Agroecologia GR Ag

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Agroecologia

Alexsandra Sousa Nascimento


Sandra Maria da Costa Cruz

SÃO LUÍS
2014

Agroeco_Book_Ag.indb 1 20/11/14 15:53


Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação a Distância

© Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA).


Este Caderno foi elaborado em parceria entre o Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Maranhão e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para a
Rede e-Tec Brasil.

Reitor Equipe de Produção Revisão


Francisco Roberto Brandão Ferreira Secretaria de Educação a Distância Emanuelle Pereira de Lima Diniz
/ UFRN Jeremias Alves de Araújo
Pro-Reitora de Ensino Verônica Pinheiro da Silva
Ximena Paula Nunes Bandeira Maia Reitora
da Silva Profa. Ângela Maria Paiva Cruz Diagramação
José Agripino de Oliveira Neto
Vice-Reitora Rafael Marques Garcia
Diretor do Campus São Luís Profa. Maria de Fátima Freire Melo
Maracanã Ximenes Arte e Ilustração
Lucimeire Amorim Castro Amanda Duarte
Secretária de Educação a Anderson Gomes do Nascimento
Coordenadora do Curso DistâncIa
Técnico de Nível Médio em Profa. Maria Carmem Freire Revisão Tipográfica
Agropecuária – Subsequente Diógenes Rêgo Letícia Torres
Livia Caroline Praseres de Almeida
Secretária Adjunta de Educação Projeto Gráfico
Coordenadora do Curso a DistâncIa e-Tec/MEC
Técnico de Nível Médio em Profa. Ione Rodrigues Diniz Morais
Agropecuária - PROEJA
Coordenador de Produção de
Jandira Pereira Souza
Materiais Didáticos
Professoras-Autoras Prof. Marcos Aurélio Felipe
Alexsandra Sousa Nascimento
Coordenadora de Revisão
Sandra Maria da Costa Cruz
Profa. Maria da Penha Casado
Alves
Coordenadora de Design Gráfico
Profa. Ivana Lima
Gestão do Processo de Revisão
Rosilene Alves de Paiva

Ficha catalográfica
Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central - IFMA

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Apresentação e-Tec Brasil

Prezado estudante,

Bem-vindo a Rede e-Tec Brasil!

Você faz parte de uma rede nacional de ensino, que por sua vez constitui uma das
ações do Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. O
Pronatec, instituído pela Lei nº 12.513/2011, tem como objetivo principal expandir, in-
teriorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT)
para a população brasileira propiciando caminho de acesso mais rápido ao emprego.

É neste âmbito que as ações da Rede e-Tec Brasil promovem a parceria entre a Secre-
taria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) e as instâncias promotoras de
ensino técnico como os Institutos Federais, as Secretarias de Educação dos Estados, as
Universidades, as Escolas e Colégios Tecnológicos e o Sistema S.

A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande diversidade


regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao garantir acesso à edu-
cação de qualidade, e promover o fortalecimento da formação de jovens moradores
de regiões distantes, geografica ou economicamente, dos grandes centros.

A Rede e-Tec Brasil leva diversos cursos técnicos a todas as regiões do país, incenti-
vando os estudantes a concluir o ensino médio e realizar uma formação e atualização
contínuas. Os cursos são ofertados pelas instituições de educação profissional e o
atendimento ao estudante é realizado tanto nas sedes das instituições quanto em suas
unidades remotas, os polos.

Os parceiros da Rede e-Tec Brasil acreditam em uma educação profissional qualificada –


integradora do ensino médio e educação técnica, - que é capaz de promover o cidadão
com capacidades para produzir, mas também com autonomia diante das diferentes
dimensões da realidade: cultural, social, familiar, esportiva, política e ética.

Nós acreditamos em você!

Desejamos sucesso na sua formação profissional!

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Nosso contato: [email protected]

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Indicação de ícones

Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de


linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.

Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.

Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o assunto


ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estudado.

Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão


utilizada no texto.

Mídias integradas: remete o tema para outras fontes: livros, filmes,


músicas, sites, programas de TV.

Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes


níveis de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e
conferir o seu domínio do tema estudado.

e-Tec Brasil

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Sumário

Palavra do professor-autor 9

Apresentação da disciplina 11

Projeto instrucional 13

Aula 1 – Sistemas de produção agrícola:


convencional e ecológico 15
1.1 Conceito de agricultura 15
1.2 Evolução dos sistemas agrícolas – origens da agricultura 16
1.3 Produção de alimentos e demografia 18
1.4 Agricultura convencional: práticas agrícolas e perda
da fertilidade dos solos (impactos da Revolução Verde) 19
1.5 Como garantir então, a conservação
dos recursos naturais? 21
1.6 Agricultura de subsistência 22
1.7 Agricultura no contexto ecológico 23

Aula 2 – Introdução à Agroecologia 27


2.1 Agroecologia – bases fundamentais
para a sustentabilidade 27
2.2 O que é Agroecossistema? 28
2.3 Mas o que é Agroecologia, então? 29
2.4 Escolas de agricultura alternativa e
suas características (bases filosóficas) 30
2.5 Agricultura natural 33
2.6 Permacultura 34

Aula 3 – Conceitos básicos: Manejo Integrado de Pragas (MIP)


e Manejo Integrado de Doenças (MID) 39
3.1 Introdução 39
3.2 Conceitos Básicos 39

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Aula 4 – Estratégias de controle de pragas e doenças 47
4.1 Estratégias de controle de
pragas e doenças 47

Aula 5 – Sistemas Agroflorestais – SAF 57


5.1 Conceito de Sistemas Agroflorestais – SAF 57
5.2 Princípios de sustentabilidade dos SAF 58
5.3 Objetivos dos SAF 58
5.4 Pré-requisitos para atingir esses objetivos 58
5.5 Classificação dos SAF 59
5.6 Os sistemas agroflorestais simultâneos
podem ser do tipo 60
5.7 Exemplos de Sistemas Agroflorestais – SAF 61
5.8 Sistema Alley-cropping (cultivo em aleias) 63
5.9 Sistema TAUNGYA 66
5.10 Quintais florestais/hortos florestais
caseiros, pomar ou jardim 67

Referências 73

Currículo do professor-autor 77

e-Tec Brasil

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Palavra do professor-autor

Olá! Somos as professoras Alexsandra Sousa Nascimento e Sandra Maria


da Costa Cruz, ambas engenheiras agrônomas, Mestres em Agroecologia e
Doutorandas em Ciência do Solo. Temos o prazer de elaborar este material
que trata de uma área tão importante para o conhecimento agrícola, a Agro-
ecologia. Esta área busca integralizar todos os esforços para se obter uma
produção sustentável de bens naturais, baseando-se em uma proposta que seja
economicamente viável, socialmente justa e ecologicamente correta. O
entendimento dos conceitos ligados à Agroecologia lhe ajudará, não somente
a explorar os recursos naturais de um modo mais consciente, mas também a
compreender que a saúde do planeta em que vivemos depende da manuten-
ção do seu estado de equilíbrio e, nesse sentido, entendendo que somos parte
integrante dele, cada um de nós tem uma grande responsabilidade.

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Apresentação da disciplina

Na disciplina Agroecologia são abordados os conceitos básicos que de-


monstram como a agricultura é dependente da manutenção do equilíbrio
dos sistemas naturais (atmosfera, hidrosfera, biosfera e litosfera). O sistema
agroecológico é bastante diversificado, sendo representado pelo cultivo de
várias espécies de plantas integrado à criação de várias espécies de animais
em um ambiente físico muito semelhante àqueles que lhes são naturais. Desta
forma, o homem, parte integrante deste sistema, assume um papel maior que
a simples exploração dos recursos, ele é o principal mantenedor do sistema. É
o organizador e gestor do espaço rural.

Como ciência, a Agroecologia busca apoio em outras áreas do conhecimento,


tais como agricultura orgânica ou biológica, agricultura biodinâmica, perma-
cultura e agricultura natural. Estas são denominadas escolas de agricultura
alternativas e são fundamentadas em bases filosóficas distintas.

Outro conhecimento importante para a Agroecologia diz respeito ao ma-


nejo integrado de pragas e de patógenos, ambos, organismos que causam
danos e prejuízos ao sistema. Para um perfeito entendimento do assunto é
necessário reconhecer um organismo como praga ou patógeno e, então,
estabelecer um manejo para o controle. Pode ser a redução da população
ou eliminação total dos organismos.

Finalmente, é necessário conhecer alguns sistemas de produção que são


fundamentados na Agroecologia. Nesta disciplina, estudaremos os Sistemas
Agroflorestais (SAF) que são explorações da área integrando espécies florestais,
cultivos agrícolas e/ou criação de animais.

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Projeto instrucional

Disciplina: Agroecologia (carga horária total: 40h).

Ementa: Sistemas de produção agrícola: convencional e ecológico; Bases


teóricas da Agroecologia: evolução do pensamento agroecológico; Histórico,
contexto e desafios para uma agricultura ecológica; Fundamentos e princípios
da Agroecologia, ética agroecológica; Manejo Integrado de Pragas (MIP),
Manejo Integrado de Doenças (MID) e as estratégias de controle; Sistemas
Agroflorestais, Sustentabilidade agropecuária.

Carga horária
Aula Objetivos de Aprendizagem Materiais
(horas)

Conhecer os princípios e conceitos que regem a agricultura convencional.


Aula 1- Sistemas de produção
Conhecer os princípios e conceitos que regem a agricultura ecológica.
agrícola: convencio- 5
Compreender as diferenças entre os dois modelos de agricultura
nal e ecológico
apresentados.

Conhecer as escolas de agricultura e os princípios em que se baseiam.


Aula 2 - Introdução à Agroe-
Compreender as diferenças entre as escolas de agricultura. 5
cologia
Entender o termo Agroecologia.

