Macroeconomia
Macroeconomia
Macroeconomia
MACROECONOMIA
2010
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Inclui bibliografia
Bacharelado em Administração Pública
ISBN: 978-85-7988-008-7
CDU: 330.101.541
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Fernando Haddad
PRESIDENTE DA CAPES
Jorge Almeida Guimarães
AUTOR DO CONTEÚDO
Luiz Fernando Mählmann Heineck
Créditos da imagem da capa: extraída do banco de imagens Stock.xchng sob direitos livres para uso de imagem.
PREFÁCIO
Apresentação.................................................................................................... 11
Unidade 1 – Macroeconomia
Introdução........................................................................................17
Definição de Macroeconomia............................................................................. 21
Um pouco de cinismo em relação à Macroeconomia....................................... 25
Uma última trincheira.......................................................................... 28
Problemas macroeconômicos fundamentais: uma lista curta e uma lista longa..... 31
Sucessos e fracassos macroeconômicos.......................................................34
Antecedentes da Macroeconomia.................................................................36
O reconhecimento da visão de mercado.............................................36
O funcionamento dos mecanismos de mercado............................................38
O surgimento da Macroeconomia Moderna – John Maynard Keynes...........42
Os condicionantes para o surgimento de uma nova disciplina no campo
da Economia......................................................................................42
Um desdobramento importante: as curvas IS-LM...................................48
Unidade 2 – Contabilidade Nacional
Introdução........................................................................................55
Fluxo circular da renda..................................................................................59
A ótica de mensuração do produto............................................................61
Os agregados macroeconômicos........................................................63
Identidades contábeis.............................................................................66
Economia fechada e sem governo..............................................................68
Economia fechada e com governo..............................................................69
Economia aberta e com governo..............................................................71
Sistema de Contas Nacionais................................................................73
Balanço de pagamentos........................................................................78
Introdução..........................................................................................87
Oferta agregada.......................................................................................88
Uma discussão sobre curto e longo prazo......................................................88
Formatos das curvas de oferta.......................................................................91
Deslocamentos e movimentos ao longo da curva de oferta........................99
A curva de oferta de curto prazo no entorno da curva de produto potencial de
longo prazo.....................................................................................103
Demanda agregada............................................................................107
A curva de demanda...................................................................108
Deslocamentos da curva de demanda e movimentos ao longo da curva
de demanda.............................................................................112
Resumo dos componentes da demanda..................................................113
Explorando conjuntamente as curvas de oferta e demanda agregadas...114
O retorno ao ponto de equilíbrio: uma análise do longo prazo.........121
Unidade 4 – O Modelo IS-LM
Introdução........................................................................................................ 131
O lado IS do modelo........................................................................................ 133
Vazamentos e injeções....................................................................... 135
A dependência da demanda efetiva aos juros........................................... 138
Desenho e equacionamento da curva IS...................................................... 141
Deslocamento da curva IS e a sua inclinação............................................ 146
O lado LM do modelo........................................................................................ 153
A derivação gráfica da curva LM................................................................. 156
Equacionamento matemático da curva LM........................................... 159
Deslocamentos e inclinações da curva LM............................................ 163
Trechos clássicos e keynesianos da curva LM.......................................... 165
Introdução.............................................................................................. 173
Inflação: definições e tipos............................................................. 175
A inflação expressa por meio da Teoria Quantitativa da Moeda................. 179
A relação entre inflação, taxa nominal e taxa efetiva de juros: a equação de Fisher 183
Males e benefícios da inflação....................................................................... 185
A Curva de Phillips............................................................................ 187
A relação entre desemprego, inflação e produto na economia................. 187
A Lei de Okun................................................................................. 192
Derivação da curva de demanda e oferta agregadas em função da inflação......... 196
A demanda agregada e sua expressão em forma inflacionária..................... 197
Geração da curva de oferta agregada em sua forma inflacionária............... 200
Qualidade do emprego.......................................................................................... 208
Componentes da Curva de Phillipis estendida............................................ 209
Macroeconomia
Minicurrículo........................................................................................................ 260
APRESENTAÇÃO
Caro estudante,
Estamos iniciando o segundo módulo do curso de
Bacharelado em Administração Pública. Você já deve se sentir mais
confiante para intervir direta ou indiretamente em seu local de
trabalho a partir dos conhecimentos que formam um curso de
Administração Pública. Entusiasmados, começamos a pensar em
planejar, organizar e controlar as organizações, no entanto, não
podemos deixar de lado uma formação mais ampla e que contemple
questões de filosofia e ética. Essa perspectiva teórica foi o objetivo
maior do primeiro módulo, como você pôde conferir também na
disciplina de Introdução à Economia. Por meio desta nos foi
possível mostrar que existem modelos (numéricos ou puramente
conceituais) que dizem como as atividades humanas se
comportam quando o foco é produzir, distribuir e avaliar custos e
preços em uma sociedade.
Neste novo módulo, vamos buscar uma síntese ainda maior,
focando o olhar na Macroeconomia. De certa maneira, esta
disciplina aponta balizas gerais às atividades que gostaríamos de
levar à frente como administradores. Como princípio a
Macroeconomia fundamenta recursos que analisam e impõem
limites, freios, marcos ou impedimentos mais amplos a nossa
atividade como homens econômicos. Existem condicionantes
econômicas gerais que indicam que nem tudo é possível de ser
realizado para mudar a sociedade, principalmente no curto prazo.
Este é um momento econômico especialmente significativo
em nossas vidas. Estamos no início de um novo século e também
de um novo milênio. No entanto, para seguirmos produtivamente
Módulo 2
11
Macroeconomia
Módulo 2
13
Macroeconomia
UNIDADE 1
MACROECONOMIA
Módulo 2
15
Macroeconomia
INTRODUÇÃO
Caro estudante,
Estamos iniciando esta disciplina compreendida como parte
da espinha dorsal do curso de Administração Pública que
começou com a Introdução à Economia e terá sequência
com a Economia Brasileira, no próximo módulo. Este
encadeamento de disciplinas é importante já que você
observará que este livro de Macroeconomia não lança mão
de exemplos relativos à economia brasileira, deixando isto
para essa próxima disciplina. Da mesma forma, este livro
não utiliza exemplos de outras economias, principalmente
da economia norte-americana, como ocorre na maioria dos
livros citados nas Referências bibliográficas deste curso.
Os gráficos, quando apresentados neste livro, são genéricos
e não correspondem à nenhuma economia em particular.
No entanto, sempre que possível mostraremos que estes
gráficos têm valores que se aproximam daqueles que
podemos encontrar em consulta a sites de informações,
como indicado ao longo do texto. Em resumo, os gráficos
têm formatos e valores que são próximos daqueles que
podem ser encontrados nas discussões sobre
Macroeconomia em vários países.
A Macroeconomia será vista também em Teoria das Finanças
Públicas e Orçamento Público, disciplina esta que
corresponde aos desdobramentos práticos e teóricos de
políticas fiscais. No último módulo do curso a retomaremos
na disciplina de Políticas Públicas e Sociedade. Por fim, a
disciplina de Relações Internacionais compartilha conceitos
com aquilo que vamos ver aqui sobre economia aberta. Em
particular, podemos reconhecer que a questão de economia
aberta pode ser aprofundada utilizando partes específicas
das demais disciplinas deste curso de Administração Pública.
Módulo 2
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Macroeconomia
v
Desta maneira, precisaremos ao longo do tempo mostrar as
contribuições positivas da ciência macroeconômica para a
estabilidade das sociedades, criando condições para o seu
desenvolvimento sócioeconômico. No entanto, como uma primeira Devemos respeitar o
aproximação para o entendimento de problemas econômicos, desenvolvimento
devemos raciocinar com regras de bom senso e com os científico da área
Módulo 2
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Macroeconomia
DEFINIÇÃO DE MACROECONOMIA
Módulo 2
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Macroeconomia
pertence ao campo das Ciências Sociais Nasceu em 1883, filho da alta classe
Aplicadas, ou seja, são as aplicações que média profissional vitoriana. Em 1905,
justificam a sua razão de ser. graduou-se em matemática, mas, em
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Macroeconomia
UM POUCO DE CINISMO EM
RELAÇÃO À MACROECONOMIA
Módulo 2
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Macroeconomia
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Macroeconomia
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29
Macroeconomia
PROBLEMAS MACROECONÔMICOS
FUNDAMENTAIS: UMA LISTA
CURTA E UMA LISTA LONGA
Esta lista curta pode ser expandida para uma lista longa
envolvendo outras variáveis. São elas:
Produto potencial.
