DISSERTAÇÃO Theska Laila de Freitas Soares
DISSERTAÇÃO Theska Laila de Freitas Soares
DISSERTAÇÃO Theska Laila de Freitas Soares
Recife
2016
THESKA LAILA DE FREITAS SOARES
Recife
2016
Catalogação na fonte
Bibliotecário Jonas Lucas Vieira, CRB4-1204
Inclui referências.
BANCA EXAMINADORA
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Salmos 139:14
Romanos 1:2
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradecer à Deus, criador e maestro dessa natureza tão sábia.... Com
sua infinita misericórdia, me ajudou a compreender de uma maneira especial os
assuntos da minha pesquisa, e também a superar as muitas pedras do caminho que
surgiram no processo;
Aos meus familiares, pelo apoio emocional e por vezes, financeiro, que neste
momento foi tão necessário;
Ao meu orientador, Amilton Arruda, que me deu acesso a uma vasta bibliografia e aos
seus documentos com registros dos trabalhos do laboratório de Biodesign (UFPE),
com atitude colaborativa, dando apoio na disciplina de Biomimética ministrada, no
Workshop apresentado na Universidade de Palermo (ARG) e nas Apresentações de
artigos em congressos e eventos, estando sempre disponível para dirimir dúvidas;
Por fim, aos meus amigos, em especial, Cecília Tomaz, Amanda Oliveira, Pricila Silva
e Rosa Cândida, embora todos tenham participado direta ou indiretamente para
manutenção da minha sanidade emocional durante este período em que diversas
dificuldades foram superadas.
À tudo e à todos, a minha sincera gratidão por todo apoio e contribuição no processo.
“Satisfaz-me o mistério da eternidade da vida e o mais leve indício da
maravilhosa estrutura da realidade, juntamente com o esforço sincero
para compreender uma parte, mesmo que ínfima, da razão que se
manifesta na natureza”. (EINSTEIN, 1949, p. 5)
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 12
2.2.4 BIOMIMICRY THINKING – DESIGN LENS (Biomimicry Institute 3.8) ........................ 109
1 INTRODUÇÃO
Embora utilizar a Natureza como referência para as criações não seja algo
propriamente novo, basta lembrar das invenções de Leonardo da Vinci, o movimento
do Art Noveau, ou mesmo das inspirações arquitetônicas de Gaudí. Ao longo da
história, muitos são os casos de inspiração na natureza, desde os primórdios, o
homem sempre a observou e aprendeu com ela, mas durante esse processo de
“evolução” de conhecimento, de desenvolvimento tecnológico e de sistemas
financeiros, este aprendizado foi se tornando uma realidade cada vez mais distante e
foi dando lugar a uma ação mais devastadora, a exploração, e isto tem desencadeado
uma série de outros problemas que interferem não apenas no bem estar do homem,
mas no de todo o ecossistema, o qual está incluído e dele é dependente.
A boa notícia é que recentemente, muitas vozes têm se juntado à esta causa
de resgatar este olhar consciente para a genialidade da vida, buscando parcimônia
no uso dos recursos e se inspirando na natureza para suas inovações. Como diria
Benyus (1997), é a redescoberta e a liberação de uma fonte esquecida que faz jorrar
novas esperanças sobre problemas que antes eram até considerados insolúveis.
1.1 Problemática
“O mundo não vai evoluir para além do seu atual estado de crise, usando o
mesmo pensamento que o criou.” Albert Einstein
1.4 Justificativa
consumir vorazmente combustível fóssil, poluir o planeta ou pôr em risco o seu futuro.
Que modelos melhores poderiam existir? (BENYUS, 1997)
Porém, ele também sabia que a migração para os grandes centros urbanos fez
o homem se afastar da natureza e perder essa a noção de como ela funciona de
maneira global, passando a consumir recursos de forma irracional e insustentável,
mesmo havendo tecnologia e recursos suficientes para suprir às necessidades de
toda a população, sendo apenas preciso distribuir, evitar desperdícios e pensar na
coletividade.
E foi justamente o que ele fez com suas cúpulas geodésicas, ele estudou,
testou, patenteou vários modelos dessas estruturas que hoje já contabilizam cerca de
300.000 replicações bem-sucedidas e espalhadas pelo mundo.
Para execução dos modelos, foi realizada uma parceria com o Departamento
de Expressão Gráfica da UFPE para desenvolvimento em softwares CAD
(Rhinoceros e Grasshopper) para a modelagem virtual. Demais ilustrações foram
produzidos pela pesquisadora em softwares gráficos ou por fotografia.
“critérios” observados nos seres vivos mais adaptados, podem servir de base para o
desenvolvimento de soluções mais eficientes. (BENYUS, 1997)
Outra forma de utilização do termo Biônica é uma junção da palavra Bios com
a eletrônica relacionado com a área da cibernética, na designação da tecnologia à
serviço da recriação da natureza, como por exemplo, na criação de próteses artificiais
para seres vivos, tais como: orelhas, olhos, mãos, pernas, órgãos, dentre outros,
como observado no exemplo abaixo da mão biônica i-limb Ultra Revolution da
empresa Touch Bionics com sua mais avançada e versátil prótese, que possui maior
destreza e movimentos mais naturais, e que pode inclusive ser configurada pelo
aplicativo no smartphone. (Figura 2)
Figura 2 – Imagem da mão biônica I-limb Ultra Revolution da empresa Touch Bionics.
Desta vez, viemos não para aprender algo sobre a natureza, para que
possamos enganá-la e controlá-la, mas para aprender algo com ela,
de modo que possamos nos adaptar, de uma vez por todas e para o
nosso bem, à vida na Terra, da qual surgimos. Temos um milhão de
perguntas. Como deveríamos produzir alimentos? Como deveríamos
fabricar nossos materiais? Como deveríamos realizar negócios de
uma forma que respeite a natureza? À medida que formos
descobrindo aquilo que a natureza já sabe, reconheceremos a
26
Figura 3 – Imagem com animais que utilizam a biomimética como técnica de camuflagem.
Arruda (1993) relembra sobre estes estudos e diz que a ideia fundamental do
engenheiro era que o voo humano fosse possível através da imitação mecânica da
natureza, numa tentativa de reproduzir os movimentos das asas do morcego,
entendendo também a base dos movimentos dos pássaros. (Figura 4)
“ O Falcão bate lentamente suas asas e procura sobretudo se fazer levar pelas
correntes de ar. Com o voo equilibrado, estes podem repousar seus membros
cansados”. (Vinci, 2004)
28
Figura 4 – Estudos do voo de pássaros e Máquina para bater asas “Ornitóptero” de Da Vinci.
Arruda (2002) comenta que desde a Bauhaus e a escola de Ulm em seu curso
fundamental, já se ofereciam disciplinas em que as análises dos fenômenos naturais,
das estruturas, do funcionamento dos organismos vivos eram frequentemente objeto
de estudo. Em Ulm, Gui Bonsiepe, professor da escola na época, costumava usar as
análises morfológicas de organismos bilógicos como escopo didático para melhorar
a visão estrutural e a interpretação criativa. Vitor Papanek também foi um dos
professores pioneiros (na época, no California Institute of Arts) a propor o estudo da
biônica (elementos naturais) como instrumento de projeto. Também Bruno Munari,
Attilio Marcolli e Aldo Montù na Itália, contribuíram em suas publicações com diversos
estudos das estruturas naturais.
Mas apesar dos avanços dessa ciência, ainda existem poucos estudos
formulados para o procedimento de interpretação ou tradução da biologia para esta
fase de criação. Normalmente o que se utiliza, seja na Biônica, Biomimética,
Biodesign ou qualquer biotécnica é o método empregado da Analogia.
mecanismo vivo para sistemas inanimados não é trivial. Uma réplica simples e direta
do modelo biológico raramente é bem-sucedida, mesmo com toda tecnologia
disponível no cenário atual, pois se trata de uma atividade com certo grau de
complexidade. Gruber (2011) afirma que para que ocorra o sucesso da solução
Biomimética deve existir interdisciplinaridade ou ainda, deve-se aplicar os conceitos
de forma estratégica.
Dessa forma, com o passar dos séculos, muitos nomes utilizaram a natureza
para investigação e criação de artefatos, o que resultou em acúmulo de conhecimento
e aprimoramento de técnicas e métodos. Algumas das quais serão descritas a seguir:
2.2.1 ANALOGIA
Figura 5 – SHINKANSEN (Japão), trem-bala de alta velocidade mais rápido do mundo, redesenhado
tendo como base o bico de um Martin-Pescador.
Figura 6 – BIONIC CAR da marca Mercedes-Benz (Alemanha), automóvel desenvolvido com base na
forma e estrutura hidrodinâmica do peixe-cofre.
Figura 8 – LOTUSAN (Alemanha), tinta que repele a água e resiste a manchas durante décadas,
inspirada nas microestruturas das folhas de lótus.
