Respostas PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 93

Respostas

Respostas
10
O Sábado
10
O Sábado
8

10

12

16
‫יׁשִא‬

‫‪19‬‬
20












36

37
40

41
.









‫יׁש ֹדה ָֹויְ ָדמב ֶׁש ֹדה־יֵּ ִדמ הָוְ הְו‬
‫הָוהְו יְ ָּׁשכ ָשנְ פָּה ָש ֶו ָמ ְָּּיה בש רְש־ֹוְ ְלכ הְבבי ָֹו ָּמֹוָּ ְּב ָּמֹוְ ש ֶ‬
16
A Morte
‫ופנש‬

‫פנמ‬



‫שׁשול‬
‫כייָּר‬
“N




“A palavra hebraica ‫שא‬1493 ‫ ל‬sheol , que traduzimos grave, parece ter o


mesmo significado no Antigo Testamento com ἁδης, hades no Novo, que
é a palavra geralmente usada pela Septuaginta para o outro. Significa a
sepultura, o estado dos mortos e o lugar invisível, ou lugar dos espíritos
separados. Às vezes, traduzimos o inferno, que agora significa o estado
de perdição ou lugar de tormentos eternos; mas como isso vem do saxão,
para cobrir ou esconder, significa apenas o lugar coberto. Em algumas
partes da Inglaterra, a palavra helling é usada para as capas de um livro,
o slating de uma casa, etc. O Targum parece entendê-lo da morte e da
ressurreição. "Ele mata e manda dar vida; ele faz descer ao Seol, que no
tempo vindouro pode trazê-los para as vidas da eternidade", isto é, a vida
da vergonha e do desprezo eterno, e a vida da glória” (CLARK, Adam.
Comentário Bíblico, vol. II, de Josué a Ester, Referência 1 Samuel 2:6,
Art. Sheol e Hades)



Morte e Ressurreição
Resposta Adventista – O Espírito

“Muitos dos primeiros cristãos encontraram peculiar atração nas doutrinas de Platão, e as
empregaram como armas de defesa e extensão do cristianismo, ou colocaram as verdades do cristianismo
em um molde platônico. As doutrinas ... receberam a sua forma de padres gregos, os quais, se não treinados
nas escolas, foram muito influenciados, direta ou indiretamente, pela filosofia Platônica, particularmente
no modelo Judeu-Alexandrino. Que os erros e corrupções penetraram na Igreja a partir desta fonte não
pode ser negada... Entre os mais ilustres dos padres que foram influenciados por Platão, podemos nomear:
Justino Mártir, Atenágoras, Teófilo, Irineu, Hipólito, Clemente de Alexandria, Orígenes, Felix Minúcio,
Eusébio, Metódio, Basílio, o Grande, Gregório de Nissa, e Santo Agostinho.” (A Nova Enciclopédia de
Conhecimentos Religiosos Schaff-Herzog, artigo: “Platonismo e Cristianismo”, com ênfases).

"Lutero, com grande ênfase na ressurreição, preferiu concentrar na metáfora da Escritura do sono.
‘Pois assim como quem dorme e alcança o amanhecer inesperadamente ao acordar, sem saber o que
aconteceu com ele, também devemos ser despertados de repente no último dia sem saber como entramos
na morte e passamos por ela. Dormiremos, até que Ele venha e bata no nosso túmulo e diga, Doutor Martin,
levante-se! Então ressuscitaremos prontamente com ele para sempre’.” (Dr T. A. Kantonen, A Esperança
Cristã, 1594, p. 37)

O Concílio de Trento declarou que nós “somos julgados imediatamente e recebemos a nossa
recompensa, para bem ou mal” (Denzinger # 983). Porém, a verdade bíblica é que só seremos
recompensados com a Vida Eterna por ocasião da ressurreição. Isso fica claro quando o
próprio Cristo diz que “a sua recompensa virá na ressurreição dos justos” (Lucas 14:14), e não
“imediatamente após a morte”. Além disso, a promessa feita a Daniel foi que ele “descansará, e
então, no final dos dias, se levantará para receber a herança que lhe cabe” (Daniel 12:13).
Morte e Ressurreição
Resposta Adventista – O Rico e Lázaro

O relato do Rico e Lázaro (Lucas 16:19-28) é uma evidência de vida após à morte?
R.: Não. A leitura deste relato deve obedecer aos critérios bíblicos.

Era uma parábola:


Inicialmente, é necessário deixar claro que este relato está no contexto de 4 parábolas: a) da ovelha
perdida (Lucas 15:3-7); b) da dracma ou moeda perdida (Lucas 15:8-10); c) do filho pródigo (Lucas 15:11-
31); e d) do administrador infiel (Lucas 16:1-13). A narrativa prossegue com outra história, o que denota
ser a mesma uma parábola.

Parábola:
De acordo com o Dicionário Grego, parábola (gre: παραβολή / parabolé.és) corresponde a uma
alegoria, uma história fictícia. De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa, parábola “é uma pequena
narrativa que usa alegorias para transmitir uma lição moral. As parábolas são muito comuns na literatura
oriental e consistem em histórias que pretendem trazer algum ensinamento de vida. Possuem simbolismo,
onde cada elemento da história tem um significado específico.” Logo, a parábola não é literal/real, mas
apenas uma história irreal, que objetiva transmitir uma lição, um valor.

