Política Nacional Da Pessoa Com Deficiência

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APRESENTAÇÃO

A promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, em 1988, fruto do processo de


democratização do País, veio garantir direitos fundamentais para os cidadãos brasileiros. Em seu artigo
23, capítulo II, a Constituição determina que “é competência comum da União, Estados, Distrito Federal
e Municípios, cuidar da saúde e assistência públicas, da proteção e garantia das pessoas portadoras de
deficiências.”
Outros instrumentos legais vêm sendo estabelecidos, desde então, regulamentando os ditames
constitucionais relativos a esse segmento populacional, com destaque para as Leis nº 7.853/89 (sobre o
apoio às pessoas com deficiência e sua integração social), nº 8.080/90 (Lei Orgânica da Saúde), nº
10.048/00 (estabelecendo prioridades ao atendimento), nº 10.098/00 (determinando critérios para a
promoção da acessibilidade), e os Decretos nº 3.298/99 (dispõe sobre a Política Nacional para a
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência) e nº 5.296/04 (regulamenta as Leis nº 10.048/00 e nº
10.098/00).
A Portaria do Ministério da Saúde, MS/GM nº 1.060, de 5 de junho de 2002, instituiu a Política
Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência. O entendimento do conceito relativo à deficiência vem
evoluindo em todo o mundo, especialmente após a década de 60, quando se formulou um conceito que
reflete a estreita relação entre as limitações que as pessoas com deficiência experimentam, a estrutura
do meio ambiente e as atitudes da comunidade. Após ter declarado o ano de 1981 como Ano
Internacional da Pessoa Deficiente, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou, em 1982, o
Programa de Ação Mundial para Pessoas com Deficiência.
A Organização dos Estados Americanos editou a Convenção Interamericana para a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, em 1999, a qual foi
promulgada, no Brasil, pelo Decreto nº 3.956/01. Tais documentos ressaltam o direito das pessoas com
deficiência a terem oportunidades iguais, para usufruírem as melhorias nas condições de vida
resultantes do desenvolvimento econômico e do progresso social. Estabeleceram-se diretrizes para as
áreas da saúde, educação, emprego e renda, seguridade social, legislação, orientando os estados
membros na elaboração de políticas públicas.
Outro importante aporte foi a aprovação da Classificação Internacional de Deficiências,
Incapacidades e Desvantagens (CIF), em 2001, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cujos
princípios enfatizam o apoio, os contextos ambientais e as potencialidades dos indivíduos, ao invés de
valorizar as incapacidades e limitações.
Abriu-se um novo caminho para as práticas da reabilitação e da inclusão social, propondo a análise
da saúde a partir de cinco categorias: funcionalidade, estrutura morfológica, participação na sociedade,
atividades da vida diária e ambiente social. Uma nova forma de avaliação a ser adotada como guia
pelos governos de todo o mundo, organizando, orientando e padronizando informações sobre pessoas
com deficiência.
Finalmente, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU/2006) tem o objetivo
de promover, defender e garantir condições de vida com dignidade e a emancipação das pessoas que
têm alguma deficiência.
O Brasil assinou-a sem reservas, em 30 de março de 2007, bem como o seu protocolo facultativo,
comprometendo-se com os cinquenta artigos que tratam dos direitos civis, políticos, econômicos,
sociais e culturais dos brasileiros com deficiência. Seu texto foi integrado, como emenda, à Carta
Constitucional brasileira, em julho de 2008.
A Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência é, portanto, resultado de múltiplos
movimentos e longa mobilização, nacional e internacional, de muitos atores sociais e institucionais