Versos (2010) cita ainda outro exemplo de analogia funcional com a pesquisa
das escamas da pele do tubarão, onde reside o segredo da sua alta perfomance em
velocidade. Segundo especialistas, a água desliza através das micro ranhuras da pele
do animal reduzindo a fricção. A aplicação deste estudo em roupas de natação da
marca Speedo Fastskin é utilizada por campeões olímpicos. A textura destas
vestimentas baseada nos “dentículos” da pele de tubarão tem como vantagens: a
redução da resistência passiva de cerca de 4% e também da vibração muscular,
aumentando a velocidade e o desempenho dos atletas. (Figura 9)
esse inconveniente biológico que provoca manutenções, o que comprova mais uma
vez que a analogia funcional pode gerar aplicações em diversos artefatos e não se
limita apenas na forma do animal investigado, mas na função que foi identificada e
que se deseja replicar.
Figura 9 – FASTSKIN da marca Speedo (Austrália), roupa de banho para competição de natação que
imita a função de eficiência hidrodinâmica da pele de tubarão, resultando na redução do atrito e
consequente aumento de velocidade.
durante o dia este ar sobe do térreo em direção aos pavimentos superiores através
de chaminés; e por fim, o tradicional exemplo das placas solares que imitam a função
das folhas de captação de energia solar.
Figura 10 – Exemplos de Analogia Funcional. TacTiles (aderência das lagartixas), Regen energy
(gerenciamento de energia do sistema de comunicação de abelhas), Eastgate Center
(autoregulagem de temperatura do cumpinzeiro) e placas solares (Captação de energia das folhas).
humano, (Figura 11) que fornece uma ampla gama de movimentos e que é composta
por um minúsculo conjunto de ossos chamados trabeculares. Mais tarde, Meyer
demonstrou este trabalho para o engenheiro Karl Cullmam que trabalhava projetando
grandes guindastes, e este viu que as trabéculas estavam mais concentradas nas
zonas de maior tensão, concluindo que o fêmur foi perfeitamente moldado para
suportar grandes cargas. Maurice Koechlin, arquiteto assistente de Eiffel, 20 anos
depois enquando fazia a concepção da famosa torre, teria traduzido nesta sua
impressão desse estudo de Cullman.
aqui foi a sua interpretação das nervuras no uso de vigas para a construção de
edifícios leves, incorporando materiais como o ferro e o vidro.
Sua atitude naturalista, foi previamente abordada por D’Arcy Thompson (1961)
relembrando sobre a emblemática obra da igreja da Sagrada Família em Barcelona.
Segundo Pereira (2013), Gaudí confere torsões parabólicas à fachada, fazendo uso
de hipérboles e espirais em várias partes da construção, preenchendo a obra de
motivos vegetais destacando a sua atitude naturalista e orgânica, num contra-senso
da arquitetura gótica da época, em que para ele, as linhas retas não refletiam as leis
da natureza com suas formas curvas. Cruz (2012) também reforça o “espírito natural”
de Gaudí traduzido num ar romântico e orgânico através da disposição das folhas,
41
caules, raízes das plantas, e também nas pétalas das flores nesta obra, onde as
particularidades remetem para uma floresta ou mundo subaquático, apresentando no
interior, um aspecto panorâmico de bosque encantado, onde os jogos de luzes e os
estreitos pilares densificam essa atmosfera. As torres principais visíveis na fachada
são inspiradas pela planta Sedum Sediforme, sendo pontuadas por pináculos ou
flores.
Embora exista essa tendência, isto não deve ser tratado com rigidez hermética,
pois se observa que as formas orgânicas são regidas pela estratégia da natureza no
que se refere a economia de matéria e substâncias em um sistema físico-químico em
que muitas espécies são geradas a partir de uma luta contra a gravidade terrestre,
tendo portanto que buscar o equilíbrio com todas as forças de perturbações naturais
as quais estão expostas, adaptando-se a fenômenos naturais como: vento, sol,
chuva, etc. (GHYCA, 1977)
45
Euclides dividiu a linha em duas secções de modo que a razão de toda a linha
para a parte maior é a mesma que a da parte maior para a menor, na figura x está a
demonstração do cálculo algébrico para esta razão que resulta no número irracional
(Phi) ϕ = 1,6180339887.... (HEMENWAY, 2010)
46
Esta ordem matemática foi referida pela primeira vez, no início do séc. XIII,
pelo matemático italiano Leonardo de Pisa (Fibonacci). A sua famosa sequência é
resultado da investigação de reprodução em coelhos e consiste numa infinidade de
números, em que, a partir do terceiro número dessa sequência, a soma dos dois
números anteriores é o resultado do número seguinte. (HEMENWAY, 2010)
" Um homem pôs um par de coelhos num lugar cercado por todos os lados por
um muro. Quantos pares de coelhos podem ser gerados a partir desse par em um
ano se, supostamente, todos os meses cada par dá à luz um novo par, que é fértil a
partir do segundo mês?"
Hemenway (2010) cita que se encontram estes números nas medidas do DNA
(base de toda a vida), que mede 34 Ångströms de comprimento por 21 Ångströms de
largura para cada ciclo completo da sua dupla hélice em espiral, ambos números de
Fibonacci, onde sua razão é aproximadamente 1,6190..., que é próximo do número
ϕ (1,618...). Um corte transversal no topo da dupla hélice forma um decágono, no
qual cada espiral tem a forma de um pentágono, geometria em que também já foi
mostrada sua relação com o ϕ.
A mesma autora também cita que no caso das abelhas, como o macho,
zangão, nasce por meio de ovos não fertilizados, esse padrão, que mantém o
equilíbrio da colmeia também garante com que a árvore das gerações sucessivas das
abelhas seja de acordo com os números da sequência de Fibonacci, pois possui 1 só
progenitor (a abelha rainha), 2 avós (os pais da abelha rainha), 3 bisavós, 5 trisavós,
8 tetravós, e assim por diante. (HEMENWAY, 2010)
Nas flores estes números se evidenciam de maneira bem visível através dos
números das pétalas, por exemplo: os copos de leite, antúrios (1 pétala); coroa de
cristo (2 pétalas); lírio, íris, orquídeas (3 pétalas); rosa silvestre (5 pétalas);
margaridas (13, 21, 34, 55 ou 89 pétalas); crisântemos (34 pétalas), etc. Embora não
seja uma regra fixa e que possam ocorrer variações, o que é notável é a regularidade
com que estes números persistem de maneira mais comum. Também na filoxia, ou
seja, no estudo da disposição das folhas, sementes, espinhos e pétalas em plantas
estes números são encontrados em suas espirais; tais como nos girassóis que têm
suas sementes distribuídas em 34 espirais no sentido horário e 55 no sentido anti-
horário. Mas não apenas neste caso, ananases, milho, trigo, amoras, framboesas,
morangos, espinhos de cactos e de rosas, também são exemplos de pesquisas em
que foram detectados relação com estes números. (HEMENWAY, 2010)
Figura 20 – Exemplos de identificação dos números de Fibonacci nas ramificações dos galhos de
uma árvore; na genealogia do zangão das abelhas; na fitolaxia; no DNA; nas pétalas das flores.
2.2.2.3 Espirais
log(r/R)= cot
r()=R e cot
Figura 24 – Espirais nos braços das galáxias (nesta imagem a Via Láctea), em digitais dos dedos, no
desenvolver de embriões (nesta imagem, um embrião humano), na cóclea do ouvido interno humano,
no DNA, no redemoinho do topo da cabeça e na imagem ampliada dos folículos do cabelo.
2.2.2.4 Fractais
O termo foi criado em 1975 na publicação Les Objets Fractals: Forme, Hasard
et Dimension de Benoît Mandelbrot, matemático francês nascido na Polónia, que
descobriu na década de 70 do século XX a geometria fractal, também chamada de
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geometria da natureza, com suas dimensões fracionais, cujo termo é derivado a partir
do adjetivo latino fractus e do verbo frangere, que significa “quebrar” ou “criar
fragmentos, e é usado para descrever um grupo particular de formas irregulares que
não estão de acordo com a geometria euclidiana. (HEMENWAY, 2010)
Figura 26 – (a) Bacia do rio Amazonas obtida pelo radar de altimetria ERS-1, com dimensão fractal
1.85 (www.esa.int). (b) Tempestade no Capitólio, com raios cuja dimensão fractal é 1.51.
