Cap 2 - História Da Psicologia Moderna
Cap 2 - História Da Psicologia Moderna
Cap 2 - História Da Psicologia Moderna
Psicologia Moderna
Tradu ção da oita va edição norte- americana
Duane P. Sc hultz
University of South Fl orida
Tradutora:
Suely Sonoe Murai Cuccio
Revisara técnica:
Roberta Gu rgel Azzi
Professora do Dep artamento de Psicologia
Educacional da Faculdade de Educação da Uni camp
As Influênci as
Filo sóficas n a
Psic ologia
o Espírito do Me canicismo
O Universo M ecânico
Determinismo e
Reducionismo
o Es pír ito do Mecani c is m o
O Robô
As Pessoas como Máquinas Formas extravagantes de entretenimento brotavam entre
A Máquina Calculadora as muitas ma ravilhas da impr essionante era nos jardins
Os Primórdios da Ciência reais da Europa do século XVII . A água q ue percorria uma
Moderna tubulação subterrânea acionava as fig uras mecânicas,
René Descartes (1596-1650)
fazendo-as realizar vários movimentos inusitados, tocar
As Cont ribuições de
instrumentos musicais e imi tar os sons da fa la. Placas de
Descartes: o M ecanicismo
e o Probl ema Mente-Corpo pressão ocultas no chão eram a cionadas quando as pes-
A Natureza
A Interação dMente-Cor
o Corpo po soas pis avam nelas sem quer er, fazendo a ág ua corr er
pelos canos até o mec anismo que movimentava as es tá-
A Doutrina das Idéias
tuas. Essas di versões da ar istocr acia do sé culo XVII ref le-
As Bas es Filosó ficas da Nova
tiam e evidencia vam o fa scínio exercido pelas máquinas
Psicologia: Positivismo,
que estavam sendo inventadas e aperfeiçoadas para o us o
Materialismo e Empirismo
Auguste Comte (1798-1857) na ciência, na indústr ia e no l a zer.
John Locke (1632-1704) Em toda a Ing later ra e na Europa ocidental, uma
Texto Original: Trecho sobre enorme quantidade de máquinas era empregada nas
o Empirismo Extraído
de An Essay Concerning tarefas d iárias par a complementar a força m uscular do
Human Und erstanding homem. Essas bo mbas, alavancas, guindastes, rodas e
(1690), de John Locke engrenagens moviam o s moinhos de á g ua e de vento
George Berkeley
David Hume (1685-1753)
(1711-1776) para moer grãos, serrar toras de madeira, tecer fios e re a-
David Hartley (1705-1757) lizar outros trabalhos braçais. Dessa maneira, a socieda -
James Mil! (1773-1836) de européia liber tava-se da de pendência da força física
John Stuart Mil! (1806-1873)
humana. As máquinas tornaram-se familiares às p essoas
Contribuições do E mpirismo
de todos os n íveis so ciais, desde o mais humi lde até o
à Psicologia
aristocrata, e logo passaram a faz er parte da vida cotidiana. E ntretanto, entre todos os
inventos, o relógio mec ânico foi o de m a ior impacto no p ensamento científico.
Mas qu al a relação e xistente entre o desenvolvimento mac iço da t ecnologia e a his-
tória da psicolo gia moderna? Afinal, referimo-nos a um perío do 200 anos anterior à fun-
dação formal da p sicologia como ciência, bem como à físi ca e à mecânica, disciplinas há
muito excluídas d o estudo da na tureza humana . No entanto, a relação é in e vitável e
direta, já que o s princípios incorporados nas movimentadas e ruidosas máquinas, nas
figuras e nos rel ógios mecânicos do século XVII exerceram grande influência na dire ção
tomada pela n o va psicologia.
O Z eit geist dos séculos X VII ao XI X consistiu a base que nutriu a nova psicologia. O
espírito do mecanicismo, que enxerga o universo como uma g rande máquina, foi o fun-
damento filosófico do s éculo XVII, ou seja , a sua força cont extual básica . Essa doutrin a
afirmava serem os p rocessos naturais mecânicos e passíveis de exp licação por meio d as
leis da física e da qu ímica.
Mecanicismo: doutrina para a qual os p rocessos naturais são determinados mecanicamente e exp li-
cados pelas leis da física e da química .
o U n iv ers o M ec ân ic o
o relógio mecânico foi a metáfora pe rfeita usada pelo espírito do mecanicismo do sécu-
lo XVII. O historiador Daniel Boorstin referia -se ao relógio como a "mãe das máquinas "
(Boorstin, 1983, p. 71) . O relógio foi a sensação tecnológica do s éculo XVII, assim como
o computador no sé culo XX . Nenhum dispositivo m ecânico provocou tanto impacto no
pensamento humano e em todos os níveis da sociedade. Na Europa, os re lógios eram
produzidos em grande quantidade e variedade1. Alguns eram d e tamanho suficiente para
ficar sobre a mesa; outros, bem mai ores, instalados nas to rres das igrejas e n os edifícios
públicos, podiam ser vis tos e ouvidos a quilômetros de distância. Enquanto as figu ras
mecânicas instaladas nos jardins reais era m a diversão da elite, os relógios eram acessí-
veis a todos, independentemente da cla sse social ou da situação econômica.
Devido à regularidade, previsibilidade e e xatidão dos relógios, os cientistas e filósofos
começaram a enxergá-los como modelos pa ra o universo físico. T alvez o próprio univer-
so fosse um imenso relógio fabricado e colocad o em op eração pelo Criador. Os cientistas,
como o físico britânico Robert Boyle , o astrônomo alemão ]ohannes Kepler e o filósofo
francês René Descartes, acreditavam nes sa idéia e ace itavam a explicação da harmonia e
o http://physics.nist.gov/Genlnt/Ti
A seção General Interest
me/time. htm l
(Interesses gerais) do National Institute of
Standards and Technology (Instituto Nacional de Padrões e Tec nologia)
1 No sé culo x , os chineses já ha viam criado enormes reló gios mecânicos. Talvez a notícia da in venção tenha incen-
tivado o desenvolvimento de outro s relógios no oeste europeu. Entr etanto, o tratamento refinado dado pelos eur o ·
peus e o seu entusiasmo na elaboração, criando modelos até extravagantes, tornaram esses relógios ini gualáveis
(Crosby, 1997).
oferece um recurso chamado " A Walk Through Time: The E volution of
Time Measurement Through the Ages " (Um pa sseio pelo tem po: a e volu-
ção da med ição do tempo atra vés das épocas).
Não era difícil perceber a estrutura e o funcionamento do relógio. Era fácil desmon-
tá-Io e verificar exatamente a operação das engrenagens. Essa idéia levou os cientistas a
popularizarem o conceito d e reducionismo. Para compreender o mecanismo operacio-
nal das máquinas como o r elógio, bastava reduzi-Ias aos comp onentes bás icos. Do
mesmo modo, para entender o un iverso físico (que, afinal de contas, nada mais era do
que uma máquina), bastava analisá-Io ou reduzi-Io às partes mais simples, ou seja , às
moléculas e aos átomos. Assim, o reducionismo acabou caracterizando toda a ci ência,
inclusive a nova psicologia.
Reducionismo: doutrina que expl ica os fenômenos em um n ível (por e xemplo, as idéias complexas)
em termos de fenômenos em outro ní vel (por e xemplo, as id éias simples ).
As figuras movidas pela força da água nos jardins já serviam de modelo para os i ntelec-
tuais e aristocratas do século XVII, assim como os relóg ios para as pessoas comuns. À
medida que a tecnologia era aprimorada, aparelhagens mais sofisticadas, d esenvolvidas
para imitar as at itudes e os movimentos humanos, eram disponibil izadas para o entre-
tenimento da população em geral. Esses aparelhos foram chamados de robôs e era m
dotados de capacidade para realizar movimentos incríveis e inusitados com precisão e
regularidade.
o robô já fora desenvolvido muito antes do século XVII , pois foram encontradas
descrições de figuras mecanizadas nos antigos manuscritos gregos e ára bes. Os chin eses
também se destacaram na cons trução dos r obôs, já que sua li teratura r elata a existência
de animais e peixes mecânicos, além de figuras humanas criadas para s ervir vin ho, car -
regar xícaras de chá, cantar, dançar e tocar instrumentos musicais. No séc ulo VI, um
enorme relógio foi construído na atual região da Palestina e, de hora em hora, a cada
badalada, um con junt o sofis ticado de figuras m ecânicas entrava em mov imento. Ass im,
a art e da criação de robôs espalhou-se por tod o o mundo islâmico (Rossum, 1996). No
entanto, m ais de mil anos depois, no século XVII, os robôs desenvolvidos pe los cientis-
tas, intelectuais e a rtesãos do oe ste europeu foram con siderados novidade. O importan -
te trabalho das a ntigas civilizações havia-se perdido.
