é a igreja
mais antiga do Ministério, a qual os obreiros responsáveis pelas demais
congregações devem prestar contas. Além da importância histórica, o
templo sede é o centro administrativo do Ministério, de onde o pastor-
presidente comanda as demais igrejas e aonde são realizadas as periódicas
reuniões gerais de obreiros. No templo-sede também acontecem os eventos
que mobilizam todo o Ministério como os Congressos de jovens,
adolescentes e senhoras.
Como símbolos do poder do Ministério, os templos-sedes se
destacam pela arquitetura que contrasta com as pequenas congregações a
ele ligadas. No caso de Madureira, por exemplo, o templo-sede construído
por Paulo Leivas Macalão na década de 1950 hoje é tombado pelo
patrimônio histórico do Rio de Janeiro, dado o valor arquitetônico de seus
coloridos vitrais em estilo gótico.42 Diversos templos-sedes desta época
destacam-se também pelos grandes relógios de suas torres, similares aos
sinos das igrejas católicas, marcando a presença de tais construções no
espaço público de uma maneira mais evidente.
Os templos-sedes estão no topo de uma pirâmide cuja base são as
congregações e os chamados “pontos de pregação” (também chamados de

41
CORREA, 2012.
42
CABRAL, 2002.
Azusa – Revista de Estudos Pentecostais 177

subcongregações), pequenos salões ou casas de membros em que são


realizados cultos durante o meio de semana, mas que ainda não se
transformaram efetivamente em congregações. Em muitos casos as
congregações estão ligadas ao que pode ser chamado de “campo eclesiástico”
ou “setor”, que se configuram em um grupo de igrejas de um mesmo
Ministério numa mesma cidade ou bairro. As igrejas sedes setoriais
respondem à igreja sede do Ministério. Assim, o membro de uma congregação
tem como líder o seu dirigente local, que por sua vez responde ao pastor
setorial, que por sua vez responde ao pastor-presidente do Ministério.
Nas grandes metrópoles, as congregações e pontos de pregação, que
se constituem na base desta pirâmide, normalmente estão localizadas nas
periferias urbanas definidas por Torres43 como regiões de “fronteiras urbanas”,
caracterizadas por uma altíssima taxa de crescimento demográfico aliado à
precariedade no acesso aos serviços públicos.44 Nestas áreas, as pequenas
congregações multiplicam-se com maior rapidez e os templos, quando
construídos, normalmente são erguidos pelo sistema de mutirão, processo
que caracterizou a AD como um todo em suas primeiras décadas.45
Nos grandes centros urbanos o pentecostalismo apresentado pelas
ADs sempre teve um crescimento mais acentuado nas regiões de periferia46,
o que pode ser constatado pela localização dos templos-sedes dos
Ministérios na cidade. Em São Paulo, a maioria deles está em bairros
associados a um passado de origem operária como é o caso do Brás,
Belenzinho, Ipiranga e Perus. No caso do Rio de Janeiro basta lembrarmo-

43
TORRES, Haroldo. Medindo a segregação. In: MARQUES, Eduardo; TORRES,
Haroldo (Orgs.). São Paulo: segregação pobreza e desigualdades sociais. São Paulo:
SENAC, 2005.
44
BARRERA RIVERA, Dario Paulo. Evangélicos e periferia urbana em São Paulo e
Rio de Janeiro: estudos de sociologia e antropologia urbanas. Curitiba: CRV, 2012.
45
MAFRA, Clara. Casa dos homens, casa de Deus In: Revista Análise Social, vol.
XLII (182): 2007, p. 150.
46
JACOB, Cesar Romero et al. Religião e sociedade em capitais brasileiras. Rio de
Janeiro: PUC-Rio; São Paulo: Loyola; Brasília: CNBB, 2006.
178 Maxwell Pinheiro Fajardo

nos das igrejas fundadas por Macalão na periferia. No entanto, apesar de


alguns destes bairros no passado configurarem-se como as regiões mais
pobres da cidade, hoje apresentam um perfil socioeconômico diferenciado,
com a agregação da rede de transportes, de equipamentos públicos e
valorização imobiliária. Com isso, tais bairros se consolidaram não
apresentando mais um significativo crescimento demográfico e se
distanciado da realidade das chamadas “fronteiras urbanas”.47 Assim, com
as igrejas sedes nas áreas consolidadas da cidade e grande parte das
congregações nas fronteiras urbanas é possível reconhecer a diferenciação
socioeconômica dos membros de ambas as igrejas, o que interfere nas
práticas e representações sociais de ambos os grupos.