Teologia sobre parábolas:


Jesus afirmou que as parábolas são simbólicas, e não reais (Mateus 13:10-15). Logo, a parábola do
Rico e Lázaro também não é real, pois se assim o fosse, a parábola descrita em Juízes 9:7-15 também teria
que o ser, tanto quanto a parábola das sementes e dos solos (Mateus 13:3-9), entre outras. Sabemos,
contudo, que o Reinos dos Céus não é do tamanho de um grão de mostarda (Mateus 13:31-32), e nem é
feito de fermento (Mateus 13:33). Por tanto, as parábolas são simbólicas, e cada elemento simbólico deve
ser interpretado pela própria Bíblia.

Origem da parábola:
De acordo com Flávio Josefo, historiador judeu contemporâneo do apóstolo Paulo, a referida
parábola tem sua origem em Babilônia, e era muito conhecida pela comunidade judaica após a volta do
exílio em Babilônia. Josefo, por sinal, narra os mesmos detalhes de Lucas 16, e afirma que o Hades é o local
da morada dos mortos, fazendo referência à crença grega. (Flavius Josephus, Discourse to the Greeks
Concerning Hades)
“A narrativa por certo não foi engendrada por Jesus para a circunstância que a motivou. Isto porque
há casos análogas e paralelos na literatura rabínica, e o Prof. Gressman os identifica como de origem
egípcia, representados principalmente pelo conto SI-USIRE, o qual relata, com o realismo de quem
conhece os segredos do além, como um mendigo de Mênfis, queimado sem honras, foi visto vestido
de linho real no reino de Osíris, enquanto um homem rico que recebera suntuoso sepultamento na
terra fora conduzido ao Hades.” – (William Manson, The Gospel of Luke, The Moffatt New Testament
Commentary [Harper and Brothers], pág. 190).

Incoerências teológicas:
É necessário deixar claro que o texto de Lucas 16:19-28 informa que o Rico foi para o Hades, que
segundo Atos 2:29-31 é tão somente a sepultura (motivo pelo qual será lançado no Lago de Fogo e Enxofre,
após o milênio – Apocalipse 20:13-14). Outrossim, o Rico se perdeu por ser rico, e não por haver feito o mal
(Lucas 16:19-20), e Lázaro foi salvo por ser pobre, e não pela fé em Cristo (Lucas 16:22) – ensinos, estes,
que contrariam a Bíblia (Efésios 2:8-9). Detalhes são acrescentados:

1) o espírito do Rico com sede e possuindo língua (Lucas 19:24) – o que contraria o ensino bíblico de
que o espírito não tem corpo (Lucas 24:39);
2) Lázaro dentro do seio da Abraão (Lucas 19:23) – o que coloca todos os que viveram antes de Abraão
em estado de perdição eterna;
3) Céu e inferno tão próximos a ponto de se manter diálogo (Lucas 16:23-25) – o que contraria Isaías
65:17. Logo, fica claro que a literalidade desta parábola colocaria toda a Escritura em evidente
contradição.

O que dizem os eruditos:


Russell P. Shedd, em nota de rodapé, nos diz que esta parábola “não deve ser interpretada como
fonte de informação sobre a vida no além” – (Bíblia Shedd, página 1461, nota de estudo de Lucas 16:20 –
Edições Vida Nova e Sociedade Bíblica do Brasil, São Paulo e Brasília/1997).

“Não há, na parábola, o propósito de dar informações acerca do mundo invisível.” – (Rev. Alfred
Plummer, Critical and Exegetical Commentary on the Gospel According St. Luke – New York – Scribners –
1920, pág. 393).

“Não há evidência clara de que os judeus, nos dias de Jesus, cressem num estado intermediário e, é
inseguro ver nesta expressão [seio de Abraão] uma referência a tal crença.” – (Sailer Mathews, art. “Seio de
Abraão”, Dictionary of the Bible, James Hastings, pág. 6).

“É impossível firmar a prova de uma importante doutrina teológica numa passagem que
reconhecidamente é abundante em metáforas judaicas.” – (Dr. William Smith, Dictionary of the Bible, vol.
2, pág. 1038).

“Não se admite, como pretendem muitos, que o seio de Abraão seja uma expressão figurativa da
mais elevada felicidade celestial, pois o próprio Abraão em pessoa aparece na cena. Se, pois, ele próprio se
acha presente numa cena literal, é incorreto usar seu seio, ao mesmo tempo, em sentido figurativo. Se seu
seio é figurado, então o próprio Abraão também o é, e também a narrativa inteira” – (Charles B. Ives, The
Bible Doctrine of the Soul, 1877, págs. 54 e 55).

“Jesus serve-se da concepção e crença comuns de Seu povo, a respeito de um estado intermediário
entre a morte e a ressurreição final para, num diálogo sublime e simbólico mantido no mundo invisível entre
Abraão e o rico…” – (Sátilas Amaral Camargo, Ensinos de Jesus Através de Suas Parábolas, pág. 165).

“Os que interpretam a parábola como uma representação literal do estado dos salvos e perdidos
após a morte defrontam problemas insuperáveis. Se a narrativa for uma descrição real do estado
intermediário, então deve ser verdadeiro em fato e coerente em detalhe. Contudo, se a parábola for
figurada, então somente a lição moral a ser transmitida deve nos preocupar. Uma interpretação literal da
narrativa se despedaça sob o peso de seus próprios absurdos e contradições, como se torna evidente sob
exame detido” – (Samuelle Bacchiocchi, Immortality or Resurrection?)
Conclusão:
Cristo afirma que Suas parábolas são simbólicas (Mateus 13:10-15). Logo, o coerente é deixar que o próprio
Cristo explique a parábola, afirmando que a mesma se aplica ao contexto da ressurreição (Lucas 16:30-31)
e ao fato de que somente através da leitura das Escrituras (Moisés e os profetas), poderemos encontrar a
salvação (Lucas 16:28-31). A parábola, também, é uma crítica àqueles que acumulam riquezas (Lucas 16:13-
15), e aos fariseus, que zombavam de Cristo (Lucas 16:14).