Os dois robôs mais complexos e sofisticados desen volvidos na E uropa foram um
pato e um flautista. O pato apanhava a comida da mão do demonstrador, engo lia-a e a
expelia; depois, bebia água mediante o movimento do pescoço flexível . Além disso, i mi-
tava o grasnido da própria ave e acomodava-se sobre as patas . "Mais tarde, constatou-se
que em apenas uma das asas havi a mais de 400 pe ças articuladas" (Woo d, 2002, p. 27).
O flautista não apenas em itia o som tí pico dos b rinquedos mus icais, como efetiva-
mente executava o instrumento. Com mais ou menos 1,67 m em pé, a ltura média do
homem da épo ca, o robô compr eendia uma peça mecanizada que repro duzia cada mú s -
culo, cada ligamento ou outra par te do co rpo necessária para executar a fla uta.
Nove foles bombeavam no p eito do robô a quantidade necessária de ar, de acor do
com o tom a ser ex ecutado den tre os 12 programados. O ar era empurrado at ravés de u m
tubo (correspondente à traq uéia humana) e entrava na b oca, onde era co ntrolado pela
língua e pel os lábios metálicos a ntes de chegar à flauta, dando, assim, a impressão de que
o boneco estava r ealmente respirando. Os dedos abriam -se e fechavam-se sobre os or ifí-
cios do instrumento para prod uzirem os sons exatos. Ambos os robôs "obscureceram a
linha divisória entre o homem e a má quina e en tre o ser animado e o inanimado"
(Wood, 2002, p. xv ii).
Hoje, os ro bôs podem ser v istos nos principais parques de várias c idades européias,
nas quais figuras mecânicas dos r elógios das to rres dos edifícios públicos marcham em
círculo, tocam tambores e batem nos sinos com os martelos a cada quar to de hora. Na
catedral de Estrasburgo, na Fra nça, representações de fi guras bíblicas reverenc iam a
Virgem Maria a ca da hora, enq uanto um galo abre o bico, põe a língua p ara fora, bate as
asas e canta. Na catedral de We lls, na Inglaterra, pares de cavaleiros ves tidos de ar madu-
ras simulam uma batalha. Quando o relógio to ca, a cada hora, um cav aleiro derruba o
outro do ca valo. No Museu Nacional Bávaro de M unique, na Alemanha, há um papagaio
de cerca de 40 cm de al tura e, q uando o relógio toca, de hora em ho ra, e le assobia, bate
as asas mecânicas, vira os olhos e d eixa cair um a bolinha de aço do seu ra bo.
A foto a seguir mostra o mecanismo interno da figura de um monge de mais o u
menos 40 cm de altura, que a tualmente faz parte da co leção do Mu s eu Nac ional de
História Americana, em Washington, De. O mo nge está programado para se move r
dentro de um espaço de ma is o u menos 60 cm. Seus pés pa recem movimentar -se sob o
hábito, mas na verdade a es tátua se move sobre rodas. E ele ainda ba te com um braço
no peito e c om o outro acena, mexe a cabeça d e um lado a outro, além d e abrir e fecha r
a boca .
Os filósofos e c ientistas da é poca acreditavam na tecnologia mecânica como uma
forma de r ealizar o sonho da c r iação do ser artif icial e, nitidamente, muitos dos prime i-
ros robôs da vam essa impressão. Podemos pensar n eles como os bonecos Disney da
época e é fá cil ente nder por que as p essoas chegaram à con clusão de que os seres vivos
eram simplesmente outro tipo de máquina.
Esses dois ende reços apresentam fotos e d escrições resumidas dos robôs dos
séculos XVIIe XVIII.
A s P e s s o a s c o m o M á q u in a s
Descartes e outros filósofos adotaram os robôs como modelos para os se res humanos.
Para eles, o ser humano funcionava assim como o uni verso, ou seja, igual ao mecanis-
mo do rel ógio. Descartes declarou não ser essa idéia "tão es tranha assim àqueles acos-
tumados com dife rentes robôs ou máquinas que se movem , fabricados pela indústria
dos homens (...) essas pessoas consideram o corpo humano uma máquina criada p elas
mãos de Deus , e incomparavelmente mais b em or ganizada e perf eita para realizar os
movimentos m ais admiráveis do que qualquer outr o mecanismo inventado pelo
homem" (Descartes, 1637/1912, p. 44). As pessoas podem a té ser melhores e mais efi-
cientes do que os mec anismos produzidos pe los relojoeiros, m as continuam sendo
máquinas.
Desse modo, os r elógios e os ro bôs abr iram o caminho para a noção de que o fun-
cionamento e o c omportamento humanos obedeciam às le is mecânicas e os métodos
experimentais e quantitativos, t ão eficazes na descoberta dos segr edos do universo físi -
co, seriam igua lmente a plicáveis ao estudo da n a tureza humana. Em 1 748, o médico
francês ]ulien de L a Mettrie ( que morreu de ingestão exce ssiva de fa isão e trufas) relatou
a alucinação que ti vera durante uma crise de febre alt a. O s onho convenceu-o de que as
pessoas eram máquinas, porém mai s sofisticadas, assim como um re lógio automático
(Mazlish, 1993). Essa id éia tornou-se a força mo triz do Z eitgeist na ciência e na filosofia
e durante muito temp o alterou a imagem predominante da nature za humana, mesmo
entre a populaç ão em geral. Por exe mplo: durante a Guerra Civil Ame ricana (1861-
1865), um oficial do e xército do norte, comentando sobre a mor te de um amigo, disse
não haver restado nada" além da máquina destruída que u m dia a a lma havia colocado
em movimento" ( Lyman, apud Agassiz, 1922, p. 332) .
A figura do ser hum ano robotizado permeou os romances e as histórias infantis do
século XIX e do início d o século XX. A idéia da criação de m áq uinas à i magem e seme -
lhança das f iguras humanas ex ercia grande fascínio . O escr itor din amarquês Hans
Christian A ndersen escr eveu The Night ingale, que tinha como personage m um pás saro
mecânico. A principal p ersonagem do livro eternamente popular da roma ncista ing lesa
Mary Wollstonecraft Shelley, Frankenstein, é um ser metade monstro me tade máquina
que acaba destruindo o seu criador . Os famosos li vros infantis Oz, do escr itor americano
L. Frank Ba um, que in spiraram o clássico fi lme O Mágico de Oz , estão re pletos de seres
mecânicos.
E assim, o legado dos séculos X Vll ao XIX inclui o c onceito do fu ncio namento do
homem como uma máquina e a ap licação do método cien tífico na investigação do com -
portamento humano. O homem era comparado às máqui nas, predominava a v isão cien-
tífica e a vida era reg i da pelas leis da mecânica . Em linhas g erais, o mecanicismo também
se ap licava ao fu ncionamento mental humano e o produto fin al foi uma má quina supos-
tamente capaz de pen sar.
Essesite oferece uma bi ografia de Julien de La Mettrie e uma lista com fon -
tes de informação c omplementares a respeito da s ua vida e do seu trabalho,
além de uma tradu ção par a o ing lês do seu livro Man a machine.
A M áq u in a C a lc u lad o ra
Charles Ba bbage (1791-1871) era fascinado por relógios e robôs quando garoto. O
objeto de dese jo pelo q ual tinha enorme atração era uma bailarina mecânica, que acabou
adquirindo m uitos anos depois. Babbage era muito inteligente e tinha talento especial
para matemática, que estudou por co nta própria na adolesc ência. Quando s e matriculou
na Cambridge University, ficou decepcionado ao descobrir que sabia mais ma temática do
que os própr ios professores. Mais tarde tornou -se professor de matemática d a Cambridge
e membro da Royal Society, tendo sido um dos intelectuai s mais conhecidos da sua época.