Aula 3 - Conceitos básicos:


Conhecer os conceitos de pragas e doenças.
Manejo Integrado
Conhecer os tipos de danos causados pelos insetos, e os agentes que
de Pragas (MIP) e 10
causam doenças nas plantas.
Manejo Integrado de
Reconhecer as diferenças entre doenças e pragas.
Doenças (MID)

Definir as principais técnicas alternativas de controle de pragas e


doenças.
Aula 4 - Estratégias de
Conhecer as estratégias utilizadas nas principais técnicas alternativas de
controle de pragas e 10
controle de pragas e doenças.
doenças
Analisar as técnicas de controle usadas no MID e no MIP que melhor se
encaixam para a sua realidade local.

Enxada

Carro de mão
Conhecer os sistemas agroflorestais. Regador
Aplicar princípios ecológicos em sistemas agrícolas, visando elevar a Facão
Aula 5 - Sistemas
produtividade com sustentabilidade. Esterco 10
Agroflorestais – SAF
Identificar entre os SAF apresentados aquele ou aqueles que mais se Sementes
aproximam da sua realidade local. Trena
Biofertilizantes
Balde
Garrafas pet

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Aula 1 – Sistemas de produção agrícola:
convencional e ecológico

Objetivos

Conhecer os princípios e conceitos que regem a agricultura convencional.

Conhecer os princípios e conceitos que regem a agricultura ecológica.

Compreender as diferenças entre os dois modelos de agricultura


apresentados.

1.1 Conceito de agricultura


Afinal, o que é agricultura? Chamamos de agricultura o conjunto de todas as
técnicas que permitem ao homem cultivar a terra, com o objetivo de produzir
alimentos, tais como: preparo do solo, plantio de sementes, adubações, tratos
das culturas, irrigações, controle de pragas, de doenças e de colheita.

Figura 1.1: Agricultor.


Fonte: <planetaorganico.com.br>. Acesso em: 2 jan. 2009.

E para você, o que é agricultura? Formule o seu conceito.

Do mesmo modo, falamos em sistema de produção agrícola quando asso-


ciamos as técnicas de cultivo com conceitos econômicos, sociais e ecológicos.

Aula 1 – Sistemas de produção agrícola: convencional e ecológico 15 e-Tec Brasil

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Figura 1.2: Esquema de um sistema de produção agrícola.
Fonte: <http://www.revistacafeicultura.com.br/>. Acesso em: 31 mar. 2014. Adaptado por Anderson Nascimento.

As atividades que compõem os sistemas de produção podem ser realizadas


de forma tradicional, utilizando técnicas mais rústicas e trabalho manual, ou
de forma moderna, utilizando técnicas mais sofisticadas, como a mecanização
agrícola e insumos modernos.

1.2 Evolução dos sistemas agrícolas –


origens da agricultura
Bem antes das primeiras civilizações serem formadas, o homem já preparava
Empírica a terra de forma rudimentar e empírica. Geralmente, utilizava tocos e restos
Práticas que se baseiam
somente na experiência. de animais (ossos e chifres) para abrir pequenas aberturas na terra e facilitar
o plantio das sementes.
Rudimentar
Práticas pouco
desenvolvidas. Rústicas.

Figura 1.3: Agricultura na pré-história.


Fonte: Ilustrado por Anderson Nascimento. Adaptado de: <profviseu.com>. Acesso em: 2 jan. 2009.

e-Tec Brasil 16 Agroecologia

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A força de trabalho utilizada era a humana, passando séculos mais tarde a ser
substituída pela tração animal.

Figura 1.4: Tração animal: trabalho realizado utilizando a força animal.


Fonte: <antf.org.br>. Acesso em: 2 jan. 2009.

A partir da otimização da força de trabalho empregada nos cultivos, outras


melhorias foram surgindo, como o uso dos fertilizantes e a seleção de espécies
vegetais e animais que apresentavam características de interesse aos agricultores.

No Brasil, antes da colonização realizada pelos portugueses, os índios já


cultivavam raízes (mandioca e cará) e grãos (milho). A partir da colonização, os
portugueses iniciaram a devastação das florestas litorâneas, para exportação
do pau-brasil.

A partir do processo de colonização, as populações iam crescendo e, conse-


quentemente, crescia também a necessidade de se produzir mais alimentos.
Ressalta-se que este fato acontecia não somente no Brasil, mas em todas as
regiões agrícolas do mundo. Os estados e governos, então, doavam terras
aos latifundiários como uma forma de garantir que a produção agrícola Latifundiários
Donos das grandes
abasteceria, predominantemente, os mercados de exportação. propriedades rurais.

Neste momento, na agricultura brasileira passou a destacar-se os monocul-


tivos, de cana-de-açúcar, mais tarde do café. Neste contexto, as grandes
propriedades fundiárias tornaram-se a forma dominante de controle e ex-
ploração da terra no meio rural.

Aula 1 – Sistemas de produção agrícola: convencional e ecológico 17 e-Tec Brasil

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Figura 1.5: Grande fazenda produtora de alimentos.
Fonte: Instituto Giramundo Mutuando (2005 ). Adaptado por Anderson Nascimento.

Às pequenas propriedades restava a tarefa de produzir alimentos ao abasteci-


mento local. A produção destacava-se pela diversidade de plantas (espécies)
cultivadas na mesma área, os policultivos, com caráter de subsistência. Assim,
começavam a se formar os primeiros formatos do modelo que mais tarde seria
conhecido como agricultura familiar.

1.3 Produção de alimentos e demografia


A intensificação da exploração agrícola no Brasil tinha uma razão para acontecer.
O fato era que, na Europa as terras já não suportavam mais o rápido processo
de crescimento das populações. Era chegada a hora também de se pensar
um novo modelo agrícola que incrementasse e garantisse a produção, tanto
no sentido de aumentá-la, quanto de acelerá-la. Com isso, várias técnicas
passaram a ser inventadas e/ou aprimoradas, gerando verdadeiras revoluções
no meio rural.

A primeira das revoluções aconteceu por volta dos séculos XVII e XIX e ficou
conhecida como Primeira Revolução Agrícola. Esta tinha como caracte-
rísticas a integração das atividades agrícola e pecuária, e a intensificação das
rotações de culturas com plantas forrageiras (PLANETA ORGÂNICO, 2009).

A segunda revolução aconteceu a partir do século XX, ficando conhecida como


Revolução Verde e assumindo um caráter mais tecnológico, pois se baseava
no uso do melhoramento e da industrialização dos insumos, bem como da
mecanização para aumentar a produção.

e-Tec Brasil 18 Agroecologia

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À medida que a Revolução Verde se intensificava cada vez mais rápido,
começavam a surgir inovações tecnológicas no meio rural, tais como:
fertilizantes, defensivos, máquinas, implementos, sementes melhoradas, etc.
Ao conjunto de inovações que tinha por objetivo aumentar a produção de
alimentos em um tempo mais curto deu-se o nome de pacote tecnológico
da Revolução Verde.

É válido, ainda, ressaltar que os latifúndios foram os grandes contemplados


com o referido pacote tecnológico, já que as pequenas propriedades con-
tinuaram sobrevivendo a partir do cultivo de subsistência, rústico e empírico.

1.4 Agricultura convencional: práticas


agrícolas e perda da fertilidade dos
solos (impactos da Revolução Verde)

Figura 1.6: Agroquímicos usados no combate às pragas.


Fonte: Banco de imagens SXC.HU. Adaptado por Anderson Nascimento.

A agricultura convencional é aquela marcada por intensa modernização do


meio rural, alicerçada na adoção de práticas e usos dos componentes do
pacote tecnológico da Revolução Verde.

Aula 1 – Sistemas de produção agrícola: convencional e ecológico 19 e-Tec Brasil

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1.4.1 Práticas agrícolas na agricultura
convencional
Como citado na seção anterior, na agricultura convencional são utilizadas
técnicas sofisticadas de cultivo, que incluem o uso de insumos externos, tais
como: fertilizantes e defensivos químicos. Também é frequente o uso da
mecanização agrícola com o manejo dos solos realizado a partir do emprego
do trator agrícola e implementos pesados, como o arado e as grades aradoras.
Essas práticas são importantes para se aumentar a produtividade por unidades
de áreas cultivadas, porém, devem ser realizadas com cuidado para que não
seja reduzido o tempo de uso das áreas (evitar a degradação do solo).

1.4.2 Consequências do uso das práticas


agrícolas na agricultura convencional
Com base no que foi apresentado anteriormente, veremos no quadro a seguir
alguns problemas relacionados ao uso das práticas agrícolas na agricultura
convencional, bem como as causas que levaram ao seu surgimento.

Problema Causa
Degradação e exaustão de recursos do Uso frequente da mecanização agrícola e dos fertilizantes químicos, sem
ambiente. intervalos de pousio (descanso) do solo.

Surgimento de problemas socioeconô-


A pobreza e exaustão dos solos causa o êxodo rural e lutas pela posse
micos e lutas por melhores condições
das melhores terras agrícolas.
de produção.

Explosão populacional de pragas e


O uso frequente dos defensivos agrícolas torna as pragas e patógenos re-
patógenos com aumento e resistência
sistentes aos princípios ativos dos produtos, tornando-os pouco eficazes.
destas aos métodos de controle.

Consequência das modificações no espaço agrícola. Os agricultores sem


Êxodo rural.
oportunidades migram para as cidades causando desequilíbrios sociais.

1.4.3 Impactos da Revolução Verde


Dentre as muitas teorias que justificaram a Revolução Verde, destaca-se a do
químico alemão Justus von Liebig que dizia que o aumento da produção de
alimentos seria diretamente proporcional a quantidade de fertilizantes (adubos
químicos) que se colocava no solo. Contudo, os benefícios da Revolução Verde
não foram duradouros, muito pelo contrário, à medida que os agricultores
intensificavam o uso dos fertilizantes e defensivos químicos, bem como do
maquinário, os solos foram se tornando pobres e cada vez menos apropriados

e-Tec Brasil 20 Agroecologia

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a novos cultivos. Começaram a surgir impactos ambientais como: poluição do
solo, dos recursos hídricos e do ar; e também impactos econômicos e sociais,
tais como: dependência de importações do sistema bancário e êxodo rural
(INSTITUTO GIRAMUNDO MUTUANDO, 2005).

