Histvin Docs
Histvin Docs
Histvin Docs
AUTOR
Alberto Vieira
EDICÄO
Centro de Estudos de História do Atlântico
Rua dos Ferreiros, 165, 9000-FUNCHAL
Telef. (091) 22965, Fax. (091) 32151
TIRAGEM
1000 Exemplares
CAPA
Rótulo antigo: serrado de vinhas da firma Cossart, Gordon & Co
em S. Martinho
COMPOSIÇÄO E IMPRESSÄO
Imprensa de Coimbra, Lda
Largo de S. Salvador, 1-3, Coimbra
ISBN Nº
Rótulo Antigo
LISTA DAS ABREVIATURAS
GC Governo Civil
T. Tomo
Fols Folios
nº. Número
Mulher madeirense.Henry Vizetelly.1880
Desde 1976 que temos dedicado parte do nosso tempo à
investigaçäo do vinho na História da Madeira. Ao longo destes
dezassete anos reunimos tudo, ou quase tudo, que com o vinho se
relaciona. Desta exaustiva recolha (material, fotográfica,
documental e bibliográfica), já fizemos sair a publico alguns
resultados: a exposiçäo sobre vinho da Madeira, que decorreu em
1982 no Teatro Municipal do Funchal e de que resultou o Museu do
Instituto do Vinho da Madeira; a publicaçäo do Breviário da Vinha
e do Vinho na Madeira (1990), um dicionário breve sobre alguns
temas do vinho.
Agora é chegado o momento de oferecer, ao leitor
interessado, uma selecçäo de documentos e textos sobre o mesmo
tema que consideramos fundamentais para a História do Vinho na
Madeira. Para uma segunda oportunidade fica a História completa
do Vinho da Madeira, desde o século XV até a actualidade, bem
como uma fotobiografia da vinha e do vinho da Madeira, que
publicite todo o nosso arquivo fotográfico.
A presente Colectânea de testemunhos sobre o vinho da
Madeira está dividida em três partes: na primeira temos os
documentos mais elucidativos, recolhidos nos arquivos oficiais;
na segunda os trabalhos de opiniäo da imprensa Funchalense a
partir de 1821; e na terceira o testemunho de autores nacionais
e estrangeiros sobre o vinho Madeira. Nesta última situaçäo temos
que nos autores nacionais a maior incidência é nos estudos
técnicos enquanto nos estrangeiros é o testemunho de visitante,
enriquecido por vezes com ilustraçöes de inegável valor
histórico, como sucede com Henry Vizetelly.
O luzidio rubinéctar que continua a correr sobre os cálices
de cristal é, näo só, a materializaçäo da pujança económica do
presente, mas também, do o testemunho de um passado histórico de
glórias. Prende-o à ilha uma tradiçäo de mais de cinco séculos.
Nele reflecte-se a época de resplendor e os momentos de crise.
Na ignorância de todos fica, quase sempre, a parte amarga
da labuta diária do colono no campo e nas adegas, o árduo
trabalho das vindimas, os borracheiros no seu passo cadenciado -
denunciado pelo eco dos seus cantares - por entre as encostas da
ilha. Para recriar esta ambiência torna-se necessário agarrar os
restos materiais e documentos e fazê-los reviver a labuta
sazonal, ou antes, desbobinar o filme que se esconde por entre
a ferrugem, a traça e o pó. Säo eles o único elo de ligaçäo com
os momentos de esplendor da faina viti/vinícola do povo ilhéu,
durante mais de cinco séculos.
O Vinho Madeira, celebrado por poetas e apreciado por
monarcas, príncipes, generais, exploradores e expedicionistas,
há alguns anos a esta parte vem perdendo o seu mercado e os seus
potenciais apreciadores. Isto resulta da situaçäo criada, entre
finais do séc. XVIII e princípios do séc. XIX, em que a grande
procura fez nascer da água e do fogo quantidades apreciáveis de
vinho velho. Depois foi o fastio em 1814. Mais tarde a natureza
fez acabar com as cepas de boa qualidade, fazendo-as substituir
pelo produtor directo que se tem mantido lado a lado com as
castas europeias numa prosmicuidade escandalosa. O futuro anuncia
o retorno ao passado com o retorno das castas tradicionais. Resta
esperar pela indispensável reconciliaçäo da hodierna
microvinificaçäo com a tradicional.
O Vinho Madeira, desde tempos recuados, adquiriu fama no
mundo colonial europeu, tornando-se a bebida preferida do
militar, expedicionista, aventureiro, em terras da América ou da
åsia. Escolhido pela aristocracia colonial, o vinho manteve-se
com lugar cativo no mercado londrino, europeu e colonial.
(...)
