História Do Blues
História Do Blues
História Do Blues
Blues como um gênero também é caracterizado por suas letras, linhas de baixo e
instrumentação. Os primeiros versos tradicionais de blues consistiam em uma única linha
repetida quatro vezes. Foi apenas nas primeiras décadas do século XX que a estrutura
corrente menos comum tornou-se padrão: o padrão AAB, consistindo de uma linha cantada
sobre as quatro primeiras, sua repetição nas quatro próximas e, em seguida, uma linha de
conclusão mais longa sobre as últimas linhas. Os primeiros blues muitas vezes tomavam a
forma de uma narrativa livre, relacionando frequentemente os problemas experimentados na
sociedade afro-americana. Os subgêneros de blues incluem country blues, Delta blues e
Piedmont blues, bem como estilos de blues urbanos como Chicago blues e West Coast
blues. A Segunda Guerra Mundial marcou a transição do blues acústico para o elétrico e a
abertura progressiva da música blues para um público mais amplo, especialmente ouvintes
brancos. Nos anos 1960 e 1970, uma forma híbrida chamada blues rock evoluiu.
As origens
Os cantos religiosos (spirtuals) têm sua origem na África, onde a tradição é passada
de pai para filho, no qual deu-se a ferramenta para o nascimento do blues pelos negros
americanos, descendentes de escravos africanos, nos final do século XIX. Nos Estados
Unidos da América o Blues sempre esteve profundamente ligado à cultura afro-americana,
especialmente aquela oriunda do sul dos Estados
Unidos(Alabama, Mississippi, Louisiana e Geórgia), dos escravos das plantações de
algodão que usavam o canto, nas chamadas "worksongs", para embalar suas intermináveis
e sofridas jornadas de trabalho, as quais são uma das origens dos "blues" (Blue também é a
cor que sinestesicamente significa tristeza na cultura norte-americana, por isso surgiu o
termo "let's sing our blues"). São evidentes tanto em seu ritmo, sensual e vigoroso, quanto
na simplicidade de suas poesias que basicamente tratavam de aspectos populares típicos
como religião, amor, sexo, traição e trabalho. Com os escravos levados para a América do
Norte no início do século XIX, a música africana se moldou no ambiente frio e doloroso da
vida nas plantações de algodão. Porém o conceito de "blues" só se tornou conhecido após o
término da Guerra Civil quando sua essência passou a ser como um meio de descrever o
estado de espírito da população afro-americana. Era um modo mais pessoal e melancólico
de expressar seus sofrimentos, angústias e tristezas. A cena, que acabou por tornar-se
típica nas plantações do delta do Mississippi, era a legião de negros, trabalhando de forma
desgastante, sobre o embalo dos cantos, os "blues".
As raízes no delta
Há várias versões sobre aquela que é a primeira composição típica de blues, assim
como seu primeiro idealizador. Diz a lenda que o autoproclamado "Pai do Blues" W. C.
Handyouviu este tipo de música pela primeira vez em 1903, quando viajava
clandestinamente em um vagão de trem e observava um homem que tocava violão com um
canivete.[carece de fontes] Daí teria surgido aquele que é dito como o primeiro blues da
história, St. Louis Blues. Porém o mais correto a afirmar é que o blues surgiu de uma forma
mais ambiental e progressiva do que uma única canção. De fato, a instrumentalização
das work songs (canções de trabalho) foi o marco inicial para o surgimento do blues
moderno
O primeiro nome popular a surgir como músico específico de blues foi o de Charley
Patton, em meados da década de 20. Posteriormente, na mesma época, surgiram nomes
como de Son House, Willie Brown, Leroy Carr, Bo Carter, Sylvester Weaver, Blind Willie
Johnson, Tommy Johnson entre outros. A princípio, a maioria das canções interpretadas
eram cantos tradicionais como Catfish Blues e John The Revelator, canções essas que
tiveram vários intérpretes e versões variadas no decorrer da história. Porém, foi na década
de 30 que surgiu aquele que é talvez o nome mais influente e idolatrado do blues: Robert
Johnson. Influenciado sobretudo por Son House e Willie Brown, Johnson viveu pouco
tempo, cerca de 27 anos, sendo que a sua data de nascimento não é totalmente precisa.
