TopInvest Apostila CEA 2020 PDF
TopInvest Apostila CEA 2020 PDF
TopInvest Apostila CEA 2020 PDF
CEA
Conteúdo programático da
certificação de especialista
ANBIMA, mais conhecida
como CEA.
fev. 2020
Dica número 1:
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tudos no nosso Canal do Youtube com diversas vídeo-aulas gra-
tuítas para auxiliar o seu estudo.
dica número 2:
Além da apostila e do Youtube, nós temos os maiores Simula-
dos Gratuitos para certificações do Brasil.
Sempre que você terminar um módulo de estudos, teste seus
conhecimentos, e se precisar, revise o conteúdo que você não
acertou.
dica número 3:
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MÓDULO 2
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ECONOMIA E FINANÇAS 57
INTRODUÇÃO À ECONOMIA 58
PRODUTO INTERNO BRUTO – PIB 58
IPCA - ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO 59
IGP-M (ÍNDICE GERAL DE PREÇOS DO MERCADO) 61
TAXA DE CÂMBIO 62
COPOM 63
TAXA DE JUROS – SELIC 63
SELIC META 65
SELIC OVER 66
CDI - CERTIFICADO DE DEPÓSITO INTERBANCÁRIO 66
TR - TAXA REFERENCIAL 67
CUPOM CAMBIAL 68
POLÍTICAS MONETÁRIAS 69
SELIC META 69
OPEN MARKET (MERCADO ABERTO) 70
DEPÓSITO COMPULSÓRIO 70
OPERAÇÃO DE REDESCONTO 73
Apostila CEA
sumário
IMA - ÍNDICE DE MERCADO ANBIMA 74
IBOVESPA 75
OBJETIVO 75
ÍNDICES DE BOLSAS NO EXTERIOR 76
POLÍTICA CAMBIAL 77
RESERVAS INTERNACIONAIS 80
BALANÇA DE PAGAMENTOS 80
POLÍTICA FISCAL 82
MERCADO PRIMÁRIO X MERCADO SECUNDÁRIO 83
CONCEITOS BÁSICOS DE FINANÇAS 83
TAXA DE JUROS NOMINAL E TAXA DE JUROS REAL 84
REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO 86
CAPITALIZAÇÃO SIMPLES 86
CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA 88
CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA 90
TAXA DE JUROS PROPORCIONAL E TAXA DE JUROS EQUIVALENTE 92
FLUXO DE PAGAMENTOS 94
VALOR PRESENTE (VP) 95
VALOR FUTURO (VF) 96
TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) 96
CUSTO DE OPORTUNIDADE 96
PRAZO MÉDIO PONDERADO 97
RETORNO MÉDIO PONDERADO 99
SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO 101
SAC - SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE 102
TABELA PRICE 104
SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CRESCENTE 108
SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO AMERICANO 110
DESCONTOS 111
DESCONTO RACIONAL 112
DESCONTO BANCÁRIO 113
TAXA IMPLÍCITA DO DESCONTO POR FORA 114
Apostila CEA
sumário
MÓDULO 3
INSTRUMENTOS DE RENDA FIXA, RENDA VARIÁVEL E DERIVATIVOS 115
FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS NO BRASIL 116
INVESTIMENTOS FINANCEIROS E CENÁRIOS ECONÔMICOS 118
RENDA FIXA 119
TRIBUTAÇÃO EM RENDA FIXA 120
IOF 120
IMPOSTO DE RENDA 122
PRECIFICAÇÃO DOS ATIVOS DE RENDA FIXA 123
FLUXO DE PAGAMENTO 123
DURATION DE MACAULAY 124
PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS DE RENDA FIXA 128
YIELD TO MATURITY 129
CURRENT YIELD 131
RELAÇÃO ENTRE TAXAS DE JUROS E O PREÇO DOS TÍTULOS 132
DURATION MODIFICADA 133
RATING 135
RISCO-PAÍS 137
CROSS DEFAULT 138
FGC – FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITO 138
QUAIS INVESTIMENTOS POSSUEM A GARANTIA DO FGC? 139
CADERNETA DE POUPANÇA 139
CDB - CERTIFICADO DE DEPÓSITO BANCÁRIO 140
LETRA FINANCEIRA 141
DPGE - DEPÓSITO A PRAZO COM GARANTIA ESPECIAL 142
LCI - LETRA DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO 143
LCA - LETRA DE CRÉDITO DO AGRONEGÓCIO 145
CCI - CÉDULA DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO 146
CRI - CERTIFICADO DE RECEBÍVEL IMOBILIÁRIO 147
CRA - CERTIFICADO DE RECEBÍVEL DO AGRONEGÓCIO 148
CPR - CÉDULA DO PRODUTOR RURAL 149
CDCA - CERTIFICADO DE DIREITOS CREDITÓRIOS DO AGRONEGÓCIO 150
OPERAÇÃO COMPROMISSADA 151
CCB - CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO 152
LETRA DE CÂMBIO 153
TÍTULOS PÚBLICOS FEDERAIS 154
Apostila CEA
sumário
LTN - LETRA DO TESOURO NACIONAL 154
LFT - LETRA FINANCEIRA DO TESOURO 155
NTN-B - NOTA DO TESOURO NACIONAL SÉRIE B 156
NTN-F - NOTA DO TESOURO NACIONAL SÉRIE F 158
TESOURO DIRETO 158
TESOURO AMERICANO 159
GLOBAL BONDS 160
DEBÊNTURES 161
GARANTIA DAS DEBÊNTURES 162
ESCRITURA 163
AGENTE FIDUCIÁRIO 163
TRIBUTAÇÃO 164
DEBÊNTURES INCENTIVADAS 164
NOTAS PROMISSÓRIAS - NP 165
COE - CERTIFICADO DE OPERAÇÕES ESTRUTURADAS 166
DOCUMENTAÇÃO 167
RENDA VARIÁVEL 169
AÇÕES 170
UNDERWRITING 171
NORMAS DE CONDUTA 178
PROSPECTO 180
CONTEÚDO DA OFERTA 181
COLETA DE INTENÇÃO DE INVESTIMENTOS 183
MATERIAL PUBLICITÁRIO 184
IPO - INITIAL PUBLIC OFFERING 185
OPA- OFERTA PÚBLICA DE AQUISIÇÃO. 186
CÓDIGO ANBIMA DE REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS PARA OFERTAS
PÚBLICAS DE DISTRIBUIÇÃO E AQUISIÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS 187
SELO ANBIMA 190
TERMOS UTILIZADOS NO MERCADO DE AÇÕES 191
DIREITOS DO ACIONISTA 192
EVENTOS SOCIETÁRIOS 192
DESPESAS INCORRENTES NA NEGOCIAÇÃO 193
LIQUIDAÇÃO FÍSICA E FINANCEIRA 194
TRIBUTAÇÃO EM UMA OPERAÇÃO BUY AND HOLD / SWING TRADE 195
TRIBUTAÇÃO EM UMA OPERAÇÃO DAY TRADE 195
Apostila CEA
sumário
TRIBUTAÇÃO EM JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO 196
COMPENSAÇÃO DE PERDAS 196
GOVERNANÇA CORPORATIVA 196
RISCOS INCORRENTES NA NEGOCIAÇÃO 198
COMO ESCOLHER UMA AÇÃO 199
ANÁLISE TÉCNICA 199
ANÁLISE FUNDAMENTALISTA 200
DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE UMA AÇÃO 201
RECIBOS DE DEPÓSITOS DE AÇÕES 202
INTRODUÇÃO AO MERCADO DE DERIVATIVOS 203
MERCADO DE SWAP 205
MERCADO DE OPÇÕES 208
MERCADO A TERMO 212
MERCADO FUTURO 213
CÓDIGO ANBIMA DE REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS
PARA DISTRIBUIÇÃO DE PRODUTOS DE INVESTIMENTO 215
OBJETIVO E ABRANGÊNCIA 215
PRINCÍPIOS GERAIS DE CONDUTA 216
REGRAS, PROCEDIMENTOS E CONTROLES 217
SEGURANÇA E SIGILO DAS INFORMAÇÕES 219
GESTÃO DE RISCOS 220
PUBLICIDADE 222
MATERIAL PUBLICITÁRIO 223
MATERIAL TÉCNICO 224
AVISOS OBRIGATÓRIOS 224
REGRAS GERAIS 225
CONHEÇA SEU CLIENTE 226
SUITABILITY 227
PRIVATE 229
MÓDULO 4
FUNDOS DE INVESTIMENTO 231
INTRODUÇÃO A FUNDOS DE INVESTIMENTOS 232
REGISTRO DOS FUNDOS 235
DOCUMENTOS DOS FUNDOS 236
SEGREGAÇÃO ENTRE GESTÃO DE RECURSOS PRÓPRIOS E DE TERCEIROS 237
Apostila CEA
sumário
PROPRIEDADE DOS ATIVOS DE FUNDOS DE INVESTIMENTOS 238
COTA 238
CESSÃO E TRANSFERÊNCIA DE COTAS 238
TIPOS DE FUNDOS 239
DINÂMICAS DE APLICAÇÃO E RESGATE 242
COTA DE ABERTURA 243
COTA DE FECHAMENTO 243
MARCAÇÃO A MERCADO (APREÇAMENTO DE ATIVOS) 243
PRAZO PARA COTIZAÇÃO E DESCOTIZAÇÃO 245
ATOS (OU FATOS) RELEVANTES 248
ASSEMBLEIA GERAL DE COTISTAS 248
CONVOCAÇÃO DA ASSEMBLÉIA 249
SEGREGAÇÃO DE FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES NOS FUNDOS 250
DIREITOS DOS COTISTAS 253
DESPESAS EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS 255
POLÍTICAS DE INVESTIMENTOS 256
CLASSIFICAÇÃO CVM 257
FUNDOS DE RENDA FIXA 257
CLASSIFICAÇÃO ANBIMA 260
LIMITES DE CONCENTRAÇÃO POR EMISSOR 271
LIMITES DE CONCENTRAÇÃO POR MODALIDADE 271
TRIBUTAÇÃO 272
TABELA REGRESSIVA 273
INFORMAÇÕES IMPORTANTES: 274
IOF 274
COMPENSAÇÃO DE PERDAS 274
CÓDIGO ANBIMA DE REGULAÇÃO E MELHORES
PRÁTICAS PARA ADMINISTRAÇÃO E RECURSOS DE TERCEIROS 275
PRINCÍPIOS GERAIS DE CONDUTA 276
REGRAS PROCEDIMENTOS E CONTROLES 278
SEGREGAÇÃO DE ATIVIDADES 280
SEGURANÇA E SIGILO DAS INFORMAÇÕES 281
ADMINISTRAÇÃO FIDUCIÁRIA 281
OBRIGAÇÕES GERAIS DO ADMINISTRADOR FIDUCIÁRIO 282
GESTÃO DE RECURSOS DE TERCEIROS 282
OBRIGAÇÕES GERAIS DO GESTOR DE RECURSOS DE TERCEIROS 283
Apostila CEA
sumário
PUBLICIDADE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTOS 284
MATERIAL PUBLICITÁRIO 285
MATERIAL TÉCNICO 286
SELO ANBIMA 286
HISTÓRICO DE RENTABILIDADE 286
AVISOS OBRIGATÓRIOS 288
DISTRIBUIÇÃO POR CONTA E ORDEM 289
CARTEIRA ADMINISTRADA 291
FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO (FII) 293
TRIBUTAÇÃO EM FII 294
CÓDIGO DE REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS PARA
ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS DE TERCEIROS. ANEXO
QUE TRATA DE FUNDOS DE INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS 294
PROSPECTO DE FII 295
CLASSIFICAÇÃO DO FII 298
ETF’S - EXCHANGE TRADED FUNDS 299
TRIBUTAÇÃO EM ETF’S 299
CÓDIGOS DE REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS PARA ADMINISTRAÇÃO
DE RECURSOS DE TERCEIROS. EXO QUE TRATA DE FUNDOS
DE INVESTIMENTOS EM ÍNDICE DE MERCADO. 299
WEBSITE 300
FUNDOS DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITÓRIOS (FIDC E FIC-FIDC) 301
TRIBUTAÇÃO EM FIDC 303
CÓDIGO DE REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS PARA ADMINISTRAÇÃO
DE RECURSOS DE TERCEIROS. ANEXO QUE TRATA DOS FUNDOS
DE INVESTIMENTOS EM DIREITOS CREDITÓRIOS. 303
DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES DO FIDC 303
PROSPECTO DO FIDC 304
INFORMATIVO MENSAL DO FIDC 309
CLASSIFICAÇÃO DO FIDC 312
FIP - FUNDO DE INVESTIMENTOS EM PARTICIPAÇÕES 313
TRIBUTAÇÃO EM FIPE 313
Apostila CEA
sumário
MÓDULO 5
PRODUTOS DEPREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 314
PREVIDÊNCIA SOCIAL X PREVIDÊNCIA PRIVADA 315
CARACTERÍSTICAS DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 318
RISCOS DA PREVIDÊNCIA 323
CLASSIFICAÇÃO SUSEP 323
CLASSIFICAÇÃO ANBIMA 324
PORTABILIDADE 326
TRIBUTAÇÃO 326
VGBL X PGBL 328
MÓDULO 6
GESTÃO DE CARTEIRA E RISCOS 332
RISCO DE MERCADO 333
DIVERSIFICAÇÃO 335
RISCO DE LIQUIDEZ 336
RISCO DE CONTRAPARTE 336
TEORIA DO MERCADO EFICIENTE 337
INTRODUÇÃO À ESTATÍSTICA 338
MODA 338
MEDIANA 339
MÉDIA 340
VARIÂNCIA 342
DESVIO PADRÃO 343
DISTRIBUIÇÃO NORMAL 344
COVARIÂNCIA 346
CORRELAÇÃO 347
COEFICIENTE DE DETERMINAÇÃO 349
SELEÇÃO DE CARTEIRAS E MODELO DE MARKOWITZ 349
ALOCAÇÃO DE ATIVOS LIVRE DE RISCO 355
COEFICIENTE BETA (Β) 359
CAPM - CAPITAL ASSET PRICING MODEL 362
COEFICIENTE ALFA 366
ÍNDICE DE SHARPE 365
ÍNDICE DE TREYNOR 366
ÍNDICE DE MODIGLIANI 367
Apostila CEA
sumário
TRACKING ERROR X ERRO QUADRÁTICO MÉDIO 367
VALUE AT RISK 368
BACK TESTING 369
STOP LOSS 369
STRESS TEST 370
MÓDULO 7
PLANEJAMENTO DE INVESTIMENTO 371
ANÁLISE DO PERFIL DO INVESTIDOR – API (SUITABILITY) 372
ETAPAS DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO 375
DEFINIR E ESTABELECER O RELACIONAMENTO COM O CLIENTE 376
DEFINIÇÃO DO ESCOPO PLANEJADOR/CLIENTE 377
COLETA DAS INFORMAÇÕES 377
ANÁLISE DOS OBJETIVOS, NECESSIDADES, VALORES
E INFORMAÇÕES DO CLIENTE 378
OBJETIVOS, NECESSIDADES DESEJOS E PRIORIDADES 379
INFORMAÇÕES QUANTITATIVAS 379
INFORMAÇÕES QUALITATIVAS 380
DESENVOLVIMENTO DE RECOMENDAÇÕES E APRESENTAÇÃO AO CLIENTE 381
POLÍTICA DE INVESTIMENTOS (INVESTMENT POLICY STATEMENT - IPS) 381
IMPLEMENTAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO 383
MONITORAMENTO DA SITUAÇÃO DO CLIENTE 383
FINANÇAS PESSOAIS 384
RESERVA DE EMERGÊNCIA 386
BALANÇO PATRIMONIAL 387
FINANÇAS COMPORTAMENTAIS 390
HEURÍSTICA DA REPRESENTATIVIDADE 391
HEURÍSTICA DA DISPONIBILIDADE 391
HEURÍSTICA DA ANCORAGEM 392
AVERSÃO À PERDA 393
ARMADILHA DA CONFIRMAÇÃO 394
EXCESSO DE CONFIANÇA 395
ILUSÃO DO CONTROLE 395
CONCLUSÃO DA NOSSA APOSTILA 395
Módulo 1
Sistema Financeiro Nacional
e participantes do mercado
O objetivo deste capítulo é apresentar de forma básica
como se estrutura o Sistema Financeiro, quem são
seus integrantes e quais são as principais funções
por eles desempenhadas.
EXIGÊNCIA NA PROVA:
DE 4 A 11 QUESTÕES.
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
Você já pensou em como milhões de pessoas e empresas, todos os dias, conseguem tran-
sacionar recursos entre si com total segurança? Pois é, isso só é possível graças a estrutura
que existe em nosso sistema financeiro.
Esse primeiro módulo de seu estudo é dedicado a detalhar a você, futuro profissional cer-
tificado CEA, quem são os agentes desse sistema, sua estrutura e suas funções.
O SFN tem, através de sua estrutura, algumas funções e, para nosso estudo, vamos destacar duas:
Deixe-me ilustrar um pouco mais sobre a importância do SFN para nossa economia.
Imagine que na cidade de Guaxupé-MG tenha um jovem empreendedor que tem uma ideia
incrível de um negócio que, se der certo, pode acabar com a fome do mundo. O problema
é que esse jovem empreendedor não tem recursos financeiros para iniciar seu projeto.
Agora vamos viajar para a cidade de Dourados-MS e nos deparar com um senhor recém
aposentado que possui alguns milhões de reais em sua poupança financeira.
O jeito mais simples para isso é: o agente superavitário deposita esse recurso em um banco,
recebe um rendimento sobre esse valor, o banco, por sua vez, empresta ao jovem que pagará
juros por isso. Graças ao SFN nós pudemos, nesse exemplo, acabar com a fome no mundo.
Bem, acabar com a fome no mundo, infelizmente não é tão simples assim, mas o SFN existe
justamente para deixar as transferências entre os agentes do sistema simples, segura e ágil.
O ponto que quero destacar aqui é que no exemplo do jovem empreendedor e do senhor
aposentado é que TODOS GANHARAM essa transação.
Agora que você já entendeu que o SFN permite o gerenciamento de recursos e a intermedia-
ção financeira vamos entender como, de fato, essas coisas acontecem em nosso sistema e sua
estrutura. Para que possamos ter uma segurança no sistema temos uma hierarquia de órgãos e
associações regulam, fiscalizam e auto regulam o sistema. Vamos falar sobre cada um deles agora.
Antes de irmos ao próximo tópico, você notou que algumas palavras acima estão em
destacadas em negrito? Não foi um erro de edição não, fiz isso para que você lembre das
palavras chave que estão associadas ao CMN. Ou na seja, na sua prova, quando a Anbima
citar uma das palavras que estão em negrito lembre-se do chefão, está bem?
O CMN conduz o SFN com sua atividade regulatória por meio de elaboração de atos nor-
mativos, que chamamos de resoluções, que são deliberadas pelo CMN e publicadas no
site do Banco Central do Brasil. Por falar em Banco Central do Brasil que, para nós, será
simplesmente BACEN, vamos falar sobre ele agora.
O BACEN tem, entre suas atribuições fiscalizar as instituições financeiras, mas não só isso.
Vamos destacar aqui as atribuições do chefe dos bancos:
⯀ emitir papel-moeda, nas condições e limites autorizados pelo CMN;
⯀ receber os recolhimentos compulsórios;
⯀ realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras;
⯀ conduzir as políticas monetária, cambial e de crédito;
⯀ determinar, via Comitê de Política Monetária (Copom), a meta da taxa de juros de
referência para as operações de um dia (Taxa Selic);
⯀ efetuar o controle de todas as formas de crédito e dos capitais estrangeiro;
⯀ fiscalizar e disciplinar as instituições financeiras e demais entidades autorizadas
a operar pelo BACEN;
⯀ conceder autorização de funcionamento às instituições financeiras;
⯀ estabelecer condições para a posse e para o exercício de quaisquer cargos de admi-
nistração de instituições financeiras privadas;
⯀ decretar regimes especiais em instituições financeiras.
⯀ gerir o Sistema de Pagamento Brasileiro SPB (vamos falar sobre o SBP ainda nesse
módulo) e os serviços de meio circulante.
Notou as palavras que estão em negrito? Essas são as palavras chave que você
pode associar ao BACEN. Se comprar com o CMN vai notar que enquanto o CMN
disciplina o mercado o BACEN executa normas que o mercado funcione como
fora determinado pelo CMN.
1. Circulares: atos normativos pelos quais o BACEN, por delegação, cria normas para o SFN
ou, também por delegação, regulamenta as normas contidas em resoluções do CMN;
2. Cartas circulares: instrumentos para esclarecer dúvidas ou divergências quanto à
interpretação e à aplicação de disposições normativas;
3. Comunicados: documentos administrativos de âmbito externo, que têm por finalidade
divulgar deliberação ou informação relacionada à área de atuação do BACEN.
Agora que já falamos sobre o BACEN vamos avançar um pouco mais em nossos conheci-
mentos sobre os órgãos reguladores. Agora, falando da Comissão de Valores Mobiliários.
Antes de seguirmos com a Susep, permita-me fazer uma pausa rápida para apresentar
mais um órgão, o CNSP. O Conselho Nacional de Seguros Privados é a maior autoridade
no mercado de seguros privados e a Susep está vinculada a ele. Fiz uma apresentação
bem rápida porque o CNSP não é tema da prova, ok?
Deixa eu fazer uma pausa para uma introdução sobre as entidades de previdência com-
plementar. Bem, no ano de 2017 e 2018 uma das principais pautas do governo federal é
propor, ao Congresso, uma reforma da previdência social. Isso trouxe para as discussões
nas mesas de bar e nas redes sociais o INSS. No módulo 6, nós vamos falar com detalhes
sobre o INSS, mas o fato é que o INSS possui um teto de recebimento para o trabalhador.
Por mais que você, enquanto está trabalhando, tenha uma renda alta, se depender do
INSS, ao se aposentar terá somente o teto estabelecido pelo sistema.
Para complementar a renda quando da aposentadoria o trabalhador pode fazer, entre outras
coisas, uma previdência complementar. Essa previdência complementar por ser aberta (o
VGBL e o PGBL) que qualquer investidor pode acessar, ou escolher uma previdência fechada.
A PREVIC está para a previdência complementar fechada, assim como a Susep está para
a previdência complementar aberta.
Tesouro Nacional
Não, não estamos falando de um baú gigante de madeira com cadeado antigo no
fundo dos mares brasileiros. O Tesouro Nacional está mais para um grande caixa ele-
trônico que só o Governo pode usar.
Você, assim, como todo cidadão brasileiro paga muitos impostos ao longo do ano, certo?
Já se perguntou onde, de fato, esse dinheiro vai parar? Se respondeu no bolso de alguns
políticos corruptos, acertou, mas não é correto dizer isso.
O Tesouro Nacional e responsável por cuidar dos recursos da União. Todos os impostos
que pagamos ao longo dos anos vão parar no caixa do Tesouro. De posse desse dinheiro,
o Tesouro vai gerir de acordo com a demanda do Estado. Esses recursos deveriam ser
devolvidos à sociedade em forma de serviços como saúde, segurança e educação.
Acontece que nem sempre o que o governo arrecada é suficiente para cumprir essas
obrigações e, para isso, o governo pode lançar mão do recurso de emitir títulos públicos
no mercado. Os títulos públicos representam, de uma maneira bem objetiva, a dívida da
união e, por sua vez, essa dívida é também gerida pelo Tesouro Nacional.
É importante você entender esse tema para pode ir bem no tema títulos públicos federais
que falaremos mais adiante.
O desempenho de cada instituição é avaliado a cada seis meses. Aquelas com o pior
desempenho são substituídas. A seleção é feita mediante avaliação, baseada, sobretudo,
nas participações em ofertas públicas e no mercado secundário de títulos públicos.
Tesouro Direto
Em 2002 o Tesouro Nacional levou aos investidores Pessoa Física a possiblidade de comprar
títulos diretamente do Tesouro. Antes disso a compra desses títulos era feita somente via
fundos de investimentos ou pelo mercado de balcão com os Dealers.
No Tesouro Direto o investidor pode comprar títulos emitidos pelo Tesouro Nacional
e a recompra antecipada é garantida pelo Tesouro. Em outras palavras, o resgate dos
investimentos pode ser feito a qualquer momento.
A ANBIMA é uma associação privada e foi criada em 2009, mas sua história começou
antes. Isso porque é fruto da fusão de duas outras associações, a Associação Nacional dos
Bancos de Investimento (Anbid), criada em 1967, e a Associação Nacional das Instituições
do Mercado Financeiro (Andima), criada em 1971.
Por fim, os padrões de conduta exigidos dos profissionais em relação aos investidores
estão dispostos em detalhe no art. 9 o, inciso II, do Código de Certificação, dentre os
quais podemos destacar:
⯀ ser diligente na identificação e no respeito aos deveres fiduciários envolvidos na atividade
de gestão profissional de recursos de terceiros, priorizando os interesses dos clientes;
Depois de passarmos pelos principais tópicos do Código de Regulação talvez tenha nascido
em você uma curiosidade em você. (se não nasceu e vou plantar uma curiosidade agora)
O que acontece caso um dos tópicos não seja cumprido pela instituição participante?
Bem, se você ou seu empregador não cumprir um dos tópicos acima seu empregador
está sujeito a algumas penalidades:
I. advertência pública;
II. multa de até 100 vezes o valor da maior mensalidade recebida pela ANBIMA; e
III. desligamento da ANBIMA.
Além disso, a Associação pode também cobrar uma multa de R$ 150,00 por dia de atraso às
instituições participantes que descumprirem prazos estabelecidos no Código de Certificação.
Entendeu agora por que seu chefe cobra tanto para você ter a certificação?
Antes de irmos ao próximo tópico desse módulo preciso fazer um acordo contigo. Aqui
eu resumi alguns pontos do Código de Certificação, mas depois que você for aprovado
na prova e estiver com sua certificação em mãos, você vai entrar no site da Anbima e ler
o Código de Regulação na integra, combinado? Para facilitar sua vida estou deixando o
link do código aqui, está bem?
Agora que temos um acordo, vamos ao próximo tópico. Os demais códigos que caem
em sua prova da Anbima eu voltarei a falar sobre eles no decorrer dos próximos módulos.
Vamos falar sobre os intermediários financeiros.
Esse acordo era direcionado aos grandes bancos tendo como base, além dos Princípios
Essenciais para uma Supervisão Bancária Eficaz (Princípios da Basiléia), três pilares
mutuamente complementares:
Após a Crise Financeira Global, em 2009 o BCBS efetuou algumas alterações na exi-
gência de capital para risco de mercado (com destaque para a incorporação de um
componente relacionado a período de estresse) e em determinações relacionadas ao
apreçamento de instrumentos financeiros ilíquidos.
Importante destacar que os acordos firmados neste comitê não tem força de lei nos paí-
ses participantes. Estes acordos são sugestões de melhoria do sistema que devem serem
implementados e regulados de acordo com o trâmite de cada país.
No Brasil, Basileia III está sendo implementada por meio de um conjunto de resoluções,
circulares e cartas-circulares editadas a partir do ano de 2013. Essas normas introduziram
os conceitos de capital principal, nível I e PR (Resolução 4.192, de março de 2013), ativos
ponderados pelo risco – RWA (Circular 3.644, de março de 2013), novos requerimentos
mínimos de capital principal, nível I e PR e adicional de capital principal (Resolução 4.193,
de março de 2013). Adicionalmente estão sendo implementados também os conceitos de
liquidez trazidos pelo LCR (Liquidity Coverage Ratio) e NSFR (Net Stable Funding Ratio)
e o conceito de Razão de Alavancagem.
Além da ampliação da qualidade do capital regulatório, Basileia III requer montantes supe-
riores de capital, principalmente das parcelas com maior capacidade de absorver perdas.
Em vez de apenas uma exigência de capital (índice de Basileia), passam a existir mais duas
exigências mínimas independentes: índice de Capital Principal e índice de Capital Nível I. A
norma estabelece que os bancos devem manter uma proporção de 4,5% do ativo ponderado
pelo risco (RWA) em instrumentos de capital principal (sem considerar os adicionais), 6% do
RWA em instrumentos que se enquadrem no conceito de capital Nível I (exigência adotada
a partir de janeiro de 2015) e, mantendo o previsto nos acordos anteriores, 8% do RWA seria
a exigência de capital total em relação aos ativos da instituição ponderados pelo seu risco
(exigência do final do cronograma de implantação, válido a partir de janeiro de 2019).
Para as instituições financeiras brasileiras, essa nova exigência de capital (buffers) deve ser
atendida desde janeiro de 2016 e seu descumprimento as sujeitará a restrições no pagamento
de dividendos, juros sobre capital próprio e bônus a diretores e membros do Conselho de
Administração, dentre outras remunerações associadas ao desempenho da instituição.
Quanto aos limites regulatórios relacionados à liquidez, os maiores bancos do país já estão cal-
culando o LCR desde outubro de 2015, e passaram a calcular o NSFR a partir de janeiro de 2018.
Banco Comercial
Você, com certeza, ao andar pelas ruas de sua cidade, já tropeçou em uma agência do
Banco do Brasil, certo? Acredite em mim, a agência bancária é apenas um pequeno pedaço
das operações dos bancos. Uma agência bancária oferece, entre outros serviços, o serviço
de conta corrente, é sobre isso que vamos falar agora.
Conta corrente é também chamado de “depósito à vista” e tem esse nome sofisticado por uma
razão muito simples: sempre que você deposita dinheiro em sua conta corrente esse recurso
tem de estar a sua disposição a qualquer momento, inclusive no mesmo dia do depósito.
Ao contrário do depósito à vista nós temos o depósito a prazo que, como o próprio nome
sugere, é um depósito que tem um prazo para ser devolvido ao depositante. Este, invaria-
velmente, gera rendimentos ao depositante.
Com essa breve introdução sobre depósitos à vista e depósito à prazo vamos detalhar
as funções dos bancos comerciais.
Bancos de Investimentos
Como o nome já diz, estes bancos são focados em investimentos. Eles são responsáveis
por fomentar os investimentos a médio e longo prazo para pessoa física e jurídica. Em
outras palavras, são responsáveis por conceder crédito a médio e longo prazo. Apesar
de ser admitido a abertura de conta corrente, esse banco não tem foco nesse serviço
e não pode fornecer talão de cheques. Em sua denominação social deve constar, obri-
gatoriamente, a expressão “Banco de Investimento”.
Bancos Múltiplos
Agora que você já viu que um banco possui diversas modalidades de operação eu te
pergunto: como será a contabilidade desses bancos na hora de divulgar o balanço da
empresa com o resultado? Ainda bem que, em 1988, através da resolução do CMN
1.524, ficou autorizado a criação do banco multiplo.
Basicamente um banco múltiplo é um único banco que vai operar, como o nome
sugere, múltiplas carteiras. Uma dessas carteiras deve, contudo, obrigatoriamente ser
comercial ou de investimento; os bancos múltiplos que dispõem de carteira comercial,
por sua vez, podem captar depósitos à vista. De todo modo, qualquer banco múltiplo
deve conter em sua denominação, obrigatoriamente, a expressão “Banco”.
As negociações na bolsa de valores são feitas por meio de instituições habilitadas, ou seja,
o investidor não pode acessar o ambiente de negociação da bolsa, a não ser por meio de
uma instituição financeira habilitada.
Vamos falar, agora, sobre as instituições habilitadas para operar no ambiente da bolsa, as
sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários.
As corretoras são instituições financeiras constituídas sob a forma de sociedade por ações
ou por quotas de responsabilidade limitada.
Uma corretora tem, como principal, função promover a intermediação de títulos e valores
mobiliários e, boa parte dessas negociações, são feitas via B3. Ou seja, para o investidor
ter acesso aos produtos negociados na bolsa de valores é necessário que ele o faça por
intermédio de uma corretora.
Uma coisa importante: embora uma corretora esteja ligada a negociação de ativos na bolsa
de valores, suas funções vão muito além disso. Vamos destacar algumas aqui:
⯀ operar em bolsas de valores, mercadorias e futuros por conta própria ou de terceiros;
⯀ subscrever emissões de títulos e valores mobiliários no mercado;
⯀ comprar e vender títulos e valores mobiliários por conta própria e de terceiros;
⯀ encarregar-se da administração de carteiras e da custódia de títulos e valores mobiliários;
⯀ exercer funções de agente fiduciário;
⯀ instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento;
⯀ emitir certificados de depósito de ações;
⯀ intermediar operações de câmbio;
⯀ praticar operações no mercado de câmbio de taxas flutuantes;
⯀ praticar operações de conta margem;
⯀ realizar operações compromissadas;
⯀ praticar operações de compra e venda de metais preciosos no mercado físico, por
conta própria e de terceiros.
Em 2009 uma decisão conjunta do BACEN e CVM tirou essa vedação e, a partir dai, as
DTVMs podem fazer exatamente a mesma coisa que uma CTVM. Ou seja, hoje, não existe
nenhuma diferença entre uma DTVM e uma CTVM.
Traduzindo ao pé da letra, a clearing seria “lugar onde tudo funciona do jeito certo, sem
medo de ninguém pegar seu dinheiro e sumir, porque lá as pessoas tomam conta de
tudo”. Ou algo mais ou menos assim.
Imagine que todos os dias milhões de transações circulam no mercado. Como faríamos o
controle disso? Como teríamos a certeza de que uma ação comprada por um investidor
foi mesmo colocada em nome desse investidor após a compra?
Os títulos que são negociados hoje no sistema financeiro são somente escriturais, ou seja,
não existe os títulos físicos, somente informação lógica nos sistemas.
Desde 2002, quando houve uma grande reforma no SPB decorrente da edição da Lei
10.214/2001 (conhecida como “Lei do SPB” e que estabeleceu o fundamento legal e regu-
latório das câmaras de compensação e liquidação), proporcionou-se a interligação dos
sistemas dos participantes do mercado, que também participaram a ativamente dessa
reformulação. Isso de modo que pessoas físicas, empresas, governos e instituições finan-
ceiras passaram a poder realizar transferências de dinheiro para pagamentos, cobertura
de saldos, aplicações e outras finalidades com muito mais segurança e rapidez.
Além disso, o SPB se caracteriza atualmente pela base legal sólida e abrangente, pelo
uso obrigatório de contrapartes centrais para a liquidação de obrigações, pela certeza da
liquidação dada pela contraparte central com base em mecanismos de gerenciamento
de riscos e salvaguardas, bem como pela irrevogabilidade e finalidade das liquidações.
Um fundo de investimento é uma prestação de serviço de uma instituição financeira faz aos
investidores. Quando um investidor escolhe o fundo administrado pelo banco A ele não está
alocando seus recursos nesse banco, mas escolhendo esse banco para gerir seus recursos.
O fundo é constituído em forma de condomínio e possui CNPJ próprio. Trouxe esse tópico
aqui nesse módulo apenas para introduzir e você saber que o fundo, apesar de muitas
vezes ser administrado por um banco, não pode representar o patrimônio do banco, mas é
uma empresa separada da instituição. Todos os detalhes dos fundos veremos no módulo 5
Tipos de investidor
Existem basicamente quatro tipos de investidores: o comum, o qualificado, o profissional
e o não residente. Investidor comum é todo investidor PF ou PJ que acessa o mercado de
capitais. Para esse não há uma explicação mais detalhada. Quando você ganhou R$ 50,00
de sua avó para colocar na caderneta de poupança você já era um investidor comum. Para
os demais investidores precisamos detalhar um pouco mais e o faremos a seguir:
Investidor Profissional
O Investidor profissional é aquele que atende aos critérios descritos na instrução CVM
554. É considerado um investidor com conhecimentos avançados de mercado e, por se
enquadrar nesse perfil de investidor terá acesso a produtos financeiros diferenciados.
Investidor Qualificado
Para ser um investidor qualificado os critérios são semelhantes do investidor profissional.
O que difere é o valor necessário para que PF e PJ possam ser investidores qualificados.
Para qualificados o valor mínimo é de R$ 1.000.000,00.
Além disso, é preciso que eles atestem por escrito sua condição de investidor qualificado
mediante assinatura do anexo B da instrução CVM 554.
Uma dica importante: todo investidor profissional é, por definição, também qualifi-
cado. No entanto, nem todo qualificado é profissional.
Investidor não-residente
É a pessoa física ou jurídica, fundos e outras entidades de investimentos individuais ou
coletivas, com residência, sede ou domicílio no exterior, que investem os seus recursos no
país. Simplesmente algum investidor de fora do país que investe no Brasil.
Esse é um filme que, para alguns, tem viés político. Mas o ponto é que o filme mostra os
bastidores da Operação Lava Jato, e não há nada mais atual e real no combate ao crime
de lavagem de dinheiro do que essa operação.
