Psicologia Humanista PDF
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Resumo
Abstract
The north american Humanistic Psychology appeared about fifty years ago, coming up as
a third force capable to confront what was judged by them as a determinist
dehumanization of the human being promoted by Behaviorism and Psychoanalysis.
Presenting there version of the object of Psychology as endowed with an amount of
freedom, creativity and pro-activity, the authors of Humanistic Psychology refused to
abandon the experimental method, proclaiming there approach as modern science.
Therefore, they inaugurate a new dilemma, that has accompanied the Humanistic
Psychology history: would they be able to maintain their adhesion to scientific method to
what their research object is not adapted or would they have to transform the image of
science to adapt it to there human being image? This article defends that Humanistic
Psychology, even with the proclaimed adhesions of Maslow and Rychlak, ended for
abandoning the experimental method to adhere to finalists investigations.
possíveis, isto não ofereceria uma descrição adequada da natureza humana pois,
seguindo a sentença gestaltista, a pessoa é mais do que a soma de cada comportamento
isolado. Para os humanistas, o homem é um todo único e indivisível, é uma gestalt.
Mas a Psicologia Humanista não se constituiu somente como uma reação ao
Behaviorismo, mas também como uma reação à Psicanálise, que era considerada por
esta determinista, reducionista e dogmática. O foco das críticas dos psicólogos
humanistas era de novo a imagem de Homem, desta vez, a admitida pela Psicanálise.
Segundo eles, a visão da natureza humana em Freud era pessimista, fatalista e
excessivamente centrada no lado negro do ser humano. Como diz De Carvalho (1990),
os humanistas argumentavam que para Freud "nada além de destruição, incesto e
assassinato poderia se seguir se uma natureza básica humana encontrasse expressão
completa" (p. 34). Assim, ainda segundo De Carvalho, para Freud, a pessoa
permaneceria para sempre fixada em emoções originadas de traumas da infância. O
homem não seria nada além de um produto de poderosas pulsões de fundo biológico,
que se manifestariam de acordo com a história do passado de cada um.
Outra acusação que o humanismo fazia de modo geral à Psicanálise foi formulada
originalmente por aquele que é o nome mais representativo do movimento, Abraham
Maslow. Ele a acusa de estudar somente indivíduos perturbados: neuróticos e psicóticos.
Como disse Maslow (1963), "o estudo de espécimes aleijados, enfezados, imaturos e
patológicos só pode produzir uma Psicologia mutilada e uma filosofia frustrada" (p. 234).
A Psicologia deveria portanto se voltar para o estudo das qualidades e características
positivas do Homem, como a alegria, o altruísmo, a fruição estética, a satisfação ou o
êxtase. Enfim, psicólogos deveriam estudar o homem sadio, não a psicopatologia. Apesar
de conceder à obra freudiana um valor relativo por proporcionar uma revolucionária visão
da motivação humana, os humanistas como Frick (1973) consideram que a Psicanálise
estabeleceu fundamentos teóricos responsáveis pela disseminação de uma visão
pessimista do ser humano e de suas possibilidades.
A oposição feita pelo movimento da Psicologia Humanista ao Behaviorismo e à Psicanálise
teve como influências anteriores principais as obras do neuropsiquiatra Kurt Goldstein, da
Psicologia da Gestalt e de alguns dos primeiros teóricos da personalidade. Goldstein
exerceu poderosa influência sobre os psicólogos humanistas através de obras como The
Organism (1934) e Human Nature in the light of psychopathology (1940), baseadas em
sua pesquisa sobre a capacidade de reorganização do cérebro humano após lesões
cerebrais, feita com soldados feridos em combate. Nelas, Goldstein introduz conceitos
que seriam assimilados e desenvolvidos por psicólogos humanistas, como os de auto-
atualização e tendência ao crescimento, assim como sua visão holista do organismo
humano. Ele enfatiza em suas obras a visão de que o Organismo é um todo unificado,
afetado em sua totalidade pelo o que quer que aconteça em qualquer uma de suas
partes.
Outra influência importante da Psicologia Humanista é a Psicologia da Gestalt. Da mesma
forma que Goldstein, a Gestalt considera o homem como uma unidade irredutível onde
tudo está relacionado com tudo, e o todo é mais do que a soma de suas partes. É esse
espírito holista da Gestalt (assim como sua concepção do comportamento humano como
intencional) que foi assimilado pelo movimento.
Finalmente, não poderia deixar de citar os teóricos da personalidade e suas obras que,
segundo Smith (1990), com sua rejeição às premissas mecanicistas do Behaviorismo e
biológico-reducionistas da Psicanálise clássica, foram a base da qual emergiu a Psicologia
Humanista: Gordon Allport (1937) Personality: A Psychological Interpretation, Henry
Murray (1938) Explorations in Personality e Gardner Murphy (1947) Personality: A
Biosocial Approach to Origins and Structure.
Existem grandes resistências em se apontar um teórico como fundador da Psicologia
Humanista, tal como foram Watson para o Behaviorismo e Freud para a Psicanálise. Mas
o fato é que não se pode falar do surgimento da auto-denominada Terceira Força em
Psicologia sem atribuir o papel principal a Abraham Maslow, autor de obras clássicas
como Motivation and Personality (1963) e Toward a Psychology of Being (1968).