3 A “GEOPOLÍTICA” ASSEMBLEIANA E AS CISÕES


MINISTERIAIS

Com a multiplicação dos Ministérios e o desejo de seus respectivos


pastores-presidentes em ampliar suas redes de igrejas, um dos temas
que passam a aparecer em quase todas as reuniões da CGADB a partir
da década de 1960 é a problemática das “invasões de campo”. Ou seja,
quando uma igreja de determinado Ministério instalava-se em localidade
onde outro Ministério já estava presente, o que poderia criar atrito entre
as respectivas lideranças locais, já que os diferentes Ministérios não
seguem uma lógica de delimitação territorial. Em São Paulo, por
exemplo, a rivalidade era entre as Igrejas do Ministério do Belém e
Madureira, enquanto no Rio de Janeiro, Madureira e São Cristóvão48
47
TORRES, 2005.
48
Diferente do Ministério de Madureira, em que Macalão criou uma Convenção inter-
na em 1958 com o objetivo de evitar cisões dentro de seu Ministério (a CNMEADMIF
– Convenção Nacional de Ministros Evangélicos da Assembleia de Deus de Madureira
e Igrejas Filiadas), o Ministério de São Cristóvão deu autonomia ministerial a alguns de
seus campos também em 1958, sob o pastorado de Alcebíades Pereira Vasconcelos.
D’AVILA, 2006. VASCONCELOS; LIMA, 2003.
Azusa – Revista de Estudos Pentecostais 179

eram vistos como rivais 49. No Ceará a dualidade acontecia entre os


ministérios do Templo Central e Bela Vista.
Com o tempo, foi necessário estabelecer acordos entre os diferentes
ministérios para que intrigas maiores fossem evitadas. A narrativa de Tércio
(1997) sobre o estabelecimento da AD em Brasília no tempo da construção
da capital federal destaca o tom de tais acordos “geopolíticos” de expansão:
No acampamento da construtora Castor, na Granja do torto, os
trabalhadores crentes continuavam fazendo cultos num barraco
erguido por eles. Discutiam a necessidade de fundar mais um
templo da Assembléia de Deus. Havia, porém, uma barreira:
acordo recém-firmado entre Madureira e outros ministérios
assembleianos estabelecera limites territoriais - onde existisse
igreja de Madureira não haveria outro ministério, e vice-versa.
No escritório da igreja de São Cristóvão, Rio, o pastor-presidente,
Alcebíades Vasconcelos, seu vice, Túlio Barros Ferreira, e Paulo
Macalão tinham se reunido, com um mapa do Brasil sobre a
mesa, delimitando suas respectivas áreas de atuação.50
Na convenção de 1989 as rivalidades atingiram seu clímax em função
de uma discussão envolvendo um dos campos eclesiásticos51 do Ministério
de Madureira, o campo de Perus52, presidido pelo Pr. Benjamin Felipe
Rodrigues. O debate começou a partir da abertura de uma congregação por
parte do Campo de Perus na cidade de Cuiabá, região onde já estava sendo

49
No blog Memórias das Assembleias de Deus, que promove discussões sobre a histó-
ria da instituição e que é coordenado pelo historiador Mário Sérgio Santana, é possível
encontrar comentários de diversos leitores, tanto cariocas quanto paulistas sobre o cli-
ma de rivalidade entre os Ministérios nas décadas 70, 80 e 90. Disponível em:
<www.mariosergiohistoria.blogspot.com.br> Acesso em: 15 ju. 2013.
50
TERCIO, Jason. Os escolhidos: a saga dos evangélicos na construção de Brasília.
Coronário: Brasília/DF, 1997. p. 167.
51
“Campo” ou “setor de trabalho” é a forma como normalmente são denominadas as
subdivisões administrativas de um Ministério. No caso, o Campo de Perus era um dos
ramos do Ministério de Madureira. No entanto, neste caso, sua expansão também não
obedece critérios territoriais geográficos.
52
Perus é um bairro da região noroeste de São Paulo, onde a AD está presente desde
1947. Cf. FAJARDO, 2011.
180 Maxwell Pinheiro Fajardo