A superfície de uma montanha, por exemplo, também pode ser modelada num
computador usando uma fractal onde começa-se com um triângulo no espaço 3D,
acham-se os pontos centrais das 3 linhas que formam o triângulo e criam-se 4 novos
triângulos a partir desse triângulo, deslocam-se depois aleatoriamente esses pontos
centrais para cima ou para baixo dentro de uma gama de valores estabelecidos e
segue-se repetindo o mesmo procedimento, fazendo os deslocamentos dos pontos
centrais em que cada iteração é igual a metade da anterior. (Figura 32)
“As nuvens não são esferas, as montanhas não são cones, as linhas dos leitos
de rios não são círculos, a cortiça não é uniforme, nem o relâmpago viaja em linha
reta”. (Mandelbrot, 1989)
2.2.2.5 Esferas
A esfera pode ser definida como "uma sequência de pontos alinhados em uma
superfície curva contínua à mesma distância de um centro comum"; também pode ser
obtida através da revolução de uma semicircunferência em torno de um eixo
coincidente com seu diâmetro. É um objeto tridimensional de forma circular
perfeitamente simétrico. Quanto à geometria analítica, uma esfera é representada
(em coordenadas retangulares) pela equação:
( x − a )² + ( y − b )² + ( z − c )² = r²
Apesar de ser uma forma tão comum, só se pode determinar suas medidas em
valores aproximados, tendendo a um número infinito independente do seu tamanho,
visto que seu raio depende de uma variável irracional, o π=3,141592653.... Esta
constante universal relaciona o perímetro de uma circunferência com o seu diâmetro.
Na figura 34, são demonstradas as principais fórmulas envolvendo as esferas.
72
Di Bartolo (1981) relembra que a forma esférica numa gota d’água também é
determinada pela tensão superficial em que a força interna das partículas modeladas
pela força externa, cria um equilíbrio. Ramos (1993) também ratifica que a forma
esférica é ótima, pois guarda dentro de si a relação de volume máximo com superfície
mínima, ou seja, são capazes de armazenar a maior quantidade de material
internamente utilizando a menor quantidade de material possível para construir a
superfície externa, o que torna esta configuração extremamente eficiente.
74
Figura 36 – Exemplos de esferas na natureza: astros celestes, óvulo, invólucro do embrião, bactéria
staphylococcus, nos pólens, na gota d’água, nos ovos dos peixes, girinos e vários outros animais.
2.2.2.6 Modulação
Em seu livro Structure in nature is a strategy for design, Peter Pearce (1990)
apresenta a pesquisa sobre sua teoria das inter-relações dos sistemas espaciais
tridimensionais, onde defende que a natureza tende a produzir estruturas
padronizadas, mas com diversidade, gerando um conceito de modularidade, que
reflete a propriedade de algo que tenha uma organização modular.
Segundo Santos (2010), a Biomimética trata de uma ciência empírica que não
possui ainda uma metodologia concretizada devido à dificuldade de tradução dos
sistemas biológicos para o âmbito tecnológico. Mesmo assim, são muitos os
pesquisadores ao redor do mundo que praticam exercícios experimentais utilizando a
analogia de estruturas naturais em instituições de ensino. Para ilustrar melhor esta
situação, serão detalhados a seguir alguns métodos desenvolvidos em 3 instituições,
apresentando alguns trabalhos com desenhos e modelos resultantes de seus estudos
morfológicos. Entende-se nesta parte que os termos Biônica e Biomimética são
equivalentes, visto que antigos laboratórios de biônica estão migrando para o novo
termo.
a) Pesquisa de Base:
• Pesquisa teórica preocupada com aspectos, tais como: adaptação, forma,
função, locomoção, dinâmica, geometria, ciclos da natureza, etc.;
• Pesquisas com caráter bibliográfico de projetos ou pesquisa, artigos,
monografias, dissertações ou teses com referência na natureza;
• Pesquisas para construção de banco de dados com diversos temas tais como
sistema de locomoção, sistema de articulações, membranas, embalagens,
componentes estruturais na natureza, etc.;
• Pesquisas com caráter geométrico-morfológico com a finalidade de entender a
resistência da sua estrutura ou forma;
• Pesquisas para utilização de metodologias adaptáveis ao estudo das
estruturas naturais.
b) Pesquisa Aplicada:
• Desenvolvimento de pesquisa completa delineada para aplicação no campo
projetual;
• Elaboração, verificação e experimentação de modelos ou protótipos biônicos;
• Identificação de hipóteses de projeto com base no resultado das pesquisas e
das abstrações geométricas dos modelos biônicos;
• Pesquisas específicas do design dos materiais naturais;
• Análise e compreensão dos elementos naturais, seus aspectos e derivados
(mecanismos, estrutura funcional, materiais, etc.).
Amilton.
Fonte: (ARRUDA, 2002).
90
Para Arruda (2002) a pesquisa biônica possui caráter sistemático que utiliza a
analogia para traduzir os princípios encontrados na natureza, os quais poderão ser
aplicados posteriormente na solução de um problema projetual.
Figura 56 – Estudo da interpretação do Alho por Aline Morais e Lucas Ayres em 2007.
Figura 57 – Estudo da interpretação do amendoim por Alinne Torres e Soraya Holder em 2010.
Figura 59 – Estudo da Alpínia por Higor Viana e Jean Carlo em formato de banner apresentado em
exposição no Centro de Artes de Comunicação da UFPE em 2015.
Compacto Elegância
Transparência
Fragilidade Musicalidade
Opacidade
Peso Vivacidade
Porosidade
Leveza Tensão
Lisura
Limpo Repouso
Nervurada
Natural Surpresa
Reticulada
Tecnológico Impacto
Trançada
Lúdico Exagero
Puro
Agressividade Ênfase
Consistência
Suavidade
Movimento Espaço
Alternância
Ritmo Vazio
Repetição
Harmonia Cheio
Multiplicidade
Contraste Intervalo
Sobreposição
Proporção Atração
Justaposição
Equilíbrio Repulsão
Densidade
Ordem Proporcionalidade
Dispersividade
Axialidade Gradualidade
Aleatoriedade
Semelhança Desigualdade
Direção
Diferença Disposição Linear
Posição
Simetria Verticalidade
Assimetria Horizontalidade
Concordância Inclinação
Dondis (2003) fala que os conceitos fundamentais da sintaxe visual, tais como
os elementos visuais (ponto, linha, forma, direção, tom, cor, textura, dimensão, escala
e movimento) e suas noções de percepção (harmonia, equilíbrio, simetria, proporção,
contraste, etc.), correspondem aos elementos básicos da configuração e são a fonte
compositiva de qualquer tipo de material, objeto, mensagem e experiência visual. Eles
108
representam o cerne da atividade projetiva pois podem ser manipulados para serem
percebidos numa resposta direta ao que está sendo concebido.
Uma fonte inesgotável para perceber estes conceitos fundamentais pode ser
facilmente encontrada de maneira abundante na Natureza. Tanto no reino animal,
vegetal ou mineral existem uma infinidade de formas, cores e texturas que podem ser
observadas, analisadas, representadas e interpretadas em projetos de design.
Figura 68 – Diagramas Biomimicry Thinking, “Desafio para a Biologia”, à esquerda e “Biologia para o
Design”, à direita.
Figura 70 – Script gerado pelo Grasshopper da estratégia do Agave aplicado em prancha de surf.
A diferenciação das células maiores e menores foi feita com a lógica das
paredes finas para economia de peso e paredes espessadas em pontos de reforço.
Com a lógica da diferenciação das células bem definidas, cada uma é um elemento
individual, porém reconhecíveis e agrupadas por padrões. Em cima desta malha
bidimensional, se aplicou a função de extrusão, configurando “tubos” iniciais.
(ARAÚJO, 2015)
Figura 71 – Imagens das telas do modelo desenvolvido por Rodrigo Araújo no Grasshopper.
Figura 72 – Estudo e aplicação das estratégias do Agave proposta por Rodrigo Araújo com modelo
impresso em 3D.
densidade, intensamente enrolados, com aspecto de lã, uma espécie de fibra que
absorve umidade, sombreia e ainda ajuda a refletir a luz.
Figura 73 – Leaf Bricks Modules, artefatos desenvolvidos no Grasshopper que amenizam a situação
das ilhas de calor em cidades quentes e úmidas por Natália Queiroz.
Talvez justamente por ter uma formação também artística, essas analogias
tenham um caráter simbólico tão característico em que se percebe uma identidade
nas suas obras. Dias (2014) confirma esse pensamento afirmando que por ter
cursado a Academia de Arte de Valência, na Espanha, antes de se formar em
arquitetura e posteriormente em engenharia, Calatrava, certamente incorporou ao seu
estilo um viés muito mais artístico e notadamente calcado na poética.
Para ilustrar a pesquisa das analogias naturais com tecnologia de ponta num
contexto mais recente tem-se os Pavilhões conceituais desenvolvidos pelo Instituto de
Design Computacional (ICD) e o Instituto de Estruturas de Construção e Design
Estrutural (ITKE) da Universidade de Stuttgard (ALE) sob a tutela do professor
Achim Menges. O projeto representa uma série de pesquisas bem-sucedidas que
demonstram o potencial do uso de novos métodos computacionais de projeto e
simulação, juntamente com métodos de fabricação controlados por computador.
