Um Curso em Milagres

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UM CURSO EM MILAGRES

UM CURSO EM MILAGRES
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................................... 7
Capítulo 1 - O SIGNIFICADO DOS MILAGRES .................................................................................................................................. 7
I. Princípios dos milagres ................................................................................................................................................................ 7
II. Revelação, tempo e milagres ...................................................................................................................................................... 9
III. Expiação e milagres ................................................................................................................................................................... 9
IV. Como escapar da escuridão .................................................................................................................................................... 10
V. Integridade e espírito ................................................................................................................................................................ 10
VI. A ilusão das necessidades ...................................................................................................................................................... 11
VII. Distorções dos impulsos para o milagre ................................................................................................................................. 11
Capítulo 2 - A SEPARAÇÃO E A EXPIAÇÃO................................................................................................................................... 12
I. As origens da separação ........................................................................................................................................................... 12
II. A Expiação como defesa .......................................................................................................................................................... 13
III. O altar de Deus ........................................................................................................................................................................ 13
IV. A cura como liberação do medo .............................................................................................................................................. 14
V. A função do trabalhador de milagres ........................................................................................................................................ 15
VI. Medo e conflito ........................................................................................................................................................................ 16
VII. Causa e efeito ........................................................................................................................................................................ 17
VIII. O significado do Juízo Final ................................................................................................................................................... 18
Capítulo 3 – A PERCEPÇÃO INOCENTE ......................................................................................................................................... 18
I. Expiação sem sacrifício ............................................................................................................................................................. 18
II. Milagres como percepção verdadeira ....................................................................................................................................... 19
III. Percepção versus conhecimento ............................................................................................................................................. 20
IV. O erro e o ego ......................................................................................................................................................................... 20
V. Além da percepção ................................................................................................................................................................... 21
VI. O julgamento e o problema da autoridade............................................................................................................................... 22
VII. Criar versus auto-imagem ...................................................................................................................................................... 23
Capítulo 4 - AS ILUSÕES DO EGO .................................................................................................................................................. 24
Introdução ..................................................................................................................................................................................... 24
I. Ensinamento certo e aprendizado certo..................................................................................................................................... 24
II. O ego e a falsa autonomia ........................................................................................................................................................ 25
III. Amor sem conflito .................................................................................................................................................................... 26
IV. Isso não precisa ser assim ...................................................................................................................................................... 27
V. A ilusão do ego-corpo ............................................................................................................................................................... 28
VI. As recompensas de Deus........................................................................................................................................................ 29
VII. Criação e comunicação .......................................................................................................................................................... 30
Capítulo 5 - CURA E INTEGRIDADE ................................................................................................................................................ 30
Introdução ..................................................................................................................................................................................... 30
I. O convite ao Espírito Santo ....................................................................................................................................................... 31
II. A Voz por Deus ......................................................................................................................................................................... 31
III. O Guia para a salvação ........................................................................................................................................................... 32
IV Ensinando e curando ................................................................................................................................................................ 33
V. O uso da culpa pelo ego ........................................................................................................................................................... 34
VI. Tempo e eternidade................................................................................................................................................................. 35
VII. A decisão a favor de Deus ...................................................................................................................................................... 36
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UM CURSO EM MILAGRES
Capítulo 6 - AS LIÇÕES DE AMOR ................................................................................................................................................... 37
Introdução ..................................................................................................................................................................................... 37
I. A mensagem da crucificação ..................................................................................................................................................... 37
II. A alternativa para a projeção .................................................................................................................................................... 38
III. Como abandonar o ataque ...................................................................................................................................................... 39
IV A única resposta ....................................................................................................................................................................... 40
V As lições do Espírito Santo ........................................................................................................................................................ 41
Capítulo 7- AS DÁDIVAS DO REINO ................................................................................................................................................ 44
1. O último passo .......................................................................................................................................................................... 44
II. A lei do Reino ............................................................................................................................................................................ 44
III. A realidade do Reino................................................................................................................................................................ 45
IV. A cura como reconhecimento da verdade ............................................................................................................................... 46
V. A cura e a imutabilidade da mente ........................................................................................................................................... 46
VI. Da vigilância à paz................................................................................................................................................................... 47
VII. A totalidade do Reino ............................................................................................................................................................. 49
VIII. A crença inacreditável ........................................................................................................................................................... 49
IX. A extensão do Reino ............................................................................................................................................................... 50
X. A confusão entre dor e alegria .................................................................................................................................................. 51
XI. O estado de graça ................................................................................................................................................................... 52
Capítulo 8 - A JORNADA DE VOLTA ................................................................................................................................................ 52
1. A direção do currículo ............................................................................................................................................................... 52
II. A diferença entre aprisionamento e liberdade ........................................................................................................................... 53
III. O encontro santo ..................................................................................................................................................................... 53
IV. A dádiva da liberdade .............................................................................................................................................................. 54
V. A vontade sem divisão da Filiação ........................................................................................................................................... 55
VI. O tesouro de Deus................................................................................................................................................................... 56
VII. O corpo como um meio de comunicação ............................................................................................................................... 56
VIII. O corpo como meio ou fim ..................................................................................................................................................... 58
IX. A cura como percepção corrigida ............................................................................................................................................ 59
Capítulo 9 - A ACEITAÇÃO DA EXPIAÇÃO ...................................................................................................................................... 59
I. A aceitação da realidade............................................................................................................................................................ 59
II. A resposta à oração .................................................................................................................................................................. 61
III. A correção do erro ................................................................................................................................................................... 62
IV. O plano de perdão do Espírito Santo....................................................................................................................................... 62
V. O curador não-curado............................................................................................................................................................... 63
VI. A aceitação do teu irmão ......................................................................................................................................................... 64
VII. As duas avaliações ................................................................................................................................................................. 65
VIII. Grandeza versus grandiosidade ............................................................................................................................................ 65
Capítulo 10 - OS ÍDOLOS DA DOENÇA ........................................................................................................................................... 66
Introdução ..................................................................................................................................................................................... 66
I. Estar em casa em Deus ............................................................................................................................................................. 67
II. A decisão de esquecer.............................................................................................................................................................. 67
III. O deus da doença .................................................................................................................................................................... 67
IV. O fim da doença ...................................................................................................................................................................... 68
V. A negação de Deus .................................................................................................................................................................. 69

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UM CURSO EM MILAGRES
Capítulo 11 - DEUS OU O EGO ........................................................................................................................................................ 70
Introdução ..................................................................................................................................................................................... 70
I. As dádivas da Paternidade ........................................................................................................................................................ 71
II. O convite à cura ........................................................................................................................................................................ 71
III. Da escuridão a luz ................................................................................................................................................................... 72
IV. A herança do Filho de Deus .................................................................................................................................................... 73
V. A "dinâmica" do ego ................................................................................................................................................................. 73
VI. Despertando para a redenção ................................................................................................................................................. 75
VII. A condição da realidade ......................................................................................................................................................... 76
VIII. O problema e a resposta ....................................................................................................................................................... 76
Capítulo 12 - O CURRÍCULO DO ESPÍRITO SANTO ....................................................................................................................... 78
1. O julgamento do Espírito Santo ................................................................................................................................................ 78
II. O caminho para lembrar-se de Deus ........................................................................................................................................ 79
III. O investimento na realidade .................................................................................................................................................... 79
IV. Buscar e achar ........................................................................................................................................................................ 80
V. O currículo são ......................................................................................................................................................................... 81
VI. A visão de Cristo...................................................................................................................................................................... 82
VII. Olhar para dentro.................................................................................................................................................................... 82
VIII. A atração do amor pelo amor ................................................................................................................................................ 84
Capítulo 13 - O MUNDO SEM CULPA .............................................................................................................................................. 84
Introdução ..................................................................................................................................................................................... 84
I. A inculpabilidade e a invulnerabilidade ...................................................................................................................................... 85
II. O Filho de Deus sem culpa ....................................................................................................................................................... 86
III. O medo da redenção .............................................................................................................................................................. 86
IV. A função do tempo................................................................................................................................................................... 87
V. As duas emoções ..................................................................................................................................................................... 88
VI. Encontrar o presente ............................................................................................................................................................... 89
VII. Alcançar o mundo real ............................................................................................................................................................ 90
VIII. Da percepção ao conhecimento ............................................................................................................................................ 92
IX. A nuvem da culpa .................................................................................................................................................................... 92
X. A liberação da culpa ................................................................................................................................................................. 93
XI. A paz do Céu ........................................................................................................................................................................... 94
Capítulo 14 - ENSINANDO A FAVOR DA VERDADE ....................................................................................................................... 95
Introdução ..................................................................................................................................................................................... 95
I. As condições do aprendizado .................................................................................................................................................... 95
II. O aprendiz feliz ......................................................................................................................................................................... 96
III. A decisão a favor da inculpabilidade ........................................................................................................................................ 97
IV. A tua função na Expiação ........................................................................................................................................................ 98
V. O círculo da Expiação............................................................................................................................................................... 99
VI. A luz da comunicação............................................................................................................................................................ 100
VII. Compartilhando a percepção com o Espírito Santo.............................................................................................................. 101
VIII. O local santo do encontro .................................................................................................................................................... 102
IX. O reflexo da santidade........................................................................................................................................................... 102
X. A igualdade dos milagres ....................................................................................................................................................... 103
XI. O teste da verdade ................................................................................................................................................................ 104

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UM CURSO EM MILAGRES
Capítulo 15 - O INSTANTE SANTO ................................................................................................................................................ 106
I. Os dois usos do tempo ............................................................................................................................................................ 106
II. O fim da dúvida ....................................................................................................................................................................... 107
III. Pequenez versus magnitude .................................................................................................................................................. 107
IV. A prática do instante santo .................................................................................................................................................... 109
V. O instante santo e os relacionamentos especiais ................................................................................................................... 109
VI. O instante santo e as leis de Deus ........................................................................................................................................ 110
VII. O sacrifício desnecessário.................................................................................................................................................... 111
VIII. O único relacionamento real ................................................................................................................................................ 112
IX. O instante santo e a atração de Deus ................................................................................................................................... 113
XI. O Natal como o fim do sacrifício ............................................................................................................................................ 114
Capítulo 16 - O PERDÃO DAS ILUSÕES........................................................................................................................................ 115
I. A verdadeira empatia ............................................................................................................................................................... 115
II. O poder da santidade.............................................................................................................................................................. 116
III. A recompensa do ensino ....................................................................................................................................................... 117
IV. A ilusão e a realidade do amor .............................................................................................................................................. 118
V. A escolha a favor da completeza ............................................................................................................................................ 119
VI. A ponte para o mundo real .................................................................................................................................................... 120
VII. O fim das ilusões .................................................................................................................................................................. 121
Capitulo 17 - O PERDÃO E O RELACIONAMENTO SANTO.......................................................................................................... 122
I. Trazendo as fantasias à verdade ............................................................................................................................................. 122
II. O mundo perdoado ................................................................................................................................................................. 123
III. Sombras do passado ............................................................................................................................................................. 123
IV. Os dois retratos ..................................................................................................................................................................... 124
V. O relacionamento curado ....................................................................................................................................................... 126
VI. Estabelecer a meta ................................................................................................................................................................ 127
VII. O chamado para a fé ............................................................................................................................................................ 128
VIII. As condições da paz............................................................................................................................................................ 129
Capítulo 18 - A PASSAGEM DO SONHO ....................................................................................................................................... 129
I. A realidade substituta............................................................................................................................................................... 129
II. A base do sonho ..................................................................................................................................................................... 130
III. Luz no sonho ......................................................................................................................................................................... 131
IV. Um pouco de boa vontade..................................................................................................................................................... 132
V. O sonho feliz........................................................................................................................................................................... 133
VI. Além do corpo ....................................................................................................................................................................... 133
VII. Eu não preciso fazer nada .................................................................................................................................................... 135
VIII. O pequeno jardim ................................................................................................................................................................ 135
IX. Os dois mundos ..................................................................................................................................................................... 136
Capítulo 19 - ALCANÇAR A PAZ .................................................................................................................................................... 138
I. Cura e fé .................................................................................................................................................................................. 138
II. Pecado versus erro ................................................................................................................................................................. 139
III. A irrealidade do pecado ......................................................................................................................................................... 140
IV. Os obstáculos à paz .............................................................................................................................................................. 141
Capítulo 20 - A VISÃO DA SANTIDADE.......................................................................................................................................... 147
I. A semana santa ....................................................................................................................................................................... 147

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UM CURSO EM MILAGRES
II. A dádiva de lírios .................................................................................................................................................................... 147
III. O pecado como um ajustamento ........................................................................................................................................... 148
IV. Entrar na arca ........................................................................................................................................................................ 149
V. Arautos da eternidade ............................................................................................................................................................ 150
VI. O templo do Espírito Santo .................................................................................................................................................... 151
VII. A consistência entre meios e fim .......................................................................................................................................... 152
VIII. A visão da impecabilidade ................................................................................................................................................... 153
Capítulo 21 - RAZÃO E PERCEPÇÃO ............................................................................................................................................ 154
Introdução ................................................................................................................................................................................... 154
I. A canção esquecida ................................................................................................................................................................. 154
II. A responsabilidade pelo que se vê ......................................................................................................................................... 155
III. Fé, crença e visão .................................................................................................................................................................. 156
IV. O medo de olhar para dentro ................................................................................................................................................. 157
V. A função da razão .................................................................................................................................................................. 158
VI. Razão versus loucura ............................................................................................................................................................ 159
VII. A última questão sem resposta ............................................................................................................................................ 160
VIII. A mudança interior............................................................................................................................................................... 161
Capítulo 22 - A SALVAÇÃO E O RELACIONAMENTO SANTO ...................................................................................................... 161
Introdução ................................................................................................................................................................................... 161
I. A mensagem do relacionamento santo .................................................................................................................................... 162
II. A impecabilidade do teu irmão ................................................................................................................................................ 163
III. A razão e as formas do erro ................................................................................................................................................... 164
IV. A bifurcação da estrada ......................................................................................................................................................... 165
V. Fraqueza e defensividade. ..................................................................................................................................................... 165
VI. A luz do relacionamento santo .............................................................................................................................................. 166
Capítulo 23 - A GUERRA CONTRA TI MESMO .............................................................................................................................. 167
Introdução. .................................................................................................................................................................................. 167
I. As crenças irreconciliáveis ....................................................................................................................................................... 168
II. As leis do caos ........................................................................................................................................................................ 169
III. Salvação sem transigência .................................................................................................................................................... 171
IV. Acima do campo de batalha .................................................................................................................................................. 171
Capítulo 24 - A META DO ESPECIALISMO .................................................................................................................................... 172
Introdução ................................................................................................................................................................................... 172
I. O especialismo como um substituto para o amor .................................................................................................................... 172
II. A traição do especialismo ....................................................................................................................................................... 173
III. O perdão do especialismo ..................................................................................................................................................... 174
IV. Especialismo versus impecabilidade ..................................................................................................................................... 175
V. O Cristo em ti .......................................................................................................................................................................... 176
VI. Como salvar-se do medo....................................................................................................................................................... 176
VII. O local do encontro............................................................................................................................................................... 178
Capítulo 25 - A JUSTIÇA DE DEUS ............................................................................................................................................... 179
Introdução ................................................................................................................................................................................... 179
I. O elo com a verdade ................................................................................................................................................................ 179
II. Aquele que te salva das trevas ............................................................................................................................................... 180
III. Percepção e escolha.............................................................................................................................................................. 181

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UM CURSO EM MILAGRES
IV. A luz que trazes contigo ........................................................................................................................................................ 181
V. O estado de impecabilidade ................................................................................................................................................... 182
VI. A função especial .................................................................................................................................................................. 183
VII. A rocha da salvação ............................................................................................................................................................. 183
VIII. A justiça devolvida ao amor ................................................................................................................................................. 184
IX. A justiça do Céu .................................................................................................................................................................... 186
Capítulo 26 - A TRANSIÇÃO ........................................................................................................................................................... 187
I. O ‗sacrifício‘ da unicidade ........................................................................................................................................................ 187
II. Muitas formas, uma correção .................................................................................................................................................. 188
III. A zona da fronteira ................................................................................................................................................................. 188
IV. O espaço que o pecado deixou ............................................................................................................................................. 189
V. O pequeno obstáculo.............................................................................................................................................................. 190
VI. O Amigo indicado .................................................................................................................................................................. 191
VII. As leis da cura ...................................................................................................................................................................... 191
VIII. A iminência da salvação ...................................................................................................................................................... 193
IX. Pois Eles vieram .................................................................................................................................................................... 194
X. O fim da injustiça .................................................................................................................................................................... 194
Capítulo 27 - A CURA DO SONHO ................................................................................................................................................. 195
I. O retrato da crucificação .......................................................................................................................................................... 195
II. O medo da cura ...................................................................................................................................................................... 196
III. Além de todos os símbolos .................................................................................................................................................... 197
IV. A resposta silenciosa ............................................................................................................................................................. 198
V. O exemplo da cura ................................................................................................................................................................. 199
VI. As testemunhas do pecado ................................................................................................................................................... 200
VII. O sonhador do sonho ........................................................................................................................................................... 201
VIII. O ―herói‖ do sonho ............................................................................................................................................................... 202
Capítulo 28 - DESFAZER O MEDO ................................................................................................................................................. 203
I. A memória presente ................................................................................................................................................................. 203
II. Revertendo efeito e causa ...................................................................................................................................................... 204
III. O acordo de união.................................................................................................................................................................. 205
I V. A união maior ....................................................................................................................................................................... 206
V. A alternativa para os sonhos de medo ................................................................................................................................... 207
VI. Os votos secretos .................................................................................................................................................................. 208
VII. A arca da segurança............................................................................................................................................................. 208
Capítulo 29 - O DESPERTAR.......................................................................................................................................................... 209
I. Fechar a brecha ....................................................................................................................................................................... 209
II. A vinda do Hóspede ................................................................................................................................................................ 210
III. As testemunhas de Deus ....................................................................................................................................................... 211
IV. Os papéis nos sonhos ........................................................................................................................................................... 211
V. A morada imutável .................................................................................................................................................................. 212
VI. O perdão e o fim do tempo .................................................................................................................................................... 212
VII. Não busques fora de ti mesmo ............................................................................................................................................. 213
VIII. O anticristo .......................................................................................................................................................................... 214
IX. O sonho que perdoa .............................................................................................................................................................. 214
Capítulo 30 - O NOVO COMEÇO .................................................................................................................................................... 215

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UM CURSO EM MILAGRES
Introdução ................................................................................................................................................................................... 215
I. Regras para decisões .............................................................................................................................................................. 215
II. O livre arbítrio ......................................................................................................................................................................... 217
III. Além de todos os ídolos ......................................................................................................................................................... 217
IV. A verdade atrás das ilusões .................................................................................................................................................. 218
V. O único propósito ................................................................................................................................................................... 219
VI. A justificativa do perdão......................................................................................................................................................... 220
VII. A nova interpretação............................................................................................................................................................. 221
VIII. A realidade imutável ............................................................................................................................................................ 222
Capítulo 31 - A VISÃO FINAL .......................................................................................................................................................... 222
I. A simplicidade da salvação ...................................................................................................................................................... 222
II. Caminhando com Cristo.......................................................................................................................................................... 223
III. Aqueles que acusam a si mesmos......................................................................................................................................... 224
V. Auto conceito versus Ser ........................................................................................................................................................ 225
VI. O reconhecimento do Espírito ............................................................................................................................................... 227
VII. A visão do salvador .............................................................................................................................................................. 227
VIII. Escolhe outra vez ................................................................................................................................................................ 229

INTRODUÇÃO
1. Esse é um curso em milagres. É um curso obrigatório. Só é voluntário no momento em que decides faze-lo. Livre arbítrio não signi-
fica que podes estabelecer o currículo. Significa apenas que podes escolher o que queres aprender em determinado momento. O
curso não tem por objetivo ensinar o significado do amor, pois isso está além do que pode ser ensinado. Ele objetiva, contudo, remo-
ver os bloqueios à consciência da presença do amor, que é a tua herança natural. O oposto do amor é o medo, mas o que tudo a-
brange não pode ter opostos.
2. Esse curso, portanto, pode ser resumido muito simplesmente dessa forma:
Nada real pode ser ameaçado.
Nada irreal existe.
Nisso está a paz de Deus.

CAPÍTULO 1 - O SIGNIFICADO DOS MILAGRES

I. Princípios dos milagres


1. Não há ordem de dificuldades em milagres. Um não é mais ―difícil‖ nem ―maior‖ do que o outro. Todos são o mesmo. Todas as
expressões de amor são máximas.
2. Milagres em si não importam. A única coisa que importa é a sua Fonte, Que está muito além de qualquer avaliação.
3. Milagres ocorrem naturalmente como expressões de amor. O amor que os inspira é o milagre real. Nesse sentido, tudo o que vem
do amor, é um milagre.
4. Todos os milagres significam vida, e Deus é o Doador da vida. A Sua Voz vai dirigir-te de forma muito específica. Tudo o que preci-
sas saber te será dito.
5. Milagres são hábitos e devem ser involuntários. Não devem estar sob controle consciente. Milagres conscientemente selecionados
podem ser guiados de forma equivocada.
6. Milagres são naturais. Quando não ocorrem, algo errado aconteceu.
7. Milagres são um direito de todos; antes, porém, a purificação é necessária.
8. Milagres são curativos porque suprem uma falta; são apresentados por aqueles que temporariamente tem mais para aqueles que
temporariamente tem menos.
9. Milagres são uma espécie de troca. Como todas as expressões de amor, que são sempre miraculosas no sentido verdadeiro, a
troca reverte às leis físicas. Trazem mais amor tanto para o doador quanto para aquele que recebe.
10. O uso dos milagres como espetáculos para induzir a crença é uma compreensão equivocada do seu propósito.
11. A oração é o veículo dos milagres. É um meio de comunicação do que foi criado com o Criador. Através da oração o amor é rece-
bido e através dos milagres o amor é expressado.
12. Milagres são pensamentos. Pensamentos podem representar o nível mais baixo ou corporal da experiência, ou o nível mais alto
ou espiritual da experiência. Um faz o físico e o outro cria o espiritual.

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UM CURSO EM MILAGRES
13. Milagres são tanto princípios como fins, e assim alteram a ordem temporal. São sempre afirmações de renascimento, que pare-
cem retroceder mas realmente avançam. Eles desfazem o passado no presente e assim liberam o futuro.
14. Milagres dão testemunho da verdade. São convincentes porque surgem da convição. Sem convição deterioram-se em mágica,
que não faz uso da mente e é, portanto, destrutiva; ou melhor, é o uso não-criativo da mente.
15. Cada dia deve ser devotado aos milagres. O propósito do tempo é fazer com que sejas capaz de aprender como usá-lo construti-
vamente. É, portanto, um instrumento de ensino e um meio para um fim. O tempo cessará quando não for mais útil para facilitar o
aprendizado.
16. Milagres são instrumentos de ensino para demonstrar que dar é tão bem-aventurado quanto receber. Eles simultaneamente au-
mentam a força do doador e suprem a força de quem recebe.
17. Milagres transcendem o corpo. São passagens súbitas para a invisibilidade, distante do nível corporal. É por isso que curam.
18. Um milagre é um serviço. É o serviço máximo que podes prestar a um outro. E uma forma
de amar o teu próximo como a ti mesmo. Reconheces o teu próprio valor e o do teu próximo
simultaneamente.
19. Milagres fazem com que as mentes sejam uma só em Deus. Eles dependem de cooperação porque a Filiação é a soma de tudo o
que Deus criou. Milagres, portanto, refletem as leis da eternidade, não do tempo.
20. Milagres despertam novamente a consciência de que o espírito, não o corpo, é o altar da verdade. É esse o reconhecimento que
conduz ao poder curativo do milagre.
21. Milagres são sinais naturais de perdão. Através dos milagres aceitas o perdão de Deus por
estendê-lo a outros.
22. Milagres só são associados com o medo devido à crença em que a escuridão possa ocultar. Tu acreditas que aquilo que os teus
olhos físicos não podem ver não existe. Isso conduz a uma negação da visão espiritual.
23. Milagres rearranjam a percepção e colocam todos os níveis em perspectiva verdadeira. Isso é cura porque a doença vem da
confusão de níveis.
24. Milagres fazem com que sejas capaz de curar os doentes e ressuscitar os mortos porque tu mesmo fizeste a doença e a morte,
podes, portanto, abolir ambos. Tu és um milagre, capaz de criar como o teu Criador. Tudo o mais é o teu próprio pesadelo e não
existe. Somente as criações da luz são reais.
25. Milagres são parte de uma cadeia interligada de perdão que, quando completa, é a Expiação. A Expiação funciona durante todo o
tempo e em todas as dimensões do tempo.
26. Milagres representam a libertação do medo. ‖Expiar‖ significa ―desfazer‖. Desfazer o medo e uma parte essencial do valor dos
milagres na Expiação.
27. Um milagre é uma benção universal de Deus através de mim para todos os meus irmãos. O privilégio dos perdoados é perdoar.
28. Milagres são um caminho para ganhar a liberação do medo. A revelação induz a um estado
no qual o medo já foi abolido. Milagres são assim um meio e a revelação é um fim.
29. Milagres louvam a Deus através de ti. Eles O louvam, honrando Suas criações, afirmando que são perfeitas. Curam porque ne-
gam a identificação com o corpo e afirmam a identificação com o espírito.
30. Por reconhecerem o espírito, os milagres ajustam os níveis da percepção e os mostram em alinhamento adequado. Isso coloca o
espírito no centro, onde ele pode comunicar-se diretamente.
31. Milagres devem inspirar gratidão, não reverência. Deves agradecer a Deus pelo que realmente és. As crianças de Deus são san-
tas e os milagres honram a sua santidade, que pode estar oculta mas nunca perdida.
32. Eu inspiro todos os milagres, que são realmente intercessões.
Eles intercedem pela tua santidade e fazem com que as tuas percepções sejam santas. Colocando-te além das leis físicas, eles te
erguem à esfera da ordem celestial. Nesta ordem, tu és perfeito.
33. Milagres te honram porque és amável. Eles dissipam ilusões a respeito de ti mesmo e percebem a luz em ti. Assim expiam os
teus erros libertando-te dos teus pesadelos. Por liberar a tua mente da prisão das tuas ilusões, restauram a tua sanidade.
34. Milagres restauram a mente à sua plenitude. Por expiar o senso de carência, estabelecem proteção perfeita. A forca do espírito
não deixa lugar para intrusões.
35. Milagres são expressões de amor, mas podem não ter sempre efeitos observáveis.
36. Milagres são exemplos do pensamento certo, alinhando as tuas percepções com a verdade tal como Deus a criou.
37. Um milagre e uma correção introduzida por mim num pensamento falso. Age como catalisador, quebrando a percepção errônea e
reorganizando-a adequadamente. Isso te coloca sob o princípio da Expiação onde a percepção é curada. Até que isso tenha ocorri-
do, o conhecimento da Ordem Divina é impossível.
38. O Espírito Santo é o mecanismo dos milagres. Ele reconhece tanto as criações de Deus quanto as tuas ilusões. Ele separa o
verdadeiro do falso através da Sua capacidade de perceber de forma total e não seletiva.
39.O milagre dissolve o erro porque o Espírito Santo o identifica como falso ou irreal. Isso é o mesmo que dizer que por perceber a
luz, a escuridão automaticamente desaparece.
40. O milagre reconhece todas as pessoas como teu irmão e meu também. É um caminho para se perceber a marca universal de
Deus.
41. A integridade é o conteúdo perceptivo dos milagres. Assim, corrigem ou expiam a percepção defeituosa da falta.
42. Uma das maiores contribuições dos milagres é a sua forca para liberar-te do teu falso senso de isolamento, privação e falta.
43. Milagres surgem de um estado milagroso da mente, ou um estado de prontidão para o milagre.
44. O milagre e uma expressão da consciência interior de Cristo e da aceitação da Sua Expiação.
8
UM CURSO EM MILAGRES
45. Um milagre nunca se perde. Pode tocar muitas pessoas que nem mesmo encontraste e produzir mudanças nunca sonhadas em
situações das quais nem mesmo estás ciente.
46. O Espírito Santo é o mais elevado veículo de comunicação. Milagres não envolvem esse tipo de comunicação, porque são ins-
trumentos temporários de comunicação. Quando retornas a tua forma original de comunicação com Deus, por revelação direta, a
necessidade de milagres acaba.
47. O milagre é um instrumento de aprendizado que faz com que a necessidade de tempo diminua. Ele estabelece um intervalo tem-
poral fora do padrão, que não está sujeito às leis usuais do tempo. Nesse sentido ele é intemporal.
48. O milagre é o único instrumento a tua disposição imediata para controlar o tempo. Só a revelação o transcende, não tendo abso-
lutamente nada a ver com o tempo.
49. O milagre não faz distinções entre graus de percepção equivocada. É um instrumento para a correção da percepção que é efici-
ente, sem levar em consideração o grau ou a direção do erro. É isso o que faz com que ele seja verdadeiramente indiscriminado.
50. O milagre compara o que tu fazes com a criação, aceitando como verdadeiro o que está de acordo com ela e rejeitando como
falso o que está em desacordo.

II. Revelação, tempo e milagres


1. A revelação induz a suspensão completa, porém temporária, da dúvida e do medo. Reflete a forma original de comunicação entre
Deus e as Suas criações, envolvendo o sentido extremamente pessoal da criação às vezes buscado em relacionamentos físicos. A
intimidade física não é capaz de consegui-la. Milagres, todavia, são genuinamente interpessoais e resultam em verdadeira intimidade
com os outros. A revelação te une diretamente a Deus. Milagres te unem diretamente ao teu irmão. Nenhum dos dois emana da
consciência, mas ambos são lá experimentados. A consciência é o estado que induz à ação, embora não a inspire. Tu és livre para
acreditar no que escolheres, e o que fazes atesta o que acreditas.
2. A revelação e intensamente pessoal e não pode ser traduzida de forma significativa. E por isso que qualquer tentativa de descrevê-
la com palavras é impossível. A revelação só induz a experiência. Milagres, por outro lado, induzem à ação. Eles são mais úteis ago-
ra devido a sua natureza interpessoal. Nessa fase do aprendizado é importante trabalhar com milagres porque a libertação do medo
não pode ser imposta a ti. A revelação é literalmente indizível porque é uma experiência de amor indizível.
3. A reverência deve ser reservada para a revelação, a qual pode ser aplicada correta e perfeitamente. Ela não é apropriada para
milagres porque o estado de reverência é pleno de adoração, implicando que alguém de ordem menor se encontra diante do seu
Criador. Tu es uma criação perfeita e deves experimentar reverência somente na presença do Criador da perfeição. O milagre é,
portanto, um sinal de amor entre iguais. Iguais não devem se reverenciar um ao outro, pois a reverência implica desigualdade. É,
portanto, uma reação inadequada a mim. Um irmão mais velho tem direito ao respeito por sua maior experiência e a obediência por
sua maior sabedoria. Ele também tem direito ao amor, porque é um irmão e a devoção, se é devotado. E somente a minha devoção
que me dá direito a tua. Não há nada em mim que tu não possas atingir. Eu nada tenho que não venha de Deus. A diferença entre
nós agora e que eu não tenho nada mais. Isso me deixa em um estado que em ti e apenas potencial.
4. ―Ninguém vem ao Pai senão por mim‖ não significa que eu seja de qualquer modo separado ou diferente de ti exceto no tempo, e o
tempo realmente não existe. A declaração é mais significativa em termos de um eixo vertical do que horizontal. Tu estás abaixo de
mim e eu estou abaixo de Deus. No processo de ―subida‖, eu estou mais acima, porque sem mim a distância entre Deus e o homem
seria grande demais para abrangeres. Eu faço a ponte sobre essa distância como teu irmão mais velho de um lado e como um Filho
de Deus do outro. Minha devoção aos meus irmãos me pôs a cargo da Filiação, que eu torno completa porque compartilho. isso po-
de parecer contradizer a declaração ―Eu e meu Pai somos um‖, mas há dois lados nesta declaração em reconhecimento de que o
Pai é major.
5. As revelações são indiretamente inspiradas por mim porque estou perto do Espírito Santo e alerta à prontidão-para-revelação dos
meus irmãos. Assim eu posso trazer para eles mais do que eles podem atrair para si mesmos. O Espírito Santo medeia a comunica-
ção superior para a inferior, mantendo o canal direto de Deus para ti aberto para a revelação. A revelação não é recíproca. Procede
de Deus para ti mas não de ti para Deus.
6. O milagre minimiza a necessidade de tempo. No plano longitudinal ou horizontal, o reconhecimento da igualdade dos membros da
Filiação parece envolver um tempo quase sem fim. Contudo, o milagre acarreta uma passagem repentina da percepção horizontal
para a vertical. Isto introduz um intervalo do qual ambos, tanto o doador como quem recebe, emergem mais adiante no tempo do que
teriam estado de outra forma. O milagre tem então a propriedade única de abolir o tempo, na medida em que torna desnecessário o
intervalo de tempo que atravessa. Não há relação entre o tempo que leva um milagre e o tempo que ele cobre. O milagre substitui
um aprendizado que poderia ter levado milhares de anos. Faz isso através do reconhecimento subjacente da perfeita igualdade entre
quem dá e quem recebe na qual o milagre se baseia. O milagre encurta o tempo, colapsando-o, assim eliminando certos intervalos
dentro dele. Faz isso, porém, dentro de uma seqüência temporal mais ampla.

III. Expiação e milagres


1. Eu estou a cargo do processo da Expiação que empreendi começar. Quando ofereces um milagre a qualquer um dos meus irmãos,
tu o fazes para ti mesmo e para mim. A razão pela qual vens antes de mim e que eu não necessito de milagres para a minha próp ria
Expiação, mas estou no final no caso de falhares temporariamente. A minha parte na Expiação é cancelar todos os erros que, de
outra forma, não poderias corrigir. Quando tiveres sido restaurado ao reconhecimento do teu estado original, tu mesmo naturalmente
passas a ser parte da Expiação. Na medida em que compartilhas da minha recusa em aceitar o erro em ti e nos outros, não podes
deixar de unir-te à grande cruzada para corrigi-lo; escuta a minha voz, aprende a desfazer o erro e age para corrigi-lo. O poder de
trabalhar em milagres te pertence. Eu proverei as oportunidades de fazê-los, mas tens que estar pronto e disposto. Fazê-los vai tra-
zer a convição dessa capacidade, pois a convição vem através da realização. A capacidade é o potencial, a realização é sua expres-
são e a Expiação, que é a profissão natural das crianças de Deus, e o propósito.
2. ―Passará o céu e a terra‖ significa que não continuarão a existir como estados separados. Minha palavra, que é a ressurreição e a
vida, não passará porque a vida é eterna. Tu és o trabalho de Deus e o Seu trabalho e totalmente amável e totalmente amoroso. E
assim que um homem tem que pensar a respeito de si mesmo no seu coração, pois é isso o que ele é.

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UM CURSO EM MILAGRES
3. Os perdoados são o meio da Expiação. Sendo plenos de espírito, eles perdoam em retribuição. Aqueles que são liberados tem que
se unir na liberação dos seus irmãos, pois esse e o plano da Expiação. Milagres são o caminho através do qual as mentes que ser-
vem ao Espírito Santo se unem a mim para a salvação ou liberação de todas as criações de Deus.
4. Eu sou o único que pode apresentar milagres de modo indiscriminado porque eu sou a Expiação. Tu tens um papel na Expiação
que eu ditar-te-ei. Pergunta a mim quais os milagres que deves apresentar. Isso te poupa esforço desnecessário, porque estarás
agindo sob comunicação direta. A natureza impessoal do milagre é um ingrediente essencial, porque me capacita a dirigir a sua apli-
cação, e sob a minha orientação, os milagres conduzem a experiência altamente pessoal da revelação. Um guia não controla, mas
de fato dirige, deixando a ti a decisão de segui-lo. ―Não nos deixeis cair em tentação‖ significa ―Reconhece os teus erros e escolhe
abandoná-los, seguindo a minha orientação‖.
5. O erro não pode ameaçar realmente a verdade, que sempre pode resistir a ele. De fato, só o erro é vulnerável. És livre para esta-
belecer o teu reino onde achares adequado, mas a escolha certa é inevitável se te lembrares disso:
O espírito está em estado de graça para sempre.
A tua realidade é só o espírito.
Portanto tu estás em estado de graça para sempre.
A Expiação desfaz todos os erros nesse sentido e assim extirpa a fonte do medo. Todas às vezes que vivencias as garantias de Deus
como ameaça é porque estás defendendo uma lealdade mal colocada ou mal dirigida. Quando projetas isso para outros, tu os apri-
sionas, mas só na medida em que reforças erros que já tenham feito. Isso faz com que sejam vulneráveis às distorções de outros, já
que a sua própria percepção de si mesmos é distorcida. O trabalhador de milagres só pode abençoá-los, e isso desfaz as suas dis-
torções e os liberta da prisão.
6. Tu respondes ao que percebes, e como percebes assim te comportarás. A Regra de Ouro te pede que faças aos outros o que
queres que façam a ti. Isso significa que a percepção de ambos tem que ser acurada. A Regra de Ouro é a regra para o comporta-
mento apropriado. Tu não podes comportar-te apropriadamente a não ser que percebas corretamente. Já que tu e o teu próximo sois
membros iguais de uma família, assim como percebes a ambos assim farás a ambos. A partir da percepção da tua própria santidade,
deves olhar para a santidade dos outros.
7. Milagres surgem da mente que está pronta para eles. Por estar unida, essa mente vai a todos, mesmo sem que o próprio trabalha-
dor de milagres saiba disso. A natureza impessoal dos milagres deve-se ao fato da Expiação em si mesma ser uma só, unindo todas
as criações com o seu Criador. Como uma expressão do que és na verdade, o milagre coloca a mente em um estado de graça. A
mente, então, dá boas-vindas com naturalidade ao Anfitrião interior e ao forasteiro do lado de fora. Quando acolhes o forasteiro, ele
vem a ser teu irmão.
8. Que o milagre possa ter efeitos sobre os teus irmãos que possas não reconhecer, não concerne a ti. O milagre sempre te abençoa-
rá. Os milagres que não te foram pedidos não perderam seu valor. Ainda são expressões do teu próprio estado de graça, mas o as-
pecto de ação do milagre deve ser controlado por mim, devido a minha completa consciência de todo o plano. A natureza impessoal
da mente voltada para o milagre assegura a tua graça, mas só eu estou em posição de saber onde eles podem ser concedidos.
9. Milagres são seletivos só no sentido de que são dirigidos para aqueles que podem usá-los para si mesmos. Já que isso faz com
que seja inevitável que eles os estendam a outros, e soldada uma forte cadeia de Expiação. Todavia, essa seletividade não leva em
conta a magnitude do milagre em si, porque o conceito de tamanho existe em um plano que é, em si mesmo, irreal. Já que o milagre
tem por objetivo restaurar a consciência da realidade, não seria útil se fosse limitado por leis que governam o erro que ele tem por
objetivo corrigir.

IV. Como escapar da escuridão


1. Escapar da escuridão envolve dois estádios: primeiro, o reconhecimento de que a escuridão não pode ocultar. Esse passo usual-
mente acarreta medo. Segundo, o reconhecimento de que não há nada que queiras ocultar ainda que pudesses. Esse passo traz o
escapar do medo. Quando tiveres passado a estar disposto a não esconder nada, não só estarás disposto a entrar em comunhão,
como também compreenderás a paz e a alegria.
2. A santidade nunca pode estar realmente oculta na escuridão, mas podes enganar a ti mesmo a esse respeito. Esse engano faz
com que fiques amedrontado porque reconheces, no teu coração, que é um engano e fazes enormes esforços para estabelecer a
sua realidade. O milagre põe a realidade onde ela deve estar. A realidade só pode estar no espírito, e o milagre reconhece só a ver-
dade. Assim, dissipa ilusões sobre ti mesmo e te coloca em comunhão contigo e com Deus. O milagre participa da Expiação colo-
cando a mente a serviço do Espírito Santo. Isso estabelece a função própria da mente e corrige os seus erros, que são apenas faltas
de amor. A tua mente pode estar possuída por ilusões, mas o espírito é eternamente livre. Se a mente percebe sem amor, percebe
uma concha vazia e não está ciente do espírito interior. Mas a Expiação restitui o espírito ao lugar que lhe é próprio. A mente que
serve ao espírito é invulnerável.
3. A escuridão é falta de luz, assim como o pecado é falta de amor. Não tem propriedades exclusivas em si mesma. É um exemplo da
crença na ―escassez‖, da qual só o erro pode proceder. A verdade é sempre abundante. Aqueles que percebem e reconhecem que
tem tudo, não tem necessidades de espécie alguma. O propósito da Expiação é restituir tudo a ti, ou melhor restituir tudo a tua cons-
ciência. Tudo te foi dado quando foste criado assim como a todos.
4. O vazio engendrado pelo medo tem que ser substituído pelo perdão. É isso o que a Bíblia quer dizer com: ―Não existe morte‖ e é
por isso que eu pude demonstrar que a morte não existe. Eu vim para cumprir a lei, reinterpretando-a. A lei em si mesma, se com-
preendida de modo adequado, só oferece proteção. Foram aqueles que ainda não mudaram as suas mentes que trouxeram para ela
o conceito do ―fogo do inferno‖. Eu te asseguro que darei testemunho de qualquer um que me permitir e em qualquer medida que ele
me permitir. O teu testemunho demonstra a tua crença e assim a fortalece. Aqueles que testemunham por mim estão expressando
através dos seus milagres que abandonaram a crença na privação em favor da abundância que, como aprenderam, a eles pertence.

V. Integridade e espírito
1. O milagre é muito parecido com o corpo no sentido de que ambos são recursos de aprendizado, facilitando um estado no qual vêm
a ser desnecessários. Quando o estado original de comunicação direta do espírito é atingido, nem o corpo nem o milagre servem a
qualquer propósito. Todavia, enquanto acreditas que estás em um corpo, podes escolher entre canais de expressão sem amor ou
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UM CURSO EM MILAGRES
canais milagrosos. Tu podes fazer uma concha vazia, mas não podes deixar de expressar alguma coisa. Podes esperar, adiar, para-
lisar a ti mesmo ou reduzir a tua criatividade a quase nada, mas não podes aboli-la. Podes destruir o teu veículo de comunicação,
mas não o teu potencial. Não criaste a ti mesmo.
2. A decisão básica daquele que tem a mente voltada para o milagre é não esperar no tempo mais do que o necessário. O tempo
pode desperdiçar assim como ser desperdiçado. O trabalhador de milagres, portanto, aceita com contentamento o fator de controle
do tempo. Ele reconhece que cada colapso de tempo traz a todos para mais perto da liberação final do tempo, na qual o Filho e o Pai
são um. Igualdade não implica igualdade agora. Quando todos reconhecem que tem tudo, contribuições individuais a Filiação já não
serão mais necessárias.
3. Quando a Expiação tiver sido completada, todos os talentos serão compartilhados por todos os Filhos de Deus. Deus não é parcial.
Todas as Suas crianças tem Seu Amor total e todas as Suas dádivas são dadas livremente a todas por igual. ―Se não vos tornardes
como as criancinhas‖ significa que a menos que reconheças plenamente a tua completa dependência de Deus, não podes conhecer
o poder real do Filho em seu verdadeiro relacionamento com o Pai. O especialismo dos Filhos de Deus não brota da exclusão, mas
da inclusão. Todos os meus irmãos são especiais. Se acreditam que são privados de alguma coisa, sua percepção vem a ser distor-
cida. Quando isso ocorre, toda a família de Deus, ou a Filiação, tem seus relacionamentos prejudicados.
4. Em última instância, cada membro da família de Deus tem que retornar. O milagre chama cada um a voltar porque o abençoa e o
honra, mesmo que ele possa estar ausente em espírito. ―De Deus não se zomba‖ não é uma ameaça, mas uma garantia. Ter-se-ia
zombado de Deus caso faltasse santidade a qualquer uma de Suas criações. A criação é íntegra e a marca da integridade é a santi-
dade. Milagres são afirmações da Filiação, que é um estado de completeza e abundância.
5. Qualquer coisa que seja verdadeira é eterna, e não pode mudar nem ser mudada. O espírito é, portanto, inalterável porque já é
perfeito, mas a mente pode eleger a que escolhe servir. O único limite imposto à sua escolha é que não pode servir a dois senhores.
Se escolhe fazer as coisas deste modo, a mente pode vir a ser o veículo pelo qual o espírito cria segundo a linha da sua própria cria-
ção. Se não escolhe livremente fazer assim, retém seu potencial criativo mas coloca-se sob um controle tirânico, ao invés do controle
da Autoridade. Como resultado ela aprisiona, pois tais são os ditames dos tiranos. Mudar a tua mente significa colocá-la a disposição
da verdadeira Autoridade.
6. O milagre é um sinal de que a mente escolheu ser guiada por mim a serviço de Cristo. A abundância de Cristo é o resultado natural
da escolha de segui-Lo. Todas as raízes superficiais tem ser arrancadas pois não são suficientemente profundas para sustentar-te. A
ilusão de que raízes superficiais podem ser aprofundadas e assim te servir de apoio é uma das distorções em que se baseia o rever-
so da Regra de Ouro. À medida que se desiste dessas fundações falsas, o equilíbrio é temporariamente experimentado como instá-
vel. Contudo, nada é menos estável do que uma orientação invertida, de cabeça para baixo. E nada que a mantenha invertida pode
conduzir a uma estabilidade crescente.

VI. A ilusão das necessidades


1. Tu, que queres paz, só podes achá-la no perdão completo. Ninguém aprende a menos que queira e acredite que precisa do apren-
dizado de alguma forma. Embora não exista nenhuma falta na criação de Deus, ela é bem evidente no que tu fizeste. De fato, essa é
a diferença essencial entre um e outro. Falta implica em que estarias melhor se estivesses em um estado de algum modo diferente
daquele em que estás. Até a ―separação‖, que é o significado da ―queda‖, nada estava faltando. Não existiam quaisquer necessida-
des. Necessidades só surgem quando tu te privas. Ages de acordo com a ordem particular de necessidades que estabeleces. Isso,
por sua vez, depende da tua percepção do que tu és.
2. O senso de separação de Deus é a única falta que realmente precisas corrigir. Esse senso de separação nunca teria surgido se
não tivesses distorcido a tua percepção da verdade e assim percebido a ti mesmo corno se algo estivesse te faltando. A idéia de
ordem de necessidades surgiu porque, tendo feito esse erro fundamental, já tinhas te fragmentado em níveis com diferentes neces-
sidades. 4A medida em que te integras vens a ser uno e as tuas necessidades conseqüentemente vêm a ser uma só. Necessidades
unificadas conduzem à ação unificada porque isso produz uma ausência de conflitos.
3. A idéia de ordem de necessidades, que decorre do erro original segundo o qual alguém pode ser separado de Deus, requer corre-
ção no seu próprio nível, antes que o erro de perceber níveis possa ser de alguma forma corrigido. Tu não podes comportar-te de
maneira eficaz enquanto funcionares em níveis diferentes. Todavia, enquanto o fazes, a correção tem que ser introduzida vertical-
mente, de baixo para cima. Isso é assim porque pensas que vives no espaço, onde conceitos tais como ―para cima‖ e ―para baixo‖
são significativos. Em última instância, o espaço é tão sem significado quanto o tempo. Ambos são meramente crenças.
4. O propósito real desse mundo e ser usado para corrigir a tua descrença. Tu nunca podes controlar os efeitos do medo por ti mes-
mo, porque fizeste o medo e acreditas no que fizeste. 3Em atitude, então, embora não no conteúdo, te assemelhas ao teu Criador
Que tem fé perfeita em Suas criações porque Ele as criou. A crença produz a aceitação da existência. E por isso que tu podes acre-
ditar em algo que ninguém mais pensa que e verdadeiro. E verdadeiro para ti porque foi feito por ti.
5. Todos os aspectos do medo são inverídicos, porque não existem no nível criativo e, portanto, absolutamente não existem. Qual-
quer que seja a extensão da tua disponibilidade para submeter as tuas crenças a esse teste, nessa mesma extensão as tuas per-
cepções são corrigidas. Para separar o falso do verdadeiro, o milagre procede nestas linhas:
O amor perfeito exclui o medo.
Se o medo existe, então não há amor perfeito.
Mas:
Só o amor perfeito existe.
Se há medo, ele produz um estado que não existe.
Acredita nisso e tu serás livre. Só Deus pode estabelecer essa solução e essa fé é o Seu dom.

VII. Distorções dos impulsos para o milagre


1. As tuas percepções distorcidas produzem uma cobertura densa sobre os impulsos para os milagres, fazendo com que seja difícil
para eles alcançarem a tua própria consciência. A confusão entre impulsos milagrosos e impulsos físicos e uma das maiores distor-
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UM CURSO EM MILAGRES
ções da percepção. Os impulsos físicos são impulsos milagrosos dirigidos equivocadamente. Todo o prazer real vem de se fazer a
Vontade de Deus. Isso é assim porque não fazê-la é uma negação do Ser. A negação do Ser resulta em ilusões, enquanto a corre-
ção do erro traz a liberação disso. Não enganes a ti mesmo acreditando que podes te relacionar em paz com Deus ou com teus ir-
mãos através de qualquer coisa externa.
2. Criança de Deus, tu foste criada para criar o que é bom, o que é belo e o que é santo. Não esqueças disso. Por pouco tempo, o
Amor de Deus ainda tem que ser expresso através de um corpo para outro porque a visão ainda é tão tênue. A melhor forma de usar
o teu corpo é utilizá-lo para te ajudar a ampliar a tua percepção de modo que possas conseguir a visão real, da qual o olho físico é
incapaz. Aprender a fazer isso é a única utilidade verdadeira do corpo.
3. A fantasia é uma forma distorcida de visão. Quaisquer tipos de fantasias são distorções, porque sempre envolvem a torção da
percepção em irrealidade. Ações que brotam de distorções são literalmente as reações daqueles que não sabem o que fazem. A
fantasia é uma tentativa de controlar a realidade de acordo com necessidades falsas. Torce a realidade em qualquer sentido e estás
percebendo de maneira destrutiva. Fantasias são um meio de fazer associações falsas e tentar obter prazer através delas. Mas em-
bora possas perceber associações falsas, jamais podes fazer com que sejam reais exceto para ti mesmo. Tu acreditas no que fazes.
Se ofereceres milagres serás igualmente forte na tua crença neles. A força da tua convição sustentará, então, a crença de quem
recebe o milagre. Fantasias vêm a ser totalmente desnecessárias a medida em que natureza inteiramente satisfatória da realidade
vêm a ser aparente tanto para quem dá como para quem recebe. A realidade é ―perdida‖ através da usurpação, que produz tirania.
Enquanto restar um único ―escravo‖ andando na terra, a tua liberação não e completa. A restauração completa da Filiação é a única
meta daquele que tem a mente voltada para o milagre.
4. Esse é um curso de treinamento da mente. Todo aprendizado envolve atenção e estudo em algum nível. Algumas partes posterio-
res do curso se baseiam tanto nestas seções iniciais, que elas requerem um estudo feito com cuidado. Tu também necessitarás de-
las para a preparação. Sem isso podes ficar temeroso demais com o que virá para usar o curso construtivamente. Contudo, a medi-
da em que fores estudando estas partes iniciais, começarás a ver algumas das implicações que serão ampliadas posteriormente.
5. É necessário um fundamento sólido devido à confusão entre medo e reverência, a qual já me referi e que é feita freqüentemente.
Eu disse que a reverência não é apropriada em relação aos Filhos de Deus porque não deves experimentar reverência na presença
dos teus iguais. Todavia foi também enfatizado que a reverência é apropriada na presença do teu Criador. Eu tenho sido cuidadoso
em esclarecer meu papel na Expiação sem exagerá-lo ou atenuá-lo. Estou também tentando fazer o mesmo com o teu. Tenho sali-
entado que a reverência não e uma reação apropriada a mim devido a nossa igualdade inerente. Alguns dos passos que vêm mais
tarde nesse curso, no entanto, envolvem uma aproximação mais direta com o próprio Deus. Não seria prudente iniciar estes passos
sem uma preparação cuidadosa, ou a reverência será confundida com medo e a experiência será mais traumática do que beatífica.
No fim, a cura é de Deus. Os meios te estão sendo cuidadosamente explicados. A revelação pode ocasionalmente te revelar o fim,
mas para alcançá-lo, os meios são necessários.

CAPÍTULO 2 - A SEPARAÇÃO E A EXPIAÇÃO

I. As origens da separação
1. Estender-se é um aspecto fundamental de Deus, que Ele deu a Seu Filho. Na criação, Deus estendeu-Se às Suas criações e as
imbuiu da mesma Vontade amorosa de criar. Tu não só foste plenamente criado, como foste criado perfeito. Não há nenhum vazio
em ti. Devido à tua semelhança com o teu Criador, és criativo. Nenhuma criança de Deus pode perder essa capacidade porque é
inerente ao que ela é, mas pode usá-la de maneira imprópria através da projeção. O uso impróprio da extensão, ou projeção, ocorre
quando acreditas que existe em ti algum vazio ou alguma falta e que podes preenchê-lo com as tuas próprias idéias em vez da ver-
dade. Esse processo envolve os seguintes passos:
Primeiro, acreditas que o que Deus criou pode ser mudado pela tua própria mente.
Segundo, acreditas que o que é perfeito pode ser tornado imperfeito ou falho.
Terceiro, acreditas que podes distorcer as criações de Deus, inclusive a ti mesmo.
Quarto, acreditas que podes criar a ti mesmo e que a direção da tua própria criação depende de ti.
2. Essas distorções interligadas representam um retrato do que de fato ocorreu na separação, ou seja, o ―desvio para o medo‖. Nada
disso existia antes da separação nem, de fato, existe agora.
Tudo o que Deus criou é como Ele. A extensão, como foi empreendida por Deus, é similar à radiância interior que as crianças do Pai
herdam Dele. Sua fonte real é interna. Isso é tão verdadeiro em relação ao Filho quanto em relação ao Pai. Nesse sentido, a criação
inclui tanto a criação do Filho por Deus quanto as criações do Filho quando a sua mente está curada. Isso requer que Deus tenha
dotado o Filho com livre arbítrio, porque toda a criação amorosa é dada livremente em uma linha contínua, na qual todos os aspectos
são da mesma ordem.
3. O Jardim do Éden, ou a condição anterior à separação, era um estado da mente no qual nada era necessário. Quando Adão deu
ouvidos às ―mentiras da serpente‖, tudo o que ouviu não era verdade. Não tens que continuar a acreditar no que não é verdadeiro, a
não ser que escolhas fazê-lo. Tudo aquilo pode literalmente desaparecer num abrir e fechar de olhos porque é apenas uma percep-
ção equivocada. O que é visto em sonhos parece ser muito real. No entanto, a Bíblia diz que um sono pesado caiu sobre Adão e não
há, em parte alguma, referência ao seu despertar. O mundo ainda não experimentou nenhum despertar ou renascer em escala abso-
luta. Tal renascimento é impossível enquanto continuares a projetar ou criar equivocadamente. Contudo, a capacidade de estender
assim como Deus estendeu a ti o Seu Espírito permanece ainda dentro de ti. Na realidade, essa é a tua única escolha porque o teu
livre arbítrio te foi dado para a tua alegria em criar o que é perfeito.
4. Todo medo, em última instância, é passível de ser reduzido à básica percepção equivocada de que tens a capacidade de usurpar o
poder de Deus. Obviamente, não podes, nem tens sido capaz de fazer isso. Aqui está a base real para escapares do medo. O esca-
pe é efetuado pela tua aceitação da Expiação, que faz com que sejas capaz de reconhecer que os teus erros realmente nunca ocor-
reram. Só depois que um profundo sono caiu sobre Adão, pôde ele vivenciar pesadelos. Se uma luz subitamente se acende enquan-
to alguém está sonhando um sonho amedrontador, ele pode inicialmente interpretar a própria luz como parte do seu sonho e ter me-
do. Todavia, quando acorda, a luz é percebida corretamente como a liberação do sonho, ao qual já não mais se confere realidade.

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UM CURSO EM MILAGRES
Essa liberação não depende de ilusões. O conhecimento que ilumina não só te põe em liberdade, mas te mostra também claramente
que tu és livre.
5. Quaisquer que sejam as mentiras em que possas acreditar, não concernem ao milagre, que pode curar qualquer uma com a mes-
ma facilidade. Ele não faz distinções entre percepções equivocadas. A única coisa que concerne a ele é distinguir a verdade de um
lado e do outro o erro. Alguns milagres podem aparentar maior magnitude que outros. Mas lembra-te do primeiro princípio deste cur-
so: não há nenhuma ordem de dificuldades em milagres. Na realidade, tu és perfeitamente intocável por todas as expressões de falta
de amor. Essas podem vir de ti e de outros, de ti para os outros e dos outros para ti. A paz é um atributo em ti. Não podes achá-la do
lado de fora. A enfermidade é alguma forma de busca externa. A saúde é paz interior. Ela te permite permanecer imperturbado pela
falta de amor externo e ser capaz, através da tua aceitação dos milagres, de corrigir as condições resultantes da falta de amor nos
outros.

II. A Expiação como defesa


1. Tu podes fazer qualquer coisa que eu pedir. Eu te pedi para apresentar milagres e esclareci que os milagres são naturais, correti-
vos, curativos e universais. Não há nada que não possam fazer, mas não podem ser apresentados no espírito da dúvida ou do me-
do. Quando tens medo de qualquer coisa, estás admitindo que ela tem o poder de ferir-te. Lembra-te de que onde está o teu cora-
ção, aí está também o teu tesouro. Tu crês no que valorizas. Se estás com medo, inevitavelmente estás valorizando de forma errada.
A tua compreensão dotará então todos os pensamentos com igual poder e inevitavelmente destruirás a paz. por isso que a Bíblia fala
da ―paz de Deus que excede o entendimento‖. Essa paz é totalmente incapaz de ser abalada por erros de qualquer espécie. Nega
que qualquer coisa que não venha de Deus tenha a capacidade de afetar-te. Esse é o uso apropriado da negação. Não é usada para
esconder nada, mas para corrigir o erro. Ela traz todos os erros à luz, e como o erro e a escuridão são a mesma coisa, corrige o erro
automaticamente.
2. A verdadeira negação é um instrumento de proteção poderoso. Podes e deves negar qualquer crença em que o erro possa ferir-te.
Esse tipo de negação não é um encobrimento, mas uma correção. A certeza da tua mente depende dele. A negação do erro é uma
forte defesa da verdade, mas a negação da verdade resulta em criação equivocada, que são as projeções do ego. A serviço da men-
te certa, a negação do erro liberta a mente e restabelece a liberdade da vontade. Quando a vontade é realmente livre, não pode criar
equivocadamente porque só reconhece a verdade.
3. Tu podes defender a verdade assim como o erro. Os meios são mais fáceis de serem compreendidos depois que o valor da meta
está firmemente estabelecido. A questão é saber para que isso serve. Todo mundo defende seu tesouro e fará isso automaticamen-
te. As questões reais são: qual é o teu tesouro e quanto tu o valorizas? Uma vez que tiveres aprendido a considerar essas questões
e trazê-las a todas as tuas ações, terás pouca dificuldade em esclarecer os meios. Os meios estão disponíveis a qualquer momento
em que os pedires. Contudo, podes economizar tempo se não protelares esse passo de forma indevida. O enfoque correto vai encur-
tá-lo incomensuravelmente.
4. A Expiação é a única defesa que não pode ser usada destrutivamente porque não é um instrumento feito por ti. O princípio da
Expiação estava em efeito muito antes de começar a Expiação. O princípio era amor e a Expiação um ato de amor. Atos não eram
necessários antes da separação porque a crença em espaço e tempo não existia. Foi só depois da separação que a Expiação e as
condições necessárias para que ela fosse cumprida foram planejadas. Então se fez necessária uma defesa tão esplêndida que não
pudesse ser usada equivocadamente, embora pudesse ser recusada. A recusa, contudo, não podia transformá-la em uma arma de
ataque, que é a característica inerente às outras defesas. A Expiação torna-se, assim, a única defesa que não é uma espada de dois
gumes. Só pode curar.
5. A Expiação foi construída dentro da crença no espaço-tempo de forma a estabelecer um limite para a necessidade da própria cren-
ça e, em última instância, para tornar o aprendizado completo. A Expiação é a lição final. O aprendizado em si, assim como as salas
de aula em que ocorre, é temporário. A capacidade de aprender não tem nenhum valor quando a mudança já não é necessária. O
que são eternamente criativos não têm nada a aprender. Tu podes aprender a melhorar as tuas percepções e podes vir a ser um
aprendiz cada vez melhor. Isso te levará à um acordo cada vez maior com a Filiação, mas a Filiação em si mesma é uma Criação
perfeita e a perfeição não é uma questão de grau. O aprendizado só é significativo enquanto existe uma crença em diferenças.
6. A evolução é um processo no qual aparentemente passas de um estádio ao seguinte. Corriges os teus passos equivocados anteri-
ores caminhando para a frente. Esse processo é, de fato, incompreensível em termos temporais, porque retornas na medida em que
avanças. A Expiação é o instrumento através do qual podes te libertar do passado na medida em que avanças. Ela desfaz os teus
erros passados, assim fazendo com que seja desnecessário que tenhas que ficar revendo os teus passos sem avançar para o teu
retorno. Nesse sentido, a Expiação economiza tempo, mas como o milagre ao qual serve, não o abole. Enquanto houver necessida-
de da Expiação há necessidade de tempo. Mas, a Expiação como plano já completo, tem uma relação singular com o tempo. Até
que a Expiação esteja completa, suas várias fases vão prosseguir no tempo, mas toda a Expiação situa-se no fim dos tempos. Na-
quele ponto foi construída a ponte do retorno.
7. A Expiação é um compromisso total. Ainda podes pensar que isso está associado à perda, um equívoco que todos os Filhos de
Deus separados fazem de uma forma ou de outra. É difícil acreditar que uma defesa que não pode atacar seja a melhor defesa. É
isso o que quer dizer ―os mansos herdarão a terra‖. Eles literalmente a conquistarão devido à sua força. Uma defesa que funciona
em duas direções é intrinsecamente fraca, precisamente porque tem dois gumes e pode voltar-se contra ti de forma muito inespera-
da. Essa possibilidade não pode ser controlada a não ser pelos milagres. O milagre volta a defesa da Expiação para a tua real prote-
ção, e na medida em que vens a ser cada vez mais seguro, assumes o teu talento natural de proteger os outros, conhecendo a ti
mesmo como um irmão e um Filho.

III. O altar de Deus


1. A Expiação só pode ser aceita dentro de ti através da liberação da luz interior. Desde a separação, as defesas têm sido usadas
quase que inteiramente para defender contra a Expiação e assim manter a separação. Isso é geralmente visto como uma necessi-
dade de proteger o corpo. As muitas fantasias corporais, nas quais a mente se engaja, surgem da crença distorcida segundo a qual o
corpo pode ser usado como um meio para se atingir a ―expiação‖. Perceber o corpo como um templo é só um primeiro passo na cor-
reção dessa distorção, porque altera apenas parte dela. Ela de fato reconhece que a Expiação em termos físicos é impossível. O
próximo passo, todavia, é reconhecer que um templo não é absolutamente uma estrutura. Sua verdadeira santidade está no altar

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UM CURSO EM MILAGRES
interior em torno do qual é construída a estrutura. A ênfase em belas estruturas é um sinal do medo da Expiação e uma recusa em
alcançar o altar propriamente dito. A beleza real do templo não pode ser vista com o olho físico. A vista espiritual, por outro lado, não
pode absolutamente ver a estrutura porque é visão perfeita. Pode, todavia, ver o altar com clareza perfeita.
2. Para efetividade perfeita, o lugar da Expiação é o centro do altar interior, onde ela desfaz a separação e restaura a integridade da
mente. Antes da separação, a mente era invulnerável ao medo, porque o medo não existia. Tanto a separação quanto o medo são
criações equivocadas que têm que ser desfeitas para a restauração do templo e para que o altar se abra com o fim de receber a
Expiação. Isso cura a separação colocando dentro de ti a única defesa efetiva contra todos os pensamentos de separação e fazendo
com que sejas perfeitamente invulnerável.
3. A aceitação da Expiação por todas as pessoas é só uma questão de tempo. Isso pode parecer que contradiz o livre arbítrio devido
à inevitabilidade da decisão final, mas não é assim. Tu podes contemporizar e és capaz de enorme procrastinação, mas não podes
desviar-te inteiramente do teu Criador, Que fixa os limites da tua capacidade de criar de forma equivocada. Uma vontade aprisionada
engendra uma situação, que levada aos extremos, vem a ser totalmente intolerável. A tolerância à dor pode ser alta, mas não é sem
limites. Eventualmente, todos começam a reconhecer, embora de forma tênue, que tem que existir um caminho melhor. Na medida
em que esse reconhecimento vem a ser estabelecido de forma mais firme vem a ser um ponto de mutação. Isso, em última instância,
desperta outra vez a visão espiritual, enfraquecendo simultaneamente o investimento na vista física. O investimento alternado nos
dois níveis de percepção é usualmente experimentado como um conflito que pode vir a ser muito agudo. Mas o resultado é tão certo
quanto Deus.
4. Literalmente, a visão espiritual não pode ver o erro e meramente olha procurando a Expiação. Dissolvem-se todas as soluções que
os olhos físicos buscam. A visão espiritual olha para dentro e reconhece imediatamente que o altar foi profanado e necessita ser
reparado e protegido. Perfeitamente ciente da defesa certa, passa por cima de todas as outras olhando além do erro para a verdade.
Em função da força dessa visão, ela traz a mente para o seu serviço. Isso restabelece o poder da mente e faz com que ela seja cada
vez mais incapaz de tolerar adiamento, reconhecendo que só adiciona dor desnecessária. Como resultado, a mente vem a ser cada
vez mais sensível ao que antes teria considerado como intrusões muito pequenas de desconforto.
5. As crianças de Deus têm direito ao consolo perfeito que vem da confiança perfeita. Enquanto não conseguirem isso, desperdiçam
a si mesmos e aos seus poderes criativos verdadeiros em tentativas inúteis de se fazerem mais confortáveis através de meios im-
próprios. Mas os meios reais já foram providos e não envolvem, em absoluto, nenhum esforço da parte delas. A Expiação é a única
dádiva que é digna de ser oferecida no altar de Deus devido ao valor do próprio altar. Ele foi criado perfeito e é inteiramente digno de
receber a perfeição. Deus e Suas criações são completamente dependentes entre si. Ele depende delas porque as criou perfeitas.
Ele lhes deu a Sua paz, de modo que não pudessem ser abaladas nem pudessem ser enganadas. Sempre que sentes medo estás
enganado e a tua mente não pode servir ao Espírito Santo. Isso te deixa faminto, negando-te o pão de cada dia. Deus é solitário sem
os Seus Filhos e eles são solitários sem Ele. Eles têm que aprender a olhar para o mundo como um meio de curar a separação. A
Expiação é a garantia de que, em última instância, terão sucesso.

IV. A cura como liberação do medo


1. Nossa ênfase está agora na cura. O milagre é o meio, a Expiação é o princípio e a cura é o resultado. Falar de um ―milagre de
cura‖ é combinar duas ordens de realidade de maneira imprópria. A cura não é um milagre. A Expiação ou o milagre final, é um re-
médio e qualquer tipo de cura é um resultado. O tipo de erro ao qual é aplicado a Expiação é irrelevante. Toda cura é essencialmente
liberação do medo. Para empreender isso, tu não podes estar amedrontado. Não compreendes a cura devido ao teu próprio medo.
2. Um passo importante no plano da Expiação é desfazer o erro em todos os níveis. A doença, ou ―a mentalidade que não está cer-
ta‖, é o resultado da confusão de níveis porque sempre acarreta a crença em que o que está fora de lugar em um nível pode afetar
de maneira adversa um outro. Nós nos referimos aos milagres como o meio de corrigir a confusão de níveis, pois todos os equívocos
têm que ser corrigidos no nível em que ocorrem. Só a mente é capaz de errar. O corpo pode agir de forma errada apenas quando
está respondendo a um pensamento equivocado. O corpo não pode criar, e a crença em que possa, um erro fundamental, produz
todos os sintomas físicos. A enfermidade física representa uma crença na mágica. Toda a distorção que deu origem à mágica basei-
a-se na crença segundo a qual existe uma capacidade criativa na matéria que a mente não pode controlar. Esse erro pode tomar
duas formas: pode-se acreditar que a mente pode criar de forma equivocada no corpo ou que o corpo pode criar de forma equivoca-
da na mente. Quando fica compreendido que a mente, o único nível de criação, não pode criar além de si mesma, nenhum desses
dois tipos de confusão precisa ocorrer.
3. Só a mente pode criar porque o espírito já foi criado e o corpo é um instrumento de aprendizado para a mente. Os instrumentos de
aprendizado não são lições em si mesmos. Seu propósito é meramente facilitar o aprendizado. O pior que um uso faltoso de um
instrumento de aprendizado pode fazer é falhar em facilitar o aprendizado. Ele não tem nenhum poder em si mesmo para introduzir
erros factuais de aprendizado. O corpo, se compreendido de forma adequada, compartilha da invulnerabilidade da Expiação no que
se refere às defesas de dois gumes. Isso não se dá porque o corpo seja um milagre, mas porque não está inerentemente aberto à
interpretação equivocada. O corpo é meramente parte da tua experiência no mundo físico. As capacidades do corpo podem ser e,
com freqüência são, super-valorizadas. Todavia, é quase impossível negar a sua existência nesse mundo. Aqueles que o fazem es-
tão engajando-se em uma forma de negação particularmente indigna. Aqui o termo ―indigna‖ subentende apenas que não é necessá-
rio proteger a mente negando o que não é mental. Se alguém nega esse aspecto desafortunado do poder da mente, esse alguém
está também negando o próprio poder.
4. Todos os meios materiais que aceitas como remédios para enfermidades corporais são reafirmações de princípios mágicos. Esse é
o primeiro passo para se acreditar que o corpo faz as suas próprias enfermidades. O segundo passo equivocado é tentar curá-lo
através de agentes não-criativos. Contudo, não decorre daí que o uso de tais agentes com propósitos corretivos seja mau. Às vezes,
a enfermidade tem um controle que é suficientemente forte sobre a mente para tornar a pessoa temporariamente inacessível à Expi-
ação. Nesse caso, pode ser sábio usar uma abordagem de transigência para com a mente e o corpo, na qual por algum tempo se
acredita que a cura venha de alguma coisa de fora. Isso é assim porque a última coisa que pode ajudar aquele que tem a mente
disposta ao que não é certo, ou o doente, é fazer algo que aumente o seu medo. Esses já estão em um estado debilitado pelo medo.
Se são prematuramente expostos a um milagre podem ser precipitados ao pânico. É provável que isso ocorra quando a percepção
invertida induziu à crença em que milagres são assustadores.

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UM CURSO EM MILAGRES
5. O valor da Expiação não está na maneira na qual ela é expressa. De fato, se é usada de forma verdadeira, inevitavelmente vai ser
expressada do modo que for mais útil para quem recebe, seja ele qual for. Isso significa que um milagre, para atingir a sua plena
eficácia, tem que ser expressado em uma linguagem que aquele que recebe possa compreender sem medo. Isso não significa ne-
cessariamente que esse é o mais elevado nível de comunicação do qual ele é capaz. Significa, contudo, que é o nível mais alto de
comunicação do qual ele é capaz agora. Todo o objetivo do milagre é elevar o nível da comunicação e não descê-lo por aumentar o
medo.

V. A função do trabalhador de milagres


1. Antes que os trabalhadores de milagres estejam prontos para empreender sua função nesse mundo, é essencial que compreen-
dam inteiramente o medo da liberação. De outro modo podem inadvertidamente fomentar a crença em que liberação é aprisiona-
mento, uma crença que já prevalece muito. Essa percepção equivocada surge, por sua vez, da crença em que o dano pode ser limi-
tado ao corpo. Isso acontece em função do medo sub-reptício de que a mente pode ferir a si mesma. Nenhum desses erros é signifi-
cativo porque as criações equivocadas da mente na realidade não existem. Esse reconhecimento é um instrumento de proteção mui-
to melhor do que qualquer forma de confusão de níveis, porque introduz a correção no nível do erro. É essencial lembrar que só a
mente pode criar e que a correção pertence ao nível do pensamento. Ampliando uma declaração anterior, o espírito já é perfeito e,
portanto, não requer correção. O corpo não existe, exceto como instrumento de aprendizado para a mente. Esse instrumento de
aprendizado não está sujeito a erros próprios porque não pode criar. É óbvio, então, que induzir a mente a desistir de suas criações
equivocadas é a única aplicação da capacidade criativa que é verdadeiramente significativa.
2. Mágica é o uso da mente de forma criativa porém equivocada ou não-mental. Os medicamentos físicos são formas de ―encanta-
mentos‖, mas se tens medo de usar a mente para curar, não deves tentar fazê-lo. O próprio fato de teres medo faz com que tua men-
te seja vulnerável à criação equivocada. Estás, portanto, propenso a compreender de forma equivocada qualquer cura que possa
ocorrer, e como o egocentrismo e o medo usualmente ocorrem juntos, podes ser incapaz de aceitar a Fonte real da cura. Nessas
condições é mais seguro para ti apoiar-te temporariamente em instrumentos de cura físicos, porque esses não podes perceber equi-
vocadamente como as tuas próprias criações. Enquanto persistir o teu sentimento de vulnerabilidade, não deves tentar apresentar
milagres.
3. Eu já disse que milagres são expressões da mentalidade disposta para o milagre e essa mentalidade milagrosa significa mentali-
dade certa. Aquele que tem a mentalidade certa não exalta nem deprecia a mente do trabalhador de milagres ou a de quem o rece-
be. Todavia, como uma correção, o milagre não precisa esperar que a mentalidade daquele que recebe esteja disposta para o que é
certo. De fato, seu propósito é restaurá-lo à sua mente certa. É essencial, porém, que o trabalhador de milagres esteja em sua mente
certa, mesmo que por um breve período de tempo, ou será incapaz de restabelecer a mentalidade certa em outra pessoa.
4. O curador que confia em sua própria prontidão está colocando em perigo a sua própria compreensão. Tu estás perfeitamente segu-
ro enquanto estás completamente despreocupado com a tua prontidão, mas manténs uma confiança consistente na minha. Se as
tuas inclinações para trabalhar em milagres não estão funcionando adequadamente, isso sempre acontece porque o medo introdu-
ziu-se na tua mentalidade certa e a virou de cabeça para baixo. Todas as formas da mentalidade disposta para o que não é certo são
o resultado da recusa em aceitares a Expiação para ti mesmo. Se tu a aceitas, estás em posição de reconhecer que aqueles que
necessitam de cura são simplesmente aqueles que não compreenderam que a mentalidade certa é a cura em si mesma.
5. A única responsabilidade daquele que trabalha em milagres é aceitar a Expiação para si mesmo. Isso significa que reconheces que
a mente é o único nível criativo e que os erros que ela comete são curados pela Expiação. Uma vez que aceitas isso, a tua mente só
pode curar. Negando à tua mente qualquer potencial destrutivo e reempossando-a dos seus poderes puramente construtivos, tu te
colocas em posição de desfazer a confusão de níveis dos outros. A mensagem que então lhes dás é a verdade de que as suas men-
tes são similarmente construtivas e suas criações equivocadas não podem feri-los. Afirmando isso, liberas a mente da super-
valorização do seu próprio instrumento de aprendizado e a restauras à sua verdadeira posição como aprendiz.
6. Deve-se enfatizar mais uma vez que o corpo não aprende nem tampouco cria. Como um instrumento de aprendizado, ele mera-
mente segue o aprendiz; mas se é falsamente dotado de iniciativa própria vem a ser uma séria obstrução ao próprio aprendizado
que deveria facilitar. Apenas a mente é capaz de iluminação. O espírito já é iluminado e o corpo em si é por demais denso. A mente,
porém, pode trazer sua iluminação ao corpo reconhecendo que ele não é o aprendiz e, portanto, não pode ser levado ao aprendiza-
do. Contudo, o corpo é facilmente levado a se alinhar com a mente que aprendeu a ver além dele em direção à luz.
7. O aprendizado corretivo sempre começa com o despertar do espírito e o afastamento da crença na vista física. Isso freqüentemen-
te acarreta medo, porque tens medo do que a tua vista espiritual vai te mostrar. Eu disse anteriormente que o Espírito Santo não
pode ver o erro e só é capaz de olhar para o que está além do erro em defesa da Expiação. Não há dúvida de que isso pode produ-
zir desconforto, no entanto, o desconforto não é o resultado final da percepção. Quando se permite que o Espírito Santo olhe para a
profanação do altar, Ele também olha imediatamente em direção à Expiação. Nada do que Ele percebe pode induzir ao medo. Tudo
o que resulta da consciência espiritual é meramente canalizado em direção à correção. O desconforto só surge para trazer à consci-
ência a necessidade da correção.
8. Em última instância, o medo da cura surge de uma recusa em aceitar inequivocadamente que a cura é necessária. O que o olho
físico vê não é corretivo e nem pode o erro ser corrigido por qualquer instrumento que possa ser visto fisicamente. Enquanto acredi-
tas no que te diz a tua vista física, as tuas tentativas de correção estarão equivocadamente dirigidas. A visão real é obscurecida por-
que não podes suportar ver o teu próprio altar profanado. Mas, uma vez que o altar foi profanado, o teu estado vem a ser duplamente
perigoso, a menos que seja percebido.
9. A cura é uma habilidade que foi desenvolvida após a separação, antes disso era desnecessária. Como todos os aspectos da cren-
ça no espaço e no tempo, ela é temporária. Contudo, enquanto o tempo persiste, a cura é necessária como um meio de proteção.
Isso é assim porque a cura baseia-se na caridade e a caridade é uma maneira de perceber a perfeição do outro, mesmo quando não
podes percebê-la em ti mesmo. A maioria dos mais elevados conceitos que tu és capaz de ter agora dependem do tempo. A caridade
é realmente um reflexo mais fraco de uma abrangência do amor muito mais poderosa, que está muito além de qualquer forma de
caridade que possas conceber por enquanto. A caridade é essencial à mentalidade certa no sentido limitado no qual ela pode ser
agora alcançada.
10. A caridade é um modo de olhar para o outro como se ele já estivesse muito além de suas realizações factuais no tempo. Como o
seu próprio pensamento é faltoso, ele não pode ver a Expiação para si mesmo, ou não teria nenhuma necessidade de caridade. A

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UM CURSO EM MILAGRES
caridade que lhe é conferida é tanto uma admissão de que ele necessita de ajuda quanto um reconhecimento de que vai aceita-la.
Essas duas percepções claramente implicam em uma dependência em relação ao tempo, fazendo com que seja evidente que a ca-
ridade ainda está dentro das limitações desse mundo. Eu disse anteriormente que só a revelação transcende o tempo. O milagre,
como uma expressão de caridade, só pode encurtá-lo. Tem que ser compreendido, porém, que sempre que ofereces um milagre a
um outro estás encurtando o seu sofrimento e o teu. Isso corrige retroativamente assim como progressivamente.
A. Princípios especiais dos trabalhadores de milagres
11. (1) O milagre abole a necessidade de preocupações de ordem mais inferior. Como é um intervalo de tempo fora do padrão, as
considerações ordinárias de tempo e espaço não se aplicam. Quando apresentares um milagre, eu arranjarei tanto o tempo quanto o
espaço para que se ajustem a ele.
12. (2) Uma distinção clara entre o que é criado e o que é feito é essencial. Todas as formas de cura baseiam-se nesta correção fun-
damental na percepção dos níveis.
13. (3) Nunca confundas a mentalidade certa com mentalidade errada. Responder a qualquer forma de erro com qualquer coisa exce-
to um desejo de curar é uma expressão dessa confusão.
14. (4) O milagre é sempre uma negação desse erro e uma afirmação da verdade. Só a mentalidade certa pode corrigir de um modo
que tenha qualquer efeito real. Em termos pragmáticos, o que não tem efeito real não tem existência real. Seu efeito, então, é o va-
zio. Sendo sem conteúdo substancial, presta-se para a projeção.
15. (5) O poder do milagre para ajustar níveis induz à percepção certa para a cura. Até que isso tenha ocorrido, a cura não pode ser
compreendida. O perdão é um gesto vazio a não ser que acarrete correção. Sem isso, é essencialmente julgador em vez de curativo.
16. (6) O perdão da mentalidade milagrosa é apenas correção. Não tem absolutamente nenhum elemento de julgamento. A declara-
ção ―Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem‖ de modo algum avalia o que fazem. E um apelo para Deus curar as suas
mentes. Não há referência ao resultado do erro. Isso não importa.
17. (7) A injunção ―Sêde uma só mente‖ é o enunciado para o estado de prontidão para a revelação. Meu pedido ―Fazei isso em me-
mória de mim‖ é o apelo para a cooperação dos trabalhadores de milagres. As duas declarações não pertencem à mesma ordem de
realidade. Só a última envolve uma consciência do tempo, já que lembrar é recordar o passado no presente. O tempo está sob a
minha direção, mas a intemporalidade pertence a Deus. No tempo existimos para o outro e com o outro. Na intemporalidade, coexis-
timos com Deus.
18. (8) Tu podes fazer muito em favor da tua própria cura e da dos outros se, em uma situação que necessite de ajuda, pensares
deste modo:
Eu estou aqui só para ser verdadeiramente útil.
Eu estou aqui para representar Aquele Que me enviou.
Eu não tenho que me preocupar com o que dizer ou o que fazer, porque Aquele Que me enviou me dirigirá.
Eu estou contente em estar aonde quer que Ele deseje, sabendo que Ele vai comigo.
Eu serei curado na medida em que eu permitir que Ele me ensine a curar.

VI. Medo e conflito


1. Ficar com medo parece ser involuntário; algo além do teu próprio controle. Entretanto, eu já disse que só os atos construtivos de-
vem ser involuntários. Meu controle pode se encarregar de todas as coisas que não têm importância, enquanto minha orientação
pode dirigir tudo o que tem, se tu escolheres assim. O medo não pode ser controlado por mim, mas pode ser auto-controlado. O me-
do me impede de te dar o meu controle. A presença do medo mostra que fizeste com que pensamentos corporais subissem ao nível
da mente. Isso os remove do meu controle e faz com que te sintas pessoalmente responsável por eles. Essa é uma confusão óbvia
de níveis.
2. Eu não fomento a confusão de níveis, mas tu tens que escolher corrigi-la. Não desculparias um comportamento insano da tua parte
dizendo que não pudeste evitá-lo. Por que serias condescendente com pensamentos insanos? Há uma confusão aqui que farias
bem em olhar com clareza. Tu podes acreditar que és responsável pelo que fazes, mas não pelo que pensas. A verdade é que és
responsável pelo que pensas, porque é só nesse nível que podes exercitar a escolha. O que fazes vem do que pensas. Tu não po-
des separar-te da verdade ―dando‖ autonomia ao comportamento. Isso é automaticamente controlado por mim, tão logo coloques o
que pensas sob a minha orientação. Sempre que sentes medo, é um sinal seguro de que permitiste que a tua mente criasse de for-
ma equivocada e não me permitiste guiá-la.
3. Não faz sentido acreditar que controlar o resultado de um pensamento equivocado pode resultar na cura. Quando estás amedron-
tado, escolheste errado. Essa é a razão de sentir-te responsável por isso. Tens que mudar a tua mente, não teu comportamento, e
isso é uma questão de disponibilidade. Tu não precisas de orientação exceto ao nível da mente. O único lugar da correção é o nível
onde a mudança é possível. A mudança nada significa ao nível dos sintomas, onde não pode funcionar.
4. A correção do medo é tua responsabilidade. Quando pedes a liberação do medo, estás deduzindo que não é. Deverias pedir, ao
invés disso, ajuda nas condições que trouxeram o medo. Essas condições sempre acarretam uma disponibilidade para estar separa-
do. Nesse nível podes evitar isso. Tu és por demais tolerante em relação às divagações da mente e condescendes com passividade
às criações equivocadas da tua mente. O resultado particular não importa, mas o erro fundamental sim. A correção é sempre a
mesma. Antes de escolheres fazer qualquer coisa, pergunta a mim se a tua escolha está de acordo com a minha. Se estás seguro
disso, não haverá medo.
5. O medo é sempre um sinal de tensão, surgindo todas as vezes em que o que queres conflita com o que fazes. Essa situação surge
de duas maneiras: primeiro, podes escolher fazer coisas conflitantes, seja simultaneamente ou sucessivamente. Isso produz um
comportamento conflitante que te é intolerável, porque à parte da mente que quer fazer uma outra coisa é ultrajada. Segundo, podes
comportar-te como pensas que deverias, mas sem quereres inteiramente fazê-lo. Isso produz um comportamento consistente, mas
acarreta grande tensão. Nos dois casos, a mente e o comportamento estão em desacordo, resultando em uma situação na qual tu
estás fazendo o que não queres totalmente fazer. Isso faz surgir um senso de coerção que usualmente produz fúria e a projeção está
propensa a vir em seguida. Sempre que há medo, é porque ainda não escolheste em tua mente. Portanto, a tua mente está dividida

16
UM CURSO EM MILAGRES
e o teu comportamento inevitavelmente vem a ser errático. A correção ao nível do comportamento pode deslocar o erro do primeiro
para o segundo tipo, mas não obliterará o medo.
6. É possível alcançar um estado no qual trazes a tua mente para a minha orientação sem esforço consciente, mas isso implica em
uma disponibilidade que ainda não desenvolveste. O Espírito Santo não pode pedir mais do que aquilo que estás disposto a fazer. A
força para fazer vem da tua decisão não dividida. Não há tensão em fazer a Vontade de Deus tão logo reconheças que ela é também
a tua. A lição aqui é bastante simples, mas particular-mente propensa a não ser vista. Portanto, vou repeti-la, urgindo para que a
ouças. Apenas a tua mente pode produzir medo. Ela faz isso sempre que está conflitada em relação ao que quer e produz tensão
inevitável, porque o querer e o fazer estão em discordância. Isso pode ser corrigido só através da aceitação de uma meta unificada.
7. O primeiro passo corretivo para desfazer o erro é saber antes de tudo que o conflito é uma expressão de medo. Dize a ti mesmo
que de alguma forma tens que ter escolhido não amar, ou o medo não poderia ter surgido. Então, todo o processo corretivo passa a
ser nada mais do que uma série de passos pragmáticos no processo mais amplo de aceitar a Expiação como o remédio. Esses pas-
sos podem ser resumidos dessa forma:
Primeiro é preciso que saibas que isso é medo.
O medo surge da falta de amor.
O único remédio para a falta de amor é o amor perfeito.
O amor perfeito é a Expiação.
8. Tenho enfatizado que o milagre, ou a expressão da Expiação é sempre um sinal de respeito de alguém de valor para com alguém
de valor. O reconhecimento deste valor é restabelecido pela Expiação. É óbvio, então, que quando tens medo, te colocaste em uma
posição em que necessitas da Expiação. Fizeste alguma coisa sem amor, tendo escolhido sem amor. Essa é precisamente a situa-
ção para a qual a Expiação foi oferecida. Como havia necessidade do remédio ele foi estabelecido. Enquanto reconheces apenas a
necessidade do remédio, continuarás amedrontado. Contudo, assim que aceitas o remédio, aboliste o medo. E deste modo que o-
corre a verdadeira cura.
9. Todos experimentam medo. No entanto, seria preciso um pequeno pensamento certo para reconhecerem porque o medo ocorre.
Poucos apreciam o poder real da mente e ninguém permanece plenamente ciente dele o tempo todo. Porém, se esperas poupar-te
do medo, existem certas coisas que tens que reconhecer e reconhecer plenamente. A mente é muito poderosa e nunca perde a sua
força criativa. Ela nunca dorme. A cada instante está criando. É duro reconhecer que o pensamento e a crença se combinam em
uma onda de poder que pode literalmente mover montanhas. A primeira vista parece que acreditar em tal poder acerca de ti mesmo
é arrogância, mas não é essa a razão real pela qual não acreditas nisso. Preferes acreditar que os teus pensamentos não podem
exercer influência real porque, de fato, tens medo deles. Isso pode diminuir a tua consciência em relação à culpa, mas a custo de
perceberes a mente como impotente. Se acreditas que o que pensas não tem efeito, podes deixar de ter medo do que pensas, mas
dificilmente estás propenso a respeitar teu pensamento. Não existem pensamentos vãos. Todo pensamento produz forma em algum
nível.

VII. Causa e efeito


1. Podes ainda reclamar do medo, mas apesar disso persistes em amedrontar a ti mesmo. Eu já indiquei que não podes pedir a mim
que te libere do medo. Eu sei que o medo não existe, mas tu não sabes. Se eu interviesse entre os teus pensamentos e os seus
resultados, estaria adulterando uma lei básica de causa e efeito, a lei mais fundamental que existe. Dificilmente eu poderia te ajudar
se depreciasse o poder do teu próprio pensamento. Isso estaria em oposição direta ao propósito deste curso. E muito mais útil lem-
brar-te de que não vigias os teus pensamentos com suficiente cuidado. Podes sentir que, nesse ponto, seria necessário um milagre
para capacitar-te a fazer isso, o que é perfeitamente verdadeiro. Não estás habituado ao pensamento da mente disposta ao milagre,
mas podes ser treinado para pensares deste modo. Todos os trabalhadores de milagres necessitam deste tipo de treinamento.
2. Eu não posso permitir que deixes a tua mente sem vigilância, ou não serás capaz de ajudar-me. Trabalhar em milagres implica na
realização plena do poder do pensamento de forma a evitar criações equivocadas. De outro modo, será necessário um milagre para
endireitar a própria mente, um processo circular que não promoveria o colapso do tempo para o qual o milagre foi intencionado. O
trabalhador de milagres tem que ter respeito genuíno pela verdadeira lei de causa e efeito, como uma condição necessária para que
o milagre ocorra.
3. Tanto os milagres quanto o medo vêm dos pensamentos. Se não estás livre para escolher um deles, também não estarias livre
para escolher o outro. Escolhendo o milagre, rejeitaste o medo, mesmo que apenas temporariamente. Tens estado amedrontado
com todas as pessoas e todas as coisas. Tens medo de Deus, de mim e de ti mesmo. Tu nos percebeste mal ou nos criaste equivo-
cadamente e acreditas no que fizeste. Não terias feito isso se não tivesses medo dos teus próprios pensamentos. Os que têm medo
não podem deixar de criar de forma equivocada, porque percebem equivocadamente a criação. Quando crias de forma equivocada,
estás em dor. O princípio de causa e efeito agora vem a ser um real expedidor, embora apenas temporariamente. De fato, ―Causa‖ é
um termo que propriamente pertence a Deus e Seu ―Efeito‖ é o Filho de Deus. Isso acarreta um conjunto de relações de Causa e
Efeito totalmente diferentes daquelas que introduzes na criação equivocada. O conflito fundamental nesse mundo, portanto, se dá
entre criação e criação equivocada. Todo medo está implícito na segunda e todo amor na primeira. O conflito é, portanto, um conflito
entre amor e medo.
4. Já foi dito que acreditas que não podes controlar o medo porque tu mesmo o fizeste e a tua crença nele parece deixá-lo fora do teu
controle. No entanto, qualquer tentativa de resolver o erro tentando dominar o medo através da maestria é inútil. De fato, ela afirma o
poder do medo pela própria suposição de que o medo tem que ser domado. A verdadeira solução baseia-se inteiramente na maes-
tria através do amor. Nesse ínterim, contudo, o senso de conflito é inevitável, já que te colocaste em uma posição na qual acreditas
no poder do que não existe.
5. Nada e tudo não podem coexistir. Acreditar em um é negar o outro. O medo na realidade é nada e o amor é tudo. Sempre que a
luz penetra na escuridão, a escuridão é abolida. O que acreditas é verdadeiro para ti. Nesse sentido, a separação ocorreu e negá-la
é meramente usar a negação de maneira imprópria. Porém, concentrar-te no erro é apenas mais um erro. O procedimento corretivo
inicial é reconhecer temporariamente que existe um problema, mas só como uma indicação de que é necessário uma correção ime-
diata. Isso estabelece um estado na mente no qual a Expiação pode ser aceita sem adiamento. Contudo, deve-se enfatizar que, em
última instância, nenhuma transigência é possível entre tudo e nada. O tempo é essencialmente um instrumento através do qual

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UM CURSO EM MILAGRES
pode-se desistir de toda transigência a esse respeito. Ele apenas parece ser abolido por etapas, porque o tempo em si mesmo en-
volve intervalos que não existem. A criação equivocada fez com que isso fosse necessário como medida corretiva. A declaração
―Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo o que nele crê não pereça mas tenha a
vida eterna‖ só precisa de uma leve correção para ser significativa nesse contexto: ―Ele o deu ao Seu Filho unigênito‖.
6. Deve-se notar especialmente que Deus só tem um Filho. Se todas as Suas criações são Seus Filhos, cada um tem que ser uma
parte integral de toda a Filiação. A Filiação, em sua unicidade, transcende a soma de suas partes. Todavia, isso fica obscuro enquan-
to qualquer uma de suas partes está faltando. É por isso que, em última instância, o conflito não pode ser resolvido até que todas as
partes da Filiação tenham retornado. Só então pode o significado da integridade em seu verdadeiro sentido ser compreendido. Qual-
quer parte da Filiação pode acreditar no erro ou no incompleto, se assim escolher. Todavia, se o faz, está acreditando na existência
do nada. A correção desse erro é a Expiação.
7. Já falei brevemente sobre a prontidão, mas alguns pontos adicionais podem ser úteis aqui. A prontidão é apenas o pré-requisito
para a realização. As duas não devem ser confundidas. Assim que ocorre um estado de prontidão, usualmente existe algum desejo
de realização, mas isso não significa necessariamente que ele não seja dividido. Esse estado não implica em nada mais do que um
potencial para a mudança da mente. A confiança não pode se desenvolver plenamente enquanto a maestria não tiver sido consegui-
da. Nós já tentamos corrigir o erro fundamental de que o medo pode ser domado e enfatizamos que a única maestria real é através
do amor. A prontidão é só o começo da confiança. Podes pensar que isso implique na necessidade de uma enorme quantidade de
tempo entre a prontidão e a maestria, mas permita-me lembrar-te que o tempo e o espaço estão sob o meu controle.

VIII. O significado do Juízo Final


1. Um dos caminhos pelo qual podes corrigir a confusão entre mágica e milagre é lembrar-te que não criaste a ti mesmo. Estás apto a
esquecer disso quando vens a ser egocêntrico e isso te coloca em uma posição na qual a crença na mágica é virtualmente inevitá-
vel. A tua vontade de criar te foi dada pelo teu Criador, Que estava expressando a mesma Vontade na Sua criação. Como a capaci-
dade criativa reside na mente, tudo o que crias não pode deixar de ser uma questão de vontade. Daí também decorre que qualquer
coisa que faças sozinho é real no teu modo próprio de ver, embora não na Mente de Deus. Essa distinção básica conduz diretamen-
te ao real significado do Juízo Final.
2. O Juízo Final é uma das idéias mais ameaçadoras no teu pensamento. Isso é assim porque não a compreendes. O julgamento não
é um atributo de Deus. Veio a ser só depois da separação, quando tornou-se um dos muitos instrumentos de aprendizado a ser ane-
xado ao plano geral. Assim como a separação ocorreu no decurso de milhões de anos, o Juízo Final vai se estender por um período
similarmente longo e talvez até mais longo. A sua duração, porém, pode ser muito reduzida pelos milagres, o instrumento que encur-
ta, mas não abole o tempo. Se um número suficiente de pessoas vêm a ter, na verdade, a mentalidade milagrosa, esse processo de
encurtamento pode ser praticamente imensurável. Contudo, é essencial que tu te libertes do medo com rapidez, porque tens que
emergir do conflito se vais trazer paz à outras mentes.
3. Em geral se considera o Juízo Final como um procedimento empreendido por Deus. De fato, será empreendido por meus irmãos
com a minha ajuda. E uma cura final ao invés de um acerto punitivo, por mais que possas pensar que a punição é merecida. A puni-
ção é um conceito totalmente oposto à mentalidade certa e o objetivo do Juízo Final é restaurar em ti essa mesma mentalidade. O
Juízo Final poderia ser chamado de um processo de avaliação certa. Simplesmente significa que todas as pessoas finalmente virão
a compreender o que tem valor e o que não tem. Depois disso, a capacidade de escolher pode ser dirigida racionalmente. Até que
essa distinção seja feita, porém, as oscilações entre a vontade livre e a vontade aprisionada não podem senão continuar.
4. O primeiro passo para a liberdade envolve uma seleção entre o falso e o verdadeiro. Esse é um processo de separação no sentido
construtivo e reflete o verdadeiro significado do Apocalipse. Em última instância, todos olharão para as suas próprias criações e es-
colherão preservar somente o que é bom, assim como o próprio Deus olhou para o que Ele criou e soube que era bom. Nesse ponto,
a mente pode começar a olhar com amor para as suas próprias criações devido ao seu valor. Ao mesmo tempo, a mente irá inevita-
velmente repudiar suas criações equivocadas, as quais, sem crença, não mais existirão.
5. A expressão ―Juízo Final‖ é assustadora, não só porque foi projetada para Deus, mas também por causa da associação entre ―final‖
e morte. Esse é um exemplo claro da percepção invertida. Se o significado do Juízo Final é objetivamente examinado, fica bastante
evidente que é, na realidade, o umbral da vida. Ninguém que viva no medo está realmente vivo. Não podes submeter a ti mesmo ao
teu próprio juízo final, porque tu não és criação tua. Podes, todavia, aplicá-lo de modo significativo e a qualquer momento a tudo o
que fizeste e reter na tua memória apenas o que é criativo e bom. Isso é o que a mentalidade certa não pode deixar de ditar-te. O
propósito do tempo é unicamente ―dar-te tempo‖ para conseguir esse julgamento. É o teu próprio julgamento perfeito das tuas pró-
prias criações perfeitas. Quando tudo o que reténs é amável, não há razão para o medo permanecer contigo. Essa é a tua parte na
Expiação.

CAPÍTULO 3 – A PERCEPÇÃO INOCENTE

I. Expiação sem sacrifício


1. Um outro ponto tem de estar perfeitamente claro antes que qualquer medo residual, ainda associado aos milagres, possa desapa-
recer. A crucificação não estabeleceu a Expiação, mas a ressurreição sim. Muitos cristãos sinceros compreenderam isto erradamen-
te. Ninguém que esteja livre da crença na escassez poderia cometer este equívoco. Se a crucificação é vista de uma perspectiva
invertida, parece que Deus permitiu e até mesmo encorajou um dos seus Filhos a sofrer porque era bom. Esta interpretação particu-
larmente desafortunada, surgida da projeção, tem levado muitas pessoas a sentirem amargamente o medo de Deus. Tais conceitos
anti-religiosos entram em muitas religiões. No entanto, o cristão real deveria fazer uma pausa e perguntar: «Como poderia ser as-
sim?» É provável que o próprio Deus fosse capaz de um tipo de pensamento que as Suas Próprias palavras claramente declararam
como indigno do Seu Filho?
2. A melhor defesa, como sempre, é não atacar a posição do outro mas, em vez disso, proteger a verdade. Não é sábio aceitar qual-
quer conceito se tens de inverter todo um quadro de referências de modo a justificá-lo. Este procedimento é doloroso em aplicações
de menor importância e genuinamente trágico numa escala mais ampla. A perseguição frequentemente resulta numa tentativa de
«justificar» a terrível percepção errada de que Deus perseguiu o Seu próprio Filho em prol da Salvação. Estas palavras em si mes-
mas não têm significado. Tem sido particularmente difícil superar isto porque, embora este erro não seja mais difícil de corrigir do que
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UM CURSO EM MILAGRES
qualquer outro, muitos se têm recusado a desistir dele por causa do seu proeminente valor como defesa. Em formas mais brandas,
um pai diz: «Isto fere-me mais a mim do que a ti» e sente-se desculpado por bater numa criança. Acreditas realmente que o nosso
Pai pense deste modo? É tão essencial que todos estes pensamentos sejam dissipados, que nós não podemos deixar de estar se-
guros de que nada deste tipo permaneça na tua mente. Eu não fui «punido» porque tu foste mau. A lição totalmente benigna que a
Expiação ensina está perdida se, de alguma forma, for manchada com este tipo de distorção.
3. A declaração «A mim pertence a vingança, diz o Senhor» é uma percepção errada através da qual a pessoa atribui o seu próprio
passado «mau» a Deus. O passado «mau» nada tem de ver com Deus. Ele não o criou e não o mantém. Deus não acredita em retri-
buir o mal com o mal. A Mente Dele não cria deste modo. Ele não guarda os teus feitos «maus» contra ti. É provável que os tivesse
guardado contra mim? Certifica-te de que reconheces como esta suposição é completamente impossível e como surge inteiramente
da projeção. Este tipo de erro é inteiramente responsável por um batalhão de erros relacionados com isto, incluindo a crença de que
Deus rejeitou Adão e o forçou a deixar o Jardim do Éden. É também por isso que, de tempos a tempos, podes acreditar que estou a
dirigir-te erradamente. Tenho feito um esforço para usar palavras que quase não têm possibilidade de serem distorcidas, mas é sem-
pre possível distorcer símbolos, se tu o desejas.
4. O sacrifício é uma noção totalmente desconhecida de Deus. Ele só surge do medo, e pessoas assustadas podem ser perversas. O
sacrifício, sob qualquer forma, é uma violação da injunção segundo a qual deverias ser misericordioso tal como o teu Pai no Céu é
misericordioso. Tem sido difícil para muitos cristãos reconhecer que isto se aplica a eles próprios. Bons professores nunca aterrori-
zam os seus alunos. Aterrorizar é atacar, e isso resulta na rejeição do que o professor oferece. O resultado é o fracasso da aprendi-
zagem.
5. Referiram-se corretamente a mim como o «cordeiro que tira os pecados do mundo», mas aqueles que representam o cordeiro
manchado de sangue não compreendem o significado do símbolo. Corretamente compreendido, é um símbolo muito simples que
fala da minha inocência. O cordeiro e o leão deitados lado a lado simbolizam que a força e a inocência não estão em conflito, mas
naturalmente vivem em paz. «Bem aventurados os puros de coração, porque verão Deus» é outra maneira de dizer a mesma coisa.
Ela não confunde destruição com inocência porque associa inocência com força, não com fraqueza.
6. A inocência é incapaz de sacrificar qualquer coisa porque a mente inocente tem tudo e só se esforça por proteger a sua integrida-
de. A mente inocente não pode projetar. Só pode honrar as outras mentes porque a honra é o cumprimento natural dos verdadeira-
mente amados para outros que são como eles. O cordeiro «tira os pecados do mundo» no sentido que o estado de inocência ou de
graça é aquele no qual o significado da Expiação é inteiramente sem ambigüidades. É perfeitamente clara porque existe na luz. Só
as tentativas de amortalhá-la na escuridão têm feito com que a Expiação seja inacessível àqueles que não escolhem ver.
7. A Expiação em si não irradia nada além da verdade. Portanto, é o epítome de tudo o que é incapaz de causar dano e dela apenas
bênçãos se irradiam. Não poderia fazer isso se não surgisse de qualquer coisa que não fosse a perfeita inocência. A inocência é
sabedoria porque não está ciente do mal e o mal não existe. Todavia, está perfeitamente ciente de tudo o que é verdadeiro. A ressur-
reição demonstrou que nada pode destruir a verdade. O bem pode resistir a qualquer forma de mal assim como a luz elimina todas
as formas de escuridão. A Expiação é, portanto a lição perfeita. É a demonstração final de que todas as outras lições que demonstrei
são verdadeiras. Se podes aceitar esta única generalização agora, não haverá nenhuma necessidade de aprenderes outras lições
menores. Tu és libertado de todos os erros se acreditas nisso.
8. A inocência de Deus é o verdadeiro estado da mente do Seu Filho. Nesse estado, a tua mente conhece Deus, pois Deus não é
simbólico, é um Fato. Conhecendo o Filho Dele tal como é, reconheces que a Expiação, não o sacrifício, é a única dádiva apropriada
para o altar de Deus, onde nada exceto a perfeição deve estar. A compreensão do inocente é a verdade. É por isso que os seus alta-
res são verdadeiramente radiantes.

II. Milagres como percepção verdadeira


1. Tenho declarado que os conceitos básicos a que este curso se refere não são questões de grau. Certos conceitos fundamentais
não podem ser compreendidos em termos de opostos. É impossível conceber luz e escuridão ou tudo e nada como possibilidades
conjuntas. São todos verdadeiros ou falsos. É essencial que reconheças que o teu pensamento será errático até que um firme com-
promisso com um ou outro seja feito. Contudo, um firme compromisso com a escuridão ou o nada é impossível. Ninguém jamais
viveu que não tenha experimentado alguma luz e alguma coisa. Ninguém é, portanto, capaz de negar totalmente a verdade, mesmo
que se pense que pode.
2. A inocência não é um atributo parcial. Não é real enquanto não é total. Os que são parcialmente inocentes estão aptos a ser bas-
tante tolos, às vezes. Enquanto a sua inocência não se torna um ponto de vista de aplicação universal, não chega a ser sabedoria. A
percepção inocente ou verdadeira significa que tu nunca percebes de forma errada e sempre vês verdadeiramente. Em termos mais
simples, significa que nunca vês o que não existe e sempre vês o que existe.
3. Quando te falta confiança no que outra pessoa vai fazer, estás a atestar a tua crença segundo a qual ela não está na sua mente
certa. Dificilmente este quadro de referências se baseia no milagre. Ele também tem o poder desastroso de negar o poder do mila-
gre. O milagre percebe tudo tal como é. Se nada a não ser a verdade existe, o modo de ver da mentalidade certa não pode ver nada
a não ser a perfeição. Tenho dito que só o que Deus cria ou o que tu crias com a mesma Vontade tem alguma existência real. Isto,
então, é tudo o que um inocente pode ver. Os inocentes não sofrem de percepção distorcida.
4. Tu tens medo da vontade de Deus, porque tens usado a tua mente, que Deus criou à semelhança da Sua, para criar de forma
errada. A mente só pode criar de forma errada quando acredita que não é livre. A mente «aprisionada» não é livre porque está pos-
suída, ou detida, por ela mesma. Ser um é ser uma só mente ou vontade. Quando a vontade da Filiação e a do Pai são uma só, o
acordo perfeito entre elas é o Céu.
5. Nada pode prevalecer contra um filho de Deus que entrega o seu espírito nas Mãos do seu Pai. Ao fazer isso, a mente desperta do
seu sono e lembra-se do seu Criador. Qualquer sensação de separação desaparece. O Filho de Deus é parte da Santíssima Trinda-
de, mas a própria Trindade é una. Não há confusão dentro dos Seus Níveis porque Eles são uma só Mente e uma só Vontade. Este
propósito único cria a perfeita integração e estabelece a paz de Deus. Entretanto, esta visão só pode ser percebida pelos que são
verdadeiramente inocentes. Porque os seus corações são puros, os inocentes defendem a percepção verdadeira em vez de se de-
fenderem dela. Compreendendo a lição da Expiação, eles não têm o desejo de atacar e, portanto, vêem verdadeiramente. É esse o
significado da Bíblia quando diz «quando Ele se manifestar seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-Lo como Ele é».

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UM CURSO EM MILAGRES
6. O caminho para corrigir distorções é retirar a fé que depositas nelas e investir somente no que é verdadeiro. Não podes fazer com
que a falta de verdade seja verdadeira. Se estás disposto a aceitar o que é verdadeiro em tudo o que percebes, deixa que isso seja
verdadeiro para ti. A verdade vence qualquer erro e aqueles que vivem no erro e no vazio jamais podem encontrar consolação dura-
doura. Se percebes verdadeiramente, estás a cancelar percepções erradas em ti mesmo e nos outros simultaneamente. Porque os
vês tais como são, ofereces- lhes a tua aceitação da verdade de forma que possam aceitá-la para si próprios. Essa é a cura que o
milagre induz.

III. Percepção versus conhecimento


1. Estivemos a enfatizar a percepção e, até agora, falámos muito pouco do conhecimento. Isto porque a percepção tem de ser corri-
gida antes que se possa conhecer qualquer coisa. Conhecer é ter a certeza. A incerteza significa que não conheces. O conhecimen-
to é poder porque é certo e a certeza é força. A percepção é temporária. Como um atributo da crença no espaço e no tempo, está
sujeita ao medo e ao amor. As percepções erradas produzem medo e as percepções verdadeiras fomentam amor, mas nenhuma
traz a certeza, pois qualquer percepção varia. Por isso não é conhecimento. A percepção verdadeira é a base para o conhecimento,
mas conhecer é a afirmação da verdade e está além de todas as percepções.
2. Todas as tuas dificuldades decorrem do fato de que não te reconheces a ti mesmo, o teu irmão ou Deus. Reconhecer significa
«conhecer de novo», o que significa que antes já conhecias. Podes ver de muitas maneiras, porque a percepção envolve interpreta-
ção o que significa que não é íntegra ou consistente. O milagre, sendo uma maneira de perceber, não é conhecimento. É a resposta
certa para uma questão, mas tu não questionas quando conheces. Questionar ilusões é o primeiro passo para as dissipar. O milagre,
ou a resposta certa, corrige as ilusões. Como as percepções mudam, a sua dependência do tempo é óbvia. A forma como percebes
a qualquer momento determina o que fazes e as acções têm de ocorrer no tempo. O conhecimento é intemporal porque a certeza
não é questionável. Tu conhecerás quando tiveres deixado de questionar.
3. A mente que questiona percebe-se no tempo e, portanto, olha à procura de respostas futuras. A mente fechada acredita que o
futuro e o presente são o mesmo. Isto estabelece um estado aparentemente estável que, normalmente, é uma tentativa de se con-
trapor a um medo sub-reptício de que o futuro venha a ser pior do que o presente. Este medo inibe inteiramente a tendência para
questionar.
4. A visão verdadeira é a percepção natural da vista espiritual, mas ainda é uma correção em vez de um fato. A vista espiritual é sim-
bólica e, portanto, não é um instrumento para o conhecimento. Contudo, é o meio de percepção certa, que a traz ao domínio próprio
do milagre. Uma «visão de Deus» seria mais um milagre do que uma revelação. O fato de a percepção estar envolvida nisto, de
qualquer maneira, remove a experiência da esfera do conhecimento. É por isso que as visões, por mais santas que sejam, não du-
ram.
5. A Bíblia diz «Conhece-te a ti mesmo» ou seja, diz para teres a certeza. A certeza é sempre de Deus. Quando amas alguém perce-
beste-o como é, e isso faz com que te seja possível conhecê-lo. Enquanto não o perceberes como ele é, não podes conhecê-lo. En-
quanto fizeres perguntas a respeito dessa pessoa estás claramente a inferir que não conheces Deus. Certeza não requer ação.
Quando dizes que estás a agir com base no conhecimento, estás realmente a confundir conhecimento com percepção. O conheci-
mento provê a força para o pensamento criativo, mas não para fazer as coisas certas. A percepção, os milagres e o fazer estão inti-
mamente relacionados. O conhecimento é o resultado da revelação e induz apenas ao pensamento. Mesmo na sua forma mais espi-
ritualizada a percepção envolve o corpo. O conhecimento vem do altar interior e é intemporal porque envolve a certeza. Perceber a
verdade não é o mesmo que conhecê-la.
6. A percepção certa é necessária antes que Deus possa comunicar directamente com os Seus altares, os quais estabeleceu nos
Seus Filhos. Nesses altares, Ele pode comunicar a Sua certeza e o seu conhecimento, e o Seu conhecimento trará paz sem questi-
onamentos. Deus não é um estranho para os Seus Filhos e os Seus filhos não são estranhos uns para os outros. O conhecimento
precedeu tanto a percepção quanto o tempo e irá, em última instância, substituí-los. Este é o significado real de «Alfa e Omega, o
princípio e o fim» e «Antes que Abraão existisse Eu sou». A percepção pode e tem de ser estabilizada, mas o conhecimento é está-
vel. «Teme a Deus e guarda os seus mandamentos» passa a ser «Conhece Deus e aceita a Sua certeza».
7. Se atacas o erro noutra pessoa, ferir-te-ás. Não podes conhecer o teu irmão quando o atacas. O ataque é feito sempre contra um
estranho. Fazes dele um estranho porque o percebes erradamente e, assim, não podes conhecê-lo. Tu teme-lo porque fizeste dele
um estranho. Percebe-o corretamente para que o possas conhecer. Não há estranhos na criação de Deus. Para criares como Ele
criou só podes criar o que conheces e, portanto, aceitas como teu. Deus conhece as Suas crianças com perfeita certeza. Ele criou-as
pelo fato de as conhecer. Ele reconhece-as perfeitamente. Quando elas não se reconhecem umas às outras, não O reconhecem.

IV. O erro e o ego


1. As capacidades que possuis agora são apenas sombras da tua força real. Todas as tuas funções actuais estão divididas e abertas
ao questionamento e à dúvida. Isto é assim porque não tens a certeza quanto ao modo como as vais usar e és, portanto, incapaz de
conhecimento. Também és incapaz de conhecimento porque ainda podes perceber sem amor. A percepção não existia até que a
separação introduziu graus, aspectos e intervalos. O espírito não tem níveis e qualquer conflito surge da confusão de níveis. Só os
Níveis da Trindade são capazes de Unidade. Os níveis criados pela separação não podem senão entrar em conflito. Isto é assim
porque são sem significado uns para os outros.
2. A consciência, o nível da percepção, foi a primeira divisão introduzida na mente depois da separação, fazendo com que a mente
seja um perceptor em vez de um criador. A consciência é corretamente identificada como o domínio do ego. O ego é uma tentativa
da mentalidade errada para perceberes-te a ti mesmo como desejas em vez de como és. No entanto, só podes conhecer-te a ti
mesmo como és, pois essa é a única coisa quanto à qual podes ter a certeza. Tudo o mais está aberto ao questionamento.
3. O ego é o aspecto questionador do ser pós-separação, o qual foi feito em vez de criado. É capaz de fazer perguntas, mas não de
perceber respostas significativas porque estas envolveriam conhecimento e, portanto, não podem ser percebidas. A mente está, por-
tanto, confusa, pois só a mentalidade una pode ser sem confusão. A mente separada ou dividida não pode deixar de ser confusa. É
necessariamente incerta em relação ao que é. Tem de estar em conflito, pois não está de acordo consigo mesma. Isto faz com que
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UM CURSO EM MILAGRES
os seus aspectos sejam estranhos um para o outro e esta é a essência da condição que induz ao medo, no qual o ataque é sempre
possível. Tens toda a razão para sentir medo percebendo-te a ti mesmo como percebes. É por essa razão que não podes escapar do
medo enquanto não reconheceres que não te criaste a ti mesmo, nem poderias tê-lo feito. Tu jamais podes fazer com que as tuas
percepções erradas sejam verdadeiras, e a tua criação está além do teu próprio erro. É por esta razão que, eventualmente, tens de
escolher curar a separação.
4. A mentalidade certa não deve ser confundida com a mente que conhece, porque só é aplicável à percepção certa. Tu podes ter a
tua mente disposta para o que é certo ou errado e até mesmo isso está sujeito a graus, demonstrando claramente que o conheci-
mento não está envolvido. O termo «mentalidade certa» é usado de forma adequada como a correção para a «mentalidade errada»
e aplica-se ao estado mental que induz a percepção acurada. É a mente que se volta para o milagre porque cura a percepção errada
e isso é de fato um milagre, considerando o modo como te percebes a ti mesmo.
5. A percepção envolve sempre um certo uso errado da mente, porque traz a mente para áreas de incerteza. A mente é muito activa.
Quando escolhe estar separada, escolhe perceber. Até então só tem vontade de conhecer. Depois disso só pode escolher ambigua-
mente e a única saída para a ambiguidade é a percepção clara. A mente só regressa à sua própria função quando tem vontade de
conhecer. Isto coloca-a ao serviço do espírito, onde a percepção é mudada. A mente escolhe dividir-se quando escolhe fazer os seus
próprios níveis. Mas a mente não poderia separar-se inteiramente do espírito porque é do espírito que deriva a totalidade do seu
poder de fazer ou criar. Mesmo na criação errada a mente está a afirmar a sua Fonte ou, simplesmente, deixaria de ser. Isto é im-
possível porque a mente pertence ao espírito que Deus criou e é, portanto, eterna.
6. A capacidade de perceber fez com que o corpo fosse possível, porque tens de perceber alguma coisa e com alguma coisa. É por
essa razão que a percepção envolve uma mudança ou tradução que o conhecimento não necessita. A função interpretativa da per-
cepção - uma forma distorcida de criação - permite-te, então, interpretar o corpo como sendo tu mesmo, numa tentativa de escapar
ao conflito que induziste. O espírito - que conhece - não poderia ser reconciliado com essa perda de poder porque é incapaz de es-
curidão. Isto faz com que o espírito seja quase inacessível à mente e inteiramente inacessível ao corpo. Daí em diante, o espírito é
percebido como uma ameaça, porque a luz elimina a escuridão, simplesmente, mostrando-te que não existe. A verdade sempre ven-
cerá o erro deste modo. Isto não pode ser um processo activo de correção porque, como já enfatizei, o conhecimento não faz nada.
Pode ser percebido como um atacante, mas não pode atacar. O que tu percebes como ataque é o teu próprio vago reconhecimento
de que o conhecimento sempre pode ser lembrado porque nunca foi destruído.
7. Deus e as Suas criações permanecem em segurança e, portanto, têm o conhecimento de que não existe nenhuma criação errada.
A verdade não pode lidar com os erros que tu queres. Eu fui um homem que se lembrou do espírito e do conhecimento do espírito.
Enquanto homem, não tentei compensar o erro com conhecimento, mas corrigir o erro de baixo para cima. Demonstrei tanto a au-
sência de poder do corpo, como o poder da mente. Unindo a minha vontade com a do meu Criador, naturalmente lembrei-me do
espírito e do seu propósito real. Não posso unir a tua vontade à de Deus por ti, mas posso apagar todas as percepções erradas da
tua mente, se as trouxeres à minha orientação. Somente as tuas percepções erradas impedem o teu caminho. Sem elas, escolhes
sempre acertadamente. A percepção sã induz à escolha sã. Não posso escolher por ti, mas posso ajudar-te a fazer a tua própria
escolha certa. «Muitos são chamados mas poucos são escolhidos» deveria ser «Todos são chamados, mas poucos escolhem escu-
tar». Por conseguinte, não escolhem certo. Os «escolhidos», simplesmente, são aqueles que escolhem certo mais cedo. Mentes
certas podem fazer isto agora e encontrarão descanso para as suas almas. Deus só te conhece em paz e essa é a tua realidade.

V. Além da percepção
1. Tenho dito que as capacidades que possuis são apenas sombras da tua força real e que a percepção - que é inerentemente julga-
dora - só foi introduzida depois da separação. Ninguém tem estado seguro de nada desde então. Também fiz com que ficasse claro
que a ressurreição foi o meio para o regresso ao conhecimento, realizado pela união da minha vontade com a do meu Pai. Podemos
agora estabelecer uma distinção que esclarecerá algumas das nossas declarações subsequentes.
2. Desde a separação, as palavras «criar» e «fazer» passaram a ser confusas. Quando fazes alguma coisa fazes a partir de um sen-
timento especifico de falta ou de necessidade. Qualquer coisa feita para um propósito específico não tem nenhuma generalizabilida-
de* verdadeira. Quando fazes alguma coisa para preencher uma falta percebida, estás a demonstrar tacitamente que acreditas na
separação. O ego inventou muitos sistemas de pensamento engenhosos com este propósito. Nenhum deles é criativo. A inventivida-
de é um esforço desperdiçado mesmo na sua forma mais engenhosa. A natureza altamente específica da invenção não é digna da
criatividade abstracta das criações de Deus.
* - Generalizability é uma palavra inexistente em Inglês tal como generalizabilidade em Português.
3. «Conhecer», como já observámos não conduz ao «fazer». A confusão entre a tua criação real e o que tens feito de ti mesmo é tão
profunda que passou a ser literalmente impossível para ti conhecer qualquer coisa. O conhecimento é sempre estável e é bastante
evidente que tu não és. No entanto, és perfeitamente estável tal como Deus te criou. Neste sentido, quando o teu comportamento é
instável, estás a distorcer a Ideia de Deus com respeito à tua criação. Tu podes fazer isto, se assim escolheres, mas dificilmente que-
rerás fazê-lo se estiveres na tua mente certa.
4. A questão fundamental que te perguntas continuamente não pode, de maneira nenhuma, ser dirigida a ti mesmo de forma adequa-
da. Continuas a perguntar o que és. Isto significa que a resposta, não só é uma resposta que conheces, mas também que depende
de ti supri-la. Entretanto, não podes entender-te a ti mesmo corretamente. Não tens nenhuma imagem para ser percebida. A palavra
«imagem» está sempre relacionada com a percepção e não é uma parte do conhecimento. Imagens são simbólicas e representam
alguma coisa. A ideia de «mudar a tua imagem» reconhece o poder da percepção, mas também significa que não há nada estável
para conhecer.
5. Conhecer não está aberto à interpretação. Podes tentar «interpretar» o significado, mas isso é sempre passível de erro, porque se
refere à percepção do significado. Tais incongruências são o resultado das tentativas de te considerares a ti mesmo como separado
e não separado, ao mesmo tempo. É impossível fazer uma confusão tão fundamental sem aumentar ainda mais a tua confusão ge-
ral. A tua mente pode ter passado a ser muito engenhosa, mas como sempre acontece quando método e conteúdo estão separados,
a mente é usada para fazer uma tentativa fútil de escapar de um impasse inescapável. A engenhosidade é totalmente divorciada do
conhecimento, porque o conhecimento não requer engenhosidade. O pensamento engenhoso não é a verdade que te libertará, mas
tu estás livre da necessidade de te comprometeres com o pensamento engenhoso quando estás disposto a abandoná-lo.

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UM CURSO EM MILAGRES
6. A oração é um modo de pedir alguma coisa. É o veículo dos milagres. Mas a única oração significativa é a que perde o perdão,
porque aqueles que foram perdoados têm tudo. Uma vez que o perdão tenha sido aceite, a oração, no sentido usual, passa a não ter
qualquer significado. A oração pelo perdão não é mais do que um pedido para que possas ser capaz de reconhecer o que já possuis.
Ao elegeres a percepção no lugar do conhecimento colocaste-te numa posição na qual só poderias parecer-te com o teu Pai perce-
bendo milagrosamente. Perdeste o conhecimento de que tu, em ti mesmo, és um milagre de Deus. A criação é a tua Fonte e a tua
única função real.
7. A declaração «Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança» necessita de reinterpretação. «Imagem» pode ser compreendi-
da como «pensamento» e «semelhança» como «de qualidade semelhante». Deus, efectivamente, criou o espírito no Seu próprio
Pensamento com uma qualidade semelhante à Sua própria. Não há mais nada. A percepção, por outro lado, é impossível sem uma
percepção em «mais» e «menos». Em todos os níveis envolve selectividade. A percepção é um processo contínuo de aceitar e rejei-
tar, organizar e reorganizar, deslocar e mudar. A avaliação é uma parte essencial da percepção porque os julgamentos são necessá-
rios para a seleção.
8. O que acontece às percepções se não existirem julgamentos, nem nada além da perfeita igualdade? A percepção passa a ser
impossível. A verdade só pode ser conhecida. Toda a verdade é igualmente verdadeira e conhecer qualquer uma das suas partes é
conhecer toda a verdade. Só a percepção envolve a consciência parcial. O conhecimento transcende as leis que governam a per-
cepção porque um conhecimento parcial é impossível. É totalmente uno e não tem partes separadas. Tu, que realmente és um com
ele, não precisas senão conhecer-te a ti mesmo para que o teu conhecimento esteja completo. Conhecer o milagre de Deus é co-
nhecê-Lo.
9. O perdão é a cura da percepção da separação. A percepção correta do teu irmão é necessária porque as mentes escolheram ver-
se a si mesmas como separadas. O espírito conhece Deus de forma completa. Esse é o seu poder milagroso. O fato de que cada
um tem esse poder de forma completa é uma condição inteiramente alheia ao pensamento do mundo. O mundo acredita que se al-
guém tem tudo, não sobra nada. Mas os milagres de Deus são tão totais como os Seus pensamentos, porque são os seus Pensa-
mentos.
10. Enquanto durar a percepção há lugar à oração. Uma vez que a percepção se baseia na falta, aqueles que percebem não aceita-
ram totalmente a Expiação, nem se entregaram à verdade. A percepção baseia-se num estado separado, de modo que qualquer
pessoa que perceba seja o que for, necessita de cura. A comunhão, não a oração, é o estado natural daqueles que conhecem. Deus
e o Seu milagre são inseparáveis. Como são belos, de fato, os Pensamentos de Deus que vivem à Sua luz! O teu valor está além da
percepção, porque está além da dúvida. Não te percebas a ti mesmo sob luzes diferentes. Conhece-te a ti mesmo na Luz Una onde
o milagre que tu és está perfeitamente claro.

VI. O julgamento e o problema da autoridade


1. Já discutimos o Juízo Final, mas em detalhes insuficientes. Depois do Juízo Final, não haverá mais nenhum. O julgamento é sim-
bólico porque não há nenhum julgamento para além da percepção. Quando a Bíblia diz «Não julgueis para que não sejais julgados»
quer dizer que se julgas a realidade dos outros serás incapaz de evitar julgar a tua própria.
2. Escolher «julgar» em vez de «conhecer» é a causa da perda da paz. O julgamento é o processo no qual se baseia a percepção,
não o conhecimento. Já discuti isto antes em termos da selectividade da percepção, mostrando que a avaliação é o seu pré-requisito
óbvio. O julgamento envolve sempre rejeição. Nunca enfatiza apenas os aspectos positivos do que é julgado, seja em ti ou nos ou-
tros. O que foi percebido e rejeitado, ou julgado e considerado insuficiente, permanece na tua mente porque foi percebido. Uma das
ilusões de que sofres é acreditares que quando fazes um julgamento contrário a alguma coisa, ele não tem efeito. Isto não pode ser
verdadeiro a não ser que também acredites que aquilo contra o que julgaste, não existe. Evidentemente, não acreditas nisso ou não
terias feito um julgamento contrário. No fim, não importa se o teu julgamento está certo ou errado. De qualquer forma, estás a colo-
car a tua crença no irreal. Isto não pode ser evitado em nenhum tipo de julgamento, porque nele está implícito que acreditas que a
realidade é tua para que selecciones dela o que quiseres.
3. Tu não tens ideia da tremenda libertação e da profunda paz que decorre de te encontrares contigo mesmo e com os teus irmãos,
numa base de total ausência de julgamento. Quando reconheceres o que és e o que são os teus irmãos, compreenderás que ne-
nhuma forma de julgamento tem significado. De fato, o significado deles está perdido para ti, precisamente porque os estás a julgar.
Qualquer incerteza advém de acreditares que estás sob coerção de julgamento. Não precisas de julgamento para organizar a tua
vida e certamente não precisas dele para te organizares a ti mesmo. Na presença do conhecimento, qualquer julgamento é automa-
ticamente suspenso e este é o processo que permite que o reconhecimento substitua a percepção.
4. Tu estás muito assustado com todas as coisas que tens percebido, mas tens-te recusado a aceitar isso. Acreditas que, por te teres
recusado a aceitá-las, perdeste o controlo sobre elas. É por essa razão que as vês em pesadelos ou em disfarces agradáveis naque-
les que parecem ser os teus sonhos mais felizes. Nada do que te recusaste a aceitar pode ser trazido à tua consciência. Não é peri-
goso em si, mas tens feito com que te pareça perigoso.
5. Quando te sentes cansado, é porque te julgaste a ti mesmo como se fosses capaz de estar cansado. Quando ris de alguém, é
porque julgaste esse alguém indigno. Quando te ris de ti mesmo, necessariamente ris dos outros, nem que seja apenas porque não
podes tolerar a ideia de ser mais indigno do que eles. Tudo isto faz com que te sintas cansado, porque é essencialmente desanima-
dor. Tu não és realmente capaz de estar cansado, mas és muito capaz de te esgotares a ti mesmo. A tensão do julgamento constan-
te é praticamente intolerável. É curioso que uma capacidade tão debilitante tenha vindo a ser tão profundamente apreciada. No en-
tanto, se desejas ser o autor da realidade, vais insistir em te manteres agarrado ao julgamento. Também vais considerar o julgamen-
to com medo, acreditando que, um dia, ele será usado contra ti. Esta crença só pode existir na medida em que acreditas na eficácia
do julgamento como uma arma de defesa da tua própria autoridade.
6. Deus oferece apenas misericórdia. As tuas palavras só deveriam reflectir misericórdia porque é isso o que tens recebido e isso é o
que deverias dar. A justiça é um recurso temporário, ou uma tentativa de te ensinar o significado da misericórdia. Só é julgadora por-
que tu és capaz de injustiça.
7. Tenho falado de diferentes sintomas e, neste nível, há variação quase sem fim. Contudo, só há uma única causa para todos: o
problema da autoridade. Este é «a raiz de todos os males». Cada sintoma que o ego faz envolve uma contradição em termos, por-
que a mente está dividida entre o ego e o Espírito Santo, de forma que qualquer coisa que o ego faça, é incompleta e contraditória.

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UM CURSO EM MILAGRES
Esta posição insustentável é o resultado do problema da autoridade que, por aceitar o único pensamento inconcebível como sua
premissa, só pode conceber ideias que são inconcebíveis.
8. O tema da autoridade é, realmente, uma questão de autoria. Quando tens um problema de autoridade, é sempre porque acreditas
que és o autor de ti mesmo e projetas este equívoco nos outros. Assim, percebes a situação como se eles estivessem literalmente a
lutar contigo pela tua autoria. Este é o erro fundamental de todos aqueles que acreditam que usurparam o poder de Deus. Esta cren-
ça é muito assustadora para eles, mas dificilmente abala Deus. Ele está, todavia, ansioso por desfazê-la; não para punir as Suas
crianças, mas somente porque sabe que tal crença faz com que sejam infelizes. Às criações de Deus é dada a sua verdadeira auto-
ria, mas tu preferes ser anónimo quando escolhes separar-te do teu Autor. Ao estares incerto da tua verdadeira Autoria, acreditas
que a criação foi anónima. Isto deixa-te numa posição em que acreditar que te criaste a ti mesmo soa a significativo. A disputa em
torno da autoria deixou tal incerteza na tua mente que pode, inclusivamente, duvidar se existes ou não.
9. Somente aqueles que entregaram completamente o desejo de rejeitar podem saber que a rejeição de si próprios é impossível. Tu
não usurpaste o poder de Deus, mas perdeste-o. Afortunadamente, perder alguma coisa não significa que ela tenha desaparecido.,
simplesmente, significa que não te lembras onde está. A existência dessa coisa não depende da tua capacidade de a identificar, nem
mesmo de a localizar. É possível olhar a realidade sem julgamentos e, simplesmente, conhecer que ela existe.
10. A paz é uma herança natural do espírito. Cada um é livre para se recusar a aceitar a própria herança, mas não é livre para esta-
belecer o que é a sua herança. O problema que todos não podem deixar de decidir é a questão fundamental da autoria. Qualquer
medo vem, em última instância e às vezes por meio de estradas muito tortuosas, da negação da Autoria. A ofensa nunca é feita a
Deus, mas só àqueles que o negam. Negares a Sua Autoria é negares-te a ti mesmo a razão da tua paz, de modo que só te vês em
segmentos. Esta estranha percepção é o problema da autoridade.
11. Não há ninguém que, de algum modo, não se sinta aprisionado. Se esse é o resultado do seu próprio livre arbítrio, ele tem de
considerar a sua vontade como não sendo livre, ou ficaria bastante evidente o raciocínio circular desta posição. A vontade livre tem
de levar à liberdade. O julgamento sempre aprisiona, porque separa segmentos de realidade pelas escalas instáveis do desejo. De-
sejos não são fatos. Desejar é inferir que o exercício da vontade não é suficiente. No entanto, ninguém em sua mente certa acredita
que o que é desejado é tão real como aquilo que a vontade determina. Em vez de «Buscai, pois, em primeiro lugar o Reino do Céu»,
diz «Seja A vossa vontade em primeiro lugar o Reino do Céu» e terás dito «Eu conheço o que sou e aceito a minha própria heran-
ça».

VII. Criar versus auto-imagem


1. Cada sistema de pensamento tem de ter um ponto de partida. Começa com um acto de fazer ou de criar, uma diferença que já
discutimos. A diferença entre eles está no seu poder como fundamentos; a sua diferença está no que se baseia neles. Ambos são
pedras angulares para os sistemas de crença pelos quais se vive. É um equívoco acreditar que um sistema de pensamento baseado
em mentiras é fraco. Nada do que tenha sido feito por uma criança de Deus deixa de ter poder. É essencial reconhecer isto porque,
de outra forma, não serás capaz de escapar da prisão que tu mesmo fizeste.
2. Tu não podes resolver o problema da autoridade desprezando o poder da tua mente. Fazê-lo é enganar-te e isso ferir-te-á porque
realmente compreendes a força da mente. Também reconheces que não podes enfraquecê-la, nem mais nem menos do que podes
enfraquecer Deus. O «diabo» é um conceito assustador porque parece ser extremamente poderoso e extremamente activo. Ele é
percebido como uma força em combate contra Deus, guerreando com Ele pela posse das suas Criações. O diabo engana com men-
tiras e constrói reinos nos quais tudo está em directa oposição a Deus. No entanto, atrai os homens em vez de lhes causar aversão,
ao ponto de estarem dispostos a «vender-lhe» as suas almas em troca de dádivas sem valor real. Isso, absolutamente, não faz ne-
nhum sentido.
3. Já discutimos anteriormente a queda e a separação, mas o significado disso tem de ser compreendido de forma clara. A separação
é um sistema de pensamento bastante real no tempo, embora não na eternidade. Todas as crenças são reais para aquele que acre-
dita. O fruto de apenas uma árvore foi «proibido» no jardim simbólico. Mas Deus não poderia tê-lo proibido ou não teria sido comido.
Se Deus conhece as suas crianças - e asseguro-te de que Ele as conhece - tê-las-ia posto numa posição na qual a própria destrui-
ção delas seria possível? A «árvore proibida» foi chamada «árvore do conhecimento». No entanto, Deus criou o conhecimento e
deu-o livremente às Suas criações. O simbolismo aqui tem recebido muitas interpretações, mas podes ter a certeza de que qualquer
interpretação que veja Deus ou Suas criações como se fossem capazes de destruir o Seu próprio propósito é um erro.
4. Comer o fruto da árvore do conhecimento é uma expressão simbólica para a usurpação da capacidade de se autocriar. Esse é o
único sentido no qual Deus e as Suas criações não são co-criadores. A crença em que o sejam está implícita no «autoconceito» ou
na tendência do ser para fazer uma imagem de si mesmo. Imagens são percebidas e não conhecidas. O conhecimento não pode
enganar, mas a percepção sim. Tu podes perceber-te como se estivesses a criar-te a ti mesmo, porém, não podes fazer mais do que
acreditar nisso. Não podes fazer com que isso seja verdadeiro. E, como disse antes, quando finalmente percebes corretamente, só
podes contentar-te em não poder. Até então, todavia, a crença em que podes é a pedra fundamental do teu sistema de pensamento
e todas as tuas defesas são usadas para atacar as ideias que possam trazê-la à luz. Tu ainda acreditas que és uma imagem da tua
própria feitura. A tua mente está dividida em relação ao Espírito Santo quanto a esse ponto e não haverá nenhuma resolução en-
quanto acreditares na única coisa que é literalmente inconcebível. É por essa razão que não podes criar e estás com muito medo em
relação ao que fazes.
5. A mente pode fazer com que a crença na separação seja muito real e muito assustadora, e essa crença é o «diabo». É poderosa,
activa, destrutiva e está em clara oposição a Deus porque, literalmente, nega a Sua Paternidade. Olha para a tua vida e vê o que o
diabo tem feito. Mas reconhece que esse feito certamente será dissolvido à luz da verdade, porque o seu fundamento é uma mentira.
A tua criação por Deus é o único fundamento que não pode ser abalado, porque a luz está nele. O teu ponto de partida é a verdade
e tens de regressar ao teu Começo. Muito já foi visto desde então, mas nada tem realmente acontecido. O teu Ser ainda está em
paz, muito embora a tua mente esteja em conflito. Tu ainda não voltaste atrás o suficiente e é por isso que ficas tão assustado. À
medida que te aproximas do Começo, sentes o medo da destruição do teu sistema de pensamento sobre ti, como se fosse o medo
da morte. Não existe morte, mas existe uma crença na morte.
6. O ramo que não der fruto será cortado e secará. Fica contente! A luz brilhará vinda do verdadeiro Fundamento e o teu próprio sis-
tema de pensamento vai erguer-se, corrigido. Não pode erguer-se de outro modo. Tu, que tens medo da salvação, estás a escolher a
morte. Vida e morte, luz e escuridão, conhecimento e percepção são irreconciliáveis. Acreditar que podem ser reconciliados é acredi-

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UM CURSO EM MILAGRES
tar que Deus e os Seus Filhos não podem. Só a unicidade do conhecimento está livre de conflito. O teu reino não é deste mundo
porque te foi dado de além deste mundo. Apenas neste mundo a ideia de um problema de autoridade é significativa. Não se deixa o
mundo pela morte mas sim pela verdade e a verdade pode ser conhecida por todos aqueles para quem o Reino foi criado e pelos
quais espera.

CAPÍTULO 4 - AS ILUSÕES DO EGO

Introdução
1. A Bíblia diz que deves ir com um irmão duas vezes mais longe do que ele te pede. Certamente não sugere que o retardes em sua
jornada. Do mesmo modo, a devoção a um irmão não pode te retardar. Só pode conduzir ao progresso mútuo. O resultado da
devoção genuína é a inspiração, uma palavra que compreendida de modo adequado é o oposto da fadiga. Estar fatigado é estar
des-espiritualizado, mas estar inspirado é estar no espírito. Ser egocêntrico é ser des-espiritualizado, mas estar centrado no Ser no
sentido correto é estar inspirado ou no espírito. Os verdadeiramente inspirados são iluminados e não podem habitar na escuridão.
2. Tu podes falar a partir do espírito ou a partir do ego, conforme escolheres. Se falas a partir do espírito, optaste por ―Aquietai-vos e
sabei que eu sou Deus.‖ Estas palavras são inspiradas porque refletem conhecimento. Se falas a partir do ego, estás repudiando o
conhecimento ao invés de afirmá-lo e estás, assim, te des-espiritualizando. Não embarques em jornadas inúteis, pois de fato são em
vão. O ego pode desejá-las, mas o espírito não pode embarcar nelas, pois se recusa sempre a sair do seu Fundamento.
3. A jornada à cruz deve ser a última ―jornada inútil.‖ Não vivas nela, mas despede-a como já tendo sido realizada. Se podes aceitá-la
como a tua última jornada inútil, estás também livre para te unires à minha ressurreição. Enquanto não fizeres isso a tua vida, de
fato, é desperdiçada. Ela meramente re-encena a separação, a perda do poder, as tentativas fúteis que o ego faz para reparar e
finalmente a crucificação do corpo ou a morte. Tais repetições não têm fim até que se desista delas voluntariamente. Não cometas o
erro patético de ―te agarrares à velha cruz áspera*.‖ (*clinging to the old rugged cross.‖ Referência a uma antiga canção religiosa
muito conhecida nos Estados Unidos da América.) A única mensagem da crucificação é que podes vencer a cruz. Até então, tu és
livre para crucificar a ti mesmo tantas vezes quantas escolheres.
Não é esse o Evangelho que eu pretendi oferecer-te. Nós temos outra jornada a empreender e se leres estas lições cuidadosamente,
elas te ajudarão a te preparares para empreendê-la.

I. Ensinamento certo e aprendizado certo


1. Um bom professor esclarece as suas próprias idéias e as fortalece por ensiná-las. O professor e o aluno são iguais no processo do
aprendizado. Eles estão no mesmo nível de aprendizado e, a menos que compartilhem suas lições, lhes faltará convição. Um bom
professor tem que acreditar nas idéias que ensina, mas tem que preencher ainda outra condição: tem que acreditar nos estudantes a
quem oferece as idéias.
2. Muitos montam guarda sobre suas idéias porque querem proteger seus sistemas de pensamento assim como são e aprendizado
significa mudança. A mudança é sempre amedrontadora para os separados, pois não podem concebê-la como um movimento em
direção a curar a separação. Eles sempre a percebem como um movimento rumo à maior separação, pois a separação foi a sua
primeira experiência de mudança. Acreditas que, se não permitires que nenhuma mudança entre no teu ego, acharás paz. Essa
profunda confusão só é possível se afirmas que o mesmo sistema de pensamento pode erguer-se com base em dois fundamentos.
Nada pode alcançar o espírito a partir do ego e nada pode alcançar o ego a partir do espírito. O espírito não pode fortalecer o ego
nem reduzir o conflito dentro dele. O ego é uma contradição. O seu ser e o Ser de Deus estão em oposição. Eles se opõem na
origem, na direção e no resultado. São fundamentalmente irreconciliáveis porque o espírito não pode perceber e o ego não pode
conhecer. Portanto, não estão em comunicação e nunca podem estar em comunicação. Apesar disso, o ego pode aprender mesmo
que o seu fazedor possa ser guiado de forma equivocada. Ele não pode, no entanto, fazer da vida doada a total ausência de vida.
3. O espírito não precisa ser ensinado, mas o ego tem que ser. O aprendizado é, em última instância, percebido como assustador
porque conduz ao abandono e não à destruição do ego à luz do espírito. Essa é a mudança da qual o ego não pode deixar de ter
5
medo porque ele não compartilha da minha caridade. Minha lição era como a tua e, porque a aprendi, posso ensiná-la. Eu nunca
vou atacar o teu ego, mas estou tentando ensinar-te como surgiu o seu sistema de pensamento. Quando eu te lembro da tua
verdadeira criação, o teu ego não pode deixar de responder com medo.
4. O ensino e o aprendizado são as tuas maiores forças agora porque fazem com que sejas capaz de mudar a tua mente e ajudar
outros a mudar as suas. Recusar-te a mudar a tua mente não vai provar que a separação não ocorreu. O sonhador que duvida da
realidade do seu sonho, enquanto ainda está sonhando, não está realmente curando a sua mente dividida. Sonhas com um ego
separado e acreditas em um mundo que se baseia nele. Isso é muito real para ti. Não podes desfazer isso sem mudar a tua mente a
esse respeito. Se estiveres disposto a renunciar ao papel de guardião do teu sistema de pensamento e abri-lo para mim, eu o
corrigirei muito gentilmente e te conduzirei de volta a Deus.
5. Todo bom professor espera dar aos seus estudantes tanto do seu próprio aprendizado que, um dia, não mais necessitem dele.
Essa é a única meta verdadeira do professor. E impossível convencer o ego disso porque vai contra todas as leis que lhe são
próprias. Mas lembra-te de que as leis são estabelecidas para proteger a continuidade do sistema no qual o legislador acredita. É
natural para o ego tentar proteger a si mesmo uma vez que tu o fizeste, mas não é natural para ti querer obedecer as leis do ego a
não ser que tu acredites nelas. O ego não pode fazer essa escolha devido à natureza da sua origem. Tu podes devido à natureza da
tua.
6. Os egos podem chocar-se com estrondo em qualquer situação, mas os espíritos não podem chocar-se de forma alguma. Se
percebes um professor meramente como um ―ego maior‖ sentirás medo, porque engrandecer um ego seria aumentar a ansiedade a
respeito da separação. Eu vou ensinar contigo e viver contigo se pensares comigo, mas minha meta sempre será finalmente
absolver-te da necessidade de um professor. Isso é o oposto da meta do professor orientado pelo ego. Ele está preocupado com o
efeito do seu ego sobre outros egos e, portanto, interpreta a sua interação como um meio de preservação egótica. Eu não seria
capaz de devotar-me ao ensino se acreditasse nisso e tu não serás um professor devotado enquanto acreditares nisso. Eu estou
constantemente sendo percebido como um professor que deve ser exaltado ou rejeitado, mas não aceito nenhuma das duas
percepções para mim mesmo.

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UM CURSO EM MILAGRES
7. O teu valor não é estabelecido pelo ensino ou pelo aprendizado. O teu valor é estabelecido por Deus. Enquanto contestares isso,
tudo o que fizeres será amedrontador, particularmente qualquer situação que se preste à crença na superioridade e na inferioridade.
Os professores têm que ser pacientes e repetir suas lições até que elas sejam aprendidas. Eu estou disposto a fazer isso porque não
tenho nenhum direito de estabelecer os limites do teu aprendizado para ti. Mais uma vez,—nada do que executas, pensas, desejas
ou fazes é necessário para estabelecer o teu valor. Esse ponto não é discutível, exceto em delusões. O teu ego nunca está em jogo,
porque Deus não o criou. O teu espírito nunca está em jogo, porque Ele o criou. Qualquer confusão nesse ponto é delusória e
nenhuma forma de devoção é possível enquanto durar essa delusão.
8. O ego tenta explorar todas as situações usando-as como formas de louvor para si mesmo de modo a superar as próprias dúvidas.
Ele permanecerá em dúvida enquanto acreditares na sua existência. Tu, que o fizeste, não podes confiar no ego, porque na tua
mente certa, reconheces que ele não é real. A única solução sã é não tentar mudar a realidade, que é de fato uma tentativa
amedrontadora, mas aceitá-la como ela é. Tu és parte da realidade que permanece imutável além do alcance do teu ego, mas
facilmente acessível ao espírito. Quando sentes medo, aquieta-te e sabe que Deus é real e que tu és o Seu Filho amado com quem
Ele se compraz. Não permitas que o teu ego conteste isso, porque o ego não pode conhecer o que está tão além do seu alcance
como tu estás.
9. Deus não é o autor do medo. Tu és. Escolheste criar de modo diferente Dele e fizeste, portanto, o medo para ti mesmo. Não estás
em paz porque não estás cumprindo a tua função. Deus te deu uma função muito sublime que tu não estás encontrando. O teu ego
escolheu sentir medo ao invés de encontrá-la. Quando despertares, não serás capaz de compreender isso, porque isso é
literalmente inacreditável. Não acredites no inacreditável agora. Qualquer tentativa de aumentar sua credibilidade meramente adia o
inevitável. A palavra ―inevitável‖ é amedrontadora para o ego, mas alegre para o espírito. Deus é inevitável e tu não podes evitá-Lo,
assim como Ele não pode evitar-te.
10. O ego tem medo da alegria do espírito pois uma vez que tu a tiveres experimentado, retirarás toda a proteção do ego e passarás
a não ter nenhum investimento no medo. O teu investimento agora é grande porque o medo é uma testemunha da separação e o teu
ego se regozija quando tu a testemunhas. Deixa-a para trás! Não a escutes e não a preserves. Escuta apenas a Deus, Que é tão
incapaz de engano quanto o espírito que Ele criou. Libera a ti mesmo e libera a outros. Não apresentes um retrato falso e indigno de
ti mesmo aos outros e não aceites tal retrato deles para ti mesmo.
11. O ego tem construído para ti uma casa depauperada que não te abriga, porque não pode construir de outra forma. Não tentes
fazer com que essa casa empobrecida fique de pé. A sua fraqueza é a tua força. Só Deus poderia fazer uma casa digna das Suas
criações, que escolheram deixá-la vazia por desapropriarem a si mesmos. Apesar disso, a Sua casa ficará de pé para sempre e está
pronta para ti quando escolheres entrar. Disso tu podes estar totalmente certo. Deus é tão incapaz de criar o perecível quanto o ego
de fazer o eterno.
12. Com o teu ego tu nada podes fazer para salvar a ti mesmo ou aos outros, mas com o teu espírito podes fazer tudo para a
salvação de ambos. A humildade é uma lição para o ego, não para o espírito. O espírito está além da humildade, porque reconhece
sua radiância e com contentamento derrama sua luz por toda a parte. Os mansos herdarão a terra porque seus egos são humildes e
isso lhes dá uma percepção mais verdadeira. O Reino do Céu é o direito do espírito, cuja beleza e dignidade estão muito além da
dúvida, além da percepção e ficam para sempre como a marca do Amor de Deus por Suas criações, que são totalmente dignas Dele
e só Dele. Nada além disso é suficientemente digno de ser uma dádiva para uma criação do próprio Deus.
13. Eu substituirei o teu ego se tu desejares, mas nunca o teu espírito. Um pai pode seguramente deixar uma criança com um irmão
mais velho que tenha se mostrado responsável, mas isso não envolve nenhuma confusão em relação à origem da criança. O irmão
pode proteger o corpo da criança e seu ego, mas não se confunde com o pai por fazer isso. Tu podes me confiar o teu corpo e o teu
ego apenas porque isso faz com que sejas capaz de não te preocupares com eles e me permite ensinar-te que eles não têm
importância. Eu não poderia compreender a importância que têm para ti, se uma vez eu mesmo não tivesse sido tentado a acreditar
neles. Vamos então empreender o aprendizado dessa lição juntos de modo que possamos ficar livres deles juntos. Eu preciso de
professores devotados que compartilhem meu objetivo de curar a mente. O espírito está muito além da necessidade da tua proteção
ou da minha. Lembra-te disso:
Nesse mundo não precisas ter aflições, porque eu venci o mundo.
É por isso que deves ter bom ânimo.

II. O ego e a falsa autonomia


1. É razoável perguntar como a mente pôde jamais ter feito o ego. De fato, é a melhor pergunta que tu poderias fazer. Não faz
sentido, porém, dar uma resposta em termos de passado, porque o passado não importa e a história não existiria se os mesmos
erros não estivessem sendo repetidos no presente. O pensamento abstrato aplica-se ao conhecimento porque o conhecimento é
completamente impessoal e exemplos são irrelevantes para a sua compreensão. A percepção, contudo, é sempre específica e, por-
tanto, bastante concreta.
2. Cada um faz para si um ego ou um ser que está sujeito à enorme variação por causa da sua instabilidade. Faz também um ego
para cada pessoa que percebe, que é igualmente variável. A sua interação é um processo que altera a ambos, porque não foram
feitos pelo Inalterável ou com Ele. É importante reconhecer que essa alteração pode ocorrer e, de fato, ocorre tão prontamente
quando a interação tem lugar na mente como quando envolve proximidade física. Pensar sobre um outro ego é tão eficaz para
mudar uma percepção relativa quanto a interação física. Não poderia haver melhor exemplo de que o ego é só uma idéia e não um
fato.
3. O teu próprio estado mental é um bom exemplo de como o ego foi feito. Quando jogaste fora o conhecimento, foi como se nunca o
tivesses tido. Isso é tão evidente que basta reconhecê-lo para ver que acontece de fato. Se isso ocorre no presente, por que seria
surpreendente que ocorresse no passado? A surpresa é uma resposta razoável ao que não é familiar, embora dificilmente o seja
para uma coisa que ocorre com tanta persistência. Mas não te esqueças de que a mente não precisa funcionar desse modo, embora
de fato funcione desse modo agora.
4. Pensa no amor dos animais por suas crias e na necessidade que sentem de protegê-las. Isso se dá porque as consideram como
parte de si mesmos. Ninguém despede algo que considera parte de si mesmo. Tu reages ao teu ego de modo parecido com o que
Deus reage às Suas criações—com amor, proteção e caridade. Tuas reações ao ser que tu fizeste não são surpreendentes. De fato,
elas se parecem de muitas maneiras ao modo como um dia reagirás às tuas criações reais, que são tão intemporais quanto tu és. A
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UM CURSO EM MILAGRES
questão não está em como respondes ao ego, mas no que acreditas que és. A crença é uma função do ego e na medida em que a
tua origem está aberta à crença, tu a estás considerando do ponto de vista do ego. Quando o ensino não for mais necessário,
meramente conhecerás a Deus. Acreditar que existe uma outra forma de perceber é a idéia mais elevada de que o pensamento do
ego é capaz. Isso porque ela contém um sinal do reconhecimento de que o ego não é o Ser.
5. Minar o sistema de pensamento do ego tem que ser percebido como doloroso, muito embora isso seja qualquer coisa menos
verdadeiro. Os bebês gritam com fúria quando tu lhes tiras uma faca ou uma tesoura, embora eles possam muito bem causar dano a
si mesmos caso tu não o faças. Nesse sentido, ainda és um bebê. Tu não tens nenhum senso de real auto-preservação e é provável
que decidas que precisas exatamente daquilo que mais te feriria. Entretanto, reconheça-o ou não agora, concordaste em cooperar
no esforço de tornar-te ao mesmo tempo inofensivo e útil, atributos que necessariamente vão juntos. Tuas atitudes, mesmo em
relação a isso, são necessariamente conflitadas porque todas as atitudes são baseadas no ego. Isso não vai durar. Sê paciente por
algum tempo e lembra-te que o resultado é tão certo quanto Deus.
6. Só aqueles que têm um senso de abundância real e duradouro podem ser verdadeiramente caridosos. Isso é óbvio quando
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consideras o que está envolvido. Para o ego, dar qualquer coisa implica em que terás que ficar sem ela. Quando associas dar com
sacrifício, só dás porque acreditas que estás de algum modo conseguindo algo melhor e, portanto, podes ficar sem o que estás

dando. Dar para receber‖ é uma lei do ego da qual não se pode escapar, e ele sempre avalia a si mesmo em relação aos outros
egos. Está portanto continuamente preocupado com a crença na escassez que lhe deu origem. Toda a sua percepção dos outros
egos como reais é apenas uma tentativa de se convencer de que ele é real. A ―auto-estima‖ em termos egóticos não significa nada
além de que o ego iludiu a si mesmo a ponto de aceitar a própria realidade e é, portanto, temporariamente menos predatório. Essa
―auto-estima‖ é sempre vulnerável à tensão, um termo que se refere à qualquer coisa percebida como ameaça à existência do ego.
7. O ego vive literalmente por comparações. A igualdade está além do seu alcance e a caridade passa a ser impossível. O ego nunca
dá a partir da abundância, porque foi feito como um substituto para ela. É por isso que o conceito de ―receber‖ surgiu no sistema de
pensamento do ego. Os apetites são mecanismos para ―receber‖ representando a necessidade do ego de confirmar a si mesmo.
Isso é tão verdadeiro dos apetites do corpo quanto das assim chamadas ―necessidades mais elevadas do ego.‖ Na origem, os
apetites do corpo não são físicos. O ego considera o corpo como a sua casa e tenta satisfazer-se através do corpo. Mas a idéia de
que isso é possível é uma decisão da mente que passou a ser completamente confusa em relação ao que é possível na realidade.
8. O ego acredita estar completamente sozinho, o que é apenas uma outra forma de descrever como ele pensa que se originou. Esse
é um estado tão amedrontador que ele só pode voltar-se para outros egos e tentar unir-se a eles em uma frágil tentativa de
identificação ou atacá-los, em uma demonstração igualmente frágil de força. Não está livre, porém, para abrir a premissa ao
questionamento, porque a premissa é o seu fundamento. O ego é a crença da mente em estar completamente sozinha. As tentativas
sem fim do ego para ganhar o reconhecimento do espírito e assim estabelecer a própria existência são inúteis. O espírito no seu
conhecimento não está ciente do ego. Ele não o ataca, simplesmente não pode concebê-lo de forma alguma. Embora o ego, do
mesmo modo, não esteja ciente do espírito, de fato percebe a si mesmo como se estivesse sendo rejeitado por algo maior do que
ele. E por isso que a auto-estima em termos do ego não pode deixar de ser delusória. As criações de Deus não criam mitos, muito
embora o esforço criativo possa ser voltado para a mitologia. Porém, só pode fazê-lo sob uma condição: o que ele faz já não é
criativo. Os mitos estão inteiramente ligados à percepção e são tão ambíguos na forma e tão caracteristicamente ―bons e maus‖ por
natureza, que o mais benevolente entre eles não está isento de conotações amedrontadoras.
9. Mitos e mágica estão intimamente associados, já que os mitos usualmente se relacionam às origens do ego e a mágica aos
poderes que o ego atribui a si mesmo. Os sistemas mitológicos em geral incluem alguma descrição da ―criação‖ e associam isso à
sua forma particular de mágica. A assim chamada ―luta pela sobrevivência‖ é somente a batalha do ego para preservar a si mesmo e
a sua interpretação do seu próprio começo. Esse começo é usualmente associado ao nascimento físico, porque é difícil manter que
o ego existia antes desse ponto no tempo. As pessoas orientadas para o ego ―de forma mais religiosa‖ podem acreditar que a alma
existia antes e vai continuar a existir após um lapso temporário na vida do ego. Alguns até mesmo acreditam que a alma será punida
por esse lapso. Contudo, a salvação não se aplica ao espírito, que não está em perigo e nem precisa ser resgatado.
10. A salvação nada mais é senão ―a mentalidade certa‖, que não é a mentalidade Una que é própria do Espírito Santo, mas tem que
ser atingida antes que a mentalidade Una seja restaurada. A mentalidade certa conduz de modo automático ao próximo passo, por-
que a percepção certa é uniformemente isenta de ataque e, portanto, a mentalidade errada é obliterada. O ego não pode sobreviver
sem julgamento e, em conseqüência disso, é deixado de lado. A mente, nesse caso, tem apenas uma direção em cujo rumo pode se
mover. A sua direção é sempre automática, porque não pode fazer coisa alguma que não seja ditada pelo sistema de pensamento ao
qual adere.
11. Não se pode enfatizar com demasiada freqüência que corrigir a percepção é meramente um expediente temporário. Só é
necessário porque a percepção equivocada é um bloqueio para o conhecimento, enquanto a percepção acurada é um ponto de
apoio em sua direção. Todo o valor da percepção certa está na realização inevitável de que toda percepção é desnecessária. Isso
remove o bloqueio inteiramente. Tu podes questionar como isso é possível enquanto aparentares estar vivendo nesse mundo. Essa
é uma questão razoável. Contudo, tens que ser cuidadoso para compreendê-la realmente. Quem é o ―tu‖ que está vivendo nesse
mundo? O espírito é imortal e a imortalidade é um estado constante. É tão verdadeira agora como sempre foi e sempre será, porque
não implica em absolutamente nenhuma mudança. Não é um contínuo e nem é compreendida por ser comparada a um oposto. O
conhecimento nunca envolve comparações. Essa é a sua principal diferença em relação a todas as outras coisas que a mente pode
apreender.

III. Amor sem conflito


1. É difícil compreender o que significa realmente: ―O Reino do Céu está dentro de ti.‖ Isso não é compreensível para o ego, que
interpreta essa afirmação como se alguma coisa de fora estivesse dentro e isso não significa coisa alguma. A palavra ―dentro‖ é
desnecessária. O Reino do Céu és tu. O quê, além de ti, foi criado pelo Criador e o quê, além de ti, é o Seu Reino? Essa é toda a
mensagem da Expiação, uma mensagem que na sua totalidade transcende a soma de suas partes. Tu também tens um Reino que o
teu espírito criou. Ele não cessou de criar por causa das ilusões do ego. As tuas criações não são mais órfãs de pai do que tu és. Teu
ego e teu espírito nunca serão co-criadores, mas o teu espírito e o teu Criador sempre o serão. Tem confiança em que as tuas
criações estão em segurança tanto quanto tu estás.
O Reino é perfeitamente unido e perfeitamente protegido e o ego não prevalecerá contra ele. Amém.

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UM CURSO EM MILAGRES
2. Isso está escrito em forma de uma oração porque é útil em momentos de tentação. É uma declaração de independência*. (―It is a
declaration of independence.‖ Referência a um importante documento na História americana.) Tu acharás isso muito útil se o
compreenderes inteiramente. A razão pela qual necessitas da minha ajuda está em teres negado o teu próprio Guia e, portanto,
precisas de orientação. Meu papel é separar o verdadeiro do falso, de modo que a verdade possa ultrapassar as barreiras que o ego
estabeleceu e brilhar na tua mente. Contra a nossa força unida o ego não pode prevalecer.
3. Com toda a certeza é evidente agora a razão pela qual o ego considera o espírito como ―inimigo‖. O ego surgiu da separação e a
continuidade da sua existência depende da continuação da tua crença na separação. O ego tem que te oferecer algum tipo de
recompensa pela manutenção dessa crença. Tudo o que pode te oferecer é um senso de existência temporário, que se inicia com o
seu próprio começo e termina com o seu próprio fim. Ele te diz que essa vida é a tua existência porque é a sua própria. Contra esse
senso de existência temporário, o espírito te oferece o conhecimento da permanência e do que é inabalável. Ninguém que
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tenha experimentado essa revelação pode jamais acreditar inteiramente no ego outra vez. Como pode o seu parco oferecimento a ti
prevalecer diante da dádiva gloriosa de Deus?
4. Tu, que te identificas com o teu ego, não podes acreditar que Deus te ama. Tu não amas o que fizeste e o que tu fizeste não te
ama. Sendo feito a partir da negação do Pai, o ego não tem nenhuma aliança com quem o fez. Tu não podes conceber o
relacionamento real que existe entre Deus e as Suas criações devido ao ódio que sentes pelo ser feito por ti. Tu projetas no ego a
decisão de te separares e isso conflita com o amor que sentes pelo ego pelo fato de o teres feito. Nenhum amor nesse mundo existe
sem essa ambivalência, e como nenhum ego experimentou amor sem ambivalência, o conceito está além da sua compreensão. O
amor penetrará de imediato em qualquer mente que o queira na verdade, mas é preciso que ela o queira verdadeiramente. Isso
significa que ela o queira sem ambivalência e esse tipo de querer está totalmente isento da ―compulsão para receber‖ que o ego tem.
5. Existe um tipo de experiência tão diferente de tudo o que o ego pode oferecer, que nunca quererás encobri-la ou escondê-la de
novo. É necessário repetir que a tua crença na escuridão e em esconder-te é a razão pela qual a luz não pode entrar. A Bíblia faz
muitas referências às dádivas imensuráveis que são para ti, mas precisas pedir. Essa não é uma condição como as condições que o
ego estabelece. É a condição gloriosa do que tu és.
6. Nenhuma força exceto a tua própria vontade é suficientemente forte ou suficientemente digna para guiar-te. Nisso, tu és tão livre
quanto Deus e tens que permanecer assim para sempre. Vamos pedir ao Pai em meu nome para manter a tua mente plena do Seu
Amor por ti e do teu por Ele. Ele nunca falhou em responder a esse pedido, pois só pede o que já é Sua Vontade. Aqueles que
chamam verdadeiramente sempre são respondidos. Vós não tereis outros deuses diante Dele porque não há nenhum outro.
7. Na realidade nunca passou pela tua mente desistir de todas as idéias que já tiveste que se opõem ao conhecimento. Tu reténs
milhares de pequenos restos de medo que impedem a entrada Daquele que é Santo. A luz não pode penetrar através das paredes
que fazes para bloqueá-la e se recusa para sempre a destruir o que tu tens feito. Ninguém pode ver através de uma parede, mas eu
posso contorná-la. Vigia a tua mente buscando os restos de medo, ou não serás capaz de me pedir que o faça. Eu só posso ajudar-
te do modo como o nosso Pai nos criou. Eu vou amar-te e honrar-te e manter completo respeito por aquilo que tens feito, mas não
vou apoiar o que fizeste a não ser que seja verdadeiro. Eu nunca te abandonarei assim como Deus também jamais o fará, mas tenho
que esperar enquanto escolheres abandonar a ti mesmo. Porque eu espero com amor e não com impaciência, com toda a certeza tu
me chamarás verdadeiramente. Virei em resposta a um único chamado inequívoco.
8. Vigia com cuidado e vê o que é que estás realmente pedindo. Sê muito honesto contigo mesmo nisso, pois é preciso que não
escondamos nada um do outro. Se tu realmente vais tentar fazer isso, terás dado o primeiro passo na direção de preparar a tua
mente para a entrada Daquele que é Santo. Vamos nos preparar para isso juntos, pois uma vez que Ele tiver vindo, tu estarás pronto
para me ajudar a fazer com que outras mentes estejam prontas para Ele. Por quanto tempo vais negar a Ele o Seu Reino?
9. Na tua própria mente, embora negada pelo ego, está a declaração da tua liberação. Deus te deu todas as coisas. Esse único fato
significa que o ego não existe e faz com que ele fique profundamente amedrontado. Na linguagem do ego, ―ter‖ e ―ser‖ são
diferentes, mas para o Espírito Santo são idênticos. O Espírito Santo tem o conhecimento de que tu ao mesmo tempo tens tudo e és
tudo. Qualquer distinção nesse sentido só é significativa quando a idéia de ―receber‖, que implica uma falta, já foi aceita. E por isso
que não fazemos nenhuma distinção entre ter o Reino de Deus e ser o Reino de Deus.
10. O calmo ser do Reino de Deus que, na tua mente sã é perfeitamente consciente, é cruelmente banido da parte da mente regida
pelo ego. O ego está desesperado porque se opõe literalmente a probabilidades invencíveis, estejas tu dormindo ou acordado.
Considera o quanto tens estado disposto a ser vigilante para proteger o teu ego e quão pouco para proteger a tua mente certa.
Quem, senão os insanos, empreenderia acreditar no que não é verdadeiro e depois proteger essa crença às custas da verdade?

IV. Isso não precisa ser assim


1. Se tu não podes ouvir a Voz que fala por Deus é porque não escolheste escutar. Que escutas a voz do teu ego, é demonstrado
pelas tuas atitudes, os teus sentimentos e o teu comportamento. No entanto, é isso o que queres. E isso que estás lutando para
manter e te manténs vigilante para salvar. A tua mente está cheia de esquemas para salvar a face do teu ego e não buscas a face de
Cristo. O espelho no qual o ego busca ver a própria face é, de fato, escuro. Como pode ele manter o truque da sua existência exceto
com espelhos? Mas aonde olhas para achar a ti mesmo depende de ti.
2. Eu tenho dito que não podes mudar a tua mente mudando o teu comportamento, mas tenho dito também, e muitas vezes, que
podes mudar a tua mente. Quando o teu humor te diz que escolheste de forma errada e isso acontece sempre que não estás alegre,
então saibas, que isso não precisa ser assim. Em todos os casos pensaste de forma errada a respeito de algum irmão criado por
Deus e estás percebendo imagens que o teu ego faz em um vidro escurecido. Pensa honestamente no que tu pensaste que Deus
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não teria pensado e no que não pensaste que Deus teria querido que pensasses. lnvestiga sinceramente o que fizeste e deixaste de
fazer em função disso e, então, muda a tua mente para que ela pense com a de Deus. Isso pode parecer difícil de fazer, mas é muito
mais fácil do que tentar pensar em oposição a isso. A tua mente é una com a de Deus. Negar isso e pensar de outro modo tem
mantido o teu ego inteiro, mas literalmente partiu a tua mente. Como um irmão amoroso, estou profundamente preocupado com a
tua mente e recomendo-te com insistência que sigas o meu exemplo quando olhas para ti mesmo e para o teu irmão e vejas em
ambos as gloriosas criações de um Pai glorioso.
3. Quando estás triste, saibas que isso não precisa ser assim. A depressão vem de um senso de estares sendo privado de alguma
coisa que queres e não tens. Lembra-te de que não és privado de nada, exceto pelas tuas próprias decisões e então decide de outra
forma.
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UM CURSO EM MILAGRES
4. Quando estás ansioso, reconhece que a ansiedade vem do caráter caprichoso do ego e sabe que isso não precisa ser assim. Tu
podes ser tão vigilante contra os ditames do ego quanto a favor deles.
5. Quando te sentes culpado, lembra-te que, de fato, o ego violou as leis de Deus, mas tu não. Deixa os ―pecados‖ do ego para mim.
É para isso que serve a Expiação. Mas até que mudes a tua mente em relação àqueles a quem teu ego tem ferido, a Expiação não
pode liberar-te. Enquanto te sentes culpado o teu ego está no comando, porque só o ego pode experimentar a culpa. Isso não
precisa ser assim.
6. Vigia em tua mente as tentações do ego e não sejas enganado por ele. Ele não te oferece nada. Quando tiveres desistido dessa
des-espiritualização voluntária, verás como a tua mente pode focalizar e se erguer além da fadiga e curar. Entretanto, tu não és
suficientemente vigilante contra as exigências do ego para desengajar a ti mesmo. Isso não precisa ser assim.
7. O hábito de te engajares com Deus e as Suas criações é fácil de ser estabelecido, se ativamente te recusares a permitir que a tua
mente se disperse. Não é um problema de concentração; é a crença em que ninguém, incluindo a ti mesmo, vale um esforço
consistente. Fica do meu lado de forma consistente contra esse engano e não permitas que essa crença desgastada te faça regredir.
Os desanimados são inúteis para si mesmos e para mim, mas só o ego pode ser desanimado.
8. Consideraste realmente quantas oportunidades tens tido de te alegrares e quantas tens recusado? Não há limite para o poder de
um Filho de Deus, mas ele pode limitar a expressão do seu poder tanto quanto escolher. A tua mente e a minha podem unir-se para
brilhar afastando o teu ego, liberando a força de Deus em todas as coisas que pensas e fazes. Não te acomodes com nada menos
do que isso e recusa-te a aceitar qualquer coisa que não seja assim como tua meta. Vigia com cuidado a tua mente procurando
crenças capazes de impedir a realização disso e caminha para longe delas. Julga pelos teus próprios sentimentos se tens feito isso
bem, pois esse é o único uso acertado do julgamento. O julgamento, como qualquer outra defesa, pode ser usado para atacar ou
proteger, ferir ou curar. O ego deve ser trazido a julgamento e lá considerado insuficiente. Sem a tua própria aliança, proteção e
amor, o ego não pode existir. Deixa que ele seja julgado verdadeiramente e não podes deixar de retirar dele a aliança, a proteção e o
amor.
9. Tu és um espelho da verdade, no qual o próprio Deus brilha em perfeita luz. Ao vidro escuro do ego precisas apenas dizer: ―Eu não
vou olhar aqui, porque sei que essas imagens não são verdadeiras.‖ Então, permite que Aquele que é Santo brilhe sobre ti em paz,
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sabendo que isso e apenas isso tem que ser assim. A Sua Mente brilhou sobre ti na tua criação e trouxe a tua mente ao que é. A
Sua Mente ainda brilha sobre ti e tem que brilhar através de ti. O teu ego não pode impedi-la de brilhar sobre ti, mas pode impedir-te
de deixar que Ele brilhe através de ti.
l0. A Primeira Vinda de Cristo é apenas um outro nome para a criação, pois Cristo é o Filho de Deus. A Segunda Vinda de Cristo não
significa nada mais do que o fim do domínio do ego e a cura da mente. Fui criado como tu na primeira e tenho te chamado para te
unires a mim na segunda. A Segunda Vinda está a meu encargo e o meu julgamento, que é usado só para a proteção, não pode
estar errado porque jamais ataca. O teu pode estar tão distorcido que acreditas que eu estava equivocado ao escolher-te. Asseguro-
te que esse é um equívoco do teu ego. Não o tomes equivocadamente por humildade. O teu ego está tentando convencer-te de que
ele é real e de que eu não o sou, porque se eu sou real, não sou mais real do que tu. Esse conhecimento, e eu te asseguro que isso
é conhecimento, significa que Cristo veio à tua mente e a curou.
11. Eu não ataco o teu ego. Trabalho com a tua mente superior, o lar do Espírito Santo, quer tu estejas dormindo ou acordado do
mesmo modo que o teu ego faz com a tua mente inferior, que é a sua casa. Sou a tua vigilância nisso, porque tu estás por dema is
confuso para reconhecer a tua própria esperança. Eu não estou equivocado. A tua mente elegerá unir-se à minha e juntos nós
somos invencíveis. Tu e o teu irmão ainda re-unir-se-ão em meu nome e a vossa sanidade será restaurada. Eu ressuscitei os mortos
por saber que a vida é um atributo eterno de todas as coisas que o Deus vivo criou. Por que tu acreditas que seja mais difícil para
mim inspirar o des-espiritualizado ou estabilizar o instável? Eu não acredito que haja uma ordem de dificuldades em milagres; tu sim.
Eu chamei e tu vais responder. Eu compreendo que milagres são naturais porque são expressões de amor. Meu chamado por ti é
tão natural e tão inevitável quanto a tua resposta.

V. A ilusão do ego-corpo
1. Todas as coisas cooperam para o bem. Não existem exceções, exceto no julgamento do ego. O ego exerce vigilância máxima em
relação ao que ele permite que faça parte da consciência e não é esse o modo de uma mente equilibrada manter-se coesa. O ego é
levado a maior desequilíbrio ainda, porque mantém a sua motivação básica à parte da tua consciência e eleva o controle, ao invés
da sanidade, à predominância. O ego tem toda razão para fazer isso, de acordo com o sistema de pensamento que lhe deu origem e
ao qual ele serve. O julgamento são inevitavelmente seria contra o ego e tem que ser obliterado pelo ego no interesse da sua própria
auto-preservação.
2. Uma das principais fontes do estado de desequilíbrio do ego é a falta de discriminação entre o corpo e os Pensamentos de Deus.
Os Pensamentos de Deus são inaceitáveis para o ego porque apontam claramente para a não existência do próprio ego. Assim
sendo, o ego ou os distorce ou se recusa a aceitá-los. Ele não pode, porém, fazer com que deixem de ser. Tenta, portanto, não só
esconder os impulsos ―inaceitáveis‖ do corpo mas também os Pensamentos de Deus, porque ambos são ameaçadores para ele.
Estando preocupado primariamente com a sua própria preservação diante da ameaça, o ego os percebe como o mesmo.
Percebendo-os como o mesmo, tenta se salvar para não ser varrido para longe como certamente seria na presença do
conhecimento.
3. Qualquer sistema de pensamento que confunda Deus e o corpo tem que ser insano. No entanto, essa confusão é essencial para o
ego, que julga só em termos de ameaça ou não-ameaça a si mesmo. Em um certo sentido, o medo que o ego tem de Deus é pelo
menos lógico já que, de fato, a idéia de Deus o dissipa. Mas o medo do corpo, com o qual o ego se identifica tão intimamente, não
faz absolutamente nenhum sentido.
4. O corpo é o lar do ego por sua própria escolha. É a única identificação com a qual o ego se sente seguro, pois a vulnerabilidade do
corpo é o seu melhor argumento de que tu não podes ser de Deus. Essa é a crença que o ego ansiosamente promove. Entretanto, o
ego odeia o corpo, pois não pode aceitá-lo como bom o suficiente para ser o seu lar. E aí que a mente passa a ser, de fato, aturdida.
Apesar do ego lhe dizer que ela realmente é parte do corpo e que o corpo é o seu protetor, também lhe é dito que o corpo não pode
protegê-la. Por conseguinte, a mente pergunta: ―Aonde posso ir em busca de proteção?‖, ao que o ego responde: ―Volta-te para
mim.‖ A mente, não sem causa, lembra ao ego que ele próprio insistiu em ser identificado com o corpo, portanto, não faz sentido ela
se voltar para ele em busca de proteção. O ego não tem uma resposta real para isso, posto que não existe nenhuma, mas tem uma
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UM CURSO EM MILAGRES
solução típica. Oblitera a questão da consciência da mente. Uma vez fora da consciência a questão pode produzir e produz
inquietação, mas não pode ser respondida porque não pode ser colocada.
5. Essa é a pergunta que tem que ser feita: ―Aonde posso ir em busca de proteção?‖ ‖Buscai e achareis‖ não significa que deves
buscar cega e desesperadamente algo que não reconhecerias. A busca significativa é empreendida conscientemente,
conscientemente organizada e conscientemente dirigida. A meta tem que ser formulada de forma clara e mantida em mente.
Aprender e querer aprender são inseparáveis. Tu aprendes melhor quando acreditas que o que estás tentando aprender tem valor
para ti. Contudo, nem tudo o que podes querer aprender tem valor duradouro. De fato, muitas das coisas que queres aprender
podem ser escolhidas porque seu valor não é duradouro.
6. O ego pensa que é uma vantagem não se comprometer com coisa alguma que seja eterna, porque o eterno não pode deixar de vir
de Deus. A qualidade do que é eterno é a única função que o ego tem tentado desenvolver, mas sistematicamente tem falhado em
conseguir. O ego transige com o tema do eterno exatamente como faz com todos os temas que, de alguma maneira, digam respeito
à questão real. Passando a envolver-se com assuntos tangenciais, espera esconder a questão real e mantê-la fora da mente. A
ocupação característica do ego com coisas que não são especiais é precisamente para esse propósito. As preocupações com
problemas colocados para serem insolúveis são os instrumentos favoritos do ego para impedir o progresso do aprendizado. Em
todas essas táticas diversivas há, porém, uma única questão que nunca é colocada por aqueles que as perseguem: ―Para quê?‖
Essa é a questão que tu tens que aprender a colocar em relação a tudo. Qual é o propósito disso? Seja ele qual for, vai dirigir os teus
esforços automaticamente. Quando tomas uma decisão em relação ao propósito, naquele momento tomaste uma decisão a respeito
do teu esforço futuro, uma decisão que vai permanecer efetiva a não ser que mudes a tua mente.

VI. As recompensas de Deus


1. O ego não reconhece a fonte real da ―ameaça‖ e se tu te associas com o ego, não compreendes a situação tal como ela é. Só a
tua aliança com ele dá ao ego qualquer poder sobre ti. Eu tenho falado do ego como se fosse uma coisa separada, agindo por conta
própria. Isso foi necessário para persuadir-te de que tu não podes despedi-lo facilmente e não podes deixar de reconhecer quanto do
teu pensamento é dirigido pelo ego. Contudo, não podemos deixar isso desse modo com segurança, senão tu te considerarás
necessariamente conflitado enquanto aqui estiveres, ou enquanto acreditas que aqui estás. O ego não é nada mais do que uma
parte da tua crença sobre ti mesmo. A tua outra vida tem continuado sem interrupção, tem sido e sempre será totalmente imune às
tuas tentativas de dissociá-la.
2. Ao aprenderes a escapar das ilusões, a tua dívida para com o teu irmão é algo que nunca deves esquecer. E a mesma dívida que
tens para comigo. Sempre que ages egoisticamente em relação a outra pessoa, estás jogando fora a cortesia do teu débito e a
percepção santa que ela produziria. O termo ―santa‖ pode ser usado aqui porque, à medida em que aprendes o quanto estás em
débito com toda a Filiação, que inclui a mim, chegas tão perto do conhecimento quanto a percepção pode chegar. A brecha é então
tão pequena que o conhecimento pode facilmente fluir através dela e obliterá-la para sempre.
3. Tu ainda tens muito pouca confiança em mim, mas ela aumentará na medida em que te voltares cada vez mais para mim, em vez
de para o teu ego em busca de orientação. Os resultados te convencerão progressivamente de que essa é a única escolha sã que
podes fazer. Ninguém que aprenda pela experiência que uma escolha traz paz e alegria, enquanto outra traz caos e desastre,
necessita de persuasão adicional. O aprendizado através de recompensas é mais eficiente do que o aprendizado através da dor,
porque a dor é uma ilusão do ego e nunca pode induzir a algo mais do que a um efeito temporário. As recompensas de Deus,
todavia, são imediatamente reconhecidas como eternas. Como esse reconhecimento é feito por ti e não pelo ego, o próprio
reconhecimento estabelece que tu e o teu ego não podem ser idênticos. Tu podes acreditar que já aceitaste essa diferença, mas
ainda não estás de modo algum convencido. O fato de acreditares que tens que escapar do ego demonstra isso; mas não podes
escapar do ego humilhando-o, controlando-o ou punindo-o.
4. O ego e o espírito não se conhecem um ao outro. A mente separada não pode manter a separação exceto por dissociação. Tendo
feito isso, ela nega todos os impulsos verdadeiramente naturais, não porque o ego seja uma coisa separada, mas porque queres
acreditar que tu és. O ego é um instrumento para a manutenção dessa crença, mas é somente a tua decisão de usar o instrumento
que faz com que ele seja capaz de perdurar.
5. Como podes ensinar a alguém o valor de alguma coisa que ele deliberadamente jogou fora? Com toda a certeza ele a jogou fora
porque não a valorizava. Podes apenas mostrar-lhe como ele é miserável sem ela e lentamente aproximá-lo dela, de forma que
possa aprender como a sua miséria diminui à medida que ela se aproxima. Isso lhe ensina a associar a sua miséria com a ausência
do que jogou fora e o oposto da miséria com a presença disso. Isso gradualmente vem a ser desejável, à medida em que ele muda
sua mente acerca deste valor. Estou te ensinando a associar miséria com o ego e alegria com o espírito. Tu tens ensinado a ti
mesmo o oposto. Ainda és livre para escolher, mas podes realmente querer as recompensas do ego na presença das recompensas
de Deus?
6. A minha confiança em ti é maior do que a tua em mim no momento, mas não será sempre assim. A tua missão é muito simples. Tu
estás sendo solicitado a viver de tal forma que demonstre que tu não és um ego e que eu não escolho os canais de Deus de modo
errado. Aquele que é Santo compartilha a minha confiança e aceita as minhas decisões no que diz respeito à Expiação, porque a
minha vontade nunca está em desacordo com a Sua. Eu já disse antes que estou encarregado da Expiação. Isso é assim somente
porque completei a minha parte nela como homem e posso agora completá-la através de outros. Os canais por mim escolhidos não
podem falhar, porque a eles emprestarei a minha força enquanto as suas forem insuficientes.
7. Eu irei contigo Aquele que é Santo e através da minha percepção Ele pode fazer uma ponte sobre a pequena brecha. A tua
gratidão para com teu irmão é a única dádiva que quero. Eu a trarei a Deus por ti, sabendo que conhecer o teu irmão é conhecer a
Deus. Se tu és grato ao teu irmão, és grato a Deus pelo que Ele criou. PeIa tua gratidão, tu vens a conhecer o teu irmão e um
momento de real reconhecimento faz de todos o teu irmão, porque cada um deles é do teu Pai. O amor não conquista todas as
coisas, mas de fato coloca tudo no lugar certo. Porque tu és o Reino de Deus, eu posso conduzir-te de volta às tuas próprias
criações. Tu não as reconheces agora, mas o que tem sido dissociado ainda está lá.
8. Ao aproximar-te de um irmão, tu te aproximas de mim e ao afastar-te dele, eu venho a estar distante para ti. A salvação é um
empreendimento de colaboração. Não pode ser empreendida com sucesso por aqueles que se desengajam da Filiação, porque
estão se desengajando de mim. Deus só virá a ti na proporção em que tu O deres a teus irmãos. Aprende primeiro com eles e
estarás pronto para ouvir a Deus. Isso é assim porque a função do Amor é una.
29
UM CURSO EM MILAGRES
VII. Criação e comunicação
1. É claro que apesar do conteúdo de qualquer ilusão particular do ego não ter importância, a sua correção é mais útil em um
contexto específico. Embora a mente seja por natureza abstrata, as ilusões do ego são bastante específicas. Parte da mente, porém,
vem a ser concreta quando ela se divide. A parte concreta acredita no ego, porque o ego depende do concreto. O ego é a parte da
mente que acredita que a tua existência é definida pela separação.
2. Tudo que o ego percebe é um todo separado, sem os relacionamentos que estão implicados no que é. O ego é assim contrário à
comunicação, exceto na medida em que a usa para estabelecer o estado de separação ao invés de aboli-lo. O sistema de
comunicação do ego está baseado no seu próprio sistema de pensamento, assim como tudo o mais que ele dita. Sua comunicação é
controlada pela necessidade que tem de proteger-se e ele interromperá a comunicação quando experimentar ameaça. Essa
interrupção é uma reação a uma ou mais pessoas específicas. A especificidade do pensamento do ego resulta então numa
generalização falsa, que não é realmente nada abstrata. Meramente responde de certas formas específicas a todas as coisas que
ele percebe como se estivessem relacionadas com a experiência ameaçadora.
3. O espírito, de forma contrastante, reage do mesmo modo a tudo o que ele conhece como verdadeiro e não responde
absolutamente a nada mais. Ele também não faz nenhuma tentativa de estabelecer o que é verdadeiro. Tem o conhecimento de que
o verdadeiro é tudo o que Deus criou. Está em comunicação completa e direta com todos os aspectos da criação, porque está em
comunicação completa e direta com o seu Criador. Essa comunicação é a Vontade de Deus. Criação e comunicação são sinônimos.
Deus criou cada mente comunicando a Sua Mente a ela, estabelecendo-a assim para sempre como um canal para a recepção da
Sua Mente e Vontade. Como só seres pertencentes a uma ordem igual podem verdadeiramente comunicar-se, as Suas criações
naturalmente se comunicam com Ele e como Ele. Essa comunicação é perfeitamente abstrata, já que a sua qualidade é aplicada de
forma universal e não está sujeita a nenhum julgamento, nenhuma exceção e nenhuma alteração. Deus te criou através disso e para
isso. A mente pode distorcer a própria função, mas não pode dotar a si mesma com funções que não lhe foram dadas. É por isso que
a mente não pode perder de forma total a capacidade de comunicar-se, embora possa recusar-se a usá-la em favor do que é.
4. A existência, assim como tudo o que é, se baseia na comunicacão.A existência, porém, é específica em relação a como, o que e
com quem vale a pena empreender comunicação. Tudo o que é, é completamente destituído dessas distinções. É um estado no qual
a mente está em comunicação com tudo o que é real. Na medida em que permites que esse estado seja reduzido, tu estás limitando
o teu senso da tua própria realidade, que vem a ser total só pelo reconhecimento de toda a realidade no contexto glorioso do seu
relacionamento real para contigo. Essa é a tua realidade. Não a profanes e não recues diante dela. Ela é o teu lar real, o teu templo
real e o teu Ser real.
5. Deus, Que abrange tudo o que é, criou seres que têm tudo individualmente, mas querem compartilhar o que têm para aumentar a
própria alegria. Nada que é real pode ser aumentado exceto pelo compartilhar. Essa é a razão pela qual Deus te criou. A Abstração
5
Divina alegra-Se em compartilhar. E isso o que significa a criação. ‖Como‖, ―o quê‖ e ―com quem‖ são aspectos irrelevantes, porque
a criação real tudo dá, pois só pode criar como ela própria. Lembra-te que no Reino não há diferença entre ter e ser como há na
existência. No ser a mente dá tudo sempre.
6. A Bíblia repetidamente declara que deves louvar a Deus. Isso dificilmente significa que deverias dizer-Lhe o quão maravilhoso Ele
é. Ele não tem ego que possa aceitar tal louvor, nem percepção para julgá-lo. Mas, a menos que faças a tua parte na criação, a Sua
alegria não é completa porque a tua é incompleta. E isso Ele sabe. Ele sabe disso no Seu próprio Ser e na experiência dele da
experiência do Seu Filho. A saída constante do Seu Amor é bloqueada quando Seus canais estão fechados e Ele é solitário quando
as mentes que criou não se comunicam plenamente com Ele.
7. Deus tem mantido o teu Reino para ti, mas não pode compartilhar a Sua alegria contigo, enquanto tu não conheceres isso com
toda a tua mente. A revelação não é suficiente, porque é apenas comunicação de Deus. Deus não necessita que a revelação seja
restituída a Ele, o que seria claramente impossível, mas Ele quer que ela seja trazida a outros. Isso não pode ser feito com a
revelação em si; seu conteúdo não pode ser expressado, porque é intensamente pessoal para a mente que a recebe. Pode, contudo,
ser restituída por essa mente a outras, através das atitudes que o conhecimento resultante da revelação traz.
8. Deus é louvado sempre que qualquer mente aprende a ser totalmente útil. Isso é impossível sem que ela seja totalmente
inofensiva, porque as duas crenças obrigatoriamente coexistem. Os verdadeiramente úteis são invulneráveis, porque não estão
protegendo os seus egos e assim nada pode feri-los. A sua utilidade é o seu louvor a Deus e Ele restituirá esse louvor porque eles
são como Ele e podem juntos regozijarem-se. Deus Se estende a eles e através deles e há grande alegria em todo o Reino. Cada
mente que é mudada adiciona a essa alegria com a própria disponibilidade individual de compartilhá-la. Os verdadeiramente úteis
são os trabalhadores do milagre de Deus, a quem eu dirijo até que estejamos todos unidos na alegria do Reino. Eu te dirigirei aonde
tu possas ser verdadeiramente útil e a quem

CAPÍTULO 5 - CURA E INTEGRIDADE

Introdução
1. Curar é fazer feliz. Eu te disse para pensar em quantas oportunidades tens tido para alegrar-te e quantas tens recusado. Isso é o
mesmo que dizer que tens te recusado a curar-te. A luz que te pertence é a luz da alegria. A radiância não está associada com o
pesar. A alegria suscita uma disposição integrada da vontade para compartilhá-la e promove o impulso natural da mente para res-
ponder como uma só. Aqueles que tentam curar sem ser totalmente alegres suscitam simultaneamente diferentes tipos de respostas,
privando assim os outros da alegria de responder com todo o coração.
2. Para ser de todo o coração, tens que ser feliz. Se medo e amor não podem coexistir, se é impossível estar totalmente amedrontado
e permanecer vivo, o único estado possível de forma total é o do amor. Não há diferença entre amor e alegria. Assim sendo, o único
estado que é totalmente possível é o de total alegria. Curar ou alegrar é, portanto, o mesmo que integrar e unificar. Por isso é indife-
rente a que parte ou através de que parte da Filiação é oferecida a cura. Todas as partes são beneficiadas e beneficiadas igualmen-
te.
3. Tu estás sendo abençoado por qualquer pensamento benéfico de qualquer dos teus irmãos em qualquer lugar. Por gratidão, deve-
rias querer abençoá-los em retribuição. Não precisas conhecê-los individualmente, nem eles a ti. A luz é tão forte que se irradia atra-
vés da Filiação e retoma os agradecimentos ao Pai, por irradiar sobre ela a Sua alegria. Só as crianças santas de Deus são canais

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UM CURSO EM MILAGRES
dignos da Sua bela alegria, porque só elas são suficientemente belas para mantê-la por compartilhá-la. É impossível para uma crian-
ça de Deus amar a seu próximo a não ser como a si mesma. Por isso, a oração daquele que cura é:
Que eu conheça esse irmão como conheço a mim mesmo.

I. O convite ao Espírito Santo


1. A cura é um pensamento pelo qual duas mentes percebem a sua unicidade e vêm a ser contentes. Esse contentamento convoca
todas as partes da Filiação a regozijarem-se com elas e permite que Deus se manifeste para elas e através delas. Só a mente cura-
da pode experimentar a revelação com efeito duradouro, porque a revelação é uma experiência de pura alegria. Se não escolhes ser
totalmente alegre, a tua mente não pode ter o que ela não escolhe ser. Lembra-te que o espírito não conhece diferença entre ter e
ser. A mente superior pensa de acordo com as leis que o espírito obedece e assim honra apenas as leis de Deus. Para o espírito,
obter é sem significado e dar é tudo. Tendo tudo, o espírito mantém todas as coisas dando-as e assim cria como o Pai criou. Embora
esse tipo de pensamento seja totalmente alheio à posse de coisas, mesmo para a mente inferior é bastante compreensível no que
diz respeito às idéias. Se compartilhas uma posse física, de fato, divides essa propriedade. Se compartilhas uma idéia, porém, não a
diminuis. Ela ainda é toda tua apesar de ter sido dada totalmente. Além disso, se a pessoa a quem a deste a aceita como sua p ró-
pria, essa pessoa a reforça na tua mente e assim a aumenta. Se o conceito de que o mundo é um mundo de idéias é aceitável para
ti, toda a crença na falsa associação que o ego faz entre dar e perder desaparece.
2. Vamos começar nosso processo de re-despertar com apenas uns poucos conceitos simples:
Os pensamentos aumentam por serem dados.
Quanto maior é o número dos que neles acreditam mais fortes passam a ser.
Tudo é uma idéia.
Como é possível, então, que dar e perder sejam associados?
3. Esse é o convite ao Espírito Santo. Já tenho dito que posso alcançar o que está acima e trazer o Espírito Santo para ti, mas só
posso trazê-Lo a ti com o teu próprio convite. O Espírito Santo está em tua mente certa, assim como estava na minha. A Bíblia diz,
"Tende em vós a mesma mente que estava também em Cristo Jesus", e usa isso como uma bênção. É a benção da mente disposta
para o milagre. Ela pede que possas pensar como eu pensei, unindo-te a mim no pensamento de Cristo.
4. O Espírito Santo é a única parte da Santíssima Trindade que tem uma função simbólica. Ele é chamado o Curador, o Consolador e
o Guia. Ele também é descrito como algo "separado", à parte do Pai e do Filho. Eu mesmo disse: "Se eu me for, eu vos enviarei um
outro Consolador, e Ele habitará convosco." Sua função simbólica faz com que o Espírito Santo seja difícil de compreender porque o
simbolismo é aberto à interpretações diferentes. Como homem e também como uma das criações de Deus, o meu pensamento cer-
to, que veio do Espírito Santo ou a Inspiração Universal, ensinou-me em primeiro lugar e acima de tudo que essa Inspiração é para
todos. Eu mesmo não poderia tê-La em mim sem saber disso. A palavra "conhecer" é apropriada nesse contexto, porque o Espírito
Santo está tão próximo do conhecimento que o traz à tona ou melhor, permite que ele venha. Eu falei anteriormente da percepção
superior ou "verdadeira" que está tão próxima da verdade que o próprio Deus pode fluir através da pequena brecha entre eles. O
conhecimento está sempre pronto para fluir a toda parte, mas não pode se opor. Assim sendo podes obstruílo, embora nunca possas
perdê-lo.
5. O Espírito Santo é a Mente de Cristo que é ciente do conhecimento que está além da percepção. Ele veio a ser com a separação,
como uma proteção, ao mesmo tempo inspirando o princípio da Expiação. Antes disso, não havia nenhuma necessidade de cura,
pois não havia ninguém sem consolo. A Voz do Espírito Santo é o Chamado para a Expiação ou a restauração da integridade da
mente. Quando a Expiação for completa e toda a Filiação estiver curada, não haverá nenhum chamado para retornar. Mas o que
Deus cria é eterno. O Espírito Santo vai permanecer com os Filhos de Deus para abençoar suas criações e mantê-los na luz da ale-
gria.
6. Deus honrou mesmo as criações equivocadas de Suas crianças porque elas as tinham feito. Mas, também abençoou Suas crian-
ças com um modo de pensar capaz de elevar as suas percepções a tal ponto que quase poderiam alcançá-Lo de novo. O Espírito
Santo é a Mente da Expiação. Ele representa um estado mental suficientemente próximo da mente disposta para o que é Uno, que
transferi-lo para ela é finalmente possível. A percepção não é conhecimento, mas pode ser transferida para o conhecimento ou atra-
vessar a ponte para ele. Talvez seja até mais útil usar aqui o significado literal da palavra transferida, ou seja, "transportada", uma
vez que o último passo é dado por Deus.
7. O Espírito Santo, a Inspiração compartilhada de toda a Filiação, induz a um tipo de percepção no qual muitos elementos são iguais
àqueles no próprio Reino do Céu: Primeiro, sua universalidade é perfeitamente clara e ninguém que a tenha alcançado poderia a-
creditar, nem por um instante, que compartilhá-la envolve qualquer outra coisa que não seja ganhar. Segundo, ela é incapaz de ata-
car e está, portanto, verdadeiramente aberta. Isso significa que, apesar de não engendrar conhecimento, não o obstrui de modo al-
gum. Finalmente, indica o caminho para além da cura que ela traz e conduz a mente além da sua própria integração, rumo aos cami-
nhos da criação. É nesse ponto que ocorre uma mudança quantitativa suficiente para produzir um deslocamento qualitativo real.

II. A Voz por Deus


1. A cura não é criação, é reparação. O Espírito Santo promove a cura olhando além dela para o que eram as crianças de Deus antes
que a cura fosse necessária, e para o que serão quando tiverem sido curadas. Essa alteração da seqüência temporal deveria ser
bastante familiar porque é muito similar ao deslocamento na percepção do tempo que o milagre introduz. O Espírito Santo é a moti-
vação para a mentalidade milagrosa; a decisão de curar a separação, deixando que ela se vá. A tua vontade ainda está em ti porque
Deus colocou-a em tua mente e embora possas mantê-la adormecida, não podes obliterá-la. O próprio Deus mantém a tua vontade
viva, transmitindo-a a partir da Sua Mente para a tua enquanto o tempo existir. O milagre em si é um reflexo dessa união de vontade
entre Pai e Filho.
2. O Espírito Santo é o espírito da alegria. Ele é o Chamado para o retorno com o qual Deus abençoou as mentes de Seus Filhos
4
separados. Essa é a vocação da mente. A mente não tinha nenhuma vocação* até a separação, porque antes disso tinha apenas o
que ela é e não teria compreendido o chamado para o pensa mento certo.

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UM CURSO EM MILAGRES
* "He is the Call to return with which God blessed the minds of His separated Sons. This is the vocation of the mind. The mind had no
calling until the separation..." É interessante notar o emprego das palavras "Call" e "calling" que é impossível reproduzir em portu-
guês.
O Espírito Santo é a Resposta de Deus à separação, o meio pelo qual a Expiação cura até que toda a mente volte outra vez a criar.
3. O princípio da Expiação e a separação começaram ao mesmo tempo. Quando o ego foi feito, Deus colocou na mente o chamado
para a alegria. Esse chamado é tão forte que o ego sempre se dissolve ao seu som. Essa é a razão pela qual tens que escolher ou-
vir uma dentre as duas vozes dentro de ti mesmo. Uma tu mesmo fizeste e essa não é de Deus. Mas a outra te foi dada por Deus,
Que apenas te pede para escutá-la. O Espírito Santo está em ti num sentido muito literal. Sua é a Voz Que te chama de volta para
onde antes estavas e estarás outra vez. Mesmo nesse mundo é possível ouvir apenas essa Voz e nenhuma outra. É preciso esforço
e muita disposição para aprender. É a lição final que eu aprendi e os Filhos de Deus são tão iguais como aprendizes quanto como
filhos.
4. Tu és o Reino do Céu, mas tens permitido que a crença nas trevas entre na tua mente e, portanto, precisas de uma nova luz. Tens
que permitir que o Espírito Santo, que é radiância, possa banir a idéia da escuridão. Sua é a glória diante da qual a dissociação cai
por terra e o Reino do Céu penetra no que lhe é próprio. Antes da separação, não precisavas de orientação. Tu conhecias como vi-
rás a conhecer novamente, mas como não conheces agora.
5. Deus não guia, porque Ele só pode compartilhar o conhecimento perfeito. A orientação é avaliativa, porque pressupõe que exista
um caminho certo e também um caminho errado, um caminho a ser escolhido e outro a ser evitado. Ao escolher um, desistes do
outro. A escolha pelo Espírito Santo é a escolha por Deus. Deus não está em ti em um sentido literal, tu és parte Dele. Quando esco-
lheste deixá-Lo, Ele te deu uma Voz para falar por Ele, pois não podia mais compartilhar Seu conhecimento contigo sem im-
pedimento. A comunicação direta foi quebrada porque tinhas feito uma outra voz.
6. O Espírito Santo te chama tanto para lembrar como para esquecer. Tu escolheste estar em um estado de oposição no qual opostos
são possíveis. Como resultado, há escolhas que tens que fazer. No estado de santidade a vontade é livre, de forma que seu poder
criativo é ilimitado e a escolha é sem significado. A liberdade de escolher é ó mesmo poder que a liberdade de criar, mas sua aplica-
ção é diferente. A escolha depende de uma mente dividida. O Espírito Santo é um modo de escolher. Deus não deixou Suas crianças
sem consolo, mesmo que elas tenham escolhido deixá-Lo. A voz que puseram em suas mentes não foi a Voz pela Vontade de Deus
em nome da qual fala o Espírito Santo.
7. A Voz do Espírito Santo não comanda, pois é incapaz de arrogância. Não exige, porque não busca o controle. Não vence, porque
não ataca. Simplesmente lembra. É capaz de compelir devido apenas ao que ela te relembra. Traz à tua mente o outro caminho,
permanecendo quieta mesmo em meio ao tumulto que possas fazer. A Voz por Deus é sempre quieta porque fala de paz. A paz é
mais forte do que a guerra porque cura. A guerra é divisão, não soma. Ninguém ganha com a discórdia. Que aproveitará a um ho-
mem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma? Se escutas a voz errada, perdeste de vista a tua alma. Tu não podes per-
dê-la, mas podes não conhecê-la. Assim sendo, ela está "perdida" para ti até que escolhas certo.
8. O Espírito Santo é o teu Guia na escolha. Ele está na parte da tua mente que sempre fala a favor da escolha certa, porque fala por
Deus. Ele é a tua comunicação remanescente com Deus, que podes interromper, mas não podes destruir. O Espírito Santo é o ca-
minho no qual a Vontade de Deus é feita assim na terra como no Céu. Tanto o Céu quanto a terra estão em ti, porque o chamado de
ambos está na tua mente. A Voz por Deus vem dos teus próprios altares a Ele. Estes altares não são coisas, são devoções. No en-
tanto, tu tens outras devoções agora. A tua devoção dividida te deu as duas vozes e tens que escolher em que altar queres servir. O
chamado a que respondes agora é uma avaliação, porque é uma decisão. A decisão é muito simples. Ela é tomada tendo por base
qual é o chamado que tem maior valor para ti.
9. A minha mente sempre será como a tua porque nós fomos criados como iguais. Foi apenas a minha decisão que me deu todo o
poder no Céu e na terra. Minha única dádiva a ti é ajudar-te a tomar a mesma decisão. Essa decisão é a escolha de compartilhá-la,
porque a decisão em si é a decisão de compartilhar. Ela é tomada pelo ato de dar, sendo, portanto, a única escolha que se asseme-
lha à criação verdadeira. Eu sou o teu modelo para a decisão. Decidindo-me por Deus eu te mostrei que essa decisão pode ser to-
mada e que tu podes torná-la.
10. Eu te assegurei que a Mente que decidiu por mim está também em ti, e que podes deixar que ela mude a ti assim como mudou a
mim. Essa Mente é inequívoca, pois ouve apenas uma Voz e responde de apenas um modo. Tu és a luz do mundo comigo. O des-
canso não vem do sono, mas do despertar. O Espírito Santo é o chamado para despertar e ser contente. O mundo está muito can-
sado porque ele é a idéia da exaustão. Nossa tarefa é a obra alegre de despertá-lo para o Chamado Daquele que fala por Deus.
Todos responderão ao Chamado do Espírito Santo, ou a Filiação não pode ser una. Que melhor vocação poderia haver para qual-
quer parte do Reino, do que restaurá-lo à integração perfeita capaz de fazê-lo íntegro? Ouve apenas isso através do Espírito Santo
dentro de ti e ensina os teus irmãos a escutar assim como eu estou te ensinando.
11. Quando és tentado pela voz errada, chama por mim para lembrar-te como curar compartilhando a minha decisão e fazendo com
que ela seja mais forte. Na medida em que compartilhamos essa meta, aumentamos o seu poder para atrair toda a Filiação e trazê-la
de volta à unicidade em que foi criada. Lembra-te que "jugo" significa "união" e "fardo" significa "mensagem*." Vamos reformular
"Meu jugo é suave e meu fardo é leve", deste modo: "Vamos nos unir pois a minha mensagem é Luz."
12. Eu determinei que te comportasses como eu me comportei, mas para fazer isso nós temos que responder à mesma Mente. Essa
Mente é o Espírito Santo, Cuja Vontade é sempre a favor de Deus. Ele te ensina como ter em mim o modelo para o teu pensamento
e conseqüentemente comportar-te como eu. O poder de nossa motivação conjunta está além da crença, mas não além da realiza-
ção. O que nós podemos realizar juntos não tem limites, pois o Chamado Daquele que fala por Deus é o chamado ao ilimitado. Cri-
ança de Deus, minha mensagem é para ti, para que a ouças e a transmitas aos outros à medida em que respondes ao Espírito San-
to dentro de ti.
* Remember that "yoke" means "join together," and "burden" means "message." Em inglês antigo essas palavras continham os res-
pectivos significados que não existem em português.

III. O Guia para a salvação


1. O caminho para reconhecer o teu irmão é pelo reconhecimento do Espírito Santo nele. Eu já disse que o Espírito Santo é a ponte
para a transferência da percepção ao conhecimento, de modo que podemos usar esses termos como se estivessem relacionados

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UM CURSO EM MILAGRES
porque em Sua Mente eles estão. Essa relação tem que estar na Sua Mente porque se não estivesse, a separação entre os dois
modos de pensar não estaria aberta à cura. Ele é parte da Santíssima Trindade porque a Sua Mente é em parte tua e em parte de
Deus. Isso precisa ser esclarecido, não em palavras mas em experiência.
2. O Espírito Santo é a idéia da cura. Sendo pensada, a idéia ganha à medida em que é compartilhada. Sendo o Chamado Daquele
que fala por Deus é também a idéia de Deus. Como és parte de Deus, és também a idéia de ti mesmo, assim como a de todas as
Suas criações. A idéia do Espírito Santo compartilha as características de outras idéias porque segue as leis do Universo do qual faz
parte. Ela é fortalecida ao ser dada a outros. 'Aumenta em ti na medida em que a dás ao teu irmão. Teu irmão não precisa estar cien-
te do Espírito Santo nele mesmo ou em ti para que esse milagre ocorra. Ele pode ter dissociado o Chamado por Deus, assim como
tu fizeste. Essa dissociação é curada nos dois à medida que tu vens a estar ciente do Chamado Daquele que fala por Deus nele, e
assim reconheces o que é esse Chamado.
3. Existem dois modos diametralmente opostos de ver o teu irmão. Ambos têm que estar em tua mente, porque tu és aquele que
percebe. Eles também têm que estar na dele, porque tu o estás percebendo. Vê o teu irmão através do Espírito Santo na sua mente
e O reconhecerás na tua. O que reconheces no teu irmão, estás reconhecendo em ti mesmo e o que compartilhas, tu fortaleces.
4. A Voz do Espírito Santo é fraca em ti. É por isso que tens que compartilhá-La. Ela tem que aumentar em força antes que possas
ouvi-La. É impossível ouvi-La em ti mesmo enquanto Ela está tão fraca em tua mente. Ela não é fraca em Si, mas está limitada pela
tua recusa em ouvi-La. Se cometeres o equívoco de procurar o Espírito Santo apenas em ti mesmo, os teus pensamentos vão as-
sustar-te porque, por adotar o ponto de vista do ego, estás empreendendo uma viagem que é alheia ao ego usando o ego como gui-
a. Isso está fadado a produzir medo.
5. O atraso é do ego, porque o tempo é um conceito egótico. Tanto o atraso como o tempo são sem significado na eternidade. Eu já
disse antes que o Espírito Santo é a Resposta de Deus ao ego. Tudo que o Espírito Santo te lembra está em oposição direta às no-
ções do ego, porque percepções verdadeiras e falsas são opostas em si mesmas. O Espírito Santo tem a tarefa de desfazer o que o
ego tem feito. Ele o desfaz no mesmo nível em que o ego opera, ou a mente não seria capaz de compreender a mudança.
6. Eu tenho enfatizado repetidamente que um nível da mente não é compreensível para outro. Assim é com o ego e o Espírito Santo,
com o tempo e a eternidade. A eternidade é uma idéia de Deus, logo o Espírito Santo a compreende perfeitamente. O tempo é uma
crença do ego, então a mente inferior, que é o domínio do ego, aceita-a sem questionamento. O único aspecto do tempo que é eter-
no é o agora.
7. O Espírito Santo é o Mediador entre as interpretações do ego e o conhecimento do espírito. Sua capacidade de lidar com símbolos
faz com que Ele seja capaz de trabalhar com as crenças do ego em sua própria linguagem. Sua capacidade de olhar para o que está
além dos símbolos na eternidade, torna-O capaz de compreender as leis de Deus pelas quais Ele fala. O Espírito Santo pode, por-
tanto, desempenhar a função de re-interpretar o que o ego faz, não pela destruição, mas pela compreensão. A compreensão é luz, e
luz conduz ao conhecimento. O Espírito Santo está na luz porque Ele está em ti que és luz, mas tu mesmo não tens conhecimento
disso. Portanto, é tarefa do Espírito Santo re-interpretar-te a favor de Deus.
8. Não podes compreender a ti mesmo sozinho. Isso é assim porque não tens significado à parte do teu lugar de direito na Filiação e
o lugar de direito da Filiação é em Deus. Essa é a tua vida, a tua eternidade e o teu Ser. É isso que o Espírito Santo te lembra. É isso
o que o Espírito Santo vê. Essa visão assusta o ego porque é tão calma. A paz é o maior inimigo do ego porque, de acordo com a
sua interpretação da realidade, a guerra é a garantia da sua própria sobrevivência. O ego vem a ser forte na discórdia. Se acreditas
que há discórdia, vais reagir de forma perversa, pois a idéia de perigo entrou em tua mente. A idéia em si mesma é um apelo ao ego.
O Espírito Santo é tão vigilante quanto o ego ao chamado do perigo, opondo-Se ao perigo com a Sua força, assim como o ego o
recebe com boas-vindas. O Espírito Santo neutraliza essas boas-vindas dando boas-vindas à paz. A eternidade e a paz estão tão
intimamente relacionadas quanto o tempo e a guerra.
9. O significado da percepção é derivado dos relacionamentos. Aqueles que aceitas são os fundamentos das tuas crenças. A se-
paração é apenas um outro termo para a mente dividida. O ego é o símbolo da separação, assim como o Espírito Santo é o símbolo
da paz. O que percebes nos outros, estás fortalecendo em ti mesmo. Podes permitir que a tua mente perceba de modo equivocado,
mas o Espírito Santo permite que a tua mente re-interprete as tuas próprias percepções equivocadas.
10. O Espírito Santo é o professor perfeito. Ele usa apenas o que a tua mente já compreende para te ensinar que não a compreen-
des. O Espírito Santo pode lidar com um aluno relutante sem ir contra a mente do aluno, porque parte dela ainda é a favor de Deus.
Apesar das tentativas do ego de ocultar essa parte, ela ainda é muito mais forte do que o ego, embora o ego não a reconheça. O
Espírito Santo a reconhece perfeitamente porque é a Sua própria morada, o lugar na mente onde Ele está em casa. Tu também es-
tás em casa nesse lugar, pois é um lugar de paz e a paz é de Deus. Tu, que és parte de Deus, não estás em casa a não ser na Sua
paz. Se a paz é eterna, só estás em casa na eternidade.
11. O ego fez o mundo como o percebe, mas o Espírito Santo, que re-interpreta os feitos do ego, vê o mundo como um instrumento
de ensino para trazer-te para casa. O Espírito Santo tem que perceber o tempo e re-interpretá-lo no que é intemporal. Ele tem que
trabalhar através dos opostos, pois tem que trabalhar com a mente que está em oposição e por ela. Corrige e aprende e sê aberto
ao aprendizado. Tu não fizeste a verdade, mas a verdade ainda pode libertar-te. Olha como o Espírito Santo olha e compreende co-
mo Ele compreende. A Sua compreensão olha de volta para Deus em memória de mim. Ele está em comunhão com Deus sempre e
Ele é parte de ti. Ele é teu guia para a salvação, porque guarda a memória de coisas passadas e por vir e as traz ao presente. Ele
mantém esse contentamento de modo gentil em tua mente, pedindo apenas que tu o aumentes em Seu Nome, compartilhando-o,
para aumentar a Sua alegria em ti.

IV Ensinando e curando
1. O que o medo escondeu ainda é parte de ti. Unir-te à Expiação é o caminho para sair do medo. O Espírito Santo te ajudará a re-
interpretar tudo o que percebes como amedrontados e te ensinará que só o que é amoroso é verdadeiro. A verdade está além da tua
capacidade de destruir, mas inteiramente dentro da tua capacidade de aceitar. Ela te pertence porque, como uma extensão de Deus,
tu a criaste com Ele. É tua porque é parte de ti, exatamente como és parte de Deus porque Ele te criou. Nada que seja bom pode ser
perdido porque vem do Espírito Santo, a Voz pela criação. Nada que não seja bom nunca foi criado e, portanto, não pode ser prote-
gido. A Expiação é a garantia da segurança do Reino e a união da Filiação é a sua proteção. O ego não pode prevalecer contra o
Reino porque a Filiação é unida. Na presença daqueles que ouvem o chamado do Espírito Santo para que sejam um, o ego se des-
vanece e é desfeito.
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UM CURSO EM MILAGRES
2. O que o ego faz, ele guarda para si mesmo e assim ele é sem força. Sua existência não é compartilhada. Ele não morre, mera-
mente nunca nasceu. O nascimento físico não é um início, é uma continuação. Tudo o que continua já nasceu. Aumentará à medida
em que estejas disposto a devolver a parte não curada da tua mente à parte superior, devolvendo-a sem divisões à criação. 'Eu vim
para dar-te o fundamento, de modo que os teus próprios pensamentos possam realmente fazer com que sejas livre. Tu tens carrega-
do a carga de idéias não compartilhadas que são por demais fracas para aumentarem, mas tendo-as feito, não tens reconhecido
como desfazê-las. Tu não podes cancelar sozinho os teus erros passados. Eles não desaparecerão da tua mente sem a Expiação,
um remédio que não foi feito por ti. A Expiação tem que ser compreendida como um ato puro de compartilhar. Foi isso o que eu quis
dizer quando mencionei que mesmo nesse mundo é possível escutar uma única Voz. Se és parte de Deus e a Filiação é una, não
podes te limitar ao ser que o ego vê.
3. Todos os pensamentos amorosos mantidos em qualquer parte da Filiação pertencem a todas as partes. São compartilhados por-
que são amorosos. Compartilhar é o modo de Deus criar e também o teu. O ego pode te manter exilado do Reino, mas no próprio
Reino ele não tem nenhum poder. As idéias do espírito não deixam a mente que as pensa, nem podem conflitar umas com as outras.
Todavia, as idéias do ego podem conflitar porque ocorrem em níveis diferentes e também incluem pensamentos opostos no mesmo
nível. É impossível compartilhar pensamentos opostos. Tu só podes compartilhar os pensamentos que são de Deus e que Ele guar-
da para ti. Pois deles é o Reino do Céu. O resto permanece contigo até que o Espírito Santo os tenha re-interpretado à luz do Reino,
fazendo com que eles também sejam dignos de serem compartilhados.Quando estiverem suficientemente purificados, Ele permitirá
que tu os dês. A decisão de compartilhá-los é a sua purificação.
4. Eu ouvi uma única Voz porque compreendi que não poderia expiar por mim mesmo sozinho. Escutar uma só Voz implica a decisão
de compartilhá-La de modo a ouvi-La tu mesmo. A Mente que estava em mim ainda é irresistivelmente atraída por todas as mentes
criadas por Deus, porque a Integridade de Deus é a integridade de Seu Filho. Não podes ser ferido e não queres mostrar ao teu ir-
mão coisa alguma exceto a tua integridade. Mostra-lhe que ele não pode ferir-te e não mantenhas nada contra ele ou a manterás
contra ti mesmo. Esse é o significado de "voltar a outra face."
5. O ensino é feito de muitas formas, acima de tudo através de exemplos. Ensino deve ser cura, porque é o compartilhar de idéias e o
reconhecimento de que compartilhar idéias é fortalecê-las. Eu não posso esquecer minha necessidade de ensinar o que eu aprendi,
que surgiu em mim porque eu aprendi. Eu apelo a ti para que ensines o que tens aprendido, porque fazendo isso, podes confiar no
que aprendeste. Faze com que o que tu aprendeste seja digno de confiança em meu nome porque meu nome é o Nome do Filho de
Deus. O que eu aprendi eu te dou gratuitamente e a Mente que estava em mim regozija-se à medida em que escolhes ouvi-la.
6. O Espírito Santo expia em todos nós através do desfazer e assim ergue a carga que colocaste na tua mente. Seguindo-O, és con-
duzido de volta a Deus onde é o teu lugar, e como podes achar o caminho exceto levando o teu irmão contigo? A minha parte na
Expiação não está completa até que te unas a ela e a dês a outros. Como ensinas, assim aprenderás. Eu nunca te deixarei ou aban-
donarei porque abandonar-te seria abandonar a mim mesmo e a Deus que me criou. Tu abandonas a ti mesmo e a Deus se abando-
nas a qualquer um dos teus irmãos. Tens que aprender a vê-los como são e compreender que pertencem a Deus assim como tu.
Como poderias tratar melhor um irmão exceto dando a Deus o que é de Deus?
7. A Expiação te dá o poder de uma mente curada, mas o poder de criar é de Deus. Por conseguinte, aqueles que foram perdoados
têm que se devotar em primeiro lugar à cura porque, tendo recebido a idéia da cura, precisam dá-la para mantê-la. O pleno poder da
criação não pode ser expresso enquanto qualquer uma das idéias de Deus estiver longe do Reino. A vontade conjunta da Filiação é
o único criador que pode criar como o Pai, porque só o que é completo pode pensar de modo completo e ao pensamento de Deus
não falta nada. Em tudo o que pensas que não seja através do Espírito Santo algo está faltando.
8. Como podes tu, que és tão santo, sofrer? Todo o teu passado, exceto a sua beleza, se foi e nada ficou além de uma bênção. Eu
guardei toda a tua benignidade e todos os pensamentos de amor que jamais tiveste. Eu os tenho purificado dos erros que escondiam
a luz que estava neles e os tenho conservado para ti na radiância perfeita que lhes é própria. Eles estão além da destruição e além
da culpa. Vieram do Espírito Santo dentro de ti e nós sabemos que o que Deus cria é eterno. Tu podes, de fato, partir em paz, por-
que eu tenho te amado como amei a mim mesmo. Tu vais com a minha bênção e pela minha bênção. Mantém-na e compartilha-a
para que possa ser sempre nossa. Eu coloco a paz de Deus no teu coração e nas tuas mãos para manteres e compartilhares. O
coração é puro para mantê-la e as mãos são fortes para dá-Ia. Nós não podemos perder. Meu julgamento é tão forte quanto a sabe-
doria de Deus, em Cujo Coração e em Cujas Mãos nós temos o nosso ser. As crianças quietas de Deus são os Seus Filhos abenço-
ados. Os Pensamentos de Deus estão contigo.

V. O uso da culpa pelo ego


1. Talvez alguns de nossos conceitos venham a ser mais claros e mais significativos em termos pessoais se o uso da culpa pelo ego
for esclarecido. O ego tem um propósito, assim como o Espírito Santo. O propósito do ego é o medo, porque só quem tem medo
pode ser egotista. A lógica do ego é tão impecável quanto a do Espírito Santo, porque a tua mente tem ao seu dispor os meios para
ficar do lado do Céu ou da terra, conforme elegeres. No entanto, mais uma vez lembra-te que ambos estão em ti.
2. No Céu não há culpa, porque o Reino é atingido através da Expiação que te libera para criar. A palavra "criar" é apropriada aqui
porque, uma vez que o que tens feito seja desfeito pelo Espírito Santo, o resíduo abençoado é restaurado e continua, portanto, na
criação. O que é verdadeiramente abençoado é incapaz de dar origem à culpa e não pode deixar de dar origem à alegria. Isso o
toma invulnerável para o ego porque a sua paz é inexpugnável. É invulnerável à ruptura porque é íntegro. A culpa sempre produz
uma ruptura. Qualquer coisa que engendre medo divide, porque obedece à lei da divisão. Se o ego é o símbolo da separação é tam-
bém o símbolo da culpa. A culpa é mais do que apenas algo que não é de Deus. É o símbolo do ataque a Deus. Esse conceito é
totalmente sem significado, exceto para o ego, mas não subestimes o poder da crença do ego. É dessa crença que realmente brota
toda a culpa.
3. O ego é a parte da mente que acredita em divisão. Como poderia uma parte de Deus se desligar sem acreditar que O está atacan-
do? Falamos anteriormente do problema da autoridade que está baseado no conceito da usurpação do poder de Deus. O ego acre-
dita que é isso o que fizeste, porque acredita que ele é o que tu és. Se te identificas com o ego, tens que te perceber como se fosses
culpado. Sempre que respondes ao teu ego, vais experimentar culpa e temer punição. O ego é bem literalmente um pensamento
amedrontados. Por mais ridícula que possa ser a idéia de atacar a Deus para a mente sã, nunca te esqueças de que o ego não é
são. Representa um sistema delusório e fala por ele. Escutar a voz do ego significa que acreditas que é possível atacar a Deus e que

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UM CURSO EM MILAGRES
uma parte de Deus foi arrancada por ti. O medo da retaliação vinda de fora é decorrência disso, porque a severidade da culpa é tão
aguda que tem que ser projetada.
4. O que quer que seja que aceites em tua mente tem realidade para ti. É a tua aceitação que o faz real. Se entronizas o ego em tua
mente, a tua permissão para que ele entre faz dele a tua realidade. Isso é assim porque a mente é capaz de criar a realidade ou
fazer ilusões. Eu disse anteriormente que tu precisas aprender a pensar com Deus. Pensar com Ele é pensar como Ele. Isso engen-
dra alegria, não culpa, porque é natural. A culpa é um sinal seguro de que o teu pensamento não é natural. O pensamento não-
natural será sempre acompanhado pela culpa porque é uma crença no pecado. O ego não percebe o pecado como uma falta de
amor, mas como um ato indubitável de agressão. Isso é necessário para a sobrevivência do ego porque, logo que considerares o
pecado como uma falta, irás automaticamente tentar remediar a situação. E terás sucesso. O ego considera isso como uma conde-
nação, mas tens que aprender a considerar como liberdade.
5. A mente sem culpa não pode sofrer. Sendo sã, a mente cura o corpo porque ela foi curada. A mente sã não pode conceber a en-
fermidade porque não pode conceber ataque a qualquer pessoa ou qualquer coisa. Eu disse antes que a enfermidade é uma forma
de mágica. Poderia ser melhor dizer que é uma forma de solução mágica. O ego acredita que punindo-se vai atenuar a punição de
Deus. Entretanto, mesmo nisso ele é arrogante. Atribui a Deus uma intenção de punir e então toma essa intenção como sua própria
prerrogativa. Tenta usurpar todas as funções de Deus como as percebe porque reconhece que só a aliança total pode ser confiável.
6. O ego não pode se opor às leis de Deus assim como tu também não podes, mas pode interpretá-las de acordo com o que quer,
assim como tu. Essa é a razão pela qual a questão "O que é que tu queres?" tem que ser respondida. Tu a estás respondendo a
cada minuto e a cada segundo, e cada momento de decisão é um julgamento que pode ser tudo, menos sem efeito. Seus efeitos
seguir-se-ão automaticamente até que a decisão seja mudada. Lembra-te, porém, que as alternativas em si são inalteráveis. O Espí-
rito Santo, como o ego, é uma decisão. Juntos constituem todas as alternativas que a mente pode aceitar e obedecer. O Espírito
Santo e o ego são as únicas escolhas abertas para ti. Deus criou uma delas e não podes erradicá-la. Tu fizeste a outra, então, po-
des. Só o que Deus criou é irreversível e imutável. O que fizeste sempre pode ser mudado, porque quando não pensas como Deus,
não estás realmente pensando em absoluto. Idéias delusórias não são pensamentos reais, muito embora possas acreditar nelas.
Mas estás errado. A função do pensamento vem de Deus e está em Deus. Como parte do Seu Pensamento, não podes pensar à
parte Dele.
7. O pensamento irracional é pensamento desordenado. O próprio Deus ordena o teu pensamento porque o teu pensamento foi cria-
do por Ele. Os sentimentos de culpa são sempre um sinal de que não sabes disso. Eles mostram também que acreditas que podes
pensar à parte de Deus e queres fazê-lo. Todo pensamento desordenado é acompanhado de culpa na sua concepção e a sua conti-
nuação é mantida pela culpa. A culpa é inescapável para aqueles que acreditam que ordenam seus próprios pensamentos e, portan-
to, têm que obedecer os ditames que eles impõem. 'Isso os faz sentir responsáveis pelos seus erros sem reconhecer que, ao aceitar
essa responsabilidade, estão reagindo irresponsavelmente. Se a única responsabilidade do trabalhador de milagres é aceitar a Expi-
ação para si mesmo e eu te asseguro que é, então, a responsabilidade por o que é expiado não pode ser tua. O dilema não pode ser
resolvido a não ser pela aceitação da solução do desfazer. Tu serias responsável pelos efeitos de todos os teus pensamentos erra-
dos se eles não pudessem ser desfeitos. O propósito da Expiação é salvar o passado apenas em forma purificada. Se aceitas o re-
médio para o pensamento desordenado, remédio cuja eficácia está além da dúvida, como podem os seus sintomas permanecer?
8. A continuidade da decisão de permanecer separado é a única razão possível para a continuação dos sentimentos de culpa. Nós
dissemos isso antes, mas não enfatizamos os resultados destrutivos da decisão. Qualquer decisão da mente vai afetar tanto o com-
portamento quanto a experiência. O que queres, tu esperas. Isso não é delusório. A tua mente, de fato, faz o teu futuro e o devolverá
à criação plena a qualquer momento, se aceitares em primeiro lugar a Expiação. No instante em que tiveres feito isso, ela também
retornará à criação plena. Tendo desistido do teu pensamento desordenado, a ordem apropriada do pensamento vem a ser bastante
aparente.

VI. Tempo e eternidade


1. Deus em Seu conhecimento não está esperando, mas Seu Reino fica destituído enquanto tu esperas. Todos os Filhos de Deus es-
tão esperando pelo teu retorno, assim como estás esperando pelo deles. O atraso não importa na eternidade, mas é trágico no tem-
po. Tens optado por estar no tempo ao invés de estar na eternidade e por conseguinte, acreditas que estás no tempo. Porém, a tua
opção tanto é livre quanto pode ser alterada. Tu não pertences ao tempo. O teu lugar é só na eternidade, onde o próprio Deus te
colocou para sempre.
2. Os sentimentos de culpa são os preservadores do tempo. Eles induzem aos medos da retaliação ou abandono e assim garantem
que o futuro será como o passado. 'Essa é a continuidade do ego. Isso dá ao ego um senso falso de segurança, por acreditar que
não podes escapar disso. Mas podes e tens que fazê-lo. Deus te oferece em troca a continuidade da eternidade. Quando escolhes
fazer essa troca, simultaneamente trocarás culpa por alegria, perversidade por amor e dor por paz. Meu papel é apenas desacor-
rentar a tua vontade e libertá-la. Teu ego não pode aceitar essa liberdade e vai se opor a ela em todos os momentos possíveis e de
todos os modos possíveis. E como tu és aquele que o fez, reconheces o que ele pode fazer porque lhe deste o poder de fazê-lo.
3. Lembra-te sempre do Reino e lembra-te que tu, que és parte do Reino, não podes estar perdido. A Mente que estava em mim está
em ti, pois Deus cria com perfeita eqüidade. Permite que o Espírito Santo sempre te lembre a Sua eqüidade e deixa que eu te ensine
como compartilhá-la com os teus irmãos. De que outro modo pode te ser dada a chance de reivindicá-la para ti? As duas vozes fa-
lam em nome de diferentes interpretações da mesma coisa simultaneamente ou quase simultaneamente, pois o ego sempre fala
primeiro. Interpretações alternadas eram desnecessárias até que foi feita a primeira. 4. O ego fala em julgamento e
o Espírito Santo reverte essa decisão, quase do mesmo modo que um tribunal superior tem o poder de reverter as decisões de um
tribunal inferior nesse mundo. As decisões do ego estão sempre erradas porque são baseadas no erro e são tomadas para mantê-lo.
Nada do que o ego percebe é corretamente interpretado. Não só o ego cita as Escrituras em função do seu propósito, como até
mesmo interpreta as Escrituras como uma testemunha de si mesmo. A Bíblia é algo amedrontador no julgamento do ego. Perceben-
do-a como assustadora, ele a interpreta de modo amedrontador. Estando com medo, tu não apelas para a Corte Suprema porque
acreditas que o seu julgamento também será contra ti.
5. Existem muitos exemplos de como as interpretações do ego são enganadoras, mas alguns poucos serão suficientes para mostrar
como o Espírito Santo pode re-interprtá-las à Sua própria Luz.

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UM CURSO EM MILAGRES
6. ―Aquilo que o homem semear, isso também ceifará", Ele interpreta significando que o que consideras que vale a pena cultivar, vais
cultivar em ti mesmo. O teu julgamento acerca do que tem valor faz com que tenha valor para ti.
7. "A mim pertence a vingança, diz o Senhor", é facilmente re-interpretado se te lembrares que as idéias só aumentam quando são
compartilhadas. A declaração enfatiza que a vingança não pode ser compartilhada. 'Entrega-a, então, ao Espírito Santo, Que vai
desfazê-la em ti porque ela não pertence à tua mente que é parte de Deus.
8. "E visita a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração," na interpretação do ego, essa é particularmente malicio-
sa. Vem a ser meramente uma tentativa de garantir a sobrevivência do próprio ego. Para o Espírito Santo, a declaração significa que
nas gerações futuras, Ele ainda pode re-interpretar o que as gerações anteriores tinham compreendido equivocadamente e, assim,
liberar os pensamentos da capacidade de produzir medo.
9. "Os ímpios, no entanto, perecerão" vem a ser uma declaração da Expiação se a palavra "perecer" for compreendida como "ser
desfeito." Todo pensamento sem amor tem que ser desfeito, uma palavra que o ego não pode nem sequer compreender. Para o ego,
ser desfeito significa ser destruído. O ego não será destruído porque é parte do teu pensamento, mas porque não é criativo e, por-
tanto, não compartilha; ele será re-interpretado para liberar-te do medo. A parte da tua mente que tens dado ao ego apenas voltará
para o Reino, que é o lugar aonde toda a tua mente está em casa. Podes atrasar a completeza do Reino, mas não podes introduzir
nele o conceito do medo.
10. Tu não precisas ter medo de que a Corte Suprema vá condenar-te. Ela simplesmente dispensará o caso contra ti. Não pode haver
nenhum processo contra uma criança de Deus e toda testemunha em favor da culpa nas criações de Deus está cometendo falso tes-
temunho contra o próprio Deus. Com contentamento, apela à Corte Suprema do próprio Deus a favor de tudo aquilo em que acredi-
tas, porque ela fala por Ele e portanto fala verdadeiramente. Ela arquivará o processo contra ti, por mais que o tenhas construído
com cuidado. Podes ter planejado o teu caso à prova de tudo, mas não à prova de Deus. O Espírito Santo não o ouvirá, porque só
pode testemunhar verdadeiramente. Seu veredito sempre será "teu é o Reino", porque Ele te foi dado para lembrar-te do que tu és.
11. Quando eu disse "Eu vim como uma luz para o mundo", quis dizer que vim para compartilhar a luz contigo. Lembra-te da minha
referência ao vidro escuro do ego e lembra-te também de que eu disse "Não olhes para lá". Ainda é verdadeiro que aonde olhas para
achar a ti mesmo cabe a ti decidir. A tua paciência com o teu irmão é a tua paciência contigo mesmo. Uma criança de Deus não me-
rece paciência? Eu te mostrei paciência infinita porque a minha vontade é a Vontade de nosso Pai, de Quem eu aprendi a paciência
infinita. A Sua Voz estava em mim assim como está em ti falando pela paciência para com a Filiação em Nome do Seu Criador.
12. Agora precisas aprender que só paciência infinita produz efeitos imediatos. Esse é o caminho no qual o tempo é trocado pela
eternidade. A paciência infinita invoca amor infinito e ao produzir resultados agora, torna o tempo desnecessário. Dissemos muitas
vezes que o tempo é um instrumento de aprendizado a ser abolido quando não mais for útil. O Espírito Santo, Que fala por Deus no
tempo, também sabe que o tempo é sem significado. Ele te lembra disso a cada momento que passa, porque a Sua função especial
é devolver-te à eternidade e lá permanecer para abençoar as tuas criações. Ele é a única bênção que podes dar verdadeiramente,
porque Ele é verdadeiramente abençoado. Porque Ele te foi dado livremente por Deus, tens que dá-Lo assim como O recebeste.

VII. A decisão a favor de Deus


1. Tu realmente acreditas que podes fazer uma voz capaz de abafar a Voz de Deus? Realmente acreditas que podes imaginar um
sistema de pensamento que possa separar-te Dele? Realmente acreditas que és capaz de planejar a tua segurança e a tua felici-
dade melhor do que Ele? Tu não precisas ser nem cuidadoso, nem descuidado; precisas simplesmente lançar sobre Ele os teus cui-
dados, porque Ele tem cuidado por ti. Deus cuida de ti porque te ama. A Sua Voz lembra-te sempre que toda a esperança é tua devi-
do ao Seu cuidado. Tu não podes escolher escapar do Seu cuidado porque não é essa a Sua Vontade, mas podes escolher aceitar o
Seu cuidado e usar o poder infinito do Seu cuidado a favor de todos aqueles que Ele criou através dele.
2. Existiram muitos que curaram, mas não curaram a si mesmos. Não moveram montanhas pela sua fé porque a sua fé não era ínte-
gra. Alguns curaram os doentes algumas vezes, mas não ressuscitaram os mortos. A não ser que o curador cure a si mesmo, não
pode acreditar que não há ordens de dificuldades em milagres. Ele não aprendeu que cada mente criada por Deus é igualmente
digna de cura porque Deus a criou íntegra. Apenas te é pedido que devolva a mente a Deus tal como Ele a criou. Ele só te pede o
que te deu, sabendo que essa doação vai curar-te. A sanidade é integridade e a sanidade dos teus irmãos é a tua.
3. Porque deverias escutar os incessantes chamados insanos que pensas que te são dirigidos, quando podes saber que a Voz Da-
quele que fala por Deus está em ti? Deus te entregou o Seu Espírito e pede-te que entregues o teu a Ele. É Vontade de Deus manter
o teu espírito em perfeita paz, porque tu e Ele são um em mente e espírito. Excluir-te da Expiação é a última defesa do ego para a
sua própria subsistência. Reflete tanto a necessidade de separar do ego quanto a tua disposição para apoiar essa separação. Essa
disponibilidade significa que não queres ser curado.
4. Mas o momento é agora. Não te foi pedido que executasses por ti mesmo o plano da salvação porque, como eu te disse antes, o
remédio não poderia ser feito por ti. O próprio Deus te deu a Correção perfeita para tudo que fizeste que não esteja de acordo com a
Sua santa Vontade. Estou fazendo com que o plano de Deus seja perfeitamente explícito para ti e também vou te dizer qual é a tua
parte nele e como é urgente que ela seja cumprida. Deus chora diante do "sacrifício" de Suas crianças que acreditam que estão per-
didas para Ele.
5. Sempre que não estás totalmente alegre é porque reagiste com falta de amor em relação a uma das criações de Deus. Perceben-
do isso como "pecado", tu passas a ser defensivo porque esperas ataque. A decisão de reagir desse modo é tua e pode, portanto,
ser desfeita. Não pode ser desfeita pelo arrependimento no sentido usual, porque isso, implica culpa. Se te permites sentir culpa,
vais reforçar o erro ao invés de permitires que seja desfeito para ti.
6. A decisão não pode ser difícil. Isso é óbvio, se reconheces que já tens que ter tomado a decisão de não ser totalmente feliz, se é
assim que te sentes. Portanto, o primeiro passo para desfazer isso é reconhecer que tu ativamente decidiste errado, mas podes, de
forma igualmente ativa, decidir outra coisa. Sê muito firme contigo mesmo nisso e permanece plenamente ciente de que o processo
de desfazer, que não vem de ti, está apesar de tudo dentro de ti porque Deus o colocou aí. A tua parte é meramente fazer voltar o
teu pensamento ao ponto no qual o erro foi feito e entregá-lo em paz à Expiação. Dize isso a ti mesmo da maneira mais sincera pos-
sível, lembrando que o Espírito Santo vai responder plenamente à tua mais leve invocação:
Devo ter decidido errado, porque não estou em paz.
Tomei a decisão por mim mesmo, mas posso também decidir de outra forma.

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UM CURSO EM MILAGRES
Quero decidir de outra forma, porque quero estar em paz.
Não me sinto culpado porque o Espírito Santo vai desfazer todas as conseqüências da minha decisão errada se eu Lhe permitir.
Escolho permitir-Lhe, deixando que Ele decida a favor de Deus por mim.

CAPÍTULO 6 - AS LIÇÕES DE AMOR

Introdução
1. A relação da raiva como ataque é óbvia, mas a relação da raiva com o medo nem sempre é tão evidente. A raiva sempre envolve a
projeção da separação, que deve ser, em última instância, aceita como responsabilidade da própria pessoa em vez de ser imputada
aos outros. A raiva não pode ocorrer a menos que acredites que foste atacado, que o teu ataque por sua vez é justificado e tu não és
de forma alguma responsável por ele. Dadas essas três premissas totalmente irracionais, não se pode deixar de chegar à conclusão
igualmente irracional de que um irmão merece ser atacado ao invés de amado. O que se pode esperar de premissas insanas exceto
uma conclusão insana? O modo de desfazer uma conclusão insana é considerar a sanidade das premissas em que se baseia. Tu
não podes ser atacado, o ataque não tem justificativa e tu és responsável por aquilo em que acreditas.
2. Foi pedido a ti que me tomasse como teu modelo de aprendizado, já que um exemplo extremo é particularmente útil como instru-
mento de aprendizado. Todo mundo ensina e ensina o tempo todo. Essa é uma responsabilidade que assumes inevitavelmente no
momento em que aceitas qualquer premissa e ninguém pode organizar a própria vida sem algum sistema de pensamento. Uma vez
que tenhas desenvolvido qualquer sistema de pensamento, vives em função dele e o ensinas. A tua capacidade de te aliares a um
sistema de pensamento pode estar mal colocada, mas ainda assim é uma forma de fé e pode ser redirigida.

I. A mensagem da crucificação
1. Com o propósito de aprender, vamos considerar mais uma vez a crucificação. Eu não me alonguei nisso antes devido às conota-
ções amedrontadoras que podes associar a ela. A única ênfase que lhe foi dada até aqui tem sido dizer que não é uma forma de
punição. Porém, nada pode ser explicado somente em termos negativos. Há urna interpretação positiva da crucificação que está
totalmente destituída de medo e, portanto, é totalmente benigna no que ensina se é propriamente compreendida.
2. A crucificação nada mais é senão um exemplo extremo. Seu valor, como o valor de qualquer instrumento de ensino, está apenas
no tipo de aprendizado que facilita. Pode ser e tem sido compreendida de forma equivocada. Isso se deu somente porque aqueles
que têm medo estão predispostos a perceber temerosamente. Eu já te disse que podes sempre recorrer a mim para compartilhar a
minha decisão e assim fortalecê-la. Eu também te disse que a crucificação foi a última jornada inútil que a Filiação precisa fazer e
que representa a liberação do medo para qualquer pessoa que a compreenda. Embora anteriormente eu só tenha dado ênfase à
ressurreição, o propósito da crucificação e como ela, de fato, conduziu à ressurreição não foi ainda esclarecido. No entanto, ela tem
uma contribuição definitiva a fazer para a tua própria vida e se a considerares sem medo, ela te ajudará a compreender o teu próprio
papel como professor.
3. É provável que por muitos anos tenhas reagido como se estivesses sendo crucificado. Essa é uma tendência marcante dos sepa-
rados, que sempre se recusam a considerar o que têm feito a si mesmos. Projeção significa raiva, raiva fomenta agressão e agres-
são promove medo. A significação real da crucificação está na intensidade aparente da agressão de alguns dos Filhos de Deus a
outro. Isso, é claro, é impossível e tem que ser inteiramente compreendido como impossível. De outro modo, eu não posso servir
como um modelo para o aprendizado.
4. A agressão, em última instância, só pode ser feita ao corpo. Não há muita dúvida de que um corpo pode agredir um outro e pode
até mesmo destruí-lo. Mas, se a própria destruição é impossível, qualquer coisa que seja destrutível não pode ser real. Sua destrui-
ção, portanto, não justifica raiva. Na medida em que acreditas que justifica, estás aceitando falsas premissas e ensinando-as a ou-
tros. A mensagem que a crucificação pretendia ensinar era a de que não é necessário que se perceba nenhuma forma de agressão
na perseguição, porque não podes ser perseguido. Se respondes com raiva, não podes deixar de estar te igualando ao que é destru-
tível e, portanto, considerando a ti mesmo de forma insana.
5. Tenho tornado perfeitamente claro que eu sou como tu e que és como eu, mas a nossa igualdade fundamental só pode ser de-
monstrada através de uma decisão conjunta. És livre para perceber a ti mesmo como um perseguido, se assim escolheres. Contudo,
quando escolhes reagir desse modo poderias te lembrar que, segundo o julgamento do mundo, eu fui perseguido e não compartilhei
dessa avaliação de mim mesmo. E porque não a compartilhei, não a fortaleci. Ofereci, portanto, uma interpretação diferente do ata-
que, interpretação essa que quero compartilhar contigo. Se acreditares nela, vais me ajudar a ensiná-la.
6. Como eu já disse, "Assim como ensinas, aprenderás." Se reages como se estivesses sendo perseguido, estás ensinando a perse-
guição. Essa não é uma lição que um Filho de Deus deva querer
ensinar se quer realizar a sua própria salvação. Ao invés disso, ensina a tua própria imunidade perfeita que é a verdade em ti, e reco-
nhece que ela não pode ser atacada. Não tentes protegê-la tu mesmo, ou estarás acreditando que ela é atacável. Não te é pedido
que sejas crucificado, o que foi parte da minha própria contribuição para o ensino. A ti está sendo pedido meramente que sigas o
meu exemplo diante de tentações muito menos extremas de perceber de forma equivocada e que não as aceites como falsas justifi-
cativas para a raiva. Não pode haver justificativa para o injustificável. Não acredites que haja e nem ensines que há. Lembra-te sem-
pre de que aquilo em que acreditas tu ensinarás. Acredita comigo e nós viremos a ser iguais como professores.
7. A tua ressurreição é o teu re-despertar. Eu sou o modelo para o renascimento, mas o renascimento em si é apenas o alvorecer na
tua mente do que já está presente nela. O próprio Deus o colocou aí e, portanto, ele é verdadeiro para sempre. Eu acreditei nele e
por conseguinte aceitei-o como verdadeiro para mim. Ajuda-me a ensiná-lo aos nossos irmãos em nome do Reino de Deus, mas
antes acredites que é verdadeiro para ti ou estarás ensinando erroneamente. Meus irmãos dormiram durante a assim chamada "a-
gonia no jardim", mas eu não poderia ter tido raiva porque sabia que não poderia ser abandonado.
8. Eu lamento quando meus irmãos não compartilham a minha decisão de ouvir apenas uma Voz, porque isso os enfraquece como
professores e como aprendizes. No entanto, eu sei que não podem realmente trair a si mesmos ou a mim, e que ainda é sobre eles
que devo edificar a minha igreja. Não há escolha nisso, porque só tu podes ser o fundamento da igreja de Deus. Só há uma igreja

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UM CURSO EM MILAGRES
aonde há um altar e é a presença do altar que faz com que a igreja seja santa. Uma igreja que não inspira amor tem um altar escon-
dido, que não está servindo ao propósito para o qual Deus o destinou. Eu tenho que fundar a Sua igreja sobre ti, porque aqueles que
me aceitam como modelo são literalmente meus discípulos. Discípulos são seguidores e, se o modelo que seguem escolheu preser-
vá-los da dor em todos os aspectos, não seria sábio da parte deles não segui-lo.
9. Escolhi, para o teu bem e o meu, demonstrar que a agressão mais ultrajante segundo o julgamento do ego não importa. Segundo o
julgamento do mundo sobre essas coisas, mas não segundo o conhecimento de Deus, eu fui traído, abandonado, espancado, ras-
gado e finalmente morto. Estava claro que isso somente aconteceu devido à projeção de outros sobre mim, já que eu não causei
dano a ninguém e curei a muitos.
10. Ainda somos iguais como aprendizes, embora não seja necessário que tenhamos experiências iguais. O Espírito Santo fica con-
tente quando consegues aprender com as minhas e ser re-despertado através delas. Esse é o seu único propósito e esse é o único
modo no qual eu posso ser percebido como o caminho, a verdade e a vida. Quando ouves apenas uma Voz, nunca és chamado para
o sacrifício. Ao contrário, por seres capaz de ouvir o Espírito Santo nos outros, podes aprender com as suas experiências e ganhar
por meio delas, mesmo sem vivenciá-las diretamente. Isso acontece porque o Espírito Santo é um e qualquer pessoa que escute é
inevitavelmente conduzida a demonstrar o Seu caminho para todos.
11. Tu não és perseguido e nem eu fui. Não te é pedido que repitas as minhas experiências porque o Espírito Santo, a Quem com-
partilhamos, faz com que isso seja desnecessário. Porém, para usares as minhas experiências construtivamente, ainda tens que
seguir o meu exemplo na forma de percebê-las. Os meus irmãos e os teus estão constantemente engajados em justificar o injustifi-
cável. A minha única lição, que eu tenho que ensinar como aprendi, é que nenhuma percepção que esteja em desacordo com o jul-
gamento do Espírito Santo pode ser justificada. Eu assumi mostrar que isso foi verdadeiro em um caso extremo, meramente porque
dessa forma serviria como um bom recurso de ensino para aqueles cuja tentação de se entregar à raiva e à agressão não seria tão
extrema. Minha vontade unida à de Deus é que nenhum de Seus Filhos sofra.
12. A crucificação não pode ser compartilhada porque é o símbolo da projeção, mas a ressurreição é o símbolo do compartilhar por-
que o re-despertar de cada Filho de Deus é necessário para que a Filiação seja capaz de conhecer a sua integridade. Só isso é co-
nhecimento.
13. A mensagem da crucificação é perfeitamente clara:
Ensina só amor, pois é isso que tu és.
14. Se interpretares a crucificação de qualquer outro modo, tu a estás usando como uma arma para agredir em vez do chamado para
a paz para o qual ela foi destinada. Os Apóstolos muitas vezes a compreenderam de forma equivocada pela mesma razão que qual-
quer pessoa a compreende de forma equivocada. Como o próprio amor que tinham era imperfeito, isso fez com que fossem vulnerá-
veis à projeção e em função de seu próprio medo, falaram da "ira de Deus" como Sua arma de retaliação. E nem poderiam falar da
crucificação inteiramente sem raiva, porque seu senso de culpa tinha-os tornado raivosos.
15. Esses são alguns dos exemplos de pensamento invertido no Novo Testamento, embora seu evangelho seja realmente só a men-
sagem do amor. Se os Apóstolos não tivessem se sentido culpados, nunca poderiam ter me citado como se eu tivesse dito "Não vim
trazer paz, mas uma espada." Isso é claramente o oposto de tudo o que eu ensinei. Nem poderiam ter descrito as minhas reações a
Judas como o fizeram, se tivessem realmente me compreendido. Eu não poderia ter dito "Com um beijo traís o Filho do Homem?", a
não ser que eu acreditasse em traição. Toda a mensagem da crucificação era simplesmente que eu não acreditava. A "punição" que
se diz que eu invoquei para Judas é outro equívoco similar. Judas era meu irmão e um Filho de Deus, tão parte da Filiação qua nto
eu mesmo. Seria provável que eu o tivesse condenado quando estava pronto para demonstrar que a condenação é impossível?
16. Quando leres os ensinamentos dos Apóstolos, lembra-te de que eu próprio lhes disse que havia muita coisa que iriam com-
preender mais tarde, porque não estavam totalmente prontos para me seguir naquela ocasião. Eu não quero que permitas que qual-
quer medo entre no sistema de pensamento rumo ao qual eu estou te guiando. Não estou chamando mártires, mas professores.
Ninguém é punido por pecados e os Filhos de Deus não são pecadores. Qualquer conceito de punição envolve a projeção da acusa-
ção e reforça a idéia de que a acusação é justificada. O resultado é uma lição de acusação pois todo comportamento ensina as
crenças que o motivam. A crucificação foi o resultado de sistemas de pensamento claramente opostos, o símbolo perfeito do "confli-
to" entre o ego e o Filho de Deus. Esse conflito parece ser agora tão real quanto antes e suas lições têm que ser aprendidas agora,
assim como naquele tempo.
17. Eu não preciso de gratidão, mas tu precisas desenvolver a tua capacidade enfraquecida de ser grato, ou não podes apreciar a
Deus. Ele não precisa da tua apreciação, mas tu sim. Não podes amar o que não aprecias, pois o medo faz com que a apreciação
seja impossível. Quando tens medo do que tu és, não o aprecias e portanto irás rejeitá-lo. Como resultado, vais ensinar a rejeição.
18. O poder dos Filhos de Deus está presente todo o tempo, porque foram criados como criadores. A influência de uns sobre os ou-
tros é sem limites e tem que ser usada para a sua salvação conjunta. Cada um tem que aprender a ensinar que todas as formas de
rejeição são sem significado. A separação é a noção de rejeição. Enquanto ensinares isso, acreditarás nisso. Não é assim que Deus
pensa e tu tens que pensar como Ele se queres conhecê-Lo outra vez.
19. Lembra-te de que o Espírito Santo é o elo de comunicação entre Deus Pai e os Seus Filhos separados. Se escutares a Sua Voz
saberás que não podes ferir nem ser ferido e que muitos precisam da tua bênção para ajudá-los a ouvir isso por si mesmos. Quando
perceberes essa única necessidade neles e não responderes a nenhuma outra, terás aprendido comigo e estarás tão ansioso para
compartilhar o teu aprendizado quanto eu estou.

II. A alternativa para a projeção


1. Qualquer divisão na mente envolve necessariamente a rejeição de alguma parte dela e essa é a crença na separação. A integrida-
de de Deus, que é a Sua paz, não pode ser apreciada exceto por uma mente íntegra que reconheça a integridade da criação de
Deus. Nesse reconhecimento, ela conhece seu Criador. Exclusão e separação são sinônimos, assim como separação e dissociação.
Dissemos anteriormente que separação era e é dissociação e uma vez que ocorre, a sua principal defesa ou o dispositivo que a
mantém é a projeção. A razão disso, porém, pode não ser tão óbvia quanto pensas.
2. O que tu projetas, desaproprias e, portanto, não acreditas que seja teu. Tu estás te excluindo por te julgares diferente daquele
sobre o qual projetas. Já que também julgaste contra o que projetas, continuas atacando-o porque continuas a mantê-lo separado.

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UM CURSO EM MILAGRES
Fazendo isso inconscientemente, tentas manter o fato de que atacaste a ti mesmo fora da tua consciência e assim imaginas teres te
posto a salvo.
3. Entretanto, a projeção sempre vai ferir-te. Ela reforça a tua crença em tua própria mente dividida e seu único propósito é manter a
separação. É apenas um instrumento do ego para fazer com que te sintas diferente dos teus irmãos e separado deles. O ego justifica
isso alegando que faz com que te sintas "melhor" do que eles, assim obscurecendo ainda mais a tua igualdade em relação a eles.
Projeção e ataque estão inevitavelmente relacionados porque a projeção é sempre um meio de justificar o ataque. Raiva sem proje-
ção é impossível. O ego usa a projeção só para destruir a tua percepção tanto de ti próprio quanto de teus irmãos. O processo co-
meça com a exclusão de algo que existe em ti, mas que não queres, e te conduz diretamente a excluir-te dos teus irmãos.
4. Nós aprendemos, no entanto, que há uma alternativa para a projeção. Cada capacidade do ego é passível de melhor uso, porque
suas capacidades são dirigidas pela mente que tem uma Voz melhor. O Espírito Santo estende e o ego projeta. Como as suas metas
são opostas, assim também é o resultado.
5. O Espírito Santo começa por perceber-te perfeito. Sabendo que essa perfeição é compartilhada, Ele a reconhece em outros, assim
fortalecendo-a em ambos. Em lugar de raiva, isso desperta amor por ambos, pois estabelece a inclusão. Percebendo a igualdade, o
Espírito Santo percebe necessidades iguais. Isso automaticamente convida a Expiação, uma vez que a Expiação é a única necessi-
dade nesse mundo que é universal. Perceber a ti mesmo deste modo é o único modo pelo qual podes achar felicidade no mundo.
Isso é assim porque é o reconhecimento de que não estás nesse mundo, pois o mundo é infeliz.
6. De que outra maneira podes achar alegria em um local sem alegria, exceto reconhecendo que não é lá que estás? Não podes
estar em lugar algum a menos que Deus tenha te posto lá, pois Deus te criou como parte Dele. Isso inclui o que tu és e onde estás.
Isso é completamente inalterável. Isso é inclusão total. Tu não podes mudar isso nem agora nem nunca. Isso é para sempre verda-
deiro. Não é uma crença, mas um Fato. Qualquer coisa criada por Deus é tão verdadeira quanto Ele é. Sua verdade está apenas em
sua perfeita inclusão Nele, o único Que é perfeito. Negar isso é negar a ti mesmo e a Ele, posto que é impossível aceitar um sem o
outro.
7. A igualdade perfeita da percepção do Espírito Santo é o reflexo da igualdade perfeita do conhecimento de Deus. Não há equiva-
lente em Deus para a percepção do ego, mas o Espírito Santo permanece sendo a ponte entre percepção e conhecimento. Ca-
pacitando-te a usar a percepção de um modo que reflita o conhecimento, vais, em última instância, lembrar-te dele. O ego preferiria
acreditar que essa memória é impossível, no entanto, é a tua percepção que o Espírito Santo guia. A tua percepção vai terminar on-
de começou. Todas as coisas se encontram em Deus, porque tudo foi criado por Ele e Nele.
8. Deus criou Seus Filhos estendendo o Seu Pensamento e retendo as extensões do Seu Pensamento em Sua Mente. Todos os
Seus Pensamentos são assim perfeitamente unidos entre si e em si mesmos. O Espírito Santo te capacita a perceber essa integri-
dade agora. Deus te criou para criar. Não podes estender o Seu Reino enquanto não conheceres a sua integridade.
9. Os pensamentos têm início na mente de quem pensa, de onde alcançam o que está fora. Isso é tão verdadeiro em relação ao
Pensamento de Deus quanto em relação ao teu. Como a tua mente está dividida, podes perceber assim como pensar. Entretanto, a
percepção não pode escapar das leis básicas da mente. Tu percebes a partir da tua mente e projetas as tuas percepções para fora.
Embora qualquer tipo de percepção seja irreal, tu a fizeste e portanto o Espírito Santo pode fazer bom uso dela. Ele pode inspirar a
percepção e conduzi-la para Deus. Essa convergência só parece estar no futuro distante porque a tua mente não está perfeitamente
alinhada com a idéia e, portanto, tu não a queres agora.
10. O Espírito Santo usa o tempo, mas não acredita nele. Como Ele veio de Deus, usa todas as coisas para o bem e não acredita no
que não é verdadeiro. Como o Espírito Santo está na tua mente, a tua mente também só pode acreditar no que é verdadeiro. O Espí-
rito Santo só pode falar em favor disso, porque fala por Deus. Ele te diz para voltar toda a tua mente para Deus, porque ela nunca O
deixou. Se a mente nunca O deixou, só precisas percebê-la como é e já terás retornado. Assim sendo, a consciência plena da Expi-
ação é o reconhecimento de que a separação nunca ocorreu. O ego não pode prevalecer contra isso porque é uma declaração ex-
plícita de que o ego nunca ocorreu.
11. O ego pode aceitar a idéia de que o retorno é necessário porque pode muito facilmente fazer com que a idéia pareça difícil. En-
tretanto, o Espírito Santo te diz que mesmo o retorno é desnecessário, porque o que nunca aconteceu não pode ser difícil. Apesar
disso, podes fazer com que a idéia do retorno seja tão necessária quanto difícil. Porém, certamente está claro que o perfeito não
necessita de nada e tu não podes experimentar a perfeição como uma realização difícil, porque isso é o que tu és. Se deste modo
que tens que perceber as criações de Deus, trazendo todas as tuas percepções para a única linha que o Espírito Santo vê. Essa
linha é a linha direta de comunicação com Deus que permite à tua mente convergir com a Sua. Não há conflito em nenhum ponto
dessa percepção, porque ela significa que toda percepção é guiada pelo Espírito Santo, Cuja Mente está fixa em Deus. Só o Espírito
Santo pode resolver conflitos, porque só o Espírito Santo está livre do conflito. Ele percebe apenas o que é verdadeiro em tua mente
e o estende apenas para o que é verdadeiro em outras mentes.
12. A diferença entre a projeção do ego e a extensão do Espírito Santo é muito simples. O ego projeta para excluir e, portanto, para
enganar. O Espírito Santo estende por reconhecer a Si mesmo em cada mente e assim percebe-as como uma só. Nada está em
conflito nesta percepção, porque na percepção do Espírito Santo todos são o mesmo. Aonde quer que Ele olhe, vê a Si Mesmo e
porque está unido oferece sempre todo o Reino. Essa é a única mensagem que Deus deu a Ele e em nome da qual Ele tem que
falar, porque é isso o que Ele é. A paz de Deus está nesta mensagem, assim a paz de Deus está em ti. A grande paz do Reino brilha
na tua mente para sempre, mas ela tem que brilhar em direção ao que está fora para fazer com que fiques ciente dela.
13. O Espírito Santo te foi dado com perfeita imparcialidade e só reconhecendo-O imparcialmente podes reconhecê-Lo. O ego é le-
gião, mas o Espírito Santo é um. Em parte alguma do Reino habita a escuridão, mas a tua parte é apenas a de não permitires que a
escuridão habite em tua própria mente.
Esse alinhamento com a luz é ilimitado, pois está em alinhamento com a luz do mundo. Cada um de nós é a luz do mundo e unindo
as nossas mentes nesta luz, proclamamos o Reino de Deus juntos e como um só.

III. Como abandonar o ataque


1. Como já enfatizamos, toda idéia tem início na mente de quem a pensa. Portanto, o que se estende da mente ainda está nela e ela
conhece a si mesma por aquilo que estende. A palavra "conhecer" está correta aqui, porque o Espírito Santo ainda mantém o conhe-
cimento a salvo em tua mente através da Sua percepção imparcial. Por não atacar nada, Ele não apresenta nenhuma barreira para a

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UM CURSO EM MILAGRES
comunicação de Deus. Portanto, o que é, nunca é ameaçado. A tua mente, que é como a de Deus, não pode jamais ser profanada.
O ego nunca foi nem nunca será parte dela, mas através do ego tu podes ouvir, ensinar e aprender o que não é verdadeiro. Tu tens
te ensinado a acreditar que não és o que és.
Não podes ensinar o que não aprendeste e o que ensinas, tu fortaleces em ti mesmo porque o estás compartilhando. Cada lição que
ensinas, tu estás aprendendo.
2. É por isso que tens que ensinar apenas uma lição. Se é que vais ser livre de todo conflito, tens que aprender só com o Espírito
Santo e tens que ensinar só através Dele. Tu és só amor, mas quando negas isso, fazes do que és algo que tens que aprender a
lembrar. Eu já disse que a mensagem da crucificação foi "Ensina só amor, pois é isso o que tu és." Essa é a única lição perfeita-
mente unificada, pois é a única lição que é una. Só ensinando-a podes aprendê-la. "Conforme ensinas, assim aprenderás." Se isso é
verdadeiro e, de fato, é verdadeiro, não te esqueças de que o que tu ensinas está ensinando a ti mesmo. E naquilo que projetas ou
estendes, tu acreditas.
3. A única segurança está em estender o Espírito Santo, porque na medida em que vês a Sua gentileza nos outros, a tua própria
mente percebe a si mesma como totalmente inofensiva. Uma vez que possa aceitar isso plenamente, ela não vê nenhuma necessi-
dade de se proteger. A proteção de Deus então desponta sobre ela, assegurando-lhe estar perfeitamente segura para sempre. Os
que são perfeitamente seguros são totalmente benignos. Eles abençoam porque sabem que são abençoados. Sem ansiedade, a
mente é totalmente benigna e porque estende beneficência, é beneficente. A segurança é o abandono completo do ataque. Nenhu-
ma transigência é possível nisso. Ensina o ataque, em qualquer forma, e tu o terás aprendido e serás ferido por ele. Porém, esse
aprendizado não é imortal e podes desaprendê-lo deixando de ensiná-lo.
4. Já que não podes deixar de ensinar, a tua salvação está em ensinar exatamente o oposto de tudo aquilo em que o ego acredita. É
deste modo que vais aprender a verdade que vai libertar-te e manter-te livre enquanto os outros a aprendem de ti. O único caminho
para se ter paz é ensinar a paz. Ensinando a paz, tu mesmo tens que aprendê-la, porque não podes ensinar o que ainda dissocias.
Só assim podes ganhar de volta o conhecimento que jogaste fora. Tu tens que ter uma idéia para compartilhá-la.
Ela desperta na tua mente através da convição que vem de ensiná-la. Tudo o que ensinas, estás aprendendo. Ensina só amor e a-
prende que o amor é teu e que tu és amor.

IV A única resposta
1. Lembra-te que o Espírito Santo é a Resposta, não a pergunta. O ego sempre fala em primeiro lugar. É caprichoso e não quer o
bem do seu autor. Ele acredita e corretamente, que o seu autor pode retirar seu apoio a qualquer momento. Se ele te quisesse bem,
ficaria contente, assim como o Espírito Santo ficará contente quando tiver te trazido para casa e não mais necessitares da Sua orien-
tação. O ego não se considera parte de ti. Aí está seu erro primário, o fundamento de todo o seu sistema de pensamento.
2. Quando Deus te criou, Ele fez de ti parte de Si próprio. É por isso que o ataque é impossível dentro do Reino. Fizeste o ego sem
amor e, portanto, ele não te ama. Não poderias permanecer dentro do Reino sem amor e uma vez que o Reino é amor, tu acreditas
que estás sem ele. Isso faz com que o ego se considere separado e pense que está fora do seu autor, assim falando pela parte da
tua mente que acredita que tu estás separado e fora da Mente de Deus. O ego então levantou a primeira questão jamais colocada,
questão essa que ele nunca pode responder. Essa questão - "O que és tu?" - foi o começo da dúvida. O ego nunca respondeu a
nenhuma questão desde então, embora tenha levantado um grande número delas. 'As mais inventivas atividades do ego nunca fize-
ram mais do que obscurecer a questão, porque tu tens a resposta e o ego tem medo de ti.
3. Tu não podes compreender o conflito enquanto não compreenderes o fato básico de que o ego não pode conhecer coisa alguma.
O Espírito Santo não fala em primeiro lugar, mas Ele sempre responde. Todos já apelaram para Ele querendo ajuda em uma ou outra
ocasião, de uma ou de outra forma e têm sido respondidos. Como o Espírito Santo responde verdadeiramente, Ele responde para
todo o sempre, o que significa que todos têm a resposta agora.
4. O ego não é capaz de ouvir o Espírito Santo, mas acredita que parte da mente que o fez está contra ele. Interpreta isso como uma
justificativa para atacar seu autor. Ele acredita que a melhor forma de defesa é o ataque e quer que tu acredites nisso. A não ser que
acredites, não estarás do seu lado e o ego sente grande necessidade de aliados, embora não de irmãos. Percebendo alguma coisa
estranha a si mesmo dentro da tua mente, o ego volta-se para o corpo como seu aliado, porque o corpo não é parte de ti. Isso faz do
corpo o amigo do ego. É uma aliança abertamente baseada na separação. Se estiveres de acordo com essa aliança, sentirás medo,
porque estás a favor de uma aliança de medo.
5. O ego usa o corpo para conspirar contra a tua mente, e porque o ego reconhece que seu "inimigo" pode acabar com ambos mera-
mente reconhecendo que ambos não são parte de ti, eles se unem no ataque conjunto. Talvez essa seja a mais estranha de todas as
percepções, se considerares o que ela realmente envolve. O ego, que não é real, tenta persuadir a mente, que é real, de que a men-
te é o instrumento de aprendizado do ego; e além disso de que o corpo é mais real do que a mente. Ninguém em sua mente certa
poderia acreditar nisso e ninguém em sua mente certa acredita nisso.
6. Ouve, então, a única resposta do Espírito Santo para todas as questões que o ego levanta: tu és uma criança de Deus, uma parte
inestimável de Seu Reino, que Ele criou como parte de Si Mesmo. Nada mais existe e só isso é real. 3ens escolhido um sono no
qual tens tido sonhos ruins, mas esse sono não é real e Deus te chama para despertar. 4Não sobrará nada do teu sonho quando tu
O ouvires, porque despertarás. Os teus sonhos contêm muitos dos símbolos do ego e eles te confundiram. Entretanto, isso só acon-
teceu porque estavas dormindo e não sabias. Quando acordares, verás a verdade em torno de ti e em ti e não mais acreditarás em
sonhos, porque não terão nenhuma realidade para ti. No entanto, o Reino e tudo o que lá tens criado terão grande realidade para ti
porque são bonitos e verdadeiros.
7. No Reino, há certeza perfeita quanto ao lugar aonde estás e quanto ao que és. Não há nenhuma dúvida, porque a primeira ques-
tão nunca foi perguntada. Tendo afinal sido totalmente respondida, ela nunca existiu. Só o que é vive no Reino, onde tudo vive em
Deus sem questionamento. O tempo gasto com questionamentos no sonho cedeu lugar à criação e à sua eternidade. A tua certeza é
como a de Deus porque és tão verdadeiro quanto Ele é, mas o que uma vez foi certo em tua mente veio a ser apenas a capacidade
para a certeza.
8. A introdução das capacidades no que é, foi o início da incerteza porque as capacidades são potenciais, não realizações. As tuas
capacidades são inúteis na presença das realizações de Deus e também das tuas. As realizações são resultados que foram atingi-

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UM CURSO EM MILAGRES
dos. Quando são perfeitos, as capacidades são sem significado. É curioso que o perfeito agora tenha que ser aperfeiçoado. De fato,
isso é impossível. Lembra-te, porém, que quando te pões em uma situação impossível, acreditas que o impossível é possível.
9. As capacidades têm que ser desenvolvidas antes que possas usá-las. Isso não é verdadeiro em relação a coisa alguma que Deus
tenha criado, mas é a solução mais benigna possível para o que tu fizeste. Em uma situação impossível, podes desenvolver as tuas
capacidades a ponto de poderem fazer-te sair disso. Tens um Guia para mostrar-te como desenvolvê-las, mas não tens outro co-
mandante a não ser tu mesmo. Isso te deixa a cargo do Reino, tendo ambos: um Guia para achá-lo e um meio para conservá-lo.
Tens um modelo a seguir que fortalecerá o teu comando e nunca te desviará dele de modo algum. Portanto, tu és aquele que retém
o lugar central na tua escravidão imaginada, que em si mesma demonstra que não estás escravizado.
10. Estás em uma situação impossível só porque pensas que é possível estar. Estarias em uma situação impossível se Deus te mos-
trasse a tua perfeição e te provasse que estavas errado. Isso demonstraria que os perfeitos são inadequados para trazer a si mes-
mos à consciência da própria perfeição, e assim estaria de acordo com a crença segundo a qual aqueles que têm tudo precisam de
ajuda e, portanto, são impotentes. Esse é o tipo de "raciocínio" em que se engaja o ego. Deus, Que sabe que as Suas criações são
perfeitas, não as afronta. Isso seria tão impossível quanto a noção do ego que pensa tê-Lo afrontado.
11. É por isso que o Espírito Santo nunca comanda. Comandar é assumir a desigualdade, que o Espírito Santo demonstra que não
existe. A fidelidade à premissas é uma lei da mente e tudo o que Deus criou é fiel às Suas leis. Porém a fidelidade a outras leis é
também possível, não porque as leis sejam verdadeiras, mas porque tu as fizeste. O que seria ganho se Deus te provasse que tens
pensado de modo insano? É possível que Deus perca a Sua própria certeza? Eu disse freqüentemente que o que tu ensinas, tu és.
Quererias tu que Deus te ensinasse que tens pecado? Se Ele confrontasse o ser que tu fizeste com a verdade que Ele criou para ti,
o que poderias ser senão medroso? Duvidarias da tua mente certa, que é o único lugar onde podes achar a sanidade que Deus te
deu.
12. Deus não ensina. Ensinar implica uma falta, que Deus sabe que não existe. Deus não é conflitado. O ensino tem por objetivo a
mudança, mas Deus apenas criou o imutável. A separação não foi uma perda da perfeição, mas um fracasso na comunicação. Uma
forma de comunicação áspera e estridente surgiu como a voz do ego. Ela não podia estilhaçar a paz de Deus, mas podia estilhaçar a
tua. Deus não a silenciou, porque erradicá-la seria atacá-la. Sendo questionado, Ele não questionou. Simplesmente deu a Resposta.
A Sua Resposta é o teu Professor.

V As lições do Espírito Santo


1. Como qualquer bom professor, o Espírito Santo conhece mais do que tu agora, mas só ensina para fazer com que sejas igual a
Ele. Já havias ensinado errado a ti mesmo, tendo acreditado no que não era verdadeiro. 'Não acreditaste na tua própria perfeição.
Iria Deus ensinar-te que tinhas feito uma mente dividida quando Ele só conhece a tua mente íntegra? O que Deus sabe é
que Seus canais de comunicação não estão abertos para Ele, de modo que Ele não pode transmitir a Sua alegria e saber que Suas
crianças são totalmente alegres. A doação da Sua alegria é um processo em andamento, não no tempo, mas na eternidade. A exten-
são de Deus para fora, embora não a Sua completeza, é bloqueada quando a Filiação não se comunica com Ele como um só. Assim
Ele pensou: "Minhas crianças dormem e têm que ser despertadas‖.
2. Como se pode despertar crianças de maneira mais benigna do que com uma Voz gentil Que não as assustará, mas apenas lhes
lembrará que terminou a noite e veio a luz? Tu não as informas de que os pesadelos que tanto as assustaram não eram reais, por-
que crianças acreditam em mágica. Meramente asseguras a elas de que agora estão a salvo. Então, tu as treinas para que reconhe-
çam a diferença entre estar dormindo e estar desperto, de forma que compreendam que não precisam ter medo de sonhos. Assim,
quando vêm os sonhos maus, por si mesmas chamarão a luz para dispersá-los.
3. Um professor sábio ensina através da aproximação e não pela abstenção. Não enfatiza o que tem que ser evitado de modo a es-
capar dos danos, mas o que precisa ser aprendido para se ter alegria. Considera o medo e a confusão que uma criança experi-
mentaria se lhe fosse dito: "Não faças isso porque vai machucar-te e não estarás a salvo; mas se em vez disso fizeres aquilo, esca-
parás do dano, estarás a salvo e assim não sentirás medo." Com certeza, é melhor usar só três palavras: "Faze apenas isso." Essa
simples afirmação é perfeitamente clara, facilmente compreendida e muito facilmente lembrada.
4. O Espírito Santo nunca faz uma lista dos erros porque não assusta as crianças e aqueles a quem falta juízo são crianças. En-
tretanto, Ele sempre responde aos seus chamados e Sua fidedignidade faz com que elas tenham mais certeza. As crianças, de fato,
confundem fantasia e realidade e se assustam porque não reconhecem a diferença. O Espírito Santo não faz nenhuma distinção
entre sonhos. Simplesmente os ilumina, afastando-os. A Sua luz é sempre o chamado para o despertar, seja o que for que estejas
sonhando. Não há nada que perdure nos sonhos e o Espírito Santo, brilhando com a luz do próprio Deus, fala apenas em favor da-
quilo que perdura para sempre.
A. Para ter, dá tudo a todos
1. Quando o teu corpo, o teu ego e os teus sonhos se forem, saberás que durarás para sempre. Talvez penses que isso se realize
através da morte, mas nada é realizável através da morte, porque a morte não é nada. 3Tudo é realizado através da vida e a vida é
da mente e está na mente. O corpo nem vive nem morre, porque não pode conter a ti, que és vida. 5Se nós compartilhamos a mes-
ma mente, tu podes superar a morte porque eu a superei. A morte é uma tentativa de resolver o conflito sem decidir nada. Como
qualquer das outras soluções impossíveis que o ego tenta, essa não vai funcionar.
2. Deus não fez o corpo porque ele pode ser destruído e, portanto, não é do Reino. O corpo é o símbolo do que pensas que és. É
com toda a clareza um instrumento de separação e portanto não existe. O Espírito Santo, como sempre, toma o que tu fizeste e o
traduz em um instrumento de aprendizado. Mais uma vez, como sempre, Ele re-interpreta o que o ego usa como argumento para a
separação como uma demonstração contra isso. Se a mente pode curar o corpo, mas o corpo não pode curar a mente, nesse caso,
a mente tem que ser mais forte do que o corpo. Todo milagre demonstra isso.
3. Eu já disse que o Espírito Santo é a motivação para os milagres. Ele sempre te diz que só a mente é real, porque só a mente pode
ser compartilhada. O corpo é separado e, portanto, não pode ser parte de ti. Ser uma única mente tem significado, mas ser um único
corpo não tem. Nesse caso, pelas leis da mente, o corpo é sem significado.
4. Para o Espírito Santo não há ordem de dificuldades em milagres. Isso já te é bastante familiar a essa altura, mas ainda não veio a
ser verossímil. Portanto, não compreendes e não podes usar isso. Nós temos muito a realizar em favor do Reino para deixar esse
conceito crucial passar despercebido. É realmente uma pedra fundamental do sistema de pensamento que eu ensino e quero que tu
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UM CURSO EM MILAGRES
ensines. Não podes apresentar milagres sem acreditar nisso, porque essa é a crença na perfeita igualdade. Só uma dádiva igual
pode ser oferecida aos Filhos iguais de Deus e isso é apreciação plena. Nada mais e nada menos. Sem uma escala, a ordem de
dificuldades não tem significado e não deve haver nenhuma escala naquilo que ofereces ao teu irmão.
5. O Espírito Santo, Que conduz a Deus, traduz a comunicação naquilo que é, do mesmo modo que Ele em última instância traduz
percepção em conhecimento. Tu não perdes o que comunicas. O ego usa o corpo para o ataque, para o prazer e para o orgulho. A
insanidade dessa percepção faz com que ela seja, de fato, amedrontadora. O Espírito Santo vê o corpo só como um meio de comu-
nicação e como comunicar é compartilhar, ele vem a ser comunhão. Talvez penses que o medo, assim como o amor, pode ser co-
municado e, portanto, compartilhado. No entanto, isso não é tão real como pode parecer. Aqueles que comunicam o medo estão
promovendo o ataque e o ataque sempre quebra a comunicação, fazendo com que ela seja impossível. Os egos de fato se unem em
aliança temporária, mas sempre em função do que cada um pode conseguir separadamente. O Espírito Santo só comunica o que
cada um pode dar a todos. Ele nunca toma coisa alguma de volta porque quer que tu a conserves. Portanto. Seu ensinamento co-
meça com a lição:
Para ter, dá tudo a todos.
6. Esse é um passo muito preliminar e o único que tens que dar por conta própria. Não é nem mesmo necessário que completes esse
passo por ti mesmo, mas é necessário que te voltes nesta direção. Tendo escolhido ir por esse caminho, te colocas no comando da
jornada onde tu e somente tu tens que permanecer. Esse passo pode aparentar exacerbar o conflito ao invés de resolvê-lo, porque é
o passo inicial para reverter a tua percepção e virá-Ia de cabeça para cima. Isso entra em conflito com a percepção invertida que
ainda não abandonaste, ou não teria sido necessária a mudança de direção. Algumas pessoas permanecem nesse ponto durante
um longo tempo, experimentando um conflito muito agudo. A essa altura, podem tentar aceitar o conflito ao invés de dar o próximo
passo para a sua resolução. Tendo dado o primeiro passo, porém, serão ajudadas. Uma vez tendo escolhido o que não podem com-
pletar sozinhas, não estão mais sozinhas.
B. Para ter paz, ensina a paz para aprendê-la
1. Todas as pessoas que acreditam na separação têm um medo básico de retaliação e abandono. Acreditam em ataque e rejeição de
modo que é isso que percebem, ensinam e aprendem. Essas idéias insanas são claramente o resultado da dissociação e da pro-
jeção. O que ensinas, tu és, mas é bastante evidente que podes ensinar errado e podes, portanto, ensinar errado a ti mesmo. Muitos
pensaram que eu os estava atacando, embora fosse evidente que não estava. Um aprendiz insano aprende lições estranhas. 'O que
tens que reconhecer é que quando não compartilhas um sistema de pensamento, tu o estás enfraquecendo. Aqueles que acreditam
nele, portanto, percebem isso como um ataque a si próprios. Isso porque todos se identificam com seu sistema de pensamento e
todo sistema de pensamento está centrado no que tu acreditas que és. Se o centro do sistema de pensamento é verdadeiro, só a
verdade se estende a partir dele. Mas se uma mentira está no centro, só o engano procede dele.
2. Todos os bons professores reconhecem que só uma mudança fundamental durará, mas eles não começam nesse nível. Fortalecer
a motivação para a mudança é a sua primeira e principal meta. É também a sua última e final. Aumentar a motivação para a mudan-
ça no aprendiz é tudo o que um professor precisa fazer para garantir a mudança. A mudança na motivação é uma mudança na men-
te e isso não pode deixar de produzir uma mudança fundamental porque a mente é fundamental.
3. O primeiro passo no processo de reversão ou desfazer é o desfazer do conceito de receber. Correspondentemente, a primeira
lição do Espírito Santo foi "Para ter, dá tudo a todos." Eu disse que isso pode aumentar o conflito temporariamente e podemos escla-
recer isso ainda mais agora. Nesse ponto, a igualdade de ter e ser ainda não é percebida. Até que seja, ter aparenta ser o oposto de
dar. Portanto, a primeira lição parece conter uma contradição, já que está sendo aprendida por uma mente conflitada. Isso significa
motivação conflitante e assim a lição ainda não pode ser aprendida de modo consistente. Além disso, a mente do aprendiz projeta
seu próprio conflito e assim não percebe consistência nas mentes dos outros, fazendo com que ele desconfie da motivação dos ou-
tros. Essa é a razão real pela qual, em muitos aspectos, a primeira lição é a mais difícil de se aprender. Ainda ciente do ego em ti
mesmo de modo muito forte e respondendo de maneira primária ao ego nos outros, estás sendo ensinado a reagir a ambos como se
o que acreditas não fosse verdadeiro.
4. O ego, como sempre de cabeça para baixo, percebe a primeira lição como insana. De fato, essa é a sua única alternativa, já que a
outra possibilidade, que seria muito menos aceitável para ele, seria a de que, obviamente, ele é insano. O julgamento do ego aqui,
como sempre, é pré-determinado pelo que ele é. A mudança fundamental ainda ocorrerá com a mudança da mente naquele que
pensa. Enquanto isso, a crescente clareza da Voz do Espírito Santo faz com que seja impossível para o aprendiz não escutar. Du-
rante algum tempo, então, ele está recebendo mensagens conflitantes e aceitando ambas.
5. A saída do conflito entre dois sistemas de pensamento que se opõem está claramente em escolher um e abandonar o outro. Se tu
te identificas com o teu sistema de pensamento e não podes escapar disso e se aceitas dois sistemas de pensamento que estão em
completo desacordo, é impossível ter a mente em paz. Se ensinas ambos, coisa que certamente farás na medida em que aceitas
ambos, estás ensinando o conflito e aprendendo-o. No entanto, realmente queres paz, ou não terias apelado para a Voz pela paz
para te ajudar. A Sua lição não é insana, o conflito sim.
6. Não pode haver conflito entre sanidade e insanidade. Só uma é verdadeira e, portanto, só uma é real. O ego tenta persuadir-te de
que depende de ti decidir qual é a Voz verdadeira, mas o Espírito Santo te ensina que a verdade foi criada por Deus e a tua decisão
não pode mudá-la. À medida em que começas a reconhecer o sereno poder da Voz do Espírito Santo e Sua perfeita consistência,
com certeza despontará na tua mente que tu estás tentando desfazer uma decisão que foi irrevogavelmente tomada para ti. É por
isso que eu sugeri antes que te lembres de permitir que o Espírito Santo decida a favor de Deus por ti.
7. Não te é solicitado que tomes decisões insanas, embora possas pensar que sim. Todavia, acreditar que depende de ti decidir o que
são as criações de Deus não pode deixar de ser insano. O Espírito Santo percebe o conflito exatamente como é. Portanto, Sua se-
gunda lição é:
Para ter paz, ensina paz para aprendê-la.
8. Esse ainda é um passo preliminar, já que ter e ser ainda não estão equiparados. No entanto, é mais avançado do que o primeiro
passo, que é realmente apenas o começo da reversão do pensamento. O segundo passo é uma afirmação positiva do que queres.
Esse é, portanto, um passo em direção à saída do conflito, já que significa que as alternativas foram consideradas e uma foi escolhi-
da como a mais desejável. No entanto, a expressão "mais desejável" ainda implica que o desejável tem graus. Portanto, embora
esse passo seja essencial para a decisão definitiva, está claro que não é o passo final. A ausência de ordem de dificuldades nos

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UM CURSO EM MILAGRES
milagres ainda não foi aceita, porque nada que seja totalmente desejado é difícil. Desejar totalmente é criar e criar não pode ser difí-
cil se o próprio Deus te criou como um criador.
9. Assim sendo, o segundo passo ainda é perceptivo, embora seja um passo gigantesco no sentido da percepção unificada que refle-
te o conhecimento de Deus. Na medida em que dás esse passo e manténs essa direção, estarás abrindo caminho em direção ao
centro do teu sistema de pensamento, onde a mudança fundamental vai ocorrer. Na altura do segundo passo, o progresso é intermi-
tente, mas o segundo passo é mais fácil do que o primeiro porque decorre dele. Reconhecer que ele não pode deixar de decorrer é
uma demonstração de que tens uma consciência crescente de que o Espírito Santo te conduzirá para adiante.
C. Sê vigilante só a favor de Deus e do Seu Reino
1. Dissemos anteriormente que o Espírito Santo é avaliador e tem que ser. Ele separa o verdadeiro do falso em tua mente e te ensina
a julgar cada pensamento que permites que entre em tua mente à luz do que Deus lá colocou. Qualquer coisa que esteja de acordo
com essa luz, Ele retém para fortalecer o Reino em ti. O que está parcialmente de acordo com ela, Ele aceita e purifica. Mas o que
está inteiramente em desacordo Ele rejeita julgando contra. É assim que Ele mantém o Reino perfeitamente consistente e perfeita-
mente unificado. Lembra-te, porém, de que o que o Espírito Santo rejeita, o ego aceita. $Isso é assim porque eles estão em desa-
cordo fundamental sobre todas as coisas, estando em desacordo fundamental em relação ao que tu és. As crenças do ego em torno
dessa questão crucial variam e é por isso que ele promove diferentes estados de ânimo. O Espírito Santo nunca varia nesse ponto e,
assim, o único estado de ânimo que Ele engendra é a alegria. Ele a protege, rejeitando tudo que não nutre a alegria, e assim só Ele
é capaz de manter-te totalmente alegre.
2. O Espírito Santo não te ensina a julgar os outros, porque Ele não quer que ensines o erro e o aprendas. Dificilmente Ele seria con-
sistente em Seu ensinamento se permitisse que fortalecesses o que precisas aprender a evitar. Na mente de quem pensa, portanto,
Ele é julgador, mas só no sentido de unificar a mente de modo que ela possa perceber sem julgamento. Isso faz com que a mente
seja capaz de ensinar sem julgamento e, por conseguinte, de aprender a ser sem julgamento. O desfazer só é necessário em tua
mente, de modo que não venhas a projetar em lugar de estender. O próprio Deus estabeleceu o que podes estender com perfeita
segurança. Assim sendo, a terceira lição do Espírito Santo é:
Sê vigilante só a favor de Deus e do Seu Reino.
3. Esse é um passo da maior importância em direção à mudança fundamental. Contudo, ainda há nele um aspecto da reversão do
pensamento, uma vez que implica que há alguma coisa contra a qual tens que ser vigilante. Avançou-se muito em relação à primeira
lição, que é meramente o começo da reversão do pensamento e também em relação à segunda, que é essencialmente a identifica-
ção do que é mais desejável. Esse passo, que decorre do segundo assim como o segundo decorre do primeiro, enfatiza a dicotomia
entre o desejável e o indesejável. Portanto, faz com que a escolha final seja inevitável. 4. Enquanto o primeiro passo parece aumen-
tar o conflito e o segundo pode ainda acarretar conflito em certa medida, esse passo pede vigilância de forma consistente contra ele.
Eu já te disse que podes ser tão vigilante contra o ego como a favor dele. Essa lição não ensina somente que podes ser, mas tam-
bém que tens que ser. Ele não se preocupa com a ordem de dificuldades, mas com a prioridade clara que deve ser dada à vigilância.
Essa lição é inequívoca no sentido de que ensina que é necessário não haver exceções, embora não negue que a tentação de fazer
exceções vai ocorrer. Aqui, então, é feito um apelo à tua consistência apesar do caos. No entanto, o caos e a consistência não po-
dem coexistir por muito tempo, já que são mutuamente exclusivos. Contudo, na medida em que tens que estar vigilante contra algu-
ma coisa, não estás reconhecendo essa exclusividade mútua e ainda acreditas que podes escolher uma coisa ou outra. Ao ensinar o
que escolher, o Espírito Santo, em última instância, vai ensinar-te que não precisas escolher de forma alguma. Isso finalmente liber-
tará a tua mente da escolha e a dirigirá para a criação dentro do Reino.
5. A escolha através do Espírito Santo vai conduzir-te ao Reino. Tu crias através do que és verdadeiramente, mas o que és, tens que
aprender a lembrar. O caminho para lembrar disso é inerente ao terceiro passo, que reune as lições implícitas nos outros e vai além
rumo à integração real. Se te permitires ter em tua mente só o que Deus lá colocou, estás admitindo a tua mente tal como Deus a
criou. Portanto, tu a estás aceitando como é. Já que ela é íntegra, estás ensinando paz, porque acreditas na paz. Deus ainda dará o
passo final por ti, mas à altura do terceiro passo, o Espírito Santo já te preparou para Deus. Ele está te aprontando para a tradução
de ter em ser pela própria natureza dos passos que tens que dar com Ele.
6. Tu, em primeiro lugar, aprendes que ter se baseia em dar e não em receber. Em seguida, aprendes que tu aprendes o que ensinas
e que queres aprender paz. Essa é a condição para a identificação com o Reino, já que é essa a condição do Reino. Tens acreditado
que estás sem o Reino, tendo portanto te excluído dele na tua crença. Por conseguinte, é essencial ensinar-te que não há dúvida
quanto à tua inclusão e que a crença segundo a qual não estás incluído é a única coisa que tens que excluir.
7. O terceiro passo é, então, para a proteção da tua mente, permitindo-te identificar-te só com o centro, onde Deus colocou o altar a
Si Mesmo. Altares são crenças, mas Deus e as Suas criações estão além da crença porque estão além do questionamento. A Voz
por Deus só fala em favor da crença que está além do questionamento, que é a preparação para ser sem questionamento. Enquanto
a crença em Deus e em Seu Reino for assaltada por quaisquer dúvidas em tua mente, a Sua realização perfeita não é evidente para
ti. É por isso que tens que ser vigilante a favor de Deus. O ego fala contra a Sua criação e engendra, portanto, a dúvida. Não podes
ir além da crença enquanto não acreditares inteiramente.
8. Ensinar a toda a Filiação sem exceção demonstra que percebes a sua integridade e aprendeste que ela é una. Agora tens que ser
vigilante para manter em tua mente essa unicidade, porque se permitires a entrada da dúvida, perderás a consciência da integridade
da mente e serás incapaz de ensiná-la. A integridade do Reino não depende da tua percepção, mas a tua consciência da sua inte-
gridade sim. É apenas a tua consciência que necessita de proteção, uma vez que aquilo que é não pode ser agredido. Entretanto,
não podes ter um senso real do que é, enquanto estiveres em dúvida quanto ao que tu és. É por isso que a vigilância é essencial. As
dúvidas sobre o que é não devem entrar na tua mente, ou não poderás saber o que és com certeza. A certeza é de Deus para ti. A
vigilância não é necessária para a verdade, mas é necessária contra as ilusões.
9. A verdade é sem ilusões e portanto está dentro do Reino. Tudo o que está fora do Reino é ilusão. Quando jogaste fora a verdade,
tu te viste como se estivesses sem ele. Fazendo outro reino que valorizaste, não guardaste só o Reino de Deus em tua mente e as-
sim colocaste parte da tua mente fora dele. O que fizeste aprisionou a tua vontade e te deu uma mente doente que tem que ser cu-
rada. A tua vigilância contra essa doença é o caminho para curá-la. Uma vez que a tua mente está curada, ela irradia saúde e atra-
vés disso ensina a cura. Isso te estabelece como um professor que ensina como eu. A vigilância foi requerida de mim tanto quanto
de ti e aqueles que escolhem ensinar a mesma coisa têm que estar de acordo sobre o que acreditam.

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UM CURSO EM MILAGRES
10. O terceiro passo, então, é uma declaração do que queres acreditar e implica em uma disponibilidade para abandonar tudo o mais.
O Espírito Santo vai fazer com que sejas capaz de dar esse passo, se tu O seguires. A tua vigilância é o sinal de que queres que Ele
te guie. A vigilância de fato requer esforço, mas só até que aprendas que o esforço em si é desnecessário. Tu despendeste grande
esforço para preservar o que fizeste porque não era verdadeiro. Portanto, agora, tens que voltar o teu esforço contra isso. Só assim
é possível cancelar a necessidade do esforço e recorrer ao ser que tu ao mesmo tempo tens e és. Esse reconhecimento é totalmen-
te sem esforço, posto que já é verdadeiro e não necessita de proteção. Está na segurança perfeita de Deus. Portanto, a inclusão é
total e a criação é sem limites.

CAPÍTULO 7- AS DÁDIVAS DO REINO

1. O último passo
1. O poder criativo de Deus e de Suas criações é ilimitado, mas não estão em uma relação recíproca. Tu te comunicas inteiramente
com Deus, como Ele faz contigo. Esse é um processo em andamento no qual compartilhas e porque compartilhas, és inspirado para
criar como Deus. Entretanto, na criação não estás em uma relação recíproca com Deus, uma vez que Ele te criou, mas tu não O
criaste. Eu já te disse que somente nesse aspecto o teu poder criativo difere do Seu. Mesmo nesse mundo há um paralelo. Os pais
dão à luz as crianças, mas as crianças não dão à luz aos pais. Contudo eles dão à luz as suas crianças e assim dão à luz como os
seus pais.
2. Se criasses a Deus e Ele te criasse, o Reino não poderia aumentar através do seu próprio pensamento criativo. A criação seria,
portanto, limitada e vós não seríeis co-criadores com Deus. Assim como o Pensamento criativo de Deus procede Dele para ti, assim
também o teu pensamento criativo tem que proceder de ti para as tuas criações. Somente deste modo é que todo poder criativo po-
de se estender para fora. As realizações de Deus não são tuas, mas as tuas são como as Suas. Ele criou a Filiação e tu a aumentas.
Tens o poder de adicionar ao Reino, embora não tenhas o poder de adicionar ao Criador do Reino. Tu reivindicas esse poder quando
vens a ser vigilante só a favor de Deus e do Seu Reino. Ao aceitar esse poder como teu, aprendes a lembrar o que tu és.
3. O lugar das tuas criações é em ti, assim como o teu lugar é em Deus. Tu és parte de Deus, como os teus filhos são parte dos Seus
Filhos. Criar é amar. O amor se estende para fora simplesmente porque não pode ser contido. Sendo sem limites, não pára. Ele cria
para sempre, mas não no tempo. As criações de Deus sempre existiram, porque Ele sempre existiu. As tuas criações sempre existi-
ram, porque só podes criar como Deus cria. A eternidade é tua, porque Ele te criou eterno.
4. O ego, por outro lado, sempre exige direitos recíprocos porque é competitivo ao invés de ser amoroso. Está sempre disposto a
barganhar, mas não pode compreender que ser como o outro significa que nenhuma barganha é possível. Para ganhar, tens que dar,
não barganhar. Barganhar é limitar a dádiva e não é essa a Vontade de Deus. Unir a tua vontade à de Deus é criar como Ele. Deus
não limita as Suas dádivas de modo algum. Vós sois as Suas dádivas de modo que as vossas dádivas têm que ser como as Suas.
As vossas dádivas ao Reino têm que ser como as Suas dádivas a vós.
5. Eu dei só amor ao Reino porque acreditava que era isso o que eu era. O que acreditas que és determina as tuas dádivas e se
Deus te criou estendendo-Se a ti, só podes estender-te como Ele fez. Só a alegria aumenta para sempre, já que a alegria e a eterni-
dade são inseparáveis. Deus Se estende além dos limites e além do tempo e tu que és co-criador com Ele estendes o Seu Reino
para sempre e além de todos os limites. A eternidade é o selo indelével da criação. O eterno está em paz e alegria para sempre.
6. Pensar como Deus é compartilhar a Sua certeza do que tu és e criar como Ele é compartilhar o Amor perfeito que Ele compartilha
contigo. O Espírito Santo te conduz a isso, para que a tua alegria possa ser completa pois o Reino de Deus é íntegro. Eu tenho dito
que o último passo no despertar do conhecimento é dado por Deus. Isso é verdadeiro, mas é difícil explicar em palavras, porque as
palavras são símbolos e nada do que é verdadeiro precisa ser explicado. No entanto, o Espírito Santo tem a tarefa de traduzir o inútil
em útil, o sem significado em significativo e o temporário em intemporal. Ele pode, portanto, dizer-te alguma coisa a respeito deste
último passo.
7. Deus não dá passos, porque as Suas realizações não são graduais. Ele não ensina, porque as Suas criações são imutáveis. Ele
não faz nada por último, porque criou em primeiro lugar e para sempre. E necessário compreender que a palavra ―primeiro‖ quando
aplicada a Ele, não é um conceito de tempo. Ele é primeiro no sentido de que é o Primeiro na própria Santíssima Trindade. Ele é o
Criador Primeiro, porque criou Seus co-criadores. Como Ele o fez, o tempo não se aplica nem a Ele nem ao que Ele criou. O ―último
passo‖ que Deus dará era, portanto, verdadeiro no início, é verdadeiro agora e será verdadeiro para sempre. O que é intemporal está
sempre presente, porque tudo o que é é eternamente imutável. Não muda por aumentar, porque foi para sempre criado para aumen-
tar. Se tu o percebes como se não estivesse aumentando, não conheces o que é isso. Também não conheces Quem o criou. Deus
não te revela isso porque isso nunca foi escondido. A Sua luz nunca foi obscurecida, porque é Sua Vontade compartilhá-la. Como é
possível que o que é inteiramente compartilhado possa ser negado e então revelado?

II. A lei do Reino


1. Curar é o único tipo de pensamento nesse mundo que se assemelha ao Pensamento de Deus e, devido aos elementos que ambos
compartilham, pode facilmente transferir-se para ele. Quando um irmão percebe a si mesmo como doente, está se percebendo como
se não fosse íntegro e, portanto, necessitado. Se também o vês desse modo, estás vendo-o como se ele estivesse ausente ou se-
parado do Reino, fazendo com que o Reino em si se torne obscuro para ambos. A doença e a separação não são de Deus, mas o
Reino é. Se obscureces o Reino, estás percebendo o que não é de Deus.
2. Curar, então, é corrigir a percepção em teu irmão e em ti mesmo compartilhando o Espírito Santo com ele. Isso coloca ambos
dentro do Reino e restaura a integridade do Reino na tua mente. Isso reflete a criação, porque unifica por aumentar e integra por
estender. O que projetas ou estendes é real para ti. Essa é uma lei imutável da mente nesse mundo, assim como no Reino. Contudo,
o conteúdo é diferente nesse mundo, porque os pensamentos que ela governa são muito diferentes dos Pensamentos do Reino. As
leis têm que ser adaptadas às circunstâncias quando se quer que elas mantenham a ordem. A principal característica das leis da
mente, assim como operam nesse mundo, é que obedecendo-as, e eu te asseguro que tens que obedecê-las, podes chegar a resul-
tados diametralmente opostos. Isso é assim porque as leis foram adaptadas às circunstâncias desse mundo, no qual resultados dia-
metralmente opostos parecem possíveis porque tu podes responder a duas vozes conflitantes.

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UM CURSO EM MILAGRES
3. Fora do Reino, a lei que prevalece dentro dele é adaptada para: ―O que projetas, tu acreditas.‖ Essa é a forma na qual ela pode ser
ensinada, porque fora do Reino, o aprendizado é essencial. Essa forma implica que vais aprender o que tu és a partir do que tens
projetado sobre os outros e, portanto, acreditas que eles sejam. No Reino não há ensino ou aprendizado, porque não há crença.
Só há certeza. Deus e Seus Filhos, na segurança do que é, têm o conhecimento de que o que tu estendes, tu és. Essa forma da lei
não é adaptada de modo algum, sendo a lei da criação. O próprio Deus criou a lei criando através dela. E Seus Filhos, que criam
como Ele, a seguem com contentamento tendo o conhecimento de que o aumento do Reino depende dela assim como dependeu a
própria criação deles.
4. As leis têm que ser comunicadas se é que serão úteis. Com efeito, elas têm que ser traduzidas para aqueles que falam línguas
diferentes. No entanto, um bom tradutor, embora tenha que alterar a forma do que traduz, nunca muda o significado. De fato, todo o
seu propósito é mudar a forma de tal modo que se mantenha o significado original. O Espírito Santo é o tradutor das leis de Deus
para aqueles que não as compreendem. Não poderias fazê-lo por conta própria, porque uma mente conflitada não pode ser fiel a um
único significado e irá, portanto, mudar o significado para preservar a forma.
5. O propósito do Espírito Santo ao traduzir é exatamente o oposto. Ele traduz só para preservar o sentido original em todos os as-
pectos e em todas as línguas. Portanto, Ele se opõe à idéia de que as diferenças na forma são significativas, sempre enfatizando
que essas diferenças não importam. O significado da Sua mensagem é sempre o mesmo; só o significado importa. A lei da criação
de Deus não envolve o uso da verdade para convencer Seus Filhos da verdade. A extensão da verdade, que é a lei do Reino, se
baseia apenas no conhecimento do que é a verdade. Essa é a tua herança e não requer nenhum aprendizado, mas quando deser-
daste a ti mesmo, vieste a ser um aprendiz da necessidade.
6. Ninguém questiona a conexão entre o aprendizado e a memória. O aprendizado é impossível sem memória, já que tem que ser
consistente para ser lembrado. E por isso que o ensinamento do Espírito Santo é uma lição em lembrar. Eu disse anteriormente que
Ele ensina a lembrança e o esquecimento, mas o esquecimento serve apenas para tornar a lembrança consistente. Tu esqueces de
modo a lembrar melhor. Não vais compreender as Suas traduções, enquanto escutas duas maneiras de interpretá-las. Portanto, tens
que esquecer ou abandonar uma para compreender a outra. Esse é o único caminho no qual podes aprender a consistência de mo-
do que possas afinal ser consistente.
7. O que pode significar a perfeita consistência do Reino para aqueles que estão confusos? É evidente que a confusão interfere com
o significado e, portanto, impede o aprendiz de apreciá-lo. Não há nenhuma confusão no Reino porque há apenas um significado.
Esse significado vem de Deus e é Deus. Porque também é o que tu és, tu o compartilhas e estendes como fez o teu Criador. Ele não
precisa de tradução porque é perfeitamente compreendido, mas necessita de extensão porque significa extensão. A comunicação é
perfeitamente direta e perfeitamente unida. É totalmente livre, porque nada discordante jamais entra. É por isso que é o Reino de
Deus. Pertence a Ele e é, portanto, como Ele. Essa é a sua realidade e nada pode agredi-la.

III. A realidade do Reino


1. O Espírito Santo ensina uma lição e a aplica a todos os indivíduos em todas as situações. Sendo livre de conflitos, Ele maximiza
todos os esforços e todos os resultados. Ao ensinar o poder do Reino do próprio Deus, ensina-te que todo poder é teu. A sua aplica-
ção não importa. Ele é sempre máximo. A tua vigilância não o estabelece como teu, mas te capacita a usá-lo sempre e de todas as
maneiras. Quando eu disse ―Estou contigo sempre‖ literalmente quis dizer isso. Não me ausento de ninguém em nenhuma situação.
Como eu estou sempre contigo, tu és o caminho, a verdade e a vida. Não fizeste esse poder, assim como eu também não o fiz. Ele
foi criado para ser compartilhado e, por conseguinte, não pode ser percebido de forma significativa se atribuído a qualquer pessoa
em detrimento de outra. Tal percepção faz com que ele seja sem significado por eliminar ou deixar de ver o seu único e real signifi-
cado.
2. O significado de Deus espera no Reino, porque é onde Ele o colocou. Não espera no tempo. Meramente descansa no Reino, por-
que lá é o seu lugar assim como o teu. Como é possível que tu, que és o significado de Deus, percebas a ti mesmo como se estives-
ses ausente dele? Só podes ver a ti mesmo como se estivesses separado do teu significado, vivenciando-te como irreal. É por isso
que o ego é insano: ensina que tu não és o que és. Isso é tão contraditório que é claramente impossível. Essa é, portanto, uma lição
que não podes realmente aprender e, portanto, não podes realmente ensinar. Porém, estás sempre ensinando. Por conseguinte,
tens que estar ensinando alguma outra coisa, mesmo que o ego não saiba o que é. O ego, então, está sempre sendo desfeito e sus-
peita dos teus motivos. A tua mente não pode ser unificada em aliança com o ego, porque a mente não pertence a ele. Assim sendo,
o que é ―traiçoeiro‖ para o ego é fiel à paz. O ―inimigo‖ do ego é, portanto, teu amigo.
3. Eu já disse que o amigo do ego não é parte de ti, porque o ego se percebe em guerra e, portanto, necessita de aliados. Tu, que
não estás em guerra, tens que procurar irmãos e reconhecer como irmãos todos aqueles que vês, porque só os iguais estão em paz.
Como os Filhos iguais de Deus têm tudo, não podem competir.
No entanto, se percebem qualquer um de seus irmãos como qualquer outra coisa que não seja seus iguais perfeitos, a idéia de com-
petição entra em suas mentes. Não subestimes a tua necessidade de ser vigilante contra essa idéia, porque todos os teus conflitos
vêm dela. Essa é a crença em que interesses conflitantes são possíveis e, portanto, tu aceitaste o impossível como verdadeiro. Isso
é diferente de dizer que percebes a ti mesmo como irreal?
4. Estar no Reino é meramente enfocar toda a tua atenção nele.
Enquanto acreditares que podes tratar do que não é verdadeiro, estás aceitando o conflito como tua escolha. É realmente uma esco-
lha? Parece ser, mas a aparência e a realidade dificilmente são a mesma coisa. Tu que és o Reino não estás preocupado com apa-
rências. A realidade é tua porque és realidade. E assim que ter e ser em última instância se reconciliam, não no Reino, mas na tua
mente. Lá, o altar é a única realidade. O altar está perfeitamente claro no pensamento, porque é um reflexo do Pensamento perfeito.
A tua mente certa vê só irmãos, porque só vê na sua própria luz.
5. O próprio Deus iluminou a tua mente e a mantém iluminada pela Sua Luz porque a Sua Luz é o que é a tua mente. Isso está total-
mente além do questionamento e quando o questionas, és respondido. A Resposta simplesmente desfaz a questão estabelecendo o
fato de que questionar a realidade é um questionamento sem significado. E por isso que o Espírito Santo nunca questiona. Sua única
função é desfazer o questionável e, assim, conduzir à certeza. O que estão certos são perfeitamente calmos porque não estão em
dúvida. Não levantam questões porque nada de questionável entra em suas mentes. Isso os mantém em perfeita serenidade, porque
isso é o que compartilham, conhecendo o que são.

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UM CURSO EM MILAGRES
IV. A cura como reconhecimento da verdade
1. A verdade só pode ser reconhecida e só precisa ser reconhecida. A inspiração é do Espírito Santo e a certeza é de Deus de acordo
com as Suas leis. Ambas, portanto, vêm da mesma Fonte, já que a inspiração vem da Voz por Deus e a certeza vem das leis de
Deus. A cura não vem diretamente de Deus, Que conhece Suas criações como perfeitamente íntegras. Entretanto, a cura ainda as-
sim é de Deus porque procede da Sua Voz e das Suas leis. E o seu resultado em um estado mental que não O conhece. Esse esta-
do é desconhecido para Ele e portanto não existe, mas aqueles que dormem não estão cientes. Porque não estão cientes, não c o-
nhecem.
2. O Espírito Santo tem que trabalhar através de ti para te ensinar que Ele está em ti. Esse é um passo intermediário rumo ao conhe-
cimento de que estás em Deus, porque és parte Dele. Os milagres que o Espírito Santo inspira não podem ter ordem de dificuldades
porque todas as partes da criação são da mesma ordem. Essa é a Vontade de Deus e a tua. As leis de Deus estabelecem isso e o
Espírito Santo lembra isso a ti. Quando curas, estás lembrando as leis de Deus e esquecendo as leis do ego. Eu disse anteriormente
que esquecer é meramente um modo de lembrar melhor. Não é, portanto, o oposto de lembrar quando percebido apropriadamente.
Impropriamente percebido, induz a uma percepção de conflito com alguma outra coisa como faz toda percepção incorreta. Percebido
apropriadamente, pode ser usado como uma saída do conflito, como é o caso de toda percepção apropriada.
3. O ego não quer ensinar a todo mundo tudo o que tem aprendido, porque isso derrotaria o seu propósito. Por conseguinte, ele abso-
lutamente não aprende nada. O Espírito Santo te ensina a usar o que o ego tem feito para ensinar o oposto do que o ego tem ―a-
prendido.‖ O tipo de aprendizado é tão irrelevante quanto é irrelevante a capacidade particular que foi aplicada ao aprendizado. Tudo
o que precisas fazer é o esforço para aprender, pois o Espírito Santo tem uma meta unificada para o esforço. Se diferentes capaci-
dades são aplicadas durante um tempo suficientemente longo a uma meta, as próprias capacidades vêm a ser unificadas. Isso acon-
tece porque elas são canalizadas em uma única direção, ou seja, em um único caminho. Em última instância, todas elas contribuem
para um resultado único e, ao fazê-lo, o que é enfatizado é a sua similaridade ao invés de suas diferenças.
4. Portanto, todas as capacidades devem ser entregues ao Espírito Santo, Que compreende como usá-las de forma apropriada. Ele
as usa só para a cura, porque só te conhece íntegro. Curando, aprendes sobre a integridade e aprendendo sobre a integridade, a-
prendes a lembrar de Deus. Tu O tens esquecido, mas o Espírito Santo compreende que o teu esquecimento tem que ser traduzido
em um modo de lembrar.
5. A meta do ego é tão unificada quanto a do Espírito Santo e é por causa disso que as suas metas nunca podem ser reconciliadas
de modo algum e em nenhuma extensão. O ego sempre busca dividir e separar. O Espírito Santo sempre busca unificar e curar.
Conforme curas, és curado, porque o Espírito Santo não vê ordem de dificuldades na cura. Curar é a maneira de desfazer a crença
em diferenças, sendo a única forma de perceber a Filiação como um só. Essa percepção está, portanto, de acordo com as leis de
Deus mesmo em um estado mental que não esteja de acordo com o Seu. A força da percepção certa é tão grande que traz a mente
para o que está de acordo com a Sua Mente, porque ela serve à Sua Voz Que está em todos vós.
6. Pensar que podes te opor à Vontade de Deus é realmente uma delusão. O ego acredita que pode e que pode te oferecer a sua
própria ―vontade‖ como uma dádiva. Tu não a queres. Ela não é uma dádiva. Não é absolutamente nada. Deus te deu uma dádiva
que ao mesmo tempo tens e és. Quando não a usas, tu te esqueces que a tens. Por não lembrares dela, não conheces o que és. A
cura, então, é uma maneira de aproximar-te do conhecimento por pensar de acordo com as leis de Deus e reconhecer a sua univer-
salidade. Sem esse reconhecimento, tens feito com que as leis sejam sem significado para ti. Entretanto, elas não são sem significa-
do, já que todo o significado está contido por elas e está nelas.
7. Busca em primeiro lugar o Reino dos Céus porque é lá que as leis de Deus operam verdadeiramente e elas só podem operar ver-
dadeiramente porque são as leis da verdade. Mas busques apenas isso, porque não podes achar nada mais. Não há nada mais.
Deus é Tudo em todos em um sentido muito literal. Tudo o que é está Nele, Que é tudo o que É. Portanto, tu estás Nele, já que o que
és é Dele. A cura é um modo de esquecer o senso de perigo que o ego tem induzido em ti, por não reconheceres sua existência no
teu irmão. Isso fortalece o Espírito Santo em ambos, porque é uma recusa a admitir o medo. O amor só precisa deste convite. Ele
vem livremente a toda a Filiação, sendo o que é a Filiação. Através do teu despertar para ele, estás meramente esquecendo daquilo
que não és. Isso te permite lembrar o que és.

V. A cura e a imutabilidade da mente


1. O corpo nada mais é senão uma estrutura para o desenvolvimento de capacidades, que está bastante à parte da utilidade que elas
têm. Isso é uma decisão. Os efeitos da decisão do ego em relação a essa questão são tão evidentes que não necessitam de elabo-
ração, mas a decisão do Espírito Santo de usar o corpo só para comunicação tem uma conexão tão direta com a cura que precisa de
esclarecimento. ~O curador não curado obviamente não compreende a sua própria vocação.
2. Só as mentes se comunicam. Uma vez que o ego não pode obliterar o impulso de se comunicar, porque também é o impulso de
criar, ele só pode ensinar-te que o corpo pode fazer as duas coisas, comunicar-se e criar e, portanto, não necessita da mente. O ego
tenta assim ensinar-te que o corpo pode agir como a mente e é portanto auto-suficiente. Entretanto, nós temos aprendido que o
comportamento não é o nível em que o aprendizado ou o ensino tem lugar, uma vez que podes agir de acordo com o que não acredi-
tas. Fazer isso, no entanto, vai enfraquecer-te como professor e como aprendiz porque, como tem sido enfatizado repetidamente, tu
ensinas o que de fato acreditas. Uma lição inconsistente será mal ensinada e mal aprendida. Se ensinas ambas, doença e cura, és
tanto um mau professor como um mau aprendiz.
3. A cura é a única capacidade que todos podem e têm que desenvolver caso queiram ser curados. A cura é a forma de comunicação
do Espírito Santo nesse mundo e a única que Ele aceita. Ele não reconhece nenhuma outra porque não aceita a confusão do ego
entre mente e corpo. As mentes podem comunicar-se, mas não podem ferir. O corpo a serviço do ego pode ferir outros corpos, mas
isso não pode ocorrer a menos que o corpo já tenha sido confundido com a mente. Essa situação também pode ser usada para a
cura ou para a mágica, mas tens que lembrar que a mágica sempre envolve a crença em que a cura causa danos. Essa crença é a
sua premissa totalmente insana e a mágica procede de acordo com ela.
4. A cura só fortalece. A mágica sempre tenta enfraquecer. A cura nada percebe no curador que todas as outras pessoas não compar-
tilhem com ele. A mágica sempre vê algo de ―especial‖ no curador, alguma coisa que ele acredita que pode oferecer como dádiva a
uma outra pessoa que não a tem. Ele pode acreditar que a dádiva vem de Deus para ele, mas é bastante evidente que não compre-
ende a Deus se pensa que tem alguma coisa que falte aos outros.

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UM CURSO EM MILAGRES
5. O Espírito Santo não trabalha por acaso e a cura que é Dele sempre funciona. A não ser que o curador sempre cure através Dele,
os resultados vão variar. No entanto, a cura em si mesma é consistente, já que só a consistência está livre de conflito e só o que está
livre de conflito é íntegro. Aceitando exceções e admitindo que às vezes pode curar e às vezes não, o curador obviamente está acei-
tando a inconsistência. Ele está, portanto, em conflito e está ensinando o conflito. É possível que alguma coisa de Deus não seja
para todos e para sempre? O amor é incapaz de quaisquer exceções. Só se existe medo a idéia de exceções pode parecer significa-
tiva. As exceções são amedrontadoras porque são feitas pelo medo. O ―curador amedrontado‖ é uma contradição nos próprios ter-
mos e, por conseguinte, é um conceito que só a mente conflitada poderia perceber como significativo.
6. O medo não alegra. A cura sim. O medo sempre faz exceções. cura nunca faz. O medo produz dissociação, porque induz à sepa-
ração. A cura sempre produz harmonia, porque procede da integração. E previsível porque se pode contar com ela. Pode-se contar
com tudo o que é de Deus, porque tudo o que é de Deus é totalmente real. Pode-se contar com a cura porque ela é inspirada pela
Sua Voz e está de acordo com as Suas leis. Apesar disso, se a cura é consistente, ela não pode ser compreendida de maneira in-
consistente. A compreensão significa consistência porque Deus significa consistência. Já que é esse o Seu significado também é o
teu. O teu significado não pode estar em desacordo com o Seu, porque todo o teu significado e o teu único significado vem do Seu e
é como o Seu. Deus não pode estar em desacordo Consigo Mesmo e tu não podes estar em desacordo com Ele. Não podes separar
o teu Ser do teu Criador, Que te criou compartilhando contigo o que Ele é.
7. O curador não curado quer gratidão de seus irmãos, mas não é grato a eles. Isso acontece porque ele pensa que está lhes dando
alguma coisa e não está recebendo algo igualmente desejável em troca. Seu ensino é limitado porque está aprendendo tão pouco. A
sua lição de cura é limitada pela sua própria ingratidão que é uma lição de doença. O verdadeiro aprendizado é constante e tão vital
em seu poder de mudar que um Filho de Deus pode reconhecer seu poder em um instante e mudar o mundo no instante seguinte.
Isso é assim porque, ao mudar a sua mente, ele mudou o mais poderoso mecanismo que jamais lhe foi dado para mudar. Isso não
contradiz de modo algum a imutabilidade da mente tal como Deus a criou, mas tu pensas que a tens mudado na medida em que
aprendes através do ego. Isso te coloca na posição de precisar aprender uma lição que aparenta ser contraditória;—tens que apren-
der a mudar a tua mente a respeito da tua mente. Só através disso podes aprender que ela é imutável.
8. Quando curas, isso é exatamente o que estás aprendendo. Estás reconhecendo a mente imutável em teu irmão, reconhecendo
que ele não poderia ter mudado a sua mente. É assim que percebes o Espírito Santo nele. E só o Espírito Santo nele que nunca
muda a Sua Mente. Ele próprio pode pensar que pode, ou não se perceberia doente. Ele, portanto, não conhece o que é o seu Ser.
Se tu só vês o imutável nele, realmente não o mudaste. Ao mudar a tua mente a respeito da sua para ele, tu o ajudas a desfazer a
mudança que o seu ego pensa ter feito nele.
9. Assim como podes ouvir duas vozes, podes ver de dois modos. Um dos modos te mostra uma imagem, ou um ídolo que podes
adorar em função do medo, mas nunca vais amar. A outra só te mostra a verdade, que vais amar, porque vais compreende-la. A
compreensão é apreciação, porque podes te identificar com o que compreendes e por fazê-lo parte de ti mesmo, tu o aceitaste com
amor. E assim que o próprio Deus te criou, em compreensão, em apreciação e em amor. O ego é totalmente incapaz de compreen-
der isso porque não compreende o que faz, não o aprecia e não o ama. Ele incorpora para tirar. Literalmente acredita que cada vez
que priva alguém de alguma coisa, ele aumenta. 9Eu tenho falado muitas vezes do aumento do Reino pelas tuas criações, que só
podem ser criadas como tu foste. A glória total e a alegria perfeita que é o Reino estão em ti para serem dadas.Tu não queres dá-lo?
10. Não podes esquecer o Pai porque eu estou contigo e eu não posso esquecê-Lo. Esquecer-me é esquecer a ti mesmo e a Ele Que
te criou. Nossos irmãos são esquecidos. E por isso que precisam da tua memória de mim e Daquele Que criou a mim. Através dessa
lembrança, podes mudar as suas mentes a respeito de si mesmos, assim como eu posso mudar a tua. A tua mente é uma luz tão
poderosa que podes olhar dentro das suas e iluminá-las, assim como eu posso iluminar a tua. Eu não quero compartilhar o meu cor-
po em comunhão porque isso é não compartilhar coisa alguma. Tentaria eu compartilhar uma ilusão com os filhos santíssimos de um
Pai santíssimo? No entanto, eu de fato quero compartilhar minha mente contigo porque somos uma só Mente e essa Mente é nossa.
Vê só essa Mente em toda parte, porque só essa está em toda a parte e em todas as coisas. ―Ela é todas as coisas porque abrange
todas as coisas em si mesma. Bem-aventurado és tu que percebes só isso, porque percebes só o que é verdadeiro.
11. Vem, então, a mim, e aprende sobre a verdade que está em ti. A mente que compartilhamos é compartilhada por todos os nossos
irmãos e, na medida em que os vemos verdadeiramente, serão curados. Deixa que a tua mente brilhe sobre as suas mentes junto
com a minha e através da nossa gratidão para com eles, faze-os cientes da luz que há neles. Essa luz brilhará de volta sobre ti e
sobre toda a Filiação, porque essa é a dádiva apropriada que tu ofereces a Deus. Ele a aceitará e a dará à Filiação porque é aceitá-
vel para Ele e, portanto, para os Seus Filhos. Isso é comunhão verdadeira com o Espírito Santo, Que vê o altar de Deus em todas as
pessoas e ao trazê-lo à tua apreciação, Ele te chama para que ames a Deus e à Sua criação. Só podes apreciar a Filiação como um
só. Isso é parte da lei da criação e, portanto, governa todo pensamento.

VI. Da vigilância à paz


1. Embora só possas amar a Filiação como um só, podes percebê-la fragmentada. É impossível, porém, ver alguma coisa em uma
parte dela que não atribuas ao todo. E por isso que o ataque nunca é restrito e é por isso que se tem que abandoná-lo inteiramente.
Se não o abandonas inteiramente, não o abandonas em absoluto. Medo e amor fazem ou criam, dependendo de quem os procria ou
inspira, o ego ou o Espírito Santo, mas irão voltar à mente daquele que pensa e afetarão sua percepção total. Isso inclui o seu con-
ceito de Deus, das criações divinas e das suas próprias. Não apreciará nenhum deles se os considerar com medo. Apreciará a todos
se os considerar com amor.
2. A mente que aceita o ataque não pode amar. 2lsso é assim porque ela acredita que pode destruir o amor e, portanto, não compre-
ende o que é o amor. Se não compreende o que é o amor, não pode se perceber amorosa. Isso faz perder a consciência do que é,
induz a sentimentos de irrealidade e resulta em profunda confusão. O teu pensamento tem feito isso por causa do poder que ele tem,
mas o teu pensamento também é capaz de salvar-te disso, porque esse poder não é feito por ti. A tua capacidade de dirigir o teu
pensamento da forma que escolheres é parte do poder que ele tem. Se não acreditas que podes fazer isso, negaste o poder do teu
pensamento e assim o tornaste impotente em tua crença.
3. A engenhosidade do ego para se preservar é enorme, mas brota do próprio poder da mente que o ego nega. Isso significa que o
ego ataca aquilo que o está preservando, o que necessariamente resulta em extrema ansiedade. E por essa razão que o ego nunca
reconhece o que está fazendo. E perfeitamente lógico, mas claramente insano. O ego suga da única fonte que é totalmente inimiga
da sua existência para a sua existência. Com medo de perceber o poder dessa fonte, é forçado a depreciá-lo. Isso ameaça a sua

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UM CURSO EM MILAGRES
própria existência, um estado que acha intolerável. Permanecendo lógico, mas ainda insano, o ego resolve esse dilema completa-
mente insano de uma maneira completamente insana. Ele não percebe a própria existência como ameaçada, projetando a ameaça
sobre ti e percebendo o que tu és como não existente. 10Isso assegura a continuação do ego, se ficares do seu lado, garantindo que
não conhecerás a tua própria Segurança.
4. O ego não pode se dar ao luxo de conhecer coisa alguma. O conhecimento é total e o ego não acredita em totalidade. Essa des-
crença é a sua origem e apesar do ego não te amar, ele é fiel aos próprios antecedentes, gerando como foi gerado. A mente sempre
reproduz do modo como foi produzida. Produzido pelo medo, o ego reproduz o medo. Essa é a aliança do ego e essa aliança faz
com que ele seja traiçoeiro para com o amor, porque tu és amor. O amor é o teu poder, que o ego tem que negar. Ele também tem
que negar tudo que esse poder te dá porque ele te dá tudo. Ninguém que tenha tudo quer o ego. Seu próprio autor, então, não o
quer. A rejeição é, portanto, a única decisão que o ego poderia encontrar se a mente que o fez conhecesse a si mesma. E se ela
reconhecesse qualquer parte da Filiação, conheceria a si mesma.
5. O ego, portanto, se opõe a toda apreciação, a todo reconhecimento, a toda percepção sã e a todo conhecimento. Percebe a amea-
ça destas coisas como total, porque sente que todos os compromissos que a mente faz são totais. 3Forçado, então, a se desprender
de ti, está disposto a se ligar a qualquer outra coisa. Mas não há nenhuma outra coisa. A mente pode, no entanto, inventar ilusões e
se o fizer, vai acreditar nelas, porque é assim que as fez.
6. O Espírito Santo desfaz ilusões sem atacá-las porque não pode absolutamente percebê-las. Portanto, elas não existem para Ele.
Ele resolve o conflito aparente que elas engendram, percebendo o conflito como sem significado. Eu já disse que o Espírito Santo
percebe o conflito exatamente como é, e ele é sem significado. O Espírito Santo não quer que tu compreendas o conflito, Ele quer
que reconheças que, porque o conflito não tem significado, é incompreensível. Como eu já disse, a compreensão traz apreciação e a
apreciação traz amor. Nada mais pode ser compreendido porque nada mais é real e, portanto, nada mais tem significado.
7. Se mantiveres em mente o que o Espírito Santo te oferece, não podes ser vigilante a favor de coisa alguma, a não ser de Deus e
do Seu Reino. A única razão pela qual podes achar isso difícil de aceitar é que podes ainda pensar que existe algo mais. A crença
não requer vigilância a não ser que seja conflitada. Se é, existem componentes conflitantes dentro dela que conduziram a um estado
de guerra e a vigilância, então, veio a ser essencial. A vigilância não tem lugar na paz. Ela é necessária contra crenças que não são
verdadeiras e nunca o Espírito Santo teria apelado para isso, se não tivesses acreditado no que não é verdadeiro. Quando acreditas
em alguma coisa, fazes com que seja verdadeira para ti. Quando acreditas no que Deus não conhece, o teu pensamento parece
contradizer o Seu e isso faz com que pareça que O estás atacando.
8. Enfatizei repetidamente que o ego acredita que pode atacar a Deus e tenta persuadir-te de que é isso o que tens feito. Se a mente
não pode atacar, o ego parte de maneira perfeitamente lógica para acreditar que tens que ser um corpo. Por não ver-te como és, ele
pode se ver como quer ser. Ciente da própria fraqueza, o ego quer a tua aliança, mas não como tu realmente és. O ego, portanto,
quer engajar a tua mente no seu próprio sistema delusório, pois de outro modo, a luz da tua compreensão o dissiparia. Ele não quer
nenhuma parte da verdade, porque o ego em si mesmo não é verdadeiro. Se a verdade é total, o não verdadeiro não pode existir. O
compromisso com uma coisa ou outra tem que ser total, elas não podem coexistir na tua mente sem dividi-la. Se não podem coexistir
em paz e se tu queres a paz, tens que desistir da idéia de conflito inteiramente e para todo o sempre. Isso requer vigilância só en-
quanto tu não reconheces o que é verdadeiro. Enquanto acreditares que dois sistemas de pensamento totalmente contraditórios
compartilham a verdade, a tua necessidade de vigilância é evidente.
9. A tua mente está dividindo a própria aliança entre dois remos e tu não estás totalmente comprometido com nenhum dos dois. A tua
identificação com o Reino está totalmente fora de qualquer questionamento, a não ser para ti quando estás pensando de forma insa-
na. O que tu és não é estabelecido pela tua percepção e não é influenciado por ela em nada. Os problemas percebidos na identifica-
ção em qualquer nível não são problemas de fato. São problemas de compreensão, já que a sua presença implica em que acreditas
que o que tu és, cabe a ti decidir. O ego acredita totalmente nisso, estando inteiramente comprometido com isso. Isso não é verda-
deiro. Portanto, o ego está totalmente comprometido com a inverdade, percebendo em total contradição com o Espírito Santo e com
o conhecimento de Deus.
10. Tu só podes ser percebido significativamente pelo Espírito Santo porque o que tu és é o conhecimento de Deus. Qualquer crença
que aceites à parte disso vai obscurecer a Voz de Deus em ti e, portanto, obscurecerá Deus para ti. A não ser que percebas a Sua
criação verdadeiramente, não podes conhecer o Criador, pois Deus e a Sua criação não são separados. A unicidade do Criador e da
criação é a tua integridade, a tua sanidade e o teu poder sem limites. Esse poder sem limites é a dádiva de Deus para ti, porque ele
é o que tu és. Se dissocias dele a tua mente, estás percebendo a mais poderosa força do universo como se ela fosse fraca, porque
não acreditas que és parte dela.
11. Percebida sem a tua parte nela, a criação de Deus é vista como se fosse fraca e aqueles que se vêem enfraquecidos, de fato,
atacam. No entanto, o ataque tem que ser cego, porque nada há que atacar. Portanto, eles inventam imagens, percebem-nas como
indignas e as atacam por sua indignidade. Isso é tudo o que é o mundo do ego. Nada. Ele não tem significado. Não existe. Não ten-
tes compreendê-lo porque, se o fizeres, estás acreditando que ele pode ser compreendido e é, portanto, capaz de ser apreciado e
amado. Isso justificaria a sua existência, a qual não pode ser justificada. Tu não podes fazer com que o que é sem significado seja
significativo. Isso só pode ser uma tentativa insana.
12. Permitir a entrada da insanidade em tua mente significa que não julgaste a sanidade como algo totalmente desejável. Se queres
alguma outra coisa, vais fazer alguma outra coisa, mas pelo fato de ser outra coisa, ela vai atacar o teu sistema de pensamento e
dividir a tua aliança. Tu não podes criar nesse estado dividido e tens que ser vigilante contra esse estado dividido, porque só a paz
pode ser estendida. A tua mente dividida está bloqueando a extensão do Reino e a sua extensão é a tua alegria. Se não estendes o
Reino, não estás pensando com o teu Criador nem criando como Ele criou.
13. Nesse estado deprimente, o Espírito Santo te lembra com gentileza que estás triste porque não estás realizando a tua função
enquanto co-criador com Deus e estás, por conseguinte, privando a ti mesmo da alegria. Essa não é uma escolha de Deus, mas tua.
3Se a tua mente pudesse estar em desacordo com a de Deus, estarias tendo uma vontade sem significado. Entretanto, porque a
Vontade de Deus é imutável, nenhum conflito de vontade é possível. Esse é o ensinamento perfeitamente consistente do Espírito
Santo. A criação, e não a separação, é a tua vontade porque é a de Deus e nada que se oponha a isso significa coisa alguma. Sen-
do essa uma realização perfeita, a Filiação só pode realizar com perfeição estendendo a alegria na qual foi criada e identificando-se
tanto com seu Criador como com suas criações, com o conhecimento de que são um só.

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UM CURSO EM MILAGRES
VII. A totalidade do Reino
1. Sempre que negares uma bênção a um irmão, tu te sentirás privado, porque a negação é tão total quanto o amor. É tão impossível
negar parte da Filiação quanto amá-la em parte. Também não é possível amá-la totalmente às vezes. Não podes estar totalmente
comprometido apenas às vezes. A negação não tem poder em si mesma, mas tu podes dar a ela o poder da tua mente, poder esse
que é sem limites. Se a usas para negar a realidade, a realidade se vai para ti. A realidade não pode ser apreciada parcialmente. É
por isso que negar qualquer parte dela significa que tu perdeste a consciência de toda a realidade. Entretanto, a negação é uma
defesa e assim pode ser usada positivamente bem como negativamente. Usada de forma negativa, ela será destrutiva porque será
usada para o ataque.Mas a serviço do Espírito Santo, pode ajudar-te a reconhecer parte da realidade e assim apreciá-la toda. A
mente é por demais poderosa para estar sujeita à exclusão. Tu jamais serás capaz de te excluir dos teus pensamentos.
2. Quando um irmão age insanamente, ele está te oferecendo uma oportunidade de abençoá-lo. A sua necessidade é a tua. Necessi-
tas da bênção que podes oferecer a ele. Não há nenhum outro modo de tê-la, a não ser dando-a. Essa é a lei de Deus e ela não tem
exceções. O que tu negas te falta, não porque esteja faltando, mas porque o tens negado em outro e não estás, portanto, ciente dis-
so em ti mesmo. Toda resposta que dás é determinada pelo que pensas que és e o que queres ser é o que pensas que és. Assim
sendo, o que queres ser determina necessariamente toda resposta que dás.
3. Não precisas da bênção de Deus porque isso tens para sempre, mas precisas da tua. O retrato que o ego faz de ti é de privação,
desamor e vulnerabilidade. Não podes amar isso. No entanto, podes muito facilmente escapar dessa imagem deixando-a para trás.
Tu não estás lá e aquilo não é o que tu és. Não vejas esse retrato em ninguém ou o terás aceito como o que tu és. Todas as ilusões
acerca da Filiação são dissipadas conjuntamente, assim como foram feitas conjuntamente. Não ensines a ninguém que ele é o que
tu não queres ser. O teu irmão é o espelho no qual vês a imagem de ti mesmo enquanto durar a percepção. E a percepção vai durar
até que a Filiação se conheça como um todo. Tu fizeste a percepção e ela tem que durar enquanto a quiseres.
4. As ilusões são investimentos. Elas durarão enquanto tu as valorizares. Os valores são relativos, mas são poderosos porque são
julgamentos mentais. A única maneira de dissipar ilusões é retirar delas todo o investimento e deixarão de ter vida para ti, pois as
terás colocado fora da tua mente. Enquanto as incluis em tua mente, tu lhes dás vida. No entanto, nelas não há nada para receber a
tua dádiva.
5. A dádiva da vida é tua para ser dada, porque te foi dada. Não és ciente da tua dádiva porque não a dás. Não podes fazer co m que
o nada viva, já que o nada não pode ser vivificado. Por conseguinte, não estás estendendo a dádiva que tu ao mesmo tempo tens e
és e assim não conheces o que és. Toda a confusão vem de não estenderes a vida, porque não é essa a Vontade do teu Criador. Tu
não podes fazer nada à parte Dele, e efetivamente nada fazes à parte Dele. Segue o Seu caminho para lembrar-te de ti e ensina o
Seu caminho para que tu mesmo não o esqueças. Dá só honra aos Filhos do Deus vivo e inclue-te no meio deles com contentamen-
to.
6. Só a honra é dádiva adequada para aqueles que o próprio Deus criou dignos de honra e a quem Ele honra. Dá a eles a apreciação
que Deus sempre lhes reserva, porque são os Seus amados Filhos, nos quais Ele Se compraz. Tu não podes estar à parte deles
porque não estás à parte Dele. Descansa no Seu Amor e protege o teu descanso amando. Mas ames tudo o que Ele criou, do que tu
és uma parte ou não podes aprender sobre a Sua paz e aceitar a Sua dádiva para ti mesmo e como tu mesmo. Não podes conhecer
a tua própria perfeição enquanto não tiveres honrado todos aqueles que foram criados como tu.
7. Uma criança de Deus é o único professor suficientemente digno de ensinar a outra. Um único Professor está em todas as mentes e
Ele ensina a mesma lição a todos. Ele sempre te ensina o valor inestimável de cada Filho de Deus, ensinando isso com paciência
infinita, nascida do Amor infinito pelo qual Ele fala. Todo ataque é um chamado à Sua paciência, já que a Sua paciência é capaz de
traduzir ataque em bênção. Aqueles que atacam não sabem que são abençoados. Atacam porque acreditam que são destituídos.
Dá, então, da tua abundância e ensina aos teus irmãos a deles. Não compartilhes as suas ilusões sobre a escassez, ou perceber-te-
ás como se algo estivesse te faltando.
8. O ataque jamais poderia promover ataque a não ser que tu o tenhas percebido como um meio de privar-te de alguma coisa que
queres. No entanto, não podes perder coisa alguma a não ser que não a valorizes e, portanto, não a queiras. Isso te faz sentir-te
privado dessa coisa e através da projeção da tua própria rejeição, acreditas então que os outros estão tirando-a de ti. Tens que estar
amedrontado se acreditas que o teu irmão está te atacando com o fim de arrancar-te o Reino do Céu. Essa é a base fundamental
para toda a projeção do ego.
9. Sendo a parte da tua mente que não acredita que é responsável por si mesma e sem aliança com Deus, o ego é incapaz de confi-
ança. Ao projetar sua crença insana em que tu foste traidor para com o teu Criador, ele acredita que os teus irmãos, que são tão
incapazes disso quanto tu, estão empenhados em tirar Deus de ti. Sempre que um irmão ataca outro, é nisso que ele acredita. A
projeção sempre vê os seus desejos em outros. Se escolhes separar-te de Deus, é isso o que pensarás que os outros estão fazendo
contigo.
10. Tu és a Vontade de Deus. Não aceites nada mais como a tua vontade, ou estás negando o que tu és. Nega isso e atacarás, acre-
ditando que foste atacado. Mas vê o Amor de Deus em ti e tu o verás em toda a parte, porque ele está em toda a parte. Vê Sua a-
bundância em todos e saberás que estás Nele com eles. Eles são parte de ti assim como tu és parte de Deus. Sem a compreensão
disso, tu és tão solitário quanto o próprio Deus quando os Seus Filhos não O conhecem. A paz de Deus é essa compreensão. Só
existe um caminho para sair do pensamento do mundo, assim como só existiu um caminho para entrar nele. Compreende totalmente
compreendendo a totalidade.
11. Percebe qualquer parte do sistema de pensamento do ego como totalmente insano, totalmente delusório e totalmente indesejável
e terás avaliado todo ele de forma correta. Essa correção te permite perceber qualquer parte da criação como totalmente real, total-
mente perfeita e totalmente desejável. Querendo só isso terás só isso e dando só isso, serás só isso. As dádivas que ofereces ao
ego são sempre vivenciadas como sacrifícios, mas as dádivas que ofereces ao Reino são dádivas para ti. Elas sempre serão guar-
dadas como tesouros por Deus porque pertencem aos Seus Filhos amados que pertencem a Ele. Todo poder e toda glória são teus
porque o Reino é Dele.

VIII. A crença inacreditável


1. Nós dissemos que sem projeção não pode haver raiva, mas também é verdade que sem extensão não pode haver amor. Estas
afirmações refletem uma lei fundamental da mente e, portanto, uma lei que está sempre em operação. E a lei pela qual crias e foste
criado. É a lei que unifica o Reino e o mantém na Mente de Deus. Para o ego, a lei é percebida como um meio de se livrar de algo
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UM CURSO EM MILAGRES
que ele não quer. Para o Espírito Santo, é a lei fundamental do compartilhar pela qual dás aquilo que valorizas de modo a conservá-
lo na tua mente. Para o Espírito Santo, é a lei da extensão. Para o ego, é a lei da privação. Ela produz, portanto, abundância ou es-
cassez, dependendo de como tu escolhes aplicá-la. Essa escolha cabe a ti, mas não cabe a ti decidir se vais ou não usar a lei. Todas
as mentes necessariamente projetam ou estendem, porque é assim que vivem e toda mente é vida.
2. O uso que o ego faz da projeção tem que ser inteiramente compreendido antes que a associação inevitável que se faz entre p roje-
ção e raiva possa ser finalmente desfeita. O ego sempre tenta preservar o conflito. Ele é muito engenhoso em inventar formas que
pareçam diminuir o conflito, porque não quer que aches o conflito tão intolerável a ponto de vires a insistir em desistir dele. O ego
tenta, então, persuadir-te de que ele pode libertar-te do conflito, contanto que não desistas dele e te libertes. Usando a sua própria
versão distorcida das leis de Deus, o ego usa o poder da mente apenas para derrotar o propósito real da mente. Projeta o conflito da
tua mente para outras mentes em uma tentativa de persuadir-te de que tu te livraste do problema.
3. Existem dois erros principais envolvidos nessa tentativa. Primeiro, estritamente falando, o conflito não pode ser projetado porque
não pode ser compartilhado. Qualquer tentativa de manter parte dele e livrar-te de outra parte não significa realmente nada. Lembra-
te que um professor conflitado é mau professor e mau aprendiz. As suas lições são confusas e o valor de transferência que elas têm
é limitado pela sua confusão. O segundo erro é a idéia de que podes te livrar de alguma coisa que não queres, dando-a a outro.
Dando-a tu a manténs, pois essa é a forma de mantê-la. O fato de acreditares que vendo-a do lado de fora tu a excluíste do que está
dentro é uma completa distorção do que seja o poder da extensão. E por isso que aqueles que projetam são vigilantes em favor de
sua própria segurança. Eles têm medo de que suas projeções retornem e os firam. Acreditando que apagaram as suas projeções de
suas próprias mentes, acreditam também que as suas projeções estão tentando voltar a introduzirem-se nelas de modo furtivo. Uma
vez que as projeções não deixaram as suas mentes, eles são forçados a engajaremse em uma atividade constante de forma a não
reconhecer isso.
4. Tu não podes perpetuar uma ilusão acerca de um outro sem perpetuá-la acerca de ti mesmo. Para isso não há saída, porque é
impossível fragmentar a mente. Fragmentar é quebrar em pedaços e a mente não pode atacar nem ser atacada. A crença em que
ela pode, um erro que o ego sempre comete, está por trás de todo o seu uso da projeção. Ele não entende o que é a mente, e por-
tanto não entende o que tu és. Apesar disso, a existência do ego depende da tua mente, porque o ego é crença tua. O ego é uma
confusão na identificação. Não tendo nunca tido um modelo consistente, ele nunca se desenvolveu de maneira consistente. É o pro-
duto da aplicação indevida das leis de Deus por mentes distorcidas que estão usando o seu poder de forma equivocada.
5. Não tenhas medo do ego. Ele depende da tua mente e como tu o fizeste por acreditares nele, da mesma forma podes dissipá-lo
retirando a tua crença nele. Não projetes a responsabilidade pela tua crença nele em mais ninguém, ou preservarás a crença. Quan-
do estiveres disposto a aceitar sozinho a responsabilidade pela existência do ego, terás deixado de lado toda a raiva e todo o ata-
que, pois esses vêm de uma tentativa de projetar a responsabilidade pelos teus próprios erros. Mas tendo aceito esses erros como
teus, não os mantenhas. Entrega-os rapidamente ao Espírito Santo de modo que possam ser completamente desfeitos, de tal modo
que todos os seus efeitos desapareçam da tua mente e da Filiação como um todo.
6. O Espírito Santo vai ensinar-te a perceber o que está além da tua crença porque a verdade está além da crença e a Sua percep-
ção é verdadeira. O ego pode ser completamente esquecido a qualquer momento porque é uma crença totalmente inacreditável e
ninguém pode manter uma crença que tenha julgado inacreditável. Quanto mais aprendes sobre o ego, mais reconheces que não se
pode acreditar nele. Aquilo em que não se pode crer não pode ser compreendido porque é inacreditável. A falta de significado da
percepção baseada no inacreditável é evidente, mas pode não ser reconhecida como estando além da crença, pois é feita pela cren-
ça.
7. Todo o propósito deste curso é ensinar-te que o ego é e será para sempre inacreditável. Tu que fizeste o ego acreditando no ina-
creditável não podes fazer esse julgamento sozinho. Ao aceitares a Expiação para ti mesmo, estás te decidindo contra a crença em
que podes ser sozinho, assim dissipando a idéia da separação e afirmando a tua verdadeira identificação com todo o Reino literal-
mente como parte de ti. Essa identificação está além da dúvida assim como está além da crença. A tua integridade não tem limites
porque o que é tem que ser infinito.

IX. A extensão do Reino


1. Só tu podes limitar o teu poder criativo, mas a Vontade de Deus é liberar-te. A Vontade de Deus não te privaria das tuas criações
assim como Ele não privar-Se-ia das Suas. Não negues as tuas dádivas à Filiação, ou estás te negando a Deus! O egoísmo é do
ego, mas a plenitude do Ser é do espírito, porque é assim que Deus o criou. O Espírito Santo está na parte da mente que fica entre o
ego e o espírito, sendo mediador entre eles sempre em favor do espírito. 6Para o ego, isso é parcialidade e ele responde como se
algo estivesse se colocando contra ele. Para o espírito, isso é verdade porque ele conhece a própria plenitude e não pode conceber
que haja parte alguma da qual esteja excluído.
2. O espírito sabe que a consciência de todos os seus irmãos está incluída na sua própria, assim como está incluída em Deus. O
poder de toda a Filiação e de seu Criador é, portanto, a própria plenitude do espírito, tornando as criações do espírito igualmente
íntegras e iguais em perfeição. O ego não pode prevalecer contra uma totalidade que inclui a Deus e qualquer totalidade necessari-
amente inclui a Deus. A tudo o que Deus criou é dado todo o Seu poder porque é parte Dele e compartilha com Ele O Que Ele E.
Criar é o oposto de perder, como a bênção é o oposto do sacrifício. O que é tem que ser estendido. E deste modo que retém o co-
nhecimento de si mesmo. O espírito anseia por compartilhar o que ele é assim como fez o seu Criador. Criado pelo compartilhar, sua
vontade é criar. Não deseja conter a Deus, mas sua vontade é estender o Que Ele É.
3. A extensão do Que é Deus é a única função do espírito. A plenitude do espírito não pode ser contida, assim como a plenitude do
seu Criador. Plenitude é extensão. Todo o sistema de pensamento do ego bloqueia a extensão e assim bloqueia a tua única função.
Bloqueia, portanto, a tua alegria, de tal modo que tu te percebes como não sendo pleno. A não ser que cries, não serás pleno, mas
Deus não conhece o que não é pleno, portanto, não podes deixar de criar. Podes não conhecer as tuas próprias criações, mas isso
não pode interferir com a sua realidade, assim como o fato de não estares ciente do teu espírito não interfere com o que ele é.
4. O Reino está se estendendo para sempre porque está na Mente de Deus. Tu não conheces a tua alegria porque não conheces a
plenitude do Teu próprio Ser. Exclui qualquer parte do Reino de ti mesmo e não és íntegro. Uma mente dividida não pode perceber
sua plenitude e necessita que o milagre da sua integridade desponte sobre ela para curá-la. Isso re-desperta a integridade nela e a
devolve ao Reino devido à sua aceitação da integridade. A plena apreciação da plenitude do Ser, que é mental, faz com que o ego-

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UM CURSO EM MILAGRES
ísmo seja impossível e a extensão inevitável. É por isso que há perfeita paz no Reino. O espírito está realizando a sua função e só a
realização completa é paz.
5. As tuas criações são protegidas para ti porque o Espírito Santo, Que está em tua mente, tem conhecimento delas e pode trazê-las
à tua consciência sempre que permitires que Ele o faça. Elas estão aí como parte do que tu és, porque a tua plenitude as inclui. As
criações de cada Filho de Deus são tuas já que cada criação pertence a todos, tendo sido criada para a Filiação como um todo.
6. Tu não falhaste em aumentar a herança dos Filhos de Deus, portanto, não falhaste em garanti-la para ti mesmo. Como foi Vontade
de Deus dá-la a ti, Ele a deu para sempre. Como foi Sua Vontade que tu a tivesses para sempre, Ele te deu os meios de mantê-la. E
assim tens feito. Desobedecer a Vontade de Deus só tem significado para o insano. Na verdade é impossível. A plenitude do teu Ser
é tão ilimitada quanto a de Deus. Como a Sua, Ela se estende para sempre e em perfeita paz. Sua radiância é tão intensa que Ela
cria em alegria perfeita e só o que é íntegro pode nascer da Sua integridade.
7. Sê confiante em que nunca perdeste a tua Identidade e as extensões que A mantém na integridade e na paz. Milagres são uma
expressão dessa confiança. Eles são reflexos tanto da tua identificação apropriada com os teus irmãos quanto da tua consciência de
que a tua identificação é mantida pela extensão. O milagre é uma lição de percepção total. Ao incluir qualquer parte da totalidade na
lição, tu incluíste o todo.

X. A confusão entre dor e alegria


1. O Reino é o resultado de premissas, assim como esse mundo. Podes ter levado o raciocínio do ego à sua conclusão lógica que é
confusão total a respeito de tudo. Se realmente visses esse resultado, não poderias querer isso. A única razão pela qual poderias
talvez querer qualquer parte disso, seria não estares vendo o todo. Tu estás disposto a olhar para as premissas do ego, mas não
para o seu resultado lógico. Não é possível que tenhas feito a mesma coisa com as premissas de Deus? As tuas criações são o re-
sultado lógico das Suas premissas. O pensamento de Deus as estabeleceu para ti. Elas estão exatamente onde devem estar. Per-
tencem à tua mente como parte da tua identificação com a Sua Mente, mas o estado da tua mente e o teu reconhecimento do que
está nela dependem do que acreditas em relação à tua mente.Sejam quais forem essas crenças, elas são as premissas que vão
determinar o que aceitas em tua mente.
2. Com certeza está claro que podes fazer duas coisas: aceitar na tua mente o que não está lá e negar o que está. Entretanto, a
função que o próprio Deus deu à tua mente através da Sua, podes negar mas não podes impedir. É o resultado lógico do que tu és.
A capacidade de ver um resultado lógico depende da tua disponibilidade para vê-lo, mas a verdade nada tem a ver com a tua vonta-
de. A verdade é a Vontade de Deus. Compartilha a Sua Vontade e compartilhas o que Ele conhece. Nega a Sua Vontade enquanto
tua e estarás negando o Seu Reino e o teu.
3. O Espírito Santo vai dirigir-te só para evitar a dor. Com certeza, ninguém faria objeções a essa meta se a reconhecesse. O proble-
ma não é saber se o que o Espírito Santo diz é verdadeiro, mas se queres ouvir o que Ele diz. Tu és tão incapaz de reconhecer o
que é doloroso quanto de saber o que é alegre e estás, de fato, muito propenso a confundir os dois. A principal função do Espírito
Santo é ensinar-te a fazer a distinção entre eles. O que te dá alegria é doloroso para o ego, e enquanto estiveres em dúvida a respei-
to do que és, estarás confuso em relação à dor e à alegria. Essa confusão é a causa de toda a idéia de sacrifício. Obedece ao Espíri-
to Santo e estarás desistindo do ego. Mas não estarás sacrificando nada. Ao contrário, estarás ganhando tudo. Se acreditasses nis-
so, não haveria nenhum conflito.
4. É por isso que necessitas demonstrar o óbvio a ti mesmo. Não é óbvio para ti. Acreditas que fazer o oposto à Vontade de Deus
pode ser melhor para ti. Também acreditas que é possível fazer o oposto da Vontade de Deus. Portanto, acreditas que uma escolha
impossível esteja aberta para ti, escolha essa que é ao mesmo tempo amedrontadora e desejável. No entanto, Deus exerce a própria
Vontade. Ele não deseja. A tua vontade é tão poderosa quanto a Sua porque é a Sua. Os desejos do ego não significam coisa algu-
ma, porque o ego deseja o impossível. Podes desejar o impossível, mas só podes exercer a tua vontade com Deus. Essa é a fra-
queza do ego e a tua força.
5. O Espírito Santo sempre está ao teu lado e ao lado da tua força. Enquanto evitares a Sua orientação de qualquer forma, queres ser
fraco. Todavia, a fraqueza é assustadora. Que outra coisa, então, pode significar essa decisão a não ser que queres estar amedron-
tado? O Espírito Santo nunca pede sacrifícios, mas o ego sempre o faz. Quando estás confuso acerca dessa distinção na motivação,
isso só pode ser devido à projeção. A projeção é uma confusão na motivação e dada essa confusão, a confiança vem a ser impossí-
vel. Ninguém obedece de boa vontade a um guia em quem não confia, mas isso não significa que o guia não seja confiável. Nesse
caso, sempre significa que o seguidor não é confiável. Contudo, isso também é apenas uma questão da própria crença que ele tem.
Acreditando que ele é capaz de trair, acredita que tudo pode traí-lo. Porém, tudo isso acontece apenas porque ele escolheu seguir
uma orientação falsa. Incapaz de seguir essa orientação sem medo, associa medo com orientação e se recusa a seguir qualquer
orientação que seja. Se o resultado dessa decisão é a confusão, não é surpreendente.
6. O Espírito Santo é perfeitamente confiável, como tu o és. O próprio Deus confia em ti e, portanto, a tua confiabilidade está além do
que é questionável. Ela sempre estará além do questionável, por mais que possas questioná-la. Eu já disse que és a Vontade de
Deus. A Sua Vontade não é um desejo vão e a tua identificação com a Sua Vontade não é opcional, já que ela é o que tu és. Com-
partilhar a Sua Vontade comigo, na realidade, não é uma escolha que esteja aberta, embora possa parecer estar. Toda a separação
está nesse erro. A única saída do erro é decidir que tu não tens que decidir coisa alguma. Tudo te foi dado por decisão de Deus. Es-
sa é a Sua Vontade e tu não podes desfazê-la.
7. Mesmo o abandono da tua falsa prerrogativa de tomar decisões, que o ego guarda tão zelosamente, não é realizado através do teu
desejo. Foi realizado para ti através da Vontade de Deus, Que não te deixou sem consolo. A Sua Voz vai te ensinar como distinguir
entre dor e alegria e te conduzirá para fora da confusão que tens feito. Não há confusão na mente de um Filho de Deus, cuja vonta-
de tem que ser a Vontade do Pai, porque a Vontade do Pai é Seu Filho.
8. Milagres estão de acordo com a Vontade de Deus, Vontade essa que tu não conheces porque estás confuso em relação à qual é a
tua vontade. Isso significa que estás confuso em relação ao que tu és. Se tu és a Vontade de Deus e não aceitas a Sua Vontade,
estás negando a alegria. O milagre é, portanto, uma lição acerca do que é a alegria. Sendo uma lição acerca do compartilhar, uma
lição de amor que é alegria. Todo milagre é, então, uma lição sobre a verdade e por oferecer a verdade, estás aprendendo a diferen-
ça entre dor e alegria.