Deixando o seu momento de lazer de lado e voltando aos estudos, vamos entender a
importância da prevenção à lavagem de dinheiro.
Em sua forma mais recorrente, portanto, a lavagem de dinheiro envolve três etapas inde-
pendentes, que muitas vezes ocorrem de forma sequencial ou simultânea.
⯀ Colocação: a primeira etapa do processo é a inserção do dinheiro no sistema eco-
nômico. A colocação se efetua por meio de depósitos, compra de instrumentos
negociáveis ou compra de bens. Para dificultar a identificação da procedência do
dinheiro, os criminosos aplicam técnicas sofisticadas, tais como o fracionamento
dos valores em quantias menores e a utilização de estabelecimentos comerciais
que usualmente trabalham com dinheiro em espécie;
Na legislação brasileira, o conceito de lavagem está expresso na Lei 9.613/98 que, em seu
artigo 1°, conceitua o crime de lavagem como “ocultar ou dissimular a natureza, origem,
localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores prove-
nientes, direta ou indiretamente, de infração penal”.
Contudo, é importante notar que o referido artigo, em seus parágrafos 1° e 2°, impõe as
mesmas penas para quem:
Além dos bancos, devem combater a lavagem de dinheiro as empresas e instituições que
trabalham com a comercialização de jóias, metais preciosos e obras de arte. Esses são
casos clássicos de produtos usados para praticar o crime.
Além do COAF, outras autoridades, tais como o BACEN, a CVM, a Polícia Federal, a Receita
Federal, a Controladoria-Geral da União e o Ministério Público cumprem importante papel
no combate à lavagem de dinheiro.
Cadastro
Uma das principais atuações preventivas ao alcance das instituições financeiras diz respeito
à manutenção de um cadastro completo e atualizado dos clientes. Nesse sentido, quanto
mais completo um cadastro, mais facilmente são identificadas operações suspeitas.
Para que uma instituição financeira possa atender a essa necessidade de manter o cadastro
de seu cliente atualizado, é necessário que haja processos internos devidamente deline-
ados para com, no mínimo, uma periodicidade para que seja feita essa atualização. Essa
atualização pode ser feita por meio de atendimento pessoal ou até mesmo atendimento
eletrônico, como caixas eletrônicos, sistema de internet ou ligações telefônicas gravadas.
Apenas ter o cadastro do cliente atualizado não é suficiente. É necessária uma obser-
vação também na movimentação financeira do cliente e se esta é compatível com
sua atividade profissional ou com sua renda declarada.
Dica de ouro: esse procedimento não deve ser feito apenas para cumprir as nor-
mas do BACEN, mas também no intuito de proteger sua instituição, bem como
sua reputação como profissional.
As comunicações ao COAF, nesses casos, devem ser realizadas até o dia útil seguinte à sua
verificação, sem que seja dada ciência à parte cuja ação foi comunicada ou a terceiros.
Vale ainda lembrar que diversas outras empresas, por desenvolverem atividades sujeitas a
sua utilização para a lavagem de dinheiro, têm obrigações de comunicação de operações
suspeitas ao COAF. Entre elas, podemos destacar:
Essa obrigação carrega em si séria consequência administrativa, uma vez que, caso veri-
ficada alguma irregularidade, esse diretor constará, junto com a instituição, como parte
do Processo Administrativo Sancionador correspondente, estando sujeito a penalidades
administrativas na pessoa física.
Responsabilidades e corresponsabilidades
No tópico anterior falamos sobre as penalidades que incorrem sobre as pessoas físicas
e jurídicas que estão sujeitas à lei de lavagem de dinheiro. Isso partindo do princípio de
que não há crime sem que que haja um criminoso. Por essa razão, vamos entender as
penalidades para os criminosos.
O criminoso terá sua pena reduzida de 1 a 2/3, ou até mesmo será convertido o regime
prisional, se ele colaborar com as investigações e entregar provas de sua colaboração.
Controles Internos
Até agora estávamos falando sobre prevenção à lavagem de dinheiro, e para pegar o
embalo num tema carregado de procedimentos, vamos entender a importância de
uma área de controles internos.
Agora que você entendeu o spread, vamos deixar claro como teríamos um conflito de inte-
resses: na intermediação financeira, o banco vai buscar sempre o maior spread possível
e, para isso, se faz necessário, ao captar recursos dos investidores, pagar a menor taxa de
juros possível. Na prestação de serviços de gestão de recursos de terceiros, a instituição
financeira precisa trazer a maior rentabilidade possível. Para alcançar essa rentabilidade,
é necessário aplicar o recurso do seu cliente com a maior taxa possível.
Risco Legal
No tópico anterior, quando falamos sobre controles internos, eu listei, entre outras
atividades da área de controles internos, a função de prever meios de identificar e
avaliar fatores internos e externos que possam afetar adversamente a realização dos
objetivos da instituição. Esses fatores internos e externos podem ser traduzidos em
riscos e, para esse tópico, vamos abordar o risco legal.
O risco legal é o risco de perda quando a instituição não pode executar os termos de um
contrato. Isso inclui os riscos provenientes de documentação insuficiente, falta de pode-
res dos representantes da contraparte para assumir o compromisso, desconhecimento
de algum aspecto jurídico relevante, gerando a incapacidade de se implementar uma
cobrança por falta de amparo legal.
Podemos resumir o tema de risco legal pelo princípio da legalidade. Ou seja, a área de con-
troles internos vai estabelecer procedimentos operacionais e jurídicos para que todas as ope-
rações realizadas entre a instituição e seus clientes estejam, juridicamente, bem respaldadas.
O risco de imagem pode danificar o negócio de uma instituição de muitas formas, como
por exemplo a queda no valor da ação, perda do apoio da clientela e desaparecimento de
oportunidades de negócios.
Os maiores bancos do país investem, ano após ano, milhões de reais em publicidade nos
meios de comunicação em massa para levar ao mercado a imagem de segurança, solidez
e crescimento. Esse tipo de publicidade ajuda a fortalecer a imagem da instituição junto
ao mercado. Alguns dizem que “são feitos para você”, outros dirão que têm “presença”, e
ainda há aquele que pergunta “o que posso fazer por você hoje?”.
Bem, a julgar pelo investimento feito pelas instituições financeiras, podemos concluir que
um problema de reputação no mercado traria grandes prejuízos à instituição.
Venda casada
Eu costumo dizer por aqui que “quem nunca fez uma venda casada que atire a primeira
capitalização”. Embora seja, infelizmente, comum no mercado - que, aliás, deveria ser
combatida –, a venda casada é uma prática proibida no mercado. Em termos mais técni-
cos, a venda casada é o ato de subordinar a venda de um produto ou serviço à aquisição
de um outro produto ou serviço. Para um exemplo prático, é só imaginar um gerente de
uma agência bancária que condiciona a emissão de um cartão de crédito à compra de
título de capitalização que, carinhosamente, chama de “poupança forçada”. Importante
ressaltar que a venda casada não se caracteriza por vantagens oferecidas a clientes em
nome do relacionamento que possui com a instituição. Como exemplo podemos usar o
fato de os bancos, por padrão, ofereçam a seus clientes isenção de tarifas bancárias quando
o investidor possui um determinado volume financeiro aplicado com aquela instituição.
Dentro da proposta de uma conduta ética que visa zelar pela relação de longo prazo
com os clientes, o sistema financeiro e seus profissionais devem, independentemente
de qualquer imposição regulatória, calibrar as recomendações que fazem aos clientes
a necessidades, anseios e limitações deles. Nesse sentido, importa analisarmos quatro
variáveis comuns a qualquer cliente: idade, horizonte de investimento, conhecimento
do produto e tolerância ao risco.
Tolerância ao risco: eu tenho pavor de altura e, por isso, pular de paraquedas é uma experi-
ência que eu não recomendo. No entanto, essa adrenalina pode fazer muito bem a algumas
pessoas. No mercado financeiro a lógica é a mesma. Ao passo que alguns investidores têm
um apetite maior para produtos mais arrojados, temos investidores que são conservadores
e não estão dispostos a assumir riscos com investimentos.
Front Running
Front running é uma prática ilegal de obtenção de informações antecipadas sobre
a realização de operação nos mercados de bolsa ou de balcão e que influenciarão a
formação dos preços de determinados produtos de investimento. A prática de “Front
running” consiste em realizar operações antecipadamente às operações principais.
Neste caso, surge o chamado conflito de ordens de compra e venda de produtos de
investimento, se a situação não for adequadamente administrada. O front running dife-
rencia-se do insider trading pelo fato de poder ser cometido independente do operador
saber a motivação de uma operação. Para ilustrar, vamos voltar ao exemplo da JBS.
Uma vovó que começou a operar na Bolsa aos 92 anos, deixou até os investidores mais
experientes com inveja. Sem nunca ter comprado nenhuma ação na vida, ela optou em
fazer Day trade (Compra e venda da ação no mesmo dia). Em 1 ano realizou mais de
400 operações, movimentou cerca de 131 milhões, com uma taxa de sucesso de 70%.
Poderia ser uma história genial, mas era caso de polícia, e também da CVM: a vovó
trader tinha um neto que trabalhava em uma corretora em Nova York, tinha acesso a
informações privilegiadas e usou a avó como laranja para lucrar.
Economia é a ciência social que estuda a produção, distribuição e consumo de bens e serviços.
O termo economia vem do grego oikos (casa) e nomos (costume ou lei), daí “regras da casa (lar)”.
E por que estou começando esse módulo com uma introdução tão gringa? Pra você enten-
der que vamos falar sobre o efeito da desvalorização do dinheiro e como podemos medir
essa distribuição e consumo de bens e serviços. Exatamente como a definição de economia.
Para medirmos a evolução de riqueza de uma país (estado, ou cidade), usamos como
medida o PIB, Produto Interno Bruto. O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais, em
termos monetários e a valor de mercado, produzidos em uma determinada região durante
certo período. Dizemos que esses bens e serviços são “finais” para eliminar os valores dos
bens intermediários utilizados no seu processo de produção. Além disso, normalmente,
para fins de comparação internacional, o período considerado é de um ano.
PIB = C + I + G + NX
Onde:
⯀ C = Consumo das famílias;
⯀ I = Investimentos das empresas;
⯀ G = Gastos do Governos
⯀ NX = Exportações Líquidas (Exportações – Importações).
Para efeitos de comparação, se durante um determinado ano o país teve de PIB U$ 1.000,00
e, no outro ano, o mesmo país teve um PIB de U$ 1.100,00, seria correto dizer que esse país
teve um crescimento de 10%? Não, não seria correto afirmar esse crescimento, pois temos
um fator que deve ser levado em consideração na hora de entender a produção de riqueza.
Esse fator é a inflação. Falaremos a seguir sobre os indicadores de inflação.
A pergunta que fica é: o que uma família fazia com R$ 64,79 por mês? Acredite, muita
coisa. Com R$ 64,79 por mês era possível ir ao mercado e comprar suprimentos para
toda a família, pagar as contas de consumo (água e luz) e, talvez, sobrar para comprar
um sorvete para cada um dos filhos.
O ponto é que hoje, com R$ 64,79, você não consegue comprar uma cesta básica. De um ponto
do vista bem simples, podemos dizer que o preço dos produtos vem subindo ao longo do tempo.
Assim podemos definir a inflação: o quanto o preço dos produtos sobe com o passar dos anos.
Tudo bem, você já entendeu que inflação é a desvalorização da moeda local - ou, popu-
larmente dizendo: o aumento generalizado de preços –, vamos então entender como
podemos medir com eficiência essas distorções.
O IPCA é o índice oficial de inflação do Brasil, calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), e serve de parâmetro ao CMN para definir a meta de inflação.
Ele é calculado pelo consumo das famílias que ganham de 1 a 40 salários mínimos, de qual-
quer fonte de renda e residentes nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro,
Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Brasília e Goiânia.
Resumindo, o IBGE pesquisa mês a mês o preço dos itens acima para chegar a uma média
ponderada de aumento. Quanto maior for a variação do IPCA em um período, menor será
o poder de compra do brasileiro. O Conselho Monetário Nacional entende que ter um IPCA
em alta e sob controle é importante para economia.
Se muitas pessoas estão consumindo uma cesta de produtos, o preço dessa cesta pode
aumentar. Mas isso é sinal de que essas pessoas estão com renda.
O Bacen vai executar políticas monetárias (veremos mais adiante) para cumprir essa meta.
Fonte: Resolução 4582 e resolução 4671 que podem ser acessadas aqui e aqui.
Por sua composição, esse indicador engloba diferentes etapas do processo produtivo, sendo
bastante utilizado como indexador de contratos (por exemplo, de aluguel de imóveis) e
muito influenciado pelo aumento nos preços dos produtos no atacado. Apesar de ser um
indicador muito importante, o IGP-M não é considerado o indicador oficial de inflação do
Brasil, mas amplamente aceito pelo mercado como um indicador fidedigno.
E por falar em investidores estrangeiros, vamos entender a relação de nossa moeda com
o resto do mundo. Vamos falar sobre taxa de câmbio.
Taxa de Câmbio
Se você já viajou ou pensa em viajar para o exterior, deve imaginar que o câmbio envolve
moedas estrangeiras. E isso está absolutamente correto. Taxa de Câmbio é o preço de uma
unidade monetária de uma moeda em unidades monetárias de outra moeda.
A taxa de câmbio spot é a taxa para compra e venda imediata de dólares. Também
conhecida no Brasil como “dólar pronto”, é a taxa pela qual os participantes do mercado
de câmbio estão dispostos a comprar e vender a moeda estrangeira em determinado
momento da sessão de negociação.
A taxa PTAX, por sua vez, é uma média das cotações do dólar no mercado, calculada pelo
Banco Central do Brasil por meio de metodologia própria.
COPOM
O Comitê de políticas monetárias, COPOM, foi criado em 1996. Em junho de 1999, o
Brasil começou a adotar as “Metas de Inflação”, definidas pelo CMN, utilizando o índice
IPCA. A partir daí, o COPOM virou o responsável por executar a política monetária
denominada como Taxa Selic.
Caso a Inflação (medida pelo IPCA) ultrapasse a meta estipulada pelo CMN (somado o
intervalo de tolerância), o Presidente do Banco Central deve explicar os motivos do não
cumprimento da meta através de uma Carta Aberta ao Ministro da Economia.
Imagine que você tem em R$ 1.000.000,00 e quer investir seu dinheiro para recebê-lo mais
a frente com um rendimento. Você tem 2 opções:
Se o rendimento no mercado financeiro te 20%, por que você iria abrir uma empresa para ganhar
15% em um ano? Em outras palavras, quanto maior for a taxa de juros de mercado, menor será o
incentivo para investimento em produção. Por isso o BACEN usa lança mão da taxa Selic que vai:
Imagine que o CMN tenha definido como meta de inflação 4,5% a.a. e, ao chegar no mês
de junho, já estamos com inflação em 10% a.a.
Qual é o desafio para o COPOM executar uma política monetária que derrube esse índice?
Nesse cenário, é altamente recomendado que o COPOM aumente a taxa Selic. A lógica
é a seguinte: quanto maior for a taxa Selic, maior será a rentabilidade obtida para quem
investir seu dinheiro nos títulos públicos federais. Os bancos, por sua vez, são os maiores
investidores do Governo e, com uma taxa alta eles tenderão a investir seu dinheiro no
governo ao invés de conceder crédito ou até mesmo aumentar muito a taxa de juros
dos empréstimos nas agências.
Dessa forma, com o crédito mais caro, menos pessoas tendem a tomar dinheiro empres-
tado dos bancos para investir em produção. Com menos dinheiro em circulação (porque
os bancos, ao invés de injetar na economia com crédito, investiram no governo), menos
consumo; e com menos pessoas dispostas a consumir, os comerciantes tendem a baixar
seus preços, tendendo assim a uma baixa da inflação.
⯀ Quanto maior for a taxa Selic, menor tenderá a ser o consumo e, consequente-
mente, menor será a inflação;
⯀ Quanto menor for a taxa Selic, maior tenderá a ser o consumo e, consequente-
mente, maior será a inflação.
Resumindo: a Selic Meta não pode ser confundida com a taxa de juros de mercado. A taxa
de juros de mercado é a Selic Over. A Selic Meta pode ser representada pela a taxa máxima
que o governo estaria disposto a pagar.
Curiosidade: historicamente, a Selic over tem ficado 0,10% abaixo da Selic Meta.
Sua função é, portanto, transferir recursos de uma instituição financeira para outra.
Em outras palavras, para que o sistema seja mais fluido, o banco que tem dinheiro
sobrando empresta para o que não tem.
A taxa DI é o principal indexador do mercado de renda fixa. A maior parte dos títulos de
renda fixa pós fixados negociados no mercado está indexado ao DI.
Curiosidade 1: Embora não exista uma regra, historicamente, o DI tem ficado entre
0,01 e 0,02% abaixo da Selic Over.
Curiosidade 2: Como você pôde ver nesse tópico, o CDI não é a taxa, mas o instru-
mento para chegarmos na taxa DI. No entanto, o mercado usualmente o chama de
“taxa CDI”.
TR - Taxa Referencial
No início dos anos 90, a Taxa Referencial foi criada pelo Plano Collor II (que depois viraria o Plano
Real) para combater a inflação no país. Ela deveria ajudar a controlar os juros, servindo como
referência para que as taxas de juros do mês seguinte não refletissem a taxa do mês anterior.
Hoje, quase duas décadas depois, a TR é usada principalmente como TR Mensal. Ela é
utilizada para remunerar a Caderneta de poupança, o FGTS e corrigir alguns contratos
de crédito imobiliário.
A TR, deriva da TBF (Taxa Básica Financeira) que, por sua vez, será composta das taxas de
juros das Letras do Tesouro Nacional (LTN) praticadas nas operações definitivas no âmbito
do mercado secundário e registradas no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia
(Selic). A TBF de um mês será uma média ponderada entre as taxas médias das LTNs
com vencimentos imediatamente anterior e imediatamente posterior ao prazo de um
mês, seguida da aplicação, ao valor resultante, de um fator multiplicativo fixado em 0,93
(noventa e três centésimos).
1 + TBF
TBF = 100 x ( -1)
R
Onde:
⯀ TBF = Taxa básica financeira;
⯀ R = fator dedutível.
Fique ligado: é correto afirmar que a TR deriva das LTNs, assim como é correto afir-
mar que a TR deriva da TBF, uma vez que a TBF deriva dos LTN’s também.
Cupom Cambial
Agora que entendemos a PTAX como taxa de câmbio oficial do Brasil, vamos entender o
conceito de cupom cambial.
Imagine a seguinte situação: um investidor não residente traz ao Brasil U$ 1.000.000,00 para
investir em um título que paga 100% do DI. Agora, vamos elaborar um pouco mais sobre esse
investimento: considere que a Ptax800 do dia da entrada no Brasil está cotada em R$ 3,00/
U$ 1,00. Ou seja, para cada dólar ele tem R$ 3,00, logo, este investidor trouxe R$ 3.000.000,00
certo? Agora, vamos pensar que esse investimento tem duração de 1 ano e, neste período,
o DI teve uma valorização de 10%. Logo, este investidor tem, após 1 ano, R$ 3.300.000,00.
Quando este investidor for resgatar seu investimento para levar embora terá que, neces-
sariamente, vender reais para comprar dólar.
Agora imaginemos que, neste período, o real se desvalorizou frente ao dólar e agora temos
a seguinte PTAX800 R$ 3,30/U$ 1,00. Ou seja, para cada dólar eu preciso de R$ 3,30. Assim,
quando este investidor for vender seus reais, terá U$ 1.000.000,00. Olha o que aconteceu
aqui, o investidor trouxe U$ 1.000.000,00, teve a valorização de seu investimento mas,
quando resgatou, em função da desvalorização do real, esse investidor sacou o mesmo valor.
Políticas Monetárias
Nós já vimos nesse módulo que o crescimento de nossa economia é medido pelo PIB,
que a inflação é medida pelo IPCA e que os juros são parametrizados pela taxa Selic.
Agora vamos entender como podemos juntar tudo isso para termos um bom desen-
volvimento econômico no país.
Desenvolvimento econômico pode ser traduzido pelo crescimento do PIB. Um país cujo o
PIB está em crescimento invariavelmente é um país onde temos boa geração de emprego
e renda, boa manutenção do poder de compra da sociedade.
Para isso, o CMN vai estabelecer as diretrizes das políticas monetárias que, por sua vez, serão
executadas pelo BACEN. As políticas monetárias podem ser traduzidas por controle de liqui-
dez de mercado, ou, em outras palavras, a quantidade de dinheiro disponível na economia.
Selic Meta
Essa é considerada por muitos como a principal política monetária. Esse tópico eu
expliquei um pouco atrás, pois além de ser uma política monetária importante, é um
balizador para as taxas de juros.
Para isso, o BACEN pode vender títulos públicos que tem em sua carteira aos bancos a uma
taxa mais atraente, de forma que os bancos, ao comprarem esses títulos, terão menos dinheiro
disponível para emprestar a seus clientes. Isso resulta em menos liquidez no mercado.
Para isso, o BACEN pode comprar títulos públicos que estão em poder dos bancos com
taxas mais atrativas. Quando o BACEN compra esses títulos, ele coloca mais dinheiro nos
cofres dos bancos e isso, por consequência, aumenta a liquidez de mercado, podendo
diminuir a taxa de juros ao consumidor.
Depósito Compulsório
Os bancos possuem uma prerrogativa no mínimo interessante: criar dinheiro do nada.
Explico melhor: lembra que no módulo 1 nós falamos que o banco tem papel de ser um
intermediador financeiro? Lembra que dei um exemplo de um investidor que, ao colocar
dinheiro no banco, pôde financiar um empreendedor que queria salvar o mundo? Pois é, o
que eu não contei ali é que, quando o banco emprestou dinheiro ao empreendedor, ele não
tirou o dinheiro do conta do investidor. Ou seja, quando o banco creditou a conta do empre-
endedor com o empréstimo, o saldo do investimento do investidor permaneceu na conta.
Em outras palavras, o banco criou o valor na conta do empreendedor do nada. Legal, né?
Percebe que esse ciclo de criação de dinheiro não tem fim? Pois é, não teria se não
fosse o depósito compulsório.
Se você fez a conta atentamente, notou que para cada R$ 1.000,00 depositados na cader-
neta de poupança, R$ 950,00 tem de ser alocados segunda as regras do compulsório e
direcionamento, sobrando apenas R$ 50,00 para o banco emprestar livremente.
O Banco Central usa a taxa de redesconto como parte de sua política monetária da
seguinte forma: quando quer estimular a economia aumentando a base monetária e a
disponibilidade de crédito, diminui a taxa de redesconto para que os bancos comerciais se
sintam mais encorajados a realizar esses empréstimos de curto prazo. De forma contrária,
quando quer desacelerar a economia, aumenta a taxa de redesconto para que os bancos
comerciais tenham que reservar uma parte maior de seus recursos para o cumprimento
de necessidades de curto prazo.
O IMA representa uma família de índices de renda fixa, composta pelos títulos públicos
que são precificados pela ANBIMA. Ele é composto por outros índices, conforme abaixo:
⯀ IMA-B: Composta apenas por NTN-B, que são títulos públicos que remuneram o
investidor com uma taxa de juros pré-fixada + a variação do IPCA no período;
⯀ IMA-B 5: Índice que considera somente NTN-Bs com vencimento de até 5 anos;
⯀ IMA-B 5+: Índice que considera somente NTN-Bs com vencimentos a partir de 5 anos.
⯀ IMA-C: Composta apenas por NTN-Cs, títulos públicos que remuneram o investidor
com uma taxa de juros pré-fixada + a variação do IGP-M no período;
⯀ IRF-M: Composta por títulos pré-fixados (LTN e NTN-F), títulos públicos que remuneram
o investidor em uma taxa de juros fixa pré-definida no momento da compra do título;
⯀ IMA-S: Composta apenas por LFT, que são títulos públicos que remuneram o inves-
tidor a uma taxa de juros equivalente à taxa Selic do período.
Ibovespa
Até agora falamos sobre indicadores de renda fixa, mas o mercado de ações também tem
suas formas de calcular desempenho. Na B3, ações são negociadas diariamente. Como
então sabemos o desempenho desse mercado?
A B3 divulga minuto a minuto a variação média do preço das ações com maior volume
de negociação através do índice Bovespa (a bolsa que conhecemos hoje como B3 era
conhecida como Bovespa, Bolsa de Valores de São Paulo). O índice Bovespa é chamado
popularmente de Ibovespa ou também de IBOV.
Objetivo
O objetivo do Ibovespa é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos
de maior negociabilidade e representatividade do mercado de ações brasileiro.
A B3 possui outros indicadores que podem ser resumidos conforme a tabela abaixo:
Existem outros indicadores publicados diariamente pela B3 e, caso você queira, pode
consultar todos diretamente no site da B3 aqui nesse link.
Política Cambial
A política cambial é conduzida pelo Banco Central com o objetivo de controlar a relação
de preço da nossa moeda com moedas estrangeiras. Isso é importante por muitos fato-
res. Entre eles, está o controle da inflação e da dívida pública federal no mercado externo.
Popularmente dizendo, o “dólar está barato”. Com essa cotação cambial, muito prova-
velmente você vai comprar produtos importados com mais facilidade e viajar com mais
frequência para ver o Mickey em Orlando. O ponto aqui é que, devido a forte valorização
do Real, a indústria nacional perde força, já que nossa tecnologia não é das melhores,
e assim vamos importar muito. Esse volume acentuado de importação enfraquece a
indústria nacional, gera desemprego e diminui a arrecadação do governo.
Em resumo: o real demasiadamente forte é ruim para nossa economia por gerar
desemprego e diminuição na arrecadação.
Cenário 2: BRL 5,00/USD 1,00. Em outras palavras temos 1 dólar para cada R$ 5,00.
Aqui podemos dizer, popularmente, que o “dólar está caro”. E qual o impacto disso? Imagine
um produtor rural que tem em sua produção a pecuária. Esse produtor vende ao mercado
externo a arroba do boi por U$50,00. Esse é o preço do mercado externo e, ao converter
esses dólares para real, seria o mesmo que vender por R$ 250,00.
Dessa forma, esse produtor só aceitaria vender no mercado interno, isto é, para nós brasilei-
ros, se o preço for R$ 250,00. Assim, podemos notar que quanto maior for a desvalorização
do real mais caro será ter carne na mesa as famílias brasileiras.
Mesmo que você seja vegano, a desvalorização demasiada do real vai deixar mais caro a
soja e outros produtos que são frutos do agronegócio.
Outro ponto que devemos considerar nessa desvalorização do real são as dívidas. As maio-
res empresas do país e o governo federal possuem muitas dívidas que são precificadas
em dólar. Então se uma empresa, ou o governo, tem uma dívida de 1 milhão de dólares,
seria o mesmo que ter uma dívida de 5 milhões de reais.
Quanto maior for a dívida de uma empresa, maior será o repasse para os produtos que
ela comercializa. Quanto maior a dívida do governo, menor será o investimento em áreas
essenciais como saúde, segurança e educação e maior será a carga tributária.
Se você leu com atenção, notou que o Banco Central do Brasil tem um grande desafio
nas mãos: não deixar o real valorizado demais, tampouco deixar nossa moeda des-
valorizar demasiadamente.
E como o preço da nossa moeda frente ao dólar é definido? Através da lei de oferta e demanda.
Basicamente, se houver muitos agentes do mercado demandando por dólar, o preço dessa
moeda aumenta, tornando-a mais forte e, consequentemente, o real mais fraco. Por outro
lado, se os agentes de mercado estiverem demandando mais real, o preço da nossa moeda
sobe e, consequentemente, o dólar cai.
Acontece que, como já vimos aqui, se tivermos uma variação demasiada do câmbio,
podemos ter um descontrole da inflação caso o real se desvalorize muito, ou uma crise de
desemprego se o real se valorizar demais. É aqui que o Banco Central entra.
Por outro lado, se os agentes estão ofertando mais dólar do que o mercado é capaz de
demandar, isso pode provocar uma valorização demasiada do real e, para evitar isso, o
BACEN entra no mercado comprando os dólares e colocando em suas reservas inter-
nacionais. Esse movimento evita que o real se valorize demais e tenhamos uma crise de
desemprego.
Flutuante porque o preço é determinado pelo mercado através da lei de oferta e demanda,
e suja porque o BACEN pode manipular esse preço.
Reservas Internacionais
As reservas internacionais são os depósitos em moeda estrangeira dos bancos centrais e
autoridades monetárias. São ativos dos bancos centrais que são mantidos em diferentes
reservas, como o dólar americano, o euro ou o iene, e que são utilizados no cumprimento
dos seus compromissos financeiros, como a emissão de moeda, e para garantir as diversas
reservas bancárias mantidas num banco central por governos ou instituições financeiras.
Um país com alto índices de reservas internacionais é considerado um país com maior
condição de responder a crises econômicas. Para países emergentes, como o Brasil, é
fundamental ter reservas volumosas para atrair investidores estrangeiros.
E por falar em investidores estrangeiros, é bom saber que a entrada de capital estrangeiro
em nosso país fortalece nossa balança de pagamentos. É sobre isso que vamos falar agora.
Balança de pagamentos
Sei que isso é pouco relevante, mas confesso que quando eu era criança e ouvia o termo
balança de pagamentos, imaginava uma balança (de peso) com dinheiro em cima.
Nosso país possui relação comercial com o resto do mundo e estamos o tempo inteiro
enviando dinheiro para outros países, seja via importação, ou turismo, ou financiando
intercâmbio. Estamos também recebendo diariamente muitos recursos vindo de
outros países, seja por exportação, por turistas que vêm conhecer nossas belezas, ou
investidores que trazem recursos para nosso mercado de capitais.
Para a economia de um país é sempre melhor que entre mais dinheiro do saia. Isso é o
que chamamos balança de pagamentos superavitária.
Para formar as contas externas, temos de associar as contas acima da seguinte forma.
⯀ Conta corrente = balança comercial + transferências unilaterais.
⯀ Balança de pagamentos = conta corrente + conta de capitais.
Os resultados da política fiscal podem ser avaliados sob diferentes ângulos, que podem
focar na mensuração da qualidade do gasto público bem como identificar os impactos
da política fiscal no bem-estar dos cidadãos. Para tanto, podem ser utilizados diversos
indicadores para análise fiscal, em particular os de fluxos (resultados primário e nominal)
e estoques (dívidas líquida e bruta). A saber, estes indicadores se relacionam entre si, pois
os estoques são formados por meio dos fluxos. Assim, por exemplo, o resultado nominal
apurado em certo período afeta o estoque de dívida bruta.
O Tesouro Nacional é responsável por gerir essas receitas e despesas. As receitas do governo
advém, majoritariamente, de impostos que, por sua vez, são arrecadados pela Receita Federal.
Se lembrarmos que começamos esse módulo falando do PIB, vamos lembrar que na
equação do PIB temos a letra G, que representa os gastos do governo. Se não houvesse
corrupção, os gastos do governo teriam uma grande força no crescimento do PIB.
A definição do mercado primário é quando uma empresa capta recursos dos investidores
ao lançar um título no mercado pela primeira vez. Isso gera caixa para a empresa.
Seguindo nosso exemplo, imagine que você tenha necessidade de resgatar seu dinheiro
antes do prazo acordado comigo. Tenho uma sugestão para você: que tal negociar
minha divida com seu cunhado? Você vende a dívida para ele, recebe à vista e eu pago,
no vencimento, para ele.
Isso vai gerar liquidez ao seu título. Assim é o mercado secundário: ele possibilita a liquidez
dos ativos negociados. É quando os ativos são negociados de investidor para investidor e
não geram caixa para a empresa emissora do título.
Vimos tudo que tínhamos de ver sobre economia, agora vamos mergulhar nas finanças.
No mercado financeiro temos muitas formas de calcular os juros, e é isso que vamos
abordar de agora em diante.
Agora imagine que esse computador sofra um reajuste de 30% em um ano. Imaginou?
Pois é, nesse exemplo, por mais que você tenha ganho 20% em um ano, você perdeu
poder de compra, pois o preço do computador subiu 30%. Caso queira comprá-lo, terá
que desembolsar um pouco mais de grana.
Esse exemplo representa o ganho nominal e o ganho real de uma aplicação. Ganho nominal
é quanto um investidor recebe ao fazer uma aplicação, e ganho real é quanto o investidor
realmente ganha com essa aplicação. Confuso?
Imagine que um investimento rendeu 15% em um ano e que a inflação medida pelo IPCA
tenha sido de 5% ao ano. Nesse caso, para sabermos o ganho real, basta descontar da taxa
nominal 15% no IPCA 5% e chegamos na taxa real.
Basta fazer:
Certo? Errado.
1 + Taxa Nominal
Taxa Real = ( )-1
1 + IPCA
1 + 0,15
Taxa Real = ( )-1
1 + 0,05
1,15
Taxa Real = ( )-1
1,05
Dessa forma, chegamos à conclusão que, embora a taxa nominal do investimento tenha sido
15% ao ano, a taxa real simulada no exemplo acima é de 9,52%. Isso significa que esse inves-
tidor teve um aumento do poder de compra de 9,52% e não 10%, como parecia inicialmente.
Resumindo:
⯀ Taxa nominal: o retorno que o investidor recebe por seus investimentos durante um período.
⯀ Taxa real: é o aumento do poder de compra que um investimento traz a seu detentor;
é a taxa nominal descontada a inflação.
É interessante notar alguns pontos adicionais sobre a taxa de juros real e sua relação
com a taxa de juros nominal:
1. se a taxa de inflação for maior do que a taxa de juros nominal durante o período de
um investimento, a taxa de juros real ficará abaixo de zero. Ou seja, o rendimento real
em um investimento pode ser negativo, o que significa que o poder de compra do
investidor pode se reduzir entre o momento da aplicação dos recursos e o momento
do recebimento do montante principal acrescido dos juros.
2. se a taxa de inflação for negativa, isto é, se houver deflação, a taxa de juros real será
superior à taxa de juros nominal. Isso significa que o poder de compra do investidor
pode crescer a um ritmo maior do que aquele indicado pela taxa de juros nominal
oferecida em determinada aplicação financeira.
Regimes de capitalização
Já sabemos que juros é o valor do dinheiro no tempo. O que vamos saber a partir de agora
é que existem algumas formas de calcular os juros. Matematicamente, o cálculo dos juros
é chamado de capitalização. Entre outros regimes de capitalização temos de destacar o
regime de capitalização simples e composta.
Capitalização simples
Às vezes, pode parecer que chamar algo de ‘simples’ é exagero. Mas a Capitalização Simples
é realmente simples. E o que a torna tão fácil de entender é o fato de que nela o juro não
incorpora ao capital para efeito de novos juros periódicos.
Se tivermos uma taxa de juros de 2% ao mês e quisermos encontrar qual é a taxa proporcio-
nal a 1 ano, basta multiplicar a taxa pelo prazo desejado, que nesse caso é 12, ficando assim:
2 x 12 = 24%
VF = VP x (1 + taxa x prazo)
Onde:
⯀ VF = Valor Futuro ou montante;
⯀ VP = Valor Presente ou capital inicial.
Fique ligado: sempre que vamos fazer cálculos com números que são expressos em
percentual (%), é preciso convertê-los para o formato decimal. Para fazer isso, basta
dividir o número por 100. Que, no caso de 1%, ficaria 1/100 = 0,01.
Quanto teríamos ao aplicar R$ 1.000,00 a uma taxa de 24% ao ano, no período de 6 meses?
Agora você tem uma taxa expressa ao ano e precisa saber o resultado do semestre. Tão
simples como o nome dessa capitalização é a fórmula para calcular.
VF = VP x [1 + (taxa x prazo)]
6
VF = 1000 x {1 + [0,24 x ( )]}
12
VF = 1000 x [1 + 0,120]
VF = 1000 x 1,120
VF = 1.120,00
No regime de capitalização simples, não existe a capitalização dos juros, e assim os juros de
um período não geram juros nos períodos seguintes. Principalmente em economias com
elevadas taxas de inflação, como historicamente é o caso do Brasil, tal regime de capitali-
zação não é utilizado com frequência. Em seu lugar, o regime de capitalização composta
tende a ser preferido. Nesse regime, o montante inicial cresce de maneira geométrica ao
longo do tempo, e o valor de principal acrescido de juros em um dado período serve como
base de cálculo para os juros do período subsequente.
Capitalização composta
Aqui temos que abusar um pouco mais de nossas habilidades matemáticas.
Pra deixar tudo mais fácil de se comparar, vamos analisar com os mesmos dados que
utilizamos no exemplo de capitalização simples.