Vitimado, segundo a lenda, por um whisky envenenado pelo marido de uma de suas
amantes. Gravou 29 canções apenas, entre 1936 e 1937, porém consideradas alguns dos
maiores clássicos de blues de todos os tempos.
No final dos anos 30 e inícios dos 40 surgiram as primeiras grandes bandas de blues,
de Sonny Boy Williamson e Big Bill Broonzy. E a partir de 1942 o blues sofre sua primeira
grande "revolução" interna com o soar das primeiras notas eletrificadas do lendário
guitarrista T-Bone Walker. Certamente é deste nome que remonta as origens do formato
consagrado do blues moderno, baseado na repetição 12 compassos da melodia base e com
o solo totalmente livre do acompanhamento, (ou seja, o puro improviso) o que não ocorria
até então já que o solista era na maioria dos casos também o responsável pela parte rítmica
instrumental. O que certamente tornou possível a T-Bone Walker ser o precursor do estilo
clássico moderno do blues foram suas raízes no Jazz, que posteriormente imortalizariam a
marca de seu Blues. Com a explosão do blues em Chicago e o advento da eletricidade na
música, o blues atingiu um patamar novo, deixando de ser restrito a um pequeno grupo,
para se tornar cultura popular no sul dos Estados Unidos.
O blues de Chicago
Outro grandioso nome do blues surgido nesse período foi Willie Dixon. Um dos poucos
baixistas líder de banda do Blues, Dixon é considerado o "poeta do blues", já que suas letras
se tornaram hinos da cultura do blues. Sem dúvida é o mais importante compositor da
segunda geração do blues. É dele a composição de um dos maiores clássicos, Hoochie
Coochie Man, que se tornou famosa na versão de Muddy Waters. Entre outros clássicos
estão You Shock Me, I Can't Quit You Baby, Little Red Hooster (composição em parceria
com Howlin' Wolf), Spoonful e Back Door Man.
Não menos importante foi o nome de Howlin' Wolf. Guitarrista e gaitista de origem,
ficou famoso por sua voz rouca e de um blues bastante swingado. Definiu um estilo
impossível de não ser reconhecido, que influenciaria de forma marcante posteriormente
músicos como Eric Clapton, Jeff Beck e Stevie Ray Vaughan. Suas parcerias com Willie
Dixon renderam verdadeiras obras primas, além de composições conjuntas. Destaques
para The Little Red Rooster e Howlin' For My Baby.
Inevitável não citar a figura de John Lee Hooker, que se identificaria posteriormente
pelo seu Boogie, e seu estilo falado de cantar, que se tornaria sua marca registrada. Porém
sua importância no blues vai muito mais além do que apenas uma vertente adjunta. Além de
ter sido um dos primeiros a eletrificar a guitarra no blues, John Lee Hooker foi o precursor do
Blues de Chicago, antes mesmo de Muddy Waters ganhar renome e importância.
Durante os anos 90, o blues, como forma predominante de influência musical, que
havia influenciado o surgimento de diversas outras tendências, ia perdendo espaço cada
vez mais para os elementos eletrônicos e especialmente da era disco. Até meados dos anos
80 o blues quase inexistia como estilo musical. As aparições dos músicos clássicos de
Chicago eram cada vez mais esporádicas, e a própria nova moda rejeitava a sua tendência
não comercial contrastante com a fase "Dancing" dos anos 80. Porém foi com o guitarrista
texano Stevie Ray Vaughan, que o blues ganhou novas forças. Virtuoso e intenso ao tocar,
Vaughan trouxe à tona um estilo até então adormecido, regravando clássicos e criando uma
marca própria, unindo elementos típicos do blues de Chicago de Albert King, B.B.