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UM CURSO EM MILAGRES
XI. O estado de graça
1. O Espírito Santo sempre te guiará verdadeiramente porque a tua alegria é a Sua. Essa é a Sua Vontade para todos porque Ele fala
pelo Reino de Deus, que é alegria. Segui-Lo é, portanto, a coisa mais fácil no mundo e a única coisa que é fácil, porque não é do
mundo. É, portanto, natural. O mundo vai contra a tua natureza, estando em desacordo com as leis de Deus. O mundo percebe or-
dens de dificuldades em todas as coisas. Isso é assim porque o ego não percebe nada como totalmente desejável. Demonstrando a
ti mesmo que não há nenhuma ordem de dificuldades em milagres, vais te convencer de que, em teu estado natural, não há dificul-
dade alguma porque é um estado de graça.
2. A graça é o estado natural de todo Filho de Deus. Quando ele não está em estado de graça, está fora de seu ambiente natural e
não funciona bem. Tudo o que faz passa a ser uma tensão, pois ele não foi criado para o ambiente que tem feito. Portanto, não é
capaz de se adaptar a ele e nem de adaptá-lo a si. Não há sentido em tentar. Um Filho de Deus só é feliz quando sabe que está com
Deus. Esse é o único ambiente em que ele não vivenciará tensão, porque é o seu lugar. É também o único ambiente digno dele,
porque seu próprio valor está além de qualquer coisa que ele possa fazer.
3. Considera o reino que tens feito e julga o seu valor de forma justa. Ele é digno de ser um lar para uma criança de Deus? Protege a
sua paz e irradia amor sobre ela? Mantém seu coração intocado pelo medo e lhe permite dar sempre sem qualquer senso de perda?
Ele lhe ensina que dar é a sua alegria, e que o próprio Deus lhe agradece pelo que dá? Esse é o único ambiente no qual podes ser
feliz. Tu não podes fazê-lo, assim como não podes fazer a ti mesmo. Ele foi criado para ti, como tu foste criado para ele. Deus cuida
das Suas crianças e não lhes nega nada. Entretanto, quando O negam não sabem disso, porque negam tudo a si mesmas.Tu, que
poderias dar o Amor de Deus a tudo o que vês, tocas e relembras, estás literalmente negando o Céu a ti mesmo.
4. Peço-te que te lembres que eu te escolhi para ensinar o Reino ao Reino. Não há exceções nesta lição, pois a ausência de exce-
ções é a lição. Todo Filho que retorna ao Reino com essa lição no seu coração curou a Filiação e deu graças a Deus. Cada pessoa
que aprende essa lição vem a ser o professor perfeito porque a aprendeu do Espírito Santo.
5. Quando uma mente tem só luz, ela só conhece luz. A sua prória radiância brilha em tudo à sua volta e se estende até a escuridão
de outras mentes, transformando-as em majestade. A Majestade de Deus está lá, para que a reconheças e a aprecies e a conheças.
Reconhecer a Majestade de Deus como o teu irmão é aceitar a tua própria herança. Deus só dá com igualdade. Se reconheceres a
Sua dádiva em qualquer pessoa, terás admitido o que Ele tem dado a ti. Nada é tão fácil de reconhecer como a verdade. Esse é o
reconhecimento que é imediato, claro e natural. Tu te treinaste para não reconhecê-lo e isso tem sido muito difícil para ti.
6. Fora do teu ambiente natural, bem podes perguntar: ―O que é a verdade?‖ já que a verdade é o ambiente pelo qual e para o qual tu
foste criado. Não conheces a ti mesmo porque não conheces o teu Criador. Não conheces as tuas criações porque não conheces os
teus irmãos, que as criaram contigo. Eu já disse que só toda a Filiação é digna de ser co-criadora com Deus, porque só toda a Filia-
ção pode criar como Ele. Sempre que curas um irmão por reconhecer o seu valor, estás reconhecendo o seu poder de criar e o teu.
Ele não pode ter perdido aquilo que reconheces e tu tens que ter a glória que vês nele. Ele é um co-criador com Deus e contigo.
Nega o seu poder criativo e estás negando o teu e o de Deus Que te criou.
7. Não podes negar parte da verdade. Tu não conheces as tuas criações porque não conheces o seu criador. 3Não conheces a ti
mesmo porque não conheces o teu Criador. As tuas criações não podem estabelecer a tua realidade, tanto quanto não podes esta-
belecer a de Deus. Mas podes conhecer ambas. O que é tem que ser conhecido pelo compartilhar. Porque Deus compartilhou o Que
Ele É contigo, podes conhecê-Lo. Mas é necessário que também conheças tudo o que Ele criou para ter o conhecimento do que
compartilharam. Sem o teu Pai, não vais conhecer a tua paternidade. O Reino de Deus inclui todos os Seus Filhos e as suas crian-
ças, que são como os Filhos assim como eles são como o Pai. Conhece, então, os Filhos de Deus e conhecerás toda a criação.

CAPÍTULO 8 - A JORNADA DE VOLTA

1. A direção do currículo
1. O conhecimento não é a motivação para se aprender esse curso. A paz sim. Esse é o pré-requisito para o conhecimento somente
porque aqueles que estão em conflito não estão em paz, e a paz é a condição do conhecimento porque é a condição do Reino. O
conhecimento só pode ser restaurado quando satisfazes as suas condições. Isso não é uma barganha feita por Deus, Que não faz
barganhas. É simplesmente o resultado do teu mau uso das Suas leis em função de uma vontade imaginária que não é a Sua. O
conhecimento é a Sua Vontade. Se estás te opondo à Sua Vontade, como podes ter conhecimento? Eu te disse o que o conheci-
mento te oferece, mas talvez ainda não consideres isso totalmente desejável. Se considerasses, não estarias tão pronto para jogá-lo
fora quando o ego pede a tua aliança.
2. As distrações do ego podem parecer interferir com o teu aprendizado, mas o ego não tem nenhum poder para distrair-te, a não ser
que lhe dês o poder de fazê-lo. A voz do ego é uma alucinação. Não podes esperar que ela diga: ―Eu não sou real.‖ Entretanto, não
te é pedido que dissipes sozinho as tuas alucinações. Meramente és solicitado a avaliá-las em termos dos seus resultados para ti.
Se não as queres com base na perda da paz, elas serão removidas da tua mente para ti.
3. Cada resposta ao ego é um chamado para a guerra e a guerra, de fato, priva-te da paz. No entanto, nessa guerra não há oponen-
te. Essa é a re-interpretação da realidade que tens que fazer para garantir a paz e a única que jamais precisas fazer. Aqueles que
percebes como oponentes são parte da tua paz, da qual estás desistindo por atacá-los. Como é possível ter algo do qual desististe?
Compartilhas para ter, mas não desistes da paz para ti mesmo. Quando desistes da paz, estás te excluindo dela. Essa é uma condi-
ção tão alheia ao Reino que não podes compreender o estado que prevalece dentro dele.
4. O teu aprendizado passado não pode deixar de ter te ensinado coisas erradas simplesmente porque não te fez feliz. Com base
nisso apenas, o seu valor deve ser questionado. Se o aprendizado almeja a mudança e é sempre esse o seu propósito, estás satis-
feito com as mudanças que teu aprendizado te trouxe? A insatisfação com os resultados do aprendizado é um sinal do fracasso do
dito aprendizado, pois significa que não conseguiste o que querias.
5. O currículo da Expiação é o oposto do currículo que estabeleceste para ti mesmo, mas assim também é o seu resultado. Se o
resultado do teu te tem feito infeliz e se queres outro diferente, obviamente é necessário uma mudança de currículo. A primeira mu-
dança a ser introduzida é uma mudança de direção. Um currículo significativo não pode ser inconsistente. Se é planejado por dois
professores, cada um acreditando em idéias diametralmente opostas, não pode ser integrado. Se é desenvolvido por esses dois
professores simultaneamente, cada um apenas interfere com o outro. Isso conduz à flutuação, mas não à mudança. Os voláteis não

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UM CURSO EM MILAGRES
têm direção. Não podem escolher uma direção porque não podem abandonar a outra, mesmo que essa não exista. Seu currículo
conflitado lhes ensina que todas as direções existem e não lhes dá uma referência racional para a escolha.
6. A total falta de sentido de tal currículo tem que ser inteiramente reconhecida antes que uma mudança real de direção venha a ser
possível. Não podes aprender simultaneamente de dois professores que estão em total discordância a respeito de tudo. O currículo
conjunto dos dois apresenta uma tarefa de aprendizado impossível. Eles estão te ensinando coisas inteiramente diferentes, de for-
mas inteiramente diferentes, o que poderia ser possível, exceto que ambos estão te ensinando sobre ti mesmo. A tua realidade não é
afetada por nenhum dos dois, mas se escutares os dois, a tua mente ficará dividida em relação ao que é a tua realidade.

II. A diferença entre aprisionamento e liberdade


1. Há uma referência racional para a escolha. Só um Professor sabe qual é a tua realidade. Se aprender a remover os obstáculos a
esse conhecimento é o propósito do currículo, tens que aprender isso com Ele. O ego não sabe o que está tentando ensinar. Está
tentando te ensinar o que tu és sem saber o que és. Só é perito em confusão. Não entende de nenhuma outra coisa. Como profes-
sor, então, o ego é totalmente confuso e confunde totalmente. Mesmo que pudesses desconsiderar inteiramente o Espírito Santo, o
que é impossível, ainda assim não poderias aprender nada do ego porque o ego nada conhece.
2. Há alguma razão possível para se escolher um professor assim? Não é verdade que a desconsideração total de qualquer coisa
que ele ensine não pode deixar de ter sentido? É esse o professor ao qual um Filho de Deus deve se voltar para achar a si mesmo?
O ego nunca te deu uma resposta razoável para coisa alguma. Baseando-te apenas na tua própria experiência do seu ensinamento,
só isso não deveria bastar para desqualificá-lo como teu futuro professor? No entanto, não é só nisso que o ego tem causado danos
ao teu aprendizado. Aprender traz alegria se te conduz ao longo do teu rumo natural e facilita o desenvolvimento do que tens. Po-
rém, quando recebes um ensinamento contra a tua natureza, perderás com o teu aprendizado, porque o teu aprendizado vai aprisi o-
nar-te. A tua vontade está na tua natureza e, portanto, não podes ir contra ela.
3. O ego não pode te ensinar coisa alguma desde que a tua vontade seja livre, porque não o escutarás. Não é tua vontade ser aprisi-
onado porque a tua vontade é livre. E por isso que o ego é a negação da vontade livre. Nunca é Deus Quem te coage, porque Ele
compartilha a Sua Vontade contigo. A Sua Voz só ensina de acordo com a Sua Vontade, mas não é essa a lição do Espírito Santo,
porque isso é o que tu és. A lição é que a tua vontade e a de Deus não podem discordar, porque são uma só. Isso é o desfazer de
todas as coisas que o ego tenta ensinar. Não é, então, apenas a direção do currículo que tem que estar livre de conflitos, mas tam-
bém o conteúdo.
4. O ego tenta ensinar que queres te opor à Vontade de Deus. Essa lição, que não é natural, não pode ser aprendida e a tentativa de
aprendê-la é uma violação da tua própria liberdade, fazendo com que tenhas medo da tua vontade porque ela é livre. O Espírito San-
to se opõe a qualquer aprisionamento da vontade de um Filho de Deus, sabendo que a vontade do Filho é a do Pai. O Espírito Santo
te conduz consistentemente pelo caminho da liberdade, ensinando-te como desconsiderar ou olhar para o que está além de tudo o
que poderia deter-te.
5. Nós dissemos que o Espírito Santo te ensina a diferença entre dor e alegria. Isso é o mesmo que dizer que Ele te ensina a diferen-
ça entre prisão e liberdade. Não podes fazer essa distinção sem Ele porque tens ensinado a ti mesmo que prisão é liberdade. Acredi-
tando que as duas coisas sejam a mesma, como é que podes fazer a distinção entre elas? É possível pedires à parte da tua mente
que te ensinou a acreditar que elas são a mesma para ensinar-te como são diferentes?
6. O ensinamento do Espírito Santo toma apenas uma direção e tem apenas uma meta. A Sua direção é a liberdade e a Sua meta é
Deus. No entanto, Ele não pode conceber Deus sem ti, porque não é a Vontade de Deus ser sem ti. Quando tiveres aprendido que a
tua vontade é a de Deus, não mais poderás ter vontade de ser sem Ele, assim como Ele não poderia ter Vontade de ser sem ti. Isso
é liberdade e isso é alegria. Nega isso a ti mesmo e estarás negando a Deus o Seu Reino porque Ele te criou para isso.
7. Quando eu disse ―Todo poder e toda glória são teus porque o Reino é Dele‖, o significado é esse: a Vontade de Deus é sem limites
e todo poder e toda glória estão dentro dela. É infinita em força, em amor e em paz. Não tem fronteiras porque a sua extensão é
ilimitada, e ela abrange todas as coisas porque criou todas as coisas. Tendo criado todas as coisas, fez com que fossem parte de si
mesma. Tu és a Vontade de Deus porque foi assim que foste criado. Porque o teu Criador só cria como Ele próprio, tu és como Ele.
Tu és parte Dele, Que é todo o poder e toda a glória e és, portanto, tão ilimitado quanto Ele.
8. A que outra coisa, além de todo o poder e de toda a glória, pode o Espírito Santo apelar para restaurar o Reino de Deus? Assim
sendo, o Seu apelo dirige-se meramente ao que é o Reino, para que o próprio Reino reconheça o que é. Quando reconheces isso,
trazes automaticamente esse reconhecimento a todos, por-que reconheceste a todos. Pelo teu reconhecimento, despertas o deles e
através do deles, o teu é estendido. O despertar corre com facilidade e contentamento pelo Reino em resposta ao Chamado Daquele
que fala por Deus. Essa é a resposta natural de cada Filho de Deus à Voz pelo seu Criador porque Essa é a Voz pelas suas criações
e pela sua própria extensão.

III. O encontro santo


1. Glória a Deus nas alturas e a ti, porque essa é a Vontade de Deus. Pede e te será dado, porque já te foi dado. Pede luz e aprende
que és luz. Se queres compreensão e iluminação, tu as aprenderás porque a tua decisão de aprendê-las é a decisão de escutar o
Professor Que conhece a luz e pode, portanto, ensiná-la a ti. Não há limite para o teu aprendizado porque não há limite para a tua
mente. Não há nenhum limite para o Seu ensinamento porque Ele foi criado para ensinar. Compreendendo a Sua função perfeita-
mente, Ele a cumpre perfeitamente porque essa é a Sua alegria e a tua.
2. Cumprir a Vontade de Deus de forma perfeita é a única alegria e a única paz que se pode conhecer inteiramente, porque é a única
função que pode ser vivenciada inteiramente. Assim sendo, quando isso é conseguido não existe nenhuma outra experiência. Entre-
tanto, o desejo por outra experiência vai bloquear a realização disso, porque a Vontade de Deus não pode ser imposta a ti, sendo
uma experiência que depende da tua total disponibilidade. O Espírito Santo compreende como ensinar isso, mas não tu. É por isso
que precisas Dele e é por isso que Deus O deu a ti. Só o Seu ensinamento vai liberar a tua vontade na Vontade de Deus, unindo-a
ao poder e à glória de Deus e estabelecendo-os como teus. Tu os compartilhas como Deus os compartilha, porque esse é o resulta-
do natural do que eles são.
3. A Vontade do Pai e a do Filho são uma só, por Sua extensão. A Sua extensão é o resultado da Sua unicidade, e a Sua unidade é
mantida pela extensão da Sua Vontade conjunta. Isso é criação perfeita pelos que são perfeitamente criados, em união com o Cria-

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UM CURSO EM MILAGRES
dor Perfeito. O Pai tem que dar paternidade a Seu Filho, porque a Sua própria Paternidade tem que ser estendida para fora. Tu, cujo
lugar é em Deus, tens a função santa de estender a Sua Paternidade não impondo limites a ela. Deixa o Espírito Santo te ensinar
como fazer isso, pois só podes ter o conhecimento do que isso significa do próprio Deus.
4. Quando te encontras com qualquer um, lembra-te de que é um encontro santo. Assim como tu o vires, verás a ti mesmo. Assim
como o tratares, tratarás a ti mesmo. Assim como pensares dele, pensarás de ti mesmo. Nunca te esqueças disso, pois nele acharás
a ti mesmo ou te perderás. Sempre que dois Filhos de Deus se encontram, lhes é dada mais uma chance de salvação. Não deixes
ninguém sem lhe dar a salvação e sem recebê-la tu mesmo. Pois eu estou aí contigo todos os dias, em tua memória.
5. A meta do currículo, independentemente do professor que escolheres é: ―Conhece-te a ti mesmo.‖ Não há nada além disso a bus-
car. Todos estão buscando a si mesmos e ao poder e à glória que pensam ter perdido. Sempre que estás com alguém, tens uma
outra oportunidade de achá-los. O teu poder e a tua glória estão nele, porque são teus. O ego tenta achá-los exclusivamente em ti,
porque não sabe onde procurar. O Espírito Santo te ensina que se olhares só para ti mesmo, não poderás te achar, porque não é
isso o que és. Toda vez que estás com um irmão, estás aprendendo o que és, porque estás ensinando o que és. Ele vai responder
com dor ou alegria, dependendo de qual é o professor que tu estás seguindo. Ele será aprisionado ou liberado de acordo com a tua
decisão e tu também. Nunca te esqueças da tua responsabilidade para com ele, porque é a tua responsabilidade para contigo mes-
mo. Dá-lhe o lugar que pertence a ele no Reino e terás o teu.
6. O Reino não pode ser achado sozinho e tu, que és o Reino, não podes achar a ti mesmo sozinho. Conseqüentemente, para con-
seguires a meta do currículo não podes escutar o ego, cujo propósito é derrotar a própria meta. O ego não sabe disso, porque não
sabe de coisa alguma. Mas tu podes saber disso e saberás se estiveres disposto a olhar para o que o ego quer fazer de ti. Essa é a
tua responsabilidade, pois uma vez que tiveres realmente olhado para isso, vais aceitar a Expiação para ti mesmo. Que outra esco-
lha poderias fazer? Tendo feito essa escolha, vais compreender porque antigamente acreditavas que, quando te encontravas com
uma outra pessoa, pensavas que ela era outra pessoa. E cada encontro santo no qual entrares inteiramente vai te ensinar que isso
não é assim.
7. Podes encontrar somente aquilo que é parte de ti, porque tu és parte de Deus Que é tudo. O poder e a glória de Deus estão em
todos os lugares e tu não podes ser excluído deles. O ego ensina que a tua força está só em ti. O Espírito Santo ensina que toda a
força está em Deus e, portanto, em ti. A Vontade de Deus é que ninguém sofra. Não é Sua Vontade que qualquer um sofra em fun-
ção de uma decisão errada, e tu estás incluído. É por isso que Ele te deu os meios de desfazê-la. Através do Seu poder e da Sua
glória, todas as tuas decisões erradas são completamente desfeitas, liberando a ti e ao teu irmão de qualquer pensamento aprisio-
nador que qualquer parte da Filiação mantenha. As decisões erradas não têm nenhum poder porque não são verdadeiras. O aprisio-
namento que parecem produzir não é mais verdadeiro do que elas.
8. A glória e o poder pertencem só a Deus. E tu também. Deus dá qualquer coisa que Lhe pertença, porque dá de Si Mesmo e todas
as coisas pertencem a Ele. Dar de ti mesmo é a função que Ele te deu. Cumpri-la perfeitamente permitirá que te lembres do que tens
Dele e através disso, lembrar-te-ás também do que és Nele. Não podes ser impotente para fazer isso porque esse é o teu poder. A
glória é a dádiva de Deus a ti porque é isso o que Ele é. Vê essa glória em toda parte para lembrar-te do que tu és.

IV. A dádiva da liberdade


1. Se a Vontade de Deus para ti é a paz e a alegria completas, a menos que vivencies só isso, tens que estar te recusando a reco-
nhecer a Sua Vontade. A Sua Vontade não vacila, sendo imutável para sempre. Quando tu não estás em paz só pode ser porque
não acreditas que estás Nele. Entretanto, Ele é Tudo em todos. A Sua paz é completa e tens que estar incluído nela. As Suas leis te
governam porque governam tudo. Não podes te isentar das Suas leis, embora possas desobedecê-las. Mas se o fizeres e só se o
fizeres, sentir-te-ás solitário e impotente, porque estarás negando tudo a ti mesmo.
2. Eu vim como uma luz a um mundo que, de fato, nega tudo a si mesmo. Faz isso simplesmente por dissociar-se de tudo. Ele é,
portanto, uma ilusão de isolamento mantida pelo medo da mesma solidão que é a ilusão do mundo. Eu disse que estou contigo
sempre, até o fim do mundo. E por isso que eu sou a luz do mundo. Se eu estou contigo na solidão do mundo, a solidão desaparece.
Não podes manter a ilusão da solidão se não estás só. Meu propósito, então, ainda é o de vencer o mundo. Eu não o ataco, mas a
minha luz necessariamente o dissipa, devido ao que ela é. A luz não ataca a escuridão, mas a ilumina e ela desaparece. Se a minha
luz vai contigo a todo lugar, tu a iluminas comigo fazendo com que ela desapareça. A luz vem a ser nossa e não podes habitar na
escuridão, assim como a escuridão não pode habitar aonde fores. A memória de mim é a memória de ti mesmo e Daquele Que me
enviou a ti.
3. Tu estavas na escuridão até que a Vontade de Deus fosse feita completamente por qualquer parte da Filiação. Quando isso foi
feito, foi perfeitamente realizado por todos. De que outra forma poderia ser perfeitamente realizado? Minha missão simplesmente foi
a de unir a vontade da Filiação à Vontade do Pai, por estar eu próprio ciente da Vontade do Pai. Essa é a consciência que eu vim te
dar e o teu problema de aceitá-la é o problema desse mundo. Dissipá-lo é a salvação e nesse sentido eu sou a salvação do mundo.
O mundo, portanto, tem que desprezar-me e rejeitar-me, porque o mundo é a crença em que o amor é impossível. Se aceitares o
fato de que eu estou contigo, estás negando o mundo e aceitando a Deus. Minha vontade é a Sua e a tua decisão de me ouvir é a
decisão de ouvir a Sua Voz e habitar na Sua Vontade. Assim como Deus me enviou a ti, eu te enviarei a outros. E irei a eles c ontigo,
para que nós possamos ensinar-lhes a paz e a união.
4. Não pensas que o mundo necessita de paz tanto quanto tu?
Não queres dar ao mundo essa paz tanto quanto queres recebê-la? Pois a não ser que a dês, não irás recebê-la. Se queres tê-la de
mim, tens que dá-la. A cura não vem de nenhuma outra pessoa. Tens que aceitar a orientação que vem de dentro. A orientação tem
que ser aquilo que queres, ou será sem significado para ti. É por isso que a cura é um empreendimento de colaboração. Eu posso te
dizer o que fazer, mas precisas colaborar acreditando que eu sei o que deves fazer. Só então a tua mente escolherá me seguir. Sem
essa escolha não poderias ser curado, porque terias te decidido contra a cura e essa rejeição da minha decisão por ti faz com que a
cura seja impossível.
5. A cura reflete a nossa vontade conjunta. Isso é óbvio quando consideras para que serve a cura. A cura é o caminho no qual se
vence a separação. A separação é vencida pela união. Não pode ser vencida pelo ato de separar-se. A decisão de unir tem que ser
inequívoca ou a própria mente está dividida e não íntegra. A tua mente é o meio através do qual determinas a tua própria condição,
porque a mente é o mecanismo de decisão. E o poder através do qual separas ou unes e correspondentemente experimentas dor ou
alegria. A minha decisão não pode vencer a tua, porque a tua é tão poderosa quanto a minha. Se não fosse assim, os Filhos de
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UM CURSO EM MILAGRES
Deus seriam desiguais. Todas as coisas são possíveis através da nossa decisão conjunta, mas só a minha não pode ajudar-te. A tua
vontade é tão livre quanto a minha e o próprio Deus não iria contra ela. Eu não posso ter uma vontade que não seja a Vontade de
Deus. Eu posso oferecer a minha força para fazer com que a tua seja invencível, mas não posso me opor à tua decisão sem compe-
tir com ela e com isso violar a Vontade de Deus para ti.
6. Nada do que Deus criou pode se opor à tua decisão assim como nada do que Deus criou pode se opor à Sua Vontade. Deus deu à
tua vontade o poder que ela tem, que eu só posso reconhecer em honra à Sua. Se queres ser como eu, eu te ajudarei, sabendo que
somos iguais. Se queres ser diferente, eu esperarei até que mudes a tua mente. Eu posso ensinar-te, mas só tu podes escolher es-
cutar o meu ensinamento. Como pode ser senão assim, se o Reino de Deus é liberdade? A liberdade não pode ser aprendida por
qualquer tipo de tirania e a igualdade perfeita de todos os Filhos de Deus não pode ser reconhecida através do domínio de uma
mente sobre outra. Os Filhos de Deus são iguais em vontade, sendo todos a Vontade de seu Pai. Essa é a única lição que eu vim
ensinar.
7. Se a tua vontade não fosse a minha, não seria a de nosso Pai. Isso significaria que aprisionaste a tua e não a tens deixado ser
livre. Por ti mesmo, nada podes fazer, porque por ti mesmo não és nada. Eu não sou nada sem o Pai, e tu não és nada sem mim,
pois ao negar o Pai, negas a ti mesmo. Eu sempre me lembrarei de ti e na minha memória de ti está a tua memória de ti mesmo. Em
nossa memória um do outro está a nossa memória de Deus.
E nesta memória está a tua liberdade, porque a tua liberdade está Nele. Une-te, então, a mim em louvor a Ele e a ti, a Quem Ele
criou. Essa é a nossa dádiva de gratidão a Ele, que Ele compartilhará com todas as Suas criações às quais dá igualmente tudo aqui-
lo que é aceitável para Ele. Por ser aceitável para Ele, essa é a dádiva da liberdade, que é a Sua Vontade para todos os Seus Filhos.
Oferecendo liberdade, tu serás livre.
8. Liberdade é a única dádiva que podes oferecer aos Filhos de Deus, sendo um reconhecimento do que eles são e do que Ele é.
Liberdade é criação, porque é amor. Aquele que buscas aprisionar, tu não amas. Por conseguinte, quando buscas aprisionar alguém,
incluindo a ti mesmo, não o amas e não podes identificar-te com ele. Quando tu te aprisionas, estás perdendo de vista a tua verda-
deira identificação comigo e com o Pai. A tua identificação é com o Pai e com o Filho. Não pode ser com um e não com o outro. Se
és parte de um, tens que ser parte do outro porque eles são um. A Santíssima Trindade é santa porque é Una. Se te excluis dessa
união, estás percebendo a Santíssima Trindade como separada. Tens que estar incluído Nela, porque Ela é tudo. A não ser que ocu-
pes o teu lugar Nela e realizes a tua função como parte Dela, a Santíssima Trindade fica tão destituída quanto tu. Nenhuma parte
Dela pode estar aprisionada se se quiser conhecer a Sua verdade.

V. A vontade sem divisão da Filiação


1. É possível estares separado da tua identificação e estares em paz? A dissociação não é uma solução, é uma delusão. Aqueles que
estão presos em delusões acreditam que a verdade vai assalta-los e eles não a reconhecerão porque preferem a delusão. Julgando
a verdade como algo que não querem, o que percebem são as suas ilusões, as quais bloqueiam o conhecimento. Ajuda-os ofere-
cendo-lhes a tua mente unificada a favor deles, assim como eu te ofereço a minha a favor da tua. Sozinhos, nós não podemos fazer
nada, mas juntos, nossas mentes se fundem em algo cujo poder está muito além do poder de suas partes separadas. Por não ser
separada, a Mente de Deus está estabelecida nas nossas mentes como nossa. Essa Mente é invencível porque é sem divisão.
2. A vontade sem divisão da Filiação, que é a Vontade de Deus, é o criador perfeito, sendo totalmente à semelhança de Deus. Não
podes estar isento disso se queres compreender o que ela é e o que tu és. Por acreditares que a tua vontade está separada da mi-
nha, estás te isentando da Vontade de Deus, que é o que tu és. Entretanto, curar ainda é tornar íntegro. Por conseguinte, curar é
unir-se àqueles que são como tu, porque perceber essa semelhança é reconhecer o Pai. Se a tua perfeição está Nele e somente
Nele, como é que podes conhecê-la sem reconhecê-Lo? O reconhecimento de Deus é o reconhecimento de ti mesmo. Não há sepa-
ração entre Deus e a Sua criação. Vais te dar conta disso quando compreenderes que não há separação entre a tua vontade e a
minha. Deixa o Amor de Deus brilhar sobre ti pela tua aceitação de mim. A minha realidade é a tua e a Dele. Ao unir a tua mente à
minha, dás significado à tua consciência de que a Vontade de Deus é uma só.
3. A Unicidade de Deus e a nossa não são separadas, porque a Sua Unicidade abrange a nossa. Unir-te a mim é restaurar o Seu
poder para ti porque nós o estamos compartilhando. Eu te ofereço só o reconhecimento do Seu poder em ti, mas nisso está toda a
verdade. Na medida em que nos unimos, nos unimos a Ele. Glória seja dada a união de Deus e de Seus Filhos santos! Toda a glória
está neles porque são unidos. Os milagres que fazemos dão testemunho da Vontade do Pai para o Seu Filho e da nossa alegria em
nos unir com a Sua Vontade para nós.
4. Quando te unes a mim, estás te unindo sem o ego, porque eu renunciei ao ego em mim mesmo e portanto não posso me unir ao
teu. Nossa união é, assim, o caminho para renunciares ao ego em ti. A verdade em nós dois está além do ego. Nosso sucesso em
transcendê-lo é garantido por Deus e eu compartilho essa confiança por nós dois e por todos nós. Eu trago de volta a paz de Deus
para todas as Suas crianças porque eu a recebi Dele para todos nós. Nada pode prevalecer contra as nossas vontades unidas pois
nada pode prevalecer contra a Vontade de Deus.
5. Queres conhecer a Vontade de Deus para ti? Pergunta a mim, que a conheço por ti e a acharás. Nada te negarei, assim como
Deus não me nega nada. A nossa jornada é simplesmente a jornada de volta a Deus, que é a nossa casa. Sempre que o medo se
introduzir em qualquer lugar ao longo da estrada para a paz, isso se deve ao ego ter tentado unir-se a nós nessa jornada, e não po-
der fazê-lo. Sentindo a derrota e enraivecido por isso, o ego se considera rejeitado e vem a ser vingativo. Es invulnerável à vingança
do ego porque eu estou contigo. Nesta jornada, me escolheste como teu companheiro, em vez do ego. Não tentes apegar-te aos
dois, ou estarás tentando ir em direções diferentes e perderás o caminho.
6. O caminho do ego não é o meu, mas também não é o teu. O Espírito Santo tem uma direção para todas as mentes e aquela que
Ele me ensinou é a tua. Não percamos de vista a Sua direção por meio de ilusões, pois apenas as ilusões de outra direção podem
obscurecer aquela pela qual a Voz de Deus fala em todos nós. Nunca conceda ao ego o poder de interferir com a jornada. Ele não
tem nenhum, porque a jornada é o caminho para o que é verdadeiro. Deixa para trás todas as ilusões e vai além de todas as tentati-
vas do ego de deter-te. Eu vou à tua frente, porque estou além do ego. Alcança, pois, a minha mão porque queres transcender o
ego. A minha força nunca será insuficiente e se escolheres compartilhá-la, tu o farás. Eu a dou com disponibilidade e contentamento
porque preciso de ti tanto quanto precisas de mim.

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UM CURSO EM MILAGRES
VI. O tesouro de Deus
1. Nós somos a vontade conjunta da Filiação, cuja integridade é para todos nós. Damos início à jornada de volta ao partirmos juntos e
nos reunimos aos nossos irmãos na medida em que continuamos juntos. Cada ganho em nossa força é oferecido a todos, de modo
que também eles possam deixar de lado suas fraquezas e adicionar suas forças a nós. As boas-vindas de Deus nos esperam a to-
dos e Ele vai nos dar boas-vindas assim como eu as dou a ti. Não esqueças do Reino de Deus por coisa alguma que o mundo tenha
a oferecer.
2. O mundo nada pode adicionar ao poder e a gloria de Deus e de Seus Filhos santos, mas pode cegar os Filhos em relação ao Pai,
se eles contemplam o mundo. Não podes contemplar o mundo e conhecer a Deus. Só um é verdadeiro. Eu vim para te dizer que não
cabe a ti escolher qual dos dois é verdadeiro. Se fosse assim, terias te destruído. Entretanto, a destruição das Suas criações não foi
a Vontade de Deus, tendo-as criado para a eternidade. A Sua Vontade tem salvo a ti, não de ti mesmo, mas da tua ilusão de ti mes-
mo. Ele te tem salvo para ti.
3. Vamos glorificar Aquele a Quem o mundo nega, pois sobre o Seu Reino o mundo não tem poder. Ninguém que tenha sido criado
por Deus pode achar alegria em coisa alguma exceto o eterno; não porque esteja privado de qualquer outra coisa, mas porque ne-
nhuma outra coisa é digna dele. O que Deus e Seus Filhos criam é eterno e nisso, e apenas nisso, está a alegria para eles.
4. Escuta a história do filho pródigo e aprende o que é o tesouro de Deus e o teu: esse filho de um pai amoroso deixou a sua casa e
pensou que tinha dissipado tudo em troca de nada de valor, embora na época não tenha compreendido essa falta de valor. Ele tinha
vergonha de retornar para seu pai, porque pensava que o tinha ferido. No entanto, quando veio para casa, o pai lhe deu as boas-
vindas com alegria, porque o próprio filho era o tesouro de seu pai. Ele não queria nada mais.
5. Deus só quer Seu Filho, porque Seu Filho é Seu único tesouro. Tu queres as tuas criações assim como Ele quer as Dele. As tuas
criações são a tua dádiva à Santíssima Trindade, criadas em gratidão pela tua criação. Elas não te deixam, do mesmo modo como
não deixaste o teu Criador, mas estendem a tua criação assim como o próprio Deus Se estendeu a ti. É possível que as criações do
próprio Deus tenham alegria naquilo que não é real? E o que e real, exceto as criações de Deus e aquelas que são criadas como as
Dele? As tuas criações te amam como tu amas o teu Pai pela dádiva da criação. Não há nenhuma outra dádiva que seja eterna e,
portanto, não há nenhuma outra dádiva que seja verdadeira. Como, então, podes aceitar qualquer outra coisa ou dar qualquer outra
coisa e esperar alegria em troca? E o que mais, além de alegria, poderias querer? Tu não fizeste a ti mesmo e nem a tua função.
Fizeste apenas a decisão de seres indigno de ambos. No entanto, não podes tornar-te indigno porque tu és o tesouro de Deus e o
que Ele valoriza tem valor. Não pode haver nenhum questionamento acerca deste valor, porque ele está no fato de que Deus com-
partilha a Si Mesmo com ele, estabelecendo-o para sempre.
6. A tua função é adicionar ao tesouro de Deus por criar o teu. A Sua Vontade para ti é a Sua Vontade por ti. Ele não iria manter a
criação afastada de ti porque é nisso que está a Sua alegria. Não podes achar alegria exceto como Deus o faz. A Sua alegria está
em criar-te e Ele te estende a Sua própria Paternidade de modo que possas te estender como Ele fez. Não compreendes isso por-
que não O compreendes. Ninguém que não aceite a própria função pode compreender qual ela é e ninguém pode aceitar a própria
função a não ser que conheça o que ele próprio é. A criação é a Vontade de Deus. A Sua Vontade te criou para criar. A tua vontade
não foi criada separadamente e assim tens que ter a mesma vontade que Ele.
7. Uma ―vontade de má vontade‖ não significa coisa alguma, sendo uma contradição em termos que, de fato, não significa nada.
Quando pensas que não estás disposto a ter a Vontade de Deus, não estás pensando. A Vontade de Deus é pensamento. Não pode
ser contradita pelo pensamento. Deus não contradiz a Si Mesmo e Seus Filhos, que são como Ele, não podem contradizer a si
mesmos ou a Ele. No entanto, o seu pensamento é tão poderoso que podem até mesmo aprisionar a mente do Filho de Deus, se
assim escolherem. Essa escolha, de fato, faz com que a função do Filho seja desconhecida para ele, mas nunca para o seu Criador.
E porque não é desconhecida para o seu Criador, é para sempre passível de ser conhecida por ele.
8. Não há nenhum questionamento que devas jamais colocar para ti mesmo, a não ser um: ―Quero conhecer a Vontade de meu Pai
para mim?‖ Ele não a esconderá. Ele a revelou a mim porque eu a pedi a Ele e aprendi com o que Ele já havia dado. Nossa função é
trabalharmos juntos porque à parte um do outro não podemos funcionar de forma alguma. Todo o poder do Filho de Deus está em
todos nós, mas não em nenhum de nós sozinho. Deus não nos quer sozinhos, porque Ele não tem vontade de ser sozinho. E por
isso que criou Seu Filho e deu-lhe o poder de criar com Ele. Nossas criações são tão santas quanto nos somos e nós somos os Fi-
lhos do próprio Deus, tão santos quanto Ele. Através das nossas criações nós estendemos o nosso amor e assim aumentamos a
alegria da Santíssima Trindade. Não compreendes isso, porque tu, que és o tesouro do próprio Deus, não te consideras algo de va-
lor. Dada essa crença, não podes compreender coisa alguma.
9. Eu compartilho com Deus o conhecimento do valor que Ele confere a ti. Minha devoção a ti procede Dele, tendo nascido do meu
conhecimento de mim mesmo e Dele. Nós não podemos ser separados. Quem Deus uniu não pode ser separado e Deus uniu todos
os Seus Filhos a Si Mesmo. E possível estares separado da tua vida e do teu ser? A jornada a Deus é meramente o re-despertar do
conhecimento acerca de onde tu sempre estás e do que és para sempre. E uma jornada sem distância para uma meta que nunca
mudou. A verdade só pode ser experimentada. Não pode ser descrita e não pode ser explicada. Eu posso fazer com que estejas
ciente das condições da verdade, mas a experiência é de Deus. Juntos, podemos satisfazer estas condições, mas a verdade des-
pontará sobre ti por si mesma.
10. O que tem sido a Vontade de Deus para ti é teu. Ele tem dado a Sua Vontade ao Seu tesouro, de quem ela é o tesouro. O teu
coração está lá onde está o teu tesouro, assim como o Dele. Tu, que és o bem-amado de Deus, és totalmente bem-aventurado. A-
prende isso comigo e liberta a santa vontade de todos aqueles que são tão bem-aventurados quanto tu és.

VII. O corpo como um meio de comunicação


1. O ataque é sempre físico. Quando qualquer forma de ataque entra na tua mente, estás te igualando a um corpo, já que é essa a
interpretação que o ego faz do corpo. Não é preciso que ataques fisicamente para aceitares essa interpretação. Tu a estás aceitando
simplesmente por acreditares que o ataque pode te conseguir algo que queres. Se não acreditasses nisso, a idéia do ataque não
teria nenhum apelo para ti. Quando te igualas a um corpo, sempre experimentas depressão. Quando um Filho de Deus pensa em si
mesmo desse modo, está se diminuindo e vendo seus irmãos igualmente diminuídos. Uma vez que ele só pode se achar neles, se
excluiu da salvação.
2. Lembra-te que o Espírito Santo interpreta o corpo só como um meio de comunicação. Sendo o elo de comunicação entre Deus e
Seus Filhos separados o Espírito Santo interpreta tudo o que tens feito à luz do que Ele é. O ego separa através do corpo. E o Espí-
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UM CURSO EM MILAGRES
rito Santo alcança os outros através dele. Tu não percebes os teus irmãos como o Espírito Santo os percebe, porque não consideras
os corpos somente como meios de juntar as mentes e uni-las com a tua e a minha. Essa interpretação do corpo vai mudar a tua
mente por completo a respeito do valor que ele tem. Por si mesmo, ele não tem nenhum.
3. Se usas o corpo para o ataque, isso te causa dano. Se tu o usas só para alcançar as mentes daqueles que acreditam que são
corpos e ensiná-los através do corpo que isso não é assim, vais compreender o poder da mente que está em ti. Se usas o corpo
para isso, e só para isso, não podes usá-lo para o ataque. A serviço da união, ele vem a ser uma bela lição de comunhão, que tem
valor até que haja comunhão. Esse é o modo de Deus fazer com que seja ilimitado o que tu tens limitado. O Espírito Santo não vê o
corpo como tu o vês, porque Ele sabe que a única realidade de qualquer coisa é o serviço que rende a Deus em nome da função
que Ele lhe dá.
4. A comunicação acaba com a separação. O ataque a promove. O corpo é feio ou bonito, pacífico ou selvagem, útil ou danoso, de
acordo com o uso que lhe é conferido. E no corpo de outra pessoa verás o uso que tens conferido ao teu. Se o corpo vem a ser um
meio que dás ao Espírito Santo, de forma que Ele o use em favor da união da Filiação, tu não verás coisa alguma que seja física
exceto como ela é. Usa-o para a verdade e o verás verdadeiramente. Usa-o equivocadamente e tu o compreenderás equivocada-
mente, porque já o terás feito por usá-lo de forma equivocada. Interpreta qualquer coisa à parte do Espírito Santo e desconfiarás
dela. Isso te conduzirá ao ódio, ao ataque e à perda da paz.
5. No entanto, toda a perda vem somente da tua própria compreensão equivocada. Qualquer tipo de perda é impossível. Mas quando
olhas para um irmão como uma entidade física, o seu poder e glória estão ―perdidos‖ para ti, assim como os teus. Atacaste o teu
irmão, mas em primeiro lugar, tens que ter atacado a ti mesmo. Não o vejas desse modo pela tua própria salvação, que não pode
deixar de trazer ao teu irmão a sua. Não permitas que ele se diminua em tua mente, mas liberta-o da sua crença na pequenez e as-
sim escapa da tua. Como parte de ti, ele é santo. Como parte de mim, tu és. Comunicar-te com parte do próprio Deus é ir além do
Reino até o seu Criador, através da Sua Voz Que Ele estabeleceu como parte de ti.
6. Regozija-te, pois, pelo fato de que por ti mesmo nada podes fazer. Tu não és de ti mesmo. Aquele, de Quem tu és, determinou que
o teu poder e a tua glória sejam teus, com os quais podes perfeitamente realizar a Sua santa Vontade para ti quando a aceitas para ti
mesmo. Ele não retirou de ti as Suas dádivas, mas tu acreditas que as retiraste Dele. Em Nome de Deus, não deixes que nenhum
Filho de Deus permaneça escondido, porque o Seu Nome é o teu.
7. A Bíblia diz: ―E o Verbo (ou pensamento) se fez carne.‖ Estritamente falando isso é impossível, já que parece envolver a translação
de uma ordem de realidade para outra. Diferentes ordens de realidade meramente aparentam existir, assim como diferentes ordens
de milagres. O pensamento não pode ser feito carne exceto pela crença, já que o pensamento não é físico. No entanto, o pensamen-
to é comunicação, para a qual o corpo pode ser usado. Esse é o único uso natural que lhe pode ser conferido. Usar o corpo de ma-
neira não-natural é perder de vista o propósito do Espírito Santo e assim confundir a meta do Seu currículo.
8. Não há nada tão frustrante para um aprendiz do que um currículo que ele não pode aprender. O seu sentimento de adequação
sofre e ele não pode deixar de ficar deprimido. Confrontar-se com uma situação de aprendizado impossível é a coisa mais deprimen-
te do mundo. De fato, em última instância, é por esse motivo que o próprio mundo é deprimente. O currículo do Espírito Santo nunca
é deprimente porque é um currículo de alegria. Sempre que a reação ao aprendizado é a depressão, isso acontece porque se per-
deu de vista a verdadeira meta do currículo.
9. Nesse mundo, nem mesmo o corpo é percebido como íntegro. Seu propósito é visto como fragmentado em muitas funções com
pouca ou nenhuma relação uma com a outra, de modo que parece ser regido pelo caos. Guiado pelo ego, ele é. Guiado pelo Espírito
Santo, não é. Vem a ser um meio através do qual a parte da mente que tentaste separar do espírito pode ir além das suas distorções
e voltar para o espírito. O templo do ego assim vem a ser o templo do Espírito Santo, onde a devoção a Ele substitui a devoção ao
ego. Nesse sentido, o corpo, de fato, vem a ser um templo para Deus; a Sua Voz o habita, dirigindo o uso que lhe é conferido.
10. A cura é o resultado de usar o corpo somente para a comunicação. Como isso é natural, cura fazendo com que ele seja integro, o
que é também natural. Toda mente é íntegra e a crença em que parte dela é física, ou não é mental, é uma interpretação fragmenta-
da ou doentia. Não é possível se fazer com que a mente seja física, mas ela pode ser manifestada através do físico, se usa o corpo
para ir além de si mesma. Tentando alcançar o que está fora, a mente se estende. Ela não pára no corpo, pois se o faz, é bloqueada
em seu propósito. Uma mente que foi bloqueada permitiu a si mesma ser vulnerável ao ataque, porque voltou-se contra si mesma.
11. A remoção dos bloqueios é, então, o único modo de garantir ajuda e cura. Ajuda e cura são as expressões normais de uma mente
que está trabalhando através do corpo, mas não no corpo. Se a mente acredita que o corpo é a sua meta, vai distorcer a sua per-
cepção do corpo e, bloqueando a própria extensão para além dele, vai induzir à doença fomentando a separação. Perceber o corpo
como uma entidade separada não pode senão fomentar a doença, porque não é verdadeiro. Um meio de comunicação perde a sua
utilidade se é usado para qualquer outra coisa. Usar um meio de comunicação como um meio de ataque é uma óbvia confusão de
propósito.
12. Comunicar é unir e atacar é separar. Como podes fazer ambos ao mesmo tempo com a mesma coisa e não sofrer? A percepção
do corpo só pode ser unificada por um propósito único. Isso libera a mente da tentação de ver o corpo sob muitas luzes e o entrega
por inteiro à Única Luz na Qual ele pode ser realmente compreendido. Confundir um instrumento de aprendizado com uma meta do
currículo é uma confusão fundamental que bloqueia a compreensão de ambos. O aprendizado tem que conduzir para o que está
além do corpo até o re-estabelecimento do poder da mente nele. Isso só pode ser realizado se a mente se estende a outras mentes
e não se detém na sua extensão. Essa detenção é a causa de toda enfermidade, porque só a extensão é a função da mente.
13. O oposto da alegria é depressão. Quando o teu aprendizado promove depressão em vez de alegria, não podes estar escutando o
Professor alegre de Deus nem aprendendo Suas lições. Ver um corpo como qualquer outra coisa, exceto um meio de comunicação,
é limitar a tua mente e ferir a ti mesmo. A saúde, portanto, nada mais é do que o propósito unificado. Se o corpo é submetido ao pro-
pósito da mente, ele vem a ser íntegro porque o propósito da mente é um só. O ataque só pode ser um suposto propósito do corpo,
porque à parte da mente o corpo não tem propósito algum.
14. Tu não és limitado pelo corpo e o pensamento não pode se fazer carne. Entretanto, a mente pode ser manifestada através do
corpo se vai além dele e não o interpreta como limitação. Sempre que vês outra pessoa como limitada ao corpo ou pelo corpo, estás
impondo esse limite a ti mesmo. Estás disposto a aceitar isso, quando todo o propósito do teu aprendizado deveria ser escapar das
limitações? Conceber o corpo como um meio de ataque e acreditar que a alegria poderia resultar daí é uma indicação clara de um
aprendiz deficiente. Ele aceitou uma meta de aprendizado em óbvia contradição com o propósito unificado do currículo, meta essa
que interfere com a sua capacidade de aceitar o propósito do currículo como o seu próprio.
57
UM CURSO EM MILAGRES
15. A alegria é propósito unificado e o único propósito unificado é o de Deus. Quando o teu é unificado, ele é o Seu. Acredita que
podes interferir com o Seu propósito e estás precisando de salvação. Tu tens condenado a ti mesmo, mas a condenação não é de
Deus. Portanto, não é verdadeira. Nem o são quaisquer dos seus resultados aparentes. Quando vês um irmão como um corpo, tu o
estás condenando porque condenaste a ti mesmo. No entanto, se toda condenação é irreal e tem que ser irreal já que é uma forma
de ataque, ela não pode ter nenhum resultado.
16. Não permitas que tu mesmo sofras os resultados imaginários do que não é verdadeiro. Liberta a tua mente da crença segundo a
qual isso é possível. Na completa impossibilidade disso está a tua única esperança de liberação. Mas que outra esperança poderias
querer? A libertação das ilusões está apenas em não se acreditar nelas. Não há nenhum ataque, mas há comunicação ilimitada e,
portanto, poder e integridade ilimitados. O poder da integridade é extensão. Não detenhas o teu pensamento nesse mundo e assim
abrirás a tua mente para a criação em Deus.

VIII. O corpo como meio ou fim


1. Atitudes dirigidas ao corpo são atitudes dirigidas para atacar. As definições egóticas para qualquer coisa são infantis e sempre se
baseiam naquilo que ele acredita que seja a função para a qual ela serve. Isso é assim porque o ego é incapaz de generalizações
verdadeiras, e igualiza o que vê com a função que designou para isso. Ele não igualiza o que vê com o que a coisa é. Para o ego, o
corpo é algo com que atacar. Igualizar-te ao corpo te ensina que o que tu és serve para atacar. O corpo não é, então, a fonte da pró-
pria saúde. A condição do corpo depende apenas da tua interpretação da sua função. As funções são parte do ser, pois surgem dele,
mas o relacionamento não é recíproco. O todo define a parte, mas a parte não define o todo. No entanto, conhecer em parte é co-
nhecer inteiramente, devido à diferença fundamental entre conhecimento e percepção. Na percepção o todo é construído de partes
que podem se separar e reunir outra vez em diferentes constelações. Mas o conhecimento nunca muda, de modo que a sua conste-
lação é permanente. A idéia dos relacionamentos entre a parte e o todo só tem significado ao nível da percepção, onde a mudança é
possível. De outro modo, não há nenhuma diferença entre a parte e o todo.
2. O corpo existe em um mundo que parece conter duas vozes que lutam pela sua posse. Sendo essa a constelação que é percebi-
da, o corpo é visto como capaz de deslocar a sua aliança de uma para outra, fazendo com que tanto os conceitos da saúde quanto
os da doença sejam significativos. O ego faz uma confusão fundamental entre meio e fim, como sempre faz. Considerando o corpo
como um fim, o ego não tem uma utilidade real para ele, porque ele não é um fim. Tens que ter notado uma característica marcante
de todos os objetivos que o ego tem aceito para si mesmo. Quando o alcançaste, ele não te satisfez. E por isso que o ego é forçado
a se deslocar incessantemente de uma meta para outra, de forma que continues a esperar que ele ainda possa te oferecer alguma
coisa.
3. Tem sido particularmente difícil vencer a crença do ego no corpo enquanto fim, porque ela é sinônima à crença no ataque enquanto
fim. O ego tem um profundo investimento na doença. Se estás doente, como podes fazer objeções à firme crença do ego segundo a
qual não és invulnerável? Esse é um argumento atraente do ponto de vista do ego, porque obscurece o ataque óbvio que está por
trás da doença. Se reconhecesses isso e também se decidisses contra o ataque, não poderias dar esse falso testemunho à postura
do ego.
É duro perceber a doença como um testemunho falso porque não reconheces que ele está inteiramente à margem daquilo que tu
queres. Esse testemunho, então, parece ser inocente e digno de confiança porque não o examinaste com seriedade em todos os
seus aspectos. Se o tivesses feito, não considerarias a doença um testemunho tão forte a favor dos pontos de vista do ego. Uma
declaração mais honesta seria a de que aqueles que querem o ego estão predispostos a defendê-lo. Portanto, sua escolha de tes-
temunhas deveria ser suspeita desde o início. O ego não apela para testemunhas que iriam discordar do seu caso, assim como tam-
bém o Espírito Santo não o faz. Eu tenho dito que o julgamento é a função do Espírito Santo, função essa que Ele está perfeitamente
equipado para cumprir. O ego, enquanto juiz, faz qualquer coisa, exceto um julgamento imparcial. Quando o ego apela para uma
testemunha, ele já fez da testemunha uma aliada.
5. Ainda assim é verdade que o corpo não tem função em si mesmo, pois não é um fim. No entanto, o ego o estabelece como um fim,
pois dessa forma a sua função verdadeira é obscurecida. Esse é o propósito de tudo o que o ego faz. Seu único objetivo é perder de
vista a função de todas as coisas. Um corpo doente não faz nenhum sentido. Não poderia fazer nenhum sentido, porque a doença
não é a função do corpo. A doença só tem significado se as duas premissas básicas nas quais se baseia a interpretação que o ego
faz do corpo forem verdadeiras: que o corpo existe para o ataque e que tu és um corpo. Sem essas premissas, a doença é inconce-
bível.
6. A doença é um modo de demonstrar que podes ser ferido. É um testemunho da tua fragilidade, da tua vulnerabilidade e da tua
extrema necessidade de depender de orientação externa. O ego usa isso como seu melhor argumento para a tua necessidade da
sua orientação. Ele dita receitas sem fim para evitar resultados catastróficos. O Espírito Santo, perfeitamente ciente da mesma situa-
ção, não se preocupa absolutamente em analisá-la. Se os dados são sem significado, não faz sentido analisá-los. A função da ver-
dade é coletar informações que sejam verdadeiras. Qualquer forma que uses para lidar com o erro não resulta em nada. Quanto
mais complicados os resultados, mais duro vem a ser o reconhecimento de que nada são, mas não é necessário examinar todos os
resultados possíveis aos quais as premissas dão lugar para julgá-los verdadeiramente.
7. Um instrumento de aprendizado não é um professor. Ele não pode te dizer como te sentes. Não sabes como te sentes porque tens
aceito a confusão do ego e acreditas, por conseguinte, que um instrumento de aprendizado pode te dizer como te sentes. A doença
é meramente um outro exemplo da tua insistência em pedir a orientação de um professor que não sabe a resposta. O ego é incapaz
de saber como te sentes. Quando eu disse que o ego não sabe nada, disse a única coisa a respeito do ego que é totalmente verda-
deira. Mas há um corolário: se apenas o conhecimento é e se o ego não tem conhecimento, então o ego não é.
8. Tu bem poderias perguntar como a voz de alguma coisa que não existe pode ser tão insistente. Já pensaste no poder de distorção
de algo que queres, mesmo se não é real? Existem muitos exemplos de como o que queres distorce a percepção. Ninguém pode
duvidar da competência do ego em construir casos falsos. E nem ninguém pode duvidar da tua disponibilidade em escutar, enquanto
não escolhes não aceitar coisa alguma exceto a verdade. Quando deixares o ego de lado, ela desaparecerá. A Voz do Espírito Santo
é tão alta quanto a tua disponibilidade em ouvi-la. Não pode ser mais alta sem violar a tua liberdade de escolha, que o Espírito Santo
busca restaurar e nunca minar.
9. O Espírito Santo te ensina a usar o teu corpo só para alcançar os teus irmãos, de forma que Ele possa ensinar a Sua mensagem
através de ti. Isso irá curá-los e por conseguinte curará a ti. Tudo o que é usado de acordo com a sua função assim como o Espírito

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UM CURSO EM MILAGRES
Santo a vê, não pode ser doente. Tudo o que é usado de outro modo, o é. Não permitas que o corpo seja um espelho de uma mente
dividida. Não permitas que ele seja uma imagem da tua própria percepção da pequenez. Não permitas que ele reflita a tua decis ão
de atacar. A saúde é vista como o estado natural de todas as coisas quando a interpretação fica a cargo do Espírito Santo, Que não
percebe nenhum ataque em coisa alguma. A saúde é o resultado do abandono de todas as tentativas de se usar o corpo sem amor.
A saúde é o início da perspectiva adequada da vida sob a orientação do único Professor Que conhece o que é a vida, sendo a Voz
pela própria Vida.

IX. A cura como percepção corrigida


1. Eu disse anteriormente que o Espírito Santo é a Resposta. Ele é a Resposta para todas as coisas, porque Ele conhece qual é a
resposta para todas as coisas. O ego não sabe o que é uma verdadeira pergunta, muito embora ele coloque um sem número delas.
Entretanto, podes aprender isso na medida em que aprenderes a questionar o valor do ego e assim estabeleceres a tua capacidade
de avaliar as suas questões. Quando o ego te tenta para que fiques doente, não peças ao Espírito Santo para curar o corpo, pois
isso seria apenas aceitar a crença do ego segundo a qual o corpo é o objetivo adequado para a cura. Pede, em vez disso, que o
Espírito Santo te ensine a percepção certa do corpo, pois só a percepção pode ser distorcida. Só a percepção pode estar doente,
pois só a percepção pode estar errada.
2. A percepção errada é o desejo de que as coisas sejam como não são. A realidade de todas as coisas é totalmente inócua, pois a
condição da sua realidade é a inocuidade total. E também a condição da tua consciência da realidade de todas as coisas. Tu não
tens que buscar a realidade. Ela buscará a ti e te achará quando tiveres satisfeito as suas condições. As suas condições são parte
do que ela é. E só essa parte depende de ti. O resto é por si mesmo. Só precisas fazer tão pouco porque a tua pequena parte é tão
poderosa que te trará o todo. Aceita, pois, a tua pequena parte e permite que o todo seja teu.
3. A integridade cura porque é da mente. Todas as formas de doença, até mesmo a morte, são expressões físicas do medo do des-
pertar. Elas são tentativas de reforçar o sono por medo do acordar. Esse é um modo patético de tentar não ver, tornando sem efeito
as faculdades da vista. Descanse em paz é uma bênção para os vivos, não para os mortos, porque o descanso vem do despertar e
não do sono. O sono é afastamento; o despertar, união. Os sonhos são ilusões de união porque eles refletem as noções distorcidas
do ego a respeito do que seja unir. Entretanto, também o Espírito Santo tem uma utilidade para o sono e pode usar sonhos a favor
do despertar, se tu Lhe permitires.
4. Como acordas é o sinal de como usaste o sono. A quem o deste? Sob orientação de que professor o colocaste? Sempre que des-
pertas des-inspirado, não o deste ao Espírito Santo. Só quando acordas alegre é que usaste o sono de acordo com o Seu propósito.
De fato, podes ser ―drogado‖ pelo sono se tu o usaste equivocadamente em favor da doença. O sono não é uma forma de morte,
assim como a morte não é uma forma de inconsciência. A inconsciência completa é impossível. Só podes descansar em paz porque
estás desperto.
5. A cura é a liberação do medo de despertar e a sua substituição pela decisão de acordar. A decisão de acordar é o reflexo da von-
tade de amar, já que toda cura envolve a substituição do medo pelo amor. O Espírito Santo não pode distinguir entre graus de erro,
pois se ensinasse que uma forma de doença é mais séria do que outra, Ele estaria ensinando que um erro pode ser mais real do que
outro. A Sua função é distinguir só entre o falso e o verdadeiro, substituindo o falso pelo verdadeiro.
6. O ego, que sempre quer enfraquecer a mente, tenta separá-la do corpo em uma tentativa de destruí-la. No entanto, o ego de fato
acredita que está protegendo o corpo. Isso é assim porque o ego acredita que a mente é perigosa e que privar algo da mente é cu-
rar. Mas privar da mente é impossível, pois significaria fazer o nada do que Deus criou. O ego despreza a fraqueza, muito embora
faça todos os esforços para induzi-la. O ego só quer o que odeia. Para o ego, isso faz sentido perfeito. Acreditando no poder do ata-
que, o ego quer atacar.
7. A Bíblia te exorta a ser perfeito, a curar todos os erros, a não pensar no corpo como algo separado e a realizar todas as coisas em
meu nome. Mas não é só o meu nome, pois a nossa é uma identificação compartilhada. O Nome do Filho de Deus é um só e és e-
xortado a fazer os trabalhos do amor porque nós compartilhamos essa unicidade. Nossas mentes são íntegras porque são uma só.
Se estás doente, estás te afastando de mim. No entanto, tu não podes afastar-te só de mim. Só podes afastar-te de ti mesmo e de
mim.
8. Com certeza, já começaste a reconhecer que esse é um curso muito prático e que, de fato, quer dizer exatamente o que diz. Eu
não iria te pedir que fizesses coisas que não podes fazer e é impossível que eu pudesse fazer coisas que tu não possas fazer. Isso
posto e isso posto bem literalmente, nada pode te impedir de fazer exatamente o que eu peço e tudo argumenta a favor de que o
faças. Eu não te imponho limites porque Deus não colocou nenhum limite sobre ti. Quando limitas a ti mesmo, deixamos de ser uma
só mente e isso é doença. Entretanto, a doença não é do corpo, mas da mente. Todas as formas de doença são sinais de que a
mente está dividida e não aceita um propósito unificado.
9. A unificação do propósito é, então, o único caminho de cura do Espírito Santo. Isso é assim porque é o único nível no qual a cura
significa alguma coisa. O re-estabelecimento do significado em um sistema de pensamento caótico é o caminho para curá-lo. A tua
tarefa consiste apenas em preencher as condições do significado, pois o significado em si mesmo é de Deus. No entanto, o teu re-
torno ao significado é essencial para o Seu, porque o teu significado é parte do Seu. A tua cura, então, é parte da Sua saúde, já que
é parte da Sua Integridade. Ele não pode perder isso, mas tu podes não saber disso. Entretanto, essa é ainda a Sua Vontade para ti
e a Sua Vontade não pode deixar de prevalecer para sempre e em todas as coisas.

CAPÍTULO 9 - A ACEITAÇÃO DA EXPIAÇÃO

I. A aceitação da realidade
1. O medo da Vontade de Deus é uma das crenças mais estranhas que a mente humana jamais engendrou. Ela nunca poderia ter
ocorrido se a mente já não estivesse profundamente dividida, o que possibilitou que ela viesse a ter medo daquilo que na verdade e.
A realidade não pode "ameaçar" coisa alguma a não ser ilusões, já que a realidade só pode apoiar a verdade. O próprio fato de que
a Vontade de Deus, que é o que tu és, seja percebida como amedrontadora demonstra que tu tens medo do que és. Não é, então,
da Vontade de Deus que tens medo, mas da tua.
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UM CURSO EM MILAGRES
2. A tua vontade não é a vontade do ego e é por isso que o ego está contra ti. O que parece ser o medo de Deus é realmente o medo
da tua própria realidade. É impossível aprender qualquer coisa consistentemente em um estado de pânico. Se o propósito deste
curso é ajudar-te a lembrar do que és, e se acreditas que o que és é amedrontados, então segue-se que não aprenderás esse curso.
No entanto, a razão de ser do curso é não saberes o que és.
3. Se não sabes qual é a tua realidade, por que estarias tão certo de que ela é amedrontadora? A associação da verdade com o me-
do que, na melhor das hipóteses, seria altamente artificial, é particularmente inadequada nas mentes daqueles que não sabem o que
é a verdade. Tudo o que isso poderia significar é que estás arbitrariamente associando algo além da tua consciência com algo que
não queres. É evidente, então, que estás julgando alguma coisa da qual estás totalmente inconsciente. Estabeleceste essa estranha
situação de forma que é impossível escapar sem um Guia Que conheça qual é a tua realidade. O propósito desse Guia é apenas o
de lembrar-te o que tu queres. Ele não está tentando forçar uma vontade alheia a ti. Apenas está fazendo todo o esforço possível,
dentro dos limites que tu Lhe impões, para restabelecer a tua própria vontade na tua consciência.
4. Tu aprisionaste a tua vontade além da tua própria consciência, onde ela permanece, mas não pode ajudar-te. Quando eu disse que
a função do Espírito Santo é separar o falso do verdadeiro na tua mente, eu quis dizer que Ele tem o poder de olhar o que tu escon-
deste e lá reconhecer a Vontade de Deus. O Seu reconhecimento dessa Vontade pode fazer com que ela seja real para ti porque Ele
está em tua mente e, portanto, Ele é a tua realidade. Se, então, a Sua percepção da tua mente te traz a realidade dela, Ele está te
ajudando a lembrar o que tu és. A única fonte de medo nesse processo é aquilo que pensas que vais perder. No entanto, só podes
ter aquilo que o Espírito Santo vê.
5. Eu já enfatizei muitas vezes que o Espírito Santo nunca irá te pedir que sacrifiques o que quer que seja. Mas se tu pedes o sacrifí-
cio da realidade de ti mesmo, o Espírito Santo tem que lembrar-te que essa não é a Vontade de Deus porque não é a tua. Não existe
nenhuma diferença entre a Vontade de Deus e a tua. Se tu não tivesses uma mente dividida, reconhecerias que o exercício da von-
tade é a salvação, porque é comunicação.
6. É impossível comunicar-se em línguas diferentes. Tu e o teu Criador podem comunicar-se através da criação porque essa, e so-
mente essa, é a vossa Vontade conjunta. Uma mente dividida não pode se comunicar porque fala em nome de coisas diferentes à
mesma mente. Com isso perde-se a capacidade de comunicação, simplesmente porque a comunicação confusa não significa coisa
alguma. Não se pode comunicar uma mensagem a menos que ela faça sentido. Quão razoáveis podem ser as tuas mensagens
quando tu pedes o que não queres? No entanto, enquanto tiveres medo da tua vontade, é precisamente isso o que estás pedindo.
7. Tu podes insistir dizendo que o Espírito Santo não te responde, mas seria mais sábio considerares o tipo de questionados que és.
Tu não pedes apenas o que queres. Isso é assim porque tens medo de que possas recebê-lo, o que de fato aconteceria. É por isso
que persistes pedindo ao professor que não tem possibilidade de te dar o que queres. Com ele nunca poderás aprender o que que-
res e isso te dá a ilusão de segurança. No entanto, não podes ser protegido da verdade, mas apenas na verdade. A realidade é a
única segurança. A tua vontade é a tua salvação porque é a mesma de Deus. A separação nada mais é do que a crença em que é
diferente.
8. Nenhuma mente certa pode acreditar que a sua vontade é mais forte do que a de Deus. Então, se uma mente acredita que a sua
vontade é diferente da de Deus, ela só pode decidir que Deus não existe ou que a Vontade de Deus é amedrontadora. O primeiro é o
caso do ateu e o segundo o do mártir, que acredita que Deus exige sacrifícios. Qualquer uma dessas decisões insanas induzirá ao
pânico, porque o ateu acredita que está sozinho e o mártir acredita que Deus o está crucificando. No entanto, ninguém realmente
quer abandono ou vingança, mesmo que muitos possam buscar os dois. É possível pedires ao Espírito Santo "dádivas" tais como
essas e esperar recebê-las de fato? Ele não pode te dar algo que não queres. Quando pedes ao Doador Universal aquilo que não
queres, tu estás pedindo aquilo que não pode ser dado porque nunca foi criado. Nunca foi criado porque nunca foi a tua vontade
para ti.
9. Em última instância, todos têm que se lembrar da Vontade de Deus, porque, em última instância, todos têm que reconhecer a si
mesmos. Esse reconhecimento é o reconhecimento de que a vontade deles e a de Deus são uma só. Na presença da verdade não
existem descrentes nem sacrifícios. Na segurança da realidade, o medo é totalmente sem significado. Negar o que é só pode pare-
cer amedrontados. O medo não pode ser real sem uma causa e Deus é a única Causa. 'Deus é Amor e tu O queres. Essa é a tua
vontade. Pede isso e serás respondido, porque só estarás pedindo aquilo que te pertence.
10. Quando pedes ao Espírito Santo o que iria ferir-te, Ele não pode responder, porque nada pode ferir-te e assim estás pedindo o
nada. Qualquer desejo que brote do ego é um desejo pelo nada e pedir isso não é um pedido. É meramente uma negação na forma
de um pedido. O Espírito Santo não está preocupado com forma, estando ciente apenas do significado. O ego não pode pedir coisa
alguma ao Espírito Santo pois há um completo fracasso de comunicação entre eles. No entanto, tu podes pedir tudo ao Espírito San-
to, porque os teus pedidos são reais para Ele, vindos da tua mente certa. Iria o Espírito Santo negar a Vontade de Deus? E poderia
Ele falhar em reconhecê-la no Seu Filho?
11. Tu não reconheces o enorme desperdício de energia que gastas negando a verdade. O que dirias de alguém que persistisse
tentando o impossível, acreditando que conseguir o impossível é ter sucesso? A crença em que tens que ter o impossível para seres
feliz está totalmente em desacordo com o princípio da criação. A Vontade de Deus não poderia ser que a felicidade dependesse da-
quilo que nunca poderias ter. O fato de que Deus é Amor não requer crença, mas requer aceitação. É possível que negues fatos,
embora seja impossível para ti mudá-los. Se manténs as mãos sobre os teus olhos tu não verás porque estás interferindo com as
leis que possibilitam ver. Se negas o amor, tu não o conhecerás, porque a tua cooperação é a lei que faz do amor o que ele é. Tu
não podes mudar leis que não fizeste e as leis da felicidade foram criadas para ti, não por ti.
12. Qualquer tentativa de negar o que é tem que ser amedrontadora e, se a tentativa é forte, vai induzir ao pânico. O exercício da
vontade contra a realidade, embora impossível, pode se tomar uma meta muito persistente, mesmo que não a queiras. Mas conside-
ra o resultado dessa estranha decisão. Estás devotando a tua mente àquilo que não queres. Quão real pode ser essa devoção? Se
não a queres, ela nunca foi criada. Se nunca foi criada, nada é. Podes realmente devotar-te ao nada?
13. Deus, em Sua devoção a ti, criou-te devotado a tudo e deu-te aquilo a que tu te devotas. De outro modo, não terias sido criado
perfeito. A realidade é tudo e tens tudo porque és real. Não podes fazer o irreal porque a ausência da realidade é amedrontadora e o
medo não pode ser criado. Enquanto acreditares que o medo é possível, não criarás. Ordens opostas de realidade fazem com que a
realidade seja sem significado e a realidade é significado.
14. Lembra-te então que a Vontade de Deus já é possível e nenhuma outra coisa jamais o será. Essa é a simples aceitação da reali-
dade porque só isso é real. Não podes distorcer a realidade e conhecer o que ela é. O se, de fato, distorces a realidade, vais sentir
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UM CURSO EM MILAGRES
ansiedade, depressão e, em última instância, pânico, porque estás tentando fazer com que sejas irreal. E quando sentes essas coi-
sas, não tentes procurar pela verdade além de ti mesmo, pois a verdade só pode estar dentro de ti. Portanto, dize:
Cristo está em mim e onde Ele está Deus tem que estar, pois Cristo é parte Dele.

II. A resposta à oração


1. Todos que já tentaram usar a oração para pedir alguma coisa vivenciaram o que aparenta ser um fracasso. Isso é verdadeiro não
somente em relação a certas coisas específicas que poderiam ser danosas, mas também em relação a pedidos que estão estrita-
mente de acordo com esse curso. O último caso, em particular, pode ser incorretamente interpretado como uma "prova" de que o
curso não se atém ao que diz. Deves lembrar-te, porém, que o curso afirma e repetidas vezes, que o seu propósito é o escapar do
medo.
2. Vamos supor, então, que o que pedes ao Espírito Santo é o que realmente queres, mas ainda assim, tens medo disso. Se esse
fosse o caso, o fato de conseguires isso não seria mais o que queres. É por isso que certas formas específicas de cura não são con-
seguidas, mesmo quando se atinge o estado da cura. Um indivíduo pode pedir a cura física porque tem medo de um dano corporal.
Ao mesmo tempo, se fosse fisicamente curado, a ameaça ao seu sistema de pensamento poderia ser consideravelmente mais ame-
drontadora para ele do que a sua expressão física. Nesse caso, ele não está realmente pedindo a liberação do medo, mas a remo-
ção de um sintoma que ele próprio escolheu. Esse pedido, portanto, absolutamente não é um pedido de cura.
3. A Bíblia enfatiza que toda oração é respondida e isso é, de fato, verdadeiro. O simples fato de alguma coisa ser pedida ao Espírito
Santo assegurará uma resposta. Entretanto, é igualmente certo que nenhuma resposta dada por Ele jamais será uma resposta que
aumentaria o medo. É possível que a Sua resposta não seja ouvida. É impossível, porém, que seja perdida. Tu já recebeste muitas
respostas que não ouviste ainda. Eu te asseguro que elas estão à tua espera.
4. Se queres saber se as tuas orações são respondidas, nunca duvides de um Filho de Deus. Não o questiones nem o confundas,
pois a tua fé nele é a tua fé em ti mesmo. Se queres conhecer a Deus e a Sua Resposta, acredita em mim, cuja fé em ti não pode
ser abalada. É possível pedires ao Espírito Santo verdadeiramente e duvidares do teu irmão? Acredita que suas palavras são verda-
deiras por causa da verdade que está nele. Tu irás unir-te à verdade nele e as suas palavras serão verdadeiras. E à medida em que
o ouves, ouvirás a mim. Escutar a verdade é o único modo de ouvi-Ia agora e finalmente conhecê-la.
5. A mensagem que o teu irmão te dá depende de ti. O que é que ele te diz? O que queres que ele te diga? A tua decisão sobre ele
determina a mensagem que recebes. Lembra-te que o Espírito Santo está nele e a Sua Voz te fala através dele. O que pode um
irmão tão santo te dizer exceto a verdade? Mas tu a estás escutando? O teu irmão pode não saber quem ele é, mas existe uma luz
na sua mente que sabe. Essa luz pode brilhar na tua mente, dando verdade às suas palavras e fazendo com que sejas capaz de
ouvi-las. As suas palavras são a resposta do Espírito Santo a ti. Será a tua fé nele suficientemente forte para permitir que ouças?
6. Tu não podes orar só para ti mesmo assim como não podes achar alegria somente para ti. A oração é a reafirmação da inclusão,
dirigida pelo Espírito Santo, sob as leis de Deus. A salvação é do teu irmão. O Espírito Santo estende-Se da tua mente à sua e res-
ponde a ti. Não podes ouvir a Voz de Deus só em ti porque não és só. O a Sua resposta é somente para o que tu és. Não conhece-
rás a confiança que eu tenho em ti a não ser que a estendas. Não confiarás na orientação do Espírito Santo, nem acreditarás que ela
é para ti, a não ser que a ouças em outros. Ela tem que ser para o teu irmão porque é para ti. Teria Deus criado uma Voz só para ti?
"Poderias tu ouvir a Sua resposta a não ser como Ele responde a todos os Filhos de Deus? Ouve do teu irmão o que queres que eu
ouça de ti, pois não queres que eu seja decepcionado.
7. Eu te amo pela verdade que há em ti, assim como Deus. As tuas decepções podem decepcionar-te, mas não podem decepcionar a
mim. Conhecendo o que tu és, eu não posso duvidar de ti.
Ou ouço só o Espírito Santo em ti, Que me fala através de ti. Se queres me ouvir, ouve os meus irmãos, em quem fala a Voz de
Deus. A resposta a todas as orações está neles. Serás respondido à medida em que ouves a resposta em todas as pessoas. Não
escutes nenhuma outra coisa ou não ouvirás verdadeiramente.
8. Acredita em teus irmãos, porque eu acredito em ti e aprenderás que a minha crença em ti é justificada. Acredita em mim por acredi-
tar neles, em nome do que Deus lhes deu. Eles te responderão se aprenderes a pedir a eles somente a verdade. Não peças bên-
çãos sem abençoá-los, pois só nesse caminho poderás aprender o quanto és abençoado. Seguindo esse caminho, estás buscando
a verdade em ti mesmo. Isso não significa ir além de ti mesmo, mas ir na tua própria direção. Ouve só a Resposta de Deus em Seus
Filhos e és respondido.
9. Desacreditar é ficar em oposição, ou atacar. Acreditar é aceitar, é estar do mesmo lado. Acreditar não é ser crédulo, mas aceitar e
apreciar. Aquilo que não acreditas, não aprecias e não podes ser grato pelo que não valorizas. Há um preço que vais pagar pelo
julgamento, porque o julgamento é o estabelecimento de um preço. O conforme o estabeleces, tu o pagarás.
10. Se o pagamento é equiparado ao ganho, estabelecerás um preço baixo, mas pedirás um alto retorno. Terás esquecido, entretan-
to, que estabelecer um preço é determinar o valor, assim o teu retorno é proporcional ao teu julgamento quanto ao valor. Se pagar é
associado a dar, não pode ser percebido como perda e a relação recíproca de dar e receber será reconhecida. Então, o preço esta-
belecido será alto, devido ao valor do retorno. O preço do que ganhas é perderes de vista o valor, fazendo com que seja inevitável
que não valorizes o que recebes. Valorizando pouco o que recebes, não o apreciarás e nem o quererás.
11. Nunca te esqueças, portanto, de que determinas o valor do que recebes e estabeleces o preço disso pelo que dás. Acreditar que
é possível ganhar muito em troca de pouco é acreditar que podes barganhar com Deus. As leis de Deus são sempre justas e perfei-
tamente consistentes. Dando, tu recebes. Mas receber é aceitar, não ganhar. É impossível não ter, mas é possível não saber que
tens. O reconhecimento de ter é a disponibilidade para dar e só através dessa disponibilidade é que podes reconhecer o que tens. O
que dás é, portanto, o valor que atribuis ao que tens, sendo a exata medida do valor que dás ao que tens. E isso, por sua vez, é a
medida do quanto o queres.
12. Assim, só podes pedir ao Espírito Santo dando a Ele e só podes dar a Ele onde tu O reconheces. Se O reconheces em todas as
pessoas, considera o quanto estarás pedindo-Lhe e quanto receberás. Ele não te negará nada porque nada negaste a Ele e assim
vós podeis tudo compartilhar. Esse é o caminho e o único caminho para ter a Sua resposta, porque a Sua resposta é tudo o que po-
des pedir e querer. Dize, então, a todos:
Porque quero me conhecer, eu te vejo como Filho de Deus e meu irmão.

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UM CURSO EM MILAGRES
III. A correção do erro
1. O estado de alerta do ego para os erros de outros egos não é o tipo de vigilância que o Espírito Santo quer que mantenhas. Os
egos são críticos em termos do tipo de "sentido" que representam. Compreendem esse tipo de sentido porque faz sentido para eles.
Para o Espírito Santo, não faz sentido algum.
2. Para o ego, é benigno, certo e bom apontar erros e "corrigi-los." Isso faz sentido perfeito para o ego, que não está ciente do que
são os erros e do que é a correção. Os erros são do ego e a correção dos erros está no abandono do ego. Quando corriges um ir-
mão, tu estás lhe dizendo que ele está errado. Ele pode não estar fazendo nenhum sentido nessa ocasião e, é certo que se estiver
falando a partir do ego, não estará fazendo sentido. Ainda assim, a tua tarefa é dizer-lhe que ele está certo. Tu não lhe dizes isso
verbalmente, se ele estiver falando tolices. Ele necessita de correção em outro nível, porque seu erro está em outro nível. Ainda as-
sim, ele está certo porque é um Filho de Deus. O seu ego está sempre errado, não importa o que diga ou faça.
3. Se apontas os erros do ego do teu irmão, tens que estar vendo através dos teus, porque o Espírito Santo não percebe os seus
erros. Isso não pode deixar de ser verdadeiro uma vez que não existe
comunicação entre o ego e o Espírito Santo. O ego não faz nenhum sentido e o Espírito Santo não tenta compreender nada que surja
dele. Uma vez que Ele não o compreende, Ele não o julga, sabendo que nada do que o ego faz significa coisa alguma.
4. Quando reages de qualquer modo que seja a erros, não estás escutando o Espírito Santo. Ele meramente os ignorou e se prestas
atenção a eles, não O estás ouvindo. Se não O ouves, estás escutando o teu ego e estás fazendo tão pouco sentido quanto aquele
irmão cujos erros tu percebes. Isso não pode ser correção. No entanto, é mais do que apenas uma falta de correção para ele. É abrir
mão da correção em ti mesmo.
5. Quando um irmão se comporta de maneira insana só podes curá-lo percebendo nele a sanidade. Se percebes os seus erros e os
aceitas, estás aceitando os teus próprios. Se queres entregar os teus ao Espírito Santo, tens que fazer o mesmo com os dele. A não
ser que essa venha a ser a única forma de lidares com todos os erros, não poderás compreender como todos os erros são desfeitos.
Há alguma diferença entre dizer-te que o que ensinas tu aprendes e isso? O teu irmão está tão certo quanto tu estás e se pensas
que ele está errado, estás condenando a ti mesmo.
6. Tu não podes corrigir a ti mesmo. É possível, então, corrigires um outro? No entanto, podes vê-lo verdadeiramente porque é possí-
vel para ti ver a ti mesmo verdadeiramente. Não depende de ti mudar o teu irmão, mas meramente aceitá-lo como é. Os seus erros
não vêm da verdade que está nele e só essa verdade é sua. Os seus erros não podem mudar isso e não podem ter qualquer efeito
sobre a verdade em ti. Perceber erros em qualquer pessoa e reagir a eles como se fossem reais é fazer com que sejam reais para ti.
Não vais escapar de pagar o preço disso, não porque estás sendo punido por isso, mas porque estás seguindo o guia errado e, por-
tanto perderás o teu caminho.
7. Os erros do teu irmão não são dele, assim como os teus não são teus. Aceita os seus erros como reais e terás atacado a ti mesmo.
Se queres achar o teu caminho e mantê-lo, vê só a verdade ao teu lado, pois vós caminhais juntos. O Espírito Santo em ti perdoa
todas as coisas em ti e no teu irmão. Os seus erros são perdoados junto com os teus. A Expiação não é mais separada do que o
amor. A Expiação não pode ser separada porque vem do amor. Qualquer tentativa que faças para corrigir um irmão significa que
acreditas que a correção é possível através de ti e isso só pode ser arrogância do ego. A correção é de Deus Que não conhece arro-
gância.
8. O Espírito Santo tudo perdoa porque Deus tudo criou. Não assumas a Sua função, ou esquecerás a tua. Aceita só a função de
curar no tempo, porque é para isso que o tempo serve. Deus te deu a função de criar na eternidade. Tu não precisas aprender isso,
mas precisas aprender a querer isso. Para tal foi feito todo o aprendizado. Esse é o uso que o Espírito Santo faz de uma capacidade
que não precisas, mas fizeste. Dá a Ele essa capacidade! Tu não compreendes como usá-la. Ele te ensinará como ver a ti mesmo
sem condenação por aprenderes a olhar todas as coisas sem ela. A condenação, então, não será real para ti e todos os teus erros
serão perdoados.

IV. O plano de perdão do Espírito Santo


1. A Expiação é para todos, porque é o caminho para desfazer a crença em que qualquer coisa seja só para ti. Perdoar é não ver.
Olha, portanto, para o que está além do erro e não permitas que a tua percepção pare nele, pois vais acreditar naquilo que a tua
percepção demonstra. Aceita como verdadeiro só o que o teu irmão é, se queres conhecer a ti mesmo. Percebendo o que ele não é,
não serás capaz de conhecer o que tu és porque o verás falsamente. Lembra-te sempre que a tua Identidade é compartilhada e que
o Seu compartilhar é a Sua realidade.
2. Tu tens um papel a desempenhar na Expiação mas o plano da Expiação está além de ti. Não compreendes como não ver os erros,
ou não os farias. Acreditar que não os fizeste ou que podes corrigi-los sem um Guia para a correção, seria meramente persistir no
erro. O se não segues esse Guia, teus erros não serão corrigidos. O plano não é teu devido à tuas idéias limitadas a respeito do que
és. É desse senso de limitação que surgem todos os erros. O caminho para desfazê-los, portanto, não vem de ti, mas é para ti.
3. A Expiação é uma lição em compartilhar, que te é dada porque tu esqueceste como fazê-lo. O Espírito Santo apenas lembra-te o
uso natural das tuas capacidades. Reinterpretando a capacidade de atacar em capacidade de compartilhar, Ele traduz aquilo que
fizeste no que Deus criou. Se queres realizar isso através Dele, não podes olhar para as tuas capacidades através dos olhos do ego,
pois irás julgá-las como ele as julga. Todo o poder que elas têm para causar dano está no julgamento do ego. Toda a sua utilidade
está no julgamento do Espírito Santo.
4. O ego também tem um plano de perdão porque estás pedindo um plano, embora não o estejas pedindo ao professor certo. O plano
do ego, é claro, não faz sentido e não funcionará. Seguindo o seu plano, simplesmente irás colocar-te em uma situação impossível,
para a qual o ego sempre te conduz. O plano do ego é fazer com que vejas, em primeiro lugar, o erro com clareza e depois não o
vejas. Mas como é possível não veres aquilo que fizeste com que fosse real? Vendo-O com clareza, tu fizeste com que fosse real e
não podes deixar de vê-lo. É aqui que o ego é forçado a apelar para "mistérios", insistindo que precisas aceitar o que não tem signifi-
cado para salvar-te. Muitos tentaram fazer isso em meu nome, esquecendo que as minhas palavras fazem sentido perfeito porque
vêm de Deus. Elas têm tanto sentido agora como sempre tiveram porque falam de idéias que são eternas.
5. O perdão, que é aprendido através de mim, não usa o medo para desfazer o medo. Nem faz com que o real seja irreal para
depois destruí-lo. O perdão através do Espírito Santo simplesmente está em olhar além do erro desde o início, mantendo-O assim
irreal para ti. Não permitas que qualquer crença na realidade do erro penetre em tua mente, ou também irás acreditar que tens que
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UM CURSO EM MILAGRES
desfazer o que fizeste de modo a seres perdoado. O quenão tem efeito não existe e para o Espírito Santo os efeitos do erro são ine-
xistentes. Cancelando regular e consistentemente todos os seus efeitos, em toda a parte e em todos os aspectos, Ele ensina que o
ego não existe e prova isso.
6. Segue, então, o ensinamento de perdão do Espírito Santo, porque o perdão é a Sua função e Ele conhece como desempenhá-la
perfeitamente. Foi isso o que eu quis dizer quando disse que os milagres são naturais e quando não ocorrem algo de errado aconte-
ceu. Milagres são meramente o sinal da tua disponibilidade em seguir o plano de salvação do Espírito Santo, reconhecendo que tu
não compreendes o que ele é. O Seu trabalho não é função tua e a não ser que aceites isso, não poderás aprender qual é a tua fun-
ção.
7. A confusão de funções é tão típica do ego que deverias estar bastante familiarizado com ela a essa altura. O ego acredita que
todas as funções lhe pertencem, mesmo que não tenha nenhuma idéia do que sejam. Isso é mais do que mera confusão. É uma
combinação particularmente perigosa de grandiosidade e confusão que faz com que o ego provavelmente seja capaz de atacar
qualquer pessoa e qualquer coisa sem nenhuma razão. Isso é exatamente o que o ego faz. Ele é imprevisível em suas respostas,
porque não tem nenhuma idéia do que percebe.
8. Se não tens a mínima idéia do que está acontecendo, quão adequadamente podes esperar reagir? Poderias perguntar a ti mesmo,
sem levar em consideração como interpretarias a reação, se tal imprevisibilidade coloca o ego em uma posição sólida como teu guia.
Deixa-me repetir que as qualificações do ego enquanto guia são singularmente infelizes e, como professor da salvação, ele é uma
escolha por demais pobre. Qualquer um que escolha um guia totalmente insano tem que ser ele próprio totalmente insano. E nem é
verdadeiro que tu não reconheças que o guia é insano. Reconheces porque eu reconheço e tu o julgaste pelos mesmos padrões que
eu.
9. O ego literalmente vive de tempo tomado de empréstimo e seus dias estão contados. Não tenhas medo do Julgamento Final, mas
dá boas-vindas a ele e não o esperes, pois o tempo do ego é "tomado de empréstimo" da tua eternidade. Essa é a Segunda Vinda,
que foi feita para ti assim como a Primeira foi criada. A Segunda Vinda é meramente o retorno do sentido. É possível que isso seja
amedrontador?
10. O que pode ser amedrontados além de fantasias e quem se volta para fantasias, a não ser aquele que se desespera por não
achar satisfação na realidade? Entretanto, é certo que nunca irás achar satisfação em fantasias, de modo que a tua única esperança
é mudar a tua mente acerca da realidade. Só se a decisão de que a realidade é amedrontadora estiver errada é que Deus pode estar
certo. O eu te asseguro que Deus está certo. Fica contente, pois, por teres errado, mas isso só aconteceu porque não sabias quem
eras. Se soubesses seria tão impossível para ti errar como para Deus.
11. O impossível só pode acontecer em fantasias. Quando procuras a realidade em fantasias, não vais achá-la. Os símbolos da fan-
tasia são do ego e desses acharás muitos. Mas não olhes para eles em busca de significado. Eles não têm mais significado do que
as fantasias de que são tecidos. Os contos de fadas podem ser agradáveis ou amedrontadores, mas ninguém os considera verda-
deiros. As crianças podem acreditar neles e assim, por algum tempo, esses contos são verdadeiros para elas. Entretanto, quando a
realidade desponta as fantasias se vão. Nesse ínterim, a realidade não desapareceu. A Segunda Vinda é a consciência da realidade,
não o seu retorno.
12. Olha, minha criança, a realidade está aqui. Ola pertence a ti e a mim e a Deus, e é perfeitamente satisfatória para todos nós. 3Só
essa consciência cura porque é a consciência da verdade.

V. O curador não-curado
1. O plano do ego para o perdão é muito mais usado do que o de Deus. Isso é assim porque é empreendido por curadores não-
curados e é, portanto, do ego. Vamos considerar agora, com mais detalhes, o curador não-curado. Por definição, ele está tentando
dar o que não recebeu. Se é um teólogo, por exemplo, ele pode partir da premissa ―Eu sou um miserável pecador, assim como tu."
Se é um psicoterapeuta, é mais provável que parta da crença igualmente inacreditável em que o ataque é real para ambos, ele pró-
prio e o paciente, mas que não importa para nenhum dos dois.
2. Eu disse repetidamente que as crenças do ego não podem ser compartilhadas e por isso são irreais. Como é possível, então, que
descobri-las possa fazer com que sejam reais? Todo curador que procura fantasias para que venham a ser a verdade necessaria-
mente não está curado, porque não sabe onde procurar a verdade e, por conseguinte não tem a resposta para o problema da cura.
3. Há uma vantagem em trazer à consciência os pesadelos, mas somente para ensinar que eles não são reais e que qualquer coisa
que contenham não tem significado. O curador não-curado não pode fazer isso porque não acredita nisso. Todos os curadores não-
curados têm que seguir o plano do ego para o perdão de uma forma ou de outra. Se são teólogos, provavelmente condenam a si
mesmos, ensinam a condenação e advogam uma solução amedrontadora. Projetando a condenação sobre Deus, eles O fazem pa-
recer vingativo e têm medo da Sua punição. O que fizeram foi apenas identificar-se com o ego e ao perceber o que ele faz, conde-
nam a si mesmos devido a essa confusão. É compreensível que tenha havido revoltas contra esse conceito, mas revoltar-se contra
ele ainda é acreditar nele.
4. Algumas das formas mais novas do plano do ego são tão inúteis quanto as antigas, porque a forma não importa e o conteúdo não
foi mudado. Em uma das formas mais novas, por exemplo, um psicoterapeuta pode interpretar os símbolos do ego em um pesadelo
e então usá-los para provar que o pesadelo é real. Tendo feito com que seja real, ele então tenta desfazer os seus efeitos, depreci-
ando a importância do sonhador. Osse seria um enfoque de cura se o sonhador também fosse identificado como irreal. Entretanto,
se o sonhador é equiparado à mente, o poder corretivo da mente através do Espírito Santo é negado. Isso é uma contradição mes-
mo nos termos do ego, contradição essa que até o ego, na sua confusão, usualmente nota.
5. Se o caminho para neutralizar o medo é reduzir a importância da mente, como pode isso construir a força do ego? Tais inconsis-
tências evidentes são a razão por que ninguém realmente explicou o que acontece na psicoterapia. Nada realmente acontece. Nada
de real aconteceu com o curador não-curado e ele tem que aprender com o seu próprio ensino. Seu ego sempre buscará ganhar
alguma coisa da situação. O curador não-curado, portanto, não sabe como dar e conseqüentemente não pode compartilhar. Ele não
pode corrigir porque não está trabalhando de modo a corrigir. Acredita que depende dele ensinar ao paciente o que é real, embora
ele próprio não o saiba.
6. O que deveria acontecer então? Quando Deus disse "Haja luz," houve luz. É possível achares a luz analisando a escuridão, como
faz o psicoterapeuta, ou como o teólogo, reconhecendo a escuridão em ti mesmo e procurando uma luz distante para removê-la,

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UM CURSO EM MILAGRES
enfatizando a distância durante todo o tempo? A cura não é misteriosa. Nada vai mudar a não ser que seja compreendido, já que a
luz é compreensão. Um "miserável pecador" não pode ser curado sem mágica e nem pode uma "mente sem importância" estimar-se
sem mágica.
7. Assim sendo, ambas as formas de abordagem do ego têm, necessariamente, que desembocar em um impasse: a característica
"situação impossível" à qual o ego sempre conduz. É possível ajudar alguém apontando a direção que ele está seguindo, mas o sen-
tido se perde, a menos que ele também seja ajudado a mudar de direção. O curador não-curado não pode fazer isso para ele, pois
não pode fazê-lo para si. A única contribuição significativa que o curador pode fazer é apresentar um exemplo de alguém cuja dire-
ção foi mudada para ele e que não mais acredite em pesadelos de espécie alguma. A luz na mente dele irá então responder ao
questionados, que tem que decidir com Deus que existe luz porque ele a vê. O através do reconhecimento dele, o curador sabe que
ela existe. É assim que, em última instância, a percepção é traduzida em conhecimento. O trabalhador de milagres começa perce-
bendo a luz e traduz a sua percepção em certeza por estendê-la continuamente e aceitar o reconhecimento dela. Seus efeitos lhe
asseguram que ela existe.
8. Um terapeuta não cura; ele permite que a cura seja. Ele pode apontar a escuridão, mas não pode por si mesmo trazer a luz, pois a
luz não é dele. Entretanto, sendo para ele, ela tem que ser também para o seu paciente. O Espírito Santo é o único Terapeuta. Ele
faz com que a cura seja clara em qualquer situação na qual Ele seja o Guia. Tu só podes permitir que Ele cumpra a Sua função. Ele
não precisa de ajuda para isso. Ele dir-te-á exatamente o que fazer para ajudar qualquer pessoa que Ele te envie em busca de ajuda
e falará a ela através de ti, se não interferires. Lembra-te de que escolhes o guia para ajudar e a escolha errada não ajudará. Mas,
lembra-te também de que a escolha certa vai ajudar. Confia Nele pois ajudar é a Sua função, e Ele é de Deus. 12À medida que des-
pertas outras mentes para o Espírito Santo através Dele e não de ti, vais compreender que não estás obedecendo às leis desse
mundo. Mas as leis que estás obedecendo funcionam. ―Bom é aquilo que funciona" é uma afirmação sólida, porém insuficiente. Só o
que é bom pode funcionar. Nenhuma outra coisa funciona em absoluto.
9. Esse curso oferece uma situação de aprendizado muito direta e muito simples e provê o Guia Que te diz o que fazer. Se o fizeres,
verás que funciona. Seus resultados são mais convincentes do que as suas palavras. Eles te convencerão de que as palavras são
verdadeiras. Seguindo o Guia certo, aprenderás a mais simples de todas as lições:
Por seus frutos os conhecereis, e eles conhecerão a si mesmos.

VI. A aceitação do teu irmão


1. Como é que podes vir a ser cada vez mais consciente do Espírito Santo em ti mesmo a não ser através dos Seus efeitos? Não
podes vê-Lo com os teus olhos nem ouvi-lo com os teus ouvidos. Então, como podes percebê-Lo? Se inspiras alegria e os outros
reagem a ti com alegria, mesmo que não estejas vivenciando alegria em ti mesmo, tem que haver alguma coisa em ti que é capaz de
produzi-la. Se isso está em ti e pode produzir alegria, e se vês que de fato produz alegria nos outros, tens que estar dissociando-a
em ti mesmo.
2. Parece-te que o Espírito Santo não produz alegria em ti de forma consistente só porque não fazes surgir alegria nos outros consis-
tentemente. As reações dos outros a ti são as tuas avaliações da Sua consistência. Quando és inconsistente, nem sempre farás sur-
gir alegria e, portanto, nem sempre reconhecerás a Sua consistência. O que ofereces ao teu irmão, ofereces a Ele, porque Ele não
pode ir além do teu oferecimento na Sua doação. Isso é assim não porque Ele limite a Sua doação mas simplesmente porque limi-
taste o teu recebimento. A decisão de receber é a decisão de aceitar.
3. Se os teus irmãos são parte de ti, vais aceitá-los? Só eles podem ensinar-te o que tu és, pois o teu aprendizado é o resultado do
que lhes ensinaste. O que invocas neles é o que invocas em ti mesmo. O na medida em que tu o invocas neles, vem a ser real para
ti. Deus tem apenas um Filho, conhecendo a todos como um só. Só o próprio Deus é mais do que eles, mas eles não são menos do
que Ele é. Queres conhecer o que isso significa? Se o que fazes ao meu irmão, fazes a mim e se fazes tudo a ti mesmo porque nós
somos parte de ti, tudo o que nós fazemos também pertence a ti. Cada um que Deus criou é parte de ti e compartilha a Sua Glória
contigo. A Sua Glória pertence a Ele, mas é igualmente tua. Tu não podes, portanto, ser menos glorioso do que Ele.
4. Deus é mais do que tu és somente porque Ele te criou, mas nem isso Ele quer impedir a ti. Portanto, podes criar assim como Ele o
fez e a tua dissociação não vai alterar isso. Nem a Luz de Deus, nem a tua, serão atenuadas pelo fato de não veres. Porque a Filia-
ção tem que criar como um só, tu te lembras da criação sempre que reconheces parte da criação. Cada parte que lembras soma-se
à tua integridade, porque cada parte é íntegra. A integridade é indivisível, mas tu não podes aprender sobre a tua integridade en-
quanto não a vires em toda parte. Podes conhecer-te só como Deus conhece Seu Filho, pois o conhecimento é compartilhado com
Deus. Quando despertares Nele, conhecerás a tua magnitude por aceitares a Sua ausência de limites como tua. Mas por enquanto,
tu a julgarás como julgas a do teu irmão e vais aceitá-la como aceitas a dele.
5. Tu ainda não despertaste, mas podes aprender como despertar. Muito simplesmente, o Espírito Santo te ensina a despertar os
outros. À medida em que tu os vês despertos, vais aprender o que significa o despertar e porque escolheste despertá-los, a sua gra-
tidão e a sua apreciação do que tu lhes deste vão ensinar-te o valor do despertar. Eles virão a ser as testemunhas da tua realidade,
como vós fostes criados como testemunhas da realidade de Deus. No entanto, quando a Filiação se reúne e aceita a própria unici-
dade, ela será conhecida por suas criações, que testemunham a realidade dela assim como o Filho faz com o Pai.
6. Milagres não têm lugar na eternidade, porque são reparadores. Entretanto, enquanto ainda tens necessidade de cura, os teus
milagres são as únicas testemunhas da tua realidade que podes reconhecer. Não podes apresentar um milagre para ti mesmo, por-
que os milagres são uma forma de dar aceitação e recebê-la. No tempo, o dar vem em primeiro lugar, embora sejam simultâneos na
eternidade onde não podem ser separados. Quando tiveres aprendido que são o mesmo, a necessidade do tempo terá terminado.
7. A eternidade é um tempo único, e a sua única dimensão é "sempre". Isso nada pode significar para ti enquanto não te lembrares
dos Braços abertos de Deus e finalmente conheceres a Sua Mente aberta. Como Ele, tu és "sempre"; em Sua Mente e com uma
mente como a Sua. Na tua mente aberta as tuas criações estão em comunicação perfeita nascida da perfeita compreensão. Se pu-
desses aceitar ao menos uma delas, não quererias nada do que o mundo tem a oferecer. Tudo o mais seria totalmente sem signifi-
cado. O significado de Deus é incompleto sem ti e tu és incompleto sem as tuas criações. Aceita o teu irmão nesse mundo e não
aceites nenhuma outra coisa, pois nele acharás as tuas criações porque ele as criou contigo. Nunca saberás que és co-criador com
Deus enquanto não aprenderes que o teu irmão é co-criador contigo.

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UM CURSO EM MILAGRES
VII. As duas avaliações
1. A Vontade de Deus é a tua salvação. Como não teria Ele te dado os meios de achá-la? Se a Sua Vontade é que tu a tenhas, Ele
tem que ter feito com que seja possível e fácil obtê-la. Os teus irmãos estão em todos os lugares. Tu não tens que ir buscar a salva-
ção longe. Cada minuto e cada segundo te dá uma chance de salvar a ti mesmo. Não percas essas chances, não porque elas não
retornarão, mas porque é desnecessário protelar a alegria. A Vontade de Deus para ti é a felicidade perfeita agora. É possível que
não seja essa também a tua vontade? E é possível que não seja essa também a vontade dos teus irmãos?
2. Considera, então, que nesta vontade conjunta vós estais todos unidos e somente nisso. Pode existir desacordo acerca de qualquer
outra coisa, mas não acerca disso. É, então, aí que habita a paz. E tu habitas em paz quando assim o decides. Entretanto, não po-
des habitar na paz a não ser que aceites a Expiação porque a Expiação é o caminho para a paz. A razão é muito simples e tão óbvia
que freqüentemente não é vista. O ego tem medo do óbvio, já que a obviedade é a característica essencial da realidade. No entanto,
tu não podes deixar de vê-la a não ser que não estejas olhando.
3. É perfeitamente óbvio que se o Espírito Santo olha com amor para tudo o que Ele percebe, Ele te olha com amor. A Sua avaliação
de ti baseia-se no Seu conhecimento do que tu és, portanto, Ele te avalia verdadeiramente. O essa avaliação tem que estar na tua
mente, porque Ele está. O ego também está na tua mente, porque tu o aceitaste lá. A sua avaliação de ti, no entanto, é exatamente
oposta à do Espírito Santo, porque o ego não te ama. Ele não está ciente do que és e desconfia totalmente de tudo o que percebe
porque as suas percepções são tão variáveis. O ego é, portanto, capaz de suspeita, na melhor das hipóteses, e de perversidade na
pior. Esse é o seu escopo. Não pode ultrapassá-lo devido à sua incerteza. E não pode nunca ir além dela porque jamais pode estar
certo.
4. Tu tens, então, duas avaliações conflitantes de ti mesmo na tua mente e elas não podem ser ambas verdadeiras. Tu ainda não te
dás conta do quanto essas avaliações são completamente diferentes, porque ainda não compreendes quão elevada a percepção
que o Espírito Santo tem de ti realmente é. Ele não é enganado por nada do que fazes, porque Ele nunca esquece o que és. O ego é
enganado por tudo o que fazes, especialmente quando respondes ao Espírito Santo, porque nestas ocasiões a sua confusão aumen-
ta. O ego, portanto, é particularmente capaz de atacar-te quando reages amorosamente, porque te avaliou como não sendo amoroso
e tu estás indo contra o seu julgamento. O ego atacará os teus motivos logo que eles passem a estar claramente em desacordo com
a sua percepção de ti. É aí que ele vai se deslocar abruptamente da suspeita para a perversidade, uma vez que a sua incerteza terá
aumentado. Entretanto, com certeza é inútil atacar de volta. O que pode significar isso exceto que estás concordando com a avalia-
ção que o ego faz do que tu és?
5. Se escolhes ver a ti mesmo como não sendo amoroso, não serás feliz. Estás te condenando e tens, portanto, que te considerares
inadequado. Olharias para o ego em busca de ajuda para escapar de um sentimento de inadequação que ele produziu e tem que
manter para existir? É possível escapares da sua avaliação de ti usando os seus métodos para manter esse retrato intacto?
6. Não podes avaliar um sistema insano de crenças estando dentro dele. Seu escopo exclui isso. Só podes ir além dele, olhar em
retrospectiva de um ponto onde a sanidade exista e ver o contraste. Só através desse contraste é que a insanidade pode ser julgada
como insana. Com a grandeza de Deus em ti, tens escolhido ser pequeno e lamentar a tua pequenez. Dentro do sistema que ditou
essa escolha o lamento é inevitável. A tua pequenez é aceita gratuitamente nesse sistema e tu não perguntas "Quem decidiu que
seja assim?" A pergunta é sem significado dentro do sistema de pensamento do ego, porque ela abriria ao questionamento todo o
sistema.
7. Eu disse que o ego não sabe o que é uma pergunta real. Qualquer tipo de falta de conhecimento é sempre associado com uma
recusa em conhecer e isso produz uma total falta de conhecimento simplesmente porque o conhecimento é total. Não questionar a
tua pequenez é, por conseguinte, negar todo o conhecimento e manter intacto todo o sistema de pensamento do ego. Não podes
reter parte de um sistema de pensamento, porque ele só pode ser questionado no seu fundamento. E isso tem que ser questionado
de um ponto além do sistema, pois dentro dele o seu fundamento de fato se mantém. O Espírito Santo julga contra a realidade do
sistema de pensamento do ego meramente porque Ele sabe que o seu fundamento não é verdadeiro. Portanto, nada que surja a
partir dele significa coisa alguma. Ele julga cada uma das crenças que manténs em termos da origem que ela tem. Se vem de Deus,
Ele sabe que é verdadeira. Se não vem, Ele sabe que é sem significado.
8. Sempre que questionares o teu próprio valor, dize:
O próprio Deus é incompleto sem mim.
Lembra-te disso quando o ego falar e assim tu não o ouvirás. A verdade a teu respeito é tão elevada que coisa alguma que não seja
digna de Deus é digna de ti. Escolhe, pois, o que queres nestes termos e não aceites nada que não queiras oferecer a Deus como
totalmente adequado para Ele. Tu não queres nenhuma outra coisa. Devolve a tua parte a Deus e Ele te dará tudo de Si Mesmo em
troca da devolução do que pertence a Ele e O torna completo.

VIII. Grandeza versus grandiosidade


1. A grandeza é de Deus e somente Dele. Portanto, ela está em ti. Sempre que vens a estar ciente dela, por mais que essa consciên-
cia seja vaga, automaticamente abandonas o ego, pois na presença da grandeza de Deus a falta de significado do ego vem a ser
perfeitamente aparente. Quando isso ocorre, mesmo que ele não o compreenda, o ego acredita que o seu "inimigo" atacou e tenta
oferecer dádivas para induzir-te a retornar para a sua "proteção". A auto-adulação é a única oferta que ele pode fazer. A grandiosida-
de do ego é a alternativa que ele tem para a grandeza de Deus. Qual das duas escolherás?
2. A grandiosidade é sempre um disfarce para o desespero. É sem esperança porque não é real. É uma tentativa de neutralizar a tua
pequenez baseada na crença em que a pequenez é real. Sem essa crença, a grandiosidade é sem significado e seria impossível
para ti querê-la. A essência da grandiosidade é a competitividade porque ela sempre envolve ataque. É uma tentativa ilusória de
fazer melhor, não de desfazer. Dissemos anteriormente que o ego vacila entre a suspeita e a perversidade. Ele permanece suspei-
tando enquanto tu te desesperas. E passa para a maldade quando decides não tolerar o auto-abatimento e procurar alívio. Então,
ele te oferece a ilusão do ataque como uma "solução."
3. O ego não compreende a diferença entre grandeza e grandiosidade, porque não vê nenhuma diferença entre os impulsos para os
milagres e as suas próprias crenças alienadas. Eu te disse que o ego está ciente da ameaça à sua existência, mas não faz distin-
ções entre esses dois tipos muito diferentes de ameaça. Seu profundo senso de vulnerabilidade torna-o incapaz de julgar, exceto em

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UM CURSO EM MILAGRES
termos de ataque. Quando o ego vivencia ameaça, a única decisão que toma é se deve atacar agora ou se deve retirar-se para ata-
car mais tarde. Se aceitas a sua oferta de grandiosidade, ele ataca imediatamente. Se não aceitas, ele esperará.
4. O ego fica imobilizado na presença da grandeza de Deus, porque a Sua grandeza estabelece a tua liberdade. Mesmo o mais leve
sinal da tua realidade literalmente empurra o ego para fora da tua mente, porque desistirás de qualquer investimento nele. A grande-
za é totalmente desprovida de ilusões e, porque é real, é convincente de forma constrangedora. Entretanto, a convição da realidade
não vai permanecer contigo a não ser que não permitas que o ego a ataque. O ego fará todos os esforços para recuperar e mobilizar
as suas energias contra a tua liberação. Ele te dirá que és insano e argumentará que a grandeza não pode ser uma parte real de ti
devido à pequenez na qual ele acredita. No entanto, a tua grandeza não é delusória, pois não foste tu que a fizeste. Fizeste a gran-
diosidade e tens medo dela, porque e uma forma de ataque, mas a tua grandeza é de Deus Que a criou a partir do Seu Amor.
5. Em função da tua grandeza, só podes abençoar, porque a tua grandeza é a tua abundância.
Abençoando, a reténs em tua mente, protegendo-a das ilusões e mantendo-te na Mente de Deus. Lembra-te sempre que não podes
estar em nenhum outro lugar exceto na Mente de Deus. Quando te esqueceres disso, entrarás em desespero e atacarás.
6. O ego depende apenas da tua disponibilidade para tolerá-lo. Se estiveres disposto a olhar para a tua grandeza, não podes te de-
sesperar e portanto não podes querer o ego. A tua grandeza é a resposta de Deus ao ego, porque é verdadeira. Pequenez e gran-
deza não podem coexistir e nem é possível que se alternem. Pequenez e grandiosidade podem e têm que alternar-se, já que ambas
não são verdadeiras e estão portanto no mesmo plano. Sendo esse o nível da variação, ele é vivenciado como variável e os extre-
mos são as suas características essenciais.
7. A verdade e a pequenez negam-se uma à outra porque a grandeza é verdade. A verdade não vacila; é sempre verdadeira. Quando
a grandeza te foge, tu a substituíste por algo feito por ti. Talvez seja a crença na pequenez, talvez a crença na grandiosidade. Entre-
tanto, não pode deixar de ser insana, porque não é verdadeira. A tua grandeza nunca te decepcionará, mas as tuas ilusões sempre o
farão. As ilusões são enganos. Não podes triunfar, mas és exaltado. E no teu estado exaltado, buscas outros que são como tu e re-
gozija-te com eles.
8. É fácil distinguir a grandeza da grandiosidade porque o amor volta para ti e o orgulho não. O orgulho não produzirá milagres e irá,
portanto, privar-te das verdadeiras testemunhas da tua realidade. A verdade não é obscura nem está escondida, mas a sua obvieda-
de para ti está na alegria que trazes às suas testemunhas, que a mostram a ti. Elas atestam a tua grandeza, mas não podem atestar
o orgulho, porque o orgulho não é compartilhado. Deus quer que contemples o que Ele criou porque essa é a Sua alegria.

9. É possível que a tua grandeza seja arrogante quando o próprio Deus a testemunha? E o que pode ser real sem testemunhas? Que
bem pode advir disso? O se nenhum bem pode vir disso, o Espírito Santo não pode usá-lo. O que Ele não pode transformar na Von-
tade de Deus absolutamente não existe. A grandiosidade é delusória porque é usada para substituir a tua grandeza. Entretanto, o
que foi criado por Deus não pode ser substituído. Deus é incompleto sem ti, porque a Sua grandeza é total e tu não podes estar fal-
tando.
10. Tu és inteiramente insubstituível na Mente de Deus. Nenhuma outra pessoa pode preencher a tua parte nela e enquanto deixas a
tua parte vazia, o teu lugar eterno simplesmente espera pelo teu retomo. Deus, através da Sua Voz, lembra-te disso e o próprio Deus
mantém a salvo as tuas extensões dentro dele. Entretanto, não as conheces enquanto não retomas a elas. Não podes substituir o
Reino e nem substituir a ti mesmo. Deus, Que conhece o teu valor, não quer que seja assim e por isso não é assim. O teu valor está
na Mente de Deus e, portanto, não está apenas na tua. Aceitar a ti mesmo tal como Deus te criou não pode ser arrogância, pois é a
negação da arrogância. Aceitar a tua pequenez é arrogante porque significa que acreditas que a tua avaliação de ti mesmo é mais
verdadeira do que a de Deus.
11. No entanto, se a verdade é indivisível, a tua avaliação de ti mesmo não pode deixar de ser a mesma de Deus. Não foste tu que
estabeleceste o teu próprio valor e ele não necessita de defesas. Nada pode atacá-lo nem prevalecer sobre ele. Ele não varia. Me-
ramente é. Pergunta ao Espírito Santo qual ele é e Ele te dirá, mas não tenhas medo da Sua resposta, porque ela vem de Deus. É
uma resposta exaltada, devido à sua Fonte, mas a Fonte é verdadeira assim como a Sua resposta. Escuta e não questiones o que
ouves, pois Deus não engana. Ele quer que substituas a crença do ego na pequenez pela Sua própria Resposta exaltada quanto ao
que tu és, de modo que possas parar de questioná-la sobre isso e a conheças assim como é.

CAPÍTULO 10 - OS ÍDOLOS DA DOENÇA

Introdução
1. Nada além de ti mesmo pode fazer com que tenhas medo ou sintas amor porque não há nada além de ti. O tempo e a eternidade
estão ambos em tua mente e irão conflitar até que percebas o tempo só como um meio de reaver a eternidade. Tu não podes fazer
isso enquanto acreditares que qualquer coisa que esteja te acontecendo e causada por fatores externos a ti. Precisas aprender que
o tempo está somente à tua disposição e que nada no mundo pode tirar essa responsabilidade de ti. Podes violar as leis de Deus em
tua imaginação, mas não podes escapar delas. Elas foram estabelecidas para a tua proteção e são tão invioláveis quanto a tua se-
gurança.
2. Deus nada criou além de ti e nada além de ti existe, pois tu és parte Dele. O que exceto Ele pode existir? Nada além Dele pode
acontecer, porque nada exceto Ele é real. As tuas criações adicionam a Ele, assim como tu, mas nada é adicionado que seja diferen-
te porque todas as coisas sempre existiram. O que pode transtornar-te a não ser o efêmero, e como pode o efêmero ser real, se tu
és a única criação de Deus e Ele te criou eterno? A tua mente santa estabelece tudo o que te acontece. Toda resposta que fazes e
dás para todas as coisas que percebes depende de ti, porque a tua mente determina a tua percepção das coisas.
3. Deus não muda a Sua Mente acerca de ti, pois Ele não está incerto sobre Si Mesmo. E o que Ele conhece pode ser conhecido,
porque Ele não conhece só para Si Mesmo. Ele te criou para Ele Mesmo mas te deu o poder de criar para ti mesmo, de modo que
fosses como Ele. É por isso que a tua mente é santa. É possível que alguma coisa exceda o Amor de Deus? É possível, então, que
alguma coisa exceda a tua vontade? Nada além dela pode atingir-te porque já que és em Deus, tu abranges todas as coisas. Acredi-
ta nisso e reconhecerás o quanto depende de ti. Quando qualquer coisa ameaçar a paz da tua mente, pergunta a ti mesmo: "Será
que Deus mudou a Sua Mente a meu respeito?" Então, aceita a Sua decisão, pois ela é de fato imutável e recusa-te a mudar a tua
mente sobre ti mesmo. Deus jamais decidirá contra ti ou estaria decidindo contra Ele próprio.
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UM CURSO EM MILAGRES
I. Estar em casa em Deus
1. Tu não conheces as tuas criações simplesmente porque decidirte-ias contra elas enquanto a tua mente estiver dividida, e atacar o
que tu criaste é impossível. Mas lembra-te que isso é igualmente impossível para Deus. A lei da criação é que ames as tuas criações
como a ti mesmo, porque são parte de ti. Todas as coisas que foram criadas estão, portanto, perfeitamente seguras, porque as leis
de Deus as protegem através do Seu Amor. Qualquer parte da tua mente que não conheça isso, baniu-se do conhecimento porque
não preencheu as suas condições. Quem poderia ter feito isso senão tu? Reconhece isso com alegria, pois nesse reconhecimento
está a compreensão de que não foste banido por Deus e, portanto, isso não aconteceu.
2. Tu estás em casa em Deus, sonhando com o exílio, mas perfeitamente capaz de despertar para a realidade. É decisão tua fazer
isso? Reconheces, a partir da tua própria experiência, que o que vês em sonhos pensas que é real enquanto estás dormindo. No
entanto, no instante em que acordas, reconheces que tudo o que parecia acontecer no sonho, absolutamente não aconteceu. Não
achas isso estranho, muito embora todas as leis daquilo para o qual despertas tenham sido violadas enquanto dormias. Não é possí-
vel que simplesmente tenhas te deslocado de um sonho para outro, sem ter realmente acordado?
3. Tu te incomodarias em conciliar o que aconteceu em sonhos conflitantes ou descartarias ambos se descobrisses que a realidade
não está de acordo com nenhum dos dois? Não te lembras de teres estado acordado. Quando ouves o Espírito Santo podes sentir-te
melhor porque amar, então, te parece possível, mas ainda não te lembras que foi assim alguma vez antes. E é nesta lembrança que
vais saber que pode ser assim de novo. O que é possível ainda não foi realizado. No entanto, o que já aconteceu uma vez antes é
assim agora, se é eterno. Quando te lembrares, vais ter o conhecimento de que o que lembras é eterno e, portanto, é agora.
4. Tu vais lembrar-te de tudo no instante em que desejares totalmente, pois se desejar totalmente é criar, o exercício da tua vontade
terá afastado para longe a separação e ao mesmo tempo terá feito a tua mente retornar para o teu Criador e as tuas criações. Co-
nhecendo-as, não sentirás desejo de dormir, mas apenas desejo de estar desperto e ser contente. Os sonhos serão impossíveis,
porque só vais querer a verdade e sendo afinal a tua vontade, ela será tua.

II. A decisão de esquecer


1. A não ser que em primeiro lugar conheças alguma coisa, não podes dissociá-la. O conhecimento necessariamente precede a dis-
sociação, de modo que a dissociação nada mais é do que uma decisão de esquecer. Então, o que foi esquecido parece ser ame-
drontador, mas apenas porque a dissociação é um ataque à verdade. Tu estás amedrontado porque esqueceste. E substituiste o teu
conhecimento por uma consciência de sonhos, porque tens medo da tua dissociação e não do que dissociaste. Quando o que disso-
ciaste é aceito, deixa de ser amedrontador.
2. No entanto, desistir da dissociação da realidade traz mais do que apenas a ausência do medo. Nesta decisão está a alegria, a paz
e a glória da criação. Oferece ao Espírito Santo apenas a tua disponibilidade para lembrar, pois Ele retém o conhecimento de Deus e
o teu próprio para ti, esperando a tua aceitação. Desiste com contentamento de tudo o que impediria a tua lembrança, pois Deus
está na tua memória. A Sua Voz vai te dizer que és parte Dele, quando estiveres disposto a lembrar-te Dele e a conhecer de novo a
tua própria realidade. Não permitas que nada nesse mundo adie a tua lembrança Dele, pois nesta lembrança está o conhecimento
de ti mesmo.
3. Lembrar é apenas restaurar na tua mente o que já está lá. Não fazes aquilo que lembras; meramente aceitas outra vez o que já
está lá, mas foi rejeitado. A capacidade de aceitar a verdade nesse mundo é a contraparte perceptível do que é criar no Reino. Deus
fará a Sua parte se fizeres a tua e em troca da tua a Sua retribuição é a troca da percepção pelo conhecimento. Nada está além da
Sua Vontade para ti. Mas dá significação à tua vontade de lembrá-Lo e, eis aí! Ele te dará tudo se apenas pedires.
4. Quando atacas, estás negando a ti mesmo. Estás especificamente ensinando a ti mesmo que não és o que és. A tua negação da
realidade exclui a aceitação da dádiva de Deus, porque aceitaste uma outra coisa em seu lugar. Se compreenderes que isso é sem-
pre um ataque à verdade, e a verdade é Deus, reconhecerás porque isso é sempre amedrontador. Se, além disso reconheceres que
és parte de Deus, compreenderás porque sempre atacas a ti mesmo em primeiro lugar.
5. Todo ataque é um ataque a ti mesmo. Não pode ser nenhuma outra coisa. Surgindo da tua própria decisão de não ser o que és, é
um ataque à tua identificação. O ataque é, portanto, o caminho no qual a tua identificação está perdida, porque quando atacas tens
que ter esquecido o que és. E se a tua realidade é a de Deus, quando atacas não estás te lembrando Dele. Isso não acontece por-
que Ele tenha ido embora, mas porque tu estás ativamente escolhendo não lembrar-te Dele.
6. Se reconhecesses o completo caos que isso traz à paz da tua mente, não poderias tomar uma decisão tão insana. Só a tomas,
porque ainda acreditas que ela pode te trazer alguma coisa que queres. Segue-se, portanto, que queres alguma outra coisa além de
paz, mas ainda não consideraste o que isso necessariamente é. Entretanto, o resultado lógico da tua decisão é perfeitamente claro,
se apenas olhares para ele. Decidindo-te contra a tua realidade, te tornaste vigilante contra Deus e Seu Reino. E é essa vigilância
que faz com que tenhas medo de te lembrares Dele.

III. O deus da doença


1. Tu não atacaste a Deus e realmente O amas. És capaz de mudar a tua realidade? Ninguém pode ter vontade de destruir a si mes-
mo. Quando pensas que estás atacando a ti mesmo, aí está um sinal seguro de que odeias o que pensas que és. E isso, e somente
isso, pode ser atacado por ti. O que pensas que és pode ser muito odioso e o que essa estranha imagem te faz fazer pode ser muito
destrutivo. No entanto, a destruição não é mais real do que a imagem, embora aqueles que fazem ídolos os idolatrem. Os ídolos não
são nada, mas os idólatras são os Filhos de Deus que estão doentes. Deus os quer liberados das suas doenças e de volta à Sua
Mente. Ele não limitará o teu poder de ajudá-los, porque o deu a ti. Não tenhas medo disso, porque é a tua salvação.
2. Que Consolador pode haver para as crianças doentes de Deus exceto o Seu poder através de ti? Lembra-te que não importa aon-
de na Filiação Ele é aceito. Ele é sempre aceito para todos e quando a tua mente O recebe, a Sua lembrança desperta através de
toda a Filiação. Cura os teus irmãos simplesmente aceitando Deus por eles. As vossas mentes não são separadas e Deus tem ape-
nas um canal para a cura, porque Ele tem apenas um Filho. O elo remanescente de comunicação entre Deus e todas as Suas cria n-
ças as une e une-as a Ele. Estar ciente disso é curá-las, porque é a consciência de que ninguém está separado e, portanto, ninguém
está doente.
3. Acreditar que um Filho de Deus pode estar doente é acreditar que parte de Deus pode sofrer. O amor não pode sofrer porque não
pode atacar. A lembrança do amor, portanto, traz consigo a invulnerabilidade. Não fiques do lado da doença na presença de um Filho

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UM CURSO EM MILAGRES
de Deus, mesmo que ele acredite nela, pois a tua aceitação de Deus nele reconhece o Amor de Deus que ele esqueceu. O teu reco-
nhecimento dele como parte de Deus lembra-lhe a verdade a respeito de si próprio, que ele está negando. Queres tu reforçar a sua
negação de Deus e assim perder a ti mesmo de vista? Ou queres lembrá-lo da sua integridade e junto com ele lembrar do teu Cria-
dor?
4. Acreditar que um Filho de Deus está doente é idolatrar o mesmo ídolo que ele idolatra. Deus criou o amor, não a idolatria. Todas as
formas de idolatria são caricaturas da criação, ensinadas por mentes doentes por demais divididas para conhecer que a criação
compartilha o poder e nunca o usurpa. A doença é idolatria, porque é a crença em que o poder pode ser tirado de ti. No entanto, isso
é impossível, porque tu és parte de Deus, Que é todo o poder. Um deus doente não pode deixar de ser um ídolo, feito à imagem do
que o seu autor pensa que ele é. E é exatamente isso o que o ego percebe em um Filho de Deus: um deus doente, autocriado, auto-
suficiente, muito perverso e muito vulnerável. É esse o ídolo que queres idolatrar? É essa a imagem que queres salvar com a tua
vigilância? Estás realmente com medo de perder isso?
5. Olha com calma a conclusão lógica do sistema de pensamento do ego e julga se os seus oferecimentos realmente são o que tu
queres, pois isso é o que ele te oferece. Para obter isso, estás disposto a atacar a Divindade dos teus irmãos, e assim perder a tua
de vista. E estás disposto a mantê-la oculta para proteger um ídolo que pensas que vai te salvar dos perigos que ela representa, mas
que não existem.
6. Não existem idólatras no Reino, mas sim grande apreciação por tudo o que Deus criou, devido ao calmo conhecimento de que
cada um é parte Dele. O Filho de Deus não conhece nenhum ídolo, mas conhece seu Pai. A saúde nesse mundo é a contraparte do
valor no Céu. Não é com o meu mérito que eu contribuo para ti, mas com o meu amor, pois tu não dás valor a ti mesmo. Quando tu
não te dás valor ficas doente, mas a minha valorização de ti pode curar-te, porque o valor do Filho de Deus é um só. Quando eu
disse "A minha paz vos dou", era isso mesmo o que eu quis dizer. A paz vem de Deus através de mim para ti. É tua, muito embora
possas não pedir por ela.
7. Quando um irmão está doente, é porque ele não está pedindo paz e, portanto, não sabe que a tem. A aceitação da paz é a nega-
ção da ilusão e a doença é uma ilusão. No entanto, cada Filho de Deus tem o poder de negar ilusões em qualquer parte do Reino,
simplesmente por negá-las por completo em si mesmo. Eu posso curar-te porque eu te conheço. Eu conheço o teu valor por ti e é
esse valor que faz com que sejas íntegro. A mente íntegra não é idólatra e nada sabe de leis conflitantes. Eu vou curar-te só porque
tenho apenas uma mensagem e ela é verdadeira. A tua fé nela fará com que sejas íntegro quando tiveres fé em mim.
8. Eu trago a mensagem de Deus sem qualquer engano e aprenderás isso na medida em que aprenderes que sempre recebes tanto
quanto aceitas. Poderias aceitar paz agora para todas as pessoas e oferecer-lhes perfeita liberdade de todas as ilusões porque ou-
viste a Sua Voz. Mas não tenhas outros deuses diante Dele, ou não ouvirás. Deus não tem ciúmes dos deuses que fizeste, mas tu
tens. Tu os salvarias e servirias a eles porque acreditas que eles fizeram a ti. Pensas que eles são o teu pai, porque estás projetando
neles o fato amedrontador de que os fizeste para substituir a Deus. No entanto, quando parecem falar-te, lembra-te que nada pode
substituir a Deus e quaisquer que tenham sido as substituições que tenhas tentado, elas nada são.
9. Muito simplesmente, então, podes acreditar que estás com medo do nada, mas na realidade tens medo de algo que não existe. E
nesta conscientização, és curado. Ouvirás o deus que escutares. Fizeste o deus da doença e por tê-lo feito, fizeste com que sejas
capaz de ouví-lo. Entretanto, tu não o criaste, porque ele não é a Vontade do Pai. Ele não é, portanto, eterno e será desfeito para ti
no instante em que deres significação à tua disposição de aceitar só o que é eterno.
10. Se Deus tem apenas um Filho, existe apenas um Deus. Tu compartilhas a realidade com Ele, porque a realidade não é dividida.
Aceitar outros deuses diante Dele é colocar outras imagens diante de ti. Tu não reconheces o quanto escutas os teus deuses e o
quanto estás vigilante a seu favor. No entanto, eles só existem porque tu os honras. Coloca a honra no seu devido lugar e a paz será
tua. Ela é a tua herança, vinda do teu Pai real. Não podes fazer o teu Pai e o pai que fizeste não te fez. A honra não é devida à ilu-
sões, pois honrá-las é honrar o nada. No entanto, o medo também não lhes é devido, pois o nada não pode ser amedrontador. Tu
escolheste ter medo do amor por ser ele perfeitamente inofensivo e em função desse medo, tens estado disposto a abrir mão da tua
perfeita capacidade de ajudar e da tua própria Ajuda perfeita.
11. Só no altar de Deus acharás a paz. E esse altar está em ti porque Deus lá o colocou. A Sua Voz ainda te chama para retornar e
Ele será ouvido quando não mais colocares outros deuses diante Dele. Podes desistir do deus da doença por teus irmãos; de fato,
terias que fazê-lo se desistisses dele para ti mesmo. Pois se vês o deus da doença em qualquer lugar, tu o aceitaste. E se o aceitas,
irás curvar-te e o idolatrarás, pois ele foi feito em substituição a Deus. Ele é a crença em que podes escolher qual é o deus que é
real. Embora esteja claro que isso nada tem a ver com a realidade, é igualmente claro que tem tudo a ver com a realidade conforme
tu a percebes.

IV. O fim da doença


1. Toda mágica é uma tentativa de reconciliar o irreconciliável. Toda religião é o reconhecimento de que o irreconciliável não pode ser
reconciliado. A doença e a perfeição são irreconciliáveis. Se Deus te criou perfeito, tu és perfeito. Se acreditas que podes estar doen-
te, colocaste outros deuses diante Dele. Deus não está em guerra contra o deus da doença que tu fizeste, mas tu estás. Ele é o sím-
bolo da decisão contra Deus e tens medo dele porque ele não pode ser reconciliado com a Vontade de Deus. Se o atacas, tu farás
com que ele seja real para ti. Mas se te recusares a adorá-lo, qualquer que seja a forma na qual ele possa te aparecer e qualquer
que seja o lugar onde pensas que o vês, ele desaparecerá no nada do qual foi feito.
2. A realidade só pode despertar em uma mente desanuviada. Ela está sempre lá para ser aceita, mas a sua aceitação depende da
tua disponibilidade para tê-la. Conhecer a realidade necessariamente envolve a disposição de julgar a irrealidade pelo que ela é. Não
ver o nada é meramente julgá-lo de forma correta e devido à tua capacidade de avaliá-lo verdadeiramente, deixar que ele se vá. O
conhecimento não pode despertar em uma mente cheia de ilusões, porque a verdade e as ilusões são irreconciliáveis. A verdade é
íntegra e não pode ser conhecida só por uma parte da mente.
3. A Filiação não pode ser percebida como parcialmente doente, pois percebê-la desse modo é não percebê-la de forma alguma. Se
a Filiação é una, é una em todos os aspectos. A unicidade não pode ser dividida. Se percebes outros deuses, a tua mente está divi-
dida e não serás capaz de limitar a divisão porque ela é o sinal de que removeste parte da tua mente da Vontade de Deus. Isso sig-
nifica que ela está fora de controle. Estar fora de controle é estar fora da razão e nesse caso a mente, de fato, vem a ser irracional.
Ao definir a mente de modo errado, tu a percebes como se ela funcionasse de modo errado.

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UM CURSO EM MILAGRES
4. As leis de Deus manterão a tua mente em paz, porque a paz é a Sua Vontade e as Suas leis são estabelecidas para mantê-la. As
leis de Deus são as leis da liberdade, mas as tuas são as leis do cativeiro. Como a liberdade e o cativeiro são irreconciliáveis, suas
leis não podem ser compreendidas conjuntamente. As leis de Deus só funcionam para o teu bem e não existem outras leis além das
Suas. Tudo o mais é meramente sem lei e, portanto, caótico. Mesmo assim, Deus protegeu tudo aquilo que Ele criou com as Suas
leis. Tudo o que não é regido por elas não existe. "As leis do caos" é uma expressão que nada significa. A criação é perfeitamente
regulada por leis e o caótico é sem significado porque é sem Deus. Tu "deste" a tua paz aos deuses que fizeste, mas eles não exis-
tem para tirá-la de ti e não podes dá-la a eles.
5. Não és livre para desistir da liberdade, mas apenas para negá-la. Não podes fazer o que não foi intenção de Deus, porque o que
não foi intenção de Deus não acontece. Os teus deuses não trazem o caos; tu os dotas com o caos e o aceitas da parte deles. Tudo
isso nunca foi. Nada, a não ser as leis de Deus, jamais foi, e nada, a não ser a Sua Vontade, jamais será. Foste criado através das
Suas leis e pela Sua Vontade e a maneira como foste criado te estabeleceu como um criador. O que fizeste é tão indigno de ti que
dificilmente o quererias, se estivesses disposto a vê-lo como é. Não verias absolutamente nada. E a tua visão iria automaticamente
olhar além disso, para o que está em ti e em tudo em torno de ti. A realidade não pode invadir os obstáculos que interpuseste, mas
irá envolver-te completamente quando tu os abandonares.
6. Quando tiveres experimentado a proteção de Deus, fazer ídolos virá a ser inconcebível. Não existem imagens estranhas na Mente
de Deus e o que não está na Sua Mente não pode estar na tua, porque a tua mente e a Sua são uma só e essa pertence a Ele. E tua
porque pertence a Ele, uma vez que para Deus, possuir é compartilhar. E se é assim para Ele, é assim para ti. As Suas definições
são as Suas leis, pois através delas Ele estabeleceu o universo tal como é. Nenhum deus falso que tentes interpor entre tu e a tua
realidade afeta em nada a verdade. A paz é tua porque Deus te criou. E Ele não criou nenhuma outra coisa.
7. O milagre é o ato de um Filho de Deus que deixou de lado todos os deuses falsos e chama seus irmãos a fazerem o mesmo.
É um ato de fé, porque é o reconhecimento de que seu irmão é capaz de fazê-lo. E um chamado para o Espírito Santo na mente do
seu irmão, um chamado que é reforçado pela união. Pelo fato do trabalhador de milagres ter ouvido a Voz de Deus, ele A reforça em
um irmão doente enfraquecendo a sua crença na doença, que ele não compartilha. O poder de uma mente pode brilhar em outra,
porque todas as lâmpadas de Deus foram acesas pela mesma centelha. Ela está em toda parte e é eterna.
8. Em muitos, só a centelha permanece, porque os Grandes Raios são obscurecidos. Entretanto, Deus tem mantido viva a centelha,
de modo que os Raios nunca possam ser completamente esquecidos. Se apenas vires a pequena centelha, aprenderás sobre a luz
maior, pois lá estão os Raios que não são vistos. Perceber a centelha curará, mas conhecer a luz criará. No entanto, ao retornar, a
pequena luz tem que ser reconhecida em primeiro lugar, pois a separação foi uma descida da magnitude à pequenez. Mas a cente-
lha é ainda assim tão pura quanto a grande luz, pois é o chamado remanescente da criação. Deposita nela toda a tua fé e o próprio
Deus te responderá.

V. A negação de Deus
1. Os rituais do deus da doença são estranhos e muito exigentes. A alegria não é permitida nunca, pois a depressão é o sinal da
aliança com ele. Depressão significa que renegaste a Deus. Muitos têm medo de blasfêmia, mas não compreendem o que significa.
Não reconhecem que negar a Deus é negar a sua própria Identidade e nesse sentido, o salário do pecado é a morte. O sentido é
muito literal: a negação da vida percebe o seu oposto, assim como todas as formas de negação substituem o que é pelo que não é.
Ninguém pode fazer isso realmente, mas é indubitável que podes pensar que podes e acreditas que o fizeste.
2. Não te esqueças, porém, que negar a Deus inevitavelmente resultará em projeção e acreditarás que outras pessoas e não tu fize-
ram isso a ti. Tens que receber a mensagem que dás, porque é a mensagem que queres. Podes acreditar que julgas os teus irmãos
pelas mensagens que te dão, mas os tens julgado pela mensagem que dás a eles. Não lhes atribuas a tua negação da alegria, ou
não poderás ver neles a centelha que traria alegria a ti. E a negação da centelha que traz depressão, porque sempre que vês os teus
irmãos sem ela, estás negando a Deus.
3. A aliança à negação de Deus é a religião do ego. O deus da doença obviamente exige a negação da saúde, pois a saúde está em
oposição direta à sua própria sobrevivência. Mas considera o que isso significa para ti. A não ser que tu estejas doente, não podes
manter os deuses que fizeste, pois só na doença ser-te-ia possível querê-los. A blasfêmia é, então, auto-destrutiva e não destruidora
de Deus. Ela significa que tu estás disposto a não conhecer a ti mesmo para estar doente. Esse é o oferecimento que o teu deus
exige porque, tendo-o feito a partir da tua própria insanidade, ele é uma idéia insana. Ele tem muitas formas, mas embora possa
parecer ser muitas coisas diferentes, não é senão uma idéia: a negação de Deus.
4. A doença e a morte parecem entrar na mente do Filho de Deus contra a Sua Vontade. O "ataque a Deus" fez com que Seu Filho
pensasse que era órfão de pai e na sua depressão fez o deus da depressão. Essa foi a sua alternativa para a alegria, pois não que-
ria aceitar o fato de que embora fosse um criador, tinha sido criado. No entanto, o Filho é impotente sem o Pai Que é a sua única
Ajuda.
5. Eu disse anteriormente que por ti mesmo nada podes fazer, mas não és de ti mesmo. Se fosses, o que fizeste seria verdadeiro e
nunca poderias escapar. Como não fizeste a ti mesmo, não precisas te preocupar com nada. Os teus deuses não são nada, porque
o teu Pai não os criou. Tu não podes fazer criadores que não sejam como o teu Criador, assim como Ele também não poderia ter
criado um Filho que não fosse como Ele. Se criar é compartilhar, a criação não pode criar o que não é como ela. Ela só pode com-
partilhar o que é. A depressão é isolamento e, portanto, não poderia ter sido criada.
6. Filho de Deus, tu não pecaste, mas tens estado muito equivocado. No entanto, isso pode ser corrigido e Deus te ajudará, sabendo
que não poderias pecar contra Ele. Tu O negaste porque O amaste, sabendo que se reconhecesses o teu amor por Ele, não poderi-
as negá-Lo. A tua negação de Deus, portanto, significa que tu O amas e tens conhecimento de que Ele te ama. Lembra-te que o que
negas tens que ter em algum momento conhecido. E se aceitas a negação, podes aceitar o seu desfazer.
7. O teu Pai não te negou. Ele não Se vinga, mas te chama para retornar. Quando pensas que Ele não respondeu ao teu chamado,
és tu que não respondeste ao Seu. Ele chama por ti de toda parte da Filiação, devido ao Amor do Pai por Seu Filho. Se ouves a Sua
mensagem, Ele te respondeu e tu aprenderás com Ele se escutares corretamente. O Amor de Deus está em tudo o que Ele criou,
pois Seu Filho está em toda parte. Olha com paz para os teus irmãos e Deus virá correndo para o teu coração, em gratidão pela tua
dádiva a Ele.

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UM CURSO EM MILAGRES
8. Não procures a cura no deus da doença, mas só no Deus do amor, pois a cura é reconhecê-Lo. Quando O reconheceres, terás o
conhecimento de que Ele nunca deixou de reconhecer-te, e que no Seu reconhecimento de ti, está o teu ser. Não estás doente e não
podes morrer. Mas podes te confundir com coisas que podem. Lembra-te, porém, que isso é blasfêmia, pois isso significa que estás
olhando sem amor para Deus e Sua criação, da qual Ele não pode ser separado.
9. Só o eterno pode ser amado, pois o amor não morre. O que é de Deus, é Dele para sempre e tu és de Deus. Iria Ele permitir que
Ele próprio sofresse? E iria Ele oferecer ao Filho qualquer coisa que não fosse aceitável para Ele? Se aceitares a ti mesmo tal como
Deus te criou, serás incapaz de sofrer. Entretanto, para isso tens que reconhecê-Lo como teu Criador. Não porque vais ser castigado
de outro modo, mas meramente porque o teu reconhecimento do teu Pai é o reconhecimento de ti mesmo tal como és. Teu Pai te
criou totalmente sem pecado, totalmente sem dor, totalmente livre de qualquer tipo de sofrimento. Se O negas, trazes pecado, dor e
sofrimento à tua própria mente, devido ao poder que Ele deu a ela. A tua mente é capaz de criar mundos, mas também pode negar o
que cria, porque é livre.
1O. Tu não te dás conta do quanto tens negado a ti mesmo e do quanto Deus, em Seu Amor, queria que não fosse assim. No entan-
to, Ele não quer interferir contigo, pois não conheceria o Seu Filho se esse não fosse livre. Interferir contigo seria o mesmo que ata-
car a Si Mesmo e Deus não é insano. Quando O negas, tu estás insano. Tu quererias que Ele compartilhasse a tua insanidade?
Deus nunca deixará de amar o Seu Filho e o Seu Filho nunca deixará de amá-Lo. Essa foi a condição da criação do Seu Filho, fixada
para sempre na Mente de Deus. Conhecer isso é sanidade. Negar isso é insanidade. Deus Se deu a ti na tua criação e as Suas dá-
divas são eternas. Tu te negarias a Ele?
11. A partir das tuas dádivas a Ele, o Reino será devolvido ao Seu Filho. Seu Filho excluiu-se da Sua dádiva recusando-se a aceitar o
que tinha sido criado para ele e o que ele tinha criado em Nome de seu Pai. O Céu espera pelo seu retorno, pois foi criado co mo a
morada do Filho de Deus. Tu não estás em casa em nenhum outro lugar nem em nenhuma outra condição. Não negues a ti mesmo
a alegria que foi criada para ti em troca da miséria que fizeste para ti mesmo. Deus te deu os meios para desfazer o que tu fizeste.
Escuta e aprenderás como lembrar o que tu és.
12. Se Deus conhece Suas crianças totalmente sem pecado, é blasfêmia percebê-las como culpadas. Se Deus conhece Suas crian-
ças totalmente sem dor, é blasfêmia perceber sofrimento em qualquer lugar. Se Deus conhece Suas crianças totalmente alegres, é
blasfêmia sentir depressão. Todas essas ilusões e as muitas outras formas que a blasfêmia pode tomar são recusas de aceitar a
criação tal como ela é. Se Deus criou Seu Filho perfeito, é assim que tens que aprender a vê-lo para aprender sobre a sua realidade.
E, como parte da Filiação, é assim que tens que ver a ti mesmo para aprender sobre a tua.
13. Não percebas nada do que Deus não criou, ou O estás negando. A Sua é a única Paternidade e ela é tua só porque Ele a deu a
ti. As tuas dádivas à ti mesmo são sem significado, mas as tuas dádivas às tuas criações são como as Suas, porque são dadas em
Seu Nome. É por isso que as tuas criações são tão reais quanto as Suas. Entretanto, a Paternidade real tem que ser reconhecida se
é que se há de conhecer o Filho na realidade. Tu acreditas que as coisas doentes que fizeste são as tuas criações reais, porque a-
creditas que as imagens doentes que percebes são os filhos de Deus. Só se aceitares a Paternidade de Deus é que terás qualquer
coisa, porque a Sua Paternidade te deu tudo. É por isso que negá-Lo é negar a ti mesmo.
14. A arrogância é a negação do amor, porque o amor compartilha e a arrogância recusa. Enquanto ambos te parecerem desejáveis,
o conceito de escolha, que não é de Deus, permanecerá contigo. Embora isso não seja verdadeiro na eternidade, é verdadeiro no
tempo, de tal modo que enquanto o tempo durar na tua mente haverá escolhas. O próprio tempo é tua escolha. Se queres te lembrar
da eternidade, é preciso que olhes só para o eterno. Se te permitires ficar preocupado com o temporal, estás vivendo no tempo. Co-
mo sempre, a tua escolha é determinada pelo que tu valorizas. O tempo e a eternidade não podem ser ambos reais, porque contra-
dizem um ao outro. Se aceitares como real só o que é intemporal, começarás a compreender a eternidade e a fazer com que ela
seja tua.

CAPÍTULO 11 - DEUS OU O EGO

Introdução
1. Ou Deus é insano ou o ego é insano. Se examinares a evidência dos dois lados de maneira justa, reconhecerás que isso tem que
ser verdadeiro. Nem Deus nem o ego propõem um sistema de pensamento parcial. Cada um é internamente consistente, mas am-
bos são diametralmente opostos em todos os aspectos, de forma que uma fidelidade parcial é impossível. Lembra-te, também, que
os seus resultados são tão diferentes quanto os seus fundamentos e que as suas naturezas fundamentalmente irreconciliáveis não
podem ser reconciliadas por hesitações entre um e outro. Nada que vive deixa de ter um pai, pois a vida é criação. Portanto, a tua
decisão é sempre uma resposta para a questão: "Quem é o meu pai?" E serás fiel ao pai que escolheres.
2. No entanto, o que dirias tu a alguém que acreditasse que essa questão realmente envolve um conflito? Se fizeste o ego, como
poderia o ego ter feito a ti? O problema da autoridade ainda é a única fonte de conflito, porque o ego foi feito em função do desejo do
Filho de Deus de ser pai de Si Mesmo. O ego, então, nada mais é do que um sistema delusório no qual tu fizeste o teu próprio pai.
Não cometas equívocos a respeito disso. Isso soa insano quando é afirmado com perfeita honestidade, mas o ego nunca examina o
que faz com perfeita honestidade. No entanto, essa é a sua premissa insana, cuidadosamente oculta na escura pedra angular do
seu sistema de pensamento. Então, ou o ego que tu fizeste é teu pai, ou todo o seu sistema de pensamento ruirá.
3. Tu fazes através da projeção, mas Deus cria através da extensão. Tu és a pedra angular da criação de Deus, pois o Seu sistema
de pensamento é luz. Lembra-te dos Raios que estão aí sem ser vistos. Quanto mais te aproximas do centro do sistema de pensa-
mento de Deus, tanto mais clara vem a ser a luz. Quanto mais perto chegas do fundamento do sistema de pensamento do ego, mais
escuro e obscuro vem a ser o caminho. Entretanto, mesmo a pequena centelha em tua mente é suficiente para iluminá-lo. Traze es-
sa luz contigo sem medo e bravamente segura-a junto do fundamento do sistema de pensamento do ego. Tens que estar disposto a
julgá-lo com perfeita honestidade. Abre a escura pedra angular do terror na qual ele se baseia e traze-a para fora, para a luz. Lá ve-
rás que ela se baseava na ausência de significado e que tudo aquilo que te causava medo baseava-se no nada.
4. Meu irmão, tu és parte de Deus e parte de mim. Quando afinal tiveres olhado para o fundamento do ego sem recuares assustado,
terás também olhado para o nosso. Eu venho a ti do nosso Pai para oferecer-te tudo mais uma vez. Não o recuses com o fim de
manter escondida uma escura pedra angular, pois a sua proteção não vai salvar-te. Eu te dou a lâmpada e irei contigo. Tu não em-

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UM CURSO EM MILAGRES
preenderás sozinho essa jornada. Eu te conduzirei ao teu verdadeiro Pai, Que tem necessidade de ti assim como eu. Não responde-
rás ao chamado do amor com alegria?

I. As dádivas da Paternidade
1. Tu aprendeste a tua necessidade da cura. Trarias à Filiação qualquer outra coisa, reconhecendo a necessidade da cura para ti
mesmo? Pois nisso está o início do retorno ao conhecimento, o fundamento sobre o qual Deus te ajudará a construir novamente o
sistema de pensamento que compartilhas com Ele. Nem uma só pedra que colocares sobre esse sistema deixará de ser abençoada
por Deus, pois estarás restaurando a santa morada do Seu Filho, onde a Sua Vontade dispõe que o Seu Filho esteja e onde ele está.
Qualquer que seja a parte da mente do Filho de Deus na qual restauras essa realidade, tu a restauras para ti mesmo. Habitas na
Mente de Deus com o teu irmão, pois o próprio Deus não teve vontade de ficar só.
2. Ficar só é estar separado da infinidade, mas como pode ser assim se a infinidade não tem fim? Ninguém pode estar além do que
não tem limites, porque o que não tem limites tem que estar em toda parte. Não existem princípios nem fins em Deus, Cujo universo
é Ele próprio. E possível tu te excluíres do universo, ou de Deus, Que é o universo? Eu e o meu Pai somos um contigo, pois és parte
de nós. Realmente acreditas que parte de Deus pode estar faltando ou estar perdida para Ele?
3. Se não fosses parte de Deus, a Sua Vontade não seria unificada. Isso é concebível? É possível que parte da Mente de Deus não
contenha nada? Se o teu lugar na Sua Mente não pode ser preenchido por ninguém a não ser tu, e o teu preenchimento deste lugar
foi a tua criação, sem ti haveria um lugar vazio na Mente de Deus. A extensão não pode ser bloqueada e não tem vácuos. Ela conti-
nua para todo o sempre, por mais que seja negada. A tua negação da sua realidade pode pará-la no tempo, mas não na eternidade.
É por isso que as tuas criações não cessaram de ser estendidas e é por isso que há tanto esperando pelo teu retorno.
4. A espera só é possível no tempo, mas o tempo não tem significado. Tu, que fizeste o adiamento, podes deixar o tempo para trás
simplesmente por reconheceres que nem os princípios e nem os fins foram criados pelo Eterno, Que não traçou limites à Sua criação
ou àqueles que criam como Ele. Não conheces isso simplesmente porque tentaste limitar o que Ele criou e assim acreditas que toda
criação é limitada. Como, então, poderias conhecer as tuas criações, tendo negado a infinidade?
5. As leis do universo não permitem contradições. O que é válido para Deus, é válido para ti. Se acreditas que estás ausente de
Deus, acreditarás que Ele está ausente de ti. A infinidade não tem significado sem ti e tu não tens significado sem Deus. Não há fim
para Deus e Seu Filho, pois nós somos o universo. Deus não é incompleto e Ele não é sem o filho. Como ficar só não foi a Sua Von-
tade, Ele criou um Filho como Ele Mesmo. Não Lhe negue o Seu Filho, pois a tua recusa em aceitar a Sua Paternidade negou-te a
tua. Vê as Suas criações como Seu Filho, pois as tuas foram criadas em honra a Ele. O universo do amor não pára porque tu não o
vês, nem tampouco os teus olhos fechados perderam a capacidade de ver. Olha para a glória da Sua criação e aprenderás o que
Deus guardou para ti.
6. Deus te deu um lugar na Sua Mente que é teu para sempre. Entretanto, só podes mantê-lo dando-o, como ele te foi dado. Como
poderias estar lá sozinho, quando ele te foi dado porque Deus não teve vontade de ficar só? A Mente de Deus não pode ser dimi nuí-
da. Ela só pode ser aumentada, pois tudo o que Ele criou tem a função de criar. O amor não limita e o que ele cria não é limitado.
Dar sem limites é a Vontade de Deus para ti, porque só isso pode te trazer a alegria que é Sua, e que é Vontade de Deus comparti-
lhar contigo. O teu amor é tão sem limites quanto o Seu, porque é o Seu.
7. Seria possível que qualquer parte de Deus fosse sem o Seu Amor e seria possível que qualquer parte do Seu Amor fosse contida?
Deus é a tua herança, porque Sua única dádiva é Ele Mesmo. Como é possível dares a não ser como Ele dá, se queres conhecer a
Sua dádiva para ti? Dá, então, sem limites e sem fim, para aprenderes o quanto Ele te deu. A tua capacidade de aceita-Lo depende
da tua disponibilidade para dar como Ele dá. A tua paternidade e o teu Pai são um. A Vontade de Deus é criar e a tua vontade é a
Sua. Como decorrência, portanto, a tua vontade é criar, já que a tua vontade decorre da Sua. E sendo uma extensão da Sua Vonta-
de, a tua tem que ser a mesma.
8. Entretanto, tu não sabes qual é a tua vontade. Isso não é estranho quando reconheces que negar é "não saber." A Vontade de
Deus é que sejas Seu Filho. Ao negares isso, negas a tua própria vontade e, portanto, não sabes qual ela é. Tens que perguntar qual
é a Vontade de Deus em todas as coisas, porque é a tua. Tu não sabes qual é, mas o Espírito Santo lembra-Se dela para ti. Pergun-
ta a Ele, então, qual é a Vontade de Deus para ti e Ele te dirá qual é a tua. Não se pode repetir com freqüência demasiada que tu
não sabes qual é. Sempre que o que o Espírito Santo te disser parecer coercivo, é apenas porque não reconheceste a tua vontade.
9. A projeção do ego faz parecer que a Vontade de Deus está fora de ti e, portanto, não é tua. Nessa interpretação, parece possível
haver conflito entre a Vontade de Deus e a tua. Assim, pode parecer que Deus te pede algo que não queres dar e, portanto, priva-te
do que queres. Seria Deus, Que só quer a tua vontade, capaz disso? A tua vontade é a Sua vida, que Ele te deu. Mesmo no tempo,
não podes viver à parte Dele. Sono não é morte. O que Ele criou pode dormir, mas não pode morrer. A imortalidade é a Sua Vontade
para o Seu Filho e a vontade do Seu Filho para si próprio. A vontade do Filho de Deus não pode ser a morte para si mesmo, porque
o seu Pai é Vida e o Seu Filho é como Ele. A criação é a tua vontade porque é a Sua.
10. Tu não podes ser feliz a não ser que faças o que é verdadeiramente a tua vontade e isso não podes mudar porque é imutável. É
imutável pela Vontade de Deus e pela tua, pois de outro modo a Sua Vontade não seria estendida. Tens medo de saber a Vontade
de Deus porque acreditas que não é a tua. Essa crença é toda a tua doença e todo o teu medo. Todo sintoma de doença e de medo
surge aqui, porque essa é a crença que faz com que queiras não saber. Acreditando nisso, tu te escondes na escuridão, negando
que a luz esteja em ti.
11. É pedido a ti que confies no Espírito Santo só porque Ele fala por ti. Ele é a Voz por Deus, mas não te esqueças nunca de que
Deus não teve vontade de ficar só. Ele compartilha a Sua Vontade contigo, Ele não a impõe a ti. Lembra-te sempre que o que Ele dá,
Ele conserva, de modo que nada do que Ele dá pode contradizê-Lo. Tu, que compartilhas a Sua Vida, tens que compartilhá-la para
conhecê-la, pois compartilhar é conhecer. Bem-aventurado és tu que aprendes que ouvir a Vontade do teu Pai é conhecer a tua pró-
pria. Pois é tua vontade ser como Ele, Cuja Vontade é que assim seja. A Vontade de Deus é que o Seu Filho seja um e unido a Ele
em Sua Unicidade. É por isso que a cura é o princípio do reconhecimento de que a tua vontade é a Sua.

II. O convite à cura


1. Se a doença é separação, a decisão de curar e ser curado é o primeiro passo rumo ao reconhecimento do que queres verdadeira-
mente. Todo ataque é um passo para longe disso e cada pensamento de cura o aproxima. O Filho de Deus tem tanto o Pai como o

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UM CURSO EM MILAGRES
Filho, porque ele é ambos, Pai e Filho. Unir ter e ser é unir a tua vontade com a Sua, pois a Sua Vontade para ti é Ele Mesmo. E a
tua vontade é entregar-te a Ele, porque na tua compreensão perfeita do Pai, tens o conhecimento de que há apenas uma Vontade.
Mesmo assim, quando atacas qualquer parte de Deus e do Seu Reino, a tua compreensão não é perfeita e o que realmente queres
está, portanto, perdido para ti.
2. A cura, então, vem a ser uma lição de compreensão e quanto mais a praticas, melhor professor e aprendiz vens a ser. Se negaste
a verdade, que melhores testemunhas da sua realidade poderias ter além daqueles que foram curados por ela? Mas certifica-te de
incluir a ti mesmo entre eles, pois na tua disponibilidade para unir-te a eles está a realização da tua cura. Todo milagre que realizas
te fala da Paternidade de Deus. Todo pensamento de cura que aceitas, seja do teu irmão ou na tua própria mente, te ensina que tu
és Filho de Deus. Em cada pensamento capaz de ferir que manténs, onde quer que o percebas, está a negação da Paternidade de
Deus e da tua Filiação.
3. E a negação é tão total quanto o amor. Não podes negar parte de ti mesmo, porque o resto parecerá separado e, portanto, sem
significado. E sendo sem significado para ti, não vais compreendê-lo. Negar o significado é falhar na compreensão. Só podes curar a
ti mesmo, porque só o Filho de Deus necessita de cura. Tu necessitas dela porque não compreendes a ti mesmo e, portanto, não
sabes o que fazes. Tendo esquecido a tua vontade, não sabes o que realmente queres.
4. A cura é um sinal de que queres tornar algo íntegro. E essa disponibilidade abre os teus ouvidos à Voz do Espírito Santo, Cuja
mensagem é integridade. Ele te capacitará a ir muito além da cura que empreenderias, pois ao lado da tua pequena disponibilidade
para tornar íntegro, Ele depositará a Sua própria Vontade completa e fará com que a tua seja íntegra. O que é que o Filho de Deus
não é capaz de realizar com a Paternidade de Deus em Si? Apesar disso, o convite tem que partir de ti, pois certamente aprendeste
que aquele que convidas como teu hóspede habitará contigo.
5. O Espírito Santo não pode falar a um anfitrião que não Lhe dê boas-vindas, porque não será ouvido. O Hóspede Eterno permane-
ce, mas Sua Voz torna-se cada vez mais tênue em companhia alheia. Ele precisa da tua proteção, só porque o teu cuidado é um
sinal de que tu O queres. Pensa como Ele, mesmo que seja só por um momento, e a pequena centelha vem a ser uma luz flamejan-
te que enche a tua mente de tal modo que Ele vem a ser o teu único Hóspede. Sempre que convidas o ego a entrar, diminuis as Su-
as boas-vindas. Ele permanecerá, mas tu terás te aliado contra Ele. Qualquer que seja a jornada que escolheres empreender, Ele irá
contigo, à espera. Podes confiar seguramente na Sua paciência, pois Ele não pode deixar uma parte de Deus. No entanto, tu preci-
sas de muito mais do que paciência.
6. Nunca terás descanso enquanto não conheceres a tua função e não a cumprires, pois só nisso é que a tua vontade e a do teu Pai
podem ser totalmente unidas. Tê-Lo é ser como Ele e Ele Se deu a ti. Tu, que tens a Deus, tens que ser como Deus, pois a Sua fun-
ção veio a ser a tua com a Sua dádiva. Convida esse conhecimento a voltar à tua mente e não permitas que nada que o obscureça a
penetre. O Hóspede enviado por Deus a ti ensinar-te-á como fazer isso, se apenas reconheceres a pequena centelha e estiveres
disposto a deixá-la crescer. A tua disponibilidade não precisa ser perfeita porque a Sua é. Se apenas ofereceres a Ele um lugar pe-
queno, Ele o iluminará tanto que tu permitirás que ele seja aumentado com contentamento. E através deste aumento começarás a te
lembrar da criação.
7. Preferes ser um refém do ego ou o anfitrião de Deus? Só aceitarás a quem convidares. Estás livre para determinar quem será o
teu hóspede e por quanto tempo ele permanecerá contigo. No entanto, isso não é liberdade real, pois ainda depende do modo como
o vês. O Espírito Santo está lá, embora Ele não possa ajudar-te sem o teu convite. E o ego não é nada, seja ele convidado por ti ou
não. A liberdade real depende das boas-vindas à realidade e, dentre os teus hóspedes, só o Espírito Santo é real. Conhece, então,
Quem habita contigo meramente reconhecendo o que já está presente e não te satisfaças com consoladores imaginários, pois o
Consolador de Deus está em ti.

III. Da escuridão a luz


1. Quando estás exausto, lembra-te que feriste a ti mesmo. O teu Consolador poderá dar-te o descanso, mas tu mesmo não podes.
Não sabes como, pois se soubesses não poderias nunca ter exaurido a ti mesmo. A não ser que firas a ti mesmo, jamais poderias
sofrer de forma alguma, pois não é essa a Vontade de Deus para o Seu Filho. A dor não é de Deus, pois Ele não conhece nenhum
ataque e a Sua paz te envolve silenciosamente. Deus é muito quieto, pois Nele não há nenhum conflito. O conflito é a raiz de todo o
mal, pois sendo cego, não vê a quem ataca. No entanto, sempre ataca o Filho de Deus e tu és o Filho de Deus.
2. O Filho de Deus, de fato, necessita de consolo, pois ele não sabe o que faz, acreditando que a sua vontade não lhe pertence. O
Reino é seu e, apesar disso, ele vaga sem lar. Em casa em Deus, ele está solitário e no meio de todos os seus irmãos, não tem ami-
gos. Permitiria Deus que isso fosse real, quando Ele Mesmo não teve vontade de ficar só? E se a tua vontade é a Sua, isso não po-
de ser verdadeiro para ti, porque não é verdadeiro para Ele.
3. Oh, minha criança, se conhecesses o que é a Vontade de Deus para ti, a tua alegria seria completa! E o que é a Vontade de Deus
já aconteceu, pois foi sempre verdadeiro. Quando vem a luz e tiveres dito: "A Vontade de Deus é minha", verás uma beleza tal que
saberás que ela não vem de ti. A partir da tua alegria, criarás beleza em Seu Nome, pois a tua alegria, assim como a Sua, não mais
poderá ser contida. O pequeno mundo desolado sumirá no nada e o teu coração estará tão cheio de alegria, que saltarás para o Céu
e para a presença de Deus. Não posso te dizer o que isso será, pois o teu coração não está pronto. No entanto, posso te dizer e
freqüentemente lembrar-te, que o que é a Vontade de Deus para ti é teu.
4. O caminho não é difícil, mas é muito diferente. O teu é o caminho da dor, a respeito do qual Deus nada conhece. Esse caminho é,
de fato, duro e muito solitário. O medo e o luto são os teus hóspedes e eles vão contigo e habitam contigo durante o caminho. Mas a
jornada escura não é o caminho do Filho de Deus. Caminha na luz e não vejas os escuros companheiros, pois eles não são compa-
nheiros adequados para o Filho de Deus, que foi criado da luz e na luz. A Grande Luz está sempre em torno de ti e brilha a partir de
ti. Como é possível que vejas os companheiros escuros em uma luz tal como essa? Se os vês, é apenas porque estás negando a
luz. Mas, em vez disso, nega a eles, pois a luz está aqui e o caminho é claro.
5. Deus nada esconde do Seu Filho, mesmo que Seu Filho queira esconder-se. Entretanto, O Filho de Deus não pode esconder a sua
glória, pois é Vontade de Deus que ele seja glorioso e assim deu-lhe a luz que brilha nele. Tu nunca perderás o teu caminho, pois
Deus te conduz. Quando vagas incerto, apenas empreendeste uma jornada que não é real. Os companheiros escuros, a estrada
escura, tudo isso é ilusão. Volta-te para a luz, pois a pequena centelha em ti é parte de uma Luz tão grande que pode varrer-te de
toda a escuridão para sempre. Pois o teu Pai é o teu Criador e tu és como Ele.

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UM CURSO EM MILAGRES
6. As crianças da luz não podem habitar na escuridão, pois a escuridão não está nelas. Não sejas enganado pelos consoladores
escuros e nunca permitas que eles entrem na mente do Filho de Deus, posta que não têm lugar no Seu templo. Quando és tentado a
negá-Lo, lembra-te que não há outros deuses a serem colocados diante Dele e aceita a Sua Vontade para ti em paz. Pois não podes
aceitá-la de outro modo.
7. Só o Consolador de Deus pode consolar-te. Na quietude do Seu templo, Ele espera para dar-te a paz que é tua. Dá a Sua paz,
para que possas entrar no templo e achá-la esperando por ti. Mas sê santo na Presença de Deus, ou não saberás que estás lá. Pois
o que não é como Deus não pode entrar na Sua Mente, já que não foi o Seu Pensamento e, portanto, não pertence a Ele. E a tua
mente tem que ser tão pura quanto a Sua, se queres conhecer o que te pertence. Guarda o Seu templo cuidadosamente, pois Ele
próprio mora lá e habita em paz. Tu não podes entrar na Presença de Deus com os companheiros escuros a teu lado, mas também
não podes entrar sozinho. Todos os teus irmãos têm que entrar. Pois não podes compreender a Integridade a não ser que sejas ín-
tegro e nenhuma parte do Filho pode ser excluída se ele quer conhecer a Integridade do seu Pai.
8. Na tua mente, tu podes aceitar toda a Filiação e abençoá-la com a luz que o teu Pai lhe deu. Então serás digno de habitar no tem-
plo com Ele, porque é tua vontade não ser sozinho. Deus abençoou o Seu Filho para sempre. Se o abençoares no tempo, estarás na
eternidade. O tempo não pode separar-te de Deus se tu o empregas a favor do eterno.

IV. A herança do Filho de Deus


1. Nunca te esqueças de que a Filiação é a tua salvação, pois a Filiação é o teu Ser. Enquanto criação de Deus, Ela é tua e perten-
cendo a ti, Ela é Sua. O teu Ser não necessita de salvação, mas a tua mente precisa aprender o que é a salvação. Tu não és salvo
de coisa alguma, mas és salvo para a glória. A glória é a tua herança, que te foi dada pelo teu Criador para que possas estendê-la.
No entanto, se odeias parte do teu Ser, toda a tua compreensão está perdida, porque estás olhando sem amor para o que Deus cri-
ou como criou a ti mesmo. E uma vez que o que Deus criou é parte Dele, estás negando a Ele o Seu lugar em Seu próprio altar. .
Poderias tentar fazer de Deus alguém sem lar e ao mesmo tempo saber que estás em teu lar? É possível o Filho negar o Pai sem
acreditar que o Pai o tenha negado? As leis de Deus se mantêm apenas para a tua proteção e elas nunca se mantêm em vão. O que
experimentas quando negas a teu Pai é ainda para a tua proteção, pois o poder da tua vontade não pode ser diminuído sem a inter-
venção de Deus contra ele e qualquer limitação do teu poder não é a Vontade de Deus. Portanto, olha apenas para o poder que
Deus te deu para salvar-te, lembrando-te que ele é teu porque é Seu e junta-te aos teus irmãos na Sua paz.
3. A tua paz está no fato de que ela é sem limites. Limita a paz que compartilhas e o teu Ser não pode deixar de ser desconhecido
parati. Todo altar a Deus é parte de ti, porque a luz que Ele criou é una com Ele. Cortarias um irmão da luz que te pertence? Não
farias isso se reconhecesses que só podes escurecer a tua própria mente. Assim como o trazes de volta, tu retornarás. Essa é a lei
de Deus para a proteção da integridade do Seu Filho.
4. Só tu és capaz de te privar do que quer que seja. Não te oponhas a esse reconhecimento, pois isso é verdadeiramente o principio
da aurora da luz. Lembra-te também que a negação deste simples fato toma muitas formas, as quais precisas aprender a reconhecer
e a combater persistentemente, sem exceção. 4Esse é um estádio crucial do re-despertar. As fases iniciais dessa reversão são mui-
tas vezes bastante dolorosas, pois à medida em que a acusação é retirada do que está fora, há uma forte tendência a ancorá-la no
que está dentro. É difícil, à primeira vista, reconhecer que isso é exatamente a mesma coisa, pois não há nenhuma distinção entre o
que está dentro e o que está fora.
5. Se os teus irmãos são parte de ti e tu os acusas da tua privação, estás acusando a ti mesmo. E não podes acusar-te sem acusá-
los. É por isso que a acusação tem que ser desfeita e não vista em outro lugar. Se a colocas em ti mesmo, não poderás conhecer a ti
mesmo, pois só o ego acusa de qualquer forma que seja. Autoacusação, portanto, é identificação com o ego, e isso é tanto uma de-
fesa do ego quanto acusar os outros. Tu não podes entrar na Presença de Deus se atacas o Seu Filho. Quando Seu Filho eleva a
sua voz para louvar o seu Criador, ele ouvirá a Voz pelo Seu Pai. No entanto, o Criador não pode ser louvado sem Seu Filho, pois a
glória de Ambos é compartilhada e Eles são glorificados juntos.
6. Cristo está no altar de Deus, esperando para dar as boas-vindas ao Seu Filho. Mas venhas totalmente sem condenação, pois de
outro modo acreditarás que a porta está bloqueada e não poderás entrar. A porta não está bloqueada e é impossível que não possas
entrar no lugar onde Deus quer que estejas. Mas ama a ti mesmo com o Amor de Cristo, pois é assim que o teu Pai te ama. Tu po-
des recusar-te a entrar, mas não podes bloquear a porta que Cristo mantém aberta. Vem a mim, que a mantenho aberta para ti, pois
enquanto eu viver, ela não pode ser fechada e eu vivo para sempre. 'Deus é a minha vida e a tua e nada é negado por Deus ao Seu
Filho.
7. No altar de Deus, Cristo espera pela restauração de Si Mesmo em ti. Deus tem o conhecimento de que Seu Filho é tão irrepreensí-
vel quanto Ele próprio, e a aproximação a Ele se dá através da apreciação do Seu Filho. Cristo espera que tu O aceites como tu
mesmo e que aceites a Sua Integridade como tua. Pois Cristo é o Filho de Deus Que vive em Seu Criador e brilha com a Sua glória.
Cristo é a extensão do Amor e da Beleza de Deus, tão perfeito quanto Seu Criador e em paz com Ele.
8. Bendito é o Filho de Deus, cuja radiância é a do Seu Pai e cuja glória é sua vontade compartilhar assim como Seu Pai a comparti-
lha com ele. Não há nenhuma condenação no Filho, pois não há nenhuma condenação no Pai. Compartilhando o perfeito Amor do
Pai, o Filho tem que compartilhar o que pertence a Ele, pois de outra maneira ele não conhecerá o Pai nem o Filho. A paz esteja
contigo que descansas em Deus e em quem descansa toda a Filiação.

V. A "dinâmica" do ego
1. Ninguém pode escapar de ilusões a não ser que olhe para elas, pois não encará-las é a forma de protegê-las. Não há necessidade
de se acuar diante de ilusões, pois elas não podem ser perigosas.
Nós estamos prontos para olhar mais detalhadamente o sistema de pensamento do ego, porque juntos temos a lâmpada que o dissi-
pará e já que reconheces que não o queres, tens que estar pronto. Vamos ser muito calmos ao fazer isso, pois estamos apenas pro-
curando honestamente a verdade. A "dinâmica" do ego será a nossa lição por algum tempo, pois precisamos em primeiro lugar olhar
para isso, para depois ver além, já que fizeste com que fosse real. Nós vamos desfazer esse erro juntos em quietude e então olhar
além dele para a verdade.
2. O que é a cura senão a remoção de tudo aquilo que se interpõe no caminho do conhecimento? E de que outra forma pode alguém
desfazer ilusões, a não ser olhando diretamente para elas, sem protegê-las? Não temas, portanto, pois estarás olhando para a fonte

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UM CURSO EM MILAGRES
do medo e estás começando a aprender que o medo não é real. Estás também aprendendo que os seus efeitos podem ser dissipa-
dos meramente pela negação da sua realidade. O próximo passo, obviamente, é reconhecer que aquilo que não tem efeitos, não
existe. As leis não operam em um vácuo e o que não conduz a nada não aconteceu. Se a realidade é reconhecida pela sua exten-
são, o que não conduz a nada não poderia ser real. Não tenhas medo, portanto, de olhar para o medo, pois ele não pode ser visto. A
claridade desfaz a confusão por definição e olhar para a escuridão através da luz não pode deixar de dissipá-la.
3. Vamos começar essa lição sobre a "dinâmica do ego" compreendendo que o próprio termo não significa nada. Contém a própria
contradição de termos que faz com que ele seja sem significado. "Dinâmica" implica o poder de fazer alguma coisa e toda a falácia
da separação está na crença segundo a qual o ego tem o poder de fazer qualquer coisa. O ego é amedrontador para ti porque acre-
ditas nisso. No entanto, a verdade é muito simples:
Todo poder é de Deus.
O que não é de Deus não tem poder para fazer nada.
4. Quando olhamos para o ego, portanto, não estamos considerando dinâmica alguma, mas delusões. Podes seguramente examinar
um sistema de delusões sem medo, porque ele não pode ter quaisquer efeitos se a sua fonte não é real. O medo vem a ser mais
obviamente inadequado se reconheces qual é a meta do ego, que é tão claramente sem sentido, que qualquer esforço a seu favor
necessariamente é gasto à toa. A meta do ego é explicitamente a autonomia egótica. Desde o início, portanto, o seu propósito é ser
separado, suficiente em si mesmo e independente de qualquer poder exceto o seu próprio. É por isso que ele é o símbolo da sepa-
ração.
5. Toda idéia tem um propósito e o seu propósito é sempre o resultado natural do que ela é. Tudo o que brota do ego é resultado
natural da sua crença central e o modo de desfazer esses resultados está simplesmente em reconhecer que a sua fonte não é natu-
ral, estando em desacordo com a tua verdadeira natureza. Eu disse anteriormente que exercer uma vontade contrária à de Deus é
apenas a projeção de um desejo e não uma disposição real da vontade. A Sua Vontade é uma só, porque a extensão da Sua Vonta-
de não pode deixar de ser como ela mesma. O conflito real que tu vivencias, então, se dá entre os vãos desejos do ego e a Vontade
de Deus, que tu compartilhas. É possível que esse conflito seja real?
6. Tu tens a independência da criação, mas não a autonomia. Toda a tua função criativa está em tua completa dependência de Deus,
Que compartilha a Sua própria função contigo. Através da disposição da Sua Vontade para compartilhá-la, Ele vem a ser tão depen-
dente de ti quanto tu és dependente Dele. Não atribuas a arrogância do ego Aquele Cuja Vontade não é ser independente de ti. Ele
te incluiu na Sua Autonomia. És capaz de acreditar que a autonomia tem significado à parte Dele? A crença na autonomia do ego
está te custando o conhecimento da tua dependência de Deus, na qual está a tua liberdade. O ego vê toda
dependência como uma ameaça e distorceu até mesmo a tua saudade de Deus em um meio de se estabelecer. Mas não te deixes
enganar pela sua interpretação do teu conflito.
7. O ego sempre ataca em nome da separação. Acreditando que tem poder para fazer isso, não faz nenhuma outra coisa, porque a
sua meta de autonomia não é nenhuma outra coisa. O ego é totalmente confuso acerca da realidade, mas não perde de vista a meta
que tem. Ele é muito mais vigilante do que tu, porque está perfeitamente certo do seu propósito. Tu estás confuso porque não reco-
nheces o teu.
8. Tens que reconhecer que a última coisa que o ego deseja que tu te dês conta é que tens medo dele. Pois se o ego pudesse fazer
surgir medo, isso diminuiria a tua independência e enfraqueceria o teu poder. No entanto, a sua única justificativa para a tua aliança
é que ele pode te dar poder. Sem essa crença tu não o escutarias em absoluto. Como é possível, então, que a sua existência conti-
nue se reconheces que, ao aceitá-lo, estás te fazendo pequeno e te privando do poder?
9. O ego pode fazer e, de fato, permite que tu te consideres arrogante, descrente, "frívolo", distante, emocionalmente superficial, rude,
alienado e até mesmo desesperado, mas não realmente medroso. Minimizar o medo, mas não desfazê-lo, é o esforço constante do
ego e é, na verdade, uma técnica na qual ele de fato é muito engenhoso. Como pode ele pregar a separação sem mantê-la através
do medo, e tu o escutarias se reconhecesses que é isso o que ele está fazendo?
10. O teu reconhecimento de que qualquer coisa que pareça estar te separando de Deus é apenas medo, seja qual for a forma que
assuma e independentemente de como o ego queira que tu o vivencies, é portanto a ameaça básica do ego. O seu sonho de auto-
nomia é balançado em seus fundamentos com essa consciência. Pois embora possas conviver com uma idéia falsa de independên-
cia, não vais aceitar o custo do medo se o reconheceres. Entretanto, esse é o custo e o ego não pode minimizá-lo. Se não vês o
amor, não estás vendo a ti mesmo e tens que ter medo da irrealidade porque negaste a ti mesmo. Acreditando que tiveste sucesso
ao agredir a verdade, estás acreditando que o ataque tem poder. Muito simplesmente, então, vieste a ter medo de ti mesmo. E nin-
guém quer achar aquilo que acredita que iria destruí-lo.
11. Se a meta de autonomia do ego pudesse ser realizada, o propósito de Deus poderia ser derrotado e isso é impossível. Só apren-
dendo o que é o medo, podes finalmente aprender a distinguir o possível do impossível e o falso do verdadeiro. De acordo com o
ensinamento do ego, a sua meta pode ser realizada e o propósito de Deus não. De acordo com o ensinamento do Espírito Santo, só
o propósito de Deus pode ser realizado e já está realizado.
12. Deus é tão dependente de ti quanto tu dependes Dele, porque a Sua Autonomia abrange a tua e é, portanto, incompleta sem ela.
Tu só podes estabelecer a tua autonomia identificando-te com Ele e cumprindo a tua função assim como ela existe na verdade. O
ego acredita que realizar a sua meta é felicidade. Mas te é dado conhecer que a função de Deus é a tua e que a felicidade não pode
ser achada à parte da Vontade conjunta de ambos. Reconhece apenas que a meta do ego, que tens perseguido tão diligentemente,
te trouxe apenas medo e passa a ser difícil afirmar que medo é felicidade. Sustentado pelo medo, isso é o que o ego quer que acre-
dites. No entanto, o Filho de Deus não é insano e não pode acreditar nisso. Deixa que ele apenas reconheça isso e não irá aceitá-lo.
Pois só o insano escolheria o medo em lugar do amor e só o insano poderia acreditar que se pode ganhar o amor através do ataque.
Mas os sãos reconhecem que só o ataque poderia produzir medo, do qual o Amor de Deus os protege completamente.
13. O ego analisa, o Espírito Santo aceita. A apreciação da integridade vem somente através da aceitação, pois analisar significa
quebrar ou separar. A tentativa de compreender a totalidade quebrando-a é claramente a abordagem contraditória à todas as coisas,
que é característica do ego. O ego acredita que o poder, a compreensão e a verdade estão na separação e para estabelecer essa
crença, ele tem que atacar. Sem a consciência de que essa crença não pode ser estabelecida e com a convição de que a separação
é a salvação, o ego ataca tudo aquilo que percebe, quebrando tudo em pequenas partes desconectadas sem relações significativas

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UM CURSO EM MILAGRES
entre si e, portanto, sem significado. O ego sempre substituirá o significado pelo caos, pois se a separação é salvação, a harmonia é
ameaça.
14. As interpretações do ego das leis da percepção são, e tem que ser, exatamente o oposto da interpretação do Espírito Santo. O
ego focaliza o erro e não vê a verdade. Ele faz com que todo equívoco que percebe seja real e, com o raciocínio circular que lhe é
característico, conclui que devido ao equívoco a verdade consistente não pode deixar de ser sem significado. O próximo passo,
então, é obvio. Se a verdade consistente não tem significado, a inconsistência tem que ser verdadeira. Mantendo o erro em mente de
forma clara e protegendo aquilo que tornou real, o ego procede ao próximo passo de seu sistema de pensamento: o erro é real e a
verdade é erro.
15. O ego não faz qualquer tentativa de compreender isso e isso é claramente incompreensível, mas, de fato, faz todas as tentativas
para demonstrá-lo e o faz constantemente. Analisando para atacar o significado, o ego tem sucesso em não vê-lo, ficando com uma
série de percepções fragmentadas, que ele unifica a favor de si mesmo. Isso vem a ser, então, o universo que ele percebe. E é esse
universo que, por sua vez, vem a ser a sua demonstração da sua própria realidade.
16. Não subestimes o apelo das demonstrações do ego para aqueles que querem escutar. A percepção seletiva escolhe cuidadosa-
mente as suas testemunhas e as suas testemunhas são consistentes. O processo a favor da insanidade é forte para o insano. Pois o
raciocínio termina com o seu começo e nenhum sistema de pensamento transcende a própria fonte. Entretanto, um raciocínio sem
significado nada pode demonstrar e aqueles a quem ele convence não podem deixar de estar iludidos. É possível o ego ensinar ver-
dadeiramente quando não vê a verdade? É possível ele perceber aquilo que tem negado? As suas testemunhas de fato comprovam
a sua negação, mas não o que foi negado. O ego olha diretamente para o Pai e não O vê, pois tem negado a Seu Filho.
17. Tu queres lembrar-te do Pai? Aceita o Seu Filho e te lembrarás Dele. Nada pode demonstrar que o Filho de Deus não é digno,
pois nada pode provar que uma mentira é verdadeira. O que vês do Filho de Deus através dos olhos do ego é uma demonstração de
que Seu Filho não existe, no entanto, onde está o Filho o Pai não pode deixar de estar. 'Aceita o que Deus não nega e a sua verdade
será demonstrada. As testemunhas de Deus estão na Sua Luz e contemplam o que Ele criou. 'O seu silêncio é o sinal de que elas
contemplaram o Filho de Deus e na Presença de Cristo nada precisam demonstrar, pois Cristo lhes fala de Si Mesmo e do Seu Pai.
Elas estão silenciosas porque Cristo lhes fala e são as Suas palavras que proferem.
18. Todo irmão que tu encontras vem a ser uma testemunha de Cristo ou do ego, dependendo do que percebes nele. Todo mundo te
convence daquilo que queres perceber e da realidade do reino em favor do qual escolheste a tua vigilância. Tudo o que percebes é
uma testemunha do sistema de pensamento que queres que seja verdadeiro. Todo irmão tem o poder de liberar-te, se escolheres ser
livre. Tu não podes aceitar um falso testemunho dele a não ser que tenhas evocado falsos testemunhos contra ele. Se ele não te fala
de Cristo, não lhe falaste de Cristo. Tu ouves apenas a tua própria voz e se Cristo fala através de ti, tu O ouvirás.

VI. Despertando para a redenção


1. É impossível não acreditares no que vês, mas é igualmente impossível ver aquilo em que não acreditas. As percepções são cons-
truídas com base na experiência e a experiência conduz às crenças. Só no momento em que as crenças se fixam, é que as percep-
ções se estabilizam. Com efeito, então, de fato vês aquilo em que acreditas. Foi isso o que eu quis dizer quando afirmei "Bem-
aventurados os que não viram e creram", pois aqueles que acreditam na ressurreição a verão. A ressurreição é o completo triunfo de
Cristo sobre o ego, não através do ataque, mas da transcendência. Pois Cristo, de fato, se eleva acima do ego e de todas as s uas
obras e ascende ao Pai e ao Seu Reino.
2. Tu queres unir-te à ressurreição ou à crucificação? Queres condenar os teus irmãos ou libertá-los? Queres transcender a tua pri-
são e ascender ao Pai? Todas essas questões são a mesma e são respondidas juntas. Tem havido muita confusão a respeito do que
significa a percepção, porque a palavra é usada para ambas, a consciência e a interpretação da consciência. No entanto, não podes
estar ciente sem interpretação, pois o que percebes é a tua interpretação.
3. Esse curso é perfeitamente claro. Se não o vês com clareza, é porque estás interpretando contra ele e, portanto, não acreditas
nele. E uma vez que a crença determina a percepção, não percebes o que ele significa e, portanto, não o aceitas. Entretanto, experi-
ências diferentes conduzem a crenças diferentes, e estas conduzem a percepções diferentes. Pois as percepções são aprendidas
através das crenças e a experiência, de fato, ensina. Eu te estou conduzindo-te a um novo tipo de experiência, que estarás cada vez
menos disposto a negar. Aprender sobre Cristo é fácil, pois perceber com Ele não envolve tensão nenhuma. As Suas percepções
são a tua consciência natural, e são apenas as distorções que introduzes que te cansam. Deixa que o Cristo em ti interprete por ti e
não tentes limitar o que vês pelas pequenas e estreitas crenças indignas do Filho de Deus. Pois até que Cristo venha a Si próprio, o
Filho de Deus se verá sem Pai.
4. Eu sou a tua ressurreição e a tua vida. Tu vives em mim por que vives em Deus. E todos vivem em ti, como vives em todos. Podes,
então, perceber indignidade em um irmão e não percebê-la em ti mesmo? E podes percebê-la em ti mesmo e não percebê-la em
Deus? Acredita na ressurreição porque ela foi realizada, e foi realizada em ti. Isso é tão verdadeiro agora como será para sempre,
pois a ressurreição é a Vontade de Deus, que não conhece tempo nem exceções. Mas não faças exceções, ou não perceberás o
que foi realizado para ti. Pois nós ascendemos ao Pai juntos, como era no princípio, é agora e sempre será, pois tal é a natureza do
Filho de Deus tal como seu Pai o criou.
5. Não subestimes o poder da devoção do Filho de Deus, nem o poder que o deus que ele adora tem sobre ele. Pois ele se coloca no
altar do seu deus, seja esse o deus feito por ele ou o Deus Que o criou. É por isso que a sua escravidão é tão completa quanto a sua
liberdade, pois ele obedecerá apenas ao deus que aceita. O deus da crucificação exige que ele crucifique e seus adoradores ob ede-
cem. Em seu nome, eles crucificam a si mesmos, acreditando que o poder do Filho de Deus nasce do sacrifício e da dor. O Deus da
ressurreição nada exige, pois tirar não é a Sua Vontade. Ele não requer obediência, pois obediência implica submissão. Ele só quer
que tu aprendas a tua vontade e a sigas, não no espírito do sacrifício e da submissão, mas no contentamento da liberdade.
6. A ressurreição tem que compelir-te à aliança com contentamento, porque ela é o símbolo da alegria. Todo o seu poder de compelir
está no fato de que ela representa o que queres ser. A liberdade de deixar para trás tudo o que te fere, te humilha e te amedronta,
não pode ser imposta a ti, mas pode te ser oferecida através da graça de Deus. E podes aceitá-la pela Sua graça, pois Deus é cheio
de graças para com Seu Filho, aceitando-o sem questionamentos como propriamente Seu. Quem, então, é propriamente teu? O Pai
te deu tudo o que é Seu e Ele próprio é teu com eles. Protege-os na sua ressurreição, pois de outro modo tu não despertarás em
Deus, rodeado com segurança pelo que é teu para sempre.

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UM CURSO EM MILAGRES
7. Tu não acharás paz enquanto não tiveres removido os cravos das mãos do Filho de Deus e arrancado o último espinho da sua
testa. O Amor de Deus cerca Seu Filho, a quem o deus da crucificação condena. Não ensines que eu morri em vão. Ensina, em vez
disso, que eu não morri, demonstrando que eu vivo em ti. Pois o desfazer da crucificação do Filho de Deus é o trabalho da redenção,
no qual todos desempenham um papel de igual valor. Deus não julga Seu Filho inculpável. Já que Deus Se deu a ele, como poderia
ser diferente?
8. Tu te pregaste a uma cruz e colocaste uma coroa de espinhos sobre a tua própria cabeça. No entanto, não podes crucificar o Filho
de Deus, pois a Vontade de Deus não pode morrer. Seu Filho foi redimido da sua própria crucificação e não podes entregar à morte
aquele a quem Deus deu vida eterna. O sonho da crucificação ainda pesa sobre os teus olhos, mas o que vês em sonhos não é a
realidade. Enquanto percebes o Filho de Deus sendo crucificado, estás dormindo. E enquanto acreditas que podes crucificá-lo, só
estás tendo pesadelos. Tu, que estás começando a despertar, ainda estás ciente de sonhos e ainda não os esqueceste. O esqueci-
mento dos sonhos e a consciência de Cristo vêm com o despertar de outros para compartilharem a tua redenção.
9. Tu vais despertar para o teu próprio chamado, pois o Chamado para o despertar está dentro de ti. Se eu vivo em ti, estás desperto.
No entanto, é preciso que vejas os trabalhos que eu faço através de ti, ou não perceberás que eu os fiz em ti. Não estabeleças limi-
tes para o que acreditas que eu possa fazer através de ti, ou não aceitarás o que eu posso fazer para ti. No entanto, isso já está feito
e a não ser que dês tudo o que já recebeste, não saberás que o teu redentor vive e que despertaste com ele. Só se reconhece a
Redenção compartilhando-a.
10. O Filho de Deus está salvo. Traze apenas essa consciência à Filiação e terás uma parte na redenção tão valorosa quanto a mi-
nha. Pois a tua parte tem que ser como a minha se a aprendes de mim. Se acreditas que a tua parte é limitada, estás limitando a
minha. Não existe nenhuma ordem de dificuldades em milagres porque todos os Filhos de Deus são de igual valor e a sua igualdade
é a sua unicidade. Todo o poder de Deus está em cada uma das Suas partes e nada que seja contraditório à Sua Vontade é grande
ou pequeno. O que não existe não tem tamanho nem medida. Para Deus todas as coisas são possíveis. E a Cristo é dado ser como
o Pai.

VII. A condição da realidade


1. O mundo, como tu o percebes, não pode ter sido criado pelo Pai, pois o mundo não é como tu o vês. Deus criou apenas o eterno e
tudo o que vês é perecível. Portanto, tem que haver um outro mundo que tu não vês. A Bíblia fala de um novo Céu e de uma nova
terra, no entanto, isso não pode ser literalmente verdadeiro, pois o eterno não é re-criado. Perceber de um modo novo e apenas per-
ceber mais uma vez, implicando que antes, ou durante o intervalo, não estavas percebendo nada. O que é, então, o mundo que a-
guarda a tua percepção, quando tu o vês?
2. Todo pensamento de amor que o Filho de Deus já tenha tido é eterno. Os pensamentos de amor que a sua mente percebe nesse
mundo são a única realidade do mundo. Ainda são percepções, porque ele ainda acredita que é separado. Contudo, são eternos
porque são amorosos. E sendo amorosos são como o Pai e, portanto, não podem morrer. O mundo real pode, de fato, ser percebido.
Tudo o que é necessário é a disponibilidade para não perceber nenhuma outra coisa. Pois se percebes tanto o bem quanto o mal,
estás aceitando ambos, o falso e o verdadeiro e não estás fazendo nenhuma distinção entre eles.
3. O ego pode ver algum bem, mas nunca só o bem. É por isso que as suas percepções são tão variáveis. Ele não rejeita inteiramen-
te a bondade, pois isso tu não poderias aceitar. Mas ele sempre adiciona algo que não é real ao real, assim confundindo ilusão e
realidade. Pois as percepções não podem ser parcialmente verdadeiras. Se acreditas na verdade e na ilusão, não és capaz de dizer
qual delas é verdadeira. Para estabelecer a tua autonomia pessoal, tentaste criar de modo diferente do teu Pai, acreditando que o
que fizeste é capaz de não ser como Ele. Todavia, tudo o que é verdadeiro é como Ele. Perceber só o mundo real vai conduzir-te ao
Céu real, porque vai fazer com que sejas capaz de compreendê-lo.
4. A percepção da bondade não é conhecimento, mas a negação do oposto da bondade te capacita a reconhecer uma condição na
qual opostos não existem. E essa é a condição do conhecimento. Sem essa consciência, não satisfizeste as suas condições e en-
quanto não as satisfizeres, não terás o conhecimento de que ele já é teu. Tu fizeste muitas idéias que colocaste entre ti mesmo e o
teu Criador, e essas crenças são o mundo tal como o percebes. A verdade não está ausente aqui, mas está obscura. Não conheces
a diferença entre o que tu tens feito e o que tu tens criado. Acreditar que podes perceber o mundo real é acreditar que podes conhe-
cer a ti mesmo. Podes conhecer a Deus porque é Sua Vontade ser conhecido. O mundo real é tudo o que o Espírito Santo tem guar-
dado para ti dentre o que tens feito, e perceber só isso é salvação, porque é o reconhecimento de que a realidade é só aquilo que é
verdadeiro.

VIII. O problema e a resposta


1. Esse é um curso muito simples. Talvez não sintas que precisas de um curso que, no final, te ensina que só a realidade é verdadei-
ra. Mas acreditas nisso? Quando perceberes o mundo real, reconhecerás que não acreditavas nisso. Entretanto a rapidez com que a
tua nova e única percepção real será traduzida em conhecimento não te deixará mais do que um instante para reconheceres que só
isso é verdadeiro. E então, tudo o que fizeste será esquecido: o bom e o mau, o falso e o verdadeiro. Pois quando o Céu e a terra
vêm a ser um, mesmo o mundo real sumirá da tua vista. O fim do mundo não é a sua destruição, mas a sua tradução em Céu. A re-
interpretação do mundo é a transferência de toda percepção para o conhecimento.
2. A Bíblia te diz para vires a ser como as criancinhas. As criancinhas reconhecem que não compreendem o que percebem e por isso
perguntam o que aquilo significa. Não cometas o equívoco de acreditar que compreendes o que percebes, pois o seu significado
está perdido para ti. No entanto, o Espírito Santo guardou o seu significado para ti e se permitires que Ele o interprete, Ele restaurará
para ti aquilo que jogaste fora. Porém, enquanto pensares que conheces o seu significado, não verás necessidade de perguntar isso
a Ele.
3. Não conheces o significado de nenhuma das coisas que percebes. Nenhum pensamento que tens é totalmente verdadeiro. Reco-
nhecendo isso começas com firmeza. Não estás sendo guiado equivocadamente, não aceitaste guia nenhum. Instrução na percep-
ção é a tua grande necessidade, pois nada compreendes. Reconhece isso, mas não o aceites, pois a compreensão é a tua herança.
As percepções são aprendidas e tu não estás sem um Professor. Entretanto, a tua disponibilidade para aprender com Ele depende
da tua disponibilidade para questionar todas as coisas que aprendeste por conta própria, pois tu que aprendeste mal não deverias
ser o teu próprio professor.

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UM CURSO EM MILAGRES
4. Ninguém pode recusar a verdade a não ser a si mesmo. Entretanto, Deus não irá te recusar a Resposta que Ele deu. Pede, então,
o que é teu, mas não foste tu que o fizeste e não te defendas da verdade. Tu fizeste o problema ao qual Deus respondeu. Portanto,
pergunta a ti mesmo apenas uma simples questão:
Eu quero o problema ou quero a resposta?
Decide-te pela resposta e tu a terás, pois a verás tal como é e ela já é tua.
5. Podes reclamar que esse curso não é suficientemente específico para a tua compreensão e uso. No entanto, talvez não tenhas
feito o que ele pleiteia de forma específica. Esse não é um curso sobre o jogo das idéias, mas sobre as suas aplicações práticas.
Nada poderia ser mais específico do que ouvir, que se pedires, receberás. O Espírito Santo responderá a todo problema específico
na medida em que acreditares que os problemas são específicos. A Sua resposta é ao mesmo tempo uma e muitas, enquanto acre-
ditares que o Um é múltiplo. Podes ter medo da Sua especificidade por medo do que pensas que isso exigirá de ti. Contudo, só per-
guntando é que vais aprender que nada que venha de Deus exige nada de ti. Deus dá, Ele não tira. Quando te recusas a perguntar é
porque acreditas que perguntar é tirar ao invés de compartilhar.
6. O Espírito Santo te dará somente o que é teu e nada tirará em troca. Pois tudo é teu e tu o compartilhas com Deus. Essa é a reali-
dade de tudo. O Espírito Santo, Cuja Vontade é apenas restaurar, seria capaz de interpretar equivocadamente a pergunta que tens
que fazer para aprenderes a Sua resposta? Tu ouviste a resposta, mas compreendeste mal a pergunta. Acreditas que pedir a orien-
tação do Espírito Santo é pedir a privação.
7. Pequena criança de Deus, tu não compreendes o teu Pai. Acreditas em um mundo que tira, porque acreditas que podes ganhar
tirando. E, com essa percepção, perdeste de vista o mundo real. Tens medo do mundo conforme o vês, mas o mundo real continua
sendo teu, basta pedires. Não o negues a ti mesmo, porque ele só pode libertar-te. Nada de Deus irá escravizar o Seu Filho, a quem
Ele criou livre e cuja liberdade é protegida pelo Que Ele é. Bem-aventurado és tu, que estás disposto a perguntar a verdade de Deus
sem medo, pois só assim é que podes aprender que a Sua resposta é a liberação do medo.
8. Linda criança de Deus, tu só estás pedindo o que eu te prometi. Acreditas que eu poderia enganar-te? O Reino do Céu está dentro
de ti. Acredita que a verdade está em mim, porque eu tenho o conhecimento de que ela está em ti. Os Filhos de Deus não têm nada
que eles não compartilhem. Pede a verdade a qualquer Filho de Deus e a terás pedido a mim. 'Nenhum de nós deixa de ter a res-
posta dentro de si, para ser dada a quem quer que a peça.
9. Pede qualquer coisa ao Filho de Deus e o seu Pai te responderá, pois Cristo não é enganado em Seu Pai e Seu Pai não é enga-
nado Nele. Não te enganes, portanto, em teu irmão e vê apenas os seus pensamentos amorosos como a sua realidade, pois negan-
do que a sua mente esteja dividida, tu curarás a tua. Aceita-o como seu Pai o aceita e cura-o em Cristo, pois Cristo é a sua cura e a
tua. Cristo é o Filho de Deus Que não está de nenhuma maneira separado do Seu Pai, e qualquer pensamento Seu é tão amoroso
quanto o Pensamento de Seu Pai, pelo qual Ele foi criado. Não te enganes com o Filho de Deus, pois se o fizeres não podes deixar
de estar enganado em ti mesmo. E estando enganado em ti mesmo, estás enganado em teu Pai, em Quem nenhum engano é pos-
sível.
10. No mundo real não há nenhuma doença, porque não há separação nem divisão. Só pensamentos amorosos são reconhecidos e
porque não há ninguém sem a tua ajuda, a Ajuda de Deus vai contigo a toda parte. À medida em que venhas a estar disposto a acei-
tar essa Ajuda pedindo por Ela, tu A darás, porque A queres. Nada estará além do teu poder de curar, porque nada será negado ao
teu simples pedido. Que problemas poderão não desaparecer na presença da Resposta de Deus? Pede, então, para aprender sobre
a realidade do teu irmão, porque é isso o que vais perceber nele e verás a tua beleza refletida na sua.
11. Não aceites a percepção variável do teu irmão sobre ele mesmo, pois a sua mente dividida é a tua e não aceitarás a tua cura sem
a sua. Pois tu compartilhas o mundo real como compartilhas o Céu e a sua cura é a tua. Amar a ti mesmo é curar a ti mesmo e tu
não podes perceber parte de ti como doente e realizar a tua meta. Irmão, nós curamos juntos, assim como vivemos juntos e amamos
juntos. Não te enganes com o Filho de Deus, pois ele é um consigo mesmo e um com seu Pai. Ama a, a ele que é amado por seu
Pai, e aprenderás sobre o Amor do Pai por ti.
12. Se percebes ofensa em um irmão, arranca a ofensa da tua mente, pois estás sendo ofendido por Cristo e estás enganado a res-
peito Dele. Cura em Cristo e não sejas ofendido por Ele, pois Nele não há ofensa. Se o que percebes te ofende, estás ofendido em ti
mesmo e estás condenando o Filho de Deus, a quem Deus não condena. Permite que o Espírito Santo remova todas as ofensas do
Filho de Deus a si mesmo e não percebas ninguém a não ser através da Sua orientação, pois Ele te salvará de toda condenação.
Aceita o Seu poder de cura e usa-o para todos aqueles que Ele enviar a ti, pois a Sua Vontade é curar o Filho de Deus, no qual Ele
não é enganado.
13. As crianças percebem fantasmas amedrontadores e monstros e dragões e ficam aterrorizadas. No entanto, se elas perguntam a
alguém em quem confiam o significado do que percebem e se estão dispostas a soltar as suas próprias interpretações em favor da
realidade, o medo desaparece junto com elas. Quando uma criança recebe ajuda para traduzir o seu "fantasma" em uma cortina, o
seu "monstro" em uma sombra, o seu "dragão" em um sonho, ela não mais tem medo e, com felicidade, ri do seu próprio medo.
14. Tu, minha criança, tens medo dos teus irmãos e do teu Pai e de ti mesma. Mas, estás apenas enganada em relação a eles. Per-
gunta o que são eles ao Professor da Realidade e ouvindo a Sua resposta, também rirás dos teus medos e os substituirás pela paz.
Pois o medo não está na realidade, mas nas mentes das crianças que não compreendem a realidade. Se apenas a sua falta de
compreensão que as amedronta e quando aprendem a perceber verdadeiramente, não mais têm medo. E devido a isso, elas per-
guntarão de novo pela verdade quando estiverem assustadas. Não é a realidade dos teus irmãos ou a do teu Pai ou a tua própria
que te assusta. Tu não sabes o que eles são, e por isso os percebes como fantasmas e monstros e dragões. Pergunta qual é a sua
realidade Àquele Que a conhece e Ele te dirá o que são eles. Pois tu não os compreendes e, porque estás enganado pelo que vês,
precisas da realidade para dissipar os teus medos.
15. Não queres trocar os teus medos pela verdade, se essa troca é possível para ti através do teu pedido? Pois se Deus não Se
engana em ti, só podes estar enganado em ti mesmo. No entanto, podes aprender a verdade sobre ti mesmo com o Espírito Santo
Que te ensinará que, como parte de Deus, qualquer engano em ti é impossível. Quando te perceberes sem auto-engano, aceitarás o
mundo real no lugar do falso que fizeste. E então o teu Pai inclinar-Se-á para ti e dará o último passo por ti, elevando-te até Ele.

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UM CURSO EM MILAGRES
CAPÍTULO 12 - O CURRÍCULO DO ESPÍRITO SANTO

1. O julgamento do Espírito Santo


1. Foi dito a ti para não fazer com que o erro seja real e o caminho para isso é muito simples. Se queres acreditar no erro, terás que
torná-lo real porque ele não é verdadeiro. Mas a verdade é real em seu próprio direito e para acreditar na verdade, tu não tens que
fazer nada. Compreende que não respondes a nada diretamente, mas à tua interpretação das coisas. A tua interpretação vem a ser,
então, a justificativa para a resposta. E por isso que analisar os motivos dos outros te é prejudicial. Se decides que alguém está re-
almente tentando atacar-te, abandonar-te ou escravizar-te, reagirás como se ele, de fato, o tivesse feito, pois fizeste com que o seu
erro seja real para ti. Interpretar o erro é dar-lhe poder e tendo feito isso, tu não verás a verdade.
2. A análise da motivação egótica é muito complicada, muito obscura e nunca é feita sem o envolvimento do teu próprio ego. Todo o
processo representa uma tentativa clara de demonstrar a tua própria capacidade de compreender o que percebes. Isso é comprova-
do pelo fato de que reages às tuas interpretações como se elas fossem corretas. Podes, então, controlar as tuas reações a nível de
comportamento, mas não a nível emocional. Isso obviamente seria uma quebra ou um ataque à integridade da tua mente, colocando
um nível contra outro dentro dela.
3. Existe apenas uma interpretação de qualquer motivação que faz sentido. E porque é o julgamento do Espírito Santo, não requer
nenhum esforço da tua parte. Todo pensamento de amor é verdadeiro. Tudo o mais é um apelo por cura e ajuda, independente da
forma que tome. É possível justificar alguém que responde com raiva ao pedido de ajuda de um irmão? Nenhuma resposta pode ser
apropriada exceto a disponibilidade de lhe dar ajuda, pois é isso e só isso o que ele está pedindo. Oferecendo qualquer outra coisa
estás assumindo o direito de atacar a sua realidade, interpretando-a como consideras adequado. Talvez o perigo disso para a tua
própria mente não esteja ainda totalmente claro. Se acreditas que um apelo por ajuda é alguma outra coisa, reagirás a alguma outra
coisa. A tua resposta será, então, inadequada à realidade tal como ela é, mas não à tua percepção da realidade.
4. Não existe nada que te impeça de reconhecer todos os pedidos de ajuda exatamente pelo que são, exceto a tua própria necessi-
dade imaginária de atacar. É apenas isso o que faz com que estejas disposto a te engajares em ―batalhas‖ sem fim com a realidade,
nas quais negas a realidade da necessidade da cura, fazendo com que ela seja irreal. Não farias isso a não ser devido à recusa da
tua vontade em aceitar a realidade tal como ela é, afastando-a, portanto, de ti mesmo.
5. Com certeza é um bom conselho te dizer que não julgues o que não compreendes. Ninguém que tenha um investimento pessoal é
uma testemunha confiável, pois para ele a verdade veio a ser o que ele quer que seja. Se te recusas a perceber um pedido de ajuda
pelo que é, é porque te recusas a dar e receber ajuda. Não reconhecer um pedido de ajuda é recusar ajuda. Afirmarias que não pre-
cisas dela? E, no entanto, é o que estás afirmando quando te recusas a reconhecer o apelo de um irmão, pois só respondendo ao
apelo que ele te faz é que podes ser ajudado. Nega o teu auxílio a ele e não reconhecerás a Resposta de Deus para ti. O Espírito
Santo não precisa da tua ajuda para interpretar a motivação, mas tu precisas da Sua.
6. Só a apreciação é uma resposta adequada para o teu irmão. A gratidão é devida a ele tanto por seus pensamentos amorosos co-
mo pelos seus pedidos de ajuda, pois ambos são capazes de trazer o amor à tua consciência, se os perceberes verdadeiramente. E
todo o teu senso de tensão provem das tuas tentativas de não fazeres apenas isso. Como é simples, então, o plano de Deus para a
salvação. Existe apenas uma resposta para a realidade, posto que ela não faz surgir qualquer conflito. Existe apenas um Professor
da realidade Que compreende o que ela é. Ele não muda a própria Mente acerca da realidade porque a realidade não muda. Embora
as tuas interpretações da realidade sejam sem significado no teu estado dividido, as Suas permanecem consistentemente verdadei-
ras. Ele as dá a ti porque elas são para ti. Não tentes ―ajudar‖ um irmão a teu modo, porque não és capaz de ajudar a ti mesmo. Mas
escuta o seu chamado pela Ajuda de Deus e reconhecerás a tua própria necessidade do Pai.
7. As tuas interpretações das necessidades do teu irmão são interpretações das tuas próprias necessidades. Dando ajuda estarás
pedindo-a e se perceberes apenas uma única necessidade em ti
mesmo, estarás curado. Pois estarás reconhecendo a Resposta de Deus como queres que Ela seja e se A queres na verdade, Ela
será verdadeiramente tua. Todo apelo a que respondes em Nome de Cristo traz para mais perto da tua consciência a lembrança do
teu Pai. Assim sendo, em favor da tua necessidade, ouve todo pedido de ajuda como ele é, de forma que Deus possa responder a ti.
8. Aplicando a interpretação que o Espírito Santo faz das reações dos outros cada vez mais consistentemente, ganharás uma consci-
ência crescente de que os Seus critérios são igualmente aplicáveis a ti. Pois reconhecer o medo não é suficiente para escapares
dele, embora o reconhecimento seja necessário para demonstrar a necessidade de escapar. Ainda é necessário que o Espírito Santo
traduza o medo em verdade. Se fosses deixado com o medo, depois de tê-lo reconhecido, estarias dando um passo para mais longe
da realidade, ao invés de estar avançando em sua direção. Entretanto, repetimos constantemente a necessidade de reconhecer o
medo e enfrentá-lo sem disfarces como um passo crucial para o desfazer do ego. Considera, então, o quanto te servirá a interpreta-
ção que o Espírito Santo dá aos motivos dos outros. Tendo te ensinado a só aceitar nos outros pensamentos amorosos e a conside-
rar todas as outras coisas como um pedido de ajuda, Ele te ensinou que o medo em si mesmo é um pedido de ajuda. É isso o que
realmente significa reconhecer o medo. Se não protegeres o medo, Ele vai reinterpretá-lo. Esse é o valor máximo que há em se a-
prender a perceber o ataque como um pedido de amor. Nós já aprendemos que o medo e o ataque estão inevitavelmente associ a-
dos. Se apenas o ataque produz medo e se vês o ataque como o pedido de ajuda que de fato é, a irrealidade do medo tem que des-
pontar em ti. Pois o medo é um pedido de amor, em reconhecimento inconsciente do que foi negado.
9. O medo é um sintoma do teu próprio sentimento profundo de perda. Se, ao perceberes esse sentimento nos outros, aprendes a
suprir a perda, a causa básica do medo é removida. Através disso, ensinas a ti mesmo que o medo não existe em ti. O meio de re-
movê-lo está em ti mesmo, e demonstras isso dando-o. Medo e amor são as únicas emoções de que és capaz. Uma é falsa, pois foi
feita a partir da negação e a negação depende da crença no que foi negado para a sua própria existência. Ao interpretar o medo
corretamente, como uma afirmação positiva da crença subjacente que ele mascara, estás minando a utilidade percebida nele, tor-
nando-o inútil. As defesas que não funcionam em absoluto são automaticamente descartadas. Se elevas aquilo que o medo oculta a
uma predominância clara e inequívoca, o medo passa a ser sem significado. Negaste o poder do medo de ocultar o amor, que era o
seu único propósito. O véu com o qual encobriste a face do amor desapareceu.
10. Se queres olhar para o amor, que é a realidade do mundo, o que poderias fazer de melhor além de reconhecer em todas as defe-
sas contra ele, o apelo subjacente por ele? E como poderias aprender melhor a realidade do amor além de responder a esse apelo
dando amor? A interpretação que o Espírito Santo faz do medo o dissipa, pois a consciência da verdade não pode ser negada. Assim
o Espírito Santo substitui o medo por amor e traduz o erro em verdade. E assim tu aprenderás com Ele como substituir o teu sonho
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UM CURSO EM MILAGRES
de separação pelo fato da unidade. Pois a separação é apenas a negação da união e, corretamente interpretada, atesta o teu co-
nhecimento eterno de que a união é verdadeira.

II. O caminho para lembrar-se de Deus


1. Milagres são meramente a tradução da negação em verdade. Se amar a si mesmo é curar a si mesmo, aqueles que estão doentes
não amam a si próprios. Portanto, estão pedindo o amor que os curaria, mas que estão negando a si mesmos. Se conhecessem a
verdade acerca de si mesmos, não poderiam estar doentes. A tarefa do trabalhador de milagres vem a ser, então, negar a negação
da verdade. Os doentes têm que curar a si mesmos, pois a verdade está neles. No entanto, tendo-a obscurecido, a luz em outra
mente tem que brilhar nas suas, porque essa luz é deles.
2. A luz brilha neles com a mesma intensidade apesar da densidade do nevoeiro que a obscurece. Se não deres ao nevoeiro nenhum
poder para obscurecer a luz, ele não terá nenhum. Pois ele só tem poder se o Filho de Deus o der. Ele próprio precisa retirar esse
poder, lembrando-se que todo poder é de Deus. Podes lembrar-te disso por toda a Filiação. Não permitas a teu irmão que ele não se
lembre, pois o seu esquecimento é o teu. Mas a tua lembrança é a sua, pois não se pode lembrar de Deus sozinho. É isso que tens
esquecido. Perceber a cura do teu irmão como a tua própria é, assim, o caminho para lembrar-te de Deus. Pois esqueceste os teus
irmãos com Ele e a Resposta de Deus para O teu esquecimento não é senão o caminho para a lembrança.
3. Percebe na doença apenas mais um pedido de amor e oferece ao teu irmão aquilo que ele acredita que não é capaz de oferecer a
si mesmo. Qualquer que seja a doença, existe apenas um remédio. Tu te tomarás íntegro na medida em que tornas íntegro, pois
perceber na doença um apelo à saúde é reconhecer no ódio o pedido de amor. E dar a um irmão o que ele realmente quer é ofere-
cer a mesma coisa a ti mesmo, pois é a Vontade do teu Pai que conheças o teu irmão como a ti mesmo. Responde ao pedido de
amor do teu irmão e o teu é respondido. A cura é o Amor de Cristo por Seu Pai e por Si Mesmo.
4. Lembra-te do que foi dito sobre as percepções assustadoras das crianças pequenas, que as aterrorizam porque elas não as com-
preendem. Se pedem esclarecimento e o aceitam, seus medos desaparecem. Mas, se escondem os seus pesadelos, os guardarão.
É fácil ajudar uma criança incerta, posto que ela reconhece que não compreende o que significam as próprias percepções. Todavia,
tu acreditas que, de fato, compreendes as tuas. Pequena criança, estás escondendo a tua cabeça debaixo dos pesados cobertores
que estendeste sobre ti mesma. Estás escondendo os teus pesadelos na escuridão da tua própria certeza falsa e recusando-te a
abrir os olhos e olhar para eles.
5. Não vamos guardar pesadelos, pois são oferendas impróprias para Cristo e, portanto, são dádivas impróprias para ti. Tira as cober-
tas e olha para o que temes. Só a antecipação te amedrontará, pois a realidade do que não existe não pode ser amedrontadora. Não
atrasemos isso, pois o teu sonho de ódio não te deixará sem uma ajuda e a Ajuda está aqui. Aprende a ficar quieto no meio do tu-
multo, pois a quietude é o fim do sofrimento e essa é a jornada para a paz. Olha diretamente para cada imagem que surgir para te
atrasar, pois a meta é inevitável porque é eterna. A meta do amor não é senão o teu direito e te pertence apesar dos teus sonhos.
6. Ainda queres o que é a Vontade de Deus e nenhum pesadelo é capaz de derrotar uma criança de Deus em seu propósito. Pois o
teu propósito te foi dado por Deus e tens que realizá-lo porque é a Vontade de Deus. Desperta e lembra-te do teu propósito, pois é
tua vontade fazer isso. O que foi realizado para ti tem que ser teu. Não permitas que o teu ódio se interponha no caminho do amor,
pois nada pode superar o Amor de Cristo por Seu Pai ou o Amor de Seu Pai por Ele.
7. Mais um pouco e tu me verás, pois eu não estou escondido porque tu estás te escondendo. Eu despertar-te-ei tão seguramente
quanto despertei a mim mesmo, pois despertei por ti. Na minha ressurreição está a tua liberação. Nossa missão é escapar da crucifi-
cação, não da redenção. Confia na minha ajuda, pois eu não caminhei sozinho e caminharei contigo, assim como nosso Pai cami-
nhou comigo. Tu não sabes que eu caminhei com Ele em paz? E isso não significa que a paz vem conosco nesta jornada?
8. No amor perfeito não existe medo. Nós só estaremos fazendo com que seja perfeito para ti o que já é perfeito em ti. Não tens me-
do do desconhecido, mas sim do conhecido. Não vais falhar na tua missão porque eu não falhei na minha. Dá-me apenas um pouco
de confiança em nome da confiança plena que eu tenho em ti e nós realizaremos facilmente a meta da perfeição juntos. Pois a per-
feição é e não pode ser negada. Negar a negação da perfeição não é tão difícil quanto negar a verdade e o que nós podemos reali-
zar juntos terá crédito quando tu o vires como já tendo sido realizado.
9. Tu, que tentaste banir o amor, não tiveste êxito, mas tu que escolheste banir o medo, não podes deixar de ter sucesso. O Senhor é
contigo, embora não o saibas. Porém, o teu Redentor vive e está para sempre em ti, na paz da qual Ele foi criado. Não trocarias a
consciência do medo por essa consciência? Quando nós tivermos superado o medo—não escondendo-o, não minimizando-o, não
negando o seu impacto total de forma alguma—é isso o que realmente verás. Não podes deixar de lado os obstáculos à visão real
sem olhar para eles, pois deixar de lado significa julgar de forma contrária. Se olhares, o Espírito Santo julgará e Ele julgará verda-
deiramente. No entanto, Ele não pode dissipar com Seu brilho aquilo que manténs escondido, porque não o ofereceste a Ele e Ele
não pode tirá-lo de ti.
10. Nós estamos, por conseguinte, embarcando em um programa organizado, bem estruturado e cuidadosamente planejado, com o
objetivo de aprender como oferecer ao Espírito Santo tudo o que não queres. Ele sabe o que fazer com essas coisas. Tu não com-
preendes como usar o que Ele conhece. Qualquer coisa dada a Ele que não seja de Deus, desaparece. Contudo, tu mesmo tens que
olhar para isso com perfeita disponibilidade, pois de outro modo o Seu conhecimento permanece sendo inútil para ti. Certamente Ele
não falhará em ajudar-te, pois a ajuda é o Seu único propósito. Não tens mais razão para ter medo do mundo tal como o percebes,
do que para olhar para a causa do medo e assim deixar que ele se vá para sempre?

III. O investimento na realidade


1. Uma vez eu te pedi que vendesses tudo o que tinhas, que o desses aos pobres e me seguisses. O que eu queria dizer era isso: se
não tens nenhum investimento em coisa alguma desse mundo, podes ensinar aos pobres onde está o tesouro que lhes pertence. Os
pobres são simplesmente aqueles que investiram de forma errada e eles, de fato, são pobres! Posto que estão em necessidade te é
dado ajudá-los, já que estás entre eles. Considera com que perfeição a tua lição seria aprendida se não estivesses disposto a com-
partilhar essa pobreza. Pois pobreza é falta e existe apenas uma falta, uma vez que existe apenas uma necessidade.
2. Suponhas que um irmão insista para que faças algo que achas que não queres fazer. A própria insistência do teu irmão deveria
dizer-te que ele acredita que a salvação está nisso. Se insistes em recusar e vivencias uma reação rápida de oposição, estás acredi-
tando que a tua salvação está em não fazer isso. Nesse caso, estás cometendo o mesmo equívoco que ele e estás fazendo com que

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UM CURSO EM MILAGRES
o seu erro seja real para os dois. Insistência significa investimento e aquilo em que investes está sempre relacionado com a tua no-
ção de salvação. A questão sempre se divide em duas: em primeiro lugar, o que tem que ser salvo? E em segundo lugar, como pode
ser salvo?
3. Sempre que ficas com raiva de um irmão, por qualquer motivo que seja, estás acreditando que o ego tem que ser salvo e salvo
pelo ataque. Se ele ataca, estás concordando com essa crença e, se tu atacas, estás reforçando-a. Lembra-te que aqueles que ata-
cam são pobres. A pobreza dos teus irmãos pede dádivas, não mais empobrecimento. Tu, que poderias ajudá-los, com certeza estás
agindo de maneira destrutiva se aceitas a sua pobreza como tua. Se não tivesses investido como eles, nunca te ocorreria não ver a
necessidade dos teus irmãos.
4. Reconhece o que não importa e se os teus irmãos te pedem algo ―ultrajante‖, faze, precisamente porque não importa. Recusa e a
tua oposição estabelece que isso importa para ti. Contudo, foi apenas tu que fizeste com que o pedido fosse ultrajante e todo pedido
de um irmão é para ti. Por que insistirias em negar-lhe? Pois fazê-lo é negar a ti mesmo e empobrecer a ambos. Ele está pedindo
salvação assim como tu. A pobreza é do ego e nunca de Deus. Nenhum pedido ―ultrajante‖ pode ser feito a alguém que reconhece o
que tem valor e não quer aceitar nenhuma outra coisa.
5. A salvação é para a mente e é obtida através da paz. Essa é a única coisa que pode ser salva e esse o único caminho para salvá-
la. Qualquer resposta, que não seja o amor, nasce de uma confusão a respeito do ―o que‖ e do ―como‖ da salvação e essa é a única
resposta. Nunca percas isso de vista e nunca te permitas acreditar, mesmo por um instante, que existe outra resposta. Pois com cer-
teza irás colocar-te entre os pobres, que não compreendem que vivem na abundância e que a salvação já veio.
6. Identificar-se com o ego é atacar a si mesmo e tornar-se pobre. É por isso que cada um que se identifica com o ego se sente desti-
tuído. O que ele vivencia, então, é depressão ou raiva, porque o que fez foi trocar o amor ao seu Ser pelo ódio a si mesmo, fazendo
com que tenha medo de si próprio. Ele não se dá conta disso. Mesmo se está completamente ciente da ansiedade, não percebe a
fonte do problema como a sua própria identificação com o ego e sempre tenta lidar com isso fazendo algum tipo de ―arranjo‖ insano
com o mundo. Ele sempre percebe esse mundo como algo exterior a ele, pois isso é crucial ao seu ajustamento. Ele não reconhece
que faz esse mundo, pois fora dele não existe qualquer mundo.
7. Se apenas os pensamentos amorosos do Filho de Deus são a realidade do mundo, o mundo real tem que estar em sua mente.
Seus pensamentos insanos, também, têm que estar em sua mente, mas ele não é capaz de tolerar um conflito interno dessa magni-
tude. Uma mente dividida está em perigo e o reconhecimento de que ela abrange pensamentos completamente opostos dentro de si
é intolerável. Por conseguinte, a mente projeta a divisão e não a realidade. Tudo o que percebes como o mundo exterior é meramen-
te a tua tentativa de manter a tua identificação com o ego, pois todos acreditam que identificação é salvação. No entanto, considera
o que tem acontecido, pois pensamentos de fato têm conseqüências para aquele que os pensa. Tu entraste em conflito com o mun-
do conforme o percebes, porque pensas que ele te é antagônico. Isso é uma conseqüência necessária do que tens feito. Tens proje-
tado para fora o que é antagônico ao que está dentro e, portanto, terias que perceber as coisas desse modo. E por isso que tens que
reconhecer que o teu ódio está em tua mente e não fora dela antes de poderes livrar-te dele; e é por isso que tens que livrar-te do
teu ódio antes de poderes perceber o mundo tal como realmente é.
8. Eu já disse que Deus tanto amou o mundo que o deu a Seu Filho único. Deus, de fato, ama o mundo real e aqueles que percebem
essa realidade não podem ver o mundo da morte. Pois a morte não pertence ao mundo real, no qual todas as coisas refletem o eter-
no. Deus te deu o mundo real em troca daquele que fizeste a partir da tua mente dividida, e que é o símbolo da morte. Pois se real-
mente pudesses separar-te da Mente de Deus, tu morrerias.
9. O mundo que percebes é um mundo de separação. Talvez estejas disposto a aceitar até mesmo a morte para negar o teu Pai.
Entretanto, Ele não quis que fosse assim e por isso não é assim.
Ainda não podes ter uma vontade contrária à Sua e é por isso que não tens controle sobre o mundo que fizeste. Não é um mundo de
vontade porque é governado pelo desejo de ser diferente de Deus e esse desejo não é vontade. O mundo que fizeste é, portanto,
totalmente caótico, governado por ―leis‖ arbitrárias, sem sentido e sem qualquer significado. Pois é feito de coisas que não queres,
projetadas a partir da tua mente porque tens medo delas. Entretanto, esse mundo está apenas na mente daquele que o fez, junto
com a sua salvação real. Não acredites que ele esteja fora de ti, pois só reconhecendo onde ele está terás controle sobre ele. Pois
tu, na realidade, tens controle sobre a tua mente, já que a mente é o mecanismo da decisão.
10. Se reconheceres que todo o ataque que percebes está em tua própria mente e em nenhum outro lugar, terás afinal localizado a
fonte do ataque e ali onde ele começa tem que terminar. Pois nesse mesmo lugar está também a salvação. É lá o altar de Deus onde
Cristo habita. Tu profanaste o altar, mas não o mundo. No entanto, Cristo colocou a Expiação sobre o altar para ti. Traze a esse altar
as tuas percepções do mundo, pois é o altar à verdade. Lá terás a tua visão mudada e lá aprenderás a ver verdadeiramente. Deste
lugar, onde Deus e Seu Filho habitam em paz e onde tu és bem-vindo, olharás para fora em paz e contemplarás o mundo verdadei-
ramente. Contudo para achares o lugar, tens que abandonar o teu investimento no mundo conforme o projetas, permitindo ao Espíri-
to Santo estender o mundo real para ti a partir do altar de Deus.

IV. Buscar e achar


1. O ego está certo de que o amor é perigoso e esse é sempre o seu ensinamento central. Ele nunca coloca isso desse modo, pelo
contrário, todo aquele que acredita que o ego é a salvação parece estar intensamente engajado na busca do amor. Todavia, o ego,
embora encoraje ativamente a busca do amor, tem uma cláusula: não o aches. Seus ditames podem ser então simplesmente resu-
midos dessa forma: ―Busca e não aches.‖ Essa é a única promessa que o ego te faz e a única que cumprirá. Pois o ego persegue a
sua meta com uma insistência fanática e seu julgamento, embora seriamente deteriorado, é completamente consistente.
2. A busca que o ego empreende está, portanto, condenada a fracassar. E uma vez que ele também ensina que está identificado
contigo, a sua orientação te conduz a uma jornada que necessariamente terminará na percepção do teu próprio fracasso. Pois o ego
não é capaz de amar e na sua busca frenética de amor, está buscando o que tem medo de achar. A busca é inevitável porque o ego
é parte da tua mente e devido à sua origem, ele não está totalmente separado ou não se poderia acreditar nele em absoluto. Pois é a
tua mente que acredita nele e dá existência a ele. Entretanto, é também a tua mente que tem o poder de negar a existência do ego,
o que farás com certeza quando reconheceres exatamente qual é a jornada a que o ego te induz.
3. Com certeza é óbvio que ninguém quer achar aquilo que iria derrotá-lo totalmente. Sendo incapaz de amar, o ego seria totalmente
inadequado na presença do amor, pois não poderia responder de forma alguma. Então, terias que abandonar a orientação do ego,
pois ficaria bastante evidente que ele não te ensinou a resposta de que precisas. O ego, portanto, distorcerá o amor e ensinar-te-á
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UM CURSO EM MILAGRES
que o amor realmente pede as respostas que o ego pode ensinar. Assim sendo, segue o seu ensinamento e buscarás o amor, mas
não o reconhecerás.
4. Reconheces que o ego precisa te induzir a uma jornada que não pode conduzir senão a um sentimento de futilidade e depressão?
Buscar e não achar dificilmente traz alegria. É essa a promessa que queres manter? O Espírito Santo te oferece outra promessa,
uma promessa que conduzirá à alegria. Pois a Sua promessa sempre é ―Buscai e achareis‖ e, sob a Sua orientação, não podes ser
derrotado. A Sua jornada é rumo à realização e a meta que Ele coloca diante de ti, Ele te dará. Pois Ele jamais enganará o Filho de
Deus a quem ama com o Amor do Pai.
5. Tu irás empreender uma jornada, pois não estás em casa nesse mundo. E irás buscar o teu lar, reconhecendo ou não onde ele
está. Se acreditas que está fora de ti, a busca será fútil, pois estarás buscando onde ele não está. Tu não te lembras como olhar para
dentro, pois não acreditas que lá é o teu lar. No entanto, o Espírito Santo lembra-Se por ti e Ele te guiará ao teu lar porque é essa a
Sua missão. À medida que Ele cumpre a Sua missão, Ele te ensinará a tua, pois a tua missão é a mesma que a Sua. Ao guiar teus
irmãos ao lar, estás apenas seguindo-O.
6. Contempla o Guia que o teu Pai te deu para que possas aprender que tens vida eterna. Pois a morte não é a Vontade do teu Pai e
nem a tua e tudo o que é verdadeiro é a Vontade do Pai. Tu não pagas nenhum preço pela vida, pois ela te foi dada, mas pagas um
preço pela morte e um preço muito pesado. Se a morte é o teu tesouro, venderás tudo o mais para comprá-la. E acreditarás que a
compraste porque terás vendido todo o resto. No entanto, não podes vender o Reino do Céu. A tua herança não pode ser comprada
nem vendida. Não podem existir partes deserdadas da Filiação, pois Deus é íntegro e todas as Suas extensões são como Ele.
7. A Expiação não é o preço da tua integridade, mas é o preço da tua consciência da tua integridade. Pois o que escolheste ―vender‖
tinha que ser guardado para ti, já que não o poderias ―comprar‖ de volta. Todavia, tens que investir nisso, não com dinheiro, mas com
espírito. Pois espírito é vontade e vontade é o ―preço‖ do Reino. A tua herança aguarda apenas o reconhecimento de que foste redi-
mido. O Espírito Santo te guia à vida eterna, mas tu precisas abandonar o teu investimento na morte ou não verás a vida, apesar
dela estar em tudo à tua volta.

V. O currículo são
1. Só o amor é forte porque não é dividido. O forte não ataca porque não vê nenhuma necessidade de fazê-lo. Antes que a idéia do
ataque possa entrar em tua mente, é preciso que tenhas te percebido fraco. Como atacaste a ti mesmo e acreditaste que o ataque
foi eficaz, contemplas a ti mesmo como enfraquecido. Não mais percebendo os teus irmãos como teus iguais e considerando-te mais
fraco, tentas ―igualar‖ a situação que fizeste. Usas o ataque para isso, porque acreditas que o ataque teve sucesso em enfraquecer-
te.
2. É por isso que o reconhecimento da tua própria invulnerabilidade é tão importante para a restauração da tua sanidade. Pois se
aceitas a tua invulnerabilidade, estás reconhecendo que o ataque não tem efeito. Embora tenhas atacado a ti mesmo, estarás de-
monstrando que nada aconteceu realmente. Portanto, ao atacares, tu nada fizeste. Uma vez que tiveres reconhecido isso, já não
verás qualquer sentido no ataque, pois ele obviamente não funciona e não pode proteger-te. Entretanto, o reconhecimento da tua
invulnerabilidade tem mais do que um valor negativo. Se os teus ataques a ti mesmo fracassaram no sentido de enfraquecer-te, ain-
da és forte. Não tens, portanto, nenhuma necessidade de ―igualar‖ a situação para estabelecer a tua força.
3. Nunca vais reconhecer a total inutilidade do ataque a não ser reconhecendo que o teu ataque a ti mesmo não tem efeitos. Pois os
outros reagem ao ataque se o percebem e, se estás tentando atacá-los, não serás capaz de evitar interpretar isso como uma confir-
mação. O único lugar onde podes cancelar toda confirmação é em ti mesmo. Pois tu és sempre o primeiro alvo do teu ataque e, se
isso nunca aconteceu, não tem conseqüências.
4. O Amor do Espírito Santo é a tua força, pois a tua está dividida e não é, portanto, real. Não podes confiar no teu próprio amor
quando o atacas. Não podes aprender sobre o amor perfeito com a mente dividida, porque a mente dividida fez de si mesma um
aprendiz deficiente. Tu tentaste fazer com que a separação fosse eterna, porque querias reter as características da criação, mas com
o teu próprio conteúdo. No entanto, a criação não pertence a ti e aprendizes deficientes necessitam de ensino especial.
5. Tu tens deficiências de aprendizado em um sentido muito literal. Há áreas nas tuas capacidades de aprendizado tão deterioradas,
que só podes progredir sob constante e clara orientação dada por um Professor Que pode transcender os teus recursos limitados.
Ele vem a ser o teu Recurso, porque por ti mesmo não podes aprender. A situação de aprendizado em que te colocaste é impossível
e nessa situação obviamente requeres um Professor especial e um currículo especial. Aprendizes deficientes não são uma boa es-
colha enquanto professores, nem para si mesmos, nem para nenhuma outra pessoa. Dificilmente te voltarias para eles a fim de esta-
belecer o currículo através do qual pudessem escapar das suas próprias limitações. Se compreendessem o que está além de si
mesmos não seriam deficientes.
6. Tu não conheces o significado do amor e é essa a tua deficiência. Não tentes ensinar a ti mesmo o que não compreendes e não
tentes estabelecer metas para o currículo quando as tuas claramente falharam. A meta do teu aprendizado tem sido não aprender e
isso não pode levar ao sucesso do aprendizado. Tu não podes transferir o que não aprendeste e a deterioração da capacidade de
generalizar é um fracasso crucial do aprendizado. Pedirias àqueles que fracassaram em aprender que te dissessem para que ser-
vem os recursos de aprendizado? Eles não sabem. Se pudessem interpretar os recursos corretamente, teriam aprendido com eles.
7. Eu tenho dito que a regra do ego é ―Busca e não aches.‖ Traduzida em termos curriculares, isso quer dizer ―Tenta aprender mas
não tenhas sucesso.‖ O resultado dessa meta curricular é óbvio. Todo recurso legítimo de aprendizado, toda instrução real, toda ori-
entação sensata no aprendizado serão interpretados equivocadamente, já que tudo isso serve para facilitar o aprendizado contra o
qual se coloca esse estranho currículo. Se estás tentando aprender como não aprender e o objetivo do teu ensino é derrotar o pró-
prio propósito, o que podes esperar além de confusão? Tal currículo não faz sentido. Essa tentativa de ―aprender‖ de tal forma enfra-
queceu a tua mente, que não podes amar, pois o currículo que escolheste é contra o amor e não passa de um curso que te ensina
como atacar a ti mesmo. Uma meta suplementar desse currículo é aprender como não superar a divisão que dá credibilidade ao seu
objetivo básico. E tu não superarás a divisão nesse currículo, pois todo o teu aprendizado estará a favor disso. Todavia, a tua mente
protesta contra o teu aprenderado, assim como o teu aprendizado protesta contra a tua mente e assim lutas contra qualquer apren-
dizado e tens sucesso, pois é isso o que queres. Mas talvez não reconheças, mesmo agora, que existe algo que queres aprender e
que podes aprender porque é tua escolha fazê-lo.
8. Tu, que tens tentado aprender o que não queres, deves te encorajar, pois embora o currículo que estabeleceste para ti mesmo
seja, de fato, deprimente, é apenas ridículo se olhares para ele. Será possível que o caminho para alcançar uma meta seja não atin-
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UM CURSO EM MILAGRES
gi-la? Demite-te agora mesmo do cargo de professor de ti mesmo. Essa demissão não conduzirá à depressão. É meramente o resul-
tado de uma apreciação honesta daquilo que ensinaste a ti mesmo e dos efeitos do aprendizado que daí resultaram. Sob as condi-
ções apropriadas de aprendizado, que tu não podes prover nem compreender, tornar-te-ás um excelente aluno e um excelente pro-
fessor. Mas ainda não é assim e não será assim enquanto toda a situação de aprendizado que estabeleceste não for revertida.
9. O teu potencial de aprendizado, propriamente compreendido, é ilimitado porque vai conduzir-te a Deus. Tu podes ensinar o cami-
nho até Ele e aprendê-lo, seguindo o Professor Que conhece o caminho até Ele e compreende o Seu currículo para aprendê-lo. O
currículo não contém ambigüidade alguma, porque a meta não é dividida e o meio e o fim estão em pleno acordo. Só tens que ofere-
cer atenção, uma atenção que não seja dividida. Tudo o mais te será dado. Pois na realidade queres aprender corretamente e nada
pode se opor à decisão do Filho de Deus. O seu aprendizado é tão ilimitado quanto ele.

VI. A visão de Cristo


1. O ego está tentando ensinar-te como ganhar todo o mundo e perder a tua própria alma. O Espírito Santo te ensina que não podes
perder a tua alma e que não há ganho no mundo, pois em si mesmo não há nada que seja proveitoso no mundo. Investir sem lucrar
seguramente é empobrecer a ti mesmo e as despesas são altas. Não só não há lucro no investimento, como o custo para ti é enor-
me. Pois esse investimento te custa a realidade do mundo, pois nega a tua e nada te dá em troca. Não podes vender a tua alma,
mas podes vender a consciência que tens dela. Não podes perceber a tua alma, mas não a conhecerás enquanto perceberes algu-
ma outra coisa como mais valiosa.
2. O Espírito Santo é a tua força porque Ele só te conhece como espírito. Ele é perfeitamente ciente de que não conheces a ti mesmo
e perfeitamente ciente de como ensinar-te a lembrar do que és. Como Ele te ama, ensinar-te-á de bom grado o que Ele ama, pois é
Sua Vontade compartilhar isso. Lembrando-Se sempre de ti, Ele não pode deixar que te esqueças do teu valor. Pois o Pai nunca
cessa de lembrar-Lhe do Seu Filho e Ele nunca cessa de lembrar o Pai à Seu Filho. Deus está na tua memória por causa Dele. Es-
colhes esquecer o teu Pai, mas não queres realmente fazê-lo e, portanto, podes decidir outra coisa. Assim como foi a minha decisão,
assim é a tua.
3. Não queres o mundo. A única coisa de valor que existe nele são aquelas partes para as quais olhas com amor. Isso lhe dá a única
realidade que jamais terá. O seu valor não está nele mesmo, mas o teu próprio valor está em ti. Como a valorização do ser vem da
extensão do ser, assim também a percepção do valor do ser vem da extensão dos pensamentos amorosos para o que está fora.
Faze com que o mundo seja real para contigo, pois o mundo real é a dádiva do Espírito Santo e, portanto, pertence a ti.
4. A correção é para todos os que não podem ver. Abrir os olhos dos cegos é a missão do Espírito Santo, pois Ele sabe que eles não
perderam a sua visão, mas meramente dormem. Ele quer despertá-los do sono do esquecimento para a lembrança de Deus. Os
olhos de Cristo estão abertos e Ele olhará para qualquer coisa que vejas com amor, se aceitares como tua a Sua visão. O Espírito
Santo guarda a visão de Cristo para todo Filho de Deus que dorme. Em Sua visão, o Filho de Deus é perfeito e Ele anseia por com-
partilhar a Sua visão contigo. Ele te mostrará o mundo real porque Deus te deu o Céu. Através Dele, o teu Pai chama o Seu Filho à
lembrança. O despertar do Seu Filho começa com o seu investimento no mundo real e por meio disso ele aprenderá a reinvestir em
si mesmo. Pois a realidade é una com o Pai e o Filho, e o Espírito Santo abençoa o mundo real em Nome Deles.
5. Quando tiveres visto esse mundo real, como certamente verás, tu te lembrarás de Nós. Todavia tens que aprender o custo do sono
e recusar-te a pagá-lo. Só então vais decidir despertar. E assim o mundo real saltará à tua vista, pois Cristo nunca esteve dormindo.
Ele está esperando para ser visto, pois Ele nunca te perdeu de vista. Ele olha em quietude para o mundo real, o qual quer comparti-
lhar contigo, porque Ele conhece o Amor do Pai por Ele. E conhecendo isso, Ele quer te dar o que é teu. Em perfeita paz Ele te espe-
ra no altar de Seu Pai, oferecendo o Amor do Pai a ti na luz serena da bênção do Espírito Santo. Pois o Espírito Santo conduzirá
cada um para sua casa e para o seu Pai, onde Cristo o espera como Seu Ser.
6. Toda criança de Deus é una em Cristo, pois o que ela é está em Cristo assim como o que Cristo é está em Deus. O Amor de Cristo
por ti é o Seu Amor por Seu Pai, que Ele conhece porque conhece o Amor do Seu Pai por Ele. Quando o Espírito Santo afinal tiver te
conduzido a Cristo, no altar ao Seu Pai, a percepção fundir-se-á em conhecimento porque a percepção veio a ser tão santa que sua
transferência à santidade é simplesmente a sua extensão natural. O amor transfere-se ao amor sem nenhuma interferência, pois os
dois são um só. À medida em que percebes cada vez mais elementos comuns em todas as situações, a transferência do treinamento
sob a orientação do Espírito Santo aumenta e vem a ser generalizada. Gradualmente, aprendes a aplicá-la a todas as pessoas e a
todas as coisas, pois a possibilidade de sua aplicação é universal. Quando isso tiver sido realizado, a percepção e o conhecimento
vêm a ser tão similares que compartilham a unificação das leis de Deus.
7. O que é um não pode ser percebido como separado e a negação da separação é a reafirmação do conhecimento. No altar de
Deus, a santa percepção do Filho de Deus vem a ser tão iluminada que a luz flui para ela e o espírito do Filho de Deus brilha na
Mente do Pai e vem a ser um com ela. Muito gentilmente Deus brilha sobre Si Mesmo, amando a extensão de Si Mesmo que é o
Seu Filho. O mundo não tem propósito à medida em que se funde com o Propósito de Deus. Pois o mundo real silenciosamente des-
lizou para o Céu, onde tudo o que é eterno sempre esteve. Lá o Redentor e os redimidos unem-se no amor perfeito de Deus e de
uns pelos outros. O Céu é a tua casa e sendo em Deus tem que ser também em ti.

VII. Olhar para dentro


1. Os milagres demonstram que o aprendizado ocorreu sob a orientação certa, pois o aprendizado é invisível e o que foi aprendido só
pode ser reconhecido pelos seus resultados. Sua generalização é demonstrada à medida em que o usas em um número cada vez
maior de situações. Reconhecerás que aprendeste que não existe ordem de dificuldades em milagres quando os aplicares a todas
as situações. Não existe nenhuma situação à qual os milagres não se apliquem e aplicando-os a todas as situações ganharás o
mundo real. Pois nesta percepção santa a integridade ser-te-á restaurada e da tua aceitação da Expiação para ti mesmo ela se irra-
diará a todos aqueles que o Espírito Santo te enviar para a tua benção. Em toda criança de Deus está a Sua bênção e na tua bênção
às crianças de Deus está a Sua bênção a ti.
2. Todos no mundo têm que desempenhar seu próprio papel na sua redenção de forma a reconhecerem que o mundo foi redimido.
Não podes ver o invisível. Entretanto, se vires os seus efeitos, terás o conhecimento de que ele não pode deixar de estar presente.
Por perceberes o que ele faz, reconheces o que ele é. E pelo que ele faz, aprendes o que ele é. Não podes ver as tuas forças, mas
adquires confiança no fato de que elas existem à medida em que te capacitam a agir. E os resultados das tuas ações tu podes ver.

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UM CURSO EM MILAGRES
3. O Espírito Santo é invisível, mas podes ver os resultados da Sua Presença e através deles aprenderás que Ele está presente. O
que Ele te capacita a fazer, com toda a clareza não é desse mundo, pois milagres violam todas as leis da realidade conforme esse
mundo a julga. Todas as leis de tempo e espaço, de magnitude e massa são transcendidas, pois o que o Espírito Santo te capacita a
fazer está claramente além de todas elas. Percebendo os Seus resultados, compreenderás aonde Ele tem que estar e finalmente
conhecerás o que Ele é.
4. Não podes ver o Espírito Santo, mas podes ver as Suas manifestações. E a não ser que as vejas, não reconhecerás que Ele está
presente. Milagres são as Suas testemunhas e falam pela Sua Presença. O que não podes ver só vem a ser real para ti através das
testemunhas que falam a favor Disso. Pois podes estar ciente do que não podes ver e Isso pode vir a ser indiscutivelmente real para
ti à medida em que a Presença Disso vem a se manifestar através de ti. Faze o trabalho do Espírito Santo, pois tu compartilhas a
Sua função. Como a tua função no Céu é a criação, assim a tua função na terra é a cura. Deus compartilha a Sua função contigo no
Céu e o Espírito Santo compartilha a Dele contigo na terra. Enquanto acreditares que tens outras funções, nessa medida necessita-
rás de correção. Pois essa crença é a destruição da paz, uma meta que está em oposição direta ao propósito do Espírito Santo.
5. Tu vês o que esperas e esperas o que convidas. A tua percepção é o resultado do teu convite, vindo a ti em função do que pediste.
De quem são as manifestações que queres ver? De que presença queres ser convencido? Pois acreditarás naquilo que manifestas e
do mesmo modo como olhas para o que está fora de ti, verás o que está dentro. Dois modos de olhar para o mundo estão na tua
mente e a tua percepção vai refletir a orientação que escolheste.
6. Eu sou a manifestação do Espírito Santo e, quando me vires, será porque O terás convidado. Pois Ele te enviará as Suas testemu-
nhas se apenas olhares para elas. Lembra-te sempre que vês aquilo que buscas, pois o que buscas, tu acharás. O ego acha o que
busca e só isso. Ele não acha o amor, pois não é isso o que está buscando. No entanto, buscar e achar são a mesma coisa e se
buscas duas metas, tu as acharás mas não reconhecerás nenhuma das duas. Pensarás que elas são a mesma porque queres am-
bas. A mente sempre luta pela integração e se ela está dividida e quer manter a divisão, ainda acreditará que tem uma única meta,
fazendo com que pareça ser uma só.
7. Eu disse anteriormente que o que projetas ou estendes depende de ti, mas tens que fazer uma coisa ou outra, pois essa é uma lei
da mente e tens que olhar para dentro antes de olhar para fora. Conforme olhas para dentro, escolhes o guia para o teu modo de
ver. E então olhas para fora e contemplas as suas testemunhas. É por isso que achas o que buscas. O que queres em ti mesmo tu
farás com que seja manifestado e o aceitarás do mundo, porque o puseste lá por querer que fosse assim. Quando pensas que estás
projetando o que não queres, ainda assim é porque, de fato, o queres. Isso conduz diretamente à dissociação, pois representa a
aceitação de duas metas, cada uma percebida em um local diferente; uma separada da outra, porque tu as fizeste diferentes. A men-
te, então, vê um mundo dividido fora de si mesma, mas não dentro. Isso dá a ela uma ilusão de integridade e a capacita a acreditar
que está perseguindo uma única meta. No entanto, enquanto perceberes o mundo dividido, não estás curado. Pois estar curado é
perseguir uma única meta, porque só aceitaste uma e queres apenas uma.
8. Quando quiseres só o amor, não verás nenhuma outra coisa. A natureza contraditória das testemunhas que percebes é meramente
um reflexo dos teus convites conflitantes. Olhaste para a tua mente e aceitaste lá a oposição, tendo-a buscado lá. Mas não acredites,
então, que as testemunhas pela oposição são verdadeiras, pois elas somente atestam a tua decisão a respeito da realidade, devol-
vendo a ti as mensagens que tu lhes deste. Também o amor é reconhecido pelos seus mensageiros. Se fazes com que o amor se
manifeste, seus mensageiros virão a ti porque os convidaste.
9. O poder de decisão é a única liberdade que te restou como prisioneiro desse mundo. Podes decidir vê-lo de modo certo. O que
fizeste dele não é a sua realidade, pois a sua realidade é só o que tu lhe dás. Não podes realmente dar nada que não seja amo r a
ninguém ou a coisa alguma, nem podes realmente receber deles nada que não seja amor. Se pensas que recebeste qualquer outra
coisa, isso se deve ao fato de teres olhado para dentro e pensado ter visto o poder de dar alguma outra coisa dentro de ti. Foi ape-
nas essa decisão que determinou o que achaste, pois foi a decisão pelo que buscavas.
10. Tu tens medo de mim porque olhaste para dentro e tens medo do que viste. No entanto, não poderias ter visto a realidade, pois a
realidade da tua mente é a mais bela das criações de Deus. Vinda apenas de Deus, seu poder e sua grandeza só poderiam te trazer
paz se realmente tivesses olhado para ela. Se estás com medo, é porque viste alguma coisa que não está lá. Entretanto, naquele
mesmo lugar, poderias ter olhado para mim e para todos os teus irmãos na segurança perfeita da Mente que nos criou. Pois nós
estamos lá, na paz do Pai, Cuja Vontade é estender a Sua paz através de ti.
11. Quando tiveres aceito a tua missão de estender a paz, acharás a paz, pois fazendo com que ela se manifeste, tu a verás. Suas
testemunhas santas irão cercar-te porque as terás chamado e elas virão a ti. Eu ouvi o teu chamado e te respondi, mas não é tua
vontade olhar para mim nem ouvir a resposta que buscavas. Isso acontece porque ainda não queres apenas isso. Entretanto, à me-
dida que venho a ser mais real para ti, aprenderás que queres apenas isso. E verás a mim quando olhares para dentro e nós olha-
remos para o mundo real juntos. Através dos olhos de Cristo, só o mundo real existe e só o mundo real pode ser visto. Assim como
decides, tu verás. E tudo o que vês só testemunha a tua decisão.
12. Quando olhares para dentro e vires a mim, será porque terás decidido manifestar a verdade. E à medida em que a manifestas, tu
a verás tanto fora quanto dentro. Tu a verás fora porque a viste em primeiro lugar dentro. Tudo o que contemplas fora é um julga-
mento do que contemplaste dentro. Se for o teu julgamento, ele estará errado, pois o julgamento não é a tua função. Se for o julga-
mento do Espírito Santo, estará certo, pois o julgamento é a Sua função. Compartilhas a Sua função somente julgando como Ele
julga, sem reservar absolutamente nenhum julgamento para ti mesmo. Tu julgarás contra ti, mas Ele julgará a favor de ti.
13. Lembra-te, então, que sempre que olhas para fora e reages desfavoravelmente ao que vês, tu te julgaste indigno e te condenaste
à morte. A pena de morte é a meta última do ego, pois ele acredita inteiramente que és um criminoso, tão merecedor da morte quan-
to Deus tem o conhecimento de que és merecedor da vida. A pena de morte nunca deixa a mente do ego, porque é isso o que ele
sempre te reserva no final. Querendo matar-te, como expressão final do seu sentimento por ti, ele permite que vivas apenas para
esperar a morte. Ele te atormentará enquanto viveres, mas o seu ódio não será satisfeito até que morras. Pois a tua destruição é o
único fim em cuja direção ele trabalha e o único fim com o qual ele ficará satisfeito.
14. O ego não é um traidor para com Deus, para Quem a traição é impossível. Mas é um traidor para ti, que acreditas ter sido traiçoei-
ro para com teu Pai. E por isso que desfazer a culpa é uma parte essencial do ensinamento do Espírito Santo. Pois enquanto te sen-
tires culpado estás ouvindo a voz do ego, que te diz que tens sido traiçoeiro para com Deus e mereces, portanto, a morte. Tu pensa-
rás que a morte vem de Deus e não do ego, porque ao confundir-te com o ego, acreditas que queres a morte. E daquilo que queres,
Deus não te salva.

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UM CURSO EM MILAGRES
15. Quando fores tentado a sucumbir diante do desejo da morte, lembra-te que eu não morri. Tu reconhecerás que isso é verdadeiro
quando olhares para dentro e vires a mim. Teria eu superado a morte só para mim? E a vida eterna me teria sido dada pelo Pai a
menos que tivesse sido dada também a ti? Quando aprenderes a fazer com que eu seja manifestado, nunca verás a morte. Pois
terás olhado para o que não morre em ti mesmo e verás apenas o eterno ao olhares para um mundo lá fora que não pode morrer.

VIII. A atração do amor pelo amor


1. Tu realmente acreditas que podes matar o Filho de Deus? O Pai escondeu o Seu Filho com segurança dentro de Si Mesmo e o
manteve muito distante dos teus pensamentos destrutivos, mas tu não conheces nem o Pai nem o Filho por causa deles. Atacas o
mundo real todo dia, a toda hora e a todo minuto e apesar disso estás surpreso por não poderes vê-lo. Se buscas o amor com o fim
de atacá-lo, jamais o acharás. Pois se o amor é compartilhar, como podes achá-lo a não ser através dele mesmo? Oferece-o e ele
virá a ti, porque ele é atraído para si mesmo. Mas se ofereces o ataque o amor permanecerá escondido, pois ele só pode viver em
paz.
2. O Filho de Deus está tão seguro quanto seu Pai, pois o Filho conhece a proteção de seu Pai e não pode ter medo. O Amor do Seu
Pai o mantém em perfeita paz e não necessitando de nada, ele não pede nada. Entretanto, Ele, que é o teu Ser, está longe de ti, pois
escolheste atacá-lo e ele desapareceu da tua vista em seu Pai. Ele não mudou, mas tu sim. Pois uma mente dividida e todas as suas
obras não foram criadas pelo Pai e não poderiam viver no Seu conhecimento.
3. Quando fizeste com que fosse visível o que não é verdadeiro, o que é verdadeiro veio a ser invisível para ti. No entanto, não pode
ser invisível em si mesmo, pois o Espírito Santo o vê com perfeita clareza. É invisível para ti porque estás olhando para uma outra
coisa. No entanto, não cabe a ti decidir o que é visível e o que é invisível, como não cabe a ti decidir o que é a realidade. O que pode
ser visto é o que o Espírito Santo vê. A definição da realidade é de Deus e não tua. Ele a criou e Ele conhece o que ela é. Tu, que
conhecias, esqueceste e se Ele não tivesse te dado um caminho para lembrares, terias te condenado ao esquecimento.
4. Devido ao Amor do teu Pai, nunca poderás esquecê-Lo, pois ninguém é capaz de esquecer o que o próprio Deus colocou em sua
memória. Podes negá-lo, mas não podes perdê-lo. Uma Voz responderá a cada questão que perguntares e uma visão corrigirá a
percepção de tudo o que vês. Pois o que fizeste com que fosse invisível é a única verdade e o que não ouviste é a única Resposta.
Deus quer que tu voltes a unir-te contigo mesmo e não te abandonou em tua aflição. Estás esperando apenas por Ele e não tens
conhecimento disso. No entanto, a Sua memória brilha na tua mente e não pode ser obliterada. Não é mais passada do que futura,
sendo eterna para sempre.
5. Tu só tens que pedir essa memória e vais te lembrar. Todavia, a memória de Deus não pode brilhar na mente que a obliterou e
quer mantê-la assim. Pois a memória de Deus só pode nascer na mente que escolhe lembrar e que abandonou o desejo insano de
controlar a realidade. Tu, que nem sequer podes controlar a ti mesmo, dificilmente deverias aspirar controlar o universo. Mas olha
para o que fizeste do universo e regozija-te por não ser assim.
6. Filho de Deus, não te contentes com o nada! O que não é real não pode ser visto e não tem valor. Deus não poderia oferecer ao
Seu Filho o que não tem valor e nem Seu Filho poderia recebê-lo. Foste redimido no instante em que pensaste que O tinhas deser-
tado. Tudo o que fizeste nunca existiu e é invisível porque o Espírito Santo não o vê. Entretanto, o que Ele vê é teu para que tu con-
temples e, através da Sua visão, a tua percepção é curada. Fizeste com que fosse invisível a única verdade que esse mundo con-
tém. Valorizando o nada, buscaste o nada. Fazendo com que o nada fosse real para ti, viste o nada. Mas isso não existe. E Cristo é
invisível para ti devido ao que fizeste com que fosse visível para ti.
7. No entanto, não importa quanta distância tentaste interpor entre a tua consciência e a verdade. O Filho de Deus pode ser visto
porque a sua visão é compartilhada. O Espírito Santo olha para ele e não vê nenhuma outra coisa em ti. O que é invisível para ti é
perfeito em Sua vista e abrange tudo. Ele lembrou-Se de ti porque não esqueceu o Pai. Tu olhaste para o irreal e achaste o desespe-
ro. Todavia, buscando o irreal, que outra coisa poderias achar? O mundo irreal é algo desesperador, pois nunca poderá ser. E tu, que
compartilhas o Ser de Deus com Ele, nunca poderias te contentar sem a realidade. O que Deus não te deu não tem poder sobre ti e
a atração do amor pelo amor permanece irresistível. Pois é a função do amor unir todas as coisas em si mesmo e manter todas as
coisas juntas por estender a sua integridade.
8. O mundo real te foi dado por Deus em uma troca amorosa pelo mundo que fizeste e pelo mundo que vês. Apenas toma-o das
mãos de Cristo e olha para ele. A sua realidade fará com que todas as outras coisas sejam invisíveis, pois contemplá-lo é percepção
total. E à medida em que olhas para ele, vais lembrar-te que sempre foi assim. O nada virá a ser invisível, pois afinal terás visto ver-
dadeiramente. A percepção redimida é facilmente traduzida em conhecimento, pois só a percepção é capaz de erro e a percepção
nunca existiu. Sendo corrigida, ela dá lugar ao conhecimento, que é para sempre a única realidade. A Expiação nada mais é do que
o caminho de volta àquilo que nunca foi perdido. Teu Pai não poderia ter deixado de amar o Seu Filho.

CAPÍTULO 13 - O MUNDO SEM CULPA

Introdução
1. Se não te sentisses culpado, não poderias atacar, pois a condenação é a raiz do ataque. É o julgamento de uma mente por outra
como indigna de amor e merecedora de punição. Mas é aí que está a divisão. Pois a mente que julga se percebe separada da men-
te que está sendo julgada, acreditando que punindo a outra escapará da punição. Tudo isso não passa de uma tentativa delusória da
mente de negar a si própria e de escapar à penalidade da negação. Não é uma tentativa de abandonar a negação, mas de ater-se a
ela. Pois é a culpa que obscurece o Pai para ti e é a culpa que te tem levado à insanidade.
2. A aceitação da culpa na mente do Filho de Deus foi o começo da separação, assim como a aceitação da Expiação é o fim. O mun-
do que vês é o sistema delusório daqueles a quem a culpa enlouqueceu. Olha com cuidado para esse mundo e vais reconhecer que
é assim. Pois esse mundo é o símbolo da punição e todas as leis que parecem governá-lo são as leis da morte. As crianças vêm ao
mundo através da dor e na dor. Seu crescimento é acompanhado de sofrimento e elas aprendem sobre o pesar, a separação e a
morte. Suas mentes parecem estar presas como numa armadilha em seus cérebros e seus poderes parecem declinar se os seus
corpos são feridos. Elas parecem amar, no entanto, abandonam e são abandonadas. Parecem perder o que amam, talvez a crença
mais insana de todas. E seus corpos definham e exalam seu último suspiro e são depositados na terra e já não são mais. Nenhuma
delas tem outro pensamento a não ser o de que Deus é cruel.

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UM CURSO EM MILAGRES
3. Se esse fosse o mundo real, Deus seria cruel. Pois Pai nenhum poderia sujeitar Suas crianças a isso como o preço a ser pago pela
salvação e ser amoroso. O amor não mata para salvar. Se o fizesse, o ataque seria salvação e essa interpretação é a do ego, não a
de Deus. Só o mundo da culpa poderia exigir isso, pois só os culpados poderiam conceber isso. O "pecado" de Adão não poderia ter
afetado a ninguém se ele não tivesse acreditado que foi o Pai Quem o expulsou do paraíso. Pois nessa crença o conhecimento do
Pai foi perdido, já que somente aqueles que não O compreendem poderiam acreditar nela.
4. Esse mundo é um retrato da crucificação do Filho de Deus. E até que reconheças que o Filho de Deus não pode ser crucificado,
esse é o mundo que verás. No entanto, não reconhecerás isso enquanto não aceitares o fato eterno de que o Filho de Deus não é
culpado. Ele merece apenas amor porque só tem dado amor. Não pode ser condenado porque nunca condenou. A Expiação é a
lição final que ele precisa aprender, pois ela lhe ensina que, não tendo nunca pecado, ele não tem necessidade da salvação.

I. A inculpabilidade e a invulnerabilidade
1. Anteriormente eu disse que o Espírito Santo compartilha a meta de todos os bons professores, cujo objetivo final é fazerem-se
desnecessários tendo ensinado a seus alunos tudo o que sabem. O Espírito Santo só quer isso, pois compartilhando o Amor do Pai
por Seu Filho, Ele busca remover toda a culpa da sua mente de tal modo que ele possa lembrar do seu Pai em paz. Paz e culpa são
antitéticas e o Pai só pode ser lembrado na paz. Amor e culpa não podem coexistir, e aceitar um é negar o outro. A culpa esconde o
Cristo da tua vista, pois é a negação da irrepreensibilidade do Filho de Deus.
2. No estranho mundo que fizeste o Filho de Deus tem pecado. Assim sendo, como poderias Vê-lo? Fazendo com que ele seja invisí-
vel, o mundo da retaliação surgiu na negra nuvem de culpa que tu aceitaste e manténs com apreço. Pois a irrepreensibilidade de
Cristo é a prova de que o ego nunca existiu e nunca pode existir. Sem a culpa, o ego não tem vida e o Filho de Deus é sem culpa.
3. Na medida em que olhas para ti mesmo e julgas o que fizeste com honestidade, podes ser tentado a imaginar como é possível que
sejas sem culpa. No entanto, considera isso: não és sem culpa no tempo, mas na eternidade. Tens "pecado" no passado, mas não
há nenhum passado. O sempre não tem direção. O tempo parece se mover em uma direção, mas quando atinges o seu fim, ele se
enrolará como um longo tapete estendido sobre o passado atrás de ti e desaparecerá. Enquanto acreditares que o Filho de Deus é
culpado, caminharás sobre esse tapete acreditando que ele conduz à morte. E a jornada parecerá longa, cruel e sem sentido, pois
assim ela é.
4. A jornada que o Filho de Deus estabeleceu para si mesmo é fato inútil, mas a jornada na qual o Pai o embarca é de liberação e
alegria. O Pai não é cruel e Seu Filho não pode ferir a si mesmo. A retaliação que ele teme e que ele vê nunca o tocará, pois embora
ele acredite nela, o Espírito Santo tem o conhecimento de que ela não é verdadeira. O Espírito Santo está no fim dos tempos, onde
tu não podes deixar de estar porque Ele está contigo. Ele já desfez tudo o que era indigno do Filho de Deus, pois tal foi a Sua missão
dada por Deus. E o que Deus dá nunca deixou de ser.
5. Tu me verás à medida que aprenderes que o Filho de Deus não tem culpa. Ele sempre buscou a sua inculpabilidade e a achou.
Pois cada um está buscando escapar da prisão que fez e o caminho para achar a liberação não lhe é negado. Estando nele, ele o
achou. Quando o acha é apenas uma questão de tempo e o tempo é apenas uma ilusão. Pois o Filho de Deus não tem culpa agora
e o brilho da sua pureza resplandece intocado na Mente de Deus para sempre. O Filho de Deus sempre será tal como ele foi criado.
Nega o teu mundo e não o julgues, pois a sua eterna inculpabilidade está na Mente do seu Pai e o protege para sempre.
6. Quando tiveres aceito a Expiação para ti mesmo, reconhecerás que não há nenhuma culpa no Filho de Deus. E só quando olhas
para ele como alguém sem culpa é que podes compreender a sua unicidade. Pois a idéia da culpa traz a crença na condenação de
um pelo outro, projetando a separação em lugar da unidade. Tu só podes condenar a ti mesmo e ao fazê-lo não podes ter o conhe-
cimento de que és o Filho de Deus. Negaste a condição do que ele é, que é a sua perfeita irrepreensibilidade. Ele foi criado a partir
do amor e no amor ele habita. A bondade e a misericórdia sempre o seguiram, pois ele sempre estendeu o Amor do seu Pai.
7. À medida em que percebes os companheiros santos que viajam contigo, reconhecerás que não há jornada, mas só um despertar.
O Filho de Deus, que não dorme, tem mantido a fé em seu Pai por ti. Não há estrada pela qual viajar e não há tempo através do qual
viajar. Pois Deus não espera o Seu Filho no tempo, para sempre recusando-Se a ser sem ele. E sempre tem sido assim. Permite que
a santidade do Filho de Deus brilhe afastando a nuvem de culpa que escurece a tua mente e aceitando a sua pureza como tua, a-
prende com ele que ela é tua.
8. Tu és invulnerável porque não tens culpa. Só através da culpa é que podes te apegar ao passado. Pois a culpa estabelece que
serás punido pelo que fizeste e depende, portanto, de um tempo unidimensional, procedendo do passado para o futuro. Ninguém
que acredite nisso pode compreender o que "sempre" significa e, portanto, a culpa não pode deixar de privar-te da apreciação da
eternidade. Tu és imortal porque és eterno e o que é "sempre" tem que ser agora. A culpa, então, é uma forma de manter o passado
e o futuro em tua mente para assegurar a continuidade do ego. Pois se o que foi será punido, a continuidade do ego está garantida.
No entanto, a garantia da tua continuidade é de Deus, não do ego. E a imortalidade é o oposto do tempo, pois o tempo passa, en-
quanto a imortalidade é constante.
9. A aceitação da Expiação te ensina o que é a imortalidade, pois ao aceitar a tua inculpabilidade, aprendes que o passado nunca foi
e deste modo o futuro é desnecessário e não há de ser. O futuro, no tempo, está sempre associado com a expiação e só a culpa
poderia induzir a um senso de necessidade de expiação. Aceitar como tua a inculpabilidade do Filho de Deus é, portanto, o caminho
de Deus para lembrar-te do Seu Filho e do que ele é na verdade. Pois Deus nunca condenou o Seu Filho e, sendo sem culpa, ele é
eterno.
10. Tu não podes dissipar a culpa fazendo com que ela seja real e depois expiando-a. Esse é o plano do ego, que ele oferece ao
invés de dissipá-la. O ego crê na expiação através do ataque, estando totalmente comprometido com a noção insana de que o ata-
que é salvação. E tu que aprecias a culpa, necessariamente também acreditas nisso, pois de que outra forma, senão identificando-te
com o ego, poderias manter com tanto apreço o que não queres?
11. O ego te ensina a atacar a ti mesmo porque és culpado e isso não pode deixar de aumentar a culpa, pois a culpa é o resultado do
ataque. No ensinamento do ego, portanto, não há como escapar da culpa. Pois o ataque faz com que a culpa seja real e se ela é
real, não há nenhum caminho para superá-la. O Espírito Santo a dissipa simplesmente através do calmo reconhecimento de que ela
nunca existiu. Quando Ele olha para o Filho de Deus sem culpa, Ele tem o conhecimento de que isso é verdadeiro. E sendo verda-
deiro para ti, não podes atacar a ti mesmo, pois sem culpa o ataque é impossível. Assim sendo, estás salvo porque o Filho de Deus
é sem culpa. E sendo totalmente puro, tu és invulnerável.

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UM CURSO EM MILAGRES
II. O Filho de Deus sem culpa
1. O propósito final da projeção é sempre livrar-se da culpa. No entanto, caracteristicamente, o ego tenta livrar-se da culpa apenas do
seu ponto de vista, pois por mais que o ego queira reter a culpa, tu a consideras intolerável já que a culpa obstrui o caminho da tua
lembrança de Deus, Cuja atração é tão forte que não podes resistir. Nessa questão, portanto, é onde ocorre a mais profunda das
divisões, pois se tens que reter a culpa, como insiste o ego, não podes ser quem és. Só persuadindo-te de que ele é quem tu és, é
que o ego tem possibilidade de induzir-te a projetar a culpa e assim mantê-la em tua mente.
2. No entanto, considera que estranha solução é o arranjo feito pelo ego. Tu projetas a culpa para te veres livre dela, mas d e fato
estás apenas ocultando-a. Experimentas culpa mas não tens a menor idéia do por quê. Ao contrário, a associas com uma esquisita
variedade de "ideais do ego", nos quais, segundo o ego, tens falhado. Mas, não tens idéia de que estás falhando para com o Filho de
Deus por vê-lo culpado. Acreditando que não és mais quem és, não reconheces que estás falhando a ti mesmo.
3. A mais escura das pedras angulares ocultas em ti mantém a tua crença na culpa fora da tua consciência. Pois nesse local escuro
e secreto está o reconhecimento de que traíste o Filho de Deus por condená-lo à morte. Tu nem sequer suspeitas de que essa idéia
assassina mas insana está escondida lá, pois a necessidade de destruição do ego é tão intensa que nada menos do que a crucifica-
ção do Filho de Deus pode, em última instância, satisfazê-la. Ele não conhece quem é o Filho de Deus porque é cego. Entretanto,
permite que ele perceba a inculpabilidade em qualquer lugar e ele tentará destruí-la porque tem medo.
4. Grande parte do estranho comportamento do ego é diretamente atribuída à sua definição de culpa. Para o ego, os que não têm
culpa são culpados. Aqueles que não atacam são os seus "inimigos" porque, ao não valorizarem a sua interpretação da salvação,
estão em excelente posição para abandoná-la. Eles chegaram perto da pedra angular mais escura e profunda no fundamento do ego
e embora o ego possa suportar que questiones tudo o mais, esse único segredo ele guarda com a própria vida, pois a sua existência
depende da manutenção disso. Assim sendo, é para esse segredo que temos que olhar, pois o ego não pode proteger-te contra a
verdade e na sua presença o ego é dissipado.
5. Na calma luz da verdade, vamos reconhecer que acreditas que crucificaste o Filho de Deus. Não admitiste esse "terrível" segredo
porque ainda desejarias crucificá-lo se pudesses achá-lo. No entanto, esse desejo o escondeu de ti, porque é um desejo muito ame-
drontador e, por conseguinte, tens medo de encontrá-lo. Tens lidado com esse desejo de matar a ti mesmo não sabendo quem és tu
e identificando-te com alguma outra coisa. Projetaste a culpa cegamente e indiscriminadamente, mas não descobriste a sua fonte.
Pois o ego, de fato, quer matar-te e se tu te identificares com ele, não podes deixar de acreditar que a sua meta é a tua.
6. Eu tenho dito que a crucificação é o símbolo do ego. Quando ele foi confrontado com a real inculpabilidade do Filho de Deus, ten-
tou matá-lo e a razão que deu foi a de que a inculpabilidade é uma blasfêmia para com Deus. Para o ego, o ego é Deus e a inculpa-
bilidade tem que ser interpretada como a culpa máxima que justifica inteiramente o assassinato. Tu ainda não compreendes que
qualquer medo que possas experimentar em relação a esse curso, em última instância, brota dessa interpretação, mas se considera-
res as tuas reações a ela virás a estar cada vez mais convencido de que é assim.
7. Esse curso declarou explicitamente que a sua meta para ti é a felicidade e a paz. No entanto, tens medo dele. Já te foi dito muitas
e muitas vezes que ele vai libertar-te, mas às vezes reages como se ele estivesse tentando aprisionar-te. Freqüentemente o descar-
tas com maior prontidão do que descartas o sistema de pensamento do ego. Assim sendo, até um certo ponto, tens que acreditar
que, por não aprenderes o curso, estás protegendo a ti mesmo. E não reconheces que é apenas a tua inculpabilidade que pode pro-
teger-te.
8. A Expiação foi sempre interpretada como a liberação da culpa e isso está correto se for compreendido. Entretanto, mesmo quando
eu a interpreto para ti, és capaz de rejeitá-la e não aceitá-la para ti mesmo. Talvez tenhas reconhecido a futilidade do ego e dos ofe-
recimentos que ele te faz, mas apesar de não os quereres, podes ainda não considerar a alternativa com contentamento. No fundo,
tens medo da redenção e acreditas que ela vai matar-te. Não cometas nenhum equívoco em relação à profundidade desse medo.
Pois acreditas que, na presença da verdade, poderias voltar-te contra ti mesmo e destruir-te.
9. Pequena criança, isso não é assim. O segredo da tua culpa não é nada e se apenas o trouxeres à luz, a Luz o dissipará. Então,
nenhuma nuvem escura permanecerá entre tu e a lembrança do teu Pai, pois irás lembrar do Seu Filho sem culpa que não morreu
porque é imortal. E verás que foste redimida com ele e nunca estiveste separada dele. Nesta compreensão está a tua lembrança
pois é o reconhecimento do amor sem medo. Haverá grande júbilo no Céu quando voltares à casa e o júbilo será teu. Pois o filho
redimido do homem é o Filho de Deus sem culpa e reconhecê-lo é a tua redenção.

III. O medo da redenção


1. Podes perguntar a ti mesmo porque é tão crucial que olhes para o teu ódio e reconheças toda a sua extensão. Podes também
pensar que seria bastante fácil para o Espírito Santo mostrá-lo a ti e dissipá-lo sem a necessidade de que o erguesses à tua consci-
ência por ti mesmo. No entanto, há mais um obstáculo que interpuseste entre tu e a Expiação. Nós temos dito que ninguém sancio-
nará o medo se o reconhecer. No entanto, em teu estado mental desordenado, não tens medo do medo. Não gostas dele mas não é
o teu desejo de atacar que realmente te amedronta. Não estás seriamente perturbado com a tua própria hostilidade. Tu a manténs
escondida porque tens mais medo do que ela encobre. Poderias até mesmo olhar para a pedra angular mais escura do ego sem
medo, se não acreditasses que, sem o ego, acharias dentro de ti algo que te amedrontaria ainda mais. Tu não estás realmente com
medo da crucificação. O teu terror real é a redenção.
2. Sob o escuro fundamento do ego está a memória de Deus e é disso que realmente tens medo. Pois essa memória te restituiria
instantaneamente ao lugar que te é próprio e é esse o lugar que buscaste deixar. O teu medo do ataque não é nada comparado ao
teu medo do amor. Estarias disposto a olhar até mesmo para o teu selvagem desejo de matar o Filho de Deus, se não acreditasses
que ele te salva do amor. Pois esse desejo causou a separação e tu o protegeste porque não queres que a separação seja curada.
Reconheces que, removendo a nuvem escura que o obscurece, o teu amor pelo teu Pai iria impelir-te a responder ao Seu chamado
e dar um salto para o Céu. Acreditas que o ataque é salvação porque te impede isso. Pois muito mais profundo do que o fundamen-
to do ego e muito mais forte do que ele jamais será, é o teu intenso e ardente amor por Deus e o Dele por ti. Isso é o que realmente
queres esconder.
3. Honestamente, não é mais difícil para ti dizer "eu amo" do que "eu odeio"? Associas amor com fraqueza e ódio com força e o teu
próprio poder real te parece ser a tua real fraqueza. Pois não poderias controlar a tua alegre resposta ao chamado do amor se o
ouvisses e todo o mundo que pensaste ter feito desapareceria. O Espírito Santo, então, parece estar atacando a tua fortaleza, pois
queres deixar Deus de fora e não é Vontade de Deus ser excluído.

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UM CURSO EM MILAGRES
4. Construíste todo o teu insano sistema de crenças porque pensas que ficarias indefeso na Presença de Deus e queres salvar a ti
mesmo do Seu Amor porque pensas que ele te esmagaria no nada. Tens medo de que ele te varra para longe de ti mesmo e te faça
pequeno, porque acreditas que a magnitude está no desafio e que o ataque é grandioso. Pensas que fizeste um mundo que Deus
quer destruir e amando-O como tu O amas, jogarias fora esse mundo, o que, de fato, farias. Portanto, usaste o mundo para encobrir
o teu amor e quanto mais te aprofundas no negror do fundamento do ego, mais perto chegas do Amor que lá está escondido. E é
isso que te assusta.
5. Podes aceitar a insanidade porque a fizeste, mas não podes aceitar o amor porque não o fizeste. Preferes ser um escravo da cruci-
ficação do que um Filho de Deus na redenção. A tua morte individual te parece mais valiosa do que a tua unicidade viva, pois o que
te é dado não é tão valorizado quanto o que fizeste. Tens mais medo de Deus do que do ego e o amor não pode entrar onde não é
bem-vindo. Mas o ódio pode, pois entra por vontade própria e não se importa com a tua.
6. Tens que olhar para as tuas ilusões e não mantê-las escondidas, porque elas não se baseiam em um fundamento próprio. Estando
ocultas parecem fazê-lo e assim aparentam manter-se por si mesmas. Essa é a ilusão fundamental sobre a qual repousam as outras.
Pois, abaixo delas e permanecendo oculta enquanto elas estão escondidas, está a mente amorosa que pensou tê-las feito na raiva.
E a dor nesta mente é tão evidente quando é descoberta, que a sua necessidade de cura não pode ser negada. Nenhum, entre to-
dos os truques e jogos que tu lhe ofereces, é capaz de curá-la, pois lá está a real crucificação do Filho de Deus.
7. E, no entanto, ele não é crucificado. Aqui está tanto a sua dor quanto a sua cura, pois a visão do Espírito Santo é misericordiosa e
o Seu Remédio é rápido. Não escondas o sofrimento da Sua vista mas, com contentamento, traze-o a Ele. Dispõe diante da Sua
eterna sanidade tudo o que está ferido em ti e permite que Ele te Cure. Não deixes nenhum ponto de dor escondido da Sua Luz e
procura com cuidado em tua própria mente quaisquer pensamentos que possas ter medo de descobrir. Pois Ele curará todos os
pensamentos, por pequenos que sejam, que tenhas guardado para ferir-te e os limpará de sua pequenez restaurando-os à magnitu-
de de Deus.
8. Por baixo de toda a grandiosidade à qual dás tanto valor, está o teu pedido real de ajuda. Pois chamas o teu Pai pedindo amor,
assim como o teu Pai te chama para Ele Mesmo. Naquele lugar que escondeste, a tua vontade é apenas unir-te ao Pai em Sua me-
mória com amor. Acharás esse lugar da verdade na medida em que o vires nos teus irmãos, pois embora eles possam enganar a si
mesmos, como tu anseiam pela grandeza que está neles. E percebendo-a, darás boas-vindas a ela e ela será tua. Pois a grandeza é
o direito do Filho de Deus e nenhuma ilusão pode satisfazê-lo ou salvá-lo do que ele é. Só o seu amor é real e ele só ficará contente
com a sua realidade.
9. Salva-o de suas ilusões para que possas aceitar a magnitude do teu Pai em paz e alegria. Mas não excluas ninguém do teu amor
ou estarás escondendo um lugar escuro na tua mente onde o Espírito Santo não é bem-vindo. E assim estarás te excluindo do Seu
poder de cura, pois não oferecendo amor total, não serás completamente curado. A cura tem que ser tão completa quanto o medo,
pois o amor não pode entrar onde existe uma mancha de medo para turvar as boas-vindas a ele.
10. Tu, que preferes a separação à sanidade, não podes obtê-la em tua mente certa. Estavas em paz até que pediste um favor espe-
cial. E Deus não o concedeu, pois o pedido era algo alheio a Ele e tu não poderias pedir isso a um Pai Que verdadeiramente amasse
Seu Filho. Por conseguinte fizeste Dele um Pai sem amor, exigindo algo que somente um pai assim seria capaz de dar. E a paz do
Filho de Deus foi despedaçada, pois ele não mais compreendeu seu Pai. Ele tinha medo do que tinha feito, mas temia ainda mais o
seu Pai real, tendo atacado a sua própria igualdade gloriosa em relação a Ele.
11. Em paz, ele não precisava de nada e não pedia nada. Em guerra, ele exigia tudo e nada achava. Pois como poderia a gentileza
do amor responder às suas exigências, exceto partindo em paz e retomando ao Pai? Se o Filho não desejava permanecer em paz,
ele não podia permanecer de modo algum. Pois uma mente escura não pode viver na luz e tem que buscar um lugar de trevas onde
possa acreditar que está onde não está. Deus não permitiu que isso acontecesse. Entretanto, tu exigiste que acontecesse e, por
conseguinte, acreditaste que era assim.
12. "Escolher um" é "tornar sozinho" e, portanto, solitário. Deus não fez isso contigo. Seria Ele capaz de te colocar à parte conhecen-
do que a tua paz está na Sua Unicidade? Ele só te negou o teu pedido de dor, pois o sofrimento não faz parte da Sua criação. Tendo
dado a ti a criação, Ele não poderia tirá-la de ti. Ele só poderia responder ao teu pedido insano com uma resposta sã que viesse a
habitar contigo na tua insanidade. E isso Ele fez. Ninguém que ouça a Sua resposta deixará de desistir da insanidade. Pois a Sua
resposta é o ponto de referência além das ilusões, do qual podes olhar para trás e vê-Ias como insanas. Apenas busca esse lugar e
o acharás, pois o Amor está em ti e te conduzirá até lá.

IV. A função do tempo


1. E agora, a razão pela qual tens medo deste curso deveria ser evidente. Pois esse é um curso sobre o amor, porque é sobre ti. Foi
dito a ti que a tua função nesse mundo é curar e a tua função no Céu é criar. O ego ensina que a tua função na terra é a destruição e
que não tens nenhuma função no Céu. Assim, ele quer destruir-te aqui e enterrar-te aqui, não te deixando nenhuma herança exceto
o pó, do qual pensa que tu foste feito. Na medida em que está razoavelmente satisfeito contigo, segundo o seu próprio raciocínio,
ele te oferece o esquecimento. Quando vem a ser abertamente selvagem, te oferece o inferno.
2. No entanto, para ti nem o esquecimento e nem o inferno são tão inaceitáveis quanto o Céu. A tua definição de Céu é inferno e
esquecimento e pensas que o Céu real é a maior ameaça que poderias experimentar. Pois inferno e esquecimento são idéias que
inventaste e estás inclinado a demonstrar a sua realidade para estabelecer a tua. Se a sua realidade questionada, acreditas que a
tua também o é. Pois acreditas que o ataque é a tua realidade e que a tua destruição é a prova final de que estavas certo.
3. Nessas circunstâncias, não seria mais desejável ter estado errado, mesmo à parte do fato de que estavas errado? Embora talvez
se pudesse argumentar que a morte sugere que houve vida, ninguém poderia alegar que ela prova que há vida. Mesmo a vida pas-
sada que a morte poderia indicar, só poderia ter sido em vão se é nisso que ela termina e se é disso que ela precisa para provar que,
de alguma forma, foi vida. Tu questionas o Céu, mas isso não questionas. No entanto, poderias curar e ser curado se questionasses
isso. E mesmo que não conheças o Céu, não poderia ele ser mais desejável do que a morte? Tens sido tão seletivo no teu questio-
namento quanto na tua percepção. Uma mente aberta é mais honesta do que isso.
4. O ego tem uma estranha noção de tempo e é com essa noção que poderias começar o teu questionamento. O ego investe maci-
çamente no passado e no final acredita que o passado é o único aspecto do tempo que é significativo. Lembra-te que a ênfase que
ele coloca na culpa lhe permite assegurar a própria continuidade, fazendo com que o futuro seja como o passado e assim evitando o
presente. Através da noção de pagar pelo passado no futuro, o passado vem a ser o determinante do futuro, fazendo com que am-
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UM CURSO EM MILAGRES
bos sejam contínuos sem a intervenção do presente. Pois o ego considera o presente apenas como uma breve transição para o futu-
ro, na qual ele traz o passado ao futuro interpretando o presente em termos passados.
5. O "agora" não tem qualquer significado para o ego. O presente apenas lembra a ele feridas passadas e ele reage ao presente
como se fosse o passado. O ego não pode tolerar a liberação do passado e, embora o passado já esteja acabado, o ego tenta pre-
servar sua imagem respondendo como se ele estivesse presente. Ele dita as tuas reações àqueles que encontras no presente a
partir de um ponto de referência passado, obscurecendo a sua realidade presente para ti. Com efeito, se seguires os ditames do ego,
reagirás ao teu irmão como se ele fosse outra pessoa e isso, com certeza, te impedirá de reconhecê-lo como ele é. E receberás
mensagens do teu irmão saídas do teu próprio passado, porque ao fazer com que ele seja real no presente, estás te proibindo de
deixar que ele se vá. Assim, negas a ti mesmo a mensagem de liberação que todo irmão te oferece agora.
6. É precisamente das figuras sombrias do passado que tens que escapar. Elas não são reais e não têm nenhuma influência sobre ti
a não ser que as tragas contigo. Elas carregam as manchas de dor na tua mente, orientando-te para atacar no presente em vingan-
ça de um passado que já não existe. E essa decisão é uma decisão de dor futura. A não ser que aprendas que a dor passada é uma
ilusão, estás escolhendo um futuro de ilusões e perdendo as muitas oportunidades que poderias achar de liberação no presente. O
ego quer preservar os teus pesadelos e impedir-te de despertar e compreender que eles são o passado. Poderias reconhecer um
encontro santo se o estás percebendo apenas como um encontro com o teu próprio passado? Pois não estarias te encontrando com
ninguém e o compartilhar da salvação, que faz com que o encontro seja santo, estaria excluído da tua vista. O Espírito Santo ensina
que sempre encontras a ti mesmo e que o encontro é santo porque tu o és. O ego ensina que sempre encontras o teu passado e
porque os teus sonhos não foram santos, o futuro não pode ser santo e o presente é sem significado.
7. É evidente que a percepção que o Espírito Santo tem do tempo é exatamente oposta à do ego. A razão disso está igualmente
clara, pois eles percebem a meta do tempo de maneiras diametralmente opostas. O Espírito Santo interpreta o propósito do tempo
como o de tornar a necessidade do tempo desnecessária. Ele considera a função do tempo como temporária, servindo apenas à Sua
função de ensinar, que é temporária por definição. A Sua ênfase, portanto, recai sobre o único aspecto do tempo que pode se esten-
der até o infinito, pois o agora é a noção mais próxima de eternidade que esse mundo oferece. É na realidade do "agora", sem pas-
sado ou futuro, que está o começo da apreciação da eternidade. Pois só o "agora" está aqui e só o "agora" apresenta as oportu nida-
des de encontros santos nos quais se pode achar a salvação.
8. O ego, por outro lado, considera a função do tempo como a de estender a si mesmo no lugar da eternidade, pois assim como o
Espírito Santo, o ego interpreta a meta do tempo como a sua própria. A continuidade do passado e do futuro, sob a sua direção, é o
único propósito que o ego percebe no tempo e ele abole o presente de tal forma que nenhuma brecha em sua própria continuidade
possa ocorrer. A sua continuidade, portanto, iria manter-te no tempo, enquanto o Espírito Santo iria libertar-te do tempo. É a Sua
interpretação do meio da salvação que tens que aprender a aceitar, se quiseres compartilhar da Sua meta de salvação para ti.
9. Tu também irás interpretar a função do tempo do mesmo modo como interpretas a tua. Se aceitas a cura como tua função no mun-
do do tempo, enfatizarás somente o aspecto do tempo no qual a cura pode ocorrer. A cura não pode ser realizada no passado. Ela
tem que ser realizada no presente para liberar o futuro. Essa interpretação liga o futuro ao presente e estende o presente ao invés do
passado. Mas se interpretas a tua função como destruição, perderás de vista o presente e apegar-te-ás ao passado para assegurar
um futuro destrutivo. E o tempo será como tu o interpretas, pois por si mesmo, ele não é nada.

V. As duas emoções
1. Eu disse que tens apenas duas emoções: amor e medo. Uma é imutável, mas em constante intercâmbio, sendo oferecida pelo
eterno ao eterno. Nesse intercâmbio, ela se estende, pois aumenta na medida em que é dada. A outra assume muitas formas, pois o
conteúdo das ilusões individuais difere enormemente, mas, elas têm uma coisa em comum: são todas insanas. São feitas de cenas
que não se pode ver, de sons que não se pode ouvir. Elas compõem um mundo privado que não pode ser compartilhado. Pois são
significativas apenas para quem as faz e, portanto não têm absolutamente qualquer significado. Nesse mundo, o autor dessas ilu-
sões move-se sozinho, pois só ele as percebe.
2. Cada um povoa o seu mundo com figuras do seu passado individual e é por causa disso que os mundos privados diferem. No
entanto, as figuras que ele vê nunca foram reais, pois são feitas apenas das suas próprias reações aos seus irmãos e não incluem
as reações que eles têm a ele. Portanto, ele não vê que fez essas figuras e que elas não são íntegras. São figuras que não têm tes-
temunhas, sendo percebidas apenas em uma mente separada.
3. É através dessas estranhas e sombrias figuras que os insanos se relacionam com o seu mundo insano. Pois eles só vêem aqueles
que lhes relembram essas imagens e é com elas que se relacionam. Assim, de fato, se comunicam com aqueles que não estão pre-
sentes e são eles que lhes respondem. E ninguém ouve a resposta dada por eles a não ser aquele que as invocou e só ele acredita
que responderam. A projeção faz a percepção e tu não podes ver além dela. Atacaste o teu irmão uma e outra vez, porque viste
nele a sombra de uma figura do teu mundo privado. E por ser assim, não podes deixar de atacar a ti mesmo em primeiro lugar, pois
o que atacas não está nos outros. Sua única realidade está na tua própria mente e ao atacares a outros, estás literalmente atacando
o que não existe.
4. Os iludidos podem ser muito destrutivos, pois não reconhecem que condenaram a si mesmos. Não desejam morrer, no entanto,
não é sua vontade abandonar a condenação. E assim se separam em seus mundos privados, onde tudo é desordenado e onde o
que está dentro aparenta estar fora. No entanto, o que está dentro eles não vêem, pois não são capazes de reconhecer a realidade
dos seus irmãos.
5. Tu não tens mais do que duas emoções, mesmo assim, no teu mundo privado, reages a cada uma como se fosse a outra. Pois o
amor não pode habitar em um mundo à parte, onde não é reconhecido quando vem. Se vês o teu próprio ódio como se fosse o teu
irmão, não o estás vendo. Todos são atraídos pelo que amam e se afastam do que temem. E tu reages ao amor com medo e te afas-
tas dele. No entanto, o medo te atrai e acreditando que é amor, tu o chamas para ti. O teu mundo privado está cheio de figuras de
medo que convidaste a entrar e todo o amor que os teus irmãos te oferecem, tu não vês.
6. Quando olhas para o teu mundo com olhos abertos, necessariamente te ocorre que caíste na insanidade. Vês o que não existe e
ouves o que não tem som. As tuas manifestações das emoções são o oposto do que são as emoções. Não te comunicas com nin-
guém e estás tão isolado da realidade como se estivesses sozinho em todo o universo. Na tua loucura deixas de ver completamente
a realidade e, para onde quer que olhes, vês apenas a tua própria mente dividida. Deus te chama e tu não ouves, pois estás preocu-
pado com a tua própria voz. E a visão de Cristo não está na tua vista, pois olhas para ti mesmo sozinho.
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UM CURSO EM MILAGRES
7. Pequena criança, oferecerias isso ao teu Pai? Pois se o ofereces a ti mesma, o estás oferecendo a Ele. E Ele não te dará isso de
volta, pois é indigno de ti porque é indigno Dele. No entanto, Ele quer liberar-te disso e deixar-te livre. A Resposta sã do teu Pai te
diz que o que tens oferecido a ti mesma não é verdadeiro, mas o Seu oferecimento a ti nunca mudou. Tu, que não sabes o que fa-
zes, podes aprender o que é a insanidade e olhar para o que está além dela. É dado a ti aprender como negar a insanidade e s air
do teu mundo privado em paz. Verás tudo o que negaste nos teus irmãos porque o negaste em ti mesma. Pois os amarás e aproxi-
mando-te deles os atrairás a ti, percebendo-os como testemunhas da realidade que compartilhas com Deus. Eu estou com eles as-
sim como estou contigo e nós os atrairemos para que saiam de seus mundos privados, pois assim como nós estamos unidos, da
mesma forma queremos nos unir a eles. O Pai dá boas-vindas a todos nós com contentamento e contentamento é o que devemos
oferecer a Ele. Pois todo Filho de Deus é dado a ti, a quem Deus deu a Si Mesmo. E é Deus Que tens que oferecer a eles, para
reconheceres a Sua dádiva a ti.
8. A visão depende da luz. Não podes ver na escuridão. Apesar disso, na escuridão, no mundo privado do sono, tu vês em sonhos,
embora os teus olhos estejam fechados. E é aqui que vês o que tu mesmo fizeste. Mas deixa que as trevas desapareçam e tudo o
que fizeste tu não mais verás, pois enxergar isso depende da negação da Visão. Contudo, da negação da visão não decorre que não
possas ver. Mas é isso o que a negação faz, pois através dela tu aceitas a insanidade, acreditando que podes fazer um mundo pri-
vado e governar a tua própria percepção. Mas, para isso, é necessário que a luz seja excluída. Quando vem a luz, os sonhos desa-
parecem e podes ver.
9. Não busques a visão através dos teus olhos, pois fizeste um modo de ver para que pudesses ver na escuridão e nisso estás enga-
nado. Além dessa escuridão e ainda dentro de ti, está a visão de Cristo Que olha para tudo na luz. A tua "visão" vem do medo, assim
como a Sua vem do amor. E Ele vê para ti, como tua testemunha do mundo real. Ele é a manifestação do Espírito Santo, olhando
sempre para o mundo real, invocando as suas testemunhas e atraindo-as a ti. Ele ama o que vê dentro de ti e quer estendê-lo. E Ele
não voltará para o Pai enquanto não tiver estendido a tua percepção até o Pai. E lá, já não há mais percepção, pois Ele o terá levado
de volta ao Pai junto com Ele.
10. Tens apenas duas emoções, uma feita por ti e outra que te foi dada. Cada uma é um modo de ver e mundos diferentes nascem
em função de suas óticas diferentes. Vê através da visão que te é dada, pois através da visão de Cristo, Ele contempla a Si mesmo.
E vendo o que Ele é, Ele conhece o Seu Pai. Além dos teus sonhos mais escuros, Ele vê o Filho de Deus sem culpa dentro de ti,
brilhando na radiância perfeita que não é atenuada pelos teus sonhos. E isso tu verás na medida em que olhares com Ele, pois a
Sua visão é a Sua dádiva de amor a ti, dada a Ele pelo Pai para ti.
11. O Espírito Santo é a luz na qual Cristo está revelado. E todos aqueles que querem contemplá-Lo podem vê-Lo, pois pediram luz.
E não O verão sozinhos, pois Ele não é sozinho assim como eles também não o São. Porque viram o Filho, ressuscitaram Nele para
o Pai. E tudo isso eles compreenderão porque olharam para dentro e viram, além da escuridão, o Cristo presente neles e O reco-
nheceram. Na sanidade da Sua visão, eles olharam para si próprios com amor, vendo-se como o Espírito Santo os vê. E com essa
visão da verdade em si mesmos, veio toda a beleza do mundo para brilhar sobre eles.

VI. Encontrar o presente


1. Perceber verdadeiramente é estar ciente de toda a realidade através da consciência da tua própria realidade. Mas para tanto, não
podem surgir ilusões visíveis aos teus olhos, pois a realidade não deixa espaço para erro nenhum. Isso significa que percebes um
irmão somente como o vês agora. O passado do teu irmão não tem realidade no presente, portanto, não podes vê-lo. As tuas rea-
ções passadas a ele também não estão presentes, e se é a elas que reages, vês apenas uma imagem que fizeste e aprecias em
lugar dele. No teu questionamento das ilusões, pergunta a ti mesmo se é verdadeiramente são perceber o que foi como sendo ago-
ra. Se te lembras do passado quando olhas para o teu irmão, serás incapaz de perceber a realidade que é agora.
2. Consideras "natural" usar a tua experiência passada como ponto de referência a partir do qual julgar o presente. No entanto, isso
não é natural porque é delusório. Quando tiveres aprendido a olhar para todas as pessoas sem fazer absolutamente nenhuma refe-
rência ao passado, ou ao delas ou ao teu, conforme o percebias, serás capaz de aprender com o que vês agora. Pois o passado não
pode fazer nenhuma sombra para obscurecer o presente, a não ser que tu tenhas medo da luz. E só nesse caso é que escolherias
trazer a escuridão contigo e, mantendo-a em tua mente, vê-la como uma nuvem escura que envolve os teus irmãos e esconde a sua
realidade da tua vista.
3. Essa escuridão está em ti. O Cristo, como te está sendo revelado agora, não tem passado, pois Ele é imutável e na Sua imutabili-
dade está a tua liberação. Pois se Ele é como foi criado, não há nenhuma culpa Nele. Nenhuma nuvem de culpa se ergueu para
obscurecê-Lo e Ele está revelado em todas as pessoas que encontras porque O vês através Dele Mesmo. Nascer de novo é deixar
que o passado se vá e olhar para o presente sem condenação. A nuvem que obscurece o Filho de Deus para ti é o passado e se
quiseres que o passado seja passado e se vá, é preciso que não o vejas agora. Se o vês agora em tuas ilusões, ele não saiu de ti,
embora não esteja presente.
4. O tempo pode liberar bem como aprisionar, dependendo de quem é a interpretação que usas. Passado, presente e futuro não são
contínuos, a não ser que tu lhes imponhas continuidade. Podes percebê-los como contínuos e fazer com que sejam assim para ti.
Mas não te enganes, para depois acreditar que é assim. Pois acreditar que a realidade é aquilo que queres que ela seja, de acordo
com o uso que fazes dela, é delusório. Tu queres destruir a continuidade do tempo fragmentando-o em passado, presente e futuro
para os teus próprios propósitos. Queres antecipar o futuro com base na tua experiência passada e planejá-lo de acordo com isso.
Entretanto, fazendo assim, estás alinhando passado e futuro e não estás permitindo o milagre, que poderia intervir entre eles, liber-
tando-te para nascer de novo.
5. O milagre te capacita a ver o teu irmão sem passado e assim percebê-lo como tendo nascido de novo. Os erros do teu irmão são
todos do passado e por percebê-lo sem erros, tu o estás liberando. E como o passado do teu irmão é o teu, compartilhas dessa libe-
ração. Não deixes que nenhuma nuvem escura do teu passado o obscureça separando-o de ti, pois a verdade está apenas no pre-
sente e tu a acharás se a buscares lá. Tu a tens procurado onde ela não está e, portanto, não a achaste. Aprende, então, a buscá-la
onde ela está e despontará em olhos que vêem. O teu passado foi feito na raiva e se o usares para atacar o presente, não verás a
liberdade que o presente contém.
6. O julgamento e a condenação ficaram para trás e a não ser que os tragas contigo, verás que estás livre deles. Olha com amor para
o presente, pois ele guarda as únicas coisas que são verdadeiras para sempre. Toda a cura está dentro dele porque a sua continui-
dade é real. Ele se estende a todos os aspectos da Filiação ao mesmo tempo e assim os capacita a alcançarem uns aos outros. O

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UM CURSO EM MILAGRES
presente é antes do tempo ser e será quando o tempo não mais for. Nele estão todas as coisas que são eternas e elas são uma só.
A sua continuidade é sem tempo e a sua comunicação não se quebra, pois não estão separadas pelo passado. Só o passado pode
separar e ele não está em lugar nenhum.
7. O presente te oferece os teus irmãos na luz que te uniria a eles e te libertaria do passado. Irias tu, então, manter o passado contra
eles? Pois se o fizeres, estás escolhendo permanecer na escuridão que não existe e recusando-te a aceitar a luz que te é oferecida.
Pois a luz da visão perfeita é dada livremente, assim como é livremente recebida e só pode ser aceita sem limites. Nesta única di-
mensão do tempo, imóvel e imutável e onde não há sinal do que foste, olhas para o Cristo e chamas as Suas testemunhas para bri-
lhar sobre ti porque as invocaste. E elas não negarão a verdade em ti, porque a procuraste nelas e lá a achaste.
8. Agora é o tempo da salvação, porque agora é a liberação do tempo. Alcança todos os teus irmãos e toca-os com o toque de Cristo.
Na união intemporal com eles está a tua continuidade, ininterrupta porque é totalmente compartilhada. O Filho de Deus sem culpa é
apenas luz. Não há escuridão nele em parte alguma, pois ele é íntegro. Chama todos os teus irmãos para testemunhar a sua integri-
dade, assim como eu estou te chamando para unir-te a Mim. Cada voz tem uma parte na canção da redenção, o hino de contenta-
mento e ação de graças pela luz ao Criador da luz. Sua luz santa que brilha a partir do Filho de Deus é a testemunha de que a sua
luz é do seu Pai.
9. Deixa que a tua luz brilhe sobre os teus irmãos em memória do teu Criador, pois irás lembrar-te Dele à medida em que invocas as
testemunhas da Sua criação. Aqueles a quem curas dão testemunho da tua cura, pois na sua integridade verás a tua. E à medida
em que os seus hinos de louvor e contentamento elevam-se até o teu Criador, Ele devolverá os teus agradecimentos em Sua Res-
posta clara ao teu chamado. Pois é impossível que o Seu Filho O invoque e permaneça sem resposta. O Seu chamado a ti não é
senão o teu chamado a Ele. E Nele tu és respondido pela Sua paz.
10. Criança de luz, não sabes que a luz está em ti. No entanto, achá-la-ás através das suas testemunhas, pois tendo-lhes dado luz,
elas a devolverão. Cada um que vês na luz, traz a tua luz para mais perto da tua consciência. O amor sempre conduz ao amor. Os
doentes, que pedem amor, são gratos por ele e em sua alegria resplandecem com gratidão santa. E isso eles oferecem a ti, que
lhes deste alegria. Eles são os teus guias para a alegria, pois tendo-a recebido de ti, querem conservá-la. Tu os estabeleceste como
guias para a paz, pois fizeste com que ela se manifestasse neles. E ao vê-la, a sua beleza te chama de volta ao lar.
11. Há uma luz que esse mundo não pode dar. Entretanto, tu podes dá-la, assim como te foi dada. E na medida em que a dás, ela
resplandece chamando-te para sair do mundo e segui-La. Pois essa luz vai te atrair como nada nesse mundo pode fazê-lo. E deixa-
rás de lado o mundo e acharás outro. Esse outro mundo resplandece com o amor que tu lhe tens dado. E aqui todas as coisas irão
lembrar-te do teu Pai e do Seu Filho santo. A luz é ilimitada e se espalha através deste mundo em serena alegria. Todos aqueles que
trouxeste contigo resplandecerão sobre ti e tu resplandecerás sobre eles em gratidão porque te trouxeram aqui. A tua luz reunir-se-á
à deles em um poder tão convincente que atrairá outros para que saiam das trevas à medida em que tu os olhares.
12. Despertar em Cristo é seguir as leis do amor pelo teu livre arbítrio a partir do quieto reconhecimento da verdade que elas contêm.
A atração da luz tem que atrair-te voluntariamente e essa disponibilidade tem seu significado no dar. Aqueles que aceitam o amor de
tua parte vêm a ser as testemunhas voluntárias do amor que tu lhes deste e são eles que o oferecem a ti. No sono, estás sozinho e a
tua consciência se limita a ti mesmo. E é por isso que os pesadelos vêm. Sonhas com o isolamento porque os teus olhos estão fe-
chados. Não vês os teus irmãos e, na escuridão, não podes olhar para a luz que deste a eles.
13. E apesar disso, as leis do amor não são suspensas porque dormes. E as tens seguido através de todos os teus pesadelos e tens
sido fiel no que deste, pois não estavas sozinho. Mesmo no sono Cristo te protegeu, garantindo-te o mundo real quando acordares.
Em teu nome, Ele deu por ti e te deu as dádivas que deu. O Filho de Deus é ainda tão amoroso quanto seu Pai. Contínuo em relação
a seu Pai, ele não tem passado à parte Dele. Assim, nunca deixou de ser a testemunha do seu Pai e a sua própria. Embora ele te-
nha dormido, a visão de Cristo não o deixou. E é por isso que ele pode chamar para si mesmo as testemunhas que lhe ensinam que
ele nunca esteve adormecido.

VII. Alcançar o mundo real


1. Senta-te em quietude e olha para o mundo que vês e dize a ti mesmo: ―O mundo real não é assim. Não tem edifícios e não tem
ruas por onde as pessoas andam sozinhas e separadas. Não tem lojas onde as pessoas compram uma lista sem fim de coisas das
quais elas não necessitam. Não é iluminado com luz artificial e as noites não caem sobre ele. Não há dia que se ilumine e depois vá
se apagando. Não há nenhuma perda. Nada lá deixa de brilhar e brilha para sempre‖.
2. O mundo que vês tem que ser negado, pois ver isso está te custando um tipo diferente de Visão. Tu não podes ver ambos os mun-
dos, pois cada um envolve um modo diferente de ver e depende do que tu aprecias. A negação de um faz com que seja possível ve r
o outro. Ambos não são verdadeiros, embora qualquer um dos dois possa te parecer real na medida em que o valorizares. E, no
entanto, o seu poder não é o mesmo porque a sua real atração sobre ti é desigual.
3. Tu realmente não queres o mundo que vês, porque ele te desapontou desde o início dos tempos. As casas que construíste nunca
te deram abrigo. As estradas que fizeste nunca te conduziram a lugar nenhum e nenhuma cidade construída por ti suportou o assalto
esmagador do tempo. Nada do que fizeste tem outra marca senão a da morte sobre si mesmo. Não valorizes essas coisas porque
elas são velhas e gastas e estão prontas para retornar ao pó desde o momento em que as fizeste. Esse mundo de dor não tem o
poder de tocar o mundo vivo em absoluto. Tu não poderias lhe dar esse poder e embora lhe dês as costas tristemente, não podes
achar nesse mundo a estrada que conduz para longe dele, para um outro mundo.
4. Entretanto, o mundo real tem o poder de tocar-te mesmo aqui porque tu o amas. E o que chamas com amor virá a ti O amor sem-
pre responde, sendo incapaz de negar um pedido de ajuda ou de não ouvir os gritos de dor que se erguem até ele de todas as par-
tes desse estranho mundo que fizeste, mas não queres. Tudo o que precisas para entregar esse mundo trocando-o com contenta-
mento pelo que não fizeste é a disponibilidade para aprender que o que fizeste é falso.
5. Tu tens estado errado a respeito do mundo porque julgaste a ti mesmo de forma equivocada. O que poderias ver de um ponto de
referência tão distorcido? Tudo o que é visto parte de quem percebe e julga o que é verdadeiro e o que é falso. E o que ele julga
como falso, ele não Vê. Tu, que queres julgar a realidade, não podes vê-la, pois sempre que entra o julgamento, a realidade foge. O
que está fora da mente está fora da vista, porque o que é negado está presente, mas não é reconhecido. Cristo ainda está presente,
embora tu não O conheças. O que Ele é não depende do teu reconhecimento. Ele vive dentro de ti no sereno momento presente e
espera que deixes para trás o passado e entres no mundo que Ele te oferece com amor.

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UM CURSO EM MILAGRES
6. Ninguém nesse mundo distraído viu mais do que alguns vislumbres do outro mundo em torno de Si. Entretanto, enquanto ele ainda
dá valor ao seu próprio mundo, negará a visão do outro, insistindo em que ama aquilo que não ama e deixando de seguir a estrada
que o amor aponta. O amor conduz com tanto contentamento! A medida em que O segues, regozijar-te-ás por teres achado a Sua
companhia e teres aprendido com Ele a feliz jornada ao lar. Tu só esperas por ti mesmo. Entregar esse triste mundo e trocar os teus
erros pela paz de Deus não é senão a tua vontade. E Cristo irá sempre oferecer-te a Vontade de Deus, reconhecendo que tu a com-
partilhas com Ele.
7. É a Vontade de Deus que nada toque o Seu Filho, exceto Ele próprio e que nada mais se aproxime dele. Ele está tão a salvo da
dor quanto o próprio Deus Que vela por ele em tudo. O mundo à sua volta brilha com amor porque Deus o colocou em Si Mesmo
onde não há dor e o amor o envolve incessante e infalivelmente. Sua paz não pode ser perturbada nunca. Em perfeita sanidade, ele
olha para o amor, pois o amor está em toda parte em torno dele e dentro dele. Ele tem que negar o mundo da dor no instante em que
percebe os braços do amor à sua volta. E deste ponto de segurança, ele olha em quietude em torno de si mesmo e reconhece que o
mundo é um com ele.
8. A paz de Deus só excede o teu entendimento no passado. Entretanto, ela está aqui e tu podes compreendê-la agora. Deus ama o
Seu Filho para sempre e Seu Filho corresponde ao Amor do seu Pai para sempre. O mundo real é o caminho que te conduz à lem-
brança da única coisa que é totalmente verdadeira e totalmente tua. Pois para tudo o mais tu emprestaste a ti mesmo no tempo e
tudo murchará. Mas essa única coisa é sempre tua, sendo a dádiva de Deus para Seu Filho. A tua única realidade te foi dada e atra-
vés dela Deus te criou um com Ele.
9. Em primeiro lugar, tu vais sonhar com a paz e então despertarás para ela. A tua primeira troca do que fizeste pelo que queres é a
troca dos pesadelos pelos sonhos felizes do amor. Neles estão as tuas verdadeiras percepções, pois o Espírito Santo corrige o mun-
do dos sonhos, onde está toda a percepção. O conhecimento não necessita de correção. No entanto, os sonhos de amor levam ao
conhecimento. Neles, nada vês de amedrontador e devido a isso, eles são as boas-vindas que ofereces ao conhecimento. O amor
espera pelas boas-vindas, não pelo tempo e o mundo real não é senão as tuas boas-vindas ao que sempre foi. Portanto, o chamado
da alegria está nele e a tua resposta feliz é o teu despertar para o que não perdeste.
10. Louva, então, o Pai, pela sanidade perfeita de Seu Filho santíssimo. O teu Pai sabe que não necessitas de nada. No Céu é assim,
pois de que poderias necessitar na eternidade? No teu mundo, de fato, tens necessidade de coisas. É um mundo de escassez no
qual tu te achas porque algo te falta. No entanto, é possível que te aches em tal mundo? Sem o Espírito Santo, a resposta seria não.
Entretanto, devido a Ele, a resposta é um alegre sim! Enquanto Mediador entre os dois mundos, Ele sabe do que necessitas e do
que não vai ferir-te. A propriedade é um conceito perigoso se é deixado por tua conta. O ego quer ter coisas para a salvação, pois a
posse é a sua lei. Possuir por possuir é o credo fundamental do ego, uma pedra angular básica nas igrejas que ele constrói para si
mesmo. E em seu altar ele exige que deposites todas as coisas que te pede para obter, não te deixando nenhuma alegria nelas.
11. Todas as coisas que o ego te diz que necessitas irão te ferir. Pois embora ele te peça com insistência e repetidamente que as
obtenhas, não te deixa nada, pois o que obténs ele vai exigir de ti. E das próprias mãos que as agarraram, serão arrancadas e lan-
çadas ao pó. Pois onde o ego vê salvação, ele vê separação e assim perdes tudo o que tiveres obtido em nome dele. Portanto, não
perguntes a ti mesmo do que é que necessitas, pois não sabes e o teu próprio conselho irá ferir-te. Pois o que pensas que necessi-
tas simplesmente servirá para fechar mais o teu mundo contra a luz e deixar-te sem vontade de questionar o valor que esse mundo
possa realmente ter para ti.
12. Só o Espírito Santo sabe do que necessitas. Pois Ele te dará todas as coisas que não bloqueiam o caminho para a luz. E de que
mais poderias necessitar? No tempo, Ele te dá todas as coisas que precisas ter e as renovará enquanto tiveres necessidade delas.
Ele não tirará de ti coisa alguma enquanto tiveres qualquer necessidade dela. E apesar disso, Ele sabe que tudo aquilo de que ne-
cessitas é temporário e só durará até que passes ao largo de todas as tuas necessidades e reconheças que todas elas foram preen-
chidas, por conseguinte, Ele não tem nenhum investimento nas coisas que fornece, exceto no sentido de assegurar-Se de que não
vais usá-las para prolongar-te no tempo. Ele sabe que lá não estás em casa e não é Sua Vontade que qualquer atraso adie a tua
alegre volta ao lar.
13. Deixa, então, as tuas necessidades com Ele. Ele as suprirá sem colocar nelas qualquer ênfase. O que vem a ti a partir Dele vem
com segurança, pois Ele garantirá que isso nunca venha a ser um ponto escuro, escondido em tua mente e mantido com o fim de
ferir-te. Sob a Sua orientação, viajarás sem cargas e caminharás na luz, pois a Sua vista está sempre no fim da jornada, que é a Sua
meta. O Filho de Deus não é um viajante através de mundos exteriores. Por mais santa que sua percepção venha a ser, nenhum
mundo exterior a ele contém a herança que lhe é devida. Dentro de si, ele não tem necessidades, pois a luz de nada necessita a não
ser brilhar em paz e deixar que os seus raios se estendam a partir de si mesma em quietude até o infinito.
14. Sempre que fores tentado a empreender uma jornada inútil que te conduzirá para longe da luz, lembra-te do que realmente que-
res e dize:
Espírito Santo me conduz a Cristo, a que outro lugar iria eu?
Que necessidade tenho eu senão a de despertar Nele?
15. Então, segue-O em alegria, com fé em que Ele te conduzirá com segurança através de todos os perigos para a paz da tua mente
que esse mundo possa colocar diante de ti. Não te ajoelhes diante dos altares ao sacrifício e não busques o que certamente irás
perder. Contenta-te com aquilo que com toda a certeza irás conservar e não sejas intranqüilo, pois empreendes uma jornada quieta
para a paz de Deus, onde Ele quer que estejas em quietude.
16. Em mim, já superaste todas as tentações que te atrasariam. Nós andamos juntos no caminho para a quietude, que é a dádiva de
Deus. Dá valor a mim, pois de que necessitas tu, senão de teus irmãos? Nós restauraremos para ti a paz da mente que temos que
achar juntos. O Espírito Santo te ensinará a despertar para nós e para ti mesmo. Essa é a única necessidade real a ser preenchida
no tempo. Salvar-te do mundo consiste apenas nisso. A minha paz, eu te dou. Toma-a de mim, trocando-a alegremente por tudo o
que o mundo tem te oferecido só para tomar de volta. E nós a espalharemos como um véu de luz através da face triste do mundo, na
qual escondemos nossos irmãos do mundo e o mundo deles.
17. Não podemos cantar sozinhos o hino da redenção. Minha tarefa não está completa enquanto eu não tiver erguido todas as vozes
junto com a minha. E no entanto, ela não é minha, porque assim como é minha dádiva a ti, foi a dádiva do Pai a mim, dada a mi m
através do Seu Espírito. O seu som abolirá a tristeza da mente do Filho santíssimo de Deus, onde ela não pode habitar. A cura no
tempo é necessária, pois a alegria não pode estabelecer seu reino eterno onde mora o pesar. Tu não moras aqui, mas na eternidade.

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UM CURSO EM MILAGRES
Viajas apenas em sonhos, enquanto estás a salvo em casa. Dá graças a cada parte de ti mesmo a qual tenhas ensinado como lem-
brar de ti. Assim o Filho de Deus dá graças ao seu Pai pela sua pureza.

VIII. Da percepção ao conhecimento


1. Toda cura é liberação do passado. É por isso que o Espírito Santo é o único Que cura. Ele ensina que o passado não existe, um
fato que pertence à esfera do conhecimento e, portanto, ninguém no mundo pode conhecer. De fato, seria impossível estar no mun-
do com esse conhecimento. Pois a mente que conhece isso, inequivocadamente também tem o conhecimento de que habita na e-
ternidade e não usa qualquer percepção. Portanto, ela não leva em consideração onde está, porque o conceito "onde" nada significa
para ela. Tem o conhecimento de que está em toda parte, assim como de que tudo possui e para sempre.
2. A diferença muito real existente entre percepção e conhecimento fica bastante evidente se consideras isso: nada há de parcial a
respeito do conhecimento. Cada aspecto é total e, portanto, nenhum aspecto é separado. Tu és um aspecto do conhecimento, es-
tando na Mente de Deus Que te conhece. Todo o conhecimento tem que ser teu, pois todo o conhecimento está em ti. A percepção,
no seu mais alto grau, nunca é completa. Mesmo a percepção do Espírito Santo, tão perfeita quanto a percepção pode ser, é sem
significado no Céu. A percepção pode alcançar todos os lugares sob a Sua orientação, pois a visão de Cristo contempla todas as
coisas na luz. No entanto, nenhuma percepção por mais santa que seja durará para sempre.
3. Assim sendo, a percepção perfeita tem muitos elementos em comum com o conhecimento, tornando possível sua transferência
para ele. No entanto, o último passo tem que ser dado por Deus, porque o último passo na tua redenção, que parece estar no futuro,
foi realizado por Deus na tua criação. A separação não o interrompeu. A criação não pode ser interrompida. A separação é meramen-
te uma formulação falha da realidade, sem nenhum efeito. O milagre, sem nenhuma função no Céu, é necessário aqui. Aspectos da
realidade ainda podem ser vistos e eles substituirão os aspectos da irrealidade. Aspectos da realidade podem ser vistos em todas as
coisas e em todos os lugares. Entretanto, só Deus pode reuni-los todos, coroando-os como um só com a dádiva final da eternidade.
4. À margem do Pai e do Filho, o Espírito Santo não tem função. Ele não está separado de nenhum dos dois, estando na Mente de
Ambos e conhecendo que a Mente é uma só. Ele é um Pensamento de Deus e Deus O deu a ti porque Ele não tem Pensamentos
que não compartilhe. A mensagem do Espírito Santo fala da intemporalidade no tempo e é por isso que a visão de Cristo olha para
tudo com amor. No entanto, mesmo a visão de Cristo não é a Sua Realidade. Os aspectos dourados da realidade que saltam à luz,
sob o olhar amoroso de Cristo, são vislumbres parciais do Céu que está além.
5. Esse é o milagre da criação: que ela é una para sempre. Todo milagre que ofereces ao Filho de Deus não é senão a verdadeira
percepção de um aspecto do todo. Embora cada aspecto seja o todo, não podes conhecer isso enquanto não vês que cada aspecto
é o mesmo, percebido à mesma luz e, portanto, um só. Dessa forma, todo aquele que é visto sem o passado te traz para mais perto
do fim dos tempos, trazendo à escuridão uma forma de ver que está curada e é capaz de curar fazendo com que o mundo possa ver.
Pois é preciso que a luz venha ao mundo escuro para fazer com que a visão de Cristo seja possível mesmo aqui. Ajuda-O a dar a
Sua dádiva de luz a todos aqueles que pensam que vagam nas trevas e permite que Ele os reuna em Sua visão serena fazendo com
que sejam um.
6. Eles todos são o mesmo; todos belos e iguais em sua santidade. E Ele os oferecerá ao Seu Pai assim como eles foram oferecidos
a Ele. Há um só milagre, como há uma só realidade. E cada milagre que fazes contém todos os milagres, assim como cada aspecto
da realidade que vês se funde em quietude à Realidade única de Deus. O único milagre que jamais existiu é o santíssimo Filho de
Deus, criado na única Realidade que é o seu Pai. A visão de Cristo é a Sua dádiva a ti. O que Ele é, é a dádiva de Seu Pai a Ele.
7. Fica contente com a cura, pois a dádiva de Cristo tu podes conceder e a dádiva do teu Pai não podes perder. Oferece a dádiva de
Cristo a todas as pessoas em todos os lugares, pois os milagres, oferecidos ao Filho de Deus através do Espírito Santo, te si ntoni-
zam com a realidade. O Espírito Santo conhece a tua parte na redenção e aqueles que estão buscando-te e onde achá-los. O co-
nhecimento está muito além da tua concemência individual. Tu, que és parte dele és todo ele, e só precisas reconhecer que ele é do
Pai e não teu. O teu papel na redenção te conduz a ele por restabelecer a sua unicidade em tua mente.
8. Quando tiveres visto os teus irmãos como tu mesmo, estarás liberado para o conhecimento, tendo aprendido a libertar-te através
Daquele Que conhece a liberdade. Une-te a mim sob a bandeira santa do Seu ensinamento e na medida em que crescemos em
força, o poder do Filho de Deus mover-se-á em nós e não deixaremos ninguém intocado e ninguém sozinho. E, de repente, o tempo
terá terminado e todos nós nos uniremos na eternidade de Deus, o Pai. A luz santa que viste fora de ti, em todo milagre que ofere-
ceste aos teus irmãos, retornará a ti. E conhecendo que a luz está em ti, as tuas criações lá estarão contigo assim como tu estás no
teu Pai.
9. Assim como os milagres nesse mundo te unem aos teus irmãos, também assim as tuas criações estabelecem a tua paternidade no
Céu. Tu és a testemunha da Paternidade de Deus e Ele te deu o poder de criar as testemunhas da tua que é como a Sua. Nega um
irmão aqui e negas as testemunhas da tua paternidade no Céu. O milagre que Deus criou é perfeito, assim como são os milagres
que tu estabeleceste em Seu Nome. Eles não necessitam de cura e nem tu, quando os aceitas.
10. Entretanto, nesse mundo, a tua perfeição não é testemunhada. Deus a conhece, mas tu não e assim não compartilhas o Seu
testemunho da tua perfeição. E nem dás testemunho Dele, pois para que a realidade seja testemunhada, o testemunho tem que ser
uno. Deus espera pelo teu testemunho do Seu Filho e Dele próprio. Os milagres que fazes na terra são erguidos para o Céu e para
Ele. Eles testemunham aquilo que tu não conheces e à medida que alcançam a porta do Céu, Deus a abrirá. Pois jamais Ele deixaria
Seu próprio Filho amado do lado de fora e além de Si Mesmo.

IX. A nuvem da culpa


1. A culpa continua sendo a única coisa que oculta o Pai, pois a culpa é o ataque ao Seu Filho. Os culpados sempre condenam e
tendo feito isso, eles ainda condenarão ligando o futuro ao passado conforme a lei do ego. A fidelidade a essa lei não permite a en-
trada da luz, pois ela exige fidelidade à escuridão e proíbe o despertar. As leis do ego são rígidas e as violações severamente puni-
das. Portanto, não obedeças de jeito nenhum às suas leis, pois são as leis da punição. E aqueles que as seguem acreditam que são
culpados e assim têm que condenar. Entre o futuro e o passado, as leis de Deus têm que intervir se queres te libertar. A Expiação se
interpõe entre eles como uma lâmpada que brilha com tal fulgor que a cadeia de escuridão na qual prendeste a ti mesmo desapare-
cerá.

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UM CURSO EM MILAGRES
2. A liberação da culpa é o desfazer de todo o ego. Não faças ninguém ficar com medo, pois a culpa do outro é a tua e obedecendo
às ordens duras do ego trazes para ti mesmo a sua condenação e não escaparás da punição que ele oferece àqueles que o obede-
cem. O ego recompensa a fidelidade a ele com dor, pois ter fé no ego é dor. E a fé só pode ser recompensada em termos da crença
na qual foi depositada. A fé faz o poder da crença e a recompensa que ela te dá é determinada por onde a investes. Pois a fé sem-
pre é dada àquilo que se considera um tesouro e o que é um tesouro para ti te é devolvido.
3. O mundo só pode te dar o que deste a ele, pois nada sendo além da tua própria projeção, não tem significado à parte do que a-
chaste nele e de onde depositaste a tua fé. Sê fiel à escuridão e não verás, porque a tua fé será recompensada assim como a deste.
Tu vais aceitar o teu tesouro e se depositas a tua fé no passado, o futuro será como ele. Seja o que for que valorizes, pensas que é
teu. O poder da tua avaliação fará com que seja assim.
4. A Expiação traz uma reavaliação de tudo o que aprecias, pois é o meio através do qual o Espírito Santo pode separar o falso e o
verdadeiro, os quais aceitaste em tua mente sem distinções. Portanto, não podes valorizar um sem valorizar o outro e a culpa veio a
ser tão verdadeira para ti quanto a inocência. Não acreditas que o Filho de Deus é sem culpa porque vês o passado e não o vês.
Quando condenas um irmão, estás dizendo: "Eu, que era culpado, escolho continuar sendo." Tu negaste a sua liberdade e ao fazer
isso negaste o testemunho da tua. Poderias com a mesma facilidade tê-lo libertado do passado e erguido da mente do teu irmão a
nuvem de culpa que o prende a ele. E na sua liberdade estaria a tua própria.
5. Não coloques a sua culpa sobre ele, pois a sua culpa está em seu pensamento secreto de que foi ele quem fez isso a ti. Irias tu,
então, ensinar-lhe que ele está certo em sua delusão? A idéia de que o Filho de Deus sem culpa pode atacar a si mesmo e se fazer
culpado é insana. Sob qualquer forma, em qualquer pessoa, não acredites nisso. Pois pecado e condenação são a mesma coisa e a
crença em um deles é fé no outro invocando a punição em vez do amor. Nada pode justificar a insanidade e invocar punição para ti
mesmo não pode deixar de ser insano.
6. Não vejas, portanto, ninguém como culpado e assim afirmarás a verdade da inculpabilidade para ti mesmo. Em toda condenação
que ofereces ao Filho de Deus está a convição da tua própria culpa. Se queres que o Espírito Santo te liberte da culpa, aceita a Sua
oferta da Expiação para todos os teus irmãos. Pois assim aprendes que ela é verdadeira para ti. Lembra-te sempre que é impossível
condenar o Filho de Deus parcialmente. Aqueles que vês como culpados vêm a ser as testemunhas da culpa em ti e lá a verás, pois
ela está lá enquanto não for desfeita. A culpa sempre está na tua mente, que condenou a si mesma. Não a projetes, pois quando o
fazes, ela não pode ser desfeita. Por cada um que liberas da culpa, grande é a alegria no Céu, onde as testemunhas da tua paterni-
dade se regozijam.
7. A culpa te cega, pois enquanto vires uma única mancha de culpa dentro de ti, não verás a luz. E ao projetá-la, o mundo parece ser
escuro e estar amortalhado na tua culpa. Jogas um véu escuro sobre ele e não podes vê-lo porque não podes olhar para dentro.
Tens medo do que irias ver lá, mas isso não está lá. Essa coisa que temes se foi. Se olhasses para dentro verias apenas a Expiação
brilhando em quietude e em paz sobre o altar ao teu Pai.
8. Não tenhas medo de olhar para dentro. O ego te diz que tudo é negro de culpa dentro de ti e pede que não olhes. Em vez disso,
pede que olhes para os teus irmãos e vejas neles a culpa. No entanto, isso não podes fazer sem permaneceres cego. Pois aqueles
que vêem os seus irmãos no escuro, e culpados no escuro no qual eles os amortalharam, estão por demais temerosos para olhar
para a luz interior. Dentro de ti não está aquilo que acreditas que esteja e no qual depositas a tua fé. Dentro de ti está o sinal santo
da fé perfeita que o teu Pai tem em ti. Ele não te avalia como tu te avalias. Ele Se conhece e conhece a verdade em ti. Ele tem o
conhecimento de que não há diferença, pois não conhece diferenças.Podes ver culpa onde Deus tem conhecimento da inocência
perfeita? Podes negar o Seu conhecimento, mas não podes mudá-lo. Olha, então, para a luz que Ele colocou dentro de ti e aprende
que o que temias que estivesse lá foi substituído pelo amor.

X. A liberação da culpa
1. Estás acostumado com a noção de que a mente pode ver a fonte da dor onde ela não está. O serviço duvidoso que presta esse
deslocamento é esconder a fonte real da culpa e manter longe da tua consciência a percepção plena de que ela é insana. O deslo-
camento é sempre mantido pela ilusão de que a fonte da culpa, da qual se desloca a atenção, tem que ser verdadeira e tem que ser
assustadora, ou não a terias deslocado para o que acreditas ser menos amedrontados. Estás, então, disposto a olhar para todos os
tipos de "fontes", desde que elas não sejam a fonte mais profunda, com a qual não têm qualquer relacionamento real.
2. As idéias insanas não têm nenhum relacionamento real e é por isso que são insanas. Nenhum relacionamento real pode se basear
na culpa, nem sequer reter uma pequena mancha de culpa para macular a sua pureza. Pois todos os relacionamentos que a culpa
tocou são usados só para evitar a pessoa e a culpa. Que estranhos relacionamentos fizeste com esse estranho propósito! E te es-
queceste que relacionamentos reais são santos e não podem ser usados por ti de forma alguma. São usados exclusivamente pelo
Espírito Santo e é isso o que faz com que sejam puros. Se deslocas a tua culpa e a colocas sobre eles, o Espírito Santo não pode
usá-los. Pois se, de antemão, consomes para os teus próprios fins o que deverias ter dado a Ele, Ele não pode usá-lo para a tua
liberação. Ninguém que queira unir-se de qualquer modo com qualquer outra pessoa para a sua salvação individual vai achá-la nes-
se estranho relacionamento. Ele não é compartilhado e, portanto, não é real.
3. Em qualquer união com um irmão na qual busques colocar nele a tua culpa, ou compartilhá-la com ele, ou perceber a sua, tu te
sentirás culpado. E nem encontrarás satisfação e paz com ele, porque a tua união com ele não é real. Verás culpa nesse relaciona-
mento porque lá a terás colocado. É inevitável que aqueles que sofrem de culpa tentem deslocá-la porque acreditam nela. Apesar
disso, embora sofram, não olharão para dentro e não permitirão que ela se vá. Eles não podem ter o conhecimento de que amam e
não podem compreender o que é o amor. Sua preocupação principal é perceber a fonte da culpa fora de si mesmos, além do seu
próprio controle.
4. Quando afirmas que és culpado, mas que a fonte da tua culpa está no passado, não estás olhando para dentro. O passado não
está em ti. As tuas estranhas associações com ele não têm significado no presente. No entanto, deixas que elas se interponham
entre tu e os teus irmãos, com quem não encontras quaisquer relacionamentos reais. Podes esperar usar os teus irmãos como um
meio de "resolver" o passado e ainda assim vê-los como eles realmente são? A salvação não é achada por aqueles que usam os
seus irmãos para resolver problemas que não existem. Tu não quiseste a salvação no passado. lrias impor os teus desejos vãos ao
presente e esperar achar a salvação agora?
5. Determina-te, então, a não ser como foste. Não uses nenhum relacionamento para prender-te ao passado, mas com cada um
deles nasce de novo a cada dia. Um minuto, e até menos, será suficiente para libertar-te do passado e entregar a tua mente em paz
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UM CURSO EM MILAGRES
à Expiação. Quando todas as pessoas forem bem-vindas para ti assim como queres ser bem-vindo para o teu Pai, não verás culpa
nenhuma em ti mesmo. Pois terás aceito a Expiação que brilhou dentro de ti por todo o tempo em que estiveste sonhando com cul-
pa, sem querer olhar para dentro e ver.
6. Enquanto acreditas que a culpa é justificada de alguma forma, em qualquer um, não importa o que ele faça, não olharás para den-
tro onde sempre irias achar a Expiação. O fim da culpa nunca virá enquanto acreditares que há uma razão para ela. Pois tens que
aprender que a culpa sempre é totalmente insana e não tem razão. O Espírito Santo não busca dissipar a realidade. Se a culpa fosse
real, a Expiação não seria. O propósito da Expiação é o de dissipar ilusões, não o de estabelecê-las como reais e então perdoá-las.
7. O Espírito Santo não mantém ilusões em tua mente para assustar-te e nem as mostra a ti, de maneira amedrontadora, para de-
monstrar do que Ele te salvou. Aquilo de que Ele te salvou se foi. Não dês realidade à culpa e não vejas razão para ela. O Espírito
Santo faz o que Deus quer que Ele faça e sempre fez assim. Ele tem visto a separação, mas conhece a união. Ele ensina a cura
mas também conhece a criação. 'Ele quer que tu vejas e ensines como Ele faz e através Dele. Entretanto, o conhecimento que Ele
tem tu não tens, embora seja teu.
8. Agora te é dado curar e ensinar, para fazeres o que vai ser o agora. Por enquanto, ainda não é agora. O Filho de Deus acredita
que está perdido em culpa, sozinho em um mundo escuro onde a dor que vem de fora o pressiona em toda parte. Quando tiver olha-
do para dentro e visto a radiância que se encontra lá, lembrar-se-á do quanto seu Pai o ama. Se parecerá inacreditável que ele ja-
mais tenha pensado que seu Pai não o amava e olhava para ele como para um condenado. 6No momento em que reconheceres que
a culpa é insana, totalmente injustificada e totalmente sem razão, não terás medo de olhar para a Expiação e aceitá-la totalmente.
9. Tu, que não tens sido misericordioso para contigo mesmo, não te lembras do Amor do teu Pai. E olhando sem misericórdia para os
teus irmãos, não te lembras do quanto tu O amas. Entretanto isso é para sempre verdadeiro. Na paz brilhante dentro de ti está a
perfeita pureza em que foste criado. Não tenhas medo de olhar para a bela verdade em ti. bolha através da nuvem de culpa que tur-
va a tua visão e olha para o que vem depois da escuridão, para o lugar santo onde verás a luz. O altar para o teu Pai é tão puro
quanto Aquele Que o ergueu para Si Mesmo. Nada pode afastar de ti o que Cristo quer que vejas. A Sua Vontade é como a do Seu
Pai e Ele oferece misericórdia a toda criança de Deus, como quer que tu o faças.
10. Libera da culpa do mesmo modo como queres ser liberado. Não há nenhum outro modo de olhar para dentro e ver a luz do amor,
brilhando tão constantemente e com tanta segurança quanto o próprio Deus tem sempre amado Seu Filho. E como Seu Filho O ama.
Não existe medo no amor, porque o amor é sem culpa. Tu, que sempre amaste o teu Pai, não podes ter medo, por nenhuma razão,
de olhar para dentro e ver a tua santidade. Não podes ser como acreditavas que eras. A tua culpa não tem razão porque ela não está
na Mente de Deus, onde tu estás. E isso é razão, que o Espírito Santo quer restaurar em ti. Ele só removerá ilusões. Tudo o mais Ele
quer te fazer ver. E na visão de Cristo, Ele vai mostrar-te a pureza perfeita que está para sempre dentro do Filho de Deus.
11. Tu não podes entrar em nenhum relacionamento real com nenhum dos Filhos de Deus a não ser que os ames a todos e igual-
mente. O amor não é especial. Se selecionas uma parte da Filiação para o teu amor, estás impondo a culpa a todos os teus relacio-
namentos e fazendo com que todos sejam irreais. Tu só podes amar como Deus ama. Não busques amar de modo diferente do Seu,
pois não há amor à parte do Seu. Até que reconheças que isso é verdadeiro, não terás nenhuma idéia de como é o amor. Ninguém
que condene um irmão é capaz de ver-se sem culpa e na paz de Deus. Se ele é sem culpa e está em paz mas não vê, ele é delusó-
rio e não olhou para si mesmo. A ele, eu digo:
Eis aqui o Filho de Deus, olha para a sua pureza e pára. Em quietude olha para a sua santidade, e dá graças ao seu Pai porque ne-
nhuma culpa jamais o tocou.
12. Nenhuma ilusão que possas jamais ter mantido contra ele tocou a sua inocência de forma alguma. A sua pureza resplandecente,
totalmente intocada pela culpa e totalmente amorosa, está brilhando dentro de ti. Vamos olhar para ele juntos e amá-lo. Pois no amor
a ele está a tua inculpabilidade. Apenas olha para ti mesmo e o contentamento e a apreciação pelo que vês banirão a culpa para
sempre. Graças Te dou, Pai, pela pureza do Teu santíssimo Filho, a quem Tu criaste sem culpa para sempre.
13. Como tu, a minha fé e a minha crença estão centradas naquilo que é o meu tesouro. A diferença está em que eu amo somente o
que Deus ama comigo e por causa disso, eu te valorizo além do valor que estabeleceste para ti mesmo; eu te valorizo com o mesmo
valor que Deus colocou em ti. Eu amo tudo o que Ele criou e ofereço a isso toda a minha fé e toda a minha crença. Minha fé em ti é
tão forte quanto todo o amor que eu dou ao meu Pai. Minha confiança em ti é sem limites e sem medo de que não vás me ouvir. Eu
agradeço ao Pai pela tua beleza e pelas muitas dádivas que vais permitir que eu ofereça ao Reino em honra da sua integridade, que
é de Deus.
14. Que o louvor seja dado a ti que fazes com que o Pai seja um com o Seu próprio Filho. Sozinhos, todos somos pequenos, mas
juntos brilhamos com um fulgor tão intenso que nenhum de nós por si mesmo pode sequer imaginar. Diante da radiância gloriosa do
Reino a culpa se desmancha e, transformada em benignidade, nunca mais será o que foi. Cada reação que experimentas será tão
purificada, que poderá ser usada como um hino de louvor ao teu Pai. Vê apenas louvor a Ele no que Ele criou, pois Ele nunca cessa-
rá o Seu louvor a ti. Unidos nesse louvor estamos diante da porta do Céu, onde com certeza entraremos na nossa impecabilidade.
Deus te ama. Poderia eu, então, não ter fé em ti e amá-Lo perfeitamente?

XI. A paz do Céu


1. Segundo o conselho do ego, o esquecimento, o sono e até mesmo a morte vêm a ser a melhor forma de se lidar com o que se
percebe como a intrusão áspera da culpa na paz. Entretanto, ninguém se vê em conflito, devastado por uma guerra cruel, a não ser
que acredite que ambos os oponentes na guerra são reais. Acreditando russo, ele tem que escapar, pois uma tal guerra com toda
certeza acabaria com a paz da sua mente e o destruiria. Contudo, se ele pudesse apenas reconhecer que tal guerra se dá entre po-
deres reais e irreais, poderia olhar para si mesmo e ver a própria liberdade. Ninguém se acha devastado e dilacerado em batalhas
sem fim, se ele próprio as percebe como totalmente sem significado.
2. Deus não quer que o Seu Filho viva em batalhas e assim, o "inimigo" imaginado do Seu Filho é totalmente irreal. Estás apenas
tentando escapar de uma guerra amarga, da qual já escapaste. A guerra acabou. Pois ouviste o hino da liberdade erguendo-se ao
Céu. O contentamento e a alegria pertencem a Deus pela tua liberação, porque não a fizeste. Entretanto, assim como não fizeste a
liberdade, também não fizeste uma guerra que pudesse colocar em perigo a liberdade. Nada destrutivo jamais foi ou será. A guerra,
a culpa, o passado, foram-se como um só para a irrealidade de onde vieram.

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UM CURSO EM MILAGRES
3. Quando estivermos todos unidos no Céu, não valorizarás nada do que valorizas aqui. Pois nada do que valorizas aqui, valorizas
totalmente e assim não o valorizas em absoluto. O valor está onde Deus o colocou e o valor do que Deus aprecia não pode ser jul-
gado, pois foi estabelecido. O seu valor é total. Pode meramente ser apreciado ou não. Valorizá-lo parcialmente é não conhecer o
seu valor. No Céu está tudo o que Deus valoriza e nada mais. O Céu é perfeitamente sem ambigüidade. Tudo é claro e brilhante e
invoca uma única resposta. Não há nenhuma escuridão e não há nenhum contraste. Não há nenhuma variação. Não há nenhuma
interrupção. Há um senso de paz tão profundo que nenhum sonho nesse mundo jamais trouxe nem sequer um leve indício do que
seja isso.
4. Nada nesse mundo pode dar essa paz porque nada nesse mundo é totalmente compartilhado. A percepção perfeita simplesmente
pode mostrar-te o que pode ser totalmente compartilhado. Pode também mostrar-te os resultados do compartilhar, enquanto ainda te
lembras dos resultados de não-compartilhar. O Espírito Santo aponta serenamente o contraste, tendo o conhecimento de que vais
afinal permitir que Ele julgue a diferença para ti, deixando que Ele demonstre o que não pode deixar de ser verdadeiro. Ele tem fé
perfeita no teu julgamento final, porque Ele tem o conhecimento de que o fará para ti. Duvidar disso seria duvidar de que a Sua mis-
são vai ser cumprida. Como isso é possível, se a Sua missão é de Deus?
5. Tu, cuja mente está escurecida pela dúvida e pela culpa, lembra-te disso: Deus te deu o Espírito Santo e deu a Ele a missão de
remover toda dúvida e todo traço de culpa que o Seu Filho querido lançou sobre si mesmo. É impossível que essa missão falhe.
Nada pode impedir a realização daquilo que Deus quer realizar. Quaisquer que sejam as tuas reações à Voz do Espírito Santo, a que
estranhas vozes escolhes ouvir, que estranhos pensamentos possam te ocorrer, a Vontade de Deus é feita. Tu acharás a paz na qual
Ele te estabeleceu porque Ele não muda a Sua Mente. Ele é tão invariável quanto a paz em que tu habitas e da qual o Espírito Santo
te lembra.
6. Não vais te lembrar de mudança e deslocamentos no Céu. Só aqui tens necessidade de contrastes. Contrastes e diferenças são
recursos de ensino necessários, pois através deles aprendes o que evitar e o que buscar. Quando tiveres aprendido isso, acharás a
resposta que faz com que a necessidade de diferenças desapareça. A verdade vem por vontade própria ao que pertence a ela.
Quando tiveres aprendido que pertences à verdade, ela fluirá suavemente sobre ti, sem qualquer tipo de diferenças. Pois não neces-
sitarás de nenhum contraste para ajudar-te a reconhecer que isso, e só isso, é o que queres. Não tenhas medo de que o Espírito
Santo vá falhar no que o Pai Lhe deu para fazer. A Vontade de Deus não pode falhar em nada.
7. Tem fé apenas nesta única coisa e será o suficiente: a Vontade de Deus é que estejas no Céu e nada pode manter-te longe do
Céu ou o Céu longe de ti. As tuas mais estranhas percepções equivocadas, as tuas imaginações esquisitas, os teus mais negros
pesadelos, nada significam. Eles não prevalecerão contra a paz que é a Vontade de Deus para ti. O Espírito Santo restaurará a tua
sanidade porque a insanidade não é a Vontade de Deus. Se isso é suficiente para Ele, basta para ti. Não vais manter o que Deus
quer que seja removido, porque isso quebra a comunicação contigo, com quem Ele quer Se comunicar. A Sua Voz será ouvida.
8. O elo de comunicação que o próprio Deus colocou dentro de ti, unindo a tua mente à Sua, não pode ser quebrado. Tu podes acre-
ditar que queres fazê-lo e essa crença, de fato, interfere com a profunda paz na qual a doce e constante comunicação que Deus
quer compartilhar contigo é conhecida. Entretanto, os Seus canais para a extensão não podem estar totalmente fechados e separa-
dos Dele. A paz será tua porque a Sua paz ainda flui para ti a partir Dele, Cuja Vontade é paz. Tu a tens agora. O Espírito Santo vai
ensinar-te como usá-la e, estendendo-a, aprenderás que ela está em ti. A Vontade de Deus para ti é o Céu e nunca será nenhuma
outra coisa. O Espírito Santo conhece apenas a Sua Vontade. Não há chance de que o Céu não venha a ser teu, pois Deus é certo e
a Sua Vontade é tão certa quanto Ele.
9. Tu aprenderás a salvação porque aprenderás como salvar. Não será possível eximir-te daquilo que o Espírito Santo quer te ensi-
nar. A salvação é tão certa quanto Deus. A Sua certeza basta. Aprende que mesmo o mais negro pesadelo que perturba a mente do
Filho de Deus adormecido não tem qualquer poder sobre ele. Ele aprenderá a lição do despertar. Deus vela por ele e a luz o rodeia.
10. É possível que o Filho de Deus se perca em sonhos quando Deus colocou dentro dele o feliz chamado para despertar e ser feliz?
Ele não pode separar a si mesmo do que está nele. O seu sono não resistirá ao chamado para o despertar. A missão da redenção
será cumprida com tanta certeza quanto a criação permanecerá intocada através de toda a eternidade. Tu não precisas ter o conhe-
cimento de que o Céu é teu para que ele o seja. É assim. No entanto, para conheceres isso a Vontade de Deus tem que ser aceita
como a tua vontade.
11. O Espírito Santo desfará para ti tudo o que tiveres aprendido que ensine que o que não é verdadeiro tem que ser reconciliado
com a verdade. Essa é a reconciliação que o ego quer substituir pela tua reconciliação com a sanidade e a paz. O Espírito Santo tem
em Sua Mente um tipo muito diferente de reconciliação para ti, que Ele vai realizar com tanta certeza quanto o ego não vai realizar o
que tenta. O fracasso é do ego, não de Deus. Tu não podes fugir de Deus e não existe possibilidade de que o plano que o Espírito
Santo oferece a todas as pessoas, para a salvação de todos, não seja perfeitamente realizado. Serás liberado e não vais te lembrar
de coisa alguma que tenhas feito que não tenha sido criada para ti e por ti em retribuição. Pois como é possível te lembrares do que
nunca foi verdadeiro ou não te lembrares do que sempre foi? É nesta reconciliação com a verdade, e só com a verdade, que se en-
contra a paz do Céu.

CAPÍTULO 14 - ENSINANDO A FAVOR DA VERDADE

Introdução
1. Sim, tu és de fato bem-aventurado. Entretanto, nesse mundo, não tens conhecimento disso. Mas, tens os meios para aprender e
ver isso com bastante clareza. O Espírito Santo usa a lógica com a mesma facilidade e tão bem quanto o ego, exceto que as Suas
conclusões não são insanas. Elas tomam a direção exatamente oposta, apontando com tanta clareza para o Céu quanto o ego apon-
ta para a escuridão e para a morte. Nós temos acompanhado boa parte da lógica do ego e vimos quais são as suas conclusões. E
tendo-as visto, reconhecemos que elas não podem ser vistas senão em ilusões, pois só em ilusões sua aparente clareza parece ser
claramente visível. Vamos agora nos afastar delas e seguir a lógica simples pela qual o Espírito Santo ensina as simples conclusões
que falam pela verdade e só pela verdade.

I. As condições do aprendizado
1. Se tu és bem-aventurado e não tens conhecimento disso, premissas aprender que não pode deixar de ser assim. O conhecimento
não é ensinado, mas as suas condições têm que ser adquiridas, pois foram elas que foram postas fora. Podes aprender a abençoar
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UM CURSO EM MILAGRES
e não podes dar o que não tens. Assim sendo, se ofereces bênção, ela tem que ter vindo primeiro para ti mesmo. Se é preciso tam-
bém que a tenhas aceito como tua, pois de que outra forma poderias dá-la aos outros? É por isso que os milagres oferecem a ti o
testemunho de que tu és abençoado. Se o que ofereces é o perdão completo, tens que ter abandonado a culpa, aceitando a Expia-
ção para ti mesmo e aprendendo que és sem culpa. Como poderias aprender o que foi feito por ti, sem o teu conhecimento, a não
ser que faças o que terias que fazer, caso tivesse sido feito por ti?
2. É necessário provar indiretamente a verdade em um mundo feito de negações e sem direção. Perceberás essa necessidade se
reconheceres que negar é a decisão de não conhecer. A lógica do mundo tem, portanto, que conduzir ao nada pois a sua meta é o
nada. Se tu te decides a não ter, não dar e não ser nada exceto um sonho, tens que dirigir os teus pensamentos para o esquecimen-
to. E se tens, dás e és tudo e tudo isso foi negado, o teu sistema de pensamento está fechado e totalmente separado da verdade.
Esse é um mundo insano e não subestimes a extensão da sua insanidade. Não há nenhuma área da tua percepção que ela não
tenha tomado e o teu sonho é sagrado para ti. É por isso que Deus colocou o Espírito Santo em ti, onde tu colocaste o sonho.
3. O ato de ver é sempre dirigido para fora. Se os teus pensamentos viessem inteiramente de ti, o sistema de pensamento que fizeste
seria para sempre escuro. Os pensamentos que a mente do Filho de Deus projeta ou estende têm todo o poder que ele lhes confere.
Os pensamentos que ele compartilha com Deus estão além da sua crença, mas aqueles que ele fez são a sua crença. E são eles e
não a verdade, que ele tem escolhido defender e amar. Eles não lhe serão tirados. Mas ele pode desistir desses pensamentos, pois
a Fonte para desfazê-los está nele. Não há nada no mundo que lhe ensine que a lógica do mundo é totalmente insana e não conduz
a coisa alguma. Entretanto, naquele que fez essa lógica insana há Alguém Que tem o conhecimento de que ela não leva a nada,
pois Ele conhece tudo.
4. Qualquer direção que te conduzisse aonde o Espírito Santo não te conduziria, não vai a parte alguma. Qualquer coisa que negues
que Ele conheça como verdadeira, tu negaste a ti mesmo e Ele terá, portanto, que te ensinar a não negá-la. O desfazer é indireto,
assim momo o fazer. Tu foste criado apenas para criar, não para ver e nem para fazer. Essas não passam de expressões indiretas da
vontade de viver, que foi bloqueada pelo desejo caprichoso e profano de morte e assassinato que o teu Pai não compartilha contigo.
Tu estabeleceste para ti a tarefa de compartilhar o que não pode ser compartilhado. E enquanto pensares que é possível aprender a
fazer isso, absolutamente não acreditarás em tudo o que é possível aprender a fazer.
5. O Espírito Santo, por conseguinte, tem que começar o Seu ensino mostrando-te o que nunca podes aprender. A Sua mensagem
não é indireta, mas Ele tem que introduzir a simples verdade em um sistema de pensamento que se tornou tão deformado e tão
complexo, que não podes ver que ele nada significa. Ele meramente olha para o seu fundamento e o descarta. Mas tu, que não po-
des desfazer o que fizeste, nem escapar à marca pesada da estupidez de tudo isso que ainda pesa sobre a tua mente, não és capaz
de ver através dele. Ele te engana, porque tu escolheste enganar a ti mesmo. Aqueles que escolhem ser enganados vão meramente
atacar as abordagens diretas, porque elas parecem invadir o engano e golpeá-lo.

