Biologia e Fisiologia Celular - Unidade 2 - Biomebranas
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UNIDADE 2
BIOMEMBRANAS
1. VISÃO GERAL
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A existência de uma membrana plasmática foi sugerida, inicialmente, por Nargeli, no ano
de 1855. A natureza lipídica e a permeabilidade seletiva das membranas celulares foi proposta por
Ernest Overton, em 1890. Trinta anos depois, dois cientistas alemães, E. Gortter e F. Grendel,
estudando a composição da membrana de eritrócitos, verificaram que as membranas celulares
eram formadas por uma bicamada lipídica. A observação de que as biomembranas não eram
constituídas somente por lipídeos, mas também por proteínas associadas, foi feita por Davson e
Danielli no ano de 1935.
Finalmente, no ano de 1972, S. J. Singer e G. Nicolson propuseram o modelo de mosaico
fluido para as biomembranas (figura 2.2). Surge, assim, o conceito de que as membranas
celulares eram dinâmicas. Neste modelo, tanto os lipídeos quanto as proteínas podem se
movimentar bi-direcionalmente pela bicamada lipídica. Sabemos, hoje, que este dinamismo é
fundamental para o papel biológico desempenhado pelas biomembranas.
Somente a partir dos anos 90 do século XX, surge o conceito de domínios de membrana.
Estes domínios são regiões com características estruturais próprias, distintas do restante da
membrana, e que apresentam particularidades funcionais. As balsas lipídicas são um exemplo de
um domínio de membrana.
3. ESTRUTURA DE BIOMEMBRANAS
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A fluidez das biomembranas depende de alguns fatores cruciais, tais como a temperatura
na qual se encontra a membrana e a própria composição lipídica da membrana. As
biomembranas podem estar em dois estados físicos: paracristalino (gel) ou fluido (líquido). A
mudança de um estado físico para o outro é conhecida como transição de fase e é determinante
para a fluidez da membrana. Quanto mais elevada for a temperatura mais fluida será uma
biomembrana. Com relação à composição lipídica, a presença de fosfolipídeos ricos em ácidos
graxos poliinsaturados, ou de cadeia curta, favorece a fluidez das membranas. O colesterol
também é importante na manutenção da fluidez da membrana em condições de baixa
temperatura, uma vez que impede uma associação hidrofóbica mais forte entre as caudas dos
ácidos graxos dos fosfolipídeos, e previne, assim, a transição de fase para o estado gel.
A fluidez da membrana é fundamental para diversos processos celulares, tais como
transporte de moléculas e sinalização celular. As balsas lipídicas, domínios da membrana ricos
em esfingolipídeos, colesterol e proteínas associadas, dependem da fluidez da membrana para a
sua participação em processos de sinalização e endocitose.
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b) Proteínas Ancoradas por Lipídeos. São quatro tipos de âncoras de lipídeos que promovem a
interação destas proteínas com a membrana plasmática: âncora de glicosilfosfatidilinositol (GPI),
âncora de miristato, âncora de palmitato e âncora de prenilato. A ancoragem por GPI só ocorre no
domínio extracelular da membrana plasmática, enquanto que a ancoragem pelos ácidos graxos é
restrita à face citosólica da membrana plasmática. A interação destas proteínas com as
membranas se dá pela interação hidrofóbica dos lipídeos ligados covalentemente às proteínas
com a cauda dos ácidos graxos dos fosfolipídeos da membrana.
c) Proteínas Ancoradas por α-Hélice. Tais proteínas são ancoradas na membrana plasmática a
partir da interação dos fosfolipídeos da membrana com um domínio lateral hidrofóbico em α-hélice
da proteína. Estas proteínas são encontradas somente na face citosólica da membrana
plasmática.
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bicamada lipídica. De forma geral, a bicamada lipídica é permeável aos gases, como o dióxido de
carbono (CO2), o óxido nítrico (NO) e o oxigênio (O2), por exemplo; às pequenas moléculas de
caráter hidrofóbico, como os hormônios esteróides; ou moléculas pequenas polares, mas sem
carga, como o etanol. A bicamada é muito pouco permeável à água e praticamente impermeável
aos íons e às moléculas maiores, polares ou não, tais como a glicose, lactose, frutose,
aminoácidos e nucleotídeos. Como ocorre, então, o transporte destas moléculas através das
biomembranas? Conforme discutimos na seção anterior, uma das atividades biológicas das
proteínas da membrana é justamente realizar o transporte de íons e molecular através das
bicamadas lipídicas, e isto é feito pelas proteínas multipasso.