Amplitude dos ciclos econômicos.
Produto interno bruto per capita.
Distribuição de renda.
Taxa de inflação nominal.
Índices de correção monetária da inflação e indexado-
res de preços.
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Macroeconomia
Módulo 2
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Macroeconomia
SUCESSOS E FRACASSOS
MACROECONÔMICOS
v
acesse: <http://
estamos preocupados com o momento atual marcado por uma www.brasilescola.com/
crise econômica potencialmente proporcional àquela ocorrida em historiag/crise29.htm>.
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Macroeconomia
ANTECEDENTES DA MACROECONOMIA
v
Smith, em 1776, deu um título sintomático para sua obra seminal
da moderna economia, a Riqueza das Nações. Com esta colocação
quis inferir que a riqueza não era determinada pelo acúmulo de
metais, como no período do mercantilismo, mas sim pela
Você pode ter acesso a
organização social baseada na divisão do trabalho e nas motivações
versão eletrônica desta
obra no site <http://
pessoais de seus cidadãos.
www.reidoebook.com/ A evolução da ciência econômica a partir daí cria a figura
2009/03/riqueza-das- de vários mercados cujo equilíbrio estaria sempre garantido. Estes
nacoes-adam-
mercados expressam e buscam o equilíbrio de duas quantidades
smith.html>.
fundamentais: as quantidades de itens e o preço destes itens; sendo
que estes podem ser bens e serviços, moeda, câmbio, títulos e mão
de obra (ou trabalho). Explicamos cada um deles, a seguir,
acrescentando comentários que permitam a você entender como
estes mercados podiam manter o seu equilíbrio no passado:
Módulo 2
37
Macroeconomia
v
você estudou na necessitassem o que demonstrava que no século XIX não havia
disciplina de Introdução
grande preocupação com a condução da economia. Pela teoria
à Economia sobre estes
economistas.
clássica a partir de Adam Smith, Mills, Marshall e Say os vários
mercados buscariam o equilíbrio e haveria sempre o pleno
emprego, teoricamente.
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Macroeconomia
Módulo 2
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Macroeconomia
O SURGIMENTO DA MACROECONOMIA
MODERNA – JOHN MAYNARD KEYNES
Módulo 2
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Macroeconomia
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Macroeconomia
Módulo 2
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Macroeconomia
v
foi introduzido no arsenal de ferramentas da Macroeconomia – as
curvas de Phillips. Estas curvas relacionam a taxa de desemprego
de uma economia com a de inflação.
Módulo 2
49
Macroeconomia
Resumindo
Nesta Unidade, estudamos algumas definições de
Macroeconomia a fim de evidenciarmos que, segundo elas,
esta ciência têm em comum a preocupação pelo estudo in-
tegrado da economia, incluindo variáveis como renda, pre-
ço e taxas de desemprego.
Conhecer as ferramentas desta ciência nos permite,
em última análise, oferecer políticas para melhorar o de-
sempenho econômico do País e explicar eventos econômi-
cos bem ou malsucedidos.
Vimos ainda que a Macroeconomia surge como disci-
plina recente, fortemente baseada em Keynes, com concei-
tos de condução da economia no curto prazo que diferem
radicalmente daquilo que pode ser compreendido a partir
dos ensinamentos clássicos da Economia.
Por fim, vimos algumas extensões do estudo da
Macroeconomia, como a as curvas IS-LM e as curvas de
Phillips que permitem um tratamento unificado da
Macroeconomia – proposta deste livro.
Atividades de Aprendizagem
Preparamos para você algumas atividades com o objetivo
de fazê-lo rever o conteúdo estudado nesta Unidade. Em
caso de dúvida não hesite em fazer contato com seu tutor.
Módulo 2
51
UNIDADE 2
CONTABILIDADE NACIONAL
INTRODUÇÃO
Caro estudante,
Vamos iniciar a Unidade 2 com a apresentação da
Contabilidade Nacional. Por intermédio dela
conheceremos ferramentas e técnicas que nos permitirão
operacionalizar os conceitos da Macroeconomia. Porém,
devemos ter paciência para entendermos primeiro como
são mensurados os resultados da atividade econômica.
Embora a Contabilidade Nacional trate de resultados e
devesse fazer parte do último capítulo de um livro de
economia, vamos promover esta antecipação a fim de
introduzirmos a nomenclatura da área e seus
respectivos conceitos, como renda, produto, tributos,
exportação e importação.
Mostraremos a você os objetivos da Contabilidade Nacional
como disciplina associada à Macroeconomia keynesiana e
como são formados os Sistemas de Contas Nacionais. Estas
contas são as principais fontes de estatísticas para
economistas e pesquisadores, dentre as quais a mais
importante é a do Produto Interno Bruto (PIB).
Então, preparado? Vamos lá?
Módulo 2
55
Macroeconomia
v
aos quais podemos introduzir mensurações que reflitam especificamente
o bem-estar na sociedade, envolvendo um conjunto muito maior de
variáveis do que aquelas de natureza puramente econômica.
Você já deve ter ouvido
É importante que você, acadêmico do curso de
falar do Índice de Administração Pública, tenha capacidade de discernimento diante
Desenvolvimento da economia para distinguir a linguagem contábil da linguagem de
Humano (IDH)Para saber
modelo. Um modelo econômico que possui uma representação
acesse <http://
www.pnud.org.br/idh/>.
matemática é na verdade uma construção teórica que irá descrever,
por meio de gráficos e equações, as diversas relações entre as
variáveis econômicas que serão testadas empiricamente para
estimularem os efeitos ou as mudanças em um provável resultado
final. Por sua vez, um modelo contábil irá trabalhar com identidades
que matematicamente irão representar a igualdade de duas ou mais
*Ex post – expressão lati- variáveis teoricamente idênticas e que não estabeleçam ligações
na utilizada para indicar de causalidades entre elas. Como são geradas ex post*, não há a
as condições que resul-
necessidade de confrontá-las empiricamente.
tam de um determinado
acontecimento, o qual Explicar como se dá a evolução do PIB é tarefa para os
pode ser um ajuste, uma macroeconomistas e para a teoria macroeconômica que por meio
correção, uma transação
de modelos teóricos analisam e interpretam o comportamento das
ou mesmo a realização
variáveis. Nós iremos conhecer quem são e como são formadas
de um fato planejado.
Fonte: Lacombe (2004). essas contas para que possamos entender de que forma elas
fornecem os dados necessários ao estudo e desenvolvimento desses
modelos teóricos no campo da Macroeconomia.
Nesse sentido, podemos em uma primeira definição afirmar
que a Contabilidade Nacional é um sistema contábil que permite a
avaliação da atividade econômica em um determinado período de
tempo, fornecendo estatísticas e hierarquizando fatos econômicos
para que possam ser analisados de forma coerente. Diferente de
outras linhas de estudo da Macroeconomia, a Contabilidade
Nacional trata apenas de fatos ex post.