VF = 1000 x 1,1268
VF = 1.126,82
Feito isso, agora vamos também entender o segundo exemplo, em que tínhamos um
capital inicial de R$ 1.000,00 com uma taxa de 24% a.a, com período de 6 meses e período
de capitalização composta:
6
VF = 1000 x (1 + 0,24) 12
0,5
VF = 1000 x (1,24)
0,5
VF = 1000 x (1,24)
VF = 1000 x 1,1135
VF = 1.113,55
A grande vantagem desta equação é que um gênio, um dia, inventou uma máquina incrí-
vel chamada HP-12C que faz esta conta para a gente com alguns cliques. Abaixo eu listo
o passo a passo que você deve seguir para chegar neste resultado na HP-12C.
Mas, partindo do princípio que dia é uma unidade de tempo, como seria se você tomasse
uma grana emprestada com uma taxa de juros aplicada às horas que você manteve o
dinheiro com você? Agora, se podemos usar as horas como unidade de tempo, faz sentido
que podemos usar minutos, segundos e até milissegundos?
Partindo do princípio que o intervalo de números contém números infinitos podemos dizer
que poderíamos dizimar a equivalência de uma dada taxa para encontrar, por exemplo, o
juros de um dinheiro que tenha sido emprestado por 3 milissegundos, que tal?
Eu sei que isso pode soar estranho, mas é, matematicamente, possível. Sim, nós conse-
guimos, através do regime de capitalização contínua, calcular uma capitalização infinita,
onde os períodos de capitalização ocorrem em cada instante infinitesimal.
É claro que ninguém empresta dinheiro a outro para receber daqui um milésimo de
segundo, certo? Afinal, antes do dinheiro ir já tem de voltar. O ponto aqui é o seguinte:
Eu posso emprestar um dinheiro por um prazo de 2 anos, por exemplo, e capitalizar
esse saldo infinitamente, respeitando, é claro, o prazo que foi acordado. Vamos fazer isso
usando a capitalização contínua.
FV = PV x eI x n
Onde:
⯀ e = número constante, base dos logaritmos neperianos (e = 2,7182818284…);
⯀ I = Taxa de juro periódica, conhecida por taxa instantânea;
⯀ n = período de capitalização
Admita uma aplicação de R$ 1.000,00 por dois anos, à taxa de 10% com capitalização contínua.
Qual o montante apurado ao final desse período com o regime de capitalização contínua?
FV = PV x eI x n
FV = 1000 x 2,71820.10 x 2
FV = 1.221,40
A boa notícia é que conseguimos fazer esta conta na HP-12C. Antes de fazermos via HP-12C,
vamos fazer uma comparação. Qual seria o montante encontrado se, ao invés da capita-
lização contínua, usássemos o regime de capitalização composta?
FV = PV x (1+i)n
FV = 1000 x (1+0,10)2
FV = 1000 x (1+0,10)2
FV = 1.210,00
Assim, de uma maneira lógica, podemos concluir que o regime de capitalização contínua
produz um resultado um pouco maior do que o regime de capitalização simples, certo?
A pergunta que fica é: onde usamos o regime de capitalização contínua, Tiago? A aplica-
ção deste regime de capitalização no mercado é bem rara. Somente algumas operações
específicas vão utilizar este regime de cálculo. Principalmente quando temos uma fluxo de
caixa uniforme distribuídos no tempo. Exemplos: receitas de vendas de um supermercado,
depreciação de ativos fixos, formação de preço de venda.
Deduzo que isso deve ter gerado uma outra dúvida: Se é pouco utilizado, por que,
então, devo estudar isso?
Como fazer esta conta na HP-12c? Esta fabulosa máquina dispões de uma tecla com o loga-
ritmo neperiano, expressada pela tecla . Esta tecla que usamos no cálculo que ficará assim:
Não sei se você notou, mas no regime de capitalização simples a taxa cresce e diminui
na mesma proporção do tempo. Isto é, se tenho a taxa ao mês e quero encontrar a
taxa expressa ao ano, basta multiplicar pela quantidade de meses que desejo, no caso,
12. Justamente por termos as taxas crescendo de forma proporcional é que vamos
chamá-las de taxas proporcionais nesse regime.
Imagine que tenhamos uma taxa expressa ao mês de 1%. Quanto será essa taxa expressa ao ano?
Taxa proporcional = 1 x 12
Questão resolvida! Eu disse que era tranquilo. Agora vamos encontrar qual taxa é equiva-
lente a 1% a.m. no período de 1 ano no regime de capitalização composta.
prazo que quero
Taxa equivalente = [(1 + taxa) prazo que tenho - 1] x 100
12
Taxa equivalente = [(1 + 0,01) 1 - 1] x 100
12
Taxa equivalente = [(1,01) - 1] x 100
Perceba que, enquanto no regime de capitalização simples nós encontramos a taxa pro-
porcional de 1% ao mês no período de 12 meses, isto é, 1 ano igual a 12% ao ano, no regime
de capitalização composta o resultado é 12,685% a.a.
Agora vem uma pergunta: qual dos dois regimes de capitalização é o melhor?
Veja, se temos a taxa expressa ao mês e queremos descobrir num período maior, por exemplo
ao ano, estamos capitalizando a taxa. Se temos uma taxa expressa ao ano, e queremos saber a
respeito de 1 período menor, por exemplo 1 mês, estamos descapitalizando. Faz sentido para você?
1. Capitalização
⯀ 1% ao mês é equivalente a 12,68% ao ano. (vide conta anterior)
⯀ 1% ao mês é proporcional a 12% ao ano. (vide conta anterior)
2. Descapitalização
⯀ 12% ao ano é equivalente a 0,94% ao mês.
⯀ 12% ao ano é proporcional a 1% ao mês.
Agora que você já sabe usar e abusar da matemática, vamos aprender sobre fluxo de pagamentos.
Fluxo de pagamentos
Se eu te pedir R$1.000,00 emprestados para pagar em 12 parcelas de R$100,00, você me
emprestaria? Eu não sei sua resposta, mas esse empréstimo seria mais ou menos assim:
Ficou tranquilo entender o fluxo de pagamentos usando como exemplo esse empréstimo?
Agora aperte a tecla “SAP” dos investimentos e lembre que sempre que um investidor
investe em um título de renda fixa, ele está, na prática, emprestando dinheiro ao emissor
do título. Se é um empréstimo, ele terá, assim como o nosso, um fluxo de pagamentos.
Precisamos saber, em percentuais, quanto você está ganhando com esse empréstimo.
Será que seu cunhado não tomaria um empréstimo com taxas melhores?
Para encontrar a TIR do nosso fluxo de caixa inicial, teríamos de trazer nosso fluxo de paga-
mento a valor presente. É como se eu antecipasse as parcelas para encontrar o valor presente.
Na HP, temos a taxa IRR que nos ajuda a encontrar a Taxa interna de retorno de um
determinado fluxo de caixa.
Custo de Oportunidade
Vamos assumir então que a TIR de nosso empréstimo seja 2,92%. Pergunto: é um
bom negócio para você?
Bem, agora imagine que depois de me emprestar, você descobre que seu cunhado propõe
um empréstimo de com uma taxa de 5%. Como você não está com tanta grana sobrando
assim, você não consegue emprestar essa grana e não consegue ganhar os 5%.
Basicamente, o custo de oportunidade é o quanto você ganha com investimento ou, melhor
dizendo, quanto você deixar de ganhar quando assume um investimento.
Definição de título de renda fixa: os títulos de renda fixa têm um vencimento, uma taxa
conhecida no momento da negociação, e representam a dívida do emissor.
Se sabemos que os títulos de renda fixa têm um vencimento, sabemos, por consequência,
que existe um prazo para o investidor receber seu dinheiro de volta.
Agora pense num investidor (ou um fundo de investimento) que tem em sua carteira
diversos títulos com valores e vencimento diferentes. Como saberíamos qual o prazo médio
de recebimento dessa carteira?
*As características desses títulos serão abordadas nos próximos módulos. Para este
tópico quero que se atente apenas ao valor dos títulos e seus respectivos vencimentos.
Então vamos aprender a calcular esse prazo médio ponderado. No Brasil, uma
Resolução do Conselho Monetário Nacional define a fórmula “oficial” para cálculo do
prazo médio ponderado como:
dj
(1 + i)252 1
PMP = x
VP 252
Onde:
⯀ ∑ PMP é o prazo médio ponderado;
⯀ dj é o número de dias úteis a decorrer até cada fluxo;
⯀ i é a taxa interna de retorno (em base anual com 252 dias úteis);
⯀ VP é o valor presente do título.
Assustou? Calma que a minha missão é deixar as coisas mais simples para você. A primeira
coisa que você precisa lembrar é que, em sua prova, você vai utilizar a HP-12c, por isso,
penso que é mais produtivo irmos direto para a máquina.
Vamos entender melhor isso. Imagine que você tenha investido R$100.000,00 em um CDB
do seu banco e esse produto lhe rendeu 10% em um ano. Ótimo, como você tem apenas
um título, fica fácil saber o retorno de sua carteira.
Se desdobrarmos sua carteira em 2 títulos, a coisa começa a ficar um pouco mais complexa.
Agora vamos alocar seus recursos em dois títulos, um CDB que lhe rendeu 10% em um ano
e em uma ação que desvalorizou 10% ao ano. Pergunto: qual a rentabilidade de sua carteira?
Vamos colocar essa carteira em uma tabela, conforme a seguir, para ilustramos:
Notou que nessa carteira fictícia temos a maior parte dos recursos alocado em um CDB
e a menor parte na ação? Por conta desse alocamento, a carteira valorizou 8% mesmo
tendo um ativo que desvalorizou 10%.
Para calcular o retorno médio ponderado de uma carteira, temos de lançar mão da matemática:
Onde:
⯀ w: peso de cada ativo;
⯀ r: rentabilidade de cada ativo;
(0,90 x 0,10) + (0,10 x - 0,10) 0,09 - 0,01
RMP = ⇒ ⇒ 0,08
(0,90 + 0,10) 1
Sistemas de Amortização
Até aqui falamos bastante sobre como calcular rendimentos ou taxas equivalentes, certo?
Agora precisamos entender sobre os sistemas de amortização que utilizamos em nosso
mercado para abatimento de dívida.
Primeiro vamos entender o que é amortização. Sempre que você toma dinheiro emprestado
de alguém e se compromete a pagar esta dívida de forma parcela, o valor da parcela tem
dois fatores: a amortização e o juros. Em outras palavras a amortização é o pagamento do
principal que você tomou emprestado.
Agora que conhecemos o que é amortização vamos entender as metodologias que utiliza-
mos para este cálculo. Vamos falar sobre o SAC (sistema de amortização constante), SACRE
(sistema de amortização crescente), sistema de amortização americano e Tabela Price.
Valor do Empréstimo
Valor da amortização =
Número de Prestações
Já o cálculo dos juros usamos conceitos simples que já estudamos anteriormente, neste
caso, capitalizando através do regime de capitalização com juros compostos.
Assim, aplicamos esta taxa ao saldo devedor imediatamente anterior a parcela que vamos
pagar. Ou seja, a parcela 1 será calculado o juros sobre o saldo inicial.
Se entendemos a lógica do sistema SAC, vamos entender como encontrar o valor da par-
cela sem montar essa planilha lindona.
Para encontrar uma determinada parcela através do sistema SAC, lançaremos mão
da seguinte fórmula:
PV
PMT = x [1 + (n - t + 1) x i]
n
Onde:
⯀ PMT = Valor da parcela que estamos buscando;
⯀ PV = O valor presente do fluxo de caixa;
⯀ n = o prazo da operação;
⯀ t = a parcela que estamos buscando;
⯀ i = a taxa efetiva da operação.
100.000
PMT = x [1 + (10 - 7 + 1) x 0,14018]
10
PMT = 15.607,20
Tabela Price
A tabela Price também é chamado de Sistema de amortização Francês, ou ainda de Sistema
de prestação constante. Por esse último nome, podemos deduzir que neste sistema de
amortização, as parcelas são fixas.
Sabe quando você toma um empréstimo no banco e paga em 24 parcelas fixas? Então,
este é o sistema Price. Esse regime é o mais utilizado (embora não único) em opera-
ções de crédito no segmento de varejo.
Neste modelo as amortizações são crescentes e os juros, por incidirem sobre o saldo deve-
dor são decrescentes, Ou seja, o valor da amortização cresce e o valor dos juros diminui ao
longo do tempo, de forma que a soma destes será sempre o mesmo número.
Vamos usar o mesmo exemplo do tópico anterior para entender como fica nossa
tabela de pagamento.
Agora que, visualmente, você notou como fica uma tabela de liquidação de um dado
empréstimo, vamos entender, matematicamente, como chegar nesses valores.
PV = PMT x FPV(i, n)
Onde:
⯀ PMT = Valor da Parcela;
⯀ PV = O valor presente do fluxo de caixa;
⯀ i = taxa da operação;
⯀ n = prazo da operação;
⯀ FPV = Fator do Valor presente.
1 - ( 1 + i )-n
FPV =
i
1 - ( 1,11401 )-1
FPV =
0,140175
FPV = 5,212555
Agora, de posse do FPV podemos encontrar o PMT usando a fórmula PV = PMT x FPV(i, n).
100.000,00
PMT = 5,212555 = 19.184,40
Chegamos a conclusão de como achar o valor das parcelas, certo? como chegamos então
ao valor da amortização e dos juros?
Agora tenho uma pergunta bem importante: por que complicar se a gente pode usar a
HP-12C para nos informar estes dados com alguns poucos cliques?
Vamos direto ao ponto usando uma tabela para desenharmos um fluxo de caixa do
mesmo exemplo anterior temos:
Essa atualização é importante para proteção, tanto do mutuário (aquele que toma
dinheiro emprestado) quando do banco. A proteção se dá por conta de eventual
mudança brusca no mercado financeiro.
24.017,50 + 19.184,40
PMT1 =
2
PMT1 = 21.600,95
Se compararmos com nossa tabela, veremos uma sutil diferença em função do arredondamento.
Agora, tenho uma boa e uma má notícia para você. A má notícia é que não conseguimos
calcular parcelas na HP12-C no sistema Sacre sem programação. Ou seja, para calcularmos
na HP12-C precisamos, necessariamente de programar a HP para isso.
A boa notícia é que, como em sua prova não será requerido habilidade de programação
com HP não será exigido cálculo neste sistema de amortização.
Exemplo: Tomando 100.000,00 com taxa de 30% ao ano para pagar em 5 anos. O valor de
todo juro e amortização será feita, exclusivamente, no final dos 5 anos.
A característica principal deste sistema é que, em função de tempo maior para amortizar,
o saldo a ser pago será sempre maior do que qualquer outro sistema.
Teclas (inser-
Visor Significado
ção de dados)
f REG 0,00 Limpa todos os registradores da máquina
Informa o valor do emprés-
100.000 PV 100.000,00
timo no valor presente
5 n 5 Informa o prazo da operação em anos
30 i 30 Informa a taxa da operação em anos
FV -371.293,00 Temos o Valor Futuro da operação
Diante destes números, é tentador concluir que é bom tomar empréstimo no sistema SAC
e investir através do sistema americano, né?
O convite que faço para você agora é que não olhe somente para o resultado final da
aplicação (ou do empréstimo). É necessário termos uma visão um pouco mais ampla
sobre as operações. Variáveis como risco, prazo, finalidade entram nesta equação.
Vamos ao longo do curso falar mais sobre essas variáveis.
Descontos
Vamos, agora, falar sobre os descontos praticados no mercado. Eu sei que é tentador
pensar naquela pechincha que a gente faz na hora de comprar alguma coisa, né? O ponto
é que aqui, temos de ir um pouco além das pechinchas e pensar em descontos que são
praticados no mercado para precificar um ativo ou uma carteira de recebíveis por exemplo.
D = VF x i x n
Onde:
⯀ D = Desconto
⯀ VF = valor nominal do título no vencimento;
⯀ i = taxa de juros aplicada;
⯀ n = período da antecipação
Se a gente quer saber, o valor recebido após um desconto, basta subtrair o Desconto
do valor nominal, no entanto, se não temos o valor do desconto, podemos lançar mão
da fórmula abaixo:
VF
VP = (1+ixn)
Vamos à um exemplo para que as coisas fiquem mais simples para você.
Admita um ítulos vencível em um 1 ano com valor nominal de R$ 4.000,00 que está sendo
liquidado 3 meses antes do seu vencimento. Se a taxa 12% a.a. taxa de juro corrente, vamos
calcular valor recebido deste desconto.
A primeira coisa que precisamos fazer aqui é encontrar a taxa proporcional. Isto porque, a
taxa está expressa ao ano, mas anteciparemos somente 3 meses. Como estamos usando
o regime de capitalização simples, basta dividir a taxa pelo prazo correto.
Assim, podemos concluir que 12% ao ano é o mesmo que 3% ao trimestre, logo, temos:
4.000
VP =
( 1 + 0,03 )
VP = 3.883,50
Veja:
É exatamente por obedecer essa engenharia que este desconto é conhecido como
desconto “por dentro”.
Desconto Bancário
Esta modalidade de desconto é conhecida no mercado como desconto “por fora”. Se você
viu o tópico anterior e notou que o desconto por dentro calcula os juros sobre o valor pre-
sente, logo, podemos deduzir que este desconto que é chamado de “por fora” calcula o
juros sobre o valor futuro, correto? Bingo!
Esse desconto é chamado de desconto bancário porque, como banco não brinca em ser-
viço, essa modalidade gera um encargo maior do que o desconto por dentro.
VP = VF (1 - i x n)
Vamos usar o mesmo exemplo do tópico anterior para termos um bom poder de comparação.
VP = 4.000 x (1 - 0,03)
VP = 4.000 x 0,97
VP = 3.880,00
Então, sempre que você for a um banco (ou seu cliente) para, por exemplo antecipar um
recebível (cartão de crédito, cheque ou boleto) a modalidade utilizada para calcular o des-
conto é o desconto bancário. Agora, quando você (ou seu cliente) for comprar um título de
renda fixa pré fixado, a metodologia de cálculo será o desconto por dentro.
Vamos entender um pouco melhor isso fazendo a mesma engenharia reversa que fize-
mos no desconto por dentro.
Então, como podemos encontrar a taxa implícita desta operação? simples, descontando
o valor nominal do título pelo valor presente.
4000
( = 1,0309) -1 = 0,0309
3880
Existem muitas variáveis na formação da taxa de juros no mundo mas, em nosso caso,
vamos estudar os fatores que determinam o preço da taxa de juros aqui no Brasil.
Primeira coisa que precisamos entender é que o juro é a remuneração do dinheiro e pode
ser definido como a preferência temporal do agente econômico. Basicamente, quando
um investidor se dispõe a investidor algum recurso, este investimento é feito com base em
uma escolha temporal. Este investidor escolhe não consumir hoje, para poupar e consumir
no futuro e, claro, esse lapso de tempo precisa ser remunerado pelo juro.
Como vimos no módulo anterior, a inflação, nada mais é do que a desvalorização do dinheiro
ao longo do tempo. Um investidor deve estar atento a esse indicador para que sua poupança
não perca poder de compra. O Brasil é um país que tem estabilidade econômica há pouco
tempo. O plano real, que foi iniciado em 1994 trouxe à nossa economia um pouco mais de
estabilidade, antes disso, nossa taxa de inflação trafegava tranquilamente entre 700% ao
ano1. Desde a chegada do plano real temos uma taxa inflação um pouco mais civilizada.
Uma inflação menor, permite uma exigência menor de juros por parte dos investidores.
1. Você pode consultar detalhes sobre a taxa histórica de inflação clicando aqui.
Imagine uma empresa que tenha tomado dinheiro emprestado no mercado financeiro
de investidores para, por exemplo, entrar numa operação de extração de petróleo. Agora
pense numa troca de governo, com uma maioria de Deputados contrário a esse pro-
jeto, pode passar um PL na câmara que inviabiliza essa extração e, consequentemente,
coloca em risco a operação da empresa, bem como a liquidação dos investimentos. Isso
é o que chamamos de risco jurídico. Em função dessa instabilidade jurídica temos, uma
apreçamento maior de nossos juros.
Agora, em risco conjuntural temos de estar sempre “com um olho no peixe e outro olho no
gato”. Temos de analisar o mercado de uma maneira um pouco mais ampla para precificar
os ativos no Brasil. Um exemplo: o mercado financeiro global, considera a economia norte
Americana como a economia mais saudável do mundo (eu, Tiago, tenho minhas dúvidas
quanto a isso, mas aqui não é um lugar para debatermos isso). O ponto é que, em função
da força da economia Americana estamos sujeitos a mudança de humor do presidente do
FED (Federal Reserve, o Banco Central Americano). Se o FED resolve, por exemplo, aumen-
tar a taxa de juros que remunera os títulos do tesouro norte americano, isso deixa nossa
economia um pouco mais frágil. Isso porque, em consequência deste aumento, haverá
uma canalização de capital para os títulos norte americanos, assim, para que o Brasil (o
governo e empresas brasileiras) possam captar recursos no mercado internacional será
necessário pagar um pouco mais de juros.
Para ajudar na previsibilidade do preço do dinheiro, isto é, do juros no Brasil, o Banco Central
vai lançar mão das políticas monetárias que falamos no capítulo anterior. Essa influência
do BACEN na precificação da taxa de juros ajuda a trazer ânimo ao mercado para que seja
feito investimento com segurança e como o mínimo de previsibilidade.
Tendo como exemplo, uma empresa que atua no ramo de construção civil com especialidade
em construção de estradas. Quanto maior for a capacidade operacional desta empresa (capi-
tal disponível, legislação flexível, mão de obra e demanda por estrada) mais essa empresa
constrói estradas, mais ela gera empregos, mais ela paga impostos e, consequentemente,
facilita a vida das pessoas que, no futuro, se deslocaram por essa nova estrada. Assim, para
esse empresa, é necessário que a captação de recursos no mercado seja com a menor taxa
possível. Isso porque essa empresa espera, com essa operação ter um lucro.
E nesse caso, a conta tem de ser muito simples: O lucro dessa operação tem de ser
necessariamente maior que o preço que foi pago para captar esse recurso, caso contrá-
rio a empresa não terá motivação para construir essa estrada. Ou, melhor dizendo, esta
empresa não terá motivo para gerar empregos, para ter receita para pagar impostos e
melhorar a vida das pessoas que usariam a estrada.
Depois dessa longa, mas necessária, introdução vamos começar os produtos propriamente dito.
Renda Fixa
Uma pergunta bem simples, mas que sempre está presente em nossas aulas de tira-dú-
vidas, é essa: o que, de fato, é renda fixa?
Se eu pedir a você uma grana emprestada talvez você, por ir com minha cara, pode me
emprestar. Uma certeza que eu tenho é que, caso sua resposta seja sim para minha soli-
citação, você me fará, no mínimo, 2 perguntas e idealmente me fará 3 perguntas:
Pronto, você acabou de aprender tudo sobre renda fixa. Essa é a definição de um instru-
mento de renda fixa: um título que tem vencimento, tem uma taxa de juros conhecida no
momento da contratação e pode, ou não, oferecer uma garantia adicional.
Quando o agente superavitário investe seu dinheiro em um título de renda fixa está, na
prática, emprestando o dinheiro ao agente deficitário (o emissor do título). Esse título, por
sua vez, será constado nos passivos do emissor. Em outras palavras, representa a dívida
do emissor. Um título de renda fixa é, convencionalmente, chamado também de bond.
IOF
O Imposto sobre Operações Financeiras (famoso IOF) aparece várias vezes na sua
vida: quando compra algo parcelado, uso de moeda estrangeira no cartão de crédito,
cheque especial. Mas você sabe como ele aparece na prova da ANBIMA ou, melhor
dizendo, no mercado financeiro?
Os rendimentos obtidos em títulos de renda fixa, justamente por ter um prazo defi-
nido no momento do investimento, serão tributados com IR (imposto de renda) e IOF
regressivo e, no caso do IOF terá uma tabela que isenta o investidor a partir do 30º dia.
Isto é, investimentos realizados com prazo de resgate menor ou igual será tributado
segunda a tabela de IOF abaixo:
Imagine que o investidor tenha investido R$ 1000,00 e 10 dias depois ele resolve sacar
seu investimento com um rendimento de R$ 100,00. Esse investidor pagará 66% sobre a
rentabilidade, ou seja, sobre os R$ 100,00.
Nesse caso o investidor terá um ganho de apenas R$ 34,00. No entanto, sobre esse saldo
será calculado o IR que, aliás, é nosso próximo tema.
Dica de ouro: investimentos em renda variável não sofrem essa tributação sob
nenhuma hipótese.
A partir de agora, essa tabela deve ser sua nova companheira. A cada olhada no celular
para conferir suas redes sociais, você deve olhar duas vezes para essa tabela até ter esse
conceito bem enraizado, combinado?
Não sei se você notou, mas tanto no IOF quanto no IR os investimentos com prazos
maiores pagam menos imposto. A razão disso é muito simples: o governo quer incen-
tivar os investimentos de longo prazo.
Na prática, essa tabela funciona assim: imagine que um investidor tenha investido R$
1.000,00 em um instrumento de renda fixa e, ao solicitar o resgate, tenha aferido, 7 meses
depois, ganho de R$ 200,00. No período de 7 meses o investidor está sujeito a alíquota de
20%. Nesse caso, pagará R$ 40,00 de IR, tendo apenas R$ 160,00 de lucro líquido.
Outro ponto importante é que, caso haja cobrança de IOF, essa cobrança será realizada
primeiro para que o saldo líquido dos rendimentos possam ser tributados de IR.
Tudo que vimos até aqui sobre tributação aplica-se apenas para o mercado de renda fixa.
No caso de renda variável, a coisa é um pouco mais simples. O mercado de renda variável
será sempre isento de IOF e terá uma tributação fixa que, na maioria dos casos, será de 15%.
Beleza, entendemos o que é renda fixa e sua natureza tributária, agora vamos falar sobre
as características dos títulos públicos e privados.
Se você for recomendar um título de renda fixa para seu cliente como vai justificar, por
exemplo, que um título do banco A remunera 80% do DI e uma debênture da empresa B,
remunera em 120% do DI? Vai falar sobre o risco do emissor? sim, essa é uma resposta cor-
reta, mas não só isso. As características que temos de analisar em um título de renda fixa são:
⯀ Fluxo de pagamento;
⯀ Duration;
⯀ Yield to Maturity;
⯀ Current Yield;
⯀ PU (preço unitário);
Fluxo de pagamento
Um ativo de renda fixa, como vimos, tem vencimento e, necessariamente, terá de ser
resgatado no vencimento. No entanto, é importante destacarmos que alguns títulos
podem apresentar pagamentos periódicos durante sua maturação. Esses pagamentos
são conhecidos como cupom.
O título A está sendo negociado no mercado com taxa de 10% ao ano, vencimento de 5
anos e sem pagamento de cupom, (um título sem cupom é chamado de cupom zero).
O título B está sendo negociado no mercado com taxa de 10% ao ano, vencimento de 5
anos, porém, diferente do título A, paga cupom semestral.
Duration de Macaulay
A duration é, em poucas palavras, o prazo médio ponderado de recebimento de um
investimento. Assim, um zero coupon bond (em convenção internacional, é assim que
chamamos um título de renda fixa que não paga cupom) terá sua duration exatamente
igual a seu vencimento. Ou seja, se temos um zero coupon bond com vencimento em
5 anos, temos, por definição uma duration de 5 anos.
Ao passo que se temos um título que paga cupom, temos antecipação de rendimento
e uma duration menor.
Vamos imaginar um título que tenha sido negociado hoje com as seguintes características:
⯀ Valor de subscrição (valor de compra): R$ 1.000,00
⯀ Rendimento linear: 10% ao ano;
⯀ Cupom semestral;
⯀ Vencimento de 3 anos.
cupom R$ 50,00
cupom R$ 50,00
cupom R$ 50,00
cupom R$ 50,00
Momento 0
Investimento de R$ 1.000,00
Se você está com dúvida de onde eu tirei esses R$ 50,00, a resposta está no fato de que é
um título que paga juros linear de 10% ao ano e, portanto, 5% ao semestre.
A duração efetiva do fluxo de caixa dos rendimentos deste título é aquela que torna equi-
valente (indiferente) à opção de resgatar o investimento por meio de um único pagamento.
Esse cálculo é ponderado pelo valor presente de cada parcela de cupom com o respectivo
prazo ou, sendo mais matemático, por meio do conceito de equivalência de matemática
financeira.
Percebe a diferença? o título que VENCE em 6 semestres tem DURAÇÃO EFETIVA de 5,33
semestres. Isso, em função das antecipações feitas nos pagamentos dos cupons.
∑ Ct(t)
t=1
(1 + i)t
Duration =
Po
Tá, eu sei que se você não está familiarizado com as fórmulas matemáticas, essa fórmula
pode assustar um pouco, mas garanto que essa fórmula é mais assustador do que difícil.
O que temos nesta fórmula é: o somatório do valor presente de cada pagamento do fluxo
de caixa, ponderado pelo valor de mercado do título, dividido pelo valor de mercado, vamos
deixar essa fórmula mais simples e aplicar à nosso título.
50 50 x 2 50 x 3 50 x 4 50 x 5 1050 x 6
+ + + + +
1,05 1,052 1,053 1,05 4
1,05 5
1,056
Duration =
1000
Continuando…
Assim, temos:
5.329,5765
Duration = 1000 ⇒ 5,33
Como eu havia antecipado para você, a Duration deste título é de 5,33 semestres.
1. Gestão de Risco de um título (ou uma carteira) de renda fixa: Quanto maior é
a duration de um título, maior será a variação de preço deste título em função das
mudanças de variações de taxas de juros. A Duration permite que se estabeleçam
estratégias protetoras de carteiras de títulos contra variações nas taxas de juros.
2. Gestão de ativos e passivos de uma instituição financeira: Os bancos que trabalham
com duration de captação e aplicação diferente ficam expostos a riscos de variação de
taxas de juros. Em outras palavras, para evitar exposição uma instituição financeira vai
gerir o prazo de sua carteira de empréstimos e de captação com durations semelhantes.
Quando um cliente toma dinheiro emprestado para pagar em 24 parcelas iguais, faz
sentido que a duration deste empréstimo é bem menor do que 24 meses?
Voltaremos a falar sobre Duration ainda neste capítulo, no entanto, vamos entender um
pouco mais sobre precificação de título de renda fixa.
Yield To Maturity
O conceito de Yield To Maturity (YTM) reflete o rendimento (yield) efetivo de um
título de renda fixa até seu vencimento (maturity). A determinação do YTM considera
o preço de mercado do título e os fluxos de rendimentos associados. Basicamente o
que quero dizer é: “a taxa de juros que é oferecida em um bônus de renda fixa pode
não ser, necessariamente, o rendimento efetivo que o investidor terá ao comprar esse
título”. Essa variação pode se dá em função do preço de aquisição de título.
Um título zero cupom é um título que não prevê o pagamento de qualquer rendimento
durante sua maturação. O rendimento do investidor se dá em função a compra com desá-
gio sobre o valor de face. Usando como exemplo, temos a LTN (Letra do Tesouro Nacional)
que tem, por padrão, valor de face R$ 1.000,00. Em outras palavras, o investidor vai receber
por este título, no vencimento, R$ 1.000,00. Assim, o investidor vai pagar por esse título
um valor inferior a R$ 1.000,00 para que essa diferença seja seu lucro.
Neste tipo de título, encontrar o YTM é bem simples, basta dividir o valor de face do
título pelo valor da compra.
Imagine que você tenha adquirido um título de renda fixa, com valor de face R$
1.000,00, vencimento em um ano, valor da compra por R$ 909,09. Qual seria, nesse
caso o YTM? Para isso basta:
1000
YTM = 909,09 -1 ⇒ 0,10
Mas o título pode apresentar pagamento de rendimento periódico e, em função disso, ter
um rendimento efetivo diferente da taxa negociada.
Este título, terá seu pagamento de cupom calculado sobre o valor de face, não sobre o
valor de mercado. Assim, se o título paga 10% ao ano, podemos concluir que o pagamento
será de 5% ao semestre. O Gráfico deste título será assim:
R$ 1.050,00
cupom R$ 50,00
cupom R$ 50,00
cupom R$ 50,00
cupom R$ 50,00
cupom R$ 50,00
R$ 950,00
Este título foi negociado com deságio sobre o valor de face e, por isso, é de se esperar que
o rendimento efetivo (YTM) seja maior que a taxa oferecida pelo título.
C1 C2 C3 C6
P0 = 1 + YTM + (1 + YTM)2 + (1 + YTM)3 + ... + (1 + YTM)6
Onde:
⯀ P = igual o preço de mercado do título;
⯀ C = Cupom recebido pelo título;
Segundo a HP, temos que o título que tem taxa de 10% ao ano, em função de ter sido
negociado com deságio tem um rendimento efetivo (YTM) de 12,034% ao ano. Por analo-
gia, podemos definir que quanto maior for o deságio do título maior será o rendimento e,
quanto maior for o ágio, menor será o YTM.
Current Yield
O Current Yield vem demonstrar o rendimento corrente do título em função do tempo e
dos pagamentos de cupons periódicos.
Se temos um título que paga cupom, faz sentido para você que um cupom de R$ 50,00 recebido
hoje não tem o mesmo poder de compra que um cupom de R$ 50,00 recebido em 3 anos?
Cupom Anual
CY = PU
100
CY = 950 = 0,1053
Acontece que, a essa variável, temos de considerar o prazo do título para encontrar a
variação de preço e, quanto maior o prazo (duration) do título maior será sua variação em
percentual, conforme a tabela abaixo:
Admita um título com valor de face R$ 1.000,00, com cupom anual de 8%.
O que essa tabela nos demonstra é que que, quanto maior for o prazo de um título, maior
será sua sensibilidade com relação a mudanças nas taxas de juros. Ao passo, que quando
a taxa de mercado sai de 4% para 6% (1) o título que tem um prazo de 4 anos teve volatili-
dade de 6,63%, o título de anos, apresentou uma volatilidade de 11,43%.
A projeção do preço de um ativo de renda fixa, chamado de preço na curva é feita através
de uma função de convexidade, conforme o gráfico abaixo:
Convexidade
Yield
O que está imagem quer demonstrar é que, apesar de o preço do ativo cai à medida que
a taxa de juros aumenta, esta não é uma relação linear. Isto em função do risco que um
título apresenta em função de sua maturação. Estas variações de preço dos ativos podem
ser encontradas através de uma modificação na duration.
Duration Modificada
Ao falarmos sobre duration nas páginas iniciais deste módulo eu disse que voltaria neste
assunto, lembra? pois é, chegou a hora. Vamos entender como uma modificação na
formulação da Duration nos ajuda a entender a volatilidade de um título de renda fixa. A
Duration modificada é calculada da seguinte forma:
- Duration
DM= 1+K
O que a DM quer nos mostrar é que para cada percentual alterado na taxa exigida pelo
investidor YTM, temos uma variação no preço do ativo.
Vamos determinar:
a. YTM;
b. Duration;
c. Duration Modificada;
d. Se a taxa de juros de mercado subir para 11% qual será a variação de preços deste ativo?
Respondendo:
a. Para cálculo do YTM temos
40 40 40 40
922,80= (1 + YTM) + (1 + YTM)2 + (1 + YTM)3 + ... + (1 + YTM)10
40 40 x 2 40 x 3 1040 x 10
+ + + ... +
1,05 1,052 1,053 1,0510
Duration =
922,80
-D - 8,36
DM= 1 + K ⇒ 1,05 = - 7,96
A Duration modificada acima foi calculada com período de pagamento de cupom semestral,
assim dividirmos por 2, temos que a DM anual deste título é 3,98. Assim podemos concluir que,
para cada 1% de mudança de taxa de juros no mercado, o preço deste ativo altera em 3,98%.
Nos itens acima, nós falamos sobre fatores que influenciam o preço de um ativo, entre
eles, temos o risco. O ponto é: como podemos mensurar o risco de crédito de um ativo de
renda fixa? A resposta para essa pergunta está no Rating.
Rating
O Rating é uma “nota” que as agências classificadoras de risco imprimem a um título
emitido no mercado. A agência de risco leva em consideração a situação financeira
do emissor e sua capacidade de honrar suas obrigações financeiras integralmente e
no prazo determinado. Quanto mais alta for a nota, menos arriscado é o título e, por
consequência menor será o retorno exigido pelo investidor.
1. Moodys;
2. Standard & Poor’s;
3. Fitch;
Embora a metodologia de análise destas empresas sejam diferentes, podemos afirmar que
seus resultados são bastante semelhantes. As notas de um emissor vão de A a D. Havendo
variação entre uma nota e outra e um emissor e outro.
