Gestao Da Gastronomia - Livro Completo
Gestao Da Gastronomia - Livro Completo
Gestao Da Gastronomia - Livro Completo
Braga
GESTÃO DA
GASTRONOMIA
Custos, formação de preços,
gerenciamento e
planejamento do lucro
5ª edição
revista e ampliada
Nota do editor
Prefácio à primeira edição | Luiz Barretto
Prefácio à quinta edição | Benedito Guimarães Aguiar Neto
Agradecimentos
Introdução
Conceitos de custo
Gastos, custos e despesas
Abordagens na análise dos custos
Critérios para custeio
Custeio por absorção
Custeio direto ou variável
Custo dos produtos vendidos ou das mercadorias vendidas
Margem de contribuição
Comparando os critérios
Margem de contribuição em porcentagem e ponto de
equilíbrio para vários produtos
A lógica das simplificações
Controle das vendas e mix
Preparando as informações para o custo
Fator de correção dos alimentos
Cálculo do fator de correção e controle dos desperdícios
Índice de cocção dos alimentos
Ficha técnica dos produtos
Como elaborar a ficha técnica
Custo de aquisição dos insumos
Tributação em restaurantes
Gastos com pessoal
Depreciação
Custos e despesas indiretos e fixos
Aspectos que influenciam critérios
Cálculo do custo total
Custo unitário de produção
Custo total do produto
Custo e resultado do self-service
Formação de preços
Margem e mark-up
A estrutura do mark-up
Tabela de mark-up e lucro
Tabela de preços e margens de contribuição
Gerenciando o lucro
Por trás dos custos e das despesas fixas
Plano de vendas
Demonstração do resultado
Retorno do negócio
Valor do investimento
Limite para as despesas fixas
Cálculo do ponto de equilíbrio
Análise pela margem de contribuição e simulação do
resultado
Construindo cenários
Planejando para o lucro
A importância do cardápio
Pesquisas e estudos de mercado
Pesquisas simples
Blind-test
A pós-venda
Estatísticas das vendas
Sazonalidade
Planejando o marketing
Análise da operação do restaurante
Tíquete médio
Disponibilidade total de assentos
Rotatividade de assentos
Parâmetros de classificação dos restaurantes
Faturamento potencial do restaurante
Valor do custo das mercadorias vendidas
Informações complementares
Acompanhamento dos resultados
Orientação para a implantação do sistema de gestão do lucro
Primeira etapa: concentra-se na lucratividade
Segunda etapa: complementa o sistema de gestão do
lucro
Sobre a implantação da gestão do lucro
O valor das associações e dos sindicatos
Anexo
Modelo para cálculo de taxas equivalentes
Equivalência de medidas
Bibliografia
NOTA DO EDITOR
O empreendedorismo no setor de alimentação e de
gastronomia, além de cumprir um importante papel no dia a dia de
milhões de pessoas que fazem refeições fora de casa, constitui
um importante elemento dos serviços ligados ao turismo.
O sucesso nesse tipo de negócio, entretanto, qualquer que
seja o porte do empreendimento, deve levar em conta uma série
de fatores complexos, como o correto dimensionamento das
instalações, estabelecimento de menus, pleno conhecimento dos
custos implicados em cada operação, etc.
Em Gestão da gastronomia, Roberto Braga detalha de modo
objetivo e claro cada uma dessas variáveis, oferecendo ao leitor
os instrumentos adequados para o cálculo de suas necessidades
financeiras e de suprimentos, por meio de tabelas de
planejamento e de acompanhamento que permitem verificar o
desempenho do negócio, corrigindo falhas ou otimizando os
recursos nele envolvidos.
Com esta publicação, o Senac São Paulo, atento a sua
missão de propiciar formação e informação adequadas aos
empreendedores do setor comercial, mais uma vez ratifica seu
apoio às iniciativas que auxiliem a obter a excelência de produtos
e serviços e a boa perfomance de iniciativas no segmento.
PREFÁCIO À PRIMEIRA EDIÇÃO
Conheci Roberto Braga quando ambos cumpríamos missões
públicas. Eu como Secretário Executivo do Ministério do Turismo e
ele como Secretário do Turismo e Desenvolvimento Econômico da
Paraíba. Nos tornamos parceiros em defesa do turismo brasileiro.
E, agora, ele me encarrega dessa tarefa de grande
responsabilidade que é a de fazer o prefácio deste livro.
É com muito prazer que recomendo Gestão da gastronomia,
pois se trata de uma publicação obrigatória no dia a dia de todo
empreendedor do setor de alimentação fora do lar. Principalmente,
no dos pequenos e médios empresários que buscam respostas
para os muitos desafios impostos pelo mercado.
A abordagem técnica de questões que fazem parte do
cotidiano do empresário é feita pelo autor com uma linguagem
simples, que conduz ao conhecimento de conceitos e ao
aprendizado de como planejar e realizar. O livro também discute o
associativismo e demonstra a sua importância para o
fortalecimento do setor.
Gastronomia é um dos itens que agregam valor ao turismo
brasileiro. Ela representa a diversidade da cultura do Brasil, que
vem de heranças indígena, africana e europeia. É o que a torna
rica e diferenciada no mundo. Isso fez com que a política nacional
do turismo incluísse a gastronomia como diferencial competitivo no
mercado, e muitas são as ações para promover esse
entendimento.
Nesse sentido, o setor de alimentação fora do lar integra a
cadeia produtiva turística: ofertando o que de melhor e mais
criativo o Brasil pode proporcionar aos turistas estrangeiros e
nacionais que visitam os destinos espalhados pelas cinco regiões
do país.
Neste livro, Roberto Braga coloca à disposição dos
empresários do setor ferramentas indispensáveis para a satisfação
do cliente/turista: conhecimento técnico, qualidade dos produtos e
qualificação dos serviços. Essa é a chave do sucesso expressa
nesta publicação.
Boa leitura!
Luiz Barretto
Ministro do Turismo
PREFÁCIO À QUINTA EDIÇÃO
O empreendedorismo em gastronomia tem despertado grande
interesse nos últimos anos, seja pelo elevado padrão técnico que
a área tem alcançado devido aos contínuos investimentos na
formação acadêmica, seja pelo papel que a gastronomia tem
desempenhado no desenvolvimento e na consolidação do turismo.
Observa-se que a formação e o conhecimento técnico são
fundamentais para a oferta de bons serviços gastronômicos,
contudo a autossustentabilidade do negócio continua a ser um
grande desafio.
Muitas iniciativas empreendedoras, que parecem
promissoras, não logram sucesso por não considerarem
informações fundamentais envolvidas no negócio.
Um dos grandes desafios em transformar ideias em negócios
de sucesso é, sem dúvida, a necessidade de levar em conta
conhecimentos de custos e formação de preços, incluindo todo o
espectro de insumos envolvidos.
Esta obra do engenheiro Roberto Braga preenche uma lacuna
das mais importantes na formação em gastronomia ao abordar a
questão da gestão do negócio, com foco no dimensionamento dos
custos envolvidos, dos aspectos logísticos do empreendimento e
do planejamento do lucro.
Compartilhar, de forma expositiva, a sua experiência
profissional na área com o devido rigor técnico e teórico é um
grande desafio que exige conhecimento e maestria no uso dos
pressupostos teóricos envolvidos. São apresentados exemplos
práticos e objetivos, de forma didática e em sequência lógica e
natural, demonstrando a experiência docente e profissional do
autor na área de alimentos.
Nesta obra, é levado a efeito um estudo cuidadoso no qual o
leitor vai encontrar os elementos necessários que contribuem tanto
para o processo de ensino e aprendizagem em cursos de
gastronomia quanto para a atualização de profissionais atuantes
na área.
Como educador consciente do papel do empreende-dorismo
no mundo contemporâneo, é com grande satisfação que
recomendo fortemente esta obra, que, na sua quinta edição,
promete continuar o sucesso das edições anteriores.
Tabela 1
Gasto Bases de rateio
Energia potência instalada (hp); hp × horas funcionamento
elétrica
Telefone quantidade de ramais; nº de funcionários por ramal; faturamento
Refeitório nº de funcionários; faturamento
Água nº de funcionários; parte pelo nº funcionários e parte estimada para o processo de
produção;* faturamento
Seguros área; valor dos bens segurados; custo primário** de cada setor
Ambulatório nº de funcionários; custo primário do setor; faturamento
* Ver exemplo no item seguinte.
** O custo primário do setor é aquele apurado antes dos rateios dos custos indiretos.
Tabela 2
Setor Potência (watts) Horas médias trabalhadas/dia
Produção 5.000 12
Salão do restaurante 1.500 8
Administração 500 8
Cálculo usando o produto da potência instalada pelas horas trabalhadas como base de
rateio
Tabela 3
Item Produto A Produto B Total
Produção (unidades) 1.000 500
Custo unitário de insumos 10,00 12,00
Custo total de insumos 10.000,00 6.000,00 16.000,00
Taxa de rateio = R$ 789,47 / 16.000 = 0,0493 reais de energia por reais de insumo.
Assim,
Produto A = 10.000,00 × 0,0493 = R$ 493,00 de energia elétrica
Produto B = 6.000,00 × 0,0493 = R$ 296,00 de energia elétrica
Tabela 4
Item Produto A Produto B Total
Venda (unidades) 1.000 500
Preço unitário 30,00 35,00
Faturamento 30.000,00 17.500,00 47.500,00
Observe que todos os outros produtos fabricados pelo restaurante que aqui
não foram mencionados só receberão rateio dos R$ 600,00 de gastos com água,
já que a maior parcela desse gasto pertence à broa e à cerveja. Se o contador
tivesse considerado o gasto total da água como despesa fixa, o rateio beneficiaria
a broa e a cerveja e prejudicaria os outros produtos.
Observe como é importante analisar os gastos indiretos antes de tomar uma
decisão apressada. O contador poderia ainda sugerir a instalação de hidrômetros
nas linhas de produção para registrar, exatamente, o consumo de água na
cervejaria e na fábrica de broas e não ficar, assim, dependendo dos rateios para
tomar suas decisões.
Isso significa dizer que, de cada real faturado, o restaurante gastará 13%
para pagar aqueles itens de despesa. Essa é a despesa variável de venda. Agora
se pode elaborar a demonstração de resultado: suponha que as despesas com a
mão de obra, no valor de R$ 9.000,00, foram consideradas fixas e, portanto, se
somaram às despesas administrativas do restaurante, totalizando R$ 14.000,00.
Como no custeio direto ou variável não se rateiam os custos fixos, os R$
14.000,00 serão levados para a conta de resultado, como mostrado na Tabela 5.
Tabela 5
Item Produto A Produto B Total
Unidades vendidas 1.000 500
Vendas líquidas 30.000,00 17.500,00 47.500,00
Custo direto – produção 10.000,00 6.000,00 16.000,00
Despesa variável das vendas – 13% 3.900,00 2.275,00 6.175,00
Margem de contribuição total 16.100,00 9.225,00 25.235,00
Margem de contribuição unitária 16,10 18,45
Custos e despesas fixas 14.000,00
Resultado bruto 11.325,00
Assim:
Custo fixo = R$ 2.000
Ponto de equilíbrio = 2.000 / 0,405 = 4.939 unidades
Tabela 6
Discriminação A B C D E
Unidades vendidas 1.000 800 1.500 600 800
Preço unitário de venda 25,00 24,00 22,00 22,00 17,00
Custo unitário variável de produção 10,00 12,00 11,00 9,00 5,00
Custo unitário variável de vendas 6,50 6,20 5,70 5,70 4,40
Taxa de absorção = 26.000 / 104.000 = 0,25 (reais de custo fixo por reais de faturamento) Gasto fixo
absorvido por produto = 0,25 x 25.000 = 6.250 (para o produto A)
Gasto fixo do mês Produtos
26.000,00 A B C D E Total
Despesa variável unitária de 6,50 6,20 5,70 5,70 4,40
venda
Custo total por unidade 22,75 24,20 22,20 20,20 13,65
Margem bruta por unidade 2,25 (0,20) (0,20) 1,80 3,35
Margem bruta total 2.250,00 (160,00) (300,00) 1.080,00 2.680,00 5.550,00
Taxa de absorção = 26.000 / 104.000 = 0,25 (reais de custo fixo por reais de faturamento) Gasto fixo
absorvido por produto = 0,25 x 25.000 = 6.250 (para o produto A)
Da mesma forma,
Mix de venda
Produto Mix de venda MC % Participação na margem média
A 24,04% 34,00% 8,17%
B 18,46% 24,20% 4,47%
C 31,73% 24,10% 7,65%
D 12,69% 33,20% 4,21%
E 13,08% 44,70% 5,85%
Margem média 30,35%
Os valores da coluna Participação na margem média são calculados
multiplicando-se os valores da coluna Mix de venda pelos da coluna MC%.