Pessoas com Deficiência no Brasil

O Brasil vem se organizando em termos de dados estatísticos oficiais sobre as pessoas com
deficiência. Após a Lei nº 7.853/89, que tornou obrigatória a inclusão de itens específicos nos censos
nacionais, o Censo Demográfico de 1991, pela primeira vez, incluiu questões que atestaram a presença
de 2.198.988 pessoas com deficiência, em uma população total de 146.815.750 habitantes, o que
representa 1,49 % desta.
Já o Censo de 2000, utilizando nova abordagem conceitual e metodológica (CIF/percepção de
funcionalidade), identificou 24,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência (14,5% da população
brasileira), desde alguma dificuldade para andar, ouvir e enxergar, até as graves lesões incapacitantes.
Foram detectados, no total de 24,6 milhões, 48% de pessoas com deficiência visual, 23% com
deficiência motora, 17% com deficiência auditiva, 8% com deficiência intelectual e 4% com deficiência
física.
A metodologia adotada incluiu, na contagem, muitos idosos que apresentam dificuldades para se
locomover, ver e/ou ouvir. Ao se considerar apenas as pessoas com limitações mais severas
(percepção de incapacidade) o percentual encontrado foi de 2,5% do total da população (4,3 milhões de
pessoas).

A Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência

A presente política do Ministério da Saúde, voltada para a inclusão das pessoas com deficiência em
toda a rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), caracteriza-se por reconhecer a
necessidade de implementar o processo de respostas às complexas questões que envolvem a atenção
à saúde das pessoas com deficiência no Brasil.
Assim, define, como seus propósitos gerais, um amplo leque de possibilidades que vai da prevenção
de agravos à proteção da saúde, passando pela reabilitação: proteger a saúde da pessoa com
deficiência; reabilitar a pessoa com deficiência na sua capacidade funcional e desempenho humano,
contribuindo para a sua inclusão em todas as esferas da vida social e prevenir agravos que determinam
o aparecimento de deficiências.
Suas principais diretrizes, a serem implementadas solidariamente nas três esferas de gestão e
incluindo as parcerias interinstitucionais necessárias, são: a promoção da qualidade de vida, a
prevenção de deficiências; a atenção integral à saúde, a melhoria dos mecanismos de informação; a
capacitação de recursos humanos, e a organização e funcionamento dos serviços.

1.PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA – é uma diretriz que deve ser compreendida como
responsabilidade social compartilhada, visando assegurar a igualdade de oportunidades, a construção
de ambientes acessíveis e a ampla inclusão sociocultural. As cidades, as escolas, os ambientes
públicos, coletivos e de lazer, os serviços de saúde, os meios de transporte, as formas de comunicação
e informação devem ser pensadas de modo a facilitar a convivência, o livre trânsito e a participação de
todos os cidadãos em iguais condições de direitos, nos vários aspectos da vida diária das comunidades.
Especificamente na área da Saúde, buscar-se-á tornar acessíveis as unidades de saúde, por meio
do cumprimento da normatização arquitetônica (de acordo com a Norma Brasileira 9050/ABNT, como
descrito no Manual de Estrutura Física das Unidades Básicas de Saúde2), e assegurar a representação
das pessoas com deficiência nos Conselhos de Saúde, viabilizando sua participação na proposição de
medidas, no acompanhamento e na avaliação das ações levadas a efeito nas esferas municipal,
estadual e federal.

2.PREVENÇÃO DE DEFICIÊNCIAS – uma diretriz com alto grau de sensibilidade à ação


intersetorial, devendo a Saúde unir esforços a outras áreas como: educação, segurança, trânsito,
assistência social, direitos humanos, esporte, cultura, comunicação e mídia, dentre outras, para atuação
potencializada Especificamente na área da Saúde devem ser implementadas estratégias de prevenção,
tendo em vista que cerca de 70% das ocorrências são evitáveis ou atenuáveis, com adoção de medidas
apropriadas e oportunas.
Ações em imunização; acompanhamento às gestantes (em especial as de risco); exames para os
recém-nascidos; acompanhamento do crescimento infantil; acompanhamento aos diabéticos;
hipertensos e pessoas com hanseníase, prevenção de acidentes (domésticos, no trânsito e no trabalho)
e de violências (álcool/drogas).
Medidas preventivas deverão envolver, também, ações de natureza informativa e educacional,
voltadas à população, aos profissionais de saúde e aos gestores de serviços, em todo território
nacional.