Os Ratings são aplicados a títulos de renda fixa e seus emissor, assim como para países
e a qualidade de suas dívidas. Para mensurar melhor o risco de um país, vamos valor
sobre o risco país.
Para calcular o índice, os bancos levam em conta vários fatores, como o nível do déficit
fiscal, o crescimento da economia, a relação entre arrecadação e a dívida de um país, as
turbulências políticas, etc. Em outras palavras, o risco-país mostra a sobretaxa que um
investidor está correndo o risco de pagar em relação ao rendimento dos papéis da eco-
nomia americana, uma vez que esta é considerada a mais solvente do mundo.
O índice é calculado em pontos básicos, onde cada ponto corresponde 0,01 ponto per-
centual de prêmio acima do rendimento dos papéis da dívida dos EUA. Se o risco-país do
Brasil for 200, por exemplo, isso significa que os estrangeiros “merecem” um prêmio de 2
pontos percentuais de rendimento acima do que paga um igual papel americano.
Quanto maior o EMBI+, maior tem de ser a remuneração que o governo tem de oferecer
por seus títulos. Em outras palavras, o EMBI+ alto “puxa” a taxa básica de juros da economia
para cima e, se lembrarmos das aulas de políticas monetárias, quanto maior for a Selic,
maior será o custo do dinheiro e, por consequência, menor será a capacidade de investi-
mento por parte das empresas que captam recursos do mercado.
Agora que estendemos os riscos de crédito, vamos falar sobre uma cláusula de garan-
tia que pode (ou não) existir em ativos de renda fixa e, caso exista, diminui o risco de
inadimplência do emisor.
Imagine que você pega 10 mil reais emprestados com um amigo e promete pagar depois
de 1 ano. Ao mesmo tempo, você faz um contrato com cross default. Depois de alguns
meses, você atrasa uma conta de luz. A partir deste momento, a sua dívida de 1 mil reais
pode ser considerada vencida e cobrada na justiça.
Em resumo, o cross default é uma garantia adicional onde todos os vencimentos da empresa
podem refletir na dívida que tem essa garantia. Se uma empresa emite debêntures com
essa cláusula e atrasa o pagamento do aluguel de sua fábrica, o agente fiduciário desta
debênture pode acionar a empresa para liquidação das debêntures. Outra garantia que
pode estar presente nos ativos de renda fixa é o FGC.
O Fundo oferece aos investidores uma cobertura de até R$ 250.000,00 por CPF por institui-
ção. Isto é, se o investidor tem até R$ 250.000,00 em um banco, ele conta com cobertura
integral em caso de solvência daquela instituição.
Banco A: R$ 250.000,00
Banco B: R$ 250.000,00
Banco C: R$ 250.000,00
Banco D: R$ 250.000,00
Caderneta de poupança
A poupança é, de longe, o investimento mais popular e mais antigo (criada em 1861) do Brasil,
mas está longe de ser o investimento mais rentável ao investidor. Aposto que pelo menos
uma vez na vida você já abriu uma poupança (ou muito provavelmente tem uma até hoje).
Ela possui rentabilidade mensal, isto é, paga juros ao investidor somente 1 vez por mês. Esse
pagamento é feito no dia do aniversário da poupança, que se dá sempre no dia de sua aplicação.
A poupança possui liquidez diária, porém com perda de rentabilidade em caso de saque
efetuado antes do aniversário. Já sobre rentabilidade, a poupança tem duas regras para
pagar o investidor e essa regra está condicionada a taxa Selic:
Letra Financeira
Semelhante ao CDB, a Letra Financeira é um instrumento de captação emitido por
bancos comerciais e bancos múltiplos. Ela, porém, pode ser emitida também pelas
seguintes instituições:
⯀ Sociedades de crédito, financiamento e investimento;
⯀ Caixas econômicas;
⯀ Companhias hipotecárias;
⯀ Sociedades de crédito imobiliário;
⯀ BNDES.
Imagine que o Banco Romero (inventei esse nome agora para dar um salve aos corin-
thianos) tenha em sua carteira de financiamento de veículos R$ 100.000.000,00 (cem
milhões de reais). Ou seja, esse banco tem um total de 100 milhões para receber de
seus clientes que estão pagando mensalmente.
O Banco Romero, com autorização do FGC, aliena essa carteira ao Fundo. Na prática sig-
nifica que se o Banco Romero quebrar e não tiver dinheiro para honrar com os DPGEs, o
FGC cobre isso junto aos investidores, mas a carteira de financiamento de veículos passa
a ser do FGC. Ou seja, a medida que os clientes do banco estão pagando a parcela de seus
veículos, quem recebe agora é o FGC e não mais o fundo.
Pausa para explicar o que é lastro: segundo o Wikipedia, “Lastro, em Economia, é a garantia
implícita de um ativo”. Traduzindo de um jeito bem simples, lastro é quando temos um
ativo real dando garantia a uma operação. Esse ativo pode ser um imóvel, por exemplo.
Agora que entendemos o lastro, vamos estudar a LCI, Letra de crédito imobiliário. Como
o próprio nome sugere, é um título que gera crédito para o mercado de imóveis no Brasil.
Imagine que você vá até seu banco e solicite um crédito para comprar um apartamento no
valor de R$ 300.000,00. Você já se perguntou de onde sai essa grana que financia seu imóvel?
Bem, se você já se perguntou isso antes de conhecer a LCI, tenho o prazer de anunciar
que seu QI é diferenciado. Nenhuma pessoa normal faria esse tipo de pergunta. Parabéns!
Então, o banco tem uma “gaveta especial” de onde tira dinheiro para emprestar a
você e aos demais clientes que queiram realizar o sonho da casa própria (ou das casas
próprias). Essa gaveta é chamada de LCI.
Cada emissão de uma LCI será lastreada em um (ou vários) crédito imobiliário. Explicando
de um jeito bem simples: Eu vou ao banco e invisto R$ 300.000,00 em uma LCI. O banco
pega esses R$ 300.000,00 e empresta para você comprar seu imóvel.
Acontece que seu crédito imobiliário tem a garantia do seu apê, certo? Isso significa que,
caso você não consiga pagar, o banco pode executar a garantia tomando o imóvel para
restituir o crédito. Em outras palavras, a chance do banco tomar calote nesse tipo de crédito
é muito baixa e, por consequência, o risco de crédito desse produto é também muito baixo.
E por falar em risco de crédito, esse produto conta também com a cobertura especial do
FGC. Isso significa que é correto dizer que uma LCI tem garantia real + a cobertura do FGC.
A LCI foi criada em 2004 e pode ser emitido por bancos comerciais, bancos múltiplos com
carteira de crédito imobiliário, Caixa Econômica Federal, sociedades de crédito imobiliário,
associações de poupança e empréstimo, companhias hipotecárias e demais espécies de
instituições que venham a ser expressamente autorizadas pelo Banco Central.
A LCI, como sabemos, é um título de renda fixa e, portanto, será tributado conforme a
nossa tabela regressiva de IR, certo? Quase certo.
Uma peculiaridade muito importante para esse tipo de título é que investidor PF está
isento de IR. Ou seja, todo o rendimento obtido através deste produto não terá cobrança
de IR. Isso torna o produto muito atrativo para os investidores PF.
Pausa para um café e para acalmar a fera socialista que pode existir dentro de você:
existe uma corrente ideológica na economia que luta contra esse “abuso rentista” que
alega que os investidores colocam seus recursos em produtos “improdutivos” e ainda
por cima não pagam imposto.
Agora que já sabemos que a LCI é um título lastreado no crédito imobiliário, que tem garantia real,
cobertura do FGC e isenção de IR para pessoa física, vamos para mais algumas características:
⯀ Prazo mínimo de 12 meses se for atualizada anualmente por índice de preços (IPCA ou IGP-M);
⯀ Prazo mínimo de 36 meses se for atualizada mensalmente por índice de preços (IPCA ou
IGP-M);
⯀ Prazo mínimo de 90 dias se não for atualizada por índice de preços. Melhor dizendo
ser for indexada ao DI, por exemplo;
⯀ Prazo máximo do título não pode exceder o prazo máximo da carteira de crédito
que dá lastro à operação;
⯀ Como não há resgate antes de 90 dias, o IOF, mesmo para PJ, não será cobrado;
⯀ Pessoa Jurídica paga IR conforme tabela regressiva;
⯀ Isenção de IR para investidor PF. (estou repetindo esse tópico porque é impor-
tante pra caramba, vai por mim).
⯀ É um título custodiado e liquidado na clearing de renda fixa da B3.
Brincadeiras a parte, um jeito bem simples de entender a LCA é ler tudo que escrevi sobre
LCI e trocar a palavra imobiliário por agronegócio. Basicamente, os investimentos realizados
em LCA são direcionados para crédito do agronegócio.
Se você entendeu bem a LCI, fica fácil entender a LCA. Abaixo eu listo as características
que, com exceção da possibilidade de ser emitida com atualização mensal por índice de
preços, o restante é exatamente igual a LCI.
⯀ Prazo mínimo de 12 meses se for atualizada anualmente por índice de preços (IPCA ou IGP-M);
⯀ Prazo mínimo de 90 dias se não for atualizada por índice de preços. Melhor dizendo,
ser for indexada ao DI, por exemplo;
⯀ Prazo máximo do título não pode exceder o prazo máximo da carteira de crédito
que dá lastro à operação;
⯀ Como não há resgate antes de 90 dias, o IOF, mesmo para PJ, não será cobrado;
⯀ Pessoa Jurídica paga IR conforme tabela regressiva;
⯀ Isenção de IR para investidor PF. (estou repetindo esse tópico porque é importante
pra caramba, vai por mim).
⯀ É um título custodiado e liquidado na clearing de renda fixa da B3.
Faz sentido para você que 35 anos é um baita tempo quando se trata de receber uma
dívida? Existe uma solução para isso, e se chama CCI.
Pausa para entender o que é uma companhia securitizadora. O termo securitizadora vem
do inglês securities que, traduzido, significa título. Assim, podemos concluir que uma secu-
ritizadora é uma empresa que emite títulos no mercado. Falando um português mais claro,
é uma empresa que compra a carteira de crédito de um banco e emite títulos no mercado
para os investidores. Deixando ainda mais simples: a securitizadora é quem antecipa a carteira
de crédito dos bancos, pagando à vista para o banco e recebendo a prazo dos tomadores.
Voltemos, então, para o CRI. Esse título é emitido por uma securitizadora. Em linhas gerais,
imaginemos que a securitizadora tenha comprado uma carteira de crédito imobiliário de
um banco no valor de R$ 500.000.000,00. Essa compra é, para o banco, uma antecipação
de um fluxo de caixa futuro e, para a securitizadora, um pagamento à vista.
A pergunta que fica é: de onde a securitizadora vai tirar essa grana toda para pagar o
banco? Se você respondeu “do mercado financeiro”, você acertou. A securitizadora emite
um título chamado CRI.
Características principais:
⯀ Não possui prazo mínimo;
⯀ Não possui garantia do FGC;
⯀ Possui lastro no crédito imobiliário e, portanto, tem garantia real;
⯀ Há isenção de IR para investidor PF;
⯀ É um título registrado na clearing de títulos da B3;
⯀ Não há regulação para o valor unitário do título, no entanto, é comum títulos com
valor de aplicação de R$ 1.000,00.
Bem, se você conseguiu entender a LCA com base na LCI, a lógica aqui será a mesma. O
CRA está para o agronegócio assim como a CRI está para crédito imobiliário.
Um CRA é um título de valor mobiliário, portanto tem de ser objeto de oferta pública
com autorização da CVM para ser ofertado ao mercado, exceto se for ofertado exclu-
sivamente para investidor qualificado.
Características principais:
⯀ Não possui garantia do FGC;
⯀ Possui lastro no agronegócio e, portanto, tem garantia real;
⯀ Há isenção de IR para investidor PF;
⯀ É um título registrado na clearing de títulos da B3;
⯀ Não há regulação para o valor unitário do título, no entanto, é comum títulos com
valor de aplicação de R$ 1.000,00.
Se você está lendo essa apostila, você se matriculou em nosso curso (honestamente,
assim eu espero, viu?). Agora, imagine que eu, enquanto professor, tenha idealizado
esse projeto e sabia que, do dia que tive a ideia até o curso estar pronto para ser ven-
dido para você, demoraria 6 meses.
Como eu não tenho dinheiro para bancar esse projeto, eu emito uma “CPC” (cédula do
produtor de cursos) e vendo para um investidor que queira financiar esse projeto. Assim, o
investidor me paga hoje R$ 20.000,00 para que eu consiga produzir esse curso lindo para
você, e quando eu estiver vendendo os cursos, ele recebe os R$ 25.000,00.
Bem, é claro que você sabe que não existe CPC, mas é exatamente isso que o acontece
com uma CPR. Um produtor rural antecipa a venda de sua produção junto ao mercado.
Acontece que o mercado financeiro é bem exigente. E se, por alguma razão, esse pro-
dutor não conseguir vender sua safra? Quem garante que o investidor vai receber seu
dinheiro? É aí que entra o sistema financeiro.
O produtor (ou cooperativa de produtores) que quer emitir uma CPR vai contratar um
banco ou uma seguradora para prestar serviço de aval. Então, o banco vai assumir o risco
da operação.
Características:
⯀ O lastro do título é, costumeiramente, o penhor rural;
⯀ Não tem cobertura do FGC;
⯀ Pode ser negociado no mercado primário ou secundário;
⯀ Pode ser negociado no mercado de balcão sem registro na clearing;
⯀ Para ser negociado no mercado secundário é imprescindível que tenha sido regis-
trado na clearing de ativos;
⯀ Será custodiada na clearing da B3;
⯀ Investidor PF está isento de IR;
⯀ Investidor PJ vai pagar IR conforme a tabela regressiva;
⯀ É possível a liquidação física do título. Em outras palavras, o investidor pode com-
prar uma CPR para um produtor de soja, por exemplo, e no vencimento do título
não recebe dinheiro, mas recebe a soja produzida. Esse tipo de contrato é muito
comum entre os produtores e as exportadoras. Ou seja, a empresa que vai exportar,
financia a produção para ser vendida no mercado externo. Esse tipo de negociação
pode ser dispensado do registro na clearing;
Em resumo: é através desse título que cooperativas de produtores rurais tomam recursos
do mercado para financiar produtores e a operação é desenhada com o seguinte fluxo:
Uma cooperativa, em posse de CPRs obtidas através de negócios com produtores de milho,
por exemplo, deseja emitir um CDCA para obter um empréstimo. Para isso, a cooperativa con-
trata um banco e negocia uma operação de emissão e desconto de CDCA, apresentando a sua
carteira de CPRs para registro e a montagem do lote. O banco recebe o CDCA da cooperativa
e entrega os recursos a ela, sob a forma de uma operação de desconto. No vencimento, os pro-
dutores de milho quitam suas dívidas referentes às CPRs junto à cooperativa, que por sua vez
liquída o valor acordado do desconto. O banco, que é o participante de registro, efetua a baixa
do CDCA no sistema de registro, e a operação é liquidada. Caso a cooperativa não efetuasse o
pagamento do CDCA no vencimento, o banco executaria a CDCA e as CPRs seriam transferidas
para o banco, por força do penhor.
Características:
⯀ Pode ser negociado com taxa pré-fixada ou pós fixadas;
⯀ isenção fiscal para pessoa física quando da aquisição deste título;
⯀ esses títulos apresentam maiores garantias e retornos mais atrativos do que os
usualmente praticados no mercado;
⯀ é emitido com alienação fiduciária dos direitos creditórios vinculados ao título, o que
aumenta ainda mais as garantias dos investidores nessa operação.
Operação compromissada
Essa é mais uma modalidade de investimento oferecida por bancos onde, nesse caso, o inves-
tidor compra um título de propriedade do banco. Não confunda propriedade com emissão.
Agora com uma linguagem um pouco mais técnica, uma compromissada é uma
operação que possui lastro em ativos de propriedade do banco, e o banco assume o
compromisso de recomprar esse ativo do investidor.
Apesar de ser um título lastreado em outro ativo, o risco desse investimento é da instituição
financeira que emite a compromissada.
Características:
⯀ Título lastreado em algum ativo de propriedade do banco;
⯀ Possui cobertura do FGC se o lastro for título emitido por empresa ligada ao banco
emissor da compromissada;
⯀ Tributação conforme a tabela regressiva de IR tanto para PF quanto para PJ;
⯀ Sujeito a cobrança de IOF se resgatado antes de 30 dias.
O banco está o tempo inteiro emprestando dinheiro para os clientes tomadores, certo?
Agora, imagine que, quando um cliente toma dinheiro emprestado, vai pagar o banco em
até 60 meses. Caraca, 60 meses é tempo pra caramba. Dá tempo da Alemanha ganhar
2 copas do mundo, então o banco pode, caso queira, “antecipar esses recebíveis no mer-
cado”. Para isso, vende no mercado uma CCCB.
Características:
⯀ Não tem cobertura do FGC;
⯀ Possui tributação conforme tabela de renda fixa;
⯀ Risco de crédito associado ao emissor do título;
Letra de Câmbio
As letras de câmbio, embora pareça, não tem nenhuma relação com o câmbio. Aliás, é impor-
tante destacar que este título não pode ser indexado por algum tipo de variação cambial.
Por se tratar do Governo Federal, os títulos públicos são considerados de baixíssimo risco
de crédito. Afinal, é praticamente impossível o Governo Federal declarar falência e sumir
da face da Terra, né? Brincadeiras a parte, esse título é considerado seguro pois, na pior
das hipóteses, o governo pode emitir papel moeda para pagar seus títulos.
1. Pós-fixados;
2. Pré-fixados; e
3. Híbridos (títulos que têm um componente da taxa pós-fixado e outro componente pré-fixado).
Os títulos são representados por letras e notas, sendo que as letras, por padrão, não pagam
cupom de juros, enquanto as notas têm por padrão pagar cupom ao investidor.
São eles:
⯀ LTN - Letra do Tesouro Nacional;
⯀ LFT - Letra Financeira do Tesouro;
⯀ NTN - B (Principal) - Nota do Tesouro Nacional série B Principal;
⯀ NTN - B - Nota do Tesouro Nacional série B;
⯀ NTN - F - Nota do Tesouro Nacional série F.
A LTN, quando emitida, tem em seu valor de face sempre R$ 1.000,00. Ou seja, no vencimento
o investidor vai receber R$ 1.000,00 por esse título e, por isso, vai pagar menos do que valor.
Exemplo: O título vence daqui 3 anos, e ao comprar hoje, o investidor paga por ele R$ 650,00.
Assim, se quisermos saber qual a taxa pactuada no período, basta dividir o valor futuro
pelo valor presente, assim ó:
( Valor Futuro
Valor Presente ) -1⇒
1000
650 - 1 = 53,85%
Nesse caso, ao investir R$ 650,00 o investidor tem de retorno 53,85% ao período de 3 anos. Quanto
maior for a taxa de juros pactuada no momento da compra, menor será o preço de compra.
Portanto, é correto afirmar que o preço do título (PU) é inversamente proporcional à taxa de juros.
A negociação desse título é com base no valor de mercado, e seu preço é atualizado de
acordo com a valorização do título ao longo do tempo.
Vamos a um exemplo prático. O Tesouro Nacional determinou que esse título no dia
01/07/2000 tem seu valor nominal de R$ 1.000,00. Esse título foi lançado no mercado com
valor de R$ 1.000,00, e agora teríamos de saber qual a taxa Selic acumulada no período.
(Para facilitar nossa vida, a calculadora do cidadão do BACEN, nesse link ajuda no cálculo)
Após fazer uma consulta da calculadora do link acima, cheguei a esse resultado.
Podemos então concluir que esse é o valor do título na data da consulta? Quase. Temos de
acrescentar um eventual ágio ou deságio sobre o título. De acordo com a oferta e demanda
sobre esse título, ele pode ser negociado com ágio ou deságio sobre o valor de mercado.
Explico com um caso prático. Em uma consulta breve no site do tesouro (nesse link),
pude notar que no dia 28/12/2018 uma LTF está sendo negociada com deságio de 0,01%,
o que significa que o Tesouro vai pagar 0,01% + a variação da Selic ao longo do tempo.
Esse deságio deixa o título 0,01% mais barato e sempre que eu pago algo mais barato,
eu tenho maior lucro, certo?
A propósito, o preço do título nesse dia estava R$ 9.878,65, e se você comparar com a
imagem acima vai notar que está mais barato. Na imagem temos o valor de R$ 9.873,16.
Olhando os números, faz sentido para você que, ao comprar o título nesse dia, estamos
pagando um pouco mais barato do que deveria? Assim, podemos assumir que o título
está sendo negociado com deságio sobre o valor de mercado e, por isso, vai pagar uma
rentabilidade superior à variação da Selic.
Em resumo, a LFT é um título pós fixado, indexado à Selic e que pode apresentar uma
rentabilidade diferente da taxa Selic do período em função do ágio ou deságio.
Pausa para explicar o que é cupom: alguns títulos de renda fixa podem pagar juros peri-
ódicos, e esses juros são chamados de cupom. Para facilitar sua compreensão, analise o
fluxo de caixa de um título com cupom.
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
+ resgate do principal
Valor investido
Como você pôde notar na imagem acima, o cupom é o pagamento periódico do rendimento
do título. Um título zero cupom terá seu fluxo de caixa desenhado conforme imagem abaixo:
Valor investido
Agora que entendemos o que é cupom, vamos entender as características da NTN-B.
⯀ NTN-B principal: este título é um título zero cupom, ou seja, o rendimento é pago
junto do principal no resgate do título;
⯀ NTN-B: este título paga cupom semestral para o investidor. Em outras palavras, o
investidor recebe o rendimento a cada 6 meses.
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
+ resgate do principal
Valor investido
Tesouro Direto
Criado em 2002, o Tesouro Direto é um programa de negociação de títulos públicos a
pessoas físicas por meio da internet, por meio de uma conta em uma corretora. Para
o pequeno investidor, o Tesouro Direto é considerado uma opção de investimento de
baixo custo e segura, já que os títulos públicos são considerados os ativos com menor
risco em uma economia.
Para facilitar o acesso ao investidor comum, o Tesouro Nacional deu nomes, digamos, mais
familiares aos seus títulos. Assim, a gente não se confunde com sua sopa de letrinhas. Eles
ficaram da seguinte forma:
⯀ LFT ⇒ Tesouro Selic;
⯀ LTN ⇒ Tesouro Prefixado;
⯀ NTN-B principal ⇒ Tesouro IPCA+;
⯀ NTN-B ⇒ Tesouro IPCA+ com juros semestrais;
⯀ NTN-F ⇒ Tesouro prefixado com juros semestrais.
Tesouro Americano
Se a gente entendeu o conceito de títulos públicos federais vai ficar bem fácil entender
os títulos do tesouro norte americano. Estes são os instrumentos utilizados pelo Tesouro
Norte americano para financiar a dívida daquele país. É importante para nós entendermos
a dinâmica deste mercado porque o Brasil (e todos os outros países) concorre por capital
com os EUA. Em outras palavras, por ser considerado o título mais seguro do mercado
financeiro, investidores vão requerer rendimentos maiores que os rendimentos ofereci-
dos pelo EUA. Ou seja, o prêmio pelo risco deve compensar para que investidores tragam
recursos para o Brasil e não para os EUA.
Assim, quando o FED (Banco central Americano) aumenta sua taxa de juros a consequ-
ência é que outros países, principalmente os países emergentes terão de aumentar suas
taxas para evitar uma fuga de capital.
1. T-Bond;
2. T-Bill;
3. T-Note.
Característica individual:
O T-Bond é um título de longo prazo, com vencimento superior a 10 anos. Este título paga
cupom semestral ao investidor e resgate do principal no vencimento. O Principal do título
é atualizado pelo índice de inflação que, no caso dos EUA, é o CPI (Consumer Price Index).
O T-Note é um título também de longo prazo, porém seu vencimento é em até 10 anos.
Com a mesma dinâmica de remuneração do T-Bond, ou seja, com pagamento de cupom
pré fixado ao semestre e o principal corrigido pelo CPI.
O T-Bill é o título de menor prazo. O vencimento deste papel será de 4, 13, 26 ou 52 sema-
nas e, por essa razão, não paga cupom semestral. É um título pré fixado e negociado com
deságio sobre seu valor de face que é U$ 100,00.
Global Bonds
Se sabemos que o Tesouro Norte Americano capta recursos no exterior com seus títulos é,
provável que você deve ter chegado à conclusão de que o Brasil também o faz, certo? Sim, o
Brasil também capta recursos no exterior e, para isso, emite outros títulos que não os títulos
que estudamos a pouco sobre o Tesouro Nacional. O Brasil vai emitir os Global Bonds.
Importante, o nome Global Bonds não é uma exclusividade dos títulos Brasileiros, mas
todo Governo que queria captar recursos fora de seu país deve emitir títulos que sejam
negociáveis em qualquer lugar do mundo. Este título são chamados de Global Bonds.
No conceito utilizado para classificação dos títulos da Dívida Pública Federal externa
(DPFe), os globais são títulos que só podem ser negociados no mercado norte americano.
Entretanto, sua moeda não necessariamente é em dólares americanos, tanto que a partir
de 2005 o Tesouro passou a emitir títulos globais em reais. Já os títulos negociados no
euromercado, os eurobonds, são geralmente denominados em euros.
Debêntures
Até aqui falamos de títulos emitidos por bancos e pelo governo. Agora vamos enten-
der como as empresas não financeiras podem captar recursos no mercado através da
emissão de títulos de renda fixa. As NPs e Debêntures são títulos de renda fixa emitidos
por empresas não financeiras.
Pra deixar as coisas bem simples, vamos começar pelas debêntures. Elas são títulos
de renda fixa emitidos por empresas de sociedade anônimas (S/A) para captação de
recursos de longo prazo.
Não existe padronização das características desse título. Ou seja, a debênture pode incluir:
⯀ Qualquer prazo de vencimento;
⯀ Amortização (pagamento do valor nominal) programada na forma anual, semestral,
trimestral, mensal ou esporádica, no percentual que a emissora decidir;
⯀ Remunerações através de correção monetária ou de juros;
⯀ Remunerações através do prêmio (podendo ser vinculado à receita ou lucro da emissora);
⯀ Direito dos debenturistas: além das três formas de remuneração, o debenturista pode
gozar de outros direitos/atrativos, desde que estejam na escritura, com o propósito
de tornar mais atrativo o investimento neste ativo;
⯀ Conversão da debênture em ações da companhia;
Bem, retomando a questão da garantia: como a Debênture é um título que não conta a
garantia do FGC, é necessário que exista outra garantia, certo? Por isso uma Debênture
terá uma entre as quatro garantias abaixo:
⯀ Garantia real: aqui a empresa que emite a dívida (debênture) aliena um bem à
operação. Em outras palavras, um bem real da empresa fica “preso” de forma que
a empresa não pode negociar, vender ou transferir o bem até que as debêntures
sejam quitadas. Se a empresa não tiver caixa para pagar as debêntures o bem pode
ser vendido para quitação dos títulos;
⯀ Garantia flutuante: aqui também temos um bem real dando garantia a operação, no
entanto essa garantia pode ser substituída. Ou seja, a empresa é livre para negociar
essa garantia em outra operação, desde que substitua o bem;
Escritura
A gente viu até aqui que uma debênture é um título de renda fixa emitido por empresa
não financeira e têm suas garantias. Agora precisamos entender onde estão essas infor-
mações para que o investidor possa saber exatamente onde está colocando seu dinheiro.
Além de todas as informações citadas acima, numa escritura tem descrito quem é o
agente fiduciário da debênture. E antes que você me pergunte o que é o agente fidu-
ciário, vamos falar dele agora.
Agente Fiduciário
O Agente Fiduciário é o melhor amigo do investidor debenturista. A função dele é proteger
o interesse dos debenturistas exercendo uma fiscalização permanente e atenta, verificando
se as condições estabelecidas na escritura da debênture estão sendo cumpridas.
O Agente Fiduciário poderá́ usar de qualquer ação para proteger direitos ou defender
interesses dos debenturistas. No caso de inadimplência da emitente, o agente deve:
⯀ Executar garantias reais, receber o produto da cobrança e aplicá-lo no pagamento,
integral ou proporcional, dos debenturistas;
⯀ Requerer falência da emitente, se não existirem garantias reais;
⯀ Representar os debenturistas em processos de falência, concordata, intervenção ou
liquidação extrajudicial da emitente, salvo deliberação em contrário da assembleia dos
debenturistas;
⯀ Tomar qualquer providência necessária para que os debenturistas realizem os seus créditos;
Tributação
A tributação em debêntures obedece a tabela regressiva de IR. Simples assim. Sem
siglas ou nomes difíceis.
Debêntures incentivadas
No final de 2010, o Governo brasileiro editou uma série de medidas para estimular a cons-
trução de um mercado privado de financiamento de longo prazo.
Para incentivar os investidores a financiar essas obras, o governo resolveu isentar de imposto
investidores pessoa física que alocam recursos na Debênture incentivada.
Notas Promissórias - NP
Se você entendeu bem o que é uma debênture, vai ficar fácil entender uma NP. Uma
nota promissória é um título de renda fixa emitido por empresas não financeiras,
porém com finalidade exclusiva de capital de giro.
Ao passo que uma debênture pode financiar projetos de longo prazo, uma NP vai sempre
financiar necessidades de curto prazo da empresa e por essa razão uma NP tem regras
bem objetivas quanto a seu prazo máximo de emissão:
Por ser um título de renda fixa, terá sua tributação conforme a tabela regressiva de IR com
a observação de que, por ser um título de curto prazo, a menor alíquota possível é de 20%.
Basicamente o banco que distribui o COE pode alocar o recurso do investidor em opera-
ções bem personalizadas. Quer um exemplo?
Um COE pode, por exemplo, comprar ações do Facebook, Netflix, título público emitido
pelo governo da Austrália e apostar na queda das ações, de forma que, quanto maior for
a queda das ações, maior será o lucro do investidor. Louco, né? Pois é, o COE permite usar
e abusar da criatividade do gestor do recurso.
Se você está manjando dos “paranauê dos investimentos”, pode notar que o COE tem ven-
cimento e taxa previamente acordada, certo? Assim, podemos entrar no assunto tributação.
O COE é um instrumento que é tributado de acordo com a tabela regressiva de IR, inde-
pendente do que tenha dentro do COE.
É comum os alunos perguntarem: “Mas Tiago, e se o COE comprar somente ações, qual será
o IR?” a resposta é: o IR do COE será sempre conforme a tabela regressiva de IR da renda fixa.
Independente do que o COE compre, esse produto tem prazo e taxa previamente conhecido.
Documentação
O COE, para ser distribuído, precisa de um documento chamado DIE, Documento de
Informações Essenciais. Como o nome sugere, é um documento que tem todas as infor-
mações necessárias para subsidiar a decisão do investidor.
O último tópico da lista imensa aqui em cima trata sobre as modalidades do COE. Um COE
pode ser emitido nas seguintes modalidades:
⯀ Valor Nominal Protegido. Nessa modalidade, o investidor não corre risco de perder
todo ou parte do investimento. Na pior das hipóteses, o valor investido é 100% res-
gatado ao final do COE (sem qualquer correção);
⯀ Valor Nominal em Risco. Nessa modalidade, o investidor corre risco de perder tudo
ou parte do que investiu. Se a estratégia de investimento não for vencedora, o inves-
tidor pode ter algum prejuízo ao final do COE.
A pergunta que fica então é: por que eu vou investir em um COE que tem risco de perda
se posso investir em um COE com capital protegido? A resposta para essa pergunta é
simples. Quanto maior for o risco do investimento, maior será o retorno esperado.
Renda Variável
Agora que já estamos manjando dos paranauê tudo da renda fixa, vamos começar
nossa conversa com o mundo da renda variável. Como uma introdução simples de renda
variável, podemos assumir que a renda variável nunca representa a dívida do emissor.
Ou seja, qualquer investimento que não tenha uma promessa de pagamento pode ser
considerado renda variável. Quando você compra um imóvel, por exemplo, não existe
nessa transação uma promessa de, depois de um determinado tempo, ter seu dinheiro
de volta, certo? Para transformar seu imóvel em dinheiro novamente você vai precisar
vender para outra pessoa, ou melhor dizendo, você vai precisar vender no mercado
secundário. A renda variável é exatamente isso: a compra de um ativo sem promessa de
recompra, tampouco, uma taxa de remuneração pactuada.
A ação representa a menor “fração” do capital social de uma empresa, ou seja, a unidade do
capital nas sociedades anônimas. Quem adquire essas “frações” é chamado de acionista, e vai
ter uma certa participação na empresa, correspondente a quantas dessas “frações” ele detiver.
Basicamente, podemos pensar na padaria que tem aí pertinho de sua casa. Imagine
se você pudesse ser sócio(a) desse empreendimento e receber os lucros gerados pela
venda de pães todos meses. Seria bom, né? Pois é exatamente isso que acontece com
as ações. Você se torna sócio(a) do empreendimento, pode receber lucros em sua conta,
pode votar para decidir sobre quando e quanto pagar para cada acionista. Ou seja, você
também é dono da empresa.
O ponto é que, por ser dono, se a empresa der prejuízo isso pode ser repassado para você. Ou seja,
não pense que, ao comprar uma ação você só tem benefícios, pois a verdade não bem assim.
Como uma empresa que tem suas ações na bolsa de valores tem milhões de sócios, é
importante saber que existem 2 tipos de ações e que cada uma lhe confere direitos dife-
rentes. Vamos falar sobre essas ações agora.
Tipos de ações
⯀ Ações ordinárias: Essas ações são chamadas de ON e conferem ao seu detentor
o direito a voto nas assembleias dos acionistas da empresa. Em outras palavras, o
investidor que compra ações ON pode, de fato, “mandar” na empresa. Uma empresa
pode emitir até 100% de ações ordinárias.
⯀ Ações preferenciais: Essas ações são chamadas de PN e não conferem ao seu deten-
tor direito a voto na assembleia de acionistas, mas dão preferência no recebimento
dos lucros gerados pelas empresas (os dividendos que estudaremos mais adiante).
Uma ação PN tem pelo menos 10% a mais de dividendo do que uma ação ON. Um
ponto importante é que se a empresa ficar 3 anos consecutivos sem distribuir lucros
essa ação passa a ter direito a voto na assembleia. No máximo 50% das ações de uma
empresa podem ser dessa categoria.
Deixa eu explicar isso com um exemplo: O Banco do Brasil é uma empresa que tem ações
na bolsa, mas é controlado pelo Governo Federal. Vamos imaginar, de forma hiperbólica, que
o Banco do Brasil tem 1.000 ações. Destas, 500 são PN e 500 são ON. Para que o Governo
Federal possa sempre ser o controlador ele precisa ter 251 ações ON. Assim ele garante
que sempre terá o maior poder de voto já que a ação ON confere um voto por ação.
Agora que entendemos o que é uma ação, vem a pergunta: como é que uma ação chega
ao mercado financeiro? Ou melhor dizendo, se a padaria do seu bairro quiser vender ações,
o que ela deve fazer? A resposta é: para vender ações no mercado financeiro, uma empresa
precisa contratar uma instituição financeira que vai estruturar a oferta pública de ações.
Essa oferta começa com um processo de Underwriting, e é isso que vamos ver agora.
Underwriting
Underwriting (além de ser uma palavra chique em inglês) é o processo de subscrição
feito pelas companhias que vão colocar valores mobiliários no mercado. Ou seja, sem-
pre que uma empresa quer captar recursos no mercado financeiro, será necessário
estruturar o processo de Underwriting.
Vamos usar como exemplo a padaria do Sr. Manoel aí do seu bairro. Imagine que a padaria
esteja tão grande que o Sr Manoel resolva captar outros sócios no mercado, e, para isso,
sr. Manoel precisa vender ações da padaria na bolsa de valores.
O ofertante é a empresa que quer ofertar seus títulos no mercado. Um ponto impor-
tante: apesar de eu ter trazido o tema de Underwriting aqui no tema de ações, vale
reforçar que esse processo não acontece somente com ações, mas com toda oferta de
títulos e valores mobiliários no mercado. Então, aqui no nosso exemplo, a padaria do
Sr. Joaquim será a ofertante.
Banco Liquidante é, como o nome sugere, a intuição que vai liquidar as vendas dos valores
mobiliários. Em outras palavras, é onde os custodiante vão enviar o dinheiro dos investi-
dores que comprarem as ações da empresa.