O cálculo do ponto de equilíbrio (PE) seria:
Sugestão Nº FT
Entradas 01 A 40
Principais 41 A 80
Sobremesas 81 A 100
Bebidas não alcoólicas 101 A 120
Bebidas alcoólicas 121 A 140
2 Cf. George Sebastião G. Leone, Curso de contabilidade de custos (São Paulo: Atlas,
1997).
PREPARANDO AS INFORMAÇÕES PARA O CUSTO
Este capítulo trata de um assunto de grande importância para o cálculo dos custos e dos preços
dos produtos.
Os livros sobre custos, em geral, abordam somente os conceitos de custos e os métodos de
calculá-los, mas não se importam com uma tarefa primordial: a forma como as informações precisam
ser coletadas, registradas e tratadas, a fim de facilitarem o cálculo dos custos. Na verdade, esse
assunto relaciona-se mais à área de produção do que à de custos. Veremos, pois, a seguir, como
preparar uma série de informações indispensáveis aos nossos objetivos.
FATOR DE CORREÇÃO DOS ALIMENTOS
Uma grande parte dos insumos utilizados na preparação dos produtos não está pronta para o
uso e necessita ser manipulada, o que provoca perdas, as quais precisam ser computadas no
cálculo dos custos. Na verdade, o dono do restaurante pagou pela quantidade total, mas parte dela
será jogada fora no pré-preparo dos produtos; isso encarece o custo de aquisição daqueles insumos,
já que o preço pago será dividido por uma quantidade menor por conta das perdas. Portanto, devem-
se registrar essas perdas e tratá-las convenientemente. Algumas tabelas, elaboradas em
universidades, apresentam, para alguns insumos, fatores que corrigem essas perdas. Esse fator,
chamado de fator de correção (FC), mede a relação entre o peso bruto (PB) e o peso limpo (PL) do
alimento. Alguns autores chamam esse fator de indicador de parte comestível (IPC). Entende-se por
peso bruto o peso na forma em que o insumo é adquirido; e por peso limpo o peso depois de o
insumo ser limpo e estar pronto para ser utilizado pelo chef. Ou seja, após o pré-preparo. Podemos
então escrever:
FC = PB / PL
ou
PB = PL × FC
ou ainda
PL = PB / FC
FC = 10 / 6,85 = 1,46
FC = 20 / 15,63 = 1,28
No cálculo do custo, como veremos na ficha técnica, o valor pago pela alface-crespa será
dividido por 6,85 kg e não por 10 kg; o mesmo acontecerá com a carne cuja aquisição considerada
será de 15,63 kg em vez dos 20 kg.
Se o chef indica na receita que precisa de determinada quantidade de um alimento, ele está se
referindo à quantidade limpa que irá utilizar na preparação do prato. Logo, é necessário calcular
quanto do alimento precisa ser pesado ou medido (peso bruto) para que, ao limpá-lo ou deixá-lo
pronto para o uso (pré-preparo), ele pese ou meça o que foi indicado na receita.
Se, por exemplo, a receita indica 20 g de azeitonas, e o fator de correção da azeitona é 1,28,
usamos a fórmula PB = PL × FC e temos:
PB = 20 × 1,28 = 25,60 g
Isso quer dizer que na hora de calcular o custo do prato, deverão ser considerados 25,60 g de
azeitonas e não os 20 g especificados na receita. Basear-se nos pesos e medidas da receita para
calcular seu custo é deixar de considerar todos os desperdícios envolvidos.
Algumas vezes, o restaurante oferece um prato especificando o peso do alimento cru. Por
exemplo, o Restaurante Spetáculo, em Vitória, no Espírito Santo, oferece costelas de porco de 500
g. Se o restaurante tem uma estatística de que esse prato tem uma demanda de vinte solicitações
por dia, e a compra das costelas é feita por semana, o dono do restaurante, sabendo que o fator de
correção para a costela de porco é 1,08, deverá fazer o seguinte cálculo:
Isso quer dizer que deverão ser comprados 75,60 kg de costela, pois 5,60 kg serão
desperdiçados na limpeza da carne. Nesse caso, o fator de correção é utilizado para determinar a
quantidade a ser comprada a fim de oferecer ao cliente o que está especificado no cardápio:
costeletas de porco de 500 g.
Outra aplicação interessante do fator de correção é permitir observar e comparar a qualidade do
fornecimento dos insumos. Às vezes, o restaurante opta por um preço mais baixo, mas precisa ficar
atento aos desperdícios. Quanto maior o desperdício, maior o fator de correção e menor a qualidade
do fornecedor. Os insumos de alto consumo ou caros precisam ser analisados com frequência e
acuidade.
Há épocas em que certos alimentos estão fora da safra e apresentam problemas de qualidade
com alterações significativas nas perdas. As variações apresentadas pelo fator de correção podem
identificar esses períodos e ajudar a planejar medidas inteligentes, que permitam manter a qualidade
dos pratos oferecidos sem grandes elevações de seu custo.
A Tabela 15 apresenta o fator de correção de alguns alimentos.
Carnes e miúdos
Nome Fator
Acém 1,17
Alcatra 1,16
Bofe 1,07
Bucho 1,11
Chã-de-dentro 1,11
Contrafilé 1,25
Coração 1,30
Costela grossa 1,08
Costela três ripas 1,13
Coxão duro 1,08
Coxão mole 1,05
Filé-mignon 1,28
Lagarto 1,15
Língua 1,20
Maminha 1,26
Miolo 1,16
Músculo 1,12
Pá 1,65
Paleta 1,12
Patinho 1,14
Peito 1,25
Peixinho 1,16
Picanha 1,27
Ponta do peito 1,71
Quarto dianteiro 1,15
Quarto traseiro 1,59
Rim 1,25
Ovos
Nome Fator
Ovo de codorna 1,13
Ovo de galinha 1,13
Ovo de gansa 1,12
Ovo de marreca 1,15
Ovo de pata 1,15
Carnes e miúdos
Nome Fator
Ovo de perua 1,13
Ovo de tartaruga 1,10
Ovo de galinha-d’angola 1,12
Aves
Asa de frango 2,24
Cordoniz 1,49
Faisão 1,81
Galinha 1,72
Pato 1,56
Perdiz 2,56
Pescoço de frango 2,17
Sobreasa de frango 1,50
Asa e sobreasa de frango 1,81
Coxa de frango 1,50
Frango 2,05
Ganso 1,69
Peito de frango 1,39
Peru 1,64
Pombo 1,66
Sobrecoxa de frango 1,31
Peixes e tartarugas
Nome Fator
Agulha 1,14
Arenque 1,78
Arraia 1,18
Atum 1,18
Bacalhau 2,52
Bonito 1,72
Cação 1,18
Carpa 2,56
Cavalinha 1,20
Cioba 1,11
Corvina 1,19
Dourado 1,18
Enchova 1,00
Enguia 1,31
Espada 1,16
Esturjão 1,17
Galo 1,25
Garoupa 1,13
Hipoglosso 1,23
Lambari 1,20
Linguado 2,56
Lula 1,16
Merlusa 1,66
Pacu 1,13
Peixe-rei 1,81
Pescadinha 2,00
Pescado 1,19
Pintado 1,03
Peixes e tartarugas
Nome Fator
Piranha 1,20
Rã 1,17
Robalo 2,08
Salmão 2,17
Sardinha 1,70
Serra 1,12
Surubim 1,57
Tainha 1,22
Tartaruga-de-rio 4,76
Tartaruga-do-mar 4,16
Truta 2,04
Vermelho 1,21
Xaréu 1,16
Frutas frescas
Nome Fator
Abacate 1,51
Abacaxi 1,89
Abiu 1,51
Abricó 1,27
Açaí 9,61
Ameixa fresca 1,25
Amora 2,11
Ananás 1,78
Anona 2,44
Araçá 1,16
Banana-d’água 1,66
Banana-da-terra 1,39
Banana-figo 1,47
Banana-maçã 1,58
Banana-marmelo 1,56
Banana-ouro 1,22
Banana-prata 1,51
Banana-de-são-tomé 1,31
Beribá 1,35
Buriti 4,76
Cacau 3,57
Cajá 1,61
Cajá-manga 1,61
Caju 1,26
Caqui 1,08
Carambola 1,23
Cereja 1,22
Cidra 1,54
Coco maduro 1,79
Coco-verde 3,02
Condessa 1,60
Cupuaçu 1,67
Damasco 1,66
Figo verde 1,11
Fruta-pão 1,30
Fruta-do-conde 1,33
Frutas frescas
Nome Fator
Goiaba 1,22
Grapefruit 2,78
Graviola 1,37
Jaca 4,13
Kiwi 1,11
Laranja 1,77
Laranja-bahia 1,56
Laranja-lima 1,59
Laranja-da-terra 1,72
Laranja-pêra 1,61
Lima-da-pérsia 1,51
Limão comum 2,26
Limão-galego 2,27
Maçã 1,24
Mamão 1,63
Manga 1,61
Mangaba 1,32
Manga-espada 1,51
Maracujá 2,04
Marmelo 1,45
Melancia 2,12
Melão 1,04
Morango 1,12
Nêspera 1,32
Pera 1,20
Pêssego 1,25
Pitanga 1,23
Pitomba 2,50
Romã 1,89
Sapoti 1,33
Tâmara 1,15
Tamarindo 2,08
Tangerina 1,36
Uva-branca 1,21
Uva escura 1,30
Uva preta 1,31
CÁLCULO DO FATOR DE CORREÇÃO E CONTROLE DOS DESPERDÍCIOS
A Tabela 16 apresenta uma sugestão para controlar os desperdícios e calcular o fator de
correção dos alimentos utilizados no restaurante. Apesar de esse fator já estar calculado para muitos
alimentos, não se pode esquecer de que são valores médios. A região de cultivo; a cultura local; os
vícios do produtor ou do fornecedor do insumo, que muitas vezes não eliminam sujidades como
pedras e outros materiais estranhos na colheita; o tipo do insumo; e os métodos, equipamentos e
utensílios utilizados pelo restaurante no pré-preparo, além do fator humano, podem afetar o cálculo
do fator de correção. Sendo assim, é importante checar os valores das tabelas publicadas antes de
aceitá-los como verdades imutáveis. Periodicamente, é aconselhável, principalmente para os
insumos que têm grande participação nos custos, checar os valores do fator de correção, a fim de
evitar distorções indesejadas. A Tabela 16 mostra como se pode comparar a qualidade do produto e
dos fornecedores e calcular o valor do fator de correção, lembrando que FC = PB / PL.
O trabalho do setor de recebimento dos insumos num restaurante é muito grande, e pode
ocorrer que a checagem de informações fundamentais ao bom andamento do negócio fique
prejudicada. Para evitar isso, é importante criar uma rotina que organize o cálculo do fator de
correção, para que ele possa ser feito por amostragem a cada fornecimento, ou numa periodicidade
determinada, ou, ainda, quando o encarregado do recebimento notar a necessidade de checar a
qualidade do insumo.
A amostra colhida, representativa do fornecimento, deve ser colocada num saco plástico
corretamente identificado e transportada, o mais rápido possível, para o setor que fará a checagem.
De acordo com a utilização do insumo, deve haver um procedimento operacional padrão, que
garanta uniformidade no método de análise. Por exemplo, se o insumo for um legume, poderá haver
valores diferentes para o fator de correção se o corte for juliana, cubos ou tiras. O aproveitamento de
um melão será diferente se a fruta for cortada em fatias ou em esferas. Um procedimento padrão
deverá ser adotado para permitir que a operação seja efetuada sempre da mesma forma. Escolha
entre os valores anotados o mais representativo para esse insumo e o coloque na primeira célula,
em destaque, da coluna FC.
Na home page do livro (www.gestaodagastronomia.com.br), pode-se fazer o download da tabela
do fator de correção para vários insumos. Essa tabela exibe o valor de literatura do FC para diversos
insumos e um espaço para que o restaurante coloque o seu próprio valor para cada fator de
correção, escolhido entre as diversas medições registradas quando do recebimento dos insumos.
Esse valor é o que deverá ser interligado com a ficha técnica, assunto apresentado logo mais
adiante.
ÍNDICE DE COCÇÃO DOS ALIMENTOS
O índice de cocção (IC) é a relação entre o peso cozido (PC) e o peso limpo (PL) do alimento.
Assim podemos escrever que:
IC = PC / PL
Esse índice expressa a perda de água ou a retração das fibras de um insumo, como é o caso
das carnes e vegetais, ou a absorção de água, no caso dos cereais e leguminosas, durante a
cocção. O IC é muito importante para os restaurantes que cobram por peso. Para uma mesma
porção de carne crua e limpa, podem-se obter pesos diferentes na balança de venda se a carne
estiver bem ou malpassada.