Você não percebeu, ao tentar explicar João 10:34, você acabou de admitir que Jesus fez uso de uma
linguagem alegórica, ao se referir à parábola do Rico e Lázaro. Apenas responda: Jesus pode fazer uso de
uma declaração que contraria a Bíblia, para ensinar alguma coisa completamente diferente? Responda! E
simples! ... Quanto a Mateus 13, vejamos: "E, acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: POR QUE
LHES FALAS POR PARÁBOLAS? Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os
mistérios do reino dos céus, MAS A ELES NÃO É DADO CONHECER; Porque àquele que tem, se dará,
e terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. POR ISSO LHES FALO
POR PARÁBOLAS; porque eles, vendo, NÃO VEEM; e, ouvindo, NÃO OUVEM E NEM
COMPREENDEM. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz:Ouvindo, ouvireis, mas NÃO
COMPREENDEREIS, e, vendo, vereis, mas NÃO PERCEBEREIS. Porque o coração deste povo está
endurecido,E ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos; PARA QUE NÃO VEJAM
COM OS OLHOS, e ouçam com os ouvidos, e COMPREENDAM COM O CORAÇÃO, e se convertam,
e eu os cure." Mateus 13:10-15 ... Ver e não ver ao mesmo tempo, ouvir e não ouvir ao mesmo tempo, não
ser dado a conhecer mesmo escutando .... isso não é alegoria? Iso está dizendo que as parábolas são literais?
Se as parábolas não são alegóricas, então o Reino de Deus será literalmente do tamanho de uma semente
de mostarda (Mateus 17:20), apenas 5 virgens serão salvas (Mateus 25:1-11), ou o Reino de Deus é
literalmente uma pérola (Mateus 13:45-46)? Ou mesmo árvores são seres que andam e elegem reis (Juízes
9:7-15)? Explique, por favor - mas faça-o usando a Bíblia, e não comentários de autores ... Já sua
argumentação de que a Parábola do Rico e Lázaro não se trata de parábola por citar nomes dos personagens,
é falha. Primeiro, porque ela está no contexto de 3 outras parábolas (Lucas 15 e 16). Segundo, porque
Lázaro nem sempre significa nome próprio! De acordo com o Dicionário Bíblico, o termo empregado em
Lucas 16:20 é "λαζαρος", que é uma adaptação do hebraico "Eleazar". Logo, o mendigo não se chamava
Lázaro, que é apenas uma adaptação para "Deus o socorreu". O texto grego afirma: "πτωχος δε τις ην
ονοματι λαζαρος ος εβεβλητο προς τον πυλωνα αυτου ηλκωμενος" Lucas 16:20 A tradução é "ονοματι" é
"ERA CONHECIDO COMO". O original não diz que o nome do mendigo era Lázaro! De acordo com o
Léxico Grego Strong, pág. 147, "ονοματι" também pode designar "título" ou "categoria". Logo, "λαζαρος"
pode ser e também pode NÃO SER um nome. O rico, por exemplo, não recebe nome. Já que há dualismo
entre os 2 personagens, a melhor compreensão para "ονοματι" seria uma categoria, ou título, ou modo pelo
qual o mendigo era conhecido, haja vista que o nome hebraico "Eleazar" não é citado. Ora, se ambos não
recebem nomes próprios, então, como fica a parábola? E como fica seu argumento?... Quanto a citar
detalhes, ora, o mesmo é feito em várias outras parábolas: a do Samaritano (— Lucas 10.30-37) cita detalhes
de cidade, de hospedaria, de questões raciais e políticas. Então, esta parábola é real? A da "moeda perdida",
cita o nome e o valor da moeda (Lucas 15.8-10), então ela é real? A do "Fariseu e do Cobrador de Impostos"
cita o templo, o gazofilácio, a oração e uma classe religiosa real e uma classe trabalhadora real (Lucas
18.10-14), mas isto quer dizer que esta parábola também é real? E mais uma vez, para você perceber que
Jesus pode fazer uso de uma história, inclusive alegórica, para dar uma lição sobre algo que Ele não endossa,
veja por exemplo a parábola do "Administrador Desonesto" (Lucas 16:1-13). Jesus estava endossando a
desonestidade ao afirmar: "“Quanto é que você deve ao meu senhor?” Este lhe disse: “Devo cem barris de
azeite”. Então lhe disse: “Aqui está a sua conta; sente-se depressa e escreva cinqüenta”. Depois disse a
outro: “E você, quanto deve?” Este lhe respondeu: “Devo trinta mil quilos de trigo”. Então lhe disse: “Aqui
está a sua conta; escreva vinte e cinco”. O senhor elogiou o administrador desonesto, por ter sido astuto.
As pessoas deste mundo são muito mais astutas em seus negócios do que as pessoas que pertencem à luz.
E eu lhes recomendo: Façam amigos com as riquezas deste mundo para que, quando elas se acabarem,
vocês sejam recebidos nos lares eternos." (Lucas 16:5-9). Amigo, Jesus estava endossando a desonestidade
nesta parábola??? ... Finalmente, quanto a João 10:34, você diz que o texto não é alegórico. Então, em
Lucas 16 é? Estou confuso! Decida-se: o rico e Lázaro são alegóricos ou não? Por que se você disser que
não são alegóricos, o princípio de João 10:34, onde Jesus dá margem ao politeísmo e idolatria, se aplica.
Se você disser que que o Rico e Lázaro são alegóricos, então você está usando de uma alegoria (e não de
um fato real) para fazer doutrina em cima. Quem ficou em xeque, agora, foi você! Espero respostas. Fica
com Deus.