Essas instituições funcionam como um elo entre a companhia e os investidores (ou a central
depositária), sendo responsável por controlar, em sistemas informatizados, o livro de acionis-
tas, por registrar e tratar as ordens de movimentações recebidas do titular, como a venda ou
transferência das ações, e por providenciar o tratamento dos eventos incidentes sobre as ações,
como o recebimento de dividendos, bonificações, grupamentos e desdobramentos de ações.
A central depositária assume a totalidade dos ativos negociados e, por sua vez, registra
em nome dos investidores. Esse tipo de registro, no entanto, assegura que a central depo-
sitária não tem nenhum direito de propriedade sobre os ativos mantidos sob sua guarda.
Ou seja, no livro de acionistas as ações em livre negociação no mercado ficam registradas
em nome da central depositária e esta assume o controle individual de cada acionista.
É também a central depositária que assume a responsabilidade pelo tratamento dos even-
tos corporativos, recebendo os créditos do escriturador, e repassando-os aos investidores,
além de tratar as bonificações, desdobramentos ou grupamentos.
No Brasil, a única central depositária de ações é a central depositária da B3, que dis-
ponibiliza aos investidores o Canal Eletrônico do Investidor (CEI) para consultas de
informações relacionadas à sua conta.
Embora a central depositária mantenha o controle individual das contas dos investidores,
a sua relação com eles é apenas indireta. Existe um terceiro participante que, na prática,
é quem tem o relacionamento direto com os investidores e atua como uma espécie de
agente, servindo de intermediário entre eles e a central depositária.
O Market Maker (que em tradução literal é “o formador de mercado”) é uma pessoa jurídica,
devidamente cadastrada na B3, que se compromete a manter ofertas de compra e venda de
forma regular e contínua durante a sessão de negociação, fomentando a liquidez dos valores
mobiliários, facilitando os negócios e mitigando movimentos artificiais nos preços dos produtos.
O Agente Fiduciário é uma instituição que está presente somente nas ofertas públicas
de ativos de renda fixa (debêntures, CRI e CRA). No tópico de debêntures citei o papel
do agente fiduciário, agora vamos citar em tópicos, o que deve ser exercido pelo agente
fiduciário.
⯀ exercer suas atividades com boa fé, transparência e lealdade para com os titu-
lares dos valores mobiliários; (parece óbvio, mas se a CVM quis deixar isso claro,
quem sou eu pra contrariar, né?);
⯀ proteger os direitos e interesses dos titulares dos valores mobiliários, empregando no
exercício da função o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma
empregar na administração de seus próprios bens;
⯀ renunciar à função, na hipótese da superveniência de conflito de interesses ou de
qualquer outra modalidade de inaptidão e realizar a imediata convocação da assem-
bleia para deliberar sobre sua substituição;
⯀ conservar em boa guarda toda a documentação relativa ao exercício de suas funções;
⯀ verificar, no momento de aceitar a função, a veracidade das informações relativas às garan-
tias e a consistência das demais informações contidas na escritura de emissão, no termo
de securitização de direitos creditórios ou no instrumento equivalente, diligenciando no
sentido de que sejam sanadas as omissões, falhas ou defeitos de que tenha conhecimento;
⯀ diligenciar junto ao emissor para que a escritura de emissão, o termo de securitiza-
ção de direitos creditórios ou o instrumento equivalente, e seus aditamentos, sejam
registrados nos órgãos competentes, adotando, no caso da omissão do emissor, as
medidas eventualmente previstas em lei;
⯀ acompanhar a prestação das informações periódicas pelo emissor e alertar os
titulares dos valores mobiliários, no relatório anual, sobre inconsistências ou omis-
sões de que tenha conhecimento;
⯀ acompanhar a atuação da companhia securitizadora na administração do patrimônio
separado por meio das informações divulgadas pela companhia sobre o assunto;
⯀ opinar sobre a suficiência das informações prestadas nas propostas de modificação
das condições dos valores mobiliários;
Se você fosse emprestar seu dinheiro para alguém que passa pela rua, iria querer saber,
no mínimo, a condição de pagamento desse sujeito, certo? Isso é mais ou menos o que
uma agência de rating faz no processo de análise de títulos de renda fixa.
As agências criam “nota” de qualidade de crédito que são simbolizadas por letras que vão
de AAA a D. Quanto mais “próximo” de AAA, maior é a capacidade de crédito da empresa
emissora e, portanto, menor será o rendimento que ele pagará por seus títulos.
Normas de conduta
A emissora, o ofertante e as instituições intermediárias que participam do processo de
oferta pública de valores mobiliários, deverão:
O registro não implica, por parte da CVM, garantia de veracidade das informações
prestadas ou julgamento sobre a qualidade da companhia, sua viabilidade, sua admi-
nistração, situação econômico-financeira ou dos valores mobiliários a serem distribu-
ídos e é concedido segundo critérios formais de legalidade.
Prospecto
O banco coordenador é responsável por levar ao mercado um prospecto preliminar. Esse
prospecto preliminar contém as características da oferta pública com o destaque que a
oferta ainda está sob análise da CVM.
Depois de aprovado pela CVM, a instituição vai elaborar o prospecto definitivo que, por
sua vez, não omita fatos de relevância, nem contenha informações que possam induzir
em erros os investidores. Nele, devem estar os dados e informações sobre:
I. a oferta;
II. os valores mobiliários objeto da oferta e os direitos que lhes são inerentes;
III. o ofertante;
IV. a companhia emissora e sua situação patrimonial, econômica e financeira;
V. terceiros garantidores de obrigações relacionadas com os valores mobiliários
objeto da oferta; e
VI. terceiros que venham a ser destinatários dos recursos captados com a oferta.
A CVM poderá́ exigir do ofertante e da emissora, inclusive com vistas à inclusão no Prospecto,
as informações adicionais que julgar adequadas, além de advertências e considerações
que entender cabíveis para a análise e compreensão do Prospecto pelos investidores.
Conteúdo da oferta
Depois de tudo que vimos até aqui sobre oferta pública, a pergunta que pode estar marte-
lando em sua mente é: o que de fato deve conter neste prospecto como conteúdo da oferta?
Não tinha pensado nisso? Eu sabia, na verdade quis plantar essa curiosidade em você.
A oferta deverá ser irrevogável, mas poderá ser sujeita a condições que correspondam a um inte-
resse legitimo do ofertante, que não afetem o funcionamento normal do mercado e cujo imple-
mento não dependa de atuação direta ou indireta do ofertante ou de pessoas a ele vinculadas.
O preço da oferta é único, mas a CVM poderá autorizar, em operações específicas, a pos-
sibilidade de preços e condições diversos consoante tipo, espécie, classe e quantidade de
valores mobiliários ou de destinatários, fixados em termos objetivos e em função de interes-
ses legítimos do ofertante, admitido ágio ou deságio em função das condições do mercado.
O ofertante poderá estabelecer que o preço e, tratando-se de renda fixa, também a taxa
de juros, sejam determinados no dia da apuração do resultado da coleta de intenções
de investimento, desde que sejam indicados os critérios objetivos que presidem à sua
fixação no Prospecto Preliminar.
Tratando de ativos de renda fixa que tenham preço e taxa, as condições deverão ser divul-
gados ao público nos mesmos termos do anúncio de início de distribuição e do Prospecto,
e comunicados à CVM e à bolsa de valores ou mercado de balcão onde são negociados
os valores mobiliários da emissora no próprio dia em que forem fixados.
Terão direito à restituição integral dos valores, bens ou direitos dados em contrapartida aos
valores mobiliários ofertados, na forma e condições do Prospecto, todos os investidores
que já tenham aceitado a oferta, na hipótese de seu cancelamento e os investidores que
tenham revogado a sua aceitação, na hipótese de suspensão.
As reservas serão efetuadas de acordo com o que for previsto na oferta, facultada a exi-
gência de depósito em dinheiro do montante reservado.
Material publicitário
Claro que para que todas as informações de oferta pública cheguem aos investidores é
necessário que as instituições participantes promovam peças publicitárias. Mas, como era
de se esperar, essa publicidade tem de obedecer uma série de regras, conforme a seguir.
A oferta de ações é feita no mercado primário através a estrutura que citamos no tópico
anterior e os custodiantes (corretoras) receberão oferta de potenciais investidores. A reserva,
nesse caso, na caracteriza liquidação das ações, mas intenção de compra.
A resposta é, sim, claro que sim. Para isso essa empresa precisa, necessariamente, recom-
prar as ações que estão em poder dos investidores. Esse processo é feito por meio de uma
OPA. Que, nada mais é, do que a empresa ofertando para comprar as ações que estão
sendo negociadas no mercado.
A oferta pública de aquisição (OPA), pode ocorrer em: Companhias abertas, ou no processo
de registro das ofertas públicas para cancelamento de registro para negociação de ações nos
mercados regulamentados de valores mobiliários. Isso pode ocorrer devido o aumento de
participação do acionista controlador, por alienação de controle de companhia aberta e para
aquisição de controle de companhia aberta quando envolver permuta por valores mobiliários.
Modalidades de OPA.
I. OPA para cancelamento de registro: é a OPA obrigatória, realizada como condição
do cancelamento do registro para negociação de ações nos mercados regulamen-
tados de valores mobiliários.
II. OPA por aumento de participação: é a OPA obrigatória, realizada em conse-
qüência de aumento da participação do acionista controlador no capital social
de companhia aberta.
III. OPA por alienação de controle: é a OPA obrigatória, realizada como condição de
eficácia de negócio jurídico de alienação de controle de companhia aberta.
IV. OPA voluntária: é a OPA que visa à aquisição de ações de emissão de companhia
aberta, que não deva realizar-se segundo os procedimentos específicos estabele-
cidos nos tipos de OPA citados anteriormente.
Além disso, quando a empresa está realizando a sua primeira oferta pública, ou seja,
quando está abrindo o seu capital, a oferta recebe o nome de oferta pública inicial ou
IPO (do termo em inglês, Initial Public Offer). Quando a empresa já tem o capital aberto
e já realizou a sua primeira oferta, as emissões seguintes são conhecidas como ofertas
subsequentes ou, no termo em inglês, follow on.
O objetivo deste código é estabelecer princípios e regras que devem ser observados pelas
instituições participantes da ANBIMA nas ofertas públicas de valores mobiliários, incluindo
os programas de distribuição, regulamentados pela Lei nº 6.385, de 07 de dezembro de
1976 (Lei 6.385), e pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM (Ofertas Públicas), com a
finalidade de propiciar a transparência e o adequado funcionamento do mercado.
Selo Anbima
É obrigatória a veiculação da logomarca da ANBIMA, acompanhada de texto obrigatório
(Selo ANBIMA), utilizada para demonstração do compromisso das instituições participantes
com o cumprimento e observância dos termos descritos acima.
I. Prospecto;
II. Lâmina para Nota Promissória, conforme modelo disponibilizado pela ANBIMA;
III. Memorando, conforme modelo disponibilizado pela ANBIMA;
IV. Avisos ao mercado;
V. Comunicados ao mercado;
VI. Anúncio de início de distribuição;
VII. Anúncio de encerramento de distribuição; e
VIII. Edital de Oferta Pública de Aquisição de Ações
A veiculação do Selo ANBIMA tem por finalidade exclusiva demonstrar o compromisso das
instituições participantes em atender às disposições do presente Código, não cabendo qual-
quer responsabilidade à ANBIMA pelas informações constantes dos referidos documentos
relativos às Ofertas Públicas, bem como pela qualidade da emissora e/ou ofertantes, das
instituições participantes e/ou dos valores mobiliários objeto da Oferta Pública.
Direitos do acionista
Quando o investidor compra ações no mercado, ele está, como já dissemos, se tor-
nando sócio do empreendimento no qual resolva aportar seu capital. Por isso, ele
terá alguns direitos, conforme a seguir:
⯀ Ganho de capital: Quando o investidor vende as ações por um preço superior ao da
compra. Esse lucro está sujeito à tributação, conforme detalhado no próximo tópico;
⯀ Subscrição: Direito aos acionistas de aquisição de ações por aumento de capital,
com preço e prazos determinados. Garante a possibilidade de o acionista manter
a mesma participação no capital total;
⯀ Tag Along: Direito do acionista ordinário de vender suas ações em função da
troca de controle da companhia por, no mínimo, 80% do valor pago pelo novo
controlador. Algumas empresas, em seu estatuto, oferecem tag along em per-
centual maior que 80% e a todos os acionistas. A recompra dessas ações é feita
por meio de uma OPA (oferta pública de aquisição de ação) quando as empresa
oferecem os acionistas a possibilidade de recomprar as ações.
Eventos societários
Ainda na linha dos direitos dos acionistas, vamos listar o que chamamos de eventos
societários. Alguns representam literalmente o lucro, mas não dependem da ação do
acionista, e sim da empresa.
Quando se executa uma ordem de compra ou venda de uma ação, acontecem dois processos:
Em uma operação Buy and Hold / Swing Trade, tanto a liquidação financeira, quanto a
liquidação física ocorrem em D+2. Isso significa que só compensará daqui a dois dias úteis.
Vou te deixar um exemplo para ficar melhor o entendimento:
Você vendeu hoje, segunda-feira, um lote de ações da empresa XPTO por R$2.000,00 na
bolsa de valores para outro investidor no mercado secundário.
O mesmo processo ocorre com o comprador das ações. Somente na quarta-feira ocorrerá
a liquidação física e você terá acesso às ações.
Já em uma operação Day Trade, a liquidação física ocorre em D+0, ou seja, no mesmo dia.
E a liquidação financeira ocorre em D+2.
Em janeiro deste ano, o investidor compra R$ 100.000,00 em ações. Passados três meses,
em abril, esse investidor aliena (vendeu) as ações por um total de R$ 120.000,00.
Assim sendo, temos um lucro de R$ 20.000,00 a ser tributado, certo? Nesse caso será retido
na fonte pela corretora 0,005% sobre o valor total da venda, ou seja, (120.000 x 0,005) R$ 6,00.
O investidor, por sua vez, precisa recolher 15% sobre o lucro via DARF sendo 15% sobre
20.000, um total de R$ 3.000,00. Por ter sido retido na fonte R$ 6,00 o investidor desconta
na DARF recolhendo apenas R$ 2.994,00.
Compensação de Perdas
Já que o Imposto de Renda é cobrado sobre o ganho nominal, imagine uma situação em
que o investidor, ao invés de ganhar dinheiro com seu investimento, registre uma perda.
Nesse caso, o investidor pode compensar perdas em investimento futuro. Ou seja, se ele
perdeu dinheiro em janeiro e ganhou em maio, poderá compensar.
Vamos a um exemplo:
No mês de janeiro, o investidor vendeu ações com um prejuízo total de R$ 5.000,00. No mês
de março o mesmo investidor vendeu ações com lucro de R$ 8.000,00. Assim, o prejuízo
anterior será compensado e será recolhido IR somente sobre R$ 3.000,00 (8.000 – 5.000).
Essa compensação pode ser feita a qualquer tempo no futuro. No entanto, se o investi-
dor não fizer a compensação no mesmo ano do prejuízo, terá de levar esse prejuízo à sua
declaração anual de ajuste de IR para que possa compensar em anos futuros.
A única observação é que a compensação pode ser feita somente para investimentos
da mesma modalidade. Se o investidor teve prejuízo com day trade, poderá compensar
somente com day trade; se perdeu com swing trade ou Buy and Hold, poderá com-
pensar somente com swing trade ou Buy and Hold.
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Empresas que estão listadas nos segmentos de governança da bolsa alcançam um pata-
mar a mais na qualidade de sua relação com os investidores.
Bem, para responder essa pergunta, temos de lançar mão das “escolas de análises”.
Basicamente, vamos falar de metodologias de precificação de ações para encontrar um
papel com preço ideal, seja para fazer day trade, swing trade ou Buy and Hold.
Análise técnica
O primeiro modo de escolher uma ação também é conhecida como análise gráfica.
Ela estabelece projeções para os preços das ações, baseando-se na observação do
comportamento passado: sua demanda e oferta, a evolução passada dos volumes
negociados e os preços das ações.
Em resumo, a análise técnica estuda as movimentações nos preços passados e, a partir daí,
explica a sua evolução futura. É uma análise para investidores que querem operar no curto
prazo.
Análise fundamentalista
Diferente da análise técnica, que estuda o padrão de preços do passado da ação, a análise
fundamentalista ignora os preços do passado, mas estuda fatores macroeconômicos, capa-
cidade de geração de caixa da empresa. Para tal, essa análise estuda o balanço patrimonial
da empresa, o mercado em que está inserida e outros indicadores.
Para entender o que é análise fundamentalista, podemos simplificar que ela serve para
responder a perguntas, tais como:
A análise fundamentalista nos ajuda a encontrar o preço “ideal” de uma ação, e existem
alguns indicadores utilizados para isso. É sobre isso que vamos falar a seguir.
Como falamos no tópico anterior, a análise fundamentalista nos ajuda a saber se o preço da
ação é, no momento da análise, um preço justo ou não e, para isso, usamos os indicadores:
⯀ LPA (Lucro por ação): representa, como o nome sugere, o quanto que uma ação
traz de lucro ao investidor ao ano via dividendos. Aqui pegamos o lucro líquido da
companhia e dividimos pela quantidade de ações da empresa.
⯀ P/L (índice de preço líquido): Esse indicador aponta quanto tempo demora para o
investidor recuperar seu investimento. Se o investidor compra uma ação por R$ 20,00 e
recebe, no ano, R$ 2,00 de dividendos, temos que o LPA dessa ação é de 10 (20/2). Quanto
menor for o LPA, mais rápido o investidor encontra o payback* do seu investimento.
*payback representa o momento que o investidor recupere seu investimento.
⯀ EBITDA: é o lucro antes dos impostos e depreciações. Basicamente, esse indicador nos
aponta a capacidade de geração de caixa que a empresa tem. Dessa forma, é possível
avaliar o lucro referente apenas ao negócio, descontando qualquer ganho financeiro.
A Apple, que tem suas ações negociadas na Nasdaq, vai custodiar ações em um banco
de investimento norte americano, que por sua vez, vai emitir um recibo lastreado nessa
ação e negociar na bolsa de valores do Brasil.
Claro que, para diferenciar os papéis de acordo com as praças de negociação, temos
mais códigos nos DR
⯀ ADRs - American Depositary Receipt: São títulos de empresas com sede fora dos
EUA e com títulos negociados na bolsa de valores daquele país. A Petrobrás, ao nego-
ciar recibos nos EUA, vai negociar ADR.
⯀ BDRs - Brazilian Depositary Receipt: São títulos de empresas com sede fora
do Brasil com títulos negociados aqui na B3. A Apple, ao negociar títulos aqui no
Brasil, vai negociar BDR.
⯀ GDR - Global Depositary Receipt: São títulos emitidos em vários mercados diferentes
do país onde a empresa tem sede.
Como dica, lembra que a primeira letra do recibo indica o mercado onde aquele papel
está sendo negociado.
Aqui, a gente termina de cobrir o mercado e ações. Agora vamos mergulhar no mer-
cado de derivativos.
Esses instrumentos possibilitam que o investidor tenha acesso a um ativo, via de regra,
com outro ativo ou até mesmo por uma fração do preço do ativo objeto. O objetivo de um
derivativo é a transferência de risco. Quando um investidor procura se proteger de algum
risco específico, ele contrata um derivativo que o manterá posicionado com a proteção.
Ficou complicado? Calma, vou explicar melhor cada um desses instrumentos! Antes, dei-
xe-me explicar quais são os tipos de derivativos, e seus agentes.
Participantes (players)
⯀ Hedger: opera nesse mercado buscando proteção contra oscilações de preços dos
ativos;
⯀ Especulador: assume o risco da operação com o objetivo de auferir ganhos com
a oscilação dos preços;
⯀ Arbitrador: obtém vantagens financeiras em função de distorções nos preços do
ativo nos diferentes mercados.
Agora que já temos uma introdução sobre os contratos, tipos de derivativos e os players
desse mercado, deixa eu trazer um exemplo tangível para ajudar na sua compreensão.
Imagine que você seja um produtor de milho e vai começar uma plantação hoje. A colheita
do milho se dá entre 90 e 100 dias. Entre seus custos você tem sementes, insumos, arren-
damento da terra, funcionários, colheita, armazenagem e transporte para a trading que
vai exportar seu milho. Esse custo total é de R$ 40,00 por saca de milho, assim, para que
você tenha lucro, é necessário que venda o milho por R$ 50,00 a saca.
O que você, que “manja dos paranauê” do mercado, pode fazer? Nesse caso, você pode
vender um contrato futuro de milho na B3. Assim, você trava o preço de R$ 50,00 hoje e,
aconteça o que acontecer no mercado, você vai ter resultado financeiro de R$ 50,00 por saca.
O que temos aqui? Um contrato de derivativo agrícola onde você fez um hedge (pro-
teção) de sua posição de milho.
Agora troque a produção de milho por uma dívida em dólar. Nesse caso, como você precisa
pagar algo em dólar no futuro, você deve comprar um contrato futuro de dólar.
Ou podemos trocar a dívida em dólar por ações da Petrobrás, que estão com tendência
de queda de preço. Nesse caso, você pode comprar uma opção de venda das ações
para garantir seu lucro.
O que eu quero deixar com esses exemplos é que, de um modo geral, os derivativos são
usados para se proteger contra a queda ou alta de preços dos ativos. Agora estamos pron-
tos para, de fato, entender cada um dos contratos.
Mercado de SWAP
Podemos traduzir ‘swap’ como troca. E isso ajuda muito a entender o conceito.
O Mercado de SWAP consiste em operações que envolvem, olha só, a troca de indexadores.
O Hedger (que busca a proteção) possui um ativo financeiro e gostaria de proteger esse
ativo de eventuais mudanças no preço que iriam contra seu objetivo.
Essa troca de indexadores pode ser feita por indexadores de taxa juros, moedas ou
índice de preços.
Perceba nesse exemplo que o seu cliente possui um ativo (CDB-pré) com rentabilidade
pré-fixada, mas passa a receber como rentabilidade a variação cambial.
Nesse caso, seu banco vai usar como valor base da operação o valor total do CDB, dei-
xando o seu cliente passivo na taxa pré-fixada e ativo na variação cambial. Em outras
palavras, o investidor deixa de receber (passivo) a taxa pré-fixado e passa a receber
(ativo) a variação cambial do período.
Agora que já vimos as características desse tipo de contrato, vamos ver um exemplo prá-
tico de como pode (e deve) ser utilizado um swap.
Exemplo: Imagine que a T2 Educação tenha R$ 1.000.000,00 aplicados num CDB que
rende 100% do DI. Primeiro que isso seria uma boa ideia, partindo do princípio que tenho
parte nessa empresa. Mas agora pense que a taxa de juros esteja com forte tendência de
queda e, por isso, o rendimento desse CDB vai acompanhar essa queda.
Para proteger essa posição, a diretora financeira aqui escola vai até o banco e faz um swap
de DI x Pré a uma taxa de 7% a.a., pelo período de 360 dias.
Agora vamos prever, na imagem abaixo, 2 cenários possíveis para a taxa de juros.
Talvez você tenha notado que, independente dos cenários, o resultado final da operação
foi o mesmo. Se a taxa de juros de mercado cai para 5%, o ajuste positivo do swap leva o
resultado final para os 7% contratado no swap. Se a taxa de juros de mercado sobe para
10%, o ajuste negativo leva o rendimento para os 7% contratado.
Uma observação a esse exemplo é que aqui temos o resultado bruto. Agora vamos evoluir
essa aplicação colocando o IR no cálculo.
Na figura acima eu trouxe o IR de 20% cobrado sobre o ajuste positivo. Isso porque
no exemplo o prazo do Swap era de 360 dias. Se você reparou bem, na coluna com
cenário de alta eu não coloquei nada. E a razão é simples. O Swap, nesse caso, não será
tributado, mas o rendimento da ponta passiva sim. E como eu não sei exatamente a
quanto temos o CDB, não tem como saber qual o IR devido.
Ponto importante: o ativo subjacente terá seu IR conforme o prazo do ativo e o swap terá
seu IR conforme o prazo do swap, que não necessariamente será igual.
Mercado de opções
É um contrato que dá a seu detentor ou comprador o direito, mas não o dever, de
comprar, se for uma opção de compra, ou vender, se for uma opção de venda, deter-
minado ativo objeto, pelo preço de exercício.
Agora que vimos todos os termos desse mercado, vamos “montar” uma operação com
opções para facilitar seu aprendizado.
Imagine que seu cliente tenha em sua carteira ações da T2 Educação que foram com-
pradas por R$ 20,00. Ele gostaria de “travar” o preço de sua ação a R$ 21,00 para que
ele não perca em caso de desvalorização do papel. O que esse cliente precisa fazer?
Comprar uma call? Uma put? Pagar ou receber o prêmio?
Esse cliente quer ter a opção de vender sua ação da T2 a R$ 21,00 daqui a 3 meses. Se
ele quer vender, então ele deve comprar uma put (opção de venda) que lhe conferirá
o direito de vender essa ação a R$ 21,00.
Por essa opção, ele pagará um prêmio, que é considerado a perda máxima nesse mercado.
Agora vamos entender esse quadro. O investidor que comprou essa opção pagou R$ 1,00 para
ter o direito (opção) de vendar a ação da T2 por R$ 21,00, independente do preço de mercado.
Uma observação importante se faz necessário na linha 5. Nesse ponto, o ativo estava cus-
tando R$ 21,00 no mercado. Se o investidor exercer ou não exercer, terá prejuízo de R$ 1,00.
Em resumo: o investidor que compra uma opção de venda está apostando na que-
da do preço do ativo.
Agora imaginemos que você, de olho na valorização eminente das ações da T2, queira
comprar opções para ter um lucro com a compra. Nesse caso, você compraria uma Call
(opção de compra). Assim, teremos o quadro abaixo com os seguintes cenários:
Se você comparar as duas tabelas, vai notar que, quando o preço da ação cai no mercado,
não vale comprar por R$ 21,00 algo que vale mais do que isso.
Vamos analisar a linha 3: Você compraria por R$ 21,00 algo que vale, no mercado, R$
15,00? Provavelmente não, né? Assim você ficaria com o prejuízo de R$ 1,00, que é o
valor que você pagou de prêmio.
Mercado a Termo
O que vimos até aqui sobre o mercado de opções é que o titular tem a opção de exer-
cer ou não o contrato. No mercado a termo temos muitas semelhanças ao mercado
de opção. No entanto, as partes são obrigadas a exercer o que foi acordado no início.
Ou seja, exercer o contrato não é uma opção, mas uma obrigação.
Nesse caso, daqui 90 dias, independente do preço a ação está cotada no mercado, eu
vendo por R$ 20,00 e você compra por R$ 20,00.
Mercado Futuro
Por último, e não menos importante, temos o mercado futuro. Esse tipo de negociação é
um misto dos demais contratos.
Se você entendeu bem como funciona os demais derivativos, vai ficar fácil entender como
funciona o mercado futuro. A premissa é a mesma. Negociar no presente a venda ou com-
pra de um ativo que será entregue no futuro pelo preço combinado hoje.
Nesse caso, você pode vender um contrato futuro de milho na B3. Assim, você trava o
preço de R$ 50,00 hoje e, aconteça o que acontecer no mercado, você vai ter resultado
financeiro de R$ 50,00 por saca.
Se ao final do contrato, o milho estiver cotado a R$ 70,00, você terá pago, via ajuste diário,
R$ 20,00. Assim você garante que vende por R$ 50,00. Nesse caso você vai vender por R$
70,00, mas como pagou R$ 20,00 no ajuste, bateu R$ 50,00
Se ao final do contrato o milho estiver cotado a R$ 30,00, você terá recebido, via ajuste
diário, R$ 20,00. Assim, garante o preço de R$ 50,00. Nesse caso você vende por R$ 30,00,
mas como recebeu R$ 20,00 no ajuste, bateu R$ 50,00.
Ainda nesse mercado temos a presença de mais um player: o arbitrador. Esse tipo de inves-
tidor é aquele que busca ganhar dinheiro com a distorção de preços entre os contratos
(da mesma ou de outra praça).
Por exemplo, um investidor nota que o contrato de milho está sendo negociado na CBoT
(bolsa de Chicago) a U$ 10,00. Esse mesmo investidor percebe que o preço desse contrato
aqui na B3 está cotado a R$ 50,00. Esse investidor, então, compra contratos na CBoT e
vende na B3, buscando auferir lucro com a diferença dos ajustes diários.
Esse player tem uma importância fundamental nesse mercado. Explico: Faz sentido que
milho é uma commodity e que, por isso, seu preço é o mesmo aqui ou em qualquer lugar
do mundo? Se existe essa diferença muito grande de preços significa que o mercado
está com preço distorcido.
Quando esse player cria uma pressão compradora dos contratos em Chicago, o preço
de lá tende a subir, ao passo que quando entra vendido aqui na B3, os preços desse
contrato tendem a cair. Assim, chegamos, em determinado momento, ao equilíbrio de
preço entre as praças.
Objetivo e Abrangência
Assim como os demais códigos da Anbima, este tem como objetivo:
⯀ A manutenção dos mais elevados padrões éticos e a consagração da institucionalização
de práticas equitativas no mercado financeiro e de capitais;
⯀ A concorrência leal;
⯀ A padronização de seus procedimentos;
⯀ O estímulo ao adequado funcionamento da Distribuição de Produtos de Investimento;
⯀ A transparência no relacionamento com os investidores, de acordo com o canal
utilizado e as características dos investimentos;
⯀ A qualificação das instituições e de seus profissionais envolvidos na Distribuição
de Produtos de Investimento.
Este Código se destina aos bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de investimento,
bancos de desenvolvimento, sociedades corretoras e distribuidoras de títulos e valores
mobiliários, assim como aos administradores fiduciários e/ou gestores de recursos de
terceiros quando distribuírem seus próprios Fundos de Investimento;
As Instituições Participantes devem assegurar que o presente Código seja também obser-
vado por todos os integrantes de seu Conglomerado ou Grupo Econômico que estejam
autorizados, no Brasil, a distribuírem Produtos de Investimento.
O presente Código não se sobrepõe à Regulação vigente, ainda que venham a ser editadas
normas, após o início de sua vigência, que sejam contrárias às disposições ora trazidas, de
maneira que deve ser desconsiderada, caso haja contradição entre as regras estabelecidas
neste Código e a Regulação em vigor, a respectiva disposição deste Código, sem prejuízo das
demais regras nele contidas.
I. Ter estrutura que seja compatível com a natureza, porte e modelo de negócio
das Instituições Participantes, assim como com a complexidade dos Produtos
de Investimentos distribuídos;
II. Ser independente(s) e reportar-se ao diretor responsável pelos controles inter-
nos e pelo Compliance;
III. Ter profissionais com qualificação técnica e experiência necessária para o exercício
das atividades relacionadas à função de controles internos e de compliance;
IV. Ter comunicação direta com a diretoria, administradores e com o conselho de
administração, se houver, para realizar relato dos resultados decorrentes das ati-
vidades relacionadas à função de controles internos e de Compliance, incluindo
possíveis irregularidades ou falhas identificadas;
V. Ter acesso regular a capacitação e treinamento;
VI. Ter autonomia e autoridade para questionar os riscos assumidos nas operações
realizadas pela instituição.
As Instituições Participantes devem exigir que seus profissionais assinem, de forma manual
ou eletrônica, documento de confidencialidade sobre as informações confidenciais, reser-
vadas ou privilegiadas que lhes tenham sido confiadas em virtude do exercício de suas
atividades profissionais, excetuadas as hipóteses permitidas em lei.
Gestão de Riscos
As Instituições Participantes devem ser capazes de identificar, mensurar, avaliar, monitorar,
reportar, controlar e mitigar os riscos atribuídos à sua atividade (“Gestão de Riscos”).
A validação ou testes de que trata item acima tem como objetivo avaliar se os Planos de
Continuidade de Negócios desenvolvidos são capazes de suportar, de modo satisfatório,
os processos operacionais críticos para continuidade dos negócios da instituição e manter
a integridade, a segurança e a consistência dos bancos de dados criados pela alternativa
adotada, e se tais planos podem ser ativados tempestivamente.
O conteúdo dos documentos exigidos neste capítulo pode constar de um único documento,
desde que haja clareza a respeito dos procedimentos e regras exigidos em cada seção
I. Envidar seus melhores esforços no sentido de produzir materiais adequados aos seus
investidores, minimizando incompreensões quanto ao seu conteúdo e privilegiando infor-
mações necessárias para a tomada de decisão de investidores e potenciais investidores;
II. Buscar a transparência, clareza e precisão das informações, fazendo uso de lingua-
gem simples, clara, objetiva e adequada aos investidores e potenciais investidores,
de modo a não induzir a erro ou a decisões equivocadas de investimentos;
III. Conter informações verdadeiras, completas, consistentes e alinhadas com os
documentos dos Produtos de Investimento distribuídos;
IV. Zelar para que não haja qualificações injustificadas, superlativos não com-
provados, opiniões ou previsões para as quais não exista uma base técnica,
promessas de rentabilidade, garantia de resultados futuros ou isenção de risco
para investidores e potenciais investidores
V. Disponibilizar informações que sejam pertinentes ao processo de decisão, sendo
tratados de forma técnica assuntos relativos à performance passada, de modo a
privilegiar as informações de longo prazo em detrimento daquelas de curto prazo;
VI. Manter a mesma linha de conteúdo e forma e, na medida do possível, incluir
a informação mais recente disponível, de maneira que não sejam alterados os
períodos de análise, buscando ressaltar períodos de boa rentabilidade, descar-
tando períodos desfavoráveis, ou interrompendo sua recorrência e periodicidade
especialmente em razão da performance;
VII. Privilegiar dados de fácil comparabilidade e, caso sejam realizadas projeções ou simu-
lações, detalhar todos os critérios utilizados, incluindo valores e taxas de comissões;
VIII. Zelar para que haja concorrência leal, de modo que as informações disponibilizadas
ou omitidas não promovam determinados Produtos de Investimento ou Instituições
Participantes em detrimento de seus concorrentes, sendo permitida comparação
somente de produtos que tenham a mesma natureza ou similares.
Para fins do código de distribuição, não são considerados Material Publicitário ou Material Técnico:
Material Publicitário
A Instituição Participante, ao divulgar Material Publicitário em qualquer meio de comu-
nicação disponível, deve incluir, em destaque, link ou caminho direcionando investido-
res ou potenciais investidores ao Material Técnico sobre o(s) Produto(s) de Investimento
mencionado(s), de modo que haja conhecimento de todas as informações, características
e riscos do investimento.
Material Técnico
O Material Técnico deve possuir, no mínimo, as seguintes informações sobre o
Produto de Investimento:
Avisos Obrigatórios
As Instituições Participantes devem incluir, com destaque, nos Materiais Técnicos os
seguintes avisos obrigatórios:
No uso de mídia impressa e por meios digitais escritos, o tamanho do texto e a localização
dos avisos e informações devem permitir sua clara leitura e compreensão.
Regras Gerais
Divulgação de Informações por Meios Eletrônicos
As Instituições Participantes devem possuir canais de atendimento compatíveis com seu porte
e número de investidores para esclarecimento de dúvidas e recebimento de reclamações.
O documento de que trata o parágrafo acima deve conter regras que sejam efetivas e
consistentes com a natureza, porte, complexidade, estrutura, perfil de risco dos Produtos
de Investimento distribuídos e modelo de negócio da instituição e deve conter, no mínimo:
Suitability
As Instituições Participantes, no exercício da atividade de Distribuição de Produtos de
Investimento, não podem recomendar Produtos de Investimento, realizar operações ou
prestar serviços sem que verifiquem sua adequação ao perfil do investidor.
A verificação do perfil do investidor não será aplicada nas exceções previstas na Regulação
vigente. A Instituição Participante é responsável pelo Suitability de seus investidores.
I. Planejamento fiscal, tributário e sucessório, que deve ser desempenhado por pro-
fissional tecnicamente capacitado para esse serviço;
II. Planejamento previdenciário e de seguros, que deve ser desempenhado em par-
ceria com sociedade seguradora para a constituição de Fundos Previdenciários
personalizados segundo as necessidades e o perfil de cada investidor, assim como
análises e propostas de seguros, de forma geral;
III. Elaboração de relatórios de consolidação de investimentos detidos em outras ins-
tituições, que permitam uma análise crítica em relação às posições, concentração
de ativos, risco do portfólio, entre outros aspectos.
A Instituição Participante que oferecer para seus investidores o serviço de Private deve
possuir em sua estrutura:
Não é necessária dedicação exclusiva dos profissionais citados anteriormente para o ser-
viço de Private, desde que as outras atividades ou funções desempenhadas não gerem
conflito de interesses com o referido serviço.