Publicado:
Publicado:
Concelhos
Preço
vinhos
médio
em
dos
reis
Concelhos
do
norte
preço
médio
1851
vinhos
1ª
sorte
2ª
sorte
3ª
sorte
1ª
sorte
2ª
sorte
3ª
sorte
Machico
2350
1800
1555
S.Vicente
2260rs
2000rs
1725rs
Santa Cruz
1965
1635
1235
Sant'Ana
1780rs
1580rs
1600rs
Funchal
3430
2700
2060
Camara de
Lobos
4320
3440
2000
Ponta do Sol
1900
1435
840
Calheta
2940
2590
1865
Média dos
preços dos
vinhos no sul,
por sortes
2830
2265
1590
Média no
norte por
sortes
2020rs
1790rs
1660rs
CONCELHOS DO SUL
Preços
Máximos
CONCELHOS DO
NORTE
preços
máximos
Machico
2800rs
Säo Vicente
2600rs
Santa Cruz
2000rs
Funchal
1000rs
Câmara de Lobos
5400rs
Sant'Ana
2200rs
Ponta do Sol
2600rs
Calheta
5700rs
Valores médios
dos vinhos em
Câmara de
Lobos
Valores médios
dos vinhos na
Ponta do Sol
1ª sorte
4$320rs
1ª sorte
1$900rs
2ª sorte
4$440rs
2ª sorte
1$435rs
3ª sorte
2$000rs
3ª sorte
$840rs
II
III
IV
Cultura
Dos Vinhos
CAPïTULO II
I
Regiäo Sul da Madeira
Regiäo do Norte
III
IV
Consequências
CAPïTULO III
DA DOENÇA DA VINHA
I
História
CONCELHOS
PRODUÇÄO
1851
1852
Diferença
para menos em
1852
Relaçäo entre
os dois anos
Barris
Barris
Barris
Barris
Funchal
22.941,3
2.727,8
20.213,5
100:11,8
Santa Cruz
2,987,3
400,8
2.586,5
100:13,4
Machico
6.034,7
494,6
5.540,1
100: 8,1
Câmara de Lobos
16.417,5
2.911,3
14.006,2
100:17,7
Ponta do Sol
9.061
697,9
8.363,1
100: 7,7
Calheta
9.146,1
2.127,7
7.018,4
100:23,2
S. Vicente
38.972,6
8.566,7
30.305,9
100:21,9
Santana
46.683,2
1.862,2
44.821
100: 3,9
Total
152.243,7
19.789
132.454,7
100:12,9
CONCELHOS
Valor da perda
Funchal
638.120$000 rs
Santa Cruz
50.999$000 rs
Machico
31.200$000 rs
Câmara de Lobos
150.000$000 rs
Ponta do Sol
25.000$000 rs
Calheta
20.000$000 rs
S. Vicente
120.000$000 rs
Santana
103.670$000 rs
Soma
1:137.990$000 rs
II
Sintomas
III
Natureza da doença
IV
Publicado:
ANNOS
HECTOLITROS
1853
3:167
1854
620
1855
151
1856
364
1857
423
1858
770
1859
632
A declinaçäo sensivel do mal, o enthusiamo tradicional por
esta cultura no Districto, a efficácia da enxofraçäo, como meio
preventivo, o uso ja vulgar deste processo em toda a ilha, tudo
nos faz crer que em pouco tempo a Madeira poderá offercer
novamente ao mercado vinhos da primitiva qualidade.
A crise, pela qual acaba de passar este Districto, näo foi
exclusivamente devida á molestia que täo violentamente attacou
os seus vinhedos.
De há muito que ella se preparava, pelo descredito que os
vinhos desta ilha foram pouco a pouco grangeando no estrangeiro,
com o abuso inconsiderado das estufas.
Com o fim de communicar, artificialmente, aos vinhos
qualidades que só o tempo lhes póde dar, introduzio-se na ilha,
no principio deste seculo, o processo de sujeitar os vinhos de
producçäo recente a altas temperaturas (60º ao mais) por espaço
de alguns mezes, em casas ou estufas preparadas para esse fim.
Por esta practica lançou-se imprudentemente nos mercados
estrangeiros uma grande porçäo de vinhos, muitos dos quaes mal
preparados, e estas duas circumstancias provocaram as
desconfianças dos consumidores, diminuiram a procura e
accarretaram uma baixa sensivel no preço deste genero.
Como os vinhos fossem a fonte exclusiva de receita para
este Districto, faltaram quasi repentinamente os meios de dar á
cultura da videira a assiduidade e perfeiçäo de amanhos que ella
requeria, e a producçäo baixou numa progressäo assustadora.
Com effeito em 1813 produziu a ilha 99:218 hectolitros de
vinho; depois desta epocha chegou ainda a produzir 126:000
hectolitros. De 1847 a 1852 (apparecimento da mangra) a producçäo
decresceu successivamente como se vê do mappa seguinte:
ANNOS
Hectolitros
1847
81.846
1848
57.688
1849
60.669
1850
54.448
1851
38.543
1852
8.883
Uvas Brancas
Uvas Coradas
sobre
dirigida
pelo
Publicado:
De V. Excª
Publicado:
DOS
VINHOS DA MADEIRA
PELO
CONDE DE CANNAVIAL
Publicado:
II
III
Eduardo Nunes
Publicado:
Publicado:
Publicado:
Publicado:
Publicado:
Publicado:
Publicado:
Publicado:
Publicado:
Publicado:
Publicado:
Publicado:
Travels in Madeira(...), Londres, vol.I, 1840, pp.16-23.
Sei que o contrabando é uma prática täo corrente nesta ilha
que näo há nenhuma dificuldade em obter qualquer artigo proibido
que se deseje. Entre os mais comuns estäo a aguardente Francesa
e a genebra Holandesa. Continuou-se a fazer contrabando do
primeiro destes artigos, em grande quantidade, durante algum
tempo depois da proibiçäo de bebidas alcoólicas, porque se
considerava ser a melhor bebida alcoólica que se podia utilisar
e por se recear que os vinhos näo conseguissem manter as suas
características sem ela. No entanto, a experiência mostrou-lhes
que näo só podem deixar de usar a aguardente Francesa mas também
que a aguardente feita na ilha adapta-se muito melhor à sua
finalidade.
Foi feita uma extensiva confiscaçäo de genebra durante a
nossa curta estada na Madeira, sob as seguintes circunstâncias:
Um barco partiu, dirigindo-se a um navio Holandês, na mesma noite
em que este deixou o porto, o que, sem dúvida, foi previamente
combinado, e trouxe 300 caixas de genebra, que desembarcou na
costa noroeste da ilha. Ficou lá durante esse dia e continuou,
na penumbra da noite seguinte, em direcçäo à cidade do Funchal.
Mas, durante a viagem, fez um rombo e teria afundado se näo fosse
a ajuda de um barco de pesca que estava perto, na altura. Os
pescadores foram facilmente subornados de modo a ajudarem os
contrabandistas a desembarcar e a colocar a carga ilícita numa
caverna na Baía do Padre, um pouco a oeste do Funchal. No
entanto, no dia seguinte, um incidente de muito má sorte revelou
tudo o que se passou. Um casal de namorados resolver fazer uma
excursäo do Funchal a Câmara de Lobos, e, deixando o primeiro
lugar num pequeno barco, desembarcaram, na devida altura, na Baía
do Padre. Näo tinham andado muito quando descobriram a caverna
e, tentados pela sua frescura e pela sua situaçäo solitária,
entraram nela. Para sua surpresa, viram um homem deitado numa
parte mais recuada do seu interior. Como parecia que ele estava
a dormir muito profundamente, aventuraram-se a olhar mais para
dentro, quando repararam no grande número de caixas colocadas num
canto escuro. E, suspeitando que tinham sido ali colocadas para
fugir à vigilância dos funcionários da alfândega, comunicaram
imediatamente o facto a algumas pessoas na Alfândega, na
esperança de serem recompensados pelo seu zelo. O pessoal da
Alfândega, que provavelmente já estava ao corrente da situaçäo,
näo pareceu muito ansioso em interferir, e disse aos informadores
desapontados que podiam levar algumas caixas para eles próprios
e näo dizer mais nada acerca do assunto. No entanto, pouco tempo
depois, o caso chegou aos ouvidos do Governador, que mandou
imediatamente um grupo militar para confiscar o depósito ilícito,
cujo conteúdo foi demonstrado pelo potente efeito que teve nos
soldados.