3.ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE – diretriz de responsabilidade direta do Sistema Único de Saúde


e sua rede de unidades, voltada aos cuidados que devem ser dispensados às pessoas com deficiência,
assegurando acesso às ações básicas e de maior complexidade; à reabilitação e demais procedimentos
que se fizerem necessários, e ao recebimento de tecnologias assistivas.
Toda pessoa com deficiência tem o direto de ser atendida nos serviços de saúde do SUS, desde os
Postos de Saúde e Unidades de Saúde da Família até os Serviços de Reabilitação e Hospitais. Tem
direito à consulta médica, ao tratamento odontológico, aos procedimentos de enfermagem, à visita dos
Agentes Comunitários de Saúde, aos exames básicos e aos medicamentos que sejam distribuídos pelo
SUS.
Não se pode esquecer que há homens e mulheres com deficiência em todas as faixas etárias,
devendo bebês, crianças, jovens e adultos serem acolhidos em todas as Unidades de Saúde e terem
respondidas suas necessidades, sejam elas vinculadas ou não à deficiência que apresentam. São
consideradas parte da atenção integral à saúde das pessoas com deficiência as ações voltadas para
sua saúde sexual e reprodutiva, incluindo medicamentos, recursos tecnológicos e intervenções
especializadas.
Para o desenvolvimento desta Política, a Atenção Básica tem fundamental importância, com a Saúde
da Família e os Agentes Comunitários de Saúde que, trabalhando com áreas territorializadas de
abrangência, capilarizam o cuidado à saúde e ao adoecimento, aproximando os serviços das
comunidades, famílias e indivíduos.
O Ministério da Saúde propôs a criação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf – Portaria
MS/GM nº 154, de 24/1/08) com equipe multiprofissional, que pode incluir fisioterapeuta, médico,
acupunturista, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e profissional da educação física.
Os processos de trabalho devem incorporar, ao reconhecer seus territórios de responsabilidade
sanitária, um olhar especialmente voltado às pessoas com deficiência que habitam as comunidades.
Daí a importância do tema ser incluído nas capacitações, manuais, cartilhas, protocolos técnicos e
clínicos, sensibilizando gestores, profissionais e comunidades.
Há que se trabalhar os processos de Acolhimento, Atenção, Referência e Contrarreferência, voltados
às especificidades das pessoas com deficiência para que elas possam ter acesso às Unidades de
Saúde, em todo o País, sem barreiras (arquitetônicas ou atitudinais), como todos os demais cidadãos
brasileiros.
De acordo com suas características, as pessoas com deficiência têm direito ao encaminhamento
para serviços mais complexos; a receber assistência específica nas unidades especializadas de média
e alta complexidade, para reabilitação física, auditiva, visual e intelectual; como também às ajudas
técnicas, órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção de que necessitem, complementando o
trabalho de reabilitação e as terapias.
As equipes das unidades de reabilitação devem ser multiprofissionais e trabalhar de forma
interdisciplinar, envolvendo as famílias, as unidades básicas de saúde e as comunidades, buscando
recursos locais que facilitem o desenvolvimento integrado de processos de inclusão da pessoa com
deficiência.

4.MELHORIA DOS MECANISMOS DE INFORMAÇÃO – esta diretriz deve ser pensada e


desenvolvida em vários pontos interdependentes. Um deles refere-se à necessária melhoria dos
mecanismos de registro e coleta de dados sobre as pessoas com deficiência no País.
Outro ponto importante está voltado ao aperfeiçoamento dos sistemas nacionais de informação do
SUS e à construção de indicadores e parâmetros específicos para esta área, com o desenvolvimento de
estudos epidemiológicos, clínicos e de serviços, e com estímulo às pesquisas em saúde e deficiência.
A melhoria da quantidade e qualidade das informações produzidas será essencial para o adequado
equacionamento das questões relativas à saúde da pessoa com deficiência.
Outro aspecto a se considerar para esta diretriz diz respeito ao estímulo à criação, à produção e à
distribuição de material educativo e informativo na área da saúde em formatos acessíveis, isto é, em
Braille, em Libras, em CD, em programa TXT para conversão em voz, em caracteres ampliados, etc.