Através da construção de modelos projetados e realizados por estudantes e
pesquisadores dentro de uma equipe multidisciplinar de arquitetos, engenheiros,
biólogos e paleontólogos, com o objetivo de demonstrar a integração da capacidade
performativa das estruturas biológicas na concepção arquitetônica com o uso de
técnicas avançadas de fabricação através do uso, por exemplo, da robótica.
morfologia complexa do pavilhão pôde ser construída com folhas extremamente finas
de madeira compensada de 6,5 mm de espessura.
traduz em uma mudança de forma da escala, fazendo com que as lâminas finas se
abram ou fechem, ampliando as formas de uso desta pesquisa inovadora num grande
leque de oportunidades. (Figura 83)
Pelo histórico das pesquisas de Frei Otto em Stuttgard já era de se esperar que
esta universidade estivesse no “topo da cadeia” em se tratando de analogias naturais.
Mas é importante perceber nestes exemplos dos Pavilhões como essas parcerias
multidisciplinares e a tecnologia facilitam e favorecem os insights dos alunos e o
quanto hoje é importante a aprendizagem do uso dessas ferramentas no meio
acadêmico para tornar o profissional mais apto e preparado para oferecer um trabalho
mais condinzente com as necessidades do mundo moderno.
de criar abelhas para produzir favos de mel, ou seja, se perde o foco biomimético e
entra em cena a velha e tradicional visão de exploração.
Figura 84 – Silk Pavillion (Mediated Matter Research Group/ MIT Lab, 2012)
Figura 85 – Sistema modular Prosolve370e aplicado na fachada do Hospital Manuel Gea Gonzales
pela empresa alemã Elegant Embellishments.
Este projeto também prova que boas ideias surgem desse olhar para a
natureza mesmo a partir de analogias simples e que bons projetos-conceito dentro
da academia também podem virar realidade.
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Figura 86 – Projeto Solar Ivy sistema de captação de energia solar e eólica com referência na Hera.
Não se pode deixar de fora dos exemplos biomiméticos uma das grandes
referências no mundo do design, o designer galês Ross Lovegrove, expoente que
utiliza o processo criativo com inspirações no mundo natural para suas criações. Em
seu estúdio localizado em Londres, estão vários modelos de estudo da forma e
também muitos dos seus produtos geniais, dentre eles, a escada DNA, suas
luminárias, cadeiras orgânicas e a garrafa d’água Ty Nant desenhada para a empresa
francesa Volvic.
Apelidado de “Captain Organic”, ele define seu conceito de criação como DNA
(Design, Natureza e Arte), que representam as três coisas que condicionam o seu
mundo. Como possui profunda admiração pela genialidade das soluções naturais,
seus projetos imprimem a sua visão primorosa dessa organicidade de formas mais
com o enfoque estético do que funcional. Ele acredita que na beleza da forma reside
a sua ligação pessoal com a natureza cujas configurações são a fonte original do
belo, o que justifica a sua obsessão em poetizar formas orgânicas. Seus projetos
traduzem muito bem este conceito, como a escada “hélice de DNA”, cujo corrimão é
feito em uma peça única de fibra de carbono.
Figura 89 – Produtos de Lovegrove: Cadeira Biophilia, Cadeira Go, Caixa de som Kef Muon, escada
DNA e Poste-assento Solar Tree.
Uma aplicação similar deste mesmo estudo foi desenvolvido pelos arquitetos
italianos Arturo Vittori e Andreas Vogler do estúdio Architecture and Vision, o seu
Warka Water trata-se de uma incrível torre feita com materiais naturais projetada para
recolher a umidade do ar por condensação, e depositar a água num recipiente, sendo
capaz de captar cerca de 100 litros de água/dia (Figura 90). Como o ar sempre
contém certa quantidade de água, independente da temperatura do ambiente e da
condição de umidade, o projeto possibilita sua produção em praticamente qualquer
lugar.
Além dos benefícios mais evidentes, o projeto incorpora a cultura local e uma
arquitetura vernacular incorporando técnicas de tecelagem etíope tradicionais no
produto. Inclusive, além de melhorar a condição de vida dessas pessoas, foi projetado
também para criar sombra, um espaço social que gera reuniões públicas de educação
e o convívio social entre os moradores da comunidade, uma analogia também para a
a árvore nativa da região, simbolicamente muito especial (a figueira) que na língua
local africana é chamada de Warka.
Por volta de 1913, trabalhou em uma usina no Canadá, onde teve um forte
interesse em máquinas, aprendendo a modificar e melhorar o equipamento de
fabricação. De 1917 até 1919, serviu na Marinha dos EUA, onde desenvolveu mais
ainda sua aptidão para a engenharia inventando um guincho para barcos de resgate
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que poderia remover aviões caídos da água com tempo de salvar a vida dos pilotos,
como recompensa desse feito, foi indicado para receber treinamento de oficiais na
Academia Naval dos Estados Unidos. Em 1926, quando trabalhou na construtora do
seu sogro, James Monroe Hewlett, desenvolveu um novo método de produção de
edifícios de apartamentos modulares de fácil construção de concreto armado, que
resultou na primeira das suas 25 patentes.
Seu primeiro “artefato”, como chamava suas criações, foi o projeto da Casa 4D
que depois seria nomeada de Dymaxion House, uma casa de baixo custo, idealizada
para ser produzida em massa, que poderia ser aero-transportada para qualquer lugar
do mundo. Sobre ela, Fuller escreve em 1928: "É estruturada segundo o sistema
natural de seres humanos e árvores, com um tronco central ou espinha dorsal, a partir
do qual, todo o resto é independentemente pendurado, utilizando a gravidade em vez
de se opor a ela. O projeto representava uma inovação radical, uma casca de alumínio
pendurada em um pilar central em que no topo do mastro existiam lentes destinadas
a dirigir o calor e a luz solar para onde desejado; o banheiro era composto por sistema
modular onde era todo montado na fábrica, o que incluía as tubulações, e
posteriormente montado no local dentro da casa, o que deu origem ao Dymaxion
Bathroom, um banheiro modular compacto, pré-fabricado, fácil de ser instalado. O
155
piso era composto por duas camadas de cabos tensionados tendo, entre eles, um
colchão pneumático e, sobre eles, placas sólidas que compunham o assoalho.
Por volta de 1947, com o fim da guerra, passou a se dedicar, até o fim da vida,
ao estudo da sua mais famosa estrutura, a cúpula geodésica. Leves, econômicas e
fáceis de montar, elas envolvem mais espaço sem colunas do que qualquer outra
estrutura, distribuem eficientemente o estresse e podem suportar condições
extremas. São baseadas na sua "geometria sinérgica", sua exploração ao longo da
157
tão eficiente de construção. Além disso, o processo que o levou para criação das
cúpulas também foi muito influenciado pela sua experiência de ter trabalhado com
construções, percebendo que os domos já haviam sido empregados desde que os
humanos começaram a construir abrigos. Desta forma, observando os problemas
inerentes a técnicas construtivas convencionais (em oposição à facilidade com que
as estruturas da natureza são erguidas), teve certeza de que podia aperfeiçoar a
técnica de construção esférica encontrada em construções primitivas indígenas, que
utilizavam galhos e dobras de árvores cortadas em forma de domo, cobertos com
peles de animais, folhagens, palha ou outros materiais. (SIEDEN, 2000)
Depois de vários estudos e dois anos de cálculos, sua primeira grande cúpula,
com cerca de 15m de diâmetro foi então construída com a ajuda do jovem assistente
Donald Richter. Com orçamento apertado, ela foi levantada no verão de 1948, onde
160
Fuller era professor, no Black Mountain College, na Carolina do Norte/USA, uma das
universidades mais revolucionárias do período, onde também lecionou o arquiteto
Walter Gropius, ex-diretor da Bauhaus. Com uma carga de perfis leves de alumínio
comprada pelo próprio Fuller no grande dia da montagem, quando os parafusos finais
foram fixados e a tensão foi aplicada à estrutura, a frágil estrutura caiu quase que
imediatamente sobre si mesma. Em sua pressa para testar seus cálculos, tinha
procedido sem o financiamento necessário para adquirir bons materiais, e por isto, a
cúpula ruiu. (SIEDEN, 2000)
Em 1953, Fuller foi chamado por Henri Ford II (neto de Henri Ford) para cobrir
o pátio do edifício da sede corporativa em Dearborn (USA) em detrimento a
comemoração do quinquagésimo aniversário da empresa. O prédio era de valor
inestimável para o avô, que sempre amou o edifício redondo conhecido como
Rotunda, mas queria que o pátio interior fosse coberto para que o espaço pudesse
ser protegido e utilizado durante o mal tempo. (SIEDEN, 2000)
Tendo sido concebido como uma estrutura temporária, o edifício Rotunda era
frágil e não poderia suportar o peso de 160 toneladas que os engenheiros da Ford
haviam calculado para um domo de aço com estrutura convencional para a época.
Sob esta pressão, as paredes finas do edifício entrariam em colapso, mas ainda
assim, Henry Ford II era uma pessoa determinada, e queria o pátio coberto. Para
resolver a situação, se sugeriu chamar Bucky, pois embora sua cúpula geodésica
ainda não tinha sido executada em nenhum projeto industrial, decidiram que deviam
ao menos solicitar sua opinião. Quando ele examinou a situação, respondeu que
certamente poderia fazer, e que a sua cúpula com cerca de 27m de envergadura
pesaria apenas 8,5 toneladas, cerca de 20x mais leve que a estimativa dos
engenheiros da Ford, ficando também abaixo da expectativa o orçamento para o
projeto, mesmo com tempo apertado para conclusão da obra, que se tende a ser mais
oneroso. O acordo foi assinado em janeiro de 1953, para se cumprir o prazo até abril.