Na criação de um prato, o índice de cocção é sempre observado pelo chef para que as porções
servidas sejam generosas ou bem calculadas. Para isso, o chef define primeiro o peso final do prato
(PC) que lhe parecer conveniente e divide-o pelo (IC). Dessa forma, obterá o peso limpo (PL), que
usará na preparação da receita. Evidentemente, ele fará suas adaptações para obter valores fáceis e
apropriados.
Suponhamos que o chef decidiu que um prato de carne nobre, cujo índice de cocção é de 0,65
para a carne ao ponto, deverá dispor de 200 g da carne após a preparação. Então, ele fará a
seguinte conta:
Para facilitar a preparação, o chef vai arredondar o peso para 300 g, o que fará com que o prato
servido ao cliente tenha apenas 5 g de carne a menos que os 200 g decididos por ele. Observa-se,
assim, como é importante a utilização do índice de cocção.
Esse índice também é utilizado por nutricionistas para garantir o aporte necessário de nutrientes
nas dietas. Índice de cocção menor que 1,0 significa perda de peso durante a cocção; maior que 1,0
indica ganho de peso.
A Tabela 17 apresenta o índice de cocção para grupos de alimentos.
Devido à dificuldade de se obter índices de cocção para a maioria dos ingredientes, mesmo
porque são valores que variam muito com o grau de cocção, o mais correto é, ao desenvolver a
receita, pesar os ingredientes depois de preparados e obter o peso total da receita. Esse peso é o
Peso após cocção, que deve ser anotado diretamente na Ficha Técnica. Em seguida, calcula-se,
também na ficha técnica, o Fator de cocção da receita, expressando assim o ganho ou a perda de
peso em relação ao peso limpo total. Dessa forma, o índice de cocção e a quantidade após cocção,
que correspondem às duas últimas colunas da ficha técnica, servem apenas de orientação ao Chef
para um cálculo do IC de um ingrediente que o chefe resolveu pesá-lo separadamente. Por exemplo,
foi garantido ao Chef que o arroz, quando processado em um forno combinado, aumenta seu IC de
2,5 para 3,0, o que é muito importante para os custos. Assim, essa conta poderá ser registrada
nessas colunas. Observe que os dados registrados nelas não participam de qualquer cálculo
posterior. O Chef poderá, assim, comparar os IC’s de ingredientes similares, a fim de decidir por um
produto que traga mais vantagem após a cocção, principalmente se o restaurante for um self-service,
que vende por quilo. A compreensão desses procedimentos ficará mais clara com a leitura do
próximo tópico sobre a ficha técnica.
Produto
Referência self
Rendimento em porções 1
Ingredientes Peso limpo Un. Custo unitário FC Peso bruto Custo insumo Quant. após cocção Índice cocção
Insumo 1 0,500 kg 30,00 1,20 0,600 18,000 -
– – –
– – –
– – –
– – –
– – –
– – –
– – –
– – –
Ingredientes Peso limpo Un. Custo unitário FC Peso bruto Custo insumo Quant. após cocção Índice cocção
– – –
– – –
– – –
– – –
Modo de preparo
Assinatura do chef
Uma ficha técnica adequada deve apresentar, além dos pesos bruto e limpo e do índice de
cocção da receita, o custo total dos insumos e o custo da porção, isto é, o custo das mercadorias
vendidas (CMV), que também é apresentado em porcentagem. Adicionalmente, deve exibir o preço
de venda, a despesa variável da venda em porcentagem e a margem de contribuição tanto em
unidades financeiras como em porcentagem. Para finalizar, há um espaço na FT destinado ao modo
de preparo da receita, que, além de servir para o treinamento dos colaboradores, guarda a mais
valiosa informação para o preparo dos alimentos e para a conformidade da qualidade do preparo dos
itens do cardápio de um restaurante. É o segredo do negócio. Os restaurantes são cuidadosos ao
expor essas informações.
Vejamos dois exemplos para tornar mais clara essa relação entre preço e custo.
Suponhamos que um restaurante, que não goza de incentivos fiscais, comprou 30 kg de queijo a
R$ 10,00 o quilo. Na nota fiscal vê-se que há a indicação de 17% de ICMS (por lei, o ICMS total da
nota fiscal precisa estar destacado). Além disso, o fornecedor cobrou R$ 5,00 pela entrega feita por
um motobói, que não emitiu nota fiscal do frete. Para obter o custo de aquisição do queijo, devemos
levar em consideração os seguintes valores:
Portanto, na coluna Pr., o valor a ser registrado será de R$ 10,00, e na coluna Ct., o valor será
de R$ 10,17.
Nesse caso, o restaurante não se beneficia do crédito de ICMS, mas haverá uma grande
diferença no pagamento dos tributos, sobretudo do INSS sobre a folha de pagamento e do ICMS
sobre o preço de venda do produto, que já estão incluídos na alíquota de 7,6%.
TRIBUTAÇÃO EM RESTAURANTES
A tributação nas diferentes esferas do governo tem apresentado variações muito frequentes, o
que exige uma consulta ao contador para conhecer como os impostos incidem sobre a venda dos
produtos e serviços. Neste momento, a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que
se aplica aos bares e restaurantes, define uma tabela de tributação em função do faturamento anual.
O recolhimento é simplificado, e a carga tributária beneficia as micro e pequenas empresas.
Observe que a alíquota não só engloba seis tributos que influenciam no cálculo dos custos –
tanto de insumos, como de pessoal –, como também reflete-se no cálculo do preço de venda dos
produtos, pois passa a ser um custo variável da venda, uma vez que será aplicada sobre o
faturamento.
Para conhecer o valor da alíquota a ser pago pela empresa, basta identificar, na primeira coluna,
a faixa de faturamento médio dos últimos doze meses. Se a empresa é nova e ainda não tem um
ano de operação, faz-se uma estimativa de faturamento anual. Por exemplo, se um bar faturou R$
19.000,00 no primeiro mês, então a previsão de faturamento anual, mantida essa média, será de
19.000,00 × 12 = R$ 228.000,00. Pela tabela, a alíquota a ser paga será de 5,47%. Se no segundo
mês o bar faturar R$ 24.000,00, a média passará a ser R$ 21.500,00, ou seja, [(19.000 + 24.000)÷2],
o que equivale a um faturamento anual de R$ 258.000,00 e uma alíquota de 6,84%.
Os encargos sociais que incidem sobre o salário, quando a empresa não goza de algum regime
especial, estão assim compostos:
Tabela 21
Encargo Valor do encargo
13º salário 8,33%
Férias 8,33%
1/3 férias 2,78%
Encargo Valor do encargo
INSS 27,00%
FGTS 8,00%
INSS sobre férias e 13º 5,25%
FGTS sobre férias e 13º 1,56%
Total 61,25%
A jornada normal de trabalho no Brasil é de 220 horas por mês, incluindo o descanso
remunerado de um dia por semana, normalmente o domingo. Além do descanso remunerado, há
outros dias em que não se trabalha, como está demonstrado na Tabela 22.
Considerando-se o total das horas trabalhadas por ano, pode-se calcular o salário/hora efetivo,
ou seja, o gasto total de salário dividido pelas horas efetivamente trabalhadas. Também, por vezes,
pretende-se, para facilitar análises ou recorrer a comparações, conhecer o custo/hora efetivo do
restaurante.
Salário-hora nominal
415 / 220 = R$ 1,89 por hora
Adicionando os encargos, conforme Tabela 21, teremos:
Custo mão de obra direta = 415 × 1,6125 = R$ 669,19
Custo anual mão de obra direta = 669,19 × 12 = R$ 8.030,25
Assim, o custo/hora efetivo, considerando as horas efetivamente trabalhadas por ano, calculadas na Tabela
22, será:
Ou seja, o salário-hora efetivo é 2,11 vezes o salário-hora nominal. Equivale a dizer que o salário-hora
efetivo é 111% maior que o nominal, pois (2,11 – 1) × 100 = 111%.
Cozinha
Função Quant. Salário Tot. salário Prêmio Tot. prêmio
Chef 1 1.000,00 1.000,00 500,00 500,00
Auxiliar de cozinha 2 350,00 700,00 100,00 200,00
Estagiário 1 – –
Soma 4 1.700,00 700,00 Total
Encargos sociais 29% 29% 3.096,00
Preparação de sucos
Função Quant. Salário Tot. salário Prêmio Tot. prêmio
Líder 1 400,00 400,00 100,00 100,00
– –
Soma 1 400,00 100,00 Total
Encargos sociais 29% 29% 645,00
Estagiários da produção
Função Quant. Salário Tot. salário Prêmio Tot. prêmio
Estagiários 1 1 400,00 400,00 –
Estagiários 2 1 350,00 350,00 –
– –
Soma 2 750,00 – Total
Encargos sociais 0% 0% 750,00
Manutenção
Função Quant. Salário Tot. salário Prêmio Tot. prêmio
Enc. manut. geral 1 500,00 500,00 200,00 200,00
Aux. de manutenção 1 350,00 350,00 –
Estagiário – –
Soma 2 850,00 200,00 Total
Encargos sociais 29% 29% 1.354,50
Estagiários
Função Quant. Salário Tot. salário Prêmio Tot. prêmio
Estagiários 2 400,00 800,00 –
– –
Estagiários
Função Quant. Salário Tot. salário Prêmio Tot. prêmio
Soma 2 800,00 – Total
Encargos sociais 0% 0% 800,00
Administração
Função Quant. Salário Tot. salário Prêmio Tot. prêmio
Gerente 1 1.000,00 1.000,00 500,00 500,00
Aux. administrativo 1 400,00 400,00 –
– –
Soma 2 1.400,00 500,00 Total
Encargos sociais 29% 29% 2.451,00
Estagiários
Função Quant. Salário Tot. salário Prêmio Tot. prêmio
Estagiários 1 350,00 350,00 100,00 100,00
– –
Soma 1 350,00 100,00 Total
Encargos sociais 29% 29% 580,50
Todos os equipamentos de um bar somam R$ 7.500,00, e a vida útil desses equipamentos foi estimada em
cinco anos. Qual o valor de depreciação que deverá constar na tabela de custos e despesas fixos?
Valor de depreciação anual: 7.500 / 5 = 1.500
Valor de depreciação mensal: 1.500 / 12 = 125,00
Durante cinco anos, os R$ 7.500,00 prestaram um serviço ao bar equivalente a R$ 125,00 por mês. Esse
custo, portanto, vai compor a soma dos custos e despesas fixos do bar.
Um restaurante produz somente três produtos campeões de venda, cujas informações do último mês estão
a seguir:
Tabela 28
Item Produto A Produto B Produto C Total
Produção (unidades) 2.000 1.000 750 3.750
Custo unitáriode insumo e embalagem (R$) 7,00 6,00 5,00
Custo de energia da produção (R$) 3.000,00
Taxa de rateio da energia 3.000 / 3.750 = 0,80
Item Produto A Produto B Produto C Total
Rateio da energia (R$/unidade) 0,80 0,80 0,80
Custo primário por unidade 7,80 6,80 5,80
Custo primário total 15.600,00 6.800,00 4.350,00 26.750,00
CIF da produção (R$) 5.000,00
Taxa de rateio dos CIF 5.000 / 26.750 = 0,187
Rateio dos CIF 2.915,89 1.271,03 813,08 5.000,00
CIF por unidade produzida 1,46 1,27 1,08
Custo unitário de produção 9,26 8,07 6,88
O CIF por unidade é encontrado dividindo-se o rateio do CIF correspondente a cada produto
pelo número de unidades produzidas.
O custo unitário de produção é a soma do custo primário por unidade com o CIF por unidade.
Não é conveniente adotar como base de rateio o custo primário unitário, pois o volume de
produção de cada produto deverá estar ponderado para se obter um rateio mais justo. Não faz
sentido que um produto, sendo produzido uma só vez e tendo um custo unitário alto em relação aos
demais, arque com uma grande parcela dos custos indiretos, o que ocorreria se a base de rateio
fosse o custo primário unitário em vez do custo primário total.
Poderíamos também ratear os CIF pelo total de unidades produzidas, o que alteraria o custo
unitário de produção.
Cabe analisar o que seria mais justo para o rateio. Na verdade, se o produto A produziu mais,
deve ter gastado mais com a administração da produção, com a movimentação dos materiais, com a
área de estocagem, etc., ou seja, utilizou mais daqueles R$ 5.000,00 de CIF em relação aos
produtos B e C e, da mesma forma, o produto B em relação ao produto C. Logo, o custo primário é
uma base de rateio mais justa.
CUSTO TOTAL DO PRODUTO
O custo total representa o somatório de todos os custos e despesas, diretos e indiretos, que
incidem sobre o produto. Só não incluem as despesas variáveis da venda como os impostos, as
contribuições financeiras – tais como a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e o Cofins
– e as comissões pagas, pois essas despesas serão incorporadas no cálculo do preço de venda.