5.CAPACITAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS – esta diretriz mostra-se de suma importância, tendo


em vista que as relações em saúde são baseadas essencialmente na relação entre pessoas.
Profissionais permanentemente atualizados, capacitados e qualificados, tanto na rede básica (incluindo
as equipes de Saúde da Família e os Agentes Comunitários de Saúde) quanto nos serviços de
reabilitação (física, auditiva, visual, intelectual), potencializam os cuidados às pessoas com deficiência
usuárias do SUS.
Com a criação dos Nasf espera-se grande reforço à atuação das equipes, em todos os municípios.
Busca-se, com o Ministério da Educação, a inclusão de disciplinas e conteúdo de prevenção,
atenção e reabilitação às pessoas com deficiência, nos currículos de graduação das profissões na área
da saúde, bem como o fomento de projetos de pesquisa e extensão nessa área do saber.
Outro foco de desenvolvimento e capacitação são os gestores de serviços em saúde, para que haja
incremento no planejamento de políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência no País.
Por fim, nesta diretriz de capacitação, é importante registrar a programação dos cursos de formação
de profissionais ortesistas e protesistas no País, com início em 2009.
6.ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS – pretende-se que os serviços de
atenção às pessoas com deficiência se organizem como uma rede de cuidados, de forma
descentralizada, intersetorial e participativa, tendo as Unidades Básicas de Saúde (ou Saúde da
Família) como porta de entrada para as ações de prevenção e para as intercorrências gerais de saúde
da população com deficiência.

O Nasf tem como objetivo ampliar a resolutividade das ações da Atenção Básica. A equipe do Nasf/1
será formada por no mínimo cinco profissionais dentre os seguintes: médico (pediatra, ginecologista,
homeopata, acupunturista, psiquiatra), assistente social, profissional da educação física, farmacêutico,
fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo e terapeuta ocupacional. O Nasf/2 poderá ter
equipe de no mínimo três profissionais dos listados acima, menos a categoria dos médicos.
A inclusão da assistência aos familiares é essencial para um atendimento humanizado e eficaz, com
ações de apoio psicossocial, orientações para atividades de vida diária e suporte especializado em
situações de internamento (hospitalar/domiciliar).
Nas unidades especializadas, de abrangência regional, qualificadas para atender às necessidades
específicas das pessoas com deficiência, a atenção será multiprofissional e interdisciplinar, com a
presença de alguns dos seguintes profissionais: médico, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional,
fonoaudiólogo, psicólogo, assistente social, conforme o perfil do serviço. Neste nível será possível a
avaliação de cada caso para a dispensação de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção, bem
como o acompanhamento dos processos de adaptação aos equipamentos.
Para as unidades de alta densidade tecnológica, ambulatorial ou hospitalar, reservam-se os casos
que justificam intervenção intensa e mais frequente, recomendando-se que estejam vinculadas, se
possível, a centros universitários ou formadores de recursos humanos. Nestas unidades, provavelmente
estarão as pessoas que sofreram traumas recentes, caracterizando uma via de entrada para a atenção
no SUS. Para o seguimento destes casos há que se criar um fluxo entre os serviços e pontos de
atenção, para que as pessoas tenham acesso, após a alta hospitalar, às unidades básicas de saúde
mais próximas de seus locais de moradia.
Em todo o país, prestando atendimento de média e alta complexidade, conta-se com serviços de
Reabilitação Física, serviços de Atenção à Saúde Auditiva, serviços para Deficiência Intelectual e
Autismo e serviços para Reabilitação Visual.
As Redes de atenção para as pessoas com deficiência instituídas são: Rede de Atenção à Saúde
Auditiva (Portarias MS/SAS nº 587/04 e nº 589/04); Rede de Assistência à Pessoa com Deficiência
Física (MS/GM nº 818/01 e MS/SAS nº 185/01) e ainda Serviços de Atenção à Ostomia (MS/SAS nº
400/09), Assistência Ventilatória a doenças Neuromusculares (MS/GM nº 1.370/08 e MS/SAS nº
370/08), Osteogenesis Imperfecta (MS/GM nº 2.305/01), Deficiência Mental/Autismo (MS/GM nº
1.635/02), e Serviços de Reabilitação Visual (MS/GM nº 3.128/08, MS/GM nº 3.129/08).
É fundamental que haja uma interlocução entre as redes de Reabilitação, os NASF (considerando
suas ações em reabilitação) e o atendimento em reabilitação nos serviços especializados (ambulatorial
e hospitalar), sendo fundamental a comunicação com as ações de promoção à saúde, prevenção de
agravos/deficiências e reabilitação das UBS, integrando todos eles em uma rede de assistência.