Módulo 2
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Macroeconomia
Mercado de fatores de
produção
FAMÍLIAS EMPRESAS
Mercado de bens
e serviços
Fluxo real
Fluxo Monetário
Módulo 2
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Macroeconomia
VPi = QiPi
mercado de fatores de produção. Temos, então, outra forma de sendo necessário para
que não haja dupla con-
calcularmos o que foi produzido, por meio da soma dos gastos
tagem na economia. Por-
realizados pelos agentes econômicos. tanto, ele também nos
Em resumo, na Contabilidade Nacional o acompanhamento informa tudo o que por
dos fluxos de produção, monetário e dos gastos em um determinado ela foi produzido. Fonte:
Elaborado pelo autor.
período de tempo nos permite calcular o PIB de uma economia por
meio de três óticas:
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Macroeconomia
OS AGREGADOS MACROECONÔMICOS
v
de produção, falamos em
do PIB nós iremos obter o Produto Nacional Bruto, mais Renda Nacional Bruta e
Módulo 2
63
Macroeconomia
Módulo 2
65
Macroeconomia
IDENTIDADES CONTÁBEIS
Módulo 2
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Macroeconomia
Yp = C + Ip
Yp = C + S
S = Ip
Y=C+I+G
Y = C + S + RLG
S + RLG = I + G
S + Sg = I
Módulo 2
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Macroeconomia
v
Outra situação possível é a de aplicarmos a poupança em
investimentos públicos. Nesta situação, as famílias deixam
simplesmente de financiar os investimentos privados e deslocam
este esforço para a esfera pública. Macroeconomicamente o que
Aplicação de capital
totalmente detida pelo interessa é que os investimentos sejam feitos, não havendo grande
Estado. preocupação quanto a quem eles pertencem, se às famílias ou
ao governo. No entanto, se a poupança privada financiar as
despesas do governo na rubrica de consumo, podemos estar
diante de um problema.
Diante do exposto, podemos afirmar que a sociedade deveria
preferir investimentos ao consumo, pois os investimentos aumentam
a capacidade produtiva da economia ao longo do tempo, enquanto
o consumo faz desaparecer seus efeitos em curto espaço de tempo.
Y = C + I +G + (X – M)
v
importações de bens e serviços. Na mesma linha de raciocínio,
temos que RLEE – TUR é o saldo das remessas de renda enviada e
recebida ao exterior. Como nos casos anteriores, iremos por em
prática a identidade contábil: Transferências
Unilaterais Recebidas.
S + RLG + (RLEE – TUR) = I +G + (X – M)
Módulo 2
71
Macroeconomia
(RLEE – TUR) + (X – M) = SE
I = S + Sg+ SE
v
país em determinado período de tempo. Essa síntese pode significar
simplesmente fazer a contabilidade de “qualquer coisa”, por
exemplo, nossa contabilidade pessoal ou a de nosso escritório.
Em sua versão original criada pela Organização das Nações
Saber se a organização
Unidas (ONU), o sistema possuía quatro contas que foram tem dinheiro ou não, se
classificadas por meio de três óticas de mensuração: de produção, possui dívida ativa ou
de apropriação (ou utilização da renda) e de acumulação dos passiva, se houve
pagamento de dívidas
agentes econômicos. Seguindo essa sequência, a quarta conta leva
antigas, se as dívidas são
em consideração o setor externo. Por meio do método contábil das maiores do que as
partidas dobradas são feitos os lançamentos nas contas: receitas, se os
investimentos
Produto Interno Bruto (produção). correspondem a uma
parcela razoável das
Renda Nacional Disponível (apropriação).
receitas e despesas e se
De Capital (acumulação). existem estoques a
serem consumidos em
De Transações com o resto do mundo. períodos vindouros.
Módulo 2
73
Macroeconomia
v
O Banco Central faz um demonstrativo de contas que nos
permite visualizar como o Brasil faz esta contabilidade.
Para saber mais sobre Vamos começar pela Conta Produto Interno Bruto,
este demonstrativo dando a ela a seguinte definição: é a conta inicial do sistema, a
acesse <http:// mais importante, aquela que apresenta uma síntese de todos os
www.bcb.gov.br/
lançamentos contábeis efetivados durante o período de produção.
?PCONTAS>.
Ela tem no débito o pagamento das unidades produtivas aos fatores
de produção com os impostos subtraindo os subsídios. Por sua vez,
o crédito resume o que a instituição recebeu dos agentes econômicos
que adquiriram bens e serviços. Do razonete dessa conta é extraído
o PIB e as despesas a preços de mercado, agregando tudo o que foi
produzido no país, sem distinção entre público e privado ou famílias
e governo. Tudo que represente uma atividade de produção e tenha
reflexos contábeis entra nesta conta. Observe o Quadro 1.
DÉBITOS CRÉDITOS
DÉBITOS CRÉDITOS
Módulo 2
75
Macroeconomia
CONTA DE CAPITAL
DÉBITOS CRÉDITOS
DÉBITOS CRÉDITOS
Exportações Importações
Renda recebida do exterior Renda enviada ao exterior
Saldo: poupança externa
Recebimentos correntes Utilização dos recebimentos correntes
Módulo 2
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Macroeconomia
BALANÇO DE PAGAMENTOS
Módulo 2
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Macroeconomia
v
A segunda conta, por nós descrita, foi a conta de capital.
Aqui temos registradas as transferências unilaterais de ativos reais,
financeiros e valores intangíveis entre os residentes e os não
residentes. A diferença que se dá entre as transferências de conta
Atenção para não
contundi-las com as corrente e a de conta capital é que nesta estão envolvidos os direitos
transferências de propriedade sobre ativos, ou seja, houve uma contrapartida de
unilaterais de renda. quem vendeu a quem comprou e os bens trocam de mãos entre
nacionais e estrangeiros.
Este não é o caso das rendas em que houve a troca de
pagamentos pelo aluguel de um fator de produção. Essas rendas
(aluguéis) são contabilizadas na conta corrente, como exportações
e importações de serviços. Esse aluguel tanto pode ser a forma de
remuneração por máquinas, equipamentos e prédios emprestados
temporariamente para a produção (e depois devolvidos) como o
pagamento de salários pelo uso de mão de obra operativa ou
gerencial. Ao final desse uso de mão de obra, a sua capacidade
operativa volta a ser de propriedade de quem a detinha, no caso os
operários, os gerentes e os empreendedores.
Temos também a c o n t a f i n a n c e i r a, uma conta
basicamente para o registro de valores. Ela contabiliza os fluxos de
capital entre residentes e não residentes e dela se derivam mais
quatro subcontas:
v
da renda. Nesta subconta de balanço da renda são lançados os
juros e as outras despesas financeiras associados à movimentação
de capitais registrada na conta financeira. O movimento de entrada
e saída de capitais também é registrado na conta financeira,
É esperado que os
enquanto que os custos desta movimentação, por exemplo, os juros, capitais se movam de um
são registrados no balanço de rendas. país a outro em busca de
alguma forma de
remuneração.
Módulo 2
81
Macroeconomia
Resumindo
Nesta Unidade, vimos que as contas nacionais são
apresentadas por meio de um modelo clássico que possui
quatro subdivisões: conta do produto (Produto Interno Bru-
to), conta de apropriação (Renda Nacional Disponível), con-
ta de formação bruta de capital (acumulação) e contas de
relação com o exterior. Estas contas mostram a interligação
entre os vários elementos que estão presentes em qual-
quer sistema econômico.
Em particular, estudamos como funciona uma econo-
mia aberta por intermédio da importação e da exportação
de bens, do pagamento por serviços e da entrada e saída
líquida de recursos. Os elementos contábeis apresentados
nesta Unidade estão associados ao que será apresentado
nas Unidades 3 e 4 para uma economia fechada e abrem o
caminho para uma exploração mais detalhada das contas ex-
ternas que venham a ser incluídas nos modelos de oferta e
demanda agregadas estudados neste livro.
Atividades de Aprendizagem
Vamos conferir se você compreendeu o conteúdo exposto?
Procure, então, resolver as atividades propostas.
Módulo 2
83
UNIDADE 3
OFERTA E DEMANDA AGREGADAS
INTRODUÇÃO
Caro estudante,
Vamos dar continuidade ao nosso estudo conversando
sobre oferta e demanda agregadas e os seus
condicionantes. É importante destacarmos que a
Macroeconomia, por definição, é o estudo em escala
global de fatos da economia. O seu principal
instrumento de análise é a interação das curvas de
oferta e demanda agregadas.
Como na maior parte das vezes analisamos a economia em
equilíbrio ou na busca deste, podemos tomar a demanda
agregada como sendo igual à oferta agregada. No entanto,
cada uma destas partes vai ser constituída de elementos
diferentes e influenciada também por variáveis diferentes.
Agora que você já teve uma prévia do que será tratado nesta
Unidade, mãos à obra e bons estudos!