Suponha que as despesas fixas de administração, finanças e vendas do exemplo anterior
somem R$ 10.000,00. Como levar esse valor para o custo do produto? Utilizando o critério de
absorção, escolhe-se uma base de rateio para distribuir esses gastos. A base mais indicada e mais
utilizada por esse critério é o faturamento. Acompanhe o cálculo na Tabela 29, que informa o
faturamento do restaurante.
Tabela 29
Item Produto A Produto B Produto C Total
Produção (unidades) 2.000 1.000 750 3.750
Preço médio de venda verificado 17,00 20,00 25,00
Faturamento 34.000,00 20.000,00 18.750,00 72.750,00
Despesas fixas totais 10.000,00
Taxa de rateio das despesas fixas 10.000 / 72.750 = 0,1375
Rateio das despesas fixas 4.673,54 2.749,14 2.577,32 10.000,00
Despesa fixa por unidade vendida 2,34 2,75 3,44
Custo unitário de produção 9,26 8,07 6,88
Custo total do produto 11,60 10,82 10,32
O custo total do produto é a soma do custo unitário de produção (conforme a Tabela 28) com a
despesa fixa unitária. Observe que não estão incluídas, no cálculo, quaisquer das despesas
variáveis da venda.
O custo total é a informação que será utilizada no cálculo dos preços de venda, como será visto
no próximo capítulo.
Na Tabela 30 – Cálculo do custo total, há uma sugestão para facilitar esse cálculo para um bar
ou um restaurante com muitos produtos. Observe que a tabela sugere o rateio de três conjuntos de
indiretos, sendo dois deles referentes a custos da produção e um às despesas fixas. O primeiro
conjunto de indiretos se relaciona com a produção dos alimentos, e por isso esses custos indiretos
poderão ser aplicados sobre parte das FTs ou mesmo sobre todas elas. Por exemplo, suponha que
uma pizzaria produza além de pizzas alguns pratos que não passam pelo forno. Portanto, as
despesas com a lenha ou com o gás do forno são custos indiretos cujo rateio recairá somente sobre
os produtos que passam pelo forno. Esse conjunto de indiretos é o CF1 e, se eles não atingirem
todas as FTs, como no exemplo da pizzaria, o rateio referente à lenha ou ao gás sobre os outros
produtos precisará ser eliminado, zeran-do o conteúdo das células correspondentes, pois a tabela,
como está, estendeu esse rateio para todas elas, pois não se poderia decidir quais FTs seriam
afetadas, pois isso depende de como o restaurante vai elaborar a tabela. Uma vez feito esse
primeiro rateio, calcula-se o custo primário, que é a soma do CMV com o rateio do CIF1. Se não
houver esse rateio, como deve ocorrer na maioria dos bares e restaurantes, o custo primário será
igual ao CMV e também não será preciso apagar as células que recebem esse rateio, uma vez que o
valor do CIF será zero e as células que receberiam o rateio estarão zeradas. O custo primário é o
custo do produto antes de receber o rateio dos custos e despesas fixos que estão reunidos na
Tabela 27. O próximo conjunto de indiretos refere-se à soma da coluna Produção da Tabela 27 –
Custos e despesas fixos, cujo valor é normalmente rateado pelo custo primário. O terceiro conjunto
de indiretos refere-se à soma do total das colunas de Vendas e Administração da Tabela 27, cujo
valor é normalmente rateado pelo faturamento e atinge todas as FTs. O Custo unitário total, portanto,
é a soma do custo unitário primário com o unitário de cada dos outros dois rateios, como se pode
observar na tabela. Se outros rateios se apresentarem necessários, outras colunas precisarão ser
criadas para receber os respectivos rateios. No final, a tabela fornece o Total do CMV de bebidas
alcoólicas e o Total do CMV de alimentos e bebidas não alcoólicas. Esses totais somente estarão
corretos, da forma como estão calculados, se a sugestão mostrada no final da tabela for mantida,
definindo uma numeração para as FTs de acordo com o tipo de alimento, como as entradas, pratos
principais, sobremesas, bebidas não alcoólicas e bebidas alcoólicas. Não há qualquer problema se
houver variação, apenas é necessário adaptar a soma às FTs correspondentes.
Sugestão Nº FT
Entradas 01 A 40
Sugestão Nº FT
Principais 41 A 80
Sobremesas 81 A 100
Bebidas não alcoólicas 101 A 120
Bebidas alcoólicas 121 A 140
CUSTO E RESULTADO DO SELF-SERVICE
Tudo o que se estudou até agora é plenamente aplicável a qualquer tipo de restaurante. É
preciso, no entanto, prestar atenção a uma diferença sutil que envolve os dois tipos de restaurante, à
la carte e self-service. No primeiro, o cliente ordena à cozinha produzir o prato que escolheu; no
segundo, o gerente ou o encarregado do salão é quem autoriza a cozinha a repor os alimentos, pois
o cliente vai se servir do que está oferecido no buffet. Logo, o cliente da cozinha do self-service é o
salão e não o cliente do restaurante como no à la carte. Essa diferença exige um cuidado na
elaboração das fichas técnicas para facilitar o trabalho do Chef ou do cozinheiro.
No restaurante à la carte os ingredientes da ficha técnica são, via de regra, suficientes para uma
pessoa. Se o cardápio anuncia que o prato serve mais de uma pessoa, certamente os ingredientes
foram incrementados e, por isso, uma nova ficha técnica será necessária, com um novo número,
sendo considerado, assim, um prato diferente. No caso do self-service, exige-se definir a maneira de
como a reposição do buffet será atendida pela cozinha. Que quantidade deverá ser preparada para
uma determinada reposição? Essa quantidade poderá ser diferente, se é ordenada no início ou no
fim do horário de atendimento do restaurante e depende da forma de como a administração encara o
problema. Ordenar uma grande quantidade no fim do expediente vai gerar uma sobra do alimento,
chamada de sobra limpa, que encarece os custos, pois, normalmente, a sobra limpa não deve ser
reaproveitada.
A administração poderá, também, decidir de maneiras diferentes, definindo que depois de uma
determinada hora o alimento não será mais reposto, ou no caso de reposição será preparado,
sempre, na mesma quantidade. O que for decidido terá reflexo na elaboração das fichas técnicas,
pois elas existem por vários motivos, entre os quais o de facilitar o cálculo do custo total dos insumos
do self-service. Portanto, se for permitido produzir o alimento em mais de uma versão de tamanho
(kg), para cada uma delas deverá ser elaborada uma ficha técnica. O rendimento em porções que se
registra na ficha técnica é sempre igual a 1, no self-service, para cada versão, pois é de uma só vez
que vai se alimentar o buffet. Para se apurar o custo total dos insumos do self-service é necessário
registrar o número de vezes que cada alimento é produzido e com qual ficha técnica. O custo de
insumos de uma ficha técnica é um custo padrão e o somatório de todas as fichas técnicas
processadas no dia fornecerá o custo total padrão de insumos do self-service, que, dividido pelos
quilos vendidos e registrados na balança, fornecerá o custo médio padrão de insumos por quilo do
restaurante.
Alguns restaurantes, para simplificar o cálculo desse custo, elaboram, através do almoxarifado,
um relatório diário de tudo o que dele foi solicitado, obtendo o custo total dos insumos, dispensando
o uso das fichas técnicas. Cometem, assim, um erro crasso, pois alguns insumos são retirados do
almoxarifado em quantidade superior ao que se usa no dia; portanto, distorcem o custo real. Por
exemplo: ao se requisitar um litro de azeite ou um balde de molho de tomate, seria necessário fazer
um controle paralelo, pois esses volumes podem durar dias para ser consumidos e estarão no
relatório diário de saída do almoxarifado.
As fichas técnicas são importantes também para o treinamento das pessoas, sobretudo quando
se troca um cozinheiro ou o Chef. Elas são o padrão estabelecido pelo restaurante para que se
mantenha sempre a mesma qualidade dos alimentos oferecidos. Esse foi um dos motivos do
sucesso do McDonald’s, em que o treinamento exaustivo e constante, através de suas fichas
técnicas, garante um padrão de qualidade mundial.
Outra questão imprescindível é conhecer a margem de contribuição de cada alimento
processado, identificando os mais rentáveis ou se há algum alimento operando no prejuízo,
informações que constam nas fichas técnicas. Ao se juntarem todos os insumos,
indiscriminadamente, num relatório diário, o exercício de maximizar o lucro fica comprometido. Os
relatórios dos almoxarifados de um restaurante precisam ser elaborados de acordo com a dimensão
que se deseja alcançar com o controle, a começar pela checagem que deve ser feita, diária, semanal
ou mensal para garantir a utilização dos insumos para a produção, evitando-se desvios.
A curva ABC dos produtos consumidos pelo restaurante, que é uma técnica bastante difundida
pela administração de materiais, é outra informação valiosa para ser gerada pelos almoxarifados, e
assim por diante. Nada disso, no entanto, deve justificar a eliminação do uso das fichas técnicas. O
interessante é poder comparar o custo total apontado pelos almoxarifados com o custo total padrão
fornecido pelas fichas técnicas. Havendo grandes diferenças, precisam-se identificar as causas, que
podem estar no fator de correção, na diferença de pesagem das balanças utilizadas pelo
restaurante, em desperdícios inadequados, desvios éticos, etc.
O cálculo do custo e a apuração do resultado do self-service serão realizados por meio de duas
tabelas, apresentadas a seguir.
A Tabela 31 se encarrega de registrar as ordens solicitadas à cozinha pelo salão, por dia de
operação do restaurante. Dispondo do peso pós-cocção de cada ficha técnica e do preço de venda,
por kg, de cada item, essa tabela calcula o faturamento diário por ficha técnica, permitindo, assim,
calcular o mix de venda.
Observe na tabela que a coluna K registra a quantidade de ordens acumuladas, de forma que
em qualquer dia do mês se pode dispor do total acumulado produzido por ficha técnica.
Observe também que ao final de cada dia são anotados o peso total das balanças de venda, o
faturamento real no dia e o número de clientes (veja as linhas 148, 149 e 150 para a primeira
semana). O número de clientes, que também se calcula acumulado, permite o cálculo do tíquete
médio TM. A coluna N dispõe o total de venda no mês, por ficha técnica, por isso no seu cálculo se
utiliza o valor acumulado de ordens da coluna K. Assim, o faturamento do mês estará sempre
atualizado na linha de totalização de cada semana. Essa forma facilitou o cálculo do mix de venda,
que estará, também, sempre atualizado.
No final dessa tabela pode-se ver o faturamento calculado no mês que tem por base o peso
calculado da ficha técnica. Obtém-se, assim o preço médio padrão por kg de venda do mês. O nome
padrão se deve à utilização do peso da ficha técnica, e não das balanças que fornecem o peso real
vendido.
O peso total das balanças no mês, bem como o faturamento real total do mês, é a somatória dos
totais semanais registrados, ao final de cada semana.
A Tabela 31 registra, também, a sobra limpa, por dia, por ficha técnica e acumulada, o que
facilita a análise dessas informações, diariamente.
A Tabela 32 tem por objetivo calcular o resultado da operação do restaurante. É um
complemento da Tabela 31. Observe que as informações vêm todas da Tabela 31 ou da ficha
técnica, quando não são calculadas na própria tabela. Na apuração do resultado, na parte inferior da
tabela, duas informações são fornecidas por outras tabelas: os custos variáveis sobre a venda em %
vêm da Tabela 50 – Informações Complementares, e os custos fixos totais, da Tabela 27 – Custos de
Despesas Fixos.
Em um self-service, se o cliente se serve de forma variada, o preço do item mais caro é o que
vigora na hora da pesagem. Portanto, o faturamento calculado que é exibido na tabela será sempre
menor do que o faturamento real, pois o faturamento calculado, como já foi mostrado, considera o
preço de venda expresso na ficha técnica, que é menor para alimentos como verdura, frutas,
leguminosas e grãos, como arroz e feijão, etc. Os preços médios, padrão e real de venda, exibem
também essa diferença, pois são calculados utilizando-se o peso real das balanças. Essa diferença
se reflete no lucro operacional e pode ser considerada para se fazer promoções.
Os índices de rendimento devem ser usados para a definição de metas para a redução dos
desperdícios, como a sobra limpa, e para a aferição das balanças no caso de variações bruscas.
Para facilitar a identificação dos cálculos em algumas células, pode-se usar, no menu
“Fórmulas”, o comando Rastrear Precedentes ou Dependentes, do Excel.