O trabalho a q ue se dedicou a vida inteira foi o desenvolvime nto de uma m áquina calcu-
ladora capaz de realizar as operações matemáticas mais rapi d amente que o h omem e que
permitisse imprimir os resultados. Em busca d esse objetivo, Ba bbage acabou formulando
os princípios básicos do computador moderno.
Enquanto os robôs i mitavam os atos físicos humano s, a calculadora de Babbage
simulava as açõ es mentais. Além de tabular os va lores das funções m atemáticas, a
máquina dispunha de recursos para jogar xadrez, damas e outros jogos. Era até mesmo
dotada de me mória pa ra armazenar os resultados parciais usados posteriormente para
completar o cá lculo. Babbage batizou a c alculadora de máquina da dif erença" e refe -
l
ia
ria-se a si m esmo como "0 programador". Amáquina compreendi a cerca de 2 .000 peças
de aço e de bro nze, como hastes, engrenagens e discos, montadas com perfeição e movi -
das ou co locadas em funcionamento por um a manivela manual . A calculadora de
Babbage, que f unciona até hoje, marcou o início do de sen volvimento dos modernos e
2
sofisticados computadores . Ela representou um gr ande marco na tenta tiva de simular
o pensamento humano para fa bricar um mec anismo que demon stra sse urn a inteligên-
cia "ar tificial" (veja no Capítulo 15).
Um dos biógrafos mais r ecentes de Babbage fez a seguinte observação: " A importân-
cia da a utomatização da máq uina não de v e ser sup erdimensionada. No entanto, a utili-
zação da ma nivela manual, ou seja, a ap licação da força {fsica, permitiu, pela primeir a
vez na história, a obtenção de resultados possíveis até e ntão ap enas pelo esfor ço mental,
3 Ada Lovelace era filha do poeta Lord Byron (George Noel Gordon), cujos memoráveis escritos incluem: "Tis stran-
ge, but true; for truth is a/ways strange, - Stranger than fiction". (Tradução livre: "É estranho, mas verdadeiro, por-
que a verdade é sempre estranha - Mais estranha do que a ficção.")
4 Em 1 980, o Departamento de Defesa dos Estados Un idos batizou de "Ada" a linguagem de programação do siste-
ma de controle do computador do exército.
Babbage perdeu a motivação quando o governo susp endeu o financiamento do se u
trabalho. Além disso, a morte prematura de Ada, co m c erca d e 37 anos, deixou-o aind a
mais amargurado e re ssentido. Acreditava que os esforços para d esenvolver a máquin a
calculadora haviam sido em vão e que nunca seria reconh ecido pela sua contribu ição.
Todavia Babbage recebeu am plo reconhecimento pelo s eu trabalho. Em 1946, quando o
primeiro computador totalmente automático foi des envolvido na Harvard University,
um
sonhopioneiro do computador
de Babbage. referiu-se
Em 19 91, par ao acontecimento
a comemorar o bicentenário como a concr
d e seu etização um
nascimento, do
grupo de cientistas b ritânicos construiu a rép lica de um a das máquinas do sonho d e
Babbage, com base nos seus d esenhos originais. O aparelho consis te de 4.000 peças, pesa
3 toneladas e realiza c álculos com p erfeição (Dyson, 1997).
Charles Babbage, que personificou no sé culo XIX a no ção d o funcionamento do
homem como uma m áquina, estava evidentemente muito à fr ente da sua época. Sua cal-
culadora, precursora d os modernos computadores, representou a primeira tentati va de
sucesso na reprodução do pr ocesso cognitivo humano e no de senvolvimento d e uma
forma de inteligência artificial. Os cientistas e os inv entores da su a época previram qu e
os us os das máquina s seriam ilimitados, assim como as fu nções humanas que seria m
capazes de exec utar.
http://www.ex.ac.ukJBABBAGE/
Os dois sites fornecem informações interessantes sobre a vida, o t rabalho e
as contribuições de Charles Babbage.
http://awc-hq.org/lovelace/whowas.htm
http://adahome.com/Tutorials/Lovelace/lovelace. html
Os três sites são sobre Ada Love lace, com links para outros endereços
pertinentes na Internet.
Entre os vários estudiosos que marcaram o período, destaca -se o matemático francês
René Descartes, que contribuiu d iretamente para a história da p sicologia moder na. Seu
trabalho ajudou a libertar a invest igação científ ica do controle rí gido d as crenças intelec-
tuais e teológicas dos séculos pa ssados. Descartes simbolizou a tra nsição científica para a
era moderna e aplicou a noção do mecanismo do relógio ao corpo humano. Por esse
motivo, muitos afirmam t er ele in augurado a era da psicologia m oderna.
Descartes nasceu na Fra n ça, em 31 de março de 1596, e herdou do pai recursos suficien-
tes para manter uma vida confortável, com bu sca do c onh ecimento intelectual e viagens.
De 1604 a 1612 , freqüentou uma escola jesuíta, onde estudou matemática e ciências
humanas. Demonstrava também grande talento para a filosofia, fís ica e fisiologia. Devido
à fragilidade da sua saú de, Desca rtes era dispensado das missas m atutinas e era-lh e permi-
tido dormir até a hora do almoço, hábito que man teve por tod a a vida. Foi dur ante essas
tranqüilas manhãs que de senvolveu suas idéias mais c riativas.
Ao completar a educação formal, decidiu experimentar os pra zeres da vida parisien-
se. Com o tempo, acabou entediad o e decidiu levar uma vida mai s calma, dedicando-se
ao estudo da matemátic a. Aos 21 anos, serviu como voluntário nos exércitos da Holanda,
da Bavária e da Hungria e ficou conhecido como um es padachi m ousado e habilidoso.
Adorava dançar e jogar e provou se r um talentoso jogador devido à sua habilidade mat e-
mática. Seu único romance mais duradouro foi o re lacionam ento de trê s anos c om a
holandesa Helene Jans, que deu à luz sua filha Francine. Descartes adorava a criança e
ficou arr asado quando el a faleceu em seus br aços, aos 5 anos . Um biógrafo relatou que
Descartes ficou inconsolável e vivenciou "a mais profunda dor de s ua vida" (apud Rodis-
Lewis, 1998, p. 141 ). Permaneceu s olteiro pelo resto da vi da .
Descartes tinha profundo interesse em aplicar o conhecimento científico às questões
práticas. Pesquisava meios para evitar o embranquecimento dos c abelos e tent ou ape r-
feiçoar as manobras de uma cadeir a de rodas para deficientes físi cos.
Durante o período em qu e se rviu o exército, Descartes teve vá rios sonhos que muda-
ram sua vida. Conf orme seu relato , passou um dia 10 de novembro sozinho em um qu ar-
to com aquecedor , mergulhado em pensamentos sobre a matemá tica e a ciência. Acabou
adormecendo e, no sonho, que m ais tarde ele m esmo interpr etou, foi repreendido pe la
sua ociosidade. O "espírito da ve rdade" invadiu a s ua mente e convenceu-o a dedicar o
trabalho da s ua vida à proposta de aplicação dos princípios ma temáticos a tod as as ciên-
cias, produzindo, assim, o conheci mento inquestionável. Resolveu duvidar de tudo,
principalmente dos dogmas e das doutrinas do passado e acei tar como verdade apenas o
que tivesse absoluta certeza.
De volta a P aris, mais uma vez achou a vida dispersiva dem ais; resolveu vender as
propriedades herdadas do pai e mudou-se par a uma casa de ca mpo na Holanda. S ua
necessidade de isolamento era tamanha que, em 20 anos, morou em 13 cidades e em 24
casas d iferentes, mantendo em segredo o endereço, revel ando-o apen as para os amigos
mais íntimos, com quem man tinha correspondência freqüente . Parece que sua única
exigência era f icar próximo de uma igreja católica romana e de uma universidade. D e
acordo com um biógrafo, o lema de Descartes era: " Vive bem aque le que viv e bem escon-
dido" (Gaukroger, 1995, p. 16 ).
Descartes escreveu muitos trabalhos relacionados c om a matemática e a filosofia e
sua crescente fama chamou a ate nção da j o vem princesa Cristina, da S uécia, na époc a
com 20 a nos, que lh e pediu para minis trar-lhe aulas de filosofia. Embora relutasse muito
em abrir mão da liberdade e da pr ivacidade , e temesse acabar falecendo na S uécia, sem-
pre teve grande respeito pelas prerrogativas reais . Um na vio de guerra foi enviado para
buscá-l o n o o utono de 1649. A princesa insistia em ter au las às cinco d a man hã, em uma
biblioteca muito mal aqueci da , durante um inverno e xtremamente rigoroso. Descartes
escreveu a um amigo, dizendo: "Não me si nto feliz aqui e a única co isa que desejo é paz
e tranq üilidade" (apud Rodis-Lewis, 1998, p. 196). O frágil Descartes suportou a s madru-
gadas e o fr io intenso por quase quatro meses até contrair pneumonia. Morreu em 11 de
fevereiro de 1650.