E (artigo) muitos (pronome de quantidade) corpos (substantivo) dos (preposição) santos (adjetivo) que
(conjunção) dormiam (verbo) foram (verbo) ressuscitados (complemento verbal)

Morte e Ressurreição
Resposta Adventista – Hoje Estarás Comigo no Paraíso

As palavras de Jesus “hoje mesmo estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:43), são uma prova inequívoca da
imortalidade da alma?
R.: Não. Vejamos alguns detalhes bíblicos.

A língua original:
O texto original foi escrito em grego koiné. O grego não possui vírgulas, logo, o acréscimo é decorrente da
interpretação do tradutor: "και ειπεν αυτω ο ιησους αμην λεγω σοι σημερον μετ εμου εση εν τω
παραδεισω" “Kai eipen autw amhn soi legw shmeron met emou esh en tw paradeisw” (Lucas 23:43). As
várias traduções feitas a partir da Vulgata, tradução realizada por Jerônimo, no século IV d.C., fizeram a
inclusão de vírgulas, que acabam determinando o sentido da frase. Observe:

“Jesus lhe respondeu: "Eu lhe garanto, hoje você estará comigo no paraíso". (Lucas 23:43)
“Jesus lhe respondeu: "Eu lhe garanto hoje, você estará comigo no paraíso". (Lucas 23:43)

Veja como o acréscimo de uma vírgula pode modificar completamente o sentido da frase. Foi por isso que
a Tradução Ecumênica traduziu assim: “Jesus lhe respondeu: "Eu lhe garanto, hoje, você estará comigo no
paraíso". (Lucas 23:43). Mas, em quem acreditar, visto que não existe vírgula no texto original? A resposta
a esta pergunta se encontra no contexto.

O contexto:
O contexto desta declaração é a crucificação de Cristo, junto a dois ladrões (veja Lucas 23). Inicialmente, os
dois ladrões zombavam de Cristo. Mas um deles, cuja a tradição o chama de Dimas, ao ver a postura e as
palavras de Jesus, confessou sua fé em que Ele era o Messias prometido. No suplício da morte, ele afirma:
“Lembra-te de mim, quando vieres no Teu Reino” (Lucas 23:42)
O contexto é deveras evidente: "quando vieres no teu reino" (Lucas 23:42). Em nenhum momento há
qualquer referência ao “ser recebido no céu”, ou mesmo “quando morreres”. Quando o reino de Cristo
virá definitivamente? Apenas no dia da volta de Jesus (Apocalipse 11:15-19)

O ladrão:
Outra evidência de que o ladrão não foi ao Céu naquele dia repousa num detalhe muito importante:
Cristo morreu naquela sexta-feira (João19:33-35), mas os dois ladrões, não (João 19:32). De acordo com os
historiadores W.W. How e J. Wells, as pernas eram quebradas para que o peso do corpo causasse mais
dores, gerasse asfixia e a morte se tornasse mais rápida e dolorosa. Também era pra evitar que parentes
viessem, à noite, e desprendessem o criminoso, evitando assim, sua fuga (W.W. How and J. Wells, A
Commentary on Herodotus [Clarendon Press, Oxford 1912], vol. 2, p. 336). “O crucificado permanecia
pendurado na cruz até que, exausto pela dor, pelo enfraquecimento, pela fome e a sede, sobreviesse a
morte. Duravam os padecimentos geralmente três dias, e às vezes, sete” (Comentário a S. Mateus, pág.
500). A narrativa de João 19 mostra que os ladrões foram retirados vivos das cruzes, naquela tarde, pois o
sábado já iria começar. Cristo, no entanto, foi encontrado morto na cruz, motivo pelo qual não lhes
quebraram as pernas. Mesmo Pilatos ficou surpreso de Jesus ter morrido tão rápido (Marcos 15:43-44),
pois a morte de crucifixão era muito lenta. Logo, Cristo morreu na sexta-feira, mas os ladrões, não. Por
tanto, Dimas não foi ao paraíso naquele dia. Estaria, Cristo, mentindo? Certamente, não.

A condição de Jesus antes da ressurreição:


De acordo com o Evangelho de João, Cristo não subiu ao Pai antes da ressurreição (João 20:17). Lucas
afirma, ainda, que Ele permaneceu no Hades (Atos 2:31). Vejamos: "Prevendo isto, Davi falou da
ressurreição de Cristo, que nem foi deixado no Hades, nem o seu corpo viu a corrupção." (Atos 2:31 -
Sociedade Bíblica Britânica). Mas o que seria o Hades?