1 2 3 4 5 6 7 Total da semana
Peso total das balanças no dia
Faturamento real no dia
R$ -
Margem de contribuição total R$ - Preço (Real sobre Padrão) 0,0%
% 0,00%
Custos fixos totais (Tab.8) R$ -
Lucro líquido (ou operacional) R$ -
% s/fat. 0,00%
FORMAÇÃO DE PREÇOS
A velha forma de determinar o preço de venda dos produtos,
somando-se ao custo de produção uma determinada margem de
lucro determinada pelo dono do negócio, não existe mais. A
concorrência acirrada motivada pela economia livre exige que o
cálculo do lucro seja feito subtraindo-se do preço de venda – que é
agora o preço praticado pelo mercado e não aquele determinado
pelo dono do negócio – os custos da produção. Se o saldo for
positivo, haverá lucro; se não...
Às vezes, é necessário analisar toda a cadeia de produção à
procura de redução de custos, a fim de manter um produto no
restaurante, quando seu preço de venda está acima daquele
praticado pelo mercado.
Alterar o preço significa exercitar variações na relação
volume/preço; nas condições de comercialização, tanto na compra
de insumos como na venda dos produtos; na logística, que
compõe todas as ações que garantem o suprimento dos insumos
na área da produção e inclui a cadeia de suprimento (supply-
chain), em que estão envolvidos o fornecedor, o transporte dos
insumos até o restaurante, o armazenamento, o transporte interno,
os controles dessas atividades, etc. Significa também reduzir os
desperdícios ao mínimo, maximizar os rendimentos, acabar com a
fábrica oculta, etc. O conceito de fábrica oculta será abordado no
próximo capítulo, que trata do gerenciamento do lucro.
A redução dos custos deve ser uma preocupação constante,
mesmo que se tenha conseguido estabelecer de início um bom
preço de venda. Assim, além de garantir ganhos maiores, o dono
do restaurante previne-se contra a indesejável notícia de que o
concorrente pode vender mais barato.
MARGEM E MARK-UP
Um dos métodos mais utilizados para o cálculo do preço de
venda é o que tem como base o custo. Por ser prático, é o mais
difundido no mundo dos negócios, pois consiste na simples
aplicação de um índice sobre o custo. Esse índice é conhecido
como mark-up, que pode ser divisor ou multiplicador, como
veremos mais adiante. Uma tradução aproximada desse termo
inglês seria remarcar para cima.
Da aplicação direta do mark-up sobre o custo, obtém-se o
preço de venda. O mark-up incrementará o custo, de forma a
tornar o preço de venda apto a pagar o custo do produto, todos os
outros custos variáveis que incidam sobre ele – como os impostos,
as comissões ou qualquer outra despesa que varie com o preço
de venda – e o lucro, se este for uma porcentagem do preço de
venda, o que quase sempre acontece. Já se pode deduzir, assim,
que mark-up não é o mesmo que lucro, pois o lucro é uma parte
da estrutura do mark-up. É importante aprofundar-se mais nesse
conceito para aplicá-lo corretamente e, assim, tirar proveito de
suas particularidades e possibilidades estratégicas.
A ESTRUTURA DO MARK-UP
O mark-up é composto por:
Impostos e taxas que incidem sobre o preço de venda
Comissões sobre as vendas
Lucro desejado sobre a venda
Qualquer outra despesa que esteja relacionada com o preço de
venda e que possa ser definida como uma porcentagem dele,
como por exemplo, o marketing direto
Despesas administrativas, que possam, com cuidado, ser
transformadas em porcentagens do preço de venda.
Item %
ICMS 17,0
PIS 0,65
Cofins 3,0
Comissão 2,0
Marketing direto 3,0
Despesas financeiras 2,38
Lucro 20,0
Total 48,03 (margem)
1 – 0,4803 = 0,5197
PV = (50 × 1) / 0,5197
PV = R$ 50,00 / 0,5197 = R$ 96,21
50 / 0,5197 = 50 × 1 / 0,5197
ou
50 × 1,9242 = 96,21
1,9242 é o mark-up multiplicador
Tabela 33
Preço de venda = 96,21
% sem PV R$
ICMS 17,0 16,35
PIS 0,65 0,63
Cofins 3,0 2,89
Comissão 2,0 1,92
Marketing direto 3,0 2,89
Despesa financeira 2,38 2,29
Lucro 20,0 19,24
48,03% R$ 46,21 + 50,00 (custo) = R$ 96,21
Exercício 1
Impostos: 5,60%
Despesas gerais: 9,00%
Comissão: 5,00%
Lucro: 45,00%
Total: 64,60% (margem)
Mark-up divisor = 1 - 0,646 = 0,354
Mark-up multiplicador = 1/0,354 = 2,825 (inverso do divisor)
Exercício 2
Estrutura do mark-up
Impostos: 20%
Comissão: 5%
Lucro: 30%
Total: 55% (margem)
Exercício 3
Exercício 4
Exercício 5
Impostos: 7,0%
Comissão: 10,0%
Lucro: 60%
Total: 77% (margem)
Exercício 6
Impostos: 7%
Comissão: 10%
Programa resp. social: 1%
Lucro: 60%
Total: 69%
Exercício 7
Sobre a venda de um restaurante incidem impostos de 6%. As
despesas administrativas têm apresentado um comportamento
estável, representando 15% sobre o faturamento. Os
colaboradores comissionados recebem 5% das vendas, e o dono
do restaurante adota uma política de usar um mark-up igual para
todos os produtos no valor de 70%. Qual o lucro que o restaurante
está adotando?
Estrutura do mark-up
Impostos: 6%
Comissão: 5%
Admininstração: 15%
Lucro: ?
Total (26% + lucro) (margem)
Impostos: 10%
Comissões: 5%
Despesas gerais: 10%
Lucro: ?
Total: 25% margem (sem o lucro)
Num restaurante, são as atividades ligadas ao transporte dos insumos e dos materiais, ao tamanho do
lote de compras, à frequência da compra, às perdas, aos atrasos, ao armazenamento e a tudo o que se
relacionar com o processo de aquisição e encaminhamento das matérias-primas, das embalagens e de
materiais diversos.
Transações de equilíbrio: tentam harmonizar o suprimento dos fatores de produção, insumos, mão de
obra e capacidade instalada com a demanda. Num restaurante, são as atividades que garantem o
suprimento das matérias-primas e administram o pessoal de acordo com a demanda real vinda dos
clientes.
Transações de qualidade: encerram todas as preocupações com a qualidade na empresa.
Num restaurante, são as atividades que controlam a qualidade na preparação dos alimentos,
determinam a especificação dos insumos e bens a serem adquiridos; preocupam-se com as boas
práticas de fabricação e com o APPCC (Análise de Perigo e Pon tos Críticos de Controle); cuidam dos
registros de informações como o fator de correção dos insumos, etc.
Como essas atividades não agregam valor ao produto, o interessante no conceito de fábrica
oculta é que ele desperta para o tamanho do que pode estar por trás desses custos indiretos e
mostra o que verdadeiramente eles estão influenciando.
Com esse raciocínio é que as empresas mais competentes e proativas têm analisado,
detalhadamente, seus processos, tentando eliminar tudo o que não agrega valor e aperfeiçoando o
que não é possível ainda eliminar. A automação é hoje uma saída para a solução de grande parte
desses problemas, pois promove a integração dos diversos sistemas. A padronização é outra prática
que colabora muito na eliminação de atividades dispensáveis, pela estabilidade que promove nas
operações produtivas, evitando falhas e inspeções desnecessárias.
Um bom exemplo de eliminação de atividades da fábrica oculta é a São Braz S/A, uma empresa
paraibana do ramo de alimentos que reduziu seus custos de compras de materiais de escritório e de
manutenção com a elaboração de uma tabela de preços para o período de um ano. Depois de
verificar os preços, a empresa escolheu um fornecedor único para os itens mais consumidos. O
fornecedor assumiu o compromisso de manter estoques mínimos no almoxarifado da fábrica.
Mensalmente reabastecia o estoque, ocasião em que o consumo era faturado contra a empresa.
Como resultado, a São Braz vendeu o carro que realizava as compras, que não parava de rodar em
busca dos materiais solicitados pelos diversos setores da empresa e deslocou o motorista para outra
atividade; reduziu drasticamente as despesas com fax, pois não havia mais tomadas de preços
diárias; aumentou a eficiência, pois os materiais estavam sempre à mão; e ganhou um tempo
adicional para o pagamento dos itens consumidos, que só eram faturados após a visita do
fornecedor, que mantinha inclusive um armário exclusivo para a estocagem dos seus itens dentro do
almoxarifado. Dessa forma, a São Braz eliminou um grande número de atividades que não
agregavam valor ao produto final e eram demandadas pelo suprimento de materiais de escritório e
por alguns itens de manutenção, como parafusos, porcas, correias e rolamentos.
É bem verdade que muitas atividades que não agregam valor ao produto são indispensáveis
para a saúde organizacional da empresa, e algumas delas devem continuar existindo. No entanto, a
análise permanente nas variações dos itens da Tabela 27 é uma obrigação da administração do
restaurante, pois identificar o mais cedo possível tendências de alta nos custos e despesas é
certamente o caminho mais seguro para proteger a rentabilidade da empresa. A identificação de
alterações significativas nas despesas nem sempre significa aumento de preços, pois muitas vezes o
mercado não os absorve, mas alimenta a criatividade à procura de soluções adequadas que
busquem manter ou até incrementar a rentabilidade. Trabalhar olhando para a eficiência dos
processos, sejam quais forem eles, e combatendo o desperdício, em todas as suas manifestações, é
uma postura prudente e necessária à continuidade do negócio.
PLANO DE VENDAS
O gerenciamento do lucro exige organização e planejamento. O plano de vendas é um
instrumento de muita valia para a adoção das medidas necessárias à obtenção do resultado
desejado. Como veremos neste capítulo, pode-se determinar um volume máximo para os custos e
despesas fixas que garanta um determinado lucro, por exemplo, sobre o investimento. Essa
simulação passa, necessariamente, pela estimativa das vendas. O plano de vendas baseia-se no
desempenho de anos anteriores, levando-se em conta a sazonalidade histórica e os eventos
turísticos e regionais que têm influência sobre as vendas. Por isso, é fundamental que essas
informações sejam sempre registradas. Quando se trata de uma empresa nova, as previsões são
mais difíceis – exigem maior sensibilidade para estimar as vendas e demandam análises que
incluem a busca de informações na concorrência e pesquisa de mercado – mas não impossíveis.
O plano de vendas deverá ser feito para um período não inferior a seis meses, e antes do início
de cada mês precisa ser reavaliado e adotado como o plano de vendas do mês. Isso significa que a
previsão do mês que se inicia passa a ser um compromisso, uma meta, agora com as correções
acatadas na reavaliação.
O plano de vendas auxilia a elaboração do cálculo do resultado previsto, o que se verá no
próximo tópico. Outro objetivo, o mais comum, é verificar se o faturamento total previsto no plano
está à altura do lucro desejado, o que poderá exigir correções imediatas. Essas correções poderão
exigir variações nos preços ou nos volumes, mas isso precisará da aquiescência do mercado.
Também poderá indicar a necessidade de modificações no custo variável de produção, o que deve
ser feito sem abandonar o cuidado com a qualidade dos produtos e com as exigências dos clientes.
Veja na Tabela 36 um exemplo de plano de vendas.
Pela simplicidade de elaboração e pela sua utilidade, esse relatório é valioso, pois mostra se o
restaurante está gerando lucro e qual o seu montante, e se esse lucro está de acordo com a
expectativa dos sócios. Mostra também a porcentagem que cada item representa no total do
faturamento, a qual deve ser acompanhada mês a mês. Isso ajuda a identificar distorções e erros na
apropriação dos custos, bem como a acompanhar o comportamento dos custos e das despesas
fixas, que costumam causar surpresas desagradáveis quando não são acompanhados. Custos e
despesas fixas estáveis geram o que se chama de alavancagem operacional. Observe na Tabela 37
que um aumento de 10% nas vendas ocasionou um aumento de 25,6% no resultado operacional, ou
seja, um aumento nas vendas ocasionou um aumento mais que proporcional no lucro; isso é
alavancagem operacional. Aconteceu porque os custos e as despesas fixas foram utilizados para
potencializar o efeito do aumento das vendas sobre o lucro do restaurante, e o restaurante foi
competente para, com os mesmos custos e despesas fixas, faturar mais. Esse conceito é importante,
pois sempre é um bom exercício tentar aumentar o faturamento, introduzindo novos serviços,
produtos ou atitudes que façam os clientes comprarem mais sem que o restaurante precise gastar
mais.
A DRE poderá ser elaborada por produto, o que expressará com mais realidade o resultado
obtido. Veja o exemplo na Tabela 38, que apresenta com detalhes o mês 2 da Tabela 37.
Nessa DRE foram incluídos a quantidade de produtos fabricados e o preço médio de venda,
informações importantes para a comparação com DREs de outros meses.