II. O aprendiz feliz


1. O Espírito Santo precisa de um aprendiz feliz, em quem a Sua missão possa ser realizada com felicidade. Tu, que és firmemente
devotado à miséria precisas, em primeiro lugar, reconhecer que és miserável e não és feliz. O Espírito Santo não pode ensinar sem
esse contraste, pois acreditas que a miséria é felicidade. Isso te confundiu a tal ponto que empreendeste aprender a fazer o que
jamais poderás fazer, acreditando que se não o aprenderes, não serás feliz. Tu não reconheces que o fundamento do qual depende
essa meta tão peculiar de aprendizado não significa absolutamente nada. E, apesar disso, ele ainda pode fazer sentido para ti. Tem
fé no nada e acharás o "tesouro" que buscas. Entretanto, irás adicionar mais uma carga à tua mente já carregada. Acreditarás que o
nada tem valor e valorizá-lo-ás. Um pedacinho de vidro, um montinho de poeira, um corpo ou uma guerra são um só para ti. Pois se
valorizas algo feito do nada, acreditas que o nada pode ser precioso e que podes aprender a fazer com que o falso seja verdadeiro.
2. O Espírito Santo, vendo onde estás e tendo o conhecimento de que estás em outro lugar, inicia a Sua lição de simplicidade com o
ensinamento fundamental de que a verdade é verdadeira. Essa é a mais difícil das lições que jamais aprenderás e, no final, a única.
A simplicidade é muito difícil para mentes deformadas. Considera todas as distorções que fizeste a partir do nada, todas as formas
estranhas, os sentimentos, as ações e reações que teceste a partir do nada. Nada é tão alheio a ti como a simples verdade e não há
nada que estejas menos inclinado a escutar. O contraste entre o que é verdadeiro e o que não o é, é perfeitamente evidente, mas tu
não o vês. O simples e o óbvio não são evidentes para aqueles que querem fazer palácios e vestimentas reais a partir do nada, a-
creditando que são reis com coroas douradas em função disso.
3. Tudo isso o Espírito Santo vê e ensina, simplesmente, que tudo isso não é verdadeiro. Àqueles aprendizes infelizes que querem
ensinar o nada a si mesmos e se iludem acreditando que não é o nada, o Espírito Santo diz com quietude inabalável:
A verdade é verdadeira. Nada mais importa, nada mais é real, e tudo além dela não existe. Permite que Eu faça para ti a única distin-
ção que não és capaz de fazer, mas precisas aprender. A tua fé no nada está te enganando. Oferece a tua fé a Mim e Eu a colocarei
gentilmente no lugar santo onde ela deve estar. Lá não acharás nenhum engano, mas só a simples verdade. E tu a amarás porque a
compreenderás.
4. Como tu, o Espírito Santo não fez a verdade. Como Deus, Ele tem o conhecimento de que ela é verdadeira. Ele traz a luz da ver-
dade às trevas e permite que ela resplandeça sobre ti. E à medida que ela resplandece os teus irmãos a vêem e, reconhecendo que
essa luz não é o que fizeste, eles vêem em ti mais do que tu vês. Eles serão aprendizes felizes dessa lição que a luz lhes traz, por-
que lhes ensina a liberação do nada e de todas as obras do nada. Eles não vêem que as pesadas correntes que parecem prendê-los
ao desespero não são nada, até que tu lhes tragas a luz. E então vêem que as correntes desapareceram e, portanto, indiscutivel-
mente não eram nada. E verás isso com eles. Porque lhes ensinaste contentamento e liberação, eles virão a ser os teus professores
na liberação e no contentamento.
5. Quando ensinas a qualquer pessoa que a verdade é verdadeira, tu aprendes a verdade com ela. E assim aprendes que o que
parecia ser o mais difícil é o mais fácil. Aprende a ser um aprendiz feliz. Tu jamais aprenderás como fazer tudo do nada. Mas vê que
essa tem sido a tua meta e reconhece o quanto ela é tola. Fica contente por ela ter sido desfeita, pois quando a consideras com sim-
ples honestidade, ela é desfeita. Eu disse anteriormente "Não te contentes com o nada", pois acreditaste que o nada poderia conten-
tar-te. Não é assim.
6. Se queres ser um aprendiz feliz, tens que dar tudo o que aprendeste ao Espírito Santo para que seja desaprendido por ti. E então
começar a aprender as lições alegres que vêm rapidamente sobre o firme fundamento de que a verdade é verdadeira. Pois o que lá

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UM CURSO EM MILAGRES
é construído é verdadeiro e construído sobre a verdade. O universo do aprendizado vai se abrir diante de ti em toda a sua benevo-
lente simplicidade. Com a verdade diante de ti, não olharás para trás.
7. O aprendiz feliz preenche as condições do aprendizado aqui, assim como preenche as condições do conhecimento no Reino. Tudo
isso está no plano do Espírito Santo para libertar-te do passado e abrir o caminho da liberdade para ti. Pois a verdade é verdadeira.
Que outra coisa poderia jamais ter sido ou vir a ser? Essa lição simples contém a chave da porta escura que acreditas que está tran-
cada para sempre. Tu fizeste essa porta a partir do nada e por trás dela está o nada. A chave é apenas a luz que brilha afastando as
silhuetas, formas e temores do nada. Aceita essa chave para a liberdade das mãos de Cristo Que quer dá-la a ti, para que possas
reunir-te a Ele na tarefa santa de trazer a luz. Pois, como os teus irmãos, não reconheces que a luz já veio e libertou-te do sono da
escuridão.
8. Contempla os teus irmãos em liberdade e aprende com eles como ser livre da escuridão. A luz em ti irá despertá-los e eles não te
deixarão adormecido. A visão de Cristo é dada no mesmo instante em que é percebida. Onde tudo está claro, tudo é santo. A quietu-
de da sua simplicidade é tão convincente que reconhecerás que é impossível negar a simples verdade. Pois não há nada mais. Deus
está em toda parte e o Filho está Nele com todas as coisas. Se possível que ele cante a balada do pesar quando isso é verdadeiro?

III. A decisão a favor da inculpabilidade


1. O aprendiz feliz não pode sentir-se culpado em relação ao aprendizado. Isso é tão essencial ao aprendizado que não deveria ser
esquecido nunca. O aprendiz sem culpa aprende com facilidade porque seus pensamentos são livres. No entanto, isso implica o
reconhecimento de que a culpa é interferência, não salvação e não serve a absolutamente nenhuma função útil.
2. Talvez estejas acostumado a usar a inculpabilidade apenas como paliativo para a dor da culpa e não a consideras como algo de
valor em si mesmo. Acreditas que tanto a culpa quanto a inculpabilidade têm valor, cada uma delas representando uma fuga daquilo
que a outra não te oferece. Não queres nenhuma das duas sozinha, pois sem ambas não vês a ti mesmo como alguém íntegro e,
portanto, feliz. Entretanto, tu só és íntegro na tua inculpabilidade e só na tua inculpabilidade podes ser feliz. Não há conflito aqui.
Desejar a culpa em qualquer forma, de qualquer modo, fará com que a apreciação do valor da tua inculpabilidade seja perdida e a
afastará da tua vista.
3. Não há nenhuma transigência que possas fazer com a culpa e ainda assim escapar da dor que só a inculpabilidade alivia. Apren-
der é viver aqui, assim como criar é estar no Céu. Sempre que a dor da culpa parecer atrair-te, lembra-te que se cederes a ela, estás
te decidindo contra a tua felicidade e não aprenderás como ser feliz. Dize, portanto, a ti mesmo, gentilmente, mas com a convição
que nasce do Amor de Deus e de Seu Filho:
O que eu experimento eu manifestarei.
Se não tenho culpa, nada tenho a temer.
Escolho testemunhar minha aceitação da Expiação, não sua rejeição.
Aceitarei minha inculpabilidade tornando-a manifesta e compartilhando-a.
Que eu traga ao Filho de Deus a paz de seu Pai.
4. A cada dia, a cada hora, a cada minuto, e até mesmo a cada segundo estás te decidindo entre a crucificação e a ressurreição,
entre o ego e o Espírito Santo. O ego é a escolha a favor da culpa, o Espírito Santo, a escolha pela inculpabilidade. Tudo o que é teu
é o poder de decisão. Aquilo entre o que decides é fixo, porque não existem alternativas exceto verdade e ilusão. E não há nada que
coincida entre elas, pois são opostos que não podem ser conciliados e não podem ser ambos verdadeiros. Tu és culpado ou sem
culpa, preso ou livre, feliz ou infeliz.
5. O milagre te ensina que escolheste a inculpabilidade, a liberdade e a alegria. Não é uma causa, mas um efeito. É o resultado natu-
ral da escolha certa, atestando a tua felicidade que vem da escolha de estar livre da culpa. Todos aqueles a quem ofereces a cura a
devolvem. Todos aqueles a quem atacas, guardam e valorizam esse ataque mantendo-o contra ti. Se fazem isso ou não, não fará
nenhuma diferença, tu vais pensar que fazem. É impossível oferecer o que não queres sem essa penalidade. O custo de dar é rece-
ber. Ou uma penalidade que te fará sofrer, ou a aquisição feliz de um tesouro a ser valorizado.
6. Nenhuma penalidade é jamais imposta ao Filho de Deus, exceto por ele mesmo e a partir dele mesmo. Toda chance de curar que
lhe é dada é uma nova oportunidade de substituir as trevas pela luz e o medo pelo amor. Se ele recusa isso, se prende às trevas,
porque não escolheu libertar o seu irmão e com ele entrar na luz. Ao dar poder ao nada, joga fora a feliz oportunidade de aprender
que o nada não tem poder. E por não ter dissipado as trevas, passou a ter medo das trevas e da luz. A alegria de aprender que as
trevas não têm poder sobre o Filho de Deus é a lição feliz que o Espírito Santo ensina e quer que ensines com Ele. Ensinar isso é a
Sua alegria assim como será a tua.
7. A forma de ensinar essa simples lição é simplesmente a seguinte: inculpabilidade é invulnerabilidade. Portanto, faze com que a tua
invulnerabilidade se manifeste para todas as pessoas. Ensina ao outro que não importa o que ele tente te fazer, o fato de estares
perfeitamente livre da crença na qual é possível seres prejudicado, mostra-lhe que ele é sem culpa. Ele nada pode fazer que possa
ferir-te, e por recusar-te a permitir que ele pense que pode, tu lhe ensinas que a Expiação que aceitaste para ti mesmo também é
sua. Nada há a perdoar. Ninguém pode ferir o Filho de Deus. A sua culpa é totalmente sem causa e, não tendo causa, não pode
existir.
8. Deus é a única Causa e a culpa não é de Deus. Não ensines a ninguém que ele te feriu, pois se o fizeres, estás ensinando a ti
mesmo que o que não vem de Deus tem poder sobre ti. O que não tem causa não pode ser. Não o testemunhes e não fomentes a
crença nisso em mente alguma. Lembra-te sempre que a mente é uma só e a causa é uma só. Só aprenderás a comunicação com
essa unicidade quando tiveres aprendido a negar o que não tem causa e aceitar a Causa de Deus como tua. O poder que Deus deu
ao Filho é dele, e nenhuma outra coisa pode o Filho de Deus ver ou escolher contemplar sem impor a si mesmo a penalidade da
culpa no lugar de todos os ensinamentos felizes que o Espírito Santo quer lhe oferecer com contentamento.
9. Sempre que escolhes tomar decisões por conta própria estás pensando de maneira destrutiva e a decisão estará errada. Ela irá
ferir-te devido ao conceito de decisão que levou a ela. Não é verdade que tu possas tomar decisões por ti mesmo ou para ti mesmo
sozinho. Nenhum pensamento do Filho de Deus pode ser separado ou isolado em seus efeitos. Toda decisão é tomada por toda a
Filiação, dirigida para dentro e para fora e influencia uma constelação mais ampla do que qualquer coisa que jamais possas ter so-
nhado.

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UM CURSO EM MILAGRES
10. Aqueles que aceitam a Expiação são invulneráveis. Mas aqueles que acreditam que são culpados vão responder à culpa, por que
pensam que ela é a salvação e não se recusarão a vê-la e alinhar-se ao lado dela. Eles acreditam que, aumentando a culpa, estão
se auto-protegendo. E falharão em compreender o simples fato de que aquilo que não querem não pode deixar de feri-los. Tudo isso
surge porque não acreditam que o que querem é bom. No entanto, a vontade lhes foi dada porque é santa e trará a eles tudo aquilo
de que necessitam, vindo tão naturalmente quanto a paz que não conhece limites. Não há nada que a sua vontade falhe em prover,
que lhes ofereça qualquer coisa de valor. Apesar disso, porque não compreendem a própria vontade, o Espírito Santo em quietude a
compreende por eles e lhes dá o que querem sem esforço, tensão ou a carga impossível de decidir sozinhos o que querem e preci-
sam.
11. Nunca acontecerá que tenhas que tomar decisões sozinho. Não estás desprovido de ajuda, tens a Ajuda que conhece a resposta.
lrias te contentar com pouco, que é tudo que sozinho podes oferecer a ti mesmo, quando Ele, Que te dá tudo, simplesmente te ofe-
rece tudo? Ele nunca perguntará o que é que fizeste para seres digno da dádiva de Deus. Portanto, não perguntes isso a ti mesmo.
Ao contrário, aceita a resposta do Espírito Santo, porque Ele tem o conhecimento de que és digno de todas as coisas que são a Von-
tade de Deus para ti. Não tentes escapar da dádiva de Deus, a qual Ele tão livre e alegremente te oferece. Ele não te oferece senão
o que Deus deu a Ele para ti. Não tens necessidade de decidir se és digno ou não dessa dádiva. Deus sabe que és.
12. Irias tu negar a verdade da decisão de Deus e colocar a tua apreciação lamentável de ti mesmo no lugar da Sua avaliação calma
e inabalável em relação ao Seu Filho? Nada pode abalar a perfeita convição de Deus da pureza de tudo o que Ele criou, pois é to-
talmente puro. Não te decidas contra ela, pois sendo Dele, não pode deixar de ser verdadeira. A paz habita em toda a mente que
aceita em quietude o plano que Deus traçou para a sua Expiação e abandona o seu próprio. Não conheces a salvação, pois não a
compreendes. Não tomes decisões a respeito do que ela é ou de onde está, mas pergunta tudo ao Espírito Santo e deixa todas as
decisões ao Seu gentil conselho.
13. Aquele Que conhece o plano de Deus, o plano que Deus quer que sigas, pode te ensinar qual é. Só a Sua sabedoria é capaz de
guiar-te para que o sigas. Toda decisão que tomas sozinho só vai significar que queres definir o que é a salvação e do que queres
ser salvo. O Espírito Santo sabe que toda salvação é escapar da culpa. Tu não tens nenhum outro "inimigo" e contra essa estranha
distorção da pureza do Filho de Deus, o Espírito Santo é o teu único Amigo. Ele é o forte protetor da inocência que te liberta. E é Sua
decisão desfazer todas as coisas que iriam obscurecer a tua inocência na tua mente desanuviada.
14. Permite que Ele seja, portanto, o único Guia que queres seguir para a salvação. Ele conhece o caminho e te conduz com conten-
tamento por ele. Com o Espírito Santo não falharás em aprender que o que Deus quer para ti é a tua vontade. Sem a Sua orienta-
ção, acharás que sabes sozinho e decidirás contra a tua paz tão certamente quanto decidiste que a salvação está apenas em ti. A
salvação é Dele, a Quem Deus a deu para ti. Ele não a esqueceu.
Não O esqueças e Ele tomará todas as decisões por ti, pela tua salvação e pela paz de Deus em ti.
15. Não busques avaliar o valor do Filho de Deus, a quem Ele criou santo, pois fazê-lo é avaliar o teu Pai e julgar contra Ele. E te
sentirás culpado por esse crime imaginário, que ninguém nesse mundo ou no Céu poderia cometer. O Espírito Santo ensina apenas
que o "pecado" da auto-substituição no trono de Deus não é uma fonte de culpa. O que não pode acontecer não pode ter efeitos a
serem temidos. Fica quieto na tua fé Naquele Que te ama e quer te conduzir para fora da insanidade. A loucura pode ser a tua esco-
lha, mas não a tua realidade. Nunca esqueças do Amor de Deus, Que Se lembrou de ti. Pois é, de fato, impossível que Ele pudesse
jamais permitir que Seu Filho caísse da Mente amorosa dentro da qual foi criado e onde sua morada foi fixada em perfeita paz para
sempre.
16. Apenas dize ao Espírito Santo: "Decide por mim" e assim será feito. Pois as Suas decisões são reflexos do que Deus conhece
sobre ti e nesta luz qualquer tipo de erro vem a ser impossível. Por que irias esforçar-te tão freneticamente para antecipar tudo o que
não podes conhecer, quando todo o conhecimento está por trás de cada decisão que o Espírito Santo toma por ti? Aprende sobre a
Sua sabedoria e o Seu Amor e ensina a Sua resposta a todos aqueles que se debatem no escuro. Pois decides por eles e por ti
mesmo.
17. Como é amável decidir todas as coisas através Daquele Cujo amor igual é dado a todos igualmente! Ele não deixa ninguém fora
de ti. E assim Ele te dá o que é teu, porque o teu Pai quer que tu o compartilhes com Ele. Em todas as coisas, sê conduzido por Ele
e não reconsideres. Confia em que Ele responderá rapidamente, seguramente e com Amor por todos aqueles que forem de qualquer
forma tocados pela decisão. E todos o serão. 'Tomarias para ti a responsabilidade total de decidir o que pode trazer só o bem a todas
as pessoas? Terias conhecimento disso?
18. Tu ensinaste a ti mesmo o hábito mais desnaturado de não te comunicares com o teu Criador. No entanto, permaneces em estrei-
ta comunicação com Ele e com tudo o que está dentro Dele, assim como está dentro de ti. Desaprende o isolamento através da Sua
orientação amorosa e aprende sobre toda a comunicação feliz que puseste fora, mas não poderias perder.
19. Sempre que estiveres em dúvida quanto ao que deverias fazer, pensa na Sua Presença em ti e dize a ti mesmo isso e apenas
isso:
Ele me guia e conhece o caminho, que eu não conheço.
Entretanto, Ele nunca afastará de mim aquilo que quer que eu aprenda.
E por isso eu confio Nele para comunicar-me tudo o que Ele conhece por mim.
Então, deixa que Ele te ensine em quietude como perceber a tua inculpabilidade que já está presente.

IV. A tua função na Expiação


1. Quando aceitares a inculpabilidade de um irmão, nele verás a Expiação. Pois ao proclamá-la nele, fazes com que seja tua e verás
o que buscaste. Não verás o símbolo da inculpabilidade do teu irmão brilhando dentro dele, enquanto ainda acreditares que não está
lá. A sua inculpabilidade é a tua Expiação. Dá isso a ele e verás a verdade do que reconheceste. No entanto, a verdade é oferecida
para ser primeiro recebido, assim como Deus a deu primeiro ao Seu Filho. O primeiro no tempo nada significa, mas o Primeiro na
eternidade é Deus, o Pai, Que é ao mesmo tempo Primeiro e único. Além do Primeiro não há nenhum outro, pois não há ordem, nem
segundo, nem terceiro e nada a não ser o Primeiro.
2. Tu, que pertences à Primeira Causa, criado por Ele como Ele Mesmo e parte Dele, és mais do que apenas sem culpa. O estado de
inculpabilidade é apenas a condição na qual o que não está presente foi removido da mente desordenada que pensava que estives-

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UM CURSO EM MILAGRES
se. Esse estado, e somente esse, tu tens que atingir com Deus ao teu lado. Pois até que o faças ainda pensarás que estás separado
Dele. Talvez possas sentir a Sua Presença ao teu lado, mas não podes ter o conhecimento de ser um com Ele. Isso não pode ser
ensinado. O aprendizado aplica-se apenas à condição em que isso acontece por si mesmo.
3. Quando tiveres deixado que tudo que obscurece a verdade em tua mente santíssima seja desfeito para ti e, portanto, estiveres em
graça diante do teu Pai, Ele dar-Se-á a ti como sempre fez. Dar-Se é tudo o que Ele conhece e assim é todo o conhecimento. 3Pois
o que Ele não conhece não pode ser e, portanto, não pode ser dado. Não peças para ser perdoado, pois isso já foi realizado. Pede,
ao contrário, para aprenderes como perdoar e a restaurar o que sempre existiu em tua mente sem perdão. A Expiação vem a ser real
e visível para aqueles que a usam. Na terra essa é a tua única função e tens que aprender que isso é tudo o que queres aprender.
Vais te sentir culpado até que aprendas isso. Pois em última instância, seja qual for a forma que tome, a tua culpa surge do teu fra-
casso em cumprir a tua função na Mente de Deus com toda a tua mente. É possível escapares dessa culpa falhando em cumprir a
tua função aqui?
4. Não precisas compreender a criação para fazeres o que tem que ser feito antes que esse conhecimento seja significativo para ti.
Deus não rompe barreiras e nem as construiu. Quando tu as libera, elas se vão. Deus não falhará, nem nunca falhou em coisa algu-
ma. Decide que Deus está certo e tu estás errado a teu próprio respeito. Ele te criou a partir de Si Mesmo, mas ainda dentro de Si.
Ele conhece o que tu és. Lembra-te que não há segundo para Ele. Não pode haver, portanto, ninguém que não tenha a Sua Santi-
dade, nem ninguém que não seja digno do Seu Amor perfeito. Não falhes em tua função de amar em um lugar sem amor, feito de
trevas e engano, pois é assim que as trevas e o engano são desfeitos. Não falhes para contigo mesmo, mas em vez disso, oferece a
Deus e a ti mesmo o Seu Filho irrepreensível. Por essa pequena dádiva de apreciação pelo Seu Amor, o próprio Deus trocará a tua
dádiva pela Sua.
5. Antes que tomes quaisquer decisões por conta própria, lembra-te que te decidiste contra a tua função no Céu e, então, considera
com cuidado se queres tomar decisões aqui. A tua função aqui é somente decidir-te contra decidir o que queres em reconhecimento
de que tu não sabes. Como, então, podes decidir o que deverias fazer? Deixa todas as decisões para Aquele Que fala por Deus e
pela tua função conforme Ele a conhece. Assim Ele irá ensinar-te a remover a horrível carga que colocaste sobre ti mesmo por não
amar o Filho de Deus e por tentar ensinar-lhe culpa em vez de amor. Desiste dessa tentativa frenética e insana que te rouba a ale-
gria de viver com o teu Deus e Pai, e de despertar com contentamento para o Seu Amor e Santidade que se unem como a verdade
em ti, fazendo com que sejas um com Ele.
6. Quando tiveres aprendido como decidir com Deus, todas as decisões vêm a ser tão fáceis e tão certas como o respirar. Não há
esforço e serás conduzido tão gentilmente como se estivesses sendo carregado por um calmo atalho no verão. Só a tua própria voli-
ção parece fazer com que a decisão seja difícil. O Espírito Santo não demorará a responder a toda e qualquer pergunta que tiveres a
respeito do que fazer. Ele sabe. E Ele vai te dizer e depois vai fazer por ti. Tu, que estás cansado, acharás que isso é mais repousan-
te do que o sono. Pois podes levar contigo a tua culpa quando dormes, mas não podes trazê-la a isso.
7. A não ser que sejas sem culpa, não podes conhecera Deus Cuja Vontade é que tu O conheças. Por conseguinte, tens que ser sem
culpa. Entretanto, se não aceitas as condições necessárias para conhecê-Lo, tu O terás negado e não O terás reconhecido embora
Ele esteja em tudo à tua volta. Ele não pode ser conhecido sem Seu Filho, cuja inculpabilidade é a condição para conhecê-Lo. Acei-
tar o Seu Filho como culpado é uma negação tão completa do Pai, que o conhecimento é varrido do reconhecimento na própria men-
te na qual o próprio Deus o colocou. Se quisesses apenas escutar e aprender o quanto isso é impossível! Não Lhe concedas atribu-
tos que tu compreendes. Tu não O fizeste e qualquer coisa que compreendas não faz parte Dele.
8. A tua tarefa não é fazer a realidade. Ela está aqui sem a tua participação em fazê-la, mas não sem ti. Tu, que tens tentado jogar
fora a ti mesmo e que valorizaste tão pouco a Deus, ouve-me falar por Ele e por ti. Não podes compreender o quanto o teu Pai te
ama, pois não há nenhum paralelo na tua experiência do mundo que te ajude a compreender isso. Não há nada na terra que possas
comparar a isso e nada do que jamais sentiste, à parte Dele, se parece com isso nem de leve. Não podes sequer dar uma bênção
em perfeita gentileza. Poderias conhecer Aquele Que dá para sempre e Que nada conhece exceto o dar?
9. As crianças do Céu vivem na luz da bênção de seu Pa porque têm o conhecimento de que são sem pecado. A Expiação foi estabe-
lecida como um meio de restaurar a inculpabilidade nas mentes que a têm negado e assim negaram o Céu a si próprias. A Expiação
ensina-te a verdadeira condição do Filho de Deus. Ele não te ensina o que tu és, nem o que é o teu Pai. O Espírito Santo, Que Se
lembra disso por ti, meramente te ensina como remover os bloqueios que se encontram entre tu e o que tu conheces. A Sua memó-
ria é a tua. Se te lembras do que tens feito, não estás te lembrando de nada. A lembrança da realidade está Nele e, portanto, está
em ti.
10. Os que não têm culpa e os culpados são totalmente incapazes de se compreenderem mutuamente. Cada um percebe o outro
como a si próprio, fazendo com que ambos sejam incapazes de se comunicar, porque cada um vê o outro de um modo diferente do
que vê a si mesmo. Deus só pode comunicar-Se com o Espírito Santo na tua mente, porque só Ele compartilha o conhecimento do
que tu és com Deus. E só o Espírito Santo pode responder a Deus por ti, pois somente Ele conhece o que Deus é. Tudo o mais que
colocaste dentro da tua mente não pode existir, pois o que não está em comunicação com a Mente de Deus nunca foi. Comunicação
com Deus é vida. Nada que esteja fora dela existe de forma alguma.

V. O círculo da Expiação
1. A única parte da tua mente que tem realidade é a parte que ainda te liga a Deus. Não gostarias de ter toda a tua mente transfor-
mada em uma mensagem radiante do Amor de Deus para compartilhar com todos os solitários que O têm negado? Deus faz com
que isso seja possível. Negarias o Seu anseio de ser conhecido? Tu anseias por Ele, como Ele por ti. Isso é imutável para sempre.
Aceita, então, o imutável. Deixa o mundo da morte para trás e retorna serenamente para o Céu. Não existe nada de valor aqui e tudo
que tem valor está lá. Escuta o Espírito Santo e a Deus, através Dele.Ele fala de ti para ti. Não há culpa em ti, pois Deus é abençoa-
do em Seu Filho assim como o Filho é abençoado Nele.
2. Todos têm um papel especial a desempenhar na Expiação, mas a mensagem dada a cada um é sempre a mesma: o Filho de Deus
não tem culpa. Cada um ensina a mensagem de forma diferente e
a aprende de forma diferente. No entanto, até que a ensine e a aprenda, sofrerá a dor de uma consciência meio vaga de que a sua
verdadeira função permanece nele sem ser cumprida. A carga da culpa é pesada, mas Deus não te quer preso a ela. O Seu plano
para o teu despertar é tão perfeito quanto o teu é falho. Tu não sabes o que fazes, mas Aquele Que sabe está contigo. A Sua gentile-

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UM CURSO EM MILAGRES
za é tua e todo amor que compartilhas com Deus Ele guarda em confiança para ti. Ele não quer te ensinar nada a não ser como ser
feliz.
3. Filho abençoado de um Pai pleno de bênçãos, a alegria foi criada para ti. Quem pode condenar aquele a quem Deus abençoou?
Não existe nada na Mente de Deus que não compartilhe a Sua brilhante inocência. A criação é a extensão natural da pureza perfeita.
Tu aqui só és chamado para te dedicares, com ativa disponibilidade, à negação da culpa em todas as suas formas. Acusar é não
compreender. Os aprendizes felizes da Expiação vêm a ser os professores da inocência que é o direito de tudo o que Deus criou.
Não negues a eles o que lhes é devido, pois não vais recusar apenas a eles.
4. A herança do Reino é o direito do Filho de Deus, dado a ele em sua criação. Não tentes roubá-la ou estarás pedindo a culpa e irás
experimentá-la. Protege a sua pureza de todo pensamento que queira roubá-la e mantê-la longe da sua vista. Traze a inocência à
luz, em resposta ao chamado da Expiação. Que nunca deixes a pureza ficar escondida, mas deixa a tua luz brilhar afastando os
véus pesados da culpa dentro dos quais o Filho de Deus se escondeu da sua própria vista.
5. Estamos todos unidos na Expiação aqui e nenhuma outra coisa pode nos unir nesse mundo. Assim o mundo da separação desa-
parecerá e a comunicação plena será restaurada entre o Pai e o Filho. O milagre reconhece a inculpabilidade que tem que ter sido
negada para produzir a necessidade da cura. Não recuses esse feliz reconhecimento, pois a esperança da felicidade e a liberação
de todo tipo de sofrimento estão nele. Quem não quer senão ficar livre da dor? Ele pode não ter ainda aprendido como trocar a culpa
pela inocência, nem ter reconhecido que só nesta troca a libertação da dor pode vir a ser sua. Entretanto, aqueles que falharam em
aprender necessitam de ensino, não de ataque. Atacar aqueles que têm necessidade de ensinamento é falhar em aprender com
eles.
6. Professores da inocência, cada um a seu modo, uniram-se assumindo a sua parte no currículo unificado da Expiação. Não há
nenhuma unidade de metas no aprendizado à parte disso. Não há conflito nesse currículo, que tem apenas um objetivo, seja qual for
a forma como é ensinado. Cada esforço feito a seu favor é oferecido com o propósito único de liberar da culpa para a glória eterna
de Deus e de Sua criação. E cada ensinamento que aponta para isso aponta diretamente para o Céu e para a paz de Deus. Não há
nenhuma dor, nenhum julgamento, nenhum medo que esse ensinamento possa falhar em superar. O poder do próprio Deus apóia
esse ensinamento e garante os seus resultados sem limites.
7. Une os teus próprios esforços ao poder que não pode falhar e tem que resultar na paz. Ninguém deixa de ser tocado por um ensi-
namento como esse. Tu não verás a ti mesmo além do poder de Deus se ensinares apenas isso. Não estarás isento dos efeitos des-
sa lição santíssima, que só busca restaurar o que é o direito da criação de Deus. Tu inevitavelmente aprenderás a tua inocência de
cada um a quem concederes a liberação da culpa. O círculo da Expiação não tem fim. E acharás uma confiança cada vez mais a-
brangente na tua segura inclusão no círculo com cada um que trouxeres para dentro da sua segurança e da sua paz perfeita.
8. Que a paz, então, esteja com todos os que vêm a ser professores da paz. Pois a paz é o reconhecimento da pureza perfeita, da
qual ninguém está excluído. Dentro do seu círculo santo estão todos aqueles que Deus criou como Seu Filho. A alegria é o seu atri-
buto unificador e ninguém é deixado de lado para sofrer pela culpa sozinho. O poder de Deus atrai todas as pessoas ao seu abraço
seguro de amor e união. Que estejas em quietude dentro deste círculo e atraias todas as mentes torturadas para que se unam a ti na
segurança da sua paz e da sua santidade. Fica comigo dentro dele, como um professor da Expiação, não da culpa.
9. Bem-aventurados sejais, vós que ensinais comigo. Nosso poder não vem de nós, mas de nosso Pai. Na inculpabilidade nós O
conhecemos, como Ele nos conhece sem culpa. Eu estou dentro do círculo, chamando-te para a paz. Ensina a paz comigo e pisa,
como eu, em terra santa. Lembra-te por todas as pessoas do poder do teu Pai, que Ele lhes deu. Não acredites que não podes ensi-
nar a Sua paz perfeita. Não fiques fora, mas une-te a mim do lado de dentro. Não falhes no único propósito para o qual o meu ensi-
namento te chama. Devolve a Deus o Seu Filho assim como Ele o criou ensinando-lhe a sua inocência.
10. A crucificação não tomou parte na Expiação. Só a ressurreição veio a ser a minha parte nele. Esse é o símbolo da liberação da
culpa pela inculpabilidade. Aquele que percebes como culpado, queres crucificar. No entanto, restauras a inculpabilidade a todo a-
quele a quem vês sem culpa. A crucificação é sempre o objetivo do ego. Ele vê a todos como culpados e através da sua condenação
quer matar. O Espírito Santo só vê a inculpabilidade e em Sua gentileza, Ele quer liberar do medo e restabelecer o reinado do amor.
O poder do amor está em Sua gentileza que é de Deus e, portanto, não pode crucificar nem sofrer crucificação. O templo que tu res-
tauras vem a ser o teu altar, pois foi reconstruído através de ti. E tudo o que dás a Deus é teu. Assim Ele cria e assim tu tens que
restaurar.
11. Cada um que vês, colocas dentro do círculo santo da Expiação ou deixas de fora, julgando-o merecedor da crucificação ou da
redenção. Se o trouxeres para dentro do círculo da pureza, lá descansarás com ele. Se o deixares de fora, é lá que te unirás a ele.
Não julgues a não ser na quietude que não vem de ti. Recusa-te a aceitar qualquer um como se ele não tivesse a bênção da Expia-
ção e trate-o a ela abençoando-o. A santidade tem que ser compartilhada, pois dentro dela está tudo o que a faz santa. Vem com
contentamento para o círculo santo e olha para fora em paz, para todos aqueles que pensam que estão de fora. Não elimines nin-
guém, pois aqui está o que cada um busca junto contigo. Vem, vamos nos unir a ele no lugar santo da paz que é onde todos nós
devemos estar, unidos como um só na Causa da paz.

VI. A luz da comunicação


1. A jornada que empreendemos juntos é a troca da escuridão pela luz, da ignorância pela compreensão. Nada que compreendas é
temível. Só na escuridão e na ignorância é que percebes o que é assustador e te refugias indo mais fundo na escuridão. E, no entan-
to, só o que está escondido pode aterrorizar, não pelo que é, mas por estar escondido. O obscuro é assustador porque tu não com-
preendes o seu significado. Se compreendesses, ele ficaria claro e já não estarias no escuro. Nada pode ter um valor oculto, pois o
que está escondido não pode ser compartilhado e, portanto, o seu valor é desconhecido. Aquilo que está escondido e mantido à par-
te, mas o valor está sempre na apreciação conjunta. O que está oculto não pode ser amado e, portanto, tem que ser temido.
2. A luz serena na qual o Espírito Santo habita dentro de ti é simplesmente a perfeita abertura, na qual nada está escondido e assim
nada é amedrontados. O ataque sempre cederá ao amor se é trazido a ele e não escondido do amor. Não existe escuridão que a luz
do amor não dissipe, a não ser que seja escondida da beneficência do amor. O que é mantido à parte do amor não pode comparti-
lhar o seu poder de cura, porque tem estado separado e mantido nas trevas. As sentinelas das trevas o vigiam cuidadosamente e tu,
que fizeste esses guardiões de ilusões a partir do nada, agora tens medo deles.
3. Queres continuar a dar poder imaginário a essas estranhas idéias de segurança? Elas não são seguras nem inseguras. Não prote-
gem nem atacam. Elas nada fazem, não sendo absolutamente nada. Como guardiões das trevas e da ignorância, só olhes para eles
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UM CURSO EM MILAGRES
em busca do medo, pois o que mantêm obscuro é amedrontados. Mas deixa-os ir e o que era amedrontados não mais o será. Sem a
proteção da obscuridade, só a luz do amor permanece pois só isso tem significado e pode viver na luz. Tudo o mais tem que desapa-
recer.
4. A morte rende-se à vida simplesmente porque a destruição não é verdadeira. A luz da inculpabilidade brilha dissipando a culpa,
porque quando as duas são reunidas, a verdade de uma não pode deixar de fazer com que a falsidade da outra seja perfeitamente
clara. Não mantenhas separadas a culpa e a inculpabilidade, pois a tua crença em que podes ter ambas não tem significado. Tudo o
que fizeste mantendo-as à parte foi fazer com que perdessem seu significado, confundindo uma com a outra. E assim não reconhe-
ces que apenas uma delas significa alguma coisa. A outra é totalmente sem sentido.
5. Tu tens considerado a separação como um meio de romper a tua comunicação com o teu Pai. O Espírito Santo a re-interpreta
como um meio de restabelecer o que não foi rompido, mas foi obscurecido. Todas as coisas que fizeste têm utilidade para Ele, para
o Seu propósito santíssimo. Ele tem o conhecimento de que não estás separado de Deus, mas percebe muitas coisas em tua mente
que permitem que penses que estás. Tudo isso e nenhuma outra coisa é o que Ele quer separar de ti. Ele quer te ensinar como usar
a teu favor o poder de decisão, que tu fizeste em substituição ao poder de criação. O que o fizeste para crucificar a ti mesmo, tens
que aprender com Ele como aplicá-lo à causa santa da restauração.
6. Tu, que falas através de símbolos obscuros e tortuosos, não compreendes a linguagem que fizeste. Ela não tem significado, pois o
seu propósito não é a comunicação, mas sim, o rompimento da comunicação. Se o propósito da linguagem é a comunicação, como
pode essa língua significar alguma coisa? Entretanto, mesmo esse estranho e distorcido esforço de comunicar através de não co-
municar, contém suficiente amor para fazer com que ele seja significativo, se o seu Intérprete não é o seu autor. Tu, que o fizeste,
não estás expressando senão conflito, do qual o Espírito Santo quer liberar-te. Entrega a Ele o que queres comunicar. Ele interpreta-
rá isso para ti com perfeita clareza, pois Ele conhece com Quem estás em perfeita comunicação.
7. Tu não sabes o que dizes e assim não sabes o que te é dito. No entanto, o teu Intérprete percebe o significado na tua linguagem
estrangeira. Ele não tentará comunicar o que não tem significado. Mas Ele irá separar tudo o que tem significado, deixando o resto
de lado e oferecendo a tua verdadeira comunicação àqueles que querem comunicar-se contigo de forma tão verdadeira quanto tu
queres. Falas duas línguas ao mesmo tempo e isso não pode deixar de levar à ininteligibilidade. Entretanto, se uma delas não signi-
fica nada e a outra tudo, só essa última é possível para os propósitos da comunicação. A outra só interfere com ela.
8. A função do Espírito Santo é inteiramente comunicação. Ele, portanto, tem que remover qualquer coisa que interfira com a comuni-
cação de modo a restaurá-la. Por conseguinte, não mantenhas nenhuma fonte de interferência longe da Sua vista, pois Ele não ata-
cará as tuas sentinelas. Apenas traze-as a Ele e deixa que a Sua gentileza te ensine que, trazidas à luz, elas não são amedrontado-
ras e não podem servir para guardar as portas escuras por trás das quais absolutamente nada é cuidadosamente escondido. Nós
temos que abrir todas as portas e deixar que a luz entre como um rio. Não existem câmaras ocultas no templo de Deus. Suas portas
estão escancaradas para saudar a Seu Filho. Ninguém pode deixar de vir aonde Deus o chamou, se ele próprio não fechar a porta
às boas-vindas de seu Pai.

VII. Compartilhando a percepção com o Espírito Santo


1. O que tu queres? A luz ou as trevas? O conhecimento ou a ignorância? O que quiseres é teu, mas não ambos. Os opostos têm que
ser reunidos, não mantidos à parte. Pois a sua separação só existe em tua mente e eles são reconciliados pela união, assim como
tu. Na união, tudo o que não é real tem que desaparecer, pois a verdade é união. Assim como as trevas desaparecem na luz, tam-
bém a ignorância se apaga quando desponta o conhecimento. A percepção é o meio pelo qual a ignorância é trazida ao conhecimen-
to. No entanto, é preciso que não haja engano na percepção, pois de outra forma ela vem a ser o mensageiro da ignorância ao invés
de ser uma ajuda na procura da verdade.
2. A procura da verdade não é senão procurar honestamente tudo o que interfere com a verdade. A verdade é. Não pode ser perdida,
nem buscada, nem achada. Ela está presente, onde quer que estejas, estando dentro de ti. Entretanto, ela pode ser ou não reconhe-
cida, pode ser falsa ou real para ti. Se a escondes, ela vem a ser irreal para ti, porque tu a escondeste e a cercaste de medo. Sob
cada pedra angular de medo sobre a qual montaste o teu sistema de crenças insano, a verdade está escondida. Porém, não podes
ter conhecimento disso, pois ao esconderes a verdade no medo, não vês razão para acreditar que, quanto mais olhares para o me-
do, menos o verás e mais claro se tomará o que ele oculta.
3. É impossível convencer aqueles que não conhecem de que conhecem. Do seu ponto de vista, isso não é verdade. Mas é verdade,
porque Deus tem conhecimento disso. Estes são pontos de vista claramente opostos em relação ao que são ―aqueles que não co-
nhecem.‖ Para Deus, é impossível não conhecer. Portanto, não se trata absolutamente de um ponto de vista, mas apenas de uma
crença em algo que não existe. Os que não conhecem têm apenas essa crença e devido a ela estão errados a respeito de si me s-
mos. Definiram a si próprios como não foram criados. A sua criação não foi um ponto de vista, mas uma certeza. A incerteza trazida
à certeza não retém nenhuma convição de realidade.
4. Nossa ênfase tem sido colocada em trazer o que é indesejável para o desejável, o que tu não queres para o que queres. Vais re-
conhecer que a salvação terá que vir a ti deste modo, se considerares o que é a dissociação. Dissociação é um processo distorcido
de pensamento pelo qual dois sistemas de crenças que não podem coexistir são mantidos. Se são reunidos, a aceitação dos dois
conjuntamente é impossível. Mas se um deles é mantido longe do outro nas trevas, a sua separação parece manter ambos vivos e
iguais em sua realidade. A sua união vem a ser, assim, a fonte do medo, pois se eles se encontram, é preciso retirar a aceitação de
um dos dois. Não podes ter ambos, pois um nega o outro. Mantidos à parte esse fato não é visto, pois pode-se dotar cada um com
uma crença sólida se estão em locais separados. Reúna-os e o fato da sua completa incompatibilidade fica instantaneamente evi-
dente. Um deles irá embora porque o outro está sendo visto no mesmo lugar.
5. A luz não pode entrar nas trevas quando a mente acredita nas trevas e não deixa que ela se vá. A verdade não luta contra a igno-
rância e o amor não ataca o medo. Aquilo que não necessita de proteção, não se defende. A defesa foi feita por ti. Deus não a co-
nhece. O Espírito Santo usa defesas em favor da verdade só porque tu as fizeste contra a verdade. A Sua percepção acerca das
defesas, de acordo com o Seu propósito, meramente muda-as fazendo com que sejam um chamado por aquilo que atacaste por
meio delas. Defesas, como tudo o que fizeste, têm que ser gentilmente voltadas para o teu próprio bem, traduzidas pelo Espírito
Santo de meios de auto-destruição em meios de preservação e liberação. A Sua tarefa é muito grande, mas o poder de Deus está
com Ele. Portanto, para Ele, ela é tão fácil que foi realizada no instante em que Lhe foi dada a teu favor. Não te demores no teu re-
torno à paz imaginando como pode Ele cumprir o que Deus Lhe deu para fazer. Deixa isso para Ele Que conhece. Não te é pedido

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UM CURSO EM MILAGRES
que executes tarefas poderosas por ti mesmo. A ti, pede-se apenas que faças o pouco que o Espírito Santo te sugere fazer, confian-
do Nele apenas o suficiente para acreditar que se Ele te pede, tu és capaz de fazer. Verás com que facilidade tudo o que Ele pede
pode ser realizado.
6. O Espírito Santo não te pede mais do que isso: traze a Ele todos os segredos que trancaste longe Dele. Abre todas as portas para
Ele e pede-Lhe que entre nas trevas e as ilumine, dissipando-as. A teu convite, Ele entra com contentamento. Ele traz a luz à escuri-
dão, se fizeres com que a escuridão esteja aberta para Ele. Mas aquilo que escondes, Ele não pode olhar. Ele vê por ti e a nã o ser
que olhes com Ele, Ele não pode ver. A visão de Cristo não é para Ele sozinho, mas para Ele junto contigo. Traze, portanto, todos os
teus pensamentos escuros e secretos a Ele e olhaos junto com Ele. Ele mantém a luz e tu a escuridão. Elas não podem coexistir
quando Ambos olham para elas juntos. O Seu julgamento tem que prevalecer e Ele o dará a ti, na medida em que unires a tua per-
cepção à Dele.
7. Unir-te a Ele para ver é o modo como aprendes a compartilhar com Ele a interpretação da percepção que conduz ao conhecimen-
to. Não podes ver sozinho. Compartilhar a percepção com Ele, Que te foi dado por Deus, irá ensinar-te como reconhecer o que vês.
É o reconhecimento de que nada do que vês significa coisa alguma por si só. Ver com Ele vai te mostrar que todo significado, inclu-
sive o teu, não vem da visão dupla, mas da fusão gentil de todas as coisas em um significado, uma emoção e um propósito. Deus
tem um Propósito que Ele compartilha contigo. A visão única, que o Espírito Santo te oferece, irá trazer essa unicidade à tua mente
com clareza e brilho tão intensos, que não poderias desejar, mesmo em troca do mundo inteiro, não aceitar o que Deus quer que
tenhas. Contempla a tua vontade aceitando que é a Sua, e que todo o Seu Amor é o teu. Toda honra seja dada a ti através Dele e
através Dele a Deus.

VIII. O local santo do encontro


1. Na escuridão, obscureceste a glória que Deus te deu e o poder que Ele concedeu ao Seu Filho sem culpa. Tudo isso está escondi-
do em cada lugar escuro, envolto em culpa e na escura negação da inocência. Por trás das escuras portas que fechaste não há na-
da, porque nada pode obscurecer a dádiva de Deus. E o fechar das portas que interfere com o reconhecimento do poder de Deus
que brilha em ti. Não faças com que o poder seja banido da tua mente, mas deixa que todas as coisas capazes de esconder a tua
glória sejam trazidas ao julgamento do Espírito Santo e lá sejam desfeitas. Aquele que Ele quer salvar para a glória está salvo para
ela. Ele prometeu ao Pai que através Dele tu serias liberado da pequenez para a glória. Ele é totalmente fiel ao que prometeu a
Deus, pois Ele compartilha com Deus a promessa que Lhe foi feita para compartilhar contigo.
2. Ele ainda a compartilha, para ti. Tudo o que promete coisas diferentes, grandes ou pequenas, muito ou pouco valorizadas, Ele
substituirá com a única promessa que Lhe foi dada para ser colocada sobre o altar ao teu Pai e ao Seu Filho. Nenhum altar a Deus
se mantém sem o Seu Filho. E nada que seja trazido para esse altar, que não seja igualmente digno de Ambos, deixará de ser subs-
tituído por dádivas totalmente aceitáveis para o Pai e para o Filho. Podes oferecer culpa a Deus? Não podes, então, oferecê-la ao
Seu Filho. Pois Eles não estão à parte e as dádivas a um são oferecidas ao outro. Tu não conheces a Deus porque não tens conhe-
cimento disso. E no entanto, de fato, conheces a Deus e isso também. Tudo isso está a salvo dentro de ti, onde o Espírito Santo bri-
lha. Ele não brilha onde há divisão, mas no local do encontro onde Deus, unido ao Seu Filho, fala ao Seu Filho através Dele. A co-
municação entre o que não pode ser dividido não pode cessar. O local do encontro santo do Pai e do Filho, que são inseparáveis,
está no Espírito Santo e em ti. Toda interferência na comunicação com o Filho que é a Vontade do próprio Deus éimpossível aqui.
Amor sem interrupção e sem falha flui constantemente entre o Pai e o Filho assim como Ambos querem que seja. E assim é.
3. Não permitas que a tua mente vague por corredores escuros, afastados do centro da luz. Tu e o teu irmão podeis escolher condu-
zir-vos de forma a vos perderdes, mas só o Guia indicado para vós pode trazer-vos à união. Ele com certeza te conduzirá aonde
Deus e Seu Filho esperam pelo teu reconhecimento. Eles estão unidos para dar-te a dádiva da unicidade, diante da qual toda sepa-
ração some. Une-te ao que és. Não podes unir-te com nada exceto a realidade. A glória de Deus e a de Seu Filho te pertencem na
verdade. Não há nada que se oponha a elas e não podes conceder a ti mesmo nenhuma outra coisa.
4. Não há substituto para a verdade. E a verdade fará com que isso fique claro para ti à medida em que fores trazido ao lugar aonde
tens que te encontrar com a verdade. E para lá terás que ser conduzido através de uma gentil compreensão que não pode levar-te a
nenhum outro lugar. Onde Deus está, lá tu estás. Tal é a verdade. Nada pode mudar o conhecimento, dado a ti por Deus, em desco-
nhecimento. Tudo o que Deus criou conhece o próprio Criador. Pois é assim que a criação é realizada pelo Criador e por Suas cria-
ções. No local santo do encontro estão unidos o Pai e as Suas criações e as criações do Seu Filho com Eles. Há um elo que os une
a todos, mantendo-os na unicidade a partir da qual a criação acontece.
5. O elo através do qual o Pai Se une àqueles a quem Ele dá o poder de criar não pode nunca ser rompido. O próprio Céu é união
com toda a criação e com o seu único Criador. E o Céu permanece sendo a Vontade de Deus para ti. Não deposites outras dádivas
senão essa sobre os teus altares, pois nada pode coexistir com ela. Aqui as tuas pequenas oferendas são reunidas à dádiva de
Deus e somente o que é digno do Pai será aceito pelo Filho, a quem se destina. Àqueles a quem Deus Se dá, Ele é dado. As tuas
pequenas dádivas desaparecerão no altar onde Ele depositou a Sua própria.

IX. O reflexo da santidade


1. A Expiação não te torna santo. Tu foste criado santo. Ela simplesmente traz a não-santidade à santidade; ou seja, o que fizeste ao
que és. Trazer a ilusão à verdade ou o ego à Deus é a única função do Espírito Santo. Não mantenhas o que fizeste longe do teu
Pai, pois esconder isso tem te custado o conhecimento Dele e de ti mesmo. O conhecimento é seguro, mas onde está a tua segu-
rança à parte dele? A feitura do tempo para tomar o lugar da intemporalidade está na decisão de ser como não és. Assim, a verdade
tornou-se passado e o presente foi dedicado à ilusão. E o passado também foi mudado e interposto entre o que sempre foi e o ago-
ra. O passado que lembras nunca existiu e representa apenas a negação do que sempre existiu.
2. Trazer o ego a Deus não é senão trazer o erro à verdade, onde ele aparece corrigido, pois é o oposto do que encontra. É desfeito
porque a contradição não pode mais se manter. Por quanto tempo pode a contradição se manter quando a sua natureza impossível
é claramente revelada? O que desaparece na luz não é atacado. Meramente desaparece porque não é verdadeiro. Realidades dife-
rentes não têm significado, pois a realidade tem que ser uma só. Ela não pode mudar com o tempo, o humor ou o acaso. A sua imu-
tabilidade é o que faz com que ela seja real. Isso não pode ser desfeito. O desfazer é para a irrealidade. E isso a realidade fará para
ti.

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UM CURSO EM MILAGRES
3. Meramente por seres o que és, a verdade te libera de tudo o que não és. A Expiação é tão gentil que só precisas sussurrar e todo
o seu poder correrá para auxiliar-te e apoiar-te. Tu não és frágil com Deus ao teu lado. Entretanto, sem Ele, não és nada. A Expiação
oferece Deus a ti. A dádiva que recusaste é mantida por Ele em ti. O Espírito Santo a mantém lá para ti. Deus não deixou o Seu altar,
embora os Seus adoradores tenham colocado outros deuses sobre ele. O templo ainda é santo pois a Presença que nele habita é a
santidade.
4. No templo, a santidade aguarda em quietude o retorno daqueles que a amam. A Presença tem o conhecimento de que eles vão
retornar para a pureza e para a graça. A amabilidade de Deus gentilmente os fará entrar e cobrirá todo o seu sentimento de dor e
perda com a garantia imortal do Amor do seu Pai. Lá, o medo da morte será substituído pela alegria da vida. Pois Deus é Vida e eles
habitam na Vida. A Vida é tão santa quanto a Santidade pela qual foi criada. A Presença da santidade vive em tudo o que vive, pois a
santidade criou a vida e não deixa aquilo que criou santo como ela própria.
5. Nesse mundo, tu podes vir a ser um espelho sem mancha, no qual a santidade do teu Criador se irradia a partir de ti para tudo à
tua volta. Podes refletir o Céu aqui. No entanto, é preciso que nenhum reflexo das imagens de outros deuses turve o espelho que
manteria em si o reflexo de Deus. A terra pode refletir o Céu ou o inferno: Deus ou o ego. Tu só tens que deixar o espelho limpo,
isento de todas as imagens de escuridão que escondeste e atraíste para ele. Deus brilhará nele por Si Mesmo. Só o claro reflexo de
Deus pode ser percebido nele.
6. Os reflexos são vistos na luz. Na escuridão são obscuros e seu significado parece estar apenas em interpretações variáveis ao
invés de em si mesmos. O reflexo de Deus não necessita de interpretação. Ele é claro. Só precisas limpar o espelho e a mensagem
que se irradia daquilo que o espelho apresenta para que todos vejam, ninguém deixará de compreender. Essa é a mensagem que o
Espírito Santo mantém no espelho que está em cada um. Cada um a reconhece porque a necessidade que tem dela lhe foi ensina-
da, mas não Portanto, deixa que ele a veja e a compartilhe contigo.
7. Se pudesses reconhecer, mesmo que fosse apenas por um instante, o poder de cura que o reflexo de Deus brilhando em ti pode
trazer a todo o mundo, não poderias esperar para fazer com que o espelho da tua mente ficasse limpo para receber a imagem da
santidade que cura o mundo. A imagem da santidade que brilha na tua mente não é obscura e não vai mudar. Seu significado para
aqueles que olham para ela não é obscuro, pois todos a percebem como a mesma. Todos trazem os seus problemas diferentes para
a sua luz curativa e todos os problemas lá acham apenas a cura.
8. A resposta da santidade a qualquer tipo de erro é sempre a mesma. Não há nenhuma contradição naquilo que a santidade invoca.
A sua única resposta é a cura, sem consideração do que lhe é trazido. Aqueles que aprenderam a oferecer apenas cura, devido ao
reflexo da santidade neles, estão afinal prontos para o Céu. Lá a santidade não é um reflexo, mas ao invés disso, a condição vigente
daquilo que aqui era apenas um reflexo para eles. Deus não é uma imagem e as Suas criações, enquanto parte Dele, O mantêm em
si na verdade. Elas não apenas refletem a verdade, são a verdade.

X. A igualdade dos milagres


1. Quando nenhuma percepção se interpõe entre Deus e Suas criações ou entre as Suas crianças e as deles próprios, o conheci-
mento da criação não pode deixar de continuar para sempre. Os reflexos que aceitas no espelho da tua mente no tempo, apenas
fazem com que a eternidade se aproxime ou se afaste. Mas a eternidade em si está além de todo o tempo. Alcança o que está fora
do tempo e toca-o, com a ajuda do seu reflexo em ti. Se te afastarás do tempo e te voltarás para a santidade, com tanta certeza
quanto o reflexo da santidade chama a todos para que deixem de lado a culpa. Reflete a paz do Céu aqui e traze esse mundo para o
Céu. Pois o reflexo da verdade atrai todas as pessoas para a verdade e, na medida em que entram na verdade, deixam para trás
todos os reflexos.
2. No Céu a realidade é compartilhada, não refletida. Compartilhando seu reflexo aqui, a sua verdade vem a ser a única percepção
que o Filho de Deus aceita. E assim a lembrança do seu Pai desponta nele e ele não mais se satisfaz com outra coisa que não seja
a sua própria realidade. Tu, na terra, não tens nenhuma concepção do que seja a ausência de limites pois o mundo em que pareces
viver é um mundo feito de limites. Nesse mundo, não é verdade que possa ocorrer qualquer coisa sem ordem de dificuldades. O
milagre, portanto, tem uma função única e é motivado por um Professor único Que traz as leis de um outro mundo para esse. O mi-
lagre é a única coisa que podes fazer que transcende essa ordem, sendo baseado não em diferenças, mas na igualdade.
3. Milagres não estão em competição e o número de milagres que podes realizar é ilimitado. Eles podem ser simultâneos e tão nume-
rosos quanto uma legião. Isso não é difícil de compreender uma vez que tu os concebes como sendo de alguma forma possíveis. O
que é mais difícil de apreender é a ausência de ordem de dificuldades que sela o milagre como algo que não pode deixar de vir de
algum outro lugar, não daqui. Do ponto de vista do mundo isso é impossível.
4. Talvez tenhas estado ciente de que não há competição entre os teus pensamentos, os quais, embora possam entrar em conflito,
podem ocorrer juntos e em grande número. Tu podes estar tão habituado a isso que o fato te causa pouca surpresa. No entanto,
estás também habituado a classificar alguns dos teus pensamentos como mais importantes, mais amplos ou melhores, mais sábios,
ou mais produtivos e valiosos do que outros. Isso é verdadeiro no que diz respeito aos pensamentos que atravessam a mente da-
queles que pensam que vivem à parte. Pois alguns são reflexos do Céu, enquanto outros são motivados pelo ego, que apenas pare-
ce pensar.
5. O resultado disso é uma trama, um padrão mutável, que nunca descansa e nunca fica parado. Move-se sem cessar através do
espelho da tua mente e os reflexos do Céu não duram senão por um momento e logo se turvam à medida em que a escuridão os
apaga. Onde houve luz, a escuridão em um instante a remove e padrões alternados de luz e de escuridão varrem de forma constan-
te a tua mente. A pouca sanidade que ainda permanece é mantida por um sentido de ordem que tu estabeleces. Entretanto, o pró-
prio fato de poderes fazer isso e trazer alguma ordem ao caos, te mostra que não és um ego e que tem que haver mais do que um
ego em ti. Pois o ego é caos e se tudo em ti fosse o ego, absolutamente nenhuma ordem seria possível. Entretanto, embora a ordem
que impões à tua mente limite o ego, ela também te limita. Ordenar é julgar e organizar através do julgamento. Difícil aprender que
não tens nenhuma base para ordenar os teus pensamentos. O Espírito Santo ensina essa lição dando-te brilhantes exemplos de
milagres para mostrar-te que a tua maneira de ordenar está errada, mas que uma maneira melhor te é oferecida. O milagre oferece
exatamente a mesma resposta a todo pedido de ajuda. Ele não julga o pedido. Meramente reconhece o que ele é e responde de
acordo. Ele não considera que chamado é o mais alto, ou o maior ou o mais importante. Tu, que ainda estás preso ao julgamento,
podes ficar imaginando como podes ser solicitado a fazer algo que requer que não tenhas qualquer julgamento próprio. A resposta é
muito simples. O poder de Deus, não o teu, engendra milagres. O milagre em si mesmo é apenas a testemunha de que tens o poder

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UM CURSO EM MILAGRES
de Deus em ti. "Essa é a razão pela qual o milagre abençoa igualmente a todos os que o compartilham e é também por isso que
todos o compartilham. O poder de Deus é ilimitado. E sendo sempre máximo, oferece tudo a qualquer chamado, de qualquer pesso-
a. Não há nenhuma ordem de dificuldades aqui. A um pedido de ajuda, se dá ajuda.
7. O único julgamento envolvido é a divisão única do Espírito Santo em duas categorias: uma, de amor e a outra, o pedido de amor.
Não podes fazer essa divisão com segurança, pois estás por demais confuso para reconhecer o amor ou para acreditar que tudo o
mais não é senão um pedido de amor. Estás por demais preso à forma e não ao conteúdo. O que consideras conteúdo não é absolu-
tamente conteúdo. É meramente forma e nada mais. Pois não respondes ao que um irmão realmente te oferece, mas só à percep-
ção particular do seu oferecimento pela qual o ego o julga.
8. O ego é incapaz de compreender o conteúdo e não se preocupa absolutamente com ele. Para o ego se a forma é aceitável, o
conteúdo também tem que ser. De outro modo, ele atacará a forma. Se acreditas que compreendes alguma coisa a respeito da "di-
nâmica" do ego, permita-me assegurar-te que nada compreendes. Pois por ti mesmo, não poderias compreendê-la. O estudo do ego
não é o estudo da mente. De fato, o ego gosta de se estudar e aprova inteiramente as iniciativas de estudantes que querem "analisá-
lo", assim aprovando a sua importância. No entanto, eles apenas estudam a forma sem conteúdo significativo. Pois o seu professor é
sem sentido, embora tenha o cuidado de esconder esse fato por trás de palavras que impressionam, mas às quais falta qualquer
sentido consistente quando são postas juntas.
9. Isso é característico dos julgamentos do ego. Separadamente, eles parecem manter-se, mas ponha-os juntos e o sistema de pen-
samento que surge dessa união é incoerente e completamente caótico. Pois a forma não é suficiente para o significado e a falta de
conteúdo subjacente faz com que um sistema coeso seja impossível. Assim, a separação permanece sendo a condição escolhida
pelo ego. Pois ninguém sozinho pode julgar o ego verdadeiramente. No entanto, quando dois ou mais se reunem para buscar a ver-
dade, o ego já não é mais capaz de defender a sua falta de conteúdo. O fato da união lhes diz que ele não é verdadeiro.
10. É impossível lembrar de Deus em segredo e sozinho. Pois lembrar de Deus significa que não estás sozinho e estás disposto a
lembrar-te disso. Não tomes nenhum pensamento para ti mesmo, pois nenhum pensamento que tenhas é para ti mesmo. Se queres
te lembrar do teu Pai, deixa que o Espírito Santo ordene os teus pensamentos e dá apenas a resposta com a qual Ele te responde.
Todas as pessoas buscam amor como tu o fazes, mas ninguém o conhece a menos que se una a ti nesta busca. Se empreendeis
juntos a busca, vós levais convosco uma luz tão poderosa que dá significado ao que vedes. A jornada solitária falha porque excluiu
aquilo que quer achar.
11. Assim como Deus se comunica com o Espírito Santo em ti, também o Espírito Santo traduz as comunicações Dele através de ti
de forma que possas compreendê-las. Deus não tem comunicações secretas, pois tudo o que é Dele é perfeitamente aberto e livre-
mente acessível a todos, sendo para todos. Nada vive em segredo e o que queres esconder do Espírito Santo é nada. Qualquer
interpretação que quiseres dar a um irmão não tem sentido. Deixa que o Espírito Santo mostre-o a ti e ensine a ambos o seu amor e
o seu pedido de amor. Nem a sua mente e nem a tua contém mais do que estas duas ordens de pensamento.
12. O milagre é o reconhecimento de que isso é verdadeiro. Onde há amor, o teu irmão tem que dá-lo a ti devido ao que é o amor.
Mas onde há um pedido de amor, tu tens que dá-lo, devido ao que és. Anteriormente, eu disse que esse curso iria te ensinar como
lembrar-te do que és, restaurando a tua Identidade em ti. Nós já aprendemos que essa Identidade é compartilhada. O milagre vem a
ser o meio de compartilhá-La. Suprindo a tua Identidade aonde quer que Ela não seja reconhecida, tu A reconhecerás. E o próprio
Deus, Cuja Vontade é estar com Seu Filho para sempre, abençoará cada reconhecimento do Seu Filho com todo o Amor que tem
por ele. E o poder de todo o Seu Amor não estará ausente de qualquer milagre que ofereças ao Seu Filho. Como, então, pode haver
qualquer ordem de dificuldades entre eles?

XI. O teste da verdade


1. Por ora, a coisa essencial é aprender que tu não tens o conhecimento.* O conhecimento é poder e todo poder é de Deus. Tu, que
tentaste reter o poder para ti mesmo, "perdeste-o". Ainda tens o poder, mas interpuseste tanta coisa entre ele e a tua consciência
que não podes usá-lo. Tudo o que ensinaste a ti mesmo fez com que o teu poder fosse cada vez mais obscuro para ti. Não sabes o
que ele é, nem onde está. Fizeste uma aparência de poder e uma exibição de força tão lamentáveis que elas não podem deixar de
falhar. Pois o poder não é uma força aparente e a verdade está além de qualquer espécie de aparência. Entretanto, tudo o que se
interpõe entre tu e o poder de Deus em ti não é senão o teu aprendizado do falso e as tuas tentativas de desfazer o que é verdadei-
ro.
2. Que estejas disposto, então, a deixar que tudo isso seja desfeito e fica contente com o fato de que não estás preso a isso para
sempre. Pois ensinaste a ti mesmo como aprisionar o Filho de Deus, uma lição tão impensável que só os insanos, no mais profundo
dos sonos, poderiam sequer sonhá-la. É possível Deus aprender como não ser Deus? E é possível que Seu Filho, a quem Ele deu
todo o poder, aprenda a ser impotente? O que é que ensinaste a ti mesmo que possas realmente preferir manter no lugar do que
tens e do que és?
3. A Expiação te ensina como escapar para sempre daquilo que ensinaste a ti mesmo no passado, mostrando-te só o que és agora.
O aprendizado foi realizado antes mesmo de seus efeitos se manifestarem. O aprendizado está, portanto, no passado, mas a sua
influência determina o presente, dando a ele qualquer que seja o significado que tem para ti. O teu aprendizado não dá ao presente
qualquer significado. Nada do que jamais aprendeste pode te ajudar a compreender o presente ou te ensinar como desfazer o pas-
sado. O teu passado é o que ensinaste a ti mesmo. Deixa que tudo isso se vá. Não tentes compreender qualquer evento, qualquer
coisa ou qualquer pessoa sob essa "luz", pois a escuridão dentro da qual tu procuras ver só pode obscurecer. Não deposites qual-
quer confiança na escuridão no sentido de iluminar a tua compreensão, pois se o fizeres, estarás contradizendo a luz e assim pensa-
rás que vês a escuridão. Entretanto, a escuridão não pode ser vista, pois não é nada além de uma condição na qual ver torna-se
impossível.
4. Tu, que ainda não trouxeste toda a escuridão que ensinaste a ti mesmo à luz que está em ti, dificilmente podes julgar a verdade e o
valor deste curso. No entanto, Deus não te abandonou. E assim tens mais uma lição enviada por Ele, já aprendida para toda criança
da luz por Aquele a Quem Deus a deu. Essa lição brilha com a glória de Deus, pois nela está o Seu poder, que Ele com tanto conten-
tamento compartilha com Seu Filho. Aprende a respeito da Sua felicidade, que é a tua. Mas para realizar isso, todas as tuas lições
escuras têm que ser voluntariamente trazidas à verdade e alegremente entregues por mãos abertas para receber, não fechadas para
tomar. Cada lição escura que trazes Aquele Que ensina a luz, Ele aceitará de ti porque tu não a queres. E contente Ele trocará cada

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UM CURSO EM MILAGRES
uma pela lição brilhante que Ele aprendeu para ti. Nunca acredites que qualquer lição que tenhas aprendido à parte Dele signifique
qualquer coisa.
5. Tens um teste, tão certo quanto Deus, para reconheceres se o que aprendeste é verdadeiro.
* Referência a Sócrates. O verbo comumente associado a essa citação é "saber".
Se estás totalmente livre de qualquer tipo de medo e se todos aqueles que se encontram contigo ou até mesmo pensam em ti com-
partilham a tua paz perfeita, então podes estar seguro de que aprendeste a lição de Deus e não a tua própria. A não ser que tudo
isso seja verdadeiro, existem na tua mente lições escuras que te ferem e retardam e fazem o mesmo a todos em torno de ti. A au-
sência da paz perfeita significa apenas uma coisa: pensas que a tua vontade para com o Filho de Deus não é a mesma que a Vonta-
de do seu Pai para ele. Toda lição escura ensina isso, de uma forma ou de outra. E cada lição brilhante com a qual o Espírito Santo
substituirá as escuras que tu não aceitas te ensina que a tua vontade é a do Pai e a de Seu Filho.
6. Não te preocupes acerca de como poderás aprender uma lição tão completamente diferente de tudo o que ensinaste a ti mesmo.
Como poderias saber? A tua parte é muito simples. Só precisas reconhecer que tudo o que aprendeste, tu não queres. Pede para ser
ensinado e não uses as tuas experiências para confirmar o que aprendeste. Quando a tua paz é ameaçada ou perturbada, de qual-
quer forma, dize a ti mesmo:
Eu não conheço o significado de coisa alguma, inclusive disso. E, portanto, eu não sei como responder a isso. E não vou usar o meu
próprio aprendizado passado como a luz que há de me guiar agora.
Com essa recusa de tentares ensinar a ti mesmo o que não conheces, o Guia que Deus te deu vai falar contigo. Ele tomará o Seu
lugar de direito na tua consciência no instante em que tu o abandonares e o ofereceres a Ele.
7. Não podes ser o teu próprio guia para milagres, pois foste tu que fizeste com que fossem necessários. E porque fizeste isso, os
meios dos quais dependes para os milagres te foram providos. O Filho de Deus não pode fabricar necessidades que o seu Pai não
satisfaça, se ele apenas voltar-se um pouco para Ele. No entanto, Ele não pode obrigar Seu Filho a voltar-se para Ele e permanecer
sendo Ele próprio. É impossível que Deus perca a Sua Identidade, pois se Ele o fizesse, perderias a tua. E sendo a tua, Ele não po-
de mudar a Si Mesmo, pois a tua Identidade é imutável. O milagre reconhece a Sua imutabilidade vendo o Seu Filho como ele sem-
pre foi e não como ele quer se fazer. O milagre traz os efeitos que só a inculpabilidade pode trazer e assim estabelece o fato de que
a inculpabilidade não pode deixar de ser.
8. Como é possível que tu, tão firmemente ligado à culpa e comprometido a assim permaneceres, estabeleças para ti mesmo a tua
inculpabilidade? Isso é impossível. Mas estejas certo de que estás disposto a reconhecer que isso é impossível. A orientação do
Espírito Santo é limitada apenas porque pensas que podes conduzir alguma pequena parte ou lidar com certos aspectos da tua vida
sozinho. Assim queres fazer com que Ele seja inconfiável e usar essa falta de confiabilidade fictícia como uma desculpa para escon-
der Dele certas lições escuras. E limitando assim a orientação que queres aceitar, és incapaz de depender dos milagres para res-
ponder a todos os teus problemas por ti.
9. Pensas que aquilo que o Espírito Santo quer que dês, Ele deixaria de te dar? Não tens nenhum problema que Ele não possa solu-
cionar oferecendo-te um milagre. Milagres são para ti. E todo medo ou toda dor ou toda provação que tenhas já foi desfeito. Ele trou-
xe todos eles à luz, tendo-os aceito em teu lugar e reconhecido que nunca existiram. Não existem lições escuras que Ele já não te-
nha iluminado por ti. As lições que irias ensinar a ti mesmo, Ele já corrigiu. Elas não existem na Sua Mente em absoluto. Pois o
passado não prende a Ele e, portanto, não prende a ti. Ele não vê o tempo como tu o vês. E cada milagre que Ele te oferece, corrige
o uso que fazes do tempo, fazendo com que seja o Seu.
10. Aquele Que te libertou do passado, quer ensinar-te que estás livre do passado. Ele só quer que aceites as Suas realizações como
tuas, porque Ele as realizou por ti. E porque Ele as realizou, elas são tuas. Ele fez com que sejas livre daquilo que fize ste. Podes
negá-Lo, mas não podes chamá-Lo em vão. Ele sempre dá as Suas dádivas em lugar das tuas. Ele quer estabelecer Seu brilhante
ensinamento de forma tão firme em tua mente, que nenhuma lição escura de culpa possa habitar no que Ele estabeleceu como san-
to através da Sua Presença. Agradece a Deus porque Ele está aí e trabalha através de ti. E todas as Suas obras são tuas. Ele te
oferece um milagre com cada um que permites que Ele faça através de ti.
11. O Filho de Deus será sempre indivisível. Como somos mantidos como um em Deus, aprendemos como um Nele. O Professor de
Deus é como Seu Criador assim como Seu Filho e, através do Seu Professor, Deus proclama a Sua Unicidade e a do Seu Filho.
Escuta em silêncio e não levantes a tua voz contra Ele. Pois Ele ensina o milagre da unicidade e diante da Sua lição a divisão desa-
parece. Ensina como Ele aqui e irás lembrar-te que sempre criaste como teu Pai. O milagre da criação nunca cessou, tendo sobre si
o selo santo da imortalidade. Essa é a Vontade de Deus para toda a criação e toda a criação se une nesta vontade.
12. Aqueles que lembram-se sempre que nada conhecem e que vieram a estar dispostos a aprender todas as coisas, irão aprendê-
las. Mas sempre que confiarem em si mesmos, nada aprenderão. Destruíram sua motivação para aprender por pensarem que já
sabem. Não penses que compreendes coisa alguma enquanto não passares pelo teste da paz perfeita, pois a paz e a compreensão
vão juntas e nunca podem ser achadas sozinhas. Cada uma traz a outra consigo, pois é a lei de Deus que não sejam separadas.
Elas são causa e efeito uma da outra e, assim, quando uma está ausente, a outra não pode estar.
13. Só aqueles que reconhecem que não podem ter o conhecimento a não ser que os efeitos da compreensão estejam com eles,
podem realmente aprender alguma coisa. Para isso, é preciso que eles queiram a paz e nada mais. Sempre que pensas que sabes,
a paz sairá de ti, porque terás abandonado o Professor da paz. Sempre que compreendes inteiramente que não sabes a paz retorna-
rá, pois terás convidado a Ele para fazer isso, abandonando o ego a Seu favor. Não invoques o ego para nada; é só isso que preci-
sas fazer. O Espírito Santo irá, por Si mesmo, preencher todas as mentes que assim abrem espaço para Ele.
14. Se queres paz, tens que abandonar o professor do ataque. O Professor da paz jamais te abandonará. Tu podes desertá-Lo, mas
Ele jamais retribuirá, pois a Sua fé em ti é a Sua compreensão. Ela é tão firme quanto é a Sua fé no Seu Criador e Ele tem o conhe-
cimento de que fé no Seu Criador não pode deixar de abranger fé na Sua criação. Nesta consistência está a Sua santidade, que Ele
não pode abandonar, pois não é Sua vontade fazê-lo. Tendo a tua perfeição sempre diante da Sua vista, Ele dá a dádiva da paz a
todas as pessoas que percebem a necessidade da paz e querem tê-la. Abre caminho para a paz e ela virá. Pois a compreensão está
em ti e dela necessariamente vem a paz.
15. O poder de Deus, do qual ambas surgem, é teu com tanta certeza quanto é Dele. Tu pensas que não O conheces só porque,
sozinho, é impossível conhecê-Lo. No entanto, vê as obras poderosas que Ele fará através de ti e terás que te convencer de que as
fizeste através Dele. É impossível negar a Fonte de efeitos que têm tanto poder que não poderiam vir de ti. Abre espaço para Ele e
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UM CURSO EM MILAGRES
achar-te-ás tão pleno de poder que nada prevalecerá contra a tua paz. E esse será o teste pelo qual reconhecerás que compreen-
deste.

CAPÍTULO 15 - O INSTANTE SANTO

I. Os dois usos do tempo


1. Podes imaginar o que significa não ter cuidados, preocupações, ansiedades, mas apenas ser perfeitamente calmo e sereno o
tempo todo? No entanto, e para isso que serve o tempo, para aprender só isso e nenhuma outra coisa. O Professor de Deus não
pode ficar satisfeito com o Seu ensinamento até que esse ensinamento constitua todo o teu aprendizado. Ele não terá cumprido a
Sua função de ensino, enquanto não fores um aprendiz tão consistente que aprendas só com Ele. Quando isso tiver acontecido, não
mais terás necessidade de um professor ou de tempo para aprenderes.
2. Uma fonte de possível desencorajamento da qual poderás sofrer é a tua crença em que isso leva tempo e que os resultados do
ensino do Espírito Santo estão em um futuro distante. Isso não é assim. Pois o Espírito Santo usa o tempo à Sua própria maneira e
não é limitado por ele. O tempo é Seu amigo no ensino. O tempo não O desgasta, assim como desgasta a ti. E todo o desgaste que
o tempo parece trazer consigo, não se deve a outra coisa senão à tua identificação com o ego, que usa o tempo para dar suporte à
própria crença na destruição. O ego, como o Espírito Santo, usa o tempo para convencer-te da inevitabilidade da meta e do fim do
ensinamento. Para o ego, a meta é a morte, que é o seu fim. Mas, para o Espírito Santo, a meta é a vida, que não tem fim.
3. O ego é um aliado do tempo, mas não um amigo. Pois ele é tão desconfiado da morte quanto da vida, e o que quer para ti, ele não
pode tolerar. O ego quer que tu morras, mas não ele mesmo. O resultado da sua estranha religião tem que ser, portanto, a convição
de que ele pode perseguir-te além do túmulo. E como ele não quer que aches paz nem mesmo na morte, te oferece a imortalidade
no inferno. Ele te fala do Céu, mas te assegura que o Céu não é para ti. Como podem os culpados esperar o Céu?
4. A crença no inferno é inescapável para aqueles que se identificam com o ego. Seus pesadelos e seus medos estão todos associa-
dos com ele. O ego ensina que o inferno está no futuro, pois é para isso que todo o seu ensino é dirigido. O inferno é a sua meta.
Pois embora o ego ambicione a morte e a dissolução como um fim, não acredita nelas. A meta da morte, que obsessivamente procu-
ra para ti, deixa-o insatisfeito. Ninguém que siga o ensinamento do ego pode deixar de ter medo da morte. No entanto, se pensás-
semos na morte simplesmente como um fim para a dor, seria ela temida? Nós já vimos antes esse estranho paradoxo no sistema de
pensamento do ego, mas nunca tão claramente quanto aqui. Pois o ego precisa aparentar afastar o medo de ti para manter a tua
fidelidade. Ao mesmo tempo, ele precisa engendrar medo de forma a se manter. Mais uma vez, o ego tenta, e com sucesso demasi-
ado, fazer as duas coisas usando a dissociação para manter unidos os seus objetivos contraditórios de tal forma que pareçam conci-
liados. Assim, o ego ensina: a morte é o fim no que diz respeito à esperança do Céu. Entretanto, porque tu e o ego não podem ser
separados e porque ele não pode conceber a própria morte, ainda irá perseguir-te porque a culpa é eterna. Tal é a versão do ego
acerca da imortalidade. E é isso que a versão que ele dá ao tempo apóia.
5. O ego ensina que o Céu está aqui e agora porque o futuro é o inferno. Inclusive quando ataca de forma tão selvagem a ponto de
tentar tirar a vida daquele que acredita que a sua voz é a única que existe, o ego ainda fala do inferno, até mesmo a ele. Pois lhe diz
que o inferno está aqui também e o solicita a escapar do inferno para o esquecimento. O único tempo que o ego permite a alguém
olhar com equanimidade é o passado. E mesmo lá, o seu único valor está em já não existir mais.
6. Como é desolador e desesperador o uso que o ego faz do tempo! E como aterroriza! Pois sob a sua insistência fanática para que o
passado e o futuro sejam a mesma coisa, jaz escondida uma ameaça muito mais insidiosa à paz. O ego não faz propaganda da sua
ameaça final, pois quer que seus adoradores ainda acreditem que ele pode oferecer-lhes uma saída. Mas a crença na culpa neces-
sariamente leva à crença no inferno e sempre o faz. A única maneira na qual o ego permite que o medo do inferno seja vivenciado é
trazendo o inferno para cá, mas sempre como um antegosto do futuro. Pois ninguém que se considere merecedor do inferno pode
acreditar que a punição terminará em paz.
7. O Espírito Santo ensina assim: não há nenhum inferno. O inferno é apenas o que o ego fez do presente. A crença no inferno é o
que te impede de compreender o presente, porque tens medo dele. O Espírito Santo conduz com tanta firmeza ao Céu quanto o ego
leva ao inferno. Pois o Espírito Santo, Que só conhece o presente, usa-o para desfazer o medo através do qual o ego quer fazer com
que o presente seja inútil. Não há como escapar do medo no uso que o ego faz do tempo. Pois o tempo, de acordo com o seu ensi-
namento, não é nada além de um instrumento de ensino para compor a culpa até que ela abranja tudo, exigindo vingança para sem-
pre.
8. O Espírito Santo quer desfazer tudo isso agora. O medo não é do presente, mas somente do passado e do futuro, que não exis-
tem. Não há medo no presente quando cada instante salta claro e separado do passado, sem que a sua sombra alcance o futuro.
Cada instante é um nascimento limpo e sem mancha, no qual o Filho de Deus emerge do passado para o presente. E o presente se
estende para sempre. E tão bonito e tão limpo e tão livre de culpa que nada existe nele além da felicidade. Nenhuma escuridão é
lembrada e a imortalidade e a alegria são agora.
9. Essa lição não toma tempo. Pois o que é o tempo, sem um passado e sem futuro? Levou tempo para conduzir-te equivocadamente
de forma tão completa, mas ser o que tu és, não leva absolutamente tempo algum. Começa a praticar o uso que o Espírito Santo faz
do tempo, como um recurso de ensino para chegares à felicidade e à paz. Toma esse mesmo instante, agora, e pensa nele como
sendo tudo o que há do tempo. Aqui, nada do passado pode te atingir e é aqui que és completamente absolvido, completamente livre
e totalmente sem condenação. Deste instante santo dentro do qual a santidade renasceu, avançarás no tempo sem medo e sem ter
a sensação de mudança com o tempo.
10. O tempo é inconcebível sem mudança, no entanto, a santidade não muda. Aprende com esse instante mais do que simplesmente
que o inferno não existe. Nesse instante redentor está o Céu. E o Céu não vai mudar, pois o nascimento no presente santo salva da
mudança. Tudo o que muda é uma ilusão, ensinada por aqueles que não podem ver a si mesmos sem culpa. Não há nenhuma mu-
dança no Céu porque não há mudança em Deus. No instante santo, no qual te vês brilhante de liberdade, lembrar-te-ás de Deus.
Pois lembrar-se Dele é lembrar da liberdade.
11. Se és tentado a sentir-te des-inspirado pensando que tomaria muito tempo mudar por completo a tua mente, pergunta a ti mesmo:
"Quanto tempo demora um instante?" Não seria possível entregar ao Espírito Santo um tempo tão curto para a tua salvação? Ele
não pede mais do que isso, pois não necessita mais do que isso. Leva muito mais tempo para ensinar-te a estares disposto a dar

106
UM CURSO EM MILAGRES
isso a Ele, do que para Ele usar esse instante diminuto para oferecer-te todo o Céu. Em troca deste instante, Ele está pronto para
dar-te a lembrança da eternidade.
12. Nunca darás esse instante santo ao Espírito Santo em favor da tua liberação, enquanto não estiveres disposto a dá-lo aos teus
irmãos em favor da sua liberação. Pois o instante da santidade é compartilhado e não pode ser apenas teu. Lembra-te, então, quan-
do te sentires tentado a atacar um irmão, que o seu instante de liberação é o teu. Milagres são os instantes de liberação que ofere-
ces e irás receber. Eles atestam a tua disponibilidade para seres liberado e de ofereceres o tempo ao Espírito Santo para que Ele o
use.
13. Quanto tempo demora um instante? É tão curto para o teu irmão quanto é para ti. Pratica a dádiva deste instante abençoado de
liberdade para com todos aqueles que estão escravizados pelo tempo e faze, assim, com que o tempo venha a ser um amigo para
eles. O Espírito Santo te dá o instante abençoado dos teus irmãos através da tua dádiva. Assim como a dás, Ele a oferece a ti. Não
te recuses a dar o que irias receber Dele, pois te unes a Ele nesta doação. Na clareza cristalina da liberação que dás, escapas

instantâneamente da culpa. Tens que ser santo se ofereces a santidade.


14. Quanto tempo demora um instante? O tempo que leva para restabelecer a sanidade perfeita, a paz perfeita e o amor perfeito para
todas as pessoas, para Deus e para ti mesmo. O tempo que leva para lembrar a imortalidade e as tuas criações imortais que a com-
partilham contigo. O tempo que leva para trocar o inferno pelo Céu. Tempo bastante para transcender tudo o que o ego fez e ascen-
der ao teu Pai.
15. O tempo é teu amigo se deixares que o Espírito Santo o use. Ele precisa de muito pouco tempo para restaurar em ti todo o poder
de Deus. Ele, que transcende o tempo para ti, compreende para que serve o tempo. A santidade não está no tempo, mas na eterni-
dade. Nunca houve um instante em que o Filho de Deus pudesse perder a sua pureza. Seu estado imutável está além do tempo,
pois a sua pureza permanece para sempre além de qualquer ataque e sem variação. O tempo está parado em sua santidade e não
muda. E assim o tempo já não existe em absoluto. Pois, tomado no instante único da santidade eterna da criação de Deus, ele é
transformado em eternidade. Dá o instante eterno, para que a eternidade possa ser lembrada para ti naquele instante brilhante de
perfeita liberação. Oferece o milagre do instante santo através do Espírito Santo e deixa que Ele o dê a ti.

II. O fim da dúvida


1. A Expiação tem lugar no tempo, mas não é para o tempo. Estando em ti, ela é eterna. O que contém a lembrança de Deus não
pode estar limitado pelo tempo. Tu também não estás. Pois, a não ser que Deus seja limitado, tu não podes ser. Um instante ofereci-
do ao Espírito Santo é oferecido a Deus em teu nome e nesse instante, irás despertar gentilmente Nele. No instante abençoado em
que abandonares todo o teu aprendizado passado, o Espírito Santo rapidamente te oferecerá toda a lição da paz. O que pode tomar
tempo, quando todos os obstáculos ao aprendizado tiverem sido removidos? A verdade está tão além do tempo que acontece de
uma só vez em sua totalidade. Pois como foi criada una, a sua unicidade não depende do tempo em absoluto.
2. Não te preocupes com o tempo e não temas o instante de santidade que removerá todo o medo. Pois o instante da paz é eterno
porque e sem medo. Esse instante virá, sendo a lição que Deus te dá através do Professor que Ele indicou para traduzir tempo em
eternidade. Bem-aventurado é o Professor de Deus, Cuja alegria é ensinar ao Filho santo de Deus a sua santidade. A Sua alegria
não está contida no tempo. O Seu ensinamento é para ti porque a Sua alegria é tua. 'Através Dele estás diante do altar de Deus,
onde Ele gentilmente traduz inferno em Céu. Pois é só no Céu que Deus quer que estejas.
3. Quanto tempo pode levar para estares onde Deus quer que estejas? Pois estás onde sempre estiveste e onde estarás para sem-
pre. Tudo o que tens, tens para sempre. O instante abençoado se prolonga para abranger o tempo, assim como Deus se estende
para abranger a ti. Tu, que passaste dias, horas e até mesmo anos acorrentando os teus irmãos ao teu ego, em uma tentativa de
mantê-lo e sustentar sua fraqueza, não percebes a Fonte da força. Nesse instante santo irás desacorrentar todos os teus irmãos e
recusar-te-ás a apoiar a sua fraqueza ou a tua própria.
4. Não reconheces o quanto tens usado mal os teus irmãos ao vê-los como fontes de apoio para o ego. Como resultado, eles teste-
munham o ego em tua percepção e parecem fornecer razões para que não deixes que ele se vá. No entanto, são testemunhas muito
mais fortes e convincentes do Espírito Santo. E apóiam a Sua força. É, portanto, escolha tua se eles vão apoiar o ego ou o Espírito
Santo em ti. E reconhecerás qual dos dois escolheste através das reações deles. Um Filho de Deus que tenha sido liberado através
do Espírito Santo em um irmão é sempre reconhecido. Ele não pode ser negado. Se permaneces incerto, é apenas porque não des-
te liberação completa. E devido a isso, não deste completamente um único instante ao Espírito Santo. Pois quando tiveres dado,
terás certeza de teres dado. Terás certeza porque a testemunha do Espírito Santo falará Dele de forma tão clara que ouvirás e com-
preenderás. Terás dúvidas até ouvires uma única testemunha a quem tenhas liberado totalmente através do Espírito Santo. E, então,
não mais duvidarás.
5. O instante santo ainda não aconteceu para ti. No entanto acontecerá e o reconhecerás com perfeita certeza. Nenhuma dádiva de
Deus é reconhecida de nenhuma outra forma. Podes praticar a mecânica do instante santo e muito aprenderás em fazê-lo. No entan-
to, o brilho resplandecente e cintilante do instante santo, que literalmente te cegará para esse mundo pela sua própria visão, tu não
podes prover. E aqui está, tudo nesse instante, completo, realizado e totalmente dado.
6. Começa agora a praticar a pequena parte que te cabe em separar o instante santo. Receberás instruções muito específicas con-
forme fores avançando. Aprender a separar esse único segundo e a experimentá-lo como algo fora do tempo e começar a vivenciar
a ti mesmo como um ser que não é separado. Não tenhas medo de que não vás receber ajuda nisso. O Professor de Deus e a Sua
lição darão apoio à tua força. Apenas a tua fraqueza te abandonará nesta prática, pois é a prática do poder de Deus em ti. Usa-o
apenas por um instante e nunca mais o negarás outra vez. Quem pode negar a Presença daquilo diante do qual o universo se inclina
em apreciação e contentamento? Diante do reconhecimento do universo que A testemunha, as tuas dúvidas têm que desaparecer.

III. Pequenez versus magnitude


1. Não te contentes com a pequenez. Mas estejas certo de compreender o que ela é e por que nunca poderias te contentar com ela.
A pequenez é o oferecimento que fazes a ti mesmo. Tu a ofereces no lugar da magnitude e a aceitas. Tudo nesse mundo é pequeno
porque é um mundo feito de pequenez na estranha crença em que ela pode contentar-te. Quando lutas por qualquer coisa nesse

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UM CURSO EM MILAGRES
mundo acreditando que tal coisa te trará paz, estás te diminuindo e cegando a ti mesmo para a glória. A pequenez e a glória são as
escolhas disponíveis para os teus esforços e a tua vigilância. Tu sempre escolherás uma às custas da outra.
2. Entretanto, o que não reconheces a cada vez que escolhes é que a tua escolha representa uma avaliação de ti mesmo. Escolhe a
pequenez e não terás paz, pois terás julgado a ti mesmo como indigno dela. E seja o que for que ofereças a ti mesmo para substituí-
la, é uma dádiva muito pobre para satisfazer-te. E essencial que aceites o fato, e que o aceites com contentamento, de que não exis-
te forma alguma de pequenez que possa jamais contentar-te. És livre para tentares quantas desejares, mas tudo o que estarás fa-
zendo será adiar a tua volta ao lar. Pois só ficarás contente na magnitude, que é o teu lar.
3. Há uma profunda responsabilidade que deves a ti mesmo e que deves aprender a lembrar todo o tempo. Inicialmente, a lição pode
parecer dura, mas aprenderás a amá-la quando reconheceres que é verdadeira e não é senão um tributo ao teu poder. Tu, que bus-
caste e achaste a pequenez, lembra-te disso: toda decisão que tomas brota só do que pensas que és e representa o valor que dás a
ti mesmo. Acredita que o pequeno pode contentar-te e, por estares te limitando, não te satisfarás. Pois a tua função não é pequena e
só achando-a e cumprindo-a podes escapar da pequenez.
4. Não há dúvida acerca de qual é a tua função pois o Espírito Santo sabe qual é. Não há dúvida acerca da magnitude da tua função,
pois ela te alcança através Dele a partir da Magnitude. Não tens que te esforçar por ela, porque a tens. Todo o teu esforço deve ser
dirigido contra a pequenez, pois proteger a tua magnitude nesse mundo, de fato, requer vigilância. Manter a tua magnitude em per-
feita consciência nesse mundo feito de pequenez é uma tarefa que os pequenos não podem empreender. No entanto, ela te é pedida
em tributo à tua magnitude e não à tua pequenez. Nem é pedida a ti sozinho. O poder de Deus apoiará todo esforço que fizeres a
favor do Seu Filho querido. Procura o pequeno e negarás a ti mesmo o poder de Deus. Não é Vontade de Deus que o Seu Filho se
contente com menos do que tudo. Pois Ele não se contenta sem o Seu Filho e o Filho não pode se contentar com menos do que o
que o Pai lhe deu.
5. Anteriormente eu te perguntei: "Queres ser refém do ego ou anfitrião de Deus?" Permite que essa pergunta te seja feita pelo Espíri-
to Santo todas as vezes que tomas uma decisão. Pois toda decisão que tomas responde a essa pergunta e convida ou a alegria ou a
tristeza correspondentemente. Quando Deus Se deu a ti na tua criação, te estabeleceu como Seu anfitrião para sempre. Ele não te
deixou e tu não O deixaste. Todas as tuas tentativas de negar a Sua magnitude e fazer do Seu Filho um refém do ego não podem
tornar pequeno aquele que Deus uniu a Si Mesmo. Toda decisão que tomas é pelo Céu ou pelo inferno e te traz a consciência daqui-
lo a favor do qual te decidiste.
6. O Espírito Santo pode manter a tua magnitude limpa de toda pequenez de forma clara e em perfeita segurança na tua mente, into-
cada por qualquer pequena dádiva que o mundo da pequenez queira te oferecer. Mas para tanto, não podes te alinhar contra Ele no
que é Sua Vontade para ti. Decide-te por Deus através Dele. Pois a pequenez e a crença em que podes te contentar com ela são
decisões que tomas acerca de ti mesmo. O poder e a glória que vêm de Deus e estão em ti são para todos aqueles que, como tu, se
percebem pequenos e acreditam que a pequenez possa se inflar e vir a ser um senso de magnitude capaz de contentá-los. Nunca
dês a pequenez e nem a aceites. Toda honra é devida ao anfitrião de Deus. A tua pequenez te engana, mas a tua magnitude perten-
ce a Ele, Que habita em ti e em Quem habitas. Então, não toques ninguém com pequenez em Nome de Cristo, eterno Anfitrião para
com Seu Pai.
7. Nesta estação (Natal), que celebra o nascimento da santidade nesse mundo, une-te a mim, que me decidi pela santidade por ti. É
nossa tarefa conjunta restaurar a consciência da magnitude para o anfitrião que Deus indicou para Si mesmo. Dar a dádiva de Deus
está além de toda tua pequenez, mas não além de ti. Pois Deus quer Se dar através de ti. Ele alcança a todos a partir de ti e além de
todos às criações do Filho de Deus, mas sem deixá-lo. Muito além do teu pequeno mundo, mas ainda assim em ti, Ele Se estende
para sempre. No entanto, traz todas as Suas extensões a ti, como anfitrião para com Ele.
8. É um sacrifício deixar para trás a pequenez e não vagar em Vão? Não é um sacrifício despertar para a glória. Mas é um sacrifício
aceitar qualquer coisa menor do que a glória. Aprende que tens que ser digno do Príncipe da Paz, nascido em ti em honra Daquele
Cujo anfitrião tu és. Não conheces o que o amor significa porque buscaste adquiri-lo com pequenas dádivas, assim valorizando-o
muito pouco para compreenderes a sua magnitude. O amor não é pequeno e o amor habita em ti, pois és o Seu anfitrião. Diante da
grandeza que vive em ti, a tua pobre apreciação de ti mesmo e todos os pequenos oferecimentos que fazes deslizam para o nada.
9. Santa criança de Deus, quando aprenderás que só a santidade pode contentar-te e dar-te a paz? Lembra-te de que não aprendes
só para ti mesmo, assim como eu também não o fiz. Porque eu aprendi por ti, podes aprender de mim. Eu quero apenas te ensinar o
que é teu, de modo que juntos nós possamos substituir a pobre pequenez que prende o anfitrião de Deus à culpa e à fraqueza pela
alegre consciência da glória que está nele. Meu nascimento em ti é o teu despertar para a grandeza. Dá boas-vindas a mim, não em
uma manjedoura, mas no altar à santidade, onde a santidade habita em perfeita paz. O meu Reino não é desse mundo porque é em
ti. E tu és do teu Pai. Vamos nos unir em tua honra, pois tens que permanecer para sempre além da pequenez.
10. Decide comigo, que me decidi por habitar contigo. A minha vontade é a Vontade de meu Pai, tendo o conhecimento de que a Sua
Vontade é constante e está para sempre em paz com ela mesma. Nada te contentará a não ser a Sua Vontade. Não aceites menos,
lembrando-te de que tudo o que eu aprendi é teu. O que o meu Pai ama, eu amo como Ele e eu não posso aceitar-te como não és,
assim como Ele também não pode. E assim como tu também não podes. Quando tiveres aprendido a aceitar o que és, não mais
farás dádivas para oferecer a ti mesmo pois terás o conhecimento de que és completo, sem necessidade alguma e incapaz de acei-
tar qualquer coisa para ti mesmo. Mas darás alegremente, tendo recebido. O anfitrião de Deus não precisa buscar para achar coisa
alguma.
11. Se estás totalmente disposto a deixar a salvação ao plano de Deus e não é tua vontade tentar alcançar a paz por ti mesmo, a
salvação te será dada. Entretanto, não penses que és capaz de substituir o Seu plano pelo teu. Ao contrário, une-te a mim no plano
de Deus para que possamos liberar todos aqueles que querem ser limitados, proclamando juntos que o Filho de Deus é Seu anfitri-
ão. Assim, nós não deixaremos ninguém esquecer o que queres lembrar. E assim tu te lembrarás.
12. Em todas as pessoas invoques somente a lembrança de Deus e do Céu, que está nelas. Pois onde gostarias que o teu irmão
estivesse, lá pensarás que estás. Não ouças o seu apelo ao inferno e à pequenez mas só o seu chamado ao Céu e a grandeza. Não
te esqueças de que o seu chamado é o teu e responde-lhe comigo. O poder de Deus está para sempre ao lado do Seu anfitrião, pois
só protege a paz na qual Ele habita. Não coloques a pequenez diante do altar santo de Deus, que se ergue acima das estrelas e
alcança até mesmo o Céu, devido ao que é dado a ele.

108
UM CURSO EM MILAGRES
IV. A prática do instante santo
1. Esse curso não está além do aprendizado imediato, a não ser que acredites que a Vontade de Deus leva tempo. E isso apenas
significa que preferirias protelar o reconhecimento de que tal é a Vontade de Deus. O instante santo é esse instante e todos os ins-
tantes. É aquele que queres que seja. Aquele que não quiseres que seja está perdido parati. Cabe a ti decidires quando ele será.
Não o atrases. Pois além do passado e do futuro, onde não irás achá-lo, ele está reluzente e pronto para a tua aceitação. No entan-
to, não podes trazê-lo à tua alegre consciência enquanto não o quiseres, pois ele contém toda a liberação da pequenez.
2. Atua prática, portanto, tem que basear-se na tua disponibilidade para permitir que toda a pequenez se vá. O instante em que a
magnitude irá despontar sobre ti está tão distante quanto o teu desejo por ela. Na medida em que tu não a desejas, e em vez dela
aprecias a pequenez, nessa medida ela está distante de ti. Na medida em que a quiseres, tu a trarás para mais perto. não penses
que és capaz de achar a salvação a teu próprio modo e tê-la. Entrega qualquer plano que tenhas feito para a tua salvação no lugar
do plano de Deus. O plano de Deus irá contentar-te e nenhuma outra coisa pode te trazer a paz. Pois a paz é de Deus e de mais
ninguém além Dele.
3. Sê humilde diante Dele e ainda assim grande Nele. E não dês valor a nenhum plano do ego mais do que ao plano de Deus. Pois
deixas vazio o teu lugar no Seu plano, que precisas preencher se queres unir-te a mim, pela tua decisão de unir-te a qualquer outro
plano senão o Dele. Eu te chamo para preencher a tua parte santa no plano que Ele deu ao mundo para liberar o mundo da peque-
nez. Deus quer que o Seu anfitrião habite em liberdade perfeita. Qualquer aliança a um plano de salvação, que não seja o de Deus,
diminui o valor da Sua Vontade para ti em tua própria mente. E no entanto, é a tua mente que é anfitriã para com Ele.
4. Queres aprender o quanto é perfeito e imaculado o altar santo no qual o teu Pai te colocou? Isso irás reconhecer no instante santo,
no qual entregas de boa vontade e com alegria todos os outros planos exceto o de Deus. Pois lá está a paz, perfeitamente clara,
porque tens estado disposto a satisfazer as condições que ela requer. Podes reivindicar o instante santo a qualquer momento e em
qualquer lugar em que o queiras. Na tua prática, tenta entregar qualquer outro plano que tenhas aceito para achar magnitude na
pequenez. Ela não está lá. Usa o instante santo só para reconhecer que sozinho não podes saber onde ela está e só podes enganar
a ti mesmo.
5. Eu estou no instante santo com tanta clareza quanto queres que eu esteja. E, a extensão na qual aprendes a aceitar-me, é a medi-
da do tempo em que o instante santo será teu. Eu apelo a ti para que faças com que o instante santo seja teu imediatamente, pois a
liberação da pequenez na mente do anfitrião de Deus depende da disposição da sua vontade e não do tempo.
6. A razão pela qual esse curso é simples é que a verdade é simples. A complexidade é do ego e não é mais do que a tentativa do
ego de obscurecer o óbvio. Poderias viver para sempre no instante santo, começando agora e chegando à eternidade, se não fosse
por uma razão muito simples. Não obscureças a simplicidade dessa razão, pois se o fizeres, será apenas porque preferes não reco-
nhecê-la e não permitir que ela se vá. A razão simples, colocada simplesmente, é a seguinte: o instante santo é um tempo no qual
recebes e dás comunicação perfeita. Isso significa, entretanto, que esse é um tempo em que a tua mente está aberta, tanto para
receber como para dar. E o reconhecimento de que todas as mentes estão em comunicação. Ele não busca, portanto, mudar nada
mas apenas aceitar tudo.
7. Como podes fazer isso, quando preferes ter pensamentos privados e mantê-los? A única forma na qual poderias fazê-lo seria ne-
gar a comunicação perfeita que faz do instante santo o que ele é. Tu acreditas que podes abrigar pensamentos que não queres
compartilhar e que a salvação está em guardar os teus pensamentos apenas para ti mesmo. Pois em pensamentos privados, conhe-
cidos apenas por ti, pensas que achaste uma maneira de manter o que tens só para ti e compartilhar o que tu queres compartilhar. E,
então, te perguntas por que será que não estás em comunicação total com aqueles que estão em torno de ti e com Deus, Que en-
volve a todos juntos.
8. Todo pensamento que mantiveres oculto corta a comunicação porque queres que seja assim. É impossível reconhecer a comuni-
cação perfeita enquanto cortar a comunicação tiver valor para ti. Pergunta a ti mesmo com honestidade: "Eu quero ter comunicação
perfeita e estou totalmente disposto a deixar de lado para sempre tudo aquilo que interfere com ela?" Se a resposta é não, então o
fato do Espírito Santo estar pronto para dá-la a ti não é suficiente para que seja tua, pois ainda não estás pronto para compartilhá-la
com Ele. E ela não pode vir à mente que se decidiu contra ela. Pois o instante santo é dado e recebido quando a disposição da von-
tade é igual, sendo a aceitação da Vontade única que governa todo pensamento.
9. A condição necessária para o instante santo não requer que não tenhas nenhum pensamento que não seja puro. Mas requer que
não tenhas nenhum que queiras guardar. A inocência não é feita por ti. Ela te é dada no instante em que a queiras. A Expiação não
teria razão de ser se não houvesse necessidade dela. Não serás capaz de aceitar a comunicação perfeita enquanto a ocultares de ti
mesmo. Pois aquilo que queres ocultar está oculto para ti. Na tua prática, então, tenta apenas estar vigilante contra o engano e não
busques proteger os pensamentos que queres guardar para ti mesmo. Deixa que a pureza do Espírito Santo os dissipe com seu
brilho e traze toda a tua consciência para estares pronto para a pureza que Ele te oferece. Assim Ele fará com que estejas preparado
para reconheceres que és o anfitrião de Deus e não o refém de ninguém nem de coisa alguma.

V. O instante santo e os relacionamentos especiais


1. O instante santo é o instrumento de aprendizado mais útil do Espírito Santo para te ensinar o significado do amor. Pois o seu pro-
pósito é suspender inteiramente o julgamento. O julgamento sempre se baseia no passado, pois a experiência passada é a base
sobre a qual julgas. O julgamento vem a ser impossível sem o passado, pois sem ele não compreendes nada. Não farias nenhuma
tentativa de julgar, porque seria bastante evidente para ti que não compreendes o que as coisas significam. Tens medo disso porque
acreditas que, sem o ego, tudo seria o caos. No entanto, eu te asseguro que sem o ego, tudo seria amor.
2. O passado é o instrumento de ensino principal do ego, pois foi no passado que aprendeste a definir as tuas próprias necessidades
e adquiriste métodos para satisfazê-las em teus próprios termos. Nós temos dito que limitar o amor a uma parte da Filiação e trazer a
culpa para os teus relacionamentos e assim fazer com que sejam irreais. Se buscas separar certos aspectos da totalidade e olhar
para eles de forma que satisfaçam as tuas necessidades imaginárias, estás tentando usar a separação para salvar-te. Como, então,
poderia a culpa não entrar? Pois a separação é a fonte da culpa e apelar para ela em busca de salvação é acreditar que estás sozi-
nho. Estar sozinho é ser culpado. Pois sentir-te sozinho é negar a Unicidade do Pai e de Seu Filho e assim atacar a realidade.
3. Não podes amar partes da realidade e compreender o que o amor significa. Se queres amar de modo diferente de Deus, Que não
conhece amor especial, como podes compreender o amor? Acreditar que relacionamentos especiais, com amor especial podem te
oferecer a salvação é acreditar que a separação é salvação. Pois é na completa igualdade da Expiação que está a salvação. Como
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UM CURSO EM MILAGRES
podes decidir que aspectos especiais da Filiação podem te dar mais do que outros? O passado te ensinou isso. Entretanto, o instan-
te santo te ensina que não é assim.
4. Devido à culpa, todos os relacionamentos especiais têm elementos de medo. E por isso que variam e mudam tão freqüentemente.
Eles não se baseiam apenas em amor imutável. E o amor, ali onde entrou o medo, não merece total confiança porque não é perfeito.
Em Sua função como Intérprete do que fizeste, o Espírito Santo usa os relacionamentos especiais, que escolheste para dar apoio ao
ego, como experiências de aprendizado que apontam para a verdade. Sob o Seu ensinamento, todo relacionamento vem a ser uma
lição de amor.
5. O Espírito Santo sabe que ninguém é especial. No entanto, Ele também percebe que fizeste relacionamentos especiais, que Ele
quer purificar e não deixar que destruas. Não importa quão pouco santa seja a razão pela qual tu os fizeste, Ele pode traduzi-los em
santidade, removendo tanto medo quanto tu Lhe permitires. Podes colocar qualquer relacionamento sob os Seus cuidados e estar
seguro de que não resultará em dor, se Lhe ofereceres a tua disponibilidade para que o relacionamento não sirva à necessidade
alguma que não seja a do Espírito Santo. Toda culpa no relacionamento surge do uso que fazes dele. Todo o amor, do uso do Espíri-
to Santo. Não tenhas, portanto, medo de abandonar as tuas necessidades imaginárias que iriam destruir o relacionamento. A tua
única necessidade é a do Espírito Santo.
6. Qualquer relacionamento que queiras substituir por outro não foi oferecido ao Espírito Santo para que Ele o use. Não há nenhum
substituto para o amor. Se queres tentar substituir um aspecto do amor por outro, puseste menos valor em um do que no outro. Não
só os separaste, como também julgaste contra ambos. No entanto, julgaste em primeiro lugar contra ti mesmo, ou nunca terias ima-
ginado que precisavas de teus irmãos como eles não são. A não ser que tivesses visto a ti mesmo como alguém sem amor, não po-
derias tê-los julgado tão semelhantes a ti em carência.
7. O uso que o ego faz dos relacionamentos é tão fragmentado que ele freqüentemente vai ainda mais longe: uma parte de um as-
pecto serve aos seus propósitos, enquanto ele prefere partes diferentes de um outro aspecto. Assim, monta a realidade de acordo
com o seu próprio gosto caprichoso, oferecendo à tua busca um retrato que não é semelhante a nada que exista. Pois não há nada
no Céu ou na terra a que ele se pareça e assim não importa o quanto busques essa realidade, não a poderás achar porque não é
real.8. Todas as pessoas na terra formaram relacionamentos especiais e embora isso não seja assim no Céu, o Espírito Santo sabe
como trazer um toque do Céu a esses relacionamentos aqui. No instante santo ninguém é especial, pois as tuas necessidades pes-
soais não invadem ninguém para fazer os teus irmãos parecerem diferentes. Sem os valores do passado, tu os verias a todos como
o mesmo e iguais a ti. E também não verias nenhuma separação entre tu e eles. No instante santo, vês em cada relacionamento o
que ele será quando perceberes apenas o presente.
9. Deus te conhece agora. Ele não Se lembra de nada, tendo sempre conhecido a ti exatamente como te conhece agora. O instante
santo reflete o Seu conhecimento trazendo toda a percepção para fora do passado e assim removendo o quadro de referências que
construíste para julgar os teus irmãos. Uma vez que ele se tenha ido, o Espírito Santo o substitui pelo Seu quadro de referências.
Seu quadro de referências é simplesmente Deus. A intemporalidade do Espírito Santo só é encontrada aqui. Pois no instante santo,
livre do passado, vês que o amor está em ti mesmo e não tens necessidade de olhar para fora e arrancar culposamente o amor de
onde pensavas que ele estivesse.
10. Todos os teus relacionamentos são abençoados no instante santo, porque a benção não é limitada. No instante santo, a Filiação
ganha como um só e unida na tua benção, ela vem a ser una para ti. O significado do amor é o significado que Deus deu a ele. Dá
ao amor qualquer significado que não seja o de Deus e será impossível compreendê-lo. Deus ama a cada irmão como Ele te ama,
nem mais nem menos. Ele precisa de todos igualmente e de ti também. No tempo, te foi dito para ofereceres milagres segundo a
minha orientação e deixar o Espírito Santo trazer a ti aqueles que estão te buscando. No entanto, no instante santo, te unes direta-
mente a Deus e todos os teus irmãos se reunem em Cristo. Aqueles que estão reunidos em Cristo não estão de forma alguma sepa-
rados. Pois Cristo é o Ser que a Filiação compartilha, assim como Deus compartilha Seu Ser com Cristo.
11. Pensas que podes julgar o Ser de Deus? Deus O Criou além do julgamento em função da Sua necessidade de estender o Amor.
Com o amor em ti mesmo, não tens necessidade alguma, a não ser a de estendê-lo. No instante santo não existe conflito de neces-
sidades, pois existe apenas uma. Pois o instante santo alcança a eternidade e a Mente de Deus. E é apenas lá que o amor tem sig-
nificado e apenas lá pode ser compreendido.

VI. O instante santo e as leis de Deus


1. É impossível usar um relacionamento às custas de outro e não sofrer culpa. E é igualmente impossível condenar parte de um rela-
cionamento e achar paz dentro dele. Sob o ensinamento do Espírito Santo, todos os relacionamentos são vistos como compromissos
totais e, apesar disso, não entram em conflito um com o outro de forma alguma. A fé perfeita em cada um deles, pela capacidade de
cada um de satisfazer-te completamente, surge apenas da fé perfeita em ti mesmo. E isso não podes ter enquanto a culpa permane-
cer. E haverá culpa enquanto aceitares e valorizares a possibilidade de fazer de um irmão o que ele não é, porque queres que ele
assim seja.
2. Tens tão pouca fé em ti mesmo porque não estás disposto a aceitar o fato de que o amor perfeito está em ti. E assim buscas do
lado de fora o que não podes achar do lado de fora. Eu te ofereço a minha fé perfeita em ti no lugar de todas as tuas dúvidas. Mas
não te esqueças de que a minha fé tem que ser tão perfeita em todos os teus irmãos como é em ti, ou seria uma dádiva limitada para
ti. No instante santo nós compartilhamos nossa fé no Filho de Deus porque reconhecemos, juntos, que ele é totalmente digno dela e
em nossa apreciação do seu valor não podemos duvidar da sua santidade. E assim nós o amamos.
3. Toda separação desaparece à medida que a santidade é compartilhada. Pois a santidade é poder e ao compartilhá-la ela ganha
em força. Se buscas satisfação gratificando as tuas necessidades conforme as percebes, tens que acreditar que a força vem de ou-
tro e que o que tu ganhas, ele perde. Alguém tem sempre que perder se tu te percebes fraco. No entanto, há uma outra interpretação
dos relacionamentos que transcende o conceito de perda de poder completamente.
4. Não achas difícil acreditar que quando uma outra pessoa invoca Deus em busca de amor, o teu próprio chamado permanece i-
gualmente forte. E nem pensas que quando Deus responde a ela, diminui a tua esperança de ser respondido. Ao contrário, estás
mais inclinado a considerar o seu sucesso como uma testemunha da possibilidade do teu. Isso acontece porque reconheces, por
mais vagamente que seja, que Deus é uma idéia e assim a tua fé Nele é reforçada pelo compartilhar. O que achas difícil aceitar é o
fato de que, como teu Pai, tu és uma idéia. E como Ele, podes dar de ti mesmo de forma completa sem perder coisa alguma, apenas
ganhando. Aqui está a paz, pois aqui não há conflito.
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UM CURSO EM MILAGRES
5. No mundo da escassez, o amor não tem significado e a paz é impossível. Pois o ganho e a perda são ambos aceitos e assim nin-
guém tem consciência de que o amor perfeito está dentro de si. No instante santo, reconheces a idéia do amor em ti mesmo e unes
essa idéia com a Mente que a pensou e não poderia abandoná-la. Mantendo-a dentro de si mesma, não há perda. Assim o instante
santo vem a ser uma lição que ensina como manter todos os teus irmãos na tua mente, experimentando não a perda, mas a comple-
teza. Daí se segue que só podes dar. E isso é amor, pois só isso é natural sob as leis de Deus. No instante santo, as leis de Deus
prevalecem e só elas têm significado. As leis desse mundo deixam de ter qualquer significado. Quando o Filho de Deus aceita as leis
de Deus como o que Ele quer com contentamento, é impossível que fique preso ou limitado de qualquer maneira.Nesse instante, ele
é tão livre quanto Deus quer que ele seja. Pois no instante em que se recusa a ser limitado, não é mais limitado.
6. No instante santo não acontece nada que não tenha sido sempre. Somente o véu que havia sido colocado sobre a realidade é
erguido. Nada mudou. No entanto, a consciência da imutabilidade vem rapidamente à medida em que o véu do tempo é posto de
lado. Ninguém que não tenha ainda vivenciado o levantar do véu e se sentido irresistivelmente atraído para a luz que está por trás,
pode ter fé no amor sem medo. No entanto, o Espírito Santo te dá essa fé, porque Ele a ofereceu a mim e eu a aceitei. Não tenhas
medo de que o instante santo te seja negado, pois eu não o neguei. E através de mim, o Espírito Santo o dá a ti como tu o darás.
Não permitas que nenhuma necessidade que percebas obscureça a tua necessidade disso. Pois no instante santo, irás reconhecer a
única necessidade que os Filhos de Deus compartilham igualmente e através deste reconhecimento te unirás a mim no oferecimento
do que é necessário.
7. É através de nós que a paz virá. Une-te a mim na idéia da paz, pois em idéias as mentes podem se comunicar. Se queres dar de ti
mesmo como o teu Pai dá o Seu próprio Ser aprenderás a compreender a natureza do Ser. E aí o significado do amor é compreen-
dido. Mas lembra-te de que a compreensão é da mente e só da mente. O conhecimento é, portanto, da mente e as suas condições
estão na mente com ele. Se não fosses uma idéia e nada além de uma idéia, não poderias estar em total comunicação com tudo o
que sempre existiu. No entanto, enquanto preferires ser alguma outra coisa ou tentares não ser nenhuma outra coisa e alguma outra
coisa ao mesmo tempo, não irás lembrar-te da linguagem da comunicação que conheces perfeitamente.
8. No instante santo Deus é lembrado e a linguagem da comunicação com todos os teus irmãos é lembrada com Ele. Pois a comuni-
cação é lembrada em conjunto, como a verdade. Não existe exclusão no instante santo porque o passado se foi e com ele se vai
tudo o que constituía a base da exclusão. Sem a sua fonte, a exclusão desaparece. E isso permite à tua Fonte e A de todos os teus
irmãos, substituí-la na tua consciência. Deus e o poder de Deus tomarão o Seu lugar de direito em ti e vivenciarás a plena comuni-
cação de idéias com idéias. Através da tua capacidade de fazer isso, aprenderás o que não podes deixar de ser, pois começarás a
compreender o que é o teu Criador e o que é a criação junto com Ele.

VII. O sacrifício desnecessário


1. Além da pobre atração do relacionamento de amor especial e sempre obscurecida por ela, está a poderosa atração do Pai pelo
Filho. Não há nenhum outro amor que possa satisfazer-te porque não há nenhum outro amor. Esse é o único amor que é inteiramen-
te dado e inteiramente retribuído. Sendo completo, ele nada pede. Sendo totalmente puro, todas as pessoas reunidas nele têm tudo.
Essa não é a base de nenhum relacionamento no qual entre o ego. Pois todo relacionamento em que o ego embarca é especial.
2. O ego estabelece relacionamentos apenas para conseguir alguma coisa. E quer manter a pessoa que dá presa a ele através da
culpa. É impossível para o ego entrar em qualquer relacionamento sem raiva, pois o ego acredita que a raiva faz amigos. Não é isso
o que ele afirma, mas é esse o seu propósito. Pois o ego realmente acredita que pode conseguir as coisas e mantê-las fazendo com
que o outro seja culpado. Essa é a sua única atração, uma atração tão fraca que não seguraria ninguém, exceto que ninguém a re-
conhece. Pois o ego sempre parece atrair através do amor e não tem qualquer atração para qualquer pessoa que perceba que ele
atrai pela culpa.
3. A atração doentia pela culpa tem que ser reconhecida pelo que é. Pois tendo se tornado real para ti é essencial vê-la claramente e,
retirando o teu investimento nela, aprender a abandoná-la. Ninguém escolheria abandonar aquilo que acredita que tenha valor. No
entanto, a atração da culpa só tem valor para ti porque não olhaste para o que ela é e a julgaste completamente no escuro. À medida
que a trazemos à luz, a tua única questão será a razão pela qual algum dia a quiseste. Não tens nada a perder olhando-a de olhos
abertos, pois tamanha feiúra não tem lugar na tua mente santa. Esse anfitrião de Deus não pode ter nenhum investimento real nisso.
4. Dissemos antes que o ego tenta manter e aumentar a culpa, mas de tal forma que não reconheças o que ele quer te fazer. Pois a
doutrina fundamental do ego é que escapas daquilo que fazes aos outros. O ego não quer bem a ninguém. No entanto, a sobrevi-
vência do ego depende de acreditares que estás isento das suas más intenções. Ele aconselha, portanto, que se fores seu anfitrião,
ele te capacitará a dirigir a tua raiva para fora, protegendo-te dessa forma. E assim ele embarca em uma cadeia sem fim e sem re-
compensa de relacionamentos especiais forjados na raiva e dedicados apenas a uma crença insana: a de que quanto mais raiva
investes fora de ti mesmo, mais seguro vens a ser.
5. É essa a corrente que prende o Filho de Deus à culpa e é essa corrente que o Espírito Santo quer remover da tua mente santa.
Pois a corrente da selvageria não tem lugar em volta do anfitrião escolhido de Deus, que não pode fazer de si mesmo o anfitrião do
ego. Em nome da tua liberação e em Nome Daquele Que quer liberar-te, vamos olhar mais de perto para os relacionamentos que o
ego contrai e permitir que o Espírito Santo os julgue verdadeiramente. Pois é certo que se olhares para eles, tu os oferecerás ale-
gremente a Ele. O que o Espírito Santo é capaz de fazer com eles, tu não sabes, mas virás a estar disposto a descobrir se em pri-
meiro lugar estiveres disposto a perceber o que tu fizeste deles.
6. De uma forma ou de outra, todo relacionamento que o ego faz se baseia na idéia de que sacrificando-se, ele vem a ser maior. O
"sacrifício", que ele vê como purificação, de fato, é a raiz de seu amargo ressentimento. Pois ele preferiria atacar diretamente e evitar
o adiamento do que realmente quer. Entretanto, o ego toma conhecimento da "realidade" conforme a vê e reconhece que ninguém
poderia interpretar o ataque direto como amor. Entretanto, tornar culpado é ataque direto, embora não pareça ser. Pois os culpados
esperam o ataque e tendo-o pedido, são atraídos para ele.
7. Em tais relacionamentos insanos, a atração do que não queres parece ser muito mais forte do que a atração do que queres. Pois
cada um pensa que sacrificou alguma coisa pelo outro e o odeia por isso. No entanto, e isso o que ele pensa que quer. Ele não está
absolutamente apaixonado pelo outro. Apenas acredita que está apaixonado pelo sacrifício. E por esse sacrifício, que exige de si
mesmo, ele exige do outro que aceite a culpa e também se sacrifique. O perdão vem a ser impossível, pois o ego acredita que per-
doar o outro é perdê-lo. E apenas através do ataque sem perdão que o ego pode assegurar a culpa que mantém todos os seus rela-
cionamentos juntos.

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UM CURSO EM MILAGRES
8. No entanto, eles apenas aparentam estar juntos. Pois para o ego os relacionamentos significam apenas que os corpos estão jun-
tos. É sempre isso o que o ego exige e não se opõe que a mente vá a qualquer lugar ou ao que ela possa pensar, pois isso não pa-
rece importante. Enquanto o corpo estiver lá para receber seu sacrifício, ele está contente. Para o ego, a mente é algo privado e só o
corpo pode ser compartilhado. As idéias basicamente não oferecem interesse, a não ser na medida em que trazem o corpo do outro
para mais perto ou para mais longe. E é nesses termos que ele avalia as idéias como boas ou más. O que faz com que o outro seja
culpado e o mantém através da culpa é "bom". O que o libera da culpa é "mau", porque ele não mais acreditaria que os corpos se
comunicam e assim "iria embora".
9. O sofrimento e o sacrifício são as dádivas com as quais o ego quer "abençoar" todas as uniões. E aqueles que estão unidos no seu
altar aceitam o sofrimento e o sacrifício como o preço da união. Em suas alianças de raiva, nascidas do medo da solidão e ainda
assim dedicadas à continuidade da solidão, cada um busca alívio da culpa aumentando-a no outro. Pois cada um acredita que isso
diminui a culpa em si mesmo. O outro parece estar sempre atacando-o e ferindo-o, talvez de pequenas maneiras, talvez "inconscien-
temente", mas nunca sem a exigência do sacrifício. A fúria dessas pessoas reunidas no altar do ego excede em muito a consciência
que podes ter disso. Pois o que o ego realmente quer, tu não te dás conta.
10. Sempre que estiveres com raiva, podes estar certo de que formaste um relacionamento especial "abençoado" pelo ego, pois a
raiva é a benção do ego. A raiva toma muitas formas, mas não pode enganar por muito tempo aqueles que querem aprender que o
amor não traz qualquer culpa e que aquilo que traz culpa, não pode ser amor e tem que ser raiva. Toda raiva nada mais é do que
uma tentativa de fazer alguém sentir-se culpado e essa tentativa é a única base que o ego aceita para os relacionamentos especiais.
A culpa é a única necessidade que o ego tem e enquanto te identificares com ele, a culpa continuará sendo atraente para ti. No en-
tanto, lembra-te disso: estar com um corpo não é comunicação. E se pensas que é, te sentirás culpado em relação à comunicação e
terás medo de ouvir o Espírito Santo reconhecendo na Sua Voz a tua própria necessidade de comunicar-te.
11. O Espírito Santo não pode ensinar através do medo. E como pode Ele comunicar-Se contigo, enquanto acreditas que comunicar-
te é fazer de ti mesmo um ser sozinho? É claramente insano acreditar que através da comunicação serás abandonado. Apesar dis-
so, muitas pessoas acreditam que seja assim. Pois pensam que as suas mentes têm que ser mantidas privadas ou as perderão, mas
se os corpos estão juntos, as mentes continuam sendo de cada um. A união dos corpos vem a ser, então, a maneira pela qual que-
rem manter as mentes separadas. Pois corpos não podem perdoar. Eles só podem fazer o que a mente lhes indica.
12. A ilusão da autonomia do corpo e sua capacidade de superar a solidão não passa de uma obra do plano do ego para estabelecer
apropria autonomia. Enquanto acreditares que estar com um corpo é ter companhia, serás compelido a tentar manter o teu irmão em
seu corpo, preso pela culpa. E verás segurança na culpa e perigo na comunicação. Pois o ego sempre ensinará que a solidão é so-
lucionada através da culpa e que a comunicação é a causa da solidão. E apesar da evidente insanidade dessa lição, muitos a a-
prenderam.
13. O perdão está na comunicação com tanta certeza quanto a perdição está na culpa. A função de ensino do Espírito Santo é instruir
aqueles que acreditam que a comunicação é perdição no sentido de mostrar que a comunicação é salvação. E Ele fará isso, porque
o poder de Deus Nele e em ti está unido em um relacionamento real tão santo e tão forte que é capaz de superar até mesmo isso
sem medo.
14. É através do instante santo que o que parece ser impossível é realizado, tornando evidente que não é impossível. No instante
santo, a culpa não tem atração já que a comunicação foi restaurada. E a culpa, cujo único propósito é romper a comunicação, não
tem função aqui. Aqui não há o que ocultar e não há pensamentos privados. A disposição de comunicar-se atrai a si a comunicação
e supera completamente a solidão. Existe perdão completo aqui, pois não existe nenhum desejo de excluir ninguém da tua comple-
teza, reconhecendo repentinamente o valor da parte de cada um nela. Na proteção da tua integridade todos são convidados e bem-
vindos. E compreendes que a tua completeza é a completeza de Deus, Cuja única necessidade é que tu sejas completo. Pois a tua
completeza faz com que sejas Dele na tua consciência. E é aqui que vivências a ti mesmo como foste criado e como és.

VIII. O único relacionamento real


1. O instante santo não substitui a necessidade do aprendizado, pois o Espírito Santo tem que continuar sendo o teu Professor en-
quanto o instante santo não se estender para muito além do tempo. Em um trabalho de ensino tal como o Seu, Ele tem que usar
tudo nesse mundo para a tua liberação. Ele precisa aliar-Se com qualquer sinal ou indício da tua disponibilidade para aprender com
Ele o que a verdade não pode deixar de ser. Ele é ágil em usar qualquer coisa que Lhe ofereças em favor disso. Sua preocupaçã o e
cuidado para contigo não tem limites. Diante do teu medo do perdão, que Ele percebe com tanta clareza quanto tem conhecimento
de que o perdão é liberação, Ele irá ensinar-te a lembrar que o perdão não é perda, mas a tua salvação. E que no perdão completo,
no qual reconheces que não há nada a perdoar, és completamente absolvido.
2. Ouve-O com contentamento e aprende com Ele que não tens qualquer necessidade de relacionamentos especiais. Apenas buscas
neles aquilo que jogaste fora. E através deles nunca aprenderás o valor do que deixaste de lado, mas ainda desejas com todo o teu
coração. Vamos nos unir para fazer do instante santo tudo o que existe, desejando que ele seja tudo o que existe. O Filho de Deus
tem tamanha necessidade da tua disponibilidade para te esforçares por isso, que não podes conceber uma necessidade tão grande.
Contempla a única necessidade que Deus e o Seu Filho compartilham e querem satisfazer juntos. Não estás sozinho nisso. A vonta-
de das tuas criações te chama para compartilhares a tua vontade com elas. Volta-te, então, em paz, da culpa para Deus e para elas.

3. Relaciona-te só com aquilo que nunca te deixará e que nunca poderás deixar. A solidão do Filho de Deus é a solidão de seu Pai.
Não recuses a consciência da tua completeza e não busques restaurá-la para ti mesmo. Não tenhas medo de entregar a redenção
ao Amor do teu Redentor. Ele não te falhará, pois Ele vem Daquele Que não pode falhar. Aceita o teu sentimento de fracasso como
nada mais do que um engano a respeito de quem és. Pois o santo anfitrião de Deus está além do fracasso e nada do que é sua von-
tade pode ser negado. Estás para sempre em um relacionamento tão santo que ele chama todas as pessoas para escapar da soli-
dão e unirem-se a ti no teu amor. E onde estás, lá todos têm que buscar e achar-te.
4. Pensa apenas um instante nisso: Deus te deu a Filiação para assegurar a tua criação perfeita. Essa foi a Sua dádiva, pois como
Ele não Se recusou a ti, não te recusou a Sua criação. Tudo o que jamais foi criado é teu. Os teus relacionamentos são com o uni-
verso. E esse universo, sendo de Deus, está muito além da ínfima soma de todos os corpos separados que percebes. Pois todas as
suas partes estão unidas em Deus através de Cristo, onde vêm a ser como seu Pai. Cristo não conhece separação em relação ao
Pai, Que é o Seu único relacionamento, no qual Ele dá assim como o Pai dá a Ele.

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UM CURSO EM MILAGRES
5. O Espírito Santo é a tentativa de Deus de libertar-te daquilo que Ele não compreende. E devido à Fonte da tentativa, ela terá su-
cesso. O Espírito Santo te pede para responder como Deus responde, pois Ele quer ensinar-te o que não compreendes. Deus quer
responder a cada necessidade, qualquer que seja a forma que ela tome. E assim Ele mantém esse canal aberto para receber a co-
municação Dele a ti e a tua a Ele. Deus não compreende o teu problema de comunicação, porque Ele não o compartilha contigo. Só
tu acreditas que esse problema é compreensível. O Espírito Santo sabe que não é compreensível e, no entanto, Ele o compreende
porque tu o fizeste.
6. Apenas no Espírito Santo está a consciência daquilo que Deus não pode conhecer e que tu não compreendes. E a Sua função
santa aceitar ambas essas coisas e através da remoção de qualquer elemento de desacordo, uni-las em uma só. Ele fará isso por-
que é a Sua função. Deixa, então, aquilo que para ti parece impossível para Ele Que sabe que isso não pode deixar de ser possível,
porque essa é a Vontade de Deus. E deixa que Ele, Cujo ensinamento é apenas de Deus, te ensine o único significado dos relacio-
namentos. Pois Deus criou o único relacionamento que tem significado e esse é o Seu relacionamento contigo.

IX. O instante santo e a atração de Deus


1. Assim como o ego quer limitar a tua percepção dos teus irmãos ao corpo, do mesmo modo o Espírito Santo quer liberar a tua visão
e te deixar ver os Grandes Raios brilhantes que deles emanam de forma tão ilimitada que alcançam a Deus. E esse deslocamento
para a visão que é realizado no instante santo. No entanto, é necessário que aprendas exatamente o que esse deslocamento acarre-
ta de forma que venhas a estar disposto a fazer com que ele seja permanente. Dada essa disponibilidade, ele não te deixará, pois é
permanente. Uma vez que o tiveres aceito como a única percepção que queres, ele é traduzido em conhecimento pela parte que o
próprio Deus desempenha na Expiação, pois é o único passo nela que Ele compreende. Portanto, nisso não haverá demora assim
que estiveres pronto. Deus está pronto agora, mas tu não estás.
2. Nossa tarefa não é senão a de continuar, tão rapidamente quanto possível, o processo necessário de olhar diretamente para toda
interferência e vê-la tal como é. Pois é impossível reconhecer como totalmente sem gratificação aquilo que pensas que queres. O
corpo é o símbolo do ego, assim como o ego é o símbolo da separação. E ambos não são mais do que tentativas de limitar a comu-
nicação e assim fazer com que ela seja impossível. Pois a comunicação tem que ser ilimitada de modo a ter significado e, privada de
significado, ela não te satisfará completamente. No entanto, continua sendo o único meio pelo qual podes estabelecer relacionamen-
tos reais, que não têm limites, tendo sido estabelecidos por Deus.
3. No instante santo, onde os Grandes Raios substituem o corpo na consciência, o reconhecimento dos relacionamentos sem limites
te é dado. Mas para ver isso, é necessário abrir mão de toda utilidade que o ego dá ao corpo e aceitar o fato de que o ego não tem
nenhum propósito que queiras compartilhar com ele. Pois o ego quer limitar todas as pessoas a um corpo para os seus próprios pro-
pósitos e enquanto pensas que ele tem um propósito, escolherás usar os meios pelos quais ele tenta transformar o próprio propósito
em realização. Isso nunca será realizado. No entanto, terás certamente reconhecido que o ego, cujas metas são totalmente inatingí-
veis, lutará por elas com todo o seu poder e fará isso com a força que tu lhe tens dado.
4. É impossível dividir a tua força entre Céu e inferno, Deus e o ego e liberar o teu poder para a criação, que é o único propósito para
o qual ele te foi dado. O amor quer sempre dar mais. Limites são exigidos pelo ego e representam as suas exigências de tornar pe-
queno e sem efeito. Limita o que vês de um irmão ao corpo, o que farás enquanto não o liberares do corpo, e terás negado a sua
dádiva a ti. O seu corpo não a pode dar. E não a busques através do teu. No entanto, as vossas mentes já são contínuas e a única
coisa necessária é que a essa união seja aceita para que a solidão no Céu tenha desaparecido.
5. Se apenas permitisses ao Espírito Santo que Ele te falasse do Amor de Deus por ti e da necessidade que têm as tuas criações de
estar contigo para sempre, experimentarias a atração do eterno. Ninguém pode ouvi-Lo falar sobre isso e continuar por muito tempo
disposto a pairar por aqui. Pois é tua vontade estar no Céu, onde és completo e sereno, em relacionamentos tão seguros e amoro-
sos que qualquer limite é impossível. Não queres trocar os teus pequenos relacionamentos por isso? Pois o corpo é pequeno e limi-
tado e só aqueles que queres ver sem os limites que o ego lhes impõe são capazes de te oferecer a dádiva da liberdade.
6. Não podes conceber os limites que traçaste para a tua percepção e não tens nenhuma idéia de toda a beleza que poderias ver.
Mas disso precisas lembrar: a atração da culpa se opõe à atração de Deus. A atração de Deus por ti permanece ilimitada, mas por-
que o teu poder, sendo Dele, é tão grande quanto o Dele, tu podes afastar-te do amor. Aquilo que investes na culpa, retiras de Deus.
E a tua vista vem a ser fraca e tênue e limitada, pois tens tentado separar o Pai do Filho e limitar a comunicação entre eles. Não
busques a Expiação em maior separação. E não limites a tua visão do Filho de Deus àquilo que interfere com a sua liberação e que
o Espírito Santo tem que desfazer para libertá-lo. Pois a sua crença em limites, de fato, o aprisionou.
7. Quando o corpo deixa de atrair-te e quando não conferes nenhum valor a ele como meio de conseguires o que quer que seja,
então não haverá interferência na comunicação e os teus pensamentos serão tão livres quanto os de Deus. À medida em que permi-
tes que o Espírito Santo te ensine como usar o corpo só para propósitos de comunicação e renuncias a usá-lo segundo os fins que o
ego vê para ele, que são a separação e o ataque, aprenderás que não tens absolutamente nenhuma necessidade de um corpo.
No instante santo, não há corpos e vivencias apenas a atração de Deus. Aceitando-a sem divisões, tu te unes a Ele totalmente em
um instante, pois não queres colocar nenhum limite na tua união com Ele. A realidade deste relacionamento vem a ser a única ver-
dade que jamais poderias querer. Toda a verdade está aqui.
X. O tempo do renascimento
1. Está em teu poder, no tempo, atrasar a união perfeita do Pai e do Filho. Pois nesse mundo a atração da culpa, de fato, se interpõe
entre eles. Nem o tempo nem a estação do ano significam coisa alguma na eternidade. Mas aqui é função do Espírito Santo usar
ambos, embora não da maneira como o ego os usa. Essa é a estação em que celebrarias o meu nascimento no mundo. No entanto,
não sabes como fazê-lo. Deixa que o Espírito Santo te ensine e permite que eu celebre o teu nascimento através Dele. A única dádi-
va que eu posso aceitar de ti é a dádiva que eu te dei. Libera-me como eu escolho a tua própria liberação. O tempo de Cristo nós
celebramos juntos, pois ele não tem significado se estivermos separados.
2. O instante santo é verdadeiramente o tempo de Cristo. Nesse instante de liberação, nenhuma culpa é colocada sobre o Filho de
Deus e seu poder ilimitado lhe é assim restaurado. Que outra dádiva podes me oferecer, quando eu escolho apenas isso para te
oferecer? E ver a mim é ver-me em todas as pessoas e oferecer a todos a dádiva que ofereceste a mim. Sou tão incapaz de receber
qualquer sacrifício quanto Deus e todo sacrifício que pedes a ti mesmo, pedes a mim. Aprende agora que qualquer espécie de sacri-
fício não é senão uma limitação imposta ao dar. E através dessa limitação, limitaste a aceitação da dádiva que eu te ofereço.

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UM CURSO EM MILAGRES
3. Nós, que somos um, não podemos dar separadamente. Quando estiveres disposto a aceitar o nosso relacionamento como real, a
culpa não exercerá nenhuma atração sobre ti. Pois em nossa união, aceitarás todos os nossos irmãos. A dádiva da união é a única
dádiva que eu nasci para dar. Dá a mim essa dádiva de forma que tu a possas ter. O tempo de Cristo é o tempo indicado para a dá-
diva da liberdade, oferecida a todas as pessoas. E através da tua aceitação, tu a estás oferecendo a todos.
4. Está em teu poder tornar santa essa estação, pois está em teu poder fazer com que o tempo de Cristo seja agora. É possível fazer
isso tudo imediatamente, pois não existe senão um deslocamento de percepção que é necessário, já que cometeste apenas um e-
quívoco. Parecem muitos, mas todos são o mesmo. Pois embora o ego tome muitas formas, é sempre a mesma idéia. O que não é
amor, é sempre medo e nada mais.
5. Não é necessário seguir o medo por todas as rotas tortuosas pelas quais ele se enterra sob o solo e se esconde na escuridão, para
emergir em formas bastante diferentes do que é. No entanto, é necessário examinar cada uma delas enquanto queres reter o princí-
pio que governa a todas. Quando estás disposto a considerá-las não separadamente, mas como manifestações diferentes da mes-
ma idéia, idéia essa que não queres, elas desaparecem juntas. A idéia é simplesmente essa: acreditas que é possível ser anfitrião do
ego ou refém de Deus. Essa é a escolha que pensas ter e a decisão que acreditas ter que tomar. Não vês outras alternativas, pois
não podes aceitar o fato de que o sacrifício não compra nada. O sacrifício é tão essencial ao teu sistema de pensamento, que a sal-
vação à parte do sacrifício não significa nada para ti. A tua confusão entre sacrifício e amor é tão profunda que não consegues con-
ceber amor sem sacrifício. E é para isso que tens que olhar: o sacrifício é ataque e não amor. Se aceitasses apenas essa única idéi-
a, o teu medo do amor desapareceria. A culpa não pode durar quando a idéia do sacrifício tiver sido removida. Pois se existe sacrifí-
cio, alguém tem que pagar e alguém tem que ganhar. E a única questão que permanece é a de saber qual é o preço e para ganhar o
quê.
6. Como anfitrião do ego, acreditas que podes descartar a tua culpa sempre que o quiseres e dessa forma adquirir a paz. E o paga-
mento não parece ser feito por ti. Embora seja óbvio que o ego exige um pagamento, nunca parece exigi-lo de ti. Não estás disposto
a reconhecer que o ego, que convidaste, só é traiçoeiro para com aqueles que pensam ser seus anfitriões. O ego jamais permitirá
que percebas isso, já que esse reconhecimento o deixaria sem lar. Pois quando o reconhecimento despontar com clareza, não serás
iludido por nenhuma forma que o ego tome para se proteger da tua vista. Cada forma será reconhecida como apenas uma capa para
a idéia única que está escondida atrás de todas elas: que o amor exige sacrifício e é, portanto, inseparável do ataque e do medo. E
que a culpa é o preço do amor, que tem que ser pago pelo medo.
7. Como Deus veio a ser amedrontador para ti assim e que imenso sacrifício acreditas que o Amor de Deus exige! Pois o amor total
exigiria sacrifício total. E assim o ego parece exigir menos de ti do que Deus e dos dois, o ego é julgado como o menor de dois ma-
les, um a ser um pouco temido, talvez, mas o outro a ser destruído. Pois vês o amor como destrutivo e a tua única questão é: quem
deve ser destruído, tu ou um outro? Buscas responder essa questão nos teus relacionamentos especiais, nos quais pareces ser am-
bos, destruidor e em parte destruído, mas nunca os dois completamente. E pensas que isso te salva de Deus, Cujo Amor total te
destruiria completamente.
8. Pensas que todas as pessoas fora de ti exigem o teu sacrifício, mas não vês que só tu exiges sacrifício e só de ti mesmo. No en-
tanto, a exigência de sacrifício é tão selvagem e tão amedrontadora que não podes aceitá-la onde ela está. O preço real da não acei-
tação disso tem sido tão grande que preferiste desistir de Deus ao invés de olhar para isso. Pois, se Deus exigiria de ti o sacrifício
total, parece mais seguro projetá-Lo para fora e para longe de ti e não ser anfitrião para com Ele. Atribuíste a Ele a traição do ego,
convidando o ego para tomar o Seu lugar para proteger-te Dele. E não reconheces que é aquilo que convidaste a entrar que quer
destruir-te e que, de fato, exige de ti o sacrifício total. Nenhum sacrifício parcial aplacará esse hóspede selvagem, pois ele é um in-
vasor que apenas aparenta oferecer benignidade, mas sempre para fazer com que o sacrifício seja completo.
9. Não terás sucesso sendo hóspede parcial do ego, pois ele não faz barganhas e nada te deixará. E também não podes ser seu
anfitrião apenas em parte. Tens que escolher entre a liberdade total e o cativeiro total, pois não existem alternativas além dessas.
Tentaste fazer muitas transigências na tentativa de evitar reconhecer a única decisão que tens que tomar. E no entanto, é o reconhe-
cimento da decisão, exatamente como ela é, que faz com que a decisão seja tão fácil. A salvação é simples sendo de Deus e, por-
tanto, muito fácil de compreender. Não tentes projetá-la a partir de ti mesmo e vê-la fora de ti. Em ti estão ambas, a pergunta e a
resposta, a exigência do sacrifício e a paz de Deus.

XI. O Natal como o fim do sacrifício


1. Não tenhas medo de reconhecer que toda a idéia de sacrifício foi feita só por ti. E não busques segurança tentando proteger-te do
lugar onde essa idéia não está. Os teus irmãos e o teu Pai tornaram-se muito amedrontadores para ti. E queres barganhar com eles
por uns poucos relacionamentos especiais, nos quais pensas ver alguns restos de segurança. Não tentes mais manter à parte os
teus pensamentos e o Pensamento que te foi dado. Quando são reunidos e percebidos onde estão, a escolha entre eles não é nada
além de um gentil despertar e é tão simples como abrir os olhos à luz do dia, quando não tens mais necessidade de sono.
2. O sinal do Natal é uma estrela, uma luz na escuridão. Não a vejas fora de ti, mas brilhando no Céu interior e aceita-a como o sinal
de que o tempo de Cristo veio. Ele vem sem nada exigir. Ele não pede nenhum sacrifício de ninguém. Na Presença de Cristo, toda a
idéia de sacrifício perde qualquer significado. Pois Ele é o Anfitrião de Deus. E tu só precisas convidá-Lo em Quem já está presente,
reconhecendo que o Seu Anfitrião é Um só e nenhum pensamento alheio à Sua Unicidade pode habitar com Ele. O amor tem que
ser total para dar boas-vindas a Ele, pois a Presença da santidade cria a santidade que a cerca. Nenhum medo e capaz de afetar o
Anfitrião Que embala Deus no tempo de Cristo, pois o Anfitrião é tão santo quanto a Perfeita Inocência que Ele protege e Cujo poder
O protege.
3. Nesse Natal, dá ao Espírito Santo tudo o que iria ferir-te. Deixa que sejas completamente curado, de modo que possas unir-te a Ele
na cura e festejemos nossa liberação juntos, liberando todas as pessoas conosco. Não deixes nada para trás, pois a liberação é total
e quando a tiveres aceito comigo, tu a darás comigo. Toda dor, todo sacrifício e toda pequenez desaparecerão em nosso relaciona-
mento, que é tão inocente e tão poderoso quanto o nosso relacionamento com o nosso Pai. A dor nos será trazida e desaparecerá
na nossa presença e sem dor não pode haver sacrifício. E sem sacrifício, tem que haver amor.
4. Tu, que acreditas que o sacrifício e amor, precisas aprender que o sacrifício é a separação do amor. Pois o sacrifício traz culpa com
tanta certeza quanto o amor traz paz. A culpa é a condição do sacrifício, assim como a paz é a condição para a conscientização do
teu relacionamento com Deus. Através da culpa, excluis o teu Pai e os teus irmãos de ti mesmo. Através da paz, os chamas de volta,
reconhecendo que eles estão onde o teu convite lhes pede para estar. Aquilo que excluis de ti mesmo parece amedrontador, porque

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UM CURSO EM MILAGRES
o medo é o dote que tu lhe dás e tentas marginalizá-lo, embora seja parte de ti. Quem é capaz de perceber uma parte sua como
indigna e ainda assim viver em paz consigo mesmo? E quem é capaz de tentar resolver o "conflito" do Céu e do inferno dentro de si,
rejeitando o Céu e atribuindo a Ele as qualidades do inferno, sem vivenciar a si mesmo como incompleto e solitário?
5. Enquanto perceberes o corpo como a tua realidade, vais perceber a ti mesmo como solitário e destituído. E, enquanto isso durar,
também vais perceber a ti mesmo como vítima de sacrifício, justificado em sacrificar a outros. Pois quem poderia deixar de lado o
Céu e o seu próprio Criador sem um sentido de sacrifício e de perda? E quem poderia sofrer sacrifício e perda sem tentar restaurar-
se? No entanto, como poderia realizar isso por si mesmo, quando a base das suas tentativas é a crença na realidade da privação? A
privação gera o ataque, sendo a crença em que o ataque é justificado. E enquanto queres reter a privação, o ataque vem a ser sal-
vação e o sacrifício vem a ser amor.
6. É assim que, em toda a tua busca de amor, na verdade buscas o sacrifício e o achas. E, no entanto, não achas o amor. É impossí-
vel negar o que é o amor e ainda reconhecê-lo. O significado do amor está no que colocaste fora de ti e ele não tem nenhum signifi-
cado à parte de ti. É o que preferes guardar que não tem significado, enquanto tudo que queres manter longe de ti retém todo o sig-
nificado do universo e mantém o universo unido em seu significado. A menos que o universo esteja unido em ti, ele estará separado
de Deus e ser sem Ele é ser sem significado.
7. No instante santo, a condição do amor é satisfeita pois as mentes estão unidas sem a interferência dos corpos e onde há comuni-
cação, há paz. O Príncipe da Paz nasceu para restabelecer a condição do amor, ensinando que a comunicação permanece ininter-
rupta mesmo se o corpo é destruído, desde que não vejas o corpo como o meio necessário para a comunicação. E se compreendes
essa lição, vais reconhecer que sacrificar o corpo é não sacrificar nada e a comunicação, que tem que ser da mente, não pode ser
sacrificada. Onde está, então, o sacrifício? A lição que eu nasci para ensinar e ainda quero ensinar a todos os meus irmãos é que o
sacrifício não está em parte alguma e o amor está em toda parte. Pois a comunicação tudo abrange e na paz que ela restabelece, o
amor vem por si mesmo.
8. Não deixes nenhum desespero escurecer a alegria do Natal, pois o tempo de Cristo não tem significado à margem da alegria.
Vamos nos unir na celebração da paz, sem pedir sacrifício algum de pessoa alguma, pois assim me ofereces o amor que eu te ofe-
reço. O que pode trazer mais alegria do que perceber que não estamos privados de nada? Tal é a mensagem do tempo de Cristo,
que eu te dou, de forma que possas dá-la e devolvê-la ao Pai, Que a deu a mim. Pois no tempo de Cristo a comunicação é restaura-
da e Ele une-Se a nós na celebração da criação de Seu Filho.
9. Deus oferece gratidão ao anfitrião santo que quer recebê-Lo e que O deixa entrar e habitar onde Ele quer estar. E pelas tuas boas-
vindas Ele também te dá boas-vindas em Si Mesmo, pois o que está contido em ti, que Lhe dás boas-vindas, é devolvido a Ele. E
nós apenas celebramos a Sua Integridade quando damos boas-vindas a Ele em nós mesmos. Aqueles que recebem o Pai são um
com Ele, sendo anfitriões para com Aquele Que os criou. E por permitir que Ele entre, a lembrança do Pai entra com Ele e com Ele
aqueles que O recebem se lembram do único relacionamento que jamais tiveram e jamais querem ter.
10. Esse é o tempo em que logo um novo ano nascerá do tempo de Cristo. Eu tenho fé perfeita em ti, no sentido de que farás tudo o
que queres realizar. Nada estará faltando e tu farás com que seja completo e não destruirás. Dize, então, ao teu irmão:
Eu te dou ao Espírito Santo como parte de mim mesmo.
Eu sei que serás liberado, a não ser que eu queira usar-te para me aprisionar.
Em nome da minha liberdade eu escolho a tua liberação, porque reconheço que nós seremos liberados juntos.
Assim começará o ano em alegria e liberdade. Há muito a fazer e nós temos estado muito atrasados. Aceita o instante santo enquan-
to esse ano nasce e toma o teu lugar, por tanto tempo vago, no Grande Despertar. Faze com que esse ano seja diferente fazendo
com que tudo seja o mesmo. E permite que todos os teus relacionamentos sejam santificados para ti. Essa é a nossa vontade. A-
mém.

CAPÍTULO 16 - O PERDÃO DAS ILUSÕES

I. A verdadeira empatia
1. Sentir empatia não significa unir-te em sofrimento, pois é isto o que tens que te recusar a compreender. Essa é a interpretação do
ego acerca da empatia e sempre é usada para formar um relacionamento especial, no qual se compartilha o sofrimento. A capacida-
de de sentir empatia é muito útil para o Espírito Santo, desde que permitas que Ele a use a Seu modo. Seu modo é muito diferente.
Ele não compreende o sofrimento e quer que ensines que o sofrimento não é compreensível. Quando Ele se relaciona através de ti,
não se relaciona através do teu ego com outro ego. O Espírito Santo não se une à dor, compreendendo que a cura da dor não se dá
através de tentativas delusórias de entrar nela e aliviá-la por compartilhar a delusão.
2. A prova mais clara de que a empatia, como o ego a usa, é destrutiva está no fato de que só é aplicada a determinados tipos de
problemas e a determinados tipos de pessoas. Ele os seleciona e se une a eles. E nunca se une a não ser com o intuito de fortalecer
a si mesmo. Tendo se identificado com aquilo que pensa que compreende, o ego vê a si mesmo e quer aumentar a si mesmo com-
partilhando o que é como ele. Não cometas nenhum equívoco acerca dessa manobra: sempre que o ego sente empatia o faz para
enfraquecer e enfraquecer é sempre atacar. Tu não conheces o significado da empatia. Entretanto, de uma coisa podes estar certo:
se apenas te sentares serenamente à parte e deixares que o Espírito Santo se relacione através de ti, terás empatia com força e
ganharás em força, não em fraqueza.
3. A tua parte é apenas a de lembrar-te disso: não queres que nada do que valorizas venha a ti através de um relacionamento. Não
escolhes feri-lo nem curá-lo ao teu próprio modo. Não sabes o que é a cura. Tudo o que aprendeste acerca da empatia vem do pas-
sado. E não há nada do passado que queiras compartilhar, pois não há nada do passado que queiras guardar. Não uses a empatia
para fazer com que o passado seja real e assim perpetuá-lo. Deixa-te ficar gentilmente de lado e permite que a cura seja realizada
para ti. Mantém em mente apenas um único pensamento e não o percas de vista, por mais que sejas tentado a julgar uma situação
qualquer e a determinar a tua reação por julgá-la. Concentra a tua mente apenas nisso:
Eu não estou só e não iria impor o passado a meu Hóspede.
Eu O convidei e Ele está aqui. Eu não preciso fazer nada, exceto não interferir.

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UM CURSO EM MILAGRES
4. A verdadeira empatia é Daquele Que tem o conhecimento do que ela é. Aprenderás a Sua interpretação da empatia se permitires
que Ele use a tua capacidade para a força e não para a fraqueza. Ele não irá abandonar-te, mas certifica-te de que tu não o abando-
narás. A humildade é força apenas nesse sentido: reconhecer e aceitar o fato de que tu não sabes, é reconhecer e aceitar o fato de
que Ele sabe. Não estás certo de que Ele fará a Sua parte, porque nunca fizeste, até agora, a tua completamente. Não podes saber
como responder ao que não compreendes. Não sejas tentado nisso e não cedas ao uso triunfal que o ego faz da empatia para a sua
própria glória.
5. O triunfo da fraqueza não é o que queres oferecer a um irmão. E, no entanto, não reconheces nenhum triunfo exceto esse. Isso
não é conhecimento e a forma de empatia que acarretaria isso é tão deformada que aprisionaria aquilo que quer liberar. Os não re-
dimidos não podem redimir, no entanto, têm um Redentor. Não tentes ensiná-Lo. Tu és o aprendiz, Ele o Professor. Não confundas o
teu papel com o Seu, pois isso nunca trará paz a ninguém. Oferece a tua empatia a Ele, pois é a Sua percepção e a Sua força que
queres compartilhar. E deixa que Ele te ofereça a Sua força e a Sua percepção para serem compartilhadas através de ti.
6. O significado do amor se perde em qualquer relacionamento que procure a fraqueza e espere lá achar o amor. O poder do amor,
que é o significado do relacionamento, está na força de Deus que paira sobre ele e o abençoa silenciosamente, envolvendo-o nas
asas da cura. Deixa que assim seja e não tentes substituir isso pelo teu ―milagre‖. Eu disse que se um irmão te pede para fazeres
alguma coisa tola, que a faças. Mas estejas certo de que isso não significa fazer alguma coisa tola que vá ferir a ele ou a ti, pois o
que ferisse um, feriria ao outro. Os pedidos tolos são tolos simplesmente porque conflitam, já que sempre contêm algum elemento de
especialismo. Só o Espírito Santo reconhece as necessidades tolas assim como as reais. E Ele te ensinará como satisfazer a am-
bas, sem perder nenhuma delas.
7. Tu tentarás fazer isso só em segredo. E pensarás que, ao satisfazer as necessidades de uma, não comprometerás a outra, porque
as manténs separadas e secretas. Esse não é o caminho, pois não leva à vida e à verdade. Nenhuma necessidade ficará por muito
tempo sem ser satisfeita se as deixares todas Àquele Cuja função é satisfazê-las. Essa é a Sua função, não a tua. Ele não as satis-
fará secretamente, pois quer compartilhar tudo o que dás através Dele. É por isso que Ele dá. O que dás através Dele é para toda a
Filiação não apenas para uma parte dela. Deixa a Ele a função que Lhe pertence, pois Ele a cumprirá se apenas Lhe pedires que
entre em teus relacionamentos e os abençoe para ti.

II. O poder da santidade


1. Ainda podes pensar que é impossível compreender a santidade, porque não podes ver como ela pode ser estendida para incluir
todas as pessoas. E te foi dito que ela tem que incluir todas as pessoas para ser santa. Não te preocupes com a extensão da santi-
dade, pois não compreendes a natureza dos milagres. Nem és tu quem os faz. É a sua extensão, muito além dos limites que perce-
bes, que demonstra que tu não os fazes. Por que deverias te preocupar com a forma pela qual o milagre se estende a toda a Filia-
ção, quando não compreendes o milagre em si mesmo? Um atributo não é mais difícil de compreender do que o todo. Se os mila-
gres existem de qualquer forma, os seus atributos têm que ser milagrosos, sendo parte deles.
2. Há uma tendência a fragmentar e depois a se preocupar com a verdade de apenas uma pequena parte do todo. E isso não passa
de uma forma de evitares o todo ou de olhares para onde ele não está, para te concentrares naquilo que tu pensas que serias mais
capaz de compreender. Pois essa não é senão mais uma forma através da qual ainda queres tentar manter a compreensão como
algo que é só teu. Uma forma melhor e muito mais útil para pensar nos milagres é a seguinte: tu não os compreendes, nem em par-
te, nem no todo. No entanto, eles foram realizados através de ti. Portanto, a tua compreensão não pode ser necessária. Mesmo as-
sim ainda é impossível realizar o que não podes compreender. E, portanto, tem que haver Algo em ti que, de fato, compreende.
3. Para ti o milagre não pode parecer natural, porque o que fizeste para ferir a tua mente faz com que ela seja tão anti-natural que
não se lembra mais do que é natural para ela. E quando te é dito o que é natural, não és capaz de compreender. O reconhecimento
da parte como todo e do todo em cada parte é perfeitamente natural, pois é assim que Deus pensa e o que é natural para Ele é natu-
ral para ti. A percepção totalmente natural iria te mostrar instantaneamente que a ordem de dificuldades em milagres é impossível,
pois ela envolve uma contradição a respeito do que os milagres significam. E se pudesses compreender o seu significado, dificilmen-
te os seus atributos poderiam causar-te perplexidade.
4. Tu fizeste milagres, mas é bastante evidente que não os fizeste sozinho. Tiveste sucesso todas as vezes em que alcançaste outra
mente e te uniste a ela. Quando duas mentes se unem em uma só e compartilham igualmente uma idéia, foi estabelecido o primeiro
elo na consciência da Filiação como um só. Quando tiveres feito essa união, como o Espírito Santo te pede que faças, e quando a
tiveres oferecido a Ele para que Ele a use como achar adequado, a Sua percepção natural da tua dádiva permite que Ele a compre-
enda e que tu uses a Sua compreensão a teu favor. É impossível convencer-te da realidade do que claramente foi realizado através
da tua disponibilidade enquanto acreditares que tens que compreender o que aconteceu ou não terá sido real.
5. Como é possível que a fé na realidade seja tua enquanto estás determinado a fazer com que ela seja irreal? E estarás, de fato,
mais seguro mantendo a realidade das ilusões do que aceitando alegremente a verdade pelo que ela é e dando graças por ela?
Honra a verdade que te foi dada e fica contente porque não a compreendes. Os milagres são naturais para Aquele Que fala por
Deus. A Sua tarefa é traduzir o milagre no conhecimento que representa, o qual está escondido para ti. Permite que a Sua compre-
ensão do milagre seja suficiente para ti e não voltes as costas para todas as testemunhas que Ele te deu da Sua realidade.
6. Nenhuma evidência vai te convencer da verdade do que não queres. No entanto, o teu relacionamento com Ele é real. Não consi-
deres isso com medo, mas com alegria. Aquele que chamaste está contigo. Dá-Lhe as boas-vindas e honra as testemunhas que te
trazem as boas-novas de que Ele veio. É verdade, exatamente como temes, que reconhecê-Lo é negar tudo aquilo que pensas que
conheces. Mas o que pensas que conheces nunca foi verdadeiro. Que benefício há para ti em prender-te a isso e negar a evidência
da verdade? Pois chegaste por demais perto da verdade para renunciar a ela agora e vais te render à sua atração irresistível. Podes
adiar isso agora, mas só por pouco tempo. O Anfitrião de Deus te chamou e tu ouviste. Nunca mais estarás totalmente disposto a
não escutar.
7. Esse é um ano de alegria no qual a tua capacidade de escutar aumentará e a paz crescerá com isso. O poder da santidade e a
fraqueza do ataque estão ambos sendo trazidos à tua consciência. E isso foi realizado em uma mente firmemente convencida de
que a santidade é fraqueza e o ataque é poder. Não deveria isso ser um milagre suficiente para te ensinar que o teu Professor não
vem de ti? Mas lembra-te também de que sempre que ouviste a Sua interpretação, os resultados te trouxeram alegria. Irias preferir
os resultados da tua interpretação, considerando com honestidade o que têm sido? A Vontade de Deus para ti é algo melhor. Não
poderias olhar com maior caridade a quem Deus ama com perfeito amor?

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UM CURSO EM MILAGRES
8. Não interpretes contra o Amor de Deus, pois tens muitas testemunhas que falam dele com tanta clareza que só os cegos e os
surdos poderiam deixar de vê-las e ouvi-las. Esse ano determina-te a não negar o que te foi dado por Deus. Desperta e compartilha
o que te foi dado, pois essa é a única razão pela qual Ele te chamou. A Sua Voz tem falado claramente e, no entanto, tens tão pouca
fé no que ouviste porque preferiste depositar mais fé no desastre que fizeste. Hoje, vamos nos resolver juntos a aceitar as boas-
novas de que o desastre não é real e de que a realidade não é desastre. A realidade é certa e segura e totalmente benigna para com
todas as pessoas e para com todas as coisas. Não existe amor maior do que aceitar isso e ficar contente. Pois o amor só pede que
sejas feliz e te dará tudo o que faz a felicidade.
9. Nunca entregaste ao Espírito Santo nenhum problema que Ele não tenha resolvido para ti e nem jamais o farás. Nunca tentaste
resolver sozinho coisa alguma que tivesse sucesso. Não é tempo de juntares estes fatos e extraíres deles algum sentido? Esse é o
ano para a aplicação das idéias que te foram dadas. Pois as idéias são forças poderosas para serem usadas e não para serem man-
tidas em vão. Elas já te provaram suficientemente o seu poder para que deposites nelas a tua fé e não em negá-las. Esse ano, in-
veste na verdade e deixa que ela trabalhe em paz. Tem fé Naquele Que tem fé em ti. Pensa no que realmente viste e ouviste e o
reconheças. É possível estares sozinho com testemunhas como estas?

III. A recompensa do ensino


1. Nós já aprendemos que todas as pessoas ensinam e ensinam todo o tempo. Podes ter ensinado bem e, no entanto, ainda assim é
possível que não tenhas aprendido como aceitar o consolo do teu ensinamento. Se considerares o que ensinaste e como isso é a-
lheio ao que pensavas que conhecias, serás compelido a reconhecer que o teu Professor veio de além do teu sistema de pensamen-
to. Portanto, Ele pôde olhá-lo de forma justa e percebê-lo como não sendo verdadeiro. Ele tem que ter feito isso com base em um
sistema de pensamento muito diferente, que não tem nada em comum com o teu. Pois certamente, o que Ele tem ensinado e o que
tu tens ensinado através Dele, nada tem em comum com o que ensinaste antes que Ele viesse. E os resultados foram trazer paz
aonde havia dor e o sofrimento desapareceu para ser substituído pela alegria.
2. Podes ter ensinado a liberdade, mas não aprendeste como ser livre. Eu disse anteriormente: ―Pelos seus frutos os conhecereis, e
eles conhecerão a si mesmos‖. Pois é certo que julgas a ti mesmo de acordo com o teu ensinamento. O ensino do ego produz resul-
tados imediatos porque as suas decisões são imediatamente aceitas como sendo a tua escolha. E essa aceitação significa que estás
disposto a julgar a ti mesmo de acordo com isso. Causa e efeito são muito claros no sistema de pensamento do ego, porque todo o
teu aprendizado foi dirigido no sentido de estabelecer a relação entre eles. E não terias fé no que tão diligentemente ensinaste a ti
mesmo a acreditar? No entanto, lembra-te do cuidado que despendeste na escolha das tuas testemunhas, evitando aquelas que
falavam pela causa da verdade e de seus efeitos.
3. O fato de não teres aprendido o que ensinaste não te mostra que não percebes a Filiação como um só? Não te mostra, também,
que tu não te consideras uno em ti mesmo? Pois é impossível ensinar com sucesso totalmente sem convição e é igualmente impos-
sível que a convição esteja fora de ti. Nunca poderias ter ensinado a liberdade a não ser que acreditasses nela. E o que ensinaste
não pode deixar de ter vindo de ti mesmo. Entretanto, esse Ser tu claramente não conheces e não O reconheces, mesmo que Ele
funcione. O que funciona tem que estar presente. E só se negares o que Ele tem feito é que poderás negar a Sua presença.
4. Esse é um curso que te ensina como conhecer a ti mesmo. Tens ensinado o que tu és, mas não tens permitido que o que és te
ensine. Tens sido muito cuidadoso em evitar o óbvio e em não ver a relação real de causa e efeito que é perfeitamente evidente.
Entretanto, dentro de ti está tudo o que ensinaste. O que será isso que não aprendeu? Tem que ser essa parte que realmente está
fora de ti, não por tua própria projeção, mas na verdade. E é essa parte, que levaste para dentro, que não és. O que aceitas em tua
mente não a muda na realidade. Ilusões não são senão crenças no que não existe. E o aparente conflito entre verdade e ilusão só
pode ser resolvido separando-te da ilusão e não da verdade.
5. O teu ensinamento já fez isso, pois o Espírito Santo é parte de ti. Criado por Deus, Ele não deixou a Deus nem a Sua criação. Ele é
Deus e tu, assim como tu és Deus e Ele juntos. Pois a Resposta de Deus à separação adicionou mais a ti do que o que tentaste tirar.
Ele protegeu a ambos, a ti e às tuas criações juntos, mantendo em unidade contigo o que querias excluir. E as tuas criações tomarão
o lugar do que levaste para dentro de ti para substituí-las. Elas são muito reais, são parte do Ser que não conheces. Elas se comuni-
cam contigo através do Espírito Santo e o seu poder e gratidão para contigo pela sua criação, elas oferecem com contentamento ao
teu ensinamento de ti mesmo, que para elas é o lar onde habitam. Tu, que és o anfitrião de Deus, és também anfitrião para com elas.
Pois nada do que é real jamais deixou a mente do seu criador. E o que não é real nunca esteve lá.
6. Tu não és dois ―seres‖ em conflito. O que está além de Deus? Se tu, que O abraças e a quem Ele abraça são o universo, tudo o
mais tem que estar fora, onde não há nada. Ensinaste isso e de muito longe no universo, embora não além de ti mesmo, as teste-
munhas do teu ensinamento se reuniram para ajudar-te a aprender. A sua gratidão uniu-se à tua e à de Deus para fortalecer a tua fé
no que ensinaste. Pois o que ensinaste é verdadeiro. Sozinho, estás fora do teu ensinamento e à parte dele. Mas com elas não pode
deixar de aprender que não ensinaste senão a ti mesmo e aprendeste da convição que compartilhaste com elas.
7. Esse ano, começarás a aprender e tornarás o aprendizado proporcional ao ensino. Escolheste isso pela tua própria vontade de
ensinar. Embora pareças ter sofrido por isso, a alegria de ensinar ainda será tua. Pois a alegria do ensino está no aprendiz que a
oferece ao professor em gratidão e a compartilha com ele. Na mesma medida em que aprendes, a tua gratidão para com o teu Ser,
Que te ensina o que Ele é, há de crescer e ajudar-te a honrá-Lo. E aprenderás o Seu poder, força e pureza e amá-Lo-ás como Seu
Pai O ama. Seu Reino não tem limites nem tem fim e nada existe Nele que não seja perfeito e eterno. Tudo isso tu és e nada fora
disso é o que tu és.
8. Ao teu Ser mais santo toda honra é devida pelo que és e pelo que é Aquele que te criou como tu és. Mais cedo ou mais tarde,
todas as pessoas terão que fazer uma ponte sobre a brecha que imaginam existir entre os seus ―seres‖. Cada um constrói essa pon-
te, que o conduz através da brecha, assim que estiver disposto a fazer um pequeno esforço para atravessá-la. Seus pequenos es-
forços são poderosamente complementados pela força do Céu e pela vontade unida de todos os que fazem do Céu o que ele é, es-
tando unidos dentro dele. Assim, aquele que quer fazer a travessia é literalmente transportado até lá.
9. A tua ponte está edificada com mais firmeza do que imaginas e o teu pé está firmemente plantado sobre ela. Não tenhas medo de
que a atração daqueles que estão do outro lado e te esperam, não te impulsione para atravessares com segurança. Pois virás aonde
queres estar e onde o teu Ser te espera.

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UM CURSO EM MILAGRES
IV. A ilusão e a realidade do amor
1. Não tenhas medo de olhar para o relacionamento especial de ódio, pois a liberdade está em olhar para ele. Seria impossível não
conhecer o significado do amor exceto por isso. Pois o relacionamento especial de amor, no qual está escondido o sentido do amor,
é empreendido somente para fazer com que o ódio não seja visto, mas não para deixar que ele se vá. A tua salvação despontará
com clareza diante dos teus olhos abertos à medida que olhares para isso. Não podes limitar o ódio. O relacionamento especial de
amor não vai fazer com que ele não seja visível, vai apenas empurrá-lo para o subsolo e escondê-lo de vista. É essencial trazê-lo
para ser visto e não fazer nenhuma tentativa de escondê-lo. Pois é a tentativa de equilibrar o ódio com o amor que faz com que o
amor seja sem significado para ti. Não reconheces a extensão da ruptura que existe nisso. E até que o faças, ela permanecerá sem
reconhecimento e, portanto, sem cura.
2. Os símbolos do ódio contra os símbolos do amor encenam um conflito que não existe. Pois símbolos representam uma outra coisa
e o símbolo do amor não tem significado se o amor é tudo. Passarás por esse último desfazer sem nenhum dano e emergirás daí,
finalmente, como tu mesmo. Esse é o último passo para se estar pronto para Deus. Não desistas da tua vontade agora; estás perto
demais e vais cruzar a ponte em perfeita segurança, traduzido em quietude da guerra para a paz. Pois a ilusão do amor nunca irá
satisfazer-te, mas a sua realidade, que te espera do outro lado, te dará tudo.
3. O relacionamento especial de amor é uma tentativa de limitar os efeitos destrutivos do ódio, achando um abrigo na tempestade da
culpa. Não faz nenhuma tentativa de erguer-se acima da tempestade, à luz do sol. Ao contrário, enfatiza a culpa fora do abrigo ten-
tando construir barricadas contra ela e manter-se do lado de dentro. O relacionamento especial de amor não é percebido como um
valor em si mesmo, mas como um lugar de segurança, do qual o ódio é cortado e mantido à parte. O parceiro especial no amor é
aceitável só enquanto ele serve a esse propósito. O ódio pode entrar e é até mesmo bem-vindo em certos aspectos do relaciona-
mento, mas ele ainda é mantido pela ilusão do amor. Se a ilusão se vai, o relacionamento é rompido ou vem a ser insatisfatório com
base na desilusão.
4. O amor não é uma ilusão. É um fato. Onde a desilusão é possível, não houve amor, mas ódio. Pois o ódio é uma ilusão e o que
pode mudar nunca foi amor. É certo que aqueles que selecionam determinadas pessoas como parceiros para qualquer aspecto da
vida e as usam para qualquer propósito que não compartilhariam com os outros, estão tentando viver com culpa ao invés de morrer
de culpa. Essa é a escolha que vêem. E o amor, para eles, é apenas uma maneira de escapar da morte. Eles o buscam desespera-
damente, porém não na paz na qual, com contentamento, o amor viria a eles em quietude. E quando descobrem que o medo da
morte ainda paira sobre eles, o relacionamento de amor perde a ilusão de que é o que não é. Quando as barricadas contra ele são
quebradas, o medo invade e o ódio triunfa.
5. Não existem triunfos de amor. Só o ódio tem qualquer ligação com o ―triunfo do amor‖. A ilusão do amor pode triunfar sobre a ilu-
são do ódio, mas sempre ao preço de fazer de ambos ilusões. Enquanto durar a ilusão do ódio, nessa mesma medida o amor será
uma ilusão para ti. E então, a única escolha que permanece possível é determinar qual a ilusão que preferes. Não há conflito na es-
colha entre verdade e ilusão. Vendo isso nesses termos, ninguém hesitaria. O conflito entra no instante em que a escolha parece se
fazer entre ilusões, porém essa escolha não tem importância. Onde uma escolha é tão perigosa quanto a outra, a decisão tem que
ser uma decisão de desespero.
6. A tua tarefa não é buscar o amor, mas simplesmente buscar e achar todas as barreiras que construíste dentro de ti contra ele. Não
é necessário buscar o que é verdadeiro, mas é necessário buscar o que é falso. Toda ilusão é uma ilusão de medo, não importa a
forma que tome. E a tentativa de escapar de uma ilusão para outra tem que falhar. Se buscas o amor fora de ti mesmo, podes estar
certo de que percebes o ódio dentro de ti e tens medo desse ódio. No entanto, a paz nunca virá da ilusão do amor, mas só da sua
realidade.
7. Reconhece isso posto que é verdadeiro, e a verdade tem que ser reconhecida se é que queremos distingui-la da ilusão: o relacio-
namento especial de amor é uma tentativa de trazer o amor para a separação. E como tal não é nada mais do que uma tentativa de
trazer o amor para o medo e fazer com que ele seja real no medo. Violando fundamentalmente a única condição do amor, o relacio-
namento especial de amor quer realizar o impossível. Como, a não ser em ilusões, isso poderia ser feito? É essencial que olhemos
bem de perto exatamente o que é que pensas que podes fazer para resolver esse dilema que te parece muito real, mas que não
existe. Vieste até aqui e estás próximo da verdade e só isso se interpõe entre ti e a ponte que te conduz a ela.
8. O Céu espera silenciosamente e as tuas criações estendem as mãos para ajudar-te a atravessar e dar boas-vindas a elas. Pois é a
elas que buscas. Não buscas senão a tua própria completeza e são elas que te tornam completo. O relacionamento especial de a-
mor não é senão um pobre substituto para aquilo que te faz íntegro na verdade, não em ilusões. O teu relacionamento com elas é
sem culpa e isso te permite olhar todos os teus irmãos com gratidão, porque as tuas criações foram criadas em união com eles. A
aceitação das tuas criações é a aceitação da unicidade da criação, sem a qual jamais poderias ser completo. Nenhum especialismo
é capaz de te oferecer o que Deus te deu e o que tu és unido a Ele no dar.
9. Do outro lado da ponte está a tua completeza, pois estarás totalmente em Deus, sem vontade de ter nada em especial, mas ape-
nas ser totalmente como Ele, completando-O pela tua completeza. Não tenhas medo de atravessar para a morada da paz e da san-
tidade perfeita. Somente lá está a completeza de Deus e de Seu Filho estabelecida para sempre. Não busques isso no desolado
mundo da ilusão, onde nada é certo e onde tudo falha em satisfazer. Em Nome de Deus, estejas totalmente disposto a abandonar
todas as ilusões. Em qualquer relacionamento no qual estejas totalmente disposto a aceitar a completeza, e só isso, lá Deus é com-
pletado e Seu Filho com Ele.
10. A ponte que conduz à união em ti mesmo tem necessariamente que conduzir ao conhecimento, pois foi construída com Deus ao
teu lado e te conduzirá diretamente a Ele, onde está a tua completeza totalmente compatível com a Dele. Toda ilusão que aceitas em
tua mente, julgando-a atingível, remove o teu próprio senso de completeza e assim nega a Integridade do teu Pai. Qualquer fantasia,
seja ela de amor ou de ódio, priva-te do conhecimento, pois as fantasias são o véu por trás do qual se oculta a verdade. Para levan-
tar o véu, que parece tão escuro e pesado, só é preciso valorizar a verdade além de qualquer fantasia e estar inteiramente disposto a
não te satisfazeres com a ilusão no lugar da verdade.
11. Não queres ir através do medo para o amor? Pois tal parece ser a jornada. O amor chama, mas o ódio quer que fiques. Não escu-
tes o chamado do ódio e não vejas fantasias, pois a tua completeza está na verdade e em nenhum outro lugar. Vê no chamado do
ódio e em qualquer fantasia que surja para atrasar-te apenas o pedido de ajuda que se eleva sem cessar de ti ao teu Criador. Não
iria Ele te responder, já que a tua completeza é a Sua? Ele te ama totalmente sem ilusões, como tu tens que amar. Pois o amor é
totalmente sem ilusões e, portanto, totalmente sem medo. Aquele de quem Deus se lembra não pode deixar de ser íntegro. E Deus

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UM CURSO EM MILAGRES
nunca esqueceu o que O faz íntegro. Na tua completeza está a memória da Sua Integridade e da Sua gratidão para contigo pela Sua
completeza. No Seu elo contigo estão ambas, a Sua incapacidade de esquecer e a tua capacidade de lembrar. Nele estão unidos a
tua disponibilidade para amar e todo o Amor de Deus, Que não te esqueceu.
12. O teu Pai não é mais capaz de esquecer a verdade em ti do que tu és capaz de falhar em lembrá-la. O Espírito Santo é a ponte
até Ele, feita da tua disponibilidade para unir-te a Ele e criada pela Sua alegria em união contigo. A jornada que parecia sem fim está
quase completa, pois o que é sem fim está muito próximo. Quase o reconheceste. Afasta-te comigo firmemente de todas as ilusões
agora e não deixes que nada obstrua o caminho da verdade. Nós vamos empreender a última jornada inútil longe da verdade juntos
e então, juntos, iremos diretamente a Deus em alegre resposta ao Seu chamado para a Sua completeza.
13. Se relacionamentos especiais de qualquer tipo querem impedir a completeza de Deus, podem ter qualquer valor para ti? O que
interferiria com Deus, tem que interferir também contigo. Só no tempo parece ser possível a interferência na completeza de Deus. A
ponte, através da qual Ele quer carregar-te, te elevaria do tempo para a eternidade. Desperta do tempo e responde sem medo ao
chamado Daquele que te deu a eternidade na tua criação. Desse lado da ponte que leva à intemporalidade, tu nada compreendes.
Mas conforme fores pisando levemente sobre ela, seguro pela intemporalidade, és dirigido diretamente ao Coração de Deus. No seu
centro e somente lá, estás a salvo para sempre porque estás completo para sempre. Não há nenhum véu que o Amor de Deus em
nós juntos não possa levantar. O caminho para a verdade está aberto. Segue-o comigo.

V. A escolha a favor da completeza


1. Ao olhar para o relacionamento especial é necessário em primeiro lugar reconhecer que nele está envolvida uma grande quantida-
de de dor. Tanto a ansiedade como o desespero, a culpa e o ataque, todos esses estados estão presentes nele, interrompidos por
períodos em que parecem ter desaparecido. Todos têm que ser compreendidos como realmente são. Não importa que forma tomem
são sempre um ataque ao próprio ser para fazer com que o outro seja culpado. Eu falei disso anteriormente, mas existem alguns
aspectos do que se está realmente tentando fazer que não foram tocados.
2. Em termos muito simples, a tentativa de fazer com que o outro seja culpado é sempre dirigida contra Deus. Pois o ego quer que tu
O vejas, e apenas Ele, como culpado, deixando a Filiação aberta ao ataque e sem proteção contra isso. O relacionamento especial
de amor é a principal arma do ego para manter-te afastado do Céu. Ele não parece ser uma arma, mas se considerares como o valo-
rizas e porque, reconhecerás que não pode deixar de ser assim.
3. O relacionamento especial de amor é a dádiva de que o ego mais se vangloria e aquela que maior apelo tem para aqueles que não
querem renunciar à culpa. É aqui que a ―dinâmica‖ do ego fica mais clara, pois contando com a atração desse oferecimento, as fan-
tasias que se formam em torno dele são freqüentemente bastante evidentes. Aqui em geral se julga que elas são aceitáveis e até
mesmo naturais. Ninguém considera esquisito amar e odiar ao mesmo tempo e até aqueles que acreditam que odiar é pecado, ape-
nas sentem-se culpados, mas não corrigem isso. Essa é a condição ―natural‖ da separação e aqueles que aprendem que ela não é
de forma alguma natural, parecem ser.. os anti-naturais. Pois esse mundo é o oposto do Céu, tendo sido feito para ser o seu oposto
e todas as coisas aqui tomam a direção exatamente oposta daquilo que é verdadeiro. No Céu, onde o significado do amor. é conhe-
cido, o amor é a mesma coisa que a união. Aqui, onde a ilusão do amor é aceita no lugar do amor, o amor é percebido como separa-
ção e exclusão.
4. É no relacionamento especial, nascido do desejo oculto do amor especial de Deus, que o ódio do ego triunfa. Pois o relacionamen-
to especial é a renúncia ao Amor de Deus e a tentativa de garantir para o próprio ser o especialismo que Ele negou. É essencial para
a preservação do ego que acredites que esse especialismo não é o inferno, mas o Céu. Pois o ego não quer que jamais vejas que a
separação só poderia ser uma perda, sendo a única condição na qual o Céu não poderia existir.
5. Para todos, o Céu é completeza. Não pode haver nenhum desacordo em relação a isso, porque ambos, o ego e o Espírito Santo, o
aceitam. No entanto, eles estão em completo desacordo em relação ao que seja a completeza e como realizá-la. O Espírito Santo
tem o conhecimento de que a completeza está em primeiro lugar na união e depois na extensão da união. Para o ego, a completeza
está no triunfo e na extensão da ―vitória‖ até o triunfo final sobre Deus. Nisso ele vê a liberdade última do ser, pois nada permanece-
ria para interferir com o ego. Essa é a sua idéia do Céu. E portanto a união, que é uma condição na qual o ego não p ode interferir,
tem que ser o inferno.
6. O relacionamento especial é um instrumento do ego, estranho e anti-natural, com o fim de unir inferno e Céu e fazer com que se-
jam indistintos. E a tentativa de achar o que se imagina de ―melhor‖ dos dois mundos simplesmente tem levado a fantasias de ambos
e à incapacidade de perceber um ou outro tal como é. O relacionamento especial é o triunfo dessa confusão. É um tipo de união do
qual a união está excluída e a base para a tentativa da união repousa na exclusão. Que melhor exemplo poderia haver da máxima
do ego: ―Busca, mas não aches?‖
7. O mais curioso de tudo é o conceito do ser que o ego apregoa no relacionamento especial. Esse ―ser‖ busca o relacionamento para
se tornar completo. Entretanto, quando acha o relacionamento especial no qual pensa que pode realizar isso, ele se desfaz de si
mesmo e tenta se ―trocar‖ pelo ser do outro. Isso não é união, pois, não existe aí aumento nem extensão. Cada parceiro tenta sacrifi-
car o ser que não quer em troca daquele que pensa que preferiria. E sente-se culpado. pelo ―pecado‖ de tomar e nada dar de valor
em troca. Quanto valor pode ele dar a um ser do qual quer se desfazer em.troca de outro ―melhor‖?
8. O ser ―melhor‖ que o ego busca é sempre um mais especial. E qualquer um que pareça possuir um ser especial é ―amado‖ pelo
que pode ser tirado dele. Nos casos em que ambos os parceiros vêem esse ser especial um no outro, o ego vê ―uma união feita no
Céu.‖ Pois nenhum dos dois irá reconhecer que pediu o inferno e, portanto, não irá interferir com a ilusão que o ego tem do Céu, e é
essa que ele oferece para interferir com o Céu. No entanto, se todas as ilusões são feitas de medo e não podem ser feitas de nada
mais, a ilusão do Céu nada mais é senão uma forma‖ atraente‘― de medo, na qual a culpa é profundamente enterrada e emerge na
forma de ―amor‖.
9. O apelo do inferno está só na terrível atração da culpa que o ego oferece àqueles que depositam sua fé na pequenez. A convição
da pequenez está em todo relacionamento especial, pois só quem se sente privado de algo pode valorizar o especialismo. A exigên-
cia do especialismo e a percepção de dar o especialismo como um ato de amor faria com que o amor fosse odioso. O real propósito
do relacionamento especial, em estrita concordância com as metas do ego, é destruir a realidade e substituí-la pela ilusão. Pois o
ego é, ele próprio, uma ilusão, e só as ilusões podem ser testemunhas da sua ―realidade‖.
10. Se percebesses o relacionamento especial como um triunfo sobre Deus, tu o quererias? Não pensemos em sua natureza ame-
drontadora, nem na culpa que ele necessariamente acarreta, nem na tristeza, nem na solidão. Pois esses são apenas atributos de
119
UM CURSO EM MILAGRES
toda a religião da separação e do contexto total no qual se pensa que ela ocorre. O tema central em sua litania de sacrifícios é que
Deus tem que morrer para que tu possas viver. E é esse tema que é encenarão no relacionamento especial. Através da morte do teu
ser, pensas que podes atacar outro ser e arrancá-lo do outro para substituir o ser que desprezas. E o desprezas porque não pensas
que ele oferece o especialismo que exiges. E odiando-o, tu o tornaste pequeno e indigno, porque tens medo dele.
11. Como podes dar poder ilimitado àquilo que pensas que atacaste? A verdade veio a ser para ti tão amedrontadora, que a não ser
que ela fosse fraca, pequena e indigna de ser valorizada, não terias coragem de olhar para ela. Pensas que é mais seguro dotar o
pequeno ser que fizeste com o poder que arrebataste da verdade, triunfando sobre ela e deixando-a impotente. Vê quão exatamente
esse ritual é encenado no relacionamento especial. Um altar é erigido entre duas pessoas separadas, no qual cada uma busca matar
*
o seu ser e instaurar em seu corpo um outro ser que tire o seu poder da sua morte. Muitas e muitas vezes esse ritual é encenado. E
nunca se completa, nem nunca será completado. O ritual da completeza não pode completar, pois a vida não surge da morte, nem o
Céu do inferno.
12. Sempre que uma forma qualquer de relacionamento especial te tentar a buscar o amor em um ritual, lembra-te de que o amor é
conteúdo e não forma de espécie alguma. O relacionamento especial é um ritual de forma, com o objetivo de elevar a forma para
que ela tome o lugar de Deus, às custas do conteúdo. Não há nenhum significado na forma e nunca haverá. O relacionamento espe-
cial tem que ser reconhecido pelo que é: um ritual sem sentido, no qual a força é extraída da morte de Deus e investida em Seu as-
sassino como sinal de que a forma triunfou sobre o conteúdo e o amor perdeu o seu significado. Queres que isso seja possível,
mesmo sem considerar a sua evidente impossibilidade? Se fosse possível, terias feito de ti mesmo um impotente. Deus não está
com raiva. Ele meramente não poderia deixar que isso acontecesse. Não podes mudar a Mente de Deus. Nenhum dos rituais que
tenhas inventado, nos quais a dança da morte te deleite, pode trazer morte ao eterno. E o substituto que escolheste para a Integri-
dade de Deus também não pode ter qualquer influência sobre ela.
13. Não vejas no relacionamento especial nada além de uma tentativa sem significado de erguer outros deuses diante Dele e, ado-
rando-os, obscurecer a insignificância que lhes é própria e a Sua grandeza. Em nome da tua completeza, não queres isso. Pois cada
ídolo que ergues para colocar diante Dele, se coloca diante de ti, no lugar do que tu és.
14. A salvação está no simples fato de que as ilusões não são amedrontadoras porque não são verdadeiras. Elas apenas aparentam
ser amedrontadoras, na medida em que falhas em reconhecê-las pelo que são; e falharás nisso na medida em que quiseres que
sejam verdadeiras. E nessa mesma medida estás negando a verdade e assim falhando em fazer a simples escolha entre verdade e
ilusão, Deus e fantasia. Lembra-te disso e não terás dificuldade em perceber a decisão exatamente como ela é e nada mais.
15. O núcleo da ilusão da separação está simplesmente na fantasia da destruição do significado do amor. E a não ser que o significa-
do do amor seja restaurado para ti, não podes conhecer a ti mesmo, já que compartilhas esse significado. A separação é apenas a
decisão de não conhecer a ti mesmo. Todo esse sistema de pensamento é uma experiência de aprendizado cuidadosamente inven-
tada e programada para conduzir para longe da verdade e para dentro da fantasia. Entretanto, para cada aprendizado que te feriria,
Deus te oferece correção e a possibilidade de escapar completamente de todas as suas conseqüências.
16. A decisão de escutar ou não esse curso e segui-lo é somente a escolha entre a verdade e a ilusão. Pois aqui está a verdade,
separada da ilusão e não confundida com ela em absoluto. Como essa escolha vem a ser simples quando é percebida apenas como
é. Pois só fantasias fazem com que a confusão na escolha seja possível e elas são totalmente irreais.
17. Esse ano é, então, o tempo de tomar a decisão mais fácil com a qual jamais foste confrontado e ao mesmo tempo a única. Atra-
vessarás a ponte para a realidade simplesmente porque reconhecerás que Deus está do outro lado e aqui não há absolutamente
nada. É impossível não tomar a decisão natural quando isso é reconhecido.

VI. A ponte para o mundo real


1. A busca do relacionamento especial é um sinal de que te igualas ao ego e não a Deus. Pois o relacionamento especial só tem valor
para o ego. Para o ego, a não ser que um relacionamento tenha valor especial, não tem significado pois o ego percebe todo amor
como especial. Entretanto, isso não pode ser natural, pois não é como o relacionamento de Deus e de Seu Filho, e todos os relacio-
namentos que não são como esse têm que ser anti-naturais. Pois Deus criou o amor como Ele quer que seja e deu esse amor como
ele é. O amor não tem significado exceto como o seu Criador o definiu pela Sua Vontade. É impossível defini-lo de outro modo e
compreendê-lo.
2. O amor é liberdade. Procurá-lo colocando a ti mesmo em cativeiro é separar-te dele. Pelo Amor de Deus; não busques mais a
união na separação, nem a liberdade em cativeiro! À medida em que tu liberas, na mesma medida serás liberado. Não te esqueças
disso ou o amor será incapaz de achar-te e consolar-te.
3. Há uma forma na qual o Espírito Santo pede a tua ajuda, se queres a Sua. O instante santo é o recurso mais útil que Ele tem para
proteger-te da atração da culpa, o verdadeiro chamariz no relacionamento especial. Não reconheces que ela é a atração real nesse
relacionamento, pois o ego te ensinou que a liberdade está nele. No entanto, quanto mais de perto olhas para o relacionamento es-
pecial, mais evidente fica que ele não pode deixar de fomentar a culpa e, portanto, tem que aprisionar.
4. O relacionamento especial é totalmente sem significado sem um corpo. Se o valorizas, não podes deixar de valorizar o corpo tam-
bém. E aquilo que valorizas, vais manter. O relacionamento especial é um mecanismo para limitar o teu ser a um corpo e para limitar
a tua percepção dos outros aos seus corpos. Os Grandes Raios, se fossem vistos, estabeleceriam que o relacionamento especial é
totalmente sem valor. Pois ao vê-los, o corpo desapareceria, porque o seu valor teria sido perdido. E assim todo o teu investimento
em vê-lo seria retirado.
5. Vês o mundo que valorizas. Desse lado da ponte vês o mundo de corpos separados, buscando unir-se uns aos outros em uniões
separadas e vir a ser um através da perda. Quando dois indivíduos buscam tornar-se um, estão tentando diminuir a sua magnitude.
Cada um nega o seu poder, pois a união separada exclui o universo. Muito mais é deixado de fora do que levado para dentro, pois
Deus é deixado de fora e nada é levado para dentro. Se uma única união desse tipo fosse feita em perfeita fé, o universo entraria
nela. No entanto, o relacionamento especial que o ego busca não inclui nem mesmo um indivíduo inteiro. O ego quer apenas parte
dele e vê apenas essa parte e nada mais.

* “.. .and on his body raise another self to take its power from his death.” o original é um pouco mais claro pois „its‟, relativo a „poder‟, é neutro
indicando claramente que se refere ao poder do ser.
120
UM CURSO EM MILAGRES
6. Do outro lado da ponte é tão diferente! Por algum tempo o corpo ainda é visto, mas não de maneira exclusiva, como é visto aqui. A
pequena centelha que mantém os Grandes Raios dentro dele também é visível e essa centelha não pode ser por muito tempo limita-
da à pequenez. Uma vez que tenhas atravessado a ponte, o valor do corpo é de tal forma diminuído na tua vista que não verás ne-
cessidade alguma de engrandecê-lo. Pois reconhecerás que o único valor que o corpo tem está em permitir que tragas os teus ir-
mãos para a ponte contigo e lá sejam todos liberados juntos.
7. A ponte em si mesma nada mais é do que uma transição na perspectiva dá realidade. Desse lado, tudo o que vês é grosseirame n-
te distorcido e completamente fora de perspectiva. O que é pequeno e insignificante é engrandecido e o que é forte e poderoso re-
duzido à pequenez. Na transição, há um período de confusão, no qual um sentimento de desorientação de fato pode ocorrer. Mas
não tenhas medo, pois só significa que tens estado disposto a soltar o teu apego ao quadro de referências distorcido que aparentava
manter o teu mundo no lugar. Esse quadro de referências é feito em torno do relacionamento especial. Sem essa ilusão, não poderia
haver significado algum que ainda buscasses aqui.
8. Não tenhas medo de ser abruptamente erguido e jogado na realidade. O tempo é benigno e, se o usares em favor da realidade, ele
manterá contigo um ritmo gentil na tua transição. A urgência está apenas em desalojar a tua mente da posição fixada aqui. Isso não
te deixará sem lar e sem um quadro de referências. O período de desorientação, que precede à transição em si, é muito mais curto
do que o tempo que levou para fixar a tua mente de forma tão firme em ilusões. O adiamento irá ferir-te agora mais do que antes,
apenas porque reconheces que é adiamento e que escapar da dor é realmente possível. Acha esperança e conforto ao invés de
desespero no seguinte: não poderias achar por muito tempo nem mesmo a ilusão do amor em qualquer relacionamento especial
aqui. Pois já não estás mais totalmente insano e logo reconhecerias a culpa da auto-traição pelo que ela é.
9. Nada que busques fortalecer no relacionamento especial é realmente parte de ti. E não podes manter parte do sistema de pensa-
mento que te ensinou que ele é real e compreender o Pensamento que conhece o que tu és. Permitiste que o Pensamento da tua
realidade entrasse em tua mente e porque o convidaste, ele habitará contigo. O teu amor por ele não permitirá que traias a ti mesmo
e não poderias entrar em um relacionamento no qual ele não pudesse ir contigo, pois não irias querer estar à parte dele.
10. Fica contente por teres escapado à caricatura de salvação que o ego te ofereceu e não olhes para trás com saudade do travesti
grotesco que ele fez dos teus relacionamentos. Agora ninguém precisa sofrer, pois chegaste longe demais para ceder à ilusão da
beleza e da santidade da culpa. Só os totalmente insanos poderiam olhar para a morte e o sofrimento, a doença e o desespero e vê-
los dessa forma. O que a culpa tem formado é feio, amedrontador e muito perigoso. Não vejas nisso qualquer ilusão de verdade e
beleza. E sê grato porque há um lugar onde a verdade e a beleza esperam por ti. Vai em frente para encontrá-las com contentamen-
to e aprende o quanto te espera pela tua simples disponibilidade para renunciar ao nada porque é nada.
11. A nova perspectiva que irás ganhar pela travessia será compreender aonde é o Céu. Desse lado, ele parece estar do lado de fora
e depois da ponte. No entanto, à medida em que atravessas para unir-te a ele, ele unir-se-á a ti e virá a ser um contigo. E irás pen-
sar, em feliz espanto, que por tudo isso a nada renunciaste! A alegria do Céu, que não tem limites, aumenta com cada luz que retor-
na para tomar seu lugar de direito dentro dela. Não esperes mais, por Amor a Deus e a ti mesmo. E que o instante santo te acelere
no teu caminho como certamente o fará, se apenas deixares que ele venha a ti.
12. O Espírito Santo só te pede essa pequena ajuda: sempre que os teus pensamentos vagarem em torno de um relacionamento
especial que ainda te atraia, entra com Ele em um instante santo e lá permite que Ele te libere. Ele só precisa da tua disponibilidade
para compartilhar a Sua perspectiva para dá-lo a ti de forma completa. E a tua disponibilidade não precisa ser completa porque a
Sua é perfeita. É Sua tarefa expiar a tua falta de disponibilidade através da Sua fé perfeita e é a Sua fé que compartilhas c om Ele no
instante santo. À partir do teu reconhecimento da tua falta de disponibilidade para liberar-te, a Sua disponibilidade perfeita te é dada.
Chama por Ele, pois o Céu está ao Seu chamado. E deixa que Ele chame o Céu por ti.

VII. O fim das ilusões


1. É impossível soltar o passado sem abandonar o relacionamento especial. Pois o relacionamento especial é uma tentativa de re-
encenar o passado e mudá-lo. Cenas imaginadas, dor relembrada, desapontamentos passados, injustiças percebidas e privações,
tudo isso entra no relacionamento especial, que vem a ser uma maneira pela qual buscas restaurar a tua auto-estima ferida. Que
base terias para escolher um parceiro especial sem o passado? Todas essas escolhas são feitas devido a algo de ―mau‖ no passado
a que te prendes e que alguma outra pessoa tem que expiar.
2. O relacionamento especial se vinga do passado. Buscando remover o sofrimento no passado, não vê o presente em sua preocu-
pação com o passado e seu total compromisso com ele. Nenhuma relação especial é vivenciada no presente. Sombras do passado
a envolvem e fazem dela o que ela é. Não tem significado no presente e se nada significa agora, não pode ter absolutamente ne-
nhum significado real. Como podes mudar o passado a não ser em fantasias? E quem pode te dar o que pensas que o passado tirou
de ti? O passado não é nada. Não busques colocar a culpa da privação nele, pois o passado se foi. Não podes realmente não deixar
que se vá aquilo que já se foi. Portanto, o que tem que estar acontecendo é que estás mantendo a ilusão de que ele não se foi, por-
que pensas que ele serve a algum propósito que queres que seja cumprido. E também é necessário que esse propósito não possa
ser cumprido no presente, mas só no passado.
3. Não subestimes a intensidade da compulsão do ego para se vingar do passado. É completamente selvagem e completamente
insana. Pois o ego lembra-se de todas as coisas que fizeste que o ofenderam e busca o pagamento que lhe deves. As fantasias que
ele traz aos relacionamentos por ele escolhidos, nos quais encena o seu ódio, são fantasias da tua destruição. Pois o ego mantém o
passado contra ti e se escapares do passado ele se vê privado da vingança que acredita que tão justamente mereces. No entanto,
sem a tua aliança para a tua própria destruição, o ego não poderia te manter preso ao passado. No relacionamento especial, estás
permitindo que a tua destruição aconteça. Que isso é insano, é óbvio. Mas o que é menos óbvio é que o presente é inútil para ti en-
quanto persegues a meta do ego como seu aliado.
4. O passado se foi; não busques preservá-lo no relacionamento especial que te prende a ele e que te ensinaria que a salvação é
passado e que assim, tens que retornar ao passado para achares a salvação. Não existe nenhuma fantasia que não contenha o so-
nho da vingança pelo passado. Queres encenar esse sonho ou deixar que ele se vá?
5. No relacionamento especial, o que buscas não parece ser uma encenação da vingança. E mesmo quando o ódio e a selvageria
brevemente transparecem, a ilusão do amor não é profundamente abalada. No entanto, a única coisa que o ego nunca permite que
aflore à consciência é que o relacionamento especial é a encenação da vingança de ti mesmo. No entanto, que outra coisa poderia

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UM CURSO EM MILAGRES
ser? Ao buscar o relacionamento especial, não procuras a glória em ti mesmo. Negaste que ela esteja aí e o relacionamento vem a
ser o teu substituto para ela. E a vingança vem a ser o teu substituto para a Expiação e escapar da vingança vem a ser a tua perda.
6. Face à noção insana de salvação do ego, o Espírito Santo gentilmente coloca o instante santo. Nós dissemos anteriormente que o
Espírito Santo tem que ensinar através de comparações e usa opostos para apontar para a verdade. O instante santo é o oposto da
crença fixa do ego na salvação através da vingança do passado. No instante santo se compreende que o passado se foi e, com a
sua passagem, a compulsão da vingança deixou de ter raízes e desapareceu. A serenidade e a paz do agora te envolvem em perfei-
ta gentileza. Todas as coisas se foram, exceto a verdade.
7. Durante um certo tempo, podes tentar trazer ilusões ao instante santo para adiar a tua consciência total da diferença completa, em
todos os aspectos, entre a tua experiência da verdade e a ilusão. Entretanto, não tentarás isso por muito tempo. No instante santo, o
poder do Espírito Santo prevalecerá, porque te uniste a Ele. As ilusões que trazes contigo irão enfraquecer a tua experiência Dele
por algum tempo e te impedirão de manter a experiência em tua mente. Todavia, o instante santo é eterno e as tuas ilusões tempo-
rais não impedirão o intemporal de ser o que é e nem te impedirão de vivenciá-lo como é.
8. O que Deus te deu é verdadeiramente dado e será verdadeiramente recebido. Pois as dádivas de Deus não têm realidade à parte
do teu recebimento. O teu recebimento completa a Sua dádiva. Irás receber porque dar é a Vontade de Deus. Ele fez o instante santo
para te ser dado e é impossível que não o recebas, porque Ele o deu. Quando foi a Vontade de Deus que o Filho de Deus fosse livre,
o Filho foi livre. No instante santo, está o Seu lembrete de que Seu Filho sempre será exatamente como foi criado. E tudo o que o
Espírito Santo ensina é para lembrar-te que recebeste o que Deus te deu.
9. Não há nada que possas manter contra a realidade. Tudo o que tem que ser perdoado são as ilusões que manténs contra os teus
irmãos. A sua realidade não tem passado algum e só as ilusões podem ser perdoadas. Deus nada tem contra ninguém, pois Ele é
incapaz de qualquer tipo de ilusões. Libera os teus irmãos da escravidão das suas ilusões, perdoando-os pelas ilusões que percebes
neles. Assim irás aprender que foste perdoado, pois foste tu que lhes ofereceste ilusões. No instante santo isso é feito para ti no
tempo, para te trazer a verdadeira condição do Céu.
10. Lembra-te de que sempre escolhes entre a verdade e a ilusão, entre a Expiação real que curaria e a ―expiação‖ do ego, que des-
truiria. O poder de Deus e todo o Seu Amor sem limites irão apoiar-te à medida em que buscas apenas o teu lugar no plano da Expi-
ação que surge do Seu Amor. Sê um aliado de Deus e não do ego buscando como a Expiação pode vir a ti. A Sua ajuda basta, pois
o Seu Mensageiro compreende como restaurar o Reino para ti e colocar todo o teu investimento na salvação no teu relacionamento
com Ele.
11. Busca e acha a Sua mensagem no instante santo, onde todas as ilusões são perdoadas. De lá o milagre se estende para aben-
çoar a todas as pessoas e resolver todos os problemas, sejam eles percebidos como grandes ou pequenos, possíveis ou impossí-
veis. Não há nada que não ceda lugar a Ele e à Sua majestade. Unir-se a Ele em um relacionamento íntimo é aceitar os relaciona-
mentos como reais e, através da sua realidade, entregar todas as ilusões pela realidade de teu relacionamento com Deus. Honra
seja dada ao teu relacionamento com Ele e a nenhum outro. A verdade está lá e em nenhum outro lugar. Escolhe isso ou nada.
12. Pai, perdoa-nos as nossas ilusões e ajuda-nos a aceitar o nosso verdadeiro relacionamento Contigo, no qual não há ilusões e
onde nenhuma jamais pode entrar. A nossa santidade é a Tua. O que pode haver em nós que precise ser perdoado quando a Tua é
perfeita? O sono do esquecimento é apenas não querermos lembrar o Teu perdão e o Teu Amor. Não nos deixes cair em tentação,
pois a tentação do Filho de Deus não é a Tua Vontade. E permite que recebamos apenas o que Tu nos deste e que aceitemos ape-
nas isso nas mentes que Tu criaste e que Tu amas. Amém.

CAPITULO 17 - O PERDÃO E O RELACIONAMENTO SANTO

I. Trazendo as fantasias à verdade


1. A traição do Filho de Deus se passa apenas em ilusões e todos os seus ―pecados‖ não são senão a sua própria imaginação. A sua
realidade é para sempre sem pecado. Ele não precisa ser perdoado, mas desperto. Nos seus sonhos, ele traiu a si mesmo, a seus
irmãos e a seu Deus. No entanto, o que é feito em sonhos não é realmente feito. É impossível convencer o sonhador de que isso é
assim, pois sonhos são o que são devido à ilusão de realidade que lhes é própria. Só no despertar está a liberação total em relação
a eles, pois só então vem a ser perfeitamente evidente que não tiveram em absoluto qualquer efeito sobre a realidade e não a muda-
ram. Fantasias mudam a realidade. Esse é o seu propósito. Elas não podem fazer isso na realidade, mas podem fazê-lo na mente
que quer que a realidade seja diferente.
2. Assim sendo, só o teu desejo de mudar a realidade é amedrontador, pois através do teu desejo pensas que realizaste o que dese-
jas. Essa estranha posição, em certo sentido, reconhece o teu poder. Entretanto, por distorcê-lo e por dedicá-lo ao ―mal‖, também faz
com que seja irreal. Não podes servir a dois senhores que te pedem coisas conflitantes. O que usas na fantasia, negas à verdade.
Por outro lado, o que dás à verdade para que ela o use para ti, está a salvo da fantasia.
3. Quando afirmas que tem que haver uma ordem de dificuldades em milagres, tudo o que queres dizer é que há certas coisas que
queres manter longe da verdade. Acreditas que a verdade não pode lidar com elas apenas porque queres mantê-las à parte da ver-
dade. Muito simplesmente, a tua falta de fé no poder que cura toda a dor surge do teu desejo de reter alguns aspectos da realidade
para as fantasias. Se apenas reconhecesses o que isso faz com a tua apreciação do todo! O que reservas para ti mesmo, tiras Da-
quele Que quer liberar-te. A não ser que o devolvas, é inevitável que a tua perspectiva da realidade seja deformada e incorreta.
4. Enquanto quiseres que isso seja assim, a ilusão de uma ordem de dificuldades em milagres permanecerá contigo. Pois estabele-
ceste essa ordem na realidade, dando um pouco dessa realidade a um professor e um pouco a outro. E assim aprendes a lidar com
uma parte da verdade de uma maneira e com a outra parte de outra. Fragmentar a verdade é destruí-la, tornando-a sem significado.
Ordens de realidade constituem uma perspectiva sem compreensão, um quadro de referências para a realidade ao qual ela não po-
de ser realmente comparada de forma alguma.
5. Pensas que podes trazer verdade a fantasias e aprender o que a verdade significa a partir da perspectiva das ilusões? A verdade
não tem significado na ilusão. O quadro de referência para o seu significado tem que ser ela mesma. Quando tentas trazer a verdade
às ilusões, estás tentando fazer com que as ilusões sejam reais e estás tentando mantê-las, justificando a tua crença nelas. Mas dar
ilusões à verdade é permitir à verdade ensinar que as ilusões são irreais e assim permitir que escapes delas. Não reserves nenhuma

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UM CURSO EM MILAGRES
idéia separada da verdade ou estabeleces ordens de realidade que necessariamente te aprisionam. Não há ordem na realidade,
porque tudo nela é verdadeiro.
6. Que estejas voluntariamente disposto, então, a dar tudo o que retiveste fora da verdade Àquele Que conhece a verdade e em
Quem tudo é trazido à verdade. A salvação da separação tem que ser completa, ou não será de forma alguma. Não te preocupes
com nada, exceto com a tua disponibilidade para ter isso realizado. Ele o realizará, não tu. Mas não te esqueças disso: quando te
perturbas e perdes a paz da tua mente porque um outro está tentando resolver os seus problemas através da fantasia, estás recu-
sando-te a perdoar a ti mesmo por essa mesma tentativa. E estás mantendo a ambos afastados da verdade e da salvação. À medida
em que o perdoas, devolves à verdade o que estava sendo negado por ambos. E verás o perdão onde o tiveres dado.

II. O mundo perdoado


1. Tu és capaz de imaginar quão belos parecerão para ti aqueles a quem tiveres perdoado? Em nenhuma fantasia jamais viste nada
tão belo. Nada do que vês aqui, dormindo ou acordado, chega perto de tamanha beleza. E coisa alguma valorizarás como essa, nem
nada será tão precioso. Nada do que lembras, que tenha feito o teu coração cantar com alegria, jamais te trouxe sequer uma peque-
na parte da felicidade que ver isso vai te trazer. Pois verás o Filho de Deus. Contemplarás a beleza que o Espírito Santo ama con-
templar e pela qual Ele agradece ao Pai. Ele foi criado para ver isso para ti até que aprendesses a vê-lo por ti mesmo. E todo o Seu
ensinamento leva a ver isso e a dar graças com Ele.
2. Essa beleza não é uma fantasia. É o mundo real, brilhante e limpo e novo, com tudo cintilando debaixo do sol aberto. Nada está
oculto aqui, pois todas as coisas foram perdoadas e não existem fantasias para esconder a verdade. A ponte entre aquele mundo e
esse é tão pequena e tão fácil de atravessar, que não poderias acreditar que ela é o ponto de encontro de mundos tão diferentes. No
entanto, essa pequena ponte é a coisa mais forte que, de algum modo, toca esse mundo. Esse pequeno passo, tão mínimo que es-
capou à tua atenção, é um passo largo através do tempo até à eternidade, indo além de tudo o que é feio até à beleza que vai en-
cantar-te e que nunca cessará de te maravilhar pela sua perfeição.
3. Esse passo, o menor passo jamais dado, é ainda a maior realização de todas no plano de Deus para a Expiação. Tudo o mais é
aprendido, mas isso é dado, completo e totalmente perfeito. Ninguém, a não ser Aquele Que planejou a salvação, poderia completá-
la assim. O mundo real, em sua beleza, tu aprendes a alcançar. Fantasias são desfeitas e nada nem ninguém permanece ainda pre-
so a elas e pelo teu próprio perdão estás livre para ver. No entanto, o que vês é apenas o que fizeste com a bênção do teu perdão. E
com essa bênção final do Filho de Deus sobre si mesmo, a percepção real, nascida da nova perspectiva que ele aprendeu, cumpriu
o propósito que tinha.
4. As estrelas desaparecerão na luz e o sol que abriu o mundo à beleza se desvanecerá. A percepção não terá significado quando
tiver se tornado perfeita, pois todas as coisas que tiverem sido usadas para o aprendizado não mais terão qualquer função. Nada
jamais mudará; nem ocorrerão os deslocamentos, nem as nuances, nem as diferenças, nem as variações que fizeram com que a
percepção fosse possível. A percepção do mundo real será tão breve que mal terás tempo para agradecer a Deus por ela. Pois Deus
dará o último passo prontamente, quando tiveres alcançado o mundo real e estiveres pronto para Ele.
5. O mundo real é atingido simplesmente pelo perdão completo do velho, desse mundo que vês sem perdão. O Grande Transforma-
dor da percepção empreenderá contigo uma cuidadosa investigação da mente que fez esse mundo e descobrirá para ti as razões
aparentes de o teres feito. Na luz da razão real que Ele traz, na medida em que o segues, Ele te mostrará que não existe absoluta-
mente nenhuma razão aqui. Cada ponto que a Sua razão toca ressurge com beleza e o que parecia feio na escuridão da tua falta de
razão é repentinamente liberado para a formosura. Nem mesmo aquilo que o Filho de Deus fez na insanidade poderia deixar de ter
uma centelha oculta de beleza que a gentileza não pudesse liberar.
6. Toda essa beleza erguer-se-á para abençoar a tua vista à medida em que olhas para o mundo com olhos que perdoam. Pois o
perdão literalmente transforma a visão e permite que vejas o mundo real se aproximando quieta e gentilmente através do caos, re-
movendo todas as ilusões que tinham distorcido a tua percepção e a fixado no passado. A menor das folhas vem a ser algo maravi-
lhoso e um tufo de grama um sinal da perfeição de Deus.
7. Do mundo perdoado, o Filho de Deus é facilmente erguido ao seu lar. E lá ele tem o conhecimento de que sempre descansou ali
em paz. Mesmo a salvação tornar-se-á um sonho e sumirá da tua mente. Pois a salvação é o fim dos sonhos e com o término dos
sonhos, ela não terá mais significado. Quem, desperto no Céu, poderia sonhar que jamais houvesse qualquer necessidade de salva-
ção?
8. Quanto queres a salvação? Ela te dará o mundo real, que palpita pronto para te ser dado. A ânsia do Espírito Santo para dar-te
isso é tão intensa que Ele não quer esperar, embora espere com paciência. Vai de encontro à Sua paciência com a tua impaciência
em relação a qualquer adiamento do teu encontro com Ele. Sai contente para te encontrares com o teu Redentor e caminha com Ele
em confiança para fora desse mundo e para dentro do mundo real da beleza e do perdão.

III. Sombras do passado


1. Perdoar é meramente lembrar apenas os pensamentos amorosos que deste no passado e aqueles que te foram dados. Todo o
resto tem que ser esquecido. O perdão é uma lembrança seletiva, que não se baseia na tua própria seleção. Pois as figuras feitas
das sombras que queres tornar imortais são ―inimigas‖ da realidade. Que estejas disposto a perdoar o Filho de Deus por aquilo que
ele não fez. As figuras das sombras são as testemunhas que trazes contigo para demonstrar que ele fez o que não fez. Porque as
trazes contigo, tu as ouvirás. E tu, que as manténs pela tua própria seleção, não compreendes como vieram à tua mente e qual é o
seu propósito. Elas representam o mal que pensas que te foi feito. Tu as trazes contigo somente com o fim de poderes retribuir o mal
com o mal, esperando que o seu testemunho faça com que sejas capaz de pensar em outra pessoa como a culpada e não ferir a ti
mesmo. Elas falam com tanta clareza a favor da separação que ninguém que não estivesse obcecado em manter a separação pode-
ria ouvi-las. Elas te oferecem as ―razões‖ pelas quais deverias entrar em alianças não-santas para dar apoio às metas do ego e fazer
dos teus relacionamentos testemunhas do poder egótico.
2. São essas figuras das sombras que querem fazer com que o ego seja santo em teu modo de ver e te ensinar que o que fazes para
mantê-lo a salvo é realmente amor. As figuras das sombras sempre falam a favor da vingança e todos os relacionamentos nos quais
elas entram são totalmente insanos. Sem exceção, esses relacionamentos têm como propósito a exclusão da verdade acerca do
outro e de ti mesmo. É por isso que vês em ambos o que não está presente e fazes de ambos escravos da vingança. E é por isso
que qualquer coisa que te faça recordar as tuas mágoas passadas te atrai e parece passar em nome do amor, não importa quão
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UM CURSO EM MILAGRES
distorcidas possam ser as associações pelas quais chegas a fazer essa conexão. E, finalmente, é por isso que todos os relaciona-
mentos dessa natureza tornam-se tentativas de união através do corpo, pois só corpos podem ser vistos como meios para a vingan-
ça. Que os corpos são fundamentais para todos os relacionamentos não-santos é evidente. A tua própria experiência ensinou-te isso.
Mas o que podes não reconhecer são todas as razões que contribuem para fazer com que o relacionamento não seja santo. Pois o
que não é santo busca fortalecer a si mesmo, assim como a santidade, reunindo a si aquilo que percebe como semelhante a si.
3. No relacionamento não-santo, não é com o corpo do outro que se tenta a união, mas com os corpos daqueles que não estão pre-
sentes. Pois mesmo o corpo do outro, o que já é uma percepção extremamente limitada dele, não é o foco central do relacionamento
tal como é, ou seja, inteiro. O que pode ser usado para fantasias de vingança e o que pode ser associado de forma mais pronta com
aquelas pessoas contra as quais realmente se busca vingança é centralizado e separado, como as únicas partes de valor. Cada
passo dado no sentido de fazer, manter ou romper um relacionamento não-santo é mais um passo em direção à maior fragmentação
e à irrealidade. As figuras das sombras entram mais e mais e a pessoa em quem elas parecem estar diminui de importância.
4. O tempo, de fato, não é benigno para com o relacionamento que não é santo. Pois o tempo é cruel nas mãos do ego, assim como
é benigno quando é usado para a gentileza. A atração do relacionamento não-santo começa a apagar-se e a ser questionada quase
que imediatamente. Uma vez formado, a dúvida necessariamente o penetra, porque o seu propósito é impossível. O ―ideal‖ do rela-
cionamento não-santo torna-se assim um ideal no qual a realidade do outro absolutamente não entra para não ―estragar‖ o sonho. E
quanto menos o outro realmente traz para o relacionamento, ―melhor‖ ele se torna. Assim, a tentativa de união vem a ser uma manei-
ra de excluir até mesmo a pessoa com quem se buscou a união. Pois ela foi feita de forma a excluir essa pessoa e unir-se a fantasi-
as em ―êxtase‖ ininterrupto.
5. Como pode o Espírito Santo trazer a interpretação que faz do corpo como um meio de comunicação a relacionamentos cujo único
propósito é a separação da realidade? O que o perdão é, em si mesmo, permite a Ele que o faça. Se tudo foi esquecido, exceto os
pensamentos amorosos, o que fica é eterno. E o passado transformado vem a ser como o presente. O passado não entra mais em
conflito com o agora. Essa continuidade estende o presente aumentando a sua realidade e o seu valor na percepção que tens dele.
Nesses pensamentos amorosos está a centelha da beleza que fica escondida na feiúra do relacionamento não-santo, onde o ódio é
lembrado; ainda assim ela está lá, para voltar à vida à medida que o relacionamento for dado Àquele Que lhe dá vida e beleza. É por
isso que a Expiação está centrada no passado, que é a fonte da separação e aonde ela tem que ser desfeita. Pois a separação tem
que ser corrigida aonde foi feita.
6. O ego busca ―resolver‖ os próprios problemas, não em sua fonte, mas onde não foram feitos. E assim busca garantir que não ha-
verá solução. O Espírito Santo quer apenas fazer com que as Suas resoluções sejam completas e perfeitas e assim busca e acha a
fonte dos problemas onde ela está e lá a desfaz. E com cada passo no Seu desfazer, cada vez mais a separação é desfeita e a uni-
ão trazida para mais perto. Ele não está ,absolutamente confuso por nenhuma das ―razões‖ em favor da separação. Tudo o que Ele
percebe na separação é que ela tem que ser desfeita. Permite que Ele descubra a centelha da beleza escondida em teus relaciona-
mentos e mostre-a a ti. A sua beleza te atrairá tanto que nunca mais estarás disposto a perdê-la de vista novamente. E permitirás
que essa centelha transforme o relacionamento de tal forma que possas vê-la cada vez mais. Pois vais querê-la cada vez mais e
tornar-te-ás cada vez menos disposto a permitir que ela seja escondida de ti. E aprenderás a buscar e a estabelecer as condições
nas quais essa beleza pode ser vista.
7. Tudo isso farás com contentamento, se apenas deixares que Ele mantenha a centelha diante de ti para iluminar o teu caminho e
torná-lo mais claro para ti. O Filho de Deus é um. A quem Deus uniu como um só, o ego não pode separar. A centelha da santidade
tem que estar a salvo, por mais escondida que possa estar em qualquer relacionamento. Pois o Criador do único relacionamento não
deixou nenhuma parte dele fora de Si Mesmo. Essa é a única parte do relacionamento que o Espírito Santo vê porque tem o conhe-
cimento que só essa é verdadeira. Tornaste o relacionamento irreal e, portanto, não-santo, vendo-o onde não está e como não é. Dá
o passado Àquele Que pode mudar a tua mente a respeito disso por ti. Mas, primeiro, estejas certo de que reconheces inteiramente
o que fizeste o passado representar e por quê.
8. O passado vem a ser uma justificativa para se entrar em uma aliança contínua, não-santa, com o ego contra o presente. Pois o
presente é perdão. Portanto, os relacionamentos que a aliança não-santa dita não são percebidos nem sentidos como se estivessem
acontecendo agora. Apesar disso, o quadro de referências ao qual o presente se refere em busca de significado é uma ilusão do pas-
sado, na qual aqueles elementos que servem ao propósito da aliança não-santa são retidos e o resto abandonado. E o que é assim
abandonado é toda a verdade que o passado poderia oferecer ao presente como testemunhas da sua realidade. O que é mantido só
testemunha a realidade dos sonhos.
9. Ainda depende de ti escolher unir-te à verdade ou à ilusão. Mas lembra-te que escolher uma é abandonar a outra. Àquela que
escolheres, atribuirás beleza e realidade, porque a escolha depende de qual delas valorizas mais. A centelha da beleza ou o véu da
feiúra, o mundo real ou o mundo da culpa e do medo, verdade ou ilusão, liberdade ou escravidão – tudo é a mesma coisa. Pois nun-
ca podes escolher a não ser entre Deus e o ego. Os sistemas de pensamento só podem ser verdadeiros ou falsos e todos os seus
atributos vêm apenas do que eles são. Só os Pensamentos de Deus são verdadeiros. E tudo o que decorre deles vem do que são e
é tão verdadeiro quanto o é a Fonte santa de Onde vieram.
10. Meu irmão santo, eu quero entrar em todos os teus relacionamentos e caminhar entre tu e as tuas fantasias. Permite que o meu
relacionamento contigo seja real para ti e deixa que eu traga realidade à tua percepção dos teus irmãos. Eles não foram criados para
permitir que ferisses a ti mesmo através deles. Eles foram criados para criar contigo. Essa é a verdade que eu quero interpor entre tu
e a tua meta feita de loucura. Não fiques separado de mim e não permitas que o propósito santo da Expiação se perca para ti em
sonhos de vingança. Relacionamentos nos quais tais sonhos são acalentados excluíram a mim. Deixa-me entrar, em Nome de Deus,
e trazer-te a paz para que possas me oferecer a paz.

IV. Os dois retratos


1. Deus estabeleceu o Seu relacionamento contigo para fazer-te feliz e nada do que faças, que não compartilhe o Seu propósito,
pode ser real. O propósito atribuído por Deus a qualquer coisa que seja é a sua única função. Devido à Sua razão para criar o Seu
relacionamento contigo, a função dos relacionamentos veio a ser para sempre a de ―fazer feliz‖. E nada mais. Para cumprir essa
função, tu te relacionas com as tuas criações assim como Deus com as Suas. Pois nada do que Deus criou está à parte da felicida-
de, e nada do que Deus criou quer outra coisa senão estender a felicidade como fez o seu Criador. Qualquer coisa que não cumpra
essa função não pode ser real.

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UM CURSO EM MILAGRES
2. Nesse mundo é impossível criar. No entanto, é possível fazer feliz. Eu tenho dito repetidas vezes que o Espírito Santo não quer
privar-te dos teus relacionamentos especiais, mas apenas transformá-los. E tudo o que isso significa é que Ele vai devolver-lhes à
função que lhes foi dada por Deus. A função que tu lhes deste, claramente, não é a de fazer feliz. Mas o relacionamento santo com-
partilha o propósito de Deus ao invés de ter como objetivo substituí-lo. Cada relacionamento especial que fizeste é um substituto
para a Vontade de Deus e glorifica a tua em vez da Sua, devido à ilusão de que elas são diferentes.
3. Fizeste relacionamentos muito reais mesmo nesse mundo. No entanto, não os reconheces porque elevaste os seus substitutos a
uma predominância tal que, quando a verdade te chama, como faz constantemente, respondes com um substituto. Cada relaciona-
mento especial que tenhas feito tem, como seu propósito fundamental, o objetivo de ocupar a tua mente de forma tão completa que
não ouças o chamado da verdade.
4. Em certo sentido, o relacionamento especial foi a resposta que o ego deu à criação do Espírito Santo, Que foi a Resposta de Deus
à separação. Pois embora o ego não tivesse compreendido o que tinha sido criado, estava ciente da ameaça. Todo o sistema de
defesa que o ego desenvolveu para proteger a separação contra o Espírito Santo foi em resposta à dádiva com a qual Deus a aben-
çoou e, através da Sua bênção, permitiu que ela fosse curada. Essa benção contém dentro de si a verdade a respeito de todas as
coisas. E é verdade que o Espírito Santo está em íntimo relacionamento contigo, porque Nele o teu relacionamento com Deus é de-
volvido a ti. O relacionamento com Ele nunca foi rompido porque o Espírito Santo nunca esteve separado de ninguém desde a sepa-
ração. E através Dele todos os teus relacionamentos santos foram cuidadosamente preservados para servir ao propósito de Deus
para ti.
5. O ego está sempre alerta à ameaça e a parte da tua mente na qual o ego foi aceito está muito ansiosa para preservar a própria
razão, tal como a vê. Ela não se dá conta de que é totalmente insana. E tens que reconhecer exatamente o que significa isso, se
queres ser restaurado à sanidade. Os insanos protegem seus sistemas de pensamento, mas o fazem de maneira insana. E todas as
suas defesas são tão insanas quanto o que pretendem proteger. A separação nada tem em si mesma, nenhuma parte, nenhuma
―razão‖ e nenhum atributo que não seja insano. E a sua ―proteção‖ é parte dela, tão insana quanto o todo. O relacionamento especi-
al, que é a sua forma principal de defesa, portanto, não pode deixar de ser insano.
6. Agora tens apenas um pouco de dificuldade em dar-te conta de que o sistema de pensamento que o relacionamento especial pro-
tege não passa de um sistema de delusões. Reconheces, pelo menos em termos gerais, que o ego é insano. Entretanto, o relacio-
namento especial ainda te parece de algum modo "diferente‖. Contudo, nós olhamos para ele muito mais de perto do que para mui-
tos outros aspectos do sistema de pensamento do ego que tens estado mais disposto a abandonar. Enquanto esse permanece, não
abandonarás os outros. Pois esse não é diferente deles. Retém esse e terás retido a todos.
7. É essencial reconhecer que todas as defesas fazem exatamente aquilo do qual pretendem defender. A base subjacente à sua
efetividade é o fato de oferecerem o produto do qual pretendem defender. O que defendem é colocado nelas para ser mantido em
segurança e à medida em que operam é isso o que trazem a ti. Toda defesa opera dando dádivas e a dádiva sempre é uma miniat u-
ra do sistema de pensamento que a defesa protege, montada em uma moldura dourada. A moldura é muito elaborada, toda guarne-
cida de jóias, profundamente esculpida e polida. Seu propósito é ter valor em si mesma e distrair a tua atenção daquilo que ela con-
tém. Mas a moldura sem o retrato, tu não podes ter. As defesas operam para fazer-te pensar que podes.
8. O relacionamento especial tem a moldura mais imponente e enganadora de todas as outras defesas que o ego usa. Seu sistema
de pensamento é oferecido aqui, cercado por uma moldura tão pesada e tão elaborada que o retrato é quase que obliterado por sua
estrutura imponente. Na moldura são tecidas todas as espécies de ilusões fantasiosas e fragmentadas acerca do amor, dispostas
com sonhos de sacrifício e auto-glorificação, entrelaçadas com fios dourados de auto-destruição. O cintilar do sangue brilha como
rubis, as lágrimas são lapidadas como diamantes e resplandecem na luz tênue na qual é feita a oferenda.
9. Olha para o retrato. Não deixes a moldura distrair-te. Essa dádiva te é feita para a tua condenação e se a receberes, vais acreditar
que estás condenado. Não podes ter a moldura sem o retrato. O que valorizas é a moldura, pois nela não vês nenhum conflito. No
entanto, a moldura apenas é o invólucro para a dádiva do conflito. A moldura não é a dádiva. Não sejas enganado pelos aspectos
mais superficiais desse sistema de pensamento, pois esses aspectos englobam o todo, completo em cada um deles. A morte está
nessa dádiva cintilante. Não permitas que o teu olhar permaneça no cintilar hipnótico da moldura. Olha para o retrato e reconhece
que é a morte que te é oferecida.
10. É por isso que o instante santo é tão importante na defesa da verdade. A verdade em si mesma não necessita de defesa, mas tu,
de fato, necessitas de defesa contra a tua aceitação da dádiva da morte. Quando tu, que és a verdade, aceitas uma idéia tão peri-
gosa para a verdade, ameaças a verdade com a destruição. E a tua defesa tem que ser agora empreendida para manter a verdade
íntegra. O poder do Céu, o Amor de Deus; as lágrimas de Cristo e a alegria do Seu Espírito eterno são convocadas para defender-te
do teu próprio ataque. Pois tu Os, atacas, sendo parte Deles e Eles têm que salvar-te pois amam a Si Mesmos.
11. O instante santo é uma miniatura do Céu, que te é enviada do Céu. É também um retrato, montado em uma moldura. Entretanto,
se aceitas essa dádiva, não verás a moldura em absoluto, porque a dádiva só pode ser aceita através da tua disponibilidade para
focalizar toda a tua atenção no retrato. O instante santo é uma miniatura da eternidade. É um retrato da intemporalidade, montado
em uma moldura de tempo. Se focalizas o retrato, vais reconhecer que foi só a moldura que te fez pensar que era um retrato. Sem a
moldura, a retrata é visto pelo que representa. Pois assim como todo o sistema de pensamento do ego está nas suas dádivas, tam-
bém assim todo o Céu está nesse instante, tomado por empréstimo da eternidade e montado no tempo para ti.
12. Duas dádivas te são oferecidas. Cada uma é completa e não pode ser parcialmente aceita. Cada um é um retrato de tudo o que
podes ter, visto de modos muito diferentes. Não podes comparar o seu valor comparando um retrato com uma moldura. Tens que
comparar apenas os retratos ou a comparação é totalmente sem significado. Lembra-te de que é o retrato que constitui a dádiva. E
só com base nisso é que estás realmente livre para escolher. Olha para os retratos. Ambos. Um é um retrato diminuto, difícil de se
ver por trás das pesadas sombras de seu invólucro enorme e desproporciona1, o outro é levemente emoldurado e pende na luz, belo
para ser contemplado tal como é.
13. Tu, que tanto tens tentado e ainda continuas tentando adequar o melhor retrato à moldura errada e assim combinar a que não
pode ser combinado, aceita isso e fica contente: cada um desses retratos é emoldurado de forma perfeita para o que representam.
Um está emoldurado para ficar fora de foco e não ser visto. O outro está emoldurado para transparecer perfeita clareza. O retrato da
escuridão e da morte torna-se cada vez menos convincente à medida em que o investigas dentre seus invólucros. À medida em que
cada pedra sem sentido, que parece brilhar na moldura quando está escuro, é exposto à luz, passa a ser opaco e sem vida e deixa

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UM CURSO EM MILAGRES
de distrair-te do retrato. E finalmente olhas para o retrato em si mesmo, vendo afinal que, sem a proteção da moldura, ele não tem
significado.
14. O outro retrato está levemente emoldurado, pois o tempo não pode conter a eternidade. Não há distração aqui. O retrato do Céu
e da eternidade torna-se mais convincente à medida em que olhas para ele. E agora, através da comparação real, uma transforma-
ção de ambos os retratos pode afinal ocorrer. E a cada um é dado o seu lugar de direito quando ambos são vistas, um em relação ao
outro. O retrato escuro, trazido à luz, não é percebida como amedrontador, mas o fato de que é apenas um retrato é afinal compre-
endido. E o que vês nele, vais reconhecer pelo que é: um retrato do que pensaste que fosse real e nada mais. Pois além desse retra-
ta, nada verás.
15. O retrato da luz, em contraste claro e inequívoco, é transformado no que está além dele. À medida em que olhas para ele, reco-
nheces que não é um retrato, mas uma realidade. Ele não é uma representação figurada de um sistema de pensamento, mas o Pen-
samento em si mesmo. O que representa está lá. A moldura se desvanece gentilmente e Deus surge na tua lembrança, oferecendo-
te a totalidade da criação em troca do teu pequeno retrato, totalmente sem valor e inteiramente privado de significado.
16. À medida em que Deus ascende a Seu lugar de direita e tu ao teu, experimentarás mais uma vez o significado do relacionamento
e conhecerás o que é verdadeiro. Vamos juntos ascender em paz para o Pai dando a Ele ascendência em nossas mentes. Nós tudo
ganharemos por dar a Ele o poder e a glória, sem guardar nenhuma ilusão acerca de onde estão. Estão em nós, através da Su-
a1ascendência. O que Ele deu é Seu. Brilha em todas as Suas partes, assim como no todo. Toda a realidade do teu relacionamento
com Ele está em nossos relacionamentos uns com os outros. O instante santo brilha igualmente sobre todos os relacionamentos,
pois nele todos são um. Pois aqui está apenas a cura, já completa e perfeita. Pois aqui está Deus e onde Ele está só o que é perfeito
e completo pode estar.

V. O relacionamento curado
1. O relacionamento santo é a expressão do instante santo na vida desse mundo. Como tudo o que diz respeito à salvação, o instante
santo é um instrumento prático, que é testemunhado pelos seus resultados. O instante santo nunca falha. A sua experiência é sem-
pre sentida. No entanto, sem expressão, ela não é lembrada. O relacionamento santo é um lembrete constante da experiência na
qual o relacionamento veio a ser o que é. E como o relacionamento não-santo é um hino contínuo de ódio em honra daquele que o
fez, assim também. O relacionamento santo é uma alegre canção de honra ao Redentor dos relacionamentos.
2. O relacionamento santo, um passo importante em direção à percepção do mundo real, é aprendido. É o velho relacionamento não-
santo, transformado e visto de forma nova. O relacionamento santo é uma realização fenomenal de ensino. Em todos os seus aspec-
tos, como se inicia, se desenvolve e vem a se realizar, representa a reversão do relacionamento não-santo. Sê consolado nisso: a
única fase difícil é o início. Pois aqui, a meta do relacionamento é abruptamente deslocada para ser exatamente o oposto do que era.
Esse é o primeiro resultado de oferecer o relacionamento ao Espírito Santo, para que Ele o use de acordo com os Seus propósitos.
3. Esse convite é aceito imediatamente e o Espírito Santo não perde tempo para introduzir os resultados práticos do pedido que Lhe é
feito. De imediato, a Sua meta substitui a tua. Isso é realizado muito rapidamente, mas faz o relacionamento parecer perturbado,
desunido e até mesmo bastante angustiante. A razão disso é bastante clara, pois o relacionamento tal como é, está em desacordo
com a sua própria meta e é claramente inadequado ao propósito que foi aceito para ele. Em sua condição não-santa, a tua meta era
tudo o que parecia lhe dar significado. Agora parece não fazer nenhum sentido. Muitos relacionamentos foram rompidos nesse ponto
e a busca da antiga meta restabelecida em outro relacionamento. Pois uma vez que o relacionamento não-santo aceita a meta da
santidade, nunca mais pode ser o que era.
4. A tentação do ego passa a ser extremamente intensa com essa alteração nas metas. Pois o relacionamento ainda não mudou
suficientemente para que a sua primeira meta perca por completo a atração, e a sua estrutura é ―ameaçada‖ pelo reconhecimento de
que ele é inadequado para cumprir seu novo propósito. O conflito entre a meta e a estrutura do relacionamento é tão evidente que
não podem coexistir. No entanto, agora, a meta não vai mudar. Firmemente estabelecida na relação não-santa, não existe outro ca-
minho senão o de mudar o relacionamento de modo a se adequar à meta. Até que essa solução feliz seja vista e aceita como a única
maneira de sair do conflito, o relacionamento pode parecer intensamente desgastado.
5. Não seria mais benigno deslocar a meta com maior lentidão, porque o contraste seria obscurecido e o ego ganharia tempo para re-
interpretar cada passo lento de acordo com o seu desejo. Só um deslocamento radical no propósito é capaz de induzir a uma com-
pleta mudança de idéia a respeito da razão de ser de todo o relacionamento. À medida que essa mudança se desenvolve e é, afinal,
realizada, ele cresce passando a ser cada vez mais benéfico e alegre. Mas no início a situação é vivenciada como muito precária.
Um relacionamento, empreendido por dois indivíduos para os seus propósitos não-santos, repentinamente tem a santidade como
sua meta. Quando esses dois contemplam seu relacionamento do ponto de vista deste novo propósito inevitavelmente ficam horrori-
zados. A sua percepção do relacionamento pode até mesmo vir a ser bastante desorganizada. E apesar disso, a maneira antiga de
organizar a percepção já não serve ao propósito que concordaram em alcançar.
6. Esse é o momento da fé. Deixaste que essa meta fosse estabelecida para ti. Isso foi um ato de fé. Não abandones a fé agora que
as recompensas da fé estão sendo introduzidas. Se acreditaste que o Espírito Santo estava lá para aceitar o relacionamento, porque
não acreditarias agora que Ele ainda está lá para purificar aquilo que tomou sob Sua orientação? Tem fé no teu irmão, naquilo que
apenas parece ser um momento difícil. A meta está estabelecida. E o teu relacionamento tem a sanidade como propósito. Pois agora
te achas em um relacionamento insano, reconhecido como tal, à luz da sua meta.
7. Agora, o ego aconselha da seguinte forma: substitui esse por um outro relacionamento, ao qual a tua meta anterior era bastante
apropriada. Só podes escapar do teu desespero livrando-te do teu irmão. Não precisas partir inteiramente, se escolheres não fazê-lo.
Mas, tens que excluir as tuas principais fantasias do teu irmão para salvar a tua sanidade. Não ouças isso agora! Tem fé Naquele
Que te respondeu. Ele ouviu. Não foi bastante explícito na Sua resposta? Tu não és totalmente insano agora. Podes negar que Ele te
deu uma declaração das mais explícitas? Agora, Ele pede fé por um pouco mais de tempo, mesmo na desorientação. Pois isso pas-
sará e verás a justificação da tua fé emergir para te trazer uma convição resplandecente. Não O abandones agora e nem abandones
o teu irmão. Esse relacionamento renasceu como um relacionamento santo.
8. Aceita com contentamento o que não compreendes e deixa que isso seja explicado a ti à medida em que percebes o propósito que
opera nele para torná-lo santo. Acharás muitas oportunidades para acusar o teu irmão pelo ―fracasso‖ do teu relacionamento, pois
haverá momentos em que ele parecerá não ter propósito. Uma sensação de falta de objetivos virá te assombrar e lembrar-te-ás de

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UM CURSO EM MILAGRES
todas as formas nas quais algum dia buscaste satisfação e pensaste que a tinhas achado. Não esqueças agora da miséria que real-
mente achaste e não inspires vida ao teu ego cambaleante. Pois o teu relacionamento não foi rompido. Ele foi salvo.
9. Tu és muito novo nos caminhos da salvação e pensas que perdeste o teu caminho. O teu caminho está perdido, mas não penses
que isso é uma perda. No que é novo em ti, lembra-te de que tu e o teu irmão começaram outra vez, juntos. E toma a sua mão para
caminharem juntos por uma estrada muito mais familiar do que agora acreditas. Não é certo que vais te lembrar de uma meta imutá-
vel através da eternidade? Pois escolheste apenas a meta de Deus, da qual a tua intenção verdadeira nunca esteve ausente.
10. Através da Filiação se ouve a canção da liberdade, em eco alegre à tua escolha. Tu te uniste a muitos no instante santo e eles se
uniram a ti. Não penses que a tua escolha te deixará sem consolo, pois o próprio Deus abençoou o teu relacionamento santo. Une-te
à benção de Deus e não retenhas a tua, pois tudo o que ele necessita agora é a tua benção, de modo que possas ver que nele re-
pousa a salvação. Não condenes a salvação, pois ela veio a ti. E dêem boas-vindas a ela juntos, pois ela veio para unir a ti e ao teu
irmão em um relacionamento no qual toda a Filiação é abençoada em conjunto.
11. Vós fizestes juntos um convite ao Espírito Santo para que Ele entrasse no vosso relacionamento. De outra forma, Ele não poderia
ter entrado. Embora possas ter feito muitos equívocos desde então, fizestes também enormes esforços para ajudá-lo no Seu traba-
lho. E Ele não deixou de apreciar tudo o que fizestes por Ele. Ele nem sequer vê quaisquer equívocos. Tu tens sido grato deste
mesmo modo para com o teu irmão? Tens consistentemente apreciado os esforços positivos e deixado de ver os equívocos? Ou a
tua apreciação oscilou e passou a ser tênue diante do que parecia ser a luz dos seus equívocos? Talvez estejas agora empreenden-
do uma campanha para acusá-lo pelo desconforto da situação em que te achas. E por essa falta de agradecimento e gratidão, tu te
tornas incapaz de expressar o instante santo e assim o perdes de vista.
12. A experiência de um instante, por mais forte que possa ser, é facilmente esquecida se permites que o tempo se feche sobre ela.
Ela tem que ser mantida brilhante e amável na tua consciência do tempo, mas não encoberta dentro dele. O instante permanece.
Mas tu onde estás? Agradecer ao teu irmão é apreciar o instante santo e assim permitir que seus resultados, sejam aceitos e com-
partilhados. Atacar o teu irmão não significa perder o instante, mas fazer com que ele seja impotente em seus efeitos.
13. Tu recebeste o instante santo, mas podes ter estabelecido uma condição na qual não podes usá-lo. Como resultado, não reco-
nheces que ele ainda está contigo. E excluindo-te da expressão do instante santo, negaste a ti mesmo o benefício que vem dele.
Reforças isso a cada vez que atacas o teu irmão, pois o ataque necessariamente te cega para ti mesmo. E é impossível negar a ti
mesmo e reconhecer aquilo que foi dado e recebido por ti.
14. Tu e o teu irmão estão juntos na presença santa da própria verdade. Aqui está a meta, junto contigo. Não achas que a própria
meta por si mesma arranjará com contentamento os meios para a sua realização? É exatamente essa mesma discrepância entre o
propósito que foi aceito e os meios, como eles se apresentam agora, que parecem fazer-te sofrer, mas fazem o Céu contente. Se o
Céu estivesse fora de ti, não poderias compartilhar do contentamento celestial. Entretanto, porque está dentro, o contentamento
também é teu. Vós estais unidos em propósito, mas ainda permanecem separados e divididos em relação aos meios. No entanto, a
meta é fixa, firme e inalterável e os meios certamente se adequarão, posto que a meta é segura. E vós ireis compartilhar do conten-
tamento da Filiação por ser assim.
15. À medida em que começas a reconhecer e a aceitar as dádivas que deste tão livremente ao teu irmão, aceitarás também os efei-
tos do instante santo e os usarás pata corrigir todos os teus equívocos e libertar-te de seus resultados. E aprendendo isso, terás
também aprendido como liberar toda a Filiação e oferecê-la dando graças com contentamento a Quem te deu a tua liberação e a
Quem quer estendê-la através de ti.

VI. Estabelecer a meta


1. A aplicação prática do propósito do Espírito Santo é extremamente simples, mas é inequívoca. De fato, para poder ser simples, é
preciso que seja inequívoca. Só é simples aquilo que é facilmente compreendido e para tanto é evidente que precisa ser claro. A co-
locação da meta do Espírito Santo é geral. Agora Ele irá trabalhar contigo para fazer com que ela seja específica, pois a aplicação é
específica. Existem algumas orientações muito específicas que Ele provê para qualquer situação, mas lembra-te que ainda não re-
conheces que a sua aplicação é universal. Por conseguinte, é essencial a essa altura usá-las separadamente em cada situação até
que possas enxergar com maior segurança além de cada uma delas, em uma compreensão muito mais ampla do que a que possuis
agora.
2. Em qualquer situação na qual estejas incerto, a primeira coisa a considerar, muito simplesmente, é ―O que eu quero que resulte
disso? Para quê serve isso?‖ O esclarecimento da meta tem que estar no início, pois é isso o que vai determinar o resultado. No
procedimento do ego, isso é revertido. A situação vem a ser o que determina o resultado, que pode ser qualquer coisa. A razão des-
sa abordagem desorganizada é evidente. O ego não sabe o que quer que resulte da situação. Ele está ciente do que não quer, mas
somente disso. Ele não tem absolutamente nenhuma meta positiva.
3. Sem uma meta clara, positiva, estabelecida no ponto de partida, a situação apenas parece acontecer e não faz sentido enquanto
não tiver acontecido. Então, tu a olhas em retrospectiva e tentas compor o que ela significou. E estarás errado. Não somente o teu
julgamento está no passado, mas não tens nenhuma idéia do que deveria acontecer. Nenhuma meta foi estabelecida para que se
pudesse alinhar os meios a ela. E agora, o único julgamento que sobra para ser feito é se o ego gosta ou não do resultado: é aceitá-
vel ou exige vingança? A ausência de um critério para o resultado previamente estabelecido faz com que a compreensão seja duvi-
dosa e a avaliação impossível.
4. O valor de decidir com antecedência o que é que queres que aconteça, simplesmente está em que perceberás a situação como
um meio de fazer com que isso aconteça. Farás, portanto, todos os esforços para não ver o que interfere com a realização do teu
objetivo e concentrar-te-ás em tudo aquilo que te ajuda a realizá-lo. É bastante marcante que essa abordagem tem te trazido para
mais perto da seleção que o Espírito Santo faz da verdade e da falsidade. O que pode ser usado para realizar a meta vem a ser ver-
dadeiro. O que é inútil deste ponto de vista vem a ser falso. A situação agora tem significado, mas somente porque a meta fez com
que ela fosse significativa.
5. A meta da verdade tem outras vantagens práticas. Se a situação é usada em favor da verdade e da sanidade, o seu resultado tem
que ser a paz. E isso está bastante à margem do que seja o resultado. Se a paz é a condição da verdade e da sanidade e não pode
haver paz sem elas, onde está a paz, elas têm que estar. A verdade vem por si mesma. Se vivencias a paz é porque a verdade veio
a ti e verás o resultado verdadeiramente, pois o engano não pode prevalecer contra ti. Irás reconhecer o resultado porque estás em

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UM CURSO EM MILAGRES
paz. Aqui, mais uma vez, vês o oposto da maneira de ver as coisas do ego, pois o ego acredita que a situação traz a experiência. O
Espírito Santo sabe que a situação é como a meta a determina e é vivenciada de acordo com a meta.
6. A meta da verdade requer fé. A fé está implícita na aceitação do propósito do Espírito Santo e essa fé a tudo abrange. Onde a meta
da verdade está estabelecida, lá tem que estar a fé. O Espírito Santo vê a situação como um todo. A meta estabelece o fato de que
todas as pessoas nela envolvidas desempenharão o papel que têm na sua realização. Isso é inevitável. Ninguém falhará em coisa
alguma. Isso parece exigir uma fé além de ti e além do que podes dar. No entanto, isso só é assim do ponto de vista do ego, pois o
ego acredita em ―resolver‖ o conflito através da fragmentação e não percebe a situação como um todo. Por conseguinte, busca partir
segmentos da situação e lidar com eles separadamente, pois tem fé na separação e não na totalidade.
7. Confrontado com qualquer aspecto da situação que pareça ser difícil, o ego tentará levar esse aspecto para algum outro lugar e lá
resolvê-lo. E ele parecerá ser bem-sucedido, exceto que essa tentativa conflita com a unidade e necessariamente obscurece a meta
da verdade. E a paz não será vivenciada a não ser na fantasia. A verdade não veio porque a fé foi negada, sendo afastada de onde
tem que estar por direito. Assim, perdes a compreensão da situação que a meta da verdade iria trazer. Pois soluções de fantasia
trazem apenas a ilusão da experiência e a ilusão da paz não é a condição na qual a verdade pode entrar.

VII. O chamado para a fé


1. Os substitutos para certos aspectos da situação são as testemunhas da tua falta de fé. Demonstram que não acreditaste que a
situação e o problema estavam no mesmo lugar. O problema era a falta de fé e é isso o que demonstras quando o removes da sua
fonte e o colocas em outro lugar. Como resultado, não vês o problema. Se não te tivesse faltado fé em que ele poderia ser resolvido,
ele teria desaparecido. E a situação teria sido significativa para ti, porque a interferência no caminho da compreensão teria sido re-
movida. Remover o problema e colocá-lo em outro lugar é mantê-lo, pois removes a ti mesmo do problema e fazes com que ele seja
insolúvel.
2. Não existe nenhum problema em nenhuma situação que a fé não resolva. Não existe nenhum deslocamento em qualquer aspecto
do problema que não faça com que a solução seja impossível. Pois se deslocas parte do problema para outro lugar, o seu significado
necessariamente se perde e a solução é inerente ao seu significado. Acaso não é possível que todos os teus problemas tenham sido
resolvidos, mas que tenhas excluído a ti mesmo da solução? No entanto, a fé precisa estar lá, no lugar onde alguma coisa foi feita e
aonde tu vês que ela foi feita.
3. Uma situação é um relacionamento, sendo a união de pensamentos. Se problemas são percebidos, isso acontece porque se julga
que os pensamentos estão em conflito. Mas se a meta é a verdade, isso é impossível. Alguma idéia acerca dos corpos não pode
deixar de ter se introduzida, pois as mentes não podem atacar. O pensamento relacionado aos corpos é o sinal da ausência de fé,
pois corpos não podem solucionar nada. É a sua intrusão no relacionamento, um erro nos teus pensamentos sobre a situação, que
vem a ser, então, a justificativa para a tua falta,de fé. Tu farás esse erro, mas não te preocupes com isso absolutamente. O erro não
importa. A falta de fé trazida à fé jamais interferirá com a verdade. Mas a falta de fé usada contra a verdade sempre destruirá a fé. Se
te falta fé, pede para que ela seja restaurada onde foi perdida e não busques fazer com que seja inventada para ti em algum outro
lugar, como se tivesses sido injustamente privado dela.
4. Somente aquilo que tu não deste pode estar faltando em qualquer situação. Mas lembra-te disso: a meta da santidade foi estabele-
cida para o teu relacionamento e não por ti. Tu não a estabeleceste porque a santidade não pode ser vista a não ser através da fé e
o teu relacionamento não era santo porque a tua fé no teu irmão era tão limitada e pequena. A tua fé tem que crescer para ir de en-
contro à meta que foi estabelecida. A realidade da meta fará surgir isso, pois verás que a paz e a fé não virão separadamente. Em
que situação podes estar sem fé e ainda assim permanecer fiel ao teu irmão?
5. Cada situação em que te achas não é senão um meio de realizar o propósito estabelecido para o teu relacionamento. Se a vês
como qualquer outra coisa, estarás sem fé. Não uses a tua falta de fé. Deixa que ela entre e olha para ela com calma, mas não a
uses. A falta de fé é a serva da ilusão e totalmente fiel à sua senhora. Usa-a e ela te carregará diretamente às ilusões. Não fiques
tentado pelo que ela te oferece. Ela interfere, não com a meta, mas com o valor da meta para ti. Não aceites a ilusão de paz que ela
te oferece, mas contempla a sua oferta e reconhece que é ilusão.
6. A meta da ilusão está tão estreitamente ligada à ausência de fé como a fé está ligada à verdade. Se te falta fé em qualquer pessoa
em relação ao papel que ela desempenhará e de forma perfeita em qualquer situação antecipadamente dedicada à verdade, a tua
entrega está dividida. E assim não terás tido fé no teu irmão e terás usado contra ele a tua falta de fé. Nenhum relacionamento é
santo a não ser que a santidade vá com ele a toda parte. Como a santidade e a fé caminham de mãos dadas, assim a fé tem que ir a
toda parte com ele. A realidade da meta fará surgir e realizará todos os milagres que forem necessários para a sua realização. Não
existe nada por menor ou maior que seja, por mais frágil ou mais forte que seja, que não esteja aqui com o único objetivo de ser gen-
tilmente posta a serviço da meta e orientada para apoiar o seu propósito. O universo servirá a ela com contentamento, como ela ser-
ve ao universo. Mas não interfiras.
7. O poder colocado em ti, em quem a meta do Espírito Santo foi estabelecida, está tão além da tua pequena concepção do infinito
que não tens idéia de como é grande a força que vai contigo. E isso podes usar em perfeita segurança. No entanto, apesar de todo o
poder dessa força, tão grande que vai além das estrelas e do universo que está além delas, a tua pequena falta de fé pode fazer
com que ela seja inútil, se quiseres usar a falta de fé para substituí-la.
8. No entanto, pensa sobre isso e aprende o que causa a falta de fé: pensas que tens contra o teu irmão aquilo que ele fez contra ti.
Mas realmente o acusas pelo que tu fizeste a ele. Não é o seu passado, mas o teu, que tens contra ele. E te falta fé nele devido ao
que tu foste. Entretanto, és tão inocente quanto ao que foste quanto ele. O que nunca foi não tem causa e não está presente para
interferir com a verdade. Não há causa para a falta de fé, mas há Causa para a fé. Essa Causa entrou em qualquer situação que
compartilhe o Seu propósito. A luz da verdade brilha a partir do centro da situação e toca todas as pessoas a quem o propósito da
situação chama. Ele chama todas as pessoas. Não há nenhuma situação que não envolva todo o teu relacionamento, em todos os
aspectos e completo em cada parte. Não podes deixar nada de ti fora dele e manter a situação santa. Pois ela compartilha o propósi-
to de todo o teu relacionamento e deriva dele o próprio significado.
9. Entra em cada situação com a fé que dás ao teu irmão, ou não terás fé no teu próprio relacionamento. A tua fé chamará os outros
para compartilharem o teu propósito, assim como esse mesmo propósito convocou a fé em ti. E verás os meios, que um dia já em-
pregaste para te conduzires às ilusões, transformados em meios para a verdade. A verdade chama para a fé e a fé abre espaço para
a verdade. Quando o Espírito Santo mudou o propósito do teu relacionamento trocando o teu pelo Seu, a meta que Ele lá colocou foi
128
UM CURSO EM MILAGRES
estendida a todas as situações nas quais entras ou entrarás jamais. E cada situação ficou assim livre do passado que a teria tomado
sem propósito.
10. Tu chamas para a fé por causa Daquele Que caminha contigo em todas as situações. Já não és mais totalmente insano e nem
estás mais sozinho. Pois a solidão em Deus não pode deixar de ser um sonho. Tu, cujo relacionamento compartilha a meta do Espíri-
to Santo, estás à parte da solidão porque a verdade veio a ti. Seu chamado para a fé é forte. Não uses a tua falta de fé contra ele,
pois ele te chama para a salvação e para a paz.

VIII. As condições da paz


1. O instante santo não é nada mais do que um caso especial ou um exemplo extremo daquilo que todas as situações são destinadas
a ser. O significado que o propósito do Espírito Santo deu a ele também é dado a todas as situações. Ele convoca a mesma suspen-
são da falta de fé, que é afastada e deixada de lado de forma que a fé possa responder ao chamado da verdade. O instante santo é
o exemplo brilhante, a demonstração clara e inequívoca do significado de todos os relacionamentos e de todas as situações quando
são vistos como um todo. A fé aceitou cada aspecto da situação e a falta de fé não forçou nela nenhuma exclusão. É uma situação
de perfeita paz, simplesmente porque deixaste que ela fosse o que é.
2. Essa simples cortesia é tudo o que o Espírito Santo te pede. Permite que a verdade seja o que é. Não a invadas, não a ataques,
não interrompas a sua vinda. Deixa que ela envolva todas as situações e te traga paz. Nem mesmo a fé te é pedida, pois a verdade
nada pede. Deixa que ela entre e trará à tona e manterá para ti a fé de que necessitas para a paz. Mas não te levantes contra ela,
pois contra a tua oposição, ela não pode vir.
3. Não queres fazer de cada situação um instante santo? Pois tal é a dádiva da fé, dada livremente em todo lugar onde a falta de fé é
deixada de lado, sem utilidade. E então o poder do propósito do Espírito Santo está livre para ser usado em seu lugar. Esse poder
instantaneamente transforma todas as situações em um meio seguro e contínuo para estabelecer o Seu propósito e demonstrar a
realidade dele. O que foi demonstrado convocou a fé e a fé lhe foi dada. Agora vem a ser um fato, do qual a fé não mais pode ser
afastada. A tensão de recusar fé à verdade é enorme, muito maior do que reconheces. Mas responder à verdade com fé não acarre-
ta tensão alguma.
4. A ti, que reconheceste o chamado do teu Redentor, a tensão de não responder ao Seu chamado parece ser maior do que antes.
Isso não é assim. Antes, a tensão estava presente, mas tu a atribuías a alguma outra coisa, acreditando que ―alguma outra coisa‖ a
produzia. Isso nunca foi verdadeiro. Pois o que essa ―alguma outra coisa‖ produzia era pesar e depressão, doença e dor, escuridão e
imagens vagas de terror, frias fantasias de medo e sonhos ardentes do inferno. E nada mais era senão a tensão intolerável de te
recusares a dar fé à verdade e ver a sua evidente realidade.
5. Assim foi a crucificação do Filho de Deus. A sua própria falta de fé fez isso a ele. Pensa com cuidado antes de te permitires usar a
tua falta de fé contra ele. Pois ele se elevou e tu aceitaste a Causa do seu despertar como tua. Assumiste a tua parte na sua reden-
ção e agora és inteiramente responsável por ele. Não falhes para com ele agora, pois te foi dado reconhecer o que a tua falta de fé
nele não pode deixar de significar para ti. A sua salvação é o teu único propósito. Vê apenas isso em todas as situações e elas serão
um meio de trazer apenas isso.
6. Quando aceitaste a verdade como meta para o teu relacionamento, vieste a ser um doador da paz com tanta certeza quanto o teu
Pai te deu a paz. Pois a meta da paz não pode ser aceita à parte de suas condições e tiveste fé nesta meta pois ninguém aceita algo
que não acredita que seja real. O teu propósito não mudou e não mudará, pois aceitaste o que nunca pode mudar. E agora não és
capaz de afastar dele nada do que ele necessita para ser para sempre imutável. A tua liberação é certa. Dá assim como recebeste. E
demonstra que te elevaste muito além de qualquer situação que pudesse atrasar-te e manter-te separado Daquele a Cujo chamado
tu respondeste.

CAPÍTULO 18 - A PASSAGEM DO SONHO

I. A realidade substituta
1. Substituir é aceitar alguma coisa em lugar de outra. Se apenas considerasses exatamente o que isso acarreta, imediatamente per-
ceberias o quanto essa atitude está em desacordo com a meta que o Espírito Santo te deu e quer realizar para ti. Substituir é esco-
lher entre opções, renunciando a um aspecto da Filiação em favor de outro. Para esse propósito especial, alguém é julgado mais
valioso e o outro é substituído por ele. O relacionamento no qual ocorreu a substituição é então fragmentado e seu propósito dividido
de acordo com isso. Fragmentar é excluir e a substituição é a defesa mais forte que o ego tem para a separação.
2. O Espírito Santo nunca usa substitutos. Aonde o ego percebe uma pessoa como substituta de outra, o Espírito Santo as vê unidas
e indivisíveis. Ele não julga entre elas, tendo o conhecimento de que são uma só. Sendo unidas, elas são uma só porque são a mes-
ma. A substituição é claramente um processo no qual elas são percebidas como diferentes. Um quer unir, o outro separar. Nada po-
de se interpor entre o que Deus uniu e o Espírito Santo vê como um só. Mas tudo parecé se interpor entre os relacionamentos frag-
mentados que o ego promove para destruir.
3. A única emoção onde a substituição é impossível é o amor. O medo envolve substituição por definição, pois é a substituição do
amor. O medo é ao mesmo tempo uma emoção fragmentada e uma emoção que fragmenta. Parece tomar muitas formas e cada
uma parece requerer uma maneira diferente de encenação para obter satisfação. Embora isso pareça introduzir um comportamento
bastante variável, um efeito muito mais sério está na percepção fragmentada da qual o comportamento decorre. Ninguém é visto
como alguém completo. O corpo é enfatizado, com ênfase especial em certas partes, e usado como padrão de comparação da acei-
tação ou da rejeição para encenar uma forma especial de medo.
4. Tu, que acreditas que Deus é medo, fizeste apenas uma substituição. Ela tomou muitas formas, porque foi a substituição da verda-
de pela ilusão, da totalidade pela fragmentação. Ela veio a ser tão partida, subdividida e de novo dividida, vezes e mais vezes, que
agora é quase impossível perceber que alguma vez foi uma só e que ainda é o que era. Esse único erro, que trouxe a verdade à
ilusão, a infinidade ao tempo e a vida à morte, foi tudo o que jamais fizeste. Todo o teu mundo se baseia nele. Tudo o que vês reflete
isso e cada relacionamento especial que jamais tiveste é parte disso.
5. Podes te surpreender quando ouvires o quanto a realidade é diferente daquilo que vês. Não reconheces a magnitude desse único
erro. Ele foi tão vasto e tão completamente inacreditável que um mundo de total irrealidade tinha que emergir. Que outra coisa pode-
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UM CURSO EM MILAGRES
ria resultar disso? Seus aspectos fragmentados são bastante amedrontadores quando começas a olhar para eles. Mas nada do que
tens visto nem de leve te mostra a enormidade do erro original, que aparentemente te expulsou do Céu para estilhaçar o conheci-
mento em pequenas partes sem significado de percepções desunidas e para forçar-te a fazer mais substituições.
6. Essa foi a primeira projeção do erro para fora. O mundo surgiu para escondê-lo e veio a ser a tela na qual ele foi projetado e colo-
cado entre tu e a verdade. Pois a verdade se estende para dentro, onde a idéia de perda não tem significado e só o aumento é con-
cebível. Tu realmente pensas que é estranho que um mundo no qual tudo está de trás para frente e de cabeça para baixo tenha sur-
gido dessa projeção do erro? Era inevitável. Pois a verdade trazida a isso somente poderia permanecer quieta do lado de dentro,
sem tomar parte em toda a louca projeção pela qual esse mundo foi feito. Não chames isso de pecado, mas de loucura, pois foi as-
sim e assim ainda permanece. Não invistas aí a culpa, pois a culpa implica que isso tenha sido realizado na realidade. E acima de
tudo, não tenhas medo disso.
7. Quando pareces ver alguma forma distorcida do erro original surgindo para amedrontar-te, apenas digas: ―Deus não é medo, mas
Amor‖ e ela desaparecerá. A verdade te salvará. Ela não te deixou para sair para esse mundo louco e assim afastar-se de ti. Dentro
de ti está a sanidade, a insanidade esta fora de ti. Apenas acreditas que é o contrário, que a verdade está do lado de fora e o erro e
a culpa dentro de ti. As tuas pequenas substituições sem sentido, que foram tocadas pela insanidade e rodopiam numa seqüência
louca como plumas dançando de forma insana a mercê do vento, não têm substância. Elas fundem-se, misturam-se e separam-se
em padrões deslocáveis totalmente sem significado que absolutamente não precisam ser julgados. Julgá-los individualmente não faz
sentido. Suas diminutas diferenças em forma não são diferenças reais em absoluto. Nenhuma delas importa. Isso elas têm em co-
mum e nada mais. No entanto, o que mais é necessário para fazer com que todas sejam a mesma?
8. Deixe-as ir, todas elas, dançando ao vento, caindo e rodopiando até que desapareçam de vista, longe, longe, fora de ti. E volta-te
para a nobre calma do lado de dentro, onde em quietude santa habita o Deus vivo Que nunca deixaste e Que nunca te deixou. O
Espírito Santo te toma gentilmente pela mão e retraça contigo a tua louca jornada para fora de ti mesmo, conduzindo-te com gentile-
za de volta à verdade e à segurança dentro de ti. Ele traz à verdade todas as tuas projeções insanas e as substituições absurdas
que colocaste do lado de fora. Assim Ele reverte o curso da insanidade e te restitui a razão.
9. No teu relacionamento com o teu irmão, onde Ele se responsabilizou por tudo a pedido teu, Ele estabeleceu o curso em direção ao
que está dentro, a verdade que vós compartilhais. No mundo louco que está lá fora, nada pode ser compartilhado, mas somente
substituído e o compartilhar e o substituir nada têm em comum na realidade. Dentro de ti, amas a teu irmão com um amor perfeito.
Aqui é a terra santa, na qual substituição alguma pode entrar e onde só a verdade em teu irmão pode habitar. Aqui vós estais unidos
em Deus, tão unidos quanto estão unidos a Ele. O erro original não entrou aqui, nem jamais entrará. Aqui está a verdade radiante, à
qual o Espírito Santo entregou o teu relacionamento. Deixa que Ele o traga aqui, onde tu queres que ele esteja. Dá ao Espírito Santo
apenas um pouco de fé em teu irmão para ajudá-Lo a te mostrar que nenhum substituto que tenhas feito para o Céu pode excluir-te
dele.
10. Em ti não há separação e nenhum substituto pode manter-te afastado do teu irmão. A tua realidade foi criação de Deus e não tem
substituto. Vós estais tão firmemente unidos em verdade, que apenas Deus está presente. E Ele jamais aceitaria alguma outra coisa
em teu lugar. Ele ama os dois igualmente e como um só. E assim como Ele te ama, assim tu és. Vós não estais unidos em ilusões,
mas no Pensamento que é tão santo e tão perfeito que ilusões não podem permanecer para obscurecer o local santo no qual vos
encontrais juntos. Deus está contigo, meu irmão. Vamos nos unir a Ele em paz e gratidão e aceitar a dádiva de Deus como nossa
mais santa e perfeita realidade, realidade essa que nós compartilhamos Nele.
11. O Céu é restaurado a toda a Filiação através do teu relacionamento, pois nele esta a Filiação íntegra e bela, a salvo em teu amor.
O Céu entrou em quietude, pois todas as ilusões foram gentilmente trazidas à verdade em ti e o amor brilhou sobre ti abençoando o
teu relacionamento com a verdade. Deus e toda a Sua criação entraram juntos nesta relação. Como é belo e como é santo o teu
relacionamento, com a verdade brilhando sobre ele! O Céu o contempla e se alegra por teres deixado que ele viesse a ti. E o próprio
Deus está contente que o teu relacionamento seja assim como foi criado. O universo dentro de ti está contigo, junto com o teu irmão.
E o Céu olha com amor para o que está unido nele, junto com o seu Criador.
12. Aquele a quem Deus chamou não deve ouvir quaisquer substitutos. O chamado desses substitutos não passa de um eco do erro
original que despedaçou o Céu. E o que veio a ser da paz naqueles que o ouviram? Volta comigo para o Céu, caminhando junto com
o teu irmão para fora desse mundo e através de um outro, para a beleza e a alegria que o outro contém dentro de si. Queres enfra-
quecer e separar ainda mais o que já está partido e sem esperança? É aqui que queres procurar a felicidade? Será que não preferes
curar o que está partido e unir-te para tornar integro o que foi devastado pela separação e pela doença?
13. Foste chamado, junto com o teu irmão, para a função mais santa que esse mundo contém. É a única que não tem limites e alcan-
ça cada elemento fragmentado da Filiação com a cura e o consolo unificador. Isso te é oferecido em teu relacionamento santo. Acei-
ta-o aqui e darás assim como aceitaste. A paz de Deus te é dada com o brilhante propósito no qual te unes ao teu irmão. A luz santa
que trouxe a ti e a ele para a união tem que estender-se assim como tu a aceitaste.

II. A base do sonho


1. Não é fato que nos sonhos surge um mundo que parece ser bastante real? Entretanto, pensa sobre o que é esse mundo. Clara-
mente não é o mundo que viste antes de dormir. É mais uma distorção do mundo planejada somente em torno daquilo que terias
preferido. Aqui estás ―livre‖ para refazer qualquer coisa que aparentemente te tenha atacado e fazer dela um tributo ao teu ego, que
foi ultrajado pelo ―ataque‖. A não ser que tenhas visto a ti mesmo como se fosses um com o ego, que sempre olha para si próprio e,
portanto, para ti como alvo de ataque e altamente vulnerável a esse ataque, tal não seria o teu desejo.
2. Os sonhos são caóticos porque são governados pelos teus desejos conflitantes e não têm, portanto, qualquer preocupação com o
que é verdadeiro. Eles são o melhor exemplo que poderias ter de como a percepção pode ser usada para substituir a verdade por
ilusões. Não os levas a sério quando acordas, porque o fato da realidade neles ser violada de forma tão ultrajante passa a ser evi-
dente. No entanto, são uma maneira de olhar para o mundo e de mudá-lo para agradar mais ao ego. Eles provêem exemplos gri-
tantes tanto da incapacidade do ego de tolerar a realidade, quanto da tua disponibilidade para mudar a realidade a favor dele.
3. Não achas perturbadoras as diferenças entre o que vês durante o sono e ao despertares. Reconheces que o que vês quando acor-
das é obliterado nos sonhos. Entretanto, ao acordares, não esperas que tenha desaparecido. Nos sonhos, tu arranjas tudo. As pes-
soas vêm a ser o que queres que sejam e o que fazem é o que tu ordenas. Nenhum limite em termos das substituições que podes

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UM CURSO EM MILAGRES
fazer te é imposto. Durante um certo tempo, é como se o mundo te fosse dado para que faças dele o que desejas. Não reconheces
que o estás atacando, tentando triunfar sobre ele e fazer com que sirva a ti.
4. Os sonhos são cenas temperamentais da percepção, nos quais literalmente gritas: ―Quero que seja assim!‖ E assim parece ser. E,
no entanto, o sonho não pode fugir da sua origem. A raiva e o medo o perpassam e, em um instante, a ilusão de satisfação é invadi-
da pela ilusão do terror. Pois o sonho de que tens a capacidade de controlar a realidade substituindo-a por um mundo que preferes é
aterrador. As tuas tentativas de obliterar a realidade são muito amedrontadoras, mas isso não estás disposto a aceitar. E assim as
substituis pela fantasia de que é a realidade que é amedrontadora e não o que queres fazer dela. E desse modo a culpa se faz real.
5. Os sonhos te mostram que tens o poder de fazer o mundo conforme queres que ele seja e, porque o queres, tu o vês. E enquanto
o vês, não duvidas de que ele seja real. Contudo, aqui está um mundo, é óbvio que ele está dentro da tua mente, mas aparenta estar
do lado de fora. Não respondes a ele como se o tivesses feito e nem reconheces que as emoções que o sonho produz ne-
cessariamente vêm de ti. São as figuras no sonho e o que fazem que parecem fazer o sonho. Tu não reconheces que estás fazendo
com que representem para ti, pois se reconhecesses, a culpa não seria delas e a ilusão de satisfação desapareceria. Nos sonhos,
essas características não são obscuras. Pareces despertar e o sonho se foi. Entretanto, o que falhas em reconhecer e que aquilo
que causou o sonho não se foi com ele. O teu desejo de fazer um outro mundo que não é real permanece contigo. E aquilo para o
qual pareces despertar, não é senão uma outra forma desse mesmo mundo que vês nos sonhos. Todo o teu tempo é gasto em so-
nhar. Os teus sonhos, quando estás dormindo, e os teus sonhos, quando estás acordado, têm formas diferentes e isso é tudo. Seu
conteúdo é o mesmo. Eles são o teu protesto contra a realidade e a tua idéia fixa e insana de que podes mudá-la. Nos teus sonhos
quando estás acordado, o relacionamento especial tem um lugar especial. Ele é o meio pelo qual tentas fazer com que os teus so-
nhos, enquanto estás dormindo, venham a ser verdadeiros. Disso, tu não despertas. O relacionamento especial é a tua determina-
ção de manter-te apegado à irrealidade e impedir a ti mesmo de despertar. E enquanto deres maior valor ao sono do que ao desper-
tar, não abrirás mão dele.
6. O Espírito Santo, sempre prático em Seu juízo, aceita os teus sonhos e os usa como um meio de fazer com que despertes. Tu os
terias usado para permaneceres adormecido. Eu disse anteriormente que a primeira mudança, antes dos sonhos desaparecerem, é
que os teus sonhos de medo são transformados em sonhos felizes. É isso o que o Espírito Santo faz no relacionamento especial. Ele
não o destrói, nem o arranca de ti. Mas Ele o usa de um modo diferente, como uma ajuda para fazer com que o Seu propósito seja
real para ti. O relacionamento especial permanecerá, não como uma fonte de dor e culpa, mas como uma fonte de alegria e liberda-
de. Ele não será apenas para ti, pois é aí que está a sua miséria. Assim como a sua não-santidade o manteve como uma coisa a
parte, a sua santidade virá a ser um oferecimento para todas as pessoas.
7. O teu relacionamento especial será um meio de desfazer a culpa em todas as pessoas abençoadas através do teu relacionamento
santo. Será um sonho feliz e um sonho que irás compartilhar com todos aqueles que vierem a estar diante da tua vista. Através dele,
a benção que o Espírito Santo derramou sobre ele será estendida. Não penses que Ele se esqueceu de pessoa alguma no propósito
que te deu. E não penses que Ele se esqueceu de ti, a quem deu a dádiva. Ele usa todas as pessoas que O chamam como meios
para a salvação de todos. E Ele despertará a todos através de ti, que ofereceste o teu relacionamento a Ele. Se apenas reconheces-
ses a Sua gratidão! Ou a minha através da Sua! Pois nós estamos unidos em um único propósito, sendo uma só mente com Ele.
8. Não permitas que o sonho assuma o controle a ponto de te fechar os olhos. Não é estranho que os sonhos possam fazer um mun-
do que não é real. É o desejo de faze-lo que é inacreditável. O teu relacionamento com o teu irmão agora veio a ser um relacio-
namento no qual esse desejo foi removido, porque o seu propósito foi mudado de um propósito de sonhos para um propósito de ver-
dade. Não estás certo disso, porque pensas que talvez esse seja o sonho. Estás tão habituado a escolher entre sonhos, que não vês
que finalmente fizeste a escolha entre a verdade e todas as ilusões.
9. No entanto, o Céu é garantido. Isso não é um sonho. Que ele tenha vindo significa que escolheste a verdade e ela veio porque
tens estado disposto a deixar que o teu relacionamento especial satisfaça as suas condições. No teu relacionamento, o Espírito San-
to gentilmente colocou o mundo real, o mundo dos sonhos felizes, dos quais o despertar é tão fácil e tão natural. Pois, assim como
os teus sonhos, quando estás dormindo, e os teus sonhos, quando estás acordado, representam os mesmos desejos em tua mente,
também assim o mundo real e a verdade do Céu se unem na Vontade de Deus. O sonho do despertar é facilmente transferido para a
realidade de estares desperto. Pois esse sonho reflete a tua vontade unida à Vontade de Deus. E o que essa Vontade quer que se
realize nunca deixou de estar feito.

III. Luz no sonho


1. Tu, que tens gasto a tua vida trazendo verdade a ilusões, realidade a fantasias, tens andado pelo caminho dos sonhos. Pois pas-
saste do despertar ao sono e penetraste cada vez mais em um sono ainda mais profundo. Cada sonho levou a outros sonhos e cada
fantasia que parecia trazer uma luz à escuridão só fez com que as trevas fossem mais profundas. A tua meta era a escuridão onde
nenhum raio de luz pudesse entrar. E buscaste uma negrura completa para que pudesses nela esconder-te da verdade para sempre,
em completa insanidade. O que esqueceste foi simplesmente que Deus não pode destruir a Si mesmo. A luz está em ti. As trevas
podem encobri-Ia, mas não podem apagá-la.
2. À medida que a luz vem para mais perto, correrás para a escuridão encolhendo-te com medo da verdade, às vezes recuando para
as formas menos intensas do medo e às vezes para o terror mais absoluto. Mas avançarás, porque a tua meta e avançar do medo à
verdade. A meta que aceitaste é a meta do conhecimento, para a qual manifestaste a tua disponibilidade. O medo parece viver na
escuridão e, quando sentes medo, deste um passo para trás. Vamos, então, unir-nos rapidamente em um instante de luz e isso será
o suficiente para lembrar-te que a tua meta é a luz.
3. A verdade tem corrido ao teu encontro desde que a chamaste. Se conhecesses Quem caminha a teu lado no caminho que esco-
lheste, o medo seria impossível. Não conheces porque a jornada para a escuridão foi longa e cruel e entraste profundamente nela.
Um leve piscar dos teus olhos, há tanto tempo fechados, ainda não foi suficiente para te dar confiança em ti mesmo, há tanto tempo
desprezado. Vais ao encontro do amor ainda odiando-o e terrivelmente temeroso do seu julgamento sobre ti. E não reconheces que
não tens medo do amor, mas apenas do que fizeste do amor. Estás avançando rumo ao significado do amor e te distanciando de
todas as ilusões com as quais o cercaste. Quando recuas para a ilusão o teu medo aumenta, pois lá há poucas dúvidas de que o
que pensas que ele significa é amedrontador. No entanto, o que é isso para nós que viajamos em segurança e velozmente para lon-
ge do medo?

131
UM CURSO EM MILAGRES
4. Tu, que seguras a mão do teu irmão, seguras também a minha, pois quando vos unistes não estáveis sozinhos. Acreditas que eu te
deixaria na escuridão, que tu concordaste em deixar comigo? No teu relacionamento está a luz do mundo. E o medo tem que desa-
parecer diante de ti agora. Não sejas tentado a arrancar a dádiva da fé que ofereceste ao teu irmão. Terás sucesso em assustar a ti
mesmo. A dádiva é dada para sempre, pois o próprio Deus a recebeu. Tu não podes tomá-la de volta. Aceitaste a Deus. A santidade
do teu relacionamento está estabelecida no Céu. Não compreendes o que aceitaste, mas lembra-te de que a tua compreensão não é
necessária. Tudo o que foi necessário foi simplesmente o desejo de compreender. Esse desejo era o desejo de ser santo. A Vontade
de Deus te foi concedida. Pois desejas a única coisa que sempre tiveste ou sempre foste.
5. Cada instante que passamos juntos vai te ensinar que essa meta é possível e fortalecerá o teu desejo de alcançá-la. E no teu de-
sejo está a sua realização. O teu desejo está agora em completo acordo com todo o poder da Vontade do Espírito Santo. Nenhum
dos pequenos passos em falso que possas dar é capaz de separar o teu desejo da Sua Vontade e da Sua força. Eu seguro a tua
mão com tanta segurança quanto tu concordaste em tomar a mão do teu irmão. Vós não vos separareis, pois eu estou convosco e
caminho convosco em vosso progresso rumo à verdade. E aonde nós vamos carregamos Deus conosco.
6. No teu relacionamento tu te uniste a mim trazendo o Céu ao Filho de Deus, que se escondia na escuridão. Tens estado disposto a
trazer a escuridão à luz e essa tua disponibilidade tem dado força a todos os que queriam permanecer na escuridão. Aqueles que
querem ver verão. E se unirão a mim transportando a sua luz à escuridão, quando a escuridão dentro deles for oferecida à luz e re-
movida para sempre. A minha necessidade de ti, unido a mim na luz santa do teu relacionamento, é a tua necessidade da salvação.
Não te daria eu o que deste a mim? Pois quando te uniste ao teu irmão, respondeste a mim.
7. Tu que és agora o portador da salvação, tens a função de trazer a luz à escuridão. A escuridão em ti foi trazida à luz. Transporta-a
de volta à escuridão, partindo do instante santo ao qual a trouxeste. Nós nos tomamos íntegros no nosso desejo de tornar íntegro.
Não permitas que o tempo te preocupe, pois todo o medo que tu e teu irmão experimentam é realmente passado. O tempo foi reajus-
tado para nos ajudar a fazer juntos aquilo que os vossos passados separados impediriam. Vós ultrapassastes o medo, pois duas
mentes não se podem unir no desejo do amor sem que O amor se una a elas.
8. Não há no Céu nem uma única luz que não vá convosco. Nem um único Raio que brilhe para sempre na Mente de Deus deixa de
vos iluminar. O Céu está unido a vós no vosso avanço rumo ao Céu. Quando grandes luzes tais como estas estão unidas a vós para
dar a pequena centelha do vosso desejo o poder do próprio Deus, será possível permanecerdes nas trevas? Tu e o teu irmão estão
voltando ao lar juntos, após uma longa jornada sem significado que empreenderam um à parte do outro e que não levou a lugar ne-
nhum. Tu achaste o teu irmão e vos iluminareis o caminho um para o outro. E a partir dessa Luz, os Grandes Raios estender-se-ão
para trás em direção às trevas e para frente em direção a Deus, para desvanecer o passado com seu resplendor e assim abrir espa-
ço para a Sua Presença eterna, na qual todas as coisas são radiantes na luz.

IV. Um pouco de boa vontade


1. O instante santo é o resultado da tua determinação de ser santo. É a resposta. O desejo e a disponibilidade para permitir que ele
venha precedem a sua vinda. Preparas a tua mente para ele apenas na medida em que reconheces que o queres acima de todas as
outras coisas. Não é necessário fazer mais; na verdade, é necessário que reconheças que não podes fazer mais. Não tentes dar ao
Espírito Santo aquilo que Ele não pede, ou estarás adicionando o ego a Ele e confundindo os dois. Ele só pede pouco. É Ele que
adiciona a grandeza e o poder. Ele une-se a ti para fazer com que o instante santo seja muito maior do que podes compreender. É o
teu reconhecimento de que precisas fazer tão pouco que permite a Ele dar tanto.
2. Não confies nas tuas boas intenções. Elas não são suficientes. Mas confies implicitamente na tua disponibilidade, não importa o
que mais possa entrar nisso. Concentra-te apenas nela e não te perturbes pelas sombras que a cercam. É por isso que vieste. Se
pudesses vir sem elas, não terias necessidade do instante santo. Vêm a ele, não em arrogância, presumindo que tens que conseguir
o estado que ele traz com sua vinda. O milagre do instante santo está na tua disponibilidade para permitir que ele seja o que é. E na
tua disponibilidade para isso está também a tua aceitação de ti mesmo tal como foste criado.
3. A humildade jamais pedirá que fiques contente com a pequenez. Mas requer que não fiques contente com menos do que a gran-
deza que não vem de ti. A tua dificuldade com o instante santo surge da tua convição firme de que não és digno dele. E o que é isso,
senão a determinação de seres assim como queres fazer a ti mesmo? Deus não criou a Sua própria morada indigna de Si Mesmo. E
se acreditas que Ele não pode entrar onde é Sua Vontade estar, tens que estar interferindo com a Sua Vontade. Não necessitas que
a força da tua vontade venha de ti mesmo, mas só da Sua Vontade.
4. O instante santo não vem só da tua boa vontade que é pouca. Resulta sempre desse pouco de boa vontade combinado com o
poder ilimitado da Vontade de Deus. Tens estado errado ao pensar que é necessário preparar-te para Ele. É impossível fazer pre-
parativos arrogantes para a santidade e não acreditar que depende de ti estabelecer as condições para a paz. Deus as estabeleceu.
Elas não aguardam a tua disponibilidade para serem o que são. A tua disponibilidade só é necessária para possibilitar que te seja
ensinado quais são elas. Se insistes em seres indigno de aprender isso, estás interferindo com a lição, por acreditares que tens que
fazer com que o aprendiz seja diferente. Não fizeste o aprendiz e nem podes fazê-lo diferente. Queres em primeiro lugar fazer um
milagre por tua própria conta e depois esperar que um seja feito para ti?
5. Tu meramente fazes a pergunta. A resposta é dada. Não busques responder, mas apenas receber a resposta assim como é dada.
Ao preparar-te para o instante santo, não tentes fazer-te santo para estar pronto para recebê-lo. Isso é apenas confundir o teu papel
com o de Deus. A Expiação não pode vir para aqueles que pensam que, em primeiro lugar precisam expiar, mas só para aqueles que
nada mais oferecem senão a simples disponibilidade de abrir caminho para ela. A purificação é só de Deus e, portanto, é para ti. Ao
invés de buscar preparar-te para Ele, tenta pensar deste modo:

Eu, qué sou anfitrião dé Deus, sou digno Dele.


Ele, Qué estabeleceu em mim a Sua morada, criou-a como Elé queria qué fosse.
Não é preciso qué eu a apronté para Ele, mas apenas qué eu não interfira no Seu plano para restituir-mé a minha própria
consciência dé estar pronto, qué é eterna.
Eu nada tenho qué adicionar ao piano dé Deus.
Mas para recebê-lo, tenho qué estar disposto a não substituí-lo pelo meu.
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UM CURSO EM MILAGRES
6. E isso é tudo. Adiciona mais e estarás simplesmente retirando o pouco que te é pedido. Lembra-te de que fizeste a culpa e que o
teu plano para escapar da culpa tem sido o de trazer a ela a Expiação e fazer com que a salvação seja amedrontadora. E é apenas
medo o que adicionaras ao preparar-te para o amor. A preparação para o instante santo pertence Àquele Que o dá. Libera-te para
Ele, Cuja função é a liberação. Não assumas por Ele a Sua função. Dá-Lhe apenas o que Ele pede, de modo que possas aprender
como é pequena a tua parte e como é grande a Sua.
7. É isso o que faz com que o instante santo seja tão fácil e tão natural. Tu o tornas difícil, porque insistes que tem que haver mais
coisas que precisas fazer. Achas difícil aceitar a idéia de que precisas dar tão pouco para receber tanto. E é muito difícil para ti reco-
nhecer que não é um insulto pessoal que a tua contribuição e a do Espírito Santo sejam tão extremamente desproporcionais. Ainda
estás convencido de que a tua compreensão é uma contribuição poderosa para a verdade e faz dela o que ela é. Entretanto, nós já
enfatizamos que nada precisas compreender. A salvação é fácil exatamente porqué nada pede que não possas dar agora mesmo.
8. Não te esqueças de que foi decisão tua fazer com que tudo o que é natural e fácil para ti seja impossível. Se acreditas que o ins-
tante santo é difícil para ti, é porque te tomaste o árbitro do que é possível e permaneces sem vontade de ceder o lugar Àquele Que
tem o conhecimento. Toda a crença em ordens de dificuldades em milagres está centrada nisso. Tudo aquilo que é Vontade de Deus
não só é possível como já aconteceu. E é por isso que o passado se foi. Ele nunca aconteceu na realidade. Só na tua mente, que
pensou que tudo isso aconteceu, é necessário desfazê-lo.

V. O sonho feliz
1. Prepara-te agora para o desfazer do que nunca existiu. Se já compreendesses a diferença entre verdade e ilusão, a Expiação não
teria nenhum significado. O instante santo, o relacionamento santo, o ensinamento do Espírito Santo e todos os meios pelos quais se
realiza a salvação não teriam nenhum propósito. Pois todos não são senão aspectos do plano de mudar os teus sonhos de medo
para sonhos felizes, dos quais facilmente despertas para o conhecimento. Não te encarregues disso, pois não podes distinguir entre
progresso e retrocesso. Alguns dos teus maiores progressos julgaste como fracassos e alguns dos piores retrocessos avaliaste co-
mo sucesso.
2. Nunca te aproximes do instante santo depois que tiveres tentado remover todo o medo e todo o ódio da tua mente. Essa é a sua
função. Nunca tentes não ver a tua culpa antes de pedir ajuda ao Espírito Santo. Essa é a função Dele. A tua parte consiste apenas
em oferecer a Ele um pouco de boa vontade para deixar que Ele remova todo medo e todo ódio, e para seres perdoado. Com a tua
pequena fé, unida à Sua compreensão, Ele construirá a tua parte na Expiação e garantirá que tu a cumpriras facilmente. E com Ele
construirás uma escada, plantada na sólida rocha da fé que se ergue ate o Céu. E tampouco a usarás para ascender ao Céu sozi-
nho.
3. Através do teu relacionamento santo, renascido e abençoado a cada instante santo que não programaste, milhares subirão ao Céu
contigo. Tu és capaz de planejar isso? Ou poderias te preparar para tal função? No entanto, isso é possível porque é Vontade de
Deus. E nem ira Ele mudar a própria Mente a respeito disso. O início e o propósito, ambos pertencem a Ele. Um tu aceitaste, o outro
te será provido. Um propósito tal como esse, sem um meio, é inconcebível. Ele provoca o meio a qualquer um que compartilhe o Seu
propósito.
4. Os sonhos felizes vêm a ser verdadeiros, não porque sejam sonhos, mas porque são felizes. E assim têm que ser amorosos. A sua
mensagem é: ―Faça-se a Tua Vontade‖, e não: ―Eu quero de outra forma.‖ O alinhamento do meio e do propósito é um em-
preendimento impossível na tua compreensão. Nem sequer te dás conta de que aceitaste o propósito do Espírito Santo como teu e
só poderias trazer meios não-santos para a sua realização. A pequena fé que foi necessária para mudar o propósito é tudo o que te
é pedido para que possas receber o meio e usa-lo.
5. Não é um sonho amar o teu irmão como a ti mesmo. E nem é um sonho o teu relacionamento santo. Tudo o que permanece de
sonhos dentro dele é que ainda é um relacionamento especial. No entanto, é muito útil para o Espírito Santo, Que tem uma função
especial aqui. Ele se tomará o sonho feliz através do qual o Espírito Santo poderá espalhar a alegria a milhares e milhares de pes-
soas que acreditam que o amor é medo e não felicidade. Permite que Ele cumpra a função que deu ao teu relacionamento aceitan-
do-a para ti e nada ficará faltando para fazer dele o que Ele quer que seja.
6. Quando sentes a santidade do teu relacionamento ameaçada por qualquer coisa, pára imediatamente e oferece ao Espírito Santo
a tua disponibilidade, apesar do medo, para permitir que Ele troque esse instante pelo instante santo que preferes ter. Ele jamais
falhará nisso. Mas não te esqueças de que o teu relacionamento é uno e, portanto, necessariamente aquilo que ameaça a paz de
um, seja lá o que for, ameaça a paz do outro igualmente. O poder de unir-te à benção do teu relacionamento está no fato de que
agora é impossível para ti ou para o teu irmão sentir medo sozinho ou tentar lidar com o medo sozinho. Nunca acredites que isso é
necessário ou mesmo possível. Entretanto, assim como isso é impossível, também é igualmente impossível que o instante santo
venha a qualquer um de vós sem vir ao outro. E ele virá a ambos, a pedido de qualquer um dos dois.
7. Aquele que for o mais são no momento em que a ameaça é percebida, deve lembrar-se de quanto é profundo o seu débito para
com o outro e de quanta gratidão lhe é devida e deve alegrar-se por poder pagar a sua dívida trazendo felicidade a ambos. Que ele
se lembre disso e diga:
Eu desejo essé instanté santo para mim, para qué eu possa com partilhá-lo com o meu irmão, a quem eu amo.
Não mé é possível tê-lo sem elé é nem elé sem mim.
No entanto, é totalmenté possível para nós com partilhá-lo agora.
É assim eu escolho essé instanté como aquelé qué ofereço ao Espírito Santo, para qué a Sua benção possa descer sobré nós
é manter-nos em paz.

VI. Além do corpo


1. Não há nada fora de ti. Isso é o que tens que aprender em ultima instância, pois é o reconhecimento de que o Reino do Céu foi
restaurado para ti. Pois Deus criou apenas isso e não foi embora nem te deixou separado de Si Mesmo. O Reino do Céu é a morada
do Filho de Deus, que não deixou o seu Pai e nem habita à parte Dele. O Céu não é um lugar nem uma condição. É meramente uma
consciência da perfeita unicidade e o conhecimento de que nada além disso existe, nada fora dessa unicidade e nada mais dentro
dela.
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UM CURSO EM MILAGRES
2. O que poderia Deus dar além do conhecimento de Si Mesmo? O que mais existe para ser dado? A crença em que poderias dar ou
ganhar qualquer outra coisa, alguma coisa fora de ti, custou-te a consciência do Céu e da tua Identidade. E fizeste uma coisa ainda
mais estranha do que reconheces no momento. Deslocaste a tua culpa da tua mente para o teu corpo. No entanto, um corpo não
pode ser culpado, pois nada pode fazer por si mesmo. Tu, que pensas que odeias o teu corpo, enganas a ti mesmo. Odeias a tua
mente, pois a culpa a penetrou e ela quer permanecer separada da mente do teu irmão, o que não pode fazer.
3. As mentes estão unidas, os corpos não. Só atribuindo à mente as propriedades do corpo é que a separação parece ser possível. E
é a mente que parece ser algo privado, estar fragmentada e sozinha. A culpa, que a mantém separada, é projetada para o corpo, que
sofre e morre porque é atacado para manter a separação na mente e não permitir que ela conheça a sua Identidade. A mente não
pode atacar, mas pode fabricar fantasias e dirigir o corpo para encená-las. No entanto, o que parece satisfazer nunca é o que o cor-
po faz. A não ser que a mente acredite que o corpo, de fato, esteja encenando as suas fantasias, ela atacará o corpo aumentando a
projeção da sua culpa sobre ele.
4. Nisso, a mente é claramente delusória. Ela não pode atacar, mas insiste em que pode e usa o que faz para ferir o corpo e provar
que pode. A mente não pode atacar, mas pode enganar a Si mesma. E isso é tudo o que faz quando acredita que atacou o corpo.
Ela pode projetar a própria culpa, mas não a perderá através da projeção. E embora esteja claro que pode interpretar equi-
vocadamente a função do corpo, não pode mudar a função que o Espírito Santo estabelece para ele. O corpo não foi feito pelo amor.
No entanto, o amor não o condena e é capaz de usa-lo amorosamente, respeitando o que o Filho de Deus fez e usando-o para sal-
vá-lo das ilusões.
5. Não gostarias de ter os instrumentos para a separação re-interpretados em meios para a salvação e usados com os propósitos do
amor? Não receberias com boas-vindas e não darias o teu apoio para fazer das fantasias de vingança uma liberação em relação a
elas? A tua percepção do corpo pode ser claramente doente, mas não projetes isso sobre o corpo. Pois o teu desejo de tornar des-
trutivo o que não podes destruir não pode ter qualquer efeito real. O que Deus criou é apenas o que Ele quer que seja, sendo a Sua
Vontade. Não podes fazer com que a Sua Vontade seja destrutiva. Podes fabricar fantasias nas quais a tua vontade entra em conflito
com a Sua, mas isso é tudo.
6. É insano usar o corpo como o bode expiatório da culpa, dirigindo os seus ataques e acusando-o pelo que desejaste que ele fizes-
se. E impossível encenar fantasias. Pois ainda são as fantasias que tu queres e elas nada têm a ver com o que o corpo faz. Ele não
sonha com elas e elas apenas fazem dele um débito quando poderia ser um crédito. Pois as fantasias fizeram do teu corpo teu inimi-
go: fraco, vulnerável, traiçoeiro, merecedor do ódio que investes nele. Como isso te serviu? Tu te identificaste com essa coisa que
odeias, o instrumento da vingança e a fonte que percebes para a tua culpa. Isso tu fizeste com uma coisa que não tem significado,
proclamando-a a morada do Filho de Deus e voltando-a contra ele.
7. Esse é o anfitrião de Deus que tu fizeste. E nem Deus e nem o Seu santíssimo Filho podem entrar em uma habitação que abriga o
ódio e onde semeaste as sementes da vingança, da violência e da morte. Essa coisa que fizeste para servir à tua culpa interpõe-se
entre ti e outras mentes. As mentes estão unidas, mas não te identificas com elas. Tu te vês trancado em uma cela separada, retira-
do e inacessível, incapaz de alcançar o exterior assim como de ser alcançado. Odeias essa prisão que fizeste e queres destruí-la.
Mas não queres escapar deixando-a ilesa, sem a tua culpa sobre ela.
8. No entanto, e só assim que podes escapar. O lar da vingança não é o teu, o lugar que separaste para abrigar o teu ódio não é uma
prisão, mas uma ilusão de ti mesmo. O corpo é um limite imposto à comunicação universal que é uma propriedade eterna da mente.
Mas a comunicação é interna. A mente alcança a si mesma. Ela não é feita de partes diferentes que alcançam umas às outras. Ela
não sai para o lado de fora. Dentro de si mesma não tem limites e nada há fora dela. Ela abrange todas as coisas. Abrange inteira-
mente a ti, tu dentro dela e ela dentro de ti. Não há nenhuma outra coisa, em lugar nenhum ou tempo algum.
9. O corpo está fora de ti e apenas parece cercar-te, fechando-te para os outros e mantendo-te à parte deles e eles à parte de ti. Ele
não existe. Não existe nenhuma barreira entre Deus e o Seu Filho e nem pode o Filho estar separado de Si mesmo, exceto em ilu-
sões. Essa não é a sua realidade, embora ele acredite que seja. No entanto, só poderia ser assim no caso de Deus estar errado.
Deus teria tido que criar de forma diferente e teria que ter separado a Si Mesmo de Seu Filho para fazer com que isso fosse possível.
Ele teria tido que criar coisas diferentes e estabelecer ordens de realidade diferentes, somente algumas das quais seriam amor. En-
tretanto, o amor tem que ser para sempre igual a si mesmo, imutável para sempre e para sempre sem alternativa. E assim ele é. Não
podes colocar uma barreira em torno de ti porque Deus não colocou nenhuma entre Ele e ti.
10. Podes estender a tua mão e alcançar o Céu. Tu, cuja mão está unida à mão de teu irmão, começaste a alcançar o que está além
do corpo, mas não fora de ti, para alcançar a vossa Identidade que é compartilhada. Poderia Isso estar fora de ti? Onde Deus não
está? Seria Ele um corpo e teria Ele criado a ti como Ele não é e onde Ele não pode estar? Estás cercado apenas por Ele. Que limi-
tes podem existir em ti, a quem Ele abrange?
11. Todos já experimentaram o que poderia ser descrito como uma sensação de estar sendo transportado além de si mesmo. Esse
sentimento de libertação em muito excede o sonho de liberdade algumas vezes esperado nos relacionamentos especiais. E uma
sensação de ter, de fato, escapado das limitações. Se considerares o que esse ―transporte‖ realmente envolve, reconhecerás que é
uma súbita ausência de consciência do corpo e uma união de ti mesmo com alguma outra coisa na qual a tua mente cresce para
abrangê-la. Ela vem a ser parte de ti na medida em que te unes a ela. E ambos vêm a ser íntegros, já que nenhum dos dois é perce-
bido como separado. O que realmente acontece é que renunciaste à ilusão de uma consciência limitada e perdeste o teu medo da
união. O amor que instantaneamente o substitui se estende àquilo que te libertou e une-se a ele. E enquanto isso dura, não estás
incerto da tua Identidade e não queres limitá-la. Escapaste do medo para a paz, sem fazer perguntas à realidade, mas meramente
aceitando-a. Aceitaste isso ao invés do corpo e te deixaste ser uno com alguma coisa além dele, simplesmente por não permitires
que a tua mente seja limitada por ele.
12. Isso pode ocorrer independentemente da distância física que parece existir entre tu e aquilo a que te unes, das suas respectivas
posições no espaço e das suas diferenças em tamanho e aparente qualidade. O tempo não é relevante, isso pode ocorrer com algo
passado, presente ou antecipado. Essa ―alguma coisa‖ pode ser qualquer coisa e em qualquer lugar: um som, uma vista, um pen-
samento, uma memória e até mesmo uma idéia geral sem referência específica. Entretanto, em cada caso, tu te unes a ela sem re-
servas porque a amas e queres estar com ela. E assim corres ao seu encontro, deixando que os teus limites se dissolvam, suspen-
dendo todas as ―leis‖ a que o teu corpo obedece e gentilmente deixando-as de lado.
13. Não existe absolutamente nenhuma violência nesta libertação. O corpo não é atacado, mas simplesmente percebido de maneira
adequada. Ele não te limita meramente porque não queres que ele o faça. Não és realmente ―elevado além‖ dele, ele não pode con-

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UM CURSO EM MILAGRES
ter-te. Vais aonde queres estar, ganhando e não perdendo o senso do Ser. Nestes instantes de liberação das restrições físicas, expe-
rimentas muito do que acontece no instante santo: a suspensão das barreiras do tempo e do espaço, a experiência repentina da paz
e da alegria e acima de tudo, a falta de consciência do corpo e do questionamento acerca da possibilidade ou impossibilidade de
tudo isso.
14. É possível porque tu o queres. A repentina expansão da consciência que tem lugar com o teu desejo por isso é o apelo irresistível
que o instante santo contém. Ele te chama para ser quem és, em seu abraço seguro. Lá as leis dos limites são suspensas para ti,
para te dar as boas-vindas na abertura da mente e na liberdade. Vem a esse lugar de refúgio, onde podes ser quem és em paz. Não
através da destruição, nem através do rompimento, mas meramente através de uma serena fusão. Pois lá a paz irá unir-se a ti, me-
ramente porque estás disposto a abrir mão dos limites que impuseste ao amor e unir-te a ele no lugar onde ele está e aonde ele te
conduziu, em resposta ao gentil chamado que ele te fez para estares em paz.

VII. Eu não preciso fazer nada


1. Ainda depositas fé excessiva no corpo como uma fonte de força. Que planos fazes que não envolvam o seu conforto, a sua prote-
ção ou o seu divertimento de alguma forma? Isso faz com que o corpo seja um fim e não um meio na tua interpretação e isso sempre
significa que ainda achas o pecado atraente. Ninguém aceita a Expiação para si mesmo se ainda aceita o pecado como sua meta.
Assim sendo ainda não correspondeste à tua única responsabilidade. A Expiação não é bem-recebida por aqueles que preferem a
dor e a destruiçao.
2. Existe uma coisa que nunca fizeste: nunca te esqueceste completamente do corpo. Talvez algumas vezes ele tenha se apagado da
tua vista, mas ainda não desapareceu completamente. Não te é pedido para deixar que isso aconteça por mais de um instante, no
entanto, é nesse instante que o milagre da Expiação acontece. Depois, verás o corpo outra vez, mas nunca exatamente o mesmo. E
cada instante que passas sem a consciência do corpo te dá uma perspectiva diferente a seu respeito quando retornas.
3. Em nenhum instante o corpo existe de forma alguma. Ele é sempre lembrado ou antecipado, mas nunca vivenciado apenas
agora. Só o seu passado e o seu futuro o fazem parecer real. O tempo o controla inteiramente, pois o pecado nunca está totalmente
no presente. Em qualquer instante, a atração da culpa poderia ser experimentada como dor e nada mais e poderia ser evitada. Ela
não tem atração agora. Toda a sua atração é imaginária e, portanto, tem que ser pensada no passado ou no futuro.
4. É impossível aceitar o instante santo sem reservas a não ser que, por apenas um instante, estejas disposto a não ver passado nem
futuro. Não podes te preparar para ele sem colocá-lo no futuro. A liberação te é dada no instante em que a desejas. Muitos passaram
toda a vida em preparação e de fato, atingiram os seus instantes de sucesso. Esse curso não pretende ensinar mais do que o que
eles aprenderam no tempo, mas tem como objetivo economizar tempo. Podes estar tentando seguir uma estrada muito longa para a
meta que aceitaste. É extremamente difícil atingir a Expiação lutando contra o pecado. Um esforço enorme é gasto na tentativa de
tornar santo o que é odiado e desprezado. Nem há necessidade de toda uma vida de contemplação e de longos períodos de medita-
ção com o objetivo de desapegar-te do corpo. Todas essas tentativas, em ultima instância, terão sucesso devido a seu propósito. No
entanto, os meios são tediosos e consomem uma grande quantidade de tempo, pois todos procuram a liberação no futuro a partir de
um estado de presente indignidade e inadequação.
5. O teu caminho será diferente, não em relação ao propósito, mas ao meio. Um relacionamento santo é um meio de ganhar
tempo. Um instante passado junto com o teu irmão restaura o universo para ambos. Vós estais preparados. Agora, só precisam lem-
brar-vos de que não precisais fazer nada. Seria muito mais proveitoso agora apenas vos concentrardes nisso do que considerar o
que deveríeis fazer. Quando a paz chega afinal àqueles que combatem a tentação e lutam contra abandonar-se ao pecado, quando
a luz chega afinal à mente entregue à contemplação, ou quando a meta é finalmente alcançada por qualquer um, ela vem sempre
acompanhada de apenas uma conscientização feliz: ―Eu não preciso fazer nada‖.
6. Está aqui a liberação final que cada um algum dia achará em seu próprio caminho, em seu próprio momento. Não precisas
desse tempo. O tempo foi economizado para ti, porque tu e o teu irmão estão juntos. Esse é o meio especial que esse curso está
usando para te fazer ganhar tempo. Não estás fazendo uso do curso se insistes em usar meios que serviram bem a outros, negli-
genciando aquilo que foi feito para ti. Ganha tempo para mim através dessa única preparação e pratica não fazendo nenhuma outra
coisa. ―Eu não preciso fazer nada‖ é uma afirmação de fidelidade, uma lealdade verdadeiramente sem divisão. Acredita nisso por
apenas um instante e realizaras mais do que é dado a um século de contemplação ou de luta contra a tentação.
7. Fazer qualquer coisa envolve o corpo. E se reconheces que não precisas fazer nada, terás retirado o valor do corpo da tua
mente. Aqui está a porta aberta e rápida através da qual deslizas por séculos de esforço e escapas do tempo. Esse é o caminho no
qual o pecado perde toda a atração agora mesmo. Pois aqui o tempo é negado e o passado e o futuro se vão. Quem nada precisa
fazer não necessita de tempo. Fazer nada é descansar e fazer um lugar dentro de ti onde a atividade do corpo deixa de exigir aten-
ção. A esse lugar o Espírito Santo vem e lá habita. Ele permanecerá quando tu te esqueceres e quando as atividades do corpo volta-
rem a ocupar a tua mente consciente.
8. No entanto, sempre haverá esse lugar de descanso para o qual podes retornar. E estarás mais ciente deste centro de quietude
no meio da tempestade do que de toda a atividade furiosa que ela desencadeia. Esse centro de quietude, no qual tu nada fazes, per-
manecerá contigo, dando-te repouso em meio a todas as tarefas trabalhosas as quais fores enviado. Pois a partir deste centro serás
dirigido quanto ao modo como deves usar o teu corpo sem pecado. É esse centro, do qual o corpo esta ausente, que o manterá as-
sim na tua consciência.

VIII. O pequeno jardim


1. É apenas a consciência do corpo que faz o amor parecer limitado. Pois o corpo é um limite para o amor. A crença no amor
limitado foi a sua origem e ele foi feito para limitar o ilimitado. Não penses que isso é apenas alegórico, pois ele foi feito para limitar a
ti. E possível que tu, que te vês dentro de um corpo, conheças a ti mesmo como uma idéia? Tudo o que reconheces identificas com
coisas externas, algo fora de ti. Não podes sequer pensar em Deus sem um corpo ou alguma forma que pensas reconhecer.
2. O corpo não pode conhecer. E enquanto limitas a tua consciência aos seus sentidos diminutos, não verás a grandeza que te
cerca. Deus não pode vir a um corpo, nem tu podes unir-te a Ele lá. Os limites ao amor sempre parecerão deixá-lo de fora e manter-
te a parte Dele. O corpo é uma cerca diminuta em torno de uma pequena parte de uma idéia gloriosa e completa. Ele desenha um
círculo, infinitamente pequeno, em tomo de um segmento diminuto do Céu, desintegrado do todo, proclamando que aí dentro se en-
contra o teu reino, onde Deus não pode entrar.
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UM CURSO EM MILAGRES
3. Dentro desse reino o ego governa e cruelmente. E para defender esse pequeno monte de poeira, ele te pede para lutar contra
o universo. Esse fragmento da tua mente é uma parte tão diminuta dela que, se apenas pudesses avaliar o todo, imediatamente ve-
rias que ele é como o menor dos raios de sol é para o sol ou como a mais leve onda na superfície do oceano. Em sua surpreendente
arrogância, esse diminuto raio de sol decidiu que é o sol, essa onda quase imperceptível aclama a si mesma como se fosse o ocea-
no. Pensa em quão solitário e assustado é esse pequeno pensamento, essa ilusão infinitesimal, mantendo-se à parte, contra o uni-
verso. O sol passa a ser o ―inimigo‖ do raio de sol, aquele que quer devorá-lo, e o oceano aterroriza a pequena onda e quer engoli-la.
4. Entretanto, nem o sol e nem o oceano estão sequer conscientes de toda essa estranha atividade sem significado. Meramente con-
tinuam, inconscientes de estarem sendo temidos e odiados por um diminuto segmento deles mesmos. Mesmo esse segmento não
esta perdido para eles, pois não poderia sobreviver à parte. E o que ele pensa ser, de forma alguma muda a sua total dependência
em relação a eles para ser o que é. Toda a sua existência ainda permanece neles. Sem o sol, o raio de sol desapareceria e a onda
sem o oceano é inconcebível.
5. Tal é a estranha posição em que aqueles que vivem em um mundo habitado por corpos parecem estar. Cada corpo aparenta
abrigar uma mente separada, um pensamento desconectado, vivendo solitário e de nenhuma forma ligado ao Pensamento pelo qual
foi criado. Cada fragmento diminuto parece estar contido em si mesmo e precisar de outros para algumas coisas, mas sem ser de
modo algum dependente do seu único Criador, já que necessita do todo para lhe dar. E nem tem qualquer vida à parte e por conta
própria.
6. Como o sol e o oceano, o teu Ser continua sem ter em mente que essa parte diminuta considera a si mesma como se fosse tu.
Ela não está perdida, não poderia existir se estivesse separada nem o todo seria um todo sem ela. Não é um reino separado, gover-
nado por uma idéia de separação do resto. E nem existe uma cerca em torno dela, impedindo-a de unir-se ao resto e mantendo-a
afastada do seu Criador. Esse pequeno aspecto não é diferente do todo, sendo contínuo em relação a ele e um com ele. Ele não
leva uma vida separada, porque a sua vida é a unicidade na qual o que ele é foi criado.
7. Não aceites esse aspecto cercado e separado como se isso fosse o que tu és. O sol e o oceano são como o nada diante do
que tu és. O raio de sol só brilha à luz do sol e a onda dança à medida em que descansa sobre o oceano. No entanto, nem no sol,
nem no oceano, está o poder que descansa em ti. Irias querer permanecer dentro do teu reino diminuto, um triste rei, um amargo
ditador de tudo o que ele supervisiona, alguém que olha para o nada e, no entanto ainda quer morrer para defendê-lo? Esse pe-
queno ser não é o teu reino. Em arco bem alto acima dele e cercando-o de amor está o todo glorioso, que oferece toda a sua felici-
dade e o seu profundo contentamento a todas as partes. O pequeno aspecto que pensas ter colocado à parte não é nenhuma exce-
ção.
8. O amor não conhece corpos e alcança todas as coisas criadas como ele próprio. Sua total falta de limites é o seu significado.
Ele é completamente imparcial no que dá, abrangendo apenas para preservar e manter completo aquilo que quer dar. No teu reino
diminuto tu tens tão pouco! Nesse caso, não deveria ser para lá que deverias chamar o amor para que ele entre? Olha para o deser-
to —seco e improdutivo, alquebrado e sem alegria — que compõe o teu pequeno reino. E reconhece a vida e a alegria que o amor
traria a ele do lugar de onde vem e para onde retornaria contigo.
9. O Pensamento de Deus cerca o teu pequeno reino, aguardando na barreira que tu construíste para vir para dentro e brilhar
sobre a terra estéril. Vê como a vida brota em toda parte! O deserto vem a sem um jardim, verde e profundo e quieto, oferecendo
descanso àqueles que perderam o seu caminho e vagam no pó. Dá-lhes um local de refúgio, preparado pelo amor para eles onde
antes havia um deserto. E cada um a quem dás boas-vindas trará amor com ele do Céu para ti. Eles entram um por um nesse lugar
santo, mas não partirão como vieram, sozinhos. O amor que trouxeram consigo ficará com eles, assim como ficará contigo. E sob a
sua beneficência, o teu pequeno jardim se expandirá e alcançará a todos os que tem sede da água viva, mas estão por demais can-
sados para seguirem adiante sozinhos.
10. Sai e acha-os, pois trazem consigo o teu Ser. E conduze-os gentilmente ao teu jardim de quietude e lá recebe a sua benção.
Assim ele crescerá e se espalhará através do deserto, sem deixar nem sequer um pequeno reino isolado, trancado para o amor,
contigo lá dentro. E reconhecerás a ti mesmo e verás o teu pequeno jardim gentilmente transformado no Reino do Céu com todo o
amor do seu Criador brilhando sobre ele.
11. O instante santo é o teu convite para que o amor entre em teu reino desolado e sem alegria e o transforme em um jardim de
paz e boas-vindas. A resposta do amor é inevitável. Ela virá porque tu vieste sem o corpo e não interpuseste nenhuma barreira que
interferisse com a sua vinda alegre. No instante santo, só pedes ao amor o que ele oferece a todas as pessoas, nem mais nem me-
nos. Pedindo tudo, tu o receberás. E o teu Ser resplandecente elevará o aspecto diminuto que tentaste ocultar do Céu diretamente
para o Céu. Nenhuma parte do amor chama pelo todo em vão. Nenhum Filho de Deus permanece fora da Sua Paternidade.
12. Tem certeza disso: o amor entrou no teu relacionamento especial e entrou inteiramente a teu débil pedido. Não reconheces que o
amor veio porque ainda não abriste mão de todas as barreiras que manténs contra o teu irmão. Tu e ele não sereis capazes de dar
boas-vindas ao amor separadamente. Não serias mais capaz de conhecer a Deus sozinho, do que Ele de conhecer a ti sem o teu
irmão. Mas juntos, vós já não poderíeis estar inconscientes do amor, assim como seria impossível o amor não vos conhecer ou falhar
em reconhecer a si mesmo em vós.
13. Vós alcançastes o final de uma antiga jornada sem ainda reconhecer que ela terminou. Ainda estais desgastados e cansados e o
pó do deserto ainda parece enevoar os vossos olhos e mantê-los sem ver. No entanto, Aquele a Quem destes as boas-vindas veio a
vós e quer dar-vos as boas-vindas. Ele esperou muito para dar-vos isso. Recebei agora Dele, pois Ele quer que O conheçam. Só
uma pequena parede de poeira ainda se interpõe entre tu e teu irmão. Soprai-a de leve, com um riso alegre, e ela cairá. E caminhai
para dentro do jardim que o amor preparou para vós.

IX. Os dois mundos


1. Foi dito a ti que trouxesses as trevas à luz e a culpa à santidade. E também te foi dito que o erro tem que ser corrigido em sua
fonte. Portanto, é essa diminuta parte de ti, o pequeno pensamento que parece cortado e separado, aquilo de que o Espírito Santo
necessita. O resto esta inteiramente nas Mãos de Deus e não precisa de nenhum guia. No entanto, esse selvagem e delusório pen-
samento necessita de ajuda, porque em suas delusões pensa que e o Filho de Deus, total e onipotente, único governante do reino
que mantém a parte para tiranizar através da loucura a obediência e a escravidão. Essa é a pequena parte que tu pensas que rou-
baste do Céu. Devolve-a ao Céu. O Céu não a perdeu, mas tu perdeste o Céu de vista. Permite que o Espírito Santo a remova do

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UM CURSO EM MILAGRES
reino moribundo no qual tu a largaste cercada pela escuridão, guardada pelo ataque e reforçada pelo ódio. Dentro das suas barrica-
das ainda há um segmento diminuto do Filho de Deus, completo, santo, sereno e inconsciente do que pensas que o cerca.
2. Não sejas tu separado, pois Aquele que de fato o rodeia te trouxe a união, devolvendo a tua pequena oferta de escuridão à luz
eterna. Como isso é feito? E extremamente simples, estando baseado no que esse pequeno reino realmente é. As areias estéreis, a
escuridão e a ausência de vida são vistas apenas através dos olhos do corpo. Sua vista desolada é distorcida e as mensagens que
ele transmite a ti, que o fizeste para limitar a tua consciência, são pequenas e limitadas e, assim fragmentadas, são sem significado.
3. Do mundo dos corpos, feito pela insanidade, mensagens insanas parecem retornar à mente que o fez. E essas mensagens tes-
temunham esse mundo, proclamando-o verdadeiro. Pois tu enviaste esses mensageiros para que te trouxessem isso de volta. Tudo
o que essas mensagens te transmitem é bastante externo. Não há mensagens que falem daquilo que está abaixo da superfície, pois
não é o corpo que poderia falar sobre isso. Seus olhos não o percebem, seus sentidos permanecem bastante inconscientes de tudo
o que lá esta, sua língua não pode transmitir suas mensagens. No entanto, Deus pode levar-te ate lá, se estiveres disposto a seguir
o Espírito Santo através de aparente terror, confiando em que Ele não te abandonará e não te deixará lá. Pois não é o Seu propósito
amedrontar-te, mas apenas o teu. Tu és profundamente tentado a abandoná-Lo no primeiro círculo do medo, mas Ele quer conduzir-
te em segurança através disso e muito além.
4. O círculo do medo está exatamente abaixo do nível que o corpo vê e parece ser todo o fundamento no qual o mundo se baseia.
Aqui estão todas as ilusões, todos os pensamentos distorcidos, todos os ataques insanos, a fúria, a vingança e a traição que foram
feitos para manter a culpa no lugar de forma que o mundo pudesse surgir dela e mantê-la oculta. Sua sombra ergue-se à superfície,
apenas o suficiente para manter as suas manifestações mais externas na escuridão e para trazer desespero e solidão a ele, man-
tendo-o sem alegria. Entretanto, sua intensidade é velada por suas pesadas cobertas e mantida a parte do que foi feito para mantê-la
oculta. O corpo não pode ver isso, pois o corpo surgiu disso para protegê-la, e essa proteção depende de mantê-la sem ser vista. Os
olhos do corpo nunca olharão para ela. No entanto, verão o que ela dita.
5. O corpo permanecerá como o mensageiro da culpa e agirá conforme a sua direção enquanto acreditares que a culpa é real. Pois a
realidade da culpa é a ilusão que parece fazer com que ela seja pesada, opaca, impenetrável e um fundamento real para o sistema
de pensamento do ego. Sua transparência e pouca consistência não são evidentes até que vejas a luz por trás dela. E então tu a vês
como um frágil véu diante da luz.
6. Essa barreira aparentemente pesada, esse solo artificial que parece uma rocha, é como um bloco de nuvens escuras e baixas que
parece ser uma parede sólida diante do sol. Sua aparência impenetrável é totalmente ilusória. Ela dá passagem suavemente aos
topos das montanhas que se erguem acima dela e não tem qualquer poder para impedir qualquer pessoa disposta a escalá-las e ver
o sol. Não é forte o suficiente para impedir a queda de um botão, nem para segurar uma pluma. Nada pode se basear nela, pois é
apenas a ilusão de um fundamento. Tenta apenas tocá-la e ela desaparece, tenta agarrá-la e nada terás em tuas mãos.
7. No entanto, nesse bloco de nuvens é fácil ver todo um mundo que surge. Uma sólida cadeia de montanhas, um lago, uma cidade,
tudo surge em tua imaginação e, das nuvens, os mensageiros da tua percepção retornam a ti assegurando-te que tudo isso lá está.
Figuras destacam-se e movimentam-se, ações aparentam sem reais e formas aparecem e variam do belo ao grotesco. E para frente
e para trás elas vão, enquanto quiseres infantilmente brincar de faz-de-conta. No entanto, por mais que brinques e por mais imagina-
ção que tragas a isso, tu não o confundes com o mundo lá embaixo e nem buscas fazer com que seja real.
8. O mesmo deveria acontecer com as nuvens escuras da culpa, que não são mais impenetráveis e nem mais substanciais. Não irás
ferir a ti mesmo viajando através delas. Permite que o teu Guia te ensine a sua natureza sem substância à medida que Ele te conduz
além delas, pois lá embaixo há um mundo de luz, sobre o qual não projetam sombra alguma. As suas sombras se projetam sobre o
mundo que está além, ainda mais distante da luz. No entanto, essas sombras não podem cair sobre a luz.
9. Esse mundo de luz, esse circulo de resplendor radiante, é um mundo real onde a culpa se encontra com o perdão. Aqui, o mundo
do lado de fora é visto de forma nova, sem a sombra da culpa sobre si mesmo. Aqui tu és perdoado, pois perdoaste todas as pesso-
as. Aqui está a nova percepção, onde tudo é brilhante e resplandece com inocência, lavado nas águas do perdão e limpo de qual-
quer pensamento mau que tenhas colocado nele. Aqui não há nenhum ataque ao Filho de Deus e tu és bem-vindo. Aqui está a tua
inocência, aguardando para vestir-te, proteger-te e preparar-te para o último passo da jornada interior. Aqui, as vestimentas escuras
e pesadas da culpa são deixadas de lado e gentilmente substituídas pela pureza e pelo amor.
10. No entanto, mesmo o perdão não é o fim. O perdão, de fato, faz com que tudo seja belo, mas não cria. É a fonte da cura, mas é o
mensageiro do amor e não a Fonte do amor. Até aqui tu és conduzido, de modo que o próprio Deus possa dar o passo final sem
obstáculos, pois aqui nada interfere com o amor, deixando-o ser ele mesmo. Um passo além deste lugar santo do perdão, um passo
ainda mais para dentro, mas um passo que tu não podes dar transporta-te para algo completamente diferente. Aqui está a Fonte da
luz, nada é percebido, perdoado ou transformado. Mas apenas conhecido.
11. Esse curso conduzirá ao conhecimento, mas o conhecimento em si mesmo ainda está além do alcance do nosso currículo. E nem
existe nenhuma necessidade de tentarmos falar daquilo que não pode deixar de estar para sempre além das palavras. Nós precisa-
mos apenas lembrar que qualquer um que atinja o mundo real, além do qual o aprendizado não pode ir, irá além dele, mas em um
caminho diferente. Onde o aprendizado termina, lá Deus começa, pois o aprendizado termina diante Dele, Que é completo onde
começa e onde não há fim. Não devemos parar no que não pode ser atingido. Há muito a aprender. A prontidão para conhecimento
ainda está por ser atingida.
12. O amor não é aprendido. O sentido do amor está dentro dele. E o aprendizado termina quando tiveres reconhecido tudo o que ele
não é. Essa é a interferência, é isso o que precisa ser desfeito. O amor não é aprendido porque nunca houve um tempo em que tu
não o conhecesses. O aprendizado é inútil na Presença do teu Criador, Cujo reconhecimento de ti, ao lado do teu reconhecimento
Dele transcendem de tal modo todo o aprendizado que tudo o que aprendeste é sem significado e é para sempre substituído pelo
conhecimento do amor e por seu significado único.
13. O teu relacionamento com o teu irmão foi desenraizado do mundo das sombras e seu propósito não santo foi transportado com
segurança através das barreiras da culpa, lavado com o perdão, e depositado radiante no mundo da luz onde foi firmemente enrai-
zado. De lá ele te chama, para que sigas o curso que ele tomou, sendo elevado muito acima das trevas e gentilmente colocado dian-
te das portas do Céu. O instante santo no qual tu e teu irmão foram unidos não é senão o mensageiro do amor, enviado de além do
perdão para lembrar-vos tudo o que esta além. No entanto, é através do perdão que tudo isso será lembrado.

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UM CURSO EM MILAGRES
14. E quando a memória de Deus tiver vindo a ti no lugar santo do perdão, não te lembrarás de nenhuma outra coisa e a memória
será tão inútil quanto o aprendizado, pois o teu único propósito será criar. Entretanto, não podes ter o conhecimento disso enquanto
todas as percepções não forem limpas e purificadas e finalmente removidas para sempre. O perdão apenas remove o que não é
verdadeiro, erguendo as sombras do mundo e carregando-o são e salvo dentro da sua gentileza para o mundo resplandecente da
percepção nova e limpa. Lá está o teu propósito agora. E é lá que a paz te espera.

CAPÍTULO 19 - ALCANÇAR A PAZ

I. Cura e fé
1. Nós dissemos anteriormente que quando uma situação é totalmente dedicada à verdade, a paz é inevitável. Alcançá-la é o critério
pelo qual a integridade da dedicação pode ser seguramente avaliada. No entanto, nós também dissemos que a paz jamais será al-
cançada sem fé, pois o que é dedicado à verdade como sua única meta é trazido à verdade pela fé. Essa fé abrange todas as pes-
soas envolvidas, pois só assim a situação é percebida de modo significativo e como um todo. E todas as pessoas têm que estar en-
volvidas ou a tua fé é limitada e a tua dedicação incompleta.
2. Toda situação percebida de maneira adequada, vem a ser uma oportunidade de curar o Filho de Deus. E ele é curado porque tu
lhe ofereceste a fé, entregando-o ao Espírito Santo e liberando-o de todas as exigências que o teu ego faria. Assim tu o vês livre e
essa visão o Espírito Santo compartilha. E uma vez que Ele a compartilha, Ele a deu e assim Ele cura através de ti. É essa união
com Ele em um único propósito que faz com que esse propósito seja real, porque tu o tornas íntegro. E isso é cura. O corpo é curado
porque vieste sem ele e te uniste à Mente na qual está toda a cura.
3. O corpo não pode curar, porque não pode ficar doente. Não necessita de cura. Sua saúde ou doença depende inteiramente de
como a mente o percebe e do propósito para o qual a mente quer usá-lo. É óbvio que um segmento da mente pode ver-se como se
estivesse separado do Propósito Universal. Quando isso ocorre, o corpo vem a ser a sua arma, usada contra esse Propósito para
demonstrar o ―fato‖ de que a separação ocorreu. O corpo assim vem a ser o instrumento da ilusão, agindo de acordo com ela, vendo
o que não está presente, ouvindo o que a verdade nunca disse e comportando-se de maneira insana, pois é aprisionado pela insani-
dade.
4. Não deixes de ver a nossa afirmação anterior segundo a qual a falta de fé conduz diretamente a ilusões. Pois a falta de fé é a per-
cepção de um irmão como um corpo e o corpo não pode ser usado para propósitos de união. Se, então, vês o teu irmão como um
corpo, estabeleceste uma condição na qual unir-se a ele vem a ser impossível. A tua falta de fé em relação ao teu irmão te separou
dele e manteve ambos à parte da cura. A tua falta de fé assim se opôs ao propósito do Espírito Santo e trouxe ilusões, centradas no
corpo, para se interpor entre vós. E o corpo parecerá estar doente, pois fizeste dele um ―inimigo‖ da cura e o oposto da verdade.
5. Não pode ser difícil reconhecer que a fé tem que ser o oposto da falta de fé. No entanto, o que é diferente na forma como elas
operam é menos evidente, embora isso decorra diretamente da diferença fundamental do que são. A falta de fé sempre quer limitar e
atacar; a fé, remover todas as limitações e tomar íntegro. A falta de fé quer destruir e separar; a fé quer unir e curar; a falta de fé quer
interpor ilusões entre o Filho de Deus e seu Criador; a fé remover todos os obstáculos que parecem surgir entre eles. A falta de fé é
totalmente dedicada às ilusões; a fé, totalmente dedicada à verdade. Dedicação parcial é impossível. A verdade é a ausência de
ilusões; ilusão, a ausência de verdade. Ambas não podem estar juntas, nem podem ser percebidas no mesmo lugar. Dedicar-se a
ambas é fixar uma meta para sempre impossível de ser atingida, pois parte dela é buscada através do corpo, considerado como um
meio de buscar a realidade através do ataque. A outra parte quer curar e, portanto, apela para a mente e não para o corpo.
6. A concessão inevitável é a crença segundo a qual o corpo tem que ser curado, não a mente. Pois essa meta dividida deu a ambos
uma realidade igual, que só seria possível se a mente fosse limitada ao corpo e dividida em pequenas partes de aparente integrida-
de, mas sem conexão. Isso não fará dano no corpo, mas manterá em mente o sistema de pensamento delusório. Aqui, então, a cura
é necessária. E é aqui que está a cura. Pois Deus não concedeu a cura como algo à parte da doença, nem colocou o remédio onde
a doença não pode estar. Eles estão juntos e quando são vistos juntos, todas as tentativas de manter tanto a verdade quanto a ilu-
são em mente, onde ambas necessariamente estão, são reconhecidas como tentativas dedicadas à ilusão e são abandonadas
quando trazidas à verdade e vistas como totalmente irreconciliáveis com a verdade, em qualquer aspecto ou em qualquer forma.
7. A verdade e a ilusão não têm nenhuma conexão. Isso permanecerá para sempre verdadeiro, por mais que busques conectá-las.
Mas as ilusões são sempre conectadas entre si assim como a verdade. Tanto as ilusões quanto a verdade são coesas internamente,
formando um sistema de pensamento completo, ainda que totalmente desconexo em relação ao outro. E perceber isso é reconhecer
onde está a separação e onde ela tem que ser curada. O resultado de uma idéia nunca está separado de sua fonte. A idéia da sepa-
ração produziu o corpo e permanece conectada a ele, fazendo com que o corpo seja doente devido à identificação da mente com
ele. Pensas que estás protegendo o corpo ocultando essa conexão, pois escondê-la parece manter a tua identificação a salvo do
―ataque‖ da verdade.
8. Se apenas compreendesses o quanto esse estranho ocultar feriu a tua mente e como a tua própria identificação passou a ser con-
fusa em função disso! Não vês o quanto é grande a devastação causada pela tua falta de fé, porque a falta de fé é um ataque que
parece justificado pelos seus resultados. Pois negando a fé, vês o que é indigno dela e não és capaz de olhar além das barreiras
para o que está unido a ti.
9. Ter fé é curar. É o sinal de que aceitaste a Expiação para ti mesmo e, portanto, queres compartilhá-la. Através da fé, ofereceste a
dádiva da liberdade em relação ao passado, que tu recebeste. Não uses nada que o teu irmão tenha feito anteriormente para conde-
ná-lo agora. Livremente escolheste não ver os seus erros, olhando além de todas as barreiras entre tu e ele e vendo a ambos como
um só. E nele vês que a tua fé está plenamente justificada. Não existe justificativa para a falta de fé, mas a fé é sempre justificada.
10. A fé é o oposto do medo, tanto parte do amor quanto o medo é parte do ataque. A fé é o reconhecimento da união. É o amável
reconhecimento de cada um como um Filho do teu Pai amorosíssimo, amado por Ele como tu e, portanto, amado por ti como tu
mesmo. É o Seu Amor que une a ti e ao teu irmão e por Esse Amor não queres manter ninguém separado do teu. Cada um aparece
exatamente como é percebido no instante santo, unido ao teu propósito de seres liberado da culpa. Vês o Cristo nele e ele é curado
porque olhas para o que faz com que a fé seja para sempre justificada em todas as pessoas.
11. A fé é o dom de Deus, através Daquele que Deus te deu. A falta de fé olha para o Filho de Deus e o julga indigno do perdão. Mas
através dos olhos da fé, o Filho de Deus é visto já tendo sido perdoado, livre de toda a culpa que ele colocou sobre si mesmo. A fé

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UM CURSO EM MILAGRES
só o vê agora, porque não olha para o passado para julgá-lo, mas quer ver nele somente o que veria em ti. Ela não vê através dos
olhos do corpo, nem olha para os corpos em busca de justificativas para si mesma. É a mensageira da nova percepção, enviada
para reunir testemunhas de que ela veio e devolver suas mensagens a ti.
12. A fé é tão facilmente trocada pelo conhecimento como o mundo real. Pois a fé surge da percepção do Espírito Santo e é o sinal
de que tu a compartilhas com Ele. A fé é uma dádiva que ofereces ao Filho de Deus através Dele e é totalmente aceitável para o seu
Pai assim como para Ele. E, portanto, é oferecida a ti. O teu relacionamento santo, com o seu novo propósito, te oferece a fé para
que a dês ao teu irmão. A tua falta de fé te separou do teu irmão e assim não reconheces a salvação nele. No entanto, a fé vos une
na santidade que vêem não através dos olhos do corpo, mas no modo de ver Daquele que Se uniu a vós e em Quem vós estais uni-
dos.
13. A graça não é dada a um corpo, mas à mente. E a mente que a recebe olha de imediato para além do corpo e vê o lugar santo
onde ela foi curada. Lá está o altar onde foi dada a graça e no qual ela se encontra. Oferece, então, graça e bênção ao teu irmão,
pois tu estás no mesmo altar onde a graça foi depositada para ambos. E sejais curados pela graça juntos para que possam curar
através da fé.
14. No instante santo, tu e o teu irmão estão diante do altar que Deus ergueu a Si próprio e a vós. Deixai a falta de fé de lado e vinde
a ele juntos. Lá vereis o milagre do vosso relacionamento tal como foi refeito através da fé. E é lá que vais reconhecer que não existe
nada que a fé não possa perdoar. Nenhum erro interfere com o que ela vê com calma, trazendo o milagre da cura com a mesma
facilidade a todos eles. Pois os mensageiros do amor fazem o que são enviados para fazer, trazendo de volta a boa nova de que isso
foi feito a ti e ao teu irmão que estais juntos diante do altar do qual eles foram enviados.
15. Assim como a falta de fé manterá os teus pequenos reinos desertos e separados, a fé ajudará o Espírito Santo a preparar a terra
para o mais santo dos jardins que Ele quer fazer. Pois a fé traz paz e assim invoca a verdade para que ela entre e torne belo aquilo
que já foi preparado para a beleza. A verdade segue a fé e a paz, completando o processo de tornar belo que elas iniciam. Pois a fé
ainda é uma meta do aprendizado, não mais necessária depois que a lição já foi aprendida. A verdade, porém, permanecerá para
sempre.
16. Permite, então, que a tua dedicação seja para com o eterno e aprende como não interferir com ele e torná-lo escravo do tempo.
Pois o que tu pensas que fazes com o eterno, fazes contigo mesmo. Aquele que Deus criou como Seu Filho não é escravo de nada,
sendo senhor de tudo, junto com o seu Criador. Podes escravizar um corpo, mas uma idéia é livre, incapaz de ser mantida na prisão
ou de qualquer modo limitada exceto pela mente que a pensou. Pois ela permanece unida à sua fonte, que é seu carcereiro ou seu
libertador, de acordo com o que ela escolhe como propósito para si mesma.

II. Pecado versus erro


1. É essencial que o erro não seja confundido com o pecado e é essa distinção que faz com que a salvação seja possível. Pois o erro
pode ser corrigido e o errado acertado. Mas o pecado, se fosse possível, seria irreversível. A crença no pecado não pode deixar de
estar baseada na firme convição de que as mentes, não os corpos, podem atacar. E dessa forma a mente é culpada e para sempre
assim permanecerá, a não ser que uma outra mente que não faça parte dela possa lhe dar absolvição. O pecado pede punição as-
sim como o erro pede correção, e acreditar que punição é correção é claramente insano.
2. O pecado não é um erro, pois o pecado implica em uma arrogância que falta à idéia de erro. Pecar seria violar a realidade e ter
sucesso. O pecado é a proclamação de que o ataque é real e a culpa justificada. Ele assume que o Filho de Deus é culpado, tendo
assim tido sucesso na perda da sua inocência e fazendo de si mesmo algo que Deus não criou. Assim a criação é vista como se não
fosse eterna e a Vontade de Deus fica aberta à oposição e à derrota. O pecado é a grande ilusão subjacente à toda grandiosidade
do ego. Pois através dele o próprio Deus é mudado e refeito como um ser incompleto.
3. O Filho de Deus pode estar equivocado, pode enganar-se, pode até mesmo voltar o poder de sua mente contra si mesmo. Mas
pecar ele não pode. Não há nada que ele seja capaz de fazer que possa realmente mudar a sua realidade de forma alguma, nem
fazer com que ele seja realmente culpado. Isso é o que o pecado quer fazer, pois tal é o seu propósito. No entanto, apesar de toda a
selvagem insanidade inerente a toda a idéia de pecado, ele é impossível. Pois o salário do pecado é a morte e como pode o imortal
morrer?
4. Um dos principais dogmas na insana religião do ego é que o pecado não é um erro mas a verdade e é a inocência que pretende
enganar. A pureza é vista como arrogância e a aceitação do ser como pecaminoso é percebida como santidade. E é essa doutrina
que substitui a realidade do Filho de Deus tal como seu Pai o criou e tal como a Sua Vontade determinou que ele fosse para sempre.
Isso é humildade? Ou, ao contrário, é uma tentativa de arrancar a criação da verdade e mantê-la separada?
5. Qualquer tentativa de re-interpretar o pecado como um erro é sempre indefensável para o ego. A idéia de pecado é totalmente
sacrossanta para o seu sistema de pensamento e não se pode abordá-la senão com reverência e temor. É o conceito mais ―santo‖
do sistema do ego: belo e poderoso, totalmente verdadeiro e necessariamente protegido com todas as formas de defesa ao seu dis-
por. Pois aqui está a sua ―melhor‖ defesa, à qual todas as outras servem. Aqui está a sua armadura, a sua proteção e o propósito
fundamental do relacionamento especial na interpretação do ego.
6. Pode, de fato, dizer que o ego construiu o seu mund0 sobre o pecado. Só em tal mundo poderiam todas as coisas estar de cabeça
para baixo. Essa é a estranha ilusão que faz com que as nuvens da culpa pareçam pesadas e impenetráveis. Nisso se acha a soli-
dez que os fundamentos desse mundo parecem ter. Pois o pecado fez com que a criação mudasse de uma Idéia de Deus para um
ideal que o ego quer, um mundo que ele governa, feito de corpos sem mentes e capazes de completa corrupção e decadência. Se
isso é um equívoco, pode ser facilmente desfeito através da verdade. Qualquer equívoco pode ser corrigido, se for permitido que a
verdade o julgue. Mas se ao equívoco é dado o ―status‖ de verdade, a que se pode levá-la? A ―santidade‖ do pecado é mantida em
seu lugar exatamente por meio desse estranho dispositivo. Como a verdade, ele é inviolável e todas as coisas são levadas a ele
para serem julgadas. Como um equívoco, ele tem que ser levado à verdade. É impossível ter fé no pecado, pois o pecado é a au-
sência de fé. Entretanto, é possível ter fé na possibilidade de se corrigir um equívoco.
7. Não há nenhuma pedra, em toda a cidadela armada do ego, que seja mais zelosamente defendida do que a idéia de que o pecado
é real, a expressão natural do que o Filho de Deus fez de si mesmo e do que ele é. Para o ego, isso não é nenhum equívoco. Pois
essa é a sua realidade, essa é a ―verdade‖ da qual sempre será impossível escapar. Esse é o seu passado, o seu presente e o seu
futuro. Pois ele conseguiu, de alguma maneira, corromper o seu Pai e mudar por completo a Sua Mente. Lamente, então, a morte de
Deus, a Quem o pecado matou! E esse seria o desejo do ego, que ele em sua loucura acredita ter realizado.
139
UM CURSO EM MILAGRES
8. Não preferes que tudo isso não passe de um equívoco, inteiramente corrigível e do qual é tão fácil escapar que toda a sua corre-
ção é como caminhar através de uma névoa para o sol? Pois isso é tudo o que ele é. Talvez sejas tentado a concordar com o ego no
sentido de achar que é muito melhor ser pecador do que estar equivocado. Mas pensa com cuidado antes de te permitires tomar
essa decisão. Não a abordes levianamente, pois é a decisão entre o inferno ou o Céu.

III. A irrealidade do pecado


1. A atração da culpa se acha no pecado, não no erro. O pecado será repetido devido a essa atração. O medo pode vir a ser tão
agudo que a encenação do pecado é negada. Mas enquanto a culpa permanecer atraente, a mente vai sofrer e não vai abandonar a
idéia do pecado. Pois a culpa ainda a chama e a mente a ouve e anseia por ela, fazendo de si mesma uma presa voluntária ao seu
apelo doentio. O pecado é uma idéia do mal que não pode ser corrigida porque, apesar disso, será para sempre desejável. Como
uma parte essencial daquilo que o ego pensa que tu és, tu sempre o quererás. E só um vingador, com uma mente diferente da tua,
poderia exterminá-lo através do medo.
2. O ego não pensa que seja possível que o amor, e não o medo, seja o que o pecado realmente invoca e que ele sempre responda.
Pois o ego traz o pecado ao medo exigindo punição. Entretanto, a punição não é senão outra forma de proteger a culpa, já que o que
merece punição tem que ter sido realmente feito. A punição é sempre a grande preservadora do pecado, tratando-o com respeito e
honrando a sua enormidade. O que tem que ser punido, tem que ser verdadeiro. E o que é verdadeiro tem que ser eterno e será
repetido infindavelmente. Pois o que pensas que é real, tu queres e não abandonarás.
3. Um erro, por outro lado, não é atraente. O que vês claramente como um equívoco queres corrigir. Às vezes, um pecado pode ser
repetido vezes e mais vezes com resultados obviamente desoladores, mas sem perder o seu apelo. E, de repente, mudas o seu
status de pecado para equívoco. Agora não o repetirás, simplesmente pararás e o abandonarás a não ser que a culpa permaneça.
Pois então estarás apenas mudando a forma do pecado, admitindo que ele foi um erro, mas mantendo-o incorrigível. Isso não é re-
almente uma mudança na tua percepção, pois é o pecado que pede punição, não o erro.
4. O Espírito Santo não pode punir o pecado. Equívocos Ele reconhece e quer corrigi-los todos conforme Deus Lhe confiou fazê-lo.
Mas o pecado Ele não conhece e nem pode reconhecer equívocos que não possam ser corrigidos. Pois um equívoco que não pode
ser corrigido não tem significado para Ele. Os equívocos existem para serem corrigidos e nada mais pedem. O que pede punição
necessariamente está pedindo o nada. Cada equívoco tem que ser um pedido de amor. O que é, então, o pecado? O que poderia
ser senão um equívoco que queres manter escondido, um pedido de ajuda que não queres que seja ouvido e, portanto, queres man-
ter sem resposta?
5. No tempo, o Espírito Santo vê claramente que o Filho de Deus pode cometer equívocos. Nisso compartilhas a Sua visão. No en-
tanto, não compartilhas o Seu reconhecimento da diferença entre tempo e eternidade. E quando a correção está completa, o tempo
é eternidade. O Espírito Santo pode ensinar-te como olhar para o tempo de maneira diferente e ver o que está além, mas não en-
quanto acreditas no pecado. No erro, sim, pois isso pode ser corrigido pela mente. Mas o pecado é a crença segundo a qual a tua
percepção é imutável e a mente tem que aceitar como verdadeiro o que lhe é dito através dela. Se não obedece, a mente é julgada
insana. O único poder que poderia mudar a percepção é assim mantido impotente, preso ao corpo pelo medo da percepção mudada
que o seu Professor, Aquele que é um com ela, traria.
6. Quando és tentado a acreditar que o pecado é real, lembra-te disso: se o pecado é real, nem tu nem Deus o são. Se a criação é
extensão, o Criador tem que ter estendido a Si Mesmo e é impossível que o que é parte Dele não seja absolutamente como o resto.
Se o pecado é real, Deus tem que estar em guerra Consigo Mesmo. Ele tem que estar dividido e dilacerado entre bem e mal, em
parte são e parcialmente insano. Pois Ele tem que ter criado aquilo cuja vontade é destruí-Lo e tem o poder de fazê-lo. Não é mais
fácil acreditar que tu te equivocaste do que acreditar nisso?
7. Enquanto acreditas que a tua realidade ou a do teu irmão está limitada a um corpo, acreditarás no pecado. Enquanto acreditas que
os corpos podem se unir, acharás a culpa atraente e acreditarás que o pecado é precioso. Pois a crença em que os corpos limitam a
mente conduz a uma percepção do mundo na qual a prova da separação parece estar em toda parte. E Deus e a Sua criação pare-
cem estar divididos e depostos. Pois o pecado quer provar que o que Deus criou santo não poderia prevalecer sobre ele, nem per-
manecer tal como é diante do seu poder. O pecado é percebido como se fosse mais poderoso do que Deus; diante dele, o próprio
Deus teria que se inclinar e oferecer Sua criação ao seu conquistador. Isso é humildade ou é loucura?
8. Se o pecado é real, tem que estar para sempre além da esperança da cura. Pois haveria um poder além do de Deus, um poder
capaz de fazer uma outra vontade que poderia atacar e superar a Sua Vontade e conferir ao Seu Filho uma vontade distinta da Sua e
mais forte. E cada parte da criação fragmentada de Deus teria uma vontade diferente, oposta à Sua e em eterna oposição a Ele e
umas às outras. O teu relacionamento santo tem como propósito agora a meta de provar que isso é impossível. O Céu sorriu para
ele e a crença no pecado foi desenraizada nesse sorriso de amor. Tu ainda a vês porque não reconheces que o seu fundamento se
foi. Sua fonte foi removida e assim pode ser valorizada só por um pequeno período de tempo antes de sumir. Apenas o hábito de
olhar procurando por ela ainda permanece.
9. E, no entanto, olhas com o sorriso do Céu sobre os teus lábios e com a bênção do Céu sobre a tua vista. Não verás o pecado por
muito tempo, pois, na nova percepção, a mente o corrige quando parece ser visto e ele vem a ser invisível. Os erros são rapidamen-
te reconhecidos e rapidamente entregues à correção para serem curados, não escondidos. Tu serás curado do pecado e de toda a
sua devastação no instante em que deixares de dar a ele qualquer poder sobre o teu irmão. E tu o ajudarás a superar os equívocos,
liberando-o da crença no pecado com alegria.
10. No instante santo, verás o sorriso do Céu brilhando sobre tu e teu irmão. E derramarás a tua luz sobre ele, reconhecendo com
contentamento a graça que foi dada a ti. Pois o pecado não prevalecerá contra uma união para a qual o Céu sorriu. A tua percepção
foi curada no instante Santo que o Céu te deu. Esquece o que viste e ergue teus olhos com fé para o que agora podes ver. As barrei-
ras no caminho do Céu desaparecerão diante da tua vista santa, pois a ti, que eras cego, foi dada a visão e podes ver. Não olhes
para o que foi removido, mas para a glória que foi restaurada para que tu a vejas.
11. Olha para o teu Redentor e contempla o que Ele quer te mostrar no teu irmão e não permitas que o pecado mais uma vez se erga
para cegar os teus olhos. Pois o pecado quer manter-te separado dele, mas o teu Redentor quer que olhes para o teu irmão como
para ti mesmo. O teu relacionamento agora é um templo de cura, um lugar onde todos os que estão cansados podem vir e descan-
sar. Aqui está o descanso que nos espera a todos após a jornada. E ele é trazido para mais perto de todos pelo teu relacionamento.

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UM CURSO EM MILAGRES
IV. Os obstáculos à paz
1. À medida que a paz se estende do fundo de ti para abraçar toda a Filiação e lhe dar descanso, ela encontrará muitos obstáculos.
Alguns deles tu tentarás impor. Outros parecerão surgir de algum outro lugar: dos teus irmãos e de vários aspectos do mundo exteri-
or. No entanto, a paz gentilmente irá cobri-los, estendendo-se para o que vem depois completamente desobstruída. A extensão do
propósito do Espírito Santo para outras pessoas, a partir do teu relacionamento para trazê-las gentilmente a ele é o caminho através
do qual Ele alinhará os meios e a meta. A paz que Ele deposita dentro de ti e do teu irmão estender-se-á em quietude a cada aspec-
to da vossa vida, cercando a ti e ao teu irmão de felicidade radiante e da calma consciência da proteção completa. E vós carregareis
sua mensagem de amor, segurança e liberdade a cada um que se aconchegue no vosso templo, onde a cura espera por ele. Vós
não esperareis para dar-lhe isso, pois o chamarão e ele vos responderá, reconhecendo no vosso chamado o Chamado por Deus. E
vós o fareis entrar e dareis descanso a ele como vos foi dado.
2. Tudo isso tu farás. Entretanto, a paz, que já está profundamente, dentro de ti, em primeiro lugar tem que se expandir e fluir através
dos obstáculos que colocaste diante dela. Isso tu farás, pois nada do que é empreendido com o Espírito Santo é deixado por termi-
nar. De fato, não podes estar certo de coisa alguma que vejas fora de ti, mas disso podes estar certo: o Espírito Santo pede que Lhe
ofereças um lugar de descanso, aonde tu descansarás Nele. Ele te respondeu e entrou no teu relacionamento. Não queres retribuir
agora a amabilidade do Espírito Santo e entrar em um relacionamento com Ele? Pois foi Ele Que ofereceu ao teu relacionamento a
dádiva da santidade, sem a qual teria sido para sempre impossível apreciar o teu irmão.
3. A gratidão que deves a Ele, Ele só pede que a recebas por Ele. E quando olhas com gentil amabilidade para o teu irmão, estás
contemplando a Ele. Pois estás olhando para o lugar onde Ele está e não para o que está à parte Dele. Tu não podes ver o Espírito
Santo, mas podes ver os teus irmãos verdadeiramente. E a luz nos teus irmãos vai te mostrar tudo o que precisas ver. Quando a paz
em ti tiver sido estendida para abranger todas as pessoas, a função do Espírito Santo aqui terá sido realizada. Existirá, então, algu-
ma necessidade de ver o que quer que seja? Quando o próprio Deus tiver dado o último passo, o Espírito Santo reunirá todos os
agradecimentos e toda a gratidão que Lhe tiveres oferecido e os depositará gentilmente diante do Seu Criador, em nome de Seu
Filho santíssimo. E o Pai os aceitará em Seu Nome. Que necessidade poderia existir de ver o que quer que seja na presença da Sua
gratidão?