(.....)
Uma vez que o vinho é de importância vital para a
prosperidade da ilha, exige, desde logo, a atençäo de um
estrangeiro. Prevalece uma espécie de controvérsia, com melhores
razöes de um lado do que de outro, acerca das correspondentes
qualidades dos vinhos produzidos nos lados norte e sul da ilha,
segundo a qual os vinhedos do lado norte sofreram o que parece
ser uma censura indiscriminada e pouco sensata. A Verdelho é a
uva mais cultivada no lado norte, a uqal os cultivadores com mais
experiência usam para produzir o mais forte e estimado dos seus
vinhos; e quando atinge a crescimento dos vinhedos do sul, é tida
na mais alta estima. No entanto, temos que admitir que o clima
do norte é desfavorável para a uva, e que a maior parte dos
vinhos desse lado só servem para serem destilados. A causa disto
pode relacionar-se com uma variedade de circunstâncias, tais como
a marcada diferença do solo e localizaçäo, e o modo de cultivo,
colocando-se as vinhas sobre as árvores, enquanto que no lado sul
é praticado um sistema mais aprovado que consiste em colocar as
uvas sobre uma latada horizontal, levantada a dois ou três pés
do chäo. Ela suporta a planta e permite que o fruto fique bem
exposto à influência do sol. Uma maior superioridade de sabor é,
sem dúvida, assim obtida. No lado norte, as uvas säo todas da
qualidade branca, enquanto no sul há uma grande variedade, mas
principalmente de qualidade vermelha, da qual se diz que o melhor
vinho é feito. os afamados vinhedos de Malvasia e Sercial ficam
para os lados do extremo oeste da parte sul. Produz-se apenas uma
quantidade muito pequena de vinho neste local, tanto de primeira
qualidade, como de qualquer valor como vinho característico, pois
na parte mais a este desta localizaçäo há uma constante corrente
de água precepitando-se dos cumes das rochas, que muito deteriora
o valor das plantaçöes sobre as quais a sua influência se
estende. A prática de apanhar as folhas da vinha para permitir
que o calor favorável do sol chegue ao fruto, como também uma
livre circulaçäo de ar, tem sido considerada muito benéfica para
levar o fruto à perfeiçäo. Este processo traz outros lucros ao
cultivador, pois as folhas formam um alimento excelente para
engordar gado destinado a abate, dando também à carne um sabor
delicado e delicioso.
De modo geral, os vinhos da Madeira podem ser divididos em
três denominaçöes e podem ser assim descritos:
Tinto é um vinho vermelho, o produto da uva de Borgonha
transplantada para a Madeira. Bebe-se em perfeiçäo no segundo e
terceiro anos, antes de ter depositado o seu conteúdo extractico,
uma vez que depois disto torna-se um vinho Madeira, com a
consistência total e com a cor e o sabor normais.
Sercial é o produto da uva de Hock: um vinho pálido,
activo e com um sabor muito forte. Näo deve ser bebido com menos
de sete anos e necessita de muitos mais anos para atingir a
perfeiçäo.
Malvasia, quando genuíno, é um vinho rico e altamente
fortificante. Há uma variedade deste vinho que se chama Malvasia
verde, que possui alguma semelhança com o «Frontignan».
A primeira qualidade do vonho Madeira é, certamente, igual
à melhor produçäo da uva em qualquer parte do mundo pelo seu
sabor aromático e efeitos benéficos. Por isso, é muito lamnetável
que uma quantidade täo pequena deste vinho, no seu estado puro,
seja enviada para os mercados estrangeiros e que a sua qualidade
seja sacrificada pelas especulaçöes sórdidas de comerciantes sem
princípios. Consumidores de vinho em Inglaterra säo muitas vezes
enganados pela ideia de que uma viagem às ïndias Orientais ou
Ocidentais é suficiente para garantir a excelência do vinho. Mas
isto é uma falácia obvia, pois, se o vinho näo fosse de boa
qualidade quando exportado da ilha, mil viagens näo o poderiam
tornar no que nunca tinha sido. Todos os comerciantes na Madeira
sabem bem que uma grande parte dos vinhos assim exportados säo
de uma qualidade inferior, e säo adquiridos em troca de géneros
por pessoas geralmente conhecidas como comerciantes por troca.
Posso aqui referir, com uma observaçäo geral, que os bons
vinhos Madeira säo igualmente melhorados pelos extremos do calor
ou do frio e que a humidade é sempre prejudicial para eles.
Ultimamente introduziu-se na Madeira vinhas de Borgonha.
Está muito errada a opiniäo corrente segundo a qual os vinhos de
Tenerife e dos Açores säo para aqui trazidos para lhes dar o
sabor do Madeira, sendo depois enviados para os mercados
estrangeiros como produçäo da ilha. Embora o contrabando seja
abertamente realizado e em tais dimensöes que devia destruir uma
opiniäo täo falaz, qualquer pessoa que se relacione com esta ilha
deve estar consciente da completa impossibilidade de introduzir
vinhos estrangeiros com a finalidade de os exportar outra vez
como produçäo da ilha; em primeiro lugar porque todos os
habitantes quereriam resistir a tal tentativa, com a certeza de
que a introduçäo actuaria contra os seus próprios interesses, e
pelo receio óbvio de que a maior quantidade e a qualidade
inferior dos vinhos adulterados prejudicariam o carácter e
reduziriam o preço do seu próprio vinho.