Também está incluída a margem de contribuição por produto, o que mostra como cada um deles
contribui para pagar os custos fixos e gerar o lucro. Na DRE do exemplo, observa-se que o produto
C, por apresentar uma margem de contribuição quase 50% maior que a do produto B e mais do que
o dobro que a do produto A, responderá positivamente a um esforço de venda em benefício do
resultado operacional.
A coluna de porcentagem exprime a relação de alguns itens com o faturamento total, o que é de
muita utilidade para, por exemplo, visualizar o comportamento mês a mês do resultado operacional
em relação ao faturamento.
Essas análises ajudam a administrar o restaurante, pois são indicadoras de possíveis
problemas.
A DRE também pode ser feita na forma contábil ou vertical, que tem a forma da Tabela 39.
A taxa de risco é o risco total estimado para o negócio e engloba, na verdade, a soma de dois
riscos:
O risco conjuntural é inevitável. É imposto aos negócios pelo sistema político, econômico e
social do país. Atinge todos os negócios simultaneamente e pode ser considerado como o risco-país,
sobre o qual tanto ouvimos nos noticiários econômicos. Esse risco manifesta-se como uma
sobretaxa que remunera o investidor pela probabilidade de não receber o dinheiro investido no país,
acrescido dos juros prometidos. Ele é calculado por agências de classificação de riscos e bancos de
investimentos. O risco-país expressa-se em pontos básicos e sua conversão é simples: cada 100
pontos equivalem a uma sobretaxa de 1%. Se o risco-país vale 300 pontos, então o risco conjuntural
equivale a 3% e assim por diante.
O risco próprio é o risco intrínseco do negócio. Depende, fundamentalmente, da administração
do negócio e do setor em que a empresa atua. É mais difícil de estimar e não será apresentado aqui,
pois exige conhecimentos que fogem ao escopo deste livro. Em todo caso, esse risco pode ser
quantificado, de maneira prática, somando-se uma porcentagem à taxa de retorno mínima exigida.
Essa porcentagem pode variar de acordo com o sentimento do investidor, mas deve ser compatível
com aquilo que o mercado determina como aceitável para o retorno de um negócio.
As empresas americanas só aceitam discutir um projeto se houver uma taxa de retorno mínima
de 20% ao ano. No Brasil, essas taxas estão em torno de 30% ao ano. Nesses números estão
incluídos a taxa livre de risco e o risco total.
Para compreender melhor, acompanhe o seguinte raciocínio: a Selic está em 14% ao ano; a
inflação, em torno de 5% ao ano; e o risco-país, em torno de 3% ao ano. Se o risco do negócio for
estimado em 5% ao ano, o investidor deverá eleger uma TIR de 27% ao ano. Se o investidor preferir
uma TIR de 30% ao ano, ele escolherá uma taxa de risco de 8%, considerada alta para os negócios
que são conduzidos profissionalmente. Uma taxa de retorno de 30% ao ano pode ser boa para um
investidor conservador e menos afeito ao risco, ou pode mesmo ser baixa se o dono do negócio não
tiver qualquer experiência nem for um empreendedor dinâmico e capaz de vencer grandes desafios.
VALOR DO INVESTIMENTO
De maneira fácil, pode-se considerar o investimento total como sendo o patrimônio líquido (PL)
somado ao exigível a longo prazo (ELP). O PL representa o capital próprio somado aos lucros
retidos. O ELP representa os empréstimos a longo prazo assumidos pela empresa. É considerado
longo prazo todo empréstimo com mais de um ano para pagamento. Esses valores encontram-se no
balanço da empresa.
O valor do investimento engloba todos os gastos realizados pelo investidor, desde o início do
projeto até o dia em que o bar ou o restaurante entrou em operação. Devem-se considerar, inclusive,
os gastos com o treinamento dos colaboradores.
LIMITE PARA AS DESPESAS FIXAS
Com as informações abordadas ao longo deste capítulo, já se pode calcular um limite para as
despesas fixas, uma conta importante a ser feita e que orienta o dono do restaurante na estruturação
do seu negócio.
Considere como exemplo um restaurante que fez um investimento de R$ 110.000,00. Os sócios
consideraram como um bom retorno ganhar 34% ao ano sobre o capital investido, pois a taxa Selic
está em torno de 15% ao ano, há uma previsão de inflação de 5% ao ano, o risco-país está em 4%,
e o risco do negócio foi avaliado em 10%. Assim, 15% + 5% + 4% +10% somam 34%. Estima-se que
as despesas variáveis da venda estão em 15,60%, pois o restaurante fez opção pelo Simples
Nacional e estará na alíquota de 7,60%; pagará 5% de comissão sobre as vendas; e investirá 3% do
faturamento em propaganda. Qual seria o limite para a despesa fixa do negócio? Considere o custo
variável de produção ou (CMV) igual a 30% do faturamento.
Como se quer calcular o limite mensal para a despesa fixa, precisa-se determinar a taxa
equivalente ao mês para a taxa de 34% ao ano, escolhida como retorno sobre o capital investido.
Como esse cálculo não faz parte do escopo desse livro, pode-se consultar um contador, para quem
esse assunto é familiar. No anexo, há um modelo, em Excel, para se calcular taxas equivalentes. A
taxa equivalente a 34% a.a. é 2,469% a.m., taxas efetivas ou reais. Logo o dono do restaurante
espera poder remunerar seu capital em:
Numa DRE pode-se calcular um limite para as despesas fixas, como se vê na Tabela 40.
O contador definiu, portanto, que uma taxa interna de retorno (TIR) de 25% ao ano seria um
bom retorno, o que equivale a uma taxa efetiva de 1,88% ao mês. Ele apresentou uma DRE ao dono
da creperia, conforme a Tabela 41.
Na primeira coluna, serão colocados os nomes dos produtos e é necessário que a mesma
sequência seja mantida na tabela azul-turquesa, pois os cálculos exigem essa condição. Por isso
aquelas células estão interligadas com as desta área. Isso significa que, quando for digitado o nome
de qualquer produto na Área 1, ele aparecerá na célula correspondente da Área 3. Caso seja
necessário aumentar o número de linhas da tabela para incluir mais produtos, isso será uma tarefa
fácil para quem usa Excel. Observe que na coluna Mix de venda há células que apresentam os totais
do mix por grupo de alimentos: entradas, pratos principais, sobremesas e bebidas. Os números
nessas células estão em vermelho e facilitam a análise do restaurante em termos da importância
relativa desses valores. No final da coluna de Mix de venda há uma célula que totaliza as somas dos
diversos grupos e que, obrigatoriamente, precisa ser igual a 100%.
O custo unitário variável de produção é calculado na ficha técnica. Lembre-se de que o exercício
de simulação aqui apresentado é realizado pelo custeio direto, no qual os custos fixos não são
rateados entre os produtos. Quando introduzidos na tabela, os custos unitários variáveis não devem
ser alterados, a não ser por uma verdadeira mudança neles, de forma que as alterações que o
simulador quiser processar, com base na sua sensibilidade ou em algum cenário criado, poderão ser
contempladas na coluna vizinha (Incremento). Esse procedimento permitirá que permaneça a
informação do custo unitário atual, já introduzida na tabela, durante todo o exercício de simulação.
Por exemplo: se o simulador alterar o custo de um produto em 30%, diretamente na coluna de custo,
devido à probabilidade de escassez de alguns insumos utilizados na preparação daquele prato, ele
não disporá mais daquela informação quando quiser retornar para uma nova simulação. O correto é
colocar apenas os 30% na coluna Incremento.
A mesma observação é válida para a coluna Preço de venda bruto, cujas variações deverão ser
feitas na coluna Incremento. Nesse caso, há ainda a coluna Preço final, que contempla a alteração
exercida. Essa coluna é importante para que o simulador tenha noção do novo preço de venda
simulado, pois há sempre uma noção dele no mercado, o que não acontece com o custo.
Ainda com relação ao Incremento, no topo da tabela é possível optar pelo tipo de incremento
que se quer adotar na simulação. Se o desejo é incrementar o preço de alguns itens ou de todos os
itens, mas com incrementos variados, o número 1 deverá ser digitado na célula G2, e o incremento
para cada produto, na sua célula correspondente, na coluna G. No entanto, se o desejo é simular um
aumento geral e igual para todos os itens do cardápio, o número 2 deverá ser digitado na célula G2
e, em seguida, deverá ser digitado na célula H2 o valor do incremento que será dado, igualmente, a
todos os produtos.
No espaço reservado às Variáveis da operação do negócio, há um conjunto de informações
importantes que proporciona uma simulação rica do comportamento do restaurante. Entre elas estão
o investimento gasto na construção, a montagem do restaurante e o valor residual desse
investimento no final de cada um dos quatro horizontes de planejamento, (24, 36, 48 e 60 meses). O
valor residual é o montante pelo qual o dono do restaurante venderia todo o investimento se ele
desistisse de operar. Como é de praxe e mais fácil de estimar, o valor residual é informado em
porcentagem do investimento. Também se encontram nesse espaço o número de dias de
funcionamento por mês e o número de turnos e de assentos disponibilizados nas mesas. O tíquete
médio (TKT médio) e a rotatividade típica, que aparecem ali, ainda não foram abordados até agora e
estão explicados no capítulo seguinte, dedicado ao planejamento do lucro. O valor do tíquete médio
está muito ligado ao tipo do restaurante. Um restaurante luxuoso certamente apresentará valores
maiores para seus tíquetes médios. A sensibilidade do dono do restaurante com o seu negócio
auxilia a estimativa do valor de um tíquete médio. Ouvir o mercado é outra forma de aferir uma
estimativa.
Ao se digitar o valor para a rotatividade típica do restaurante, aparecerá a sua classificação na
célula ao lado. Este valor deverá ser comparado com a rotatividade de assentos calculada na Área 5,
que exprime a realidade da operação. Também estão ali o custo fixo e o faturamento mensal, além
das variáveis que definem o risco do negócio: a taxa Selic, a inflação e o risco-país. Para facilitar as
seguidas simulações que sempre são realizadas quando se está analisando a sensibilidade do
resultado da operação do restaurante, algumas dessas variáveis dispõem da janela de incremento
para facilitar este exercício, permitindo manter o valor inicial escolhido inalterado na sua célula.
Algumas células nessa área estão em verde. Os valores dessas células virão da Tabela 50 –
Informações complementares, que reúne informações relacionadas à estrutura física, financeira e
fiscal do negócio e, por isso, estão em uma mesma tabela, para facilitar alterações que se pretenda
considerar.
Nesse espaço, devem ser informados, em porcentagem, todos os custos variáveis que incidem
sobre a venda. Por exemplo, se o dono do restaurante decidir destinar 1% de suas vendas a uma
causa social, essa informação é um custo variável da venda. É necessário conversar com o contador
para que os impostos e contribuições pagos sobre a venda estejam de acordo com o regime de
tributação no qual o restaurante se enquadra. Por exemplo, se o restaurante fez a opção pelo
Simples Nacional, precisa avisar o contador. A soma de todos esses custos influenciará diretamente
o cálculo da margem de contribuição de cada produto, mostrado na Área 3.
As células em amarelo estão interligadas com a Tabela 50, que reúne, também, as Despesas
variáveis sobre a venda.
Nessa área, nenhuma informação precisa ser digitada. A Área 3 é só para ser observada. Nela
são calculadas as margens de contribuição de cada produto, que vai indicar o potencial de cada um
na formação do lucro e no pagamento dos custos fixos. Essa informação é muito relevante. O dono
do restaurante poderá reformular a receita do produto se a sua margem de contribuição for pequena
ou mesmo, se for o caso, tirá-lo do cardápio; poderá também orientar melhor as campanhas de
venda para lucrar mais, organizar promoções, etc. A tabela exibe também o cálculo do ponto de
equilíbrio em termos do faturamento total do restaurante e como ele será formado, com a
contribuição de cada produto, em função do mix informado na Área 1. Essas são informações
verdadeiramente importantes para o gerenciamento do lucro do restaurante.
Como na Área 3, esse espaço é só para ser observado. Exibirá como o faturamento será
formado levando em conta o faturamento mensal, o mix de produto e o preço de cada item, todos
informados na Área 1.
O faturamento mensal do restaurante é uma informação decisiva. Uma vez inserida na tabela,
na Área 1, onde estão as variáveis da operação do negócio, obtém-se o volume de venda por mês e
por dia para cada produto. Assim, o dono do restaurante adquire uma noção mais detalhada da
operação, inclusive sobre a estrutura de pessoal e equipamentos para atender a demanda calculada
na tabela.