O transporte através das biomembranas é classificado de acordo com a necessidade
energética para a realização deste transporte. Assim, temos dois tipos de transporte: passivo e
ativo. No transporte passivo não há gasto de energia, uma vez que as moléculas ou íons são
transportados do compartimento de maior concentração (da molécula ou íon) para o
compartimento de menor concentração (quadro A - figura 2.6). Ou seja, este tipo de transporte
ocorre favor do gradiente de concentração e pode ou não ser mediado por proteínas da
membrana. Quando o transporte não é mediado por proteínas da membrana denominamos
difusão simples (transporte de - figura 2.6) e quando o mesmo é mediado por proteínas, ele é
denominado difusão facilitada (transporte de - figura 2.6). Quem facilita? As proteínas, sem as
quais esse transporte não poderia ocorrer. A difusão facilitada pode ser mediada por: proteínas
carreadoras, como, por exemplo, a proteína GLUT-4, que é o transportador de glicose encontrado
no tecido adiposo e muscular cardíaco e esquelético; ou por canais iônicos, que, como o nome
sugere, são proteínas envolvidas no transporte de íons através das biomembranas, íons, estes,
que apresentam uma distribuição bastante distinta entre o meio extra e intracelular, como pode
ser observado na tabela 2.3. Os canais iônicos podem ser regulados de diversas formas: por
interação com ligantes extracelulares; por interação com ligantes intracelulares, por meio de
alterações na voltagem da membrana; ou mecanicamente (estiramento da membrana).
Sódio 145 15
Potássio 5,0 140
-4
Cálcio 1,0 a 2,0 10
Magnésio 1,0 a 2,0 0,5
Cloreto 110 5 a 15
-5 -5
Hidrogênio 4 x 10 7 x 10
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por exemplo, são atraídas com maior velocidade para um compartimento com predominância de
cargas negativas.
No transporte ativo, as moléculas ou íons são transportadas contra o seu gradiente de
concentração (quadros B, C e D - figura 2.6). Este tipo de transporte requer um gasto energético,
uma vez que promove a diminuição da entropia e, conseqüentemente, o aumento da energia livre
do sistema. O transporte ativo pode ser dirigido por hidrólise de ATP (trifosfato de adenosina),
sendo classificado como Transporte Ativo Primário (quadro B - figura 2.6), ou pode ser dirigido por
gradiente eletroquímico, denominado Transporte Ativo Secundário (quadros C e D - figura 2.6),
uma vez que o gradiente eletroquímico utilizado neste tipo de transporte é gerado por um
transporte ativo primário dependente do ATP. As proteínas que realizam o transporte ativo
primário são conhecidas como ATPases de membrana ou Bombas. Entre estas proteínas
podemos destacar: a) a Na+K+-ATPase, que, para cada molécula de ATP hidrolisada, realiza o
transporte de 3 íons Na+ para o meio extracelular e 2 íons K+ para o interior da célula; b) as
proteínas da superfamília ABC (do inglês ATP-binding cassetes), que constituem a maior família
de proteínas de membrana, sendo encontradas desde bactérias até seres humanos, e estão
envolvidas no transporte de uma série de moléculas, desde hormônios, nucleotídeos, pequenos
peptídeos até xenobióticos; c) a bomba de Ca2 da membrana plasmática e da membrana do
retículo sarcoplasmático, responsáveis pelos baixos níveis citosólicos deste íon; d) a bomba de
próton da membrana lisossomal, que mantém o pH ácido desta organela. No caso dos
transportadores secundários, destacamos os trocadores iônicos, o Co-transportador Glicose-Na+,
responsável pela absorção de glicose no trato digestório, e os Co-transportadores de aminoácidos
e Na+.
Os transportadores da membrana também podem ser classificados quanto ao tipo e
direcionamento do transporte efetuado. Proteínas que transportam uma única molécula, sem
gasto energético, são denominadas Uniporte (quadro A – figura 2.6). Já os co-transportadores são
denominados Simporte (quadro C – figura 2.6), quando transportam uma molécula e um ou mais
íons diferentes na mesma direção, ou Antiporte (quadro D – figura 2.6), quando transportam uma
molécula e um ou mais íons diferentes em direções opostas. No co-transporte, a passagem de um
íon a favor do gradiente de concentração fornece a energia necessária para o transporte acoplado
de outro íon, ou molécula, contra o gradiente de concentração.
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