Além disso, o grande aumento que causaria na quantidade
enviada para fora da ilha, tornaria muito difícil aos especulado
res de vinhos falsificados evitar serem descobertos. É, por isso,
muito mais razoável supor que as misturas têm lugar nos mercados
para onde o vinho é enviado. A sua grande procura tenta as
pessoas relacionadas com o tráfico a entrarem numa fraude que tem
tido o efeito de tanto deteriorar os vinhos materialmente que,
por fim, eles começaram a perder o seu antigo carácter, a sair
de moda, e, consequentemente, a diminuir na procura, bem como no
preço. Sabe-se que este sistema de misturar diferentes vinhos
para aumentar a quantidade de um vinho favorito, prevalece, em
grande número, nos de França e Portugal. Os Claretes do mercado
de Londres säo principalmente preparados para esse fim, e, na
viagem, perdem muito da natureza pura da produçäo original. E a
quantidade de Porto adulterado que é vendido em Inglaterra é
quase inacreditável. É também um facto bem sabido que há mais
Tokay vendido no continente e em Inglaterra durante um ano, do
que o espaço limitado onde é produzido - as montanhas da Hungria
- poderia produzir em vinte anos.
Mas, independentemente desta viciaçäo a que os vinhos estäo
sujeitos, há também uma outra causa para a qualidade inferior
daqueles vinhos que constituem a verdadeira produçäo das ilhas.
Alguns Ingleses e outros estrangeiros, de uma classe muito
diferente da dos respeitáveis comerciantes Ingleses que há já
muito tempo aqui se estabeleceram, dedicam-se à exportaçäo de
vinhos em vez de tratarem do negócio que originalmente
estabeleceram na ilha. Eles pensaram que se tornaria proveitoso
comprar vinhos baratos e, claro, inferiores, com a finalidade de
os enviarem para os mercados Europeus, com a convicçäo de que
tudo o que fosse conhecido como produçäo genuína da Madeira seria
vendido. Através deste método para aumentar o seu negócio, chegou
ao estrangeiro a pior espécie do produto nativo e tomou o lugar
da melhor. Claro que há uma grande variedade de qualidades; mas
näo há qauntidade de vinho de primeira qualidade superior ao que
é necessário para dar sabor aos seus vinhos inferiores; e só
adaptando-os a essa finalidade é que seriam capazes de prover uma
quantidade suficiente para a enorme procura nos vários mercados
que têm que abastecer.
Pode-se observar pela seguinte tabela sobre a exportaçäo
de vinho da Madeira, que a procura diminuiu rápidamente em 1825,
6 e 7, devido às causas acima mencionadas.
meses
1825
1826
pipas de 110
gal.
barril
de 55
q.c. de
4 27,5
0,5
q.c.
de
15
pipas
medida
velha
barril
Q.C.
0,5
q.c.
Janeiro
1367
1
0
0
1092
1
1
1
Fevereiro
751
1
0
1
420
1
1
1
Março
1915
1
0
0
905
1
1
1
Abril
2463
0
1
0
777
1
1
1
Maio
1252
1
1
0
1826
1
1
1
Junho
1112
1
1
0
866
0
0
1
Julho
1329
1
1
1
488
1
0
1
Agosto
677
1
0
0
978
1
0
0
Setembro
741
0
0
1
317
0
0
1
Outubro
1338
1
1
0
730
1
1
1
Novembro
881
1
1
0
703
1
0
1
Dezembro
599
0
0
1
289
1
0
0
14 425
9
7
4
9 391
10
6
9
meses
1827
Pipas
Barris
Q.C.
0,3 Q.C.
Janeiro
371
1
0
1
Fevereiro
573
0
0
0
Março
252
0
1
1
Abril
958
1
1
1
Maio
1539
0
1
0
Junho
535
0
1
1
Julho
567
1
1
0
Agosto
279
0
1
1
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
5274
3
6
5
12.John Driver.1834
Publicado:
Publicado:
The flag ship: or a voyage around the world, N.Y., 1840, pp.106-
109
A ilha da Madeira é conhecida pelos Americanos principal
mente devido aos seus vinhos; e em anos anteriores, pelas
quantidades de cereais que eram importados dos Estados Unidos
para a ilha. Nos últimos anos, o número de embarcaçöes aqui
chegadas, vindas dos Estados Unidos, diminuiu, embora ainda seja
matéria de algum interesse para o nosso comércio.
A parte principal do comércio está nas mäos dos comercian
tes Ingleses que têm residência permanente na ilha, com as suas
famílias.
Os pormenore seguintes, relacionados com o cultivo da vinha
e o modo de segurar o seu produto, podem näo ser de pouco
interesse, pela forma como säo transmitidos, na sua essência, num
esboço de Mr. Bowditch. O melhor tipo de uva para fazer vinho säo
a Boal, Sercial, Verdelho, Negra Mole e Malvasia. Diz-se que elas
näo säo saborosas para comer como fruto. As vinhas propagam-se
através de mergulhias em valas. O modo comum de colocar as vinhas
é em latadas, feitas de cana vulgar e a dois ou três pés acima
do chäo. O início da colheita das uvas para a produçäo do vinho
ocorre em principios de Setembro. As uvas säo primeiro
esmagadas com os pés numa tina feita de madeira ou escavada na
rocha; e o sumo assim expremido é distinguido como "vinho da
flor"; as uvas esmagadas säo entäo reunidas e colocadas num rolo
dentro de uma corda espessa, feita dos rebentos de vinha
entrelaçados e sujeitas várias vezes à prensa, para que se
obtenha a segunda qualidade de "mosto". Esta é normalmente
misturada com a anterior e mudada no mesmo dia para cascos para
fermentar. A rapidez da fermentaçäo depende em parte da
temperatura do tempo e também da boa maturaçäo da uva. A reacçäo
mais intensa geralmente dura cerca de um mês ou seis semanas; mas
verificou-se a continuaçäo de um certo grau de fermentaçäo
particularmente nas qualidades mais ricas de vinhos. A bebida é
clareada por um tipo de gesso importado, sobretudo de Espanha;
esta é a última parte do processo. Por volta do início do ano o
vinho é trasfegado da borra.