As Instituições Participantes que decidirem prestar o serviço de Private para seus investido-
res devem, previamente ao início da prestação, informar à ANBIMA que passarão a prestar
esse serviço e demonstrar que cumpriram com as exigências previstas neste capítulo.
EXIGÊNCIA NA PROVA:
DE 7 A 14 QUESTÕES.
INTRODUÇÃO A FUNDOS DE INVESTIMENTOS
A definição mais “quadrada” de um Fundo de Investimento é: ele é uma comunhão de
recursos sob a forma de condomínio em que os cotistas têm os mesmos interesses e
objetivos ao investir no mercado financeiro e de capitais.
Quando, no primeiro parágrafo, eu citei que o fundo opera sob a forma de condomínio
é porque os cotistas, ao aplicarem certo valor em um fundo, compram uma quantidade
de cotas e pagam uma taxa de administração ao administrador para que este coordene
as tarefas do fundo, entre elas a de gerir seus recursos no mercado. Ao comprar cotas
de um fundo, o cotista está aceitando suas regras de funcionamento (aplicação mínima,
prazo de resgate, horários, custos) e passa a ter os mesmos direitos dos demais cotistas,
independentemente da quantidade de cotas que cada um possui.
Se você lembra do módulo que tratamos os ativos de renda fixa e renda variável, vai lembrar
que existem diversos títulos de valores mobiliários no mercado. Para o investidor comum,
ter de escolher entre tantos ativos com tantos emissores diferentes pode não ser uma
tarefa muito simples. Eis a primeira vantagem de um fundo de investimento: ao investir
em um fundo, é o gestor desse fundo que vai escolher quais ativos comprar para compor
a carteira do fundo e, com isso, rentabilizar os recursos dos investidores.
Outra vantagem é que, por ser uma comunhão de recursos, o gestor pode acessar pro-
dutos de investimentos mais estruturados.
Uma analogia que gosto de fazer com os fundos de investimentos é com a ceia de natal
de sua família. Bem, eu não sei se você comemora o natal, mas vai entender a dinâmica.
A cena é a seguinte:
Tudo pronto, ceia de natal pronta, mesa posta, começam a chegar os familiares. Só que
você não contava com a vinda daquela tia que se casou com um homem que tem 3 filhos
e os trouxe para celebrar o Natal. Claro que, com o recurso limitado que você tinha para
a festa, a ceia precisou ser controlada e dividida de forma cuidadosa para que todos se
alimentem.
Para solucionar esse problema de ter pouca grana e ainda ter de trabalhar por horas entre
a pia, fogão e geladeira, seria melhor que você juntasse seus R$ 300,00 com R$ 300,00 de
cada um dos 30 parentes que virão a sua ceia.
Agora, o saldo para sua ceia de natal saltou de R$ 300,00 para R$ 9.000,00, nada mal,
né? Agora, ao invés, de ir ao mercado você escolhe um buffet que vai chegar uma hora
antes da ceia e deixar tudo pronto para toda a família. Uma ceia muito mais farta, mais
completa e, para você (e toda sua família) simples, pois chegou pronta. Certamente a
empresa de buffet se esforçou para escolher os melhores produtos e ainda lembrou
de tirar a azeitona da salada (um pedido feito por sua sogra).
Essa analogia, que parece fugir do assunto de fundos de investimentos, tem muito mais
semelhança do que parece. Vamos a elas:
Se você conseguiu entender o conceito de fundos de investimentos, será mais fácil enten-
der tudo que trataremos no decorrer deste módulo.
Imagine que você escolheu investir em um fundo que é administrado pelo Banco do
Brasil. Esse fundo tem um CNPJ próprio e não será o mesmo CNPJ do Banco do Brasil.
O BB é somente o ADMINISTRADOR desse fundo. Em outras palavras, ele é respon-
sável por conduzir o fundo e isso não deve ser confundido com investir o dinheiro no
Banco do Brasil, o BB apenas presta um serviço.
Fiz essa observação para deixar claro uma coisa aqui: um fundo de investimento possui CNPJ
próprio e, como qualquer outra empresa, terá um administrador. O administrador do fundo
é o responsável legal do fundo perante os investidores e perante os órgãos reguladores.
Para que um fundo de investimento chegue ao mercado é necessário que seja feito um
registro e, como você deve imaginar, esse registro será feito pelo administrador do fundo.
Ele deve ser feito junto a CVM com os seguintes documentos e informações:
⯀ regulamento do fundo;
⯀ dados relativos ao registro do regulamento em cartório de títulos e documentos;
Vamos entender uma instituição financeira “por dentro”. De um lado, temos a tesouraria
do banco que busca captar recursos emprestado de investidores pagando a menor taxa
possível para que, com esse dinheiro, possa emprestar aos tomadores de crédito. Acontece
que, nesse caso, o banco vai procurar pagar a menor taxa possível a seus clientes, já que
quanto menos ele pagar de juros, maior será seu spread e consequentemente seu lucro.
Agora, indo para o fundo de investimento, temos que o gestor, que compra ativos para
compor a carteira desse fundo, tem de buscar a maior rentabilidade possível para entre-
gar aos cotistas. Faz sentido para você aqui temos um baita conflito de interesses? De um
lado, há o banco querendo captar dinheiro e pagar a menor taxa possível. Do outro lado,
o gestor precisa investir o dinheiro dos cotistas com a maior taxa possível.
Para evitar que esse conflito de interesse possa comprometer a relação fiduciária do
administrador com os cotistas, as instituições financeiras devem criar procedimentos que
segregam essas atividades. Em resumo, a função de administração de recurso de terceiros
(fundos de investimentos) não pode operar junto da administração de recursos próprios
(tesouraria do banco). Essa segregação é conhecida como Chinese wall.
Cota
As cotas do fundo são a cereja deste grande bolo. Elas correspondem a frações ideais
de seu patrimônio e sempre são escriturais e nominativas. Quando digo que as cotas
são escriturais estou dizendo que, ao comprar uma cota do fundo, o investidor não
leva a cota fisicamente para casa, mas tem suas informações lógicas em um sistema
de dados. Se você está lendo essa apostila em seu computador (não a imprimiu), você
POSSUI a apostila, mas ela é escritural, não física. E quando digo nominal é que essas
cotas devem, obrigatoriamente, ser registradas em nome do cotista.
Quando o investidor investe em um fundo de investimento, na prática ele compra cotas desse
fundo. A quantidade de cotas que o investidor tem será sempre a mesma, a não ser que:
Patrimônio Liquido
Valor da cota = Quantidade de cotas
Tipos de Fundos
Os fundos de investimentos, como vimos até aqui, são instrumentos que facilitam o acesso
ao investidor ao mercado de capitais e, devido a essa facilidade, é natural que diversos
tipos de investidores demandem por produtos específicos.
FI x FIC
Os fundos de investimentos podem acessar diretamente o mercado financeiro com-
prando ativos ou comprando cotas de outros fundos. Os FIs (fundos de investimentos)
vão sempre compor sua carteira comprando ativos no mercado financeiro de acordo
com seu regulamento. Já os FICs (fundos de investimento em cotas) vão compor sua
carteira com, no mínimo, 95% de cotas de outros fundos.
Fundos Abertos
Nesse tipo de fundo, como o nome sugere, o investidor pode entrar a qualquer momento.
O número de cotas deste fundo é variável. Ou seja, quando o investidor investe seu
dinheiro, novas cotas (no valor do dia) são criadas, e quando o investidor resgata seu
investimento, essas cotas deixam de existir.
O Fundo Aberto não tem uma data de vencimento, portanto o investidor não precisa reno-
var sua aplicação. Isso é considerado vantagem dos fundos abertos, pois o cotista pode
sacar os recursos a qualquer momento.
A recompra das cotas nesse tipo de fundo é garantida pelo administrador. Quando o inves-
tidor compra novas cotas, ele gera recursos para que o gestor compre ativos no mercado
financeiro para compor a carteira do fundo. Ao vender suas cotas, o investidor conta que
o gestor venda os ativos no mercado financeiro para honrar com os resgates.
Os fundos abertos podem ser com ou sem carência. Em caso de fundo sem carência o investi-
dor pode “entrar e sair” a qualquer momento, ou, falando de um jeito mais técnico, o investidor
pode comprar e vender cotas a qualquer momento. O fundo com carência permite a entrada
a qualquer momento, porém os resgates são permitidos apenas ao final do prazo de carência.
A recompra das cotas a qualquer momento não é um benefício desse tipo de fundo. Por
isso, se o investidor quiser resgatar suas cotas antes do vencimento do fundo, ele terá de
negociar suas cotas com outro investidor no mercado secundário.
Esse tipo de fundo está muito presente no ambiente de negociação da bolsa de valores
(B3), o que permite que suas cotas sejam negociadas no mercado secundário com mais
facilidade apresentando uma liquidez maior para o detentor das cotas desse fundo.
Os fundos destinados a investidores profissionais são bem semelhantes aos fundos des-
tinados a investidores qualificados, diferenciando-se apenas no tipo de investidor que
admite. Além dos investidores profissionais, esse fundo pode admitir:
O fundo criado para receber apenas um cotista, e esse for um investidor profissional,
é considerado fundo exclusivo.
Cota de Fechamento
Diferente do fundo com cota de abertura, aqui o investidor só saberá o valor da cota no
fechamento do dia. Em outras palavras, o valor da cota nesse tipo de fundo reflete toda a
variação dos ativos no dia. O valor da cota é divulgado no fechamento do mercado. Esse tipo
de precificação é obrigatório para fundos que apresentam maior oscilação em suas cotas.
Agora imagine que o gestor do fundo compre títulos de renda fixa com taxa pré-fixada
para a carteira e precifique a cota do fundo pelo que chamamos de “curva do papel”, o
que, em outras palavras, considera apenas a projeção de juros do título sem considerar
as oscilações de mercado.
Esse gráfico refere-se a um título real emitido pelo Tesouro Nacional, uma LTN que vence
em 01/01/2023 e foi adquirida no dia 02/02/2016. Esse título foi comprado com uma taxa de
12,57%.
Até o momento desse print, a valorização era de 25,60% devido a uma queda na taxa de
juros. Se o investidor que detém esse título resolve vender esse título hoje, deverá fazer
pelo preço de mercado (linha azul) e, nesse caso, realizar um lucro maior do que os 12,57%
contratado. Se for vendido pelo preço do papel (linha verde), o investidor vai ter um lucro,
porém, esse lucro é menor do que o preço de mercado representa. Em outras palavras, ao
vender pelo preço contratado o investidor sofrerá uma perda, pois venderá mais barato do
que realmente vale.
O que vimos no exemplo acima é o conceito prático de marcação a mercado. Agora vamos
aplicar a marcação a mercado para fundos de investimentos.
Um investidor comprou uma cota no dia 02/02/2016 por R$ 480,00 e vem carregando essa
cota até o dia 01/03/2018, quando decide vender. Se analisarmos o gráfico da imagem acima,
teremos que o preço teórico (linha verde) traz um valor nesse dia de aproximadamente
R$ 560,00, ao passo que a linha azul em aproximadamente R$ 660,00, apresentando 100
reais de diferença. No mesmo dia que esse investidor pede o resgate de sua cota, outro
investidor resolve comprar essa cota. O correto é vender por R$ 660,00 (preço de mercado).
Se o custodiante vende por R$ 560,00 o investidor que está vendendo a cota receberá
menos do que vale, e o que está comprando comprará por menos do que vale. Nesse caso,
o investidor que compra está sendo beneficiado em detrimento do que vende. Em outras
palavras, houve aqui uma transferência de riqueza entre os cotistas.
A marcação a mercado em fundos de investimentos é justamente para evitar que haja essa
transferência de riquezas entre cotistas. Ela basicamente consiste em precificar as cotas
dos fundos de investimento pelo valor de mercado dos títulos que compõem a carteira.
Em outras palavras, é a precificação da cota pelo valor do dia. A marcação a mercado é
obrigatória para todos os fundos de investimentos, com exceção dos fundos exclusivos
que podem ter esse procedimento dispensado por solicitação do cotista.
O regulamento do fundo deve prever ao cotista qual o prazo para a cotização e des-
cotização de forma que o rendimento do investidor será contabilizado apenas após a
conversão em cotas e cessa quando da descotização. A descotização de cotas não pode
ser confundida com o resgate.
Por exemplo, no caso de resgate de fundos, podemos ter um fundo com as seguintes
características indicadas na lâmina de informações:
Exemplo 1:
Considerando que o dia “D” é o da solicitação do resgate, para este exemplo, o cálculo do
valor das cotas é realizado no mesmo dia da solicitação (conversão em D+0), e o pagamento
do resgate é realizado três dias úteis após a data de solicitação do resgate (D+3).
Exemplo 2:
Considerando que o dia “D” é o da solicitação do resgate, para este exemplo, o cálculo do
valor das cotas é realizado no dia seguinte à solicitação (conversão em D+1), e o pagamento
do resgate é realizado quatro dias úteis após a data de solicitação do resgate (D+4).
Exemplo 3:
No caso de fechamento dos mercados e/ou em casos excepcionais de iliquidez dos ativos
financeiros componentes da carteira do fundo, inclusive em decorrência de pedidos de
resgates incompatíveis com a liquidez existente, ou que possam implicar alteração do
tratamento tributário do fundo ou do conjunto dos cotistas, em prejuízo destes últimos, o
administrador pode declarar o fechamento do fundo para a realização de resgates.
Um fundo fechado para resgate deve ser comunicado imediatamente à CVM, e o fundo
deve permanecer fechado para aplicações enquanto estiver fechado para o resgate.
A CVM considera relevante qualquer ato ou fato que possa influir de modo ponderável
no valor das cotas ou na decisão dos investidores de adquirir, alienar ou manter tais cotas.
Qualquer ato ou fato relevante divulgado deve ser mantido nos sites do administrador
e do distribuidor do fundo.
Já que eu citei aqui no item acima que a assembleia é que vai deliberar sobre a mudança de
regulamento no fundo de investimento, permita-me mostrar uma exceção. O regulamento
pode ser alterado, independentemente da assembleia geral, sempre que tal alteração:
Sempre que houver mudança no regulamento por motivos citados no item I e II, o fundo
tem até 30 dias para comunicar os cotistas. Caso a mudança seja motivada pelo item III,
o fundo deve comunicar os cotistas tão logo seja feita a alteração.
Convocação da assembléia
O administrador do fundo é responsável por convocar a assembleia de cotistas para deli-
berar sobre os assuntos já citados aqui. Essa convocação deve ser feita com 10 dias de
antecedência, no mínimo, da data de sua realização.
O resumo das decisões da assembleia geral deve ser disponibilizado aos cotistas no prazo
de até 30 (trinta) dias após a data de realização da assembleia.
Bem, nesse tópico falamos além da assembleia sobre administrador, gestor e custodiante
e, por essa razão, vamos abordar esse tópico a seguir.
⯀ Gestão: responsável pela compra e venda dos ativos do fundo (gestão) segundo
política de investimento estabelecida em regulamento. Quando há aplicação no
fundo, cabe ao gestor comprar ativos para a carteira. Quando houver resgate, o
gestor terá́ que vender ativos da carteira;
⯀ Distribuição de cotas: responsável por vender as cotas dos fundos aos investidores.
O distribuidor é responsável por captar recursos no mercado para o fundo e, para
isso, precisa conhecer detalhadamente a política e o objetivo do fundo para que
possa recomendar aos investidores de acordo com o perfil e objetivo dos mesmos.
⯀ Custódia de ativos financeiros: responsável por, como o nome sugere, guardar
a posição do fundo. O fundo diariamente tem movimentação de quantidade de
cotas, quantidade e valor dos ativos. O custodiante deve registrar essas transa-
ções e marcar as cotas pelo valor de mercado;
⯀ Auditor independente: responsável por auditar as demonstrações contábeis apre-
sentadas pelo administrador. Como o nome sugere, o serviço de auditoria deve, obri-
gatoriamente, ser prestado por uma empresa ou profissional independente.
Além os profissionais (ou empresas) listadas acima, o administrador pode contratar para o fundo:
⯀ exercer suas atividades buscando sempre as melhores condições para o fundo, empre-
gando o cuidado e a diligência que toda pessoa ativa e honesta costuma dispensar
à administração de seus próprios negócios;
⯀ atuar com lealdade em relação aos interesses dos cotistas e do fundo, evitando
práticas que possam ferir a relação fiduciária com eles mantida, respondendo
por quaisquer infrações ou irregularidades que venham a ser cometidas sob sua
administração ou gestão;
⯀ exercer, ou diligenciar para que sejam exercidos, todos os direitos decorrentes do patri-
mônio e das atividades do fundo, ressalvado o que dispuser o formulário de informa-
ções complementares sobre a política relativa ao exercício de direito de voto do fundo;
⯀ empregar, na defesa dos direitos do cotista, a diligência exigida pelas circuns-
tâncias, praticando todos os atos necessários para assegurá-los e adotando as
medidas judiciais cabíveis;
⯀ sem prejuízo da remuneração que é devida ao administrador e ao gestor na qualidade
de prestadores de serviços do fundo, esses agentes devem transferir ao fundo qual-
quer benefício ou vantagem que possam alcançar em decorrência de sua condição;
Dica de ouro: o administrador e o gestor não são responsáveis por restituir ao fundo
eventuais prejuízos ocorridos em investimentos realizados em ativos que estejam ali-
nhados com o objetivo e a política de investimento do fundo.
O administrador e o gestor da carteira do fundo devem ser substituídos caso sejam des-
credenciados para o exercício da atividade de administração de carteiras de valores mobi-
liários, por decisão da CVM, renúncia ou destituição, por deliberação da assembleia geral.
O administrador deve informar ao cotista diariamente via site o valor da cota no dia;
mensalmente, um extrato com informações gerais sobre a rentabilidade; e anualmente,
as demonstrações contábeis do fundo bem como o informe de rendimentos para
efeitos de declaração anual de ajuste de IR.
1. passivos: aqueles fundos que buscam apenas acompanhar a variação se seu benchmark;
2. Ativos: aqueles fundos que buscam superar a variação do benchmark.
Dica de ouro: o que eu coloquei em negrito nos itens acima é para chamar sua aten-
ção para o fato que o fundo passivo acompanha e o fundo ativo supera.
Além dos fundos passivos e ativos, podemos encontrar o fundo alavancado. Esse tipo de
fundo normalmente é um fundo ativo e, portanto, seria um fundo ativo alavancado. A
definição de “alavancado” se deve ao fato de que esse fundo pode utilizar, como estratégia
de gestão de ativos, derivativos que exponham o fundo a risco superior ao valor de seu
patrimônio líquido. Em outras palavras, é um fundo que pode ter uma perda maior do
que o valor investido do fundo. Caso esse fundo apresente um prejuízo maior do que seu
patrimônio líquido, o cotista será convidado (na verdade é obrigado, mas não ficaria bem
escrever isso aqui, né?) aportar mais recursos para cobrir o prejuízo do fundo, ou melhor
dizendo, a responsabilidade por cobrir eventuais prejuízos do fundo alavancado é do cotista.
Já que os ativos negociados no mercado financeiro possuem riscos diferentes entre si,
nada mais prudente do que classificar os fundos de investimentos com base nos riscos
que os fundos assumem ao comprar um ativo para sua carteira.
A instrução normativa CVM 555 prevê que os fundos devem, de acordo com o mercado
em que atuam, se enquadrar em uma categoria específica, sendo elas:
O que veremos a seguir é que mesmo no segmento de renda fixa, existem divisões
que separam os fundos de acordo com a especificidade de renda fixa que o fundo
explora. Em outras palavras, temos sub-categorias de fundos de renda fixa. Essas
subcategorias são divididas conforme a tabela a seguir:
O Fundo de investimento que investe em ativos de crédito privado (lembra que todo
ativo de renda fixa é um título de crédito, certo?), com percentual maior do que 50%
de seu PL, deverá seguir as seguintes regras:
Fundo Cambial
Como o próprio nome sugere, é um fundo que usa moedas estrangeiras como parâ-
metro de rentabilidade.
Fundo Multimercado
Se nos atentarmos ao nome desse tipo de fundo, assim como fizemos nos anteriores, pode-
mos concluir que o nome da classe do fundo nos diz muito sobre que mercados o fundo
pode explorar. No caso dos fundos multimercados, não há restrição quanto a qual mercado,
tampouco sobre o mínimo de PL que deve ser alocado em cada ativo. Em outras palavras,
o fundo multimercado, por definição pode investir livremente em múltiplos mercados.
O percentual mínimo que o fundo vai explorar de cada mercado estará descrito no
regulamento do fundo apenas.
Fundo de Ações
Outro nome praticamente autoexplicativo. Um fundo de ações investe no mínimo 67%
do seu Patrimônio Líquido em ações negociadas no mercado à vista de bolsa de valores.
A performance destes fundos está sujeita à variação de preço das ações que compõem sua
carteira. Por isso, são mais indicados para quem tem objetivos de investimento de longo prazo.
A tabela a seguir resume a classificação CVM com os respectivos critérios para os fundos
se enquadrarem em sua categoria:
Classificação Critério
Investe no mínimo 80% do PL do
Fundo de Renda Fixa.
fundo em ativos de renda fixa.
Investe no mínimo 80% do PL do fundo em ati-
Fundo Cambial
vos que sejam indexados à variação cambial.
Fundo Multimercado Não existe regra para concentração de ativos no fundo.
Investe no mínimo 67% do PL do fundo em ações ou
Fundo de Ações
ativos que derivam de ações (BDR, Subscrição).
Classificação ANBIMA
A gente já sabe que a ANBIMA é um órgão de autorregulação e que tem como principal
função trazer mais qualidade de informações aos investidores. Para ajudar na tomada
decisão de investimento, foi criada uma classificação de fundos de investimentos que
complementa a classificação CVM.
Vamos entender um pouco melhor cada um dos níveis da classificação para, então,
entender cada tipo de fundo:
⯀ Nível 1. Classe de ativos: esse nível replica a classificação CVM 555, separando os
fundos em renda fixa, cambial, multimercados e ações.
⯀ Nível 2. Nível de risco: Neste nível, os fundos são classificados conforme o tipo de
gestão (passiva ou ativa). Para a gestão ativa, a classificação é desmembrada con-
forme a sensibilidade à taxa de juros. (Ativos, indexados, investimento no exterior).
⯀ Nível 3. Estratégia: Neste nível, os fundos são classificados de acordo com a
estratégia. Enquadram-se aqui, por exemplo, os fundos soberanos, os fundos
dinâmicos e os setoriais, entre outros.
A classificação ANBIMA ajuda você com isso, pois, de acordo com a necessidade do inves-
tidor, você poderá alocar em uma das categorias possíveis.
Já que eu dei como exemplo uma demanda de renda fixa, vamos entender como a ANBIMA
classifica os fundos de renda fixa e seus respectivos níveis.
Segundo Nível: aqui os fundos são classificados conforme o tipo de gestão (passiva ou
ativa). Ainda para a gestão ativa, a classificação é desmembrada conforme a sensibilidade
à taxa de juros. Incluem também os fundos de Renda Fixa Simples conforme a Instrução
nº 555 da CVM e são classificados da seguinte forma:
⯀ Renda Fixa Simples: Estes investem no mínimo 95% de seu PL em títulos públicos
federais com baixo risco de mercado;
⯀ Indexados: Fundos que têm como objetivo seguir as variações de indicadores de
referência do mercado de Renda Fixa.
Terceiro Nível: Neste nível os fundos são classificados conforme a exposição ao risco
de crédito. Assim, ao optar, no segundo nível, pela gestão ativa, o investidor tem à
disposição os seguintes fundos:
Ao optar, no segundo nível, por simples, a única opção disponível será o fundo de
Renda fixa Simples.
Ao optar, no segundo nível, por indexado, a única opção disponível será fundo atre-
lado ao índice de referência.
Vejamos essa tabela que resume os níveis dos fundos de renda fixa:
Primeiro Nível: Fundos que possuem, no mínimo, 67% da carteira em ações à vista, bônus
ou recibos de subscrição, certificados de depósito de ações, cotas de fundos de ações,
cotas dos fundos de índice de ações e BDR.
Segundo Nível: Neste nível os fundos são classificados conforme o tipo de gestão (inde-
xada ou ativa), específicos para fundos com características diferenciadas ou investimento
no exterior. Conheça cada um deles:
Terceiro Nível: Neste nível os fundos são classificados conforme a estratégia. Ao optar,
no segundo nível, pelos fundos indexados, as opções no terceiro nível são os fundos
atrelados a índices de referência.
Ao optar, no segundo nível por fundos ativos, as alternativas no terceiro nível se dividem em:
Classe de ati-
Categoria Subcategoria
vos (CVM 555/14)
Indexado Índices
Valor/Crescimento
Dividendos
Sustentabilidade/Confiança
Ativo Small Caps
Índice ativo
Ações
Setoriais
Livre
FMP-FGTS
Específicos Fechados de ações
Mono ações
Investimento no exterior Investimento exterior
Primeiro Nível: Fundos com políticas de investimento que envolvam vários fatores de risco,
sem o compromisso de concentração em nenhum fator em especial. O hedge cambial da
parcela de ativos no exterior é facultativo ao gestor.
⯀ Alocação: Fundos que buscam retorno no longo prazo por meio de investimento
em diversas classes de ativos (renda fixa, ações, câmbio etc.), incluindo cotas de
fundos de investimento;
⯀ Estratégia: Fundos nesta categoria se baseiam nas estratégias preponderantes
adotadas e suportadas pelo processo de investimento adotado pelo gestor como
forma de atingir os objetivos e executar a política de investimentos dos fundos.
Admitem alavancagem;
⯀ Investimento no Exterior: Fundos que investem em ativos financeiros no exterior
em parcela superior a 40% do patrimônio líquido.
⯀ Balanceados: Buscam retorno no longo prazo por meio da compra de diversas classes
de ativos, incluindo cotas de fundos. Estes fundos possuem estratégia de alocação
pré-determinada devendo especificar o mix de investimentos nas diversas classes de
ativos, incluindo deslocamentos táticos e/ou políticas de rebalanceamento explícitas.
O indicador de desempenho do fundo deverá acompanhar o mix de investimentos
explicitado (asset allocation benchmark), não podendo, assim, ser comparado a uma
única classe de ativos (por ex, 100% CDI). Os fundos nesta subcategoria não podem
possuir exposição financeira superior a 100% do PL. Não admitem alavancagem;
⯀ Macro: Fundos que realizam operações em diversas classes de ativos (renda fixa,
renda variável, câmbio etc), com estratégias de investimento baseadas em cenários
macroeconômicos de médio e longo prazos;
⯀ Trading: Fundos que realizam operações em diversas classes de ativos (renda fixa,
renda variável, câmbio etc.), explorando oportunidades de ganhos a partir de movi-
mentos de curto prazo nos preços dos ativos;
⯀ Long and Short - Direcional: Fundos que fazem operações de ativos e derivativos
ligados ao mercado de renda variável, montando posições compradas e vendidas.
O resultado deve ser proveniente, preponderantemente, da diferença entre essas
posições. Os recursos remanescentes em caixa devem estar investidos em cotas
de fundos Renda Fixa – Duração Baixa – Grau de Investimento ou em ativos permi-
tidos a estes, desde que preservadas as regras que determinam a composição da
carteira do tipo ANBIMA;
⯀ Long and Short - Neutro: Fundos que fazem operações de ativos e derivativos liga-
dos ao mercado de renda variável, montando posições compradas e vendidas, com
o objetivo de manterem a exposição financeira líquida limitada a 5%. Os recursos
remanescentes em caixa devem estar investidos em cotas de fundos Renda Fixa –
Duração Baixa – Grau de Investimento ou em ativos permitidos a estes, desde que
preservadas as regras que determinam a composição da carteira do Tipo ANBIMA;
⯀ Juros e Moedas: Fundos que buscam retorno no longo prazo via investimentos em
ativos de renda fixa, admitindo-se estratégias que impliquem risco de juros, risco de
índice de preço e risco de moeda estrangeira. Excluem-se estratégias que impliquem
exposição de renda variável (ações etc);
⯀ Livre: Fundos sem compromisso de concentração em alguma estratégia específica;
⯀ Capital Protegido: Fundos que buscam retornos em mercados de risco procurando
proteger, parcial ou totalmente, o principal investido.
⯀ Estratégia Específica: Fundos que adotam estratégia de investimento que implique
riscos específicos, tais como commodities, futuro de índice.
Classe de ati-
Categoria Subcategoria
vos (CVM 555/14)
Balanceados
Alocação
Dinâmicos
Macro
Trading
Long and short neutro
Multimercado Long and short direcional
Estratégia
Juros e moedas
Livre
Capital protegido
Estatégia específica
Investimento no exterior Investimento exterior
Fundo Cambial
Os fundos cambiais, seguem a mesma lógica. No entanto, a ANBIMA não classifica a estra-
tégia e agrega os fundos que aplicam pelo menos 80% da carteira em ativos - de qualquer
espectro de risco de crédito - relacionados diretamente ou sintetizados, via derivativos, à
moeda estrangeira, ficando da seguinte forma:
Para finalizar o tema de classificação ANBIMA para fundos de investimentos, deixo aqui um
resumo com todas as possibilidades de fundos de investimentos segundo essa classificação:
Um fundo de investimento vai comprar ativos no mercado para compor sua carteira. Se um
fundo de renda fixa comprasse 100% de CDB do banco Original, o risco do fundo estaria
muito concentrado no banco original, correto? Para evitar esse tipo de risco, o gestor do
fundo deve observar os limites de concentração por emissor, conforme abaixo:
O limite é de até 20% (vinte por cento) do patrimônio líquido do fundo, para o con-
junto dos seguintes ativos:
Tributação
Como era de se esperar, em fundos de investimentos também temos tributação. Para você
que já entendeu como funciona a tabela de renda fixa, vai ficar bem simples esse tópico.
Já sabemos que os fundos de investimentos abertos não têm vencimento (o que vence
são os ativos que compõem a carteira do fundo e serão substituídos pelo gestor a medida
que vencem ou precisam ser negociados no mercado). Por não ter vencimento, o inves-
tidor pode ficar o tempo que quiser em um fundo. Acontece que se o IR for cobrado
somente no resgate, pode haver uma inconsistência entre o IR do título (que compõe a
carteira) e o IR devido do investidor.
Para evitar essa distorção, a receita federal criou o sistema de antecipação semestral de
IR que acontece nos últimos dias úteis dos meses de maio e novembro: o popularmente
conhecido “come cotas”. Em outras palavras, o fundo de investimento recolhe IR da valo-
rização das cotas a cada 6 meses, independente do resgate.
Imagine um investidor que comprou 100 cotas de um fundo de investimento de longo prazo
no dia 02 de janeiro deste ano por R$ 10,00 cada e vendeu no dia 10 de junho do mesmo
ano por R$ 12,00 cada. No dia 31/05 (último dia útil de maio) a cota estava valendo R$ 11,00.
Informações importantes:
Fundos de curto prazo terão como alíquota mínima 20% independente do prazo de
permanência do investidor, portanto, as únicas alíquotas possíveis em um fundo de
curto prazo são 22,5% e 20%.
O Fundo de investimento em ações não tem como cotas e tem alíquota única cobrada
somente no resgate a alíquota de 15%. Já o fundo de investimento com carência de
até 90 dias terão o come cotas cobrado não nos meses de maio e novembro, mas no
vencimento de cada carência.
IOF
Além do IR, os fundos de investimentos estão sujeitos a tributação de IOF nos seguintes casos:
⯀ fundos de renda fixa, cambial e multimercados estão sujeitos ao IOF de acordo com
a tabela regressiva desse imposto, sendo cobrado somente em caso de resgates com
prazo menor ou igual a 29 dias;
⯀ fundo com carência tem alíquota de 0,5% ao dia de IOF caso o investidor resgate antes
do vencimento da carência. Essa alíquota é cobrada sobre todo o valor de resgate e
é limitada a 100% do ganho nominal do investidor.
Compensação de Perdas
Imagine uma situação em que o investidor, ao invés de ganhar dinheiro com seu
investimento, registre uma perda. Nos fundos, o investidor pode compensar perdas
em um investimento futuro.
O administrador, aliás, não é obrigado a oferecer essa compensação. Porém, sua capacidade
de oferecê-la ao cliente é uma vantagem competitiva. A perda de um fundo somente pode ser
utilizada para compensar lucros futuros após a ocorrência do resgate do fundo com prejuízo.
Importante ressaltar que o Código não se sobrepõe à Regulação vigente, ainda que venham
a ser editadas normas, após o início de sua vigência, que sejam contrárias às disposições
ora trazidas, de maneira que deve ser desconsiderada, caso haja contradição entre as
regras estabelecidas neste Código e a Regulação em vigor, a respectiva disposição deste
Código, sem prejuízo das demais regras nele contidas.
Nos casos dos Fundos de Investimento em cotas de Fundos de Investimento que invistam
mais de noventa e cinco por cento de seu patrimônio em um único Fundo, é vedada a utili-
zação de qualquer instituto jurídico ou estrutura de produto, cuja implicação econômica, de
forma direta ou indireta, resulte em desconto, abatimento ou redução artificial de taxa de
administração, performance e/ou qualquer outra taxa que venha a ser cobrada pela indústria
de Fundos de Investimento.
As Instituições Participantes devem manter em sua estrutura área(s) que seja(m) respon-
sável(is) por seus controles internos e Compliance. Estas áreas devem:
I. Ter estrutura que seja compatível com a natureza, porte, complexidade e modelo
de negócio das Instituições Participantes;
II. Ser independente(s) e reportar-se ao diretor indicado na Comissão de Valores
Mobiliários pelos controles internos e pelo Compliance;
III. Ter profissionais com qualificação técnica e experiência necessária para o exercício
das atividades relacionadas à função de controles internos e de Compliance;
IV. Ter comunicação direta com a diretoria, administradores e com o conselho de
administração, se houver, para realizar relato dos resultados decorrentes das ati-
vidades relacionadas à função de controles internos e de Compliance, incluindo
possíveis irregularidades ou falhas identificadas;
V. Ter acesso regular à capacitação e treinamento;
VI. Ter autonomia e autoridade para questionar os riscos assumidos nas operações
realizadas pela instituição.
A Instituição Participante pode designar um único diretor responsável pelos controles inter-
nos e pelo Compliance, ou pode indicar diretores específicos para cada uma dessas funções.
A adoção de práticas claras e precisas que assegurem o bom uso das instalações e equi-
pamentos não exclui a obrigatoriedade de manter a segregação física das atividades.
As Instituições Participantes devem exigir que seus profissionais assinem, de forma manual
ou eletrônica, documento de confidencialidade sobre as informações confidenciais, reser-
vadas ou privilegiadas que lhes tenham sido confiadas em virtude do exercício de suas
atividades profissionais, excetuadas as hipóteses permitidas em lei.
A gestão dos Veículos de Investimento deve ser exercida por profissional devidamente
habilitado e autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários para o exercício da ativi-
dade de Gestão de Recursos de Terceiros.
Material Publicitário
A Instituição Participante, ao divulgar Material Publicitário em qualquer meio de comuni-
cação disponível, deve incluir, em destaque, link ou caminho direcionando os investidores
ou potenciais investidores ao Material Técnico sobre o Fundo mencionado, de modo que
haja conhecimento de todas as informações, características e riscos do investimento.
Nas agências e dependências das Instituições Participantes, devem-se manter à disposição dos
interessados, seja por meio impresso ou passível de impressão, as informações citadas acima.
Selo Anbima
A veiculação do selo ANBIMA tem por finalidade exclusiva demonstrar o compromisso das
Instituições Participantes em atender às disposições deste Código.
Histórico de Rentabilidade
Ao divulgar a rentabilidade dos Fundos 555, as Instituições Participantes devem:
O Fundo 555 pode divulgar rentabilidade diária, desde que observados os requisitos nos itens acima.
Na divulgação de outros dados quantitativos, tais como patrimônio sob gestão, deve ser
informada a fonte e a data de referência da informação.
Caso haja mudança na classificação, nos termos estabelecidos pela Comissão de Valores
Mobiliários, mudança do Gestor de Recursos, ou, ainda, mudança significativa na política
de investimento do Fundo, a Instituição Participante pode divulgar, adicional e separada-
mente à sua rentabilidade obrigatória acumulada nos últimos doze meses a rentabilidade
relativa ao período posterior à mudança, informando o que foi alterado.
Avisos Obrigatórios
As Instituições Participantes devem incluir, com destaque, nos documentos abaixo indi-
cados, os seguintes avisos obrigatórios:
Material Técnico:
No uso de mídia impressa e por meios digitais escritos, o tamanho do texto e a localização
dos avisos e informações devem permitir sua clara leitura e compreensão.
