As Sete Esferas Da Terra
As Sete Esferas Da Terra
As Sete Esferas Da Terra
Nosso livro As sete esferas da Terra foi publicado, em 2001, pela FEB Editora, e está sendo
relançado agora em nova edição, revista e ampliada pelo autor. Nesse longo período de 16
anos prossegui em meus estudos doutrinários a respeito da tese explanada na obra e
acrescentei novos e importantes subsídios que vieram reforçar seus fundamentos, bem
como analisei e assimilei as inúmeras contribuições que me foram encaminhadas nesse lapso
de tempo por um expressivo número de leitores comprometidos com o tema. Interpretei
também a palavra de Allan Kardec, em O céu e o inferno,1 quando fez uma breve abordagem
sobre o assunto. O Prefácio, muito honroso para mim, é do nobre confrade Juvanir Borges
de Souza, presidente da FEB à época.
O assunto, evidentemente, não constitui maior novidade, mas da forma exótica e até certo
ponto confusa pela qual vinha sendo apresentado, principalmente pelas escolas filosóficas
orientais, para esta nova formulação simplificadora e lógica, o avanço é muito significativo.
Faremos, a seguir, uma breve incursão em cada uma dessas esferas, lembrando que – para
usarmos a terminologia bíblica – algumas são habitadas só por joio, outras por joio e trigo, e
outras somente por trigo:
Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele
segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos;
lançou-o no abismo, fechou-o, e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até
se completarem os mil anos. […]
Segundo a Doutrina Espírita, esse ser diabólico chamado Satanás não representa uma
entidade tomada individualmente, mas uma falange de Espíritos que se feriram
profundamente perante a Lei. Na definição de André Luiz, são:
Espíritos caídos no mal, desde eras primevas da Criação Planetária, e que operam em zonas
inferiores da vida, personificando líderes de rebelião, ódio, vaidade e egoísmo; não são,
todavia, demônios eternos, porque individualmente se transformam para o bem, no curso
dos séculos, qual acontece aos próprios homens. (Libertação, cap. 8 – Inesperada intercessão,
nota 3 do autor espiritual.)
Até as entidades obsessoras, atuantes na Crosta terrestre, denotam conhecer e temer essa
formidável região abissal. Quando Jesus ordenou aos Espíritos imundos que saíssem do
endemoniado geraseno, eles lhe rogaram “[…] que não os mandasse sair para o abismo”
(Lucas, 8:31). Preferiram a manada de porcos.
André Luiz estranha, em Nosso lar (cap. 44 – As trevas), a menção feita pelo Governador, em
seu discurso, “aos círculos da Terra, do Umbral e das Trevas”, pois ainda não tivera notícia
deste último plano. E busca a orientação de Lísias, que informa:
[…]
– Naturalmente, como aconte-ceu a nós outros, você situou como região de existência, além
da morte do corpo, apenas os círculos a se iniciarem da superfície do globo para cima,
esquecido do nível para baixo. A vida, contudo, palpita na profundeza dos mares e no âmago da
terra. […]
[…]
[…] Quem estime viver exclusivamente nas sombras, embotará o sentido divino da direção.
Não será demais, portanto, que se precipite nas Trevas, porque o abismo atrai o abismo e
cada um de nós chegará ao local para onde esteja dirigindo os próprios passos.
Em outras obras da Série André Luiz, o instrutor Gúbio chama essas regiões habitadas de
“precipícios subcrostais” (Libertação, cap. 7 – Quadro doloroso), e o instrutor Jerônimo, de
“esferas subcrostais” (Obreiros da vida eterna, cap. 15 – Aprendendo sempre).
Aqui é de justiça reconhecer que o genial escritor desencarnado fez autêntica revolução
neste setor de conhecimento. Lançou jorros de luz sobre essa intrigante região espiritual,
como se varresse com potentíssimos holofotes esses sítios tenebrosos. E desmitificou um
campo tão próximo à Crosta, de onde os homens só recebiam pálidas e distorcidas imagens
(haja vista A divina comédia, de Dante Alighieri), por meio das dissertações teológicas,
teosóficas, esotéricas e ocultistas divulgadas no mundo em todos os tempos.
Superando todas essas distorções, temos em André Luiz uma espécie de conspícuo
embaixador terrestre enviado por nossa Humanidade a um país limítrofe. Nesse país, ele
visita pessoalmente cada região e nos envia circunstanciado relatório, não só expondo com
argúcia e suma inteligência seu ponto de vista, mas também colhendo profundos e sérios
subsídios dos elevados mentores que o conduzem e esclarecem a cada passo.