A. O PRIMEIRO OBSTÁCULO: O DESEJO DE FICAR LIVRE DA PAZ


1. O primeiro obstáculo através do qual a paz tem que fluir é o teu desejo de ficar livre dela. Pois ela não pode se estender a não ser
que tu a conserves. És o centro a partir do qual ela se irradia para fora, para chamar os outros para dentro. És a sua casa, a sua
morada tranqüila a partir da qual ela alcança gentilmente o exterior, mas sem jamais te deixar. Se queres deixá-la sem lar, como po-
deria ela habitar dentro do Filho de Deus? Se ela quer se espalhar por toda a criação, tem que começar contigo e a partir de ti atingir
todo aquele que chama e levar-lhe o descanso através da união contigo.
2. Por que irias querer que a paz ficasse sem lar? O que pensas que ela tem que deixar de ter para habitar contigo? Qual parece ser
o preço que não estás disposto a pagar? A pequena barreira de areia ainda se ergue entre tu e o teu irmão. Tu a queres reforçar
agora? Não te é pedido que a abandones só para ti mesmo. Cristo te pede isso para Ele Mesmo. Ele quer trazer a paz a todas as
pessoas e como pode Ele fazê-lo exceto através de ti? Permitirias que um pequeno muro de areia, uma parede de pó, uma diminuta
barreira aparente ficasse entre os teus irmãos e a salvação? E no entanto, esse pequeno resquício de ataque que ainda valorizas
contra o teu irmão é o primeiro obstáculo que a paz em ti encontra no seu caminho. Essa pequena parede de ódio ainda quer se
opor à Vontade de Deus e mantê-la limitada.
3. O propósito do Espírito Santo descansa em paz dentro de ti. No entanto, ainda não estás disposto a deixar que ele se una a ti
totalmente. Ainda te opões à Vontade de Deus, apenas um pouco. E esse pouco é um limite que queres impor ao todo. A Vontade de
Deus é uma, não muitas. Não há oposição a ela, pois não há nenhuma outra além dela. Aquilo que ainda queres guardar por trás da
tua pequena barreira e manter separado do teu irmão parece mais poderoso do que o universo, pois quer deter o universo e o seu
Criador. Essa pequena parede quer esconder o propósito do Céu e mantê-lo fora do Céu.
4. Empurrarias a salvação para longe daquele que dá a salvação? Pois foi isso o que vieste a ser. A paz não poderia se afastar de ti
assim como não poderia se afastar de Deus. Não tenhas medo desse pequeno obstáculo. Ele não pode conter a Vontade de Deus. A
paz fluirá através dele e unir-se-á a ti sem impedimentos. A salvação não pode ser mantida longe de ti. Ela é o teu propósito. Não
podes escolher à parte disso. Não tens nenhum propósito à parte do teu irmão nem à parte daquele que pediste ao Espírito Santo
para compartilhar contigo. A pequena parede cairá quietamente sob as asas da paz. Pois a paz enviará os seus mensageiros a partir
de ti a todo o mundo e as barreiras cairão diante da sua vinda com tanta facilidade quanto serão superadas aquelas que tu interpu-
seste.
5. Vencer o mundo não é mais difícil do que superar a tua pequena parede. Pois no milagre do teu relacionamento santo, sem essa
barreira, todos os milagres estão contidos. Não há ordem de dificuldades em milagres, pois todos são o mesmo. Cada um é uma
gentil vitória sobre o apelo da culpa pelo apelo do amor. Como é possível que isso deixe de ser realizado aonde quer que seja em-
preendido? A culpa não pode erguer barreiras reais contra isso. E tudo o que parece estar entre tu e o teu irmão tem que cair devido
ao chamado ao qual tu respondeste. A partir de ti que respondeste, Aquele Que te respondeu quer chamar. A Sua casa é o teu rela-
cionamento santo. Não tentes ficar entre Ele e o Seu propósito santo, pois esse propósito é o teu. Em vez disso, permite que Ele
estenda em quietude o milagre do teu relacionamento a todas as pessoas nele envolvidas assim como ele foi dado.
6. Há um silêncio no Céu, uma feliz expectativa, uma pequena pausa de contentamento pelo reconhecimento do final da jornada.
Pois o Céu te conhece bem, como tu conheces o Céu. Não existem ilusões entre tu e o teu irmão agora. Não olhes para a pequena
parede de sombras. O sol ergueu-se acima dela. Como pode uma sombra manter-te afastado do sol? Do mesmo modo, as sombras
não podem mais manter-te afastado da luz em que terminam as ilusões. Todo milagre não é senão o fim de uma ilusão. Tal foi a jor-
nada, tal o seu fim. E na meta da verdade que tu aceitaste todas as ilusões têm que terminar.
7. O pequeno desejo insano de ficar livre Daquele Que convidaste a entrar empurrando-O para fora, não pode deixar de produzir con-
flito. Na medida em que olhas para o mundo, esse pequeno desejo sem raízes e flutuando sem destino, pode aterrissar e pousar
brevemente em qualquer coisa, pois agora não tem mais propósito algum. Antes que o Espírito Santo entrasse para habitar contigo,
ele parecia ter um propósito grandioso: a fixa e imutável dedicação ao pecado e aos seus resultados. Agora, ele não tem nenhum
objetivo, vaga sem rumo, sem causar nada mais além de interrupções diminutas no apelo do amor.

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UM CURSO EM MILAGRES
8. Esse desejo, com o peso de uma pluma, essa ilusão diminuta, esse resquício microscópico da crença no pecado, é tudo o que
resta do que antes parecia ser o mundo. Já não é mais uma barreira inexorável para a paz. Seu vagar sem destino faz com que seus
resultados pareçam ser ainda mais erráticos e imprevisíveis do que antes. No entanto, o que poderia ser mais instável do que um
sistema delusório organizado rigidamente? Sua aparente estabilidade é a fraqueza que o perpassa, que se estende a todas as co i-
sas. A variação a que o pequeno resquício induz meramente indica seus resultados limitados.
9. Quão poderosa pode ser uma pequena pluma diante das grandes asas da verdade? Pode ela opor-se ao vôo de uma águia ou
impedir o avanço do verão? Pode ela interferir com os efeitos do sol de verão sobre um jardim coberto de neve? Vê com que facili-
dade esse pequeno vestígio é erguido e carregado para longe, para nunca mais voltar e despede-te dele com contentamento, não
com pesar. Pois ele, em si mesmo, não é nada e nada representava quando tinhas uma fé maior na sua proteção. Não preferes sau-
dar com boas-vindas o sol de verão, ao invés de fixar o teu olhar no floco de neve que desaparece e tremer na lembrança do frio do
inverno?

i. A atração da culpa

10. A atração da culpa produz medo do amor, pois o amor jamais olharia para a culpa de modo algum. É da natureza do amor só
olhar para a verdade, pois vê a si mesmo nela, com a qual quer unir-se em união santa e completeza. Assim como o amor tem que
olhar para o que vem depois do medo, o medo também não pode ver o amor. Pois o amor contém o fim da culpa, com tanta certeza
quanto o medo depende dela. O amor só é atraído pelo amor. Não vendo a culpa de forma alguma, não vê medo algum. Sendo to-
talmente incapaz de ataque, não poderia ter medo. O medo é atraído para aquilo que o amor não vê e cada um deles acredita que o
objeto do olhar do outro não existe. O medo olha para a culpa exatamente com a mesma devoção com que o amor olha para si
mesmo. E cada um tem mensageiros que são enviados, os quais retornam com mensagens escritas na linguagem em que foi pedido
o seu envio.
11. Os mensageiros do amor são gentilmente enviados e retornam com mensagens de amor e gentileza. Os mensageiros do medo
são brutalmente despachados para buscar culpa e valorizar toda migalha de mal e de pecado que possam achar, sem perder ne-
nhuma sob pena de morte, colocando-as respeitosamente diante de seu senhor e patrão. A percepção não pode servir a dois senho-
res, cada um solicitando mensagens de coisas diferentes em linguagens diferentes. Aquilo de que o medo se alimentaria, o amor não
vê. Aquilo que o medo exige, o amor não é sequer capaz de ver. A violenta atração que a culpa tem pelo medo está totalmente au-
sente da gentil percepção do amor. Aquilo que o amor quer contemplar é sem significado para o medo e completamente invisível.
12. Os relacionamentos nesse mundo são o resultado de como é visto o mundo. E isso depende de que emoção foi chamada a envi-
ar os seus mensageiros para contemplá-lo e retornar com a notícia do que viram. Os mensageiros do medo são treinados através do
terror e tremem quando o seu patrão os chama para servi-lo. Pois o medo não tem misericórdia nem mesmo para com os seus ami-
gos. Seus culpados mensageiros saem às escondidas em busca sedenta de culpa, pois são mantidos no frio e famintos e seu pa-
trão, que só lhes permite festejar em cima do que devolvem a ele, faz com que sejam cruéis. Nenhum pequeno farrapo de culpa es-
capa de seus olhos famintos. E, em sua selvagem busca do pecado, lançam-se sobre qualquer coisa viva que vêem e carregam-na
aos gritos a seu patrão para ser devorada.
13. Não envies ao mundo esses selvagens mensageiros para se banquetearem com ele e pilharem a realidade. Pois eles te trarão
notícias de ossos, pele e carne. Foram ensinados a buscar o que é corruptível e a retornar com as gargantas cheias de coisas deca-
dentes e apodrecidas. Para eles, essas coisas são belas, porque parecem aplacar seus selvagens acessos de fome. Pois eles são
frenéticos com a dor do medo e querem evitar a punição daquele que os envia oferecendo-lhe aquilo que valorizam.
14. O Espírito Santo te deu os mensageiros do amor para enviar no lugar daqueles que treinaste através do medo. Eles estão tão
ansiosos para te devolver o que valorizam quanto estão os outros. Se os envias, só verão o que é irrepreensível e belo, gentil e be-
nigno. Eles terão o mesmo cuidado para não deixar escapar à sua atenção o menor ato de caridade, a mais diminuta expressão de
perdão, o mais leve sopro de amor. E retornarão com todas as coisas felizes que acharem, para compartilhá-las amorosamente con-
tigo. Não tenhas medo deles. Eles te oferecem a salvação. As suas mensagens são de segurança, pois vêem o mundo como algo
benigno.
15. Se tu somente enviares os mensageiros que o Espírito Santo te dá, não querendo outras mensagens senão as suas, não mais
verás o medo. O mundo será transformado diante da tua vista, limpo de toda a culpa e suavemente escovado com beleza. O mundo
não contém nenhum medo que tu não tenhas colocado sobre ele. E nenhum que possas continuar vendo depois de pedir aos men-
sageiros do amor para removê-lo. O Espírito Santo te deu os Seus mensageiros para que os envies ao teu irmão e para que retor-
nem a ti com aquilo que o amor vê. Eles foram dados com o fim de substituir os famintos cães do medo que enviaste em seu lugar. E
prosseguem para dar significado ao fim do medo.
16. O amor também quer depositar um banquete diante de ti, com uma mesa coberta por uma toalha sem mancha, posta em um
jardim tranqüilo, onde som nenhum jamais é ouvido, exceto o cantar e um sussurrar suave e alegre. Esse é um banquete que honra
o teu relacionamento santo, no qual todas as pessoas são bem-vindas como hóspedes de honra. E num instante santo todos dão
graças em conjunto, na medida em que se unem em gentileza diante da mesa da comunhão. E lá eu me unirei a ti, conforme prometi
há muito tempo e ainda prometo. Pois em teu novo relacionamento eu sou bem-vindo. E onde eu sou bem-vindo, lá estou.
17. Eu sou bem-vindo no estado de graça, o que significa que afinal me perdoaste. Pois tornei-me o símbolo do teu pecado e assim
eu tive que morrer em teu lugar. Para o ego, o pecado significa a morte e assim a expiação é alcançada através do assassinato. A
salvação é contemplada como um meio pelo qual o Filho de Deus foi morto em teu lugar. No entanto, ofereceria eu meu corpo a ti, a
quem eu amo, conhecendo a sua pequenez? Ou ensinaria que corpos não podem nos manter separados? O meu não tinha mais
valor do que o teu, nem era um meio melhor para a comunicação da salvação, e também não era sua Fonte. Ninguém pode morrer
por outra pessoa e a morte não expia o pecado. Mas podes viver para mostrar que ele não é real. O corpo, de fato, parece ser o
símbolo do pecado enquanto acreditas que ele pode te conseguir o que queres. Enquanto acreditas que ele pode te dar prazer, tam-
bém acreditarás que pode te trazer dor. Pensar que és capaz de ficar satisfeito e feliz com tão pouco é ferir a ti mesmo e limitar a
felicidade que queres ter convoca a dor para que ela encha a tua pobre dispensa e faça com que a tua vida seja completa. Essa é a
completeza conforme o ego a vê. Pois a culpa se insidia onde a felicidade foi removida e a substitui. A comunhão é um outro tipo de
completeza que vai além da culpa porque vai além do corpo.

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UM CURSO EM MILAGRES
B. O SEGUNDO OBSTÁCULO: A CRENÇA EM QUE O CORPO TEM VALOR PELO QUE OFERECE
1. Nós dissemos que a paz em primeiro lugar tem que superar o obstáculo do teu desejo de ficar livre dela. Onde a atração da culpa
domina, a paz não é querida. O segundo obstáculo pelo qual a paz tem que fluir e, estreitamente relacionado com o primeiro, é a
crença segundo a qual o corpo tem valor pelo que oferece. Pois aqui se faz com que a atração da culpa seja manifestada no corpo e
vista nele.
2. Esse é o valor que pensas que a paz quer roubar de ti. É isso que acreditas que ela quer que deixes de possuir, deixando-te sem
lar. E é por isso que queres negar um lar à paz. Esse é o ―sacrifício‖ que sentes como se fosse grande demais para ser feito, demais
para ser pedido a ti. Isso é um sacrifício ou uma liberação? O que é que o corpo te deu realmente que justifique a tua estranha cren-
ça em que nele está a salvação? Não vês que essa é a crença na morte? Aqui está o foco da percepção da expiação como assassi-
nato. Aqui está a fonte da idéia de que o amor é medo.
3. Os mensageiros do Espírito Santo são enviados para muito além do corpo, chamando a mente para se unir em comunhão santa e
estar em paz. Tal é a mensagem que eu dei a eles para ti. São apenas os mensageiros do medo que vêem o corpo, pois buscam
aquilo que pode sofrer. É um sacrifício ser removido daquilo que pode sofrer? O Espírito Santo não exige de ti que sacrifiques a es-
perança do prazer do corpo, ele não tem nenhuma esperança de prazer. Mas também não pode trazer a ti o medo da dor. A dor é o
único ―sacrifício‖ que o Espírito Santo pede e esse Ele quer remover.
4. A paz se estende a partir de ti só para o que é eterno e ela alcança o que está fora a partir do eterno em ti. Ela flui através de todas
as outras coisas. O segundo obstáculo não é mais sólido do que o primeiro. Pois não queres nem ficar livre da paz nem limitá-la. O
que são esses obstáculos que queres interpor entre a paz e a continuação do trajeto da paz senão barreiras que colocas entre a tua
vontade e a sua realização? Queres comunhão, não o banquete do medo. Queres salvação, não a dor da culpa. E queres o teu Pai,
não um pequeno monte de barro para ser a tua casa. No teu relacionamento santo, está o Filho do teu Pai. Ele não perdeu a comu-
nhão com Ele e nem consigo mesmo. Quando concordaste em unir-te ao teu irmão, reconheceste que isso é assim. Isso não custa
nada, mas libera do custo.
5. Pagaste muito caro pelas tuas ilusões e nada daquilo por que pagaste te trouxe paz. Não estás contente que o Céu não possa ser
sacrificado e que nenhum sacrifício possa ser pedido a ti? Não existe nenhum obstáculo que possas colocar diante da nossa união,
pois em teu relacionamento santo eu já estou presente. Nós superaremos juntos todos os obstáculos, pois nós nos encontramos do
lado de dentro da porta e não do lado de fora. Como é facilmente aberta a porta do lado de dentro, dando passagem à paz para a-
bençoar o mundo cansado! Será que pode ser difícil para nós ultrapassarmos as barreiras juntos, se tu já te uniste ao que é sem
limites? O fim da culpa está em tuas mãos para ser dado. Irias tu parar agora para procurar a culpa no teu irmão?
6. Permite que eu seja para ti o símbolo do fim da culpa e olha para o teu irmão como olharias para mim. Perdoa-me todos os peca-
dos que pensas que o Filho de Deus cometeu. E à luz do teu perdão, ele lembrar-se-á quem ele é e esquecerá o que nunca foi. Eu
peço o teu perdão, pois se tu és culpado, eu também tenho que ser. Mas se eu superei a culpa e venci o mundo, tu estavas comigo.
Queres ver em mim o símbolo da culpa ou o fim da culpa, lembrando-te de que o que eu significo para ti é o que vês dentro de ti
mesmo?
7. A partir do teu relacionamento santo, a verdade proclama a verdade e o amor olha para si mesmo. A salvação flui do mais profundo
no interior do lar que ofereceste a meu Pai e a mim. E nós lá estamos juntos, na comunhão quieta na qual o Pai e o Filho estão uni-
dos. Oh, vindes vós que tendes fé à santa união do Pai e do Filho em vós mesmos! E não vos mantenhais à parte do que vos é ofe-
recido em gratidão por terdes dado à paz um lar no Céu. Enviai para todo o mundo a feliz mensagem do fim da culpa e todo o mundo
responderá. Pensai na vossa felicidade quando todos vos oferecerem o testemunho do fim do pecado e vos mostrarem que o seu
poder se foi para sempre. Onde pode estar a culpa, quando a crença no pecado se foi? E onde está a morte, quando seu grande
advogado não mais for ouvido?
8. Perdoa-me as tuas ilusões e libera-me da punição pelo que eu não fiz. Assim aprenderás a liberdade que eu ensinei, ensinando a
liberdade ao teu irmão e assim me liberando. Eu estou dentro do teu relacionamento santo, todavia, queres me aprisionar atrás dos
obstáculos que ergues à liberdade e impedir o meu caminho para ti. No entanto, não é possível manter afastado Aquele Que já está
presente. E Nele é possível que a nossa comunhão, na qual já estamos unidos, venha a ser o foco da nova percepção que trará luz
a todo o mundo contido em ti.

i. A atração da dor

9. A tua pequena parte é apenas dar ao Espírito Santo toda a idéia de sacrifício. E aceitar a paz que Ele te dá em seu lugar, sem os
limites que iriam deter a sua extensão e assim limitariam a tua consciência dela. Pois o que Ele dá tem que ser estendido, se queres
ter o seu poder sem limites e usá-lo para a liberação do Filho de Deus. Não é disso que queres ficar livre e tendo isso não podes
limitá-lo. Se a paz não tem um lar, tu também não tens e eu também não tenho. E Ele, Que é o nosso lar, está ao desabrigo conosco.
É esse o teu desejo? Queres ser para sempre um errante em busca de paz? Queres investir a tua esperança de paz e felicidade
naquilo que não pode deixar de falhar?
10. A fé no eterno é sempre justificada, pois o eterno é para sempre benigno, infinito em sua paciência e totalmente amoroso. Ele te
aceitará totalmente e te dará paz. No entanto, ele só pode se unir com o que já está em paz em ti, imortal como ele próprio. O corpo
não pode te trazer nem paz nem tumulto, nem alegria nem dor. É um meio e não um fim. Não tem propósito em si mesmo, mas so-
mente aquele que lhe é dado. O corpo parecerá ser qualquer coisa que seja o meio de alcançar a meta que lhe atribuíste. Só a men-
te pode estabelecer um propósito e só a mente pode ver os meios para a sua realização e justificar o seu uso. Paz e culpa são am-
bas condições da mente a serem atingidas. E essas condições são o lar da emoção que as suscita e que é, portanto, compatível
com elas.
11. Mas pensa em qual delas é compatível contigo. Aqui está a tua escolha e ela é livre. Mas tudo o que está nela virá com ela, e o
que pensas que és nunca pode estar à parte dela. O corpo é o grande traidor aparente da fé. Nele está a desilusão e as sementes
da falta de fé, mas só se lhe pedes o que ele não pode dar. É possível que o teu equívoco seja um motivo razoável para a depressão
e a desilusão e para o ataque vingativo contra aquilo que pensas que te falhou? Não uses o teu erro como justificativa para a tua
falta de fé. Não pecaste, mas tens estado equivocado naquilo que é fiel. E a correção do teu equívoco vai te dar motivos para a fé.

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UM CURSO EM MILAGRES
12. É impossível buscar o prazer através do corpo e não achar dor. É essencial que esse relacionamento seja compreendido, pois o
ego o vê como prova do pecado. Ele não é realmente punitivo em absoluto. É apenas o resultado inevitável de te equacionares com
o corpo, que é o convite à dor. Pois ele convida o medo a entrar e vem a ser o teu propósito. A atração da culpa tem que entrar com
ele e o que quer que seja que o medo oriente o corpo a fazer é, portanto, doloroso. Ele irá compartilhar a dor de todas as ilusões e a
ilusão do prazer será o mesmo que a dor.
13. Isso não é inevitável? Sob as ordens do medo, o corpo perseguirá a culpa, servindo ao seu patrão cuja atração pela culpa man-
tém toda a ilusão da sua existência. É isso, então, a atração da dor. Regido por essa percepção, o corpo vem a ser o servo da dor,
buscando-a como um dever e obedecendo à idéia de que a dor é prazer. É essa a idéia que está por trás de todo o maciço investi-
mento do ego no corpo. E é esse relacionamento insano que ele mantém escondido e, no entanto, se alimenta disso. A ti ele ensina
que o prazer do corpo é felicidade. Entretanto, para si mesmo sussurra: ―É a morte‖.
14. Por que deveria o corpo ser qualquer coisa para ti? Com certeza, aquilo de que é feito não é precioso. E com a mesma certeza,
ele não tem sentimento. Ele te transmite os sentimentos que queres. Como qualquer veículo de comunicação, o corpo recebe e en-
via as mensagens que lhe são dadas. Não tem nenhum sentimento por elas. Todo o sentimento que nelas está investido é dado pelo
remetente e pelo destinatário. Tanto o ego como o Espírito Santo reconhecem isso e ambos reconhecem também que aqui o reme-
tente e o destinatário são o mesmo. O Espírito Santo te diz isso com alegria. O ego o esconde de ti, pois quer manter-te inconsciente
disso. Quem iria enviar mensagens de ódio e ataque se apenas compreendesse que essas mensagens são enviadas a si mesmo?
Quem iria acusar, culpar e condenar a si mesmo?
15. As mensagens do ego sempre são enviadas para longe de ti, acreditando que por tua mensagem de ataque e culpa alguma outra
pessoa, mas não tu, irá sofrer. E mesmo que sofras, ainda assim alguém irá sofrer mais. O grande enganador reconhece que não é
assim, mas como ―inimigo‖ da paz, insiste que mandes para fora todas as tuas mensagens de ódio e libertes a ti mesmo. E para con-
vencer-te de que isso é possível, pede ao corpo que busque a dor no ataque a outra pessoa chamando-a de prazer e oferecendo-te
isso como libertação do ataque.
16. Não ouças a loucura do ego e não acredites que o impossível seja verdadeiro. Não te esqueças de que o ego dedicou o corpo à
meta do pecado e coloca nele toda a sua fé em que isso possa ser realizado. Seus tristes discípulos cantam continuamente os lou-
vores do corpo em solene celebração ao domínio do ego. Ninguém pode deixar de acreditar que ceder à atração da culpa é escapar
da dor. Ninguém pode deixar de considerar-se um corpo, sem o qual morreria e, no entanto, dentro do qual a morte é igualmente
inevitável.
17. Não é dado aos discípulos do ego reconhecer que têm se dedicado à morte. A liberdade lhes é oferecida, mas eles não a aceita-
ram e aquilo que é oferecido tem que ser também recebido para ser verdadeiramente dado. Pois o Espírito Santo também é um veí-
culo de comunicação, recebendo do Pai e oferecendo as Suas mensagens ao Filho. Como o ego, o Espírito Santo é ao mesmo tem-
po o remetente e o destinatário. Pois o que é enviado através Dele retoma a Ele, buscando a si mesmo ao longo do caminho e a-
chando aquilo que busca. Da mesma forma o ego acha a morte que ele busca, devolvendo-a a ti.

C. O TERCEIRO OBSTÁCULO: A ATRAÇÃO DA MORTE


1. A ti e ao teu irmão, em cujo relacionamento especial o Espírito Santo entrou, é dado liberar e ser liberado da dedicação à morte.
Pois isso vos foi oferecido e vós aceitastes. No entanto, ainda têm que aprender mais a respeito dessa estranha devoção, pois ela
contém o terceiro obstáculo através do qual a paz tem que fluir. Ninguém pode morrer a não ser que escolha a morte. O que parece
ser o medo da morte é realmente a sua atração. A culpa também é temida e temível. No entanto, ela não exerce absolutamente ne-
nhum controle a não ser sobre aqueles que são atraídos por ela e a buscam. O mesmo se dá com a morte. Feita pelo ego, a sua
sombra escura cai sobre todas as coisas vivas porque o ego é o ―inimigo‖ da vida.
2. Entretanto, uma sombra não pode matar. O que é uma sombra para os vivos? Eles apenas passam por ela e ela se vai. Mas, e
aqueles que são dedicados a não viver, os ―pecadores‖ vestidos de negro, o coro enlutado do ego arrastando-se pesadamente para
longe da vida, carregando suas correntes e marchando na lenta procissão em honra ao seu patrão sinistro, o senhor da morte? Toca
qualquer um deles com as mãos gentis do perdão e observa as suas correntes caírem por terra junto com as tuas. Que o vejas dei-
xar de lado a veste negra que ele estava usando para o próprio funeral e ouve-o rir da morte. Ele pode escapar à sentença que o
pecado quer lhe impor através dó teu perdão. Isso não é nenhuma arrogância. É a Vontade de Deus. O que é impossível para ti que
escolheste a Sua Vontade como tua? O que é a morte para ti? A tua dedicação não está voltada para a morte nem para o seu patrão.
Quando aceitaste o propósito do Espírito Santo em lugar do propósito do ego, renunciaste à morte trocando-a pela vida. Nós temos o
conhecimento de que uma idéia não deixa a sua fonte. E a morte é o resultado do pensamento a que chamamos ego com tanta cer-
teza quanto a vida é o resultado do Pensamento de Deus.

i. O corpo incorruptível

3. Do ego vieram o pecado, a culpa e a morte em oposição à vida e à inocência e à Vontade do próprio Deus. Onde pode estar tal
oposição senão nas mentes doentes dos insanos, dedicadas à loucura e estabelecidas contra a paz do Céu? Uma coisa é certa:
Deus, Que não criou nem a morte e nem o pecado, não determinou em sua Vontade que sejas limitado por eles. Ele não conhece o
pecado e nem os seus resultados. As figuras amortalhadas na procissão do funeral não marcham em honra ao seu Criador Cuja
Vontade é que elas vivam. Elas não estão seguindo a Sua Vontade, estão se opondo à ela.
4. E o que é o corpo envolto em negro que querem enterrar? Um corpo que dedicaram à morte, um símbolo de corrupção, um sacrifí-
cio ao pecado, oferecido ao pecado para alimentá-lo e mantê-lo vivo; uma coisa condenada, amaldiçoada por aquele que a fez e
lamentada por cada carpidor que olha para ela como para si mesmo. Tu, que acreditas que condenaste o Filho de Deus a isso, és
arrogante. Mas tu, que queres liberá-lo, não estás senão honrando a Vontade do seu Criador. A arrogância do pecado, o orgulho da
culpa, o sepulcro da separação, tudo isso é parte da tua dedicação irreconhecida à morte. O cintilar da culpa que colocaste sobre o
corpo quer matá-lo. Pois aquilo que o ego ama, ele mata em obediência a si mesmo. Mas aquilo que não lhe obedece, ele não pode
matar.
5. Podes te dedicar a outra coisa que manteria o corpo incorruptível e perfeito na medida em que é usado para o teu propósito santo.
O corpo não morre, assim como não pode sentir. Ele nada faz. Por si mesmo, não é corruptível nem incorruptível. Não é nada. É o
resultado de uma diminuta idéia louca de corrupção que pode ser corrigida. Pois Deus respondeu a essa idéia insana com a Sua
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UM CURSO EM MILAGRES
própria, uma Resposta que não O deixou e que, portanto, traz o Criador à consciência de toda mente que ouviu a Sua Resposta e A
aceitou.
6. Tu, que és dedicado ao incorruptível, recebeste através da tua aceitação o poder de liberar da corrupção. Qual a melhor maneira
de ensinar o primeiro e fundamental princípio de um curso em milagres do que mostrar-te que aquele que parece ser o mais difícil
pode ser realizado em primeiro lugar? O corpo não pode senão servir ao teu propósito. Conforme olhas para ele, assim ele parecerá
ser. A morte, se fosse verdadeira, seria o rompimento final e completo da comunicação que é a meta do ego.
7. Aqueles que têm medo da morte não vêem quantas vezes e quão alto a chamam e lhe pedem para vir salvá-los da comunicação.
Pois a morte é vista como segurança, o grande salvador escuro da luz da verdade, a resposta à Resposta, o silenciador da Voz por
Deus. No entanto, o recuo para a morte não é o fim do conflito. Só a Resposta de Deus é o seu fim. O obstáculo do teu aparente
amor pela morte, através do qual a paz tem que fluir, parece ser muito grande. Pois nele estão escondidos todos os segredos do
ego, todos os seus mecanismos estranhos para enganar, todas as suas idéias doentias e imaginações insólitas. Aqui está o ponto
final da união, o triunfo dos feitos do ego sobre a criação, a vitória da ausência de vida sobre a própria Vida.
8. Sob a margem poeirenta do seu mundo distorcido, o ego quer colocar o Filho de Deus que, abatido pelas suas ordens, prova em
sua decadência que o próprio Deus não tem poder diante do poderio egótico, é incapaz de proteger a vida que Ele criou contra o
selvagem desejo que o ego tem de matar. Meu irmão, criança do nosso Pai, isso é um sonho de morte. Não há nenhum funeral, nem
altares escuros, nem mandamentos sinistros, nem rituais distorcidos de condenação aos quais o corpo te conduz. Não peças para
ser liberado disso. Mas liberta-o das ordens sem misericórdia e sem esperança que impuseste a ele e perdoa-o pelo que ordenaste
que ele fizesse. Ao exaltá-lo ordenaste que ele morresse, pois só a morte poderia conquistar a vida. E que outra coisa, senão a insa-
nidade, poderia contemplar a derrota de Deus e pensar que é real?
9. O medo da morte desaparecerá quando seu apelo ceder ante a real atração do amor. O fim do pecado, que se aninha em quietude
na segurança do teu relacionamento, protegido pela tua união com o teu irmão e pronto para crescer e tornar-se uma força poderosa
para Deus, está muito próximo. A infância da salvação é cuidadosamente guardada pelo amor, preservada de todo pensamento que
iria atacá-la e quietamente aprontada para cumprir a tarefa poderosa para a qual ela te foi dada. O teu propósito recém-nascido é
embalado por anjos, nutrido pelo Espírito Santo e protegido pelo próprio Deus. Ele não necessita da tua proteção, ele é a tua. Pois é
imortal e dentro dele está o fim da morte.
10. Que perigo pode assaltar os totalmente inocentes? O que pode atacar aqueles que não têm culpa? Que medo é capaz de entrar e
perturbar a paz da impecabilidade? Aquilo que te foi dado, mesmo em sua infância, está em plena comunicação com Deus e contigo.
Em suas mãos diminutas ele segura, em perfeita segurança, cada milagre que vais apresentar, oferecido a ti. O milagre da vida não
tem idade, tendo nascido no tempo, mas nutrido na eternidade. Contempla esse infante, a quem deste um lugar de descanso através
do teu perdão ao teu irmão e vê nele a Vontade de Deus. Aqui renasce o bebê de Belém. E todos aqueles que lhe dão abrigo o se-
guirão, não à cruz, mas à ressurreição e à vida.
11. Quando qualquer coisa te parece ser uma fonte de medo, quando qualquer situação te afeta aterradoramente e faz o teu corpo
tremer e o suor frio do medo se abate sobre ele, lembra-te que isso sempre se dá por uma razão: o ego a percebeu como um símbo-
lo do medo, um sinal do pecado e da morte. Lembra-te, então, que nenhum sinal nem símbolo deve ser confundido com a fonte, pois
necessariamente simbolizam alguma outra coisa além de si mesmos. O seu significado não pode estar neles mesmos, mas tem que
ser buscado naquilo que representam. E podem assim significar tudo ou nada, de acordo com a verdade ou com a falsidade da idéia
que refletem. Confrontado com tal aparente incerteza de significado, não a julgues. Lembra-te da presença santa Daquele que te foi
dado para ser a Fonte do julgamento. Entrega-a a Ele para julgar por ti e dize:
Eu te entrego isso para que o examines e o julgues por mim.
Que eu não o veja como um sinal de pecado e de morte; nem use-o para a destruição.
Ensina-me como não fazer disso um obstáculo à paz, e sim a deixar que Tu o utilizes por mim para facilitar sua vinda.

D. O QUARTO OBSTÁCULO: O MEDO DE DEUS


1. O que verias sem o medo da morte? O que sentirias e pensarias se a morte não retivesse nenhuma atração para ti? Muito sim-
plesmente te lembrarias do teu Pai. O Criador da vida, a Fonte de tudo que vive, o Pai do universo e do universo dos universos e de
todas as coisas que estão até mesmo além; de tudo isso tu te lembrarias. E à medida que essa memória surge em tua mente, a paz
tem ainda que superar um obstáculo final, após o qual se completa a salvação e o Filho de Deus é restaurado inteiramente à sanida-
de. Pois aqui o teu mundo, de fato, acaba.
2. O quarto obstáculo a ser superado cai como um véu pesado diante da face de Cristo. Entretanto, à medida que a Sua face se
ergue além do véu, brilhando com alegria porque Ele está no amor de Seu Pai, a paz afastará suavemente o véu e correrá para en-
contrá-Lo e para afinal unir-se a Ele. Pois esse véu escuro que parece tornar a face do próprio Cristo semelhante à de um leproso e
fazer os Raios brilhantes do Amor do Seu Pai, que iluminam com glória a Sua face aparentarem ser rios de sangue, desaparece na
luz intensa que está além dele quando o medo da morte se vai.
3. Esse é o mais escuro dos véus, mantido pela crença na morte e protegido por sua atração. A dedicação à morte e à sua soberania
é apenas o voto solene, a promessa feita em segredo ao ego de nunca erguer esse véu, nunca se aproximar dele, nem nunca sus-
peitar que esteja ali. Essa é a barganha secreta feita com o ego para manter aquilo que se encontra além do véu para sempre apa-
gado e sem ser lembrado. Aí está a tua promessa de nunca permitir que a união te chame para fora da separação, a grande amnésia
na qual a memória de Deus parece absolutamente esquecida, a fenda entre o teu Ser e teu medo de Deus, o passo final na tua dis-
sociação.
4. Vê como a crença na morte aparentemente iria ―salvar-te‖. Pois se isso desaparecesse, de que outra coisa poderias ter medo se-
não da vida? É a atração da morte que faz a vida parecer feia, cruel e tirânica. Não sentes mais medo da morte do que do ego. Es-
ses são os teus amigos escolhidos. Pois em tua aliança secreta com eles, concordaste em nunca deixar que o medo de Deus fosse
descoberto de forma que pudesses contemplar a face de Cristo e unir-te a Ele em Seu Pai.
5. Todo obstáculo através do qual a paz tem que fluir é superado exatamente do mesmo modo, o medo que o provocou cede ao amor
que está além e assim o medo desaparece. E o mesmo se dá com esse. O desejo de ficar livre da paz e expulsar o Espírito Santo de
ti se apaga na presença do quieto reconhecimento de que tu O amas. A exaltação do corpo é abandonada em favor do espírito, que

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UM CURSO EM MILAGRES
amas como jamais poderias amar o corpo. E o apelo da morte é perdido para sempre à medida que a atração do amor desperta e
chama por ti. De um ponto além de cada um dos obstáculos ao amor, o próprio Amor te chamou. E cada um deles foi superado pelo
poder da atração daquilo que está além. O fato de quereres o medo parecia estar mantendo-os em seus lugares. No entanto, quan-
do ouviste a Voz do Amor além deles, tu respondeste e eles desapareceram.
6. E agora estás aterrorizado diante daquilo que juraste nunca olhar. Baixas os olhos, lembrando da tua promessa aos teus "amigos".
A ―beleza‖ do pecado, o delicado apelo da culpa, a ―santa‖ imagem de cera da morte e o medo da vingança do ego que juraste com
sangue não desertar, tudo isso vem à tona e ordena que não ergas os teus olhos. Pois reconheces que se olhares para isso e permi-
tires que o véu seja erguido eles desaparecerão para sempre. Todos os teus ―amigos‖, os teus ―protetores‖ e o teu ―lar‖ se desvane-
cerão. Nada do que lembras agora, tu te lembrarás.
7. Parece-te que o mundo te abandonará completamente se apenas ergueres os teus olhos. No entanto, tudo o que vai ocorrer é que
deixarás o mundo para sempre. Esse é o restabelecimento da tua vontade. Olha para isso de olhos abertos e nunca mais acreditarás
que estás à mercê de coisas além de ti, de forças que não podes controlar e de pensamentos que vêm a ti contra a tua vontade. É a
tua vontade olhar para isso. Nenhum desejo louco, nenhum impulso trivial para esqueceres novamente, nenhuma punhalada de me-
do e nem o suor frio da morte aparente podem se colocar contra a tua vontade. Pois o que te atrai além do véu está também pro fun-
damente dentro de ti, é inseparável da tua vontade e completamente uno.

i. Erguendo o véu

8. Não te esqueças de que vós viestes até aqui juntos, tu e teu irmão. E com certeza não foi o ego que vos conduziu até aqui. Ne-
nhum obstáculo à paz pode ser superado através do seu auxílio. Ele não revela os seus segredos e não pede que olheis para eles
para ir além. Não quer que vejais as suas fraquezas e que aprendais que ele não tem nenhum poder para vos manter afastados da
verdade. O ia Que vos trouxe aqui permanece convosco e quando erguerdes os vossos olhos, estareis prontos para olhar para o
terror sem medo algum. Mas antes disso, ergue os teus olhos e olha para o teu irmão com a inocência que nasce do completo per-
dão das tuas ilusões através dos olhos da fé que não as vê.
9. Ninguém é capaz de olhar para o medo que tem de Deus sem ficar aterrorizado a não ser que tenha aceitado a Expiação e apren-
dido que as ilusões não são reais. Ninguém pode ficar diante desse obstáculo sozinho, pois não poderia ir muito longe a não ser que
seu irmão caminhe a seu lado. E ninguém ousaria encará-lo sem o perdão completo do seu irmão em seu próprio coração. Fica aqui
um momento e não tremas. Estarás pronto. Vamos nos unir em um instante santo, aqui nesse lugar aonde o propósito, dado em um
instante santo, te conduziu. E vamos nos unir na fé de que Aquele Que nos trouxe aqui juntos te oferecerá a inocência de que preci-
sas e tu aceitarás por amor a mim e a Ele.
10. E nem é possível olhares para isso cedo demais. Esse é o lugar para onde cada um tem que vir quando estiver pronto. Quando
tiver achado o seu irmão, está pronto. No entanto, apenas alcançar esse lugar não é o suficiente. Uma jornada sem um propósito é
ainda sem significado e mesmo quando ela estiver terminada parecerá não fazer nenhum sentido. Como podes saber se ela termi-
nou a não ser que reconheças que o seu propósito foi realizado? Aqui, com o fim da jornada diante de ti, vês esse propósito. E é
aqui que escolhes se olhas para ele ou se continuas vagando, apenas para retornares e escolheres outra vez.
11. Olhar para o medo de Deus exige, de fato, certa preparação. Só os sãos podem olhar a total insanidade e a loucura delirante com
piedade e compaixão, mas não com medo. Pois só quando o compartilham é que ele parece amedrontador e tu o compartilhas até
que olhes para o teu irmão com perfeita fé, amor e ternura. Antes do perdão completo, tu ainda permaneces sem perdoar. Temes a
Deus porque tens medo do teu irmão. Aqueles a quem não perdoas, tu temes. E ninguém alcança o amor com o medo a seu lado.
12. Esse irmão, que se encontra a teu lado, ainda te parece ser um estranho. Não o conheces e a interpretação que fazes dele é
muito amedrontadora. E ainda o atacas, para manter o que parece ser o teu ser sem danos. No entanto, nas suas mãos está a tua
salvação. Vês a sua loucura, que odeias porque a compartilhas. E toda a piedade e o perdão que a curariam dão lugar ao medo.
Irmão, precisas do perdão do teu irmão, pois tu e ele compartilharão ou a loucura ou o Céu juntos. E erguereis os vossos olhos na fé
juntos ou absolutamente não o fareis.
13. Ao teu lado está alguém que te oferece o cálice da Expiação, pois o Espírito Santo está nele. Queres manter os seus pecados
contra ele ou aceitar a sua dádiva para ti? Esse doador da salvação é teu amigo ou teu inimigo? Escolhe o que ele é, lembrando-te
de que vais receber dele de acordo com a tua escolha. Ele tem em si o poder de perdoar o teu pecado, assim como tu o dele. Ne-
nhum dos dois pode dar a si mesmo esse perdão sozinho. E, no entanto, o salvador encontra-se ao lado de cada um. Permite que
ele seja o que é e não busques fazer do amor um inimigo.
14. Contempla o teu Amigo, o Cristo Que se encontra a teu lado. Como Ele é santo e como é belo! Pensaste que Ele havia pecado
porque jogaste o véu do pecado sobre Ele para esconder a Sua beleza. Entretanto, Ele ainda te oferece o perdão para que comparti-
lhes a Sua santidade. Esse ―inimigo‖, esse ―estranho‖, ainda te oferece a salvação como Seu Amigo. Os ―inimigos‖ de Cristo, os ado-
radores do pecado, não sabem a Quem atacam.
15. Esse é o teu irmão, crucificado pelo pecado e esperando pela liberação da dor. Não queres oferecer-lhe o perdão, quando so-
mente ele pode oferecê-lo a ti? Pela sua redenção, ele te dará a tua, com tanta certeza quanto Deus criou cada coisa viva e a ama.
E ele a dará verdadeiramente, pois será ao mesmo tempo oferecida e recebida. Não há nenhuma graça no Céu que tu não possas
oferecer ao teu irmão e receber do teu santíssimo Amigo. Não permitas que ele a recuse, pois ao recebê-la, tu a ofereces a ele. E ele
receberá de ti o que tu recebeste dele. A redenção te foi dada para ser dada ao teu irmão e, assim, ser recebida. Aquele a quem tu
perdoas é livre e aquilo que dás, tu compartilhas. Perdoa os pecados que o teu irmão pensa que cometeu e toda a culpa que pensas
ver nele.
16. Aqui é o lugar santo da ressurreição, ao qual nós vimos mais uma vez, ao qual voltaremos até que a redenção seja realizada e
recebida. Pensa em quem é o teu irmão antes de querer condená-lo. E oferece graças a Deus por ser ele santo e por ter sido dada a
ele a dádiva da santidade para ti. Une-te a ele com contentamento e remove todo vestígio de culpa da sua mente perturbada e tortu-
rada. Ajuda-o a erguer a pesada carga de pecado que colocaste sobre ele e que ele aceitou como própria, e joga-a levemente para
longe dele com um riso feliz. Não a pressiones contra a sua fronte como se fossem espinhos, nem o pregues a ela sem redenção e
sem esperança.

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UM CURSO EM MILAGRES
17. Dá fé ao teu irmão, pois a fé e a esperança e a misericórdia são tuas para serem dadas. A dádiva é dada às mãos que dão. Olha
para o teu irmão e vê nele a dádiva de Deus que queres receber. É quase Páscoa, o tempo da ressurreição. Vamos dar a redenção
um ao outro e compartilhá-la, de tal modo que possamos nos erguer como um só na ressurreição, não separados na morte. Contem-
plo a dádiva de liberdade que eu dei ao Espírito Santo para ti. E sede livres juntos, tu e teu irmão, à medida que ofereceis ao Espírito
Santo essa mesma dádiva. E dando-a, recebe-a Dele em retorno pelo que deste. Ele conduziu a ti e a mim juntos, de forma que pu-
déssemos nos encontrar aqui nesse lugar santo e tomar a mesma decisão.
18. Liberta o teu irmão aqui como eu te libertei. Dá-lhe a mesma dádiva e não olhes para ele com qualquer espécie de condenação.
Que o vejas tão sem culpa como eu olho para ti e não vejas os pecados que ele próprio pensa ver dentro de si. Oferece ao teu irmão
a liberdade e a liberação completa do pecado, aqui, no jardim da aparente agonia e morte. Assim nós iremos preparar juntos o cami-
nho para a ressurreição do Filho de Deus e permitir que ele mais uma vez ressuscite para a lembrança feliz do seu Pai, Que não
conhece o pecado, nem a morte, mas somente a vida eterna.
19. Juntos nós desapareceremos na Presença além do véu, não para nos perdermos, mas para nos acharmos; não para sermos
vistos, mas conhecidos. E conhecendo, nada no plano que Deus estabeleceu para a salvação ficará por fazer. Esse é o propósito da
jornada, sem o qual a jornada é sem significado. Aqui está a paz de Deus, que te é dada eternamente por Ele. Aqui está o descanso
e a quietude que buscas, a razão da jornada desde o seu início. O Céu é a dádiva que deves ao teu irmão, a dívida de gratidão que
ofereces ao Filho de Deus em agradecimento pelo que ele é e pelo que o seu Pai o criou para ser.
20. Pensa com cuidado em como vais olhar para o doador dessa dádiva, pois como tu o olhares, assim parecerá ser a própria dádiva.
Assim como ele é visto, como o doador da culpa ou da salvação, assim a sua oferenda será vista e assim será recebida. Os crucifi-
cados dão dor porque estão na dor. Mas os redimidos dão alegria porque foram curados da dor. Todos dão conforme recebem, mas
cada um tem que escolher o que virá a ser aquilo que recebe. E reconhecerá a sua escolha em função do que ele dá e do que lhe é
dado. À coisa alguma no Céu ou no inferno é dado interferir com a decisão de cada um.
21. Vieste até aqui porque a jornada foi a tua escolha. E ninguém empreende fazer aquilo que acredita ser sem significado. Aquilo em
que tinhas fé ainda é fiel e vela por ti na fé de modo tão gentil e ao mesmo tempo tão forte, que te ergueria muito além do véu e co-
locaria o Filho de Deus a salvo sob a proteção segura do seu Pai. Aqui está o único propósito que dá a esse mundo e a longa jorna-
da através desse mundo qualquer significado que possam ter. Além disso, são sem significado. Tu e o teu irmão estão juntos, ainda
sem a convição de que eles tenham qualquer propósito. Entretanto, te é dado ver esse propósito no teu Amigo santo e reconhecê-lo
como o teu próprio.

CAPÍTULO 20 - A VISÃO DA SANTIDADE

I. A semana santa
1. Esse é o domingo de Ramos, a celebração da vitória e a aceitação da verdade. Não passemos essa semana santa lamentan-
do a crucificação do Filho de Deus, mas celebrando com felicidade a Sua liberação. Pois a Páscoa é o sinal da paz e não da dor. Um
Cristo abatido não tem significado. Mas o Cristo ressuscitado vem a ser o símbolo do perdão do Filho de Deus a si mesmo, o sinal
de que ele se considera curado e íntegro.
2. Essa semana começa com ramos e termina com lírios, o sinal branco e santo de que o Filho de Deus é inocente. Não permi-
tas que nenhum sinal escuro de crucificação intervenha entre a jornada e o seu propósito, entre a aceitação da verdade e a sua ex-
pressão. Essa semana nós celebramos vida, não morte. E nós honramos a perfeita pureza do Filho de Deus e não os seus pecados.
Oferece ao teu irmão a dádiva de lírios, não a coroa de espinhos, a dádiva do amor e não a ‗dádiva‘ do medo. Estás ao lado do teu
irmão, os espinhos em uma das mãos e os lírios na outra, incerto quanto ao que vais dar. Une-te agora a mim e joga fora os espi-
nhos oferecendo lírios para substituí-los. Nesta Páscoa, eu quero ter a dádiva do teu perdão, oferecida a mim por ti e devolvida a ti
por mim. Não podemos estar unidos na crucificação e na morte. E nem pode a ressurreição estar completa enquanto o teu perdão
não descansar em Cristo, junto com o meu.
3. Uma semana é um tempo curto e no entanto essa semana santa é o símbolo de toda a jornada empreendida pelo Filho de
Deus. Quando ele começou, a promessa da ressurreição e o signo da vitória já haviam sido dados a ele. Não deixes que ele caia na
tentação da crucificação e lá se atrase. Ajuda-o a caminhar em paz para além de tudo isso, com a luz da sua própria inocência ilumi-
nando o seu caminho para a redenção e a liberação. Não o atrases com espinhos e cravos quando a sua redenção está tão próxima.
Mas deixes que a brancura da tua brilhante dádiva de lírios o adiante no caminho para a ressurreição.

4. A Páscoa não é a celebração do custo do pecado, mas do seu fim. Se vislumbrares a face de Cristo por trás do véu, olhando
por entre as pétalas brancas como a neve dos lírios que recebeste e deste como dádiva tua, contemplarás a face do teu irmão e a
reconhecerás. Eu era um forasteiro e me recolheste sem saber quem era eu. Entretanto, pela tua dádiva de lírios, tu saberás. No teu
perdão a esse forasteiro, estranho para ti e no entanto teu Amigo antigo, está a sua liberação e a tua redenção junto com ele . O tem-
po da Páscoa é um tempo de alegria e não de luto. Olha para o teu Amigo ressuscitado e celebra a sua santidade junto comigo. Pois
a Páscoa é o tempo da tua salvação junto com a minha.

II. A dádiva de lírios


1. Olha para todos os adornos feitos para se pendurar pelo corpo, ou para cobri-lo, ou para serem usados por ele. Vê todas as
coisas inúteis feitas para que os olhos do corpo as contemplem. Pensa nas muitas oferendas feitas para o prazer do corpo e lembra-
te que todas essas coisas foram feitas para fazer parecer belo o que tu odeias. Usarias essa coisa odiada para atrair o teu irmão a ti
e para atrair os olhos do seu corpo? Aprende que com isso apenas estás lhe oferecendo uma coroa de espinhos, sem reconhecê-la
pelo que ela é, e tentando justificar a tua própria interpretação do valor que ela tem através da sua aceitação. Entretanto, ainda as-
sim a dádiva proclama que o teu irmão não tem valor para ti, na medida em que a sua aceitação e a delícia com que ele recebe a tua
dádiva são o sinal de que ele próprio se avalia como um ser sem valor.

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UM CURSO EM MILAGRES
2. Dádivas não são feitas através de corpos, se elas são verdadeiramente dadas e recebidas. Pois corpos não podem oferecer
nem aceitar; entregar nem tomar. Só a mente pode dar valor e só a mente pode decidir o que quer receber e dar. E cada dádiva que
a mente oferece depende do que ela quer. Ela irá adornar a casa que escolheu com o maior cuidado, preparando-a para receber as
dádivas que quer, oferecendo-as àqueles que vêm à sua casa preferida ou àqueles que ela quer atrair a essa casa. E lá trocarão
suas dádivas, oferecendo e recebendo aquilo que as suas mentes julgam ser digno deles.
3. Cada dádiva é uma avaliação de quem recebe e de quem dá. Ninguém vê a casa que escolheu senão como um altar a si mes-
mo. Ninguém busca outra coisa senão atrair a ele os adoradores daquilo que foi colocado sobre ele, fazendo com que seja digno da
sua devoção. E cada um fixou uma luz sobre o próprio altar de forma que os outros possam ver o que lá foi depositado e façam com
que seja também propriamente deles. Aqui está o valor que dás ao teu irmão e a ti mesmo. Aqui está a tua dádiva a ambos, o teu
julgamento sobre o Filho de Deus pelo que ele é. Não te esqueças de que é ao teu salvador que a dádiva é oferecida. Oferece -lhe
espinhos e tu és crucificado. Oferece-lhe lírios e é a ti mesmo que libertas.
4. Eu tenho grande necessidade de lírios, pois o Filho de Deus não me perdoou. E posso eu oferecer-lhe perdão quando ele me
oferece espinhos? Pois aquele que oferece espinhos a quem quer que seja, ainda está contra mim e quem pode ser íntegro sem
ele? Sê tu o seu amigo por mim, de modo que eu possa ser perdoado e que possas olhar para o Filho de Deus como um ser íntegro.
Mas, olha primeiro para o altar na casa que tu escolheste e vê o que colocaste sobre ele para oferecer a mim. Se forem espinhos,
cujas pontas brilham friamente em uma luz vermelho-sangue, o corpo é a casa que escolheste e é a separação que me ofereces. E
apesar disso, os espinhos desapareceram. Olha agora mais de perto para eles e verás que o teu altar já não é mais o que era.
5. Ainda olhas com os olhos do corpo e eles não podem ver senão espinhos. No entanto, pediste e recebeste um outro modo de
ver. Aqueles que aceitam o propósito do Espírito Santo como o seu próprio compartilham também a Sua visão. E o que permite ao
Espírito Santo ver o Seu propósito brilhar a partir de cada altar, agora é teu tanto quanto Seu. Ele não vê estranhos, só amigos muito
amados e amorosos. Ele não vê espinhos, apenas lírios resplandecendo na aura gentil da paz que brilha sobre tudo o que Ele co n-
templa e ama. .
6. Nesta Páscoa, contempla o teu irmão com olhos diferentes. Tu me perdoaste. E apesar disso, eu não posso usar a tua dádiva
de lírios enquanto tu não os vires. E nem podes usar o que eu te dei a não ser que o compartilhes. A visão do Espírito Santo não é
uma dádiva vã, não é um jogo para divertir-te por algum tempo e ser posto de lado. Escuta e ouve isso com atenção: não penses
nela como apenas um sonho, um pensamento leviano para brincares ou um brinquedo que de vez em quando pegas e depois deixas
de lado. Pois se fizeres isso, assim será ela para ti.
7. Tens agora visão para olhar todas as ilusões deixando-as para trás. Foi dado a ti não ver espinho algum, estranho algum e
nenhum obstáculo para a paz. O medo de Deus não é nada para ti agora. Quem tem medo de olhar para ilusões sabendo que o seu
salvador está a seu lado? Com ele, a tua visão veio a ser o maior poder para o desfazer das ilusões que o próprio Deus poderi a dar.
Pois o que Deus deu ao Espírito Santo, tu recebeste. O Filho de Deus olha para ti esperando a sua liberação. Pois pediste e rece-
beste a força de olhar para esse obstáculo final e não ver espinhos nem cravos para crucificar o Filho de Deus e coroá-lo rei da mor-
te.
8. A casa que escolheste fica do outro lado, além do véu. Ela foi cuidadosamente preparada para ti e está agora pronta para
receber-te. Não a verás com os olhos do corpo. No entanto, tens tudo o que precisas. A tua casa tem chamado por ti desde o início
dos tempos e nunca deixaste inteiramente de ouvir. Ouviste, mas não sabias como olhar, nem para onde. E agora sabes. Sem ti está
o conhecimento, pronto para ser desvendado e libertado de todo o terror que o manteve oculto. Não existe medo no amor. A canção
da Páscoa é o alegre refrão que diz que o Filho de Deus nunca foi crucificado. Vamos elevar os nossos olhos juntos, não com medo,
mas com fé. E não haverá medo em nós, pois em nossa visão não haverão ilusões, só um caminho para a porta aberta do Céu, a
casa que compartilhamos em quietude e onde vivemos em gentileza e paz como um só, juntos.
9. Não queres que o teu santo irmão te conduza até lá? A sua inocência iluminará o teu caminho, oferecendo-te a luz que guia e
a proteção segura e está brilhando a partir do altar santo dentro dele onde tu depositaste os lírios do perdão. Permite que ele seja
para ti o salvador de todas as ilusões e olha para ele com a nova visão que olha para os lírios e te traz alegria. Nós vamos além do
véu do medo, iluminando o caminho um para o outro. A santidade que nos conduz está dentro de nós assim como a nossa casa.
Dessa forma nós acharemos aquilo que temos que achar segundo Aquele Que nos conduz.
10. Esse é o caminho para o Céu e para a paz da Páscoa, no qual nos unimos na consciência feliz de que o Filho de Deus res-
surgiu do passado e despertou para o presente. Agora ele está livre, ilimitado em sua comunhão com tudo o que está dentro dele.
Agora estão os lírios da sua inocência intocados pela culpa e perfeitamente protegidos do tremor frio do medo assim como da praga
do pecado que faz tudo murchar. A tua dádiva o salvou dos espinhos e dos cravos e o seu braço forte está livre para guiar-te com
segurança através deles e mais além. Caminha com ele agora em regozijo, pois aquele que salva de todas as ilusões veio para sau-
dar-te e conduzir-te para casa com ele.
11. Aqui está o teu salvador e o teu amigo, liberado da crucificação através da tua visão e livre para conduzir-te agora aonde ele
quer estar. Ele não te deixará, nem abandonará aquele que o salvou da dor. E, contentes, tu e teu irmão percorrerão juntos o cami-
nho da inocência, cantando enquanto contemplam a porta aberta do Céu e reconhecem o lar que os chamou. Dá alegremente ao teu
irmão a liberdade e a força para te conduzir até lá. E vem para estar diante do seu altar santo, onde a força e a liberdade esperam,
para oferecer e receber a brilhante consciência que te conduz ao lar. A lâmpada está acesa em ti para o teu irmão. E pelas mesmas
mãos que a deram a ele, tu serás conduzido além do medo até o amor.

III. O pecado como um ajustamento


1. A crença no pecado é um ajustamento. E um ajustamento é uma mudança, uma alteração da percepção ou uma crença se-
gundo a qual o que antes era de um modo, agora foi feito diferente. Todo ajustamento é, portanto, uma distorção e apela para defe-
sas que a mantenham contra a realidade. O conhecimento não requer ajustamentos e, de fato, se perde caso alguma alteração ou
mudança seja empreendida. Pois isso o reduz imediatamente a uma mera percepção, a uma forma de olhar na qual se perde a cer-
teza e a dúvida penetra. Nessa condição defeituosa os ajustamentos são necessários, porque ela não é verdadeira. Quem precisa
se ajustar à verdade, que só exige de cada um o que ele é para ser compreendida?
2. Os ajustamentos de qualquer espécie são do ego. Pois o ego acredita fixamente que todos os relacionamentos dependem de
ajustamentos que fazem deles o que ele quer que sejam. Relacionamentos diretos, nos quais não há interferência, são sempre vis-
tos como perigosos. O ego é o mediador auto-indicado de todos os relacionamentos, fazendo quaisquer ajustamentos que conside-
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UM CURSO EM MILAGRES
rar necessários e interpondo-os entre aqueles que querem se encontrar para mantê-los separados e impedir sua união. É essa inter-
ferência estudada que faz com que seja difícil para ti reconhecer o teu relacionamento santo pelo que ele é.
3. Os santos não interferem com a verdade. Eles não a temem, pois é na verdade que reconhecem a sua santidade e se alegram
com o que vêem. Eles olham para ela diretamente, sem tentar ajustarem-se a ela ou ela a eles. E assim vêem que ela estava neles,
sem ter decidido primeiro aonde queriam que ela estivesse. O olhar dos santos simplesmente coloca uma pergunta e é o que vêem
que lhes reponde. Tu fizeste o mundo e depois te ajustaste a ele e ele a ti. E nem existe nenhuma diferença entre tu e ele em tua
percepção, que fez a ambos.
4. Uma questão simples, entretanto, ainda permanece e necessitada de uma resposta. Gostas do que fizeste? Um mundo de
assassinato e ataque, através do qual teces o teu caminho tímido através de perigos constantes, solitário e assustado, esperando
que no máximo a morte se demore um pouquinho mais para levar-te e desaparecerás. Tu inventaste isso. É um quadro do que pen-
sas que és; de como vês a ti mesmo. Um assassino é assustado e aqueles que matam têm medo da morte. Tudo isso são apenas os
pensamentos amedrontadores daqueles que querem se ajustar a um mundo feito amedrontador pelos seus ajustamentos. E olham
para fora com pesar, a partir do que é triste por dentro e lá vêem a tristeza. Não imaginaste alguma vez como é o mundo realmente
ou como ele se apresentaria através de olhos felizes? O mundo que vês é apenas um julgamento sobre ti mesmo. Ele absolutamen-
te não existe. No entanto, o julgamento deposita sobre ele uma sentença, o justifica e faz com que ele seja real. Tal é o mundo que
vês; um julgamento sobre ti mesmo e feito por ti. Esse retrato doentio de ti mesmo é cuidadosamente preservado pelo ego, é a sua
imagem e ele a ama, colocando-a fora de ti no mundo. E a esse mundo tu tens que te ajustar enquanto acreditares que esse retrato
está do lado de fora e estás à sua mercê. Esse mundo é sem misericórdia e se estivesse fora de ti, de fato, deverias estar amedron-
tado. No entanto, foste tu que o fizeste sem misericórdia e, agora, se a ausência de misericórdia parece olhar de volta para ti, ela
pode ser corrigida.
6. Quem em um relacionamento santo pode permanecer não-santo por muito tempo? O mundo que os santos vêem é uno com
eles, do mesmo modo que o mundo que o ego contempla é como ele. O mundo que os santos vêem é belo porque vêem a própria
inocência no mundo. Eles não disseram ao mundo o que ele era; não fizeram ajustamentos para adequá-lo às suas ordens. Eles
gentilmente o questionaram e sussurraram: ‗O que és tu?‘ E Ele, Que zela por toda a percepção, respondeu. Não tomes o julgame n-
to do mundo como resposta à pergunta: ‗Quem sou eu?‘ O mundo acredita no pecado, mas a crença que o fez como tu o vês não
está fora de ti.
7. Não busques fazer com que o Filho de Deus se ajuste à sua própria insanidade. Há um estranho nele, que vagando descuida-
damente entrou na casa da verdade, e vagando ir-se-á. Ele veio sem um propósito; mas não permanecerá diante da luz resplande-
cente que o Espírito Santo ofereceu e que tu aceitaste. Pois lá o estranho fica desabrigado e tu és bem-vindo. Não perguntes a esse
estranho transeunte: ‗Quem sou eu?‘ Ele é a única coisa em todo o universo que não sabe. No entanto, é a ele que perguntas e é à
sua resposta que queres te ajustar. Esse único pensamento selvagem, feroz em sua arrogância e ao mesmo tempo tão diminuto. e
tão sem significado que passa despercebido pelo universo da verdade, vem a ser o teu guia. Tu te voltas para ele para perguntar o
significado do universo. E à única coisa cega em todo o universo vidente da verdade, perguntas: ‗Como devo eu olhar para o Filho
de Deus?‘
8. Por acaso alguém pede um julgamento a algo que é totalmente desprovido de julgamento? E se fizeste isso, queres acreditar
na resposta e ajustar-te a ela como se fosse a verdade? O mundo para o qual olhas é a resposta que ele te deu e tu lhe deste o po-
der de ajustar o mundo de forma a fazer com que a sua resposta seja verdadeira. Pediste a esse sopro de loucura o significado do
teu relacionamento não-santo e o ajustaste de acordo com a sua resposta insana. Quanto isso vos fez felizes? Tu te encontraste
com teu irmão com alegria para abençoar o Filho de Deus e dar-lhe graças por toda a felicidade que ele vos entregou? Reconheces-
tes o vosso irmão como a dádiva eterna de Deus para convosco? Vistes a santidade que brilhou tanto em ti quanto em teu irmão
para que um abençoasse o outro? Esse é o propósito do vosso relacionamento santo. Não peças os meios de atingi-lo à única coisa
que ainda quer que ele não seja santo. Não dês a ela nenhum poder para ajustar os meios e o fim.
9. Prisioneiros amarrados a pesadas correntes por anos, famintos e abatidos, fracos e exaustos e com os olhos baixos há tanto
tempo na escuridão que não se lembram da luz, não pulam de alegria no instante em que são libertados. Leva tempo para que com-
preendam o que é a liberdade. Tu andaste tateando debilmente na poeira e achaste a mão do teu irmão, incerto quanto a deixá-la ou
a assumir o controle da vida, por tanto tempo esquecida. Fortalece o teu controle e ergue os olhos para o teu forte companheiro, no
qual está o significado da tua liberdade. Ele parecia estar crucificado a teu lado. E, no entanto, a sua santidade permanece intocada
e perfeita; e com ele a teu lado, entrarás hoje mesmo com ele no Paraíso e conhecerás a paz de Deus.
10. Tal é a minha vontade para ti e para o teu irmão e para cada um em relação ao outro e para si mesmo. Aqui só há santidade e
união sem limites. Pois o que é o Céu senão união, direta e perfeita e sem o véu do medo sobre ela? Aqui somos um, olhando com
perfeita gentileza um para o outro e para nós mesmos. Aqui todos os pensamentos de qualquer separação entre nós vêm a ser im-
possíveis. Tu, que eras um prisioneiro na separação, és agora libertado no paraíso. E aqui eu quero me unir a ti, meu amigo, meu
irmão e meu Ser.
11. A tua dádiva para o teu irmão deu-me a certeza de que a nossa união será breve. Compartilha, então, dessa fé comigo e sabe
que ela é justificada. Não existe medo no amor perfeito porque ele não conhece nenhum pecado e tem que olhar para os outros co-
mo para si mesmo. Olhando com a caridade interior o que pode ele temer do exterior? Os inocentes vêem a segurança e os puros
de coração vêem a Deus dentro de Seu Filho e olham para o Filho de modo que Ele os conduza ao Pai. E a que outro lugar iriam
senão aonde querem estar? Tu e teu irmão agora conduzirão um ao outro ao Pai, com a mesma certeza com que Deus criou santo o
Seu Filho e assim o manteve. No teu irmão, está a luz da eterna promessa de Deus da tua imortalidade. Que tu o vejas sem pecado
e não poderá haver medo em ti.

IV. Entrar na arca


1. Nada pode ferir-te a não ser que tu lhe dês o poder de faze-lo. No entanto, tu dás poder assim como as leis desse mundo
interpretam o dar; ao dar, tu perdes. Não te cabe dar qualquer poder. O poder é de Deus, dado por Ele e redespertado pelo Espírito
Santo Que tem o conhecimento de que à medida que dás, tu ganhas. Ele não dá nenhum poder ao pecado e, por conseguinte o
pecado não tem nenhum, e também não dá qualquer poder a seus resultados conforme esse mundo os vê – doença e morte, miséria
e dor. Essas coisas não ocorreram porque o Espírito Santo não as vê e não dá nenhum poder à sua fonte aparente. Assim Ele quer

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UM CURSO EM MILAGRES
te manter livre delas. Sem nenhuma ilusão a respeito do que tu és, o Espírito Santo meramente dá tudo a Deus, Que já deu e rece-
beu tudo o que é verdadeiro. O que não é verdadeiro, Ele não recebeu nem deu.
2. O pecado não tem lugar no Céu, onde seus resultados são desconhecidos e não podem entrar assim como a sua fonte. E
nisso está a tua necessidade de ver o teu irmão sem pecado. Nele está o Céu. Ao invés disso, se nele vires o pecado, o Céu está
perdido para ti. Mas que o vejas tal como é, e o que é teu brilhará a partir dele para ti. O teu salvador só te dá amor, mas o que que-
res receber depende de ti. Está nele não ver todos os teus equívocos e nisso está a sua própria salvação. E o mesmo se dá com a
tua. A salvação é uma lição em dar, assim como o Espírito Santo a interpreta. É o redespertar das leis de Deus em mentes que esta-
beleceram outras leis e lhes deram poder para impor aquilo que Deus não criou.
3. As tuas leis insanas foram feitas para garantir que cometesses equívocos e lhes desses poder sobre ti, aceitando os seus
resultados como o que te é devido de forma justa. O que isso poderia ser senão loucura? E é isso o que queres ver dentro daquele
que vai salvar-te da insanidade? Ele está tão livre disso quanto tu, e na liberdade que vês nele, tu vês a tua própria. Pois isso tu
compartilhas. O que Deus deu segue as Suas leis e apenas as Suas. E nem é possível àqueles que as seguem sofrer com os resul-
tados de qualquer outra fonte.
4. Aqueles que escolhem a liberdade experimentarão apenas os seus resultados. Seu poder é de Deus, e eles o darão apenas
àquilo que Deus deu, para que seja compartilhado com eles. Nada além disso pode tocá-los, pois é somente isso que vêem, compar-
tilhando o seu poder de acordo com a Vontade de Deus. E assim, a sua liberdade é estabelecida e mantida. Ela é mantida através
de toda tentação de aprisionar ou de ser aprisionado. É a essas pessoas, que aprenderam sobre a liberdade, que deves perguntar o
que é a liberdade. Não perguntes ao pardal como a águia se eleva aos ares, pois aqueles que têm asas curtas não aceitaram para si
mesmos o poder para compartilharem contigo.
5. Aqueles que não têm pecado dão conforme receberam. Vê, então, o poder da impecabilidade dentro do teu irmão e compar-
tilha com ele o poder da liberação do pecado que ofereceste a ele. A cada um que caminha sobre essa terra em aparente solidão é
dado um salvador, cuja função especial aqui é liberá-lo e, assim, libertar a si mesmo. No mundo da separação, cada um é designado
separadamente, embora todos sejam o mesmo. Entretanto, aqueles que têm o conhecimento de que todos são o mesmo, não ne-
cessitam de salvação. E cada um acha seu salvador quando está pronto para olhar para a face de Cristo e vê-Lo sem pecado.
6. O plano não vem de ti, nem é necessário que te preocupes com qualquer coisa exceto a parte que te foi dada para aprender.
Pois Ele, Que conhece o resto, encarregar-se-á dele sem a tua ajuda. Mas não penses que Ele não precisa da tua parte para ajudar-
te com o resto. Pois na tua parte está tudo, sem ela nenhuma parte é completa, nem o todo é completo sem a tua parte. Na arca da
paz só entram dois a dois, no entanto, o início de um outro mundo vai com eles. Cada relacionamento santo tem que entrar aqui para
aprender a sua função especial no plano do Espírito Santo, agora que compartilha o Seu propósito. E na medida em que esse pro-
pósito é cumprido, um novo mundo se ergue no qual o pecado não pode entrar, onde o Filho de Deus pode entrar sem medo, e onde
ele descansa um pouco para esquecer a prisão e lembrar-se da liberdade. Como pode ele entrar para descansar e relembrar sem ti?
A não ser que tu estejas lá, ele não está completo. E é da própria completeza que ele se lembra estando lá.
7. Esse é o propósito que vos é dado. Não penseis que o vosso perdão ao vosso irmão só serve para vós. Pois todo o mundo
novo descansa nas mãos de cada dois irmãos que aqui entram para descansar. E à medida que descansam, a face de Cristo res-
plandece sobre eles e se lembram das leis de Deus, esquecendo-se de todo o resto e ansiando apenas que as Suas leis sejam
cumpridas perfeitamente neles e em todos os seus irmãos. Pensas que quando isso tiver sido realizado descansarás sem eles? Não
poderias deixar de fora nenhum deles, assim como eu não poderia deixar-te e esquecer parte de mim mesmo.
8. Podes perguntar a ti mesmo como podes estar em paz quando, já que estás no tempo, há tanto para ser feito antes que o
caminho para a paz esteja aberto. Talvez isso pareça impossível para ti. Mas pergunta a ti mesmo se é possível que Deus tenha um
plano para a tua salvação que não funcione. Uma vez que tiveres aceito o Seu plano como a única função que queres cumprir, nada
mais haverá que o Espírito Santo não arranje para ti sem o teu esforço. Ele irá diante de ti endireitando as tuas veredas e não dei-
xando em teu caminho nenhuma pedra em que possas tropeçar, nenhum obstáculo para impedir o teu passo. Nada do que necessi-
tes te será negado. Nenhuma dificuldade aparente deixará de se desvanecer antes que a alcances. Não precisas pensar em nada,
descuidado de todas as coisas, exceto do único propósito que queres realizar. Como ele te foi dado, assim também será a sua reali-
zação. A garantia de Deus se manterá contra todos os obstáculos, pois ela descansa na certeza e não na contingência. Ela descan-
sa em ti. E o que pode ser mais certo do que um.Filho de Deus?

V. Arautos da eternidade
1. Nesse mundo, o Filho de Deus se aproxima o máximo possível de si mesmo em um relacionamento santo. Lá começa a achar
a certeza que o seu Pai tem em relação a ele. E lá acha a sua função de restaurar as leis de seu Pai naquilo que era mantido fora
delas e de achar o que estava perdido. Só no tempo é possível que alguma coisa seja perdida e nunca perdida para sempre. Assim
as partes do Filho de Deus gradualmente se unem no tempo e, com cada união, o fim do tempo chega mais perto. Cada milagre de
união é um poderoso arauto da eternidade. Ninguém que tenha um propósito único, unificado e seguro pode ter medo. Ninguém que
compartilhe o seu propósito com ele, pode deixar de ser um com ele.
2. Cada arauto da eternidade canta o fim do pecado e do medo. Cada um fala no tempo do que está muito além do tempo. Duas
vozes que se erguem juntas tocam os corações de todos para que possam bater como um só. E nesta batida única do coração está
proclamada a unidade do amor e ela é recebida com boas-vindas. Paz ao teu relacionamento santo, que tem o poder de manter a
unidade do Filho de Deus. Tu dás ao teu irmão por todos e na tua dádiva todos passam a ser contentes. Não esqueças Quem te deu
as dádivas que dás e não te esquecendo disso, vais lembrar Quem deu as dádivas a Ele para que Ele as desse a ti.
3. É impossível superestimar o valor do teu irmão. Só o ego faz isso, mas tudo o que ele quer dizer é que quer o outro para si
mesmo e, portanto, o valoriza muito pouco. O que é inestimável com toda a clareza não pode ser avaliado. Reconheces o medo que
surge da tentativa sem significado de julgar o que está tão além do teu julgamento que nem sequer és capaz de vê-lo? Não julgues o
que é invisível para ti ou nunca o verás, mas espera com paciência pela sua vinda. Será dado a ti ver o valor do teu irmão quando
tudo o que quiseres para ele for a paz. E o que queres para ele, tu receberás.
4. Como podes estimar o valor daquele que te oferece a paz? Que irias querer exceto o seu oferecimento? O seu valor foi esta-
belecido pelo seu Pai e tu o reconhecerás à medida que receberes a dádiva do seu Pai através dele. O que está nele resplandecerá
com tanto brilho na tua visão agradecida que simplesmente o amarás e ficarás contente. Não pensarás em julgá-lo, pois quem veria

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UM CURSO EM MILAGRES
a face de Cristo e ainda assim insistiria que o julgamento tem significado? Pois essa insistência pertence àqueles que não vêem. A
tua escolha é a visão ou o julgamento, mas nunca ambos.
5. O corpo do teu irmão tem tão pouca utilidade para ti como para ele. Quando só é usado de acordo com o que o Espírito Santo
ensina, ele não tem função. Pois as mentes não necessitam do corpo para se comunicarem. A vista que vê o corpo não tem utilidade
nenhuma que sirva ao propósito de um relacionamento santo. E enquanto olhares para o teu irmão assim, os meios e o fim não terão
sido alinhados. Por que são necessários tantos instantes santos para permitir que isso seja realizado quando um bastaria? Só há
um. O pequeno sopro de eternidade que corre através do tempo como luz dourada é sempre o mesmo; não há nada antes dele, não
há nada depois.
6. Tu olhas para cada instante santo como um ponto diferente no tempo. Ele nunca muda. Tudo o que ele jamais conteve e
jamais irá conter está aqui exatamente agora. O passado nada toma do instante santo e o futuro nada adicionará. Aqui, então, está
tudo. Aqui está a beleza do teu relacionamento, com o meio e fim já em perfeita harmonia. Aqui está a fé perfeita que um dia
oferecerás ao teu irmão já oferecida a ti; aqui já foi dado o perdão sem limites que tu darás a ele e a face de Cristo, que ainda
contemplarás, também já foi vista.
7. Podes avaliar o doador de uma dádiva como essa? Trocarias essa dádiva por qualquer outra? Essa dádiva faz retornarem as
leis de Deus à tua lembrança. E simplesmente lembrando-as, as leis que te mantinham como prisioneiro da dor e da morte têm que
ser esquecidas. Essa não é uma dádiva que te é oferecida pelo corpo do teu irmão. O véu que esconde a dádiva também o esconde.
Ele é a dádiva e, no entanto, ele não tem conhecimento disso. Tu também não tens. Contudo, tem fé que Aquele Que vê a dádiva em
ti e no teu irmão vai oferecê-la e recebê-la por ambos. E através da Sua visão tu a verás, e através da Sua compreensão tu a
reconhecerás e a amarás como algo que é propriamente teu.
8. Sê consolado e sente o Espírito Santo velando por ti com amor e perfeita confiança no que Ele vê. Ele conhece o Filho de
Deus e compartilha a certeza do seu Pai de que o universo descansa em suas mãos gentis em segurança e em paz. Vamos levar
agora em consideração o que ele precisa aprender para compartilhar a confiança de seu Pai nele. O que é ele, para que o Criador
do universo o ofereça a ele e tenha o conhecimento de que tudo descansa em segurança? Ele não olha para si mesmo assim como
seu Pai o conhece. E, no entanto, é impossível que a confiança de Deus tenha sido depositada equivocadamente.

VI. O templo do Espírito Santo


1. O significado do Filho de Deus está unicamente em seu relacionamento com o seu Criador. Se esse significado se encontras-
se em qualquer outro lugar, estaria baseado na contingência, mas não há nada mais. E esse relacionamento é totalmente amoroso e
eterno. Entretanto, o Filho de Deus inventou um relacionamento não-santo entre ele e seu Pai: o seu relacionamento real é um rela-
cionamento de união perfeita e de continuidade ininterrupta. O relacionamento que ele construiu é parcial, auto-centrado, partido em
fragmentos e cheio de medo. O que foi criado pelo seu Pai é totalmente auto-abrangente e auto-extensivo. O que foi feito por ele é
totalmente auto-destrutivo e auto-limitador.
2. Nada é melhor para mostrar o contraste do que a experiência de ambos, de um relacionamento santo e de um relacionamento
não-santo. O primeiro baseia-se no amor e descansa nele, sereno e imperturbado. O corpo não interfere. Qualquer relacionamento
no qual o corpo entre não se baseia no amor, mas na idolatria. O amor deseja ser conhecido, completamente compreendido e com-
partilhado. Ele não tem segredos, nada que queira manter à parte e esconder. Ele caminha à luz do sol, de olhos abertos e em cal-
ma, com um sorriso de boas-vindas e uma sinceridade tão simples e tão óbvia que não pode ser interpretada equivocadamente.
3. Mas ídolos não compartilham. Os ídolos aceitam, mas nunca dão em retomo. Eles podem ser amados, mas não podem amar.
Não compreendem aquilo que lhes é oferecido e qualquer relacionamento no qual entrem perdeu o seu significado. O amor por eles
tornou o amor sem significado. Vivem em segredo, odeiam a luz do sol e ficam felizes na escuridão do corpo, onde podem esconder-
se e manter escondidos os seus segredos junto com eles. E não têm relacionamentos, pois ninguém mais, é bem vindo ali. Não sor-
riem para ninguém e não vêem aqueles que sorriem para eles.
4. O amor não tem templos escuros onde mistérios são mantidos na obscuridade e escondidos do sol. Ele não busca poder, mas
relacionamentos. O corpo é a arma escolhida pelo ego para buscar poder através dos relacionamentos. E seus relacionamentos são
necessariamente não-santos, pois o que são, ele nem sequer vê. Ele só os quer pelas ofertas através das quais prosperam os seus
ídolos. O resto ele simplesmente joga fora, pois tudo o que poderiam lhe oferecer é visto como sem valor. Sem lar, o ego busca tan-
tos corpos quantos puder colecionar para neles colocar os seus ídolos e assim estabelecê-los como templos para si mesmo.
5. O templo do Espírito Santo não é um corpo, mas um relacionamento. O corpo é uma mancha isolada feita de escuridão, uma
câmara secreta e oculta, um ponto diminuto de mistério sem sentido, um invólucro sem significado cuidadosamente protegido, mas
que nada esconde. Aqui o relacionamento não-santo escapa à realidade e busca migalhas para manter-se vivo. Ele quer arrastar os
seus irmãos para cá, mantendo-os aqui em sua própria idolatria. Aqui ele está ―a salvo‖ porque aqui o amor não pode entrar. O Espí-
rito Santo não constrói os seus templos aonde o amor nunca pode estar. Iria Ele, Que vê a face de Cristo, escolher como seu lar o
único lugar em todo o universo onde ela não pode ser vista?
6. Não podes fazer do corpo o templo do Espírito Santo e ele nunca será a sede do amor. Ele é o lar do idólatra e da condena-
ção do amor. Pois aqui o amor se faz amedrontador e a esperança é abandonada. Mesmo os ídolos que são adorados aqui estão
envoltos em mistério e mantidos à parte daqueles que os adoram. Esse é o templo dedicado à negação dos relacionamentos e da
reciprocidade. Aqui é o ‗mistério‘ da separação percebido no temor e mantido na reverência. O que Deus não quer que seja, aqui é
mantido ‗a salvo‘ de Deus. Mas o que não reconheces é que aquilo de que tens medo no teu irmão e não queres ver, é o que faz
com que Deus pareça amedrontador para ti e continue sendo um desconhecido.
7. Os idólatras sempre terão medo do amor, pois nada os ameaça tão severamente quanto a aproximação do amor. Deixa que o
amor se aproxime deles e não vejas o corpo, como o amor certamente fará, e recuarão no medo sentindo o fundamento aparente-
mente firme de seu templo começar a tremer e ruir. Irmão, tu tremes com eles. No entanto, o que temes não é senão o arauto da
liberação. Esse lugar de escuridão não é a tua casa. O teu templo não está ameaçado. Lá não és mais um idólatra. O propósito do
Espírito Santo está seguro no teu relacionamento e não no teu corpo. Tu escapaste do corpo. Onde estás, o corpo não pode entrar,
pois o Espírito Santo lá estabeleceu o Seu templo.
8. Não há ordem alguma nos relacionamentos. São ou não são. Um relacionamento não-santo não é um relacionamento. É um
estado de isolamento que parece ser o que não é. Nada mais do que isso. No instante em que a idéia louca de fazer com que o teu
relacionamento com Deus não fosse santo pareceu ser possível, todos os teus relacionamentos tornaram-se sem significado. Nesse
151
UM CURSO EM MILAGRES
instante não-santo, nasceu o tempo e os corpos foram feitos para abrigar essa idéia louca dando-lhe a ilusão de realidade. E assim
ela pareceu ter um lar que se manteve por um pequeno espaço de tempo e sumiu. Pois o que poderia abrigar essa idéia insana con-
tra a realidade a não ser por um instante?
9. Os ídolos têm que desaparecer e não deixar nenhum vestígio de sua passagem. O instante não-santo do seu poder aparente
é frágil como um floco de neve, mas não tem a sua beleza. É esse o substituto que tu queres para a bênção eterna do instante santo
e sua beneficência sem limites? É a malevolência do relacionamento não-santo, aparentemente tão poderosa, tão amargamente mal
interpretada e tão investida de falsa atração, o que preferes no lugar do instante santo que te oferece paz e compreensão? Então,
deixa de lado o corpo é o transcende em quietude, erguendo-te para dar as boas-vindas ao que realmente queres. E do teu templo
santo, não olhes para trás para aquilo de que despertaste. Pois nenhuma ilusão pode atrair a mente que as transcendeu e as deixou
muito atrás.
10. O relacionamento santo reflete o verdadeiro relacionamento que o Filho de Deus tem com seu Pai na realidade. O Espírito
Santo descansa dentro dele na certeza de que durará para sempre. Seu fundamento firme é eternamente mantido pela verdade e o
amor brilha sobre ele com o sorriso gentil e a bênção terna que oferece aos seus. Aqui o instante não-santo é trocado alegremente
pelo instante santo no qual a reciprocidade é segura. Aqui o caminho para os relacionamentos verdadeiros está gentilmente aberto,
através do qual tu e teu irmão caminham juntos deixando o corpo para trás com gratidão e descansando nos Braços Eternos. Os
braços do amor estão abertos para vos receber e vos dar paz para sempre.
11. O corpo é o ídolo do ego; a crença no pecado que se fez carne e então se projetou para fora. Isso produz o que parece ser
uma parede de carne em torno da mente, mantendo-a prisioneira em um ponto diminuto de espaço e tempo, devedora para com a
morte, e tudo que lhe é dado é apenas um instante no qual suspirar, se lamentar e morrer em honra ao seu patrão. E esse instante
não-santo parece ser a vida: um instante de desespero, uma diminuta ilha de areia seca, sem água e estabelecida de forma incerta
no esquecimento. Aqui o Filho de Deus pára por um breve momento para oferecer a sua devoção aos ídolos da morte e, então, se-
guir adiante. E aqui ele está mais morto do que vivo. Entretanto, é também aqui que ele faz novamente a sua escolha entre a idola-
tria e o amor. Aqui lhe é dado escolher entre passar esse instante pagando tributos ao corpo ou permitir que lhe seja dada a liberda-
de em relação a isso. Aqui, ele pode aceitar o instante santo que lhe é oferecido para substituir o não-santo que escolheu anterior-
mente. E aqui ele pode aprender que relacionamentos são a sua salvação e não a sua perdição.
12. Tu, que estás aprendendo isso, podes ainda estar amedrontado, mas não estás imobilizado. O instante santo agora é de maior
valor para ti do que o que parece ser a sua contraparte não-santa e aprendeste que realmente só queres um dos dois. Essa não é
hora de tristeza. Talvez confusão, mas dificilmente desânimo. Tens um relacionamento real e ele tem significado. Ele é como o teu
relacionamento real com Deus, assim como coisas iguais se parecem entre si. A idolatria ficou para trás e não tem significado. Talvez
ainda tenhas um pouco de medo do teu irmão, talvez uma sombra do medo de Deus ainda permaneça contigo. No entanto, o que é
isso para aqueles a quem foi dado um relacionamento verdadeiro além do corpo? É possível que sejam por muito tempo detidos sem
olhar para a face de Cristo? E é possível que por muito tempo mantenham a memória do seu relacionamento com o Pai afastada de
si mesmos e a lembrança do Seu Amor à parte da própria consciência?

VII. A consistência entre meios e fim


1. Muito dissemos a respeito das discrepâncias entre meios e fim e de como eles têm que ser alinhados antes que o teu relacio-
namento santo possa te trazer só alegria. Mas nós dissemos também que o meio para cumprir a meta do Espírito Santo virá da
mesma Fonte da qual vem o Seu propósito. Sendo tão simples e direto, esse curso nada tem em si que não seja consistente. As
inconsistências aparentes ou aquelas partes que achas mais difíceis do que as outras são apenas indicações de áreas onde os mei-
os e o fim ainda são discrepantes. E isso produz grande desconforto. Isso não precisa ser assim. Esse curso não requer quase nada
de ti. É impossível imaginar outro que peça tão pouco ou que possa oferecer mais.
2. O período de desconforto que se segue à mudança repentina do pecado para a santidade em um relacionamento pode estar
agora quase no final. Na medida em que ainda o experimentas, estás recusando-te a deixar os meios Àquele Que mudou o propósi-
to. Reconheces que queres a meta. Não estás também disposto a aceitar os meios? Se não estás, vamos admitir que tu és inconsis-
tente. Um propósito se atinge através de meios e se queres um propósito tens que estar disposto a querer também os meios. Como
é possível uma pessoa ser sincera e dizer: ‗Quero isso acima de tudo, no entanto, não quero aprender os meios de conseguir isso?‘
3. Para obter a meta, o Espírito Santo de fato pede pouco. Ele não pede mais para dar os meios também. Os meios são secun-
dários em relação à meta. E quando hesitas é porque o propósito te assusta, não os meios. Lembra-te disso, pois de outro modo
cometerás o erro de acreditar que os meios são difíceis. No entanto, como podem ser difíceis se simplesmente te são dados? Eles
garantem a meta e estão perfeitamente alinhados com ela. Antes de olharmos para eles um pouco mais de perto, lembra-te que se
pensas que os meios são impossíveis, a tua vontade de alcançar o propósito foi abalada. Pois se é possível alcançar uma meta, os
meios para se fazer isso têm que ser igualmente possíveis.
4. É impossível ver o teu irmão sem pecado e ainda assim olhar para ele como se fosse um corpo. Isso não é perfeitamente con-
sistente com a meta da santidade? Pois a santidade é apenas o resultado de se permitir que os efeitos do pecado sejam suspensos
de forma que o que sempre foi verdadeiro seja reconhecido. Ver um corpo sem pecado é impossível, pois a santidade é positiva e o
corpo é simplesmente neutro. Ele não é pecaminoso, mas também não é sem pecado. Como o nada que é, o corpo não pode ser
significativamente investido dos atributos de Cristo ou do ego. Qualquer um dos dois inevitavelmente seria um erro, pois ambos colo-
cariam os atributos onde eles não podem estar. E ambos têm que ser desfeitos para os propósitos da verdade.
5. O corpo é o meio pelo qual o ego tenta fazer com que o relacionamento não-santo pareça real. O instante não-santo é a hora
dos corpos. Mas aqui o propósito é o pecado. Ele não pode ser atingido a não ser em ilusões e, assim, a ilusão de um irmão como se
fosse um corpo está bastante de acordo com o propósito da não santidade. Devido a essa consistência, o meio permanece sem ser
questionado enquanto o fim é valorizado. O que se vê se adapta ao que se deseja; pois a vista sempre é secundária ao desejo. E se
vês o corpo, escolheste o julgamento e não a visão. Pois a visão, como os relacionamentos, não tem nenhuma ordem. Vês ou não
vês.
6. Aquele que vê o corpo de um irmão fez um julgamento sobre ele e não o vê. Ele não o vê realmente como um pecador, ele
não o vê de jeito nenhum. Na escuridão do pecado, ele é invisível. Ele apenas pode ser imaginado na escuridão e é aqui que as
ilusões que manténs a seu respeito não se adaptam à sua realidade. Aqui as ilusões e a realidade são mantidas separadas. Aqui as
ilusões nunca são trazidas à verdade e sempre são escondidas em relação a ela. E aqui, na escuridão, a realidade do teu irmão é

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UM CURSO EM MILAGRES
imaginada como um corpo, em relacionamentos não-santos com outros corpos, servindo à causa do pecado por um instante antes
que ele morra.
7. Há de fato uma diferença entre esse imaginar vão e a visão. A diferença não está neles mesmos, mas no seu propósito. Não
são senão meios, cada um apropriado ao fim para o qual é empregado. Nenhum dos dois pode servir ao propósito do outro, pois
cada um é a escolha de um propósito, empregado em seu nome. Cada um é sem significado sem o fim para o qual foi destinado e
nem tem qualquer valor como uma coisa separada, à parte da intenção. Os meios parecem reais porque a meta é valorizada. E o
julgamento não tem valor a não ser que a meta seja o pecado.
8. Não se pode olhar para o corpo a não ser através do julgamento. Ver o corpo é sinal de que te falta visão e de que negaste o
meio que o Espírito Santo te oferece para servir ao Seu propósito. Como é possível que um relacionamento santo atinja seu propó-
sito através dos meios do pecado? O julgamento, tu ensinaste a ti mesmo; a visão é aprendida com Ele, Que quer desfazer o teu
ensinamento. A Sua visão não pode ver o corpo porque não pode olhar para o pecado. E assim ela te conduz à realidade. O teu ir-
mão santo não é nenhuma ilusão e vê-lo é a tua liberação. Tenta não vê-lo na escuridão, pois lá o que imaginas a seu respeito pare-
cerá real. Fechaste os teus olhos para excluí-lo. Tal foi o teu propósito e enquanto esse propósito parecer ter um significado, os mei-
os para alcançá-lo serão avaliados como dignos de serem vistos e, assim, tu não verás.
9. A tua questão não deveria ser ‗Como posso ver o meu irmão sem o corpo?‘ Apenas pergunta: ‗Realmente desejo vê-lo sem
pecado?‘ E ao perguntares, não te esqueças de que é vendo a sua impecabilidade que tu escaparás do medo. A salvação é a meta
do Espírito Santo. O meio é a visão. Pois aqueles que vêem, olham para o que é sem pecado. Ninguém que ame pode julgar e o que
ele vê está livre de qualquer condenação. E o que ele vê, ele não fez, pois lhe foi dado para que ele veja, assim como lhe foi dada a
visão que fez com que fosse possível ver.

VIII. A visão da impecabilidade


1. A visão virá a ti primeiramente em vislumbres, mas eles serão suficientes para te mostrar o que é dado a ti que vês o teu irmão
sem pecado. A verdade te é restituída através do teu desejo, assim como foi perdida para ti através do teu desejo por uma outra coi-
sa. Abre o lugar santo que fechaste por valorizar essa ‗outra coisa‘ e aquilo que nunca foi perdido retornará em quietude. Foi guarda-
do para ti. A visão não seria necessária se o julgamento não tivesse sido feito. Deseja agora que ele seja desfeito totalmente e isso
será feito para ti.
2. Não queres conhecer a tua própria Identidade? Não gostarias de trocar alegremente as tuas dúvidas pela certeza? Não tens
vontade de ficar livre da miséria e aprender de novo sobre a alegria? O teu relacionamento santo te oferece tudo isso. Assim como
ele te foi dado, também o serão os seus efeitos. E assim como seu propósito santo não foi feito por ti, o meio pelo qual o final feliz
deste relacionamento é teu também não vêm de ti. Regozija-te naquilo que vem a ser teu se apenas pedires e não penses que pre-
cisas fazer nem os meios nem o fim. Tudo isso é dado a ti; que não queres senão ver o teu irmão sem pecado. Tudo isso é dado,
esperando apenas que não desejes senão receber. A visão é dada livremente àqueles que pedem para ver.
3. A impecabilidade do teu irmão te é dada em luz brilhante, para ser contemplada com a visão do Espírito Santo e para que tu te
regozijes nela junto com Ele. Pois a paz virá a todos os que pedem por ela com desejo real e sinceridade de propósito, propósito
esse que é compartilhado com o Espírito Santo e uno com Ele no que é a salvação. Assim sendo, que estejas disposto a ver o teu
irmão sem pecado, para que Cristo possa se erguer diante da tua visão e te dar alegria. E não deposites nenhum valor no corpo do
teu irmão que o prende a ilusões do que ele é. Ele deseja ver a sua impecabilidade, assim como tu. E abençoa o Filho de Deus no
teu relacionamento e não vejas nele o que tu fizeste dele.
4. O Espírito Santo garante que o que foi a Vontade de Deus para ti e o que Ele te deu será teu. Esse é o teu propósito agora, e
a visão que o faz teu está pronta para ser dada. Tens a visão que te capacita a não ver o corpo. E ao olhares para o teu irmão, verás
um altar ao teu Pai, santo como o Céu, cintilando de pureza radiante e reluzindo com os lírios brilhantes que colocaste sobre ele. O
que é que pode ter mais valor do que isso para ti? Por que pensas que o corpo é uma casa melhor, um abrigo mais seg uro para o
Filho de Deus? Por que preferes olhar para ele do que para a verdade? Como é possível que a máquina da destruição seja preferida
e escolhida para substituir o lar santo que o Espírito Santo oferece, aonde Ele irá habitar contigo?
5. O corpo é o sinal da fraqueza, da vulnerabilidade e da perda de poder. Pode tal salvador ajudar-te? Na tua aflição e necessi-
tando de ajuda, tu te voltarias para aquele que é impotente para ajudar? Aquilo que é lamentavelmente pequeno é a escolha perfeita
para invocar em busca de força? O julgamento parecerá tomar fraco o teu salvador. No entanto, és tu que necessitas da sua força.
Não há problema, não há evento nem situação, não há perplexidade que a visão não solucione. Tudo é redimido quando contempla-
do com visão. Pois esse não é o teu modo de ver e traz consigo as amadas leis Daquele a Quem essa vista pertence.
6. Tudo o que é olhado com visão vai gentilmente para o lugar que lhe é próprio de acordo com as leis trazidas pelo Seu modo
de ver calmo e certo. O fim de todas as coisas para as quais Ele olha é sempre seguro. Pois irão cumprir o Seu propósito, serão
vistas em formas que não foram ajustadas e são perfeitamente adequadas à realização do propósito. A destrutibilidade torna-se be-
nigna e o pecado se transforma em bênção sob o Seu olhar gentil. O que podem os olhos do corpo perceber com poder de corrigir?
Os olhos do corpo se ajustam ao pecado, incapazes .de deixar de vê-lo sob qualquer forma e o vêem em toda parte, em todas as
coisas. Olha através dos olhos do corpo e tudo diante de ti estará condenado. Tudo o que poderia te salvar, tu nunca verás. O teu
relacionamento santo, a fonte da tua salvação, será privado de significado e seu propósito mais santo ficará destituído do meio para
a sua realização.
7. O julgamento não passa de um brinquedo, um capricho, o meio sem significado de jogar o jogo vão da morte em tua imagina-
ção. Mas a visão corrige todas as coisas, trazendo-as gentilmente para o controle benigno das leis do Céu. O que aconteceria se
reconhecesses que esse mundo é uma alucinação? O que aconteceria se compreendesses realmente que o inventaste? O que a-
conteceria se te desses conta de que aqueles que parecem perambular sobre ele, para pecar e morrer, atacar e assassinar e destruir
a si mesmos, são totalmente irreais? Poderias ter fé no que vês, se aceitasses isso? E queres ver isso?
8. As alucinações desaparecem quando são reconhecidas pelo que são. Essa é a cura e o remédio. Não acredites nelas e desa-
parecerão. E tudo o que precisas fazer é reconhecer que foste tu que fizeste tudo isso. Uma vez que tiveres aceitado esse simples
fato e tomado a ti o poder que lhes deste, estás liberado em relação a elas. Uma coisa é certa: as alucinações servem a um propósi-
to e quando esse propósito já não se mantém, elas desaparecem. Portanto, a questão nunca é saber se tu as queres, mas sempre,
queres o propósito ao qual elas servem? Esse mundo parece oferecer muitos propósitos, cada um diferente e com valores diferen-
tes. No entanto, todos são o mesmo. Mais uma vez, não há nenhuma ordem, apenas uma aparente hierarquia de valores.
153
UM CURSO EM MILAGRES
9. Só dois propósitos são possíveis. E um é o pecado, o outro a santidade. Nada existe no meio e aquele que escolhes determi-
na o que vês. Pois o que vês é simplesmente como escolhes realizar a tua meta. As alucinações servem para realizar a meta da
loucura. Elas são os meios pelos quais o mundo exterior, projetado de dentro, se ajusta ao pecado e parece testemunhar sua reali-
dade. Ainda é verdade que nada existe do lado de fora. No entanto, em cima do nada são feitas todas as projeções. Pois é a proje-
ção que dá ao ‗nada‘ todo o significado que ele contém.
10. O que não tem significado não pode ser percebido. E o significado sempre olha para dentro para achar a si mesmo e depois
olha para fora. Assim, todo o significado que dás ao mundo exterior tem que refletir o que viste internamente; ou melhor, se viste
qualquer coisa ou apenas a julgaste desfavoravelmente. A visão é o meio pelo qual o Espírito Santo traduz os teus pesadelos em so-
nhos felizes, as tuas selvagens alucinações, que te mostram todos os resultados amedrontadores do pecado que imaginas, em ce-
nas calmas e tranqüilizadoras pelas quais Ele quer substituí-los. Estas visões e sons gentis são contemplados com felicidade e ouvi-
dos com alegria. Eles são os Seus substitutos para todas as cenas aterradoras e sons gritantes que o propósito do ego trouxe à tua
consciência horrorizada. Eles se afastam do pecado, lembrando-te que não é a realidade, que te assusta e que os erros que come-
teste podem ser corrigidos.
11. Quando tiveres olhado para o que aparentava ser aterrador e tiveres visto tudo isso se transformar em paisagens de beleza e
paz; quando tiveres olhado cenas de violência e morte e observado que mudaram e vieram a ser panoramas tranqüilos de jardins
sob céus abertos, com a água clara, portadora da vida, correndo alegremente por eles em riachos dançantes que nunca se perdem,
quem precisará persuadir-te a aceitara dádiva da visão? E depois da visão, há alguém que poderia recusar aquilo que necessa-
riamente se segue? Pensa só por um instante apenas nisso: podes contemplar a santidade que Deus deu a Seu Filho. E nunca mais
precisas pensar que há alguma outra coisa para veres.

CAPÍTULO 21 - RAZÃO E PERCEPÇÃO

Introdução
1. A projeção faz a percepção. O mundo que vês é o que deste ao mundo, nada mais do que isso. Mas embora não seja mais do que
isso, não é menos. Portanto, é importante para ti. Ele é a testemunha do teu estado mental, o retrato externo de uma condição
interna. Como um homem pensa, assim ele percebe. Portanto, não busques mudar o mundo, mas escolhe mudar a tua mente sobre
o mundo. A percepção é um resultado e não uma causa. E é por isso que qualquer ordem de dificuldades em milagres é sem
significado. Tudo que é contemplado com visão é curado e santo. Nada percebido sem ela significa coisa alguma. E onde não há
significado, há caos.
2. A condenação é o teu julgamento sobre ti mesmo e isso irás projetar sobre o mundo. Se o vês condenado, tudo o que vês é o
que fizeste para ferir o Filho de Deus. Se contemplas o desastre e a catástrofe, tentaste crucificá-lo. Se vês santidade e esperança,
tu te uniste à Vontade de Deus para libertá-lo. Não há escolha a não ser entre essas duas decisões. E verás a testemunha para a
escolha que fizeste e aprenderás a partir daí a reconhecer qual delas escolheste. O mundo que vês apenas te mostra quanta alegria
te permitiste ver em ti mesmo e aceitar como tua. E se esse é o seu significado, então o poder de dar-lhe alegria não pode deixar de
estar dentro de ti.

I. A canção esquecida
1. Não te esqueças de que o mundo que aqueles que não vêem ‗vêem‘, tem que ser imaginado, pois o seu aspecto real lhes é
desconhecido. Eles têm que inferir o que poderia ser visto de evidência sempre indireta e reconstruir suas inferências à medida em
que tropeçam e caem devido ao que não reconheceram, ou podem caminhar sem danos através de portas abertas que pensavam
estar fechadas. E o mesmo acontece contigo. Tu não vês. Os teus dados para a inferência estão errados e assim tropeças e cais
sobre as pedras que não reconheceste, mas falhas em estar ciente de que podes atravessar as portas que pensavas estarem
fechadas, mas que estão abertas diante de olhos que não vêem, esperando para te dar as boas-vindas.
2. Como é tolo tentar julgar o que poderia ser visto no lugar disso. Não é necessário imaginar como o mundo tem que ser. Ele precisa
ser visto antes que o reconheças pelo que é. E possível te mostrar quais são as portas que estão abertas e podes ver aonde está a
segurança, qual é o caminho que conduz à escuridão e qual é o que conduz à luz. O julgamento sempre te dará direções falsas, mas
a visão te mostra aonde ir. Por que deverias adivinhar?
3. Não há necessidade de aprender através da dor. E lições benignas são aprendidas alegremente e lembradas com contentamento.
O que te dá felicidade, tu queres aprender e não esquecer. Não é isso o que queres negar. A tua questão consiste em saber se os
meios através dos quais esse curso é aprendido te trarão a alegria que ele promete. Se acreditasses que ele te traria, aprendê-lo
não seria nenhum problema. Ainda não és um aprendiz feliz porque ainda permaneces incerto, não tens certeza se a visão te dá
mais do que o julgamento e aprendeste que não podes ter ambos.
4. Os cegos se acostumam a seu mundo por meio de seus ajustamentos a ele. Pensam que conhecem o seu caminho dentro dele.
Eles o aprenderam não através de lições alegres, mas devido à dura necessidade de limites que acreditaram não serem capazes de
superar. E ainda acreditando nisso, gostam dessas lições e prendem-se a elas porque não podem ver. Não compreendem que essas
lições os mantêm cegos. Nisso eles não acreditam. E assim mantêm o mundo que aprenderam a ‗ver‘ em suas imaginações,
acreditando que a sua escolha é essa ou nenhuma. Eles odeiam o mundo que aprenderam através da dor. E pensam que todas as
coisas que estão nesse mundo servem para lembrá-los de que são incompletos e amargamente destituídos.
5. Assim definem as suas vidas e onde vivem, ajustando-se a elas como pensam que devem, com medo de perder o pouco que
possuem. E assim é com todos os que vêem o corpo como tudo o que têm e tudo o que os seus irmãos têm. Eles tentam alcançar
uns aos outros e falham e falham outra vez. E ajustam-se à solidão, acreditando que manter o corpo é salvar o pouco que têm.
Escuta e tenta pensar se te lembras do que vamos falar agora.
6. Escuta, – talvez possas captar um indício de um estado antigo, não totalmente esquecido; vago talvez, mas não
completamente estranho, como uma canção cujo nome há muito foi esquecido e as circunstâncias nas quais a ouviste estão
completamente apagadas. Nem toda a canção ficou em ti, mas apenas um pequeno trecho da melodia, sem ligação com qualquer
pessoa ou local ou com qualquer coisa em particular. Mas te lembras, apenas a partir deste pequeno trecho, como era bela a
canção, como era maravilhoso o cenário em que a ouviste e como amavas aqueles que ali estavam e escutaram contigo.

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UM CURSO EM MILAGRES
7. As notas nada são. No entanto, tu as mantiveste contigo, não por elas mesmas, mas como uma suave lembrança de algo que
te faria chorar se te lembrasses como te foi caro. Poderias lembrar-te, mas tens medo, acreditando que perderias o mundo que
aprendeste desde então. E apesar disso, sabes que nada no mundo que aprendeste tem nem sequer a metade do valor daquilo para
ti. Ouve e vê se te lembras de uma canção antiga que conheceste há muito tempo e da qual gostaste mais do que de qualquer
melodia que tenhas ensinado a ti mesmo a apreciar desde então.
8. Além do corpo, além do sol e das estrelas, além de todas as coisas que vês e ainda assim de algum modo familiar, está um
arco de luz dourada que, à medida que olhas, se alonga em um grande círculo brilhante. E todo o círculo se enche de luz diante dos
teus olhos. Os contornos do círculo desaparecem e o que há dentro já não está mais contido em nada. A luz se expande e cobre
todas as coisas, estendendo-se até à infinidade, para sempre brilhante e sem nenhuma ruptura ou limite em parte alguma. Dentro
dela tudo está unido em perfeita continuidade. E nem é possível imaginar que qualquer coisa pudesse estar fora, pois não há lugar
algum onde essa luz não esteja.
9. Essa é a visão do Filho de Deus, a quem conheces bem. Aqui está o que vê aquele que conhece o seu Pai. Aqui está a
memória do que tu és: uma parte disso, com tudo isso dentro de ti e unido a tudo com a mesma certeza com que tudo está unido em
ti. Aceita a visão que pode te mostrar isso e não o corpo. Conheces a antiga canção e a conheces bem. Nada jamais te será tão caro
como esse antigo hino de amor que o Filho de Deus ainda canta a seu Pai.
10. E agora os cegos podem ver, pois a mesma canção que cantam em honra ao seu Criador glorifica também a eles. A cegueira
que fizeram não será capaz de resistir à memória dessa canção. E contemplarão a visão do Filho de Deus lembrando-se quem é
aquele a respeito do qual estão cantando. O que é um milagre senão essa lembrança? E existe alguém em quem essa memória não
esteja? A luz em um só desperta a luz em todos. E quando a vês em teu irmão, tu estás te lembrando por todos.

II. A responsabilidade pelo que se vê


1. Nós temos repetido quão pouco te é pedido para aprenderes esse curso. Essa mesma boa vontade, que é pouca, é o que
precisas para ter todo o teu relacionamento transformado em alegria, a pequena dádiva que ofereces ao Espírito Santo pela qual Ele
te dá tudo; o muito pouco sobre o qual se baseia a salvação; a diminuta mudança da mente através da qual a crucificação é trans-
formada em ressurreição. E sendo verdadeira, é tão simples que não pode falhar em ser completamente compreendida. Rejeitada,
sim, mas não ambígua. E se escolhes ir contra ela agora, não será porque é obscura, mas porque esse pequeno custo pareceu, no
teu julgamento, ser grande demais para ser pago pela paz.
2. Essa é a única coisa que precisas fazer pela visão, pela felicidade, para ficares livre da dor e escapares completamente do
pecado; para que tudo isso te seja dado. Dize apenas isso, mas dize-o com convição e sem reservas, pois aqui está o poder da sal-
vação:
Eu sou responsável pelo que vejo.
Eu escolho os sentimentos que experimento e eu decido quanto à meta que quero alcançar.
E todas as coisas que parecem me acontecer eu as peço e as recebo conforme pedi.
Não enganes mais a ti mesmo pensando que és impotente diante do que é feito a ti. Apenas reconhece que tens estado equivocado
e todos os efeitos dos teus equívocos desaparecerão.
3. É impossível que o Filho de Deus seja simplesmente conduzido por eventos exteriores a ele. É impossível que os aconteci-
mentos que vêm a ele não tenham sido sua escolha. Seu poder de decisão é o determinante de toda situação na qual ele parece se
achar por acaso ou por acidente. Nenhum acidente ou acaso é possível dentro do universo como Deus o criou, fora do qual não há
nada. Sofre e terás decidido que o pecado era a tua meta. Sê feliz e terás dado o poder de decisão Àquele Que tem que decidir-Se
por Deus por ti. Essa é a pequena dádiva que ofereces ao Espírito Santo e inclusive essa Ele te dá para que a dês a ti mesmo. Pois
através dessa dádiva te é dado o poder de liberar o teu salvador para que ele possa te dar a salvação.
4. Não te ressintas, então, por esse pequeno oferecimento. Nega-o e manténs o mundo da mesma forma como o vês agora.
Entrega-o e tudo o que vês se vai com ele. Nunca tanto foi dado por tão pouco. No instante santo essa troca é efetuada e mantida.
Aqui o mundo que não queres é trazido àquele que queres. E aqui o mundo que queres te é dado porque o queres. Entretanto, para
isso, em primeiro lugar, o poder do teu querer tem que ser reconhecido. Tens que aceitar a força deste poder e não a sua fraqueza.
Tens que perceber que, o que é suficientemente forte para fazer um mundo, pode deixar que ele se vá e pode aceitar a correção, se
estiveres disposto a ver que estavas errado.
5. O mundo que vês não é senão a vã testemunha de que estavas certo. Essa testemunha é insana. Tu a treinaste no testemu-
nho que ela te dá e quando ela o deu de volta a ti, escutaste e te convenceste de que o que ela viu era verdadeiro. Tu fizeste isso a ti
mesmo. Vê apenas isso e verás também como é circular o raciocínio sobre o qual se baseia o teu ‗ver'. Isso não te foi dado. Isso foi
a tua dádiva a ti e ao teu irmão. Assim sendo, que estejas disposto a deixar que ela seja tirada do teu irmão e substituída pela ver-
dade. E à medida em que olhas para a mudança no teu irmão, ser-te-á dado vê-la em ti mesmo. '
6. Talvez não vejas a necessidade que tens de fazer esse pequeno oferecimento. Então, olha mais de perto para o que ele é. E
muito simplesmente vejas nele toda a troca da separação pela salvação. O ego não é mais do que uma idéia segundo a qual é pos-
sível que coisas aconteçam ao Filho de Deus sem a sua vontade e, portanto, sem a Vontade do seu Criador, Cuja Vontade não pode
ser separada da sua própria. O que substitui a vontade do Filho de Deus é isso: uma louca revolta contra o que não pode deixar de
ser para sempre. Essa é a afirmação de que ele tem o poder de tornar Deus impotente, e assim tomar para si o poder de Deus e
deixar-se sem aquilo que tem sido a Vontade de Deus para ele. Essa é a idéia louca que entronizaste sobre os teus altares e adoras.
E qualquer coisa que a ameace parece atacar a tua fé, pois é aqui que ela está investida. Não penses que não tens fé, pois a tua
crença e confiança nisso são, de fato, fortes.
7. O Espírito Santo pode te dar fé na santidade e visão para vê-la com bastante facilidade. Mas não deixaste aberto e desocupa-
do o altar onde é o lugar das dádivas. Onde elas deveriam estar, colocaste os teus ídolos a alguma outra coisa. Tu dás realidade a
essa outra ‗vontade‘, que parece te dizer o que tem que acontecer. E portanto o que te mostraria outra coisa não pode deixar de pa-
recer irreal. Tudo o que te é pedido-é abrir espaço para a verdade. Não te é pedido que faças ou executes o que está além da tua
compreensão. Tudo o que te é pedido é que a deixes entrar; apenas que pares de interferir com o que acontecerá por si mesmo; sim-
plesmente que reconheças de novo a presença do que pensaste que tinhas descartado.

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UM CURSO EM MILAGRES
8. Que estejas disposto, por um instante, a deixar os teus altares livres do que depositaste sobre eles e o que realmente lá está
tu não podes deixar de ver. O instante santo não é um instante de criação, mas de reconhecimento. Pois o reconhecimento vem da
visão e da suspensão do julgamento. Só então é possível olhar para dentro e ver o que tem que estar lá, claramente visível e total-
mente independente de inferência e julgamento. O desfazer não é tarefa tua, mas de fato depende de ti dar boas-vindas a isso ou
não. A fé e o desejo caminham de mãos dadas, pois todas as pessoas acreditam naquilo que querem.
9. Nós já dissemos que o ego faz de conta que a fantasia é real pois essa é a forma como ele lida com aquilo que quer para
fazer com que seja assim. Não há melhor demonstração do poder do querer e, portanto, da fé para fazer com que suas metas pare-
çam reais e possíveis. A fé no irreal conduz a ajustes da realidade de forma a fazê-la adequar-se à meta da loucura. A meta do pe-
cado induz à percepção de um mundo amedrontador para justificar seu propósito. O que desejas, tu verás. E se a sua realidade é
falsa, mantê-la-ás, por não reconheceres todos os ajustes que nela introduziste para fazer com que seja assim.
10. Quando a visão é negada, a confusão de causa e efeito vem a ser inevitável. O propósito agora passa a ser o de manter obs-
cura a causa do efeito e o de fazer o efeito aparecer como a causa. Essa aparente independência do efeito permite que ele seja con-
siderado como algo que existe por si mesmo, e capaz de servir como uma causa para os eventos e sentimentos que aquele que o
fez pensa que ele causa. Anteriormente, nós falamos do teu desejo de criar o teu próprio criador e ser pai ao invés de filho para com
ele. Esse é o mesmo desejo. O Filho é o efeito, cuja Causa ele quer negar. E assim, ele parece ser a causa, produzindo efeitos reais.
Nada pode ter efeitos sem uma causa e confundir os dois simplesmente é falhar na compreensão de ambos.
11. É igualmente necessário que reconheças que fizeste o mundo que vês, assim como que reconheças que não criaste a ti
mesmo. Ambos são o mesmo equívoco. Nada que não tenha sido criado pelo teu Criador tem qualquer influência sobre ti. E se pensas
que o que fizeste pode te dizer o que vês e sentes e se colocas a tua fé na habilidade dessas coisas para fazer com que seja assim,
estás negando o teu Criador e acreditando que fizeste a ti mesmo. Pois se pensas que o mundo que fizeste tem poder para fazer de
ti o que ele quer, estás confundindo Pai e Filho, efeito e Fonte.
12. As criações do Filho são como as do seu Pai. No entanto, ao criá-las o Filho não se ilude achando que é independente de sua
Fonte. A sua união com Ela é a Fonte da sua criação. À parte disso, ele não tem poder de criar e o que faz não tem significado. Não
muda nada na criação, depende inteiramente da loucura daquele que o faz e não pode servir para justificar a loucura. O teu irmão
pensa que fez o mundo contigo. Assim ele nega a criação. Contigo, ele pensa que o mundo que ele fez o fez. Assim, ele nega que
ele o tenha feito.
13. No entanto, a verdade é que tu e teu irmão foram ambos criados por um Pai amoroso, Que os criou juntos e como um só. Vê o
que ‗prova‘ o contrário e negas toda a tua realidade. Mas admite que todas as coisas que parecem se interpor entre vós, mantendo-
vos afastados um do outro e separados do vosso Pai, tu fizeste em segredo e o instante da liberação veio a ti. Todos os seus efeitos
terão desaparecido, porque a sua fonte terá sido descoberta. É a sua aparente independência da sua fonte que te mantém prisionei-
ro. Esse é o mesmo equívoco que pensar que és independente da Fonte pela Qual foste criado e que nunca deixaste.

III. Fé, crença e visão


1. Todos os relacionamentos especiais têm o pecado como sua meta. Pois são barganhas com a realidade, às quais a aparente
união é ajustada. Não te esqueças disso: barganhar é fixar um limite e qualquer irmão com quem tenhas um relacionamento limitado,
tu odeias. Podes tentar manter a barganha em nome da ‗eqüidade‘, algumas vezes exigindo que sejas tu aquele que paga, talvez,
mais freqüentemente, exigindo que o outro pague. Assim, em ‗eqüidade‘, tentas aliviar a culpa que vem do propósito que foi aceito
para o relacionamento. E é por isso que o Espírito Santo tem que mudar o seu propósito de forma a torná-lo útil para Ele e incapaz
de causar danos a ti.
2. Se aceitas essa mudança, terás aceito a idéia de abrir espaço para a verdade. A fonte do pecado se foi. Podes imaginar que
ainda experimentas os seus efeitos, mas não é o teu propósito e já não o queres. Ninguém permite que um propósito seja substituído
enquanto o deseja, pois nada é tão valorizado e protegido quanto uma meta que a mente aceita. Isso ela perseguirá, de forma sinis-
tra ou feliz, mas sempre com fé e com a persistência que a fé inevitavelmente traz. O poder da fé nunca é reconhecido se é colocado
no pecado. Mas sempre é reconhecido se é colocado no amor.
3. Por que é estranho para ti que a fé possa mover montanhas? Essa façanha é, de fato, pequena para tal poder. Pois a fé pode
manter o Filho de Deus acorrentado enquanto ele acreditar que está acorrentado. E quando for libertado dessas correntes, isso se
dará simplesmente porque ele já não mais acredita nelas, retirando a fé em que possam prendê-lo e colocando-a, ao invés disso, na
sua liberdade. É impossível colocar a mesma fé em direções opostas. Qualquer fé que dês ao pecado, retiras da santidade. E aquela
que ofereces à santidade, foi retirada do pecado.
4. Fé, crença e visão são os meios pelos quais a meta da santidade é alcançada. Através delas, o Espírito Santo te conduz ao
mundo real e para longe de todas as ilusões nas quais a tua fé foi depositada. Essa é a Sua direção, a única que Ele jamais vê. E
quando te desvias, Ele te lembra que não existe senão uma. A Sua fé, a Sua crença e a Sua visão, todas elas são para ti. E quando
as tiveres aceito completamente no lugar das tuas, não mais terás necessidade delas. Pois a fé e a visão e a crença têm significado
somente antes de ser alcançado o estado da certeza. No Céu, são desconhecidas. Entretanto, é através delas que se alcança o
Céu.
5. É impossível que falte fé ao Filho de Deus, mas ele pode escolher aonde ela é depositada. A ausência de fé não é falta de fé,
mas fé no nada. Não falta poder à fé que é dada à ilusões, pois é através dela que o Filho de Deus acredita que é impotente. Assim
ele não tem fé em si mesmo, mas é forte na fé em suas ilusões a respeito de si mesmo. Pois a fé, a percepção e a crença tu fizeste
como meios de perder a certeza e achar o pecado. Essa direção louca foi escolha tua e através da tua fé naquilo que escolheste, tu
fizeste o que desejaste.
6. O Espírito Santo tem uma utilidade para todos os meios que conduzem ao pecado, através dos quais buscaste achar o peca-
do. Mas, à medida que Ele os usa, conduzem para longe do pecado porque o Seu propósito está na direção oposta. Ele vê os meios
que usas, mas não o propósito para o qual os fizeste. Ele não os tomaria de ti, pois vê o seu valor como um meio para o que Ele
quer para ti. Tu fizeste a percepção de tal modo que possas escolher entre os teus irmãos e buscar o pecado com eles. O Espírito
Santo vê a percepção como um meio de te ensinar que a visão de um relacionamento santo é tudo o que queres ver. Então, darás a
tua fé à santidade, desejando-a e acreditando nela devido ao teu desejo.
7. A fé e a crença passam a ser ligadas à visão, assim como todos os meios que alguma, vez serviram ao pecado são agora re-
dirigidos para a santidade. Pois o que pensas que é pecado é limitação e aquele que tentaste limitar ao corpo, tu odeias porque te-
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UM CURSO EM MILAGRES
mes. Na tua recusa em perdoá-lo, queres condená-lo ao corpo, porque os meios para o pecado são preciosos para ti. E assim o
corpo tem a tua fé e a tua crença. Mas a santidade quer libertar o teu irmão, removendo o ódio através da remoção do medo, não
como um sintoma, mas na sua fonte.
8. Aqueles que querem libertar os seus irmãos do corpo não podem ter medo. Eles renunciaram ao meio para o pecado, esco-
lhendo permitir que todas as limitações sejam removidas. Como desejam contemplar os seus irmãos em santidade, o poder da sua
crença e fé vê muito além do corpo, dando apoio à visão e não obstruindo-a. Mas, em primeiro lugar, eles escolheram reconhecer o
quanto a sua fé limitava sua compreensão do mundo, desejando colocar o poder dessa fé em outro lugar, caso lhe fosse dado um
outro ponto de vista. Os milagres que se seguem a essa decisão também nascem da fé. Pois a visão é dada a todos aqueles que
escolhem olhar para longe do pecado e eles são conduzidos à santidade.
9. Aqueles que acreditam no pecado têm que pensar que o Espírito Santo pede sacrifício, pois é dessa forma que pensam que o
seu propósito é realizado. Irmão, o Espírito Santo sabe que o sacrifício nada traz. Ele não faz barganhas. E se buscas limitá-Lo, tu O
odiarás, porque estás com medo. A dádiva que Ele te deu é maior do que qualquer outra coisa que exista desse lado do Céu. O ins-
tante para o reconhecimento disso está próximo. Une a tua consciência àquilo que já foi unido. A fé que dás ao teu irmão pode reali-
zar isso. Pois Aquele Que ama o mundo está vendo-o por ti sem uma mancha de pecado, na inocência que faz com que essa vista
seja tão bela quanto o Céu.
10. A tua fé no sacrifício deu a ele grande poder aos teus olhos, só tu não reconheces que não podes ver por causa dele. Pois o
sacrifício tem que ser extraído de um corpo e por outro corpo. A mente não poderia nem pedi-lo nem recebê-lo por si mesma. Assim
como o corpo também não poderia. A intenção está na mente, que tenta usar o corpo para carregar os meios para o pecado nus
quais a mente acredita. Assim, a união do corpo com a mente é uma crença inevitável daqueles que dão valor ao pecado. E assim o
sacrifício é invariavelmente um meio para a limitação e, portanto, para o ódio.
11. Pensas que o Espírito Santo se preocupa com isso? Ele não te dá aquilo que é Seu propósito afastar de ti. Pensas que Ele
quer te privar de algo para o teu próprio bem. Mas ―bem‖ e ―privação‖ são opostos e não podem ser unidos de modo significativo de
forma alguma. Isso é como dizer que a lua e o sol são um só porque eles vêm com a noite e o dia e assim não podem deixar de ser
unidos. Entretanto, ver um não é senão o sinal de que o outro desapareceu de vista. E também não é possível que aquilo que dá a
luz seja uno com aquilo que depende da escuridão para ser visto. Nenhum exige o sacrifício do outro. Porém, cada um depende da
ausência do outro.
12. O corpo foi feito para ser um sacrifício para o pecado e na escuridão ele ainda é visto assim. No entanto, à luz da visão, ele é
contemplado de maneira bastante diferente. Podes ter fé nele para servir à meta do Espírito Santo e dar a ela poder para servir como
meio de ajudar os cegos a ver. Mas ao ver, eles olharão para o que vem depois do corpo, assim como tu. A fé e a crença que deste
ao corpo devem ser colocadas no que está além. Tu deste a percepção, a crença e a fé próprias da mente para o corpo. Deixa que
elas agora sejam devolvidas ao que as produziu e ainda pode usá-las para salvar-se do que fez.

IV. O medo de olhar para dentro


1. O Espírito Santo nunca te ensinará que és pecador. Os erros, Ele corrigirá, mas isso não amedronta ninguém. De fato, tens
medo de olhar para dentro e ver o pecado que pensas estar lá. Isso não terias medo de admitir. O medo em associação com o peca-
do o ego considera bastante apropriado e sorri com aprovação. Ele não tem medo de deixar que te sintas envergonhado. Não duvida
da tua crença e da tua fé no pecado. Seus templos não tremem em função disso. A tua fé em que o pecado lá está apenas testemu-
nha o teu desejo de que ele lá esteja para ser visto. Isso apenas parece ser a fonte do medo.
2. Lembra-te que o ego não está sozinho. O domínio do ego é moderado e seu ‗inimigo‘ desconhecido, a Quem ele nem sequer
pode ver, ele teme. Em alto e bom som o ego te diz que não olhes para dentro, pois se o fizeres, os teus olhos tocarão o pecado e
Deus te trespassará, cegando-te. Acreditas nisso e assim não olhas. No entanto, esse não é o medo que o ego esconde, nem o teu,
que serves a ele. Em alto e bom tom, de fato, o ego reivindica que é, alto demais e com freqüência demais. Pois por detrás desse
grito constante e dessa proclamação frenética, o ego não está certo de que seja assim. Atrás do seu medo de olhar para dentro por
causa do pecado, existe ainda um outro medo, medo esse que faz o ego tremer.
3. O que aconteceria se olhasses para dentro e não visses pecado algum? Essa questão ‗amedrontadora‘ é algo que o ego nun-
ca pergunta. E tu, que a perguntas agora, estás ameaçando todo o sistema defensivo do ego de modo por demais grave para que
ele se incomode em fingir que é teu amigo. Aqueles que se uniram aos seus irmãos desligaram-se da crença em que a sua identida-
de está no ego. Um relacionamento santo é aquele no qual tu te unes com o que é parte de ti mesmo na verdade. E a tua crença no
pecado já foi abalada e agora também não te falta inteiramente a disponibilidade de olhar para dentro e não vê-lo.
4. A tua liberação ainda é apenas parcial, ainda limitada e incompleta, no entanto, já nasceu dentro de ti. Não estando totalmente
louco, tens estado disposto a olhar para grande parte da tua insanidade e reconhecer a loucura disso tudo. A tua fé está se movendo
para dentro, além da insanidade para a razão. E o que a tua razão te diz agora, o ego não quer ouvir. O propósito do Espírito Santo
foi aceito pela parte da tua mente que o ego desconhece. Tu também não a conhecias. E no entanto, essa parte, com a qual agora te
identificas, não tem medo de olhar para si mesma. Ela não conhece pecado algum. De que outro modo poderia estar disposta a ver
como seu o propósito do Espírito Santo?
5. Essa parte viu o teu irmão e o reconheceu perfeitamente desde o início dos tempos. E nada desejou além de unir-se a ele e
ser livre outra vez, como antes fora. Ela tem estado esperando pelo nascimento da liberdade, para que a aceitação da liberação vi-
esse a ti. E agora reconheces que não foi o ego que se uniu ao propósito do Espírito Santo e, portanto, tem que haver alguma outra
coisa. Não penses que isso é loucura. Pois isso é a tua razão que te diz e decorre perfeitamente do que já aprendeste.
6. Não há incoerência alguma naquilo que o Espírito Santo ensina. Esse é o raciocínio dos sãos. Percebeste a loucura do ego e
não te fizeste temeroso, porque não escolheste compartilhá-la. Algumas vezes, ela ainda te engana. No entanto, nos teus momentos
mais sãos, as suas extravagâncias não trespassam o teu coração com terror. Pois reconheceste que todas as dádivas que ele tiraria
de ti, irado por ‗presunçosamente‘ desejares olhar para dentro, tu não queres. Uns poucos badulaques remanescentes ainda pare-
cem cintilar e capturar os teus olhos. Entretanto, não ‗venderias‘ o Céu para possuí-los.
7. E agora o ego está com medo. Entretanto, o que ele ouve com terror, a outra parte ouve como a mais doce música, a canção
que ansiava por ouvir desde que o ego veio à tua mente pela primeira vez. A fraqueza do ego é a sua força. A canção da liberdade,
que canta os louvores de um outro mundo, traz a ela a esperança da paz. Pois ela se lembra do Céu e agora vê que o Céu afinal

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UM CURSO EM MILAGRES
veio à terra, fora do qual o domínio do ego a manteve por tanto tempo. O Céu veio porque achou um lar no teu relacionamento na
terra. E a terra já não pode conter o que foi dado ao Céu como algo que lhe é próprio.
8. Olha gentilmente para o teu irmão e lembra-te que a fraqueza do ego é revelada na vista de ambos. Aquilo que ele quer man-
ter à parte se encontrou e se uniu e olha para o ego sem medo. Pequena criança, inocente do pecado, segue na alegria o caminho
para a certeza. Não te atrases em função da insana insistência do medo, segundo a qual a certeza está na dúvida. Isso não tem
significado. Que importância tem para ti que isso seja proclamado tão alto? O que não tem sentido não se torna significativo pela
repetição e pelo clamor. O caminho da quietude está aberto. Segue-o com felicidade e não questiones o que não pode deixar de ser
assim.

V. A função da razão
1. A percepção seleciona e faz o mundo que vês. Ela literalmente escolhe segundo a direção da mente. As leis de tamanho,
forma, brilho poderiam talvez se manter, se outras coisas fossem iguais. Elas não são iguais. Pois é muito mais provável que descu-
bram aquilo que procuras do que aquilo que preferirias não ver. Nem todos os gritos ásperos e acessos de raiva absurdos do ego
conseguem abafar a suave e quieta Voz por Deus para aqueles que querem ouvi-La. A percepção é uma escolha e não um fato. Mas
dessa escolha depende muito mais do que podes reconhecer por enquanto. Pois da voz que escolhes ouvir e do que escolhes ver
depende inteiramente tudo o que acreditas que és. A percepção é uma testemunha apenas disso e nunca da realidade. No entanto,
ela pode te mostrar as condições nas quais a consciência da realidade é possível ou aquelas nas quais ela nunca seria.
2. A realidade não necessita da tua cooperação para ser o que é. Mas a tua consciência da realidade necessita da tua ajuda,
porque é escolha tua. Escuta o que o ego diz e vê o que ele te dirige para ver e é certo que verás a ti mesmo de forma diminuta, vul-
nerável e cheio de medo. Experimentarás depressão, um senso de indignidade e sentimentos de impermanência e irrealidade. Acre-
ditarás que és uma vítima desamparada de forças que estão muito além do teu próprio controle e que são muito mais poderosas do
que tu. E irás pensar que o mundo que fizeste dirige o teu destino. Pois essa será a tua fé. Mas nunca acredites, por que essa é a
tua fé, que ela faz a realidade.
3. Há uma outra Visão e uma outra Voz nas Quais está a tua liberdade, esperando apenas pela tua escolha. E se Nelas deposi-
tas a tua fé, perceberás um outro ser em ti. Esse outro ser vê milagres como naturais. Eles são tão simples e tão naturais para ele
como é a respiração para o corpo. São a resposta óbvia para os pedidos de ajuda, a única coisa que ele faz. Os milagres não pare-
cem naturais para o ego porque ele não compreende como mentes separadas podem influenciar umas às outras. Nem poderiam
fazê-lo. Mas as mentes não podem ser separadas. Esse outro ser está perfeitamente consciente disso. E assim ele reconhece que
os milagres não afetam a mente de uma outra pessoa, apenas a sua própria. Eles sempre mudam a tua mente. Não há outra.
4. Não reconheces toda a extensão na qual a idéia da separação interferiu com a razão. A razão está no outro ser que cortaste
da tua consciência. E nada do que permitiste que se mantivesse na tua consciência é capaz de razão. Como é possível que o seg-
mento da mente desprovido de razão compreenda o que é a razão ou apreenda a informação que ela quer dar? Todos os tipos de
questões podem surgir dentro dele, mas se a questão básica brota da razão, ele não a perguntará. Como tudo o que brota da razão,
a questão básica é óbvia, simples e permanece sem ter sido colocada. Mas não penses que a razão não poderia respondê-la.
5. O plano de Deus para a tua salvação não poderia ter sido estabelecido sem a tua vontade e o teu consentimento. Ele tem que
ter sido aceito pelo Filho de Deus, pois o que é a Vontade de Deus para ele não pode deixar de ser recebido. Pois a Vontade de
Deus não determina nada à parte dele e nem espera no tempo para ser realizada. Portanto, o que se uniu à Vontade de Deus tem
que estar em ti agora, sendo eterno. Tens que ter reservado um local no qual o Espírito Santo pode habitar e onde Ele está. Ele tem
que ter estado lá desde que surgiu a necessidade de que Ele estivesse e essa foi suprida no mesmo instante. Isso a tua razão te
diria, se escutasses. No entanto, com toda clareza, não é esse o raciocínio do ego. Que a natureza da tua razão seja alheia para o
ego é a prova de que não é nele que vais achar a resposta. No entanto, se isso não pode deixar de ser assim, ela tem que existir. E
se ela existe para ti e tem a tua liberdade como o propósito que lhe foi dado, tens que ser livre para achá-la.
*
6. O plano de Deus é simples, nunca circular e nunca auto-destrutivo . Ele não tem Pensamentos exceto os que estendem o Ser
e nisso tem que estar incluída a tua vontade. Portanto, tem que haver uma parte de ti que conhece a Sua Vontade e a compartilha.
Não tem significado perguntar se o que tem que ser de fato é. Mas tem significado perguntar por que não estás ciente do que és,
pois isso tem que ter uma resposta, se o plano de Deus para a tua salvação é completo. E tem que ser completo, porque a sua Fon-
te não conhece o incompleto.
7. Onde estaria a resposta senão na Fonte? E onde estás senão lá, onde essa mesma resposta se encontra? Por conseguinte a
resposta é a tua Identidade, que é um efeito verdadeiro dessa mesma Fonte tanto quanto a resposta, têm que estar juntas e ser a
mesma. Oh, sim, conheces isso e muito mais do que apenas isso. Entretanto, qualquer parte do conhecimento ameaça a dissocia-
ção tanto quanto todo ele. E todo o conhecimento virá com qualquer uma das partes. Aqui está a parte que podes aceitar. Aquilo que
a razão aponta tu podes ver, porque as testemunhas a seu favor são claras. Só os totalmente insanos podem descartá-las e disso tu
já passaste. A razão é um meio que serve ao propósito do Espírito Santo por seu próprio direito. Ela não é re-interpretada e re-diri-
gida a partir da meta do pecado como são os outros. Pois a razão está além da escala de meios ao alcance do ego.
8. Fé, percepção e crença podem ser mal colocadas e servir às necessidades do grande impostor tão bem quanto servem à ver-
dade. Mas a razão não tem qualquer lugar na loucura e nem pode ser ajustada para se adequar aos seus fins. A fé e a crença são
fortes na loucura, guiando a percepção na direção daquilo que a mente valorizou. Mas a razão não entra nisso de modo algum, pois
a percepção ruiria imediatamente se a razão fosse aplicada. Não há razão na insanidade, pois ela depende inteiramente da ausência
de razão. O ego nunca a usa, porque não reconhece que ela exista. Os que são parcialmente insanos têm acesso a ela e só eles
têm necessidade dela. O conhecimento não depende dela e a loucura a mantém de fora.
9. A parte da mente onde está a razão foi dedicada, pela tua vontade em união com A do teu Pai, ao desfazer da insanidade.
Aqui foi o propósito do Espírito Santo aceito e realizado, as duas coisas simultaneamente. A razão é alheia à insanidade e aqueles
que a usam ganharam um meio que não se pode aplicar ao pecado. O conhecimento está muito além de qualquer tipo de consecu-
ção. Mas a razão pode servir para abrir as portas que fechaste contra ele.

* “God's plan is simple; never circular and never self-defeating. He has no Thoughts excet lhe Self-extending. . .”
Em português é impossível reproduzir o jogo de palavras em torno de „self‟ (ser) que no original é muito significativo.
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UM CURSO EM MILAGRES
10. Tu vieste para bem perto disso. A fé e a crença se deslocaram e colocaste a questão que o ego jamais perguntaria. A tua ra-
zão não te diz agora que a pergunta tem que ter vindo de alguma coisa que não conheces, mas que não pode deixar de te perten -
cer? A fé e a crença, mantidas pela razão, não podem falhar em conduzir à mudança da percepção. E nesta mudança abre-se es-
paço para a visão. A visão estende-se além de si mesma, assim como o propósito ao qual ela serve e todos os meios para a sua
realização.

VI. Razão versus loucura


1. A razão não pode ver o pecado, mas pode ver erros e conduz à sua correção. Ela não os valoriza, mas valoriza a sua corre-
ção. A razão te dirá também que quando pensas que pecas, pedes ajuda. Entretanto, se não quiseres aceitar a ajuda que pedes, não
acreditarás que ela é tua para que a dês. E assim não a darás, dessa forma mantendo o que acreditas. Pois qualquer tipo de erro
não corrigido te engana em relação ao poder que está em ti para fazer a correção. Se o poder pode corrigir e não permites que ele o
faça, tu o negas a ti mesmo e ao teu irmão. E se ele compartilha essa mesma crença, ambos irão pensar que estão condenados.
Isso tu podes evitar para ti mesmo e para ele. Pois a razão não abriria caminho para a correção só para ti.
2. A correção não pode ser aceita ou recusada por ti sem o teu irmão. O pecado quer manter que sim. Entretanto, a razão te diz
que não podes ver o teu irmão ou a ti mesmo como pecador e ainda assim perceber o outro como inocente. Quem se considera cul-
pado e vê um mundo impecável? E quem é capaz de ver um mundo cheio de pecado e considerar a si mesmo como algo à parte? O
pecado quer afirmar que tu e teu irmão não podem deixar de ser separados. Mas a razão te diz que isso tem que estar errado. Se tu
e teu irmão estão unidos, como poderiam ter pensamentos privados? E como seria possível que pensamentos, que entram naquilo
que apenas parece ser só teu, não tenham qualquer efeito naquilo que é teu? Se as mentes são unidas, isso é impossível.
3. Ninguém pode pensar apenas por si, assim como Deus não pensa sem Seu Filho. Só se ambos estivessem em corpos é que
poderia ser assim. E nem a mente seria capaz de pensar só por si mesma a não ser que o corpo fosse a mente. Pois só os corpos
podem ser separados e, portanto, irreais. A casa da loucura não pode ser a casa da razão. Apesar disso, é fácil deixar a casa da
loucura se vês a razão. Não deixas a insanidade pelo fato de ires a algum outro lugar. Tu a deixas simplesmente por aceitar a razão
onde esteve a loucura. Loucura e razão vêem as mesmas coisas, mas é certo que olham para elas de maneira diferente.
4. A loucura é um ataque à razão que a expulsa da mente e toma o seu lugar. A razão não ataca, mas toma o lugar da loucura
em quietude, substituindo a loucura caso a escolha do insano seja escutá-la. 3Mas os insanos não conhecem a própria vontade, pois
acreditam que vêem o corpo e permitem que a sua própria loucura lhes diga que ele é real. A razão seria incapaz disso. E se queres
defender o corpo contra a tua razão, não compreenderás o corpo nem a ti mesmo.
5. O corpo não te separa do teu irmão e, se pensas que ele o faz, estás insano. Mas a loucura tem um propósito e acredita que
também tem os meios de fazer com que o seu propósito seja real. Ver o corpo como uma barreira entre o que a razão te diz que tem
que ser unido, não pode deixar de ser insano. Também não poderias vê-lo, se ouvisses a voz da razão. Pode haver algo que esteja
entre o que é contínuo? E se não há nada no meio, como é possível que o que entra em uma parte seja mantido longe das outras
partes? A razão te diria isso. Mas pensa no que não podes deixar de reconhecer, se isso é assim. .
6. Se escolhes o pecado ao invés da cura, queres condenar o Filho de Deus ao que nunca poderá ser corrigido. Tu lhe dizes,
através da tua escolha, que ele está condenado; separado de ti e do seu Pai para sempre, sem esperança de retornar em seguran-
ça. Tu lhe ensinas isso e aprenderás com ele exatamente o que ensinaste. Pois só és capaz de ensiná-lo que ele é como tu queres
que ele seja e aquilo que escolhes que ele seja, não é senão a tua escolha para ti mesmo. No entanto, não penses que isso é ame-
drontador. Que estás unido a ele é um fato, não uma interpretação. Como pode um fato ser amedrontador a não ser que esteja em
desacordo com o que valorizas mais do que a verdade? A razão te dirá que esse fato é a tua liberação.
7. Nem tu nem o teu irmão podem ser atacados sozinhos. Mas nenhum dos dois pode aceitar um milagre em vez do ataque, sem
que o outro seja abençoado por isso e curado da dor. A razão assim como o amor quer tranqüilizar-te e não busca assustar-te. O
poder de curar o Filho de Deus te é dado porque ele não pode deixar de ser uno contigo. Tu és responsável pela forma como ele vê
a si próprio. E a razão te diz que te é dado mudar toda a sua mente, que é una contigo em apenas um instante. E qualquer instante
serve para trazer a completa correção dos seus erros e torná-lo íntegro. No instante em que escolhes deixar-te curar, nesse mesmo
instante, vês toda a sua salvação completa junto com a tua. A razão te é dada para que compreendas que isso é assim. Pois a ra-
zão, benigna como é o propósito do qual ela é o meio, conduz persistentemente para longe da loucura na direção da meta da verda-
de. E aqui deixarás cair a carga da negação da verdade. Essa é a carga que é terrível e não a verdade.
8. Que tu e teu irmão estejam unidos é a tua salvação, a dádiva do Céu, não a dádiva do medo. O Céu parece ser uma carga
para vós? Na loucura, sim. E, no entanto, o que a loucura vê tem que ser dissipado pela razão. A razão te assegura que o Céu é o
que queres e tudo o que queres. Escuta Aquele Que fala com razão e traz a tua razão para que se alinhe com a Sua. Que estejas
disposto a permitir que a razão seja o meio através do qual Ele te dirigirá quanto ao modo de deixar para trás a insanidade. Não te
escondas por trás da insanidade com o fim de escapar da razão. Aquilo que a loucura quer ocultar, o Espírito Santo ainda exibe para
que todos contemplem com contentamento.
9. Tu és o salvador do teu irmão. Ele é o teu. A razão fala com felicidade a respeito disso. A esse amável plano foi dado amor
pelo Amor. E o que o Amor planeja é como Ele próprio nisso: sendo unido, Ele quer que aprendas o que tu não podes deixar de ser.
E já que és uno com Ele, necessariamente te é dado dar o que foi dado por Ele e ainda continua sendo. Passa, nem que seja ape-
nas um instante, na alegre aceitação do que te é dado para ser dado ao teu irmão e aprende com ele aquilo que foi dado aos dois.
Dar não é mais abençoado do que receber. Mas também não é menos. .. .
10. O Filho de Deus é sempre abençoado como um só. E à medida em que a sua gratidão vai para ti que o abençoaste, a razão te
dirá que é impossível que estejas à parte da bênção. A gratidão que ele te oferece, te lembra das graças que o teu Pai te dá por
completá-Lo. E só aqui a razão te diz que podes compreender o que não podes deixar de ser. O teu Pai está tão perto de ti quanto o
teu irmão. Entretanto, existe algo que possa estar mais perto de ti do que o teu Ser?
11. O poder que tens sobre o Filho de Deus não é uma ameaça à sua realidade. É apenas um testemunho dela. Em que outro lu-
gar, senão em si próprio, poderia estar a sua liberdade, se ele já é livre? E quem poderia prendê-lo a não ser ele mesmo, se nega a
própria liberdade? Não se zomba de Deus; nem tampouco Seu Filho pode ser aprisionado a não ser pelo seu próprio desejo. E é
pelo seu próprio desejo que ele é liberto. Tal é a sua força e não a sua fraqueza. Ele está à mercê de si mesmo. E onde ele escolhe
ser misericordioso, lá é livre. E onde, em vez disso, ele escolhe condenar, lá é mantido como um prisioneiro, esperando acorrentado
o próprio perdão a si mesmo para libertá-lo.
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UM CURSO EM MILAGRES
VII. A última questão sem resposta
1. Não vês que toda a tua miséria vem da estranha crença em que não tens poder? Ser impotente é o custo do pecado. A impo-
tência é a condição do pecado, o único requisito que ele exige para que se acredite nele. Só os impotentes poderiam acreditar nele.
A enormidade não tem apelo nenhum a não ser para o pequeno. E só aqueles que, em primeiro lugar, acreditam que são pequenos,
poderiam ver atrativos nela. Traição ao Filho de Deus é a defesa daqueles que não se identificam com ele. E tu és por ele ou contra
ele, ou o amas ou o atacas, proteges a sua unidade ou o vês despedaçado e abatido pelo teu ataque.
2. Ninguém acredita que o Filho de Deus não tenha poder. E aqueles que se vêem impotentes necessariamente acreditam que
não são o Filho de Deus. O que podem ser exceto seu inimigo? E o que podem fazer exceto invejar o seu poder e pela sua inveja
fazerem-se temerosos em relação a esse poder? Esses são os escuros, silenciosos e temerosos, solitários e incomunicáveis, com
medo de que o poder do Filho de Deus venha a trespassá-los e matá-los e assim erguem contra ele a sua impotência. Eles se unem
ao exército dos impotentes para batalhar na sua guerra de vingança, amargura e despeito contra ele, para torná-lo uno com eles.
Porque não têm o conhecimento de que são unos com ele, não sabem a quem odeiam. Eles são, de fato, um exército pesaroso,
cada um com tanta possibilidade de atacar o seu irmão ou voltar-se contra si mesmo quanto de lembrar que pensavam que tinham
uma causa em comum.
3. Frenéticos, vociferantes e fortes os escuros parecem ser. No entanto, não conhecem o próprio ―inimigo‖, sabem apenas que o
odeiam. No ódio, eles vieram a se juntar, mas não se uniram uns aos outros. Pois caso o tivessem feito, o ódio seria impossív el. O
exército dos impotentes tem que ser dispersado na presença da força. Aqueles que são fortes nunca são traidores porque não têm
necessidade de sonhar com o poder e de encenar o seu sonho. Como poderia um exército atuar em sonhos? Atuaria de qualquer
maneira. Poderia ser visto atacando qualquer pessoa com qualquer coisa. Sonhos não têm razão em si mesmos. Uma flor torna-se
uma lança envenenada, uma criança torna-se um gigante e um camundongo ruge como um leão. E o amor torna-se ódio com a
mesma facilidade. Isso não é um exército, mas uma casa de loucos. O que parece ser um ataque planejado é um hospício.
4. O exército dos impotentes é, de fato, fraco. Ele não tem armas não tem inimigo. Sim, ele pode assolar o mundo e buscar um
Inimigo. Mas jamais pode achar o que não existe. Sim, ele pode sonhar que achou um inimigo, mas esse se deslocará até mesmo no
momento em que for atacado de forma que o exército corre imediatamente para achar outro e nunca vem a descansar na vitória. E,
à medida em que corre, volta-se contra si mesmo, pensando que capturou um vislumbre do grande inimigo, que sempre esquiva-se
do seu ataque assassino tornando-se alguma outra coisa. Como parece traiçoeiro esse inimigo que muda tanto a ponto de ser im-
possível reconhecê-lo.
5. No entanto, o ódio tem que ter um alvo. Não pode haver fé no pecado sem um inimigo. Quem, entre aqueles que acreditam no
pecado, ousaria acreditar que não tem um inimigo? Poderia ele admitir que ninguém o tornou impotente? A razão com certeza lhe
proporia não mais buscar o que não existe para ser achado. Entretanto, é preciso que, em primeiro lugar, ele esteja disposto a per-
ceber um mundo onde isso não exista. Não é necessário que compreenda como poderá vê-lo. Nem deveria tentar. Pois se focaliza
em algo que não pode compreender, apenas ressaltará a sua própria impotência e permitirá que o pecado lhe diga que o seu inimigo
tem que ser ele próprio. Ao invés disso, que pergunte a si mesmo apenas essas questões a respeito das quais ele não pode deixar
de tomar uma decisão para que isso seja feito para ele:
Desejo um mundo que eu governe ao invés de um mundo que me governe?
Desejo um mundo no qual eu tenha poder ao invés de ser impotente?
Desejo um mundo no qual não tenho inimigos e não posso pecar?
E quero eu ver aquilo que neguei porque é a verdade?
6. Podes já ter respondido às primeiras três questões, mas ainda não à última. Pois essa ainda parece amedrontadora e distinta
das outras. No entanto, a razão te asseguraria que todas elas são a mesma. Nós dissemos que esse ano enfatizaria a igualdade das
coisas que são a mesma. Essa questão final, que é de fato a última pela qual tens que te decidir, ainda parece conter uma ameaça
que as outras já não te trazem. E essa diferença imaginada testemunha o fato de que tu acreditas que a verdade pode ser o inimigo
que ainda podes achar. Aqui, então, aparentemente estaria a última esperança remanescente de achar o pecado e de não aceitar o
poder.
7. Não te esqueças de que a escolha entre o pecado ou a verdade, impotência ou poder, é a escolha entre atacar ou curar. Pois
a cura vem do poder e o ataque da impotência. Aquele que atacas, não podes querer curar. E aquele que queres ver curado, tem que
ser aquele que escolheste para ser protegido do ataque. E o que é essa decisão senão a escolha entre vê-lo através dos olhos do
corpo ou permitir que ele seja revelado a ti através da visão? Como essa decisão conduz a seus efeitos, não é problema teu. Mas o
que queres ver não pode deixar de ser escolha tua. Esse é um curso sobre a causa, não sobre o efeito.
8. Considera cuidadosamente a tua resposta à última questão que deixaste ainda sem resposta. E deixa que a tua razão te diga
que ela tem que ser respondida e é respondida nas outras três. E então ficará claro para ti, à medida em que observas os efeitos do
pecado sob qualquer forma, que tudo o que precisas fazer é simplesmente perguntar a ti mesmo:
É isso o que eu quero ver? É isso o que eu quero?
9. Essa é a tua única decisão; essa é a condição para o que ocorre. Como acontece é irrelevante, mas não o por quê. Tens con-
trole sobre isso. E se escolhes ver um mundo sem um inimigo no qual não és impotente, os meios para vê-lo te serão dados.
10. Por que a questão final é tão importante? A razão te dirá porque. Ela é a mesma que as outras três, exceto no que diz respeito
ao tempo. As outras são decisões que podem ser tomadas e então desfeitas e refeitas outra vez. Mas a verdade é constante e impli-
ca um estado no qual as vacilações são impossíveis. Podes desejar um mundo que governes e que não te governe e depois mudar
a tua mente. Podes desejar trocar a tua impotência por poder e perder esse desejo, assim que um pequeno lampejo de pecado te
atrair. E podes querer ver um mundo sem pecado e permitir que um ‗inimigo‘ te tente a usar os olhos do corpo e mudar o que dese-
jas.
11. Em conteúdo, todas as questões são a mesma. Pois cada uma pergunta se estás disposto a trocar o mundo do pecado pelo
que o Espírito Santo vê, já que é isso o que o mundo do pecado nega. E, portanto, aqueles que olham para o pecado estão vendo a
negação do mundo real. Apesar disso, a última questão acrescenta o desejo por constância ao teu desejo de ver o mundo real, de tal
modo que esse desejo vem a ser o único que tens. Respondendo ‗sim‘ à questão final, acrescentas sinceridade às decisões que já

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UM CURSO EM MILAGRES
tomaste em relação a todo o resto. Pois somente então terás renunciado à opção de mais uma vez mudares de idéia. Quando isso
for o que não queres, o resto terá sido totalmente respondido.
12. Por que pensas que não tens certeza se as outras questões foram respondidas? Seria necessário que fossem perguntadas
com tanta freqüência, caso tivessem sido? Enquanto a última decisão não é tomada, a resposta é ao mesmo tempo ‗sim‘ e ‗não‘.
Pois respondeste ‗sim‘ sem perceber que esse ‗sim‘ necessariamente significa ‗que não disseste não‘. Ninguém se decide contra a
sua própria felicidade, mas pode fazê-lo quando não vê que é isso o que está fazendo. E se vê a sua felicidade como alguma coisa
em mudança constante, agora isso, agora aquilo, e agora uma sombra fugidia que não está ligada a coisa alguma, ele de fato se
decide contra a felicidade.
13. A felicidade fugidia ou a felicidade em forma mutante, que se desloca com o tempo e o lugar, é uma ilusão que não tem signifi-
cado. A felicidade tem que ser constante, porque ela é alcançada pela renúncia ao desejo do inconstante. A alegria não pode ser
percebida, exceto através da visão constante. E a visão constante só pode ser dada àqueles que desejam a constância. O poder do
desejo do Filho de Deus permanece sendo a prova de que ele está errado quando se vê como impotente. Deseja o que queres e o
contemplarás e pensarás que é real. Todo pensamento tem apenas o poder de liberar ou matar. E nenhum pensamento pode deixar
a mente do pensador ou deixar de afetá-lo.

VIII. A mudança interior


1. São os pensamentos, então, perigosos? Para os corpos, sim! Os pensamentos que parecem matar são aqueles que ensinam
ao pensador que ele pode ser morto. E assim ele ‗morre‘ devido ao que aprendeu. Ele vai da vida para a morte, a prova final de que
deu mais valor ao inconstante do que à constância. Com certeza, ele pensou que queria a felicidade. Contudo, não a desejava por-
que a felicidade era a verdade e, portanto, tem que ser constante.
2. A constância da alegria é uma condição bastante alheia à tua compreensão. Entretanto, se apenas pudesses imaginar o que
ela não pode deixar de ser, tu a desejarias mesmo sem compreendê-la. A constância da felicidade não tem exceções, não muda de
forma alguma. É inabalável como o Amor de Deus pela Sua criação. Segura em sua visão assim como o seu Criador no que Ela
conhece, a felicidade olha para todas as coisas e vê que são a mesma. Ela não vê o efêmero, pois deseja que todas as coisas sejam
como ela própria e as vê assim. Nada tem o poder do confundir sua constância, porque o seu próprio desejo não pode ser abalado.
Ela vem com toda certeza àqueles que vêem que a questão final é necessária para o resto, assim como a paz não pode deixar de vir
àqueles que escolhem curar e não julgar.
3. A razão te dirá que não podes pedir felicidade de maneira inconstante. Pois se recebes o que desejas e se a felicidade é cons-
tante, então só precisas pedir felicidade uma única vez para tê-la sempre. E se não a tens sempre, sendo ela o que é, não a pediste.
Pois ninguém falha em pedir o que deseja a qualquer coisa que ele acredite que possa oferecer alguma promessa de poder dar-lhe o
que quer. Ele pode estar errado quanto ao que pede, aonde e a quê. Entretanto, ele pedirá porque o desejo é uma solicitação, um
pedido feito por alguém a quem o próprio Deus jamais falhará em responder. Deus já deu tudo o que ele realmente quer. Contudo,
aquilo do qual ele está incerto, Deus não pode dar. Pois ele não o deseja enquanto permanece incerto e a dádiva de Deus não pode
deixar de ser incompleta a menos que seja recebida.
4. Tu, que completas a Vontade de Deus e és a Sua felicidade, cuja vontade é tão poderosa quanto a Sua, com um poder que
não se perde nas tuas ilusões, pensa com cuidado na razão pela qual ainda não decidiste como responderás à última questão. A tua
resposta às outras te possibilitou uma ajuda para que já sejas parcialmente são. E, no entanto, é a questão final que, na realidade,
pergunta se estás disposto a ser totalmente são.
5. O que é o instante santo senão o apelo de Deus para que reconheças o que Ele te deu? Aqui está o grande apelo à razão, a
consciência do que está sempre presente para ser visto, a felicidade que poderia ser sempre tua. Aqui está a paz constante que po-
derias experimentar para sempre. Aqui o que a negação negou te é revelado. Pois aqui, a questão final já está respondida e o que
pedes já foi dado. Aqui está o futuro agora, pois o tempo é impotente devido ao teu desejo por algo que nunca vai mudar. Isso é as-
sim pois pediste que nada se interponha entre a santidade do teu relacionamento e a tua consciência dessa santidade.

CAPÍTULO 22 - A SALVAÇÃO E O RELACIONAMENTO SANTO

Introdução
1. Tem piedade de ti mesmo por tanto tempo escravizado. Regozija-te, pois aqueles a quem Deus se uniu vieram a estar juntos e
não têm mais necessidade de olhar para o pecado separados. Não há duas pessoas que possam olhar para o pecado juntas, pois
elas jamais poderiam vê-lo no mesmo lugar e ao mesmo tempo. O pecado é uma percepção estritamente individual, visto no outro,
porém cada um acredita que ele está dentro de si mesmo. E cada um parece fazer um erro diferente, erro esse que o outro não pode
compreender. Irmão, é o mesmo erro, feito pelo mesmo ser e é perdoado em nome daquele que o cometeu da mesma maneira. A
Identidade do teu relacionamento perdoa a ti e ao teu irmão, desfazendo os efeitos do que ambos acreditaram e viram. E como eles
se vão, a necessidade do pecado se vai com eles.
2. Quem tem necessidade de pecado? Somente os sozinhos e os solitários, que vêem os seus irmãos diferentes de si mesmos.
É essa diferença, vista porém não-real, que faz a necessidade do pecado, não-real porém vista, parecer justificada. E tudo isso seria
real se o pecado o fosse. Pois um relacionamento não-santo baseia-se em diferenças, onde cada um pensa que o outro tem o que
ele não tem. Eles vêm a estar juntos, cada um para completar a si mesmo e roubar o outro. Ficam até pensarem que nada mais há a
ser roubado e então vão adiante. E assim vagam através de um mundo de estranhos, que não são como eles, vivendo com os seus
corpos talvez sob um teto comum que não abriga a nenhum dos dois; no mesmo quarto e, apesar disso, há um mundo entre eles.
3. Um relacionamento santo parte de uma premissa diferente. Cada um olhou para dentro de si e não viu nenhuma falta. Cada
um aceitou sua completeza e quer estendê-la, unindo-se a um outro que é íntegro como ele próprio. Ele não vê diferenças entre o
seu ser e o ser do outro, pois as diferenças estão apenas nos corpos. Portanto, ao olhar não acha nada que queira tomar do outro.
Ele não nega a sua própria realidade porque é a verdade. Ele está só um pouco abaixo do Céu, mas suficientemente próximo para
não retornar à terra. Pois esse relacionamento tem a santidade do Céu. A que distância de casa pode estar um relacionamento tão
semelhante ao Céu?

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UM CURSO EM MILAGRES
4. Pensa no que um relacionamento santo pode ensinar! Aqui se desfaz a crença nas diferenças. Aqui a fé depositada nas dife-
renças passa a ser depositada no que é o mesmo. E aqui a perspectiva das diferenças é transformada em visão. A razão pode agora
conduzir a ti e ao teu irmão à conclusão lógica da vossa união. Ela não pode deixar de estender-se, assim como vós vos estendeste
quanto tu e ele vos unistes. Ela não pode deixar de alcançar o que está fora e além de si mesma, assim como vós alcançastes o que
estava fora e além do corpo para permitir que tu e teu irmão fôsseis unidos. E agora essa qualidade comum ao que é o mesmo, que
vós vistes, estende-se e finalmente remove todo o senso de diferenças de tal modo que o que é o mesmo por trás de todas ai dife-
renças vem a ser aparente. Aqui está o círculo dourado onde reconheces o Filho de Deus. Pois o que nasceu em um relacionamento
santo nunca pode ter fim.

I. A mensagem do relacionamento santo


1. Permite que a razão dê mais um passo. Se atacas aquele que Deus quer curar e odeias a quem Ele ama, então tu e o teu
Criador têm uma vontade diferente. Entretanto, se tu és a Sua vontade, o que não podes deixar de acreditar é que não és o teu pró-
prio ser. De fato, podes acreditar nisso e acreditas. E nisso tu tens fé e vês muita evidência a favor disso. E de onde, imaginas tu,
surgem o teu estranho desconforto, a tua sensação de estares desconectado e o medo, que te assombra, da falta de significado em
ti mesmo? É como se chegasses vagando, sem qualquer plano exceto o de partires vagando, pois só isso parece certo.
2. Entretanto, nós ouvimos uma descrição muito semelhante a essa anteriormente, mas não foi de ti. Apesar disso, essa estra-
nha idéia que ele descreve com precisão, pensas que és tu. A razão te diria que o mundo que vês, através de olhos que não são
teus, não pode fazer sentido para ti. A quem um tal modo de ver poderia devolver suas mensagens? Com certeza, não a ti, cuja vista
é totalmente independente dos olhos que contemplam o mundo. Se essa não é a tua visão, o que pode ela mostrar-te? O cérebro
não pode interpretar o que a tua visão vê. Isso, tu compreenderias. O cérebro interpreta em função do corpo, do qual ele faz parte.
Mas o que ele diz, tu não podes compreender. No entanto, o tens escutado. E por muito tempo e muito arduamente tentaste com-
preender suas mensagens.
3. Não reconheceste que é impossível compreender aquilo que falha inteiramente em alcançar-te. Não recebeste absolutamente
nenhuma mensagem que compreendas, pois escutaste o que nunca pode se comunicar de forma alguma. Pensa, então, no que
acontece. Negando o que és e firme na fé de que é alguma outra coisa, essa ―alguma outra coisa‖, que fizeste para ser o teu ser,
torna-se a tua vista. No entanto, como aquele que vê tem que ser essa ―alguma outra coisa‖, e não vê como tu verias, ele explica o
que vê a ti. A tua visão iria, é claro, tornar isso bastante desnecessário. Todavia, se os teus olhos estão fechados e invocaste essa
coisa para conduzir-te, pedindo a ela que te explique o mundo que vês, não tens nenhuma razão para não escutar, nem para sus-
peitar que o que ela te diz não seja verdadeiro. A razão te diria que isso não pode ser verdadeiro porque tu não o compreendes.
Deus não tem segredos. Ele não te conduz através de um mundo de miséria, aguardando para te dizer, no final da jornada, porque
Ele fez isso contigo.
4. O que poderia ser secreto para a Vontade de Deus? Apesar disso, acreditas que tens segredos. O que poderiam ser os teus
segredos exceto outra ‗vontade‘, que é a tua, à parte da Sua? A razão te diria que isso não é um segredo que necessite ser escon-
dido como um pecado. Mas um equívoco, de fato! Não deixes que o teu medo do pecado proteja o equívoco da correção, pois a
atração da culpa é apenas medo. Aqui está a única emoção que fizeste, seja qual for a sua aparência. Essa é a emoção do secreto,
dos pensamentos privados e do corpo. Essa é a única emoção que se opõe ao amor e sempre conduz a ver diferenças e à perda do
que é o mesmo. Aqui está a única emoção que te mantém cego, dependente do ser que pensas que fizeste para conduzir-te através
do mundo que ele fez para ti.
5. A. tua vista te foi dada, junto com todas as coisas que podes compreender. Não perceberás qualquer dificuldade em com-
preender o que essa visão te diz, pois todas as pessoas apenas vêem o que pensam que são. E o que a tua vista quer te mostrar,
compreenderás porque é a verdade. A tua visão pode te transmitir o que podes ver. Ela te alcança diretamente, sem necessidade de
ser interpretada para ti. O que necessita de interpretação não pode deixar de ser alheio. E nunca se tornará compreensível por um
intérprete que tu não podes compreender.
6. De todas as mensagens que recebeste e falhaste em compreender, só esse curso está aberto à tua compreensão e pode ser
compreendido. Essa é a tua linguagem. Ainda não a compreendes apenas porque toda a tua comunicação é como a de um bebê. Os
sons que um bebê faz e o que ele ouve são altamente inconfiáveis, significando coisas diferentes para ele em momentos diferentes.
Nem os sons que ele ouve e nem o que ele vê são ainda estáveis. Mas o que ele ouve e não compreende será a sua língua mater-
na, através da qual ele irá se comunicar com aqueles à sua volta e eles com ele. E aquelas pessoas estranhas e passageiras que vê
em tomo de si, virão a ser para ele os seus consoladores e virá o reconhecer a sua casa e lá as verá junto com ele.
7. Assim, em cada relacionamento santo a capacidade de comunicar, ao invés de separar, renasce. Entretanto, um relaciona-
mento santo, renascido há tão pouco tempo de um relacionamento não-santo e, apesar disso mais antigo do que a velha ilusão que
substituiu, é agora como um bebê em seu renascimento. Ainda assim, nesse infante a tua visão é devolvida a ti e ele falará a lingua-
gem que podes compreender. Ele não é nutrido por aquela ‗alguma outra coisa‘ que pensaste que fosse o teu próprio ser. Não foi a
isso que ele foi dado, nem foi recebido por nada, a não ser por ti mesmo. Pois dois irmãos não podem unir-se a não ser através de
Cristo, Cuja visão os vê como um só.
8. Pensa no que te é dado, meu irmão santo. Essa criança te ensinará o que não compreendes e fará com que tudo fique claro.
Pois a sua língua não será uma língua alheia. Ela não necessitará de nenhum intérprete para ti, pois foste tu que lhe ensinaste o que
ela sabe, porque sabias. Ela não poderia vir a ninguém, a não ser a ti, nunca a ‗alguma outra coisa‘. Onde Cristo entrou, ninguém
está só, pois Ele jamais poderia achar um lar em pessoas separadas. Entretanto, Ele tem que renascer em Seu antigo lar, aparente-
mente tão novo porém tão velho quanto Ele, um pequeno recém-chegado, dependente da santidade do teu relacionamento para
permitir que Ele viva.
9. Que tenhas certeza de que Deus não confiou o Seu Filho aos indignos. Nada que não faça parte Dele é digno de ser unido. E
também não é possível que qualquer coisa que não faça parte Dele possa se unir. A comunicação tem que ter sido restaurada para
aqueles que se unem, pois isso eles não poderiam fazer através dos corpos. O quê, então, os uniu? A razão te dirá que eles não
podem deixar de ter visto um ao outro através de uma visão que não é do corpo e se comunicado em uma linguagem que o corpo
não fala. Nem poderia ter sido uma vista ou um som amedrontador, pois isso não os teria atraído gentilmente para que fossem um
só. Ao contrário, em cada um, o outro viu um abrigo perfeito onde seu Ser poderia renascer em segurança e em paz. Tal coisa lhe
disse a sua razão, tal coisa ele acreditou porque era a verdade.

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UM CURSO EM MILAGRES
10. Aqui está a primeira percepção direta que podes ter. Tu a tens através de uma consciência mais velha do que a percepção e,
no entanto, renascida em apenas um instante. Pois o que é o tempo para o que sempre foi assim? Pensa no que esse instante trou-
xe: o reconhecimento de que aquela ‗alguma outra coisa‘ que acreditavas que eras tu, é uma ilusão. E a verdade veio instantanea-
mente para te mostrar aonde o teu Ser não pode deixar de estar. É a negação das ilusões que chama a verdade, pois negar ilusões
é reconhecer que o medo é sem significado. No lar santo onde o medo é impotente, o amor entra agradecido, grato por ser um con-
tigo, que te uniste para permitir que ele entrasse.
11. Cristo vem ao que é como Ele próprio; ao que é o mesmo, não diferente. Pois Ele é sempre atraído para Si Mesmo. O que po-
deria ser tão semelhante a Ele quanto um relacionamento santo? E o que atrai a ti e ao teu irmão para que sejais unidos, O atrai a
vós. Aqui, a Sua doçura e a Sua gentil inocência estão protegidas do ataque. E aqui Ele pode retornar em confiança, pois a fé no
outro é sempre fé em Cristo. Tu estás, de fato, correto em olhar para o teu irmão como o lar escolhido de Cristo, pois aqui a tua von-
tade se une à Sua e à de Seu Pai. Essa é a Vontade do teu Pai para ti e a tua, unida à Sua. E quem é atraído a Cristo é atraído a
Deus com tanta certeza quanto Ambos são atraídos a cada relacionamento santo, o lar preparado para Eles à medida em que a terra
vem a ser o Céu.

II. A impecabilidade do teu irmão


1. O oposto de ilusões não é desilusão, mas verdade. Apenas para o ego, para quem a verdade é sem significado, elas parecem
ser as únicas alternativas e diferentes uma da outra. Na verdade, são a mesma. Ambas trazem a mesma quantidade de miséria,
embora cada uma pareça ser o caminho para acabar com a miséria que a outra traz. Cada ilusão carrega dor e sofrimento nas do-
bras escuras das pesadas vestimentas nas quais esconde o nada que é. No entanto, é por essas vestimentas escuras e pesadas
que estão cobertos aqueles que buscam ilusões, escondidos da alegria da verdade.
2. A verdade é o oposto de ilusões porque oferece alegria. Que outra coisa senão a alegria poderia ser o oposto da miséria?
Deixar um tipo de miséria e buscar outro dificilmente é uma forma de escapar. Mudar de ilusões é não fazer mudança alguma. A
busca da alegria na miséria não faz sentido, pois como poderia ‗ alegria ser achada na miséria? Tudo o que é possível no escuro
mundo da miséria é selecionar alguns aspectos dela, vê-los como diferentes e definir a diferença como alegria. Entretanto, perceber
uma diferença onde não existe nenhuma com toda certeza falhará em fazer diferença.
3. Ilusões carregam apenas culpa e sofrimento, doença e morte para os que nelas acreditam. A forma na qual são aceitas é irre-
levante. Nenhuma forma de miséria, aos olhos da razão, pode ser confundida com alegria. A alegria é eterna. Podes, de fato, ter
certeza de que qualquer felicidade aparente que não dure é realmente medo. A alegria não vira pesar, pois o eterno não pode mudar.
Mas o pesar pode virar alegria, pois o tempo dá lugar ao eterno. Só o intemporal tem que permanecer imutável, mas todas as coisas
no tempo podem mudar com o tempo. Entretanto, se a mudança é para ser real e não imaginada, as ilusões têm que dar lugar à
verdade e não a outros sonhos que apenas são igualmente irreais. Isso não faz diferença.
4. A razão te dirá que a única maneira de escapar à miséria é reconhecê-la e tomar o caminho contrário. A verdade é a mesma e a
miséria é a mesma, mas elas são diferentes uma da outra em todos os sentidos, em todas as instâncias e sem exceção. Acreditar
que pode existir uma exceção é confundir o que é o mesmo com o que é diferente. Uma única ilusão, apreciada e defendida contra a
verdade, faz com que toda a verdade seja sem significado e todas as ilusões reais. Tal é o poder da crença. Ela não pode fazer tran-
sigências. E a fé na inocência é fé no pecado, se a crença excluir uma única coisa viva e a mantiver à parte do perdão.
5. Tanto a razão como o ego te dirão isso, mas o que eles fazem disso não é a mesma coisa. O ego te assegurará agora que é
impossível para ti não ver culpa em pessoa alguma. E se esse modo de ver é o único meio através do qual podes conseguir escapar
da culpa, então a crença no pecado tem que ser eterna. Porém, a razão olha para isso de outro modo, pois a razão vê a fonte de
uma idéia como aquilo que a fará verdadeira ou falsa. Isso tem que ser assim, se a idéia é como a sua fonte. Por conseguinte, diz a
razão, se o escapar da culpa foi dado ao Espírito Santo como o teu propósito e por Aquele para Quem nada que seja a Sua Vontade
pode ser impossível, os meios para a sua consecução são mais do que possíveis. Eles não podem deixar de estar aí e tu não podes
deixar de tê-los.
6. Essa é uma época crucial nesse curso, pois aqui a separação entre tu e o ego tem que se fazer completa. Pois se tens os
meios para permitir que o propósito do Espírito Santo seja realizado, eles podem ser usados. E usando-os, terás ganho fé para in-
vestir neles. Entretanto, para o ego, isso tem que ser impossível e ninguém empreende fazer aquilo que não contém nenhuma espe-
rança de ser realizado algum dia. Tu sabes que aquilo que é a Vontade de Deus é possível, mas aquilo que fizeste acredita que não
é assim. Agora tens que escolher entre o que és e uma ilusão do ti mesmo. Não ambos, apenas um. Não faz sentido tentar evitar
essa única decisão. Ela não pode deixar de ser feita. A fé e a crença podem tombar para qualquer um dos dois lados, mas a razão te
diz que a miséria está apenas em um dos lados e que a alegria está no outro. )
7. Não abandones agora o teu irmão. Pois vós que sois o mesmo, não ireis decidir sozinhos nem de maneira diferente. Vós dais
um ao outro ou a vida ou a morte; cada um é para o outro salvador ou juiz, oferecendo-lhe um santuário ou a condenação. Acredita-
rás inteiramente nesse curso ou não acreditarás em absoluto. Pois ele é totalmente verdadeiro ou totalmente falso e não se pode
acreditar apenas parcialmente. E escaparás inteiramente da miséria ou não escaparás em absoluto. A razão te dirá que não existe
terreno intermediário onde possas parar incerto para uma pausa, esperando para escolher entre a alegria do Céu e a miséria do in-
ferno. Enquanto não escolhes o Céu, estás no inferno e na miséria.
8. Não há nenhuma parte do Céu que possas levar e tecer em ilusões. E nem há nenhuma ilusão com a qual possas entrar no
Céu. Um salvador não pode ser um juiz, nem a misericórdia condenação. E a visão não pode levar à perdição, apenas abençoar.
Aquele, cuja função é salvar, salvará. Como ele o fará, está além da tua compreensão, mas quando tem que ser escolha tua. Pois o
tempo tu fizeste e o tempo podes comandar. Não és mais escravo do tempo do que do mundo que fizeste.
9. Vamos olhar mais de perto para toda essa ilusão segundo a qual o que fizeste tem o poder de escravizar aquele que o fez.
Essa é a mesma crença que causou a separação. É a idéia sem significado segundo a qual os pensamentos podem deixar a mente
do pensador, ser diferentes dela e em oposição a ela. Se isso fosse verdadeiro, os pensamentos não seriam extensões da mente,
mas seus inimigos. E aqui mais uma vez vemos uma outra forma da mesma ilusão fundamental, que já vimos muitas vezes antes.
Só se fosse possível que o Filho de Deus deixasse a Mente de Seu Pai, se fizesse diferente e se opusesse à Sua Vontade, é que
seria possível que o ser que ele fez e tudo o que esse ser fez, passasse a ser seu patrão.
10. Contempla a grande projeção, mas olha-a com a decisão de que ela tem que ser curada e não com medo. Nada do que fizes-
te tem qualquer poder sobre ti, a não ser que ainda queiras estar à parte do teu Criador e com uma vontade oposta à Sua. Pois ape-
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UM CURSO EM MILAGRES
nas se quiseres acreditar que o Seu Filho pode ser Seu inimigo é que parece possível que o que fizeste seja teu. Queres condenar a
Sua alegria à miséria e fazê-Lo diferente. E toda a miséria que fizeste tem sido tua. Não estás contente em aprender que ela não é
verdadeira? Não é uma boa notícia ouvir que nenhuma das ilusões que fizeste substituiu a verdade?
11. Somente os teus pensamentos têm sido impossíveis. A salvação não pode ser. É impossível olhar para o teu salvador como
teu inimigo e reconhecê-lo. No entanto, é possível reconhecê-lo pelo que é, se Deus quer que seja assim. O que Deus deu ao teu
relacionamento santo lá está. Pois o que Ele deu ao Espírito Santo para te dar, Ele deu. Não queres olhar para o salvador que te foi
dado? E não trocarias, com gratidão, a função de executor que lhe deste por aquela que ele tem na verdade? Recebe dele o que
Deus deu a ele para ti, não o que tentaste dar a ti mesmo.
12. Além do corpo que interpuseste entre tu e o teu irmão e brilhando na luz dourada que o alcança a partir do radiante círculo
infinito que se estende para sempre, está o teu relacionamento santo, amado pelo próprio Deus. Como repousa em calma no tempo
e ainda assim além, imortal mesmo na terra. Como é grande o poder que está nele! O tempo espera pela sua vontade e a terra será
como ele quiser que seja. Aqui não há nenhuma vontade separada nem o desejo de que coisa alguma seja separada. A vontade do
teu relacionamento santo não tem exceções e aquilo que ela determina é verdadeiro. Toda ilusão trazida ao perdão do teu relacio-
namento gentilmente deixa de ser vista e desaparece. Pois no centro dele, Cristo renasceu para iluminar o Seu próprio lar com a
visão que não vê o mundo. Não queres que esse lar santo seja teu também? Não há miséria alguma aqui, mas só alegria.
13. Tudo o que precisas fazer para habitares em quietude aqui com Cristo é compartilhar a Sua visão. A Sua visão é dada a qual-
quer um que apenas esteja disposto a ver o seu irmão sem pecado de forma rápida e alegre. E tens que estar disposto a não excluir
a ninguém, se quiseres ser inteiramente liberado de todos os efeitos do pecado. Darias a ti mesmo um perdão parcial? Podes alcan-
çar o Céu quando um único pecado ainda te tenta a permanecer na miséria? O Céu é o lar da pureza perfeita e Deus o criou para ti.
Olha para o teu irmão santo, tão sem pecado quanto tu mesmo e permite que ele te conduza até lá.

III. A razão e as formas do erro


1. A introdução da razão no sistema de pensamento do ego é o início do seu desfazer, pois a razão e o ego são contraditórios.
Não é possível que os dois coexistam na tua consciência. Pois a meta da razão é fazer com que fique claro e, portanto, óbvio. Podes
ver a razão. Isso não é um jogo de palavras, pois aqui está o início de uma visão que tem significado. Visão é sentido, literalmente.
Dado que não é o que é visto com os olhos do corpo, essa visão não pode deixar de ser compreendida. Pois ela é clara e o que é
óbvio não é ambíguo. Pode ser compreendido. E aqui separam-se a razão e o ego, para seguir seus caminhos separados.
2. Toda a continuidade do ego depende da sua crença segundo a qual tu não podes aprender esse curso. Compartilha essa
crença e a razão será incapaz de ver os teus erros e abrir caminho para a sua correção. Pois a razão vê através dos erros, dizendo-
te que o que pensavas que era real não é. A razão pode ver a diferença entre pecado e equívocos, porque ela quer a correção. Por
conseguinte, te diz que o que pensavas que era incorrigível pode ser corrigido e, portanto, não pode deixar de ter sido um erro. A
oposição do ego à correção conduz à sua crença fixa no pecado e a não considerar erros. Ao olhar, ele não acha nada que possa
ser corrigido. Assim o ego leva à perdição e a razão salva.
3. A razão não é salvação em si mesma, mas abre caminho para a paz e te traz a um estado mental no qual a salvação pode ser
dada a ti. O pecado é um bloqueio colocado como um pesado portão trancado e sem chave no meio da estrada para a paz. Ninguém
que olhe para ele sem o auxílio da razão tentaria passar por ele. Os olhos do corpo o contemplam como granito sólido, tão espesso
que seria loucura tentar ultrapassá-lo. No entanto, a razão vê através disso com facilidade, porque é um erro. A forma que toma não
pode esconder seu vazio aos olhos da razão.
4. Só a forma do erro atrai o ego. O significado ele não reconhece e não vê se existe ou não. Tudo o que os olhos do corpo po-
dem ver é um equívoco, um erro na percepção, um fragmento distorcido do todo sem o significado que o todo lhe daria. Apesar dis-
so, os equívocos, independentemente de suas formas, podem ser corrigidos. O pecado é apenas um erro em uma forma especial
que o ego venera. Ele quer preservar todos os erros e fazer com que sejam pecados. Pois aqui está a sua própria estabilidade, a sua
âncora pesada no mundo passageiro que fez; a pedra sobre a qual sua igreja está edificada e onde seus adoradores estão presos
aos corpos, acreditando que a liberdade do corpo é a sua própria.
5. A razão te dirá que a forma do erro não é o que faz dele um equívoco. Se o que a forma esconde é um equívoco, a forma não
pode impedir a correção. Os olhos do corpo vêem apenas forma. Não podem ver além do que foram feitos para ver. E foram feitos
para olhar para o erro e não para ver o que vem depois. A sua percepção é de fato estranha, pois só podem ver ilusões, estão im-
possibilitados de olhar além do bloco de granito do pecado e param na forma exterior do nada. Para essa forma distorcida de visão,
o exterior de todas as coisas, a parede que está entre tu e a verdade é totalmente verdadeira. Entretanto, como é possível que a
vista que estaca diante do nada, como se o nada fosse uma sólida muralha, veja verdadeiramente? Ela é retida pela forma, tendo
sido feita para assegurar que nenhuma outra coisa senão a forma seja percebida.
6. Esses olhos, que não foram feitos para ver, nunca verão. Pois a idéia que representam não deixou aquele que a fez e é ele
que vê através deles. Qual era a sua meta senão a de não ver? Para isso, os olhos do corpo são meios perfeitos, mas não para ver.
Vê como os olhos do corpo repousam no exterior e não vão além. Observa como eles param diante do nada, incapazes de ir além
da forma para o significado. Nada cega tanto quanto a percepção da forma. Pois ver a forma significa que a compreensão foi obscu-
recida.
7. Só os equívocos têm formas diferentes e assim podem enganar. Podes mudar a forma porque ela não é verdadeira. Ela não
poderia ser realidade porque pode ser mudada. A razão te dirá que se forma não é realidade, tem que ser uma ilusão e não existe
para ser vista. E se tua vês, não podes deixar de estar enganado, pois estás vendo o que não pode ser real como se o fosse. O que
não pode ver além do que não existe, não pode deixar de ser uma percepção distorcida e tem que perceber ilusões como a verdade.
Nesse caso, poderia tal coisa reconhecer a verdade?
8. Não permitas que a forma dos seus equívocos te mantenha afastado daquele cuja santidade é a tua. Não permitas que a
visão da sua santidade, perspectiva essa que te revelaria o teu perdão, seja afastada de ti pelo que os olhos do corpo podem ver.
Permite que a tua consciência do teu irmão não seja bloqueada pela tua percepção dos seus pecados e do seu corpo. O que existe
nele que queiras atacar exceto o que associas com o seu corpo, que segundo a tua crença pode pecar? Além dos seus erros, está a
sua santidade e a tua salvação. Tu não lhe deste a sua santidade, mas tentaste ver nele os teus próprios pecados com o fim de te
salvares. No entanto, a sua santidade é o teu perdão. Podes ser salvo fazendo pecador aquele cuja santidade é a tua salvação?

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UM CURSO EM MILAGRES
9. Um relacionamento santo, por mais recém-nascido que seja, tem que valorizar a santidade acima de todas as coisas. Valores
não-santos produzirão confusão, e na consciência. Em um relacionamento não-santo, cada um é valorizado porque parece justificar
o pecado do outro. Cada um vê dentro do outro aquilo que o impele a pecar contra a sua vontade. E assim coloca os seus pecados
em cima do outro e é atraído para ele para perpetuar os seus pecados. E assim, necessariamente, vem a ser impossível para cada
um ver a si mesmo como a causa do pecado devido ao próprio desejo que tem de que o pecado seja real. No entanto, a razão vê um
relacionamento santo como aquilo que ele é: um estado da mente que é comum, onde ambos alegremente entregam os erros à cor-
reção para que ambos possam ser curados em felicidade como um só.

IV. A bifurcação da estrada


1. Quando chegas ao local onde a bifurcação na estrada é bem evidente, não podes ir adiante. Tens que ir por um caminho ou
por outro. Pois agora se fores em frente pelo caminho que seguias antes de chegar à bifurcação, não irás à parte alguma. Todo o
propósito de vires até aqui era decidir qual o rumo que tomará. agora. O caminho por onde vieste já não importa mais. Não pode
mais servir. Ninguém que tenha chegado até esse ponto pode tomar a decisão errada, embora ele possa adiar. E não há trecho da
jornada que pareça mais sem esperança e fútil do que estar onde a estrada se bifurca sem decidir que caminho tomar.
2. São apenas os primeiros poucos passos no caminho certo que parecem difíceis, pois já escolheste, embora ainda possas
pensar que podes voltar atrás e fazer a outra escolha. Isso não é assim. Uma escolha feita com o poder do Céu para apoiá-la não
pode ser desfeita. O teu caminho está decidido. Não haverá coisa alguma que não te seja dita, se tomares conhecimento disso.
3. E assim, tu e o teu irmão estais aqui nesse lugar santo, diante do véu do pecado que pende entre vós e a face de Cristo. Per-
mite que ele seja erguido! Levanta-o junto com o teu irmão, pois é apenas um véu que está entre vós. Tu ou teu irmão, qualquer um
dos dois sozinho o verá como um bloco sólido, sem reconhecer o quanto é fina a tapeçaria que vos separa agora. No entanto, is so
está quase no fim em tua consciência e a paz te alcançou mesmo aqui, diante do véu. Pensa no que acontecerá depois. O amor de
Cristo iluminará a tua face e brilhará a partir dela sobre um mundo escurecido que necessita de luz. E deste lugar santo, Ele retor-
nará contigo, sem deixar o mundo e sem deixar-te. Tu virás a ser o Seu mensageiro, devolvendo-O a Si Mesmo.
4. Pensa na beleza que verás, tu que caminhas com Ele! E pensa como tu e teu irmão parecereis belos um para o outro! Como
estareis felizes por estardes juntos, após uma jornada tão longa e tão solitária na qual cada um caminhou sozinho. Os portões do
Céu agora estão abertos para ti e irás abri-los agora para os pesarosos. E ninguém que contemple o Cristo em ti deixará de regozi-
jar-se. Como é belo o que viste além do véu e trarás para iluminar os olhos cansados daqueles que agora estão exaustos como tu já
estiveste uma vez. Como ficarão agradecidos ao ver-te chegar entre eles oferecendo-lhes o perdão de Cristo para dissipar a sua fé
no pecado.
5. Cada equívoco que tu cometas, o teu irmão terá corrigido gentilmente para ti. Pois à sua vista a tua beleza é a sua salvação,
que te quer proteger de qualquer dano. E tu serás o forte protetor do teu irmão contra todas as coisas que pareçam surgir entre vós.
Assim caminharás pelo mundo comigo, pois a minha mensagem ainda não foi dada a todas as pessoas. Pois tu estás aqui para
permitir que ela seja recebida. A oferta de Deus ainda está aberta, entretanto, aguarda aceitação. A partir de ti que a aceitaste, ela é
recebida. À tua mão unida à do teu irmão ela é dada em segurança, pois tu, que a compartilhas, vens a ser o seu guardião e protetor
voluntário.
6. A graça é dada a todos os que compartilham o Amor de Deus, àqueles que são os doadores daquilo que receberam. E assim
aprendem que ela lhes pertence para sempre. Todas as barreiras desaparecem diante da sua vinda, assim como todos os obstácu-
los que antes pareciam erguer-se e bloquear o caminho foram finalmente superados. Esse véu que tu e teu irmão ergueis juntos
abre o caminho para a verdade para outros além de vós. Aqueles que permitem que as ilusões sejam banidas de suas mentes são
os salvadores desse mundo, caminhando pelo mundo com o seu Redentor e carregando a Sua mensagem de esperança, liberdade
e liberação do sofrimento para cada um que necessita de um milagre para salvar-se.
7. Como é fácil oferecer a todos esse milagre! Ninguém que o tenha recebido para si poderia achar isso difícil. Pois ao recebê-lo,
aprendeu que o milagre não foi dado apenas a ele. Tal é a função de um relacionamento santo: receber juntos e dar como foi recebi-
do. Estando diante do véu, isso ainda parece difícil. Mas estende a tua mão unida à do teu irmão e toca esse bloco aparentemente
pesado e aprenderás com que facilidade os teus dedos deslizam pelo nada. Não é uma parede sólida. E apenas uma ilusão se e r-
gue entre tu e o teu irmão e o Ser santo que ambos compartilham juntos.

V. Fraqueza e defensividade.
1. Como é que alguém supera ilusões? Com certeza não é através da força ou da raiva, nem se opondo a elas de alguma forma.
São superadas meramente permitindo que a razão te diga que contradizem a realidade. Vão contra o que não pode deixar de ser
verdadeiro. A oposição vem delas e não da realidade. A realidade não se opõe a nada. O que simplesmente é não necessita de de-
fesas e não oferece nenhuma. Só as ilusões necessitam de defesa devido à fraqueza. E como pode ser difícil andar pelo caminho da
verdade quando apenas a fraqueza interfere? Tu és o forte nesse conflito aparente. E não necessitas de nenhuma defesa. Tudo o
que precisa de defesa tu não queres, pois qualquer coisa que necessite de defesa irá enfraquecer-te.
2. Considera para quê o ego quer defesas. Sempre para justificar o que vai contra a verdade, se esfuma quando confrontado
com a face da razão e não faz sentido. Isso pode ser justificado? O que pode ser exceto um convite à insanidade para salvar-te da
verdade? E de que serias salvo senão do que temes? A crença no pecado necessita de grande defesa e a um custo enorme. É ne-
cessário sacrificar e se defender contra tudo o que o Espírito Santo oferece. Pois o pecado é esculpido em um bloco arrancado da
tua paz e colocado entre tu e o retorno da paz.
3. No entanto, como é possível que a paz seja tão fragmentada? Ela ainda é íntegra e nada lhe foi arrancado. Vê como o meio e
o material dos sonhos maus nada são. Na verdade, tu e o teu irmão estais juntos e não há nada entre vós. Deus segura as vossas
mãos e o que pode separar aqueles a quem Ele uniu como um só em Si Mesmo? Aquele do Qual queres te defender é o teu Pai. E
apesar disso, continua sendo impossível manter o amor do lado de fora. Deus descansa contigo em quietude, sem ser defendido e
totalmente sem defesas, pois apenas nesse estado de quietude está a força e o poder. Aqui nenhuma fraqueza pode entrar, pois
aqui não há nenhum ataque e, portanto, nenhuma ilusão. O amor descansa na certeza. Só a incerteza pode ser defensiva. E toda
incerteza é dúvida acerca de si mesmo.
4. Como é fraco o medo, como é pequeno e sem significado. Como é insignificante diante da força quieta daqueles a quem o
amor uniu! Esse é o teu ‗inimigo‘ um camundongo assustado que quer atacar o universo. Qual é a probabilidade de ter algum suces-
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UM CURSO EM MILAGRES
so? Pode ser difícil desconsiderar seus gritinhos débeis que falam da sua onipotência e querem afogar o hino de louvor ao seu Cria-
dor, que todos os corações através do universo cantam para sempre como um só? Qual deles é o mais forte? Esse ratinho ou tudo
aquilo que Deus criou? Tu e teu irmão não estais unidos por esse camundongo, mas pela Vontade de Deus. E é possível que um
rato traia a quem Deus uniu?
5. Se apenas reconhecesses como é pouco o que está entre tu e a tua consciência da tua união com o teu irmão! Não te enga-
nes com as ilusões que se apresentam acerca de tamanho e espessura, peso, solidez e firmeza de fundamento. Sim, para os olhos
do corpo isso parece ser um enorme corpo sólido, irremovível como uma montanha. Entretanto, dentro de ti está uma Força à qual
ilusão nenhuma pode resistir. Esse corpo apenas parece ser irremovível, essa Força é irresistível na verdade. Assim sendo, o que
não pode deixar de acontecer quando eles se encontram? Pode-se defender por muito tempo a ilusão da imobilidade daquilo que é
atravessado e transcendido em quietude?
6. Não te esqueças, quando sentires surgir a necessidade de ser defensivo em relação a qualquer coisa, de que te identificaste
com uma ilusão. E, portanto, te sentes fraco porque estás sozinho. Esse é o custo de todas as ilusões. Não há nenhuma que não se
baseie na crença segundo a qual estás separado. Não há nenhuma que não pareça estar entre tu e o teu irmão, pesada, sólida e
irremovível. E não há nenhuma delas que não possa ser ultrapassada pela verdade com tanta leveza e com tanta facilidade que não
podes deixar de convencer-te de que não são coisa alguma apesar do que pensavas que fossem. Se perdoas o teu irmão, isso tem
que acontecer. Pois é o fato de não estares disposto a não ver o que parece estar entre tu e o teu irmão que faz com que isso apa-
rente ser impenetrável e defende a ilusão da sua imobilidade.

VI. A luz do relacionamento santo


1. Queres a liberdade do corpo ou da mente? Pois não podes ter as duas. À qual dás valor? Qual é a tua meta? Pois uma vês
como meio, a outra como fim. E uma tem que servir à outra e conduzir à sua predominância, aumentando a sua importância ao dimi-
nuir a própria. Os meios servem ao fim e na medida em que o fim é alcançado, o valor dos meios decresce, sendo inteiramente e-
clipsado quando é reconhecido como sem função. Não há ninguém que não anseie pela liberdade e tente achá-la. No entanto, cada
um irá buscá-la onde acredita que esteja e que pode ser achada. Ele acreditará que a liberdade é possível para a mente ou para o
corpo e fará com que o outro sirva à sua escolha, como meio de achá-la.
2. Onde a liberdade do corpo tiver sido escolhida, a mente é usada como meio, cujo valor está na sua capacidade de engenhar
formas de realizar a liberdade do corpo. No entanto, a liberdade do corpo não tem significado e assim a mente é dedicada a servir
ilusões. Essa é uma situação tão contraditória e tão impossível que qualquer pessoa que a escolha não tem a menor idéia do que é
que tem valor. Entretanto, mesmo nessa confusão, tão profunda que não pode ser descrita, o Espírito Santo espera em gentil pa-
ciência, tão certo do resultado quanto Ele está seguro do Amor do Seu Criador. Ele tem o conhecimento de que essa decisão louca
foi tomada por alguém tão querido para o Seu Criador quanto o amor para si mesmo.
3. Não te perturbes absolutamente pensando em como Ele pode mudar o papel do meio e do fim com tanta facilidade naquilo
que Deus ama e quer que seja livre para sempre. Mas, ao contrário, sê grato pelo fato de poderes ser o meio para servir ao Seu fim.
Esse é o único serviço que conduz à liberdade. Para servir a esse fim, o corpo tem que ser percebido como sem pecado, porque a
meta é a impecabilidade. A ausência de contradição faz a suave transição de meio para fim tão fácil quanto a passagem do ódio para
a gratidão diante de olhos que perdoam. Tu serás santificado pelo teu irmão, usando o teu corpo apenas para servir ao que não tem
pecado. E será impossível para ti odiares o que serve àquele que queres curar.
4. Esse relacionamento santo, belo em sua inocência, poderoso em força e resplandecente com uma luz mais brilhante do que o
sol que ilumina o céu que vês, é escolhido pelo teu Pai como um meio para o Seu próprio plano. Sê grato pelo fato de que ele em
nada serve ao teu. Nada que lhe for confiado pode ser usado de forma equivocada e nada que lhe for dado deixará de ser usado.
Esse relacionamento santo tem o poder de curar toda a dor, independentemente de sua forma. Nem tu nem o teu irmão sozinhos
podem servir em nada. Só na vossa vontade conjunta está a cura. Pois aqui está a tua cura e aqui aceitarás a Expiação. E na tua
cura, a Filiação é curada porque a tua vontade e a do teu irmão estão unidas.
5. Diante de um relacionamento santo não há pecado. A forma do erro já não é mais vista e a razão unida ao amor olha em quie-
tude para toda a confusão apenas observando: ‗Isso foi um equívoco.‘ E então, a mesma Expiação que aceitaste no teu rela-
cionamento corrige o erro e coloca uma parte do Céu em seu lugar. Como és bem-aventurado, tu que permitiste que essa dádiva
fosse dada! Cada parte do Céu que trazes te é dada. E cada lugar vazio do Céu, que de novo preenches com a Luz Eterna que tra-
zes, brilha agora sobre ti. Os meios da impecabilidade não podem conhecer nenhum medo, pois levam apenas amor consigo mes-
mos.
6. Criança da paz, a luz veio a ti. A luz que trazes, tu não reconheces e no entanto vais te lembrar. Quem pode negar a si mesmo
a visão que traz aos outros? E quem falharia em reconhecer a dádiva que ele permitiu que fosse depositada no Céu através de si
mesmo? O gentil serviço que dás ao Espírito Santo é para ti mesmo. Tu, que és agora o Seu meio, tens que amar tudo o que Ele
ama. E o que trazes é a tua lembrança de tudo o que é eterno. Nenhum traço de coisa alguma no tempo pode permanecer por muito
tempo na mente que serve ao que é intemporal. E nenhuma ilusão pode perturbar a paz de um relacionamento que veio a ser o meio
para a paz.
7. Quando tiveres olhado para o teu irmão com perdão completo, do qual nenhum erro está excluído e nada é mantido oculto,
que equívoco pode haver em qualquer lugar que não possas deixar de ver? Que forma de sofrimento poderia bloquear a tua vista,
impedindo-te de ver além dela? E que ilusão poderia haver que não reconhecesses como um equívoco, uma sombra através da qual
caminhas completamente inabalado? Deus não permitiria que nada interferisse com aqueles cujas vontades são a Sua Vontade e
eles reconhecerão que suas vontades são a Sua porque servem à Sua. E a servem voluntariamente. E a lembrança do que eles são
acaso poderia ser por muito tempo retardada?
8. Verás o teu valor através dos olhos do teu irmão e cada um é liberado na medida em que contempla o seu próprio salvador no
lugar do agressor que ele pensava estar lá. Através dessa liberação, o mundo se libera. Essa é a tua parte em trazer a paz. Pois
perguntaste qual a tua função aqui e foste respondido. Não busques mudá-la, nem substituí-la por outra meta. Essa te foi dada, e
apenas essa. Aceita essa única e serve-a voluntariamente, pois o que o Espírito Santo faz com as dádivas que dás ao teu irmão, a
quem Ele as oferece e onde e quando, cabe a Ele decidir. Ele as concederá aonde são recebidas e bem-vindas. Ele usará cada uma
delas para a paz. E nem o mais leve sorriso nem a menor disponibilidade para deixar de ver o mais ínfimo dos equívocos será perdi-
do para ninguém.

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UM CURSO EM MILAGRES
9. O que pode ser, senão uma benção universal, o fato de olhares com caridade para o que o teu Pai ama? A extensão do per-
dão é função do Espírito Santo. Deixa isso a Ele. Permite que a tua preocupação seja apenas a de dar a Ele o que pode ser estendi-
do. Não guardes segredos escuros que Ele não possa usar, mas oferece-Lhe as dádivas diminutas que Ele pode estender para
sempre. Ele tomará cada uma e fará dela uma potente força em favor da paz. Ele não negará nenhuma bênção a ela, nem a limitará
de forma alguma. Ele unirá a ela todo o poder que Deus Lhe deu para fazer com que cada pequena dádiva de amor seja uma fonte
de cura para todos. Cada pequena dádiva que ofereces ao teu irmão ilumina o mundo. Não te preocupes com a escuridão; olha para
longe dela na direção do teu irmão. E permite que a escuridão seja dissipada por Aquele Que conhece a luz e a deposita gentilmente
em cada sorriso quieto de fé e de confiança com o qual abençoas o teu irmão.
10. Do teu aprendizado depende o bem-estar do mundo. E é somente a arrogância que quer negar o poder da tua vontade. Pen-
sas que a Vontade de Deus é impotente? Isso é humildade? Não vês o que essa crença tem feito. Tu vês a ti mesmo como vulnerá-
vel, frágil, facilmente destruído e à mercê de inúmeros agressores mais poderosos do que tu. Vamos olhar de frente como esse erro
veio a acontecer, pois aqui jaz enterrada a âncora pesada que parece manter o medo de Deus no lugar, imóvel e sólido como uma
rocha. Enquanto isso permanecer, assim parecerá ser.
11. Quem pode atacar o Filho de Deus e não atacar o seu Pai? Como é possível que o Filho de Deus seja fraco e frágil e facil-
mente destruído a não ser que o seu Pai também o seja? Não vês que cada pecado e cada condenação que percebes e justificas é
um ataque ao teu Pai. E é por essa razão que isso não aconteceu, nem poderia ser real. Não vês que tudo isso é o que tentas fazer
porque pensas que o Pai e o Filho estão separados. E não podes deixar de pensar que Eles estão separados por causa do medo.
Pois parece mais seguro atacar uma outra pessoa ou a ti mesmo do que atacar o grande Criador do universo, Cujo poder tu conhe-
ces.
12. Se fosses um com Deus e reconhecesses essa unicidade terias o conhecimento de que o Seu poder é o teu. Mas não te lem-
brarás disso enquanto acreditares que qualquer tipo de ataque significa alguma coisa. Ele é injustificado em qualquer forma porque
não tem significado. A única maneira em que poderia ser justificado seria se tu e teu irmão fossem separados um do outro e se todos
fossem separados do Criador. Pois só então seria possível atacar uma parte da criação sem atacar o todo, o Filho sem o Pai e atacar
outra pessoa sem atacar a si mesmo ou ferir a si mesmo sem que o outro sentisse dor. E tu queres essa crença. Entretanto, onde
está o seu valor, exceto no desejo de atacar em segurança? O ataque não é seguro nem perigoso. Ele é impossível. E isso é assim
porque o universo é uno. Não escolherias atacar a sua realidade, se não fosse essencial para o ataque vê-lo separado daquele que
o fez. E assim aparentemente o amor poderia atacar e vir a ser amedrontador.
13. Só aqueles que são diferentes podem atacar. Assim concluíste que, porque podes atacar, tu e teu irmão não podeis deixar de
ser diferentes. No entanto, o Espírito Santo explica isso de maneira diferente. Porque tu e o teu irmão não sois diferentes, não podes
atacar. Cada uma dessas posições é uma conclusão lógica. Qualquer uma pode ser mantida, mas nunca ambas. A única questão
que é necessário responder, com o fim de decidir qual das duas tem que ser verdadeira, é se tu e o teu irmão sois diferentes. A partir
do que compreendes, pareceis ser e, portanto podes atacar. Das alternativas, essa parece ser mais natural e estar mais na linha da
tua experiência. E, por conseguinte, é necessário que tenhas outras experiências, mais na linha da verdade para que te ensinem o
que é natural e verdadeiro.
14. Essa é a função do teu relacionamento santo. Pois o que um pensa, o outro vivenciará com ele. O que isso pode significar
exceto que a tua mente e a do teu irmão são uma só? Não olhes esse fato alegre com medo e não penses que ele deposita uma
carga pesada sobre ti. Pois quando o tiveres aceito com alegria, reconhecerás que o teu relacionamento é um reflexo da união do
Criador com o Seu Filho. Entre mentes amorosas, não há separação. E cada pensamento em um deles traz alegria ao outro porque
são o mesmo. A alegria é ilimitada porque cada pensamento brilhante de amor estende o que é e cria mais de si mesmo. Não há
diferença em nenhuma das suas partes, pois todo o pensamento é como ele mesmo.
15. A luz que une a ti e ao teu irmão brilha através do universo e porque vos une faz com que tu e ele sejais unos com o teu Cria-
dor. E Nele toda a criação está unida. Tu te arrependerias de não poderes sentir medo sozinho, quando o teu relacionamento pode
também ensinar que o poder do amor está presente, fazendo com que todo o medo seja impossível? Não tentes guardar um pouco
do ego com essa dádiva. Pois ela te foi dada para ser usada e não obscurecida. O que te ensina que não podes te separar nega o
ego. Deixa que a verdade decida se tu e teu irmão sois diferentes ou o mesmo e que ela te ensine o que é verdadeiro.

CAPÍTULO 23 - A GUERRA CONTRA TI MESMO

Introdução.
1. Tu não vês que o oposto da fragilidade e da fraqueza é a impecabilidade? A inocência é força e nada mais é forte. Os que não
têm pecado não podem ter medo, pois qualquer tipo de pecado é fraqueza. O espetáculo de força que o ataque quer usar para en-
cobrir a fragilidade não a esconde, pois como se poderia ocultar o irreal? Ninguém que tenha um inimigo é forte e ninguém é capaz
de atacar a não ser que pense que tem um inimigo. A crença em inimigos é, portanto, a crença na fraqueza e o que é fraco não é a
Vontade de Deus. Sendo oposto a ela, é ‗inimigo‘ de Deus. Deus é temido como uma vontade que se opõe.
2. Como, de fato, vem a ser estranha essa guerra contra ti mesmo! Não poderás deixar de crer que todas as coisas que usas
para o pecado podem ferir-te e vir a ser o teu inimigo. E lutarás contra ele e tentarás enfraquecê-lo devido a isso e pensarás que
tiveste êxito e atacarás de novo. É tão certo que terás medo daquilo que atacares como é certo que amarás o que perceberes sem
pecado. Caminha em paz aquele que viaja impecavelmente pela estrada que o amor lhe mostra. Pois lá o amor caminha com ele,
protegendo-o do medo. E ele só verá aqueles que não têm pecado, que não podem atacar.
3. Caminha em glória com a cabeça erguida e não temas mal algum. Os inocentes estão a salvo porque compartilham sua pró-
pria inocência. Nada do que vêem é danoso, pois a sua consciência da verdade libera todas as coisas da ilusão do dano. E o que
parecia causar dano, agora está brilhando em inocência, liberado do pecado e do medo e alegremente devolvido ao amor. Eles
compartilham a força do amor porque olharam para a inocência. E todo erro desapareceu porque eles não o viram. Aquele que olha
procurando a glória achá-la-á onde ela está. Onde poderia estar senão nos inocentes?
4. Não permitas que as pequenas interferências te puxem para a pequenez. Não pode haver atração pela culpa na inocência.
Pensa no mundo feliz pelo qual caminhas com a verdade ao teu lado! Não desistas deste mundo de liberdade em troca de um pe-
queno suspiro de desejo pelo pecado aparente, pelo faiscar diminuto da atração pela culpa. Deixarias de lado o Céu em troca de

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UM CURSO EM MILAGRES
todas essas distrações insignificantes? O teu destino e o teu propósito estão muito além disso, naquele lugar limpo onde a pequenez
não existe. O teu propósito está em desacordo com qualquer tipo de pequenez. E assim ele está em desacordo com o pecado.
5. Que nós não permitamos que a pequenez conduza o Filho de Deus à tentação. A sua glória está além disso, incomensurável,
intemporal como a eternidade. Não permitas que o tempo se intrometa na perspectiva na qual tu o percebes. Não o deixes ame-
drontado e sozinho em sua tentação, mas ajuda-o a erguer-se acima dela e a perceber a luz da qual ele faz parte.A tua inocência
iluminará o caminho para a sua e assim a tua é protegida e mantida na tua consciência. Pois quem é capaz de conhecer a própria
glória e perceber o pequeno e o fraco em si mesmo? Quem é capaz de caminhar tremendo em um mundo amedrontador e re-
conhecer que a glória do Céu brilha em si mesmo?
6. Nada do que está à tua volta deixa de ser parte de ti. Olha para isso amorosamente e vê nisso a luz do Céu. Assim virás a
compreender tudo o que te é dado. Em perdão benigno o mundo cintilará e brilhará e tudo o que antes pensavas ser pecado agora
será re-interpretado como parte do Céu. Como é bonito caminhar limpo, redimido e feliz, através de um mundo em amarga necessi-
dade da redenção que a tua inocência lhe concede! O que podes valorizar mais do que isso? Pois aqui está a tua salvação e a tua
liberdade. E ela tem que ser completa se quiseres reconhecê-la.

I. As crenças irreconciliáveis
1. A memória de Deus vem à mente quieta. Ela não pode vir aonde há conflito, pois uma mente em guerra contra si mesma não
se lembra da gentileza eterna. Os meios da guerra não são os meios da paz e o que as pessoas voltadas para a guerra querem
lembrar não é amor. A guerra é impossível a não ser que a crença na vitória seja valorizada. O conflito dentro de ti necessariamente
implica no fato de que acreditas que o ego tem o poder de ser vitorioso. Por que outra razão te identificarias com ele? Com certeza,
reconheces que o ego está em guerra com Deus. É certo que ele não tem nenhum inimigo. Entretanto, igualmente certa é a sua
crença fixa segundo a qual ele tem um inimigo que não pode deixar de dominar e que terá sucesso.
2. Não reconheces que uma guerra contra ti mesmo seria uma guerra contra Deus? É concebível a vitória? E se fosse, seria
essa uma vitória que tu quererias? A morte de Deus, se fosse possível, seria a tua morte. Isso é uma vitória? O ego sempre marcha
para a derrota porque pensa que o triunfo sobre ti é possível. E Deus pensa de outro modo. Isso não é guerra, apenas uma crença
louca segundo a qual a Vontade de Deus pode ser atacada e derrotada. Tu podes te identificar com essa crença, mas ela nunca será
mais do que loucura. E o medo reinará na loucura e lá parecerá ter substituído o amor. Esse é o propósito do conflito. E para aqueles
que pensam que isso é possível, os meios parecem reais.
3. Estejas certo de que é impossível: Deus e o ego ou tu e o ego jamais vos encontrareis. Vós pareceis vos encontrar e fazeis as
vossas estranhas alianças com base no que não tem significado. Pois as vossas crenças convergem para o corpo, a casa escolhida
do ego, que tu acreditas que é a tua. Vós vos encontrais num equívoco, um erro na auto-avaliação. O ego une-se com uma ilusão de
ti mesmo que compartilhas com ele. E, no entanto, ilusões não podem se unir. Elas são a mesma e não são nada. Sua união baseia-
se no nada; duas são tão insignificantes quanto uma ou mil. O ego não se une a nada, não sendo nada. A vitória que ele busca é tão
sem significado quanto ele próprio.
4. Irmão, a guerra contra ti mesmo está quase no fim. O final da jornada está no lugar da paz. Não queres aceitar agora a paz
que te é oferecida aqui? Esse ‗inimigo‘ contra o qual lutaste, como se fosse um intruso na tua paz é transformado aqui, diante da tua
vista, no doador da tua paz. O teu ‗inimigo‘ era o próprio Deus, para Quem todos os conflitos, o triunfo e qualquer tipo de ataque são
desconhecidos. Ele te ama perfeitamente, completamente e eternamente. O Filho de Deus em guerra contra o seu Criador é uma
condição tão ridícula como seria a natureza rugindo contra o vento com raiva, proclamando que ele já não faz parte dela. Seria pos-
sível a natureza estabelecer isso e fazer com que fosse verdadeiro Também não cabe a ti dizer o que fará parte de ti e o que será
mantido à parte.
5. A guerra contra ti mesmo foi empreendida com o intuito de ensinar ao Filho de Deus que ele não é ele mesmo e não é o Filho
de seu Pai. Para isso, a memória de seu Pai tem que ser esquecida. Ela é esquecida na vida do corpo e se pensas que és um corpo,
acreditarás que a esqueceste. No entanto, a verdade nunca pode ser esquecida por ela mesma e tu não te esqueceste do que és.
Apenas uma estranha ilusão de ti mesmo, um desejo de triunfar sobre o que tu és não se lembra.
6. A guerra contra ti mesmo não é senão a batalha de duas ilusões, lutando para fazer com que sejam diferentes uma da outra,
acreditando que aquela que vencer será verdadeira. Não há nenhum conflito entre elas e a verdade. Elas também não são diferentes
uma da outra. Ambas não são verdadeiras. E assim não importa a forma que tomam. O que as fez é insano e elas permanecem
sendo parte do que as fez. A loucura não contém nenhuma ameaça à realidade e não tem nenhuma influência sobre ela. As ilusões
não podem triunfar sobre a verdade e nem podem ameaçá-la de forma alguma. E a realidade que negam não é parte delas.
7. O que tu lembras é uma parte de ti. Pois não podes deixar de ser como Deus te criou. A verdade não luta contra ilusões, nem
ilusões lutam contra a verdade. Ilusões apenas batalham consigo mesmas. Sendo fragmentadas, elas fragmentam. Mas a verdade é
indivisível e está muito além do pequeno alcance que possam ter. Tu lembrar-te-ás do que conheces quando tiveres aprendido que
não podes estar em conflito. Uma ilusão a respeito de ti mesmo pode batalhar contra outra, entretanto, a guerra de duas ilusões é
um estado no qual nada ocorre. Não há nenhum vencedor e não há nenhuma vitória. E a verdade permanece radiante, à parte do
conflito, intocada e quieta na paz de Deus.
8. O conflito tem que se dar entre duas forças. Ele não pode existir entre um poder e o nada. Não há nada que possas atacar
que não seja parte de ti. E por atacares, fazes duas ilusões a respeito de ti mesmo, uma em conflito com a outra. E isso ocorre sem-
pre que olhas para qualquer coisa que Deus criou com qualquer coisa que não seja amor. O conflito é amedrontador porque é o nas-
cimento do medo. Entretanto, o que nasce do nada não pode vencer a realidade através de uma batalha. Por que irias preencher o
teu mundo com conflitos contigo mesmo? Permite que toda essa loucura seja desfeita para ti e volta-te em paz para a lembrança de
Deus, ainda brilhante na tua mente quieta.
9. Vê como o conflito de ilusões desaparece quando é trazido à verdade! Pois ele só parece ser real enquanto é visto como uma
guerra entre verdades conflitantes; a vencedora será a mais verdadeira, a mais real e a conquistadora da outra que era menos real e
que passa a ser uma ilusão a ser vencida. Assim, o conflito é a escolha entre ilusões, uma deverá ser coroada como real e a outra
vencida e desprezada. Aqui, o Pai jamais será lembrado. No entanto, ilusão alguma pode invadir a Sua casa e expulsá-Lo do que Ele
ama para sempre. E o que Ele ama não pode deixar de ser para sempre quieto e para sempre em paz porque é a Sua casa.
10. Tu, que és amado por Ele, não és uma ilusão, sendo tão real e tão santo quanto Ele Mesmo. A serenidade da tua certeza do
Pai e de ti próprio é a casa de Ambos, Que habitam como um só e não à parte. Abre a porta da Sua santíssima casa e permite que o
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UM CURSO EM MILAGRES
perdão varra todo vestígio da crença no pecado que mantém Deus sem lar e Seu Filho com Ele. Tu não és um estranho na casa de
Deus. Dá boas-vindas a teu irmão no lar onde Deus o instalou em serenidade e paz e habita com ele. As ilusões não têm lugar onde
mora o amor, protegendo-te de todas as coisas que não são verdadeiras. A paz na qual tu habitas é tão ilimitada quanto a do seu
Criador e todas as coisas são dadas àqueles que querem lembrá-Lo. O Espírito Santo vela sobre a Sua casa, seguro de que a Sua
paz nunca pode ser perturbada.
11. Como é possível que o lugar onde Deus descansa se volte contra si mesmo e busque dominar Aquele Que ali habita? E pensa
no que acontece quando a casa de Deus se percebe dividida. O altar desaparece, a luz se faz cada vez mais tênue, o templo do
Santíssimo vem a ser a casa do pecado. E nada é lembrado, exceto ilusões. Ilusões podem conflitar porque as suas formas são dife-
rentes. E elas, de fato, batalham apenas para estabelecer qual é a forma que é verdadeira.
12. Ilusões encontram ilusões, a verdade encontra a si mesma. O encontro de ilusões conduz à guerra. A paz, olhando para si
mesma, estende-se. A guerra é a condição na qual nasce o medo e ele cresce e busca dominar. A paz é o estado onde habita o a-
mor e busca compartilhar a si mesmo. Conflito e paz são opostos. Onde um habita, o outro não pode estar, aonde quer que qualquer
um dos dois vá, o outro desaparece. Assim é a memória de Deus obscurecida em mentes que vieram a ser o campo de batalha de
ilusões. Entretanto, muito além dessa guerra sem sentido, ela brilha pronta para ser lembrada quando estiveres do lado da paz.

II. As leis do caos


1. As ‗leis‘ do caos podem ser trazidas à luz, embora nunca possam ser compreendidas. Leis caóticas dificilmente têm significado
e estão, portanto, fora da esfera da razão. No entanto, elas parecem ser um obstáculo à razão e à verdade. Vamos, então, olhá-las
calmamente para que possamos olhar para o que está além delas, compreendendo o que são e não o que elas querem manter. É
essencial que se compreenda para o que servem, porque o propósito que têm é fazer com que a verdade seja sem significado e
atacá-la. Aqui estão as leis que regem o mundo que fizeste. E, no entanto, nada governam e não é preciso quebrá-las, simplesmente
olhar para elas e ir além.
2. A primeira lei caótica é que a verdade é diferente para cada um. Como todos esses princípios, esse mantém que cada um é
separado e tem um conjunto diferente de pensamentos que o põe à margem dos outros. Esse princípio se desenvolve a partir da
crença em que existe uma hierarquia de ilusões, algumas são mais valiosas e, portanto, verdadeiras. Cada um estabelece isso para
si mesmo e faz com que seja verdadeiro através do seu ataque ao que o outro valoriza. E isso é justificado porque os valores dife-
rem e aqueles que os mantêm parecem não ser como os outros e, portanto, são inimigos.
3. Pensa em como isso parece interferir com o primeiro princípio dós milagres. Pois isso estabelece graus de verdade entre ilu-
sões, fazendo com. que pareça que algumas são mais difíceis de superar do que outras. Se fosse reconhecido que todas são a
mesma e igualmente inverídicas, seria então fácil de se compreender que os milagres se aplicam a todas elas. Todos os tipos de
erros podem ser corrigidos porque são inverídicos. Quando trazidos à verdade, ao invés de serem levados uns aos outros, meramen-
te desaparecem. Nenhuma parte do nada pode ser mais resistente à verdade do que outra.
4. A segunda lei do caos, de fato valorizada por todos os adoradores do pecado, é que cada um não pode deixar de pecar e,
portanto merece ataque e morte. Esse princípio, estreitamente relacionado com o primeiro, é a exigência de que os erros pedem
punição e não correção. Pois a destruição daquele que faz o erro coloca-o além da correção e além do perdão. O que ele fez é as-
sim interpretado como uma sentença irrevogável sobre si mesmo, a qual o próprio Deus não tem o poder de superar. O pecado não
pode ser redimido, sendo a crença segundo a qual o Filho de Deus pode cometer equívocos pelos quais a sua própria destruição
vem a ser inevitável.
5. Pensa no que isso parece fazer com o relacionamento entre o Pai e o Filho. Agora, aparentemente, eles nunca mais poderão
ser um outra vez. Pois um deles não pode deixar de estar sempre condenado, e pelo outro. Agora, eles são diferentes e inimigos. E
o seu relacionamento é de oposição, assim como os aspectos separados do Filho só se encontram para conflitar, mas não para unir-
se. Um vem a ser fraco, o outro forte através da sua derrota. E o medo de Deus e uns dos outros agora aparenta ser razoável e se
faz real devido ao que o Filho de Deus fez a ambos, a si mesmo e a seu Criador.
6. A arrogância em que se baseiam as leis do caos não pode ser mais evidente do que aqui. Aqui está um princípio que pretende
definir o que o Criador da realidade tem que ser, o que Ele tem que pensar e o que Ele tem que acreditar e como Ele tem que res-
ponder acreditando nisso. Nem mesmo se considera necessário perguntar-Lhe acerca da verdade do que foi estabelecido para que
Ele creia. Seu Filho pode dizer-Lhe isso e Ele não tem senão a escolha de aceitar a sua palavra ou estar equivocado. Isso conduz
diretamente à terceira crença absurda que parece fazer com que o caos seja eterno. Pois se Deus não pode estar equivocado, Ele
tem que aceitar a crença do Seu Filho acerca do que ele é e odiá-lo por isso.
7. Vê como o medo de Deus é reforçado por esse terceiro princípio. Agora vem a ser impossível voltar-se para Ele pedindo ajuda
na miséria. Pois agora Ele veio a ser o ‗inimigo‘ Que a causou, a Quem é inútil apelar. E nem pode a salvação estar dentro do Filho,
cujos aspectos parecem estar em guerra contra Ele e justificados em seu ataque. E agora o conflito se faz inevitável, além da ajuda
de Deus. Pois agora a salvação não pode deixar de ser impossível porque o salvador veio a ser o inimigo.
8. Não pode haver nenhuma liberação, nem é possível escapar. Assim a Expiação vem a ser um mito e a vingança, não o per-
dão, é a Vontade de Deus. A partir de onde tudo isso começa, não há nenhuma ajuda, à vista que possa ser bem-sucedida. Só a
destruição pode ser o resultado. E o próprio Deus parece estar ao lado da destruição para dominar Seu Filho. Não penses que o ego
fará com que sejas capaz de achar um meio de escapar do que ele quer. Essa é a função deste curso, que não valoriza o que o ego
estima.
9. O ego só valoriza aquilo que ele toma dos outros. Isso conduz à quarta lei do caos, que, se as outras forem aceitas, não pode
deixar de ser verdadeira. Essa lei aparente é a crença segundo a qual tens aquilo que tomaste de outros. Através disso, a perda do
outro vem a ser o teu ganho, e assim ela falha em reconhecer que jamais podes tomar coisa alguma de ninguém a não ser de ti
mesmo. No entanto, todas as outras leis necessariamente conduzem a isso. Pois inimigos não dão voluntariamente um ao outro e
nem buscariam compartilhar as coisas que valorizam. E o que os teus inimigos querem afastar de ti tem que valer a pena possuir já
que eles o esconderam da tua vista.
10. Todos os mecanismos da loucura são vistos emergindo aqui: o ‗inimigo‘ que se faz forte por manter oculta a herança valiosa
que deveria ser tua; a tua posição que é justificada assim como o ataque pelo que foi mantido à parte de ti, e a perda inevitável que o
teu inimigo não pode deixar de sofrer para te salvar. Assim os culpados protestam em favor de sua ‗inocência‘. Se não tivessem sido

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UM CURSO EM MILAGRES
forçados a esse vil ataque pelo comportamento inescrupuloso do inimigo, eles teriam respondido apenas com benignidade. Mas em
um mundo selvagem, os benignos não podem sobreviver, assim sendo eles não podem deixar de saquear ou serão saqueados.
11. E agora há uma vaga questão não respondida, ainda não ‗explicada‘. O que é essa coisa preciosa, essa pérola de valor ines-
timável, esse tesouro secreto a ser arrancado com justa, ira desse inimigo tão traidor e astuto? Não pode deixar de ser aquilo que
queres, mas que nunca achaste. E agora ‗compreendes‘ a razão por que não o achaste. Pois isso foi tomado de ti por esse inimigo e
escondido aonde não pensarias sequer em olhar. Ele o ocultou no seu próprio corpo, fazendo disso a cobertura para a culpa que ele
sente, o esconderijo do que te pertence. Agora, o seu corpo tem que ser destruído e sacrificado para que possas ter aquilo que te
pertence. A sua traição exige a sua morte, para que possas viver. E tu só atacas em auto-defesa.
12. Mas o que é isso que queres que exige a sua morte? Como podes estar certo de que o teu ataque assassino é justificado, a não
ser que saibas para que ele serve? E aqui, um princípio final do caos vem para ‗resgatar‘. Ele mantém que há um substituto para o
amor. Essa é a mágica que irá curar toda a tua dor, o fator que faltava em tua loucura e que a faz ‗sã‘. Essa é a razão pela qual não
podes deixar de atacar. Eis aqui o que faz com que a tua vingança seja justificada. Eis aqui, revelada, a dádiva secreta do e go, ar-
rancada do corpo do teu irmão, ali escondida na malícia e no ódio para ser dada àquele a quem a dádiva de fato pertence. Ele quer
privar-te do ingrediente secreto que daria significado à tua vida. O substituto para o amor, nascido da tua inimizade para com o teu
irmão, tem que ser a salvação. Não há nenhum substituto para ele e existe apenas um. E todos os teus relacionamentos não têm
senão o propósito de se apoderar dele e fazer com que seja teu.
13. A tua posse nunca se faz completa. E nunca o teu irmão deixará de atacar-te em função do que tu lhe roubaste. Nem Deus
porá fim à Sua vingança contra ambos, pois na Sua loucura, Ele não pode deixar de ter esse substituto para o amor e matar a am-
bos. Tu, que acreditas que caminhas na sanidade, com os pés em terra sólida e através de um mundo no qual é possível achar um
significado, considera isso: essas são as leis nas quais a tua ‗sanidade‘ parece se basear. Esses são os princípios que fazem com
que a terra sob os teus pés pareça sólida. E é aqui que procuras um significado. Essas são as leis que fizeste para a tua salvação.
Elas mantêm no lugar o substituto para o Céu que tu preferes. Esse é o seu propósito, foram.feitas para isso. Não faz sentido questi-
onar o que significam. Isso é evidente. Os meios da loucura têm que ser insanos. Estás igualmente certo de que reconheces que a
meta é a loucura?
14. Ninguém quer a loucura e ninguém fica apegado à própria loucura se vê que é isso o que ela é. O que protege a loucura é a
crença em que ela seja verdadeira. É a função da insanidade tomar o lugar da verdade. Ela tem que ser vista como verdade para
que se acredite nela. E se ela é a verdade, então necessariamente o seu oposto, que antes era a verdade, agora não pode deixar de
ser loucura. Tal reversão, completamente ao contrário, onde a loucura é sanidade, as ilusões são verdadeiras, o ataque é benignida-
de, o ódio é amor e o assassinato é benção, é a meta a que servem as leis do caos. Esses são os meios pelos quais as leis de Deus
aparentam estar revertidas. Aqui as leis do pecado parecem manter o amor cativo e deixar que o pecado se vá em liberdade.
15. Essas não parecem ser as metas do caos, pois através da grande reversão, elas aparentam ser as leis da ordem. Como pode-
ria não ser assim? O caos é a ausência de leis e não tem leis. Para que se acredite nele, suas aparentes leis têm que ser percebidas
como reais. Sua meta de loucura tem que ser vista como sanidade. E o medo, com lábios cinzentos e olhos que não vêem, cego e
terrível ao ser contemplado, é erguido ao trono do amor, seu conquistador moribundo, seu substituto, o salvador da salvação. Como
as leis do medo fazem a morte parecer bela. Dá graças ao herói no trono do amor que salvou o Filho de Deus para o medo e para a
morte!
16. Entretanto, como é possível que se possa acreditar em semelhantes leis? Existe um estranho instrumento que possibilita isso.
Ele nem sequer deixa de ser familiar, nós já vimos como ele parece funcionar muitas vezes antes. Na verdade, ele não funciona;
entretanto, nos sonhos, onde só as sombras desempenham papéis principais, ele parece muito poderoso. Nenhuma lei do caos po-
deria compelir à crença a não ser através da ênfase na forma e da desconsideração do conteúdo. Ninguém que pense que qualquer
uma dessas leis é verdadeira vê o que ela diz. Algumas das formas que tomam parecem ter significado e isso é tudo.
17. Como é possível que algumas formas de assassinato não signifiquem morte? É possível que um ataque, sob qualquer forma,
seja amor? Que forma de condenação é uma bênção? Quem pode fazer com que o seu próprio salvador seja impotente e achar a
salvação? Não permitas que a forma do ataque a ele te engane. Não podes buscar danificá-lo e ser salvo. Quem pode achar se-
gurança contra o ataque voltando-se contra si mesmo? Como pode ter importância a forma que essa loucura tome? É um julgamento
que derrota a si mesmo, condenando o que diz que quer salvar. Não te enganes quando a loucura toma uma forma que pensas ser
bela. Aquilo que tenciona a tua destruição não é teu amigo.
18. Afirmarias e pensarias que é verdade que não acreditas nessas leis sem sentido e nem ages de acordo com elas. E quando
olhas para o que elas dizem, não se pode acreditar nelas. Irmão, tu acreditas nelas. Pois de que outra maneira poderias perceber a
forma que tomam, com um conteúdo como esse? É possível que quaisquer dessas formas se mantenham? No entanto, acreditas
nelas pela forma que tomam e não reconheces o conteúdo. Ele nunca muda. Podes pintar lábios cor-de-rosa em um esqueleto, vesti-
lo com o que é belo, agradá-lo e mimá-lo e fazê-lo viver? E podes ficar contente com uma ilusão de que estejas vivendo?
19. Não há vida fora do Céu. Onde Deus criou a vida, lá ela tem que estar. Em qualquer estado à parte do Céu, a vida é ilusão. Na
melhor das hipóteses, parece vida; na pior, parece morte. No entanto, os dois são julgamentos sobre o que não é vida, são iguais na
sua falta de acuidade e de significado. A vida fora do Céu é impossível e o que não está no Céu não está em lugar nenhum. Fora do
Céu, existe apenas o conflito de ilusões sem sentido, impossível e além de toda a razão, mas apesar disso percebido como uma
eterna barreira para o Céu. Ilusões não são senão formas. Seu conteúdo nunca é verdadeiro.
20. As leis do caos governam todas as ilusões. As suas formas conflitam, fazendo com que pareça bastante possível valorizar algu-
mas acima de outras. Entretanto, cada uma delas se baseia, com tanta certeza quanto as outras, na crença segundo a qual as leis
do caos são as leis da ordem. Cada uma sustenta essas leis de forma completa, oferecendo um testemunho certo de que essas leis
são verdadeiras. As formas aparentemente mais gentis do ataque não são menos certas no seu testemunho ou nos seus resultados.
É certo que as ilusões trarão medo devido às crenças que nelas estão implicadas, não devido à sua forma. E a falta de fé no amor,
sob qualquer forma, testemunha a realidade do caos.
21. Da crença no pecado necessariamente decorre a fé no caos. Como é uma decorrência parece ser uma conclusão lógica, um
passo válido no pensamento ordenado. Os passos para o caos decorrem de forma ordenada do seu ponto de partida. Cada um de-
les é uma forma diferente na progressão da reversão da verdade, conduzindo ainda mais ao aprofundamento do terror e ao distanci-
amento da verdade. Não penses que um passo é menor do que o outro, nem que é mais fácil o retomo de um do que de outro. Toda
a descida do Céu está em cada um deles. E onde o teu pensamento começa, lá ele tem que terminar.

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UM CURSO EM MILAGRES
22. Irmão, não dês nenhum passo para a descida ao inferno. Pois tendo dado um, não reconhecerás o resto pelo que eles são. E
eles seguir-se-ão. O ataque, sob qualquer forma, colocou o teu pé sobre a escadaria tortuosa que conduz para longe do Céu. No
entanto, a qualquer instante, é possível que tudo isso seja desfeito. Como podes saber se escolheste os degraus do Céu ou o ca-
minho para o inferno? Bem facilmente. Como te sentes? A paz está na tua consciência? Estás certo da direção em que estás indo? E
estás seguro de que a meta do Céu pode ser a1cançada? Se não, caminhas sozinho. Pede, então, ao teu Amigo que se una a ti e
que te dê a certeza de onde vais.

III. Salvação sem transigência


1. Não é verdade que não reconheces algumas das formas que o ataque pode tomar? Se é verdade que o ataque, sob qualquer
forma, te ferirá e o fará tanto numa forma na qual não o reconheças quanto naquela que reconheces, então, obrigatoriamente deduz-
se que nem sempre reconheces a fonte da dor. O ataque, sob qualquer forma, é igualmente destrutivo. Seu propósito não muda. Sua
única intenção é assassinar e que forma de assassinato serve para encobrir a culpa maciça e o medo frenético da punição que o
assassino não pode deixar de sentir? Ele pode negar que seja um assassino e justificar a sua selvageria com sorrisos à medida em
que ataca. No entanto, ele irá sofrer e olhará para sua intenção em pesadelos nos quais os sorrisos terão desaparecido e o propósito
vem à tona para encontrar a sua consciência horrorizada e continuar perseguindo-o. Pois ninguém pensa em assassinato e escapa
da culpa que o pensamento acarreta. Se o intento é a morte, que importância tem a forma que tome?
2. É a morte, sob qualquer forma, por mais bela e caridosa que possa parecer, uma bênção e um sinal de que a Voz Que fala por
Deus fala através de ti ao teu irmão? A embalagem não faz a dádiva que dás. Uma caixa vazia, por mais bonita que seja e por mais
gentilmente que seja dada, ainda assim nada contém. E nem quem a recebe e nem quem a dá é enganado por muito tempo. Não
dês o perdão ao teu irmão e tu o atacas. Não lhe dás nada e não recebes dele senão o que deste.
3. A salvação não é uma transigência de maneira alguma. Fazer transigências é aceitar apenas parte do que queres, levar um
pouco e renunciar ao resto. A salvação não renuncia a nada. Ela é completa para todos. Permite que a idéia da transigência apenas
entre em ti e a consciência do propósito da salvação se perde porque não é reconhecida. Ela é negada onde a transigência foi acei-
ta, pois a transigência é a crença em que a salvação é impossível quer afirmar que podes atacar um pouco, amar um pouco e saber
a diferença. Desse modo, ela pretende ensinar que um pouco do que é o mesmo ainda pode ser diferente e, mesmo assim, o que é
o mesmo permaneceria intacto, como um só. Isso faz sentido? Isso pode ser compreendido?
4. Esse curso é fácil exatamente porque não faz nenhuma transigência. Apesar disso parece difícil para aqueles que ainda acre-
ditam que é possível fazer transigências. Eles não vêem que, se ela é possível, a salvação é ataque. Entretanto, é certo que a cren-
ça em que a salvação é impossível não pode sustentar uma certeza calma e tranqüila de que ela veio. O perdão não pode ser nega-
do apenas um pouco. Nem é possível atacar por isso, amar por aquilo e compreender o perdão. Não queres reconhecer todas as for-
mas de assalto à tua paz, já que só assim vem a ser impossível para ti perdê-la de vista? Ela pode ser mantida brilhando diante da
tua visão, para sempre clara e nunca fora da tua vista, se não a defendes.
5. Aqueles que acreditam que a paz pode ser defendida e que o ataque é justificado em seu favor, não podem perceber que ela
está dentro deles. Como poderiam ter esse conhecimento? Poderiam aceitar o perdão lado a lado com a crença em que o assas-
sinato toma algumas formas através das quais a sua paz é salva? Estariam dispostos a aceitar o fato de que o seu selvagem propó-
sito é dirigido contra eles próprios? Ninguém se alia a inimigos e nem é um com eles em propósito. E ninguém faz transigências a
um inimigo, ao contrário, continua odiando-o pelo que ele lhe tirou.
6. Não te equivoques tomando trégua por paz, nem transigência pelo escape do conflito. Ser liberado do conflito significa que ele
acabou. A porta está aberta, deixaste o campo de batalha. Não ficaste vagando por lá na esperança tímida de que ela não iria retor-
nar, porque as metralhadoras cessaram fogo por um instante e o medo que assombra o local da morte não está aparente. Não há
segurança em um campo de batalha. Podes olhar de cima para ele em segurança e não ser tocado. Mas, dentro dele, não podes
achar segurança alguma. Nenhuma árvore que ainda se mantenha de pé te abrigará. Nenhuma ilusão de proteção se mantém contra
a fé no assassinato. Aqui o corpo se mantém, dividido entre o desejo natural de se comunicar e a intenção não-natural de assassinar
e morrer. Pensas que a forma que o assassinato possa tomar é capaz de oferecer segurança? E possível que a culpa esteja ausente
de um campo de batalha?

IV. Acima do campo de batalha


1. Que não permaneças em conflito, pois não há guerra sem ataque. O medo de Deus é o medo da vida e não da morte. Entre-
tanto, Ele permanece sendo o único lugar de segurança. Nele, não há ataque e nenhuma forma de ilusão anda a espreita no Céu. O
Céu é totalmente verdadeiro. Nenhuma diferença entra nele e aquilo que é totalmente o mesmo não pode conflitar. Não te é pedido
que lutes contra o teu desejo de assassinar. Mas é pedido a ti que, reconheças que as formas que ele toma escondem a mesma
intenção. E é disso que tens medo e não da forma. O que não é amor é assassinato. O que não é amoroso, não pode deixar de ser
um ataque. Cada ilusão é um assalto à verdade e cada uma violenta a idéia do amor porque parece ser igualmente verdadeira.
2. O que pode ser igual à verdade e ao mesmo tempo diferente? Assassinato e amor são incompatíveis. No entanto, se ambos
são verdadeiros, então, ambos não podem deixar de ser o mesmo e indistinguíveis um do outro. Assim eles serão para aqueles que
vêem o Filho de Deus como um corpo. Pois não é o corpo que é como o Criador do Filho. E o que é sem vida não pode ser o Filho
da Vida. Como pode um corpo estender-se para conter o universo? É possível ele criar e ser o que ele cria? E pode ele oferecer às
suas criações tudo o que ele é e nunca sofrer perda?
3. Deus não compartilha a Sua Junção com um corpo. Ele deu a função de criar a Seu Filho porque ela é a Sua própria. Não é
pecado acreditar que a função do Filho é o assassinato, mas é insanidade. O que é o mesmo não pode ter nenhuma função diferen-
te. A criação é o meio para a extensão de Deus e o que é Seu não pode deixar de ser do Seu Filho também. Ou o Pai e o Filho são
assassinos, ou nenhum dos dois o é. A vida não faz a morte, criando como a si mesma.
4. A bela luz do teu relacionamento é como o Amor de Deus. Ela não pode ainda assumir a função santa que Deus deu a Seu
Filho, pois o teu perdão em relação ao teu irmão ainda não é completo e assim não pode ser estendido à toda a criação. Cada forma
de assassinato e de ataque que ainda te atraia e que não reconheças pelo que é, limita a cura e os milagres que tens o poder de
estender a todos. Entretanto, o Espírito Santo compreende como aumentar as tuas pequenas dádivas e fazer com que sejam pode-
rosas. Ele compreende também como é que o teu relacionamento se ergue acima do campo de batalha não mais dentro dele. Essa

171
UM CURSO EM MILAGRES
é a tua parte: reconhecer que qualquer forma de assassinato não é a tua vontade. Não ver o campo de batalha é agora o teu propó-
sito.
5. Que sejas erguido e de um ponto mais alto olha para ele lá embaixo. De lá a tua perspectiva será bastante diferente. Aqui, no
meio do campo de batalha, ele de fato parece real. Aqui escolheste ser parte dele. Aqui, o assassinato é a tua escolha. Entretanto,
do alto, a escolha são os milagres em vez do assassinato. E a perspectiva que vem dessa escolha te mostra que a batalha não é
real, que é fácil escapar. Os corpos podem batalhar, mas o choque de formas é sem significado. E acaba quando reconheces que
nunca teve início. Como pode uma batalha ser percebida como se não fosse nada quando te engajas nela? Como pode a verdade
dos milagres ser reconhecida se o assassinato é a tua escolha?
6. Quando a tentação de atacar surge para fazer com que a tua mente se tome escura e assassina, lembra-te que podes ver a
batalha do alto. Mesmo em formas que não reconheças, os sinais tu conheces. Há uma punhalada de dor, uma pontada de culpa e
acima de tudo, a perda da paz. Isso conheces bem. Quando essas coisas ocorrerem, não deixes o teu posto no alto, mas rapida-
mente escolhe um milagre ao invés do assassinato. E o próprio Deus e todas as luzes do Céu gentilmente irão inclinar-Se para ti,
sustentando-te no alto. Pois escolheste permanecer onde Ele quer que estejas e nenhuma ilusão pode atacar a paz de Deus junto
com Seu Filho.
7. Não vejas ninguém a partir do campo de batalha, pois lá olharás para ele a partir do nada. Não tens um ponto-de-referência a
partir do qual olhar, de onde possas dar significado ao que vês. Pois somente os corpos poderiam atacar e assassinar e, se esse é o
teu propósito, então, não podes deixar de ser um com eles. Só um propósito unifica e aqueles que compartilham um só propósito
têm a mente una. O corpo não tem propósito em si mesmo e não pode deixar de ser solitário. De baixo, ele não pode ser superado.
De cima, os limites que ele impõe aos que ainda se encontram na batalha desaparecem e não são percebidos. O corpo está entre o
Pai e o Céu que Ele criou para o Seu Filho porque não tem propósito.
8. Pensa no que é dado àqueles que compartilham o propósito de seu Pai e têm conhecimento de que é o seu próprio. Não lhes
falta nada. Qualquer espécie de pesar é inconcebível. Só a luz que amam está na sua consciência e só o amor brilha sobre eles para
sempre. O amor é o seu passado, seu presente e seu futuro; sempre o mesmo, eternamente completo e totalmente compartilhado.
Eles têm o conhecimento de que é impossível que a sua felicidade possa jamais sofrer qualquer tipo de mudança. Talvez penses que
o campo de batalha possa te oferecer alguma coisa que possas ganhar. É possível que isso seja algo que te ofereça uma calma
perfeita e um senso de amor tão profundo e quieto que nenhum toque de dúvida pode jamais manchar a tua certeza? E isso durará
para sempre?
9. Aqueles que têm a força de Deus em sua consciência nunca poderiam pensar em batalha. O que poderiam eles ganhar senão
a perda da sua perfeição? Pois todas as coisas pelas quais se luta no campo de batalha são do corpo, algo que ele parece oferecer
ou possuir. Ninguém que tenha o conhecimento de que tudo tem poderia buscar a limitação ou valorizar os oferecimentos do corpo.
A falta de sentido da conquista é bastante evidente a partir da esfera serena acima do campo de batalha. O que pode conflitar com
tudo? E o que há lá que ofereça menos e possa ainda assim ser mais querido? Quem, sustentado pelo Amor de Deus, poderia achar
a escolha entre os milagres e o assassinato difícil de fazer?

CAPÍTULO 24 - A META DO ESPECIALISMO

Introdução
1. Não te esqueças de que a motivação deste curso é alcançar e manter o estado da paz. Nesse estado, a mente está quieta e a
condição na qual Deus é lembrado é atingida. Não é necessário dizer a Ele o que fazer. Ele não falhará. Onde Ele pode entrar, Ele já
está. E é possível que Deus não possa entrar onde é Sua Vontade estar? A paz será tua porque essa é a Sua Vontade. Podes acre-
ditar que uma sombra é capaz de deter a Vontade que mantém o universo em segurança? Deus não espera por ilusões que permi-
tam que Ele seja Ele próprio. Nem Seu Filho tampouco. Eles são. E que ilusão, que pareça vagar em vão entre Eles, tem o poder de
derrotar o que é a Vontade de Deus e de Seu Filho?
2. Aprender esse curso requer disponibilidade para questionar todos os valores que manténs. Nenhum pode ser mantido oculto e
obscuro sem pôr em risco o teu aprendizado. Nenhuma crença é neutra. Todas têm o poder de ditar cada decisão que tomas. Pois
uma decisão é uma conclusão baseada em todas as coisas nas quais acreditas. É o resultado da tua crença e decorre dela com
tanta certeza quanto o sofrimento se segue à culpa e a liberdade à impecabilidade. Não há substitutos para a paz. O que Deus cria
não tem alternativa. A verdade surge do que Ele conhece. E as tuas decisões vêm das tuas crenças com tanta certeza quanto toda a
criação surgiu na Sua Mente devido ao que Ele conhece.

I. O especialismo como um substituto para o amor


1. Amor é extensão. Deixar de dar a menor das dádivas é não conhecer o propósito do amor. O amor oferece tudo para sempre.
Retém apenas uma crença, um oferecimento e o amor se vai, porque pediste a um substituto que tomasse o seu lugar. E agora a
guerra, o substituto para a paz, não pode deixar de vir com a única alternativa que podes escolher para o amor. A tua escolha dá a
essa alternativa toda a realidade que ela parece ter.
2. As crenças jamais atacarão umas às outras abertamente porque resultados conflitantes são impossíveis. Mas uma crença não
reconhecida é uma decisão de guerrear em segredo, onde os resultados do conflito permanecem desconhecidos e nunca são trazi-
dos à razão para serem avaliados quanto ao sentido que fazem ou não. E muitos resultados sem sentido têm sido alcançados e de-
cisões sem significado tomadas e mantidas ocultas, para virem a ser crenças às quais agora se dá o poder de dirigir todas as deci-
sões subseqüentes. Não te enganes quanto ao poder desses guerreiros ocultos para perturbar a tua paz. Pois ela fica à sua mercê
enquanto decides deixá-la lá. Os inimigos secretos da paz, a tua menor decisão de escolher o ataque em vez do amor, irreconheci-
dos e ágeis para te desafiar ao combate e a uma violência muito mais inclusiva do que tu imaginas, lá estão por escolha tua. Não
negues a sua presença nem os seus terríveis resultados. Tudo o que pode ser negado é a sua realidade, mas não o seu resultado.
3. Em todos os momentos, a única crença que é mantida zelosamente oculta e que é defendida embora não seja reconhecida, é
fé no especialismo. Isso toma muitas formas, mas sempre se choca com a realidade da criação de Deus e com a grandeza que Ele
deu a Seu Filho. Que outra coisa poderia justificar o ataque? Pois quem poderia odiar alguém cujo Ser é o seu próprio e a Quem

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UM CURSO EM MILAGRES
conhece? Só os especiais poderiam ter inimigos, pois eles são diferentes e não o mesmo. E qualquer tipo de diferença impõe ordens
de realidade e uma necessidade de julgar à qual não se pode escapar.
4. O que Deus criou não pode ser atacado, pois nada há no universo que não seja como ele próprio. Mas o que é diferente exige
julgamentos, que têm que vir de alguém ‗melhor‘, de alguém incapaz de ser como aquilo que condena, alguém que esteja ‗acima‘
disso, impecável em comparação a isso. E assim o especialismo vem a ser um meio e um fim simultaneamente. Pois o especialismo
não apenas aparta como serve de justificativa a partir da qual o ataque àqueles que parecem situar-se ‗abaixo‘ da pessoa especial é
‗natural‘ e ‗justo‘. Os especiais sentem-se fracos e frágeis devido a diferenças, pois aquilo que quer fazer com que sejam especiais é
inimigo para com eles. No entanto, eles protegem sua inimizade e o chamam de ‗amigo‘. Em função dele, lutam contra o universo,
pois não há nada no mundo que valorizem mais. .
5. O especialismo é o grande ditador de decisões erradas. Aqui está a grande ilusão a respeito do que tu és e do que é o teu
irmão. E aqui está o que não pode deixar de fazer com que o corpo seja querido e digno de ser preservado. O especialismo tem que
ser defendido. As ilusões podem atacá-lo e, de fato, o fazem. Pois o que o teu irmão não pode deixar de ser para manter o teu espe-
cialismo é uma ilusão. Ele, que é ‗pior‘ do que tu, tem que ser atacado de maneira que o teu especialismo possa viver às custas da
sua derrota. Pois o especialismo é triunfo e a tua vitória é a derrota e a vergonha do teu irmão. Como pode ele viver com todos os
teus pecados sobre ele? E quem, senão tu, não pode deixar de conquistá-lo?
6. Seria possível odiar o teu irmão se tu fosses como ele? Poderias atacá-lo se reconhecesses que a tua jornada é com ele e
rumo a uma meta que é a mesma? Tu não o ajudarias a alcançá-la de todas as formas que pudesses, se a sua realização fosse per-
cebida como a tua? És seu inimigo no especialismo; amigo, em um propósito compartilhado. O especialismo nunca pode comparti-
lhar, pois depende de metas que só podes alcançar sozinho. E é necessário que ele jamais as alcance ou a tua própria meta é posta
em risco. É possível que o amor tenha significado onde a meta é o triunfo? E que decisão pode ser tomada em favor disso que não
vá ferir-te?
7. O teu irmão é teu amigo porque o Pai o criou como tu. Não há diferença. Tu foste dado ao teu irmão de maneira que o amor
pudesse ser estendido, e não tirado do teu irmão. O que deixas de dar está perdido para ti. Deus Se deu a ti e ao teu irmão e lem-
brar disso é agora o único propósito que compartilhais. E assim é o único que tendes. Poderias atacar o teu irmão se tivesses esco-
lhido não ver especialismo algum entre tu e ele? Olha com equanimidade o que quer que seja que faz com que dês apenas boas-
vindas parciais ao teu irmão, ou quer fazer com que penses que estás em melhor situação estando separado. Não é sempre a tua
crença segundo a qual o teu especialismo fica limitado pelo teu relacionamento? E não é esse o ‗inimigo‘ que faz de ti e do teu irmão
ilusões um para o outro?
8. O medo de Deus e do teu irmão vem de cada crença não reconhecida no especialismo. Pois tu exiges que o teu irmão se
curve a ele contra a sua vontade. E o próprio Deus tem que honrar o especialismo ou sofrer a tua vingança. Cada pontada de malí-
cia, cada punhalada de ódio ou desejo de separar surge aqui. Pois aqui, o propósito que tu e teu irmão compartilhais vem a ser obs-
curo para ambos. Queres te opor a esse curso porque ele te ensina que tu e teu irmão sois iguais. Vós não tendes nenhum propósito
que não seja o mesmo e nenhum que o vosso Pai não compartilhe convosco. Pois o vosso relacionamento foi limpo de metas espe-
ciais. E queres agora derrotar a meta da santidade que o Céu deu a ele? Que perspectiva pode ter o que é especial que não mude
com cada golpe aparente, cada julgamento leve ou imaginário que se faz sobre ele?
9. Aqueles que são especiais têm que defender ilusões contra a verdade. Pois o que é o especialismo senão um ataque à Von-
tade de Deus? Tu não amas o teu irmão enquanto for isso o que queres defender contra ele. Isso é o que ele ataca e tu proteges.
Aqui está a razão da batalha que promoves contra ele. Aqui, ele tem que ser teu inimigo e não teu amigo. Nunca pode haver paz
entre o que é diferente. Ele é teu amigo porque vós sois o mesmo.

II. A traição do especialismo


1. A comparação tem que ser um mecanismo do ego, pois o amor não faz nenhuma. O especialismo sempre faz comparações. É
estabelecido por uma falta que é vista no outro e é mantido pela busca de faltas e por deixar a vista todas as faltas que for capaz de
perceber. Isso é o que ele busca e é para isso que olha. E aquele que ele assim diminui viria sempre a ser o teu salvador se não
tivesses escolhido, ao contrário, fazer dele uma medida diminuta do teu especialismo. Frente à pequenez que vês nele, ficas alto e
nobre, limpo e honesto, puro e sem mancha em comparação com o que vês. E nem sequer compreendes que assim é a ti mesmo
que diminuis.
2. Perseguir o especialismo sempre se dá à custa da paz. Quem pode atacar seu salvador e abatê-lo e ainda reconhecer o seu
forte apoio? Quem pode detrair a sua onipotência e ainda compartilhar o seu poder? E quem pode usá-lo como a medida da peque-
nez e liberar-se de limites Tens uma função na salvação. Perseguir a salvação te trará alegria. Mas perseguir o especialismo neces-
sariamente te trará dor. Aqui está uma meta que quer derrotar a salvação e assim ir contra a Vontade de Deus. Valorizar o especia-
lismo é estimar uma vontade alheia, para a qual as ilusões de ti mesmo são mais caras do que a verdade.
3. O especialismo é a idéia do pecado que se fez real. É impossível até mesmo imaginar o pecado sem essa base. Pois o peca-
do surgiu dela, surgiu do nada; uma flor maléfica totalmente sem raízes. Aqui está aquele que fez a si mesmo ―salvador‖, o ―criador‖
que não cria como o Pai, e que fez o Seu Filho como a si mesmo e não como Ele. Seus filhos ―especiais‖ são muitos, nunca um só,
cada um exilado de si mesmo e Daquele de Quem é parte. E também não amam a Unicidade Que os criou unos com Ela. Escolhe-
ram o seu especialismo em vez do Céu e da paz e envolvem-no cuidadosamente no pecado para mantê-lo ―a salvo‖ da verdade.
4. Tu não és especial. Se pensas que és e queres defender o teu especialismo contra a verdade do que realmente és, como
podes conhecer a verdade? Que resposta que o Espírito Santo te dê pode ―alcançar-te, quando é ao teu especialismo que escutas e
é ele que pergunta e responde? Tudo o que tu escutas é a sua resposta diminuta, que não tem nenhum som na melodia que trans-
borda de Deus para ti eternamente louvando com amor o que tu és. E essa imensa canção de honra e amor pelo que tu és parece
silenciosa e inaudível diante da sua ―magnificência‖. Tu te esforças para que teus ouvidos ouçam a sua voz sem som e, no entanto, o
Chamado do próprio Deus é insonoro para ti.
5. Podes defender o teu especialismo, mas nunca ouvirás a Voz que fala por Deus ao seu lado. Elas falam línguas diferentes e
caem em ouvidos diferentes. Para cada pessoa especial a verdade é uma mensagem diferente, com significado diferente. No en-
tanto, como é possível que a verdade seja diferente para cada um? As mensagens especiais que os especiais ouvem os convencem
de que eles são diferentes e à parte, cada um em seus pecados especiais e ―a salvo‖ do amor, que absolutamente não vê o seu es-

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UM CURSO EM MILAGRES
pecialismo. A visão de Cristo é ―inimiga‖ para com eles, pois não vê o objeto de seus olhares e quer mostrar-lhes que o especialismo
que pensam que vêem é uma ilusão.
6. O que poderiam ver em seu lugar? A brilhante radiância do Filho de Deus, tão semelhante a seu Pai que a memória do Pai
salta à mente no mesmo instante. E com essa memória, o Filho se lembra das suas próprias criações tão semelhantes a ele quanto
ele em relação a seu Pai. E todo o mundo que ele fez e todo o seu especialismo e todos os pecados que manteve em defesa disso e
contra si mesmo se desvanecerão, à medida que a sua mente aceita a verdade sobre ele mesmo, à medida que ela retorna para
ocupar o lugar de tudo isso. Esse é o único ―custo‖ da verdade: não mais verás o que nunca existiu, nem ouvirás o que não tem som.
É um sacrifício não desistir de nada e receber o Amor de Deus para sempre?
7. Tu, que acorrentaste o teu salvador ao teu especialismo e deste a ele o seu lugar, lembra-te disso: ele não perdeu o poder de
te perdoar todos os pecados que pensas que colocaste entre ele e a função da salvação que lhe foi dada para ti. E tu também não
mudarás a sua função, assim como não és capaz de mudar a verdade nele ou em ti mesmo. Mas estejas certo de que a verdade é
exatamente a mesma em ambos. Ela não dá mensagens diferentes e tem um único significado. E é um significado que tu e teu irmão
podeis compreender, um significado que traz a liberação para ambos. Aqui está o teu irmão com a chave do Céu em sua mão esten-
dida para ti. Não permitas que o sonho do especialismo permaneça entre vós. O que é um está unido em verdade.
8. Pensa na beleza que verás dentro de ti mesmo, quando tiveres olhado para ele como para um amigo. Ele é o inimigo do espe-
cialismo e amigo só daquilo que é real em ti. Nenhum dos ataques que pensaste ter lançado contra ele, arrebatou-lhe a dádiva que
Deus quer que ele te dê. A sua necessidade de te dar essa dádiva é tão grande quanto a tua necessidade de possuí-la. Permite que
ele te perdoe todo o teu especialismo e faze com que tu sejas íntegro na tua mente e um com ele. Ele espera pelo teu perdão so-
mente para que possa devolvê-lo a ti. Não foi Deus Quem condenou Seu Filho, mas tu, para salvar o seu especialismo e matar o seu
Ser.
9. Vieste até muito longe no caminho para a verdade, longe demais para hesitares agora. Mais um passo apenas e todo vestígio do
medo de Deus se fundirá em amor. O especialismo do teu irmão e o teu são inimigos e estão ligados no ódio para matar um ao outro
e negar que vós sois o mesmo. Entretanto, não são as ilusões que alcançaram esse obstáculo final que parece fazer com que Deus
e o Céu sejam tão remotos que não se pode alcançá-Los. Aqui, nesse lugar santo, a verdade está esperando para receber a ti e ao
teu irmão em bênção silenciosa e em uma paz tão real e abrangedora que nada fica de fora. Deixa todas as ilusões acerca de ti
mesmo fora deste lugar ao qual vieste em esperança e honestidade.
10. Aqui está aquele que pode te salvar do teu especialismo. Ele tem necessidade da tua aceitação dele próprio como parte de ti,
assim como tu tens da dele. Vós sois iguais para Deus, assim como Deus é para Si Mesmo. Ele não é especial, pois não quer guar-
dar parte do que Ele é só para Si Mesmo, negando-a a Seu Filho e reservando-a só para Si. E é disso que tens medo, pois se Ele
não é especial, então é Sua Vontade que Seu Filho seja como Ele e o teu irmão é como tu. Não especial, mas possuidor de todas as
coisas, incluindo a ti. Dá-lhe apenas o que ele já tem, lembrando que Deus Se deu a ti e ao teu irmão em amor igual para que ambos
possais compartilhar o universo com Aquele Que escolheu que o amor nunca poderia ser dividido nem mantido separado do que ele
é e não pode deixar de ser para sempre.
11. Tu és do teu irmão, uma parte do amor não foi negada a ele. Mas é possível que tenhas perdido porque ele é completo? O que
foi dado a ele faz com que tu sejas completo, assim como ele. O Amor de Deus te deu a ele e ele a ti porque Ele deu a Si Mesmo. O
que é o mesmo, sendo o que Deus é, é um com Ele. E só o especialismo poderia fazer com que a verdade segundo a qual Deus e tu
são um só parecesse ser qualquer outra coisa que não o Céu com a esperança da paz por fim à vista.
12. O especialismo é o selo da traição sobre a dádiva do amor. Qualquer coisa que sirva ao seu propósito tem que ser dada para
matar. Nenhuma dádiva que ostente o seu selo oferece senão traição a quem a dá e a quem a recebe. Nenhum olhar que venha de
olhos velados pelo especialismo pode olhar para outra coisa que não seja a vista da morte. Ninguém que acredite em sua potência
busca outra coisa senão barganhas e transigências que querem estabelecer o pecado como substituto do amor e servi-lo fielmente.
E nenhum relacionamento que valorize esse propósito faz outra coisa senão agarrar-se ao assassinato como a arma de segurança e
o defensor supremo de todas as ilusões contra a ―ameaça‖ do amor.
13. A esperança do especialismo faz com que pareça possível que Deus tenha feito o corpo como a prisão que mantém Seu Filho
afastado Dele próprio. Pois o especialismo exige um lugar especial, onde Deus não possa entrar e um esconderijo onde ninguém é
bem-vindo, exceto o teu ser diminuto. Nada aqui é sagrado a não ser para ti e só para ti, à parte e separado de todos os teus irmãos;
a salvo de todas as intrusões da sanidade sobre as ilusões; a salvo de Deus e salvo para o conflito que dura para sempre. Aqui está
a porta do inferno que fechaste sobre ti mesmo para governar na loucura e na solidão o teu reino especial, à parte de Deus, longe da
verdade e da salvação.
14. A chave que jogaste fora, Deus a deu ao teu irmão, cujas mãos santas querem oferecê-la a ti quando estiveres pronto para
aceitar o Seu plano para a tua salvação em lugar do teu. Como poderia essa prontidão ser atingida a não ser que vejas toda a tua
miséria e tenhas a consciência de que o teu plano falhou e para sempre falhará em trazer-te qualquer tipo de paz e alegria? Através
desse desespero viajas agora, no entanto, é apenas uma ilusão de desespero. A morte do especialismo não é a tua morte, mas o teu
despertar para a vida eterna. Tu simplesmente emerges de uma ilusão do que és para a aceitação de ti mesmo como Deus te criou.

III. O perdão do especialismo


1. O perdão é o fim do especialismo. Só ilusões podem ser perdoadas e então desaparecem. O perdão é liberação de todas as
ilusões, por isso é impossível perdoar apenas parcialmente. Ninguém que se agarre a uma ilusão pode ver a si mesmo sem pecado,
pois mantém para si um erro como algo que ainda é belo. E assim ele o chama de ―imperdoável‖ e faz com que seja um pecado.
Como pode, então, dar o seu perdão totalmente se não quer recebê-lo para si mesmo? Pois é certo que o receberia totalmente no
instante em que assim o desse. E deste modo sua culpa secreta desapareceria, perdoada por ele próprio.
2. Qualquer que seja a forma de especialismo que alimentes, fizeste o pecado. Ele fica inviolado, fortemente defendido com todo
o teu cômico poder contra a Vontade de Deus. E assim ele fica contra ti, o teu inimigo, não o inimigo de Deus. Desse modo ele pare-
ce dividir-te afastando-te de Deus e fazer com que estejas separado Dele, como defensor do pecado. Queres proteger o que Deus
não criou. E, no entanto, esse ídolo que parece te dar poder levou-o embora. Pois deste a ele o direito que o teu irmão recebeu ao
nascer, deixando-o sozinho e sem perdão, e a ti mesmo no pecado ao seu lado, ambos na miséria, diante do ídolo que não pode
salvá-los.

174
UM CURSO EM MILAGRES
3. Não és tu que és tão vulnerável e aberto ao ataque que apenas uma palavra, um pequeno sussurro do qual não gostes, uma
circunstância que não te agrade ou um acontecimento que não antecipaste pode transtornar o teu mundo e lançar-te no caos. A ver-
dade não é frágil. Ilusões deixam-na perfeitamente intocada e imperturbada. Mas o especialismo não é a verdade em ti. Ele pode ser
posto em desequilíbrio por qualquer coisa. O que repousa no nada nunca pode ser estável. Não importa o quanto ele possa parecer
grande e super-inflado, ainda assim não pode deixar de balançar, virar e rodopiar por aí com cada brisa.
4 Sem fundamento coisa alguma é segura. Deus deixaria o Seu Filho em um estado no qual a segurança não tem sentido? Não,
o Seu Filho está a salvo, repousando Nele. É o teu especialismo que é atacado por todas as coisas que caminham e respiram, raste-
jam ou se arrastam ou simplesmente vivem. Nada está a salvo do seu ataque e ele não está a salvo de nada. Ele será para sempre
incapaz de perdoar, pois isso é o que ele é: um voto secreto segundo o qual o que Deus quer para ti nunca será e tu te oporás à Sua
Vontade para sempre. Também não é possível que as duas jamais venham a ser a mesma, enquanto o especialismo estiver entre
elas como a espada flamejante da morte, fazendo com que sejam inimigas.
5. Deus pede o teu perdão. Ele não quer nenhuma separação, como uma vontade alheia, surgindo entre o que é a Sua Vontade
para ti e o que é a tua vontade. Elas são a mesma, pois nenhuma das duas quer o especialismo. Como poderiam querer a morte do
próprio amor? No entanto, são impotentes para atacar ilusões. Elas não são corpos; como uma única Mente esperam que todas as
ilusões lhes sejam trazidas e deixadas para trás. A salvação não desafia nem mesmo a morte. E o próprio Deus, Que sabe que a
morte não é a tua vontade, tem que dizer: ―Seja feita a tua vontade‖, porque tu pensas que é.
6. Perdoa o grande Criador do universo, a Fonte da vida, do amor e da santidade, o Pai perfeito de um Filho perfeito, pelas tuas
ilusões do teu especialismo. Aqui está o inferno que escolheste para ser o teu lar. Ele não escolheu isso para ti. Não Lhe peças que
entre nisso. O caminho está bloqueado para o amor e a salvação. Entretanto, se queres liberar o teu irmão das profundezas do in-
ferno, terás perdoado Aquele Cuja Vontade é que repouses para sempre nos braços da paz, em perfeita segurança e sem o calor e a
malícia de um único pensamento de especialismo para frustrar o teu repouso. Perdoa ao Santíssimo o especialismo que Ele não
poderia dar e que, em vez disso, tu fizeste.
7. Os especiais estão todos dormindo, cercados por um mundo de beleza que não vêem. A liberdade, a paz e a alegria estão lá,
ao lado do ataúde onde dormem e os chamam para vir para fora e despertar do seu sonho de morte. No entanto, eles nada ouvem.
Estão perdidos em sonhos de especialismo. Odeiam o chamado que quer despertá-los e amaldiçoam a Deus porque Ele não fez do
seu sonho realidade. Amaldiçoam a Deus e morrem, mas não por causa Dele Que não fez a morte; apenas em sonhos. Abre um
pouco os teus olhos, vê o salvador que Deus te deu para que pudesses olhar para ele e devolver a ele o direito que ele recebeu ao
nascer. Esse direito é o teu.
8. Os escravos do especialismo ainda serão livres. Tal é a Vontade de Deus e a de Seu Filho. Iria Deus condenar a Si Mesmo ao
inferno e à perdição? E queres que isso seja feito com o teu salvador? Deus te chama a partir dele para que te unas à Sua Vontade
com o fim de salvar a ambos do inferno. Olha o sinal dos cravos nas mãos que Ele exibe para que tu o perdoes. Deus pede a tua
misericórdia para o Seu Filho e para Ele próprio. Não a negues a Eles. Eles te pedem apenas que a tua vontade seja feita. Buscam o
teu amor para que possas amar a ti mesmo. Não ames o teu especialismo em vez Deles. O sinal dos cravos está em tuas mãos
também. Perdoa ao teu Pai por não ter sido Sua Vontade que sejas crucificado.

IV. Especialismo versus impecabilidade


1. O especialismo é uma falta de confiança em todos exceto em ti mesmo. A fé é investida apenas em ti mesmo. Tudo o mais
vem a ser teu inimigo: temido e atacado, mortal e perigoso, odiado e merecendo apenas ser destruído. Qualquer gentileza que ele te
ofereça é apenas engano, mas o seu ódio é real. Estando em perigo de ser destruído, o especialismo não pode deixar de matar e tu
és atraído para ele para matá-lo primeiro. E tal é a atração da culpa. Aqui se entroniza a morte como o salvador; agora, a cruci-
ficação é redenção e a salvação só pode significar a destruição do mundo, excluindo a ti.
2. Qual poderia ser o propósito do corpo senão o especialismo? E é isso o que faz com que ele seja frágil e impotente em defesa
própria. Foi concebido para fazer com que tu sejas frágil e impotente. A meta da separação é a sua maldição. No entanto, corpos não
têm nenhuma meta. O propósito é da mente. E mentes podem mudar de acordo com o que desejam. Não podem mudar o que são e
todos os seus atributos. Mas o que mantêm como propósito para si mesmas pode ser mudado e os estados do corpo não podem
deixar de variar de acordo com isso. Por si mesmo, o corpo nada pode fazer. Se o vês como um meio de ferir, ele é ferido. Se o vês
como um meio de curar, ele é curado.
3. Só podes ferir a ti mesmo. Isso foi repetido muitas vezes, mas é difícil de apreender por enquanto. Para mentes empenhadas
no especialismo é impossível. Entretanto, para aqueles que desejam curar e não atacar é bastante óbvio. O propósito do ataque está
na mente e seus efeitos são sentidos apenas onde ela está. A mente também não é limitada, assim sendo o propósito danoso ne-
cessariamente fere todas as mentes como uma só. Nada poderia fazer menos sentido para o especialismo. Nada poderia fazer mais
sentido para os milagres. Pois milagres são meramente uma mudança do propósito de ferir para o de curar. Essa alteração do pro-
pósito, de fato, ―coloca em perigo‖ o especialismo, mas só no sentido de que todas as ilusões são ―ameaçadas‖ pela verdade. Elas
não se manterão diante dela. Entretanto, que consolo jamais houve nelas, para que queiras negar a dádiva que o teu Pai te pede e,
em vez de dá-la a Ele, queres dá-la a elas? Se a deres a Ele, o universo é teu. Oferecida a elas, nenhuma dádiva pode ser atribuída.
Aquilo que deste ao especialismo te levou à falência e deixou o teu tesouro despojado e vazio, com a porta aberta convidando todas
as coisas que querem perturbar a tua paz para que entrem e destruam.
4. Anteriormente eu disse: ―Não consideres os meios através dos quais se atinge a salvação, nem como alcançá-la.‖ Mas consi-
dera e considera bem, se é teu desejo poder ver o teu irmão sem pecado. Para o especialismo a resposta tem que ser ―não‖. Um
irmão sem pecado é seu inimigo, enquanto o pecado, se fosse possível, seria seu amigo. O pecado do teu irmão justificaria o espe-
cialismo e lhe daria o significado que a verdade nega. Tudo o que é real proclama a impecabilidade do teu irmão. Tudo o que é falso
proclama que os seus pecados são reais. Se ele é pecador, então a tua realidade não é real, mas apenas um sonho de especialismo
que dura um instante e desaba no pó.
5. Não defendas esse sonho sem sentido, no qual Deus é privado do que Ele ama e tu permaneces além da salvação. Só isso é certo
nesse mundo passageiro que, na realidade, não tem nenhum significado: quando a paz não está inteiramente contigo e quando so-
fres qualquer espécie de dor, olhaste para algum pecado no teu irmão e te regozijaste com o que pensaste que estava lá. O teu es-
pecialismo pareceu estar a salvo devido a isso. E assim salvaste aquilo que indicaste para ser o teu salvador e crucificaste aquele

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UM CURSO EM MILAGRES
que Deus te deu para substituí-lo. Com isso estás ligado a ele, pois vós sois um só. E, portanto o especialismo é o seu ―inimigo‖ as-
sim como também é o teu.

V. O Cristo em ti
1. O Cristo em ti é muito sereno. Ele olha para o que Ele ama e o conhece como a Si Mesmo. E assim Ele se regozija com o que
vê, porque sabe que tudo o que vê é um com Ele e com Seu Pai. O especialismo também se alegra com o que vê, embora não seja
verdadeiro. No entanto, o que buscas é uma fonte de alegria conforme a concebes. O que desejas é verdadeiro para ti. Também não
é possível que desejes alguma coisa e te falte fé para que assim seja. Desejar algo faz com que isso seja real, assim como a vonta-
de certamente cria. O poder de um desejo sustenta ilusões com tanta força quanto o amor estende a si mesmo. Exceto que um delu-
de, o outro cura.
2. Não existe nenhum sonho de especialismo por mais oculto ou disfarçado em forma, por mais belo que possa parecer, por mais
que ofereça delicadamente a esperança da paz e o escape da dor, no qual tu não sofras a tua condenação. Nos sonhos, efeito e
causa são permutáveis, pois aqui aquele que faz o sonho acredita que o que fez está acontecendo com ele. Ele não reconhece que
puxou um fio daqui, uma sobra de lá e teceu um retrato a partir do nada. Pois as partes não se adequam umas às outras e o todo em
nada contribui às partes para lhes dar significado.
3. De onde mais poderia surgir a tua paz senão do perdão? O Cristo em ti olha só para a verdade e não vê nenhuma condenação
que possa necessitar de perdão. Ele está em paz porque não vê o pecado. Identifica-te com Ele e o que terá Ele que tu não tenhas?
Ele é os teus olhos, os teus ouvidos, as tuas mãos, os teus pés. Como são gentis as cenas que Ele vê, os sons que Ele ouve. Como
é bela a Sua mão que segura a mão do Seu irmão e como Ele caminha com amor ao seu lado, mostrando-lhe o que pode ser visto e
ouvido e onde não há nada a ser visto e nenhum som a ser ouvido.
4. Mas deixa que o teu especialismo dirija o seu caminho e tu seguirás. E ambos caminharão em perigo, na floresta escura dos
que não vêem, sem iluminação a não ser os diminutos vislumbres passageiros do pecado, que cintilam por um instante para logo
apagarem-se, cada um com a intenção de conduzir o outro a um precipício inominável e de lá lança-lo para baixo. Pois o que pode
deleitar o especialismo senão matar? O que busca ele além de ver a morte? Aonde conduz senão à destruição? No entanto, não
penses que ele olhou para o teu irmão em primeiro lugar, nem que o odiou antes de odiar-te. O pecado que seus olhos contemplam
nele e amam contemplar, ele viu em ti e ainda olha para isso com alegria. Entretanto, é alegria olhar para a decadência e a loucura e
acreditar que essa coisa que se arrasta, com a carne já a se desprender dos ossos e com buracos cegos no lugar dos olhos, é como
tu és?
5. Regozija-te por não teres olhos para ver, ouvidos para escutar, nem mãos para segurar, nem pés para guiar. Contenta-te por-
que só Cristo pode te emprestar os Seus, enquanto tens essa necessidade. Eles são ilusões também, assim como os teus.. E, no
entanto, porque servem a um propósito diferente, a força do seu propósito lhes é dada. E a luz é dada a tudo que vêem, ouvem, se-
guram e conduzem para que possas conduzir assim como foste conduzido.
6. O Cristo em ti é muito sereno. Ele sabe aonde estás indo e te conduz até lá com gentileza e muitas bênçãos por todo o cami-
nho. O Seu Amor por Deus substitui todo o medo que pensaste ter visto dentro de ti mesmo. A Sua santidade te mostra o próprio
Cristo naquele cuja mão seguras e a quem conduzes até Ele. E o que vês é como tu mesmo. Pois o que, senão Cristo, está presente
para ver, ouvir, amar e seguir ao lar? Ele olhou para ti em primeiro lugar, mas reconheceu que não estavas completo. E assim bus-
cou a tua completeza em cada coisa viva que Ele contempla e ama. E ainda a busca, para que cada uma possa oferecer-te o Amor
de Deus.
7. Apesar disso, Ele está em quietude, pois sabe que o amor está em ti agora e é mantido em ti com segurança pela mesma mão
que segura a mão do teu irmão na tua. A mão de Cristo mantém todos os seus irmãos Nele Mesmo. Ele lhes dá visão para os seus
olhos que não vêem e canta o que é do Céu para eles, de modo que os seus ouvidos não mais possam ouvir o som da batalha e da
morte. Estendendo a Sua mão, Ele alcança outros através deles para que todos possam abençoar todas as coisas vivas e ver a pró-
pria santidade. E Ele se regozija porque podes ver estas cenas, olhar para elas com Ele e compartilhar a Sua alegria. Cristo está
livre de todo especialismo e é isso o que Ele te oferece para que possas salvar da morte todas as coisas vivas, recebendo de cada
uma a dádiva da vida que o teu perdão oferece ao teu Ser. A visão de Cristo é tudo o que há para se ver. A canção de Cristo é tudo o
que há para se ouvir. A mão de Cristo é tudo o que há para se segurar. Não há jornada que não seja caminhar com Ele.
8. Tu, que ficarias contente com o especialismo e que buscas a salvação em uma guerra com o amor considera isso: o santo
Senhor do Céu desceu Ele próprio a ti, para te oferecer a tua própria completeza. O que é Seu é teu porque na tua completeza está
a Sua. Ele, Cuja Vontade não é ser sem Seu Filho, nunca poderia determinar que ficasses sem os teus irmãos. E iria Ele te dar um
irmão que não fosse perfeito como tu e exatamente igual a Ele em santidade, assim como tu não podes deixar de ser?
9. Tem que haver dúvida antes que possa haver conflito. E toda dúvida tem que ser a respeito de ti mesmo. Cristo não tem dúvi-
da e da Sua certeza vem a Sua quietude. Ele trocará a Sua certeza por todas as tuas dúvidas, se concordares que Ele é um contigo
e que essa unicidade é sem fim, sem tempo, e está dentro do teu alcance porque as tuas mãos são as Suas. Ele está dentro de ti,
no entanto, caminha a teu lado e diante de ti, mostrando o caminho pelo qual Ele tem que seguir para achar-Se completo. A Sua
quietude vem a ser a tua certeza. E onde está a dúvida quando a certeza veio?

VI. Como salvar-se do medo


1. Diante da santidade do teu irmão, o mundo fica imóvel e a paz desce sobre ele em gentileza e com. uma bênção tão completa
que nenhum vestígio de conflito ainda permanece para assombrar-te na escuridão da noite. Ele é o teu salvador dos sonhos feitos
de medo. Ele é a cura do teu senso de sacrifício e do teu medo de que o que tens se dispersará no vento e se converterá em pó.
Nele está a tua garantia de que Deus está aqui e de que está contigo agora. Enquanto ele é o que é, podes estar certo de que é
possível conhecer a Deus e de que Ele será conhecido por ti. Pois Ele jamais poderia deixar a Sua própria criação. E o sinal de que
isso é assim está no teu irmão que te é oferecido de forma que todas as tuas dúvidas a respeito de ti mesmo possam desaparecer
diante da sua santidade. Vê nele a criação de Deus. Pois nele o seu Pai espera pelo teu reconhecimento de que Ele o criou como
parte de Si Mesmo.
2. Sem ti, haveria uma falta em Deus, um Céu incompleto, um filho sem um Pai. Não poderia haver nenhum universo e nenhuma
realidade. Pois o que é Vontade de Deus é total e parte Dele, porque a Sua Vontade é uma só. Nada vive que não seja parte Dele e

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UM CURSO EM MILAGRES
nada existe que não viva Nele. A santidade do teu irmão te mostra que Deus é um com ele e contigo; que o que ele tem é teu porque
não és separado dele nem do seu Pai.
3. Nada está perdido para ti em todo o universo. Nada do que Deus criou Ele deixou de colocar diante de ti com amor, para ser
teu para sempre. E nenhum Pensamento dentro da Sua Mente está ausente da tua. É a Sua Vontade que compartilhes o Seu Amor
por ti e olhes para ti mesmo tão amorosamente quanto Ele te concebeu antes do mundo ter início e como Ele ainda te conhece.
Deus não muda a Sua Mente a respeito do Seu Filho por circunstâncias passageiras que nenhum significado têm diante da eternida-
de, onde Ele habita e tu com Ele. O teu irmão é como Ele o criou. E é isso que te salva de um mundo que Ele não criou.
4. Não te esqueças de que o mundo serve apenas para curar o Filho de Deus. Esse é o único propósito que o Espírito Santo vê
e, por conseguinte, o único que ele tem. Até que vejas a cura do Filho como tudo o que desejas que seja realizado por esse mundo,
pelo tempo e por todas as aparências, não conhecerás o Pai e nem a ti mesmo. Pois usarás o mundo para o que não é o seu propó-
sito e não escaparás às suas leis de violência e morte. No entanto, é dado a ti estar além de todas as suas leis em todos os aspec-
tos, em todas as formas e em todas as circunstâncias; em toda tentação de perceberes o que não está presente e em todas as cren-
ças nas quais o Filho de Deus é capaz de sofrer dor porque ele se vê como não é.
5. Olha para o teu irmão, contempla nele toda a inversão das leis que parecem governar esse mundo. Vê na sua liberdade a tua,
pois é assim. Não permitas que o seu especialismo obscureça a verdade que existe nele, pois não escaparás a nenhuma das lei da
morte às quais tu o prendas. E não há um pecado que vejas nele que não mantenha ambos no inferno. Entretanto, a sua perfeita
impecabilidade vos liberará, pois a santidade é bastante imparcial, tendo um só julgamento para todos aqueles que contempla. E
esse julgamento é feito, não por ti mesmo, mas através da Voz que fala por Deus em todas as coisas que vivem e compartilham o
Seu Ser.
6. É a Sua impecabilidade que olhos que vêem podem contemplar. A Sua beleza que vêem em todas as coisas. E é a Ele que
procuram em toda parte e não acha nenhuma paisagem, nenhum lugar nem tempo onde Ele não esteja. Dentro da santidade do teu
irmão, a moldura perfeita para a tua salvação e para a salvação do mundo, está colocada a brilhante memória Daquele em Quem
vive o teu irmão e tu junto com ele. Não permitas que os teus olhos fiquem cegos com o véu do especialismo que esconde a face de
Cristo dele e também de ti. E não deixes que o medo de Deus afaste de ti por mais tempo a visão que vieste ver. O corpo do teu
irmão não te mostra Cristo. Cristo é demonstrado dentro da sua santidade.
7. Escolhe, então, o que queres ver, o seu corpo ou a sua santidade, e o que escolheres é teu para a tua contemplação. Entre-
tanto, terás que escolher em situações incontáveis e através de um tempo que parece não ter fim, até que a verdade seja a tua deci-
são. Pois não se ganha outra vez a eternidade através de mais uma negação de Cristo em teu irmão. E onde está a tua salvação, se
ele não é mais do que um corpo? Onde está a tua paz, senão na sua santidade? E onde está o próprio Deus, a não ser naquela par-
te Dele que Ele estabeleceu para sempre na santidade do teu irmão, para que possas ver a verdade acerca de ti mesmo afinal de-
monstrada em termos que és capaz de reconhecer e compreender?
8. A santidade do teu irmão é sacramento e bênção para ti. Os seus erros não são capazes de impedir que a bênção de Deus
esteja com ele, nem que ela esteja contigo que o vês verdadeiramente. Os seus enganos podem causar um atraso, que é dado a ti
anular para ele, de tal forma que ambos possam terminar uma jornada que jamais começou e não precisa ter fim. O que nunca exis-
tiu não faz parte de ti. Entretanto, pensarás que faz, enquanto não te deres conta de que não faz parte daquele que está ao teu lado.
Ele é o teu espelho e nesse espelho verás o julgamento que fizeste acerca de ambos. O Cristo em ti contempla a sua santidade. O
teu especialismo olha para o seu corpo e não o contempla.
9. Que o vejas como ele é para que a tua libertação não se demore. Vagar sem sentido, sem um propósito e sem qualquer tipo
de realização é tudo o que a outra escolha é capaz de te oferecer. A futilidade da função não cumprida irá assombrar-te enquanto o
teu irmão estiver adormecido, até que o que te foi atribuído tenha sido feito e ele ressuscitado do passado. Ele, que condenou a si
mesmo e a ti também, te é dado para que tu o salves da condenação junto contigo. E ambos verão a glória de Deus no Seu Filho,
que interpretaste equivocadamente como se fosse carne e limitaste às leis que não têm qualquer poder sobre ele.
10. Não gostarias de reconhecer, com contentamento, que essas leis não são para ti? Então, não o vejas como prisioneiro delas.
Não é possível que aquilo que governa uma parte de Deus não se mantenha para todo o resto. Tu te colocas sob as leis que vês
como aquelas que o governam. Pensa, então, em como deve ser grande o Amor de Deus por ti, a ponto de te dar uma parte de Si
Mesmo para salvar da dor e te trazer felicidade. E nunca duvides de que o teu especialismo desaparecerá diante da Vontade de
Deus, Que ama cada uma de Suas partes com o mesmo amor e o mesmo cuidado. O Cristo em ti é capaz de ver o teu irmão verda-
deiramente. Decidir-te-ias contra a santidade que Ele vê?
11. O especialismo é a função que tu te atribuíste. Ele só vale para ti sozinho, como coisa auto-criada, auto-mantida, sem neces-
sidade de nada e desunida em relação a qualquer coisa além do corpo. Aos seus olhos, tu és um universo separado, com todo o
poder de se manter completo dentro de si mesmo, com todas as entradas fechadas contra qualquer invasão e todas as janelas blo-
queadas contra a luz. Sempre atacado e sempre furioso, com uma raiva sempre inteiramente justificada, tens perseguido essa meta
com uma vigilância que nunca pensaste em deixar e com esforço incessante. E toda essa sombria determinação era apenas para
isso: querias que o especialismo fosse a verdade.
12. Agora, só te é pedido que sigas outra meta que exige muito menos vigilância; com um pequeno esforço, pouco tempo e com o
poder de Deus como garantia da manutenção da meta e da promessa de êxito. No entanto, dentre as duas, é essa que achas a mais
difícil. O ―sacrifício‖ do ser tu compreendes e não consideras que seja um preço alto demais. Mas uma diminuta dose de boa vonta-
de, um sinal de aprovação a Deus, um cumprimento ao Cristo que está em ti mesmo, consideras como uma carga exaustiva e tedio-
sa, pesada demais para ser carregada. Apesar disso, para a dedicação à verdade conforme Deus a estabeleceu, não se pede sacri-
fício algum, esforço algum; e todo o poder do Céu e a força da própria verdade são dados para prover os meios e garantir a realiza-
ção da meta.
13. Tu, que acreditas que é mais fácil ver o corpo do teu irmão do que a sua santidade, estejas certo de compreender o que é que
fez esse julgamento. Aqui se ouve com clareza a voz do especialismo, julgando contra o Cristo e colocando dentro de ti o propósito
que podes alcançar e aquilo que não podes fazer. Não te esqueças de que esse julgamento tem que se aplicar ao que fazes com ele
como teu aliado. Pois o que fazes através de Cristo, ele não sabe. Para Cristo, esse julgamento não faz qualquer sentido, pois só o
que é a Vontade do Seu Pai é possível e não existe nenhuma outra alternativa para que Ele veja. Como não há nenhum conflito Ne-
le, de lá vem a tua paz. E do Seu propósito vêm os meios para a realização sem esforço e para o descanso.

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UM CURSO EM MILAGRES
VII. O local do encontro
1. Como todas as pessoas ligadas a esse mundo defendem amargamente o especialismo que querem que seja a verdade! Seu
desejo é lei para elas e o obedecem. Nada que o seu especialismo exija deixa de ser dado. Nada do que ele precise, elas negam ao
que amam. E enquanto ele as chama, não ouvem nenhuma outra Voz. Nenhum esforço é grande demais, nenhum custo muito alto,
nenhum preço muito caro para salvar o seu especialismo do menor arranhão, do mais leve ataque, da dúvida sussurrada, da suspei-
ta de ameaça, de qualquer coisa que não seja a mais profunda reverência. Esse é o teu filho, amado por ti como és amado por teu
Pai. No entanto, ele está no lugar das tuas criações que, de fato, são um filho para ti de modo que possas compartilhar a Pa-
ternidade, de Deus, não arrancá-la Dele. O que é esse filho que fizeste para ser a tua força? O que é essa criança feita de terra so-
bre a qual tanto amor é dissipado? O que é essa paródia da criação de Deus que toma o lugar das tuas? E onde estão elas, agora
que o anfitrião de Deus encontrou outro filho, o qual ele prefere?
2. A memória de Deus não brilha sozinha. O que está dentro do teu irmão contém ainda toda a criação, tudo o que foi criado e
que está ainda criando, o que já nasceu e ainda por nascer, tudo o que ainda está no futuro ou aparentemente no passado. O que
está nele é imutável e a tua imutabilidade é reconhecida no reconhecimento disso. A santidade em ti pertence a ele. E se a vês nele,
ela retoma a ti. Todo o tributo que deste ao especialismo pertence a ele e assim retoma a ti. Todo o amor e todo o cuidado, a forte
proteção, o pensamento dia e noite, a profunda preocupação, a poderosa convição de que aquilo é o que tu és, tudo isso pertence a
ele. Tudo o que deste ao especialismo pertence a ele. E nada do que é devido a ele deixa de ser devido a ti.
3. Como podes conhecer o teu valor se o especialismo te reivindica em seu lugar? Como podes deixar de conhecê-lo na santi-
dade do teu irmão? Não busques tornar verdadeiro o teu especialismo, pois se fosse assim, estarias realmente perdido. Ao contrário,
que sejas grato porque te é dado ver a sua santidade, porque é verdade. E o que é verdadeiro nele tem que ser igualmente verdadei-
ro em ti.
4. Pergunta a ti mesmo o seguinte: tu és capaz de proteger a mente? O corpo, sim, um pouco; não do tempo, mas temporaria-
mente. E muito do que pensas que estás protegendo estás ferindo. Para quê irias protegê-lo? Pois nessa escolha se encontram tan-
to a sua saúde quanto o seu dano. Protege-o para mostrá-lo como isca para pegar outro peixe, para abrigar o teu especialismo em
melhor estilo ou para tecer uma moldura de beleza em torno do teu ódio e o condenas à decadência e à morte. E se vês esse propó-
sito no corpo do teu irmão, tal é a tua condenação do teu próprio. Ao contrário, tece uma moldura de santidade em torno do teu irmão
para que a verdade possa brilhar sobre ele e salvar a ti da deterioração.
5. O Pai mantém o que Ele criou a salvo. Não podes tocar o que Ele criou com as falsas idéias que fizeste, porque não foste
criado por ti. Não permitas que as tuas tolas fantasias te assustem. O que é imortal não pode ser atacado; o que é apenas temporal
não tem efeito. Só o propósito que vês em cada coisa tem significado e se esse significado for verdadeiro, a sua segurança descan-
sa na certeza. Se não for, não tem propósito e não é um meio para coisa alguma. Qualquer coisa que seja percebida como um meio
para a verdade compartilha da santidade dela e descansa na luz, com tanta segurança quanto a própria verdade. Essa luz também
não se apagará quando ela se for. O seu propósito santo lhe deu imortalidade, colocando uma outra luz no Céu, onde as tuas cria-
ções reconhecem uma dádiva vinda de ti, um sinal de que não as esqueceste.
6. O teste para todas as coisas na terra é simplesmente esse: ―Para quê serve isso?‖ A resposta faz com que sejam o que são
para ti. Elas não têm significado em si mesmas, entretanto, tu podes lhes dar realidade de acordo com o propósito ao qual serves.
Aqui és apenas um meio, junto com elas. Deus é um Meio assim como Fim. No Céu, meios e fim são um só e um com Ele. Esse é o
estado da verdadeira criação, que não é encontrado no tempo, mas na eternidade. Não se pode descrever isso a ninguém aqui.
Também não existe nenhuma maneira de se aprender o que significa essa condição. Não enquanto tu não ultrapassares o aprendi-
zado e chegares ao que te é Dado, não enquanto não fizeres de novo um lar santo para as tuas criações; só depois disso, ela será
compreendida.
7. Um co-criador com o Pai tem que ter um Filho. Entretanto, um Filho tem que ter sido criado como Ele próprio. Um ser perfeito, que
tudo abrange e por tudo é abrangido, no qual não há nada a acrescentar e nada que possa ser retirado; um ser que não nasceu da
que tem tamanho, nem em lugar algum, nem em tempo algum, nem preso a limites, nem a nenhuma espécie de incertezas. Aqui os
meios e o fim se unem em um só e esse não tem fim. Tudo isso é verdadeiro, no entanto, não tem significado para qualquer pessoa
que ainda retenha em sua memória uma lição não aprendida, um pensamento de propósito ainda incerto ou um desejo com o objeti-
vo dividido.
8. Esse curso não faz qualquer tentativa de ensinar o que não pode ser facilmente aprendido. O seu alcance não excede o teu
próprio, a não ser para dizer que o que é teu virá a ti quando estiveres pronto. Aqui os meios e o propósito estão separados porque
foram feitos assim e assim percebidos. E, portanto, nós lidamos com eles como se fossem. É essencial que se mantenha em mente
que toda percepção ainda está de cabeça para baixo até que seu propósito seja compreendido. A percepção não parece ser um
meio. E é isso que torna difícil apreender a quanto ela depende do propósito que tu vês nela. A percepção parece te ensinar o que
vês. No entanto, não faz senão testemunhar o que ensinaste. É a figura exterior de um desejo, uma imagem que tu querias que fos-
se verdadeira.
9. Olha para ti mesmo e verás um corpo. Olha para esse corpo sob uma luz diferente e ele te parecerá diferente. E sem uma luz
ele parecerá ter sumido. Entretanto, és reassegurado de que ele está presente porque ainda és capaz de senti-lo com as tuas mãos
e ouvi-lo movimentar-se. Aqui está uma imagem que tu queres que seja o teu próprio ser. É o meio para fazer com que o teu desejo
se realize. Ele dá os olhos com os quais olhá-lo, as mãos que o sentem e os ouvidos com os quais escutas os sons que ele faz. Ele
mesmo prova a sua própria realidade a ti.
10. Assim, o corpo se torna uma teoria de ti mesmo, sem que te seja provida nenhuma evidência além dele e nenhuma escapató-
ria dentro do seu modo de ver. O curso do corpo é certo quando visto através dos teus próprios olhos. Ele cresce e murcha, floresce
e morre. E não podes conceber-te à parte dele. Tu o rotulas como pecador e odeias os seus atos, julgando-o mau. Entretanto, o teu
especialismo sussurra: ―Esse é o meu filho amado, no qual pus as minhas complacências.‖ Assim o ―filho‖ vem a ser o meio para
servir ao propósito de seu ―pai‖. Não é idêntico, nem mesmo parecido, mas ainda assim um meio de oferecer ao ―pai‖ o que ele quer.
Tal é o travesti da criação de Deus. Pois assim como a criação de Seu Filho deu alegria a Deus e testemunhou o Seu Amor e com-
partilhou o Seu propósito, do mesmo modo o corpo testemunha a idéia que o fez e fala pela sua realidade e pela sua verdade.
11. E assim são feitos dois filhos e ambos parecem caminhar sobre a terra sem um local de encontro, sem encontrar-se jamais.
Um deles percebes fora de ti mesmo, o teu próprio filho amado. O outro descansa lá dentro, o Filho do Seu Pai, dentro do teu Irmão
assim coma ele está em ti. A diferença entre eles não está na aparência que têm, nem no rumo que tomam e nem mesmo nas coisas

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UM CURSO EM MILAGRES
que fazem. Eles têm propósitos diferentes. É isso o que faz com que se unam aos que são como eles e o que separa cada um de
todos os aspectos com um propósito diferente. O Filho de Deus retém a Vontade de seu Pai. O filho do homem percebe uma vonta-
de alheia e deseja que assim seja. E assim a sua percepção serve ao seu desejo, dando a esse desejo a aparência da verdade. No
entanto, a percepção pode servir a outra meta. Ela não está ligada ao especialismo senão pela tua escolha. E te é dado fazer uma
outra escolha e usar a percepção para um propósito diferente. E o que vês servirá bem a esse propósito e te provará a sua realida-
de.

CAPÍTULO 25 - A JUSTIÇA DE DEUS

Introdução
1. O Cristo em ti não habita em um corpo. Entretanto, Ele está em ti. E conseqüentemente não podes estar dentro de um corpo.
O que está dentro de ti não pode estar fora. E é certo que não podes estar à parte do que está bem no centro da tua vida. O que te
dá vida não pode estar abrigado na morte. E tu também não podes. Cristo está dentro de uma moldura de santidade cujo único
propósito é que Ele possa se tornar manifesto para aqueles que não O conhecem, que Ele os possa chamar para que venham a Ele
e o vejam ali onde imaginavam que estivessem os seus corpos. Então, os seus corpos desaparecerão para que eles possam
emoldurar a Sua santidade em si mesmos.
2. Ninguém que carregue Cristo em si mesmo pode deixar de reconhecê-Lo em toda parte. Exceto nos corpos. E enquanto a
pessoa acredita que está em um corpo, onde pensa que está, Ele não pode estar. E assim O carrega sem saber e não O torna
manifesto. E assim não O reconhece onde Ele está. O filho do homem não é o Cristo ressurgido. Entretanto, o Filho de Deus habita
exatamente onde ele está e caminha com ele dentro da sua santidade, tão visível quanto o seu especialismo que se demonstra
dentro do seu corpo.
3. O corpo não necessita de cura. Mas a mente que pensa ser um corpo está, de fato, doente! E é aqui que Cristo demonstra o
remédio. O Seu propósito envolve o corpo em Sua luz e o preenche com a santidade que se irradia a partir Dele. E nada do que o
corpo diz ou faz deixa de manifestá-Lo. Para aqueles que não O conhecem, o corpo O leva com gentileza e amor para curar as suas
mentes. Tal é a missão que o teu irmão tem para ti. E tal tem que ser a tua missão para com ele.

I. O elo com a verdade


1. Não pode ser difícil realizar a tarefa que Cristo designou para ti, pois Quem a realiza é Ele. E ao realizá-la aprenderás que o
corpo meramente parece ser o meio de realizá-la. Pois a Mente é a Sua. E, portanto, tem que ser a tua. A Sua santidade dirige o
corpo através da mente una com Ele. E tu te manifestas para o teu irmão santo, assim como ele para ti. Aqui está o encontro do
santo Cristo Consigo Mesmo; não há diferenças a serem percebidas entre os aspectos da Sua santidade, que se encontram, se
unem e O erguem até Seu Pai, íntegro e puro e digno do Seu Amor eterno.
2. Como podes manifestar o Cristo em ti exceto olhando para a santidade e vendo-O lá? A percepção te diz que tu te manifestas
no que vês. Olha para o corpo e irás acreditar que estás nele. E todo corpo que olhas te lembra de ti mesmo: o teu pecado, o teu mal
e, acima de tudo, a tua morte. E, acaso, não desprezarias aquele que te diz isso, e não irias buscar a sua morte em vez da tu a? A
mensagem e o mensageiro são um só. E tens que ver o teu irmão como a ti mesmo. Emoldurado no seu corpo, verás o teu pecado,
no qual estás condenado. Estabelecido na sua santidade, o Cristo nele proclama que Ele é como tu.
3. A percepção é uma escolha do que queres ser, o mundo no qual queres viver e o estado no qual pensas que a tua mente
estará contente e satisfeita. Ela escolhe aonde pensas que está a tua segurança de acordo com a tua decisão. Ela te revela a ti
mesmo como gostarias de ser. E ela é sempre fiel ao teu propósito, do qual nunca se separa e nunca testemunha coisa alguma, por
mais vagamente que seja, que o propósito na tua mente não sustente. A percepção é uma parte daquilo que é o teu propósito
contemplar, pois os meios e o fim nunca são separados. E assim aprendes que aquilo que parece ter uma vida à parte, não tem
nenhuma.
4. Tu és o meio para Deus; não separado, não com uma vida à parte da Sua. A Sua vida está manifestada em ti que és o Seu
Filho. Cada aspecto de Si Mesmo está emoldurado em santidade e pureza perfeita, em amor tão celestial e tão completo que só
deseja poder liberar tudo aquilo que contempla para si mesmo. A sua radiância brilha através de cada corpo para o qual ele olha e
limpa toda a escuridão que está nele transformando-a em luz, simplesmente olhando para o que está depois da escuridão, para a
luz. O véu é erguido através da sua gentileza e nada esconde a face de Cristo de quem a contempla. Tu e o teu irmão estão diante
Dele agora, para permitir que Ele ponha de lado o véu que parece mantê-los separados e à parte.
5. Já que tu acreditas que estás separado, o Céu se apresenta a ti como se fosse separado também. Não que ele o seja na
verdade, mas para que o elo que te foi dado para unir-te à verdade possa chegar a ti através de algo que compreendes. Pai, Filho e
Espírito Santo são como Um só, assim como todos os teus irmãos se unem como um na verdade. Cristo e Seu Pai nunca foram
separados e Cristo habita dentro da tua compreensão, na parte de ti que compartilha a Vontade do Seu Pai. O Espírito Santo liga a
outra parte – o diminuto, louco desejo de ser separado, diferente e especial – com o Cristo, para fazer com que a unificação fique
clara para o que é realmente um. Nesse mundo, isso não é compreendido, mas pode ser ensinado.
6. O Espírito Santo serve ao propósito de Cristo em tua mente, de modo que o objetivo do especialismo possa ser corrigido onde
está o erro. Como o Seu propósito é ainda uno com ambos, o Pai e o Filho, Ele conhece a Vontade de Deus e o que é realmente a
tua vontade. Mas isso é compreendido pela mente que se percebe una, ciente de que é una e assim vivenciada. É função do Espírito
Santo ensinar-te como é vivenciada essa unificação, o que tens que fazer para que ela seja vivenciada e aonde deves ir para fazer
isso.
7. Tudo isso leva em consideração o tempo e o espaço como se fossem distintos, pois enquanto pensas que parte de ti é separa-
da, o conceito de uma unicidade unida como um só não tem significado. Está claro que uma mente tão dividida nunca poderia ser o
professor de uma Unicidade Que une todas as coisas dentro de Si Mesma. E assim, O Que está dentro dessa mente e de fato une
todas as coisas tem que ser o seu Professor. No entanto, Ele tem que usar uma linguagem que essa mente possa compreender, na
condição na qual ela pensa que está. E Ele tem que usar todo o aprendizado para transferir ilusões à verdade, tomando todas as
idéias falsas quanto ao que tu és e conduzindo-te para além delas, para a verdade que está além das ilusões. Tudo isso pode ser
muito simplesmente reduzido ao seguinte:

179
UM CURSO EM MILAGRES
O que é o mesmo não pode ser diferente, e o que é uno não pode ter partes separadas.

II. Aquele que te salva das trevas


1. Não é evidente que aquilo que os olhos do corpo percebem te enche de medo? Talvez penses que lá achas uma esperança
de satisfação. Talvez tenhas fantasias de atingir alguma paz e satisfação no mundo conforme o percebes. Entretanto, tem que ser
evidente que o resultado não muda. Apesar das tuas esperanças e fantasias, sempre resulta o desespero. E não há exceção, nem
nunca haverá. O único valor que o passado pode ter é aprenderes que ele não te deu nenhuma recompensa que gostarias de
manter. Pois só assim estarás disposto a abandoná-lo e a deixar que ele desapareça para sempre.
2. Não é estranho que ainda alimentes alguma esperança de satisfação proveniente do mundo que vês? Em todos os aspectos,
em qualquer momento, em qualquer lugar, nada além da culpa e do medo têm sido a tua recompensa. Quanto tempo precisas para
te dar conta de que a chance de alguma mudança nesse aspecto dificilmente vale o adiamento da mudança que poderia resultar em
um final melhor? Pois uma coisa é certa: o modo como tu vês, e vês há muito tempo, não oferece nenhum ponto de apoio no qual
possas basear as tuas esperanças futuras e nenhuma sugestão que tenha qualquer sucesso. Colocar as tuas esperanças onde não
há esperança tem que fazer com que sejas sem esperança. No entanto, esse estado de desesperança é a tua escolha, enquanto
buscas esperança onde nunca é possível achá-la.
3. Não é verdade, também, que achaste uma esperança à parte disso, um cintilar – inconstante, vacilante, mas ainda assim
vaga-mente visto – de que a esperança é garantida em bases que não estão nesse mundo? No entanto, o teu desejo de que elas
possam ainda estar aqui, ainda te impede de desistir da tarefa sem esperança e sem recompensa que tu te colocaste. Pode fazer
sentido manter uma crença fixa em que existe algum motivo para se continuar a perseguir o que sempre fracassou, com a
justificativa que de repente essa coisa será bem-sucedida e trará o que nunca trouxe antes?
4. Esse passado fracassou. Fica contente por ele ter desaparecido da tua mente e já não obscurece o que lá está. Não tomes a
forma pelo conteúdo, pois a forma não passa de um meio para o conteúdo. E a moldura não passa de um meio para manter o
quadro erguido, de modo que possa ser visto. Uma moldura que esconda o quadro não tem propósito. Não pode ser uma moldura se
é ela que vês. Sem o quadro, a moldura é sem significado. Seu propósito é mostrar o quadro e não a si mesma.
5. Quem pendura uma moldura vazia em uma parede e se põe diante dela em profunda reverência como se uma obra-prima es-
tivesse lá para ser vista? Entretanto, se vês o teu irmão como um corpo, é apenas isso o que fazes. A obra-prima que Deus colocou
nesta moldura é tudo o que há para ser visto. O corpo a mantém por algum tempo, sem obscurecê-la de forma alguma. Apesar
disso, o que Deus criou não necessita de moldura alguma, pois o que Ele criou, Ele sustenta e emoldura dentro de Si Mesmo. A Sua
obra-prima, Ele te oferece para que vejas. E preferes olhar a moldura ao invés dela? E absolutamente nada ver do quadro?
6. O Espírito Santo é a moldura que Deus colocou em torno da parte Dele que queres ver como separada. No entanto, sua mol-
dura está ligada ao seu Criador, una com Ele e com Sua obra-prima. Esse é o seu propósito e tu não fazes da moldura o quadro
quando escolhes vê-la em seu lugar. A moldura que Deus deu a ele apenas serve ao Seu propósito, não ao teu à parte do Seu. É o
teu propósito separado que obscurece o quadro e valoriza a moldura ao invés dele. Entretanto, Deus colocou a Sua obra-prima
dentro de uma moldura que durará para sempre, quando a tua já tiver se desmoronado no pó. Mas não penses que o quadro é
destruído de forma alguma. O que Deus cria está a salvo de toda corrupção, imutável e perfeito na eternidade.
7. Aceita a moldura de Deus no lugar da tua e verás a obra-prima. Olha a sua beleza e compreende a Mente que a pensou, não
em carne e ossos, mas em uma moldura tão bela quanto Ela Mesma. Sua santidade ilumina a impecabilidade que a moldura das
trevas esconde e lança um véu de luz sobre a face do quadro que apenas reflete a luz que brilha a partir dele até seu Criador. Não
penses que essa face foi jamais obscurecida pelo fato de a teres visto em uma moldura de morte. Deus a manteve a salvo para que
pudesses olhá-la e ver a santidade que Ele deu a ela.
8. Dentro da escuridão, vê o salvador que salva das trevas e compreende o teu irmão assim como a Mente do seu Pai o revela a
ti. Ele dará um passo à frente saindo das trevas quando tu o olhares e não mais verás a escuridão. As trevas não o tocaram e nem a
ti, que o trouxeste para fora, para que pudesses olhar para ele. A sua impecabilidade apenas retrata a tua. A sua gentileza vem a ser
a tua força e vós alegremente olhareis para dentro e vereis a santidade que tem que estar presente devido ao que contemplaste
nele. Ele é a moldura na qual foi colocada a tua santidade e o que Deus deu a ele tem que ser dado a ti. Por mais que ele ignore a
obra-prima dentro de si mesmo e veja apenas a moldura das trevas, ainda assim a tua única função é contemplar nele o que ele não
vê. E nesse modo de ver a visão que olha para Cristo, em vez de ver a morte, é compartilhada.
9. Como poderia o Senhor do Céu não ficar contente por apreciares a Sua obra-prima? Que poderia Ele fazer senão agradecer a
ti que amas o Seu Filho como Ele o ama? Não iria Ele tornar conhecido o Seu Amor por ti se tu não fazes outra coisa senão
compartilhar o Seu louvor ao que Ele ama? Deus aprecia a criação como Pai perfeito que é. E assim a Sua alegria se torna completa
quando qualquer parte Dele se une ao Seu louvor para compartilhar a Sua alegria. Esse irmão é a Sua dádiva perfeita para ti. E Ele
fica contente e agradecido quando tu agradeces ao Seu Filho perfeito por ser o que é. E todos os Seus agradecimentos e toda a Sua
alegria brilham sobre ti que queres completar a Sua alegria junto com Ele. E assim se completa a tua. Nenhum raio de escuridão
pode ser visto por aqueles que querem fazer com que a alegria de seu Pai seja completa e a deles junto com a Sua. A gratidão do
próprio Deus é livremente oferecida a todos os que compartilham o Seu propósito. Não é Vontade de Deus estar só. E nem é a tua.
10. Perdoa o teu irmão e não poderás separar-te dele, nem do seu Pai. Tu não precisas de perdão, pois os que são totalmente
puros nunca pecaram. Dá, então, o que Ele tem dado a ti para que possas ver o Seu Filho como um só e agradece ao seu Pai como
o Pai te agradece. Nem acredites que todo o Seu louvor não te é dado. Pois o que dás é Seu e dando-o, aprendes a compreender a
Sua dádiva a ti. E dá ao Espírito Santo o que Ele oferece igualmente ao Pai e ao Filho. Nada tem poder sobre ti exceto a Sua
Vontade e a tua, que apenas estendes a Sua Vontade. Foi para isso que foste criado e o teu irmão contigo, sendo um contigo.
11. Tu e o teu irmão sois o mesmo assim como o próprio Deus é Um e não está dividido em Sua Vontade. E vós não podeis deixar
de ter um só propósito, já que Ele deu o mesmo propósito a ambos. A Sua Vontade se unifica à medida em que vós vos unis em
vontade, para que sejas completado oferecendo completeza ao teu irmão. Não vejas nele o pecado que ele vê, mas dá a ele a honra
para que possas estimar a ti mesmo e a ele. A ti e ao teu irmão é dado o poder da salvação, para que o escape da escuridão para a
luz seja vosso para ser compartilhado, para que possais ver como um só o que nunca foi separado nem esteve à parte de todo o
Amor de Deus que é dado igualmente a ambos.

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UM CURSO EM MILAGRES
III. Percepção e escolha
1. Na medida em que valorizas a culpa, nessa medida irás perceber um mundo no qual o ataque é justificado. Na medida em que
reconheces que a culpa é sem significado, nesta medida perceberás que o ataque não pode ser justificado. Isso está de acordo com
a lei fundamental da percepção: vês o que acreditas que esteja presente e acreditas que está porque queres que esteja. A percepção
não tem outra lei senão essa. O resto simplesmente emana dessa lei para mantê-la e sustentá-la. Essa é a forma da percepção,
adaptada a esse mundo, da lei mais básica de Deus: o amor cria a si mesmo e a nada além de si mesmo.
2. As leis de Deus não prevalecem diretamente em um mundo no qual a percepção domina, pois tal mundo não poderia ter sido
criado pela Mente para a qual a percepção não tem significado. Entretanto, as Suas leis refletem-se em toda parte. Não que o
mundo onde esse reflexo está seja, de fato, real. Mas apenas porque o Seu Filho acredita que ele seja real e Ele não poderia
separar-Se inteiramente da crença de Seu Filho. Ele não poderia entrar na insanidade de Seu Filho com ele, mas podia ter a certeza
de que a Sua sanidade foi com ele de modo que ele não ficasse perdido para sempre na loucura do seu desejo.
3. A percepção se baseia na escolha; o conhecimento não. O conhecimento tem apenas uma lei porque tem apenas um Criador.
Mas esse mundo foi feito por dois e eles não o vêem do mesmo modo. Para cada um, ele tem um propósito diferente e para cada um
ele é um meio perfeito para servir à meta em função da qual é percebido. Para o especialismo, ele é a moldura perfeita para realçá-
lo, o campo de batalha perfeito para pagar o preço das suas guerras, o abrigo perfeito para ilusões que ele quer fazer com que sejam
reais. Nem uma única deixa de ser mantida em sua percepção, nem uma só deixa de ser completamente justificada.
4. Há um outro Fazedor do mundo, Aquele Que simultaneamente corrige a crença louca em que alguma coisa possa ser
estabelecida e mantida sem algum elo que a retenha dentro das leis de Deus; não como a lei em si mesma mantém o universo como
Deus o criou, mas de alguma forma adaptada à necessidade que o Filho de Deus acredita que tem. O erro corrigido é o fim do erro.
E assim Deus protegeu Seu Filho mesmo no erro.
5. Há um outro propósito no mundo feito pelo erro, porque ele tem outro Fazedor, Que é capaz de conciliar a sua meta com o
propósito do Seu Criador. Em Sua percepção do mundo, nada do que é visto deixa de justificar o perdão e tudo o que se vê através
da perfeita impecabilidade. Nada surge que não encontre imediatamente o perdão completo. Nada permanece, nem por um instante,
que seja capaz de obscurecer a impecabilidade que brilha imutável, além das lamentáveis tentativas do especialismo de apagá-la da
mente, onde ela tem que estar para iluminar o corpo em lugar dele. As lâmpadas do Céu não estão à disposição da mente para
serem vistas aonde ela quiser. Se a mente escolhe vê-las em outra parte que não seja o seu próprio lar, como se iluminassem um
local onde não poderiam jamais estar, então o Fazedor do mundo tem que corrigir o teu erro para que não permaneças na escuridão
onde as lâmpadas não estão.
6. Cada um aqui entrou na escuridão, no entanto, ninguém entrou sozinho. Nem precisa ficar mais do que um instante. Pois veio
com a Ajuda do Céu dentro de si, pronta para conduzi-lo para fora da escuridão rumo à luz a qualquer momento. O momento que ele
escolhe pode ser qualquer momento, pois a ajuda está lá, apenas esperando pela sua escolha. E quando ele escolhe usar o que lhe
é dado, então verá cada situação que antes imaginava como um meio para justificar a sua raiva se transformar em um evento que
justifica o seu amor. Ele ouvirá claramente que os chamados para a guerra que antes escutava são realmente chamados para a paz.
Ele perceberá que onde investiu o seu ataque, existe apenas um outro altar onde ele poderia ter concedido, com igual facilidade e
muito maior felicidade, o perdão. E irá re-interpretar toda a tentação como apenas uma outra chance de trazer alegria a si mesmo.
7. Como é possível que uma percepção equivocada seja um pecado? Permite que todos os erros do teu irmão nada sejam para
ti além de uma chance de veres as obras Daquele Que ajuda, que te são dadas para que vejas o mundo que Ele fez em vez do teu.
O quê, então, se justifica em tudo isso? O que queres? Pois essas duas perguntas são uma só. E quando as vires como uma só, a
tua escolha está feita. Pois é o fato de vê-las como uma só que traz a liberação da crença em que existem dois modos de ver. Esse
mundo tem muito a oferecer à tua paz e muitas chances para estenderes o teu próprio perdão. Tal é o seu propósito para aqueles
que querem ver a paz e o perdão descerem sobre si mesmos e lhes oferecerem a luz.
8. O Fazedor do mundo da gentileza tem perfeito poder para apagar o mundo da violência e do ódio que parece colocar-se entre
tu e a Sua gentileza. Esse não está presente aos Seus olhos que sempre perdoam. E, portanto, não precisa estar presente aos teus.
O pecado é a crença fixa em que a percepção não pode mudar. O que foi condenado está condenado e condenado para sempre,
sendo para sempre imperdoável. Se, então, ele for perdoado, a percepção do pecado não pode deixar de ter sido errada. E assim a
mudança se faz possível. O Espírito Santo, também, vê o que Ele vê como algo que está muito além da possibilidade de mudança.
Mas na Sua visão o pecado não pode se intrometer, pois o pecado foi corrigido pelo que Ele vê. E assim ele não pode deixar de ter
sido um erro, não um pecado. Pois o que ele clamava que nunca poderia ter havido, houve. O pecado é atacado pela punição e
assim é preservado. Mas perdoá-lo é mudar a sua condição de erro para a verdade.
9. O Filho de Deus nunca poderia pecar, mas pode desejar o que iria feri-lo. E tem o poder de pensar que pode ser ferido. O que
isso poderia ser senão uma percepção equivocada de si mesmo? Isso é um pecado ou um equívoco, perdoável ou não? Ele
necessita de ajuda ou condenação? O teu propósito é que ele seja salvo ou condenado? Sem te esqueceres de que o que ele é para
ti fará com que essa escolha seja o teu futuro. Pois tu a fazes agora, no instante em que todo o tempo vem a ser um meio para
alcançar uma meta. Faze, então, a tua escolha. Mas reconhece que nessa escolha o propósito do mundo que vês é escolhido e será
justificado.

IV. A luz que trazes contigo


1. As mentes que estão unidas e reconhecem isso não podem sentir culpa. Pois não podem atacar e regozijam-se de que seja
assim, vendo sua segurança nesse fato feliz. A sua alegria está na inocência que vêem. E assim elas a buscam, porque é seu
propósito contemplá-la e regozijarem-se. Todos buscam aquilo que lhes trará alegria conforme a definem. Não é o objetivo, como tal,
que varia. Mas é a forma como o objetivo é visto que faz com que a escolha dos meios seja inevitável e esses estão além da
esperança de serem mudados a não ser que o objetivo seja mudado. E então os meios são escolhidos mais uma vez, na medida em
que o que vai trazer o regozijo é definido de outro modo e buscado de maneira diferente.
2. A lei básica da percepção poderia então ser formulada assim: ―Vais te regozijar com o que vês, porque o vês para te
regozijares.‖ E enquanto pensas que o sofrimento e o pecado vão te trazer alegria, eles lá estarão para que tu os vejas. Nada te
causa dano ou é benéfico à parte do que tu desejas. É o teu desejo que faz com que uma coisa seja o que ela é nos seus efeitos
sobre ti. É assim porque a escolhes como um meio de obter esses mesmos efeitos, acreditando que eles sejam os portadores do

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UM CURSO EM MILAGRES
regozijo e da alegria. Mesmo no Céu essa lei prevalece. O Filho de Deus cria para trazer alegria a si mesmo compartilhando o
propósito do seu Pai em sua própria criação, de tal modo que a sua alegria possa ser aumentada e a de Deus junto com a sua.
3. Tu, fazedor de um mundo que não é assim, recebe descanso e conforto de outro mundo onde habita a paz. Esse mundo
trazes contigo a todos os olhos exaustos e corações cansados que olham para o pecado e repetem o seu triste refrão. De ti, pode vir
o seu descanso. De ti, pode surgir um mundo que eles se regozijarão em contemplar e onde os seus corações estão contentes. Em
ti há uma visão que se estende a todos eles e os cobre de gentileza e de luz. E nesse mundo de luz que se alarga, a escuridão que
pensavam lá estar é empurrada para longe, até que não seja nada além de sombras distantes, longe, muito longe, para não mais ser
lembrada à medida em que o sol brilha e a apaga no nada. E todos os seus pensamentos ―maus‖, todas as suas esperanças
―pecaminosas‖, seus sonhos de culpa e vingança sem misericórdia e todo desejo de ferir, matar e morrer, desaparecerão diante do
sol que trazes.
4. Não queres fazer isso por Amor de Deus? E por ti mesmo? Pois pensa no que isso faria para ti. Os teus pensamentos ―maus‖,
que no momento te perseguem, parecerão cada vez mais remotos e distantes de ti. E irão para longe, cada vez mais longe, porque o
sol em ti nasceu para que, diante da luz, eles pudessem ser empurrados para longe. Eles pairam por um momento, um momento
curto, em formas distorcidas muito distantes para serem identificadas e depois se vão para sempre. E à luz do sol tu permanecerás
em quietude, em inocência e totalmente sem medo. E a partir de ti, o resto do que achaste estender-se-á de tal modo que a tua paz
nunca possa se desfazer e deixar-te sem lar. Aqueles que oferecem paz a todos acharam uma casa no Céu que o mundo não é
capaz de destruir. Pois ela é grande o suficiente para manter o mundo dentro da sua paz.
5. Em ti está todo o Céu. Cada folha que cai ganha vida em ti. Cada pássaro que jamais cantou, cantará de novo em ti. E cada
flor que jamais floresceu guardou o seu perfume e a sua beleza para ti. Que ambição pode superar a Vontade de Deus e de Seu
Filho de que o Céu seja restaurado para aquele para quem foi criado como seu único lar? Nada antes e nada depois. Nenhum outro
lugar, nenhum outro estado ou tempo. Nada além e nada mais perto. Nada mais. Em forma alguma. Nisso tu podes trazer a todo o
mundo e a todos os pensamentos que nele entraram e se enganaram por um momento. De que melhor maneira poderiam os teus
próprios equívocos serem trazidos à verdade, do que através da tua disponibilidade de trazer a luz do Céu contigo à medida em que
caminhas para além do mundo da escuridão rumo à luz?

V. O estado de impecabilidade
1. O estado de impecabilidade é meramente isso: todo o desejo de atacar se foi e assim não há razão para perceber o Filho de
Deus diferente do que ele é. A necessidade da culpa se foi porque ela não tem propósito e não tem significado sem o objetivo do
pecado. O ataque e o pecado estão ligados como uma única ilusão, cada um sendo a causa, o objetivo e a justificativa do outro.
Cada um deles é sem significado por si só, mas parece tirar um significado do outro. Cada um depende do outro para qualquer
significado que pareça ter. E ninguém poderia acreditar em um a não ser que o outro fosse a verdade, pois cada um atesta que o
outro não pode deixar de ser verdadeiro.
2. O ataque faz com que Cristo seja teu inimigo e Deus junto com Ele. Como podes deixar de ter medo com ―inimigos‖ tais como
estes? E como podes deixar de ter medo de ti mesmo? Pois feriste a ti mesmo e fizeste do teu Ser teu ―inimigo‖. E agora tens que
acreditar que tu não és tu, mas algo alheio a ti mesmo, ―alguma outra coisa‖, ―alguma coisa‖ a ser temida em vez de amada. Quem
iria atacar qualquer coisa que percebesse como totalmente inocente? E quem, porque deseja atacar, pode deixar de pensar que tem
que ser culpado para manter o desejo, enquanto quer a inocência? Pois quem poderia ver o Filho de Deus como um ser inocente e
desejar a sua morte? Cristo está diante de ti a cada vez que olhas para o teu irmão. Ele não foi embora porque os teus olhos estão
fechados. Mas o que há para ver quando buscas o teu Salvador vendo-O através de olhos que não vêem?
3. Não é Cristo que vês olhando assim. E o ―inimigo‖, confundido com Cristo, que contemplas. E odeias, porque não existe
nenhum pecado nele para que vejas. Nem ouves o seu chamado lamentoso, imutável em conteúdo, qualquer que seja a forma na
qual esse chamado é feito, para que te reúnas com ele e te unas a ele em inocência e paz. E no entanto, por trás dos gritos sem
sentido do ego, tal é o chamado que Deus deu a ele para que pudesses ouvir nele o Chamado de Deus a ti e responder devolvendo
a Deus o que é de Deus.
4. O Filho de Deus te pede apenas isso: que tu lhe devolvas o que é devido a ele, para que possas compartilhá-lo com ele.
Sozinho, nenhum dos dois o tem. Assim não pode deixar de permanecer sendo inútil para ambos. Juntos, isso dará igualmente a
cada um força para salvar o outro e salvar a si mesmo junto com o outro. Perdoado por ti, o teu salvador te oferece a salvação.
Condenado por ti, ele te oferece à morte. Em cada um apenas vês o reflexo do que escolhes que ele seja para ti. Se te decides
contra a função que lhe é própria, a única que ele tem na verdade, estás privando-o de toda a alegria que ele teria achado se
cumprisse o papel que Deus lhe deu. Mas não penses que o Céu fica perdido apenas para ele. Nem é possível recuperares o Céu a
não ser que o caminho seja mostrado a ele através de ti, para que possas achá-lo caminhando ao seu lado.
5. Não é um sacrifício que ele seja salvo, pois através da sua liberdade ganhas a tua própria. Permitir que a sua função seja
cumprida não é senão o meio de permitir que a tua também o seja. E assim caminhas rumo ao inferno ou rumo ao Céu, mas não
sozinho. Como será bela a sua impecabilidade quando a perceberes! E como será grande a tua alegria, quando ele estiver livre para
te oferecer a dádiva da visão que Deus lhe deu para ti! Ele não tem necessidade alguma senão essa: que permitas que ele tenha
liberdade para completar a tarefa que Deus lhe deu. Lembrando-te apenas disso: que o que ele faz, tu fazes junto com ele. E do
modo como o vês, assim defines a função que ele terá para ti até que o vejas de maneira diferente e deixes que ele seja o que Deus
designou que fosse para ti.
6. Contra o ódio que o Filho de Deus pode acalentar contra si mesmo, acredita-se que Deus é impotente para salvar o que Ele
criou da dor do inferno. Mas no amor que ele demonstra por si mesmo, Deus é libertado para deixar que a Sua Vontade seja feita.
No teu irmão, tu vês a imagem do que acreditas que tem que ser a Vontade de Deus para ti. No teu perdão, compreenderás o Seu
Amor por ti; através do teu ataque, acreditarás que Ele te odeia, pensando que o Céu tem que ser o inferno. Olha mais uma vez para
o teu irmão, não sem a compreensão de que ele é o caminho para o Céu ou para o inferno, conforme tu o percebes. Mas não te
esqueças disso: o papel que dás a ele é dado a ti e caminharás pelo caminho que apontaste a ele, porque esse é o teu julgamento a
respeito de ti mesmo.

182
UM CURSO EM MILAGRES
VI. A função especial
1. A graça de Deus descansa gentilmente em olhos que perdoam e todas as coisas para as quais eles olham falam de Deus a
quem as contempla. Ele é incapaz de ver qualquer mal; nada há no mundo para ser temido e pessoa alguma é diferente dele. E as-
sim como ele as ama, do mesmo modo olha para si mesmo com amor e gentileza. Ele não condenaria a si mesmo por seus
equívocos assim como não quer amaldiçoar um outro. Não é um árbitro da vingança, nem alguém que puni pecados. A benignidade
do seu modo de ver repousa nele mesmo com toda a ternura que oferece aos outros. Pois ele quer apenas curar e abençoar. E
estando de acordo com o que Deus quer, tem o poder de curar e de abençoar todos aqueles que ele contempla com a graça de
Deus sobre tudo o que vê.
2. Os olhos se habituam à escuridão e a luz brilhante do dia parece dolorosa a olhos há tanto tempo acostumados com os efeitos
vagos percebidos no crepúsculo. E afastam-se da luz do sol e da claridade que ela traz para aquilo que olham. A penumbra parece
ser melhor, mais fácil de ser vista e melhor reconhecida. De algum modo, o vago e o mais obscuro parecem mais fáceis de se olhar,
menos dolorosos para os olhos do que o que é totalmente claro e sem ambigüidade. No entanto, não é para isso que servem os
olhos e quem pode dizer que prefere a escuridão e afirmar que quer ver?
3. O desejo de ver chama a graça de Deus sobre os teus olhos e traz a dádiva da luz que torna a vista possível. Queres
contemplar o teu irmão? Deus está contente por olhares para ele. Não é a Sua Vontade que o teu salvador não seja reconhecido por
ti. Nem é Sua Vontade que o teu salvador fique sem a função que Deus lhe deu. Não deixes mais que ele seja solitário, pois
solitários são aqueles que não vêem no mundo nenhuma função que possam cumprir, nenhum lugar onde sejam necessários e
nenhum objetivo que só eles possam cumprir perfeitamente.
4. Tal é a benigna percepção do Espírito Santo do especialismo, o uso que Ele faz do que tu fizeste para curar ao invés de ferir. A
cada um Ele dá uma função especial na salvação que só ele pode desempenhar, um papel somente dele. Nem o plano se completa
enquanto ele não encontra a sua função especial e não cumpre a parte que lhe é atribuída para fazer com que ele mesmo seja
completo dentro de um mundo onde reina a incompleteza.
5. Aqui, onde as leis de Deus não prevalecem de forma perfeita, ainda assim ele pode fazer uma coisa perfeita e uma escolha per-
feita. E através deste ato de perfeita fé em alguém percebido como diferente de si mesmo, ele aprende que a dádiva foi dada a ele e,
portanto, os dois têm que ser um só. O perdão é a única função que tem significado no tempo. E o meio que o Espírito Santo usa
para traduzir o especialismo, de pecado em salvação. O perdão é para todos. Mas quando ele está em todos, está completo e todas
as funções desse mundo estão completas com ele. Então, o tempo não mais existe. Entretanto, enquanto ainda se está no tempo,
há muito a se fazer. E cada um tem que fazer o que lhe cabe, pois todo o plano depende da parte de cada um. Cada um tem uma
parte especial no tempo, pois escolheu assim e, escolhendo assim, ele a fez para si mesmo. O seu desejo não foi negado, mas
mudado em sua forma, de modo que pudesse servir ao seu irmão e a ele próprio e assim vir a ser um meio de salvar em vez de
perder.
6. A salvação não é mais do que um lembrete de que esse mundo não é a tua casa. As leis que o regem não te são impostas, os
seus valores não são os teus. E nada do que pensas ver nele está realmente presente de forma alguma. Isso é visto e compreendido
quando cada um faz a sua parte em seu desfazer, assim como tomou parte em fazê-lo. Ele tem os meios para ambas as coisas,
como sempre teve. O especialismo que ele escolheu para feri-lo Deus designou que fosse o meio da sua salvação, a partir do
mesmo instante em que a escolha foi feita. Do seu pecado especial foi feita a sua graça especial. Seu ódio especial veio a ser seu
amor especial.
7. O Espírito Santo necessita da tua função especial para que a Sua possa ser cumprida. Não penses que te falta um valor
especial aqui. Tu o quiseste e ele te foi dado. Tudo o que fizeste pode facilmente servir bem à salvação. O Filho de Deus não é
capaz de fazer nenhuma escolha que o Espírito Santo não possa empregar a seu favor e não contra ele. Só na escuridão é que o
teu especialismo parece ser ataque. Na luz, tu o vês como a tua função especial no plano para salvar o Filho de Deus de todo ataque
e deixar que ele compreenda que está a salvo, como sempre esteve e sempre estará tanto no tempo quanto na eternidade. Essa é a
função que te é dada para o teu irmão. Toma-a gentilmente, então, das mãos do teu irmão e permite que a salvação seja
perfeitamente cumprida em ti. Faze essa única coisa, para que todas as coisas te sejam dadas.

VII. A rocha da salvação


1. Entretanto, se o Espírito Santo é capaz de comutar cada sentença que impuseste a ti mesmo em uma bênção, nesse caso,
isso não pode ser pecado. O pecado é a única coisa em todo o mundo que não pode mudar. Ele é imutável. E da sua imutabilidade
depende o mundo. A mágica do mundo é capaz de aparentar esconder dos pecadores a dor do pecado e de iludir com brilho e lábia.
No entanto, todos sabem que o salário do pecado é a morte. E assim é. Pois o pecado é um pedido de morte, um desejo de tornar a
fundação desse mundo tão certa quanto o amor, confiável como o Céu e forte como o próprio Deus. O mundo está a salvo do amor
para todos aqueles que pensam que o pecado é possível. Nem isso vai mudar. No entanto, é possível que o que Deus não criou
compartilhe os atributos da Sua criação, quando se opõe a ela em todos os aspectos?
2. Não é possível que o desejo que os ―pecadores‖ têm da morte seja tão forte quanto a Vontade de Deus pela vida. E nem é
possível que a base de um mundo que Ele não fez seja firme e segura como o Céu. Como poderia ser que o inferno e o Céu fossem
o mesmo? E é possível que o que não é a Vontade de Deus não possa ser mudado? O que é imutável além da Sua Vontade? E o
que pode compartilhar os seus atributos exceto ela mesma? Que desejo pode se colocar contra a Sua Vontade e ser imutável? Se
pudesses te dar conta de que nada é imutável a não ser a Vontade de Deus, esse curso não seria difícil para ti. Pois é isso que não
acreditas. No entanto, nada mais há em que possas acreditar, se apenas olhasses para o que isso realmente é.
3. Vamos voltar ao que dissemos anteriormente e pensar nisso com mais cuidado. Necessariamente ou Deus é louco ou esse
mundo é um lugar de loucura. Nenhum dos Seus Pensamentos faz sentido algum dentro desse mundo. E nada daquilo que o mundo
acredita que é verdadeiro tem qualquer significado na Sua Mente. O que não faz sentido e não tem significado é insanidade. E o que
é loucura não pode ser a verdade. Se uma só crença profundamente valorizada aqui fosse verdadeira, então, qualquer Pensamento
que Deus jamais teve seria uma ilusão. E se apenas um dos Seus Pensamentos é verdadeiro, então todas as crenças às quais o
mundo dá qualquer significado são falsas e não fazem qualquer sentido. Essa é a escolha que fazes. Não tentes vê-la de modo
diferente, nem distorcê-la em algo que ela não é. Pois só essa é a decisão que podes tomar. O resto depende de Deus e não de ti.
4. Justificar um só valor que o mundo mantenha é negar a sanidade do teu Pai e a tua. Pois Deus e o Seu Filho amado não
pensam de modo diferente. E é a concordância do seu pensamento que faz do Filho um co-criador com a Mente Cujo Pensamento o

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UM CURSO EM MILAGRES
criou. Assim, se ele escolhe acreditar em um único pensamento oposto à verdade, decidiu que não é o Filho de seu Pai, porque o
Filho é louco e a sanidade tem que estar à parte tanto do Pai quanto do Filho. Nisso tu acreditas. Não penses que essa crença
depende da forma que ela tome. Quem acha que o mundo é são sob qualquer aspecto, que ele tem justificativa para qualquer coisa
que pense ou é mantido por qualquer forma de razão, acredita que isso é verdadeiro. O pecado não é real porque o Pai e o Filho não
são insanos. Esse mundo não tem significado porque se baseia no pecado. Quem poderia criar o imutável se não se baseia na
verdade?
5. O Espírito Santo tem o poder de mudar todo o fundamento do mundo que vês em outra coisa: uma base não insana, na qual
pode basear-se uma percepção sã e um outro mundo pode ser percebido. E um mundo no qual não se contradiz nada que queira
conduzir o Filho de Deus à sanidade e à alegria. Nada atesta a morte e a crueldade, a separação e a diferença. Pois aqui tudo é
percebido como um só e ninguém perde para que cada um possa ganhar.
6. Testa tudo aquilo em que acreditas diante deste único requisito e compreende que todas as coisas que satisfazem a essa
exigência são dignas da tua fé. Mas nenhuma outra coisa pode ser. O que não é amor, é pecado e cada um dos dois percebe o outro
como insano e sem significado. O amor é a base de um mundo percebido como totalmente louco para os pecadores, que acreditam
que o seu é o caminho para a sanidade. Mas o pecado é igualmente insano do ponto de vista do amor, cujos olhos gentis querem
olhar para o que está além da loucura e descansam pacificamente na verdade. Cada um vê um mundo imutável, assim como cada
um define a verdade imutável e eterna do que tu és. E cada um reflete um modo de ver acerca do que o Pai e o Filho têm que ser
para fazer com que esse ponto de vista seja significativo e são.
7. A tua função especial é a forma especial na qual o fato de que Deus não é insano parece mais sensato e significativo para ti.
O conteúdo é o mesmo. A forma se adapta às tuas necessidades especiais e ao tempo e ao local especial no qual pensas que te
encontras e onde podes estar livre do tempo e do espaço e de tudo o que acreditas que não pode deixar de limitar-te. O Filho de
Deus não pode estar preso pelo tempo nem pelo espaço, nem por coisa alguma que não seja a Vontade de Deus. Entretanto, se a
Sua Vontade é vista como loucura, então a forma de sanidade que faz com que ela seja mais aceitável para aqueles que são
insanos requer uma escolha especial. Também não é possível que essa escolha seja feita pelos insanos, cujo problema é o fato de
suas escolhas não serem livres e feitas com razão à luz do que tem sentido.
8. Seria loucura confiar a salvação aos insanos. Porque Deus não é louco, Ele designou Alguém tão são quanto Ele para fazer
surgir um mundo mais são para se encontrar com o modo de ver de todo aquele que escolheu a insanidade como sua salvação. A
esse Alguém é dada a escolha da forma mais adequada a ele, uma forma que não ataque o mundo que vê, mas penetre nesse
mundo em quietude e lhe mostre que ele é louco. Esse Alguém apenas aponta para uma alternativa, uma outra maneira de olhar
para o que ele já viu antes e reconhece como o mundo no qual vive e que antes pensava compreender.
9. Agora ele tem que questionar isso, pois a forma da alternativa é tal que ele não pode negá-la, nem deixar de ver, nem falhar
completamente em perceber. Para cada um a sua função especial é programada de maneira tal que seja percebida como sendo
possível e cada vez mais desejável, à medida em que lhe prova que é uma alternativa que ele realmente quer. Dessa posição, a
presença do pecado nele e todo o pecado que ele vê no mundo lhe oferecem cada vez menos. Essa situação continua até que
venha a compreender que isso lhe custa a sua sanidade e que isso se interpõe entre ele e qualquer esperança que possa ter de ser
são. Ele também não é deixado sem um modo de escapar da loucura, pois tem uma parte especial no escape de todos. Ele já não
pode ser deixado de fora, sem uma função especial na esperança da paz, assim como o Pai não pode deixar de ver Seu Filho e
passar por ele descuidadamente sem um só pensamento para com ele.
10. O que é confiável, senão o Amor de Deus? E onde habita a sanidade senão Nele? Aquele Que fala por Ele pode te mostrar
isso na alternativa que Ele escolheu especialmente para ti. E a Vontade de Deus que tu te lembres disso e assim te ergas do luto
mais profundo para a alegria perfeita. Aceita a função que te foi atribuída no plano do próprio Deus para mostrar ao Seu Filho que o
inferno e o Céu são diferentes, não o mesmo. E que no Céu, todos Eles são o mesmo, sem as diferenças que fariam do Céu um
inferno e do inferno um céu, se tal insanidade tivesse sido possível.
11. Toda a crença segundo a qual é possível que alguém perca o que quer que seja simplesmente reflete a doutrina subjacente
segundo a qual Deus tem que ser insano. Pois nesse mundo parece que alguém tem que ganhar porque outro perdeu. Se isso fosse
verdadeiro, Deus seria louco de fato! Mas o que é essa crença além de uma forma da doutrina mais básica: ―O pecado é real e reina
no mundo?‖ Por cada pequeno ganho, alguém tem que perder e pagar uma soma exata em sangue e sofrimento. Pois de outra
forma, o mal triunfaria e a destruição seria o preço total de qualquer ganho que fosse. Tu, que acreditas que Deus é louco, olha para
isso com atenção e compreende que um dos dois tem que ser insano, ou isso ou Deus, mas dificilmente ambos.
12. A salvação é o renascimento da idéia de que ninguém pode perder nada para que outro ganhe. E todos têm que ganhar, se
qualquer um ganha qualquer coisa. Aqui a sanidade é restaurada. E nesta única rocha da verdade pode a fé na sanidade eterna de
Deus descansar em perfeita confiança e em perfeita paz. A razão está satisfeita, pois todas as crenças insanas podem ser corrigidas
aqui. E o pecado tem que ser impossível, se isso é verdadeiro. Essa é a rocha na qual a salvação se baseia, o ponto privilegiado a
partir do qual o Espírito Santo dá significado e direção ao plano no qual a tua função especial tem um papel. Pois aqui a tua função
especial se torna íntegra, porque ela compartilha a função do todo.
13. Lembra-te que toda tentação não passa disso: uma crença louca segundo a qual a insanidade de Deus faria com que fosses
são e te daria o que queres; uma crença louca segundo a qual ou Deus ou tu, um dos dois teria que perder para a loucura, porque os
vossos objetivos não podem ser conciliados. A morte exige a vida, mas a vida não é mantida a nenhum custo. Ninguém pode sofrer
para que a Vontade de Deus seja cumprida. A salvação é a Sua Vontade, porque tu a compartilhas. Não só para ti, mas para o Ser
Que é o Filho de Deus. Ele não pode perder, pois se pudesse, a perda seria de seu Pai e Nele nenhuma perda é possível. E isso é
são porque é a verdade.

VIII. A justiça devolvida ao amor


1. O Espírito Santo pode usar tudo o que dás a Ele para a tua salvação. Mas Ele não pode usar aquilo que reténs, porque não
pode tomá-lo de ti sem a tua disponibilidade para isso. Pois se Ele o fizesse, acreditarias que Ele o arrancou de ti contra a tua
vontade. E assim não aprenderias que é tua vontade ficar sem isso. Não precisas dar isso a Ele com disponibilidade total, pois se
pudesses fazê-lo, não terias nenhuma necessidade Dele. Mas disso Ele necessita: que prefiras que Ele tire isso de ti do que guardá-
lo só para ti, reconhecendo que não queres conhecer aquilo que traz perda a qualquer pessoa. E necessário acrescentar apenas
isso à idéia de que ninguém pode perder para que tu ganhes. E nada mais.

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UM CURSO EM MILAGRES
2. Aqui está o único princípio de que necessita a salvação. Também não é necessário que a tua fé nisso seja forte,
inquebrantável e inatacável por qualquer crença que se oponha a ele. As tuas alianças não são fixas. Mas lembra-te que a salvação
não é necessária para os que estão salvos. Não te é pedido que faças o que uma pessoa ainda dividida contra si mesma acharia
impossível. Não tenhas fé em que se possa achar sabedoria em tal estado mental. Mas sê grato porque apenas te é pedido um
pouco de fé. O que, além de um pouco de fé, resta para aqueles que ainda acreditam no pecado? O que poderiam eles saber acerca
do Céu e da justiça dos que estão salvos?
3. Existe uma espécie de justiça na salvação a respeito da qual o mundo nada conhece. Para o mundo, justiça e vingança são a
mesma coisa, pois os pecadores só vêem a justiça como seu castigo, talvez suportado por uma outra pessoa, mas nunca é possível
escapar. As leis do pecado exigem uma vítima. Quem será, faz pouca diferença. Mas a morte tem que ser o custo e tem que ser
pago. Isso não é justiça, mas insanidade. No entanto, como poderia a justiça ser definida sem insanidade onde o amor significa ódio
e a morte é vista como uma vitória e um triunfo sobre a eternidade, a intemporalidade e a vida?
4. Tu, que não conheces a justiça, podes ainda perguntar e aprender a resposta. A justiça olha para todos do mesmo modo. Não
é justo que falte a alguém o que outro tem. Pois isso é vingança, qualquer que seja a forma que tome. A justiça não exige nenhum
sacrifício, posto que todo o sacrifício é feito para que o pecado seja preservado e mantido. E um pagamento oferecido pelo custo do
pecado, mas não o custo total. O restante é tomado de outro, para ser depositado ao lado do teu pequeno pagamento, para ―expiar‖
tudo o que queres manter e não entregar. Assim a vítima é vista como sendo em parte tu, com um outro arcando com uma parte
muito maior. E no custo total, quanto maior a parte dele, menor a tua. E a justiça, sendo cega, fica satisfeita por ser paga, pouco
importa por quem.
5. É possível que isso seja justiça? Deus nada sabe a respeito disso. Mas a justiça Ele conhece e conhece bem. Pois Ele é
totalmente justo para com todas as pessoas. A vingança é alheia à Mente de Deus porque Ele conhece a justiça. Ser justo é ser
capaz de eqüidade, não sendo vingativo. Eqüidade e vingança são impossíveis, pois cada uma contradiz a outra e nega que ela seja
real. É impossível para ti compartilhar a justiça do Espírito Santo com uma mente que é capaz de conceber qualquer especialismo.
Entretanto, como pode Ele ser justo se condena um pecador pelos crimes que ele não cometeu, mas pensa que cometeu? E onde
estaria a justiça se Ele exigisse daqueles, que estão obcecados com a idéia do castigo, que a pusessem de lado sem ajuda e
percebessem que ela não é verdadeira?
6. É extremamente difícil para aqueles que ainda acreditam no pecado como algo significativo compreender a justiça do Espírito
Santo. Eles têm que acreditar que o Espírito Santo compartilha a sua própria confusão e não pode evitar a vingança que a sua
própria crença na justiça tem que acarretar. E assim têm medo do Espírito Santo e percebem Nele a ―ira‖ de Deus. Nem sequer
podem confiar que Ele não os trespassará, matando-os com relâmpagos de luz arrancados do ―fogo‖ do Céu pela própria Mão
furiosa de Deus. Eles, de fato, acreditam que o Céu é o inferno e têm medo do amor. E uma suspeita profunda e o frio tremor do
medo caem sobre eles quando lhes é dito que nunca pecaram. O seu mundo depende da estabilidade do pecado. E percebem a
―ameaça‖ daquilo que Deus conhece como justiça como algo mais destrutivo para si mesmos e para o seu mundo do que a
vingança, a qual compreendem e amam.
7. Assim pensam que a perda do pecado é uma maldição. E fogem do Espírito Santo como se Ele fosse um mensageiro do
inferno, enviado do alto, na traição e na lábia, para trabalhar na vingança de Deus sobre eles, disfarçado de libertador e amigo. O
que poderia Ele ser para eles senão um demônio, vestido com a capa de um anjo com o objetivo de enganá-los? E que saída Ele
lhes oferece senão uma porta para o inferno com a aparência da porta do Céu?
8. Apesar disso, a justiça não pode punir aqueles que pedem punição, pois têm um Juiz Que tem o conhecimento de que eles
são completamente inocentes na verdade. Na justiça, Ele se limita a libertá-los e a dar-lhes toda a honra que merecem e têm negado
a si próprios porque não são capazes de eqüidade e não podem compreender que são inocentes. O amor não é compreensível para
os pecadores porque pensam que a justiça está fora do amor e representa alguma outra coisa. Assim é o amor percebido como fraco
e a vingança forte. Pois o amor perdeu quando o julgamento deixou de estar a seu lado e é fraco demais para salvar da punição.
Mas a vingança sem amor ganhou em força por estar separada e à parte do amor. E o que além da vingança pode agora salvar e
ajudar, enquanto o amor se deixa ficar debilmente de lado, com mãos impotentes, destituído de justiça e vitalidade e sem poder para
salvar?
9. O que pode o Amor pedir a ti, que pensas que tudo isso é verdadeiro? Poderia Ele, na justiça e no amor, acreditar que na tua
confusão tens muito para dar? Não te é pedido que confies muito Nele. Não mais do que aquilo que vês que Ele te oferece e
reconheces que não poderias dar a ti mesmo. Na justiça própria de Deus, Ele de fato reconhece tudo o que mereces, mas da mesma
forma compreende que não és capaz de aceitá-lo para ti mesmo. É a Sua função especial te oferecer as dádivas que os inocentes
merecem. E cada uma que aceitas traz alegria a Ele assim como a ti. Ele sabe que o Céu fica mais rico com cada uma que aceitas.
E Deus se regozija à medida que o Seu Filho recebe aquilo que a justiça amorosa sabe que é devido a ele. Pois o amor e a justiça
não são diferentes. Como eles são o mesmo, a misericórdia está à Mão direita de Deus e dá ao Filho de Deus o poder de perdoar a
si próprio por todo pecado.
10. Dele, que merece todas as coisas, como pode ser possível que algo seja omitido? Pois isso, de fato, seria injustiça, falta de
eqüidade para com toda a santidade que existe nele, por mais que ele não a reconheça. Deus não conhece nenhuma injustiça. Ele
não iria permitir que Seu Filho fosse julgado por aqueles que buscam a sua morte e que não podem ver o seu valor de jeito nenhum.
Que testemunhas honestas poderiam eles chamar para falar em seu favor? E quem viria para apelar a favor dele, ao invés de contra
a sua vida? Nenhuma justiça seria dada a ele por ti. Entretanto, Deus garantiu que a justiça fosse feita ao Filho que Ele ama e quer
protegê-lo de toda iniqüidade que possas buscar para oferecer-lhe, acreditando que é a vingança que lhe é propriamente devida.
11. Como o especialismo não se importa com quem paga o custo do pecado, desde que ele seja pago, assim também o Espírito
Santo não se preocupa com quem olha para a inocência por último, desde que ela seja vista e reconhecida. 2pois apenas uma
testemunha é suficiente, se ela vir verdadeiramente. A simples justiça não pede mais do que isso. A cada um o Espírito Santo
pergunta se ele quer ser essa testemunha de modo que a justiça possa retornar ao amor e lá ser satisfeita. Cada função especial
que Ele atribui não tem senão essa finalidade: que cada um aprenda que amor e justiça não são separados. E ambos são
fortalecidos por sua união um com o outro. Sem amor, a justiça fica preconceituosa e fraca. E amor sem justiça é impossível. Pois o
amor é justo e não pode punir sem causa. Que causa pode dar legalidade a um ataque sobre os inocentes? Na justiça, então, o
amor corrige equívocos, mas não na vingança. Pois isso seria injusto para com a inocência.