Etimologia e Traduções:
O Hades, ou mundo inferior na mitologia grega, é a terra dos mortos, o local para onde vão todos os mortos
(Long, J. Bruce (2005). Encyclopedia of Religion. Detroit: Macmillan Reference USA. 9452 páginas). Na
Septuaginta, que é a tradução grega do Antigo Testamento, Hades é o correspondente de Sheol (‫שאול‬
She'ol), palavra hebraica para “sepultura” (Coogan, Michael D. (2005). The Old Testament- a Historical and
Literary Introduction to the Hebrew Scriptures. [S.l.]: Oxford University Press.). Em latim, Shoel e Hades
correspondem a Inferno (do latim infernus) que significa “mundo inferior”, ou “mundo subterrâneo” (A
Latin Dictionary. Founded on Andrews' edition of Freund's Latin dictionary. revised, enlarged, and in great
part rewritten by. Charlton T. Lewis, Ph.D. and. Charles Short, LL.D. Oxford. Clarendon Press. 1879). Logo,
tanto o Hades como o Sheol, ou o inferno correspondem à sepultura. Eis o motivo pelo qual as novas
traduções da Bíblia afirmam o seguinte:

"Nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no inferno, nem a sua
carne viu a corrupção." (Atos 2:31 - Almeida Corrigida e Fiel)

"É, portanto, a ressurreição de Cristo que ele previu e anunciou por estas palavras: Ele não foi
abandonado na região dos mortos, e sua carne não conheceu a corrupção." (Atos 2:31 - Versão
Católica)

"Prevendo isto, Davi falou da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no inferno, nem
a sua carne viu a corrupção." (Atos 2:31 - Almeida Revisada)

"Prevendo isso, falou da ressurreição do Cristo, que ele não foi abandonado no sepulcro e cujo corpo
não sofreu decomposição." (Atos 2:31 - Nova Versão Internacional)

"David previa e anunciava assim a ressurreição de Cristo, dizendo dele que a sua vida não ficaria no
mundo dos mortos e que o seu corpo não conheceria a podridão." (Atos 2:31 - Versão O Livro)

"Davi estava olhando para o futuro e falando da ressurreição do Cristo, que ele não foi deixado entre
os mortos nem seu corpo apodreceu no túmulo." (Atos 2:31 - Versão Transformadora)

"Antevendo isso, profetizou sobre a ressurreição do Cristo, que ele não foi abandonado no sepulcro e
cujo corpo não sofreu decomposição." (Atos 2:31 - King James)

"προιδων ελαλησεν περι της αναστασεως του χριστου οτι ου κατελειφθη η ψυχη αυτου εις αδου
ουδε η σαρξ αυτου ειδεν διαφθοραν." (Atos 2:31 grego)

O texto original cita psique (gr: ψυχή / psychi) que é traduzida como: alma, vida ou a própria pessoa (no
caso, Cristo), que não foi deixado, abandonado (grt: εγκαταλειπω - egkataleipo) permanente no Hades. As
traduções para Hades correspondem a inferno, sepultura, sepulcro, mundo dos mortos. Logo, quando
Cristo morreu, sua alma/vida foi para o hades/inferno/sepultura/mundo dos mortos/entre os mortos. Nada
se diz de Cristo no céu ou no paraíso.

O que dizem os eruditos:


“O Siríaco Curetoniano rearranja a ordem das palavras juntando semeron (gr: σήμερα / hoje) não com met
emou ese, (estará) mas com amen soi lego (em verdade eu te digo) ‘Em verdade eu te digo hoje que comigo
estarás…’” (Dr. Bruce M. Metzger). “Outro exemplo é o manuscrito minúsculo grego 339, a partir do século
XIII, que não só tem um ponto após o semeron (hoje), mas também deixou espaço suficiente antes da
próxima palavra, de modo a fazer a tese de um acidente praticamente impossível. Além disso, existem
vários outros manuscritos medievais pontuados que simplesmente deixam esta passagem como ela é, sem
qualquer sinal de pontuação, embora a regra fosse colocar um ponto ou vírgula antes do advérbio. A leitura
alternativa (‘em verdade te digo hoje...’) também é encontrada no curetoniano siríaco, uma das primeiras
tradições do NT cujo texto remonta ao século II”
(fonte: Wilson Paroschi, em https://www.ministrymagazine.org/archive/2013/06/the-significance-of-a-
comma:-an-analysis-of-luke-23:43 – 25/04/2018)

Conclusão:
Houve um erro de tradução na frase “Em verdade te digo hoje estarás comigo no paraíso”, sendo, de acordo
com o contexto bíblico, coerente a versão usada pela TEB “Em verdade te digo, hoje, estarás comigo no
paraíso”, visto que o ladrão não morreu no mesmo dia, e Cristo não subiu ao céu durante sua morte.
Morte e Ressurreição
Resposta Adventista – Partir e Estar Com Cristo

O desejo de Paulo em “partir e estar com Cristo” (Filipenses 1:23), referindo-se à sua morte (Filipenses 1:22),
não seria uma evidência de que a alma é imortal?
R.: Não. Vejamos alguns detalhes bíblicos.

O conceito de morte, no texto:


Ao argumentar a questão de “partir e estar com Cristo”, Paulo tem em mente a morte, como pode ser
observado em Filipenses 1:21-22. Mas, qual o conceito de morte, para Paulo? Inicialmente, é importante
esclarecer que Paulo era judeu (Atos 22:3), por tanto, o conceito de morte que Paulo possuía, era o conceito
judeu. Qual é, então, o conceito judaico de morte, nos tempos bíblicos? A Bíblia dá a resposta:

“Desvia de mim os teus olhos, para que eu volte a ter alegria, antes que eu parta e deixe de existir.”
(Salmo 39:13)

Observe que o conceito de “partir” é empregado pelo salmista, mas referente a deixar de existir. Esse
conceito de inexistência, ou morte, também é empregado em Ezequiel 18:4, onde se afirma que a alma é
mortal. De fato, a Bíblia é categórica ao afirmar que a alma morre (leia Jó 33:18, 22, 28 e 30; Salmos 33:19;
49:15; 56:13; 66:9; 78:50; 86:13; 89:48; Jeremias 4:10; Lamentações de Jeremias 2:12; Ezequiel 13:18 e 19;
22:27; Atos 2:27). Por conseguinte, o conceito de morte, para os judeus dos tempos bíblicos, diz respeito a
um estado de inconsciência (Salmo 146:3-4; Jó 4:21; Eclesiastes 9:5-6). Como podemos ter certeza de que
era esse o conceito de Paulo, naquele momento? Vejamos o contexto.