Exemplo 1
Resposta:
Abra uma cópia da tabela de simulação e proteja-a, mesmo sem digitar um nome para a senha,
(recurso do Excel). Dê entrada às informações iniciais que o empreendedor conseguiu, todas na
Área 1. Com os dados na tabela de simulação, observa-se, no quadro Resultado da operação, que a
Rotatividade de assentos é de 3,91. Isto significa que, durante os dezesseis dias do mês, cada mesa
com suas cadeiras terá que ser ocupada quase 4 vezes no turno. Em condições normais é um valor
muito alto. Cabe então ao simulador tentar melhorar esse quadro. Suponha que ele considera 2,0 um
bom número para a rotatividade. Cinco variáveis in fluenciam a rotatividade: dias de funcionamento,
número de turnos e de assentos, tíquete médio e faturamento.
De saída, o simulador não pensou em aumentar o número de dias de operação nem o de
turnos, pois acha que o movimento não se justificaria. Diminuir o faturamento para baixar a
rotatividade nunca é uma boa ideia, pensou. Assim, somente duas variáveis deveriam ser simuladas:
e o simulador alterou o número de assentos para 60, adicionando mais cinco mesas no bar e
considerou um valor de R$ 25,00 para o tíquete médio. Mude essas informações na tabela e veja
que a rotatividade diminuiu para 2,08. Suponha que se quer obter exatamente 2,00 para a
rotatividade. Use a função Atingir Meta do Excel, (Dados – teste de hipóteses – Atingir metas).
Ao abrir a janela do teste de hipóteses, defina a célula, clicando no valor 2,08, e observe que na
janela aparecerá a célula K44. Registre o valor pretendido de 2,0 logo abaixo. Desloque o cursor
para Alternando célula e clique na variável que vai ser simulada. Se a escolha for o tíquete médio, ao
confirmar com ok o novo valor dessa variável será 26. Se a escolha recair no número de assentos, o
novo valor será de 62. Considere a primeira opção para continuar com o exemplo. Registre a
Rotatividade típica como sendo 2,0.
Observe que agora o faturamento potencial foi calculado e o alerta mostra que o faturamento
escolhido está acima dele. Apesar de ser uma pequena diferença, é bom corrigi-la, o que pode ser
feito com um pequeno ajuste na rotatividade típica. Veja que alterando a rotatividade de 2,00 para
2,004 a discrepância desapareceu. Dessa forma o simulador vai dando valores às variáveis e
tentando alcançar uma posição que lhe seja conveniente. Observe a classificação do bar. Divergem
um pouco, pois pela rotatividade, o bar pode ser familiar ou moderado, enquanto pelo tíquete médio,
firma-se como familiar. Mas há uma superposição onde eles convergem. Quando os valores estão
próximos, não se faz necessário gastar tempo para deixar tudo perfeito. Agora, introduza o cardápio
do bar na Área 1, conforme a sugestão a seguir:
Cardápio:
Produtos Mix de Venda Custo Unit. Vari. Prod. Pr. Venda Bruto
1. Entradas % R$ R$
Isca de Peixe 2,50% 5,000 12,00
Pastéis (6 unidades) 4,00% 4,000 10,00
Camarão ao alho e óleo 5,00% 8,000 18,00
Caldinho 7,50% 1,000 4,00
Arrumadinho 6,50% 5,000 12,00
2. Pratos Principais
Filé-mignom grelhado 3,35% 8,000 16,00
Camarão ao molho de tomate 3,25% 7,000 18,00
Peixe à delícia 2,00% 7,500 16,00
Espaguete à bolognesa 3,90% 5,500 14,00
3. Sobremesas
Cocada 0,50% 1,00 3,00
Abacaxi grelhado c/sorvete 0,50% 2,50 5,00
Sorvete — Bola 1,00% 1,00 3,00
4. Bebidas
Refrigerantes 15,00% 0,98 3,00
Produtos Mix de Venda Custo Unit. Vari. Prod. Pr. Venda Bruto
Cervejas 24,00% 1,80 3,50
Whisky Nac. 3,00% 1,60 6,00
Whisky Importado 6,00% 3,50 8,00
Caipirinha 2,00% 2,50 6,00
Caipirosca 3,00% 2,50 6,00
Água Mineral 7,00% 0,70 2,50
100,00%
Exemplo 2
Exemplo 3
O dono do bar fez uma pesquisa no mercado e verificou que seus preços permitem um
incremento de 10% sem trazer riscos de diminuir a clientela.
Utilizando a tabela final do exemplo anterior, veja o que acontece com a lucratividade.
Incremente os preços de todos os itens do cardápio em 10%, utilizando a coluna F. Observe que o
ponto de equilíbrio será atingido agora com um faturamento menor e igual a R$ 47.866,41, com
reflexos na TIR, que passa para 81,74% em 24 meses. Isso possibilitará investir mais, aumentar o
custo fixo, tudo no sentido de aumentar, ainda mais, a lucratividade.
Exemplo 4
Que metas o dono do bar poderia eleger para aumentar o negócio? Usando a tabela final do
Exemplo 3, digite nas células J27 e J28 os valores das células L27 e L28, respectivamente, e zere o
valor do incremento nas células K27 e K28. Sem ultrapassar o potencial de faturar do bar, aumente o
faturamento na célula de incremento e veja que 9,5% seria um valor bom. Usando o Atingir metas do
Excel pode-se chegar a 9,989%, mas na prática vamos considerar 9,5%. Observe que a TIR sobe
bastante, o que permite o restaurante aumentar seu custo fixo em até 22,4%, se for necessário. Use
o Atingir metas. Esse incremento permite aumentar pessoal, investir em divulgação, aumentar pró-
labore, etc. Os novos parâmetros permitem traçar novas metas de crescimento.
O exercício de simulação, quando feito com frequência, permite identificar a sensibilidade com
que varia o resultado desejado a partir de valores assumidos pelas variáveis, despertando a atenção
que se deve dar a cada uma delas. Ouvir pessoas experientes, conversar com os concorrentes e
trocar ideias com fornecedores é um caminho exitoso e complementar para aumentar as chances de
acertar.
CONSTRUINDO CENÁRIOS
A construção de cenários também pode ajudar no uso da tabela de simulação, pois o cenário é
uma tomada de posição relativa às variáveis que afetam o negócio; vão desde variáveis passíveis de
controle, que podem assumir valores numéricos, até posicionamentos subjetivos, como a influência
de decisões econômicas e políticas em qualquer esfera, que poderão influenciar os resultados do
negócio.
Um exemplo muito comum acontece com pequenos restaurantes localizados às margens de
rodovias movimentadas que, ao serem duplicadas, dificultam ou mesmo impedem o acesso dos
clientes motorizados ao restaurante. A construção de um viaduto, por exemplo, nas imediações de
um restaurante poderá acarretar uma queda grande no faturamento. Leis locais poderão provocar
transtornos incalculáveis a um negócio. A possibilidade de crescimento do país em taxas elevadas
deverá provocar o aumento do tíquete médio do restaurante. A implantação de um polo industrial
num estado, como o de petróleo no estado do Espírito Santo, trouxe um aumento na rotatividade dos
restaurantes na cidade de Vitória, com o consequente aumento do valor do tíquete médio.
A infraestrutura local e a logística poderão ensejar cenários bastante diversos a respeito da
maneira como se visualizam os efeitos sobre o custo de obtenção dos insumos, inclusive quando se
torna possível dispor de certos tipos de insumos antes inacessíveis. É o caso do Joe & Leo’s, no Rio
de Janeiro, que vem sendo considerado, por anos seguidos, o melhor restaurante de hambúrgueres
do Brasil. O Joe & Leo’s lançou o primeiro hambúrguer de carne de Kobe no país. A carne de Kobe,
produzida na cidade de mesmo nome, no Japão, é uma carne de altíssima qualidade e maciez
obtida através de um rígido processo de criação do gado. A logística para suprir esse insumo
permitiu ao Joe & Leo’s consolidar ainda mais o nome do restaurante, que é referência no Brasil,
certamente, com reflexos positivos no resultado operacional.
O restaurante de comida regional Mangai – sediado na cidade de João Pessoa, na Paraíba, e
com filiais em Natal, no Rio Grande do Norte, e em Brasília – desenvolveu plantação própria de
todas as verduras e legumes utilizados no restaurante. Ao elaborar um cenário para o período logo
após o início da primeira colheita, considerou os reflexos dos custos de obtenção daqueles insumos
nos custos de produção dos seus produtos.
O importante na construção de cenários é tentar prever o que poderá alterar os rumos do
negócio, tanto com relação a oportunidades quanto a ameaças. É fundamental dar consistência aos
dados, discutindo com pessoas do ramo, atualizando-se em boas fontes de informações,
contratando especialistas, etc. Em seguida, é necessário fazer um resumo das informações colhidas
e submetê-las à simulação, analisando os valores numéricos obtidos e ponderando esses resultados
com os outros fatores subjetivos identificados nos cenários.
Vejamos exemplos de questões que podem ser discutidas na preparação de um cenário.
O que aconteceria se, de repente, um concorrente, oferecendo promoções, começasse a pôr em risco
os produtos de maior margem de contribuição? São esses os produtos que mais causam cobiça na
concorrência. Portanto, conhecer o ambiente externo e se preocupar com ele é uma tarefa
importantíssima.
Como o mercado receberia um aumento de preços dos produtos ou a entrada de um produto novo?
Que tal tentar criar barreiras com objetivo de impedir a entrada ou o crescimento dos concorrentes?
Essas barreiras seriam criadas com a redução dos preços e por consequência da rentabilidade? Ou
com a criação de produtos mais baratos que agissem no sentido de trazer mais clientes ao restaurante
e permitissem, pelo acréscimo de faturamento, pagar mais fácil os gastos fixos? Essas questões
começam e terminam no mercado, onde estão os clientes e os concorrentes.
E por que não criar, além de produtos baratos, produtos mais caros, para se contraporem à entrada dos
produtos mais baratos, uns agindo na base e os outros no topo da pirâmide de contribuição? A adoção
de medidas nessa direção exige, necessariamente, uma aferição do mercado.
A automação das ordens dos clientes, com o uso de palm tops seria um fator de redução de custos e
aumento do faturamento?
Se algumas das indagações têm chances de acontecer, elas precisam estar numericamente
refletidas nos custos e nos preços. Outras que não podem ser convertidas em números deverão
alimentar a discussão estratégica para a tomada de decisão.
A certeza é de que há uma realidade além dos números. São variáveis intangíveis, que podem
afetar o negócio de forma positiva ou torná-lo inviável. Dessa maneira, a criatividade precisa ser
exercida e estimulada entre todos os colaboradores, ao passo que seus frutos devem ser
reconhecidos. Ideias que provoquem pequenos ganhos de produtividade e redução dos desperdícios
poderão garantir posição privilegiada num mercado cada dia mais exigente em qualidade e amante
de preços baixos.
PLANEJANDO PARA O LUCRO
A IMPORTÂNCIA DO CARDÁPIO
O cardápio é uma peça de extraordinária importância para o sucesso do restaurante. Basta
pensar que todo cliente, ao entrar no restaurante, solicita imediatamente o cardápio. Ele deve
transmitir para o cliente o propósito da casa, deve informar se é uma sanduicheria, um fast-food, um
self-service, um restaurante típico, uma cantina italiana, um restaurante clássico, etc. Imagine se o
cardápio estiver descasado de seu propósito. Isso fará o cliente assumir uma posição de
desconfiança, o que não é desejável. O cardápio é algo difícil de elaborar, e muitos donos de
restaurante não se dão conta disso. Planejar um cardápio exige conhecimentos culinários para expor
o que oferecem os pratos, tanto quanto combinar as entradas com os pratos principais, com as
sobremesas e com as bebidas. Oferecer um prato assado na entrada e outro assado como principal
não está correto. Quem elabora um cardápio precisa conhecer o público que vai atender. Observar
idade, sexo, ocupação, poder aquisitivo, hábitos. Um cardápio não é eterno. Precisa ser renovado
com frequência e contemplar a sazonalidade de alguns insumos como caça, frutos do mar, frutas e
legumes, etc. O cliente sente a preocupação do restaurante em oferecer novidades, e isso faz
grande diferença. Outro cuidado está na descrição dos pratos e nos nomes que lhes são atribuídos.
O cliente não é obrigado a descobrir ou a adivinhar de que é feito o prato pelo nome que ele tem. Se
necessitar colocar em outro idioma, deve-se ser cuidadoso com a tradução. Outro ponto
importantíssimo é o projeto gráfico e o material de que o cardápio é feito.
Enfim, o cardápio é uma peça de marketing que merece total atenção. Há pessoas
especializadas nessa área, que devem ser contratadas se o dono do restaurante não se sentir
capacitado para elaborar um cardápio adequado.
PESQUISAS E ESTUDOS DE MERCADO
Uma atenção especial deve ser dada às pesquisas e estudos de mercado. Há empresas
especializadas no ramo que podem medir e avaliar o posicionamento do restaurante no mercado,
com informações bastante úteis e pertinentes. Muitas vezes, essas pesquisas custam caro, o que
inibe a preocupação dos donos de restaurante, que se esquecem dela para sempre. No entanto, isso
não deve acontecer, mesmo porque algumas pesquisas poderão ser realizadas pelo próprio dono do
restaurante, sem nenhum custo.