“Os benefícios da Revolução Verde foram extremamente desiguais em termos


de sua distribuição, com os mais ricos agricultores sendo privilegiados em
detrimento dos mais pobres e com menos recursos” (ALTIERE, 2002).

Para minimizar os problemas gerados durante a Revolução Verde, muitos trabalhos


começaram a ser desenvolvidos, baseados no estabelecimento de sistemas
agrícolas ecologicamente corretos e, portanto, menos agressivos ao ambiente.
Vamos ver então, alguns conceitos de desenvolvimento sustentável.

A maioria dos conceitos criados para definir desenvolvimento sustentável fala


da utilização consciente dos recursos naturais, a fim de que se possa garantir
sua exploração de modo duradouro. Um dos pioneiros na discussão deste
tema foi Robert Allen, que em seu artigo intitulado “Como salvar o planeta”,
afirmava ser o desenvolvimento sustentável, aquele requerido para obter a
satisfação duradoura das necessidades humanas e a melhoria da qualidade
de vida (ALLEN, 1980).

Outro conceito mais atual, fala que o desenvolvimento sustentável consiste em


promover a exploração dos recursos naturais de forma planejada, de modo a
não atentar contra as leis, tanto ecológica quanto humanas (ODUM, 2001).
Neste sentido, a sustentabilidade deve ser compreendida como a capacidade
que tem os sistemas naturais de se manterem em equilíbrio mesmo quando
expostos as ações humanas. Toda vez que a interferência do trabalho e da
produção humana superarem a capacidade do sistema natural se manter em
equilíbrio, teremos a insustentabilidade.

1.5 Como garantir então, a conservação


dos recursos naturais?
“Assegurando a preservação de um ambiente de qualidade... Promovendo
uma produção contínua de plantas e animais mantendo a estabilidade de um
ciclo equilibrado de colheita e renovação” (ODUM, 2001).

Aula 1 – Sistemas de produção agrícola: convencional e ecológico 21 e-Tec Brasil

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Figura 1.7: Ecossistema em equilíbrio.
Fonte: <reinaldoruas.com.br>. Acesso em: 2 jan. 2010.

Outra maneira é manter viva a tradição social e cultural das comunidades como
forma de se ampliar as possibilidades de preservação, dado o baixo impacto
das modificações geradas pela produção agrícola. Valorizar o conhecimento
tradicional das comunidades rurais significa realizar a exploração agrícola de
forma consciente com respeito às leis naturais, garantido a sustentabilidade
local e a qualidade de vida.

“Na maioria das propriedades que produzem alimentos observa-se o processo


de revitalização do ambiente rural, bem como do próprio agricultor, no
sentido de conservar ali, um espaço de produção com qualidade de vida”
(BRANDENBURG, et al, 1998).

1.6 Agricultura de subsistência


Agricultura de subsistência é o termo utilizado para caracterizar a explo-
ração do meio rural baseada na valorização dos métodos tradicionais,
do conhecimento empírico e com baixo uso de insumos externos, muito
próxima das práticas sustentáveis.

e-Tec Brasil 22 Agroecologia

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Gehlen (1998) refere-se a esta agricultura como agricultura cabocla, compre-
endida como agricultura familiar, sendo aquela antimoderna que valoriza a
experiência histórica da comunidade, inclusive no que se refere à tecnologia
de produção empregada.

A agricultura de subsistência busca uma produção que associa a intensificação


do uso da terra, uso equilibrado dos insumos no sistema, segurança alimentar e
otimização da renda. As técnicas e conhecimentos empregados são repassados
de geração a geração por vias, normalmente, empíricas ou com auxílio dos
programas de extensão rural.

Altiere (2003) apresenta alguns conhecimentos transmitidos dentro da agri-


cultura de subsistência. A seguir, veremos alguns deles.

• Conhecimentos sobre o ambiente.

• Denominação popular (vulgar) das espécies vegetais e animais.

• Conhecimento das práticas agrícolas.

• Avaliação experimental do conhecimento popular.

1.7 Agricultura no contexto ecológico


A agricultura nas suas bases mais simples e tradicionais sempre foi garantia de
subsistência para muitas famílias rurais. Geralmente, neste modelo agrícola o
manejo do solo e das plantas é realizado de forma, pouco agressiva, contínua
e de acordo com as exigências do ambiente e das culturas trabalhadas. Outro
detalhe característico é a variedade de espécies que são cultivadas, formando
aquilo que se chama de policultivos. Policultivos
Cultivo de várias espécies
vegetais diferentes (hortaliças,
No contexto ecológico da agricultura, uma das participações mais impor- anuais, frutíferas, etc.) em uma
mesma área de produção.
tantes é a dos agricultores familiares que, segundo Wanderley (2000), antes
eram vistos como os produtores pobres, com poucos recursos para produção
ou donos de pequenas propriedades, passando agora a serem percebidos
como os agricultores que têm uma outra concepção de agricultura, mais
consciente, justa e sustentável.

Aula 1 – Sistemas de produção agrícola: convencional e ecológico 23 e-Tec Brasil

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O principal objetivo das explorações agrícolas no contexto ecológico é aprovei-
tar as relações benéficas existentes entre os componentes que interagem (solo,
água, plantas, animais e ar) para aumentar sua capacidade produtiva, mesmo
que a utilização de insumos e tecnologias adotados seja menor.

Nesse contexto, a preservação da biodiversidade do ambiente rural a partir do


seu equilíbrio e da sua sustentabilidade é uma boa maneira para realização
da agricultura.

1.7.1 Alguns benefícios da preservação da


biodiversidade no ambiente rural
• Cria uma cobertura vegetal contínua para proteger o solo e os recursos
hídricos, conservando-os.

• Garante a produção de alimentos de forma constante, diversificada e


sadia para o consumo local e para o mercado.

• Intensifica o controle biológico, pois fornece um habitat para os inimigos


naturais.

• Aumenta a capacidade de múltiplo uso do território.

• Assegura a produção sustentável sem o uso de insumos e agroquímicos


que degradam o ambiente.

Fonte: Modificado de Altiere (2002).

Por que a agricultura convencional não é sustentável?

e-Tec Brasil 24 Agroecologia

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Leituras complementares

Para reforçar o aprendizado, você poderá ler os artigos indicados a seguir.

PEIXOTO, Sérgio Elísio. A pesquisa e a agricultura familiar. Bahia Agrícola,


Salvador, v. 2, n. 3, nov. 1998.

Nesse artigo, você encontrará definições importantes para a agricultura de


subsistência, ficando assim mais fácil a compreensão das diferenças entre
agricultura convencional e agricultura tradicional.

ABRAMOWAY, Ricardo. O contexto das transformações da agricultura familiar


na moderna citricultura paulista. In: ______. Paradigmas do capitalismo
agrário em questão. Campinas: HUCITEC/ANPOCS/UNICAMP, 1992.

Com a leitura desse artigo, você compreenderá de forma clara como se dá a


transição dos sistemas de produção tradicionais em sistemas mais modernos
e sofisticados, bem como as consequências que essas mudanças causam no
ambiente rural.

Para melhor se preparar para a avaliação, leia novamente a aula, as leituras


complementares sugeridas e boa sorte!

Resumo

Nesta aula, você aprendeu que existem dois tipos de sistemas agrícolas de
produção: o tradicional representado pela agricultura de subsistência (familiar)
e o convencional representado pela agricultura moderna que teve seu ápice na
Revolução Verde, cada um com suas vantagens e desvantagens.

Aula 1 – Sistemas de produção agrícola: convencional e ecológico 25 e-Tec Brasil

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Atividade de aprendizagem

1. Além da ideia fundamental de uso de técnicas e métodos para produção


de vegetais com caráter de exploração econômica, a agricultura pode
ser definida também como atividade social. Das opções abaixo, marque
aquela que não representa uma atividade agrícola:

a) produção de alimentos de origem vegetal; ( )

b) produção de alimentos de origem animal; ( )

c) produção de matéria-prima para a indústria; ( )

d) preservação do meio rural e atividade extrativista. ( )

2. Dê exemplos de cinco atividades que são representativas da agricultura


contemporânea.

3. A agricultura convencional, quando mal praticada, traz sérios prejuízos aos


sistemas ambientais. Porém, quando bem praticada cumpre com o seu pa-
pel que é aumentar a produtividade das áreas. Faça uma análise do comen-
tário explicando as vantagens e desvantagens da agricultura convencional.

e-Tec Brasil 26 Agroecologia

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Aula 2 – Introdução à Agroecologia

Objetivos

Conhecer as escolas de agricultura e os princípios em que se baseiam.

Compreender as diferenças entre as escolas de agricultura.

Entender o termo Agroecologia.

2.1 Agroecologia – bases fundamentais


para a sustentabilidade
Agroecologia (agro + eco + logia). O termo agro = agrícola, o termo eco é
relacionado às relações existentes entre os seres bióticos e abióticos do sistema, e
o termo logia significa estudo. Assim, Agroecologia significa o estudo dos agroe-
cossistemas em relação às interações existentes entre os seres bióticos e abióticos.
Neste sentido, a Agroecologia estuda todos os sistemas de produção agrícola,
inclusive os convencionais (monocultivos), em relação a sua viabilidade ambiental,
econômica e social, baseada nas bases fundamentais da sustentabilidade.

AGROECOLOGIA

Objetivos Objetivos Objetivos


econômicos sociais ambientais

Diálogo com a natureza.


Produção limpa
Sustentabilidade Teoria da Trofobiose.
e sustentável.
local Respeito aos limites
Viabilidade econômica.
dos recursos naturais.

Figura 2.1: Bases fundamentais para a sustentabilidade.


Fonte: Ilustrado por Amanda Duarte. Adaptado de: <HTTP://gaiaagroecologia.blogspot.com.br>. Acesso em: 10 jul. 2013.

