Política Nacional Da Pessoa Com Deficiência
Política Nacional Da Pessoa Com Deficiência
Política Nacional Da Pessoa Com Deficiência
O Brasil vem se organizando em termos de dados estatísticos oficiais sobre as pessoas com
deficiência. Após a Lei nº 7.853/89, que tornou obrigatória a inclusão de itens específicos nos censos
nacionais, o Censo Demográfico de 1991, pela primeira vez, incluiu questões que atestaram a presença
de 2.198.988 pessoas com deficiência, em uma população total de 146.815.750 habitantes, o que
representa 1,49 % desta.
Já o Censo de 2000, utilizando nova abordagem conceitual e metodológica (CIF/percepção de
funcionalidade), identificou 24,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência (14,5% da população
brasileira), desde alguma dificuldade para andar, ouvir e enxergar, até as graves lesões incapacitantes.
Foram detectados, no total de 24,6 milhões, 48% de pessoas com deficiência visual, 23% com
deficiência motora, 17% com deficiência auditiva, 8% com deficiência intelectual e 4% com deficiência
física.
A metodologia adotada incluiu, na contagem, muitos idosos que apresentam dificuldades para se
locomover, ver e/ou ouvir. Ao se considerar apenas as pessoas com limitações mais severas
(percepção de incapacidade) o percentual encontrado foi de 2,5% do total da população (4,3 milhões de
pessoas).
A presente política do Ministério da Saúde, voltada para a inclusão das pessoas com deficiência em
toda a rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), caracteriza-se por reconhecer a
necessidade de implementar o processo de respostas às complexas questões que envolvem a atenção
à saúde das pessoas com deficiência no Brasil.
Assim, define, como seus propósitos gerais, um amplo leque de possibilidades que vai da prevenção
de agravos à proteção da saúde, passando pela reabilitação: proteger a saúde da pessoa com
deficiência; reabilitar a pessoa com deficiência na sua capacidade funcional e desempenho humano,
contribuindo para a sua inclusão em todas as esferas da vida social e prevenir agravos que determinam
o aparecimento de deficiências.
Suas principais diretrizes, a serem implementadas solidariamente nas três esferas de gestão e
incluindo as parcerias interinstitucionais necessárias, são: a promoção da qualidade de vida, a
prevenção de deficiências; a atenção integral à saúde, a melhoria dos mecanismos de informação; a
capacitação de recursos humanos, e a organização e funcionamento dos serviços.
1.PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA – é uma diretriz que deve ser compreendida como
responsabilidade social compartilhada, visando assegurar a igualdade de oportunidades, a construção
de ambientes acessíveis e a ampla inclusão sociocultural. As cidades, as escolas, os ambientes
públicos, coletivos e de lazer, os serviços de saúde, os meios de transporte, as formas de comunicação
e informação devem ser pensadas de modo a facilitar a convivência, o livre trânsito e a participação de
todos os cidadãos em iguais condições de direitos, nos vários aspectos da vida diária das comunidades.
Especificamente na área da Saúde, buscar-se-á tornar acessíveis as unidades de saúde, por meio
do cumprimento da normatização arquitetônica (de acordo com a Norma Brasileira 9050/ABNT, como
descrito no Manual de Estrutura Física das Unidades Básicas de Saúde2), e assegurar a representação
das pessoas com deficiência nos Conselhos de Saúde, viabilizando sua participação na proposição de
medidas, no acompanhamento e na avaliação das ações levadas a efeito nas esferas municipal,
estadual e federal.
O Nasf tem como objetivo ampliar a resolutividade das ações da Atenção Básica. A equipe do Nasf/1
será formada por no mínimo cinco profissionais dentre os seguintes: médico (pediatra, ginecologista,
homeopata, acupunturista, psiquiatra), assistente social, profissional da educação física, farmacêutico,
fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo e terapeuta ocupacional. O Nasf/2 poderá ter
equipe de no mínimo três profissionais dos listados acima, menos a categoria dos médicos.
A inclusão da assistência aos familiares é essencial para um atendimento humanizado e eficaz, com
ações de apoio psicossocial, orientações para atividades de vida diária e suporte especializado em
situações de internamento (hospitalar/domiciliar).
Nas unidades especializadas, de abrangência regional, qualificadas para atender às necessidades
específicas das pessoas com deficiência, a atenção será multiprofissional e interdisciplinar, com a
presença de alguns dos seguintes profissionais: médico, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional,
fonoaudiólogo, psicólogo, assistente social, conforme o perfil do serviço. Neste nível será possível a
avaliação de cada caso para a dispensação de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção, bem
como o acompanhamento dos processos de adaptação aos equipamentos.
Para as unidades de alta densidade tecnológica, ambulatorial ou hospitalar, reservam-se os casos
que justificam intervenção intensa e mais frequente, recomendando-se que estejam vinculadas, se
possível, a centros universitários ou formadores de recursos humanos. Nestas unidades, provavelmente
estarão as pessoas que sofreram traumas recentes, caracterizando uma via de entrada para a atenção
no SUS. Para o seguimento destes casos há que se criar um fluxo entre os serviços e pontos de
atenção, para que as pessoas tenham acesso, após a alta hospitalar, às unidades básicas de saúde
mais próximas de seus locais de moradia.
Em todo o país, prestando atendimento de média e alta complexidade, conta-se com serviços de
Reabilitação Física, serviços de Atenção à Saúde Auditiva, serviços para Deficiência Intelectual e
Autismo e serviços para Reabilitação Visual.
As Redes de atenção para as pessoas com deficiência instituídas são: Rede de Atenção à Saúde
Auditiva (Portarias MS/SAS nº 587/04 e nº 589/04); Rede de Assistência à Pessoa com Deficiência
Física (MS/GM nº 818/01 e MS/SAS nº 185/01) e ainda Serviços de Atenção à Ostomia (MS/SAS nº
400/09), Assistência Ventilatória a doenças Neuromusculares (MS/GM nº 1.370/08 e MS/SAS nº
370/08), Osteogenesis Imperfecta (MS/GM nº 2.305/01), Deficiência Mental/Autismo (MS/GM nº
1.635/02), e Serviços de Reabilitação Visual (MS/GM nº 3.128/08, MS/GM nº 3.129/08).
É fundamental que haja uma interlocução entre as redes de Reabilitação, os NASF (considerando
suas ações em reabilitação) e o atendimento em reabilitação nos serviços especializados (ambulatorial
e hospitalar), sendo fundamental a comunicação com as ações de promoção à saúde, prevenção de
agravos/deficiências e reabilitação das UBS, integrando todos eles em uma rede de assistência.