Os engenheiros da Ford ficaram incrédulos, não se convencendo que as afirmações
do inventor eram válidas, por isto, começaram a trabalhar em um plano de
contingência, que não chegou a ser colocado em ação porque a cúpula foi concluída
com êxito, dois dias antes do previsto. (Figura 94) (SIEDEN, 2000)
Mas isto não impediu a notoriedade fornecida pelo projeto Ford, que resultou
num enorme interesse público quase que instantâneo em Fuller e suas ideias,
chamando a atenção de um grupo de cientistas que estavam lutando com outro
problema aparentemente insolúvel: a proteção das instalações de radar em todo o
Ártico. Mais uma vez, sua incrível cúpula geodésica de fibra de vidro surpreendeu
todos os especialistas, provando que a estrutura era mais do que capaz de lidar com
essa difícil tarefa. (SIEDEN, 2000)
Depois disso, os desenhos esféricos que podem sustentar seu próprio peso,
foram logo notados pelo governo dos EUA, que contratou a empresa do arquiteto, a
Geodesics Inc., para fazer pequenas cúpulas para o exército, dessa forma, os
militares norte-americanos se tornaram um de seus maiores clientes, usando as
166
cúpulas leves para cobrir estações de radar em instalações ao redor do Círculo Polar
Ártico e da Antártida, além de moradias rápidas e fortes para suportar a alta
velocidade dos ventos frios para os soldados no exterior. Assim, serviram para várias
finalidades na época das expedições americanas: como casa, abrigos, laboratórios
de equipamentos científicos, bases marítimas, espaciais, etc. (Figura 96)
Mais tarde, a cúpula geodésica mais famosa de Fuller foi construída para ser
o pavilhão dos Estados Unidos na feira internacional EXPO 1967 na ilha de Sainte-
Hélène em Montreal (Canadá), a Biosphère, como chamou Fuller, com 76,25m de
diâmetro e 61m de altura (equivalente a um prédio de 20 andares). Ele empregou um
módulo estrutural composto apresentando um triangulo na face externa e um
hexágono no lado interno para se ajustar ao arco. Estes elementos estavam
distanciados um metro na base e se aproximavam à medida que a edificação ganhava
altura. Para fechar toda a estrutura, foram utilizados 1900 painéis moldados em
acrílico, estes elementos conectados distribuem o peso da estrutura por toda a
superfície externa até tocar o solo. Para evitar a forma usual da meia esfera que
provocaria uma aparência achatada, o pavilhão foi projetado na forma de 3/4 da
esfera. (DINIZ, 2006)
168
Esta foi a mais complicadas de suas cúpulas, pois usava um elaborado sistema
de telas de sombreamento retráteis, a fim de controlar a insolação e temperatura
interna, e eram operadas por computador de acordo com o giro solar, permitindo a
respiração do edifício. O sistema não funcionou perfeitamente na ocasião, talvez por
estar avançado demais para a época, como usualmente era a mente do idealizador.
Mas o Pavilhão obteve grande sucesso, recebendo cerca de 11 milhões de pessoas
em seis meses. A construção é famosa até hoje não só por sua forma, mas também
pelo conteúdo apresentado na exposição. Além de sua forma marcante, era o único
transpassado pelos trilhos do mini-trem que circulava toda a exposição. (DINIZ, 2006)
Na década de 1970 ele havia patenteado o conceito do Fly’s Eye Dome, mas
só o desenvolveu anos depois com John Warren, surfista e especialista em fibra de
vidro da Califórnia que inspirado por Bucky, construía suas próprias cúpulas, as
Turtle-Dome (de hexágonos e pentágonos), e as vendia como abrigos de férias.
Fuller mostrou o projeto e o contratou para construir em fibra de vidro, então Warren
fez um protótipo de 3,6m de diâmetro, que Fuller ficou tão satisfeito com o resultado,
que encomendou outros dois maiores. Quando ficaram prontas, exibiu a maior delas
numa exposição em Los Angeles, em 1981.
Figura 99 – Imagens do Fly’s Eye Dome em sua idealização e atualmente em Miami (USA).
Figura 100 – Imagens das cúpulas geodésicas do Union Tank, Climatron e Spruce Goose Hangar.
Nesta compilação das mais representativas cúpulas, não poderia deixar de fora
o projeto utópico em que Fuller propôs uma biosfera para regular o clima e reduzir a
poluição do ar na cidade de Nova York em 1959. Segundo o biógrafo Alden Hacth, o
projeto consistia em uma cúpula de 3,22km de diâmetro cobrindo parte da cidade, da
rua 22th a 62th, alegando que as economias em condicionamento de ar, ruas limpas,
remoção de neve e horas de trabalho perdidas resultante do frio, pagariam
rapidamente o investimento inicial de US$200 milhões (para se ter idéia, de acordo
com o New York Times, a cidade gastou US$ 92,3 milhões removendo a neve no ano
de 2014) (Figura 101). De acordo com sua análise, esta cúpula teria o peso avaliado
em torno de 4000 toneladas e poderia ser montada em seções de cinco toneladas
com auxílio de helicópteros em um período de três meses.
Figura 101 – Imagens da cúpula geodésica proposta por Fuller para a cidade de NY.
Fonte: http://www.treehugger.com/urban-design/look-bucky-fullers-dome-over-new-york-city.html.
Acesso em: 05 set 2016.
A parte superior do Epcot apresenta 3/4 da geodésica que repousa sobre uma
plataforma com 6 apoios, e o fundo com os restantes 1/4 da geodésica. Estes apoios
suportam a plataforma de aço no perímetro da esfera, a cerca de 30 graus. A parte
superior apoia-se na plataforma e sua grade de aço suporta as duas estruturas
helicoidais do sistema de passeio do show no interior da geodéisca. A construção
levou 26 meses e 40.800 horas de trabalho. Um carro pequeno de serviço é
estacionado entre as superfícies estruturais e de revestimento, e pode carregar um
técnico para fazer reparos. Precisavam de um exterior impermeável e resistente ao
fogo para proteger os visitantes, como ainda não havia nenhum material que pudesse
realizar tudo, nasceu então o conceito de esfera dentro da esfera para resolver o
problema. (HENCH, 2009)
176
Por fim, na Figura 102, imagens com detalhes da geodésica Spaceship Earth
do Epcot (USA) e também do Telus World Science em Vancouver (CAN).
177
Figura 102 – Imagens da esfera geodésica Spaceship Earth Orlando (USA) e da cúpula do Telus
World Science em Vancouver (CAN).
Na maioria das vezes, derivam da divisão das faces dos poliedros regulares
platônicos de face triangular, ou seja, do tetraedro, do octaedro e do melhor e mais
comum a ser utilizado, inclusive por Fuller, do icosaedro (20 triângulos regulares),
por ser o mais arrendondado dos 3. (Figura 104)
Figura 104 – Tetraedro, octaedro e icosaedro, chamados por Fuller de “os três sistemas estruturais
primários no Universo “.
Figura 106 – Números de triângulos gerados da divisão do triângulo base do icosaedro de acordo
com o número da frequência.
tipos, numa 4v, 6 tipos, etc., como se verá de forma mais detalhada adiante. (DAVIS,
2004)
usado no Eden Project, a maior estufa do mundo, que mais adiante será melhor
analisada. Também pode-se obter esta configuração de geodésica hexa-penta
através do dual de qualquer geodésica triangulada. Os poliedros duais são também
chamados recíprocos, as faces do dual correspondem aos vértices do original, assim
como seus vértices correspondem às faces do original. A buckyball derivada do dual
de uma geodésica de frequência 3 é também um sólido de arquimedes chamado de
Icosaedro truncado. (Figura 109)
Figura 109 – Buckyball, configurações hexa-penta nas geodésicas, sólido pode ser derivado do dual
da geodésica icosaédrica ou do truncamento do icosaedro.
Figura 110 – Diferentes padrões de geodésicas por modificação ou rearranjo do triângulo principal e
exemplo de camada dupla.
haste, possuem uma tabela de valores fixos para cada frequência. O Strut fator é
ligado ao tamanho das barras, sendo diretamente proporcional ao raio, então, a
fórmula para o comprimento de C(A) = Strut fator(A) x raio do domo. No exemplo
acima, o Strut fator para A na frequência 3v é de 0.34862, se o raio for 2m, então o
seu comprimento deve ser 0.697m ou 69,7cm. Nas Figuras 112 e 113 mostram
tabelas com estes valores fixos do Strut fator e dos ângulos de todas as barras para
as frequências 1v, 2v, 3v, 4v, 5v e 6v e também os diagramas com os triângulos base
para ajudar a identificar os diferentes comprimentos de barras, nestas figuras também
fica mais clara a identificação desse triângulo principal derivado do icosaedro.