Aula 2 – Introdução à Agroecologia 27 e-Tec Brasil

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2.2 O que é Agroecossistema?
Um Agroecossistema é um complexo de ar, água, solo, plantas, animais,
micro-organismos e tudo mais que estiver na área modificada pelo ser humano
para propósitos de produção agrícola (MARTEN, 1988).

Figura 2.2: Modelo agroecológico de produção.


Fonte: Ilustrado por Amanda Duarte.

Não podemos confundir a Agroecologia, enquanto disciplina ou ciência, com


uma prática, uma tecnologia, um sistema de produção ou um estilo de agricultura
(ALTIERI, 1989).

Existem controvérsias quanto a essa questão

Alguns agroecólogos afirmam que esse termo agroecologia serve para designar
mais um tipo de agricultura alternativa que se opõe a agricultura convencional,
conceituando-a como a prática de policultivos em consórcio, com ou sem
espécies florestais presentes; para alguns fazendo uso de todos os recursos
disponíveis na propriedade (inclusive adubos solúveis) desde que possível para
o produtor; para outros fazendo uso apenas recursos naturais, extraídos da
própria propriedade ou acessível em seu entorno.

e-Tec Brasil 28 Agroecologia

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Fonte: Ilustrado por Amanda Duarte.

2.3 Mas o que é Agroecologia, então?

Fonte: Ilustrado por Amanda Duarte.

Segundo Atiere (1989) é:

• Superficialmente definida, a Agroecologia geralmente incorpora ideias


mais ambientais e de sentimento social acerca da agricultura, focando
não somente a produção, mas também a sustentabilidade ecológica dos
sistemas de produção.

• Estreitamente falando, Agroecologia se refere ao estudo dos fenômenos


puramente ecológicos que ocorrem nos campo das culturas, tais como
relação predador/predado, ou competição cultura/invasores.

Aula 2 – Introdução à Agroecologia 29 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 29 20/11/14 15:53


2.4 Escolas de agricultura alternativa e
suas características (bases filosóficas)
As agriculturas de base ecológica são formas diferenciadas de aplicação dos
princípios agroecológicos (CANUTO, [20--], p. 2).

Agricultura C
biodinâmica
Agricultura
A natural

Agricultura
D
orgânica e
biológica

Permacultura

AGROECOLOGIA

Figura 2.3: Árvore das escolas de agricultura/Agroecologia.


Fonte: Ilustrado por Amanda Duarte.

Vejamos a seguir as características e princípios fundamentais de cada uma


das escolas.

2.4.1 Agricultura orgânica ou biológica


Albert Howard (anos 30 e 40 do século passado) observou o tipo de agricultura
dos camponeses indianos, baseado na manutenção de matéria orgânica no solo.

Características

• possui baixa diversidade biológica;

• possui bases científicas formais;

• destino dos produtos mercado nacional.

e-Tec Brasil 30 Agroecologia

Agroeco_Book_Ag.indb 30 20/11/14 15:53


Princípios

• a fertilidade dos solos depende do suprimento de matéria orgânica


e, sobretudo, na manutenção de elevados níveis de húmus (matéria
orgânica já decomposta e estabilizada) no solo;

• não utilização de adubos artificiais;

• a busca por um consumidor de alto poder aquisitivo que é sensibilizado


com os problemas de saúde (preço prêmio).

2.4.2 Agricultura biodinâmica


A corrente biodinâmica da agricultura teve seu início num ciclo de 8 palestras
feitas na década de 1920, na Polônia, pelo filósofo Rudolf Steiner, que for-
mulou uma nova filosofia para ser aplicada na Medicina, na Pedagogia e nas
Artes: a Antroposofia. Antroposofia
Ciência que busca captar
através de métodos
experimentais, fatos não
observados por vias sensoriais
(vistos, tocados, ouvidos, etc.),
ou elementos de natureza
espiritual que estão além da
matéria no meio natural.

Figura 2.4: Rudolf Steiner.


Fonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f5/Steiner_um_1905.jpg>. Acesso em: 31 mar. 2014.

Características

• três pólos: homem, solo e cosmo devem estar em equilíbrio;

• possui bases científicas formais;

• destino dos produtos mercado nacional;

• possui alta diversidade biológica.

Aula 2 – Introdução à Agroecologia 31 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 31 20/11/14 15:53


Princípios

De acordo com esta corrente, a saúde do solo, das plantas e dos animais
depende da sua conexão com as forças de origem cósmica da natureza.
Para restabelecer o elo entre as formas de matéria e de energia presentes
no ambiente natural, é preciso considerar a propriedade agrícola como um
organismo, um ser indivisível. Através do equilíbrio entre as várias atividades
(lavouras, criação de animais, uso de reservas naturais), busca-se alcançar maior
independência possível de energia e de materiais externos à fazenda.

A agricultura biodinâmica tem uma visão científica contrária a da mecânica e


atomista, já que a propriedade agrícola deve ser vista como um todo que não
pode ser separada por partes.

São alguns dos preparados biodinâmicos

• mediadores entre a Terra e o Cosmo;

• princípio homeopático: substâncias naturais atuam por meio da força


contida nas substâncias;

• pulverização ou inoculação em adubos orgânicos.

Figura 2.5: Preparado chifre-sílica.


Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/-jTFxgmmNpm0/TzVpX-PcTrI/AAAAAAAAA6w/UMyeceII000/s1600/biodinamico+mapa.
png>. Acesso em: 31 mar. 2014.

e-Tec Brasil 32 Agroecologia

Agroeco_Book_Ag.indb 32 20/11/14 15:53


2.5 Agricultura natural
Mokiti Okada (1882-1955), fundador da religião que originou a Igreja Messiânica
propôs, em 1935, um sistema da produção agrícola que tomasse a natureza
como modelo. Surgiu daí, a corrente chamada "agricultura natural".

Figura 2.6: O solo que deixaremos para nossos filhos depende de nós.
Fonte: Ilustrado por Amanda Duarte.

Características

• destino dos produtos: consumo da família ou mercados locais e regionais;

• bases filosóficas espirituais;

• possui alta diversidade biológica.

Princípios

De acordo com Mokiti Okada, a harmonia e a prosperidade entre os seres


vivos é fruto da conservação do ambiente natural, a partir da obediência às
leis da natureza.

Através do princípio da reciclagem dos recursos naturais presentes na pro-


priedade agrícola, o solo se torna mais fértil pela ação benéfica dos micro-
-organismos (bactérias, fungos) que decompõem a matéria orgânica, liberando
nutrientes para as plantas. Assim, o solo, o alimento e o ser humano recuperam
a saúde e a vitalidade.

Aula 2 – Introdução à Agroecologia 33 e-Tec Brasil

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É o princípio: solo sadio = plantas e animais sadios = ser humano
sadio válido para a corrente natural e para todas as outras modalidades
agroecológicas de agricultura.

2.6 Permacultura
A permacultura, também chamada de "agricultura permanente", começou
por volta de 1975 e 1976 com as ideias de Bill Mollison na Austrália sobre um
modo diferente de se pensar a disposição das espécies vegetais, mais próximo
dos ecossistemas naturais. Viajando para os Estados Unidos, Bill e outros pio-
neiros difundiram suas teorias até conseguirem a construção de um Centro
Rural de Educação, primeira instituição oficial da permacultura neste país.

Características

• problema principal: dificuldade na sua implantação;

• possui bases científicas formais;

• destino dos produtos: auto suficiência e mercados locais e regionais;

• possui alta diversidade biológica.

Princípios

Nessa corrente procura-se praticar uma agricultura de forma mais integrada


possível com o ambiente natural, imitando a composição espacial das plantas
encontradas nas matas e florestas naturais. Envolve plantas semipermanentes
(mandioca, bananeira) e permanentes (árvores frutíferas, madeireiras etc.), in-
cluindo a atividade produtiva de animais. Trata-se de um sistema "agrosilvopas-
toril", ou seja, que busca integrar lavouras, com espécies florestais, pastagens
e outros espaços para os animais, considerando os aspectos paisagísticos e
energéticos, na elaboração e manutenção destes policultivos, (diversas culturas
convivendo no mesmo espaço.

e-Tec Brasil 34 Agroecologia

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Figura 2.7: Permacultura.
Fonte: Ilustrado por Amanda Duarte.

Sustentabilidade agrícola: capacidade de um agroecossistema em manter


sua produção ao longo do tempo, isto é, manter-se socioambientalmente
produtivo ao longo do tempo.

Baseando-se nos princípios e conceitos apresentados quanto às escolas de


agricultura alternativa, estamos aptos a entender o que vem a ser Agroe-
cologia. ‘’Todas essas escolas de agricultura são desenvolvidas em prol da
sustentabilidade agrícola.’’

Fonte: Ilustrado por Amanda Duarte.

Aula 2 – Introdução à Agroecologia 35 e-Tec Brasil

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Você já sabe o que é um sistema de produção, mas não custa nada reforçar-
mos este assunto. Então, vejamos alguns exemplos de sistemas de produção
alternativos.

a) Sistemas de policultivos: várias culturas são cultivadas ao mesmo tempo


em uma mesma área, respeitando o espaçamento de cada uma.

b) Cultivo de cobertura e cobertura morta: é a prática de plantas


herbáceas, anuais ou perenes para cobrir o solo de áreas cultivadas por
um período de tempo ou por todo o ano.

c) Rotação de cultura e cultivo mínimo: é um sistema no qual espécies di-


ferentes são cultivadas em sucessões repetidas e numa sequência definida.

d) Sistemas agroflorestais: estudaremos este sistema de cultivo de forma


detalhada na Aula 4.

1. Você seria capaz de citar os princípios em que se baseiam as escolas de


agricultura?

a) Agricultura orgânica

b) Biodinâmica

c) Agricultura natural

e-Tec Brasil 36 Agroecologia

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d) Permacultura

2. A partir da leitura desta aula, você deve criar um novo conceito de Agro-
ecologia, levando em consideração a palavra sustentabilidade.