As aplicações ou resgates realizados nos Fundos 555 e no FIDC por meio das Instituições
Participantes responsáveis pela distribuição que estejam atuando por conta e ordem de
investidores devem ser efetuadas de forma segregada, de modo que os bens e direitos
integrantes do patrimônio de cada um dos investidores, bem como seus frutos e rendi-
mentos, não se comuniquem com o patrimônio daquele que está distribuindo as cotas.
As Instituições Participantes que estejam atuando por conta e ordem de investidores assu-
mem todos os ônus e responsabilidades relacionados aos investidores, inclusive quanto a
seu cadastramento, identificação e demais procedimentos que caberiam, originalmente,
ao administrador fiduciário do Fundo 555 e do FIDC, em especial no que se refere:
I. À responsabilidade de dar ciência ao cotista de que a distribuição é feita por conta e ordem;
II. À comunicação aos investidores sobre a convocação de assembleias gerais de
cotistas e sobre suas deliberações, de acordo com as instruções e informações que,
com antecedência suficiente e tempestivamente, receberem dos administradores
fiduciários dos Fundos 555 e do FIDC;
III. Ao zelo para que o investidor final tenha pleno acesso a todos os documentos e infor-
mações dos Fundos 555 e do FIDC, em igualdade de condições com os demais cotistas;
A Instituição Participante que estiver atuando por conta e ordem de investidores deve
diligenciar para que o administrador fiduciário do Fundo 555 e do FIDC disponibilize, por
meio eletrônico, os seguintes documentos:
Carteira Administrada
Se você entendeu como funciona o fundo exclusivo vai ficar bem tranquilo entender
o serviço de carteira administrada.
A Gestão de Recursos feita por meio de Carteira Administrada deve ser formalizada em
contrato escrito, do qual deverá constar, entre outras exigências, a remuneração a ser paga
pelo investidor e a possibilidade de recebimento de remuneração indireta.
A formalização, de que trata o item acima, deve conter, além das exigências previstas
na Regulação em vigor, no mínimo:
O Gestor de Recursos deve disponibilizar aos investidores, no prazo máximo de noventa dias
após o encerramento de cada semestre civil, o valor total da remuneração recebida direta
e indiretamente pela atividade de gestão da Carteira Administrada relativo a este período,
mantendo evidência deste relatório para fins de comprovação para a Supervisão de Mercados.
O FII, como é conhecido esse tipo fundo, é uma comunhão de recursos de vários
investidores para aplicação no mercado imobiliário. Essa união permite que o investi-
dor consiga entrar num fundo até mesmo com poucos recursos, pois ele vai investir
o valor proporcional que tem através da compra de cotas.
Os recursos captados pelo fundo são utilizados para comprar participações em shoppings,
lajes corporativas, prédios comerciais, centros logísticos e outros papéis do mercado finan-
ceiro, sempre atrelados ao mercado imobiliário.
E não é preciso ser especialista em imóveis para fazer um bom negócio. O administra-
dor do fundo e sua equipe de gestão de imóveis são pessoas que têm conhecimento
no setor e farão tudo de forma profissional.
Vou repetir pra você não pensar que estou mentindo: não tem burocracia no FII. Sendo
cadastrado em uma corretora de valores, é possível comprar e vender um fundo através
da Bolsa de Valores, sem aquelas várias certidões que você precisaria ter se comprasse
um imóvel diretamente.
Tributação em FII
Em caso de ganho de capital devido a valorização de cotas, temos a seguinte tributação:
⯀ Alíquota: 20% para PF e PJ. As PJs isentas (ex.: igreja) não pagam este imposto;
⯀ Compensação de perdas: perdas incorridas na alienação de cotas de fundo de inves-
timento imobiliário só podem ser compensadas com ganhos auferidos na alienação
de cotas de fundo da mesma espécie;
⯀ Responsável pelo recolhimento: investidor.
Em caso de distribuição de renda proveniente de aluguel, há uma regra que garante isen-
ção a investidor PF. Aquele aluguel (rendimento), que é dividido entre todos os cotistas
mensalmente, é isento de imposto de renda. A isenção é válida para pessoas físicas que
tenham menos de 10% da totalidade de cotas do fundo e exclusivamente para fundos
imobiliários cujas cotas sejam negociadas em Bolsa de Valores e que tenham mais de 50
cotistas. Agora, quando você for vender a cota, nessa hora sim existe cobrança de imposto
de renda, embora apenas sobre o valor a mais que você conseguir vender.
Prospecto de FII
O prospecto é elaborado pelo Administrador Fiduciário e deve conter as principais carac-
terísticas do FII, dentre as quais as informações relevantes aos investidores sobre políticas
de investimento, taxas e riscos envolvidos, bem como seus direitos e responsabilidades.
I. Denominação do FII;
II. Base legal;
III. Prazo de duração;
IV. Identificação dos prestadores de serviços;
V. Política de divulgação de informações;
VI. Público-alvo;
VII. Objetivo e política de investimento: descrever a política de investimento que será
adotada pelo FII contendo, no mínimo:
i. Forma como o FII pretende atingir o seu objetivo de investimento, identifi-
cando a classificação ANBIMA do FII e o tipo de gestão, conforme Diretriz
ANBIMA de classificação de FII;
ii. Se o FII for de gestão ativa, mencionar a especificação do grau de liberdade
para alienação e aquisição dos ativos que o Administrador Fiduciário ou
Gestor de Recursos, quando houver, se reserva no cumprimento da política
de investimento, indicando a natureza das operações que fica autorizado a
realizar independentemente de prévia autorização dos investidores;
iii. Os tipos de ativos que poderão compor o patrimônio do FII e os requisitos de
diversificação de investimentos;
iv. A possibilidade de o FII contratar operações com derivativos para fins de
proteção patrimonial, cuja exposição seja sempre, no máximo, o valor do
patrimônio líquido do FII, caso autorizada no regulamento;
v. A possibilidade de aquisição de imóveis gravados com ônus reais.
Classificação do FII
O FII deve ser classificado de acordo com seus objetivos, políticas de investimento e
composição da carteira.
A classificação do FII na ANBIMA tem como objetivo separar e identificar os FII conforme
suas estratégias e principais fatores de risco.
Um Fundo de Índice deve manter no mínimo 95% de seu patrimônio aplicado em valores
mobiliários ou outros ativos de renda variável autorizados pela CVM.
Essa aplicação deve ser proporcional ao índice de referência, ou a posições compradas no mer-
cado futuro do índice de referência, de forma a refletir a variação e rentabilidade de tal índice.
Tributação em ETF’s
Esse é um fundo de renda variável, portanto sua tributação obedece a regra estabelecida
para esse tipo de fundo, que é:
Website
Sem prejuízo das demais obrigações previstas pela Regulação em vigor, o Administrador
Fiduciário deve disponibilizar em seu site na internet, no mínimo:
Dessa forma, as operações de crédito originalmente feitas podem ser cedidas aos fundos
que assumem estes direitos creditórios. Esta operação permite aos bancos, por exemplo,
que cedam (vendam) seus empréstimos aos FIDC, liberando espaço para novas operações,
e aumentando a liquidez deste mercado.
Os cotistas dos FIDC somente podem ser investidores qualificados (ter no mínimo 300 mil
reais investidos e declarar esta condição por escrito).
⯀ Abertos: quando os cotistas podem solicitar resgate das cotas, de acordo com
o estatuto do fundo;
⯀ Fechados: quando as cotas podem ser resgatadas somente ao término do prazo de
duração do fundo, ou no caso de sua liquidação.
⯀ Para quem cede os direitos creditórios: diminuição dos riscos de crédito e “libera-
ção de espaço no balanço”;
⯀ Para as empresas: mais liquidez no mercado de crédito;
⯀ Para os investidores: uma alternativa de investimento que tende a oferecer uma
rentabilidade maior do que a renda fixa tradicional.
Tipos de Cotas
⯀ Cota sênior: aquela que não se subordina às demais para efeito de amortização e resgate;
⯀ Cota subordinada: aquela que se subordina à cota sênior ou a outras cotas subordi-
nadas, para efeito de amortização e resgate.
Os FIDC podem operar no mercado de derivativos (bolsas e balcão com sistema de regis-
tro) somente para proteger suas posições à vista.
Tributação em FIDC
Os FIDCs são tributados conforme a tabela regressiva de IR, é recolhido na fonte e
não tem come cotas.
Prospecto do FIDC
O prospecto do FIDC deve conter, no mínimo:
I. Denominação do FIDC;
II. Classificação ANBIMA, conforme Diretriz ANBIMA de Classificação de FIDC;
III. Base legal;
IV. Prestadores de serviços:
i. Administrador Fiduciário;
ii. Gestor de Recursos;
iii. custodiante;
iv. distribuidor;
v. escriturador;
vi. auditor; e
vii. consultor, quando aplicável;
V. Forma de constituição: condomínio fechado ou aberto;
VI. Prazo de duração;
VII. Características da cessão: informar se a cessão é com ou sem Coobrigação, revolvente
ou não revolvente, e eventuais condições resolutivas, além de informações sobre as
condições de permuta e/ou prerrogativa de recompra de Direitos Creditórios por
parte da Cedente ou por terceiros, e outros mecanismos de mitigação de riscos
como garantias dos Direitos Creditórios ou seguros;
VIII. Classe de cotas: sênior(es) e subordinada(s);
IX. Razão de garantia: incluir
i. razão mínima das cotas subordinadas, considerando a divisão do valor total
das classes subordinadas juniores pelo patrimônio líquido do FIDC;
ii. razão total das cotas subordinadas, considerando a divisão do valor total do
somatório das classes subordinadas pelo patrimônio líquido do FIDC;
Os FIDC constituídos sob a forma de condomínio aberto devem incluir na capa, na con-
tracapa ou na primeira página de seus prospectos, aviso com o seguinte teor: “Este fundo
apresenta risco de liquidez associado às características dos seus ativos e às regras estabe-
lecidas para a solicitação e liquidação de resgates.”
I. Características gerais:
i. Denominação do FIDC;
ii. CNPJ;
iii. Classificação do FIDC, conforme Diretriz ANBIMA de Classificação de FIDC;
iv. Objetivo/política de investimento;
Classificação do FIDC
O FIDC deve ser classificado de acordo com seus objetivos, políticas de investimento
e composição da carteira.
A classificação do FIDC na ANBIMA tem como objetivo separar e identificar os FIDC con-
forme suas estratégias e principais fatores de risco.
Cabe ao Conselho de Regulação e Melhores Práticas expedir diretrizes que devem ser
observadas pelas Instituições Participantes no que se refere à classificação ANBIMA do FIDC.
Este tipo de fundo deverá participar do processo decisório da companhia investida, com
efetiva influência na definição de sua política estratégica e na sua gestão, através da indi-
cação de membros do Conselho de Administração.
Tributação em FIPE
A tributação nesse fundo obedece a regra da renda variável, tendo, portanto, alíquota única
de 15% cobrada somente no resgate.
EXIGÊNCIA NA PROVA:
DE 7 A 11 QUESTÕES.
Previdência social x Previdência privada
Para começar a falar de Entidade Aberta de Previdência Complementar, vamos apren-
der a diferenciar os dois tipos de previdência. Em suma, uma é do Estado, e a outra
é privada. Simples assim.
A Previdência Social é aquela paga pelo trabalhador ao governo na forma do INSS. Ela é
como um seguro controlado pelo governo para que o trabalhador não deixe de receber
uma renda ao se aposentar, sofrer invalidez no trabalho, ter doenças, ficar grávida ou
sofrer acidentes. O recebimento possui um teto estabelecido pelo INSS a fim de manter
em equilíbrio as contas públicas.
O modelo da Previdência Social brasileira adota o regime de repartição simples, que funciona
em regime de caixa. Nesse caso, as contribuições dos trabalhadores ativos são utilizadas
para o pagamento dos benefícios dos aposentados, pensionistas e demais segurados do
INSS. Em suma: o trabalhador ativo financia o trabalhador aposentado.
O INSS arrecada recursos para pagar os aposentados, pensionistas e outros segurados de três fontes:
⯀ Salário Maternidade: se você é mãe e deu à luz um bebê enquanto estava trabalhando,
você sabe do que estou falando. O Salário maternidade é uma renda temporária
paga a mãe que acabou de ter filho para que ela possa recuperar se e acompanhar
os primeiros meses do crescimento do filho.
⯀ Auxilio doença/auxilio acidente: uma renda mensal temporária para o traba-
lhador que, devido a alguma doença grave ou acidente, está impossibilitado de
exercer suas atividades laborais.
⯀ Pensão por morte: um pagamento feito ao dependente do segurado que falecer ou,
em caso de desaparecimento, ter sua morte declarada judicialmente.
⯀ Auxílio reclusão: pago aos dependentes do segurado que esteja preso em
regime fechado ou semiaberto.
⯀ Salário família: valor pago ao empregado de baixa renda, inclusive doméstico, e ao
trabalhador avulso, de acordo com o número de filhos.
⯀ Aposentadoria: esse é o mais conhecido pagamento feito pelo INSS. Um pagamento
realizado mensalmente ao trabalhador que cumpriu um período de contribuições e
está elegível a receber. É uma renda vitalícia. A aposentadoria paga pelo INSS tem
um limite de R$ 5.531,31 e é exatamente por ter esse limite que o contribuinte deve
procurar uma previdência complementar. Seu papel, como profissional certificado,
é orientar o investidor/contribuinte nessa escolha.
Taxa de Carregamento
O plano de previdência, naturalmente, tem suas despesas. Essas despesas são repassadas ao
investidor através de taxas. A primeira taxa que vamos abordar aqui é a taxa de carregamento.
É importante saber que a taxa de carregamento pode ser cobrada somente sobre o
valor aplicado e nunca sobre o rendimento. Portanto, quando uma EAPC cobrar a taxa
de carregamento na saída, o valor aplicado do rendimento deve estar bem claro para
que a cobrança seja feita somente sobre o principal.
Taxa de Administração
Essa cobrança é semelhante ao que ocorre nos fundos de investimentos. Uma taxa fixa
expressa ao ano e cobrada sobre o valor total do patrimônio da EAPC. Um valor anual para
que o administrador continue fazendo o seu bom trabalho.
Tipos de plano
Vimos, ao estudar a previdência social, que o contribuinte não consegue resgatar de uma vez
tudo o que contribuiu. Uma característica importante sobre as EAPC é que o investidor pode
receber todo o saldo acumulado de uma única vez, ou receber em forma de renda mensal.
Vamos entender um pouco melhor as maneiras que o investidor pode receber o saldo
acumulado em uma EAPC:
Renda por sobrevivência: renda a ser paga ao participante do plano que sobreviver
ao prazo contratado, geralmente chamada de aposentadoria. Em renda por sobrevi-
vência, temos algumas formas de renda:
⯀ Resgate total ou parcial. Quando o investidor resolve sacar os recursos acumulado no plano.
⯀ Renda Vitalícia. Nesse caso, o investidor vai receber uma renda mensal até seu
último dia de vida.
O investidor pode, ainda, contratar um pecúlio para seu plano. O pecúlio trará alguns
benefícios para o investidor ou beneficiários. Entenda os casos:
⯀ Renda por invalidez: renda a ser paga ao participante, em decorrência de sua invalidez
total e permanente ocorrida durante o período de cobertura e depois de cumprido
o período de carência estabelecido no plano.
⯀ Pensão por morte: renda a ser paga ao(s) beneficiário(s) indicado(s) na proposta de
inscrição, em decorrência da morte do Participante ocorrida durante o período de
cobertura e depois de cumprido o período de carência estabelecido no Plano.
⯀ Pecúlio por morte: importância em dinheiro, pagável de uma só vez ao(s) benefi-
ciário(s) indicado(s) na proposta de inscrição, em decorrência da morte do partici-
pante ocorrida durante o período de cobertura e depois de cumprido o período de
carência estabelecido no Plano.
⯀ Pecúlio por invalidez: importância em dinheiro, pagável de uma só vez ao próprio
participante, em decorrência de sua invalidez total e permanente ocorrida durante o
período de cobertura e após cumprido o período de carência estabelecido no Plano.
Tábua biométrica
A gente já sabe que os investidores podem receber, caso assim escolham, uma renda
vitalícia em um plano de previdência complementar. A pergunta que fica é: o que define
o valor que esse investidor vai receber ao longo da vida? Como o investidor e a segurado
chegam num acordo sobre o valor que será pago para o resta da vida? A resposta essa
pergunta está embutida em 2 itens:
Como resumo a gente chega a conclusão de que a tábua biométrica é a maneira como
as seguradoras calculam a estimativa de sobrevida do investidor para que a seguradora,
dívida o saldo acumulado pela quantidade de meses de sobrevida.
O IBGE, que é o instituto oficial de estatística do Brasil, desenvolveu uma tábua atuarial
para que possamos ter uma estimativa de vida dos Brasileiros. Essa tábua é utilizada para
cálculo da previdência do INSS.
Agora, faz sentido para você, que o estilo de vida de um trabalhador rural, por exemplo,
é bem diferente do estilo de vida de um executivo de uma multinacional? Exatamente
por isso, que a tábua que utilizamos aqui é uma metodologia que mede a expectativa
de vida de um pessoa que tem perfil para ser investidor em plano de previdência. Estou
falando da Tabela BR-EMS.
Essa tabela é revista a cada 5 anos. Ela foi revista em 2015, e agora será atualizada
somente em 2020. Desse jeito, as empresas conseguem oferecer produtos mais con-
dizentes com a realidade brasileira.
É bom lembrar que, a partir do momento que você começa um plano de renda vitalícia,
não é possível atualizar a tabela. Desde o começo, o seu benefício será calculado com a
tabela vigente do ano de abertura do plano.
É claro que esse acordo será feito com um contrato de renda, mas o ponto é o seguinte:
Como esse dinheiro é remunerado? Deixa eu explicar isso com um exemplo.
Imagine que eu, Tiago, depois de ter acumulado R$ 1.000.000,00 no plano de previdência,
contrato um plano de renda vitalícia. Agora, o meu saldo acumulado está em poder da
seguradora e ela vai me pagando aos poucos. certo? pergunto a você, nobre gafanhoto, o
que a seguradora vai fazer com o meu saldo acumulado? Se você, que é um especialista
em investimentos, pensou que ela vai investir meu dinheiro, você acertou.
Então, a seguradora vai pegar o meu saldo acumulado, investir no mercado financeiro
para que esse dinheiro tenha uma rentabilidade e assim ela possa ter o dinheiro corrigido
para que minha aposentadoria não se deprecie ao longo do tempo. Afinal de contas é
necessário corrigir minha aposentadoria anualmente pela inflação.
Imagine que a seguradora consiga investir o saldo acumulado em uma NTN-B que está
pagando a variação do IPCA + 5% ao ano. Neste caso, a seguradora está atualizando o
saldo pela inflação e ainda, ganhando 5% ao ano. O excedente financeiro faz com que a
seguradora repassa parte desse excedente ao investidor.
Neste caso, se meu plano tivesse um excedente financeiro de 50% a dinâmica seria dese-
nhada da seguinte forma: seria repassado para mim, 50% do rendimento acima da inflação
que, neste caso é 50% de 5. Ou seja, 2,5% ao ano.
Riscos da Previdência
Como você deve imaginar a uma hora dessas, investir em um plano de previdência é,
assim como qualquer outro investimento, arriscado.
Durante a fase de diferimento, o risco de um plano de previdência está associado aos ati-
vos que compõem a carteira do FIE que atende o plano de previdência. Ou seja, se o FIE
investe em ativos de renda fixa privada, o risco é de crédito, de liquidez e mercado. Porém,
importante destacar, nesta fase o risco está associado aos ativos.
Esse destaque acima se faz necessário pois, na fase de renda o risco está na seguradora.
Nesta fase, o risco é somente o risco de crédito da seguradora.
Classificação Susep
Para controle da exposição do risco dos planos de previdência, a Susep classifica os planos
de previdência de acordo com a composição de sua carteira. Tendo, 3 possíveis planos:
⯀ Soberano: este é o plano que investe 100% do patrimônio em títulos públicos federais;
⯀ Renda Fixa: Neste caso, este plano pode investir em títulos públicos federais e
renda fixa privada;
⯀ Composto: este plano pode investir em renda variável. A limitação para investir
em renda variável é de 49%.
I. Renda Fixa: Fundos que têm como objetivo buscar retorno por meio de investimen-
tos em ativos de renda fixa (sendo aceitos títulos sintetizados por meio do uso de
derivativos), admitindo-se estratégias que impliquem em risco de juros e de índice
de preços do mercado doméstico. Excluem-se estratégias que impliquem em risco
de moeda estrangeira ou de renda variável (ações etc.), não admitindo alavancagem.
II. Balanceados – até 15% (quinze por cento): fundos que têm como objetivo buscar
retorno no longo prazo por meio de investimento em diversas classes de ativos
(renda fixa, ações, câmbio etc.). Estes fundos utilizam uma estratégia de investi-
mento diversificada e deslocamentos táticos entre as classes de ativos ou estratégia
explícita de rebalanceamento de curto prazo. Devem ter explicitado o mix de ati-
vos (percentual de cada classe de ativo) com o qual devem ser comparados (asset
allocation benchmark) ou intervalo definido de alocação. Neste tipo, devem ser
classificados os fundos que objetivam investir, no máximo, 15% (quinze por cento)
do valor de sua carteira em ativos de renda variável. Sendo assim, não podem ser
comparados a indicador de desempenho que reflita apenas uma classe de ativos
(por exemplo: 100% (cem por cento) CDI). Estes fundos não admitem alavancagem.
Portabilidade
Acredite, esse tipo de portabilidade parece ser mais fácil (e menos burocrático) do que
trocar de operadora de celular.
Tributação
Os planos de previdência complementar abertos possuem regra própria quanto a tribu-
tação dos rendimentos (VGBL) ou contribuição mais rendimento (PGBL).
Prazo Alíquota
Até 2 anos 35%
De 2 a 4 anos 30%
De 4 a 6 anos 25%
De 6 a 8 anos 20%
De 8 a 10 anos 15%
Acima de 10 anos 10%
Dá pra perceber que esse modelo é recomendado para investidores que possuem um
horizonte de tempo maior pois, por quanto mais tempo o investidor permanecer no
plano, menor será sua tributação.
Tabela progressiva
A tabela progressiva, também chamada de compensável, obedece a mesma regra do IR
aplicado a renda obtida através de salários, que vai aumentando na medida que os valores
de recebimentos vão aumentando.
Cabe ressaltar que, em caso de resgate total ou parcial, será descontado na fonte somente
15% de IR independente do valor. Portanto, em caso de resgate oportuno, não podemos
precisar o valor que o investidor pagará de IR mas somente o percentual que ficará
recolhido na fonte (que é 15%).
VGBL x PGBL
Começamos a apostila com uma sopa de letrinhas. E terminaremos ela com mais um
pouco de sopa. Então pode vir com a sua colher.
O ponto a ser explorado com o cliente é o tempo que ele está disposto a ficar no plano
de previdência. Em planos mais longos, o PGBL muitas vezes oferece mais vantagens. O
VGBL costuma ser mais vantajoso a curto e médio prazo.
VGBL
O VGBL, ou Vida Gerador de Benefício Livre, é aconselhável para aqueles que não têm
renda tributável, já que não é dedutível do Imposto de Renda.
Nele, porém, ainda que seja necessário o pagamento de IR sobre o ganho de capital. É
preciso pagar Imposto de Renda sobre o rendimento na hora do resgate. Se você investiu
1000 reais e ao final do ano tiver 1.140 reais, o IR será abatido do valor de 140 reais.
PGBL
O PGBL, Plano Gerador de Benefício Livre, é mais vantajoso para aqueles que fazem a
declaração do imposto de renda pelo formulário completo. O PG, como é chamado no
mercado, permite que o contribuinte deduza até 12% de sua base de cálculo de IR através
de sua declaração de ajuste anual de IR.
Agora que eu disse que o IR sobre o PGBL é cobrado sobre todo o valor, talvez você tenha
ficado curioso para entender como isso pode ser considerado um benefício fiscal, não é
mesmo? Vamos entender isso na prática:
Vamos simular um contribuinte que possua uma renda bruta anual de R$ 54.000,00
e tenha dois dependentes.
Como é sabido, esse contribuinte terá de fazer uma declaração anual de ajuste de IR. Essa
declaração seria, conforme tabela abaixo:
Grave bem o valor que será pago de IR nessa simulação para que possamos simular uma
declaração de IR com investimento em um PGBL.
Perceba que o valor de IR devido caiu para R$ 421,55. Foi investido R$ 6.480,00 em um
PGBL. Em resumo: esse contribuinte deixou de pagar imposto hoje, investiu o dinheiro em
um PGBL e irá pagar esse imposto somente no futuro.
Já os dependentes menores de 16 anos ficam livres dessa exigência, uma vez que estão
abaixo da idade mínima permitida para o trabalho sob o regime da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), que prevê a contribuição obrigatória para um regime de Previdência Social.
Esse plano é indicado para aqueles que têm como deduzir as contribuições da base de
cálculo do seu IR, ou seja, fazem a Declaração Anual de Ajuste do Imposto de Renda da
Pessoa Física usando o formulário completo e têm renda bruta (renda tributável) suficiente
para absorver esse desconto, que é limitado em 12% da renda.
EXIGÊNCIA NA PROVA:
DE 7 A 14 QUESTÕES.
No módulo 3, na parte de análise de ativos de renda fixa, nós falamos sobre os mecanismos que
utilizamos para medir e gerenciar os risco de renda fixa. Só que a essa altura do campeonato
você, que é quase um especialista, deve estar querendo saber como gerenciar os demais ativos
e, mais que isso, como gerenciar os riscos de uma carteira composta com vários ativos, certo?
Os ativos do mercado vão apresentar riscos de crédito (como estudamos no módulo 3),
além do risco de mercado, liquidez, conforme veremos abaixo.
Risco de Mercado
Este risco pode ser traduzido em, basicamente, o quanto o preço de um ativo pode
ser alterado pelo mercado.
Por tudo que já vimos nos módulos anteriores, podemos afirmar que, ao investir o dinheiro
em um título qualquer, o investidor está comprando esse título. E tudo que se compra tem
um preço, certo? Se esse preço tem uma forte variação preço, este ativo possui um alto
risco de mercado. Do contrário, se tem poucas variações, ele é um título com baixo risco de
mercado.
O exemplo mais clássico que podemos usar aqui é o preço das ações. Quando um investi-
dor compra uma ação por R$ 20, ele espera que o mercado, ao longo do tempo, precifique
essa ação por qualquer coisa acima de R$ 20 para que tenha lucro. Quanto maior for a
oscilação de preço dessa ação, maior será seu risco de mercado.
Nesse caso temos uma perda expressiva de valor de uma única empresa e isso não
necessariamente afeta outras empresas. Nesse tipo de risco o investidor consegue se
proteger ao fazer uma diversificação de sua carteira de investimentos. Por falar em
diversificação, é sobre isso que vamos falar agora.
De um jeito bem simples, diversificação é “não colocar todos os ovos na mesma cesta”.
No caso da Petrobras que citei acima, se o investidor colocasse todo seu patrimônio
em ações dessa empresa, teria passado por fortes emoções nos anos de 2015 e 2016,
né? Então, o investidor pode se proteger desse risco colocando seu patrimônio em
diversas ações, preferencialmente de segmentos diferentes.
Quanto maior for a quantidade de empresas na carteira do investimento, maior será sua
diversificação e menor será a exposição ao risco não sistemático da carteira.
O gráfico abaixo representa uma carteira bem diversificada e sua exposição ao risco de mercado.
Risco total
da carteira
Risco não-sistemático
Risco sistemático
1 5 15 Número de
ativos na carteira
Risco de Liquidez
Imagine que você comprou um ativo por R$ 20. Amanhã, você precisa desesperadamente
vendê-lo, mas o valor dele caiu para R$ 15. Isso é Risco de Liquidez.
Risco de Contraparte
Imagine que você tenha comprado nosso curso online e, depois de passar seu cartão de
crédito eu não entregasse o material prometido em nosso site. Aqui temos o risco de eu
não cumprir minha parte. Isso é o risco de contraparte.
Embora seja um risco presente nos investimentos, é algo mitigado nos dias atuais em
função das clearings. As clearings, ao registrarem as transações, conseguem zerar o risco
de contraparte das transações realizadas no mercado.
Como estamos falando de risco, vale introduzir a teoria de mercado eficiente. Isso porque
na gestão de risco de um investimento é comum investidores estarem em busca das
“melhores oportunidades” para comprar no mercado ativos com preços
De modo que conseguir retornos acima da média do mercado no longo prazo não é pos-
sível. Nem com análise técnica, nem mesmo com análise fundamentalista.
Essa hipótese foi formulada na década de 60 pelo economista americano Eugene Fama
em sua dissertação de mestrado. E desde então, é um dos pilares da teoria financeira.
Introdução à Estatística
A Estatística é um braço da matemática que serve para análise da interpretação e apre-
sentação de massas de dados numéricos. Se você não é muito familiarizado com mate-
mática, isso pode te assustar, mas vai por mim, isso será muito mais fácil do que você
imagina. Para começar, vamos falar sobre os temas mais simples de tudo que veremos
em estatística: a moda e a mediana.
Moda
A moda é uma medida de tendência central com objetivo de apontar a frequência de um
dado resultado dentro de uma série histórica.
Pensa assim: quando uma coisa está na moda, mais pessoas a usam. Na estatística não é diferente.
Moda é o valor que ocorre com maior frequência em uma série de valores. Considerando
que uma ação teve as seguintes oscilações nos primeiros 5 dias de um determinado mês:
A Moda é −2%, pois o valor aparece duas vezes (contra uma vez de cada outro valor).
Fácil, não? Isso é importante para, por exemplo, analisar uma série histórica de variação
no preço de uma ação.
Um conjunto de resultados pode apresentar uma ou mais modas, sendo classificado como:
⯀ 1 moda = unimodal;
⯀ 2 modas = bimodal;
⯀ 3 ou mais = multimodal.
A série que estudamos acima é uma série unimodal pois, somente o número -2 se repete.
Agora se tivermos, por exemplo:
⯀ 1 ⇒ + 3%;
⯀ 2 ⇒ + 4%;
⯀ 3 ⇒ − 2%;
⯀ 4 ⇒ − 2%;
⯀ 5 ⇒ + 4%;
Nesse caso teríamos uma série bimodal pois os números -2 e o número 4 se repetem
na mesma quantidade de vezes.
Mediana
A Mediana é muito simples de entender (e de calcular). Quer ver?
Em suma, ela é o valor que divide o conjunto em dois subconjuntos, em que estes sub-
conjuntos formados terão exatamente a mesma quantidade de elementos. Vamos usar
um exemplo de amostra ímpar para mostrar o cálculo da mediana.
⯀ 1 ⇒ + 3%;
⯀ 2 ⇒ + 4%;
⯀ 3 ⇒ − 2%;
⯀ 4 ⇒ − 3%;
⯀ 5 ⇒ + 1% .
Assim, a Mediana é o valor central do conjunto. Neste exemplo, o valor + 1%. E se tivermos
uma amostra de dados par?
Considerando que uma ação teve as seguintes oscilações nos primeiros 4 dias de um
determinado mês:
⯀ 1 ⇒ + 3%;
⯀ 2 ⇒ + 4%;
⯀ 3 ⇒ + 2%;
⯀ 4 ⇒ + 6%.
Colocando as oscilações em ordem crescente (+ 2%; + 3%; + 4%; + 6%), a Mediana será a
média entre os valores centrais:
(3 + 4)
2 = 3,5
Assim, a mediana de uma amostra de dados par é a média aritmética simples dos
elementos que estão equidistantes das extremidades da série. E por falar em média,
é sobre isso que vamos falar agora.
Média
Vamos entender a aplicação disso na prática. Imagine que compramos ações da Eletrobrás
e nos 5 meses que mantivemos essa ação o resultado foi conforme os números abaixo.
⯀ Mês 1 ⇒ + 1%
⯀ Mês 2 ⇒ + 6%
⯀ Mês 3 ⇒ − 2%
⯀ Mês 4 ⇒ − 1%
⯀ Mês 5 ⇒ + 2%
O fato de ter valorizado 6% no segundo mês não quer dizer nada, já que ocorreram perdas
em meses futuros, certo? O que importa para a gente (e para o investidor) é o retorno médio.
Podemos calcular o “retorno médio” deste ativo calculando a média destes valores. Isso é
feito somando os valores dos meses e dividindo-os pelo número de fatores. Ou seja:
1 + 6 + (-2) + (-1) + 2 = 6
Dividimos esse valor por 5, que é o número de meses utilizados na amostra. Chegamos,
então, na seguinte fórmula:
6
Média = 5 = 1,20
Assim, concluímos que a ação da Eletrobrás possui média igual a 1,20%. Em outras palavras,
o investimento pagou 1,80% ao mês, em média. Simples assim.
Variância
Uma vez que entendemos a média, é possível encontrar a variância e medir o grau de
dispersão de um conjunto de dados pelos desvios em relação a média desse conjunto.
Em outras palavras, a Variância indica “o quão longe” em geral os seus valores se encon-
tram do valor esperado. Ou, traduzindo para um português mais claro, é o quanto o
ativo varia em função de sua média.
⯀ Mês 1 ⇒ + 1%
⯀ Mês 2 ⇒ + 6%
⯀ Mês 3 ⇒ − 2%
⯀ Mês 4 ⇒ − 1%
⯀ Mês 5 ⇒ + 2%
A gente já sabe calcular a média desse investimento e fizemos no tópico anterior e sabe-
mos que a média é 1,2, certo? Pergunto a você, meu nobre gafanhoto, quando o resultado
dos meses variava se comparamos com a média?
A resposta é 9,7. Fiz mágica para chegar nesse valor? Não, a HP-12C mesmo. Antes de eu
mostrar a você como encontrar a variância na HP-12C, vamos aprender o que é e como
calculamos o desvio padrão. Isso porque, o Desvio padrão depende da Variância.
Para encontrarmos o desvio padrão, basta extrairmos a raiz quadrada da variância. No exemplo
do tópico anterior, temos variância igual a 6,7. Logo, temos desvio padrão igual a √9,7 = 3,11.
Assim, na HP, conseguimos chegar ao resultado de 3,11 para o desvio padrão da série
histórica estudada.
Se você lembra no tópico anterior, quando falávamos sobre a variância, lembra que fiquei
de mostrar, na HP, como calcular a variância. Neste caso basta pegar o resultado que está
na máquina e elevar ao quadrado.
Então, na HP, o passo a passo completo (inclusive para achar o desvio padrão) é esse:
Agora que entendemos como calcular esses indicadores na HP-12c, vai aqui um resumo
Se uma ação (ou qualquer outro ativo) tem um retorno médio de 1,2% e um desvio
padrão de 3,11%. Estamos dizendo que, o retorno médio desse ativo no período foi de
1,2% ao mês (isso porque analisamos em intervalos de 30 dias) e um risco de mercado
de 3,11%. E, como você deve imaginar, o melhor cenário para um investimento é de
média sempre maior e desvio padrão sempre menor.
Distribuição Normal
Imagine que você tenha um investimento com média de retorno 2% e desvio padrão 1%.
Seu cliente quer saber qual a probabilidade de, no próximo mês, esse investimento dar
uma rentabilidade de 3%. Como encontrar essa resposta?
Num passe de mágica (e com um pouco que matemática), você pode ter essa resposta
se souber usar a distribuição normal.
-4σ +4σ
99,73%
-3σ +3σ
95,44%
-2σ +2σ
68,26%
-1σ +1σ
µ
Entendeu? Acho que falta uma explicação sem tanto “Matematiquês”, certo?
Vamos lá: essa teoria afirma que, quando temos uma média e um desvio padrão, é possível afirmar
qual a probabilidade de um evento acontecer no futuro, obedecendo a seguinte distribuição.
Para obter-se exatamente 95% de probabilidade, é necessário utilizarmos 1,96 desvios padrão.
Covariância
A covariância é uma medida que avalia como as variáveis X e Y se inter-relacionam de forma
linear, ou seja, como Y varia em relação a uma determinada variação de X.
Em outras palavras, vamos usar a covariância para nos ajudar a entender o compor-
tamento de um ativo com base e outro. Ou melhor dizendo, como os ativos estão
variando entre si. (Daí o nome de CO-Variância)
Correlação
Como eu falei acima, não utilizamos muito a covariância em investimentos, mas a utilizamos
para medir a correlação de dois ou mais ativos. Basicamente, com a correlação, queremos
mostrar o quanto 2 ativos podem estar correlacionados.