De Carvalho (1990) nos relata que no fim dos anos 40, Maslow era reconhecido como um
talentoso psicólogo experimental, mas que devido a seus objetos de pesquisa não-
convencionais começava a ser marginalizado pela comunidade acadêmica, tendo por
exemplo dificuldades de publicar seus trabalhos no jornal da American Psychological
Association (APA).
Maslow estava acompanhado nessa discriminação por mais algumas pessoas que se
batiam contra o establishment behaviorista. Então começou a compilar uma lista de
correspondência com essas pessoas que em 1954 atingia 125 nomes. O objetivo dessa
rede de correspondência era a troca de trabalhos mimeografados entre eles, de modo a
divulgar entre si seus trabalhos. Maslow (1968) batizou posteriormente sua própria lista
de correspondência de Rede Eupsiquiana. Eis o que ele fala sobre esta:
No começo dos anos 60, com a ajuda de Anthony Sutich, Maslow vai transformar essa
lista de correspondência na lista dos primeiros assinantes do Journal of Humanistic
Psychology (JHP), e poucos anos depois, na lista dos membros fundadores da American
Association for Humanistic Psychology (AAHP). Formando um conselho editorial que tinha
como membros, além de Abraham Maslow, Kurt Goldstein, Rollo May, Lewis Mumford,
Erich Fromm, Andras Angyal e Clark Moustakas; com Sutich como editor, o primeiro
número do JHP saiu na primavera de 1961. Logo se concluiu que os assinantes daquele
jornal precisavam de uma associação própria, a AAHP, que com James Bugental como
presidente nasceu na Filadélfia no verão de 1963, num encontro que teve 75
participantes.
O encontro seguinte da AAHP em setembro de 1964 já se realizou com cerca de 200
participantes, até que a emergência da Psicologia Humanista no cenário da ciência
psicológica se concretizou com uma conferência realizada em novembro do mesmo ano,
na cidade de Old Saybrook, Connecticut. Participaram dessa conferência os nomes mais
conhecidos entre os rebeldes contra o establishment: Maslow, Allport, Bugental, Carl
Rogers, May, Moustakas, Murphy e Murray entre outros.
Até essa conferência, a AAHP era pouco mais que um grupo de protesto, dividido como
afirma Bugental (1963) em duas posições distintas. Um queria definir a Psicologia
Humanista somente em termos do que ela não é. Outro reivindicava uma declaração de
princípios com definições programáticas propositivas. A primeira declaração da AAHP foi
uma tentativa de conciliação entre os dois grupos, adotando-se o artigo de Bugental
(1963) Humanistic Psychology: A New Breakthrough como declaração da própria
associação. Nele encontramos cinco postulados: (a) uma pessoa é mais que a soma de
suas partes; (b) Nós somos afetados por nossas relações com outras pessoas; (c) O ser
humano é consciente; (d) O ser humano possui livre-arbítrio; (e) O ser humano tem
intencionalidade.
Uma questão que não pode deixar de ser abordada neste breve histórico do surgimento
da Psicologia Humanista, é a da sua relação com o Existencialismo. De Carvalho (1990)
aponta para a inadequação de se ver a Psicologia Humanista como uma importação para
os Estados Unidos do Existencialismo europeu. Segundo ele, os principais proponentes da
Psicologia Humanista tomaram contato com o Existencialismo somente no final dos anos
50, quando seus pensamentos já estavam formados. Talvez isso possa ser questionado,
uma vez que através das obras The Meaning of Anxiety (1950) e Man's Search for
Himself (1953), Rollo May, um dos principais nomes do movimento, tenha introduzido as
idéias de Sören Kierkegaard e Martin Heidegger no pensamento psicológico norte-
americano. Mas o importante aqui é ressaltar que as duas correntes de pensamento
psicológico tem diferenças fundamentais. Psicólogos humanistas como Maslow (1963) por
Memorandum 12, abril/07
Belo Horizonte: UFMG; Ribeirão Preto: USP
ISSN 1676-1669
http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/a12/castanon01.pdf
Castañon, G. A (2007). Psicologia humanista: a história de um dilema epistemológico.
Memorandum, 12, 105-124. Retirado em / / , da World Wide Web
http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/a12/castanon01.pdf
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Essa ciência que permitiria "enfiar a verdade goela abaixo dos relutantes" é para ele a
que permite ao menos uma aproximação do conhecimento universalmente válido e
empiricamente comprovável. É aquele modo de obtenção de conhecimento que aspira a
formular, mediante linguagens rigorosas e apropriadas (e sempre que possível
matemáticas), leis universais que expliquem, ainda que probabilisticamente, fenômenos
da realidade objetiva. Este ideal de conhecimento descrito acima pressupõe algumas
crenças sobre o objeto do conhecimento e sobre nossa capacidade de conhecer.
Estabelecem-se aqui cinco, que para o tipo de busca delimitado acima, são irredutíveis e
necessárias. Antes porém, quero aqui deixar claro que o objetivo deste trabalho não é a
discussão do conceito de ciência moderna, mas simplesmente a avaliação do quanto a
Memorandum 12, abril/07
Belo Horizonte: UFMG; Ribeirão Preto: USP
ISSN 1676-1669
http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/a12/castanon01.pdf