construído um dos maiores templos da AD no país, ligada à Missão.53 A


abertura da igreja em Cuiabá veio como uma gota d’água nas já tumultuadas
relações do Ministério de Madureira com a CGADB, motivando a
convocação da 1ª Assembléia Geral Extraordinária da Entidade, presidida
pelo Pr. José Wellington Bezerra da Costa, pastor do ministério do Belém/
SP. Nesta AGE, realizada em Salvador/BA, decidiu-se pelo desligamento
dos ministros vinculados à Madureira, já que seu Ministério havia
demonstrado solidariedade ao Pr. Benjamim, que havia sido desligado da
CGADB, além de decidirem “ignorar quaisquer decisões que foram ou
venham a ser tomadas pela atual mesa diretora da CGADB sobre as
pendências que envolveram ou que envolvem o Ministério de Madureira”.54
Assim, em 1989 a AD Madureira emancipou-se por completo da
CGADB e criou a CONAMAD (Convenção Nacional das Assembleias de
Deus no Brasil - Ministério de Madureira), presidida atualmente pelo pastor
(hoje bispo) Manoel Ferreira55, que havia presidido a CGADB no Biênio
1983-1985.
As cisões na AD não se resumiram ao caso de Madureira. Outros
ministérios tomaram também um caminho independente. O próprio campo
de Perus hoje é um Ministério independente com convenção própria, já
que se desligou de Madureira em 2006. Outro exemplo no estado de São
Paulo é o Ministério de Santos. O tradicional Ministério de São Cristóvão/
RJ, além de não fazer mais parte da CGADB, desde 2006 tornou-se
Assembleia de Deus Missão Apostólica da Fé, adotando liturgia e práticas
doutrinárias muito semelhantes às chamadas igrejas neopentecostais, a
começar pela nova titulação dada a seu líder, o apóstolo Jessé Maurício

53
O grande templo de Cuiabá, cujo formato lembra um estádio foi inaugurado em
1996. Comporta 22 mil pessoas sentadas segundo. ARAÚJO, 2007.
54
DANIEL, 2004, p. 527.
55
Macalão faleceu em 1982, não acompanhando processo de cisão de seu Ministério
da CGADB.
Azusa – Revista de Estudos Pentecostais 181

Ferreira56. No ano 2000, em consequência também de novas posições


doutrinárias, a AD de Manaus sofreu uma cisão que originou a Assembleia
de Deus Tradicional.57 Além dos Ministérios que romperam com a CGADB,
há também aqueles que já nasceram independentes, como é o caso da AD
Bom Retiro/SP, fundada pelo Pr. Jabes de Alencar em 1988.58
Uma das cisões que ganhou destaque nos últimos anos foi a do
Ministério da Penha/RJ. Desde 1963 a igreja era liderada pelo Pr. José
Santos, sogro do Pr. Silas Malafaia, conhecido nacionalmente por seus
programas televisivos exibidos em rede nacional desde a década de 1970.
Em 2009 Malafaia candidatou-se ao cargo de 1º vice-presidente da CGADB
pela chapa encabeçada pelo Pr. Samuel Câmara, que concorria contra a
chapa do presidente, Pr. José Wellington. Como cada cargo da mesa-diretora
é escolhido por votação individual (cada eleitor deve escolher cada membro
da mesa separadamente), Silas Malafaia foi eleito para ser o vice do
presidente reeleito, José Wellington, mesmo sendo da oposição.
Em fevereiro de 2010 o pastor José Santos faleceu e Malafaia
assumiu a presidência da AD da Penha. Três meses depois, Malafaia
comunicou em seu programa de televisão sua renúncia ao cargo de vice-
presidente da CGADB, bem como seu pedido de desligamento da entidade.
No programa Silas alegou estar seguindo uma nova visão de trabalho que
Deus havia lhe dado, em que não era interessante permanecer ligado à
entidade. Também fez diversas críticas à direção da entidade. Na ocasião,