Módulo 2
87
Macroeconomia
OFERTA AGREGADA
v
Esta dificuldade que encontramos para definir o produto
potencial prende-se ao fato de que o produto no longo prazo não
pode ser verdadeiramente observado por estar no longo prazo, ou
seja, estar no futuro. Sabemos que ele existe e que tem sofrido Não cabe e não é
ampliações substanciais ao longo do caminho do desenvolvimento possível buscarmos
econômico, para a maioria dos países. Exceto para alguns países valores precisos para o
produto de longo prazo.
africanos, o produto potencial cresce e muda de magnitude (dobra,
triplica) ao longo das décadas. Este crescimento em termos de
magnitude desperta pouco interesse na busca de definição para as
Módulo 2
89
Macroeconomia
Oscilações no produto
Módulo 2
91
Macroeconomia
v
de longo prazo que cresce a uma taxa de +2% a +7% ao ano.
As oscilações, de modo geral, são de pequena monta, na
faixa de +/– 3% em relação ao crescimento do produto natural.
Esta faixa pode ser calculada grosseiramente da seguinte forma:
Aqui entendida como
pequena importância.
vamos supor que a economia decresça 1% em relação a uma linha
de tendência de baixo crescimento econômico de 2% no longo prazo.
Teremos uma perda de 3% em relação ao que se poderia esperar
como patamar mínimo de crescimento. Olhando para o outro extremo,
a economia poderia crescer no curto prazo a uma taxa de 10%.
Tomamos como hipótese, neste caso, que a economia venha
crescendo a uma taxa de 7% em termos de tendência no longo prazo,
o que caracteriza um crescimento a mais do que o esperado de 3%.
Estas oscilações são de pequena monta para serem
percebidas graficamente. Logo, para efeitos didáticos,
encontraremos os gráficos de oscilação do produto de tamanhos
exagerados quando a proposta for a de fazermos a análise conjunta
no curto e no longo prazo. Exceções a estas oscilações relativamente
pequenas são, por exemplo, a Grande Depressão de 1929 nos
Estados Unidos, a recuperação americana durante a Segunda
Guerra Mundial e a recente crise na Argentina de 1998 a 2002.
Nestes casos, os descolamentos do produto de curto prazo e longo
prazo foram bem maiores, algo em torno de 10–30%.
A Figura 3 mostra no eixo das abscissas o tempo e no eixo
das ordenadas o produto de curto prazo ziguezagueando em torno
do produto de longo prazo.
v
produto de cada organização a partir do seu custo marginal –
estudados até aqui já foram compreendidos em disciplina anterior.
A partir desta revisão conceitual você vai poder fazer as ligações
entre a lógica de oscilação do produto no curto e no longo prazo.
Lembre-se de que vimos
Vejamos: estes assuntos na
disciplina de Introdução
O produto de longo prazo é considerado fixo no à Economia. Em caso de
momento específico de longo prazo em que ele está dúvida retome a leitura
sendo avaliado. É fruto dos avanços tecnológicos, da desta disciplina.
Módulo 2
93
Macroeconomia
v
marginal) for superior ao custo marginal (o custo de
produzir uma unidade a mais). Este preço superior
pode ser ilusório, ou seja, os produtores podem ser
motivados a produzir a mais por uma subida
Veremos com maiores
detalhes esta situação inflacionária de preços desde que tenham a ilusão de
na Unidade 5. poder controlar a subida dos custos de seus insumos
de produção.
Módulo 2
95
Macroeconomia
Módulo 2
97
Macroeconomia
Nível de Nível de
preços preços
Produtos Produtos
Nível de Nível de
preços preços
Produtos Produtos
Nível de Nível de
preços preços
Produtos Produtos
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99
Macroeconomia
Produtos Produtos
A B
Figura 5: Deslocamentos da curva de oferta no curto prazo
Fonte: Elaborada pelo autor
Produtos Produtos
Figura 6: Alguns deslocamentos da curva de oferta no curto prazo
Fonte: Elaborada pelo autor
Módulo 2
101
Macroeconomia
Aumento de preços
Nível geral e de custos sem que
de preços haja aumento de produção
Produto
Módulo 2
103
Macroeconomia
Curva de oferta
no curto prazo
Produto de
Nível geral Nível geral
de preços longo prazo de preços
Produto de
longo prazo
-3% 3%
Produto Produto
Módulo 2
105
Macroeconomia
DEMANDA AGREGADA
Módulo 2
107
Macroeconomia
A CURVA DE DEMANDA
v
mudanças relativas deste nível geral de preços ao longo do tempo.
A curva da demanda agregada tem uma forma peculiar,
inclinada de cima para baixo. No entanto, a explicação para o
Esta curva lembra a
aumento da demanda com a diminuição dos preços, neste caso, o
curva de demanda para aumento da demanda ao longo de uma curva pela diminuição do
bens específicos que nível geral de preços, é diferente.
vimos na
Na Microeconomia este aumento de demanda é fácil e
Microeconomia, dentro
da disciplina Introdução
intuitivo. Para a maioria dos bens um preço menor faz com que
à Economia. este bem em particular seja preferido em relação a outras categorias
de bens: um consumo maior dele significa uma retração do consumo
de outros bens. Já para a Macroeconomia esta explicação não vale:
Módulo 2
109
Macroeconomia
v
Ocorre que estamos falando de um conceito levemente
diferente nesta Unidade sobre a oferta e a demanda agregadas.
Aqui temos a oferta e a demanda planejadas, esperadas, que os
agentes econômicos têm a expectativa de realizar no futuro.
Guarde esta sutil
Reiterando, no caso da Contabilidade Nacional temos aquilo que diferença na memória,
ocorreu no passado, ou seja, a demanda e a oferta que realmente pois ela vai ser
existiram em um certo período de tempo. importante no futuro
para fazermos os gráficos
de equilíbrio entre a
oferta e a demanda.
Módulo 2
111
Macroeconomia
Y=C+I+G
Módulo 2
113
Macroeconomia
NP
Módulo 2
115
Macroeconomia
v
interessa é o impulso inicial. Mesmo nas hipóteses mais otimistas,
de ajustamento rápido da economia, os choques levam meses para
serem absorvidos.
Em uma visão de preços
Algumas evidências empíricas mostraram que a economia
rígidos, como a dos americana, por exemplo, é capaz de se ajustar depois de algum
keynesianos, o tempo é tempo considerável – algo entre quatro e seis anos. Isto é considerado
medido em décadas.
um bom resultado diante das previsões de ajuste de longo prazo
muito mais dilatadas feitas pelos keynesianos. Estes afirmavam que
o prazo de ajuste seria maior se fosse permitido à economia seguir
o seu próprio curso, sem a intervenção por parte dos condutores da
política econômica. Esta redução de prazos, de década para lustro*,
*Lustro – período de cin-
é tomada como um exemplo da eficácia de intervenções econômicas
co anos; quinquênio.
por parte das autoridades no curso natural da economia.
Fonte: Houaiss (2009).
Os choques de demanda são mais frequentes do que os
choques de oferta, mas estes últimos são mais difíceis de serem
dominados. Como veremos na Unidade 6, os choques são
administrados por meio de políticas econômicas. Em geral, a volta
ao equilíbrio é possível por meio do uso combinado de políticas
monetárias e fiscais, com maior ênfase sobre as primeiras. Estas
são mais fáceis de usar, pois possuem efeitos mais rápidos sobre a
economia e com um alcance bem mais disseminado do que as
políticas fiscais.