O contexto:
“Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Caso continue vivendo no corpo, terei fruto
do meu trabalho. E já não sei o que escolher!” (Filipenses 1:21-22 NVI)

Em nenhum momento Paulo afirmou que gostaria de morrer, haja vista que o viver era mais preciso que o
lucro, pois o viver é Cristo. Esta declaração paulina se harmoniza com o que ele mesmo disse em II Coríntios
5:1-4, que afirma:

“Sabemos que, se for destruída a temporária habitação terrena em que vivemos, temos da parte de
Deus um edifício, uma casa eterna no céu, não construída por mãos humanas. Enquanto isso,
gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação celestial, porque, estando vestidos, não
seremos encontrados nus. Pois, enquanto estamos nesta casa, gememos e nos angustiamos, porque
não queremos ser despidos, mas revestidos da nossa habitação celestial, para que aquilo que é mortal
seja absorvido pela vida.” (II Coríntios 5:1-4 - NVI)

O desejo de Paulo era ser revestido de corpo glorificado, e não morrer, para ir morar no céu. Não há nada
no texto que conduza a esse pensamento. A morte, para Paulo, era lucro, pois conforme ele mesmo disse,
a morte nada mais é que um sono (I Coríntios 15:6, 16-18, 20, 51-53; I Tessalonicenses 4:13-18). O próprio
Senhor Jesus também confirmou que a morte é como um sono (Mateus 9:24; Marcos 5:40-42; Lucas 8:52-
53; João 11:11-14). Diante disso, o que significa esse “partir e estar com Cristo?” em Filipenses 1:23?

A resposta de Paulo:
O próprio Paulo explica quando ele estaria com Cristo. Vejamos:

“Eu já estou sendo derramado como uma oferta de bebida. Está próximo o tempo da minha partida.
Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora me está reservada a coroa da
justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos
os que amam a sua vinda.” (II Timóteo 4:6-8 NVI)

A concepção paulina de morte e ressurreição é completamente diversa daquilo que, hoje, muitos cristãos
creem. Na verdade, o cristianismo atual está influenciado por uma cultura greg-romana, que afeta
completamente o estilo de vida e pensamentos ocidentais. Até mesmo a religião foi afetada por esta visão
dualista do homem. Paulo, que era judeu, não pensava assim. Observe:

a) Paulo tinha conhecimento de que receberia a coroa da justiça tão somente por ocasião da vinda
de Cristo (II Timóteo 4:8);
b) Paulo sabia que a recompensa dos salvos não era dada logo após à morte (Hebreus 11:39);
c) Paulo também afirmou que, tanto os salvos ressurretos quanto os salvos e vivos, iriam para o Céu
somente por ocasião da vinda de Cristo (I Tessalonicenses 4:15-17);
d) Paulo afirmou que nenhum grupo ou pessoa, quer seja de ressurretos ou de salvos vivos, vai
preceder (chegar primeiro) o outro grupo, por ocasião da entrada nos céus. Ambos os grupos
subirão aos céus juntos (I Tessalonicenses 4:16-17);
e) Paulo jamais esperou ir para o Céu sem um corpo humano glorificado (Romanos 8:23);
f) Paulo admitiu que o espírito humano é mortal e necessita passar pela ressurreição (I Coríntios
15:44). Por sinal, Paulo foi categórico em afirmar que os salvos irão para o Céu com corpo
glorificado, e não em espírito imaterial (I Coríntios 15:51-54; Filipenses 3:21);
g) Por fim, Paulo foi categórico ao afirmar que, nem ele, e nem nenhum ser humano é imortal, mas
(Romanos 2:6-7), mas buscam a imortalidade (I Coríntios 15:51-53). Para Paulo, somente Deus é
imortal (I Timóteo 6:16).

O que dizem os eruditos:


“Chegamos agora a Fil. 1:21-23 ... Nosso amigo pode pensar que Paulo almejava sair de seu corpo e ir a
presença de Cristo como uma entidade espiritual, mas como ele compreende bem, ‘a Bíblia não diz assim’
... cremos haver sólidas razões, no contexto, para assumirmos esta posição ... Ora, nem por um momento
admitimos que a construção gramatical da frase ‘partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente
melhor’, seja devastadora para a nossa posição. Pelo contrário, cremos ser ela devastadora para a posição
[imortalista], pelo simples motivo de que a passagem não diz coisa alguma sobre partir do corpo e desfrutar
espiritualmente a presença do Senhor. ... Na frase precedente o apóstolo Paulo declara estar ‘em aperto’
‘de ambos os lados’. O contexto torna bem claro que por esses dois lados Paulo quer indicar a ‘vida’ e a
‘morte’. Portanto, o aperto em que ele se encontrava era escolher entre a vida e a morte (versos 21 e 22).
... Os Adventistas do Sétimo Dia creem que Paulo está se referindo aí à trasladação, isto é, ser levado
corporeamente para o céu sem provar a morte, como Enoque (Heb. 11:5), Elias (II Reis 2:11) e como
sucederá com os santos que estiverem vivos por ocasião do segundo Advento (I Tess. 4:17). Isto seria de
fato ‘incomparavelmente melhor’ do que a presente vida ou a morte. Transportaria Paulo da anual
condição mortal para a condição final, sem que passasse pela morte.” (D. E. Mansell, Ministério Adventista,
Maio/Junho de 1965, pág. 9)