No caso do vinho Tinta, feito da uva preta chamada Negra
Mole, as uvas säo apenas esmagadas uma vez por pressäo e depois
o sumo é escoado através de uma peneira que permite que passem
as cascas e as sementes, ficando para trás os talos; tudo isto
é vertido numa tina aberta e mexido três ou quatro vezes por dia
até que a fermentaçäo acabe, sendo entäo trasfegado para barris.
Ao fazer o vinho branco, os diferentes tipos de castas säo
geralmente misturados, excepto a Malvasia ou Malmsey e a Sercial.
A primeira é geralmente deixada amadurecer mais um mês do que
qualquer outra até que a casca comece a murchar. A uva Malmsey
é produzida apenas em alguns locais dotados de uma peculiar
temperatura de exposiçäo. A uva nem sempre produz um vinho doce.
Na realidade, só o faz numa ou duas situaçöes. Noutros casos, é
deitado açúcar, queimado por uma madeira especial. A Sercial só
vinga em lugares especiais. A quantidade produzida raramente
atinge cinquenta pipas por ano.
Normalmente deita-se uma certa quantidade de aguardente,
cerca de dois galöes por pipa ou mais nos vinhos para exportaçäo,
com excepçäo, creio eu, do Tinto. Também no tempo de guerra,
quando por causa da grande procura os comerciantes eram incapazes
de manter qualquer reserva à disposiçäo, era vulgar amadurecerem
o vinho em fornos, elevando a temperatura gradualmente de 60 a
100 graus; e é ainda usual submeter uma certa parte da produçäo
a esta operaçäo com temperatura artificial. O amadurecimento do
vinho é assim, sem dúvida, acelerado, mas pondo, de certo modo,
em causa a delicadeza do seu sabor.
A quantidade média de produçäo por toda a ilha é uma pipa
por acre, embora nalguns casos quatro pipas tenham sido
produzidas.
O vinho do norte da ilha é geralmente de qualidade
inferior. É quase todo consumido na ilha ou transformado em
aguardente. Há cerca de doze destilarias. Três pipas de vinho
fazem uma de aguardente.
A quantidade de vinho produzido durante os últimos cinco
anos, de acordo com uma lista que me foi fornecida pelo Cônsul
Americano é a seguinte:
Publicado:
Publicado:
QUALIDADES DE VINHOS
MANUFACTURA DO VINHO
Publicado:
Publicado:
Brazil, the River Plate and the Falkland islands; with the cape
Horn route to Australia, including notices of Lisbon, Madeira,
the Canaries and Cape Verds, Londres, 1854, pp-69-70.
Infelizmente, a populaçäo que depende da sua principal
produçäo - as vinhas - sofreu neste como no último ano grandes
quebras no referido produto por causas quase incompreensíveis ou,
pelo menos, irremediáveis e de consequências quase täo
calamitosas, embora em pequena proporçäo, como o aprodecimento
da batata nas nossas ilhas, Eu näo acreditaria sem o ver: por
todo o lado as uvas estavam murchas, como ervilhas secas e, em
muitos casos, as árvores pareciam definhar. Tal terrível provaçäo
parece-me que nunca foi aqui conhecida anteriormente. Ela
compartilha muito do mesmo carácter virulento das doenças que em
tempos afectaram a produçäo cerealífera e algo de semelhante
ocorreu com marcada violência nas Ilhas Canárias em 1704. Dois
anos de fracasso com uma vindima, numa ilha como a Madeira,
representaria praticamente a destruiçäo se näo fossem os seus
outros recursos vegetais ilimitados; e, como no caso da
destruiçäo da batata irlandesa, é prognosticavel que muito de bom
possa surgir para a populaçäo a partir do crescente estimulo para
a indústria assim ocasionado, sendo ela conduzida de modo a näo
colocar uma dependência demasiado grande em qualquer produto. No
entanto, é uma visäo melancólica observar que o suporte de toda
uma populaçäo é atingido por täo inesperada doença. Todos os
meios tentados para impedir o seu progresso, mas sem sucesso; e
se ela continuar a sua devastaçäo, o vinho Madeira estará de
quarentena até que consiga notável recuperaçäo daqui a alguns
anos quando, por motivos naturais, ele estiver mais em voga e fôr
mais procurado do que tem acontecido desde há bastantes anos.
18.F.R.G.S. 1863
Publicado:
Publicado:
Publicado:
Publicado:
A Fama inicial do vinho da Madeira - Viagem para a Ilha a bordo do African - despedidas
em
Southampton - O Navio aporta em Plymouth - Os nossos Amigos Passageiros - Variedades
de Peixe e Caranguejo
da Cidade do Cabo - História da Descoberta Espantosa do Engenheiro Chefe Jones -
Avistamos o Porto Santo
e depois a Madeira - Aparência da última vista do mar - Veículo anfíbio de desembarque
Madeirense - Carros
de Bois e Carroças - Excursäo de Barco a Santa Cruz - O Vinhedo da Messrs. Krohn aí
situado - O Método
de colocar as Vinhas - Colhendo e Pisando as Uvas - A Proximidade Agradável de um
Tubaräo - Passeio à Quinta
do Monte - A Vindima no Vinhedo do Sr. Leacock em Säo Joäo - Tratamento das Vinhas
atacadas pela Filoxera
e pelo Oídio - Pisando e Espremendo as Uvas - Um Homem que pisa as uvas agita-se sobre a
Vara.
Uma descida em Carro de Cesta para o Funchal - Excursäo com um Grupo de Pessoas
transportadas em Redes
aos Vinhedos no Lado Sul da Ilha - Encontro com alguns Boracheiros trazendo para baixo,
em Odres de Pele
de Cabra, Vinho acabado de fazer - A Freguesia de Säo Martinho - A Ravina da Ribeira dos
Socorridos - Vista
do Pico de Câmara de Lobos - Os seus Vinhedos destruídos pela filoxera - Pequeno Almoço
na Escola de uma
Dama - os Vinhedos do Estreito - Atravessamos o Ribeiro do Vigário - Subida até ao Cabo
Giräo, o mais alto
Promontório do mundo contra o qual o Mar joga com Violência - Almoçamos lá e os nossos
Carregadores fazem
a sua Sesta - Descida ingreme e Difícil para Câmara de Lobos - Regressamos ao Funchal de
Barco - Perigoso
Redemoinho da Ponta da Cruz - Excursäo a Cavalo aos Vinhedos do Distrito de Santo
António - Os Mirantes
Madeirenses ou locais de Observaçäo - Vestuário escasso usado pelas Crianças - Os Poios da
Madeira com
muitas centenas de Milhas - Posse da Terra na Ilha - Renda paga em Géneros - O Vinhedo do
Senhor Salles -
Visitamos o Vinhedo conhecido como Mäe dos Homens, num carro de bois - Achamos os
Animais mais Pacientes
e Calmos do que os seus Condutores Excitados e Barulhentos - Os Vinhedos Principais no
Lado Norte da Ilha.
