Introdução Ao Estudo de Sto Tomás de Aquino
Introdução Ao Estudo de Sto Tomás de Aquino
Introdução Ao Estudo de Sto Tomás de Aquino
Introdução ao Estudo de
Santo Tomás de Aquino
Dia 1
Concílio Vaticano II
A intenção de se realizar o Concílio foi anunciada pela primeira vez numa homilia improvisada em 1959 pelo Papa João
XXIII; havia pouco precedente. Segundo o Papa, o homem moderno estava perdendo a vista dos valores superiores em
função dos seus próprios avanços tecnológicos e cientí cos.
A conclusão do Concílio foi que a chave para a retomada da fé do homem moderno é o contato da inteligência dos
homens com a sabedoria, para que a modernidade seja entendida como meramente humana, e dissociada dos valores
superiores que realmente importam.
O Concílio concluiu também que a forma de se chegar a esta solução seria o surgimento e multiplicação de homens
sábios, para que a sabedoria pudesse se espalhar pelo mundo, principalmente aos líderes
O fundamento para esta sabedoria já existe, pois fomos deixados com o legado de Santo Tomás de Aquino. Em fato, o
Concílio sugere que Tomás de Aquino deve ser tido como o mestre para quem deseja ser sábio.
Como visto anteriormente, Santo Tomás de Aquino se inspirou em Aristóteles em sua obra. Em fato, a sua obra depende
dos desenvolvimentos de Aristóteles; portanto, conhecer um pouco da Sabedoria segundo o lósofo é essencial para
entender Tomás de Aquino.
Aristóteles, sua maior in uência, estudou o mundo e utilizou a dialética de Platão para complementar suas extensivas
observações sobre o mundo tangível e intangível. Em sua obra, ele também descreve a Sabedoria.
Parte do seu método envolve meditação profunda; Paulo VI, depois do Concílio Vaticano II, atribuiu esta qualidade ao
homem sábio que deveria surgir no mundo.
Aristóteles descreve que um indivíduo ser ético exige primeiro que o mesmo seja sábio.
Segundo ele, a altíssima inteligência humana tem que ter uma nalidade: de acordo com a loso a da época, uma coisa é
de nida pelo que há de mais excelente nela, no nosso caso a inteligência. Então, o oposto também é válido: o homem
atinge sua nalidade quando usa sua inteligência ao ponto de atingir a sabedoria.
Aristóteles, através da cosmovisão da sua época, concluiu que o homem só poderia ter e manter a inteligência que tem
por meio de uma alma.
A alma na Seleção Natural Podemos chegar a esta
Virtude e inteligência conclusão por outra via. Se assumirmos como
correta a Teoria da Evolução, não faria sentido o
Diz o lósofo que a sabedoria depende de virtudes. homo sapiens sapiens, que nos seus princípios
estava ainda estava em sua luta pela
O homem busca coisas agradáveis (apetite concupiscível). Entretanto,
sobrevivência, ter desenvolvido sua inteligência
este apetite não é ordenado, então o homem precisa de castidade e desde aquela época. Só a alma responde.
temperança. Mas o homem também busca coisas difíceis, pela ira
(apetite irascível). Este apetite também é desordenado, portanto o
homem precisa de fortaleza e paciência. O homem sábio precisa destas virtudes.
Dia 3
As virtudes maiores
Após alcançar as virtudes citadas (Castidade, Temperança, Paciência e Fortaleza), aí é possível para o indivíduo procurar a
Justiça, que depende das últimas; quem não ordena as paixões irá priorizá-las quando conveniente.
A justiça aperfeiçoa as direções da vontade e leva a pessoa, eventualmente, a buscar o bem de forma natural.
Pode-se de nir a virtude da Justiça como a busca de dar ao próximo o que a ele se deve.
Há uma justiça menor e uma justiça maior; a justiça maior seria a Justiça Legal ou Justiça Universal, de nida como a
percepção e vontade de ser justo com aquilo que está fora do escopo individual, ou seja, em circunstâncias além das que
o indivíduo está envolvido.