Conclusão:
Diante do que foi exposto, e das próprias colocações do apóstolo Paulo sobre sua compreensão relativa à
morte, o “partir para estar com Cristo” só se dá naquele dia, o dia da Sua vinda, conforme ele mesmo
esclarece em II Timóteo 4:6-8, momento em que ele, junto aos salvos vivos e ressurretos, juntamente,
encontrarão o nosso Senhor Jesus Cristo nos ares (I Tessalonicenses 4:15-17). “Confortai-vos com estas
palavras” (I Tessalonicenses 4:18).
Morte e Ressurreição
Resposta Adventista – Deixar o Corpo

A afirmação paulina “Deixar este corpo para habitar com o Senhor” (II Coríntios 5:8), é uma prova irrefutável
de que a alma é imortal.
R.: Não. Vejamos alguns detalhes bíblicos.

Visão paulina sobre a morte:


De acordo com a visão bíblica, que aponta para o homem de maneira holística, ou seja, integral (I
Tessalonicenses 5:23), o ser humano é uma unidade indivisível de fôlego/respiração (heb: ‫נשימה‬, ruach) cuja
tradução comum é “espírito”, e do corpo (heb: ‫הגוף‬, zot), que formam a vida – que é chamada de “alma
vivente” (heb: ‫הנפש‬, nefesh), conforme é especificado claramente em Gênesis 2:7, que afirma que o homem
passou a ser alma vivente. O ensino bíblico é claro ao afirmar que o ser humano não tem uma alma – ele é
uma alma (II Reis 2:2, 4 e 6; Jó 9:21 / 12:10). O próprio significado da palavra alma, no hebraico, é traduzido
como vida:

“ALMA: originalmente significa vida (Gn 2.7;9.4; Lv 17.10-14;Rm 11.3; 16.4). Refere-se também à
fonte dos apetites físicos (Nm 21.5; Dt 12.15; 20-24) e das emoções (Jó 30.25; Sl 86.4). Depois
significou a fonte da vontade e da ação moral (Dt 4.29; Sl 24.4; 25.1). Desse modo, a salvação da
alma (Hb 10.39; I Pe 1.9-10) é a salvação da pessoa inteira. Alma e corpo não se distinguem na Bíblia
como se diferenciam na filosofia grega.” (Bíblia de Estudo Almeida Revista e Atualizada, Sociedade
Bíblia Brasileira, Dicionário Bíblico, “ALMA”)

Logo, a concepção da existência de vida/alma, após a morte, não é a visão das Escrituras, visto que
a Bíblia é enfática ao afirmar que a alma morre literalmente (veja: Jó 33:18, 22, 28 e 30; Salmos 33:19; 49:15;
56:13; 66:9; 78:50; 86:13; 89:48; Jeremias 4:10 / Lamentações de Jeremias 2:12; Ezequiel 13:18 e 19; 18:4,
20 e 27; 22:27; Atos 2:27; Romanos 6:23; I João 3:15). No Israel antigo, a punição para a maioria das
violações graves era que a alma fosse “cortada”. (Êxodo 12:15, 19; Levítico 7:20, 21, 27; 19:8, Trinitária) Isso
significa que a pessoa ‘seria morta’. — Êxodo 31:14, Trinitária. Semelhantemente, o espírito também morre
(Eclesiastes 12:7; I Coríntios 15:44). Paulo concorda com estas declarações, ao afirmar que, durante a morte,
a pessoa permanece num estado similar ao “sono”, “dormindo”, aguardando a ressurreição, mediante a
segunda vinda de Cristo (I Coríntios 15:6, 16-18, 20, 51-53; I Tessalonicenses 4:13-18). Finalmente, Paulo
esclarece que o homem é mortal e busca receber a imortalidade, através da ressurreição ou da
transformação do corpo em vida, no dia da vinda de Cristo (Romanos 2:6-7; I coríntios 15:44, 51-54).