King, Howlin' Wolf e Taj Mahal, com o virtuosismo de Jimi Hendrix. Medalhões apagados
como B.B. King, Eric Clapton, Taj Mahal e outros voltavam a ser referências, e Vaughan foi
o responsável por essa nova fase. Vaughan gravou quatro álbuns de estúdio, e neles estão
composições que se tornaram referências ao blues e suas vertentes. Suas interpretações
variavam do blues tradicional (Pride and Joy, Texas Flood), ao cool jazz(Stang's
Swang, Riviera Paradise), passando por soul music (Life Without You), funk rock (Could't
Stand't The Weather) e shuffle (Rude Mood). Após a sua morte prematura em 1990, o blues
nunca mais teve a mesma força e influência que teve em tempos passados, e por isso seu
nome é lembrado como um verdadeiro herói na história do blues. Coincidentemente ou não,
o desaparecimento gradativo do blues no cenário mundial nos anos 90, coincidiu com a
queda de praticamente todas a vertentes musicais expressivas, que foram cedendo espaços
a estilos comerciais voltados para a mídia e para o marketing, pouco preocupados com uma
expressão artística e cultural, da música como forma de transmissão de ideias e emoções, o
que levou a uma queda acentuada na qualidade artística das composições musicais nesse
final de milênio. Porém numa proporção mais restrita, novos músicos de blues surgem no
cenário musical americano como Keb' Mo', Corey Harris e Seasick Steve mas ainda longe
de ser expressivo e significativo como outrora fora.
Blues no Brasil
O gênero possui certa popularidade no Brasil, algumas das bandas de rock com maior
sucesso comercial no país possuem grande influência de blues como Raul Seixas, O
Peso, Barão Vermelho e Velhas Virgens. Menos conhecidos mas não menos talentosos são
as bandas e músicos de blues nacionais como André Christóvam, Zé da Gaita, Blues
Etílicos, Celso Blues Boy, Fernando Noronha, Fred Sunwalk, Igor Prado, Alex Rossi, Nuno
Mindelis, Faiska, Solon Fishbone, Bebeco Garcia entre outros.
O blues vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil, com importantes festivais
anuais como o Mississippi Delta Blues Festival em Caxias do Sul no Rio Grande do Sul, o
Festival Jazz & Blues de Guaramiranga no Ceará, o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival no
balneário Rio das Ostras no Rio de Janeiro, o Ibitipoca Blues Festival na cidade de Lima
Duarte em Minas Gerais, MS Blues Festival em Campo Grande no Mato Grosso do Sul e o
Festival de Blues Internacional de Ribeirão Preto em São Paulo.
Blues de dança
Blues é também o nome do estilo de dança informal conhecido por “swing dancing”,
estilo sem padrões fixos e principalmente baseado no contacto, sensualidade e
improvisação.
Robert Johnson
(Hazlehurst, Mississippi, 8 de maio de 1911 – Greenwood, Mississippi, 16 de
agosto de 1938) foi um cantor e guitarrista norte-americano de blues. Apesar do seu estilo,
muito peculiar do Delta Blues e o padrão técnico das gravações de sua época muito
distantes dos padrões estéticos e técnicos de hoje, Robert Johnson é frequentemente citado
como "o maior cantor de blues de todos os tempos", e até mesmo como o mais importante
músico do Século XX. Em 1999 os The White Stripes lançaram no seu álbum de estréia
homônimo uma canção de Johnson; Stop Breaking Down. Suas músicas continuam sendo
interpretadas e adaptadas por diversos artistas e bandas, como Led Zeppelin, Bob
Dylan, Eric Clapton, The Rolling Stones, The Blues Brothers, Red Hot Chili Peppers e The
White Stripes.
Bessie Smith