Observa-se ainda que quanto maior a frequência, maior a quantidade de barras
diferentes.
1) V= 10v²+ 2
2) F= 20v²
3) E= 30v²
4) C = Strut fator x r
Com estas fórmulas, as tabelas com os struts fator e os ângulos, fica mais fácil
conseguir desenvolver geodésicas de frequência 1v até 6v. Para frequências maiores
será necessário calcular o strut fator e os ângulos para a nova frequência ou ter
acesso a estes dados através de alguma empresa especializada em fabricação
personalisada de domos geodésicos.
187
Figura 112 – Tabelas com os Strut Fator e os ângulos e diagramas para as frequências 1v, 2v e 3v.
Figura 113 – Tabelas com os Strut Fator e os ângulos e diagramas para as frequências 4v, 5v e 6v.
Ainda sobre estes ângulos, é possível observar que para uma montagem com
barras, estas não são curvas, permanecem retas, havendo a necessidade apenas de
que suas extremidades sejam curvadas de acordo com os ângulos da tabela, se pode
fazer isto apertando a extremidade em um torno e dobrando o tubo até um gabarito
com o ângulo desejado. A precisão da curva não é tão importante, pois na montagem
os ângulos se ajustam e os suportes vão dobrar para os ângulos exatos por conta
própria. Dessa forma, para facilitar o trabalho e a execução de gabaritos numa
montagem, pode-se arredondar estes ângulos de flexão da seguinte maneira:
Figura 117 – Geodésicas de frequência ímpar não geram hemisférios geodésicos, como o exemplo
da 3v e a 5v que geram frações as frações 3/8 e 5/8.
Figura 118 – Tabelas com os Strut Fator e os ângulos e diagramas para as frequências 4v, 5v e 6v.
O padrão geodésico é também uma variável. Além deste método que foi mais
detalhado, Fuller também desenvolveu outros formatos, como o Fly’s Eye Dome, em
que a configuração do padrão triangular apresenta um desenho diferente, mas com
os mesmos princípios geométricos que são explorados para obter uma eficiência
estrutural, assim como faz a natureza, na interação das forças físicas para produzir
padrões geodésicos icosaédricos em muitas situações. E por isto, entender e tornar
conhecida esta geometria básica é tão necessária, porque muitas outras
configurações ainda podem ser criadas a partir dela. (EDMONDSON, 2007)
Por fim, é importante perceber que, enquanto a teoria por trás das geodésicas
parece ser surpreendentemente simples, e por outros antes de Fuller até terem sido
construídas, a sua patente em I954 é um mérito por ter se dedicado a estudar para
traduzir a real teoria destas estruturas de maneira prática, o que envolveu um
desenvolvimento matemático incrivelmente complicado com os recursos vigentes da
época, para evitar erros de cálculos ele teve que desenvolver um sistema complexo
de dados trigonométricos para permitir a construção das suas enormes cúpulas
exemplificadas no início deste capítulo.
196
Uma das maneiras que Fuller (1979) descreve sobre a resistência de força
entre um retângulo e um triângulo seria aplicar pressão a ambas as estruturas. O
retângulo dobra sobre seus vértices e seria instável, mas o triângulo resiste a pressão
e é cerca de duas vezes mais forte e mais rígido. Este princípio orientou seus estudos
para a criação da cúpula geodésica, em que descobriu que se uma estrutura esférica
fosse criada a partir de triângulos, teria uma força inigualável.
humanas, porque ar e energia podem circular sem obstrução, permitindo que tanto o
aquecimento quanto o resfriamento ocorram de maneira natural.
A arquitetura para Fuller tinha como objetivo criar abrigos versáteis, baratos,
eficientes energicamente, leves e flexíveis: máquinas de morar, capazes de se
modificar conforme as necessidades de quem as habitasse. E em mais de 50 anos
de existência das cúpulas geodésicas, novos usos têm sido acrescentados a lista
sobre mais características vantajosas desse sucesso inventivo. No site do
Buckminster Fuller Institute, órgão disseminador das ideias de Fuller, são
disponibilizadas informações sobre essas vantagens das geodésicas, assim como
muitas empresas especializadas em construções das cúpulas, também foram
identificando e contabilizando vantagens ao longo do tempo e divulgam tais
informações em seus sites e redes sociais. A seguir, serão resumidas de forma
explicativa algumas delas:
a) Força estrutural
b) Economia de materiais
A esfera tem 25% menos área de superfície por volume fechado do que
qualquer outra forma, por isto, construções esféricas ou derivadas da esfera, como
as cúpulas geodésicas, são vantajosas quando o objetivo é obter grande volume
interno conjugado com uma superfície externa mínima, proporcionando uma
economia de materiais construtivos. Estratégia similar existe nos microrganismos da
radiolaria que vivem no fundo do mar, onde a pressão é constante. Para armazenar
materiais sob pressão, os recipientes esféricos são os mais indicados, por terem uma
distribuição dos esforços mais homogênea, e em consequência disto, necessitarem
de menos material construtivo do que, por exemplo, os recipientes cilíndricos para
reterem um mesmo volume de líquidos ou gases. (RAMOS, 1993)
c) Economia de energia
Segundo Fuller (1979) há duas razões para que os domos sejam eficientes em
termos energéticos, primeiro por ter uma menor área superficial por unidade de
volume garantida pela geometria esférica, o que se traduz em uma menor área para
exposição ao frio no inverno e ao calor no verão em comparação a outras arquiteturas
de mesmo espaço. Segundo, porque o fluxo de ar dentro da cúpula é contínuo, sem
cantos estagnados, exigindo menos energia para circular o ar e manter temperaturas
uniformes. De acordo com o site das empresas Pacif Dome e Omega Dome, a energia
necessária para aquecer ou arrefecer uma cúpula é aproximadamente 30% a menos
do que um edifício convencional, o que reflete numa economia de 30% com gastos
de energia elétrica anual líquida para um proprietário de cúpula, o que é bastante
significativo. (DINIZ, 2006)
d) Leveza
Tendo menos material, menos área de superfície (em certos casos, até
ausência de paredes internas) e composto de materiais mais leves que a alvenaria,
alguns exemplares de Fuller já montados, conseguiam até ser carregados e
transportados inteiros por aeronaves, utopicamente ele previa isto para que quando
se precisasse morar ou passar um tempo em outro lugar, a casa pudesse
acompanhar as pessoas para onde quisessem ir. Independente do quão distante se
está desta ideia, a leveza é de fato uma das características mais importantes das
cúpulas, tanto que devem sempre ser bem parafusadas no chão para evitar que sejam
carregadas pelo vento. Apesar de extremamentes fortes, as maiores cúpulas
visualmente transmitem proporcionalmente a sensação da leveza de uma bolha de
sabão prestes a desaparecer, é o que pode ser observado na imagem da cúpula de
Montreal da Figura 121.
201
e) Segurança
Figura 124 – Efeito estufa intensificado pela geometria do domo e pelo material (vidro).
Figura 125 – Ilustração do fluxo de ar melhorado dentro do domo e exemplo de domo lounge na
praia.
i) Design aerodinâmico
Nenhum sólido pode ser mais curvo que uma esfera ou um domo, já que
apresentam curvatura tridimensional, e como é de se esperar, curvas facilitam os
deslocamentos de massas (seja do ar ou da água) ao redor da construção. Fuller
(1979) descreve que as turbulências externas de vento são minimizadas porque este
vento que contribui para aquecer ou esfriar, perde força em torno dele, por efeito
aerodinâmico. Por isto, o design esférico é eficiente para situação de abrigo seguro.
(Figura 126)
204
Figura 126 – Ilustração do design aerodinâmico e exemplos de domos em locais de fortes ventos.
j) Coberturas auto-sustentáveis
Figura 127 – Criação de espaços amplos sem necessidade de paredes ou vigas de sustentação.
O padrão radial nos interiores é uma arquitetura que converge. Nas escolas,
ele favorece as atividades em grupo; nos teatros e igrejas, possibilita maior número
de cadeiras e melhor visibilidade, e nos demais ambientes, tanto públicos quanto
privados, a própria disposição interna favorece a criação de espaços mais sociáveis,
em que parece inevitável não interagir. (Figura 129)
Figura 130 – Acessível para locais sem tanta estrutura, mais afastados ou ermos.
Figura 132 – Design das geodésicas, padrão geométrico triangular de beleza original.
p) Variedade de materiais
q) Qualidade acústica
Figura 134 – Geometria ajuda a reverberar dentro do domo e ajudar a diminuir ruídos externos.
r) Redondo acolhedor
s) Modularidade
Uma última vantagem, ainda segundo Lotufo & Lopes (1981), trata do aspecto
de modularidade deste tipo de construção, que por apresentar peças semelhantes,
facilita o processo de fabricação em série, reduzindo custos e desperdícios,
contribuindo para a sustentabilidade. Ramos (1993) também reflete esta questão da
modularidade como uma vantagem importante, lembrando dessa praticidade de
fabricação e montagem a partir de um número reduzido de elementos diferentes.