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UM CURSO EM MILAGRES
12. Tu podes ser uma testemunha perfeita do poder do amor e da justiça, se compreenderes que é impossível que o Filho de
Deus possa merecer vingança. Não é necessário que percebas, em cada circunstância, que isso é verdadeiro. Nem é preciso que
olhes para a tua experiência no mundo, que não passa de uma sombra de tudo o que realmente está acontecendo dentro de ti
mesmo. A compreensão que necessitas não vem de ti, mas de um Ser maior, tão grande e tão santo que Ele não poderia duvidar da
Sua inocência. A tua função especial é um chamado a Ele, para que Ele possa sorrir para ti, cuja impecabilidade Ele compartilha. A
Sua compreensão será tua. E assim a função especial do Espírito Santo foi cumprida. O Filho de Deus achou uma testemunha para
a sua impecabilidade e não para os seus pecados. Como é pouco o que precisas dar ao Espírito Santo para que a simples justiça
possa ser feita para contigo.
13. Sem imparcialidade não existe justiça. Como pode o especialismo ser justo? Não julgues porque não podes fazê-lo e não
porque também és um miserável pecador. Como é possível que aquele que é especial realmente compreenda que a justiça é a
mesma para todos? Tirar de um para dar a outro tem que ser uma injustiça para os dois, já que são iguais do ponto de vista do
Espírito Santo. O Seu Pai deu a mesma herança para ambos. Quem quer ter mais ou menos não tem consciência de que tem tudo.
Não serve de juiz do que tem que ser devido ao outro, porque pensa que ele próprio é destituído. E assim, necessariamente, ele é
invejoso e tenta tirar daquele a quem julga. Ele não é imparcial e não pode ver com eqüidade os direitos do outro, porque os seus
próprios foram obscurecidos para ele.
14. Tu tens direito a todo o universo: à paz perfeita, à libertação completa de todos os efeitos do pecado e à vida eterna, alegre e
completa em todos os aspectos conforme Deus designou para o Seu Filho santo. Essa é a única justiça que o Céu conhece e tudo o
que o Espírito Santo traz à terra. A tua função especial nada te mostra além de que a perfeita justiça pode prevalecer para ti. E estás
a salvo da vingança em todas as formas. O mundo engana, mas não é capaz de substituir a justiça de Deus por uma versão própria.
Pois só o amor é justo e pode perceber o que a justiça tem que dar ao Filho de Deus. Deixa que o amor decida e nunca temas que
tu, na tua falta de eqüidade, vá privar a ti mesmo do que a justiça de Deus reservou para ti.

IX. A justiça do Céu


1. O que pode ser além de arrogância pensar que os teus pequenos erros não podem ser desfeitos pela justiça do Céu? E o que
pode significar isso, senão que eles são pecados e não equívocos, para sempre incorrigíveis e que devem ser enfrentados com
vingança e não com justiça? Estás disposto a ser liberado de todos os efeitos do pecado? Não podes responder a isso enquanto não
vês tudo o que a resposta acarreta. Pois se respondes ―sim‖, isso significa que deixarás todos os valores desse mundo em favor da
paz do Céu. Nem um único pecado tu reterás. E não valorizarás nenhuma dúvida de que isso seja possível de modo que o pecado
seja mantido em seu devido lugar. O que queres dizer é que a verdade agora tem maior valor do que todas as ilusões. E reconheces
que a verdade tem que ser revelada a ti, porque não sabes o que é.
2. Dar relutantemente é não ganhar a dádiva, porque estás relutante em aceitá-la. Ela está guardada para ti até que a relutância em
recebê-la desapareça e tiveres vontade de que ela te seja dada. A justiça de Deus dá direito à gratidão, não ao medo. Nada do que
dás está perdido para ti nem para ninguém, mas é valorizado e preservado no Céu, onde todos os tesouros dados ao Filho de Deus
são guardados para ele e oferecidos a qualquer um que apenas estenda a mão, com a disposição de recebê-los. E o tesouro
também não diminui à medida em que é dado aos outros. Cada dádiva apenas acrescenta ao estoque. Pois Deus é justo. Ele não
luta contra a relutância de Seu Filho em perceber a salvação como uma dádiva Sua. No entanto, a Sua justiça não se satisfará
enquanto não for recebida por todos.
3. Estejas certo de que qualquer resposta que o Espírito Santo dê para solucionar qualquer problema sempre será uma resposta
na qual ninguém perde. E isso tem que ser verdadeiro, porque Ele não pede nenhum sacrifício de ninguém. Uma resposta que exija
a menor perda de qualquer pessoa não resolveu o problema, mas somou-se a ele, aumentando-o, tornando-o mais difícil de resolver
e mais injusto. É impossível que o Espírito Santo possa ver a falta de eqüidade como uma solução. Para ele, o que é injusto tem que
ser corrigido, porque é injusto. E todo erro é uma percepção na qual alguém, pelo menos um, é visto injustamente. Assim a justiça
não é concedida ao Filho de Deus. Quando qualquer um é visto como perdedor, ele foi condenado. E a punição vem a ser o que lhe
é devido ao invés da justiça.
4. O que a inocência vê faz com que o castigo seja impossível e a justiça certa. A percepção do Espírito Santo não deixa
nenhuma justificativa para o ataque. Somente uma perda poderia justificar o ataque e Ele não pode ver qualquer tipo de perda. O
mundo resolve problemas de outra maneira. O mundo vê uma solução como um estado no qual se decide quem irá ganhar e quem
irá perder, quanto aquele deverá tomar do outro e quanto o perdedor poderá ainda defender para si mesmo. Entretanto, o problema
permanece ainda sem solução, pois só a justiça pode estabelecer um estado no qual não há perdedor, no qual ninguém é tratado
sem eqüidade e ninguém é destituído, não tendo, portanto, justificativa para vingança. A solução de problemas não pode ser a
vingança, a qual, na melhor das hipóteses, só pode trazer outro problema que será acrescentado ao primeiro, no qual o assassinato
não é óbvio.
5. A solução de problemas própria do Espírito Santo é a maneira na qual o problema termina. Ele foi resolvido porque se
encontrou com a justiça. Até que isso se dê, irá ocorrer outra vez por não ter ainda sido solucionado. O princípio segundo o qual a
justiça significa que ninguém pode perder é crucial nesse curso. Pois milagres dependem da justiça. Não como ela é vista através
dos olhos desse mundo, mas como Deus a conhece, e como conhecimento ela se reflete no modo de ver que é dado pelo Espírito
Santo.
6. Ninguém merece perder. E o que seria injusto para qualquer um não pode ocorrer. A cura tem que ser para todos, porque
ninguém merece nenhuma espécie de ataque. Que ordem pode existir nos milagres, a não ser que alguém mereça sofrer mais e
outro menos? E isso é justiça para com os totalmente inocentes? Um milagre é justiça. Não é uma dádiva especial para alguns, a ser
recusada para outros por serem considerados menos dignos, mais condenados e, portanto, à parte da cura. Quem pode ser
separado da salvação, se o seu propósito é o fim do especialismo? Onde está a justiça da salvação se alguns erros são
imperdoáveis e dão direito à vingança em lugar da cura e do retorno da paz?
7. A salvação não pode buscar ajudar o Filho de Deus a ser mais injusto do que ele buscou ser. Se os milagres, que são a
dádiva do Espírito Santo, fossem dados especialmente para um grupo eleito e especial e fossem mantidos à parte de outros menos
merecedores, nesse caso, Ele seria um aliado do especialismo. O que o Espírito Santo não pode perceber, Ele não testemunha. E
todos têm o mesmo direito à Sua dádiva de cura, libertação e paz. Dar um problema ao Espírito Santo para que Ele o solucione para
ti, significa que tu queres que ele seja solucionado. Mantê-lo para ti mesmo para que o resolvas sem a Sua ajuda é decidir que o

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UM CURSO EM MILAGRES
problema deve continuar sem solução, não-resolvido, perdurando em seu poder de injustiça e ataque. Ninguém pode ser injusto
contigo a não ser que, em primeiro lugar, tenhas te decidido a ser injusto. E então é preciso que surjam problemas para impedir o teu
caminho e a paz tem que ser dispersada pelos ventos do ódio.
8. A não ser que penses que todos os teus irmãos, assim como tu, têm o mesmo direito aos milagres, não reivindicaras teu
direito a eles porque foste injusto para com alguém com direitos iguais. Busca negar e te sentirás negado. Busca privar e terás sido
privado. Um milagre nunca pode ser recebido porque um outro não pode recebê-lo. Só o perdão oferece milagres. E o perdão tem
que ser Justo para com todos
9. Os pequenos problemas que guardas e escondes vêm a ser teus pecados secretos, porque não escolheste deixar que eles
fossem removidos para ti. Assim, eles ajuntam pó e crescem até que cubram todas as coisas que percebes e não te deixam ser justo
para com ninguém. Não podes acreditar que tenhas qualquer direito. E a amargura, com a vingança justificada e a misericórdia
perdida, te condena como indigno do perdão. Os não-perdoados não têm misericórdia para conceder uns aos outros. E por isso que
a tua única responsabilidade tem que ser receber o perdão para ti mesmo.
10. O milagre que recebes, tu dás. Cada um vem a ser uma ilustração da lei na qual a salvação se baseia: que a justiça tem que
ser feita para todos, se é que se quer que alguém se salve. Ninguém pode perder e todos têm que se beneficiar. Cada milagre é um
exemplo do que a justiça pode realizar quando é oferecida a todos de modo igual. Ela é recebida e dada igualmente. E a consciência
de que dar e receber são a mesma coisa. Porque ela não faz com que o mesmo não seja igual, não vê diferenças onde elas não
existem. E assim é a mesma para todos, porque não vê diferenças entre eles. Seu oferecimento é universal e ela ensina apenas
uma mensagem:
O que é de Deus pertence a todos e é devido a todos.

CAPÍTULO 26 - A TRANSIÇÃO

I. O ‗sacrifício‘ da unicidade
1. Na ‗dinâmica‘ do ataque o sacrifício é uma idéia chave. O pivô em cima do qual todas as transigências, todas as tentativas
desesperadas de ganhar com uma barganha e todos os conflitos conseguem um aparente equilíbrio. É o símbolo do tema central
segundo o qual alguém tem que perder. Ele evidentemente focaliza o corpo, pois é sempre uma tentativa de limitar a perda. O corpo
é um sacrifício em si mesmo, uma desistência do poder em nome de salvar um pouco para si mesmo. Ver um irmão em outro corpo,
separado do teu, é a expressão do desejo de ver uma pequena parte dele e sacrificar o restante. Olha para o mundo e tu nada verás
ligado a nenhuma outra coisa além de si mesma. Todas as entidades aparentes podem chegar um pouco mais perto ou afastar-se
um pouco, mas não podem se unir.
2. O mundo que vês é baseado no ‗sacrifício‘ da unicidade. Um retrato da desunião completa e da total falta de encontro. Em
torno de cada entidade é construída uma muralha aparentemente tão sólida, que se tem a impressão de que o que se encontra do
lado de dentro nunca poderá alcançar o que está do lado de fora c o que está fora jamais poderá alcançar e se unir ao que está tran-
cado lá dentro. Cada parte tem que sacrificar a outra para manter-se completa. Pois se elas se unissem, cada uma perderia a sua
própria identidade e os seus seres são preservados através da sua separação.
3. O pouco que o corpo cerca torna-se o ser, preservado com o sacrifício de todo o resto. E todo o resto tem que perder essa
pequena parte, permanecendo incompleto para manter intacta essa identidade. Nessa percepção de ti mesmo, a perda do corpo
seria de fato um sacrifício. Pois ver corpos vem a ser o sinal de que o sacrifício é limitado e alguma coisa ainda continua sendo só
para ti. E para que esse pouco te pertença, são traçados limites para todas as coisas do lado de fora, assim como há limites em to-
das as coisas que pensas que são tuas. Pois dar e receber são a mesma coisa. E aceitar os limites de um corpo é impor esses limi-
tes a cada irmão que vês. Pois não podes deixar de vê-lo assim como vês a ti mesmo.
4. O corpo é uma perda e pode ser sacrificado. E enquanto vês o teu irmão como um corpo, à parte de ti e separado em sua
cela, estás exigindo um sacrifício dele e de ti mesmo. Que sacrifício maior se poderia pedir do que fazer com que o Filho de Deus se
perceba sem seu Pai? E seu Pai sem Seu Filho? No entanto, todo sacrifício exige que eles estejam separados, um sem o outro. A
memória de Deus tem que ser negada se alguém pede qualquer sacrifício de qualquer pessoa. Que testemunho da integridade do
Filho de Deus é visto dentro de um mundo de corpos separados, por mais que ele testemunhe a verdade? Ele é invisível em tal
mundo. Do mesmo modo não se pode ouvir nada da sua canção de união e de amor. No entanto, é dado a ele fazer o mundo retro-
ceder diante da sua canção e vê-lo substitui os olhos do corpo.
5. Aqueles que querem ver os testemunhos da verdade ao invés dos testemunhos das ilusões, meramente pedem que sejam
capazes de ver um propósito no mundo que lhe dê sentido e que o torne significativo. Sem a tua função especial, esse mundo não
tem significado para ti. Entretanto, ele pode vir a ser a casa do tesouro tão rica e ilimitada quanto o próprio Céu. Nenhum instante se
passa aqui sem que a santidade do teu irmão possa ser vista, para acrescentar um estoque sem limites a todo mísero resto ou miga-
lha de felicidade que tu te permites.
6. Podes perder de vista a unicidade, mas não podes sacrificar a sua realidade. E nem podes perder aquilo que queres sacrificar,
nem impedir que o Espírito Santo realize a Sua tarefa de te mostrar que aquilo não foi perdido. Ouve, então, a canção que o teu Ir-
mão canta para ti, deixa que o mundo retroceda e aceita o descanso que o seu testemunho te oferece em nome da paz. Mas não o
julgues, pois não ouvirás nenhuma canção de liberação para ti mesmo, nem verás o que é dado a ele testemunhar para que possas
vê-lo e regozijar-te com ele. Não faças da sua santidade um sacrifício à tua crença no pecado. Sacrificas a tua inocência junto com a
sua e morres a cada vez que vês nele um pecado que mereça a morte.
7. Entretanto, a cada instante tu podes renascer e receber a vida outra vez. A sua santidade te dá vida, pois não podes morrer
porque a sua impecabilidade é conhecida por Deus e não pode ser sacrificada por ti do mesmo modo que a luz em ti não pode se
apagar porque ele não a vê. Tu, que queres fazer da vida um sacrifício e farias com que os teus olhos e ouvidos testemunhassem a
morte de Deus e de Seu Filho santo, não penses que tens poder para fazer Deles o que não é a Vontade de Deus para Eles. No
Céu, o Filho de Deus não está aprisionado em um corpo, nem é sacrificado para o pecado na solidão. E assim como ele é no Céu,
assim tem que ser eternamente e em toda parte. Ele é o mesmo e o será para sempre. Nascido de novo a cada instante, intocado
pelo tempo e muito além do alcance de qualquer sacrifício de vida ou morte. Pois ele não fez nenhuma das duas e só uma lhe foi
dada por Aquele Que sabe que Suas dádivas jamais poderão sofrer qualquer sacrifício ou qualquer perda.

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UM CURSO EM MILAGRES
8. A justiça de Deus repousa gentilmente em Seu Filho e o mantém a salvo de toda injustiça que o mundo quer colocar sobre ele.
Seria possível fazeres com que os seus pecados fossem realidade e sacrificares a Vontade do seu Pai para ele? Não o condenes
vendo-o dentro de uma prisão que está apodrecendo, aonde ele se vê. É tua função especial garantir que a porta seja aberta para
que ele possa dar um passo à frente e derramar sua luz sobre ti devolvendo-te a dádiva da liberdade por recebê-la de ti. Qual é a
função especial do Espírito Santo, senão a de liberar o Filho santo de Deus da prisão que ele fez para manter-se afastado da justi-
ça? Seria possível que a tua função fosse uma tarefa à parte e separada da Sua?

II. Muitas formas, uma correção


1. Não é difícil compreender as razões pelas quais não pedes ao Espírito Santo que solucione todos os problemas para ti. Ele
não tem maior dificuldade para resolver alguns do que para resolver outros. Todo problema é o mesmo para Ele, porque cada um é
resolvido exatamente com o mesmo enfoque e através da mesma abordagem. Os aspectos que necessitam de solução não mudam,
qualquer que seja a forma que o problema pareça tomar. Um problema pode aparecer em várias formas e o fará enquanto o proble-
ma persistir. Não serve a propósito algum tentar resolve-lo em uma de suas formas especiais. Ele ocorrerá e depois recorrerá uma e
outra vez, até que tenha sido respondido para todo o sempre e então não surgirá de novo em forma alguma. E só nesse caso estás
liberado.
2. O Espírito Santo te oferece liberação de qualquer problema que pensas que tens. Eles são o mesmo para Ele porque cada
um, independentemente da forma que parece tomar, é um pedido para que alguém sofra alguma perda e faça algum sacrifício de
modo que tu ganhes. E quando a situação é trabalhada de forma tal que ninguém perca, o problema se vai, porque era um erro na
percepção que foi agora corrigido. Um equívoco não pode ser mais difícil de ser conduzido à verdade por Ele do que um outro. Pois
não existe senão um equívoco: toda a idéia de que a perda é possível e poderia resultar em ganho para alguém. Então, se isso fosse
verdadeiro, Deus seria injusto, o pecado seria possível, o ataque justificado e a vingança justa.
3. Esse único equívoco, em qualquer forma, tem uma única correção. Não há perda; pensar que há é um equívoco. Tu não tens
problemas, embora penses que tens. E no entanto, não pensaria, assim se os visses sumir um por um, sem levar em conta seu ta-
manho, complexidade, local ou tempo, ou qualquer outro atributo que percebas que faz cada um parecer diferente do outro. Não
penses que os limites que impões ao que tu vês podem limitar Deus de alguma forma.
4. O milagre da justiça pode corrigir todos os erros. Todo problema é um erro. É uma injustiça para com o Filho de Deus e, por-
tanto, não é verdadeiro. O Espírito Santo não avalia as injustiças como grandes ou pequenas, maiores ou menores. Elas não têm
nenhuma característica para Ele. São equívocos dos quais o Filho de Deus está sofrendo, mas sem necessidade. E assim Ele remo-
ve os espinhos e os cravos. Ele não faz uma pausa para julgar se o ferimento é grande ou pequeno. 9Faz apenas um julgamento
ferir o Filho de Deus é necessariamente injusto e, portanto, isso não é assim.
5. Tu, que acreditas que é seguro entregar apenas alguns equívocos para serem corrigidos, enquanto guardas outros para ti
mesmo, lembra-te disso: a justiça é total. Justiça parcial não existe. Se o Filho de Deus é culpado, então ele é condenado e não me-
rece misericórdia do Deus da justiça. Mas não peças a Deus para puni-lo pelo fato de tu o considerares culpado e quereres que ele
morra. Deus te oferece os meios para ver a sua inocência. Seria justo puni-lo porque tu não queres olhar para o que lá está para ser
visto? Cada vez que guardas um problema para resolvê-lo por ti mesmo, ou julgas que não tem solução, fazes dele um grande pro-
blema, além da esperança da cura. Negas que o milagre da justiça possa ser justo.
6. Se Deus é justo, então não podem existir problemas que a justiça não possa solucionar. Mas acreditas que algumas injustiças
são justas, boas e necessárias para preservar-te. São esses os problemas que consideras grandes e sem solução. Pois existem
aquelas pessoas que queres que sofram alguma perda e ninguém que queiras preservar inteiramente do sacrifício. Considera uma
vez mais a tua função especial. Uma pessoa te é dada para que vejas nela a sua perfeita impecabilidade. E tu não vais lhe pedir
nenhum sacrifício, porque não poderias querer que ela sofresse qualquer perda. O milagre da justiça que invocas virá pousar em ti
com tanta certeza quanto nela. O Espírito Santo também não estará contente enquanto não for recebido por todos. Pois o que dás a
Ele pertence a todos e, através da tua doação, Ele pode garantir que todos a recebam igualmente.
7. Pensa, então, em como será grande a tua liberação quando estiveres disposto a receber a correção de todos os teus proble-
mas. Não guardarás nenhum deles, pois não irás querer dor em forma alguma. E verás cada pequeno ferimento sanado diante da
vista gentil do Espírito Santo. Pois todos eles são pequenos na Sua vista e não valem mais do que um diminuto suspiro antes de
desaparecerem para serem desfeitos para sempre e nunca mais relembrados. O que antes parecia ser um problema especial, um
equívoco sem remédio ou uma aflição sem cura, foi transformado em uma bênção universal. O sacrifício se foi. E no seu lugar, o
Amor de Deus pode ser lembrado e brilhará afastando toda a memória de sacrifício e perda.
8. Deus não pode ser lembrado enquanto a justiça não for amada, ao invés de temida. Ele é incapaz de ser injusto para com
qualquer pessoa ou coisa, porque sabe que tudo o que existe pertence a Ele e para sempre será conforme Ele o criou. Nada do que
Ele ama pode deixar de ser sem pecado e estar além do ataque. A tua função especial abre de par em par a porta além da qual está
a memória do Seu Amor, mantida perfeitamente intacta e sem mancha. E tudo o que precisas fazer é desejar que o Céu te seja dado
no lugar do inferno e cada tranca ou barreira que parece manter a porta trancada com firmeza impedindo a passagem meramente se
desfará e desaparecerá. Pois não é a Vontade do teu Pai que ofereças ou recebas menos do que Ele deu, quando te criou, em per-
feito amor.

III. A zona da fronteira


1. A complexidade não é de Deus. Como poderia ser, quando tudo o que Ele conhece é uno? Ele conhece uma criação, uma
realidade, uma verdade e apenas um Filho. Nada entra em conflito com a unicidade. Como poderia, então, haver complexidade Ne-
le? O que há para decidir? Pois é o conflito que faz com que a escolha seja possível. A verdade é simples, ela é una, sem opostos. E
como poderia a discórdia se introduzir em sua simples presença e trazer complexidade aonde está a unicidade? A verdade não toma
quaisquer decisões, pois não há opções entre as quais decidir. E só se houvesse é que a escolha poderia ser um passo necessário
para avançar rumo à unicidade. O que é tudo não deixa espaço para nenhuma outra coisa. Entretanto, essa magnitude está além do
alcance deste currículo. Também não há necessidade de tratarmos de algo que não pode ser imediatamente apreendido.
2. Existe uma região fronteiriça do pensamento que se encontra entre esse mundo e o Céu. Não é um lugar e quando a alcan-
ças, ela está à parte do tempo. Aqui é o ponto de encontro onde os pensamentos são trazidos para se encontrarem, onde os valores
conflitantes se encontram e onde todas as ilusões são largadas ao lado da verdade, onde são julgadas como não sendo verdadeiras.
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UM CURSO EM MILAGRES
Essa terra fronteiriça situa-se logo depois da porta do Céu. Aqui, todo pensamento se faz puro e totalmente simples. Aqui, o pecado
é negado e tudo que existe é recebido no seu lugar.
3. Esse é o fim da jornada. Temos nos referido a ele como o mundo real. No entanto, existe aqui uma contradição, pelo fato de
que as palavras implicam uma realidade limitada, uma verdade parcial, um segmento do universo que se tomou verdadeiro. Isso se
dá porque o conhecimento não ataca a percepção de forma alguma. Eles são levados a se encontrar e só um dos dois continua além
da porta onde está a Unicidade. A salvação é uma fronteira onde o lugar, o tempo e a escolha ainda têm significado e, apesar disso,
pode-se ver que são temporários, deslocados e que todas as escolhas já foram feitas.
4. Nada daquilo em que o Filho de Deus acredita pode ser destruído. Mas, o que é verdade para ele tem que ser trazido à última
comparação que ele jamais fará, à última avaliação possível, ao julgamento final a respeito desse mundo. É o julgamento da ilusão
pela verdade, da percepção pelo conhecimento: ‗Isso não tem significado e não existe.‘ Essa não é a tua decisão. É apenas uma
simples afirmação de um fato simples. Mas nesse mundo não existem fatos simples, porque o que é o mesmo e o que é diferente
ainda não é claro. A única coisa essencial para se fazer qualquer escolha é essa distinção. E nisso está a diferença entre os mun-
dos. Nesse, a escolha se fez impossível. No mundo real, escolher é simplificado.
5. A salvação pára bem perto do Céu, pois só a percepção necessita de salvação. O Céu nunca foi perdido e, portanto, não pode
ser salvo. Entretanto, quem é capaz de tomar uma decisão entre o desejo do Céu e o desejo do inferno, a não ser que reconheça
que eles não são o mesmo? Essa diferença é a meta do aprendizado que esse curso estabeleceu. Ele não irá além deste objetivo.
Seu único propósito é ensinar o que é o mesmo e o que é diferente, abrindo espaço para que seja feita a única escolha que se pode
fazer.
6. Não existe nenhuma base para qualquer escolha nesse mundo complexo e super-complicado. Pois ninguém compreende o
que é o mesmo e parece escolher onde, na realidade, não existe nenhuma escolha. O mundo real é a área na qual a escolha se faz
real, não no resultado, mas na percepção das alternativas para a escolha. Que exista escolha é uma ilusão. Entretanto, dentro dessa
única está o desfazer de todas as outras, inclusive essa.
7. Não vês que isso é como a tua função especial, onde a separação é desfeita através da mudança do propósito naquilo que
antes era especialismo e agora é união? Todas as ilusões são apenas uma só. E no reconhecimento de que isso é assim, está a
capacidade de desistir de todas as tentativas de escolher entre elas para fazer com que sejam diferentes. Como é simples a escolha
entre duas coisas tão claramente distintas. Não há conflito aqui. Nenhum sacrifício é possível no abandono de uma ilusão reconheci-
da como tal. Quando toda a realidade tiver sido retirada de tudo o que nunca foi verdadeiro, pode ser difícil desistir disso e escolher o
que não pode deixar de ser verdadeiro?

IV. O espaço que o pecado deixou


1. O perdão é o equivalente que existe nesse mundo para a justiça no Céu. Ele traduz o mundo do pecado em uma simples
palavra, onde se pode ver o reflexo da justiça que vem de além da porta atrás da qual está a ausência total de limites. Nada no amor
sem limites poderia necessitar de perdão. E o que é caridade dentro desse mundo cede lugar à simples justiça depois da porta que
se abre para o Céu. Ninguém perdoa a não ser que tenha acreditado no pecado e ainda acredite que tem muito a ser perdoado. O
perdão assim vem a ser o meio pelo qual ele aprende que nada fez que precise ser perdoado. O perdão sempre está naquele que o
oferece, até que ele se veja como não tendo mais necessidade de ser perdoado. E deste modo ele é devolvido à sua função real de
criar, que o seu perdão lhe oferece de novo.
2. O perdão faz com que o mundo do pecado venha a ser um mundo de glória, maravilhoso de se ver. Cada flor brilha na luz e
cada pássaro canta a alegria do Céu. Não existe tristeza e não existe separação aqui, pois todas as coisas são totalmente perdoa-
das. E o que foi perdoado tem que se unir, pois nada se interpõe entre eles para mantê-los separados e à parte. Os que não têm
pecado não podem deixar de perceber que são um só, pois nada existe entre eles que empurre o outro para longe. E no espaço que
o pecado deixou vazio, eles se unem como um só em contentamento, reconhecendo que o que é parte deles não foi mantido à parte
nem separado.
3. O local santo onde tu estás é simplesmente o espaço que o pecado deixou. E aqui vês a face de Cristo, surgindo em seu
lugar. Quem poderia contemplar a face de Cristo e não se lembrar de Seu Pai como Ele realmente é? Quem poderia ter medo do
amor e estar no lugar onde o pecado deixou um espaço para que o altar do Céu se erga em torres bem acima do mundo e alcance o
que está além do universo para tocar o Coração de toda n criação? O que é o Céu senão uma canção de agradecimento, de amor e
de louvor por todas as coisas criadas à Fonte da sua criação? O altar mais santo é erguido onde antes se acreditava que o pecado
estivesse. E aqui vêm todas as luzes do Céu para se reabastecer e aumentar em alegria. Pois aqui, o que estava perdido é devolvi-
do a elas e toda a sua radiância vem a ser íntegra outra vez.
4. Os milagres que o perdão traz para serem depositados diante da porta do Céu não são pequenos. Aqui, o próprio Filho de Deus
vem receber cada uma das dádivas que o aproxima cada vez mais de sua casa. Nenhuma delas é perdida e nenhuma é mais valori-
zada do que outra. Cada uma lembra a ele o Amor do seu Pai com tanta certeza quanto as outras. E cada uma lhe ensina que o que
ele temia é o que mais ama. Que outra coisa, além de um milagre, poderia fazer com que ele mudasse a sua mente de tal modo que
passasse a compreender que o amor não pode ser temido? Que outro milagre existe além deste? E o que mais d preciso para fazer
com que o espaço entre vós desapareça?
5. Onde o pecado antes era percebido surgirá um mundo que virá a ser um altar à verdade e lá unir-te-ás às luzes do Céu e
cantarás a sua canção de gratidão e louvor. E na medida em que vêm a ti para serem completas, tu irás com elas. Pois ninguém
ouve a canção do Céu e permanece sem uma voz que acrescente o seu poder à canção, fazendo com que ela seja ainda mais doce.
E cada um se une ao canto no altar erguido dentro da mancha diminuta que o pecado proclamou ser propriedade dele. Se o que
então era diminuto ressoa com a magnitude de uma canção no qual todo o universo se uniu com apenas uma única Voz.
6. O ponto diminuto de pecado que ainda se encontra entre tu e o teu irmão está impedindo a feliz abertura da porta do Céu.
Como é pequeno o obstáculo que mantém a riqueza do Céu longe de ti. E como será grande a alegria no Céu quando te unires ao
grandioso coro ao Amor de Deus!

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UM CURSO EM MILAGRES
V. O pequeno obstáculo
1. Um pequeno obstáculo pode parecer, de fato, grande para aqueles que não compreendem que todos os milagres são o mes-
mo. Entretanto, esse curso existe para ensinar isso. Esse é o seu único propósito, pois isso é tudo o que existe para ser aprendido. E
podes aprendê-lo de muitos modos diferentes. Todo aprendizado é uma ajuda ou um obstáculo para chegares à porta do Céu. Não
existe nenhum intermediário que seja possível. Existem dois professores apenas que apontam para caminhos diferentes. E seguirás
o caminho que o professor que tiveres escolhido te apontar. Não existem senão duas direções que possas tomar enquanto o tempo
permanece e a escolha tem significado. Pois nunca será feita uma outra estrada, exceto o caminho para o Céu. Tu apenas escolhes
se deves ir na direção do Céu ou para longe dele, para lugar nenhum. Não há mais nada a escolher.
2. Nada jamais se perde a não ser o tempo, que no final não tem significado. Pois ele não é senão um pequeno obstáculo à
eternidade, bastante insignificante para o Professor real do mundo. No entanto, uma vez que acreditas nele, por que deverias perdê-
lo dirigindo-te a lugar nenhum, quando ele pode ser usado para alcançar a meta mais elevada que o aprendizado pode realizar? Não
penses que o caminho até a porta do Céu seja difícil. Nada que empreendas com propósito certo, resolução firme e alegre confiança,
segurando a mão do teu irmão e marcando passo no ritmo da canção do Céu, é difícil de fazer. Mas, de fato, é duro vagar sozinho e
miserável, descendo uma estrada que não leva a nada e que não tem propósito.
3. Deus deu o Seu Professor para substituir o professor que fizeste, não para entrar em conflito com ele. E o que Ele quer substi-
tuir, foi substituído. O tempo não durou senão um instante em tua mente, sem nenhum efeito sobre a eternidade. E assim todo o
tempo é o passado e todas as coisas são exatamente como eram antes que fosse feito o caminho para o nada. O diminuto tic-tac do
tempo no qual foi feito o primeiro equívoco e todos eles dentro desse único, também continha a Correção daquele equívoco e de
todos os que vieram dentro do primeiro. E naquele instante diminuto o tempo desapareceu, pois isso foi tudo o que ele jamais foi.
Aquilo a que Deus deu uma resposta foi respondido e desapareceu.
4. A ti, que ainda acreditas que vives no tempo e não sabes que ele se foi, o Espírito Santo ainda guia através do labirinto infinita-
mente pequeno e sem sentido que ainda percebes no tempo, embora ele tenha desaparecido há muito. Pensas que vives no que é
passado. Cada coisa-que olhas, não viste senão por um instante, há muito tempo atrás, antes que a sua irrealidade desse lugar à
verdade. Nenhuma ilusão permanece ainda sem resposta na tua mente. A incerteza foi trazida à certeza há tanto tempo que é, de
fato, duro mantê-la junto ao teu coração como se ainda estivesse diante de ti.
5. O instante diminuto que queres guardar e fazer com que seja eterno passou e sumiu no Céu depressa demais para que se pu-
desse notar que ele tivesse vindo. O que desapareceu tão rápido que nem pôde afetar o simples conhecimento do Filho de Deus
dificilmente pode ainda encontrar-se lá, para que tu o escolhas como teu professor. Só no passado – um passado remoto, por de-
mais curto para fazer um mundo em resposta à criação – esse mundo pareceu surgir. Há tanto, tanto tempo atrás, por um intervalo
de tempo tão diminuto, que nenhuma nota na canção do Céu se perdeu. No entanto, em cada ato ou pensamento sem perdão, em
cada julgamento e em toda a crença no pecado esse único instante ainda é chamado de vo1ta, como se ele pudesse ser reconstituí-
do no tempo. Guardas diante dos olhos uma memória antiga. E aquele que vive apenas em memórias não está ciente de onde está.
6. O perdão é o grande liberador do tempo. É a chave para se aprender que o passado se foi. A loucura não fala mais. Não há
nenhum outro professor e nenhum outro caminho. Pois o que foi desfeito já não mais existe. E quem pode se encontrar em uma cos-
ta distante e sonhar consigo mesmo como se estivesse do outro lado do oceano, em um tempo e lugar que há muito já desaparece-
ram? Em que medida esse sonho pode ser um obstáculo real para o lugar aonde ele realmente está? Pois isso é fato e não muda
quaisquer que sejam os sonhos que ele tenha. Contudo, ele ainda pode imaginar que está em outro lugar e em outro tempo. Nas
formas extremas, ele pode se deludir a ponto de acreditar que isso é verdadeiro e passar de mera imaginação a ser algo no qual ele
acredita e depois à loucura, extremamente convencido de que está aonde prefere estar.
7. Isso é um obstáculo para o lugar onde ele se encontra? Qualquer eco do passado que ele possa ouvir por acaso é um fato no
que existe para ser ouvido onde ele está agora? E em que medida podem as suas ilusões acerca de tempo e espaço efetuar uma
mudança aonde ele realmente está?
8. O que não foi perdoado é uma voz que chama de um passado que se foi para sempre. E todas as coisas que apontam para
ele como se fosse real não passam de um desejo de que o que passou possa tomar-se real outra vez e ser visto como aqui e agora,
no lugar do que é realmente agora e aqui. É isso um obstáculo à verdade de que o passado se foi e não pode voltar para ti? E queres
guardar aquele instante amedrontador, quando o Céu aparentemente desapareceu e Deus foi temido e veio a ser feito como um
símbolo do teu ódio?
9. Esquece o tempo do terror que há tanto tempo foi corrigido e desfeito. É possível que o pecado enfrente a Vontade de Deus?
Pode depender de ti ver o passado e colocá-lo no presente? Não podes voltar atrás. E todas as coisas que apontam o caminho na
direção do passado apenas colocam para ti uma missão cuja realização só pode ser irreal. Tal é a justiça que o teu Pai, que é Todo
Amor, garantiu que tem que vir a ti. E da tua própria falta de eqüidade contigo mesmo, Ele te protegeu. Não podes perder o teu ca-
minho porque não existe caminho que não seja o Seu e nenhum lugar a que possas ir a não ser a Ele.
10. Permitiria Deus que Seu Filho perdesse o seu caminho em uma tenda muito tempo depois da memória do tempo ter passado?
Esse curso só vai te ensinar o que é agora. Um instante terrível no passado distante, agora perfeitamente corrigido, não causa preo-
cupação nem tem valor. Permite que os mortos que se foram sejam esquecidos em paz. A ressurreição veio para tomar o seu lugar.
E agora fazes parte da ressurreição e não da morte. Nenhuma ilusão passada tem o poder de te manter em um lugar de morte, uma
câmara mortuária em que o Filho de Deus penetrou por um instante para ser instantaneamente devolvido ao Amor perfeito de seu
Pai. E como é possível que ele seja mantido em correntes que há muito foram removidas e desapareceram para sempre da sua
mente?
11. O Filho, a quem Deus criou, é tão livre quanto era quando Deus o criou. Ele renasceu no instante em que escolheu morrer da
invés de viver. E tu não irás perdoá-lo agora porque ele fez um erro no passado, do qual Deus não Se lembra e que não está presen-
te? Agora estás te deslocando para trás e para frente entre o passado e o presente. Algumas vezes o passado parece real, como se
fora o presente. Vozes do passado são ouvidas e, então, se duvida. Tu te pareces com alguém que ainda tem alucinações, mas a
quem falta convição naquilo que percebe. Essa é a zona fronteiriça entre os mundos, a ponte entre o passado e o presente. Aqui, a
sombra do passado permanece, mas ainda assim uma luz presente é vagamente reconhecida. Uma vez que é vista, essa luz não
pode nunca ser esquecida. Ela não pode deixar de atrair-te do passado para o presente, onde realmente estás.
12. As vozes das sombras não mudam as leis do tempo nem da eternidade. Elas vêm daquilo que é passado e se foi e não obs-
truem a verdadeira existência do aqui e agora. O mundo real é a segunda parte da alucinação segundo a qual o tempo e a morte são
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UM CURSO EM MILAGRES
reais e têm uma existência que pode ser percebida. Essa terrível ilusão foi negada em nada mais do que o tempo que Deus levou
para dar a Sua Resposta à ilusão por todos os tempos e em quaisquer circunstâncias. E a partir e então ela não mais existiu para ser
vivenciada como se fosse o presente.
13. A cada dia e em cada minuto de cada dia e em cada instante que cada minuto contém, tu apenas revives o único instante em
que o tempo do terror tomou o lugar do amor. E assim morres a cada dia para viver outra vez, até que atravesses a brecha entre o
passado e o presente, que não é absolutamente uma brecha. Assim é cada vida: um aparente intervalo do nascimento à morte e
mais uma vez à vida, uma repetição de um instante que se foi há muito e que não pode ser revivido. E tudo o que existe do tempo
não passa da crença louca segundo a qual o que passou ainda está aqui e agora.
14. Perdoa o passado e deixa-o ir, pois ele já se foi. Tu já não te encontras na terra que está entre os dois mundos. Foste adiante e
alcançaste o mundo que está na porta do Céu. Não existe nenhum obstáculo para a Vontade de Deus, nem existe necessidade al-
guma de que mais uma vez repitas a jornada que terminou há tanto tempo atrás. Olha gentilmente para o teu irmão e contempla o
mundo no qual a percepção do teu ódio foi transformada em um mundo de amor.

VI. O Amigo indicado


1. Qualquer coisa nesse mundo que acredites seja boa, de valor e digna de se lutar por ela, pode te ferir e o fará. Não porque
tenha o poder de ferir, mas apenas porque negaste que ela não passa de uma ilusão e fizeste com que fosse real. E é real para ti.
Ela deixou de ser nada. E através da realidade que é percebida nela introduziu-se todo o mundo das ilusões doentias. Toda crença
no pecado, no poder do ataque, no ferimento e no dano, no sacrifício e na morte, veio a ti. Pois ninguém pode fazer com que uma
única ilusão seja real e escapar ao resto. Pois quem pode escolher manter aquelas que prefere e achar a segurança que só a verda-
de pode dar? Quem pode acreditar que todas as ilusões são a mesma e ainda assim afirmar que uma delas é melhor?
2. Não leves a tua pequena vida em solidão, com uma ilusão como teu único amigo. Essa amizade não é digna do Filho de Deus
e nem poderia ele permanecer contente. Entretanto, Deus deu a ele um Amigo melhor, no qual descansa todo o poder na terra e no
Céu. Aquela única ilusão que consideras amiga, obscurece a Sua graça e a Sua majestade para ti e afasta a Sua amizade e o Seu
perdão do teu abraço de boas-vindas. Sem Ele, não tens amigos. Não busques outro amigo para tomar o Seu lugar. Não existe ne-
nhum outro amigo. O que Deus designou não tem substitutos, pois que ilusão é capaz de substituir a verdade?
3. Aquele que habita com as sombras está sozinho, de fato, e a solidão não é a Vontade de Deus. Permitirias que uma sombra
usurpasse o trono que Deus designou para o teu Amigo, se apenas conhecesses que por ele estar vazio o teu ficou vago e desocu-
pado? Não faças de nenhuma ilusão um amigo, pois se o fizeres, ela não pode deixar de tomar o lugar Daquele Que Deus chamou
teu Amigo. E é Ele o teu único Amigo na verdade. Ele te traz dádivas que não são desse mundo e somente Ele, a Quem elas foram
dadas, pode garantir que tu as receba. Ele as colocará no teu trono quando deres lugar a Ele no Seu.

VII. As leis da cura


1. Esse é um curso em milagres. Como tal, as leis da cura têm que ser compreendidas antes que o propósito do curso possa ser
realizado. Vamos rever os princípios que colocamos e organiza-los de uma forma que resuma tudo o que é preciso que aconteça
para que a cura seja possível. Pois uma vez que é possível, ela não pode deixar de ocorrer.
2. Toda doença vem da separação. Quando a separação é negada, ela se vai. Pois se vai assim que a idéia que a trouxe é cura-
da e substituída pela sanidade. A doença e o pecado são vistos como conseqüência e causa, em um relacionamento que é mantido
fora da consciência para que ele possa ser cuidadosamente preservado da luz da razão.
3. A culpa pede punição e o seu pedido é concedido. Não na verdade, mas no mundo de sombras e ilusões construído sobre o
pecado. O Filho de Deus percebeu o que ele queria ver porque a percepção é um desejo realizado. A percepção muda, tendo sido
feita para tomar o lugar do conhecimento imutável. No entanto, a verdade não muda. Ela não pode ser percebida, mas apenas co-
nhecida. O que é percebido toma muitas formas, mas nenhuma tem significado. Trazido à verdade, a sua falta de sentido é bem evi-
dente. Mantido à parte da verdade, parece ter significado e ser real.
4. As leis da percepção são opostas à verdade e o que é verdadeiro com relação ao conhecimento não é verdadeiro com relação
a coisa alguma que esteja à parte dele. Entretanto, Deus deu uma resposta ao mundo da doença que se aplica a todas as suas for-
mas. A resposta de Deus é eterna, embora trabalhe no tempo, onde é necessária. Entretanto, porque ela é de Deus, as leis do tempo
não afetam as suas obras. Ela está nesse mundo, mas não é parte dele. Pois é real e habita onde toda a realidade tem que estar.
Idéias não deixam a sua fonte e os seus efeitos apenas parecem estar à parte delas. Idéias são da mente. O que é projetado para
fora parece ser externo à mente, não está fora em absoluto, mas é um efeito do que está dentro e não deixou a sua fonte.
5. A resposta de Deus está onde a crença no pecado tem que estar, pois só lá os seus efeitos podem ser completamente desfei-
tos e deixar de ter causa. As leis da percepção têm que ser revertida., pois são reversões das leis da verdade. As leis da verdade
serão verdadeiras para sempre e não podem ser revertidas; no entanto, podem ser vistas de cabeça para baixo. E isso tem que ser
corrigido exatamente onde está a ilusão da reversão.
6. É impossível que uma ilusão seja menos passível de ser conduzida à verdade do que as outras. Mas é possível que a algu-
mas seja dado maior valor, e essas tens menos disposição de oferecer à verdade para serem curadas e ajudadas. Nenhuma ilusão
contém qualquer verdade em si mesma. No entanto, algumas parecem ser mais verdadeiras do que outras, embora isso claramente
não faça sentido algum. Tudo o que uma hierarquia de ilusões pode revelar é preferência, não realidade. Que relevância tem a prefe-
rência para a verdade? Ilusões são ilusões e são falsas. A tua preferência não lhes confere realidade. Nenhuma delas é verdadeira
em nenhum aspecto e todas têm que se render com a mesma facilidade àquilo que Deus deu como resposta para todas elas. A Von-
tade de Deus é uma só. E qualquer desejo que pareça ir contra a Sua Vontade não tem fundamento na verdade.
7. O pecado não é erro, pois ele vai além da correção para a impossibilidade. Entretanto, a crença em que o pecado é real fez
com que alguns erros parecessem estar para sempre além da esperança de serem curados, sendo justificativas permanentes para o
inferno. Se isso fosse assim, ao Céu se oporia a própria oposição celeste, tão real quanto ele. E então a Vontade de Deus estaria
partida em duas e toda a criação estaria sujeita às leis de dois poderes opostos, até que Deus se tornasse impaciente, partisse o

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UM CURSO EM MILAGRES
*
mundo em dois e relegasse o ataque a Si Mesmo. Nesse caso, Ele de fato teria enlouquecido , proclamando que o pecado usurpou
a Sua realidade e afinal trouxe o Seu Amor para ser depositado aos pés da vingança. Para um retrato de tal modo insano, se es pera
uma defesa insana, mas ela não pode determinar que tal retrato seja necessariamente verdadeiro.
8. Nada confere significado onde não há significado. E a verdade não necessita de defesas que façam com que ela seja verda-
deira. As ilusões não têm testemunhas e não têm efeitos. Quem olha para elas apenas se ilude. O perdão é a única função aqui e
serve para trazer a alegria que esse mundo nega a cada aspecto do Filho de Deus onde se pensava que o pecado reinasse. Talvez
não vejas o papel que o perdão desempenha no término da morte de todas as crenças que surgem das névoas da culpa. Os peca-
dos são crenças que impões entre tu e o teu irmão. Eles te limitam ao tempo e ao lugar e deixam um espaço pequeno para ti e outro
espaço pequeno para ele. Essa separação é simbolizada, na tua percepção, por um corpo que é claramente separado, uma coisa à
parte. Entretanto, o que esse símbolo representa não é senão o teu desejo de ser separado e à parte.
9. O perdão retira aquilo que está entre tu e o teu irmão. Ele é o desejo de que estejas unido a ele e não à parte. Nós o chama-
mos ‗desejo‘ porque ele ainda concebe outras escolhas e ainda não alcançou o que está inteiramente além do mundo das opções.
Entretanto, esse desejo está de acordo com o estado do Céu e não se opõe à Vontade de Deus. Embora ele ainda não te dê a tua
herança plena, remove os obstáculos que colocaste entre o Céu, onde estás, e o reconhecimento de onde estás e do que és. Os
fatos não mudam. Contudo, fatos podem ser negados e assim desconhecidos, embora fossem conhecidos antes de terem sido ne-
gados.
10. A salvação, perfeita e completa, não pede senão um pequeno desejo de que o que é verdadeiro seja verdadeiro, um pouco de
boa vontade para não ver o que não está presente, um pequeno suspiro que fale em favor do Céu como uma preferência em vez
desse mundo no qual a morte e a desolação parecem reinar. Em alegre resposta a isso a criação surgirá dentro de ti para substituir o
mundo que vês pelo Céu totalmente perfeito e completo. O que é o perdão senão uma disposição da vontade para que a verdade
seja verdadeira? O que pode permanecer incurado e quebrado em uma Unidade Que contém em Si todas as coisas? Não existe
pecado. E todo milagre é possível no instante em que o Filho de Deus percebe que seus desejos e a Vontade de Deus são um só.
11. O que é a Vontade de Deus? A Sua Vontade é que Seu Filho tenha tudo. E isso Ele garantiu quando o criou sendo tudo. É
impossível que qualquer coisa seja perdida, se o que tens é o que és. Esse é o milagre pelo qual a criação veio a ser a tua função,
compartilhando-a com Deus. Ela não é compreendida à parte Dele e, portanto, não tem significado nesse mundo. Aqui, o Filho de
Deus não pede muito, mas pouco demais. Ele sacrificaria a sua própria identidade com todas as coisas, para achar um pequeno
tesouro só seu. E isso ele não pode fazer sem sentir isolamento, perda e solidão. Esse é o tesouro que ele buscou achar. E só pode-
ria temê-lo. É o medo um tesouro? É possível que a incerteza seja o que queres? Ou isso é um equívoco a respeito da tua vontade e
do que realmente és?
12. Vamos considerar o que é o erro, para que ele possa ser corrigido e não protegido. O pecado é a crença em que o ataque
pode ser projetado para fora da mente onde surgiu essa crença. Aqui a firme convição de que idéias podem deixar a sua própria
fonte se faz real e significativa. E desse erro surge o mundo do pecado e do sacrifício. Esse mundo é uma tentativa de provar a tua
inocência, enquanto valorizas o ataque. O seu fracasso está no fato de que ainda te sentes culpado, embora não compreendas por
quê. Os efeitos são vistos como se fossem separados de sua fonte e parecem estar além do teu poder de controlá-los ou impedi-los.
O que é assim mantido à parte nunca pode unir-se.
13. Causa e efeito não são duas coisas separadas, mas uma só. Deus quer que aprendas o que sempre foi verdadeiro: que Ele te
criou como parte Dele e isso ainda tem que ser verdadeiro porque idéias não deixam a sua fonte. Tal é a lei da criação: que cada
idéia que a mente concebe apenas adiciona à sua abundância, nunca tira coisa alguma. Isso é tão verdadeiro em relação ao que é
desejado de maneira vã, quanto ao que a vontade quer verdadeiramente, porque a mente pode desejar se enganar, mas não pode
fazer de si própria o que não é. E acreditar que idéias são capazes de deixar a sua fonte é convidar ilusões a serem verdadeiras,
sem sucesso. Pois nunca será possível ter sucesso na tentativa de enganar o Filho de Deus.
14. O milagre é possível quando causa e conseqüência são reunidas e não mantidas separadas. A cura dos efeitos sem a causa
apenas pode deslocar os efeitos para outras formas. E isso não é liberação. O Filho de Deus jamais poderia contentar-se com me-
nos do que a salvação plena e o escape da culpa. De outro modo, ele ainda exige ter que fazer algum sacrifício e assim nega que
tudo é seu, ilimitado por qualquer tipo de perda. Um sacrifício diminuto é exatamente a mesma coisa, em seus efeitos, que toda a
idéia de sacrifício. Se qualquer forma de perda é possível, então o Filho de Deus se faz incompleto e não é ele mesmo. E ele tam-
bém não conhecerá a si mesmo nem reconhecerá a sua vontade. Ele renegou o seu Pai e a si mesmo e fez de ambos seus inimigos
no ódio.
15. Ilusões servem ao propósito para o qual foram feitas. E de seu propósito deriva qualquer significado que pareçam ter. Deus
deu a todas as ilusões que foram feitas outro propósito, que justificaria um milagre, qualquer que seja a forma que tenham tomado.
Em todo milagre está toda a cura, pois Deus respondeu a todas como uma só. E o que é um para Ele tem que ser o mesmo. Se a-
creditas que o que é o mesmo é diferente, tu apenas te enganas. O que Deus chama como um só será para sempre um, não sepa-
rado. Seu Reino é unido, assim foi criado e assim será para sempre.
16. O milagre apenas te chama pelo teu antigo Nome, o qual reconhecerás porque a verdade está na tua memória. E por esse
Nome o teu irmão te chama, para a sua liberação e a tua. O Céu está brilhando sobre o Filho de Deus. Não o negues, para que pos-
sas ser liberado. A cada instante o Filho de Deus renasce até que escolha não morrer mais. Em cada desejo de ferir ele escolhe a
morte em vez daquilo que é a Vontade do seu Pai para ele. Porém, cada instante lhe oferece a vida porque a Vontade do seu Pai é
que ele viva.
17. Na crucificação está depositada a redenção, pois a cura não é necessária onde não existe dor nem sofrimento. O perdão é a
resposta para qualquer espécie de ataque. Assim, o ataque é privado de seus efeitos e o ódio é respondido em nome do amor. A ti, a
quem foi dado salvar o Filho de Deus da crucificação, do inferno e da morte, toda a glória seja dada para sempre. Pois tens poder
para salvar o Filho de Deus porque foi essa a Vontade do seu Pai. E nas tuas mãos está toda a salvação, para ser tanto oferecida a
ele quanto recebida por ti como uma única coisa.

* „Thus has He lost His Mind‟. Em inglês a expressão „to loose one's mind‟ é equivalente a perder a cabeça, enlouquecer. No contexto do curso, a
presença da palavra „mind‟ nesta expressão é muito significativa mas não pode ser reproduzida em nosso idioma.
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UM CURSO EM MILAGRES
18. Usar o poder que Deus te deu do mesmo modo como Ele o usaria é natural. Não é arrogante ser como Ele te criou, nem fazer
uso do que Ele deu para responder a todos os equívocos do Seu Filho e libertá-lo. Mas é arrogante deixar de lado o poder que Ele te
deu e escolher um pequeno desejo sem sentido no lugar da Sua Vontade. A dádiva de Deus a ti é sem limites. Não existe nenhuma
circunstância à qual ela não possa responder e não existe nenhum problema que não se resolva dentro da sua luz amável.
19. Habita em paz, onde Deus quer que estejas. E sejas tu o meio pelo qual o teu irmão ache a paz na qual os teus desejos se
realizem. Vamos nos unir para trazer bênçãos ao mundo do pecado e da morte. Pois o que pode salvar cada um de nós pode salvar
a todos. Não há diferença entre os Filhos de Deus. A unidade que o especialismo nega irá salvá-los todos, pois o que é um não pode
ter especialismo. E tudo pertence a cada um. Não existem desejos que se interponham entre um irmão e o que lhe é próprio. Tirar de
um é destituir a todos. E, no entanto, abençoar apenas um dá a benção a todos em um só.
20. O teu Nome antigo pertence a todos, assim como o de todos te pertence. Chama pelo nome do teu irmão e Deus responderá,
pois O chamas. Poderia Ele recusar-Se a responder quando já respondeu a todos os que chamam por Ele? Um milagre não pode
fazer mudança alguma. Mas pode fazer com que o que sempre foi verdadeiro seja reconhecido por aqueles que não têm conheci-
mento disso e, através dessa pequena dádiva da verdade, se permite que o que sempre foi verdadeiro seja o que é, que o Filho de
Deus seja ele mesmo e que toda a criação seja libertada para invocar o Nome de Deus como um só.

VIII. A iminência da salvação


1. O único problema que permanece para ti é o fato de veres um intervalo entre o momento em que perdoas e o momento em
que vais receber os benefícios de confiar em teu irmão. Isso apenas reflete o pouco que tu queres manter entre tu e o teu irmão, de
maneira que tu e ele possam ser um pouco separados. Pois o tempo e o espaço são uma ilusão única, que toma formas diferentes.
Se foi projetada além da tua mente, pensas nela como tempo. Quanto mais é trazida para perto de onde está a tua mente, tanto
mais pensas nela em termos de espaço.
2. Há uma distância que queres manter em relação ao teu irmão, e esse espaço tu percebes como o tempo porque ainda acredi-
tas que és exterior a ele. Isso faz com que a confiança seja impossível. E não podes acreditar agora que a confiança resolveria todos
os problemas. Assim, pensas que é mais seguro continuar sendo um tanto cuidadoso, velando um pouco pelos interesses que são
percebidos como separados. A partir dessa percepção, não podes conceber ganhar o que o perdão oferece agora. O intervalo que
pensas que existe entre o dar e o receber da dádiva parece ser um intervalo no qual tu te sacrificas e sofres com a perda. Vês uma
salvação eventual, não resultados imediatos.
3. A salvação é imediata. A não ser que a percebas assim, terás medo da salvação, acreditando que o risco de perda é grande
entre o momento em que o seu propósito passa a ser o teu e o momento em que os seus efeitos virão a ti. Nessa forma, o erro que é
a fonte do medo ainda está obscuro. A salvação iria apagar o espaço que ainda vês entre vós e permitiria que viésseis a ser um ins-
tantaneamente. E é aqui que temes que a perda possa estar. Não projetes esse medo no tempo, pois o tempo não é o inimigo que
percebes. O tempo é tão neutro quanto o corpo, exceto em termos da função que vês para ele. Se ainda queres manter um pequeno
espaço entre tu e o teu irmão, então queres um pequeno intervalo no qual o perdão é negado por algum tempo. E isso só faz com
que o intervalo entre o momento em que o perdão é negado a ti e o momento no qual ele é dado pareça perigoso, justificando o ter-
ror.
4. No entanto, o espaço entre tu e o teu irmão só é aparente no presente, agora, e não pode ser percebido no tempo futuro. E
também não pode deixar de ser visto, exceto dentro do presente. O teu medo não é a perda futura. Ao contrário, o que te aterroriza é
a união presente. Quem pode sentir desolação a não ser agora? Uma causa futura ainda não tem efeitos. E, portanto, se tens medo
é preciso que exista uma causa presente. E é isso o que necessita de correção, não um estado futuro.
5. Os planos, que fazes para ter segurança são colocados no futuro, onde não podes planejar. Nenhum propósito foi ainda dado
a ele e o que irá acontecer ainda não tem causa. Quem pode prever efeitos sem uma causa? E quem poderia temer efeitos a não
ser que pense que já foram causados e os tenha julgado desastrosos agora? A crença no pecado faz surgir o medo e ele, assim
como a sua causa, olha para frente, olha para trás, mas não vê o que está aqui e agora. No entanto, é só aqui e agora que a sua
causa tem que estar, se seus efeitos já foram julgados amedrontadores. E não vendo isso, ela fica protegida e separada da cura.
Pois um milagre é agora. Ele já está aqui, em graça presente, dentro do único intervalo de tempo que o pecado e o medo não viram,
mas que é tudo o que existe do tempo.
6. A realização de toda correção não toma tempo algum. Entretanto, a aceitação disso pode parecer durar para sempre. A mu-
dança de propósito que o Espírito Santo trouxe para o teu relacionamento tem em si todos os efeitos que verás. Eles podem ser con-
templados agora. Por que esperar até que se desdobrem no tempo e temer que possam não vir, embora já estejam aqui? Foi dito a ti
que todas as coisas que vêm de Deus trazem o bem. E no entanto parece que não é assim. É difícil dar crédito antecipado ao bem
que se apresenta de forma desastrosa. Não há realmente sentido nessa idéia.
7. Por que deveria o bem aparecer em forma de mal? E não é um engano, se aparece assim? A sua causa está aqui, se ele se
manifesta de qualquer maneira que seja. Por que, então, não são aparentes os seus efeitos? Por que no futuro? E buscas te conten-
tar com suspiros, ‗raciocinando‘ que não compreendes isso agora, mas irás compreender algum dia. E então o seu significado ficará
claro. Isso não é razão, pois é injusto e claramente sugere uma punição enquanto o momento da liberação não chega. Dado que
houve uma mudança de propósito para o bem, não há razão para um intervalo no qual um desastre se abate sobre ti, para ser um
dia percebido como ‗bem‘, mas agora em forma de dor. Isso é um sacrifício do agora, que não pode ser o custo que o Espírito Santo
cobraria pelo que Ele deu sem qualquer custo.
8. Entretanto, essa ilusão tem uma causa que, embora falsa, não pode deixar de já estar na tua mente. E essa ilusão não é se-
não um efeito que ela engendra e uma forma na qual o seu resultado é percebido. Esse intervalo no tempo, quando a punição é per-
cebida como a forma na qual o ‗bem‘ aparece, não é senão um aspecto do pequeno espaço que se interpõe entre vós, mas que ain-
da não foi perdoado.
9. Não te contentes com a felicidade futura. Ela não tem significado e não é a recompensa justa para ti. Pois tens uma causa
para ter liberdade agora. Que proveito tem a liberdade na forma de um prisioneiro? Por que a liberação deve se disfarçar em morte?
O adiamento não faz sentido e o ‗raciocínio‘, segundo o qual os efeitos de uma causa presente têm que ser adiados para um tempo
futuro, simplesmente é uma negação do fato de que a conseqüência e a causa têm que vir juntas como uma só. Não olhes para o
tempo, mas para o pequeno espaço que ainda está entre vós, do qual ambos têm que ser libertados. E não permitais que ele seja

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UM CURSO EM MILAGRES
disfarçado em tempo e assim preservado porque sua forma mudou e o que ele é não pode ser reconhecido. O propósito do Espírito
Santo agora é o teu. A Sua felicidade não deveria ser tua também?

IX. Pois Eles vieram


1. Pensa em como tens que ser santo, já que a partir de ti a Voz que fala por Deus chama pelo teu irmão amorosamente, de tal
modo que possas despertar nele a Voz que responde ao teu chamado! E pensa em como ele tem que ser santo, quando nele dorme
a tua própria salvação unida à sua liberdade! Por mais que desejes que ele seja condenado, Deus está nele. E nunca saberás que
Deus também está em ti, enquanto atacares a casa que Ele escolheu e lutares contra o Seu anfitrião. Considera-o com gentileza.
Olha com olhos amorosos para aquele que carrega Cristo dentro de si, de modo que possas contemplar a sua glória e regozijar-te
porque o Céu não está separado de ti.
2. É muito pedir um pouco de confiança naquele que carrega Cristo para ti, para que possas ser perdoado por todos os teus
pecados sem excluir nenhum que ainda queiras valorizar? 2Não te esqueças de que uma sombra mantida entre ti e o teu irmão obs-
curece a face de Cristo e a memória de Deus. 3E tu Os trocarias por um antigo ódio? 4A terra em que estás é terra santa por causa
Deles, Que estando nela contigo a abençoaram com a Sua inocência e Sua paz.
3. O sangue do ódio se desvanece para deixar que a grama verde cresça outra vez e as flores sejam todas brancas e resplande-
centes no sol de verão. O que foi um lugar de morte agora veio a ser um templo vivo em um mundo de luz. Por causa Deles. É a
Presença Deles que elevou a santidade para retomar o seu antigo lugar sobre um antigo trono. Por causa Deles, milagres brotaram
como grama e flores na terra árida que o ódio havia queimado e deixado desolada. O que o ódio engendrou, Eles desfizeram. E ago-
ra estás em uma terra tão santa que o Céu se inclina para unir-se a ela e fazer com que ela seja como ele próprio. A sombra de um
antigo ódio se foi e todas as pragas e toda a aridez deixaram para sempre a terra à qual Eles vieram.
4. O que são cem ou mil anos para Eles, ou dezenas de milhares de anos? Quando Eles vêm, o propósito do tempo está cumpri-
do. O que nunca existiu, some no nada quando Eles vêm. O que o ódio reivindicava para si é entregue ao amor e a liberdade ilumina
cada coisa viva elevando-a até o Céu, onde as luzes se tornam cada vez mais brilhantes à medida em que cada uma retoma ao lar.
O incompleto se faz completo outra vez e a alegria do Céu foi aumentada porque o que lhe é próprio foi restituído a ele. A terra en-
sangüentada está limpa e os insanos despiram-se de suas vestes de insanidade para unirem-se a Eles na terra onde tu estás.
5. O Céu é grato por essa dádiva do que foi por tanto tempo negado. Pois Eles vieram para reunir o que é Deles. O que estava
enclausurado, está aberto; o que era mantido à parte da luz é entregue para que a luz possa brilhar sobre tudo isso, sem deixar es-
paço ou distância alguma entre a luz do Céu e o mundo.
6. O mais santo de todos os lugares da terra é aquele onde um antigo ódio veio a ser um amor presente. E Eles vêm rapidamen-
te para o templo vivo, onde um lar para Eles foi preparado. Não há lugar mais santo no Céu. E Eles vieram para habitar dentro do
templo que Lhes foi oferecido, para que esse seja um lugar de descanso para Eles assim como para ti. Aquilo que o ódio liberou para
o amor vem a ser a luz mais brilhante na radiância do Céu. E todas as luzes no Céu são mais brilhantes agora, em gratidão pelo que
foi restaurado.
7. Em torno de ti anjos pairam amorosamente para manter distantes todos os pensamentos escuros de pecado e manter a luz
aonde ela penetrou. As marcas dos teus passos iluminam o mundo, pois onde caminhas, o perdão vai alegremente contigo. Ninguém
na terra deixa de dar graças àquele que restaurou a sua casa e a abrigou do inverno amargo e do frio que congela. E será que o
Senhor do Céu e Seu Filho darão menos em gratidão por tanto mais?
8. Agora, o templo do Deus vivo está reconstruído outra vez como anfitrião para Aquele por Quem foi criado. Onde Ele habita, o
Seu Filho habita com Ele, nunca separado. E Eles dão graças porque afinal são bem-vindos. Onde estava uma cruz, agora está o
Cristo ressurgido e antigas cicatrizes são curadas pelo que Ele vê. Um antigo milagre veio para abençoar e para substituir uma anti-
ga inimizade que tinha vindo para matar. Em gentil gratidão a Deus, o Pai e o Filho retornam ao que é Deles e será para sempre.
Agora o propósito do Espírito Santo está consumado. Pois eles vieram! Pois Eles vieram afinal!

X. O fim da injustiça
1. Nesse caso o que permanece ainda por ser desfeito para que reconheças a Presença Deles? Apenas isso: tens uma perspec-
tiva diferenciada quando pensas que o ataque é justificado, e quando pensas que ele não é justo e não deve ser permitido. Quando
o percebes como injusto, pensas que uma resposta raivosa agora é justa. E assim vês o que é o mesmo como diferente. A confusão
não é limitada. Se ela ocorre, seja como for, será total. E a sua presença, em qualquer forma que seja, esconderá a Presença Deles.
Eles são conhecidos com clareza ou simplesmente não são. A percepção confusa irá bloquear o conhecimento. A questão não é o
tamanho da confusão ou quanto ela interfere. A sua simples presença fecha a porta à Presença Deles e Os mantém desconhecidos.
2. O que significa perceber que o ataque em certas formas é injusto para contigo? Significa que devem existir formas nas quais
pensas que ele é justo. Pois, de outro modo, como poderiam algumas ser avaliadas como injustas? Portanto, dás significado a algu-
mas e essas são percebidas como razoáveis. E só algumas são vistas como sem significado. E isso nega o fato de que todas são
sem sentido, igualmente sem causa ou conseqüência e não podem ter efeitos de qualquer espécie. A Presença Deles é obscurecida
por qualquer véu que se interponha entre a brilhante inocência Deles e a tua consciência de que essa inocência é tua e pertence
igualmente a todas as coisas vivas junto contigo. Deus não limita. E o que é limitado não pode ser o Céu. Portanto, tem que ser o
inferno.
3. A injustiça e o ataque são um único equívoco, tão firmemente unidos que onde um deles é percebido, o outro tem que ser
visto. Não podes tratado de forma injusta. Se acreditas que és, isso é apenas uma outra forma da idéia segundo a qual és destituído
por alguém que não é o teu próprio ser. A projeção da causa ao sacrifício está na raiz de todas as coisas que percebes como injustas
para ti e não como as recompensas que te são devidas. No entanto, tu pedes isso a ti mesmo, em profunda injustiça para com o
Filho de Deus. Não tens inimigos exceto tu mesmo e, de fato, és um inimigo para ele porque não o conheces como a ti mesmo. O
que poderia ser mais injusto do que ele ser destituído do que ele é, que o direito de ser ele mesmo lhe seja negado e que lhe seja
pedido para sacrificar o amor do seu Pai e o teu, como se não lhe fossem devidos?
4. Que estejas atento para a tentação de perceberes a ti mesmo sendo tratado injustamente. Nessa perspectiva, buscas achar
uma inocência que não é Deles, mas apenas tua e ao custo da culpa de alguma outra pessoa. É possível que a inocência seja com-
prada se deres a tua culpa a uma outra pessoa? E é a inocência que o teu ataque a ela tenta obter? Não é a punição pelo teu próprio

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UM CURSO EM MILAGRES
ataque ao Filho de Deus que buscas? Não é mais seguro acreditares que és inocente em relação a isso e estás sendo vitimado ape-
sar da tua inocência? Qualquer que seja a forma na qual é jogado o jogo da culpa, tem que haver perda. Alguém tem que perder a
própria inocência para que alguma outra pessoa possa tirá-la dele, fazendo com que seja sua.
5. Pensas que o teu irmão é injusto para contigo porque pensas que alguém tem que ser injusto para fazer com que o outro seja
inocente. E nesse jogo percebes o único propósito para todo o teu relacionamento. E isso buscas acrescentar ao propósito que foi
dado a ele. O propósito do Espírito Santo é permitir que a Presença dos teus Hóspedes santos seja conhecida por ti. E a esse pro-
pósito nada pode ser acrescentado, pois o mundo não tem nenhum propósito exceto esse. Acrescentar ou retirar dessa única meta
não é senão retirar todo o propósito do mundo e de ti mesmo. E cada injustiça que o mundo aparentemente coloca sobre ti, tu colo-
caste sobre ele tornando-o sem propósito, sem a função que o Espírito Santo vê. E a simples justiça foi assim negada a todas as
coisas vivas sobre a terra.
6. O que essa injustiça faz a ti, que julgas injustamente e que vês de acordo com o teu julgamento, não és capaz de calcular. O
mundo torna-se obscuro e ameaçador e nenhum vestígio de todo o cintilar feliz que a salvação traz para iluminar o teu caminho tu és
capaz de perceber. E assim te vês privado de luz, abandonado no escuro, largado injustamente sem nenhum propósito em um mun-
do fútil. O mundo é justo porque o Espírito Santo trouxe a injustiça para a luz interior e lá toda a injustiça foi sanada e substituída
pela justiça e pelo amor. Se percebes injustiça em qualquer lugar, só precisas dizer:
Através disso eu nego a Presença do Pai e do Filho. E prefiro tomar conhecimento Deles do que ver a injustiça, que se
desvanece diante da luz da Sua Presença.

CAPÍTULO 27 - A CURA DO SONHO

I. O retrato da crucificação
1. O desejo de seres tratado injustamente é uma tentativa de transigência que pretende combinar o ataque e a inocência. Quem é
capaz de combinar o que é totalmente incompatível e fazer uma unidade do que jamais pode ser unido? Caminha ao longo do cami-
nho da gentileza e não temerás mal nenhum, nem sombra alguma na noite. Mas não coloques símbolos de terror no teu caminho ou
tecerás uma coroa de espinhos da qual nem o teu irmão e nem tu escaparão. Não podes crucificar a ti mesmo sozinho. E se és tra-
tado injustamente, ele necessariamente sofrerá a injustiça que tu vês. Não podes te sacrificar sozinho. Isso é assim porque o sacrifí-
cio é total. Se isso pudesse ocorrer, carregarias contigo toda a criação de Deus, e o Pai com o sacrifício de Seu Filho amado.
2. Na tua liberação do sacrifício se manifesta a sua e mostra que ele está liberto. Mas toda dor que sofres, vês como prova de que ele
é culpado do ataque. Assim, queres fazer de ti mesmo o sinal de que ele perdeu a sua inocência e só precisa olhar para ti para reco-
nhecer que foi condenado. E o que foi injusto para ti, virá a ele em forma de justiça. A vingança injusta da qual agora sofres pertence
a ele, e quando ela pousar sobre ele, tu te libertarás. Não desejes fazer de ti mesmo um símbolo vivo da sua culpa, pois não escapa-
rás à morte que fizeste para ele. Mas, na sua inocência achas a tua.
3. Sempre que consentires em sofrer dor, ser destituído, ser injustamente tratado ou ter necessidade de alguma coisa que não tens,
apenas acusas o teu irmão de estar atacando o Filho de Deus. Seguras um retrato da tua crucificação diante dos seus olhos de tal
modo que ele possa ver que os seus pecados estão escritos no Céu, com o teu sangue e a tua morte e vão à frente dele, fechando a
porta e condenando-o ao inferno. No entanto, isso está escrito no inferno e não no Céu, onde estás além do ataque e comprovas a
sua inocência. O retrato de ti mesmo que ofereces a ele, mostras a ti e conferes a esse retrato toda a tua fé. O Espírito Santo te ofe-
rece um retrato de ti mesmo para dares a ele no qual não existe absolutamente nenhuma dor e nenhuma reprovação. E o que era
martirizado pela sua culpa vem a ser a testemunha perfeita da tua inocência.
4. O poder do testemunho vai além da crença porque traz a convição como conseqüência. O testemunho recebe crédito porque a-
ponta para além de si mesmo, para o que ele representa. Tu, doente e sofredor, representa apenas a culpa do teu irmão; o testemu-
nho que envias para que não seja possível ele esquecer os males que te infligiu, dos quais juras que ele nunca escapará. Esse retra-
to doente e triste tu aceitas, se apenas servir para puni-lo. Os doentes não têm misericórdia para com ninguém e buscam matar por
contágio. A morte lhes parece um preço fácil a ser pago, se eles puderem dizer: ―Contempla-me, irmão, em tuas mãos eu morro.‖
Pois a doença é o testemunho da sua culpa e a morte quer provar que os seus erros não podem deixar de ser pecados. A doença
não é senão uma ―pequena‖ morte, uma forma de vingança que ainda não é total. No entanto, ela fala com certeza por aquilo que
representa. O retrato amargo e desolado que enviaste ao teu irmão, tu contemplaste com amargura. E tudo o que ele mostrou ao teu
irmão tu acreditaste, porque testemunhou a culpa nele que percebeste e amaste.
5. Agora, nas mãos que se fizeram gentis pelo Seu toque, Ele coloca um retrato diferente de ti. É ainda o retrato de um corpo, pois o
que realmente és não pode ser visto nem retratado. Entretanto, esse não foi usado com o propósito de atacar e, portanto, nunca
sofreu nenhuma dor. Ele testemunha a verdade eterna de que não podes ser ferido e aponta para além de ti mesmo, para a tua ino-
cência e a sua. Mostra isso ao teu irmão, que verá que todas as cicatrizes estão curadas e todas as lágrimas foram enxugadas com
riso e com amor. E lá ele olhará para o seu próprio perdão e com olhos curados olhará além do perdão para a inocência que ele con-
templa em ti. Aqui está a prova de que ele nunca pecou, de que nada do que a sua loucura pediu que ele fizesse jamais foi feito nem
jamais teve efeitos de qualquer espécie. Aqui está a prova de que nenhuma reprovação que ele tenha posto em seu próprio coração
jamais foi justificada e nenhum ataque jamais pode atingi-lo com a seta envenenada e incansável do medo.
6. Testemunha a sua inocência e não a sua culpa. A tua cura é o seu conforto e a sua saúde porque prova que as ilusões não são
verdadeiras. Não é a vontade de viver, mas o desejo da morte que é a motivação desse mundo. Seu único propósito é provar que a
culpa é real. Nenhum pensamento, ato ou sentimento mundanos têm outra motivação que não seja essa. Essas são as testemunhas
que são chamadas a receber crédito e emprestar convição ao sistema pelo qual falam e representam. E cada uma tem muitas vozes,
falando ao teu irmão e a ti em línguas diferentes. E no entanto, a mensagem é a mesma para ambos. Os adornos do corpo buscam
mostrar como são belas as testemunhas da culpa. As preocupações em torno do corpo demonstram como é frágil e vulnerável a tua
vida, como é facilmente destruído aquilo que amas. A depressão fala da morte e a vaidade da preocupação real com o nada.
7. A mais forte testemunha da futilidade, que apaga todas as outras e as ajuda a pintar o retrato no qual o pecado é justificado, é a
doença, qualquer que seja a sua forma. Os doentes têm razão para cada um de seus desejos não-naturais e suas estranhas neces-
sidades. Pois quem seria capaz de viver uma vida que é tão cedo cortada e não apreciar o valor das alegrias passageiras? Que pra-
zeres poderiam existir que fossem duradouros? Não têm os frágeis o direito de acreditar que cada migalha roubada de prazer é o

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UM CURSO EM MILAGRES
pagamento justo pelas suas pequenas vidas? A sua morte irá pagar o preço de todos os prazeres, usufruam eles desses benefícios
ou não. O fim da vida necessariamente vem, não importa de que modo se gaste essa vida. E assim, tira prazer daquilo que rapida-
mente passa e é efêmero.
8. Esses não são pecados, mas testemunhas da estranha crença segundo a qual o pecado e a morte são reais, e a inocência e o
pecado terminarão assim como eles no fim que é o túmulo. Se isso fosse verdadeiro, haveria razão para ficares contente buscando
alegrias passageiras e apreciando pequenos prazeres enquanto podes. Entretanto, nesse retrato, o corpo não é percebido como
neutro e sem uma meta inerente a si mesmo. Pois ele vem a ser o símbolo da reprovação, o sinal da culpa cujas conseqüências
ainda estão presentes para serem vistas de forma que a causa nunca possa ser negada.
9. A tua função é mostrar ao teu irmão que o pecado não pode ter nenhuma causa. Como deve ser fútil ver a ti mesmo como um
retrato da prova de que o que é a tua função nunca pode ser! O retrato do Espírito Santo não muda o corpo fazendo com que ele
seja algo que não é. Ele apenas retira do corpo todos os sinais de acusação e de culpabilidade. Retratado como algo sem propósito,
ele não é visto nem como doente nem saudável, nem bom nem mau. Não se oferece bases para que ele seja julgado de forma al-
guma. Ele não tem vida, mas também não está morto. Situa-se à parte de toda a experiência de amor e de medo. Por enquanto, ele
ainda nada testemunha, estando o seu propósito em aberto e a mente mais uma vez livre para escolher para que ele serve. Agora,
ele não está condenado, mas aguarda que um propósito lhe seja dado para que possa cumprir a função que irá receber.
10. Nesse espaço vazio, do qual foi removida a meta do pecado, o Céu está livre para ser lembrado. Aqui, a paz celestial pode vir e a
cura perfeita pode tomar o lugar da morte. O corpo pode vir a ser um sinal de vida, uma promessa de redenção e um sopro de imor-
talidade para aqueles que ficaram doentes por respirar o odor fétido da morte. Permite que ele tenha a cura como seu propósito.
Então, ele enviará adiante a mensagem que recebeu e através de sua saúde e beleza, proclamará a verdade e o valor que represen-
ta. Permite que ele receba o poder de representar uma vida sem fim, para sempre inatacada. E para o teu irmão, permite que a men-
sagem do corpo seja: ―Contempla-me, irmão, em tuas mãos eu vivo‖.
11. O modo simples para deixar que isso seja realizado é apenas esse: não permitir que o corpo tenha nenhum propósito vindo do
passado, quando tinhas certeza de saber que o seu propósito era estimular a culpa. Pois isso afirma com insistência que o teu retra-
to aleijado seja um sinal duradouro daquilo que ele representa. Isso não deixa espaço no qual uma perspectiva diferente, um outro
propósito do corpo. Tu apenas deste ilusões de propósito a uma coisa que fizeste com o intuito de esconder a tua função de ti mes-
mo. Essa coisa sem um propósito não pode ocultar a função que o Espírito Santo te deu. Permite, então, que o propósito do corpo e
a tua função sejam ambos afinal reconciliados e vistos como um só.

II. O medo da cura


1. A cura é assustadora? Para muitos, sim. Pois a acusação é uma barreira ao amor e corpos feridos são acusadores. Eles bloqueiam
firmemente o caminho da confiança e da paz, proclamando que os frágeis não podem ter confiança e que os feridos não têm bases
para a paz. Quem pode ter sido machucado pelo próprio irmão e ainda assim amá-lo e confiar nele? Ele atacou e vai atacar outra
vez. Não o protejas, porque o teu próprio corpo ferido mostra que tu tens que ser protegido contra o teu irmão. Perdoar pode ser um
ato de caridade, mas que ele não merece. Ele pode ser digno de pena pela sua culpa, mas não pode ser absolvido. E se tu lhe per-
doas as suas ofensas, apenas adicionas à culpa que ele realmente já obteve para si mesmo.
2. Os não curados não podem perdoar. Pois são as testemunhas de que o perdão é injusto. Eles querem reter as conseqüências da
culpa que não vêem. Entretanto, ninguém é capaz de perdoar um pecado que acredita ser real. E o que tem conseqüências tem que
ser real, pois o que ele fez está lá para ser visto. O perdão não é piedade, já que a piedade apenas busca perdoar aquilo que pensa
ser a verdade. O bem não pode ser dado em troca do mal, pois o perdão não estabelece o pecado em primeiro lugar para depois
perdoá-lo. Quem pode realmente dizer com real intenção: ―Meu irmão, tu me machucaste, no entanto, porque sou o melhor dentre
nós dois, eu te perdôo pelo meu ferimento‖. O seu perdão e o teu ferimento não podem coexistir. Um nega o outro e não pode deixar
de fazer com que o outro seja falso.
3. Testemunhar o pecado e ao mesmo tempo perdoá-lo é um paradoxo que a razão não pode ver. Pois ela afirma que o que foi feito a
ti não merece perdão. E ao dares o perdão, concedes misericórdia ao teu irmão, mas reténs a prova de que ele não é realmente
inocente. Os doentes permanecem acusadores. Eles não são capazes de perdoar os seus irmãos e a si mesmos também. Pois nin-
guém em quem repousa o perdão verdadeiro pode sofrer. Ele não mantém a prova do pecado diante dos olhos do seu irmão. Deste
modo, ele também não a viu e removeu-a dos seus próprios olhos. O perdão não pode existir para um e não para o outro. Quem
perdoa está curado. E na sua cura está a prova de que ele verdadeiramente perdoou e não retém nenhum vestígio de condenação
que ainda mantenha contra si mesmo ou qualquer coisa viva.
4. O perdão não é real a não ser que traga cura para ti e para o teu irmão. Tens que atestar que os seus pecados não têm efeito so-
bre ti para demonstrar que não são reais. De que outra maneira poderia ele estar isento de culpa? E como poderia a sua inocência
ser justificada a não ser que os seus pecados não tenham nenhum efeito que autorize a culpa? Pecados estão além do perdão sim-
plesmente porque acarretariam efeitos que não podem ser desfeitos e ignorados inteiramente. Em seu desfazer está a prova de que
são meros erros. Permite que tu sejas curado para que possas perdoar, oferecendo a salvação ao teu irmão e a ti mesmo.
5. Um corpo quebrado demonstra que a mente não foi curada. Um milagre de cura prova que a separação está sem efeito. O que
queres provar a ele, tu acreditarás. O poder do testemunho vem da tua crença. E todas as coisas que dizes, fazes ou pensas apenas
testemunham o que tu lhe ensinas. O teu corpo pode ser um meio de ensinar que o corpo nunca sofreu dor alguma por sua causa. E
na cura do corpo podes oferecer um testemunho mudo da sua inocência. É esse testemunho que pode falar com poder maior do que
mil línguas. Pois aqui, ele tem a prova do próprio perdão a si mesmo.
6. Um milagre não pode oferecer a ele nada menos do que deu a ti. Assim a tua cura mostra que a tua mente está curada e per-
doaste o que ele não fez. E assim ele se convence de que a sua inocência nunca foi perdida e é curado junto contigo. Deste modo, o
milagre desfaz todas as coisas que o mundo atesta que nunca podem ser desfeitas. E a desesperança e a morte têm que desapare-
cer diante do antigo chamado da vida que é feito por clarins. Esse chamado tem um poder muito maior do que o grito fraco e miserá-
vel da morte e da culpa. O antigo chamado do Pai no Seu Filho e do Filho ao que é dele, ainda será a última trombeta que o mundo
jamais ouvirá. Irmão, a morte não existe. E isso aprendes quando apenas desejas mostrar ao teu irmão que não foste ferido por ele.
Ele pensa que o teu sangue está nas suas próprias mãos e assim está condenado. Entretanto, é dado a ti mostrar-lhe, através da
tua cura, que a sua culpa não é senão a base de um sonho sem sentido.

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UM CURSO EM MILAGRES
7. Como são justos os milagres! Pois eles concedem uma dádiva igual, a plena liberação da culpa, ao teu irmão e a ti. A tua cura
salva-o da dor assim como a ti e tu és curado porque desejaste o seu bem. Essa é a lei que o milagre obedece: a cura não vê espe-
cialismo algum. Ela não vem da piedade, mas do amor. E o amor quer provar que todo o sofrimento não passa de vã imaginação, um
desejo tolo sem efeitos. A tua saúde é o resultado do teu desejo de ver o teu irmão sem qualquer mancha de sangue sobre as suas
mãos e sem culpa sobre o seu coração que se faz pesado com a prova do pecado. E o que desejas te é dado ver.
8. O ―custo‖ da tua serenidade é a sua. Esse é o ―preço‖ que o Espírito Santo e o mundo interpretam de maneiras diferentes. O mun-
do o percebe como uma afirmação do ―fato‖ de que a tua salvação sacrifica a sua. O Espírito Santo sabe que a tua cura é o teste-
munho da sua e não pode de forma alguma estar à parte da cura do teu irmão. Enquanto ele consentir em sofrer, não será curado.
No entanto, podes mostrar-lhe que o seu sofrimento não tem propósito e não tem absolutamente causa nenhuma. Mostra-lhe a tua
cura e ele não mais consentirá em sofrer. Pois a sua inocência foi estabelecida diante dos teus olhos e dos seus. E o riso substituirá
os teus suspiros, porque o Filho de Deus lembrou-se que ele é Filho de Deus.
9. Quem, então, tem medo da cura? Só aqueles que vêem o sacrifício e a dor do irmão como se representassem a própria serenida-
de de cada um deles. A impotência e a fraqueza que sentem representam as bases sobre as quais justificam a dor que ele sofre. A
constante pontada de culpa que ele sofre serve para provar que ele é escravo, mas que eles são livres. A dor constante que sofrem
demonstra que são livres porque o mantêm preso. E a doença é desejada para impedir uma alteração na balança do sacrifício. Como
poderia o Espírito Santo deter-se, ainda que por um instante ou menos, para raciocinar em torno de tal argumento a favor da doen-
ça? E é necessário que a tua cura seja adiada porque fizeste uma pausa para escutar a insanidade?
10. A correção não é a tua função. Ela pertence Àquele que conhece a justiça e não a culpa. Se tu assumes o papel de corrigir, per-
des a função de perdoar. Ninguém pode perdoar até compreender que a correção consiste em apenas perdoar, nunca em acusar.
Sozinho não podes ver que são a mesma coisa e, portanto, a correção não vem de ti. A identidade e a função são a mesma coisa, e
através da tua função conheces a ti mesmo. E assim, se confundes a tua função com a função de um Outro, não podes deixar de
estar confuso com relação a ti mesmo e à tua identidade. O que é a separação senão um desejo de tomar a função de Deus e negar
que pertença a Ele? No entanto, se não é a Sua também não é a tua, pois não podes deixar de perder o que tomas de outros.
11. Em uma mente partida, a identidade não pode deixar de parecer dividida. E ninguém pode perceber uma função unificada que
tenha propósitos conflitantes e finalidades diferentes. Corrigir, para uma mente tão partida, tem que ser um meio de punir os pecados
que pensas serem teus em uma outra pessoa. E assim, ele vem a ser a tua vítima, não o teu irmão, diferente de ti por ser mais cul-
pado, assim necessitando que tu o corrijas por seres mais inocente do que ele. Isso separa a sua função da tua, e dá a ambos um
papel diferente. E assim não podem ser percebidos como um só, e com uma única função que significaria uma identidade comparti-
lhada com apenas uma finalidade.
12. A correção que tu farias não pode senão separar, porque essa é a função que lhe é dada por ti. Quando perceberes que a corre-
ção é a mesma coisa que o perdão, então também saberás que a mente do Espírito Santo e a tua são uma só. E assim a tua própria
identidade é encontrada. Todavia, Ele tem que trabalhar com o que Lhe é dado, e tu Lhe concedes apenas metade da tua mente.
Assim sendo, Ele representa a outra metade, e parece ter uma função diferente daquela que aprecias e pensas ser a tua. É assim
que a tua função parece dividida, com uma metade em oposição à outra. E essas duas metades parecem representar um corte den-
tro de um ser que é percebido como se fossem dois.
13. Reflete sobre o fato de que essa percepção do ser não pode deixar de estender-se e não deixes de ver que todo pensamento se
estende porque esse é o seu propósito, sendo o que ele é realmente. A partir de uma idéia do ser como se fossem dois, necessaria-
mente vem uma perspectiva de função dividida entre os dois. E o que tu queres corrigir é apenas metade do erro que imaginas ser o
erro todo. Os pecados do teu irmão vêm a ser o alvo central da correção, para que os teus erros e os seus não sejam vistos como
um só. Os teus são enganos, mas os seus são pecados e não são, portanto, a mesma coisa que os teus. Os seus merecem punição,
enquanto os teus, com toda justiça, não deveriam nem sequer ser vistos.
14. Nessa interpretação da correção, os teus próprios equívocos tu nem mesmo verás. O foco da correção foi colocado fora de ti,
sobre alguém que não pode ser parte de ti enquanto durar essa percepção. O que é condenado nunca pode retomar ao seu acu-
sador, que o odiou e ainda o odeia como símbolo do seu medo. Isso é o teu irmão, o foco do teu ódio, indigno de ser parte de ti e
portanto fora de ti, a outra metade que é negada. Se todo o teu ser é percebido como se fosse só o que existe sem a sua presença.
Para essa metade remanescente o Espírito Santo tem que representar a outra metade, até que reconheças que ela é a outra meta-
de. E isso Ele faz dando a ti e a ele uma função que é una, não diferente.
15. A correção é a função dada a ambos, mas a nenhum dos dois sozinho. E quando ela é desempenhada como uma função com-
partilhada, não pode deixar de corrigir equívocos em ti e também nele. Não pode deixar equívocos em um deles, que fica sem ser
curado, e libertar o outro. Isso é um propósito dividido que não pode ser compartilhado e, portanto, não pode ser a meta na qual o
Espírito Santo vê a Sua própria. E podes descansar na segurança de que Ele não vai cumprir uma função que não vê e não reco-
nhece como Sua. Pois é só assim que Ele pode preservar a tua intacta, apesar de tu e Ele terem perspectivas diferentes a respeito
de qual é a tua função. Se ele apoiasse uma função dividida, estarias, de fato, perdido. A incapacidade do Espírito Santo de ver a
Sua meta dividida e distinta para ti e para ele, te preserva da conscientização de uma função que não é a tua. E assim a cura é dada
a ti e a ele.
16. A correção tem que ser deixada Àquele Que sabe que a correção e o perdão são a mesma coisa. Com metade de uma mente
isso não é compreensível. Deixa, então, a correção para a Mente que está unida, funcionando como uma só, pois não está dividida
quanto ao próprio propósito e concebe uma função única como sendo a sua única função. Aqui a função dada a ela é concebida
como aquela que lhe pertence e não está à parte da função que o seu Doador ainda mantém precisamente porque foi compartilhada.
Na aceitação do Espírito Santo dessa função está o meio através do qual a tua mente é unificada. O Seu propósito único unifica as
metades de ti mesmo, que percebes como separadas. E cada uma perdoa a outra, para que cada um possa aceitar sua outra meta-
de como parte de si.

III. Além de todos os símbolos


1. O poder não pode se opor. Pois a oposição o enfraqueceria e poder enfraquecido é uma contradição de idéias. Força fraca não
significa nada e o poder usado para enfraquecer é empregado para limitar. E por conseguinte, ele tem que ser limitado e fraco, por-
que esse é o seu propósito. Para que o poder seja ele mesmo não pode haver oposição. Nenhuma fraqueza pode se introduzir nele
sem mudá-lo, fazendo com que seja algo que não é. Enfraquecer é limitar e impor um oposto que contradiz o conceito que ataca. E

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UM CURSO EM MILAGRES
com isso junta à idéia alguma coisa que ela não é e faz com que ela seja ininteligível. Quem pode compreender um conceito duplo,
tal como ―poder enfraquecido‖ ou ―amor odioso‖?
2. Decidiste que o teu irmão um símbolo de um ―amor odioso‖, de um ―poder enfraquecido‖ e, acima de tudo, de uma ―morte viva‖. E
assim ele não tem nenhum significado para ti, pois representa o que não tem significado. Ele representa um pensamento duplo no
qual metade é cancelada pela metade remanescente. Apesar disso, a metade que foi cancelada imediatamente contradiz a outra, de
modo que ambas desaparecem. E agora ele representa o nada. Símbolos que não representam nada além de idéias inexistentes,
necessariamente representam o espaço vazio e o nada. Porém, o nada e o espaço vazio não podem constituir interferência. O que
pode interferir com a consciência da realidade é a crença em que haja alguma coisa lá.
3. O retrato que vês do teu irmão não significa nada. Não há nada a atacar ou a negar; a amar ou a odiar, nada a que se possa atribu-
ir poder e nada a ser visto como frágil. O retrato foi completamente cancelado, porque simbolizava uma contradição que cancelou o
pensamento que ele representava. E assim o retrato não tem qualquer causa. Quem é capaz de perceber qualquer efeito sem uma
causa? O que pode ser aquilo que não tem causa senão o nada? O retrato que vês do teu irmão é totalmente ausente e nunca exis-
tiu. Permite, então, que o espaço vazio que ele ocupa seja reconhecido como vago, e que o tempo dedicado a ver asse retrato seja
percebido como desperdiçado, um tempo desocupado.
4. Um espaço vazio que não é visto como cheio, um intervalo de tempo sem uso, que não é visto como gasto e plenamente ocupado,
vêm a ser um convite silencioso para que a verdade entre e faça um lar para si mesma. Não é possível fazer nenhuma preparação
que possa acentuar o apelo real do convite. Porque o que deixas vazio, Deus o preencherá e a verdade não pode deixar de habitar
onde Ele está. Poder não-enfraquecido, sem oposto, é o que é a criação. Para isso não existem símbolos. Nada aponta para além
da verdade, pois o que pode representar mais do que tudo? No entanto, o verdadeiro desfazer tem que ser benigno. E assim a pri-
meira substituição do teu retrato é outro retrato de outro tipo.
5. Como o nada não pode ser retratado, do mesmo modo não há nenhum símbolo para a totalidade. A realidade é conhecida, em
última instância, sem forma, sem retrato e sem ser vista. O perdão ainda não é um poder reconhecido como algo totalmente livre de
limites. No entanto, ele não estabelece nenhum dos limites que escolheste impor. O perdão é o meio através do qual a verdade é
temporariamente representada. Ele permite que o Espírito Santo faça com que a troca dos retratos seja possível até o momento em
que os recursos nada significam e o aprendizado está realizado. Nenhum recurso de aprendizado tem nenhuma utilidade que possa
se estender além da meta do aprendizado. Quando o seu objetivo é alcançado, ele deixa de ter qualquer função. Entretanto, no in-
tervalo do aprendizado, ele tem um. utilidade da qual agora tens medo, mas que ainda amarás.
6. O retrato do teu irmão, que te é dado para ocupar o espaço tão tardiamente desocupado e vago, não necessitará de qualquer es-
pécie de defesa. Pois tu lhe darás preferência preponderante. E também não demorarás nem um instante para decidir que ele é o
único que queres. E1e não representa conceitos duplos. Embora seja apenas metade do retrato e incompleto, em si, ele é o mesmo
e não está dividido. A outra metade do que representa permanece desconhecida, mas não é anulada. E assim Deus fica livre para
dar Ele próprio o passo final. Para isso não necessitas de retratos e nem de qualquer recurso para aprenderes. E aquilo que, em
última instância, tomará o lugar de todos os recursos de aprendizado simplesmente será.
7. O perdão desaparece e os símbolos se apagam e nada do que os olhos jamais viram ou os ouvidos jamais ouviram permanece
para ser percebido. Um Poder totalmente sem limites veio, não para destruir, mas para receber o que Lhe pertence. Não existe em
parte alguma escolha de função. A escolha que tens medo de perder, tu nunca tiveste. Entretanto, apenas isso parece interferir com
o poder ilimitado e com os pensamentos unificados, completos e felizes, sem opostos. Não conheces a paz do poder que não se
opõe a nada. No entanto, simplesmente não pode haver nenhum outro. Dá boas-vindas ao Poder que está além do perdão e além
do mundo dos símbolos e das limitações. Ele quer meramente ser e assim meramente é.

IV. A resposta silenciosa


1. Em quietude todas as coisas são respondidas e todos os problemas serenamente resolvidos. Em conflito, não pode haver resposta
nem resolução, pois o propósito do conflito é fazer com que a solução não seja possível e assegurar que nenhuma resposta seja
simples. Um problema estabelecido no conflito não tem resposta, pois é visto de formas diferentes. E o que seria uma resposta de
um ponto de vista, não é uma resposta em uma luz diferente. Tu estás em conflito. Assim, tem que ficar claro que não podes res-
ponder a coisa alguma, pois o conflito não tem efeitos limitados. Entretanto, se Deus deu uma resposta, necessariamente existe um
caminho no qual os teus problemas estão resolvidos, pois o que é Vontade de Deus já foi feito.
2. Assim, o tempo não pode estar envolvido e cada problema pode ser respondido agora. Entretanto, em teu estado mental, a solução
tem que ser impossível. Por conseguinte, Deus tem que ter te dado um caminho para alcançar um outro estado mental, no qual a
resposta já esteja presente. Tal é o instante santo. É aqui que todos os teus problemas devem ser trazidos e deixados. É aqui que
devem estar, pois aqui está a resposta para eles. E onde está a resposta, o problema não pode deixar de ser simples e facilmente
resolvido. Não tem sentido tentar resolver um problema onde a resposta não pode estar. Entretanto, com a mesma certeza, ele não
pode deixar de ser resolvido se for trazido para onde a resposta se encontra.
3. Não tentes solucionar nenhum problema a não ser na segurança do instante santo. Pois lá o problema será respondido e resolvido.
Fora não haverá solução, pois ―lá não existe nenhuma resposta que possa ser achada. Em nenhum outro lugar jamais se pergunta
uma questão única e simples. O mundo só pode perguntar uma questão dupla. Uma questão com muitas respostas não pode ter
resposta. Nenhuma delas será satisfatória. O mundo não coloca uma pergunta para que ela seja respondida, mas apenas para rea-
firmar seu ponto de vista.
4. Todas as questões que são colocadas dentro desse mundo não passam de uma maneira de olhar, não são perguntas. Uma ques-
tão colocada com ódio não pode ser respondida, porque é uma resposta em si mesma. Uma pergunta dupla pergunta e responde,
ambas atestando a mesma coisa em formas diferentes. O mundo não coloca senão uma questão. Ela é a seguinte: ―Dessas ilusões,
qual é verdadeira? Quais delas estabelecem a paz e oferecem alegria? E quais podem trazer um modo de escapar de toda a dor da
qual é feito esse mundo?‖ Seja qual for a forma que tome a questão, o seu propósito é o mesmo. Ele pergunta apenas para estabe-
lecer o pecado como algo real e responde na forma de preferências. ―Que pecado preferes? Esse é o que deverias escolher. Os
outros não são verdadeiros. O que pode o corpo conseguir que queiras mais do que tudo? Ele é teu criado e também teu amigo.
Basta dizer a ele o que queres e ele irá servir-te amorosamente e bem.‖ E isso não é uma pergunta, pois te diz o que queres e aonde
ir para consegui-lo. Não deixa espaço para que suas crenças sejam questionadas, exceto pelo fato de afirmar algo em forma de per-
gunta.

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UM CURSO EM MILAGRES
5. Uma pseudo-questão não tem resposta. Ela dita a resposta enquanto pergunta. Assim, todo o questionamento dentro do mundo é
uma forma de propaganda dele mesmo. Da mesma maneira que as testemunhas do corpo não são senão os sentidos dentre dele,
também assim as respostas para as perguntas do mundo estão contidas dentro das perguntas que são feitas. Onde as respostas
representam as perguntas, elas não acrescentam nada de novo e nada se aprende. Uma questão honesta é um instrumento de a-
prendizado que pergunta alguma coisa que não sabes. Não estabelece condições para a resposta, mas apenas pergunta qual deve-
ria ser a resposta. Mas, ninguém em estado de conflito está livre para colocar essa questão, pois ele não quer uma resposta honesta
em que o conflito termine.
6. Só dentro do instante santo é possível que uma questão honesta seja ―honestamente colocada. E do significado da questão vem a
significação da resposta. Aqui é possível separar os teus desejos da resposta, de tal forma que ela possa te ser dada e também ser
recebida. A resposta é dada em todos os lugares. No entanto, é só aqui que ela pode ser ouvida. Uma resposta honesta não exige
sacrifício porque responde a questões verdadeiramente colocadas. As questões do mundo apenas perguntam de quem se exige o
sacrifício, sem perguntar se o sacrifício tem qualquer significado. E desse modo, a não ser que a resposta diga ―de quem‖, ela per-
manecerá irreconhecível, inaudível, e assim a pergunta é preservada de forma intacta porque deu a resposta a si mesma. O instante
santo é o intervalo no qual a mente está suficientemente silenciosa para ouvir uma resposta, que não está atrelada à questão colo-
cada. Ele oferece algo novo e diferente da questão. Como poderia a questão ser respondida, se ela apenas se repete?
7. Portanto, não tentes solucionar nenhum problema em um mundo no qual a resposta foi barrada. Em vez disso, traze o problema ao
único lugar que guarda a resposta amorosamente para ti. Aqui estão as respostas que irão solucionar os teus problemas, porque
estão à parte deles e vêem o que pode ser respondido, o que é a pergunta. Dentro do mundo, as respostas simplesmente levantam
uma outra questão, embora deixem a primeira sem resposta. No Instante santo, podes trazer a pergunta até à resposta e receber a
resposta que foi feita para ti.

V. O exemplo da cura
1. A única maneira de curar é ser curado. O milagre estende-se sem a tua ajuda, mas tu és necessário para que ele possa ter início.
Aceita o milagre da cura e ele irá adiante devido ao que é. A sua natureza é estender-se no instante em que nasce. E ele nasce no
instante em que é oferecido e recebido. Ninguém pode pedir ao outro para ser curado. Mas pode deixar-se curar e assim oferecer ao
outro o que recebeu. Quem pode conceder a outro o que não tem? E quem pode compartilhar aquilo que nega a si mesmo? O Espí-
rito Santo fala a ti. Ele não fala a uma outra pessoa. Entretanto, através da tua escuta, a Sua Voz se estende porque aceitaste o que
Ele diz.
2. A saúde é o testemunho para a saúde. Enquanto ela não for atestada, permanece sem convição. Só está provada quando tiver
sido demonstrada e tem que prover uma testemunha que possa compelir à crença. Ninguém é curado através de mensagens duplas.
Se desejas apenas ser curado, tu curas. O teu propósito único faz com que isso seja possível. Mas se tens medo da cura, então ela
não pode vir através de ti. A única coisa que se requer para a cura é a ausência do medo. Os que têm medo não são curados e não
podem curar. Isso não significa que o conflito tem que ter desaparecido para sempre da tua mente para que sejas capaz de curar,
pois se significasse, nesse caso não haveria necessidade de cura. Mas significa, ainda que por apenas um instante, que amas sem
atacar. Um instante é suficiente. Os milagres não esperam pelo tempo.
3. O instante santo é o local onde o milagre habita. De lá, cada um nasce para esse mundo como testemunha de um estado mental
que transcendeu o conflito e alcançou a paz. Ele traz conforto deste lugar de paz para o campo de batalha e demonstra que a guerra
não tem efeitos. Pois todo o ferimento que a guerra buscou trazer, os corpos quebrados e os membros despedaçados, os moribun-
dos gritando e os mortos silenciosos, são gentilmente erguidos e consolados.
4. Não há tristeza onde um milagre veio para curar. E nada além de um único instante do teu amor sem ataque é necessário para que
tudo isso ocorra. Nesse instante és curado, e nesse instante único toda a cura é feita. O que fica à parte de ti quando aceitas a bên-
ção que o instante santo traz? Não temas a bênção, pois Aquele Que te abençoa, ama o mundo todo e nada deixa no mundo que
possa ser temido. Mas, se, foges à bênção, o mundo de fato parecerá amedrontador, pois lhe recusaste a paz e o conforto, permitin-
do que ele morresse.
5. Um mundo assim tão amargamente destituído não seria olhado como uma condenação por aquele que poderia tê-lo salvo, mas
retrocedeu porque tinha medo de ser curado? Os olhos de todos os moribundos expressam reprovação e o sofrimento sussurra, ―O
que há para ser temido?‖ Considera bem essa questão. Ela te é feita a teu favor. Um mundo às portas da morte apenas te pede que
descanses um instante do ataque a ti mesmo para que ele seja curado.
6. Que venhas para o instante santo e sejas curado, pois nada do que é recebido nele é deixado para trás no teu retorno ao mundo. E
sendo abençoado, trarás bênção. A vida te é dada para que a dês ao mundo que está à morte. E olhos sofredores não mais acusa-
rão, mas brilharão em agradecimentos a ti, que deste a bênção. A radiância do instante santo iluminará os teus olhos e lhes dará um
modo de ver além de todo o sofrimento e, no lugar do sofrimento, tu verás a face de Cristo. A cura substitui o sofrimento. Quem olha
para um não é capaz de perceber o outro, pois ambos não podem estar presentes. E o que vês, o mundo testemunhará e testemu-
nhará a favor.
7. Assim, a tua cura é tudo o que o mundo requer para que ele possa ser curado. Ele necessita de uma lição que tenha sido per-
feitamente aprendida. E então, quando a esqueceres, o mundo gentilmente irá lembrar-te o que ensinaste. A sua gratidão não recu-
sará nenhum apoio a ti, que te deixaste curar para que ele pudesse viver. Ele chamará as suas testemunhas para mostrar a face de
Cristo a ti que lhes trouxeste a vista, através da qual elas a testemunharam. O mundo da acusação é substituído por um mundo no
qual todos os olhos contemplam amorosamente o Amigo que lhes trouxe a liberação. E alegremente o teu irmão perceberá os muitos
amigos que pensava serem inimigos.
8. Os problemas não são específicos, mas tomam formas específicas e essas aparências específicas constituem o mundo. E nin-
guém compreende a natureza do próprio problema. Se compreendesse, o problema não mais estaria presente para que ele o visse.
A própria natureza do problema implica em que ele não existe. E assim, embora as pessoas o percebam, não podem percebe-lo
como é. Mas a cura é evidente em instâncias específicas e é generalizada para incluir todas as instâncias. Isso se dá porque elas
são a mesma, apesar de suas formas diferentes. Todo aprendizado visa a transferência, que se torna completa em duas situações
que são vistas como uma só, pois apenas os elementos comuns estão presentes. Entretanto, isso só pode ser atingido por Aquele
Que não vê as diferenças que tu vês. A transferência total do teu aprendizado não é feita por ti. Mas o fato de ter sido feita, apesar
de todas as diferenças que vês, te convence de que não poderiam ser reais.

199
UM CURSO EM MILAGRES
9. A tua cura vai estender-se e vai ser trazida a problemas que pensavas que não eram teus. E também vai ficar evidente que os teus
muitos problemas diferentes serão resolvidos quando tiveres escapado de qualquer um deles. Não foram as suas diferenças que
tornaram isso possível, pois o aprendizado não pula de algumas situações para os seus opostos trazendo os mesmos resultados.
Toda cura tem que proceder de maneira legal, de acordo com leis que tenham sido adequadamente percebidas, mas nunca violadas.
Não tenhas medo do modo como as percebes. Estás errado, mas existe dentro de ti Alguém Que está certo.
10. Deixa, então, a transferência do teu aprendizado Àquele Que realmente compreende as leis do aprendizado e irá garantir que
elas permaneçam invioladas e ilimitadas. A tua parte é apenas aplicar o que Ele te ensinou a ti mesmo e Ele fará o resto. E é assim
que o poder do teu aprendizado será provado a ti por todas as muitas testemunhas diferentes que ele encontra. Em primeiro lug ar, o
teu irmão será visto entre elas, mas milhares estarão por trás dele, e por trás de cada um deles, outros mil. Cada um pode aparentar
ter um problema que é diferente do resto. No entanto, eles são solucionados juntos. E a resposta comum dada a eles mostra que as
questões não poderiam estar separadas.
11. A paz esteja contigo, a quem é oferecida a cura. E aprenderás que a paz te é dada quando aceitas a cura para ti mesmo. 5eu
valor total não precisa ser avaliado por ti para que compreendas que te beneficiaste com ela. Aquilo que ocorreu no instante em que
o amor entrou sem ataque, ficará contigo para sempre. A tua cura será um dos seus efeitos, assim como a do teu irmão. Aonde quer
que fores, contemplarás os seus efeitos multiplicados. Entretanto, todas as testemunhas que contemplas serão bem menos do que
as que realmente existem. A infinidade não pode ser compreendida simplesmente pela contagem de suas partes separadas. Deus te
agradece pela tua cura, pois Ele sabe que ela é uma dádiva de amor ao Seu Filho e, portanto, essa dádiva é dada a Ele.

VI. As testemunhas do pecado


1. A dor demonstra que o corpo tem que ser real. É uma voz alta, que obscurece as coisas, cujos gritos silenciam o que o Espírito
Santo diz e mantém as Suas palavras fora da tua consciência. A dor exige atenção, afastando-a Dele e focalizando-a em si própria.
O seu propósito é o mesmo que o do prazer, pois ambos são meios de fazer com que o corpo seja real. O que compartilha um pro-
pósito comum é o mesmo. Essa é a lei do propósito que une todos aqueles que a compartilham em si mesma. O prazer e a dor são
igualmente irreais porque o seu propósito não pode ser conseguido. Assim são meios para o nada, pois têm uma meta sem um signi-
ficado. E compartilham a falta de significado do propósito que têm.
2. O pecado se desloca da dor para o prazer e de novo para a dor. Pois cada um testemunha a mesma coisa e carrega sempre uma
única mensagem: ―Tu estás aqui dentro desse corpo e podes ser ferido. Podes ter prazer também, mas somente ao custo da dor.‖ A.
essas testemunhas se juntam muitas outras. Cada uma parece ser diferente porque tem um nome diferente e assim parece respon-
der a um som diferente. Exceto nisso, as testemunhas do pecado são todas iguais. Chama o prazer de dor e ele doerá. Chama a dor
de prazer e a dor por trás do prazer já não será mais sentida. As testemunhas do pecado simplesmente mudam de nome para nome,
à medida em que uma dá um passo à frente e a outra um passo atrás. Entretanto, não faz nenhuma diferença qual delas está na
frente. As testemunhas do pecado ouvem apenas o chamado da morte.
3. Esse corpo, sem propósito em si mesmo, guarda todas as tuas memórias e, todas as tuas esperanças. Usas os ―seus olhos para
ver, os seus ouvidos para ouvir e deixas que ele te diga o que é que ele sente. Ele não sabe. Ele apenas te diz os nomes que tu lhe
deste para usar, quando invocas as testemunhas da sua realidade. Não podes escolher quais são reais entre elas, pois qualquer
uma que escolhas é como as outras. Escolhes esse ou aquele nome, mas nada mais. Não fazes com que uma testemunha seja ver-
dadeira pelo fato de chamá-la pelo nome da verdade. A verdade é achada nessa testemunha se ela der testemunho da verdade. E
de outro modo ela mente, mesmo que tu a chames pelo Santo Nome do próprio Deus.
4. A Testemunha de Deus não vê testemunhos contra o corpo. Ela também não dá ouvidos às testemunhas com outros nomes, que
falam da realidade do corpo de maneiras diferentes. Ela sabe que ele não é real. Pois nada poderia conter aquilo que acreditas que
está guardado dentro dele. Nem poderia ele dizer a uma parte do próprio Deus o que deveria sentir e qual é a sua função. No entan-
to, Ela tem que amar qualquer coisa que tu valorizes. E para cada testemunha da morte do corpo, Ela envia uma testemunha da tua
vida Nela, Que não conhece a morte. Cada milagre que Ela traz é um testemunho de que o corpo não é real. Suas dores e seus
prazeres Ela cura da mesma forma, pois as Suas testemunhas substituem todas as testemunhas do pecado.
5. O milagre não faz distinções entre os nomes pelos quais são chamadas as testemunhas do pecado. Ele apenas prova que aquilo
que elas representam não tem efeitos. E isso ele prova porque seus próprios efeitos vieram tomar o lugar daqueles. Não importa o
nome pelo qual chamas o teu sofrimento. Ele já não está mais presente. Aquele Que traz o milagre percebe-os todos como um só e
chama-os pelo nome do medo. Como o medo dá testemunho da morte, assim o milagre dá testemunho da vida. É um testemunho
que ninguém pode negar, pois consiste dos efeitos. de vida que traz. Os moribundos vivem, os mortos ressuscitam e a dor sumiu.
Entretanto, um milagre não fala só por si, mas pelo que representa.
6. O amor também tem símbolos em um mundo feito de pecado. O milagre perdoa porque representa o que está depois do perdão e
é verdadeiro. Como é tolo e insano pensar que um milagre está preso a leis que ele veio só para desfazer! As leis do pecado têm
diferentes testemunhas com forças diferentes. E elas atestam sofrimentos diferentes. Entretanto, para Aquele Que envia os milagres
para abençoar o mundo, uma diminuta punhalada de dor, um pequeno prazer mundano ou as angústias da própria morte têm um
único som: um chamado para a cura e um grito de lamento pedindo ajuda dentro de um mundo de miséria. O milagre atesta a natu-
reza dessas coisas que é a mesma. É a sua mesmice que ele prova. As leis que as chamam de diferentes são dissolvidas e revela-
das como impotentes. O propósito de um milagre é realizar isso. E o próprio Deus garantiu a força dos milagres em favor daquilo que
testemunham.
7. Que tu sejas então uma testemunha do milagre e não das leis do pecado. Não há necessidade de sofreres mais. Mas há necessi-
dade de que sejas curado, porque o sofrimento e a tristeza do mundo fizeram com que o mundo fosse surdo à salvação e à liberta-
ção.
8. A ressurreição do mundo aguarda a tua cura e a tua felicidade, para que possas demonstrar a cura do mundo. O instante santo
substituirá todo o pecado, se tu apenas carregares contigo os seus efeitos. E ninguém escolherá sofrer mais. A que função melhor
do que essa poderias servir? Sê curado para que possas curar, e não sofras permitindo que as leis do pecado sejam aplicadas a ti. E
a verdade será revelada a ti que escolheste deixar que os símbolos do amor tomem o lugar do pecado.

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UM CURSO EM MILAGRES
VII. O sonhador do sonho
1. O sofrimento é uma ênfase colocada em tudo aquilo que o mundo fez para te machucar. Aqui está claramente exposta a versão
demente que o mundo tem do que seja a salvação. Como um sonho de punição, no qual o sonhador está inconsciente do que lhe
trouxe o ataque a si mesmo, ele se vê atacado injustamente e por algo que não é ele próprio. Ele é a vítima dessa ―alguma outra
coisa‖, uma coisa fora de si mesmo, pela qual ele não tem nenhuma razão para ser responsabilizado. Ele tem que ser inocente por-
que não sabe o que faz, mas apenas o que lhe é feito. Ainda assim, o seu ataque a si próprio continua evidente, pois é ele que car-
rega o sofrimento. E não pode escapar porque a fonte do sofrimento é vista fora dele.
2. Agora está sendo mostrado a ti que podes escapar. Tudo o que é necessário é olhares para o problema assim como é, e não do
modo como o tinhas colocado. Como poderia existir uma outra forma de se resolver um problema que é muito simples, mas foi obs-
curecido por escuras nuvens de complicação feitas para manter o problema sem solução? Sem as nuvens, o problema emergirá em
toda a sua simplicidade primitiva. A escolha não será difícil, porque o problema é absurdo quando visto com clareza. Ninguém tem
dificuldade de tomar uma decisão para permitir que um problema simples seja resolvido, se esse problema é visto como algo que
está ferindo-o e é muito fácil de ser removido.
3. O ―raciocínio‖ pelo qual esse mundo é feito, no qual se baseia e pelo qual ele é mantido é simplesmente o seguinte: ―Tu és a causa
do que eu faço. A tua presença justifica a minha cólera e tu existes e pensas à margem de mim. Enquanto atacas, eu tenho que ser
inocente. E aquilo de que eu sofro é o teu ataque.‖ Ninguém que olhe para esse raciocínio exatamente como é pode deixar de verifi-
car que ele não procede e não faz sentido. Apesar disso, parece razoável, porque parece que o mundo está te ferindo. E assim, apa-
rentemente, não há necessidade de ires além do óbvio em termos de causa.
4. De fato, essa necessidade existe. A necessidade de que o mundo escape da condenação é uma necessidade que aqueles que
aqui habitam estão unidos para compartilhar. No entanto, eles não reconhecem a sua necessidade comum. Pois cada um pensa que
se fizer a sua parte, a condenação do mundo cairá sobre ele. E é isso que percebe como se fosse a sua parte na libertação do mun-
do. A vingança tem que ter um foco. De outro modo, a faca do vingador ficará em sua própria mão e apontada para ele mesmo. E ele
precisa vê-la na mão de um outro para poder ser a vítima de um ataque que não escolheu. E assim sofre com os ferimentos feitos
por uma faca que um outro segura, mas não ele mesmo.
5. Esse é o propósito do mundo que ele vê. E encarado dessa maneira, o mundo provê os meios através dos quais esse propósito
parece ser cumprido. Os meios atestam o propósito, mas não são eles próprios uma causa. Tampouco a causa vai mudar, se for
vista à parte de seus efeitos. A causa produz os efeitos, que então testemunham a causa e não a si mesmos. Olha, portanto, para o
que está além dos efeitos. Não é aqui que a causa do sofrimento e do pecado têm que estar. E não pares no sofrimento e no peca-
do, pois não passam de reflexos daquilo que os causa.
6. A parte que desempenhas em resgatar o mundo da condenação é o teu próprio escape. Não te esqueças de que as testemunhas
do mundo do mal não podem falar, exceto por aquilo que tenha visto uma necessidade de mal no mundo. E foi aí que a tua culpa
pela primeira vez foi contemplada. Na separação do teu irmão teve início o primeiro ataque a ti mesmo. E é a isso que o mundo dá
testemunho. Não busques outra causa, nem procures desfazê-la entre as poderosas legiões de testemunhas mundanas. Elas apói-
am a sua reivindicação da tua fidelidade. Naquilo que esconde a verdade não é onde deves procurar achar a verdade.
7. As testemunhas do pecado estão todas dentro de um pequeno espaço. E é aqui que achas a causa da tua perspectiva no mundo.
Houve um tempo no qual não tinhas consciência do que era no realidade a causa de tudo o que o mundo parecia lançar sobre ti,
sem o teu convite e sem a tua solicitação. De uma coisa estavas certo: entre as muitas causas que percebias como portadoras do
dor e de sofrimento para ti, a tua culpa não constava. E tampouco os tinhas requisitado para ti mesmo. Foi assim que todas as ilu-
sões vieram. Aquele que as faz não se vê fazendo-as, e a realidade delas não depende dele. Qualquer que seja a causa que te-
nham, é algo bastante à parte dele e o que ele vê está separado da sua própria mente. Ele não pode duvidar da realidade de seus
sonhos, porque não vê a parte que desempenha em fazê-los e em fazê-los parecerem reais.
8. Ninguém pode acordar de um sonho que o mundo está sonhando por ele. Ele vem a ser uma parte do sonho de alguma outra
pessoa. Não pode escolher despertar de um sonho que não fez. Ele fica impotente, uma vítima de um sonho concebido e alimenta-
do, por uma mente separada. De fato, essa mente não se importa com ele, e está tão pouco preocupada com a sua paz e a sua feli-
cidade quanto o tempo ou a hora do dia poderiam estar. Ela não o ama, mas o coloca à sua vontade em qualquer papel que satisfa-
ça ao seu sonho. Tão pequeno é o valor que lhe é dado, que ele não passa de uma sombra que dança, pulando para cima e para
baixo de acordo com um roteiro sem sentido, concebido dentro do sonhar vão do mundo.
9. Esse é o único retrato que és capaz de ver, a única alternativa que podes escolher, a outra possibilidade de causa, se tu não fores
o sonhador dos teus sonhos. E isso é o que escolhes se negas que a causa do sofrimento está em tua mente. Fica contente por ela
de fato estar aí, pois assim és a única pessoa que pode decidir o teu destino no tempo. A. escolha é tua, entre uma morte de sono e
sonhos maus ou um despertar feliz e a alegria da vida.
10. Entre o que poderias escolher senão entre a vida ou a morte, o despertar ou o dormir, a paz ou a guerra, os teus sonhos ou a tua
realidade? Existe um risco de pensares que a morte é paz, porque o mundo equipara o corpo ao Ser Que Deus criou. No entanto,
uma coisa nunca pode ser o seu oposto. E a morte é o oposto da paz, porque é o oposto da vida. E a vida é paz. Desperta e esque-
ce todos os pensamentos de morte, e descobrirás que tens a paz de Deus. Entretanto, se a escolha realmente te é dada, então tens
que ver as causas das coisas que escolheste exatamente como são e aonde se encontram.
11. Que escolhas se pode fazer entre dois estados, se apenas um é claramente reconhecível? Quem poderia estar livre para escolher
entre efeitos, quando ele vê apenas um como algo que depende dele? Uma escolha honesta jamais poderia ser percebida como
uma escolha na qual a opção está dividida entre um tu diminuto e um mundo enorme, com sonhos diferentes acerca da verdade em
ti. A brecha entre a realidade e os sonhos não está entre o sonhar do mundo e o que sonhas em segredo. Essas coisas são uma só.
O sonhar do mundo não é senão uma parte do teu próprio sonho que deste para os outros, e viste como se fosse o início e o fim do
teu. No entanto, o sonhar do mundo teve início com o teu sonho secreto, que não percebes, embora ele tenha causado a parte que
vês e não duvidas que seja real. Como poderias duvidar enquanto estás deitado dormindo e sonhas em segredo que a sua causa é
real?
12. Um irmão separado de ti, um antigo inimigo, um assassino que te assalta no meio da noite e planeja a tua morte, no entanto, a
planeja de forma lenta, demorada – é com isso que sonhas. Entretanto, por trás desse sonho há ainda outro, no qual passas a ser o
assassino, o inimigo secreto, o vingador e o destruidor do teu irmão e do mundo da mesma forma. Aqui está a causa do sofrimento,
o espaço entre os teus pequenos sonhos e a tua realidade. A pequena brecha que nem sequer vês, o lugar onde nascem as ilusões
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UM CURSO EM MILAGRES
e o medo, o momento do terror e do antigo ódio, o instante do desastre, tudo isso está aqui. Aqui está a causa da irrealidade. E é
aqui que ela será desfeita.
13. Tu és o sonhador do mundo dos sonhos. Ele não tem outra causa nem nunca terá. Nada mais amedrontador do que um sonho
vão aterrorizou o Filho de Deus e o fez pensar que ele perdeu a sua inocência, negou o seu Pai e fez uma guerra contra si mesmo.
Tão amedrontador é o sonho, tão aparentemente real, que ele não poderia despertar para a realidade sem o suor do terror e um grito
de medo mortal, a não ser que um sonho mais gentil precedesse o seu despertar e permitisse que a sua mente mais calma desse
boas-vindas à Voz Que chama com amor para que ele desperte ao invés de temê-la; um sonho mais gentil, no qual o seu sofrimento
foi curado e seu irmão veio a ser seu amigo. A Vontade de Deus é que ele desperte gentilmente e com alegria e deu-lhe o meio para
despertar sem medo.
14. Aceita o sonho que Ele deu em lugar do teu. Não é difícil mudar um sonho uma vez que o sonhador já tenha sido reconhecido.
Descansa no Espírito Santo e deixa que os Seus sonhos gentis tomem o lugar daqueles que sonhaste no terror e no medo da morte.
Ele traz sonhos que perdoam, nos quais a escolha não é entre quem é o assassino e quem será a vítima. Nos sonhos que Ele traz
não existe assassínio e não há morte. O sonho da culpa está se apagando da tua vista, embora os teus olhos estejam fechados. Um
sorriso veio para iluminar a tua face adormecida. O sono agora é de paz, pois estes são sonhos felizes.
15. Sonha suavemente com o teu irmão sem pecado, que se une a ti em santa inocência. E desse sonho o próprio Senhor do Céu
despertará o Seu Filho amado. Sonha com a benignidade do teu irmão, em vez de habitares nos seus equívocos em teus sonhos.
Seleciona a atenção cuidadosa que ele te presta como matéria dos teus sonhos, ao invés de contares os ferimentos que ele pro-
vocou. Perdoa-lhe as suas ilusões e agradece-lhe por toda a ajuda que prestou. E não deixes de lado as muitas dádivas que ele te
deu, porque ele não é perfeito em teus sonhos. Ele represento o seu Pai, que tu vês como Aquele Que te oferece ambas, vida e mor-
te.
16. Irmão, Ele dá só a vida. Entretanto, o que vês como as dádivas que o teu irmão te oferece representa as dádivas que sonhas que
o teu Pai te dá. Permite que todas as dádivas do teu irmão, oferecidas a ti, sejam vistas à luz da caridade e da benignidade. E não
deixes dor alguma perturbar o teu sonho de profunda apreciação pelas suas dádivas a ti.

VIII. O ―herói‖ do sonho


1. O corpo é a figura central no sonhar do mundo. Não há sonho sem ele e nem ele existe sem o sonho no qual age como se fosse
uma pessoa que se vê e na qual se acredita. Ele ocupa o lugar central em todos os sonhos, que contam a história de como ele foi
feito por outros corpos, nasceu para o mundo do lado de fora, vive um pouco e depois morre para ser unido, no pó, a outros corpos
que morrem como ele. No pequeno espaço de tempo que lhe é dado viver, ele busca outros corpos para serem seus amigos e seus
inimigos. A sua segurança é a sua preocupação principal. Seu conforto é a regra que o guia. Ele procura buscar prazer e voltar as
coisas que poderiam feri-lo. Acima de tudo, procura ensinar a si mesmo que as suas dores e alegrias são diferentes e que pode dis-
tinguir umas das outras.
2. O sonhar do mundo toma muitas formas porque o corpo busca de muitos modos provar que é autônomo e real. Ele coloca sobre si
mesmo coisas que comprou com pequenos discos de metal e tiras de papel que o mundo proclama como valiosas e reais. Trabalha
para consegui-las, fazendo coisas sem sentido, e as joga fora em troca de coisas sem sentido das quais ele não precisa e nem
mesmo quer. Ele emprega outros corpos de modo que eles o protejam e coleciona ainda mais coisas sem sentido que possa chamar
de suas. Ele olha em volta procurando corpos especiais que possam compartilhar seu sonho. Às vezes, sonha que é um conquista-
dor de corpos mais fracos do que ele. Mas em algumas fases do sonho, ele é o escravo de outros corpos que querem feri-lo e tortu-
rá-lo.
3. A série de aventuras do corpo, da hora do nascimento até à morte, é o tema de todos os sonhos que o mundo jamais teve. O ―he-
rói‖ desse sonho nunca vai mudar e nem o seu propósito. Embora o sonho propriamente dito tome muitas formas e pareça mostrar
uma grande variedade de locais e de eventos em que seu ―herói‖ se encontra, o sonho tem apenas um propósito, ensinado de mui-
tas formas. Essa única lição é o que ele tenta ensinar uma e outra vez e ainda mais uma vez: que ele é causa e não efeito. E tu és o
seu efeito e não podes ser a sua causa.
4. Assim tu não és o sonhador, mas o sonho. E assim vagas em vão, entras e sais de lugares e acontecimentos que ele inventa. Que
isso é tudo o que ó corpo faz é verdade, pois ele não é senão uma figura em um sonho. Mas quem reage às figuras em um sonho a
não ser que as veja como reais? No instante em que ele as vê como são, elas não mais têm efeito sobre ele, porque compreende
que foi ele que lhes deu os seus efeitos pelo fato de as causar e fazer com que parecessem reais.
5. Quanto estás disposto a escapar dos efeitos de todos os sonhos que o mundo jamais teve? É teu desejo que nenhum sonho apa-
reça como a causa daquilo que fazes? Então, vamos simplesmente olhar para o início do sonho, pois a parte que tu vês não é senão
a segunda parte, cuja causa está na primeira. Ninguém que esteja dormindo e sonhando no mundo se lembra de seu ataque a si
mesmo. Ninguém acredita que houve, de fato, um tempo em que ele nada conhecia de um corpo e nunca poderia ter concebido esse
mundo como algo real. Ele imediatamente teria visto que essas idéias são uma única ilusão, ridículas demais para qualquer coisa
exceto o riso que as despede. Como elas parecem sérias agora! E ninguém é capaz de se lembrar do tempo em que teriam sido
recebidas com riso e descrença. Podemos nos lembrar disso, se apenas olharmos diretamente para o que a causou. Então veremos
justificativas para o riso, e não uma causa para o medo.
6. Vamos devolver ao sonhador o sonho que ele deu aos outros, percebendo-o como algo separado de si mesmo e feito para ele. Na
eternidade, onde tudo é um, introduziu-se uma idéia diminuta e louca, da qual o Filho de Deus não se lembrou de rir. Em seu esque-
cimento, esse pensamento passou a ser uma idéia séria, capaz de ser realizada e de ter efeitos reais. Juntos, nós podemos rir des-
sas duas coisas, fazendo-as desaparecer e podemos compreender que o tempo não pode invadir a eternidade. É uma piada pensar
que o tempo pode vir a lograr a eternidade, que significa que o tempo não existe.
7. Uma intemporalidade na qual o tempo toma-se real, uma parte de Deus que pode atacar a si mesma, um irmão separado como
inimigo, uma mente dentro de um corpo, são todas formas circulares cujo fim tem início no seu começo, terminando na sua causa. O
mundo que vês retrata exatamente o que pensaste que fizeste. Exceto que agora pensas que o que fizeste, está sendo feito a ti. A
culpa pelo que pensaste está sendo colocada fora de ti e sobre um mundo culpado que sonha os teus sonhos e pensa os teus pen-
samentos em teu lugar. Ele traz a sua vingança, não a tua. Ele te mantém estreitamente confinado dentro de um corpo, que ele pune
devido a todas as coisas pecaminosas que o corpo faz dentro do sonho do mundo. Tu não tens poder para fazer com que o corpo

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UM CURSO EM MILAGRES
pare com seus feitos maus, porque não o fizeste e não és capaz de controlar as suas ações, nem o seu propósito, nem o seu desti-
no.
8. O mundo nada faz senão demonstrar uma antiga verdade: acreditarás que os outros fazem a ti exatamente o que pensas que
fizeste a eles. Mas, uma vez que tiveres embarcado na delusão de os culpar, não verás a causa do que fazem, porque queres que a
culpa caia sobre eles. Como é infantil o petulante mecanismo de manter a tua inocência empurrando a culpa para fora de ti, sem
jamais deixar que ela se vá! Não é fácil perceber a brincadeira quando, em tudo a tua volta, os teus olhos contemplam as pesadas
conseqüências da culpa, mas sem as suas causas insignificantes. Sem a causa, os efeitos parecem sérios e tristes, de fato. Mas são
apenas decorrências. E é a sua causa que não decorre de nada, e não passa de uma brincadeira.
9. O Espírito Santo percebe a causa rindo gentilmente e não olha os efeitos. De que outra maneira poderia ele corrigir o teu erro, já
que absolutamente não olhaste para a causa? Ele pede que tu lhe tragas cada efeito terrível para que possam olhar juntos para a
sua causa tola e possas rir um pouco com Ele. Tu julgas os efeitos, mas Ele julgou a causa. E através do julgamento do Espírito
Santo os efeitos são removidos. Talvez venhas em lágrimas. Mas ouve-O dizer: ―Meu irmão, Filho santo de Deus, contempla o teu
sonho vão, no qual isso poderia ocorrer.‖ E deixarás o instante santo com o teu riso e o do teu irmão unidos ao Seu.
10. O segredo da salvação é apenas esse: tu estás fazendo isso a ti mesmo. Seja qual for a forma do ataque, isso ainda é verdadei-
ro. Seja quem for que se coloque no papel do inimigo e do agressor, isso ainda é a verdade. Seja o que for que pareça ser a causa
de qualquer dor ou sofrimento que sintas, isso ainda é verdadeiro. Pois não reagirias de forma alguma a figuras de um sonho que
soubesses que estavas sonhando. Que elas sejam tão odientas e más quanto puderem, não poderiam ter nenhum efeito sobre ti, a
não ser que tenhas fracassado em reconhecer que esse é o teu sonho.
11. Essa única lição aprendida te libertará do sofrimento, qualquer que seja a forma que ele tome. O Espírito Santo repetirá essa
única lição abrangente de libertação até que ela tenha sido aprendida, independentemente da forma do sofrimento que te traz dor.
Seja qual for o ferimento que tragas a Ele, Ele fará uma resposta com essa verdade muito simples. Pois essa única resposta elimina
a causa de qualquer forma de pesar e dor. A forma não afeta em nada a Sua resposta, pois Ele quer te ensinar apenas a causa úni-
ca de todas as formas, não importa quais sejam. E compreenderás que os milagres refletem a simples declaração: ―Eu mesmo fiz
isso e é isso que quero desfazer.‖
12. Traze, então, todas as formas de sofrimento a Ele Que sabe que cada uma é como todo o resto. Ele não vê diferenças onde não
existe nenhuma e te ensinará como cada uma é causada. Nenhuma tem uma causa diferente de todo o resto e todas são facilmente
desfeitas por apenas uma lição verdadeiramente aprendida. A salvação é um segredo que só escondeste de ti mesmo. O universo
proclama que é assim. No entanto, não prestas a menor atenção às testemunhas do universo. Pois dão testemunho de algo que não
queres saber. Elas parecem manter isso em segredo, escondido de ti. Entretanto, só precisas aprender que apenas escolheste não
escutar, não ver.
13. Como perceberás o mundo de forma diferente quando isso for reconhecido! Quando perdoares o mundo pela tua culpa, estarás
livre dela. A inocência do mundo não requer a tua culpa e nem a tua inculpabilidade se baseia nos seus pecados. Isso é o óbvio: um
segredo que não está oculto para ninguém, só para ti mesmo. E é isso que tem te mantido separado do mundo e mantido o teu ir-
mão separado de ti. Agora, precisas apenas aprender que ambos são inocentes ou culpados. A única coisa impossível é que um não
seja como o outro, que as duas afirmações sejam verdadeiras. Esse é o único segredo ainda a ser aprendido. E o fato de estares
curado não será nenhum segredo.

CAPÍTULO 28 - DESFAZER O MEDO

I. A memória presente
1. O milagre nada faz. Tudo o que ele faz é desfazer. E assim anula a interferência naquilo que foi feito. Ele não acrescenta, apenas
retira. E o que retira já se foi há muito, mas tendo sido guardado na memória, parece ter efeitos imediatos. Esse mundo acabou há
muito tempo. Os pensamentos que o fizeram já não estão mais na mente que os pensou e os amou por um breve período de tempo.
O milagre apenas mostra que o passado se foi e o que se foi verdadeiramente não tem efeitos. A lembrança de uma causa só pode
produzir ilusões da sua presença, não efeitos.
2. Todos os efeitos da culpa já não estão mais aqui. Pois a culpa terminou. Com a sua passagem, foram-se também as suas conse-
qüências, deixadas sem uma causa. Por que irias prender-te a ela na memória se não desejasses os seus efeitos? O lembrar é tão
seletivo quanto a percepção, sendo o tempo passado da percepção. É a percepção do passado como se ele estivesse ocorrendo
agora e ainda estivesse presente para ser visto. A memória, como a percepção, é uma habilidade inventada por ti para tomar o lugar
do que Deus te deu na tua criação. E, como todas as coisas que fizeste, pode ser usada para servir a outro propósito e para ser um
meio para alguma outra coisa. Ela pode ser usada para curar e não para ferir, se desejares que assim seja.
3. Nada do que é empregado para curar representa um esforço para fazer qualquer coisa que seja. É um reconhecimento de que não
tens quaisquer necessidades que signifiquem que alguma coisa tenha que ser feita. É uma memória não-seletiva, que não é usada
para interferir com a verdade. Todas as coisas que o Espírito Santo pode empregar para curar foram dadas a Ele, sem o conteúdo e
os propósitos para os quais foram feitas. Elas são apenas habilidades sem uma aplicação. Elas aguardam para serem usadas. Elas
não são dedicadas à coisa alguma e não têm nenhum objetivo.
4. O Espírito Santo, de fato, pode fazer uso da memória, pois o próprio Deus está lá. Entretanto, essa não é uma memória de eventos
passados, mas apenas de um estado presente. Estás habituado há tanto tempo a acreditar que a memória guarda apenas o que é
passado, que é difícil para ti compreender que ela é uma habilidade capaz de lembrar o agora. As limitações que o mundo impõe à
lembrança são tão grandes quanto aquelas que permitiste que o mundo te impusesse. Não existe nenhum elo da memória com o
passado. Se quiseres que haja, então há. Mas apenas o teu desejo fez o elo, e só tu a prendeste a uma parte do tempo onde a culpa
ainda parece pairar.
5. O uso que o Espírito Santo faz da memória está bem à parte do tempo. Ele não busca usá-la como um meio de reter o passado,
mas ao invés disso, como um modo de permitir que ele se vá. A memória guarda a mensagem que recebe e faz o que lhe é dado
fazer. Ela não escreve a mensagem, nem aponta para quê serve. Como o corpo, ela não tem qualquer propósito em si mesma. E se
parece servir para cultivar o ódio antigo e fazer para ti retratos das cenas de injustiças e ferimentos que estavas guardando, essa foi
a mensagem que lhe pediste e assim ela é. Comprometida com as cavernas da memória, a história de todo o passado do corpo lá se

203
UM CURSO EM MILAGRES
esconde. Todas as estranhas associações feitas para manter o passado vivo, o presente morto, estão armazenadas dentro dela,
esperando pela tua ordem para que te sejam trazidas e revividas. E assim os seus efeitos parecem ser aumentados pelo tempo, que
levou consigo o que as causou.
6. No entanto, o tempo não é senão uma outra fase do que nada faz. Ele trabalha de mãos dadas com todos os outros atributos com
os quais buscas manter oculta a verdade acerca de ti mesmo. O tempo não leva nada embora, nem é capaz de restaurar. E, no en-
tanto, fazes um estranho uso dele, como se o passado tivesse causado o presente, que não é senão uma conseqüência na qual não
se pode fazer mudança alguma, posto que a sua causa se foi. Entretanto, a mudança tem que ter uma causa que dure, ou ela não
permanecerá. Nenhuma mudança pode ser feita no presente se a sua causa é o passado. Tal como usas a memória, nela tu só man-
téns o passado e assim ela constitui uma maneira de manter o passado contra o agora.
7. Não te lembres de nada do que ensinaste a ti mesmo, pois foste mal ensinado. E quem manteria uma lição sem sentido em sua
mente, quando pode aprender e preservar outra melhor? Quando as antigas memórias de ódio aparecem, lembra-te de que a sua
causa se foi. E assim não podes compreender para que servem. Não permitas que a causa que queres dar a elas agora seja aquilo
que fez com que fossem o que eram ou pareciam ser. Fica contente porque ela se foi, pois é disso que terias que ser perdoado. E
vê, no seu lugar, os novos efeitos de uma, causa aceita agora, com conseqüências aqui. Elas te surpreenderão com sua beleza. As
novas idéias antigas que trazem consigo serão as felizes conseqüências de uma Causa tão antiga que em muito excede o alcance
da memória que a tua percepção pode ver.
8. Essa é a Causa que o Espírito Santo tem lembrado para ti quando queres esquecer. Ela não é uma causa passada porque Ele não
permite que Ela deixe de ser lembrada. Ela nunca mudou, porque nunca houve um tempo em que Ele não A mantivesse a salvo em
tua mente. Suas conseqüências, de fato, parecerão novas porque pensavas que não te lembravas da Causa. No entanto, Ela nunca
deixou de estar na tua mente, pois não foi a Vontade do teu Pai que Ele não fosse lembrado pelo Seu Filho.
9. Aquilo de que tu te lembras nunca foi. Veio da ausência de causalidade, que confundiste com uma causa. Quando aprendes que te
lembraste de conseqüências que não tiveram causa e jamais poderiam ter efeitos não podes deixar de rir. O milagre te recorda uma
Causa para sempre presente, perfeitamente intocada pelo tempo e por qualquer interferência. Essa causa jamais foi alterada em
relação ao que Ela é. E tu és o Seu efeito, tão imutável e perfeito quanto Ela. A memória dessa Causa não está no passado nem
aguarda o futuro. Não é revelada nos milagres. Elas apenas te lembram que Ela não se foi. Quando tu A perdoares pelos teus peca-
dos, Ela não será mais negada.
10. Tu, que tens buscado fazer um julgamento a respeito do teu próprio Criador, não és capaz de compreender que não foi Ele quem
julgou o Seu Filho. Queres negar-Lhe os Seus Efeitos, no entanto, Eles nunca foram negados. Nunca houve um tempo no qual Seu
Filho pudesse ser condenado pelo que carece de causa e é contra a Sua Vontade. O que a tua lembrança quer testemunhar é ape-
nas o medo de Deus. Ele não fez o que temes. Nem tu o fizeste. E assim a tua inocência não foi perdida. Não necessitas de cura
para ser curado. Em quietude, vê no milagre uma lição em permitir que a Causa tenha os Seus Efeitos Próprios e em não fazer qual-
quer coisa que possa interferir.
11. O milagre vem em quietude à mente que pára um instante e fica quieta. A partir daquele tempo passado em quietude e da mente
que ele então curou em silêncio, o milagre alcança gentilmente outras mentes para compartilhar sua quietude. E elas unir-se-ão em
nada fazer para impedir a radiante extensão deste milagre de volta à Mente Que deu origem a todas as mentes. Como o milagre
nasceu de um ato de compartilhar, não pode haver pausa no tempo que cause o adiamento do milagre em sua ida apressada para
todas as mentes inquietas, trazendo-lhes um instante de serenidade, quando a memória de Deus retorna a elas. O que queriam lem-
brar está em quietude agora, e o que veio para tomar o seu lugar não será depois completamente esquecido.
12. Ele, a Quem o tempo é dado, agradece por cada instante de quietude que Lhe é dado. Pois nesse instante se permite à memória
de Deus oferecer todos os seus tesouros ao Filho de Deus, para quem foram guardados. Como Ele os oferece alegremente àquele a
quem eram destinados quando Lhe foram dados! E o Seu Criador compartilha os seus agradecimentos porque Ele não quer ficar
privado dos seus Efeitos. O silêncio de um instante que o seu Filho aceite, dá boas-vindas à eternidade e a Ele e permite que Eles
entrem onde querem habitar. Pois nesse instante o Filho de Deus nada faz que o amedronte.
13. Como surge instantaneamente a memória de Deus na mente que não tem nenhum medo que a mantenha afastada! Sua própria
lembrança se foi. Não há nenhum passado para manter sua imagem amedrontadora impedindo o alegre despertar para a paz pre-
sente. As trombetas da eternidade ressoam através da serenidade, entretanto, não a perturbam. E o que é lembrado agora não é o
medo, mas a Causa e o medo foi feito para não deixar que Ela fosse lembrada e para desfazê-La. A serenidade fala em sons gentis
do amor que o Filho de Deus recorda de um tempo anterior, antes que a sua própria lembrança se interpusesse entre o presente e o
passado tomando-os inaudíveis.
14. Agora, o Filho de Deus está afinal ciente da Causa presente e de seus Efeitos benignos. Agora ele compreende que o que fe z
não tem causa, não tendo quaisquer efeitos. Ele nada fez. E ao ver isso compreende que nunca teve necessidade de fazer coisa
alguma e nunca fez. A sua Causa é os seus Efeitos. Nunca houve uma outra causa além Dessa que pudesse gerar um passado ou
um futuro diferentes. Os Seus Efeitos são imutavelmente eternos, além do medo e inteiramente além do mundo do pecado.
15. O que foi perdido quando se deixa de ver o que não tem causa? E onde está o sacrifício quando a memória de Deus veio para
tomar o lugar da perda? Que melhor maneira de fechar a pequena brecha entre as ilusões e a realidade senão permitir que a me-
mória de Deus flua através dela, fazendo com que venha a ser uma ponte que se atravessa em apenas um minuto para alcançar o
que está além? Pois Deus a fechou com Ele Mesmo. A Sua memória não foi embora deixando um Filho para sempre perdido em
uma das margens de onde ele vislumbra a outra que nunca pode atingir. Seu Pai quer que ele seja erguido e gentilmente carregado
até lá. Ele construiu a ponte e será Ele Quem irá transportar seu Filho através dela. Não tenhas medo que Ele possa falhar no que é
a Sua Vontade. Nem tenhas medo de ser excluído da Vontade que existe para ti.

II. Revertendo efeito e causa


1. Sem uma causa não é possível efeitos e, ao mesmo tempo, sem efeitos não existe causa. A causa torna-se causa devido a seus
efeitos; o Pai é Pai devido a Seu Filho. Os efeitos não criam a própria causa, mas estabelecem a sua causalidade. Assim o Filho dá
a Paternidade a seu Criador e recebe a dádiva que deu a Ele. E porque ele é o Filho de Deus tem que ser também um pai, que cria
como Deus o criou. O círculo da criação não tem fim. Seu início e seu fim são o mesmo. Mas, em si, ele contém todo o universo da
criação sem começo e sem fim.

204
UM CURSO EM MILAGRES
2. Paternidade é criação. O amor tem que ser estendido. A pureza não se confina. Faz parte da natureza do inocente jamais estar
contido, sem barreira ou limitação. Assim, a pureza não é do corpo. Também não é possível achá-la onde existe limitação. O corpo
pode ser curado pelos efeitos da pureza, que são tão ilimitados quanto ela, própria. No entanto, toda cura tem que vir a ser porque
se reconhece que a mente não está dentro do corpo e a inocência da mente está bem separada do corpo, está lá onde reside a cura.
Onde, então, se encontra a cura? Só onde está a causa da cura são dados os seus efeitos. Pois a doença é uma tentativa sem signi-
ficado de dar efeitos a algo que carece de causa e de fazer dele uma causa.
3. Na doença, o Filho de Deus sempre procura fazer de si mesmo a sua própria causa e não se permitir ser o Filho de seu Pai. Com
esse desejo impossível, ele não acredita que é o efeito do Amor e ele mesmo tem que ser a própria causa devido ao que ele é. A
causa da cura é a única Causa de todas as coisas. Ela tem apenas um efeito. E nesse reconhecimento não se dá quaisquer efeitos
ao que carece de causa e nenhum efeito é visto. Uma mente dentro de um corpo e um mundo de outros corpos, cada um com men-
tes separadas, são as tuas ―criações‖, sendo tu a ―outra‖ mente, que cria com efeitos que não são como tu és. E enquanto ―pai‖ des-
sas criações, tens que ser como elas.
4. Não aconteceu absolutamente nada, exceto o fato de que tu te puseste a dormir e tiveste um sonho no qual eras um estranho para
ti mesmo e apenas uma parte do sonho de alguma outra pessoa. O milagre não te desperta, mas te mostra quem é o sonhador. Ele
te ensina que existe uma escolha de sonhos enquanto ainda estás adormecido, dependendo do propósito do teu sonhar. Desejas
sonhos de cura ou sonhos de morte? O sonho é como uma memória na qual se retrata aquilo que quiseste que te fosse mostrado.
5. Dentro de um armazém vazio, com portas abertas, estão guardados todos os teus retalhos de memórias e sonhos. Entretanto, se
tu és aquele que sonha, pelo menos isso percebes: que causaste o sonho e podes igualmente aceitar um outro sonho. Mas para que
se dê essa mudança no conteúdo do sonho, é preciso que se reconheça que foste tu aquele que sonhou o sonho do qual não go s-
tas. Ele não passa de um efeito que tu causaste, e não queres ser a causa desse efeito. Nos sonhos de assassinato e de ataque, és
a vítima em um corpo abatido, à morte. Mas nos sonhos de perdão, não se pede a ninguém que seja vítima e sofredor. Estes são os
sonhos felizes pelos quais o milagre substitui o teu. Ele não pede que faças outro; só que vejas que fizeste aquele que queres substi-
tuir por esse.
6. Esse mundo não tem causa, assim como qualquer sonho que qualquer pessoa tenha sonhado dentro dele. Não existem planos
possíveis e não se pode achar nenhum projeto que seja compreensível. Que outra coisa se poderia esperar de algo que carece de
causa? Ao mesmo tempo, se não tem causa, não tem propósito. Podes causar um sonho, mas nunca darás a ele efeitos reais. Isso
mudaria a causa do sonho, e é isso o que não podes fazer. O sonhador de um sonho não está desperto, mas não sabe que dorme.
Ele vê ilusões de si mesmo como estando doente ou bem, deprimido ou feliz, mas sem uma causa estável com efeitos garantidos.
7. O milagre estabelece que tu estás sonhando um sonho e que o seu conteúdo não é verdadeiro. Esse é um passo crucial para se
lidar com ilusões. Ninguém tem medo delas quando percebe que as inventou. O medo mantinha-se em seu lugar porque ele não
havia visto que era o autor do sonho e não uma de suas figuras. Ele dá a si mesmo as conseqüências que sonha ter dado a seu
irmão. E é apenas isso o que o sonho juntou e ofereceu a ele, para mostrar-lhe que os seus desejos foram realizados. Assim ele
teme o próprio ataque, mas o vê nas mãos de outrem. Como vítima, sofre em função dos efeitos do ataque, mas não do que o cau-
sou. Ele não foi o autor do próprio ataque, e é inocente em relação ao que causou. O milagre nada faz senão mostrar-lhe que ele
não fez nada. O que ele teme é uma causa sem as conseqüências que fariam dela uma causa. E, portanto, isso nunca existiu.
8. A separação teve início com o sonho de que o pai foi destituído de Seus Efeitos e ficou impotente para mantê-las, já que não era
mais o seu Criador. No sonho, o sonhador fez a si próprio. Mas o que ele fez voltou-se contra ele tomando o papel de seu criador,
como tinha feito o sonhador. Assim como ele odiou o seu Criador, as figuras no sonho o odiaram. O seu corpo é escravo dessas
figuras, do qual abusam porque os motivos que ele conferiu ao corpo elas adotaram como seus próprios. E odeiam o corpo pela vin-
gança que ele quer fazer com que recaia sobre elas. Mas é a vingança dessas figuras em relação ao corpo que parece provar que o
sonhador não poderia ter sido o autor do sonho. O efeito e a causa são, em primeiro lugar, separados e depois revertidos de tal mo-
do que o efeito vem a ser uma causa e a causa um efeito.
9. Esse é o passo final da separação, com o qual a salvação, que procede no sentido oposto, começa. Esse passo final é um efeito
do que aconteceu anteriormente, mas aparece como causa. O milagre é o primeiro passo na devolução à Causa da função da cau-
salidade, não do efeito. Pois essa confusão produziu o sonho e enquanto ela durar o despertar será temido. O chamado para o des-
pertar também não será ouvido, porque parece ser o chamado para o medo.
10. Como toda lição que o Espírito Santo solicita que aprendas, o milagre é claro. O milagre demonstra o que Ele quer que aprendas
e que os seus efeitos são aquilo que tu queres. Nos Seus sonhos de perdão os efeitos dos teus são desfeitos e inimigos odiados são
percebidos como amigos com intenção misericordiosa. 4A sua inimizade é vista agora como não tendo causa porque eles não a fize-
ram. E podes aceitar o papel de autor do seu ódio, porque vês que ele não tem quaisquer efeitos. Agora estás livre dessa parte do
sonho; o mundo é neutro e os corpos que ainda parecem se movimentar como coisas separadas não precisam ser temidos. E assim
eles não estão doentes.
11. O milagre devolve a causa do medo a ti que a fizeste. Mas ele mostra também que, não tendo efeitos, não é uma causa, porque a
função da causalidade é ter efeitos. E onde os efeitos se foram, não há causa. Assim o corpo é curado pelos milagres porque eles
mostram que foi a mente que fez a doença e empregou o corpo como vítima ou efeito do que fez. Entretanto, meia lição não ensina-
rá o todo. O milagre será inútil se aprenderes somente que o corpo pode ser curado, pois não é essa a lição que ele foi enviado a
ensinar. A lição mostra que a mente que pensou que o corpo pudesse estar doente é que estava doente; a projeção da culpa da
mente para fora nada causou e não teve quaisquer efeitos.
12. Esse mundo está cheio de milagres. Eles estão em silêncio radiante ao lado de cada sonho de dor e de sofrimento, de pecado e
de culpa. Eles são a alternativa para o sonho, a escolha de ser o sonhador ao invés de negar o papel ativo na invenção do sonho.
Eles são os efeitos felizes de trazer de volta a conseqüência da doença à sua causa. O corpo é liberado porque a mente reconhece:
―Isso não está sendo feito a mim, mas eu estou fazendo isso.‖ E, desse modo, a mente está livre para fazer uma outra escolha. Ten-
do aqui o seu início, a salvação procederá para mudar o curso de cada passo na descida para a separação até que todos os passos
tenham sido retraçados, a escada tenha desaparecido e todo o sonhar do mundo tenha sido desfeito.

III. O acordo de união


1. Aquilo que aguarda em certeza perfeita, além da salvação, não é nossa preocupação. Pois mal começaste a permitir que os te us
primeiros passos incertos sejam dirigidos para subir a escada que a separação te fez descer. O milagre é a tua única preocupação
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UM CURSO EM MILAGRES
no presente. É aqui que devemos começar. E, tendo começado, o caminho tornar-se-á sereno e simples na subida para o despertar
e o fim do sonho. Quando aceitas um milagre, não acrescentas o teu sonho de medo a outro que já está sendo sonhado. Sem apoio,
o sonho apagar-se-á, pois não tem efeitos. Pois é o teu apoio que o fortalece.
2. Nenhuma mente é doente enquanto outra mente não concorde que elas estão separadas. E assim, a decisão que tomam de serem
doentes é conjunta. Se não dás o teu acordo e aceitas o papel que desempenhas para fazer com que a doença seja real, a outra
mente não pode projetar a própria culpa sem a tua ajuda em permitir a ela que se perceba como separada e à parte de ti. Assim, o
corpo não é percebido como doente por ambas as mentes, de pontos de vista separados. A união com a mente de um irmão impede
a causa da doença e os efeitos percebidos. A cura é o efeito de mentes que se unem, assim como a doença vem de mentes que se
separam.
3. O milagre nada faz justamente porque as mentes estão unidas e não podem se separar. Entretanto, no sonho, isso foi revertido e
mentes separadas são vistas como corpos, que são separados e não podem unir-se. Não permitas que o teu irmão seja doente, pois
se ele for, tu o terás abandonado ao seu próprio sonho por compartilhá-lo com ele. Ele não viu a causa da doença onde ela está e tu
ignoraste a brecha entre vós, onde a doença foi gerada. Assim, vós estais unidos na doença para preservar a pequena brecha sem
cura, na qual a doença é mantida, cuidadosamente protegida, alimentada e apoiada por uma forte crença, contanto que Deus não
venha fazer uma ponte sobre essa pequena brecha, ponte essa que conduz a Ele. Não lutes contra a vinda de Deus com ilusões,
pois é a vinda de Deus que queres acima de todas as coisas que parecem cintilar no sonho.
4. O fim do sonho é o fim do medo e o amor nunca esteve no mundo dos sonhos. A brecha é pequena. Entretanto, guarda as semen-
tes da pestilência e de toda forma de enfermidades porque é um desejo de manter à parte e não de unir. E desse modo aparenta dar
uma causa à doença, que não é o que a causou. O propósito da brecha é toda a causa da doença. Pois ela foi feita para manter-te
separado, em um corpo que vês como se fosse a causa da dor.
5. A causa da dor é a separação, não o corpo, que é apenas o seu efeito. No entanto, a separação não passa de um espaço vazio,
que nada engloba, que nada faz, tão sem substância quanto o vazio entre as ondas que um navio faz ao passar. E é preenchido com
a mesma rapidez com que a água corre para fechar a brecha e as ondas se juntam para cobri-la. Onde está a brecha entre as ondas
depois que elas se unem e cobrem o espaço que parecia mantê-las separadas por um breve momento? Onde estão as justificativas
para a doença quando as mentes se uniram para fechar a pequena brecha entre elas, onde as sementes da doença aparentemente
cresciam?
6. Deus constrói a ponte, mas só no espaço deixado limpo e vago pelo milagre. As sementes da doença e a vergonha da culpa Ele
não pode fazer passar por Sua ponte, pois Ele não pode destruir a vontade alheia que não criou. Deixa que os seus efeitos desapa-
reçam e não te agarres a eles com mãos ansiosas para guardá-los para ti mesmo. O milagre os varrerá todos e assim abrirá espaço
para Ele, Que tem Vontade de vir e fazer uma ponte para que o Seu Filho retome a Ele Mesmo.
7. Conta, então, os milagres de prata e os sonhos dourados de felicidade como todo o tesouro que queres guardar dentro do arma-
zém do mundo. A porta está aberta, não para os ladrões mas para os teus irmãos famintos, que se enganaram e viram ouro cintilar
em uma pedrinha e armazenaram um punhado de neve que brilhava como se fosse prata. Eles nada têm, não sobrou nada atrás da
porta aberta. O que é o mundo senão uma pequena brecha que é percebida com o fim de rasgar a eternidade e fragmentá-la em
dias, meses e anos? E o que és tu que vives dentro do mundo, senão um retrato do Filho de Deus partido em pedaços, cada um
escondido dentro de uma porção separada e incerta feita de barro?
8. Não temas, minha criança, mas deixa que o teu mundo seja gentilmente iluminado por milagres. E onde a pequena brecha foi vista,
entre tu e o teu irmão, lá une-te a ele. E assim a doença agora será vista sem causa alguma. O sonho da cura está no perdão e gen-
tilmente te mostra que nunca pecaste. O milagre não deixará nenhuma prova de culpa capaz de te trazer o testemunho daquilo que
nunca foi. E no teu armazém ele abrirá um espaço de boas-vindas para o teu Pai e para o teu Ser A porta está aberta para que todos
aqueles que não querem mais morrer de fome possam vir e usufruir da festa da abundância posta diante deles ali. E encontrar-se-ão
com os teus Hóspedes, que o milagre convidou para que viessem a ti.
9. Essa é uma festa que, de fato, é diferente daquelas que o sonho do mundo tem mostrado. Pois aqui, quanto mais cada um recebe,
mais fica para todos os outros compartilharem. Os Hóspedes trouxeram com Eles um suprimento ilimitado. E ninguém é privado de
nada nem é capaz de privar. Aqui está uma festa que o Pai coloca diante do Seu Filho e compartilha com ele igualmente. E no Seu
compartilhar não pode existir nenhuma brecha à qual falte a abundância ou na qual ela se reduza. Aqui não entram os anos magros,
pois o tempo não afeta essa festa que não tem fim. Pois o Amor pôs a sua mesa no espaço que parecia manter os teus Hóspedes à
parte de ti..

I V. A união maior
1. Aceitar a Expiação para ti mesmo significa não dar apoio ao sonho de doença e morte de ninguém. Significa que não compartilhas
o seu desejo de separar-se e permitir que ele dirija ilusões contra si mesmo. Tu também não desejas que essas ilusões, ao invés
disso, sejam dirigidas contra ti. Assim, elas não têm efeitos. E estás livre de sonhos de dor porque permitiste que ele estivesse. A
não ser que o ajudes, sofrerás dor com ele, porque esse é o teu desejo. E vens a ser uma figura no seu sonho de dor, assim como
ele no teu. Dessa forma, tu e o teu irmão, ambos vêm a ser ilusões sem identidade. Tu poderias ser qualquer pessoa ou qualquer
coisa, dependendo de quem é o sonho mau que compartilhas. Só podes estar certo de uma coisa: de que és mau, porque comparti-
lhas sonhos de medo.
2. Existe um caminho para encontrar a certeza exatamente aqui e agora. Recusa-te a ser parte de quaisquer sonhos de medo seja
qual for a forma que tomem, pois neles perderás a identidade. Tu te achas por não aceitá-los como a tua causa, capaz de produzir
efeitos em ti. Tu estás à parte deles, mas não à parte daquele que os sonha. Assim, separas o sonhador do sonho, e te unes a um,
mas deixas que o outro se vá. O sonho não é senão uma ilusão na mente. E com a mente queres unir-te, mas nunca com o sonho. É
o sonho que temes e não a mente. Tu os vês como o mesmo porque pensas que tu és apenas um sonho. E o que é real e o que em
si mesmo é apenas uma ilusão tu não sabes e nem és capaz de distinguir entre um e outro.
3. Como tu, o teu irmão pensa que ele é um sonho. Não compartilhes a sua ilusão a respeito de si próprio, pois a tua identidade de-
pende da sua realidade. Ao invés disso, pensa nele como uma mente na qual as ilusões ainda persistem, mas uma mente que é tua
irmã. Ele não é teu irmão em função daquilo que sonha, nem é o corpo o ―herói‖ do sonho, o teu irmão. É a sua realidade que é o teu
irmão, assim como a tua para com ele. A tua mente e a sua estão unidas em fraternidade. O seu corpo e os seus sonhos apenas
parecem fazer uma pequena brecha, onde os teus uniram-se aos seus.
206
UM CURSO EM MILAGRES
4. No entanto, entre as vossas mentes não existe nenhuma brecha. Unir-te aos sonhos do teu irmão é, na verdade, não encontrá-lo,
porque os seus sonhos separar-se-iam de ti. Portanto, libera-o, simplesmente reivindicando a fraternidade, ao invés dos sonhos de
medo. Permite que ele reconheçam quem ele é, não dando apoio às ilusões do teu irmão por meio da tua fé, pois se o fizeres, terás
fé nas tuas. Com fé nas tuas ilusões, ele não será liberado c tu és mantido em cativeiro, preso aos seus sonhos. E sonhos de medo
assombrarão a pequena brecha habitada apenas por ilusões, que tu apoiaste na mente do teu irmão.
5. Fica certo de que se fizeres a tua parte ele fará a sua, pois ele se unirá a ti aonde tu estás. Não chames por ele para que venha
encontrar-te na brecha que está entre vós, ou terás que acreditar que a brecha é a tua realidade bem como a sua. Não podes fazer a
parte do teu irmão, mas é isso o que fazes quando te tornas uma figura passiva nos seus sonhos em vez de ser o sonhador do teu
próprio sonho. A identidade nos sonhos não tem significado, porque o sonhador e o sonho são um só. Quem compartilha um sonho
tem que ser o sonho que compartilha, porque pelo compartilhar se produz uma causa.
6. Tu compartilhas a confusão e és confuso, pois nessa brecha não existe nenhum ser estável. O que é o mesmo parece ser diferen-
te, porque o que é o mesmo parece ser distinto. Os seus sonhos são teus porque permites que sejam. Mas, se removesses os teus,
ele ficaria livre deles e dos seus próprios também. Os teus sonhos são testemunhas dos seus e os seus atestam a verdade dos teus.
Entretanto, se vês que não existe verdade nos teus, os seus desaparecerão e ele compreenderá o que deu origem ao sonho.
7. O Espírito Santo está nas mentes de ambos e Ele é Um porque não existe nenhuma brecha que separe a Sua Unicidade de Si pró-
pria. A brecha entre os vossos corpos não importa, pois o que é unido Nele é sempre uno. Ninguém é doente se alguém aceita a
própria união com ele. O seu desejo de ser uma mente doente e separada não pode continuar sem uma testemunha ou uma causa.
E ambas se vão se alguém quer ser unido a ele. Ele tem sonhos nos quais estava separado do seu irmão, o qual, ao não comparti-
lhar o seu sonho, deixou vago o espaço entre eles. E o Pai vem para unir-Se a Seu Filho, a quem o Espírito Santo Se uniu.
8. A função do Espírito Santo é tomar o retrato quebrado do Filho de Deus e colocar as partes no lugar outra vez. Esse retrato santo,
inteiramente curado, Ele estende a cada pedaço separado que pensa ser um retrato em si mesmo. A cada um deles, Ele oferece a
Identidade que lhe é devida, Aquela que o retrato total representa ao invés de apenas uma pequena parte quebrada que ele insistia
ser ele próprio. E quando ele vir esse retrato reconhecerá a si mesmo. Se não compartilhas o sonho mau do teu irmão, esse é o re-
trato que o milagre irá colocar dentro da pequena brecha, limpa de todas as sementes de doença e pecado. E aqui o Pai irá receber
o Seu Filho, porque o Seu Filho foi benevolente para consigo mesmo.
9. Graças Te dou, Pai, sabendo que virás para fechar cada pequena brecha que existe entre os pedaços quebrados do Teu Filho
santo. A Tua santidade, completa e perfeita, está em cada um deles. E eles estão unidos porque o que está em um está em todos.
Como é santo o menor dos grãos de areia quando ele é reconhecido como parte do retrato completo do Filho de Deus! As formas
que os pedaços quebrados parecem tomar nada significam. O todo está em cada um. E cada aspecto do Filho de Deus é exatamen-
te o mesmo que qualquer outra parte.
10. Não te unas aos sonhos do teu irmão, mas une-te a ele, e aonde te unes ao Seu Filho, lá está o Pai. Quem busca substitutos
quando percebe que nada perdeu? Quem iria querer os ―benefícios‖ da doença quando recebeu a felicidade simples da saúde? O
que Deus deu não pode ser perda e o que não pertence a Ele não tem efeitos. O que, então, irias tu perceber dentro dessa brecha?
As sementes da doença vêm da crença em que existe alegria na separação e desistir dela seria um sacrifício. Mas, quando não in-
sistes em ver na brecha o que não está lá, os milagres‖ são o resultado. A tua disponibilidade para deixar que as ilusões desa-
pareçam é tudo o que Aquele Que cura o Filho de Deus requer. Ele colocará o milagre da cura aonde estavam as sementes da do-
ença. E não haverá nenhuma perda, apenas ganho.

V. A alternativa para os sonhos de medo


1. Qual é o sentido da doença senão um sentido de limitação? De um rompimento e de uma separação? Uma brecha que é percebida
entre tu e o teu irmão e o que é agora visto como saúde? E assim o que é bom é visto como se estivesse do lado de fora, o mal do
lado de dentro. E assim a doença separa o ser do que é bom e mantém o mal dentro dele. Deus é a Alternativa para os sonhos de
medo. Aqueles que os compartilham não podem nunca compartilhar em Deus. Mas aqueles que recusam que as suas mentes com-
partilhem esses sonhos, estão compartilhando-O. Não existe nenhuma outra escolha. A não ser que tu compartilhes de algo, nada
pode existir. E existes porque Deus compartilhou a Sua Vontade contigo para que a Sua criação pudesse criar.
2. É o compartilhar dos sonhos maus de ódio e malícia, amargura e morte, pecado e sofrimento, dor e perda que faz com que eles
sejam reais. Sem o compartilhar, são percebidos como sem significado. O medo retira-se deles porque tu não lhes deste o teu apoio.
No amor não existe medo, porque não existem outras alternativas além destas. Onde um aparece, o outro desaparece. E aquele que
compartilhas vem a ser o único que tens. Tu tens aquele que aceitas porque é o único que desejas ter.
3. Tu não compartilhas nenhum sonho mau se perdoas o sonhador e percebes que ele não é o sonho que fez. E assim ele não pode
ser uma parte do teu, do qual ambos estão livres. O perdão separa o sonhador do sonho mau e assim o libera. Lembra-te que, se
compartilhas um sonho mau, acreditarás que és o sonho que compartilhas. E temendo-o, não quererás conhecer a tua própria Iden-
tidade, porque pensas que Ela é amedrontadora. E negarás o teu Ser e caminharás sobre uma terra estranha que o teu Criador não
fez, onde parecerás ser algo que não és. Tu farás uma guerra com o teu Ser Que parece ser teu inimigo; e atacarás o teu irmão,
como parte daquilo que odeias. Não há meio-termo. És o teu Ser ou uma ilusão. O que pode haver entre a ilusão e a verdade? Uma
terra intermediária, onde tu podes ser uma coisa que não és, tem que ser um sonho e não pode ser a verdade.
4. Concebeste uma pequena brecha entre as ilusões e a verdade para ser o lugar onde reside toda a tua segurança e onde o teu Ser
está cuidadosamente escondido pelo que tu fizeste. Aqui se estabelece um mundo que é doente, e esse é o mundo que os olhos do
corpo percebem. Aqui estão os sons que ele ouve, as vozes que seus ouvidos foram feitos para ouvir. Entretanto, as cenas e os sons
que o corpo pode perceber são sem significado. Ele não pode ver nem ouvir. Ele não sabe o que é ver, para quê serve ouvir. Ele é
tão pouco capaz de perceber como de julgar, compreender ou conhecer. Seus olhos são cegos, seus ouvidos surdos. Ele não é ca-
paz de pensar e, portanto, não pode ter efeitos.
5. Existe algo que Deus tenha criado para ser doente? E o que pode existir que Ele não tenha criado? Não deixes que os teus olhos
contemplem um sonho, que os teus ouvidos testemunhem uma ilusão. Eles foram feitos para contemplar um mundo que não está
presente, para ouvir vozes que não podem produzir som algum. Entretanto, existem outros sons e outras cenas que podem ser vis-
tos, ouvidos e compreendidos. Pois os olhos e os ouvidos são sentidos sem sentido, e o que vêem ou ouvem, eles apenas relatam.
Quem ouve e vê não são eles, mas tu, que juntas cada peça recortada, cada fiapo sem sentido e cada farrapo de evidência e fazes

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UM CURSO EM MILAGRES
um testemunho do mundo que queres. Não permitas que os olhos e ouvidos do corpo percebam esses fragmentos incontáveis vistos
dentro da brecha que imaginaste e que eles persuadam seu autor de que as suas imaginações são reais.
6. A criação prova a realidade porque compartilha a função que toda criação compartilha. Ela não é feita de estilhaços de vidro, um
pedaço de pau, talvez um fio ou dois, tudo isso reunido para atestar a sua verdade. A realidade não depende disso. Não existe ne-
nhuma brecha que separe a verdade dos sonhos e das ilusões. A verdade não deixou qualquer espaço para eles em lugar algum e
em tempo algum. Pois ela preenche todo lugar e todo tempo e faz com que sejam totalmente indivisíveis.
7. Tu, que acreditas que existe uma pequena brecha entre tu e o teu irmão, não vês que é aqui que ambos estão como prisioneiros,
em um mundo percebido como se estivesse existindo aqui. O mundo que vês não existe, porque o lugar onde o percebes não é real.
A brecha é cuidadosamente escondida na névoa e retratos nebulosos surgem para cobri-la com formas vagas e incertas e figuras
mutáveis, para sempre sem substância e sem segurança. Entretanto, na brecha não há nada. Se não existem segredos terríveis e
túmulos escuros onde o terror surge dos ossos da morte. Olha para a pequena brecha e contempla a inocência e o espaço vazio
onde não há nenhum pecado, pois é isso o que verás dentro de ti mesmo quando tiveres perdido o medo de reconhecer o amor.

VI. Os votos secretos


1. Quem pune o corpo é insano. Pois aqui a pequena brecha é vista e apesar disso, não está aqui. O corpo não julgou a si mesmo, e
também não fez com que ele próprio fosse o que não é. Ele não busca fazer da dor uma alegria, nem procura prazer duradouro no
pó. Ele não te diz qual é o seu propósito e não é capaz de compreender para que serve. Ele não faz vítimas porque não tem vonta-
de, não tem preferências e não tem dúvidas. Ele não tenta imaginar o que ele é. E, portanto, não tem necessidade de ser competiti-
vo. Ele pode ser vitimizado, mas não pode, ele próprio, sentir-se vítima. Ele não aceita nenhum papel, mas faz apenas o que lhe é
dito, sem ataque.
2. De fato, não faz sentido tornar algo que é incapaz de ser responsável pelo que é visto e culpá-lo pelos sons dos quais tu não gos-
tas, apesar do corpo não poder ouvir. Ele não sofre pela punição que lhe impões porque não tem sentimento. Ele se comporta como
tu queres, mas nunca faz a escolha. Ele não nasce e não morre. Ele não pode fazer outra coisa senão seguir sem objetivo o cami-
nho no qual foi colocado. E se esse caminho é mudado, ele caminha com a mesma facilidade por outro. Ele não toma partidos e não
julga a estrada pela qual viaja. Ele não percebe nenhuma brecha porque não odeia. Ele pode ser usado para o ódio, mas não pode
se fazer odioso por isso.
3. A coisa que tu odeias e temes, abominas e queres, o corpo não conhece. Tu o envias adiante para buscar a separação e ser sepa-
rado. E então o odeias, não pelo que ele é, mas pelo uso que tens feito dele. Tu te retrais em função do que ele vê e do que ele ou-
ve, e odeias a sua fragilidade e pequenez. E desprezas os seus atos, mas não os teus próprios. Ele vê e age por ti. Ele ouve a tua
voz. E ele é frágil e pequeno pelo teu desejo. Ele parece te punir e assim merece o teu ódio pelas limitações que ele te traz. Entre-
tanto, foste tu que fizeste dele um símbolo das limitações que queres que a tua mente tenha, veja e mantenha.
4. O corpo representa a brecha entre a pequena parte da mente que chamas de tua e todo o resto do que é realmente teu. Tu o odei-
as, no entanto, pensas que ele é o teu ser, e que sem ele, o teu ser perder-se-ia. Esse é o voto secreto que fizeste com cada irmão
que quer caminhar à parte. Esse é o juramento secreto que retomas sempre que te percebes sendo atacado. Ninguém pode sofrer
se não se vê atacado e perdendo com o ataque. Cada brinde feito à doença não é declarado nem ouvido na consciência. No entan-
to, esse brinde é uma promessa a um outro, para ser ferido por ele e atacá-lo de volta.
5. A doença é a raiva descarregada no corpo de tal modo que ele sofra dor. É o efeito óbvio do que foi feito em segredo, de acordo
com o desejo secreto de um outro de estar à parte de ti, assim como desejas estar à parte dele. A não ser que ambos concordem
que esse é o vosso desejo, ele não pode ter efeitos. Qualquer um que diga: ―Não existe nenhuma brecha entre a minha mente e a
tua‖ manteve a promessa de Deus, não o seu diminuto juramento de ser para sempre fiei à morte. Só através da sua cura o seu ir-
mão é curado.
6. Permite que seja esse o teu acordo com cada um: que sejas um com ele e não um ser à parte. E ele manterá a promessa que
fizeste para com ele porque é essa a promessa que ele fez a Deus, assim como Deus fez a ele. Deus cumpre as Suas promessas; o
Seu Filho cumpre as suas. Ao criá-lo assim disse o seu Pai: ―Tu és meu amado e Eu o teu para sempre. Sê pois perfeito como Eu
sou, pois nunca poderás estar à parte de Mim.‖ Seu Filho não se lembra de que ele Lhe respondeu ―Assim serei‖, embora ele tenha
nascido nesta promessa. No entanto, Deus lhe lembra dessa promessa todas as vezes que ele não compartilha uma promessa de
ficar doente, mas deixa a sua mente ser curada e unificada. Os seus votos secretos são impotentes diante da Vontade de Deus, Cu-
jas promessas ele compartilha. E aquilo que ele usa para substituí-las não é sua vontade, ele que se prometeu a Deus.

VII. A arca da segurança


1. Deus nada pede e o Seu Filho assim como Ele nada precisa pedir. Pois nele não existe nenhuma falta. Um espaço vazio, uma
pequena brecha, seria uma falta. E é somente lá que ele poderia querer alguma coisa que não tem. Um espaço onde Deus não está,
uma brecha entre o Pai e o Filho não é a Vontade de Nenhum dos Dois, Que prometeram ser um só. A promessa de Deus é uma
promessa a Si Mesmo, e não existe ninguém que possa ser infiel ao que é Vontade de Deus como parte do que Ele é. A promessa
de que não existe nenhuma brecha entre Ele e o que Ele é não pode ser falsa. Que vontade pode intervir entre o que é necessa-
riamente uno e em Cuja Integridade não pode haver nenhuma brecha?
2. A bela relação que manténs com todos os teus irmãos é uma parte de ti mesmo porque é uma parte do próprio Deus. Acaso tu não
estás doente, se negas a ti mesmo a tua integridade e a tua saúde, a Fonte da ajuda, o Chamado para a cura e o Chamado para
curar? O teu salvador espera pela cura e o mundo espera com ele. E tu também não estás à parte do mundo. Pois a cura será una
ou simplesmente não será, pois a cura está na unicidade. O que poderia corrigir a separação além do seu oposto? Não existe uma
terra intermediária em qualquer aspecto da salvação. Tu a aceitas totalmente, ou não a aceitas. O que não está separado necessari-
amente está unido. E o que está unido não pode ser separado.
3. Ou existe uma brecha entre tu e o teu irmão ou vós sois como um só. Não existe nada intermediário, nenhuma outra escolha e
nenhuma fidelidade a ser dividida entre os dois. Uma fidelidade dividida é apenas ausência de fé para com ambos e apenas te colo-
ca num turbilhão, a agarrar-te incertamente a qualquer palha que pareça conter uma promessa de alívio. Entretanto, quem pode
construir sua casa sobre a palha e contar com ela como abrigo contra o vento? O corpo pode tornar-se um abrigo como esse, porque
a ele falta o fundamento na verdade. Contudo, porque é assim, esse abrigo não pode ser visto como uma casa para ti, mas apenas
como um recurso para te ajudar a alcançar a Casa onde Deus habita.
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UM CURSO EM MILAGRES
4. Com esse propósito, o corpo é curado. Ele não é usado para testemunhar o sonho da separação e da enfermidade. Nem é ele
condenado em vão pelo que não fez. Ele serve para ajudar a cura do Filho de Deus e para esse propósito não pode estar doente.
Ele não irá unir-se a um propósito que não seja o teu próprio, e tu escolheste que ele não fique doente. Todos os milagres se ba-
seiam nesta escolha e te são dados no instante em que ela é feita. Nenhuma forma de doença está imune, porque a escolha não
pode ser feita em termos de forma. A escolha da doença parece ser uma escolha de forma, no entanto, ela é uma só, assim como o
seu oposto. E tu estás doente ou saudável correspondentemente.
5. Mas nunca estás sozinho. Esse mundo é apenas um sonho segundo o qual podes estar sozinho e podes pensar sem afetar aque-
les que estão à parte de ti. Estar sozinho necessariamente significa estar à parte, e se estás, só podes estar doente. Isso parece
provar que não podes deixar de estar à parte. No entanto, tudo o que isso significa é que tentaste manter uma promessa de ser fiel à
ausência de fé. Apesar disso, a ausência de fé é doença. É como a casa construída sobre a palha. Ela parece ser bastante sólida e
ter substância em si mesma. No entanto, a sua estabilidade não pode ser julgada à parte do seu fundamento. Se ela se baseia na
palha, não há necessidade de bloquear a porta e de trancar as janelas, fechando os ferrolhos. O vento soprará, a chuva cairá e ela
será carregada para o esquecimento.
6. Qual é o sentido de se buscar estar a salvo naquilo que foi feito para o perigo e para o medo? Por que sobrecarregá-lo com mais
cadeados e correntes, com âncoras pesadas, se a sua fraqueza não está nele mesmo, mas na fragilidade da pequena brecha feita
do nada sobre a qual ele se encontra? O que pode estar seguro baseado em uma sombra? Irias tu construir a tua casa sobre algo
que desmoronaria sob o peso de uma pluma?
7. A tua casa é construída sobre a saúde do teu irmão, sobre a sua felicidade, a sua impecabilidade, e sobre tudo o que o seu Pai
prometeu a ele. Nenhuma promessa secreta que tenhas feito no lugar daquela abalou o Fundamento da sua casa. Os ventos so-
prarão sobre ela e a chuva cairá, mas sem efeito algum. O mundo será levado pelas águas e, no entanto, essa casa não cairá, pois
a sua força não está apenas em si mesma. Ela é uma arca de segurança, que se baseia na promessa de Deus de que o Seu Filho
está para sempre a salvo Nele. Que brecha pode interpor-se entre a segurança deste abrigo e a sua Fonte? Daqui, o corpo pode ser
visto como é, nada mais e nada menos do que o valor que ele tem na medida, em que pode- ser usado para liberar o Filho de Deus
para a sua própria casa. E com esse propósito santo ele vem a ser um lar de santidade por um momento breve, porque compartilha
a Vontade do teu Pai para contigo.

CAPÍTULO 29 - O DESPERTAR

I. Fechar a brecha
1. Não existe tempo, lugar ou estado dos quais Deus esteja ausente. Não existe nada a ser temido. Não existe nenhuma forma na
qual se possa conceber uma brecha na Integridade que Lhe é própria. A transigência que a menos importante e a menor das bre-
chas representaria no Seu Amor eterno é completamente impossível. Pois isso significaria que o Seu Amor seria capaz de abrigar a
mais leve sugestão de ódio, que a Sua gentileza pudesse em algum momento se transformar em ataque e que a Sua paciência eter-
na pudesse às vezes falhar. Acreditas em tudo isso sempre que percebes uma brecha entre tu e o teu irmão. Como poderias então
confiar Nele? Pois assim Ele não pode deixar de decepcionar em Seu Amor. Portanto, é preciso que estejas alerta: não permitas que
Ele chegue perto demais e deixa uma brecha entre tu e o Seu Amor, através da qual possas escapar se houver necessidade de fugir.
2. Aqui se vê com a maior clareza o medo de Deus. Pois o amor é traiçoeiro para aqueles que têm medo, uma vez que o medo e o
ódio não podem nunca estar à parte. Ninguém que tenha ódio deixa de ter medo do amor e, por conseguinte, tem que ter medo de
Deus. É certo que ele não sabe o que o amor significa. Ele teme amar e ama odiar e assim pensa que o amor é amedrontador, que o
ódio é amor. Essa é a conseqüência que a pequena brecha necessariamente traz àqueles que a apreciam e acham que ela é a sua
salvação e a sua esperança.
3. O medo de Deus! O maior obstáculo que a paz tem que atravessar ainda não se foi. O resto é passado, mas esse ainda per-
manece para bloquear a tua estrada e fazer o caminho para a luz parecer escuro e amedrontador, perigoso e desolado. Decidiste
que teu irmão é o teu inimigo. Às vezes um amigo, talvez, contanto que os vossos interesses separados façam com que a vossa
amizade seja possível por um pequeno período de tempo. Mas não sem uma brecha, que é percebida entre tu e ele, porque ele po-
de se tornar de novo um inimigo. Deixaste que ele viesse para perto de ti e deste um pulo para trás; assim que tu te aproximaste, ele
instantaneamente recuou. Uma amizade cautelosa, em escala limitada e cuidadosamente restrita em quantidade veio a ser o tratado
que fizeste com ele. Assim tu e teu irmão apenas compartilharam um pacto definido, no qual uma cláusula de separação foi o ponto
que ambos concordaram em manter intacto. E a violação dessa cláusula era vista como um rompimento do tratado que não seria
permitido.
4. A brecha entre tu e teu irmão não diz respeito ao espaço entre dois corpos separados. E isso apenas parece estar dividindo as
vossas mentes separadas. É o símbolo de uma promessa feita para que vos encontreis quando for preferível para ti e vos separeis
até que seja vossa escolha encontrar-vos outra vez. E então os vossos corpos parecem entrar em contato e através disso dar signifi-
cado a um ponto de encontro para a união. Mas é sempre possível para ti e para ele tomar os vossos caminhos diferentes. Com a
condição do ―direito‖ da separação, tu e ele concordareis em um encontro de vez em quando e manter-vos-eis à parte um do outro
nos intervalos de separação que, de fato, te protege do ―sacrifício‖ do amor. O corpo te salva, pois ele foge do sacrifício total e te dá
tempo de construir outra vez o teu ser separado, o qual acreditas verdadeiramente que diminui à medida em que tu e teu irmão vos
encontrais.
5. O corpo não poderia separar a tua mente da mente do teu irmão, exceto se quisesses que ele fosse causa de separação e de
distanciamento entre tu e ele. Assim lhe atribuis um poder que não está nele. E aí está o poder que o corpo tem sobre ti. Pois agora
pensas que é ele que determina quando tu e teu irmão vos encontrais e que ele limita a tua capacidade de comungar mentalmente
com o teu irmão. E agora ele te diz aonde ir e como chegar lá, o que é viável para empreenderes, e o que não és capaz de fazer. Ele
dita o que a sua saúde é capaz de tolerar e o que irá cansá-lo e fazê-lo adoecer. E as suas fraquezas ―inerentes‖ estabelecem os
limites do que queres fazer e mantêm o teu propósito limitado e fraco.
6. O corpo acomodar-se-á a isso, se quiseres que seja assim. Ele permitirá apenas indulgências limitadas ao ―amor‖, com intervalos
de ódio entre eles. E ele comandará quando ―amar‖ e quando deverás retrair-te com mais segurança para o medo. Ele ficará doente
porque tu não sabes o que o amor significa. E assim tens que usar equivocadamente cada circunstância e cada pessoa que encon-
tras e ver nelas um propósito que não é o teu.
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UM CURSO EM MILAGRES
7. Não é o amor que pede sacrifício. Mas é o medo que exige o sacrifício do amor, pois na presença do amor o medo não podo habi-
tar. Pois para que o ódio seja mantido, o amor tem que ser temido; tem que estar presente apenas algumas vezes, outras vezes de-
ve desaparecer. Assim o amor é visto como traiçoeiro porque ele parece ir e vir de forma incerta, sem te oferecer nenhuma estabili-
dade. Não vês como é limitada e fraca a tua aliança, e com que freqüência exigiste que o amor fosse embora e te deixasse serena-
mente só, em ―paz‖.
8. O corpo, inocente de qualquer meta que seja, é a tua desculpa para as várias metas que manténs e forças o corpo a manter. Não
temes a sua fraqueza, mas a sua falta de força ou fraqueza. Queres ter o conhecimento de que nada se interpõe entre tu e teu ir-
mão? Queres saber que não existe nenhuma brecha atrás da qual possas te esconder? Há um choque que vem àqueles que apren-
dem que o seu salvador já não é mais seu inimigo. Há um estado de alerta que surge com o aprendizado de que o corpo não é real.
E existem implicações que parecem ser feitas de medo em tomo da mensagem feliz, ―Deus é Amor.‖
9. Entretanto, tudo o que acontece quando a brecha se vai é a paz eterna. Nada mais do que isso e nada menos. Sem o medo de
Deus, o que poderia te induzir a abandoná-lo? Que brinquedos ou truques poderiam existir na brecha capazes de te afastar por um
instante do Seu Amor? Permitirias que o corpo dissesse ―não‖ ao chamado do Céu, caso não tivesses medo de encontrar a perda do
teu ser ao achar Deus? Entretanto, é possível que o teu ser se perca por se achar?

II. A vinda do Hóspede


1. Por que não perceberias como liberação do sofrimento o fato de aprenderes que tu és livre? Por que não aclamarias a verdade ao
invés de olhá-la como um inimigo? Por que um atalho fácil, traçado com tanta clareza, que é impossível perder o caminho, parece
espinhoso, duro e por demais difícil para que tu o sigas? Não será porque o vês como a estrada para o inferno, em vez de olha res
para ele como um caminho simples, sem sacrifício e sem qualquer perda para que te encontres no Céu e em Deus? Até que te dês
conta de que não desistes de nada, até que compreendas que não existe perda alguma, terás alguns arrependimentos acerca do
caminho que escolheste. E não verás os muitos ganhos que a tua escolha te ofereceu. Entretanto, embora tu não os vejas, eles es-
tão presentes. O que os causou teve efeitos, e eles não podem deixar de estar presentes onde a sua causa introduziu-se.
2. Aceitaste a causa da cura e, portanto, necessariamente estás curado. E estando curado, o poder de curar também tem que ser teu
agora. O milagre não é uma coisa separada que acontece repentinamente, como um efeito sem uma causa. Em si mesmo, ele tam-
bém não é uma causa. Mas onde está a sua causa, ele tem que estar. Nesse momento, ele já foi causado, embora ainda não seja
percebido. E os seus efeitos estão presentes, embora ainda não sejam vistos. Olha para dentro agora e não contemplarás uma ra-
zão para o arrependimento, mas causa para regozijar-te, de fato, em contentamento e para teres esperança de paz.
3. Tem sido desesperador tentar achar a esperança da paz em um campo de batalha. Tem sido fútil pedir para escapar do pecado e
da dor àquilo que foi feito para servir à função de reter o pecado e a dor. Pois a dor e o pecado são uma única ilusão, assim como o
ódio e o medo, o ataque e a culpa são um só. Aonde eles não têm causa, os seus efeitos desaparecem e o amor necessariamente
vem a qualquer lugar aonde eles não estão. Por que não estás te regozijando? Estás livre da dor e da doença, da miséria e da per-
da, e de todos os efeitos do ódio e do ataque. A dor não mais é tua amiga, a culpa não é mais teu deus, e deverias dar boas-vindas
aos efeitos do amor.
4. O teu Hóspede veio. Tu convidaste e Ele veio. Não O ouviste entrar, pois não Lhe deste as boas-vindas totalmente. No entanto, as
Suas dádivas vieram com Ele. Ele as depositou aos teus pés, e agora te pede que olhes para elas e as recebas como tuas. Ele ne-
cessita da tua ajuda para dá-las a todos os que caminham à parte, acreditando que estão separados e sozinhos. Eles serão curados
quando aceitares as tuas dádivas, porque o teu Hóspede dará boas-vindas a todos cujos pés tiverem tocado a terra santa na qual tu
estás e onde as Suas dádivas para eles foram depositadas.
5. Não vês quanto podes dar agora devido a tudo o que recebeste. Entretanto, Aquele Que entrou apenas espera que venhas para
onde O convidaste a estar. Não existe nenhum outro lugar onde Ele possa achar o Seu anfitrião, nem onde o Seu anfitrião possa
encontrá-Lo. E em nenhum outro lugar as Suas dádivas de paz e de alegria podem ser recebidas, e toda a felicidade que a Sua Pre-
sença traz pode ser obtida. Pois elas estão onde Aquele Que as trouxe Consigo está, para que possam ser tuas. Não podes ver o
teu Hóspede, mas podes ver as dádivas que Ele trouxe. E quando olhares para elas acreditarás que a Sua Presença tem que estar
lá. Pois o que és capaz de fazer agora não poderia ser feito sem a graça e o amor que a Sua Presença contém.
6. Tal é a promessa do Deus vivo: que o Seu Filho tenha vida e tudo o que vive seja parte dele e nenhuma outra coisa tenha vida.
Aquilo a que deste ―vida‖ não está vivo, e simboliza apenas o teu desejo de estar vivo à parte da vida, vivo na morte, com a morte
percebida como vida, e o viver como morte. Aqui, confusão decorre de confusão, pois esse mundo se baseia na confusão e nada
mais existe em que possa se basear. A sua base não muda, embora pareça estar em mudança constante. No entanto, o que é isso
senão o que a confusão realmente significa? A estabilidade para aqueles que estão confusos não tem significado, e o deslocamento
e a mudança vem a ser a lei segundo a qual eles qualificam suas vidas.
7. O corpo não muda. Ele representa o sonho maio de que a mudança é possível. Mudar é atingir um estado que não é como aquele
no qual te achavas antes. Não há mudança na imortalidade e o Céu não a conhece. No entanto, aqui na terra ela tem um propósito
duplo, pois pode ser feita para ensinar coisas opostas. E refletem o professor que está ensinando-as. O corpo pode parecer mudar
com o tempo, com a doença ou com a saúde, e com eventos que parecem alterá-lo. Entretanto, isso significa apenas que a mente
não mudou no que diz respeito à sua crença quanto ao propósito do corpo.
8. A doença é uma exigência de que o corpo seja alguma coisa que ele não é. Como o corpo não é nada, o nada é a garantia de que
ele não pode ser doente. Na tua exigência de que ele seja mais do que isso está a idéia da doença. Pois ela pede que Deus seja
menos do que tudo o que Ele realmente é. Então o que vem a ser de ti, já que é a ti que o sacrifício é pedido? Pois a Deus é dito que
uma parte Sua não mais Lhe pertence. Deus tem que sacrificar o teu ser, e no Seu sacrifício tu te fazes maior e Deus é diminuído
por ter te perdido. E o que é retirado de Deus vem a ser o teu deus, protegendo-te de ser parte Dele.
9. O corpo, ao qual se pede que seja um deus, será atacado porque o fato de que ele não é nada não foi reconhecido. E, desse mo-
do, ele parece ser algo com poder em si mesmo. Sendo alguma coisa, ele pode ser percebido e imaginado como algo que sente e
age, e te mantém em suas garras como um prisioneiro para ele mesmo. E ele pode falhar em ser aquilo que exigiste que ele fosse. E
tu o odiarás pela sua pequenez, sem ter em mente que o fracasso não está no fato de que ele não é mais do que deveria ser, mas
só no teu fracasso em perceber que ele não é nada. No entanto, o fato do corpo não ser nada é a tua salvação, da qual queres fugir.
10. Sendo considerado como ―alguma coisa‖, pede-se ao corpo que seja inimigo de Deus, substituindo o que Ele é por pequenez,
limitação e desespero. É a perda de Deus que tu celebras quando contemplas o corpo como uma coisa que amas, ou quando olhas
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UM CURSO EM MILAGRES
para ele como algo que odeias. Pois se Ele é a Soma de todas as coisas, então, o que não está Nele não existe, e a Sua completeza
é a nulidade do teu corpo. O teu salvador não está morto e nem ele habita naquilo que foi construído como um templo à morte. Ele
vive em Deus, e é isso que faz dele um salvador para contigo, e somente isso. A nulidade do corpo do teu salvador libera o teu da
doença e da morte. Pois o que é teu não pode ser mais nem menos do que o que é seu.

III. As testemunhas de Deus


1. Não condenes o teu salvador porque ele pensa que é um corpo. Pois além dos seus sonhos, está a sua realidade. Mas, primeiro
ele tem que aprender que é um salvador, antes de poder lembrar-se do que ele é. E não pode deixar de salvar quem quer ser salvo.
A sua felicidade depende de te salvar. Pois quem é salvador senão aquele que te dá a salvação? Assim ele aprende que a salvação
tem que sua para poder dá-la. A não ser que ele a dê, não saberá que a tem, pois o dar é a prova do ter. só aqueles que pensam
que Deus é diminuído pela sua força podem deixar de compreender que isso tem que ser assim. Pois quem poderia dar a não ser
que tivesse, e quem poderia perder por dar o que não pode deixar de aumentar através da doação?
2. Pensas que o Pai perdeu a Si mesmo quando te criou? Que Ele veio a ser fraco porque compartilhou o Seu Amor? Tornou-se Ele
incompleto pela tua perfeição? Ou tu és a prova de que Ele é perfeito e completo? Não negues ao Pai a Sua Testemunha no sonho
que o Seu filho prefere à sua própria realidade. Ele tem que ser o salvador do sonho que fez para que possa ficar livre dele. Ele tem
que ver um outro não como um corpo, mas em unidade com ele, sem a parede que o mundo construiu para manter à parte todas as
coisas vivas que não sabem que vivem.
3. Dentro do sonho dos corpos e da morte existe ainda um tema verdadeiro; talvez não mais do que uma diminuta fagulha, um espa-
ço de luz criado na escuridão onde Deus ainda brilha. Tu não podes despertar a ti mesmo. Entretanto, podes te permitir ser acorda-
do. Podes não ver os sonhos do teu irmão. Tu és capaz de perdoar as suas ilusões tão perfeitamente, que ele vem a ser o salvador
dos teus sonhos. E à medida em que o vês brilhando no espaço de luz onde Deus habita dentro da escuridão, verás que o próprio
Deus está presente onde está o corpo do teu irmão. Diante dessa luz, o corpo desaparece do mesmo modo que as sombras pesa-
das têm que dar lugar à luz. A escuridão não pode escolher que ele permaneça. A vinda da luz significa que ele se foi. Na glória,
então, tu verás o teu irmão e compreenderás o que realmente preenche a brecha que há tanto tempo é percebida como aquilo que
vos mantinha à parte. Lá, no seu lugar, a testemunha de Deus estabeleceu o caminho gentil da benignidade para com o Filho de
Deus. Àquele a quem perdoas é dado o poder de perdoar as tuas ilusões. Pela tua dádiva de liberdade, a liberdade te é dada.
4. Abre espaço para o amor, que tu não criaste, mas que és capaz de estender. Na terra isso significa perdoar o teu irmão para que
as trevas possam ser suspensas da tua mente. Quando a luz tiver vindo a ele através do teu perdão, ele não se esquecerá do pró-
prio salvador, deixando-o sem salvação. Pois foi na tua face que ele viu a luz que quer manter perto de si à medida em que caminha
através da escuridão para a Luz que dura para sempre.
5. Quão santo és tu, a ponto do Filho de Deus poder ser o teu salvador em meio a sonhos de desolação e desastre! Vê como ele vem
ansioso e dá um passo ao lado saindo das pesadas sombras que o têm escondido e deixa a sua luz brilhar sobre ti com gratidão e
com amor. Ele é ele próprio, mas não sozinho. E assim como o seu Pai não perdeu parte dele na tua criação, assim também a luz
nele é ainda mais brilhante porque tu lhe deste a tua luz para salvá-lo do escuro. E agora a luz em ti tem que ser tão brilhante quanto
aquela que brilha nele. Essa é a centelha que brilha dentro do sonho para que possas ajudá-lo a despertar e estejas certo de que os
seus olhos despertos descansarão em ti. E na sua feliz salvação, tu és salvo.

IV. Os papéis nos sonhos


1. Acreditas que a verdade pode ser feita de apenas algumas ilusões? Ilusões são sonhos porque não são verdadeiras. A falta da
verdade, que é igual em todas as ilusões, vem a ser a base para o milagre, que significa que compreendeste que sonhos são sonhos
e que o escapar não depende do sonho, mas só do despertar. Seria possível manter alguns sonhos e despertar de outros? A escolha
não se faz entre os sonhos que se deve manter, mas apenas se queres viver nos sonhos ou se queres despertar. Assim é que o
milagre não escolhe alguns sonhos para deixar intocados por sua beneficência. Não podes sonhar alguns sonhos e despertar de ou-
tros, pois ou estás dormindo ou estás desperto. E o sonhar só se dá em um desses dois casos.
2. Os sonhos dos quais pensas gostar te atrasam tanto quanto aqueles nos quais o medo é visto. Pois cada sonho não é senão um
sonho de medo, não importa que forma pareça tomar. O medo é visto dentro, fora, ou em ambos os lugares. Ou pode estar disfarça-
do em uma forma agradável. Mas nunca está ausente do sonho, pois o medo é a matéria prima dos sonhos, da qual todos são feitos.
A sua forma pode mudar, mas não podem ser feitos de nenhuma outra coisa. O milagre seria, de fato, traiçoeiro se permitisse que
continuasses amedrontado por não teres reconhecido o medo. Nesse caso, não estarias disposto a despertar e o mi1agre prepara o
caminho para o despertar.
3. Na forma mais simples pode-se dizer que o ataque é uma resposta à função que não é cumprida assim como tu a percebes. Ela
pode estar em ti ou em alguma outra pessoa, mas aonde quer que seja percebida, lá será atacada. A depressão ou a agressão tem
que ser o tema de todos os sonhos, pois são feitos de medo. O leve disfarce de prazer e de alegria no qual podem estar em-
brulhados apenas encobre ligeiramente a massa pesada de medo que é o seu núcleo. E é isso o que o milagre percebe e não o in-
vólucro no qual está preso.
4. Quando estás com raiva, não é porque alguém falhou em cumprir a função que tu lhe atribuíste? E isso não vem a ser a ―razão‖
pela qual o teu ataque é justificado? Os sonhos dos quais pensas que gostas são aqueles nos quais as funções que atribuíste foram
cumpridas, as necessidades que estabeleceste para ti foram preenchidas. Não importa se são preenchidas ou simplesmente se tu as
queres. É da idéia que elas existem que o medo surge. Os sonhos não são mais ou menos queridos. Ou são desejados ou não o
são. E cada um representa alguma função que atribuíste, alguma meta que um evento, um corpo ou alguma coisa deveria represen-
tar e deveria conseguir para ti. Se isso tem sucesso, pensas que gostas do sonho. Se falha, pensas que o sonho é triste. Mas o fato
de ser bem-sucedido ou de falhar não é o seu núcleo, mas apenas a fina embalagem.
5. Como os teus sonhos viriam a ser felizes se tu não fosses aquele que atribui o papel ―adequado‖ a cada figura que o sonho con-
tém! Pessoa alguma pode falhar, a não ser em relação à idéia que tu fazes dela e não existe traição exceto nisso. O núcleo dos so-
nhos que o Espírito Santo dá nunca é um núcleo de medo. As embalagens podem não parecer mudar, mas o que elas significam
mudou porque estão cobrindo outra coisa. As percepções são determinadas pelo seu propósito, nisso elas parecem ser aquilo para
quê servem. Uma figura de sombra que ataca vem a ser um irmão te dando uma chance de ajudar, se essa vem a ser a função do
sonho. E sonhos de tristeza são assim convertidos em alegria.
211
UM CURSO EM MILAGRES
6. Para que serve o teu irmão? Tu não sabes, porque a tua própria função é obscura para ti. Não atribuas a ele um papel que imagi-
nes que vá te trazer felicidade. E não tentes feri-lo quando ele falha em aceitar o papel que lhe atribuíste naquilo que sonhas que a
tua vida deveria ser. Ele pede ajuda em cada sonho que tem e tu tens a ajuda para lhe dar se vires a função do sonho como o Espíri-
to Santo a percebe, Ele, que pode utilizar todos os sonhos como meios de servir à função que Lhe é dada. Porque Ele ama o sonha-
dor, não o sonho, cada sonho vem a ser uma oferta de amor. Pois no centro do sonho está o Seu Amor por ti, que ilumina qualquer
forma que o sonho possa tomar com amor.

V. A morada imutável
1. Existe um lugar em ti onde todo esse mundo foi esquecido, onde nenhuma memória de pecado e nenhuma ilusão ainda paira.
Existe um lugar em ti que o tempo deixou, no qual os ecos da eternidade são ouvidos. Existe um lugar de descanso tão quieto que
nenhum som, a não ser um hino ao Céu, se eleva para alegrar Deus Pai e Deus Filho. Onde Ambos habitam, Eles são lembrados. E
onde Eles estão, está o Céu e a paz.
2. Não penses que és capaz de mudar a Sua morada. Pois a tua Identidade habita Neles, e onde Eles estão tu tens que estar para
sempre. A imutabilidade do Céu está em ti, tão profundamente interiorizada que tudo nesse mundo apenas passa ao largo, des-
percebido e sem ser visto. A infinidade serena da paz sem fim te cerca gentilmente em seu abraço suave, tão forte e quieta, tão tran-
qüila no poder do seu Criador, que nada é capaz de invadir o sagrado Filho de Deus no seu interior.
3. Aqui está o papel que o Espírito Santo dá a ti, que esperas pelo Filho de Deus e queres contemplá-lo desperto e alegrar-te. Ele é
uma parte de ti e tu és uma parte dele, porque ele é o Filho do seu Pai, e não por nenhum outro propósito que possas ver nele. Nada
te é pedido, apenas que aceites o imutável e o eterno que habitam nele, pois lá está a tua Identidade. A paz em ti só pode ser acha-
da nele. E cada pensamento de amor que ofereces a ele apenas te aproxima do teu despertar para a paz eterna e a alegria sem fim.
4. Esse sagrado Filho de Deus é como tu, o espelho do Amor do seu Pai por ti; é ele que faz lembrar com suavidade o Amor do seu
Pai pelo qual ele foi criado, e que ainda habita nele tanto quanto em ti. Fica muito quieto e ouve a Voz de Deus nele e permite que
Ela te diga qual é a sua função. Ele foi criado para que tu pudesses ser íntegro, pois só o que é completo pode ser uma parte da
completeza de Deus, que te criou.
5. O Pai não te pede nenhuma dádiva a não ser que tu vejas em toda a criação apenas a glória brilhante da Sua dádiva para ti. Eis
aqui o Seu Filho, a Sua dádiva perfeita, no qual o seu Pai brilha para sempre, e a quem toda a criação é dada como se fosse propri-
amente sua. Porque ele a tem, ela te, é dada e onde ela está nele, tu contemplas a tua paz. A quietude que te cerca habita nele, e
dessa quietude vêm os sonhos felizes nos quais as tuas mãos e as suas estão unidas em inocência. Estas não são mãos que se
agarram em sonhos de dor. Elas não seguram nenhuma espada, pois soltaram os seus apegos em relação a qualquer vã ilusão do
mundo. E estando vazias, em vez de ilusões, elas recebem a mão de um irmão na qual se encontra a completeza.
6. Se tu apenas conhecesses a meta gloriosa que está além do perdão, não ficarias preso a nenhum pensamento, por mais leve que
fosse o toque do mal aparentemente presente nele. Pois compreenderias o quanto é grande o custo de manter qualquer coisa que
Deus não tenha dado em mentes capazes de dirigir as mãos para abençoar e conduzir o Filho de Deus à casa de seu Pai. Tu não
queres ser um amigo para com aquele que foi criado pelo seu Pai como a Sua própria casa? Se Deus o estima como alguém digno
Dele próprio, tu o atacarias com mãos de ódio? Quem tocaria o próprio Céu com mãos ensangüentadas e esperaria achar a paz
celestial? O teu irmão pensa que segura a mão da morte. Não acredites nele. Mas, em vez disso, aprendas como tu és bem-
aventurado, tu que és capaz de liberá-lo simplesmente oferecendo-lhe a tua.
7. Um sonho te é dado no qual ele é o teu salvador, não o teu inimigo no ódio. A ti é dado um sonho no qual tu o perdoaste por todos
os seus sonhos de morte, um sonho de esperança que tu compartilhas com ele em vez de sonhar sonhos de ódio, maus e separa-
dos. Por que é que parece ser tão difícil compartilhar esse sonho? Porque, a não ser que o Espírito Santo dê ao sonho a função que
lhe é devida, ele foi feito para o ódio e irá continuar a serviço da morte. Qualquer forma que tome, de alguma maneira chama a mor-
te. E aqueles que servem ao senhor da morte vieram fazer o seu culto em um mundo separado, cada um com sua diminuta lança e
espada enferrujadas para manter suas antigas promessas à morte.
8. Tal é o núcleo de medo em cada sonho que foi mantido à parte, para não ser usado por Ele, Que vê uma função diferente para
cada sonho. Quando sonhos são compartilhados perdem a função de ataque e separação, muito embora tenha sido para isso que
todos os sonhos foram feitos. Entretanto, nada no mundo dos sonhos permanece sem a esperança de mudança e melhora, pois não
é aqui que se acha a imutabilidade. Que possamos ficar de fato contentes que seja assim, e não busquemos o eterno nesse mundo.
Sonhos de perdão são um meio de dar um passo para fora do sonhar de um mundo que está fora de ti mesmo. E conduzem final-
mente para o que está além de todos os sonhos, à paz da vida que dura para sempre.

VI. O perdão e o fim do tempo


1. Em que medida estás disposto a perdoar o teu irmão? Em que medida desejas a paz, ao invés da batalha, da miséria e da dor sem
fim? Essas questões são a mesma, em formas diferentes. O perdão é a tua paz, pois dentro dele está o fim da separação e do so-
nho de perigo e destruição, pecado e morte, de loucura e de assassinato, pesar e perda. Esse é o ―sacrifício‖ que a salvação pede e
alegremente oferece a paz em lugar disso.
2. Não jures morrer, tu, o Filho santo de Deus! Tu fizeste uma barganha que não podes manter. O Filho da Vida não pode ser morto.
Ele é imortal como o seu Pai. O que ele é não pode ser mudado. Ele é a única coisa em todo o universo que tem que ser una. O que
parece ser eterno, tudo isso terá um fim. As estrelas desaparecerão e a noite, e o dia não mais existirão. Todas as coisas que vêm e
vão, as marés, as estações e as vidas dos homens; todas as coisas que mudam com o tempo; que florescem e murcham, não retor-
narão. Onde o tempo estabeleceu um fim, não é onde o eterno pode ser encontrado. O Filho de Deus nunca pode mudar em função
daquilo que os homens fizeram dele. Ele será o mesmo, ontem e hoje, pois o tempo não designou o seu destino, nem estabeleceu a
hora do seu nascimento e da sua morte. O perdão não o mudará. Entretanto, o tempo aguarda o perdão para que as coisas do tem-
po possam desaparecer porque não têm nenhuma utilidade.
3. Nada sobrevive a seu propósito. Se algo é concebido para morrer, então, necessariamente morrerá, a não ser que não tome esse
propósito como seu. A mudança é a única coisa que pode vir a ser uma bênção aqui, onde o propósito não é fixo, por mais imutável
que pareça ser. Não penses que podes estabelecer uma meta que não é como o propósito de Deus para ti, e estabelecê-la como
imutável e eterna. Tu podes dar a ti mesmo um propósito que não tens. Mas não podes remover o poder de mudar a tua mente e ver
nela outro propósito.
212
UM CURSO EM MILAGRES
4. A mudança é a maior das dádivas que Deus deu a tudo o que tu queres fazer com que seja eterno, para assegurar que só o Céu
não passará. Tu não nasceste para morrer. Não podes mudar porque a tua função foi fixada por Deus. Todos as outras metas são
estabelecidas no tempo e mudam de forma que o tempo possa ser preservado, com exceção de uma. O perdão não tem por objetivo
preservar o tempo, mas fazer com que ele termine quando não tiver mais utilidade. Findo o seu propósito, ele desaparecerá. E onde
ele antes tinha aparente trânsito, restaurou-se agora a função que Deus estabeleceu para o Seu Filho em plena consciência. O tem-
po não pode estabelecer um fim para a sua realização nem para a sua imutabilidade. A morte não mais existirá porque os vivos
compartilham a função que o seu Criador lhes deu. A função da Vida não pode ser morrer. Tem que ser a extensão da vida, para que
ela seja uma só para todo o sempre, sem fim.
5. Esse mundo atará os teus pés e as tuas mãos e matará o teu corpo só se pensares que ele foi feito para crucificar o Filho de Deus.
Pois embora ele tenha sido um sonho de morte, não precisas deixar que represente isso para ti. Permite que isso seja mudado e
nada no mundo deixará de ser mudado também. Pois tudo aqui é definido apenas pelo propósito que tu vês nas coisas.
6. Como é belo o mundo cujo propósito é o perdão do Filho de Deus! Como é livre do medo, como é cheio de bênçãos e felicidade! E
que coisa alegre é habitar por um breve momento em um lugar tão feliz! Nem se deve esquecer, em tal mundo, que o momento é
breve até que a intemporalidade venha em quietude tomar o lugar do tempo.

VII. Não busques fora de ti mesmo


1. Não busques fora de ti mesmo. Pois o teu intento falhará e tu chorarás a cada vez que um ídolo cair por terra. O Céu não pode ser
achado onde ele não está e não pode existir paz a não ser no Céu. Cada ídolo que cultuas quando Deus chama, nunca te res-
ponderá em Seu lugar. Não existe nenhuma outra resposta que possas substituir pela de Deus e na qual possas achar a felicidade
que a Sua resposta traz. Não busques fora de ti. Pois toda a tua dor simplesmente vem de uma busca fútil pelo que queres, insis-
tindo quanto ao lugar aonde tem que ser achado. E se não estiver ali? Preferes estar certo ou ser feliz? Fica contente por ter sido
dito a ti aonde habita a felicidade e não busques mais em outra parte. Tu falharás. Mas te é dado conhecer a verdade e não buscá-la
fora de ti mesmo.
2. Ninguém que venha aqui deixa de ter ainda esperança, alguma ilusão remanescente, ou algum sonho de que haja alguma coisa
fora dele próprio que lhe trará felicidade e paz. Se todas as coisas estão nele, isso não pode ser assim. E, portanto, com a sua vinda,
ele nega a verdade a respeito de si mesmo e busca algo que seja mais do que tudo, como se uma parte do todo estivesse separada
e pudesse ser achada onde todo o resto não está. Esse é o propósito que ele concede ao corpo: que o corpo busque aquilo que falta
a ele, e lhe dê aquilo que o faz completo. E assim ele vaga, sem objetivos, em busca de alguma coisa que não pode achar, acredi-
tando que ele é o que não é.
3. A ilusão remanescente o impelirá a buscar milhares de ídolos e outros milhares além desses. E cada um falhará, todos, exceto um:
pois ele morrerá sem compreender que o ídolo que ele busca é apenas a sua própria morte. A forma da morte aparenta estar fora
dele. Entretanto, de fato, ele busca matar o Filho de Deus no interior de si mesmo e provar que é vitorioso sobre ele. Esse é o propó-
sito que cada ídolo tem, pois esse é o papel que lhe é atribuído e esse é o papel que não pode ser cumprido.
4. Sempre que tentas alcançar uma meta segundo a qual a melhoria do corpo é colocada como a meta principal, estás tentando tra-
zer para ti a tua própria morte. Pois acreditas que podes sofrer devido à falta, e falta é morte. Fazer sacrifícios é desistir e assim ficar
sem, tendo sofrido a perda. E por essa desistência abre-se mão da vida. Não busques fora de ti mesmo. A busca implica em não
seres íntegro por dentro e tens medo de olhar para a tua própria devastação, preferindo buscar o que és fora de ti mesmo.
5. Ídolos têm que cair porque não têm vida e o que é sem vida é um sinal de morte. Tu vieste para morrer e que mais poderias espe-
rar senão perceber os sinais da morte que buscas? Nenhuma tristeza e nenhum sofrimento proclamam outra mensagem que não
seja o encontro de um ídolo que representa uma paródia da vida, que por não ter vida é realmente a morte concebida como algo real
ao qual se atribui forma viva. Contudo, cada um desses ídolos tem que falhar, desmoronar e se deteriorar porque uma forma de mor-
te não pode ser vida e o que é sacrificado não pode ser íntegro.
6. Todos os ídolos desse mundo foram feitos para manter a verdade dentro de ti afastada do teu conhecimento, e para manter a ali-
ança com o sonho, segundo o qual tens que achar o que está fora de ti mesmo para seres completo e feliz. É em vão que se cultua
ídolos esperando achar a paz. Deus habita dentro de ti e a tua completeza está Nele. Nenhum ídolo toma o Seu lugar. Não olhes
para ídolos. Não busques fora de ti mesmo.
7. Vamos esquecer o propósito que foi dado ao mundo pelo passado. Pois de outra forma, o futuro será como o passado, não mais
do que uma série de sonhos deprimentes nos quais todos os ídolos falham a ti, um por um, e tu vês a morte e o desapontamento em
toda a parte.
8. Para mudar tudo isso e abrir uma estrada de esperança e de liberação dentro daquilo que aparentava ser um círculo sem fim de
desespero, tu apenas necessitas decidir que não sabes qual é o propósito do mundo. Tu lhe dás metas que ele não tem e dessa
forma decides para quê ele serve. Tentas ver nele um lugar de ídolos achados fora de ti mesmo, com o poder de fazer com que o
que está dentro seja completo, dividindo o que tu és entre os dois. Tu escolhes os teus sonhos, pois são o que desejas, percebidos
como se tivessem sido dados a ti. Os teus ídolos fazem o que queres que façam e têm o poder que tu lhes atribuis. E tu os perse-
gues em vão no sonho, porque queres o seu poder para ti.
9. Entretanto, onde estão os sonhos senão em uma mente adormecida? E é possível que um sonho tenha sucesso em fazer com que
o retrato que ele projeta fora de si mesmo seja real? Economiza tempo, meu irmão, aprende para quê o tempo serve. E apressa o
fim dos ídolos em um mundo que se fez triste e doente por ver ídolos. A tua mente santa é um altar a Deus, e aonde Ele está ne-
nhum ídolo pode habitar. O medo de Deus não é senão o medo da perda dos ídolos. Não é o medo da perda da tua realidade. Mas
tu fizeste da tua realidade um ídolo, o qual tens que proteger contra a luz da verdade. E todo o mundo vem a ser o meio pelo qual
esse ídolo pode ser salvo. Desse modo, a salvação parece ameaçar a vida e oferecer a morte.
10. Não é assim. A salvação busca provar que a morte não existe e que só a vida existe. O sacrifício da morte não é nenhuma perda.
Um ídolo não pode tomar o lugar de Deus. Permite que Ele te lembre do Seu Amor por ti e não busques afogar a Voz de Deus em
cantos de profundo desespero para ídolos de ti mesmo. Não busques fora do teu Pai a tua esperança. Pois a esperança da felicida-
de não é desespero.

213
UM CURSO EM MILAGRES
VIII. O anticristo
1. O que é um ídolo? Tu pensas que sabes? Pois ídolos não são reconhecidos como tais e nunca são vistos pelo que realmente são.
Esse é o único poder que têm. O seu propósito é obscuro, e são temidos e adorados, porque tu não sabes para quê servem e nem
porque foram feitos. Um ídolo é uma imagem do teu irmão que valorizas mais do que o que ele é. Ídolos são feitos para que o teu
irmão possa ser substituído, seja qual for a forma que tomem. E é isso que não é nunca percebido e reconhecido. Seja ele um corpo
ou uma coisa, um lugar, uma situação ou uma circunstância, um objeto possuído ou desejado, ou um,direito exigido ou conseguido,
é a mesma coisa.
2. Não deixes que a forma dos ídolos te engane. Eles são apenas substitutos para a tua realidade. De algum modo, tu acreditas que
completarão o teu pequeno ser, dando-te segurança em um mundo percebido como perigoso, com forças concentradas contra a tua
confiança e a paz da tua mente. Eles têm o poder de suprir o que te falta e acrescentar o valor que tu não tens. Ninguém acredita em
ídolos sem se ter escravizado à pequenez e à perda. E assim, precisa buscar a força além de seu pequeno ser para levantar a cabe-
ça e se colocar à parte de toda a miséria que o mundo reflete. Essa é a penalidade por não olhares para dentro em busca da certeza
e da calma serena que te libera do mundo, e permite que tu te coloques à parte, em quietude e em paz.
3. Um ídolo é uma falsa impressão, ou uma falsa crença; alguma forma de anticristo, que constitui uma brecha entre o Cristo e o que
tu vês. Um ídolo é um desejo, que se faz tangível e ao qual é dado uma forma, e assim ele é percebido como real e visto fora da
mente. Entretanto, ele ainda é um pensamento e não pode deixar a mente que é a sua fonte. Também a sua forma não está à parte
da idéia que ele representa. Todas as formas do anticristo se opõem a Cristo. E caem diante da Sua face como um véu escuro que
parece se fechar separando-te Dele e deixando-te sozinho na escuridão. Contudo, a luz está lá. Uma nuvem não apaga o sol. E nem
um véu é capaz de banir aquilo que ele parece separar, assim como não é capaz de escurecer nem por um milímetro a luz em si
mesma.
4. Esse mundo de ídolos é um véu por cima da face de Cristo, porque o seu propósito é separar o teu irmão de ti. Um propósito escu-
ro e amedrontador, contudo não passa de um pensamento sem o poder de mudar uma folha de grama de uma coisa viva em um
sinal de morte. A sua forma não está em parte alguma, pois a sua fonte habita dentro da tua mente, onde Deus não habita. Aonde é
esse lugar no qual aquilo que está em toda parte foi excluído e é mantido à parte? Que mão poderia se levantar para bloquear o ca-
minho de Deus? De quem é a voz que poderia exigir que Ele não entrasse? Aquilo que Se crê ―mais do que tudo‖ não é algo capaz
de te fazer tremer e te encolher por medo. O inimigo de Cristo não está em lugar nenhum. Ele jamais pode tomar uma forma na qual
seja real.
5. O que é um ídolo? Nada! É preciso que se acredite nele antes que ele pareça vir à vida e a ele tem que ser dado o poder através
do qual possa ser temido. A sua vida e poder são dádivas daquele que acredita nele, e é isso o que o milagre devolve àquele que
tem vida e poder dignos da dádiva do Céu e da paz eterna. O milagre não restaura a verdade, pois o véu que está entre eles não
apagou a luz. Ele meramente levanta o véu e permite que a verdade brilhe a descoberto, sendo o que é. Ela não necessita de crença
alguma para ser ela mesma, pois foi criada e assim é.
6. Um ídolo é estabelecido pela crença e quando ela é retirada, o ídolo ―morre‖. Isso é o anticristo: a estranha idéia de que há um
poder além da onipotência, um lugar além do infinito, um tempo que transcende o eterno. Aqui o mundo dos ídolos foi estabelecido
pela idéia de que foi dada uma forma a esse poder, a esse lugar e a esse tempo e eles moldam o mundo onde o impossível aconte-
ceu. Aqui, o que não morre vem para morrer, o que tudo abrange vem a sofrer perda, o que é sem tempo vem para se fazer escravo
do tempo. Aqui o imutável muda; a paz de Deus, para sempre dada a todas as coisas vivas, dá lugar ao caos. E o Filho de Deus, tão
perfeito, sem pecado e amoroso como seu Pai, vem para odiar por um breve momento, para sofrer dor e finalmente morrer.
7. Onde está um ídolo? Em parte alguma! É possível haver uma brecha no que é infinito, um lugar onde o tempo é capaz de inter-
romper a eternidade? Um lugar de escuridão estabelecido onde tudo é luz, uma alcova sombria separada do que não tem fim, não
tem lugar para ser. Um ídolo está além do lugar onde Deus estabeleceu todas as coisas para sempre, sem deixar espaço para nada
exceto a Sua Vontade. Um ídolo tem que ser nada e tem que estar em lugar nenhum, pois Deus é tudo te está em toda parte.
8. Que propósito tem um ídolo, então? Para quê ele serve? Essa é a única questão que tem muitas respostas, cada uma delas de-
pendendo da pessoa a quem a questão é colocada. O mundo acredita em ídolos. Ninguém vem a ele a menos que os adore, e ainda
tente buscar um ídolo que possa lhe oferecer uma dádiva que a realidade não contenha. Cada idólatra ancora a sua esperança na
crença em que suas divindades especiais lhe darão mais do que os outros homens possuem. Tem que ser mais. Não importa real-
mente mais de ―quê, se é mais beleza, mais inteligência, mais riqueza, ou até mesmo mais aflição e mais dor. Mas um ídolo é para
se ter mais de alguma coisa. E quando um falha, outro toma o seu lugar, com a esperança de achar mais de alguma outra coisa. Não
te enganes com as formas que essa ―alguma coisa‖ toma. Um ídolo é um meio de se conseguir mais. E é isso que vai contra a Von-
tade de Deus.
9. Deus não tem muitos filhos, apenas um. Quem pode ter mais e a quem pode ser dado menos? No Céu o Filho de Deus apenas
riria, se ídolos pudessem interferir com a sua paz. É por ele que o Espírito Santo fala e te diz que ídolos não têm propósito algum
aqui. Pois mais do que o Céu, tu nunca podes ter. Se o Céu está dentro de ti, por que irias buscar ídolos que fariam do Céu menos
do que ele é, para dar-te mais do que Deus deu ao teu irmão e a ti, que és um com Ele? Deus te deu tudo o que existe. E para estar
certo de que não o perderias, Ele deu também o mesmo a cada coisa viva. E assim cada coisa viva é uma parte de ti, assim como
Dele. Nenhum ídolo pode fazer com que sejas mais do que Deus. Mas nunca ficarás satisfeito em ser menos.

IX. O sonho que perdoa


1. O escravo de ídolos é um escravo voluntário. Pois ele tem que estar disposto a se inclinar em adoração diante do que não tem vida
e a buscar poder no que não tem poder. O que aconteceu ao santo Filho de Deus para que esse pudesse ser o seu desejo, para que
ele se deixasse cair e descer ainda mais baixo do que as pedras do chão e ficasse procurando ídolos para que eles o levantem?
Ouve, então, a tua história no sonho que fizeste e pergunta a ti mesmo se não é verdade que acreditas que isso não é um sonho.
2. Um sonho de julgamento entrou na mente que Deus criou tão perfeita quanto Ele próprio. E nesse sonho, o Céu virou inferno, e
fez-se de Deus um inimigo para com Seu Filho. Como pode o Filho de Deus despertar do sonho? É um sonho de julgamento. Assim
é preciso que ele não julgue e despertará. Pois o sonho parecerá durar enquanto ele faz parte do sonho. Não julgues, pois aquele
que julga terá necessidade de ídolos que arcarão com o julgamento impedindo que o mesmo caia sobre ele. E assim também não
poderá conhecer o Ser que ele condenou. Não julgues, porque fazes de ti mesmo uma parte dos sonhos maus, onde ídolos são a
tua ―verdadeira‖ identidade e a tua salvação do julgamento é colocada sobre ti no terror e na culpa.

214
UM CURSO EM MILAGRES
3. Todas as figuras no sonho são ídolos, feitos para salvar-te do sonho. Contudo, eles foram feitos para salvar-te exatamente daquilo
de que fazem parte. Assim é que o ídolo mantém o sonho vivo e terrível, pois quem poderia desejar um, a não ser que estivesse no
terror e no desespero? E isso o ídolo representa, e assim a idolatria dos ídolos é a idolatria do desespero e do terror, e do sonho do
qual eles vêm. O julgamento é uma injustiça para com o Filho de Deus, e é justiça o fato de que aquele que o julga não escapará da
penalidade que infligiu a si próprio dentro do sonho que fez. Deus sabe da justiça, não da penalidade. Mas no sonho do julgamento
tu atacas e és condenado; e desejas ser o escravo de ídolos, que se interpõem entre o teu julgamento e a penalidade que ele traz.
4. Não pode haver salvação no sonho enquanto o estás sonhando. Pois os ídolos têm que fazer parte dele, para salvar-te daquilo que
tu acreditas que realizaste e fizeste para fazer de ti mesmo um pecador, apagando a luz dentro de ti. Pequena criança, a luz está
aqui. Tu estás apenas sonhando e os ídolos são brinquedos com os quais sonhas que estás brincando. Quem tem necessidade de
brinquedos a não ser as crianças? Elas fingem que governam o mundo e dão aos seus brinquedos o poder de se locomoverem, de
falarem e de pensarem, de serem e de falarem por elas. Entretanto, tudo aquilo que os seus brinquedos aparentemente fazem está
nas mentes das crianças que com eles brincam. Mas elas anseiam por esquecer que elas próprias inventaram o sonho no qual os
seus brinquedos são reais, e não reconhecem que os desejos que eles têm são os seus próprios.
5. Pesadelos são sonhos de crianças. Os brinquedos se voltaram contra a criança que pensou tê-los feito reais. No entanto, é possí-
vel um sonho atacar? Ou é possível um brinquedo crescer e tomar-se perigoso, ameaçador e selvagem? Nisso a criança acredita,
porque tem medo de seus pensamentos e os atribui aos brinquedos em vez de a si mesma. E a realidade deles vem a ser a sua
realidade, porque parecem salvá-la de seus pensamentos. Contudo, eles mantêm os seus pensamentos vivos e reais, só que vistos
fora dela, onde podem voltar-se contra ela, pela traição que ela faz a eles. Ela pensa que necessita deles para poder escapar dos
próprios pensamentos porque pensa que os seus pensamentos são reais. E assim ela faz de qualquer coisa um brinquedo, para
fazer com que o seu mundo permaneça fora dela e brincar de ser apenas uma parte dele.
6. Há uma época em que a infância deveria passar e acabar para sempre. Não busques reter os brinquedos das crianças. Põe todos
de lado, pois já não necessitas deles. O sonho do julgamento é um jogo de criança, no qual a criança vem a ser o pai, poderoso,
mas com o pouco juízo de uma criança. O que a fere é destruído; o que a ajuda, abençoado. Mas isso é julgado do mesmo modo
como julga uma criança, que não sabe o que fere e o que irá curar. E coisas ruins parecem acontecer e ela tem medo de todo o caos
em um mundo que pensa que é governado pelas leis que ela mesma fez. No entanto, o mundo real não é afetado pelo mundo que
ela pensa que é real. Tampouco as suas leis foram mudadas porque ela não as compreende.
7. O mundo real ainda é apenas um sonho. Mas as figuras mudaram. Elas não são vistas como ídolos que traem. É um sonho no
qual ninguém é usado para substituir alguma outra coisa, nem interposto entre os pensamentos que a mente concebe e aquilo que
ela vê. Ninguém é usado como algo que não é, pois as coisas infantis foram todas postas de lado. E o que uma vez foi um sonho de
julgamento, agora mudou e veio a ser um sonho no qual tudo é alegria, porque esse é o propósito que ele tem. Só sonhos que per-
doam podem entrar aqui, pois o tempo está quase no fim. E as formas que entram no sonho são agora percebidas como irmãos, não
em julgamento, mas em amor.
8. Sonhos de perdão têm pouca necessidade de durar. Eles não são feitos para separar a mente daquilo que ela pensa. Eles não
buscam provar que o sonho está sendo sonhado por alguma outra pessoa. E nestes sonhos ouve-se uma melodia que todos lem-
bram, embora não a tenham ouvido desde antes do início dos tempos. O perdão, uma vez completo, traz a intemporalidade para tão
perto que a canção do Céu pode ser ouvida, não com os ouvidos, mas com a santidade que nunca deixou o altar que habita para
sempre profundamente dentro do Filho de Deus. E quando ele ouve essa canção outra vez, sabe que nunca deixou de ouvi-la. E
onde está o tempo, quando os sonhos de julgamento foram postos de lado?
9. Sempre que sentires medo, sob qualquer forma – e tu estás amedrontado se não sentes um profundo contentamento, uma certeza
de seres ajudado, uma calma segurança de que o Céu vai contigo – estejas certo de que fizeste um ídolo e acreditas que ele vai
trair-te. Pois, por trás da tua esperança de que ele vá salvar-te, estão a culpa e a dor da auto-traição e da incerteza, tão profundas e
amargas que o sonho não é capaz de ocultar completamente todo o teu sentimento de perdição. A tua auto-traição tem que resultar
em medo, pois o medo é julgamento, levando com certeza à busca frenética de ídolos e da morte.
10. Sonhos que perdoam lembram a ti de que vives em segurança e que não atacaste a ti mesmo. Assim dissipam-se os teus terrores
infantis e os sonhos vêm a ser um sinal de que fizeste um novo começo, não uma outra tentativa de adorar ídolos e manter o ataque.
Sonhos que perdoam são benignos para com todas as pessoas que figuram no sonho. E assim trazem ao sonhador liberação plena
dos sonhos de medo. Ele não tem medo do próprio julgamento, pois não julgou ninguém e nem buscou se liberar, através do julga-
mento, daquilo que o julgamento necessariamente impõe. E durante todo o tempo ele está se lembrando do que esqueceu, enquanto
o julgamento parecia ser o caminho para salvá-lo da penalidade de julgar.

CAPÍTULO 30 - O NOVO COMEÇO

Introdução
1. O novo começo agora vem a ser o foco do currículo. A meta está clara, mas nesse momento precisas de métodos específicos para
atingi-la. A rapidez com que ela pode ser a1cançada depende de uma única coisa: a tua disponibilidade para praticar cada passo.
Cada um ajudará um pouco a cada vez que for tentado. E todos juntos estes passos te conduzem dos sonhos de julgamento aos
sonhos que perdoam e para fora da dor e do medo. Eles não são novos para ti, são mais idéias do que regras de pensamento para ti
por enquanto. Portanto, agora, nós precisamos praticá-los por algum tempo até que venham a ser as regras pelas quais vives. Agora
nós buscamos fazer com que sejam hábitos, de tal forma que venhas a tê-los à mão para qualquer necessidade.

I. Regras para decisões


1. As decisões são contínuas. Não é sempre que sabes quando as estás tomando. Mas, com um pouco de prática com aquelas que
reconheces, começa a se formar um padrão que te conduz através do resto. Não é sábio deixar-te ficar demasiadamente preocupa-
do com cada passo que dás. O padrão adequado, adotado conscientemente a cada vez que despertas, vai fazer com que avances
bem. E se achares que a tua resistência é muito forte e que a tua dedicação é pouca, não estás pronto. Não lutes contigo mesmo.
Mas, pensa no tipo de dia que queres, e dize a ti mesmo que há um caminho no qual esse dia pode acontecer exatamente assim.
Então, tenta mais uma vez ter o dia que queres.

215
UM CURSO EM MILAGRES
(1) O enfoque começa com o seguinte:
Hoje, eu não tomarei decisões por minha conta.
Isso significa que estás optando por não seres o juiz do que fazer. Mas também tem que significar que não julgarás as situações às
quais serás chamado a responder. Pois se as julgares, terás estabelecido as regras segundo as quais deves reagir nelas. E nesse
caso uma outra resposta não pode produzir senão confusão, incerteza e medo.
3. Esse é o teu maior problema agora. Ainda tomas a tua decisão e então resolves perguntar o que deves fazer. E o que ouves pode
não resolver o problema da maneira como o encaraste a princípio. Isso conduz ao medo, porque contradiz o que percebes e assim
te sentes atacado. E, portanto, com raiva. Existem regras através das quais isso não acontecerá. Mas de fato ocorre a princípio, en-
quanto ainda estás aprendendo como ouvir.
4. (2) Durante todo o dia, a qualquer momento em que penses a respeito disso e tenhas um momento quieto para reflexão, dize mais
uma vez a ti mesmo qual é o tipo de dia que queres, os sentimentos que queres ter, as coisas que queres que te aconteçam e as
coisas que queres experimentar e dize:
Se eu não tomar nenhuma decisão por mim mesmo, esse é o dia que me será dado.
Estes dois procedimentos, bem praticados, servirão para permitir que sejas orientado sem medo, pois a oposição não surgirá em
primeiro lugar e, portanto, não poderá vir a ser um problema em si mesma.
5. Mas ainda assim existirão momentos nos quais já terás julgado. Agora, a resposta irá provocar ataque, a não ser que rapidamente
endireites a tua mente a ponto de quereres uma resposta que funcione. Certifica-te de que foi isso o que ocorreu, caso não te sintas
disposto a sentar-te e pedir que a resposta te seja dada. Isso significa que já te decidiste por conta própria e não podes ver a ques-
tão. Agora, precisas de uma rápida restauração, antes de perguntares outra vez.
6. (3) Lembra mais uma vez do dia que queres e reconhece que alguma coisa ocorreu que não é parte dele. Então, reconhece que
colocaste uma pergunta por conta própria e necessariamente estabeleceste uma resposta nos teus próprios termos. Então, dize:
Eu não tenho nenhuma pergunta. Eu esqueci o que decidir.
Isso anula os termos que estabeleceste e deixa que a resposta te mostre qual foi realmente a questão.
7. Tenta observar essa regra sem demora, apesar da tua resistência a ela. Pois já ficaste com raiva. E o teu medo de receber uma
resposta diferente do que a tua versão da pergunta pede crescerá em velocidade proporcional ao tempo, até que acredites que o dia
que queres é aquele no qual consegues a tua resposta para a tua pergunta. E não a conseguirás, pois ela destruiria o dia por roubar-
te aquilo que realmente queres. Isso pode ser muito difícil de ser reconhecido, uma vez que já tenhas decidido por tua própria conta
as regras que te prometem um dia feliz. Entretanto, essa decisão ainda pode ser desfeita, por meio de métodos simples que podes
aceitar.
8. (4) Se estás tão pouco disposto a receber que não podes sequer abrir mão da tua pergunta, podes começar a mudar a tua mente
com isso:
Pelo menos, eu posso decidir que não gosto do que sinto agora.
Isso é óbvio, e prepara o caminho para o próximo passo que se torna fácil.
9. (5) Tendo decidido que não gostas do modo como te sentes, o que poderia ser mais fácil do que continuar com:
E assim eu espero ter estado errado.
Isso funciona contra o senso de resistência e lembra-te que a ajuda não está sendo imposta a ti, mas é algo que queres e da qual
necessitas porque não gostas da maneira como te sentes. Essa abertura diminuta será suficiente para permitir que vás adiante com
apenas mais alguns poucos passos que precisas dar para que te permitas ser ajudado.
10. Agora atingiste o momento da decisão, porque te ocorreu que sairás ganhando se o que decidiste não for assim. Até que esse
ponto seja alcançado; acreditarás que a tua felicidade depende de estares certo. Mas esse tanto de razão já atingiste: viste que esta-
rias melhor caso estivesses errado.
11. (6) Esse diminuto grão de sabedoria bastará para levar-te adiante. Não és obrigado a nada, mas simplesmente esperas receber
uma coisa que queres. E podes dizer com perfeita honestidade:
Quero um outro modo de olhar para isso.
Agora mudaste a tua mente a respeito do dia e lembraste do que realmente queres. O propósito que ele tem não mais é obscurecido
pela crença insana segundo a qual o queres com a meta de estares certo, quando estás errado. Assim, o fato de estares pronto para
pedir é trazido à tua consciência, pois não podes estar em conflito quando pedes o que queres e vês que é isso que pedes.
12. (7) Esse passo final não é senão o reconhecimento da ausência de resistência para receberes ajuda. É a declaração de uma
mente aberta, que ainda não está certa, mas está disposta que lhe mostrem algo:
Talvez haja um outro modo de olhar para isso.
O que posso perder por perguntar?
Assim podes agora colocar uma pergunta que faz sentido e assim a resposta também fará sentido. 6Tampouco lutarás contra ela,
pois vês que és tu que serás ajudado por ela.
13. É preciso ficar claro que é mais fácil ter um dia feliz se impedires completamente a entrada da infelicidade. Mas isso requer práti-
ca das regras que irão proteger-te da devastação do medo. Quando isso tiver sido conseguido, o triste sonho de julgamento terá sido
para sempre desfeito. Mas, por enquanto, tens necessidade de praticar as regras do seu desfazer. Vamos, então, considerar mais
uma vez a primeira das decisões que são aqui oferecidas.
14. Nós dissemos que podes dar início a um dia feliz com a determinação de não tomares decisões por tua própria conta. Isso parece
ser uma decisão real em si mesma. E, no entanto, não és capaz de tomar decisões por ti mesmo. A única questão realmente é: com
que ajuda escolhes tomá-las. Isso é tudo na realidade. A primeira regra, então, não é a coerção, mas uma simples declaração de um

216
UM CURSO EM MILAGRES
simples fato. Não tomarás decisões por conta própria seja o que for que venhas a decidir. Pois elas são tomadas com ídolos ou com
Deus. E pedes ajuda ao anticristo ou ao Cristo, e aquele que escolheres unir-se-á a ti e te dirá o que fazer.
15. O teu dia não é ao acaso. Ele é determinado por aquilo com o qual escolhes vivê-lo e pelo modo que o amigo a quem procuraste
para pedir conselhos percebe a tua felicidade. Tu sempre pedes conselho antes de te decidires por qualquer coisa que seja. Deixa
que isso seja compreendido e verás que não pode existir coerção aqui, nem justificativas para resistência para que possas ser livre.
Não existe liberdade em relação ao que não pode deixar de ocorrer. 6E se pensas que existe, não podes deixar de estar errado.
16. A segunda regra, do mesmo modo, não é senão um fato. Pois tu e o teu conselheiro têm que estar de acordo em relação ao que
queres antes que possa ocorrer. É só esse acordo que permite que todas as coisas aconteçam. Nada pode ser causado sem alguma
forma de união, seja um sonho de julgamento ou a Voz por Deus. Decisões causam resultados porque não são tomadas em isola-
mento. Elas são tomadas por ti e pelo teu conselheiro, para ti mesmo e também para o mundo. Tu ofereces ao mundo o dia que que-
res, pois ele será aquilo que pediste e irá reforçar o domínio do teu conselheiro no mundo. Quem é o senhor do mundo para ti hoje?
Que tipo de dia decidirás ter?
17. Basta que haja duas pessoas querendo ter felicidade nesse dia para prometê-la ao mundo inteiro. Basta que duas pessoas com-
preendam que elas não podem decidir sozinhas para garantir que a alegria que pediram seja totalmente compartilhada. Pois com-
preenderam a lei básica que faz com que a decisão seja poderosa e dá a ela todos os efeitos que ela jamais terá. Bastam dois. Es-
tes dois estão unidos antes que possa haver uma decisão. Permite que esse seja o único conselho que manterás em mente e terás
o dia que queres, e o darás ao mundo porque o tens. O teu julgamento terá sido suspenso no mundo pela tua decisão em favor de
um dia feliz. E assim como recebeste, assim tens que dar.

II. O livre arbítrio


1. Será que não compreendes que opor-te ao Espírito Santo é lutar contra ti mesmo? Ele te diz apenas a tua vontade, Ele fala por ti.
Na Sua Divindade está apenas a tua. E tudo o que Ele sabe não é senão o teu conhecimento, guardado para ti de modo que possas
fazer a tua vontade através Dele. Deus pede que faças a tua vontade. Ele une-Se a ti. Ele não estabeleceu o Seu reino sozinho. E o
próprio Céu não representa senão a tua vontade, onde tudo o que é criado é para ti. Nenhuma centelha de vida foi criada sem o teu
alegre consentimento, assim como queres que seja. E nenhum Pensamento que Deus jamais tenha tido deixou de esperar pela tua
bênção para nascer. Deus não é nenhum inimigo para ti. Ele nada pede além de ouvir-te chamá-Lo de ―Amigo‖.
2. Como é maravilhoso fazer a tua vontade! Pois isso é liberdade. Não há nenhuma outra coisa que jamais deva ser chamada por
esse nome. A não ser que faças a tua vontade, não és livre. E Deus iria deixar o Seu Filho sem aquilo que ele escolheu para si
mesmo? Deus apenas garantiu que jamais perderias a tua vontade quando Ele te deu a Sua Resposta perfeita. Ouve-A agora, para
que possas lembrar-te do Seu Amor e aprender a tua vontade. Deus não quer que o Seu Filho seja feito prisioneiro daquilo que ele
não quer. Ele une-Se a ti na tua disponibilidade para ser livre. E opor-te a Ele é fazer uma escolha contra ti mesmo e escolher ser
limitado.
3. Olha mais uma vez para o teu inimigo, aquele que escolheste odiar ao invés de amar. Pois assim nasceu o ódio no mundo e assim
foi o reinado do medo estabelecido aqui. Agora, que ouças Deus falar contigo através Dele, Que é a Sua Voz e também a tua, lem-
brando-te que não é tua vontade odiar e ser um prisioneiro do medo, um escravo da morte, uma pequena criatura com uma pequena
vida. A tua vontade é sem limites, não é tua vontade que ela seja limitada. O que está em ti uniu-se ao próprio Deus no nascimento
de toda a criação. Lembra-te Daquele que te criou e, através da tua vontade, criou todas as coisas. Nenhuma das coisas criadas
deixa de te dar graças, pois foi pela tua vontade que ela nasceu. Nenhuma luz do Céu brilha a não ser para ti, pois foi posta no Céu
pela tua vontade.
4. Que motivo tens para a raiva em um ―mundo que meramente espera a tua bênção para ser livre? Se tu fores prisioneiro, o próprio
Deus não poderia ser livre. Pois o que é feito àquele a quem Deus tanto ama, é feito ao próprio Deus. Não penses que Ele quer limi-
tar-te, Ele Que te fez co-criador do universo com Ele. Ele não quer senão manter a tua vontade sem limites para todo o sempre. Esse
mundo espera a liberdade que tu vais lhe dar quando tiveres reconhecido que és livre. Mas não perdoarás o mundo enquanto não O
perdoares, a Ele Que te deu a tua vontade. Pois é pela tua vontade que a liberdade é dada ao mundo. Tampouco podes ser livre à
parte Dele, Cuja Vontade santa tu compartilhas.
5. Deus Se volta para ti para pedir que o mundo seja salvo, pois pela tua própria salvação ele é curado. E ninguém caminha sobre
essa terra sem depender da tua decisão para aprender que a morte não tem poder sobre ele, porque ele compartilha da tua liberda-
de assim como compartilha da tua vontade. É a tua vontade curá-lo e porque tu decidiste com ele, ele é curado. E agora Deus é per-
doado, pois escolheste olhar para o teu irmão como para um amigo.

III. Além de todos os ídolos


1. Ídolos são bastante específicos. Mas a tua vontade é universal, sendo sem limites. E assim ela não tem forma, nem fica contente
quando tem a sua expressão em termos de forma. Ídolos são limites. São a crença em que existem certas formas que te trarão felici-
dade e em que, através da limitação, tudo é atingido. É como se dissesses: ―Não tenho necessidade de tudo. Quero essa pequena
coisa e ela será tudo para mim.‖ E isso não pode deixar de falhar em satisfazer porque é tua vontade que tudo seja teu. Decide-te
por ídolos e estás pedindo a perda. Decide-te pela verdade e todas as coisas são tuas.
2. O que buscas não é forma. Que forma pode ser um substituto para o Amor de Deus o Pai? Que forma pode tomar o lugar de todo
o amor na Divindade de Deus Filho? Que ídolo pode fazer dois do que é um só? E é possível que o que é sem limites seja limitado?
Tu não queres um ídolo. Não é tua vontade ter um ídolo. Ele não te concederá a dádiva que buscas. Quando te decides pela forma
daquilo que queres, perdes a compreensão do seu propósito. Assim vês a tua vontade dentro do ídolo; reduzindo-a a uma forma
específica. Entretanto, essa nunca poderia ser a tua vontade, porque o que compartilha de toda a criação não pode ficar contente
com pequenas idéias e pequenas coisas.
3. Por trás da busca de qualquer ídolo está o anseio pela completeza. A integridade não tem forma porque é ilimitada. Buscar uma
pessoa especial ou uma coisa especial para somar-se a ti e te completar só pode significar que acreditas que alguma forma está fal-
tando. E achando-a, atingirás a completeza em uma forma que gostas. Esse é o propósito de um ídolo: que não olhes além dele
para a origem da crença segundo a qual tu és incompleto. Só se tivesses pecado, é que isso poderia ser assim. Pois o pecado é a
idéia segundo a qual estás sozinho e separado do que é íntegro. E assim seria necessário que a busca da integridade fosse feita
além das fronteiras dos limites impostos a ti mesmo.
217
UM CURSO EM MILAGRES
4. Nunca é o ídolo que queres. Mas o que pensas que ele te oferece, isso de fato queres e tens o direito de pedir. Nem seria possível
que isso te fosse negado. A tua vontade de ser completo não é senão a Vontade de Deus e te é dada por ser Dele. Deus não conhe-
ce forma alguma. Ele não pode responder-te em termos que não têm significado. E a tua vontade não poderia satisfazer-se com for-
mas vazias, feitas apenas para preencher uma brecha que não existe. Não é isso que queres. A criação não dá a ninguém separa-
damente, nem a nenhuma coisa separada o poder de completar o Filho de Deus. Que ídolo pode ser chamado para dar ao Filho de
Deus o que ele já tem?
5. A completeza é a função do Filho de Deus. Ele não tem absolutamente nenhuma necessidade de buscá-la. Além de todos os ído-
los está a sua vontade santa de ser apenas o que ele é. Pois mais do que o todo não tem significado. Se existisse alguma mudança
nele, se pudesse ser reduzido a qualquer forma e limitado àquilo que não está nele, ele não seria como Deus o criou. De que ídolo
pode ele necessitar para ser ele mesmo? É capaz de descartar uma parte de si mesmo? O que não é íntegro não pode tornar ínte-
gro. Mas o que é realmente pedido não pode ser negado. A tua vontade é concedida. Não em uma forma que não vá contentar-te,
mas no Pensamento íntegro, completamente belo que Deus mantém de ti.
6. Nada do que Deus não conhece existe. E o que Ele conhece existe para sempre, imutavelmente. Pois os pensamentos duram por
tanto tempo quanto a mente que neles pensou. E na Mente de Deus não há fim, nem um momento no qual Seus Pensamentos este-
jam ausentes ou possam sofrer qualquer mudança. Pensamentos não nascem e não podem morrer. Eles compartilham os atributos
do seu criador e também não têm uma vida separada da sua. Os pensamentos que pensas estão em tua mente, assim como tu es-
tás na Mente Que pensou em ti. E assim não existem partes separadas naquilo que existe dentro da Mente de Deus. Ela é para
sempre una, eternamente unida e em paz.
7. Pensamentos parecem ir e vir. Entretanto, tudo o que isso significa é que, às vezes, estás ciente deles e, às vezes, não. Um pen-
samento que não é lembrado renasce para ti quando volta à tua consciência. No entanto, ele não morreu enquanto o esqueceste.
Esteve sempre presente, mas não estavas ciente dele. O Pensamento que Deus mantém de ti é perfeitamente intocado pelo teu
esquecimento. Ele sempre será exatamente como era antes do tempo em que o esqueceste, e será exatamente o mesmo quando o
relembrares. E é o mesmo durante o intervalo em que o esqueceste.
8. Os Pensamentos de Deus estão muito além de qualquer mudança e brilham para sempre. Eles não esperam por nascer. Esperam
boas-vindas e serem lembrados. O Pensamento que Deus mantém de ti é como uma estrela, imutável no Céu eterno. Tão elevada
no Céu está ela, que aqueles que estão fora do Céu, não sabem que ela está lá. Entretanto, quieta, branca e bela, ela brilhará atra-
vés de toda a eternidade. Não houve tempo algum em que ela não estivesse lá, nenhum instante em que a sua luz tenha diminuído
ou se mostrado menos perfeita.
9. Quem conhece o Pai conhece essa luz, pois Ele é o firmamento eterno que a mantém a salvo, para sempre elevada e ancorada
em segurança. Sua pureza perfeita não depende de ser vista na terra ou não. O firmamento a abraça e suavemente a mantém em
seu lugar perfeito, que está tão distante da terra quanto a terra do Céu. Não é a distância nem é o tempo que mantém essa estrela
invisível na terra. Mas aqueles que buscam ídolos não podem ter o conhecimento de que a estrela esteja lá.
10. Além de todos os ídolos está o Pensamento que Deus mantém de ti. Completamente intocado pelo tumulto e pelo terror do mun-
do, os sonhos de nascimento e de morte que são aqui sonhados, as miríades de formas que o medo pode tomar; inteiramente imper-
turbado, o Pensamento que Deus mantém de ti permanece exatamente como sempre foi. Cercado por uma quietude tão completa
que nenhum som de batalha se aproxima nem sequer de forma remota, ele descansa na certeza e na paz perfeita. Aqui está a sua
única realidade mantida em segurança, completamente inconsciente de todo o mundo que cultua ídolos e que não conhece a Deus.
Na perfeita confiança da sua imutabilidade e do seu descanso na sua casa eterna, o Pensamento que Deus mantém de ti nunca
deixou a Mente de seu Criador, a Quem ele conhece do mesmo modo que o seu Criador tem o conhecimento de que ele está lá.
11. Onde poderia estar o Pensamento que Deus mantém de ti se não onde tu estás? É a tua realidade algo que está à parte de ti,
situado em um mundo sobre o qual a tua realidade nada conhece? Fora de ti não há firmamento eterno, não há estrela imutável e
nenhuma realidade. A mente do Filho do Céu está no Céu, pois lá a Mente do Pai e do Filho uniram-Se na criação que não pode ter
fim. Tu não tens duas realidades, mas uma só. Tampouco é possível que estejas ciente de mais de uma. Um ídolo ou o Pensamento
que Deus mantém de ti é a tua realidade. Não te esqueças, portanto, que os ídolos têm que guardar escondido aquilo que tu és, não
da Mente de Deus, mas da tua própria. A estrela ainda brilha, o firmamento nunca mudou. Mas tu, o Filho santo do próprio Deus,
estás inconsciente da tua realidade.

IV. A verdade atrás das ilusões


1. Tu atacarás aquilo que não satisfaz e assim não verás que o inventaste. Tu sempre lutas contra ilusões. Pois a verdade que está
por trás é tão bela e tão serena em amorosa gentileza, que se estivesses ciente dela, te esquecerias inteiramente de te colocares na
defensiva e correrias para o seu abraço. A verdade nunca poderia ser atacada. E disso tu sabias quando fizeste ídolos. Eles foram
feitos para que isso pudesse ser esquecido. Só atacas as idéias falsas, nunca as verdadeiras. Todos os ídolos são idéias falsas que
fizeste para preencher a brecha que pensaste ter surgido entre ti mesmo e o que é verdadeiro. E os atacas em nome das coisas que
pensas que representam. O que está além dos ídolos não pode ser atacado.
2. Os exaustivos e insatisfatórios deuses que fizeste são brinquedos inflados de criança. Uma criança se assusta quando uma cabeça
de madeira salta de uma caixa fechada que é repentinamente aberta, ou quando um urso de pelúcia macio e silencioso começa a
rosnar no momento em que ela o segura. As regras que ela fez para as caixas e para os ursos falharam e quebraram o seu ―con-
trole‖ daquilo que a cerca. E ela tem medo porque pensava que essas regras a protegiam. Agora, precisa aprender que as caixas e
os ursos não a enganaram, não quebraram regra nenhuma, nem significam que o seu mundo se tomou caótico e sem segurança.
Ela se equivocou. Compreendeu mal o que é que a fazia estar segura e pensou que isso tinha ido embora.
3. A brecha que não existe é preenchida com brinquedos de inúmeras formas. E cada um aparentemente quebra as regras que esta-
beleceste para ele. Ele nunca foi o que pensavas. Não pode deixar de aparentemente quebrar as tuas regras de segurança, já que
essas regras estavam erradas. Mas tu não estás em perigo. Podes rir das cabeças que pulam e dos brinquedos que rosnam, assim
como a criança que aprende que eles não são uma ameaça para ela. Entretanto, enquanto gostar de brincar com eles, ela os perce-
berá como se estivessem obedecendo às regras que fez para a sua diversão. Assim, ainda existem regras que eles aparentemente
podem quebrar, assustando-a. No entanto, está ela à mercê de seus brinquedos? E podem eles representar qualquer ameaça para
ela?

218
UM CURSO EM MILAGRES
4. A realidade observa as leis de Deus, e não as regras que estabeleceste. São as Suas leis que garantem a tua segurança. Todas as
ilusões a respeito de ti mesmo, nas quais acreditas, não obedecem a lei alguma. Elas parecem dançar por algum tempo de acordo
com as regras que estabeleceste para elas. Mas então caem e não conseguem reerguer-se. Elas são apenas brinquedos, minha
criança, portanto, não te lamentes por elas. A sua dança nunca te trouxe alegria. Tampouco eram coisas para assustar-te, nem para
te dar segurança caso obedecessem às tuas regras. Elas não devem ser estimadas nem atacadas, mas apenas contempladas como
brinquedos de criança, sem qualquer significado próprio. Vê um significado nelas e verás todos. Não vejas nenhum e elas não te
afetarão.
5. As aparências enganam porquê são aparências e não realidade. Não insistas nelas de forma alguma. Elas apenas obscurecem a
realidade e trazem medo porque escondem a verdade. Não ataques aquilo que tu fizeste para te deixares ser enganado, pois desse
modo provas que foste enganado. O ataque tem o poder de fazer com que as ilusões sejam reais. No entanto, o que ele faz não é
nada. Quem poderia se amedrontar em virtude de um poder que não pode ter quaisquer efeitos reais? O que poderia ser além de
uma ilusão, fazendo com que as coisas pareçam ser como ele próprio? O calmamente para os seus brinquedos e compreende que
são ídolos que apenas dançam de acordo com desejos vãos. Não lhes dês o teu culto pois não existem. Entretanto, isso é igualmen-
te esquecido no ataque. O Filho de Deus não necessita de defesa contra os seus sonhos. Os seus ídolos não o ameaçam em nada.
O seu único equívoco é pensar que são reais. O que o poder de ilusões poderia fazer?
6. As aparências só são capazes de enganar a mente que quer ser enganada. E podes fazer uma simples escolha que te colocará
para sempre muito além do engano. Não precisas te preocupar com a forma como isso será feito, pois isso não podes compreender.
Mas compreenderás que poderosas mudanças foram rapidamente introduzidas quando decidires uma única coisa muito simples: tu
não queres coisa alguma que acredites que um ídolo possa dar. Pois assim o Filho de Deus declara que está livre de ídolos. E, as-
sim, ele é livre.
7. A salvação é, de fato, um paradoxo! O que poderia ser exceto um sonho feliz? Ela apenas te pede que perdoes todas as coisas
que ninguém jamais fez, que não vejas o que não existe e que não olhes para o irreal como se fosse realidade. Apenas te é pedido
que deixes que seja feita a tua vontade e não mais busques coisas que não queres. E te é pedido que te é pedido que te deixes li-
bertar de todos os sonhos daquilo que nunca foste e não busques mais substituir n Vontade de Deus pela força de desejos vãos.
8. Aqui o sonho da separação começa a murchar e desaparecer. Pois aqui a brecha que não existe começa a ser percebida sem os
brinquedos de terror que tu fizeste. Não mais do que isso é pedido. Fica contente, de fato, porque a salvação pede tão pouco, não
tanto. Ela nada pede na realidade. E mesmo em ilusões, ela apenas pede que o perdão seja o substituto do medo. Tal é a única re-
gra para os sonhos felizes. A brecha é esvaziada dos brinquedos do medo e, então, a sua irrealidade é explícita. Os sonhos não
servem para nada. E o Filho de Deus não pode precisar deles. Não lhe oferecem coisa alguma que ele pudesse jamais querer. Ele é
libertado das ilusões através da sua própria vontade e é apenas restaurado ao que ele é. O que poderia ser o plano de Deus para a
sua salvação, exceto um meio de fazer com que ele se dê a Ele Mesmo?

V. O único propósito
1. O mundo real é o estado mental no qual se vê o perdão como o único propósito do mundo. O medo não é a meta do mundo, pois
escapar da culpa vem a ser o seu objetivo. O valor do perdão é percebido e toma o lugar dos ídolos, que não mais são buscados,
pois as suas ―dádivas‖ já não são valorizadas. Nenhuma regra é estabelecida em vão e nenhuma exigência é feita de pessoa ou
coisa alguma para que sejam distorcidas e se adeqüem ao sonho do medo. Em vez disso, há um desejo de compreender todas as
coisas criadas como elas realmente são. E se reconhece que todas as coisas têm que ser em primeiro lugar perdoadas e então
compreendidas.
2. Aqui se pensa que a compreensão é adquirida através do ataque. Lá, fica claro que através do ataque se perde a compreensão. A
loucura de perseguir a culpa como meta é inteiramente reconhecida. E ídolos não são queridos lá, pois compreende-se que a culpa
é a única causa da dor sob qualquer forma. Ninguém é tentado pelo seu apelo vão, pois o sofrimento e a morte foram percebidos
como coisas que não se quer e pelas quais não vale a pena ninguém se esforçar. A possibilidade da liberdade foi captada e bem
recebida e os meios pelos quais ela pode ser alcançada podem agora ser compreendidos. O mundo vem a ser um lugar de esperan-
ça, porque o seu único propósito é ser um lugar onde a esperança da felicidade pode ser realizada. E ninguém fica excluído dessa
esperança, porque o mundo foi unido na crença de que o propósito do mundo é tal que todos têm que compartilhar, se é que a espe-
rança vai ser mais do que um simples sonho.
3. O Céu ainda não é inteiramente lembrado, pois o propósito do perdão ainda permanece. No entanto, cada um está certo de que irá
além do perdão e permanece somente enquanto o perdão se aperfeiçoa nele. Ele não tem nenhum desejo a não ser esse. E o medo
sumiu, porque ele está unido consigo mesmo em seu propósito. Há nele uma esperança de felicidade tão segura e tão constante,
que ele mal pode ficar esperando por mais algum tempo, com os pés ainda tocando a terra. No entanto, está contente por esperar
até que todas as mãos se unam e todos os corações estejam prontos para elevarem-se e seguirem com ele. Pois assim ele é apron-
tado para o passo no qual todo o perdão é deixado lá atrás.
4. O passo final é de Deus, porque apenas Deus poderia criar um Filho perfeito e compartilhar Sua Paternidade com ele. Ninguém
fora do Céu sabe como pode ser assim, pois a compreensão disso é o próprio Céu. Mesmo o mundo real tem um propósito que ain-
da se encontra abaixo da criação e da eternidade. Mas o medo se foi porque seu propósito é o perdão, não a idolatria. E assim, o
Filho do Céu é preparado para ser ele próprio e para se lembrar que o Filho de Deus conhece tudo o que o seu Pai compreende, e o
compreende perfeitamente com Ele.
5. O mundo real ainda está aquém disso, pois esse é o propósito do próprio Deus; só Seu e, no entanto, completamente comparti-
lhado e perfeitamente realizado. O mundo real é um estado no qual a mente aprendeu como é fácil abandonar ídolos quando eles
ainda são percebidos, mas não são mais queridos. Com que disposição a mente os deixa partir quando compreendeu que os ídolos
não são nada, não estão em parte alguma e não têm propósito. Pois somente então a culpa e o pecado podem ser vistos sem ne-
nhum propósito e sem significado.
6. Assim é o propósito do mundo real gentilmente trazido à consciência para substituir a meta do pecado e da culpa. E tudo o que se
interpôs entre a tua imagem de ti mesmo e aquilo que és, o perdão limpa alegremente e faz desaparecer. Entretanto, Deus não pre-
cisa criar o Seu Filho outra vez para que o que é dele seja devolvido a ele. A brecha entre o teu irmão e ti mesmo nunca existiu. E o
que o Filho de Deus conheceu na criação, ele tem que conhecer de novo.

219
UM CURSO EM MILAGRES
7. Quando irmãos se unem em propósito no mundo do medo, eles já se encontram à beira do mundo real. Talvez ainda olhem para
trás e pensem que vêem um ídolo que querem. No entanto, o seu caminho já foi seguramente traçado para longe dos ídolos, na di-
reção da realidade. Pois quando uniram as suas mãos, foi a mão de Cristo que tomaram e olharão para Aquele Cujas mãos eles
seguram. A face de Cristo é contemplada antes do Pai ser lembrado. Pois Ele tem que continuar sem ser lembrado enquanto o Seu
Filho não tiver alcançado o que está além do perdão, o Amor de Deus. Entretanto, o Amor de Cristo é aceito antes. E então virá o
conhecimento de que Eles são um só.
8. Como é leve e fácil o passo que atravessa as estreitas fronteiras do mundo do medo, quando reconheceste de Quem é a mão que
seguras! Dentro da tua mão está tudo o que necessitas para caminhares em perfeita confiança para longe do medo para sempre e
para seguires adiante e rapidamente alcançares a porta do Céu. Pois Ele, Cuja mão seguras, apenas esperava que te unisses a Ele.
Agora que vieste, iria Ele atrasar-Se em mostrar-te o caminho que Ele tem que seguir ao teu lado? As Suas bênçãos estão contigo
com tanta certeza quanto o Amor do Seu Pai repousa sobre Ele. A Sua gratidão para contigo está além da tua compreensão, pois
permitiste que Ele Se erguesse do cativeiro e partisse junto contigo rumo à casa do Seu Pai.
9. Um antigo ódio está desaparecendo do mundo. E com ele toda raiva e todo medo se vão. Não olhes mais para trás, pois o que
está diante de ti é tudo o que jamais quiseste em teu coração. Abre mão do mundo! Mas não para o sacrifício. Tu nunca o quiseste.
Que felicidade buscaste aqui que não tenha te trazido dor? Que momento de contentamento não foi comprado ao preço amedronta-
dor de moedas de sofrimento? A alegria não tem nenhum custo. Ela é o teu direito sagrado, e aquilo que tu pagas não é felicidade.
Adianta-te no teu caminho através da honestidade e não permitas que as tuas experiências aqui enganem em retrospectiva. Elas
não estavam livres do amargo custo e de conseqüências sem alegria.
10. Não olhes para trás a não ser com honestidade. E quando um ídolo te tentar, pensa nisso:
Nunca houve um momento em que um ídolo te trouxesse coisa alguma exceto a ―dádiva‖ da culpa. Nenhum deles foi
comprado a não ser ao custo da dor, e nem jamais foi pago apenas por ti.
Portanto, sê misericordioso para com o teu irmão. E não escolhas um ídolo irrefletidamente; lembra-te de- que ele pagará o custo
assim como tu. Pois ele se atrasará quando olhares para trás e não perceberás de Quem é a mão amorosa que seguras. Assim sen-
do, olha para a frente; em confiança caminha com o coração feliz que bate em esperança e não ecoa no medo.
11. A Vontade de Deus está para sempre naqueles cujas mãos estão unidas. Enquanto eles não se uniram, pensaram que Ele era
seu inimigo. Mas quando se uniram e compartilharam um único propósito, foram livres para aprender que a sua vontade é uma só. E
assim a Vontade de Deus tem que chegar à consciência de todos eles. Tampouco são capazes de esquecer por muito tempo que ela
não é senão a própria vontade de cada um.

VI. A justificativa do perdão


1. A raiva nunca é justificada. O ataque não tem fundamento. É aqui que o escape do medo começa e ele será completado. Aqui o
mundo real é dado em troca dos sonhos de terror. É nisso que o perdão se baseia e é apenas natural. Não te é pedido que ofereças
o perdão quando o ataque é devido e seria justificado. Isso significaria que perdoas um pecado sem ver o que realmente existe. Isso
não é perdão. Pois isso implicaria em que, por responder de uma forma que não é justificada, o teu perdão viria a ser a resposta ao
ataque que foi feito. E assim o perdão é impróprio, pois está sendo concedido onde não é devido.
2. O perdão sempre é justificado. Ele tem um fundamento seguro. Tu não perdoas o imperdoável, nem deixas de ver um ataque real
que pede punição. A salvação não está em seres solicitado a dar respostas não-naturais, impróprias para o que é real. Ao contrário,
ela apenas pede que respondas de maneira apropriada ao que não é real, por não perceberes, o que não ocorreu. Se o ―perdão
fosse‖ injustificado, seria pedido a ti que sacrificasses os teus direitos quando retribuis o ataque com o perdão. Mas meramente te é
solicitado que vejas o perdão como a reação natural à aflição que se baseia no erro e assim clama por ajuda. ―O perdão é a única
resposta sã. Ele impede que os teus direitos sejam sacrificados.
3. Essa compreensão é a única mudança que permite que o mundo real surja para tomar o lugar dos sonhos de terror. O medo não
pode surgir a menos que o ataque seja justificado e se ele tivesse um fundamento real, o perdão não teria nenhum. O mundo real é
alcançado quando percebes que a base do perdão é bastante real e inteiramente justificada. Enquanto o consideras como uma dádi-
va que não é devida, ele não pode deixar de sustentar a culpa que queres ―perdoar‖. O perdão não justificado é ataque. E isso é tudo
o que o mundo jamais poderá dar. Ele perdoa os ―pecadores‖ algumas vezes, mas permanece consciente de que pecaram. E assim
eles não merecem o perdão que ele lhes dá.
4. Esse é o falso perdão que o mundo emprega para manter vivo o senso do pecado. E reconhecendo que Deus é justo, parece im-
possível que o Seu perdão possa ser real. Assim, o medo de Deus é o resultado garantido de se ver o perdão como algo imerecido.
Ninguém que se veja culpado é capaz de evitar o medo de Deus. Mas ele é salvo desse dilema se for capaz de perdoar. A mente
não pode deixar de pensar em seu Criador enquanto olha para si mesma. Se és capaz de ver que o teu irmão merece perdão, a-
prendeste que o perdão é um direito teu, tanto quanto dele. Tampouco irás pensar que Deus pretende fazer para ti um julgamento
amedrontador que o teu irmão não mereça. Pois a verdade é que não podes merecer nem mais nem menos do que ele.
5. O perdão reconhecido como merecido curará. Ele dá ao milagre a sua força para não ver ilusões. É desse modo que aprendes que
tu também tens que estar perdoado. Não pode haver nenhuma aparência que não possa deixar de ser vista. Pois se houvesse, seria
necessário, em primeiro lugar, que houvesse algum pecado que estivesse além do perdão. Nesse caso haveria um erro que seria
mais do que um equívoco, uma forma especial de erro que permaneceria imutável, eterna e além de toda correção ou escapatória.
Aí haveria um equívoco com o poder de desfazer a criação e fazer um mundo que pudesse substituí-la e destruir a Vontade de Deus.
Somente se isso fosse possível, poderiam existir aparências capazes de fazer face ao milagre e não serem curadas por ele.
6. Não existe prova mais garantida de que a idolatria é o teu desejo do que a crença segundo a qual existem certas formas de doença
e de ausência de alegria que o perdão não é capaz de curar. Isso significa que preferes manter alguns ídolos e não estás preparado
por enquanto para permitir que todos desapareçam. E assim pensas que algumas aparências são reais e absolutamente não são
aparências. Não te enganes a respeito do significado de qualquer crença fixa segundo a qual é mais difícil olhar para o que está a-
lém de algumas aparências do que de outras. Isso sempre significa que pensas que o perdão tem que ser limitado. E estabeleceste
uma meta de perdão parcial e o escapar da culpa não pode deixar de estar limitado para ti. O que pode isso significar exceto que o
perdão que concedes a ti mesmo e a todas as pessoas que parecem estar à parte de ti é falso?

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UM CURSO EM MILAGRES
7. Não pode deixar de ser verdade que o milagre pode curar todas as formas de doença ou não pode curar nenhuma. Seu propósito
não pode ser julgar que formas são reais e que aparências são verdadeiras. Se uma aparência tem que permanecer à parte da cura,
uma ilusão tem que ser parte da verdade. E não poderias escapar de toda a culpa, mas só de parte dela. Tens que perdoar o Filho
de Deus inteiramente. Se não o fizeres manterás uma imagem de ti mesmo que não é íntegra e continuarás com medo de olhar para
dentro e lá achar um meio de escapar de todos os ídolos. A salvação baseia-se na fé segundo a qual não podem haver formas de
culpa que não podes perdoar. E assim não podem existir aparências que tenham substituído a verdade sobre o Filho de Deus.
8. Olha para o teu irmão com a disposição de vê-lo como ele é. E não excluas nenhuma parte dele da tua disponibilidade para que
ele seja curado. Curar é tornar íntegro. E o que é íntegro não pode ter partes faltando que tenham sido mantidas do lado de fora. O
perdão baseia-se no reconhecimento disso e no contentamento pelo fato de que não pode haver formas de doença que o milagre
não tenha o poder de curar.
9. O Filho de Deus é perfeito, ou ele não pode ser o Filho de Deus. Tampouco o conhecerás, se pensas que ele não merece escapar
da culpa em todas as suas conseqüências e suas formas. Não existe nenhum outro modo de pensar nele a não ser esse, se quise-
res conhecer a verdade sobre ti mesmo.
Pai, eu Te dou graças pelo Teu Filho perfeito e, na sua glória, eu vereia minha.
Eis aqui a alegre declaração de que não existem formas de mal que possam prevalecer sobre a Vontade de Deus; o feliz recon-
hecimento de que a culpa não teve sucesso no teu desejo de fazer com que as ilusões fossem reais. E o que é isso senão uma sim-
ples declaração da verdade?
10. Olha para o teu irmão com essa esperança em ti e compreenderás que ele não poderia cometer um erro que fosse capaz de mu-
dar a verdade nele. Não é difícil deixar de ver equívocos que não tiveram quaisquer efeitos. Mas, o que vês como se tivesse poder
para fazer um ídolo do Filho de Deus, tu não irás perdoar. Pois ele virá a ser para ti uma imagem esculpida e um sinal da morte. É
esse o teu salvador? O seu Pai está errado à respeito de Seu Filho? Ou tu estás enganado em relação àquele que te foi dado para
curar, para a tua salvação e libertação?

VII. A nova interpretação


1. Iria Deus deixar o significado do mundo à tua interpretação? Se Ele o tivesse feito, o mundo não teria significado. Pois não é possí-
vel que o significado mude constantemente e ainda assim seja verdadeiro. O Espírito Santo contempla o mundo como se ele tivesse
um único propósito, imutavelmente estabelecido. E nenhuma situação pode afetar o objetivo do mundo mas, ao contrário, tem que
estar de acordo com ele. Pois só se o seu objetivo pudesse mudar com cada situação é que cada uma poderia estar aberta à inter-
pretação, que é diferente a cada vez que pensas nela. Acrescentas um elemento ao roteiro que escreves a cada minuto do dia, e
tudo o que acontece agora significa alguma outra coisa. Tiras um outro elemento e todo significado se altera de acordo com isso.
2. O que refletem os teus roteiros, exceto os teus planos para o que deveria ser o dia? E assim julgas o desastre e o sucesso, o a-
vanço e o retrocesso, o ganho e a perda. Esses julgamentos são todos feitos de acordo com os papéis que o roteiro atribui. O fato de
que eles não têm significado em si mesmos é demonstrado pela facilidade com que esses rótulos mudam em função de outros julga-
mentos, feitos com base em diferentes aspectos da experiência. E assim, ao olhares para trás, pensas que vês um outro significado
naquilo que antes se passou. O que é que realmente fizeste, exceto mostrar que ali não havia nenhum significado? Mas tu atribuis
significado à luz de metas que mudam, e os significados se alteram à medida que elas mudam.
3. Só um propósito constante é capaz de dotar os eventos com um significado estável. Mas ele tem que dar um só significado a todos
eles. Se significados diferentes lhes são dados, isso necessariamente significa que apenas refletem propósitos diferentes. E esse é
todo o significado que têm. Isso pode ser significativo? É possível que a significação do significado seja confusão? A percepção não
pode estar em um fluxo constante e permitir estabilidade de significado aonde quer que esteja. O medo é um julgamento que nunca
é justificado. A sua presença não tem significado além de mostrar que escreveste um roteiro amedrontador e estás, conse-
qüentemente, com medo. Mas não porque o que temes tenha um significado amedrontador em si mesmo.
4. Um propósito comum é o único meio pelo qual a percepção pode ser estabilizada e uma só interpretação dada ao mundo e a todas
as experiências aqui. Nesse propósito compartilhado, um só julgamento é compartilhado por todas as pessoas e coisas que vês. Tu
não tens que julgar, pois aprendeste que foi dado um só significado a todas as coisas e estás contente de vê-lo em toda a parte. Ele
não pode mudar porque tu o perceberias em toda a parte, imutável pelas circunstâncias. E assim o ofereces a todos os eventos e
permites que eles te ofereçam estabilidade.
5. Escapar do julgamento está simplesmente nisso: todas as coisas têm apenas um propósito, que tu compartilhas com todo o mun-
do. E nada no mundo pode se opor a ele, pois ele pertence a tudo, assim como pertence a ti. No propósito único está o fim de todas
as idéias de sacrifício, que têm que assumir um propósito diferente para aquele que ganha e para aquele que perde. Não poderia
haver nenhum pensamento de sacrifício à parte dessa idéia. E é a idéia de metas diferentes que faz com que a percepção se altere
e o significado mude. Em uma meta unificada isso vem a ser impossível, pois o teu acordo faz a interpretação se estabilizar e durar.
6. Como pode a comunicação realmente ser estabelecida enquanto os símbolos que são usados significam coisas diferentes? A meta
do Espírito Santo dá uma única interpretação significativa para ti e para o teu irmão. Assim, podes te comunicar com ele e ele conti-
go. Em símbolos que ambos podem compreender, o sacrifício do significado é desfeito. Todo sacrifício acarreta a perda da tua capa-
cidade de ver as relações entre os eventos. E quando se olha para eles separadamente, eles não têm significado. Pois não existe
nenhuma luz pela qual possam ser vistos e compreendidos. Eles não têm propósito. E aquilo para que servem não pode ser visto.
Em qualquer pensamento de perda não há significado. Ninguém concordou contigo quanto ao que ele significa. Ele faz parte de um
roteiro distorcido, que não pode ser interpretado significativamente. Tem que ser para sempre ininteligível. Isso não é comunicação.
Os teus sonhos escuros são apenas os roteiros isolados e sem sentido que escreveste no sono. Não olhes para sonhos separados
em busca de significado. Só sonhos que perdoam podem ser compartilhados. Eles significam o mesmo para ti e para o teu irmão. .
7. Não interpretes em função da solidão, pois o que vês nada significa. Aquilo que representa vai se alterar e tu vais acreditar que o
mundo é um lugar incerto, no qual caminhas no perigo e na incerteza. São apenas as tuas interpretações, às quais falta estabilidade,
pois elas não estão alinhadas com o que tu realmente és. Esse é um estado tão inseguro, aparentemente, que o medo tem que sur-
gir. Não continues assim, meu irmão. Nós temos um Intérprete. E através do Seu uso dos símbolos, nós nos unimos de tal modo que
significam a mesma coisa para todos nós. Nossa linguagem comum permite que nós falemos com todos os nossos irmãos e que
compreendamos com eles que o perdão foi dado a todos nós, e assim podemos nos comunicar outra vez.

221
UM CURSO EM MILAGRES
VIII. A realidade imutável
1. Aparências enganam, mas podem ser mudadas. A realidade é imutável. Ela não engana em nada, e se falhas em ver o que está
além das aparências, tu estás enganado. Pois todas as coisas que vês mudarão e apesar disso pensaste que eram reais antes e
agora pensas que são reais mais uma vez. A realidade é assim reduzida à forma e é capaz de mudar. A realidade é imutável. É isso
o que faz com que ela seja real e a mantém separada de todas as aparências. Ela tem que transcender todas as formas para ser ela
própria. Ela não pode mudar.
2. O milagre é o meio de demonstrar que todas as aparências podem mudar porque elas são aparências e não podem ter a imu-
tabilidade a que a realidade está vinculada. O milagre atesta a salvação das aparências demonstrando que elas podem mudar. O teu
irmão tem em si mesmo uma imutabilidade que está além de ambos, aparência e engano. Ela é obscurecida por pontos de vista mu-
tantes que percebes em relação a ele como se fossem a sua realidade. O sonho feliz a seu respeito toma a forma da aparência da
sua saúde perfeita, da sua liberdade perfeita em relação a todas as formas de carência, da sua segurança contra desastres de todos
os tipos. O milagre é uma prova de que ele não está limitado pela perda nem pelo sofrimento sob qualquer forma, porque isso pode
ser tão facilmente mudado. Isso demonstra que essas coisas nunca foram reais e não poderiam ter brotado da sua realidade. Essa é
imutável e não tem efeitos que qualquer coisa no Céu ou na terra seja jamais capaz de alterar. Mas as aparências se revelam irreais
porque mudam.
3. O que é a tentação senão um desejo de fazer com que as ilusões sejam reais? Não parece ser o desejo de que nenhuma realidade
seja real. Entretanto, é uma afirmação segundo a qual algumas formas que tomam os ídolos têm um apelo poderoso que faz com
que seja mais difícil resistir a elas do que àquelas outras que não queres que tenham realidade. A tentação, então, nada mais é do
que isso: uma oração para que o milagre não toque em alguns sonhos, mas mantenha a sua irrealidade obscura e, ao contrário, lhes
dê realidade. E o Céu não dá nenhuma resposta à oração, tampouco pode te ser dado um milagre para curar as aparências do que
não gostas. Tu estabeleceste limites. O que pedes te é dado, mas não vem de Deus, Que não conhece limites. Tu limitaste a ti mes-
mo.
4. A realidade é imutável. Os milagres apenas mostram que o que interpuseste entre a realidade e a tua consciência é irreal e não
interfere absolutamente. O custo da crença segundo a qual tem que haver algumas aparências que estão além da esperança de
serem mudadas é que o milagre não pode vir de ti de maneira consistente. Pois pediste que fosse retirado do milagre o poder de
curar todos os sonhos. Não há nenhum milagre que não possas ter quando desejas a cura. Mas não há nenhum milagre que possa
te ser dado, a não ser que a queiras. Escolhe o que queres curar e não terá sido dada a Ele, Que dá todos os milagres, a liberdade
para conceder as Suas dádivas ao Filho de Deus. Quando ele é tentado, ele nega a realidade. E vem a ser o escravo voluntário da-
quilo que escolheu em seu lugar.
5. Porque a realidade é imutável, já existe lá um milagre para curar todas as coisas que mudam e oferecê-las a ti para serem vistas
de uma forma feliz, isenta de medo. Será dado a ti olhar para o teu irmão deste modo. Mas não enquanto quiseres que, em alguns
aspectos, seja de outro modo. Pois isso apenas significa que não queres vê-lo curado e íntegro. O Cristo nele é perfeito. É para isso
que queres olhar? Então, não permitas que existam sonhos sobre ele que prefiras ver em lugar deste. E verás o Cristo nele porque
permites que Ele venha a ti. E quando Ele tiver aparecido a ti, estarás certo de que tu és como Ele, pois Ele é o imutável no teu ir-
mão e em ti.
6. É isso o que vais contemplar quando decidires que não há nenhuma aparência que queiras manter no lugar do que o teu irmão
realmente é. Não permitas que nenhuma tentação te faça preferir um sonho e deixar que a incerteza entre aqui. Não te faças ficar
culpado e temeroso quando fores tentado por um sonho do que ele é. Mas não dês a esse sonho o poder de substituir o imutável
nele no teu modo de vê-lo. Não há nenhuma falsa aparência que não se apague, se em vez dela requisitares um milagre. Não há
nenhuma dor da qual ele não esteja livre, se tu quiseres que ele seja apenas o que é. Por que deverias ter medo de ver o Cristo ne-
le? Tu apenas contemplas a ti mesmo no que vês. Na medida em que ele é curado, tu és libertado da culpa, pois a sua aparência é a
tua própria para ti.

CAPÍTULO 31 - A VISÃO FINAL

I. A simplicidade da salvação
1. Como é simples a salvação! Tudo o que ela diz é que o que nunca foi verdadeiro não é verdadeiro agora e nunca o será. O impos-
sível não ocorreu e não pode ter efeitos. E isso é tudo. Pode ser difícil aprender isso para qualquer pessoa que queira que isso seja
verdadeiro? Só a falta de disponibilidade para aprender poderia tomar difícil essa lição tão fácil. Qual a dificuldade de se ver que o
que é falso não pode ser verdadeiro, e que o que é verdadeiro não pode ser falso? Tu não podes mais dizer que não percebes dife-
renças entre o falso e o verdadeiro. Foi dito a ti exatamente como distinguir um do outro e exatamente o que fazer caso fiques confu-
so. Então, por que persistes em não aprender coisas tão simples?
2. Há uma razão. Mas não a confundas com dificuldade nas coisas simples que a salvação te pede .para aprender. Ela ensina ape-
nas o que é óbvio. Meramente passa de uma lição evidente à seguinte, em passos fáceis que te conduzem com gentileza de uma à
outra sem qualquer esforço. Isso não pode te confundir, no entanto, estás confuso. Isso é assim porque de algum modo acreditas
que o que é totalmente confuso é mais fácil de aprender e compreender. O que ensinaste a ti mesmo é um feito de aprendizado tão
gigantesco que chega a ser, de fato, incrível. Mas o realizaste porque querias, e não interrompeste a tua diligência para julgá-lo difícil
ou complexo demais para apreender.
3. Ninguém que compreende o que aprendeste, como o aprendeste cuidadosamente e as dores pelas quais passaste para praticar e
repetir as lições incessantemente, em todas as formas que podias conceber, poderia jamais duvidar do poder da tua capacidade de
aprender. Não existe no mundo poder maior. O mundo foi feito por ele e mesmo agora não depende de nenhuma outra coisa. As
lições que ensinaste a.ti mesmo foram tão super aprendidas e fixadas, que elas se erguem como cortinas pesadas para obscurecer
o simples e o óbvio. Não digas que não és capaz de aprendê-los. Pois o teu poder de aprender é forte o bastante para te ensinar que
a tua vontade não é tua, os teus pensamentos não pertencem a ti e mesmo tu és um outro.
4. Quem poderia insistir em que tais lições são fáceis? No entanto, aprendeste mais do que isso. Continuaste dando cada passo por
mais difícil que fosse, sem reclamar, até que foi construído um mundo que se adequava a ti. E cada lição que constitui o mundo sur-
giu da primeira realização do aprendizado: uma enormidade tal que a Voz do Espírito Santo parece suave e quieta diante da magni-
tude desse feito. O mundo começou com uma lição estranha, suficientemente poderosa para fazer com que Deus fosse esquecido e
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UM CURSO EM MILAGRES
Seu Filho alienado de si mesmo, exilado da casa onde o Próprio Deus o estabeleceu. Tu, que ensinaste a ti mesmo que o Filho d e
Deus é culpado, não digas que não és capaz de aprender as coisas simples que a salvação te ensina!
5. O aprendizado é uma capacidade que tu fizeste e deste a ti mesmo. Ela não foi feita para fazer a Vontade de Deus, mas para man-
ter o desejo de que é possível opor-se a ela e estabelecer que uma vontade à parte é ainda mais real do que ela. E isso o apren-
dizado buscou demonstrar e tu aprendeste, pois foi para ensinar-te isso que ele foi feito. Agora, o teu antigo super-aprendizado per-
manece implacável diante da Voz da verdade e te ensina que as Suas lições não são verdadeiras: são por demais duras de se a-
prender, por demais difíceis de se ver e por demais opostas ao que é realmente verdadeiro. Apesar disso, tu as aprenderás, pois
aprendê-las é o único propósito que o Espírito Santo vê em todo o mundo para a tua capacidade de aprender. As Suas simples li-
ções de perdão têm um poder muito maior do que as tuas, porque te chamam a partir de Deus e do teu Ser.
6. É essa a Voz fraca, tão suave e quieta que não consegue erguer-se acima dos ruídos sem sentido de sons que não têm significa-
do? Não foi Vontade de Deus que o Seu Filho O esquecesse. E o poder da Sua Vontade está na Voz Que fala por Ele. Que lição irás
aprender? Que resultado é inevitável, tão certo quanto Deus e muito além de qualquer dúvida e questionamento? É possível que o
teu pequeno aprendizado, de estranho resultado e incrível dificuldade, possa medir-se com as simples lições que te estão sendo
ensinadas a cada momento de cada dia, desde o início dos tempos e desde que o aprendizado foi feito?
7. As lições a serem aprendidas são apenas duas. Cada uma tem o seu resultado em um mundo diferente. E cada mundo decorre
com toda segurança da sua fonte. O resultado certo da lição segundo a qual o Filho de Deus é culpado é o mundo que vês. É um
mundo de terror e desespero. Tampouco existe nele esperança de felicidade. Não existe nenhum plano que possas fazer para a tua
segurança que jamais venha a ter sucesso. Não existe alegria que possas buscar aqui e esperar achá-la. Entretanto, esse não é o
único resultado que o teu aprendizado pode produzir. Por mais que possas ter super-aprendido a tarefa que escolheste, a lição que
reflete o Amor de Deus é ainda mais forte. E aprenderás que o Filho de Deus é inocente e verás um outro mundo.
8. O resultado da lição segundo a qual o Filho de Deus não tem culpa é um mundo no qual não existe medo e onde todas as coisas
são iluminadas com esperança e cintilam com uma gentil amizade. Todas as coisas nada fazem senão apelar para ti pedindo, com
suavidade, para serem tuas amigas e para que tu permitas que se unam a ti. E um chamado nunca fica sem ser ouvido, sem ser
compreendido, ou deixa de ser respondido na mesma língua em que foi feito. E compreenderás que foi esse chamado que todas as
pessoas e todas as coisas no mundo sempre fizeram, mas tu não tinhas percebido tal como era. E agora vês que estavas enganado.
Foste enganado pelas formas nas quais o chamado estava escondido. E assim não o escutaste, e perdeste um amigo que sempre
quis ser parte de ti. O suave apelo eterno de cada parte da criação de Deus ao todo é ouvido através de todo o mundo que essa se-
gunda lição traz.
9. Não existe coisa viva que não compartilhe da Vontade universal de ser íntegra e de que tu não deixes de ouvir esse chamado. Sem
a tua resposta, ela é abandonada para morrer, assim como foi salva da morte quando ouviste o seu chamado como o antigo chama-
do à vida e compreendeste que ele é apenas o teu próprio. O Cristo em ti lembra de Deus com toda a certeza com a qual Ele conhe-
ce o Seu Amor. Mas só se o Seu Filho for inocente é que Ele pode ser Amor. Pois Deus teria sido medo, de fato, se aquele a quem
Ele criou inocente pudesse ser um escravo da culpa. O Filho perfeito de Deus lembra da sua criação. Mas na culpa ele se esqueceu
do que realmente é.
10. O medo de Deus decorre da lição segundo a qual o Seu Filho é culpado tanto quanto o Amor de Deus tem que ser relembrado
quando ele aprende a própria inocência. Pois o ódio não pode deixar de ser o pai do medo, e olha para o seu pai como para si mes-
mo. Como estás errado, tu que falhas em ouvir o chamado que ecoa através de cada aparente apelo para a morte, que canta por
trás de cada ataque assassino e implora que o amor seja devolvido ao mundo moribundo! Tu não compreendes Quem te chama
além de cada forma de ódio, de cada chamado para a guerra. Entretanto, irás reconhecê-Lo na medida em que dás a Ele uma res-
posta na linguagem com a qual Ele te chama. Ele aparecerá quando Lhe tiveres respondido, e Nele conhecerás que Deus é Amor.
11. O que é a tentação senão um desejo de tomar a decisão errada quanto ao que queres aprender e ter um resultado que não que-
res? É o reconhecimento de que um estado mental indesejado vem a ser o meio pelo qual a escolha é reavaliada, um outro re-
sultado visto como preferível. Estás enganado se acreditas que queres o desastre, a desunião e a dor. Não ouças o chamado para
isso dentro de ti. Mas, ao contrário, escuta o chamado mais profundo que está além disso, apelando para a paz.e para a alegria. E
todo o mundo te dará alegria e paz. Pois assim como ouves, tu respondes. E eis aqui! A tua resposta é a prova do que aprendeste. O
resultado do que aprendeste é o mundo que contemplas.
12. Vamos ficar quietos por um instante e esquecer todas as coisas que já aprendemos, todos os pensamentos que tivemos e todo
preconceito que guardamos quanto ao que significam as coisas e qual é o seu propósito. Não nos lembremos das nossas próprias
idéias a respeito de qual é o objetivo do mundo. Nós não sabemos. Soltemos todas as imagens que guardamos de todas as pessoas
e que sejam varridas das nossas mentes.
13. Sê inocente de julgamento, inconsciente de quaisquer pensamentos de mal ou bem que jamais tenham cruzado a tua mente a
respeito de quem quer que seja. Agora não o conheces. Mas estás livre para aprender sobre ele e aprender sobre ele de uma forma
nova. Agora ele nasceu de novo para ti e tu nasceste de novo para ele, sem o passado que o condenava à morte e a ti junto com ele.
Agora ele é livre para viver assim como tu és livre, porque um aprendizado antigo morreu e deixou um lugar para que a verdade re-
nascesse.

II. Caminhando com Cristo


1. Não se supera uma lição antiga pela oposição do novo e do velho. Ele não tem que ser vencido para que a verdade seja conheci-
da, nem é necessário lutar contra ele para que ele perca para o apelo da verdade. Não há nenhuma batalha que tenha que ser pre-
parada; não há tempo a ser gasto, nem planos que tenham que ser elaborados para trazer o novo. Há uma antiga batalha sendo
travada contra a verdade, mas a verdade não responde. Quem poderia ferir-se em tal guerra, a não ser que ferisse a si mesmo? Não
se tem inimigos na verdade. E é possível ser assaltado por sonhos?
2. Vamos rever outra vez o que parece estar entre tu e a verdade do que tu és. Pois existem passos para abandonar isso. O primeiro
é uma decisão que tomas. Mas em seguida, a verdade te é dada. Queres estabelecer a verdade. E pelo teu desejo colocas duas
escolhas a serem feitas, a cada vez que pensas que tens que decidir sobre uma coisa qualquer. Nenhuma das duas é verdadeira.
Nem são elas diferentes. No entanto, temos que vê-las ambas, antes que possas olhar para o que vem depois, para a única alterna-
tiva que é uma escolha diferente. Mas não nos sonhos que fizeste para que isso possa ficar obscuro para ti.

223
UM CURSO EM MILAGRES
3. Aquilo entre o que queres escolher não é uma escolha e apenas dá a ilusão de que é livre, pois de qualquer modo terá um único
resultado. Assim, não é realmente uma escolha. O líder e o seguidor emergem como papéis a serem desempenhados de forma se-
parada, cada um aparentemente possuidor de vantagens que não gostarias de perder. Assim, na fusão dos dois aparentemente está
a esperança da satisfação e da paz. Tu te vês dividido entre esses dois papéis, para sempre partido entre ambos. E todo amigo ou
inimigo vem a ser um meio de ajudar-te a salvar a ti mesmo dessa situação.
4. Talvez chames isso de amor. Talvez penses que isso finalmente justifique o assassinato. Odeias aquele a quem deste o papel de
líder quando tu o queres para ti mesmo e odeias do mesmo modo quando ele não o assume nos momentos em que queres que o
seguidor em ti emerja, renunciando ao papel da liderança. E é para isso que fizeste o teu irmão e aprendeste a pensar que esse é o
seu propósito. A não ser que ele o sirva, não terá cumprido a função que lhe foi dada por ti. E assim merece a morte porque não tem
propósito nem utilidade para ti.
5. E ele? O que quer ele de ti? O que poderia querer senão aquilo que tu queres dele? Aí está a vida, tão facilmente como está a
morte, pois o que escolhes, escolhes para ele também. Tu lhe fazes dois apelos, assim como ele a ti. Entre esses dois existe escolha
porque a partir daí há um resultado diferente. Se ele vai ser o líder ou o seguidor em relação a ti não importa, pois escolheste a mor-
te. Mas se ele clama pela morte ou pela vida, pelo ódio ou pelo perdão e pela ajuda, o resultado não é o mesmo. Dá ouvidos a um e
estás separado dele e perdido. Mas ouve o outro e te unes a ele, e na tua resposta acha-se a salvação. A voz que ouves nele não é
senão a tua própria voz. O que é que ele te pede? E escuta bem! Pois ele está pedindo aquilo que virá a ti, porque vês uma imagem
de ti mesmo e ouves a tua voz solicitando o que tu queres.
6. Antes de responderes, faze uma pausa e pensa nisso:
A resposta que dou ao meu irmão é o que eu estou pedindo. E o que aprendo sobre ele é o que aprendo a respeito de mim.
4. Então, vamos aguardar um instante em quietude, esquecendo tudo o que pensamos que ouvimos; lembrando-nos de quanto nós
não sabemos. Esse irmão nem nos conduz, nem nos segue, mas caminha ao nosso lado na mesma estrada. Ele é como nós, tão
próximo ou distante do que queremos quanto o permitimos estar. Nada ganhamos que ele não ganhe conosco e regredimos se ele
não avança. Não tomes a sua mão com raiva, mas com amor, pois no seu progresso avalias o teu. Nós vamos pela estrada separa-
dos a não ser que tu o mantenhas a salvo ao teu lado.
7. Porque ele é o teu igual no Amor de Deus, serás salvo de todas as aparências e responderás ao Cristo Que te chama. Aquieta-te e
escuta. Não penses pensamentos antigos. Esquece as lições sombrias que aprendeste a respeito deste Filho de Deus que te cha-
ma. Cristo apela para todos com igual ternura, sem ver líderes ou seguidores, ouvindo apenas uma resposta para todos. Porque Ele
ouve uma única Voz, não pode ouvir uma resposta diferente daquela que Ele deu quando Deus O apontou como Seu único Filho.
8. Fica bem quieto por um instante. Vem sem nenhum pensamento que tenhas aprendido antes e põe de lado todas as imagens que
fizeste. O velho sucumbirá diante do novo sem a tua oposição ou intenção. Não haverá nenhum ataque contra as coisas que pen-
saste que eram preciosas e necessitavam de cuidado. Não haverá nenhuma agressão ao teu desejo de ouvir um chamado que nun-
ca foi feito. Nada irá ferir-te nesse lugar santo, ao qual vens para ouvir em silêncio e aprender a verdade sobre o que realmente que-
res. Não te será pedido para aprender nada mais do que isso. Mas à medida em que o ouvires, compreenderás que apenas necessi-
tas vir sem os pensamentos que não quiseste e que nunca foram verdadeiros.
9. Perdoa o teu irmão por todas as aparências, que não são senão antigas lições que ensinaste a ti mesmo sobre o pecado em ti.
Ouve apenas o seu apelo por misericórdia e liberação de todas as imagens amedrontadoras que ele mantém do que ele é e do que
tu não podes deixar de ser. Ele tem medo de caminhar contigo e pensa que talvez um pouco mais para trás ou um pouco adiante
seria um lugar mais seguro para ele. É possível progredires se pensas o mesmo, avançando somente quando ele dá um passo a-
trás, e regredindo quando ele segue adiante? Pois assim esqueces a meta da jornada, que é apenas decidires caminhar com ele de
modo que nenhum dos dois conduza nem siga. Assim, esse é um caminho pelo qual vós ides juntos, não sozinhos. E nesta escolha
o resultado do aprendizado muda, pois Cristo renasceu para vós.
10. Um instante passado sem as tuas antigas idéias a respeito de quem é o teu grande companheiro e do que ele deveria estar pe-
dindo, será suficiente para permitir que isso aconteça. E perceberás que o seu propósito é igual ao teu. Ele pede pelo que queres, e
necessita da mesma coisa que tu. Ela talvez tome uma forma diferente nele, mas não é à forma que respondes. Ele pede e tu rece-
bes, pois vieste apenas com um propósito: aprenderes que amas o teu irmão com amor de irmão. E como um irmão, o seu Pai tem
que ser o mesmo que o teu, assim como ele é como tu és na verdade.
11. Juntos, a vossa herança conjunta é relembrada e aceita por ambos. Sozinhos, ela é negada a ambos. Não está claro que en-
quanto ainda insistes em conduzir ou seguir, pensas que caminhas sozinho, sem ninguém a teu lado? Essa é a estrada que não leva
a lugar nenhum, pois a luz não pode ser dada enquanto tu caminhas sozinho e assim não podes ver qual é o caminho que segues. E
assim há confusão e um senso de dúvida interminável à medida em que titubeias para trás e para frente na escuridão e na solidão.
Entretanto, tudo isso não passa de aparências do que na verdade é a jornada e de como deve ser feita. Pois ao teu lado está Aquele
Que mantém a luz diante de ti, de tal modo que cada passo seja dado na certeza e com segurança quanto à estrada. Uma viseira,
de fato, pode obscurecer a tua vista, mas não pode fazer com que o caminho em si mesmo se torne escuro. E Aquele Que caminha
contigo tem a luz.

III. Aqueles que acusam a si mesmos


1. Só aqueles que se acusam condenam. À medida em que te preparas para fazer uma escolha que terminará em resultados diferen-
tes, há em primeiro lugar uma coisa que tem que ser super-aprendida. Ela tem que vir a ser uma resposta habitual tão típica para
tudo o que fizeres, que vem a ser a tua primeira resposta a todas as tentações e a todas as situações que ocorram. Aprende isso e
aprende bem, pois é aqui que o atraso da felicidade é diminuído por uma quantidade de tempo que nem sequer podes compreender.
Nunca odeias o teu irmão pelos seus pecados, mas só pelos teus. Qualquer que seja a for~a que os seus pecados pareçam tomar,
ela só obscurece o fato de que acreditas que são teus e portanto merecem um ataque ―justo.‖
2. Por que deveriam os seus pecados ser pecados, se não acreditasses que não poderiam ser perdoados em ti? Por que seriam reais
nele, se tu não acreditasses que eles são a tua realidade? E por que os atacas em toda a parte a não ser porque odeias a ti mesmo?
És tu um pecado? Respondes ―sim‖ toda vez que atacas, pois através do ataque afirmas que és culpado e tens que dar assim como
mereces. E o que podes merecer senão aquilo que és? Se não acreditasses que mereces o ataque, jamais poderia te ocorrer atacar

224
UM CURSO EM MILAGRES
qualquer outra pessoa. Por que deverias? Qual seria o ganho para ti? Qual poderia ser o resultado para que o quisesses? E como
poderia o assassinato te trazer benefício?
3. Os pecados estão nos corpos. Eles não são percebidos nas mentes. Não são vistos como propósitos, mas como ações. Os corpos
agem, as mentes não. E, portanto, é preciso que o corpo seja culpado pelo que faz. Ele não é visto como uma coisa passiva que
obedece aos teus comandos e nada faz por conta própria. Se tu és pecado, és um corpo, pois a mente não age. E o propósito tem
que estar no corpo e não na mente. O corpo tem que agir por conta própria e motivar a si mesmo. Se tu és pecado, trancas a mente
dentro do corpo e dás o propósito que lhe é devido à casa que lhe serve de cadeia, a qual atua no lugar dela. Um carcereiro não
segue ordens, mas executa ordens em relação ao prisioneiro.
4. No entanto, o corpo é prisioneiro, não a mente. O corpo não tem pensamentos a pensar. Não tem poder de aprender, de perdoar,
de escravizar. Ele não dá nenhuma ordem que a mente tenha que cumprir, nem estabelece condições que ela tenha que obedecer.
Ele mantém na prisão apenas a mente que voluntariamente quer aí habitar. Adoece a pedido da mente que quer vir a ser sua prisio-
neira. E envelhece e morre porque essa mente está doente dentro dele. Só o aprendizado causa mudança. E assim o corpo, onde
não pode ocorrer nenhum aprendizado, jamais poderia mudar a não ser que a mente preferisse que o corpo mudasse em suas apa-
rências para se adequar ao propósito dado por ela. Pois a mente pode aprender e é lá que todas as mudanças são feitas.
5. A mente que pensa que é um pecado não tem senão um propósito: que o corpo seja a origem do pecado para mantê-la na cadeia
que escolheu e guarda e que a retém como um prisioneiro adormecido diante dos cães ameaçadores do ódio e do mal, da doença e
do ataque, da dor e da idade, do pesar e do sofrimento. Aqui são preservados os pensamentos de sacrifício, pois aqui reina a culpa e
essa ordena que o mundo seja como ela, um lugar onde nada pode achar misericórdia, nem sobreviver à devastação do medo, ex-
ceto no assassinato e na morte. Pois aqui tu és feito pecado e o pecado não pode habitar no que é alegre e livre, pois eles são os
inimigos que o pecado tem que matar. Na morte o pecado é preservado e aqueles que pensam que são um pecado têm que morrer
pelo que pensam que são.
6. Vamos ficar contentes porque verás aquilo que acreditas e te foi dado mudar o que acreditas. O corpo apenas seguirá. Ele jamais
pode conduzir-te aonde não queres estar. Ele não guarda o teu sono, nem interfere com o teu despertar. Liberta o teu corpo da pri-
são e não verás ninguém como prisioneiro daquilo que escapaste. Não irás querer manter na culpa os inimigos escolhidos por ti,
nem guardar aqueles que pensas que são teus amigos acorrentados à ilusão de um amor mutável.
7. Os inocentes liberam em gratidão pela própria liberação. E o que vêem mantém a sua liberdade fora do aprisionamento e da mor-
te. Abre a tua mente para a mudança e não existirá nenhuma penalidade antiga que possa ser cobrada do teu irmão ou de ti. Pois
Deus disse que não há nenhum sacrifício que possa ser pedido e não há nenhum sacrifício que possa ser feito.
8. Existe uma escolha que tens o poder de fazer quando tiveres visto as alternativas reais. Até que esse ponto seja alcançado, não
tens escolha e não podes fazer nada além de decidir como farás a melhor escolha para enganar a ti mesmo outra vez. Esse curso
não tenta ensinar mais do que o fato de que o poder de decisão não pode estar na escolha de diferentes formas daquilo que ainda é
a mesma ilusão e o mesmo equívoco. Todas as escolhas no mundo dependem disso: tu escolhes entre tu e o teu irmão e ganharás
tanto quanto ele perderá, e o que perdes é o que é dado a ele. Como isso é totalmente oposto à verdade, quando todo o propósito
da lição é ensinar que o que o teu irmão perde tu perdeste e o que ele ganha é o que é dado a ti.
9. Ele não deixou os Seus Pensamentos! Mas tu esqueceste a Sua Presença e não recordaste o Seu Amor. Nenhum atalho no mun-
do pode conduzir a Ele e nenhuma meta mundana pode ser una com a Sua. Que estrada em todo o mundo conduzirá para o que
está dentro, quando todas as estradas foram feitas para separar a jornada do propósito que ela não pode deixar de ter, a não ser que
não passe de um fútil vagar? Todas as estradas que conduzem para longe do que tu realmente és te conduzirão à confusão e ao
desespero. Entretanto, Ele jamais deixou os Seus Pensamentos para que morressem, sem que a sua Fonte estivesse para sempre
neles mesmos.
10. Ele não deixou os Seus Pensamentos! Ele não poderia separar-se deles, assim como eles não poderiam mantê-Lo de fora. Em
unidade com Ele todos vivem, e na sua unicidade Ambos se mantêm completos. Não existe nenhuma estrada que conduza para
longe Dele. Uma jornada para fora de ti não existe. Como é tolo e insano pensar que poderia existir uma estrada com tal objetivo!
Aonde poderia ela ir? E como seria possível fazer com que tu viajasses por ela, andando por lá sem a tua própria realidade em uni-
dade contigo?
11. Perdoa a ti mesmo a tua loucura e esquece todas as jornadas sem sentido e todos os objetivos sem meta. Eles não têm nenhum
significado. Não podes escapar do que tu és. Pois Deus é misericordioso e não deixou que o Seu Filho O abandonasse. Sê grato
pelo que Ele é, pois nisso está o teu escape da loucura e da morte. Em lugar nenhum, a não ser onde Ele está, podes tu ser encon-
trado. Não existe nenhum atalho que não conduza.a. Ele.

*
V. Auto conceito versus Ser
I. O que se aprende desse mundo é construído em cima de um auto-conceito que é ajustado à realidade do mundo. Ele cabe bem
nele. Pois essa é uma imagem apropriada a um mundo de sombras e de ilusões. Aqui ela caminha em casa, onde o que vê é uno
com ela. O aprendizado do mundo serve para construir um autoconceito. Esse é o seu propósito: que venhas sem um auto-conceito
e o faças à medida em que segues adiante.E na- época em que atingires a ―maturidade‖, tu o terás aperfeiçoado para enfrentar o
mundo em termos iguais, em unidade com as suas exigências.
2. Um auto-conceito é feito por ti. Ele não tem absolutamente qualquer semelhança contigo. É um ídolo feito para tomar o lugar da tua
realidade como Filho de Deus. O auto-conceito que o mundo quer ensinar não é o que aparenta ser. Pois ele é feito para servir a
dois propósitos, apenas um dos quais a mente é capaz de reconhecer. O primeiro apresenta a face da inocência, o aspecto que é
encenado. É essa face que sorri e cativa, e até mesmo parece amar. Ela busca companheiros e às vezes olha com pena para os que
sofrem e às vezes oferece alívio. Acredita que é boa dentro de um mundo mau.
3. Esse aspecto pode ter raiva, pois o mundo é ruim e não é capaz de prover o amor e o abrigo que a inocência merece. E assim,
freqüentemente, essa face se banha de lágrimas pelas injustiças que o mundo faz para com aqueles que querem ser generosos e
bons. Esse aspecto nunca ataca em primeiro lugar. Mas a cada dia, uma centena de pequenas coisas constituem pequenos ataques
à sua inocência, provocando-a à irritação e, afinal, abertamente ao insulto e ao abuso.

* “Self-Conceptversus Self” Infelizmente o jogo de palavras não pode ser mantido pois dificultaria a compreensão do significado.
225
UM CURSO EM MILAGRES
4. A face da inocência que o auto-conceito veste com tanto orgulho pode tolerar o ataque em autodefesa, pois não é fato bem conhe-
cido que o mundo trata com dureza a inocência indefesa? Ninguém que faça um retrato de si mesmo omite essa face, pois tem ne-
cessidade dela. O outro lado, ele não quer ver. Entretanto, é aqui que o aprendizado do mundo fixou seus olhares, pois é aqui que a
―realidade‖ do mundo é estabelecida para garantir que o ídolo perdure.
5. Por baixo da face da inocência há uma lição que o auto-conceito tem como finalidade ensinar. É uma lição sobre um deslocamento
terrível e um medo tão devastador que a face que sorri na superfície tem que olhar para longe disso para sempre, para não perceber
a traição que ela oculta. Isso é o que a lição ensina: ―Eu sou essa coisa que fizeste de mim e olhando para mim tu és condenado
devido ao que eu sou.‖ A esse auto-conceito o mundo sorri com aprovação, pois ele garante que os caminhos do mundo sejam man-
tidos a salvo e aqueles que caminham por eles não escaparão.
6. Aqui está a lição central que garante que o teu irmão está eternamente condenado. Pois agora o que és passa a ser o seu pecado.
Para isso não há perdão possível. Já não mais importa o que ele faz, pois o teu dedo acusador aponta para ele sem vacilar e é mor-
tal em seu objetivo. Ele aponta para ti também, mas isso é mantido no que ainda é mais profundo, na névoa abaixo da face da ino-
cência. E nesses túmulos amortalhados todos os seus pecados e os teus são preservados e mantidos na escuridão aonde não po-
dem ser percebidos como erros, o que a luz seguramente mostraria. Tu não podes ser acusado pelo que és, tampouco podes mudar
as coisas que ele te faz fazer. O teu irmão, portanto, é o símbolo dos teus pecados para ti, e tu silenciosamente mas ainda assim
com urgência incessante, ainda condenas o teu irmão pela coisa odiosa que tu és.
7. Conceitos são aprendidos. Eles não são naturais. À parte do aprendizado, não existem. Eles não são dados, portanto, têm que ser
feitos. Nenhum deles é verdadeiro e muitos vêm de imaginações febris, quentes de ódio e de distorções nascidas do medo. O que é
um conceito senão um pensamento para o qual aquele que o faz dá um significado que lhe é próprio? Conceitos mantêm o mundo.
Mas não podem ser usados para demonstrar que o mundo é real. Pois todos são feitos dentro do mundo, nascidos na sua sombra,
crescendo pelos seus caminhos e finalmente ―amadurecidos‖ em seu pensamento. Eles são idéias de ídolos, pintados com os pin-
céis do mundo que não podem fazer nem um único retrato que represente a verdade.
8. Um auto-conceito não tem significado, pois ninguém aqui pode ver para que serve e portanto não é capaz de retratar o que ele é.
Mesmo assim, todo o aprendizado que o mundo dirige começou e terminou com o simples objetivo de ensinar-te esse conceito de ti
mesmo para que escolhas seguir as leis desse mundo e nunca busques ir além das suas estradas nem compreender o modo como
vês a ti mesmo. Agora, o Espírito Santo tem que achar um modo para ajudar-te a ver que esse auto-conceito tem que ser desfeito,
se é que queres que alguma paz seja dada à tua mente. Tampouco pode ele ser desaprendido, a não ser através de lições que te-
nham o objetivo de te ensinar que és uma outra coisa. Pois de outro modo, te seria pedido que trocasses aquilo em que agora acre-
ditas pela perda total do ser e terror ainda maior surgiria em ti.
9. Assim, o plano de lições do Espírito Santo é organizado em passos fáceis nos quais, embora algumas vezes possa haver um certo
desconforto e alguma aflição, não há uma quebra do que foi aprendido, apenas uma re-tradução do que parece ser a evidência a
favor disso. Vamos considerar, então, que prova existe de que és o que o teu irmão fez de ti. Pois mesmo que ainda não percebas
que é isso o que pensas, com certeza a essa altura já aprendeste que te comportas como se fosse assim. Por acaso ele reage por
ti? E ele sabe exatamente o que iria acontecer? Ele é capaz de ver o teu futuro e ordenar, antes que ele venha, o que deverias fazer
em cada circunstância? Ele tem que ter feito o mundo assim como a ti para poder ter toda essa ciência prévia das coisas que virão.
10. Que sejas o que o teu irmão fez de ti parece muito improvável. Mesmo que ele tivesse feito isso, quem te deu a face da inocên-
cia? É essa a tua contribuição? Quem é, então, o ―tu‖ que a fez? E quem é enganado por toda a tua bondade e a ataca tanto? Va-
mos esquecer a tolice do conceito e meramente pensar nisso: existem duas partes no que pensas que és. Se uma foi gerada pelo
teu irmão, quem estava lá para fazer a outra? E de quem é preciso esconder alguma coisa? Se o mundo é mau, ainda assim não há
necessidade de esconder de que tu és feito. Quem está lá para ver? E o que necessitaria de defesa, a não ser o que é atacado?
11. Talvez a razão pela qual esse conceito tenha que ser mantido na escuridão seja o fato de que, na luz, aquele que não pensaria
que ele é verdadeiro seria tu. E o que aconteceria com o mundo que vês, se todos as suas construções básicas fossem removidas?
O teu conceito do mundo depende desse auto-conceito. E ambos desapareceriam, se qualquer um deles fosse posto em dúvida. O
Espírito Santo não busca empurrar-te ao pânico. Portanto, Ele meramente pergunta se poderia levantar apenas uma pequena ques-
tão.
12. Há alternativas para essa coisa que não podes deixar de ser. Poderias, por exemplo, ser a coisa que escolheste que o teu irmão
fosse. Isso desloca o auto-conceito de algo que é totalmente passivo e pelo menos abre caminho para uma escolha ativa e para al-
gum reconhecimento de que alguma interação tem que ter entrado nisso. Existe alguma compreensão de que escolheste por ambos,
e o que ele representa tem um significado que foi dado por ti. Isso mostra também um vislumbre da lei da percepção, segundo a qual
o que vês reflete o estado da mente de quem percebe. Contudo, quem foi que fez a escolha em primeiro lugar? 7Se és aquilo que
escolheste que o teu irmão fosse, existiram alternativas entre as quais escolher e alguém tem que ter decidido em primeiro lugar qual
delas escolher e qual abandonar.
13. Embora esse passo ofereça ganhos, ainda não levanta uma questão básica. Alguma coisa tem que ter se passado antes desses
auto-conceitos. E alguma coisa tem que ter feito o aprendizado que os fez surgir. Tampouco isso pode ser explicado por nenhuma
das duas perspectivas. A principal vantagem do deslocamento da primeira para a segunda é que de algum modo entraste nessa
escolha pela tua decisão. Mas esse ganho é pago com uma perda quase igual, pois agora és acusado da culpa pelo que o teu irmão
é. E tens que compartilhar a sua culpa, porque a escolheste para ele à imagem da tua. Enquanto antes somente ele era traidor, ago-
ra tens que ser condenado junto com ele.
14. O auto-conceito sempre foi a grande preocupação do mundo. E todos acreditam que têm que achar uma resposta para o enigma
por si mesmos. A salvação pode ser vista como nada além do escapar de conceitos. Ela não se preocupa com o conteúdo da mente,
mas com a simples declaração de que ela pensa. E o que pode pensar, ela pode escolher e pode ser mostrado a ela que diferentes
pensamentos têm conseqüências diferentes. Assim, é capaz de aprender que tudo o que pensa reflete a profunda confusão que sen-
te a respeito de como foi feita e do que é. E vagamente o auto-conceito parece responder àquilo que ela não sabe.
15. Não busques o teu Ser em símbolos. Não pode existir nenhum conceito para representar o que tu és. Que importa qual o conceito
que aceitas, enquanto percebes um ser que interage com o mal e reage à coisas perversas? O teu conceito de ti mesmo ainda per-
manecerá sem significado. E não perceberás que não podes interagir senão contigo mesmo. Ver um mundo culpado não é senão o
sinal de que o teu aprendizado foi guiado pelo mundo e tu olhas para ele assim como vês a ti mesmo. O auto-conceito engloba tudo

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UM CURSO EM MILAGRES
aquilo que contemplas e nada está fora dessa percepção. Se podes ser ferido por qualquer coisa, vês um retrato dos teus desejos
secretos. Nada mais do que isso. E, em qualquer espécie de sofrimento que possas ter, vês o teu próprio desejo escondido de matar.
16. Tu farás muitos auto-conceitos à medida em que o aprendizado vai avançando. Cada um mostrará as mudanças nos teus pró-
prios relacionamentos, conforme a tua percepção de ti mesmo é mudada. Haverá uma certa confusão cada vez que houver um des-
locamento, mas que sejas grato pelo fato de que o aprendizado do mundo está afrouxando o controle que tem sobre a tua mente. E
tenhas certeza e sejas feliz na confiança de que ele afinal desaparecerá e deixará a tua mente em paz; o papel do acusador apare-
cerá em muitos lugares e sob muitas formas. E cada uma parecerá estar acusando a ti. Entretanto, não tenhas medo de que ele não
seja desfeito.
17. O mundo não é capaz de ensinar nenhuma imagem de ti, a não ser que tu queiras aprendê-las. Um tempo virá em que todas as
imagens terão desaparecido e verás que não sabes o que és. É para essa mente aberta e sem lacres que a verdade retorna, sem
impedimentos e sem limites. Ali, onde os auto-conceitos foram postos de lado, a verdade é revelada exatamente como é. Quando
todos os conceitos tiverem sido erguidos à dúvida e ao questionamento e quando tiverem sido reconhecidos como tendo sido feitos
com base em hipóteses que não podem fazer face à luz, então, a verdade está livre para entrar no seu santuário, limpa e livre de
culpa. Não há declaração que o mundo tenha mais medo de ouvir do que essa:
Eu não sei o que sou e, portanto, não sei o que estou fazendo, onde estou ou como olhar para o mundo ou para mim mesmo.
Entretanto, é aprendendo isso que nasce a salvação. E O Que tu és te falará de Si Mesmo.

VI. O reconhecimento do Espírito


1. Vês a carne ou reconheces o espírito. Não é possível nenhuma transigência entre os dois. 5e um é real, o outro tem que ser falso,
porque o que é real nega o seu oposto. Não existe nenhuma escolha na visão, exceto essa. O que decides em relação a isso define
tudo o que vês e pensas que é real e manténs como verdadeiro. Dessa única escolha depende todo o teu mundo, pois aqui esta-
beleceste o que tu és, carne ou espírito na tua própria crença. Se escolhes a carne, jamais escaparás ao corpo como tua própria rea-
lidade, pois escolheste que queres assim. Mas escolhe o espírito e todo o Céu se inclina para tocar os teus olhos e abençoar a tua
vista santa, para que não mais possas ver o mundo da carne exceto para confortar e curar e abençoar.
2. A salvação é desfazer. Se escolhes ver o corpo, contemplas um mundo de separação, de coisas que não são relacionadas entre si
e acontecimentos que não fazem absolutamente nenhum sentido. Esse aparece e desaparece na morte; aquele está condenado ao
sofrimento e à perda. E ninguém é exatamente como era um instante antes e nem será como é agora daqui a um instante. Quem
poderia ter confiança quando tanta mudança é vista, pois quem poderia ser digno se não passa de pó? A salvação é o desfazer de
tudo isso. A constância surge na vista daqueles cujos olhos a salvação liberou da contemplação do custo da manutenção da culpa
porque escolheram soltá-la em vez de mantê-la.
3. A salvação não pede que vejas o espírito e não percebas o corpo. Ela meramente pede que essa seja a tua escolha. Pois podes
ver o corpo sem ajuda, mas não compreendes como contemplar um mundo à parte dele. É o teu mundo que a salvação vai desfazer
e te deixará ver um outro mundo, que os teus olhos jamais poderiam achar. Não te preocupes com a forma como isso pode aconte-
cer. Não compreendes como o que vês surgiu à tua vista. Pois se compreendesses, já teria desaparecido. O véu da ignorância cobre
o mal e o bem e tem que ser ultrapassado para que ambos possam desaparecer, de tal modo que a percepção não ache nenhum
lugar para se esconder. Como se faz isso? Não se faz absolutamente nada. O que poderia haver dentro do universo que Deus criou
que ainda tivesse que ser feito?
4. Só na arrogância poderias conceber que tens que aplainar o caminho para o Céu. A ti é dado o meio através do qual podes ver o
mundo que irá substituir aquele que fizeste. Seja feita a tua vontade! No Céu assim como na terra, isso é para sempre verdadeiro.
Não importa onde acreditas que estejas, nem o que pensas que tem que ser realmente a verdade a respeito de ti mesmo. O que
olhas não faz diferença, nem o que escolhes pensar, sentir ou desejar. Pois o Próprio Deus disse: ―Seja feita a tua vontade.‖ E con-
seqüentemente ela é feita para ti.
5. Tu, que acreditas que podes escolher ver o Filho de Deus como queres que ele seja, não te esqueças que nenhum conceito de ti
mesmo poderá opor-se à verdade do que tu és. Desfazer a verdade seria impossível. Mas conceitos não são difíceis de mudar. Uma
única visão, claramente vista, que não se adequa ao retrato tal como era percebido antes, mudará o mundo para olhos que apren-
dem a ver porque o auto conceito terá sido mudado.
6. És invulnerável? Então o mundo, no teu modo de ver, não pode causar dano. Perdoas? Então, o mundo perdoa, pois tu perdoaste
as ofensas do mundo e assim ele olha para ti com olhos que vêem como os teus. És um corpo? Nesse caso, o mundo todo é perce-
bido como traidor e disposto a matar. És um espírito, sem a morte e sem a promessa da corrupção e a mancha do pecado sobre ti
mesmo? Nesse caso, o mundo é visto como estável, inteiramente digno da tua confiança; um lugar feliz no qual se descansa por
algum tempo, onde nada precisa ser temido, mas ap~nas amado. Quem não é bem-vindo para aquele que é benigno de coração? E
o que poderia ferir o que é verdadeiramente inocente?
7. Seja feita a tua vontade, tu, santa criança de Deus. Não importa se pensas que estás na terra ou no Céu. O que em Sua Vontade o
teu Pai quer de ti não pode mudar nunca. A verdade em ti permanece tão radiante quanto uma estrela, tão pura quanto a luz, tão
inocente quanto o próprio amor. E tu. és digno de que seja feita a tua vontade!

VII. A visão do salvador


1. Aprender é mudar. A salvação não busca usar meios tão estranhos ao teu pensamento que não te possam ser úteis, nem fazer
mudanças que não serias capaz de reconhecer. Conceitos são necessários enquanto dura a percepção e mudar os conceitos é tare-
fa da salvação. Pois ela tem que lidar com contrastes, não na verdade, que não tem oposto e não pode mudar. Nos conceitos desse
mundo, os culpados são ―maus‖, os ―bons‖ são inocentes. E ninguém aqui deixa de fazer um conceito. De si mesmo no qual conta
com o ―bom‖ para lhe perdoar o ―mau‖. Tampouco confia no ―bom‖ de qualquer pessoa, acreditando que o ―mau‖ deve estar escondi-
do atrás, pronto para atacar. Esse conceito enfatiza a traição e a confiança vem a ser impossível. Nem poderia ele mudar enquanto
percebes o ―mau‖ em ti.
2. Não poderás reconhecer os teus pensamentos ―maus‖ enquanto vês qualquer valor no ataque. Tu os perceberás algumas vezes,
mas não os verás sem significado. E assim eles vêm em forma amedrontadora, com o conteúdo ainda oculto, para abalar o teu po-
bre conceito de ti mesmo e torná-lo ainda mais negro com ainda outro ―crime‖. Não podes dar a tua inocência a ti mesmo, pois estás
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UM CURSO EM MILAGRES
por demais confuso acerca de ti. Mas caso um irmão desponte na tua vista como totalmente digno de perdão, então o teu conceito
de ti mesmo é totalmente mudado. Os teus pensamentos ―maus‖ terão sido perdoados junto com os seus, porque não permitiste que
nenhum deles te afetasse. Não mais escolhes ser o sinal do mal e da culpa no teu irmão. E à medida em que dás a tua confiança
para o que é bom nele, tu a dás para o que é bom em ti.
3. Em termos de conceitos, é dessa forma que o vês como mais do que apenas um corpo, pois o que é bom nunca é o que o corpo
parece ser. As ações do corpo são percebidas como vindas da parte ―mais baixa‖ de ti mesmo e assim dele também. Ao focalizar o
que é o bom nele, o corpo fica cada vez menos persistente no teu modo de vê-lo e, a longo prazo, será visto como pouco mais do
que uma sombra contornando o que é bom. E esse será o teu conceito de ti mesmo, quando tiveres alcançado o mundo que está
além da vista que os teus olhos, por si mesmos, podem te oferecer para que vejas. Pois não interpretarás o que vês ―sem a Ajuda
Que Deus te deu. E no Seu modo de ver, existe um outro mundo.
4. Tu vives naquele mundo tanto quanto nesse. Pois ambos são conceitos de ti mesmo, que podem ser alternados, mas nunca con-
juntamente mantidos. O contraste é muito maior do que pensas, pois amarás esse conceito de ti mesmo, porque ele não foi feito
apenas para ti. Nascido como uma dádiva para alguém que não foi percebido como o teu próprio ser, ela te foi dada. Pois o teu per-
dão, oferecido a ele, agora foi aceito por ambos.
5. Tem fé naquele que caminha contigo de forma que o conceito amedrontador que tens de ti mesmo possa mudar. E olha para o que
é bom nele de modo que possas não te assustar com os teus pensamentos ―maus‖, porque eles não anuviam o que tu vês nele. E
tudo o que essa alteração requer é que estejas disposto que essa feliz mudança ocorra. Nada além disso é pedido. Em nome dela,
lembra-te do que o conceito de ti mesmo que manténs agora te trouxe em seu rastro, e dá boas-vindas ao alegre contraste que te foi
oferecido. Estende a tua mão para que possas ter a dádiva do perdão benigno que ofereces àquele, cuja necessidade de perdão é
exatamente a mesma que a tua. E permite que o teu cruel conceito de ti mesmo seja mudado para outro, aquele que traz a paz de
Deus.
6. O conceito de ti mesmo que agora manténs garantiria que a tua função aqui permanecesse para sempre sem ser realizada e sem
ser cumprida. E assim ele te condena a uma amarga sensação de profunda depressão e futilidade. No entanto, ele não precisa ser
fixo, a não ser que escolhas mantê-lo além da esperança de ser mudado e guardá-lo estático e oculto dentro da tua mente. Em vez
disso, entrega-o Àquele Que compreende as mudanças das quais ele necessita para permitir que sirva à função que te foi dada para
te trazer paz, para que possas oferecer paz de modo a tê-la como tua. As alternativas estão em tua mente para serem usadas e tu
podes ver a ti mesmo de outro modo. Não preferirias olhar para ti mesmo como alguém que é necessário à salvação do mundo, ao
invés de ser um inimigo da salvação?
7. O auto conceito se ergue como um escudo, uma barricada silenciosa diante da verdade e esconde-a da tua vista. Todas as coisas
que vês são imagens, porque olhas para elas como por uma barreira que diminui a tua vista e deturpa a tua visão de tal forma que
nada contemplas com clareza. A luz se afasta de tudo o que vês. Na melhor das hipóteses, vislumbras uma sombra do que está a-
lém. Na pior, apenas olhas a escuridão e percebes os frutos das imaginações aterrorizadoras que vêm de pensamentos de culpa e
conceitos nascidos do medo. E o que vês é o inferno, pois o medo é o inferno. Tudo o que te é dado é para a liberação: a vista, a
visão e o Guia interior, todos te conduzem para fora do inferno com aqueles que amas a teu lado e o universo junto com eles.
8. Contempla o teu papel dentro do universo! À cada parte da verdadeira criação o Senhor do Amor e da Vida confiou toda a salvação
da miséria do inferno. E a cada um Ele permitiu a graça de ser um salvador para as pessoas santas especialmente confiadas ao seu
cuidado. E isso ele aprende quando, pela primeira vez, olha para um irmão do mesmo modo como olha para si mesmo e nele vê o
espelho de si mesmo. Assim o conceito que ele fazia de si mesmo é deixado de lado, pois nada permanece entre a sua vista e aquilo
que ele olha, para julgar o que contempla. E nesta única visão ele vê a face de Cristo e compreende que olha para todos ao contem-
plar esse. Pois há luz onde antes havia escuridão, e agora o véu foi erguido da sua vista.
9. O véu sobre a face de Cristo, o medo de Deus e da salvação, e o amor pela culpa e pela morte, são todos nomes diferentes para
um único erro: que existe um espaço entre tu e o teu irmão, mantido à parte através de uma ilusão de ti mesmo que o mantém afas-
tado de ti e tu afastado dele. A espada do julgamento é a arma que dás à ilusão de ti mesmo para que ela possa.lutar para guardar o
espaço que mantém o teu irmão distante desocupado pelo amor. Entretanto, enquanto seguras essa espada, tens que perceber o
corpo como o que tu és, pois estás fadado à permanecer separado da vista daquele que segura o espelho para uma outra perspecti-
va do que ele é e, portanto, do que tu tens que ser.
10. O que é a tentação senão o desejo de permanecer no inferno e na miséria? E o que isso poderia fazer surgir senão uma imagem
de ti mesmo que pode ser miserável e permanecer no inferno e na tormenta? Quem aprendeu a ver o seu irmão não deste modo
salvou-se e é, portanto, um salvador para os outros. A todos Deus confiou todas as pessoas, porque um salvador parcial seria al-
guém apenas parcialmente salvo. As santas pessoas que Deus deu a ti para salvar são apenas todos aqueles que encontras ou con-
templas sem saber quem são; todos aqueles que viste por um instante e esqueceste e aqueles que conheceste há muito tempo e
aqueles que ainda irás encontrar; os esquecidos e os ainda não nascidos. Pois Deus te deu o Seu Filho para que tu o salves de to-
dos os conceitos que ele jamais manteve.
11. Apesar disso, enquanto desejas permanecer no inferno, como poderias ser o salvador do Filho de Deus? Como conhecerias a
sua santidade enquanto o vês à parte da tua? Pois a santidade é vista através de olhos santos que olham para a inocência interior e
assim esperam vê-la em toda parte. E assim eles a fazem emergir em cada um que contemplam, para que ele possa ser aquilo que
esperam dele. Essa é a visão do salvador: que ele veja a sua inocência em todas as pessoas que contempla e veja a sua própria
privação em todos os lugares. Ele não mantém nenhum conceito de si mesmo entre os seus olhos calmos e abertos e aquilo que vê.
Ele traz a luz ao que contempla para que o possa ver como realmente é.
12. Qualquer que seja a forma que a tentação pareça tomar, ela sempre reflete apenas o desejo de ser um ser que tu não és. E des-
se desejo surge um conceito, ensinando que és essa coisa que desejas ser. Ele permanecerá como o teu conceito de ti mesmo até
que o desejo que o gerou como um pai já não seja valorizado. Mas enquanto tu o aprecias, contemplarás o teu irmão à semelhança
do ser que é a imagem do desejo nascido de ti. Pois o ato de ver não pode senão representar um desejo, porque não tem o poder de
criar. Entretanto, ele pode olhar com amor ou olhar com ódio, dependendo apenas da tua simples escolha de querer unir-te ao que
vês ou manter-te à parte e separado.
13. A visão do salvador é tão inocente em relação ao que é o teu irmão, quanto é livre de qualquer julgamento feito em relaçã o a ti.
Ela não vê passado algum em ninguém. E assim serve à mente totalmente aberta, não anuviada por velhos conceitos e preparada
para olhar apenas para aquilo que o presente mantém. Ela não pode julgar porque não conhece. E reconhecendo isso meramente

228
UM CURSO EM MILAGRES
pergunta: ―Qual é o significado do que eu contemplo?‖ Então é dada a resposta. E a porta é mantida aberta para que a face de Cristo
brilhe sobre aquele que pede, em inocência, para ver além do véu das velhas idéias e dos antigos conceitos por tanto tempo apreci-
ados e mantidos contra a visão de Cristo em ti.
14. Assim sendo, sê vigilante contra a tentação lembrando-te de que não passa de um desejo, insano e sem significado, de fazer de ti
mesmo uma coisa que não és. E pensa igualmente nessa coisa que serias em vez disso. É algo feito de loucura, dor e morte; uma
coisa de traição e negro desespero, de sonhos fracassados sem nenhuma esperança remanescente, a não ser morrer e terminar o
sonho do medo. É isso o que é a tentação, nada mais do que isso. É possível ser difícil decidir contra isso? Considera o que é a ten-
tação e vê as alternativas reais entre as quais tu escolhes. Existem apenas duas. Não sejas enganado pelo que aparenta ser muitas
escolhas. Existe o Céu ou o inferno e dentre os dois só escolhes um.
15. Não permitas que a luz do mundo, dada a ti, seja escondida do mundo. Ele necessita de luz, pois é de fato escuro e homens se
desesperam porque a visão do salvador é detida e o que vêem é morte. Seu salvador está contemplando-os com olhos que não fo-
ram abertos, sem conhecer e sem ser conhecido. E eles não podem ver enquanto ele não os olha com olhos que vêem e não lhes
oferece o perdão junto com o seu próprio. É possível que tu, a quem Deus diz: ―Libera o meu Filho!‖ sejas tentado a não escutar,
quando aprendes que és aquele para quem Ele pede liberação? E o que, a não ser isso, esse curso quer ensinar? E o que, a não
ser isso, existe para aprenderes?

VIII. Escolhe outra vez


1. A tentação tem uma lição a ensinar em todas as suas formas, sempre que, ocorre. Ela quer persuadir o santo Filho de Deus de que
ele é um corpo, nascido no que tem que morrer, incapaz de escapar à sua fragilidade e limitado ao que o corpo ordena que ele sinta.
O corpo estabelece os limites do que ele pode fazer; seu poder é a única força que ele tem; o que ele apreende não pode exced er o
alcance diminuto do corpo. Quererias ser assim, se Cristo te aparecesse em toda a Sua glória pedindo-te apenas isso:
Escolhe outra vez se queres tomar o teu lugar entre os salvadores do mundo, ou se queres permanecer no inferno e lá manter
os teus irmãos.
Pois Ele veio e Ele está pedindo isso.
2. Como fazes a escolha? Como isso é explicado facilmente! Sempre escolhes entre a tua fraqueza e a força de Cristo em ti. E o que
escolhes é o que pensas que é real. Simplesmente pelo fato de nunca usares a fraqueza para dirigir as tuas ações, não deste a ela
nenhum poder. E à luz de Cristo em ti é dado o controle de tudo o que fazes. Pois trouxeste a tua fraqueza a Ele e Ele te deu a Sua
força em lugar dela.
3. As provações são apenas lições que falhaste em aprender, apresentadas mais uma vez de forma que onde antes fizeste uma es-
colha faltosa agora possas fazer outra melhor e assim escapar de toda a dor que o que escolheste antes trouxe a ti. Em toda difi-
culdade, toda aflição e a cada perplexidade, Cristo te chama e gentilmente diz: ―Meu irmão, escolhe outra vez.‖ Ele não deixaria uma
única fonte de dor sem cura, nem imagem alguma para velar a verdade. Ele quer remover toda a miséria de ti, a quem Deus criou
como um altar à alegria. Ele não te deixaria sem consolo, sozinho em sonhos do inferno, mas quer liberar a tua mente de todas as
coisas que escondem a Sua face de ti. A Sua santidade é a tua porque Ele é único Poder que é real em ti. A Sua força é a tua por-
que Ele é o Ser Que Deus criou como Seu único Filho.
4. As imagens que fazes não podem prevalecer contra o que o Próprio Deus quer que sejas. Portanto, nunca tenhas medo da tenta-
ção, mas a vejas como é: uma outra chance de escolher outra vez e permitir que a força de Cristo prevaleça em qualquer cir-
cunstância e em qualquer lugar onde antes havias erguido uma imagem de ti mesmo. Pois o que aparenta esconder a face de Cristo
é impotente diante da Sua majestade e desaparece diante da Sua vista santa. Os salvadores do mundo, que vêem como Ele, são
simplesmente aqueles que escolhem a Sua força em vez de suas próprias fraquezas, vistas à parte Dele. Eles redimirão o mundo,
pois estão unidos em todo o poder da Vontade de Deus. E a sua vontade é apenas aquilo que é a Vontade de Deus.
5. Portanto, aprende o hábito feliz de responder a toda tentação de perceber a ti mesmo como fraco e miserável com estas palavras:
Eu sou como Deus me criou. O Filho de Deus nada pode sofrer. E eu sou Seu Filho.
Assim é a força de Cristo convidada a prevalecer substituindo todas as tuas fraquezas com a força que vem de Deus e que nunca
pode falhar. E assim os milagres são tão naturais quanto o medo e a agonia pareciam ser, antes que a escolha pela santidade fosse
feita. Pois nesta escolha as falsas distinções desaparecem, as alternativas ilusórias são postas de lado e não se deixa nada para
interferir com a verdade.
6. Tu és como Deus te criou e assim é cada coisa viva que contemplas independentemente das imagens que vês. O que contemplas
como doença e dor, como fraqueza, sofrimento e perda, não é senão a tentação de perceber a ti mesmo como sendo indefeso e
estando no inferno. Não cedas a isso e verás toda a dor, sob qualquer forma e onde quer que ocorra, simplesmente desaparecer
como a névoa diante do sol. Um milagre veio para curar o Filho de Deus e fechar a porta aos seus sonhos de fraqueza, abrindo o
caminho para a sua salvação e liberação. Escolhe outra vez o que queres que ele seja, lembrando-te de que cada escolha que fazes
estabelece a tua própria identidade assim como tu a verás e acreditarás que é.
7. Não me negues a pequena dádiva que peço, quando, em troca, eu coloco aos teus pés a paz de Deus e o poder de trazer essa
paz a cada um que vaga no mundo incerto, solitário e com medo constante. Pois te é dado unir-te a ele e através do Cristo em ti
retirar o véu que lhe cobre os olhos e permitir que ele olhe para o Cristo em si mesmo.
8. Meus irmãos na salvação, não deixem de ouvir a minha voz e de escutar as minhas palavras. Eu nada peço senão a tua própria
liberação. Não existe lugar para o inferno dentro de um mundo cuja beleza pode ainda ser tão intensa e tão abrangente que apenas
um passo o separa do Céu. Aos teus olhos cansados eu trago a visão de um mundo diferente, tão novo, tão limpo e fresco, que es-
quecerás a dor e a tristeza que viste antes. Entretanto, essa é uma visão que tens que compartilhar com todas as pessoas que vês,
pois, de outro modo, não a contemplarás. Dar essa dádiva é a forma de fazê-la tua. E Deus determinou, em benignidade amorosa,
que ela fosse tua.
9. Vamos ficar contentes porque podemos caminhar pelo mundo e achar tantas oportunidades de perceber outra situação onde a
dádiva de Deus pode mais uma vez ser reconhecida como nossa! E assim todos os vestígios do inferno, os pecados secretos e os
ódios escondidos desaparecerão. E toda a beleza que eles ocultavam aparecerá como os gramados do Céu aos nossos olhos para
erguer-nos bem acima das estradas espinhosas pelas quais viajamos antes que Cristo aparecesse. Ouçam-me, meus irmãos, ou-

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UM CURSO EM MILAGRES
çam e unam-se a mim. Deus determinou que eu não pudesse chamar em vão e na certeza de Deus eu descanso contente. Pois vós
ouvireis e escolhereis outra vez. E nesta escolha todos serão libertados.
10. Graças Te dou, Pai, por estas pessoas santas que são meus irmãos assim como são Teus Filhos. Minha fé neles é a Tua. Eu
estou tão certo de que virão a mim assim como Tu estás certo do que eles são e serão para sempre. Eles aceitarão a dádiva que eu
lhes ofereço porque Tu a deste a mim em nome deles. Se assim como eu não quero senão fazer a Tua santa Vontade, assim eles
escolherão. E eu dou graças por eles. A canção da salvação ecoará através do mundo com cada escolha que fizerem. Pois nós so-
mos um em propósito e o fim do inferno está próximo.
11. Em alegres boas-vindas minha mão está estendida a todo irmão que queira unir-se a mim para alcançar o que está além da ten-
tação, olhando com fixa determinação na direção da luz que brilha além em perfeita constância. Dá-me os que são meus, pois eles
pertencem a Ti. E é possível que Tu falhes naquilo que não é senão a Tua Vontade? Eu Te dou graças pelo que são os meus irmãos.
E à medida em que cada um elege unir-se a mim, a canção de agradecimento da terra para o Céu cresce e os diminutos fios disper-
sos de melodia vêm a ser um único coro que abrange todo um mundo redimido do inferno, que dá graças a Ti.
12. E agora nós dizemos ―Amém.‖ Pois Cristo veio para habitar na morada que Tu estabeleceste para Ele antes do início dos tempos,
na calma eternidade. A jornada se encerra, terminando no lugar em que começou. Nenhum traço permanece. A fé não é dada a ne-
nhuma ilusão e nada que venha das trevas ainda permanece para esconder a face de Cristo de quem quer que seja. A Tua Vontade
está feita, completa e perfeitamente, e toda a criação reconhece a Ti e conhece a Ti como a única Fonte que tem. Clara à Tua seme-
lhança, a Luz brilha a partir de todas as coisas que vivem e se movem em Ti. Pois nós alcançamos o lugar onde todos nós somos
um e estamos em casa, onde Tu queres que estejamos.

LIVRO DE EXERCÍCIOS

INTRODUÇÃO
1. Um fundamento teórico, tal como o Texto provê, é necessário como uma estrutura para fazer com que as lições deste livro de
exercícios sejam significativas. Contudo, é a prática dos exercícios que fará com que a meta do curso seja possível. Uma
mente sem treino nada pode realizar. O propósito deste livro de exercícios é o de treinar a tua mente para pensar segundo as
linhas propostas pelo Texto.
2. Os exercícios são muito simples. Não requerem muito tempo e não importa onde sejam feitos. Não necessitam de nenhuma prepa-
ração. O período de treino é um ano. Os exercícios são numerados de 1 a 365. Não empreendas fazer mais do que uma l ição
por dia.
3. O livro de exercícios é dividido em duas seções principais: a primeira lida com a remoção do modo como vês agora e a segunda
com a aquisição da verdadeira percepção. Com exceção dos períodos de revisão, os exercícios de cada dia são planeados à
volta de uma idéia central que é declarada desde início. Essa idéia é seguida de uma descrição dos procedimentos específi-
cos segundo os quais a idéia do dia deve ser aplicada.
4. O propósito do livro de exercícios é o treinar a tua mente de forma sistemática para uma percepção diferente de todos e de tudo no
mundo. Os exercícios são planejados para te ajudar a generalizar as lições de modo a que compreendas que cada uma delas
é igualmente aplicável a todos e a tudo o que vês.
5. A transferência do treino em verdadeira percepção não ocorre tal como em qualquer processo de treino no mundo. Se a verdadeira
percepção tiver sido conseguida em conexão com qualquer pessoa, situação ou evento, podes ter como certa a transferência

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UM CURSO EM MILAGRES
total, para todos e para tudo. Por outro lado, uma exceção mantida à parte da percepção verdadeira faz com que as suas rea-
lizações sejam impossíveis em qualquer lugar.
6. Assim, as únicas regras gerais a serem observadas do início ao fim são: primeiro, que os exercícios sejam praticados com grande
especificidade, conforme será indicado. Isso ajudar-te-á a generalizar as idéias envolvidas com cada situação em que te en-
contrares, assim como a todos e a tudo nela. Segundo, certifica-te de não decidir por conta própria que há algumas pessoas,
situações ou coisas às quais as idéias são inaplicáveis. Isso interferirá com a transferência do treino. A própria natureza da
percepção verdadeira é que ela não tem limites. É o oposto do modo como vês agora.
7. O objetivo geral dos exercícios é aumentar a tua capacidade de estender as idéias que estarás a praticar para incluir tudo. Isso não
requererá nenhum esforço da tua parte. Os próprios exercícios reúnem em si as condições necessárias para esse tipo de
transferência.
8. Poderá parecer-te difícil acreditar em algumas idéias que este livro de exercícios te apresenta; outras poderão parecer-te bastante
surpreendentes. Isso não importa., simplesmente, te é pedido que as apliques tal como és dirigido a fazer. Não te é pedido pa-
ra as julgares em absoluto. Só te pedido que as uses. É usando estas idéias que lhes encontrarás significado para e te aper-
ceberás que são verdadeiras.
9. Lembra-te apenas disto: não precisas acreditar nas idéias, não precisas aceitá-las nem sequer precisas de acolhê-las bem. A al-
gumas delas podes resistir ativamente. Nada disso importará ou diminuirá a sua eficácia. Mas não te permitas fazer exceções
ao aplicar as idéias contidas no livro de exercícios e usa-as, qualquer que sejam as tuas reações a elas. Nada mais do que is-
so é requerido.

PARTE I

Nada do que eu vejo nesse lugar significa coisa alguma.


Agora olha vagarosamente à tua volta e pratica aplicando essa idéia, de modo muito específico, a qualquer coisa que vejas:
Essa mesa não significa nada.
Essa cadeira não significa nada.
Esse pé não significa nada.
Essa mão não significa nada.
Essa caneta não significa nada.
Então, olha além do que o que está imediatamente à tua volta e aplica a idéia a um âmbito mais amplo:
Aquela porta não significa nada.
Aquele corpo não significa nada.
Aquela lâmpada não significa nada.
Aquele cartaz não significa nada.
Aquela sombra não significa nada.
Nota que estas declarações não estão agrupadas em nenhuma ordem e não fazem nenhuma distinção quanto às diferenças entre os
tipos de coisas às quais são aplicadas. Esse é o propósito do exercício. A declaração deve ser meramente aplicada a qualquer coisa
que vês. Ao praticares a idéia do dia, usa-a com total indiscriminação. Não tentes aplicá-las a tudo o que vês, pois estes exercícios
não devem se tornar ritualísticos. Apenas certifica-te de que nada do que vês seja especificamente excluído. Qualquer coisa é como
qualquer outra no que concerne à aplicação da idéia.
Cada uma das três primeiras lições não deve ser praticada mais do que duas vezes por dia, de preferência pela manhã e à noite .
Também não se deve tentar fazê-las por mais de um minuto, aproximadamente, a menos que isso implique em uma sensação de
pressa. Uma sensação confortável de lazer é essencial.

Eu tenho dado a tudo o que vejo nesse lugar todo o significado que tem para mim.
Os exercícios com essa idéia são os mesmos que os da primeira. Começa com as coisas que estão perto de ti e aplica a idéia a
qualquer coisa sobre a qual o teu olhar pousar. Depois, aumenta o âmbito para fora. Vira a cabeça para incluir o que quer que esteja
em qualquer um dos lados. Se possível, vira-te e aplica a idéia àquilo que estava atrás de ti. Continua sendo tão indiscriminado
quanto for possível ao selecionar os sujeitos para a aplicação dessa idéia, não te concentres em nada em particular e não tentes
incluir tudo o que vês em uma determinada área, ou introduzirás tensão.
Meramente dá uma olhada com naturalidade e razoável rapidez à tua volta, tentando evitar qualquer seleção por tamanho, brilho, cor,
material, ou relativa importância para ti. Considera os sujeitos simplesmente como os vires. Tenta aplicar o exercício com igual facili-
dade a um corpo ou a um botão, a uma mosca ou ao chão, a um braço ou a uma maçã. O único critério para a aplicação da idéia a
qualquer coisa é meramente que os teus olhos a tenham tocado. Não tentes incluir coisa alguma em particular, mas certifica-te de
que nada seja especificamente excluído.

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UM CURSO EM MILAGRES
Eu não compreendo coisa alguma do que vejo nesse lugar.
Aplica essa idéia do mesmo modo que as anteriores, sem fazer qualquer tipo de distinção. O que quer que vejas vem a ser um sujeito
apropriado para aplicar a idéia. Certifica-te de não questionar a adequação do que quer que seja para a aplicação da idéia.
Estes não são exercícios de julgamento. Qualquer coisa é adequada, desde que a vejas. Algumas das coisas que vês podem ter um
significado emocionalmente carregado para ti. Tenta colocar esses sentimentos de lado e, meramente, usa-as assim como usarias
outra coisa qualquer.
O sentido dos exercícios é o de ajudar-te para que limpes a tua mente de todas as associações passadas para veres as coisas exa-
tamente como aparecem para ti agora e para que reconheças quão pouco realmente compreendes a respeito delas.
Portanto, é essencial que mantenhas uma mente perfeitamente aberta e desembaraçada de julgamento ao selecionar as coisas às
quais a idéia para o dia deve ser aplicada. Para esse propósito uma coisa é como qualquer outra, igualmente adequada e, portanto,
igualmente útil.