Choques de demanda
NP
Y
Hiato deflacionário
Módulo 2
117
Macroeconomia
NP
Hiato inflacionário
Y
Figura 11: Hiato inflacionário com aumento na demanda agregada
Fonte: Elaborada pelo autor
Choques de oferta
NP
Y
Figura 12: Diminuição do produto com uma redução na curva de oferta
Fonte: Elaborada pelo autor
v
sociedade é movida pelo
de matérias-primas por alguma restrição na sua disponibilidade. aumento de quantidades
Módulo 2
119
Macroeconomia
Módulo 2
121
Macroeconomia
NP
Y
Figura 13: Novo ponto de equilíbrio com a diminuição da demanda e
consequente ajuste pela diminuição dos custos de produção no longo prazo
Fonte: Elaborada pelo autor
NP
E2
E2
Módulo 2
123
Macroeconomia
NP
Y
Figura 15: Deslocamento do ponto de equilíbrio por meio de uma redução da
curva de oferta e consequente redução dos custos de produção no longo prazo
com a volta ao ponto de equilíbrio original
Fonte: Elaborada pelo autor
Módulo 2
125
Macroeconomia
Resumindo
Nesta Unidade, descrevemos os condicionantes da
oferta e da demanda agregadas, considerando o princípio
da Macroeconomia que, por definição, é o estudo em escala
global de fatos da economia.
Discutimos também sobre as formas das curvas de ofer-
ta e demanda agregadas, os seus deslocamentos e as movi-
mentações que podem ocorrer ao longo de curvas específi-
cas. Vimos graficamente como é possível expressar os cho-
ques positivos e negativos de demanda e de oferta.
Como ênfase, na economia em equilíbrio ou em sua
busca, em que a demanda agregada é igual à oferta agrega-
da, estudamos o modelo de equilíbrio geral OA-DA (Oferta
Agregada – Demanda Agregada).
Atividades de Aprendizagem
É muito importante que você tenha compreendido como
funcionam os condicionantes da oferta e da demanda
agregadas, para entender como eles podem intervir na
economia. Caso tenha ficado com dúvidas, não hesite em
conversar com o seu tutor.
Módulo 2
127
UNIDADE 4
O MODELO IS-LM
INTRODUÇÃO
Caro estudante,
Nesta Unidade, vamos estudar o modelo IS-LM e verificar
que hoje ele varia de acordo com as circunstâncias, como
os preços flexíveis ou rígidos e os juros capazes de
influenciar ou não a economia. E como, em razão destes, o
modelo tende à generalização. Para que você tenha um
bom entendimento sobre o tema, sugerimos que ao longo
da leitura você registre as suas análises, dúvidas, reflexões
e conclusões, pois elas poderão orientá-lo na realização das
Atividades de aprendizagem, no contato com o seu tutor e
com os seus colegas de curso. Lembre-se de que você não
está só. Estamos sempre à sua disposição para o que for
necessário ao seu aprendizado.
Bons estudos!
Módulo 2
131
Macroeconomia
conduzidas por meio de seu uso também podem ser utilizadas para
v
os estudos de curto e de longo prazo. O modelo IS-LM pode ainda
ser incluído entre as ferramentas de junção das escolas: síntese
neoclássica e keynesiana.
Leia uma análise crítica Como veremos, o modelo sintetiza em um só conjunto de
da síntese neoclássica a gráficos o lado real e o monetário da economia, lembrando que,
partir da perspectiva filosoficamente, este é um duelo constante entre os economistas.
keynesiana em:
Ou seja, para alguns economistas não há mágica, o que vale é o
<www.ufrgs.br/fce/rae/
edicoes_anteriores/ lado real, na forma de eficiência dos fatores produtivos, de
pdf_edicao50/ planejamento das organizações, de novas descobertas e do ímpeto
artigo5.pdf>. de consumo, característica comportamental dos seres humanos. Mas
em nossa vida pessoal e para muitos outros economistas o que
importa é o lado monetário, o dinheiro.
O modelo IS-LM propõe a reconciliação destes dois lados: o
real e o monetário. O lado monetário gira em torno da questão dos
juros, do custo que se tem pela posse de dinheiro. Keynes, em sua
teoria inicial, não deu muita importância aos juros para a condução
da Macroeconomia. Para o teórico, na demanda efetiva os gastos do
governo e os investimentos privados eram autônomos, ou seja, eram
dados e chamados de variáveis exógenas ao modelo, pois não faziam
parte da estrutura, não eram modelados por ele e não sofreriam
variação em função dos valores que o modelo poderia criar.
Da mesma forma, Keynes não se preocupou muito com a
política monetária. Hoje, é possível dizermos que ele estava
parcialmente correto, pois as evidências empíricas mostram que a
taxa de juros realmente não tem grande influência sobre os
investimentos privados, mas que em certas circunstâncias ela tem
grande influência sobre a demanda por moeda.
Observamos que se tornou interessante ao modelo IS-LM
ser generalizável por considerar não somente as situações em que
os preços são fixos no curto prazo como também as situações em
que os preços são flexíveis e os juros têm variados graus de
importância na condução da economia.
O LADO IS DO MODELO
Y=C+I
S=Y–C
S= I
v
Contabilidade Nacional.
é igual ao seu investimento. Podemos usar ainda dois conceitos para Em caso de dúvida, faça
essa equação: ex ante (planejado) e ex post (realizado). Em relação uma releitura do
assunto.
Módulo 2
133
Macroeconomia
VAZAMENTOS E INJEÇÕES
Módulo 2
135
Macroeconomia
Y=C+I+G
Yd = Y - T
Spriv = Yd – C
Spriv = Y – T – C
C = Y – T – Spriv
Y = Y – T – Spriv + I + G
Spriv + T = I + G
Spriv = I + G – T
v
Siga em frente, pois
apenas desejamos
Ao iniciarmos o desdobramento matemático com a equação mostrar que as equações
da demanda efetiva acabamos passando pela equação S = I. Veja foram obtidas uma em
que nada acrescentamos nesta equação. Ou seja, as equações são função da outra,
portanto, representam o
mesmo fenômeno.
Módulo 2
137
Macroeconomia
verdades por si sós, por definição. Toda esta explicação foi apenas
para demonstrarmos que as equações podem ser expressas de forma
alternativa, ou seja, que podemos falar tanto da função de demanda
efetiva como do equilíbrio entre vazamentos e injeções, no caso
representado pela igualdade entre a poupança e o investimento.
v
reta de demanda efetiva se cruza com a reta de 45 graus e mostra pelos
pontos de equilíbrio que o produto da economia é igual a sua despesa.
Módulo 2
139
Macroeconomia
Pontos de equilíbrio
Demanda
agregada C + G + Io (juros baixos i2)
Y = Renda, produto
Figura 16: Pontos de equilíbrio da demanda agregada e produto
para vários níveis de investimento
Fonte: Elaborada pelo autor
A
i2
i1
io
Yo Y1 Y2 Y
Figura 17: Curva de taxa de juros x produto para vários níveis de investimento
Fonte: Elaborada pelo autor
Módulo 2
141
Macroeconomia
1 equação independente =
demanda efetiva
DA
C + G + I2 Passo intermediário
C + G + I1 S
S
C + G + Io
C = Co + by
Y I
i i
Curva IS
Y I
Curva IS resultante 2 equação independente =
demanda por investimento
Figura 18: O uso do diagrama de quatro quadrantes
para a obtenção da curva IS
Fonte: Elaborada pelo autor
Módulo 2
143
Macroeconomia
Y=C+I+G
Y = Yd + T
C = Co + b . Yd
Y = Co + b . Yd + I (i) + G
Y = Co + b . (Y-T) + I(i) + G
I = Io – a . i
I I I
Io
Io
Io
i i i
Demanda por Investimentos pouco Investimentos muito
investimentos sensíveis aos juros sensíveis aos juros
Y = Co – b . To + Io + Go + b . Y – a . i
Y - b . Y = DA – a . i
Y(1 - b) = DA – a . i
Y = (DA – a . i) . 1/(1-b)
Y = (DA – a . i) . m
Y/m = DA – a . i
a . i = DA – Y/m
i = (DA – Y/m)/a
Módulo 2
145
Macroeconomia
IS
Y
Figura 20: Deslocamentos na curva IS por alterações na demanda autônoma
Fonte: Elaborada pelo autor
Módulo 2
147
Macroeconomia
País pobre m = 5
Y
Figura 21: Diferentes inclinações na Curva IS em função do parâmetro m
Fonte: Elaborada pelo autor
i
DA
a
Y
Figura 22: Inclinações na curva IS para valores pequenos de a (pouca sensibili-
dade dos investimentos à taxa de juros)
Fonte: Elaborada pelo autor
Módulo 2
149
Macroeconomia
DA
Y1 = C + G + I1 (i pequeno)
Y2 = C + G + I2 (i grande)
Ya Y
i
Figura 23: Derivação gráfica de uma curva IS (muito inclinada a partir de uma
baixa sensibilidade dos investimentos aos juros)
Fonte: Elaborada pelo autor.