(Figura 136)
210
Para alguém que não conheça a história, um olhar não criterioso para as
cúpulas geodésicas poderia não traduzir claramente os conceitos e a inspiração por
traz destas estruturas. Como a forma é demasiadamente geométrica e projetada, isto
pode levar ao equívoco em se pensar que não haja nenhuma relação com a natureza,
mas como já foi dito, na verdade, a relação existe.
Esta classe de protozoários que vive no plâncton marinho teve suas formas
reveladas nos estudos ilustrados nos livros de Haeckel que foram primeiro
apresentados em 1904, ano da sua primeira publicação. Alguns destes radiolários
foram representados por uma série de esqueletos radiais que formam padrões
geométricos, definindo as bases lógicas e analógicas referenciais e conceitual.
Não apenas os Radiolários, mas ele observou que várias outras estruturas
naturais também se utilizam do princípio de estruturas vazadas e de invólucro esférico
protetor e contenedor como as observadas no capítulo 2. Desta forma, Fuller (1998)
se convenceu de que a natureza favorece o padrão esférico, e que por isto, este seria
uma representação do sistema de coordenadas da natureza, o que desencadeou o
seu estudo da matemática para a engenharia dessa configuração.
212
Figura 137 – Imagens dos desenhos de Haeckel de radiolários esféricos e abaixo imagens de
microscopia eletrônica de radiolários reais.
Edmondson (2007) revela que o objetivo de Fuller com tal explicação era
fornecer modelos tangíveis de Fenômenos invisíveis, na sua tentativa de entender
e ensinar sobre o Universo, e acredita que, de todas as soluções possíveis, uma
geodésica ominitriangulada de alta simetria icosaédrica fornece o método mais
eficiente de englobar espaço com um mínimo de material e esforço. Diz ainda que em
conformidade, a natureza se baseia neste design elegante em muitos invólucros de
proteção, independente da escala, citando o exemplo da radiolaria, dos vírus
esféricos e das fibras do globo ocular. Na Figura 138, um exemplo mostrando esse
padrão geodésico nos olhos da libélula azul (Coenagrion puella).
214
Figura 140 – Esquema da Buckyball e Harry Kroto, um dos cientistas que descobriu o Carbono 60.
Fonte: http://www.npr.org/2015/10/08/445339243/a-discoverer-of-the-buckyball-offers-tips-on-
winning-a-nobel-prize. Acesso em: 29 jul 2016.
Na Figura 147, um mapa chamado Domes of the world, mantido pelo Google
Group "Geodesic Help", mostra as maiores áreas de concentraçao de geodésicas no
planeta.
Figura 147 – Mapa do Google Group “Geodesic Help” com localização de geodésicas.
Fonte: https://www.google.com/maps/d/viewer?msa=0&mid=1OEV_62VqiyMt01IktyI3jpbZkW0.
Acesso em 25 jul 2016.
Além destes diversos tipos de usos, tem se difundido também como residência
eficiente e ecológica, especialmente pelo seu baixo custo de implementação e
manutenção. Nos Estados Unidos e na Europa onde existem mais exemplos, há
diversas empresas especializada nelas, trazendo soluções cada vez mais atraentes
com uma arquitetura moderna e eficiente de alto padrão de qualidade. Vale relembrar
aqui que as tecnologias e materiais disponíveis no contexto atual podem trazer
diversas soluções para problemas com geodésicas, tais como: vedação e
padronização de portas, janelas e mobiliário. Na Figura 148, algumas imagens das
fachadas para exemplificar estas casas domos e, na Figura 149, imagens com
exemplos do interior deste tipo de construção para demonstrar o quanto podem ser
tão ou mais bonitas do que a arquitetura convencional.
225
Por fim, para agregar nesta parte de projetos contemporâneos, não podia ficar
de fora o projeto simples e inovador para construções de cúpulas geodésicas com os
conectores Hubs (Figura 150). Estes conectores que inicialmente em estudos foram
fabricados por impressora 3D possuem 5 ou 6 saídas para pinos em formato de
esferas que são unidas às barras com parafuso, para em seguida, serem apenas
encaixadas neste conector, fazendo com que o processo de montagem seja muito
mais rápido e prático. Além disso, os conectores possibilitam utilizar qualquer tipo de
madeira para as barras (e na verdade podem ser utilizados quaisquer outros materiais
desde que não sejam tão mais pesados que a madeira e que as dimensões sejam
calculadas corretamente. No site http://buildwithhubs.co.uk/stickguide.html existe
uma calculadora que já informa as dimensões dos dois tipos de barras, colocando-se
o raio da cúpula pretendida. Até o momento só há disponível o kit para venda da
cúpula de frequência 2v, portanto, para este, só são necessárias 2 medidas de barras.
O projeto foi desenvolvido por Chris Jordan e Mike Pasley do Reino Unido que desde
2011 vêm aprimorando este sistema e otimizando o produto.
No Brasil, estas cúpulas são mais usadas como estruturas temporárias por
empresas como a Domebambu, Criativa Tendas e a Eco Domo, dentre outras, que
trabalham com eventos e feiras, disponibilizando venda e aluguel destas estruturas.
A empresa Domebambu, reduz ainda mais o peso e os custos de instalação das suas
cúpulas por inserir o Bambu como matería-prima. Inclusive é importante citar também
o laboratório do professor José Luís Mendes Ripper (PUC-RJ), que também fez
diversos estudos de implementação do bambu em cúpulas geodésicas. (Figura 151)
Figura 152 – Cúpula geodésica do Borboletário no Catavento Cultural, no Palácio das Indústrias
(SP).
Desde 2009, o Instituto Inhotim abriga a obra Lama Lâmina idealizada pelo
americano Matthew Barney cujo tema é a destruição da floresta. Incrustada na mata,
a escultura está instalada dentro de 2 domos geodésicos geminados de aço e vidro,
em meio a um bosque de eucaliptos. Em seu interior, o espaço é tomado por um
enorme trator que ergue uma árvore de resina. Com diâmetros de 10m e 15m, as
cúpulas de vidro foram executadas pela Avec Design, com o sistema Ecoglazing
patenteado pela empresa, uma tecnologia capaz de simplificar as etapas de
instalação mesmo em geometrias mais complexas. Utiliza um caixilho sintético em
borracha de silicone de alta consistência HTV (vulcanizados a alta temperatura), com
painéis de vidro emborrachados pelo sistema VES (vidro encapsulado em silicone).
São 115 diferentes tipos de triângulos num total de 1200m² de vidro laminado refletivo
dourado encapsulado, de 10mm de espessura e aplicado sobre a estrutura metálica
tubular em aço patinável (com liga de cobre), de modo elástico e definitivo. Este é um
laminado com metalização PR108 (8% de transmissão luminosa). As chapas foram
fabricadas pela Fanavid e cortadas e lapidadas pela Vidraçaria Iguatemi. (Figura 153)
Figura 153 – Cúpula geodésica obra Lama Lâmina de Matthew Barney no Instituto Ilhotim
(Ilhotim/MG).
Figura 157 – Cúpulas Geodésicas da Casa Lotufo (à esquerda) e Casa Duvivier-Ripper (à direita).
Abaixo, um resumo da sua Ficha Técnica para se ter ideia das suas
proporções:
Figura 158 – Imagens do interior, exterior e de detalhes da construção do Eden Project (Inglaterra).
Similar como nos hotéis tradicionais que possuem várias opções de quartos,
no EcoCamp existem 4 opções de cúpulas para hospedagem: Standard com 10m²,
Suíte com 28m², Loft com 37m² e Superior com 23m². Os locais para as refeições,
aulas de yoga, loja e bar são cúpulas geodésicas comunitárias que fornecem um
ponto de encontro onde os hóspedes podem compartilhar histórias entre si e planejar
futuras excursões. Na Figura 161, imagens evidenciando detalhes do exterior e
interior das diferentes cúpulas geodésicas, retiradas do site da empresa.
241
camas, lareira, banheiro privativo, aquecimento de água à gás e energia elétrica para
carregamento de celulares e laptops, porém um ponto que para alguns seria negativo
é o fato de não disponibilizar wifi (só nas áreas comunitárias), nem secadores, já que
o consumo de energia é limitado e o objetivo é ter uma experiência mais natural dentro
do que é possível em termos de conforto de interação com a natureza, pois tudo é
pensado para que se perceba a premissa do hotel de preocupação e
responsabilidade ambiental.