Agora é hora de reforçar o aprendizado. Sugerimos as leituras dos textos obtidos


no site: <http://planetaorganico.com.br>. Nele, além de uma explicação
didática sobre as principais escolas de agricultura alternativa, você encontrará
formulações caseiras de produtos naturais (fertilizantes e defensivos) e dicas
para manter a sustentabilidade no ambiente rural.

Leituras complementares

PENTEADO, S.R. Manual Prático de Agricultura Orgânica- Fundamentos


e Técnicas. Campinas. Campinas: 2. Ed. 2007.

Nesse manual, os textos mostram de forma simplificada fundamentos e técnicas


usadas no sistema orgânico de produção.

Resumo
Nesta aula, vimos que a Agroecologia estuda todos os sistemas de produção
agrícola, inclusive os convencionais, em relação a sua viabilidade ambiental,
econômica e social. Vimos também que todo sistema de produção para ser
sustentável deve ter como base os princípios da Agroecologia. Compreen-
demos que as escolas de agricultura estudadas são consideradas modelos
para a agricultura sustentável.

Aula 2 – Introdução à Agroecologia 37 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 37 20/11/14 15:53


Atividades de aprendizagem

1. Descreva as principais diferenças existentes entre as escolas alternativas


de agricultura.

2. Qual a forma de agricultura mais adequada para ser implantada no seu


município? Justifique sua resposta.

e-Tec Brasil 38 Agroecologia

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Aula 3 – Conceitos básicos: Manejo Integrado de Pragas
(MIP) e Manejo Integrado de Doenças (MID)

Objetivos

Conhecer os conceitos de pragas e doenças.

Conhecer os tipos de danos causados pelos insetos, e os agentes


que causam doenças nas plantas.

Reconhecer as diferenças entre doenças e pragas.

3.1 Introdução
Na aula passada, aprendemos que a Agroecologia é a base para os diferentes
tipos de agricultura alternativa, ou seja, a agricultura orgânica, a permacultura
e a agricultura natural são trabalhadas com base nos princípios agroecológicos.
Dando ênfase a esses princípios, estudaremos neste capítulo o manejo integra-
do de pragas e doenças, através da utilização do MID e MIP.

3.2 Conceitos Básicos


3.2.1 MIP - Manejo Integrado de Pragas
Conceito: utilização harmoniosa de diferentes técnicas de supressão popula-
cional, com o objetivo de manter os insetos em uma condição de “não praga’’,
levando-se em conta fatores ecológicos, econômicos e sociais.

Nem todo inseto deve ser considerado uma praga. Só deverão ser considerados
se estiverem causando prejuízos ou danos às produções agrícolas.

3.2.2 Conceito de Pragas


Na agricultura, as pragas são animais que causam danos quando cortam,
mastigam ou sugam a seiva das plantas.

Aula 3 – Conceitos básicos: Manejo Integrado de Pragas (MIP)


e Manejo Integrado de Doenças (MID) 39 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 39 20/11/14 15:53


Alguns exemplos de pragas da agricultura:

Figura 3.1: Insetos pragas.


Fonte: Banco de imagens SXC.HU.

3.2.3 Por que os insetos se tornam pragas?


• Uso inadequado de inseticidas.

• Seleção de indivíduos resistentes.

• Eliminação de inimigos naturais.

Ressurgência • Ressurgência.
Reaparecimento de uma praga
que já havia sido controlada.
• Eliminação completa da população da praga (falta alimento para IN).
IN
Inimigo natural.
• Surto de pragas secundárias.

• Introdução fora da faixa nativa.

• Simplificação espacial da área de cultivo.

• Poucas opções de alimento para insetos generalistas.

• Inadequabilidade para inimigos naturais.

e-Tec Brasil 40 Agroecologia

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3.2.4 Tipos de danos causados pelos insetos
• Diretos: quando a praga ataca diretamente o produto que vai ser colhido.
Ex: moscas das frutas, lagarta do cartucho.

• Indireto: quando os insetos atacam ou destroem uma parte da planta


que não seja o produto da colheita. Ex: mandarová na mandioca.

• Toxinas: os insetos injetam substâncias tóxicas nas plantas ao se alimen-


tarem ou ovipositarem, alterando então o seu crescimento, reprodução
ou sua morfologia. Ex: percevejos rajados do algodão sugam as maçãs, o
que causa deformações.

1. E aí, porque os insetos se tornam pragas? Use o seu conhecimento e


responda.

2. Existe diferença entre dano direto de dano indireto? Justifique sua resposta.

3.2.5 MID - Manejo Integrado de Doenças


Conceito: é a utilização de todas as técnicas disponíveis para manter a popula-
ção de patógenos abaixo do limiar, ou níveis de dano econômico e minimizar Patógenos
Micro-organismos que causam
os efeitos deletérios ao meio ambiente. doenças nas plantas. Ex: fungos,
bactérias, vírus e nematóides.

Segundo Vale et al (2001), O manejo integrado consiste na integração de Limiar


medidas que se aplicam visando o patógeno, o hospedeiro e o ambiente por É o nível de intensidade da
doença ou do patógeno que
meio de redução ou completa eliminação do inoculo inicial, da redução na provoca um prejuízo maior do
que o custo de controle.
taxa de progresso da doença e por meio da manipulação de tempo em que a
cultura permanece exposta ao patógeno em condição de campo.

Aula 3 – Conceitos básicos: Manejo Integrado de Pragas (MIP)


e Manejo Integrado de Doenças (MID) 41 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 41 20/11/14 15:53


• As doenças em plantas resultam da interação entre uma planta suscetível
(que chamamos de hospedeiro), um agente patogênico (fungo, bactéria,
vírus ou nematóide) e o meio ambiente favorável (solo, chuva, tempera-
tura umidade e luminosidade).

• O homem também pode contribuir para o inicio e para o desenvolvimen-


to de doenças em função de suas práticas de cultivo. Como por exemplo
utilizando material de propagação e ferramentas contaminadas, cultivan-
do em solo contaminado, etc. Como também pode reduzir os problemas
de doenças na área de cultivo deixando de realizar tais práticas.

Figura 3.2: Interação dos componentes envolvidos na doença.


Fonte: Ilustrado por Amanda Duarte.

• Qualquer modificação em um desses fatores provocará redução na inten-


sidade ou na taxa de desenvolvimento da doença (VALE et al, 2004a,b,c).

3.2.6 Causas de doenças


• Biótica ou Infecciosas - provocada por:
– Fungos
– Bactérias
– Vírus
– Nematóides

• Abióticas ou não Infecciosas - não são causadas por organismos vivos


e sim por:
– condições desfavoráveis: ToC, umidade, deficiência de oxigênio;
– deficiência nutricional, efeito de fatores químicos (adubos químicos).

e-Tec Brasil 42 Agroecologia

Agroeco_Book_Ag.indb 42 20/11/14 15:53


3.2.7 Doenças altamente destrutíveis em
ambiente favoráveis

Figura 3.3: Murcha de fusário em tomateiro.


Fonte: Cruz, 2008

Figura 3.4: Murcha bacteriana em tomateiro.


Fonte: Nascimento (2005).

Aula 3 – Conceitos básicos: Manejo Integrado de Pragas (MIP)


e Manejo Integrado de Doenças (MID) 43 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 43 20/11/14 15:53


1. Como o ambiente e o homem pode auxiliar no aparecimento de doenças?

2. As doenças podem ser causadas por ser biótico ou abióticos. Porque


assim são denominados esses seres? Dê exemplos de causadores de
doenças bióticas e abióticas.

Leituras complementares

Manual de agricultura orgânica

Manejo de pragas e doenças das plantas

Resumo
Na agricultura, as pragas causam danos econômicos para a lavoura. Desta
forma nem todo inseto presente na área de cultivo pode ser considerado como
praga. Os insetos podem causar nas plantas danos diretos, quando atacam o
que é consumido, danos indiretos quando atacam parte da planta que não é
consumido e danos por toxinas quando injetam substâncias que modificam
a morfologia, crescimento da planta. Em se tratando de doenças de plantas
estas podem ser causadas por micro-organismos chamados patógenos, por
condições desfavoráveis do ambiente ou por deficiência nutricional. A utilização
de todas as técnicas disponíveis para manter a população de patógenos e
pragas abaixo do limiar, ou níveis de dano econômico a lavoura chamamos de
Manejo Integrado de Doenças, neste caso diz respeito aos micro-organismos
e quando tratamos de insetos chama-se Manejo Integrado de Pragas.

e-Tec Brasil 44 Agroecologia

Agroeco_Book_Ag.indb 44 20/11/14 15:53


Atividade de aprendizagem

1. Coloque sim ou não nas informações abaixo.

( ) Patógenos não são micro-organismos causadores de doenças de plantas.

( ) Os insetos podem causar danos direto, indireto e por toxinas.

( ) A murcha bacteriana é uma doença causada por bactérias

( ) MIP: Manejo Integrado de Doenças.

( ) Solarização é um método de controle de patógenos.

( ) Todo inseto é uma praga.

2. Faça um resumo sobre o que você entendeu sobre os componentes que


afetam o desenvolvimento de doenças das plantas.

Aula 3 – Conceitos básicos: Manejo Integrado de Pragas (MIP)


e Manejo Integrado de Doenças (MID) 45 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 45 20/11/14 15:53


Agroeco_Book_Ag.indb 46 20/11/14 15:53
Aula 4 – Estratégias de controle de
pragas e doenças

Objetivos

Definir as principais técnicas alternativas de controle de pragas e


doenças.

Conhecer as estratégias utilizadas nas principais técnicas alternativas


de controle de pragas e doenças.

Analisar as técnicas de controle usadas no MID e no MIP que melhor


se encaixam para a sua realidade local.

4.1 Estratégias de controle de


pragas e doenças
Sabemos que de acordo com os princípios agroecológicos é importante conhe-
cer o alvo a ser combatido quando tratamos de pragas e doenças de plantas.
Então, concordando com tais princípios, estudaremos nesta aula os principais
métodos de controle de pragas e doenças.