Deixa-me dar um exemplo: no ano de 2018 os caminhoneiros no Brasil fizeram uma greve
para protestar contra a política de preços da Petrobras, lembra disso? Então, o alvo do protesto
era a Petrobras, mas o resultado foi: crise de abastecimento de alimentos no brasil inteiro,
prejuízos milionários para os produtores (pequenos e grandes) rurais espalhados pelo Brasil.
Em resumo: a Petrobras, devido a seu produto, está correlacionada com quase todos os
setores da economia e, por isso, uma crise no setor de petróleo, afeta quase todo o mer-
cado. Acontece que conseguimos, através da fórmula abaixo, saber exatamente o quão
correlacionados estão 2 ativos. No caso, podemos saber, por exemplo, como a Petrobras
está correlacionada com a ação do GPA (Grupo Pão de Açúcar).
Vamos exemplificar isso aqui. Imagine que temos, Petrobrás e GPA apresentando a seguinte
variação nos últimos 4 meses.
Petrobrás GPA
Mês 1 2 5,5
Mês 2 3,5 7
Mês 3 1 10,5
Mês 4 4 11
Neste exemplo, temos uma correlação de 0,07 entre os dois ativo. O ponto é principal
de tudo isso é que a correlação entre dois ativos estará sempre no conjunto numérico
compreendido entre -1 e 1. Em outras palavras, o coeficiente de correlação será sempre
maior ou igual a -1 e menor ou igual a 1.
Se a correlação entre 2 ativos for igual a 1, indica que os ativos são perfeitamente correla-
cionados e que, nesse caso, quando um ativo sobe, o outro sobe na mesma proporção.
Se a correlação entre 2 ativos for igual a -1 indica que os ativos são inversamente correla-
cionados e que, nesse caso, quando um ativo sobe, o outro cai na mesma proporção.
Se a correlação entre 2 ativos for igual a 0, indica que os ativos não possuem relação entre si.
Assim, podemos concluir que nosso exemplo mostra o caso de duas ações que tem cor-
relação positiva, porém baixa correlação.
Coeficiente de Determinação
A gente já entendeu a função da correlação, certo? Como seria se eu (ou você) pudesse
explicar a variação de preços das ações do GPA com base nas mudanças de Petrobrás?
Seria legal, né? Isso é possível graças ao coeficiente de determinação. Para isso, basta
elevar a correlação ao quadrado.
Como no nosso exemplo temos uma correlação de 0,07 temos um coeficiente de deter-
minação de que terá como resultado 0,005, ou 0,50%.
Nesse caso poderíamos afirmar que 0,5% das variações de GPA podem ser explicadas com
base na variação de Petrobrás.
Uma coisa importante a se destacar é que, na seleção de uma carteira de ativos, o risco de
um ativo que está fora da carteira é diferente do risco do mesmo ativo quando inserido na
carteira. Isso porque o risco de um ativo dentro da carteira deve ser ponderado pelo seu
peso dentro da carteira, bem como sua correlação com os demais ativos.
Assim, para calcularmos o risco de uma carteira vamos lançar mão da seguinte fórmula:
Onde:
Veja que coisa interessante, para calcularmos o risco de uma carteira precisamos, além dos des-
vios padrão dos ativos, a covariância entre estes ativos e isto nos leva a uma seguinte conclusão:
Se colocarmos em nossa carteira ativos com correlação nula, não vai alterar o risco desta
carteira. Além disso, podemos concluir que podemos diversificar nossa carteira colocando
ativos com correlação negativa.
Admita uma carteira com duas ações. Ação A tem um retorno de 18% e um desvio padrão
16%. A Ação B tem um retorno esperado de 24% e um desvio padrão de 26%. A correlação
desses ativos é de 0,40. Agora, vamos assumir que um investidor tem uma carteira for-
mada com 58% do ativo A e 42% do ativo B.
Calculei o retorno esperado desta carteira utilizado o conceito de retorno médio ponderado
estudado no módulo 2. Vamos calcular o risco, mas antes vamos encontrar a covariância,
afinal vamos precisar dessa informação para o cálculo.
COVa,b = Correla,b x σa x σb
σp = 0,1692 (16,92 %)
Aqui a gente calculou o risco desta carteira formada pelos ativos A e o ativo B. Neste exem-
plo, temos uma carteira com retorno esperado de 20,52% e risco de 16,92%.
Entendendo este conceito, vamos fazer uma alocação de exemplo com o objetivo de
maximizar o retorno de uma carteira e diminuir o risco.
Um investidor possui R$ 1.000.000,00 e está disposto a comprar duas ações e quer uma orien-
tação sobre o quanto alocar em cada ativo. Qual seria a alocação com melhor desempenho?
Repetindo a conta que fizemos no exemplo anterior, podemos chegar à seguinte tabela:
Analisando a tabela acima, podemos concluir que a alocação 5 é a alocação que vai apresentar
o menor risco e, como podemos ver na tabela, não tem o menor retorno. Empiricamente a
gente já deduz que, a alocação 5 é melhor que a alocação 4, por exemplo. Veja, a alocação
4 tem retorno menor e risco maior que a alocação 5.
Uma observação importante aqui é que o risco vai caindo até a alocação 5 e, depois
disso, aumenta. Se a gente fosse plotar essa informação num gráfico, teríamos um grá-
fico chamado de bullet (isso porque tem o formato de uma bala). A ideia demonstra que
toda alocação de ativo com uma carteira com riscos terá sempre uma carteira eficiente.
Na prática, essa alocação nos demonstra qual é a melhor alocação para que tenhamos a
melhor relação risco retorno.
Retorno
Risco
Esse gráfico demonstra que o ponto K é o ponto da alocação onde temos o menor risco.
Deste ponto para cima temos uma carteira eficiente, pois a medida que aumenta o risco,
aumenta a rentabilidade. Observe o gráfico abaixo:
Retorno
M
L
Risco
A fronteira eficiente nada mais é do que a melhor alocação de uma determinada carteira
ao comparamos o risco e o retorno.
Ainda neste gráfico temos a zona conhecida como carteira ineficiente, conforme imagem abaixo:
Retorno
M
L
2 3
K 4 5
1
6
7
J
Risco
Qualquer alocação que posicione o investidor em algum ponto ilustrado pelos núme-
ros é considerada uma alocação ineficiente. Isso porque sempre haverá uma alocação
com melhor retorno e mesmo risco.
Essa seleção de ativos, segundo a teoria de Markowitz, afirma que existe uma carteira
eficiente de mercado, mas considera apenas ativos com risco. A essa altura do campeo-
nato, nós já sabemos que existe ativo considerados ativos livre de risco. Assim, podemos
acrescentar em nossa carteira um ativo livre de risco para otimizar o nosso retorno.
Assim, teremos que a taxa de retorno de toda a carteira será expressa da seguinte forma:
E ( R p ) = ( y x R x ) + ( 1 - y ) x Rf
Com a fórmula acima a gente encontra o retorno da carteira, agora, para encontrarmos o
risco da carteira vamos usar a seguinte fórmula.
σR = σX x WX
Vamos exemplificar isso com números, assim fica mais fácil sua compreensão. Considere
que o retorno esperado de um ativo com risco seja de 18% e seu desvio padrão seja de 25%.
Agora, vamos assumir que a taxa de juros para os títulos livres de risco seja de seja de 12%.
Tendo estes dois ativos é possível determinarmos o retorno da carteira? não. Está faltando
a alocação, ou seja, quanto da carteira estará alocado em cada ativo.
Se um investidor alocar 100% de sua carteira no ativo com risco, é de se esperar que, neste
caso, o retorno da carteira seja exatamente igual ao retorno do ativo com risco. Agora, vamos
para uma alocação um pouco mais conservadora. Que tal 60% em ativos com risco e 40%
(o 1-y da nossa fórmula) no ativo livre de risco. Assim, qual seria o retorno desta carteira?
Se a gente fosse representar essa carteira em um gráfico temos algo parecido com essa
imagem.
E(R p) LAC
X
E(R x) = 18%
Rf = 12%
25% σp
Para interpretar essa gráfico vamos, primeiro olhar a linha de alocação de capital (LAC).
A origem desta reta é o ativo livre de risco. Veja, esta linha começa com risco 0 (eixo y) e
retorno de 12 (eixo x). Isso significa que se a alocação for de 100% no ativo livre de risco,
temos uma carteira com risco zero e retorno de 12. A medida que o investidor assume
posição no ativo com risco temos um aumento de retorno. As possíveis combinações de
risco e retorno são representados pelo intervalo de RF e X.
A gente pode ainda, lembrar das nossas lindas aulas de geometria no ensino médio e notar
que existe uma angulação reta. E essa angulação é representada pela seguinte fórmula:
R x - Rf 18 - 12
Coeficiente Angular = ⇒ = 0,24
σx 25
Vejamos um detalhe simples: o retorno máximo desta carteira é de 18% (caso a alocação
seja de 100% no ativo com risco). A cada ponto de risco assumido eu incremento 0,24 ao
meu retorno. Nesta carteira, o máximo de risco que posso assumir é 25% (com uma aloca-
ção de 100% no ativo com risco). Se a gente multiplicar 0,24 (que é minha angulação) por
25 (que é o máximo de risco da carteira) chegamos a 6%. E 6% é justamente o prêmio pelo
risco. Sacou? Assim, por definição, assumimos que, quanto maior for a inclinação desta
reta, maior será o incremento no retorno em função de assumir riscos.
Assuma um investidor que solicita sua consultoria para alocação de um capital de 500 mil
reais. Este investidor está disposto a aplicar em ativos com risco e em LFT. Os ativos com
risco têm um retorno esperado de 20% e um desvio padrão de 30%. Neste nosso exemplo,
a LFT estão pagando 12%. Vamos simular algumas alocações desta carteira:
Agora imagine que esse mesmo investidor resolva tomar R$ 200.000 emprestado para
investir em ativos com risco. Ao fazer isso, esse investidor assume uma posição alavancada
no investimento, financiando parte de sua carteira com empréstimos. Assim:
500.000 + 200.000
y= = 1,4
500.000
Conclusão, uma carteira alavancada vai apresentar um desvio padrão maior do que o
desvio calculado com uma carteira não alavancada. Se a gente voltar no nosso gráfico
anterior, temos o seguinte:
E(R) Y
X
20%
Rf = 12%
30% σ
Agora que a gente já entendeu o conceito da fronteira eficiente (e que essa metodologia
compreende somente ativos com risco) e que uma alocação com ativos livre de risco pode
ser analisada através da angulação da LAC podemos juntar essas duas informações em
um único gráfico, que tal? Isto é, basicamente vamos acrescentar um ativo livre de risco
em uma carteira que tenha sido alocada, anteriormente sem este ativo.
E(R)
Variância mínima
Rf
σp
Qualquer carteira alocada abaixo dos limites da variância mínima será avaliada como inefi-
ciente, ou seja, é possível construir uma carteira com o mesmo nível de risco e uma melhor
rentabilidade. A linha RfM, que está tangenciando a fronteira eficiente, domina todas as
demais linhas possível de serem traçadas. A carteira ótima é representada pelo ponto M. Esta
carteira ótima pode não atender a todos os investidores, com base em seu perfil de risco.
Um investidor com maior aversão a risco pode preferir alocar sua carteira mais à esquerda.
Ao passo que um investidor mais arrojado, pode, através da alavancagem buscar um retorno
maior do que o retorno oferecido pela fronteira eficiente. Este retorno é representado, gra-
ficamente, pela direita do ponto M.
Agora a gente vai começar a falar sobre precificação de ativos. Como você, a essa altura
já sabe, o risco de um ativo vai, necessariamente impactar no seu preço, correto? Assim,
vamos começar estudar o apreçamento de ativos calculando o risco sistemático de
um ativo através do coeficiente Beta.
Para calcular o beta de uma carteira ou de uma ação, temos de lançar mão do nosso
conhecimento estatístico:
COVp,m
β=
VAR m
Basicamente, o que temos aqui é: o beta é igual a covariância da carteira de mercado (Ibovespa,
por exemplo) com uma ação específica dividida pela variância da carteira de mercado.
Parece confuso tudo isso, né? Vou deixar as coisas mais fáceis para você. O resultado do
coeficiente beta será analisado em 3 cenários apenas:
1. beta igual a 1: aqui indica que a ação estudada (ou carteira) tem a mesma variação
que o benchmark de mercado
2. beta maior que 1: aqui indica que a ação estudada (ou carteira) terá uma variação
maior que o benchmark de mercado.
3. beta menor que 1: aqui indica que a ação estudada (ou carteira) terá uma variação
menor que o benchmark de mercado.
Vamos usar alguns exemplos com gráficos que ajudarão sua compreensão.
Analisar a imagem acima é bem simples se você entendeu a análise anterior. Aqui, quando
o Ibovespa sobe, a ação sobe menos que o Ibovespa, mas quando o Ibovespa cai, a ação
cai menos que o Ibovespa.
0
Ibov Beta=1,0 -15%
Aqui, como temos beta igual a um, a ação estudada se comporta exatamente como
o indicador de mercado.
Apesar de ser bastante utilizado, como citei no parágrafo anterior, essa metodologia pode
apresentar algumas limitações pois assume que:
⯀ Existe uma grande eficiência de mercado e que todas as informações necessárias sobre
um determinado ativo são públicas e que o preço do ativo vai refletir essas informações;
⯀ Não há impostos, taxas ou quaisquer outras restrições para os investimentos no mercado;
⯀ todos os investidores apresentam a mesma percepção com relação ao desempenho
dos ativos, formando carteiras eficientes a partir de idênticas perspectivas.
O modelo de precificação de CAPM também considera que existe uma taxa livre de risco no
mercado e que, existe um indicador que consegue nos apontar o risco sistemático de uma
carteira ou de um ativo. Esse indicador é o coeficiente beta que vimos no tópico anterior.
Assim, a precificação de ativos através do CAPM é feita através da seguinte expressão matemática:
E = Rf + β ( R m - Rf )
Assim, esta fórmula estaria também correta se fosse expressa da seguinte forma:
Para ilustrar bem a aplicação do CAPM, vamos exemplificar com um caso prático.
Imagine que tenhamos uma ação com a seguinte característica durante um determinado período:
Com base nestas informações, vamos definir o coeficiente beta desta ação “fictícia” e o
retorno exigido pelo investidor neste papel.
Chegamos a conclusão que o Beta desta ação é de 1,64 e, portanto, é uma ação que
está bem exposta ao risco sistemático e vai, em tese, ter uma valorização ou desvalo-
rização de 164% do ibovespa.
A título de curiosidade, este cálculo foi feito com dados reais, e com uma comparação
de ações ordinárias da petrobrás (Petr4) e o Ibovespa. Aliás, a planilha com estes dados
pode ser acessada neste link.
Importante: Embora eu tenha feito um estudo real de Petr4, este estudo não, em hi-
pótese alguma, ser confundido com uma recomendação de investimento. O Objetivo
deste estudo é somente para mostrar de forma prática a aplicação do CAPM.
Coeficiente Alfa
O coeficiente Alfa, também é chamado de Alfa de Jansen e representado pela letra grega α
e pode ser resumido em, basicamente, no retorno exigido pelo investidor acima do CAPM.
⯀ Se, α for positivo, temos que a ação (ou carteira) conseguiu um retorno acima
do exigido no CAPM.
⯀ Se, α
for negativo, temos que a ação (ou carteira) conseguiu um retorno abaixo
do exigido no CAPM.
Assim, vamos assumir que a ação estudada no tópico anterior tenha trazido um retorno
de 48%. Dessa forma, o α
será:
α
Ou seja, neste caso, o da ação foi de 4,72% que, na prática, significa dizer o quanto essa
ação rendeu acima do CAPM.
Índice de Sharpe
Agora que a gente estudou sobre precificação de ativos, vamos analisar um determinado
investimento pela perspectiva da rentabilidade e dor risco.
Se eu dissesse a você que um investimento paga 50% de retorno ao mês, parece ser um
investimento atrativo. Bem, diante dessa promessa incrível é provável que você desconfie dos
riscos desses investimentos, certo? Acontece que, no mercado financeiro, nem sempre temos
como saber sobre o risco de um dado investimento assim, só olhando para a rentabilidade.
Para exemplificar com um caso mais real, imagine a seguinte situação: você precisa esco-
lher dois produtos de investimentos que entregaram média de 2% de rentabilidade. Qual
dos dois você escolhe? Bem, se os dois produtos têm a mesma rentabilidade nós devemos
buscar aquele que tem menor risco, faz sentido?
Agora imagine que tenhamos de escolher entre outros 2 produtos, só que agora o que
sabemos é que ambos têm o mesmo risco. Nesse caso, qual escolher? Bem, se temos o
mesmo risco, então devemos buscar aquele com maior rentabilidade. Faz sentido para você?
É aqui que entra o Índice de Sharpe, criado por William Sharpe (Nobel de Economia em
1990). Este índice é um indicador que permite avaliar a relação entre o retorno e o risco de
um investimento. Para calcular essa relação temos de lançar mão da seguinte fórmula:
R a - Rf
IS =
σa
Índice de Treynor
Se você entendeu bem como funciona o Índice de Sharpe, vai ficar bem fácil entender
como funciona o Índice de Treynor. Isso porque o Treynor tem exatamente a mesma fun-
ção: mensurar a relação risco retorno do fundo de investimento.
Como você pode ver na fórmula acima, o IT (Índice de Treynor) utiliza o beta da carteira
como medida de risco. Isso porque essa metodologia compreende que utilizar somente o
risco sistemático da carteira seria mais eficiente do que utilizar o risco total, afinal, o risco
sistemático é o único risco que não conseguimos nos proteger.
De um modo geral, podemos utilizar os conceitos do índice Sharpe para resumir esse indicador:
Onde:
Assim, como o índice Sharpe e índice Treynor, quanto maior for o índice de Modigliani,
melhor é a relação risco retorno do ativo (ou da carteira).
TE = √ ∑ ( x - xˉ )2
j=1
N
j
onde:
Se você entendeu o TE vai ser moleza entender o erro quadrático médio. Esse indicador
busca calcular também a aderência de um determinado fundo à seu benchmark e, por
definição, quanto mais próximo de zero mais aderente o indicador de performance o fundo é.
Value at Risk
O Value at Risk é conhecido como VAR (esse VAR aqui chegou muito antes do árbitro de
vídeo no futebol), e é uma metodologia que mensura o quanto um fundo ou carteira pode
perder em valor de mercado em um determinado período de tempo.
Com base nas ferramentas estudadas aqui (estatística e demais indicadores), o gestor do
fundo monta um modelo de verificação que aponta qual a perda máxima potencial da
carteira do fundo de investimento em um determinado período.
Aqui vai um exemplo: um fundo de investimento que possui em seu formulário de infor-
mações complementares “VAR de 1%, para 1 dia, com 95% de confiança”.
Nesse caso, significa dizer que esse fundo pode perder, em 1 dia, 1% do total do PL do fundo,
com 95% de probabilidade.
Em resumo, o VAR é uma ferramenta de gestão de risco que vai informar ao investidor
quanto do dinheiro dele está em risco em um determinado fundo.
Mas sobra uma pergunta: como o gestor sabe se o fundo está ou não exposto a um
risco maior do que o permitido em sua metodologia de risco, o VAR? É aí que entra
nosso próximo tópico, o back testing.
Agora, faz sentido para você que o gestor está comprando e vendo ativos no mercado
financeiro para compor a carteira do fundo e que, diariamente, as taxas de juros de mercado
se alteram e que, por isso, pode haver uma mudança na exposição de risco da carteira?
É aí que entra o back testing. Em uma tradução livre back testing seria algo como “voltar
para testar” que, em outras palavras, poderia ser voltar e testar a metodologia de risco para
saber se está dentro dos limites estabelecidos pelo VAR. É como se a gente “rodasse” as
fórmulas da nossa grande planilha de Excel. Viu como você ia entender?
A pergunta que fica é: e se, ao rodar o modelo de risco, o gestor percebe a exposição da car-
teira está maior do que o previsto no modelo? É aí que entra no próximo tópico, o Stop Loss.
Stop Loss
O modelo de risco previsto no VAR deve ser medido diariamente pelo back testing e,
caso o fundo tenha uma exposição ao risco maior do que o previsto no VAR, o gestor
deve acionar o Stop Loss.
Em tradução livre, o Stop Loss seria algo com “pare de perder”. Em outras palavras, o gestor
precisa proteger sua carteira contra as perdas superiores ao modelo de VAR.
Imagine que, em função de uma declaração do presidente dos EUA, há uma queda muito
grande no preço do dólar e, por isso, um fundo que esteja posicionado no dólar pode ter
perdas potenciais maiores do que o previsto no VAR. Nesse caso o gestor do fundo deve:
Stress Test
Para te explicar sobre o Stress Test, vou voltar aqui rapidinho em um trecho que escrevi
no VAR destacando um ponto importante:
Esses 95% de confiança vêm na da distribuição normal, mas o ponto aqui é que esse modelo
de risco prevê somente uma perda máxima em cenários normais de economia e mercado.
Acontece que se por qualquer motivo “vaza” uma gravação do presidente da república,
o mercado não estaria em cenários normais, faz sentido? Estou querendo dizer que,
por diversos motivos, o mercado financeiro pode se estressar e, nesse caso, o VAR não
serve para nada. Para isso usamos o Stress Test.
Cenários de guerra, crises políticas, crises geopolíticas, podem trazer um certo estresse
ao mercado e, por isso, é importante ter uma medida de risco que mensure essas
variáveis. Nisso, o stress test é o “cara”.
EXIGÊNCIA NA PROVA:
DE 11 A 18 QUESTÕES.
Análise do Perfil do Investidor – API (Suitability)
Esse é um tema que tem um peso considerável em sua prova da Anbima e isso tem uma
razão bem óbvia. Você, enquanto profissional certificado, tem, entre outras atribuições, a
missão de recomendar produtos de investimentos a seus clientes e essa recomendação
deve ser pautada na real necessidade do investidor. Para dar mais respaldo à sua reco-
mendação é que a CVM, através da instrução normativa 539, vai regular esse instrumento
de análise de perfil do investidor.
Cada instituição terá seu procedimento para colher informações de perfil do investidor,
mas a premissa dos pontos a serem analisados são:
Embora o perfil do investidor possa ser bem detalhado, o mercado trabalha conceitual-
mente com 3 perfis de investidor:
⯀ conservador;
⯀ moderado;
⯀ agressivo.
⯀ obter declaração expressa do cliente de que ele está ciente da ausência, desatualização
ou inadequação de seu perfil;
⯀ alertar o cliente, com indicação clara das causas de divergência, acerca da ausência
de perfil definido;
Com essa previsão, a CVM entende que está protegendo ao menos a confiança no sistema
financeiro, pois o cliente fica expressamente ciente de que está agindo fora das recomen-
dações emitidas por integrantes do sistema de distribuição e pelos consultores de valores
mobiliários. Ademais, isso é feito sem privá-lo de acessar determinadas operações, evi-
tando o que poderia ser visto como limitação arbitrária e injusta. Essa foi, portanto, a saída
encontrada pelo regulador para tutelar o bem jurídico que a regulação busca proteger ao
menor custo possível à liberdade econômica dos clientes do sistema financeiro.
Igualmente, esse diretor deve encaminhar aos órgãos de administração da sua instituição,
até o último dia útil dos meses de janeiro e julho, relatório relativo ao semestre encerrado
no mês imediatamente anterior à data de entrega, contendo, no mínimo:
Ainda usando a analogia do médico, é sabido que existem algumas formas de remuneração
por esse serviço, certo? você pode pagar o médico por consulta, pode usar convênio médico,
pode usar o serviço do médico via SUS, de forma que o médico é remunerado pelo Estado,
pode pagar pelo tratamento, enfim, existe uma série de formas de remunerar o médico.
O documento deve ser assinado por ambas as partes. Este documento será a base
do contrato a ser elaborado.
Na primeira entrevista com o cliente, o profissional financeiro deve ser capaz de obter
informações que lhe permitam:
É recomendada a preparação, pelo planejador financeiro, de relatório detalhado após cada entrevista.
Para que a orientação multidisciplinar tenha sucesso é fundamental ouvir o cliente e entender
seu contexto. Baseado nas informações coletadas o planejador deve ser capaz de identificar:
Informações quantitativas
A partir da identificação dos objetivos pessoais e financeiros, das necessidades e prioridades
do cliente, o planejador financeiro deverá coletar informações quantitativas relacionadas
a renda do cliente, despesas, obrigações financeiras, obrigações fiscais etc. Para as infor-
mações quantitativas, o planejador deve:
O planejador deverá tratar as informações do cliente como confidenciais. Deverá agir com
prudência para proteger a segurança das informações e a propriedade do cliente.
Informações qualitativas
Visando à análise adequada do perfil do investidor (suitability) é preciso ir além das
informações quantitativas, coletando informações qualitativas que serão muito valiosas
na elaboração do plano financeiro.
Desenvolvimento de recomendações
e apresentação ao cliente
Ao apresentar as recomendações, o planejador deve assegurar-se que o cliente tem
um adequado entendimento:
Política de investimentos
(investment policy statement - IPS)
A partir da análise da situação financeiro do cliente, estágio de vida, perfil psicológico,
objetivo/restriçòes do cliente e identificação do perfil de risco, o planejador financeiro
deverá preencher o IPS.
Trata-se de documento elaborado pelo planejador financeiro e pelo cliente, que define
regras gerais para alocação dos ativos.
Alocação em títulos de crédito privado deve ser feita considerando o risco de crédito do emissor.
Finanças pessoais
No processo de planejamento financeiro pessoal é necessário ter acesso às finanças
pessoais do cliente. Esse processo tem um método que precisa ser analisado. Podemos
resumir as finanças pessoais em duas etapas:
Quando a gente subtrai as receitas das despesas podemos chegar às primeiras (mas não
suficientes) conclusões sobre a situação financeira do cliente.
Receitas maiores que as despesas? Aqui temos um orçamento doméstico com poder de
poupança. Para o planejamento financeiro pessoal voltado para investimentos, é o poder
de poupança que será utilizado para utilização do plano de objetivos do investidor. Isso
porque, um investidor que tenha poder de poupança de R$ 100,00 que queira comprar
uma Ferrari no curto prazo está com o objetivo “um pouco” fora da realidade, né?
Aqui, claro, quanto maior for esse índice maior é o poder de poupança do cliente.
O que podemos notar é que a coluna de receitas é sempre menor do que a coluna de
despesas. Isso porque, como é de se esperar, nossas fontes de receitas são menores do
que nossas necessidades e desejos.
Reserva de emergência
Quando estamos montando um planejamento financeiro para um cliente temos que, em pri-
meiro lugar, compor uma reserva de emergência (também chamado de fundo de emergência).
Balanço Patrimonial
Além do orçamento doméstico é recomendado que tenhamos o balanço patrimonial do
cliente. Este BP representa um fotografia da situação financeira do cliente. Isso porque, o
orçamento doméstico não contempla, por exemplo, o índice de liquidez, índice de endi-
vidamento. Considerando que o Balanço patrimonial do cliente sofre alteraçòes ao longo
do tempo é recomendado que seja atualizado com frequência, um bom momento para
atualizar o balanço patrimonial é o momento da declaração anual de ajuste de imposto
de renda, pois esse documento já traz muitas informações relevantes para o BP.
Para elaborar o BP é recomendado separar os ativos de uso (imóvel para morar, veículo,
casa de veraneio) dos ativos de não uso (aplicação financeira, casa de aluguel, participação
societária), relacionar eventuais dívidas e suas características de aquisição e prazo. A soma
de todos os ativos menos as dívidas resulta no patrimônio líquido do cliente.
O Balanço patrimonial nos traz, como dito no início deste tópico, indicadores importantes
para elaboração de um bom planejamento:
⯀ Índice de Liquidez;
⯀ Índice de cobertura das despesas mensais;
⯀ Índice de endividamento;
⯀ Índice de poupança.
Em ativos de curto prazo temos os recebimentos que o cliente (ou família) tem no curto prazo.
Podemos incluir aqui salários, pró labore, renda de aluguel. Em passivos de curto prazo temos
dívidas que são exigíveis a curto prazo, como por exemplo, o valor do empréstimo no imóvel,
O valor dos ativos líquidos de curto prazo deve ser igual ou menor do que o valor dos
passivos de curto prazo, ou seja, é aconselhável que o índice de liquidez seja acima de 1.
Imagine que eu, Tiago, tenha uma dívida de R$ 30.000,00 vencendo hoje (passivo exigível
de curto prazo). Agora assuma que meus ativos estejam distribuídos da seguinte forma:
R$ 2.000,00 em conta corrente, R$ 20.000,00 em um CDB com vencimento em 2 anos e
sem liquidez diária e um imóvel avaliado em R$ 500.000,00.
2000
= 0,0667
30000
Ou seja, eu apesar de ter um patrimônio maior que a dívida eu não tenho dinheiro para
honrar esse compromisso.
Para exemplificar, imagine que eu tenha sido demitido e tenha recebido uma rescisão de
R$ 30.000,00, tenha uma aplicação em fundo de renda fixa simples de R$ 10.000 e um
CDB de 100.000,00 com vencimento em 3 anos sem liquidez.
Neste caso, os ativos de curto de curto prazo são R$ 30.000,00 da rescisão + R$ 10.000,00
do fundo de renda fixa simples, ou seja, um total de R$ 40.000,00. Agora imagine que
minhas despesas mensais sejam no total de R$ 7.500,00.
40.000
= 5,33
7500
Ou seja, eu consigo ficar 5 meses vivendo somente com os meus ativos de curto prazo.
total de passivos
Índice de endividamento =
total de ativos
Para elucidar isso, imagine que eu tenha um total de ativos no valor de R$ 2.000.000,00,
mas tenha um total de dívidas, incluindo financiamento do veículo e de imóveis, seja de
R$ 700.000,00. Neste caso, temos:
700.000
= 0,35
2.000.000
Isso indica que 35% do meu patrimônio está financiado com dívida.
Finanças comportamentais
Falamos sobre as finanças pessoais no tópico anterior, e elas (também chamadas de finanças
tradicionais) partem do pressuposto que, ao mapear sua situação financeira, através dos
2 passos que citamos no tópico anterior, uma pessoa sempre vai tomar decisões racionais
e matematicamente justificáveis.
O ponto aqui é que nossa vida não é matemática. Quem nunca entrou em uma loja, com-
prou algo que não precisava naquele momento, usou uma única vez e depois esqueceu
de sua aquisição? Em outras palavras, quem nunca fez uma compra por impulso que
atire a primeira placa de liquidação.
As Finanças Comportamentais não negam que a maioria das decisões econômicas são
tomadas de forma racional e deliberada. Mas consideram que, se não forem levadas em
conta também as decisões emocionais e automáticas, os modelos econômicos serão falhos
para explicar o funcionamento dos mercados.
Heurística da Representatividade
A heurística da representatividade afirma que as pessoas avaliam a probabilidade de um
evento “B” pelo nível em que um evento “A” se assemelha de “B”. Um exemplo dado por
Tversky e Kahneman (1974) ajuda na compreensão desta heurística:
Considerando que um indivíduo é muito tímido e retraído, está sempre pronto a ajudar,
porém possui pouco interesse nas pessoas e no mundo a sua volta; é tranquilo e organizado;
tem necessidade de ordem e estrutura e uma paixão por detalhes. Além disso, podemos
supor que este indivíduo é engajado em uma profissão específica.
Dessa forma, com base nas características do indivíduo, as pessoas tendem a imaginar a
possível profissão dele utilizando o estereótipo de diversas profissões (como por exem-
plo, físico, matemático, bibliotecário, vendedor, médico ou fazendeiro). Contudo, utilizar
esta abordagem de julgamentos de probabilidade pode conduzir a sérios erros, pois a
similaridade (ou representatividade) não é influenciada por diversos fatores que deveriam
afetar um julgamento de probabilidade.
Heurística da disponibilidade
A segunda heurística é a da disponibilidade. Significa que as pessoas, de forma geral,
julgam a frequência ou a probabilidade de um evento pela facilidade com que exemplos
ocorrem em suas mentes (Tversky e Kahneman, 1974).
A maioria das pessoas, influenciadas pelas notícias veiculadas pela mídia, pode deduzir
que o Rio de Janeiro é muito mais violento que a cidade de Altamira. Mas o fato é que
Altamira, segundo uma pesquisa realizada pelo IPEA, é a cidade mais violenta do Brasil
e, acredite, o Rio de Janeiro não consta nem entre as 30 cidades mais violentas do nosso
país. Acesse a pesquisa por este link.
Onde quero chegar é que cotidianamente nós tomamos decisões com base nas informa-
ções que estão disponíveis (por isso ‘disponibilidade’), e muitas vezes ignoramos fatos ou
estudos que mostram o contrário.
Heurística da ancoragem
A terceira heurística é a da ancoragem. Pode-se dizer que a ancoragem é um desdo-
bramento da heurística da representatividade. Nela, os indivíduos focalizam a atenção
sobre uma informação recentemente recebida e a usam como referência para fazer
uma estimativa ou tomar uma decisão.
A âncora é um valor relevante que está disponível ao tomador de decisão. As pessoas fazem
estimativas a partir de um valor inicial, que é ajustado para produzir a resposta final. A
âncora pode ser inserida na formulação do problema em questão, ou pode ser resultado
de uma análise parcial. (Tversky e Kahneman, 1974).
Aversão à perda
O assunto pode soar subjetivo no começo. Mas pensa comigo: não somos todos humanos,
sujeitos à mudanças de humor e comportamento dependendo da situação?
A teoria da loss aversion (aversão à perda, em inglês) foi proposta pelos economistas
Kahneman e Tversky em 1979. Ela dizia basicamente que as pessoas com esse compor-
tamento reagem de maneira diferente em situações de ganho ou de perdas no mercado
de ações quando estão investindo. Isso leva a um viés comportamental sem qualquer tipo
aparente de motivo ou coerência, prejudicando o trabalho de vários profissionais.
Eu recebi uma pergunta de uma aluna há algum tempo, e usarei este exemplo para
deixar ainda mais fácil de entender. Ela disse: “Tiago, eu tenho ações da Petrobrás. Em
2008 houve uma queda no valor das ações e nunca mais o valor foi igual ao que era. Eu
estou esperando valorizar desde então. Se eu vender as ações, eu vou pagar 15% sendo
que eu perdi 90% do valor?”
A pergunta dessa aluna foi relacionada a outro tema: o de compensação de perdas. Mas
olha que coisa interessante, ela disse uma coisa que é muito frequente em quem tem
aversão a perda: “Eu estou esperando valorizar”.
A verdade é que ninguém gosta de ter de assumir que tomou uma decisão errada. Nós,
seres humanos, de um modo geral, acreditamos que assumir um erro pode significar que
somos frágeis. Muitas pessoas acreditam (inclusive nós mesmos) que “só os fracos erram”.
Acredite, todos nós temos um pouco dessa aversão. Alguns mais, outros menos, mas
ninguém está livre disso.
Armadilha da confirmação
Consiste na busca de informações que evitem conflito com aquilo que já se tem em mente.
Deixa eu exemplificar isso: se nas eleições de 2018 você escolheu votar no Bolsonaro,
certamente você buscou informações que confirmaram sua decisão. Você, talvez, viu
um blog, site ou influenciador digital que falou muito bem do então candidato e isso
confirmou aquilo que você já havia decidido. O contrário é bem verdadeiro, se você esco-
lheu votar 13 no segundo turno da eleição você, mesmo que inconscientemente, buscou
informações que confirmavam sua decisão.
No mundo dos investimentos é exatamente a mesma coisa: imagine que você tenha deci-
dido investir na ação da Vale, mesmo após o terrível acidente de Brumadinho, neste caso
você tende a buscar informações que corroboram com sua decisão.
Ilusão do Controle
Por último, mas não menos importante, temos a ilusão do controle. Aqui o investidor tende
a acreditar que sua situação financeira está sob controle. O investidor que age sob esse
viés tende a fazer contas mentais e ignorar a necessidade de fazer um orçamento pessoal,
ignora a necessidade de fazer um acompanhamento de sua carteira de investimentos.
Na maioria das vezes, quem age sob forte influência deste viés superestima suas receitas
e subestima suas despesas, ou seja, sempre acha que mais dinheiro do que, de fato, tem.
Também acha que tem menos dívida que, de fato, tem.
Para concluir o tema finanças comportamentais é importante destacar que todos os indi-
víduos, inclusive a gente que estuda isso, age sob influência de uma ou mais heurísticas.
Além disso, a influência é exercida de acordo com contextos, ou seja, não é um padrão de
influência de heurística. Exemplo: você pode comprar ações com base na heurística da
representatividade e comprar imóveis com excesso de confiança, por exemplo.
Desejo a você, meu nobre gafanhoto, uma excelente prova. Desejo também, boas vindas
ao seleto grupo de profissionais com a certificação de especialista Anbima.