Apesar de ter uma configuração diferente do usual, as cúpulas são muito bem
vistas pelos visitantes que evidenciam o design original no interior de belas formas
geométricas, além da aprovação da ideia de hotel verde. Em sua página do facebook,
possui mais de 20.000 curtidas e uma aprovação de quase 5 estrelas, a mesma
aprovação possui no Tripadvisor com quase 500 comentários de hóspedes satisfeitos
com suas experiências, cujos pacotes turísticos variam de $2600 à $5300 dólares,
(incluindo: atividades, hotel, refeições e traslados).
escolhidos com muito cuidado, garantindo que estejam cientes de cumprir com
as normas ambientais do hotel, que procura comprar a granel, de modo a
limitar embalagens individuais a um mínimo a ser trazida para o parque. Todos
os resíduos são separados de acordo com o estatuto de reciclagem: orgânico,
papel, vidro e materiais perigosos ou tóxicos. Os não-orgânicos são removidos
e enviados para a cidade mais próxima de Punta Arenas para serem
reciclados, e o material orgânico serve de alimentação para os porcos numa
fazenda da vizinhança.
Guias cuidam para evitar que os hóspedes joguem lixo nas rotas durante as
caminhadas, trazendo de volta para o hotel todo o material não-biodegradável. Existe
reutilização dos zip-lock do almoço e das garrafas de água e também há um manual
em todas as cúpulas informando as práticas ecológicas que incluem: ficar nas
passarelas de madeira, não fumar dentro das cúpulas, usar produtos de higiene
biodegradáveis, não descartar pilhas, minimizar o tempo no chuveiro e partilhar o
transporte.
poderiam ser prejudiciais para o parque, e este é um ponto de vista muito válido, pois
proteger o parque é ser responsável de uma maneira mais ampla, é estar preocupado
com o futuro das próximas gerações.
Um projeto que demonstra o quão atual e inovador pode ser um projeto com
esta configuração é o que está sendo desenvolvido pelo escritório de arquitetura
americano NBBJ, que já fez parcerias com outras grandes empresas do ramo da
tecnologia como Google, Samsung e Microsoft, e que agora está trabalhando para a
Amazon, que com apenas 22 anos de mercado é a maior varejista online do mundo,
pioneira em compras e leitura de livros eletrônicos pela internet e computação em
nuvem. Este novo projeto será no bairro Denny Regrade, bem na região central da
cidade de Seattle/USA, abrange a revitalização do espaço corporativo e comercial da
empresa com cerca de 1 milhão de metros quadrados em três blocos da cidade,
incluindo a criação de um novo espaço corporativo, com três torres de escritórios de
37 andares, dois edifícios de escritórios de altura média e um complexo de 3 domos
conectados, intitulados de Spheres, que abrigará cerca de 3.000 espécies de
plantas (oriundas de 50 países), inclusive algumas destas ameaçadas de extinção,
também com o intuito de preservação. (Figuras 176 e 177)
.
Fonte: www.nbbj.com/work/amazon. Acesso em 25 jul 2016.
Figura 178 – Esquema dos pentágonos chamados catalão das Spheres para a empresa Amazon.
"Nós queríamos que fosse icônico, uma estrutura que seria semelhante a um
outro ícone da cidade, como o Space Needle, para os visitantes em Seattle... Seria
um tesouro encontrado no bairro central da cidade.", informou John Schoettler, diretor
da imobiliária global da Amazon em entrevista para a revista Times de New York em
julho de 2016.
257
"A idéia era levar as pessoas a pensarem mais criativamente, talvez chegar a
uma nova idéia que eles não teriam se fossem apenas em seu escritório", comenta
Dale Alberda, o arquiteto chefe do projeto na NBBJ. Muitas empresas de tecnologia
estão testando maneiras de tornar os locais de trabalho cada vez mais propícios à
criatividade, seja com playgrounds, piscinas de bolas, mesas de pingue-pongue e por
que não, com um maravilhoso jardim? (Figura 180)
258
Figura 180 – Detalhes da maquete das Spheres da Amazon evidenciando os espaços verdes.
Dessa forma, este é um projeto que visa também o bem estar dos funcionários,
já que pesquisas apontam que a exposição à natureza ocasiona diminuição nos níveis
de estresse e isto ajuda a pensar mais criativamente, colaborando com a
produtividade dos funcionários. Por enquanto, as Spheres só serão acessíveis
apenas para os empregados da Amazon, mas com o sucesso do projeto, a empresa
prevê, o acesso à passeios públicos. (Figura 181)
259
Figura 181 – Imagem renderizada de uma vista do interior das Spheres da Amazon.
Não é à toa que o projeto é vencedor do concurso “Drone for good” realizado
nos Emirados Árabes em 2015, e levou um prêmio de US$ 1 milhão, que a empresa
usará para continuar a desenvolver o produto adicionando mais funções como:
imagens em infravermelho e melhoramento da interface dedicada para busca e
salvamento de vítimas em áreas de acidentes. Atualmente o drone já é usado para
obter imagens em locais de difícil acesso, mas ainda há potencial para melhorar as
condições de vôo e duração da bateria para que possa ajudar ainda mais no resgate
de vítimas, na identificação de vazamentos químicos, na avaliação de estruturas
danificadas e na inspeção de construções perigosas. Este é um excelente exemplo
que soube aproveitar bem as vantagens da geometria da geodésica de leveza e
resistência estrutural, que resultou claramente numa melhora significativa para este
tipo de produto. (Figura 184)
Figura 184 – GimBall, drone da empresa Flyability em forma de geodésica capaz de acessar áreas
remotas.
Isto demonstra que existe um grande potencial de uso desta forma no design,
ampliando a sua atuação para além da construção arquitetônica. Além deste
exemplo, existem muitos outros produtos interessantes no mercado com referência
na configuração geodésica, como observa-se nas Figuras 185 e 186.
262
Desta forma, esta parte trará um pequeno experimento para produzir duas
propostas diferentes de cúpulas geodésicas baseadas na analogia simbólica de duas
referências naturais sem o intuito de utilização num projeto em si, mas apenas com
caráter investigativo para justificar o potencial de realização de novas configurações
da geometria geodésica, que de acordo com as tecnologias atuais são facilitadas pelo
design paramétrico e pela prototipagem rápida.
Figura 187 – Script da criação da geodésica derivada do icosaedro pelo Weavebird no Grasshopper
Figura 189 – Referência natural (Diploria labyrinthiformis), vistas laterias (dir/esq), frontal, posterior e
secção (dir/esq) do modelo 2.
Para isto também foi tomado como base o primeiro modelo original de
geodésica 4v Classe I. A partir dele foram selecionados os centros dos triângulos
dessa cúpula original para criar uma nova cúpula com novo padrão das faces graças
ao componente Facet Dome, algoritmo que preencheu a superfície de hexágonos e
pentágonos, na mesma disposição da geodésica hexa-penta 4v. A partir dele, foi
duplicada sua malha para criar uma superfície adjacente a estrutura. Com os vértices
criados anteriormente no centro dos triângulos da cúpula original, foi criado um plano
direcionado pelas normais das faces, em que foi inserida uma cópia reduzida das
faces hexa/pentagonais junto aos vértices. Essas cópias foram movidas para fora da
superfície original e em seguida preenchidas com uma superfície graças ao comando
Loft, o que deu volume aos elementos aglomerados. Para finalizar, se deu o comando
de diferença de altura e abertura dos seus orifícios. Nas Figuras 191 e 192 são
apresentados o script da programação no Grashopper e imagens da referência e do
terceiro modelo gerado.
272
Figura 191 – Referência natural (Palythoa caribaeorum), vistas laterias (dir/esq) e superior, desenho
em linhas (lateral e superior) do modelo 3.
A ideia aqui não foi de estabelecer uma nova proposta para a configuração
geodésica e sim de confirmar a sua vantagem construtiva, alterando o padrão, mas
mantendo as mesmas características construtivas. O intuito foi o de demonstrar que
é possível o uso de estratégias em Biodesign para gerar esses novos modelos de
geodésicas incorporando seus aspectos sustentáveis, como modulação e economia
de materiais, como previa Fuller, e somando nestas a tendência por um design com
referências mais orgânicas e naturais, incentivando a utilização destas estruturas,
demasiadamente fortes, em aplicações específicas de soluções, seja para arquitetura
ou para a criação de novos artefatos.
275
5 CONCLUSÃO
Por fim, o que se pode constatar é que sem dúvida alguma, em seu tempo,
Fuller utilizou os princípios vigentes da Biomimética, mesmo antes de terem sido
estabelecidos, pois a sua solução para as geodésicas partiu de estudos sobre os
princípios construtivos na natureza (natureza como modelo e mentora), visando para
a sua criação, o uso eficiente de recursos, evitando desperdício de material e energia,
contemplando uma melhoria na habitação humana, para fazer um abrigo mais
confortável, eficiente e economicamente acessível a um maior número de pessoas, o
que comprova a utilização dos princípios da natureza também como medida.
É bem verdade que se tem avançado neste campo, mas ainda é pouco do que
se deveria, novas pesquisas no sentido de investigar métodos mais eficientes e
práticos de aplicação biomimética podem ser formuladas, métodos que auxiliem esta
interpretação com foco mais sustentável, ou que ampliem parâmetros e técnicas para
esta tradução com o mundo natural.
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