Módulo 2
151
Macroeconomia
v
interligação. Na prática, estas equações deixam de representar um
exercício matemático como fizemos e passam a ser a alma dos
modelos de previsão. São equações com parâmetros definidos e
Não se preocupe com conhecidos.
estes desdobramentos
Para prosseguirmos neste caminho vamos a partir de agora
algébricos e gráficos,
basta você acreditar que
investigar o outro lado da moeda, literalmente, as curvas LM, que
estas curvas e equações tratam dos pontos de equilíbrio nos mercados de dinheiro, ou seja,
existem. de títulos e de moedas.
O LADO LM DO MODELO
Módulo 2
153
Macroeconomia
Módulo 2
155
Macroeconomia
v
Assim, ou a moeda disponibilizada para o público está envolvida
em transações comerciais ou está reservada para especulação.
Por outro lado, chamamos de gráfico intuitivo o gráfico que
relaciona a taxa de juros com a quantidade de moeda que as pessoas
Juntamos a moeda
deixam de lado para especularem no mercado (gráfico do terceiro destinada à transação
quadrante). Se as taxas de juros nominais forem elevadas, as àquela pequena parcela
pessoas aceitarão ficar apenas com uma pequena quantidade de que o público reserva
como precaução.
moeda no bolso a fim de especularem. Se as taxas de juros nominais
forem pequenas, pela teoria da preferência pela liquidez, as pessoas
manterão consigo uma grande quantidade de moeda no aguardo
de novos negócios. Neste caso, a perda de juros é compensada
Módulo 2
157
Macroeconomia
pela expectativa de que estes futuros negócios serão muito mais atrativos
do que os juros que possam estar sendo auferidos no presente.
A partir destes três elementos criamos a curva LM
(representada no quarto quadrante), buscando os pontos de equilíbrio
em relação a Y, conforme demonstrado graficamente na Figura 24.
1- Quadrante 2- Quadrante
M M
Y L
i i
Y L
4- Quadrante 3- Quadrante
Módulo 2
159
Macroeconomia
Y=M.v
M = Y/v
M=Y.k
L
A
Sensibilidade da retenção
de moeda em relação aos juros
i
Figura 25: Sensibilidade da demanda por moeda em relação à taxa de juros
v
Fonte: Elaborada pelo autor
Para algo que não tem preço os juros são o preço da moeda
que retemos para especular e, neste caso, nossa demanda é
ilimitada. Por outro lado, mesmo para taxas muito elevadas de juros
alguma moeda é sempre retida para especulação, no aguardo de
Módulo 2
161
Macroeconomia
que exista um negócio com taxas ainda maiores do que esta taxa
de remuneração que a sociedade está praticando.
Dados empíricos podem nos mostrar qual a verdadeira
declividade e curvatura de demanda por moeda. No entanto, é
conveniente, para fazer um tratamento simplificado, que tenhamos
uma reta. Para podermos conciliar o que vimos até agora vamos
desenhar uma reta que se aproxima bastante da curva de demanda
por moeda justificada pelo raciocínio anterior e nos abstrair da
preocupação de justificarmos o encontro desta reta com o eixo das
abscissas e ordenadas. Observe esta construção na Figura 26.
L=A–c.i
L=A–c.i+k.Y
M=A–c.i+k.Y
i = (A – M + k . Y)/c
v
mantê-lo como fixo, não sugerindo deslocamentos de curva LM
associados a ele. A velocidade de circulação é construída
socialmente, dependendo dos hábitos e costumes empregados pela
sociedade na sua forma de realizar transações. No curto prazo esta
De posse da equação formulada para a curva LM agora velocidade é constante.
Módulo 2
163
Macroeconomia
Mas você acha que isto está correto? Qual o seu significado?
i i
A-M
B
A-M
B
K
K B
B
Y Y
Pequena declividade Grande declividade
Figura 27: Sensibilidade da curva LM à taxa de juros
Fonte: Elaborada pelo autor
Módulo 2
165
Macroeconomia
Curva LM Curva LM
i i
Trecho keynesiano
com muita inclinação
Trecho intermediário
Módulo 2
167
Macroeconomia
Resumindo
Nesta Unidade, vimos que o modelo IS-LM é uma
teoria geral que trata da demanda agregada por bens e
serviços. Além disto, o modelo retrata a possibilidade das
famílias reterem moeda com fins especulativos, aguar-
dando melhores momentos para fazerem aplicações com
rendimentos maiores do que os que estão sendo ofereci-
dos no presente.
Estudamos também as variáveis exógenas presentes
no modelo IS-LM, como as políticas monetária e fiscal e o
nível geral de preços. Mostramos ainda as ligações entre os
modelos IS-LM e OA-DA.
Atividades de aprendizagem
Confira se você teve bom entendimento do que tratamos
nesta Unidade realizando as atividades propostas a seguir.
Se precisar de auxílio, não hesite em fazer contato com o
seu tutor.
Módulo 2
169
UNIDADE 5
INFLAÇÃO E DESEMPREGO
INTRODUÇÃO
Caro estudante,
Nesta Unidade, vamos tratar de entender o que é inflação
e desemprego. Será que estes são detalhes de um processo
econômico que até aqui pretendíamos que fosse macro,
amplo, geral e abrangente? E se tudo sobe em um mesmo
ritmo, inclusive o salário das pessoas, qual o problema de
termos uma inflação de 5, 10 ou 20% ao ano?
Vamos completar um ciclo de estudos versando sobre o
mesmo tema: na Unidade 3, derivamos as curvas de oferta
e demanda agregada; na Unidade 4, estudamos as curvas
IS-LM e mostramos que a curva de demanda agregada nada
mais é do que a curva IS colocada em outros termos. Faltava
uma maneira de expressarmos a curva de oferta agregada a
partir de conceitos básicos, o que agora faremos unindo a
inflação e o desemprego.
Para tanto, estruturamos esta Unidade da seguinte forma:
primeiro trataremos de aspectos gerais da inflação,
apresentando o ferramental gráfico e matemático que
exprime as curvas de oferta em função da inflação e do
desemprego; aproveitaremos a oportunidade para dar uma
forma adequada à curva de demanda agregada,
expressando-a também em termos da inflação; e,
finalmente, vamos falar sobre o emprego e as características
dos recursos humanos em uma economia, e como você,
administrador público, poderá ajudar a minorar as
dificuldades daqueles que têm ansiedade em relação à
manutenção de seu trabalho, à busca de um novo ou
daqueles que acham que é hora de não trabalhar, quer por
um pequeno período de tempo, quer em definitivo.
Vamos começar? Boa leitura.
Módulo 2
173
Macroeconomia
Módulo 2
175
Macroeconomia
Módulo 2
177
Macroeconomia
v
Como vimos na Unidade
2, este é o produto da Outra maneira de calcularmos a inflação é por meio do deflator
sociedade. implícito. Fazemos uma cesta contendo todos os bens e serviços
produzidos por uma sociedade em certo período, e de período a período
M.V=P.T
Sendo,
M= quantidade total de moeda disponível na economia.
V= velocidade de circulação desta moeda em certo
período de tempo (um ano, por exemplo).
P= preço médio de cada transação efetuada na
economia.
T = total de transações efetuadas na economia em certo
período de tempo (um ano, por exemplo).
Módulo 2
179
Macroeconomia
k . M/T = P
(k . M/T) = (P)
Inflação = P = k + M – T
Como k é constante e k = 0
Inflação = P = M – T
M . V1 = P . Y
P = M – Y
Módulo 2
181
Macroeconomia
Taxa de Taxa de
inflação inflação(t)
Taxa de Taxa de
crescimento crescimento
da economia da economia
DM DMt
Módulo 2
183
Macroeconomia
I=R+
Em que,
I = taxa nominal de juros.