O Umbral, como vemos na citada Série (e, neste parágrafo, apresentado em sinopse),
começa em nosso plano e é habitado por milhões de Espíritos que partilham, com as
criaturas terrenas, as condições de habitabilidade da Crosta do mundo. Os que habitam suas
regiões inferiores apoiam-se na mente encarnada e é pelo pensamento que os homens
encontram nessa região os companheiros que afinam com as suas tendências. Funciona
como “uma espécie de zona purgatorial, onde se queima a prestações o material deteriorado
das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma
existência terrena” [Nosso lar, cap. 12 – O Umbral]. O interesse de seus habitantes inferiores
é a conservação do mundo ofuscado e distraído, à força da ignorância defendida e do
egoísmo recalcado, adiando-se o Reino de Deus, entre os homens, indefinidamente.
Acerca desse quinto orbe, cremos haver encontrado uma ilustrativa página mediúnica de
Victor Hugo, psicografada pela médium Zilda Gama. Nesse texto cintilante, o fecundo
escritor francês narra o voo cósmico que o instrutor espiritual Alfen levou seu pupilo Paulo
(recém-liberto da carne) a fazer pelas esferas superiores da Terra, a fim de prepará-lo,
através da visão inebriante dessas regiões divinas, para uma última reencarnação na Crosta.
O objetivo dessa viagem espiritual era fortalecer o Espírito Paulo para que, em sua futura e
próxima existência na carne, se redimisse, finalmente, de seus derradeiros ônus para com a
Lei de Deus.
[…] É a entidade com maior número de horas de serviço na colônia e a figura mais antiga do
Governo e do Ministério, em geral. Permanece em tarefa ativa, nesta cidade, há mais de
[…]
[…] Com exceção do Governador, a ministra Veneranda é a única entidade, em Nosso Lar, que
já viu Jesus nas Esferas Resplandecentes, mas nunca comentou esse fato de sua vida espiritual
e esquiva-se à menor informação a tal respeito. […] As Fraternidades da Luz, que regem os
destinos cristãos da América, homenagearam Veneranda conferindo-lhe a medalha do
Mérito de Serviço, a primeira entidade da colônia que conseguiu, até hoje, semelhante
triunfo, apresentando um milhão de horas de trabalho útil, sem interromper, sem reclamar e sem
esmorecer. […]
[…]
[…] Soube que essa benfeitora sublime vem trabalhando, há mais de mil anos, pelo grupo de
corações bem-amados que demoram na Terra, e espera com paciência. (Nosso lar, cap. 32 –
Notícias de Veneranda.)
E agora, a pergunta crucial: Qual a importância destas reflexões sobre a vida nas esferas?
Um turista precavido, quando se propõe a visitar determinado país procura, com alguma
antecedência, estudar sua história, sua geografia, seu povo, sua língua, seus costumes e seus
pontos turísticos de maior interesse, a fim de tirar o melhor proveito de sua viagem. Que
somos nós, habitantes da Terra, senão turistas forçados em trânsito por esta “hospedaria”
chamada Crosta? E nossa passagem por esta pensão é tão rápida que, como diria Kardec,
citando o Sr. Jobard, “não vale a pena desfazer as malas”. 5
As sete esferas da Terra, nesta nova edição ilustrada, expandida e enriquecida, constitui-se
numa preventiva e eficiente carta de navegação cósmica que ofereço fraternalmente a meus
irmãos de jornada para auxiliá-los em seus próximos passos pela esteira do Infinito.
REFERÊNCIAS:
1KARDEC, Allan. O céu e o inferno. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp. Brasília:
FEB, 2016. cap. 3 – O céu.
2No bojo do artigo, os livros citados com capítulos são da Coleção A vida no Mundo
Espiritual (Série André Luiz), recebidos por Francisco Cândido Xavier e publicados pela FEB
Editora, os grifos são do autor.
3XAVIER, Francisco C.; CUNHA, Heigo-rina. Cidade do além. Pelos Espíritos André Luiz e
Lucius. 9. ed. Araras (SP): IDE, 1987.
4GAMA, Zilda. Na sombra e na luz. Pelo Espírito Victor Hugo. 1. ed. 2. imp. Brasília: FEB,
2014. livro 2– Na escola do Infinito e livro 5 – O homem astral.
5KARDEC, Allan. Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos. ano 1, n. 7, jun. 1858, p.
356. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 5. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2014.