Um interessante relato pós-morte de um homem que, co mo veremos m ais adiante,
dedicou boa parte do te mpo a es tudar o problema da relaç ão entre a m ente e o corpo diz
respeito ao o corrido com o próprio corpo. Após 16 anos d a morte de D escartes, s eus ami-
gos deci diram que os despojos de veriam retomar à França . Enviaram à S uécia um caixão
que, no e ntanto, era pequeno demais para conter os re stos mortais. Assim, as a utorida-
des suecas decidiram cortar a cabeça e enterrá-Ia até qu e outras providências fossem
tomadas.
Enquanto os res tos mortais de Desca rtes eram prepar ados para a viag em de retorno
para casa, o embaixador francês na Suécia resolveu guardar um souvenir e cortou-lhe o
dedo indicador direito. O corpo , agora sem a cabeça e sem um dedo, f oi sepultado em
Paris em meio a muita pompa e cerimônia. Algum tem po depois, um o ficial do exé rcito
sueco desenterrou o crânio de Des cartes e guardou -o de lembrança . Durante 150 anos ,
ele pa ssou de um colecionador sueco para outro até ser finalmente ent errado em Paris .
Os ca dernos e os manuscr itos de Descartes foram en viados para Paris de pois da su a
morte. Po rém o navio afundou pouco antes de a tracar e os papéis es tiveram submersos
por três dias. O trabalho de restauração levou 17 anos pa ra tornar possív el a publicação
desses documentos.
A s C o n t r ib u iç õ e s d e D e s c a r t e s :
o M ec an ic is m o e o P r o b le m a M e n t e -C o r p o
O trabalho mais importante de Descartes para o desen volvimento da psicologia moder-
na foi a te n tativa de r e solver o problema mente -corpo, uma ques tão controversa
durante séculos. Ao lon go de vários p eríodos, os in telectuais discutiam como a mente
- ou as qualidades mentais - podia ser difer enciada do corpo e de todas as demais
qualidades físicas. A questão básica, simples, porém enganosa , é esta : a mente e o corpo,
isto é, o universo mental e o m undo material são d e naturezas distintas? Por milhares
de anos os intelectuais adotaram posturas dualistas, com o argumen to de que a m ente
(a alma o u o espírito) e o corpo são de naturezas diferente s. Entretanto, a aceitação da
posição dualista levanta outras questões: se a me nte e o co rpo são de naturezas diferen-
tes, qual é a relação existente ent re ele s? Como interagem? Sã o independentes ou in-
fluenciam-se mutuamente?
Antes de Descartes, a teo ria predominante afirmava ser a i n teração ent re a mente
e o corpo essencialmente unil ateral. A ment e era capaz de exercer g rande influência
sobre o corpo, enquanto o corpo exercia pouco efeito sobre a m ente. Um histori ador
sugeriu a seguinte analogia para a explicação dessa visão: a r elação entre o corpo e a
mente é semelhante àquela ent re o marionete e seu manejador . A mente é como o man i-
pulador puxando as cordas do c orpo (Lowry, 1982).
Descartes aceitava essa posição; na sua vi são, a m ent e e o corpo eram realmente
compostos de diferentes essências. Todavia, ele se desviou da t radição ao redefinir essa
relação. Na teoria da in teração mente-c orpo d e Descartes, a men te influencia o c orpo e
a influência deste sobre a ment e era maior do qu e se acreditava. A relação não e ra ape-
nas unilateral, mas mútua. Essa proposta, considerada radical no sé culo XIX, teve gran-
de repercussão na psicologia.
Depois da publicação d a teoria de Descartes, vários estudiosos contemporâneos che-
garam à conclusão de qu e não podiam mais sus tentar a noção co nvencional da m ente
como o mestre das duas entidade s, isto é, como o manejador puxan do as corda s, e fun-
cionando quase independentemente do cor po. Desse modo, os c ientistas e os filósofos
passaram a atribuir maior importância ao corpo fís ico ou material. As funções atribuídas
anteriormente à mente começavam a ser consi deradas funções do corpo.
Por exemplo: acreditava-se na mente como responsável não apenas pelo pen samen-
to e pela razão, como tamb ém pel a reprodução, pela pe rc epção e pelo mo vimento.
Descartes rebatia essa crença com o a rgumento de que a men te exercia uma única fu n-
ção: o pensamento. Para ele , todos os demais processos eram funções do corpo.
Dessa forma, Descartes introduziu uma abordagem para a questão que perdurava
havia tanto tempo, ou se ja, o probl ema men te-corpo, e concentrou a atenção n a duali-
dade físico-psicológica. Assim, redireci onou a a tenção dos pe sq uisadores, que passaram
do conceito teológico abstrato da alma para o est udo científico d a mente e do s proces-
sos mentais. Como conseqüência, houve a t ransferência dos mé todos de investigação da
análise metafísica subjetiva para a observação e a ex perimentação objetivas. As pessoas
faziam apenas conjeturas a respeit o da natureza e da ex istência d a alma, mas p odiam
realmente observar as operações e os processos da mente.
Desse modo, os cientistas ac abaram acei tando a mente e o corpo co mo duas entida-
des separadas. É possível afirma r que a matéria - a substância m aterial do corpo - é
dotada de extensão (ou se ja , ocupa espaço) e oper a de acordo co m os princípios mecâ-
nicos. A mente, no entanto , é livre, isto é, não possui extensão nem substância fís ica. A
idéia revo lucionária de Descartes afirma que a ment e e o c orpo, embora di stintos, são
capazes de interagir dentro do o r ganismo humano. A men te é ca paz de e xercer influên-
cia sobre o corpo do mesmo modo que o corpo pode influenciar a mente .
A N a tu r e za d o C o r p o
Na visão de Descartes, o corpo é composto de maté ria física, portanto tem características
comuns a qualquer matéria, ou seja, possui tamanho e capac idade motora. Sendo uma
matéria, as leis da física e da mec ânica que regem o movimento e a ação do uni verso físi-
co aplicam-se também a ele . Logo, o corpo é semelhante a uma máquina cuja op era ção
pode ser explicada pelas leis da mecânica que governam o movimento dos objetos no
espaço. Seguindo esse raciocínio, Descartes prosseguiu co m a explicação do funciona-
mento fisiológico do corpo baseada na física.
Descartes foi inf luenciado pelo espírito mecanicista da época, refletido nos relógi os
mecânicos e nos robôs. Quando morou e m Par is, ficou encantado com as maravilhas mecâ-
nicas instaladas nos jardins reais. Passava horas pisando na s placas de pressão pa ra
acionar o fluxo de água e ati var as figuras, colocando-as em movimento e fazendo-as
emitir sons.
Quando descrevia o corpo humano, fa zia referência dir eta às figuras mecânicas que
vira. Comparava os nervos do co r po aos canos dentro dos qu ais corria a água e os mú s-
culos e tendões às engrenagens e m olas. Os m ovimentos do ro bô não resultavam da açã o
voluntária da máquina, mas de ações externas como, por exemplo, a pressão da água . A
natureza involuntária desse movimento refletia-se na ob s ervação de Descartes de que os
movimentos corporais, muitas vezes, ocorrem sem a intenção c onsciente do indivíduo.
Seguindo essa linha de raciocínio, ele c hegou à idéia do undula tio reflex a, um mo vi-
mento não comandado ou não dete rminado pela vontade consciente de se mo ver.
Devido a esse conceito, muitas vezes Descartes é definido como o autor da te or ia do ato
de reflexo. Essa teoria é precur sora da moderna psicologia behaviorista de estímulo-res-
posta (E-R), cuja idéia consiste n a possibilidade de um objeto externo (estímulo) provo-
car uma resposta involuntária, c omo a perna que salta q uando o médico bate no joelh o
com um pequeno martelo . O comportamento ref lexo não envolve pensamento nem
processo cognitivo: parece ser mec ânico ou automático.