Publicado:
VINHO
Publicado:
Publicado:
(...)
Para grande alegria e alívio do Regente, isto näo foi
necessário e os documentos relacionados com a transferência
proposta näo viram luz até muito depois.
No período de 1860, havia, de acordo com Paulo Perestrello,
dez casas comerciais Inglesas, dez de outras nacionalidades
estrangeiras e dez Portuguezas. Algumas destas exportaram mais
tarde os seus vinhos para o Brasil e receberam em troca escravos
ou ouro.
Em 1658 foi nomeado o primeiro Cônsul Inglês, John Carter.
Embora em 1603 tenha sido nomeado um cônsul para a Flandres no
Funchal chamado Pedro George, o segundo consulado foi o francês
em 1626, de Raimond Biard; em 1662, Jacinto Biard, e em 1678,
François Biard. Três cônsules Ingleses, Richard Millis, John Arls
e William Bolton, sucederam-se no ano de 1691. Os últimos
cônsules Ingleses säo os seguintes: Mr Nash por volta do ano de
1760, Mr. Pop, Mr. Chambers, Mr. Cheap, Mr. Murray, Mr. Pringle,
Mr. Veith, Mr. Stoddart, Mr. Erskine e Mr. Hayward, nomeado em
Dezembro de 1867.
Foi a 18 de Novembro de 1724 que a Madeira sofreu uma forte
cheia que destruiu a cidade de Machico e causou prejuízos em
muitas partes do Funchal; e em Março de 1748 um terrível tremor
de terra causou muitos prejuizos em grandes prédios especialmente
igrejas. A Madeira sentiu o enorme tremor de terra de Lisboa de
1755, mas ligeiramente.
Apesar dos muitos problemas, os antigos escritores dizem
que o comércio de vinho da Madeira aumentou rapidamente, pois
José Soares da Silva recorda que neste período a Madeira exportou
20,000 pipas anualmente, além de aguardente.
Em 1761 a escravatura foi proibida em Portugal mas só em
1773 foi abolida na Madeira.
Durante a regência de D. Maria I e no reinado do seu filho,
D. Joäo VI, foi prestada muita atençäo ao cultivo apropriado das
vinhas. As leis e regulamentos impostos eram rigorosos quanto a
manter os vinhedos sem qualquer outro tipo de cultura próximo das
vinhas pois podia estragá-las.
Tinham atingido entäo maior pujança ao passo que as
plantaçöes de cana-de-açúcar eram obrigadas a dar lugar à vinha,
e as pessoas tinham cada vez mais cuidado com os seus vinhedos.
Terá interesse saber-se que desde 1784 até 1794 cerca de
196.140 galöes de vinho Madeira foram exportados anualmente para
Inglaterra, aumentando gradualmente a exportaçäo até 1821, data
em que se atingiu o máximo - 400.476 galöes - devido às guerras
continentais que impediam a Inglaterra de se fornecer de outros
paises.
Depois da paz, a quantidade exportada para Inglaterra
diminuiu e em 1812 apenas atingiu 65.509 galöes de Madeira, mas,
durante esses anos, o continente e especialmente a Rússia, as
ïndias Orientais e Ocidentais e os Estados Unidos da América
importavam grandes quantidades.
O "Oidium Tuckeri", em 1852, constituiu um obstáculo fatal
para a produçäo de vinho a qual, lutando contra este grande
problema, reviveu pouco a pouco e, por volta de 1860, tinha
atingido quase uma completa recuperaçäo face a este insidioso
inimigo.
Muitos vinhedos produziam com muita abundância devido ao
cuidado prestado e á atençäo dada ao seu uso apropriado de
enxofre quando alguns anos atrás a Phylloxera Vastatrix, em 1873,
começou a devastar alguns vinhedos, especialmente na regiäo de
Câmara de Lobos. Foram feitos grandes esforços para encontrar um
meio de destruir este insecto daninho; mas o senhor Leacock, no
seu belo vinhedo em Säo Joäo, foi, até ao momento, o único
experimentador que obteve êxito, recuperando vinhas que pareciam
quase perdidas.
O seguinte quadro mostra o grande sucesso que os produtores
e comerciantes de vinho tiveram no final do século passado e
início deste:
Em 1813...............................22.000
Em 1814...............................14.000
Em 1815...............................15.000
Em 1816...............................12.000
Em 1818...............................18.000
Em 1825...............................14.000
A partir dessa altura, diminuiu para uma média de 7.000,
até 1852 e nos anos seguintes quando o Oidio apareceu, como já
referimos.
As exportaçöes de vinho da ilha para todas as partes do
mundo no ano de 1880 foram quase 4.000 pipas, sendo os maiores
importadores a Rússia, a Alemanha, o Reino Unido, a França e o
Brasil.
Dentro e á volta do Funchal näo há actualmente vinhedos
muito extensos. No entanto, as vinhas crescem em corredores,
sobre quase todas as paredes e em todos os espaços livres,
rodeando terrenos com outras culturas.
Os principais locais com vinha, no lado sul da ilha, säo
em Säo Jorge, Santo António, Säo Martinho e Säo Roque, perto do
Funchal. Mais para oeste, Câmara de Lobos (aqui os vinhedos foram
completamente devastados), Campanário, Estreito da Calheta, Paul
do Mar e alguns outros locais. Para lá do Campanário, à beira
mar, fica a Fajä dos Padres, um extenso pedaço de terra sob os
penhascos, causado por um desabamento de terras. Foi em tempos
propriedade dos Jesuítas, mas agora pertence à família Netto e
é notável por produzir o melhor vinho Malvasia.