R = taxa real de juros.
= taxa de inflação esperada.
Taxa de inflação
para vários países
Módulo 2
185
Macroeconomia
v
de preços é uma meta definida pelas autoridades econômicas. Esta
meta é tão importante que estes países aceitaram sacrifícios
razoáveis ao não deixarem a economia atuar próxima do seu
Este sacrifício pode ser
produto potencial apenas para que a inflação fosse domada.
analisado utilizando um Daqui para frente trabalharemos a partir de duas relações
achado encontradas na economia por volta do final dos anos 1950 e início
macroeconométrico que
dos anos 1960, que nos permitirão rapidamente avaliar as ligações
é a Lei de Okun.
entre produto, emprego e inflação: a primeira delas é a Lei de Okun
e a segunda é a Curva de Phillips. A inflação nos permitirá ainda
um poder de síntese muito grande no ferramental que precisamos
utilizar para entendermos a Macroeconomia.
A CURVA DE PHILLIPS
Módulo 2
187
Macroeconomia
Aumento de salários
de um ano em relação
ao ano anterior
Taxa de desemprego
no ano em curso
Figura 31: Forma original da Curva de Philips – aumento de salários de um ano para
outro no eixo das ordenadas e taxa de desemprego no eixo das abscissas
Fonte: Elaborada pelo autor
Módulo 2
189
Macroeconomia
Taxa de Taxa de
inflação inflação
Taxa de Taxa de
desemprego desemprego
Taxa de
inflação
Taxa de desemprego
natural
Taxa de
desemprego
Figura 32: Curva de Philips para vários países
Fonte: Elaborada pelo autor
190 Bacharelado em Administração Pública
Unidade 5 – Inflação e desemprego
Módulo 2
191
Macroeconomia
A LEI DE OKUN
Módulo 2
193
Macroeconomia
Módulo 2
195
Macroeconomia
DERIVAÇÃO DA CURVA DE
DEMANDA E OFERTA AGREGADAS
EM FUNÇÃO DA INFLAÇÃO
Y/m = DA – a . r
r = i – e
Y/m = DA – a . i + a . e
Y = m . (DA – a . i + a . e)
Em que,
DA representa as despesas autônomas, dadas pelo consumo
autônomo, pelos gastos de governo e pela parcela do
investimento que é autônoma.
m = 1/(1-b) em que b representa a propensão marginal a
consumir.
r = taxa real de juros que governa os investimentos na
economia.
i = taxa nominal de juros da economia.
e = inflação esperada na economia para o período vindouro.
i = (A – M + k . Y) . c
Em que,
i = taxa nominal de juros que é a soma de r + e.
A = parâmetro fixo na equação que expressa a quantidade
de moeda desejada para cada taxa de juros nominal i.
M = quantidade de moeda disponível na economia.
Módulo 2
197
Macroeconomia
= m – (Y1 – Y0)/J
Sendo,
Taxa de
P inflação
Diminuição
P Aumentos P de preços
de preços
Y Y
Yo3 Yo1
Taxa de
Taxa de inflação Y
inflação Inflação alta Deflação baixa
Deflação média
Inflação média
Deflação alta
Inflação baixa
Y
Figura 34: Geração intuitiva de curvas de demanda inflacionária
para diferentes valores de Yo – posição das curvas de demanda
inflacionária quando os preços estão aumentando e diminuindo
Fonte: Elaborada pelo autor
Módulo 2
199
Macroeconomia
para cada valor inicial de Yo, no caso Yo1, Yo2 e Yo3. E mais,
quando os preços estão diminuindo a taxa de inflação é,
obviamente, negativa.
= (Y – Y*)
= (P1 – P0)/P0
(P1 – P0)/P0 = (Y – Y*)
P1 = P0 + P0 . (Y – Y*)
P1 = P0 . (1 + (Y – Y*)
Taxa de
P inflação
Taxa de
inflação
Y
Figura 36: Deslocamento das curvas de oferta inflacionária
para o entorno do produto natural
Fonte: Elaborada pelo autor
Módulo 2
201
Macroeconomia
Taxa de
inflação
Y*
Módulo 2
203
Macroeconomia
P
Inflação alta
Inflação média
Inflação baixa
Taxa de
Inflação alta
inflação
Inflação média
Inflação baixa
Yn
P
Inflação alta
Inflação média
Inflação baixa
Taxa de
inflação Inflação alta
Inflação média
Inflação baixa
Yn
Módulo 2
205
Macroeconomia
Taxa de Taxa de
inflação inflação
Aumento de
Aumento do preços
produto
Y Y
Diminuição do Diminuição de
produto preços
Módulo 2
207
Macroeconomia
QUALIDADE DO EMPREGO
Módulo 2
209
Macroeconomia
Em que,
tornando mais rígida a relação entre a inflação e o desemprego. zer um controle dos pre-
ços relativos de bens fi-
Outro fator relevante que podemos mencionar como elemento nais, intermediários e
central da Curva de Phillips é o fator, que mede a sensibilidade dos preços de fatores de
da taxa de inflação às modificações no emprego. Adotamos nos produção. Fonte: Elabo-
rado pelo autor.
exemplos que trabalhamos até agora um coeficiente igual a -1, ou
seja, a taxa de modificação percentual da inflação é a mesma taxa
de modificação percentual do desemprego. Para cada país e para
diferentes períodos de tempo esta taxa pode assumir valores
quaisquer a partir de estatísticas baseadas em dados reais.
Um valor elevado deste coeficiente indica que a taxa de
inflação altera-se de maneira substancial de acordo com as
flutuações no emprego. É o que deve acontecer quando a taxa de
desemprego for muito inferior à taxa de desemprego natural, ou
seja, quando existe grande pressão inflacionária sobre os recursos
de produção a economia fica muito aquecida e os recursos muito
próximos de seu pleno emprego. Observe na Figura 41.
Módulo 2
211
Macroeconomia
Taxa de
inflação
U = desemprego
v
trabalhadores ou por arranjos institucionais amplamente discutidos
que determinaram ser esta a melhor solução para economia.
Na fórmula estendida desdobramos alfa em 1 e 2.
Fazemos isto para adequarmos o esforço a fim de diminuirmos a Considerando aqui o
inflação ou o desemprego ao que parece ser um fato mais real. Os consenso entre
coeficientes captam dois fenômenos de interesse. O primeiro avalia empregados e
Módulo 2
213
Macroeconomia
v
terços da população fora do que os agentes econômicos chamam de
População Econômica Ativa, pessoas que podem e querem trabalhar.
Sobre a População Por razões operacionais, o desemprego é caracterizado por
Econômica Ativa do Brasil um ato declaratório das pessoas que respondem a questionários
e as formas de cálculo,
dizendo se estão em busca de um emprego ou não. Ocorre que esta
consulte o site do IBGE
<http://www.ibge. medida por si só é sujeita a imprecisões por três motivos:
gov.br>.
Módulo 2
215
Macroeconomia
v
Temos por fim, representados pela letra z na equação Curva
de Phillips, os choques econômicos adversos e todos os demais
fatores que afetam a inflação em função da taxa de desemprego,
restringindo a disponibilidade de fatores de produção e aumentando
Raramente podem
os custos. também ocorrer choques
Da mesma forma, é possível elencarmos uma quantidade positivos, diminuindo o
imensa de fatores sociais que ao longo do tempo vão moldando a custo dos insumos.
Módulo 2
217
Macroeconomia
Resumindo
Nesta Unidade, vimos que o desemprego, a inflação e
o produto de uma economia podem ser modelados conjun-
tamente por achados estatísticos recentes, como a Curva de
Phillips e a Lei de Okun. Discutimos ainda que a partir des-
tes equacionamentos podemos obter a curva de oferta agre-
gada de uma economia. Tais fatos nos permitem interpretar
o modelo de síntese da economia desenvolvido com base
nas curvas de oferta e demanda agregadas inflacionárias.
Mais do que isto, a formulação estendida da Curva de Phillips
nos permite avaliar qualitativamente várias determinações
em relação ao emprego na economia e a sua mensuração.