Esses pensamentos não significam nada. São como as coisas que eu vejo nesse lugar.
Distintos dos anteriores, estes exercícios não começam com a idéia para o dia. Nestes períodos de prática, começa notando os pen-
samentos que estão cruzando a tua mente durante mais ou menos um minuto. Em seguida, aplica a idéia a eles. Se já estiveres
ciente de pensamentos infelizes, usa-os como sujeitos para a idéia. Todavia, não seleciones apenas os pensamentos que pensas
que são maus. Acharás, treinando-te a olhar para os teus pensamentos, que representam tal uma mistura de que, de certa forma,
nenhum deles pode ser chamado de bom ou mau. É por isso que não significam nada.
Ao selecionarmos os sujeitos para a aplicação da idéia de hoje, a especificidade usual é requerida. Não tenhas medo de usar tanto os
pensamentos bons como os pensamentos maus. Nenhum deles representa os teus pensamentos reais, que estão sendo cobertos
por eles. Os bons são apenas sombras daquilo que está além e sombras fazem com que seja difícil ver. Os maus são bloqueios para
a vista e fazem com que seja impossível ver. Não queres nenhum dos dois.
Esse é um dos exercícios principais e será repetido de vez em quando de forma um pouco diferente. O objetivo aqui é o de treinar-te
nos primeiros passos em direção à meta de separar o que é sem significado daquilo que é significativo. É uma primeira tentativa no
propósito de longo alcance de aprenderes a ver o sem significado como estando fora de ti e o significativo dentro de ti. Também é o
começo do treinamento da tua mente para reconhecer o que é o mesmo e o que é diferente.
Ao usares os teus pensamentos para a aplicação da idéia para o dia de hoje, identifica cada pensamento pela figura central ou even-
to que ele contém, por exemplo:
Esse pensamento sobre....... não significa nada. É como as coisas que vejo nesse lugar.
Também podes usar a idéia para algum pensamento em particular que reconheças como danoso. Essa pratica é útil, mas não é um
substituto para os procedimentos mais casuais que devem ser seguidos para os exercícios. Contudo, não examines a tua mente por
mais de um minuto aproximado. Ainda és por demais inexperiente para evitar uma tendência a preocupar-te de forma inútil.
Além disso, como estes exercícios são os quatro primeiros deste tipo, podes achar a suspensão de julgamento em conexão com os
pensamentos particularmente difícil. Não repitas estes exercícios mais de três ou quatro vezes durante o dia. Nós voltaremos a eles
mais tarde.

Eu nunca estou transtornada pela razão que imagino.


Essa idéia, como a precedente, pode ser usada com qualquer pessoa, situação ou evento que no teu pensamento estejam te cau-
sando dor. Aplica-a especificamente a qualquer coisa que acredites ser a causa do teu transtorno, usando para a descrição do sen-
timento quaisquer termos que te parecerem exatos. O transtorno pode parecer ser medo, preocupação, depressão, ansiedade, raiva,
ódio, ciúme ou inúmeras outras formas, das quais todas serão percebidas como diferentes. Isso não é verdadeiro, contudo, até a-
prenderes que a forma não importa, cada uma vem a ser um sujeito apropriado para os exercícios do dia. Aplicar a mesma idéia a
cada uma delas separadamente é o primeiro passo para reconheceres que, em última instância, todas são a mesma. Ao usares a
idéia de hoje para algo que percebes como a causa específica de qualquer forma de transtorno, usa tanto o nome da forma na qual
vês o transtorno quanto à causa a que tu o atribuis. Por exemplo:
Não estou com raiva de.... pela razão que imagino.
Não estou com medo de.... pela razão que imagino.
Todavia, mais uma vez, isso não deve substituir os períodos de prática em que primeiro procuras na tua mente as fontes do transtor-
no no qual acreditas e as formas do transtorno que pensas resultares delas.
Nestes exercícios, mais do que nos precedentes, podes achar difícil ser indiscriminado e evitar dar a alguns sujeitos maior peso do
que a outros. Talvez ajude, se precederes os exercícios com a declaração:
Não há pequenos transtornos. Todos eles perturbam do mesmo modo a paz da minha mente.
Em seguida, examina a tua mente procurando o que quer que seja que esteja te afligindo, independente de achares que isso está te
afligindo muito ou pouco. Também podes estar menos disposto a aplicar a idéia de hoje a algumas das coisas que percebes como
fontes de transtorno mais do que as outras. Se isso ocorre, pensa primeiro no seguinte:
Eu não posso guardar essa forma de transtorno e abandonar as outras. Assim, para os propósitos destes exercícios, vou considerá-
las todas como a mesma.
Então investiga a tua mente por não mais de um minuto e tanta identificar algumas formas diferentes de transtorno que estão te per-
turbando, independentemente da relativa importância que possas lhes dar. Aplica a idéia para o dia de hoje a cada uma delas, usan-
do tanto o nome da fonte do transtorno como a percebes, quanto do sentimento como o experimentas. Outros exemplos são:
Eu não estou preocupada com ____ pela razão que imagino.
Eu não estou deprimida com ____ pela razão que imagino.
Três ou quatro vezes durante o dia é o suficiente.

232
UM CURSO EM MILAGRES
Eu estou transtornada porque vejo algo que não existe.
Os exercícios com essa idéia são muito similares aos precedentes. Mais uma vez, para qualquer aplicação da idéia, é necessário
citar tanto o nome da forma do transtorno (raiva, medo, preocupação, depressão...) quanto da fonte, tal como a percebes de modo
bem específico. Por exemplo:
Eu estou com raiva de _____ porque vejo algo que não existe.
Eu estou preocupada com _____ porque vejo algo que não existe.
É útil aplicar a idéia de hoje a qualquer coisa que pareça transtornar-te e ela pode ser usada com proveito ao longo do dia para esse
propósito. Todavia, os três ou quatro períodos de prática que são requeridos devem ser precedidos, como antes, de uma investiga-
ção da tua mente de cerca de um minuto, e a idéia deve ser aplicada a cada pensamento que te transtorne e que seja descoberto na
investigação.
Mais uma vez, se resistes em aplicar a idéia a alguns pensamentos transtornadores mais do que a outros, lembra-te dos dois avisos
colocados na lição anterior:
Não há pequenos transtornos. Todos eles são igualmente perturbadores para a paz da minha mente.
Eu não posso guardar essa forma de transtorno e abandonar as outras. Assim, para os propósitos destes exercícios, vou considerá-
las todas como a mesma.

Eu só vejo o passado.
É particularmente difícil acreditar nesta idéia a princípio. No entanto, é o fundamento racional para todas as precedentes.
É a razão pela qual nada do que vejo significa coisa alguma.
É a razão pela qual dei a tudo o que vejo todo o significado que tem para mim.
É a razão pela qual não compreendo coisa alguma do que vejo.
É a razão pela qual meus pensamentos não significam coisa alguma e são como as coisas que vejo.
É a razão pela qual nunca estou transtornada pela razão que imagino.
É a razão pela qual estou transtornada por ver algo que não existe.
Idéias velhas sobre o tempo são muito difíceis de serem mudadas porque tudo aquilo em que acreditas tem as suas raízes no tempo
e depende de não aprenderes estas novas idéias sobre ele. No entanto, é precisamente por isso que precisas de novas idéias sobre
o tempo. Essa primeira idéia sobre ele não é realmente tão estranha quanto possa parecer de início.
Olha para uma xícara, por exemplo: vês uma xícara, ou estás meramente revendo as tuas experiências passadas de pegar uma
xícara, estar sedento, beber, sentir a borda de uma xícara contra os teus lábios, tomar café, e assim por diante? E as tuas reações
estéticas em relação à xícara, também não estão baseadas em experiências passadas? De que outra maneira saberias se, ao deixá-
la cair, esse tipo de xícara quebraria ou não? O que sabes sobre essa xícara exceto o que aprendeste no passado? Exceto pelo teu
aprendizado passado, não terias nenhuma idéia do que é essa xícara. Então, será que realmente a vês?
Olha à tua volta. Isso é igualmente verdadeiro para o que quer que seja que olhes. Reconhece isso aplicando a idéia para o dia de
hoje indiscriminadamente a qualquer coisa que capte o teu olhar. Por exemplo:
Eu vejo só o passado nesse lápis.
Eu vejo só o passado nesse sapato.
Eu vejo só o passado naquele corpo.
Eu vejo só o passado naquele rosto.
Não te detenhas em nada em particular, mas lembra-te de não omitir nada especificamente. Dá uma olhada rápida em cada sujeito e
então passa para o seguinte. Três ou quatro períodos de prática, cerca de um minuto cada um, serão suficientes.

A minha mente está preocupada com pensamentos passados.


Essa idéia é a razão pela qual vês só o passado. Ninguém vê coisa alguma realmente. Só é possível ver os próprios pensamentos
projetados para fora. A preocupação da mente com o passado é a causa da concepção equivocada acerca do tempo da qual sofre o
teu modo de ver. A tua mente não pode apreender o presente, que é o único tempo que existe. Portanto, não pode compreender o
tempo e não pode, de fato, compreender coisa alguma.
O único pensamento totalmente verdadeiro que alguém pode manter sobre o passado é que ele não está aqui. Pensar sobre ele de
qualquer modo e, portanto, pensar em ilusões. Poucos compreenderam o que está, de fato, implicado em retratar o passado ou em
antecipar o futuro. A mente está em branco quando faz isso, porque não está realmente pensando sobre coisa alguma.
O propósito dos exercícios para o dia de hoje é começar a treinar a tua mente a reconhecer quando não está realmente pensando em
absoluto.
Enquanto idéias sem pensamento preocupam a tua mente, a verdade é bloqueada. Reconhecer que a tua mente tem estado apenas
em branco, ao invés de acreditar que está cheia de idéias reais, é o primeiro passo para abrir o caminho para a visão.
Os exercícios para o dia de hoje devem ser feitos de olhos fechados. Isso porque, de fato, não podes ver coisa alguma e é mais fácil
reconhecer que, por mais vívido que seja o retrato que possas fazer de um pensamento, não estás vendo coisa alguma. Com o me-
nor investimento possível, investiga a tua mente por cerca de um minuto, como de costume, apenas notando os pensamentos que lá
achares. Cita cada um deles pela figura central ou tema que contenha e passa para o seguinte. Começa o período de prática dizen-
do:
Eu pareço estar pensando sobre...

233
UM CURSO EM MILAGRES
Em seguida, cita cada um dos teus pensamentos especificamente, por exemplo:
Eu pareço estar pensando sobre (nome de uma pessoa), sobre (nome de um objeto), sobre (nome de uma emoção).
E assim por diante, concluindo no final do período de exame da mente com:
Mas a minha mente está preocupada com pensamentos passados.
Isso pode ser feito quatro ou cinco vezes durante o dia, a menos que aches que te irrita. Se achares que é penoso, três ou quatro
vezes são suficientes. Contudo, podes achar útil incluir a tua irritação ou qualquer emoção a que a idéia para o dia de hoje possa
induzir no próprio exame da mente.

Eu não vejo nada tal como é agora.


Essa idéia, obviamente, decorre das duas precedentes. Mas, embora possas ser capaz de aceitá-la intelectualmente, é pouco prová-
vel que signifique alguma coisa para ti por enquanto. Contudo, a compreensão não é necessária neste ponto. De fato, o reconheci-
mento de que não compreendes é um pré-requisito para desfazer tuas falsas idéias. Estes exercícios concernem à prática, não à
compreensão. Não precisas praticar aquilo que já compreendes. Ter como objetivo a compreensão e assumir que já a tens seria, de
fato, andar em círculos.
É difícil para a mente não treinada acreditar que aquilo que ela parece retratar não existe. Essa idéia pode ser bastante perturbadora
e pode e pode encontrar uma resistência ativa sob inúmeras formas. Mas isso não impede a sua aplicação. Nada mais do que isso é
requerido para estes exercícios ou quaisquer outros. Cada pequeno passo esclarecerá um pouco da escuridão, e a compreensão
finalmente virá para iluminar cada canto da mente que tenha sido esvaziado dos entulhos que o obscurecem.
Estes exercícios, para os quais bastam três ou quatro períodos de prática, envolvem olhar à tua volta e aplicar a idéia para o dia a
qualquer coisa que vês, lembrando-te da necessidade de uma aplicação indiscriminada e da regra essencial de nada excluir. Por
exemplo:
Eu não vejo esse computador tal como é agora.
Eu não vejo esse telefone tal como é agora.
Eu não vejo esse braço tal como é agora.
Começa com as coisas mais próximas de ti e depois estende o teu âmbito para fora:
Eu não vejo aquele portão tal como é agora.
Eu não vejo aquela árvore tal como é agora.
Eu não vejo aquele rosto tal como é agora.
Enfatiza-se mais uma vez que, embora não devas tentar a inclusão completa, tens que evitar qualquer exclusão específica. Certifica-
te de estar sendo honesto contigo mesmo ao fazer essa distinção. Podes ser tentado a obscurecê-la.

Os meus pensamentos não significam coisa alguma.


Essa idéia se aplica a todos os pensamentos dos quais estejas ciente, ou venhas a estar ciente durante os períodos de prática. A
razão de essa idéia ser aplicável a todos eles é que não são os teus pensamentos reais. Já fizemos essa distinção antes e a fare-
mos novamente. Ainda não tens base para comparação. Quando tiveres, não terás dúvidas de que o que antes acreditavas serem os
teus pensamentos, não significavam coisa alguma.
Essa é a segunda vez que usamos esse tipo de idéia. A forma é apenas ligeiramente diferente. Dessa vez, a idéia é introduzida com
Meus pensamentos, ao invés de esses pensamentos, e nenhuma ligação explícita é feita com as coisas ao teu redor. A ênfase está
agora na falta de realidade daquilo que pensas que pensas.
Esse aspecto do processo de correção começou com a idéia de que os pensamentos dos quais estás ciente são sem significado,
estão fora ao invés de dentro de ti e, então, enfatizou-se o seu status passado ao invés do presente. Agora estamos enfatizando que
a presença desses pensamentos significa que não estás pensando. Essa é apenas uma outra maneira de repetir a nossa declaração
anterior de que a tua mente está realmente em branco. Reconhecer isso é reconhecer o nada quando pensas que o vês. Como tal,
esse é o pré-requisito para a visão.
Fecha os olhos para estes exercícios e começa-os repetindo a idéia para o dia de hoje bem lentamente para ti mesmo. Depois, a-
crescenta:
Essa idéia me ajudará a liberar-me de tudo em que eu acredito agora.
Os exercícios consistem, como antes, em investigar na tua mente todos os pensamentos que estejam disponíveis para ti, sem sele-
ção ou julgamento. Tenta evitar qualquer tipo de classificação. De fato, se achares que pode ser útil, poderias imaginar que estás
vendo uma procissão estranhamente agrupada passar, com pouco ou nenhum significado pessoal para ti. À medida que cada um
cruza a tua mente, dize:
Meu pensamento sobre _____ não significa coisa alguma.
Meu pensamento sobre _____ não significa coisa alguma.
O pensamento de hoje pode obviamente servir para qualquer pensamento que te aflija em qualquer momento. Além disso, são reco-
mendados cinco períodos de prática, cada um com aproximadamente um minuto no máximo de exame mental. Não é recomendável
que esse período seja estendido, e ele deve ser reduzido para meio minuto ou até menos, se experimentares desconforto. Lembra-
te, contudo, de repetir a idéia lentamente antes de aplicá-la de forma especifica e também de acrescentar:
Essa idéia me ajudará a liberar-me de tudo em que eu acredito agora.

234
UM CURSO EM MILAGRES
Os meus pensamentos sem significado estão me mostrando um mundo sem significado.
Essa é a primeira idéia que temos que está relacionada com uma fase principal do processo de correção: a reversão do modo de
pensar do mundo. Parece que o mundo determina o que percebes. A idéia para o dia de hoje introduz o conceito de que os teus
pensamentos determinam o mundo que vês. Fica contente, de fato, por praticar a idéia na sua forma inicial, pois nesta idéia a tua
liberação está assegurada. Nela está a chave para o perdão.
Os períodos de prática da idéia de hoje devem ser empreendidos de um modo um pouco diferente dos anteriores. Começa com os
olhos fechados e repete a idéia lentamente para ti mesmo. Em seguida, abre os olhos e olha ao teu redor para perto e para longe,
para cima e para baixo, para qualquer lugar. Durante o minuto aproximado que vais passar usando a idéia, meramente repete-a para
ti mesmo, estando seguro de fazê-lo sem pressa e sem nenhuma sensação de urgência ou esforço.
Para fazer estes exercícios com o máximo benefício, teus olhos devem mover-se de uma coisa para outra de forma razoavelmente
rápida, já que não devem deter-se em nada em particular. Contudo, as palavras devem ser usadas sem pressa, até mesmo de ma-
neira descansada. A introdução a essa idéia, em particular, deve ser praticada da forma mais casual possível. Ela contém o funda-
mento para a paz, o relaxamento e a libertação de preocupações que estamos tentando conseguir. Ao concluir os exercícios, fecha
os olhos e repete a idéia lentamente para ti mesmo mais uma vez.
Hoje, três períodos de prática provavelmente serão suficientes, mas se houver pouco ou nenhum mal-estar e se te sentires inclinado
a fazer mais, até mesmo cinco períodos podem ser empreendidos. Mais do que isso não é recomendado.

Eu estou transtornada porque vejo um mundo sem significado.


A importância dessa idéia está no fato de que ela contém uma correção para uma das principais distorções perceptivas. Pensas que
o que te transtorna é um mundo assustador ou um mundo triste, ou um mundo violento, ou um mundo insano. Todos estes atributos
são dados a ele por ti. O mundo em si mesmo é sem significado.
Estes exercícios são feitos com os olhos abertos. Olha ao teu redor, dessa vez bem lentamente. Tenta compassar a ti mesmo de
maneira que a passagem lenta do teu olhar de uma coisa para outra envolva um intervalo de tempo razoavelmente constante. Não permi-
tas que o tempo da passagem venha a ser notadamente mais longo ou mais curto, mas tenta, em vez disso, manter um compasso
medido e uniforme do início ao fim. O que vês não importa. É isso que estás ensinando a ti mesmo ao dar a qualquer coisa sobre a qual o
teu olhar pousar igual atenção e tempo igual. Esse é um passo inicial na aprendizagem de dar igual valor a todas elas. Ao olhar ao teu re-
dor, dize a ti mesmo:
Eu penso que vejo um mundo amedrontador, um mundo perigoso, um mundo hostil, um mundo triste, um mundo perverso, um
mundo louco...
E assim por diante, usando quaisquer termos descritivos que possam te ocorrer. Se termos que parecem positivos em vez de negati-
vos te ocorrerem, inclua-os. Por exemplo, poderias pensar num mundo bom, ou num mundo satisfatório. Se tais termos te ocorrerem,
usa-os junto com os outros. Podes ainda não compreender porque esses adjetivos agradáveis têm lugar nestes exercícios, mas lem-
bra-te que um mundo bom implica em um mau e um mundo satisfatório implica em um insatisfatório.
Todos os termos que cruzarem a tua mente são sujeitos adequados para os exercícios de hoje. A sua qualidade aparente não impor-
ta. Certifica-te de não alterar os intervalos de tempo entre as aplicações da idéia para o dia de hoje ao que pensas que é aprazível e
ao que pensas que é desprazível. Para os propósitos destes exercícios, não há nenhuma diferença entre eles. No final do período de
prática, acrescenta:
Mas eu estou transtornada porque vejo um mundo sem significado.
Aquilo que é sem significado não é bom nem mau. Então, porque um mundo sem significado deveria transtornar-te? Se pudesses
aceitar o mundo como algo sem significado e deixar a verdade ser escrita sobre ele para ti, isso te faria indescritivelmente feliz. Mas,
por ser sem significado, tu és impelido a escrever nele o que querias que ele fosse. É isso que vês nele. É isso o que é sem signifi-
cado na verdade. Por baixo das tuas palavras está escrito o Verbo de Deus. A verdade te transtorna agora, mas quanto as tuas pala-
vras tiverem sido apagadas, tu verás as Suas. Este é o propósito fundamental destes exercícios. Três ou quatro vezes são suficien-
tes para a prática da idéia para o dia de hoje. Os períodos de prática também não devem exceder um minuto. Podes achar até mes-
mo isso longo demais. Termina os exercícios ao experimentar uma sensação de tensão.

Um mundo sem significado gera medo.


A idéia para o dia de hoje é realmente uma outra forma da precedente, exceto pelo fato de ser mais específica em relação à emoção
despertada. De fato, um mundo sem significado é impossível. Nada sem significado existe. Todavia, disso não decorre que não pen-
sarás que percebes algo que não tenha significado, pelo contrário, estarás particularmente propenso a pensar que o percebes.
O reconhecimento da falta de significado desperta intensa ansiedade em todos os separados. Representa uma situação na qual Deus
e o ego desafiam um ao outro, quanto à autoria do significado do que deve ser escrito no espaço vazio que a falta de significado
provê. O ego se lança freneticamente para lá estabelecer as suas próprias idéias, amedrontado que, de outra forma, o vazio possa
ser usado para demonstrar a sua própria impotência e irrealidade. E somente nisso ele está correto.
É essencial, portanto, que aprendas a reconhecer aquilo que é sem significado e aceitá-lo sem medo. Se estiveres amedrontado, é
certo que dotaras o mundo com atributos que ele não possui e o apinharás de imagens que não existem. Para o ego, as ilusões são
dispositivos de segurança, assim como tem que ser também para ti, que te igualas ao ego.
Os exercícios para o dia de hoje, que deverão ser feitos cerca de três a quatro vezes, por não mais de cerca de um minuto no máxi-
mo de cada vez, devem ser praticados de um modo um pouco diferente dos precedentes. Com os olhos fechados, repete a idéia de
hoje para ti mesmo. Então, abre os olhos e olha lentamente ao teu redor, dizendo:
Eu estou olhando para um mundo sem significado.
Repete essa declaração para ti mesmo enquanto olha à tua volta. Então, fecha os olhos e conclui com:
Um mundo sem significado gera medo porque eu penso que estou em competição com Deus.

235
UM CURSO EM MILAGRES
Podes achar difícil evitar a resistência de uma forma ou de outra a essa declaração conclusiva. Qualquer que seja a forma que essa
resistência possa tomar, lembra-te de que estás realmente com medo de tal pensamento por causa da vingança do inimigo. Não se
espera que acredites nesta declaração a essa altura e provavelmente a descartarás como prepóstera. Contudo, observa cuidadosa-
mente qualquer sinal de medo, manifestado ou reprimido, que ela possa despertar.
Essa é a nossa primeira tentativa em declarar uma relação explícita de causa e efeito de um tipo que tu ainda és muito inexperiente
em reconhecer. Não te detenhas na declaração conclusiva e tenta nem pensar nela exceto durante os períodos de prática. No mo-
mento presente isso será suficiente.

Deus não criou um mundo sem significado.


A idéia para o dia de hoje é, evidentemente, a razão pela qual um mundo sem significado é impossível. O que Deus não criou não exis-
te. E tudo o que existe, existe tal como Ele o criou. O mundo que vês nada tem a ver com a realidade. Foi feito por ti e não existe.
Os exercícios para o dia de hoje devem ser praticados com os olhos fechados do início ao fim. O período de exame da mente deve
ser curto, um minuto no máximo. Não tenhas mais do que três períodos de prática com a idéia para o dia de hoje, a menos que os
ache confortáveis. Se isso acontecer, será porque realmente compreendes para que servem.
A idéia para o dia de hoje é um outro passo no aprendizado de abandonar os pensamentos que tens escrito no mundo e de veres em
seu lugar o Verbo de Deus. Os passos iniciais nessa troca, que verdadeiramente pode ser chamada de salvação, podem ser bastan-
tes difíceis e até bastante dolorosos. Alguns deles te conduzirão diretamente ao medo. Tu não serás deixado lá. Irás muito além dis-
so. A nossa direção é rumo à perfeita segurança e à perfeita paz.
Com os olhos fechados, pensa em todos os horrores do mundo que cruzam a tua mente. Cita cada um à medida que te ocorre e, em
seguida, nega sua realidade. Deus não o criou, portanto, não é real. Dize, por exemplo:
Deus não criou aquela guerra, portanto ela não é real.
Deus não criou aquele acidente de avião, portanto, ele não é real.
Deus não criou aquele desastre, portanto, ele não é real.
Outros sujeitos adequados para a aplicação da idéia do dia de hoje também incluem qualquer coisa que tenhas medo que possa te
acontecer, ou a qualquer pessoa com quem estejas preocupado. Em cada caso, cita o desastre, especificamente. Não uses termos
genéricos. Por exemplo, não digas: Deus não criou a enfermidade, mas Deus não criou o câncer, ou ataques cardíacos, ou qualquer
coisa que possa te provocar medo. Estás olhando para o teu repertório pessoal de horrores. Essas coisas são parte do mundo que tu
vês. Algumas delas são ilusões compartilhadas e outras fazem parte do teu inferno pessoal. Isso não importa. Aquilo que Deus não cri-
ou só pode estar na tua própria mente, à parte da Sua. Portanto, não tem nenhum significado. Em reconhecimento deste fato, con-
clui os períodos de prática repetindo a idéia para o dia de hoje:
Deus não criou um mundo sem significado.
A idéia de hoje pode, obviamente, ser aplicada a qualquer coisa que te perturbe durante o dia, fora dos períodos de prática. Sê muito
específico ao aplicá-la. Dize:
Deus não criou um mundo sem significado.
Ele não criou (especifica a situação que está te perturbando) e, portanto, isso não é real.

Meus pensamentos são imagens que eu fiz.


Como os pensamentos que pensas que pensas aparecem em imagens, tu não os reconheces como nada. Pensas que os pensas e,
assim, tu pensas que os vês. Foi assim que o teu ver foi feito. Essa é a função que tens dado aos olhos do teu corpo. Isso não é ver.
É fazer imagens. Isso toma o lugar do ver, substituindo a visão por ilusões.
Essa idéia introdutória ao processo de fazer imagens que chamas de ver, não terá muito significado para ti. Começarás a compreen-
dê-la quanto tiveres visto pequenas réstias de luz em torno dos mesmos objetos familiares que vês agora. Esse é o começo da visão
real. Podes estar certo de que a visão real virá rapidamente, uma vez que isso tiver ocorrido.
À medida que avançamos, podes ter muitos episódios de luz. Eles podem tomar muitas formas diferentes, algumas das quais bastante
inesperadas. Não tenhas medo. São sinais de que estás, enfim, abrindo os teus olhos. Eles não persistirão, pois meramente simboli-
zam a percepção verdadeira e não estão relacionados com o conhecimento. Estes exercícios não te revelarão conhecimento. Mas
prepararão o caminho para ele.
Ao praticar a idéia para o dia de hoje, repete-a primeiro para ti mesmo e depois aplica-a a qualquer coisa que vês ao teu redor, citan-
do seu nome e deixando teus olhos descansarem sobre ele enquanto dizes:
Este (a) _____ é uma imagem que tenho feito. Aquele (a) _____é uma imagem que eu tenho feito.
Não é necessário incluir um grande número de sujeitos específicos para a aplicação da idéia de hoje. É necessário, porém, continuar
a olhar para cada sujeito enquanto repetes a idéia para ti mesmo. A idéia deve ser repetida bem lentamente a cada vez.
Embora obviamente não sejas capaz de aplicar a idéia a um número muito grande de coisas, no minuto aproximado de prática que é
recomendado, tenta fazer a seleção da forma mais casual possível. Menos de um minuto será suficiente para os períodos de prática,
se começares a te sentir inquieto. Não tenhas mais do que três períodos de aplicação para a idéia de hoje, a menos que te sintas
completamente confortável com ela e não ultrapasses quatro vezes. Contudo, a idéia pode ser aplicada como for necessário ao lon-
go do dia.
Os pensamentos que eu penso que penso aparecem em imagens. Eu, então, penso que os vejo.

Eu não tenho pensamentos neutros.


A idéia para o dia de hoje é um passo inicial para dissipar a crença de que os teus pensamentos não têm efeito. Tudo o que vês é o
resultado dos pensamentos. Não há nenhuma exceção para esse fato. Os pensamentos não são grandes ou pequenos, poderosos
ou fracos. Eles são apenas verdadeiros ou falsos. Aqueles que são verdadeiros criam à sua própria semelhança. Aqueles que são
236
UM CURSO EM MILAGRES
falsos fazem à semelhança deles. Não existe nenhum conceito mais contraditório em si mesmo do que o de pensamentos vãos. A-
quilo que dá origem à percepção de todo um mundo dificilmente pode ser chamado vão. Cada pensamento que tens contribui para a
verdade ou para a ilusão, ou estende a verdade ou multiplica as ilusões. De fato, podes multiplicar o nada, mas não o estenderás ao
fazê-lo.
Além de reconheceres que os teus pensamentos nunca são vãos, a salvação requer que tu também reconheças que cada pensa-
mento que tens traz ou a paz ou a guerra, ou o amor ou o medo. Um resultado neutro é impossível. Há uma tal tentação para descar-
tar os pensamentos de medo como sem importância, triviais e indignos de que te incomodes com eles, que é essencial que reconhe-
ças a todos, não apenas como igualmente destrutivos, mas também igualmente irreais. Praticaremos essa idéia de muitas formas
antes que tu realmente a compreendas.
Ao aplicar a idéia para o dia de hoje, examina a tua mente por cerca de um minuto com os olhos fechados, e busca ativamente não
ignorar nenhum ‗pequeno‘ pensamento que possa tender a eludir o exame. Isso é bastante difícil até te acostumares. Acharás que
ainda é difícil para ti não fazer distinções artificiais. Todo pensamento que te ocorrer, independentemente das qualidades que lhe
designes, é um sujeito adequado para a aplicação da idéia de hoje.
Durante os períodos de prática, primeiro repete a idéia para ti mesmo e, em seguida, à medida que cada um cruzar a tua mente,
mantenha-o na consciência enquanto dizes a ti mesmo:
Esse pensamento sobre _____não é um pensamento neutro.
Aquele pensamento sobre _____não é um pensamento neutro.
Como de costume, usa a idéia para o dia de hoje sempre que estiveres ciente de algum pensamento em particular que te provoque
mal-estar. Para esse propósito, sugere-se a seguinte forma:
Esse pensamento sobre _____não é um pensamento neutro porque eu não tenho pensamentos neutros.
São recomendados quatro ou cinco períodos de prática, se achá-los relativamente fáceis. Se for experimentada alguma tensão, três
serão suficientes. A duração do período dos exercícios também deve ser reduzida se houver desconforto.

Eu não vejo coisas neutras.


Essa idéia é um outro passo em direção à identificação da causa e do efeito como realmente operam no mundo. Não vês coisas
neutras porque não tens pensamentos neutros. É sempre o pensamento que vem primeiro, apesar da tentação de acreditares que é
ao contrário. O modo de pensar do mundo não é esse, mas tens que aprender que é o modo como pensas. Se não fosse assim, a
percepção não teria causa e seria, ela própria, a causa da realidade. Em vista da sua natureza altamente variável, isso é pouco pro-
vável.
Ao aplicar a idéia para o dia de hoje, dize a ti mesmo, com os olhos abertos:
Eu não vejo coisas neutras porque não tenho pensamentos neutros.
Então, olha à tua volta, descansando o teu olhar em cada coisa que notares durante o tempo suficiente para dizer:
Eu não vejo um (a) _____neutro (a), porque os meus pensamentos sobre _____ não são neutros.
Por exemplo, poderias dizer:
Eu não vejo uma parede neutra, porque os meus pensamentos sobre paredes não são neutros.
Eu não vejo um corpo neutro porque os meus pensamentos sobre corpos não são neutros.
Como de costume, é essencial que não faças distinções entre o que acreditas ser animado ou inanimado, aprazível ou desprazível.
Independente do que possas acreditar, não vês coisa alguma que seja realmente viva ou realmente alegre. Isso é assim porque tu
ainda não estás ciente de qualquer pensamento realmente verdadeiro e, portanto, realmente feliz.
Três ou quatro períodos de prática específicos são recomendados e, no mínimo três são requeridos para aproveitamento máximo,
mesmo se experimentares resistência. Porém, se o fizeres, a duração do período de prática pode ser reduzida para menos do que o
minuto aproximado que é recomendado se isso não ocorrer.

Eu não estou sozinha ao experimentar os efeitos do que vejo.


A idéia para o dia de hoje é um outro passo no aprendizado de que os pensamentos que dão origem àquilo que vês nunca são neutros
ou sem importância. Ela também enfatiza a idéia de que as mentes são unidas, à qual será dada maior ênfase mais adiante. A idéia
de hoje não se refere tanto ao que vês quanto ao modo como tu o vês. Portanto, os exercícios para hoje enfatizam esse aspecto da tua
percepção. Os três ou quatro períodos de prática que são recomendados devem ser feitos da seguinte forma:
Olha à tua volta, selecionando os sujeitos para a aplicação da idéia para o dia de hoje tão fortuitamente quanto for possível e mantém
os teus olhos sobre cada um deles o tempo suficiente para dizeres:
Eu não estou sozinho ao experimentar os efeitos de como vejo _____.
Conclui cada período de prática repetindo a declaração mais genérica:
Eu não estou sozinha ao experimentar os efeitos do que vejo.
Um minuto aproximado, ou até menos, será suficiente para cada período de prática.

Eu não estou sozinha ao experimentar os efeitos dos meus pensamentos.


A idéia para o dia de hoje é, obviamente, a razão pela qual o que vês não afeta só a ti. Notarás que, algumas vezes, as idéias rela-
cionadas com o modo de pensar precedem aquelas relacionadas com a percepção, enquanto que outras vezes a ordem é revertida.
A razão disso é que a ordem não importa. O pensamento e os seus resultados são realmente simultâneos, pois causa e efeito nunca
estão separados.

237
UM CURSO EM MILAGRES
Hoje estamos enfatizando mais uma vez o fato de que as mentes são unidas. Raramente essa idéia é totalmente bem recebida de
início, já que parece trazer consigo um enorme senso de responsabilidade, e pode até ser considerada como uma invasão de priva-
cidade. No entanto, é fato que não existem pensamentos privados. Apesar da tua resistência inicial a esta idéia, tu ainda compreen-
derás que isso não pode deixar de ser verdadeiro, se é que a salvação é possível de qualquer modo. E a salvação tem que ser pos-
sível porque é a Vontade de Deus.
O minuto aproximado de exame da mente que os exercícios de hoje requerem, deve ser empreendido com os olhos fechados. Pri-
meiro, a idéia para o dia de hoje deve ser repetida e, então, a mente deve ser cuidadosamente examinada em busca dos pensamen-
tos que contém naquele momento. Ao considerar cada um, cita-o em termos da pessoa ou do tema central que ele contém, e man-
tendo-o em tua mente ao fazê-lo, dize:
Não estou sozinho ao experimentar os efeitos desse pensamento sobre _____.
O requisito de selecionar sujeitos para os períodos de prática com a máxima indiscriminação possível já deve ser bastante familiar
para ti agora, e não será mais repetido a cada dia, embora possa vir a ser incluído ocasionalmente como um lembrete. Não esque-
ças, porém, que a seleção fortuita de sujeitos para todos os períodos de prática continua sendo essencial até o final. A falta de ordem
conectada a isso finalmente fará com que o reconhecimento da falta de ordem de dificuldades em milagres seja significativo para ti.
Além da aplicação da idéia para o dia de hoje ‗de acordo com a necessidade‘, pelo menos três períodos de prática são requeridos,
diminuindo a duração do tempo envolvido se for necessário. Não tentes mais do que quatro.

Eu estou determinada a ver.


Até agora, temos sido bastante casuais em relação aos nossos períodos de prática. Não houve propriamente nenhuma tentativa de
definir o momento em que estes devem ser empreendidos, o esforço requerido tem sido mínimo e, nem mesmo cooperação ativa e
interesse foram pedidos. Essa abordagem tem sido intencional e muito cuidadosamente planejada. Não perdemos de vista a impor-
tância crucial da reversão do teu modo de pensar. A salvação do mundo depende disso. No entanto, não verás, se consideras a ti
mesmo como se fosses coagido, ou entregando-te ao ressentimento e à oposição.
Essa é a nossa primeira tentativa de introduzir uma estrutura. Não a interpretes equivocadamente como um esforço no sentido de
exercer força ou pressão. Queres a salvação. Queres ser feliz. Queres paz. Não a tens agora porque a tua mente é totalmente indis-
ciplinada e não podes distinguir entre a alegria e o pesar, o prazer e a dor, o amor e o medo. Estás aprendendo agora como distin-
gui-los. E de fato, será grande o teu galardão.
A tua decisão de ver é tudo o que a visão requer. O que queres é teu. Não te equivoques considerando o pequeno esforço que te é
pedido como uma indicação de que a nossa meta é de pouco valor. É possível que a salvação do mundo seja um propósito trivial? E
é possível que o mundo seja salvo se tu não o és? Deus tem um Filho, e ele é a ressurreição e a vida. A sua vontade é feita porque
todo o poder é dado a ele no Céu e na Terra. Na tua determinação em ver, a visão te é dada.
Os exercícios para o dia de hoje consistem em lembrar a ti mesmo durante todo o dia que queres ver. A idéia de hoje também implica,
tacitamente, o reconhecimento de que não vês agora. Portanto, ao repetires a idéia, estás declarando que estás determinado a mu-
dar o teu presente estado por um melhor, aquele que realmente queres.
Repete a idéia para o dia de hoje lenta e positivamente pelo menos duas vezes por hora durante esse dia, tentando fazê-lo a cada
meia hora. Não te aflijas se esqueceres de fazer isso, mas faze um esforço real para lembrar-te. As repetições extras devem ser
aplicadas a qualquer situação, pessoa ou evento que te transtorne. Podes vê-los de maneira diferente, e verás. O que desejas, tu
verás. Tal é a lei real de causa e efeito assim como opera no mundo.

Eu estou determinada a ver as coisas de modo diferente.


A idéia para o dia de hoje é, obviamente, uma continuação e uma extensão da precedente. Porém dessa vez são necessários perío-
dos específicos de exame da mente, além de aplicar a idéia situações particulares que possam surgir. Cinco períodos de pratica são
recomendados e deve-se dar um minuto completo para cada um.
Nos períodos de prática, começa repetindo a idéia para ti mesmo. Depois, fecha os olhos e examina com cuidado a tua mente, procu-
rando situações passadas, presentes ou antecipadas que te despertem raiva. A raiva pode tomar a forma de qualquer reação, desde
a mais leve irritação até a fúria. A graduação da emoção que experimentas não importa. Tu virás a ser cada vez mais ciente de que
um leve toque de aborrecimento nada mais é do que um véu encobrindo intensa fúria.
Tenta, portanto, não deixar que os pequenos pensamentos de raiva te escapem durante os períodos de prática. Lembra-te de que
não reconheces realmente aquilo que desperta raiva em ti, e nada do que acreditas em relação a isso significa coisa alguma. Prova-
velmente serás tentado a demorar-te mais em certas situações ou pessoas do que em outras, com a justificativa falaciosa de que
são mais óbvias. Isso não é assim. É meramente um exemplo da crença segundo a qual algumas formas de ataque são mais justifi-
cadas do que outras.
Ao investigar a tua mente procurando todas as formas nas quais pensamentos de ataque se apresentam, mantém cada uma em
mente, enquanto dizes a ti mesmo:
Estou determinado a ver _____ (nome da pessoa) de modo diferente. Estou determinado a ver _____ (especifica a situação)
de modo diferente.
Tenta ser tão específico quanto for possível. Podes, por exemplo, focalizar a tua raiva num atributo particular de uma pessoa em
particular, acreditando que a raiva se limita a esse aspecto. Se a tua percepção está sofrendo dessa forma de distorção, dize:
Estou determinado a ver _____ (especifica o atributo) em _____ (nome da pessoa) de modo diferente.

O que eu vejo é uma forma de vingança.


A idéia para o dia de hoje descreve precisamente o modo como alguém, que mantém pensamentos de ataque em sua mente, tem
que ver o mundo. Tendo projetado a sua raiva sobre o mundo, ele vê a vingança prestes a golpeá-lo. Assim, seu próprio ataque é
percebido como autodefesa. Isso vem a ser um círculo vicioso sempre crescente até que ele esteja voluntariamente disposto a mu-

238
UM CURSO EM MILAGRES
dar o seu modo de ver. Caso contrário, pensamentos de ataque e de contra-ataque o preocuparão e povoarão o seu mundo inteiro.
Que paz pode ele ter dentro da sua mente nesse caso?
É dessa fantasia selvagem que queres escapar. Não é uma notícia alegre ouvir que isso não é real? Não é uma descoberta feliz
descobrir que podes escapar? Fizeste aquilo que queres destruir: tudo o que odeias e queres atacar e matar. Tudo aquilo que temes
não existe. Olha para o mundo ao teu redor pelo menos cinco vezes no dia de hoje, durante um minuto no mínimo a cada vez. Ao
mover os olhos lentamente de um objeto para outro, de um corpo para outro, dize a ti mesmo:
Eu só vejo o que é perecível.
Eu não vejo nada que vá durar.
Ao final de cada período de prática, pergunta a ti mesmo:
O que eu vejo não é real.
O que eu vejo é uma forma de vingança.
É esse o mundo que eu realmente quero ver?
A resposta é certamente óbvia.

Eu posso escapar do mundo que vejo desistindo dos pensamentos de ataque.


A idéia de hoje contém a única saída para o medo que terá sucesso. Nada mais funcionará, tudo o mais é sem significado. Mas esse
caminho não pode falhar. Cada pensamento que tens constitui algum segmento do mundo que vês. Portanto, é com os teus pensa-
mentos que nós temos que trabalhar, se é que a tua percepção do mundo vai ser mudada. Se a causa do mundo que vês são pen-
samentos de ataque, tens que aprender que são esses pensamentos que não queres. Não há sentido em lamentar o mundo. Não há
sentido em tentar mudar o mundo. Ele é incapaz de mudar, porque é meramente um efeito. Mas, de fato, há sentido em mudar os
teus pensamentos sobre o mundo. Aqui estás mudando a causa. O efeito mudará automaticamente.
O mundo que vês é um mundo vingativo e tudo nele é um símbolo de vingança. Cada uma das tuas percepções da realidade externa
é uma representação pictórica dos teus próprios pensamentos de ataque. Cabe realmente perguntar se isso pode ser chamado de
ver. Não seria fantasia uma palavra melhor para tal processo e alucinação um termo mais apropriado para o resultado? Tu vês o
mundo que tens feito, mas não te vês como aquele que faz as imagens. Não podes ser salvo do mundo, mas podes escapar da sua
causa. É isso o que a salvação significa, pois onde esta o mundo que vês quando a sua causa se foi? A visão já mantém uma substi-
tuição para tudo o que pensas que vês agora. A beleza pode iluminar as tuas imagens, e assim transformá-las de tal modo que tu as
amarás, embora tenham sido feitas de ódio. Pois não as estarás fazendo sozinho.
A idéia para o dia de hoje introduz o pensamento de que não estás preso numa armadilha ao mundo que vês, pois a sua causa pode
ser mudada. Essa mudança requer, em primeiro lugar, que a causa seja identificada e em seguida abandonada de forma que possa
ser substituída. Os dois primeiros passos deste processo requerem a tua cooperação. O último, não. As tuas imagens já foram subs-
tituídas. Ao dar os dois primeiros passos verás que isso é assim. Além de usá-la ao longo do dia, quando a necessidade surgir, cinco
períodos de prática são requeridos para a aplicação da idéia de hoje. Ao olhar à tua volta, primeiro repete lentamente a idéia para ti
mesmo e depois fecha os olhos e dedica mais ou menos um minuto a examinar a tua mente, buscando tantos pensamentos de ata-
que quantos de ocorrerem. À medida que cada um deles cruzar a tua mente, dize:
Eu posso escapar do mundo que vejo desistindo dos pensamentos de ataque sobre ____.
Mantém em mente cada pensamento de ataque ao dizer isso, depois descarta-o e passa ao seguinte. Durante os períodos de prática,
certifica-te de incluir tanto os pensamentos em que atacas quanto aqueles em que és atacado. Os seus efeitos são exatamente os
mesmos. Tu ainda não reconheces isso e, nesse momento, pede-se apenas que os trates como se fossem os mesmos nos períodos
de prática de hoje. Nós ainda estamos no estágio de identificar a causa do mundo que vês. Quando tu finalmente aprenderes que
pensamentos nos quais atacas ou nos quais és atacado não são diferentes, estarás pronto para deixar que a causa se vá.

Eu não percebo os meus maiores interesses.


Em nenhuma situação que surja, reconheces qual é o resultado que te faria feliz. Portanto, não tens nenhum guia para a ação apro-
priada e nenhum modo de julgar o resultado. O que fazes é determinado pela tua percepção da situação e essa percepção está er-
rada. Assim, é inevitável que não sirvas aos teus maiores interesses. No entanto, eles são a tua única meta em qualquer situação
que seja corretamente percebida. De outra forma, não reconhecerás quais são eles.
Se reconhecesses que não percebes os teus maiores interesses, seria possível ensinar-te o que eles são. Mas, na presença da tua
convicção de que sabes, não podes aprender. A idéia para o dia de hoje é um passo em direção a abrir a tua mente para que o a-
prendizado possa começar.
Os exercícios para o dia de hoje requerem muito mais honestidade do que estás acostumado a usar. Alguns poucos sujeitos, consi-
derados honesta e cuidadosamente em cada um dos cinco períodos de prática que devem ser empreendidos hoje, serão mais úteis
do que um exame mais superficial de um grande número deles. Sugere-se dois minutos para cada período de exame mental envol-
vido nos exercícios.
Os períodos de prática devem começar com a repetição da idéia para o dia de hoje, seguida pelo exame da mente, com os olhos
fechados, em busca de situações não resolvidas acerca das quais estás atualmente preocupado. A ênfase deve estar em descobrir o
resultado que queres. Reconhecerás com rapidez que tens várias metas em mente que fazem parte do resultado desejado e também
que essas metas estão em níveis diferentes e são, freqüentemente, conflitantes.
Ao aplicares a idéia para o dia de hoje, cita cada situação que te ocorrer e depois enumera cuidadosamente o maior número possível
de metas que gostarias que fossem alcançadas na sua resolução. A forma de cada aplicação deve ser mais ou menos a seguinte:
Na situação referente a ______, eu gostaria que ______ acontecesse, e que ____ acontecesse,
E assim por diante. Tenta incluir tantos tipos diferentes de resultados quanto honestamente te possam ocorrer, mesmo que alguns
deles não lhe pareçam diretamente relacionados com a situação, ou nem mesmo ser inerentes a ela de forma alguma.

239
UM CURSO EM MILAGRES
Se estes exercícios forem feitos adequadamente, reconhecerás com rapidez que estás fazendo um grande número de exigências que
nada têm a ver com a situação. Tu também reconhecerás que muitas das tuas metas são contraditórias, que não tens nenhum resultado
unificado em mente e que, independentemente de como a situação se resolva, não podes deixar de te desapontar com relação a
algumas das tuas metas. Depois de examinares a lista do maior número possível de metas almejadas para cada situação não resol-
vida que passa pela tua mente, dize a ti mesmo:
Eu não percebo os meus maiores interesses nessa situação.

Eu não sei para que serve coisa alguma.


Propósito é significado. A idéia de hoje explica por que nada do que vês significa coisa alguma. Não sabes para que servem as coi-
sas. Portanto, não têm significados para ti. Tudo é para o teu próprio interesse. É para isso que serve; é esse o teu propósito, é isso
o que significa. É reconhecendo isso que as tuas metas vêm a ser unificadas. É no reconhecimento disso que o que vês é revestido
de significado.
Tu percebes o mundo e tudo nele como significativo em termos das metas do ego. Essas metas não têm nada a ver com os teus
maiores interesses, porque tu não és o ego. Essa falsa identificação faz com que sejas incapaz de compreender para que serve
qualquer coisa. Como resultado, estás fadado a usá-las equivocadamente. Quando acreditares nisso, tentarás retirar as metas que
designaste para o mundo, ao invés de tentares reforçá-las.
Um outro modo de descrever as metas que ora percebes é dizer que estão todas relacionadas com interesses pessoais. Como não
tens interesses pessoais, as tuas metas, na realidade, concernem o nada. Portanto, ao valorizá-las não tens absolutamente nenhu-
ma meta. E assim, não sabes para que serve coisa alguma.
Antes que os exercícios de hoje possam fazer qualquer sentido para ti, mais um pensamento é necessário. Em níveis mais superfici-
ais, tu, de fato, reconheces o propósito. Mas o propósito não pode ser compreendido nesses níveis. Por exemplo, de fato compreen-
des que o telefone existe para o propósito de falar com alguém que não está fisicamente na tua vizinhança imediata. O que não
compreendes é a razão pela qual queres alcançá-lo. E é isso e é isso que faz com que o teu contato com ele seja significativo ou
não.
É crucial para o teu aprendizado que estejas disposto a desistir das metas que estabeleceste para todas as coisas. O reconhecimento
de que elas são sem significado, ao invés de boas ou más, é o único caminho para realizar isso. A idéia para o dia de hoje é um pas-
so nesta direção.
São requeridos seis períodos de prática, cada um com a duração de dois minutos. Cada período deve começar com uma lenta repeti-
ção da idéia de hoje, em seguida olha à tua volta e deixa o teu olhar pousar e qualquer coisa que casualmente capte os teus olhos,
perto ou longe, importante ou sem importância, humano ou não humano. Com os teus olhos em cada sujeito selecionado deste mo-
do, dize, por exemplo:
Eu não sei para que serve essa cadeira.
Eu não sei para que serve esse lápis.
Eu não sei para que serve essa mão.
Dize isso de maneira bem lenta, sem deslocar os teus olhos do sujeito até que tenhas completado a declaração referente a ele. Pas-
sa, então, para o próximo e aplica a idéia de hoje como antes.

Meus pensamentos de ataque estão atacando a minha invulnerabilidade.


É, sem dúvida, óbvio que se podes ser atacado, não és invulnerável. Vês o ataque como uma ameaça real. Isso é assim porque
acreditas que realmente podes atacar. E o que pode surtir efeito através de ti, também tem que surtir efeito em ti. É essa a lei é que
em última instância te salvará, mas estás usando-a equivocadamente agora. Portanto, tens que aprender como pode ser usada em
favor dos teus maiores interesses ao invés de usá-la contra eles. Como os teus pensamentos de ataque serão projetados, terás me-
do do ataque. E se tens medo do ataque, tens que acreditar que não és invulnerável. Portanto, pensamentos de ataque fazem com
que sejas vulnerável em tua própria mente, que é onde esses pensamentos estão. Pensamentos de ataque e invulnerabilidade não
podem ser aceitos juntos. Eles contradizem um ao outro.
A idéia para o dia de hoje introduz o pensamento de que sempre atacas a ti mesmo primeiro. Se pensamentos de ataque necessari-
amente acarretam a crença em que és vulnerável, seus efeitos te enfraquecem aos teus próprios olhos. Assim, atacaram a tua per-
cepção de ti mesmo. E por acreditares neles, já não podes acreditar em ti mesmo. Uma falsa imagem de ti veio tomar o lugar do que
és. A prática da idéia de hoje te ajudará a compreender que a vulnerabilidade ou a invulnerabilidade é o resultado dos teus próprios
pensamentos. Nada exceto os teus pensamentos pode atacar-te. Nada exceto os teus pensamentos pode fazer-te pensar que és
vulnerável. E nada exceto os teus pensamentos pode te provar que isso não é assim.
Seis períodos de prática são requeridos para a aplicação da idéia de hoje. Dois minutos inteiros devem ser dedicados a cada idéia de
hoje. Dois minutos inteiros devem ser dedicados a cada um embora o tempo possa reduzido para um minuto se o desconforto for
grande demais. Não o reduzas mais do que isso. O período de prática deve começar com a repetição da idéia para o dia de hoje; em
seguida, fecha os olhos e faze uma revisão das questões não resolvidas, cujos resultados estão te causando inquietação. A inquieta-
ção pode assumir a forma de depressão, tormento, raiva, um senso de imposição, medo, pressentimento ou preocupação. Qualquer
problema ainda sem solução que tenda a ser recorrente em teus pensamentos durante o dia é um sujeito adequado. Não serás ca-
paz de considerar muitos deles em qualquer um dos períodos de prática, pois deves dedicar a cada um mais tempo do que o usual.
A idéia de hoje deve ser aplicada como segue. Primeiro cita a situação
Eu estou preocupado com _____.
Em seguida revê todos os resultados possíveis que tenham te ocorrido a esse respeito e que tenham te causado inquietação, referin-
do-te a cada um de modo bem específico, dizendo:
Tenho medo que _____ aconteça.

240
UM CURSO EM MILAGRES
Se estiveres fazendo os exercícios adequadamente, deverás ter umas cinco ou seis possibilidades aflitivas para cada situação que
usares e possivelmente mais. É muito mais útil examinares por completo algumas poucas situações do que tocar em um maior nú-
mero. À medida que continuas a lista dos resultados antecipados para cada situação, provavelmente acharás alguns deles, especi-
almente aqueles que te ocorrerem perto do final, menos aceitáveis para ti. Contudo, tenta tratá-los todos do mesmo modo na medida
do possível. Depois de teres citado cada resultado do qual tenhas medo, dize a ti mesmo: esse pensamento é um ataque contra mim
mesmo.
Conclui cada período de prática repetindo a idéia de hoje para ti mesmo mais uma vez.

Acima de tudo eu quero ver.


A idéia de hoje exprime algo mais forte do que mera determinação. Ela dá à visão prioridade entre os teus desejos. Tu podes te sentir
hesitante quando ao uso da idéia, alegando não estar seguro de que é isso que realmente queres dizer. Isso não importa. O propósi-
to dos exercícios de hoje é o de trazer o momento em que essa idéia será totalmente verdadeira para mais perto de ti.
Pode haver uma grande tentação em acreditar que algum tipo de sacrifício te está sendo pedido, quando dizes que acima de tudo tu
queres ver. Se essa ausência de restrições te causar inquietação, acrescenta:
A visão não custa nada a ninguém.
Se o medo da perda ainda persistir, acrescenta mais isso.
Ela só pode abençoar.
Para máximo aproveitamento, a idéia para o dia de hoje requer muitas repetições. Deve ser usada pelo menos a cada meia-hora, e
mais amiúde se possível. Podes tentar praticá-la a cada quinze ou vinte minutos. É recomendável que, ao acordares ou pouco de-
pois, estabeleças um intervalo de tempo definido para o uso da idéia e que tentes aderir a isso ao longo do dia. Não será difícil fazer
isso, mesmo se estiveres ocupado conversando ou fazendo qualquer outra coisa no momento. Ainda assim, podes repetir uma frase
curta para ti mesmo sem perturbar coisa alguma.
A questão real é: quantas vezes tu te lembrarás? Quanto queres que a idéia de hoje seja verdadeira? Responde a uma dessas ques-
tões e terás respondido à outra. Provavelmente omitirás várias aplicações, talvez um número bastante grande. Não te perturbes com
isso, mas tenta manter o teu horário daí por diante. Se, pelo menos uma vez durante o dia, sentires que foste totalmente sincero ao
repetir a idéia de hoje, podes ter certeza de que poupaste a ti mesmo muitos anos de esforço.

Acima de tudo eu quero ver as coisas de modo diferente.


Hoje estamos realmente dando uma aplicação específica à idéia de ontem. Nesses períodos de prática estarás assumindo uma série
de compromissos definidos. Se os manterás no futuro, não nos concerne agora. Se estás pelo menos disposto a assumi-los agora, já
estás a caminho de mantê-los. E ainda estamos no começo.
Tu podes querer saber por que é importante dizer, por exemplo: ―Acima de tudo, eu quero ver essa mesa de modo diferente.‖ Em si
mesma, ela não tem a menor importância. Mas, o que é por si mesmo? E o que significa em si mesmo? Vês muitas coisas separa-
das à tua volta, o que na realidade significa que absolutamente não estás vendo. Vês ou não vês. Quando tiveres visto uma coisa de
modo diferente, verás todas as coisas de modo diferente. A luz que verás em qualquer uma é a mesma luz que verás em todas.
Ao dizeres Acima de tudo, eu quero ver essa mesa de modo diferente, estás assumindo um compromisso para retirar as tuas idéias
preconcebidas sobre a mesa e abrir a tua mente para o que ela é e para que serve. Não a estás definindo em termos passados. Es-
tás perguntando o que ela é em vez de dizer-lhe o que ela é. Não estás prendendo o seu significado à tua diminuta experiência com
mesas, nem limitando o seu propósito aos teus pequenos pensamentos pessoais.
Não questionarás o que já definiste. E o propósito destes exercícios é o de fazer perguntas e receber respostas. Ao dizeres Acima de
tudo, eu quero ver essa mesa de modo diferente, estás te comprometendo a ver. Não é um compromisso exclusivo. É um compro-
misso que se aplica tanto à mesa quanto a qualquer outra coisa, nem mais nem menos.
De fato poderias ganhar a visão simplesmente a partir dessa mesa, se retirasses as tuas próprias idéias a seu respeito, e olhasses
para ela com a mente completamente aberta. Ela tem algo para te mostrar: algo bonito e limpo e de valor infinito, cheio de felicidade
e esperança. Escondido atrás de todas as tuas idéias sobre a mesa, está o seu real propósito, o propósito que ela compartilha com
todo o universo.
Portanto, ao usar essa mesa como sujeito para a aplicação da idéia de hoje, na realidade, estás pedindo para ver o propósito do
universo. Estarás fazendo o mesmo pedido a cada sujeito que usares nos períodos de prática. E estás assumindo um compromisso
com cada um para deixar que o seu propósito seja revelado a ti, ao invés de colocar o teu próprio julgamento sobre ele.
Hoje teremos seis períodos de prática de dois minutos, nos quais a idéia para o dia é declarada em primeiro lugar e em seguida apli-
cada a qualquer coisa que vejas ao teu redor. Os sujeitos não só devem ser escolhidos ao acaso, como também a idéia deve ser
aplicada a cada um com a mesma sinceridade, numa tentativa de reconhecer o valor igual de todos na sua contribuição para o teu
modo de ver.
Como de costume, as aplicações devem incluir o nome do sujeito que os teus olhos tocarem por acaso e deves olhar para ele en-
quanto dizes:
Acima de tudo, eu quero ver esse (a) _____ de modo diferente.
Cada aplicação deve ser feita bem lentamente e, na medida do possível, refletidamente. Não há pressa.

Deus está em tudo o que eu vejo


A idéia para o dia de hoje explica por que podes ver o propósito de tudo em todas as coisas. Ela explica porque nada é separado, por
si mesmo ou em si mesmo. E explica porque nada do que vês significa coisa alguma. De fato, explica cada uma das idéias que usa-
mos até agora, assim como todas as subseqüentes. A idéia de hoje constitui toda a base da visão.

241
UM CURSO EM MILAGRES
Provavelmente acharás essa idéia muito difícil de apreender a essa altura. Podes achá-la tola, irreverente, sem sentido, engraçada e
até mesmo refutável. Deus certamente não está numa mesa, por exemplo, tal como tu a vês. No entanto, ontem enfatizamos que
uma mesa compartilha o propósito do universo. E o que compartilha o propósito do universo, compartilha o propósito do seu criador.
Então, hoje, tenta começar a aprender como olhar todas as coisas com amor, apreciação e mente aberta. Não as vês agora. Como
podes conhecer o que está nelas? Nada é como parece para ti. O seu propósito santo está além do teu pequeno alcance. Quando a
visão tiver te mostrado a santidade que ilumina o mundo, compreenderás perfeitamente a idéia de hoje. E não compreenderás como
jamais pudeste tê-la achado difícil.
Os nossos seis períodos de prática para o dia de hoje, de dois minutos cada um, devem seguir um padrão já familiar: começa repe-
tindo a idéia para ti mesmo e em seguida aplica-a aos sujeitos ao teu redor, selecionados ao acaso, citando cada um especificamen-
te. Tenta evitar a tendência à seleção auto direcionada que pode ser particularmente tentadora em relação à idéia de hoje, por causa
de sua natureza totalmente alheia. Lembra-te de que qualquer ordem que impões é igualmente alheia à realidade.
Portanto, a tua lista de sujeitos deve, na medida do possível, ser livre da tua própria seleção. Por exemplo, uma lista adequada pode-
ria incluir:
Deus está nesse cabide.
Deus está nesta revista.
Deus está nesse dedo.
Deus está nesta lâmpada.
Deus está naquele corpo.
Deus está naquela porta.
Deus está naquele cesto de lixo.
Além dos períodos de prática designados, repete a idéia para o dia de hoje pelo menos uma vez a cada hora, olhando lentamente ao
teu redor à medida que proferes as palavras sem pressa para ti mesmo. Uma ou duas vezes, pelo menos, deves experimentar uma
sensação de descanso enquanto fazes isso.

Deus está em tudo o que eu vejo, pois Deus está em minha mente.
A idéia para o dia de hoje é o trampolim para a visão. A partir dessa idéia o mundo se abrirá diante de ti e tu o contemplarás e verás o
que nunca viste antes. E o que vias antes não será nem mesmo vagamente visível para ti.
Hoje estamos tentando usar um novo tipo de projeção. Não estamos tentando livrar-nos do que não gostamos por vê-lo do lado de
fora. Ao invés disso, estamos tentando ver no mundo o que está em nossas mentes e o que queremos reconhecer lá está. Assim,
estamos tentando unir-nos ao que vemos ao invés de mantê-lo à parte de nós. Essa é a diferença fundamental entre a visão e o mo-
do como tu vês.
A idéia de hoje deve ser aplicada com a maior freqüência possível durante o dia. Quando tiveres um momento, repete-a lentamente
para ti mesmo, olhando à tua volta e tentando reconhecer que a idéia se aplica a tudo o que de fato vês agora ou poderias ver agora,
se estivesse dentro do âmbito da tua vista.
A visão real não está limitada a conceitos tais como perto e longe. Para ajudar-te a começar a acostumar-te com essa idéia, ao apli-
car a idéia de hoje, tenta pensar em coisas que estejam além do teu âmbito de visão do momento, assim como naquelas que real-
mente podes ver.
A visão real não só é ilimitada pelo espaço e pela distância como também independe totalmente dos olhos do corpo. A mente é sua
única fonte. Um recurso para ajudar-te a acostumar-te a essa idéia, é dedicar vários períodos de prática à aplicação da idéia de hoje
com os olhos fechados, usando quaisquer sujeitos que venham à tua mente e olhando para dentro ao invés de para fora. A idéia de
hoje se aplica igualmente a ambos.

Eu não sou vítima do mundo que vejo.


A idéia para o dia de hoje é a introdução para a tua declaração de liberação. Mais uma vez, a idéia deve ser aplicada tanto ao mundo
que vês fora, como ao mundo que vês dentro de ti. Ao aplicar a idéia, usaremos uma forma de prática que será cada vez mais usa-
da, com algumas mudanças que serão indicadas. Em geral, a forma inclui dois aspectos, um no qual aplicas a idéia de modo mais
contínuo e o outro que consiste em freqüentes aplicações da idéia ao longo do dia.
Dois períodos de prática mais longos com a idéia para o dia de hoje são necessários, um pela manhã e um à noite. São recomenda-
dos de três a cinco minutos para cada um. Durante esse tempo, olha ao teu redor lentamente enquanto repetes a idéia duas ou três
vezes. Em seguida, fecha os olhos e aplica a mesma idéia ao teu mundo interior. Escaparás de ambos ao mesmo tempo, pois o inte-
rior é a causa do exterior.
Ao examinares o teu mundo interior, meramente deixes que quaisquer pensamentos que passem pela tua mente venham à tua cons-
ciência; cada um deve ser considerado por um momento e em seguida substituído pelo próximo. Tenta não estabelecer qualquer tipo
de hierarquia entre eles. Observa-os ir e vir com a maior imparcialidade possível. Não te detenhas em nenhum em particular, mas
tenta deixar a corrente passar de forma regular e calma, sem qualquer investimento especial de tua parte. Enquanto estiveres senta-
do e observando calmamente os teus pensamentos, repete a idéia para ti mesmo sempre que quiseres, mas sem nenhuma sensa-
ção de pressa.
Além disso, repete a idéia para o dia de hoje com a maior freqüência possível ao longo do dia. Lembra-te que estas fazendo uma
declaração de independência em nome da tua própria liberdade. E na tua liberdade está a liberdade do mundo. A idéia para o dia de
hoje também é particularmente útil como resposta a qualquer forma de tentação que possa surgir. É uma declaração de que não
cederás a ela pondo a ti mesmo em cativeiro.

242
UM CURSO EM MILAGRES
Eu inventei o mundo que vejo.
Continuamos hoje a desenvolver o tema de causa e efeito. Não és vítima do mundo que vês, pois o inventaste. Podes desistir dele
com a mesma facilidade com que o inventaste. Tu o verás ou não, conforme desejares. Enquanto o quiseres, tu o verás; quando não
mais o quiseres, ele não estará mais lá para que o vejas.
A idéia para o dia de hoje, como as precedentes, se aplica aos teus mundos interior e exterior que, de fato, são o mesmo. Porém,
como tu os vês como se fossem diferentes, os períodos de prática para o dia de hoje mais uma vez incluirão duas fases, uma en vol-
vendo o mundo que vês fora de ti e a outra o mundo que vês na tua mente. Nos exercícios de hoje, tenta introduzir o pensamentos
de que ambos estão em tua própria imaginação.
Mais uma vez, começaremos os períodos de prática da manhã e da noite, repetindo a idéia para o dia de hoje duas ou três vezes,
enquanto olhas à tua volta o mundo que vês como se estivesse fora de ti. Em seguida, fecha os olhos e olha o teu mundo interior.
Tanto quanto possível, tanta tratar ambos igualmente. Repete a idéia de hoje sem pressa tantas vezes quantas desejares, enquanto
observas as imagens que a tua imaginação apresenta à tua consciência.
Para os dois períodos mais longos de prática, são recomendados três a cinco minutos e um mínimo de três minutos é requerido. Mais
de cinco podem ser utilizados, se achares o exercício repousante. Para facilitar isso, escolhe um momento em que prevejas poucas
distrações e em que te sintas razoavelmente pronto.
Estes exercícios também devem ser retomados durante o dia, sempre que puderes. As aplicações mais curtas consistem em repetir a
idéia lentamente, enquanto examinas o teu mundo interior ou exterior. Não importa qual dos dois escolhas.
A idéia para o dia de hoje também deve ser aplicada imediatamente a qualquer situação que possa afligir-te. Aplica a idéia dizendo a
ti mesmo:
Eu inventei essa situação tal como a vejo.

Existe um outro modo de olhar para o mundo.


A idéia de hoje é uma tentativa de reconhecer que podes mudar a tua percepção do mundo, tanto em seu aspecto externo quanto
interno. Cinco minutos completos devem ser dedicados às aplicações da manhã e da noite. Durante esses períodos de prática, a
idéia deve ser repetida tantas vezes quantas achares confortável, embora seja essencial que as aplicações sejam feitas sem pressa.
Examina as tuas percepções interiores e exteriores alternadamente, mas sem que a sensação de mudança seja brusca.
Apenas olha casualmente o mundo que percebes como se estivesse fora de ti e em seguida fecha os olhos e examina os teus pen-
samentos interiores com igual casualidade. Tenta permanecer igualmente indiferente nos dois casos e manter esse desapego en-
quanto repetes a idéia durante o dia.
Os períodos mais curtos de exercícios devem ser tão freqüentes quanto possível. Aplicações específicas da idéia de hoje também
devem ser feitas imediatamente quando surgir qualquer situação que possa te tentar a perturbar-te. Para essas aplicações, dize:
Existe um outro modo de olhar para isso.
Lembra-te de aplicar a idéia de hoje no instante em que estiveres ciente de qualquer aflição. Pode ser necessário reservar um minuto,
mais ou menos, para sentar-te em quietude e repetir a idéia várias vezes para ti mesmo. Fechar os olhos provavelmente ajudará
nessa forma de aplicação.

Eu poderia ver paz em vez disso.


A idéia para o dia de hoje começa a descrever as condições que prevalecem no outro modo de ver. A paz mental é claramente uma
questão interior. Ela tem que começar com os teus próprios pensamentos e então estender-se para fora. É a partir da paz da tua
mente que surge uma percepção pacífica do mundo.
Para os exercícios de hoje, são requeridos três períodos de prática mais longos. É aconselhável fazer um pela manhã e outro à noite,
com um adicional a ser empreendido a qualquer momento entre eles que te pareça mais propício para conduzir-te a um estado em
que te sintas pronto. Todas as aplicações devem ser feitas com os olhos fechados. É ao teu mundo interior que as aplicações da
idéia de hoje devem ser feitas.
Cerca de cinco minutos de exame da mente são requeridos para cada um dos períodos de prática mais longos. Examina a tua mente
buscando pensamentos de medo, situações que provoquem ansiedade, personalidades ou eventos ofensivos, ou quaisquer outras
coisas sobre as quais estejas acalentando pensamentos de desamor. Observa-os casualmente, repetindo devagar a idéia para o dia
de hoje ao observá-los surgir em tua mente e deixa que cada um se vá para ser substituído pelo seguinte.
Se começares a experimentar dificuldade em pensar em sujeitos específicos, continua a repetir a idéia para ti mesmo sem pressa,
sem aplicá-la a coisa alguma em particular. Certifica-te, porém, de não estar fazendo nenhuma exclusão específica.
As aplicações mais curtas devem ser freqüentes e empreendidas sempre que sentires que a paz da tua mente está sendo de algum
modo ameaçada. O propósito é proteger-te da tentação ao longo do dia. Se alguma forma específica de tentação surgir na tua cons-
ciência, o exercício deve tomar essa forma:
Eu poderia ver paz nessa situação em vez do que vejo agora.
Se as invasões à paz da tua mente tomarem a forma de emoções adversas mais generalizadas, tais como depressão, ansiedade ou
preocupação, usa a idéia em sua forma original. Se achares que precisas de mais de uma aplicação da idéia de hoje para ajudar-te a
mudar a tua mente em algum conceito específico, tenta reservar alguns minutos e dedica-os à repetição da idéia até sentires alguma
sensação de alívio. Será útil dizer especificamente para ti mesmo:
Eu posso substituir meus sentimentos de depressão, ansiedade ou preocupação (ou os meus pensamentos sobre essa
situação, pessoa ou evento) pela paz.

243
UM CURSO EM MILAGRES
Minha mente é parte da Mente de Deus. Eu sou sagrado.
A idéia para o dia de hoje não descreve o modo como vês a ti mesmo agora. Descreve, porém, o que a visão te mostrará. É difícil
para qualquer pessoa, que pense estar nesse mundo, acreditar nisso em relação a si mesma. No entanto, é por não acreditar nisso
que ela pensa estar nesse mundo.
Acreditarás que és parte do lugar onde pensas estar. É por isso que te rodeias com o meio-ambiente que queres. E tu o queres para
proteger a imagem de ti mesmo que tens feito. A imagem é parte desse meio-ambiente. O que vês, enquanto acreditares que estás
nele, é visto através dos olhos da imagem. Isso não é visão. Imagens não podem ver.
A idéia para o dia de hoje apresenta uma perspectiva bem diferente de ti mesmo. Por estabelecer a tua Fonte, estabelece a tua iden-
tidade e ela te descreve como realmente tens que ser na verdade. Usaremos um tipo de aplicação um pouco diferente para a idéia
de hoje, porque a ênfase hoje está naquele que percebe ao invés de estar no que é percebido.
Começa cada um dos três períodos de prática de cinco minutos de hoje repetindo a idéia do dia para ti mesmo e depois fecha os
olhos e investiga a tua mente buscando os vários tipos de termos descritivos nos quais te vês. Inclui todos os atributos baseados no
ego que conferes a ti mesmo, positivos ou negativos, desejáveis ou indesejáveis, grandiosos ou degradantes. Todos eles são igual-
mente irreais, porque não olhas para ti mesmo através dos olhos da santidade.
Na parte inicial do período de exame da mente, é provável que vás enfatizar o que consideras serem os aspectos mais negativos na
tua percepção de ti mesmo. Perto da última parte do período de exercícios, no entanto, termos descritivos mais auto-enaltecedores
podem cruzar a tua mente. Tenta reconhecer que a direção das tuas fantasias sobre ti mesmo não importa. Ilusões não tomam ne-
nhuma direção na realidade. Elas meramente não são verdadeiras. Uma lista não seletiva e adequada para a aplicação da idéia para
o dia de hoje poderia ser a seguinte:

Eu me vejo submisso. Eu me vejo ameaçado. Eu me vejo perdedor.


Eu me vejo deprimido. Eu me vejo impotente. Eu me vejo caridoso.
Eu me vejo fracassado. Eu me vejo vitorioso. Eu me vejo virtuoso.
Não deves pensar nesses termos de modo abstrato. Eles te ocorrerão à medida que passarem pela tua mente várias situa-
ções, personalidades e eventos nos quais tu participes. Escolhe qualquer situação específica que te ocorra, identifica o termo
ou termos descritivos que sentes que são aplicáveis às tuas reações àquela situação e usa-os na aplicação da idéia de hoje.
Depois de ter citado cada um deles, acrescenta:
Mas a minha mente é parte da Mente de Deus. Eu sou sagrado.
Durante os períodos mais longos de exercícios, provavelmente haverá intervalos em que nada te ocorra. Não te tensiones para
achar coisas específicas para preencher o intervalo, mas apenas relaxa e repete a idéia de hoje lentamente até que algo te
ocorra. Embora nada do que te ocorrer deva ser omitido dos exercícios, nada deve ser desencavado com esforço. Não se deve
usar nem força, nem discriminação.
Durante o dia, tanto quanto possível, escolhe um atributo ou atributos específicos que conferes a ti mesmo naquele momento e
aplica a eles a idéia de hoje, acrescentando-a a cada um na forma aplicada acima. Se nada em particular te ocorrer, mera-
mente repete a idéia para ti mesmo com os olhos fechados.

A minha santidade envolve tudo o que eu vejo.


A idéia de hoje estende a idéia de ontem, daquele que percebe àquilo que é percebido. Tu és santo porque a tua mente é parte
da Mente de Deus. E, porque és santo, a tua vista também tem que ser santa. Impecável significa sem pecado. Não podes ser
um pouco sem pecado. Ou é impecável ou não és. Se a tua mente é parte da Mente de Deus, tens que ser impecável ou uma
parte da Sua Mente seria pecaminosa. A tua vista está relacionada com a Sua santidade, não com o teu ego e, portanto, não
com o teu corpo.
Quatro períodos de prática, de três a cinco minutos, são requeridos para hoje. Tenta distribuí-los uniformemente e faze as apli-
cações mais curtas com freqüência para proteger a tua proteção ao longo do dia. Os períodos de prática mais longos devem
tomar esta forma:
Primeiro fecha os olhos e repete lentamente a idéia de hoje várias vezes. Em seguida abre os olhos e olha bem vagarosamen-
te ao teu redor, aplicando a idéia de modo específico a qualquer coisa que notares durante o teu exame casual. Dize, por e-
xemplo:
A minha santidade envolve aquele tapete. A minha santidade envolve aquela cadeira.
A minha santidade envolve aquela parede. A minha santidade envolve aquele corpo.
A minha santidade envolve esses dedos. A minha santidade envolve aquela caneta.
Durante estes períodos de prática, fecha os olhos e repete a idéia para ti mesmo várias vezes. Em seguida, abre os olhos e
continua como antes. Para os períodos mais curtos de exercícios, fecha os olhos e repete a idéia, olha ao teu redor repetindo-
a mais uma vez; conclui com mais uma repetição de olhos fechados. Todas as aplicações devem ser feitas bem lentamente, é
claro, e tanto quanto possível, sem esforço e sem pressa.

A minha santidade abençoa o mundo.


Essa idéia contém o primeiro vislumbre da tua verdadeira função no mundo ou da razão pela qual estás aqui. O teu propósito é
ver o mundo através da tua própria santidade. Assim, tu e o mundo são abençoados juntos. Ninguém perde, nada é tirado de
ninguém; todos ganham através da tua visão santa. Ela significa o fim do sacrifício, pois oferece a cada um tudo o que lhe é
devido. E todas as coisas lhe são devidas porque esse é o direito que recebeu ao nascer como um filho de Deus.
Não há nenhum outro modo no qual a idéia de sacrifício possa ser removida do pensamento do mundo. Qualquer outro modo
de ver inevitavelmente exigirá pagamento de alguém ou de alguma coisa. Como resultado, aquele que percebe perderá. E
nem sequer terá alguma idéia da razão pela qual está perdendo. E, no entanto, é através da tua visão que a integridade do
outro é restituída à sua consciência. A tua santidade abençoa a ele não lhe pedindo nada. Aqueles que se vêem íntegros não
fazem exigências.
244
UM CURSO EM MILAGRES
A tua santidade é a salvação do mundo. Ela te permite ensinar ao mundo que tu e ele são um só, não através de sermões ou
de explicações, mas meramente através do teu quieto reconhecimento de que, na tua santidade todas as coisas são abenço-
adas junto contigo.
Hoje, os quatro períodos mais longos de exercícios, cada um envolvendo de três a cinco minutos de prática, têm início com a
repetição da idéia para o dia de hoje, seguida de mais ou menos um minuto no qual olhas ao teu redor enquanto aplicas a
idéia a qualquer coisa que vês:
A minha santidade abençoa essa cadeira. A minha santidade abençoa aquela janela. A minha santidade abençoa esse
corpo.
Em seguida, fecha os olhos e aplica a idéia a qualquer pessoa que te ocorra, usando o seu nome e dizendo:
A minha santidade o (a) abençoa (nome).
Podes continuar o período de prática com os olhos fechados; podes abrir os olhos novamente e aplicar a idéia para o dia de
hoje ao teu mundo exterior, se assim o desejares; podes alternar aplicando a idéia ao que vês à tua volta e àqueles que estão
nos teus pensamentos, ou podes usar qualquer combinação dessas duas fases de aplicação que preferires. O período de
prática deve ser concluído com uma repetição da idéia, com os olhos fechados, imediatamente seguida de outra repetição
com os olhos abertos.
Os exercícios mais curtos consistem em repetir a idéia tão freqüentemente quanto puderes. É particularmente útil aplicá-la em
silêncio a qualquer pessoa que encontrares, usando o seu nome ao fazê-lo. É essencial usar a idéia se alguém parece causar-
te uma reação adversa. Oferece-lhe a bênção da sua santidade imediatamente para que possas aprender a mantê-la na tua
própria consciência.

Não há nada que a minha santidade não possa fazer.


A tua santidade reverte todas as leis do mundo. Está além de todas as restrições de tempo, espaço, distância e de qualquer
tipo de limites. A tua santidade é totalmente ilimitada em seu poder, porque te estabelece como um Filho de Deus, uno com a
Mente do seu Criador.
O poder de Deus se faz manifesto através da tua santidade. O poder de Deus se faz acessível através da tua santidade. E não
há nada que o poder de Deus não possa fazer. A tua santidade, então, pode remover toda dor, dar fim a todo pesar e solucio-
nar todos os problemas. Podes fazê-lo em relação a ti mesmo e a qualquer outra pessoa. É igual em seu poder de ajudar
qualquer pessoa, porque é igual em seu poder de salvar qualquer pessoa.
Se tu és santo, assim é tudo o que Deus criou. Tu és santo porque todas as coisas que Ele criou são santas. E todas as coisas
que Ele criou são santas, porque tu o és. Nos exercícios de hoje, aplicaremos o poder da tua santidade a todos os problemas,
dificuldades ou a qualquer forma de sofrimento nos quais te aconteça pensar, em ti mesmo ou em uma outra pessoa. Não
faremos nenhuma distinção, porque não há nenhuma distinção.
Nos quatro períodos de prática mais longos, que preferivelmente devem durar cinco minutos completos cada um, repete a idéia
para o dia de hoje, fecha os olhos e em seguida examina tua mente, buscando qualquer senso de perda ou qualquer tipo de
infelicidade, tal como o vês. Tenta fazer a menor distinção possível entre uma situação difícil para ti e ter uma situação difícil
para outra pessoa. Identifica a situação especificamente e também o nome da pessoa a que isso concerne. Usa essa forma ao
aplicar a idéia para o dia de hoje:
Na situação envolvendo _ na qual eu me vejo, não há nada que a minha santidade não possa fazer.
Na situação envolvendo __ na qual __, não há nada que a minha santidade não possa fazer.
De vez em quando, podes querer variar esse procedimento e acrescentar alguns pensamentos relevantes que sejam teus. Por
exemplo, podes querer incluir pensamentos tais como:
Não há nada que a minha santidade não possa fazer porque o poder de Deus está nela.
Podes introduzir quaisquer variações que te atraiam, contanto que mantenhas os exercícios focalizados no tema: ―Não há nada
que a minha santidade não possa fazer.‖ O propósito dos exercícios de hoje é começar a incutir em ti o senso de que tens
domínio sobre todas as coisas devido ao que tu és.
Nas aplicações mais curtas e freqüentes, aplica a idéia na sua forma original, a menos que um problema específico concernen-
te a ti ou a outra pessoa surja ou venha à mente. Nesse caso usa a forma mais específica ao aplicar a idéia a isso.

A minha santidade é a minha salvação.


Se a culpa é o inferno, qual é o seu oposto? Como o texto para o qual esse livro de exercícios foi escrito, as idéias usadas para
os exercícios são muito simples, muito claras e totalmente isentas de ambigüidade. Não estamos interessados em proezas
intelectuais nem em jogos de lógica. Nós estamos lidando apenas com o que é muito óbvio, mas não tem sido visto nas nu-
vens de complexidade nas quais pensas que pensas.
Se a culpa é o inferno, qual é o seu oposto? Seguramente isso não é difícil. A hesitação que podes sentir em responder não se
deve à ambigüidade da questão. Mas, acreditas que a culpa é o inferno? Se acreditasses, verias imediatamente o quanto o
texto é direto e simples e de modo algum precisarias de um livro de exercícios. Ninguém precisa praticar para adquirir o que já
é seu.
Já dissemos que a tua santidade é a salvação do mundo. E o que acontece com a tua própria salvação? Não podes dar o que
não tens. Um salvador tem que ser salvo. De outra forma, como pode ele ensinar a salvação? Os exercícios de hoje se aplica-
rão a ti, reconhecendo que a tua salvação é crucial para a salvação do mundo. À medida que aplicas os exercícios ao teu
mundo, o mundo inteiro é beneficiado.
A tua santidade é a resposta a todas as questões que jamais foram perguntadas, às que estão sendo agora, ou às que serão
perguntadas no futuro. A tua santidade significa o fim da culpa e, conseqüentemente, o fim do inferno. A tua santidade é a sal-

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UM CURSO EM MILAGRES
vação do mundo e a tua própria. Como poderias tu, a quem pertence a tua santidade, seres excluído? Deus desconhece o que
não é santo. É possível que ele desconheça o Seu Filho?
Cinco minutos completos são recomendados com insistência para os quatro períodos de prática mais longos para o dia de
hoje, e sessões de prática mais demoradas e freqüentes são encorajadas se quiseres ultrapassar os requisitos mínimos, re-
comenda-se um número maior de sessões ao invés de sessões mais longas, embora se sugira fazer ambas.
Começa o período de prática como de costume, repetindo a idéia de hoje para ti mesmo. Em seguida, com os olhos fechados,
examina os teus pensamentos de desamor, seja qual for a forma em que apareçam, depressão, raiva, medo, preocupação,
ataque, insegurança e assim por diante. Qualquer que seja a forma que assumirem, não são amorosos e, portanto, são ame-
drontadores. Por isso é deles que precisa ser salvo.
Situações específicas, eventos ou personalidades que associas com qualquer tipos de pensamentos de desamor são sujeitos
adequados para os exercícios de hoje. É imperativo para a tua salvação que tu os vejas de modo diferente. E é a tua bênção
sobre eles que te salvará e te dará visão.
Lentamente, sem seleção consciente ou ênfase indevida a qualquer um em particular, examina a tua mente buscando todos os
pensamentos que se interpõem entre tu e a tua salvação. Aplica a idéia para o dia de hoje a cada um deles deste modo:
Meus pensamentos de desamor em relação a _____ estão me mantendo no inferno. A minha santidade é a minha
salvação.
É possível que aches estes períodos de prática mais fáceis se os intercalares com vários períodos curtos, durante os quais
apenas repetes lentamente a idéia de hoje para ti mesmo algumas vezes. Também podes achar útil incluir alguns intervalos
curtos nos quais apenas relaxas e não pareces estar pensando em coisa alguma. A concentração constante é muito difícil a
princípio. Ela virá a ser muito mais fácil à medida que a tua mente se torne mais disciplinada e menos sujeita à distração.
Enquanto isso, deves sentir-te livre para introduzir variedade nos períodos de exercícios em que qualquer forma te atraia. Con-
tudo, ao variar o método de aplicá-la, não mudes a idéia em si. Seja como for que escolhas usá-la, a idéia deve ser expressa
de modo que o seu significado seja o fato de que a tua santidade é a tua salvação. Conclui cada período de prática repetindo
a idéia mais uma vez em sua forma original e acrescentando:
Se a culpa é o inferno, qual é o seu oposto?
Nas aplicações mais curtas, feitas de três a quatro vezes por hora, ou mais se possível, podes perguntar essa questão a ti
mesmo, repetir a idéia de hoje e preferivelmente ambas as coisas. Se surgirem tentações, uma forma particularmente útil da
idéia é:
A minha santidade é a minha salvação disso.

Eu sou abençoado como um Filho de Deus.


Hoje, começaremos a reivindicar algumas das coisas felizes às quais tens direito por seres tu o que és. Longos períodos de
prática não são requeridos hoje, mas períodos curtos e muito freqüentes são necessários. Seria muito desejável que os em-
preendesses a cada dez minutos e és encorajado para que tentes adotar esse horário e segui-lo sempre que possível. Se
esqueceres, tenta novamente. Se houver longas interrupções, tenta novamente. Sempre que te lembrares, tenta novamente.
Não é preciso que feches os olhos para estes períodos de exercícios, embora provavelmente tu os aches mais úteis se o fize-
res. Contudo, é possível que te encontres em várias situações durante o dia em que seja impraticável fechar os olhos. Não
percas um período de prática por causa disso. Podes praticar muito bem em quaisquer circunstâncias, se realmente o quise-
res.
Os exercícios de hoje tomam pouco tempo e não exigem nenhum esforço. Repete a idéia para o dia de hoje e em seguida
acrescenta vários atributos que associas a um Filho de Deus, aplicando-os a ti mesmo. Por exemplo, um período de prática
poderia consistir no seguinte:
Eu sou abençoada como uma Filha de Deus. Eu sou feliz, cheia de paz, amorosa e contente.
Um outro poderia tomar esta forma:
Eu sou abençoada como uma Filha de Deus. Eu sou calma, quieta, segura e confiante.
Se só dispuseres de um período breve, será suficiente dizer apenas que és abençoado como um Filho de Deus.

DEUS vai comigo aonde quer que eu vá.


A idéia de hoje eventualmente superará por completo a sensação de solidão e de abandono que todos os separados experi-
mentam. A depressão é uma conseqüência inevitável da separação. Assim como a ansiedade, a preocupação, a profunda
sensação de importância, a miséria, o sofrimento e o medo intenso da perda também o são.
Os separados inventaram muitas curas para aquilo que acreditam ser os ―males do mundo‖. Mas a única coisa que eles não
fazem é questionar a realidade do problema. No entanto, seus efeitos não podem ser curados porque o problema não é real. A
idéia para o dia de hoje tem o poder de dar fim a toda essa tolice para sempre. E tolice isso é, embora possa tomar formas
sérias e trágicas.
Tudo o que é perfeito está profundamente dentro de ti, pronto para irradiar-se através de ti sobre o mundo exterior. Isso vai
curar todo o pesar, a dor, o medo e a perda, pois isso vai curar a mente que pensou serem reais essas coisas e sofreu devido
à sua aliança com elas.
Nunca podes ser privado da tua santidade perfeita, porque a sua Fonte vai contigo aonde quer que vás. Nunca podes sofrer,
porque a Fonte de toda a alegria vai contigo aonde quer que vás. Nunca podes estar só, porque a Fonte de toda a vida vai
contigo aonde quer que vás. Nada pode destruir a paz da tua mente, porque Deus vai contigo aonde quer que vás.
Compreendemos que não acredites nisso tudo. Como poderias, enquanto a verdade está escondida lá no fundo de ti, sob uma
pesada nuvem de pensamentos insanos que é densa e obscurece as coisas, mas, no entanto representa tudo que vês? Hoje

246
UM CURSO EM MILAGRES
faremos nossa primeira tentativa real de ultrapassar essa nuvem escura e pesada e atravessá-la para chegar à luz que está
além.
Hoje haverá apenas um período de prática longo. Pela manhã, se possível assim que te levantares, senta-te quieto por uns três
a cinco minutos, com os olhos fechados. No início do período de prática, repete a idéia de hoje bem devagar. Depois, não fa-
ças nenhum esforço para pensar em coisa alguma. Ao invés disso, tenta sentir-te voltado para o teu interior, além de todos os
pensamentos vãos do mundo. Tenta entrar com profundidade na tua própria mente, mantendo-a livre de quaisquer pensamen-
tos que poderiam desviar a tua atenção.
Podes repetir a idéia de vez em quando, se achares útil. Mas, acima de tudo, tenta mergulhar bem fundo dentro de ti mesmo,
longe do mundo e de todos os tolos pensamentos do mundo. Estás tentando ir além de todas essas coisas. Estás tentando
deixar as aparências e aproximar-te da realidade.
É bem possível alcançar Deus. De fato é muito fácil, porque é a coisa mais natural do mundo. Poderias até dizer que é a única
coisa natural no mundo. O caminho se abrirá, se acreditares que é possível. Esse exercício pode trazer resultados muito sur-
preendentes mesmo na primeira tentativa e, mais cedo ou mais tarde, é sempre um sucesso. Entraremos em maiores detalhes
sobre esse tipo de prática à medida que avançarmos. Mas ele nunca falhará completamente e o sucesso instantâneo é possí-
vel.
Usa a idéia do dia de hoje com freqüência durante o dia, repetindo-a bem lentamente, de preferência com os olhos fechados.
Pensa no que estás dizendo, no que as palavras significam. Concentra-te na santidade que está implicada nelas a teu respei-
to, na companhia infalível que tens, na proteção completa que te cerca.
De fato, podes te dar ao luxo de rir dos pensamentos de medo, ao lembrares que Deus vai contigo aonde quer que vás.

DEUS é minha força. A Visão é Sua dádiva.


A idéia para o dia de hoje combina dois pensamentos muito poderosos, ambos da maior importância. Também expõe uma
relação de causa e efeito que explica porque não podes falhar nos teus esforços para alcançar a meta do curso. Verás porque
é a Vontade de Deus. É a Sua força, e não a tua, que te dá poder. E é a Sua dádiva ao invés da tua, que te oferece a Visão.
Deus é, de fato, a tua força, e o que Ele dá é verdadeiramente dado. Isso significa que podes recebê-lo em qualquer momento
e em qualquer lugar, onde quer que estejas, e em qualquer circunstância em que te achares. A tua passagem pelo tempo e
pelo espaço não é ao acaso. Não podes senão estar no lugar certo no momento certo. Tal é a força de Deus. Tais são suas
dádivas.
Hoje teremos dois períodos de prática de três a cinco minutos, um assim que possível depois de acordares e o outro o mais
próximo possível da hora em que vais dormir. Porém, é melhor esperares até que possas sentar-te quieto e sozinho num mo-
mento em que te sintas pronto, do que preocupar-te com a hora da prática em si.
Começa estes períodos de prática repetindo a idéia para o dia de hoje (DEUS é minha força; a Visão é Sua dádiva) lentamen-
te, com os olhos abertos, olhando ao teu redor. Em seguida fecha os olhos e repete a idéia outra vez, ainda com mais vagar.
Depois disso, tenta não pensar em nada, a não ser nos pensamentos que te ocorrerem relacionados com a idéia para o dia.
Por exemplo, poderias pensar:
A visão tem que ser possível. Deus dá verdadeiramente. As dádivas de Deus para mim têm que ser minhas porque Ele
as deu a mim
Qualquer pensamento claramente relacionado com a idéia para o dia de hoje é adequado. De fato, podes te surpreender com o
grau de compreensão relacionado ao curso que alguns dos teus pensamentos contêm. Deixa-os vir sem censura, a menos
que aches que a tua mente está apenas divagando, e que tenhas deixado pensamentos obviamente irrelevantes interferirem.
Podes também alcançar um ponto onde absolutamente nenhum pensamento pareça vir à tua mente. Se tais interferências
ocorrerem, abre os olhos e repete o pensamento mais uma vez, olhando vagarosamente ao teu redor; fecha os olhos, repete a
idéia mais uma vez e então continua a buscar em tua mente os pensamentos relacionados a ela.
Lembra-te, contudo, que nos exercícios de hoje, não é apropriado examinar ativamente os pensamentos relevantes. Tenta
apenas recuar deixando-os vir. Se achares isso difícil, é melhor passares o período de prática alternando entre lentas repeti-
ções da idéia com os olhos abertos e depois com os olhos fechados, ao invés de tensionar-te para achar pensamentos ade-
quados.
Não há limites para o número de períodos curtos que seriam benéficos para a prática de hoje. A idéia para o dia é um passo
inicial no processo de reunir pensamentos e ensinar-te que estás estudando um sistema unificado de pensamentos, no qual
nada que seja necessário está faltando, e nada contraditório ou irrelevante está incluído.
Quanto mais repetires a idéia ao longo do dia, tanto mais freqüentemente estarás lembrando a ti mesmo que a meta do curso é
importante para ti e que não a esqueceste.

Deus é minha Fonte. Eu não posso ver à parte Dele.


A percepção não é um atributo de Deus. Seu é o reino do conhecimento. Mas Ele criou o Espírito Santo como mediador entre a
percepção e o conhecimento. Sem esse elo com Deus, a percepção teria substituído o conhecimento para sempre na tua
mente. Com esse elo com Deus, a percepção virá a ser tão mudada e purificada que conduzirá ao conhecimento. Essa é sua
função tal como o Espírito Santo a vê. Portanto, essa é a sua função na verdade.
Tu não podes ver em Deus. A percepção não tem nenhuma função em Deus e não existe. Mas na salvação, que é o desfazer
daquilo que nunca foi, a percepção tem um propósito poderoso. Feita pelo Filho de Deus com um propósito não-santo, tem
que vir a ser o meio para a restauração da sua santidade à sua consciência. A percepção não tem significado. No entanto, o
Espírito Santo lhe dá um significado muito próximo ao de Deus. A percepção curada vem a ser o meio pelo qual o Filho de
Deus perdoa a seu irmão e assim perdoa a si mesmo.
Tu não podes ver à parte de Deus porque não podes ser à parte de Deus. O que quer que faças, estás fazendo Nele, porque o
que quer que penses, pensas com a Sua Mente. Se a visão é real, e ela é real na medida em que compartilha do propósito do
Espírito Santo, então não podes ver à parte de Deus.
247
UM CURSO EM MILAGRES
Três períodos de prática de cinco minutos são requeridos hoje, um o mais cedo possível e o outro o mais tarde possível no teu
dia. O terceiro pode ser empreendido no momento mais conveniente e oportuno que as circunstâncias e o teu estado de pron-
tidão permitirem. No início destes períodos de prática, repete a idéia para o dia de hoje para ti mesmo de olhos abertos. Em
seguida, olha à tua volta, por um breve período de tempo, aplicando a idéia especificamente ao que vês. Quatro ou cinco su-
jeitos para essa fase do período de prática são suficientes. Poderias dizer, por exemplo:
Deus é minha Fonte. Eu não posso ver essa escrivaninha à parte d‘Ele. Deus é minha Fonte. Eu não posso ver aquele
retrato à parte d‘Ele.
Embora essa parte do período de exercícios deva ser relativamente curta, certifica-te de que estás selecionando indiscrimina-
damente os sujeitos para essa fase da prática, sem inclusões ou exclusões auto dirigidas. Para a segunda fase, que é mais
longa, fecha os olhos, repete a idéia de hoje mais uma vez, e então deixa que quaisquer pensamentos relevantes que te ocor-
rerem adicionem algo à idéia, à tua maneira pessoal. Pensamentos tais como:
Eu vejo através dos olhos do perdão. O mundo pode me mostrar a mim mesmo. Eu vejo o mundo abençoado. Eu vejo
os meus próprios pensamentos, que são com os de Deus.
Qualquer pensamento mais ou menos relacionado de forma direta com a idéia de hoje é adequado. Não é necessário que
tenham uma relação óbvia com a idéia, mas não devem estar em oposição a ela.
Se achares que a tua mente está divagando, se começares s estar ciente de pensamentos que estão claramente em desacor-
do com a idéia de hoje, ou se pareceres incapaz de pensar em qualquer coisa, abre os olhos, repete a primeira fase do perío-
do de exercícios e então, tenta a segunda fase novamente. Não deixes que nenhum período prolongado ocorra, no qual ve-
nhas a estar preocupados com pensamentos irrelevantes. Volta à primeira fase do exercício tantas vezes quantas forem ne-
cessárias para prevenir isso.
Ao aplicar a idéia para o dia de hoje nos períodos mais curtos de prática, a forma pode variar de acordo com as circunstâncias
e situações em que te aches durante o dia. Quando estiveres com outra pessoa, por exemplo, tenta lembrar-te de dizer-lhe
silenciosamente:
Deus é minha Fonte. Eu não posso te ver à parte d‘Ele.
Essa forma é aplicável tanto a estranhos quanto àqueles que pensas serem mais próximos de ti. De fato, tenta não fazer abso-
lutamente nenhuma distinção desse tipo. A idéia de hoje também deve ser aplicada, ao longo do dia, a várias situações e e-
ventos que possam ocorrer, particularmente àqueles que pareçam afligir-te de algum modo. Para esse propósito, aplica a idéia
nesta forma:
Deus é minha fonte. Eu não posso ver isso à parte d‘Ele.
Se nenhum sujeito em particular se apresentar à tua consciência no momento, meramente repete a idéia na sua forma original.
Hoje tenta não deixar passar nenhum período de tempo longo sem lembrar-te da idéia do dia, lembrando assim da tua função.

Deus é a luz na qual eu vejo.


Hoje continuamos a idéia para o dia de ontem, acrescentando a ela uma outra dimensão. Não podes ver na escuridão e não
podes fazer a luz. Podes fazer a escuridão e então pensar que vês na escuridão, mas luz reflete vida e é, portanto, um aspec-
to da criação. Criação e escuridão não podem coexistir, mas luz e vida têm que ir juntas, pois são apenas diferentes aspectos
da criação.
Para ver, tens que reconhecer que a luz está dentro de ti e não do lado de fora. Tu não vês fora de ti mesmo e o equipamento
para ver não está fora de ti. A luz que faz com que o ver seja possível é uma parte essencial deste equipamento. Ela está
sempre contigo, fazendo com que a visão seja possível em todas as circunstâncias.
Hoje, vamos tentar alcançar essa luz. Com esse propósito, usaremos uma forma de exercício já sugerida anteriormente, que
utilizaremos cada vez mais. É uma forma particularmente difícil para a mente indisciplinada, e representa uma das metas prin-
cipais do treinamento mental. Ela requer precisamente aquilo que falta a uma mente sem treino. Mas, se tu hás de ver, esse
treinamento tem que ser realizado.
Faze pelo menos três períodos de prática hoje, com três a cinco minutos de duração em cada um. Mais tempo é altamente
recomendável, mas só se achares que o tempo está passando com pouca ou nenhuma sensação de tensão. A forma de práti-
ca que usaremos hoje é a mais natural e a mais fácil no mundo para a mente treinada, do mesmo modo como parece ser a
mais antinatural e a mais difícil para a mente sem treino.
A tua mente não é mais totalmente sem treino. Estás pronto para aprender a forma de exercício que usaremos hoje, mas podes
achar que vais encontrar forte resistência. A razão é muito simples. Enquanto praticas deste modo, deixas para trás tudo aqui-
lo em que acreditas agora e todos os pensamentos que tens inventado. Propriamente falando, essa é a liberação do inferno.
No entanto, percebida através dos olhos do ego, é perda de identidade e uma descida ao inferno.
Se puderes deixar o teu ego de lado por pouco que seja, não terás nenhuma dificuldade em reconhecer que a sua oposição e
os seus medos são sem significado. Podes achar útil lembrar a ti mesmo, de vez em quando, que alcançar a luz é escapar da
escuridão, seja o que for que possas acreditar ao contrário. Deus é a luz na qual vês. Estás tentando alcançá-lo.
Começa o período de prática repetindo a idéia de hoje com os olhos abertos, e fecha-os lentamente, repetindo a idéia várias
vezes mais. Em seguida, tenta ir fundo na tua mente, soltando todos os tipos de interferência e intrusão, te aprofundando em
quietude e passando por eles. A tua mente não pode ser detida nisso, a menos que escolhas detê-la. Ela está apenas seguin-
do o seu curso natural. Tenta observar os pensamentos que passam pela tua mente sem envolvimento e desliza por eles em
quietude.
Embora não se recomende nenhuma abordagem em particular para essa forma de exercício, o que é necessário é um senso
da importância do que estás fazendo, do seu valor inestimável para ti e uma consciência de que estás tentando algo muito
santo. A salvação é a tua realização mais feliz. É também a única que tem qualquer significado, porque é a única que tem ab-
solutamente qualquer utilidade real para ti.

248
UM CURSO EM MILAGRES
Se surgir resistência, sob qualquer forma, faze uma pausa longa o suficiente para repetir a idéia para o dia de hoje, mantendo
os olhos fechados, a menos que estejas ciente de medo. Nesse caso, é provável que aches mais tranqüilizador abrir breve-
mente os olhos. Contudo, tenta voltar aos exercícios com os olhos fechados assim que possível.
Se estás fazendo os exercícios corretamente, deves experimentar uma sensação de relaxamento e até mesmo um sentimento
de estar te aproximando, senão, de fato, entrando na luz. Tenta pensar em luz, sem forma e sem limites, ao passares pelos
pensamentos desse mundo. E não te esqueças que eles não podem prender-te ao mundo, a menos que lhes dês o poder de
fazer isso. Repete a idéia freqüentemente ao longo do dia com os olhos abertos ou fechados, como te parecer melhor no mo-
mento. Mas não te esqueças. Acima de tudo, estejas determinado a não esquecer hoje.

Deus é a Mente com a qual eu penso.


A idéia de hoje contém a chave do que são os teus pensamentos reais. Eles não são nada do que pensas que pensas, do
mesmo modo que nada do que pensas que vês está relacionado com a visão de forma alguma. Não há nenhuma relação en-
tre o que é real e o que pensas ser real. Nada do que pensas ser os teus pensamentos reais em nenhum aspecto se asseme-
lha aos teus pensamentos reais. Nada do que pensas que vês tem qualquer semelhança com o que a visão te mostrará.
Tu pensas com a Mente de Deus. Portanto, compartilhas os teus pensamentos com Ele, assim como Ele compartilha os Seus
contigo. São os mesmos pensamentos, pois são pensados pela mesma Mente. Compartilhar é fazer com que seja igual, ou
fazer com que seja um. E os pensamentos que pensas com a Mente de Deus não deixam a tua mente, porque pensamentos
não deixam a sua fonte. Portanto, os teus pensamentos estão na Mente de Deus, assim como tu estás. Eles também estão na
tua mente, onde Ele está. Como és parte da Sua Mente, assim também os teus pensamentos são parte da Sua Mente.
Então, onde estão os teus pensamentos reais? Hoje tentaremos alcançá-los. Teremos que olhar para a tua mente procurando-
os, porque é lá que eles estão. Ainda têm que estar lá, porque não podem ter deixado a sua fonte. O que é pensado pela Men-
te de Deus é eterno, sendo parte da criação.
Hoje, os nossos três períodos de prática de cinco minutos terão a mesma forma geral que usamos na aplicação da idéia de
ontem. Vamos tentar deixar o irreal e buscar o real. Vamos negar o mundo em favor da verdade. Não deixaremos que os pen-
samentos do mundo nos detenham. Não deixaremos que as crenças do mundo nos digam que aquilo que Deus quer que fa-
çamos é impossível. Ao invés disso, tentaremos reconhecer que só aquilo que Deus quer que façamos é possível.
Também tentaremos compreender que só aquilo que Deus quer que façamos é o que queremos fazer. E também tentaremos
lembrar-nos de que não podemos falhar em fazer aquilo que ele quer que façamos. Há todas as razões para que nos sintamos
confiantes de que hoje teremos sucesso. É a Vontade de Deus.
Começa os exercícios de hoje repetindo a idéia para ti mesmo, fechando os olhos ao fazê-lo. Em seguida, passa um período
de tempo relativamente curto pensando em alguns poucos pensamentos relevantes que te são próprios, mantendo a idéia em
mente. Depois de ter acrescentado uns quatro ou cinco pensamentos que te são próprios à idéia, repete-a outra vez e dize
gentilmente a ti mesmo:
Meus pensamentos reais estão na minha mente. Eu gostaria de achá-los.
Em seguida, tenta ir além de todos os pensamentos irreais que encobrem a verdade na tua mente e alcançar o eterno.
Sob todos os pensamentos sem sentido e as idéias loucas com as quais entulhaste a tua mente, estão os pensamentos que no
princípio pensaste com Deus. Eles estão lá na tua mente agora, completamente imutáveis. Eles sempre estarão na tua mente,
exatamente como sempre estiveram. Tudo o que pensaste desde então mudará, mas o fundamento sobre o qual isso se ba-
seia permanecerá totalmente imutável.
É a esse fundamento que os exercícios para o dia de hoje são dirigidos. Aqui, a tua mente está unida à Mente de Deus aqui, os
teus pensamentos e os Seus são um só. Para esse tipo de prática apenas uma coisa é necessária: aproxima-te dele como te
aproximarias de um altar dedicado a Deus Pai e a Deus Filho no Céu. Pois tal é o lugar que estás tentando alcançar. Tu pro-
vavelmente ainda não és capaz de reconhecer quão alto estas tentando ir. No entanto, mesmo com a pouca compreensão que
já ganhaste, deverias ser capaz de lembrar a ti mesmo que isso não é nenhum jogo vão, mas um exercício em santidade e
uma tentativa de alcançar o Reino dos Céus.
Nos períodos de prática mais curtos para o dia de hoje, tenta lembrar-te do quanto é importante para ti compreender a santida-
de da mente que pensa com Deus. Dedica um ou dois minutos, enquanto repetes a idéia ao longo do dia, para apreciares a
santidade da tua mente. Afasta-te, por menos tempo que seja, de todos os pensamentos que são indignos Daquele de Quem
tu és o anfitrião. E agradece-Lhe pelos pensamentos que Ele está pensando contigo.

Deus é o Amor no qual eu perdôo.


Deus não perdoa porque Ele nunca condenou. E tem que haver condenação antes que o perdão seja necessário. O perdão é a
grande necessidade desse mundo, mas isso é assim porque esse é um mundo de ilusões. Aqueles que perdoam estão portan-
to liberando a si mesmo das ilusões, enquanto aqueles que negam o perdão estão se ligando a elas. Assim como só condenas
a ti mesmo, também só perdoas a ti mesmo.
Contudo, embora Deus não perdoe, o Seu Amor é, não obstante, a base do perdão. O medo condena e o amor perdoa. Assim,
o perdão desfaz o que o medo tem produzido, retornando a mente à consciência de Deus. Por essa razão, o perdão pode
verdadeiramente ser chamado de salvação. É o meio pelo qual as ilusões desaparecem.
Os exercícios de hoje requerem, pelo menos, três períodos de prática de cinco minutos completos, e o maior número de perío-
dos mais curtos. Começa os períodos mais longos repetindo a idéia de hoje para ti mesmo como de costume. Fecha os olhos
ao fazê-lo e passa um ou dois minutos examinando a tua mente à procura daqueles que não perdoaste. Não importa o quanto
não os tenhas perdoado. Ou os perdoaste inteiramente ou não os perdoaste em absoluto.
Se estás fazendo bem os exercícios, não deves ter nenhuma dificuldade em achar um número de pessoas que não tenhas
perdoado. Uma regra segura é que qualquer pessoa de quem não gostes é um sujeito adequado. Menciona cada um pelo
nome e dize:
Deus é o Amor no qual eu te perdôo, (nome).
249
UM CURSO EM MILAGRES
O propósito da primeira fase dos períodos de prática de hoje é o de colocar-te em posição de perdoar a ti mesmo. Depois de
teres aplicado a idéia a todos aqueles que tenham vindo à tua mente, dize a ti mesmo:
Deus é o Amor no qual eu perdôo a mim mesma.
Em seguida, dedica o resto do período de prática acrescentando idéias correlatas tais como:
Deus é o Amor com o qual eu amo a mim mesma. Deus é o Amor no qual sou abençoada.
A forma de aplicação pode variar consideravelmente, mas a idéia central não deve ser perdida de vista. Poderias dizer:
Eu não posso ser culpado, pois sou um Filho de Deus. Nenhum medo é possível em uma mente amada por Deus. Eu já
fui perdoado. Não há necessidade de atacar porque o amor me perdoou.
Porém, o período de prática deve terminar com a repetição da idéia de hoje em sua forma original.
Os períodos de prática mais curtos podem consistir seja na repetição da idéia para o dia de hoje em sua forma original ou em
forma correlata, como preferires. Certifica-te, porém, de fazer mais aplicações específicas se forem necessárias. Elas serão
necessárias a qualquer momento durante o dia, quando vieres a estar ciente de qualquer tipo de reação negativa a qualquer
um, esteja ele presente ou não. Nesse evento, dize-lhe silenciosamente:
Deus é o Amor no qual eu te perdôo.

Deus é a força na qual eu confio.


Se tu confias na tua própria força, tens toda razão para estar apreensivo, ansioso e amedrontado. O que podes predizer ou
controlar? O que há em ti com que se possa contar? O que te daria capacidade de estar ciente de todas as facetas de qual-
quer problema e de resolvê-los de tal modo que só o bem possa advir? O que há em ti que te dê o reconhecimento da solução
certa e a garantia de que será realizada?
Por ti mesmo não podes fazer nenhuma destas coisas. Acreditar que podes é depositar a tua confiança onde a confiança não
foi autorizada, e justificar o medo, a ansiedade, a depressão, a raiva e o pesar. Quem pode depositar sua fé na fraqueza e
sentir-se seguro? E, no entanto, quem pode depositar sua fé na força e sentir-se fraco?
Deus é a tua segurança em qualquer circunstância. A Sua Voz fala por Ele em todas as situações e em cada aspecto de todas
as situações, dizendo-te exatamente o que fazer para invocar a Sua força e a Sua proteção. Não há nenhuma exceção, por-
que em Deus não há exceções. E a Voz Que fala por Ele pensa como Ele.
Hoje tentaremos alcançar o que está além da tua própria fraqueza e chegar à Fonte da força areal. Quatro períodos de cinco
minutos são necessários hoje e recomenda-se insistentemente períodos mais longos e freqüentes. Fecha os olhos e começa
como de costume, repetindo a idéia para o dia. Em seguida, passa um ou dois minutos em busca de situações na tua vida nas
quais investiste o medo, descartando cada uma delas dizendo a ti mesmo:
Deus é a força na qual eu confio.
Agora tenta passar com leveza por todas as preocupações relacionadas com o teu próprio senso de inadequação. É óbvio que
qualquer situação que te cause preocupação está associada com sentimentos de inadequação, pois, de outro modo, acredita-
rias que podes lidar com a situação com sucesso. Não é acreditando em ti mesmo que ganharás confiança. Mas a força de
Deus em ti tem sucesso em todas as coisas.
O reconhecimento da tua própria fragilidade é um passo necessário na correção dos teus erros, mas dificilmente seria suficien-
te para te dar a confiança que necessitas e à qual tens direito. Também tens que ganhar a consciência de que a confiança na
tua força real é inteiramente justificada sob todos os aspectos e em todas as circunstâncias.
Na fase final do período de prática tenta alcançar o que está embaixo na tua mente, em um lugar onde há real segurança.
Reconhecerás que o alcançaste se sentires uma sensação de profunda paz, por mais breve que seja. Desliga-te de todas as
coisas triviais que se agitam e borbulham na superfície da tua mente e alcança o que está por baixo até chegares ao Reino
dos Céus. Há um lugar em ti onde há paz perfeita. Há um lugar em ti onde nada é impossível. Há um lugar em ti onde habita a
força de Deus.
Durante o dia, repete a idéia com freqüência. Usa-a como a tua resposta a qualquer perturbação. Lembra-te de que
a paz é um direito teu, porque estás depositando a tua confiança na força de Deus.

Não há nada a temer.


A idéia para o dia de hoje simplesmente declara um fato. Não é um fato para aqueles que acreditam em ilusões, mas ilusões
não são fatos. Em verdade, não há nada a temer. É muito fácil reconhecer isso. Mas é muito difícil para aqueles que querem
que ilusões sejam verdadeiras.
Os períodos de prática de hoje serão muito curtos, muito simples e muito freqüentes. Apenas repete a idéia com a maior fre-
qüência possível. Podes usá-la com os olhos abertos a qualquer hora e em qualquer situação. Todavia, é fortemente reco-
mendado que sempre que for possível, feches os olhos e passes mais ou menos um minuto repetindo a idéia para ti mesmo,
lentamente, várias vezes. É particularmente importante que uses a idéia de imediato se algo vier perturbar a paz da tua mente.
A presença do medo é um sinal seguro de que estás confiando na tua própria força. A consciência segundo a qual não há nada
a temer mostra que, em algum lugar na tua mente, embora não necessariamente em um lugar que reconheças por enquanto,
tu te lembraste de Deus e deixaste a Sua força tomar o lutar da tua fraqueza. No instante em que estás disposto a fazer isso,
de fato, não há nada a temer.

A Voz de Deus fala comigo durante todo o dia.


É bem possível escutar a voz de Deus durante todo o dia sem interromper as tuas atividades regulares de modo algum. A parte
da tua mente em que habita a verdade está em constante comunicação com Deus, quer estejas ou não ciente disso. É a outra

250
UM CURSO EM MILAGRES
parte da tua mente que funciona no mundo e obedece às leis do mundo. Essa é a parte que está constantemente distraída,
desorganizada e altamente incerta.
A parte que está escutando a Voz por Deus é calma, está sempre em repouso e é totalmente certa. Na realidade, é a única
parte que existe. A outra é uma ilusão louca, frenética e distraída, mas sem qualquer tipo de realidade. Tenta não escutá-la
hoje. Tenta identificar-te com a parte da tua mente em que a serenidade e a paz reinam para sempre. Tenta ouvir a Voz de
Deus chamar-te com amor, lembrando-te que o teu Criador não esqueceu o Seu Filho.
Hoje precisaremos no mínimo de quatro períodos de prática de cinco minutos cada um e, se possível, mais. Tentaremos de fato
ouvir a Voz de Deus fazendo com que tu te lembres Dele e do teu Ser. Vamos nos aproximar do mais feliz e do mais santo dos
pensamentos com confiança, sabendo que ao fazê-lo, estamos unindo nossa vontade à Vontade de Deus. Ele quer que ouças
a Sua Voz. Ele A deu para ti para ser ouvida.
Escuta em profundo silêncio. Fica muito sereno e abre a tua mente. Ultrapassa todos os gritos estridentes e as fantasias doen-
tias que encobrem os teus pensamentos reais e obscurecem o teu elo eterno com Deus. Mergulha profundamente na paz que
te espera além dos pensamentos frenéticos e tumultuosos e das cenas e sons desse mundo insano. Tu não vives aqui. Esta-
mos tentando alcançar o teu lar real. Estamos tentando alcançar o lugar onde és verdadeiramente bem-vindo. Estamos ten-
tando alcançar Deus.
Não esqueças de repetir a idéia de hoje com muita freqüência. Faze-o com os olhos abertos quando necessário, mas fechados
quando possível. E certifica-te de sentar-te em quietude e repetir a idéia para o dia de hoje sempre que puderes, fechando os
olhos ao mundo e reconhecendo que estás convidando a Voz de Deus para falar contigo.

O Amor de Deus é o meu sustento.


Aqui está a resposta a todos os problemas que te confrontarão hoje, amanhã e através dos tempos. Nesse mundo, acreditas
que és sustentado por tudo, menos por Deus. A tua fé é colocada nos símbolos mais insanos e triviais: pílulas, dinheiro, roupa
‗protetora‘, influência, prestígio, que gostem de ti, conhecer as pessoas ‗certas‘ e uma lista infindável de formas do nada que
dotas com poderes mágicos.
Todas essas coisas são os teus substitutos para o Amor de Deus. Todas essas coisas são apreciadas para assegurar uma
identificação com o corpo. São cantos de louvor ao ego. Não ponhas tua fé no que não tem valor. Isso não vai sustentar-te.
Só o Amor de Deus te protegerá em todas as circunstâncias. Ele te elevará fazendo com que saias de todas as provações, e te
erguerá para o alto acima de todos os perigos percebidos nesse mundo a um clima de perfeita paz e segurança. Ele te trans-
portará a um estado mental em que nada pode ameaçar, nada pode perturbar e onde nada pode interferir na calma eterna do
Filho de Deus.
Não ponhas tua fé em ilusões. Elas te falharão. Põe toda a tua fé no Amor de Deus dentro de ti, eterno, imutável e para sempre
infalível. Essa é a resposta para o que quer que seja que te confronte hoje. Através do Amor de Deus dentro de ti podes resol-
ver todas as aparentes dificuldades sem esforço e com confiança segura. Dize isso a ti mesmo freqüentemente hoje. É uma
declaração de liberação da tua crença em ídolos. É o teu reconhecimento da verdade sobre ti mesmo.
Durante dez minutos, duas vezes hoje pela manhã e à noite, deixa a idéia para o dia de hoje mergulhar profundamente na tua
consciência. Repete-a, pensa sobre ela, deixa que pensamentos correlatos venham para ajudar-te a reconhecer a verdade
disso e permitir que a paz flua sobre ti como um manto de proteção e segurança. Não deixes pensamentos vãos e tolos entra-
rem para perturbar a santa mente do Filho de Deus. Tal é o Reino dos Céus. Tal é o lugar de descanso onde o teu Pai te colo-
cou para sempre.

REVISÃO I
1. A partir de hoje teremos uma série de períodos de revisão. Cada um deles abrangerá cinco das idéias já apresentadas,
começando com a primeira e terminando com a qüinquagésima. Haverá alguns comentários curtos depois de cada uma
das idéias que deves considerar na tua revisão. Nos períodos de prática, os exercícios devem ser feitos como será indi-
cado a seguir.
2. Começa o dia lendo as cinco idéias incluindo os comentários. Depois disso, não é necessário seguir nenhuma ordem em
particular ao considerá-las, embora cada uma deva ser praticada pelo menos uma vez. Dedica dois minutos ou mais a
cada período de prática, pensando sobre a idéia e os comentários relacionados depois de lê-los. Faze isso com a maior
freqüência possível durante o dia. Se qualquer uma das cinco idéias te atrair mais do que as outras, concentra-te nela.
Porém, certifica-te de revisar todas mais uma vez no fim do dia.
3. Não é necessário incluir literal ou minuciosamente os comentários que se seguem a cada idéia nos períodos de prática. Ao
invés disso, tenta enfatizar o tema central e pensa nele como parte da tua revisão da idéia com a qual se relacional. De-
pois de ter lido a idéia e os comentários relacionados, os exercícios devem ser feitos com os olhos fechados e quando
estiveres sozinho em um lugar quieto, se for possível.
4. Isso é enfatizado para os períodos de prática no teu atual estágio de aprendizado. Contudo será necessário que aprendas a
não precisar de nenhum cenário especial para aplicar o que tens aprendido. Necessitarás mais do teu aprendizado em
situações que pareçam transtornar-te do que naquelas que já parecem ser calmas e quietas. O propósito do teu apren-
dizado é fazer com que sejas capaz de trazer a quietude contigo e de curar a aflição e o tumulto. Isso não é feito evitan-
do-os e buscando um refúgio de isolamento para ti mesmo.
251
UM CURSO EM MILAGRES
5. Ainda aprenderás que a paz é parte de ti e só requer que estejas presente para abraçar qualquer situação em que te encon-
tres. E finalmente aprenderás que não há limites quanto ao lugar onde estás, portanto, a tua paz está em todos os luga-
res assim como tu. Notarás que, para os propósitos da revisão, algumas das idéias não são dadas exatamente na sua
forma original. Usa-as tal como são dadas aqui. Não é necessário voltar às declarações originais, nem aplicar as idéias
da forma sugerida então. Agora estamos enfatizando as relações entre as cinqüenta primeiras idéias que abordamos e
a coesão do sistema de pensamento ao qual elas estão te conduzindo.

Lições 1 a 5
1. Nada do que eu vejo significa coisa alguma
A razão de isso ser assim é que eu vejo o nada e o nada não tem significado.
É necessário que eu reconheça isso para que possa aprender a ver.
O que penso que vejo agora está tomando o lugar da Visão.
Tenho que abandonar isso compreendendo que não tem significado, para que a visão possa tomar o seu lugar.
2. Eu tenho dado ao que vejo todo significado que tem para mim
Eu tenho julgado tudo o que contemplo e é isso e apenas isso que eu vejo. Isso não é visão.
É meramente uma ilusão de realidade porque os meus julgamentos têm sido feitos bem à parte da realidade.
Estou disposto a reconhecer a falta de validade dos meus julgamentos porque quero ver.
Os meus julgamentos têm me ferido e não quero mais ver de acordo com eles.
3. Eu não compreendo coisa alguma do que vejo
Como poderia compreender o que vejo se o tenho julgado de forma equivocada?
O que eu vejo é a projeção dos meus próprios erros de pensamento.
Não compreendo o que vejo porque é incompreensível. Não há sentido em tentar compreendê-lo.
Mas tenho todos os motivos para abandonar isso e dar espaço ao que pode ser visto e compreendido e amado.
Eu posso trocar o que vejo agora por isso, apenas estando disposto a fazê-lo.
Não é essa uma escolha melhor do que a que eu fiz anteriormente?
4. Esses pensamentos não significam coisa alguma
Os pensamentos dos quais estou ciente não significam coisa alguma, porque estou tentando pensar sem Deus.
O que chamo de ‗meus‘ pensamentos não são os meus pensamentos reais.
Os meus pensamentos reais são aqueles que penso com Deus. Não estou ciente deles porque tenho feito os meus
pensamentos tomar o seu lugar.
Estou disposto a reconhecer que os meus pensamentos não significam coisa alguma e a abandoná-los.
Escolho que sejam substituídos por aquilo que tencionavam substituir.
Meus pensamentos são sem significado, mas toda a criação está nos pensamentos que eu penso com Deus.
5. Eu nunca estou transtornado pela razão que imagino
Eu nunca estou transtornado pela razão que imagino porque estou constantemente tentando justificar os meus
pensamentos.
Estou constantemente tentando fazer com que sejam verdadeiros.
Faço com que todas as coisas sejam minhas inimigas para que a minha raiva seja justificada e os meus ataques
autorizados.
Ao lhes conferir esse papel, não reconheci o quanto tenho usado equivocadamente todas as coisas que vejo.
Tenho feito isso para defender um sistema de pensamento que tem me ferido e que eu já não quero mais.
Estou disposto a abandoná-lo.

Lições 6 a 10
6. Eu estou transtornado porque vejo algo que não existe
A realidade nunca é assustadora.
É impossível que ela possa me transtornar.
A realidade só traz perfeita paz.
Quando estou transtornado, é sempre porque substituí a realidade por ilusões que inventei.
As ilusões me transtornam porque eu tenho dado realidade a elas e assim considero a realidade como uma ilusão.
252
UM CURSO EM MILAGRES
Nada na criação de Deus é, de modo algum, afetado por essa minha confusão.
Estou sempre transtornado por nada.
7. Eu só vejo o passado
Ao olhar à minha volta, condeno o mundo para o qual olho. A isso chamo de ver.
Eu retenho o passado contra todos e contra tudo, fazendo com que sejam meus inimigos.
Quando tiver perdoado a mim mesmo e lembrado Quem eu sou, abençoarei a todos e a tudo o que vejo.
Não haverá nenhum passado, portanto, nenhum inimigo.
E olharei com amor para tudo o que falhei em ver antes.
8. A minha mente está preocupada com pensamentos passados
Vejo só meus próprios pensamentos e a minha mente está preocupada com o passado. Assim, o que posso ver tal
como é?
Que eu me lembre que só olho para o passado a fim de impedir que o presente desponte na minha mente.
Que eu compreenda que estou tentando usar o tempo contra Deus.
Que eu aprenda a descartar o passado, reconhecendo que, ao fazê-lo, não estou desistindo de nada.
9. Eu não vejo nada tal como é agora
Se nada vejo tal como é agora, pode-se verdadeiramente dizer que não vejo nada.
Eu só posso ver o que é agora.
A escolha não está entre ver o passado ou o presente, a escolha está meramente em ver ou não ver.
O que eu tenho escolhido ver me custou a visão.
Agora quero escolher outra vez para que eu possa ver.
10. Meus pensamentos não significam coisa alguma.
Eu não tenho pensamentos privados.
No entanto, só estou ciente de pensamentos privados.
O que podem esses pensamentos significar?
Eles não existem, portanto não significam nada.
Contudo, a minha mente é parte da criação e parte do seu Criador.
Será que eu não preferiria me unir ao pensamento do universo ao invés de obscurecer tudo o que é realmente meu com
os meus lamentáveis pensamentos ―privados‖ sem significado?

Lições 11 a 15
11. Os meus pensamentos sem significado estão me mostrando um mundo sem significado.
Já que os pensamentos dos quais estou ciente não significam coisa alguma, o mundo que os retrata não pode ter
significado.
O que está produzindo esse mundo é insano, assim como o que ele produz.
A realidade não é insana e eu tenho pensamentos reais bem como pensamentos insanos.
Eu posso, portanto ver o mundo real, se considerar os meus pensamentos reais como meu guia para ver.
12. Eu estou transtornado porque vejo um mundo sem significado
Pensamentos insanos transtornam. Produzem um mundo em que não há ordem em lugar nenhum.
Só o caos governa um mundo que representa uma forma de pensar caótica e o caos não tem leis.
Não posso viver em paz em tal mundo.
Eu me sinto grato por esse mundo não ser real e por não precisar vê-lo de modo algum, a menos que eu escolha valorizá-
lo.
E não escolho valorizar algo que é totalmente insano e não tem nenhum significado.
13. Um mundo sem significado gera medo
Aquilo que é totalmente insano gera medo porque é completamente inconfiável e não oferece nenhuma base segura
para a confiança.
Nada na loucura é confiável.
Não oferece nenhuma segurança e nenhuma esperança.
Mas tal mundo não é real.
Eu tenho lhe dado a ilusão de realidade e tenho sofrido em conseqüência da minha crença nele.

253
UM CURSO EM MILAGRES
Agora escolho retirar essa crença e colocar a minha confiança na realidade.
Ao escolher isso estou escapando de todos os efeitos do mundo do medo, porque estou reconhecendo que ele não
existe.
14. Deus não criou um mundo sem significado.
Como pode um mundo sem significado existir se Deus não o criou?
Ele é a Fonte de todo significado e tudo o que é real está em Sua Mente.
Está também em minha mente, porque Ele o criou comigo.
Porque deveria eu continuar a sofrer dos efeitos dos meus próprios pensamentos insanos, quando a perfeição da
criação é o meu lar?
Que eu me lembre do poder da minha decisão e reconheça aonde eu realmente habito.
15. Meus pensamentos são imagens que eu tenho feito
Tudo o que eu vejo reflete os meus pensamentos.
São os meus pensamentos que me dizem onde estou e o que sou.
O fato de eu ver um mundo no qual há sofrimento e perda e morte, me mostra que estou vendo apenas a representação
dos meus pensamentos insanos e não estou permitindo que os meus pensamentos reais lancem a sua luz beneficente
sobre o que vejo.
No entanto, o caminho de Deus é certo.
As imagens que tenho feito não podem prevalecer contra Ele, porque não é minha vontade que prevaleçam.
A minha vontade é a Dele, e eu não colocarei outros deuses diante Dele.

Lições 16 a 20
16. Eu não tenho pensamentos neutros.
Pensamentos neutros são impossíveis, porque todos os pensamentos têm poder.
Eles farão um mundo falso ou me conduzirão ao mundo real.
Mas os pensamentos não podem ser sem efeitos.
Da mesma forma que o mundo que vejo surge dos meus erros de pensamento, o mundo real surgirá diante dos meus
olhos à medida que eu permita que os meus erros sejam corrigidos.
Meus pensamentos não podem deixar de ser verdadeiros ou falsos.
Tem que ser um ou outro.
O que vejo me mostra o que são.
17. Eu não vejo coisas neutras
O que eu vejo testemunha o que eu penso.
Se eu não pensasse não existiria, porque a vida é pensamento.
QUE EU OLHE O MUNDO QUE VEJO COMO A REPRESENTAÇÃO DO PRÓPRIO ESTADO DA MINHA MENTE.
Sei que o estado da minha mente pode mudar.
E assim também sei que o mundo que vejo pode igualmente mudar.
18. Eu não estou sozinho ao experimentar os efeitos do que vejo.
Se eu não tenho pensamentos privados, não posso ver um mundo privado.
Até mesmo a louca idéia da separação teve que ser compartilhada, antes que pudesse formar a base do mundo que
vejo.
No entanto, aquele compartilhar foi o compartilhar do nada.
Posso também invocar os meus pensamentos reais que compartilhar tudo com todos.
Da mesma forma que os meus pensamentos de separação convocam os pensamentos de separação dos outros, assim
também os meus pensamentos reais despertam os pensamentos reais neles.
E o mundo que os meus pensamentos reais me mostram despontará para os outros assim como para mim.
19. Eu não estou sozinho ao experimentar os efeitos dos meus pensamentos.
Não estou sozinho em nada.
Tudo o que penso, ou digo, ou faço, ensina a todo o universo.
Um Filho de Deus não pode pensar ou falar ou agir em vão.
Ele não pode estar sozinho em coisa alguma.

254
UM CURSO EM MILAGRES
Portanto, está em meu poder mudar todas as mentes junto com a minha, pois o meu poder é o de Deus.
20. Eu estou determinado a ver.
Reconhecendo a natureza compartilhada de meus pensamentos, eu estou determinado a ver.
Quero olhar para as testemunhas que me mostram que o pensamento do mundo mudou.
Quero contemplar a prova de que o que tem sido feito através de mim tem capacitado ao amor substituir o medo, ao riso
substituir as lágrimas e à abundância substituir a perda.
Quero olhar para o mundo real e deixar que ele me ensine que a minha vontade e a Vontade de Deus são uma só.

Lições 21 a 25
21. Eu estou determinado a ver as coisas de modo diferente.
O que vejo agora são apenas sinais de doença, desastre e morte.
Isso não pode ser o que Deus criou para o Seu Filho amado.
O próprio fato de que vejo tais coisas é uma prova de que não compreendo Deus.
Portanto, também não compreendo Seu Filho.
O que eu vejo me diz que não conheço quem eu sou. Estou determinado a ver as testemunhas da verdade em mim, ao
invés daquelas que me mostram uma ilusão de mim mesmo.
22. O que eu vejo é uma forma de vingança.
O mundo que eu vejo dificilmente é uma representação de pensamentos amorosos.
É um retrato de ataques a tudo e por tudo.
É qualquer coisa, menos um reflexo do Amor de Deus e do amor de Seu Filho.
São os meus próprios pensamentos de ataque que dão origem a esse retrato.
Os meus pensamentos amorosos me salvarão dessa percepção do mundo e me darão a paz que Deus tencionava que
eu tivesse.
23. Eu posso escapar desse mundo desistindo dos meus pensamentos de ataque.
Nisso está a salvação e em nenhum outro lugar.
Sem pensamentos de ataque, eu não poderia ver um mundo de ataque.
À medida que o perdão permite que o amor volte à minha consciência verei um mundo de paz, segurança e alegria.
E é isso que escolho ver em lugar das coisas para as quais olho agora.
24. Eu não percebo os meus maiores interesses.
Como poderia eu reconhecer os meus maiores interesses se não conheço quem eu sou?
O que penso serem os meus maiores interesses apenas me ligariam ainda mais ao mundo das ilusões.
Estou disposto a seguir o Guia que Deus me deu para achar quais são os meus maiores interesses, reconhecendo que
não posso percebê-los por mim mesmo.
25. Eu não sei para que serve coisa alguma.
Para mim, o propósito de tudo é o de provar que as minhas ilusões sobre mim mesmo são reais.
É com esse propósito que tento fazer uso de todos e de tudo.
É para isso que acredito que o mundo sirva.
Portanto, não reconheço o seu propósito real.
O propósito que eu tenho dado ao mundo conduziu a um retrato assustador desse mundo.
Que eu abra a minha mente para o propósito real do mundo, retirando o propósito que lhe tenho dado e aprendendo a
verdade sobre ele.

Lições 26 a 30
26. Os meus pensamentos de ataque estão atacando a minha invulnerabilidade.
Como posso conhecer quem sou eu se me vejo sob ataques constantes?
A dor, a enfermidade, a perda, a idade e a morte parecem me ameaçar.
Todas as minhas esperanças, desejos e planos parecem estar à mercê de um mundo que eu não posso controlar.
No entanto, a segurança perfeita e a plenitude completa são a minha herança.
Eu tenho tentado abandonar a minha herança em troca do mundo que vejo.
Mas Deus a tem guardado em segurança para mim.
Os meus próprios pensamentos reais me ensinarão o que ela é.
255
UM CURSO EM MILAGRES
27. Acima de tudo, eu quero Ver.
Reconhecendo que o que eu vejo reflete o que penso que sou, me dou conta de que a visão é a minha maior
necessidade.
O mundo que vejo testemunha a natureza amedrontada da auto-imagem que tenho feito.
Se quero me lembrar quem sou, é essencial que eu deixe que essa imagem de mim mesmo se vá.
Ao ser substituída pela verdade, a visão certamente me será dada.
E com essa visão, olharei para o mundo e para mim mesmo com caridade e amor.
28. Acima de tudo, eu quero Ver de modo diferente.
O mundo que vejo mantém no lugar a minha auto-imagem amedrontada e garante a sua continuidade.
Enquanto eu vejo o mundo tal como o vejo agora, a verdade não entra na minha consciência.
Quero deixar que a porta por trás desse mundo seja aberta para mim, para que eu possa olhar para o que vem depois,
para o mundo que reflete o Amor de Deus.
29. Deus está em tudo o que eu vejo.
Por trás de cada imagem que tenho feito, a verdade permanece imutável.
Por trás de cada véu com que eu cobri a face do amor, a sua luz permanece inobscurecida.
Além de todos os meus desejos insanos está a minha vontade, unida à Vontade do meu Pai.
Deus ainda está em todo lugar e em tudo para sempre.
E nós, que somos parte Dele, ainda olharemos para o que vem depois de todas as aparências e reconheceremos a
verdade que está além de todas elas.
30. Deus está em tudo o que eu vejo, porque Deus está na minha mente.
Na minha própria mente, por trás de todos os meus pensamentos insanos de separação e ataque, está o conhecimento
de que tudo é um para sempre.
Não perdi o conhecimento de Quem sou por tê-lo esquecido.
Ele tem sido guardado para mim na Mente de Deus, Que não deixou os Seus Pensamentos.
E eu, que estou entre eles, sou um com eles e um com Ele.

Lições 31 a 35
31. Eu não sou vítima do mundo que vejo
Como posso ser vítima de um mundo que pode ser completamente desfeito, se eu assim escolher?
As minhas correntes estão soltas.
Posso deixá-las cair meramente por desejar fazer isso.
A porta da prisão está aberta.
Posso sair simplesmente caminhando para fora.
Nada me retém nesse mundo.
Só o meu desejo de ficar me mantém prisioneiro.
Quero desistir dos meus desejos insanos e enfim caminhar para a luz do sol.
32. Eu inventei o mundo que vejo
Eu inventei a prisão na qual me vejo.
Tudo o que eu preciso fazer é reconhecer isso e sou livre.
Eu tenho deludido a mim mesmo, acreditando que é possível aprisionar o Filho de Deus.
Eu estava amargamente equivocado nessa crença, e não a quero mais.
O Filho de Deus tem que ser livre para sempre.
Ele é tal como Deus o criou, e não o que eu quero fazer dele.
Ele está onde Deus quer que esteja, e não onde eu pensava mantê-lo prisioneiro.
33. Existe um outro modo de olhar o mundo
Já que o propósito do mundo não é aquele que eu lhe atribuí, deve haver um outro modo de olhar para ele.
Vejo tudo de cabeça para baixo, e os meus pensamentos são o oposto da verdade.
Vejo o mundo como uma prisão para o Filho de Deus.
Assim o mundo tem que ser, realmente, o lugar onde Ele pode ser libertado.
Eu quero olhar para o mundo tal como é e vê-lo como um lugar onde o Filho de Deus acha a sua liberdade.
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UM CURSO EM MILAGRES
34. Eu poderia ver paz em vez disso
Quando eu vejo o mundo como um lugar de liberdade, reconheço que reflete as leis de Deus ao invés das regras que
inventei para que obedecesse.
Compreenderei que a paz e não a guerra habita nele.
E perceberei que a paz também habita nos corações de todos aqueles eu compartilham esse lugar comigo.
35. Minha mente é parte da Mente de Deus. Eu sou muito santo.
Ao compartilhar a paz do mundo com os meus irmãos, começo a compreender que essa paz vem do fundo de mim
mesmo.
O mundo para o qual eu olho se tem refletido da luz do meu perdão, e faz com que o perdão brilhe de volta para mim.
Nesta luz, começo a ver o que as minhas ilusões sobre mim mesmo têm mantido escondido.
Começo a compreender a santidade de todas as coisas vivas, incluindo eu mesmo e a sua unicidade comigo.

Lições 36 a 40
36. Minha santidade envolve tudo o que eu vejo.
A percepção do mundo real vem da minha santidade.
Tendo perdoado, não me vejo mais como culpado.
Posso aceitar a inocência que é a verdade sobre mim.
Vista com olhos que compreendem, a santidade do mundo é tudo o que eu vejo, pois só posso retratar os pensamentos
que mantenho sobre mim mesmo.
37. A minha santidade abençoa o mundo
A percepção da minha santidade não abençoa a mim sozinho.
Todos e tudo o que vejo à sua luz compartilham na alegria que ela me traz.
Não há nada à parte dessa alegria, porque não há nada que não compartilhe a minha santidade.
À medida que reconheço minha santidade, a santidade do mundo resplandece para que todos a vejam.
38. Não há nada que a minha santidade não possa fazer
A minha santidade é ilimitada no seu poder de curar, porque é ilimitada no seu poder de salvar.
Do que mais se pode ser salvo, senão de ilusões?
E o que são todas as ilusões, exceto falsas idéias sobre mim mesmo?
A minha santidade as desfaz todas, afirmando a verdade sobre mim.
Na presença da minha santidade, que compartilho com o próprio Deus, todos os ídolos se desvanecem.
39. A minha santidade é a minha salvação
Já que a minha santidade me salva de toda culpa, reconhecer a minha santidade é reconhecer a minha salvação.
É também reconhecer a salvação do mundo.
Uma vez que eu tenha aceitado a minha santidade, nada pode me amedrontar.
E, porque não tenho medo, todos têm que compartilhar a minha compreensão, que é a dádiva de Deus para mim e para
o mundo.
40. Eu sou abençoado como um Filho de Deus
Aqui está a minha reivindicação a todo o bem e só ao bem.
Eu sou abençoado como um Filho de Deus.
Todas as coisas boas são minhas, porque Deus as destinou a mim.
Por ser Quem eu sou, não posso sofrer qualquer perda, privação ou dor.
Meu Pai me sustenta, me protege e me dirige em todas as coisas.
O Seu cuidado por mim é infinito, e está comigo para sempre.
Como Seu Filho, sou eternamente abençoado.

Lições 41 a 45
41. Deus vai comigo aonde quer que eu vá
Como posso estar só quando Deus sempre vai comigo?
Como posso ter dúvidas e ficar inseguro de mim mesmo, quando a certeza perfeita habita Nele?
Como posso ser perturbado por qualquer coisa, quando ele descansa em mim em absoluta paz?
Como posso sofrer, quando o amor e a alegria me cercam através Dele?
257
UM CURSO EM MILAGRES
Que eu não alimente ilusões sobre mim mesmo.
Eu sou perfeito porque Deus vai comigo aonde quer que eu vá.
42. Deus é a minha força. A visão é Sua dádiva
Que eu não recorra aos meus próprios olhos para ver no dia de hoje.
Que eu esteja disposto a trocar a minha lamentável ilusão de ver pela visão que me é dada por Deus.
A visão de Cristo é Sua dádiva e Ele a tem dado a mim.
Que eu invoque essa dádiva hoje, para que esse dia possa me ajudar a compreender a eternidade.
43. Deus é a minha Fonte. Eu não posso ver à parte d‘Ele.
Posso ver o que Deus quer que eu veja.
Não posso ver nada mais.
Além da Sua Vontade, estão apenas ilusões.
São essas que escolho quando penso que posso ver à parte d‘Ele.
São essas que escolho quanto tento ver através dos olhos do corpo.
No entanto, a visão de Cristo me tem sido dada para substituí-las.
É através dessa visão que eu escolho ver.
44. Deus é a luz na qual eu vejo
Eu não posso ver na escuridão.
Deus é a única luz.
Portanto, se hei de ver, tem que ser através Dele.
Tentei definir o que é ver, e estava errado.
Agora me é dado compreender que Deus é a luz na qual eu vejo.
Que eu dê as boas-vindas à visão e ao mundo feliz que ela me mostrará.
45. Deus é a mente com a qual eu penso
Não tenho pensamentos que eu não compartilhe com Deus.
Não tenho pensamentos à parte d‘Ele, porque não tenho nenhuma mente à parte da Sua.
Como parte da Sua Mente, meus pensamentos são os Seus e os Seus são os meus.

Lições 46 a 60
46. Deus é o amor no qual eu perdôo
Deus não perdoa porque Ele nunca condenou.
Os irrepreensíveis não podem repreender e aqueles que aceitaram a sua inocência não vêem nada para perdoar.
No entanto, o perdão é o meio pelo qual reconhecerei a minha inocência.
É o reflexo do Amor de Deus na terra.
Ele me aproximará do Céu o suficiente para que o Amor de Deus possa Se inclinar para alcançar-me e erguer-me até
Ele.
47. Deus é a força na qual eu confio
Não é através da minha própria força que eu perdôo.
É através da força de Deus em mim, da qual estou me lembrando ao perdoar.
À medida que começo a ver, reconheço o Seu reflexo na terra.
Perdôo todas as coisas porque sinto a Sua força despertar em mim.
E começo a lembrar-me do Amor que escolhi esquecer, mas Que não Se esqueceu de mim.
48. Não há nada a temer.
Como o mundo me parecerá seguro quando eu puder vê-lo!
Não se parecerá com nada do que imagino ver agora.
Tudo e todos que eu vejo se inclinarão para mim para abençoar-me.
Reconhecerei em cada um o meu mais caro Amigo.
O que poderia haver para temer em um mundo que eu perdoei e que perdoou a mim?
49. A Voz de Deus fala comigo durante todo o dia
Não há nenhum momento em que a Voz de Deus deixe de invocar o meu perdão para salvar-me.
258
UM CURSO EM MILAGRES
Não há nenhum momento em que a Sua Voz deixe de dirigir meus pensamentos, guiar minhas ações e conduzir meus
pés.
Estou caminhando firmemente em direção à verdade.
Não há nenhum outro lugar para onde eu possa ir, porque a Voz de Deus é a única voz e o único guia que foram dados
ao seu filho.
50. Eu sou sustentado pelo Amor de Deus
Ao escutar a Voz de Deus, sou sustentado pelo Seu Amor.
Ao abrir os meus olhos, o Seu Amor ilumina o mundo para que eu o veja.
Ao perdoar, o Amor de Deus me lembra que o Seu Filho é sem pecado.
E ao olhar para o mundo com a visão que Ele me deu, lembro-me que sou Seu Filho.

PARTE II

Eu Sou a Luz do Mundo


Quem é a luz do mundo senão o Filho de Deus? Essa é apenas uma declaração da verdade sobre ti mesmo. É o oposto de
uma declaração de orgulho, de arrogância ou de auto-engano. Não descreve o conceito de ti mesmo que tens feito, não se
refere a nenhuma das características com as quais dotaste teus ídolos. Refere-se a ti tal como foste criado por Deus. Sim-
plesmente declara a verdade.
Para o ego, a idéia de hoje é o epítome da auto-glorificação. Mas o ego não compreende a humildade, tomando-a equivoca-
damente por auto-degradação. A humildade consiste em aceitar o teu papel na salvação e em não assumir nenhum outro. Não
é humildade insistir que não podes ser a luz do mundo, se essa é a função que Deus designou para ti. Só a arrogância afirma-
ria que essa função não pode ser para ti, e a arrogância é sempre do ego.
A verdadeira humildade requer que aceites a idéia de hoje porque é a Voz de Deus que te diz que ela é verdadeira. Esse é um
passo inicial para aceitar a tua real função na terra. É um passo gigantesco no sentido de assumir o teu lugar de direito na
salvação, é uma afirmação positiva do teu direito de ser salvo e um reconhecimento do poder que te é dado para salvar os
outros.
Tu vais querer pensar sobre essa idéia com a maior freqüência possível hoje. É a resposta perfeita para todas as ilusões e,
portanto, para toda a tentação. Ela traz à verdade todas as imagens que tens feito de ti mesmo e te ajuda a ir em paz, aliviado
da tua carga e certo do teu propósito.
Tantos períodos de prática quantos forem possíveis devem ser empreendidos hoje quantos forem possíveis devem ser empre-
endidos hoje, embora cada um deles não precise ultrapassar um ou dois minutos. Deves começar dizendo a ti mesmo:
Eu sou a luz do mundo. Essa é a minha única função. É por isso que estou aqui.
Em seguida pensa nestas declarações por um momento, de preferência com os olhos fechados, se a situação permitir. Deixa
que alguns pensamentos correlatos venham a ti e repete a idéia para ti mesmo se a tua mente se desviar do pensamento cen-
tral.
Certifica-se de começar e terminar o dia com um período de prática. Assim, acordarás com o reconhecimento da verdade sobre
ti mesmo, tu a reforçarás ao longo do dia e voltarás a dormir enquanto reafirmas a tua função e o teu único propósito aqui.
Estes dois períodos de prática podem ser mais longos que os outros, se achá-los úteis e quiseres estendê-los.
A idéia de hoje vai muito além das perspectivas mesquinhas do ego sobre o que és e qual é o teu propósito. Como um portador
da salvação, isso é obviamente necessário. Esse é o primeiro de vários passos gigantescos que daremos nas próximas se-
manas. Tenta começar a construir hoje um alicerce firme para estes avanços. Tu és a luz do mundo. Deus construiu o Seu
plano para a salvação do Seu Filho sobre ti.

O perdão é a minha função como a luz do mundo


É o teu perdão que trará o mundo das trevas até à luz. É o teu perdão que permite que reconheças a luz na qual vês. O perdão
é a demonstração de que és a luz do mundo. Através do teu perdão, a verdade sobre ti mesmo retorna à tua memória. Portan-
to, é no teu perdão que está a tua salvação.
As ilusões sobre ti mesmo e sobre o mundo são uma só. É por essa razão que todo o perdão é uma dádiva para ti mesmo. A
tua meta é descobrir quem és, tendo negado a tua Identidade por atacar a criação e o seu Criador. Agora, estás aprendendo
como lembrar da verdade. Para isso, o ataque tem que ser substituído pelo perdão, a fim de que pensamentos de vida pos-
sam substituir pensamentos de morte.
Lembra-te de que a cada ataque invocas a tua própria fraqueza, enquanto que a cada vez que perdoas invocas a força de
Cristo em ti. Será que não estás começando a compreender o que o perdão fará por ti? Removerá da tua mente toda sensa-
ção de fraqueza, tensão e fadiga. Afastará todo o medo, culpa e dor. Restaurará a invulnerabilidade e o poder que Deus deu
ao Seu Filho à tua consciência.
Vamos ficar contentes por começar e terminar este dia praticando a idéia de hoje e por usá-la tão freqüentemente quanto pos-
sível ao longo do dia. Ela ajudará a fazer o dia tão feliz para ti quanto Deus quer que sejas. E ajudará a todos à tua volta, as-
sim como àqueles que parecem estar longe no espaço e no tempo a compartilharem essa felicidade contigo.
Com tanta freqüência quanto puderes, se possível fechando os olhos, dize hoje para ti mesmo:
O perdão é minha função como a luz do mundo. Quero cumprir minha função para que eu possa ser feliz.

259
UM CURSO EM MILAGRES
Em seguida, dedica um ou dois minutos a considerar a tua função e a felicidade e a liberação que ela te trará. Deixa pensa-
mentos correlatos virem livremente, pois o teu coração reconhecerá estas palavras e em tua mente está a consciência de que
são verdadeiras. Se a tua atenção se desviar, repete a idéia e acrescenta:
Quero me lembrar disso porque quero ser feliz.

A luz do mundo traz paz a todas as mentes através do meu perdão.


Quão santo és tu, que tens o poder de trazer paz a todas as mentes! Quão bem-aventurado és tu, que podes aprender a reco-
nhecer o meio para permitir que isso seja feito através de ti! Que outro propósito poderias ter que te trouxesse maior felicida-
de?
Tu és, de fato, a luz do mundo com tal função. O Filho de Deus olha para ti buscando a sua redenção. Ela é tua para ser dada
a ele, pois pertence a ti. Não aceites nenhum propósito trivial ou desejo sem significado em seu lugar ou te esquecerás da tua
função e deixarás o Filho de Deus no inferno. Esse não é um pedido fútil que te está sendo feito. A ti pede-se que aceites a
salvação, para que ela possa ser tua para que a dês a outros.
Reconhecendo a importância dessa função, ficaremos felizes em lembrar-nos dela muitas vezes hoje. Começaremos o dia por
reconhecê-la e encerraremos o dia com esse pensamento em nossa consciência. E, ao longo do dia, repetiremos isso com a
maior freqüência possível:
A luz do mundo traz paz a todas as mentes através do meu perdão. Eu sou o meio que Deus designou para a salvação
do mundo.
Se fechares os olhos, provavelmente acharás mais fácil deixar que os pensamentos correlatos venham a ti no espaço de um
ou dois minutos que deves dedicar a considerar isso. Todavia não esperes por tal oportunidade. Nenhuma chance para refor-
çar a idéia para o dia de hoje deve ser perdida. Lembra-te que o Filho de Deus olha para ti buscando a sua salvação. E quem
é o Seu Filho senão o teu Ser?

Que eu não esqueça a minha função


A idéia de hoje é meramente uma outra maneira de dizer: ―Que eu não caia em tentação.‖ O propósito do mundo que vês é o
de obscurecer a tua função de perdoar e te prover uma justificativa para esquecê-la. é a tentação de abandonar a Deus e a
Seu Filho assumindo uma aparência física. É para isso que olham os olhos do corpo.
Nada do que os olhos do corpo parecem ver pode ser coisa alguma além de uma forma de tentação, já que esse foi o propósito
do corpo em si mesmo. No entanto, aprendemos que o Espírito Santo tem outra utilidade para todas as ilusões que tens feito e
assim Ele vê um outro propósito nelas. Para o Espírito Santo, o mundo é um lugar onde aprendes a te perdoar pelo que pen-
sas serem os teus pecados. Nesta percepção a aparência física da tentação vem a ser o reconhecimento espiritual da salva-
ção.
Revisando as nossas últimas lições, a tua função aqui é a de ser a luz do mundo, uma função que te foi dada por Deus. Só a
arrogância do ego te conduz a questionar isso e só o medo do ego de induz a considerar-te indigno da tarefa que te foi desig-
nada pelo próprio Deus. A salvação do mundo aguarda o teu perdão, porque através dele o Filho de Deus escapa de todas as
ilusões e assim de toda a tentação. Tu és o Filho de Deus.
Só serás feliz cumprindo a função que te foi dada por Deus. Isso porque a tua função é a de ser feliz, usando o meio pelo qual
a felicidade vem a ser inevitável. Não há outro caminho. Portanto, toda vez que escolheres cumprir ou não a tua função, na
realidade estás escolhendo em ser ou não feliz.
Lembremo-nos disso hoje. Lembremo-nos disso pela manhã e de novo à noite, assim como ao longo do dia. Prepara-te com
antecedência para todas as decisões que tomarás hoje, lembrando-te que realmente são todas muito simples. Cada uma te
conduzirá à felicidade ou à infelicidade. Pode uma decisão tão simples realmente ser tão difícil? Não deixes que a forma da
decisão te engane. Complexidade de forma não implica em complexidade de conteúdo. É impossível que qualquer decisão na
terra possa ter um conteúdo diferente dessa escolha única e simples. Essa é a única escolha que o Espírito Santo vê. Portan-
to, é a única escolha que existe.
Então, pratiquemos hoje estes pensamentos:
Que eu não esqueça a minha função. Que eu não tente substituir a função de Deus pela minha. Que eu perdoe e seja
feliz
Pelo menos uma vez hoje, dedica dez ou quinze minutos a uma reflexão sobre isso com os olhos fechados. Pensamentos
correlatos virão para ajudar-te, se te lembrares da importância crucial da tua função para ti mesmo e para o mundo.
Nas freqüentes aplicações da idéia de hoje ao longo do dia, dedica vários minutos a revisar estes pensamentos e, em seguida,
pensar neles e em mais nada. Será difícil particularmente no começo, pois não estás treinado na disciplina mental que isto
requer. Talvez precises repetir ―Que eu não esqueça a minha função‖ com freqüência para te ajudar a concentrar-te.
São requeridas duas formas de períodos de prática mais curtos. Algumas vezes faze os exercícios com os olhos fechados,
tentando concentrar-te nos pensamentos que estás usando. Nas outras vezes, mantém teus olhos abertos depois de revisar
os pensamentos e em seguida olha vagarosa e indiscriminadamente ao teu redor, dizendo para ti mesmo:
Esse é o mundo que eu tenho por função salvar.

A minha única função é a que Deus me deu


A idéia para hoje reafirma o teu compromisso com a salvação. Também te recorda que não tens nenhuma outra função senão
essa. Estes dois pensamentos são obviamente necessários para o compromisso total. A salvação não pode ser o teu único
propósito enquanto ainda nutrires outros. A aceitação total da salvação como tua única função necessariamente envolve duas
fases, o reconhecimento da salvação como tua função e o abandono de todas as outras metas que inventaste para ti mesmo.

260
UM CURSO EM MILAGRES
Esse é o único caminho para assumires o teu lugar de direito entre os salvadores do mundo. Esse é o único caminho para
poderes dizer com real intenção: ―A minha única função é a que Deus me deu.‖ Esse é o único caminho no qual podes achar
paz para tua mente.
Hoje e nos próximos dias, reserva de dez a quinze minutos para um período de prática mais prolongado, durante o qual tenta-
rás compreender e aceitar o que a idéia para o dia de realmente significa. A idéia de hoje oferece uma saída para todas as
dificuldades que percebes. Ela coloca em tuas próprias mãos a chave da porta da paz, que fechaste para ti mesmo. Ela te dá
a resposta para tudo o que tens procurado desde o início dos tempos.
Se possível, tenta empreender os períodos diários prolongados de prática mais ou menos no mesmo horário a cada dia. Tenta
também determinar esse horário com antecedência e segui-lo na medida do possível. O propósito disso é o de organizar o teu
dia de modo a reservar tempo para Deus, assim como para tantos outros propósitos e metas triviais que perseguirás. Isso faz
parte do treinamento de longo alcance necessário para disciplinar a tua mente, a fim de que o Espírito Santo possa usá-la de
modo constante no propósito que Ele compartilha contigo.
Ao começar o período de prática mais longo, revisa a idéia para o dia. Em seguida, fecha os olhos, repete a idéia para ti mes-
mo mais uma vez e vigia com cuidado a tua mente para captar quaisquer pensamentos que passem por ela. Inicialmente, não
tentes concentrar-te apenas nos pensamentos relacionados com a idéia para o dia. Ao invés disso, tenta descobrir cada pen-
samento que surgir para interferir. Nota cada um à medida que vem a ti com o menor envolvimento ou preocupação possível,
descartando cada um com estas palavras para ti mesmo:
Esse pensamento reflete uma meta que está me impedindo de aceitar a minha única função.
Depois de algum tempo, passará a ser mais difícil achar pensamentos que interfiram. Todavia, tenta continuar por mais ou
menos um minuto, procurando captar alguns dos pensamentos vãos que escaparam à tua atenção antes, sem, contudo ten-
cionar ou esforçar-te indevidamente ao fazê-lo. Em seguida, dize a ti mesmo:
Que a minha verdadeira função seja escrita para mim nesse espaço em branco.
Não é preciso usar exatamente estas palavras, mas tenta ter a sensação de estar disposto a deixar que as tuas ilusões de
propósito sejam substituídas pela verdade.
Finalmente, repete a idéia para o dia de hoje mais uma vez e dedica o resto do período de prática à tentativa de concentrar-te
na importância que ela tem para ti, no alívio que a sua aceitação te trará ao resolver os teus conflitos de uma vez por todas, e
no quanto realmente queres a salvação, apesar das tuas próprias idéias tolas em contrário.
Nos períodos de prática mais curtos, que devem ser empreendidos pelo menos uma vez por hora, usa essa forma ao aplicar a
idéia de hoje:
A minha única função é a que Deus me deu. Eu não quero e não tenho nenhuma outra.
Algumas vezes fecha os olhos ao praticar isso e algumas vezes fica de olhos abertos à tua volta. É o que vês agora que será
totalmente mudado quando aceitares por completo a idéia de hoje.

A minha felicidade e a minha função são uma só


Certamente tens notado em todas as nossas últimas lições, uma ênfase na conexão entre o cumprimento da tua função e a reali-
zação da felicidade. Isso acontece porque realmente não vês a conexão. E, no entanto, entre elas há mais do que apenas uma
conexão, elas são a mesma coisa. Suas formas são diferentes, mas o conteúdo é completamente uno.
O ego batalha constantemente com o Espírito Santo sobre a questão fundamental do que é a tua função. Da mesma forma, ele
batalha constantemente com o Espírito Santo acerca do que é a tua felicidade. Não é uma batalha a dois. O ego ataca e o
Espírito Santo não responde. Ele sabe qual é a tua função. Ele sabe que ela é a tua felicidade.
Hoje, tentaremos ir além dessa batalha totalmente sem significado para chegar à verdade sobre a tua função. Não vamos nos
engajar em argumentos sem sentido sobre o que ela é. Não vamos nos envolver inutilmente na definição da felicidade e em
determinar os meios para realizá-la. Não vamos ser indulgentes para com o ego, escutando os seus ataques contra a verdade.
Vamos nos contentar, simplesmente, por podermos descobrir o que é a verdade.
Hoje, o nosso período de prática mais longo tem como seu propósito a tua aceitação do fato de que não só há uma conexão
muito real entre a função que Deus te deu e a tua felicidade, mas que elas são, de fato, idênticas. Deus só te dá felicidade.
Portanto, a função que Ele te deu tem que ser felicidade, mesmo que pareça ser diferente. Os exercícios de hoje são uma
tentativa de ir além dessas diferenças aparentes e reconhecer um conteúdo comum aí onde existe na verdade. Começa o
período de prática de dez a quinze minutos revisando estes pensamentos:
Deus só me dá felicidade. Ele me deu a minha função. Portanto, a minha função tem que ser a felicidade.
Tenta ver a lógica desse seqüência, mesmo que ainda não aceites a conclusão. A conclusão só poderia ser falsa se os dois
primeiros pensamentos estivessem errados. Isso poderia ser falso, é claro, mas para que o fosse, seria preciso definir Deus
como algo que Ele não é. O amor não pode dar o mal e o que não é felicidade é mal. Deus não pode dar o que Ele não tem e
Ele não pode ter aquilo que ele não é. A não ser que Deus te dê só felicidade, Ele não pode deixar de ser mau. E é nessa de-
finição e Deus que estás acreditando se não aceitas a primeira premissa (Deus só me dá felicidade).
A primeira premissa é: Deus só te dá felicidade. Isso poderia ser falso, é claro, mas para o que o fosse seria preciso definir
Deus como algo que Ele não é. O Amor não pode dar o mal e o que não é felicidade é mal. Deus não pode dar o que Ele não
tem e Ele não pode ter aquilo que ele não é. A não ser que Deus te dê só felicidade, Ele não pode deixar de ser mau. E é nes-
sa definição de Deus que estás acreditando se não aceitas a primeira premissa.
A segunda premissa é: Deus te deu a tua função. Já vimos que há só duas partes na tua mente. Uma é dominada pelo ego e
feita de ilusões. A outra é o lar do Espírito Santo onde habita a verdade. Não há outros guias além destes entre os quais esco-
lher e não há outras conseqüências possíveis como resultado da tua escolha senão o medo, que o ego sempre engendra, ou
o amor que o Espírito Santo sempre oferece para substituí-lo.

261
UM CURSO EM MILAGRES
Assim é necessário que a tua função tenha sido estabelecida por Deus através da Sua Voz, ou que ela tenha sido feita pelo
ego que tu fizeste para substituí-Lo. Qual é a verdadeira? Se Deus não te deu a tua função, ela tem de ser dádiva do ego. E,
porventura o ego tem realmente dádivas para dar, sendo ele próprio uma ilusão e oferecendo apenas ilusões de dádivas?
Pensa sobre isso durante o período de prática mais longo de hoje. Pensa também sobre as muitas formas que a ilusão da tua
função tem tomado na tua mente e sobre as muitas maneiras nas quais tentaste achar a salvação sob a orientação do ego. Tu
a achaste? Foste feliz? Elas te trouxeram paz? Precisamos de muita honestidade hoje. Lembra-te com eqüidade dos resulta-
dos e considera, também, se algum dia foi razoável esperar a felicidade a partir de qualquer coisa que o ego jamais propôs.
No entanto, o ego é a única alternativa para a Voz do Espírito Santo.
Escutarás a loucura ou ouvirás a verdade. Procura fazer essa escolha ao pensar nas premissas sobre as quais se baseia a
nossa conclusão. Nós podemos compartilhar essa conclusão e nenhuma outra. Pois o próprio Deus compartilha conosco. A
idéia de hoje é mais um passo gigantesco na percepção do que é o mesmo como o mesmo e do que é diferente como diferente.
De um lado, estão todas as ilusões. Do outro, está toda a verdade. Hoje, procuremos reconhecer que só a verdade é verdadei-
ra.
Nos períodos de prática mais curtos, que hoje teriam o máximo proveito se fossem empreendidos duas vezes por hora, suge-
rimos essa forma de aplicação:
A minha felicidade e a minha função são uma só porque ambas me foram dadas por Deus.
Não levarás mais de um minuto, provavelmente menos para repetir estas palavras lentamente e pensar um pouco sobre elas
ao dizê-las.

O Amor me criou como Ele Mesmo


A idéia de hoje é uma declaração precisa e completa do que tu és. É a razão pela qual tu és a luz do mundo. É a razão pela
qual Deus te designou como salvador do mundo. É a razão pela qual o Filho de Deus olha para ti em busca da sua própria
salvação. Ele é salvo pelo que tu és. Faremos todos os esforços hoje para alcançarmos essa verdade sobre ti e para reconhe-
cermos inteiramente, mesmo que seja apenas por um momento, que essa é a verdade.
No período de prática mais longo, refletiremos sobra a tua realidade e a natureza totalmente inalterada e inalterável que lhe é
própria. Começaremos por repetir essa verdade sobre ti e, em seguida passaremos uns poucos minutos acrescentando alguns
pensamentos relevantes tais como:
A minha santidade me criou santo. A benignidade me criou benigno. A ajuda me criou capaz de ajudar. A perfeição me
criou perfeito
Todo atributo que estiver de acordo com Deus, tal como Ele define a Si Mesmo, é apropriado. Hoje estamos tentando desfazer
a tua definição de Deus e substituí-la pela Sua própria. Nós também estamos tentando enfatizar que tu és parte da Sua defini-
ção de Si mesmo.
Depois de ter refletido sobre diversos pensamentos correlatos tais como estes, procura deixar todos os pensamentos de lado
por um breve intervalo preparatório e, então tenta alcançar a verdade em ti que está depois de todas as tuas imagens e pre-
conceitos sobre ti mesmo. Se o Amor te criou como Ele Mesmo, esse Ser tem que estar em ti. E Ele tem que estar lá, em al-
gum lugar da tua mente, para que O aches.
É possível que aches necessário repetir a idéia para o dia de hoje de vez em quando para substituir pensamentos que te dis-
traiam. Também é possível que não aches isso suficiente, e que precises continuar acrescentando outros pensamentos rela-
cionados com a verdade sobre ti mesmo. No entanto, talvez tenhas sucesso em ir, além disso, e passar pelo intervalo da au-
sência de pensamentos até chegares à consciência de uma luz resplandecente na qual te reconheces tal como o Amor te cri-
ou. Tem confiança de que farás muito hoje para trazer essa consciência para mais perto de ti, quer sintas, quer não, que tives-
te sucesso.
Hoje será particularmente útil praticar a idéia para o dia o mais que puderes. Precisas ouvir a verdade sobre ti mesmo com a
maior freqüência possível, porque a tua mente está muito preocupada com auto-imagens falsas. Seria muito benéfico lembrar-
te, quatro ou cinco vezes por hora, talvez mais, que o Amor te criou como Ele mesmo. Ouve a verdade sobre ti nisso.
Nos períodos de prática mais curtos, tenta reconhecer que não é a tua voz diminuta e solitária que te diz isso. Essa é a Voz por
Deus, lembrando-te do teu Pai e do teu Ser. Essa é a Voz da verdade, substituindo tudo o que o ego te diz a respeito de ti
mesmo pela simples verdade sobre o Filho de Deus. Tu foste criado pelo Amor como Ele Mesmo.

O Amor não guarda mágoas


Tu, que foste criado pelo Amor como Ele Mesmo, não podes guardar mágoas e conhecer o teu Ser. Guardar uma mágoa é
esquecer quem és. Guardar uma mágoa é ver a ti mesmo como um corpo. Guardar uma mágoa é deixar que o ego domine a
tua mente e condenar o corpo à morte. Talvez ainda não reconheças inteiramente o que guardar mágoas faz com a tua mente.
Parece dividir-te, afastando-te da tua Fonte e fazendo com que não sejas como Ela. Isso faz com que acredites que a tua Fon-
te é como o que pensas que passaste a ser, pois ninguém pode conceber que o seu Criador não seja como ele mesmo.
Excluído do teu Ser, Que permanece ciente da Sua semelhança com o Seu Criador, o teu Ser parece dormir, enquanto a parte
da tua mente que tece ilusões em seu sono parece estar desperta. Guardar mágoas pode causar tudo isso? Pode, sim! Pois
aquele que guarda mágoas nega que foi criado pelo Amor, e, no seu sonho de ódio, o seu Criador passa a ser amedrontador
para ele. Quem pode sonhar com o ódio e não ter medo de Deus?
É tão garantido que aqueles que aqueles que guardam mágoas redefinirão Deus à sua própria imagem, quanto é garantido que
Deus os criou como Ele Mesmo e os definiu como parte de Si. É tão garantido que aqueles que guardam mágoas sofrerão
culpa quanto é garantido que aqueles que perdoam acharão a paz. É tão garantido que aqueles que guardam mágoas esque-
cerão quem são, quanto é certo que aqueles que perdoam se lembrarão.

262
UM CURSO EM MILAGRES
Não estarias disposto a abandonar as tuas mágoas se acreditasses que tudo é assim? Talvez não penses que possas soltar as
tuas mágoas. Mas isso é apenas uma questão de motivação. Hoje, tentaremos descobrir como te sentirias sem elas. Se tive-
res sucesso, por pouco que seja, nunca mais terás problemas de motivação.
Começa o período de prática mais longo de hoje procurando em tua mente as pessoas das quais guardas aquelas mágoas que
consideras como as maiores. Será bem fácil achar algumas delas. Em seguida, pensa nas mágoas aparentemente menores,
que guardas daqueles de quem gostas, ou a quem até pensas que amas. Rapidamente tornar-se-á claro que não há pessoa
alguma contra a qual não nutras algum tipo de mágoa. Isso te deixou sozinho em todo o universo na tua percepção de ti mes-
mo.
Agora, determina-te a ver todas essas pessoas como amigas. Dize a todas elas, pensando em cada uma por sua vez ao fazê-
lo:
Quero ver-te como meu amigo para que eu possa me lembrar que és parte de mim e vir a conhecer a mim mesmo.
Passa o resto do período de prática tentando pensar em ti mesmo completamente em paz com todos e com tudo, a salvo num
mundo que te protege e te ama e ao qual correspondes com o teu amor. Procura sentir a segurança que te cerca, pairando
sobre ti e amparando-te. Procura acreditar, ainda que por pouco tempo, que nada pode te causar dano de forma alguma. No
final do período de prática, dize a ti mesmo:
O Amor não guarda mágoas. Quando eu soltar todas as minhas mágoas saberei que estou em perfeita segurança.
Os períodos mais curtos de prática deverão incluir uma aplicação imediata da idéia de hoje nesta forma, toda vez que surgir um
pensamento de mágoa de alguém fisicamente presente ou não:
O Amor não guarda mágoas. Que eu não traia o meu Ser.
Além disso, repete a idéia várias vezes por hora dessa forma:
O Amor não guarda mágoas. Quero acordar para o meu ser deixando de lado todas as minhas mágoas e acordando
Nele.

As minhas mágoas escondem a luz do mundo em mim


Ninguém pode olhar para o que as tuas mágoas ocultam. Como as tuas mágoas estão escondendo a luz do mundo em ti, to-
dos estão nas trevas e tu junto com eles. Mas quando o véu das tuas mágoas é erguido, és liberado com eles. Compartilha
agora a tua salvação com aquele que permaneceu ao teu lado quando estavas no inferno. Ele é teu irmão na luz do mundo
que salva a ambos.
Hoje vamos fazer mais uma tentativa real de alcançar a luz em ti. Antes de empreendermos isso em nosso período de prática
mais longo, dediquemos vários minutos a pensar sobre o que estamos tentando fazer. Estamos literalmente tentando entrar
em contato com a salvação do mundo. Estamos tentando ver além do véu de escuridão que a mantém oculta. Estamos procu-
rando deixar que o véu seja erguido e ver as lágrimas do Filho de Deus desaparecerem à luz do sol.
Iniciemos nosso período de prática mais longo de hoje com o total reconhecimento de que isso é assim e com a real determi-
nação de alcançar o que nos é mais caro do que tudo. A salvação é a nossa única necessidade. Aqui não existe outro propósi-
to e nenhuma outra função a cumprir. Aprender a salvação é a nossa única meta. Acabemos hoje com a antiga busca, achan-
do a luz em nós e mostrando-a a todos os que buscam conosco para que a contemplem e se regozijem.
Agora, em muita quietude com os olhos fechados, tenta deixar que a tua consciência se esvazie de todo o conteúdo que nor-
malmente a ocupa. Pensa na tua mente como um vasto círculo cercado de uma camada de nuvens pesadas e escuras. Só
podes ver as nuvens porque parece que estás do lado de fora do círculo e bem à parte dele.
De onde estás não vês nenhuma razão para acreditares que exista uma luz brilhante oculta pelas nuvens. As nuvens parecem
ser a única realidade. Elas parecem ser tudo o que há para ver. Por isso, não tentas atravessá-las e ir além, o que seria o úni-
co modo pelo qual realmente te convencerias de sua falta de substância. Faremos essa tentativa hoje.
Depois de teres pensado sobre a importância do que estás tentando fazer por ti mesmo e pelo mundo, tenta acalmar-te em
perfeita serenidade, lembrando-te apenas do quanto queres alcançar a luz em ti, hoje — agora! Determina-te a atravessar as
nuvens. Estende-te e toca-as em tua mente. Dispersa-as com a mão, sente-as sobre a tua faze e testa e pálpebras à medida
que as atravessas. Continua, nuvens não podem deter-te.
Se estiveres fazendo os exercícios adequadamente, começarás a ter a sensação de estar sendo erguido e carregado adiante.
O teu pequeno esforço e a tua modesta determinação invocam o poder do universo para ajudar-te e o próprio Deus te erguerá
das trevas para a luz. Estás de acordo com a Sua Vontade. Não podes fracassar, pois a tua vontade é a Sua.
Tem confiança no teu Pai hoje e tem certeza de que Ele te ouviu e te respondeu. Pode ser que ainda não tenhas reconhecido a
Sua resposta, mas podes ter certeza, de fato, de que ela te é dada e que ainda a receberás. Ao tentares atravessar as nuvens
e alcançar a luz, tenta conservar essa confiança em tua mente. Procura lembrar-te de que afinal estás unindo a tua vontade à
de Deus. Tenta manter com clareza em tua mente o pensamento de que tudo o que empreenderes com Deus tem que ter su-
cesso. Então, deixa o poder de Deus trabalhar em ti e através de ti para que seja feita a Sua Vontade e a tua.
Nos períodos de prática mais curtos, que quererás empreender com a maior freqüência possível, tendo em vista a importância
da idéia de hoje para ti e para a tua felicidade, lembra-te de que as tuas mágoas estão escondendo a luz do mundo da tua
consciência. Lembra-te também de que não a estás buscando sozinho e que sabes aonde procurá-la. E então, dize:
Minhas mágoas escondem a luz do mundo em mim. Eu não posso ver o que tenho escondido. Mas quero deixar que
seja revelado a mim, para minha salvação e a salvação do mundo.
Certifica-te também de dizer a ti mesmo, se fores tentado a guardar alguma mágoa de qualquer pessoa hoje:
Se eu guardar essa mágoa a luz do mundo será escondida de mim.

263
UM CURSO EM MILAGRES
A minha salvação vem de Mim
Toda tentação nada mais é do que alguma forma da tentação básica de não acreditares na idéia para o dia de hoje. A salvação
parece vir de qualquer lugar, exceto de ti. Assim também acontece com a fonte da culpa. Tu não vês nem a culpa nem a salva-
ção como estando em tua própria mente, também reconhecerás que a culpa e a salvação têm que estar no mesmo lugar. Ao
compreenderes isso, tu és salvo.
O custo aparente de aceitar a idéia de hoje é o seguinte: significa que nada fora de ti pode salvar-te, nada fora de ti pode dar-te
paz. Mas também significa que nada fora de ti pode ferir-te, perturbar a tua paz ou transtornar-te de modo algum. A idéia de
hoje te coloca em controle do universo, onde é o teu lugar devido ao que tu és. Esse não é um papel que possa ser aceito
parcialmente. E com certeza estás começando a ver que aceitá-lo é a salvação.
Porém, talvez não esteja claro para ti por que o reconhecimento da presença da culpa na tua própria mente acarreta o reco-
nhecimento de que a salvação está lá também. Deus não teria posto o remédio para a doença onde ele não pudesse ter utili-
dade. Esse é o modo como a tua mente tem funcionado, mas não a Sua. Ele quer que sejas curado e por isso tem mantido a
Fonte da Cura onde a cura se faz necessária.
Tu tens tentado fazer exatamente o oposto, fazendo todas as tentativas, por mais distorcidas e fantásticas que sejam, para
separar a cura da doença para a qual ela se destinava, conservando assim a doença. O teu propósito era o de assegurar que
a cura não ocorresse. O propósito de Deus era o de assegurar que ocorresse.
Hoje praticamos o reconhecimento de que a Vontade de Deus e a nossa são, na realidade, a mesma nisso. Deus quer que
sejamos curados e nós realmente não queremos ficar doentes, pois isso nos faz infelizes. Portanto, ao aceitarmos a idéia para
o dia de hoje estamos realmente de acordo com Deus. Ele não quer que fiquemos doentes. Nos também não. Ele quer que
sejamos curados. E nós também.
Estamos prontos para dois períodos de prática mais longos hoje, cada um dos quais deve durar de dez a quinze minutos. To-
davia ainda deixaremos que tu decidas quando deverás empreendê-los. Seguiremos essa prática durante algumas lições e,
mais uma vez, seria bom decidires com antecedência quando seria o momento adequado a ser reservado para cada período e
aderir às tuas próprias decisões da forma mais exata possível.
Dê início a estes períodos de prática repetindo a idéia para o dia de hoje e acrescentando uma declaração que signifique o réu
reconhecimento de que a salvação não vem de nada fora de ti. Poderias formulá-las assim:
A minha salvação vem de mim. Não pode vir de nenhum outro lugar.
Em seguida, dedica alguns minutos com os olhos fechados, para rever alguns dos elementos externos nos quais tenhas bus-
cado a salvação no passado – em outras pessoas, em posses, em várias situações e eventos e em auto-conceitos que bus-
caste tornar reais. Reconhece que a salvação não está e dize a ti mesmo:
A minha salvação não pode vir de nenhuma dessas coisas. A minha salvação vem de mim e só de mim.
Agora mais uma vez tentaremos alcançar a luz em ti, que é onde está a tua salvação. Não podes achá-la nas nuvens que cer-
cam a luz e é nelas que a tens buscado. Não está lá. Está depois das nuvens, na luz que está além. Lembra-te de que terás
que atravessar as nuvens antes de poderes alcançar a luz. Mas lembra-te também que nunca achaste nessa configuração de
nuvens imaginada por ti nada que perdurasse ou que quisesses.
Já que todas as ilusões de salvação falharam para ti, certamente não queres permanecer nas nuvens, inutilmente procurando
ídolos, quando poderias com tanta facilidade caminhar até a luz da real salvação. Tenta ultrapassar as nuvens por quaisquer
meios que te agradem. Se isso puder ajudar-te, pensa em mim segurando a tua mão e conduzindo-te. E eu te asseguro que
essa não será nenhuma fantasia vã.
Para os períodos de práticas curtos e freqüentes de hoje, lembra-te que a tua salvação vem de ti e nada exceto os teus pró-
prios pensamentos pode impedir o teu progresso. Estás livre de qualquer interferência externa. Tu estás a cargo da tua salva-
ção. Tu estas a cargo da salvação do mundo. Então, dize:
A minha salvação vem de mim. Nada fora de mim pode me deter. A salvação do mundo e a minha estão dentro de mim.

Só o plano de Deus para a salvação funcionará


Podes não reconhecer que o ego estabeleceu um plano para a salvação em oposição de Deus. É nesse plano que tu acreditas.
Já que é oposto ao de Deus, também acreditas que aceitar o plano de Deus ao invés do plano do ego é ser condenado. Isso
soa prepóstero, é claro. Entretanto, depois de considerarmos qual é exatamente o plano do ego, talvez reconheças que, por
mais prepóstero que possa ser, de fato acreditas nele.
O plano do ego para a salvação está centrado em guardar mágoas. Ele mantém que, se outra pessoa falasse ou agisse de
modo diferente, se alguma circunstância ou evento externo fosse mudado, serias salvo. Dessa forma, a fonte da salvação é
constantemente percebida fora de ti. Cada mágoa que guardas é uma declaração e uma afirmação na qual acreditas, que diz:
―Se isso fosse diferente, eu seria salvo.‖ Desse modo, a mudança da mente necessária para a salvação é exigida de todos e
de tudo, exceto de ti mesmo.
O papel designado para a tua própria mente nesse plano é simplesmente o de determinar o que, exceto ela própria, tem que
mudar se é que hás de ser salvo. De acordo com esse plano insano, qualquer fonte de salvação percebida é aceitável, desde
que isso não funcione. Isso assegura a continuação da busca infrutífera, pois persiste a ilusão de que, embora tal esperança
sempre tenha falhado, ainda há outras justificativas para a esperança em outros lugares, outras pessoas e em outras coisas.
Outra pessoa ainda há de te servir melhor, outra situação ainda há de oferecer sucesso.
Tal é o plano do ego para a tua salvação. Com certeza podes ver o quanto está estritamente de acordo com a doutrina básica
do ego: ―Busca, mas não acha.‖ Pois o que poderia garantir, com maior segurança que não acharás a salvação do que canali-
zar todos os teus esforços para buscá-la onde ela não está?
O plano de Deus para a salvação funciona simplesmente porque ao seguir a Sua orientação, buscas a salvação onde ela está.
Mas, para ter sucesso, como Deus te promete, tens que estar disposto a buscar somente lá. De outra forma, o teu propósito

264
UM CURSO EM MILAGRES
está dividido e tentarás seguir dois planos para a salvação diametralmente opostos em todos os sentidos. O resultado só pode
trazer confusão, miséria e um profundo senso de fracasso e desespero.
Como podes escapar de tudo isso? Muito simplesmente. A idéia para o dia de hoje é a resposta. Só o plano de Deus para a
salvação funcionará não pode haver nenhum conflito real a esse respeito, pois não há nenhuma alternativa possível ao plano
de Deus que possa salvar-te. O Seu plano é o único cujo resultado é certo. O Seu plano é o único que necessariamente terá
sucesso.
Vamos praticar o reconhecimento dessa certeza hoje. E nos regozijemos por haver uma resposta para o que parece ser um
conflito sem solução possível. Todas as coisas são possíveis para Deus. A salvação tem que ser tua por causa do Seu plano
que não pode falhar.
Começa os dois períodos de prática mais longos de hoje pensando sobre a idéia do dia e reconhecendo que ela contém duas
partes que contribuem igualmente para o todo. O plano de Deus para a tua salvação funcionará e os outros não. Não te permi-
ta ficar deprimido ou zangado com a segunda parte, ela é inerente à primeira. E na primeira está a tua completa liberação de
todas as tuas tentativas insanas e loucas propostas para libertar-te. Elas têm te conduzido à depressão, à raiva, mas o plano
de Deus terá sucesso. Esse te conduzirá à liberação e à alegria.
Lembrando-nos disso, dediquemos o resto dos períodos de prática mais prolongados a pedir a Deus que nos revele o Seu
plano. Pergunta-Lhe muito especificamente:
O que queres que eu faça? Aonde queres que eu vá? O que queres que eu diga, e a quem?
Dá-Lhe pleno controle do resto do período de prática e deixa-O dizer-te o que precisa ser feito por ti no Seu plano para a tua
salvação. Ele responderá proporcionalmente à tua disponibilidade para ouvir a Sua Voz. Não te recuses a ouvir. O simples fato
de que estás fazendo os exercícios, já prova que tens alguma disposição para escutar. Isso é o suficiente para estabelecer o
teu direito à resposta de Deus.
Nos períodos de prática mais curtos, dize freqüentemente a ti mesmo que o plano de Deus para a salvação, e só o Seu, fun-
cionará. Fica alerta contra toda tentação de guardar mágoas nesse dia e responde com essa forma da idéia de hoje:
Guardar mágoas é o oposto do plano de Deus para a salvação. E só o plano de Deus funcionará.
Tenta lembrar-te da idéia de hoje de seis a sete vezes por hora, não poderia haver melhor maneira de passar meio minuto, ou
menos, do que recordando a Fonte da tua salvação e vendo-A onde Ela está.

Guardar mágoas é um ataque ao plano de Deus para a salvação.


Embora tenhamos reconhecido que o plano do ego para a salvação é o oposto do plano de Deus, ainda não enfatizamos que
ele é um ataque ativo ao Seu plano e uma tentativa deliberada para destruí-lo. No ataque, os atributos que são de fato associ-
ados ao ego são conferidos a Deus, enquanto o ego parece tomar para si os atributos de Deus.
O desejo fundamental do ego é o de tomar o lugar de Deus. De fato, o ego é a encarnação física desse desejo. Pois é esse
desejo que parece cercar a mente com um corpo, mantendo-a separada e sozinha, incapaz de alcançar outras mentes a não
ser através do corpo que foi feito para aprisioná-la. Limitar a comunicação não pode ser a melhor maneira de expandi-la. No
entanto, é nisso que o ego quer que acredites.
Embora a tentativa de conservar as limitações que um corpo imporia seja óbvia aqui, a razão pela qual guardar mágoas repre-
senta um ataque ao plano de Deus para a salvação talvez não seja tão evidente. Mas consideremos os tipos de coisas das
quais tendes a guardar mágoas. Não estão sempre associados a algo que um corpo faz? Uma pessoa diz alguma coisa que
não gostas. Faz algo que te desagrada. Ela ‗trai‘, no seu comportamento, os seus pensamentos hostis.
Aqui não estás lidando com o que a pessoa é. Pelo contrário, estás preocupado exclusivamente com o que ela faz em um
corpo. Estás fazendo mais do que deixar de ajudá-la a libertar-se das limitações do corpo; tu estás ativamente tentando pren-
dê-la a ele por confundi-lo (o corpo) com ela (a pessoa) e por julgá-los como um só. Nisso Deus é atacado, pois se o Seu Filho
é apenas um corpo, assim Ele também tem que ser. Um criador totalmente diferente da sua criação é inconcebível.
Se Deus é um corpo, o que teria que ser o Seu plano para a salvação? O que poderia ser, senão a morte? Ao tentar apresen-
tar-se como Autor da vida e não da morte, Ele está sendo um mentiroso e um impostor, cheio de falsas promessas, oferecen-
do ilusões em lugar da verdade. A realidade aparente do corpo faz com que essa perspectiva de Deus seja bastante convin-
cente. De fato, se o corpo fosse real, seria realmente difícil escapar dessa conclusão. E toda mágoa que guardas, insiste que
o corpo é real. Ignora inteiramente o que é o teu irmão. Reforça a tua crença de que ele é um corpo e o condena por isso. E
afirma que a tua salvação tem que ser a morte, projetando esse ataque contra Deus e tornando-O responsável por isso.
A essa arena cuidadosamente preparada, onde animais raivosos buscam a sua presa e a misericórdia não pode entrar, o ego
vem para salvar-te. Deus te fez corpo. Muito bem. Aceitemos isso e fiquemos contentes. Enquanto corpo, não te deixes privar
daquilo que o corpo oferece. Pega o pouco que puderes conseguir. Deus não te deu nada. O corpo é o teu único salvador. Ele
é a morte de Deus e a tua salvação.
Essa é a crença universal do mundo que vês. Alguns odeiam o corpo e tentam feri-lo e humilhá-lo. Outros amam o corpo e
tentam glorificá-lo e exaltá-lo. Mas, enquanto o corpo estiver no centro do teu conceito de ti mesmo, estás atacando o plano de
Deus para a salvação e guardando as tuas mágoas contra Ele e Sua criação, para que não possas ouvir a Voz da verdade e
dar-Lhe as boas-vindas como Amiga. Ao invés disso, o salvador que escolheste toma o Seu lugar. Ele é o teu amigo, Deus é o
teu inimigo.
Hoje tentaremos parar com esses ataques sem sentido contra a salvação. Tentaremos, ao contrário, dar-lhe as boas-vindas. A
tua percepção invertida, de cabeça para baixo, tem sido desastrosa para a paz da tua mente. Tens visto a ti mesmo em um
corpo e a verdade fora de ti, trancada longe da tua consciência pelas limitações do corpo. Agora tentaremos ver isso de modo
diferente.
A luz da verdade está em nós, onde foi colocada por Deus. É o corpo que está fora de nós, e que não é preocupação nossa.
Estar sem um corpo é estar no nosso estado natural. Reconhecer a luz da verdade em nós é reconhecer-nos tais como so-

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UM CURSO EM MILAGRES
mos. Ver o nosso Ser separado do corpo é dar fim ao ataque ao plano de Deus para a salvação e, ao invés disso, aceitá-lo. E,
aonde quer que o Seu plano seja aceito, já está realizado.
A nossa meta nos períodos de prática mais prolongados de hoje é o de passarmos a estar cientes de que o plano de Deus para
a salvação já foi realizado em nós. Para alcançar essa meta, temos que substituir o ataque pela aceitação. Enquanto o ata-
carmos, não podemos compreender o que é o plano de Deus para nós. Portanto, estamos atacando o que não reconhecemos.
Tentaremos, agora, deixar o julgamento de lado e perguntar qual e o plano de Deus para nós:
Pai, o que é a salvação? Eu não sei. Dize-me, para que eu possa compreender.
E então esperaremos em quietude pela Sua resposta. Nós temos atacado o plano de Deus para a salvação sem esperarmos
para ouvir o que é. Bradamos as nossas mágoas tão alto que não escutamos a Sua Voz. Usamos as nossas mágoas pra fe-
charmos os olhos e taparmos os nossos ouvidos.
Agora queremos ver, ouvir, e aprender. ―Pai, o que é a salvação?‖. Pergunta e serás respondido. Busca e acharás. Não estamos
mais perguntando ao ego o que é a salvação e onde podemos achá-la. Estamos perguntando isso à verdade. Tem certeza, en-
tão, de que a resposta será verdadeira por causa Daquele a Quem perguntaste.
Sempre que sentires a tua confiança diminuir e a tua esperança de sucesso oscilar e apagar-se, repete a tua pergunta e o teu
pedido, lembrando-te de que estás perguntando ao infinito Criador da infinidade, que te criou como Ele mesmo:
Pai, o que é a salvação? Eu não sei. Dize-me, para que eu possa compreender.
Ele responderá. Que estejas determinado a ouvir. Um, talvez dois períodos de prática mais curtos por hora serão suficientes
para hoje, já que terão uma duração ligeiramente maior do que a de costume. Estes exercícios devem começar com:
Guardar mágoas é um ataque ao plano de Deus para a salvação. Que eu o aceite ao invés disso. Pai, o que é a
salvação?
Em seguida, aguarda mais ou menos um minuto em silêncio, de preferência com os olhos fechados, e escuta a Sua resposta.

É minha vontade que haja luz.


Hoje estamos considerando a vontade que compartilhas com Deus. Essa não é a mesma que se manifesta nos desejos vãos
do ego, de onde surgem a escuridão e o nada. A vontade que compartilhas com Deus tem em si todo o poder da criação. Os
desejos vãos do ego não são compartilhados, portanto, não têm nenhum poder. Esses desejos não são vãos no sentido de
que podem fazer um mundo de ilusões no qual a tua crença pode ser muito forte. Mas, de fato, são vãos em termos de cria-
ção. Não fazem nada que seja real.
Desejos vãos e mágoas são parceiros ou co-autores em retratar o mundo que vês. Os desejos do ego deram origem a ele e a
necessidade que o ego tem de mágoas, as quais são necessárias para mantê-lo, povoam esse mundo com figuras que pare-
cem atacar-te e exigir um julgamento ―justo‖. Essas figuras vêm a ser os intermediários utilizados pelo ego no tráfico de má-
goas. Elas se interpõem entre a tua consciência e a realidade dos teus irmãos. Ao contemplá-las, não conheces nem os teus
irmãos nem o teu Ser.
A tua vontade está perdida para ti nessa estranha negociação, em que a culpa é comercializada de lá para cá e, a cada troca,
aumentam as mágoas. Será que tal mundo poderia ter sido criado pela Vontade que o Filho de Deus compartilha com o seu
Pai? Deus teria criado o desastre para Seu Filho? A criação é a Vontade de Ambos, juntos. Deus criaria um mundo que ma-
tasse a Ele Mesmo?
Hoje tentaremos mais uma vez alcançar o mundo que está de acordo com a tua vontade. Nele está a luz, porque não se opõe
à Vontade de Deus. Esse mundo não é o Céu, mas a luz do Céu brilha sobre ele. A escuridão dissipou-se. Os desejos vãos do
ego foram afastados. Mas a luz que brilha sobre esse mundo reflete a tua vontade, portanto, temos que procurá-la em ti.
O teu retrato do mundo só pode espelhar o que está dentro de ti. Nem a fonte da luz nem a das trevas podem ser encontradas
do lado de fora. As mágoas escurecem a tua mente e olhas para um mundo escurecido. O perdão dissipa a escuridão, reafir-
ma a tua vontade e permite que olhes para um mundo de luz. Enfatizamos repetidamente que a barreira das mágoas é facilmen-
te transposta e não pode se interpor entre tu e a tua salvação. A razão é muito simples. Realmente queres estar no inferno? Re-
almente queres chorar e sofrer e morrer?
Esquece-te dos argumentos do ego que buscam provar que tudo isso é realmente o Céu. Tu sabes que não é assim. Não po-
des querer isso para ti mesmo. Há um ponto além do qual as ilusões não podem ir. O sofrimento não é a felicidade e é a felici-
dade que realmente queres. Tal é a tua vontade, na verdade. Portanto, a salvação também é tua vontade. Queres ter sucesso
no que estamos tentando fazer hoje. Nós empreendemos isso com a tua bênção e o teu feliz consentimento.
Teremos sucesso hoje se te lembrares que queres a salvação para ti mesmo. Queres aceitar o plano de Deus, pois comparti-
lhas dele. Não tens nenhuma vontade que possa realmente opor-se a esse plano e nem queres fazê-lo. A salvação é para ti.
Acima de tudo, queres a liberdade de lembrar Quem realmente és. Hoje é o ego que permanece impotente diante da tua von-
tade. A tua vontade é livre e nada pode prevalecer contra ela.
Assim, empreendemos os exercícios de hoje em alegre confiança, certos de que acharemos o que é a tua vontade achar e que
lembraremos o que é tua vontade lembrar. Nenhum desejo vão pode nos deter nem nos enganar com uma ilusão de força.
Hoje permite que seja feita a tua vontade e que a crença insana de que escolhes o inferno no lugar do Céu tenha fim para
sempre.
Começaremos os nossos exercícios de prática mais longos com o reconhecimento de que o plano de Deus para a salvação, e
só o Seu, está totalmente de acordo com a tua vontade. Não é o propósito de um poder alheio, imposto a ti contra a tua vonta-
de. É o único propósito aqui com o qual tu e teu Pai estão de perfeito acordo. Terás sucesso hoje, o momento designado para
a liberação do Filho de Deus do inferno e de todos os desejos vãos. A Sua vontade é agora restaurada à sua consciência (do
Filho de Deus). Nesse dia mesmo, ele está disposto a olhar para a luz em si próprio e a ser salvo.
Depois de lembrar-te disso e decidir manter a tua vontade em mente com clareza, dize a ti mesmo com suave firmeza e serena
convicção:

266
UM CURSO EM MILAGRES
É minha vontade que haja luz. Que eu contemple a luz que reflete a Vontade de Deus e a minha.
Em seguida, deixa que a tua vontade se afirme junto com o poder de Deus e unida ao teu Ser. Põe o resto do período de práti-
ca sob a Sua orientação. Junta-te a Eles à medida que te mostram o caminho. Nos períodos de prática mais curtos, faze mais
uma vez uma declaração do que realmente queres. Dize:
É minha vontade que haja luz. A escuridão não é minha vontade.
Isso deve ser repetido várias vezes por hora. Contudo, é da maior importância aplicar a idéia de hoje dessa forma imediata-
mente, quando fores tentado a guardar qualquer tipo de mágoa. Isso te ajudará a soltar as tuas mágoas, ao invés de nutri-las
e de escondê-las na escuridão.

Não há outra vontade senão a de Deus.


A idéia para o dia de hoje pode ser considerada como o pensamento central ao qual todos os nossos exercícios estão dirigidos.
A Vontade de Deus é a única Vontade. Quando reconheces isso, reconheces que a tua vontade é a Sua. A crença em que o
conflito é possível se vai. A paz substitui a estranha idéia de que estás dilacerado por metas conflitantes. Como uma expres-
são da Vontade de Deus, não tens nenhuma meta a não ser a Sua.
Há grande paz na idéia de hoje e os exercícios para esse dia são dirigidos para achá-la. A idéia em si é totalmente verdadeira.
Portanto, não pode dar origem a ilusões. Sem ilusões o conflito é impossível. Tentemos reconhecer isso hoje e experimentar a
paz que esse reconhecimento traz. Começa os períodos de prática mais longos repetindo estes pensamentos várias vezes,
com lentidão e com a firme determinação de compreender o que significam e de mantê-los em mente:
Não há outra vontade senão a de Deus. Eu não posso estar em conflito.
Em seguida, passa alguns minutos acrescentando alguns pensamentos correlatos, tais como:
Eu estou em paz. Nada pode me perturbar. Minha vontade é a de Deus. Minha vontade e a de Deus são uma só. É a
vontade de Deus que Seu Filho tenha paz.
Durante essa fase introdutória, não deixes de lidar rapidamente com quaisquer pensamentos de conflito que te possam ocorrer.
Dize imediatamente a ti mesmo:
Não há outra vontade senão a de Deus. Esses pensamentos conflitantes são sem significado.
Se alguma área de conflito parecer particularmente difícil de ser resolvida, escolhe-a para consideração especial. Pensa sobre
ela brevemente, mas de forma muito específica, identifica a pessoa ou as pessoas em particular e a situação ou situações
envolvidas e dize a ti mesmo:
Não há outra vontade senão a de Deus. Eu a compartilho com Ele. Os meus conflitos em relação a ____ não podem ser
reais.
Depois de limpares a tua mente dessa forma, fecha os olhos e tenta experimentar a paz que a tua realidade te dá por direito.
Mergulha nela e sente-a se fechando à tua volta. Pode haver alguma tentação em julgar equivocadamente estas tentativas
como retraimento, mas a diferença é facilmente detectada. Se estiveres tendo sucesso terás um profundo sentimento de ale-
gria e sentir-te-ás cada vez mais alerta, ao invés de sentir-te letárgico e enervado.
A alegria caracteriza a paz. Através dessa experiência, reconhecerás que a alcançaste. Se sentires que estás deslizando para
o retraimento, repete rapidamente a idéia para o dia de hoje e tenta outra vez. Faze isso tantas vezes quantas se fizerem ne-
cessárias. Ganhas muito recusando-te a procurar refúgio no retraimento, mesmo que não experimentes a paz que buscas.
Nos períodos de prática mais curtos, que hoje devem ser empreendidos a intervalos regulares e pré-determinados, dize a ti
mesmo:
Não há outra vontade senão a de Deus. Hoje eu busco a Sua paz.
Tenta, então, achar o que estás buscando. Hoje, seria proveitoso dedicar a isso um ou dois minutos a cada meia hora, se pos-
sível com os olhos fechados.

A luz veio.
A luz veio. Estás curado e podes curar. A luz veio estás salvo e podes salvar. Estás em paz e trazes a paz contigo aonde quer
que vás. A escuridão, o tumulto e a morte desapareceram. A luz veio.
Celebramos hoje o final feliz do teu longo sonho de desventuras. Agora, já não há sonhos escuros. A luz veio. Começa hoje o
tempo da luz para ti e para todos. É uma ova era na qual um novo mundo nasceu. O velho mundo não deixou nenhum vestígio
à sua passagem. Hoje, vemos um mundo diferente porque a luz veio.
Os nossos exercícios para o dia de hoje serão exercícios felizes, nos quais damos graças pela passagem do velho mundo e o
começo do novo. Nenhuma sombra do passado permanece para escurecer a nossa vista e ocultar o mundo que o perdão nos
oferece. Hoje, aceitaremos o novo mundo como o que queremos ver. O que desejamos nos será dado. Nossa vontade é ver a
luz; a luz veio.
Os nossos períodos de prática mais longos serão dedicados a olhar para o mundo que o nosso perdão nos mostra. É isso que
queremos ver, e apenas isso. O nosso propósito único faz com que a nossa meta seja inevitável. Hoje o mundo real surge à
nossa frente em contentamento para enfim ser visto. Agora, como veio a luz, a visão nos é dada.
Hoje não queremos ver a sombra do ego sobre o mundo. Vemos a luz e nela vemos o reflexo do Céu que se estende sobre o
mundo. Começa os períodos de prática mais longos dando a ti mesmo as boas-vindas da tua liberação:
A luz veio. Eu perdoei o mundo.
Não te detenhas no passado hoje. Conserva a mente completamente aberta, lavada de todas as idéias passadas e limpa de
todos os conceitos que tens feito. Hoje perdoaste o mundo. Podes olhar para ele agora côo se nunca o tiveste visto antes.

267
UM CURSO EM MILAGRES
Ainda não sabes qual é o aspecto que ele tem. Meramente aguardas para que ele te seja mostrado. Enquanto aguardas, repe-
te várias vezes lentamente com toda paciência:
A luz veio. Eu perdoei o mundo.
Reconhece que o teu perdão te dá direito à visão. Compreende que o Espírito Santo nunca falha em dar a dádiva da visão
àqueles que perdoam. Acredita que Ele não te falhará agora. Perdoaste o mundo. Ele estará contigo enquanto vigias e espe-
ras. Ele te mostrará o que a verdadeira visão vê. É a Sua Vontade e tu te uniste a Ele. Espera pacientemente por Ele. Ele es-
tará lá. A luz veio. Perdoaste o mundo.
Dize-Lhe que tu sabes que não podes falhar porque confias Nele. E dize a ti mesmo que esperas na certeza de olhar para o
mundo que Ele te prometeu. A partir desse momento verás de maneira diferente. Hoje, a luz veio. E tu verás o mundo que te
foi prometido desde o início dos tempos, no qual o fim dos tempos está garantido.
Os períodos de prática mais curtos também serão lembranças alegres da tua liberação. Lembra-te, mais ou menos a cada
quinze minutos, de que hoje é um dia de celebração especial. Dá graças pela misericórdia e pelo Amor de Deus. Regozija-te
pelo poder do perdão de curar a tua visão completamente. Tem confiança de que nesse dia há um novo começo. Sem a escu-
ridão do passado sobre os teus olhos, não odes falhar em ver hoje. E o que verás será tão bem-vindo que alegremente esten-
derás o dia de hoje para sempre. Então, dize:
A luz veio. Eu perdoei o mundo.
Se fores tentado, dize a qualquer um que pareça estar te puxando de volta à escuridão:
A luz veio. Eu te perdoei.
Dedicamos esse dia à serenidade na qual Deus quer que estejas. Guarda-a na tua consciência de ti mesmo e tu a verás por
toda parte hoje, à medida que celebramos o princípio da tua visão e a vista do mundo real, que veio para substituir o mundo
sem perdão que pensavas ser real.

Eu não estou sujeito a outras leis senão às de Deus.


Já observamos antes quantas coisas sem sentido te pareceram ser a salvação. Cada uma tem te aprisionado com leis tão sem
sentido quanto ela mesma. Não estás preso por elas. Mas para compreenderes que isso é assim, em primeiro lugar é preciso
que reconheças que a salvação não está lá. Enquanto queres buscá-la em coisas que não tem significado, tu te prendes a leis
que não fazem nenhum sentido. Assim, buscas provar que a salvação está onde não está.
Hoje, ficaremos contentes por não poderes provar isso. Pois, se pudesses, estarias para sempre buscando a salvação onde
não está e jamais a acharias. A idéia para o dia de hoje mais uma vez te diz quão simples é a salvação. Procura-a onde ela
espera por ti e lá será achada. Não procures em nenhum outro lugar, pois ela não está em nenhum outro lugar.
Pensa na liberdade que há no reconhecimento de que não estás preso a todas as estranhas leis distorcidas que tens estabele-
cido para salvar-te. Realmente pensas que morrerás de fome se não tiveres montes de tiras de papel verde e pilhas de discos
de metal (o papel verde e os discos de metal são referências à moeda dos EUA). Realmente pensas que uma pequena pílula
redonda ou um pouco de líquido introduzido na tua veia por uma agulha pontiaguda afastará a doença e a morte. Realmente
pensas que estás só, se não houver outro corpo contigo.
É a insanidade que pensa nessas coisas. Tu as chamas de leis e as dispõe sob diferentes nomes num longo catálogo de ritos
que não tem nenhuma utilidade e não serve a nenhum propósito. Pensas que tens que obedecer às ―leis‖ da medicina, da
economia e da saúde. Protege o corpo e serás salvo.
Essas não são leis, mas loucura. O corpo é colocado em perigo pela mente, que fere a si mesma. O corpo só sofre para que a
mente deixe de ver que é vítima de si mesma. O sofrimento do corpo é uma máscara mantida pela mente para ocultar o que
realmente sofre. Ela não quer compreender que é a sua própria inimiga, que ataca a si mesma e quer morrer. É disso que as
tuas ―leis‖ querem salvar o corpo. É por isso que pensas que és um corpo.
Não há outras leis senão as leis de Deus. É preciso repetir isso muitas e muitas vezes, até que reconheças que se aplica a
tudo o que tens feito em oposição à Vontade de Deus. A tua magia não tem significado. O que ela pretende salvar não existe.
Só o que ela pretende esconder te salvará.
As leis de Deus nunca podem ser substituídas. Dedicaremos o dia de hoje a nos regozijarmos por ser assim. Já não é mais
uma verdade que queremos esconder. Em vez disso, reconheceremos que é uma verdade que nos mantém livres para sem-
pre. A magia aprisiona, mas as leis de Deus libertam. A luz veio porque não outras leis senão as de Deus.
Começaremos os períodos de prática mais longos de hoje com uma breve revisão dos vários tipos de ―leis‖ que acreditamos ter
que obedecer. Esses incluiriam, por exemplo, as ―leis‖ da nutrição, da imunização, da medicação e da proteção ao corpo de
inúmeras maneiras. Pensa ainda mais; tu acreditas nas ―leis‖ da amizade, dos ―bons‖ relacionamentos e reciprocidade. Talvez
até penses que existam leis estabelecendo o que é de Deus e o que é teu. Muitas ―religiões‖ tem sido baseadas nisso. Não
pretendem salvar, mas condenar em nome do Céu. No entanto, elas não são mais estranhas do que outras ―leis‖ que insistes
ter que obedecer para fazer com que te salves.
Não há outras leis senão as de Deus. Afasta todas as tolas crenças mágicas hoje e mantém a tua mente em silenciosa pronti-
dão para ouvir a Voz Que te fala a verdade. Estarás escutando Aquele Que diz que não há perda sob as leis de Deus. Ne-
nhum pagamento é feito ou recebido. Trocas não podem ser feitas, não há substitutos e nada toma o lugar de outra coisa. As
leis de Deus dão eternamente e nunca tiram.
Ouve Aquele Que te diz isso e reconhece quão tolas são as ‗leis‘ que no teu pensamento sustentavam o mundo que pensavas
ver. Então escuta mais. Ele te dirá mais. Sobre o Amor que o teu Pai tem por ti. Sobre a alegria sem fim que Ele te oferece.
Sobre o quanto Ele anseia pelo Seu único Filho, criado como o Seu canal para a criação e que Lhe foi negado pela sua pró-
pria crença no inferno.
Hoje, vamos abrir os canais de Deus para Ele e deixar a Sua Vontade estender-se através de nós até Ele. Assim aumenta a
criação infindavelmente. A Sua Voz nos falará disso, assim como das alegrias do Céu que as Suas leis conservam para sem-

268
UM CURSO EM MILAGRES
pre ilimitadas. Vamos repetir a idéia de hoje até que tenhamos escutado e compreendido que não há nenhuma lei senão as de
Deus. Então, diremos a nós mesmos, como uma oferenda com a qual o período de prática é concluído:
Eu não estou sujeito a outras leis senão às de Deus.
Repetiremos essa oferenda hoje, com a maior freqüência possível, pelo menos quatro ou cinco vezes por hora, bem como ao
longo do dia em resposta a qualquer tentação de nos vivenciarmos como se estivéssemos sujeitos a outras leis. É nossa de-
claração de liberdade contra todo perigo e toda tirania. É o nosso reconhecimento de que Deus é o nosso Pai e Seu Filho está
salvo.

Eu tenho direito a milagres.


Tens direito a milagres pelo que tu és. Receberás milagres pelo que Deus é. E oferecerás milagres porque és um com Deus.
Ainda uma vez, como é simples a salvação! É meramente uma declaração da tua verdadeira Identidade. É isso que celebra-
remos hoje.
O teu direito a milagres não está nas tuas ilusões sobre ti mesmo. Ele não depende de nenhum dos poderes mágicos que tens
atribuído a ti mesmo, nem de nenhum dos rituais que tens inventado. Ele é inerente à verdade do que és. Ele está implícito no
que Deus, Teu Pai, é. Ele te foi assegurado na tua criação e garantido pelas leis de Deus.
Hoje nós reivindicaremos os milagres aos quais tens direito, uma vez que pertencem a ti. A ti foi prometida a plena liberação do
mundo que fizeste. A ti foi assegurado que o Reino de Deus está dentro de ti e nunca pode ser perdido. Não pedimos nada
mais do que o que na verdade nos pertence. Hoje, todavia, nos certificaremos de que não nos contentaremos com menos.
Começa os períodos de prática mais longos dizendo a ti mesmo, com muita confiança, que tens direito a milagres. Fechando
os olhos, lembra-te de que só estás pedindo o que é teu por direito. Lembra-te também de que os milagres nunca são tirados
de uma pessoa para serem dados a outra e que ao pedires os teus direitos, estás apoiando os direitos de todos. Milagres não
obedecem às leis deste mundo. Eles meramente decorrem das leis de Deus.
Após esta breve fase introdutória, espera em quietude pela confirmação de que o teu pedido é concedido. Pediste a salvação
do mundo e a tua própria. Requisitaste que te sejam dados os meios pelos quais isso pode ser realizado. Não podes deixar de
receber a confirmação disso. Estás apenas pedindo que a vontade de Deus seja feita.
Ao fazeres isto, realmente não pedes nada. Declaras um fato que não pode ser negado. O Espírito Santo não pode deixar de
te assegurar que o teu pedido te é concedido. O fato de que aceitaste não pode ser negado. Não existe hoje lugar para a dú-
vida e a incerteza. Nós estamos finalmente fazendo uma pergunta real. A resposta é a declaração simples de um fato simples.
Receberás a garantia que buscas.
Os nossos exercícios de prática mais curtos serão freqüentes e também serão dedicados a lembrar um fato simples. Hoje dize
a ti mesmo com freqüência:
Eu tenho direito a milagres
Pede-os sempre que surgir uma situação em que forem necessários. Reconhecerás estas situações. E como não estás depen-
dendo de ti mesmo para achar o milagre, tens pleno direito de recebê-lo sempre que o pedires.
Lembra-te também de não te satisfazeres com menos do que a resposta perfeita. Imediatamente dize a ti mesmo, no caso de
seres tentado:
Eu não trocarei milagres por mágoas. Quero só o que me pertence. Deus estabeleceu milagres como meu direito.

Que os milagres substituam as mágoas.


Talvez ainda não esteja bem claro para ti que cada decisão que tomas é uma decisão entre uma mágoa e um milagre. Cada
mágoa se ergue como um escudo de ódio diante do milagre que quer ocultar. E ao erguê-lo diante dos teus olhos, não verás o
milagre que está além. No entanto, durante todo o tempo ele espera por ti na luz, mas ao invés disso contemplas as tuas má-
goas.
Hoje, vamos além das mágoas, preferindo contemplar o milagre. Reverteremos o teu modo de ver não deixando a vista estan-
car antes de ver. Não esperaremos diante do escudo de ódio, mas o deixaremos de lado e ergueremos gentilmente nossos
olhos em silêncio para contemplar o Filho de Deus.
Ele espera por ti atrás de tuas mágoas e, à medida que as colocares de lado, ele aparecerá em luz resplandecente no lugar em
que uma antes ocupava. Pois toda mágoa é um bloqueio à visão e à medida que é suspendido, verás o Filho de Deus onde
ele sempre esteve. Ele está na luz, mas tu estavas na escuridão. Cada mágoa fazia com que a escuridão fosse mais profunda
e não podias ver.
Hoje tentaremos ver o Filho de Deus. Não nos permitiremos ficar cegos para ele, não olharemos para nossas mágoas. Assim
se reverte o modo de ver do mundo, ao olharmos em direção à verdade para longe do medo. Selecionaremos uma pessoa
que tenhas usado como alvo de tuas mágoas e as deixaremos de lado e olharemos para ela. Alguém de quem talvez tenhas
medo ou até odeies; alguém que pensas que amas e que te deixou com raiva; alguém que chamas de amigo, mas vês como
às vezes complicado, difícil de agradar, exigente, irritante, ou infiel ao ideal que ele deveria aceitar para si próprio de acordo
com o papel que designaste para ele.
Tu sabes a quem escolher, o seu nome já cruzou a tua mente. Ele será aquele através do qual pedimos que o Filho de Deus te
seja mostrado. Ao vê-lo além das mágoas que guardaste contra ele, aprenderás que o que estava escondido enquanto tu não
o vias, existe em todos e pode ser visto. Aquele que era inimigo é mais do que um amigo quando é libertado para assumir o
papel santo que o Espírito Santo designou para ele. Deixa que ele seja o salvador para contigo hoje. Tal é o seu papel no pla-
no de Deus, teu Pai.
Os nossos períodos de prática mais longos de hoje o verão nesse papel. Procurarás conservá-lo na tua mente, primeiro tal
como o consideras agora. Reverás seus defeitos, as dificuldades que tens tido com ele, a dor que ele te causou, a sua negli-
gência e todas as pequenas e grandes feridas que te provocou. Considerarás o seu corpo com os respectivos defeitos e quali-
dades, pensarás nos seus erros e até mesmo nos seus ―pecados‖.
269
UM CURSO EM MILAGRES
Em seguida, peçamos Àquele Que conhece esse Filho de Deus na sua realidade e verdade, para que possamos olhá-lo de
maneira diferente e vejamos o nosso salvador resplandecente à luz do verdadeiro perdão que nos foi dado. Pedimos a Ele, no
santo Nome de Deus e de Seu Filho, tão santo quanto Ele Mesmo:
Que eu contemple meu salvador naquele que foi designado por Ti como aquele a quem devo pedir que me conduza à
luz santa onde ele está de modo que eu possa me unir a ele.
Os olhos do corpo estão fechados e, ao pensares naquele que te magoou, deixa que a luz que existe dentro dele seja mostra-
da à tua mente além das tuas mágoas.
O que pediste não pode ser negado. O teu salvador está esperando por isso há muito tempo. Ele quer ser livre e fazer com que
a liberdade seja tua. O Espírito Santo se inclina a partir dele para ti, sem ver nenhuma separação no Filho de Deus. E o que
vês através do Espírito Santo libertará a ambos. Fica bem quieto agora e olha para o teu salvador resplandecente. Nenhuma
mágoa escura obscurece o que vês nele. Permitiste que o Espírito Santo expressasse através dele o papel que Deus Lhe deu,
para que pudesses ser salvo.
Deus te é grato por estes momentos de quietude de hoje, nos quais deixaste as tuas imagens de lado e, em seu lugar, olhaste
para o milagre de amor que o Espírito Santo te mostrou. O mundo e o Céu se unem em agradecimento a ti, pois nenhum Pen-
samento de Deus pode deixar de regozijar-se quando tu és salvo, e todo o mundo contigo.
Nós nos lembraremos disso ao longo do dia e assumiremos o papel que nos foi designado como parte do plano de Deus para a
salvação, e não o nosso. A tentação desaparece quando permitimos que cada pessoa que encontramos nos salve e nos recu-
samos a esconder, atrás das nossas mágoas, a sua luz. Deixa que o papel de salvador seja dado a cada pessoa que encon-
trares e àquelas em quem pensas ou àquelas que lembras do passado, a fim de que possas compartilhá-lo com ela. Para am-
bos, assim como para todos aqueles que não vêem, fazemos uma prece:
Que os milagres substituam todas as mágoas.

Que eu reconheça o problema para que ele possa ser resolvido.


Um problema não pode ser resolvido se não souberes do que se trata. Mesmo que, na realidade, já esteja resolvido, ainda
terás o problema, pois não vais reconhecer que já foi resolvido. Essa é a situação do mundo. O problema da separação, que é
realmente o único problema, já foi resolvido. No entanto, a solução não é reconhecida porque o problema não é reconhecido.
Todas as pessoas nesse mundo parecem ter os seus próprios problemas especiais. No entanto, todos são o mesmo e têm que
ser reconhecidos como um só, se é que se há de aceitar a única solução que resolve todos eles. Quem pode ver que um pro-
blema já foi resolvido se pensa que o problema é outro? Mesmo que lhe seja dada a resposta, ele não consegue ver a sua
relevância.
Essa é a posição na qual tu te achas agora. Tens a resposta, mas ainda não tens certeza de qual é o problema. Uma longa
série de problemas diversos parece confrontar-te e assim que um deles é resolvido surge outro, e mais outro. Parecem não ter
fim. Não há um momento em que te sintas completamente livre de problemas e em paz.
A tentação de considerar os problemas como se fossem muitos é a tentação de manter o problema da separação sem solução.
O mundo parece apresentar-te um grande número de problemas, cada um exigindo uma resposta diferente. Essa percepção
te coloca numa posição em que o teu modo de resolver problemas tem que ser inadequado e o fracasso é inevitável.
Ninguém poderia resolver todos os problemas que o mundo parece conter. Parecem estar em tantos níveis, ter formas tão
diversas e conteúdo tão variado, que eles te confrontam com uma situação impossível. Ao considerá-los, o desalento e a de-
pressão são inevitáveis. Alguns surgem de modo inesperado, justamente quando achas que tinhas resolvido os anteriores.
Outros permanecem sem solução sob uma nuvem de negação e erguem-se para assombrar-te de vez em quando, apenas
para esconderem-se mais uma vez, mas ainda sem solução.
Toda essa complexidade nada mais é do que uma tentativa desesperada de não reconhecer o problema e, assim, não deixar
que seja resolvido. Se pudesses reconhecer que o teu único problema é a separação, independente da forma que tome, acei-
tarias a resposta, pois verias a sua relevância. Ao perceber a constância subjacente em todos os problemas que parecem con-
frontar-te, compreenderias que tens o meio para resolver todos eles. E usarias esse meio, porque reconhecerias o problema.
Em nossos exercícios de prática mais longos de hoje, perguntaremos qual é o problema e qual a resposta para ele. Não pres-
suporemos que já sabemos. Tentaremos libertar as nossas mentes de todos os diferentes tipos de problemas que pensamos
ter. Tentaremos nos dar conta de que temos um só problema, o qual temos falhado em reconhecer. Perguntaremos qual é o
problema e esperaremos a resposta. Ela nos será dita. Então, pediremos a solução. E ela nos será dita.
Os exercícios de hoje terão sucesso na medida em que não insistires em definir o problema. Talvez não tenhas sucesso em
soltar todas as tuas noções preconcebidas, mas isso não é necessário. É preciso apenas que permitas alguma dúvida quanto
à realidade da tua versão de quais são os teus problemas. Estás tentando reconhecer que a solução te foi dada ao reconhecer
o problema, de modo que o problema e a solução possam se juntar e possas ficar em paz.
Os períodos de prática mais curtos para o dia de hoje não serão estabelecidos por tempo, mas pela necessidade. Verás muitos
problemas hoje, cada um pedindo uma resposta. Nossos esforços serão dirigidos ao reconhecimento de que só há um pro-
blema e uma resposta. Nesse reconhecimento todos os problemas são resolvidos. Nesse reconhecimento há paz. Não te dei-
xes enganar pela forma dos problemas hoje. Quando qualquer dificuldade parecer surgir, dize a ti mesmo imediatamente:
Que eu reconheça esse problema para que ele possa ser resolvido.
Em seguida, tenta suspender qualquer julgamento sobre o que é o problema. Se possível, fecha os olhos por um momento e
pergunta qual é o problema. Serás ouvido e serás respondido.

Que eu reconheça que os meus problemas foram resolvidos.


Se estás disposto a reconhecer os teus problemas, reconhecerás que não tens problemas. Ao teu único problema central já foi
dada a resposta e não tens nenhum outro. Portanto, tens que estar em paz. Assim, a salvação depende do reconhecimento

270
UM CURSO EM MILAGRES
desse problema único e da compreensão de que já foi resolvido. Um problema, uma solução. A salvação é realizada. A liberta-
ção do conflito te foi dada. Aceita esse fato e estás pronto para ocupar o teu lugar de direito no plano de Deus para a salvação.
O teu único problema foi resolvido! Repete isso muitas e muitas vezes para ti mesmo hoje, com gratidão e convicção. Reco-
nheceste o teu único problema abrindo o caminho para que o Espírito Santo te dê a resposta de Deus. Deixaste de lado o
engano e viste a luz da verdade. Aceitaste a salvação para ti mesmo trazendo o problema à resposta. E podes reconhecer a
resposta porque o problema foi identificado.
Tens direito à paz hoje. Um problema que já foi resolvido não pode incomodar-te. Mas certifica-te de não esquecer que todos
os problemas são o mesmo. As suas muitas formas não te enganarão enquanto te lembrares disso. Um problema, uma solu-
ção. Aceita a paz que essa simples declaração te traz.
Nos nossos períodos de prática mais longos de hoje reivindicaremos a paz que tem que ser nossa quando o problema e a
resposta são levados a se encontrar. O problema tem que desaparecer, porque a resposta de Deus não pode falhar. Tendo
reconhecido um, tens que ter reconhecido outro. A solução é inerente ao problema. Foste respondido e aceitaste a resposta.
Estás salvo.
Agora, deixa que te seja dada a paz que a tua aceitação traz. Fecha os olhos e recebe a tua recompensa. Reconhece que os
teus problemas foram resolvidos. Reconhece que estás fora do conflito, livre e em paz. Acima de tudo, lembra-te de que só
tens um problema e que o problema tem uma solução. Nisso está a simplicidade da salvação. É por essa razão que a sua
eficácia é garantida.
Hoje, assegura-te freqüentemente que os teus problemas foram resolvidos. Repete a idéia com profunda convicção, com a
maior freqüência possível. E estejas particularmente seguro de aplicar a idéia para o dia de hoje a qualquer problema específi-
co que possa surgir. Dize rapidamente:
Que eu reconheça que esse problema já foi resolvido.
Estejamos determinados a não colecionar mágoas hoje. Estejamos determinados a nos livrar de problemas que não existem. O
meio é a simples honestidade. Não te enganes quanto ao que é o problema, e terás que reconhecer que ele foi resolvido.

REVISÃO II
1. Agora estamos prontos para outra revisão. Começaremos onde parou a última e incluiremos duas idéias por dia. A primeira
parte de cada dia será dedicada a uma destas idéias e a segunda à outra. Teremos um período de exercícios mais lon-
go e freqüentes períodos mais curtos durante os quais praticaremos cada uma das idéias.
2. Os períodos de prática mais longos seguirão essa forma geral: reserva aproximadamente quinze minutos para cada um e
começa pensando nas idéias do dia e nos comentários que estão incluídos nas lições. Dedica três ou quatro minutos a
lê-los vagarosamente, várias vezes se desejares e, em seguida, fecha os olhos e escuta.
3. Repete a primeira fase do período de exercícios se achares que tua mente está se dispersando, mas tenta passar a maior
parte do tempo escutando em quietude, mas atentamente. Há uma mensagem à tua espera. Esteja confiante de que
vais recebê-la. Lembra-te de que ela te pertence e de que tu a queres.
4. Não deixes a tua intenção vacilar diante de pensamentos que te distraiam. Compreende que, quaisquer que sejam as for-
mas que tais pensamentos possam tomar, eles não têm nenhum significado e nenhum poder. Podes substituí-los pela
tua determinação em sucesso. Não te esqueças de que a tua vontade tem poder sobre todas as fantasias e sonhos.
Confia nela para ajudar-te a atravessá-los e carregar-te para o que está além de todos eles.
5. Considera estes períodos de prática como oferendas ao caminho, à verdade e à vida. Recusa-te a te deixares desviar para
digressões, ilusões e pensamentos de morte. És dedicado à salvação. Que estejas determinado, a cada dia, a não dei-
xar a tua função sem ser cumprida.
6. Reafirma também a tua determinação nos períodos de prática mais curtos, usando a forma original da idéia para aplicações
gerais e formas mais específicas quando necessário. Algumas formas específicas estão incluídas nos comentários que
se seguem à enunciação das idéias. Estas, contudo, são meramente sugestões. Não são as palavras específicas que
usas que têm importância.

Lições 61 e 62
61. Eu sou a luz do mundo
Quão santo sou eu, a quem foi dada a função de iluminar o mundo! Que eu possa ficar quieto diante da minha santidade. Na
sua luz serena, que todos os meus conflitos desapareçam. Na sua paz, que eu me lembra Quem eu sou. Algumas formas es-
pecíficas para a aplicação dessa idéia quando alguma dificuldade em especial parece surgir poderiam ser:
Que eu não obscureça a luz do mundo em mim.
Que a luz do mundo brilhe através dessa aparência.
Essa sombra se desvanecerá diante da luz.

271
UM CURSO EM MILAGRES
62. O perdão é a minha função como a luz do mundo.
É através da aceitação da minha função que verei a luz em mim. E nesta luz a minha função se mostrará perfeitamente clara e
sem ambigüidades diante da minha vista. A minha aceitação não depende do meu reconhecimento do que é a minha função,
pois eu ainda não compreendo o perdão. Mas confiarei que na luz eu o verei tal como é. Formas específicas para usar essa
idéia poderiam incluir:
Que isso me ajude a aprender o que significa o perdão.
Que eu não separe a minha função da minha vontade. Eu não usarei isso para um propósito alheio.

Lições 63 e 64
63. A luz do mundo traz paz a todas as mentes através do meu perdão.
O meu perdão é o meio pelo qual a luz do mundo acha sua expressão através de mim.
O meu perdão é o meio pelo qual venho a estar ciente da luz do mundo em mim.
O meu perdão é o meio pelo qual o mundo é curado junto comigo.
Então, que eu perdoe o mundo, para que ele possa ser curado comigo.
Algumas sugestões para formas específicas da aplicação dessa idéia são:
Que a paz se estenda da minha mente à tua, {nome}.
Eu compartilho a luz do mundo contigo, {nome}.
Através do meu perdão, eu posso ver isso como é.
64. Que eu não esqueça a minha função.
Eu não quero esquecer a minha função porque quero lembrar do meu Ser. Não posso cumprir a minha função se a esquecer. E
a menos que a cumpra, não experimentarei a alegria que Deus destina para mim. Formas específicas adequadas para essa
idéia:
Que eu não use isso para esconder a minha função de mim.
Quero usar isso como uma oportunidade para cumprir a minha função.
Isso pode ameaçar o meu ego, mas não pode, de modo algum, mudar a minha função.

Lições 65 e 66
65. A minha única função é a que Deus me deu.
Eu não tenho nenhuma função senão a que Deus me deu. Esse reconhecimento me libera de todo conflito, pois significa que
não posso ter metas conflitantes. Com um só propósito, estou sempre certo do que fazer, do que dizer e do que pensar. Todas
as dúvidas têm que desaparecer no momento em que reconheço que a minha única função é a que Deus me deu. Aplicações
mais específicas:
A minha percepção disso não muda a minha função.
Isso não me dá uma função diferente daquela que Deus me deu.
Que eu não use isso para justificar uma função que Deus não me deu.
66. A minha felicidade e a minha função são uma só.
Todas as coisas que vêm de Deus são unas. Vêm da Unicidade e têm que ser recebidas como uma só. O cumprimento da
minha função é a minha felicidade porque ambas vêm da mesma Fonte. E eu tenho que aprender a reconhecer o que me faz
feliz, se quero achar a felicidade. Algumas formas úteis às aplicações específicas dessa idéia são:
Isso não pode separar a minha felicidade na minha função.
A unicidade da minha felicidade e da minha função permanece inteiramente inalterada por isso.
Nada, incluindo isso, pode justificar a ilusão de felicidade separada da minha função.

Lições 67 e 68
67. O Amor me criou como Ele Mesmo.
Eu sou como meu Criador. Eu não posso sofrer, eu não posso experimentar nenhuma perda, e eu não posso morrer. Eu não
sou um corpo. Eu quero reconhecer a minha realidade hoje. Não adorarei ídolos, nem erguerei o meu próprio auto-conceito
para substituir o meu Ser. Eu sou como meu Criador. O Amor me criou como Ele Mesmo. Talvez aches estas formas específi-
cas úteis para a aplicação da idéia:
Que eu não veja nisso uma ilusão de mim mesmo.
Ao olhar para isso, que eu me lembre do meu Criador.
Meu Criador não criou isso como eu o vejo.
68. O Amor não guarda mágoas.
Mágoas são completamente alheias ao amor. Mágoas atacam o amor e mantêm a sua luz obscura. Se eu guardo mágoas,
estou atacando o amor, portanto, atacando o meu ser. Assim o meu ser vem a ser alheio a mim. Estou determinado a não ata-

272
UM CURSO EM MILAGRES
car o meu Ser hoje, para que eu possa lembrar Quem eu sou. Estas formas específicas para aplicação dessa idéia poderiam
ser úteis:
Isso não é justificativa para negar o meu Ser.
Eu não vou usar isso para atacar o amor.
Que isso não me tente a atacar a mim mesmo.

Lições 69 e 70
69. As minhas mágoas escondem a luz do mundo em mim.
As minhas mágoas me mostram algo que não existe e escondem de mim o que eu quero ver. Tendo reconhecido isso, para
que quero as minhas mágoas? Elas me mantêm na escuridão e escondem a luz. Mágoas e luz não podem ir juntas, mas a luz
e a visão têm que estar unidas para que eu veja. Para ver, tenho que deixar as mágoas de lado. Eu quero ver, e esse será o
meio através do qual terei sucesso. Aplicações específicas dessa idéia poderiam ser feitas nas seguintes formas:
Que eu não use isso para bloquear o que vejo.
A luz do mundo brilhará afastando tudo isso.
Eu não tenho necessidade disso. Eu quero ver.
70. A minha salvação vem de mim.
Hoje reconhecerei onde está a minha salvação. Está em mim, porque em mim está sua Fonte. Ela não deixou a sua Fonte e,
portanto, não pode ter deixado a minha mente. Não procurarei por ela fora de mim mesmo. Ela não pode ser achada do lado
de fora e então trazida para dentro. Mas de dentro de mim ela pode alcançar o que está além e tudo o que eu vejo só refletirá
a luz que brilha em mim e em si mesma. Estas formas são adequadas para aplicações mais específicas:
Que isso não me tente a procurar a minha salvação fora de mim.
Eu não deixarei que isso interfira com a minha consciência da fonte da minha salvação.
Isso não tem o poder de privar-me da salvação.

Lições 71 e 72
71. Só o plano de Deus para a salvação funcionará.
Não faz sentido para mim procurar loucamente a salvação em toda parte. Eu a tenho visto em muitas pessoas e em muitas
coisas, mas quando quis alcançá-la, não estava lá. Estava equivocado quanto ao que ela é. Não empreenderei mais nenhuma
busca vã. Só o plano de Deus para a salvação funcionará. E me alegrarei porque o seu plano nunca pode fracassar. Estas são
algumas formas sugeridas para a aplicação dessa idéia de modo específico:
O plano de Deus para a salvação me salvará da minha percepção disso.
Isso não é nenhuma exceção no plano de Deus para a minha salvação.
Que eu perceba isso só à luz do plano de Deus para a salvação.
72. Guardar mágoas é um ataque ao plano de Deus para a salvação.
Guardar mágoas é uma tentativa de provar que o plano de Deus para a salvação não funcionará. No entanto, só o Seu plano
funcionará. Ao guardar mágoas estou, portanto, excluindo a minha única esperança de salvação da minha consciência. Não
quero mais sabotar os meus maiores interesses desse modo insano. Quero aceitar o plano de Deus para a salvação e ser
feliz. Aplicações específicas dessa idéia poderiam tomar estas formas:
Ao olhar para isso, estou escolhendo entre uma percepção equivocada e a salvação.
Se eu vir uma justificativa para mágoas nisso, não verei justificativa para a minha salvação.
Isso pede salvação, não ataque.

Lições 73 e 74
73. É minha vontade que haja luz.
Hoje usarei o poder da minha vontade. Não é minha vontade tatear a escuridão, amedrontado com as sombras e temeroso por
coisas invisíveis e irreais. Hoje, a luz será o meu guia. Eu a seguirei aonde quer que me conduza, e só olharei para o que ela
me mostra. Nesse ia experimentarei a paz da verdadeira percepção. Estas formas dessa idéia serão úteis nas aplicações es-
pecíficas:
Isso não pode esconder a luz que é minha vontade ver.
Tu estás comigo na luz, (nome).
Na luz, isso parecerá diferente.
74. Não há outra vontade senão a de Deus.
Estou em segurança hoje, pois não há outra vontade senão a de Deus. Só posso vir a sentir medo se acreditar que há outra
vontade. Só tento atacar quando estou com medo e só posso acreditar que a minha segurança eterna está ameaçada quando
tento atacar. Hoje, vou reconhecer que nada disso ocorreu. Estou em segurança, pois não há outra vontade senão a de Deus.
Formas úteis para aplicações específicas:
Que eu perceba isso de acordo com a Vontade de Deus.

273
UM CURSO EM MILAGRES
É a Vontade de Deus que tu sejas o Seu Filho, (nome) e é a minha também.
Isso é parte da Vontade de Deus para mim, independente de como eu possa ver isso.

Lições 75 e 76
75. A luz veio.
Ao escolher a salvação ao invés do ataque, meramente escolho reconhecer o que já existe. A salvação é uma decisão que já
foi tomada. O ataque e as mágoas não existem para serem escolhidos. É por isso que sempre escolho entre a verdade e a
ilusão, entre o que existe e o que não existe. A luz veio. Só posso escolher a luz, pois ela não tem alternativa. Ela tomou o
lugar da escuridão e a escuridão se foi. Aplicações específicas:
Isso não pode me mostrar a escuridão, pois a luz veio.
A luz em ti é tudo o que eu quero ver, (nome).
Eu quero ver nisso só o que existe.
76. Não estou sujeito a outras leis senão às de Deus.
Eis aqui a declaração perfeita da minha liberdade. Eu não estou sujeito a outras leis senão às de Deus.

Lições 77 e 78
77. Eu tenho direito a milagres.
Eu tenho direito a milagres porque não estou sujeito a nenhuma lei senão às de Deus. As Suas leis me liberam de todas as
mágoas e as substituem por milagres. E eu quero aceitar os milagres no lugar das mágoas, que são apenas ilusões que es-
condem os milagres que estão além. Agora, só quero aceitar o que as leis de Deus me dão direito a ter par que possa usar
isso a favor da função que Ele me deu. Aplicações específicas:
Por trás disso há um milagre ao qual tenho direito.
Que eu não guarde mágoa de ti, (nome), mas que eu ofereça o milagre que te pertence.
Visto de modo verdadeiro, isso me oferece um milagre.
78. Que os milagres substituam todas as mágoas.
Através dessa idéia, uno a minha vontade à Vontade do Espírito Santo e as percebo como uma só. Através dessa idéia aceito
a minha liberação do inferno. Através dessa idéia expresso a minha disponibilidade para ter todas as minhas ilusões substituí-
das pela verdade, conforme o plano de Deus par a minha salvação. Eu não quero fazer exceções ou achar substitutos. Quero
todo o Céu, e só o Céu, como é Vontade de Deus que eu tenha. Aplicações específicas:
Não quero guardar essa mágoa à parte da minha salvação.
Que as nossas mágoas sejam substituídas por milagres, (nome).
Por trás disso está o milagre pelo qual todas as minhas mágoas são substituídas.

Lições 79 e 80
79. Que eu reconheça o problema para que ele possa ser resolvido.
Que eu reconheça hoje que o problema é sempre alguma forma de mágoa que quero alimentar. Que eu compreenda também
que a solução é sempre um milagre pelo qual permito que a mágoa seja substituída. Hoje, quero me lembrar da simplicidade
da salvação, reforçando a lição de que há um só problema e uma só solução. O problema é uma mágoa, a solução é um mila-
gre. E eu convido a solução a vir a mim, perdoando a mágoa, e dando as boas vindas ao milagre que vem ocupar o seu lugar.
Aplicações específicas:
Isso representa um problema para mim que eu quero ver resolvido.
O milagre que está por trás dessa mágoa vai resolvê-la para mim.
A resposta para esse problema é o milagre que ele oculta.
80. Que eu reconheça que os meus problemas foram resolvidos.
Eu pareço ter problemas só porque estou fazendo mau uso do tempo. Acredito que o problema vem primeiro, e que é preciso
que o tempo passe antes que ele possa ser resolvido. Não vejo o problema e a resposta como simultâneos em sua ocorrência.
Isso acontece porque ainda não reconheço que Deus pôs a resposta junto com o problema, de modo que não possam ser
separados pelo tempo. O Espírito Santo me ensinará isso, se eu Lhe permitir. E eu compreenderei que é impossível ter um
problema que já não tenha sido solucionado. Aplicações específicas:
Eu não preciso esperar para que isso seja resolvido.
A resposta para esse problema já me foi dada, se eu a aceitar.
O tempo não pode separar esse problema da sua solução.

PARTE III

Milagres são vistos na luz.


É importante lembrar que milagres e visão vão necessariamente juntos, isso precisa ser repetido e repetido frequentemente.
Essa é uma idéia central no teu novo sistema de pensamento e na percepção que ele produz. O milagre está sempre aqui. A
274
UM CURSO EM MILAGRES
sua presença não é causada pela tua visão, a sua ausência não é um resultado do teu fracasso em ver. Só a tua consciência
dos milagres é afetada. Tu os verás na luz, não os verás no escuro.
Para ti, então, a luz é crucial. Enquanto permaneces na escuridão, o milagre permanece sem ser visto. Assim, ficas convencido
de que ele não está aqui. Isso decorre das premissas das quais vem a escuridão. A negação da luz conduz ao fracasso em
percebê-la. O fracasso em perceber a luz é perceber a escuridão. Nesse caso, a luz é inútil para ti embora esteja aqui. E a
aparente realidade da escuridão faz com que a idéia da luz seja sem significado.
Ser informado de que o que não Vês está presente soa como insanidade. É muito difícil te convenceres de que é insanidade
não ver o que está presente e, ao invés disso, ver o que não está. Não duvidas de que os olhos do corpo podem ver. Não du-
vidas de que as imagens que eles te mostram são a realidade. A tua fé está na escuridão e não na luz. Como isso pode ser
revertido? Para ti é impossível, mas não estás sozinho nisso.
Os teus esforços, por menores que possam ser, contam com apoio forte. Se apenas reconhecesses o quanto é grande essa
força, as tuas dúvidas se desvaneceriam. Hoje vamos nos dedicar a tentativa de deixar com que sintas essa força. Quando
tiveres sentido em ti a força que faz com que todos os milagres estejam facilmente ao teu alcance, não duvidarás. Ao sentir a
força dentro de ti, os milagres, que o teu senso de fraqueza escondem, saltarão à tua consciência.
Três vezes no dia de hoje, reserva dez minutos aproximadamente para um momento de quietude em que tentarás deixar a tua
fraqueza para trás. Isso é realizado de modo muito simples ao instruíres a ti mesmo que não és um corpo. A fé vai para o que
tu queres, e instruis a tua mente de acordo com isso. A tua vontade continua sendo o teu professor, e a tua vontade tem toda a
força para fazer o que ela deseja. Podes escapar do corpo, se assim escolheres. Podes experimentar a força em ti.
Começa os períodos de prática mais longos com essa declaração das verdadeiras relações entre causa e efeito:
Os milagres são vistos na luz.
Os olhos do corpo não percebem a luz.
Mas eu não sou um corpo. O que sou eu?
A pergunta que conclui essa declaração é necessária para os nossos exercícios de hoje. O que pensa que és é uma crença a
ser desfeita. Mas o que realmente és tem que ser revelado a ti. Acreditar que és um corpo pede correção, pois é um erro. A
verdade do que és convoca a força em ti para trazeres à tua consciência aquilo que o equívoco oculta.
Se não és um corpo, o que és tu? Precisas estar ciente do que o Espírito Santo usa para substituir a imagem de um corpo na
tua mente. Precisas sentir algo em que possas depositar a tua fé na medida em que a retiras do corpo. Precisas ter uma real
experiência de outra coisa, algo mais sólido e mais seguro, mais digno da tua fé e realmente presente.
Se tu não és um corpo, o que és tu? Pergunta isso com honestidade e, em seguida, dedica vários minutos a deixar que os teus
pensamentos equivocados sobre características tuas sejam corrigidos e substituídos pelos seus opostos. Dize, por exemplo:
Eu não sou fraco, mas forte.
Eu não sou impotente, mas todo poderoso.
Eu não sou limitado, mas ilimitado.
Eu não tenho dúvida, mas certeza.
Eu não sou uma ilusão, mas uma realidade.
Eu não posso ver na escuridão, e sim na luz.
Na segunda fase do período de exercícios, tenta experimentar estas verdades sobre ti mesmo. Concentra-te particularmente
na experiência da força. Lembra-te de que todo senso de fraqueza é associado à crença segundo a qual tu és um corpo, uma
crença que é equivocada e não merece nenhuma fé. Tenta remover a tua fé dessa crença, nem que seja por um momento. Na
medida em que avançamos, tu te acostumarás a manter a tua fé naquilo que é mais digno em ti.
Relaxa no resto do período de prática, confiante de que os teus esforços, por menores que sejam, são plenamente apoiados
pela força de Deus e de todos os Seus Pensamentos. É Deles que virá a tua força. É através do Seu forte apoio que sentirás a
força em ti. Eles estão unidos a ti nesse período de prática, no qual compartilhas um propósito como o Deles Próprios. Deles é
a luz em que verás os milagres, pois a Sua força é a tua. Deles é a força que vem a ser os teus olhos para que possas ver.
Cinco ou seis vezes por hora, a intervalos razoavelmente regulares, lembra-te de que milagres são vistos na luz. Certifica-te
também de fazer frente a qualquer tentação com a idéia de hoje. Essa forma pode te ser útil nesse propósito especial:
Milagres são vistos na luz. Que eu não feche os olhos por causa disso.

Milagres são vistos na luz, e a luz e a força são uma só.


A idéia para o dia de hoje é uma extensão da anterior. Tu não pensas na luz em termos de força e na escuridão em termos de
fraqueza. Isso é assim porque a tua idéia do que significa ver está presa ao corpo, aos olhos do corpo e ao cérebro. Assim,
acreditas que podes mudar o que vês pondo pedacinhos de vidro diante dos teus olhos. Essa é uma das muitas crenças má-
gicas que vêm da convicção de que és um corpo e de que os olhos do corpo podem ver.
Também acreditas que o cérebro do corpo pode pensar. Se apenas compreendesses a natureza do pensamento, poderias
apenas rir dessa idéia insana. É como se pensasses que tens nas mãos o fósforo que ilumina o sol e lhe dá todo o calor; ou
que manténs o mundo dentro da tua mão, bem preso, até que o deixes ir. No entanto, isso não é mais tolo do que acreditar
que os olhos do corpo podem ver e o cérebro pensar.
É a força de Deus em ti que é a lua na qual vês, assim como é com a Sua Mente que pensas. A Sua força nega a tua fraqueza.
É a tua fraqueza que vê através dos olhos do corpo e espreita na escuridão para contemplar algo que lhe seja semelhante: o
pequeno, o fraco, o doentio e o moribundo, o necessitado, o desvalido e o que tem medo, o triste, o pobre, o faminto e o que
não tem alegria. Estes são vistos através de olhos que não podem ver e não podem abençoar.

275
UM CURSO EM MILAGRES
A força ignora todas essas coisas vendo além das aparências. Mantém o seu olhar constante sobre a luz que está além. Ela se
une à luz, da qual faz parte. Ela vê a si mesma. Ela traz a luz na qual o teu Ser aparece. Na escuridão, percebes um ser que
não existe. A força é a verdade sobre ti, a fraqueza é um ídolo falsamente venerado e adorado para que a força possa ser
dissipada e a escuridão reine onde Deus designou que houvesse luz.
A força vem da verdade e brilha com a luz que a sua Fonte lhe deu, a fraqueza reflete a escuridão daquele que a fez. Ela é
doente e olha para a doença, que é como ela mesma. A verdade é um salvador e só pode exercer a vontade em favor da feli-
cidade e da paz para todos. Ela dá a sua força a todo aquele que pede, suprindo a todos sem limites. Ela vê que o que falta
em qualquer um seria uma falta em todos. E, assim, dá a sua luz para que todos possam ver e beneficiar-se como um só. A
sua força é compartilhada para que possa trazer a todos o milagre no qual eles se unirão em propósito, em perdão e em amor.
A fraqueza, que olha na escuridão, não pode ver propósito no perdão e no amor. Vê a todos como diferentes de si mesma e
nada no mundo que ela queira compartilhar. Julga e condena, mas não ama. Permanece na escuridão para esconder-se e
sonha que é forte e conquistadora, uma vitoriosa sobre limitações que apenas crescem na escuridão em enormes proporções.
Ela tem medo, ataca e se odeia e a escuridão cobre tudo o que vê, deixando os seus sonhos tão amedrontadores quando ela
própria. Aqui não há milagres, só ódio. Ela se separa do que vê, enquanto a luz e a força se percebem como uma só. A luz da
força não é a luz que tu vês. Não muda, não vacila e não se apaga. Não passa da noite para o dia, e de volta à escuridão até
que a manhã venha outra vez.
A luz da força é constante, tão segura quanto o amor, eternamente feliz em se dar, pois só pode dar a si mesma. Ninguém
pode pedir em vão para compartilhar da sua vista e nenhum daqueles que entrar na sua morada pode partir sem um milagre
diante dos seus olhos e força e luz habitando no seu coração.
A força em ti te oferecerá a luz e guiará a tua vista, de modo que não habites nas sombras vãs que os olhos do corpo provêem
para o auto-engano. A força e a luz se unem em ti e onde se encontram está o teu Ser pronto para abraçar-te como o que Lhe
é próprio. Tal é o ponto de encontro que tentamos achar hoje e nele descansar, pois a paz de Deus está onde o teu Ser, o Seu
Filho, está agora esperando para se encontrar Consigo Mesmo outra vez e ser um só.
Hoje, por duas vezes, vamos dar vinte minutos para nos unirmos a essa reunião. Deixa-te levar até o teu Ser. A Sua força será
a luz na qual a dádiva da vista te será dada. Então, deixa o escuro por um momento hoje e praticaremos ver na luz, fechando
os olhos do corpo e pedindo à verdade que nos mostre como achar esse ponto de encontro do ser com o Ser, onde a luz e a força
são uma só.
Praticaremos assim de manhã e à noite. Após o encontro da manhã, usaremos o dia em preparação para o momento à noite
em que nos encontraremos novamente em confiança. Vamos repetir a idéia para o dia de hoje com a maior freqüência possí-
vel e reconhecer que estamos sendo introduzidos à visão, e conduzidos para longe da escuridão em direção à luz onde só
milagres podem ser percebidos.

A luz, a alegria e a paz habitam em mim.


Tu pensas que és o lar do mal, da escuridão e do pecado. Pensas que se alguém pudesse ver a verdade sobre ti ficaria repug-
nado e recuaria como se estivesse diante de uma cobra venenosa. Pensas que se o que é verdadeiro sobre ti mesmo te fosse
revelado, serias abatido por um horror tão intenso que te precipitarias para a morte pela tua própria mão, pois continuar viven-
do depois de ver isso seria impossível.
Essas são crenças tão firmemente fixadas que é difícil ajudar-te a ver que se baseiam no nada. Que tenhas cometido equívo-
cos é óbvio. Que tenhas buscado a salvação de maneiras estranhas, que tenhas sido enganado, enganando aos outros e ten-
do medo de tolas fantasias e sonhos selvagens, que tenhas te inclinado diante de ídolos feitos de pó – tudo isso é verdadeiro
de acordo com o que acreditas agora.
Hoje vamos questionar isso, não do ponto de vista do que pensas, mas de um ponto de referência muito diferente, do qual
esses pensamentos vãos são sem significado. Esses pensamentos não estão de acordo com a Vontade de Deus. Ele não
compartilha essas crenças estranhas contigo. Isso é suficiente para provar que estão erradas, mas tu não percebes que seja
assim.
Por que não ficarias cheio de alegria sendo assegurado que todo o mal que pensas que fizestes nunca foi feito, que todos os
teus pecados não são nada, que és tão puro e santo quanto foste criado e que a luz e a alegria e a paz habitam em ti? A tua
imagem de ti mesmo não pode resistir à Vontade de Deus. Pensas que isso é morte, mas é a vida. Pensas que és destruído,
mas és salvo.
O ser que tu fizeste não é o Filho de Deus. Portanto, esse ser não existe de forma alguma. E tudo o que ele parece fazer ou
pensar nada significa. Não é nem bom, nem mau. É irreal, nada mais. Não luta contra o Filho de Deus. Não o fere, nem ataca
a sua paz. Ele não mudou a criação, nem reduziu a eterna impecabilidade ao pecado e o amor ao ódio. Que poder esse ser
que tu fizeste pode possuir se ele quer contradizer a Vontade de Deus?
A tua impecabilidade é garantida por Deus. Será preciso repetir isso muitas e muitas vezes até que seja aceito. Isso é verdadei-
ro. A tua impecabilidade é garantida por Deus. Nada pode tocá-la ou mudar o que Deus criou eterno. O ser que tu fizeste, mau
e cheio de pecado, não tem significado. A tua impecabilidade é garantida por Deus, e a luz e a alegria e a paz habitam em ti.
A salvação necessita apenas da aceitação de um só pensamento: — tu és tal como Deus te criou e não o que fizeste de ti
mesmo. Qualquer que seja o mal que penses ter feito, tu és como Deus te criou. Quaisquer que sejam os equívocos que te-
nhas cometido, a verdade sobre ti não foi mudada. A criação é eterna e imutável. A tua impecabilidade é garantida por Deus.
Tu és e sempre serás exatamente como foste criado. A luz, a alegria e a paz habitam em ti porque Deus aí as colocou.
Nos períodos de prática mais longos de hoje, que serão mais proveitosos se empreendidos nos primeiros cinco minutos de
cada hora que estiveres acordado, começa afirmando a verdade sobre a tua criação:
A luz, a alegria e a paz habitam em mim.
A minha impecabilidade é garantida por Deus.

276
UM CURSO EM MILAGRES
Em seguida, deixa as tuas tolas auto-imagens de lado e passa o resto do período de prática tentando experimentar o que Deus
te deu no lugar do que decretaste para ti mesmo.
Ou bem tu és o que Deus criou, ou bem o que fizeste de ti mesmo. Um Ser é verdadeiro, o outro não existe. Tenta experimen-
tar a união do teu único Ser. Tenta apreciar a Sua santidade e o Amor do Qual Ele foi criado. Tenta não interferir no Ser Que
Deus criou como tu mesmo, escondendo a Sua majestade atrás dos diminutos ídolos do mal e do pecado que fizeste para
tomar o Seu lugar. Deixa-O entrar na posse do que Lhe pertence. Aqui estás, Isso és Tu. E a luz, a alegria e a paz habitam em
ti porque isso é assim. Pode ser que não estejas disposto ou mesmo que não te seja possível usar os cinco primeiros minutos
de cada hora para estes exercícios. Contudo, tenta fazê-lo quando puderes. Pelo menos, lembra-te de repetir estes pensa-
mentos a cada hora:
A luz, a alegria e a paz habitam em mim.
A minha impecabilidade é garantida por Deus.
Em seguida, tenta dedicar pelo menos um minuto, mais ou menos, a fechar os olhos e reconhecer que essa é uma declaração
da verdade sobre ti mesmo.
Se surgir alguma situação que te pareça perturbadora, dissipa rapidamente a ilusão do medo repetindo estes pensamentos
mais uma vez. Se fores tentado a ficar com raiva de alguém, dize-lhe silenciosamente:
A luz, a alegria e a paz habitam em ti.
A tua impecabilidade é garantida por Deus.
Hoje podes fazer muito pela salvação do mundo. Podes fazer muito para aproximar-te do papel que Deus te designou na sal-
vação. E podes fazer muito para trazer à tua mente a convicção de que a idéia para o dia de hoje é, de fato, verdadeira.

Eu sou como Deus me criou.


Hoje continuamos com a única idéia que traz salvação completa, a única declaração que faz com que todas as formas de ten-
tação não tenham nenhum poder, o único pensamento que silencia e desfaz inteiramente o ego. Tu és como Deus te criou. Os
sons desse mundo estão em silêncio, as cenas desse mundo desaparecem e todos os pensamentos que esse mundo jamais
conteve são eliminados para sempre por essa única idéia. Aqui se realiza a salvação. Aqui se restaura a sanidade.
A verdadeira luz é força e força é impecabilidade. Se permaneces tal como Deus te criou, tens que ser forte e a luz tem que
estar em ti. Aquele Que assegurou a tua impecabilidade tem que ser a garantia da força e da luz também. Tu és como Deus te
criou. A escuridão não pode obscurecer a glória do Filho de Deus. Tu estás na luz, forte na impecabilidade em que foste criado
e na qual permaneceras por toda a eternidade.
Hoje, mais uma vez dedicaremos os primeiros cinco minutos de cada hora em que estiveres acordado à tentativa de sentir a
verdade em ti. Começa estes momentos de busca com estas palavras:
Eu sou como Deus me criou.
Sou Seu Filho por toda a eternidade.
Agora tenta alcançar o Filho de Deus em ti. Esse é o Ser Que nunca pecou, nem fez uma imagem para substituir a realidade.
Esse é o Ser Que nunca deixou a Sua casa em Deus para andar incerto pelo mudo. Esse é o Ser Que desconhece o medo e
para Quem a perda, o sofrimento ou a morte são inconcebíveis.
Para alcançar essa meta nada te é requerido, exceto deixar todos os ídolos e auto-imagens de lado, ultrapassar a lista de atri-
butos bons ou maus que atribuíste a ti mesmo e esperar pela verdade em silenciosa expectativa. O próprio Deus prometeu
que ela seria revelada a todos aqueles que a pedissem. Tu estás pedindo agora. Não podes falhar porque Ele não pode falhar.
Se não cumprires o requisito de praticar durante os primeiros cinco minutos de cada hora em que estiveres acordado, pelo
menos lembra-te de hora em hora:
Eu sou como Deus me criou.
Sou Seu Filho por toda a eternidade.
Hoje dize a ti mesmo frequentemente que tu és como Deus te criou. E certifica-te de responder a todo aquele que parecer
irritar-te com estas palavras:
Tu és como Deus te criou.
Tu és Seu Filho por toda a eternidade.
Esforça-te o máximo possível para fazer os exercícios de hoje a cada hora. Cada um que fizeres será um passo gigantesco em
direção à tua liberação e um marco no aprendizado do sistema de pensamento que esse curso propõe.

Eu sou um só Ser, unido ao meu Criador.


A idéia de hoje te descreve com precisão tal como Deus te criou. Tu és um dentro de ti mesmo e um com Ele. A unidade de
toda a criação é tua. A tua perfeita unidade faz com que a mudança em ti seja impossível. Não aceitas isso e falhas em reco-
nhecer que não pode deixar de ser assim apenas porque acreditas que já mudaste a ti mesmo.
Tu te vês como uma paródia ridícula da criação de Deus: fraco, perverso, feio e pecador, miserável e tomado pela dor. Tal é a
tua versão de ti mesmo, um ser dividido em muitas partes em guerra entre si mesmas, separado de Deus e mantido sem qual-
quer segurança por um autor volúvel e cheio de caprichos ao qual fazes as tuas preces. Ele não as ouve, pois é surdo. Ele
não vê a unicidade em ti, pois é cego. Ele não compreende que tu és o Filho de Deus, pois é insensato e nada compreende.
Hoje procuraremos estar cientes só do que pode ouvir e ver e faz perfeito sentido. Mais uma vez dirigiremos os nossos exercí-
cios para alcançar o teu único Ser, Que está unido ao Seu Criador. Com paciência e esperança, tentamos mais uma vez no
dia de hoje.

277
UM CURSO EM MILAGRES
O uso dos primeiros cinco minutos de cada hora de vigília para a prática da idéia do dia de hoje oferece vantagens especiais
na fase de aprendizado em que te encontras n momento. A essa altura, é difícil não deixar que a mente se disperse se empre-
ende uma prática mais prolongada. Agora certamente já reconheceste isso. Já viste a extensão da tua falta de disciplina men-
tal e da necessidade de treinar a mente. É necessário que estejas ciente disso, pois, de fato, representa um obstáculo ao teu
avanço.
Períodos de prática mais curtos e freqüentes te oferecem outras vantagens a essa altura. Além de reconheceres as tuas difi-
culdades em manter atenção prolongada, também não podes deixar de ter notado que, a menos que sejas freqüentemente
lembrado do teu propósito, tendes a esquecê-lo por longos períodos de tempo. Freqüentemente falhas em lembrar das aplica-
ções mais curtas da idéia do dia e ainda não formaste o hábito de usá-la como uma reação automática à tentação.
Portanto, uma estrutura se faz necessária para ti nesse momento, planejada para incluir freqüentes lembretes de tua meta,
promovendo regularmente tentativas para alcançá-la. A regularidade em termos de tempo não é o requisito ideal para a forma
mais benéfica de prática da salvação. Mas é proveitosa para aqueles cuja motivação é inconsciente e que permanecem forte-
mente defendidos contra o aprendizado.
Portanto, por enquanto manteremos os cinco minutos de prática por hora e te exortamos a omitir o menor número possível de
períodos. O uso dos primeiros cinco minutos de cada hora será particularmente útil, pois impõe uma estrutura mais firme. Mas
não uses os teus lapsos nesse horário como um pretexto para não voltares a ele assim que puderes. É bem possível que haja
uma tentação de considerares o dia perdido, uma vez que falhaste em fazer o que te é requerido. Contudo isso deverá ser
meramente reconhecido pelo que é: uma recusa em permitir que o teu equívoco seja corrigido e uma falta de disponibilidade
para tentar de novo.
O Espírito Santo não é detido em Seu ensinamento pelos erros que cometes. Ele só pode ser retido pela tua vontade que não
está disposta a soltá-los. Que estejamos determinados, portanto, a principalmente na próxima semana ou mais um pouco, a
estarmos dispostos a perdoar os lapsos na nossa diligência e nossas falhas em seguir as instruções para a prática da idéia do
dia. Essa tolerância para com a fraqueza fará com que sejamos capazes de não vê-la ao invés de dar-lhe o poder de fazer
isso, estamos considerando-a como uma força e confundindo força com fraqueza.
Quando falhas em cumprir os requisitos deste curso estás meramente cometendo um erro. Isso pede correção e nada mais.
permitir que um equívoco perdure é cometer equívocos adicionais, que se baseiam no primeiro e o reforçam. É esse processo
que tem que ser posto de lado, pois não passa de outra maneira através da qual queres defender as ilusões contra a verdade.
Solta todos esses erros reconhecendo-os pelo que são. São tentativas de fazer com que fiques sem saber que és um só Ser,
unido ao seu Criador em unidade com todos os aspectos da criação, ilimitado em poder e paz. Essa é a verdade e nada mais
é verdadeiro. Hoje reafirmaremos essa verdade e procuraremos alcançar o lugar em ti onde não há dúvidas de que só isso é
verdadeiro.
Começa os períodos de prática de hoje com essa garantia, oferecida à tua mente com toda a certeza que podes lhe dar:
Eu sou um só Ser, unido ao meu Criador, em unidade com todos os aspectos da criação, e ilimitado em poder e paz.
Em seguida, fecha os teus olhos e dize a ti mesmo mais uma vez de modo lento e refletido, tentando deixar que o significado
das palavras afunde em tua mente substituindo idéias falsas:
Eu sou um só Ser.
Repete isso várias vezes e depois procura sentir o significado que as palavras transmitem. Tu és um só Ser, unido e seguro na
luz, na alegria e na paz. Tu és o Filho de Deus, um Ser, com um Criador e uma meta: trazer a consciência desta unicidade a
todas as mentes para que a verdadeira criação possa estender a Universalidade e a Unidade de Deus. Tu és um ser, completo
e curado e íntegro com o poder de erguer o véu da escuridão do mundo e deixar que a luz em ti venha para ensinar ao mundo
a verdade sobre ti mesmo.
Tu és um só Ser em perfeita harmonia com tudo o que há e tudo o que haverá. Tu és um só Ser, o santo Filho de Deus, unido
aos teus irmãos nesse Ser, unido ao teu Pai na Sua Vontade. Sente esse único Ser em ti e deixa que ele brilhe, afastando
todas as tuas ilusões e dúvidas. Esse é o teu Ser, o Filho do próprio Deus, impecável como o próprio Criador, com a Sua For-
ça dentro de ti e o Seu Amor para sempre teu. Tu és um só Ser e te é dado sentir esse Ser dentro de ti e banir todas as tuas
ilusões da Mente única que é esse Ser, a santa verdade em ti.
Não esqueças hoje. Precisamos da tua ajuda, da tua pequena parte para trazer felicidade a todo o mundo. E o Céu olha para ti
confiante de que hoje tu vais tentar. Compartilha, então, dessa certeza, pois ela é tua. Sê vigilante. Não esqueças hoje. Ao
longo do dia não esqueças a tua meta. Repete a idéia de hoje com a maior freqüência possível e compreende que, a cada vez
que o fazes, alguém ouve a voz da esperança, o despertar da verdade dentro da sua mente, o suave sussurro das asas da
paz.
O teu próprio reconhecimento de que és um só Ser, unido ao teu Pai, é um chamado para o mundo todo estar em unidade
contigo. Certifica-te de dar a promessa da idéia de hoje a todos aqueles que encontrares nesse dia, dizendo-lhes:
Tu és um único Ser comigo, estamos unidos ao nosso Criador nesse Ser. Eu te honro pelo Que eu sou e pelo Que é
Aquele Que nos ama como um só.

A salvação vem do meu único Ser.


Embora sejas um único Ser, tu te vivencias como dois: como bom e mau, amoroso e cheio de ódio, mente e corpo. Esse senso
de estares dividido em opostos induz a sentimentos de conflito agudos e constantes e conduz a frenéticas tentativas de recon-
ciliar os aspectos contraditórios dessa auto-percepção. Tens buscado muitas soluções desse tipo, mas nenhuma delas funcio-
nou. Os opostos que vês em ti mesmo jamais serão compatíveis. Apenas um existe.
Se queres ser salvo tens que aceitar o fato de que a verdade e a ilusão não podem ser reconciliadas, independentemente de
como tentes, dos meios que usas e de onde vês o problema. Até aceitares isso, tentarás uma série infindável de metas que
não podes alcançar, uma série de dispêndios sem sentido de tempo e esforço, de esperanças e dúvidas, cada uma tão fútil
quanto a anterior e destinada ao fracasso como a próxima certamente há de ser.

278
UM CURSO EM MILAGRES
Problemas que não têm significado não podem ser resolvidos dentro da estrutura em que estão situados. Dois seres em confli-
to não têm resolução e o bem e o mal não têm ponto de encontro. O ser que tu fizeste nunca pode ser o teu Ser e o teu Ser
não pode ser dividido em dois, e ainda ser o que Ele é e o que tem que ser para sempre. Uma mente e um corpo não podem
ambos existir. Não faças nenhuma tentativa para reconciliar os dois, pois um nega que o outro possa ser real. Se és físico, a
tua mente desapareceu do teu conceito de ti mesmo, pois não há nenhum lugar no qual ela possa realmente ser parte de ti.
Se és espírito, então o corpo tem que ser sem significado para a tua realidade.
O Espírito faz uso da mente como meio de achar a expressão do próprio Ser. E a mente que serve ao espírito está em paz e
cheia de alegria. O seu poder vem do espírito e ela está cumprindo com felicidade a sua função aqui. Entretanto, a mente
também pode se ver divorciada do espírito e se perceber no interior de um corpo que ela confunde consigo mesma. Então,
sem a sua função, ela não tem paz e a felicidade é alheia aos seus pensamentos.
No entanto, a mente à parte do espírito não pode pensar. Ela negou a sua Fonte de força e vê a si mesma como impotente,
limitada e fraca. Agora, dissociada de sua função, pensa estar só e separada, atacada por exércitos reunidos contra ela e es-
conde-se por trás do frágil amparo do corpo. Agora, tem que reconciliar o desigual com o igual, pois pensa que é para isso que
serve.
Não desperdice mais tempo nisso. Quem pode resolver os conflitos sem sentido que um sonho apresenta? O que a resolução
poderia significar na verdade? A que propósito poderia servir? Para que serve? A salvação não pode fazer com que as ilusões
sejam reais, nem resolver um problema que não existe. Talvez esperes que possa. No entanto, quererias que o plano de Deus
para a liberação do Seu querido Filho lhe trouxesse dor e falhasse em libertá-lo?
O teu Ser retém os Seus pensamentos e estes permanecem dentro da tua mente e na Mente de Deus. O Espírito Santo man-
tém a salvação na tua mente e oferece a ela o caminho para a paz. A salvação é um pensamento que compartilhas com Deus,
porque a Sua Voz a aceitou para ti e respondeu em teu nome que estava realizada. Assim, a salvação está guardada entre os
pensamentos que o teu Ser valoriza e nutre por ti.
Hoje tentaremos achar esse pensamento, cuja presença na tua mente é garantida por Aquele Que te fala do teu único Ser. A
nossa prática de cinco minutos por hora será buscá-Lo no interior da tua mente. A salvação vem deste único Ser através Da-
quele Que é a ponte entre a tua mente e Ele. Espera pacientemente e deixa-O falar-te sobre o teu Ser e sobre o que a tua
mente pode fazer restaurada a Ele e livre para servir à Sua Vontade. Começa dizendo isso:
A salvação vem do meu único Ser. Os Seus pensamentos são meus para que eu os possa usar.
Em seguida, busca os Seus pensamentos e reivindica-os como teus. Estes são os teus próprios pensamentos reais que tens
negado e deixaste a tua mente se dispersar num mundo de sonhos para achar ilusões em seu lugar. Eis aqui os teus pensa-
mentos, os únicos que tens. A salvação está entre eles; acha-a lá.
Se tiveres sucesso, os pensamentos que virão a ti te dirão que estás salvo e que a tua mente achou a função que buscava
perder. O teu Ser te dará as boas-vindas e a paz. Com as forças restauradas, ela fluirá novamente do espírito para o espírito
em todas as coisas criadas pelo Espírito como Ele Mesmo. A tua mente abençoará todas as coisas. Finda a confusão, tu és
restaurado, pois achaste o teu Ser.
O teu Ser sabe que hoje não podes falhar. Talvez a tua mente permaneça insegura ainda por pouco tempo. Não fiques cons-
ternado por isso. O Teu Ser guardará para ti a alegria que Ele experimenta e essa ainda será tua em plena consciência. Toda
vez que passares cinco minutos de cada hora buscando Aquele Que une a tua mente ao teu Ser, estarás Lhe oferecendo mais
um tesouro para ser guardado para ti.
A cada vez que disseres no dia de hoje à tua mente frenética que a salvação vem do teu Ser, estarás depositando mais um
tesouro na tua reserva crescente. E ela é dada por inteiro a quem pedir e aceitar a dádiva. Pensa, então, no quanto te é dado
para dar nesse dia, para que seja dado a ti!

Eu sou espírito.
A idéia de hoje te identifica com o teu único Ser. Não aceita nenhuma identidade dividida, nem tenta tecer fatores opostos na
unidade. Apenas declara a verdade. Pratica essa verdade hoje com a maior freqüência possível, pois ela trará a tua mente do
conflito aos quietos campos da paz. Nenhum calafrio de medo pode entrar, pois a tua mente foi absolvida da loucura soltando as
ilusões de uma identidade dividida.
Declaramos mais uma vez a verdade sobre o teu Ser, o santo Filho de Deus Que descansa em ti, Cuja mente foi restaurada à
sanidade. Tu és o espírito amorosamente dotado de todo o Amor, da paz e da alegria do teu Pai. Tu és o espírito que completa a
Ele Mesmo e que compartilha a Sua função como Criador. Ele está contigo sempre, assim como tu estás com Ele.
Hoje, tentamos trazer a realidade para mais perto ainda da tua mente. A cada vez que praticas a consciência é trazida para um
pouco mais perto pelo menos; às vezes mil anos ou mais são poupados. Os minutos que dás são multiplicados muitas vezes,
pois o milagre faz uso do tempo, mas não é regido por ele. A salvação é um milagre, o primeiro e o último, o primeiro que é o últi-
mo, pois é um só.
Tu és o espírito em cuja mente habita o milagre no qual todo o tempo pára, o milagre no qual um minuto passando usando
essas idéias vem a ser um tempo que não tem limites e não tem fim. Dá, então, estes minutos com boa vontade e conta com
Aquele Que prometeu depositar a intemporalidade ao lado deles. Ele oferecerá toda a Sua força para cada pequeno esforço
que fizeres. Dá-Lhe os minutos de que Ele precisa hoje para ajudar-te a compreender com Ele que tu és o espírito que habita
Nele e, através da Sua Voz, chama todas as coisas viventes, oferece a Sua vista a todos aqueles que pedem e substitui o erro
pela simples verdade.
O Espírito Santo ficará contente em tomar cinco minutos de cada hora das tuas mãos e carregá-los através desse mundo so-
fredor, onde a dor e a miséria parecem dominar. Ele não deixará de ver nem uma mente aberta que queira aceitar as dádivas
da cura que estes minutos trazem e Ele as depositará em todos os lugares onde sabe que serão bem-vindas. E elas aumenta-
rão em seu poder de cura a cada vez que alguém as aceita como os seus próprios pensamentos e as usa para curar.
Assim, cada dádiva oferecida a Ele será multiplicada mil vezes e dez mil vezes mais. E quando te for devolvida, ultrapassará
em força a pequena dádiva que tu deste tanto quanto a radiância do sol ultrapassa o diminuto lampejo que o vaga-lume faz

279
UM CURSO EM MILAGRES
por um momento incerto e depois se apaga. O constante brilho dessa luz permanece e te conduz para fora da escuridão e não
serás capaz de esquecer o caminho outra vez.
Começa estes alegres exercícios com as palavras que o Espírito Santo te diz e deixa-as ecoar pelo mundo afora através Dele:
Eu sou um espírito, um Filho santo de Deus, livre de todos os limites, seguro, curado e íntegro, livre para perdoar e livre
para salvar o mundo.
Expressa através de ti o Espírito Santo aceitará essa dádiva que recebeste Dele, aumentará o seu poder e a devolverá a ti.
Hoje, oferece alegremente cada período de prática a Ele. E Ele falará contigo, lembrando-te de que tu és espírito, um com Ele
e com Deus, com teus irmãos e com teu Ser. Escuta a Sua confirmação a cada vez que disseres as palavras que Ele te ofere-
ce hoje e deixa-O dizer à tua mente que são verdadeiras. Usa-as contra a tentação e escapa das suas tristes conseqüências
se cederes à crença de que és alguma outra coisa. Hoje o Espírito Santo te dá paz. Recebe as Suas palavras e oferece-as a
Ele.

Vou aceitar a minha parte no plano de Deus para a salvação.


Hoje é um dia dedicado a algo especial. Tomaremos um só partido hoje. Estamos do lado da verdade e soltamos as ilusões.
Não vacilaremos entre as duas, mas nos posicionaremos firmemente em favor da única. Hoje nos dedicamos à verdade e à
salvação, assim como Deus planejou que fosse. Não argumentaremos que é outra coisa. Não a buscaremos onde não está.
Com contentamento, nos a aceitamos tal como é e assumimos a parte que nos foi designada por Deus.
Que felicidade é ter certeza! Hoje, deixamos todas as nossas dúvidas de lado e tomamos o nosso partido com certeza de pro-
pósito, agradecidos porque a dúvida se foi e a certeza veio. Temos um grandioso propósito a cumprir e tudo o que precisamos
para alcançar a meta nos foi dado. Nem um único equívoco obstrui o nosso caminho. Isso porque fomos absolvidos de erros.
Todos os nossos pecados foram lavados e sumiram por compreendermos que eram apenas equívocos.
Aqueles que são sem culpa não têm medo, pois estão seguros e reconhecem sua segurança. Não apelam para a mágica, nem
inventam escapatórias de ameaças imaginárias sem realidade. Eles descansam na quieta certeza de que farão o que lhes for
dado fazer. Não duvidam da sua própria capacidade porque sabem que a sua função será cumprida completamente no tempo
e no lugar perfeitos. Eles tomaram o partido que tomaremos hoje para que possamos compartilhar da sua certeza e assim
aumentá-la aceitando-a nós mesmos.
Eles estarão conosco, todos aqueles que tomaram o partido que estamos tomando hoje, e alegremente nos oferecem tudo o
que aprenderam e todos os ganhos que realizaram. Aqueles que ainda estão incertos também se juntarão a nós e, tomando
emprestada a nossa certeza, a tornarão ainda mais forte. Enquanto isso, aqueles que ainda não nasceram ouvirão o chamado
que ouvimos e responderão quando vierem para fazer a sua escolha outra vez. Hoje nós não escolhemos só por nós mesmos.
Será que não vale cinco minutos de cada hora do teu tempo ser capaz de aceitar a felicidade que Deus te deu? Será que não
vale cinco minutos de cada hora reconhecer a tua função especial aqui? Cinco minutos não é apenas um pequeno pedido
para se ganhar uma recompensa tão grande que não tem medida? Tu já fizeste pelo menos mil barganhas nas quais saíste
perdendo.
Aqui está uma oferta que te garante a plena liberação de todo tipo de dor e a alegria que o mundo não contém. Podes trocar
um pouco do teu tempo pela paz da tua mente e certeza de propósito com a promessa de sucesso completo. E, uma vez que
o tempo não tem significado, não se está pedindo nada em troca de tudo. Eis uma barganha que não podes perder. E o que
ganhas é de fato sem limites!
A cada hora, hoje, dá-Lhe a tua diminuta dádiva de apenas cinco minutos. Ele dará às palavras que usares ao praticar a idéia
de hoje a profunda convicção e a certeza que te faltam. As Suas palavras se unirão às tuas e farão de cada repetição da idéia
de hoje uma oferenda total, feita com uma fé tão perfeita e segura quanto a Sua em ti. A Sua confiança em ti trará luz a todas
as palavras que disseres, e irás além do seu som até o que elas realmente significam. Praticas com Ele hoje ao dizeres:
Vou aceitar a minha parte no plano de Deus para a salvação.
Em cada cinco minutos que passares com Ele, Ele aceitará tuas palavras e as devolverá a ti, reluzindo com uma fé e uma
confiança tão fortes e constantes que iluminarão o mundo com esperança e contentamento. Não percas uma única chance de
ser o feliz destinatário das Suas dádivas para que possas dá-las ao mundo hoje.
Dá-Lhe as Suas palavras e Ele fará o resto. Ele te tornará capaz de compreender a tua função especial. Ele abrirá o caminho
para a felicidade, e a paz e a confiança serão as Suas dádivas, a Sua resposta às tuas palavras. Ele responderá que o que
dizes é verdade com toda a Sua fé, alegria e certeza. E então terás a convicção Daquele Que sabe qual é a tua função tanto
na Terra quanto no Céu. Ele estará contigo a cada período de prática que compartilhares com Ele, dando-te a intemporalidade
e a paz em troca de cada instante que Lhe ofereceres.
Durante a hora, deixa que teu tempo passe preparando-te com alegria para os próximos cinco minutos que voltarás a passar
com Ele. Repete a idéia de hoje enquanto esperas que o momento de contentamento venha a ti mais uma vez. Repete-a com
freqüência e não esqueças que a cada vez que o fazes, deixas a tua mente ser preparada para o momento feliz que virá.
E quando a hora passar e Ele estiver aí mais uma vez para passar um pouco de tempo contigo, sê grato e deixa de lado todas
as tarefas terrenas, todos os pequenos pensamentos e idéias limitadas e de novo passa um momento feliz com Ele. Dize-Lhe
mais uma vez que aceitas a parte que Ele quer que assumas e Ele te ajudará a cumpri-la e fará com que estejas certo de que
queres essa escolha que Ele fez contigo e tu com Ele.

A salvação é a minha única função aqui.


Salvação e perdão são a mesma coisa. Ambos sugerem que algo saiu errado, alguma coisa da qual é preciso ser salvo, algu-
ma coisa pela qual é preciso ser perdoado; algo que está errado e precisa de uma mudança corretiva, algo à parte ou diferen-
te da vontade de Deus. Portanto, ambos os termos sugerem uma coisa impossível, mas que no entanto tem ocorrido resultan-
do num estado de conflito visto entre o que é e o que nunca poderia ser.

280
UM CURSO EM MILAGRES
Agora, a verdade e as ilusões são iguais, pois ambas tem acontecido. O impossível vem a ser aquilo de que precisas ser per-
doado, aquilo de que precisas ser salvo. A salvação agora vem a ser a fronteira entre a verdade e a ilusão. Ela reflete a verda-
de, porque é o meio pelo qual podes escapar das ilusões. No entanto, ainda não é a verdade, porque desfaz o que nunca foi
feito.
Como poderia haver algum ponto de encontro onde a terra e o Céu pudessem ser reconciliados dentro de uma mente na qual
ambos existem? A mente que vê ilusões pensa que são reais. Elas têm existência no sentido de que são pensamentos. E, no
entanto, não são reais, porque a mente que pensa esses pensamentos é separada de Deus.
O que une a mente e os pensamentos separados com a Mente e o Pensamento que são para sempre unos? Que plano pode-
ria manter a verdade inviolada e ainda assim reconhecer as necessidades que as ilusões trazem e oferecer os meios para
desfazê-las sem ataque e sem nenhum toque de dor? O que mais poderia ser esse plano senão o Pensamento de Deus, pelo
qual o que nunca foi feito deixa de ser visto e os pecados que nunca foram reais são esquecidos?
O Espírito Santo mantém esse plano de Deus exatamente como foi recebido, dentro da Mente de Deus e da tua. Ele está à
parte do tempo, porque a sua Fonte é intemporal. No entanto, ele opera no tempo devido à tua crença segundo a qual o tempo
é real. Inabalável, o Espírito Santo olha para o que tu vês: pecado, dor e morte, pesar, separação e perda. Mas Ele sabe que
uma coisa ainda tem que ser verdadeira: Deus ainda é Amor e isso não é a Sua Vontade.
Esse é o Pensamento que traz as ilusões à verdade e as vê como aparências por trás das quais se encontra o que é imutável e
o que é certo. Esse é o Pensamento que salva e perdoa, pois não deposita nenhuma fé no que não foi criado pela única Fonte
que conhece. Esse é o pensamento cuja função é salvar dando-te a função que ele tem como tua. A salvação é a tua função
com Aquele a Quem o plano foi dado. Agora esse plano foi confiado a ti, junto com Ele. Ele tem uma resposta para as aparên-
cias, independentemente de sua forma, tamanho, profundidade ou de qualquer atributo que pareçam ter:
A salvação é a minha única função aqui.
Deus ainda é Amor e isso não é a Sua Vontade.
Tu, que ainda haverás de trabalhar em milagres, certifica-te de praticar bem a idéia para o dia de hoje. Tenta perceber a força
no que dizes, pois estas são palavras nas quais está a tua liberdade. O teu Pai te ama. Todo o mundo da dor não é a Sua Von-
tade. Perdoa-te pelo pensamento de que Ele tenha querido isso para ti. Em seguida, deixa que o Pensamento com o qual Ele
substituiu todos os teus equívocos entre nos lugares escuros da tua mente que teve os pensamentos que nunca foram a Sua
Vontade.
Essa parte pertence a Deus assim como o resto. Ela não pensa os teus pensamentos solitários e faz com que sejam reais
escondendo-os Dele. Deixa entrar a luz e não olharás para nenhum obstáculo àquilo que é a Sua Vontade para ti. Abre os teus
segredos à Sua luz benigna e vê com que intensidade essa luz ainda brilha em ti.
Pratica o Seu Pensamento hoje e deixa a Sua luz buscar e iluminar todos os pontos escuros, e brilhar através deles para uni-
los ao resto. É a Vontade de Deus que a tua mente seja uma com a Sua. É a Vontade de Deus não ter senão um Filho. É a
Vontade de Deus que tu sejas o Seu único Filho. Pensa nestas coisas ao praticares hoje, e começa a lição que aprendemos
hoje com essa instrução no caminho da verdade:
A salvação é a minha única função aqui.
A salvação e o perdão são a mesma coisa.
Em seguida, volta-te para Aquele Que compartilha a tua função aqui e deixa-O ensinar-te o que precisas aprender para deixa-
res de lado todo o medo e conheceres o teu ser como o amor que não tem nenhum oposto em ti.
Perdoa todos os pensamentos que querem se opor à verdade da tua completeza, unidade e paz. Tu não podes perder as dádi-
vas que o teu Pai te deu. Tu não queres ser outro ser. Não tens outra função que não seja a de Deus. Perdoa-te pela função
que tu pensas que fizeste. O perdão e a salvação são a mesma coisa. Perdoa o que tens feito e tu és salvo.
Há uma mensagem especial para o dia de hoje que tem o poder de remover para sempre da tua mente todas as formas de
dúvida e de medo. Se fores tentado a acreditar que são verdadeiras, lembra-te de que as aparências não poder resistir à ver-
dade que estas palavras poderosas contêm:
A salvação é a minha única função aqui.
Deus ainda é Amor, e isso não é Sua Vontade.
A tua única função te diz que tu és um só. Lembra-te disso nos intervalos entre os cinco minutos que dás para serem comparti-
lhados com Aquele Que compartilha o plano de Deus contigo. Lembra-te:
A salvação é a minha única função aqui.
Assim tu colocas o perdão na tua mente e permites que todo medo seja gentilmente posto de lado, para que o Amor possa
achar o seu lugar de direito em ti e mostrar-te que tu és o Filho de Deus.

A minha parte é essencial no plano de Deus para a salvação.


Da mesma forma que o Filho de Deus completa o seu Pai, a tua parte completa o plano do teu Pai. A salvação tem que reverter
a crença insana em pensamentos separados e corpos separados. Uma função compartilhada por mentes separadas as une
num único propósito, pois cada uma é igualmente essencial para todos.
A Vontade de Deus para ti é a felicidade perfeita. Por que deverias tu escolher ir contra a Sua Vontade? A parte que Ele guar-
dou para assumires na execução do Seu plano te é dada para que possas ser restaurado àquilo que é a Sua Vontade. Essa
parte é tão essencial para o Seu plano quanto para a tua felicidade. A tua alegria tem que ser completa para deixar que o Seu
plano seja compreendido por aqueles a quem Ele te envia. Eles verão a sua própria função no teu rosto resplandecente e ou-
virão o chamado de Deus por eles no teu riso feliz.

281
UM CURSO EM MILAGRES
Tu, de fato, és essencial para o plano de Deus. Sem a tua alegria, a Sua alegria é incompleta. Sem o teu sorriso, o mundo não
pode ser salvo. Enquanto estás triste, a luz que o próprio Deus designou como meio para salvar o mundo fica fraca e sem
brilho, e ninguém ri porque todo riso só pode ecoar o teu.
Tu, de fato, és essencial para o plano de Deus. Da mesma forma que a tua luz aumenta todas as tuas luzes que brilham no
Céu, a tua alegria na terra chama todas as mentes para que deixem as suas tristezas e tomem os seus lugares ao teu lado no
plano de Deus. Os mensageiros de Deus são alegres e sua alegria cura o pesar e o desespero. Eles são a prova de que a
felicidade perfeita é a Vontade de Deus para todos aqueles que aceitarão como suas as dádivas do seu Pai.
Não nos deixaremos ficar tristes hoje. Pois se o fizermos, falharemos em assumir a parte que é essencial ao plano de Deus
assim como à nossa visão. A tristeza é o sinal de que tu queres desempenhar outro papel em lugar daquele que te foi desig-
nado por Deus. Assim, falhas em mostrar ao mundo como é grande a felicidade que é a Sua Vontade para ti. E assim não
reconheces que ela é tua.
Hoje procuraremos compreender que a alegria é a nossa função aqui. Se estás triste, a tua parte não é cumprida e assim o
mundo todo fica privado da alegria junto contigo. Deus te pede que sejas feliz para que o mundo possa ver o quanto Ele ama o
Seu Filho e que é Sua Vontade que nenhum pesar surja para abater a sua alegria, que nenhum medo o assalte para perturbar
a sua paz. Hoje, és o mensageiro de Deus. Trazes a Sua felicidade a todos aqueles que contemplas, a Sua paz a todos aque-
les que olham para ti e vêm a Sua mensagem no teu rosto feliz.
Vamos nos preparar para isso hoje durante os nossos períodos de prática de cinco minutos, sentindo a felicidade surgir em nós
de acordo com a Vontade de nosso Pai e a nossa. Começa os exercícios com o pensamento que a idéia de hoje contém. En-
tão, reconhece que a tua parte é ser feliz. Apenas isso é pedido a ti ou a qualquer um que queira assumir o próprio lugar entre
os mensageiros de Deus. Pensa sobre o que isso significa. Tu, de fato, tens errado por acreditares que te é pedido qualquer
sacrifício. No plano de Deus, tu só recebes e nunca perdes, nem te sacrificas, nem morres.
Agora vamos tentar achar aquela alegria que prova a nós e ao mundo a Vontade de Deus para nós. É a tua função achá-la
aqui e achá-la agora. Para isso tu vieste. Que esse seja o dia em que terás sucesso! Olha profundamente dentro de ti, sem
perturbar-te por todos os pequenos pensamentos e tolas metas pelas quais tu passas na tua ascensão para encontrar o Cristo
em ti.
Ele estará lá. E podes alcançá-Lo agora. O que preferirias contemplar em lugar Daquele Que espera para que possas olhar
para Ele? Que pequeno pensamento terá o poder de deter-te? Que meta tola poderá impedir-te de ter sucesso quando Aquele
Que te chama é o próprio Deus?
Ele estará lá. Tu és essencial ao Seu plano. Hoje tu és o Seu mensageiro. E tens que achar o que Ele quer que dês. Não es-
queças da idéia para o dia de hoje nos intervalos entre os períodos de prática de cada hora. É o teu Ser Que te chama hoje. E
é a Ele que respondes toda vez que disseres a ti mesmo que és essencial ao plano de Deus para a salvação do mundo.

A Vontade de Deus para mim é a felicidade perfeita.


Hoje continuaremos com o tema da felicidade. Essa é uma idéia-chave na compreensão do que significa a salvação. Tu ainda
acreditas que a salvação pede sofrimento como penitência pelos teus ―pecados‖. Isso não é assim. No entanto, não podes
deixar de pensar assim, enquanto acreditas que o pecado é real e que o Filho de Deus pode pecar.
Se o pecado é real, então a punição é justa e não se pode escapar. Dessa forma, a salvação só pode ser comprada através do
sofrimento. Se o pecado é real, a felicidade tem que ser uma ilusão, pois ambos não podem ser verdadeiros. Os pecadores só
autorizam a morte e a dor e é isso o que pedem. Pois sabem que isso espera por eles e os buscará e os achará em algum
lugar, em algum momento, de alguma forma que saldará a dívida que têm para com Deus. No medo que sentem querem es-
capar de Deus. Mas mesmo assim, Deus os perseguirá e não podem escapar.
Se o pecado é real, a salvação tem que ser dor. A dor é o custo do pecado e não se pode nunca escapar do sofrimento, se o
pecado é real. A salvação tem que ser temida, pois ela matará, porém, lentamente, privando-te de tudo antes de consentir em
oferecer o privilégio bem-vindo às vítimas que são pouco mais do que ossos antes da salvação ser aplacada. A sua ira é sem
limites, sem misericórdia, mas totalmente justa.
Quem buscaria tão selvagem punição? Quem não fugiria da salvação e não tentaria de todas as maneiras abafar a Voz Que a
oferece? Por que alguém tentaria escutar e aceitar a Sua oferta? Se o pecado é real, a salvação veio a ser o teu amargo ini-
migo, a maldição de Deus sobre ti que tem crucificado o Seu Filho.
Hoje precisas dos períodos de prática. Os exercícios ensinam que o pecado não é real, e tudo o que acreditas que não pode
deixar de vir do pecado nunca acontecerá pois não tem nenhuma causa. Aceita a Expiação com a mente aberta que não ali-
menta nenhuma crença remanescente de que tens feito um demônio do Filho de Deus. O pecado não existe. Hoje praticare-
mos esse pensamento com a maior freqüência possível, pois é a base da idéia para o dia de hoje.
A Vontade de Deus para ti é a felicidade perfeita, porque o pecado não existe e o sofrimento não tem causa. A alegria é justa e a
dor é apenas o sinal de que tens te compreendido equivocadamente. Não tenhas medo da Vontade de Deus. Mas volta-te para ela,
confiante de que ela te libertará de todas as conseqüências que o pecado forjou na tua imaginação febril. Dize:
A Vontade de Deus para mim é a felicidade perfeita.
O pecado não existe, ele não tem conseqüências.
É assim que deves iniciar os teus períodos de prática e, em seguida, tentar achar mais uma vez a alegria que estes pensamen-
tos introduzirão na tua mente.
Dá estes cinco minutos com contentamento a fim de remover a pesada carga que depositaste sobre ti mesmo com a crença
insana de que o pecado é real. Hoje escapa da loucura. Estás na estrada da liberdade, e agora a idéia de hoje te dá asas para
que avances com maior velocidade e com esperança de ires ainda mais rápido em direção à meta de paz que te espera. Não
existe nenhum pecado. Lembra-te disso hoje e dize a ti mesmo sempre que puderes:
A Vontade de Deus para mim é a felicidade perfeita.
Essa é a verdade porque o pecado não existe.
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UM CURSO EM MILAGRES
Eu compartilho a Vontade de Deus de felicidade para mim.
Tu não queres sofre. Podes pensar que o sofrimento te compra alguma coisa, talvez ainda acredites um pouco que ele te com-
pra o que queres. Mas agora essa crença certamente já está abalada, pelo menos o suficiente para deixar que tu a questiones
e suspeites que, na realidade, não faz sentido. Ainda não desapareceu por completo, mas te faltam as raízes que outrora a
mantinham firme nos lugares secretos, ocultos e escuros da tua mente.
Hoje, tentamos soltar ainda mais o seu jugo enfraquecido e reconhecemos que a dor não tem propósito, não tem causa e ne-
nhum poder para realizar coisa alguma. Ela não pode comprar absolutamente coisa alguma. Não oferece nada e não existe. E
tudo o que pensas que ela te oferece carece de existência assim como ela. Tens sido escravo do nada. Sê livre, hoje, para
unir-te à feliz Vontade de Deus.
Durante vários dias, continuaremos a dedicar os nossos períodos de prática a exercícios planejados para ajudar-te a alcançar a
felicidade que a Vontade de Deus colocou em ti. Aqui é o teu lar e aqui está a tua segurança. Aqui está a tua paz, aqui o medo
não existe. Aqui está a salvação. Aqui está enfim o descanso. Começa os períodos de prática de hoje com essa aceitação da
Vontade de Deus para ti:
Eu compartilho a Vontade de Deus de felicidade para mim e a aceito como minha função agora.
Em seguida busca essa função no fundo da tua mente, pois ela está lá, esperando apenas a tua escolha. Não podes falhar em
achá-la quando aprenderes que ela é a tua escolha e que compartilhas a Vontade de Deus.
Sê feliz, pois a tua única função aqui é a felicidade. Não tens nenhuma necessidade de ser menos amoroso para com o Filho
de Deus do que Aquele Cujo Amor o criou tão amoroso quanto Ele Mesmo. Além destes períodos de repouso de cinco minutos
a cada hora, faze pausas freqüentes, hoje, para dizer a ti mesmo que agora aceitaste a felicidade como tua única função. E
estejas certo de que, ao fazê-lo, estás te unindo à Vontade de Deus.

Deus, sendo Amor, é também felicidade.


A felicidade é um atributo do amor. Não pode estar à parte dele. Nem pode ser experimentada onde o amor não existe. O amor
não tem limites, estando em todos os lugares. Portanto, a alegria também está em todo lugar. Mas, a mente pode negar que
isso é assim, acreditando que há brechas no amor nas quais o pecado pode entrar trazendo dor ao invés de alegria. Essa
estranha crença quer limitar a felicidade, redefinindo o amor como algo limitado e introduzindo uma oposição naquilo que não
tem limites nem opostos.
Assim, o medo é associado ao amor e os seus resultados vêm a ser a herança de mentes que pensam ser real o que têm feito.
Essas imagens, que na verdade não têm nenhuma realidade, dão testemunho do medo de Deus, esquecendo de que sendo
Amor, Deus tem que ser alegria. Hoje tentaremos mais uma vez trazer esse erro básico à verdade, ensinando a nós mesmos:
Deus, sendo Amor, é também felicidade.
Temê-Lo é ter medo da alegria.
Começa os teus períodos de prática de hoje com essa associação, que corrige a falsa crença de que Deus é medo. Ela tam-
bém enfatiza que a felicidade te pertence devido ao que Ele é.
Permite que essa única correção seja colocada na tua mente a cada hora de vigília no dia de hoje. E dá boas-vindas a toda
felicidade que ela traz à medida que a verdade substitui o medo e a alegria vem a ser aquilo que esperas para tomar o lugar
da dor. Como Deus é Amor, ela te será dada. Reforça essa expectativa muitas vezes ao longo do dia e aquieta todos os teus
medos com essa garantia, benigna e totalmente verdadeira:
Deus, sendo Amor, é também felicidade.
E é felicidade que eu busco hoje.
Não posso falhar porque busco a verdade.

Eu busco apenas o que pertence a mim na verdade.


A idéia de hoje continua com o pensamento de que a alegria e a paz não são apenas sonhos vãos. Elas são o teu direito devi-
do ao que és. Elas vêm de Deus Que não pode falhar em te dar o que é a Sua Vontade. Mas é preciso que haja um lugar que
tenha sido aprontado para receber as Suas dádivas. Elas não são bem-vindas com contentamento pela mente que, ao invés
disso, recebeu para substituí-las as dádivas que ela mesma fez aonde as Suas devem estar.
Hoje queremos remover todas as dádivas auto-fabricadas e sem significado que colocamos sobre o altar santo aonde as dádi-
vas de Deus devem estar. Suas são as dádivas que são nossas na verdade. Suas são as dádivas que herdamos antes que o
tempo fosse e que ainda serão nossas quando o tempo tiver passado para a eternidade. Suas são as dádivas que estão den-
tro de nós agora, pois são intemporais. E não precisamos esperar para tê-las. Elas pertencem a nós no dia de hoje.
Portanto, escolhemos tê-las agora sabendo que, ao escolhê-las no lugar daquelas que fizemos, estamos apenas unindo a
nossa vontade à Vontade de Deus, e reconhecendo que a mesma é uma só. Os nossos períodos de práticas mais prolonga-
dos de hoje, os cinco minutos a cada hora dados à verdade para a tua salvação, devem começar com o seguinte:
Eu busco apenas o que me pertence na verdade, e a alegria e a paz são a minha herança.
Então, deixa de lado os conflitos do mundo que oferecem outras dádivas e outras metas feitas de ilusões, testemunhadas por
elas e só buscadas num mundo de sonhos.
Deixamos tudo isso de lado e buscamos, em vez disso, o que é verdadeiramente nosso à medida que pedimos para reconhe-
cer o que Deus nos deu. Abrimos um espaço santo diante do Seu altar em nossas mentes, onde as Suas dádivas de paz e
alegria são bem-vindas e ao qual vimos a fim de achar o que nos foi dado por Ele. Hoje, vimos com confiança, cientes de que
o que na verdade nos pertence é o que Ele nos dá. E nada mais desejamos, pois nada além disso nos pertence de verdade.

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UM CURSO EM MILAGRES
Assim, hoje abrimos o caminho para Ele simplesmente reconhecendo que a Sua Vontade já foi feita, e que a alegria e a paz
nos pertencem como Suas dádivas eternas. Não nos permitimos perdê-las de vista entre os momentos em que vimos para
buscá-las onde Ele as depositou. E traremos à mente com toda a freqüência possível esse lembrete:
Eu busco apenas o que pertence a mim na verdade.
As dádivas de Deus de alegria e paz são tudo o que eu quero.

A alegria e a paz de Deus são minhas.


A paz e a alegria de Deus são tuas. Hoje nós as aceitaremos sabendo que nos pertencem. E tentaremos compreender que
estas dádivas aumentam à medida que as recebemos. Elas não se assemelham às dádivas que o mundo pode dar, em que o
doador perde ao dar e aquele que recebe enriquece com a sua perda. Tais não são dádivas, mas barganhas feitas com culpa.
O que é verdadeiramente dado não acarreta nenhuma perda. É impossível que alguém possa ganhar porque o outro perde.
Isso implica em limitação e insuficiência.
Nenhuma dádiva é feita dessa forma. Tais ―dádivas‖ não passam de uma oferta visando um retorno maior, um empréstimo com
juros a serem pagos integralmente; um empréstimo temporário, significando um compromisso de dívida a ser pago com muito
mais do que foi recebido por aquele que aceitou a dádiva. Essa estranha distorção do que significa dar permeia todos os ní-
veis do mundo que vês. Despoja de todo significado as dádivas que dás e não te deixa nada naquelas que recebes.
Uma das metas principais do aprendizado que esse curso estabeleceu é o de reverter a tua opinião sobre o que é dar, de modo
que possas receber. Pois dar veio a ser uma fonte de medo e assim queres evitar o único meio pelo qual podes receber. Acei-
ta a paz e a alegria de Deus e aprenderás um modo diferente de olhar para uma dádiva. As dádivas de Deus nunca diminuirão
ao serem dadas. Pelo contrário, só aumentam com isso.
Assim como a paz e a alegria do Céu se intensificam quando tu as aceitas como dádivas de Deus para ti, assim também a
alegria do teu Criador cresce quando aceitas a Sua alegria e a Sua paz como tuas. Dar verdadeiramente é criação. Estende o
que é sem limite ao ilimitado, a eternidade à intemporalidade e o amor a si próprio. Acrescenta a tudo o que já é completo, não
simplesmente em termos de acrescentar mais, pois isso implicaria que antes era menos. Acrescenta permitindo que aquilo que
não pode se conter cumpra o seu objetivo de dar tudo o que tem, assegurando tudo o que tem para si mesmo eternamente.
Hoje aceita a paz e a alegria de Deus como tuas. Deixa que Ele complete a Si Mesmo assim como Ele define a completeza.
compreenderás que aquilo que O completa tem que completar o Seu Filho também. Ele não pode dar através da perda. Tu
também não podes. Recebe hoje a Sua dádiva de alegria e paz e Ele te agradecerá pela tua dádiva para Ele.
Hoje, os nossos períodos de prática começarão de modo um pouco diferente. Começa o dia pensando naqueles irmãos a
quem tens negado a paz e a alegria às quais eles têm direito segundo as leis iguais de Deus. Aqui as negaste a ti próprio. E
aqui tens que retornar para reivindicá-las como tuas.
Meu irmão, eu te ofereço paz e alegria, para que a paz e a alegria de Deus possam ser minhas.
Assim, tu te preparas para reconhecer as dádivas de Deus para ti e deixar a tua mente livre de tudo o que impediria o teu su-
cesso hoje. Agora, estás pronto para aceitar a dádiva de paz e alegria que Deus tem dado a ti. Agora estás pronto para expe-
rimentar a alegria e a paz que bens negado a ti mesmo. Agora podes dizer: ―A paz e a alegria de Deus são minhas,‖ pois deste
aquilo que queres receber.
Tens que ter sucesso hoje, se preparares a tua mente como sugerimos. Pois terás permitido que todas as barreiras para a paz
e a alegria sejam erguidas, e o que é teu finalmente pode vir a ti. Assim, dize a ti mesmo: ―A paz e a alegria de Deus são mi-
nhas‖, e fecha os teus olhos por um momento e deixa que a Sua Voz te assegure que as palavras que proferes são verdadei-
ras.
Passa os teus cinco minutos com Ele dessa forma toda vez que puderes no dia de hoje, mas não penses que menos do que
isso não terá valor quando não puderes Lhe dar mais. Pelo menos lembra-te de dizer a cada hora as palavras que O invocam
para te dar o que é a Sua Vontade dar e o que é Sua Vontade que recebas determina-te hoje a não interferir com o que é Sua
Vontade que recebas. Determina-te hoje a não interferir com o que é Sua Vontade. E se um irmão parecer tentar-te a negar a
dádiva de Deus para ele. Vê isso apenas como mais uma chance para deixar que recebas as dádivas de Deus como tuas.
Então, abençoa o teu irmão com gratidão e dize:
Meu irmão, eu te ofereço paz e alegria, para que a paz e a alegria de Deus possam ser minhas.

Que eu me aquiete e escute a verdade.


Se deixares a voz do ego de lado, por mais alto que pareça ser o seu chamado, se não aceitares as suas dádivas mesquinhas
que nada te dão do que realmente queres; se escutares com uma mente aberta, que não tenha te dito o que é a salvação,
então ouvirás a poderosa Voz da verdade, quieta em poder, forte em serenidade e completamente certa em Suas mensagens.
Escuta e ouve o teu Pai te falar através da Voz que Ele designou, Que silencia o trovão daquilo que não tem significado e indi-
ca o caminho da paz para aqueles que não podem ver. Fica quieto hoje e escuta a verdade. Não te deixes enganar pelas vo-
zes dos mortos, que te dizem ter achado a fonte da vida e a oferecem para que acredites. Não dês atenção a eles, mas escuta
a verdade.
Hoje não tenhas medo de desviar-te das vozes do mundo. Caminha com leveza passando pela sua persuasão sem significado.
Não lhes dês ouvidos. Fica quieto hoje e escuta a verdade. Passa por todas as coisas que não falam Daquele Que tem a tua
felicidade em Suas Mãos e que a oferece a ti com boas-vindas e amor. Dá ouvidos só a ele hoje, e não espera mais para al-
cançá-Lo. Hoje, ouve uma única voz.
Hoje, a promessa do Verbo de Deus é cumprida. Ouve e fica em silêncio. Ele quer te falar. Ele vem com milagres mil vezes
mais felizes e maravilhosos do que jamais sonhaste ou desejaste nos teus sonhos. Os Seus milagres são verdadeiros. Eles
não se desvanecerão quando o sonho acabar. Em vez disso, eles acabam com o sonho e duram para sempre, pois vêm de
Deus para o Seu querido Filho, cujo outro nome é o teu. Hoje, prepara-te para milagres, hoje, deixa que se cumpra a antiga
promessa que teu Pai fez a ti e a todos os teus irmãos.

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UM CURSO EM MILAGRES
Escuta-O, hoje, e ouve o Verbo que ergue o véu que cobre a terra e desperta todos aqueles que dormem e não podem ver.
Através de ti, Deus chama por eles. Ele precisa da tua voz para falar com eles, pois quem poderia alcançar o Filho de Deus
senão o Pai, chamando através do teu Ser? Ouve-O hoje e oferece-Lhe a tua voz para falar a toda a multidão que espera para
ouvir o Verbo que Ele pronunciará hoje.
Que estejas pronto para a salvação. Ela está aqui e te será dada no dia de hoje. E aprenderás a tua função Daquele Que a
escolheu para ti em Nome do teu Pai. Escuta hoje e ouvirás uma Voz Que ressoará pelo mundo inteiro através de ti. O Porta-
dor de todos os milagres precisa que os recebas primeiro, tornando-te assim o feliz doador daquilo que recebeste.
Assim começa a salvação e assim termina, quando tudo for teu e tudo for dado, ela permanecerá contigo para sempre. E a
lição terá sido aprendida. Hoje, estamos praticando o ato de dar, não da forma como o compreendes agora, mas tal como é.
Os exercícios de cada hora devem começar com esse pedido para a tua iluminação:
Que eu me aquiete e escute a verdade.
O que significa dar e receber?
Pergunta e espera uma resposta. Essa é uma pergunta cuja resposta tem estado esperando há muito tempo para ser recebida
por ti. Ela dará início ao ministério para o qual vieste e libertará o mundo do pensamento de que dar é um modo de perder. E
assim o mundo vem a estar pronto para compreender e receber.
Fica quieto e escuta a verdade hoje. Para cada cinco minutos passados a ouvir, mil mentes se abrem para a verdade e ouvirão
o Verbo santo que tu ouves. E, passada a hora, novamente liberarás mais mil mentes, que se deterão para pedir que a verda-
de lhes seja dada, junto contigo.
Hoje, o santo Verbo de Deus é cumprido através do teu recebimento para que possas dá-lo, de modo que possas ensinar ao
mundo o que significa dar, escutando e aprendendo com Ele. Não esqueças de reforçar a tua escolha de ouvir e receber o
Verbo com esse lembrete, que darás a ti mesmo com a maior freqüência possível hoje:
Que eu me aquiete e escute a verdade.
Hoje eu sou o mensageiro de Deus, a minha voz é a Sua, para dar o que recebo.

A verdade corrigirá todos os erros na minha mente.


O que pode corrigir ilusões senão a verdade? E o que são os erros senão ilusões que permanecem sem ser reconhecidas pelo
que são? Onde entra a verdade, desaparecem os erros. Eles simplesmente se desvanecem, sem deixar qualquer traço pelo
qual possam ser lembrados. Eles se vão porque, sem crença, não têm vida. Assim, desaparecem no nada, voltando ao lugar
de onde vieram. Vão e vêm do pó para o pó, pois só a verdade permanece.
Podes imaginar o que é um estado mental sem ilusões: qual seria o sentimento? Tenta lembrar-te daquele tempo, – talvez um
minuto, talvez menos – em que nada vinha interromper a tua paz, quando estavas certo de ser amado e de estar em seguran-
ça. Depois, tenta fazer um retrato em tua mente de como seria se esse momento fosse estendido até o final dos tempos e até
a eternidade. E, então, deixa que a sensação de quietude que sentiste seja cem vezes multiplicada e em seguida multiplicada
cem vezes mais.
Agora, tens uma idéia, nada mais do que um leve indício do estado em que a tua mente descansará quando a verdade vier.
Sem ilusões, não poderia haver nem medo, nem dúvida, nem ataque. Quando a verdade vem, toda dor acaba, pois não há
espaço para que pensamentos transitórios e idéias mortas se detenham na tua mente. A verdade ocupa a tua mente por com-
pleto, liberando-te de todas as crenças no efêmero. Essas não têm lugar, porque, com a vinda da verdade, elas não estão em
lugar algum. Não podem ser achadas, porque agora a verdade está em todo o lugar para sempre.
Quando a verdade vem, não fica só por um momento, para desaparecer ou transformar-se em outra coisa. Ela não se desloca
e nem altera a sua forma, não vai e vem, nem vem e vai de novo. Fica exatamente tal como sempre foi e pode-se contar com
ela a cada necessidade, ter perfeita confiança nela em todas as aparentes dificuldades e dúvidas geradas pelas aparências
que o mundo apresenta. Essas meramente se desvanecerão quando a verdade corrigir os erros na tua mente.
Quando a verdade vem abriga sob as suas asas a dádiva da perfeita constância e do amor que não vacila diante da dor, mas
olha para o que está além com firmeza e segurança. Aqui está a dádiva da cura, pois a verdade não precisa de defesa, portan-
to, nenhum ataque é possível. As ilusões podem ser trazidas à verdade para serem corrigidas. Mas a verdade está muito além
das ilusões e não pode ser trazida até elas para transformá-las em verdade.
A verdade não vai, nem vem, nem se desloca, nem muda, ora tomando essa aparência ora aquela, fugindo da captura ou man-
tendo-se fora do alcance. Ela não se esconde está na luz obviamente acessível. É impossível que alguém possa buscá-la
verdadeiramente sem ter sucesso. O dia de hoje pertence à verdade. Dá à verdade o que lhe é devido e ela te dará o que te é
devido. Não foste feito para sofrer e para morrer. É a Vontade do teu Pai que esses sonhos desapareçam. Deixa que a verda-
de corrija todos eles.
Não pedimos aquilo que não temos. Meramente pedimos o que nos pertence, para que possamos reconhecer o que é nosso.
Hoje, vamos praticar no tom feliz da certeza que nasceu da verdade. Os passos trêmulos e vacilantes da ilusão não são a
nossa abordagem de hoje. Estamos tão certos do sucesso quanto estamos certos de que vivemos, e esperamos, e respira-
mos, e pensamos. Não temos dúvidas de que caminhamos com a verdade hoje e contamos com ela para participar de todos
os exercícios que fizermos nesse dia.
Começa pedindo Àquele Que vai contigo nesse empreendimento, que Ele permaneça na tua consciência à medida em que
vais com Ele. Tu não és feito de carne, sangue e ossos, mas foste criado pelo mesmo Pensamento que também deu a Ele a
dádiva da vida. Ele é o teu Irmão, e tão igual a ti que o teu Pai sabe que ambos são o mesmo. É ao teu Ser que estás pedindo
para ir contigo e como poderia Ele estar ausente de onde estás?
A verdade corrigirá todos os erros na tua mente que te dizem que poderias estar à parte Dele. Hoje, falas com Ele e fazes a
promessa de deixar que a Sua função seja cumprida através de ti. Compartilhar a Sua função é compartilhar a Sua alegria. A
Sua confiança está contigo, enquanto dizes:
A verdade corrigirá todos os erros na minha mente, e eu descansarei Naquele Que É o meu Ser.
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UM CURSO EM MILAGRES
Deixa então que Ele te conduza gentilmente à verdade, que te envolverá e te dará uma paz tão profunda e tranqüila que terás
relutância em voltar ao mundo que te é familiar.
E, no entanto, ficarás contente em olhar para esse mundo novamente. A razão disso é que trarás contigo a promessa das mu-
danças que a verdade que vai contigo levará para o mundo. Elas aumentarão com cada dádiva de cinco breves minutos que
lhes deres e os erros que cercam o mundo serão corrigidos à medida em que deixas que sejam corrigidos na tua mente.
Hoje, não esqueças a tua função. Toda vez que dizes a ti mesmo, com confiança: ―A verdade corrigirá todos os erros na minha
mente‖, estarás falando por todo mundo e por Aquele Que Quer Liberar o mundo assim como quer libertar a ti.

Dar e receber são um só na verdade.


A visão depende da idéia de hoje. A luz está nela, pois reconcilia todos os opostos aparentes. E o que é a luz senão a resolu-
ção, nascida da paz, de todos os teus conflitos e pensamentos equivocados, fazendo de todos eles um só conceito que é to-
talmente verdadeiro? Até mesmo esse virá a desaparecer, porque o Pensamento por trás dele aparecerá para tomar o seu
lugar. E agora estás em paz para sempre pois o sonho acabou.
A luz verdadeira que faz com que a visão verdadeira seja possível não é a luz que os olhos do corpo contemplam. É um estado
da mente que veio a ser tão unificado que a escuridão não pode ser percebida de forma alguma. E assim o que é o mesmo é
visto como um só, enquanto o que não é o mesmo permanece despercebido, pois não existe.
Essa é a luz que não mostra opostos e a visão, tendo sido curada, tem o poder de curar. Essa é a luz que traz a tua paz a
outras mentes para compartilharem dela e ficarem contentes por serem unas contigo e com elas mesmas. Essa é a luz que
cura porque traz a única percepção baseada num só ponto de referência do qual vem um só significado.
Aqui, tanto o dar quanto o receber são vistos como aspectos diferentes de um só Pensamento, cuja verdade não depende de
qual é visto como o primeiro, ou qual parece estar em segundo lugar. Aqui compreende-se que ambos ocorrem juntos para
que o Pensamento permaneça completo. E nesta compreensão está a base na qual todos os opostos são reconciliados por
serem percebidos do mesmo ponto de referência, aquele que unifica esse Pensamento.
Um só pensamento, completamente unificado, servirá para unificar todos os pensamentos. Isso é o mesmo que dizer que uma
só correção será suficiente para que todas as correções ou que perdoar totalmente um irmão é o suficiente para trazer a sal-
vação a todas as mentes. Pois estes não passam de casos especiais de uma só lei que se mantém para todo tipo de aprendi-
zado, se for dirigido por Aquele Que conhece a verdade.
Aprender que dar e receber são a mesma coisa tem uma utilidade específica, pois pode-se tentar isso com muita facilidade e
ver que é verdade. E quando esse caso específico tiver provado que isso sempre funciona, em todas as circunstâncias em
que é feita essa tentativa, o pensamento por de trás dele pode ser generalizado a outras áreas de dúvida e de dupla visão. E,
a partir daí, ele se estenderá para finalmente chegar ao único Pensamento que é a base de todos os outros.
Hoje, praticaremos o caso específico de dar e receber. Usaremos essa simples lição naquilo que é óbvio, pois tem resultados
que não podemos perder. Dar é receber. Hoje, tentaremos oferecer paz a todos e ver quão rapidamente ela retorna a nós. Luz
é tranqüilidade e é nesta paz que a visão nos é dada e podemos ver. Assim, começaremos os períodos de prática com a ins-
trução do dia, dizendo:
Dar e receber são um só na verdade.
Hei de receber o que estou dando agora.
Em seguida, fecha os olhos e pensa durante cinco minutos no que queres oferecer a todos para que seja teu. Podes dizer:
A todos eu ofereço quietude.
A todos eu ofereço a paz da mente.
A todos eu ofereço gentileza.
Dize cada uma destas frases lentamente, em seguida faze uma pequena pausa esperando para receber a dádiva que deste. E
ela virá a ti na mesma medida em que a deste. Descobrirás que tens um retorno exato, pois é isso o que pediste. Talvez tam-
bém seja útil pensares em alguém para dar as tuas dádivas. Ele representa os outros, e através dele, dás a todos.
Nossa lição muito simples para o dia de hoje te ensinará muito. Efeito e causa passarão a ser bem mais compreendidos a partir
deste momento e progrediremos muito mais rapidamente. Pensa nos exercícios para o dia de hoje como rápidos avanços no
teu aprendizado, ainda mais rápidos e mais seguros a cada vez que disseres: ―Dar e receber são um só na verdade.‖

Eu descanso em Deus.
Hoje pedimos descanso e uma quietude inabalada pelas aparências do mundo. Pedimos paz e serenidade em meio a todo o
tumulto que nasce de sonhos em conflito. Pedimos segurança e felicidade, embora pareçamos olhar para o perigo e o pesar. E
temos o pensamento que responderá ao nosso pedido com o que estamos pedindo.
―Eu descanso em Deus.‖ Esse pensamento te trará o descanso e a quietude, a paz e a calma, a segurança e a felicidade que
buscas. ―Eu descanso em Deus.‖ Esse pensamento tem o poder de despertar a verdade adormecida em ti, cuja visão vê, além
das aparências, essa mesma verdade em todos e em tudo o que existe. Eis aqui o fim do sofrimento para o mundo todo, para
todos os que jamais vieram ou que ainda virão para passar algum tempo aqui. Eis aqui o pensamento em que o Filho de Deus
nasce de novo para reconhecer a si mesmo.
―Eu descanso em Deus.‖ Completamente imperturbável, esse pensamento te carregará através das tempestades e da discór-
dia, além da miséria e da dor, além da perda e da morte, e mais adiante em direção à certeza de Deus. Não há sofrimento que
ele não possa curar. Não há problema que ele não possa resolver. Não há nenhuma aparência que não se volte para a verda-
de diante dos teus olhos, pois tu és aquele que descansa em Deus.
Esse é o dia da paz. Descansa em Deus e, enquanto o mundo é dilacerado por ventos de ódio, o teu descanso permanece
completamente imperturbado. O teu descanso é o da verdade. As aparências não podem interferir em ti. Chama a todos para

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UM CURSO EM MILAGRES
que se unam a ti no teu descanso e todos ouvirão e virão a ti, pois descansas em Deus. Eles não ouvirão outra voz senão a
tua, porque deste a tua voz a Deus e agora descansas Nele e deixa-O falar através de ti.
Nele, não tens cuidados nem preocupações, não tens fardos, ansiedade ou dor, medo do futuro ou arrependimentos passados.
Descansas na intemporalidade, enquanto o tempo passa sem deixar seu toque sobre ti, pois o teu descanso nunca pode mu-
dar de modo algum. Hoje, descansa. E, ao fechares os olhos, afunda na serenidade. Deixa que estes períodos de descanso e
pausa reassegurem à tua mente que todas as tuas fantasias frenéticas não passavam de sonhos febris que se foram. Deixa a
tua mente ficar serena e aceitar com gratidão a sua cura. Nenhum sonho amedrontador virá, agora que descansas em Deus.
Reserva tempo hoje para passar dos sonhos à paz.
Hoje, a cada hora que descansas, uma mente cansada subitamente se faz contente, um pássaro de asas quebradas começa a
cantar, um rio seco há muito tempo voltará a fluir. O mundo renasce a cada vez que descansas e te lembras a cada hora que
vieste para trazer a paz de Deus ao mundo para que ele possa descansar junto contigo.
Com cada cinco minutos de descanso hoje, o mundo estará mais próximo do despertar. E o momento em que o descanso será
a única coisa que existe, vem para mais perto de todas as mentes desgastadas e cansadas, por demais exauridas para segui-
rem os seus caminhos sozinhas. E elas ouvirão o pássaro começar a cantar e verão o rio fluir novamente com renascida espe-
rança e com a energia restaurada para andar com passos leves ao longo da estrada que, de súbito, parece fácil à medida em
que a percorrem.
Hoje, descansas na paz de Deus e, do teu descanso, chamas os teus irmãos para atraí-los ao descanso junto contigo. Hoje
estarás fiel à tua confiança, sem esquecer ninguém, trazendo todos ao círculo sem limites da tua paz, o santuário sagrado
onde descansas. Abre as portas do templo e deixa-os vir do outro lado do mundo e de perto também; os teus irmãos distantes
e os teus amigos mais íntimos; convida-os todos a entrar aqui e a descansar contigo.
Hoje, descansa na paz de Deus, quieto e sem medo. Cada irmão vem para descansar e oferecer o descanso a ti. Descansa-
mos juntos aqui, pois é assim que o nosso descanso se faz completo, e já recebemos o que estamos dando hoje. O tempo
não é o guardião do que damos hoje. Estamos dando àqueles que ainda não nasceram e àqueles que já passaram, a cada
Pensamento de Deus e à Mente na qual estes Pensamentos nasceram e onde descansam. E nós lembraremos a eles do seu
lugar de descanso toda vez que dissermos a nós mesmos: ―Eu descanso em Deus.‖

Eu sou como Deus me criou.


Repetiremos essa idéia de hoje de vez em quando. A razão disso é que esse único pensamento seria suficiente para salvar a ti
e ao mundo, se acreditasses que é verdadeiro. Essa verdade significaria que não fizeste nenhuma mudança em ti mesmo que
tenha realidade, e nem mudaste o universo de forma que o que Deus criou seja substituído pelo e pelo mal, pela miséria e
pela morte. Se permaneces tal como Deus te criou, o medo não tem significado, o mal não é real, a miséria e a morte não
existem.
A idéia de hoje é, portanto, tudo o que precisas para deixar que a completa correção cure a tua mente e te dê a visão perfeita
que curará todos os equívocos que qualquer mente tenha cometido, em qualquer tempo ou lugar. Ela basta para curar o pas-
sado e fazer com que o futuro seja livre. Basta para deixar que o presente seja aceito tal como é. Basta para deixar que o
tempo seja o meio pelo qual todo mundo aprende a escapar do tempo e de todas as mudanças que o tempo parece trazer ao
passar.
Se permaneces tal como Deus te criou, as aparências não podem tomar o lugar da verdade, a saúde não pode virar doença
nem a morte pode substituir a vida, ou o medo o amor. Tudo isso não ocorreu, se tu permaneces tal como Deus te criou. Não
precisas de nenhum pensamento, a não ser esse, para deixar que a redenção venha a iluminar o mundo e libertar-te do pas-
sado.
Com esse único pensamento todo o passado é desfeito; o presente é salvo para estender-se em quietude até um futuro intem-
poral. Se tu és tal como Deus te criou, então não houve separação entre a tua mente e a Sua, nem divisão entre a tua e as
outras mentes e, dentro da tua própria mente só há unidade.
O poder curativo da idéia de hoje é sem limites. É o berço de todos os milagres, a grande restauradora da verdade à consciên-
cia do mundo. Pratica a idéia de hoje com gratidão. Essa é a verdade que vem para libertar-te. Essa é a verdade que Deus te
prometeu. Esse é o Verbo no qual todo pesar chega ao fim. Para os teus períodos de prática de cinco minutos, começa com
essa citação do texto:
Eu sou como Deus me criou. O Seu Filho nada pode sofrer. E eu sou o Seu Filho.
Em seguida, com essa declaração bem firme em tua mente, tenta descobrir em tua mente o Ser Que é o Filho santo de Deus
em Si Mesmo. Busca dentro de ti Aquele que é o Cristo em ti, o Filho de Deus e o irmão do mundo, o Salvador Que foi salvo
para sempre, com o poder de salvar todo aquele que O tocar por mais levemente que seja pedindo o Verbo que lhe diz que ele
é um irmão para com ele. Tu és como Deus te criou. Hoje, honra teu Ser. Não deixes que as imagens de escultura que fizeste
para que fossem o Filho de Deus em lugar do que ele é sejam adoradas no dia de hoje. No fundo da tua mente, o Cristo santo
em ti está à espera de que O reconheças como tu mesmo. E estás perdido e não conheces a ti mesmo enquanto Ele perma-
nece sem reconhecimento e não é conhecido.
Busca-O hoje e acha-O. ele será o teu Salvador de todos os ídolos que tens feito. Pois quando O achares, compreenderás
quão sem valor são os teus ídolos e quão falsas as imagens que acreditavas que eras. Hoje avançamos muito em direção à
verdade, abandonando os ídolos e abrindo as nossas mãos, os nossos corações e as nossas mentes para Deus nesse dia.
Lembraremos Dele ao longo do dia com corações agradecidos e com pensamentos de amor por todos aqueles que encontrar-
mos hoje. Pois é assim que nos lembramos Dele. E diremos, para que sejamos lembrados do Seu Filho, o nosso Ser Santo, o
Cristo em cada um de nós.
Eu sou como Deus me criou.
Vamos declarar essa verdade com a maior freqüência possível. Esse é o Verbo de Deus que te liberta. Essa é a chave que
abre a porta do Céu e te deixa entrar na paz de Deus e na Sua eternidade.

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UM CURSO EM MILAGRES
REVISÃO III
1. A nossa próxima revisão começa hoje. Revisaremos duas das lições recentes a cada dia durante dez dias sucessivos de
prática. Observaremos uma forma especial para estes períodos de prática, e a ti é recomendado com insistência que a
sigas o mais fielmente possível. Compreendemos, é claro, que talvez te seja impossível empreender o que é sugerido
aqui como o melhor a cada dia e a cada hora do dia. O aprendizado não ficará prejudicado se perderes um período de
prática por ser impossível para ti na hora indicada. Também não é necessário que faças esforços excessivos para certi-
ficar-te de que estás acompanhando em termos de números. Rituais não são o nosso objetivo e derrotariam a nossa
meta.
2. Mas o aprendizado será prejudicado se pulares um período de prática por não estares disposto a dedicar a isso o tempo que
se pede que dês. Não te enganes a respeito. A falta de disponibilidade pode estar cuidadosamente escondida por trás
de um disfarce feito de situações que não podes controlar. Aprende a distinguir as situações pouco favoráveis para a
tua prática daquelas que estabeleces para manter uma camuflagem para a tua falta de disponibilidade.
3. Os períodos de prática que perdeste porque não quiseste fazê-los, qualquer que tenha sido a razão, devem ser feitos assim
que tiveres mudado a tua mente quanto à tua meta. Não terás vontade de cooperar na prática da salvação somente se
ela interferir com metas que valorizas mais. Quando retirares o valor que lhes deste, deixa que os teus períodos de prá-
tica substituam as tuas litanias a elas. Elas nada te deram. Mas a tua prática pode te oferecer tudo. Assim, aceita o que
ela te oferece e fica em paz.
4. A forma que deves usar para estas revisões é essa: dedica cinco minutos duas vezes por dia ou mais se preferires, a consi-
derar os pensamentos que são indicados. Lê as idéias e os comentários que estão escritos para o exercício de cada di-
a. Em seguida, começa a pensar sobre eles, deixando que a tua mente os relacione com as tuas necessidades, os teus
problemas aparentes e todas as tuas preocupações.
5. Põe as idéias na tua mente e deixa-a usá-las como ela escolher. Deposita a tua fé de que ela as usará com sabedoria, pois
nas suas decisões terá a ajuda Daquele Que deu os pensamentos a ti. Em que mais podes confiar, senão no que está
na tua mente? Tem fé nestas revisões, o meio que o Espírito Santo usa não falhará. A sabedoria da tua mente virá em
teu auxílio. Dá a direção no início, em seguida recosta-te em quietude e com fé e deixa a tua mente empregar os pen-
samentos que tu lhe deste, pois eles te foram dados para que ela os use.
6. Eles te foram dados em perfeita confiança, com perfeita segurança de que farás bom uso deles, com fé perfeita de que ve-
rás as suas mensagens e as usarás para ti mesmo. Oferece-as à tua mente com o mesmo crédito, confiança e fé. Ela
não falhará. Ela é o meio escolhido pelo Espírito Santo para a tua salvação. Uma vez que ela tem o Seu crédito, não há
dúvida de que o Seu meio tem que merecer o teu também.
7. Enfatizamos os benefícios que terás se dedicares os primeiros cinco minutos do dia às tuas revisões e também se lhes de-
res os últimos cinco minutos de vigília do teu dia. Se isso não for possível, tenta pelo menos dividi-los de tal forma que
empreendas uma revisão pela manhã e a outra durante a última hora antes de ires dormir.
8. Os exercícios a serem feitos ao longo do dia são igualmente importantes e talvez até de maior valor. Tens estado inclinado a
praticar apenas nos horários indicados e depois seguir o teu caminho para outras coisas sem aplicar a elas o que a-
prendeste. Como resultado, os reforços que ganhaste foram poucos e não deram ao teu aprendizado uma chance justa
para provar o quanto é grande o teu potencial de dádivas para ti. Eis aqui uma outra chance para fazeres bom uso dele.
9. Nestas revisões, enfatizamos a necessidade de não deixares que o teu aprendizado seja em vão entre os teus períodos de
prática mais prolongados. Tenta dar às tuas duas idéias diárias uma revisão breve, mas séria a cada hora. Usa uma de-
las exatamente na hora e a outra meia hora mais tarde. Não é preciso dar mais do que apenas um momento a cada
uma. Repete-a e deixa a tua mente descansar por pouco tempo em silêncio e em paz. Em seguida, volta-te para as ou-
tras coisas, mas tenta conservar o pensamento contigo e deixa-o servir também para ajudar-te a manter a tua paz ao
longo do dia.
10. Se ficares perturbado, pensa nele novamente. Estes períodos de prática são planejados para ajudar-te a formar o hábito de
aplicar o que aprendes a cada dia a tudo que fazes. Não repitas o pensamento para deixá-lo de lado. A sua utilidade é
sem limites para ti. E ele se destina a servir-te de todas as maneiras, em todos os momentos e lugares e sempre que

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UM CURSO EM MILAGRES
precisares de qualquer tipo de ajuda. Portanto, tenta levá-lo contigo durante as tuas atividades do dia, fazendo com que
ele seja santo, digno no Filho de Deus, aceitável para Deus e para o teu Ser.
11. As tarefas para a revisão de cada dia serão concluídas com uma reafirmação do pensamento a ser usado a cada hora, e
também daquele a ser aplicado na meia-hora seguinte. Não os esqueças. Essa segunda chance para cada uma destas
idéias trará enormes avanços e sairemos destas revisões com benefícios de aprendizado tão grandes que continuare-
mos em terreno mais sólido, com passos mais firmes e com a fé mais forte.
Não esqueças quão pouco tens aprendido.
Não esqueças o quanto podes aprender agora.
Não esqueças que o Teu Pai precisa de ti ao revisares estes pensamentos que Ele te deu.

Lições 91 e 92.
91. Milagres são vistos na luz.
Eu não posso ver na escuridão. Que a luz da santidade e da verdade ilumine a minha mente e me permita ver a
inocência interior.
92. Milagres são vistos na luz, e a luz e a força são uma só.
Eu vejo através da força, a dádiva de Deus para mim. A minha fraqueza é a escuridão que a dádiva de Deus dissipa,
dando-me a Sua força para tomar o seu lugar.
Para a hora:
Milagres são vistos na luz.
Para a meia-hora:
Milagres são vistos na luz, e a luz e a força são uma só.

Lições 93 e 94.
93. A luz, a alegria e a paz habitam em mim.
Eu sou o lar da luz, da alegria e da paz. Eu lhes dou boas-vindas no lar que compartilho com Deus, porque eu sou uma
parte Dele.
94. Eu sou como Deus me criou.
Permanecerei para sempre como fui, criado pelo Imutável como Ele Mesmo. Eu sou um com Ele e Ele comigo.
Para a hora:
A luz, a alegria e a paz habitam em mim.
Para a meia-hora:
Eu sou como Deus me criou.

Lições 95 e 96.
95. Eu sou um único Ser, unido ao meu Criador.
A serenidade e a paz perfeita são minhas, porque eu sou um Ser completamente íntegro, em unidade com toda a
criação e com Deus.
96. A salvação vem do meu único Ser.
Do meu único Ser, Cujo conhecimento permanece ainda dentro da minha mente, eu vejo o plano perfeito de Deus para
a minha salvação perfeitamente cumprido.
Para a hora:
Eu sou um único Ser, unido ao meu Criador.
Para a meia-hora:
A salvação vem do meu único Ser.

Lições 97 e 98.
97. Eu sou espírito.
Eu sou o Filho de Deus. Nenhum corpo pode conter meu espírito, nem me impor uma limitação que Deus não criou.
98. Vou aceitar a minha parte no plano de Deus para a salvação.
O que pode ser minha função senão aceitar o Verbo de Deus, Que me criou quanto ao que eu sou e serei para sempre?
Para a hora:
Eu sou espírito.
Para a meia-hora:
Vou aceitar a minha parte no plano de Deus para a salvação.

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UM CURSO EM MILAGRES
Lições 99 e 100.
99. A salvação é a minha única função aqui.
A minha função aqui é perdoar o mundo por todos os erros que tenho feito. Pois assim sou liberado de todos eles com
todo o mundo.
100. A minha parte é essencial no plano de Deus para a salvação.
Eu sou essencial ao plano de Deus para a salvação do mundo. Pois ele me deu o Seu plano para que eu possa salvar o
mundo.
Para a hora:
A salvação é a minha única função aqui.
Para a meia-hora:
A minha parte é essencial no plano de Deus para a salvação.

Lições 101 e 102.


101. A Vontade de Deus para mim é a felicidade perfeita.
A Vontade de Deus é a felicidade perfeita para mim. E eu só posso sofrer se acreditar que há outra vontade à parte da
Dele.
102. Eu compartilho a Vontade de Deus de felicidade para mim.
Eu compartilho a Vontade de Deus para mim, seu Filho. O que Ele me deu é tudo o que eu quero. O que Ele me deu é
tudo o que existe.
Para a hora:
A Vontade de Deus para mim é a felicidade perfeita.
Para a meia-hora:
Eu compartilho a Vontade de Deus de felicidade para mim..

Lições 103 e 104.


103. Deus, sendo Amor, é também felicidade.
Que eu me lembre que amor é felicidade, e nada mais traz alegria. Então escolho não receber nenhum substituto para o
amor.
104. Eu busco apenas o que pertence a mim na verdade.
O Amor é a minha herança, e com ele a alegria. Estas são as dádivas que meu Pai me deu. Eu quero aceitar tudo o que
é meu na verdade.
Para a hora:
Deus, sendo Amor, é também felicidade.
Para a meia-hora:
Eu busco apenas o que pertence a mim na verdade.

Lições 105 e 106.


105. A paz e a alegria de Deus são minhas.
Hoje aceitarei a paz e a alegria de Deus, trocando-as com contentamento por todos os substitutos que tenho feito para a
felicidade e a paz.
106. Que eu me aquiete e escute a verdade.
Que a minha fraca voz se cale e permita-me ouvir a poderosa Voz pela própria Verdade assegurar-me que eu sou o
Filho perfeito de Deus.
Para a hora:
A paz e a alegria de Deus são minhas.
Para a meia-hora:
Que eu me aquiete e escute a verdade.

Lições 107 e 108.


107. A verdade corrigirá todos os erros na minha mente.
Estou equivocado quando penso que posso ser ferido de qualquer modo. Eu sou o Filho de Deus, cujo Ser descansa
com segurança na Mente de Deus.
108. Dar e receber são um só na verdade.
Perdoarei todas as coisas hoje para que eu possa aprender como aceitar a verdade em mim e venha a reconhecer a
minha impecabilidade.
Para a hora:
A verdade corrigirá todos os erros na minha mente.

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UM CURSO EM MILAGRES
Para a meia-hora:
Dar e receber são um só na verdade

Lições 109 e 110.


109. Eu descanso em Deus.
Eu descanso em Deus hoje e deixo que Ele trabalhe em mim e através de mim enquanto descanso Nele em quietude e
perfeita certeza.
110. Eu sou como Deus me criou.
Eu sou o Filho de Deus. Hoje deixo de lado todas as ilusões doentias sobre mim mesmo e permito que meu Pai me diga
Quem eu realmente sou.
Para a hora:
Eu descanso em Deus.
Para a meia-hora:
Eu sou como Deus me criou.

PARTE IV

O perdão é a chave da felicidade.


Eis aqui a resposta para a tua busca de paz. Eis aqui a chave do significado em um mundo que parece não fazer sentido. Eis
aqui o caminho para a segurança nos perigos aparentes que parecem ameaçar-te a cada esquina, trazendo a incerteza para
todas as tuas esperanças de jamais achar a quietude e a paz. Aqui, todas as perguntas são respondidas, aqui está finalmente
assegurado o fim de toda a incerteza.
A mente que não perdoa é cheia de medo e não oferece espaço ao amor para ser ele mesmo, nenhum lugar onde ele possa
estender as suas asas em paz e elevar-se acima do tumulto do mundo. A mente que não perdoa é triste, sem esperança de
descanso e de liberar-se da dor. Ela sofre e habita na miséria, espreitando a escuridão sem ver, mas certa do perigo que lá a
ronda.
A mente que não perdoa é dilacerada pela dúvida, confusa a respeito de si mesma e de tudo o que vê; medrosa e com raiva,
fraca e ameaçadora, com medo de seguir adiante, com medo de ficar; com medo de acordar ou de adormecer, com medo de
qualquer som, todavia com mais medo ainda do silêncio; aterrorizada pela escuridão e no entanto mais aterrorizada ainda com
a aproximação da luz. O que pode a mente que não perdoa perceber, senão a sua própria perdição? O que pode contemplar,
senão a prova de que todos os seus pecados são reais?
A mente que não perdoa não vê equívocos, só pecados. Olha para o mundo com olhos que não vêem e grita ao ver as suas
próprias projeções erguerem-se para atacar a sua miserável paródia de vida. Ela quer viver, mas deseja estar morta. Quer o
perdão, mas não vê esperança alguma. Quer escapar, mas não pode conceber nenhuma saída, porque vê o pecado em toda
parte.
A mente que não perdoa está em desespero, sem a perspectiva de um futuro que possa lhe oferecer alguma coisa que não
seja mais desespero. Pensa que não pode mudar, pois o que vê dá testemunho de que o seu julgamento é correto. Não per-
gunta, porque pensa que sabe. Não questiona, pois tem certeza de que está certa.
O perdão é adquirido. Não é inerente à mente, que não pode pecar. Como o pecado é uma idéia que ensinaste a ti mesmo, o
perdão também tem que ser aprendido por ti, mas com um Professor diferente de ti, Aquele que representa o outro Ser em ti.
Através Dele, aprendes a perdoar o ser que pensas que fizeste e deixá-lo desaparecer. Assim, devolves a tua mente unificada
Àquele Que é o teu Ser e Que jamais pode pecar.
Cada mente que não perdoa te apresenta uma oportunidade para ensinar à tua própria mente como perdoar a si mesma. Cada
uma delas espera a liberação do inferno por teu intermédio e se volta para ti implorando-te o Céu aqui e agora. Ela não tem
esperança, mas vens a ser a sua esperança. E sendo a sua esperança, vens a ser a tua própria. A mente que não perdoa tem
que aprender através do teu perdão que foi salva do inferno. E, ao ensinares a salvação, aprenderás. No entanto, todo o teu
ensino e o teu aprendizado não virão de ti, mas do Professor Que te foi dado para mostrar-te o caminho.
Hoje praticaremos aprender a perdoar. Se estiveres disposto hoje podes aprender a pegar a chave da felicidade e usá-la a
favor de ti mesmo. Dedicaremos dez minutos pela manhã e mais dez à noite ao aprendizado de dar o perdão e também de
recebê-lo.
A mente que não perdoa não acredita que dar e receber são a mesma coisa. Mas hoje tentaremos aprender que são uma só,
praticando o perdão em relação a alguém que pensas ser um inimigo e a alguém que consideras como um amigo. E ao a-
prender a vê-los como um só, estenderemos a lição a ti mesmo e veremos que no seu escape estava incluído o teu.
Dá início aos períodos de prática mais longos pensando em alguém de quem não gostes, que pareça irritar-te ou que te cause
contrariedade se vieres a encontrá-lo; alguém que de fato desprezes ou apenas tentes ignorar. Não importa a forma que tome
a tua raiva. Provavelmente já o escolheste. Ele servirá.
Agora, fecha os olhos e vendo-o na tua mente, olha para ele por um momento. Tenta perceber nele alguma luz em algum lugar,
um pequeno lampejo que antes nunca havias notado. Tenta achar uma pequena centelha de luz brilhando através do feio re-
trato que manténs dele. Olha para esse retrato até que vejas uma luz em algum ponto e em seguida tenta deixar que essa luz
se estenda até cobri-lo, fazendo com que o retrato seja bonito e bom.
Olha por um momento para essa percepção mudada e volta a tua mente para aquele a quem chamas de amigo. Procura trans-
ferir para ele a luz que aprendeste a ver em torno do teu antigo ―inimigo‖. Percebe-o agora como mais do que um amigo para
ti, pois nesta luz, a sua santidade te mostra o teu salvador, salvo e pronto a salvar, curado e íntegro.

291
UM CURSO EM MILAGRES
Então, deixa que ele ofereça a ti a luz que vês nele e deixa que o teu ―inimigo‖ e o teu amigo se unam, abençoando-te com o
que deste. Agora, és um com eles e eles contigo. Agora foste perdoado por ti mesmo. Não esqueças, ao longo do dia, o papel
que o perdão desempenha em trazer felicidade a cada mente que não perdoa, incluindo entre elas a tua. Dize a ti mesmo a
cada hora:
O perdão é a chave da felicidade. Despertarei do sonho de que sou mortal, falível e cheio de pecado e saberei que sou
o Filho perfeito de Deus.

O perdão oferece tudo o que eu quero.


O que poderias querer que o perdão não possa dar? Queres paz? O perdão a oferece. Queres felicidade, uma mente serena,
certeza acerca do teu propósito e um senso de valor e beleza que transcende o mundo? Queres atenção, segurança e o calor
da proteção garantida para sempre? Queres uma quietude que não possa ser perturbada, uma gentileza que jamais possa ser
ferida, um consolo profundo e duradouro e um descanso tão perfeito que jamais possa ser transtornado?
O perdão te oferece tudo isso, e mais. Ele brilha nos teus olhos quando acordas e te dá alegria para saudar o dia. Conforta a
tua fronte enquanto dormes e repousa sobre as tuas pálpebras para que não tenhas sonhos de medo e mal, malícia e ataque.
E quando acordas de novo, ele te oferece um outro dia de felicidade e paz. O perdão te oferece tudo isso, e mais.
O perdão permite que seja erguido o véu que esconde a faze de Cristo daqueles que olham para o mundo com olhos sem
perdão. Permite que reconheças o Filho de Deus e limpes a tua memória de todos os pensamentos mortos, para que a lem-
brança do teu Pai possa surgir no limiar da tua mente. O que poderias querer que o perdão não possa dar? Que outras dádi-
vas além destas são dignas de serem buscadas? Que valor imaginário, que efeito trivial, que promessa fugaz que nunca será
cumprida pode conter mais esperança do que aquilo que o perdão traz?
Por que buscarias uma outra resposta, além da resposta que responde a tudo? Eis aqui a resposta perfeita, dada a perguntas
imperfeitas, a pedidos sem significado, à pouca disponibilidade para ouvir, a menos da metade do zelo que poderias dar e a
uma confiança parcial. Eis aqui a resposta! Não a busques mais. Não acharás nenhuma outra em vez dela.
O plano de Deus para a tua salvação não pode mudar nem pode falhar. Sê grato por ele permanecer exatamente como Deus o
planejou. Imutável, ele está diante de ti como uma porta aberta, ele te chama de além do umbral com boas-vindas calorosas,
pedindo-te que entres e sinta-te em casa, onde é o teu lugar.
Eis aqui a resposta! Preferirias ficar do lado de fora, quando o Céu inteiro espera por ti do lado de dentro? Perdoa e sê perdoa-
do. Como dás, assim receberás. Não há outro plano senão esse para a salvação do Filho de Deus. Regozijemo-nos hoje por
ser assim, pois aqui temos uma resposta clara e simples além do engano na sua simplicidade. Todas as complexidades que o
mundo teceu com frágeis teias de aranha desaparecem diante do poder e da majestade dessa declaração extremamente sim-
ples da verdade.
Eis aqui a resposta! Não vires as costas para novamente vagar sem rumo. Aceita a salvação agora. É a dádiva de Deus e não
do mundo. O mundo não pode oferecer nenhuma dádiva de qualquer valor à mente que tenha recebido como seu o que Deus
lhe deu. É Vontade de Deus que a salvação seja recebida hoje e que os labirintos dos teus sonhos não mais escondam de ti
que nada são.
Abre os teus olhos, hoje, e olha para um mundo feliz, de segurança e paz. O perdão é o meio pelo qual ele vem tomar o lugar
do inferno. Na quietude, ele surge para saudar os teus olhos abertos e encher o teu coração de profunda tranqüilidade, à me-
dida que verdades antigas, eternamente recém-nascidas surgem na tua consciência. O que vais lembrar nesse momento nun-
ca poderá ser descrito. No entanto, o teu perdão te oferece isso.
Lembrando-nos das dádivas do perdão, empreendemos a nossa prática de hoje com esperança e fé de que esse será o dia em
que a salvação será nossa. Nós a buscaremos hoje com ardor e alegria, cientes de que seguramos a chave em nossas mãos,
aceitando a resposta do Céu ao inferno que fizemos, mas no qual não mais queremos permanecer.
De manhã e à noite, oferecemos com alegria um quarto de hoje à busca na qual o fim do inferno está garantido. Começa com
esperança, pois alcançamos o ponto de mutação, em que a estrada vem a ser muito mais fácil. E agora o caminho que ainda
temos que percorrer é curto. De fato, estamos bem próximos do final estabelecido para o sonho.
Mergulha na felicidade ao começar estes períodos de prática, pois oferecem as infalíveis recompensas de perguntas respondi-
das e do que resulta da tua aceitação da resposta. Hoje te será dado sentir a paz que o perdão oferece e a alegria que o l e-
vantar do véu descortina para ti.
Diante da luz que receberás hoje, o mundo se desvanecerá até desaparecer e verás surgir u outro mundo e não terás palavras
para retratá-lo. Caminhamos agora diretamente para a luz e recebemos as dádivas que nos foram reservadas desde o início
dos tempos, à espera do dia de hoje.
O perdão oferece tudo o que queres. Hoje, todas as coisas que queres te são dadas. Não deixes que as tuas dádivas sumam
da tua vista durante o dia, quando voltares a encontrar um mundo de mudanças passageiras e aparências desoladoras. Con-
serva as tuas dádivas na tua consciência com clareza ao ver o imutável no coração da mudança, a luz da verdade por trás das
aparências.
Não sejas tentado a deixar que as tuas dádivas passem despercebidas e caiam no esquecimento, mas mantêm-nas com fir-
meza em tua mente através das tuas tentativas de pensar nelas pelo menos por um minuto a cada quarto de hora que passa.
Lembra-te do quanto estas dádivas são preciosas com esse lembrete, que tem o poder de mantê-las na tua consciência ao
longo do dia:
O perdão oferece tudo o que eu quero.
Hoje, aceitei isso como verdadeiro.
Hoje, recebi as dádivas de Deus.

292
UM CURSO EM MILAGRES
Agradeço ao meu Pai por Suas dádivas para mim.
Hoje, sejamos gratos. Chegamos a atalhos mais suaves e a estradas mais planas. Não pensamos em voltar atrás e não há
nenhuma resistência implacável à verdade. Um pouco de indecisão permanece, algumas pequenas objeções e um pouco de
hesitação mas podes muito bem ser grato pelos teus ganhos, que são muito maiores do que reconheces.
Agora, um dia dedicado à gratidão acrescentará o benefício de algum discernimento acerca da real extensão de tudo o que
tens ganho, das dádivas que tens recebido. Fica contente hoje em gratidão amorosa, o teu Pai não te abandonou a ti mesmo,
nem te deixou a vagar sozinho no escuro. Sê grato por Ele te ter salvo do ser que pensaste ter feito para ocupar o Seu lugar e
o da Sua criação. Hoje, dá-Lhe graças.
Dá-Lhe graças por Ele não ter te abandonado e pelo Seu Amor permanecer para sempre brilhando sobre ti, para sempre imu-
tável. Dá-Lhe graças também por seres imutável, pois o Filho que Ele ama é tão imutável quanto Ele próprio. Sê grato por
estares salvo. Fica contente por teres uma função a ser cumprida na salvação. Sê grato por teu valor transcender em muito as
tuas parcas dádivas e os teus julgamentos mesquinhos sobre aquele que Deus estabeleceu como Seu Filho.
Hoje, em gratidão elevamos os nossos corações acima do desespero e erguemos os nossos olhos agradecidos que não olham
mais para baixo, para o pó. Hoje, entoamos a canção do agradecimento em honra ao Ser Que segundo a Vontade de Deus é
a nossa verdadeira Identidade Nele. Hoje, sorrimos para todos aqueles que vemos e caminhamos com passos leves ao fa-
zermos o que nos foi designado fazer.
Não vamos sozinhos. E damos graças porque na nossa solidão um Amigo veio para nos falar do Verbo salvador de Deus. E
agradecemos a ti por tê-Lo ouvido. O Verbo de Deus não tem som, se não for ouvido. Ao agradeceres a Ele, os agradecimen-
tos são teus também. Uma mensagem que não é ouvida não salvará o mundo, por mais poderosa que seja a Voz que a diz,
por mais amorosa que a mensagem possa ser.
Graças sejam dadas a ti que ouviste, pois vens a ser o mensageiro que traz consigo a Sua Voz e a deixa ecoar por todo o
mundo. Hoje recebe os agradecimentos de Deus ao dar graças a Ele. Pois Ele quer te oferecer os agradecimentos que tu Lhe
dás, já que Ele recebe com amorosa gratidão as tuas dádivas e as devolve mil vezes, cem mil vezes maiores do que quando
foram dadas. Ele abençoará as tuas dádivas compartilhando-as contigo. E assim elas crescem em poder e força até que en-
cham o mundo com contentamento e gratidão.
Recebe o Seu agradecimento e oferece-Lhe o teu durante quinze minutos duas vezes hoje. E compreenderás a Quem ofere-
ces a tua gratidão e a Quem Ele agradece quando estás Lhe agradecendo. Essa santa meia-hora dada a Ele te será devolvida
na proporção de anos para cada segundo e poder para salvar o mundo com rapidez aumentada de muitas eras graças ao teu
agradecimento a Ele.
Recebe os Seus agradecimentos e compreenderás o quão amorosamente Ele te guarda na Sua Mente, quão profundo e ilimi-
tado é o Seu cuidado para contigo, quão perfeita é a Sua gratidão a ti. Lembra-te de pensar Nele a cada hora e dá-Lhe graças
por tudo o que Ele deu ao Seu Filho para que ele possa erguer-se acima do mundo lembrando-se do seu Pai e do seu Ser.

Que eu me lembre que sou um com Deus.


