Ritual de Morte Na Etnia Changana
Ritual de Morte Na Etnia Changana
Ritual de Morte Na Etnia Changana
Universidade Licungo
O presente trabalho fala sobre ritos de morte na etnia changana. Ademais importa dizer que
em Moçambique, existem múltiplas práticas que as comunidades adoptam como herança de
cultos, que integram a organização social. Estas práticas caracterizam-se por mecanismos
lógicos alicerçados à cultura (hábitos e costumes), por preservar um conjunto de referenciais
tradicionais. Assim, a purificação das viúvas constitui-se como um dos cultos tradicionais que
encontram-se assentes em valores outrora transmitido pela educação tradicional em virtude
dos costumes, baseados nos antepassados. Estas práticas apresentam normas e valores que
baseiam-se em enunciados puramente válidos as comunidades pela aceitabilidade espiritual
desse culto.
Neste trabalho tem como objectivo geral de descrever ritos de morte na etnia changana e
objectivo especifico de definir ritos de morte (Kutxinga).
Contudo, o ritual do purificação esta intrinsecamente ligado a processos de acção que iram-se
caracterizar em “um processo acumulativo, resultante de toda a experiência histórica das
gerações anteriores – sendo que este processo limita ou estimula a acção criativa do
indivíduo” (LARAIA, 2001, p. 26). Deste modo, a partir das significações e interpretações do
objecto comum para os Changanas com os antepassados através do ritual. Diante desse
conjunto de ideias este ritual de purificação de viúvas, toma uma concepção real dos anseios
da comunidade de suas expectativas e medos. Sendo que, a sua realização para a comunidade,
eliminará o ndzaka, que confere a maldição a todos que se apoderarem dos objectos ou bens
do falecido, incluindo a mulher. Por forma a evitar essa maldição, procede-se a realização de
um ritual de purificação (Kutxinga), caracterizado como um ritual que restabelecerá a
harmonia e elimina o ndzaka.
Na concepção de Junod, o ritual do Kutxinga vai para além de ser um processo de purificação,
está associado aos bens da viúva e na manutenção desta na família do esposo então falecido,
como forma de não permitir que outro homem apodere-se dos bens da família:
são submetidos um homem e uma mulher para efeitos de purificar. Neste ritual, aos
envolvidos a um conjunto de demandas exigíveis durante e após o término da cerimónia.
Fases do ritual
Este ritual apresenta duas fases distintas:
A primeira fase ocorre quando espalha-se a cinza (ku hangalasa xikuma). Esta cerimónia
consiste para terminar com o “luto pesado” possibilitando as pessoas que tenham tido
contacto com o falecido, possam retornar aos seus afazeres e a sua vida regular.
Na segunda fase do ritual, que acontece seis meses depois da morte do falecido, a mulher
pode já ser purificada. Porém, nesta fase até a data em que será realizado o ritual a mulher
está interdita de manter qualquer contacto sexual. Caso viole esta regra, a mulher bem como o
homem com que esta tenha mantido algum contacto sexual, ficam sujeitos a castigos pesados.
Neste contexto, os envolvidos no ritual nos primeiros meses, os corpos dos purificados ainda
estão quentes, devido a presença do falecido, ambos podem adoecer ou ainda morrer de hisi
lifu (a mulher queimou a morte).
Nesta senda, há um conjunto de fenómenos durante as duas fases que podem ser analisadas
como, parte da transmissão da herança cultural. Para autores como Osório e Macuacua
enfatizam que “a conservação do ritual torna-se determinante para a coesão cultural têm um
papel importante na transmissão da herança cultural, resultante da sua intermediação com o
sagrado” (op, cit, p. 269).
As comunidades que praticam o ritual do Kutxinga baseiam-se nas crenças dos antepassados,
ou seja, do sagrado para a comunidade como um todo, resultante do processo de purificação.
Num processo histórico fragmentado numa dialéctica tanto individual ou grupal para a sua
construção de crenças, constituem-se numa “cosmovisão em um sistema de sistemas”
(AUSTIN, 1995, p. 215)
ser humano individual e núcleo da identidade pessoal” (TONELI, 2012, p. 152). Os papéis
sociais entre os géneros não são biologicamente determinados, mais sim construídos
socialmente.
“Ritual do Kutchinga tem duração de seis dias consecutivos de relações sexuais, sendo
que estes seis dias são precedidos por uma sessão de relações sexuais em que o homem
passa boa parte da noite em casa da viúva, dia este que não é contabilizado: em se
tratando de um homem casado, este informa à esposa que vai purificar” (ERICINO,
20103).
No entanto, da purificação das viúvas faz parte das caracterizações ideológicas e sociais da
comunidade. Em que as normas e os valores sociais apresentam-se exteriores aos indivíduos e
possuem carácter colectivo, e prescrevem regras de acção e punições para os desviantes.
Referencias Bibliográfica
OSÓRIO, Conceição e MACUÁCUA, Ernesto. Os ritos de iniciação no Contexto actual:
ajustamentos, rupturas e confrontos: Construindo identidades de género. WLSA
Moçambique. Maputo, 2013.