No lado norte da Madeira, grande quantidades de vinhos säo
cultivadas no Porto Moniz, Seixal, Säo Vicente e Ponta Delgada,
Arco de Säo Jorge e também da costa entre esses locais e, em
menos quantidade, no Porto da Cruz e Faial.
As variedades principais de uvas para fazer vinho säo as
seguintes: Malvasia, Bual, Sercial (cultivada, na sua maioria no
Paúl do Mar), Tinta, a uva Borgonhesa negra e o Verdelho. Esta
última é a uva principal para a produçäo de vinho. Presentemente,
três quartos das vinhas säo da espécie Verdelho.
Como em França e noutros países produtores de vinho que
presentemente sofrem a praga da Phylloxera, também na Madeira se
verificou que as vinhas Americanas resistem melhor às devastaçöes
deste insecto. Algumas espécies de vinhas Americanas säo
completamente imunes à Phylloxera. Muitas destas vinhas estäo
sendo agora plantadas a partir de mergulhias saudáveis nas quais
se enxertam a Tinta, o Verdelho e outras uvas boas para a
produçäo de vinho.
A vinha Isabel, introduzida depois do aparecimento
repentino do Oídio em 1852, na esperança de ser á prova deste,
é presentemente a vinha Americana mais comum e, embora näo seja
imune à Phylloxera como outras, oferece mergulhias saudáveis que
resistem imenso ás devastaçöes dos insectos, por isso, está a ser
plantada em muitos vinhedos para substituir as hastes que foram
destruídas.
O Sr. Joäo Salles Caldeira, no seu grande e belo vinhedo
em Santo António, tem feito replantaçöes com estas hastes
Americanas e foram plantados vários milhares de rebentos nas
duas últimas estaçöes com bons resultados. As vinhas na Madeira
säo, na sua maioria, colocadas em "Latadas", a alguns pés do
chäo, e as uvas säo pisadas por homens em "lagares" antiquados.
A vindima prolonga-se durante Agosto, Setembro e início de
Outubro.
O vinho novo das localidades fora dos limites do Funchal,
onde os caminhos säo maus para os bois, é geralmente transportado
em odres de pele de cabra ou "borrachos" e os homens que os
transportam carregam este enorme peso às costas, amarrado com uma
tira de pano à testa, chegando por vezes em grandes grupos de
trinta ou quarenta homens e mais.
25. J. Jonhson.1885
Publicado:
Publicado:
1828............9623 pipas
1829............8104 "
1830............5499 "
1831............5533 "
1832............7163 "
1833............8683 "
1834............9228 "
1835............7730 "
1836............7913 "
1837............8123 "
1838............9828 "
1839............9043 "
1840............7975 "
1841............7157 "
1842............6270 "
Publicado:
Publicado:
A VINHA E O VINHO
ANO
PIPAS DE
EMBARQUE
ANO
PIPAS DE
EMBARQUE
1774
7073
1847
5577
1775 a 1787
-
1848
5829
1788
10819
1849
7370
1789
11762
1851(1)
7301
1790
13713
1852
6690
1790 a 1797
-
1853
4201
1798
12429
1854
2227
1799
14666
1855
1776
1800
16981
1856
1891
1801
16732
1857
1798
1802
14933
1858
1281
1803
12967
1859
1328
1804
11041
1860
1013
1805
13223
1861
1289
1806
14015
1862
981
1807
16701
1863
723
1808
13994
1864
810
1809
15363
1865
536
1810
11273
1866
823
1811
8575
1867
849
1812 a 1819
-
1868
871
1820
18554
1869
987
1821
9916
1870
1110
1822
18558
1871
1011
1823
8083
1872
1654
1824
10980
1873
2154
1825
14431
1874
2060
1826
9898
1875
2322
1827
8424
1876
2568
1828
9623
1877
2476
1829
8104
1878
2125
1830
5499
1879
2923
1831
5533
1880
3691
1832
7163
1881
8417
1833
8683
1882
4260
1834
8875
1883
3854
1835
7730
1884
4399
1836
7913
1885
4905
1837
8123
1886
5227
1838
9832
1887
4247
1839
9044
1888
5872
1840
7976
1889
5195
1841
7157
1890
5592
1842
6270
1891
6316
1843
7886
1892
5077
1844
7054
1893
5168
1845
7179
1894
5289
1846
8190
1895
5997
1896
5917
Comerciantes de Vinho
INTRODUÇÄO
1.DOCUMENTOS
1.1.Fontes Diplomáticas
1545/Março/26
Regimento sobre a imposiçäo do Vinho para a Cidade de Lisboa
(treslado do Funchal para a Calheta em 1628 e, depois, para o
Funchal em 1633).
1722/Outubro/20, Lisboa.
- Ordem do Conselho da Fazenda.
1755/Janeiro/20, Lisboa.
Mandado sobre a medida das pipas de vinho.
1774/Outubro/1, Funchal.
Provimento de Condutor de Vinhos para Taberna.
1781/Outubro/27, Lisboa.
Instruçöes sobre a promoçäo da agricultura.
1782/Julho/31, Funchal.
Conta sobre o contrabando.
1783/Maio/16, Funchal.
Informaçäo dada ao Governador pelo Corregedor acerca do Porto
Santo.
1783/Junho/1, Funchal.
Instruçöes para o Director e Inspector de Agricultura no
Porto Santo.
1784/Agosto/12, Funchal.
Regimento das vindimas.
1784/Setembro/4, Funchal.
Regimento das vindimas.
1785/Setembro/13, Funchal.
Regimento sobre o movimento interno do vinho.
1785/Agosto/16, Funchal.
Regimento regulador das vindimas e circulaçäo do vinho.
1786/Agosto/16, Funchal.
Bando sobre as vindimas e lotaçöes dos vinhos.
1787/Fevereiro/14, Funchal.
Provisäo àcerca dos vinhos do Porto Santo.
1789/Janeiro/26, Funchal.
Carta de marcador de pipas.
1796/Fevereiro/12, Funchal.
Resposta do Senado da Camara àcerca da marcaçäo das pipas.
1798/Janeiro/31, Funchal.