Hoje, damos graças mais uma vez pela nossa Identidade em Deus. A nossa casa está em segurança, a proteção nos é garan-
tida em tudo o que fazemos, o poder e a força estão ao nosso alcance em todos os nossos empreendimentos. Não podemos
falhar em nada. Tudo o que tocamos se reveste de uma luz brilhante que abençoa e cura. Em unidade com Deus e com o uni-
verso continuamos o nosso próprio caminho, regozijando-nos com o pensamento de que o próprio Deus vai conosco a toda
parte.
Como são santas as nossas mentes! E tudo o que vemos reflete a santidade dentro da mente que está em unidade com Deus
e consigo mesma. Como os erros desaparecem com facilidade e a morte dá lugar à vida que dura para sempre. As marcas
brilhantes dos nossos passos indicam o caminho para a verdade, pois Deus é o nosso Companheiro enquanto caminhamos
pelo mundo ainda um pouco mais. E aqueles que vêm para nos seguir reconhecerão o caminho, pois a luz que carregamos
fica atrás de nós, embora também permaneça conosco à medida que caminhamos.
O que recebemos é a nossa dádiva eterna para aqueles que nos seguem, para aqueles que foram antes de nós, ou que viça-
ram algum tempo conosco. E Deus Que nos ama a todos com amor igual, aquele no qual fomos criados, sorri para nós e nos
oferece a felicidade que demos.
Hoje, não duvidaremos do Seu Amor por nós, nem questionaremos a Sua proteção e o Seu cuidado. Nenhuma ansiedade sem
significado pode vir para interferir na nossa fé e na nossa consciência da Sua Presença. Somos um com Ele, hoje, em reco-
nhecimento e lembrança. Nos O sentimos em nossos corações. Nossas mentes contêm os Seus pensamentos, nossos olhos
contemplam a Sua beleza em tudo o que olhamos. Hoje, vemos apenas o que é amoroso e amável.
Vemos isso nas aparências da dor e a dor dá lugar à paz. Vemos isso nos frenéticos, nos tristes e nos aflitos, nos solitários e
nos medrosos que são restaurados à tranqüilidade e à paz da mente na qual foram criados. É o que vemos nos moribundos e
nos mortos também, restaurando-os à vida. Vemos tudo isso porque o vimos primeiro dentro de nós mesmos.
Nenhum milagre jamais pode ser negado àqueles que sabem que são um com Deus. Nenhum dos seus pensamentos deixa de
ter o poder de curar todas as formas de sofrimento em qualquer pessoa, nos tempos que já passaram e nos tempos que ainda
estão por vir, com a mesma facilidade com que curam aqueles que atualmente caminham ao seu lado. Os seus pensamentos
são intemporais e estão à parte da distância e à parte do tempo.
Nós nos unimos nesta consciência ao dizermos que somos um com Deus. Pois, nestas palavras, também estamos dizendo que
estamos salvos e curados e como conseqüência podemos salvar e curar. Aceitamos e agora queremos dar. A razão disso é
querermos conservar as dádivas que nosso Pai nos deu. Hoje queremos vivenciar a nós mesmos em unidade com Ele para
que o mundo possa compartilhar o nosso reconhecimento da realidade. Em nossa experiência, o mundo é libertado. Ao ne-
garmos a nossa separação do nosso Pai, o mundo é curado junto conosco.
Que a paz esteja contigo hoje. Assegura a tua paz praticando a consciência de que és um com o teu Criador, assim como Ele é
um contigo. Em algum momento, hoje, quando te parecer melhor, dedica meia-hora ao pensamento de que és um com Deus.
Essa é a nossa primeira tentativa de empreender um período prolongado de prática para o qual não damos regras nem pala-

293
UM CURSO EM MILAGRES
vras especiais para guiar a tua meditação. Confiaremos que, hoje, a Voz de Deus falará assim como Ele achar melhor, certos
de que Ele não falhará. Permanece com ele durante essa meia hora. Ele fará o resto.
O teu benefício não será menor se acreditares que nada acontece. Podes não estar pronto para aceitar o que ganhaste no dia
de hoje. Entretanto, em algum momento, em algum lugar, isso virá a ti e não deixarás de reconhecê-lo quando despontar com
certeza na tua mente. Essa meia-hora será emoldurada em ouro e cada minuto será como um diamante cravado em volta do
espelho que esse exercício te oferecerá. E nele verás a face de Cristo refletindo a tua.
Talvez hoje, talvez amanhã, verás a tua própria transfiguração no vidro que essa santa meia-hora te oferecerá para que con-
temples a ti mesmo. Quando estiveres pronto, o acharás lá dentro da tua mente, esperando para ser achado. Então, lembrarás
o pensamento ao qual deste essa meia-hora e estarás ciente, com gratidão, de que nunca o tempo foi melhor aproveitado.
Talvez hoje, talvez amanhã, olharás para esse vidro e entenderás que a luz sem pecado que vês pertence a ti, que a beleza
que contemplas é a tua própria. Conta essa meia-hora como uma dádiva tua para Deus, na certeza de que o que Ele devolve-
rá será um senso de amor que não odes entender, uma alegria por demais profunda para a tua compreensão, uma vista por
demais santa para que os olhos do corpo a vejam. Entretanto, podes ter certeza de que algum dia, talvez hoje, talvez amanhã,
tu entenderás, compreenderás e verás.
Adiciona outras jóias à moldura dourada que enquadra o espelho que te é oferecido hoje, repetindo para ti mesmo a cada hora:
Que eu me lembre que sou um com Deus, em unidade com todos os meus irmãos e com o meu Ser, na santidade e na
paz que duram para sempre.

Em quietude recebo hoje o Verbo de Deus.


Que esse dia seja um dia de serenidade e de silenciosa escuta. Hoje, é Vontade de teu Pai que ouças o Seu Verbo. Ele te
chama das profundezas da tua mente onde Ele habita. Ouve-O, hoje. Nenhuma paz é possível até que o seu verbo seja ouvi-
do por todo o mundo, até que a tua mente, escutando silenciosamente, aceite a mensagem que o mundo tem que ouvir para
introduzir o quieto tempo da paz.
Esse mundo mudará através de ti. Nenhum outro meio pode salvá-lo, pois o Plano de Deus é simplesmente esse: O Filho de
Deus é livre para salvar-se; o Verbo de Deus lhe foi dado para ser o seu Guia, para estar sempre na sua mente e ao seu lado
para conduzi-lo com segurança à casa de seu Pai pela sua própria vontade, para sempre tão livre quanto a de Deus. Ele não é
conduzido pela força, mas só pelo amor. Ele não é julgado, apenas santificado.
Em serenidade hoje, ouviremos a Voz de Deus sem a intrusão de nossos pensamentos mesquinhos, sem nossos desejos
pessoais e sem qualquer julgamento do Seu santo Verbo. Não nos julgaremos hoje, pois o que somos não pode ser julgado.
Estamos à parte de todos os julgamentos que o mundo impôs sobre o Filho de Deus. O mundo não o conhece. Hoje não escu-
taremos o mundo, mas esperaremos em silêncio pelo Verbo de Deus.
Ouve, santo Filho de Deus, o teu Pai falar. A Sua Voz quer te dar o Seu Santo Verbo, para espalhar pelo mundo as boas-novas
da salvação e do tempo santo da paz. Reunimo-nos hoje no trono de Deus, o sereno lugar no interior da mente em que Ele
habita para sempre, na santidade que Ele criou e que nunca deixará.
Ele não esperou até que tu Lhe devolvesses a tua mente para te dar o Seu Verbo. Ele não Se escondeu de ti, enquanto pas-
saste algum tempo vagando longe Dele. Ele não alimenta as ilusões que tu manténs sobre ti mesmo. Ele conhece o Seu Filho
e a Sua Vontade é que esse permaneça como parte Dele, a despeito dos seus sonhos, a despeito da loucura de achar que a
sua própria vontade não lhe pertence.
Hoje Ele fala contigo. A Sua Voz aguarda o teu silêncio, pois o Seu Verbo não pode ser ouvido enquanto a tua mente não se
aquietar por um momento e os teus desejos sem significado não se calarem. Espera pelo Seu Verbo em quietude. Há em ti a
paz a ser invocada hoje, para ajudar a aprontar a tua mente mais santa para ouvir a Voz pelo Criador. Três vezes hoje, nos
momentos mais adequados para o silêncio, dá dez minutos que estarão à parte do tempo em que escutas o mundo, e ao invés
disso, escolhe escutar gentilmente o Verbo de Deus. Ele te fala de um lugar mais próximo de ti do que o teu coração. A Sua
Voz está mais perto do que a tua mão. O Seu Amor é tudo o que tu és e o que Ele é, o mesmo que tu e tu o mesmo que Ele.
É a tua voz que escutas quando Ele te fala. É o teu Verbo que Ele diz. É o Verbo da liberdade e da paz, da unidade da vontade
e de propósito, sem nenhuma separação ou divisão na Mente única do Pai e do Filho. Em quietude escuta o teu Ser hoje e
deixa-O dizer-te que Deus nunca deixou o Seu Filho e que tu nunca deixaste o teu Ser.
Apenas fica quieto. Não precisarás de nenhuma regra, a não ser essa: deixar que a tua prática de hoje te eleve acima do pensa-
mento do mundo e liberte a tua visão dos olhos do corpo. Apenas aquieta-te e escuta. Tu ouvirás o Verbo no qual a Vontade de
Deus Filho se une à Vontade de seu Pai, em unidade com ela, sem ilusões que se interpõem entre o que é totalmente indivisí-
vel e verdadeiro. Hoje, à passagem de cada hora, aquieta-te por um momento e lembra a ti mesmo de que tens um propósito
especial para esse dia: receber em quietude o Verbo de Deus.

Tudo o que dou é dado a mim mesmo.


A idéia de hoje, completamente alheia ao ego e ao pensamento do mundo, é crucial para a reversão de pensamento que esse
curso trará. Se acreditasses nesta declaração, o perdão completo, a certeza da meta e a orientação segura não seriam ne-
nhum problema. Compreenderias o meio pelo qual a salvação vem a ti e não hesitarias em usá-la agora.
Vamos considerar o que acreditas no lugar dessa idéia. Parece-te que as outras pessoas estão à parte de ti e que são capazes
de comportarem-se de maneira que não têm relação com os teus pensamentos, e nem os seus com os teus. Portanto, as tuas
atitudes não têm nenhum efeito sobre elas e os seus pedidos de ajuda não têm nenhuma relação com os teus. Pensas tam-
bém que elas podem pecar sem que isso afete a tua percepção de ti mesmo, enquanto tu podes julgar o seu pecado e ainda
assim permanecer à parte da condenação e em paz.
Quando ―perdoas‖ um pecado, não há nenhum ganho para ti diretamente. Fazes caridade para alguém que é indigno, apenas
para indicar que tu és melhor e que te achas num plano superior ao daquele a quem estás perdoando. Ele não ganhou a tua
tolerância caridosa, que concedes a alguém que não é digno da dádiva, pois os seus pecados o reduziram a uma condição

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UM CURSO EM MILAGRES
abaixo da verdadeira igualdade contigo. Ele não tem direito ao teu perdão. Esse oferece a ele uma dádiva, mas nada para ti
mesmo.
Dessa forma, o perdão é basicamente falho; é um capricho caridoso, benevolente mas imerecido, uma dádiva ora concedida,
ora negada. Como ele é imerecido é justo negá-lo e não é justo que devas sofrer quando ele é negado. O pecado que perdoas
não é o teu próprio. Alguém à parte de ti o cometeu. E se fores indulgente para com ele, dando-lhe o que ele não merece, a
dádiva não é tua, assim, como não era teu o seu pecado.
Se isso for verdadeiro, o perdão não tem base em que se apoiar com confiança e segurança. É uma excentricidade na qual tu,
às vezes, escolhes dar indulgentemente uma trégua imerecida. Entretanto, ficas com o teu direito de não deixar que o pecador
escape ao pagamento que é justificado pelo seu pecado. Pensas que o Senhor do Céu permitiria que a salvação do mundo
dependesse disso? O Seu cuidado por ti não seria de fato pequeno se a tua salvação se baseasse num capricho?
Tu não compreendes o perdão. Tal como o vês, ele é apenas uma repressão do ataque aberto, sem exigir correção na tua
mente. Tal como o percebes, ele não pode te dar paz. Não é um meio para liberar-te daquilo que vês em alguém que não é o
que tu és. Não tem o poder de restaurar a tua unidade com ele na tua consciência. Não é o que Deus pretendia que fosse
para ti.
Não tendo Lhe dado a dádiva que Ele te pede, não podes reconhecer as Suas dádivas e pensas que Ele não as deu. Mas,
pedir-te-ia Ele uma dádiva a menos que ela fosse para ti? Poderia Ele contentar-Se com gestos vazios e avaliar essas dádivas
tão mesquinhas como dignas do Seu Filho? A salvação é uma dádiva melhor do que essa. E o verdadeiro perdão, como meio
pelo qual é obtida, tem que curar a mente que dá, pois dar é receber. Aquilo que permanece sem ser recebido não foi dado,
mas o que foi dado não pode deixar de ser recebido.
Hoje, tentamos compreender a verdade segundo a qual o doador e o receptor são o mesmo. Precisarás de ajuda para fazer
com que isso seja significativo, por ser tão alheio aos pensamentos aos quais estás acostumado. Mas a Ajuda de que precisas
está aqui. Hoje, dá-Lhe tua fé e pede-Lhe que compartilhe da tua prática da verdade. E se apenas captares um diminuto vis-
lumbre da liberação que há na idéia que praticamos hoje, esse era um dia de glória para o mundo.
Dá quinze minutos duas vezes hoje à tentativa de compreender a idéia deste dia. É o pensamento através do qual o perdão
toma o seu lugar entre as tuas prioridades. É o pensamento que liberará a tua mente de todas as barreiras contra o significado
do perdão e deixará que reconheças o seu valor para ti.
Em silêncio fecha os olhos sobre o mundo que não compreende perdão e busca santuário no lugar quieto em que os pensa-
mentos são mudados e as falsas crenças postas de lado. Repete a idéia de hoje e pede ajuda para compreenderes o que ela
realmente significa. Que estejas disposto a ser ensinado. Fica contenta por ouvir a Voz da verdade e da cura falar contigo e
compreenderás as palavras que Ele diz e reconhecerás que Ele te diz as tuas próprias palavras.
Lembra-te sempre que puderes que hoje tens uma meta, um objetivo que faz com que esse dia seja especialmente valioso
para ti e para todos os teus irmãos. Não deixes a tua mente esquecer-se dessa meta por muito tempo, mas dize a ti mesmo:
Tudo o que dou é dado a mim mesmo. A ajuda que preciso para aprender que isso é verdadeiro está comigo agora. E
confiarei Nele.
Em seguida, passa um momento em quietude abrindo a tua mente para a Sua correção e o Seu amor. E o que ouvires Dele, tu
acreditarás, pois o que Ele dá será recebido por ti.

Não há nenhum amor exceto o de Deus.


Talvez penses que diferentes tipos de amor são possíveis. Talvez penses que há um tipo de amor para isso, outro para aquilo,
um modo de amar uma pessoa e ainda um modo de amar uma outra. O amor é um. O amor não tem partes separadas. Nem
intensidades diferentes, nele não há tipos ou níveis, divergências ou distinções. Ele é como ele mesmo, inteiramente imutável.
Nunca se altera com uma pessoa ou com uma circunstância. Ele é o Coração de Deus e também o de Seu Filho.
O significado do amor é obscuro para aquele que pensa que o amor pode mudar. Ele não vê que um amor mutável tem que ser
impossível. E assim, pensa que pode amar às vezes e às vezes odiar. Ele também pensa que o amor pode ser dado a um e
negado a outros e ainda assim permanecer sendo o que é. Acreditar nessas coisas sobre o amor é não compreendê-lo. Se o
amor pudesse fazer tais distinções, teria que julgar entre o justo e o pecador e perceber o Filho de Deus em partes separadas.
O amor não pode julgar. Sendo um em si mesmo, ele olha para tudo como um só. O seu significado está na unicidade. E tem
que eludir a mente que o considera parcial ou em partes. Não há nenhum amor exceto o de Deus e todo o amor é Dele. Não
há outro princípio eu domine onde o amor não está. O amor é uma lei sem opostos. A sua integridade é o poder que mantém
todas as coisas unas, o elo entre o Pai e o Filho que mantém a Ambos para sempre como o mesmo.
Nenhum curso cujo propósito seja o de te ensinar a lembrar-te do que realmente és, poderia falhar em enfatizar que nunca
poderia haver nenhuma diferença entre o que realmente és e o que é o amor. O significado do amor é o teu próprio, e é com-
partilhado pelo próprio Deus. Pois o que tu és, é o que Ele é. Não há nenhum amor a não ser o de Deus e o que Ele é, é tudo
o que há. Nenhum limite é imposto a Ele e, assim, tu também és ilimitado.
Nenhuma lei que o mundo obedeça pode ajudar-te a apreender o significado do amor. O que o mundo acredita foi feito para
esconder o significado do amor e para mantê-lo no escuro e secreto. Não há nenhum princípio que o mundo defenda que não
viole a verdade do que é o amor e também do que tu és.
Não busques achar o teu Ser dentro desse mundo. O Amor não pode ser achado na escuridão e na morte. No entanto, ele é
perfeitamente aparente aos olhos que vêem e os ouvidos que ouvem a Voz do amor. Hoje, praticamos fazer com que a tua
mente seja livre de todas as leis que pensas ter que obedecer, de todos os limites sob os quais vives e de todas as mudanças
que pensas serem parte do destino humano. Hoje, vamos dar o maior passo que esse curso requer no teu avanço em direção
à meta que ele estabelece.
Hoje, se conseguires o menor vislumbre que seja do que o amor significa, terás percorrido uma distância imensurável e avan-
çado no tempo mais do que se pode contar em anos para a tua liberação. Vamos juntos, então, ficar contentes em dar algum
tempo a Deus hoje, e compreender que o tempo não pode ser melhor utilizado.

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UM CURSO EM MILAGRES
Hoje por duas vezes, durante quinze minutos, escapa de todas as leis nas quais acreditas agora. Abre a tua mente e descansa.
O mundo que parece manter-te prisioneiro não pode prender todo aquele que não lhe dá valor. Retira todo o valor que tens
dado às suas parcas oferendas e às suas dádivas sem sentido, e deixa que a dádiva de Deus substitua a todas.
Chama pelo teu Pai, certo de que a Sua Voz responderá. Ele próprio prometeu isso. E Ele próprio depositará uma centelha de
verdade no interior da tua mente toda vez que desistires de uma crença falsa, de uma ilusão escura a respeito da tua própria
realidade e do que o amor significa. Ele brilhará hoje através dos teus pensamentos vãos e ajudar-te-á a compreender a ver-
dade do amor. Com amorosa gentileza Ele habitará contigo à medida em que permitires que a Sua Voz ensine o significado do
amor à tua mente limpa e aberta. E Ele abençoará a lição com o Seu Amor.
Hoje, a lição dos futuros anos de espera pela salvação desaparece diante da intemporalidade do que aprendes. Vamos dar
graças hoje, por estarmos sendo poupados de um futuro como o passado. Hoje, deixamos o passado para trás, para nunca
mais ser lembrado. E erguemos os olhos para um presente diferente, no qual desponta um futuro diverso do passado em to-
dos os aspectos.
Na infância o mundo é recém-nascido. E vigiaremos para que ele cresça em saúde e força, para distribuir a sua bênção a todos
aqueles que vêm aprender a pôr de lado o mundo que pensavam ter sido feito no ódio para ser o inimigo do amor. Agora, to-
dos eles são libertados junto conosco. Agora, todos são nossos irmãos no Amor de Deus.
Lembrar-nos-emos deles ao longo do dia, pois não podemos deixar uma parte de nós fora do nosso amor se quisermos conhe-
cer o nosso Ser. Pelo menos três vezes a cada hora, pensa em alguém que faz a jornada contigo e que veio para aprender o
que tu tens que aprender. E quando ele vier à tua mente, dá a ele essa mensagem do teu ser:
Eu te abençôo, irmão, com o Amor de Deus, que eu quero compartilhar contigo. Pois eu quero aprender a lição feliz de
que não há nenhum amor a não ser o de Deus e o teu e o meu e o de todos.

O mundo que vejo não contém nada do que eu quero.


O mundo que vês não te oferece nada do que precisas, nada que te possa ser de algum modo útil a ti e absolutamente nada
que sirva para te dar alegria. Acredita nesse pensamento e serás salvo de anos de miséria, de inúmeros desapontamentos e
de esperanças que se tornam amargas cinzas de desespero. Ninguém pode deixar de aceitar esse pensamento como verda-
deiro, se quiser deixar o mundo para trás e elevar-se acima de suas mesquinhas dimensões e de seus caminhos curtos.
Aqui, cada coisa que valorizas não passa de uma corrente que te prende ao mundo e não servirá a nenhum outro fim senão
esse. Pois tudo não pode deixar de servir ao propósito que tu lhe dás, até que vejas lá um propósito diferente. O único propó-
sito digno da tua mente que o mundo contém é o de que passes por ele sem te deteres para perceber alguma esperança onde
não há nenhuma. Não te enganes mais. O mundo que vês não contém nada do que queres.
Hoje, escapa das correntes que colocas na tua mente quando percebes a salvação aqui. Pois aquilo que valorizas, fazes com
que seja parte de ti na tua percepção de ti mesmo. Todas as coisas que buscas para fazer com que o teu valor seja maior aos
teus olhos te limitam ainda mais, escondem de ti o teu próprio valor e acrescentam mais um obstáculo diante da porta que
conduz à verdadeira consciência do teu Ser.
Não deixes que nada que se relacione com pensamentos do corpo detenha o teu progresso em direção à salvação, nem per-
mitas a tentação de acreditar que o mundo contém algo que queiras a fim de deter-te. Não há nada aqui para apreciar. Nada
aqui vale um instante de atraso e de dor, um momento de incerteza e de dúvida. Aquilo que não tem valor nada oferece. A
certeza acerca do que tem valor não pode ser achada onde não há valor algum.
Hoje praticamos abandonar todos os pensamentos acerca dos valores que temos dado ao mundo. Vamos deixá-lo livre dos
propósitos que demos aos seus aspectos, suas fases e seus sonhos. Vamos mantê-lo sem propósito dentro de nossas mentes
e soltá-lo de tudo o que desejamos que fosse. Assim erguemos as correntes que obstruem a porta pela qual temos que passar
para que possamos nos libertar do mundo e vamos além de todos os pequenos valores e metas menores.
Aquieta-te e fica em paz por um momento e vê o quanto te ergues acima do mundo quando liberas a tua mente das correntes e
a deixas buscar o nível em que se acha em casa. Ela ficará agradecida por ser livre por algum tempo. Ela conhece o seu lu-
gar. Apenas liberta as suas asas e voará na certeza e na alegria para unir-se ao seu santo propósito. Deixa-a descansar no
seu Criador para que seja restaurada à sanidade, à liberdade e ao amor.
Dá-lhe dez minutos de descanso por três vezes hoje. E depois quando os teus olhos se abrirem, não valorizarás coisa alguma
do que vires tanto quanto da última vez que olhaste para ela. Toda a tua perspectiva do mundo se deslocará um pouco mais a
cada vez que deixares a tua mente escapar de suas correntes. O mundo não é o seu lugar. E o teu lugar é aonde ela quer
estar, aonde vai descansar quando a liberas do mundo. O teu Guia é seguro. Abre a tua mente para Ele. Aquieta-te e descan-
sa.
Protege a tua mente ao longo do dia também. E quando pensares que vês algum valor em um aspecto ou em uma imagem do
mundo, recusa-te a colocar essa corrente sobre a tua mente, mas dize a ti mesmo com serena certeza:
Não serei tentado a me atrasar por isso.
O mundo que vejo não contém nada do que eu quero.

Além desse mundo há um mundo que eu quero.


Esse é o pensamento que se segue àquele que praticamos ontem. Tu não podes deter-te na idéia de que o mundo é sem valor,
pois se não vires que existe algo mais por que esperar, só ficarás deprimido. A nossa ênfase não está em desistir do mundo,
mas em trocá-lo pelo que é muito mais satisfatório, cheio de alegria e capaz de te oferecer paz. Pensas que esse mundo pode
te oferecer isso?
Talvez valha a pena dedicares um breve período de tempo para pensar uma vez mais sobre o valor desse mundo. Talvez admi-
tas que não há perda em abandonar qualquer pensamento de valor aqui. O mundo que vês é de fato sem misericórdia, instá-
vel, cruel, indiferente a ti, rápido na vingança e implacável em seu ódio. Ele só dá para tirar e leva embora todas as coisas que
te foram caras por um momento. Nenhum amor duradouro é encontrado, pois não há nenhum aqui. Esse é o mundo do tempo,
em que todas as coisas chegam ao fim.
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UM CURSO EM MILAGRES
Será uma perda achar, ao invés desse, um mundo em que é impossível perder? Em que o amor dura para sempre, o ódio não
pode existir e a vingança não tem significado? Será uma perda achar todas as coisas que realmente queres e saber que elas
não têm fim e que permanecerão exatamente como as queres através do tempo? Porém, até mesmo estas coisas serão fi-
nalmente trocadas por algo de que não podemos falar, pois daí em diante vais para um lugar em que as palavras fracassam
inteiramente, para um silêncio no qual a linguagem não é falada mas certamente compreendida.
A comunicação, sem ambigüidades e clara como o dia, permanece ilimitada por toda a eternidade. E o próprio Deus fala com o
Seu Filho como o Seu Filho fala com Ele. A Sua linguagem não tem palavras, pois o que dizem não pode ser simbolizado. O
Seu conhecimento é direto, totalmente compartilhado e totalmente uno. Como tu, que permaneces preso a esse mundo, estás
longe disso! E, no entanto, como estás perto quando o trocas pelo mundo que queres.
Agora, o último passo é certo, agora, estás a um instante da intemporalidade. Daqui só podes olhar para frente, nunca mais
para trás, para ver de novo o mundo que não queres. Aqui está o mundo que vem tomar o lugar do outro, à medida que soltas
a tua mente das pequenas coisas que o mundo apresenta para manter-te prisioneiro. Não lhes dês valor e desaparecerão.
Estima-as e te parecerão reais.
Tal é a escolha. O que podes perde ao escolheres não dar valor ao nada? Esse mundo não contém nada do que realmente
queres, mas o que escolhes em seu lugar é o que, de fato, queres! Deixa que ele te seja dado hoje. Ele só está à espera de
que o escolhas, para tomar o lugar de todas as coisas que buscas, mas não queres. Pratica a tua disponibilidade para fazer
essa troca durante dez minutos pela manhã e à noite e uma vez mais entre uma e outra. Começa com isso:
Além desse mundo há um mundo que eu quero. Escolho ver esse outro mundo ao invés desse, pois aqui não há nada
do que eu realmente quero.
Em seguida, fecha os teus olhos sobre o mundo que vês e na escuridão silenciosa observa as luzes que não são desse mundo
iluminarem-se, uma por uma, até que o lugar onde uma começa e a outra termina perca todo o significado à medida que elas
se fundem em uma só.
Hoje, as luzes do Céu se inclinam para ti, para brilhar sobre as tuas pálpebras enquanto descansas além do mundo da escuri-
dão. Aqui está a luz que os teus olhos não podem contemplar. E, no entanto, a tua mente pode vê-la com clareza e pode com-
preender. Hoje, um dia de graça te é dado e nós agradecemos. Nesse dia reconhecemos que aquilo que temias perder era
apenas a perda.
Agora compreendemos que não há perda. Pois enfim vimos o seu oposto e estamos gratos porque foi feita a escolha. Lembra-
te da tua decisão a cada hora e reserva um momento para confirmar a tua escolha, deixando de lado quaisquer pensamentos
que tenhas e considerando brevemente apenas isso:
O mundo que vejo não contém nada do que quero.
Além desse mundo há um mundo que eu quero.

É impossível ver dois mundos.


A percepção é consistente. O que vês reflete o teu pensamento. E o teu pensamento apenas reflete a tua escolha do que que-
res ver. Os teus valores são determinantes disso, pois não podes deixar de querer ver o que valorizas, acreditando que o que
vês existe realmente. Ninguém pode ver um mundo ao qual a sua mente não tenha dado valor. E ninguém pode falhar em
contemplar aquilo que acredita querer.
Mas quem pode realmente odiar e amar ao mesmo tempo? Quem pode desejar o que não quer que tenha realidade? E quem
pode escolher ver um mundo do qual tenha medo? O medo necessariamente cega, pois essa é a sua arma: aquilo que tens
medo de ver, tu não podes ver. Assim o amor e a percepção vão de mãos dadas, mas o medo obscurece o que existe com a
escuridão.
Assim sendo, o que pode o medo projetar sobre o mundo? O que pode ser visto na escuridão que seja real? A verdade é eclip-
sada pelo medo e o que permanece é apenas imaginado. Mas o que pode ser real nas cegas imaginações nascidas do pâni-
co? O que poderias querer para que isso te seja mostrado? O que poderias desejar conservar em tal sonho?
O medo tem feito tudo o que pensas ver. Toda separação, todas as distinções e a multidão de diferenças que fazem o mundo
segundo as tuas crenças. Elas não existem. O inimigo do amor as inventou. Mas o amor não pode ter nenhum inimigo e as-
sim, elas não têm causa, não são nada, nem tem conseqüência. Podem ser valorizadas, mas permanecem irreais. Podem ser
buscadas, mas não podem ser achadas. Hoje não as buscaremos, nem desperdiçaremos esse dia em busca do que não pode
ser achado.
É impossível ver dois mundos que não coincidem de modo algum. Busca um deles, o outro desaparece. Mas um permanece.
Eles constituem o raio de escolha, além do qual a tua decisão não pode ir. Só há o real e o irreal entre os quais escolher e
nada mais.
Hoje tentaremos não fazer transigências onde nenhuma é possível. O mundo que vês é uma prova de que já fizeste uma esco-
lha tão abrangente quanto o seu oposto. O que queremos aprender hoje é mais do que apenas a lição de que não podes ver
dois mundos. Ela também ensina que o mundo que vês é bastante consistente do ponto de vista do qual o vês. Todo ele é
uma peça única pois brota de uma única emoção e reflete a sua fonte em tudo o que vês.
Hoje, por seis vezes, em agradecimento e gratidão, damos com contentamento cinco minutos ao pensamento que põe fim a
toda transigência e toda dúvida e vamos além de todas elas como se fossem uma só. Não faremos mil distinções sem signifi-
cado, nem tentaremos trazer conosco uma pequena parte da irrealidade ao dedicarmos as nossas mentes a achar apenas o
que é real.
Dá início à tua busca do outro mundo pedindo uma força além da tua e reconhecendo o que é que buscas. Não queres ilusões.
E vens para estes cinco minutos esvaziando as tuas mãos de todos os tesouros mesquinhos desse mundo. Tu esperas que
Deus te ajude, ao dizeres:
É impossível ver dois mundos. Que eu aceite a força que Deus me oferece e não veja nenhum valor nesse mundo para
que eu possa achar a minha liberdade e liberação.

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UM CURSO EM MILAGRES
E Deus estará presente. Pois invocaste o grande Poder infalível Que dará esse passo gigantesco contigo em gratidão. E não
falharás em ver os Seus agradecimentos expressos em tangível percepção e verdade. Não duvidarás daquilo que contempla-
res, pos embora seja percepção, não é do tipo que os teus olhos jamais tenham visto antes por si mesmos. E saberás que a
força de Deus te amparou quando fizeste esta escolha.
Hoje descarta a tentação com facilidade toda vez que ela surgir simplesmente lembrando-te dos limites da tua escolha. O irreal
ou o real, o falso ou o verdadeiro, é o que vês e só o que vês. A percepção é consistente com a tua escolha e o inferno ou o
Céu vem a ti em unidade com ela.
Aceita uma pequena parte do inferno como real e terás condenado os teus olhos e amaldiçoado a tua vista e o que contempla-
rás é de fato o inferno. Mas a liberação do Céu ainda permanece dentro do teu raio de escolha, para tomar o lugar de tudo o
que o inferno quer te mostrar. Tudo o que precisas dizer a qualquer parte do inferno, seja qual for a forma que tome, é sim-
plesmente isso:
É impossível ver dois mundos. Busco a minha liberdade e liberação, e isso não faz parte do que eu quero.

Aquele que busca a verdade não pode falhar.


O fracasso está em tudo à tua volta quando buscas metas que não podem ser conseguidas. Procuras permanência no imper-
manente, o amor onde não há nenhum, a segurança em meio ao perigo, a imortalidade dentro da escuridão do sonho da mor-
te. Quem poderia ter sucesso onde a contradição é o cenário da sua busca e o lugar aonde vem para achar estabilidade?
Metas sem significado não são atingidas. Não há nenhum modo de alcançá-las, pois os meios pelos quais lutas por elas são
tão sem significado quanto elas próprias; quem pode usar tais meios sem sentido e esperar ganhar alguma coisa através de-
les? Aonde podem conduzir? E o que poderiam conseguir que oferecesse qualquer esperança de ser real? A procura do ima-
ginado conduz à morte, porque é a busca do nada e enquanto buscas a vida pedes a morte. Procuras estar a salvo e em se-
gurança, enquanto em teu coração rezas pelo perigo e pela proteção do pequeno sonho que fizeste.
No entanto, a busca é inevitável aqui. Foi para isso que vieste e certamente farás o que é a razão da tua vinda. Mas o mundo
não pode ditar a meta que buscas, a menos que lhe dês o poder de fazê-lo. Caso contrário, ainda és livre para escolher uma
meta que esteja além do mundo e de todo pensamento mundano e que te venha de uma idéia que abandonaste, mas que
ainda é lembrada, uma idéia velha e no entanto nova, um eco de uma herança esquecida, mas que contém tudo o que real-
mente queres.
Fica contente por teres que buscar. Fica contente também por aprenderes que estás em busca do Céu e que não podes deixar
de achar a meta que realmente queres. Ninguém pode falhar ao querer essa meta e alcançá-la no final. O Filho de Deus não
pode buscar em vão, embora ele tente forçar um atraso, enganar a si mesmo e pensar que é o inferno que ele busca. Quando
está errado, ele acha a correção. Quando se desvia, é conduzido de volta à tarefa que lhe foi designada.
Ninguém permanece no inferno, pois ninguém pode abandonar o Seu Criador, nem afetar o Seu Amor perfeito, intemporal e
imutável. Acharás o Céu. Tudo o que buscas se perderá, menos isso. Mas não por ter sido tirado de ti. Desaparecerá porque
não o queres. É tão certo que alcançarás a meta que realmente queres, quanto é certo que Deus te criou na impecabilidade.
Por que esperar pelo Céu? Ele está aqui hoje. O tempo é a grande ilusão, ele é passado ou futuro. Mas isso não pode ser
assim, se é onde a Vontade de Deus determina que o Seu Filho esteja. Como poderia a Vontade de Deus estar no passado ou
ainda por acontecer? O que a Vontade de Deus determina é agora, sem um passado, e totalmente sem futuro. Está tão distan-
te do tempo quanto a distância que há entre uma diminuta vela e uma estrela longínqua ou entre o que escolheste e o que
realmente queres.
O Céu permanece como a tua única alternativa para esse estranho mundo que fizeste e todos os seus caminhos, os seus
padrões mutáveis e suas metas incertas, seus prazeres dolorosos e suas alegrias trágicas. Deus não fez nenhuma contradi-
ção. Aquilo que nega a própria existência e ataca a si mesmo não vem Dele. Ele não fez duas mentes, com o Céu como o feliz
resultado de uma delas e a terra a triste conseqüência da outra, que é em tudo o oposto do Céu.
Deus não sofre nenhum conflito. A Sua criação tampouco está dividida em duas. Como poderia o Seu Filho estar no inferno se
o próprio Deus o estabeleceu no Céu? Poderia ele perder o que a Vontade Eterna lhe deu para ser o seu lar para sempre?
Não tentemos mais impor uma vontade alheia ao propósito único de Deus. Ele está aqui porque é a Sua Vontade estar e aqui-
lo que é a Vontade de Deus está presente agora, além do alcance do tempo.
Hoje não escolheremos um paradoxo em lugar d verdade. Como poderia o Filho de Deus fazer o tempo para afastar a Vontade
de Deus? Assim ele nega a si próprio e contradiz aquilo que não tem oposto. Ele pensa que fez um inferno em oposição ao
Céu e acredita que habita no que não existe, enquanto o Céu é o lugar que ele não pode achar.
Hoje deixa para trás pensamentos tolos como esses e, em vez disso, volta a tua mente para idéias verdadeiras. Aquele que
busca alcançar a verdade não pode falhar, e é a verdade que buscamos alcançar nesse dia. Dedicaremos dez minutos a essa
meta por três vezes hoje, e pediremos para ver a ascensão do mundo real substituir as tolas imagens que valorizamos por
idéias verdadeiras que se erguem no lugar de pensamentos que não têm significado, nem qualquer efeito e nem sequer fonte
ou substância na verdade.
Reconhecemos isso ao iniciarmos os nossos períodos de prática. Começa com isso:
Peço para ver um mundo diferente e ter um tipo de pensamento diferente daqueles que fiz. Não fiz sozinho o mundo
que busco, os pensamentos que quero ter não são os meus.
Durante alguns minutos vigia a tua mente e vê, embora os teus olhos estejam fechados, o mundo sem sentido que pensas ser
real. Revê também os pensamentos que são compatíveis com tal mundo, os quais pensas serem verdadeiros. Então, abando-
na-os e mergulha abaixo deles, em um lugar santo aonde não podem entrar. Abaixo deles há uma porta na tua mente que não
podes trancar por completo para esconder o que está além.
Busca essa porta e acha-a. Mas, antes de tentar abri-la lembra-te de que aquele que busca alcançar a verdade não pode fa-
lhar. E é esse o pedido que fazes hoje. Nada além disso tem qualquer significado agora, nenhuma outra meta tem valor ou é
buscada, nada há antes da porta que tu realmente queiras e só buscas o que está depois dela.

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UM CURSO EM MILAGRES
Estende a tua mão e vê como essa porta se abre facilmente, apenas com a tua intenção de ir além. Anjos iluminam o caminho
de modo que a escuridão se desvanece e tu te achas numa luz tão brilhante e clara que podes compreender todas as coisas
que vês. Talvez um momento diminuto de surpresa fará com que pares antes de reconhecer que o mundo que vez na luz, di-
ante de ti, reflete a verdade que conhecias e não esqueceste totalmente nas tuas divagações em sonhos.
Hoje não podes falhar. Lá, o Espírito que o Céu te enviou para que pudesses aproximar-te dessa porta algum dia, caminha
contigo e com a Sua ajuda podes passar por ela sem esforço, para a luz. Hoje esse dia veio. Hoje Deus cumpre a Sua antiga
promessa feita a Seu Filho santo, assim como o Seu Filho lembra-Se daquela que fez a Ele. Esse é um dia de contentamento,
pois viemos à hora e ao local marcados onde acharás a meta de toda a tua procura aqui e de toda a busca do mundo que,
juntas, chegam ao fim quando passas além dessa porta.
Lembra-te com freqüência que hoje deve ser um dia de especial contentamento e evita pensamentos sombrios e lamentações
sem significado. O tempo da salvação veio. O próprio Céu estabeleceu o dia de hoje como um tempo de graças para ti e para
o mundo. Se te esqueceres deste fato feliz, lembra a ti mesmo com isso:
Hoje busco e acho tudo o que eu quero.
O meu único propósito me oferece isso.
Aquele que busca alcançar a verdade não pode falhar.

Libero o mundo de tudo aquilo que eu pensava que fosse.


O que mantém o mundo acorrentado senão as tuas crenças? E o que pode salvar o mundo, exceto o teu Ser? A crença é, de
fato, poderosa. Os pensamentos que manténs são poderosos e as ilusões são tão fortes em seus efeitos quanto a verdade.
Um louco pensa que o mundo que vê é real e não duvida disso. Ele não pode ser influenciado pelo questionamento dos efei-
tos de seus pensamentos. A esperança da liberdade só lhe vem quando finalmente a fonte de seus pensamentos é posta em
questão.
No entanto, a salvação pode ser conseguida com facilidade, pois qualquer um é livre para mudar a sua mente e com ela mudar
todos os seus pensamentos. Agora a fonte do pensamento foi deslocada, pois mudar a tua mente significa que mudaste a
fonte de todas as idéias que pensas ou jamais pensaste ou ainda pensarás. Liberta o passado daquilo que pensavas anteri-
ormente. Liberta o futuro de todos os antigos pensamentos de busca do que não queres achar.
Agora, o único tempo que resta é o presente. É aqui, no presente, que o mundo é posto em liberdade. Pois, quando deixas que
o passado se dissipe e liberas o futuro de todos os teus antigos medos, achas um modo de escapar e o dás ao mundo. Escra-
vizaste o mundo com todos os teus medos, as tuas dúvidas e misérias, a tua dor e as tuas lágrimas e todos os teus pesares
pressionam e mantêm o mundo prisioneiro de tuas crenças. A morte o ataca de todos os lados, porque manténs amargos pen-
samentos de morte dentro da tua mente.
O mundo, em si, não é nada. A tua mente tem que dar significado a ele. E o que contemplas nele são os teus desejos encena-
dos para que possas olhar para eles e pensar que são reais. Talvez penses que não fizeste o mundo, mas que vieste contra a
tua vontade ao que já havia sido feito, dificilmente esperando que os teus pensamentos pudessem lhe dar significado. Entre-
tanto, na verdade, achaste exatamente aquilo que procuravas quando vieste.
Não há outro mundo à parte daquele que desejas e nisso está a tua liberação suprema. É só mudar a tua mente quanto ao que
queres ver e todo o mundo tem que mudar em conseqüência. Idéias não deixam a sua fonte. Esse tema central é declarado
com freqüência no livro texto e tem que ser mantido em mente se quiseres compreender a lição para o dia de hoje. Não é o
orgulho que te diz que fizeste o mundo que vês e que ele muda à medida que mudas a tua mente.
Mas é o orgulho que argumenta que vieste a um mundo que é bastante separado de ti mesmo, impermeável àquilo que pensas
e bem à parte do que possas pensar que ele seja. Não há nenhum mundo! Esse é o pensamento central que o curso tenta
ensinar. Nem todos estão prontos para aceitá-lo e cada um tem que ir tão longe quanto possa se permitir ser conduzido ao
longo da estrada para a verdade. Ele voltará e irá ainda mais adiante, ou talvez recue por um momento para retornar outra
vez.
Mas a cura é a dádiva daqueles que estão preparados para aprender que não existe nenhum mundo e que podem aceitar a
lição agora. A sua prontidão para isso lhes trará a lição sob alguma forma que possam compreender e reconhecer. Alguns a
vêem subitamente, à beira da morte, e erguem-se para ensiná-la. Outros acham-na em uma experiência que não é desse
mundo, que lhes mostra que o mundo não existe porque o que contemplam tem que ser a verdade e, no entanto, contradiz
claramente o mundo.
E alguns achá-la-ão nesse curso e nos exercícios que fazemos hoje. A idéia de hoje é verdadeira, porque o mundo não existe.
E se, de fato, o mundo for a tua própria imaginação, então podes soltá-lo de todas as coisas que jamais pensaste que ele fos-
se, apenas mudando todos os pensamentos que lhe deram essas aparências. Os doentes são curados quando abandonas
todos os pensamentos de doença e os mortos ressuscitam quando deixas os pensamentos de vida substituírem todos os pen-
samentos de morte que jamais tiveste.
Uma lição anterior já repetida uma vez tem que ser novamente enfatizada agora, pois contém o sólido fundamento para a idéia
de hoje. Tu és como Deus te criou. Não há lugar algum onde possas sofrer, nem tempo algum que possa trazer qualquer mu-
dança ao teu estado eterno. Como pode existir um mundo de tempo e lugar, se tu permaneces tal como Deus te criou?
O que é a lição para o dia de hoje, senão um outro modo de dizer que conhecer o teu Ser é a salvação do mundo? Libertar o
mundo de todo tipo de dor é apenas mudar a tua mente sobre ti mesmo. Não existe nenhum mundo à parte das tuas idéias
porque as idéias não deixam a sua fonte e tu manténs o mundo dentro da tua mente em pensamento.
No entanto, se és tal como Deus te criou, não podes pensar à parte Dele, nem fazer o que não compartilhe da Sua intemporali-
dade e do Seu Amor. Estas coisas são inerentes ao mundo vês? Esse mundo cria como Ele? Se não o fizer, não é real e não
pode ser em absoluto. Se tu és real, o mundo que vês é falso, pois o mundo não é como a criação de Deus em todos os seus
aspectos. E do mesmo modo como foste criado pelo Seu Pensamento, foram os teus pensamentos que fizeram o mundo e
têm que libertá-lo para que possas conhecer os Pensamentos que compartilhas com Deus.

299
UM CURSO EM MILAGRES
Libera o mundo! As tuas criações reais esperam por essa liberação para te dar a paternidade, não de ilusões, mas como Deus
na verdade. Deus compartilha a Sua Paternidade contigo, que és o Seu Filho, pois Ele não faz distinções entre o que é Ele
Mesmo e o que ainda é Ele. O que Ele cria não está à parte Dele, e em lugar algum o Pai chega ao fim para dar início ao Filho
como algo separado de Si Mesmo.
Não existe nenhum mundo porque ele é um pensamento à parte de Deus, feito para separar o Pai e o Filho e arrancar uma
parte do próprio Deus para assim destruir a Sua Integridade. Um mundo vindo dessa idéia pode ser real? Pode estar em al-
gum lugar? Nega as ilusões, mas aceita a verdade. Nega que sejas uma sombra deixada por um momento sobre um mundo
agonizante. Libera a tua mente e contemplarás um mundo liberado.
O nosso propósito hoje é o de libertar o mundo de todos os pensamentos vãos que jamais mantivemos a respeito dele e de
todas as coisas vivas que vemos sobre ele. Não podem estar aí. E nós também não podemos. Pois estamos no lar que o nos-
so Pai estabeleceu para nós, junto com elas. E nós, que somos como Ele nos criou, nesse dia queremos liberar o mundo de
cada uma das nossas ilusões para que possamos ser livres.
Começa os períodos de quinze minutos nos quais hoje praticamos por duas vezes com isso:
Eu, que permaneço tal como Deus me criou, quero liberar o mundo de tudo o que eu pensei que ele fosse. Pois sou real
porque o mundo não o é, e quero conhecer a minha própria realidade.
Em seguida, apenas descansa, atento mas sem tensão, e deixa a tua mente ser mudada em quietude para que o mundo seja
libertado junto contigo. Não precisas reconhecer que a cura vem a muitos irmãos do outro lado do mundo, assim como àque-
les que vês por perto quando envias estes pensamentos para abençoar o mundo. Mas sentirás a tua própria liberação, embora
ainda não possas compreender inteiramente que nunca poderias ser liberado sozinho.
Ao longo do dia, aumenta a liberdade transmitida a todo o mundo através das tuas idéias e dize sempre que te sentires tentado
a negar o poder da simples mudança da tua mente:
Libero o mundo de tudo o que eu pensava que fosse, e em vez disso escolho a minha própria realidade.

Não darei valor às coisas que não têm valor.


Às vezes, no ensino há benefício em trazer o aluno de volta a interesses práticos, particularmente depois de teres ensinado o
que parece ser teórico e distante do que o aluno já aprendeu. É o que faremos hoje. Hão falaremos de elevadas idéias que
abrangem o mundo, mas, ao invés, disso nos deteremos nos benefícios para ti.
Tu não pedes muito da vida, mas pouco demais. Quando deixas que tua mente seja atraída para o que concerne ao corpo, por
coisas que compras, por prestígio tal como é valorizado pelo mundo, estás pedindo o pesar e não a felicidade. Esse curso não
tenta tirar de ti o pouco que tens. Não tenta substituir as satisfações que o mundo contém com idéias utópicas. Não há ne-
nhuma satisfação no mundo.
Hoje vamos enumerar os critérios reais pelos quais pode-se testar tudo aquilo que pensas querer. Se não preencherem esses
requisitos básicos, não são dignos de serem desejados de forma alguma, pois só podem ocupar o lugar daquilo que oferece
mais. Não podes fazer as leis que governam a escolha, da mesma forma que não podes inventar alternativas entre as quais
escolher. O que podes fazer é escolher, aliás, é o que tens que fazer. Mas é sábio aprender as leis que pões em movimento
ao escolheres e as alternativas entre as quais escolhes.
Já enfatizamos que só existem duas alternativas, independente de quantas pareçam haver. O raio de ação foi estabelecido e
isso nós não podemos mudar. Seria muito pouco generoso para contigo deixar que as alternativas fossem ilimitadas e, assim,
protelar a tua escolha final até que tivesses considerado todas elas no tempo, ao invés de seres trazido de forma tão clara ao
lugar onde só há uma escolha que não pode deixar de ser feita.
Outra lei benigna relacionada a isso, é que não há transigências naquilo que a tua escolha necessariamente traz. Ela não pode
te dar só um pouco, pois não há meio termo. Cada escolha que fazes te traz tudo ou nada. Portanto, se aprenderes os testes
pelos quais podes distinguir o tudo do nada, farás a melhor escolha.
Primeiro, se escolheres uma coisa que não vá durar para sempre, o que escolhes não tem valor. Um valor temporário não tem
nenhum valor. O tempo nunca poderá tirar um valor que é real. Aquilo que murcha e morre nunca existiu e não faz nenhuma
oferenda àquele que o escolhe. Ele é enganado pelo nada sob uma forma da qual pensa gostar.
Em seguida, se escolheres tirar alguma coisa de alguém, não ficarás com nada. Isso porque ao negares o seu direito a todas
as coisas, negaste o teu próprio. Portanto, não reconhecerás as coisas que realmente tens, negando que elas existam. Aquele
que busca tirar foi enganado pela ilusão de que a perda pode oferecer o ganho. Mas a perda não pode deixar de oferecer per-
da, e nada mais.
A tua próxima consideração é aquela em que se baseiam as outras. Por que a escolha que fazes tem valor para ti? O que atrai
a tua mente para ela? A que propósito ela serve? É aqui que se é mais facilmente enganado. Pois o ego falha em reconhecer
o que quer. Ele nem diz a verdade tal como a percebe, pois precisa manter a auréola que usa para proteger as suas metas,
não deixando que fiquem manchadas e enferrujadas para que possas ver o quanto ele é ―inocente‖.
No entanto, a sua camuflagem é um verniz fino que só pode enganar àqueles que se contentam em ser enganados. As suas
metas são óbvias para qualquer um que se dê ao trabalho de procurá-las. Aqui, o engano é duplo, pois aquele que é engana-
do não perceberá que apenas falhou em ganhar. Ele acreditará que serviu às metas ocultas do ego.
Mas, embora ele tente manter a auréola do ego com clareza na própria visão, não pode deixar de perceber as suas bordas
manchadas e o seu núcleo enferrujado. Os seus equívocos sem efeito lhe parecerão pecados, pois olha para essa mancha
como se fosse sua, e para a ferrugem como um sinal de uma profunda falta de valor dentro de si mesmo. Aquele que ainda
preserva as metas do ego e as serve como suas, não comete equívocos segundo os ditames do seu guia. Esse guia ensina
que é um erro acreditar que pecados não passam de equívocos, pois quem sofreria pelos seus pecados se assim fosse?
E, assim, vimos ao critério de escolha mais difícil de se acreditar, pois a sua evidência está encoberta por muitos níveis de
obscuridade. Se sentes qualquer culpa pela tua escolha, permitiste que as metas do ego se interpusessem entre as alternati-
vas reais. E, assim, não reconheces que só há duas e a alternativa que pensas ter escolhido te parece amedrontadora e por
demais perigosa para ser o nada que, de fato, é.
300
UM CURSO EM MILAGRES
Todas as coisas têm ou não valor, são ou não são dignas de serem buscadas seja como for; são inteiramente desejáveis ou
não valem o menor esforço para obtê-las. Escolher é fácil só por causa disso. A complexidade nada mais é do que um véu de
fumaça que esconde o fato muito simples de que nenhuma decisão pode ser difícil. O que ganhas aprendendo isso? Muito
mais do que apenas te permitires fazer tuas escolhas com facilidade e sem dor.
O próprio Céu é alcançado com mãos vazias e mentes abertas, que vêm sem nada para tudo achar, reivindicando tudo como
seu. Hoje tentaremos alcançar esse estado, deixando o auto-engano de lado, com uma honesta disponibilidade para só dar
valor ao que é verdadeiramente valioso e real. Os nossos dois períodos de prática prolongados, de quinze minutos cada um,
começam com isso:
Não darei valor àquilo que não tem valor, e só busco o que tem valor, pois é só isso que desejo achar.
E então recebe aquilo que espera por todo aquele que alcança, sem cargas, a porta do Céu que se abre à medida que ele
vem. Se começares a te permitir colecionar alguns fardos inúteis, ou acreditar que vês algumas decisões difíceis à tua frente,
sê rápido em responder com esse simples pensamento:
Não darei valor àquilo que não tem valor, pois o que tem valor pertence a mim.

Que eu perceba o perdão tal como é.


Revisemos o significado do ―perdão‖, pois esse pode ser distorcido e percebido como algo que implica o sacrifício indevido de
uma ira justa, uma dádiva injustificada e imerecida e a negação completa da verdade. Sob esse ponto de vista, o perdão tem
que ser visto como uma mera loucura excêntrica e esse curso parece basear a salvação num capricho.
Essa perspectiva distorcida do que significa o perdão é facilmente corrigida quando podes aceitar o fato de que o perdão não é
pedido para o que é verdadeiro. Ele tem que se limitar ao que é falso. É irrelevante em relação a tudo, exceto ilusões. A ver-
dade é a criação de Deus e perdoá-la nada significa. Toda a verdade pertence a Ele, reflete as Suas leis e irradia o Seu Amor.
E isso precisa de perdão? Como podes perdoar àqueles que não têm pecado e que são eternamente benignos?
A tua principal dificuldade em achar um perdão genuíno da tua parte é que ainda acreditas ter que perdoar a verdade e não
ilusões. Concebes o perdão como uma vã tentativa de passar por cima do que existe, ignorar a verdade num esforço injustifi-
cado de enganar-te fazendo com que uma ilusão seja verdadeira. Esse ponto de vista distorcido reflete apenas o domínio que
a idéia do pecado ainda tem sobre a tua mente, do modo como tu te consideras.
Por acreditares que os teus pecados são reais, olhas para o perdão como um engano. Pois é impossível pensar que o pecado
é verdadeiro e não acreditar que o perdão é uma mentira. Assim realmente o perdão não passa de um pecado, como todo o
resto. Ele diz que a verdade é falsa e sorri para os corruptos como se fossem tão irrepreensíveis quanto a grama, tão brancos
como a neve. Ele é delusório naquilo que pensa poder realizar. Ele quer ver o que é claramente errado como certo, o despre-
zível como bom.
Desse ponto de vista, o perdão não é um modo de escapar. É apenas mais um sinal de que o pecado é imperdoável; na melhor
das hipóteses a ser escondido, negado ou chamado por outro nome, pois o perdão é uma traição à verdade. A culpa não pode
ser perdoada. Se pecas, a tua culpa é eterna. Aqueles que forem perdoados a partir do ponto de vista de que os seus pecados
são reais, são deploravelmente ridicularizados e duplamente condenados; primeiro, por si mesmos, pelo que pensam ter feito
e mais uma vez por aqueles que os perdoam.
É a irrealidade do pecado que faz com que o perdão seja natural e totalmente são, um profundo alívio para aqueles que o ofe-
recem e uma bênção serena aonde é recebido. Ele não favorece ilusões, apenas as recolhe despreocupadamente, com um
pequeno sorriso e as deposita gentilmente aos pés da verdade. E lá elas desaparecem por completo.
O perdão é a única coisa que representa a verdade nas ilusões do mundo. Ele vê a sua nulidade e olha através das milhares
de formas nas quais podem aparecer. Ele olha a mentira, mas não é enganado. Não atende aos gritos auto-acusadores de
pecadores enlouquecidos pela culpa. Ele olha para eles com olhos serenos e lhes diz apenas: ―Meu irmão, o que pensas não
é a verdade.‖
A força do perdão está na honestidade que lhe é própria, tão incorrupta que vê as ilusões como ilusões e não como verdade. É
por isso que ele vem a ser aquele que desfaz o engano diante das mentiras, o grande restaurador da simples verdade. Através
da sua capacidade de não ver o que não existe, ele abre o caminho para a verdade que havia sido bloqueado por sonhos de
culpa. Agora és livre para seguir no caminho que o teu verdadeiro perdão abre para ti. Pois, se um irmão recebe esta dádiva
tua, a porta está aberta para ti mesmo.
Há uma maneira muito simples de achar a porta do perdão verdadeiro e percebê-la aberta de par em par para dar boas-vindas.
Quando te sentires tentado a acusar alguém de haver pecado em qualquer forma que seja, não deixes a tua mente se deter
sobre o que pensas que ele fez, pois isso é auto-engano. Ao invés disso, pergunta: ―Eu me acusaria por fazer isso?‖
Dessa forma, verás as alternativas para a escolha em termos que a tornam significativa e que mantêm a tua mente tão livre de
culpa e de dor quanto o próprio Deus pretendia que fosse e como é na verdade. Só as mentiras querem condenar. Na verda-
de, a inocência é a única coisa que existe. O perdão está entre as ilusões e a verdade, entre o mundo que vês e o que está
além, entre o inferno da culpa e a porta do Céu.
Através da ponte, tão poderosa quanto o Amor que depositou sobre ela a própria bênção, todos os sonhos do mal, de ódio e de
ataque são silenciosamente trazidos à verdade. Eles não são mantidos para se expandirem, provocarem tumultos e aterroriza-
rem o tolo sonhador que acredita neles. Esse foi gentilmente despertado do seu sonho pela compreensão de que o que ele
pensava ter visto, nunca existiu. E agora não pode sentir que todas as possibilidades de escapar lhe foram negadas.
Ele não tem que lutar para se salvar. Não tem que matar os dragões que o perseguiam em seus pensamentos. E nem precisa-
rá erguer os pesados muros de pedra e as portas de ferro que o manteriam a salvo em seus pensamentos. Ele pode retirar a
pesada e inútil armadura feita para acorrentar a sua mente ao medo e à miséria. O seu passo é leve e quando levanta o pé
para avançar mais um passo, deixa uma estrela para trás, para indicar o caminho àqueles que o seguem.
O perdão tem que ser praticado, pois o mundo não pode perceber o seu significado, nem prover um guia para te ensinar as
suas beneficências. Não existe em todo o mundo nenhum pensamento que conduza à menor compreensão das leis que ele

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UM CURSO EM MILAGRES
segue e do Pensamento que ele reflete. Ele é tão alheio ao mundo quanto a tua própria realidade. E, no entanto, une a tua
mente à realidade em ti.
Hoje praticamos o verdadeiro perdão para que não seja mais adiado o momento da união. Pois queremos nos encontrar com a
nossa realidade em liberdade e em paz. A nossa prática vem a ser a marca dos nossos passos que iluminam o caminho para
todos os nossos irmãos, que nos seguirão até a realidade que compartilhamos com eles. Para que isso possa ser realizado,
vamos dar quinze minutos por duas vezes hoje e passá-los com o Guia Que entende o significado do perdão e Que nos foi
enviado para ensiná-lo. Vamos pedir-Lhe:
Que eu perceba o perdão tal como é.
Em seguida, escolhe um irmão conforme a orientação que Ele vai te dar e enumera os seus ―pecados‖ um por um, à medida
que passam pela tua mente. Certifica-te de não te deteres em nenhum, mas reconhece que só estás usando as suas ―ofen-
sas‖ para salvar o mundo de todas as idéias de pecado. Reflete brevemente sobre todas as coisas ruins que pensaste sobre
ele e, a cada vez, pergunta a ti mesmo: ―Eu me condenaria por fazer isso?‖
Deixa que ele seja libertado de todos os pensamentos de pecado que tinhas em relação a ele. E agora estás preparado para a
liberdade. Se, até esse momento, tiveres praticado com disponibilidade e honestidade, começarás a notar uma sensação de
elevação, uma diminuição do peso sobre o teu peito, um sentimento de alívio nítido e profundo. O tempo remanescente deve
ser dado a experimentar o fato de que escapaste de todas as pesadas correntes que buscaste colocar sobre o teu irmão, mas que
foram colocadas sobre ti mesmo:
Que eu perceba o perdão tal como é. Eu me acusaria por fazer isso? Não colocarei essa corrente sobre mim mesmo.
Em tudo o que fizeres lembra-te disso:
Ninguém é crucificado sozinho, e no entanto ninguém pode entrar no Céu por si mesmo.

Se eu me defendo, sou atacado.


Quem se defenderia a menos que pensasse que foi atacado, que o ataque foi real e que a sua própria defesa poderia salvá-lo?
E nisso está a loucura da defesa: dá plena realidade às ilusões e depois tenta lidar com elas como se fossem reais. Acrescen-
ta ilusões às ilusões, assim fazendo com que a correção seja duplamente difícil. É isso que fazes quando tentas planejar o
futuro, ativar o passado ou organizar o presente como desejas.
Tu operas a partir da crença em que tens que te proteger do que está acontecendo, porque algo ali não pode deixar de contar o
que te ameaça. Um senso de ameaça é um reconhecimento de uma fraqueza inerente, uma crença segundo a qual há um
perigo que tem o poder de convocar-te para fazer uma defesa apropriada. O mundo está baseado nessa crença insana. E
todas as suas estruturas, os seus pensamentos e dúvidas, as suas penalidades e armamentos pesados, as suas definições
legais e os seus códigos, a sua ética, os seus líderes e os seus deuses, tudo serve apenas para preservar o senso de ameaça
do mundo. Pois ninguém caminha pelo mundo em uma armadura sem que o terror esteja golpeando-lhe o coração.
A defesa é assustadora. Brota do medo, o qual aumenta a cada vez que uma defesa é feita. Pensas que ela oferece seguran-
ça. No entanto, ela fala do medo que se faz real e do terror justificado. Não é estranho que ao elaborares os teus planos, forta-
leceres a tua armadura e apertares as tuas fechaduras, não pares para perguntar a ti mesmo o que estás defendendo, e co-
mo, e contra o quê?
Primeiro, vamos considerar o que defendes. Não pode deixar de ser algo muito fraco, fácil de ser assaltado. Não pode deixar
de ser uma presa fácil, incapaz de se proteger e que precisa da tua defesa. O que mais, senão o corpo, tem tal fragilidade que
necessita de cuidados constantes e atentos, de uma preocupação profunda para proteger a sua pequena vida? O que mais,
senão o corpo, vacila e não pode deixar de falhar em servir ao Filho de Deus como um digno anfitrião?
No entanto, não é o corpo que pode ter medo, nem ser um objeto do medo. Ele não tem necessidades, senão aquelas que tu
lhe atribuis. Não precisa de estruturas complicadas para a sua defesa, de medicamentos para torná-lo saudável, de absoluta-
mente nenhum cuidado e nenhuma preocupação. Defende a sua vida, oferece-lhe dádivas para fazer com que fique bonito, ou
muros para colocá-lo a salvo, e estarás dizendo que o teu lar está aberto ao assalto do tempo, que é corruptível, que está
desmoronando, que é inseguro ao ponto de precisar ser guardado com a tua própria vida.
Esse retrato não é amedrontador? Podes estar em paz com tal conceito acerca do teu lar? E, no entanto, quem dotou o corpo
com o direito de servir-te dessa forma senão a tua própria crença? Foi a tua mente que deu ao teu corpo todas as funções que
vês nele e que estabeleceu o seu valor bem além de um pequeno monte de pó e água. Quem defenderia algo que reconhe-
cesse ser assim?
O corpo não precisa de nenhuma defesa. Nunca é demais enfatizar isso. Ele será forte e saudável se a mente não abusar dele,
conferindo-lhe papéis que ele não pode cumprir, propósitos além do seu alcance e objetivos exaltados que não pode realizar.
Tais tentativas, ridículas mas profundamente apreciadas, são as fontes de muitos dos teus ataques loucos contra ele. Pois ele
parece desapontar as tuas esperanças, as tuas necessidades, teus valores e teus sonhos.
O ―ser‖ que precisa de proteção não é real. O corpo, que não tem valor e dificilmente merece a menor defesa, precisa apenas
ser percebido como algo bem à parte de ti e aí vem a ser um instrumento saudável e útil, através do qual a mente pode operar
até que a sua utilidade chegue ao fim. Quem desejaria conservá-lo quando a sua utilidade tiver terminado?
Defende o corpo e terás atacado a tua mente. Pois terás visto nela os defeitos, as fraquezas, as limitações e as falhas das
quais pensas que o corpo tem que ser salvo. Não verás a mente como algo separado das condições do corpo. E imporás a ele
toda a dor que vem da concepção da mente como limitada e frágil, à parte das outras mentes e separada de sua Fonte.
Esses são os pensamentos que precisam de cura e o corpo responderá com saúde quando tiverem sido corrigidos e substituí-
dos pela verdade. Essa é a única defesa real do corpo. Mas, é aqui que procuras a sua defesa? Tu lhe ofereces um tipo de
proteção do qual ele não ganha nenhum benefício, apenas acrescenta à aflição da tua mente. Não curas, apenas eliminas a
esperança da cura, pois falhas em ver aonde a esperança tem que estar para ser significativa.
A mente curada não faz planos. Executa os planos que recebe ouvindo a Sabedoria que não lhe é própria. Espera até que lhe
seja ensinado o que deve ser feito e, então, começa a fazê-lo. Não depende de si mesma para coisa alguma, a não ser para a

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UM CURSO EM MILAGRES
sua adequação em cumprir os planos que foram designados para ela. É segura na certeza de que obstáculos não podem im-
pedir o seu progresso em realizar qualquer uma das metas que servem ao plano maior estabelecido para o bem de todos.
A mente curada está livre da crença de que tem que fazer planos, mesmo sem poder saber qual o melhor resultado, quais os
meios para consegui-los, ou como reconhecer o problema que o plano pretende solucionar. Ela tem que fazer um uso equivo-
cado do corpo nos seus planos até que reconheça que isso é assim. Mas, quando aceita isso como verdadeiro, então está
curada e libera o corpo.
A escravidão do corpo aos planos que a mente não-curada estabelece para salvar-se tem que fazer o corpo adoecer. Ele não
está livre para ser o meio de ajudar em um plano que excede em muito a sua própria proteção e que precisa dos seus serviços
por pouco tempo. Nesta capacidade, a saúde é assegurada. Pois tudo o que a mente emprega para isso funcionará perfeita-
mente, com a força que lhe foi dada e não pode falhar.
Talvez não seja fácil perceber que planos iniciados por nós mesmos não passam de defesas e todos foram feitos para realizar
esse propósito. São o meio pelo qual a mente assustada quer empreender a sua própria proteção, ao custo da verdade. Isso
não é difícil de reconhecer em algumas das formas que toma o auto-engano, em que a negação da realidade é óbvia. No en-
tanto, fazer planos não é freqüentemente reconhecido como uma defesa.
A mente engajada em fazer planos para si mesma está ocupada em estabelecer um controle sobre acontecimentos futuros. Ela
não pensa que as suas necessidades serão providas, a menos que faça as faça suas próprias provisões. O tempo vem a ser
uma ênfase no futuro, a ser controlado pelo aprendizado e pela experiência obtida em eventos passados e em crenças anteri-
ores. Ela não vê o presente, pois repousa sobre a idéia de que o passado ensinou o suficiente para deixá-la dirigir o seu curso
futuro.
A mente que planeja está, assim, recusando-se a permitir a mudança. Aquilo que aprendeu antes vem a ser a base para as
suas metas futuras. A sua experiência passada dirige a sua escolha do que irá acontecer. E não vê que é aqui e agora que
está tudo o que precisa para garantir um futuro que não é como o passado, sem a continuidade de qualquer uma das velhas
idéias e crenças doentias. A antecipação não desempenha nenhum papel, pois a confiança presente dirige o caminho.
Defesa são os planos que empreendes contra a verdade. O seu objetivo é o de selecionar o que aprovas e de ignorar o que
consideras incompatível com as tuas crenças a respeito da tua realidade. Mas, o que fica é, de fato, sem significado. Pois a
tua realidade é a ―ameaça‖ que as tuas defesas querem atacar, obscurecer, fragmentar e crucificar.
O que deixarias de aceitar se apenas soubesses que tudo o que acontece, todos os eventos, passados, presentes e por vir,
são gentilmente planejados por Aquele Cujo único propósito é o teu bem? Talvez tenhas entendido o Seu plano de forma equi-
vocada, pois Ele nunca te ofereceria dor. Mas as tuas defesas não te deixaram ver a Sua bênção amorosa brilhando em cada
passo que jamais deste. Enquanto fazias planos para a morte, Ele te conduzia gentilmente para a vida eterna.
A tua atual confiança Nele é a defesa que promete um futuro imperturbado, sem nenhum traço de pesar e com uma alegria que
cresce constantemente, enquanto essa vida vem a ser um instante santo, estabelecido no tempo, mas ocupado apenas com a
imortalidade. Não deixes que outras defesas senão a tua atual confiança dirija o futuro, e essa vida vem a ser um encontro
significativo com a verdade que só as tuas defesas poderiam querer ocultar.
Sem defesas, tu vens a ser uma luz que o Céu, com gratidão, reconhece como a sua própria luz. Ela te conduzirá pelos cami-
nhos designados para a tua felicidade de acordo com o antigo plano, que começou com o início dos tempos. Os teus seguido-
res unirão as suas luzes à tua e ela aumentará até que o mundo seja iluminado com alegria. E os nossos irmãos, com conten-
tamento, deixarão de lado as suas incômodas defesas, que em nada lhes foram úteis e só podiam aterrorizar.
Vamos antecipar esse momento hoje, com confiança presente, pois isso faz parte do que foi planejado para nós. Estaremos
certos de que tudo o que precisamos nos é dado para a nossa realização no dia de hoje. Não vamos planejar como será feito,
mas reconhecemos que o fato de nos despojarmos de todas as nossas defesas é tudo o que é preciso que a verdade despon-
te com certeza sobre as nossas mentes.
Durante quinze minutos, duas vezes hoje, vamos descansar de planejamentos sem sentido e de todo pensamento que impede
a verdade de penetrar nas nossas mentes. Hoje vamos receber ao invés de planejar, para que possamos dar ao invés de or-
ganizar. E algo nos é dado verdadeiramente ao dizermos:
Se eu me defendo, sou atacado. Mas despojando-me de todas as defesas serei forte, e aprenderei o que as minhas
defesas escondem.
Nada mais do que isso. Se houver planos a serem feitos, eles te serão comunicados. Talvez não sejam os planos que pensa-
vas serem necessários, ou as respostas para os problemas que pensavas estar enfrentando. Mas são as respostas para um
outro tipo de pergunta, que permanece sem resposta e precisa ser respondida até que a Resposta enfim venha a ti.
Todas as tuas defesas têm tido como objetivo não receber o que receberás hoje. E na luz e na alegria da simples confiança,
não poderás deixar de perguntar a ti mesmo por que razão jamais chegaste a pensar que precisavas ser defendido da libera-
ção. O Céu nada pede. É o inferno que faz exigências extravagantes de sacrifício. Tu não estás desistindo de nada nestes
momentos de hoje quando te apresentas indefeso ao teu Criador, tal como realmente és.
Ele lembrou-Se de ti. Hoje nos lembraremos Dele. Pois esse é o momento da Páscoa na tua salvação. E tu te erguerás nova-
mente do que parecia ser morte e desesperança. Agora a luz da esperança renasce em ti, pois agora vens sem defesas para
aprender o papel que te compete no plano de Deus. Que pequenos planos ou crenças mágicas ainda podem ter valor, quando
recebeste a tua função da Voz do próprio Deus?
Tenta não moldar esse dia como acreditas ser mais benéfico para ti. Pois não podes conceber toda a felicidade que vem a ti
sem o teu planejamento. Aprende hoje. E o mundo inteiro dará esse passo gigantesco e celebrará a tua Páscoa contigo. Ao
longo do dia à medida que pequenas coisas tolas surgirem para erguer a tua defensividade e para te tentar a te engajares em
tecer planos, lembra-te que esse é um dia especial para o aprendizado e reconhece isso com o seguinte:
Essa é a minha Páscoa. Quero mantê-la santa. Não me defenderei porque o Filho de Deus não precisa de nenhuma
defesa contra a verdade da sua realidade.

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UM CURSO EM MILAGRES
A doença é uma defesa contra a verdade.
Ninguém pode curar a menos que compreenda a que propósito a doença parece servir. Pois só então compreende também
que o seu propósito não tem significado. Não tendo causa ou qualquer intenção significativa, a doença não pode existir de
forma alguma. Uma vez que isso é visto, a cura é automática. Ela dissipa essa ilusão sem significado pelo mesmo enfoque
com que leva todas as ilusões à verdade e simplesmente as deixa lá para que desapareçam.
A doença não é um acidente. Como todas as defesas, é mais um instrumento insano para o auto-engano.. e como todas as
demais, o seu propósito é esconder a realidade, atacá-la, modificá-la, torná-la inepta, deturpá-la, distorcê-la ou reduzi-la a uma
pequena pilha de partes desagrupadas. O objetivo de todas as defesas é o de impedir que a verdade seja íntegra. As partes
são vistas como se cada uma fosse íntegra dentro de si mesma.
As defesas não são involuntárias, nem são feitas sem consciência. São varas de condão mágicas e secretas que manipulas
quando a verdade parece ameaçar aquilo em que queres acreditar. Só parecem ser inconscientes por causa da rapidez com
que escolhes usá-las. Naquele segundo, ou até menos, em que a escolha é feita, reconheces exatamente o que queres tentar
fazer e passas, então, a pensar que já está feito.
Quem mais, senão tu mesmo, avalia a ameaça, decide que é necessário escapar e estabelece uma série de defesas para
reduzir a ameaça que foi julgada real? Tudo isso não pode ser feito inconscientemente. Mas depois o teu plano requer que
esqueças que foste tu que o fizeste, de modo que ele pareça estar fora da tua própria intenção, um acontecimento além do teu
estado mental, um resultado com efeitos reais sobre ti, ao invés de efetuado por ti mesmo.
É esse rápido esquecimento do papel que desempenhas em fazer a tua ―realidade‖ que faz com que as defesas pareçam estar
além do teu próprio controle. Mas o que tens esquecido pode ser lembrado, se estiveres disposto a reconsiderar a decisão
duplamente oculta pelo esquecimento. Não lembrar-te disso é apenas um sinal de que essa decisão ainda está em vigor no
que concerne aos teus desejos. Não te equivoques a esse respeito, tomando isso por fato. As defesas não podem deixar de
fazer com que os fatos sejam irreconhecíveis. É o seu objetivo ao fazer isso e é o que fazem.
Toda defesa toma os fragmentos do todo, reúne-os sem considerar todos os seus relacionamentos verdadeiros e assim cons-
trói ilusões de um todo que não existe. É esse processo que constitui a ameaça e não qualquer resultado que possa vir em
decorrência. Quando as partes são arrancadas do todo, vistas como separadas e íntegras em si mesmas, vêm a ser símbolos
que representam o ataque ao todo; seu efeito é bem-sucedido e elas jamais serão vistas como um todo novamente. E, no en-
tanto, tu esqueceste que representam apenas a tua própria decisão do que deveria ser real para tomar o lugar do que é real.
A doença é uma decisão. Não é uma coisa que te acontece, que absolutamente não buscaste, que faz com que fiques fraco e
te traz sofrimento. É uma escolha que fazes, um plano que traças quando por um instante a verdade surge na tua mente iludi-
da e todo o teu mundo parece vacilar e se preparar para cair. Agora estás doente, para que a verdade possa ir embora e parar
de ameaçar aquilo que estabeleceste.
Como pensas que a doença pode ter sucesso em proteger-te da verdade? Porque ela prova que o corpo não é separado de ti
e assim tens que estar separado da verdade. Sofres dor porque o corpo sofre e nessa dor te fazes um com ele. Assim, a tua
―verdadeira‖ identidade é preservada e o estranho pensamento que te persegue de que possas ser algo além desse pequeno
monte de pó é silenciado e pára. Pois vejas, esse pó pode fazer-te sofrer, torcer os teus membros e parar o teu coração, orde-
nando-te que morras e deixes de ser.
Assim o corpo é mais forte do que a verdade que te pede que vivas, mas que não pode superar a tua escolha de morrer. E,
desse modo, o corpo é mais poderoso do que a vida eterna, o Céu mais frágil do que o inferno e ao desígnio de Deus para a
salvação do Seu Filho se opõe uma decisão mais forte do que a Sua Vontade. O Filho de Deus é pó, o Pai incompleto e o
caos senta-se em triunfo no trono de Deus.
Tal é o teu plano para a tua própria defesa. E acreditas que o Céu recua diante de ataques loucos como esses, que Deus se
torna cego pelas tuas ilusões, que a verdade é transformada em mentiras e que todo o universo é feito escravo de leis que as
tuas defesas querem lhe impor. Mas quem acredita em ilusões, senão aquele que as inventou? Quem mais pode vê-las e rea-
gir a elas como se fossem a verdade?
Deus desconhece os teus planos para mudar a Sua Vontade. O universo continua a não ver as leis com as quais pensavas
governá-lo. E o Céu não se curvou ao inferno, nem a vida à morte. Tu só podes escolher pensar que morres, sofres doenças
ou deturpas a verdade de qualquer forma que seja. O que foi criado está à parte de tudo. Defesas são planos para derrotar o
que não pode ser atacado. O que é inalterável não pode mudar. E o que é totalmente impecável não pode pecar.
Tal é a simples verdade. Ela não faz apelos para o poder ou para o triunfo. Não ordena a obediência, nem busca provar quão
deploráveis e fúteis são as tuas tentativas de planejar defesas que querem alterá-la. A verdade quer apenas te dar felicidade,
pois tal é o teu propósito. Talvez ela suspire um pouco quando jogas fora as suas dádivas, mas sabe, com perfeita certeza que
aquilo que é a Vontade de Deus para ti tem que ser recebido.
É esse fato que demonstra que o tempo é uma ilusão. Pois o tempo permite que penses que o que Deus tem te dado não é a
verdade agora, como tem que ser. Os Pensamentos de Deus estão bem à parte do tempo. Pois o tempo não passa de mais
uma defesa sem sentido que fizeste contra a verdade. No entanto, o que é a Sua Vontade está aqui e tu permaneces tal como
Ele te criou.
A verdade tem um poder que vai muito além das defesas, pois nenhuma ilusão pode permanecer onde foi permitido à verdade
entrar. E ela vem a cada mente que queira abaixar as armas e parar de brincar com a loucura. Ela pode ser encontrada em
qualquer momento, hoje, se escolheres praticar dar boas vindas à verdade.
Esse é o nosso objetivo hoje. E daremos duas vezes quinze minutos para pedir à verdade que venha a nós e nos liberte. E a
verdade virá, pois nunca esteve à parte de nós. Ela espera apenas por esse convite que lhe fazemos hoje. Nos a introduzimos
através de uma prece de cura, para que nos ajude a erguermo-nos acima da defensividade e deixarmos a verdade ser como
sempre foi:
A doença é uma defesa contra a verdade. Aceitarei a verdade do que sou, e hoje deixarei minha mente ser totalmente
curada.

304
UM CURSO EM MILAGRES
A cura brilhará através da tua mente aberta, à medida que a paz e a verdade surgirem para tomar o lugar da guerra e das ima-
ginações vãs. Não haverão cantos escuros que a doença possa ocultar e manter defendidos da luz da verdade. Não haverão
mais figuras vagas procedentes dos teus sonhos, nem tampouco as perseguições obscuras e sem significado com seus pro-
pósitos duplos que são buscados de forma insana; nada disso permanecerá na tua mente. A tua mente será curada de todos
os desejos doentios que tentou autorizar o corpo a obedecer.
Agora o corpo está curado, porque a fonte da doença foi aberta para o alívio. E reconhecerás que praticaste bem por isso: o
corpo não deve sentir nada. Te tiveres tido êxito, não haverá nenhuma sensação de mal ou bem-estar, de dor ou de prazer.
Não há absolutamente nenhuma resposta na mente para o que o corpo faz. Só a sua utilidade permanece e nada mais.
Talvez não reconheças que isso remove os limites que havias imposto ao corpo através dos propósitos que lhe deste. Ao dei-
xares esses propósitos de lado, a força que o corpo tem será sempre suficiente para servir a todos os propósitos verdadeira-
mente úteis. A saúde do corpo está inteiramente garantida, pois não é limitada pelo tempo, pelo clima, ou pelo cansaço; pela
comida ou pela bebida ou por qualquer lei que o tenhas feito obedecer anteriormente. Agora não precisas fazer nada para
deixá-lo bem, pois a doença veio a ser impossível.
Mas essa proteção necessita ser preservada por uma vigilância cuidadosa. Se deixares a tua mente nutrir pensamentos de
ataque, ceder ao julgamento ou fazer planos contra as incertezas porvir, mais uma vez terás posto a ti mesmo no lugar errado
e feito uma identidade corporal que atacará o corpo, pois a mente está doente.
Dá-lhe remédio imediato se isso ocorrer, não deixando que a tua defensividade te fira mais. Não confundas o que tem que ser
curado, mas dize a ti mesmo:
Esqueci-me do que realmente sou, pois confundi o meu corpo comigo mesmo. A doença é uma defesa contra a
verdade. Mas eu não sou um corpo. E a minha mente não pode atacar. Portanto, não posso estar doente.

Quando sou curado, não sou curado sozinho.


A idéia de hoje continua sendo o pensamento central em que se baseia a salvação. Pois a cura é o oposto de todas as idéias
do mundo que se fixam na doença e em estados separados. A doença é um afastamento dos outros, um fechamento contra a
união. Vem a ser uma porta que se fecha sobre um ser separado e o mantém isolado e sozinho.
A doença é isolamento. Parece manter um ser à parte de todos os demais para sofrer o que os outros não sentem. Dá ao corpo
o poder final para fazer com que a separação seja real e manter a mente em uma prisão solitária, dividida ao meio e mantida
em pedaços por uma sólida parede de carne doente que ela não pode superar.
O mundo obedece às leis que a doença serve, mas a cura opera à parte delas. É impossível que alguém seja curado sozinho.
Na doença a pessoa tem que estar à parte e separada. Mas a cura é a própria decisão de ser uno novamente e de aceitar o
próprio Ser com todas as Suas partes intactas e incólumes. Na doença, o Ser parece estar desmembrado e sem a unidade
que Lhe dá vida. Mas a cura é realizada quando a pessoa vê que o corpo não tem poder de atacar a unicidade universal do
Filho de Deus.
A doença quer provar que as mentiras têm que ser a verdade. Mas a cura demonstra que a verdade é verdadeira. A separação
que a doença quer impor nunca ocorreu realmente. Ser curado é apenas aceitar o que sempre foi a simples verdade e sempre
permanecerá exatamente tal como sempre foi. No entanto, é necessário mostrar aos olhos acostumados às ilusões que o que
contemplam é falso. Assim a cura, que nunca foi necessária à verdade, tem que demonstrar que a doença não é real.
Portanto, a cura poderia ser chamada de um ―contra-sonho‖ que cancela o sonho da doença em nome da verdade, mas não na
verdade em si mesma. Assim como o perdão não vê todos pecados que nunca foram cometidos, a cura apenas remove as
ilusões que nunca ocorreram. Assim como o mundo real surgirá para ocupar o lugar daquilo que absolutamente foi, a cura
apenas oferece uma reparação pelos estados imaginários e as falsas idéias que os sonhos bordam em retratos da verdade.
Mas não penses que a cura não seja digna da tua função aqui. Pois o anticristo passa a ser mais poderoso do que o Cristo
para aqueles que sonham que o mundo é real. O corpo parece mais sólido e mais estável do que a mente. E o amor vem a ser
um sonho, enquanto o medo permanece a única realidade que pode ser vista, justificada e inteiramente compreendida.
Da mesma forma que o perdão ofusca todo pecado e o mundo real virá a ocupar o lugar do que fizeste, a cura tem que substi-
tuir as fantasias de doenças que manténs diante da simples verdade. Quando se tiver visto que a doença desapareceu, ape-
sar de todas as leis que asseguram que ela não pode deixar de ser real, as perguntas terão sido respondidas. E as leis não
mais poderão ser apreciadas nem obedecidas.
A cura é liberdade. Demonstra que os sonhos não prevalecerão contra a vontade. A cura é compartilhada. E, por esse atributo,
prova que as leis que não são como aquelas que asseveram que a doença é inevitável são mais poderosas do que os seus
opostos doentios. A cura é força. Pela sua mão gentil a fraqueza é superada e as mentes que se achavam emparedadas no
interior de um corpo são postas em liberdade para unirem-se a outras mentes e para serem eternamente fortes.
A cura, o perdão e a feliz troca de todo o mundo de pesares por um mundo em que a tristeza não pode entrar, são os meios
pelos quais o Espírito Santo te pede insistentemente para que O sigas. As Suas lições gentis ensinam com que facilidade a
salvação pode ser tua, quão pouca prática precisas empreender para deixar que as Suas leis substituam aquelas que fizeste
para continuares sento um prisioneiro da morte. A Sua vida vem a ser a tua assim que tu Lhe estendes a pouca ajuda que Ele
pede para libertar-te de tudo o que jamais te causou dor.
E, ao te deixares curar, vês todos aqueles ataques à tua volta ou aqueles que passam pela tua mente ou aqueles em quem
tocas ou com quem pareces não ter contato, todos curados junto contigo. Talvez não os reconheças a todos, nem te dês conta
do quanto é grande o teu oferecimento ao mundo inteiro, quando deixas a cura vir a ti. Mas nunca és curado sozinho. E legi-
ões e legiões receberão a dádiva que recebes quando és curado.
Aqueles que são curados vêm a ser os instrumentos da cura. E nenhum tempo passa entre o instante em que são curados e o
instante em que toda a graça da cura lhes é dada para dar. Aquilo que se opõe a Deus não existe e aquele que não aceita isso
em sua mente vem a ser o porto aonde os fatigados podem permanecer para descansar. Pois aqui a verdade lhes é concedida
e todas as ilusões são trazidas à verdade.

305
UM CURSO EM MILAGRES
Tu não oferecerias abrigo à Vontade de Deus? Com isso apenas convidas o teu Ser a estar em casa. E pode esse convite ser
recusado? Pede que o inevitável aconteça e nunca falharás. A outra escolha é apenas a de pedir ao que não pode ser para
que seja e isso não pode ter sucesso. Hoje, pedimos que só a verdade venha a ocupar as nossas mentes, que nesse dia os
pensamentos de cura passem daquilo que está curado àquilo que ainda precisa sê-lo, cientes de que ambas as coisas ocorre-
rão como uma só.
Lembrar-nos-emos, ao soar de cada hora, de que a nossa função é a de deixar que as nossas mentes sejam curadas para que
possamos levar a cura ao mundo, trocando a maldição pela bênção, a dor pela alegria e a separação pela paz de Deus. Não
vale a pena dar um minuto de cada hora para receber uma dádiva como essa? Um pouco de tempo não é um custo pequeno
a ser oferecido pela dádiva de tudo?
Entretanto, é necessário que estejamos preparados para tal dádiva. Assim, iniciaremos o dia com isso, dando dez minutos a
esses pensamentos, com os quais também concluiremos à noite:
Quando sou curado, não sou curado sozinho. E quero compartilhar minha cura com o mundo para que a doença possa
ser banida da mente do Filho único de Deus, que é o meu único Ser.
Permite que a cura se dê através de ti nesse dia mesmo. E enquanto descansas em quietude, estejas preparado para dar
assim como recebes, para só guardar o que dás e receber o Verbo de Deus para que ele tome o lugar de todos os tolos pen-
samentos que jamais foram imaginados. Nós nos reunimos agora para fazer com que tudo que estava doente fique bom e
para oferecer a bênção aonde havia ataque. E tampouco deixaremos que essa função seja esquecida à medida em que passa
cada hora do dia, lembrando-nos do nosso propósito com esse pensamento:
Quando sou curado, não sou curado sozinho. E quero abençoar os meus irmãos, pois quero ser curado com eles assim
como são curados comigo.

O Céu é a decisão que eu tenho que tomar.


Nesse mundo, o Céu é uma escolha porque aqui acreditamos que há alternativas entre as quais escolher. Pensamos que to-
das as coisas têm um oposto e que escolhemos aquilo que queremos. Se o Céu existe, também tem que haver um inferno,
pois a contradição é o modo como fazemos o que percebemos e o que pensamos ser real.
A criação desconhece opostos. Mas aqui, a oposição é parte do que é ―real‖. É essa estranha percepção da verdade que faz
com que escolher o Céu pareça ser a mesma coisa que abandonar o inferno. Isso não é realmente assim. No entanto, o que é
verdadeiro na criação de Deus não pode entrar aqui até que seja refletido de alguma forma que o mundo possa compreender.
A verdade não pode vir aonde só poderia ser percebida com medo. Pois isso seria o erro de que a verdade pode ser trazida às
ilusões. A oposição faz com que a verdade não seja bem-vinda e ela não pode vir.
Escolher é obviamente o modo de escapar do que os opostos parecem ser. A decisão permite que uma das metas conflitantes
venha a ser alvo do esforço e do dispêndio do tempo. Sem decisão, o tempo é apenas um desperdício e o esforço é dissipado.
Gasto sem nenhum retorno, o tempo passa sem resultados. Não há nenhum senso de ganho, pois nada é realizado, nada é
aprendido.
Tu precisas ser lembrado de que pensas que mil escolhas te confrontam, quando realmente há apenas uma. E mesmo essa,
apenas parece ser uma escolha. Não te confundas com todas as dúvidas que milhares de decisões iriam induzir. Só fazes
uma escolha. E, uma vez feita, perceberás que não havia absolutamente nenhuma. Pois a verdade é verdadeira e nada mais
é verdadeiro. Não há nenhum oposto a ser escolhido em seu lugar. Não há contradição para a verdade.
A escolha depende do aprendizado. E a verdade não pode ser aprendida, só reconhecida. A sua aceitação está em reconhecê-
la e ao ser aceita, ela é conhecida. Mas o conhecimento está além das metas que buscamos ensinar no escopo deste curso.
As nossas são metas de ensino a serem atingidas através do aprendizado de como é possível alcançá-las, do que são e do
que te oferecem. As decisões são o resultado do teu aprendizado, pois se baseiam no que aceitaste como a verdade do que
és e de quais são as tuas necessidades.
Nesse mundo insanamente complicado, o Céu parece tomar a forma de uma escolha ao invés de ser simplesmente o que é.
De todas as escolhas que tentaste fazer, essa é a mais simples, a mais definitiva e o protótipo de todo o resto; aquela que
resolve todas as decisões. Se pudesses decidir o resto, essa permaneceria sem solução. Mas, ao resolvê-la, todas as outras
são resolvidas com ela, pois todas as decisões apenas ocultam essa única sob diferentes formas. Essa é a escolha única e
final em que a verdade é aceita ou negada.
Assim, hoje começamos considerando a escolha para a qual o tempo foi feito a fim de nos ajudar a fazê-la. Tal é o seu propósi-
to santo, agora transformado, pois não tem mais a intenção que tu lhe deste: de que fosse um meio para demonstrar que o
inferno é real, que a esperança vem a ser desespero e que a própria vida, no fim, não pode deixar de ser vencida pela morte.
Só na morte é possível dar solução aos opostos, pois acabar com as oposições é morrer. E, assim, a salvação tem que ser
vista como morte, pois a vida é vista como conflito. Resolver o conflito é pôr um fim à tua vida também.
Essas crenças loucas podem ganhar um domínio inconsciente de grande intensidade e a mente pode ser tomada por um terror
e uma ansiedade tão fortes que ela não renunciará às suas idéias sobre a sua própria proteção. Ela tem que ser salva da sal-
vação, ameaçada para estar segura e magicamente armada contra a verdade. E essas decisões são feitas sem que se esteja
ciente, a fim de mantê-las em segurança e sem perturbações, à parte do questionamento, da razão e da dúvida.
O Céu é escolhido conscientemente. A escolha não pode ser feita enquanto as alternativas não forem cuidadosamente vistas e
compreendidas. Tudo o que está velado nas sombras tem que ser erguido à compreensão, para ser novamente julgado e,
dessa vez, com o auxílio do Céu. E todos os equívocos de julgamento que a mente tenha cometido antes são abertos à corre-
ção, à medida em que a verdade os descarta por carecerem de causa. Agora não têm efeitos. Não podem ser ocultados, pois
o fato de que eles não são nada é reconhecido.
A escolha consciente do Céu é tão certa quanto o fim do medo do inferno, quando esse é retirado do escudo protetor da in-
consciência e trazido à luz. Quem pode decidir entre o que é visto claramente e o que não é reconhecido? No entanto, quem
pode falhar em fazer uma escolha entre alternativas, se apenas uma é vista como valiosa e a outra como uma coisa inteira-

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UM CURSO EM MILAGRES
mente sem valor, que não passa de uma fonte imaginária de culpa e de dor? Quem hesita em fazer uma escolha como essa?
E nós hesitaremos em escolher hoje?
Escolhemos o Céu ao acordarmos e passamos cinco minutos nos assegurando de que fizemos a única escolha sã. Reconhe-
cemos que estamos fazendo uma escolha consciente entre o que tem existência e o que nada tem, a não ser uma aparência
de verdade. O seu pseudo-ser, ao ser trazido ao que é real, mostra-se inconsistente e transparente na luz. Agora, ele não con-
tém nenhum terror, pois o que foi feito para ser enorme, vingativo, impiedoso por estar cheio de ódio, exige a obscuridade para
que o medo possa ser investido nele. Agora, é reconhecido como apenas um equívoco tolo e trivial.
Antes de fecharmos os olhos para dormir essa noite, reafirmamos a escolha que temos feito a cada hora do dia. E agora da-
mos os últimos cinco minutos do nosso dia à decisão com a qual acordamos. A cada hora que passou, declaramos mais uma
vez a nossa escolha num breve momento de quietude dedicado a manter a sanidade. E, finalmente, encerramos o dia com
isso, reconhecendo que só escolhemos o que queremos:
O Céu é a decisão que eu tenho que tomar. Vou tomá-la agora, e não mudarei a minha mente, pois é a única coisa que
eu quero.

Aceitarei a Expiação para mim mesmo.


Eis o fim da escolha. Pois aqui vimos à decisão de nos aceitarmos tal como Deus nos criou. E o que é a escolha senão a incer-
teza do que somos? Não há nenhuma dúvida que não esteja enraizada aqui. Não há nenhuma questão que não reflita essa
única. Não há nenhum conflito que não acarrete essa única pergunta simples: ―O que sou eu?‖
Mas quem poderia colocar essa questão a não ser aquele que se recusou a reconhecer a si mesmo? Só a recusa de aceitar a
si mesmo poderia fazer a pergunta parecer sincera. A única coisa que qualquer coisa viva pode saber com toda a certeza é o
que ela é. A partir deste único ponto de certeza, ela olha para as outras coisas com tanta certeza quanto tem de si mesma.
A incerteza a respeito do que não podes deixar de ser é um auto-engano numa escala tão vasta, que a sua magnitude dificil-
mente pode ser concebida. Estar vivo e não conhecer a si mesmo é acreditar que tu estás realmente morto. Pois, o que é a
vida, senão ser o que és e que outra coisa além de ti pode estar viva em teu lugar? Quem é aquele que duvida? De que ele
duvida? A quem estará questionando? Quem pode lhe responder?
Ele está apenas declarando que não é ele mesmo e, assim, sendo outra coisa, torna-se um questionador do que vem a ser
essa outra coisa. No entanto, jamais poderia estar vivo se não soubesse a resposta. Se pergunta, como se não soubesse, isso
apenas mostra que ele não quer ser essa coisa que é. Ele aceitou porque está vivo, fez um julgamento contra ela, negou o
seu valor e decidiu que não conhece a única certeza pela qual vive.
Assim, ela passa a estar incerto quanto à sua vida, pois o que ela é foi negado por ele. É por causa dessa negação que preci-
sas da Expiação. A tua negação não fez nenhuma mudança no que és. Mas dividiste a tua mente entre o que conhece e o que
não conhece a verdade. Tu és tu mesmo. Não há dúvidas quanto a isso. E, no entanto, duvidas. Mas não perguntas que parte
de ti realmente pode estar duvidando de ti mesmo. Na realidade, não pode ser uma parte de ti que coloca essa questão. Pois
pergunta àquele que sabe a resposta. Se fosse parte de ti, a certeza seria impossível.
A Expiação remedia a estranha idéia de que é possível duvidar de ti mesmo e não ter certeza do que realmente és. Essa é a
profundidade da loucura. No entanto, é a questão universal do mundo. O que isso pode significar, senão que o mundo é lou-
co? Por que compartilhar da sua loucura na triste crença de que o que é universal aqui é verdadeiro?
Nada do que o mundo acredita é verdadeiro. É um lugar cujo propósito é o de ser um lar aonde aqueles que declaram não se
conhecer podem vir a perguntar o que são. E tornarão a vir até o momento em que a Expiação for aceita e aprenderem que é
impossível duvidar de si mesmos e não estar cientes do que são.
A única coisa que pode ser pedida a ti é a aceitação, pois há certeza quanto ao que tu és. Isso é estabelecido para sempre na
santa Mente de Deus e na tua própria. Está tão além de qualquer dúvida ou questionamento, que perguntar o que isso não
pode deixar de ser, constitui a prova definitiva de que precisas para mostrar que acreditas na contradição de que não conhe-
ces o que não podes deixar de conhecer. Isso é uma pergunta ou uma declaração que nega a si mesma ao ser declarada?
Não deixemos as nossas santas mentes ocuparem-se com devaneios tão sem sentido quanto esse.
Temos uma missão aqui. Não viemos para reforçar a loucura em que outrora acreditamos. Não nos esqueçamos da meta que
aceitamos. Viemos para ganhar mais do que apenas a nossa felicidade. O que aceitamos como o que somos proclama o que
todos não podem deixar de ser junto conosco. Não falhe junto aos teus irmãos ou falhas para contigo mesmo. Olha para eles
com amor para que possam ter o conhecimento que são parte de ti e tu és parte deles.
É isso que a Expiação ensina e demonstra que a unicidade do Filho de Deus é inatacada pela sua crença, segundo a qual ele
não sabe o que ele é. Hoje aceita a Expiação não para mudar a realidade, mas apenas para aceitar a verdade sobre ti e seguir
o teu caminho alegrando-te no infinito Amor de Deus. É só isso o que nos é pedido. E é isso o que faremos hoje.
Reservaremos cinco minutos pela manhã e à noite para dedicar as nossas mentes à nossa tarefa para o dia de hoje. Começa-
mos com essa revisão do que é a nossa missão:
Aceitarei a Expiação para mim mesmo, pois continuo sendo tal como Deus me criou.
Não perdemos o conhecimento que Deus nos deu quando nos criou como Ele próprio. Nós podemos nos lembrar disso por
todas as pessoas, pois na criação de todas as mentes são uma só. E na nossa memória está a lembrança do quanto os nos-
sos irmãos são queridos para nós na verdade, do quanto cada mente é parte de nós, de quão fiéis eles realmente têm sido
conosco e de como o Amor de nosso Pai contém todos eles.
Em agradecimento por toda a criação, em Nome do seu Criador e da Sua Unicidade com todos os aspectos da criação, hoje
repetimos a nossa fidelidade à nossa causa a cada hora, deixando de lado todos os pensamentos que nos distrairiam do nos-
so objetivo santo. Por alguns minutos, deixa que a tua mente seja desembaraçada de todas as tolas teias de aranha que o
mundo quer tecer em torno do Filho santo de Deus. E aprende a natureza frágil das correntes que parecem manter o conhe-
cimento de ti mesmo à parte da tua consciência ao dizeres:
Aceitarei a Expiação para mim mesmo, pois continuo sendo tal como Deus me criou.

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UM CURSO EM MILAGRES
Pode-se dizer que só a salvação cura.
―Cura‖ é uma palavra que não pode ser aplicada a nenhum remédio que o mundo aceite como benéfico. O que o mundo per-
cebe como terapêutico não passa de algo que fará com que o corpo esteja ―melhor‖. Quando tenta curar a mente, não vê ne-
nhuma separação entre ela e o corpo, onde pensa que a mente existe. Portanto, as suas formas de cura têm que substituir
ilusão por ilusão. Uma crença na doença toma outra forma e assim o paciente agora percebe a si mesmo como se estivesse
bem.
Ele não está curado. Apenas teve um sonho de que estava doente, e, no sonho, achou um fórmula mágica para fazê-lo sentir-
se bem. Mas não despertou e assim a sua mente permanece exatamente como era antes. Ele não viu a luz que o despertaria
e poria fim ao sonho. Que diferença pode o conteúdo de um sonho fazer na realidade? Dorme-se ou desperta-se. Não há mei-
o-termo.
Os sonhos felizes que o Espírito Santo traz são diferentes do sonhar do mundo, nos quais pode-se apenas sonhar que se está
acordado. Os sonhos que o perdão deixa a mente perceber não induzem a outra forma de sono, de modo que o sonhador
passe a sonhar outro sonho. Os Seus sonhos felizes são arauto do despontar da verdade na mente. Eles conduzem do sono
ao gentil despertar de modo que os sonhos desaparecem. E assim curam por toda a eternidade.
A Expiação cura com certeza e cura todas as doenças. Pois a mente que compreende que a doença não passa de um sonho
não se deixa enganar pelas formas que o sonho pode tomar. A doença não pode vir aonde a culpa está ausente, pois não
passa de uma outra forma de culpa. A Expiação não cura os doentes, pois isso não é uma cura. Ela retira a culpa que faz com
que a doença seja possível. E isso é, de fato, a cura. Pois agora a doença se foi e nada resta para que ela possa voltar.
Que a paz esteja contigo, que foste curado em Deus e não em sonhos vãos. Pois a cura tem que vir da santidade e a santida-
de não pode ser achada onde o pecado é apreciado. Deus habita em templos santos. Ele é barrado ali onde entrou o pecado.
No entanto, não há lugar onde Ele não esteja. E assim, o pecado não pode ter nenhum lar no qual se esconder da Sua benefi-
cência. Não há lugar onde a santidade não esteja e não há lugar onde o pecado e a doença possam habitar.
Esse é o pensamento que cura. Ele não faz distinções entre irrealidades. E nem busca curar o que não está doente, sem ter
em mente aonde está a necessidade de cura. Isso não é mágica. Apenas uma apelo à verdade, que não pode falhar em curar
e curar para sempre. Não é um pensamento que julga uma ilusão por seu tamanho, sua aparente gravidade ou por algo rela-
cionado à forma que tome. Meramente focaliza o que é e sabe que nenhuma ilusão pode ser real.
Não tentemos hoje buscar a cura do que não pode sofrer nenhuma doença. A cura tem que ser buscada aonde ela está e en-
tão aplicada ao que está doente, para que isso possa ser curado. Não há remédio que o mundo forneça que possa efetuar
qualquer mudança em qualquer coisa. A mente que traz ilusões à verdade realmente mudou. Não há nenhuma mudança além
dessa. Pois como pode uma ilusão ser diferente de outra, a não ser em atributos que não têm nenhuma substância, nenhuma
realidade, nenhum núcleo e nada que seja verdadeiramente diferente?
Hoje buscamos mudar as nossas mentes quanto à fonte da doença, pois buscamos uma cura para todas as ilusões e não mais
uma variação entre elas. Hoje, tentaremos achar a fonte da cura que está em nossas mentes, porque o nosso Pai lá a colocou
para nós. Ela não se acha mais distante de nós do que nós mesmos. Está tão próxima quanto os nossos próprios pensamen-
tos, tão perto que é impossível perdê-la. Precisamos apenas buscá-la e não pode deixar de ser achada.
Não seremos conduzidos equivocadamente hoje pelo que nos parece estar doente. Nesse dia vamos além das aparências e
alcançamos a fonte da cura, da qual nada está isento. Teremos sucesso na medida em que reconhecermos que jamais poderá
haver uma distinção significativa entre o que não é verdadeiro e o que é igualmente não verdadeiro. Não há graus aqui, nem
crenças segundo as quais o que não existe é mais verdadeiros sob algumas formas do que outras. São todas falsas e podem
ser curdas porque não são verdadeiras.
Assim deixamos de lado os nossos amuletos, nossos talismãs e medicamentos, nossos cânticos e truques mágicos, quaisquer
que sejam as suas formas. Nós nos aquietaremos e escutaremos a Voz da cura, Que curará todos os males como um só res-
taurando a sanidade ao Filho de Deus. Nenhuma Voz senão Essa pode curar. Hoje, ouviremos uma única Voz Que nos fala da
verdade em que todas as ilusões terminam e a paz retorna ao lar quieto e eterno de Deus.
Nos despertamos ouvindo-O e deixamos que Ele nos fale durante cinco minutos no início do dia, e terminamos o dia escutan-
do-O mais uma vez durante cinco minutos antes de irmos dormir. A nossa única preparação é a de deixarmos de lado os nos-
sos pensamentos que interferem, não separadamente, mas todos como um só. São o mesmo. Não temos necessidade de
fazer com que sejam diferentes, protelando assim o momento em que podemos ouvir o nosso Pai nos falar. Estamos ouvindo-
O agora. Hoje vimos a Ele.
Com nada nas mãos a que nos apegarmos, com os corações elevados e as mentes à escuta, oramos:
Pode-se dizer que só a salvação cura.
Fala conosco, Pai, para que possamos ser curados.
E sentiremos a salvação nos cobrir com suave proteção e com uma paz tão profunda que nenhuma ilusão pode perturbar as
nossas mentes nem oferecer-nos provas de que é real. É isso que aprenderemos hoje. E quando o relógio bater a cada hora,
tomaremos um minuto para fazermos a nossa oração de cura e ouvir a resposta à nossa prece ser dada, enquanto esperamos
no silêncio e na alegria. Esse é o dia em que a cura vem a nós. Esse é o dia em que a separação chega ao fim e nos lembra-
mos Quem realmente somos.

REVISÃO IV

INTRODUÇÃO
1. Agora vamos revisar novamente, dessa vez cientes de que estamos nos preparando para a segunda parte do aprendizado
que trata do modo como a verdade pode ser aplicada. Hoje, começaremos a nos concentrar em estarmos prontos para
o que virá a seguir. Tal é o nosso objetivo nesta revisão e nas lições que se seguem. Assim, revisamos as lições recen-

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UM CURSO EM MILAGRES
tes e os seus pensamentos centrais de tal modo que venha a facilitar o estado de prontidão que queremos conseguir
agora.
2. Há um tema central que unifica cada passo na revisão que empreendemos e que pode ser declarado simplesmente nestas
palavras:
Minha mente contém só o que eu penso com Deus.
3. Isso é um fato e representa a verdade do Que tu és e do Que é o teu Pai. É através desse pensamento que o Pai deu a
criação ao Filho, estabelecendo o Filho como co-Criador com Ele mesmo. É esse pensamento que garante inteiramente
a salvação para o Filho. Pois, na sua mente nenhum pensamento pode habitar, senão aqueles que seu Pai compartilha.
A ausência do perdão bloqueia esse pensamento na tua consciência. No entanto, ele é verdadeiro para sempre.
4. Comecemos a nossa preparação com alguma compreensão das muitas formas nas quais a ausência do verdadeiro perdão
pode ser ocultada. Por serem ilusões, não são percebidas pelo que são: defesas que protegem os teus pensamentos
que negam o perdão de ser visto e reconhecido. O seu propósito é mostrar-te alguma outra coisa e impedir a correção
através de auto-enganos feitos para tomar o lugar da correção.
5. E, no entanto, a tua mente só contém o que pensas com Deus. Os teus auto-enganos não podem tomar o lugar da verdade.
Assim como uma criança que joga um pedaço de pau no oceano não consegue mudar a subida e a decida das marés, o
aquecimento da água pelo sol, o prateado da lua sobre ele à noite. Com isso em mente, iniciamos cada período de prá-
tica nesta revisão aprontando as nossas mentes para compreendermos as lições que lemos e vermos o significado que
nos oferecem.
6. Começa cada dia com um tempo dedicado à preparação da tua mente para aprender o que idéia que revisares naquele dia
pode te oferecer em liberdade e em paz. Abre a tua mente e limpa-a de todos os pensamentos que querem enganar,
deixando apenas esse pensamento ocupá-la por inteiro e removendo o resto:
Minha mente contém só o que eu penso com Deus.
7. Cinco minutos com esse pensamento será o suficiente para estabelecer o dia de acordo com as linhas que Deus designou e
para colocar a Sua Mente à cargo de todos os pensamentos que receberás naquele dia.
8. Eles não virão só de ti, pois todos serão compartilhados com Ele. E assim, cada um te trará a mensagem do Seu Amor e
retornará a Ele com mensagens do teu. Deste modo, a comunhão com o Senhor dos Anfitriões será tua, como a Sua
Vontade determinou que seja. E à medida que Aquele que o completa se une a Ele, Ele se unirá a ti que estás completo
quando te unes a Ele e Ele a ti.
9. Após a tua preparação, apenas lê cada uma das duas idéias que te são destinadas para revisão naquele dia. Em seguida,
fecha os olhos e dize-as lentamente para ti mesmo. Não há nenhuma pressa agora, pois estás usando o tempo com o
propósito para o qual ele foi destinado. Deixa que cada palavra brilhe com o significado que Deus lhe deu, tal como ela
te foi dada através da Sua Voz. Deixa que cada idéia que revisares naquele dia te dê a dádiva que Ele depositou nela
para que tu as recebas Dele. E não estipularemos nenhum formato para a nossa prática, a não ser isso:
10. A cada hora do dia, traze à tua mente o pensamento com o qual o dia começou e passa com ele um momento quieto. Em
seguida, repete as duas idéias que praticas naquele dia, sem pressa, com tempo suficiente para ver as dádivas que
contém para ti e deixa q2ue sejam recebidas lá onde lhes foi designado estar.
11. Não acrescentamos nenhum outro pensamento, mas deixamos que estes sejam as mensagens que são. Não precisamos
nada mais do que isso para nos dar felicidade e descanso, quietude sem fim, certeza perfeita e tudo o que é a Vontade
de nosso Pai que recebamos como a herança que temos Dele. À medida que revisamos, encerraremos cada dia de prá-
tica como começamos, primeiro repetindo o pensamento que fez daquele dia uma ocasião especial de bênção e felici-
dade para nós, o qual através da nossa fé restabeleceu o mundo da escuridão à luz, da aflição à alegria, da dor à paz,
do pecado à santidade.
12. Deus oferece agradecimentos a ti, que praticas assim o cumprimento do Seu Verbo. E, ao dar a tua mente às idéias do dia
mais uma vez antes de dormir, a Sua gratidão te cerca na paz onde é a Vontade de Deus que estejas para sempre, a
qual agora estás aprendendo a reivindicar mais uma vez como tua herança.

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UM CURSO EM MILAGRES
Minha mente contém só o que eu penso com Deus.
Minha mente contém só o que eu penso com Deus. 131. Aquele que busca alcançar a verdade não pode
121. O perdão é a chave da felicidade. falhar.

122. O perdão oferece tudo o que eu quero. 132. Libero o mundo de tudo aquilo que eu pensava
que fosse.
Minha mente contém só o que eu penso com Deus.
Minha mente contém só o que eu penso com Deus.
123. Agradeço ao meu Pai por Suas dádivas para
mim 133. Libero o mundo de tudo aquilo que eu pensava
que fosse.
124. Que eu me lembre que sou um com Deus
134. Que eu perceba o perdão tal como é.
Minha mente contém só o que eu penso com Deus.
Minha mente contém só o que eu penso com Deus.
125. Em quietude recebo hoje o Verbo de Deus.
135. Se eu me defendo, sou atacado.
126. Tudo o que dou é dado a mim mesmo.
136. A doença é uma defesa contra a verdade.
Minha mente contém só o que eu penso com Deus.
Minha mente contém só o que eu penso com Deus.
127. Não há nenhum amor exceto o de Deus.
137. Quando sou curado, não sou curado sozinho.
128. O mundo que vejo não contém nada do que
eu quero. 138. O Céu é a decisão que eu tenho que tomar.

Minha mente contém só o que eu penso com Deus. Minha mente contém só o que eu penso com Deus.
129. Além desse mundo há um mundo que eu 139. Aceitarei a Expiação para mim mesmo.
quero. 140. Pode-se dizer que só a salvação cura.
130. É impossível ver dois mundos.

PARTE V

Todas as coisas são ecos da Voz por Deus.


Ninguém pode julgar com base em evidência parcial. Isso não é julgamento. É apenas uma opinião baseada na ignorância e na
dúvida. A sua aparente certeza não passa de um disfarce para a incerteza que quer ocultar. Ela precisa de uma defesa irracio-
nal, porque é irracional. E a sua defesa parece ser forte, convincente e indubitável devido a todas as dúvidas subjacentes.
Tu não pareces duvidar do mundo que vês. Não questionas realmente o que te é mostrado através dos olhos do corpo. Tam-
pouco te perguntas por que acreditas nele, embora já tenhas aprendido há muito tempo que os teus sentidos, de fato, te en-
ganam. acreditares nos teus sentidos até o último detalhe que te reportam é ainda mais estranho quando fazes uma pausa
para recordar com que freqüência, de fato, eles têm sido testemunhas falhas! Por que razão confiarias neles tão implicitamen-
te? Por que razão, senão pela dúvida subjacente, que queres esconder fazendo da certeza um espetáculo?
Como podes julgar? Teu julgamento baseia-se no testemunho que te oferecem os teus sentidos. No entanto, jamais houve
testemunho mais falso do que esse. Mas, de que outra forma julgas o mundo que vês? Depositas uma fé patética no que os
teus olhos e ouvidos reportam. Pensa que os teus dedos tocam a realidade e se fecham sobre a verdade. Essa é a consciên-
cia que compreendes e pensas ser mais real do que o que é testemunhado pela eterna Voz pelo próprio Deus.
Isso pode ser um julgamento? A ti foi pedido com freqüência que te abstivesses de julgar, não que isso seja um direito que te é
recusado. Não podes julgar. Podes meramente acreditar nos julgamentos do ego que são todos falsos. Ele guia cuidadosa-
mente os teus sentidos para provar o quanto és fraco, o quanto és indefeso e amedrontado, o quanto vives apreensível com a
punição justa, o quanto és negro pelo pecado e miserável na tua culpa.
Essa coisa da qual ele fala e que ainda quer defender, ele te diz que é o que tu és. E acreditas que isso é assim com uma
certeza obstinada. No entanto, lá no fundo permanece a dúvida oculta de que ele próprio não acredite no que te mostra com
tanta convicção como se fosse a realidade. Ele só condena a si mesmo. É dentro de si próprio que vê a culpa. É o seu próprio
desespero que ele vê em ti.
Não dês ouvidos à voz do ego. Os testemunhos que ele te envia para te provar que o mal que está nele é teu são falsos e
falam com certeza de algo que não conhecem. A fé que tens neles é cega, porque não queres compartilhar as dúvidas que o
próprio senhor desses testemunhos não consegue subjugar completamente. Acreditas que duvidar dos seus vassalos é duvi-
dar de ti mesmo.
No entanto, tens que aprender a duvidar que a evidência que te trazem desobstruirá o caminho para que reconheças a ti mes-
mo e a deixar que apenas a Voz por Deus seja o Juiz do que é digno da tua própria crença. Ele não te dirá que o teu irmão
deve ser julgado pelo que os teus olhos contemplam, nem pelo que a boca do corpo do teu irmão diz aos teus ouvidos, nem
pelo que o toque dos teus dedos te reporta sobre ele. Ele ignora esses vãos testemunhos, que apenas dão falso testemunho
do Filho de Deus. Ele só reconhece o que Deus ama e, à santa luz do que Ele vê, todos os sonhos do ego sobre o que tu és
se desvanecem diante do esplendor que Ele contempla.
Deixa que Ele seja o Juiz do que tu és, pois Ele tem a certeza na qual não há dúvidas, já que se baseia em Certeza tão grande
que qualquer dúvida fica sem significado diante da Sua face. Cristo não pode duvidar de Si Mesmo. A Voz por Deus só pode
honrá-Lo, regozijando-Se na Sua perfeita e eterna impecabilidade. Aquele que Ele julgou só pode rir da culpa, agora sem von-
tade de brincar com os brinquedos do pecado, ignorando as testemunhas do corpo diante do êxtase da santa face de Cristo.

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UM CURSO EM MILAGRES
E assim Ele te julga. Aceita o Seu Verbo quanto ao que tu és, pois Ele dá testemunho da tua bela criação e da Mente Cujo
Pensamento criou a tua realidade. O que pode o corpo significar para Aquele Que conhece a glória do Pai e do Filho? Que
sussurros do ego pode Ele ouvir? O que poderia convencê-Lo de que os teus pecados são reais? Deixa que Ele também seja
o Juiz de tudo o que parece te acontecer nesse mundo. As Suas lições te permitirão construir uma ponte sobre a brecha entre
as ilusões e a verdade.
Ele removerá toda a fé que tens depositado na dor, no desastre, no sofrimento e na perda. Ele te dá a visão que pode olhar
para o que está além dessas sombrias aparências e contemplar a gentil face de Cristo em todas elas. Não mais duvidarás de
que só o bem pode vir a ti que és amado por Deus, pois Ele julgará todos os acontecimentos e te ensinará a lição única que
todos contêm.
Ele selecionará os elementos que representam a verdade e ignorará todos os aspectos que refletem apenas sonhos vãos. E
Ele reinterpretará tudo o que vês, todas as ocorrências, cada circunstância e cada acontecimento que parece te tocar de al-
gum modo a partir do Seu referencial único, totalmente unificado e seguro. E verás o amor além do ódio, a constância na mu-
dança, a pureza no pecado e apenas a bênção do Céu sobre o mundo.
Tal é a tua ressurreição, pois a tua vida não faz parte de coisa alguma que vês. Ela está além do corpo e do mundo, depois de
todo testemunho do profano, no interior Daquele que é Santo, tão santo quanto Ele Mesmo. Em todos e em tudo a Sua Voz
não quer te falar de nada, exceto do teu Ser e do teu Criador, Que é um com Ele. E assim, verás a santa face de Cristo em
tudo e em tudo não ouvirás som algum exceto o eco da Voz de Deus.
Hoje praticamos sem palavras, com exceção do inicio do tempo que passamos com Deus. Introduzimos estes momentos ape-
nas com uma única e lenta repetição do pensamento com o qual o dia começa. E, então observamos os nossos pensamentos,
apelando silenciosamente para Aquele Que neles vê os elementos da verdade. Deixa-O avaliar cada pensamento que te vem
à mente, retirar os elementos de sonho e devolvê-los outra vez como idéias limpas que não contradizem a Vontade de Deus.
Dá-Lhe os teus pensamentos e Ele os devolverá como milagres que proclamam alegremente a integridade e a felicidade que é
a Vontade de Deus para o Seu Filho, como prova do Seu eterno Amor. E, à medida que cada pensamento é assim transfor-
mado, assume o poder curativo da Mente Que nele viu a verdade e não Se deixou enganar pelo que lhe foi falsamente acres-
centado. Todos os fios da fantasia se foram. E o que permanece é unificado num pensamento perfeito que oferece a sua per-
feição em toda parte.
Passa quinze minutos assim ao acordar e dás mais quinze minutos com alegria antes de ires dormir. O teu ministério começa à
medida em que todos os teus pensamentos são purificados. E assim te é ensinado a ensinar ao Filho de Deus a santa lição da
sua santidade. Ninguém pode falhar em escutar, quando ouves a Voz por Deus honrar o Filho de Deus. E todos compartilha-
rão contigo os pensamentos que Ele re-traduziu na tua mente.
Tal é a tua Páscoa. E assim depositas a tua dádiva de lírios brancos como a neve sobre o mundo, substituindo as testemunhas
do pecado e da morte. Através da tua transfiguração, o mundo é redimido e alegremente se libera da culpa. Agora erguemos
as nossas mentes ressuscitadas em contentamento e gratidão para Aquele Que restaurou a nossa sanidade para nós.
E, a cada hora, nos lembraremos Daquele Que é salvação e liberação. E, ao darmos graças, o mundo une-se a nós e aceita
com alegria os nossos santos pensamentos que o Céu corrigiu e purificou. Agora, enfim, começou o nosso ministério para
levar pelo mundo a feliz notícia de que a verdade não tem ilusões e de que a paz de Deus, através de nós, pertence a todos.

O poder de decisão é meu.


Ninguém pode sofrer perda a menos que seja por sua própria decisão. Ninguém pode sofrer dor, exceto que a sua própria
escolha opte por esse estado. Ninguém pode ter aflição, nem medo, nem pensar que está doente, a menos que esses sejam
os resultados que quer. E ninguém morre sem o próprio consentimento. Nada ocorre que não represente o teu desejo e nada
do que escolhes é omitido. Eis aqui o teu mundo, completo em todos os detalhes. Eis aqui toda a sua realidade para ti. E é só
aqui que está a salvação.
Podes acreditar que essa posição seja extrema e por demais abrangente para ser verdadeira. Mas, pode a verdade ter exce-
ções? Se tens a dádiva de tudo, pode a perda ser real? Pode a dor ser parte da paz ou o pesar parte da alegria? Podem o
medo e a doença entrar na mente onde habitam o amor e a santidade perfeita? A verdade tem que abranger tudo, se é que é
a verdade. Não aceites opostos ou exceções, pois fazê-lo é contradizer inteiramente a verdade. Não aceites opostos ou exce-
ções, pois fazê-lo é contradizer inteiramente a verdade.
A salvação é o reconhecimento de que a verdade é verdadeira e de que nada mais é verdadeiro. Isso já ouviste antes, mas
podes ainda não aceitar ambas as partes. Sem a primeira, a segunda não tem significado. Mas sem a segunda, a primeira já
não é verdadeira. A verdade não pode ter opostos. Nunca é demais dizer e pensar nisso. Pois, se aquilo que não é verdade for
tão verdadeiro quanto aquilo que é verdadeiro, então, uma parte da verdade é falsa. E a verdade perdeu o seu significado.
Nada além da verdade é verdadeiro e aquilo que é falso é falso.
Essa é a mais simples das distinções e, no entanto, a mais obscura. Mas não porque seja uma distinção difícil de ser percebi-
da. Ela está oculta por trás de um vasto conjunto de escolhas que não aparentam ser inteiramente tuas. E, assim, a verdade
aparenta ter alguns aspectos que negam a coerência, mas que não parecem ser apenas contradições introduzidas por ti. E
assim, a verdade aparenta ter alguns aspectos que negam a coerência, mas que não parecem ser apenas contradições intro-
duzidas por ti.
Como Deus te criou, tens que permanecer imutável, com estados transitórios que são falsos por definição. E isso inclui todas
as variações de sentimento, as alterações das condições do corpo e da mente, de toda consciência e de todas as reações.
Essa é a abrangência total que coloca a verdade à parte da falsidade e pela qual o que é falso se mantém separado da verda-
de, tal como é.
Não é estranho que acredites que pensar que fizeste o mundo que vês é arrogância? Deus não o fez. Disso podes estar certo.
O que Ele pode saber do efêmero, do pecador e do culpado, do amedrontado, do sofredor e solitário, e da mente que vive
dentro de um corpo que não pode deixar de morrer? Estás apenas acusando-O de insanidade ao pensar que Ele tenha feito
um mundo em que tais coisas pareçam ter realidade. Ele não é louco. No entanto, só a loucura faz um mundo como esse.

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UM CURSO EM MILAGRES
Pensar que Deus fez o caos, que Ele contradiz a Sua Vontade, que inventou opostos para a verdade e permite, mesmo com
sofrimento, que a morte triunfe sobre a vida, tudo isso é arrogância. A humildade veria imediatamente que essas coisas não
são Suas. E podes ver o que Ele não criou? Pensar que podes é meramente acreditar que podes perceber aquilo que a Von-
tade de Deus determinou que não fosse. E o que poderia ser mais arrogante do que isso?
Sejamos verdadeiramente humildes hoje e aceitemos o que temos feito tal como é. O poder de decisão é nosso. Decide ape-
nas aceitar o teu lugar de direito como co-Criador do universo e tudo o que pensas ter feito desaparecerá. Então, o que surgir
na tua consciência será tudo o que sempre foi, eternamente como é agora. E isso tomará o lugar dos auto-enganos feitos a-
penas para usurpar o altar ao Pai e ao Filho.
Hoje, praticamos a verdadeira humildade, abandonando a falsa pretensão com a qual o ego busca provar que ela é arrogante.
Mas a verdade é humilde ao admitir o seu poder, a sua imutabilidade e a sua integridade eterna que tudo abrange, a dádiva
perfeita de Deus para o Seu Filho amado. Deixamos de lado a arrogância que nos diz que somos pecadores, culpados, ame-
drontados e envergonhados do que somos; e, ao invés disso, ergamos os nossos corações em verdadeira humildade para
Aquele Que nos criou imaculados como Ele próprio, no poder e no amor.
O poder de decisão é nosso. E aceitamos Dele aquilo que somos e humildemente reconhecemos o Filho de Deus. Reconhecer
o Filho de Deus implica também em que todos os nossos auto-conceitos tenham sido postos de lado e reconhecidos como
falsos. A arrogância de cada um deles foi percebida. E, na humildade, a radiância do Filho de Deus, a sua gentileza, a sua
perfeita impecabilidade, o Amor de seu Pai, o seu direito ao Céu e a liberação do inferno, são alegremente aceitos como nos-
sos.
Agora nos unimos reconhecendo com contentamento que as mentiras são falsas e só a verdade é verdadeira. Pensamos ape-
nas na verdade ao levantarmos e passarmos cinco minutos praticando os seus caminhos, encorajando as nossas mentes as-
sustadas com o seguinte:
O poder de decisão é meu. Nesse dia aceitarei a mim mesmo como aquilo que a Vontade do meu Pai me criou para ser.
Em seguida, aguardaremos em silêncio, desistindo de todos os auto-enganos, enquanto pedimos humildemente ao nosso Ser
que Se revele a nós. E Aquele Que jamais partiu virá novamente à nossa consciência, grato por restaurar o Seu lar em Deus,
como Lhe era destinado.
Espera por Ele pacientemente ao longo do dia e convida-O a cada hora com as palavras com que começaste o dia, concluindo
com esse mesmo convite para o teu Ser. A Voz de Deus responderá, pois Ela fala por ti e pelo teu Pai. Ela substituirá todos os
teus pensamentos frenéticos pela paz de Deus, os auto-enganos pela verdade de Deus e as tuas ilusões de ti mesmo pelo
Filho de Deus.

A minha segurança está em ser sem defesas.


Tu, que te sentes ameaçado por esse mundo em mutação, pelas viradas do destino e suas amargas brincadeiras, seus breves
relacionamentos e todas as ‗dádivas‘ que ele apenas te empresta para tomar de volta, presta bem atenção nesta lição. O mun-
do não oferece segurança. Ele tem as suas raízes no ataque e todas as suas ‗dádivas‘ de segurança aparente são decepções
ilusórias. Ele ataca para em seguida atacar novamente. Nenhuma paz é possível para a mente onde o perigo ameaça dessa
forma.
O mundo faz surgir apenas defensividade. Pois a ameaça traz a raiva, a raiva faz com que o ataque pareça razoável, honesta-
mente provocado e justo em nome da autodefesa. Entretanto, a defensividade é uma ameaça dupla. Pois ela testemunha a
fraqueza e estabelece um sistema de defesa que não pode funcionar. Agora são os fracos ainda mais debilitados, pois há tra i-
ção do lado de fora e traição ainda maior do lado de dentro. A mente está agora confusa e não sabe para onde se voltar para
achar um modo de escapar das suas fantasias.
É como se ela estivesse apertada dentro de um círculo, no qual houvesse outro círculo que a mantivesse presa e ainda um
outro dentro desse, até que não seja mais possível escapar nem ter esperanças de fazê-lo. Ataque, defesa; defesa, ataque,
vêm a ser os círculos das hora e dos dias que amarram a mente com tiras pesadas de aço revestidas de ferro, que vão e vol-
tam apenas para começar outra vez. Parece não haver nenhuma quebra, nem fim na garra cada vez mais apertada daquilo
que aprisiona a mente.
As defesas são o preço mais alto que o ego quer extorquir. Nelas reside a loucura, sob uma forma tão miserável que a espe-
rança da sanidade parece ser apenas um sonho vão, além do possível. O senso de ameaça que o mundo encoraja é tão mais
profundo e tão além do que podes conceber em termos de loucura e intensidade, que não tens idéia de toda a devastação que
isso tem forjado.
Tu és seu escravo. Não sabes o que fazes por medo disso. Tu, que sentes as suas garras de ferro sobre o teu coração, não
compreendes o quanto te fizeram sacrificar. Não reconheces o que já fizeste para sabotar a santa paz de Deus pela tua de-
fensividade. Pois contemplas o Filho de Deus apenas como uma vítima a ser atacada por fantasias, sonhos e ilusões que ele
mesmo fez; apesar de ser indefeso na presença de tudo isso, necessita apenas de defesas por meio de mais fantasias e so-
nhos, nos quais ilusões da sua própria segurança o confortam.
Ser sem defesas é força. Testemunha o reconhecimento de Cristo em ti. Talvez te lembres que o livro texto afirma que a escolha
é sempre feita entre a força de Cristo e a tua própria fraqueza, vista à parte Dele. Aquele que é sem defesas não pode ser
atacado, porque reconhece uma força tão grande que o ataque é loucura ou um jogo tolo que uma criança cansada poderia
jogar quando fica sonolenta demais para lembrar-se do que quer.
Defensividade é fraqueza. Proclama que negaste o Cristo e passaste a ter medo da raiva do Pai. O que pode salvar-te agora da
tua delusão de um Deus irado, cuja imagem amedrontadora acreditas ver agindo em todos os males do mundo? O que mais,
senão ilusões, poderiam defender-te agora, quando o que estás combatendo são apenas ilusões?
Hoje, não brincaremos com tais jogos infantis. Pois o nosso propósito verdadeiro é o de salvar o mundo e não queremos trocar
por tolices a infinita alegria que a nossa função nos oferece. Não queremos deixar a nossa felicidade nos escapar porque um
fragmento de um sonho insensato atravessou por acaso as nossas mentes e tomamos por engano as figuras do sonho pelo
Filho de Deus e o seu instante fugaz pela eternidade.

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UM CURSO EM MILAGRES
Hoje olhamos para o que vem depois dos sonhos e reconhecemos que não precisamos de defesas porque fomos criados ina-
tacáveis, sem qualquer pensamento, desejo ou sonho no qual o ataque tenha qualquer significado. Agora não podemos ter
medo, pois deixamos todos os pensamentos amedrontadores para trás. E, sendo sem defesas estamos seguros, agora sere-
namente certos da nossa segurança e da salvação; certos de que cumpriremos o propósito que escolhemos à medida que o
nosso ministério estende a sua bênção santa através do mundo.
Fica imóvel por um momento e em silêncio pensa no quanto é santo o seu propósito, como descansas em segurança, intocável
no interior da luz do teu propósito. Os ministros de Deus escolheram que a verdade esteja com eles. Quem é mais santo do
que eles? Quem poderia estar mais certo de que a sua felicidade está inteiramente garantida? E quem poderia estar mais
fortemente protegido? De que defesas poderiam necessitar aqueles que estão entre os escolhidos de Deus, pela Sua eleição
e também pela sua própria?
A função dos ministros de Deus é ajudar os seus irmãos a escolherem como eles o fizeram. Deus elegeu a todos, mas poucos
vieram a reconhecer que a Vontade de Deus é apenas a sua própria. E enquanto falhas em ensinar o que tens aprendido, a
salvação espera e a escuridão mantém o mundo numa prisão miserável. Tampouco aprenderas que a luz veio a ti e que, de
fato, escapaste. Pois não verás a luz até oferecê-la a todos os teus irmãos. À medida que eles a tomam das tuas mãos, tu a
reconhecerás como tua.
Pode-se pensar na salvação como um jogo com o qual crianças felizes brincam. Ela foi planejada por Aquele Que ama as Suas
crianças e quer substituir os seus brinquedos amedrontadores por jogos felizes que lhes ensinam que o jogo do medo se foi. O
Seu jogo instrui com felicidade porque não há perdedor. Todos os que jogam não podem deixar de ganhar e na vitória de cada
um está assegurado o ganho de todos. O jogo do medo é posto de lado com contentamento quando as crianças chegam a ver
os benefícios que a salvação traz.
Tu, que brincaste de estar perdido para a esperança, abandonado por teu Pai, deixado só no terror de um mundo amedronta-
dor enlouquecido pelo pecado e pela culpa, sê feliz agora. Aquele jogo acabou. Agora veio um tempo de quietude, em que
deixamos os brinquedos da culpa e trancamos para sempre os nossos estranhos e infantis pensamentos de pecado fora das
mentes santas e puras das crianças do Céu e do Filho de Deus.
Fazemos uma pausa apenas por mais um momento para jogarmos o nosso jogo final e feliz sobre essa terra. E então iremos
ocupar o nosso lugar de direito, onde habita a verdade e os jogos são sem significado. E assim termina a estória. Deixa que
esse dia antecipe para o mundo a chegada do último capítulo para que todos possam aprender que o conto que lêem sobre
um destino aterrorizante, a derrota das suas esperanças, a sua lamentável defesa contra uma vingança da qual não podem
escapar não passa da sua própria fantasia delusória. Os ministros de Deus vieram para despertá-los dos sonhos escuros que
essa estória evocou em sua recordação confusa e perplexa desse conto distorcido. O Filho de Deus pode enfim sorrir ao a-
prender que isso não é verdadeiro.
Hoje praticamos de uma forma que manteremos ainda por algum tempo. Começaremos cada dia dando a nossa atenção ao
pensamento diário durante o maior período de tempo possível. Agora, cinco minutos são o mínimo que daremos à preparação
de um dia em que a salvação é a única meta que temos. Dez minutos seriam melhor, quinze melhor ainda. E, à medida em
que a distração deixa de surgir para tirar-nos de nosso propósito, acharemos que meia hora é muito pouco tempo para se pas-
sar com Deus. Tampouco teremos vontade de dar menos à noite, em gratidão e alegria.
Cada hora adiciona à nossa paz crescente ao lembrarmos de sermos fiéis à Vontade que compartilhamos com Deus. Por ve-
zes, talvez, um minuto ou até menos, será o máximo que poderemos oferecer ao soar de cada hora. Algumas vezes, esquece-
remos. Em outras, as atividades do mundo nos cercarão e seremos incapazes de nos retirarmos um pouco para voltarmos os
nossos pensamentos para Deus.
No entanto, quando pudermos, manteremos a nossa confiança como ministros de Deus, lembrando a cada hora da nossa
missão e do Seu Amor. E nos sentaremos em quietude, esperaremos por Ele, escutaremos a Sua Voz e aprenderemos o que
Ele quer que façamos na hora que ainda está por vir, agradecendo-Lhe ao mesmo tempo por todas as dádivas que Ele nos
deu naquela que se foi.
Em tempo, com prática, nunca deixarás de pensar Nele e de ouvir a Sua amorosa Voz guiando os teus passos por caminhos
quietos, onde caminharás verdadeiramente sem defesas. Pois saberás que o Céu vai contigo. Tampouco queres manter a tua
mente afastada da mente de Deus nem por um momento sequer, embora passes o teu tempo oferecendo a salvação ao mun-
do. Pensas que Ele não fará com que isso seja possível para que, que escolheste cumprir o Seu plano para a salvação do
mundo e a tua?
Ser sem defesas é o nosso tema hoje. Nós nos vestimos com ele, ao nos prepararmos para enfrentar o dia. Erguemo-nos for-
tes em Cristo e deixamos a nossa fraqueza desaparecer ao lembrarmos que a Sua força habita em nós. Lembrar-nos-emos
que Cristo permanece ao nosso lado ao longo do dia e nunca deixa a nossa fraqueza sem o apoio da Sua força. Invocamos a
Sua força a cada vez que sentimos a ameaça das nossas defesas minar a certeza do nosso propósito. Faremos uma pausa,
por um momento, enquanto Ele nos diz: ―Eu estou aqui.‖
A tua prática começará agora a tomar a intensidade do amor, para ajudar-te a evitar que a tua mente se afaste da sua intenção.
Não temas nem sejas tímido. Não há dúvida de que alcançarás a tua meta final. Os ministros de Deus nunca podem falhar,
porque o amor, a força e a paz que brilham a partir deles para todos os seus irmãos vêm Dele. Estas são as Suas dádivas
para ti. Ser sem defesas é tudo o que precisas Lhe dar em retorno. Deixas de lado apenas o que nunca foi real para contem-
plar Cristo e ver a Sua impecabilidade.

Eu estou entre os ministros de Deus.


Que hoje não sejamos nem arrogantes nem falsamente humildes. Já fomos além de tais tolices. Não podemos nos julgar e
nem precisamos fazê-lo. Essas são apenas tentativas de evitar a decisão e adiar o comprometimento com a nossa função. A
nossa parte não é julgar o nosso valor, nem podemos saber qual é o melhor papel para nós; o que podemos fazer dentro de
um plano maior, nós não podemos ver inteiramente. O nosso papel é definido no Céu, não no inferno. E o que pensamos ser
fraqueza pode ser força, o que acreditamos ser a nossa força freqüentemente é arrogância.

313
UM CURSO EM MILAGRES
Qualquer que seja o papel que te foi designado, foi selecionado pela Voz por Deus, Cuja função é a de falar por ti também.
Vendo as tuas forças exatamente como são e também ciente de onde podem ser mais bem aplicadas, para quê, para quem e
quando, Ele escolhe e aceita o teu papel por ti. Ele não trabalha sem o teu próprio consentimento. Mas não Se engana quanto
ao que tu és e só escuta a Sua Voz em ti.
É através da Sua capacidade de ouvir uma única Voz Que é a Sua própria, que tu vens a ser enfim ciente de que há uma única
Voz em ti mesmo. E aquela única Voz te designa a tua função e a entrega a ti, dando-te forças para compreendê-la, fazer o
que ela acarreta e ter sucesso em tudo o que fazes que seja relacionado com ela. Deus uniu-Se ao Seu Filho nisso e assim o
Seu Filho vem a ser o Seu mensageiro, o mensageiro da unidade com ele.
É essa união do Pai e do Filho, através da Voz por Deus, que coloca a salvação à parte do mundo. É essa Voz Que fala de leis
que o mundo não obedece, Que promete a salvação de todo pecado abolindo a culpa na mente que Deus criou sem pecado.
Agora essa mente vem a ser outra vez ciente Daquele que a criou e da Sua união duradoura consigo mesma. Assim, o seu
Ser é a única realidade em Que a Sua Vontade e a Vontade de Deus estão unidas.
Um mensageiro não é aquele que escreve a mensagem que entrega. Tampouco questiona o direito daquele que o faz ou per-
gunta por que escolheu aqueles que receberão a mensagem que traz. Basta que a aceite, a dê àqueles a quem se destina e
cumpra o seu papel na entrega da mensagem. Se determina quais devem ser as mensagens ou a que propósito servem ou
para onde devem ser levadas, está falhando em desempenhar o seu papel como portador do Verbo.
Há uma diferença principal no papel dos mensageiros do Céu, que os distingue daqueles designados pelo mundo. As mensa-
gens que entregam são dirigidas em primeiro lugar a eles mesmos. E é só na medida em que possam aceitá-las para si mes-
mos, que vêm a ser capazes de levá-las adiante e dá-las em todos os lugares a que eram destinadas. Como os mensageiros
terrestres, eles não escreveram as mensagens que trazem consigo, mas vêm a ser os seus primeiros destinatários no sentido
mais verdadeiro, recebendo a fim de prepararem-se para dar.
Um mensageiro terrestre cumpre o seu papel dando todas as duas mensagens. Os mensageiros de Deus desempenham o seu
papel com a própria aceitação das Suas mensagens para si mesmos e mostram que as compreendem dando-as aos outros.
Eles não escolhem papéis que não lhes tenham sido dados por Sua autoridade. E assim ganham com cada mensagem que
dão.
Tu queres receber as mensagens de Deus? Pois é assim que vens a ser o Seu mensageiro. Tu és designado agora. No entan-
to, esperas para dar as mensagens que tens recebido. E assim não sabes que são tuas e não as reconheces. Ninguém pode
receber e compreender que recebeu até que tenha dado. Pois no ato de dar está a sua própria aceitação que recebeu.
Vós, que sois agora os mensageiros de Deus, recebei as Suas mensagens. Pois isso faz parte do papel que vos foi designado.
Deus não falhou em oferecer o que vós precisais e nem isso deixou de ser aceito. Entretanto, uma outra parte da tarefa que
vos foi designada ainda está por ser realizada. Aquele Que recebeu as mensagens de Deus por vós, quer que elas sejam re-
cebidas também por vós. Pois assim vós vos identificais com Ele e reivindicais o que vos pertence.
É o reconhecimento dessa união que empreendemos hoje. Não buscaremos manter as nossas mentes à parte Àquele Que fala
por nós, pois é apenas a nossa voz que ouvimos ao prestarmos atenção a Ele. Só Ele pode falar a nós e por nós, unindo em
uma única Voz o ato de receber e dar o Verbo de Deus, o dar e receber a Sua Vontade.
Praticamos dar a ele o que ele quer para que possamos reconhecer as suas dádivas para nós. Ele precisa da nossa voz para
que possa falar através de nós. Precisa de nossas mãos para portar as Suas mensagens e levá-las àqueles que Ele designa.
1
Precisa de nossos pés para nos trazer para onde é Sua Vontade que estejamos, para que aqueles que esperam na miséria
possam enfim ser libertados. E Ele precisa das nossas vontades unidas à Sua, para que possamos ser os verdadeiros recep-
tores das dádivas que Ele nos dá;
Aprendamos hoje apenas essa lição: nós não reconheceremos aquilo que recebemos até que até que o tenhamos dado. Já
ouvisse isso ser dito em centenas de maneiras, centenas de vezes e, no entanto, a tua crença ainda está faltando. Mas isso é
certo: até que venhas a acreditar nisso, receberás mil milagres e depois mais mil, mas não saberás que o próprio Deus não
guardou nenhuma dádiva além daquelas que já tens e tampouco não guardou a menor das bênçãos ao Seu Filho. O que isso
pode significar para ti, enquanto não tiveres te identificado com Ele e com o que Lhe é próprio?
A nossa lição para o dia de hoje é declarada assim:
Eu estou entre os ministros de Deus, e sou grato por ter os meios de reconhecer que sou livre.
O mundo retrocede à medida que iluminamos nossas mentes e reconhecemos que estas santas palavras são verdadeiras.
Elas são a mensagem que nos foi enviada hoje pelo nosso Criador. Agora, demonstramos como elas mudaram as nossas
mentes a respeito de nós mesmos e de qual é a nossa função. Pois, ao provarmos que não aceitamos nenhuma vontade da
qual não compartilhamos, as muitas dádivas do nosso Criador surgirão à nossa vista e saltarão às nossas mãos e nós reco-
nheceremos o que recebemos.

Recuarei e permitirei que Ele me mostre o caminho.


Há uma maneira de viver no mundo que não está aqui, embora pareça estar. Tu não mudas de aparência, embora sorrias mais
freqüentemente. A tua fronte é serena, os teus olhos tranqüilos. E aqueles que caminham pelo mundo como tu, te reconhecem
como um deles. No entanto, aqueles que ainda não perceberam o caminho também te reconhecerão e acreditarão que és
igual a eles, como eras antes.
O mundo é uma ilusão. Aqueles que escolhem vir aqui estão em busca de um lugar onde possam ser ilusões e evitar a sua
própria realidade. Todavia, quando descobrem que a sua própria realidade está até mesmo aqui, recuam e permitem que ela
mostre o caminho. Que outra escolha têm a fazer realmente? Deixar que ilusões caminhem diante da verdade é loucura. Mas
deixar a ilusão submergir atrás da verdade e deixar a verdade se erguer à sua frente tal como é, é meramente sanidade.

1 Eu preciso da tua boca para falar. Eu preciso dos teus pés para caminhar.
Eu preciso dos teus braços para acolher. Eu preciso das tuas mãos para afagar.
Eu preciso dos teus olhos para alegrar a vida daqueles que não me conhecem.

314
UM CURSO EM MILAGRES
Essa é a escolha simples que fazemos hoje. A louca ilusão ainda permanecerá em evidência por algum tempo para que seja
contemplada por aqueles que escolhem vir e que ainda não se regozijaram ao descobrir que estavam equivocados na sua
escolha. Eles não podem aprender diretamente da verdade, pois negaram que seja assim. Por isso precisam de um Professor
Que perceba a sua loucura, mas que ainda assim possa olhar além da ilusão para a simples verdade que há neles.
Se a verdade exigisse que desistissem do mundo, pareceria a eles que estaria pedindo o sacrifício de algo que é real muitos
escolheram renunciar ao mundo enquanto ainda acreditavam na sua realidade. E sofreram uma sensação de perda e conse-
qüentemente não se liberaram. Outros não escolheram nada além do mundo e sofreram com um sentimento de perda ainda
mais profundo, que não entenderam.
Entre esse dois rumos há ainda uma outra estrada que conduz para longe de qualquer tipo de perda, pois tanto o sacrifício
quando a privação são rapidamente deixados para trás. Esse é o caminho designado para ti agora. Andas por esse caminho
como os outros e também não pareces ser distinto deles, embora de fato o sejas. Assim podes servi-los enquanto serves a ti
mesmo e podes guiar os seus passos no caminho que Deus abriu para ti e para eles através de ti.
A ilusão ainda parece se apegar a ti, para que possas alcançá-los. Mas ela recuou. E não é de ilusões que eles te ouvem falar
e nem é ilusão o que trazes para que os seus olhos contemplem e suas mentes apreendam. A verdade, que anda na tua fren-
te, tampouco pode lhes falar através de ilusões, pois agora a estrada conduz para o que está depois das ilusões e, ao longo
do caminho, tu os chamas para que possam seguir-te.
No final, todas as estradas conduzem a essa. Pois o sacrifício e a privação são rotas que não levam a lugar nenhum, escolhas
de derrota e objetivos que permanecerão impossíveis. Tudo isso recua quando a verdade vem à tona em ti, para conduzires os
teus irmãos para longe dos caminhos da morte, colocando-os no caminho da felicidade. O seu sofrimento não passa de ilusão.
Todavia, precisam de um guia para conduzi-los para fora disso, pois tomam a ilusão equivocadamente pela verdade.
Tal é o chamado da salvação e nada mais. Pede que aceites a verdade e deixes que ela vá diante de ti, iluminando a rota do
resgate da ilusão. Não é um resgate que tenha preço. Não há nenhum custo, apenas ganho. A ilusão só pode parecer manter
o Filho santo de Deus acorrentado. Ele é salvo apenas de ilusões. Quando elas recuam, ele se encontra novamente.
Caminha com segurança, agora, mas com cuidado, pois essa rota é nova para ti. E poderás achar que ainda és tentado a an-
dar na frente da verdade e a deixar as ilusões serem o teu guia. Os teus irmãos santos te foram dados para seguir-te em teus
passos, à medida que caminhas com certeza de propósito até a verdade. Ela vai adiante de ti agora para que possam ver algo
com que possam identificar-se, algo que compreendam para conduzi-los no caminho.
Entretanto, no final da jornada não haverá nenhuma brecha, nenhuma distância entre a verdade e ti. E todas as ilusões que
andavam no caminho por onde viajavas também se afastarão de ti e não sobrará nada para manter a verdade à parte da com-
pleteza de Deus, tão santa quanto Ele. Recua com fé e deixa a verdade te mostrar o caminho. Não sabes aonde vais. Mas
Aquele Que sabe vai contigo. Deixa-O conduzir-te junto com os outros.
Quando os sonhos chegarem ao fim, o tempo tiver fechado a porta sobre todas as coisas que passam e os milagres tiverem
deixado de ter um propósito, o Filho santo de Deus não fará mais jornadas. Não haverá nenhum desejo de ser uma ilusão ao
invés da verdade. E estamos nos encaminhando para isso à medida que progredimos ao longo do caminho que a verdade nos
indica. Essa é nossa jornada final, que fazemos por todos. É necessário que não percamos o nosso caminho. Pois, assim co-
mo a verdade vai adiante de nós, ela também vai na frente de nossos irmãos que nos seguirão.
Caminhamos para Deus. Faze uma pausa e reflete sobre isso. Poderia outro caminho ser mais santo ou mais digno do teu
esforço, do teu amor e de toda a tua intenção? Que caminho poderia te dar mais do que tudo ou oferecer menos e ainda con-
tentar o Filho santo de Deus? Caminhamos para Deus. A verdade que caminha diante de nós agora é uma com Ele e nos
conduz para onde Ele sempre esteve. Que caminho senão esse poderia ser uma rota que tu escolherias?
Os teus pés estão plantados com segurança na estrada que conduz o mundo a Deus. Não procures caminhos que pareçam
conduzir-te a outro lugar. Sonhos não são guias dignos de ti, que és o Filho de Deus. Não esqueças que Ele colocou a Sua
Mão na tua e te deu os teus irmãos em Confiança, pois tu és digno da Sua Confiança em ti. Ele não pode ser enganado. A
Sua Confiança fez com que a rota pela qual caminhas seja certa e a tua meta segura. Não falharás para com os teus irmãos
nem para com o teu Ser.
E agora Ele pede apenas que penses Nele por um momento a cada dia, para que Ele possa te falar e te contar do Seu amor,
lembrando-te quão grande é a Sua Confiança em ti, quão ilimitado o Seu Amor. Em teu nome e no Seu, que são o mesmo,
nós praticamos com contentamento esse pensamento no dia de hoje:
Recuarei e permitirei que Ele me mostre o caminho, pois quero caminhar ao longo da estrada que conduz a Ele.

Caminho com Deus em perfeita santidade.


A idéia de hoje apenas declara a simples verdade e faz com que seja impossível o pensamento do pecado. Promete que não
há causa para a culpa e, sendo sem causa, ela não existe. Ela decorre com segurança do pensamento básico tão freqüente-
mente mencionado no livro texto: idéias não deixam a sua fonte. Se isso é verdadeiro, como podes estar à parte de Deus?
Como poderias caminhar pelo mundo sozinho e separado de tua Fonte?
Não somos inconsistentes os pensamentos que apresentamos em nosso currículo. Para ser verdadeira, a verdade tem que ser
verdadeira do início ao fim. Não pode contradizer-se, nem dividir-se em partes certas e incertas. Não podes caminhar pelo
mundo à parte de Deus, porque não podes ser sem Ele. Ele é o que é a tua vida. Onde estás, Ele está. Existe uma única vida.
Essa vida tu compartilhas com Ele. Nada pode existir à parte Dele e viver.
No entanto, onde Ele está, também tem que haver santidade assim como vida. Nenhum dos Seus atributos permanece sem
ser compartilhado por tudo o que vive. Tudo o que vive é santo como Ele, porque tudo o que compartilha a Sua vida é parte da
Santidade e não poderia ser pecaminoso, assim como o sol não poderia escolher ser feito de gelo, o mar optar por estar à
parte da água ou a relva crescer com as raízes suspensas no ar.
Há em ti uma luz que não pode morrer, cuja presença é tão santa que o mundo é santificado por tua causa. Todas as coisas que
vivem trazem dádivas a ti e as ofertam aos teus pés com gratidão e júbilo. O perfume das flores é a dádiva que te oferecem.
As ondas curvam-se diante de ti, as árvores estendem seus braços para proteger-te do calor e depositam as suas folhas no

315
UM CURSO EM MILAGRES
cão diante de ti para que possas caminhar no macio, enquanto o vento amaina e vem a ser um sussurro em torno da sua san-
ta cabeça.
A luz em ti é o que o universo almeja contemplar. Todas as coisas vivas estão imóveis diante de ti, pois reconhecem Aquele que
caminha contigo. A luz que trazes é delas. E assim, vêem em ti a sua própria santidade, saudando-te como salvador e como
Deus. Aceita a sua reverência, pois essa se deve à Santidade em Si Mesma, Que caminha contigo, transformando em Sua
Luz gentil todas as coisas à Sua semelhança e pureza.
Esse é o modo como funciona a salvação. Quando recuas, a luz em ti se adianta e abrange o mundo. Ela não anuncia o fim do
pecado no castigo e na morte. O pecado se vai na leveza e no riso, pois o seu absurdo antiquado é visto. É um pensamento
bobo, um sonho tolo, nada amedrontador, talvez ridículo, mas quem desperdiçaria um só instante da aproximação do próprio
Deus por um capricho tão sem sentido?
No entanto, tens desperdiçado muitos e muitos anos justamente com esse pensamento tolo. O passado se foi, com todas as suas
fantasias. Essas já não te mantêm mais preso. A aproximação de Deus está próxima. E no pequeno intervalo de dúvida que
ainda permanece, talvez possas vir a perder de vista o teu Companheiro e tomá-Lo equivocadamente pelo antigo sonho sem
sentido que agora é passado.
―Quem caminha comigo?‖ essa questão deveria ser feita mil vezes por dia, até que a certeza tenha posto um fim à dúvida e
estabelecido a paz. Deixa que a dúvida cesse no dia de hoje. Deus fala por ti, respondendo à tua pergunta com estas pala-
vras:
Caminho com Deus em perfeita santidade. Eu ilumino o mundo, ilumino a minha mente e todas as mentes que Deus
criou unas comigo.

Quero entrar na Sua Presença agora.


Esse é um dia de silêncio e de confiança. É um tempo especial, muito promissor no calendário dos teus dias. É um tempo que
o Céu reservou para iluminar e lançar uma luz intemporal sobre esse dia em que se ouvem os ecos da eternidade. Esse dia é
santo, pois introduz uma nova experiência, um tipo diferente de sentimento e consciência. Passaste longos dias e longas noi-
tes celebrando a morte. Hoje, aprende a sentir a alegria da vida.
Esse é outro momento crucial de decisão no currículo. Agora, acrescentamos uma nova dimensão, uma nova experiência que
irradia luz a tudo o que já aprendemos e nos prepara para o que ainda temos que aprender. Ela nos traz à porta onde cessa o
aprendizado e captamos um vislumbre daquilo que vem depois dos cumes mais altos que ele pode atingir. Ela nos deixa aqui
por um instante e nós vamos além, certos da nossa direção e da nossa única meta.
Hoje te será dado sentir um toque do Céu, embora retornes às rotas do aprendizado. Mas vieste de longe e já andaste o sufici-
ente ao longo do caminho para alterar o tempo o bastante para elevar-te alem das suas leis e caminhar um pouco para a eter-
nidade. Aprenderás a fazer isso cada vez mais, à medida que cada lição, fielmente treinada, te traz com mais rapidez a esse
santo lugar e te deixa, por um momento, com o teu Ser.
Ele dirigirá a tua prática de hoje, pois o que pedes agora é a Sua Vontade. E tendo unido a tua vontade com a Sua nesse dia, o
que estás pedindo tem que ser dado a ti. Além da idéia de hoje, nada mais é necessário para iluminar a tua mente e deixá-la
descansar em serena expectativa e na alegria quieta na qual rapidamente deixas o mundo para trás.
A partir deste dia, o teu ministério se reveste de uma devoção genuína e de um brilho que passa da pontas dos teus dedos
àqueles que tocas e abençoa todos aqueles que contemplas. Uma visão alcança todos aqueles que encontras e todos aqueles
em quem pensas, ou que pensam em ti. Pois a tua experiência de hoje transformará a tua mente de tal modo que ela vem a
ser a pedra de toque para os santos Pensamentos de Deus.
Hoje, teu corpo será santificado, tendo agora como único propósito trazer a visão da tua experiência de hoje para iluminar o
mundo. Não podemos dar experiências como essa diretamente. Mas ela deixa uma visão em nossos olhos que podemos ofe-
recer a todos para que cada um possa vir mais rápido a essa mesma experiência em que o mundo é esquecido em quietude e
o Céu é lembrado por algum tempo.
À medida que essa experiência aumenta e todas as metas, com exceção dessa, vêm a ser pouco valorizadas, o mundo ao qual
retornarás aproxima-se um pouco mais do fim dos tempos; torna-se um pouco mais parecido com o Céu nos seus caminhos e
um pouco mais próximo da sua liberação. E tu, que lhe trazes a luz, passarás a ver a luz com mais certeza, a visão mais dis-
tinta. O momento virá em que não retornarás sob a mesma forma em que apareces agora, pois não terás nenhuma necessi-
dade dela. Mas, agora ela tem um propósito e te servirá bem.
Hoje, embarcaremos num curso com o qual nunca sonhaste. Mas o Santo, o Doador dos sonhos felizes da vida, o Tradutor da
percepção em verdade, o Guia santo para o Céu que te foi dado, sonhou para ti esta jornada que fazes e que começa hoje
com a experiência que esse dia te oferece para que seja tua.
Entraremos agora na presença de Cristo, serenamente e sem estarmos cientes de nada, com exceção de Sua face resplande-
cente e do Seu Amor perfeito. A visão da Sua face ficará contigo, mas haverá um instante que transcende toda visão, até
mesmo essa, a mais santa. Isso nunca ensinarás, pois não o atingiste através do aprendizado. No entanto, a visão fala da tua
lembrança do que conheceste naquele instante e com certeza conhecerás novamente.

Hoje, aprendo a dar como recebo.


O que te foi dado? O conhecimento de que és uma mente na Mente e apenas uma mente, isento de pecado para sempre to-
talmente sem medo, porque foste criado a partir do Amor. Tampouco deixaste a tua Fonte, permanecendo tal como foste cria-
do. Isso te foi dado como conhecimento de que não podes perder. Isso também foi dado a cada coisa viva, pois só se vive
através desse conhecimento.
Recebeste tudo isso. Ninguém que caminhe pelo mundo deixou de receber isso. Não é esse o conhecimento que dás, pois ele
foi dado pela criação. Tudo isso não pode ser aprendido. Então, o que vais aprender a dar hoje? A nossa lição de ontem evo-
cou um tema que se acha bem no início do livro texto. A experiência não pode ser compartilhada diretamente da forma que a

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UM CURSO EM MILAGRES
visão pode. A revelação de que o Pai e o Filho são um só virá a seu tempo a cada mente. No entanto, esse momento é deter-
minado pela própria mente, não é ensinado.
Esse momento já está estabelecido. Parece ser bastante arbitrário. Mas não há nenhum passo que alguém possa dar nesta
estrada que seja apenas por acaso. Esse passo já foi dado por ele, embora ele ainda não tenha embarcado nisso. Pois o tem-
po apenas parece ir em uma direção. Estamos apenas empreendendo uma jornada que já chegou ao fim. Todavia, parece
reservar um futuro que ainda nos é desconhecido.
O tempo é um truque, um passe de mágica, uma vasta ilusão em que figuras vem e vão como por magia. Mas há um plano por
trás das aparências que não muda. O roteiro está escrito. O momento em que a experiência vem para dar fim à tua dúvida já
foi estabelecido. Pois nós vemos a jornada apenas do ponto em que ela terminou, olhando em retrospectiva, imaginando que
a empreendemos novamente, revisando mentalmente o que já se foi.
Um professor não pode dar a experiência, pois não a aprendeu. Essa revelou-se a ele no momento indicado. Mas a visão é a
sua dádiva. Isso ele pode dar diretamente, pois o conhecimento de Cristo não está perdido porque Ele tem uma visão que
pode dar a todo aquele que pede. A Vontade do Pai e A Sua estão unidas no conhecimento. No entanto, há uma visão que o
Espírito Santo vê, porque a mente de Cristo também a contempla.
Aqui se faz a união do mundo de dúvidas e sombra com o intangível. Aqui um lugar quieto dentro do mundo se faz santo pelo
perdão e pelo amor. Aqui todas as contradições são reconciliadas, pois a jornada chega ao fim. A experiência – não aprendida,
não ensinada e não vista – apenas está presente.isso está além da nossa meta, pois transcende o que precisa ser realizado.
O que nos concerne é a visão de Cristo. Isso nos podemos atingir.
A visão de Cristo tem uma só lei. Ela não contempla um corpo e o toma por engano pelo Filho que Deus criou. Contempla uma
luz além do corpo, uma idéia além do que pode ser tocado, uma pureza não obscurecida por erros, equívocos lamentáveis e
pensamentos amedrontadores de culpa que vêm dos sonhos de pecado. Ela não vê separação. Ela olha para todas as pesso-
as, todas as circunstâncias, todos os acontecimentos e todos os eventos, sem que a luz que ela contempla diminua de inten-
sidade de forma alguma.
Isso pode ser ensinado e tem que ser ensinado por todos aqueles que querem alcançá-la. Requer apenas o reconhecimento
de que o mundo nada pode dar que remotamente possa comparar-se a isso em valor, nem estabelecer uma meta que não
desapareça simplesmente, quando isso tiver sido percebido. E é isso que dás nesse dia: não vejas ninguém como um corpo.
Cumprimenta cada um como o Filho de Deus que ele é, reconhecendo que ele é um contigo em santidade.
Assim, os seus pecados são perdoados, pois a visão de Cristo tem o poder de não vê-los. Desaparecem no perdão de Cristo.
Sem ser vistos pelo Uno, desaparecem simplesmente porque a visão da santidade, que está além deles, vem para tomar o
seu lugar. Não importa a forma que tomaram, nem quão enormes aparentaram ser, nem quem pareceu ser ferido por eles. Os
pecados deixaram de ser. E todos os efeitos que pareciam ter desaparecido com eles, desfeitos, para jamais serem refeitos.
Assim aprendes a dar como recebes. E assim a visão de Cristo também olha para ti. Essa lição não é difícil de aprender, se
lembrares que no teu irmão estás apenas vendo a ti mesmo. Se ele estiver perdido no pecado, tu também tens que estar; se
nele vires a luz, os teus pecados terão sido perdoados por ti mesmo. Cada irmão que encontrares hoje te proporciona mais
uma oportunidade para deixar que a visão de Cristo brilhe sobre ti e te ofereça a paz de Deus.
Não importa quando vem a revelação, pois ela não está no tempo. Mas o tempo tem ainda uma dádiva a dar na qual o verda-
deiro conhecimento se reflete de um modo tão preciso que a sua imagem compartilha da sua santidade invisível; o que lhe é
semelhante brilha com seu amor imortal. Hoje praticamos ver com os olhos de Cristo. E, pelas santas dádivas que damos, a
visão de Cristo também nos contempla.

Dou os milagres que tenho recebido.


Ninguém pode dar o que não recebeu. Para dar alguma coisa é preciso que a tenhas primeiro. Aqui, as leis do Céu e do mundo
estão de acordo. Mas aqui elas também se separam. O mundo acredita que para possuir uma coisa é necessário guardá-la. A
salvação ensina o contrário. Dar é a forma de reconhecer o que tens recebido. É a prova de que o que tens é teu.
Compreendes que estás curado quando dás a cura. Aceitas o perdão como algo realizado em ti mesmo quando perdoas. reco-
nheces o teu irmão como tu mesmo e assim percebes que és íntegro. Não há milagre que não possas dar, pois todos te são
dados. Recebe-os agora abrindo o tesouro da tua mente onde estão guardados e dando-os aos outros.
A visão de Cristo é um milagre. Vem de muito além de si mesma, pois reflete o Amor Eterno e o renascimento do amor que
nunca morre, mas tem sido mantido obscuro. A visão de Cristo retrata o Céu, pois vê um mundo tão semelhante ao Céu que o
que Deus criou perfeito pode ser lá espelhado. O vidro escurecido que o mundo apresenta só mostra imagens distorcidas em
pedaços quebrados. O mundo real retrata a inocência do Céu.
A visão de Cristo é o milagre no qual nascem todos os milagres. É a sua fonte, ela permanece com cada milagre que dás e
ainda continua sendo tua. É o laço pelo qual o doador e o receptor são unidos em extensão aqui na terra, assim como são um
só no Céu. Cristo não contempla nenhum pecado em ninguém. E, em Sua vista, os isentos de pecado são um só. A sua santi-
dade foi dada pelo Seu Pai e por Ele próprio.
A visão de Cristo é a ponte entre os mundos. E podes confiar seguramente no seu poder para carregar-te desse mundo ao
outro, aquele que foi santificado pelo perdão. Coisas que aqui parecem ser bem sólidas, lá serão meras sombras: transparen-
tes, vagamente vistas, por vezes esquecidas e nunca capazes de obscurecer a luz que brilha no que está além delas. A santi-
dade foi restaurada à visão e os cegos podem ver.
Essa é a dádiva do Espírito Santo, a casa do tesouro à qual podes apelar com perfeita certeza à procura de todas as coisas
que possam contribuir para a tua felicidade. Já está tudo aqui. Tudo pode ser recebido, basta pedir. Aqui a porta nunca está
trancada e a ninguém é recusado o menor pedido ou a mais urgente necessidade. Não há doença que já não esteja curada,
nenhuma carência insatisfeita, nenhuma necessidade que não esteja preenchida dentro deste tesouro dourado de Cristo.
Aqui o mundo relembra o que se perdeu quando ele foi feito. Pois aqui ele é reparado, feito de novo, mas sob uma luz diferen-
te. O que se destinava a ser a casa do pecado vem a ser o centro da redenção e o lar da misericórdia, onde os sofredores são

317
UM CURSO EM MILAGRES
curados e bem-vindos. Ninguém será mandado embora deste novo lar, onde a sua salvação o espera. Ninguém é um estranho
para ele. Ninguém lhe pede coisa alguma exceto a dádiva de aceitar as suas boas-vindas.
A visão de Cristo é a terra santa em que os lírios do perdão fincam suas raízes. Esse é o seu lar. Podem ser levados daqui de
volta para o mundo, mas nunca poderão crescer no seu solo desnutrido e de pouca profundidade. Precisam da luz, do calor e
dos benignos cuidados que a caridade de Cristo provê. Precisam do amor com que Ele os contempla. E vêm a ser os Seus
mensageiros, que dão como receberam.
Tira do Seu estoque para que os tesouros possam aumentar. Seus lírios não deixam o seu próprio lar quando são carregados
de volta para o mundo. As suas raízes permanecem. Não deixam a sua fonte, mas carregam consigo a sua beneficência,
transformando o mundo num jardim como aquele de onde vieram e ao qual retornam com mais fragrância. Agora, são dupla-
mente bem-aventurados. As mensagens que trouxeram de Cristo foram entregues e devolvidas a eles. E eles as devolvem a
Cristo com contentamento.
Contempla a provisão de milagres preparada para dares. Não és digno da dádiva, quando Deus designou que essa te fosse
dada? Não julgues o Filho de Deus, mas segue no caminho que Ele estabeleceu. Cristo teve o sonho de um mundo perdoado.
É Sua a dádiva pela qual pode ser feita uma doce transição da morte para a vida, da desesperança para a esperança. Vamos
nos permitir sonhar com Cristo por um instante. O Seu sonho nos desperta para a verdade. A Sua visão nos dá os meios para
o retorno à nossa eterna santidade em Deus, que nunca foi perdida.

Estou em casa. O medo é o estranho aqui.


O medo é um estranho para os caminhos do amor. Identifica-te com o medo e serás um estranho para ti mesmo. E assim és
desconhecido para ti mesmo. O que é o teu Ser permanece alheio para aquela parte de ti que pensa que é real, mas diferente
de ti mesmo. Quem poderia ser são em tal circunstância? Quem, senão um louco, poderia acreditar que é o que não é e julgar
contra si próprio?
Existe um estranho em nosso meio, vindo de uma idéia tão estranha à verdade que fala uma língua diferente, olha para um
mundo que a verdade desconhece e compreende o que a verdade considera sem sentido. Ainda um estranho, ele vem sem
reconhecer a quem vem, mas ainda afirma que a sua casa lhe pertence, enquanto aquele que está em casa é agora o estra-
nho. No entanto, como seria fácil dizer: ―Essa é a minha casa. Aqui é o meu lugar e não partirei porque um louco me diz que tenho
que ir.‖
Que razão haverá para não dizeres isso? Qual poderia ser a razão, exceto que convidaste esse estranho a tomar o teu lugar e
permitiste que fosses um estranho para ti mesmo? Ninguém se deixaria desapossar tão desnecessariamente, a menos que pen-
sasse que existe outro lar mais adequado ao seu gosto.
Quem é o estranho? É o medo, ou és tu, que é tão inadequado ao lar que Deus proveu para o Seu Filho? Acaso o medo é próprio
de Deus, criado à Sua semelhança? Acaso é o medo que o amor completa e pelo qual é completado? Não há nenhum lar que
possa abrigar o amor e o medo. Não podem coexistir. Se tu és real, então o medo tem que ser uma ilusão. E se o medo é real,
então tu absolutamente não existes.
Nesse caso, com que simplicidade a questão é resolvida. Aquele que tem medo apenas negou a si mesmo e disse: ―Sou o
estranho aqui. E assim, deixo o meu lar a alguém que se parece mais comigo do que eu mesmo e dou-lhe tudo o que eu pen-
sava me pertencer.‖ Agora ele é exilado por necessidade, sem saber quem é, incerto de todas as coisas exceto disso: de que
ele não é ele mesmo e que o seu lar lhe foi negado.
E agora, o que procura ele? O que pode achar? Um estranho para si mesmo não pode achar um lar onde quer que o procure,
pois ele mesmo fez com que o retorno fosse impossível. O seu caminho está perdido, a não ser que um milagre venha buscá-
lo e lhe mostre que agora já não é um estranho. O milagre virá. Pois o seu Ser permanece no seu lar. Não convidou nenhum
estranho a entrar e não Se tomou por nenhum pensamento alheio. E Ele chamará o que é Seu para Si Mesmo em reconheci-
mento do que Lhe pertence.
Quem é o estranho? Não será aquele por quem o teu Ser não chama? És incapaz de reconhecer esse estranho no teu meio
agora, pois deste a ele o teu lugar de direito. Entretanto o teu Ser tem tanta certeza do que Lhe é próprio, quando Deus de
Seu Filho. Ele não pode estar confuso a respeito da criação. Tem certeza do que Lhe pertence. Nenhum estranho pode ser
interposto entre o Seu conhecimento e a e a realidade de Seu Filho. Ele desconhece estranhos tem certeza acerca do Seu
Filho.
A certeza de Deus é suficiente. Aquele Que Ele conhece como o Seu Filho pertence ao lugar no qual Ele O estabeleceu para
sempre. Ele respondeu a ti que perguntas: ―Quem é o estranho?‖ Ouve a sua Voz te assegurar, de modo quieto e seguro, que
não és um estranho para o teu Pai e nem o teu Criador se fez um estranho para ti. Aqueles a quem Deus uniu permanecem
para sempre um só, em casa com Ele e não um estranho para Si Mesmo.
Hoje damos graças por Cristo ter vindo procurar no mundo pelo que lhe pertence. A Sua visão não vê estranhos, mas contem-
pla os Seus e alegremente Se une a eles. Eles O vêem como um estranho, pois não reconhecem a si mesmo. Mas, ao dar-
Lhe as boas-vindas, se lembram. E Ele os conduz gentilmente de volta ao lar, que é o lugar que lhes é próprio.
Cristo não esquece ninguém. Não falha em te dar nem um só dos teus irmãos para que te lembres, para que o teu lar possa ser
completo e perfeito tal como foi estabelecido. Ele não te esqueceu. Mas tu não te lembrarás de Cristo até olhares para tudo
como Ele o faz. Todo aquele que nega o seu irmão está negando a Ele e recusando-se, assim, a aceitar a dádiva da vista a-
través da qual vem a salvação, o seu Ser é claramente reconhecido e o seu lar relembrado.

Dá-me a tua bênção, Filho santo de Deus.


Hoje praticamos de modo diferente e nos posicionamos contra a nossa raiva para que os nossos medos possam desaparecer e
oferecer espaço ao amor. Aqui está a salvação nas simples palavras com que praticamos a idéia de hoje. Aqui está a resposta
para a tentação que nunca falha em acolher com boas-vindas ao Cristo aonde o medo e a raiva antes prevaleciam. Aqui a
Expiação se completa, o mundo é deixado para trás com toda a segurança e o Céu é agora restaurado. Aqui está a resposta
da Voz por Deus.

318
UM CURSO EM MILAGRES
A completa abstração é a condição natural da mente. Mas parte dela agora não é natural. Ela não olha para tudo como um só.
Ao invés disso, vê fragmentos do todo, pois só assim poderia inventar o mundo parcial que tu vês. O propósito de tudo o que
vês é o de te mostrar o que desejas ver. A audição só traz à tua mente os sons que ela quer ouvir.
Assim foi feita a especificidade. E agora, é a especificidade que temos que usar na nossa prática. Nós a damos ao Espírito
Santo, para que Ele possa empregá-la com um propósito que é diferente daquele que lhe demos. Contudo,Ele não pode usar
nada além do que fizemos para ensinar-nos de um ponto de vista diferente, para que possamos ver uma utilidade diferente em
tudo.
Um irmão é todos os irmãos. Cada mente contém todas as mentes, pois todas as mentes são uma só. Tal é a verdade. Mas
estes pensamentos fazem com que o significado da criação fique claro? Estas palavras trazem com elas perfeita clareza para
ti? O que podem aparentar ser senão sons vazios, belos talvez, corretos em sentimento, mas fundamentalmente incompreen-
didos e incompreensíveis. A mente que ensinou a si mesma a pensar de modo específico não pode mais apreender a abstra-
ção no sentido de que ela abrange todas as coisas. Precisamos ver um pouco para aprendermos muito.
Sentimos que parece ser o corpo que limita a nossa liberdade, que nos faz sofrer e que no final apaga a nossa vida. Entretanto,
corpos não passam de símbolos de uma forma concreta de medo. O medo sem símbolos não exige nenhuma resposta, pois
símbolos podem representar o que não tem significado. O amor não precisa de símbolos, sendo verdadeiro. Mas o medo,
sendo falso, se prende às especificidades.
Os corpos atacam, mas as mentes não. Esse pensamento com certeza evoca o nosso livro texto, onde isso é enfatizado com
freqüência. Essa é a razão pela qual os corpos tão facilmente vêm a ser símbolos do medo, pois a vista do corpo te apresenta
o símbolo do ―inimigo‖ do amor, que a visão de Cristo não vê. O corpo é o alvo do ataque, pois ninguém pensa que odeia a
mente. No entanto, o eu mais, senão a mente, dirige o corpo ao ataque? O que mais poderia ser a sede do medo senão aquilo
que pensa no medo?
O ódio é específico. Tem que haver algo para ser atacado. Um inimigo tem que ser percebido de tal forma que possa ser toca-
do, visto e ouvido e, em última instância, morto. Quando o ódio pára sobre alguma coisa, exige a morte com tanta certeza
quanto a Voz de Deus proclama que não há morte. O medo é insaciável, consumindo todas as coisas que os seus olhos con-
templam, vendo-se em tudo, compelido a voltar-se contra si mesmo e a destruir.
Aquele que vê um irmão como um corpo, o vê como um símbolo do medo. E ele atacará, porque o que contempla é o seu
próprio medo fora de si mesmo, pronto para atacar, mas pedindo aos gritos para se unir a ele novamente. Não te equivoques
quanto à intensidade da raiva que o medo projetado tem que gerar. Irado, ele urra e arranha o ar na frenética esperança de
poder alcançar aquele que o fez e devorá-lo.
É isso o que os olhos do corpo contemplam naquele que o Céu estima, que os anjos amam e que Deus criou perfeito. Essa é a
sua realidade. E na visão de Cristo a sua beleza se reflete de uma forma tão santa e tão bonita, que dificilmente poderias re-
sistir a ajoelhar-te aos seus pés. Entretanto, ao invés disso, tomarás a sua mão, pois és como ele na vista que o vê assim. O
ataque contra ele é teu inimigo, pois não perceberás que em suas mãos está a tua salvação. Pede-lhe apenas isso e ele a
dará a ti. Não lhe peças que simbolize o teu medo. Pedirias que o amor destruísse a si mesmo? Ou queres que ele seja reve-
lado a ti e te liberte?
Hoje praticamos de uma forma que já tentamos antes. A tua prontidão está mais perto agora e hoje virás para mais perto ainda
da visão de Cristo. Se estiveres comprometido em alcançá-la, terás sucesso hoje. E uma vez que tiveres tido sucesso, a tua
vontade não estará mais disposta a aceitar as testemunhas que os olhos do teu corpo convocam. O que verás cantar-te-á an-
tigas melodias que lembrarás. Tu não foste esquecido no Céu. Não queres lembrar-te dele?
Escolhe um irmão, símbolo do resto e pede-lhe a salvação. Primeiro, que o vejas com a maior clareza possível, daquela mes-
ma fora com que já estás acostumado. Vê o seu rosto, suas mãos, seus pés, suas roupas. Observa-o sorrir e vê os gestos
familiares que ele faz tão frequentemente. Então pensa nisso: o que estás vendo agora te oculta a vista de alguém que pode
perdoar todos os teus pecados, cujas mãos sagradas podem remover os cravos que atravessas as tuas e retirar a coroa de
espinhos que colocaste sobre a tua cabeça ensangüentada. Pede-lhe isso para que ele possa libertar-te:
Dá-me a tua bênção, Filho santo de Deus. Quero contemplar-te com os olhos de Cristo e ver a minha perfeita
impecabilidade em ti.
E Aquele Que convocaste, responderá. Pois Ele ouvirá a Voz por Deus em ti e responderá na tua própria voz. Contempla-o
agora, aquele que viste apenas como carne e osso e reconhece que Cristo veio a ti. A idéia de hoje é o modo de escapares
com segurança da raiva e do medo. Certifica-te de usá-la imediatamente, se fores tentado a atacar um irmão e a perceber nele
o símbolo do teu medo. E o verás subitamente transformado de inimigo em salvador, do demônio em Cristo.

Eu sou como Deus me criou.


Esse único pensamento mantido em mente com firmeza salvaria o mundo. Nós repetiremos de vez em quando, à medida que
alcançarmos um outro estádio no aprendizado. Ele significará muito mais para ti à medida que avançares. Estas palavras são
sagradas, pois são as palavras que Deus deu em resposta ao mundo que fizeste. Através delas, ele desaparece e, ao serem
pronunciadas, todas as coisas que são vistas dentro das nuvens sombrias e ilusões nebulosas somem. Pois elas vêm de
Deus.
Eis aqui o Verbo pelo qual o Filho veio a ser a felicidade de Seu Pai, o Seu Amor e a Sua completeza. Aqui a criação é procla-
mada e honrada tal como é. Não há sonhos que estas palavras não dissipem, não há pensamento de pecado e nenhuma ilu-
são que o sonho contenha que não se desvaneça diante do seu poder. São as trombetas do despertar que ressoam pelo
mundo. Os mortos despertam em resposta ao seu chamado. E aqueles que vivem e ouvem esse som jamais olharão para a
morte.
Na verdade, santo é aquele que faz com que estas palavras sejam suas, despertando com elas em sua mente, lembrando-se
delas ao longo do dia e trazendo-as consigo à noite quando vai dormir. Os seus sonhos são felizes e o seu descanso seguro,
a sua segurança certa e o seu corpo curado, porque adormece e acorda com a verdade sempre diante de si. Ele salvará o
mundo, pois dá ao mundo o que recebe a cada vez que pratica as palavras da verdade.

319
UM CURSO EM MILAGRES
Hoje praticamos de modo simples. Pois as palavras que usamos são poderosas e não necessitam de outros pensamentos
além de si mesmas para mudar a mente daquele que as usa. Essa mente está tão integralmente mudada que ela é agora o
tesouro no qual Deus deposita todas as Suas dádivas e todo o Seu Amor para serem distribuídos a todo o mundo, aumenta-
dos ao serem dados e assim se mantêm completos porque o seu compartilhar é ilimitado. E assim aprendes a pensar com
Deus. A visão de Cristo restaurou a tua vista resgatando a tua mente.
Nós te honramos hoje. É teu o direito à perfeita santidade que tu agora aceitas. Com essa aceitação, a salvação é trazida a
todos, pois quem poderia apreciar o pecado quando uma santidade como essa abençoou o mundo? Quem poderia se deses-
perar quando a alegria perfeita é tua, acessível a todos como um remédio para a aflição e a miséria, para todo o sentimento de
perda e o escape completo do pecado e da culpa?
E quem não gostaria de ser um irmão para contigo agora, tu, que és seu redentor e salvador. Quem poderia falhar em dar-te as
boas vindas no próprio coração com um convite amoroso, ansiando por unir-se com alguém que é tão santo quanto ele mes-
mo? Tu és como Deus te criou. Estas palavras dissipam a noite e a escuridão deixa de ser. A luz veio hoje para abençoar o
mundo. Pois reconheceste o Filho de Deus e nesse reconhecimento está o do mundo.

Não há morte. O Filho de Deus é livre.


Morte é um pensamento que toma muitas formas, freqüentemente não reconhecidas. Pode aparecer como tristeza, medo,
ansiedade ou dúvida, como raiva, ausência de fé e falta de confiança, preocupação com os corpos, inveja e todas as formas
em que o desejo de ser como tu não és possa vir a tentar-te. Todos esses pensamentos não passam de reflexos da adoração
da morte como salvador e doador da liberação.
Encarnação do medo, anfitrião do pecado, Deus dos culpados e senhor de todas as ilusões e enganos, de fato, o pensamento
da morte parece poderoso. Pois parece manter todas as coisas vivas dentro de sua mão ressequida, todas as esperanças e
desejos no seu domínio maléfico, todas as metas percebidas somente por seus olhos que não vêem. Os fracos, os impotentes
e os doentes curvam-se diante de sua imagem, acreditando que só ele é real, inevitável, digno da sua confiança. Pois somen-
te ele virá com certeza.
Todas as coisas, com exceção da morte, são vistas como incertas, rapidamente perdidas por mais difícil que tenha sido obtê-
las, inseguras em seus resultados, aptas a falhar às esperanças que outrora geraram e a deixar um gosto de pó e cinzas em
seu rastro ao invés de aspirações e sonhos. Mas, pode-se contar com a morte. Pois ela virá com passos certos quando tiver
vindo o momento de sua chegada. Nunca falhará em tomar toda a vida como refém para si mesma.
Tu te curvarias diante de ídolos como esse? Aqui, a força e o poder do próprio Deus são percebidos em um ídolo feito de pó.
Aqui, o oposto de Deus é proclamado senhor de toda a criação, mais forte do que a Vontade de Deus pela vida, do que o amor
infindável e a perfeita e imutável constância no Céu. Aqui, a Vontade do Pai e do Filho é enfim derrotada e enterrada sob a
lápide que a morte erigiu sobre o corpo do Filho santo de Deus.
Sem santidade na derrota, ele veio a ser o que a morte quis que ele fosse. O seu epitáfio, escrito pela própria morte, não lhe dá
nome, pois passou ao pó. Diz apenas isso: ―Aqui jaz um testemunho de que Deus está morto‖. E ela escreve isso muitas e
muitas vezes e, durante o tempo todo, os seus adoradores concordam e ajoelhando-se com as cabeças voltadas para o chão,
sussurram medrosamente que é assim.
É impossível adorar a morte sob qualquer forma e ainda escolher algumas que não apreciarias e ainda queres evitar, embora
acredites nas demais. Pois a morte é total. Ou todas as coisas morrem ou elas vivem e não podem morrer. Nenhuma transi-
gência é possível. Pois aqui, mais uma vez, vemos uma posição óbvia que temos que aceitar se quisermos ser sãos: o que
contradiz inteiramente um pensamento não pode ser verdadeiro a menos que se prove que o seu oposto é falso.
A idéia da morte de Deus é tão absurda que mesmo os insanos têm dificuldade de acreditar nela. Pois implica que Deus outro-
ra vivia e, de alguma forma, pereceu; morto aparentemente por aqueles que não queriam que Ele sobrevivesse. Sua Vontade
mais forte conseguiu vencer a Vontade de Deus e, assim, a vida eterna deu lugar à morte. E, com o Pai, morreu também o
Filho.
Os adoradores da morte podem ter medo. E, no entanto, podem pensamentos como esses serem amedrontadores? Se eles
visses que o que acreditam é apenas isso, seriam instantaneamente liberados. E hoje tu lhes mostrarás isso. Não há morte e
renunciamos a ela sob todas as suas formas agora para a tua salvação e a nossa também. Deus não fez a morte. Portanto,
qualquer que seja a forma que assuma, ela tem que ser uma ilusão. Essa é a posição que adotamos hoje. E nos é dado olhar
para o que vem depois da morte e ver a vida que está além.
Pai nosso, abençoa os nossos olhos hoje. Somos os Teus mensageiros e queremos contemplar o glorioso reflexo do
Teu Amor que brilha em todas as coisas. Vivemos e nos movemos só em Ti. Não estamos separados da Tua vida
eterna. Não há morte, pois a morte não é a Tua Vontade. E nós habitamos onde nos colocaste, na vida que
compartilhamos Contigo e com todas as coisas vivas, ara sermos como Tu és e parte de Ti para sempre. Aceitamos os
Teus pensamentos como nossos e a nossa vontade é uma com a Tua eternamente. Amém.

Agora somos um com Aquele Que é a nossa Fonte.


Em que momento, senão agora, pode a verdade ser reconhecida? O presente é o único tempo que existe. E assim, hoje, nes-
se instante, agora, vimos contemplar o que está para sempre presente, não na nossa vista, mas aos olhos de Cristo. Ele olha
para o que vem depois do tempo e vê a eternidade tal como é lá representada. Ele ouve os sons que o mundo sem sentido e
agitado engendra, mas os ouve vagamente. Isso é assim porque além de todos, Ele ouve a canção do Céu e a Voz por Deus
mais clara, mais significativa e mais próxima.
O mundo se desvanece facilmente diante da Sua vista. Seus ruídos tornam-se longínquos. Uma melodia vinda de muito além
do mundo torna-se cada vez mais distinta, um Chamado antigo ao Qual Ele dá uma resposta antiga. Reconhecerás ambos,
pois são apenas a tua resposta ao Chamado do teu Pai a ti. Cristo responde por ti ecoando o teu Ser, usando a tua voz para
dar o Seu feliz consentimento, aceitando a tua liberação por ti.
Quão santa é a tua prática de hoje, quando Cristo te dá a Sua vista e ouve por ti e responde em teu nome ao Chamado que Ele
ouve! Quão quieto é o tempo que dedicas a passar com Ele além do mundo. Quão facilmente todos os teus pecados aparen-
320
UM CURSO EM MILAGRES
tes são esquecidos e todos os teus pesares não são lembrados. Nesse dia as aflições são deixadas de lado, pois as cenas e
os sons vindos de um ponto mais próximo do que o mundo são claros para ti, que hoje aceitarás as dádivas que Ele te dá.
Há um silêncio no qual o mundo não pode se intrometer. Há uma paz antiga que carregas no teu coração e não perdeste. Há
uma sensação de santidade em ti que o pensamento do pecado nunca tocou. Lembrar-te-ás de tudo isso hoje. A fidelidade na
prática de hoje trará recompensas tão grandes e tão completamente diferentes de todas as coisas que buscavas antes, que
saberás que aqui está o teu tesouro e o teu descanso.
Esse é o dia em que vãs imaginações se abrem como uma cortina para revelar o que está além de todas elas. Agora, se faz
visível o que realmente existe, enquanto todas as sombras que pareciam escondê-lo simplesmente submergem. Agora, o equi-
líbrio é acertado e a balança do julgamento entregue Àquele Que julga verdadeiramente. E no Seu julgamento se revelará um
mundo de perfeita inocência diante dos teus olhos. Agora tu o verás com os olhos de Cristo. Agora a sua transformação está
clara para ti.
Irmão, esse dia é sagrado para o mundo. A tua visão, que te foi dada de muito além de todas as coisas nesse mundo, volve o
olhar para elas sob uma nova luz. E o que vês vem a ser a cura e a salvação do mundo. O que é valioso e o que não tem valor
são ambos percebidos e reconhecidos pelo que são. E o que é digno do teu amor recebe o teu amor e nada que possa ser
temido permanece.
Não julgaremos hoje. Receberemos apenas o que nos é dado pelo julgamento feito além desse mundo. A nossa prática de hoje
vem a ser a nossa dádiva de gratidão pela nossa liberação da cegueira e da miséria. Tudo o que vemos só aumentará a nossa
alegria, pois a sua santidade reflete a nossa. Estamos perdoados aos olhos de Cristo, com o mundo inteiro perdoado aos nos-
sos olhos. Abençoamos o mundo ao contemplá-lo à luz em que o nosso Salvador nos olha e lhe oferecemos a liberdade que
nos e dada através da Sua visão que nos perdoa e não da nossa.
Abre as cortinas na tua prática meramente soltando todas as coisas que pensas querer. Põe os teus tesouros insignificantes de
lado e deixa um espaço limpo e aberto no interior da tua mente ao qual Cristo possa vir te oferecer o tesouro da salvação. Ele
precisa da tua mente mais santa para salvar o mundo. Não é esse propósito digno de ser teu? Não é a visão de Cristo digna
de ser buscada acima das metas insatisfatórias do mundo?
Não deixes que o dia de hoje passe sem que as dádivas que contém para ti recebam teu consentimento e a tua aceitação.
Podemos mudar o mundo, se tu as reconheceres. Talvez não vejas o valor que a tua aceitação dá ao mundo. Mas certamente
queres isso: trocar todo sofrimento por alegria hoje mesmo. Pratica com afinco e a dádiva é tua. Deus te enganaria? Pode a
Sua promessa falhar? Podes recusar tão pouco, quando a Sua Mão oferece ao Seu Filho a salvação completa?

Que minha mente não negue o Pensamento de Deus.


O que faz com que esse mundo pareça ser real, senão a tua própria negação da verdade que está além? O que, senão os teus
pensamentos de miséria e morte, obscurece a felicidade perfeita e a vida eterna que é a Vontade do teu Pai para ti? E o que
poderia esconder o que não pode ser ocultado, exceto uma ilusão? O que poderia manter-te longe do que já tens, senão a tua
escolha de não ver isso, negando que esteja presente?
O Pensamento de Deus te criou. Esse Pensamento não te deixou e nunca estiveste à parte dele por um instante. Ele te perten-
ce. Através dele vives. É a tua Fonte de vida, mantendo-te uno com ela e tudo é uno contigo pois ela não te deixou. O Pensa-
mento de Deus te protege e cuida de ti, torna macio o teu lugar de descanso e plácido o teu caminho, iluminando a tua mente
com felicidade e amor. A eternidade e a vida que dura para sempre brilham em tua mente, porque o Pensamento de Deus não
te deixou e ainda habita contigo.
Quem negaria a sua segurança e a sua paz, sua alegria, sua cura, a paz da sua mente, seu sereno descanso, seu calmo des-
pertar, se apenas reconhecesse onde habitam? Não se prepararia no mesmo instante para ir aonde são achados, abandonan-
do todo o resto como sem valor em comparação a eles? E tendo-os achado, não se certificaria de conservá-los e de permane-
cer com eles?
Não negues o Céu. Ele é teu hoje, se apenas pedires. Tampouco será preciso que percebas quão grande é a dádiva e o qua n-
to a tua mente terá mudado antes que ele venha a ti. Pede para receber e te é dado. A convicção está nele. Até que lhe dês as
boas-vindas como teu, a incerteza permanece. Entretanto, Deus é justo. A certeza não é exigida para receberes aquilo que
apenas a tua aceitação pode conceder.
Pede com desejo. Não é preciso teres certeza de que o teu pedido é a única coisa que queres. Mas, quando tiveres recebido, terás
certeza de que tens o tesouro que sempre buscaste. E então, o que poderias trocar por ele? Pois ver isso prova que trocaste a
cegueira pelos olhos de Cristo, que são capazes de ver, que a tua mente veio a deixar de lado a negação e aceitou o Pensamento
de Deus como tua herança.
Agora todas as dúvidas passaram, o fim da jornada é certo e te foi dada a salvação. Agora, o poder de Cristo está na tua men-
te, para curar como foste curado. Pois agora estás entre os salvadores do mundo. Lá está o teu destino e em nenhum outro lu-
gar. Deus consentiria em deixar o Seu Filho eternamente faminto porque ele nega o alimento de que precisa para viver? A abundân-
cia habita nele e a privação não pode isolá-lo do Amor alentador de Deus e do seu lar.
Pratica com esperança hoje. Pois de fato, a esperança é justificada. As tuas dúvidas são sem significado, pois Deus é certo. E
o Pensamento de Deus nunca está ausente. A certeza tem que habitar dentro de ti, que és o anfitrião de Deus. Esse curso
remove todas as dúvidas que interpuseste entre Deus e a tua certeza em relação a Ele.
Contamos com Deus e não conosco para nos dar a certeza. E praticamos em Seu Nome, como o Seu Verbo nos dirige a fazer.
A Sua certeza está além de toda a dúvida. O Seu Amor permanece além de todo o medo. O Pensamento de Deus ainda está
além de todos os sonhos e nas nossas mentes de acordo com a Sua Vontade.

As dádivas de Deus me são confiadas.


Todas as coisas te são dadas. A confiança de Deus em ti é sem limites. Ele conhece o Seu Filho. Ele dá sem exceções, sem
nada guardar que possa contribuir para a tua felicidade. E, no entanto, a menos que a tua vontade seja uma com a Sua, as
Suas dádivas não serão recebidas. Mas o que te faria pensar que há outra vontade que não A de Deus?

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UM CURSO EM MILAGRES
Aqui está o paradoxo sobre o qual se baseia a feitura do mundo. Esse mundo não é a Vontade de Deus e assim não é real.
Entretanto, aqueles que pensam que ele é real, ainda não podem deixar de acreditar que existe outra vontade que conduz a
efeitos opostos àqueles que são a Sua Vontade. Isso, na verdade, é impossível, mas toda mente que contempla o mundo e o
julga como certo, sólido, digno de confiança e verdadeiro, acredita em dois criadores ou em um só: ele próprio sozinho. Mas
nunca em um único Deus.
As dádivas de Deus não são aceitáveis para ninguém que mantenha essas estranhas crenças. Ele não pode deixar de acredi-
tar que aceitar as dádivas de Deus, por mais evidentes que venham a ser, por maior que seja a urgência com que é chamado
a reivindicá-las como suas, é ser pressionado à traição de si mesmo. Ele tem que nega a sua presença, contradizer a verdade
e sofrer para preservar o mundo que fez.
Aqui está o único lar que ele pensa que conhece. Aqui está a única segurança que acredita poder achar. Sem o mundo que
fez, ele é um proscrito, sem lar e cheio de medo. Não reconhece que é aqui que ele é, de fato, cheio de medo e também sem
lar; um paria vagando tão longe de casa, há tanto tempo fora que não reconhece que esqueceu-se de onde veio, para onde
vai e até mesmo quem realmente é.
Entretanto, nas suas divagações solitárias e sem sentido, as dádivas de Deus vão com ele, desconhecidas para ele. Ele não
pode perdê-las. Mas não olhará para o que lhe é dado. Continua a vagar, ciente da futilidade que vê em toda parte à sua volta,
percebendo o quanto a sua pouca sorte definha à medida que avança para ir a lugar nenhum. Mesmo assim, continua a vagar
na miséria e na pobreza, sozinho embora Deus esteja com ele, com um tesouro tão grande que tudo o que o mundo contém é
sem valor diante da sua magnitude.
Ele parece uma figura lamentável: exaurida, cansada, em farrapos, cujos pés sangram um pouco devido à estrada pedregosa
em que caminha. Não há ninguém que não tenha se identificado com ele, pois todos aqueles que aqui vêm perseguiram a rota
que ele segue e sentiram a derrota e a desesperança como ele as está sentindo. Mas, seria ele realmente trágico, quando vês
que ele está seguindo o caminho que escolheu e que precisa apenas reconhecer Quem caminha com ele e abrir os seus pró-
prios tesouros para ser livre?
Esse é o ser que tu escolheste, aquele que fizeste como uma substituição da realidade. Esse é o ser que defendes com fúria
contra toda razão, toda evidência e todos os testemunhos comprovados que mostram que esse não é o que tu és. Tu não lhes
dás ouvidos. Continuas no caminho designado por ti, com os olhos baixos porque tens medo de captar um vislumbre da ver-
dade, ser liberado do auto-engano e posto em liberdade.
Tu te encolhes medrosamente com receio de sentir o toque de Cristo no teu ombro e perceber a Sua mão gentil dirigindo-te
para contemplar as tuas dádivas. Como, então, poderias proclamar a tua pobreza no exílio? Ele te faria rir dessa percepção de
ti mesmo. Então, onde estaria a auto-piedade? E o que aconteceria com toda a tragédia que buscaste trazer àquele a quem
Deus só tencionava alegrias?
O teu antigo medo veio a ti agora e a justiça, enfim, te alcançou. A mão de Cristo tocou o teu ombro e sentes que não estás
sozinho. Pensas até que o ser miserável que acreditaste ser o que tu és, possa não ser a tua Identidade. Talvez o Verbo de
Deus seja mais verdadeiro do que o teu. Talvez as Suas dádivas para contigo sejam reais. Talvez Deus não tenha sido total-
mente ludibriado pelo teu plano de manter o Seu Filho em profundo esquecimento e seguir o caminho que escolheste sem o
teu Ser.
A Vontade de Deus não se opõe. Meramente é. Não é a Deus que aprisionaste no teu plano para perder o teu Ser. Ele desco-
nhece um plano tão alheio à Sua Vontade. Houve uma necessidade que Ele não compreendeu, à qual deu uma Resposta.
Isso é tudo. E tu, que tens a Resposta que te foi dada, não tens necessidade de mais nada além Disso.
Agora vivemos pois agora não podemos morrer. O desejo de morte foi respondido e o olhar que o contemplava foi substituído
pela visão que percebe que tu não és o que pretendes ser. Alguém anda contigo, Que responde gentilmente a todos os teus
medos com essa única réplica misericordiosa: ―Isso não é assim.‖ Ele aponta para todas as dádivas que tens toda vez que o
pensamento da pobreza te oprime e fala do Seu Companheirismo quando te percebes solitário e amedrontado.
Entretanto, Ele ainda te lembra de mais uma coisa que havias esquecido. Pois o Seu toque fez com que sejas igual a Ele. As
dádivas que tens, não são só para ti. O que Ele veio te dar, agora tu tens que aprender a dar. Essa é a lição que a Sua doação
contém, pois Ele te salvou da solidão que buscaste fazer para esconder-te de Deus. Ele te lembrou de todas as dádivas que
Deus te tem dado. Ele também fala do que vem a ser a tua vontade quando aceitas estas dádivas e reconheces que são tuas.
A dádivas são tuas, confiadas aos teus cuidados para dar a todos aqueles que não escolheram a estrada solitária da qual es-
capaste. Eles não compreendem que apenas perseguem os seus próprios desejos. Agora és tu quem lhes ensina. Pois apren-
deste com Cristo que há outro caminho para que sigam. Ensina a eles, mostrando-lhes a felicidade que vem àqueles que sen-
tem o toque de Cristo e reconhecem as dádivas de Deus. Não deixes o pesar te tentar a ser infiel para com a tua confiança.
Os teus suspiros passarão agora a trair as esperanças daqueles que olham para ti em busca da sua liberação. As tuas lágri-
mas são as suas. Se estás doente, estás apenas recusando-lhes a sua cura. Aquilo de que tens medo apenas lhes ensina que
seus medos são justificados. A tua mão vem a ser aquela que dá o toque de Cristo; a mudança da tua mente vem a ser a pro-
va de que aquele que aceita as dádivas de Deus jamais pode sofrer coisa alguma. A função de liberar o mundo da dor te foi
confiada.
Não a traias. Passa a ser a prova viva do que o toque de Cristo pode oferecer a todos. Deus confiou todas as Suas dádivas a
ti. Na tua felicidade, sê tu a testemunha de como vem a ser transformada a mente que escolhe aceitar as Suas dádivas e sen-
tir o toque de Cristo. Essa é a tua missão agora. Pois Deus confia a doação das Suas dádivas a todos aqueles que as recebe-
ram. Ele compartilhou a Sua alegria contigo. E agora vais compartilhá-la com o mundo.

Só existe uma vida e eu a compartilho com Deus.


Não existem tipos diferentes de vida, pois a vida é como a verdade. Não tem graduação. É a única condição na qual tudo o que
Deus criou compartilha. Como todos os Seus Pensamentos, a vida não tem oposto. A morte não existe, porque o que Deus
criou compartilha da Sua Vida. A morte não existe, porque não existe um oposto para Deus. A morte não existe, porque o Pai e
o Filho são um.

322
UM CURSO EM MILAGRES
Nesse mundo, parece haver um estado que é o oposto da vida. Tu o chamas de morte. Mas aprendemos que a idéia da morte
toma muitas formas. É a única idéia subjacente a todos os sentimentos que não são supremamente felizes. É o alarme ao qual
respondes quando não reages com perfeita alegria. Todo pesar, toda perda, ansiedade, sofrimento e dor, até mesmo um pe-
queno suspiro de cansaço, um leve desconforto ou o menor olhar de reprovação estão admitindo a morte. E assim, negam
que tu vives.
Pensas que a morte é do corpo. No entanto, é apenas uma idéia irrelevante ao que é visto como físico. Um pensamento está
na mente. Pode então ser aplicado segundo a direção da mente. Mas, para haver mudança, é na sua origem que o pensa-
mento tem que ser mudado. As idéias não deixam a sua fonte. A ênfase que esse curso dá a essa idéia se deve à sua centra-
lidade nas nossas tentativas de mudar a tua mente sobre ti mesmo. É a razão pela qual podes curar. É a causa da cura. É por
isso que não podes morrer. A verdade dessa idéia te estabeleceu uno com Deus.
A morte é o pensamento de que estás separado do teu Criador. É a crença segundo a qual as condições mudam, as emoções
se alternam devido a causas que não podes controlar, que não fizeste e nunca podes mudar. É a crença fixa segundo a qual
as idéias podem deixar a sua fonte e adquirir qualidades que a fonte não contém, tornando-se diferentes de sua própria ori-
gem, à parte dela em espécie, assim como em distância, tempo e forma.
A morte não pode vir da vida. As idéias permanecem unidas à sua fonte. Podem estender tudo o que a sua fonte contém. Nisso
podem ir muito além de si mesmas. Mas não podem dar origem ao que nunca lhes foi dado. Assim como foram feitas será o
que vierem a fazer. Assim, como nasceram, farão nascer. E de onde vieram, para lá retornarão.
A mente pode pensar que dorme, mas isso é tudo. Não pode mudar o que é o seu estado desperto. Não podes fazer um corpo,
nem habitar no interior de um corpo. Aquilo que é alheio à mente não existe, porque não tem fonte. Pois a mente cria todas as
coisas que são e não pode lhes dar atributos que lhe faltem e nem modificar o seu próprio estado mentalmente ciente e eter-
no. Não pode fazer o físico. O que parece morrer é apenas o sinal da mente adormecida.
O oposto da vida só pode ser uma outra forma de vida. Como tal, pode ser reconciliada com o que a criou porque, na verdade,
não é um oposto. A sua forma pode mudar, pode parecer ser o que não é. Mas a mente é mente, desperta ou adormecida.
Não é o seu oposto em nada que tenha sido criado e tampouco naquilo que ela parece fazer quando acredita estar dormindo.
Deus só cria a mente desperta. Ele não dorme e as Suas criações não podem compartilhar o que Ele não lhes dá, nem dar
lugar a condições que Ele não compartilha com elas. O pensamento da morte não é o oposto dos pensamentos de vida. Para
sempre sem qualquer tipo de oposição, os Pensamentos de Deus permanecem eternamente imutáveis, com o poder de es-
tenderem-se por toda a eternidade imutavelmente, porém ainda dentro de si mesmos, pois estão em toda parte.
O que parece ser o oposto da vida está apenas dormindo. Quando a mente opta por ser o que não é e por assumir um poder
alheio que não tem, um estado estranho no qual não pode entrar, ou uma condição falsa que não esteja dentro da Sua Fonte,
ela apenas parece ir dormir um pouco. Sonha com o tempo, um intervalo em que o que parece acontecer nunca ocorreu, em
que as mudanças forjadas são sem substância e em que todos os eventos não estão em parte alguma. Quando a mente des-
perta, apenas continua tal como sempre foi.
Hoje, sejamos as crianças da verdade e não neguemos a nossa santa herança. A nossa vida não é como imaginamos. Quem
pode mudar a vida por fechar os olhos, ou fazer de si mesmo o que não é porque está dormindo, vendo em sonhos o oposto
do que é? Hoje não pediremos a morte sob nenhuma forma. Tampouco deixaremos que opostos imaginários da vida habitem
um só instante onde o próprio Deus estabeleceu o Pensamento da vida eterna.
Hoje, nos esforçamos para manter o lar santo de Deus tal como Ele o estabeleceu e tal como a Vontade de Deus determina
que seja para todo o sempre. Ele é o Senhor do que pensamos hoje e nos Seus Pensamentos que não têm opostos, compre-
endemos que há uma só vida e essa compartilhamos com Ele, com toda a criação e também com seus pensamentos, aos
quais Ele criou numa unidade de vida que não pode se separar na morte e deixar a Fonte de vida de onde veio.
Nós compartilhamos uma vida porque temos uma só Fonte, uma Fonte da Qual nos vem a perfeição que permanece sempre
nas mentes santas que Ele criou perfeitas. Como éramos, agora somos e sempre seremos. A mente adormecida tem que des-
pertar ao ver a sua própria perfeição espelhando tão perfeitamente o Senhor da Vida, que ela se desvanece no que lá está
refletido. E agora não é mais um mero reflexo. Vem a ser aquilo que é refletido e a luz que faz com que o reflexo seja possível.
Agora nenhuma visão é necessária. Pois a mente desperta é aquela que conhece a sua Fonte, o seu Ser e a sua Santidade.

A Tua graça me é dada. Eu a reivindico agora.


Deus fala conosco. E nós, não falaremos com Ele? Ele não está distante. Ele não faz nenhuma tentativa de esconder-Se de
nós. Tentamos esconder-nos de Deus e sofremos com o engano. Ele permanece inteiramente acessível. Ele ama Seu Filho.
Não há outra certeza além dessa, entretanto essa é suficiente. Ele amará Seu Filho para sempre. Mesmo quando a sua mente
permanece adormecida, Ele ainda o ama. E quando ela desperta, Ele o ama com um Amor imutável.
Se apenas soubesses o significado do Seu Amor, a esperança e o desespero seriam impossíveis. Pois a esperança seria para
sempre satisfeita e qualquer tipo de desespero impensável. A Sua graça é a Sua resposta a todo desespero, pois nela está a
lembrança do Seu Amor. Não daria Ele com contentamento os meios pelos quais a Sua Vontade é reconhecida? A Sua graça
é tua através do teu reconhecimento. E a memória de Deus desperta na mente que Lhe pede os meios pelos quais o seu sono
chega ao fim.
Hoje, pedimos a Deus a dádiva que Ele preservou com o maior cuidado em nossos corações, esperando para ser reconhecida.
É a dádiva pela qual Deus Se inclina para nós e nos eleva, dando Ele próprio o passo final da salvação. Instruídos pela Sua
Voz, aprendemos todos os passos, exceto esse. Mas Ele próprio finalmente vem, nos toma em Seus Braços e varre as teias
de aranha do nosso sono. A dádiva da Sua graça é mais do que uma simples resposta. Ela restaura todas as memórias que a
mente adormecida esqueceu, toda a certeza a respeito de qual é o significado do Amor.
Deus ama Seu Filho. Pede-Lhe agora que Ele te dê os meios pelos quais esse mundo desaparecerá; primeiro virá a visão e
apenas um instante mais tarde o conhecimento. Pois na graça vês uma luz que cobre o mundo todo de amor e observas o
medo desaparecer de cada rosto à medida que os corações se erguem e reivindicam a luz como o que lhes pertence. O que
permanece agora que poderia atrasar a vinda do Céu ainda que por um instante? O que ainda está por fazer, quando o teu
perdão descansa em todas as coisas?
323
UM CURSO EM MILAGRES
Esse é um dia novo e santo, pois recebemos o que nos tem sido dado. A nossa fé está no Doador e não na nossa própria acei-
tação. Admitimos os nossos equívocos, mas Aquele que desconhece o erro ainda é Aquele Que responde aos nossos equívo-
cos, dando-nos os meios para deixarmos de carregá-los e para nos erguermos até Ele em gratidão e amor.
E Ele desce para nos encontrar quando vamos a Ele. Pois o que Ele preparou para nós, Ele nos dá e nós recebemos. Assim é
a Sua Vontade porque Ele ama Seu Filho. Hoje oramos a Ele, apenas devolvendo a palavra que nos foi dada por Ele através
da Sua própria Voz, Seu Verbo, Seu Amor:
A Tua graça me é dada. Eu a reivindico agora. Pai, venho a Ti. E Tu virás a mim que peço. Eu sou o Filho que Tu amas.

Pela graça vivo. Pela graça sou liberado.


A graça é o aspecto do Amor de Deus que mais se assemelha ao estado que prevalece na unidade da verdade. É a aspiração
mais elevada do mundo, pois nos conduz para além do mundo inteiramente. Ela está depois do aprendizado, no entanto,
constitui a meta do aprendizado, pois a graça não pode vir até que a mente se prepare para a verdadeira aceitação. A graça
vem a ser instantaneamente inevitável naqueles que tiverem preparado uma mesa em que ela possa ser gentilmente colocada
e recebida voluntariamente, um altar limpo e santo para a dádiva.
A graça é a aceitação do Amor de Deus dentro de um mundo de aparente ódio e medo. Unicamente pela graça, o ódio e o
medo se vão, pois a graça apresenta um estado tão oposto a tudo o que o mundo contém, que aqueles cujas mentes são ilu-
minadas pela dádiva da graça não podem acreditar que o mundo do medo seja real.
A graça não é aprendida. O passo final tem que ir além de todo aprendizado. A graça não é a meta que esse curso aspira atin-
gir. Mas nos preparamos para a graça já que a mente aberta pode ouvir o Chamado para o despertar. Não está hermeticamen-
te fechada contra a Voz de Deus. Veio a estar ciente de que há coisas que não sabe e, assim, está pronta para aceitar um
estado completamente diferente do tipo de experiência com a qual está familiarizada.
Talvez pareça que contradizemos a nossa declaração de que a revelação do Pai e do Filho como uma só já foi estabelecida.
Mas também dissemos que a mente determina quando será esse momento e já o determinou. Insistimos, porém, que dês tes-
temunho do Verbo de Deus para apressar a experiência da verdade e acelerar o seu advento a todas as mentes que reconhe-
cem os efeitos da verdade em ti.
A Unicidade é simplesmente a idéia de que Deus é. E no Que Ele É, Ele abrange todas as coisas. Não há mente que contenha
algo que não seja Ele. Dizemos: ―Deus é‖ e então deixamos de falar, pois nesse conhecimento as palavras são sem significa-
do. Não há lábios para pronunciá-las e nenhuma parte da mente é distinta o suficiente para sentir que agora está ciente de
algo que não seja ela mesma. Ela se uniu à sua Fonte. E, como a própria Fonte, meramente é.
Não podemos falar, escrever ou mesmo pensar sobre isso de modo algum. Vem a cada mente quando o reconhecimento total
de que a sua vontade é a Vontade de Deus tiver sido completamente dado e completamente recebido. Isso devolve a mente
ao presente infinito, em que nem o passado nem o futuro podem ser concebidos. Está além da salvação, depois de todo pen-
samento de tempo, de perdão e da santa face de Cristo. O Filho de Deus, meramente desapareceu em seu Pai, assim, como
seu Pai nele. O mundo absolutamente nunca foi. A eternidade permanece um estado constante.
Isso está além da experiência que tentamos apressar. Entretanto o perdão, ensinado e aprendido, traz consigo as experiências
que dão testemunho de que está próximo o momento em que a própria mente determinou abandonar tudo, menos isso. Nós
não o apressamos, pois o que então vais oferecer estava oculto Daquele Que ensina o que significa o perdão.
Todo aprendizado já estava na Sua Mente, realizado e completo. Ele reconheceu tudo o que o tempo contém e o deu a todas
as mentes para que cada uma pudesse determinar, de um ponto em que o tempo estava acabado, quando estaria liberada
para a revelação e a eternidade. Já repetimos várias vezes antes que apenas fazes uma jornada que já terminou.
Pois a unicidade tem que estar aqui. Qualquer que seja o momento que a mente tenha estabelecido para a revelação, ele é
inteiramente irrelevante para o que tem que ser um estado constante, para sempre como sempre foi; permanecendo para
sempre como é agora. Nós apenas aceitamos o papel há muito tempo designado e reconhecido plenamente como já tendo
sido realizado com perfeição por Aquele Que escreveu o roteiro da salvação em Nome do Seu Criador e em nome do Filho do
Seu Criador.
Não há mais necessidade de esclarecer o que ninguém no mundo pode compreender. Quando vem a revelação da tua unici-
dade, ela será conhecida e inteiramente compreendida. Agora temos um trabalho a fazer, pois aqueles que estão no tempo
podem falar das coisas que estão além e escutar as palavras que explicam que aquilo que esta por vir, já passou. Mas o que
podem significar as palavras para aqueles que ainda contam as horas, que amanhecem e trabalham e vão dormir de acordo
com elas?
Basta, então, que tenhas trabalho a fazer para desempenhar a tua parte. O fim terá que permanecer obscuro para ti até que
seja feita a tua parte. Isso não importa. Pois a tua parte ainda é aquilo de que depende todo o resto. Ao aceitares o papel que
te foi designado, a salvação vem a estar um pouco mais perto de cada coração incerto que ainda não bate sintonizado com
Deus.
O perdão é o tema central que corre por toda a salvação, mantendo todas as suas partes em relacionamentos significativos,
tendo o curso que ela segue direcionado e o seu resultado seguro. E agora pedimos a graça, a dádiva final que a salvação
pode conceder. A experiência que a graça proporciona terá fim no tempo, pois a graça prenuncia o Céu, ainda que não substi-
tua o pensamento do tempo a não ser por um breve período.
O intervalo basta. Nele são colocados os milagres para serem devolvidos por ti, dos instantes santos que recebes através da
graça na tua experiência, a todos que vêem a luz remanescente na tua face. O que é a face de Cristo, senão a daquele que foi
por um momento para a intemporalidade e trouxe, para abençoar o mundo, um claro reflexo da unidade que sentiu há apenas
um instante? Como poderias enfim atingi-la para sempre, enquanto uma parte de ti mesmo permanece do lado de fora, sem
saber. Sem despertar e precisando de ti como testemunha da verdade?
Sê grato por retornar, assim como ficaste contente em ir por um instante e aceitar as dádivas que a graça te proveu. Tu as
carregas de volta para ti mesmo. E a revelação não está muito atrás. A sua vinda está assegurada. Pedimos a graça e a expe-

324
UM CURSO EM MILAGRES
riência que vem da graça. Damos as boas-vindas à liberação que ela oferece a todos. Não pedimos o que não pode ser pedi-
do. Não olhamos para o que está além do que a graça pode dar. Pois isso podemos dar na graça que nos foi dada.
A meta do nosso aprendizado de hoje não excede essa oração. No entanto, no mundo, o que poderia ser mais do que aquilo
que pedimos nesse dia Àquele Que dá a graça que pedimos, como ela Lhe foi dada?
Pela graça vivo. Pela graça sou liberado. Pela graça dou. Pela graça vou liberar.

Não há crueldade em Deus e nem em mim.


Ninguém ataca sem a intenção de ferir. Isso não pode ter exceção. Quando pensas que atacas em auto-defesa, queres dizer
que ser cruel é uma proteção, que estás a salvo por causa da crueldade. Queres dizer que acreditas que ferir o outro te traz
liberdade. E queres dizer que atacar é trocar o estado em que te encontras por algo melhor, mais seguro e protegido de inva-
sões perigosas e do medo.
Como é inteiramente insana a idéia de que defender-te do medo é atacar! Pois é assim que o medo é procriado e alimentado
com sangue, para fazê-lo crescer, inchar e enfurecer-se. Assim o medo é protegido e é impossível escapar. Hoje aprendemos
uma lição que pode poupar-te mais atrasos e misérias desnecessárias do que podes imaginar. É isso:
Fazes aquilo contra o qual te defendes e, pela tua própria defesa, fazes com que seja real e inescapável. Abaixa as tuas
armas, e só então perceberás que é falso.
Parece que atacas o inimigo que está do lado de fora. Mas a tua defesa estabelece um inimigo do lado de dentro, um pensa-
mento alheio lutando contra ti mesmo, privando-te de paz e dividindo a tua mente em dois campos que parecem ser totalmente
irreconciliáveis. Pois agora o amor tem um ―inimigo‖, um oposto; e o medo, o estranho, precisa agora da tua defesa contra a
ameaça do que realmente és.
Se considerares cuidadosamente os meios pelos quais a tua autodefesa inventada procede em seus caminhos imaginários,
perceberás as premissas em que se baseia a idéia. Primeiro, é obvio que as idéias têm que deixar a sua fonte, pois és aquele
que faz o ataque e não podes deixar de tê-lo concebido antes. Mas atacas o que está fora de ti e separas a tua mente daquele
que deverá ser atacado, com fé perfeita de que a divisão que fizeste é real.
Em seguida, os atributos do amor são conferidos ao ―inimigo‖ do amor. Pois o medo vem a ser a tua segurança e o protetor da
tua paz, ao qual te voltas esperando consolo e procurando escapar das dúvidas em relação à tua força e buscando a esperan-
ça do repouso numa quietude sem sonhos. E, ao despojares o amor do que pertence a ele, e só a ele, o amor é dotado dos
atributos do medo. Pois o amor te pediria que te despojasses de todas as tuas defesas como mera tolice. E as tuas armas na
verdade se desfariam em pó. Pois é o que são.
Com o amor como inimigo, a crueldade tem que vir a ser um Deus. E os deuses exigem que aqueles que os adoram obede-
çam aos seus ditames e recusem-se a questioná-los. A punição severa é o quinhão inexorável daqueles que perguntam se as
exigências são razoáveis, ou até mesmo sãs. Seus inimigos, sim, são insensatos e insanos, mas eles próprios são sempre
misericordiosos e justos.
Hoje contemplamos sem emoção esse deus cruel. E observamos que, embora os seus lábios estejam manchados de sangue e
embora pareça lançar chamas de fogo, é apenas feito de pedra. Não pode fazer nada. Não precisamos desafiar o seu poder.
Ele não tem nenhum. E aqueles que vêem nele a sua segurança, não têm nenhum guardião, nem força para invocar em mo-
mentos de perigo e nenhum guerreiro poderoso para lutar por eles.
Esse momento pode ser terrível. Mas pode também ser o momento da tua liberação da escravidão abjeta. Fazes uma escolha,
de pé diante desse ídolo, vendo-o exatamente como é. Devolverás tu ao amor o que tens buscado arrancar dele para deposi-
tar diante desse pedaço de pedra irracional? Ou farás outro ídolo para substituí-lo? Pois o deus da crueldade toma muitas
formas. Pode-se achar outra.
Contudo não penses que o medo é o modo de escapar do medo. Lembremos-nos do que o livro texto enfatizou a respeito dos
obstáculos à paz. O obstáculo final, o mais difícil de se acreditar que não seja nada, um obstáculo com a aparência de um
bloco sólido, impenetrável, amedrontador e além do conquistável, é o medo do próprio Deus. Aqui está a premissa básica que
entroniza o pensamento do medo como deus. Pois o medo é amado por aqueles que o idolatram e o amor agora aparenta
revestir-se de crueldade.
De onde vem a crença totalmente insana em deuses de vingança? O amor não confundiu os seus atributos com os do medo.
Mesmo assim, os adoradores do medo não podem deixar de perceber a própria confusão no ―inimigo‖ do medo e a sua cruel-
dade agora é uma parte do amor. E o que poderia ser mais amedrontador agora do que o próprio Coração do Amor? O sangue
parece estar em Seus Lábios, o fogo vem Dele. Ele é mais terrível do que tudo, mais cruel do que qualquer coisa que se pos-
sa conceber e fulmina todos aqueles que O reconhecem como seu Deus.
A escolha que fazes hoje é certa. Pois olhas pela última vez para esse pedaço de pedra esculpida que fizeste e não mais o
chamas de deus. Já alcançaste esse lugar antes, mas escolheste que esse deus cruel permanecesse contigo sob outra forma.
E assim, o medo de Deus retornou contigo. Dessa vez, tu o deixas lá e retornas a um novo mundo, sem a carga desse peso,
um mundo contemplado, não através dos olhos do medo que não vêem, mas da visão que a tua escolha devolveu a ti.
Agora os teus olhos pertencem a Cristo e Ele olha através deles. Agora a tua voz pertence a Deus e ecoa a Sua. E,agora, o teu
coração permanece em paz para sempre. Tu O escolheste no lugar de ídolos e os teus atributos, dados pelo teu Criador, te
são enfim devolvidos. O Chamado a Deus foi ouvido e respondido. Agora, o medo dá lugar ao amor, enquanto o próprio Deus
substitui a crueldade.
Pai, somos como Tu és. A crueldade não habita em nós, pois ela não existe em ti. A tua paz é a nossa. E abençoamos o
mundo com o que recebemos de Ti. Escolhemos outra vez e fazemos a nossa escolha por todos os nossos irmãos,
sabendo que são um conosco. Trazemos a eles a Tua salvação assim como a recebemos agora. E agradecemos por
eles, que nos tornam completos. Neles vemos a Tua glória e achamos a nossa paz. Somos santos porque a Tua
santidade nos libertou. E damos graças. Amém.

325
UM CURSO EM MILAGRES
REVISÃO V

INTRODUÇÃO
1. Agora revisamos mais uma vez. Dessa vez, estamos prontos para fazer mais esforço e dar mais tempo ao que empreende-
mos. Reconhecemos que estamos nos preparando para outra fase da compreensão. Queremos dar esse passo sem
restrições para que possamos continuar com mais certeza, mais sinceridade, e com a fé mantida de forma mais segura.
Nossos passos não têm sido firmes e as dúvidas nos fizeram caminhar hesitantes e lentos pela estrada que esse curso
estabelece. Mas agora nos apressamos, pois estamos nos aproximando de uma certeza maior, de um propósito mais
firme e de uma meta mais garantida.
2. Pai Nosso, firma os nossos pés. Que as nossas dúvidas se aquietem e que as nossas mentes santas tenham serenidade;
fala conosco. Nós não temos palavras para dar a Ti. Queremos apenas escutar o Teu Verbo e fazê-lo nosso. Conduz a
nossa prática como um pai conduz uma criança pequena ao longo de um caminho que ela não compreende. Mas ela
segue, certa de que está a salvo porque o seu pai lhe mostra o caminho.
3. Assim trazemos a Ti a nossa prática. E se tropeçarmos, Tu nos erguerás. Se esquecermos o caminho, contamos com a Tua
lembrança que não falhará. Nós nos desviaremos, mas Tu não esquecerás de nos chamar de volta. Apressa os nossos
passos, agora, para que possamos andar em direção a Ti com maior clareza e rapidez. E aceitamos o Verto que nos o-
fereces para unificar a nossa prática à medida que revisamos os pensamentos que nos tens dado.
4. Esse é o pensamento que deve preceder os pensamentos que revisamos. Cada um deles apenas esclarece algum aspecto
pessoal deste pensamento, ou ajuda a torná-lo mais significativo, mais pessoal e verdadeiro e mais descritivo do Ser
santo que compartilhamos e que agora nos preparamos par conhecer novamente:
Deus é Amor e, portanto, eu também.
Só esse Ser conhece o amor. Só esse Ser é perfeitamente consistente em seus pensamentos conhece o Seu Criador,
compreende a Si Mesmo, é perfeito em seu Conhecimento e no seu amor e nunca muda o seu constante estado de u-
nião com o Seu Pai e Consigo mesmo.
5. E é Isso Que espera para nos encontrar no final da jornada. Cada passo que damos nos aproxima um pouco mais. Essa
revisão reduzirá o tempo de forma imensurável, se mantivermos em mente que Essa continua sendo a nossa meta e
que ao praticarmos, é Disso que nos aproximamos. Erguemos os nossos corações do pó para a vida, ao lembrarmos-
nos de que Isso nos foi prometido e de que esse curso foi mandado para abrir-nos o caminho da luz e ensinar-nos, pas-
so a passo, a voltarmos para o Ser eterno que pensamos ter perdido.
5. Eu faço a jornada contigo. Pois compartilho das tuas dúvidas e medos por algum tempo, para que possas vir a mim que
reconheço a estrada pela qual todos os medos e dúvidas são vencidos. Nós caminhamos juntos. Eu tenho que compre-
ender a incerteza e a dor, embora saiba que não têm significado. Mas um salvador tem que permanecer com aqueles a
quem ensina, vendo o que vêem, mas conservando em sua mente o caminho que o conduziu para fora e que agora
também te conduzirá junto com ele. O Filho de Deus é crucificado até que caminhes ao longo da estrada comigo.
7. A minha ressurreição vem novamente a cada vez que conduzo um irmão em segurança para o lugar em que a jornada aca-
ba e é esquecida. Eu sou renovado a cada vez que um irmão aprende que há um caminho para fora da miséria e da
dor. Renasço a cada vez que a mente de um irmão volta-se para a luz em si mesmo e procura por mim. Eu não esqueci
ninguém. Ajuda-me agora a conduzir-te de volta para onde a jornada começou, para que faças outra escolha comigo.
8. Libera-me ao praticar mais uma vez os pensamentos que eu te trouxe Daquele Que Vê a tua amarga necessidade e conhe-
ce a resposta que Deus deu a Ele. Juntos revisamos estes pensamentos. Juntos lhes dedicamos o nosso tempo e es-
forço. E juntos os ensinaremos aos nossos irmãos. Deus não quer o Céu incompleto. O Céu espera por ti assim como
eu. Sou incompleto sem a tua parte em mim. E, à medida que sou integrado, vamos juntos à nossa antiga morada, pre-
parada para nós antes que o tempo fosse e mantida inalterada pelo tempo, imaculada e segura, tal como será, enfim,
quando o tempo tiver terminado.
9. Que essa revisão seja, então, a tua dádiva para mim. Pois é só disso que preciso, que ouças as palavras que digo e as dês
ao mundo. Tu és a minha voz, os meus olhos, os meus pés, as minhas mãos, através das quais eu salvo o mundo. O
Ser do Qual eu te chamo é apenas o teu próprio Ser. Juntos vamos a Ele. Toma a mão do teu irmão, pois esse não é

326
UM CURSO EM MILAGRES
um caminho que percorreremos sozinhos. Nele, eu caminho contigo e tu comigo. É Vontade do nosso Pai que Seu Filho
seja um com Ele. Assim sendo, o que vive não tem que ser um contigo?
10 Que essa revisão venha a ser um momento em que compartilhamos uma experiência nova para ti, embora seja velha
como o tempo e mais velha ainda. Santificado seja o teu nome. A tua glória para sempre imaculada. E a tua integridade
agora completa, tal como Deus a estabeleceu. Tu és o Seu Filho, completando a Sua extensão na tua própria. Pratica-
mos apenas uma verdade antiga que conhecíamos antes que a ilusão parecesse reivindicar o mundo. E estamos lem-
brando ao mundo que ele está livre de todas as ilusões, a cada vez que dizemos:
Deus é só Amor e, portanto, eu também.
11 Com isso iniciamos cada período de prática e com esse pensamento adormecemos, para despertarmos mais uma vez
com estas mesmas palavras em nossos lábios para saudarmos mais um dia. Envolveremos cada idéia que revisarmos
com apenas esse pensamento e as usaremos para mantê-lo em nossas mentes e claro em nossa memória ao longo do
dia. E assim, quando tivermos terminado essa revisão, teremos reconhecido que as palavras que dizemos são verdadei-
ras.
12 Entretanto, as palavras são apenas recursos para serem usados, com exceção do começo e do fim dos períodos de
prática, apenas para chamar a mente de volta ao seu propósito conforme seja necessário. Colocamos a nossa fé na ex-
periência que vem da prática e não nos meios que usamos. Esperamos pela experiência e reconhecemos que só nela
está a convicção. Usamos as palavras e tentamos uma e outra vez ir além delas até o seu significado, que está muito
além do seu som. O som se torna indistinto e desaparece à medida que nos aproximamos da Fonte do significado. É
Aqui que achamos descanso.

Deus é só Amor e, portanto, eu também. Deus é só Amor e, portanto, eu também.


(151) Todas as coisas são ecos da Voz por Deus. (161) Dá-me a tua bênção, Filho santo de Deus.
Deus é só Amor e, portanto, eu também. Deus é só Amor e, portanto, eu também.
(152) O poder de decisão é meu. (162) Eu sou como Deus me criou.
Deus é só Amor e, portanto, eu também. Deus é só Amor e, portanto, eu também.

Deus é só Amor e, portanto, eu também. Deus é só Amor e, portanto, eu também.


(153) A minha segurança está em ser sem defe- (163) Não há morte. O Filho de Deus é livre.
sas. Deus é só Amor e, portanto, eu também.
Deus é só Amor e, portanto, eu também. (164) Agora somos um com Aquele Que é a nossa
(154) Eu estou entre os ministros de Deus. Fonte.
Deus é só Amor e, portanto, eu também. Deus é só Amor e, portanto, eu também.

Deus é só Amor e, portanto, eu também. Deus é só Amor e, portanto, eu também.


(155) Recuarei e permitirei que Ele me mostre o (165) Que a minha mente não negue o Pensamento
caminho. de Deus.
Deus é só Amor e, portanto, eu também. Deus é só Amor e, portanto, eu também.
(156) Caminho com Deus em perfeita santidade. (166.) As dádivas de Deus me são confiadas.
Deus é só Amor e, portanto, eu também. Deus é só Amor e, portanto, eu também.

Deus é só Amor e, portanto, eu também. Deus é só Amor e, portanto, eu também.


(157) Quero entrar na Sua presença agora. (167) Só existe uma vida e eu a compartilho com
Deus é só Amor e, portanto, eu também. Deus.
Deus é só Amor e, portanto, eu também.
(158) Hoje aprendo a dar como recebo.
Deus é só Amor e, portanto, eu também. (168) O A Tua graça me é dada. Eu a reivindico ago-
ra.
Deus é só Amor e, portanto, eu também.
Deus é só Amor e, portanto, eu também.
(159) Dou os milagres que tenho recebido.
Deus é só Amor e, portanto, eu também.
Deus é só Amor e, portanto, eu também.
(169) Pela graça vivo. Pela graça sou liberado.
(160) Estou em casa. O medo é estranho aqui.
Deus é só Amor e, portanto, eu também.
Deus é só Amor e, portanto, eu também.
(170) Não há crueldade em Deus e nem em mim.
Deus é só Amor e, portanto, eu também.

327
UM CURSO EM MILAGRES

PARTE VI

INTRODUÇÃO
As nossas próximas lições têm a finalidade especial de fortalecer a tua disponibilidade para tornar mais firme o teu fraco com-
prometimento e unir as tuas metas esparsas em uma única intenção. Uma constante e total dedicação ainda não te é pedida.
Mas te é pedido agora que pratiques com o intuito de alcançar a sensação de paz que esse comprometimento unificado te
proporcionará, ainda que de modo intermitente. É a experiência disso que o curso propõe.
Agora, as nossas lições são orientadas especificamente para ampliar horizontes e abordar de forma direta os bloqueios espe-
ciais que mantêm a tua visão estreita e por demais limitada para deixar-te ver o valor da nossa meta. Procuramos, agora, er-
guer esses bloqueios ainda que por breves momentos. As palavras, por si só, não podem transmitir a sensação de liberação
que o fato de erguê-los te trará. Mas a experiência de liberdade e de paz que vem quando desistes do rigoroso controle daqui-
lo que vês, fala por si mesma. A tua motivação se intensificará de tal forma que as palavras passarão a ter pouca importância.
Terás certeza do que queres e do que não tem valor.
E assim, iniciamos a nossa jornada para além das palavras, concentrando-nos em primeiro lugar naquilo que ainda impede o
teu progresso. A experiência do que existe além da defensividade permanece fora de alcance enquanto for negada. Ela pode
estar presente, mas não podes aceitar a sua presença. Por isso, agora tentamos ultrapassar todas as defesas durante alguns
momentos a cada dia. Nada mais do que isso é pedido, pois nada mais é necessário. Isso será suficiente para garantir que o
restante virá.

Confio em meus irmãos, que são um comigo.


Confiar nos teus irmãos é essencial para estabelecer e manter a tua fé na tua capacidade de transcender a dúvida e a falta de
convicção em ti mesmo. Quando atacas um irmão, proclamas que ele é limitado pelo que percebeste nele. Tu não olhas além
dos erros que ele faz. Pelo contrário, esses erros são ampliados e tornam-se bloqueios que obstruem para ti a tua conscienti-
zação do Ser Que está além dos teus próprios equívocos e além dos seus pecados aparentes, assim como dos teus.
A percepção tem um enfoque. É isso que dá consistência ao que vês. Apenas muda esse enfoque e o que contemplas mudará
conseqüentemente. A tua visão agora se deslocará para apoiar a intenção que substituiu aquela que tinhas antes. Retira o teu
enfoque dos pecados do teu irmão e experimentarás a paz que vem da fé na impecabilidade. Essa fé recebe o seu único a-
poio seguro daquilo que vês nos outros além dos pecados. Pois os equívocos que eles cometem, se focalizados, são teste-
munhos dos pecados em ti. E não transcenderás esse modo de vê-los e não verás a impecabilidade que está além.
Portanto, ao praticarmos no dia de hoje, primeiro deixaremos todos esses pequenos enfoques darem lugar à nossa grande
necessidade de permitir que a nossa impecabilidade se torne aparente. Instruímos as nossas mentes de que é isso o que bus-
camos e só isso, por apenas um momento. Não nos importamos com nossas metas futuras. E o que vimos no instante anterior
nos é indiferente durante esse intervalo de tempo em que praticamos mudar a nossa intenção. Buscamos a inocência e nada
mais. Nós a buscamos agora sem outra preocupação que não seja o agora.
Um dos maiores obstáculos ao êxito tem sido o envolvimento com as tuas metas passadas e futuras. Tu tens te preocupado
bastante reconhecendo o quão extremamente diferentes são as metas propostas por esse curso em relação àquelas que ti-
nhas antes. E também ficaste consternado diante do pensamento deprimente e restritivo de que, mesmo que venhas a ter
êxito, inevitavelmente perderás o caminho de novo.
Como isso poderia ter importância? Pois o passado se foi; o futuro é apenas imaginário. Essas preocupações não passam de
defesas contra uma mudança no atual enfoque da percepção. Nada mais. Deixamos essas limitações sem sentido de lado por
um momento. Não olhamos para crenças passadas e aquilo em que acreditaremos não interferirá em nós agora. Entramos no
tempo da nossa prática com uma única intenção: contemplar a impecabilidade interior.
Reconheceremos que perdemos essa meta se, de alguma forma, a raiva bloquear o nosso caminho. E se os pecados de um
irmão nos ocorrerem, o nosso enfoque estreito restringirá a nossa vista e voltaremos os olhos para os nossos próprios equívo-
cos, que magnificaremos e chamaremos de nossos ―pecados‖. Assim, por um momento, sem considerarmos passado ou futu-
ro, se esses bloqueios surgirem, nos os transcenderemos instruindo as nossas mentes a mudarem de enfoque, dizendo:
Não é para isso que eu quero olhar.
Confio em meus irmãos, que são um comigo.
Também usaremos esse pensamento para nos manter a salvo durante o dia. Não buscaremos metas a longo prazo. À medida
que cada obstrução parecer bloquear a visão da nossa impecabilidade, buscamos apenas fazer cessar, por um instante, a
miséria que o enfoque sobre o pecado trará, o qual, se não for corrigido, permanecerá.
Também não pedimos fantasias. Pois o que buscamos contemplar está verdadeiramente presente. E, à medida em que o nos-
so enfoque vai além dos equívocos, contemplaremos um mundo totalmente sem pecado. Quando tudo o que quisermos ver
for apenas isso, quando isso for tudo o que buscamos em nome da verdadeira percepção, os olhos de Cristo serão inevita-
velmente nossos. E o Amor Que Ele sente por nós também se tornará nosso. Isso será a única coisa que veremos refletida no
mundo e em nós mesmos.
O mundo que outrora proclamou os nossos pecados torna-se a prova de que somos sem pecado. E o nosso amor por todos
aqueles para os quais olhamos atesta a nossa memória do santo Ser Que desconhece o pecado e que nada poderia conceber
fora da Sua impecabilidade. Buscamos essa memória ao voltarmos as nossas mentes para a prática de hoje. Não olhamos
nem para frente, nem para trás. Olhamos diretamente para o presente. E depositamos a nossa confiança na experiência que
pedimos agora. A nossa impecabilidade é apenas a Vontade de Deus. Nesse instante, a nossa vontade é una com a Sua.

328
UM CURSO EM MILAGRES
Eu me aquietarei por um momento e irei para casa.
Esse mundo, em que pareces viver, não é a tua casa. E em algum lugar da tua mente, tens o conhecimento de que isso é
verdadeiro. A memória de casa continua te perseguindo, como se houvesse um lugar que te chamasse de volta, embora não
reconheças a voz e nem o que essa voz te lembra. Mesmo assim continuas te sentindo como um estranho aqui, vindo de al-
gum lugar completamente desconhecido. Nada tão definido que possas dizer, com certeza, que és um exilado aqui. Apenas
um sentimento persistente, em alguns momentos pouco mais do que uma diminuta pulsação, em outros vagamente relembra-
do, ativamente descartado, mas algo que com certeza vai voltar de novo à tua mente.
Não há ninguém que não saiba do que estamos falando. No entanto, alguns tentam deixar de lado os seus sofrimentos em
jogos para ocuparem o seu tempo e afastarem a sua tristeza. Outros negarão estar tristes e nem reconhecem em absoluto as
próprias lágrimas. Outros, ainda, insistirão que aquilo de que falamos é ilusão, que não deve ser considerado como nada além
de um sonho. No entanto, quem, em simples honestidade, sem defensividade e auto-engano, negaria que compreende as
palavras que estamos proferindo?
Falamos por cada um que caminha por esse mundo, pois ele não está em casa. Vai incerto numa busca sem fim, buscando na
escuridão o que não pode achar, sem reconhecer o que é que está buscando. Constrói mil casas, mas nenhuma satisfaz a sua
mente inquieta. Não compreende que está construindo em vão. A casa que busca não pode ser feita por ele. Não há nenhum
substituto para o Céu. O inferno foi tudo o que ele jamais fez.
Talvez penses que é a tua casa de infância que queres achar novamente. A infância do teu corpo e aquele lugar que o abriga-
va, é agora uma memória tão distorcida que apenas seguras um retrato de um passado que nunca aconteceu. Entretanto, há
uma Criança em ti Que busca a casa do Seu Pai e sabe que é uma estranha aqui. Essa infância é eterna, com uma inocência
que durará para sempre. Aonde quer que essa Criança vá, a terra é santa. É a Sua santidade que ilumina o Céu e que traz à
terra o puro reflexo da luz do alto, em que a terra e o Céu estão unidos como um só.
É essa Criança em ti que o teu Pai conhece como o Seu próprio Filho. É essa Criança Que conhece o Seu Pai. Ela deseja ir
para casa tão profunda e incessantemente, que a Sua voz te implora que A deixes descansar por um momento. Não pede
mais do que alguns instantes de alívio; apenas um intervalo em que possa voltar a respirar o ar santo que enche a casa do
Seu Pai. Tu também és a Sua casa. Ela voltará. Mas dá-Lhe um pouco de tempo para ser Ela Mesma, na paz que é a Sua
casa, descansando no silêncio, na paz e no amor.
Essa Criança precisa da tua proteção. Está longe de casa. Ela é tão pequenina que parece que pode ser facilmente excluída:
sua vozinha pode ser prontamente abafada, seu chamado por socorro pode passar quase despercebido em meio aos sons
ásperos e ruídos dissonantes do mundo. Mas Ela sabe que em ti ainda habita sua proteção segura. Tu não A decepcionarás.
Ela irá para casa e tu irás com Ela.
Essa Criança é a tua ausência de defesas, a tua força. Ela confia em ti. Veio porque sabia que não falharias. Ela te fala baixi-
nho e incessantemente da sua casa. Pois quer levar-te de volta com Ela, para que Ela própria possa ficar e não retornar mais
uma vez aonde não é o Seu lugar e onde vive como um paria num mundo de pensamentos alheios. A Sua paciência não tem
limites.
Ela esperará até que ouças a Sua Voz terna dentro de ti, chamando-te para deixá-La ir em paz, Junto contigo, ao lugar em que
está em casa e tu junto com Ela.
Quando te aquietas por um instante, quando o mundo se afasta de ti, quando as idéias sem valor cessam de ser valorizadas
em tua mente inquieta, então ouvirás a Sua Voz. Ela te chama de modo tão tocante que não resistirás mais. Naquele instante,
Ela te levará para casa e tu ficarás com Ela em perfeita quietude, silêncio e paz, além de todas as palavras, intocado pelo me-
do e pela dúvida, com a certeza sublime de que estás em casa.
Descansa com Ela freqüentemente hoje. Pois Ela se dispôs a tornar-Se uma Criancinha para que pudesses aprender com Ela
o quanto é forte aquele que vem sem defesas, oferecendo apenas mensagens de amor àqueles que pensam que ela é o ini-
migo. Ela tem nas Suas mãos o poder do Céu e os chama de amigos e lhes dá a Sua força para que possam ver que quer ser
Amiga para com eles. Ela lhes pede que A protejam, pois a Sua casa está muito longe e não voltará para lá sozinha.
Cristo renasce como uma Criancinha a cada vez que um peregrino quer deixar a própria casa. Pois ele tem Que aprender que
aquilo que quer proteger é apenas essa Criança, Que vem sem defesas. Que está protegida pela ausência de defesas. Vai
para casa com Ela de vez em quando hoje. Tu, aqui, és tão estranho quanto Ela.
Hoje, toma tempo para deixar de lado o teu escudo, que não te traz nenhum proveito, e abaixa a lança e a espada que ergues-
te contra um inimigo inexistente. Cristo te chamou de amigo e irmão. Veio até pedir a tua ajuda para deixá-Lo ir para casa ho-
je, completo e completamente. Ele veio como vem uma criancinha, que precisa implorar a proteção e o amor de seu pai. Ele
domina o universo e, no entanto, te pede incessantemente que volte com Ele e que não tomes mais ilusões por teus deuses.
Não perdeste a tua inocência. É por isso que anseias. É esse o desejo do teu coração. Essa é a voz que ouves, e esse é o
chamado que não pode ser negado. A Criança santa permanece contigo. A Sua casa é a tua. Hoje, Ela te dá a Sua ausência
de defesas e tu a aceitas em troca de todos os brinquedos de combate que fizeste. E agora, o caminho está aberto e o fim da
jornada finalmente à vista. Aquieta-se por um instante e vai para casa com Ela e, por algum tempo, está em paz.

Invoco o Nome de Deus e o meu próprio.


O Nome de Deus é santo, mas não é mais santo do que o teu. Invocar o Nome de Deus é apenas invocar o teu próprio nome.
Um pai dá o nome ao Seu Filho e assim identifica o filho com ele. Os irmãos compartilham do nome e assim são unidos por
um laço ao qual se voltam para se identificarem. O Nome do teu Pai te lembra quem és, mesmo num mundo que não conhe-
ces; mesmo que não te lembres disso.
O Nome de Deus não pode ser ouvido sem resposta, nem dito sem um eco na mente que te convida a te lembrares. Dize o
Nome de Deus e estarás convidando os anjos a rodearem a terra que pisas e a cantarem para ti enquanto estendem as asas
para manter-te a salvo e abrigar-te de todo pensamento mundano que interferiria na tua santidade.
Repete o Nome de Deus e todo o mundo responde deixando de lado as ilusões. Todos os sonhos que o mundo valoriza desapa-
recem subitamente e, onde pareciam estar, achas uma estrela, um milagre de graça. Os enfermos se levantam, curados de

329
UM CURSO EM MILAGRES
seus pensamentos doentios. Os cegos podem ver; os surdos podem ouvir. Os pesarosos se desfazem das suas lamentações
e as lágrimas de dor secam quando o riso feliz vem para abençoar o mundo.
Repete o Nome de Deus e nomes pequenos perdem o significado. Todas as tentações tornam-se coisas inomináveis e indese-
jadas diante do Nome de Deus. Repete o Seu Nome e vê quão facilmente esquecerás os nomes de todos os deuses que valo-
rizaste. Eles perderam o nome de deus que tu lhes deste; tornam-se anônimos e sem valor para ti, embora antes de deixar
que o Nome de Deus substituísse os teus pequenos nomes, tenhas permanecido perante eles em adoração chamando-os de
deuses.
Repete o Nome de Deus e invocas o teu Ser, Cujo Nome é o Seu. Repete o Seu Nome e todas as diminutas coisas sem nome
da terra entram rapidamente em perspectiva certa. Aqueles que invocam o Nome de Deus não podem confundir o sem nome
pelo Nome, nem o pecado pela graça e nem corpos pelo Filho de santo Deus. E se te unires a um irmão enquanto sentas com
ele em silêncio e repetires o Nome de Deus junto com ele no interior da tua mente quieta, lá terás estabelecido um altar que
alcança o próprio Deus e o Seu Filho.
Pratica apenas isso hoje; repete lentamente o Nome de Deus mais uma vez e ainda outra vez. Relega ao esquecimento todos
os nomes, menos o Seu. Não ouças mais nada. Deixa que todos os teus pensamentos se ancorem Nisso. Não usamos ne-
nhuma outra palavra, a não ser no começo, quando pronunciamos a idéia de hoje apenas uma vez. E depois o Nome de Deus
torna-se o nosso único pensamento, a nossa única palavra, a única coisa que ocupa as nossas mentes, o único desejo que
temos, o único som que tem qualquer significado e o único Nome de tudo o que desejamos ver; de tudo o que chamaríamos
de nosso.
Assim, fazemos um convite que nunca pode ser recusado. E Deus virá e Ele próprio te responderá. Não penses que Ele ouve
as pequenas preces daqueles que O invocam com os nomes dos ídolos que o mundo tem em grande estima. Eles não podem
alcançá-Lo desse modo. Ele não pode ouvir pedidos nos quais Ele não seja Ele Mesmo, ou Seu Filho receba outro nome que
não é o Seu.
Repete o Nome de Deus e tu O reconheces como o único Criador da realidade. E também reconheces que o Seu Filho é parte
Dele, criando em Seu Nome. Senta-te silenciosamente e deixa que o Seu Nome torne-se a idéia toda abrangente que ocupa a
tua mente por completo. Deixa que todos os pensamentos se aquietem menos esse. E a todos os outros pensamentos res-
ponde com esse e vê o Nome de Deus tomar o lugar dos milhares de pequenos nomes que deste aos teus pensamentos, sem
reconhecer que há apenas um Nome para tudo o que é e tudo o que será.
Hoje podes alcançar um estado em que experimentarás a dádiva da graça. Podes escapar de toda a escravidão do mundo e a
dar ao mundo a mesma liberação que achaste. Podes lembrar-te do que o mundo esqueceu e oferecer-lhe a tua própria me-
mória. Hoje, podes aceitar o papel que desempenhas na salvação do mundo e na tua própria também. E ambas podem ser
perfeitamente realizada. E ambas podem ser perfeitamente realizadas.
Volta-te para o Nome de Deus para a tua liberação e ela te é dada. Nenhuma outra prece senão essa é necessária, pois contém
em si todas as preces. As palavras são insignificantes e todos os pedidos desnecessários quando o Filho de Deus invoca o
Nome do Seu Pai. Os pensamentos do seu Pai tornam-se os seus próprios. Ele reivindica o próprio direito a tudo o que o seu
Pai deu, ainda está dando e dará para sempre. Ele O invoca para deixar que todas as coisas que pensou ter feito sejam sem
nome agora, e no seu lugar o sento Nome de Deus torne-se o seu julgamento sobre a falta de valor de todas as coisas.
Todas as pequenas coisas estão em silêncio. Agora, os pequenos sons são inaudíveis. As pequenas coisas da terra desapare-
ceram. O universo não consiste de nada além do Filho de Deus, que invoca o seu Pai. E a Voz do seu Pai dá a resposta no
santo Nome do seu Pai. Nesse relacionamento eterno e sereno, em que a comunicação transcende de longe todas as pala-
vras e assim excede em profundidade e altura tudo o que as palavras possam jamais transmitir, está a paz eterna. Em Nome
do nosso Pai, hoje, queremos experimentar essa paz. E em Seu Nome, ela nos será dada.

O Nome de Deus é a minha herança.


Tu vives através de símbolos. Inventaste nomes para tudo o que vês. Cada coisa torna-se uma entidade separada, identificada
pelo seu próprio nome. Desse modo, tu a esculpes separando-a da unidade. Desse modo, lhe conferes seus atributos especi-
ais e a isolas das outras coisas, enfatizando o espaço que a cerca. Colocas esse espaço entre todas as coisas às quais dás
um nome diferente, todos os acontecimentos em termos de lugar e tempo, todos os corpos que são saudados com um nome.
Esse espaço que vês isolando todas as coisas umas das outras é o meio pelo qual é alcançada a percepção do mundo. Tu vês
algo onde não há nada e da mesma forma não vês nada onde há unidade; um espaço entre todas as coisas, entre todas as
coisas e tu. Assim, pensas que deste a vida na separação. Através dessa divisão pensas que estás estabelecido como uma
unidade que funciona com uma vontade independente.
Que nomes são esses, através dos quais o mundo se torna uma série de eventos distintos, de coisas desunidas, de corpos
mantidos à parte, que contêm pedaços da mente como se fossem consciências separadas? Tu lhes deste esses nomes, esta-
belecendo a percepção como desejavas que fosse. Às coisas sem nome foram dados nomes e assim também lhes foi dada
realidade. Pois aquilo que recebe um nome, recebe também um significado e será visto então como significativo; uma causa
de um efeito verdadeiro, com uma conseqüência inerente em si mesma.
É assim que a realidade é feita através de uma visão parcial, estabelecida propositadamente contra a verdade que foi dada. O
seu inimigo é a integridade. Ela concebe pequenas coisas e as contempla. E a ausência de espaço, o sentido de unidade ou a
visão que vê de modo diferente tornam-se as ameaças que ela tem que vencer, com as quais não pode deixar de ter conflitos
e de negar.
No entanto, essa outra visão ainda constitui uma direção natural para a mente canalizar a própria percepção. E difícil ensinar à
mente milhares e milhares de nomes estranhos. No entanto, acreditas que é isso o que o aprendizado significa; que é a meta
essencial pela qual se realiza a comunicação e os conceitos podem ser compartilhados de modo significativo.
Essa é a soma da herança que o mundo lega. E todos aqueles que aprendem a pensar que isso é assim, aceitam os sinais e
símbolos que declaram que o mundo é real. É isso o que representam. Não deixam nenhuma dúvida de que o que tem nome
esteja presente. Pode ser visto, tal como foi antecipado. Aquilo que nega que isso é verdadeiro é apenas ilusão, pois essa é a
realidade suprema. Questioná-lo é loucura; aceitar a sua presença é prova de sanidade.

330
UM CURSO EM MILAGRES
Assim é o ensinamento do mundo. É uma fase do aprendizado pela qual todo aquele que vêm tem que passar. Mas, quanto
mais rápido percebe em que ele se baseia, quão questionáveis são as suas premissas, quão duvidosos os seus resultados,
mais rápido questiona os seus efeitos. O aprendizado que pára com o que o mundo ensinaria, pára por lhe faltar significado.
Posto em seu devido lugar, serve apenas como ponto-de-partida do qual pode-se iniciar um outro tipo de aprendizado, ganhar
uma nova percepção e todos os nomes arbitrários que o mundo oferece podem ser retirados à medida que são questionados.
Não penses que tu fizeste o mundo. As ilusões, sim! Mas aquilo que é verdadeiro na terra assim como no Céu está além dos
nomes que dás. Quando chamas um irmão, é ao seu corpo que tu apelas. A sua verdadeira identidade está escondida para ti
por aquilo que acreditas que ele realmente é. O corpo do teu irmão responde ao que usas para chamá-lo, pois a sua mente
consente em aceitar para si mesma o nome que tu lhe dás. E assim, a sua unidade é duplamente negada, pois o percebes
separado de ti e ele aceita esse nome separado para si mesmo.
Seria, de fato, estranho se te fosse pedido para ir além de todos os símbolos do mundo, esquecendo-os para sempre; e que
ainda assim te fosse pedido que aceitasses a função de ensinar. Tu precisas usar os símbolos do mundo por algum tempo.
Mas não te deixes também ser enganado por eles. Não representam nada em absoluto e, na tua prática, é esse pensamento
que te liberará. Tornam-se apenas meios pelos quais podes te comunicar de modo que o mundo possa compreender, mas
reconheces que não são a unidade na qual a verdadeira comunicação pode ser achada.
Assim, precisas de intervalos a cada dia em que o aprendizado do mundo se torne uma fase transitória, uma prisão da qual
sais para a luz do sol e esqueces a escuridão. Aqui tu compreendes o Verbo, o Nome Que Deus te deu; a única Identidade
Que todas as coisas compartilham; o único reconhecimento do que é verdadeiro. E, então, dá um passo para trás, para a es-
curidão, não porque penses que ela seja real, mas apenas para proclamares a sua irrealidade em termos que ainda têm signi-
ficado para o mundo que a escuridão governa.
Usa todos os pequenos nomes e símbolos que delineiam o mundo da escuridão. Mas não os aceites como tua realidade. O
Espírito Santo usa todos eles, mas Ele não se esquece de que a criação tem um único Nome, um Significado e uma única
Fonte Que unifica todas as coisas em Si Mesma. Usa todos os nomes que o mundo lhes dá, apenas por conveniência, mas
não te esqueças de que eles compartilham o Nome de Deus junto contigo.
Deus não tem nome. E, no entanto, o Seu Nome torna-se a lição final de que todas as coisas são uma só, e nesta lição todo o
aprendizado termina. Todos os nomes são unificados, todo o espaço preenchido com o reflexo da verdade. Toda brecha é
fechada e a separação curada. O Nome de Deus é a herança que Ele deu àqueles que escolheram que o ensinamento do
mundo tomasse o lugar do Céu. Na nossa prática, o nosso propósito é o de deixar que as nossas mentes aceitem o que Deus
lhes deu como resposta à lamentável herança que fizeste, como uma homenagem apropriada ao Filho Que Ele ama.
Ninguém que busque o significado do Nome de Deus pode falhar. A experiência tem que vir para suplementar o Verbo. Mas pri-
meiro, é preciso que aceites o Nome para toda a realidade e reconheças que os muitos nomes que deste aos seus aspectos
distorceram o que tu vês, mas de nenhum modo interferiram com a verdade. Trazemos um único Nome à nossa prática. Usa-
mos um único Nome para unificar a nossa vista.
E embora usemos um nome diferente para cada conscientização de um aspecto do Filho de Deus, compreendemos que eles
só têm um Nome, O Que Deus lhes deu. É esse Nome Que usamos ao praticarmos. E usando-O desaparecem todas as tolas
separações que nos mantinham cegos. E nos é dada a força para ver o que está além delas. Agora, a nossa vista é abençoa-
da com bênçãos que podemos dar como recebemos.
Pai, o nosso Nome é o Teu.
Nele estamos unidos com todas as coisas vivas e Contigo, Que és o único Criador.
Aquilo que fizemos e chamamos de nomes diferentes não passa de uma sombra que tentamos lançar sobre a Tua
própria Realidade.
E estamos alegres e gratos porque estávamos errados.
Nós te damos todos os nossos erros, para que possamos ser absolvidos de todos os efeitos que os nossos erros
pareciam ter.
E, aceitamos a verdade que nos dás, no lugar de cada um deles.
O Teu Nome é a nossa salvação e libertação daquilo que fizemos.
O Teu Nome nos une na unicidade que é a nossa herança e nossa paz.
Amém.

Quero a paz de Deus.


Dizer estas palavras não é nada. Mas dizê-las com real intenção é tudo. Se tu pudesses dizê-las dessa forma por um só instan-
te, não haveria mais nenhuma tristeza possível para ti de maneira alguma, em lugar ou tempo algum. O céu seria completa-
mente devolvido à plena consciência, a memória de Deus inteiramente restaurada e a ressurreição de toda a criação plena-
mente reconhecida.
Ninguém pode dizer intencionalmente estas palavras e não ser curado. Ele não pode brincar com sonhos, nem pensar que ele
mesmo é um sonho. Não pode fazer um inferno e pensar que é real. Quer a paz de Deus e ela lhe é dada. Pois isso é tudo o
que quer e isso é tudo o que receberá. Muitos disseram estas palavras. Mas poucos na verdade as disseram com real inte n-
ção. Basta contemplar o mundo que vês ao teu redor para teres certeza de quão pouco, de fato, são. O mundo mudaria com-
pletamente se duas pessoas concordassem que estas palavras expressam a única coisa que querem.
Duas mentes com um só intento tornam-se tão fortes que aquilo que é a sua vontade vem a ser a Vontade de Deus. Pois as
mentes só podem unir-se na verdade. Em sonhos, dois não podem compartilhar o mesmo intento. Para cada um, o herói do
sonho é diferente, o resultado que se quer não é o mesmo para ambos. Perdedor e ganhador meramente se revezam em pa-
drões alternados, à medida que a relação de ganho para perda e de perda para ganho assume um aspecto diferente ou uma
outra forma.
331
UM CURSO EM MILAGRES
No entanto, um sonho só pode trazer concessões. Às vezes toma a forma de união, mas só a forma. O significado necessaria-
mente escapa ao sonho, pois a concessão é a meta dos sonhos. As mentes não podem unir-se em sonhos. Elas apenas bar-
ganham. E que barganha pode lhes dar a paz de Deus? Ilusões vêm para tomar o Seu lugar. E o que Ele significa se perde
para mentes adormecidas, empenhadas em concessões, cada uma para o seu próprio benefício ao custo da perda do outro.
Dizer que tu queres a paz de Deus com real intenção é renunciar a todos os sonhos. Pois ninguém que queira ilusões e, portan-
to, busque os meios que trazem ilusões pronuncia estas palavras com real intenção. Ele as examinou e as achou insuficientes.
Agora busca ir além, reconhecendo que um outro sonho não ofereceria nada mais do que todos os outros. Os sonhos são um
só para ele. E aprendeu que a única diferença entre eles é a forma, pois cada um trará o mesmo desespero e miséria que o
resto.
A mente que diz com real intenção que tudo o que quer é paz tem que unir-se com outras mentes, pois é assim que se obtém a
paz. E quando o desejo de paz é genuíno, os meios para achá-la são dados numa forma em que cada mente que a busque
com honestidade possa compreender. Seja qual for a forma da lição, ela é planejada para cada uma de tal maneira que não
possa confundi-La, se o seu pedido for sincero. Mas se pedir sem sinceridade, não haverá nenhuma forma em que a lição
venha a ser recebida com aceitação e verdadeiramente aprendida.
Dediquemos hoje a nossa prática ao reconhecimento de que realmente dizemos estas palavras com real intenção. Queremos a
paz de Deus. Esse não é um desejo vão. Estas palavras não solicitam que um outro sonho nos seja dado. Não pedem con-
cessões, nem tentam fazer uma outra barganha na esperança de que ainda possa haver alguma que possa obter êxito onde
todo o resto já fracassou. Ao dizer estas palavras com real intenção, reconhecemos que as ilusões são vãs e pedimos o eterno
no lugar de sonhos inconstantes que parecem mudar naquilo que oferecem, mas que são um só em nulidade.
Hoje, dedica os teus períodos de prática a uma busca cuidadosa na tua mente para achar os sonhos que ainda aprecias. O que
pedes no teu coração? Esquece as palavras que usas ao fazer os teus pedidos. Considera apenas aquilo que acreditas que
vá confortar-te e trazer-te felicidade. Mas não fiques consternado diante de ilusões remanescentes, pois agora as suas formas
não são o que importa. Não deixes que alguns sonhos sejam mais aceitáveis, reservando outros à vergonha e ao Sigilo. Eles
são um só. E sendo um, deve-se fazer a todos uma única pergunta: ―É isso o que eu quero ter, em lugar do Céu e da paz de
Deus?‖.
Essa é a escolha que fazes. Não te enganes pensando que é diferente. Nenhuma concessão é possível nisso. Tu escolhes a
paz de Deus ou pedes sonhos. E sonhos virão como os pediste. Mas a paz de Deus virá com a mesma certeza e para perma-
necer contigo para sempre. Não desaparecerá em cada volta ou curva da estrada, para reaparecer, irreconhecida, em formas
que se alteram e mudam com cada passo que dás.
Queres a paz de Deus. E assim querem todos aqueles que parecem buscar sonhos. Tanto para eles como para ti mesmo, pe-
des somente isso quando fazes esse pedido com profunda sinceridade. Pois assim alcanças o que eles realmente querem e
juntas o teu próprio intento àquilo que buscam acima de todas as coisas, talvez desconhecido para eles, mas certo para ti.
Algumas vezes foste fraco, incerto em teu propósito, inseguro do que querias, de onde procurar isso e aonde dirigir-te para
obter ajuda na tentativa. A ajuda te foi dada. E não queres usufruir dela compartilhando-a?
Ninguém que verdadeiramente busque a paz de Deus pode falhar em achá-la. Pois meramente pede que não se engane mais,
negando a si mesmo aquilo que é a Vontade de Deus. Quem pode ficar insatisfeito se pede aquilo que já tem? Quem poderia
ficar sem resposta se pede uma resposta que já é sua para dar? A paz de Deus é tua.
A paz foi criada para ti e te foi dada pelo seu Criador e estabelecida como a Sua própria dádiva eterna. Como podes falhar, quando
só estás pedindo o que é a Sua Vontade para ti? E como poderia o teu pedido limitar-se só a ti? Nenhuma dádiva de Deus
deixa de ser compartilhada. É esse atributo que coloca as dádivas de Deus à parte de cada sonho que algum dia pareceu to-
mar o lugar da verdade.
Ninguém pode perder e todos têm que ganhar toda vez que qualquer dádiva de Deus for pedida e recebida por alguém. Deus
dá só para unir. Tirar não tem significado para Ele. E quando também não tiver significado para ti, podes ter certeza de que
compartilhas uma só Vontade com Ele e Ele contigo. E também terás o conhecimento de que compartilhas uma só Vontade
com todos os teus irmãos, cujos intentos são teus.
É esse único intento que buscamos hoje, unindo os nossos desejos às necessidades de cada coração, ao apelo de cada men-
te, à esperança que está além do desespero, ao amor que o ataque quer ocultar, à irmandade que o ódio buscou apartar, mas
que ainda permanece tal como Deus a criou. Com uma Ajuda como essa ao nosso lado, podemos hoje falhar ao pedirmos que
nos seja dada a paz de Deus?

A salvação do mundo depende de mim.


Aqui está a afirmação que um dia removerá completamente a arrogância de todas as mentes. Aqui está o pensamento da ver-
dadeira humildade, que não te confere nenhuma outra função, a não ser a que te foi dada. Ele oferece a tua aceitação da parte
que te foi designada, sem insistir em outro papel. Ele não julga o papel que te é devido. Apenas reconhece que a Vontade de
Deus é feita na terra como no Céu. Ela une todas as vontades sobre a terra no plano do Céu para salvar o mundo, restauran-
do-o a paz do Céu.
Não lutemos contra a nossa função. Não fomos nós que a estabelecemos. Não é idéia nossa. Os meios pelos quais ela será
perfeitamente cumprida nos são dados. Tudo o que nos é pedido é aceitar a nossa parte com genuína humildade e não negar
que somos dignos com arrogância auto-enganadora. Temos a força para fazer o que nos é dado fazer. Nossas mentes são
perfeitamente adequadas para assumir a parte que nos é designada por Aquele Que nos conhece tão bem.
A idéia de hoje pode parecer bastante grave, até que vejas o seu significado. Tudo o que ela diz é que o teu Pai ainda se lem-
bra de ti e te oferece a confiança perfeita que tem em ti, que és o Seu Filho. Não pede que sejas de nenhum modo diferente
do que és. O que poderia a humildade requerer senão isso? E o que poderia a arrogância negar senão isso? Hoje não nos
esquivaremos da nossa tarefa sob a alegação capciosa de que a modéstia está sendo ultrajada. É o orgulho que quer negar o
Chamado do próprio Deus.
Hoje deixaremos de lado toda a falsa humildade, para que possamos escutar a Voz de Deus revelar-nos o que Ele quer que
façamos. Não duvidaremos da nossa adequação para a função que Ele nos oferecerá. Teremos certeza apenas de que Ele

332
UM CURSO EM MILAGRES
conhece as nossas forças, a nossa sabedoria e a nossa santidade. E se Ele nos considera dignos, nós o somos. Só a arro-
gância julga o contrário.
Há um caminho e apenas um de te liberares da prisão que o teu plano de provar que o falso e verdadeiro te trouxe. Ao invés
disso aceita o plano que não fizeste. Não julgues o teu valor para o plano. Se a Voz de Deus te assegura que a salvação pre-
cisa da tua parte e que o todo depende de ti, estejas certo de que é assim. O arrogante tem que agarrar-se às palavras, ame-
drontado de ir além para experimentar aquilo que poderia afrontar a sua posição. Mas os humildes são livres para ouvir a Voz
Que lhes diz o que são e o que devem fazer.
A arrogância faz uma imagem de ti que não é real. É essa imagem que se intimida e recua aterrorizada quando a Voz por Deus
te assegura que tens a força, a sabedoria e a santidade para ir além de todas as imagens. Tu não és fraco, como é a imagem
de ti mesmo. Não és ignorante e indefeso. O pecado não pode manchar a verdade em ti e a miséria não pode aproximar-se da
santa casa de Deus.
A Voz por Deus te relata tudo isso. E, à medida que Ele fala, a imagem treme e busca atacar a ameaça que não conhece, sen-
tindo as suas bases desmoronarem-se. Solta-a. A salvação do mundo depende de ti e não desse montinho de pó. O que pode
ele dizer ao Filho santo de Deus? Por que precisa sequer preocupar-se com isso?
E assim, achamos a nossa paz. Aceitaremos a função que Deus nos deu, pois todas as ilusões baseiam-se na estranha crença
de que podemos fazer outra para nós mesmos. Os papéis que nós mesmos fizemos são mutáveis, parecem passar do des-
consolo ao sublime êxtase do amor e de amar. Podemos rir ou chorar e saudar o dia com boas-vindas ou com lágrimas. O
nosso próprio ser parece mudar ao experimentarmos mil alterações de humor e as nossas emoções, de fato, nos remontam às
alturas ou nos atiram ao chão em desespero.
É esse o Filho de Deus? Poderia Ele criar tal instabilidade e chamá-la de Filho? Aquele Que é imutável compartilha os Seus
atributos com a Sua criação. Todas as imagens que o Seu Filho parece fazer não têm efeito sobre o que ele é. Atravessam a
sua mente como folhas varridas pelo vento, que por um instante formam um padrão, depois separam-se para novamente a-
gruparem-se e desaparecerem. Ou como miragens vistas num deserto, surgindo do pó.
Essas imagens sem substância irão embora e deixarão a tua mente desanuviada e serena, quando aceitares a função que te é
dada. As imagens que fazes só dão origem a metas conflitantes, vagas e temporárias, incertas e ambíguas. Quem poderia ser
constante em seus esforços ou dirigir suas energias e concentrar as forças em direção a metas como essas? As funções que
o mundo estima são tão incertas que no mais seguro dos casos mudam dez vezes por hora. Que esperança de benefício pode
se basear em metas como essas?
Em belo contraste, tão certo como a volta do sol que dissipa a noite a cada manhã, a função que te foi verdadeiramente dada
sobressai clara e totalmente sem ambigüidade. Não há nenhuma dúvida da sua validade. Ela vem Daquele que desconhece o
erro e a Sua Voz tem certeza das Suas mensagens. Estas não se alterarão, nem entrarão em conflito. Todas indicam uma
única meta, a qual podes atingir. O teu plano pode ser impossível, mas o plano de Deus jamais pode falhar, pois Ele é a sua
Fonte.
Faze conforme a Voz de Deus te indicar. E se Ela te pedir algo que pareça impossível, lembra-te Quem é Aquele Que está
pedindo e quem estaria negando. Em seguida considera isso: quem tem mais probabilidade de estar certo? A Voz Que fala
pelo Criador de todas as coisas, Que conhece todas as coisas exatamente como são ou uma imagem distorcida de ti mesmo,
confusa, desnorteada, inconsistente e insegura de todas as coisas? Não deixes que essa voz te dirija. Ao invés disso, ouve
uma Voz segura, Que te fala de uma função dada a ti pelo teu Criador, Que Se lembra de ti e Que insiste para que agora te
lembres Dele.
A Sua Voz gentil está te chamando do conhecido ao desconhecido. Ele quer consolar-te, embora desconheça a tristeza. Quer
fazer uma restituição, embora seja completo; uma dádiva para ti, embora tenha o conhecimento de que já tens tudo. Ele tem
Pensamentos que respondem a todas as necessidades que o Seu Filho percebe, embora Ele não os veja. Pois o Amor tem
que dar e aquilo que é dado em Seu Nome assume a forma mais útil num mundo de formas.
Estas são as formas que jamais podem enganar, pois vêm da própria Ausência de Forma. O perdão é uma forma terrena de
amor que, assim como é no Céu, não tem forma. Mas o que é necessário aqui é dado aqui na medida em que for necessário.
Dessa forma podes realizar a tua função até mesmo aqui, embora o amor vá significar muito mais para ti quando a ausência
de forma tiver sido restaurada em ti. A salvação do mundo depende de ti que podes perdoar. Essa é a tua função aqui.

Abençôo o mundo pois abençôo a mim mesmo.


Ninguém pode dar sem ter. De fato, dar é uma prova de ter. Já estabelecemos esse ponto. Não é isso que parece ser difícil de
acreditar. Ninguém pode duvidar de que primeiro é preciso possuir o que queres dar. É na segunda fase que o mundo e a ver-
dadeira percepção divergem. Quando tens e dás, o mundo afirma que perdeste o que possuías. A verdade mantém que dar
aumentará o que tens.
Como isso é possível? Pois é certo que se deres uma coisa finita, os olhos do corpo não a perceberão como tua. No entanto,
aprendemos que as coisas apenas representam os pensamentos que as fazem. E não te faltam provas de que quando dás
idéias, tu as fortaleces na tua própria mente. Talvez a forma na qual o pensamento parece se manifestar se modifique ao ser
dado. Mas ele deve voltar àquele que dá. E a forma que toma não pode ser menos aceitável. Tem que ser mais.
Em primeiro lugar, é preciso que as idéias pertençam a ti antes que as dês. Se quiseres salvar o mundo, primeiro aceita a sal-
vação para ti mesmo. Mas não acreditarás que o tenhas feito até que vejas os milagres que ela traz a todos aqueles para
quem olhas. Assim a idéia de dar é esclarecida e torna-se significativa. Agora podes perceber que ao dar as tuas posses au-
mentam.
Protege todas as coisas que valorizas através do ato de dá-las e, assim, estarás certo de que jamais as perderás. Comprova-
se através disso que o que pensaste não ter, é teu. Mas não dês valor à forma das coisas. Pois essa se modificará e se torna-
rá irreconhecível com o tempo, por mais que tentes mantê-la a salvo. Nenhuma forma perdura. É o pensamento por trás da
forma das coisas que vive imutavelmente.
Dá com alegria. Só assim podes ganhar. O pensamento permanece e cresce em força quando é reforçado ao ser dado. Os
pensamentos estendem-se quando compartilhados, pois não podem ser perdidos. Não existem aqueles que dão e aqueles

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UM CURSO EM MILAGRES
que recebem no sentido que o mundo os concebe. Existe um que dá e retém; outro que também dará. E ambos não podem
deixar de ganhar nesta troca, pois cada um terá o pensamento da forma que lhe for mais útil. O que ele parece perder é sem-
pre algo que ele valorizará menos do que aquilo que certamente lhe será devolvido.
Nunca esqueças de que só dás a ti mesmo. Aquele que compreende o significado de dar tem que rir da idéia do sacrifício. E
não pode deixar de reconhecer as muitas formas que o sacrifício pode tomar. Ele também ri da dor e da perda, da doença e do
sofrimento, da pobreza, da fome e da morte. Ele reconhece que o sacrifício permanece sendo a única idéia que está por trás
de tudo isso e, com o seu riso gentil, tudo é curado.
Uma vez reconhecida, a ilusão tem que desaparecer. Não aceites o sofrimento e removes o pensamento do sofrimento. A tua
benção repousa sobre todos os que sofrem, quando escolhes ver todo sofrimento tal como é. O pensamento do sacrifício dá
origem a todas as formas que o sofrimento parece tomar. E sacrifício é uma idéia tão louca, que a sanidade a elimina imedia-
tamente.
Nunca acredites que podes sacrificar. Naquilo que tem qualquer valor não ha lugar para o sacrifício. Se o pensamento ocorre, a
sua própria presença prova que surgiu o erro e que a correção tem que ser feita. A tua benção o corrigirá. Dada a ti mesmo
em primeiro lugar, agora é tua para que também a dês. Nenhuma forma de sacrifício e sofrimento pode durar muito tempo
diante da face daquele que perdoou e abençoou a si mesmo.
Os lírios que o teu irmão te oferece são colocados sobre o teu altar, junto com aqueles que ofereces a ele. Quem poderia ter
medo de contemplar tão bela santidade? A grande ilusão do medo de Deus se reduz a nada diante da pureza que contempla-
rás aqui. Não tenhas medo de olhar. A bem-aventurança que contemplarás afastará todo pensamento de forma e no seu lugar
deixará a dádiva perfeita para sempre, para que sempre aumente, seja sempre tua, para ser sempre dada.
Agora somos um em pensamento, pois o medo se foi. E aqui, diante do altar do único Deus, único Pai, único Criador e único
Pensamento, estamos juntos como um único Filho de Deus. Não separados Daquele Que é a nossa Fonte; e não estando
distantes de nenhum irmão que é parte do nosso Ser uno, cuja inocência uniu-nos a todos em um só, permanecemos em
bem-aventurança e damos como recebemos. O Nome de Deus está em nossos lábios. E ao olharmos para dentro, vemos a
pureza do Céu brilhar sobre o nosso reflexo do Amor de nosso Pai.
Agora somos abençoados e agora abençoamos o mundo. Queremos estender o que contemplamos, pois queremos vê-lo em
toda parte. Queremos contemplá-lo brilhando com a graça de Deus em cada um. Não queremos que seja negado a nada da-
quilo que contemplamos. E, para assegurarmo-nos de que essa santa visão é nossa, nós a oferecemos a tudo o que vemos.
Pois onde a virmos, ela nos será devolvida sob a forma de lírios que podemos colocar sobre o nosso altar, fazendo dele um lar
para a própria Inocência, Que habita em nós e nos oferece a Sua Santidade como nossa.

A paz de Deus está brilhando em mim agora.


Por que esperar pelo Céu? Aqueles que buscam a luz estão apenas cobrindo seus olhos. A luz está neles agora. A iluminação é
apenas um reconhecimento e não uma mudança em absoluto. A luz não é desse mundo, mas tu, que és portador da luz, tam-
bém és um estranho aqui. A luz veio contigo do lar onde nasceste e ficou contigo porque é tua. É a única coisa que trazes
contigo Daquele Que é a tua Fonte. Ela brilha em ti porque ilumina o teu lar e te conduz de volta ao lugar de onde ela veio e
onde tu estás em casa.
Essa luz não pode ser perdida. Por que esperar para achá-la no futuro ou acreditar que já foi perdida ou que nunca esteve pre-
sente? Ela é tão facilmente contemplada que os argumentos que provam que ela não está presente tornam-se ridículos. Quem
pode negar a presença do que contempla em si mesmo? Não é difícil olhar para dentro, pois é lá que começa toda visão. Não
se vê nada, seja em sonhos ou a partir de uma Fonte mais verdadeira, que não seja apenas a sombra do que é visto através da
visão interior. É lá que a percepção começa, e lá chega ao fim. Ela não tem outra fonte senão essa.
A paz de Deus está brilhando em ti agora e do teu coração se estende ao mundo todo. Ela pára para acariciar cada coisa viva
e deixa uma benção que permanece para todo o sempre. Aquilo que ela dá tem que ser eterno. Remove todos os pensamen-
tos do que é efêmero e sem valor. Traz a renovação a todos os corações cansados e, ao passar, ilumina toda a visão. Todas
as suas dádivas são dadas a todos e todos se unem para agradecer a ti, que dás e a ti, que recebes.
O brilho em tua mente lembra ao mundo aquilo que ele esqueceu e o mundo restaura a memória a ti também. De ti, a salvação
se irradia, com dádivas incomensuráveis, dadas e retribuídas. O próprio Deus agradece a ti, que és o doador da dádiva. E, com
a Sua benção, a luz em ti brilha mais intensamente, somando-se às dádivas que tens para oferecer ao mundo.
A paz de Deus nunca pode ser contida. Aquele que a reconhece dentro de si mesmo tem que dá-la. E os meios para dá-la
estão em sua própria compreensão. Ele perdoa porque reconheceu a verdade em si. A paz de Deus está brilhando em ti agora
e em todas as coisas vivas. Na quietude, ela é reconhecida universalmente. Pois o que a tua visão interna contempla é a tua
percepção do universo.
Senta-te quieto e fecha os olhos. A luz dentro de ti é suficiente. Só ela tem o poder de te dar a dádiva da vista. Exclui o mundo
exterior e deixa que os teus pensamentos voem para a paz interna. Eles conhecem o caminho. Pois pensamentos honestos,
intocados pelo sonho das coisas do mundo exterior a ti, tornam-se os santos mensageiros do próprio Deus.
Estes pensamentos, tu pensas com Ele. Eles reconhecem a sua própria casa. E apontam com segurança para a sua Fonte,
onde Deus Pai e o Filho são um. A paz de Deus está brilhando sobre eles, mas eles têm que permanecer contigo também,
pois nasceram dentro da tua mente, assim como a tua mente nasceu na de Deus. Eles te levam de volta à paz, de onde vie-
ram, apenas para lembrar-te como tens que retornar.
Eles atendem à Voz do teu Pai quando te recusas a escutar. E eles te incitam gentilmente a aceitar o Seu Verbo quanto ao que
tu és ao invés de fantasias e sombras. Eles te lembram que és o co-criador de todas as coisas que vivem. Pois assim como a
paz de Deus está brilhando em ti, tem que brilhar sobre elas.
Hoje praticamos aproximar-nos da luz em nós. Tomamos os nossos pensamentos dispersos e os trazemos gentilmente de volta
ao lugar em que se alinham com todos os pensamentos que compartilhamos com Deus. Não os deixaremos extraviarem-se.
Deixamos a luz dentro de nossas mentes orientá-los para que voltem para casa. Nós os traímos, ordenando-lhes que se afas-
tassem de nós. Mas agora, nós os chamamos de volta e os limpamos de estranhos desejos e de anseios desordenados. Nós
lhes restauramos a santidade da herança que receberam.

334
UM CURSO EM MILAGRES
Assim as nossas mentes são restauradas com eles e reconhecemos que a paz de Deus ainda brilha em nós, e a partir de nós
brilha sobre todas as coisas vivas que compartilham a nossa vida. Nós as perdoaremos todas, absolvendo o mundo inteiro
pelo que pensamos que ele fez conosco. Pois somos nós que fazemos o mundo tal como o queremos. Agora, escolhemos que
ele seja inocente, isento de pecado e aberto à salvação. E depositamos a nossa benção salvadora sobre ele, ao dizermos:
A paz de Deus está brilhando em mim agora.
Que todas as coisas brilhem sobre mim nesta paz, e que eu as abençoe com a luz que há em mim.

Sinto o Amor de Deus dentro de mim agora.


Há, em ti, uma luz que o mundo não pode perceber. E com os olhos do mundo não verás essa luz, pois estás cego pelo mun-
do. No entanto, tens olhos para vê-la. Ela está aí, para que a contemples. Não foi colocada em ti para ser mantida oculta da
tua vista. Essa luz é um reflexo do pensamento que praticamos agora. Sentir o Amor de Deus dentro de ti é ver o mundo com
novos olhos, brilhando em inocência, vivo em esperança e abençoado com perfeita caridade e amor.
Quem poderia sentir medo em um mundo tal como esse? Ele te acolhe, regozija-se por teres vindo e canta louvores a ti en-
quanto te mantém a salvo de qualquer forma de perigo e dor. Oferece-te um lar quente e gentil para passares algum tempo.
Abençoa-te durante o dia e à noite vela por ti como um guardião silencioso do teu sono santo. Ele vê a salvação em ti e prote-
ge a luz em ti, na qual vê a sua própria. Oferece-te as suas flores e a sua neve, em agradecimento pela tua benevolência.
Esse é o mundo que o Amor de Deus revela. É tão diferente do mundo que vês através dos olhos escurecidos pela malícia e
pelo medo, que um desmente o outro. Só é possível perceber um deles. O outro é totalmente sem significado. Um mundo em
que o perdão brilha sobre todas as coisas e a paz oferece a sua luz gentil a todas as pessoas é inconcebível para aqueles que
vêem surgir do ataque um mundo de ódio, pronto para vingar, assassinar e destruir.
No entanto, o mundo do ódio é igualmente invisível e inconcebível para aqueles que sentem em si o Amor de Deus. O mundo
que vêem reflete a quietude e a paz que brilham neles, a gentileza e a inocência que vêem ao seu redor, a alegria com que
olham para fora a partir dos inesgotáveis mananciais de alegria no seu interior. Eles olham para o que sentem dentro de si e
em toda parte vêem o seu reflexo seguro.
O que queres ver? A escolha te é dada. Mas aprende e nunca permitas que a tua mente esqueça essa lei que rege o que tu
vês: contemplarás o que sentes por dentro. Se o ódio acha um lugar dentro do teu coração, perceberás um mundo amedronta-
dor, cruelmente preso entre os ossudos e afiados dedos da morte. Se sentes o Amor de Deus dentro de ti, olharás para fora e
verás um mundo de misericórdia e de amor.
Hoje, ultrapassamos as ilusões ao buscarmos alcançar o que é verdadeiro em nós e sentirmos a sua ternura que envolve todas
as coisas, o seu Amor que nos conhece tão perfeitos como ele mesmo e o seu modo de ver, que é a dádiva que nos é conce-
dida pelo seu Amor. Hoje, aprendemos o caminho. É tão seguro quanto o próprio Amor ao qual nos transporta. Pois a sua
simplicidade evita as armadilhas que as tolas acrobacias do aparente raciocínio do mundo só servem para esconder.
Faze simplesmente isso: aquieta-te e deixa de lado todos os pensamentos sobre o que és e o que Deus é; todos os conceitos
que aprendeste sobre o mundo; todas as imagens que tens de ti mesmo. Esvazia a tua mente de tudo o que ela pensa ser
verdadeiro ou falso, bom ou mau, de todo pensamento que julga digno e de todas as idéias das quais se envergonha. Não
retenhas nada. Não tragas contigo nenhum pensamento que o passado tenha te ensinado e nenhuma crença que tenhas a-
prendido com qualquer coisa anteriormente. Esquece-te desse mundo, esquece-te deste curso e vem com as mãos totalmente
vazias ao teu Deus.
Não é Ele Aquele Que conhece o caminho que leva a ti? Não precisas conhecer o caminho para Ele. A tua parte consiste ape-
nas em permitires que todos os obstáculos que interpuseste entre o Filho e Deus Pai sejam quietamente removidos para sem-
pre. Deus fará a Sua parte te respondendo imediatamente com alegria. Pede e recebe. Mas não faças exigências, nem indi-
ques a Deus a estrada pela qual Ele deveria aparecer a ti. O modo de alcançá-Lo é simplesmente deixá-Lo ser. Pois deste
modo a tua realidade também é proclamada.
E assim, hoje não escolhemos o caminho pelo qual vamos a Ele. Mas, de fato, escolhemos deixá-Lo vir. E com essa escolha
descansamos. E em nossos corações serenos e mentes abertas, o Seu Amor abrirá o caminho por si mesmo. Aquilo que não
foi negado está lá com toda a certeza se for verdadeiro, e certamente pode ser alcançado. Deus conhece Seu Filho e conhece o
caminho para ele. Não precisa que o Seu Filho Lhe mostre como achar o Seu caminho. Através de cada porta aberta, o Seu
Amor brilha refletindo-se no exterior a partir da sua morada interna e ilumina o mundo em inocência.
Pai, não conhecemos o caminho para Ti. Mas chamamos e Tu nos respondeste. Não interferiremos. Os caminhos da
salvação não são os nossos, pois pertencem a Ti. E é em Ti que procuramos por eles. Nossas mãos estão abertas para
receberem as Tuas dádivas. Não temos pensamentos separados de Ti e não alimentamos crenças a respeito do que
somos ou de Quem nos criou. O caminho que queremos encontrar e seguir é o Teu. E pedimos apenas que a Tua
Vontade, que é também a nossa, seja feita em nós e no mundo para que ele se tome uma parte do Céu agora. Amém.

Escolho a alegria de Deus ao invés da dor.


A dor é uma perspectiva errada. Quando experimentada, sob qualquer forma, é uma prova de auto-engano. Absolutamente não
é um fato. Não há nenhuma forma que ela tome que não desapareça se for vista corretamente. Pois a dor proclama que Deus
é cruel. Como poderia ser real, qualquer que seja a sua forma? Ela é um testemunho do ódio de Deus Pai pelo Seu Filho, do
pecado que Deus vê nele e do Seu desejo insano por vingança e morte.
Podem tais projeções serem testemunhadas? Podem ser algo mais do que totalmente falsas? A dor não passa de um testemu-
nho dos equívocos do Filho em relação ao que ele pensa que é. É um sonho de uma punição severa por um crime que não
poderia ser cometido, por atacar o que é totalmente inatacável. É um pesadelo dentro do qual ele foi abandonado pelo Amor
Eterno, Que não poderia deixar o Filho que Ele criou do amor.
A dor é um sinal de que as ilusões reinam no lugar da verdade. Demonstra que Deus é negado, confundido com o medo, per-
cebido como louco e visto como traidor para com Ele Mesmo. Se Deus é real, não há dor. Se a dor é real, não há Deus. Pois a
vingança não faz parte do amor. E o medo, negando o amor e usando a dor para provar que Deus está morto, demonstrou que
a morte é dona da vitória sobre a vida. O corpo é o Filho de Deus, corruptível na morte, tão mortal quanto o Pai que ele matou.
335
UM CURSO EM MILAGRES
Paz a tal tolice! Veio o momento de rir de tais idéias insanas. Não é preciso pensar nelas como se fossem crimes selvagens ou
pecados secretos com pesadas conseqüências. Quem, senão um louco, poderia concebê-las como causa de qualquer coisa?
A sua testemunha, a dor, é tão louca quanto elas e não deve ser mais temida do que as loucas ilusões que ela protege e tenta
demonstrar que não podem deixar de ser verdadeiras.
Só os teus pensamentos te causam dor. Nada exterior à tua mente pode ferir-te ou machucar-te de modo algum. Além
de ti mesmo, não há causa que possa te atingir e trazer a opressão. Ninguém, além de ti mesmo, te afeta. Nada no
mundo tem o poder de deixar-te doente ou triste, fraco ou frágil. Mas tu és aquele que tem o poder de dominar todas as
coisas que vês, meramente reconhecendo o que és. Quando perceberes o quanto são inofensivas, elas aceitarão a tua
santa vontade como se fosse a sua. E o que era visto como amedrontador se transforma agora numa fonte de inocência
e santidade.
Meu irmão santo, pensa nisso por um momento: o mundo que vês nada faz. Não tem efeitos em absoluto. Representa apenas
os teus pensamentos. E mudará inteiramente quando escolheres mudar a tua mente e optar pela alegria de Deus como o que
realmente queres. O teu Ser é radiante nesta alegria santa, inalterado e inalterável para todo o sempre. E negarias a um pe-
dacinho da tua mente a herança que lhe é própria, mantendo-a como um hospital para a dor, um lugar doentio ao qual as coi-
sas vivas tem que vir para morrer no final?
O mundo pode parecer causar-te dor. Mas, como ele mesmo não tem causa, o mundo não tem poder de causar. Como um efei-
to, não pode produzir efeitos. Como uma ilusão, ele é o que desejas. Teus anseios vãos representam as suas dores. Os teus
estranhos desejos trazem a ele sonhos maus. Os teus pensamentos de morte o envolvem no medo, enquanto no teu perdão
benigno, ele vive.
A dor é o pensamento do mal tomando forma e operando danos na tua mente santa. A dor é o resgate que alegremente pagaste
para não ser livre. Na dor, nega-se a Deus o Filho que Ele ama. Na dor, o medo parece triunfar sobre o amor e o tempo substi-
tuir a eternidade e o Céu. E o mundo torna-se um lugar amargo e cruel, onde reina a tristeza e as pequenas alegrias desapa-
recem diante da investida da dor selvagem que aguarda para pôr um fim a todas as alegrias na miséria.
Desiste das tuas armas e vem sem defesas ao lugar quieto onde a paz do Céu enfim mantém todas as coisas serenas. Desiste
de todos os pensamentos de perigo e de medo. Não deixes nenhum ataque entrar contigo. Desiste da cruel espada do julga-
mento que estás apontando para a tua própria garganta e deixa de lado os agonizantes atos de agressão com os quais bus-
cas esconder a tua santidade.
Aqui compreenderás que não há dor. Aqui a alegria de Deus te pertence. Esse é o dia em que te é dado compreender a lição
que contém todo o poder da salvação. É essa: a dor é ilusão; a alegria, realidade. A dor é apenas sono; a alegria é despertar.
A dor é engano; só a alegria é verdade.
E assim, mais uma vez fazemos a única escolha que jamais pode ser feita; escolhemos entre as ilusões e a verdade, a dor e a
alegria, o inferno e o Céu. Deixa que a nossa gratidão pelo nosso Professor nos encha os corações ao estarmos livres para
escolher a nossa alegria ao invés da dor, a nossa santidade no lugar do pecado, a paz de Deus ao invés do conflito e a luz do
Céu em troca da escuridão do mundo.

Eu sou o próprio Filho santo de Deus.


Eis a declaração da tua liberação da prisão do mundo. E aqui o mundo todo também é liberado. Não vês o que fizeste quando
deste ao mundo o papel de carcereiro do Filho de Deus. O que mais ele poderia ser, senão perverso e temeroso, cheio de
medo das sombras, punitivo e selvagem, irracional, cego e insano de ódio?
O que fizeste para que esse fosse o teu mundo? O que fizeste para que seja isso o que vês? Nega a tua própria Identidade e
isso é o que resta. Olhas para o caos e declaras que ele é o que tu és. Nada do que vês deixa de testemunhar isso a ti. Não
há sons que não falem da tua fragilidade, interna e externa, não há ar que respires que não pareça aproximar-te da morte, não
tens esperança alguma que não se dissolva em lágrimas.
Nega a tua própria Identidade e não escaparás da loucura que induziu a esse pensamento estranho, anti-natural e fantasmagó-
rico que escarnece da criação e ri de Deus. Nega a tua própria Identidade e estarás investindo sozinho contra o universo, sem
um amigo, uma diminuta partícula de pó contra as legiões dos teus inimigos. Nega a tua própria Identidade e olharás para o
mal, o pecado e a morte; observarás o desespero arrancar das tuas mãos toda migalha de esperança, nada te deixando a não
ser o desejo de morrer.
No entanto, o que é isso, senão um jogo teu em que a identidade pode ser negada? Tu és como Deus te criou. É loucura acredi-
tar em qualquer outra coisa além disso. Através deste único pensamento, todos são libertados. Através dessa única verdade,
todas as ilusões desaparecem. Através deste único fato, a impecabilidade é proclamada como parte de tudo para sempre, o
núcleo central da existência de tudo e a garantia de imortalidade para todas as coisas.
Mas deixa que a idéia de hoje encontre um lugar entre os teus pensamentos e terás erguido a ti mesmo além do mundo e de
todos os pensamentos mundanos que o mantêm prisioneiro. E deste lugar de segurança e liberdade, voltarás e o libertarás.
Pois aquele que pode aceitar a sua verdadeira Identidade está verdadeiramente salvo. E a sua salvação é a dádiva que ele dá
a todos, em reconhecimento para com Aquele Que indicou o caminho para a felicidade que mudou toda a sua perspectiva do
mundo.
Um pensamento santo como esse e tu estás livre: tu és o próprio Filho santo de Deus. E com esse santo pensamento também
aprendes que libertaste o mundo. Não é preciso usá-lo com crueldade, para então perceber nele essa selvagem necessidade.
Tu o libertas da tua própria prisão. Não verás uma imagem devastadora de ti mesmo andando aterrorizada por um mundo que
se contorce em agonia porque os teus medos depositaram a marca da morte no seu coração.
Alegra-te, hoje, por ser tão fácil desfazer o inferno. É preciso apenas dizer a ti mesmo:
Eu sou o próprio Filho santo de Deus.
Não posso sofrer, não posso sentir dor; não posso sofrer nenhuma perda e nem fracassar em fazer tudo o que a
salvação pede.
E com esse pensamento tudo o que olhas muda totalmente.

336
UM CURSO EM MILAGRES
Um milagre iluminou todas as antigas e escuras cavernas onde os ritos da morte ecoaram desde o inicio dos tempos. Pois o
tempo perdeu o controle que tinha sobre o mundo. O Filho de Deus veio em glória para redimir os perdidos, salvar os impoten-
tes e dar ao mundo a dádiva do seu perdão. Quem poderia ver o mundo como se fosse escuro e cheio de pecado quando o
Filho de Deus veio novamente para enfim libertá-lo?
Tu, que te percebes fraco e frágil, com esperanças inúteis e sonhos devastados; tu, que nasceste apenas para morrer, chorar e
sofrer dor, ouve isso: a ti todo o poder é dado na terra e no Céu. Nada é impossível para ti. Jogas o jogo da morte, como se fos-
ses impotente, miseravelmente atado à dissolução em um mundo que não te demonstra nenhuma misericórdia. Mas, quando
fores misericordioso para com ele, a sua misericórdia brilhará sobre ti.
Então, deixa o Filho de Deus despertar do seu sono e abrindo os seus olhos santos, voltar mais uma vez para abençoar o
mundo que fez. O mundo começou no erro, mas terminará no reflexo da sua própria santidade. E ele não mais dormirá e nem
sonhará com a morte. Então, une-te a mim hoje. A tua glória é a luz que salva o mundo. Não detenhas a salvação por mais
tempo. Olha o mundo a tua volta e vê o sofrimento que está lá. O teu coração não está disposto a trazer o descanso aos teus
irmãos fatigados?
Eles terão que esperar pela tua própria liberação. Ficam acorrentados até que sejas livre. Não conseguirão ver a misericórdia do
mundo enquanto tu não a achares em ti mesmo. Eles sofrerão dor até que negues o seu domínio sobre ti. Morrerão até que
aceites a tua própria vida eterna. Tu és o próprio Filho santo de Deus. Lembra-te disso e o mundo inteiro será livre. Lembra-te
disso e a terra e o Céu serão um só.

Tenho uma função que Deus quer que eu cumpra.


É a Vontade santa do teu Pai que tu O completes e que o teu Ser seja o Seu Filho sagrado para sempre puro como Ele, criado
do Amor e no amor preservado, estendendo o amor e criando em seu Nome, para sempre um com Deus e com o teu Ser.
Mas, o que pode tal função significar em um mundo de inveja, ódio e ataque?
Portanto, tens uma função no mundo nos próprios termos do mundo. Pois quem pode compreender uma linguagem muito além
do seu simples entendimento? O perdão representa a tua função aqui. Ele não é a criação de Deus, pois é o meio pelo qual é
desfeita a inverdade. E quem perdoaria o Céu? No entanto, na terra, precisas de meios para abandonar as ilusões. A criação
apenas espera que reconheças o teu retorno, não que ele se complete.
A criação não pode sequer ser concebida no mundo. Aqui, ela não tem significado. O perdão é a sua forma mais próxima da
terra. Pois tendo nascido no Céu, ela não tem forma. Ainda assim, Deus criou Aquele Que tem o poder de traduzir em forma o
que é totalmente sem forma. O que Ele faz são sonhos, mas de um tipo tão próximo do despertar que a luz do dia já brilha
sobre eles e olhos que já estão se abrindo contemplam as cenas felizes que as suas oferendas contêm.
O perdão olha gentilmente para todas as coisas desconhecidas no Céu, as vê desaparecer e deixa o mundo como uma lousa
limpa e sem marcas, em que o Verbo de Deus pode agora substituir os símbolos sem sentido lá escritos anteriormente. O per-
dão é o meio pelo qual o medo da morte é superado, porque já não contém nenhuma atração arrebatadora e a culpa desapa-
receu. O perdão faz com que o corpo seja percebido tal como é: um simples recurso de ensino a ser deixado de lado quando o
aprendizado for completo, mas que de nenhum modo muda aquele que aprende.
A mente sem o corpo não pode cometer erros. Não pode pensar que vai morrer ou que será vítima de ataques impiedosos.
Quando a raiva se torna impossível, onde estará o terror? Que medo poderia ainda tornar aqueles que perderam a fonte de
todo ataque, o núcleo da angústia e a sede do medo? Só o perdão é capaz de aliviar a mente do pensamento de que o corpo
é a sua casa. Só o perdão é capaz de restaurar a paz que Deus pretendia para o Seu Filho santo. Só o perdão é capaz de
persuadir o Filho a olhar de novo para a sua santidade.
Sem a ira, tu de fato perceberás que nenhum sacrifício foi pedido em troca da visão de Cristo e da dádiva de poder ver, que só
a dor foi retirada da mente doente e torturada. Isso não é bem-vindo? Deve-se ter medo disso? Ou deve-se ter esperança que
isso aconteça, receber isso com gratidão e aceitar com alegria? Somos um e, portanto, não renunciamos a nada. Pelo contrá-
rio, tudo nos foi dado por Deus.
Entretanto, precisamos do perdão para percebermos que isso é assim. Sem a sua luz suave, tateamos no escuro, usando a
razão apenas para justificarmos a nossa raiva e o nosso ataque. A nossa compreensão é tão limitada que o que pensamos
compreender não passa de uma confusão nascida do erro. Estamos perdidos em névoas de sonhos transitórios e de pensa-
mentos amedrontadores, com os olhos bem fechados contra a luz e as nossas mentes ocupadas em idolatrar o que não exis-
te.
Quem pode nascer de novo em Cristo, senão aquele que perdoou a todos que vê, todos aqueles em quem pensa ou imagina?
Quem pode ser libertado enquanto estiver aprisionando alguém? O carcereiro não é livre, pois está preso junto com o seu prisioneiro.
Ele precisa garantir que o outro não escape e assim passa o seu tempo vigiando-o. As barras que limitam o prisioneiro vêm a ser o
mundo em que vive o seu carcereiro junto com ele. E o caminho da liberdade para ambos depende da liberdade dele.
Portanto, não mantenhas ninguém prisioneiro. Libera-os em vez de prendê-los, pois assim tu és libertado. O caminho é sim-
ples. Cada vez que sentires uma punhalada de raiva, reconhece que seguras uma espada sobre a tua própria cabeça. E ela
cairá ou será desviada, segundo a tua escolha de ser condenado ou livre. Assim, todo aquele que parece te tentar a sentir
raiva representa o teu salvador da prisão da morte. E por isso, tu lhe deves gratidão e não dor.
Sê misericordioso hoje. O Filho de Deus merece a tua misericórdia. É ele quem te pede que aceites agora o caminho para a
liberdade. Não o recuses. O Amor do seu Pai por ele pertence a ti. A tua única função aqui na terra é a de perdoá-lo, para que
possas aceitá-lo de volta como a tua Identidade. Ele é como Deus o criou. E tu és o que ele é. Perdoa-lhe os seus pecados
agora e verás que tu és um com ele.

Todas as coisas são lições que Deus quer que eu aprenda.


Deus nada sabe do aprendizado. Mas a Sua Vontade se estende ao que Ele não compreende, no sentido de que é Sua Vonta-
de que a felicidade, que é a Sua herança para Seu Filho, se mantenha imperturbada, eterna e para sempre crescente; expan-
dindo-se eternamente na alegria da criação plena, eternamente aberta e totalmente ilimitada Nele. Essa é a Sua Vontade. E
assim a Sua Vontade provê os meios para garantir que isso seja feito.

337
UM CURSO EM MILAGRES
Deus não vê contradições. Mas o Seu Filho acredita vê-las. Por isso, precisa Daquele Que é capaz de corrigir o seu modo
equivocado de ver e Que lhe dá a visão que o conduzirá de volta aonde termina a percepção. Deus não percebe nada. No
entanto, é Ele Quem dá Os meios pelos quais a percepção se faz verdadeira e suficientemente bela para deixar que a luz do
Céu a ilumine. É Ele Quem responde ao que o Seu Filho quer contradizer e mantém a sua impecabilidade eternamente segu-
ra.
Estas são as lições que Deus quer que tu aprendas. A Sua Vontade as reflete e elas refletem a Sua benignidade amorosa para
com o Filho que Ele ama. Cada lição tem um pensamento central, o mesmo em todas elas. Só a forma se modifica, com as
diferentes circunstâncias e eventos; com personagens e temas aparentemente diferentes mas irreais. São todas iguais em seu
conteúdo fundamental. Esse é o seguinte:
Perdoa e verás isso de modo diferente.
É verdade que nem toda aflição parece ser apenas falta de perdão. Mas esse é o conteúdo por baixo da forma. É essa unifor-
midade que faz com que o aprendizado seja garantido, pois a lição é tão simples que não pode ser rejeitada no final. Ninguém
pode esconder-se para sempre de uma verdade tão óbvia que aparece sob inúmeras formas e que ainda é facilmente reco-
nhecida em todas elas, se ele apenas quiser ver a simples lição que contêm.
Perdoa e verás isso de modo diferente.
Estas são as palavras que o Espírito Santo pronuncia em todas as tuas tribulações, tuas dores, teus sofrimentos, independente
de suas formas. Através destas palavras, toda tentação chega ao fim e a culpa, abandonada, não é mais cultivada. Estas são
as palavras que acabam com o sonho do pecado e libertam a mente do medo. Estas são as palavras pelas quais a salvação
vem ao mundo inteiro.
E nós, não aprenderemos a dizer estas palavras quando nos sentirmos tentados a acreditar que a dor é real, e quando esco-
lhemos a morte ao invés da vida? Não aprenderemos a dizer estas palavras, quando tivermos compreendido o seu poder de
liberar todas as mentes do cativeiro? Estas são palavras que te dão poder sobre todos os eventos que parecem ter recebido
poder sobre ti. Tu os vês corretamente quando manténs estas palavras em plena consciência e não esqueces que se aplicam
a tudo o que vês ou a tudo o que qualquer irmão contempla de modo equivocado.
Como podes saber se estás vendo de forma errada ou quando alguém não está percebendo a lição que deveria aprender? A
dor parece real na percepção? Se parece, podes ter certeza de que a lição não foi aprendida. E lá, escondida no interior da
mente, existe ainda uma falta de perdão que vê a dor com olhos dirigidos pela mente.
Deus não quer que sofras desse modo. Ele quer ajudar-te a perdoar a ti mesmo. O Seu Filho não se lembra de quem ele é. E
Deus não quer que ele esqueça o Seu Amor e todas as dádivas que o Seu Amor traz consigo. Renunciarias a tua própria sal-
vação agora? Deixarias de aprender as simples lições que o Professor do Céu coloca diante de ti, para que toda dor possa
desaparecer e Deus possa ser lembrado pelo Seu Filho?
Todas as coisas são lições que Deus quer que aprendas. Ele não quer deixar sem correção nenhum pensamento que não perdoa
e nenhum espinho ou cravo que, de algum modo, possa ferir o Seu Filho santo. Ele quer assegurar que o seu descanso santo
permaneça imperturbado e sereno, sem nenhuma preocupação em um lar eterno que cuida dele. E Ele quer que todas as
lágrimas sejam enxugadas, que nenhuma ainda permaneça para derramar-se. Pois é a Vontade de Deus que o riso substitua
cada uma delas e que o Seu Filho seja livre novamente.
Hoje, tentaremos em um só dia superar mil obstáculos aparentes contra a paz. Deixa que a misericórdia venha a ti mais rápido.
Não tentes adiá-la por mais um dia, um minuto, ou um instante. O tempo foi feito para isso. Hoje, usa-o para o que é o seu
propósito. Pela manhã e a noite, dedica o tempo que puderes para servir ao objetivo que lhe é próprio e não deixes o tempo
ser menor do que o necessário para satisfazer a tua necessidade mais profunda.
Dá tudo o que puderes e dá um pouco mais. Pois agora queremos nos levantar rapidamente e ir até a casa de nosso Pai. Esti-
vemos ausentes por muito tempo e não queremos mais ficar parados aqui. E, ao praticarmos, pensemos em todas as coisas
que guardamos para resolvermos sozinhos e que mantivemos à parte da cura. Vamos dá-las todas Àquele Que sabe como
olhar para elas de modo que desapareçam. A verdade é a Sua mensagem, a verdade é o Seu ensinamento. São Suas as li-
ções que Deus quer que aprendamos.
A cada hora hoje e nos próximos dias, passa um momento praticando a lição do perdão sob a forma estabelecida para o dia.  E
tenta aplicá-la aos acontecimentos de cada hora, para que a hora seguinte se liberte da hora anterior. As correntes do tempo
são facilmente afrouxadas deste modo. Não deixes que nenhuma hora lance as suas sombras sobre a hora seguinte e quando
essa passar, deixa que tudo o que tiver acontecido em seu decorrer passe com ela. Assim continuarás sem limites, em eterna
paz no mundo do tempo.
3
Essa é a lição que Deus quer que tu aprendas: há um modo de olhar para todas as coisas que permite que cada uma seja
mais um passo na direção de Deus e da salvação do mundo. A tudo o que te falar de terror, responde assim:
Perdoarei e isso desaparecerá.
4
A cada apreensão, cada preocupação e cada forma de sofrimento, repete estas mesmas palavras. E, então, terás a chave que
abre a porta do Céu e enfim traz o Amor de Deus Pai à terra para erguê-la até o Céu. O próprio Deus dará o último passo. Não
negues os pequenos passos que Ele te pede que dês até Ele.

Entrego o futuro nas Mãos de Deus.


A idéia de hoje é outro passo em direção à salvação rápida e, de fato, é um passo gigantesco! A distância que ele cobre é tão
grande, que te coloca às portas do Céu, com a meta à vista e os obstáculos para trás. Os teus pés alcançaram os jardins que
te dão as boas-vindas às portas do Céu, o sereno lugar de paz, onde esperas com certeza o passo final de Deus. Como esta-

2 Perdoa e verás isso de modo diferente.


3 Todas as coisas são lições que Deus quer que eu aprenda.
4 Perdoarei e isso desaparecerá.
338
UM CURSO EM MILAGRES
mos nos afastando da terra! Como estamos nos aproximando da nossa meta! Como é curto o caminho que ainda temos a
percorrer!
Aceita a idéia de hoje e terás ultrapassado toda ansiedade, todos os abismos do inferno, todo o negror da depressão, os pen-
samentos de pecado e a devastação gerada pela culpa. Aceita a idéia de hoje e terás liberado o mundo de toda prisão, soltan-
do as pesadas correntes que trancavam a porta para a liberdade. Estás salvo e a tua salvação vem a ser assim a dádiva que
dás ao mundo, porque a recebeste.
Em nenhum momento a depressão é sentida, a dor experimentada ou a perda percebida. Em nenhum momento a tristeza pode
ser posta sobre um trono e fielmente idolatrada. Em nenhum momento alguém pode sequer morrer. E assim, cada momento
dado a Deus ao passar, com o próximo já Lhe tendo sido oferecido, é o tempo da tua liberação da tristeza, da dor e da própria
morte.
Deus mantém o teu futuro, assim como Ele mantém o teu passado e o presente. São um só para Ele e, portanto, também de-
veriam ser um só para ti. No entanto, nesse mundo, o progresso temporal ainda parece real. E assim, não te é pedido que
compreendas que realmente não há nenhuma seqüência no tempo. Só te é pedido que soltes o futuro e o coloques nas Mãos de
Deus. E verás por experiência própria que também puseste o passado e o presente nas Suas Mãos, pois o passado deixará
de punir-te e o medo do futuro será agora sem significado.
Libera o futuro. Pois o passado se foi e o que é presente, livre do seu legado de pesar e miséria, de dor e de perda, vem a ser o
instante em que o tempo escapa da sujeição às ilusões, onde ele segue o seu curso impiedoso e inevitável. Então, cada ins-
tante que era antes escravo do tempo transforma-se num instante santo, em que a luz até agora oculta no Filho de Deus é
libertada para abençoar o mundo. Agora ele é livre e toda a sua glória brilha sobre um mundo libertado junto com ele, para
compartilhar a sua santidade.
5
Se puderes ver a lição de hoje como a libertação que realmente é , não hesitarás em esforçar-te ao máximo, de forma consis-
tente, para fazer com que ela seja parte de ti. À medida em que se torna um pensamento que domina a tua mente, um hábito
no teu repertório de resoluções de problemas, um meio para reagir rapidamente à tentação, estendes o teu aprendizado ao
mundo. E à medida em que aprenderes a ver a salvação em todas as coisas, o mundo também perceberá que está salvo.
Que preocupação pode ter aquele que entrega o seu futuro às amorosas Mãos de Deus? O que pode ele sofrer? O que pode
causar-lhe dor ou trazer-lhe a experiência da perda? O que pode temer? E o que pode olhar sem amor? Pois aquele que es-
capou de todo o medo da dor futura encontrou o seu caminho para a paz no presente e uma certeza de ajuda que o mundo
jamais pode ameaçar. Ele tem certeza de que a sua percepção pode errar, mas que a correção nunca lhe faltará. É livre para
escolher de novo quando tiver sido enganado, para mudar a sua mente quando tiver cometido erros.
Entrega, então, o teu futuro nas Mãos de Deus. Pois assim estás pedindo que a Sua memória volte novamente, substituindo
todos os teus pensamentos de pecado e de mal pela verdade do amor. Pensas tu que o mundo poderia deixar de ganhar com
isso e que todas as criaturas vivas deixariam de responder com uma percepção curada? Aquele que se entrega a Deus tam-
bém põe o mundo nas Mãos que ele próprio procurou para achar consolo e segurança. Ele deixa de lado as ilusões doentes
do mundo juntamente com as suas e oferece paz a ambos.
Agora estamos realmente salvos. Pois nas Mãos de Deus nós descansamos imperturbados, certos de que só o bem pode vir a
nós. Se esquecermos, seremos gentilmente tranqüilizados. Se aceitarmos um pensamento que não perdoa, ele será rapida-
mente substituído pelo reflexo do amor. E se nos sentirmos tentados a atacar, apelaremos para Aquele Que protege o nosso
descanso, para que faça por nós a escolha que deixa para trás a tentação. O mundo não é mais nosso inimigo, pois escolhe-
mos ser o seu Amigo.

O Amor é o caminho que sigo com gratidão.


A gratidão é uma lição difícil para aqueles que olham para o mundo equivocadamente. O máximo que podem fazer é achar que
se saíram melhor do que os outros. E procuram contentar-se, porque um outro parece sofrer mais do que eles. Como são de-
ploráveis e dignos de piedade tais pensamentos! Pois quem tem razão para agradecer quando os outros têm menos razão? E
quem pode sofrer menos porque vê um outro sofrer mais? A tua gratidão só é devida Àquele Que fez com que todas as cau-
sas de pesar desaparecessem através de todo mundo.
É insano oferecer agradecimentos pelo sofrimento. Mas é igualmente insano deixar de ser grato Àquele Que te oferece os
meios certos pelos quais toda a dor é curada e o sofrimento é substituído pelo riso e pela felicidade. E nem aqueles que são
apenas parcialmente sãos poderiam recusar-se a dar os passos que Ele indica e seguir o caminho que Ele lhes apresenta
para escaparem de uma prisão que pensavam não ter nenhuma porta para a libertação que agora percebem.
O teu irmão é teu ―inimigo‖, porque vês nele o rival da tua paz, um espoliador que tira a sua própria alegria de ti, nada te dei-
xando senão um negro desespero, tão amargo e implacável que nenhuma esperança permanece. Agora, a vingança é tudo o
que tens a desejar. Agora só te resta tentar trazê-lo para repousar na morte junto contigo, tão inútil quanto tu, com tão pouco
entre os dedos sequiosos quanto tu nos teus.
Não ofereces a tua gratidão a Deus porque o teu irmão é mais escravo do que tu e também não poderias ter razão de zangar-
te se ele parecesse ser mais livre. O amor não faz comparações. E a gratidão só pode ser sincera unida ao amor. Oferecemos
a nossa gratidão a Deus nosso Pai porque todas as coisas encontrarão a sua liberdade em nós. Nunca acontecerá que algu-
mas sejam libertadas e outras continuem presas. Pois quem pode barganhar em nome do amor?
Portanto, dá graças, mas com sinceridade. E deixa a tua gratidão dar espaço a todos aqueles que se libertarão contigo: os
doentes, os fracos, os necessitados e os que têm medo e aqueles que choram uma perda aparente ou sentem o que parece
ser dor; que sofrem frio ou fome ou que andam no caminho do ódio e no atalho da morte. Todos esses vão contigo. Não nos
comparemos com eles, pois assim nós os afastamos da nossa percepção da unidade que compartilhamos com eles, assim
como eles têm que compartilhá-la conosco.
Agradecemos ao nosso Pai por uma só coisa: não estarmos separados de nada que viva e, portanto, sermos um com Ele. E
nos alegremos por jamais ser possível haver exceções que reduzam a nossa totalidade ou que debilitem ou mudem a nossa

5 Entrego o futuro nas Mãos de Deus.


339
UM CURSO EM MILAGRES
função de tornar pleno Aquele Que é a plenitude em Si Mesmo. Damos graças por todas as coisas vivas, pois do contrário não
damos graças por nada e fracassamos em reconhecer as dádivas de Deus para nós.
Então, deixemos os nossos irmãos recostarem as suas cabeças cansadas em nossos ombros, enquanto descansam por um
momento. E agradecemos por eles. Pois se nos é possível orientá-los para a paz que queremos achar, o caminho enfim está
aberto para nós. Uma porta antiga abre-se novamente; um Verbo, há muito esquecido, ecoa de novo em nossa memória e
ganha clareza à medida em que nos dispomos a ouvir outra vez.
Portanto, segue o caminho do amor com gratidão. Pois o ódio é esquecido quando deixamos de lado as comparações. Que
outros obstáculos restam contra a paz? Agora o medo de Deus está, enfim, desfeito e perdoamos sem fazer comparações.
Assim, não podemos escolher ignorar certas coisas e ao mesmo tempo ainda manter algumas outras trancadas como ―peca-
dos‖. Quando o teu perdão for completo, sentirás uma gratidão total, pois verás que todas as coisas conquistaram o direito de
serem amadas por serem amorosas, assim como teu Ser.
Hoje aprendemos a pensar em gratidão, ao invés de pensar com raiva, malícia e vingança. Tudo nos foi dado. Se nos recusa-
mos a reconhecer isso não temos, portanto, direito à nossa amargura e a auto-percepção que nos vê num lugar de persegui-
ção impiedosa, em que somos incessantemente rotulados e empurrados sem um pensamento ou cuidado por nós ou pelo
nosso futuro. A gratidão vem a ser o único pensamento com que substituímos essas percepções insanas. Deus tomou conta
de nós e nos chama de Filho. Pode haver algo mais do que isso?
A nossa gratidão pavimentará o caminho para Ele e reduzirá o nosso tempo de aprendizado mais do que jamais poderias so-
nhar. A gratidão anda de mãos dadas com o amor e onde uma está, o outro tem que ser encontrado. Pois a gratidão é apenas
um aspecto do Amor que é a Fonte de toda a criação. Deus agradece a ti, Seu Filho, por seres o que és: Aquele que O com-
pleta e a Fonte do amor, junto com Ele. A tua gratidão para com Ele é uma com a Sua para contigo. Pois o amor não pode
seguir nenhuma estrada senão o caminho da gratidão e nele andamos nós que seguimos o caminho para Deus.

Só posso crucificar a mim mesmo.


Quando isso for bem compreendido e mantido em plena consciência, não tentarás prejudicar-te, nem fazer do teu corpo um
escravo da vingança. Não atacarás a ti mesmo e reconhecerás que atacar um outro é atacar a ti mesmo. Ficarás livre da cren-
ça insana de que atacar um irmão te salva. E compreenderás que a sua segurança é a tua e através da sua cura, tu és cura-
do.
Talvez, a princípio, não compreendas como a misericórdia, que é ilimitada e que mantém todas as coisas sob a sua proteção
segura, pode ser achada na idéia que praticamos hoje. De fato, ela pode parecer um sinal de que é impossível escapar ao
castigo, porque o ego, diante do que vê como uma ameaça, não demora em citar a verdade para salvar as suas mentiras.
Entretanto, ele não pode deixar de fracassar em compreender a verdade que usa desse modo. Mas tu podes aprender a ver
essas tolas aplicações e negar o significado que parecem ter.
Assim, também ensinas a tua mente que não és um ego. Pois as formas com as quais o ego procura deturpar a verdade não te
enganarão mais. Não acreditarás que és um corpo a ser crucificado. E verás na idéia de hoje a luz da ressurreição, olhando
para o que está além de todos os pensamentos de crucificação e de morte, que são pensamentos de libertação e de vida.
A idéia de hoje é um passo que damos para sair do cativeiro para o estado da liberdade perfeita. Vamos dar esse passo hoje,
para que possamos seguir rapidamente o caminho que a salvação nos mostra, dando cada passo na seqüência estabelecida,
à medida em que a mente renuncia aos seus fardos um a um. Não precisamos de tempo para isso. Precisamos apenas de
disponibilidade. Pois o que parecia levar mil anos pode facilmente ser feito em um só instante pela graça de Deus.
O lúgubre e desesperançado pensamento de que podes atacar os outros e salvar a ti mesmo te pregou à cruz. Talvez pareces-
se ser a salvação. Mas representou apenas a crença segundo a qual o teu medo de Deus é real. E o que é isso, senão o in-
ferno? Quem poderia acreditar que o seu Pai é um inimigo mortal, separado de si e à espreita para destruir a sua vida e riscá-
lo do universo sem ter o medo do inferno no coração?
Tal é a forma da loucura em que acreditas, se aceitares o pensamento amedrontador de que podes atacar um outro e ficar
livre. Enquanto essa forma não for mudada, não há esperança. Enquanto não vires que isso tem que ser, pelo menos, inteira-
mente impossível, como poderias escapar? O medo de Deus é real para todo aquele que considerar esse pensamento como
verdadeiro. E ele não perceberá a sua tolice e nem chegará a ver que ela existe para que seja possível questioná-la.
Para questioná-la é preciso que, primeiro, a sua forma seja mudada, pelo menos um mínimo que seja para permitir que o medo
da punição diminua e que a responsabilidade te seja, até certo ponto, devolvida. A partir daí, podes, pelo menos, refletir se
desejas seguir esse caminho doloroso. Enquanto essa mudança não se realizar, não será possível para ti perceber que o que
te amedronta são os teus próprios pensamentos e que a tua libertação depende de ti mesmo.
Os nossos próximos passos serão fáceis se deres esse passo hoje. A partir daí, avançamos com bastante rapidez. Pois uma
vez que compreendas que é impossível que sejas ferido exceto pelos teus próprios pensamentos, o medo de Deus tem que
desaparecer. Não poderás, então, acreditar que o medo é causado por algo exterior. E Deus, Que pensaste em expulsar, pode
ser acolhido de volta no interior da mente santa que Ele nunca deixou.
É certamente possível ouvir a canção da salvação na idéia que praticamos hoje. Se só podes crucificara a ti mesmo, não feriste
o mundo e não precisas ter medo da sua vingança e da sua perseguição. Nem precisas esconder-te, aterrorizado, do medo
mortal de Deus que a projeção esconde atrás de si. O que mais temes é a tua salvação. Tu és forte, e é força o que queres. E
és livre e feliz pela liberdade. Buscaste ser fraco e cativo, porque temias a tua força e liberdade. No entanto, nelas está a sal-
vação.
Há um instante em que o terror parece dominar a tua mente de modo tão total, que parece não haver nenhuma esperança de
escapar. Quando reconheceres de uma vez por todas que é a ti mesmo que temes, a mente se perceberá dividida. E isso ha-
via sido ocultado enquanto acreditavas que o ataque podia sr dirigido para fora e retornar de fora para dentro. O inimigo que
devias temer parecia vir do exterior. E assim, um deus fora de ti veio a ser o teu inimigo mortal, a fonte do medo.
Agora, por um instante, um assassino é percebido dentro de ti, ansioso pela tua morte, ocupado em planejar castigos para ti
até a hora em que puder, enfim, matar-te. Entretanto, esse instante é também o momento em que vem a salvação. Pois o me-

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UM CURSO EM MILAGRES
do de Deus desapareceu. E podes chamá-Lo para te salvar das ilusões através do Seu Amor, chamando-O de Pai e a ti mes-
mo de Filho. Reza para que o momento possa ser logo – hoje. Afasta-te do medo e avança pra o amor.
Não há Pensamento de Deus que não te acompanhe para ajudar-te a alcançar esse instante e superá-lo rapidamente, com
segurança e para sempre. Quando o medo de Deus tiver desaparecido, não existirá mais nenhum obstáculo que ainda per-
maneça entre tu e a santa paz de Deus. Como é benigna e misericordiosa a idéia que praticamos! Dá-lhe boas-vindas como
deverias, pois é a tua liberação. De fato, a tua mente só pode tentar crucificar a ti mesmo. Mas, a tua redenção também virá
de ti.

O que eu ganho só pode ser a minha própria gratidão.


Eis o segundo passo que damos para libertar a tua mente da crença segundo a qual há uma força externa que se opõe à tua.
Tentas ser bom e perdoar. Mas fazes com que as tuas tentativas virem ataque outra vez se não encontras gratidão externa e
agradecimentos profusos. As tuas dádivas têm que ser recebidas com honra, para que não sejam retiradas. Por isso, pensas
que as dádivas de Deus são, no máximo, um empréstimo e no mínimo enganos que te roubariam as tuas defesas a fim de
garantir que, quando Ele te atacar, não falhe em matar-te.
Como Deus e culpa são facilmente confundidos por aqueles que não sabem o que os seus próprios pensamentos podem fazer!
Nega a tua força e a fraqueza tem que vir a ser a salvação para ti. Vê a ti mesmo preso e as grades vêm a ser o teu lar. E
tampouco sairás da prisão, ou reivindicarás a tua força, enquanto a culpa e a salvação forem vistas como uma só e a liberda-
de e a salvação não forem percebidas como unidas e apoiadas pela força, para serem procuradas reivindicadas, achadas e
inteiramente reconhecidas.
O mundo tem que te agradecer quando lhe ofereces a liberação das tuas ilusões. Mas os teus próprios agradecimentos tam-
bém pertencem a ti, pois a sua liberação apenas reflete a tua. A tua gratidão é tudo o que as tuas dádivas requerem para que
sejam uma oferta duradoura de um coração agradecido, para sempre livre do inferno. É isso que queres desfazer ao tomar de
volta as tuas dádivas por não terem sido honradas? Quem as honra és tu e lhes dás a gratidão que lhes é devida, pois quem
recebe as dádivas és tu.
Não importa se alguém acha as tuas dádivas sem valor. Há uma parte da sua mente que se une à tua para agradecer a ti. Não
importa se as tuas dádivas parecem perdidas e ineficazes. São recebidas onde são dadas. Na tua gratidão são aceitas univer-
salmente e reconhecidas com gratidão pelo Coração do próprio Deus. E tu queres tomá-las de volta, quando Ele as aceitou
com gratidão.
Deus abençoa toda dádiva que tu Lhe dás e todas as dádivas Lhe são dadas, pois só podem ser dadas a ti mesmo. E aquilo
que pertence a Deus tem que ser propriamente Seu. Mas nunca reconhecerás que as Suas dádivas são seguras, eternas,
imutáveis, sem limites, que nunca deixam de dar; que estendem o amor e acrescentam à tua alegria inesgotável, enquanto
perdoares apenas para atacar outra vez.
Retira as tuas dádivas e pensarás que o que te é dado foi retirado. Mas aprendes a deixar o perdão afastar os pecados que
pensas ver fora de ti mesmo e nunca pensarás que as dádivas de Deus só te são emprestadas por um momento, antes que
Ele as arranque de volta na morte. Pois, então, a morte não terá significado para ti.
E com o fim dessa crença, o medo acaba para sempre. Agradece ao teu Ser por isso, pois Ele só é grato a Deus e agradece a
Si Mesmo por ti. Cristo ainda virá a todos aqueles que vivem, pois todos têm que viver e se mover Nele. O Que Ele É está
seguro no Seu Pai, pois as Suas Vontades são uma só. A Sua gratidão a tudo o que Eles criaram não tem fim, pois a gratidão
continua sendo uma parte do amor.
Obrigado a ti, Filho santo de Deus. Pois, tal como foste criado todas as coisas estão contidas no teu Ser. Pois ainda és como
Deus te criou. E não podes turvar a luz da tua perfeição. No teu coração está o coração de Deus. Tu Lhe és caro porque és
Ele Mesmo. Toda a gratidão te pertence devido ao que tu és.
Agradece ao receber gratidão. Liberta-te de toda a ingratidão para com todo aquele que torna pleno o teu Ser. E deste Ser
ninguém é excluído. Agradece por todos os incontáveis canais que estendem esse Ser. Tudo o que fazes é dado a Ele. Tudo o
que pensas só pode ser os Seus Pensamentos, compartilhando com Ele os santos Pensamentos de Deus. Recebe agora a
gratidão que negaste a ti mesmo quando esqueceste a função que Deus te deu. Mas jamais penses que Ele tenha em algum
momento cessado de te agradecer.

Só a minha condenação me fere.


Ferir é impossível. Mas ilusão faz ilusão. Se podes condenar, também podes ser ferido. Pois acreditaste que podes ferir e o
direito que estabeleceste para ti pode agora ser usado contra ti, até que o descartes como sem valor, indesejado e irreal. Nes-
se momento a ilusão deixará de ter efeitos e o que parecia ter serão desfeitos. Então estás livre, pois a liberdade é a tua dádi-
va e podes agora receber a dádiva que deste.
Condena e és feito prisioneiro. Perdoa e serás libertado. Assim é a lei que rege a percepção. Não é uma lei que o conhecimen-
to compreenda, pois a liberdade é uma parte do conhecimento. Assim sendo, condenar é na verdade impossível. Aquilo que
parece ser a sua influência e os seus efeitos nunca aconteceram de forma alguma. No entanto, por algum tempo temos que
lidar com eles como se tivessem acontecido. A ilusão faz mais ilusão. Contudo, há uma exceção. O perdão é a ilusão que res-
ponde a todas as demais.
O perdão varre todos os outros sonhos e embora seja, ele mesmo, um sonho, não dá origem a outros. Todas as ilusões, com
exceção dessa, multiplicam-se mil vezes. Mas é aqui que as ilusões chegam ao fim. O perdão é o fim dos sonhos, porque é o
sonho do despertar. Em si, não é a verdade. Mas aponta para onde a verdade necessariamente está e orienta com a certeza
do próprio Deus. É um sonho no qual o Filho de Deus desperta para o seu Ser e para o seu Pai, sabendo que são um só.
O perdão é a única estrada que conduz para longe do desastre, para além de todo sofrimento e, enfim, para longe da morte.
Como poderia haver outro caminho, se esse é o plano do próprio Deus? E por que te oporias a ele, brigarias com ele, buscari-
as achar mil maneiras de provar que está errado, mil outras possibilidades?
As Suas palavras terão êxito. As Suas palavras salvarão. As Suas palavras contêm toda a esperança, toda a benção e toda a
alegria que jamais podem ser achadas sobre essa terra. As Suas palavras nasceram em Deus e vêm a ti trazendo com elas o
341
UM CURSO EM MILAGRES
amor do Céu. Aqueles que ouvem as Suas palavras ouviram a canção do Céu. Pois estas são as palavras em que, enfim, tudo
se funde em um só. E quando essa única palavra desaparecer, o Verbo de Deus virá tomar o lugar dela, pois, então, será lem-
brado e amado.
Esse mundo tem muitos lugares assombrados, aparentemente separados, em que a misericórdia nada significa e o ataque
parece justificar-se. No entanto, são todos um só: um lugar em que a morte é oferecida ao Filho de Deus e ao Seu Pai. Talvez
penses que Eles a aceitaram. Mas se olhares novamente perceberás um milagre. Que tolice acreditar que Eles poderiam mor-
rer! Que tolice acreditar que tu podes atacar! Que loucura pensar que poderias ser condenado e que o Filho santo de Deus
pode morrer!
A serenidade do teu Ser permanece igual, intocada por pensamentos como esses e inconsciente de qualquer condenação que
pudesse precisar de perdão. Todos os tipos de sonhos são estranhos e alheios à verdade. E o que mais, senão a verdade,
poderia ter um Pensamento que constrói uma ponte que leva as ilusões para o outro lado?
Hoje, praticamos deixar que a liberdade venha construir o seu lar contigo. A verdade concede estas palavras à tua mente para
que possas achar a chave da luz e permitir que a escuridão chegue ao fim:
Só a minha condenação me fere.
Só o meu próprio perdão me liberta.
Hoje, não esqueças que não é possível haver nenhuma forma de sofrimento que não esteja escondendo um pensamento sem
perdão. E que também não pode haver uma forma de dor que o perdão não cure.
Aceita a única ilusão que afirma que não há condenação no Filho de Deus e o Céu é instantaneamente lembrado, o mundo
esquecido, todas as crenças estranhas do mundo esquecidas com ele, à medida em que a face de Cristo aparece enfim des-
vendada nesse único sonho. Essa é a dádiva que o Espírito Santo tem para te dar da parte de Deus, teu Pai. Que o dia de
hoje seja celebrado tanto na terra quanto na tua casa santa. Sê benigno para com ambas, ao perdoares as ofensas pelas
quais pensavas que eram culpadas e vê a tua inocência brilhando a partir da face de Cristo sobre ti.
Agora o mundo todo está em silêncio. Agora há serenidade aonde havia uma torrente frenética de pensamentos que não fazi-
am sentido. Agora há uma luz tranqüila sobre a face da terra que se aquietou em um sono sem sonhos. E agora só ficou o
Verbo de Deus na terra. Só isso pode ser percebido por mais um instante. Nesse momento, os símbolos desapareceram e
tudo o que pensaste ter feito sumiu por completo da mente que Deus sabe ser o Seu único Filho para sempre.
Não há condenação nele. Ele é perfeito em sua santidade. Não precisa de pensamentos de misericórdia. Quem poderia lhe dar
dádivas quando tudo é seu? E quem poderia sonhar em oferecer o perdão ao filho da própria impecabilidade, tão parecido
com Aquele de Quem é Filho que contemplar o Filho é não perceber nada mais e conhecer apenas o Pai? Nesta visão do Fi-
lho, tão breve que nem um instante decorre entre essa única visão e a própria intemporalidade, tens a visão de ti mesmo e,
então, desapareces para sempre em Deus.
Hoje nos aproximamos ainda mais do fim de todas as coisas que ainda se interpõem entre essa visão e o nosso modo de ver.
E estamos alegres por termos vindo até aqui e reconhecido que Aquele que nos trouxe aqui não nos abandonará agora. Pois
Ele quer dar-nos a dádiva que Deus nos deu por Seu intermédio no dia de hoje. Agora é a hora da tua libertação. A hora já
veio. A hora veio hoje.

Eu não sou um corpo. Eu sou livre.


A liberdade tem que ser impossível enquanto perceberes a ti mesmo como um corpo. O corpo é um limite. Aquele que quer
buscar a liberdade num corpo está procurando-a onde não é possível achá-la. A mente pode ser libertada quando deixar de se
ver dentro de um corpo, firmemente ligada a ele e protegida pela sua presença. Se isso fosse a verdade, a mente seria, de
fato, vulnerável!
A mente que serve ao Espírito Santo é para sempre ilimitada sob todas as formas, está além das leis do tempo e do espaço,
desligada de qualquer preconceito, com força e poder para fazer tudo o que lhe é pedido. Pensamentos de ataque não podem
entrar nesta mente, porque ela foi dada à Fonte do amor e o medo descansa em Deus. E quem pode ter medo, se vive na
Inocência e apenas ama?
É essencial para o teu progresso nesse curso que aceites a idéia de hoje e a valorizes muito. Não te preocupes se, para o ego,
ela for bastante insana. O ego dá valor ao corpo porque vive dentro dele, unido à casa que construiu. O corpo faz parte da
ilusão que protegeu o ego, não deixando que ele se achasse, ele próprio, ilusório.
É aqui que ele se esconde e é aqui que é possível vê-lo tal como é. Declara a tua inocência e tu és livre. O corpo desaparece
porque não precisas dele a não ser para a necessidade que o espírito Santo vê para ele. Nesse sentido, o corpo parecerá uma
forma útil àquilo que a mente precisa fazer. Torna-se, assim, um veículo que ajuda o perdão a ser estendido à meta toda a-
brangente que ele precisa alcançar de acordo com o plano de Deus.
Acalenta a idéia deste dia e pratica-a hoje e todos os dias. Torna-a parte de todos os teus períodos de prática. Não há pensa-
mento que não ganhe com isso mais poder para ajudar o mundo e mais dádivas para ti também. Nós damos voz ao chamado
da liberdade em todo o mundo com essa idéia. E tu, queres te isentar da aceitação das dádivas que dás?
O Espírito Santo é o lar das mentes que buscam a liberdade. Nele acharam o que buscavam. Agora, o propósito do corpo fica
claro. E ele vem a ser perfeito na capacidade de servir a uma meta não-dividida. Em resposta à mente sem conflitos ou equí-
vocos, que tem apenas o pensamento da liberdade como sua meta, o corpo serve e serve bem ao propósito da mente. sem o
poder de escravizar, é um digno servidor da liberdade que a mente no interior do Espírito Santo busca.
Sê livre hoje. E carrega a liberdade como uma dádiva tua àqueles que ainda acreditam que estão escravizados dentro de um
corpo. Sê livre, de modo que o Espírito Santo possa fazer uso do teu escape do cativeiro para por em liberdade muitos que se
percebem presos, impotentes e com medo. Deixa que, através de ti, o amor substitua os seus medos. Aceita a salvação agora
e dá a tua mente Àquele Que chama por ti para que faças a Ele essa dádiva. Pois Ele quer te dar a liberdade perfeita, a ale-
gria perfeita e a esperança que encontra a sua realização plena em Deus.
Tu és o Filho de Deus. Na imortalidade, vives para sempre. Não queres voltar a tua mente para isso? Nesse caso, pratica bem o
pensamento que o Espírito Santo te dá para o dia de hoje. Nele os teus irmãos estão liberados contigo, o mundo é abençoado
342
UM CURSO EM MILAGRES
junto contigo, o Filho de Deus não chorará mais e o Céu agradece pela alegria maior que a tua prática traz até mesmo a Ele. E
o próprio Deus estende o Seu Amor e felicidade a cada vez que disseres:
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Ouço a Voz Que Deus me deu, e a minha mente obedece apenas a ela.

Não há paz exceto a paz de Deus.


Não busques mais. Não acharás paz a não ser a paz de Deus. Aceita esse fato e poupa a ti mesmo a agonia de decepções
ainda mais amargas, do desespero sombrio e da sensação da fria desesperança e da dúvida. Não busques mais. Nada mais
há para achares exceto a paz de Deus, a menos que estejas buscando a miséria e a dor.
Esse é o ponto final ao qual todos devem enfim chegar para abandonar toda a esperança de encontrar a felicidade onde não
há nenhuma, de ser salvo por algo que só pode ferir, de fazer a paz a partir do caos, a alegria da dor e o Céu do inferno. Não
tentes mais ganhar pela perda ou morrer para viver. Tu estás pedindo apenas a derrota.
Mas podes, com a mesma facilidade, pedir amor, felicidade e vida eterna numa paz infinita. Pede isso e só poderás ganhar.
Pedir o que já tens não pode deixar de ter êxito. Pedir que o falso seja verdadeiro só pode fracassar. Perdoa-te pelas imagina-
ções vãs e não busques mais aquilo que não podes achar. Pois o que poderia ser mais tolo do que buscar e buscar e buscar
de novo o inferno, quando precisas apenas olhar com os olhos abertos para descobrir que o Céu se estende diante de ti atra-
vés de uma porta que se abre facilmente para acolher-te?
Volta para casa. Não encontraste a tua felicidade em lugares estranhos e em formas alheias que nada significam para ti, embo-
ra tenhas buscado torná-los significativos. Não pertences a esse mundo. És um estranho aqui. Mas te é dado achar os meios
pelos quais o mundo deixará de parecer uma prisão ou uma cela para cada um.
A liberdade te é dada ali onde contemplaste apenas correntes e portas de ferro. Mas é preciso que mudes de idéia em relação
ao propósito do mundo, se quiseres achar a saída. Permanecerás preso enquanto o mundo inteiro não for visto como um lugar
abençoado e todos não forem libertados dos teus erros e honrados pelo que são. Tu não os fizeste, nem fizeste a ti mesmo. E
quando libertares um, o outro é aceito pelo que é.
O que faz o perdão? Na verdade, não tem função e nada faz. Pois é desconhecido no Céu. Ele só é necessário no inferno,
onde tem que cumprir uma função poderosa. A libertação do amado Filho de Deus dos sonhos maus que ele imagina, mas
que acredita serem verdadeiros, não é um propósito de valor? Quem poderia esperar mais, quando aprece haver uma escolha
a ser feita entre o sucesso e o fracasso, o amor e o medo?
Não há paz exceto a paz de Deus porque Ele tem um Filho que não pode fazer um mundo em oposição à Vontade de Deus e à
sua própria, que é igual a Sua. O que poderia ele esperar encontrar em tal mundo? Ele não pode ter realidade porque nunca
foi criado. É aqui que ele quer buscar a paz? Ou é preciso que veja, ao olhar o mundo, que o mundo só pode enganar? No
entanto, ele pode aprender a olhar para ele de outro modo e achar a paz de Deus.
A paz é a ponte que todos atravessarão para deixar esse mundo para trás. Mas a paz começa no interior do mundo percebido
de modo diferente, que a partir dessa nova percepção leva à porta do Céu e ao caminho que está além. A paz é a resposta
para metas conflitantes, jornadas sem sentido, atividades frenéticas e inúteis e esforços vãos. Agora o caminho é fácil, ligeira-
mente inclinado em direção à ponte onde a liberdade está no interior da paz de Deus.
Não nos deixemos perder o nosso caminho novamente hoje. Vamos para o Céu e o caminho é reto. Só haverá atraso se ten-
tarmos vagar por ele ou perdermos tempo inutilmente em atalhos espinhosos. Só Deus é certo e Ele guiará os nossos passos.
Ele não desertará o Seu Filho em necessidade, nem deixará que se perca de sua casa para sempre. O Pai chama, o Filho
ouvirá. E isso é tudo o que existe naquilo que parece ser um mundo à parte de Deus, onde corpos têm realidade.
Agora, há silêncio. Não busques mais. Vieste ao ponto onde a estrada é atapetada com as folhas dos falsos desejos, caídas
das árvores da desesperança que antes buscavas. Agora elas estão embaixo dos teus pés. E olhas para cima, em direção ao
Céu com os olhos do corpo que só vão servir por mais um instante. A paz foi finalmente reconhecida e sentes o seu suave
abraço cercar o teu coração e a tua mente com consolo e amor.
Hoje, não buscamos ídolos. A paz não pode ser achada neles. A paz de Deus é nossa e é só isso que aceitaremos e querere-
mos. Que a paz esteja conosco hoje. Pois achamos um modo simples e feliz de deixar o mundo da ambigüidade e de substitu-
ir s nossas metas frívolas e sonhos solitários pelo propósito único e pelo companheirismo. Pois a paz é união, se for de Deus.
Não buscamos mais. estamos perto de casa e nos aproximamos ainda mais, a cada vez que dissermos:
Não há paz exceto a paz de Deus e estou alegre e grato por ser assim.

REVISÃO VI

INTRODUÇÃO
Para essa revisão tomamos apenas uma idéia a cada dia e a praticamos com a maior freqüência possível. Além do tempo que
lhe deres pela manhã e à noite, que não deverá ser inferior a quinze minutos, e das lembranças a cada hora durante o dia, usa
a idéia o mais freqüentemente possível entre essas práticas. Cada uma destas idéias, por si só, seria suficiente para a salva-
ção, se fosse verdadeiramente aprendida. Cada uma seria suficiente para liberar a ti e ao mundo de todas as formas de cati-
veiro e para convidar a memória de Deus a vir outra vez.
Com isso em mente, damos início à nossa prática, na qual revisamos com cuidado os pensamentos que o Espírito Santo nos
concedeu nas nossas últimas vinte lições. Cada um contém todo o currículo se for compreendido, praticado, aceito e aplicado
a todos os acontecimentos aparentes durante o dia. Um é suficiente. Mas, nele, não pode haver exceções. E assim precisa-
mos usá-los todos e deixá-los fundirem-se em um só, à medida em que cada um contribui para o todo que estamos aprenden-
do.
Essas sessões de prática, como na nossa última revisão, giram em torno de um tema central com o qual começamos e termi-
namos cada lição. É esse:

343
UM CURSO EM MILAGRES
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.
O dia começa e termina com isso. E nós o repetimos a cada hora ou nos lembramos, nos intervalos, que temos uma função
que transcende o mundo que vemos. Além disso e de uma repetição do pensamento especial que praticamos naquele dia,
não será pedido nenhum tipo de exercício, a não ser um profundo abandono de tudo o que atravanca a mente e a torna surda
à razão, à sanidade e à simples verdade.
Para essa revisão, procuraremos ir além de todas as palavras e formas especiais de prática. Pois, dessa vez, estamos tentan-
do conseguir dar passos mais rápidos ao longo de um caminho mais curto para a serenidade e a paz de Deus. Simplesmente
fechamos os olhos e esquecemos tudo o que pensávamos saber e compreender. Pois assim nos é dada a liberdade de tudo o
que não sabíamos e falhamos em compreender.
Há apenas uma exceção a essa falta de estrutura. Não permitas que nenhum pensamento vão passe sem sr questionado. Se
notares algum, nega o seu controle sobre ti e apressa-te em assegurar à tua mente que não é isso o que ela quer. Em segui-
da, gentilmente deixa que o pensamento que negaste seja abandonado e trocado segura e rapidamente pela idéia que prati-
camos nesse dia.
Quando fores tentado, apressa-te em proclamar tua liberdade para com a tentação, dizendo:
Não quero esse pensamento. Escolho em lugar dele ________.
E, em seguida, repete a idéia do dia e deixa-a ocupar o lugar daquilo que pensaste. Além destas aplicações especiais da idéia
de cada dia, acrescentaremos apenas algumas expressões formais ou pensamentos específicos para ajudar a prática. Em vez
disso, damos esses momentos de quietude ao Professor Que ensina na quietude, Que fala da paz e Que dá aos nossos pen-
samentos qualquer significado que possam ter.
A Ele eu ofereço essa revisão por ti. Eu te coloco a Seu cargo e deixo que Ele te ensine o que fazer, dizer e pensar a cada v ez
que te voltares para Ele. Ele não falhará em estar disponível para ti toda vez que O invocares pedindo ajuda. Ofereçamos a
Ele toda a revisão que iniciamos agora e também não esqueçamos a Quem ela foi dada ao praticarmos dia após dia, avan-
çando em direção à meta que Ele estabeleceu para nós; deixando-O ensinar-nos como ir e confiando plenamente Nele quanto
à melhor maneira través da qual cada período de prática pode se tornar uma dádiva amorosa de liberdade para o mundo.

LIÇÃO 201
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

CONFIO EM MEUS IRMÃOS, QUE SÃO UM COMIGO.


Não há ninguém que não seja meu irmão. Sou abençoado pela unicidade com o universo e com Deus, meu Pai, único Cri-
ador do todo que é o meu Ser, para sempre um comigo.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 202
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

EU ME AQUIETAREI POR UM MOMENTO E IREI PARA CASA.

Por que eu escolheria ficar mais um momento onde não é o meu lugar, quando o próprio Deus Deu-me a Sua Voz para
chamar-me de volta a casa?
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 203
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

INVOCO O NOME DE DEUS E O MEU PRÓPRIO NOME.


O Nome de Deus é a minha libertação de todo pensamento de mal e de pecado, porque é o meu próprio nome assim como
o Seu.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 204
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

O NOME DE DEUS É MINHA HERANÇA.


O Nome de Deus me lembra que sou Seu Filho, não escravo do tempo, nem preso a leis que governam o mundo de ilusões
doentias, mas livre em Deus, para todo o sempre um com Ele.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 205
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.
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UM CURSO EM MILAGRES
QUERO A PAZ DE DEUS.
A paz de Deus é tudo o que eu quero. A paz de Deus é a minha única meta; o objetivo de toda a minha vida aqui, o fim que
busco, meu propósito, minha função e minha vida, enquanto eu habitar onde não estou em casa.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 206
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

A SALVAÇÃO DO MUNDO DEPENDE DE MIM.


As dádivas de Deus me foram confiadas porque sou Seu Filho. E quero dar as Suas dádivas aonde Ele quer que estejam.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 207
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

ABENÇÔO O MUNDO, POIS ABENÇÔO A MIM MESMO.


A benção de Deus brilha sobre mim de dentro do meu coração, onde Ele habita. Só preciso voltar-me para Deus e todo pe-
sar se dissipa ao aceitar o Seu infinito Amor por mim.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 208
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

A PAZ DE DEUS ESTÁ BRILHANDO EM MIM AGORA.


Eu me aquietarei e deixarei que a terra se aquiete comigo. e nesta quietude nós acharemos a paz de Deus. Ela está dentro do
meu coração, que dá testemunho do próprio Deus.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 209

EU NÃO SOU UM CORPO. EU SOU LIVRE. POIS AINDA SOU COMO DEUS ME CRIOU.
Sinto o Amor de Deus dentro de mim agora.
O Amor de Deus me criou. O Amor de Deus é tudo o que eu sou. O Amor de Deus me proclamou Seu Filho. O Amor de Deus
dentro de mim me liberta.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 210
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

ESCOLHO A ALEGRIA DE DEUS AO INVÉS DA DOR.


A dor é uma idéia minha. Não é um pensamento de Deus, mas um pensamento que tive à parte Dele e da Sua Vontade. A Sua
Vontade é alegria, e apenas alegria para o Seu amado Filho. E é isso o que escolho ao invés do que eu fiz.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 211
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

SOU O PRÓPRIO FILHO SANTO DE DEUS.


Em silêncio e com verdadeira humildade, busco a gloria de Deus para contemplá-la no Filho que Ele criou como o meu Ser.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 212
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

TENHO UMA FUNÇÃO QUE DEUS QUER QUE EU CUMPRA.


Busca a função que me libertará de todas as vãs ilusões do mundo. Só a função que Deus me deu pode oferecer a liberdade.
Busco apenas essa função, e só essa aceitarei como a minha.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.
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UM CURSO EM MILAGRES
LIÇÃO 213
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

TODAS AS COISAS SÃO LIÇÕES QUE DEUS QUER QUE EU APRENDA.


Uma lição é um milagre que Deus oferece a mim em lugar de pensamentos que fiz e que me ferem. O que aprendo com Ele
vem a ser o modo como sou libertado. E, assim, escolho aprender as Suas lições e esquecer as minhas.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 214
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

ENTREGO O FUTURO NAS MÃOS DE DEUS.


O passado se foi; o futuro ainda não existe. Agora estou livre de ambos. Pois o que Deus dá só pode ser para o bem. E aceito
só o que Ele dá como o que me pertence.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 215
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

O AMOR É O CAMINHO QUE SIGO COM GRATIDÃO.


O Espírito Santo é o meu único Guia. Ele caminha comigo no Amor, e agradeço a Ele por me mostrar o caminho a seguir.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 216
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

SÓ POSSO CRUCIFICAR A MIM MESMO.


Tudo o que faço, faço a mim mesmo. Se ataco, sofro. Mas se perdôo, a salvação me será dada.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 217
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

O QUE GANHO SÓ PODE SER A MINHA PRÓPRIA GRATIDÃO.


Quem deve agradecer pela minha salvação senão eu mesmo? E de que modo, senão através da salvação, posso achar o Ser
a Quem a minha gratidão é devida?
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 218
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

SÓ A MINHA CONDENAÇÃO ME FERE.