56
A AD de São Cristóvão desligou-se da CGADB em 2002, quando seu líder, o Pr. Tulio de
Barros Ferreira (que foi presidente da CGADB por quatro mandatos, o último deles no biênio
1979-1981) fundou a Convenção Nacional dos Ministros Pentecostais (CONAMEP). ARAÚ-
JO, 2007. Em 2006, a Igreja mudou de nome e seu líder passou a utilizar o título de “apóstolo”,
o que não foi bem visto por parte da liderança da Igreja. Assim, parte dos membros desligou-se
da igreja e criou a Assembleia de Deus do Rio de Janeiro (www.igrejaadrj.com). Tulio faleceu
em 2007 e a igreja atualmente é dirigida por seu filho, Ap. Jessé Maurício Ferreira.
57
No caso de Manaus, tanto os obreiros da IEADAM (AD Manaus) como os obreiros
da AD Tradicional fazem parte da CGADB, já que os últimos foram readmitidos à
CGADB em 2011.
58
CORREA, 2006.
182 Maxwell Pinheiro Fajardo

Silas mudou o nome da sua Igreja de Assembleia de Deus da Penha para


Assembleia de Deus Vitória em Cristo, incorporando assim ao nome da
Igreja o nome de seu principal programa de TV.
Além dos ministérios “clássicos” da AD, como Belém e Madureira,
e outros que também contam com uma estrutura nacional, desenvolveram-
se ao longo das últimas décadas um incontável número de pequenos outros
ministérios, muitas vezes sediados em pequenos salões alugados nas
periferias das grandes cidades. Outras vezes com uma pequena rede de
congregações espalhadas por bairros ou cidades próximas de suas sedes.
Muitas vezes tais ministérios surgem a partir do confronto de um membro
ou obreiro de uma AD com a sua liderança. Insatisfeito, o obreiro descontente
acaba alugando um salão e fundando uma nova igreja. No caso, usar o nome
Assembleia de Deus na nova denominação que está surgindo é fundamental
para garantir o seu desenvolvimento e atrair novos membros, já que garante
ao novo grupo o estabelecimento de um vínculo com a tradição e o capital
simbólico de uma denominação centenária no concorrido campo religioso.
Para usar a metáfora criada por Marina Correa em seu estudo sobre a lógica
dos ministérios assembleianos, utilizar o nome “Assembleia de Deus” em
uma nova igreja é como filiar-se a uma rede de franquia religiosa, em que o
uso de uma marca bem colocada no mercado pode garantir o “sucesso” do
empreendimento.59 Vale a pena lembrar aqui que o nome “Assembleia de
Deus” é patenteado pela CGADB60, não podendo ser criada no país nenhuma
outra igreja que use exatamente este nome sem a autorização da entidade.
No entanto, não há nenhum impedimento legal para se criar uma igreja que
se chame “Assembleia de Deus X” ou “Assembleia de Deus Ministério Y”.
Nos resultados de pesquisa que realizamos entre os anos de 2009 e

59
CORREA, 2012.
60
O nome “Assembleia de Deus” foi patenteado em 1958 pela AD de Porto Alegre,
dirigida pelo missionário sueco Gustav Nordlund, o que na época criou um mal estar
entre a CGADB e a igreja gaúcha. No entanto, em 2004 a AD de Porto Alegre transferiu
a patente do nome à CGADB. ARAÚJO, 2007.
Azusa – Revista de Estudos Pentecostais 183

201161 no bairro paulistano de Perus (mesmo bairro onde está a sede do já


citado Ministério de Perus) o elemento da ministerialização da AD aparece
com destaque. Nesta pesquisa, em que fizemos um mapeamento das igrejas
pentecostais presentes no bairro, que na época contava com aproximadamente
90 mil habitantes, encontramos 60 templos e salões da AD ligadas a 27
diferentes mistérios.62 Nesta mesma pesquisa encontramos no início da
observação de campo uma igreja chamada “Monte Sinai”. Após
aproximadamente dois anos, verificamos que esta mesma igreja mudou seu
nome para “Assembleia de Deus Monte Sinai”, o que concluímos ser uma
estratégia para a consolidação do grupo no concorrido campo religioso local.
Assim, observando tais exemplos da variedade ministerial da AD
selecionados a partir de uma lista muito maior, é possível perceber que a partir
da perspectiva institucional a AD é hoje, para usar a metáfora de Baptista,
um grande “guarda-chuva” de comunidades pentecostais
distribuídas nos chamados “ministérios” e convenções e que
desenvolvem uma variedade enorme de pentecostalismos, desde
os que primam por uma formação teológica razoável, até aos
que se opõem à educação formal, desde os modelos mais
autoritários, até as poucas experiências de governo
congregacional efetivo. Há pentecostais conservadores, no
sentido de acharem que estão zelando pela preservação de suas