A justiça, principalmente a justiça universal, vai depender de conhecimento ético por parte do indivíduo que a busca.
Não é possível ser justo se, em primeiro lugar, não se sabe o que é justo em determinada situação.
Após atingir a Justiça, o próximo passo é a virtude da Prudência. Esta virtude aperfeiçoa a inteligência prática, por
de nição sendo a aplicação da Justiça "no calor do momento".
Não confundir prudência com conhecimento técnico. Embora sejam A vida sem virtudes
similares em princípio (alguém com alto conhecimento técnico
saberá como agir em situações críticas), a prudência diz respeito a Um homem não virtuoso cai facilmente como
questões morais. vítima de ideologias, encantando pessoas através
de suas paixões mal trabalhadas.
A prudência depende de experiência, e precisa ser treinada.
Esta virtude uni ca todas as anteriores. Pessoas não virtuosas acabam por não levar a
A partir do domínio destas virtudes, o indivíduo começa a buscar a sério o que traz o bem, por priorizar suas paixões.
relação entre as coisas (um dos pontos do homem sábio segundo
Aristóteles, caso você não lembre da primeira aula!), no que temos como Ordenando as paixões
a virtude da Ciência.
A prática de jejum, que a Igreja recomenda, é uma
ferramenta e ciente para praticar o controle das
Buscando a origem paixões.
O lósofo aponta que a inter-relação entre cada coisa se dá pela Virtudes deturpadas
causalidade. Portanto, a ciência envolve o conhecimento das causas.
Atitudes inteligentes podem ser tomadas pelo
Aquele que atinge a ciência começa a entender que as causas se mal. Não podemos chamar de virtudes o que as
arranjam em uma hierarquia. Aristóteles conclui que deve haver uma dirigem, pois, mesmo que um mau indivíduo se
causa primeira, e o conhecimento sobre esta é, nalmente, o que o utilize de castidade ou paciência para atingir seus
lósofo entende por Sabedoria. objetivos, são qualidades direcionadas a ns
A causa primeira é base de uma das formas que Santo Tomás de vazios, e também frágeis (pois, uma vez atingido
tal objetivo, de nada mais valerão).
Aquino tem para provar a existência de Deus.
Esta causa primeira tem como a sua essência o ser, e é por isso que ela
pode ser uma causa primeira. Se a sua essência fosse outra, nada mais poderia ser ou existir, e sabemos bem que as
coisas são e existem.
Tudo que existe existe por conta desta causa primeira, não podendo Substância e acidente
existir por conta própria. Logo, a causa primeira continuamente sustenta
a existência de tudo. Acidentes são propriedades de algo e dependem
A inteligência humana consegue perceber o ser (um computador não da substância. A substância é uma de nição da
coisa.
percebe que ele existe, um gato não tem crises existenciais), essência
da causa primeira, portanto, a inteligência humana só pode ser a mais Para ajudar a entender, pense no seguinte
nobre coisa no mundo. exemplo: Totó é um cachorro ("cachorro" é sua
A consciência e o raciocínio dependem da percepção de o indivíduo substância). Totó comeu muito e engordou, e "ser
gordo" é seu acidente.
saber e perceber o ser e seu conceito.
O conceito de ser é ampli cado pelo conhecimento da causa primeira, e Você consegue pensar em um caso onde muda-se
amplia os pensamentos. a substância e o acidente se mantém o mesmo?
Aristóteles diz que o que une a ciência e a sabedoria, sendo que a Não é nada usual, mas acontece em toda Missa!
prudência une as demais virtudes, é o amor.
Cristo, essencialmente, ensinou as mesmas coisas que Aristóteles, mas
por uma outra via!
As potências da alma são como incrementativas. Vegetais apresentariam a potência vegetativa, animais apresentam, além
desta, a locomotiva, a apetitiva e a sensitiva, e humanos têm, além das últimas, a intelectiva.
Causalidade de Aristóteles