A minha condenação mantém a minha vista escura, e com os meus olhos cegos eu não posso ter a visão da minha glória. Mas
hoje posso contemplar essa glória e me alegrar.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 219
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

EU NÃO SOU UM CORPO. EU SOU LIVRE.


Sou o Filho de Deus. Aquieta-te, minha mente, e pensa nisso por um momento. E depois, volta à terra, sem confusão quanto
ao que meu Pai ama para sempre como Seu Filho.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

LIÇÃO 220
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.

NÃO HÁ PAZ, SENÃO A PAZ DE DEUS.


Que eu não me desvie do caminho da paz, pois em outras estradas estou perdido. Que eu siga Aquele Que me conduz para
casa, e a paz é tão certa quanto o Amor de Deus.
Eu não sou um corpo. Eu sou livre. Pois ainda sou como Deus me criou.
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UM CURSO EM MILAGRES

LIVRO DE EXERCÍCIOS - PARTE II


Introdução
Agora as palavras significarão pouco. Nós as usamos apenas como guias dos quais já não dependemos. Pois agora buscamos
unicamente a experiência direta com a verdade. As lições que restam são meras introduções para os momentos em que dei-
xaremos o mundo da dor e entraremos na paz. Agora começamos a alcançar a meta que esse curso estabeleceu e a encon-
trar o fim para o qual a nossa prática sempre esteve dirigida.
Agora procuramos deixar que o exercício seja apenas um começo. Pois esperamos em serena expectativa pelo nosso Deus e
Pai. Ele prometeu que Ele próprio daria o ultimo passo. E temos certeza de que as Suas promessas são cumpridas. Já percor-
remos uma grande parte da estrada e agora esperamos por Ele. Continuaremos a passar algum tempo com Ele de manhã e à
noite, tanto quanto nos fizer felizes. Agora não consideraremos o tempo uma questão de duração. Nós usaremos o tempo de
que precisarmos para o resultado que desejamos. Tampouco nos esqueceremos de pensar Nele a cada hora do dia, chaman-
do a Deus quando precisarmos Dele nos momentos em que nos sentirmos tentados a esquecer a nossa meta.
Nos próximos dias continuaremos com um pensamento central e usaremos esse pensamento para dar início aos nossos mo-
mentos de descanso e para acalmar as nossas mentes quando necessário. Mas não nos contentaremos só com a simples
prática nos instantes santos que restam para concluir o ano que demos a Deus. Diremos algumas palavras simples de dar
boas-vindas e esperaremos que o nosso Pai Se revele, conforme prometeu. Nós O chamamos e Ele prometeu que o Seu Fi-
lho não ficaria sem resposta quando invocasse o Seu Nome.
Agora, vamos a Ele só com o Seu Verbo em nossas mentes e nossos corações e esperamos que Ele dê o passo em nossa
direção que, através da Sua própria Voz, Ele disse que não deixaria de dar quando O convidássemos a fazê-lo. Ele não dei-
xou o Seu Filho em toda a sua loucura, nem traiu a Sua confiança Nele. A Sua fidelidade não Lhe valeu o convite que Ele bus-
ca para nos fazer felizes? Nós faremos o convite e esse será aceito. E assim, agora, o nosso tempo será passado com Ele.
Pronunciamos as palavras do convite que a Sua Voz sugere e esperamos que Ele venha a nós.
Agora, o momento da profecia é cumprido. Agora todas as antigas promessas são mantidas e plenamente cumpridas. Não há
mais nenhum passo que o tempo separe da sua realização. Pois agora não podemos falhar. Senta-te silenciosamente e espe-
ra o teu Pai. Ele quer vir a ti quando tiveres reconhecido que essa é a tua vontade. E nunca poderias ter chegado até aqui se
não tivesses visto, mesmo indistintamente, que essa é a tua vontade.
Estou tão perto de ti que não podemos fracassar. Pai, nós Te oferecemos estes momentos santos em gratidão Àquele Que nos
ensinou como deixar o mundo da tristeza em troca do seu substituto, que nos é dado por Ti. Já não olhamos para trás agora.
Olhamos para frente, com os nossos olhos fixos no fim da jornada. Aceita estas nossas pequenas dádivas de gratidão, pois
pela visão de Cristo contemplamos um mundo além daquele que fizemos e aceitamos esse mundo para substituir inteiramente
o nosso.
E agora aguardamos em silêncio, sem medo e certos da Tua Vinda. Buscamos encontrar o nosso caminho seguindo o Guia
que nos enviaste. Não sabíamos o caminho, mas Tu não nos esqueceste. E sabemos que não nos esquecerás agora. Pedi-
mos apenas que as Tuas antigas promessas sejam cumpridas, como é Tua Vontade cumpri-las. Ao pedirmos isso, a nossa
vontade é a Tua. O Pai e o Filho, Cuja santa Vontade criou tudo o que existe, em nada podem fracassar. Com essa certeza,
empreendemos estes últimos passos em Tua direção e descansamos confiantes no Teu Amor, que não fracassará junto ao
Filho que Te invoca.
E assim damos inicio à última parte deste ano santo que passamos juntos em busca da verdade e de Deus, Que é o único
Criador da verdade. Achamos o caminho que Ele escolheu para nós e escolhemos segui-lo como Ele queria que fizéssemos. A
Sua Mão nos amparou. Os Seus Pensamentos iluminaram a escuridão das nossas mentes. O Seu Amor chamou por nós in-
cessantemente desde o início dos tempos.
Desejamos que Deus fracassasse em ter o Filho que Ele criou para Si Mesmo. Quisemos que Deus Se modificasse e que Se
transformasse no que queríamos fazer Dele. E acreditamos que os nossos loucos desejos fossem a verdade. Estamos felizes,
agora, por tudo isso ter-se desfeito e já não pensamos que as ilusões sejam verdadeiras. A memória de Deus desponta nos
vastos horizontes de nossas mentes. Mais um momento e ela surgirá outra vez. Mais um momento e nós, os Filhos de Deus,
estaremos a salvo em casa, onde Ele quer que estejamos.
Agora, a necessidade da prática está quase no fim. Pois nesta parte final, passaremos a compreender que precisamos apenas
chamar a Deus e todas as tentações desaparecerão. Ao invés de palavras basta sentirmos o Seu Amor. Ao invés de orações,
basta invocarmos o Seu Nome. Ao invés de julgar, basta nos aquietarmos e deixarmos que todas as coisas sejam curadas.
Aceitaremos o modo como o plano de Deus chegará ao fim, assim como recebemos o modo como começou. Agora ele está
completo. Esse ano nos trouxe à eternidade.
Conservaremos ainda uma utilidade para as palavras. De vez em quando, instruções sobre um tema de especial pertinência
introduzir-se-ão nas nossas lições diárias e nos períodos sem palavras de profunda experiência que se seguirão. Estes pen-
samentos especiais devem ser revisados a cada dia e cada um deve continuar até que te sejam dados os pensamentos se-
guintes. Deves lê-los com vagar e refletir sobre eles por algum tempo antes de um dos abençoados instante santos do dia.
Damos a primeira destas instruções agora.

1. O que é o perdão?
O perdão reconhece que o que pensaste que teu irmão fez a ti não ocorreu. Ele não perdoa tornando-os reais. Ele vê que não
há pecado. E, nesse modo de ver, todos os teus pecados são perdoados. O que é o pecado, senão uma idéia falsa sobre o

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UM CURSO EM MILAGRES
Filho de Deus? O perdão simplesmente vê a sua falsidade e, portanto, a abandona. A Vontade de Deus passa, então, a ser
livre para ocupar agora o espaço que lhe é devido.
Um pensamento que não perdoa é um pensamento que faz um julgamento que ele não questionará, embora não seja verda-
deiro. A mente está fechada e não será liberada. O pensamento protege a projeção, apertando as suas correntes de modo que
as distorções se tornem mais veladas e mais obscuras; menos acessíveis à dúvida e mais afastadas da razão. O que poderia
se interpor entre uma projeção fixa e o objetivo que ela escolheu como sua meta?
Um pensamento que não perdoa faz muitas coisas. Persegue sua meta ativa e freneticamente, distorcendo e derrubando o que
vê como interferências no atalho que escolheu. A deturpação é o seu propósito, assim como o meio pelo qual quer realizá-lo.
Ele se lança nas suas tentativas furiosas de esmagar a realidade, sem se preocupar com o que quer que seja que aparente-
mente contradiga o seu ponto de vista.
O perdão, por sua vez, é quieto e na quietude nada faz. Não ofende nenhum aspecto da realidade, nem busca distorcê-la para
encaixá-la em aparências que lhe agradam. Apenas olha e espera e não julga. Aquele que não quer perdoar tem que julgar,
pois tem que justificar o seu fracasso em perdoar. Mas aquele que quer perdoar a si mesmo tem que aprender a dar boas-
vindas à verdade exatamente como ela é.
Assim sendo, não faças nada e deixa o perdão te mostrar o que fazer através Daquele Que é o teu Guia, teu Salvador e Prote-
tor, forte em esperança e certo do teu êxito final. Ele já te perdoou, pois essa é a Sua função, dada por Deus. Agora é preciso
que compartilhes a Sua função e perdoes aqueles que Ele salvou, cuja impecabilidade Ele vê e a quem honra como o Filho de
Deus.
221.Que a paz esteja em minha mente. Que todos os meus pensamentos se aquietem.
Pai, venho hoje a Ti em busca da paz que só Tu podes dar. Venho sem silêncio. Na quietude do meu coração, nos
recantos mais profundos da minha mente, eu espero à escuta da Tua Voz. Meu Pai, fala comigo hoje. Venho para ouvir
a Tua Voz em silêncio, com segurança e amor, certo de que ouvirás o meu chamado e me responderás.
Aguardamos em silêncio agora. Deus está aqui, pois esperaremos juntos. Eu tenho certeza de que Ele falará contigo e ouvirás.
Aceita a minha confiança, pois ela é tua. As nossas mentes estão unidas. Esperamos com uma só intenção: ouvir a resposta
do nosso Pai ao nosso chamado, deixar que os nossos pensamentos se aquietem e encontrem a Sua paz para ouvi-Lo falar-
nos do que somos e revelar-Se ao Seu Filho.
222.Deus está comigo. Eu vivo e me movimento Nele.
Deus está comigo. Ele é a minha Fonte de vida, a vida dentro de mim, o ar que respiro, o alimento que me sustenta, a água
que me renova e me limpa. Ele é o meu lar, onde vivo e me movimento; o Espírito Que dirige as minhas ações, Que me ofere-
ce os Seus Pensamentos e Que garante a minha proteção de todas as dores. Ele me cobre com benignidade e cuidados e
conserva no amor o Filho que Ele ilumina e que também O ilumina. Como é quieto aquele que conhece a verdade do que Ele
diz hoje!
Pai, não temos outras palavras em nossos lábios e mentes senão o Teu Nome ao virmos, em quietude, à Tua Presença
agora e ao pedirmos para descansar por um momento Contigo em paz.
223.Deus é a minha vida. Não tenho outra vida, senão a Dele.
Eu estava errado quando pensava viver à parte de Deus, uma entidade separada que se movia no isolamento, sem ligações,
abrigada dentro de um corpo. Agora sei que a minha vida é A de Deus, que não tenho outro lar e que não existo à parte Dele.
Ele não tem Pensamentos que não façam parte de mim e eu só tenho aqueles que são Dele.
Pai nosso, deixa-nos ver a face de Cristo no lugar dos nossos erros. Pois nós, que somos o Teu Filho santo, não temos
pecados. Queremos contemplar a nossa impecabilidade, pois a culpa proclama que não somos o Teu Filho. E não
queremos esquecer-Te por mais tempo. Sentimo-nos sós aqui e ansiamos pelo Céu, onde estamos em casa. Queremos
voltar hoje. O nosso nome é o Teu e reconhecemos que somos o Teu Filho.
224.Deus é o meu Pai e Ele ama o Seu Filho.
A minha verdadeira Identidade é tão segura, tão sublime, sem pecado, gloriosa e grande, inteiramente benéfica e livre de cul-
pa, que o Céu volta-se para Ela para Lhe dar luz. Ela também ilumina o mundo. É a dádiva que o meu Pai me deu e que eu
também dou ao mundo. Não há outra dádiva senão Essa que possa ser dada ou recebida. Essa é a realidade e apenas Essa.
Ela é o fim da ilusão. Ela é a verdade.
O meu Nome, ó Pai, ainda Te é conhecido. Eu o esqueci e não sei aonde vou, quem sou, ou o que faço. Pai, lembra-me
agora, pois estou cansado do mundo que vejo. Revela o que queres que eu veja no lugar disso.
225.Deus é o meu Pai e Seu Filho O ama.
Pai, tenho que retribuir o Teu Amor por mim, pois dar e receber é a mesma coisa e Tu me deste o Teu Amor. Tenho que
retribuí-lo, pois quero que seja meu em plena consciência, resplandecendo em minha mente e mantendo-a ao alcance
da luz benigna do Teu Amor, inviolada, amada, deixando o medo para trás e vislumbrando apenas a paz. Como é quieto
o modo como o Teu Filho amoroso é conduzido a Ti!
Irmãos, encontramos essa quietude agora. O caminho está aberto. Agora, nós o seguimos juntos e em paz. Tu estendeste a
mão para mim e nunca hei de deixar-te. Somos um e essa unicidade é tudo o que buscamos ao completarmos estes últimos
passos que terminam uma jornada que não começou.
226.O meu lar me espera. Eu me apresso para voltar a ele.
Se eu assim escolher, posso deixar esse mundo inteiramente. Não é a morte que torna isso possível, mas a mudança da men-
te em relação ao propósito do mundo. Se eu acreditar que ele tem valor, tal como o vejo agora, ele permanecerá assim para
mim. Mas se, ao contemplá-lo, eu não vir nenhum valor no mundo, nada que eu queira guardar para mim ou almeje como uma
meta, ele me deixará. Pois não terei buscado ilusões para substituir a verdade.
Pai, o meu lar aguarda o retorno alegre. Os Teus Braços estão abertos e eu ouço a Tua Voz. Que necessidade tenho eu
de ficar num lugar de desejos vãos e de sonhos despedaçados, se o Céu pode ser meu com tanta facilidade?

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UM CURSO EM MILAGRES
227.Esse é o meu instante santo de liberação.
Pai, sou livre hoje, porque a minha vontade é a Tua. Pensei em ter outra vontade. Mas nada do que pensei à parte de Ti
existe. E sou livre porque estava errado e em nada afetei a minha própria realidade com as minhas ilusões. Agora
renuncio a elas e as deposito aos pés da verdade para que sejam para sempre removidas da minha mente. Esse é o
meu instante santo de liberação. Pai, sei que a minha vontade é una com a Tua.
E assim encontramos, hoje, o nosso retorno alegre ao Céu, que nunca deixamos realmente. Nesse dia, o Filho de Deus aban-
dona os seus sonhos. Nesse dia, o Filho de Deus volta para casa novamente, livre do pecado e revestido de santidade, com a
sua mente certa enfim restaurada.
228.Deus não me condenou. Eu também não me condeno.
O meu Pai conhece a minha santidade. Negarei o Seu conhecimento e acreditarei naquilo que o Seu conhecimento torna im-
possível? Aceitarei como verdadeiro aquilo que Ele proclama ser falso? Ou aceitarei o Seu Verbo quanto ao que eu sou, uma
vez que Ele é o meu Criador e Aquele Que conhece as verdadeiras condições do Seu Filho?
Pai, eu estava errado em relação a mim mesmo, pois fracassei em reconhecer a Fonte de Onde vim. Não deixei essa
Fonte para entrar num corpo e morrer. A minha santidade permanece como parte de mim, assim como eu sou parte de
Ti. E os meus erros em relação a mim mesmo são sonhos. Hoje, eu os abandono. E estou pronto para receber apenas
o Teu Verbo quanto ao que eu realmente sou.
229.O Amor, Que me criou, é o que eu sou.
Busco a minha própria Identidade e A acho nestas palavras: ―O Amor, Que me criou, é o que eu sou‖. Agora não preciso mais
buscar. O Amor prevaleceu. Ele esperou tão quieto a minha volta para casa, que não me afastarei mais da santa face de cris-
to. E tudo o que olho atesta a verdade da Identidade Que eu busquei perder, mas Que o meu Pai manteve a salvo de mim.
Pai, ofereço-Te a minha gratidão pelo que eu sou; por teres mantido a minha Identidade intocada e sem pecado em
meio a todos os pensamentos de pecado que a minha mente tola inventou. E obrigado por me teres salvo desses
pensamentos. Amém.
230.Agora, quero buscar e achar a paz de Deus.
Na paz fui criado. E na paz permaneço. Não me é dado mudar o meu Ser. Quão misericordioso é Deus meu Pai Que, ao criar-
me, me deu a paz eterna. Agora peço apenas para ser o que sou. E isso pode ser negado a mim, se é para sempre verdadei-
ro?
Pai, busco a paz que me deste na minha criação. O que foi dado então tem que existir agora, pois a minha criação foi à
parte do tempo e ainda permanece além de qualquer mudança. A paz em que o Teu Filho nasceu em Tua Mente ainda
brilha, inalterada. Eu sou como me criaste. Basta que eu Te invoque para achar a paz que me deste. Foi a Tua Vontade
que a deu ao Teu Filho.

2. O que é a salvação?
A salvação é uma promessa, feita por Deus, de que encontrarias finalmente o teu caminho até Ele. Ela não pode deixar de ser
cumprida. Ela garante que o tempo terá um fim e que todos os pensamentos nascidos do tempo também terão um fim. O Ver-
bo de Deus é dado a todas as mentes que pensam ter pensamentos em separado e Ele substituirá esses pensamentos de
conflito com o Pensamento da paz.
O Pensamento da paz foi dado ao Filho de Deus, no instante em que a sua mente pensou em guerra. Antes disso, não havia
necessidade de tal Pensamento, pois a paz era dada sem opostos e simplesmente existia. Mas quando a mente se dividiu, a
cura se fez necessária. Assim, o Pensamento que tem o poder de curar a divisão tornou-se parte de cada fragmento da mente
que, embora ainda permanecesse una, deixou de reconhecer a sua unicidade. Nesse momento, ela não mais se conhecia e
pensou que havia perdido a própria Identidade.
A salvação é um ―desfazer‖, no sentido de que nada faz por não apoiar o mundo de sonhos e malicia. E, assim, afasta as ilu-
sões. Por não apoiá-las, as abandona simplesmente no pó. Assim, o que escondiam é agora revelado: um altar ara o santo
Nome de Deus, no qual está escrito o Seu Verbo com as dádivas do teu perdão depositadas diante dele e logo atrás, a memó-
ria de Deus.
Vamos diariamente a esse santo lugar para passarmos algum tempo juntos. Aqui, compartilhamos o nosso sonho final. Um
sonho em que não há tristezas, pois contém um indício de toda a gloria que nos é dada por Deus. A relva desponta na terra,
as árvores começam a brotar e os pássaros vêm viver em seus galhos. A terra renasce com uma nova perspectiva. A noite
desapareceu e juntos chegamos até a luz.
Daqui, damos a salvação ao mundo, pois é aqui que a salvação foi recebida. A canção do nosso jubilo é o chamado para todo
o mundo anunciando que a liberdade está de volta, que o tempo está quase no fim, que ao Filho de Deus só resta mais um
instante de espera até que o seu Pai seja lembrado, os sonhos acabem e a eternidade brilhe afastando o mundo e só o Céu
exista agora.
231.Pai, a minha única vontade é lembrar-me de Ti.
Pai, o que posso buscar além do Teu Amor? Talvez eu pense que busco outra coisa, alguma coisa À qual dei muitos
nomes. Mas o Teu Amor é a única coisa que busco ou já busquei algum dia. Pois nada mais há que eu realmente queira
achar. Que eu me lembre de Ti. O que mais posso desejar além da verdade sobre mim mesmo?
Essa é a tua vontade, meu irmão. E compartilhas essa vontade comigo e com Aquele que é também nosso Pai. Lembrar-te
Dele é o Céu. É isso que buscamos. E é só isso o que nos será dado achar.
232.Que estejas em minha mente, meu Pai, durante todo o dia.
Que estejas em minha mente, meu Pai, quando eu acordar e ilumina-me durante todo o dia de hoje. Que cada minuto
seja um momento no qual habito contigo. E que eu não esqueça, a cada hora, de dar graças por teres permanecido
comigo e por que estarás sempre presente para ouvir e responder ao meu chamado. Quando a noite viver, que todos os

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UM CURSO EM MILAGRES
meus pensamentos ainda estejam Contigo e com o Teu Amor. E que eu adormeça certo da minha segurança, do Teu
cuidado e com a feliz consciência de que sou Teu Filho.
Assim devem ser todos os dias. Hoje, pratica o fim do medo. Tem fé Naquele Que é o teu Pai. Confia-Lhe todas as coisas.
Deixa-O revelar-te todas as coisas e sê destemido, pois tu és o Filho de Deus.
233.Hoje dou a minha vida a Deus para que Ele a guie.
Pai, hoje Te dou todos os meus pensamentos. Não quero nenhum deles para mim. No seu lugar, dá-me os Teus.
Também entrego a Ti todos os meus atos, para que eu possa fazer a Tua Vontade ao invés de buscar metas que não
podem ser conquistadas e perder tempo com imaginações vãs. Hoje, eu venho a Ti. Eu recuarei e simplesmente Te
seguirei. Que Tu sejas o Guia e eu o seguidor que não questiona a sabedoria do Infinito, nem o Amor, cuja ternura eu
não posso compreender, mas que é, no entanto, a Tua dádiva perfeita para mim.
Hoje temos um Guia para conduzir-nos adiante. E, ao caminharmos juntos, daremos esse dia a Ele absolutamente sem reser-
vas. Esse é o Seu dia. E, assim, é um dia de incontáveis dádivas e graças para nós.
234.Pai, hoje volto a ser o Teu Filho.
Anteciparemos, hoje, o momento em que desaparecem os sonhos de pecado e culpa e no qual alcançamos a santa paz que
nunca deixamos. Diminuto foi o instante que se passou entre a eternidade e a intemporalidade. Tão breve foi esse intervalo,
que não houve lapso na continuidade, nem interrupção nos pensamentos para sempre unificados em um só. Nada jamais a-
conteceu para perturbar a paz de Deus Pai e Deus Filho. Hoje, aceitamos isso como totalmente verdadeiro.
Nós Te agradecemos, Pai, por não nos ser possível perder a memória de Ti e do Teu Amor. Reconhecemos a nossa
segurança e agradecemos todas as dádivas que nos concedeste, toda ajuda amorosa que recebemos, toda a Tua
eterna paciência e o Verbo que nos deste segundo o qual estamos salvos.
235.É Vontade de Deus, em Sua misericórdia, que eu seja salvo.
Basta que eu olhe para todas as coisas que parecem me ferir e que afirme com toda segurança: ―É Vontade de Deus que eu
esteja a salvo disso‖, para vê-las simplesmente desaparecer. Basta que eu apenas me lembre de que a Vontade de meu Pai é
unicamente felicidade para mim, para descobrir que só me veio felicidade. E basta que eu me lembre de que o Amor de Deus
envolve o Seu Filho e mantém a sua impecabilidade eternamente perfeita para ter certeza de que estou salvo e seguro em
Seus Braços para sempre. Sou o Filho que Ele ama. Estou salvo porque é Vontade de Deus, em Sua misericórdia, que seja
assim.
Pai, é minha a Tua santidade. O Teu Amor me criou e tornou a minha impecabilidade parte de Ti para sempre. Não há
culpa nem pecado em mim, pois não há culpa nem pecado em Ti.
236.Eu reino sobre a minha mente, onde só eu devo reinar.
Tenho um reino que devo governar. Por vezes, não parece que eu seja o rei. Ele parece triunfar sobre mim e me dizer o que
pensar, fazer e sentir. E, no entanto, ele me foi dado para servir a qualquer propósito que eu perceber nele. À minha mente só
é possível servir. Hoje, dou os seus serviços ao Espírito Santo para que Ele os empregue como achar melhor. Estarei, assim
dirigindo a minha mente, onde só eu posso reinar. E assim eu a liberto para fazer a Vontade de Deus.
Pai, a minha mente está aberta para os Teus Pensamentos e fechada, hoje, para todos os pensamentos senão os Teus.
Eu governo a minha mente e a ofereço a Ti. Aceita a minha dádiva, pois é uma dádiva Tua para mim.
237.Agora quero ser como Deus me criou.
Hoje, aceitarei a verdade a meu respeito. Eu me elevarei em glória e deixarei que, nesse dia, a luz em mim ilumine o mundo.
Trago ao mundo a mensagem da salvação que ouço quando Deus meu Pai fala comigo. E contemplo o mundo que Cristo quer
que eu veja, consciente de que ele Poe fim ao amargo sonho da morte, consciente de que ele é o chamado do meu Pai por
mim.
Cristo é os meus olhos, hoje, e os ouvidos que hoje escutam a Voz por Deus Pai. Pai, venho a Ti através Daquele Que
é o Teu Filho e também é o meu verdadeiro Ser. Amém.
238.Toda salvação depende da minha decisão.
Pai, a Tua confiança em mim tem sido tão grande que eu devo merecê-la. Tu me criaste e me conheces tal como sou. E,
no entanto, depositaste a salvação do Teu Filho em minhas mãos e deixaste que ela dependesse da minha decisão. Eu
devo ser muito amado por Ti realmente. E também devo ser inabalável em minha santidade, para que me tenhas dado o
Teu Filho, certo de que está seguro aquele que ainda faz parte de Ti e que, no entanto, é meu, pois Ele é o meu Ser.
E assim, mais uma vez hoje, fazemos uma pausa para pensar no quanto o nosso Pai nos ama. E quão caro o Seu Filho, criado
pelo Seu Amor, continua sendo para Aquele Cujo Amor se completa nele.
239.A glória do meu Pai é minha.
Não deixemos que a verdade sobre nós mesmos seja ocultada, hoje, por uma falsa humildade. Ao invés disso, sejamos gratos
pelas dádivas que o nosso Pai nos concedeu. É possível ver algum vestígio de pecado e culpa naqueles com quem Ele com-
partilha a própria glória? E seria possível que nos estivéssemos entre eles, quando Ele ama o Seu Filho para sempre e com
perfeita Constancia, sabendo que esse é como Ele o criou?
Nós Te agradecemos, Pai, pela luz que brilha em nós para sempre. E nós a honramos, porque Tu a compartilha
conosco. Somos um, unidos nesta luz e unos contigo, em paz com toda a criação e conosco.
240.O medo não se justifica de forma alguma.
O medo é um engano. Atesta que te viste tal como nunca poderias ser e, portanto, olhas para um mundo que é impossível.
Coisa alguma nesse mundo é verdadeira. Não importa a forma sob a qual possa se apresentar. Testemunha apenas as tuas
próprias ilusões sobre ti mesmo. Não nos deixemos enganar hoje. Somos os Filhos de Deus. Não há medo em nós, pois cada
um de nós é uma parte do próprio Amor.

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UM CURSO EM MILAGRES
Como são tolos os nossos medos! Permitirias Tu que o Teu Filho sofresse? Dá-nos fé, nesse dia, para que
reconheçamos o Teu Filho e o libertemos. Que nós o perdoemos, em Teu Nome, para que possamos compreender a
sua santidade e sentir o amor por ele que é também o Teu Amor.

3. O que é o mundo?
O mundo é falsa percepção. Nasceu do erro e não deixou a sua fonte. Ele deixará de existir quando o pensamento que lhe deu
origem deixar de ser apreciado. Quando o pensamento da separação for mudado para um pensamento de verdadeiro perdão,
o mundo será visto sob outra luz; uma luz que conduz à verdade, na qual o mundo todo tem que desaparecer, assim como
todos os seus erros têm que sumir. Agora a sua fonte se foi e os seus efeitos também.
O mundo foi feito como um ataque a Deus. Ele simboliza o medo. E o que é o medo senão ausência de amor? Assim, o mundo
foi feito para ser um lugar em que Deus não pudesse entrar e no qual o Seu Filho pudesse estar à parte Dele. Aqui nasceu a
percepção, pois o conhecimento não poderia causar tais pensamentos insanos. Agora, os erros vêm a ser bastante possíveis,
pois a certeza se foi.
Em seu lugar nasceram os mecanismos da ilusão. E, agora, eles partem para achar o que lhes é dado buscar. Seu objetivo é
cumprir o propósito que o mundo foi feito para testemunhar e fazer com que seja real. Eles vêem nas suas ilusões apenas
uma base sólida onde a verdade existe, mantida à parte das mentiras. No entanto, tudo o que transmitem é apenas ilusão,
mantida à parte da verdade.
Assim como a vista foi feita para conduzir para longe da verdade, ela pode ser re-direcionada. Os sons vêm a ser o chamado
de Deus e um novo propósito pode ser dado a toda percepção por Aquele Que Deus designou como o Salvador do mundo.
Segue a Sua Luz e vê o mundo tal como Ele o contempla. Ouve apenas a Sua Voz em tudo o que fala contigo. E deixa-O dar-
te a paz e a certeza que jogaste fora, mas que o Céu preservou Nele para ti.
Que não descansemos em nosso contentamento, enquanto o mundo não tiver se unido à nossa percepção, que já foi mudada.
Que não estejamos satisfeitos, enquanto o perdão não tiver se tornado completo. E não tentemos mudar a nossa função. Te-
mos que salvar o mundo. Pois nós, que o fizemos, temos que contemplá-lo através dos olhos de Cristo, para que o que foi
feito para morrer possa ser restituído à vida que dura para sempre.
241.A salvação veio nesse instante santo.
Quanta alegria há nesse dia de hoje! É um momento de celebração especial. Pois esse dia oferece ao mundo escuro o instante
em que se estabelece a sua liberação. Veio o dia em que os pesares passam e a dor desaparece. Hoje, a glória da salvação
desponta sobre um mundo libertado. Esse é o momento da esperança para incontáveis milhões. Eles unir-se-ão agora quando
tu os perdoares. Pois hoje eu serei perdoado por ti.
Agora, nós nos perdoamos uns aos outros e assim, enfim, viemos a Ti novamente. Pai, o Teu Filho que nunca partiu
retorna ao Céu e à sua casa. Como estamos contentes por ter-nos sido restaurada a nossa sanidade e por nos
lembrarmos que somos todos um só.
242.Esse dia é de Deus. É a minha dádiva para Ele.
Hoje não conduzirei a minha vida sozinho. Eu não compreendo o mundo e por isso tentar viver a minha vida sozinho só pode
ser tolice. Mas existe Alguém Que sabe tudo o que é melhor para mim. E Ele está contente em não fazer por mim nenhuma
escolha que não conduza a Deus. Dou esse dia a Ele, pois não quero protelar a minha volta para casa e é Ele Quem conhece
o caminho para Deus.
E, assim, damos a Ti o dia de hoje, viemos com mentes inteiramente abertas. Não pedimos nada do que achamos que
merecemos. Dá-nos o que queres que seja recebido por nós. Tu conheces todos os nossos desejos e tudo o que
queremos. E nos darás tudo aquilo de que precisamos para nos ajudar a achar o caminho para Ti.
243.Hoje, não julgarei nada do que acontecer.
Serei honesto comigo mesmo hoje. Não pensarei que já sei o que tem que permanecer além do meu entendimento atual. Não
pensarei que compreendo o todo a partir de fragmentos da minha percepção, que são tudo o que posso ver. Hoje reconheço
que isso é assim. E, desse modo, sou libertado de julgamentos que não posso fazer. Assim liberto a mim mesmo e àquilo que
eu contemplar para estar em paz, tal como Deus nos criou.
Pai, hoje deixarei a criação livre para ser o que é. Honro todas as suas partes, ns quais estou incluído. Somos um
porque cada parte contém a Tua memória e a verdade tem que brilhar em todos nós como em um só.
244.Em nenhum lugar do mundo eu estou em perigo.
O Teu Filho está a salvo onde quer que se encontre, pois estás lá com ele. Ele só precisa invocar o Teu Nome, e
lembrar-se-á de sua própria segurança e do Teu Amor, pois são um só. Como pode ele ter medo, duvidar ou deixar de
saber que não pode sofrer, ser ameaçado ou experimentar a infelicidade, se ele Te pertence, amado e amoroso, na
segurança do Teu abraço Paterno?
E é lá que estamos na verdade. Nenhuma tempestade pode entrar no abrigo bendito da nossa casa. Em Deus estamos segu-
ros. Pois o que pode vir para ameaçar o próprio Deus ou amedrontar aquele que para sempre fará parte Dele?
245.Pai, a Tua paz está comigo. Estou a salvo.
Pai, a Tua paz me cerca. Aonde quer que eu vá, a Tua paz me acompanha. Ela ilumina todos aqueles que encontro.
Trago-a aos desolados, aos solitários e aos que têm medo. Dou a Tua paz àqueles que sentem dor, que choram perdas,
ou pensam estar privados de esperança e de felicidade. Manda-os mim, meu Pai. Deixa-me trazer comigo a Tua paz.
Pois quero salvar o Teu Filho, conforme é Tua Vontade, para que eu possa vir a reconhecer o meu Ser.
E assim vamos em paz. Damos ao mundo todo a mensagem que recebemos. Portanto, vimos para ouvir a Voz por Deus Que
nos fala ao relatarmos o Seu Verbo; Aquele cujo Amor reconhecemos porque compartilhamos o Verbo que Ele nos deu.
246.Amar o meu Pai é amar o Seu Filho.
Que eu não pense que posso achar o caminho para Deus, se tiver ódio no meu coração. Que eu não tente ferir o Filho de Deus
e pensar que posso conhecer seu Pai ou o meu Ser. Que eu não falhe em reconhecer a mim mesmo e ainda acredite que a
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UM CURSO EM MILAGRES
minha consciência pode conter o meu Pai, ou a minha mente conceber todo o amor que o meu Pai tem por mim e todo o amor
que eu Lhe retribuo.
Aceitarei o caminho que escolheste para que eu venha a Ti, meu Pai. Pois nisso terei sucesso, porque essa é a Tua
Vontade. E quero reconhecer que o que é Tua Vontade é também o que eu quero e só isso. E assim escolho amar o Teu
Filho. Amém.
247.Sem perdão, ainda serei cego.
O pecado é o símbolo do ataque. Contempla-o em qualquer lugar e eu sofrerei. Pois o perdão é o único meio pelo qual a visão
de Cristo vem a mim. Que eu aceite o que a Sua visão me mostra como a simples verdade e estarei completamente curado.
Irmão, vem e deixa-me olhar para ti. A tua beleza reflete a minha. A tua impecabilidade é a minha. Tu estás perdoado e eu
também junto contigo.
É assim que quero olhar para todos hoje. Os meus irmãos são Teus Filhos. A Tua Paternidade os criou e os deu a mim
como parte de Ti e também do meu próprio Ser. Hoje eu honro a Ti através deles e assim espero nesse dia reconhecer
o meu Ser.
248.Tudo o que sofre não faz parte de mim.
Eu repudiei a verdade. Quer agora eu seja igualmente fiel ao repudiar a falsidade. Tudo o que sofre não faz parte de mim. O
que chora não sou eu. O que sente dor não passa de uma ilusão na minha mente. O que morre, na realidade, nunca viveu e
apenas escarneceu da verdade sobre mim. Agora repudio os auto-conceitos e enganos e as mentiras sobre o Filho santo de
Deus. Agora estou pronto a recebê-lo de volta tal como Deus o criou e tal como ele é.
Pai, o meu antigo amor por Ti está de volta e que eu ame também o teu Filho novamente. Pai, sou como me criaste.
Agora o Teu Amor é lembrado, assim como o meu. Agora compreendo que são um só.
249.O perdão põe fim a todo sofrimento e a toda perda.
O perdão retrata um mundo em que não há mais sofrimento, em que a perda vem a ser impossível e a raiva não faz nenhum
sentido. O ataque se foi e a loucura chegou ao fim. Que sofrimento pode ser concebível agora? Que perda pode ser mantida?
O mundo vem a ser um lugar de alegria, abundancia, caridade e de doação sem fim. É agora tão semelhante ao Céu que se
transforma rapidamente na luz que ele reflete. E assim a jornada que o Filho de Deus começou, terminou na luz da qual ele
veio.
Pai, queremos devolver as nossas mentes a Ti. Nós as traímos, as mantivemos presas na amargura e as
amedrontamos com pensamentos de violência e morte. Agora queremos descansar em Ti, tal como nos criaste.
250.Que eu não me veja como um ser limitado.
Que hoje eu contemple o Filho de Deus e seja um testemunho da sua glória. Que eu não tente obscurecer nele a luz santa e
não veja a sua força diminuída e reduzida à fragilidade, nem perceba o que falta nele, pois com isso quero tacar a sua sobera-
nia.
Ele é o Teu Filho, meu Pai. E hoje quero contemplar a sua gentileza ao invés das minhas ilusões. Ele é o que eu sou e o
vejo assim como vejo a mim mesmo. Hoje quero ver verdadeiramente, para que nesse dia eu possa enfim me identificar
com ele.

4. O que é o pecado?
Pecado é insanidade. É o meio pelo qual a mente é levada à loucura e busca deixar que as ilusões tomem o lugar da verdade.
E, estando louca, vê ilusões onde a verdade deveria estar e onde realmente está. O pecado deu olhos ao corpo, pois para
aqueles que não têm pecado, o que há para contemplar? Que necessidade têm eles da visão, da audição ou do tato? O que
ouviriam ou tentariam agarrar? O que perceberiam com os sentidos? Ter sensações não é conhecer. E a verdade só pode ser
preenchida com o conhecimento e com nada mais.
O corpo é o instrumento de todas as ilusões que só representam coisas imaginarias, geradas por pensamentos que não são
verdadeiros. São a ―prova‖ de que o que não tem realidade é real. O pecado ―prova‖ que o Filho de Deus é mau, que a intem-
poralidade tem que ter um fim, que a vida eterna tem que morrer. E o próprio Deus perdeu o Filho que Ele ama, ficando ape-
nas com a corrupção para completar a Si Mesmo; a Vontade de Deus foi para sempre superada pela morte, o amor decapitado
pelo ódio e nunca mais haverá paz.
Os sonhos de um louco são assustadores e o pecado, de fato, parece aterrorizar. E, no entanto, o que o pecado percebe não
passa de um jogo infantil. O Filho de Deus pode brincar de tornar-se um corpo, uma presa para o mal e para a culpa, tendo
apenas uma pequena vida que terminará na morte. Porém, enquanto isso, o seu Pai o ilumina e o ama com um Amor eterno,
que as suas pretensões não podem mudar de forma alguma.
Por quanto tempo, ó Filho de Deus, ainda manterás o jogo do pecado? Não é melhor deixarmos de lado esses brinquedos de
criança cheios de pontas afiadas? Em quanto tempo estarás pronto para voltar para casa? Hoje, talvez? Não existe pecado. A
criação não pode ser mudada. Ainda queres protelar a volta ao Céu? Até quando, ó Filho santo de Deus, até quando?
251.Não preciso de nada além da verdade.
O meu Ser é mais santo do que todos os pensamentos de santidade que eu agora concebo. O seu cintilar e a sua perfeita
pureza são muito mais brilhantes do que qualquer luz que eu jamais contemplei. O seu amor é sem limites, com uma intensi-
dade que contém em si mesma todas as coisas na calma da certeza que habita em quietude. A sua força não vem dos impul-
sos ardentes que movem o mundo , mas do infinito Amor do próprio Deus. Quão além desse mundo meu Ser tem que estar e,
no entanto, quão próximos de mim e quão perto de Deus!
Pai, Tu conheces a minha verdadeira Identidade. Revela-A agora a mim que sou Teu Filho, para que eu possa despertar
para a verdade em Ti e saber que o Céu me é restituído.
252.O Filho de Deus é a minha identidade.
O meu Ser é mais santo do que todos os pensamentos de santidade que eu agora concebo. O seu cintilar e a sua perfeita
pureza são muito mais brilhantes do que qualquer luz que eu jamais contemplei. O seu amor é sem limites, com uma intensi-
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dade que contém em si mesma todas as coisas na calma da certeza que habita em quietude. A sua força não vem dos impul-
sos ardentes que movem o mundo, mas do infinito Amor do próprio Deus. Quão além desse mundo meu Ser tem que estar e,
no entanto, quão próximo de mim e quão perto de Deus!
Pai, Tu conheces a minha verdadeira Identidade. Revela-A agora a mim que sou Teu Filho, para que eu possa despertar
para a verdade em Ti e saber que o Céu me é restituído.
253.Quem rege o universo é o meu Ser.
É impossível que algo venha a mim sem que eu próprio o tenha chamado. Mesmo nesse mundo, sou eu que governo o meu
destino. O que acontece é o que eu desejo. O que não ocorre é o que eu não quero que aconteça. Isso eu tenho que aceitar.
Pois assim sou conduzido para além desse mundo, para as minhas criações, filhas da minha vontade, no Céu onde o meu Ser
santo habita com elas e com Aquele Que me criou.
Tu és o Ser Que criaste Filho, o qual cria à Tua semelhança e é um Contigo. O meu Ser, que rege o universo, é apenas
a Tua Vontade em perfeita união com a minha, que só pode concordar alegremente com a Tua, para que possa
estender-Se a Si Mesma.
254.Que se aquietem todas as vozes em mim, exceto A de Deus.
Pai, hoje só quero ouvir a Tua Voz. No mais profundo silencio, quero vir a Ti para ouvir a Tua Voz e receber o Teu Verbo.
Não tenho outra prece, senão essa: venho a Ti para pedir-Te a verdade. E a verdade é a Tua Vontade, que hoje quero
compartilhar Contigo.
Hoje, não deixamos nenhum pensamento do ego dirigir as nossas palavras ou ações. Quando tais pensamentos ocorrem, nós
recuamos em quietude, olhamos para eles e, em seguida, os deixamos ir. Não queremos o que trariam consigo. E por isso não
escolhemos guardá-los. Estão em silêncio agora. E, na quietude abençoada pelo Seu Amor, Deus Se dirige a nós e nos fala
da nossa vontade, pois escolhemos nos lembrar Dele.
255.Escolho passar esse dia em perfeita paz.
Não me parece que eu possa escolher ter apenas paz no dia de hoje. E, no entanto, o meu Deus me garante que o Seu Filho é
como Ele Mesmo. Que nesse dia eu tenha fé Naquele Que diz que eu sou o Filho de Deus. E que a paz que eu escolho hoje
para mim dê testemunho da verdade do que Ele diz. O Filho de Deus não pode ter preocupações, e tem que permanecer para
sempre na paz do Céu. Em Seu Nome, dedico o dia de hoje a achar o que é a Vontade do meu pai para mim, aceitando-a
como minha e dando-a a todos os Filhos do meu Pai junto comigo.
E assim, meu Pai, quero passar esse dia Contigo. O Teu Filho não Te esqueceu. A paz que lhe deste ainda está na sua
mente, e é lá que eu escolho passar o dia de hoje.
256.Hoje, Deus é a minha única meta.
Aqui, o caminho para Deus é através do perdão. Não há outro caminho. Se o pecado não tivesse sido apreciado pela mente,
que necessidade haveria de achar o caminho para o lugar onde já estás? Quem ainda estaria incerto? Quem poderia ter dúvi-
das quanto a quem é? E quem ainda desejaria continuar dormindo, em pesadas nuvens de dúvida a respeito da santidade
daquele que Deus criou sem pecado? Aqui, só nos é possível sonhar. Mas podemos sonhar que perdoamos aquele em que
todo pecado permanece impossível, e é isso que escolhemos sonhar hoje. Deus é a nossa meta; o perdão é o meio pelo qual
as nossas mentes enfim retornam a Ele.
E assim, Pai nosso, queremos vir a Ti pelo caminho que indicaste. Não temos outra meta, exceto a de ouvir a Tua Voz e
achar o caminho que o Teu Verbo sagrado indicou para nós.
257.Que eu me lembre qual é o meu propósito.
Se eu esquecer a minha meta, só poderei ficar confuso, incerto do que sou e assim em conflito nas minhas ações. Ninguém
pode servir a metas contraditórias e servir-lhes bem. Tampouco lhe será possível funcionar sem profunda angustia e grande
depressão. Que estejamos determinados, portanto, a lembrar-nos do que queremos hoje, para que possamos unificar os nos-
sos pensamentos e ações de modo significativo e realizar apenas o que Deus quer que façamos hoje.
Pai, o perdão é o meio que escolheste para a nossa salvação. Que não nos esqueçamos nesse dia de que não temos
nenhuma vontade senão a Tua. E, assim, o nosso propósito também tem que ser o Teu, se quisermos alcançar a paz
que é a Tua Vontade para nós.
258.Que eu me lembre que a minha meta é Deus.
Tudo o que precisamos fazer é treinar as nossas mentes para deixarem de ver todos os pequenos objetivos sem sentido e
lembrarem que a nossa meta é Deus. A Sua memória está escondida em nossas mentes, obscurecida apenas pelas nossas
pequenas metas sem razão, que nada oferecem e que não existem. Continuaremos a deixar que a graça de Deus brilhe na
inconsciência, enquanto buscamos, em seu lugar, os brinquedos e as bagatelas do mundo? Deus é a nossa única meta, o
nosso único Amor. Não temos nenhum objetivo, exceto lembrar-nos Dele.
A nossa meta é apenas a de seguir no caminho que conduz a Ti. Não temo nenhuma outra além dessa. O que mais
poderíamos querer, exceto lembrarmo-nos de Ti? O que poderíamos buscar, senão a nossa Identidade?
259.Que eu me lembre que não existe pecado.
O pecado é o único pensamento que faz a meta de Deus parecer inatingível. O que mais poderia nos cegar para o obvio e
fazer com que o estranho e o deturpado aparentem mais clareza? O que mais, senão o pecado, gera os nossos ataques? O
que mais, senão o pecado poderia ser a fonte da culpa, exigindo punição e sofrimento? E o que mais, senão o pecado, pode-
ria ser a fonte do medo, obscurecendo a criação de Deus, dando ao amor os atributos do medo e do ataque?
Pai, hoje eu não quero ser insano. Não quero ter medo do amor, nem buscar refúgio no seu oposto. Pois o amor não
pode ter nenhum oposto, Tu és a Fonte de tudo o que existe. E tudo o que é permanece em Ti e Tu estás em tudo o que
és.

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UM CURSO EM MILAGRES
260.Que eu me lembre que Deus me criou.
Pai, eu não fiz a mim mesmo, embora na minha loucura, tenha pensado que sim. Entretanto, como Teu Pensamento,
não deixei a minha Fonte, permanecendo como parte Daquele Que me criou. Hoje, meu Pai, o Teu Filho Te chama. Que
eu me lembre que me criaste. Que eu me lembre da minha Identidade. E que a minha impecabilidade eleve-se mais
uma vez diante da visão de Cristo, através da qual quero olhar para os meus irmãos e para mim mesmo no dia de hoje.
Agora, a nossa Fonte foi lembrada e Nela enfim achamos a nossa verdadeira Identidade. Somos santos, de fato, porque a
nossa Fonte não pode conhecer o pecado. E nós, que somos os Seus Filhos, somos iguais uns aos outros e iguais a Ele.

5. O que é o corpo?
O corpo é uma cerca que o Filho de Deus imagina ter construído para separar partes do seu Ser de outras partes. É dentro
dessa cerca que ele pensa viver, para morrer quando ela decair e desmoronar. Pois no interior dessa cerca ele pensa estar a
salvo do amor. Identificando-se com a própria segurança, ele considera ser aquilo que é a sua segurança. De que outro modo
poderia ele ter certeza de permanecer dentro do corpo, mantendo o amor do lado de fora?
O corpo não perdurará. Mas, isso ele vê como uma dupla segurança. Pois a impermanência do Filho de Deus é uma ―prova‖ de
que as suas cercas funcionam e cumprem a tarefa que a sua mente lhes designou. Pois se a sua unicidade ainda permane-
cesse intocada, quem poderia atacar e quem poderia ser atacado? Quem poderia ser vítima? Quem o assassino? E, se ele
não morresse, que ―prova‖ haveria de que o eterno Filho de Deus pode ser destruído?
O corpo é um sonho. Como outros sonhos, ele às vezes parece retratar a felicidade, mas pode retroceder subitamente para o
medo, onde nascem todos os sonhos. Pois só o amor cria em verdade e a verdade nunca tem medo. Feito para ter medo, o
corpo tem que servir ao propósito que lhe é dado. Mas podemos mudar o propósito ao qual o corpo obedecerá mudando o
nosso pensamento quanto ao quê ele serve.
O corpo é o meio pelo qual o Filho de Deus retorna à sanidade. Apesar de ter sido eito para cercá-lo irremediavelmente no
inferno, a perseguição do inferno foi trocada pela meta do Céu. O Filho de Deus estende a mão para alcançar o seu irmão e
para ajudá-lo a caminhar pela estrada junto com ele. Agora o corpo é santo. Agora, ele serve para curar a mente que ele tinha
sido feito para matar.
Tu te identificarás com aquilo que pensas ser a tua segurança. O que quer que seja, acreditarás que és um com ela. A tua
segurança está na verdade e não em mentiras. A tua segurança é o amor. O medo não existe. Identifica-te com o amor e estás
seguro. Identifica-te com o amor e estás em casa. Identifica-te com o amor e achas o teu Ser.
261.Deus é o meu refúgio e a minha segurança.
Eu me identificarei com o que penso ser refúgio e segurança. Eu contemplarei a mim mesmo ali onde percebo a minha força e
penso viver no interior da fortaleza onde estou a salvo e não posso ser atacado. Que hoje eu não busque a segurança no pe-
rigo, nem tente achar a minha paz no ataque assassino. Eu vivo em Deus. Nele acho o meu refúgio e a minha força. Nele está
a minha Identidade. Nele está a paz que dura para sempre. E só lá lembrar-me-ei Quem realmente sou.
Que eu não busque ídolos. Meu Pai, hoje quero voltar para casa em Ti. Escolho ser tão como me criaste e achar o Filho
que criaste como o meu Ser.
262.Que eu não perceba diferenças hoje.
Pai, Tu tens um Filho. E, nesse dia, é para ele que eu quero olhar. Ele é a Tua única criação. Por que haveria de
perceber mil formas naquilo que permanece uno? Por que haveria eu de dar mil nomes a ele quando um só nome é
suficiente? Pois o Teu Filho tem que ter o Teu Nome, porque Tu o criaste. Que eu não o veja como um estranho para o
seu Pai, nem para mim. Pois ele faz parte de mim e eu dele e nós somos parte de Ti, Que és a nossa Fonte,
eternamente unidos no Teu Amor, eternamente o Filho santo de Deus.
Nós, que somos um, hoje queremos reconhecer a verdade sobre nós mesmos. Queremos ir para casa e descansar em unida-
de. Pois lá há paz e em nenhum outro lugar é possível buscar e achar a paz.
263.A minha santa visão vê todas as coisas puras.
Pai, a Tua Mente criou tudo o que é, o Teu Espírito penetrou em tudo, o Teu Amor lhe deu vida. E quereria eu olhar para
o que Tu criaste como se fosse possível torná-lo pecaminoso? Não quero perceber imagens tão escuras e
amedrontadoras. O sonho de um louco dificilmente seria a minha escolha em lugar de toda a beleza com que
abençoaste a criação, toda a sua pureza, sua alegria e sua eterna e serena morada em Ti.
E, enquanto ainda permanecemos fora da porta do Céu, contemplemos tudo o que vemos através da santa visão e dos olhos
de Cristo. Que todas as aparências nos pareçam puras, para que possamos passar por elas em inocência e caminhar juntos
para a casa de nosso Pai, como irmãos e como os Filhos santos de Deus.
264.Eu estou cercado pelo Amor de Deus.
Pai, estás na frente e atrás de mim, ao meu lado, no lugar em que me vejo e em todo lugar aonde vou. Estás em todas
as coisas que contemplo, nos sons que ouço e em cada mão que procura alcançar a minha. Em Ti, o tempo desaparece
e o lugar vem a ser uma crença sem significado. Pois o que cerca o Teu Filho e o mantém a salvo é o próprio Amor. Não
há outra Fonte senão Essa e não há nada que não compartilhe a Sua santidade, não há nada que esteja além da Tua
única criação ou sem o Amor Que contém todas as coisas em Si Mesmo. Pai, o Teu Filho é como Tu és. Hoje, vamos a
Ti em Teu próprio Nome, para estarmos em paz no Teu Amor que dura para sempre.
Meus irmãos, unam-se a mim nisso hoje. Essa é a prece da salvação. Não devemos unir-nos no que salvará o mundo junto
conosco?
265.Eu só vejo a gentileza da criação.
Eu, de fato, compreendi mal o mundo, porque coloquei nele os meus pecados e os vi olhando de volta para mim. Como pareci-
am ameaçadores! E como me enganei ao pensar que o que temia estava no mundo e não apenas na minha mente. Hoje vejo
o mundo na gentileza celestial com que brilha a criação. Nele não há medo. Que nenhuma aparência dos meus pecados ve-

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UM CURSO EM MILAGRES
nha obscurecer a luz do Céu que brilha no mundo. O que lá se reflete está na Mente de Deus. As imagines que vejo refletem
os meus pensamentos. No entanto, a minha mente é uma com A de Deus. E, assim, posso perceber a gentileza da criação.
Em quietude quero olhar para o mundo que reflete apenas os Teus Pensamentos, assim como os meus. Que eu me
lembre que eles são os mesmos e verei a gentileza da criação.
266.O meu Ser santo habita em ti, Filho de Deus.
Pai, Tu me deste todos os Teus Filhos para serem meus salvadores e meus conselheiros naquilo que vejo; os
portadores da Tua santa Voz para mim. Neles, Tu estás refletido e neles Cristo olha de volta para mim, a partir do meu
Ser. Que o Teu Filho não esqueça o Teu santo Nome. Que o Teu Filho não esqueça a sua Fonte santa. Que o Teu Filho
não esqueça que o seu nome é o Teu.
Nesse dia, entramos no paraíso, invocando o Nome de Deus e o nosso próprio nome, reconhecendo o nosso Ser em cada um
de nós, unidos no santo Amor de Deus. Quantos salvadores nos foram dados por Deus! Como é possível perdermos o cami-
nho para Ele, se Ele encheu o mundo com aqueles que apontam em Sua direção e nos deu a vista para olharmos para eles?
267.O meu coração está pulsando na paz de Deus.
À minha volta está toda a vida que Deus criou em Seu Amor. Ela me chama em cada batida do coração, em cada respiração,
em cada ação e em cada pensamento. A paz enche o meu coração e inunda o meu corpo com o propósito do perdão. Agora, a
minha mente está curada e tudo o que preciso para salvar o mundo me é dado. Cada batida do coração me traz paz; cada
respiração me impregna de força. Sou um mensageiro de Deus, dirigido pela Sua Voz, amparado por Ele no amor para sem-
pre abraçado por Seus Braços amorosos em quietude e em paz. Cada batida do meu coração invoca o Seu Nome e cada uma
é respondida pela Sua Voz, assegurando-me que estou em casa Nele.
Que eu ouça a Tua Resposta e não a minha. Pai, o meu coração está pulsando na paz que o Coração do Amor criou. É
lá e só lá que posso estar em casa.
268.Que todas as coisas sejam exatamente como são.
Senhor, que eu não seja o Teu critico hoje, e nem julgue contra Ti. Que eu não tente interferir na Tua criação, nem
distorcê-la em formas doentias. Que esteja disposto a retirar os meus desejos da sua unidade, deixando assim que ela
seja tal como a criaste. No Amor fui criado e no Amor permanecerei para sempre. O que pode me assustar, quando
deixo todas as coisas serem exatamente como são?
Que o nosso modo de ver não seja uma blasfêmia hoje, e que não prestemos ouvidos a línguas mentirosas. Só a realidade
está livre da dor. Só a realidade está livre da perda. Só a realidade é totalmente segura. E é só isso que buscamos hoje.
269.A minha visão é dirigida para contemplar a face de Cristo.
Peço-Te que abençoes a minha vista nesse dia. Ela é o meio que escolheste para vir a ser o caminho para mostrar-me
os meus equívocos e fazer com que eu olhe para o que está além. A mim é dado encontrar uma nova percepção
através do Guia que me deste e através de Suas lições ultrapassar a percepção e retornar à verdade. Peço a ilusão que
transcende todas as ilusões que eu fiz. Hoje escolho ver um mundo perdoado, no qual todos me mostram a face de
Cristo e ensinam-me que aquilo que contemplo pertence a mim; nada existe, exceto o Teu Filho Santo.
Hoje a nossa visão é, de fato, abençoada. Compartilhamos uma só visão ao contemplarmos a face Daquele que é o nosso Ser.
Somos um graças Àquele Que é o Filho de Deus, Aquele que é a nossa própria identidade.
270.Hoje não usarei os olhos do corpo.
Pai, a visão de Cristo é a Tua dádiva para mim e tem o poder de traduzir tudo o que os olhos do corpo contemplam para
ver um mundo perdoado. Como esse mundo é glorioso e amável! No entanto, quanto mais perceberei nele do que
aquilo que a vista pode dar! O mundo perdoado significa que o Teu Filho reconhece o seu Pai, deixa que os próprios
sonhos sejam trazidos à verdade e espera ansiosamente que aquele instante a mais de tempo que ainda resta passe
para sempre, à medida que a Tua memória volta a ele. E, agora, a sua vontade é una com a Tua. Agora a sua função é
apenas a Tua própria e qualquer pensamento que não seja o Teu se foi.
A quietude de hoje abençoará os nossos corações e através deles a paz virá a todos. Hoje Cristo é os nossos olhos. E, através
da Sua vista, oferecemos ao mundo a cura através Dele, o Filho santo a quem Deus criou íntegro, o Filho santo a quem Deus
criou uno.

6. O que é o Cristo?
Cristo é o Filho de Deus tal como Ele O Criou. É o Ser que compartilhamos, unindo-nos uns aos outros e também a Deus. Ele
é o Pensamento Que ainda habita no interior da Mente que é a Sua Fonte. Ele não deixou o Seu lar santo, nem perdeu a ino-
cência em que foi criado. Para sempre imutável, Ele habita na Mente de Deus.
Cristo é o elo que te mantém um com Deus e garante que a separação não passa de uma ilusão de desespero, pois a espe-
rança habitará para sempre Nele. A tua mente faz parte da Sua e a Sua da tua. Ele é a parte em que está a Resposta de
Deus, onde toda as decisões já foram tomadas e os sonhos já acabaram. Ele permanece intocado por todas as coisas que os
olhos do corpo percebem. Pois, embora o Pai tenha depositado Nele os meios para a tua salvação, Ele continua sendo o Ser
Que, como o Pai, desconhece o pecado.
Lar do Espírito Santo, em casa apenas em Deus, Cristo permanece em paz dentro do Céu da tua mente santa. Essa é a única
parte de ti que verdadeiramente tem realidade. O resto são sonhos. Mas esses sonhos serão dados a Cristo, para que se des-
vaneçam diante da Sua Glória e enfim revelem a ti o teu Ser santo, o Cristo.
A partir do Cristo em ti, o Espírito Santo alcança todos os teus sonhos e pede que venham a Ele para serem traduzidos em
verdade. Ele os trocará pelo sonho final, que Deus designou como o fim dos sonhos. Pois quando o perdão descansar sobre o
mundo e a paz tiver vindo a todos os Filhos de Deus, o que mais poderia haver para manter as coisas separadas, já que o que
resta para ser visto é apenas a face de Cristo?
E por quanto tempo essa face santa será vista, se não passa um símbolo, indicando que o tempo do aprendizado agora termi-
nou e a meta da Expiação foi, enfim, alcançada? Portanto, busquemos achar a face de Cristo e não olhar para nada mais.
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UM CURSO EM MILAGRES
Quando contemplarmos a Sua glória, teremos o conhecimento de não precisar de aprendizado, de percepção ou de tempo ou
de coisa alguma, exceto o Ser santo, o Cristo Que Deus criou como Seu Filho.
271.A visão de Cristo é a que usarei hoje.
A cada dia, a cada hora, a cada instante, estou escolhendo o que quero contemplar, os sons que quero ouvir, as testemunhas
daquilo que quero que seja a verdade para mim. Hoje, escolho contemplar o que Cristo quer que eu veja, escutar a Voz de
Deus e buscar os testemunhos do que é verdadeiro na criação de Deus. Na vista de Cristo, o mundo e a criação de Deus se
encontram e, ao reunirem-se, toda percepção desaparece. A Sua vista pode deixar de viver, lembrando-Se do Pai e do Filho, o
Criador e a criação unificados.
Pai, a visão de Cristo é o caminho para Ti. O que Ele contempla convida a Tua memória ser restaurada em mim. E é
para isso que eu escolho olhar no dia de hoje.
272.Como podem ilusões satisfazer o Filho de Deus?
Pai, a verdade me pertence. A minha casa foi estabelecida no Céu, pela Tua Vontade e pela minha. Podem sonhos
contentar-me? Podem ilusões trazer-me felicidade? O que, senão a Tua memória, pode satisfazer o Teu Filho? Não
aceitarei nada menos do que me deste. Estou cercado pelo Teu Amor, para sempre sereno, para sempre gentil, para
sempre a salvo. O Filho de Deus tem que ser como Tu o criaste.
Hoje, deixaremos as ilusões para trás. E se ouvirmos a tentação chamar-nos para que fiquemos e nos detenhamos num sonho,
nós nos desviaremos e nos perguntaremos se nós, os Filhos de Deus, poderíamos nos contentar com sonhos, quando o Céu
pode ser escolhido com a mesma facilidade que o inferno, e o amor alegremente substituirá todo o medo.
273.A quietude da paz de Deus é minha.
Talvez agora estejamos prontos para um dia de tranqüilidade, sem perturbações. Se isso ainda não for viável, ficaremos con-
tentes e mais do que satisfeitos em aprender como tal dia pode ser conseguido. Se cedermos a alguma perturbação, apren-
damos como eliminá-la e voltar à paz. Precisamos apenas dizer às nossas mentes com certeza: ―A quietude da paz de Deus é
minha‖, e nada poderá interferir na paz que o próprio Deus deu ao Seu Filho.
Pai, a Tua paz é a minha. Que necessidade tenho eu de ter medo de que algo possa roubar-me o que queres que eu
guarde? Não posso perder as Tuas dádivas para mim. E, assim, a paz que deste ao Teu Filho ainda está comigo, na
quietude e no meu próprio amor eterno por Ti.
274.O dia de hoje pertence ao Amor. Que eu não tenha medo.
Pai, hoje quero deixar que todas as coisas sejam como Tu as criaste e dar ao Teu Filho a honra devida à sua
impecabilidade, o amor de um irmão ao seu irmão e ao seu Amigo. Através disso sou redimido. Através disso, a verdade
também penetrará onde estavam as ilusões, a luz tomará o lugar de toda escuridão e o Teu Filho terá o conhecimento
de que ele é tal como o criaste.
Uma benção especial vem a nós hoje Daquele Que é o nosso Pai. Dá a Ele esse dia e, hoje, não haverá medo, porque o dia foi
dado ao Amor.
275.A Voz de Deus, que traz a cura, protege todas as coisas hoje.
Hoje prestemos atenção à Voz por Deus, Que dá uma lição antiga, em nada mais verdadeira nesse dia do que em qualquer
outro. Mas esse dia foi escolhido como o momento em que buscamos e ouvimos e aprendemos e compreendemos. Une-te a
mim para ouvir. Pois a Voz por Deus nos diz coisas que não podemos compreender sozinhos e nem aprender separados. É
nisso que todas as coisas são protegidas. E nisso a cura que vem da Voz por Deus é achada.
A Tua Voz que traz a cura hoje protege todas as coisas, e assim, entrego tudo a Ti. Eu não preciso estar ansioso a
respeito de nada. Pois a Tua Voz me dirá o que fazer e aonde ir, a quem falar e o que dizer a ele, que pensamentos ter,
que palavras dar ao mundo. A segurança que trago me é dada. Pai, a Tua voz protege todas as coisas através de mim.
276.O Verbo de Deus me é dado para manifestar em palavras.
O que é o Verbo de Deus? ―Meu Filho é puro e santo como Eu mesmo‖. E assim Deus veio a ser o Pai do Filho que Ele ama,
pois assim ele foi criado. Esse é o Verbo que o Seu Filho não criou com Ele, porque nele o Seu Filho nasceu. Aceitemos a Sua
Paternidade e tudo nos será dado. Ao negarmos que fomos criados no Seu Amor, estamos negando o nosso Ser para ficar-
mos incertos quanto a quem somos, quanto a Quem é o nosso pai e a que propósito viemos. Entretanto, precisamos penas
reconhecer Aquele Que nos deu o Seu Verbo na nossa criação para lembrarmo-nos Dele e, assim, chamar de volta o nosso
Ser.
Pai, o Teu Verbo é meu. E é isso que quero manifestar em palavras a todos os meus irmãos, que me são dados para
estimar como a mim mesmo, assim como sou amado, abençoado e salvo por Ti.
277.Que eu não prenda o Teu Filho com as leis que fiz.
O Teu Filho é livre, meu Pai. Que eu não imagine que o prendi com as leis que fiz para dominar o corpo. Ele não está
sujeito a nenhuma lei que eu tenha feito através das quais tento tornar o corpo mais seguro. Ele não foi mudado pelo
que é mutável. Não é escravo de nenhuma das leis do tempo. Ele é tal como o criaste, pois desconhece todas as leis,
exceto a lei do amor.
Não adoremos ídolos, nem acreditemos em nenhuma lei que a idolatria faria para esconder a liberdade do Filho de Deus. Ele
não está limitado, a não ser pelas próprias crenças. Entretanto, o que ele é está muito além da sua fé na escravidão ou na
liberdade. Ele é livre por ser o Filho do seu Pai. E não pode ser limitado, a menos que a verdade de Deus possa mentir e que
a Vontade de Deus possa ser que Ele engane a Si Mesmo.
278.Se sou limitado, o meu Pai não é livre.
Se aceito que sou um prisioneiro dentro de um corpo, num mundo em que todas as coisas que aparentam viver parecem mor-
rer, então o meu Pai é prisioneiro comigo. E é nisso que eu acredito quando afirmo que tenho que obedecer às leis que o
mundo obedece, que as fragilidades e os pecados que percebo são reais e não se pode escapar. Se sou limitado de qualquer

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UM CURSO EM MILAGRES
forma, não conheço o meu Pai e nem o meu Ser. E estou perdido para toda realidade. Pois a verdade é livre e o que é limitado
não faz parte da verdade.
Pai, nada peço senão a verdade. Já tive muitos pensamentos tolos sobre mim mesmo e a minha criação e trouxe um
sonho de medo para a minha mente. Hoje não quero sonhar. Escolho o caminho para Ti no lugar da loucura e do medo.
Pois a verdade é segura e só o amor é certo.
279.A liberdade da criação promete a minha própria liberdade.
O fim dos sonhos me é prometido porque o Amor de Deus não abandonou Seu Filho. Só nos sonhos há um momento em que
ele aparenta estar na prisão, esperando uma liberdade futura, se é que ela há de vir. Mas, na realidade, os seus sonhos se
foram e a verdade foi estabelecida em seu lugar. E agora a liberdade já pertence a ele. Devo esperar, preso a correntes que
foram cortadas para liberar-me, se Deus está me oferecendo a liberdade agora?
Hoje, aceitarei as Tuas promessas e nelas depositarei a minha fé. O meu Pai ama o Filho Que Ele criou como O Que
Lhe pertence. Tu me recusarias as dádivas que me deste?
280.Que limites posso estabelecer para o Filho de Deus?
Aquele que Deus criou sem limites é livre. Posso inventar uma prisão para ele, mas só em ilusões, não na verdade. Nenhum
Pensamento de Deus deixou a Mente de seu Pai. Nenhum Pensamento de Deus é, de modo algum, limitado. Nenhum Pen-
samento de Deus deixa de ser para sempre puro. Posso estabelecer limites para o Filho de Deus quando seu Pai determinou
que ele fosse sem limites e como Ele, na liberdade e no amor?
Hoje, que eu honre o Teu Filho, pois só assim posso achar o caminho para Ti. Pai, não estabeleço limites pra o Filho
que Tu amas e criaste sem limites. A honra que lhe dou é Tua e o que é Teu também me pertence.

7. O que é o Espírito Santo?


O Espírito Santo é o mediador entre as ilusões e a verdade. Como Ele tem que fazer uma ponte sobre a brecha que existe
entre a realidade e os sonhos, a percepção conduz ao conhecimento através da graça que Deus deu a Ele para que fosse a
Sua dádiva a todos aqueles que se voltam para Ele em busca da verdade. Todos os sonhos são carregados para a verdade
através da ponte que Ele provê, para serem dissipados diante da luz do conhecimento. Ali, cenas e sons são para sempre
deixados de lado. E onde eram percebidos antes, o perdão tornou possível o fim tranqüilo da percepção.
A meta que o ensinamento do Espírito Santo estabelece é apenas esse fim dos sonhos. Pois, cenas e sons têm que ser tradu-
zidos de testemunhos do medo em testemunhos do amor. E quando isso for inteiramente realizado, o aprendizado terá conse-
guido a sua única meta na verdade. Pois o aprendizado, do modo como o Espírito Santo o orienta para o resultado que Ele
percebe, vem a ser o meio para ir além do próprio aprendizado a fim de ser substituído pela Verdade Eterna.
Se ao menos conhecesses o quanto o teu Pai anseia para que reconheças a tua impecabilidade, não deixarias a Sua Voz
apelar em vão, nem virarias as costas para as Suas substituições das imagens amedrontadoras e dos sonhos que fizeste. O
Espírito Santo compreende os meios que fizeste, pelos quais queres alcançar o que é para sempre inalcançável. E se os ofe-
reces a Ele, Ele empregará os meios que fizeste para te exilares para restituir a tua mente ao lugar em que ela está verdadei-
ramente em casa.
Do conhecimento, onde Ele foi colocado por Deus, o Espírito Santo chama por ti para que deixes o perdão repousar sobre os
teus sonhos e para que sejas restituído à sanidade e à paz da tua mente. Sem o perdão, os teus sonhos continuarão a aterro-
rizar-te. E a memória de todo o Amor do teu Pai não voltará, significando que o fim dos sonhos já veio.
Aceita a dádiva do teu Pai. É um chamado do Amor para o Amor, para que Ele seja apenas Ele Mesmo. O Espírito Santo é a
Sua dádiva, através da qual a quietude do Céu é restituída ao amado Filho de Deus. Recusarias aceitar a função de completar
a Deus, quando toda a Sua Vontade é que sejas completo?
281.Nada pode me ferir, exceto os meus pensamentos.
Pai, o Teu Filho é perfeito. Quando penso estar de algum modo ferido é porque esqueci quem sou e que sou tal como
me criaste. Os Teus Pensamentos só me podem trazer felicidade. Se jamais estou triste, ferido ou doente, eu me
esqueci do que tu pensas e coloquei as minhas pequenas idéias em significado no lugar que pertence aos Teus
Pensamentos e onde eles estão. Nada pode me ferir, exceto os meus pensamentos. Os Pensamentos que penso
Contigo só podem abençoar. Só os Pensamentos que penso Contigo são verdadeiros.
Hoje não vou ferir a mim mesmo. Pois estou muito além de qualquer dor. O meu Pai me colocou a salvo no Céu e vela por
mim. E eu não quero atacar o Filho que Ele ama, pois o que Ele ama também é meu para amar.
282.Hoje, não terei medo do amor.
Se eu conseguisse compreender apenas isso hoje, a salvação seria alcançada para todo o mundo. Essa é a decisão de não
ser insano e de me aceitar tal como o próprio Deus, meu Pai e minha Fonte, me criou. Essa é a determinação de não adorme-
cer em sonhos de morte, enquanto a verdade permanece eternamente viva na alegria do amor. E essa é a escolha de reco-
nhecer o Ser Que Deus criou como o Filho que Ele ama e Que continua sendo a minha única Identidade.
Pai, o Teu Nome é Amor e o meu também. Essa é a verdade. E pode a verdade ser mudada simplesmente dando-lhe
outro nome? O nome do medo é simplesmente um equivoco. Que eu não tenha medo da verdade hoje.
283.A minha verdadeira identidade habita em Ti.
Pai, eu fiz uma imagem de mim mesmo e é a isso que chamo de Filho de Deus. No entanto, a criação é como sempre
foi, pois a Tua criação é imutável. Que eu não adore ídolos. Sou aquele que o meu Pai ama. A minha santidade continua
sendo a luz do Céu e o Amor de Deus. Não está em segurança aquilo que é amado por Ti? Não é infinita a luz do Céu?
Não é o Teu Filho a minha verdadeira Identidade quando Tu criaste tudo o que é?
Agora somos um em Identidade compartilhada, tendo Deus, nosso Pai,como a nossa única Fonte e tudo o que foi criado como
parte de nós. E assim oferecemos a nossa benção a todas as coisas, unindo-nos amorosamente ao mundo todo, que o nosso
perdão faz com que seja um conosco.

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UM CURSO EM MILAGRES
284.Posso escolher mudar todos os pensamentos que ferem.
A perda não é perda quando corretamente percebida. A dor é impossível. Não há pesar que tenha qualquer causa em absoluto.
E o sofrimento, sob qualquer forma, não passa de um sonho. Essa é a verdade, de inicio para ser apenas dita e depois muitas
vezes repetida; em seguida para ser aceita como apenas parcialmente verdadeira, com muitas reservas. E então para ser
cada vez mais seriamente considerada e, finalmente, aceita como a verdade. Posso escolher mudar todos os pensamentos
que ferem. E hoje quero ir além destas palavras, além de todas as reservas e chegar à plena aceitação da verdade que está
nelas.
Pai, o que nos deste não pode ferir, por isso o pesar e a dor têm que ser impossíveis. Que hoje eu não falhe em confiar
em Ti, aceitando apenas o que é alegre como Tua dádiva, aceitando apenas o que é alegre como a verdade.
285.Hoje a minha santidade brilha luminosa e clara.
Hoje desperto com alegria esperando apenas que as coisas felizes de Deus venham a mim. Eu peço que só elas venham e
reconheço que o meu convite será respondido pelos pensamentos aos quais o enviei. E só pedirei coisas alegres a partir do
instante em que aceitar a minha santidade. Pois qual seria a utilidade da dor para mim, que propósito cumpriria o meu sofri-
mento e como o pesar e a perda poderiam me valer, se hoje a insanidade sai de mim e no seu lugar aceito a minha santidade?
Pai, a minha santidade é a Tua. Que eu me alegre nela e, através do perdão, seja restituído à sanidade. O Teu Filho
ainda é tal como o criaste. A minha santidade é parte de mim e também parte de Ti. E o que poderia alterar a Santidade
em Si Mesma?
286.Hoje, o silêncio do Céu abraça o meu coração.
Pai, como é sereno o dia de hoje! Com que quietude todas as coisas acham o seu lugar! Esse é o dia que foi escolhido
como o momento em que eu venho a compreender a lição de que não é necessário que eu faça coisa alguma. Em Ti,
todas as escolhas já estão feitas. Em Ti, todos os conflitos resolvidos. Em Ti, tudo o que eu espero achar já me foi dado.
A Tua paz é minha. O meu coração está quieto e a minha mente em repouso. O Teu Amor é o Céu e o Teu Amor é meu.
A serenidade do dia de hoje nos dará a esperança de que achamos o caminho e já percorremos uma grande parte dele em
direção à meta que é totalmente certa. Hoje não duvidaremos do fim que o próprio Deus nos prometeu. Confiamos Nele e no
nosso Ser, Que ainda é um com Ele.
287.Tu és a minha meta, meu Pai. Apenas Tu.
Para onde iria eu, senão para o Céu? O que poderia substituir a felicidade? Que dádiva poderia eu preferir à paz de Deus?
Que tesouro poderia buscar e achar e conservar que posa comparar-se à minha Identidade? E preferiria eu viver no medo do
que no amor?
Tu és a minha meta, meu Pai. O que poderia eu desejar ter além de Ti? Por que caminho desejaria eu caminhar além
daquele que conduz a Ti? E o que, senão a memória de Ti, poderia significar para mim o fim dos sonhos e das fúteis
substituições da verdade? Tu és a minha única meta. O Teu Filho quer ser tal como o criaste. Por que outro caminho
senão esse poderia eu esperar reconhecer o meu Ser e ser uno com a minha Identidade?
288.Que hoje eu esqueça o passado do meu irmão.
Esse é o pensamento que mostra o caminho para Ti e me leva à minha meta. Não posso vir a Ti sem o meu irmão. E,
para conhecer a minha Fonte, primeiro preciso reconhecer o que criaste em unidade comigo. É a mão do meu irmão
que me mostra o caminho para Ti. Os seus pecados estão no passado, junto com os meus e estou salvo porque o
passado se foi. Que eu não o acalente no meu coração ou perderei o caminho que conduz a Ti. O meu irmão é o meu
salvador. Que eu não ataque o salvador que Tu me deste. Mas que eu honre aquele que tem o Teu Nome e assim me
lembre que é o meu próprio nome.
Assim sendo, perdoa-me hoje. E conhecerás que me perdoaste, se contemplares o teu irmão à luz da santidade. Ele não pode
ser menos santo do que eu, e tu não podes ser mais santo do que ele.
289.O passado acabou. Ele não pode me tocar.
A menos que o passado esteja acabado na minha mente, o mundo real tem que escapar à minha vista. Pois, realmente não
estou olhando para parte alguma, vendo apenas o que não existe. Como posso, então, perceber o mundo que o perdão ofere-
ce? O passado foi feito para ocultá-lo e por isso o mundo só pode ser contemplado agora. Ele não tem passado. Pois o que,
senão o passado, pode ser perdoado e tendo sido perdoado, ele desaparece.
Pai, que eu não olhe para um passado que não existe. Pois Tu me ofereceste a Tua própria substituição em um mundo
presente que o passado deixou intocado e livre do pecado. Eis o fim da culpa. E eis-me pronto para o Teu passo final.
Haveria eu de requisitar que Tu esperasses mais tempo, até que o Teu Filho achasse a beleza que planejaste para ser o
fim de todos os seus sonhos e de toda a sua dor?
290.A minha felicidade presente é tudo o que eu vejo.
A menos que eu esteja olhando para o que não existe, a minha felicidade presente é tudo o que eu vejo. Olhos que começam a
abrir-se, enfim, podem ver. E quero que a visão de Cristo venha a mim hoje mesmo. O que eu percebo com a vista que fiz sem
a Correção do próprio Deus é assustador e doloroso de se contemplar. Já não permitirei, nem por mais um instante, que a
minha mente continue a ser enganada pela crença de que o sonho que fiz é real. Esse é o dia em que busco a minha felicida-
de presente e não olho para mais nada além daquilo que busco.
Com essa decisão, venho a Ti e peço à Tua força que me ampare no dia de hoje, em que só busco fazer a Tua Vontade.
Pai, não podes falhar em me ouvir. Já me deste o que estou pedindo. E estou certo de que hoje verei a minha
felicidade.

8. O que é o mundo real?


O mundo real é um símbolo, como o resto do que a percepção oferece. Mas representa o oposto daquilo que fizeste. O teu
mundo é visto através dos olhos do medo e traz à tua mente os testemunhos do terror. O mundo real não pode ser percebido

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UM CURSO EM MILAGRES
exceto através de olhos que o perdão abençoa, de modo que vejam um mundo onde o terror é impossível e onde testemunhos
do medo não podem ser achados.
O mundo real possui uma contrapartida para cada pensamento infeliz refletido no teu mundo; uma correção certa para as ce-
nas de medo e para os sons de batalha que o teu mundo contém. O mundo real mostra um mundo visto de modo diferente,
através de olhos serenos e com a mente em paz. Nele só há descanso. Nele não se ouvem gritos de dor e de pesar, pois nada
mais resta fora do perdão. E o que vês é gentil. Apenas cenas e sons felizes podem alcançar a mente que perdoou a si mes-
ma.
Que necessidade tem essa mente de pensamentos de morte, ataque e assassinato? O que pode perceber ao seu redor, senão
a segurança, o amor e a alegria? O que pode existir que escolhesse condenar e o que quereria julgar desfavoravelmente? O
mundo que ela vê surge de uma mente em paz consigo mesma. Não há perigos à espreita em nada do que é visto por ela,
pois é benigna e só contempla a benignidade.
O mundo real é o símbolo de que o sonho do pecado e da culpa terminou e o Filho de Deus não está mais dormindo. Seus
olhos despertos percebem o reflexo seguro do Amor de seu Pai, a promessa certa de que foi redimido. O mundo real significa
o fim do tempo, pois percebê-lo faz com que o tempo não tenha nenhum propósito.
O Espírito Santo não tem necessidade de tempo, uma vez que esse já tenha servido ao Seu propósito. Agora, Ele só espera
por aquele único instante a mais para que Deus dê o Seu passo final e o tempo desapareça, levando consigo a percepção e
deixando apenas a verdade para ser ela mesma. Esse instante é a nossa meta, pois contém a memória de Deus. E, ao olhar-
mos para um mundo perdoado, é Ele Que nos chama e vem para nos levar para casa, lembrando-nos da nossa Identidade
Que o nosso perdão restituiu a nós.
291.Esse é um dia de serenidade e paz.
Hoje, a visão de Cristo olha através de mim. A Sua visão nos mostra todas as coisas perdoadas e em paz e oferece essa
mesma visão ao mundo. E eu aceito essa visão em seu nome para mim mesmo e também para ele. Quanta beleza contem-
plamos hoje! Quanta santidade vemos à nossa volta! E nos é dado reconhecer que é uma santidade da qual todos comparti-
lhamos, é a Santidade do próprio Deus.
Nesse dia, a minha mente está quieta para receber os Pensamentos que me ofereces. E aceito o que vem de Ti no
lugar do que vem de mim. Não conheço o caminho para Ti. Mas Tu és totalmente certo. Pai, guia o Teu Filho por esse
caminho quieto que conduz a Ti. Que o meu perdão seja completo e que a memória de Ti volte para mim.
292.O final feliz de todas as coisas é certo.
As promessas de Deus não fazem exceções. E Ele garante que só a alegria pode ser o fim de todas as coisas. No entanto,
cabe a nós decidir quando isso será alcançado, por quanto tempo permitiremos que uma vontade alheia pareça opor-se à Sua.
E, enquanto pensarmos que essa vontade é real, não acharemos o fim que Ele designou como o desenlace de todos os pro-
blemas que percebemos, de todas as provações que vemos e de cada situação com a qual nos deparamos. Contudo, o fim é
certo. Pois a Vontade de Deus é feita assim na terra como no Céu. Buscaremos e acharemos segundo a Sua Vontade, que
garante que a nossa vontade seja feita.
Pai, nós Te agradecemos por garantir-nos que, no final, só haverá desenlaces felizes. Ajuda-nos a não interferir e assim
atrasar os finais felizes que nos prometeste para cada problema que podemos perceber, para cada provação que ainda
pensamos ter que enfrentar.
293.Todo o medo passou e só o amor está aqui.
O medo passou porque a sua fonte se foi e com ela todos os pensamentos de medo. O Amor, cuja Fonte está aqui para todo o
sempre, é o único estado presente. Pode o mundo parecer brilhante, claro, seguro e acolhedor, oprimido por todos os meus
equívocos passados que me mostram formas distorcidas de medo? No presente, entretanto, o amor é óbvio e os seus efeitos
aparentes. O mundo inteiro brilha no reflexo da sua luz santa e eu percebo um mundo enfim perdoado.
Pai, que hoje o Teu mundo santo não escape à minha vista. Que os meus ouvidos não fiquem surdos a todos os hinos
de gratidão que o mundo canta sob os ruídos do medo. Existe um mundo real que o presente mantém a salvo de todos
os equívocos passados. E hoje só quero ver esse mundo diante dos meus olhos.
294.O meu corpo é uma coisa totalmente neutra.
Sou um Filho de Deus. Posso ser outra coisa também? Deus criou o mortal, o corruptível? Que utilidade tem para o amado
Filho de Deus algo que tem que morrer? E, no entanto, uma coisa neutra não vê a morte, pois nela não são investidos pensa-
mentos de medo e nem lhe é dado ser um travesti do amor. A sua neutralidade a protege enquanto tiver utilidade. E mais tar-
de, sem um propósito, ela é deixada de lado. Não está doente, velha ou ferida. Simplesmente não tem função, é desnecessá-
ria e deixada de lado. Que hoje eu não a veja como mais do que isso: algo que é útil por algum tempo e próprio para servir,
para manter a sua utilidade enquanto lhe for possível servir e, em seguida, ser substituída por um bem maior.
Pai, o meu corpo não poder ser o Teu Filho. E aquilo que não foi criado não pode ser nem pecador nem sem pecado,
nem bom nem mau. Portanto, que eu use esse sonho para ajudar o Teu plano de despertar-nos de todos os sonhos que
fizemos.
295.Hoje, o Espírito Santo olha através de mim.
Hoje, Cristo pede para usar os meus olhos e assim redimir o mundo. Ele pede essa dádiva para que possa oferecer paz à
minha mente e eliminar todo o terror e toda a dor. E quando eles tiverem sido retirados de mim, os sonhos que pareciam fixa-
dos no mundo desaparecerão. A Redenção tem que ser uma só. Ao ser salvo, o mundo é salvo comigo. Pois todos temos que
ser redimidos juntos. O medo aparece sob muitas formas diferentes, mas o amor é um.
Meu Pai, Cristo me pediu uma dádiva, uma dádiva que dou para que me seja dada. Hoje, ajuda-me a usar os olhos de
Cristo e assim permitir que o Amor do Espírito Santo abençoe todas as coisas que eu venha a contemplar, para que o
Seu Amor que tudo perdoa possa permanecer comigo.

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UM CURSO EM MILAGRES
296.Hoje, o Espírito Santo fala através de mim.
Hoje, o Espírito Santo precisa da minha voz para que o mundo todo possa escutar a Tua Voz e ouvir o Teu Verbo
através de mim. Estou decidido a deixar que fales através de mim. Estou decidido a deixar que fales através de mim,
pois não quero usar outras palavras senão as Tuas ou ter pensamentos separados dos Teus, pois só os Teus são
verdadeiros. Quero ser o salvador do mundo que fiz. Pois, tendo-o amaldiçoado, quero libertá-lo para que eu possa
escapar e ouvir o Verbo que a Tua Voz santa me dirá hoje.
Hoje, ensinamos o que queremos aprender e só isso. E assim a nossa meta de aprendizado fica sem conflitos e passível de
fácil alcance e rápida realização. Com que alegria o Espírito Santo vem nos resgatar do inferno, quando deixamos o Seu ensi-
namento persuadir o mundo, por nosso intermédio, a buscar e achar o fácil atalho para Deus.
297.O perdão é a única dádiva que eu dou.
O perdão é a única dádiva que eu dou, porque é a única dádiva que quero. E tudo o que eu dou, dou a mim mesmo. Essa é a
formula simples da salvação. E eu, que quero ser salvo, quero torná-la minha, para que seja o modo como vivo em um mundo
que precisa de salvação e que será salvo na medida em que eu aceitar a Expiação para mim mesmo.
Pai, como são certos os Teus caminhos, como é seguro o resultado final e com que fidelidade cada passo em direção à
minha salvação já foi estabelecido e cumprido por Tua graça. Graças Te são dadas por Tuas dádivas eternas e eu
agradeço a Ti pela minha Identidade.
298.Pai, eu Te amo e amo o Teu Filho.
A minha gratidão permite que o meu amor seja aceito sem medo. E assim sou enfim restituído à minha Realidade. O perdão
remove tudo o que interferia com a minha vista santa. E chego ao fim das jornadas sem sentido, das carreiras loucas e dos
valores artificiais. No lugar deles, aceito o que Deus estabelece como meu, certo de que só nisso serei salvo, certo de que
atravesso o medo para encontrar meu Amor.
Pai, hoje venho a Ti, porque não quero seguir nenhum outro caminho senão o Teu. Estás ao meu lado. O Teu caminho é
certo. E estou agradecido por Tuas dádivas santas: um santuário seguro e o modo de escapar de tudo o que iria
obscurecer o meu amor por Deus, meu Pai e pelo Seu Filho santo.
299.A santidade eterna habita em mim.
A minha santidade está muito além da minha própria capacidade de compreender ou conhecer. Entretanto, Deus meu Pai Que
a criou reconhece a minha santidade como a Sua. A nossa Vontade conjunta a compreende. A nossa Vontade conjunta tem o
conhecimento de que isso é assim.
Pai, a minha santidade não vem de mim. Não é minha para ser destruída pelo pecado. Não é minha para sofrer
ataques. As ilusões podem obscurecê-la, mas não podem apagar a sua radiância, nem diminuir a sua luz. É para
sempre perfeita e intacta. Nela, todas as coisas são curadas, pois permanecem tais como Tu as criaste. E eu posso
conhecer a minha santidade. A própria Santidade me criou e posso conhecer a minha Fonte porque é Tua Vontade que
sejas conhecido.
300.Esse mundo só dura um instante.
Esse é um pensamento que pode ser usado para dizer que a morte e o pesar constituem o destino certo de todos aqueles que
aqui vêm, pois as suas alegrias se vão antes que sejam possuídas ou até mesmo apreendidas. Mas é também a idéia que não
deixa nenhuma percepção falsa nos controlar ou representar mais do que uma nuvem passageira num céu eternamente sere-
no. E é essa serenidade que hoje buscamos, sem nuvens, óbvia e segura.
Hoje, buscamos o Teu mundo santo. Pois nós, Teus Filhos amorosos, perdemos o nosso caminho por algum tempo. Ma
escutamos a Tua Voz e aprendemos exatamente o que fazer para sermos restituídos ao Céu e à nossa verdadeira
Identidade. E hoje damos graças porque o mundo só dura um instante. Queremos ir além desse diminuto instante para
a eternidade.

9. O que é a Segunda Vinda?


A Segunda Vinda de Cristo, que é tão certa quanto Deus, é apenas a correção de erros e a volta da sanidade. É parte da con-
dição que restitui o que nunca foi perdido e restabelece o que é para sempre e eternamente verdadeiro. É o convite para que o
Verbo de Deus tome o lugar das ilusões; a disponibilidade para deixar que o perdão repouse sobre todas as coisas, sem exce-
ção e sem reserva.
É a natureza toda abrangente da Segunda Vinda e Cristo que lhe permite abraçar o mundo e manter-te a salvo no interior do
seu gentil Advento, que encerra todas as coisas vivas junto contigo. Não há fim para a liberação que a Segunda Vinda traz,
assim como a criação de Deus tem que ser sem limites. O perdão ilumina o caminho da Segunda Vinda, pois brilha sobre tudo
como um só. E assim a unicidade é enfim reconhecida.
A Segunda Vinda põe fim às lições que o Espírito Santo ensina, abrindo caminho para o Julgamento Final no qual o aprendiza-
do termina num último sumário que se estenderá além de si mesmo e alcançará Deus. A Segunda Vinda é o momento m que
todas as mentes são entregues nas mãos de Cristo para serem devolvidas ao espírito em nome da verdadeira criação e da
Vontade de Deus.
A Segunda Vinda é o único evento no tempo que o próprio tempo não pode afetar. Pois cada um daqueles que um dia veio
para morrer, ou que ainda está por vir, ou que está presente agora, é igualmente liberado do que fez. Nesta igualdade, Cristo é
restabelecido como uma só Identidade, na Qual os Filhos de Deus reconhecem que são um só. E Deus Pai sorri a Seu Filho,
Sua única criação e Sua única alegria.
Ora para que a Segunda Vinda seja logo, mas não descanses com isso. Ela precisa dos teus olhos, ouvidos, mãos e pés. Ela
precisa da tua voz. E, acima de tudo, da tua disponibilidade. Vamos nos regozijar porque podemos fazer a Vontade de Deus e
nos unir sob a sua luz santa. Olha para isso: o Filho de Deus é um só em nós e através Dele podemos alcançar o Amor de
nosso Pai.

360
UM CURSO EM MILAGRES
301.E o próprio Deus enxugará todas as lágrimas.
Pai, a menos que eu julgue, não posso chorar. Não posso sofrer qualquer dor ou sentir-me abandonado ou
desnecessário no mundo. Essa é a minha casa porque não a julgo, portanto, ela é apenas o que é a Tua Vontade. Que
hoje eu a contemple sem condenação, com os olhos felizes que o perdão libertou de toda distorção. Que eu vejo o Teu
mundo ao invés do meu. E todas as lágrimas que derramei serão esquecidas, pois a sua fonte se foi. Pai, hoje não
julgarei o Teu mundo.
O mundo de Deus é feliz. Aqueles que olham para ele podem apenas acrescentar-lhe a alegria que sentem e abençoá-lo como
motivo de maior alegria em si mesmos. Chorávamos porque não compreendíamos. Ma aprendemos que o mundo que víamos
era falso e hoje olharemos para o mundo de Deus.
302.Onde havia escuridão eu contemplo a luz.
Pai, os nossos olhos enfim estão se abrindo. O Teu mundo santo nos espera, enquanto a nossa vista nos é enfim
restituída e podemos ver. Pensávamos que sofríamos. Mas havíamos esquecido o Filho que criaste. Agora vemos que a
escuridão é a nossa própria imaginação e a luz existe para que olhemos para ela. A visão de Cristo transforma a
escuridão em luz, pois quando vem o amor, o medo tem que desaparecer. Que hoje eu perdoe o Teu mundo santo para
que possa olhar para a sua santidade e compreender que apenas reflete a minha.
O nosso Amor nos espera quando vamos a Ele e anda ao nosso lado, mostrando-nos o caminho. Ele não falha em nada. Ele é
o fim que buscamos e o meio pelo qual vamos a Ele.
303.Hoje o Cristo santo nasceu em mim.
Vigiem comigo, anjos, vigiem comigo hoje. Que todos os Pensamentos santos de Deus me cerquem e permaneçam comigo em
quietude, enquanto nasce o Filho do Céu. Que os sons terrenos se calem e as cenas que estou habituado a ver desapareçam.
Que Cristo seja bem-vindo onde Ele está em casa. E que Ele ouça os sons que compreende só veja as visões que mostram o
Amor do Seu Pai. Que Ele não seja mais um estranho aqui, pois hoje Ele nasceu em mim novamente.
Pai, o Teu Filho é bem-vindo. Ele veio salvar-me do ser maligno que fiz. Ele é o Ser Que me deste. Ele é apenas o que
eu realmente sou na verdade. Ele é o Filho que Tu amas sobre todas as coisas. Ele é o meu Ser tal como me criaste.
Não é Cristo Que pode ser crucificado. A salvo em Teu Braços, que eu receba o Teu Filho.
304.Que o meu mundo não obscureça a vista de Cristo.
Eu posso obscurecer a minha vista santa se impuser a ela o meu mundo. E não posso contemplar as cenas santas para as
quais Cristo olha, a menos que faça uso da Sua visão. A percepção é um espelho, não um fato. E o que enxergo é o meu es-
tado mental, refletido fora de mim. Quero abençoar o mundo ,olhando para ele através dos olhos de Cristo. E olharei para os
sinais que me garantem que todos os meus pecados foram perdoados.
Tu me conduzes da escuridão à luz, do pecado à santidade. Que eu perdoe e assim receba a salvação para o mundo. É
a Tua dádiva, meu Pai, dada a mim para oferecê-la ao Teu Filho santo, para que ele possa achar a Tua memória outra
vez e a de Teu Filho, tal como o criaste.
305.Há uma paz que Cristo nos concede.
Aquele que só usa a visão de Cristo acha uma paz tão profunda e serena, tão imperturbável e totalmente imutável, que o mun-
do não tem equivalente para ela. As comparações se calam diante dessa paz. E o mundo todo parte em silêncio à medida que
essa paz o envolve e o carrega gentilmente à verdade para que não seja mais a casa do medo. Pois o amor veio e curou o
mundo dando-lhe a paz de Cristo.
PAI, A PAZ DE CRISTO NOS É DADA, PORQUE É TUA VONTADE QUE SEJAMOS SALVOS. AJUDA-NOS, HOJE, A ACEI-
TAR APENAS A TUA DÁDIVA SEM JULGÁ-LA. POIS ELA VEIO A NÓS PARA SALVAR-NOS DO NOSSO JULGAMENTO DE
NÓS MESMOS.
306.A dádiva de Cristo é tudo o que busco hoje.
O que poderia eu querer usar hoje, senão a visão de Cristo, já que ela pode me oferecer um dia em que vejo um mundo tão
parecido com o Céu que uma antiga memória volta a mim? Hoje, posso esquecer o mundo que fiz. Hoje, posso ultrapassar
todo o medo e ser restituído ao amor, à santidade e à paz. Hoje, sou redimido e renasço em um mundo de misericórdia e cui-
dados, de benignidade amorosa e cheio da paz de Deus.
E assim, Pai nosso, voltamos a Ti, lembrando-nos de que nunca partimos; lembrando-nos das dádivas santas que nos
ofereceste. Vimos com gratidão e agradecimentos, de mãos vazias e corações e mentes abertos, pedir apenas o que Tu
nos dás. Não podemos fazer uma oferenda que seja suficiente para o Teu Filho. Mas, no Teu Amor, a dádiva de Cristo é
dele.
307.Desejos conflitantes não podem ser a minha vontade.
Pai, a Tua Vontade é a minha e nada mais. Não existe outra vontade que eu possa ter. Que eu não tente fazer outra
vontade, pois isso não tem sentido e me causará dor. Só a Tua Vontade pode me trazer felicidade e só a Tua existe. Se
eu quero o que só Tu podes dar, tenho que aceitar a Tua Vontade para mim e entrar na paz, onde o conflito é
impossível, o Teu Filho é um Contigo no que ele é na sua vontade, e nada contradiz a verdade santa de que eu
permaneço tal como me criaste.
E, com essa prece, entramos silenciosamente em um estado onde o conflito não pode vir porque unimos a nossa santa vonta-
de a Deus, reconhecendo que são a mesma.
308.Esse instante é o único tempo que existe.
Concebi o tempo de tal modo que derrotei o meu objetivo. Se escolho ir além do tempo para alcançar a intemporalidade, tenho
que mudar a minha percepção quanto ao propósito a que ele serve. O propósito do tempo não pode ser o de fazer com que o
passado e o futuro sejam um só. O único intervalo em que posso ser salvo do tempo é agora. Pois, nesse instante, o perdão
veio para me libertar. O nascimento de Cristo é agora, sem passado ou futuro. Ele veio para dar ao mundo a Sua benção pre-
sente, restituindo-o à intemporalidade e ao amor. E o amor está sempre presente, aqui e agora.

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UM CURSO EM MILAGRES
Pai, agradeço-Te por esse instante. É agora que sou redimido. Esse instante é o momento que designaste para a
liberação do teu Filho e para a salvação do mundo nele.
309.Hoje não terei medo de olhar para dentro.
Dentro de mim está a Inocência Eterna, porque é a Vontade de Deus que Ela lá esteja para todo o sempre. Eu, Filho de Deus,
cuja vontade é sem limites como a Sua própria, não posso querer mudar isso. Pois negar a Vontade de meu Pai é negar a
minha própria vontade. Olhar para dentro é apenas achar a minha vontade, tal como Deus a criou e tal como ela é. Tenho me-
do de olhar para dentro porque penso que fiz outra vontade que não é verdadeira e tornei-a real. Mas ela não tem efeitos.
Dentro de mim está a santidade de Deus. Dentro de mim está a memória de Deus.
Meu Pai, o passo que dou hoje é, com toda certeza, a minha liberação dos sonhos vãos do pecado. O Teu altar se
ergue sereno e inviolável. É o altar santo ao meu Ser e nele acho a minha verdadeira Identidade.
310.Passo o dia de hoje sem medo e com amor.
Meu Pai, quero passar esse dia Contigo, como escolheste que todos os meus dias deveriam ser. E o que vivenciarei
não terá nenhuma relação com o tempo. A alegria que vem a mim não virá dos dias, nem das horas, pois vem do Céu
para o Teu Filho. Esse dia será a Tua doce advertência para que eu me lembre de Ti, o Teu chamado benevolente ao
Teu Filho santo, o sinal de que a Tua graça veio a mim e que é Tua Vontade que eu seja libertado hoje.
Passamos esse dia juntos, tu e eu. E o mundo todo se unirá a nós no nosso canto de agradecimento e alegria Àquele Que nos
deu a salvação e Que ns libertou. Somos restituídos à paz e à santidade. Hoje não há lugar em nós para o medo, pois aco-
lhemos com boas-vindas o amor em nossos corações.

10. O que é o Julgamento Final?


A Segunda Vinda de Cristo dá ao Filho de Deus essa dádiva: ouvir a Voz por Deus proclamar que aquilo que é falso é falso e o
que é verdadeiro jamais mudou. E é esse o julgamento no qual a percepção chega ao fim. E com essa vista santa, a percep-
ção dá uma bênção silenciosa e em seguida desaparece com a sua meta realizada e a sua missão cumprida.
O Julgamento Final do mundo não contém nenhuma condenação. Pois vê o mundo totalmente perdoado, sem pecado e intei-
ramente sem propósito. Sem causa, e agora sem função na visão de Cristo, ele simplesmente e desvanece no nada. Ali nas-
ceu e ali também termina. E todas as figuras de sonho em que o mundo começou se vão junto com ele. Os corpos agora são
inúteis e, portanto, se desvanecem porque o Filho de Deus é sem limites.
Tu, que acreditaste que o Julgamento Final de Deus condenaria o mundo ao inferno junto contigo, aceita essa verdade santa: o
Julgamento de Deus é a dádiva da correção que Ele concedeu a todos os teus erros, libertando-te deles e de todos os efeitos
que algum dia pareceram ter. Ter medo da graça salvadora de Deus não é senão ter medo da liberação completa do sofrimen-
to, da volta à paz, à segurança e à felicidade e à união com a tua própria Identidade.
O Julgamento Final de Deus é tão misericordioso quanto cada passo no plano que Ele designou para abençoar o Seu Filho e
chamá-lo de volta à paz eterna que compartilha com ele. Não tenhas medo do amor. Pois só ele pode curar toda a tristeza,
enxugar todas as lagrimas e despertar gentilmente do seu sonho de dor o Filho que Deus reconhece como Seu. Não tenhas
medo disso. A salvação pede que lhe dês as boas-vindas. E o mundo aguarda que aceites isso com contentamento, pois isso
o libertará.
Esse é o Julgamento Final de Deus: ―Tu ainda és o Meu Filho santo, para sempre inocente, para sempre amoroso e para sem-
pre amado, tão ilimitado quanto o teu Criador, completamente imutável e para sempre puro." Portanto, desperta e volta para
Mim. Sou o teu Pai e tu és o Meu Filho.
311.Julgo todas as coisas como quero que sejam.
O julgamento foi feito para ser uma arma usada contra a verdade. Separa aquilo a que é contrario e o isola como se fosse algo
à parte. Em seguida, faz dele o que tu queres que seja. Ele julga o que não pode compreender, porque não pode ver a totali-
dade e portanto, julga falsamente. Nós não o usaremos hoje, mas façamos dele uma dádiva Àquele Que tem uma utilidade
diferente para ele. Ele nos aliviará da agonia de todos os julgamentos que fizemos contra nós mesmos e restabelecerá a paz
das nossas mentes, dando-nos o Julgamento de Deus sobre o Seu Filho.
Pai, hoje esperamos com a mente aberta para ouvir o Teu Julgamento sobre o Filho que amas. Nós não o conhecemos
e não podemos julgar. E, assim, deixamos o Teu Amor decidir o que não pode deixar de ser aquele que criaste como
Teu Filho.
312.Vejo todas as coisas como quero que sejam.
A percepção se segue ao julgamento. Tendo julgado, passamos a ver o que queremos contemplar. Pois avista serve apenas
para nos oferecer o que queremos. É impossível deixar de ver o que queremos ver e falhar em ver o que escolhemos contem-
plar com que certeza, portanto, o mundo real tem que vir saudar a visão santa de qualquer um que adote o propósito do Espí-
rito Santo como a sua meta. E ele não poderá deixar de olhar para o que Cristo quer que ele veja e compartilhar do Amor de
Cristo por aquilo que contempla.
Não tenho outro propósito hoje, senão o de olhar para um mundo livre, libertado de todos os julgamentos que fiz. Pai,
essa é a Tua Vontade para mim nesse dia e, portanto, tem que ser a minha meta também.
313.Que uma nova percepção venha a mim agora.
Pai, há uma visão que contempla todas as coisas sem pecado, de forma que o medo se vai e o amor é convidado a vir
ocupar o seu lugar. E o amor virá aonde for chamado. Essa visão é a Tua dádiva. Os olhos de Cristo olham para um
mundo perdoado. Na vista de Cristo todos os pecados do mundo são perdoados, pois Ele não vê nenhum pecado em
nada do que contempla. Que a Sua percepção verdadeira venha a mim agora, para que eu possa despertar do sonho
do pecado e olhar para a impecabilidade dentro de mim, que conservaste completamente inviolada sobre o altar ao Teu
Filho santo, o Ser com o Qual quero me identificar.
Hoje contemplamos um ao outro na vista de Cristo. Como somos belos! Quão santos e amorosos! Irmão, vem e une-te a mim
hoje. Nós salvamos o mundo quando estamos unidos. Pois na nossa visão, ele vem a ser tão santo quanto a luz em nós.
362
UM CURSO EM MILAGRES
314.Busco um futuro diferente do passado.
Da nova percepção do mundo vem um futuro muito diferente do passado. O futuro é agora reconhecido apenas como uma
extensão do presente. Equívocos passados não podem lançar sobre ele as suas sombras, de modo que o medo perdeu os
seus ídolos e suas imagens e, sem formas, não tem efeitos. Agora, a morte não reivindicará o futuro, pois a sua meta passou
a ser a vida e todos os meios necessários para isso são oferecidos com alegria. Quem pode se lamentar ou sofrer quando o
presente foi libertado e estende a sua segurança e a sua paz a um futuro quieto e cheio de alegria?
Pai, nós estávamos equivocados no passado e escolhemos usar o presente para nos libertarmos. Agora deixamos o
futuro em Tuas Mãos, deixando para trás os nossos equívocos passados, certos de que cumprirás as Tuas promessas
presentes e guiarás o futuro à sua luz santa.
315.Todas as dádivas que os meus irmãos dão me pertencem.
A cada dia mil tesouros vêm a mim a cada momento que passa. Sou abençoado com dádivas ao longo do dia, cujo valor está
muito além de todas as coisas que eu posso conceber. Um irmão sorri para outro e o meu coração se alegra. Alguém diz uma
palavra de gratidão ou de misericórdia e a minha mente recebe essa dádiva e a aceita como sua. E cada um que acha o ca-
minho para Deus vem a ser o meu salvador, indicando-me o caminho e dando-me a sua certeza de que aquilo que aprendeu
também é meu.
Pai, eu Te agradeço pelas muitas dádivas que vêm a mim nesse dia e a cada dia de cada Filho de Deus. Os meus
irmãos são ilimitados em suas dádivas para mim. Que eu ofereça-lhes os meus agradecimentos agora para que a
gratidão para com eles possa me levar adiante, em direção ao meu Criador e à Sua memória.
316.Todas as dádivas que dou aos meus irmãos são minhas.
Assim como todas as dádivas de meus irmãos são minhas, todas as dádivas que dou me pertencem. Cada uma faz desapare-
cer um equívoco passado, sem deixar nenhuma sombra na mente santa que o meu Pai ama. A Sua graça me é dada em cada
dádiva que um irmão recebeu ao longo do tempo e além de todos os tempos também. A casa do meu tesouro está cheia e
anjos vigiam as suas portas abertas para que nenhuma das dádivas se perca, mas que outras sejam acrescentadas. Que eu
vá até onde estão os meus tesouros e entre onde sou verdadeiramente bem-vindo e me sinto em casa entre as dádivas que
Deus me deu.
Pai, quero aceitar as Tuas dádivas hoje. Não as reconheço. Mas confio em Ti, Que as ofereceste a mim, para prover os
meios pelos quais eu poderei contemplá-las, ver o valor que têm e apreciá-las como as únicas coisas que quero.
317.Sigo o caminho que me foi designado.
Tenho um lugar especial a ocupar, um papel só para mim. A salvação espera até eu aceitar esse papel como aquilo que esco-
lho fazer. Enquanto não fizer essa escolha, sou escravo do tempo e do destino humano. Mas, quando eu tomar, com disponi-
bilidade e alegria, o caminho que o plano de meu Pai designou para mim, reconhecerei que a salvação já está aqui, que já foi
dada a todos os meus irmãos e também a mim.
Pai, o Teu caminho é o que escolho hoje. Escolho ir aonde ele me leva, escolho fazer o que ele quer que eu faça. O Teu
caminho é certo e o fim seguro. A Tua memória lá espera por mim. E todas as minhas tristezas terminam no abraço que
prometeste ao Teu Filho, que pensou equivocadamente ter-se perdido da proteção segura dos Teus Braços amorosos.
318.Em mim, o meio e o fim da salvação são um só.
Em mim, Filho santo de Deus, todos os papeis do plano do Céu para salvar o mundo são reconciliados. O que poderia entrar
em conflito, se todos os papeis têm um só propósito e um só objetivo? Como poderia haver um só papel isolado, de maior ou
menor importância que os outros? Sou o meio pelo qual o Filho de Deus é salvo, porque o propósito da salvação é o de achar
a impecabilidade que Deus colocou em mim. Fui criado sendo aquilo que busco. Eu sou a meta que o mundo procura. Sou o
Filho de Deus, Seu único e eterno Amor. Sou o meio e também o fim da salvação.
Meu Pai, que nesse dia eu aceite o papel que me ofereces no Teu pedido de que eu aceite a Expiação para mim
mesmo. Pois assim aquilo que por meio dela se reconcilia em mim, se reconcilia Contigo com a mesma certeza.
319.Eu vim para a salvação do mundo.
Eis um pensamento do qual foi removida toda a arrogância e só a verdade permanece. Pois a arrogância se opõe à verdade.
Mas quando não há arrogância, a verdade vem imediatamente e preenche o espaço que o ego deixou desocupado pelas men-
tiras. Só o ego pode ser limitado e, portanto, tem que buscar objetivos que são restritos e limitados. O ego pensa que o que
qualquer um ganha, a totalidade tem que perder. E, no entanto, é a Vontade de Deus que eu aprenda que o que qualquer um
ganha, a todos é dado.
Pai, a Tua Vontade é total. E a meta que dela brota compartilha da sua totalidade. Que outro objetivo, senão a salvação
do mundo, poderia ter dado a mim? E o que, senão isso, poderia ser a Vontade que o meu Ser tem compartilhado
Contigo?
320.Meu Pai dá todo o poder a mim.
O Filho de Deus é sem limites. Não há limites para a sua força, a sua paz, a sua alegria e para nenhum atributo que o Pai lhe
tenha dado na sua criação. O que é a sua vontade, junto com o seu Criador e Redentor, não pode deixar de ser feito. A sua
vontade santa jamais poderá ser negada, porque o seu Pai ilumina a sua mente e coloca diante dela toda a força e o amor que
há na terra e no Céu. Sou aquele a quem tudo isso é dado. Sou aquele em quem habita o poder da Vontade de meu Pai.
A Tua Vontade pode fazer todas as coisas em mim e depois se estender também ao mundo inteiro através de mim.
Nada limita a Tua Vontade. E assim todo o poder foi dado ao Teu Filho.

11. O que é a criação?


A criação é a soma de todos os Pensamentos de Deus, em numero infinito, onipresentes e ilimitados. Só o Amor cria e só cria
como Ele Mesmo. Nunca houve um tempo em que o que Ele criou não existisse. E tampouco haverá um tempo em que algo
que Ele tenha criado possa sofrer qualquer perda. Os Pensamentos de Deus ao para todo o sempre exatamente como sempre
foram e como são, imutáveis através do tempo e após o fim dos tempos.
363
UM CURSO EM MILAGRES
Aos Pensamentos de Deus é dado todo o poder do seu próprio Criador. Pois Ele quer acrescentar ao Amor pela sua extensão.
Assim, o Seu Filho compartilha da criação e tem que compartilhar portanto, do poder de criar. O que a Vontade de Deus de-
termina que seja para sempre uni ainda será uno quando o tempo tiver chegado ao fim e não será mudado ao longo do tempo,
permanecendo como era antes que tivesse inicio a idéia do tempo.
A criação é o posto de todas as ilusões, pois a criação é a verdade. A criação é o Filho santo de Deus, pois na criação a Sua
Vontade se completa em todos os aspectos, fazendo com que cada uma das partes esteja contida no Todo. A inviolabilidade
da unicidade da criação está garantida para sempre; para sempre mantida em Sua Vontade santa, além de toda possibilidade
de dano, de separação, de imperfeição e de qualquer mancha em sua impecabilidade.
Nós somos a criação, nós, os Filhos de Deus. Parecemos ser separados e inconscientes da nossa eterna unidade com Ele.
Entretanto, por trás de todas as nossas dúvidas, depois de todos os nossos medos, ainda há certeza. Pois o Amor permanece
com todos os Seus Pensamentos e a Sua segurança pertence a eles. A memória de Deus está em nossas mentes santas, que
conhecem a sua unicidade e a sua unidade com o seu Criador. Que a nossa função seja apenas a de deixar que essa memó-
ria volte, apenas para que a Vontade de Deus seja feita na terra, apenas para sermos restituídos à sanidade e para sermos
apenas como Deus nos criou.
O nosso Pai nos chama. Ouvimos a Sua Voz e perdoamos a criação em Nome do seu Criador. Que é a Santidade em Si Mes-
mo e Cuja santidade a própria criação compartilha, Santidade Essa que ainda faz parte de nós.
321.Pai, a minha liberdade está unicamente em Ti.
Eu não entendi o que me libertou, nem o que é a minha liberdade e nem onde devo procurar para achá-la. Pai, procurei
em vão até ouvir a Tua Voz orientando-me. Agora não quero mais guiar a mim mesmo. Pois não fiz e tampouco
compreendi o caminho para achar a minha liberdade. Mas confio em Ti. Tu, Que me dotaste com a minha liberdade
como Teu Filho santo, não estarás perdido para mim. A Tua Voz me orienta e o caminho para Ti enfim se abre e se torna
claro para mim. Pai, a minha liberdade está unicamente em Ti. Pai, é minha vontade voltar.
Hoje respondemos pelo mundo que será libertado junto conosco. Como estamos contentes por termos achado a nossa liber-
dade através do caminho certo estabelecido pelo nosso Pai. E como está garantida a salvação do mundo inteiro, quando a-
prendemos que a nossa liberdade só pode ser achada em Deus.
322.Só posso desistir do que nunca foi real.
Eu sacrifico ilusões, nada mais. E, à medida que elas se vão, encontro as dádivas que tentaram ocultar à minha espera em
luminosa acolhida e prontas para me dar as antigas mensagens de Deus. A memória de Deus habita em cada dádiva que re-
cebo Dele. E cada sonho serve apenas para ocultar o Ser Que é o Filho único de Deus, à Sua semelhança, Aquele Que é
Santo e ainda habita Nele para sempre, como Ele ainda habita em mim.
Pai, para Ti qualquer sacrifício permanece para sempre inconcebível. Assim, nada posso sacrificar a não ser em
sonhos. Tal como me criaste, não posso desistir de nada do que me deste. O que Tu não me deste não tem realidade.
Que perda posso prever, senão a perda do medo e a volta do amor à minha mente?
323.Faço o ―sacrifício‖ do medo de bom grado.
Eis o único ―sacrifício‖ que pedes ao Teu amado filho: pedes que ele desista de todo sofrimento, de todo sentimento de
perda e tristeza, de toda ansiedade e duvida e que livremente deixe o Teu Amor fluir em sua consciência, curando-o da
dor e dando-lhe a Tua própria alegria eterna. Esse é o ―sacrifício‖ que me pedes e que eu faço de bom grado, é o único
―custo‖ do restabelecimento da Tua memória em mim para a salvação do mundo.
E, ao pagarmos divida que temos para com a verdade – uma dúvida que é apenas o abandono do auto-engano e das imagens
que falsamente adoramos – a verdade volta a nós, na integridade e na alegria. Não somos mais enganados. O Amor voltou à
nossa consciência. E estamos em paz novamente, pois o medo se foi e só o amor permanece.
324.Eu meramente sigo, pois não quero conduzir.
Pai, Tu és Aquele que me deu o plano para a minha salvação. Tu estabeleceste o caminho que devo seguir, o papel que
devo desempenhar e cada passo no curso que me foi designado. Não posso perder o caminho. Posso apenas escolher
me desviar por algum tempo e depois voltar. A Tua Voz amorosa sempre me chamará de volta e guiará os meus pés no
caminho certo. Todos os meus irmãos podem seguir pelo caminho que lhes indico. Mas eu meramente sigo no caminho
para Ti conforme Tu me diriges e queres que eu vá.
Portanto, sigamos Aquele Que conhece o caminho. Não precisamos nos demorar e não podemos nos perder da Sua Mão
amorosa, a não ser por um instante. Caminhamos juntos, pois O seguimos. E é Ele Que faz com que o final seja certo e que
garante uma volta segura para casa.
325.Todas as coisas que penso ver refletem idéias.
Essa é a nota mestra a salvação: o que vejo reflete um processo em minha mente, que se inicia com a minha idéia do que
quero. A partir daí, a mente faz uma imagem daquilo que deseja, julga valioso e, portanto, busca achar. Essas imagens são
então projetadas para fora, contempladas, estimadas como reais e guardadas como nossas. De desejos insanos vem um
mundo insano. Do julgamento vem um mundo condenado. E de pensamentos de perdão vem um mundo gentil e misericordio-
so para com o Filho santo de Deus, oferecendo-lhe um lar benigno, onde Ele pode descansar por um momento antes de pros-
seguir viagem e ajudar os seus irmãos a andar para frente com ele a fim de achar o caminho para o Céu e para Deus.
Pai nosso, as Tuas idéias refletem a verdade e as minhas, à parte das Tuas, apenas inventam sonhos. Que eu só
contemple aquilo que as Tuas refletem, pois as Tuas e só as Tuas estabelecem a verdade.
326.Eu sou para sempre um Efeito de Deus.
Pai, fui criado em Tua Mente, um Pensamento santo que nunca deixou o seu lar. Sou para sempre o Teu Efeito e Tu és
para todo o sempre a minha Causa. Tal como me criaste permaneci. Onde me estabeleceste eu ainda habito. E todos
os Teus atributos habitam em mim, pois é Tua Vontade ter um Filho tão semelhante à sua Causa, que vem a ser
impossível distinguir a Causa do Efeito. Que eu tenha o conhecimento de que sou um Efeito de Deus e assim tenho o
poder de criar como Tu crias. E é assim na terra como no Céu. Sigo o Teu plano aqui e, no final,sei que reunirás os Teus

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UM CURSO EM MILAGRES
efeitos no Céu tranqüilo do Teu Amor, onde a terra desaparecerá e todos os pensamentos separados unir-se-ão em
glória como o Filho de Deus.
Hoje, contemplemos a terra desaparecer, primeiro transformada e em seguida perdoada, desvanecendo-se inteiramente na
santa Vontade de Deus.
327.Só preciso chamar Tu me responderás.
Não me é pedido que aceite a salvação baseando-me em uma fé sem fundamento. Pois Deus prometeu que ouvirá o meu
chamado e que Ele Mesmo responderá. Que eu apenas aprenda por experiência própria que isso é verdadeiro e a fé Nele
seguramente virá a mim. Essa é a fé que perdurará e que me levará cada vez mais adiante na estrada que conduz a Ele. Pois,
assim, terei certeza de que Ele não me abandonou e ainda me ama, esperando apenas pelo meu chamado para dar-me toda
a ajuda de que preciso para vir a Ele.
Pai, agradeço a Ti porque as Tuas promessas jamais falharão na minha experiência, se eu apenas testá-las. Que eu
tente, portanto, fazer uma experiência e que não as julgue. O Teu Verbo é um Contigo. Tu dás os meios pelos quais vem
a convicção e a certeza de que o Teu Amor duradouro foi finalmente obtido.
328.Eu escolho o segundo lugar para ganhar o primeiro.
O que parece ser o segundo lugar é o primeiro, pois todas as coisas que percebemos estão de cabeça para baixo até escutar-
mos a Voz por Deus. Parece que só ganharemos autonomia lutando para sermos separados e que a nossa independência do
resto da criação de Deus é o caminho no qual a salvação é obtida. No entanto, tudo o que achamos é a doença, o sofrimento,
a perda e a morte. Não é essa a Vontade do nosso Pai para nós e não há uma segunda vontade. Unir-nos à Sua é achar a
nossa. E, uma vez que a nossa vontade é a Sua, é a Ele que devemos ir para reconhecer a nossa vontade.
Não há outra vontade senão a Tua. E estou contente porque nada do que eu imagino contradiz o que queres que eu
seja. É Tua Vontade que eu esteja totalmente a salvo e eternamente em paz. E, com felicidade, eu compartilho essa
Vontade, que Tu, meu Pai, me deste como parte de mim.
329.Eu já escolhi aquilo que é a Tua Vontade.
Pai, eu pensei ter me desviado da Tua Vontade, tê-la desafiado e quebrado as suas leis, interpondo uma segunda
vontade mais poderosa do que a Tua. No entanto, o que sou na verdade é apenas a Tua Vontade, que se estendeu e
que se estende. Isso sou eu e isso jamais mudará. Como Tu és um, assim também eu sou um Contigo. E isso escolhi
na minha criação, quando a minha vontade veio a ser para sempre uma com a Tua. Essa escolha foi feita por toda a
eternidade. Não pode mudar nem estar em oposição a si mesma. Pai, a minha vontade é a Tua. E estou a salvo,
imperturbado e sereno em alegria sem fim porque é Tua Vontade que assim seja.
Hoje, aceitaremos a nossa união um com o outro e com a nossa Fonte. Não temos nenhuma vontade à parte da Sua e somos
todos um porque a Sua Vontade é compartilhada por todos nós. Através dela, reconhecemos que somos um. Através dela
enfim achamos o nosso caminho para Deus.
330.Eu não me ferirei novamente hoje.
Hoje, aceitemos o perdão como a nossa única função. Por que deveríamos atacar as nossas mentes e dar-lhes imagens de
dor? Por que deveríamos ensinar-lhes que não têm poder, quando Deus oferece o Seu poder e o Seu Amor e as convida a
aceitar o que já lhes pertence? A mente que se faz disposta a aceitar as dádivas de Deus foi restituída ao espírito e estende a
sua liberdade e a sua alegria, conforme a Vontade de Deus unida à sua. O Ser Que Deus criou não pode pecar e, portanto,
não pode sofrer. Escolhamos, hoje, que Ela seja a nossa Identidade e assim escapemos para sempre de todas as coisas que
o sonho o medo parece nos oferecer.
Pai, o Teu Filho não pode ser ferido. E se pensamos que estamos sofrendo, apenas falhamos em conhecer a nossa
única Identidade que compartilhamos Contigo. Hoje queremos voltar a Ela para nos libertarmos para sempre de todos
os nossos equívocos e sermos salvos do que pensávamos ser.

12. O que é o ego?


O ego é idolatria; o sinal de um ser separado e limitado, nascido em um corpo, destinado a sofrer e a terminar sua vida na
morte. É a ―vontade‖ que vê a Vontade de Deus como inimiga e toma uma forma na qual ela é negada. O ego é a ―prova‖ de
que a força é fraca e o amor amedrontador, de que a vida é realmente morte e de que só aquilo que se opõe a Deus é verd a-
deiro.
O ego é insano. Ele se estabelece no medo, além de Todos os Lugares, à parte de Tudo, separado do Infinito. Em sua insani-
dade, pensa que veio a ser vitorioso sobre o próprio Deus. E em sua terrível autonomia, ―vê‖ que a Vontade de Deus foi des-
truída. Ele sonha com o castigo e treme com as figuras dos seus sonhos, seus inimigos que buscam assassiná-lo antes que
ele consiga garantir a sua segurança atacando-os.
O Filho de Deus não tem ego. O que pode ele saber da loucura e da morte de Deus, se habita Nele? O que pode conhecer do
pesar e do sofrimento, se vive na alegria eterna? O que pode saber do medo e do castigo, do pecado e da culpa, do ódio e do
ataque, se tudo o que o cerca é a paz que dura para sempre, para sempre sem conflitos e imperturbada, no mais profundo
silêncio e tranqüilidade?
Conhecer a realidade é não ver o ego e os seus pensamentos, seus trabalhos, seus atos, suas leis e suas crenças; seus so-
nhos, suas esperanças, seus planos para a própria salvação e quanto custa acreditar nele. O preço da fé no ego é tão imenso
em sofrimento que a crucificação do Filho de Deus é diariamente oferecida no seu santuário escuro e o sangue tem que ser
derramado diante do altar onde os seus seguidores doentios preparam-se para morrer.
E, no entanto, um só lírio de perdão transforma a escuridão em luz, o altar às ilusões no santuário da própria Vida. E a paz será
para sempre restituída às mentes santas que Deus criou como Seu Filho, Sua morada, Sua alegria, Seu Amor, completamente
Seu, completamente um com Ele.

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UM CURSO EM MILAGRES
331.Não há conflito, pois a minha vontade é a Tua.
Que tolice, Pai, acreditar que o Teu Filho poderia causar sofrimento a si mesmo! Ser-lhe-ia possível fazer um plano para
a sua própria maldição e ser deixado sem um caminho certo para a sua liberação? Tu me amas, Pai. Não poderias
nunca me deixar desolado, para morrer num mundo de dor e crueldade. Como pude pensar que o Amor abandonou a Si
Mesmo? Não há outra vontade senão a Vontade do Amor. O medo é um sonho e não há vontade que possa entrar em
conflito com a Tua. O conflito é o sono e a paz o despertar. A morte é ilusão; a vida, verdade eterna. Não há oposição à
Tua Vontade. Não há conflito, pois a minha vontade é a Tua.
O perdão nos mostra que a Vontade de Deus é uma só e que nós a compartilhamos. Contemplemos as visões santas que o
perdão nos mostra hoje para que possamos achar a paz de Deus. Amém.
332.O medo limita o mundo. O perdão o liberta.
O ego faz ilusões. A verdade desfaz seus sonhos maus através da luz que os dispersa. A verdade nunca ataca. Apenas é. E,
pela sua presença, a mente é despertada das fantasias acordando para o real. O perdão convida essa presença a entrar e a
ocupar o seu lugar de direito no interior da mente. Sem perdão, a mente permanece acorrentada, acreditando na própria futili-
dade. Mas, com o perdão, a luz brilha através do sonho da escuridão, oferecendo-lhe esperança e dando-lhe os meios para
reconhecer a liberdade que é a sua herança.
Hoje, não queremos aprisionar o mundo novamente. O medo o mantém prisioneiro. E, no entanto, o Teu Amor nos deu
os meios para libertá-lo. Pai, queremos liberá-lo agora. Pois, ao oferecermos a liberdade, ela nos é dada. E não
queremos permanecer prisioneiros quando Tu nos ofereces a liberdade.
333.Aqui o perdão põe fim ao sonho de conflito.
O conflito tem que ser resolvido. Para escapar dele, não é possível esquivar-se ou deixá-lo de lado, negado, disfarçado, visto
em outro lugar, chamado por outro nome ou escondido por qualquer tipo de engano. Ele tem que ser visto exatamente como é,
onde se pensa que esteja, na realidade que lhe foi dada e com o propósito que a mente lhe conferiu. Pois só então as suas
defesas serão suspensas e a verdade poderá iluminá-las até que desapareçam.
Pai, o perdão é a luz que escolheste para dissipar com o seu brilho todo conflito e toda dúvida e iluminar o caminho da
nossa volta a Ti. Nenhuma outra luz senão essa é capaz de pôr um fim ao nosso sonho mau. Nenhuma luz senão essa
pode salvar o mundo. Pois só ela jamais falhará em coisa alguma, sendo uma dádiva Tua para o Teu Filho amado.
334.Hoje reivindico as dádivas que o perdão dá.
Não esperarei nem mais um dia para achar os tesouros que o meu Pai me oferece. Todas as ilusões são vãs e os sonhos se
desvanecem no momento em que são tecidos a partir de pensamentos fundamentados em falsas percepções. Que hoje eu
não aceite essas parcas dádivas novamente. A Voz de Deus está oferecendo a paz de Deus a todos aqueles que ouvem e
escolhem segui-Lo. Hoje, essa é a minha escolha. E assim sigo para achar os tesouros que Deus me deu.
Só busco o eterno.. Pois o Teu Filho não pode se contentar com nada menos do que isso. Então, o que pode ser o seu
consolo, senão o que ofereces à sua mente confusa e ao seu coração assustado para dar-lhe certeza e trazer-lhe paz?
Hoje quero contemplar o meu irmão sem pecado. Essa é a Tua Vontade para mim, pois assim contemplarei a minha
impecabilidade.
335.Escolho ver a impecabilidade do meu irmão.
O perdão é uma escolha. Nunca vejo o meu irmão tal como é, pois isso está muito além da percepção. O que vejo nele não
passa do que desejo ver, porque representa o que quero que seja a verdade. É só a isso que respondo por mais que eu pare-
ça ser impelido por acontecimentos externos. Escolho ver o que desejo contemplar e é isso o que vejo e nada mais. A impe-
cabilidade do meu irmão mostra-me que quero olhar para a minha. E eu a verei, tendo escolhido contemplar o meu irmão à
sua luz santa.
O que poderia restaurar a Tua memória em mim, senão ver a impecabilidade do meu irmão? A sua santidade me lembra
que ele foi criado um comigo e como eu. Nele, acho o meu Ser e no Teu Filho acho também a Tua memória.
336.O perdão me permite saber que as mentes são unidas.
O perdão é o meio designado para o fim da percepção. O conhecimento é restabelecido uma vez que a percepção é modifica-
da e então dá lugar inteiramente àquilo que permanece para sempre fora do seu alcance. Pois cenas e sons podem, no máxi-
mo, servir para trazer a memória que está além de todos eles. O perdão varre as distorções e abre o altar escondido para a
verdade. Os seus lírios brilham no interior da mente e a chamam para que retorne e olhe para dentro, para achar o que inutil-
mente buscou do lado de fora. Pois aqui e só aqui a paz é restaurada, pois essa é a morada do próprio Deus.
Em quietude, que o perdão apague os meus sonhos de separação e pecado. E então, Pai, que eu olhe para dentro e
descubra que a Tua promessa da minha impecabilidade foi mantida, que o Teu Verbo permanece imutável no interior da
minha mente e o Teu Amor ainda habita no meu coração.
337.A minha impecabilidade me protege de todo o mal.
A minha impecabilidade me garante a paz perfeita, a segurança eterna, o amor que dura para sempre, a liberdade permanente
de todo pensamento de perda e a completa liberação do sofrimento. E só a felicidade pode ser o meu estado, pois só a felici-
dade me é dada. O que tenho que fazer para saber que tudo isso é meu? Preciso aceitar a Expiação para mim mesmo e nada
mais. Deus já fez todas as coisas que precisavam ser feitas. E eu tenho que aprender que não preciso fazer nada a partir de
mim mesmo, pois só preciso aceitar o meu Ser, a minha impecabilidade, criada para mim e eu agora já é minha, para sentir o
Amor de Deus me protegendo do mal, para compreender que o meu Pai ama o Seu Filho, para saber que eu sou o Filho que o
meu Pai ama.
Tu, Que me criaste na impecabilidade, não estás enganado quanto ao que eu sou. Eu estava enganado quando pensei
ter pecado, mas aceito a Expiação para mim mesmo. Pai, o meu sonho agora acabou. Amém.
338.Só os meus pensamentos me afetam.
Só preciso disso para que a salvação venha ao mundo todo. Pois, nesse único pensamento, cada um é enfim liberado do me-
do. Ele agora aprendeu que ninguém o assusta e que nada pode ameaçá-lo. Não tem inimigos e está a salvo de todas as coi-
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UM CURSO EM MILAGRES
sas externas. Os seus pensamentos podem assustá-lo, mas como pertencem exclusivamente a ele, lhe é dado o poder de
mudá-los e de trocar cada pensamento de medo por um feliz pensamento de amor. Ele crucificou a si mesmo. Mas Deus pla-
nejou que o Seu Filho amado fosse redimido.
Só o Teu plano é seguro, meu Pai – só o Teu. Todos os outros falharão. E terei pensamentos que me assustarão até
aprender que me deste o único Pensamento que me conduz à salvação. Só os meus falharão e não me levarão a lugar
nenhum. Mas o pensamento que me deste promete levar-me para casa, porque mantém a Tua promessa ao Teu Filho.
339.Receberei o que quer que seja que eu peça.
Ninguém deseja dor. Mas pode pensar que a dor é prazer. Ninguém quer evitar a própria felicidade. Mas pode pensar que a
alegria é dolorosa, ameaçadora e perigosa. Cada um receberá o que pedir. Mas, de fato, pode ficar confuso quanto às coisas
que quer e ao estado que almeja tingir. Assim, o que pode ele pedir que ainda queira quando a receber? Pediu o que o assus-
tará e lhe trará sofrimento. Decidamos, hoje, pedir o que realmente queremos e nada mais para que possamos passar esse
dia sem medo, sem confundir a dor com a alegria ou o medo com o amor.
Pai, esse é o Teu dia. É um dia em que não quero fazer nada por mim mesmo, mas ouvir a Tua Voz em tudo o que eu
fizer, pedindo apenas o que me ofereces, aceitando apenas os Pensamentos que compartilhas comigo.
340.Eu posso ficar livre do sofrimento hoje.
Pai, eu Te agradeço pelo dia de hoje e pela liberdade que ele com certeza trará. Esse dia é santo, pois hoje o Teu Filho
será redimido. O seu sofrimento acabou. Pois ele ouvirá a Tua Voz dirigindo-o para achar a visão de Cristo através do
perdão e para ser livre para sempre de todo sofrimento. Obrigado pelo dia de hoje, meu Pai. Nasci nesse mundo
apenas para conseguir esse dia e alcançar o que ele encerra de alegria e liberdade para o Teu Filho santo e para o
mundo que ele fez, que hoje é liberado junto com ele.
Fica contente hoje! Fica contente! Hoje não há espaço para mais nada além da alegria e da gratidão. O nosso Pai redimiu o
Seu Filho no dia de hoje. Ninguém deixará de ser salvo hoje. Nenhum de nós permanecerá no medo e o Pai não deixará de
reunir nenhum de nós a Ele, despertos no Céu no Coração do Amor.

13. O que é um milagre?


Um milagre é uma correção. Ele não cria e realmente não muda nada. Apenas olha para a devastação e lembra à mente que o
que ela vê é falso. Desfaz o erro, mas não tenta ir além da percepção, nem superar a função do perdão. Assim, permanece
nos limites do tempo. No entanto, prepara o caminho para a volta da intemporalidade e do despertar do amor, pois o medo tem
que desaparecer com o gentil remédio que ele traz.
O milagre contém a dádiva da graça, pois é dado e recebido como um só. E assim ilustra a lei da verdade que o mundo não
obedece porque falha inteiramente em compreender os seus caminhos. O milagre inverte a percepção que antes estava de
cabeça para baixo, e assim acaba com as estranhas distorções ali manifestadas. Agora a percepção está aberta para a verda-
de. Agora, vê-se o perdão justificado.
O perdão é o lar dos milagres. Os olhos de Cristo os enviam a tudo o que contemplam em misericórdia e amor. A percepção
está corrigida à Sua vista e o que pretendia amaldiçoar veio para abençoar. Cada lírio de perdão oferece ao mundo inteiro o
silencioso milagre do amor. E cada um é depositado diante do Verbo de Deus, sobre o altar universal do Criador e da criação,
à luz da pureza perfeita e da alegria sem fim.
O milagre é inicialmente aceito com base na fé, porque pedi-lo significa que a mente está preparada para conceber aquilo que
não pode ver e que não compreende. Mas a fé trará as suas testemunhas para demonstrar que se baseou em algo que real-
mente se baseou num mundo mais real do que aquele que vias antes, um mundo redimido daquilo que pensavas que existis-
se.
Os milagres caem como gotas da chuva regeneradora do Céu sobre um mundo seco e poeirento, aonde criaturas famintas e
sedentas vêm para morrer. Agora, elas têm água. Agora, o mundo está verdade. E, em toda parte, surgem sinais de vida para
mostrar que o que nasceu nunca pode morrer, pois o que tem vida tem imortalidade.
341.Só posso atacar a minha própria impecabilidade, e é apenas isso que me mantém a salvo.
Pai, o Teu Filho é santo. Eu sou aquele a quem sorris com amor e com tão profunda e serena ternura que o universo
sorri de volta a Ti e compartilha da Tua Santidade. Quão puros, seguros e santos somos nós habitando no Teu Sorriso,
como todo o Amor que Tu nos concedeste, vivendo e sendo unos Contigo em fraternidade e Paternidade completas; em
impecabilidade tão perfeita, que o Senhor da Impecabilidade nos concebe como Seu Filho, um universo de Pensamento
que O completa.
Então, não ataquemos a nossa impecabilidade, pois ela contém o Verbo de Deus para nós. E, no seu reflexo benigno, somos
salvos.
342.Deixo o perdão descansar sobre todas as coisas, pois assim o perdão me será dado.
Pai, eu Te agradeço pelo Teu plano para salvar-me do inferno que fiz. Ele não é real. E Tu me deste os meios de provar
a sua irrealidade para mim. A chave está em minhas mãos e alcancei a porta além da qual está o fim dos sonhos. Paro
diante da porta do Céu e me pergunto se devo entrar e estar em casa. Que hoje eu não espere de novo. Que eu perdoe
todas as coisas e deixe a criação ser como queres que seja e como é. Que eu me lembre que sou Teu Filho e, quando
enfim abrir a porta, que eu esqueça as ilusões no esplendor da luz da verdade na medida em que a Tua memória volta a
mim.
Irmão, perdoa-me agora. Venho para levar-te para casa comigo. E, à medida que caminhamos, o mundo vai conosco no nosso
caminho para Deus.
343.Não me é pedido que faça um sacrifício para achar a misericórdia e a paz de Deus.
O fim do sofrimento não pode ser perda. A dádiva de todas as coisas só pode ser beneficio. Tu apenas dás. Nunca tiras.
E me criaste para ser como Tu és, por isso o sacrifício é impossível para mim como para Ti. Eu também tenho que dar.
Assim todas as coisas me são dadas para todo o sempre. Permaneço como fui criado. O Teu Filho não pode fazer

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UM CURSO EM MILAGRES
nenhum sacrifício, pois não pode deixar de ser completo, tendo a função de completar a Ti. Sou completo porque sou
Teu Filho. Não posso perder, pois só posso dar e tudo é meu para sempre.
A misericórdia e a paz de Deus são gratuitas. A salvação não tem nenhum custo. É uma dádiva que tem que ser livremente
dada e recebida. E é isso que queremos aprender hoje.
344.Hoje aprendo a lei do amor: o que dou ao meu irmão é a minha dádiva para mim.
Essa é a Tua lei, meu Pai, e não a minha. Eu não compreendia o que significava dar e pensava guardar o que desejava
só para mim. E, ao olhar para o tesouro que pensei ter, achei um vazio onde não há nada, jamais houve e jamais
haverá. Quem pode compartilhar um sonho? E o que uma ilusão pode me oferecer? No entanto, aquele que eu perdôo
me dará dádivas muito além do valor de tudo na terra. Que os meus irmãos perdoados encham as minhas reservas com
os tesouros do Céu, os únicos que são reais. Assim é cumprida a lei do amor. E assim o Teu Filho se ergue e retorna a
Ti.
Como estamos próximos um do outro ao caminharmos para Deus! Como Ele está perto de nós! Como estão próximos o fim do
sonho do pecado e a redenção do Filho de Deus!
345.Hoje só ofereço milagres, pois quero que eles me sejam devolvidos.
Pai, um milagre reflete as Tuas dádivas para mim, Teu Filho. E cada um que eu dou volta para mim, lembrando-me que
a lei do amor é universal. Mesmo aqui, ele se manifesta de uma forma que pode ser reconhecida e pode-se ver que
funciona. Os milagres que dou me são dados de volta sob a forma exata de que preciso para ajudar-me com os
problemas que percebo. Pai, no Céu é diferente, pois lá não há necessidades. Mas aqui na terra, o milagre está mais
próximo das Tuas dádivas do que qualquer outra dádiva que eu possa dar. Portanto, que hoje eu só ofereça essa dádiva
nascida do verdadeiro perdão, pois ela ilumina o caminho que tenho que percorrer para lembrar-me de Ti.
Que hoje a paz esteja em todos os corações que buscam. A luz veio para oferecer milagres para abençoar o mundo cansado.
Hoje ele achará o descanso, pois ofereceremos o que recebemos.
346.Hoje a paz de Deus me envolve, e esqueço todas as coisas exceto o Seu Amor.
Pai, hoje desperto com milagres corrigindo a minha percepção de todas as coisas. E assim começa o dia que
compartilho Contigo como compartilho a eternidade, pois nesse dia o tempo deu um passo ao lado. Não busco as
coisas do tempo e por isso não olharei para elas. O que busco hoje transcende todas as leis do tempo e por isso não
olharei para elas. O que busco hoje transcende todas as leis do tempo e das coisas percebidas no tempo. Quero
esquecer todas as coisas, exceto o Teu Amor. Quero habitar em Ti e não conhecer outras leis, exceto a Tua lei do amor.
E quero achar a paz que criaste para o Teu Filho, esquecendo todos os tolos brinquedos que fiz ao contemplar a Tua
glória e a minha.
E hoje, ao cair da noite, não nos lembraremos de nada além da paz de Deus. Pois hoje aprenderemos qual é a nossa paz, ao
esquecermos todas as coisas exceto o Amor de Deus.
347.A raiva vem do julgamento. O julgamento é a arma que eu quero usar contra mim mesmo para afastar de mim o mi-
lagre.
Pai, quero o que se opõe à minha vontade e não o que é a minha vontade ter. Endireita a minha mente, meu Pai. Ela
está doente. Mas Tu me ofereceste a liberdade e hoje eu escolho reivindicar a Tua dádiva. Assim, dou todo julgamento
Àquele Que me deste para julgar por mim. Ele vê o que eu contemplo e ainda assim conhece a verdade. Ele olha para a
dor, e ainda assim compreende que ela não é real e, na Sua compreensão, ela é curada. Ele dá os milagres que os
meus sonhos querem esconder da minha vontade, mas Ele tem certeza de que é a Tua. E Ele falará por mim e invocará
os Teus milagres para que venham a mim.
Hoje, escuta. Fica muito quieto e ouve a Voz gentil por Deus, assegurando-te que Ele te julgou como o Filho que Ele ama.
348.Não tenho razão para ter raiva ou medo, pois estás à minha volta. E, para cada necessidade que percebo, a Tua
graça me basta.
Pai, que eu me lembre de que estás aqui e de que não estou só. Estou cercado do Amor que dura para sempre. Não há
causa para coisa alguma exceto a paz perfeita e a alegria que compartilho Contigo. Que necessidade tenho eu da raiva
e do medo? Estou cercado de perfeita segurança. Como posso ter medo, se a Tua promessa eterna vai comigo? Estou
cercado de perfeita impecabilidade. De que posso ter medo, se me criaste em santidade tão perfeita quanto a Tua?
A graça de Deus nos basta para tudo o que Ele quer que façamos. E escolhemos que a nossa vontade, assim como a Sua,
seja apenas isso.
349.Hoje deixo que a visão de Cristo contemple todas as coisas por mim sem julgá-las, mas dando a cada uma um mi-
lagre de amor.
Assim, quero liberar todas as coisas que vejo e dar-lhes a liberdade que busco. Pois assim obedeço à lei do amor,
dando o que quero achar e fazer com que seja meu. E isso me será dado, porque o escolhi como a dádiva que quero
dar. Pai, as Tuas dádivas são minhas. Cada uma que aceito me dá um milagre para ser dado. E, ao dar como quero
receber, aprende que os Teus milagres de cura me pertencem.
O nosso Pai conhece as nossas necessidades. Ele nos dá a graça para atender a todas elas. E assim confiamos que Ele nos
enviará milagres para abençoar o mundo e curar as nossas mentes, na medida em que voltamos para Ele.
350.Os milagres espelham o eterno Amor de Deus. Oferecê-los é lembrar-se Dele e, através da Sua memória, salvar o
mundo.
O que perdoamos vem a ser parte de nós assim como percebemos a nós mesmos. O Filho de Deus incorpora todas as
coisas dentro de si, tal como Tu o criaste. A Tua lembrança depende do seu perdão. O que ele é não é afetado pelos
seus pensamentos. Mas o que ele contempla é o seu resultado direto. Portanto, meu Pai, quero me voltar para Ti. Só a
Tua memória me libertará. E só o meu perdão ensina-me a deixar que a Tua memória volte a mim e a dá-la ao mundo
com gratidão.

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UM CURSO EM MILAGRES
E ao reunirmos os milagres de Deus, ficaremos realmente gratos. Pois, na medida em que nos lembrarmos Dele, Seu Filho nos
será restituído na realidade do Amor.

14. O que sou eu?


Eu sou o Filho de Deus, completo, curado e íntegro, brilhando no reflexo do Seu Amor. Em mim a Sua criação é
santificada e a vida eterna é garantida. Em mim o amor vem a ser perfeito, o medo impossível e a alegria é estabelecida
sem opostos. Eu sou o lar santo do próprio Deus. Eu sou o Céu onde habita o Seu Amor. Sou a Sua santa
Impecabilidade, pois na minha pureza habita a Sua própria.
Agora, o uso das palavras para nós está quase no fim. Entretanto, nos últimos dias deste ano que, juntos, tu e eu demos a
Deus, achamos um único propósito que compartilhamos. E assim tu te uniste a mim de modo que o que eu sou tu também és.
A verdade do que somos não pode ser dita ou descrita por palavras. No entanto, podemos reconhecer a nossa função aqui e
as palavras podem falar dela e também ensiná-la, se exemplificarmos as palavras em nós.
Somos os portadores da salvação. Aceitamos o nosso papel de salvadores do mundo que, através do nosso perdão conjunto, é
redimido. E esse, a nossa dádiva, assim nos é dado. Olhamos para todos como irmãos e percebemos todas as coisas como
benignas e boas. Não buscamos uma função que esteja além das portas do Céu. O conhecimento retornará quando tivermos
feito a nossa parte. Só nos preocupamos em dar boas-vindas à verdade.
São nossos os olhos pelos quais a visão de Cristo vê um mundo redimido de todo pensamento de pecado. São nossos os
ouvidos que ouvem a Voz por Deus proclamar que o mundo é sem pecado. São nossas as mentes que se unem quando a-
bençoamos o mundo. E, da unicidade que alcançamos, chamamos todos os nossos irmãos pedindo-lhes que compartilhem a
nossa paz e consumam a nossa alegria.
Somos os mensageiros santos de Deus que falam por Ele e ao levar o Seu Verbo a todos aqueles que Ele nos envia, apren-
demos que está escrito em nossos corações. E assim mudamos as nossas mentes quanto ao objetivo da nossa vinda, ao qual
nós buscamos servir. Trazemos boas-novas ao Filho de Deus, que pensava sofrer. Agora ele é redimido. E, ao ver as portas
do Céu abrirem-se diante dele, entrará e desaparecerá no Coração de Deus.
351.O meu irmão sem pecado é o meu guia para a paz. O meu irmão pecador é o meu guia para a dor. E contemplarei
aquele que eu escolho ver.
Quem é o meu irmão, senão o Teu Filho santo? Se o vejo pecador, estou proclamando que sou um pecador e não um
Filho de Deus, só e sem amigos, num mundo amedrontador. No entanto, essa percepção é uma escolha que faço e
posso abandonar. Também me é possível ver o meu irmão sem pecado, como Teu Filho santo. E com essa escolha,
vejo a minha impecabilidade, o meu eterno Consolador e Amigo a meu lado e o meu caminho seguro e claro. Por isso,
escolhe por mim, meu Pai, através da Tua Voz. Pois só Ele faz julgamentos em Teu Nome.
352.O julgamento e o amor são opostos. De um vêm todas as tristezas do mundo. Mas do outro vem a paz do próprio
Deus.
O perdão olha apenas para a impecabilidade e não julga. Através disso venho a Ti. O julgamento limitará os meus olhos
e me cegará. Mas o amor, aqui refletido no perdão, lembra a mim que Tu me deste um caminho para achar a Tua paz
outra vez. Sou redimido quando escolho seguir esse caminho. Tu não me deixaste sem consolo. Dentro de mim, trago
tanto a Tua memória quanto Aquele Que me conduz a ela. Pai, quero ouvir a Tua Voz e achar a Tua paz no dia de hoje.
Pois quero amar a minha própria Identidade e Nela achar a memória de Ti.
353.Hoje os meus olhos, a minha língua, as minhas mãos e os meus pés têm um só propósito: serem dados a Cristo,
para que sejam usados para abençoar o mundo com milagres.
Pai, hoje dou tudo o que é meu à Cristo para ser usado da melhor maneira a fim de servir ao propósito que compartilho
cm Ele. Nada é só meu, pois Ele e eu estamos unidos num só propósito. Assim, o aprendizado está quase chegando ao
fim designado para ele. Trabalho com Ele ainda por algum tempo para servir ao Seu propósito. Depois me perco na
minha Identidade e reconheço que Cristo nada mais é do que o meu Ser.
354.Estamos juntos, Cristo e eu, na paz e na certeza do nosso propósito. E Nele está o Criador, como Ele está em mim.
A minha unicidade com o Cristo me estabelece como Teu Filho, além do alcance do tempo e totalmente livre de todas as
leis, exceto das Tuas. Não tenho outro ser, senão o Cristo em mim. Não tenho outro propósito, senão o Dele. E Ele é
como Seu Pai. Portanto, também tenho que ser um Contigo assim como com Ele. Pois quem é o Cristo, senão o Teu
Filho tal como O criaste? E o que sou eu senão o Cristo em mim?
355.Não há fim para toda a paz e a alegria, e para todos os milagres que darei quando aceitar o Verbo de Deus. Por
que não hoje?
Por que deveria eu esperar, meu Pai, pela alegria que me prometeste? Pois Tu manterás o Verbo que deste ao Teu
Filho em exílio. Estou certo de que o meu tesouro está à minha espera e de que só preciso estender a minha mão para
achá-lo. Mesmo agora os meus dedos podem tocá-lo. Está muito perto de mim. Não preciso esperar nem mais um
instante para estar em paz para sempre. É a Ti que eu escolho e a minha Identidade junto Contigo. O Teu Filho quer ser
Ele Mesmo e conhecer-Te como seu Pai e Criador e como o seu Amor.
356.A doença é apenas outro nome para o pecado. A cura é apenas outro nome para Deus. O milagre é, portanto, um
chamado a Ele.
Pai, Tu prometeste que nunca falharias em responder a qualquer chamado que o Teu Filho pudesse fazer. Não importa
onde ele esteja, qual pareça ser o seu problema ou o que acredite ter feito de si mesmo. Ele é o Teu Filho e Tu lhe
responderás. O milagre reflete o Teu Amor e, assim, é uma resposta a ele. O Teu Nome substitui todos os pensamentos
de pecado e aquele que é sem pecado não pode sofrer dor. O Teu Nome dá uma resposta ao Teu Filho, porque chamar
o Teu nome é chamar o seu próprio nome.

369
UM CURSO EM MILAGRES
357.A verdade responde a todos os chamados que fazemos a Deus, respondendo primeiro com milagres, depois vol-
tando a nós para ser ela mesma.
O perdão, reflexo da verdade, me diz como oferecer milagres e assim escapar da prisão em que penso viver. O Teu
Filho santo me é mostrado, primeiro no meu irmão, em seguida em mim. A Tua Voz pacientemente me ensina a ouvir o
Teu Verbo e a dar como recebo. E hoje ao olhar para o Teu Filho, ouço a Tua Voz instruindo-me para achar o caminho
para Ti, tal como designaste que ele deve ser:
―Contempla a sua impecabilidade, e sê tu curado‖.
358.Nenhum chamado a Deus pode deixar de ser ouvido ou respondido. E disso posso estar certo: A Sua reposta é a
única que eu realmente quero.
Tu, Que lembras o que eu realmente sou, és o Único Que lembras o que realmente quero. Tu falas por Deus e assim
falas por mim. E o que me dás vem do próprio Deus. A Tua Voz, meu Pai, também é minha e tudo o que quero é o que
me ofereces, exatamente da forma que escolhes que seja meu. Que eu me lembre de tudo o que não conheço e que a
minha voz se cale ao lembrar. Mas que eu não esqueça o Teu Amor e o Teu cuidado, conservando a promessa que
fizeste ao Teu Filho para sempre na minha consciência. Que eu não esqueça que nada sou, mas que o meu Ser é tudo.
359.A resposta de Deus é uma forma de paz. Toda dor é curada, toda miséria substituída pela alegria. Todas as portas
das prisões estão abertas. E todo pecado é compreendido meramente como um equívoco.
Pai, hoje perdoaremos o Teu mundo e deixaremos a criação ser Tua. Nós compreendemos equivocadamente todas as
coisas. Mas não fizemos pecadores dos Filhos santos de Deus. O que criaste sem pecado assim continuará para todo o
sempre. Somos assim. E nos alegramos ao aprender que cometemos equívocos que não têm efeitos reais sobre nós. O
pecado é impossível e, com esse fato, o perdão repousa sobre uma base certa, mais sólida do que o mundo de
sombras que vemos. Ajuda-nos a perdoar, pois queremos ser redimidos. Ajuda-nos a perdoar, pois queremos estar em
paz.
360.Que a paz esteja comigo, o Filho santo de Deus. Que a paz esteja com meu irmão, que é um comigo. Que o mundo
todo seja abençoado pela paz através de nós.
Pai, é a Tua paz que quero dar, recebendo-a de Ti. Sou o Teu Filho, para sempre tal como me criaste, pois os Grandes
Raios permanecem eternamente quietos e imperturbados dentro de mim. Quero alcançá-Los no silêncio e na certeza,
pois em nenhum outro lugar pode a certeza ser achada. Que a paz esteja comigo e com o mundo todo. Na santidade
fomos criados e na santidade permanecemos. O Teu Filho é como Tu em perfeita impecabilidade. E com esse
pensamento alegremente dizemos ―Amém‖.

LIÇÕES FINAIS
Introdução
As nossas lições finais estarão tão livres de palavras quanto for possível. Nós só as usamos no início da nossa prática e ape-
nas para lembrar-nos de que buscamos ir além delas. Voltemo-nos para Aquele Que nos mostra o caminho e faz com que os
nossos passos sejam seguros. Entregamos estas lições a Ele, assim como damos a Ele as nossas vidas a partir de agora.
Pois não queremos mais voltar a acreditar no pecado que fez com que o mundo parecesse feio e sem segurança, agressivo e
destruidor, perigoso em todos os seus caminhos e traiçoeiro além da esperança da confiança e do escape da dor.
O Seu caminho é o único para achar a paz que Deus nos deu. É o Seu caminho que todos têm que percorrer no final, pois
esse é o fim designado pelo próprio Deus. No sonho do tempo, esse fim ainda parece estar longe. Mas, na verdade, já está
aqui; já está nos servindo como um guia benevolente no caminho a seguir. Sigamos juntos o caminho que a verdade nos a-
ponta. E sejamos guias para muitos dos nossos irmãos que buscam o caminho, mas não o acham.
E a esse propósito dediquemos as nossas mentes, dirigindo todos os nossos pensamentos para servir à função da salvação. A
nós é dado o objetivo de perdoar o mundo. É a meta que Deus nos deu. É o Seu fim para o sonho que buscamos, e não o
nosso. Pois não falharemos em reconhecer tudo o que perdoamos com parte do próprio Deus. E assim Sua memória é dada
de volta a nós, completa e completamente.
É nossa função lembrar-nos Dele na terra e nos é dado ser a Sua própria completeza na realidade. Portanto, não nos esque-
çamos de que a nossa meta é compartilhada, pois é essa lembrança que contém a memória de Deus e nos indica o caminho
para Ele e para o Céu da Sua paz. E deixaremos de perdoar o nosso irmão que pode nos oferecer isso? Ele é o caminho, a
verdade e a vida que nos mostra o caminho. Nele reside a salvação, oferecida a nós através do nosso perdão que é dado a
ele.
Não terminaremos esse ano sem a dádiva que o nosso Pai prometeu ao Seu Filho santo. Estamos perdoados agora. E esta-
mos salvos de toda a ira que pensávamos pertencer a Deus e descobrimos ser um sonho. Somos restituídos à sanidade em
que compreendemos que a raiva é insana, o ataque é louco e a vingança uma mera fantasia tola. Fomos salvos da ira, porque
aprendemos que estávamos equivocados. Nada mais do que isso. E pode um pai ficar com raiva do seu filho por que ele fa-
lhou em compreender a verdade?
Vamos a Deus com honestidade e dizemos que não havíamos compreendido e pedimos que Ele nos ajude a aprender as Suas
lições através da Voz do Seu próprio Professor. Magoaria Ele o próprio Filho? Ou apressar-Se-ia a responder-lhe, dizendo:
―Esse é o Meu Filho e tudo o que tenho é dele?‖ Estejas certo de que Ele responderá assim, pois estas são as Suas palavras
para ti. E mais do que isso ninguém jamais pode ter, pois nestas Palavras está tudo o que existe e tudo o que existirá através
dos tempos e por toda a eternidade.

370
UM CURSO EM MILAGRES
LIÇÕES 361-365
Quero dar-Te esse instante santo.
Tu estás no controle. Pois eu quero seguir-Te,
certo de que a Tua direção me dá paz.
E se eu precisar de uma palavra que me ajude, Ele a dará a mim. Se precisar de um pensamento, Ele também o dará. E se eu
precisar apenas de serenidade e de uma mente tranqüila e aberta, estas são as dádivas que receberei Dele. Ele está no con-
trole porque eu pedi. E Ele me ouvirá e me responderá por que fala por Deus meu Pai e pelo Seu Filho santo.

EPÍLOGO
Esse curso é um começo, não um fim. O teu Amigo te acompanha. Tu não estás sozinho. Nenhum daqueles que chama por
Ele pode chamar em vão. Qualquer que seja o teu problema, estejas certo de que Ele tem a resposta e ela te será dada com
alegria, se simplesmente te voltares para Ele e a pedires. Ele não te negará todas as respostas de que precisas para qualquer
coisa que pareça estar te perturbando. Ele conhece o caminho para resolver todos os problemas e todas as dúvidas. A Sua
certeza é a tua. Basta pedi-la e ela te será dada.
Tens tanta certeza de que chegarás em casa quanto é certo que o percurso do sol já foi estabelecido antes que ele nasça,
depois que se ponhas e nas horas intermediárias de meia luz. Na verdade, o teu percurso é ainda mais certo. Pois não é pos-
sível mudar o curso daqueles que Deus chamou para Ele. Pois não é possível mudar tua vontade e segue Aquele Que acei-
taste como a tua voz, para falar do que realmente queres e do que realmente precisas. Dele é a Voz de Deus e também a tua.
E assim Ele fala da liberdade e da verdade.
Não há mais lições específicas pois não precisamos mais dela.s a partir de agora, ouve apenas a Voz por Deus e pelo teu Ser
quando te retiras do mundo para buscar a realidade em seu lugar. Ele dirigirá os teus esforços, dizendo-te exatamente o que
fazer, como orientar a tua mente e quando vir a Ele, em silencio, pedindo-Lhe a Sua orientação segura e o Seu Verbo certo. É
Dele o Verbo que Deus te deu. É Dele o Verbo que escolheste como teu.
E agora eu te coloco nas mãos Dele para seres o Seu fiel seguidor, tendo-O como Guia através de cada dificuldade e toda dor
que possas pensar ser real. Ele tampouco te dará prazeres passageiros, pois só dá o que é eterno e o que é bom. Deixa-O
continuar te preparando. Ele ganhou a tua confiança falando-te diariamente do teu Pai, do teu irmão e do teu Ser. Ele continu-
ará. Agora caminhas com Ele, tão certo quanto Ele do lugar para onde vais, tão certo quanto Ele de como deves proceder, tão
confiante quanto Ele acerca da meta e de que chegarás ao fim em segurança.
O fim é certo, assim como os meios. A isso dizemos: ―Amém‖. Toda vez que tiveres que fazer uma escolha, ser-te-á dito exa-
tamente o que é a Vontade de Deus para ti. E Ele falará por Deus e pelo teu Ser, garantindo assim que o inferno não te reivin-
dicará e que cada escolha que fizeres trará o Céu para mais perto do teu alcance. E assim caminhamos com Ele a partir de
agora e buscamos Nele a orientação, a paz e a direção certa. A alegria nos acompanha no nosso caminho. Pois estamos nos
dirigindo para casa, para uma porta que Deus manteve aberta para nos dar as boas-vindas.
Confiamos os nossos caminhos a Ele e dizemos: ―Amém‖. Em paz, seguiremos o Seu caminho e Lhe confiaremos todas as
coisas. Com confiança, esperamos pelas Suas respostas ao perguntarmos qual é a Sua Vontade em tudo o que fizermos. Ele
ama o Filho de Deus como nós queremos amá-lo. E nos ensina a contemplá-lo através dos Seus olhos e a amá-lo como Ele o
ama. Tu não caminhas sozinho. Os anjos de Deus pairam acima e à volta de ti. O Amor de Deus te cerca e disso podes estar
certo: eu nunca te deixarei sem consolo.
340 Eu posso ficar livre do sofrimento hoje. 24/09 Sáb
341 Só posso atacar a minha própria impecabilidade, e é apenas isso que me mantém a salvo. 25/09 Dom
342 Deixo o perdão descansar sobre todas as coisas, pois assim o perdão me será dado. 26/09 2ª
343 Não me é pedido que faça um sacrifício para achar a misericórdia e a paz de Deus. 27/09 3ª
344 Hoje aprendo a lei do amor: o que dou ao meu irmão é a minha dádiva para mim. 28/09 4ª
345 Hoje só ofereço milagres, pois quero que eles me sejam devolvidos. 29/09 5ª
346 Hoje a paz de Deus me envolve, e esqueço todas as coisas exceto o Seu Amor. 30/09 6ª
347 A raiva vem do julgamento. O julgamento é a arma que eu quero usar contra mim mesmo para afastar de 01/10 Sáb
mim o milagre.
348 Não tenho razão para ter raiva ou medo, pois estás à minha volta. E, para cada necessidade que percebo, a 02/10 Dom
Tua graça me basta.
349 Hoje deixo que a visão de Cristo contemple todas as coisas por mim sem julgá-las, mas dando a cada uma 03/10 2ª
um milagre de amor.
350 Os milagres espelham o eterno Amor de Deus. Oferecê-los é lembrar-se Dele e, através da Sua memória, 04/10 3ª
salvar o mundo.
351 O meu irmão sem pecado é o meu guia para a paz. O meu irmão pecador é o meu guia para a dor. E con- 05/10 4ª
templarei aquele que eu escolho ver.
352 06/10 5ª
353 07/10 6ª
354 08/10 Sáb
355 09/10 Dom
356 10/10 2ª
357 11/10 3ª
358 12/10 4ª
359 13/10 5ª
360 14/10 6ª

371
UM CURSO EM MILAGRES
361 Quero dar-Te esse instante santo. Tu estás no controle. Pois eu quero seguir-Te, certo de que a Tua direção 15/10 Sáb
me dá paz.
362 Quero dar-Te esse instante santo. Tu estás no controle. Pois eu quero seguir-Te, certo de que a Tua direção 16/10 Dom
me dá paz.
363 Quero dar-Te esse instante santo. Tu estás no controle. Pois eu quero seguir-Te, certo de que a Tua direção 17/10 2ª
me dá paz.
364 Quero dar-Te esse instante santo. Tu estás no controle. Pois eu quero seguir-Te, certo de que a Tua direção 18/10 3ª
me dá paz.
365 Quero dar-Te esse instante santo. Tu estás no controle. Pois eu quero seguir-Te, certo de que a Tua direção 19/10 4ª
me dá paz.

UM
CURSO

372
UM CURSO EM MILAGRES
EM
MILAGRES

MANUAL DE PROFESSORES

FUNDACION FOR INNER PEACE

373
ÍNDICE
MANUAL DE PROFESSORES

ÍNDICE ............................................................................................................................................................................................. 374


INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................................. 375
1. QUEM SÃO OS PROFESSORES DE DEUS? ............................................................................................................................. 376
2. QUEM SÃO OS SEUS ALUNOS ? .............................................................................................................................................. 376
3. QUAIS SÃO OS NÍVEIS DE ENSINO ? ....................................................................................................................................... 377
4. QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DOS PROFESSORES DE DEUS ? ................................................................................ 377
I. Confiança ................................................................................................................................................................................. 377
II. Honestidade ............................................................................................................................................................................ 378
III. Tolerância ............................................................................................................................................................................... 378
IV. Gentileza ............................................................................................................................................................................... 379
V. Alegria ..................................................................................................................................................................................... 379
VI. Ausência de defesas .............................................................................................................................................................. 379
VII. Generosidade ....................................................................................................................................................................... 379
VIII. Paciência ............................................................................................................................................................................ 379
IX. Fidelidade .............................................................................................................................................................................. 379
X. Mentalidade aberta ................................................................................................................................................................. 380
5. Como se realiza a cura? .............................................................................................................................................................. 380
I. O propósito percebido na doença ............................................................................................................................................ 380
II. O deslocamento na percepção ................................................................................................................................................ 380
III. A função do professor de Deus .............................................................................................................................................. 381
6. A cura é certa? ........................................................................................................................................................................ 381
7. A cura deve ser repetida? ............................................................................................................................................................ 382
8. Como se pode evitar a percepção da ordem de dificuldades em milagres? ................................................................................ 382
9. São necessárias mudanças na situação de vida dos professores de Deus? ............................................................................... 383
10. Como se abandona o julgamento? ............................................................................................................................................ 383
11. Como é possível a paz neste mundo? ....................................................................................................................................... 384
12. Quantos professores de Deus são necessários para salvar o mundo? ..................................................................................... 384
13. Qual o significado do sacrifício? ................................................................................................................................................. 385
14. Como será o fim do mundo? ...................................................................................................................................................... 386
15. Cada um será julgado no final? .................................................................................................................................................. 386
16. Como o professor de Deus deve passar o seu dia?................................................................................................................... 387
17. Como é que os professores de Deus lidam com os pensamentos mágicos? ............................................................................ 388
18. Como se faz a correção? ........................................................................................................................................................... 389
19. O que é a justiça? ...................................................................................................................................................................... 390
20. O que é a paz de Deus? ............................................................................................................................................................ 390
21. Qual o papel das palavras na cura? ........................................................................................................................................... 391
22. Qual a relação entre a Expiação e a cura? ................................................................................................................................ 391
23. Jesus tem um papel especial na cura? ...................................................................................................................................... 392
24. Existe reencarnação?................................................................................................................................................................. 393
25. Os poderes «psíquicos» são desejáveis? .................................................................................................................................. 393
26. Pode atingir-se Deus diretamente? ............................................................................................................................................ 394
27. O que é a morte? ....................................................................................................................................................................... 394

374
28. O que é a ressurreição? ............................................................................................................................................................. 395
29. Quanto ao resto... ...................................................................................................................................................................... 396
AMÉM .............................................................................................................................................................................................. 397
ESCLARECIMENTO DE TERMOS .................................................................................................................................................. 397
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................................ 397
1. MENTE – ESPÍRITO .................................................................................................................................................................... 397
2. O EGO - O MILAGRE .................................................................................................................................................................. 398
3. PERDÃO - A FACE DE CRISTO ................................................................................................................................................. 398
4. A PERCEPÇÃO VERDADEIRA – CONHECIMENTO .................................................................................................................. 399
5. JESUS - CRISTO ......................................................................................................................................................................... 399
6. O ESPÍRITO SANTO ................................................................................................................................................................... 400
EPÍLOGO ......................................................................................................................................................................................... 400

INTRODUÇÃO
O sentido do ensino e do aprendizado está, de fato, revertido no pensamento do mundo. A reversão é típica. Parece que o
professor e o aluno estão separados, o professor dando algo ao aluno ao invés de a si mesmo. Além disso, o ato de ensinar é
considerado uma atividade especial na qual a pessoa investe apenas uma proporção relativamente pequena do seu tempo. O
curso, ao contrário, enfatiza que ensinar é aprender, de tal modo que professor e aluno são a mesma coisa. Enfatiza também
que ensinar é um processo constante; acontece a cada momento do dia e continua também nos pensamentos durante o sono.
Ensinar é demonstrar. Existem somente dois sistemas de pensamento e a todo momento demonstras que acreditas que um ou
outro é verdadeiro. A partir da tua demonstração outros aprendem e tu também. A questão não é se vais ou não ensinar, pois
nisso não há escolha. O propósito do curso é, digamos, prover para ti um meio de escolheres o que queres ensinar com base
naquilo que queres aprender. Não podes dar a outra pessoa, mas só a ti mesmo e isso aprendes através do ensino. Ensinar é
apenas um chamado para que testemunhas atestem o que acreditas. É um método de conversão. Isso não se faz apenas com
palavras. Para ti qualquer situação tem que ser uma oportunidade de ensinar aos outros o que és e o que eles são para ti. Não
mais do que isso, mas também nunca menos.
O currículo que estabeleces é, portanto, exclusivamente determinado pelo que pensas que és e pelo que acreditas que seja
para ti o relacionamento com os outros. Na situação formal de ensino, estas questões podem não ter nenhuma relação com o
que pensas que estás ensinando. No entanto, é impossível não usar o conteúdo de qualquer situação a favor do que realmen-
te ensinas e, portanto, realmente aprendes. Para isso, o conteúdo verbal do teu ensinamento é bastante irrelevante. Pode
coincidir com ele ou não. É o ensinamento subjacente ao que dizes que te ensina. O ensino apenas reforça o que acreditas a
teu respeito. O seu propósito fundamental é diminuir a dúvida de ti mesmo. Isso não significa que o ser que estás tentando
proteger seja real. Mas significa que o ser que pensas que é real é o que ensinas.
Isso é inevitável. Não é possível escapar disso. Como poderia ser diferente? Todas as pessoas que seguem o currículo do
mundo e todos aqui o fazem até que mudem as suas mentes, ensinam apenas para convencerem-se de que são o que não
são. Nisso está o propósito do mundo. Nesse caso, o que mais poderia ser o currículo do mundo? À essa situação de aprendi-
zado fechada e sem esperança, que nada ensina além de desespero e morte, Deus envia os Seus professores. E à medida
em que ensinam as Suas lições de alegria e esperança, o seu aprendizado finalmente vem a ser completo.
Exceto pelos professores de Deus haveria pouca esperança de salvação, pois o mundo do pecado pareceria para sempre real.
Os que se auto-enganam têm que enganar, pois têm que ensinar o engano. O que mais é o inferno, exceto isso? Esse é um
manual para os professores de Deus. Eles não são perfeitos, se fossem não estariam aqui. No entanto, a sua missão é virem
a ser perfeitos aqui e assim ensinam a perfeição repetidamente, de muitas e muitas maneiras, até que a tenham aprendido. E
então não mais são vistos, embora seus pensamentos permaneçam como uma fonte de força e verdade para sempre. Quem
são eles? Como são escolhidos? O que fazem? Como podem realizar a própria salvação e a salvação do mundo? Esse ma-
nual tenta responder a estas perguntas.

375
1. QUEM SÃO OS PROFESSORES DE DEUS?
Professor de Deus é qualquer um que escolha sê-lo. Suas qualificações consistem somente nisso: de algum modo, em algum
lugar, ele fez uma opção deliberada na qual não viu seus interesses como se estivessem à parte dos de outra pessoa. Uma
vez que tenha feito isso, a sua estrada está estabelecida e a sua direção assegurada. Uma luz penetrou nas trevas. Pode ser
uma única luz, mas é suficiente. Ele entrou em um acordo com Deus, mesmo se ainda não acredita Nele. Veio a ser um porta-
dor da salvação. Veio a ser um professor de Deus.
Eles vêm de todas as partes do mundo. Vêm de todas as religiões e de nenhuma. Eles são aqueles que responderam. O Cha-
mado é universal. Ele acontece durante todo o tempo em toda parte. Chama professores que falem por Ele e redimam o mun-
do. Muitos o ouvem, mas poucos responderão. Todavia, tudo é uma questão de tempo. Todos responderão no final, contudo o
final pode estar ainda distante, muito distante. É por isso que o plano dos professores foi estabelecido. A sua função é ganhar
tempo.
Cada um começa como uma única luz, mas, com o Chamado no seu centro, é uma luz que não pode ser limitada. E cada uma
economiza mil anos segundo o que o mundo julga acerca do tempo. Para o Chamado em Si mesmo, o tempo não tem ne-
nhum significado.
Há um curso para cada professor de Deus. A forma do curso varia muito. Assim como os recursos específicos envolvidos no
ensino. Mas o conteúdo do curso nunca muda. Seu tema central sempre é: ―o Filho de Deus não tem culpa e na sua inocência
está a sua salvação‖.Ele pode ser ensinado por ações ou pensamentos, em palavras ou sem som algum, em qualquer língua
ou em língua nenhuma, em qualquer lugar, tempo ou modo. Não importa quem era o professor antes de ter ouvido o Chama-
do. Ele veio a ser um salvador pela sua resposta. Viu alguma outra pessoa como ele mesmo. Achou, portanto, a própria salva-
ção e a salvação do mundo. Em seu renascimento, o mundo renasceu.
Esse é um manual para um currículo especial, voltado para os professores de uma forma especial do curso universal. Existem
milhares de outras formas, todas com o mesmo resultado. Elas meramente ganham tempo. Entretanto, é só o tempo que se
desenrola exaustivamente e o mundo está muito cansado agora.
Está velho e gasto e sem esperança. O resultado nunca esteve em questão, pois o que pode mudar a Vontade de Deus? Mas
o tempo, com suas ilusões de mudança e morte, exaure o mundo e todas as coisas dentro dele. O tempo, porém, tem um fim
e é isso que os professores de Deus são designados para trazer. Pois o tempo está em suas mãos. Tal foi a escolha que fize-
ram e ela lhes foi dada.

2. QUEM SÃO OS SEUS ALUNOS ?


A cada um dos professores de Deus estão destinados determinados alunos e eles começarão a procurá-lo assim que ele
tiver respondido ao Chamado. Foram escolhidos para ele porque a forma do currículo universal que ele vai ensinar é a melhor
para eles em função do seu nível de compreensão. Os seus alunos têm estado esperando por ele, pois a sua vinda é certa.
Mais uma vez, é apenas uma questão de tempo. Assim que ele tiver escolhido cumprir o seu papel, eles estão prontos para
cumprir os seus. O tempo espera pela sua escolha, mas não por aqueles a quem ele vai servir. Quando ele estiver pronto para
aprender, as oportunidades de ensinar lhe serão providas.
Para compreender o plano de ensino-aprendizado da salvação, é necessário apreender o conceito de tempo que o curso
estabelece. A Expiação corrige ilusões, não a verdade. Portanto, corrige o que nunca foi. Além disso, o plano para essa corre-
ção foi estabelecido e completado simultaneamente, pois a Vontade de Deus está inteiramente à parte do tempo. Assim é toda
a realidade, posto que é Sua. No instante em que a idéia de separação entrou na mente do Filho de Deus, naquele mesmo
instante foi dada a Resposta de Deus. No tempo, isso aconteceu em uma época muito distante. Na realidade, nunca aconteceu
absolutamente.
O mundo do tempo é o mundo da ilusão. O que aconteceu há muito tempo parece estar acontecendo agora. Escolhas fei-
tas desde há muito parecem estar em aberto, ainda por serem feitas. O que foi aprendido e compreendido e há muito superado
é considerado como um novo pensamento, uma idéia original, um enfoque diferente. Porque a tua vontade é livre, podes acei-
tar o que já aconteceu a qualquer momento que escolheres e somente então vais reconhecer que sempre esteve presente.
Como o curso enfatiza, não és livre para escolher o currículo, nem mesmo a forma em que vais aprendê-lo. Mas estás livre,
porém, para decidir quando queres aprendê-lo. E à medida em que o aceitas, já o aprendeste.
Então, o tempo realmente volta a um instante tão remoto que está além de toda a memória, mesmo depois da possibilida-
de da lembrança. Apesar disso, por que é um instante revivido muitas e muitas vezes, parece ser agora. Assim é que professor
e aluno parecem reunir-se no presente, achando um ao outro como se não tivessem se encontrado antes. O aluno vem ao
lugar certo na hora certa. Isso é inevitável, porque ele fez a escolha certa naquele instante antigo que agora revive. O mesmo
se dá com o professor, que fez também uma escolha inevitável num passado remoto. A Vontade de Deus em tudo apenas
parece levar tempo na realização do processo. O que poderia atrasar o poder da eternidade?
Quando aluno e professor se reúnem inicia-se uma situação de ensino-aprendizado. Pois o professor não é realmente a-
quele que realiza o ensino. O Professor de Deus fala onde estiverem dois reunidos com o propósito de aprender. O relaciona-
mento é santo devido àquele propósito e Deus prometeu enviar Seu Espírito a qualquer relacionamento santo. Na situação de
ensino-aprendizado, cada um aprende que dar e receber é a mesma coisa. As demarcações que haviam traçado entre seus
papéis, suas mentes, seus corpos, suas necessidades, seus interesses e todas as diferenças que pensavam separá-los um do
outro, desvanecem-se, tornam-se indistintas e desaparecem. Aqueles que querem fazer o mesmo curso compartilham um
único interesse e uma única meta. E assim, aquele que era aprendiz vem a ser ele mesmo um professor de Deus, pois tomou a
única decisão que lhe deu seu professor. Viu em outra pessoa os mesmos interesses que os seus.

376
3. QUAIS SÃO OS NÍVEIS DE ENSINO ?
Os professores de Deus não têm nível de ensino determinado. Cada situação de ensino-aprendizado envolve um relaciona-
mento diferente no início, embora o objetivo final seja sempre o mesmo: fazer do relacionamento um relacionamento santo, no
qual ambos são capazes de olhar para o Filho de Deus como alguém sem pecado. Não há pessoa alguma de quem o profes-
sor de Deus não possa aprender, portanto, não existe ninguém a quem ele não possa ensinar. Entretanto, por uma questão
prática, ele não pode encontrar todas as pessoas, nem todos podem achá-lo. Assim, o plano inclui contatos bastante específi-
cos a serem feitos por cada professor de Deus. Não existem acidentes na salvação. Aqueles que têm que encontrar-se, en-
contrar-se-ão, pois juntos têm o potencial para um relacionamento santo. Estão prontos um para o outro.
O nível de ensino mais simples aparenta ser bem superficial. Consiste do que parecem ser encontros muito casuais, um encon-
tro ―por acaso‖ de duas pessoas aparentemente estranhas em um elevador, uma criança que não olha para onde está indo e
―por acaso‖, correndo, vai de encontro a um adulto, dois estudantes que ―casualmente‖ caminham para casa juntos. Estes
encontros não são casuais. Cada um deles tem potencial para vir a ser uma situação de ensino-aprendizado. Talvez os dois
estranhos no elevador sorriam um para o outro, talvez o adulto não brigue com a criança que o atropelou, talvez os estudantes
venham a ser amigos. Mesmo ao nível do encontro mais casual, é possível que duas pessoas percam de vista os seus inte-
resses separados, ainda que por apenas um momento. Esse instante será suficiente. A salvação veio.
É difícil compreender que o conceito de níveis para ensinar o curso universal é um conceito tão sem significado na realidade
quanto o tempo. A ilusão de um permite a ilusão do outro. No tempo, o professor de Deus parece começar a mudar a sua
mente a respeito do mundo com uma única decisão e, a partir daí, aprende cada vez mais acerca da nova direção à medida
que a ensina. Já tratamos da ilusão do tempo, mas a ilusão dos níveis de ensino parece ser algo diferente. Talvez a melhor
maneira de demonstrar que tais níveis não podem existir seja simplesmente dizer que qualquer nível da situação de ensino-
aprendizado é parte do plano de Deus para a Expiação e o Seu plano não pode ter níveis, sendo um reflexo da Sua Vontade.
A salvação está sempre pronta e sempre presente. Os professores de Deus trabalham em níveis diferentes, mas o resultado é
sempre o mesmo.
Cada situação de ensino-aprendizado é máxima no sentido de que cada uma das pessoas nela envolvidas vai aprender o
máximo de que é capaz com a outra naquela ocasião. Nesse sentido, e somente nesse sentido, podemos falar em níveis de
ensino. Usando a expressão dessa maneira, diríamos que o segundo nível de ensino é um relacionamento mais prolongado,
no qual duas pessoas entram em uma situação razoavelmente intensa de ensino aprendizado por um certo tempo e depois
aparentemente separam-se. Como no caso do primeiro nível, estes encontros não são acidentais e nem aquilo que aparenta
ser o final do relacionamento é um final real. Mais uma vez, cada um aprendeu o máximo que pôde na ocasião. Entretanto,
todos aqueles que se encontram algum dia encontrar-se-ão outra vez, pois é destino de todo relacionamento vir a ser santo.
Deus não está equivocado no Seu Filho.
O terceiro nível de ensino ocorre em relacionamentos que, uma vez formados, duram a vida inteira. Essas são situações de
ensino-aprendizado nas quais a cada pessoa é dado um parceiro que é escolhido para o aprendizado por lhe oferecer oportu-
nidades ilimitadas de aprender. Em geral, esses relacionamentos são poucos, porque a sua existência implica que os envolvi-
dos tenham simultaneamente alcançado um estádio em que o equilíbrio de ensino-aprendizado seja, de fato, perfeito. Isso não
significa que eles necessariamente reconheçam isso; de fato, em geral, não reconhecem. Eles podem até mesmo ser bastante
hostis, um em relação ao outro por algum tempo e talvez pela vida afora. No entanto, caso decidam aprendê-la, a lição perfeita
está diante deles e pode ser aprendida. E se decidem aprendê-la vêm a ser os salvadores dos professores que vacilam e po-
dem até mesmo parecer falhar. Nenhum professor de Deus pode deixar de encontrar a Ajuda de que necessita.

4. QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DOS PROFESSORES DE DEUS ?


Os traços superficiais dos professores de Deus não são de modo algum parecidos. Eles não são parecidos aos olhos do corpo,
vêm de origens muito diferentes, suas experiências do mundo variam muito e suas ―personalidades‖ superficiais são bastante
distintas. Nos primeiros estágios de seu trabalho como professores de Deus, ainda não adquiriram as características mais
profundas que os estabelecerão como o que são. Deus dá dádivas especiais aos Seus professores porque eles têm um papel
especial no Seu plano para a Expiação. A sua especialidade é, obviamente, apenas temporária; estabelecida no tempo como
um meio de conduzir para fora do tempo. Estas dádivas especiais, nascidas no relacionamento santo para o qual a situação
de ensino-aprendizado está dirigida, vêm a ser características de todos os professores de Deus que tenham avançado no seu
próprio aprendizado. Nesse aspecto, todos eles se parecem.
Todas as diferenças entre os Filhos de Deus são temporárias. Entretanto, no tempo, pode-se dizer que os professores de Deus
avançados têm as seguintes características:

I. Confiança
Esse é o fundamento no qual repousa a sua capacidade de cumprir a função que lhes cabe. A percepção é o resultado do
aprendizado. De fato, percepção é aprendizado, posto que causa e efeito nunca estão separados. Os professores de Deus
têm confiança no mundo, porque aprenderam que ele não é governado pelas leis que o mundo inventou. Ele é governado por
um Poder Que está neles mas não vem deles. É esse Poder Que mantém todas as coisas a salvo. É através deste Poder que
os professores de Deus olham para um mundo perdoado.
Uma vez que esse Poder tenha sido experimentado, é impossível confiar na insignificante força de cada um outra vez. Quem
tentaria voar com as asas diminutas de um pardal quando lhe foi dado o grande poder da águia? E quem colocaria sua fé nas
pobres oferendas do ego quando as dádivas de Deus foram depositadas diante de si ? O que é que os induz à fazer a transi-
ção?
A. O desenvolvimento da confiança
Em primeiro lugar, eles têm que passar pelo que poderia ser chamado de um ―período de desfazer‖. Isso não precisa ser dolo-
roso, mas usualmente é experimentado assim. Parece que as coisas estão sendo tiradas de nós e inicialmente é raro que se
compreenda que o fato de que elas não têm valor está apenas sendo reconhecido. Como é possível que a ausência de valor

377
seja percebida, a não ser que a pessoa esteja em uma posição na qual não possa deixar de ver as coisas sob uma luz diferen-
te? Ela não está ainda num ponto em que possa fazer a mudança toda internamente. E assim, o plano algumas vezes pede
mudanças no que parecem ser circunstâncias externas. Estas mudanças são sempre úteis. Quando o professor de Deus tiver
aprendido isso, ele passa para o segundo estádio.
Em seguida, o professor de Deus tem que atravessar um ―período de seleção‖. Isso é sempre um tanto difícil porque, tendo
aprendido que as mudanças na sua vida são sempre úteis, ele agora terá que decidir todas as coisas considerando se elas
são mais ou menos úteis . Ele vai descobrir que muitas, se não a maior parte das coisas que antes valorizava, apenas dificul-
tarão a sua capacidade de transferir o que aprendeu para novas situações na medida em que surgirem. Tendo valorizado o
que realmente não tem valor, ele não vai generalizar a lição por medo de perda e sacrifício. É preciso um grande aprendizado
para compreender que todas as coisas, eventos, encontros e circunstâncias são úteis. Só na medida em que são úteis é que
qualquer grau de realidade lhes deve ser atribuído nesse mundo de ilusões. A palavra ―valor‖ não se aplica a nada além disso.
O terceiro estádio pelo qual o professor de Deus tem que passar pode ser chamado de ―um período de abandono‖. Se isso for
interpretado como uma desistência do desejável, engendrará enormes conflitos. Poucos professores de Deus escapam intei-
ramente dessa aflição. Não há, porém, nenhum sentido em separar o que tem valor do que não tem, a não ser que se dê o
passo seguinte, que é óbvio. Portanto, o período intermediário pode ser aquele no qual o professor de Deus se sente solicita-
do a sacrificar seus mais caros interesses em nome da verdade. Ele ainda não se deu conta de quão totalmente impossível
seria tal exigência. Ele só pode aprender isso na medida em que, de fato, desiste do que não tem valor. Através disso aprende
que aonde antecipou dor, acha, ao contrário, uma feliz leveza de coração; onde pensou que algo lhe estava sendo pedido,
acha uma dádiva concedida a ele. Agora vem um ―período de assentamento‖. Esse é um período de quietude, no qual o pro-
fessor de Deus descansa um pouco em certa paz. Agora ele consolida seu aprendizado. Agora começa a ver o valor de trans-
ferir o que aprendeu. O potencial disso é literalmente assombroso e o professor de Deus está agora em um ponto do seu de-
senvolvimento no qual vê nisso a sua saída. ―Desiste do que não queres e guarda o que queres.‖ Como é simples o óbvio! E
como é fácil de se fazer! O professor de Deus necessita desse período de pausa. Contudo, ele ainda não veio tão longe quan-
to imagina. ―No entanto, quando estiver pronto para seguir adiante, vai com companheiros poderosos ao seu lado. Agora ele
descansa um pouco e os reúne antes de prosseguir. Daqui para a frente, ele não irá sozinho.
O próximo estádio é, de fato, um ―período de des-assentamento‖. Agora, o professor de Deus tem que compreender que ele
realmente não sabia o que tinha e o que não tinha valor. Tudo o que realmente aprendeu até aqui foi que não queria o que não
tinha valor e, de fato, queria o que tinha. Apesar disso, sua própria seleção foi sem significado no sentido de lhe ensinar a dife-
rença. A idéia de sacrifício, tão central no seu próprio sistema de pensamento, fez com que fosse impossível para ele julgar.
Ele pensou ter aprendido a disponibilidade, mas vê agora que não sabe para que serve essa disponibilidade. E agora tem que
atingir um estado que talvez por muito, muito tempo ainda lhe seja impossível alcançar. Precisa aprender a deixar de lado todo
julgamento e pedir apenas o que realmente quer em qualquer circunstância. Se cada passo nesta direção não fosse tão forte-
mente reforçado, seria de fato muito duro!
Finalmente, há um ―período de consecução‖. É aqui que o aprendizado é consolidado. Agora, o que antes era visto como me-
ras sombras vem a ser sólidas conquistas, com as quais se pode contar em todas as ―emergências‖ bem como nos momentos
tranqüilos. De fato, o seu resultado é a tranqüilidade; o resultado do aprendizado honesto, da consistência do pensamento e
da transferência total. Esse é o estádio da paz real, pois aqui reflete-se inteiramente o estado do Céu. Daqui em diante, o ca-
minho para o Céu é fácil e está aberto. De fato, é aqui. Quem poderia querer ―ir‖ a qualquer lugar se a paz já está completa? E
quem buscaria trocar a tranqüilidade por algo mais desejável? O que poderia ser mais desejável do que isso?

II. Honestidade
Todos os outros traços dos professores de Deus baseiam-se na confiança. Uma vez que ela tenha sido alcançada, os outros
não podem deixar de se seguir. Só aqueles que confiam podem se permitir a honestidade, pois só eles podem ver seu valor. A
honestidade não se aplica apenas ao que dizes. De fato, o termo significa consistência. Nada do que dizes contradiz o que
pensas ou fazes, nenhum pensamento se opõe a outro pensamento, nenhum ato trai tua palavra e nenhuma palavra discorda
de outra. Tais são os verdadeiramente honestos. Não há nenhum nível em que estejam em conflito consigo mesmos. Portanto,
é impossível para eles estar em conflito com qualquer pessoa ou qualquer coisa.
A paz da mente que experimentam os professores de Deus avançados se deve em grande parte à sua perfeita honestidade. Só
o desejo de enganar é que faz a guerra. Ninguém em unidade consigo mesmo é capaz de sequer conceber o conflito. O confli-
to é o resultado inevitável do auto-engano e o auto-engano é desonestidade. Não há nenhum desafio para um professor de
Deus. Desafio implica dúvida e a confiança na qual os professores de Deus descansam em segurança faz com que a dúvida
seja impossível. Por conseguinte, só podem ter sucesso. Nisso, como em todas as coisas, são honestos. Só podem ter suces-
so porque nunca fazem a própria vontade sozinhos. Escolhem por toda a humanidade, por todo o mundo e por todas as coisas
dentro dele, pelo que não muda e permanece imutável além das aparências, pelo Filho de Deus e pelo seu Criador. ―Como
poderiam não ter sucesso? Escolhem em perfeita honestidade, seguros da sua escolha tanto quanto de si mesmos.

III. Tolerância
Os professores de Deus não julgam. Julgar é ser desonesto, pois julgar é assumir uma posição que não tens. É impossível
haver julgamento sem auto-engano. O julgamento implica que tens te enganado nos teus irmãos. Como, então, poderias não
ter te enganado contigo mesmo? O julgamento implica falta de confiança e a confiança continua sendo a estrutura sobre a
qual se baseia todo o sistema de pensamento do professor de Deus. Deixa que isso se perca e todo o teu aprendizado se vai.
Sem julgamento todas as coisas são igualmente aceitáveis, pois quem poderia julgar de outra maneira? Sem julgamento, to-
dos os homens são irmãos, pois quem haveria de estar separado? O julgamento destrói a honestidade e despedaça a confi-
ança. ―Nenhum professor de Deus pode julgar e esperar aprender.

378
IV. Gentileza
O dano é impossível para os professores de Deus. Eles não podem infligi-lo nem sofrê-lo. O dano é o resultado do julgamento.
É o ato desonesto que segue um pensamento desonesto. É um veredicto de culpa para um irmão e, portanto, para a própria
pessoa. É o fim da paz e a negação do aprendizado. Demonstra a ausência do currículo de Deus e a sua substituição pela
insanidade. Nenhum professor de Deus pode deixar de aprender - e bem cedo no seu treinamento que causar dano oblitera
completamente a sua função na sua consciência. Fará com que ele fique confuso, amedrontado, raivoso e desconfiado. Fará
com que seja impossível aprender as lições do Espírito Santo. E o Professor de Deus também não pode sequer ser ouvido a
não ser por aqueles que compreendem que o dano, de fato, nada pode conseguir. Nenhum ganho pode dele advir.
Portanto, os professores de Deus são totalmente gentis. Necessitam da força da gentileza, pois é nisso que a função da salva-
ção vem a ser fácil. Para aqueles que querem causar dano, ela é impossível. Para aqueles que não vêem significado no dano,
ela é meramente natural. Que outra escolha além dessa pode ter significado para quem é São? Quem escolhe o inferno quan-
do percebe um caminho para o Céu? E quem escolheria a fraqueza que não pode deixar de vir do dano, em lugar da força
infalível, totalmente abrangente e sem limites da gentileza? O poder dos professores de Deus está em sua gentileza, pois
compreenderam que seus pensamentos maus não vieram nem do Filho de Deus nem do seu Criador. Assim, uniram os seus
pensamentos Àquele Que é a sua Fonte. E assim a vontade deles, que sempre foi a Dele próprio, é livre para ser ela mesma.

V. Alegria
A alegria é o resultado inevitável da gentileza. Gentileza significa que o medo agora é impossível e o que poderia vir para inter-
ferir com a alegria? As mãos abertas da gentileza estão sempre cheias. Os que são gentis não têm dor. Não podem sofrer. Por
que não seriam alegres? Eles estão certos de que são amados e de que estão a salvo. A alegria vai com a gentileza assim
como o sofrimento acompanha o ataque. Os professores de Deus confiam Nele. E estão certos de que o Professor de Deus
vai à sua frente, assegurando que nenhum dano lhes venha a suceder. ―Eles mantém as Suas dádivas e seguem no Seu ca-
minho porque a Voz de Deus os dirige em todas as coisas. A alegria é a sua canção de agradecimento. E Cristo também incli-
nam-se olhando para eles com gratidão. A Sua necessidade deles é tão grande quanto a que eles tem Dele. Que alegria é
compartilhar o propósito da salvação!

VI. Ausência de defesas


Os professores de Deus aprenderam como ser simples. Eles não têm sonhos que necessitem de defesa contra a verdade. Eles
não tentam fazer a si mesmos. Sua alegria vem da sua compreensão de Quem os criou. E o que Deus criou necessita de de-
fesa? Ninguém pode vir a ser um professor de Deus avançado enquanto não compreender inteiramente que defesas não pas-
sam de tolos guardiões de ilusões loucas. Quanto mais grotesco o sonho, mais firmes e poderosas aparentam ser as suas
defesas. No entanto, quando o professor de Deus finalmente concorda em olhar para o que vem depois delas, descobre que
ali não havia nada. Lentamente, no início, ele se deixa ser desenganado. Porém aprende mais rápido à medida em que au-
menta a sua confiança. Não é o perigo que vem quando se abre mão das defesas. É a segurança. É a paz. É a alegria. E é
Deus.

VII. Generosidade
O termo generosidade tem um significado especial para o professor de Deus. Não é o significado usual da palavra; de fato, é
um significado que tem que ser aprendido e aprendido muito cuidadosamente. Como todos os outros atributos dos professores
de Deus, esse se baseia em última instância na confiança, pois sem confiança ninguém pode ser generoso no sentido verda-
deiro. Para o mundo, generosidade significa ―dar para os outros‖ no sentido de ―abrir mão‖. Para os professores de Deus, sig-
nifica dar para poder ter. Isso tem sido enfatizado em todo o texto e no livro de exercícios, mas talvez seja mais alheio ao pen-
samento do mundo do que muitas das outras idéias no nosso currículo. Sua maior estranheza está simplesmente na obvieda-
de da reversão que faz no modo de pensar do mundo. No sentido mais claro possível e no mais simples dos níveis, a palavra
significa exatamente o oposto para os professores de Deus e para o mundo. O professor de Deus é generoso por interesse
para com Ele Mesmo. Isso não se refere, no entanto, ao ser de que fala o mundo. O professor de Deus não quer nada que
não possa dar aos outros, porque compreende, por definição, que isso não teria valor algum para ele. Para que iria querer tal
coisa? Só teria a perder com isso. Não poderia ganhar. Portanto, ele não busca aquilo que só ele poderia ter, porque essa é a
garantia da perda. Ele não quer sofrer. Por que razão infligiria dor a si mesmo? Mas ele quer ter para si todas as coisas que
são de Deus e, portanto, são para o Seu Filho. Estas são as coisas que lhe pertencem. Estas, ele pode dar com generosidade
verdadeira, protegendo-as sempre para si mesmo.

VIII. Paciência
Aqueles que estão certos do resultado podem se dar ao luxo de esperar e esperar sem ansiedade. A paciência é natural para o
professor de Deus. Tudo o que ele vê é o resultado certo, por algum tempo talvez ainda desconhecido por ele, mas não posto
em dúvida. O tempo será tão certo quanto a resposta. E isso é verdadeiro para tudo o que acontece agora ou no futuro. O
passado, do mesmo modo, não conteve nenhum equívoco; nada que não tenha servido para beneficiar o mundo, assim como
a ele a quem as coisas pareciam acontecer. Talvez isso não tenha sido compreendido na época. Mesmo assim, o professor de
Deus está disposto a reconsiderar todas as suas decisões passadas, caso estejam causando dor a alguém. A paciência é na-
tural para aqueles que confiam. Certos da interpretação final de todas as coisas no tempo, nenhum resultado já visto ou ainda
por vir pode causar-lhes medo.

IX. Fidelidade
A extensão da fidelidade do professor de Deus é a medida do seu progresso no currículo. Ele ainda seleciona certos aspectos
da sua vida para trazer ao seu aprendizado, enquanto mantém outros à parte? Se é assim, seu progresso é limitado e sua
confiança ainda não está firmemente estabelecida. A fidelidade é a confiança do professor de Deus no Verbo de Deus em dis-
por todas as coisas de modo certo; não algumas, mas todas. Em geral, sua fidelidade começa focalizando apenas alguns pro-
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blemas, permanecendo cuidadosamente limitada por algum tempo. Abrir mão de todos os problemas em função de uma Res-
posta é reverter inteiramente o pensamento do mundo. Só isso é fidelidade. Nada além disso realmente merece esse nome.
No entanto, vale a pena alcançar cada degrau por menor que seja. Estar pronto, como diz o texto, não significa maestria.
A fidelidade verdadeira, porém, não se desvia. Sendo consistente, é totalmente honesta. Sendo constante, é plena de confian-
ça. Sendo baseada na ausência do medo, é gentil. Tendo certeza, é alegre. E sendo confiante, é tolerante. A fidelidade, então,
combina em si mesma os outros atributos dos professores de Deus. Implica aceitação do Verbo de Deus e a Sua definição a
respeito do Seu Filho. É para Eles que a fidelidade no sentido verdadeiro é sempre dirigida. É na direção Deles que ela olha,
buscando até achar. A ausência de defesas a acompanha naturalmente e a alegria é a condição para achá-la. E tendo achado,
descansa na certeza quieta Daquilo a Que toda fidelidade é devida.

X. Mentalidade aberta
Pode-se compreender facilmente o papel central que ocupa a mentalidade aberta, talvez o último dos atributos que o professor
de Deus adquire, quando se reconhece a sua relação com o perdão. A mentalidade aberta vem com a ausência de julgamen-
to. Assim como o julgamento fecha a mente contra o Professor de Deus, assim a mentalidade aberta O convida a entrar. As-
sim como a condenação julga como mau o Filho de Deus, a mentalidade aberta permite que ele seja julgado pela Voz por
Deus a Seu favor. Assim como a projeção da culpa sobre ele o mandaria ao inferno, a mentalidade aberta deixa que a imagem
de Cristo seja estendida a ele. Só quem tem a mente aberta pode estar em paz, pois só eles vêem razão para isso. Como é
que os que têm a mente aberta perdoam? Eles abandonaram tudo o que impede o perdão. Na verdade, abandonaram o mun-
do e permitiram que esse lhes fosse restaurado com tal frescor e em alegria tão gloriosa, que nunca teriam podido conceber
tamanha mudança. Nada é agora como era antes. Nada deixa de cintilar agora, que antes parecia tão opaco e sem vida. E
acima de tudo, todas as coisas lhes dão as boas-vindas, pois a ameaça se foi. Nenhuma nuvem permanece para encobrir a
face de Cristo. Agora a meta foi conseguida. O perdão é a meta final do currículo. Pavimenta o caminho para o que vai além
de todo aprendizado. ―O currículo não faz esforços para exceder sua meta legítima. O perdão é o seu único objetivo para o
qual todo o aprendizado converge em última instância. E, de fato, o suficiente.
Podes ter notado que a lista dos atributos dos professores de Deus não inclui coisas que constituem a herança do Filho de
Deus. Termos como amor, impecabilidade, perfeição, conhecimento e verdade eterna não aparecem nesse contexto. Seriam
por demais impróprios aqui. O que Deus deu em tanto excede o nosso currículo que o aprendizado desaparece diante da sua
presença. No entanto, quando a sua presença está obscurecida, o foco recai acertadamente sobre o currículo. A função dos
professores de Deus é trazer ao mundo o verdadeiro aprendizado. Propriamente falando, o que trazem é ―des-aprendizado‖,
pois esse é ―o aprendizado verdadeiro‖ no mundo. Aos professores de Deus é dado trazer ao mundo as boas-novas do perdão
completo. Bem-aventurados são eles, em verdade, pois são os portadores da salvação.

5. COMO SE REALIZA A CURA?


1. A cura envolve a compreensão do propósito da ilusão da doença. Sem isso, é impossível.

I. O propósito percebido na doença


1. A cura é realizada no instante em que aquele que sofre já não vê nenhum valor na dor. Quem escolheria sofrer a não ser que
pensasse que a dor lhe traz algo, e algo de valor? Ele tem de pensar que é um preço pequeno a ser pago por alguma coisa de
maior valor. Pois a doença é uma escolha, uma decisão. É uma escolha da fraqueza, na convicção errada de que a fraqueza é
força. Quando isto ocorre, a força real é vista como ameaça e a saúde como um perigo. A doença é um método, concebido na
loucura, para colocar o Filho de Deus no trono do Pai. Deus é visto como se estivesse do lado de fora, feroz e poderoso, ans i-
oso por manter a totalidade do poder para Si Mesmo. Só através da Sua morte, é possível que Ele seja conquistado pelo Seu
Filho.
2. Dentro dessa convicção doentia, o que representa a cura? Simboliza a derrota do Filho de Deus e o triunfo do seu Pai sobre
ele. Representa o derradeiro desafio que, diretamente, o Filho de Deus é obrigado a reconhecer. Simboliza tudo o que quer
esconder de si mesmo para proteger a sua «vida». Se for curado, é responsável pelos seus pensamentos. E se é responsável
pelos seus pensamentos será morto para provar a si mesmo o quanto é frágil e digno de pena. Mas se ele próprio escolhe a
morte, a sua fraqueza é a sua força. Agora, dá a si mesmo o que Deus lhe daria e, assim, usurpa inteiramente o trono do seu
Criador.

II. O deslocamento na percepção


1. A cura ocorre necessariamente na exata proporção em que se reconhece que a doença não tem valor. Basta alguém dizer:
«Eu não ganho absolutamente nada com isto» e está curado. Mas para dizer isto, primeiro tem de reconhecer certos fatos.
Antes do mais, é óbvio que as decisões são da mente, não do corpo. Se a doença não é senão uma perspectiva errada de
como solucionar os problemas, a doença, então, é uma decisão. E se é uma decisão, é a mente, e não o corpo, que a toma. A
resistência a reconhecer isto é enorme, posto que a existência do mundo tal como tu o percebes depende do corpo como sen-
do aquele que toma as decisões. Termos como «instintos», «reflexos» e outros semelhantes representam tentativas de dotar o
corpo com motivos não-mentais. De fato, tais termos, simplesmente, declaram ou descrevem o problema. Não lhe dão uma
resposta.
2. A aceitação da doença como uma decisão da mente que pretende usar o corpo para alcançar o seu propósito, é a base da
cura. E isto é assim para todas as formas de cura. Um paciente decide que isto é assim e recupera a saúde. Caso se decida
contra a recuperação, não será curado. Quem é o médico? Apenas a mente do doente. O resultado é o que ele decidir. Apa-
rentemente, agentes especiais* trabalham nele, mas não fazem senão dar forma à sua própria escolha. O paciente escolhe-os
por forma a realizar os seus desejos. Isso é o que fazem e nada mais. De fato, não são absolutamente necessários. O pacien-

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te, sem o auxílio deles, poderia, simplesmente, levantar-se e dizer: «Não tenho nenhuma utilidade para isto». Não há forma de
doença que não seja curada imediatamente.
3. Qual o requisito único para esta mudança de percepção? Simplesmente isto: o reconhecimento de que a doença é da mente
e não tem nada a ver com o corpo. Qual o «preço» deste reconhecimento? Custa mundo que vês, pois nunca mais o mundo
vai parecer reinar sobre a mente. Pois, juntamente com tal reconhecimento, a responsabilidade é colocada no seu devido lu-
gar; não no mundo, mas na pessoa que olha para o mundo e o vê como ele não é. Ela olha para o que escolhe ver. Nada
mais, nada menos. O mundo não faz nada a essa pessoa. Ela é que imaginava que fazia. Nem ela faz nada ao mundo, pois
estava enganada em relação ao que o mundo é. Aí está a libertação de ambas, culpa e doença, posto que são uma só. No
entanto, para aceitar esta libertação, é preciso que a idéia da insignificância do corpo seja aceitável.
4. Com esta idéia, a dor desaparece para sempre. Mas, com esta idéia, também desaparece toda a confusão a respeito da
criação. Não são decorrências inevitáveis? Coloca causa e efeito na sua verdadeira seqüência em relação a uma única coisa
e a aprendizagem irá generalizar-se e transformar o mundo. O valor de transferência de uma única idéia verdadeira não tem
fim ou limite. O resultado final desta lição é a lembrança de Deus. O que significam agora culpa e doença, dor, desastre e todo
o tipo de sofrimento? Não tendo propósito, tudo isto desaparece. E, com eles vão, também, todos os efeitos que pareciam
causar. Causa e efeito são apenas uma réplica da criação. Vistos na sua perspectiva correta, sem distorção e sem medo, elas
restabelecem o Céu.

III. A função do professor de Deus


1. Se o paciente tem de mudar a sua mente para ser curado, o que faz o professor de Deus? É capaz de mudar a mente do
paciente por ele? É claro que não. Para aqueles que já estão dispostos a mudar a sua própria mente, o professor de Deus não
tem função, a não ser a de se regozijar com eles, pois tornaram-se professores de Deus com ele. O professor de Deus, po-
rém, tem uma missão mais específica para com aqueles que não compreendem o que seja a cura. Esses pacientes não se
dão conta de que escolheram a doença. Ao contrário, acreditam que a doença os escolheu. E nem têm a mente aberta em
relação a isto. O corpo diz-lhes o que fazer e eles obedecem. Não têm idéia de quanto esse conceito é doentio. Se, pelo me-
nos, suspeitassem disso, seriam curados. Entretanto, de nada suspeitam. Para eles, a separação é bastante real.
2. O professor de Deus vem a eles para representar uma outra escolha, aquela que haviam esquecido. A simples presença de
um professor de Deus é uma chamada de atenção. Os pensamentos do professor de Deus solicitam o direito de questionar o
que o paciente aceitou como verdadeiro. Enquanto mensageiros de Deus, os Seus professores são os símbolos da salvação.
Perante o paciente, eles pedem-lhe perdão para o Filho de Deus, em nome do próprio Deus. Os professores de Deus repre-
sentam a alternativa. Com o Verbo de Deus nas suas mentes, vêm, não para curar os doentes, mas para abençoar, para lhes
recordar o remédio que Deus já lhes deu. Não são as mãos dos professores de Deus que curam. Não é a voz deles que profe-
re o Verbo de Deus. Eles, simplesmente, dão o que lhes foi dado. Com muita gentileza, apelam para os seus irmãos para que
se afastem da morte: «Contempla tu, Filho de Deus, o que a Vida te pode oferecer. Escolherias a doença em lugar disto?»
3. Jamais os professores de Deus avançados consideram as formas de doença em que o seu irmão acredita. Fazer isto é es-
quecer que todas têm o mesmo propósito e não são, portanto, realmente diferentes. Os professores de Deus procuram a Voz
de Deus nesse irmão que está disposto a se auto-enganar até acreditar que o Filho de Deus pode sofrer. E lembram-lhe que,
como ele não se fez a si mesmo, não pode deixar de permanecer tal como Deus o criou. Os professores de Deus reconhecem
que ilusões não têm qualquer efeito. A verdade nas suas mentes procura alcançar a verdade nas mentes dos seus irmãos, de
tal modo que as ilusões não sejam reforçadas. Desta forma tais ilusões são trazidas à verdade; não é a verdade que é trazida
às ilusões. Desta forma as ilusões são dissipadas, não pela vontade de um outro mas pela união da Vontade Única Consigo
Mesma. E essa é a função dos professores de Deus: não ver nenhuma vontade como se fosse separada da sua própria e nem
a sua da de Deus.

6. A cura é certa?
1. A cura é sempre certa. É impossível deixar que as ilusões sejam trazidas à verdade e continuar a manter ilusões. A verdade
demonstra que as ilusões não têm valor. O professor de Deus viu a correção dos seus erros na mente do paciente, reconhe-
cendo-o pelo que ele é. Tendo aceite a Expiação para si mesmo, aceitou-a também para o paciente. O que acontece, porém,
se o paciente usar a doença como um modo de vida, acreditando que a cura é uma forma de morte? Quando assim é, uma
cura repentina poderia precipitar uma depressão intensa e um sentido de perda tão profundo que o paciente poderia até tentar
destruir-se. Não tendo motivos para viver, pode pedir a morte. A cura, então, para a sua própria proteção, tem de esperar.
2. A cura sempre será posta de lado, cada vez que for vista como uma ameaça. Mas, no instante em que é bem-vinda, ela lá
está. Onde a cura foi dada, será recebida. Mas o que é o tempo diante das dádivas de Deus? Muitas vezes, no decorrer do
Texto, nos referimos à casa do tesouro, disposto igualmente para quem dá e para quem recebe as dádivas de Deus. Nenhuma
se perde, pois só podem aumentar. Nenhum professor de Deus deve sentir-se desapontado, caso tenha oferecido a cura sem
que ela tenha sido aparentemente recebida. Não lhe cabe julgar quando a sua dádiva deve ser aceite. Que guarde a certeza
de que a cura foi recebida, e confie em que será aceite quando for reconhecida como uma bênção e não como uma maldição.
3. Não é função dos professores de Deus avaliar o resultado das suas dádivas. A função deles é, apenas, dá-las. Uma vez que
tenham feito isto, deram também o resultado, pois ele faz parte da dádiva. Ninguém pode dar se estiver preocupado com o
resultado da doação. Isso é uma limitação do próprio ato de dar e, nesse caso, nem quem dá, nem quem recebe, possuiria a
dádiva. A confiança é uma parte essencial da doação; de fato, é a parte que faz com que o compartilhar seja possível, é a par-
te que garante ao doador que ele não perde, apenas ganha. Seria possível dar uma dádiva e ficar com o que é dado, para ter
a certeza de que é usado como o doador lhe parece apropriado? Isto não é dar, mas aprisionar.
4. É a renúncia de toda e qualquer preocupação em relação à dádiva que faz com que ela seja verdadeiramente dada. E é a
confiança que faz com que a verdadeira doação seja possível. A cura é a mudança mental que o Espírito Santo, na mente do
paciente, vai procurando para esse mesmo paciente. E é o Espírito Santo, na mente do doador, que lhe dá a dádiva. Como é
possível perdê-la? Como pode não ter efeito? Como pode ser desperdiçada? A casa do tesouro de Deus nunca pode estar

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vazia. Se uma dádiva estivesse em falta, ela não estaria plena. No entanto, a sua plenitude é garantida por Deus. Neste caso,
que preocupação pode ter um professor de Deus em relação ao que acontece às suas dádivas? Dadas por Deus a Deus,
quem, nesse intercâmbio santo, pode receber menos do que tudo?

7. A CURA DEVE SER REPETIDA?


1. Esta questão, realmente, responde a si mesma. A cura não pode ser repetida. Se o paciente está curado, o que faltará curar
nele? E, se a cura é certa, como já dissemos que é, o que há para repetir? O professor de Deus que fica preocupado com o
resultado da cura, limita-a. Agora, é a própria mente do professor de Deus que precisa de ser curada. E é isto que ele precisa
de facilitar. Agora, o professor de Deus é o paciente e assim se deve considerar. Cometeu um erro e precisa de estar disposto
a mudar a sua mente em relação a isso. Por lhe ter faltado a confiança que faz com que a verdadeira doação seja possível,
não recebeu o benefício da sua dádiva.
2. Sempre que um professor de Deus tentou ser um canal para a cura, teve sucesso. Caso tenha sido tentado a duvidar disso,
não deveria repetir o seu esforço anterior. Aquilo* já foi o máximo e o Espírito Santo assim o aceitou e usou. Agora, o profes-
sor de Deus só tem um caminho a seguir. Tem de usar a sua razão para dizer a si mesmo que entregou o problema Àquele
que não pode falhar e tem de reconhecer que a sua própria incerteza não é amor, mas medo e, por conseguinte, ódio. A sua
posição torna-se, então, insustentável, pois está a oferecer ódio a quem ofereceu amor. Isso é impossível. Tendo oferecido
amor, só amor pode ser recebido.
3. É nisto que o professor de Deus tem de confiar. É isto que realmente significa a declaração de que a única responsabilidade
daquele que trabalha em milagres é aceitar a Expiação para si mesmo. O professor de Deus é um trabalhador em milagres
porque dá as dádivas que recebeu. No entanto, antes, precisa de as aceitar. Não precisa de fazer mais do que isto, nem há
nada mais que possa fazer. Por aceitar a cura, é capaz de dá-la. Se duvida disto, que se lembre de Quem deu a dádiva e de
Quem a recebeu. Assim a sua dúvida é corrigida. Ele pensou que as dádivas de Deus podiam ser retiradas. Isso foi um mal-
entendido que dificilmente perdurará. Assim, ao professor de Deus só lhe resta reconhecer esse erro e permitir que seja corri-
gido.
4. Uma das mais difíceis tentações a ser reconhecida é esta: duvidar de uma cura em que, aparentemente, os sintomas persis-
tem é um erro na forma de falta de confiança. Como tal, é um ataque. Regra geral, parece ser exatamente o oposto. À primeira
vista, de fato, não parece razoável ser advertido de que a persistência da preocupação é um ataque. Tem todas as aparências
de amor. No entanto, o amor sem confiança é impossível, e dúvida e confiança não podem coexistir. E o ódio tem de ser o
oposto do amor, independentemente da forma que tome. Não se duvide da dádiva e é impossível duvidar do seu resultado. É
essa certeza que dá aos professores de Deus o poder de serem trabalhadores em milagres, pois depositaram a sua confiança
Nele.
5. A base real da dúvida a respeito do resultado de qualquer problema que tenha sido dado ao professor de Deus para resolver,
é sempre dúvida acerca de si mesmo. E isto necessariamente demonstra que a confiança foi depositada num ser ilusório, pois
só se pode duvidar de um ser assim. Essa ilusão pode tomar muitas formas. Talvez haja medo da fraqueza e da vulnerabilida-
de. Talvez haja medo do fracasso e da vergonha associada a um sentimento de inadequação. Talvez haja um embaraço cul-
poso saindo da falsa humildade. A forma do erro não é importante. O importante é, apenas, o reconhecimento de um erro co-
mo um erro.
6. O erro é sempre alguma forma de preocupação com o próprio ser, que exclui o paciente. É um fracasso em reconhecer o
paciente como parte do Ser e, portanto, representa uma confusão de identidade. Um conflito acerca de quem és entrou na tua
mente e acabaste por te enganar quanto a ti mesmo. E estás enganado quanto a ti mesmo porque negaste a Fonte da tua
criação. Se apenas estás a oferecer cura, não podes duvidar. Se realmente queres o problema resolvido, não podes duvidar.
Se estás certo a respeito de qual é o problema, não podes duvidar. A dúvida é o resultado de desejos em conflito. Estejas tu
certo do que queres e a dúvida passa a ser impossível.

8. COMO SE PODE EVITAR A PERCEPÇÃO


DA ORDEM DE DIFICULDADES EM MILAGRES?
1. A crença em ordem de dificuldades é a base da percepção do mundo. Fundamenta-se em diferenças; o que passou não está
nivelado, há alterações no que virá, as alturas são desiguais e os tamanhos diversos, há graus variados de escuridão e de luz,
e milhares de comprastes nos quais cada coisa vista, para ser reconhecida, compete com todas as outras. Um objeto maior
ofusca um menor. Uma coisa mais brilhante desvia a atenção de outra cujo apelo é menos intenso. E uma idéia mais ameaça-
dora, ou considerada mais desejável pelos padrões do mundo, transtorna completamente o domínio mental. O que os olhos do
corpo contemplam é apenas conflito. Não olhes para essas coisas à procura de paz e compreensão.
2. Ilusões são sempre ilusões de diferenças. Como poderia ser de outra forma? Por definição, uma ilusão é uma tentativa de
fazer com que alguma coisa considerada de maior importância seja real, embora se reconheça que tal coisa não é verdadeira.
A mente, então, procura fazer com que seja verdadeira em função da intensidade do desejo de tê-la para si. Ilusões são tra-
vestis da criação, tentativas de trazer verdade às mentiras. Achando a verdade inaceitável, a mente revolta-se contra a verda-
de e dá a si mesma uma ilusão de vitória. Por considerar a saúde uma carga, retira-se para sonhos febris. E, nesses sonhos, a
mente está separada, diferente de outras mentes, com interesses próprios diferentes e é capaz de gratificar as suas necessi-
dades à custa dos outros.
3. De onde vêm todas estas diferenças? Certamente parecem estar no mundo lá fora. No entanto, com toda a certeza é a men-
te que julga o que os olhos contemplam. É a mente que interpreta as mensagens dos olhos e lhes dá «significado». E esse
significado não existe absolutamente no mundo exterior. O que é visto como «realidade» é, simplesmente, o que a mente pre-
fere. A mente projeta a sua hierarquia de valores para o que está fora e envia os olhos do corpo para a encontrar. Os olhos do
corpo nunca verão senão através das diferenças. Contudo, a percepção não se baseia nas mensagens que eles trazem. Só a
mente avalia as mensagens dos olhos e, assim sendo, só a mente é responsável pelo que é visto. Só ela decide se o que é
visto é real ou ilusório, desejável ou indesejável, prazenteiro ou doloroso.
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4. É nas atividades de seleção e categorização da mente que entram os erros de percepção. E é aqui que a correção tem de
ser feita. A mente classifica o que os olhos do corpo lhe trazem de acordo com os seus valores preconcebidos, julgando em
que categorias melhor se encaixa cada dado fornecido pelos sentidos. Que base poderia ser mais errada do que esta? Sem
reconhecimento próprio, ela mesma pediu que lhe fosse dado o que se encaixa nessas categorias. E, tendo feito isto, conclui
que as ditas categorias têm de ser verdadeiras. Nisto se baseia o julgamento de todas as diferenças, pois é disto que depen-
dem todos os julgamentos do mundo. Acaso se pode depender, para o que quer que seja, deste «raciocínio» confuso e sem
sentido?
5. Não pode haver ordem de dificuldades na cura, simplesmente, porque qualquer doença é ilusão. Será mais duro dissipar a
crença dos doentios em uma alucinação maior, em oposição a uma menor? Concordarão eles mais rapidamente com a irreali-
dade de uma voz mais alta do que com a de outra mais suave? Descartarão eles com maior facilidade um comando para ma-
tar sussurrado do que outro dado aos gritos? E será que o número de garfos que eles vêem os demônios a carregar afeta a
credibilidade que as suas percepções têm desses demônios? As mentes desses doentios categorizou tudo isto como real,
portanto, tudo é real para eles. Quando se derem conta de que são ilusões, desaparecerão. E assim é com a cura. As proprie-
dades das ilusões que as fazem parecer diferentes são, na realidade, irrelevantes, pois as suas propriedades são tão ilusórias
quanto elas próprias.
6. Os olhos do corpo continuarão a ver diferenças. Mas a mente que se deixou curar deixará de tomar conhecimento delas.
Haverá pessoas que parecerão «mais doentes» do que outras, e os olhos do corpo registrarão, como antes, as mudanças nas
suas aparências. Mas a mente curada vai colocá-las todas numa única categoria: elas são irreais. Esta é a dádiva do seu Pro-
fessor: a compreensão de que apenas duas categorias têm significado na seleção das mensagens que a mente recebe daqui-
lo que parece ser o mundo exterior. E, destas duas, somente uma é real. Assim como a realidade é totalmente real, indepen-
dentemente de tamanho, forma, tempo e lugar - pois não podem existir diferenças dentro da realidade - assim também as ilu-
sões são sem distinções. A resposta única para qualquer tipo de doença é a cura. A resposta única para todas as ilusões é a
verdade.

9. SÃO NECESSÁRIAS MUDANÇAS NA


SITUAÇÃO DE VIDA DOS PROFESSORES DE DEUS?
1. São necessárias mudanças nas mentes dos professores de Deus. Isto pode ou não envolver mudanças na situação externa.
Lembra-te de que ninguém está onde está acidentalmente e de que o acaso não tem nenhum papel no plano de Deus. É bas-
tante provável que mudanças de atitudes constituam o primeiro passo no treino do recém-formado professor de Deus. No en-
tanto, não há um padrão determinado, posto que o treino é sempre altamente individualizado. Há aqueles que são chamados
a mudar a sua situação de vida quase que imediatamente, mas esses, geralmente, são casos especiais. Para a grande maio-
ria é dado um programa de treino de evolução lenta, durante o qual é corrigido o maior número possível de erros anteriores.
Os relacionamentos em particular têm de ser percebidos de forma correta e todas as pedras angulares da incapacidade de
perdoar têm de ser removidas. De outro modo, o antigo sistema de pensamento ainda tem base para regressar.
2. À medida em que o professor de Deus avança no seu treino, aprende uma lição cada vez mais profunda. Ele não toma as
suas próprias decisões; pergunta ao seu Professor qual a Sua resposta, e é isso que respeita como seu guia de ação. Isto
torna-se cada vez mais fácil à medida em que o professor de Deus aprende a desistir do seu próprio julgamento. Desistir do
julgamento - o pré-requisito óbvio para se ouvir a Voz de Deus - é usualmente um processo razoavelmente lento, não porque
seja difícil, mas porque pode ser percebido como um insulto pessoal. O treino do mundo está dirigido no sentido de alcançar
uma meta diretamente oposta à do nosso ensinamento. O mundo treina visando a confiança no próprio julgamento como crité-
rio de maturidade e força. O nosso ensinamento treina tendo em vista o abandono do julgamento como condição necessária à
salvação.

10. COMO SE ABANDONA O JULGAMENTO?


1. O julgamento, como outros instrumentos através dos quais se mantém o mundo das ilusões, é compreendido de forma to-
talmente errada pelo mundo. De fato, é confundido com sabedoria e substitui a verdade. Considerando a forma que o mundo
usa o termo, um indivíduo é capaz de fazer «bom» ou «mau» julgamento e a sua educação tem por objetivo fortalecer o pri-
meiro e minimizar o último. Entretanto, há grande confusão em torno do que significam estas categorias. O que é «bom» jul-
gamento para um, é «mau» para outro. Além disto, até a mesma pessoa, em um dado momento, classifica a mesma ação
como sendo demonstrativa de «bom» julgamento e de «mau» julgamento em outro. Nem é possível ensinar-se qualquer crité-
rio consistente para a determinação do que são estas categorias. A qualquer momento o aluno pode discordar daquilo que o
seu pretenso professor diz a esse respeito, e o próprio professor pode muito bem ser inconsistente em relação àquilo em que
acredita. «Bom» julgamento, nestes termos, não significa nada: assim como «mau» também não significa nada.
2. É necessário que o professor de Deus reconheça, não que não deve julgar, mas que não pode julgar. Ao desistir do julga-
mento, está apenas a desistir do que não tinha. Desiste de uma ilusão; ou melhor, tem a ilusão de desistir. De fato, simples-
mente, se tornou mais honesto. Reconhecendo que o julgamento sempre lhe foi impossível, não mais tenta fazê-lo. Não há
nenhum sacrifício. Ao contrário, coloca-se numa posição na qual o julgamento pode ocorrer através dele, em vez de por ele. E
este julgamento não é «bom» nem é «mau». É o único julgamento que existe e é apenas um: «O Filho de Deus não tem culpa
e o pecado não existe».
3. O objetivo do nosso ensinamento, ao contrário da meta de aprendizagem do mundo, é o reconhecimento de que o julgamen-
to, no sentido usual do termo, é impossível. Isto não é uma opinião, mas um fato. Para poder julgar qualquer coisa acertada-
mente, a pessoa teria de estar inteiramente ciente de uma escala inconcebível de coisas passadas, presentes e por vir. A pes-
soa teria de reconhecer antecipadamente todos os efeitos dos seus julgamentos sobre todas as outras pessoas e coisas, de
alguma forma envolvidas com tais efeitos. E a pessoa teria de estar certa de não haver nenhuma distorção na sua percepção,

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de forma a que o seu julgamento fosse totalmente justo em relação a todos aqueles sobre os quais recai, agora e no futuro.
Quem está em posição de fazer isto? Quem, a não ser em grandiosas fantasias, poderia reivindicar tal coisa para si mesmo?
4. Lembra-te de quantas vezes pensaste que conhecias todos os «fatos» necessários para um julgamento e de como estavas
enganado! Existe alguém que não tenha tido esta experiência? Saberias quantas vezes, simplesmente, pensaste que estavas
certo, sem jamais reconheceres que estavas errado? Por que escolherias uma base tão arbitrária para tomar decisões? A sa-
bedoria não está em julgar, mas no abandono do julgamento. Faz, então, apenas mais um julgamento. É o seguinte: há Al-
guém contigo cujo julgamento é perfeito. Ele conhece todos os fatos passados, presentes e por vir. Ele, na verdade, conhece
todos os efeitos do Seu julgamento sobre todas as pessoas e todas as coisas que, de alguma forma, estão envolvidos com
esse julgamento. E Ele é totalmente justo para com todos, pois não há distorção na Sua percepção.
5. Portanto, deixa de lado o julgamento, não com pesar, mas com um suspiro de gratidão. Agora, estás livre de uma carga tão
grande que somente poderias cambalear e cair para debaixo dela. E tudo era ilusão. Nada mais. Agora, o professor de Deus
pode erguer-se sem cargas e caminhar com leveza. Porém, não é esse, apenas, o seu benefício. O seu senso de preocupa-
ção desvaneceu-se, pois já não tem nenhuma preocupação. Abdicou disso, juntamente com o julgamento. Entregou-se Àquele
em cujo julgamento escolheu passar a confiar, em vez do seu próprio. Agora, não se engana. O seu Guia é seguro. E onde o
professor de Deus veio para julgar, veio para abençoar. Onde ele agora ri, antes costumava vir para chorar.
6. Não é difícil abandonar o julgamento. Mas é, de fato, difícil tentar mantê-lo. O professor de Deus abandona o julgamento
com felicidade no momento em que reconhece o seu preço. Toda a feiúra que vê à sua volta é conseqüência do julgamento.
Toda a dor que contempla é o seu resultado. Toda a solidão e o senso de perda, do tempo que passa e da desesperança
crescente, do desespero doentio e do medo da morte; tudo isso veio do julgamento. Agora, o professor de Deus sabe que tais
coisas não precisam de ser assim. Nenhuma delas é verdadeira. Pois desistiu da sua causa e elas, que nunca foram senão os
efeitos da sua escolha errada, deixam de estar presas a ele. Professor de Deus, este passo irá trazer-te a paz. Será difícil que-
rer apenas isto?

11. COMO É POSSÍVEL A PAZ NESTE MUNDO?


1. Esta é uma pergunta que todos têm de fazer. Certamente, a paz parece ser impossível aqui. No entanto, o Verbo de Deus
promete outras coisas que, tal como esta, parecem impossíveis. O Seu Verbo prometeu a paz. Prometeu, também, que não há
morte, que a ressurreição tem de ocorrer e que o renascimento é a herança do homem. O mundo que vês não pode ser o
mundo amado por Deus e, no entanto, o Seu Verbo assegura-nos que Ele ama o mundo. O Verbo de Deus prometeu que a
paz é possível aqui, e o que Ele promete não pode ser impossível. Porém, a verdade é que é preciso olhar para o mundo de
maneira diferente, se queremos aceitar as promessas de Deus. O que o mundo é não passa de um fato. Não podes escolher
como isso deveria ser. Mas podes escolher como queres vê-lo. Na verdade, é isso o que tens de escolher.
2. Mais uma vez voltamos à questão do julgamento. Desta vez, pergunta-te qual dos dois tem mais probabilidade de ser verda-
deiro, o teu julgamento ou o Verbo de Deus. Pois eles dizem coisas diferentes acerca do mundo, e coisas tão opostas que não
faz sentido querer conciliá-las. Deus oferece ao mundo a salvação; o teu julgamento condená-lo-ia. Deus diz que não há mor-
te; o teu julgamento vê apenas a morte como o fim inevitável da vida. O Verbo de Deus assegura-te que Ele ama o mundo; o
teu julgamento diz que o mundo não é amável. Quem está certo? Pois um dos dois está errado. Tem de ser assim.
3. O livro Texto explica que o Espírito Santo é a Resposta para todos os problemas que fizeste. Esses problemas não são re-
ais, mas isso não tem significado para aqueles que neles acreditam. E todas as pessoas acreditam no que fizeram, pois foi
feito porque elas acreditam. A esta situação estranha e paradoxal - sem significado e vazia de sentido, porém, aparentemente
sem saída - Deus enviou o Seu Julgamento para responder ao teu. Gentilmente, o Seu Julgamento substitui o teu. E através
desta substituição, o que é incompreensível torna-se compreensível. Como é possível a paz neste mundo? No teu julgamento
não é possível, nem nunca será. Mas, no Julgamento de Deus, o que é refletido aqui é apenas paz.
4. A paz é impossível para aqueles que olham para a guerra. A paz é inevitável para aqueles que oferecem a paz. Como é fácil,
então, escapar do teu julgamento do mundo! Não é o mundo que faz a paz parecer impossível. O mundo que vês é que é im-
possível. Apesar disso, o Julgamento de Deus sobre este mundo distorcido redimiu-o e capacitou-o a dar as boas-vindas à
paz. E a paz desce sobre ele em alegre resposta. A paz está agora aqui, no seu devido lugar, porque se introduziu um pensa-
mento de Deus. Que outra coisa além de um Pensamento de Deus pode fazer com que o inferno passe a ser o Céu, simples-
mente, por ser o que é? A terra curva-se diante da sua Presença, que, cheia de graça, responde inclinando-se a fim de a reer-
guer novamente. Agora, a questão passou a ser diferente. Não é mais: «É possível a paz neste mundo?» mas sim «Não é
impossível que a paz esteja ausente daqui?»

12. QUANTOS PROFESSORES DE DEUS SÃO


NECESSÁRIOS PARA SALVAR O MUNDO?
1. A resposta a esta pergunta é: - um. Um professor totalmente perfeito, cuja aprendizagem está completa, é o suficiente. Este,
santificado e redimido, torna-se o Ser que é o Filho de Deus. Ele, que sempre foi totalmente espírito, agora não mais se vê
como um corpo, nem mesmo em um corpo. Por conseguinte, não tem limites. E não tendo limites, os seus pensamentos estão
unidos aos de Deus para sempre. A sua percepção de si mesmo baseia-se no julgamento de Deus e traz os Seus pensamen-
tos às mentes ainda iludidas. Ele é para sempre um, porque é como Deus o criou. Ele aceitou Cristo e está salvo.
2. Assim, o filho do homem torna-se o Filho de Deus. Não é realmente uma mudança, é uma mudança de mente. Nada externo
se altera, mas tudo internamente reflete agora só o Amor de Deus. Deus já não pode ser temido, porque a mente não vê ne-
nhuma causa para a punição. Os professores de Deus parecem ser muitos, pois essa é a necessidade do mundo. No entanto,
unidos num só propósito, propósito esse que compartilham com Deus, como poderiam estar separados uns dos outros? Que
importa, então, se aparecem em muitas formas? As suas sementes são uma só; a sua união é completa. E Deus, agora, traba-
lha através deles como se fossem um, pois é isso o que são.

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3. Por que é necessária a ilusão de serem muitos? Somente porque a realidade não é compreensível para os iludidos. Raros
são os que podem ouvir a Voz de Deus de qualquer maneira que seja, e mesmo estes não podem comunicar as mensagens
Dele através do Espírito Santo, que lhas deu. Os professores de Deus necessitam de um veículo através do qual a comunica-
ção se torne possível para aqueles que não reconhecem que são espírito. Um corpo, esses podem ver. Uma voz podem com-
preender e ouvir o medo que a verdade encontraria neles. Não te esqueças de que a verdade só pode vir onde é bem-vinda
sem medo. Assim, os professores de Deus precisam de um corpo, pois a sua unidade não poderia ser reconhecida diretamen-
te.
4. Entretanto, o que faz os professores de Deus é o seu reconhecimento de qual é o verdadeiro propósito do corpo. À medida
em que avançam na sua profissão, cada vez mais se apercebem de que a função do corpo é apenas deixar que a Voz de
Deus fale através dele para ouvidos humanos. Esses ouvidos carregarão para a mente do ouvinte mensagens que não são
deste mundo, as quais a mente compreenderá devido à Fonte donde provêem. Desta compreensão virá o reconhecimento,
nesse novo professor de Deus, de qual é realmente o propósito do corpo, do único uso que realmente existe para ele. Esta
lição é suficiente para permitir a entrada do pensamento da unidade, e o que é um é reconhecido como um. Os professores de
Deus parecem compartilhar a ilusão da separação mas, devido ao propósito com que usam o corpo, não acreditam na ilusão
apesar das aparências.
5. A lição central é sempre esta: seja o que for que o corpo seja para ti, é isso que ele virá a ser para ti. Usa-o para o pecado ou
para o ataque, que é o mesmo que pecado, e vê-lo-ás como pecaminoso. Porque é pecaminoso é fraco e, ao ser fraco, sofre e
morre. Usa-o para trazer o Verbo de Deus àqueles que não O têm e o corpo torna-se santo. Por ser santo, não pode adoecer,
nem pode morrer. Quando a sua utilidade finda, é posto de lado e isto é tudo. A mente toma esta decisão assim como toma
todas as decisões que são responsáveis pela condição do corpo. Contudo, o professor de Deus não toma esta decisão sozi-
nho. Fazê-lo seria dar ao corpo outro propósito além daquele que o mantém santo. A Voz de Deus vai dizer-lhe quando está
cumprido o seu papel, tal como essa Voz lhe diz qual é a sua função. Ele não sofre nem por ir nem por ficar. Agora, a doença,
para ele, é impossível.
6. A unicidade e a doença não podem coexistir. Os professores de Deus escolhem olhar para os sonhos durante algum tempo.
É uma escolha consciente. Pois aprenderam que todas as escolhas são feitas conscientemente, com total conhecimento da
suas conseqüências. O sonho diz o contrário, mas quem depositaria a sua fé em sonhos uma vez que foram reconhecidos
pelo são? A consciência do sonhar é a função real dos professores de Deus. Eles observam as figuras dos sonhos a ir a vir, a
deslocarem-se e a mudarem, a sofrerem e a morrerem. Apesar disso, não são enganados pelo que vêem. Reconhecem que
contemplar uma figura de sonho como doente e separada não é mais real do que considerá-la saudável e bonita. Só a unida-
de não é coisa de sonhos. E é isso que os professores de Deus reconhecem por detrás do sonho, além de todas as aparên-
cias e ainda assim como algo que, com toda a certeza lhes pertence.

13. QUAL O SIGNIFICADO DO SACRIFÍCIO?


1. Embora, na verdade, o termo sacrifício não tenha qualquer significado, ele tem significado no mundo. Como todas as coisas
no mundo, o seu significado é temporário e, em última instância, desaparecerá no nada de onde veio quando deixar de haver
utilidade para ele. Agora, o seu significado real é uma lição. Como todas as lições é ilusão, uma vez que na realidade não há
nada a aprender. No entanto, esta ilusão tem de ser substituída por um instrumento corretivo: uma outra ilusão que substitua a
primeira, de modo a que ambas possam finalmente desaparecer. A primeira ilusão, que tem de ser descartada antes que um
novo sistema de pensamento possa assumir o controle, é a de que desistir das coisas deste mundo é um sacrifício. O que
poderia ser senão uma ilusão, se este mundo, em si mesmo, não passa de uma ilusão?
2. É necessária grande aprendizagem para reconhecer e aceitar o fato de que o mundo não tem nada para dar. O que pode
significar o sacrifício do nada? Não pode significar que, por causa disso, venhas a ter menos. Do ponto de vista do mundo,
não há sacrifício que não envolva o corpo. Pensa um pouco acerca daquilo a que o mundo chama sacrifício. Poder, fama, di-
nheiro, prazer, físico; quem é o herói a quem todas estas coisas acontecem? Poderiam significar alguma coisa a não ser para
um corpo? No entanto, um corpo não é capaz de avaliar. Ao procurar estas coisas, a mente associa-se ao corpo, obscurecendo a
sua identidade e perdendo de vista o que ela é.
3. Uma vez ocorrida esta confusão, torna-se impossível para a mente compreender que todos os «prazeres» do mundo não
são nada. Mas que sacrifício - e é sacrifício, de fato! - tudo isto acarreta. Agora, a mente condenou-se a encontrar sem jamais
encontrar, a ser para sempre insatisfeita e descontente, a não saber o que realmente quer encontrar. Quem pode escapar
desta autocondenação? Somente através do Verbo de Deus isso poderia ser possível. Pois a autocondenação é uma decisão
sobre a identidade e ninguém duvida do que acredita que é. Pode duvidar de todas as coisas, menos disso.
4. Os professores de Deus não podem sentir nenhum arrependimento em desistir dos prazeres do mundo. É sacrifício desistir da dor?
Algum adulto se ressente quando desiste dos brinquedos de criança? Uma pessoa, cuja visão já vislumbrou a face de Cristo, acaso
olha para trás, com saudade, para um matadouro? Ninguém que tenha escapado do mundo e de todos os seus males o encara com
condenação, quando volta a olhar par ele. Mas, não pode deixar de se regozijar por estar livre de todos os sacrifícios que os valores
do mundo exigiam dele. A eles, a pessoa sacrifica toda a sua paz. A eles, sacrifica toda a sua liberdade. E, para os possuir, tem de
sacrificar a sua esperança do Céu e a memória do Amor do seu Pai. Quem, na sua mente sã escolhe nada em substituição de tudo?
5. Qual é o significado real do sacrifício? É o custo de se acreditar em ilusões. É o preço que tem de ser pago pela negação da
verdade. Não há nenhum prazer mundano que não exija isso, pois, de outro modo, o prazer seria visto como dor e ninguém
pede dor quando a reconhece. É a idéia de sacrifício que faz com que a pessoa fique cega. Ela não vê o que está a pedir. E,
assim, procura isso de milhares de maneiras diferentes e em milhares de lugares, a cada vez acreditando que está lá e a cada
vez desapontando-se, no final. «Procura mas não encontres» continua a ser o severo decreto deste mundo e ninguém, que
persiga metas mundanas, pode fazer de outra forma.
6. Podes acreditar que este curso exige o sacrifício de tudo aquilo que realmente aprecias. Num certo sentido isto é verdadeiro,
pois aprecias as coisas que crucificam o Filho de Deus, ao passo que o objetivo deste curso é libertá-lo. Mas não te enganes a
respeito do que significa sacrifício. Significa, sempre, desistir do que queres. E o que é que, ó professor de Deus, tu queres?

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Foste chamado por Deus e respondeste. Sacrificarias agora esse Chamamento? Poucos o ouviram por enquanto e esses só
podem voltar-se para ti. Não há nenhuma outra esperança no mundo inteiro em que possam confiar. Não há nenhuma outra
voz no mundo inteiro que ecoe a de Deus. Se queres sacrificar a verdade, eles permanecem no inferno. E se eles permane-
cem, tu ficarás com eles.
7. Não te esqueças de que o sacrifício é total. Não existem meios-sacrifícios. Não podes desistir do Céu parcialmente. Não
podes estar só um bocadinho no inferno. O Verbo de Deus não tem exceções. É isso que faz com que seja santo e além do
mundo. É a sua santidade que aponta para Deus. É a sua santidade que faz com que tu estejas a salvo. Ele é negado se ata-
cas qualquer irmão por qualquer motivo. Pois é aí que ocorre o rompimento com Deus. Um rompimento que é impossível. Um
rompimento que não pode acontecer. No entanto, um rompimento no qual certamente vais acreditar porque estabeleceste uma
situação impossível. E, nessa situação, o impossível pode parecer estar a ocorrer. Parece estar a ocorrer através do «sacrifí-
cio» da verdade.
8. Professor de Deus, não te esqueças do significado do sacrifício e lembra-te do que necessariamente significa, em termos de
custo, cada decisão que tomas. Decide-te por Deus, e todas as coisas te são dadas sem qualquer custo. Decide-te contra Ele,
e escolhes o nada ao preço da consciência de tudo. O que queres ensinar? Lembra-te, apenas, do que queres aprender. Por-
que é nisso que deve estar a tua preocupação. A Expiação é para ti. A tua aprendizagem reivindica-a e a tua aprendizagem
dá-a. O mundo não contém a Expiação. Mas aprende este curso e ela é tua. Deus oferece-te o Seu Verbo, pois Ele tem ne-
cessidade de professores. Que outra maneira existe para salvar o Seu Filho?

14. COMO SERÁ O FIM DO MUNDO?


1. É possível que o que não tem começo tenha, realmente, um fim? O mundo terminará numa ilusão, tal como começou. Po-
rém, o seu fim será uma ilusão de misericórdia. A ilusão do perdão, completo, sem excluir ninguém, sem limites em gentileza,
cobrirá o mundo, escondendo todos os males, ocultando todos os pecados e pondo fim à culpa para sempre. Assim termina o
mundo que foi feito pela culpa, pois agora tal mundo não tem nenhum propósito e desapareceu. O pai das ilusões é a crença
em que elas têm um propósito, que servem a alguma necessidade ou gratificam algo que se quer. Uma vez percebidas como
não tendo propósito, deixam de ser vistas. Com o reconhecimento de que nenhum propósito lhes pode ser dado, as ilusões
desapareceram. Como, a não ser deste modo, podem todas as ilusões ter fim? Elas foram trazidas à verdade e a verdade não
as viu. Simplesmente deixou de ver o que não tem significado.
2. Até que o perdão seja completo, o mundo tem um propósito. Vem a ser o lar onde nasce o perdão, onde cresce tornando-se
cada vez mais forte e mais abrangente. Aqui é nutrido, posto que aqui é necessário. Um Salvador gentil, nascido onde o peca-
do foi feito e a culpa parece real. Aqui é o Seu lar, pois aqui, de fato, Ele é necessário. Ele traz consigo o final do mundo. É ao
Seu Chamamento que os professores de Deus respondem, voltando-se para Ele, em silêncio, de modo a receber o Seu Ver-
bo. O mundo terminará quando todas as coisas nele tiverem sido corretamente julgadas pelo Seu Julgamento. O mundo ter-
minará com a bênção da santidade sobre si. Quando não permanecer nenhum pensamento de pecado, o mundo acaba. Ele
não será destruído, nem atacado, nem mesmo tocado. Simplesmente deixará de parecer que existe.
3. Certamente isto parece estar distante, muito distante. «Quando não permanecer nenhum pensamento de pecado» parece
ser, de fato, um objetivo a muito longo prazo. Mas o tempo pára e aguarda pelo objetivo dos professores de Deus. Nenhum
pensamento de pecado permanecerá no instante em que qualquer um deles aceitar a Expiação para si mesmo. Não é mais
fácil perdoar um pecado do que perdoar todos os pecados. A ilusão da ordem de dificuldade é um obstáculo que o professor
de Deus tem de aprender a ultrapassar e a deixar para trás. Um pecado perfeitamente perdoado por um professor de Deus
pode tornar a salvação completa. És capaz de compreender isto? Não, isto não tem significado para qualquer um, nesse mun-
do. Entretanto, é a lição final na qual a unidade é restaurada. Vai contra todos os pensamentos do mundo, mas assim também
é o Céu.
4. O mundo chegará ao fim quando o seu sistema de pensamento for completamente restaurado. Até lá, pedaços e restos
desse pensamento ainda parecerão fazer sentido. A lição final, que traz o fim do mundo, não pode ser apreendida por aqueles
que ainda não estão preparados para deixar o mundo e ir além do seu diminuto alcance. Qual é, então, a função do professor
de Deus nesta lição conclusiva? Simplesmente tem de aprender como abordá-la, estar disposto a seguir nessa direção. Sim-
plesmente tem de confiar que, se a Voz de Deus lhe diz que esta é uma lição que ele pode aprender, é porque é capaz de
aprendê-la. Não a julga nem como difícil, nem como fácil. O Seu Professor aponta para ela e o professor de Deus confia em
que Ele lhe mostrará como aprendê-la.
5. O mundo terminará em alegria, porque é um lugar de pesar. Quando a alegria tiver vindo, o propósito do mundo desvane-
ceu-se. O mundo terminará em paz, porque é um lugar de guerra. Quando a paz tiver vindo, qual é o propósito do mundo? O
mundo terminará em riso, porque é um lugar de lágrimas. Quando há sorrisos, quem mais haverá de chorar? E somente o
perdão completo traz tudo isto para abençoar o mundo. Ele parte em bênção, pois não terminará como começou. Fazer com
que o inferno se transforme em Céu é a função dos professores de Deus, pois o que eles ensinam são lições nas quais o Céu
está refletido. E agora, senta-te em verdadeira humildade e reconhece que tudo o que Deus quer que faças, tu és capaz de
fazer. Não sejas arrogante e não digas que és incapaz de aprender o Seu próprio ensinamento. O Seu Verbo diz o contrário.
Que a Sua Vontade seja feita. Não pode ser diferente. E sê grato por ser assim.

15. CADA UM SERÁ JULGADO NO FINAL?


1. Será, sim! Ninguém pode escapar do Julgamento Final de Deus. Quem poderia fugir da verdade para sempre? Mas o Jul-
gamento Final só virá quando deixar de ser associado com o medo. Um dia, cada um dar-lhe-á as boas-vindas e, nesse mes-
mo dia, o Julgamento Final ser-lhe-á dado. Cada um ouvirá a sua impecabilidade proclamada em todas as partes do mundo,
libertando-o à medida em que recebe o Julgamento Final de Deus. Neste Julgamento está a salvação. Este é Julgamento que
virá libertá-lo. Este é o Julgamento no qual todas as coisas são libertadas juntamente com ele. O tempo pára à medida em que
a eternidade se aproxima e o silêncio cai sobre o mundo para que todos possam ouvir o seguinte Julgamento sobre o Filho de
Deus:

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Tu és santo, eterno, livre e integro, para sempre em paz no coração de Deus.
Onde está o mundo e onde está o pesar agora?
2. É este o teu julgamento sobre ti mesmo, professor de Deus? Acreditas que isto seja realmente verdadeiro? Não, ainda não,
ainda não. Mas esta continua ser a tua meta, a razão pela qual estás aqui. A tua função é preparares-te para ouvir este Julga-
mento e reconhecê-lo como verdadeiro. No instante em que acredites completamente nisto transcenderás a crença e obterás
a Certeza. Um instante fora do tempo pode trazer o fim do tempo. Não julgues, pois julgas apenas a ti mesmo e, assim, adias
esse Julgamento Final. Qual é o teu julgamento do mundo, professor de Deus? Já aprendeste a ficar de lado a ouvir a Voz do
Julgamento em ti mesmo? Ou ainda tentas roubar-Lhe o papel que Lhe é devido? Aprende a aquietar-te pois a Voz do Julga-
mento é ouvida na quietude. O Seu Julgamento vem a todos os que se põem de lado a escutar em quietude e a esperar por
Ele.
3. Tu, que umas vezes estás triste e outras com raiva, que sentes que o que te é devido por vezes te é negado e que os teus
melhores esforços esbarram na falta de apreciação e até no desprezo, abandona esses pensamentos tolos! São por demais
pequenos e insignificantes para ocupar a tua mente santa, por mais um instante que seja. O Julgamento de Deus espera por ti
para te libertar. O que pode o mundo oferecer-te, independentemente do teu julgamento sobre as dádivas mundanas que pre-
feres possuir? Serás julgado e julgado em justiça e honestidade. Não há erro em Deus. As Suas promessas vêm com certeza.
Lembra-te apenas disto. As Suas promessas garantiram que o Seu julgamento, e apenas o Seu, será aceito no final. É tua
função fazer com que esse fim seja em breve. É tua função guardá-lo junto ao teu coração e oferecê-lo ao mundo todo para o
manter a salvo.

16. COMO O PROFESSOR DE DEUS DEVE PASSAR O SEU DIA?


1. Para o professor de Deus avançado, esta pergunta não tem significado. Não existe programa, porque as lições mudam a
cada dia. O professor de Deus, porém, está certo de uma coisa: essas lições não mudam por acaso. Vendo isso e compreen-
dendo que é verdadeiro, descansa contente. Ser-lhe-á dito tudo sobre qual deve ser o seu papel nesse dia e todos os dias. E
aqueles que compartilham o seu papel encontrá-lo-ão, de modo que possam aprender as lições do dia juntos. Ninguém que
lhe seja necessário está ausente, ninguém é enviado sem um objetivo de aprendizagem já determinado e que possa ser a-
prendido naquele dia. Para o professor de Deus avançado, então, esta pergunta é supérflua. Foi perguntada e respondida, e
ele mantém-se em permanente contato com a Resposta. Ele está no seu lugar e vê a estrada, na qual caminha, desdobrar-se,
segura e suave, à sua frente.
2. Mas, e aqueles que não alcançaram a certeza do professor de Deus? Eles não estão prontos, ainda, para essa sua própria
falta de estrutura. O que precisam fazer para dar o dia a Deus? Existem algumas regras gerais que se aplicam, muito embora
cada um deva usá-las da melhor forma possível, à sua própria maneira. As rotinas, enquanto tais, são perigosas porque rapi-
damente se tornam deusas por seu próprio direito, ameaçando aquelas mesmas metas em nome das quais foram estabeleci-
das. De um modo geral, então, pode dizer-se que é bom começar o dia acertadamente. É sempre possível começar de novo,
caso o dia comece com um erro. No entanto, são óbvias as vantagens em termos de economia de tempo.
3. No início, é sábio pensar em termos de tempo. Este não é, de modo algum, o critério absoluto, mas, inicialmente, é provável
que seja o mais simples de se observar. A economia de tempo, nas fases iniciais, é uma ênfase essencial e, embora ao longo
do processo de aprendizagem continuar a ser importante, vai sendo cada vez menos enfatizada. No início pode dizer-se com
segurança que dedicar algum tempo a começar o dia acertadamente, de fato, economiza tempo. Quanto tempo se deve gas-
tar, pois nessa atividade? Isso tem de depender do próprio professor de Deus. Ele não pode reivindicar este título enquanto
não tiver terminado o Livro de Exercícios, uma vez que estamos a aprender dentro da estrutura do nosso curso. Depois de
terminados os períodos de prática mais estruturada que o Livro de Exercícios contém, a necessidade individual passa a ser a
consideração mais importante.
4. Este curso é sempre prático. Pode acontecer que o professor de Deus, ao acordar, não esteja numa situação que lhe favo-
reça pensar em quietude. Se é esse o caso, que se lembre, apenas, que está a escolher passar o seu tempo com Deus o
quanto antes e, portanto, que o faça. A duração não é a maior preocupação. É fácil uma pessoa ficar sentada uma hora, de
olhos fechados, e não realizar nada. Do mesmo modo, pode facilmente dar-se a Deus um instante apenas e, nesse instante,
unir-se completamente a Ele. Talvez a única generalização que se possa fazer seja esta: o mais cedo possível, depois de des-
pertar, toma para ti, algum tempo de quietude, continuando assim um minuto ou dois a mais depois de começares a achar isso
difícil. Pode descobrir que a dificuldade vai diminuir e desaparecer. Se não, esse será o momento de parar.
5. O mesmo procedimento deve ser seguido à noite. Talvez o teu tempo de quietude deva ser no começo da noite, no caso de
não te ser viável conseguir fazê-lo antes de dormir. Não é sábio deitares-te para fazer isto. É melhor sentares-te, na posição
que preferires. Tendo completado o Livro de Exercícios, tens que ter chegado a algumas conclusões a este respeito. Se possí-
vel, porém, o tempo imediatamente anterior ao momento de dormir é um momento que se deseja dedicar a Deus. Ele coloca a
tua mente num padrão de descanso que te orienta para longe do medo. Se, para ti, for mais conveniente fazer mais cedo essa
dedicatória, pelo menos assegura-te de não te esqueceres, por um breve momento - não é preciso mais do que um momento -
de fechar os olhos e pensar em Deus.
6. Há um pensamento, em particular, que deve ser lembrado durante o dia. É um pensamento de pura alegria, um pensamento
de paz, um pensamento de libertação sem limites, pois nele todas as coisas são libertadas. Pensas que fizeste um lugar segu-
ro para ti mesmo. Pensas que fizeste um poder que te pode salvar de todas as coisas assustadoras que vês em sonhos. Não
é nisso que está a tua segurança. Desistes apenas da ilusão de proteger ilusões. E é isto que temes, apenas isto. Que tolice
ter tanto medo de nada! Absolutamente nada! As tuas defesas não funcionarão, mas não estás em perigo. Não tens necessi-
dade delas. Reconhece isso e elas desaparecerão. E só então aceitarás a tua proteção real.
7. Como é simples e fácil a passagem do tempo para o professor de Deus que aceitou a proteção de Deus! Tudo o que fez
antes, em nome da segurança, não lhe interessa mais. Pois está a salvo e sabe que é assim. Ele tem um Guia que não falha-

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rá. Não precisa de fazer distinções entre os problemas que percebe, pois Aquele para Quem se volta com todos esses pro-
blemas, não reconhece ordem de dificuldade para os resolver. Ele está tão seguro no presente quanto estava, antes das ilu-
sões serem aceites na sua mente, e como estará quando as tiver deixado partir. Não há diferenças no seu estado em momen-
tos diferentes e em locais diferentes, porque, para Deus, todos são um. Esta é a segurança do professor de Deus. E não ne-
cessita de nada mais do que isto.
8. No entanto, existirão tentações ao longo do caminho pelo qual o professor de Deus tem ainda de viajar e, ao longo do dia,
terá necessidade de recordar, a si mesmo, a sua proteção. Como poderá fazer isto, particularmente nos momentos em que a
sua mente está ocupada com coisas externas? Ele não pode fazer outra coisa senão tentar, e o seu sucesso depende da sua
convicção de que terá sucesso. Ele tem de estar certo de que o sucesso não lhe pertence, mas que lhe será dado a qualquer
momento, em qualquer lugar e circunstância em que chamar por ele. Haverá ocasiões em que a sua certeza vacilará e, no
instante em que isso ocorrer, voltará às tentativas anteriores de depositar a confiança só em si mesmo. Não te esqueças de
que isso é magia e a magia é um triste substituto para a verdadeira assistência. Não é suficientemente bom para o professor
de Deus, pois não é suficientemente bom para o Filho de Deus.
9. Evitar a magia é evitar a tentação. Pois qualquer tentação não é nada mais do que a tentativa de substituir a Vontade de
Deus por outra. Essas tentativas podem, de fato, parecer assustadoras, embora sejam apenas patéticas. Não podem surtir
nenhum efeito, nem bom nem mau, nem recompensador nem que exija sacrifício, nem curativo nem destrutivo, nem tranqüili-
zador nem assustador. Quando a magia é, simplesmente, reconhecida como nada, o professor de Deus alcançou o grau mais
avançado. Todas as lições intermediárias levam apenas a isso e trazem essa meta para mais perto do reconhecimento. Pois
qualquer tipo de magia, qualquer que seja a forma que assuma, simplesmente, não faz nada. Não tem poder, sendo por isso
que é tão fácil escapar-lhe. O que não tem efeito dificilmente pode aterrorizar.
10. Não há nenhum substituto para a Vontade de Deus. Em termos simples, é a este fato que o professor de Deus dedica todo
o seu dia. Qualquer substituto que resolva aceitar como real só poderá enganá-lo. Mas está a salvo de qualquer mal-
entendido, se assim decidir. Talvez tenha necessidade de lembrar «Deus está comigo. Não posso ser enganado». Talvez prefi-
ra outras palavras, uma apenas uma, ou nenhuma. No entanto, qualquer tentação de aceitar a magia como verdadeira tem de
ser abandonada através do seu próprio reconhecimento, não por ela ser assustadora, não por ser pecaminosa, não por ser
perigosa, mas, simplesmente, por não ter significado. Como a magia se enraíza no sacrifício e na separação, dois aspectos de
um único erro e nada mais, o professor de Deus limita-se a abdicar do que nunca teve. E, por este «sacrifício», o Céu é res-
taurado na sua consciência.
11. Não queres fazer esta troca? O mundo fá-la-ia com contentamento se soubesse que poderia ser feita. São os professores
de Deus que têm de ensinar ao mundo que isso é possível. E, assim, a sua função é assegurarem-se de que eles próprios a
aprenderam. Não há risco possível ao longo do dia a não ser o de colocares a tua confiança na magia, pois apenas isso con-
duz à dor. «Não há outra vontade senão a de Deus». Os Seus professores sabem que assim é, e aprenderam que tudo o mais
não passa de magia. Qualquer crença na magia é mantida apenas por uma única ilusão simplória - a de que a magia funciona.
No decorre do seu treino, a cada dia e a cada hora e até mesmo a cada minuto e segundo, os professores de Deus têm de
aprender a reconhecer as formas de magia e a perceber que não têm significado. O medo é retirado dessas formas e, assim,
eles prosseguem. E, deste modo, a porta do Céu é reaberta e a sua luz pode brilhar mais uma vez sobre uma mente impertur-
bada.

17. COMO É QUE OS PROFESSORES DE DEUS


LIDAM COM OS PENSAMENTOS MÁGICOS?
1. Esta é uma questão crucial tanto para o professor de Deus como para o aluno. Se este assunto for tratado incorretamente, o
professor de Deus fere-se a si mesmo e também ataca o seu aluno. Isto fortalece o medo e faz com que a magia pareça bas-
tante real para ambos. Assim, como lidar com a magia vem a ser uma lição fundamental que o professor de Deus deve domi-
nar. A sua primeira responsabilidade em relação a isto é não a atacar. Se um pensamento mágico faz surgir qualquer forma de
raiva, o professor de Deus pode estar certo de que está a dar força à sua própria crença no pecado, tendo-se condenado a si
mesmo. Também pode estar certo de que está a pedir que a depressão, a dor, o medo e o desastre venham até ele. Que se
lembre, então, de que não é isso que quer ensinar, pois não é isso o que quer aprender.
2. Há, porém, uma tentação de responder à magia através de uma forma que a reforça. E isto nem sempre é óbvio. De fato,
pode ocultar-se facilmente sob um desejo de ajudar. É esse desejo duplo que faz com que a ajuda seja de pequena valia e
não possa deixar de produzir resultados indesejados. Também não se deve esquecer que o resultado sempre virá, tanto para
o professor como para o aluno. Quantas vezes já foi enfatizado o fato de que só dás a ti mesmo? E onde é que isto poderia
ser melhor demonstrado do que nos tipos de ajuda que o professor de Deus dá a quem necessita do seu auxílio? Aqui, a sua
dádiva é dada a ele próprio da maneira mais clara possível. Pois ele dará somente o que escolheu para si mesmo. E, nessa
dádiva, está o seu julgamento sobre o Filho santo de Deus.
3. É mais fácil deixar que o erro seja corrigido onde é mais aparente, uma vez que os erros podem ser reconhecidos pelos seus
resultados. Uma lição verdadeiramente ensinada só pode levar à libertação do professor e do aluno, os quais compartilham
uma só intenção. O ataque só pode ocorrer se a percepção de metas separadas já tiver ocorrido. E, de fato, é isso que não
pode deixar de ter acontecido se o resultado for qualquer outra coisa que não alegria. O objetivo único do professor orienta a
meta dividida do aluno numa única direção, pelo que o pedido de ajuda torna-se o único apelo do aluno. Então, isto é facilmen-
te respondido com uma única resposta, a qual não falhará em vir à mente do professor. Desde aí, ela brilha na mente do seu
aluno, fazendo com que seja una com a sua.
4. Talvez seja útil lembrar que ninguém pode ter raiva de um fato. É sempre uma interpretação que faz surgir emoções negati-
vas, independentemente da sua aparente justificação pelo que parecem ser os fatos. Independentemente, também, da inten-
sidade da raiva provocada. Pode ser apenas uma leve irritação, talvez leve demais para ser claramente reconhecida. Ou tam-
bém pode tomar a forma de intensa ira, acompanhada de pensamentos de violência, fantasiados ou aparentemente encena-
dos. Não importa. Todas essas reações são a mesma. Obscurecem a verdade, e isso nunca pode ser uma questão de grau. A

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verdade ou é aparente ou não é. Não pode ser parcialmente reconhecida. Aquele que não está ciente da verdade não pode
deixar de contemplar ilusões.
5. A raiva, enquanto resposta aos pensamentos mágicos percebidos, é uma causa básica do medo. Considera o que significa
esta reação, e logo passa a ser aparente a sua posição central no sistema de pensamento do mundo. Um pensamento mági-
co, pela sua simples presença, demonstra que houve uma separação de Deus. Declara, da forma mais clara possível, que a
mente que acredita ter uma vontade capaz de se opor à Vontade de Deus, acredita igualmente que pode ter sucesso. É óbvio
que isto dificilmente pode ser um fato. Entretanto, é igualmente óbvio que se pode acreditar nisto como sendo um fato. E aqui
está o berço da culpa. Quem usurpa o lugar de Deus e o toma para si, engendra um «inimigo» mortal. E tem de ficar sozinho
para se proteger e fazer um escudo para si mesmo, a fim de se resguardar de uma fúria que nunca poderá ser abatida e de
uma vingança que jamais poderá ser satisfeita.
6. Como é possível que esta batalha desigual seja resolvida? O seu fim é inevitável, pois o resultado tem de ser a morte. Como
é que, então, se pode acreditar nas suas defesas? Mais uma vez, a magia precisa de dar uma ajuda: esquece a batalha. Acei-
ta-a como um fato e, depois, esquece-a. Não te lembres do que te pode acontecer. Não te lembres da imensidão do «inimigo»
e não penses na tua fragilidade em comparação com ela. Aceita a tua separação, mas não te lembres de como surgiu. Acredi-
ta que a venceste, mas não retenhas a mais leve lembrança de Quem realmente é o grande «oponente». Ao projetares o teu
«esquecimento» Nele, tens a sensação de que Ele também se esqueceu.
7. Mas, uma vez chegados a este ponto, qual será a tua reação a todos os pensamentos mágicos? Eles só podem redespertar
a culpa adormecida, que ocultaste, mas não soltaste. Cada um deles diz claramente à tua mente assustada: «Tu usurpaste o
lugar de Deus. Não penses que Ele se esqueceu». Aqui temos o medo de Deus mais nitidamente representado. Pois neste
pensamento, a culpa já ergueu a loucura ao trono do próprio Deus. E, agora, não há nenhuma esperança. A não ser matar. Eis
aqui, pois, a salvação. Um pai enraivecido persegue o seu filho culpado. É Matar ou ser morto, dado que a escolha está ape-
nas nisso. Além desta, não há outra, já que o que foi feito não pode ser desfeito. A mancha de sangue jamais poderá ser re-
movida e qualquer um que carregue essa mancha em si mesmo não pode deixar de encontrar a morte.
8. Ao encontro desta situação sem esperança, Deus envia os Seus professores. Eles trazem a luz da esperança do próprio
Deus. Há um caminho através do qual é possível escapar. Tal caminho poder aprendido e ensinado, mas isso requer paciência
e disponibilidade em abundância. Quando isto é dado, a simplicidade manifestada na lição destaca-se como uma intensa luz
branca contra um horizonte negro, pois é isso que ela é. Se a raiva decorre de uma interpretação e não de um fato, ela nunca
é justificável. Uma vez isto percebido, mesmo que vagamente, o caminho está aberto. Agora, é possível dar o passo seguinte.
A interpretação pode ser mudada, afinal. Pensamentos mágicos não têm de levar à condenação, uma vez que, realmente, não
têm o poder de fazer surgir a culpa. E, assim, podem não ser vistos e, portanto, verdadeiramente esquecidos.
9. A loucura apenas parece terrível. Na verdade, não tem poder para fazer seja o que for. Tal como a magia, que vem a ser a
sua serva, a loucura não ataca nem protege. Vê-la e reconhecer o seu sistema de pensamento é olhar para o nada. Pode o
nada fazer surgir a raiva? Dificilmente. Lembra-te, então, professor de Deus, de que a raiva veicula uma realidade que não
existe; no entanto, a raiva testemunha claramente que a consideras como um fato. Agora, escapar é impossível até que vejas
que respondeste à tua própria interpretação, a qual projetaste sobre o mundo exterior. Permite que esta espada sombria seja
afastada de ti, agora. A morte já não existe. Esta espada não existe. Não há causa para o medo de Deus. Mas o Seu Amor é a
Causa de todas as coisas que estão para além do medo e, assim, para sempre real e para sempre verdadeiro.

18. COMO SE FAZ A CORREÇÃO?


1. A correção de natureza duradoura - e só essa é a correção verdadeira - não pode ser feita enquanto o professor de Deus
não deixar de confundir interpretação com fato, ou ilusão com verdade. Se discute com um seu aluno sobre um pensamento
mágico, se o ataca ou tenta demonstrar o erro ou a falsidade desse pensamento, não está a fazer outra coisa senão testemu-
nhar a realidade disso. A depressão é, então, inevitável, pois ele «provou», tanto para o seu aluno quanto para si mesmo, que
a tarefa de ambos é escapar do que é real. E isto só pode ser impossível. A realidade é imutável. Pensamentos mágicos são
apenas ilusões. Se não fosse assim, a salvação não passaria do mesmo velho sonho impossível, apenas com outra forma. No
entanto, o sonho da salvação tem novo conteúdo. Não é apenas na forma que está a diferença.
2. A maior lição dos professores de Deus é aprender como reagir aos pensamentos mágicos totalmente sem raiva. Só dessa
forma podem eles proclamar a verdade sobre si mesmos. Através deles, o Espírito Santo pode agora falar da realidade do
Filho de Deus. Agora, o Espírito Santo pode lembrar ao mundo a impecabilidade, a única condição que não foi mudada, a úni-
ca condição imutável inerente a tudo o que Deus criou. Agora, pode falar do Verbo de Deus a ouvidos que escutam e trazer a
visão de Cristo a olhos que vêem. Agora, está livre para ensinar a todas as mentes a verdade do que elas são, de modo a que
se voltem para Ele com contentamento. Agora, a culpa é perdoada, deixa de ser vista completamente no Seu modo de ver e
no Verbo de Deus.
3. A raiva apenas resmunga: «A culpa é real!» E a realidade é apagada à medida em que esta crença doentia é aceite em
substituição do Verbo de Deus. Os olhos do corpo, agora, «vêem»; só os seus ouvidos são capazes de «ouvir». O espaço
pequeno do corpo e o seu fôlego diminuto tornam-se na medida da realidade. E a verdade torna-se diminuta e sem significa-
do. A correção tem uma única resposta para tudo isto e para o mundo, a qual se baseia no seguinte:
Tu estás apenas a tomar, erradamente, a interpretação pela verdade. E estás errado. Mas um erro não é um pecado,
nem a realidade foi tirada do seu trono pelos teus erros. Deus reina para sempre, e só as Suas leis prevalecem sobre ti
e sobre o mundo. O Seu Amor continua a ser a única coisa que existe. O medo é ilusão, pois tu és como Ele.
4. Para curar torna-se, pois, essencial para o professor de Deus, permitir que todos os seus próprios erros sejam corrigidos. Se
sente o mais leve sinal de irritação em si mesmo enquanto responde a qualquer pessoa, que tome consciência instantanea-
mente de que fez uma interpretação que não é verdadeira. Que se volte, então, para dentro, para o seu Guia Eterno e deixe
que Ele julgue qual deve ser a resposta. Assim é curado e, na sua cura, o seu aluno é curado com ele. A única responsabilida-
de do professor de Deus é aceitar a expiação para si mesmo. Expiação significa correção ou o remoção dos erros. Quando
isto tiver sido realizado, o professor de Deus torna-se o trabalhador em milagres por definição. Os seus pecados foram-lhe
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perdoados e ele já não se condena. Como pode, então, condenar quem quer que seja? E há alguém a quem o perdão dele
não possa curar?

19. O QUE É A JUSTIÇA?


1. Justiça é a correção divina para a injustiça. Injustiça é a base de todos os pensamentos do mundo. A justiça corrige as inter-
pretações que a injustiça faz surgir e cancela-as. No Céu não existe nem justiça nem injustiça, pois o erro é impossível e a
correção não tem significado. Nesse mundo, entretanto, o perdão depende da justiça, já que qualquer ataque só pode ser in-
justo. A justiça é o veredicto do Espírito Santo sobre o mundo. Excepto no Seu julgamento, a justiça é impossível, pois nin-
guém no mundo é capaz de fazer somente interpretações justas e deixar de lado todas as injustiças. Se o Filho de Deus fosse
julgado com justiça, não haveria necessidade de salvação. O pensamento da separação teria sido para sempre inconcebível.
2. A justiça, como o seu oposto é uma interpretação. É, porém, a única interpretação que conduz à verdade. Isto vem a ser
possível porque, embora não seja verdadeira em si mesma, a justiça nada inclui que se oponha à verdade. Não há nenhum
conflito inerente entre justiça e verdade; uma é apenas o primeiro pequeno passo em direção à outra. O atalho passa a ser
bastante diferente à medida em que é percorrido. E, do ponto de partida, não seria possível predizer toda a magnificência, a
grandeza do cenário e a enorme perspectiva que se abre nas paisagens que surgem para saudar aquele que segue o seu
caminho. E, no entanto, mesmo estas, cujo esplendor atinge alturas indescritíveis à medida em que se prossegue, estão muito
aquém de tudo o que nos espera quando o atalho termina e, com ele, o tempo chega ao fim. Mas é preciso começar em algum
ponto. A justiça é o início.
3. Todos os teus conceitos e os dos teus irmãos, todos os medos de estados futuros e todas as preocupações acerca do pas-
sado brotam da injustiça. Essa é a lente que, colocada diante dos olhos do corpo, distorce a percepção e traz o testemunho do
mundo distorcido de regresso à mente que fez a lente e lhe atribui grande valor. Todos os conceitos do mundo são assim
construídos seletiva e arbitrariamente. «Pecados» são percebidos e justificados por uma seleção cuidadosa, na qual qualquer
pensamento de integridade tem de ser perdido. O perdão não tem espaço neste esquema, pois qualquer «pecado» aparenta
ser sempre verdadeiro.
4. A salvação é a justiça de Deus. Restaura, na tua consciência, a integridade dos fragmentos que percebes como quebrados e
separados. E é isto que supera o medo da morte. Pois fragmentos separados têm de cair e morrer, mas a integridade é imor-
tal. Permanece para sempre como o seu Criador, sendo una com Ele. O Julgamento de Deus é a Sua justiça. Sobre isto - um
Julgamento totalmente isento de condenação, uma avaliação totalmente baseada no amor - projetaste a tua injustiça, dando a
Deus as lentes da percepção distorcida através das quais tu olhas. Agora, elas pertencem a Deus e não a ti. Tens medo Dele
e não vês que odeias e tens medo do teu Ser como de um inimigo.
5. Reza pela justiça de Deus e não confundas a Sua misericórdia com a tua própria insanidade. A percepção pode fazer qual-
quer imagem que a mente deseje ver. Lembra-te disto. Nisto está o Céu ou o inferno, conforme a tua opção. A justiça de Deus
aponta para o Céu apenas porque é inteiramente imparcial. Aceita todas as evidências que são trazidas diante dela, sem nada
omitir e sem nada considerar separado ou à parte de tudo o resto. Só desde este ponto de vista, e somente deste, é que ela
julga. Aqui, qualquer ataque ou condenação deixa de ter significado e é indefensável. A percepção descansa, a mente aquieta-
se e a luz volta outra vez. A visão, agora, é restaurada. O que havia sido perdido, agora foi encontrado. A paz de Deus desce
sobre o mundo inteiro e nós podemos ver. E nós podemos ver!

20. O QUE É A PAZ DE DEUS?


1. Foi dito que há uma espécie de paz que não é deste mundo. Como é reconhecida? Como é encontrada? E, tendo sido en-
contrada, como pode ser mantida? Vamos considerar cada uma destas questões separadamente, pois cada uma reflete um
estádio diferente ao longo do caminho.
2. Em primeiro lugar, como é que a paz de Deus pode ser reconhecida? A paz de Deus é reconhecida, primeiramente, por uma
única coisa: em todos os aspectos não é, absolutamente, como nenhuma das experiências anteriores. Não traz à mente nada
do que se passou antes. Não traz consigo nenhuma associação passada. É uma coisa inteiramente nova. Existe um contraste,
sim, entre essa coisa e o passado. Mas, estranhamente, não é um contraste de diferenças verdadeiras. O passado apenas se
esvai e, para o seu lugar, vem a quietude que dura para sempre. Só isto. O contraste percebido no início, simplesmente, de-
sapareceu. A quietude alcançou todas as coisas e cobriu-as.
3. Como se encontra esta quietude? Ninguém que se limite a procurar as suas condições pode falhar em encontrá-la. A paz de
Deus nunca pode vir até onde está a raiva, pois a raiva, necessariamente, nega que a paz exista. Quem considera a raiva
justificada de qualquer modo ou em qualquer circunstância, proclama que a paz não tem significado e tem de acreditar que
não pode existir. Nestas condições, a paz não pode ser encontrada. Por conseguinte, o perdão é a condição necessária para
se encontrar a paz de Deus. Mais: dado o perdão, tem de haver paz. Pois o que é que, além do ataque, levará à guerra? E o
que é que, além da paz, é o oposto da guerra? Aqui, o contraste inicial mostra-se de forma clara e aparente. No entanto,
quando se encontra a paz, a guerra é sem significado. E, agora, é o conflito que é percebido como inexistente e irreal.
4. Como é que se mantém a paz de Deus uma vez encontrada? O regresso da raiva, sob qualquer forma, mais uma vez fará
cair a pesada cortina e com certeza regressará a crença em que a paz não pode existir. A guerra é aceite, de novo, como úni-
ca realidade. Agora, tens que voltar a empunhar a tua espada, embora não reconheças que o tenhas feito. Mas aprenderás ao
lembrares-te, ainda que vagamente agora, como a felicidade era tua sem a espada e, portanto, não podes deixar de teres
voltado a usá-la como defesa. Pára um momento agora e pensa nisto: é o conflito que queres ou a Paz de Deus é uma esco-
lha melhor? O que te dá mais? Uma mente tranqüila não é uma dádiva pequena. Não preferirias viver em vez de escolher
morrer?
5. Viver é alegria mas a morte só pode chorar. Vês na morte uma fuga para o que fizeste. Mas não vês que fizeste a morte e
que ela não passa da ilusão de um fim. A morte não pode ser a saída porque não é na vida que está o problema. A vida não
tem opostos, pois é Deus. Vida e morte parecem ser opostos porque tu decidiste que a morte põe fim à vida. Perdoa ao mun-

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do e compreenderás que tudo o que Deus criou não pode ter fim e nada que Ele não tenha criado é real. Nesta única frase o
nosso curso é explicado. Nesta única frase se dá a direção única da nossa prática. E nesta única frase está todo o ensinamen-
to do Espírito Santo, especificado exatamente como é.
6. O que é a paz de Deus? Nada mais do que isto: a compreensão de que a Sua Vontade é totalmente sem opostos. Não exis-
te nenhum pensamento que contradiga a Sua Vontade e, ainda assim, possa ser verdadeiro. O contraste entre a Vontade de
Deus e a tua apenas aparentava ser realidade. Na verdade, não havia conflito, pois a Sua Vontade é a tua. Agora, a poderosa
Vontade do próprio Deus é a Sua dádiva para ti. Ele não pretende guardá-la para Si Mesmo. Por que razão pretenderias tu
manter à parte Dele as tuas diminutas e frágeis concepções imaginárias? A Vontade de Deus é uma só e é tudo o que existe.
Esta é a tua herança. O universo além do sol e das estrelas e todos os pensamentos que és capaz de conceber pertencem-te.
A paz de Deus é a condição para a Sua Vontade. Atinge a Sua paz e lembrar-te-ás Dele.

21. QUAL O PAPEL DAS PALAVRAS NA CURA?


1. Estritamente, as palavras não têm qualquer papel na cura. O fator motivador é a oração ou pedido. Recebes aquilo que
pedes. Mas isto refere-se à oração do coração, não às palavras que usas quando oras. Por vezes, as palavras e a oração são
contraditórias, outras vezes estão de acordo. Não importa. Deus não compreende palavras, pois foram feitas por mentes sepa-
radas para se manterem na ilusão da separação. Palavras podem ser úteis, especialmente para o principiante, no sentido de
ajudar na concentração e facilitar a exclusão ou pelo menos o controlo de pensamentos que não são pertinentes. Não nos
esqueçamos, entretanto, de que as palavras não são senão símbolos de símbolos. Estão, assim, duplamente afastadas da
realidade.
2. Enquanto símbolos, as palavras têm referências bastante específicas. Mesmo quando parecem ser as mais abstratas, é
provável que a imagem que vem à mente seja muito concreta. A menos que um ponto de referência específico ocorra à mente
em associação com uma palavra, a palavra tem pouco ou nenhum significado prático e, assim, não pode ajudar no processo
de cura. A oração do coração na realidade não pede coisas concretas. Solicita sempre algum tipo de experiência e as coisas
específicas pedidas são portadoras da experiência desejada na opinião daquele que pede. As palavras, então, são símbolos
das coisas pedidas, mas as próprias coisas em si mesmas apenas representam as experiências esperadas.
3. A oração por coisas deste mundo trará experiências deste mundo. Se a oração do coração pede isso, isso será dado porque
será recebido. É impossível que a oração do coração permaneça sem resposta na percepção daquele que a pede. Se pede o
impossível, se pede o que não existe ou procura ilusões no seu coração, tudo isso acabará por ser dele. O poder da sua deci-
são oferece-lhe isso conforme ele o solicita. O inferno e o Céu estão nesta decisão. Ao Filho de Deus adormecido só resta
este poder. É suficiente. As suas palavras não importam. Só o Verbo de Deus tem algum significado, porque simboliza aquilo
que não tem nenhum símbolo humano. Só o Espírito Santo compreende o que esse Verbo representa. E isto, também, é sufi-
ciente.
4. Deve, então, o professor de Deus evitar o uso de palavras no seu ensino? Claro que não! Muitos precisam de ser alcança-
dos através das palavras, sendo ainda incapazes de ouvir em silêncio. O professor de Deus, porém, tem de aprender a usar
as palavras de um novo modo. Gradualmente, aprende como deixar que as suas palavras sejam escolhidas para ele, cessan-
do de decidir, ele próprio, o que vai dizer. Este processo é apenas um caso especial da lição do livro de exercícios que diz «Eu
recuarei e deixarei que Ele me mostre o caminho». O professor de Deus aceita as palavras que lhe são oferecidas e dá con-
forme recebe. Ele não controla a direção da sua fala. Ele escuta, ouve e fala.
5. Um grande obstáculo neste aspecto da aprendizagem é o medo do professor de Deus em relação à validade do que ouve. E
o que ouve pode ser realmente bastante surpreendente. Também pode parecer um tanto irrelevante em relação ao problema
que se apresenta conforme ele o percebe, e pode, de fato, confrontá-lo com uma situação que lhe pareça ser bastante emba-
raçosa. Todos esses julgamentos não têm valor. São os seus próprios julgamentos, provenientes de uma autopercepção velha
e usada, que quer deixar para trás. Não julgues as palavras que vêm a ti, mas oferece-as com confiança. Elas são muito mais
sábias do que as tuas. Os professores de Deus têm o Verbo de Deus por trás dos símbolos das suas palavras. E Deus dá às
palavras que eles usam o poder do Seu Espírito, elevando-as de símbolos sem significado ao próprio Chamamento do Céu.

22. QUAL A RELAÇÃO ENTRE A EXPIAÇÃO E A CURA?


1. A Expiação e a cura não estão relacionadas, são idênticas. Não há ordem de dificuldades em milagres pois não existem
graus de Expiação. É o único conceito completo que é possível nesse mundo, pois é a fonte de uma percepção totalmente
unificada. A Expiação parcial é uma idéia totalmente sem significado, assim como é inconcebível a existência de áreas especi-
ais do inferno no Céu. Aceita a Expiação e estás curado. A Expiação é o Verbo de Deus. Aceita o Seu Verbo e o que restará
para tornar possível a doença? Aceita o Seu Verbo e todos os milagres terão sido realizados. Perdoar é curar. O professor de
Deus aceitou a Expiação para si mesmo como sendo a sua única função. Assim, o que existe que ele não possa curar? Que
milagre pode deixar de lhe ser dado?
2. O progresso do professor de Deus pode ser lento ou rápido, dependendo se reconhece a total abrangência da Expiação ou
se, por algum tempo, exclui dela certas áreas problemáticas. Em alguns casos, há uma consciência repentina e completa da
perfeita aplicabilidade da lição da Expiação a todas as situações, mas isso é comparativamente raro. O professor de Deus
pode ter aceito a função que Deus lhe deu muito tempo antes de ter aprendido tudo o que a sua própria aceitação lhe oferece.
Somente o fim é certo. O reconhecimento da abrangência total, que é necessário, pode alcançá-lo em qualquer lugar, ao longo
do caminho. Se o caminho lhe parece longo, que fique contente. Já decidiu em que direção quer seguir. O que é que lhe foi
pedido para além disso? E, tendo feito o que lhe foi requisitado, acaso Deus deixaria de lhe dar o resto?
3. Se o professor de Deus quer progredir, precisa compreender que o perdão é cura. A idéia de que um corpo pode adoecer é
um conceito central no sistema de pensamento do ego. Esse pensamento dá autonomia ao corpo, separa-o da mente e man-
tém intocada a idéia do ataque. Se o corpo pudesse adoecer, a Expiação seria impossível. Um corpo capaz de ditar à mente o
que fazer, de acordo com o que lhe parece adequado, simplesmente, toma o lugar de Deus e prova que a salvação é impossí-

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vel. O que sobra então para curar? O corpo tornou-se o senhor da mente. Como poderia a mente regressar ao Espírito Santo
a não ser através da morte do corpo? E quem iria querer a salvação a este preço?
4. É certo que a doença não parece ser uma decisão. E ninguém, de fato, acreditaria que quer ser doente. Talvez possa aceitar
a idéia em teoria, mas raramente, talvez nunca, ela é consistentemente aplicada a todas as formas específicas de doença,
tanto na percepção individual de si mesmo, quanto na percepção de todos os outros. Nem é nesse nível que o professor de
Deus invoca o milagre da cura. Ele não vê, nem a mente nem o corpo, vê apenas a face de Cristo a brilhar diante de si, corri-
gindo todos os erros e curando todas as percepções. A cura é o resultado do reconhecimento, pelo professor de Deus, de
quem é que tem necessidades de cura. Este reconhecimento não tem nenhuma referência especial. É verdadeiro em relação
a todas as coisas que Deus criou. Nele todas as ilusões são curadas.
5. Quando um professor de Deus falha ao curar é porque se esqueceu de Quem é. Assim, a doença do outro vem a ser a sua.
Ao permitir que tal aconteça, identifica-se com o ego do outro, tendo-o, deste modo confundido com o corpo. Ao fazer isto,
recusou-se a aceitar a Expiação para si mesmo e dificilmente pode oferecê-la ao seu irmão em Nome de Cristo. De fato, será
totalmente incapaz de reconhecer o seu irmão, pois o seu Pai não criou corpos e, assim, está a ver, no seu irmão, somente o
irreal. Erros não corrigem erros e a percepção distorcida não cura. Volta atrás, agora, professor de Deus. Tu erraste. Não mos-
tres o caminho, pois perdeste-o. Volta-te rapidamente para o teu Professor e permite que sejas curado.
6. A oferta da Expiação é universal. Ela é igualmente aplicável a todos os indivíduos em todas as circunstâncias. E nela está o
poder de curar todos os indivíduos de todas as formas de doença. Não acreditar nisto é ser injusto para com Deus e, portanto,
ser infiel para com Ele. Uma pessoa doente percebe-se separada de Deus. Queres vê-la separada de ti? A tua tarefa é curar o
senso de separação que o fez doente. A tua função é fazeres com que reconheça que o que ela pensa acerca de si mesma
não é verdade. É o teu perdão que tem de lhe mostrar isto. A cura é muito simples. A Expiação é recebida e oferecida. Tendo
sido recebida, tem de ser aceite. É no recebimento, portanto, que está a cura. Tudo o mais tem de decorrer deste único propó-
sito.
7. Quem pode limitar o poder do próprio Deus? Quem, então, pode dizer quem pode ser curado de quê e o que é que tem de
permanecer fora do alcance do perdão de Deus? Isso, de fato, é insanidade. Não cabe aos professores de Deus traçar limites
para Deus, porque não lhes cabe julgar o Seu Filho. E julgar o Seu Filho é limitar o Seu Pai. Ambos passam a ser, igualmente,
sem significado. No entanto, isto não será compreendido enquanto o professor de Deus não reconhecer que ambos são o
mesmo mal-entendido. Compreendendo, o professor de Deus recebe a Expiação, pois retira o seu julgamento do Filho de
Deus, aceitando-o tal como Deus o criou. Agora, já não está à parte de Deus, determinando onde a cura deve ser dada e onde
deve ser recusada. Agora, pode dizer com Deus: «Este é o meu filho amado, criado na perfeição e para sempre perfeito».

23. JESUS TEM UM PAPEL ESPECIAL NA CURA?


1. É raro que as dádivas de Deus sejam recebidas diretamente. Mesmo o mais avançado dos professores de Deus cederá à
tentação, nesse mundo. Seria justo negar a cura dos seus alunos por causa disso? A Bíblia diz: «Pede em Nome de Jesus
Cristo». Será isso apenas um apelo à magia? Um nome não cura e uma invocação também não convoca nenhum poder espe-
cial. O que significa, então, chamar por Jesus Cristo? O que é que esse chamamento proporciona, em seu Nome? Por que o
apelo por ele é parte da cura?
2. Já dissemos diversas vezes que aquele que aceitou plenamente a Expiação para si mesmo pode curar o mundo. De fato, ele
já o fez. A tentação pode ocorrer para os outros, mas nunca para Ele. Ele tornou-se o Filho de Deus ressuscitado. Superou a
morte porque aceitou a Vida. Reconheceu-se a si mesmo tal como Deus o criou e, ao fazê-lo, reconheceu todas as coisas
vivas como sendo parte dele. Agora, não há limites para o seu poder, pois é o Poder de Deus. Assim, o seu nome tornou-se o
Nome de Deus, pois deixou de se ver separado de Deus.
3. O que significa isto para ti? Significa que, por te lembrares de Jesus, lembras-te de Deus. O total relacionamento do Filho
com o Pai está nele. A parte dele na Filiação é tua também e o fato dele ter completado a sua aprendizagem garante o teu
sucesso. Está ele ainda disponível para ajudar? O que disse ele sobre isso? Lembra-te das suas promessas e questiona-te
honestamente se é possível que falhe em mantê-las. É possível Deus falhar em relação ao Seu Filho? E é possível que aquele
que é um com Deus possa não ser como Ele? Quem transcende o corpo, transcendeu a limitação. Seria possível que o maior
dos professores não estivesse disponível para aqueles que o seguem?
4. O Nome de Jesus Cristo, enquanto tal, é apenas um símbolo. Mas representa um amor que não é deste mundo. É um sím-
bolo que pode ser usado com segurança para substituir os muitos nomes de todos os deuses aos quais rezas. Vem a ser o
símbolo brilhante do Verbo de Deus, tão próximo daquilo que representa, que o pequeno espaço entre os dois se perde no
momento em que o Nome vem à mente. Lembrar o Nome de Jesus Cristo é dar graças por todas as dádivas que Deus te deu.
E a gratidão a Deus vem a ser a forma na qual Ele é lembrado, pois o amor não pode estar muito longe de um coração agra-
decido e de uma mente grata. Deus entra com facilidade, pois estas são as condições da tua volta ao lar.
5. Jesus mostrou o caminho. Por que não lhe serias grato? Ele pediu amor mas somente para que to possa dar. Tu não te
amas. Mas, aos seus olhos, a tua amabilidade é tão completa e imaculada que ele vê nela uma imagem do seu Pai. Tu vens a
ser o símbolo do seu Pai, aqui na terra. Ele olha para ti à procura da esperança, pois não vê em ti nenhum limite, nem qual-
quer mancha que macule a tua bela perfeição. Aos seus olhos, a visão de Cristo brilha em constância perfeita. Ele permane-
ceu contigo. Não queres aprender a lição da salvação através da sua aprendizagem? Escolherias começar de novo, se ele já
abriu o caminho para ti?
6. Ninguém na terra pode apreender o que é o Céu, ou o que realmente significa o seu Único Criador. Entretanto, temos teste-
munhas. É a elas que a sabedoria deve apelar. Existiram aqueles cuja aprendizagem excede em muito o que podemos apren-
der. E nem queremos ensinar as limitações que colocamos sobre nós. Ninguém que se tenha tornado um professor de Deus
esquece os seus irmãos. No entanto, o que um professor de Deus pode oferecer-lhes limita-se ao que ele próprio aprende.
Então, volta-te para aquele que deixou para trás todos os limites e foi além do maior alcance que qualquer aprendizagem pode
ter. Ele levar-te-á consigo, pois não foi sozinho. E estavas naquele momento com ele, como estás agora.

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7. Este curso veio dele porque as suas palavras atingiram-te através de uma linguagem que podes amar e compreender. Será
possível que existam outros professores para mostrar o caminho àqueles que falam outras línguas e apelam para outros sím-
bolos? Certamente que existem. Deus deixaria alguém sem apresentar uma ajuda nos momentos de dificuldade, sem um sal-
vador que O pudesse simbolizar? Mesmo assim precisamos de um ensinamento multifacetado, não em função das diferenças
de conteúdo, mas porque os símbolos têm de se deslocar e mudar para se adequarem à necessidade. Jesus veio para dar
uma resposta à tua. Nele encontras a resposta de Deus. Ensina tu, então, com ele, pois ele está contigo; ele está sempre a-
qui.

24. EXISTE REENCARNAÇÃO?


1. Em última instância, a reencarnação é impossível. Não há passado ou futuro e a idéia de nascimento em um corpo não tem
significado nem uma, nem muitas vezes. A reencarnação, então, não pode ser verdadeira em nenhum sentido real. A nossa
única pergunta deve ser: «Esse conceito é útil?» E isto, é claro, depende da finalidade para a qual é usado. Se for usado para
reforçar o reconhecimento da natureza eterna da vida, de fato, é útil. Qualquer outra pergunta a este respeito é realmente útil
para iluminar o caminho? Como muitas outras crenças, esta pode ser usada de forma errada e amarga. Na melhor das hipóte-
ses, tal uso errado traz preocupação e talvez orgulho pelo passado. Na pior, induz à inércia no presente. Entre as duas são
possíveis muitos tipos de loucura.
2. A reencarnação não deveria, em nenhuma circunstância, ser o problema com o qual se deve lidar agora. Se a reencarnação
fosse responsável por algumas das dificuldades que o indivíduo enfrenta no presente, a sua tarefa continuaria a ser apenas a
de escapar delas, agora. Se ele está a montar os alicerces para uma vida futura, ainda assim só pode trabalhar na sua salva-
ção agora. Para alguns, pode haver conforto neste conceito, e se isso os encoraja, o seu valor é evidente em si mesmo. No
entanto, é certo que o caminho para a salvação pode ser encontrado por aqueles que acreditam na reencarnação e por aque-
les que não acreditam. Por conseguinte, esta idéia não pode ser considerada essencial para a nossa aprendizagem. Há sem-
pre algum risco em ver o presente em termos do passado. Sempre há algo de positivo em qualquer pensamento que reforce a
idéia de que a vida e o corpo não são a mesma coisa.
3. Para os nossos propósitos não seria útil tomar qualquer posição definida em relação à reencarnação. Um professor de Deus
deve ser tão útil para aqueles que acreditam nela como para aqueles que não acreditam. Se uma posição definida fosse exigi-
da da parte dele, isso, simplesmente, limitaria a sua utilidade, bem como a sua própria capacidade de tomar decisões. O nos-
so curso não se ocupa de nenhum conceito que não seja aceitável para qualquer um, independentemente das suas crenças
anteriores. Cada um tem de fazer face ao seu ego e isso é suficiente; não cabe à sabedoria acrescentar controvérsias sectá-
rias à sua carga. E nem haveria vantagem na aceitação prematura do curso, simplesmente, porque o ego advoga uma crença
que a própria pessoa mantém há muito tempo.
4. Nunca é demais enfatizar que o objetivo deste curso é uma inversão completa do pensamento. Quando, afinal, isso tiver sido
realizado, temas tais como a validade da reencarnação deixam de ter significado. Até lá, tais temas provavelmente serão ape-
nas controvérsias. O professor de Deus, portanto, será sábio se evitar todas essas questões, pois tem muito que ensinar e
aprender à parte delas. Tem de aprender assim como ensinar que temas teóricos são apenas perdas de tempo que desviam o
tempo do propósito que lhe é designado. Se algum conceito ou crença tem aspectos que possam ser úteis, isso lhe será dito.
Também lhe será dito como usá-los. O que mais precisa ele saber?
5. Isto quer dizer que o professor de Deus não deveria acreditar na reencarnação, nem discuti-la com outras pessoas que a-
creditam? A resposta é: claro que não. Se acredita na reencarnação seria um erro renunciar a essa crença, a não ser que o
seu Professor interno o aconselhasse. E isto é muito improvável. Ele poderia ser avisado de que está a usar a crença errada-
mente, de alguma forma que prejudique o seu progresso ou o do seu aluno. Uma reinterpretação seria, então, recomendada
porque é necessária. Tudo o que tem de ser reconhecido, entretanto, é que o nascimento não foi o princípio e a morte não foi
o fim. Contudo, nem mesmo isso é exigido ao principiante. Basta que aceite a idéia de que o que sabe não é necessariamente
tudo o que existe para se aprender. A sua jornada teve início.
6. A ênfase deste curso permanece sempre a mesma: é neste momento que a salvação completa te está a ser oferecida e é
neste momento que a podes aceitar. Esta ainda é a tua única responsabilidade. A Expiação poderia ser equacionada com o
escape total do passado e a total falta de interesse no futuro. O Céu está aqui. Não há nenhum outro lugar. O Céu é agora.
Não há outro tempo. Qualquer outro ensinamento não diz respeito aos professores de Deus. Todas as crenças apontarão para
isto, se forem corretamente interpretadas. Nesse sentido pode dizer-se que a utilidade delas está na utilidade que têm. Todas
as crenças que conduzem ao progresso devem ser honradas. Este é o único critério que este curso requer. Nada mais do que
isso é necessário.

25. OS PODERES «PSÍQUICOS» SÃO DESEJÁVEIS?


1. A resposta a esta pergunta assemelha-se muito à anterior. Não existem, é claro, poderes «antinaturais» e inventar um poder
que não existe é, obviamente, um mero apelo à magia. Entretanto, é igualmente óbvio que cada indivíduo tem muitas habilida-
des das quais não está ciente. À medida em que cresce a sua consciência, pode muito bem desenvolver habilidades que lhe
parecerão bastante surpreendentes. No entanto, nada do que possa fazer se pode comparar, mesmo ao de leve, à gloriosa
surpresa de se lembrar de Quem é. Que toda a sua aprendizagem e todos os seus esforços sejam dirigidos para essa única e
grande surpresa final e, assim, não se deixe atrasar por outras, mais pequenas, que lhe possam advir durante o caminho.
2. É certo que existem muitos poderes «psíquicos» que estão claramente na linha deste curso. A comunicação não está limita-
da à pequena função dos canais que o mundo reconhece. Se assim fosse, faria pouco sentido tentar ensinar a salvação. Seria
impossível fazê-lo. Os limites que o mundo traça para a comunicação são as principais barreiras para a experiência do Espírito
Santo, que está sempre presente e Cuja Voz está disponível se nos limitarmos a ouvir. Estes limites são colocados em função
do medo, pois, sem eles, as muralhas que circundam todos os locais separados do mundo cairiam ao santo som da Sua Voz.
Quem, de alguma forma, transcende estes limites está, simplesmente, a tornar-se mais natural. Não está a fazer nada de es-
pecial e não há nenhuma magia nas suas realizações.

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3. As habilidades aparentemente novas que podem ser encontradas ao longo do caminho podem ser muito úteis. Dadas ao
Espírito Santo e usadas sob a Sua direção, são valiosos recursos de ensino. Em relação a isto, questionar como surgem é
irrelevante. A única consideração importante é como são usadas. Tomá-las como fins em si mesmas, sem importar como tal
seja feito, atrasará o processo. E o valor delas não está em provar seja o que for: realizações vindas do passado, afinação
rara com o «invisível» ou «favores» especiais de Deus. Deus não faz favores especiais e ninguém tem quaisquer poderes que
não estejam disponíveis para todos. Poderes especiais só são «demonstrados» por truques de magia.
4. Nada que seja genuíno é usado para enganar. O Espírito Santo é incapaz de enganar e só pode usar habilidades genuínas.
O que é usado para a magia é inútil para Ele. Mas o que Ele usa não pode ser usado para a magia. Há, no entanto, um apelo
particular nas habilidades incomuns que pode ser curiosamente tentador. Nesse apelo estão as forças que o Espírito Santo
quer e precisa. No entanto, nessas mesmas forças, o ego vê uma oportunidade para se glorificar a si mesmo. Forças que se
transformam em fraquezas são, de fato, uma tragédia. Porém, aquilo que não é dado ao Espírito Santo, tem de ser dado à
fraqueza, pois o que é recusado ao amor é dado ao medo e, conseqüentemente, será assustador.
5. Mesmo aqueles que já não dão valor às coisas materiais do mundo podem, ainda, ser enganados pelos poderes «psíqui-
cos». Como o investimento nos bens materiais do mundo foi retirado, o ego foi seriamente ameaçado. Ele ainda pode sentir-se
suficientemente forte para se reanimar sob essa nova tentação, procurando retomar a força através da fraude. Neste caso,
muitos foram os que não viram através das defesas do ego, embora elas não sejam particularmente subtis. Contudo, havendo
um desejo remanescente de ser enganado, o engano torna-se fácil. A partir daqui, o «poder» já não é uma habilidade genuína
e não pode ser usado com confiança. É quase inevitável que, a menos que o indivíduo mude a sua mente acerca do propósito
desse poder, se venha a gabar, com decepção crescente, das incertezas dos seus «poderes».
6. Qualquer habilidade desenvolvida por qualquer pessoa tem potencialidade para o bem. Não há exceção para isto. E quanto
mais raro e inesperado for esse poder, maior será a sua utilidade em potencial. A salvação precisa de todas as habilidades,
pois o que o mundo quer destruir, o Espírito Santo quer restaurar. As habilidades «psíquicas» têm sido usadas para chamar o
demônio, o que significa, simplesmente, reforçar o ego. No entanto, aqui está um grande canal para a esperança e para a cura
ao serviço do Espírito Santo. Aqueles que desenvolvem poderes «psíquicos», simplesmente, permitiram que fossem retiradas
algumas das limitações que haviam posto sobre as suas mentes. Utilizar a sua maior liberdade para agravar o encarceramen-
to só pode aumentar as limitações que colocam sobre si mesmos. O Espírito Santo precisa destas dádivas e aqueles que as
oferecem a Ele, e somente a Ele, vão com a gratidão de Cristo nos seus corações e a Sua vista santa acompanha-os de perto.

26. PODE ATINGIR-SE DEUS DIRETAMENTE?


1. Deus pode, de fato, ser atingido diretamente, pois não há distância entre Ele e o Seu Filho. A consciência de Deus está na
memória de todos e o Seu Verbo está escrito no coração de todos. No entanto, esta consciencialização e esta memória só
podem atravessar os umbrais do reconhecimento quando todas as barreiras contra a verdade forem removidas. Em quantos
isto ocorre? Aqui está, então, o papel dos professores de Deus. Eles também ainda não atingiram a compreensão necessária,
mas uniram-se a outros. E é isso o que os separa do mundo. E é isso que permite que outros deixem o mundo com eles. So-
zinhos, não são nada. Mas, na sua união, está o Poder de Deus.
2. Há aqueles que alcançaram Deus diretamente, sem reter nenhum traço dos limites mundanos e lembrando-se perfeitamente
da sua própria Identidade. Estes podem ser chamados Professores dos professores porque, embora já não sejam visíveis, a
sua imagem pode ainda ser invocada. E eles aparecerão em todos os momentos e em todos os lugares em que for útil fazê-lo.
Às pessoas a quem tais aparições assustariam, eles dão as suas idéias. Ninguém pode invocá-los em vão. Nem existe pessoa
alguma da qual não estejam cientes. Conhecem todas as necessidades, todos os erros são reconhecidos e eles não os vêem.
Virá o tempo em que isto será compreendido. Por enquanto, eles dão todas as suas dádivas aos professores de Deus, que os
procuram em busca de ajuda, pedindo todas as coisas em Seu Nome e em nenhum outro.
3. Por vezes, um professor de Deus pode ter uma breve experiência de união direta com Deus. Neste mundo é quase impossí-
vel que isso dure. Pode talvez ser conquistado com muita devoção e dedicação e, então, mantido por grande parte do tempo,
na terra. Mas isto é tão raro que não pode ser considerado uma meta realista. Se acontecer, que assim seja. Se não aconte-
cer, que assim seja, também. Todos os estados deste mundo não podem deixar de ser ilusórios. Se Deus fosse alcançado de
forma direta em consciencialização prolongada, o corpo não se manteria por muito mais tempo. Aqueles que abdicaram do
corpo somente para estender a sua ajuda aos que estavam para trás, de fato, são poucos. E eles precisam de ajudantes que
ainda estão no cativeiro e que ainda estão adormecidos, de modo que, através do seu despertar, a Voz de Deus possa ser
ouvida.
4. Não desesperes, portanto, por causa das limitações. A tua função é escapar delas, mas não existir sem elas. Se queres ser
ouvido por aqueles que sofrem, tens de falar a língua deles. Se queres ser um salvador, tens de compreender do que é que se
tem de escapar. A salvação não é teórica. Contempla o problema, pede a resposta e, então, aceita-a quando ela vem. E a sua
vinda também não demorará muito. Qualquer ajuda que fores capaz de aceitar ser-te-á provida e nenhuma necessidade que
tiveres deixará de ser suprida. Assim sendo, não nos preocupemos demais com metas para as quais não estás pronto. Deus
aceita-te onde estás e dá-te as boas-vindas. O que mais poderias desejar se isso é tudo o que precisas?

27. O QUE É A MORTE?


1. A morte é o sonho central do qual brotam todas as ilusões. Não é loucura pensar na vida como nascimento, envelhecimento,
perda de vitalidade e, finalmente, morte? Colocámos esta questão anteriormente, mas agora temos de considerá-la com mais
cuidado. É uma crença fixa e imutável do mundo que todas as coisas dentro dele nascem somente para morrer. Isso é consi-
derado como «a forma da natureza», não para ser questionado, mas para ser aceite como a lei «natural» da vida. O cíclico, o
mutável e o incerto; o imprevisível e o instável, o crescente e o minguante de uma certa forma, num dado caminho - tudo isto é
tido como a vontade de Deus. E ninguém se pergunta se tal poderia ser a vontade de um Criador benigno.
2. Se o universo que percebemos fosse tal como Deus o criou, seria impossível pensar que Deus é amoroso. Pois quem decre-
tou que todas as coisas morram, terminando em pó, desapontamento e desespero, só pode ser temido. Ele mantém a tua
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pequena vida nas mãos apenas por um fio, pronto para o romper sem pena ou cuidado, talvez hoje. Ou, caso espere, ainda
assim o fim é certo. Quem ama assim não conhece o amor, porque negou que a vida é real. A morte veio, então, a ser o sím-
bolo da vida. O seu mundo é, agora, um campo de batalha, onde reina a contradição e opostos guerreiam sem cessar. Onde
há morte, a paz é impossível.
3. A morte é o símbolo do medo de Deus. O Seu Amor é apagado nesta idéia, que o mantém fora da consciência como um
escudo erguido para obscurecer o sol. A qualidade sinistra do símbolo basta para mostrar que não pode coexistir com Deus.
Mostra uma imagem do Filho de Deus onde ele é «colocado para descansar» nos braços da devastação, onde os vermes
esperam para o saudar e para durar um pouco mais através da sua destruição. No entanto, também os vermes, com a mesma
certeza, são igualmente condenados à destruição. E, assim, todas as coisas vivem, devido à morte. Devorar é a «lei da vida»
dentro da natureza. Deus é doentio e o mundo é real.
4. A curiosa crença segundo a qual parte daquilo que morre pode continuar a viver à parte do que vai morrer, não proclama um
Deus amoroso, nem restabelece qualquer terreno para a confiança. Se a morte é real para o que quer que seja, não há vida. A
morte nega a vida. Mas se há realidade na vida, a morte é negada. Nisto, não é possível nenhuma transigência. Ou existe um
deus do medo, ou um Deus do amor. O mundo tenta fazer mil transigências e tentará fazer outras mil. Nenhuma pode ser a-
ceitável para os professores de Deus, pois nenhuma seria aceitável para Deus. Ele não fez a morte, porque não fez o medo.
Para Ele, ambos são, igualmente, sem significado.
5. A «realidade» da morte está firmemente enraizada na crença segundo a qual o Filho de Deus é um corpo. E se Deus tivesse
criado corpos, a morte certamente seria real. Mas Deus não seria amoroso. Não há nenhum ponto onde o contraste entre a
percepção do mundo real e a do mundo das ilusões se torne mais evidente. A morte é, de fato, a morte de Deus, se Ele é A-
mor. E, agora, a Sua própria criação tem de temê-Lo. Ele não é Pai, mas destruidor. Não é Criador, mas vingador. Terríveis
são os Seus Pensamentos e assustadora a Sua imagem. Contemplar as suas criações é morrer.
6. «E a última a ser vencida será a morte.» É claro! Sem a idéia de morte não há mundo. Todos os sonhos terminarão com
esse. Essa é a meta final da salvação - o fim de todas as ilusões. E da morte nascem todas as ilusões. O que pode nascer da
morte e ainda ter vida? Mas o que pode nascer de Deus e ainda morrer? As inconsistências, as transigências e os rituais que
o mundo fomenta nas suas vãs tentativas de se agarrar à morte e ainda pensar que o amor é real, tudo isso é magia irracional,
ineficaz e sem significado. Deus é, e Nele todas as coisas criadas têm de ser eternas. Não vês que, de outro modo, há um
oposto para ele e o medo seria tão real quanto o amor?
7. Professor de Deus, a tua única atribuição poderia ser colocada assim: não te comprometas com nada onde a morte tenha
lugar. Não acredites na crueldade, nem permitas que o ataque te esconda a verdade. O que parece morrer apenas foi perce-
bido erradamente e levado até à ilusão. Agora, vem a ser tarefa tua fazer com que a ilusão seja levada até à verdade. Sê firme
apenas nisto: não te enganes com a «realidade» de nenhuma forma de mutação. A verdade nem se move, nem vacila, nem
naufraga na morte e na dissolução. E qual é o fim da morte? Nenhum senão este: o reconhecimento de que o Filho de Deus é
sem culpa, agora e para sempre. Nada além disto. Mas não te permitas esquecer que não é menos do que isto.

28. O QUE É A RESSURREIÇÃO?


1. Muito simplesmente, a ressurreição é a superação ou o domínio da morte. É um novo despertar ou um renascimento, uma
mudança da mente a respeito do significado do mundo. É a aceitação da interpretação do Espírito Santo sobre o propósito do
mundo, a aceitação da expiação para si mesmo. É o fim dos sonhos de miséria e a feliz consciência do sonho final do Espírito
Santo. É o reconhecimento das dádivas de Deus. É o sonho no qual o corpo funciona perfeitamente, sem outra função que
não seja a comunicação. É a lição na qual termina a aprendizagem, pois ela é consumada e ultrapassada com isso. É o convi-
te a Deus para que dê o Seu passo final. É o abandono de todos os outros propósitos, todos os outros interesses, todos os
outros desejos e todas as outras preocupações. É o desejo único do Filho pelo Pai.
2. A ressurreição é a negação da morte, ao ser a afirmação da vida. Assim, todos os pensamentos do mundo são alterados. A
vida, agora, é reconhecida como salvação e qualquer tipo de dor e miséria percebido como inferno. O amor já não é temido,
mas alegremente bem recebido. Os ídolos desaparecem e a lembrança de Deus brilha sem impedimento através do mundo. A
face de Cristo é vista em cada coisa viva e nada é mantido no escuro, à parte da luz do perdão. Não há mais nenhum pesar
sobre a terra. A alegria do Céu, veio até ela.
3. Aqui termina o programa de aprendizagem. Daqui em diante não há necessidade de orientações. A visão foi totalmente cor-
rigida e todos os erros foram desfeitos. O ataque não tem significado e veio a paz. A meta do plano de aprendizagem foi con-
seguida. Os pensamentos voltam-se para o Céu e afastam-se do inferno. Todos os desejos são satisfeitos, pois o que perma-
nece sem resposta ou incompleto? A última ilusão espalha-se sobre o mundo inteiro, perdoando todas as coisas e substituindo
todos os ataques. A transformação total é realizada. Nada resta para contradizer o Verbo de Deus. Não há oposição à verda-
de. E, agora, finalmente, a verdade pode vir. Como virá rapidamente quando lhe for pedido para entrar e envolver tal mundo!
4. Todos os corações vivos estão tranqüilos num movimento de profunda expectativa, pois, agora, o tempo das coisas que
duram para sempre está mais próximo. Não há morte. O Filho de Deus é livre. E na sua liberdade está o fim do medo. Não há
mais lugares escondidos na terra, capazes de esconder ilusões doentias, sonhos de medo e interpretações erradas do univer-
so. Todas as coisas são vistas na luz e, na luz, o propósito delas é transformado e compreendido. E nós, crianças de Deus,
erguemo-nos do pó e contemplamos a nossa perfeita impecabilidade. A canção do Céu soa através do mundo à medida em
que ele é elevado e trazido à verdade.
5. Agora, não existem distinções. As diferenças desapareceram e o Amor olha para Si Mesmo. O que mais é necessário ver? O
que sobra que a visão possa realizar? Nós vimos a face de Cristo, a Sua impecabilidade, o Seu Amor por detrás de todas as
formas, além de todos os propósitos. Santos somos nós porque, de fato, a Sua santidade libertou-nos! E aceitamos a Sua
santidade como nossa, tal como é. Como Deus nos criou, assim seremos para todo o sempre e não desejamos nada a não
ser que a Sua Vontade seja a nossa. As ilusões de outra vontade perderam-se, pois a unidade do propósito foi encontrada.
6. Estas coisas esperam por todos nós, mas ainda não estamos preparados para lhes dar as boas-vindas com alegria. Enquan-
to qualquer mente permanecer possuída por sonhos maus, o pensamento do inferno é real. Os professores de Deus têm como
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meta despertar as mentes dos que estão a dormir e de ver aí a visão da face de Cristo, para que ela tome o lugar do que eles
sonham. O pensamento que assassina é substituído pela bênção. O julgamento é posto de lado e entregue Àquele cuja fun-
ção é julgar. E, no Seu julgamento final, a verdade sobre o Filho santo de Deus é restaurada. Ele é redimido, pois ouviu o Ve r-
bo de Deus e compreendeu o seu significado. Ele é livre, porque permitiu que a Voz de Deus proclamasse a verdade. E todos
aqueles que, antes, procurava crucificar, ressurgem com ele, ao seu lado, à medida em que se prepara, com eles, para encon-
trar o seu Deus.

29. QUANTO AO RESTO...


1. Este manual não tem a intenção de responder a todas as perguntas que o professor ou o aluno podem fazer. De fato, cobre
apenas algumas das mais óbvias, nos termos de um breve sumário de alguns dos principais conceitos do Texto e do Livro de
Exercícios. Não é um substituto para nenhum dos dois, mas apenas um suplemento. Embora seja chamado Manual de Pro-
fessores, é preciso lembrar que só o tempo separa professor e aluno, de modo que a diferença é temporária por definição. Em
alguns casos pode ser útil para o aluno ler o manual em primeiro lugar. Outros podem achar melhor começar pelo Livro de
Exercícios. Outros ainda podem precisar começar no nível mais abstrato do livro Texto.
2. Qual serve a quem? Quem ganharia mais somente com orações? Quem precisa apenas de um sorriso, não estando ainda
pronto para mais? Ninguém deveria tentar responder a estas perguntas sozinho. Com certeza, nenhum professor de Deus
chegou até aqui sem ter reconhecido isto. O plano de estudo é altamente individualizado e todos os aspectos estão sob a ori-
entação e o cuidado particular do Espírito Santo. Pergunta e Ele responderá. A responsabilidade é Dele e só Ele é capaz de
assumi-la. Fazer isso é a Sua função. Transmitir-Lhe estas questões, é a tua. Querias ser responsável por decisões a respeito
das quais entendes tão pouco? Fica contente por teres um Professor incapaz de cometer equívocos. As suas respostas são
sempre certas. Dirias isso das tuas?
3. Há uma outra vantagem - e muito importante - ao entregar, cada vez com maior freqüência, as decisões ao Espírito Santo.
Talvez não tenhas pensado neste aspecto, mas a sua importância central é óbvia. Seguir a orientação do Espírito Santo é
deixar-se absolver da culpa. É a essência da Expiação. É o núcleo do currículo. A usurpação imaginária de funções que não
são tuas é a base do medo. O mundo inteiro que vês reflete a ilusão de que tu o fizeste, o que faz com que o medo seja inevi-
tável. Assim sendo, devolver a função Àquele a Quem ela pertence é escapar do medo. E é isso que faz com que a memória
do medo volte para ti. Portanto, não penses que é necessário seguir a orientação do Espírito Santo só por causa das tuas ina-
dequações pessoais. Para ti, é o caminho para saíres do inferno.
4. Aqui está, mais uma vez, o paradoxo ao qual o Curso se refere freqüentemente: Dizer: «Por mim mesmo nada posso fazer»
é ganhar todo o poder. No entanto, o paradoxo é apenas aparente. Tal como Deus te criou tens todo o poder. A imagem que
fizeste de ti mesmo é que não tem nenhum. O Espírito Santo conhece a verdade a teu respeito. A imagem que fizeste não
conhece. Entretanto, apesar da sua óbvia e completa ignorância, essa imagem presume que sabe todas as coisas porque tu
lhe deste essa crença. Tal é o teu ensinamento e o ensinamento do mundo que foi feito para o apoiar. Mas o Professor que
conhece a Verdade não a esqueceu. As suas decisões trazem benefício a todos, por serem totalmente isentas de ataque. E,
portanto, são incapazes de fazer surgir a culpa.
5. Quem assume um poder que não tem está a enganar-se. Porém, aceitar o poder que lhe é dado por Deus não é senão re-
conhecer o seu Criador e aceitar as Suas dádivas. E as Suas dádivas não têm limites. Pedir ao Espírito Santo que decida por
ti é, simplesmente, aceitar a tua verdadeira herança. Significa isto que não podes dizer nada sem O consultar? É claro que
não! Isso não seria nada prático, e é com a prática que este Curso mais se preocupa. Se tiveres o hábito de pedir ajuda quan-
do e onde puderes, podes confiar que a sabedoria te será dada quando precisares dela. Prepara-te para isso a cada manhã,
lembra-te de Deus quando puderes, durante o dia, pede ajuda ao Espírito Santo quando for viável fazê-lo e, à noite, agradece-
Lhe a orientação. E a tua confiança estará, de fato, bem fundada.
6. Nunca te esqueças de que o Espírito Santo não depende das tuas palavras. Ele compreende os pedidos do teu coração e
responde-lhes. Significa isto que, enquanto o ataque permanecer atraente para ti, Ele responderá com o mal? Nunca! Pois
Deus deu-Lhe o poder de traduzir as orações do teu coração na Sua linguagem. Ele compreende que um ataque é um pedido
de ajuda. E, conseqüentemente, responde com ajuda. Deus seria cruel se deixasse que as tuas palavras substituíssem as
Suas Próprias. Um pai amoroso não permite que a sua criança se magoe, nem que escolha a sua própria destruição. Ela pode
pedir para ser ferida, mas, ainda assim, o seu pai protegê-la-á. E quanto mais do que isto o teu Pai ama o Seu Filho?
7. Lembra-te de que tu és o que O completa e o Seu Amor. Lembra-te de que a tua fraqueza é a Sua força. Mas não leias isto
apressada ou erradamente. Se a força Dele está em ti, o que tu percebes como fraqueza não passa de ilusão. E Ele deu-te o
meio para provar que isso é assim. Pede todas as coisas ao Seu Professor e todas as coisas te serão dadas. Não no futuro,
mas imediatamente; agora. Deus não espera, pois a espera requer tempo e Ele é intemporal. Esquece as tuas imagens tolas,
o teu senso de fragilidade e o teu medo do dano, os teus sonhos de perigo e os «erros» escolhidos. Deus só conhece o Seu
Filho e tal como foi criado, assim ele é. Em confiança, eu te coloco nas Mãos Dele e agradeço, por ti, que sejas assim.
8. E, agora, em tudo o que faças, sê abençoado.
Deus volta-Se para ti pedindo ajuda para salvar o mundo.
Professor de Deus, Ele oferece-te a Sua gratidão,
e o mundo todo fica em silêncio na graça que trazes do Pai.
Tu és o Filho que Ele ama, e é-te dado ser o meio
através do qual a Sua Voz é ouvida em todo o mundo
para acabar com todas as coisas nascidas no tempo,

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para trazer o fim de todas as coisas que mudam.
Através de ti, anuncia-se um mundo que não é visto
nem ouvido, embora esteja verdadeiramente presente.
Santo tu és e, na tua luz, o mundo reflete santidade,
pois não estás só nem sem amigos. Eu agradeço por ti
e uno-me aos teus esforços a favor de Deus
sabendo que são, também, a meu favor
e a favor de todos aqueles que caminham para Deus comigo.

AMÉM

ESCLARECIMENTO DE TERMOS

INTRODUÇÃO
Esse não é um curso de especulação filosófica, nem se preocupa com uma terminologia precisa. Ele se ocupa somente da
Expiação ou da correção da percepção. O meio para a Expiação é o perdão. A estrutura da ―consciência individual‖ é essenci-
almente irrelevante porque é um conceito que representa o ―erro original‖ ou o ―pecado original‖. Estudar o erro em si não leva
à correção, se queres realmente ter sucesso em não ver o erro. E é apenas esse processo de deixar de vê-lo que constitui o
objetivo do curso. Todos os termos são potencialmente controversos e aqueles que buscam a controvérsia vão achá-la. Porém
aqueles que buscam o esclarecimento também vão encontrá-lo. Entretanto, têm que estar dispostos a deixar de ver a contro-
vérsia, reconhecendo que ela é uma defesa contra a verdade na forma de uma manobra de adiamento. Considerações teoló-
gicas enquanto tais são necessariamente controversas, já que dependem de crença e podem, portanto, ser aceitas ou rejeita-
das. Uma teologia universal é impossível, mas uma experiência universal não só é possível como necessária. É para essa
experiência que o curso está dirigido. Só aqui é possível haver coerência porque só aqui termina a incerteza.
Esse curso permanece dentro da estrutura do ego, onde ele é necessário. Não se ocupa do que está além de todo erro, porque
está planejado somente para estabelecer a direção nesse sentido. Por conseguinte, usa palavras que são simbólicas e não
podem expressar o que está além dos símbolos. É só o ego que questiona porque é só o ego que duvida. O curso apenas dá
outra resposta, uma vez que tenha sido levantada uma questão. No entanto, essa resposta não tenta apelar para a inventivi-
dade ou para a engenhosidade. Esses são atributos do ego. O curso é simples. Tem uma função e uma meta. Só nisso ele é
completamente consistente, porque só isso pode ser consistente.
O ego vai pedir muitas respostas que esse curso não dá. Ele não reconhece como perguntas a mera forma de uma pergunta à
qual é impossível dar uma resposta. O ego pode perguntar: ―Como ocorreu o impossível?‖, ―Para que aconteceu o impossí-
vel?‖ e pode perguntar isso de muitas formas. Entretanto, não há nenhuma resposta, apenas uma experiência. Busca somente
isso, e não deixes que a teologia te atrase. Vais notar que a ênfase em temas estruturais no curso é breve e inicial. Depois, ele
rapidamente os abandona e parte para o ensino central. Mas já que pediste esclarecimentos, estes são alguns dos termos que
são utilizados.

1. MENTE – ESPÍRITO
O termo mente é usado para representar o agente ativador do espírito, suprindo a sua energia criativa. Quando o termo apare-
ce em maiúsculas, refere-se a Deus ou a Cristo (isso é, a Mente de Deus ou a Mente de Cristo). Espírito é o Pensamento de
Deus que Ele criou como Ele mesmo. espírito unificado é o Filho único de Deus, ou Cristo.
Nesse mundo, porque a mente é dividida, os Filhos de Deus parecem estar separados. Nem as suas mentes parecem estar
unidas. Nesse estado ilusório, o conceito de ―mente individual‖ parece ser significativo. Ele é, portanto, descrito no curso como
se tivesse duas partes: espírito e ego.
O espírito é a parte que ainda está em contato com Deus através do Espírito Santo, Que habita nesta parte, mas vê também a
outra. O termo ―alma‖ não é usado a não ser em citações bíblicas diretas devido à sua natureza altamente controversa. Seria,
no entanto, equivalente a ―espírito‖, compreendendo que, sendo de Deus, ela é eterna e nunca nasceu.
A outra parte da mente é inteiramente ilusória e só produz ilusões. O Espírito retém o potencial para criar, mas a sua Vontade,
que é de Deus, parece estar prisioneira enquanto a mente não é unificada. A criação continua sem nenhum decréscimo por-
que essa é a Vontade de Deus. Essa Vontade é sempre unificada e, portanto, não tem significado nesse mundo. Não tem o-
postos nem graus.
A mente pode estar certa ou errada, dependendo da voz que escuta. A mente certa ouve o Espírito Santo, perdoa o mundo e
através da visão de Cristo vê o mundo real em seu lugar. Essa é a visão final, a última percepção, a condição na qual o pró-
prio Deus dá o passo final. Aqui o tempo e as ilusões terminam juntos.
A mente errada escuta o ego e dá origem a ilusões: percebendo pecado e justificando a raiva, vendo a culpa, a doença e a
morte como reais. Tanto esse mundo quanto o mundo real são ilusões, porque a mente certa meramente não vê, ou perdoa, o
que nunca aconteceu. Ela não é, portanto, a mente Una que está na Mente de Cristo, Cuja Vontade é una com a de Deus.
Nesse mundo, a única liberdade restante é a liberdade de escolha, sempre entre duas opções ou duas vozes. A Vontade não
está envolvida na percepção em nível algum e não tem nada a ver com a escolha. A consciência é o mecanismo receptivo,

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que recebe mensagens de cima ou de baixo, do Espírito Santo ou do ego. A consciência tem níveis e a conscientização pode
se deslocar drasticamente, mas não pode transcender o domínio da percepção. Na melhor das hipóteses, ela vem a estar
consciente do mundo real e pode ser treinada para fazê-lo cada vez mais. Entretanto, o próprio fato de ter níveis e poder ser
treinada demonstra que não é capaz de atingir o conhecimento.

2. O EGO - O MILAGRE
As ilusões não durarão. A sua morte é certa e apenas isso é certo no mundo em que elas existem. É o mundo do ego por isso.
O que é o ego? Apenas um sonho acerca do que realmente és. Um pensamento segundo o qual estás à parte do teu Criador e
um desejo de seres o que Ele não criou. É uma loucura, sem nenhuma realidade. Um nome para o que não tem nome, é tudo
o que ele é. Um símbolo da impossibilidade, uma escolha por opções que não existem. Nós o nomeamos só para nos ajudar a
compreender que ele não é nada senão um antigo pensamento que professa que o que foi feito tem imortalidade. Mas o que
poderia advir disso senão um sonho que, como todos os sonhos, só pode terminar na morte?
O que é o ego? O nada, mas em uma forma que aparenta ser algo. Em um mundo de formas, o ego não pode ser negado, pois
só ele parece real. No entanto, seria possível o Filho de Deus, tal como Ele o criou, habitar na forma ou em um mundo de for-
mas? Quem te pede para definir o ego e explicar como ele surgiu só pode ser alguém que pense que ele é real e busque, a-
través da definição, assegurar-se de que a natureza ilusória do ego esteja oculta por trás das palavras que parecem fazer com
que seja assim.
Não há definição para uma mentira que sirva para torná-la verdadeira. Nem pode haver uma verdade que as mentiras efetiva-
mente ocultem. A irrealidade do ego não é negada por palavras, nem o seu significado se esclarece porque a sua natureza
parece ter uma forma. Quem pode definir o indefinível? E apesar disso, mesmo aqui há uma resposta.
Não podemos realmente construir uma definição do que é o ego, mas podemos dizer o que ele não é. E isso nos é mostrado
com perfeita clareza. É a partir daí que deduzimos tudo o que ele é. Olha para o seu oposto e podes ver a única resposta que
é significativa.
O oposto do ego em todas as formas cm origem, efeito e conseqüência—nós chamamos de milagre. E aqui achamos tudo o
que não é o ego nesse mundo. Aqui está o oposto do ego e só aqui olhamos para o que era o ego, pois aqui vemos tudo o
que ele parecia fazer e a causa ainda tem que ser una com os seus efeitos.
Onde havia escuridão, agora vemos a luz. o que é o ego? O que era a escuridão. Onde está o ego? Onde estava a escuridão.
Só que é ele agora e onde pode ser achado? Nada e em lugar nenhum. Agora, a luz veio, seu oposto se foi sem deixar vestí-
gios. Onde o mal estava, está agora a santidade. O que é o ego? O que era o mal. Onde está o ego? Em um sonho mau que
apenas parecia real enquanto tu o estavas sonhando. Onde estava a crucificação está o Filho de Deus. O que é o ego? Quem
tem necessidade de perguntar? Onde está o ego? Quem tem necessidade de buscar uma ilusão agora que os sonhos se fo-
ram? O que é o milagre? É um sonho também. Mas olha para todos os aspectos deste sonho e nunca mais questionarás. O-
lha para o mundo benigno que vês estendendo-se diante de ti enquanto caminhas com gentileza. Olha para todos os ajudan-
tes, ao longo do caminho no qual viajas, alegres na certeza do Céu e na segurança da paz. E olha por um instante, também,
para o que deixaste para trás e finalmente superaste.
Isso era o ego - todo o ódio cruel, a necessidade de vingança e os gritos de dor, o medo de morrer e a urgência em matar, a
ilusão sem fraternidade e o ser que parecia sozinho em todo o universo. Esse terrível equívoco acerca de ti mesmo, o milagre
corrige com tanta gentileza quanto uma mãe amorosa nina sua criança. Não é uma canção como essa que gostarias de ouvir?
'Não responderia ela a tudo o que pensaste em perguntar, tornando até mesmo a pergunta sem significado?
As tuas perguntas não têm nenhuma resposta, sendo feitas para aquietar a Voz de Deus, Que só pergunta uma única questão
a cada um: ―Já estás pronto para Me ajudar a salvar o mundo?‖ 'Faze essa pergunta ao invés de perguntar o que é o ego e
verás um brilho súbito cobrir o mundo feito pelo ego. Agora nenhum milagre é recusado a ninguém. O mundo está salvo do
que pensaste que ele era. E o que ele é, é totalmente isento de condenação totalmente puro.
O milagre perdoa, o ego condena. Nenhum dos dois precisa ser definido exceto por isso. No entanto, poderia uma definição ser
mais certa, ou mais de acordo com o que é a salvação? O problema e a resposta estão juntos aqui e, tendo-se afinal encon-
trado, a escolha está clara. Quem escolhe o inferno quando ele é reconhecido? E quem não iria um pouco mais adiante quan-
do lhe foi dado compreender que o caminho é curto e sua meta é o Céu?

3. PERDÃO - A FACE DE CRISTO


O perdão é para Deus e vai em direção a Deus, mas não é Dele. É impossível pensar em qualquer coisa que Ele tenha criado
que pudesse precisar de perdão. O perdão é então uma ilusão, mas devido ao seu propósito, que é o do Espírito Santo, há
uma diferença. Ao contrário de todas as outras ilusões, conduz para longe do erro e não em direção a ele.
O perdão poderia ser chamado de uma espécie de ficção feliz, um caminho no qual aqueles que não conhecem podem fazer
uma ponte sobre a brecha entre sua percepção e a verdade. Eles não podem ir diretamente da percepção ao conhecimento
porque não pensam que é sua vontade fazer isso. Isso faz com que Deus pareça ser um inimigo em vez do que Ele realmente
é. E é justamente essa percepção insana que faz com que eles não estejam dispostos a simplesmente erguerem-se e volta-
rem para Ele em paz.
E assim necessitam de uma ilusão de ajuda porque estão impotentes, um Pensamento de paz porque estão em conflito. Deus
sabe do que o Seu Filho tem necessidade antes dele pedir. Ele não está em nada preocupado com a forma, mas tendo dado o
conteúdo, é Sua Vontade que esse seja compreendido. E isso basta. A forma se adapta à necessidade e o conteúdo é imutá-
vel, tão eterno quanto o seu Criador.
A face de Cristo tem que ser vista antes que a memória de Deus possa voltar. A razão é óbvia. Ver a face de Cristo envolve
percepção. Ninguém pode olhar para o conhecimento. Mas a face de Cristo é o grande símbolo do perdão. É a salvação. É o
símbolo do mundo real. Quem olha para isso nunca mais vê o mundo. Ele está tão perto do Céu quanto é possível chegar

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estando ainda do lado de fora, antes da porta. Entretanto, dessa porta para dentro, não falta nada além de um passo. É o pas-
so final. E isso nós deixamos para Deus.
O perdão é um símbolo também, mas como símbolo da Sua Vontade apenas, não pode estar dividido. E assim a Unidade que
ele reflete vem a ser a Sua Vontade. É a única coisa que ainda está em parte no mundo e mesmo assim é a ponte para o Céu.
A Vontade de Deus é tudo o que existe. Nós só podemos ir do nada ao tudo, do inferno para o Céu. Isso é uma viagem? Não,
não verdadeiramente, pois a verdade não vai a lugar nenhum. Apenas as ilusões se deslocam de um lugar para outro, de um
momento para o outro. O passo final também não é senão um deslocamento. Como uma percepção, em parte é irreal. Mas
essa parte sumirá. O que permanece é a paz eterna e a Vontade de Deus.
Não há desejos agora, pois os desejos mudam. Mas mesmo o que é desejado pode vir a ser indesejado. Tem que ser assim
porque o ego não é capaz de estar em paz. Mas a Vontade é constante, como dádiva de Deus. E o que Ele dá é sempre como
Ele Mesmo. Esse é o propósito da face de Cristo. É a dádiva de Deus para salvar Seu Filho. Apenas olha para isso e terás
sido perdoado.
Como vem a ser amável o mundo naquele único instante em que vês a verdade acerca de ti mesmo refletida nele. Agora és
sem pecado e contemplas a tua impecabilidade. Agora és santo e te percebes assim. E agora a mente retorna ao seu Criador,
a união do Pai e do Filho, a Unidade das unidades que está por trás de toda união, mas além de todas elas. Deus não é visto,
apenas compreendido. Seu Filho não é atacado, apenas reconhecido.

4. A PERCEPÇÃO VERDADEIRA – CONHECIMENTO


O mundo que vês é uma ilusão de um mundo. Deus não o criou, pois o que Ele cria tem que ser eterno como Ele próprio. No
entanto, não há nada no mundo que vês que vá durar para sempre. Algumas coisas durarão no tempo um pouco mais do que
outras. Mas virá o tempo no qual todas as coisas visíveis terão um fim.
Os olhos do corpo, portanto, não são o meio através do qual o mundo real pode ser visto, pois as ilusões que eles contemplam
não podem deixar de levar a mais ilusões da realidade. E é o que fazem. Pois tudo o que vêem não só não vai durar, como se
presta a pensamentos de pecado e culpa. Enquanto isso, todas as coisas que Deus criou são para sempre sem pecado e,
portanto, para sempre sem culpa.
O conhecimento não é o remédio para a falsa percepção já que, estando em outro nível, eles nunca podem se encontrar. A
única correção possível para a falsa percepção tem que ser a verdadeira percepção. Ela não vai durar. Mas enquanto durar,
vem para curar. Pois a percepção verdadeira é um remédio que tem muitos nomes. Perdão, salvação, Expiação, percepção
verdadeira; todos são um. Todos eles são o único começo com o fim de levar à Unicidade, muito além deles próprios. A per-
cepção verdadeira é o meio pelo qual o mundo é salvo do pecado, pois o pecado não existe. E é isso o que a percepção ver-
dadeira vê.
O mundo se ergue como um bloco diante da face de Cristo. Mas a percepção verdadeira olha para o mundo como nada mais
do que um frágil véu, tão facilmente desfeito que não pode durar mais do que um instante. Afinal ele é visto simplesmente co-
mo é. E agora não pode deixar de desaparecer, pois agora há um espaço vazio, que foi limpo e está pronto. Onde a destruição
era percebida aparece a face de Cristo e nesse instante o mundo é esquecido e o tempo acaba para sempre, enquanto o
mundo vai girando para o nada de onde veio.
Um mundo perdoado não pode durar. Era o lar de corpos. Mas o perdão olha para o que vem depois dos corpos. Essa é a sua
santidade, é assim que ele cura. O mundo dos corpos é o mundo do pecado, pois o pecado só seria possível se houvesse um
corpo. Do pecado vem a culpa, tão certamente quanto o perdão afasta toda culpa para longe. E uma vez que toda a culpa se
foi, o que mais sobra para manter um mundo separado em seu lugar? Pois os lugares se foram também, junto com o tempo.
Só o corpo faz o mundo parecer real, pois sendo separado, ele não poderia permanecer onde a separação é impossível. O
perdão prova que ela é impossível porque não o vê. E aquilo que, então, deixarás de ver não será compreensível para ti, do
mesmo modo como a presença daquilo foi uma vez a tua certeza.
Esse é o deslocamento que a percepção verdadeira traz: o que foi projetado para fora é visto no interior, e aí o perdão permite
que desapareça. Pois lá está erguido o altar ao Filho e lá o Pai é lembrado. Aqui, todas as ilusões são trazidas à verdade e
colocadas sobre o altar. O que é visto do lado de fora tem que estar além do perdão, pois parece ser para sempre pecamino-
so. Onde está a esperança se o pecado é visto do lado de fora? Que remédio pode esperar a culpa? Mas vistos dentro da tua
mente, culpa e perdão por um instante estão juntos, lado a lado, sobre um único altar. Lá finalmente a doença e seu único
remédio estão unidos em uma luz que cura. Deus veio para reivindicar o que é Dele. O perdão está completo.
E agora o conhecimento de Deus, imutável, certo, puro e totalmente compreensível, entra no seu reino. A percepção se foi,
tanto a falsa como a verdadeira. O perdão se foi, pois sua tarefa está cumprida. E se foram os corpos na luz resplandecente
sobre o altar ao Filho de Deus. Deus sabe que o altar é Seu assim como é dele. E aqui se unem, pois aqui a face de Cristo
resplandeceu fazendo desaparecer o instante final do tempo e agora a última percepção do mundo não tem propósito nem
causa. Pois aonde a memória de Deus veio afinal, não há mais viagem, não há crença no pecado, não há paredes, não há
corpos e o apelo sombrio da culpa e da morte é abafado para sempre.
Oh, meus irmãos, se apenas conhecessem a paz que os envolverá e os manterá seguros e puros e belos na Mente de Deus,
não fariam outra coisa senão correr para encontrá-Lo, lá onde está o Seu altar. Santificado seja o teu nome e o Seu, pois es-
tão unidos aqui nesse lugar santo. Aqui, Ele Se inclina para erguer-te até Ele, para fora das ilusões rumo à santidade, para
fora do mundo e para dentro da eternidade, para fora de todo o medo e de volta ao amor.

5. JESUS - CRISTO
Não há necessidade de ajuda para entrares no Céu, pois nunca o deixaste. Mas há necessidade de ajuda além de ti mesmo,
pois estás cercado de falsas crenças sobre a tua Identidade, Que apenas Deus estabeleceu na realidade. Ajudantes te são
enviados de várias formas, embora sobre o altar todos sejam um. Além de cada um há um Pensamento de Deus e isso nunca
vai mudar. Mas eles têm nomes que diferem temporariamente, pois o tempo necessita de símbolos sendo irreal em si mesmo.
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Seus nomes são legião, mas nós não iremos além dos nomes que o próprio curso emprega. Deus não ajuda porque Ele não
conhece nenhuma necessidade. Mas Ele cria todos os Ajudantes de Seu Filho enquanto esse acredita que suas fantasias são
verdadeiras. Agradece a Deus por eles, pois eles te conduzirão ao lar.
O nome de Jesus é o nome de alguém que foi um homem, mas viu a face de Cristo em todos os seus irmãos e se lembrou de
Deus. Assim ele veio a se identificar com Cristo, já não mais um homem, mas um com Deus. O homem era uma ilusão, pois
parecia um ser separado, caminhando por si mesmo, dentro de um corpo que aparentava manter o seu ser separado do Ser,
como fazem todas as ilusões. Entretanto, quem pode salvar a não ser que veja as ilusões e as identifique exatamente como
são? Jesus continua sendo um Salvador porque viu o falso, sem aceitá-lo como verdadeiro. E Cristo precisava da sua forma
para que pudesse aparecer aos homens e salvá-los de suas próprias ilusões.
Em sua completa identificação com o Cristo - o Filho perfeito de Deus, Sua única criação e Sua felicidade, para sempre como
Ele e um com Ele Jesus veio a ser o que todos vós têm que ser. Ele mostrou o caminho para que o sigas. Ele te conduz de
volta a Deus porque viu a estrada diante de si e a seguiu. Ele fez uma distinção clara, ainda obscura para ti, entre o falso e o
verdadeiro. Ele te ofereceu uma demonstração final de que é impossível matar o Filho de Deus; também a sua vida não pode
ser mudada de forma alguma pelo pecado e pelo mal, a malícia, o medo ou a morte.
E por conseguinte todos os teus pecados foram perdoados porque não tinham nenhum efeito. Assim, não passavam de so-
nhos. Ressuscita com ele que te mostrou isso, porque lhe deves isso, a ele que compartilhou os teus sonhos para que pudes-
sem ser desfeitos. E ainda os compartilha, para estar em unidade contigo.
Ele é o Cristo? Oh, sim, junto contigo. Sua breve vida na terra não bastou para ensinar a poderosa lição que aprendeu por
todos vós. Ele permanecerá contigo para conduzir-te do inferno que fizeste a Deus. E quando unires a tua vontade à sua, o
teu modo de ver será a sua visão, pois os olhos de Cristo são compartilhados. Caminhar com ele é tão natural quanto cami-
nhar ao lado de um irmão que conheces desde que nasceste, pois é isso, de fato, o que ele é. Alguns ídolos amargos foram
feitos dele que apenas queria ser um irmão para o mundo. Perdoe-o pelas tuas ilusões e veja que irmão querido ele pode ser
para ti. Pois ele dará descanso à tua mente, afinal, e a carregará contigo até o teu Deus.
Ele é o único Ajudante de Deus? De fato, não. Pois Cristo toma muitas formas com nomes diferentes até que a sua unicidade
possa ser reconhecida. Mas Jesus é para ti o portador da única mensagem de Cristo sobre o Amor de Deus. Não precisas de
outra. É possível ler as suas palavras e beneficiar-se com elas sem aceitá-lo em tua vida. Mas ele te ajudaria ainda um pouco
mais se compartilhasses as tuas dores e as tuas alegrias com ele, e deixasses ambas para achar a paz de Deus. Porém, ain-
da é a sua lição o que ele gostaria que aprendesses acima de tudo, e é a seguinte:
Não há morte porque o Filho de Deus é como o Pai. Nada que possas fazer pode mudar o Amor Eterno. Esquece os
teus sonhos de pecado e culpa e vem comigo, para compartilhar a ressurreição do Filho de Deus. E traze contigo todos
aqueles que Ele te enviou para que cuides deles assim como eu cuido de ti.

6. O ESPÍRITO SANTO
Jesus é a manifestação do Espírito Santo, a Quem ele chamou à terra depois que ascendeu aos Céus, ou veio a ser comple-
tamente identificado com o Cristo, o Filho de Deus tal como Ele o Criou. O Espírito Santo, sendo uma criação do Único Cria-
dor, criando com Ele e à Sua semelhança ou espírito, é eterno e nunca mudou. Ele foi ―chamado a descer à terra‖ no sentido
de que naquele momento veio a ser possível aceitá-Lo e ouvir a Sua Voz. A Sua Voz é a Voz por Deus e, portanto, tomou for-
ma. Essa forma não é a Sua realidade, que somente Deus conhece junto com Cristo, Seu Filho real, Que é parte Dele.
Ao longo do curso, o Espírito Santo é descrito como Aquele que nos dá a resposta para a separação e traz para nós o plano da
Expiação, estabelecendo nele o nosso papel em particular e nos mostrando exatamente qual ele é. Ele estabeleceu Jesus
como o líder na realização do Seu plano, já que foi o primeiro a cumprir a própria parte com perfeição. Todo o poder no Céu e
na terra é, portanto, dado a ele e ele vai compartilhá-lo contigo quando tiveres completado a tua. O princípio da Expiação foi
dado ao Espírito Santo muito antes de Jesus colocá-lo em movimento.
O Espírito Santo é descrito como o elo de comunicação que resta entre Deus e Seus Filhos separados. De modo a cumprir
essa função especial, o Espírito Santo assumiu uma função dupla. Ele conhece porque é parte de Deus; Ele percebe porque
foi enviado para salvar a humanidade. Ele é o grande princípio da correção, o portador da verdadeira percepção, o poder ine-
rente da visão de Cristo. Ele é a luz na qual o mundo perdoado é percebido, na qual apenas a face de Cristo é vista. Ele nunca
esquece o Criador nem a Sua Criação. Ele nunca esquece o Filho de Deus. Ele nunca te esquece. E Ele traz o Amor do teu
Pai a ti em um brilho eterno que nunca será obliterado porque lá Deus o colocou.
O Espírito Santo habita na parte da tua mente que é parte da Mente de Cristo. Ele representa o teu Ser e o teu Criador, Que
são um. Ele fala por Deus e também por ti, estando unido a ambos. E, portanto, é Ele Que prova que ambos são um só. Ele
parece ser uma Voz, pois nesta forma Ele te fala do Verbo de Deus. Ele parece ser um Guia que te conduz através de uma
terra distante, pois necessitas dessa forma de ajuda. Ele parece ser tudo aquilo que preenche as necessidades que pensas
ter. Mas Ele não se engana quando tu percebes o teu ser aprisionado por necessidades que não tens. E delas que Ele quer
libertar-te. É delas que Ele quer proteger-te para que estejas a salvo.
Tu és a Sua manifestação nesse mundo. Teu irmão te chama para que sejas a Sua Voz junto com ele. Sozinho, ele não pode
ser o Ajudante do Filho de Deus, porque sozinho ele não tem função. Mas junto contigo ele é o brilhante Salvador do mundo,
Cujo papel nesta redenção tu completaste. Ele dá graças a ti assim como a ele, pois te ergueste com ele quando ele começou
a salvar o mundo. E estarás com ele quando o tempo tiver chegado ao fim e não permanecer nenhum vestígio dos sonhos de
rancor nos quais danças ao som da esparsa melodia da morte. Pois no lugar dela o hino a Deus é ouvido por pouco tempo. E
então a Voz terá desaparecido, para não mais tomar forma, porém para regressar à eterna Ausência de Forma de Deus.

EPÍLOGO
Não te esqueças de que uma vez iniciada essa jornada, o fim é certo. A dúvida ao longo do caminho vai e vem, e vai para vir
de novo. No entanto, o fim é certo. Ninguém pode deixar de fazer o que Deus lhe indicou que fizesse. Quando esqueceres,
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lembra-te de que caminhas com Ele e com o Seu Verbo no teu coração. Quem poderia se desesperar quando tem uma Espe-
rança como essa? Ilusões de desespero podem parecer vir, mas aprende como não te deixares enganar por elas. Atrás de
cada uma delas está a realidade e está Deus. Por que esperarias por isso e o trocarias por ilusões, quando o Seu Amor está
há apenas um instante a mais na estrada onde todas as ilusões chegam ao fim? O fim é certo e garantido por Deus. Quem
fica diante de uma imagem sem vida quando a um passo de distancia o Santo dos Santos abre uma porta antiga que conduz
para além do mundo?
Tu és um estranho aqui. Mas pertences a Ele Que te ama como ama a Si Mesmo. Basta pedir a minha ajuda para rolar a pedra
para longe e isso é feito de acordo com a Sua Vontade. Nós já começamos a jornada. Há muito tempo o fim estava escrito nas
estrelas e firmado nos Céus com um raio brilhante que o manteve a salvo na eternidade assim como ao longo de todo o tem-
po. E ainda o mantém; sem que nada tenha sido mudado, sem que nada esteja sendo mudado e para todo o sempre imutável.
Não tenhas medo. Apenas começamos de novo uma antiga jornada há muito iniciada, mas que parece nova. Começamos de
novo por uma estrada na qual já viajamos antes e da qual nos perdemos por pouco tempo. E agora tentamos de novo. Nosso
novo começo tem a certeza que faltava ao nosso percurso até agora. Olha para cima e vê o Seu Verbo entre as estrelas, onde
Ele firmou o teu nome junto com o Seu. Olha para cima e acha o teu destino certo, que o mundo quer esconder, mas Deus
quer que vejas.
Vamos esperar aqui em silêncio, e ajoelhar um instante em gratidão a Ele Que nos chamou e nos ajudou a ouvir o Seu Cha-
mado. E então vamos nos erguer e seguir com fé ao longo do caminho até Ele. Agora estamos certos de que não caminhamos
sozinhos. Pois Deus está aqui, e com Ele todos os nossos irmãos. Agora nós sabemos que nunca mais vamos perder o cami-
nho outra vez. Começa de novo a canção que havia parado por apenas um instante, embora nos pareça que ela tenha ficado
sem ser cantada por uma eternidade. O que aqui se iniciou vai crescer em vida, força e esperança, até que o mundo se aquie-
te um instante e esqueça tudo o que o sonho do pecado havia feito dele.
Vamos sair e encontrar o mundo recém-nascido, sabendo que Cristo renasceu nele e que a santidade deste renascimento vai
durar para sempre. Nós tínhamos perdido nosso caminho, mas Ele o achou para nós. Vamos, vamos dar boas-vindas a Ele
Que retorna a nós para celebrar a salvação e o fim de tudo o que pensávamos ter feito. A estrela da manhã deste novo dia
olha para um mundo diferente, onde Deus é bem-vindo e Seu Filho com Ele. Nós que o completamos oferecemos a nossa
gratidão a Ele assim como Ele nos dá graças. O Filho está quieto e, na quietude que Deus lhe deu, entra em sua casa e está
enfim em paz.

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