Módulo 2
219
Macroeconomia
Atividades de Aprendizagem
Se você realmente entendeu o conteúdo, não terá
dificuldades para responder às questões a seguir. Se,
eventualmente, você sentir dificuldades para respondê-las,
volte, releia o material e procure discutir com o seu tutor.
UNIDADE 6
POLÍTICAS ECONÔMICAS
Módulo 2
221
Macroeconomia
POLÍTICAS ECONÔMICAS
ATIVISTAS E NÃO ATIVISTAS
Caro estudante,
Estudamos na disciplina Introdução à Economia alguns
aspectos sobre políticas públicas, abordando na Unidade 4
a política monetária. Nesta Unidade, retomaremos com mais
detalhes o estudo das políticas econômica e fiscal, principais
integrantes do quadro de instrumentos de ação da política
econômica. Podemos entender por política econômica um
conjunto de medidas e ações governamentais que são
planejadas para atingirem determinadas finalidades
relacionadas com a situação econômica de um país, região
ou conjunto de países.
Para tanto, faremos a interpretação da política econômica
não só por meio das curvas de oferta e demanda agregadas
em suas formas usuais e inflacionárias, como também por
meio das curvas IS-LM. Antes de interpretarmos estas
curvas apresentaremos um apanhado das principais
discussões da literatura da área sobre os conceitos que
envolvem várias políticas econômicas, bem como as
recomendações para o seu uso.
Atenção! Pois esta Unidade é a que vai nos trazer mais
inquietude sobre os reais benefícios da política
econômica, nos fazendo lutar contra um eventual
ceticismo acerca da efetividade dos macroeconomistas na
condução de negócios que afinal interessam a nós como
membros da sociedade.
Preparado? Vamos começar?
Módulo 2
223
Macroeconomia
Módulo 2
225
Macroeconomia
Módulo 2
227
Macroeconomia
Módulo 2
229
Macroeconomia
Módulo 2
231
Macroeconomia
v
política econômica que talvez possa ter sucesso na diminuição da
amplitude dos ciclos econômicos. Segundo as expectativas
adaptativas, o governo tem facilidade em introduzir mudanças
Lembre-se de que a inesperadas, as surpresas na economia.
Macroeconomia no curto Lucas introduziu o conceito de que os agentes econômicos
prazo está
(pessoas e organizações) têm a mesma informação que os
fundamentalmente
formuladores dos planos econômicos e os encarregados de sua
voltada para a
estabilização implantação. Chamou a esta situação de expectativas racionais.
econômica. Os agentes econômicos reagem de acordo com as suas expectativas
em relação a como o futuro se comportará e não a partir de sua
experiência do passado. É claro que as pessoas e as organizações
não são especialistas e nem dispõem do mesmo ferramental dos
formuladores da política econômica para a avaliação das
consequências das novas ações implantadas, mas o importante é
que na média elas acertam. Em outras palavras, elas não cometem
erros sistemáticos, sempre subestimando ou superestimando os
efeitos de cada ação.
É importante lembrarmos ainda que de acordo com as
expectativas adaptativas também não se impõem que as previsões
quanto ao futuro, baseadas no passado, estejam sempre certas.
Ocorre que neste caso, nas expectativas adaptativas, podem existir
erros sistemáticos, ou seja, que todos subestimem ou superestimem
os efeitos de cada ação porque no passado, na média, esta era a
resposta que ocorria aos planos econômicos.
Um exemplo claro que podemos destacar, pois atinge a todos,
é a reação a um aumento salarial proposto pelo governo para corrigir
distorções que a inflação tenha causado ao longo do tempo. Pelas
expectativas adaptativas, os agentes econômicos só vão aceitar este
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POLÍTICA MONETÁRIA
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da expansão dos impérios à época, o que traria benefícios para as
gerações futuras. Na ocasião, os governos optavam entre contrairem
dívidas ou aumentarem os impostos.
Foi novamente Keynes quem deu uma função mais nobre
para a ação do governo, envolvendo-o na possibilidade de ativar a Neste caso, ao
aumentarem os
economia. Neste cenário, foram sistematizados dois conceitos que
impostos os governos
anteriormente não eram utilizados no campo da condução de estariam impondo um
políticas econômicas, a saber: sacrifício para as
gerações atuais com o
Os indivíduos têm uma propensão marginal a consumir acúmulo de dívidas.
e a poupar. Dado um aumento de renda, se gasta parte
desta renda em consumo e o restante em poupança.
Havendo uma injeção inicial de recursos na sociedade,
estes se propagam em ondas cada vez menores de
consumo e poupança. É que em cada ciclo de consumo
e poupança os valores voltam a ser destinados destas
duas formas, ou seja, voltam a ser destinados ao
consumo e à poupança pelas diversas famílias
envolvidas no ciclo de negócios ao longo de uma
sequência temporal de transações. Estes efeitos não
terminam nunca, mas atingem após alguns ciclos
valores insignificantes que não interessam mais em
serem considerados. O somatório do consumo ao longo
destes ciclos é maior do que o valor inicialmente
alocado na economia, dando origem àquilo que
conhecemos como multiplicador keynesiano. Desta
forma, Keynes descobriu um incentivo para que os
governos encontrassem em seus orçamentos formas de
disponibilizarem recursos extras para si ou para a
população em geral, quer para sua aplicação em
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em que o governo considera que estas atividades são importantes
para a população. Os impostos devem ser vistos de forma líquida.
Os impostos líquidos determinam qual a riqueza que fica com o Estado
e aquela que fica com a sociedade. Se a riqueza permanecer com a
Impostos arrecadados
sociedade, aumenta o consumo e o investimento por parte dela. Se ela menos os subsídios
permanecer com o Estado, determina o poder de compra deste nos retornados a algumas
mercados de bens de consumo e de bens de capital (para investimento). atividades econômicas
que precisam ser
A falta de cobrimento das despesas públicas por parte dos
favorecidas.
impostos líquidos gera déficits a cada período de tempo que vão
sendo acumulados em um estoque de dívida. Para obter recursos
com o mercado a fim de cobrir os déficits, o governo coloca títulos
no mercado que são absorvidos pela sociedade a uma taxa de juros.
Fazemos aqui o encontro das políticas fiscais e monetárias. Como
o juro é objeto desta última política, ressaltamos a importância de
um modelo integrado, como o IS-LM, que una o lado real e o lado
monetário da economia.
O governo vê como uma atitude mais simpática aumentar o
seu endividamento do que cobrar mais impostos da população.
Comentamos anteriormente que no esforço de sustentar a economia
em situações especiais, como cataclismos* ou guerras é mais
justo o governo contrair dívidas do que sacrificar a população já *Cataclismos – convul-
são ou transformação
imersa nestes problemas. Desta maneira, os custos gerados por estes
de grandes proporções
gastos extras são redistribuídos para as gerações futuras. da crosta terrestre; ca-
tástrofe. Fonte: Houaiss
(2009).
Déficits e dívidas: debates acerca do problema
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Resumindo
Chegamos ao final da disciplina Macroeconomia. Nes-
ta Unidade, vimos a apresentação de conceitos de política
econômica, mostramos a influência dos elementos moeda,
juros, renda (no que concerne a política monetária), o papel
do governo e o equilíbrio geral (no que concerne a política
fiscal). As duas formas de ação são alvos de debate entre os
economistas que preferem uma ou outra ação, questionan-
do inicialmente se estas ações devem ser implementadas
(e quando).
Ao final, discutimos também a questão de déficits
públicos e a acumulação de dívidas por parte dos governos.
Atividades de Aprendizagem
Para nos certificarmos de que você entendeu o conteúdo
proposto nesta Unidade, responda às atividades listadas a
seguir. Se tiver qualquer dificuldade para respondê-las,
conte com o apoio do seu tutor.
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Macroeconomia
Referências
ABEL, Andrew B.; BERNANKE, Ben S.; CROUSHORE, Dean.
Macroeconomia. 6. ed. São Paulo: Pearson, 2008.
¨
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 4. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2007.
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Referências Bibliográficas
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Macroeconomia
M INICURRÍCULO
Luiz Fernando Mählmann Heineck