Teoria do ato de re fle xo: a idéia de que um objeto e xterno ( estímulo) pode pro vocar uma respos-
ta in voluntária.
Se tivermos a curiosidade de examinar os ó rgãos dos coros d e igrejas, será possível des-
cobrir como os foles empurram o ar para dentro do s receptáculos denominados (pro va-
velmente por essa razão ) câmaras de ar. E s aberemos como o ar passa das câmaras p ara
um ou outro tubo , dependendo do movimento dos d edos do o rganista sobre o teclado .
Podemos comparar o cora ção e as a rtérias da no ssa máquina, que empurram o espírito
animal para den tro das ca vidades do cérebro, com os fo les, q ue empurram o ar para d en-
tro das câmaras de ar ; e os o bjetos ex ternos, que e stimulam cer tos nervos e fa zem com
que o e spírito contido nas cavidades cheguem a determinados po ros, com os dedos do
organista, que pressionam det erminadas teclas e fazem com que o ar passe das câmaras
de ar para os tubos e specíficos. (Apud Gaukroger, 1995, p. 2 79.)
Descartes encontrou na fisiologia contemporânea a confirmação para a s ua interpre-
tação mecânica do funcionamento d o corpo h umano. Em 1628, o mé dico inglês William
Harvey descobriu os fator es básicos relacionados com a circulação sang üínea no co rpo
humano. Outros fisiologistas dedicavam-se ao estudo dos processos digestivos; alguns
cientistas descobriram que os músculos d o corpo trabalhavam em par es opostos e que a
sensação e o mov imento dependiam, de alguma forma, dos n ervos.
Apesar dos grandes av anços dos pesquisadores na descriç ão das f unções e d os pro-
cessos do co rpo humano, mu itas vezes as descobertas eram impr ecisas o u incompletas.
Por exemplo: presumia-se que os nervos consistiam em tubos ocos através dos quais fluía
o espírito animal, assim com o o fluxo de ág ua percorria os canos para ativar as fig uras
mecânicas. Todavia nossa preocupação nesse caso não recai so bre a prec isão ou perfeição
da fisiologia do século XVII, mas no fato de ela servir como base de su s tentação para a
interpretação mecânica do corpo.
O dogma religioso est abelecido afirmava que os animais eram d esprovidos de alma,
sendo assim comparados aos robôs. Essa teoria preservava a distinção e ntre os seres h uma-
nos e os animais, conceito fundamental para o p ensamento cristão. E, se os an imais eram
robôs e não tinham alm a, também não e ram dotados de sen timentos. Desse modo, os
pesquisadores da época de Descartes conduziam pesquisas com an imais vivos, mesmo
antes de surgir a anestesia . Um escri tor declarou que se entr etinha "co m os grit os e cho-
ros [dos animais], que nada mais eram do que assobios hidráulicos e v ibrações d as máqui-
nas" aaynes, 1970, p. 224). Assim, os animais pertenciam t otalmente à categoria dos
fenômenos físicos. Eram desprovidos de imortalidade, de processos de pensamento e de
vontade própria, e seu comport amento era explicado totalm ente em termos mecânicos.
A /n teração M e n te -C o r p o
De ac ordo com a teoria de Descartes, a ment e é imaterial, ou sej a, não tem substância
física, mas é pro vida de c apacidade de pensamento e de outros processos cognitivos.
Conseqüentemente, proporciona aos seres humanos informações a res peito do mundo
exterior. Em outras pala vras, não apresenta nenhuma das propr iedades da matéria, no
entanto possui a capacid ade do pensamento, característica que a separa do mundo mate-
rial ou físico.
Como a mente possui a capacidade do pensamento, da percepção e da vontade, d e
algum modo influencia o cor po e é po r ele in fluenciada. Por ex emplo: quand o a mente
decide realizar um movimento de um lado para o outro, essa dec isão é executada pelos
músculos, tendões e ner vos do co rpo. Do mesmo modo, quando o corpo r ecebe um estí-
mulo como a luz ou o calor, a mente reconhece e interpreta ess es dados sensoriais e
determina a resposta adequ ada.
Antes de Des cartes compl etar es sa teoria sobr e a interação m ente-corpo, precis ou
localizar o ponto físico e xato do corpo em que ele e a mente int eragiam mut uamente.
Ele a considera va uma unid ade, o que significava q ue ela d everia interagir com o corpo
em apenas um único ponto. Também acreditava que a interação ocorria em al guma parte
dentro do cérebro, porque a pesquisa lhe havia demonstrado q ue as s ensações via javam
até ele, onde também se originava o movi mento. Estava claro para Descartes que o cére-
bro era o ponto central das funções da mente e a única estr utura cerebral unitária (ou
seja, não dividida nem duplicada em ca da hemisfério) s eria o corpo pineal ou conarium .
E ele considerou lógi co ser esse o centro da in teração.
Descartes usou os conceitos do mecanicismo para descrever como ocorre a interação
mente-corpo. Propôs que o mov imento do espírito animal nos tu bos n ervosos provoca
uma i mpressão no conarium e a par tir daí a mente produz a sensação . Em outras p ala-
vras, a quantidade de movime ntos físicos (o fluxo do espírito animal) p roduz uma qua-
lidade mental (uma sensação). O contrário também ocorre: a men te cria uma impressão
no conarium (de algum modo, D escartes nunca forneceu uma explicaç ão clara) e, incli-
nando-se para uma direção ou outra, a impr essão pode provocar o fluxo do e spíri to ani-
mal até os músculos, resu ltando, assim, no m ovimento corporal ou fís ico.
A doutrina das idéias de Desc ar tes também exerceu profunda influênc ia no d esenvolvi-
mento da ps icologia moderna. El e afirmava ser a mente produtora de do is tipos d e idéias:
derivadas e ina tas. As idéias derivadas surgem da aplicação direta de es tímulos externos,
tais como o som do sino ou a imagem de uma árvore. Assim, as id éias derivadas (a idéia
do sino ou da árvore) são produtos das experiências dos sentidos . As idéias inatas não
são produzidas por objetos do mundo externo que invadem os sentido s, mas desenvo l-
vidas a p artir da mente ou d o consciente. Embora as idéias ina tas possam existi r inde-
pendentemente das sensações, é possível serem percebidas na pre sença das exp eriências
adequadas. Entre as idé ias inatas identificadas por Descartes estão De us, o eu, a p erfei-
ção e o infinito.
Idéias d erivadas e inatas : as idéias derivadas são produzidas pela aplicação direta de um estímu-
lo externo; as idéias inatas surgem da m ente ou da con sciência, independentemente das e xperiências
sensoriais ou dos estímulos e xternos.
Mais adiante veremos como o conceito das idéias inatas conduziu à teoria na tivist a
da percepção (a idéia de a capac idade de percepção ser inata e não apr endida) e como
influenciou a escola de psicologia da Gestalt . Além disso, a doutrina das idéias inatas é
importante p or ter inspirado o surgimento da oposição entre os prim eiros empiristas e
associacionistas, como John Locke, e entre os empiristas posteriores, como Hermann
von Helmholtz e Wilhelm Wund t.
O trabalho de Descartes serviu como catalisador das diversas tendênc ias convergentes
da no va psicologia. Dentre as co ntribuições sistemáticas mais importantes, destacam-se:
http://serendip.brynmawr.edu/exhibitions/Mind/Descartes. html
Contém a biografia resumida e uma discussão acerca do legado da q uestão
do du alismo mente-corpo.
http://www.philosophypages.com/ph/desc.htm
Apresenta a vida e os trabalhos de De scartes, uma bibliografia dos trabalhos
impressos referentes a ele e uma lista dos principais sítes on-/íne .
http://www.orst.edu/instruct/phI302/philosophers/descartes.html
A s B ases F ilo s ó fi c a s d a N o v a P s ic o lo g ia :
P o s itiv is m o , M aterial ism o e E m p ir is m o
A u g u s t e C o m t e (7798- 7 8 5 7)
Em meados do século XI X, 200 an os após a morte de D escartes, terminava o l ongo
período da psicologia pr é-científica. Nessa época, o pensa mento filosófico europeu foi
impregnado por um n o vo espírito: o positivismo. O conceito e o termo for mam a bas e
do trabalho do fi lósofo francês Auguste Comte que, ao sa ber da s ua morte i minente,
declarou que seria uma p erda irreparável para a humanidad e.