PESQUISAS SIMPLES
Um formulário com perguntas benfeitas e claras poderá ser utilizado para avaliar o serviço do
restaurante, assim como poderá indagar a respeito do que o cliente não gosta ou do que ele mais
gosta no restaurante. O formulário poderá ser distribuído a todos os clientes, ou ser dirigido,
aleatoriamente, a uma amostra desses clientes, que podem, inclusive, ser premiados por
responderem às questões, com uma sobremesa, por exemplo. Esses formulários também poderão
ser enviados, de forma organizada, para a residência dos clientes e resgatados após alguns dias.
Independentemente da forma como a pesquisa tenha sido feita, o importante é elaborar um relatório
de resultados e não deixar que os formulários preenchidos fiquem sem o tratamento adequado. É
sempre salutar que toda pesquisa tenha um planejamento prévio que defina o período de sua
duração; as indagações que o restaurante deseja fazer aos clientes e os motivos dessas
indagações; a equipe que cuidará de tratar os dados recolhidos. Isso é muito importante,
principalmente se a pesquisa não for administrada por terceiros, pois evitará que as respostas dos
clientes fiquem relegadas, e a pesquisa tenha servido apenas para aumentar os custos fixos e
chatear os clientes. É recomendável que seja feita uma pequena reunião com as diversas áreas do
restaurante, para que se discuta sobre a pesquisa e se elejam as perguntas a serem feitas.
BLIND-TEST
Algumas pesquisas mais complexas também podem ser feitas pelo próprio restaurante para
avaliar a qualidade de um produto novo. Nesse caso, o dono do restaurante pode realizar uma
pesquisa do tipo blind-test. Veja a seguir como funciona esse tipo de pesquisa.
Convida-se um grupo de clientes do restaurante (seis a dez), de categorias profissionais diferentes ou
de poder aquisitivo distintos para opinarem sobre o novo produto.
Oferece-se transporte de ida e volta para o teste, que deve ser realizado fora do horário de
funcionamento comercial.
Providencia-se a compra dos produtos concorrentes em quantidade suficiente para a degustação dos
dez clientes.
Elabora-se o produto novo para os clientes degustarem.
A degustação deve ser feita numa sala especialmente preparada. Veja o exemplo na Figura 1.
Os degustadores devem usar crachás com seus nomes, a fim de serem facilmente identificados.
Os produtos a serem degustados devem ser distribuídos sobre a mesa e identificados apenas com um
número. Os degustadores não deverão ser informados a respeito de nenhum dos produtos testados,
mesmo depois de terminado o teste.
O chef, ou o dono do restaurante, deverá coordenar a sessão de degustação ou indicar alguém com
gabarito para fazê-lo.
Uma ou duas pessoas, de bom nível, deverão anotar tudo o que for dito pelos degustadores, sem
contudo dirigirem a palavra a eles.
Um pequeno ambiente separado da sala do teste por um vidro espelhado, onde o chef ou o dono do
restaurante, a nutricionista ou uma psicóloga possam observar o teste sem serem vistos pelos
degustadores, é conveniente, mas se isso for difícil de providenciar, não desanime: esqueça-os.
Elabora-se um pequeno questionário, de fácil entendimento, com perguntas que possibilitem aos
participantes avaliarem os principais atributos dos produtos. Ver exemplo na Tabela 43.
O coordenador deverá iniciar a reunião agradecendo a participação dos clientes e explicando como
será o teste, a fim de deixá-los descontraídos. Em seguida, deve solicitar que, dentro de uma ordem
determinada, provem os produtos apresentados, quantas vezes quiserem e alternadamente, de modo
que possam dar notas aos atributos já definidos para o teste pelo coordenador. Para cada atributo
solicita-se que os participantes deem as notas e comentem o que acharem necessário, de forma que o
teste possa ser conclusivo sobre o posicionamento do novo produto perante a concorrência.
Na sala de degustação, devem permanecer somente o coordenador e a pessoa responsável por anotar
os comentários expressos pelos degustadores.
A degustação deve ser encerrada com um agradecimento pela participação e com a distribuição de um
presente para cada degustador, pela cooperação.
Imediatamente após o teste, deve-se elaborar um relatório com os detalhes observados e com as
sugestões de melhoria para o produto novo, se for o caso.
Realiza-se, finalmente, uma reunião de avaliação com as pessoas envolvidas, principalmente o chef, e
aprova-se o produto novo ou elabora-se um plano de ação para corrigir pontos considerados
importantes. Outros testes poderão ser realizados até que o produto atinja o nível desejado.
Se o produto for destinado a um público mirim, o recrutamento fica muito fácil, e pode ser feito nas
escolas. Para isso, sugere-se às professoras uma visita dos alunos à cozinha do restaurante após o
teste. As professoras normalmente utilizam esse tipo de visita como exercício para os alunos. Nesse
caso, as professoras também devem receber um presente.
Figura 1 Exemplo de sala para teste de degustação
C - Coordenador da Degustação
D - Degustadores
A - Auxiliares do Coordenador
O teste poderá agregar outras perguntas, com ou sem notas, para aproveitar a ocasião e
indagar aos degustadores sobre outras questões que sejam importantes.
Alguns cuidados precisam ser tomados com relação ao teste. Os produtos da concorrência
precisam ter o mesmo tratamento do produto da casa ou vice-versa. Se o teste é com pizza, por
exemplo, a logística de trazer as pizzas para o teste é fundamental. Se as pizzas concorrentes
vierem pelo delivery, o teste já as pôs em grande desvantagem. Várias pessoas devem ser
convocadas para cuidarem, de forma cronometrada, do transporte das pizzas. A pizza da casa
também precisa ter, aproximadamente, o mesmo tempo de preparo das demais. Se as pizzas
concorrentes forem reaquecidas, a da casa também precisará ser. A criatividade é o limite para fazer
um teste seguro e justo. No caso de uma sobremesa, esse problema de logística inexiste.
A PÓS-VENDA
O trabalho de um restaurante não termina quando o cliente paga a conta e vai embora. Uma
grande arma da venda é a pós-venda, que cumpre dois grandes objetivos: primeiro, indagar sobre a
satisfação do cliente com o serviço prestado, para corrigir eventuais falhas e, em segundo lugar,
encantar o cliente com uma atenção que ele não está acostumado a receber.
A arguição ao cliente deve ser feita por telefone e, por isso, precisa ser curta e objetiva. Pode,
inclusive, estar escrita para evitar erros. Deve haver uma folha impressa para receber as
informações colhidas do cliente para que não haja necessidade de elaborar um relatório. Ver
sugestão na Tabela 44.
Diariamente, pelo menos, dois ou três clientes deveriam ser contatados, e suas observações
comentadas com os colaboradores antes de se iniciar o turno seguinte, de forma que, se há algo
errado, as providências possam ser tomadas com diligência.
Num restaurante, diferentemente de uma loja de venda de passagens aéreas, por exemplo, não
há a facilidade de se dispor do número do telefone do cliente, mas isso poderá ser feito de forma
inteligente. Na hora do pagamento da conta, o garçom, ou o caixa, poderá colher essa informação
explicando que é para a pós-venda; ou o restaurante pode dispor de um pequeno formulário onde,
de maneira sutil, consiga a atenção do cliente para registrar o número do seu telefone. Nos casos de
serviço de entrega, a pós-venda é totalmente possível e recomendável. Na Tabela 44, segue um
exemplo de relatório de pós-venda.
Algumas empresas fazem o serviço de pós-venda de forma mais intensa durante um período,
que pode ser de um mês e, se não há nada de preocupante, repetem o serviço a cada trimestre. Na
verdade, o bom será uma amostragem permanente para garantir a qualidade dos serviços
oferecidos. A medição é fundamental para um nível adequado de qualidade.
Suponha que o restaurante tem um tíquete médio no valor de R$ 20,00 com um custo total
variável de R$ 7,00. Qual deve ser a expectativa de vendas para esse evento supondo os custos
estimados na Tabela 46?
A segunda refere-se ao aumento do valor do tíquete médio. Supondo que a venda normal do
restaurante seja de noventa tíquetes, e que nesse dia esse número não se altere, então:
TÍQUETE MÉDIO
O tíquete médio (TM), ou couvert médio, é a média dos gastos feitos pelos clientes no
restaurante. Veja um exemplo.
O TM também deverá ser calculado separadamente, para alimentos e bebidas, pois isso fornece
maior poder de análise.
Ao analisar esses números, o dono do restaurante poderá lançar uma campanha para
incrementar o TMB que está muito baixo. Aí está a importância de calcular os TMs separadamente.
O valor do tíquete médio está muito ligado ao tipo do restaurante. Um restaurante luxuoso terá de
apresentar valores maiores de seus tíquetes médios, evidentemente. Essa variável é muito
importante para o restaurante e é sempre uma informação estratégica que deve ser colhida no
mercado.
Se um restaurante oferece trinta mesas e 110 lugares; não abre às segundas-feiras; atende para
o almoço e para o jantar; no último mês registrou uma frequência de 7.500 clientes com um tíquete
médio de R$ 20,00, qual é a sua disponibilidade total?
ROTATIVIDADE DE ASSENTOS
A rotatividade de assentos (RA) mede a rotatividade de pessoas por assento em relação à
disponibilidade total em determinado período.
Esses valores podem variar, dependendo da região onde está o restaurante. Enquadrar o seu
restaurante nessa tabela é, de qualquer forma, uma maneira de classificá-lo, inclusive como
informação para o planejamento.
FATURAMENTO POTENCIAL DO RESTAURANTE
O faturamento potencial do restaurante a partir de um regime estabelecido em termos de tíquete
médio, disponibilidade total e rotatividade pode ser calculado assim:
Os valores dessa tabela são orientativos e permitem comparar esse parâmetro do restaurante
com os valores de mercado.
INFORMAÇOES COMPLEMENTARES
Com a finalidade de facilitar as informações para o custo, a Tabela 50, a seguir, reúne dados
relativos à estrutura do empreendimento, como o valor do investimento total realizado e seus valores
residuais (já explicados no tópico “Análise pela margem de contribuição e simulação do resultado”),
dias de operação no mês, número de turnos, quantidade de assentos disponíveis para clientes e a
rotatividade típica que o dono do bar ou do restaurante define, em sua formatação inicial. Inclui
também informações sobre as despesas variáveis que incidem sobre a venda, como os impostos; as
despesas de marketing; as despesas com cartões de crédito, expressas em uma percentagem
média sobre as vendas totais, porque há vendas à vista; comissão paga à equipe e perdas que não
foram incluídas no cálculo do custo, como quebras de louça, talheres desaparecidos, etc., e que
deverão despertar o interesse do dono do negócio para criar metas de redução das mesmas. Em um
só lugar essas informações serão interligadas às outras tabelas que dela dependem. A empresa que
optar pelo SIMPLES não preencherá os valores relativos ao ICMS, PIS, CONFINS e CSLL, pois
esses impostos e contribuições já estão incluídos na alíquota do SIMPLES.
Lucro Bruto % 0,0% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0
s/Faturamento
Lucro R$ - - - - - - - - - - - - -
Operacional
Lucro % 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% #
Operacional
s/Faturamento
Risco do % 0,0%
negócio
Investimento R$ -
Mão-de-obra % 0,0%
s/o
Faturamento
Custos da % 0,0%
ocupação
s/Faturamento
Rotatividade -
dos
funcionários
Fórmula para calcular a rotatividade de pessoal:
[(N° de demissões + N° de admissões)/2] / N° de funcionário ativos (no último dia do mês anterior)
Braga, Roberto M. M.
Gestão da gastronomia : custos, formação de preços,
gerenciamento e planejamento do lucro / Roberto M. M. Braga. –
5ª ed. rev. e ampl. – São Paulo : Editora Senac São Paulo, 2019.
Bibliografia.
ISBN 978-85-396-1227-7 (impresso)
eISBN 978-85-396-1863-7 (ePub)
eISBN 978-85-396-2020-3 (PDF)
12-064s CDD-647.95
Como é esperto esse seu bebê: nem fez um ano e já vai melhorar a
alimentação da casa toda. Não acredita? Está tudo aqui, nas
páginas de Comida de Bebê: uma introdução à comida de verdade.
Com apoio de médicos e nutricionistas, Rita Lobo traz as respostas
para as dúvidas mais comuns da fase de introdução alimentar e, de
quebra, ainda ensina a família a comer com mais saúde, mais sabor
e muito mais prazer. Venha descobrir como o pê-efe, o prato feito,
essa grande instituição brasileira, vai virar o pê-efinho do bebê.