Controle
cultural

Controle Controle
legislativo físico

Doenças
e
pragas

Controle Controle
genético biológico

Controle
químico

Figura 4.1: Medidas de controle de doenças.


Fonte: Ilustrado por Amanda Duarte. Adaptado de: Alice Rodrigues.

Aula 4 – Estratégias de controle de pragas e doenças 47 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 47 20/11/14 15:53


4.1.1 Controle cultural
Essa medida de controle consiste em utilizar práticas agrícolas para tornar o
ambiente desfavorável ao desenvolvimento do patógeno, ou seja, dificultar a
multiplicação de micro-organismos causadores de doenças nas plantas.

Estratégias de ação

• Rotação de cultura: plantios alternados de culturas que não sejam hospe-


deiras das mesmas pragas ou doenças.

• Destruição dos restos de cultura: incorporar os restos culturais a 20 cm


de profundidade.

• Época de plantio e de colheita: antecipação do plantio e colheita (escapar


do período de maior intensidade de ataque de insetos ou doenças).

• Aração: visa à destruição de larvas e pupas de insetos.

– ação física: exposição aos raios solares;


– maiores profundidades: não emerge;
– ação mecânica: esmagamento.
• Cultura no limpo.

• Poda: eliminar as partes doentes ou atacadas.

• Adubação.

• Plantio direto.

• Irrigação.

4.1.2 Controle físico


Consiste na utilização de meios físicos, tais como: temperatura, radiação,
ventilação e luz para controlar as pragas.

Estratégias de ação

• Solarização (desinfestação do solo): consiste em umedecer o solo e


cobri-lo com filme plástico transparente que deve permanecer por
alguns meses de intensa radiação.

e-Tec Brasil 48 Agroecologia

Agroeco_Book_Ag.indb 48 20/11/14 15:53


Figura 4.2: Solarização.
Fonte: Mirna Moraes.

• Drenagem: uma boa drenagem é pré-requisito para um bom cultivo.

• Cobertura morta: plástico ou vegetal.

• Armadilhas luminosas: técnica utilizada parta atrair e capturar insetos


noturnos.

4.1.3 Controle biológico


Consiste na utilização de inimigos naturais (animais ou vegetais) das pragas
para controlar a sua população.

• Natural: quando um organismo controla o outro por vias naturais, pois


ambos já existem no local (predatismo, competição etc.)

• Aplicado: introdução de inimigos naturais de um país para outro ou de


uma região para outra.

• Artificial: quando um inimigo natural de uma praga é produzido (inoculação


ou reprodução in vitro) e introduzido em determinado local para controlá-la.

4.1.4 Controle por comportamento


É baseado nos estudos da fisiologia dos insetos. Evita problemas de resíduos,
desequilíbrio biológico e não permite o desenvolvimento de resistência.

• Feromônios: sinais químicos emitidos por um organismo que estimula


determinada resposta (mensagem) alarme, dispersão, sexual.

• Controle por hormônios.

Aula 4 – Estratégias de controle de pragas e doenças 49 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 49 20/11/14 15:53


4.1.5 Resistência de plantas a insetos
• Melhoramento genético

• Enxertia

4.1.6 Controle químico


Consiste na utilização de substâncias químicas (naturais ou sintéticas) para
controle efetivo das pragas.

Cuidado!
Às vezes, agrotóxicos = veneno

Figura 4.3: Símbolo do perigo de agrotóxico.


Fonte: <http://agriculturafamiliarater.blogspot.com/2011/04/especialistas-alertam-para-o-perigo-dos.html>. Acesso
em: 6 dez. 2011.

O controle químico é o método mais rápido e efetivo para o controle das


pragas, porém deve ser usado de forma racional, respeitando as normas de
segurança para não causar danos mais graves ao homem e ao ambiente.

e-Tec Brasil 50 Agroecologia

Agroeco_Book_Ag.indb 50 20/11/14 15:53


Classificação dos agroquímicos

a) Quanto ao ser combatido:

– Inseticidas: ação de combate ao inseto, larvas e formigas.


– Fungicidas: ação de combate aos fungos.
– Acaricidas: ação de combate a ácaros.
– Bactericidas: ação de combate às bactérias.
– Nematicidas: ação de combate aos nematoides.

b) Quanto à finalidade: ovicidas, larvicidas e adulticidas.

c) Quanto ao método de ação: ingestão, microbiano e contato.

d) Quanto à classe:

Quadro 4.1: Classificação toxicológica dos agrotóxicos segundo DL*


GRUPOS DL Dose capaz de matar uma pessoa adulta

Extremamente tóxicos 5mg/Kg 1 pitada - algumas gotas

Altamente tóxicos 5-50 algumas gotas -1 colher de chá

Medianamente tóxicos 50-500 1 colher de chá - 2 colheres de sopa

Pouco tóxicos 500-5000 2 colheres de sopa - 1 copo

Muito pouco tóxicos 5000 ou + 1 copo - litro


*DL - Dose Letal

Quadro 4.2: Classe toxicológica e cor da faixa no rótulo de


produto agrotóxico
Classe I Extremamente tóxicos Faixa Vermelha

Classe II Altamente tóxicos Faixa Amarela

Classe III Medianamente tóxicos Faixa Azul

Classe IV Pouco ou muito pouco tóxicos Faixa

• Cuidados na aplicação: é importante usar os EPI para evitar a contami-


nação do aplicador.

Aula 4 – Estratégias de controle de pragas e doenças 51 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 51 20/11/14 15:53


Figura 4.4: Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
Fonte: ANDEF- manual de uso correto e seguro de produtos fitossanitários/agrotóxicos. Adaptado por Amanda Duarte.

Atenção: O manejo integrado de pragas e doenças sempre deve ser realizado


para prevenir o crescimento populacional das pragas e a disseminação de
doenças e, não para exterminar o problema depois de ocorrido.

• Cuidados após a aplicação: a tríplice lavagem da embalagem é impor-


tante para evitar a contaminação do meio ambiente.

Figura 4.5: Tríplice Lavagem.


Fonte: ANDEF- manual de uso correto e seguro de produtos fitossanitários/agrotóxicos. Adaptado por Amanda Duarte.

e-Tec Brasil 52 Agroecologia

Agroeco_Book_Ag.indb 52 20/11/14 15:53


Tríplce lavagem

1 Esvaziar totalmente o 2 Adicionar água limpa à


conteúdo da embalagem no embalagem até 1/4 do seu
tanque do pulverizador. volume.

3 4
Tampar bem a embalagem e Despejar a água de lavagem
agitar por 30 segundos. no tanque do pulverizador.

Realizar a
lavagem
3 vezes

5
Inutilizar a embalagem
plástica ou metálica,
perfurando o fundo

Figura 4.6: Maneira correta de fazer a tríplice lavagem.


Fonte: ANDEF- manual de uso correto e seguro de produtos fitossanitários/agrotóxicos. Adaptado por Amanda Duarte.

1. Conceitue:

a) Trilpice lavagem

b) EPI

c) DL

Aula 4 – Estratégias de controle de pragas e doenças 53 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 53 20/11/14 15:53


2. Quanto ao ser combatido, os agrotóxicos podem ser classificados em:

3. Marque V para as informações verdadeiras e F para as falsas.

( ) Agrotóxico não é veneno.

( ) Devemos utilizar EPI para aplicarmos os agrotóxicos.

( ) Solarização é um método de controle de patógenos.

( ) Todo inseto é uma praga.

( ) No controle por comportamento usamos feromônios e hormônios.

Resumo

Nesta aula, você aprendeu que as estratégias de controle de pragas e do-


enças são medidas que se aplicam visando eliminar o patógeno ou a praga,
hospedeiro e ambiente. Medidas essas que devem ser utilizadas integradas
de acordo com os princípios agroecológicos, resultando no que chamamos
Manejo Integrado de Doenças (MID) ou Manejo Integrado de Pragas (MIP).

e-Tec Brasil 54 Agroecologia

Agroeco_Book_Ag.indb 54 20/11/14 15:53


Atividades de aprendizagem

1. Após ler e conhecer todas as estratégias de controle de pragas e doen-


ças, escreva quais delas podem ser utilizadas em sua região. Justifique a
sua resposta.

2. O uso de agrotóxicos pode contaminar o meio ambiente? Justifique


sua resposta.

Aula 4 – Estratégias de controle de pragas e doenças 55 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 55 20/11/14 15:53


Agroeco_Book_Ag.indb 56 20/11/14 15:53
Aula 5 – Sistemas Agroflorestais – SAF

Objetivos

Conhecer os sistemas agroflorestais.

Aplicar princípios ecológicos em sistemas agrícolas, visando elevar


a produtividade com sustentabilidade.

Identificar entre os SAF apresentados aquele ou aqueles que mais


se aproximam da sua realidade local.

5.1 Conceito de Sistemas


Agroflorestais – SAF
O conceito de sistemas Agroflorestais não é novo, o que temos de novo é
o termo para designar um conjunto de práticas e formas de uso da terra já
tradicionais em regiões tropicais e subtropicais.

Sistemas Agroflorestais são formas de uso e manejo dos recursos naturais


nos quais espécies lenhosas (árvores, arbustos ou palmeiras) são utilizadas
em associação deliberada com cultivos agrícolas ou com animais no mesmo
terreno, de maneira simultânea ou em uma sequência temporal.

• É uma atividade que integra árvores no estabelecimento agrícola.

• É uma forma de uso da terra, na qual três condições fundamentais de-


vem ser cumpridas:

– deve existir ao menos duas espécies de plantas que interagem biolo-


gicamente;
– ao menos um dos componentes é uma lenhosa perene;
– pelo menos um dos componentes é uma planta de importância eco-
nômica com fins agrícolas, incluindo pastos (SOMARRIBA, 1990).

Aula 5 – Sistemas Agroflorestais – SAF 57 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 57 20/11/14 15:53


5.2 Princípios de sustentabilidade dos SAF
Princípio ecológico: a característica mais importante dos sistemas agroflo-
restais parece ser a estabilidade ou sustentabilidade ecológica. A perenicidade
implica no uso permanente da mesma área, o que significa a manutenção de
certa estabilidade do sistema (Dantas,1994).