Positil'Ísmo: doutrina que reconhece somente os fenômenos e fatos natur ais observáveis de forma
objetiva.
Muitas vezes [ele) fi cava agachado atrás das portas e agia ma is como um anim al do que
como um homem. (...) Em todo almoço e jantar, declarava-se um soldado do re gimento
escocês como um daquele s do romance de Walter Scott, e fincava a f aca na me sa, exigia
um pedaço de l ombo de porco cheio de molho e recitava versos de H omero. (...) Um dia,
quando sua mãe junt ou-se [ a Comte e sua esposa] para uma refeição, surgiu uma di scus-
são à mesa e Comte pegou a faca e cortou a garganta. As cicatrizes ficaram par a o resto
da vida. (Pick ering, 1993, p. 392.)
termos físicos e da su a explicação por meio das prop riedades da matéria e da en ergia . A
proposta dos materialistas afirmava ser poss ível compreender até mesmo a consciência
humana com base no s princípios d a física e d a q uímica. O tra balho dos materialistas
relacionado com os proce ssos mentais concentrava-se nas p ropriedades físicas, mais
especificamente nas estruturas anatômicas e fisiológ icas do c ér ebro.
Materialismo: doutrina que explica os fatos d o universo em termos físicos pela existência e natu-
reza da matéria .
http://www.multimania.com/cloti Ide/#english
Contém material referente a Co mte e sua f ilosofia do p ositivismo.
]ohn Locke era fi lho de um advogado e estudou em univers idades em Lo ndres e Oxford,
obtendo o título de bac harel em 1656 e o de mes tre algum tempo dep ois. Permaneceu
em Oxford por vário s anos, dando aulas de grego, redação e filosofia, interessando-se
mais tarde pela prá tica da medicina. Desenvolveu interesse pela política e, em 1667, foi
a Londres para ser secret ário do Co nde de Shaftesbury, tornando-se amigo e confidente
desse controverso homem d e Estado.
O poder de Sha ftes bury no governo declinava e, em 1681, depois de participar de
uma conspiração contr a o rei C a rlos II, ele fugiu para a Hola nda. Embora Locke não esti-
vesse envolvido na con spiração, sua r elação com o conde colocou-o sob suspeita, de
modo que ta mbém acabou fu gindo par a a Ho landa. Muitos anos dep ois, Locke voltou
para a Inglaterra, tornou-se membro do c omitê de apelação e escreveu livros sobre educa-
ção, religião e economia. Preocupava-se com a liberdade r eligiosa e o direito d o povo em
ter um governo popu lar. Seus escritos trouxeram-lhe muita fama e influência e ele ficou
conhecido por toda a Europa como defensor d e um governo li beral. Alguns dos s eus tra-
balhos influenciaram os autores da D eclaração de Independência dos Es tados Unidos.
O trabalho mais importante de Locke para a ps icologia foi An essay co ncerning human
understanding (1690), o po nto mais alto de u m estudo de 2 0 a nos. Esse livro, publicado
em qu atro edi ções por volta de 1700 e traduzido para o fra ncês e o latim, marca o início
formal do empirismo b ritânico.
À Texto Original
Trecho sobre o Empirismo Extra ído de An Essa y Concerning Human
Underst anding (1690), de John Locke
Talvez você esteja questionando qual a razão de se ler u m texto escrito por Locke há ma i s
de 300 anos. Afinal, já lemos e discutimos a respeito de Lo cke nesta seção do li vro. Lembre-
se, no entanto , de que os autores do li vro e os professores oferecem versões, visões e per -
cepções próprias. Eles podem reduzir, abstrair e resumir infor mações originais da hi stória
para simplificá-Ias. E, nesse processo, a exclusividade da forma, do estilo e até me smo do
conteúdo original pode se perder
Para a total compreensão de qualquer sistema de pensamento, o ideal é a leitura dos dado s
históricos originais tomados como base para o escritor redigir o livro e para o professor pre~
parar a aula. Na prática, é claro, isso raramente é possível. Foi essa a razão que nos levou a
incluir partes dos dados originais - ou seja , as próprias palavras dos teóricos - de vária s
personagens que contribuíram para a evolução do pensamento psicológico. Esse s trechos
mostram como os teóricos apre sentaram suas idéias e permitem o contato com o estilo d e
explicação que se ex igia que os a lunos das gerações anteriores estudassem.
Suponhamos, então, que a Mente seja, como afirmamo s, um Papel em branco, despro-
vido de quaisquer Caracteres, sem qualquer conteúdo d e Idéias. Como virá a ser preenchida?
De onde surge esse vasto colorido, que a Fantasia Hu mana, ativa e ilimitada, nela pintou
com uma multiplicidade quase infinita? Aonde buscar á todo o recurso da Razão e do
Conhecimento? Como resposta, basta uma palavra: na Experiência. Nela se fundamenta
todo o nosso Co nhecimento e de la basicamente se deriva o próprio conhecimento. O uso
da nossa observação acerca dos Objetos senso riais externos, ou acerca das Ope rações inter-
nas da Mente, que percebemo s e sobre as q uais refletimos, é que nos proporciona a
Compreensão de todo o conteúdo do pensamen to. Sã o essas as duas Fontes do
Conhecimento de todas as Idéias qu e natu ralmente possuímos, ou que a partir da s quais
possamos vir a adquirir .
Em primeiro lugar, os Nos sos Sentidos, possuidores de r elações íntimas com determi-
nados Objetos sensoriais, transportam pa ra a Mente diversas percepções distintas dos el e-
mentos, de a cordo com as várias maneira s pelas qua is são afetados pelos Objetos. Eassim
concebemos as idéias de Amarelo, Branco, Quente, Frio, Macio, Duro, Amargo, Doce e de
todas as demais qualidades denom inadas sensoriais as quais, ao afirmar serem transporta-
das pelos sentidos para a mente , quero dizer que a partir dos Objetos externos são trans-
feridas para a me nte, produzi ndo as Perce pções. Essa imensa Fonte de pr aticamente todas
as idé ias q ue possuímos, totalmente dependente dos nossos Sentidos, e deles derivada
para o Entendimento, é o que c hamo de Se ns ação .
Em segundo lugar, A outra Fonte a pa rtir da qual a Experiência proporciona Idéias para o
Entendimento é a Pe rcepção das Operações da nossa própria Mente inter ior, de co mo e la
emprega as Idéias adq uiridas: Operações q ue, quando pass am a ser objeto de r eflexão e de
análise da Alma, produzem no Entendimento outro conjunto de Idéias , que não s eria possíve l
conceber a pa rtir dos elementos sem: a Percepção, o Pensamento, a Dúvida, a Crença, a Razão,
o Conhecimento, a Vontade e todas as diferentes ações das nossas Mentes e das quais, se tivés-
semos consciência e as ob servássemos em nossas almas, obteríamos nossos Entendimentos
como Idéias distintas, assim como agimos com nossos Co r pos que afeta m nossos Sentidos.
Dessa Fonte de Idéias t odo homem em s i é integra lmente dotado: E, embora não possa ser
Sentido, como t endo qualquer r elação com os Ob jetos e xternos, ainda assim, assemelha-se
muito e pode s e r corretamente chamado de Sentido interno. Todavia, como chamei o outro de
Sensação, a essec hamo d e Re flexão , sendo as Idéias por ele s ustentadas apenas as q ue a Ment e
obtém mediante a ref lexão sobre as própria s Operações internas. Então, por Re flexão quero
expressar a observação que a Mente realiza das próprias Operações e do seu modo , a razão
pela qual a observação transforma-se em Id éias no E ntendimento dessas Operações. Essesdois
elementos, ou se ja, os Externos ou Materiais como os ob jetos da Sensação e as Ope rações
internas das nossas Mentes como os Objetos da Refle xão , são, n a minha opinião, os ún icos e le -
mentos Originais a par tir dos quais surgem to das as nossas Idéias.
Idéias simples e id éias c omplexas. Locke f azia um a dis tinção entre idéias simples e
idéias complexas. Idéia s simples podem surgir tanto da s ensação como da refle xão e são
recebidas passivamente pela mente. Elas são elementares, ou seja, não podem ser anali-
sadas nem reduzidas a idéia s ainda mais simples. Entretanto, mediante o proc esso de
reflexão, a mente cria at ivame nte novas id éias, combinando as id éias simples. Essas
novas idéias der ivadas são chamadas por Lock e de idéias complexas. S ão compost as de
idéias simples e podem s er anali sadas e e studadas com base n as suas i déias mais simples.