61
FAJARDO, Maxwell Pinheiro. Pentecostais, migração e redes religiosas na perife-
ria de São Paulo. Dissertação de Mestrado em Ciências da Religião. Universidade
Metodista de São Paulo. São Bernardo do Campo, 2011.
62
Na pesquisa citada classificamos os Ministérios em dois grupos: o primeiro deles
consiste naqueles que derivam seu nome do local de sua fundação, como as Assembléias
de Deus dos Ministérios de Perus, Belém, Madureira, São Paulo, São José do Rio Preto,
Brasilândia (que anteriormente chamava-se “Comunidade Assembleia de Deus”), Mis-
são em Perus, Jardim da Conquista, Recanto do Paraíso, Centro-Oeste, Barra Funda,
Vila Guilherme e Belém do Pará. Há ainda o Ministério Salmista, que apesar da refe-
rência bíblica, deriva seu nome da rua em que está situada a igreja. O segundo grupo de
ministérios autônomos deriva seu nome de expressões bíblicas, como os ministérios
Caminho Santo, Pleno, Missões Primitivas, Maná de Deus, O Senhor é Nossa Força,
Nova Esperança, Concentração Divina, Nova Aliança, Monte Sinai e Mundial Deus
Forte. Há ainda a AD Unida e a AD do Amor de Jesus. FAJARDO, 2011.
184 Maxwell Pinheiro Fajardo

marcas de origem, mas há aqueles que se julgam pós-modernos,


em que pese a confusão que este conceito encerra.63
Os impactos no campo religioso brasileiro dessa diversificação
institucional da AD podem ser percebidos a partir da análise dos números
dos últimos censos demográficos. De 2000 para 2010, a AD foi o grupo
pentecostal que mais cresceu: de 8,4 milhões de membros saltou para 12,3
milhões. Para se ter uma ideia, a Congregação Cristã do Brasil e a Igreja
Universal do Reino de Deus perderam, cada uma, cerca de 200 mil
membros, a Congregação passou de 2,4 para 2,2 milhões de membros,
enquanto a Universal passou de 2,1 milhões para 1,8 milhões64.
O único grupo que teve crescimento semelhante ao da AD foi o de
“outras igrejas evangélicas de origem pentecostal”, que passou de 1,8 para
5,2 milhões. Este grupo abriga as instituições pentecostais recentes em
expansão, como a Igreja Mundial do Poder de Deus, que ainda não são
opções de resposta direta nos questionários do Censo, bem como as
pequenas denominações pentecostais.
Assim, o Censo indica o crescimento de um pentecostalismo
heterogêneo, cujas duas maiores expressões são o grupo “outras igrejas
evangélicas de origem pentecostal” e a Assembleia de Deus, já que não é
possível identificar a quais Ministérios os quase quatro milhões de novos
assembleianos aderiram. O mais plausível é concluir que eles estão diluídos
entre os diversos ramos dos diversos assembleianismos brasileiros, o que
aponta para a ideia que procuramos desenvolver no decorrer do texto: a
AD é uma igreja que cresce enquanto se fragmenta.

63
BAPTISTA, Saulo de Tarso Cerqueira. Cultura política brasileira, práticas
pentecostais e neopentecostais: a presença da Assembléia de Deus e da Igreja Universal
do Reino de Deus no Congresso Nacional (1999-2006). Tese de doutorado. São Bernardo
do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2007. p. 32.
64
A Igreja do Evangelho Quadrangular saltou de 1,3 milhão para 1,8 milhão, a Igreja
Pentecostal Deus é Amor ganhou 70 mil membros, passando dos seus 774 mil para os
845 mil adeptos. A Igreja O Brasil para Cristo passou de 175 mil para 192 mil, a Maranata
de 277 mil para 356 mil, a Casa da Benção de 128 mil para 125 mil e a Vida Nova (de
onde se originou a Universal) de 92 mil para 90 mil. CENSO 2000; CENSO, 2010.
Azusa – Revista de Estudos Pentecostais 185

REFERÊNCIAS

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