Visão platônica:
Diferente da visão judaico-bíblica sobre a morte, a visão grega de Platão era pautada na crença de
que a alma é imortal, e que a mesma transmigra para um local de recompensa, após à morte do corpo, seja
o Campos Elísios (gr: Ἠλύσιον πέδιον, Ēlýsion pédion), que se refere ao local dos bons (veja Burkert, 1985,
p. 198), ou o Tártaro (gr: Τάρταρος, Tártaros) que representa a habitação dos maus (veja Hesíodo; Torrano,
Jaa (2003). Teogonia a origem dos Deuses).
A ideia de que a alma é imortal, e transmigra para outro ambiente é amplamente exposta por Platão,
na obra Fédon (245cs.s.). Tal pensamento influenciou profundamente a mentalidade ocidental, inclusive
do próprio cristianismo pós-apostólico, estabelecendo a crença dicotômica ou tricotômica da natureza
humana, e afirmando que somente o corpo morre, contudo, a alma e/ou o espírito permanece(m) vivo(s),
num locais intermediários sendo o inferno (para os maus) e céu (para os bons). Conforme explica Werner
Jeager, “A imortalidade do homem era um dos credos fundamentais da religião filosófica do platonismo,
que foi, em parte, adotada pela igreja cristã.” (Werner Jaeger, “As ideias gregas da imortalidade”, Revisão
Teológica de Harvard, Volume LII, Julho 1959, Número 3, com ênfases).
A Enciclopédia Católica também nos informa: “A grande maioria dos filósofos cristãos até Santo
Agostinho foram platônicos.” (Enciclopédia Católica, Tópico: “a escola platônica”). “Justino foi como ele
mesmo relata um admirador entusiasta de Platão antes de encontrar no Evangelho a satisfação plena que
ele tinha procurado intensamente, mas em vão, na filosofia. E, embora o evangelho fosse infinitamente
superior em seu ponto de vista do que a filosofia platônica, ainda assim ele considerava a filosofia como
estado preliminar para o evangelho. E do mesmo modo fizeram muitos escritores apologéticos ao se
expressarem sobre Platão e sua filosofia.” (Ackermann, Das Christliche im Plato, chap. i., Hamburg, 1835;
Eng. transl., The Christian Element in Plato, Edinburgh, 1861, com ênfase). “O sistema Hebreu de
pensamento não inclui a combinação ou oposição do “corpo” e “alma” da qual são de fato origens latinas
e gregas” (Dicionário Vine Completo de palavras do Antigo e Novo Testamento, 1985, p. 237-238, com
ênfases). “O platonismo chegou a exercer maior influência sobre os filósofos cristãos do que a tradição
hebraica. . . . O texto bíblico não oferece nenhuma base para a concepção dicotômica e tricotômica do
homem. A alma, na Bíblia, não corresponde a uma parte do ser humano, mas ao homem em sua
manifestação de ser vivo.” (Enciclopédia Barsa, Artigo: “Alma”)
Esta ideia, ainda hoje, permeia a mentalidade de muitos, principalmente frente às declarações de II
Coríntios 5:8. Mas será realmente isso o que diz o texto? Vejamos.

O texto no contexto:
“Sabemos que, se for destruída a temporária habitação terrena em que vivemos, temos da parte de
Deus um edifício, uma casa eterna no céu, não construída por mãos humanas. Enquanto isso,
gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação celestial,
porque, estando vestidos, não seremos encontrados nus. Pois, enquanto estamos nesta casa,
gememos e nos angustiamos, porque não queremos ser despidos, mas revestidos da nossa habitação
celestial, para que aquilo que é mortal seja absorvido pela vida. Foi Deus que nos preparou para esse
propósito, dando-nos o Espírito como garantia do que está por vir. Portanto, temos sempre
confiança e sabemos que, enquanto estamos no corpo, estamos longe do Senhor. Porque vivemos
por fé, e não pelo que vemos. Temos, pois, confiança e preferimos estar ausentes do corpo e habitar
com o Senhor. Por isso, temos o propósito de lhe agradar, quer estejamos no corpo, quer o
deixemos. Pois todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um
receba de acordo com as obras praticadas por meio do corpo, quer sejam boas quer sejam más.” (II
Coríntios 5:1-10 NVI)

Paulo ensinou que devemos nos ater exatamente ao que está escrito, sem ultrapassar uma palavra
sequer do contexto (I Coríntios 4:6). Ao analisarmos as proposições contextuais, percebemos que Paulo em
nenhum momento fala da alma ou de espírito subindo ao Céu. Pelo contrário! O apóstolo pontua:
a) Seu desejo de ser REVESTIDO por um “edifício celeste”, ou seja, corpo glorificado (II Coríntios 5:1).
Revestir é vestir novamente algo que já está coberto. Paulo esperava receber a glorificação no
corpo em seu próprio corpo, e não uma transmigração da alma ou espírito fora do seu corpo (I
Coríntios 15:51-54; Filipenses 3:21);
b) Seu anseio de não passar pela morte (II Coríntios 5:2, 4). Ele é enfático ao afirmar que desejava
que seu corpo mortal fosse absorvido pela vida, mas sem vir a óbito (II Coríntios 5:3-5; I
Tessalonicenses 4:15-17).

Ademais, a leitura do texto também evidencia outros dois pontos negligenciados pelos irmortalistas:
a) Os versos de 1 a 4 afirmam que seremos revestidos pela habitação do Céu quando “o mortal for
revestido pelo imortal” (II Coríntios 5:4). De acordo com Paulo, o mortal será revestido de imortal
no dia da ressurreição, por ocasião da segunda vinda de Cristo (I Coríntios 15:51-54) e não por
ocasião da morte.
b) Além disso, II Coríntios 5:10 explica que este “deixar o corpo” se daria no dia do juízo, quando o
tribunal de Cristo julgar todas as obras. Logo, o contexto deixa claro que o “deixar o corpo para
habitar com o Senhor” só se dá com a volta de Jesus, motivo pelo qual Paulo declarou que
receberia sua recompensa apenas no dia de Cristo (II Timóteo 4:6-8; Hebreus 11:39).

Conclusão:
A leitura do contexto da II Carta aos Coríntios, bem como a compreensão bíblica sobre a alma, além
da exposição da visão paulina sobre a morte, diferem completamente do pensamento platônico sobre a
imortalidade da alma – motivo que, frente a uma leitura destituída da filosofia grega, é completamente
possível compreender que Paulo não estava ensinando a transmigração do espírito ou alma para o céu, em
detrimento do corpo, mas tão somente expressando seu desejo de ser revestido de imortalidade, ainda
em vida, para estar com Cristo no Céu, no dia do Juízo.

Você também pode gostar