Idéias simples e complexas: idéias simples são aquelas elementares, provoca das pela sensaç ão e
reflexão; idéias complexas são as der ivadas, compostas de idéias simples, podendo ser reduzidas em
componentes mais simples, e a ssim analisadas.
Associação: a noção de que o c onhecimento resulta da ligação ou assoc iação de idéias simples para
a formação de idéias comple xas.
Uma exp eriência popular desc rita por L ocke ilustra bem essa s idéias. Prepare três reci-
pientes, sendo um c om água fria, outro com morna e o t erceiro com água quente.
Mergulhe a mão esquerda na água fria, a direita na quente e, em se guida, as du as na água
morna. Uma das mãos terá a sensação de e star na água q uente e a o utra na fria. A tempe-
ratura da ág ua par a as duas mãos é a mesma, não pod e ser qu ente e fria ao me smo tempo.
As qualidades secund árias ou as experiências de calor e frio existem na nossa percepção e
não no obj eto propriamente d ito (nesse caso, na água).
Analisemos outro exemplo: se não mordêssemos uma maçã, s eu sabor não e xistiria.
As qualidades primárias, como o t amanho e a form a da maçã , existem independente-
mente de as percebermos ou não. As qualidades secundárias, como o sabor, e xistem ape-
nas no nosso ato de per cepção.
Locke não f oi o primeiro estudioso a fa zer distinção entre as qualidades prim ária e
secundária. Galileu apre sentou basicamente a mesma noção:
jetividad
desejo dee investigar
da maior parte da percepç
a mente ão humana,
e a experiência idéia queLocke
consciente. o in trsuger
igavaiu e ser
es timulava seu
a qualidade
secundária uma tentativa de e xplicar a ausência do correspondente preciso entre o uni-
verso físico e a no ssa percepção desse u niverso.
Uma vez aceita pelo s pesquisadores a teoria da dis tinção entre as q ualidades pri-
mária e secundária, ou seja, da e xistência r eal de umas e de o utras somente na nossa
percepção, era i ne vitável que alguém perguntasse se havia rea lmente uma diferença
entre elas. Talvez a percep ção exista apenas em termos das qualidades secundárias, as
qualidades subjetivas e dependentes do obs ervador. O fi lósofo a formular e responder
essa pergunta foi George Berk eley.
http://www.orst.edu/instruct/phI302/philosophers/locke.html
http://libraries.psu.edu/iasweb/locke/home.htm
Fontes de informações biográficas de Locke e a respeito de seus escritos .
http://www.rc.umd.edu/cstahmer/cogsci/locke.html
Mentalismo: doutrina que considera ser todo o conhecimento uma função de um fenômeno men-
tal e dependente da pessoa que o pe rcebe ou vivencia.
Berkeley afirmava ser a percepção a única realidade d a qual se tem certeza. Não se
pode conhecer com precisão a natureza dos objetos físic os no universo experimental -
o universo derivado da própria experiência ou nela baseado . Tudo que sabemos é com o
percebemos ou sentimos esses o bjetos. Então, sendo a percepção interna e subjetiva ,
não reflete o mundo exterior . O objeto físico nada ma is é do que o acúmulo das sensa-
ções experimentadas simultaneamente, de forma que se associem à mente pelo hábit o.
De acordo com Berkeley, portanto, o universo das nos sas experiências é o somatório d as
sensações.
Não há substância material da qual possamos ter certeza, porque, se excluirmos a
percepção, a qualidade desaparecerá. Desse modo, não existe cor sem a nossa percepçã o
de cor, a forma ou o m ovimento sem a percepção da forma ou do movimento.
A afirmação de Berkeley não era de qu e os objetos re ais apenas existem no univers o
físico quando são por nós percebidos. Sua teoria consider ava que toda nossa experiênc ia
acumulada decorre da nossa percepção e que nunca conhecemos precisamente a nature -
za física do obj eto. Contamos apenas com a própria percepção desses objetos.
Ele reconhecia, no en tanto, que havia estabil idade e consistência nos objetos d o
mundo material e que eles ex ist iam independentemente de serem pe rcebidos e entã o
tinha de achar alguma forma de co mprovar essa teoria. O argumento uti lizado foi Deus;
afinal, Berkeley era b ispo. Deus funcionava como u ma espécie de observador perma-
nente de todos os objetos do unive rso. Se a árvore caía na flo resta (assim como dizia u m
antigo enigma), a queda p roduzia um s o m, mesmo q ue não ho uvesse ninguém para
ouvi-lo, porque Deus estava sempre presente para percebê-lo.
A associação das sensações. Berkeley aplicou o prin cípio da associação para explicar
como passamos a conhecer os objetos d o mundo real. Esse conhecimento é basicamente a
construção ou a composição de idé ias si mples (elementos mentais) unidas pelo funda men-
to da associação. As idéias complexas são f ormadas pela uni ão de idéias simples recebidas
por meio dos s entidos, como explicou em An Essa y T awards a N ew T heary af Vísian :
Sentado na minha sala d e leitura, ouço uma carruagem se aproximando pela ruai olho
pela [janela] e avisto-ai saio de casa e entro nela. Assim, uma narrativa comum pode con-
duzir qualquer um a pensar que eu ou vi , vi e to quei o me smo objeto (...) a carruagem.
No entanto, apesar de afirmar serem as idéias [concebidas] por cada sentido amplamen-
te diferentes e distintas umas das outras, quando observadas constantemente juntas, aca-
bam descritas como sendo um úni co e igual objeto. (Berkeley, 17ü9/1957a.)
http://www.georgeberkeley.org.ukl
O site da International Berkeley Society (Sociedade Internacional de Berkeley)
oferece material referente a Berkeley e seus trabalhos, além de referências de
publicações sobre Berkeley e informações acerca de conferências. Também
permite a par ticipação constante de d iscussões sobre Ber keley no quadro de
avisos do site e a localização de links de s ite s relacionados.
http://www.utm.edu/research/iep/b/berkeley.htm
Oferece informações complementa res a respeito da vida e do trabalho de
Berkeley.
http://www.rc.umd.edu/cstahmer/cogsci/berkeley.html
Apresenta uma discussão sobre a relação entre o t rabalho de Be rkeley e os
desenvolvimentos mais recentes da ciência cogniti va.
Semelhança: a noção de que quanto mais semel hantes forem duas idéia s , mais rápida será a s ua
associação.
Contigüidade: a noção de que q uanto mais pró xima a ligação entre duas idéi as, no tempo ou no
espaço, mais ráp ida se rá a sua associação.
mental àdanoção
cional lei dadegravidade na física.
construção Dessecomplexas
das idéias modo, o trabalho
na mentedepor
Hume
meiooferece apoio adi-
da combinação
mecânica de idéias simples.
http://www.humesociety.org
Boa fonte de inf ormação referente a Hume e sobre os encontros da Hume
Society (Sociedade Hume).
http://www.comp.uark.edu/-rlee/semiau98/humelink.html
Apresenta referências aos trabalhos a respeito de Hum e e link s para o utros
sites .
http://cepa.newschool.edu/het/profiles/hume. htm
Oferece acesso às princ ipais publicações de Hume e a ou tros trab alhos
sobre ele.
Repetição: a noção de que q uanto mais freqüente for a ocorrê ncia de duas idéias si multâneas, mais
rápida será a sua associa ção.
Hartley concor dava com Lock e em que todas as idéias e o co nhec imento s ão resultan-
tes das experiências qu e recebemos por meio dos se ntidos e que não exist em associações
inatas nem c onhecimento ao nasc ermos. À medida que a criança cr esce e acumula uma
variedade de e xperiências sensoriais, são estabelecidas as conexões m entais de cr escente
complexidade. Dessa forma, ao chegarmos à vida adulta, os sistemas mais el evados de pen-
samentos já estã o desenvolvidos. Essa vida mental de nível mais elevado, como o pensa -
mento, o julgamento e o raciocínio, pode ser analisada ou redu zida aos el ementos mentais
ou às se nsações sim ples que lhe deram origem. Hartley foi o primeiro a aplicar a t eoria da
associação para ex plicar todos os tipos de at ividades mentais.