Princípio econômico: é atribuído à sustentabilidade econômica proporciona-


da pela alternância de produção e de produtos ao longo do ano.

Princípio social: fixação do homem no campo devido, principalmente, ao


aumento da demanda de mão de obra e sua distribuição ser, normalmente,
mais uniforme durante o ano.

5.3 Objetivos dos SAF


Otimizar a produção por unidade de superfície, respeitando o princípio do
rendimento contínuo (conservação dos recursos naturais renováveis, tais
como: conservação dos solos, recursos hídricos, fauna e das florestas nativas)
(MARCEDO; CAMARGO, 1994).

5.4 Pré-requisitos para atingir


esses objetivos
• Manter-se sustentável.

• Conferir sustentabilidade aos sistemas agrícolas.

• Aumentar a produtividade vegetal e animal.

• Direcionar técnicas para o uso racional do solo e da água.

• Diversificar a produção.

• Diminuir os riscos do agricultor.

• Estimular o uso de espécie para usos múltiplos.

• Minimizar os processos erosivos.

• Combinar a experiência rural dos agricultores com o conhecimento científico.

e-Tec Brasil 58 Agroecologia

Agroeco_Book_Ag.indb 58 20/11/14 15:53


5.5 Classificação dos SAF
Nesta seção, vamos conhecer diferentes formas de classificação dos sistemas
agroflorestais.

a) Primeira classificação: (DUBOIS et al, 1996)

Sistemas silviagrícolas: caracterizados pela combinação de árvores ou ar-


bustos com espécies agrícolas. Ex.: consórcio agroflorestal simples do tipo
café-teca-mogno ou mais complexos como pupunha-cupuaçu-castanheira da
Amazônia - mogno.

Sistemas silvipastoril: caracterizado pela combinação de árvores ou arbustos


com espécies forrageiras herbáceas e animais. Ex.: combinação de pastos com
árvores frutíferas ou não.

Sistema agrossilvipastoril: caracterizado pela criação de animais em con-


sórcio silviagrícola. Ex.: agroflorestas para porcos, um quintal com frutífera,
porcos e galinhas.

Os sistemas podem evoluir do silviagrícola para o agrosilvipastoril com a introdução


posterior de alimentos para animais.

Considerando a distribuição no espaço e no tempo dos componentes (plantas


e animais) de um sistema, os sistemas agroflorestais são classificados em:

b) Segunda classificação: (MONTAGNINI et al, 1992; LUNZ; FRANKE, 1998a)

Sistemas agroflorestais sequenciais: compreende formas de agricultura


migratória (itinerante) com intervenções ou manejo de parcelas de cultivos e
uma etapa de descanso (pousio).

Vale lembrar que a agricultura migratória pode ser considerada adequada do


ponto de vista ecológico se a demanda pela terra não for muito grande, caso
contrário, não haverá tempo para o solo recuperar-se, o qual se degradará
devido à erosão e a diminuição do estoque de nutrientes e matéria orgânica.
Estes efeitos podem ser minimizados com a adoção de sistemas agroflorestais
simultâneos (sistema TAUNGYA).

Aula 5 – Sistemas Agroflorestais – SAF 59 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 59 20/11/14 15:53


• Aqui existe uma relação cronológica entre os componentes, esses não estão
na mesma área de forma simultânea, ou seja, eles se sucedem no tempo.

O sistema TAUNGYA é outro exemplo de sistema agroflorestal sequencial, uma


vez que se trata da associação de culturas agrícolas somente nos primeiros anos
de formação da floresta. Esta associação tem por objetivo baratear os custos de
produção da madeira por meio do plantio de lavouras entre as espécies madeirá-
veis jovens, que num futuro muito breve serão cortadas e comercializadas.

Sistemas agroflorestais simultâneos: consistem na interação simultânea


e contínua de culturas agrícolas anuais e/ou perenes, espécies florestais para
produção de madeira, frutíferas, espécies florestais de uso múltiplo ou ainda
pecuário (Alley Cropping).

5.6 Os sistemas agroflorestais simultâneos


podem ser do tipo
1. Árvores em associação com cultivos perenes: nesta categoria, en-
contram-se vários sistemas de exploração comercial; as plantações de
coqueiro, seringueiras ou palmeira em associação com culturas, as plan-
tações de espécies que melhoram a fertilidade do solo etc.

2. Associações de árvores com pasto (enfatizando a produção animal):


neste sistema obtêm-se, de forma secundária, a produção de madeira,
lenha, frutos ou forragem. Os animais se alimentam com ervas, folhas,
cascas e outras partes das árvores e, também se beneficiam com a som-
bra. As espécies arbóreas mais comuns encontradas nas pastagens são:
goiaba, abacate, leucena e árvores nativas em geral. As árvores devem
estar distribuídas nas pastagens de forma isolada ou em grupos em pe-
quenos capões.

3. Pastoreio em plantações florestais e frutíferas (enfatizando a pro-


dução vegetal): neste caso, os animais pastoreiam numa plantação que
pode ser de árvores para lenha, madeira ou frutífera. Com o uso deste
sistema, pode-se controlar melhor o mato ao mesmo tempo em que se
obtém um produto animal durante o crescimento da plantação. A asso-
ciação pode começar quando as árvores tiverem idade suficiente para
não serem danificadas pelos animais.

e-Tec Brasil 60 Agroecologia

Agroeco_Book_Ag.indb 60 20/11/14 15:53


4. Sistemas agroflorestais de cerca viva ou cortina quebra vento: são
fileiras de árvores que podem delimitar uma propriedade ou servir ainda
de proteção contra o vento, o fogo, servir de alimento para o gado ou
proteger outro sistema de produção. Podem ser considerado como siste-
ma complementar aos citados anteriormente.

A partir de agora, você adquiriu habilidades, ou seja, é capaz de descrever no


espaço a seguir como os SAF podem ser classificados de acordo com a sua
distribuição no espaço (no solo) e no tempo (período de cultivo). Vamos lá,
você consegue!

5.7 Exemplos de Sistemas


Agroflorestais – SAF
5.7.1 Sistema de plantio direto
Definição: É a semeadura feita com máquinas especiais, sem aração ou gradagem.
A semente é colocada em um pequeno sulco com profundidade e largura suficientes
para que a cobertura e o contato das sementes com o solo sejam adequados.

Aula 5 – Sistemas Agroflorestais – SAF 61 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 61 20/11/14 15:54


Figura 5.1: Plantio direto.
Fonte: <http://www.rehagro.com.br>. Acesso em: 4 jul. 2012.

O sistema plantio direto foi introduzido no Brasil no início da década de 1970,


porém, nos primeiros 10 anos houve deficiência de informações técnicas para
o seu esclarecimento e para sua manutenção, de forma econômica, em nível de
lavoura. Os primeiros resultados consistentes de pesquisa com o sistema foi sua
elevada eficiência no controle da erosão. A partir dessas informações, o plantio
direto passou a se difundir, porém só a partir dos anos 1980 as informações
técnicas sobre o plantio viabilizaram o sistema.

Vantagens

• Reduz a erosão laminar e diminui em até 90% a perda de solo, com a


consequente melhoria da qualidade da água dos rios e lagos.

• Aumenta o teor de matéria orgânica do solo, com a possibilidade de uso


do crédito carbono (1% de m.o. = 11t de carbono/ha).

• Mantém e melhora a estrutura do solo, aumentando a aeração e a infil-


tração da água.

• Reduz as operações de preparo e libera mão de obra para outras atividades.

• Diminui a necessidade de potência das máquinas.

e-Tec Brasil 62 Agroecologia

Agroeco_Book_Ag.indb 62 20/11/14 15:54


Condições necessárias para implantação de um sistema de plantio direto

• Disponibilidade de uma semeadora adequada ao tamanho da área.

• Estratégia para uma boa cobertura do solo.

• Estratégia de controle das ervas daninhas.

• Correção parcelada da acidez do solo.

• Assistência técnica capacitada e comprometida.

Equipamento, geralmente, utilizado no plantio direto.

Figura 5.2: Plantadeira.


Fonte: <http://www.b2babimaq.com.br>. Acesso em: 4 jul. 2012.

5.8 Sistema Alley-cropping


(cultivo em aleias)
Esse sistema surgiu na Ásia em região montanhosas das Filipinas, com a fina-
lidade de reduzir a erosão do solo (KANG et al, 1990). Segundo ATTA–KRAH
(1989), os dois processos de manutenção e regeneração da fertilidade do
solo, os quais são separados especialmente e temporariamente na agricultura
itinerante, são unidos no cultivo em aleias.

Aula 5 – Sistemas Agroflorestais – SAF 63 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 63 20/11/14 15:54


Definição: Sistema agroflorestal que intercala culturas alimentares com legu-
minosas arbóreas semeadas em fileiras, cujos galhos podem ser periodicamente
podados e utilizados como cobertura do solo.

• O sistema de cultivo em aleias é um dos sistemas agroflorestais mais sim-


ples que combina em uma mesma área espécies arbóreas, preferencial-
mente, leguminosas e culturas anuais ou perenes de interesse econômico.

• As leguminosas são plantadas em linhas no espaçamento que varia de 0,25


a 0,5 m, estando estas linhas, simples ou duplas, espaçadas por 2 a 4 m.

• Os ramos das leguminosas são periodicamente cortados a alturas que


variam entre 0,1 a 0,5 m, e são adicionados às entrelinhas das culturas
de interesse econômico, servindo como cobertura e adubo verde (KANG
et al, 1990; SZOTT et al, 1991; COPPER et al, 1996).

5.8.1 Benefícios do cultivo em aleias (FERRAZ JR, 2006)

• Aporte de matéria orgânica.

• Tamponamento da temperatura do solo.

• Proteção contra erosão eólica.

• Controle da erosão superficial.

• Aumento da diversidade de espécies.

• Maior controle das plantas daninhas.