Para localizar as unidades especializadas e outras informações, acessar:


www.saude.gov.br/pessoacomdeficiencia

Para que aconteça


A viabilização desta política nacional deve-se a uma conjugação de esforços que tiveram seu início
na decisão política dos governantes de responder positivamente às reivindicações e movimentos sociais
de pessoas com deficiência.
Os gestores do SUS, nas três esferas de governo, tendo como parceiros potenciais as áreas da
educação, desenvolvimento social, direitos humanos, habitação, justiça, transporte, trabalho, esporte e
turismo que, de forma articulada e integrada, procuram consolidar compromissos institucionais para a
progressiva inclusão das pessoas com deficiência em suas comunidades, habilitando-as e reabilitando-
as para o exercício da vida social, segundo as suas possibilidades.
É importante registrar a mudança no entendimento de que a reabilitação/habilitação, com vistas à
inclusão da pessoa com deficiência, se dá, também, por ações da comunidade, transformando os
ambientes ao eliminar barreiras atitudinais e arquitetônicas que impedem a efetiva participação social
das pessoas com deficiência.
As sociedades devem se modificar, de modo a atender às necessidades de todos os seus membros.
Uma sociedade inclusiva não admite preconceitos, discriminações, barreiras sociais, culturais ou
pessoais.

Uma cidade acessível e acolhedora será melhor para todos os cidadãos


Incluir socialmente as pessoas com deficiência significa respeitar as necessidades próprias da sua
condição e possibilitar acesso aos serviços públicos, aos bens culturais e artísticos e aos produtos
decorrentes do avanço social, político, econômico, científico e tecnológico da sociedade
contemporânea.

Principais causas das deficiências e sua evitabilidade


As principais causas das deficiências são:
As hereditárias ou congênitas, que aparecem por questões genéticas (no feto). Podem ser evitadas,
em parte, com exames pré-natais específicos (cariótipo e para outros erros inatos do metabolismo como
fenilcetonúria, hemoglobina, hipertiroidismo congênito) e serviços de genética clínica para
aconselhamento genético aos casais.
As decorrentes da falta de assistência ou da assistência inadequada às mulheres durante a gestação
e o parto, são evitáveis com investimento e melhoria da qualidade do pré-natal (consultas e exames
laboratoriais), parto (natural, de risco, cesarianas) e pós-parto.
A desnutrição, que acomete famílias de baixa renda, especialmente crianças a partir do primeiro ano
de idade, é evitável por meio de políticas públicas e empresariais de distribuição de renda, criação de
emprego e melhoria das condições gerais de vida da população.
As que são consequência de doenças transmissíveis, como a rubéola, o sarampo, a paralisia infantil,
as doenças sexualmente transmissíveis (como a sífilis na gestante) são evitáveis por ações de proteção
e promoção à saúde, como informação, vacinação e exames pré-natais.
As doenças e eventos crônicos, como a hipertensão arterial, o diabetes, o infarto, o acidente vásculo-
cerebral (AVC), a doença de Alzheimer, o câncer e a osteoporose são em parte evitáveis pela mudança
de hábitos de vida e alimentares, diagnóstico precoce e tratamento adequado.
As perturbações psiquiátricas, que podem levar a pessoa a viver situações de risco pessoal são em
parte evitáveis por meio da proteção à infância, do diagnóstico precoce, da assistência multiprofissional
e do uso de medicamentos apropriados.
Os traumas e as lesões, muitas vezes associados ao abuso de álcool e às drogas, principalmente
nos centros urbanos, onde são crescentes os índices de violência e de acidentes de trânsito, são
evitáveis pelas políticas públicas integradas e multisetoriais para a redução da violência, melhoria das
condições gerais de vida (habitação, escolaridade, oportunidades, esporte, arte, lazer) e de mudanças
de hábitos da população.
Atuar sobre os fatores que causam as deficiências é tarefa de toda a sociedade, o que inclui os
poderes públicos, as entidades não governamentais e as entidades privadas, as associações, os
conselhos, as comunidades, as famílias e os indivíduos.

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