Pedido ao cabido da Sé para se fazerem preces devido à falta
de chuva.
1801/Setembro/29, Funchal.
Representaçäo dos homens de negócio sobre a entrada do vinho
de fora.
1803/Fevereiro/8, Funchal.
Representaçäo dos comerciantes sobre as estufas.
1813/Junho/30, Funchal.
Representaçäo da Camara à Junta de Real Fazenda.
1813/Agosto/13, Funchal.
Carta do Governador à Camara da cidade.
1813/Agosto/15, Funchal.
Resposta da Camara ao ofício do Governador.
1814/Julho/28, Funchal.
Sobre a aguardente do Brasil.
1814/Julho/29, Funchal.
Requerimento do Consul inglês.
1814/Julho/30, Funchal.
Resposta da Camara ao requerimento do Consul inglês.
1814/Julho,30, Funchal.
Representaçäo ao Rei sobre a proibiçäo de venda das
aguardentes nas tavernas da cidade.
1814/Março/21, Funchal.
Edital sobre a proibiçäo bebidas estrangeiras.
1814/Julho/20
Resposta da Camara sobre questäo da entrada de bebidas.
1814/Agosto/13, Funchal.
Representaçäo da Camara sobre a proibiçäo de entrada de
bebidas estrangeiras.
1815/Dezembro/20, Funchal.
Representaçäo à Corte no Rio de Janeiro.
1816/Agosto/29, Funchal.
Representaçäo da Camara sobre as bebidas estrangeiras.
1816/Novembro/7, Funchal.
Representaçäo da Camara sobre as bebidas estrangeiras.
1817/Maio/22, Funchal.
Resposta do Procurador do Concelho àcerca das bebidas
espirituozas.
1817/Dezembro/4, Funchal.
Oficio do Secretário da Junta do Melhoramento d'Agricultura
sobre memória do inspector da agricultura.
1818/Agosto/13, Funchal.
Requerimento dos negociantes e proprietários sobre a tirage
dos Vinhos no Calhau.
1819/Maio/29, Funchal.
Representaçäo sobre as bebidas espirituozas.
1819/Julho/14, Funchal.
Representaçäo sobre as bebidas espirituozas.
1819/Agosto/2, Funchal.
Representaçäo da Camara à Junta do Melhoramento sobre as
estufas.
1820/Dezembro/6, Funchal.
Representaçäo ao Governador.
1821/Janeiro/21, Funchal.
Offício do Governador, Sebastiäo Xavier Botelho, para o Conde
dos Arcos, em que especialmente se refere ao commercio dos
vinhos da Madeira, nos excessivos tributos, que pagavam os
seus habitantes, ao aproveitamento da água das levadas, etc.
Funchal, 16 de Janeiro de 1821.
1821/Agosto/23, Funchal.
Representaçäo às Cortes.
1821/Agosto/23, Funchal.
Representaçäo respectiva à proibiçäo das aguardentes.
1822/Abril/19, Funchal.
Representaçäo às Cortes sobre as aguardentes.
1822/Abril/30, Funchal.
Representaçäo às Cortes sobre as aguardentes.
1823/Março/20, Funchal.
Representaçäo de Junta da Fazenda a respeito do juiz
d'Alfandega.
1823/Dezembro/31, Funchal.
Representaçäo dos negociantes e proprietários sobre a entrada
de aguardente de França.
1824/Janeiro/3, Funchal.
Representaçäo da Camara a S. M. sobre as aguardentes.
1824/Março/5, Funchal.
Informaçäo da Camara ao requerimento da Companhia Nova sobre
entrada de aguardente.
1827/Junho/27, Funchal.
Ofício do Governador, José Lucio Travassos Valdez, remettendo
ao Ministro da Marinha e Ultramar, Antonio Manuel de Noronha,
um relatório sobre a situaçäo agrícola, commercial e
economica da Madeira.
1833/Dezembro/13, Funchal.
Registo representaçäo de Camara a Junta de Real Fazenda
àcerca de proibiçäo de cachaça.
1834/Agosto/12, Funchal.
Representaçäo à Comissäo Municipal pelos cidadäos àcerca da
estufa.
1835/Novembro/10, Funchal.
Representaçäo da Camara Municipal à Rainha sobre aguardente
de canas e bebidas espirituozas.
1839/Janeiro/7, Funchal.
Officio do administrador geral enviando à Camara um accordäo
do conselho de districto acerca das vindimas.
1849/Novembro/21, Funchal.
Acta da Instauraçäo da Sociedade Agrícola.
1843/Novembro/22, Funchal.
Resposta da representaçäo que a Camara dirigiu aos deputados
da Naçäo.
1882/Dezembro/20, Funchal.
Actas das reuniöes da Comissäo anti-filoxérica.
1888/Abril/25, Funchal.
Actas da Comissäo de Auxílio à Lavoura.
1.2.OS JORNAIS
1.O Vinho
O Defensor da Liberdade, nº 1.
O Defensor, nº.53
O Imparcial, nº.86
O Defensor, nº.53.
Semanário Oficial, nº 8.
A Ordem, nº 176.
A Ordem, nº 178.
A Imprensa, nº 10.
2. A Aguardente
3.AS Estufas
A Flor do Oceano, nº 2.
4. Aspectos económicos
O Baratíssimo, nº 1.
O Defensor, nº 115.
O Defensor, nº 114.
O Imparcial(1842)
O Baratissimo, nº.1
O Imparcial, nº 80.
A Ordem, nº 55.
O Defensor, nº 178.
2.TEXTOS
2.1.AUTORES NACIONAIS
2.2.AUTORES ESTRANGEIROS
G. Landi. 1574.
J. Ovington. 1689.
G. Forster, 1777.
Anónimo. 1801.
T. E. Bowdich. 1825.
John Driver.1834
F. W. Taylor. 1840.
R. White. 1851.
Edward Vernon Harcourt. 1851.
E. S. Wortley. 1854.
W. Hadfield. 1854.
F. R. G. S. 1863.
S. G. W. Benjamin. 1878.
Henry Vizetelly.1880
E. M. Taylor. 1882.
J. Johnston. 1885.
J. A. Dix. 1896.
A. Samler Brown.1890