• Combina o período de cultivo e de pousio ao mesmo tempo e no mes-


mo espaço.

• Aumenta o período de cultivo e a intensidade do uso da terra.

• Produz matéria orgânica no período seco para cobrir o solo no plantio.

• Recupera mais rapidamente a fertilidade efetiva do solo por meio do uso


de espécies mais eficientes para reciclar nutrientes.

• Dispensa a aplicação de altas quantidades de insumos externos.

e-Tec Brasil 64 Agroecologia

Agroeco_Book_Ag.indb 64 20/11/14 15:54


Limitações

• Competição entre as árvores e culturas consorciadas por água, luz e


nutrientes.

• Produção de metabólitos secundários pelas raízes e folhas.

O sucesso do cultivo em aleias depende:

• da escolha correta das espécies arbóreas;

• do pleno estabelecimento das aleias;

• do manejo eficiente das árvores/arbustos e das culturas alimentares.

Espécies arbóreas recomendadas para o sistema de cultivo em aleias

Sombreiro, Acácia, Leucena e feijão guandu

Figura 5.3: Cultivo de hortaliças em aleias de Gliricidia sepium.


Fonte: <http://hotsites.sct.embrapa.br>. Acesso em: 4 jul. 2012.

Aula 5 – Sistemas Agroflorestais – SAF 65 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 65 20/11/14 15:54


5.9 Sistema TAUNGYA
Conceito: O sistema TAUNGYA é um sistema silviagrícola de substituição
florestal, ou reflorestamemto, baseado em dois componentes: um florestal
(principal componente) e outro agrícola (secundário e temporário).

Princípio: auxiliar a regeneração florestal e do solo em áreas montanhosas,


onde se praticava agricultura itinerante.

Componentes do sistema

Componente florestal: espécies florestais adaptadas às condições edafo-


climáticas da região, com finalidades de obtenção de madeiras, de fibra, de
carvão, de lenhas e de outros.

Componente agrícola: constitui-se de culturas agrícolas de subsistência que


são cultivadas durante os 2 a 3 primeiros anos de reflorestamento.

Exemplos:

• Cultura de ciclo curto: arroz, milho, feijão.

• Cultura de ciclo médio: mandioca e banana.

• Culturas perenes: cupuaçu, abacateiro, cafeeiro, laranjeira etc.

• Espécies florestais: andiroba, tatajuba, mogno, angelim-pedra etc.

Estrutura do sistema

• Módulos menos de 1.0 ha a no máximo 3.0 ha.

• Contratos com meeiros que têm o direito de cultivar a área, ficando


com a produção e o dever de capinar e cuidar das espécies florestais
(COMBE, 1982).

Vantagens

• Custos reduzidos na implantação do reflorestamento.

• Possibilita a ocupação das áreas.

e-Tec Brasil 66 Agroecologia

Agroeco_Book_Ag.indb 66 20/11/14 15:54


• Pode representar a redução da agricultura migratória.

• As culturas intercalares permitem um melhor aproveitamento do solo.

• Contribui para a diversificação, aumento da produção e oferta de alimentos


no âmbito regional.

• Representa alternativa para emprego rural.

Desvantagens

• Exige áreas extensas.

• É difícil o recrutamento dos agricultores itinerantes.

• É difícil conciliar os interesses dos proprietários com os dos arrendatários.

• Em muitos países as leis vigentes dificultam a parceria.

• É condenável socialmente.

• Conduz a povoamentos florestais puros.

• As longas distâncias dos locais de trabalho fazem os agricultores ren-


derem menos.

5.10 Quintais florestais/hortos florestais


caseiros, pomar ou jardim
Conceito: É uma área de produção localizada perto da casa, onde é cultivada
uma mistura de espécies agrícolas e florestais, envolvendo também a criação
de pequenos animais (MACEDO, 2000).

Componentes deste sistema:

• espécies florestais;

• espécies agrícolas;

• plantas medicinais;

Aula 5 – Sistemas Agroflorestais – SAF 67 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 67 20/11/14 15:54


• plantas ornamentais;

• animais, principalmente, os de pequeno porte.

Principais funções dos quintais agroflorestais

• Complementação da dieta alimentar.

• Ajudam a preservar a biodiversidade da região.

• Podem transformar os quintais em pequenas empresas familiares.

Vantagens do sistema (GLIESSAMAN apud MONTAGNINI et al, 1992), (MAC


DICKEN, 1990)

• Possuem uma grande variedade de plantas de uso múltiplo.

• São sistemas com poucas necessidades de ingressos de insumos.

• A necessidade de mão de obra se escalona durante o ano e não se con-


centra em épocas curtas.

• Eficiente ciclagem de nutrientes.

• Grande diversidade de espécies, alta capacidade de captura de energia


solar, mecanismos de controle biológico, ciclos “fechados” de nutrientes,
uso eficiente do espaço e alto grau de estabilidade.

• São agroecossistemas apropriados para produtores com poucos recursos


e para pequenas propriedades.

• Servem também para experimentar novas espécies e técnicas.

• Grande potencial para conservação da estrutura física e da fertilidade do solo.

Desvantagens do sistema

• Dificuldade em obter sementes, mudas ou estacas da espécie desejada.

e-Tec Brasil 68 Agroecologia

Agroeco_Book_Ag.indb 68 20/11/14 15:54


• Possibilidade de acolher cobras, roedores e insetos próximos da residên-
cia.

• É considerada por algumas pessoas uma forma primitiva de uso da terra


para subsistência.

As espécies plantadas nos quintais estão distribuídas em quatro estra-


tos distintos

1. Espécies herbáceas de até 0,5 m de altura, representado pelas hortaliças,


plantas medicinais e ornamentais.

2. É formado por subarbustos de até 1,5 m de altura, onde se observa o


predomínio de hortaliças trepadeiras e rastejantes.

3. Arbustos com até 5 m de altura, apresentando um grande número de


espécies frutíferas.

4. Espécies madeireiras e frutíferas com altura de até 15 m.

15m

Pupunha Cajá
5m Macaúba
Gabiroba

0,5m Inhame e Manga


tubérculos
Sangra d’água Maracujá
Abacaxi
Banana

Figura 5.4: Representação tradicional da estrutura vertical de um horto caseiro.


Fonte: Revista Internacional de Desenvolvimento Local (2002). Adaptado por Amanda Duarte.

Aula 5 – Sistemas Agroflorestais – SAF 69 e-Tec Brasil

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Figura 5.5: Sistema intensivo que consorcia citrus, ingá utilizando gliricídea como
estaca viva e galinhas para o manejo das ervas e insetos/Nicarágua.
Fonte: Revista dos sistemas agroflorestais (2003).

1. Cite as vantagens e desvantagens do Sistema TAUNGYA e dos quintais


florestais.

2. Conceitue sistema de aleias, TAUNGYA e quintais florestais

e-Tec Brasil 70 Agroecologia

Agroeco_Book_Ag.indb 70 20/11/14 15:54


3. Cite alguns componentes de cada sistema estudado nesta aula.

4. Faça um resumo dos SAF

5. Exemplifique algumas espécies arbóreas recomendadas para o sistema


de cultivo em aleias.

Aula 5 – Sistemas Agroflorestais – SAF 71 e-Tec Brasil

Agroeco_Book_Ag.indb 71 20/11/14 15:54


Leitura complementar

Revista Agroecologia Hoje, podendo ser utilizada todas as edições: esta


revista publica artigos, nos quais foram desenvolvidos técnicas de cultivo,
levando em conta os princípios agroecológicos.

Resumo

Nesta aula, vimos que os Sistemas Agroflorestais (SAF) são formas de uso
e manejo dos recursos naturais, nos quais espécies lenhosas são utilizadas
em associação com cultivos agrícolas ou com animais no mesmo terreno, de
maneira simultânea ou em uma sequência temporal. São classificados em
silviagrícolas, silvipastoril e agrossilvipastoril.

Atividade de aprendizagem

A partir da leitura desta aula, você deve ser capaz de desenhar um sistema
agroflorestal que melhor se adapte a sua realidade local.

e-Tec Brasil 72 Agroecologia

Agroeco_Book_Ag.indb 72 20/11/14 15:54


Referências

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Agroeco_Book_Ag.indb 75 20/11/14 15:54


Agroeco_Book_Ag.indb 76 20/11/14 15:54
Currículo do professor-autor

Alexsandra Sousa Nascimento da Silva - Graduada em Agronomia, pela


Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, obtendo o título de Engenheira
Agrônoma no ano de 2002, com a defesa da monografia intitulada: “Determina-
ção das características físico-químicas de composto obtido a partir da decompo-
sição de restos orgânicos”. Em 2005, obteve o título de Mestre em Agroecologia
pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, com a defesa da dissertação:
“Biocontrole de murcha bacteriana em tomateiro por meio da incorporação de
resíduos orgânicos ao solo”. Em 2010, iniciou o doutorado em Agronomia (Ciên-
cia do Solo), pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, da Universidade
Estadual Paulista – UNESP/Campus Jaboticabal, em fase de conclusão.

Sandra Maria da Costa Cruz - Ingressou no curso de Engenharia Agronômica


da UEMA Universidade Estadual do Maranhão em agosto de 1988. Forma-
da em Engenheira Agrônoma na mesma Universidade em agosto de 1993.
Concluiu em março de 2009 o Mestrado em Agroecologia na Universidade
Estadual do Maranhão – UEMA. Em janeiro de 2011, iniciou o curso de dou-
torado em Agronomia (Ciência do solo) na Faculdade de Ciências Agrárias
e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista – UNESP/Campus Jaboticabal.
Participou de bancas de concurso, bancas de graduação. Orienta alunos da
graduação (PIBIT), apresentou alguns resumos em congressos de Fitopatolo-
gia com artigo publicado em revista internacional. É professora do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão desde 2003, onde
ministra a Disciplina Olericultura para o curso técnico em Agropecuária e para
Licenciatura em Ciências Agrárias.

Currículo do Professor-autor 77 e-Tec Brasil

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