]ames Mill concordava com a visão de Locke a respeito da mente humana como um a
folha em branco para o registro das experiências. Quando nasceu seu filho, ]ohn, Mill
prometeu estabelecer quais experiências preencheriam a men te do garoto e empreendeu
um rigoroso programa de aulas particulares. Todos os dias, durante um período de até
cinco horas, ensinava grego, latim, álgebra, geometria, lógica, históri a e política econô-
mica ao menino, formulando perguntas até receber a resposta correta.
Aos 3 anos, ]ohn Stuart Milllia Platão no original em grego. Aos lI, escreveu o pri-
meiro trabalho acadêmico e aos 12 dominava com perfeição o curr ículo universitário
padrão. Com 18 anos, descreveu a si mesmo como uma "máquina lógica" e, aos 21,
sofreu uma depressão profunda. Sobre seu distúrbio mental, diss e: "Meus nervos fica-
ram em estado de entorpecimento (...) toda a base sobre a qual a minha vida fora cons-
truída havia ruído. ( ...) Não havia sobrado na da por que vales se a pena continuar a
viver" (Mill, 1873/1961, p. 83). Ele levou muitos anos para recuperar a auto-estima.
Mill trabalhou na Companhia das Índias Orientais, lidando com a correspondência
rotineira referente à atuação do governo inglês na Índia. Aos 25 anos, apaixonou-se por
Harriet Taylor, uma mulher linda e inteligente, porém casada, que veio a exercer grande
influência no trabalho de Mill. Cerca de 20 anos depoi s, quando seu marido faleceu,
Harriet Taylor se casou com ]ohn Stuart Mill . Ele se referia a e la como a "dádiva-mor da
minha existência" (Mill, 1873/1961, p. 111) e ficou inconsolável quando ela morreu,
sete anos depois. Ele mandou construir um chalé de ond e pudesse ver o túmulo da sua
esposa. Mais tarde, Mill publicou um ensaio intitulado The Subjection of Women, escrito
por sugestão da sua filha e inspirado nas experiências matrimoniais de Harriet com seu
primeiro marido.
Mill ficou horrorizado com o fato de as mulheres serem privadas dos direitos finan-
ceiros ou das propriedades e comparou a saga f eminina à de outros grupos de desprovi-
dos. Condenava a idéia da submissão s exual da esposa ao desejo do marido , contra a
própria vontade, e a proibição do divórci o com base na incompatibilidade de gênios. Sua
concepção de casamento era baseada na parceria entre pess oas com os mesmos direitos,
e não na relação mestre-escravo (Rose, 1983).
Mais tarde, Sigmund Freud traduziu para o alemão o en saio de Mill sobre a mulher
e, em uma carta para sua noiva, zombou d o conceito de Mill a respeito da igualdade dos
sexos. Freud escre veu: "A posição da mulher não pode ser outra se não esta: ser uma
namorada adorada na juventude e uma es posa querida na maturidade" (Freud, 188 3/
1964, p. 76).
A química mental. Devido aos seus trabalhos a bordando diversos tópicos, ]ohn
Stuart Mill tornou-se contribuinte influente no que logo se transformou formalmente na
nova ciência da psicologia. Ele combatia a posição m ecanicista de seu pai, ]ames Mill, ou
seja, a visão da mente passiva que reage mediante o estímulo externo. Para ]ohn Stuart
Mill, a mente exercia um papel ativo na associação de idéias.
Em sua proposta, afirma que idéias complexas não são apenas o somatório de idéias
simples por meio do processo de associação. Idéias complexas são mais que a simples
soma das partes individuais (as idéias sim ples). Por quê? Porque acabam adquirindo
novas qualidades antes não encontradas nos elementos simples. Por exemplo: a mistura
de azul, vermelho e verde nas proporções corretas resulta na cor branca, uma quaÍidade
completamente
tiva, nova.
a combinação De acordo
correta com essa
de elementos perspectiva,
m entais sempreconhecida como qualidade
produz alguma a síntese cria-
dis-
tinta que não estava presente nos próprios elementos.
Síntese criativa: a noção de que idéias comp lexas for madas a partir de idé ias simples adquirem
novas qualidades e a comb inação dos e lementos mentais cr ia um ele mento maior o u diferente da
soma dos elementos srcinais .
Desse modo, o pensamento de ]ohn Stuart Mill foi influenciado pelas pesquisas em
andamento na química, que lhe propo rcionaram modelos diferentes das suas idéias da
física e da mec ânica, que formavam o contexto de idéias do seu pai e dos precursores
empiristas e associacionistas. Os químicos demonst ravam o conceito da síntese , que
busca componentes químicos para mostrar atributos e qu alidades não presentes nas par-
tes ou nos elementos que os compõem. Por exemplo: a mistura correta dos elementos do
hidrogênio e do oxigênio produz a água, a qual possui propriedades não encontradas em
nenhum desses componentes. Do mesmo modo, as idéias complexas formadas a pa rtir
da combinação de idéias simples adquirem características inexistentes em seus elemen-
tos. Mill chamou a essa teoria da associação de id éias de "química mental".
]ohn Stuart Mill também contr ibuiu significativamente para a psicologia, alegando
ser possível a realização de um estudo científico da mente. Fez essa afirmação quando
outros filósofos, principalmente Auguste Comte, negavam a possibilidade de examiná-Ia
por meio de métodos científicos. Além disso, Mill recomendou um novo campo de estu-
dos que cha mou de "etologia", dedicad o aos fatores que influenciam o desenvolvimen-
to da personalidade human a.
http://www.spartacus.schoolnet.co.uklPRmill.htm
Apresenta uma visão geral da vida e do trabalho de John Stua rt Mill , incluin-
do informa ções de Harriet Taylor e o pap el da mulhe r na vida social e pol íti-
ca da época.
3. Por que os relógio s foram consid erados modelos par a o universo físico?
4. Quais a s implicações da máquina calcu ladora de Babbage na nova psicolo-
gia? Descreva a contribuição de Ada Lovelace para o trabalho de Babbage.
10. Como as idéias de Be rkeley desa fiaram a visã o de Lo cke sobre a distinção
entre as qualidades primária e sec undária? O q ue Berkeley quis dizer c om a
frase "percepção é a única realidad e"?
Sugestões de Leitura
Babbage, C. On th e principIes and d evelapment af the calculatar, and ather seminal writings.
(P.Morrison; E . Morrison, Eds.). Nova York: Dover Publications, 1961. Seleção den-
tre vários trabalhos de Ba bbage refe rentes a computadores e out ros dispositivos
mecânicos. Contém uma biografia resumida.
Gaukroger, S. Descartes: an intellectual biagraphy. Oxford, Inglaterra: C larendon Pre ss,
1995. Um relato detalhado da vida e d o trabalho de Descartes.
Landes, D. S . Revalutian in time: Clacks and the making af the madern warld . Cambridge,
MA: Belknap Press of Har vard University Press, 1983. Relatos minuciosos sobre a
invenção do relógio mecânico e o ape rfeiçoamento da precisão dos dispositivos de
medição do tem po. Apresenta uma a valiação do seu i mpacto no desenvolvimento
da ciência e da socied ade.
Lowry, R. The evalutian af ps ychalagical theary: A critical histary af concepts and pr esuppasi-
tians (2. ed.), Hawthorne, NY: Aldine, 1982. A nálise das principais propostas e pers-
pectivas que serviram de ba se para o desen volvimento da psicologia , começando
com o mecanicismo do sé culo X VII.
Reston ]r.,]. Galilea: A lif e. Nova York: Ha rperCollins, 1994. Uma biografia sens ível e de
fácil le itura de uma grande figura da história d a ciência.
Teresi, D. Lost discoveries: The ancíent roots of mod em scíence-from the Bab ylonians to th e
Maya. Nova York : Simon & Schuster, 2002. Um tr abalho que mostra como as gran-
des conquistas humanas da ciência ocidenta l (matemática, astronomia, física, qu í-
mica, geologia e tecnologia) foram previstas décadas e até séculos antes, por meio da
análise das contribuições dos índios, chineses, árabes, polinésios, maias, astecas e
outros povos.
Wood, G. Edison's Eve : A magical history ofthe quest for mec hanicallife. Nova York: Knopf,
2002. Uma descriç ão sobre o d esen volvimento do ro bô, incluindo os b rinquedos
mecânicos e os mecanismos d e entretenimento da E uropa, além da bo nec a "que
fala" inventada por Th omas Edison .