MORSE, R As Cidades Perifericas Como Arenas Culturais PDF

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AS CIDADES "PERIFERICAS"
COMO NAS CULTURAIS:
/

Rússia, Austria, érica Latina

Richard M Morse

Estivemos algum tempofalando de fontes ou forças mOlrú.es de mudança,


cidades, wn dos temasfavoritos de Cid, não vagarei à solta no nebuloso dominio
rom aquela idéia dele de que a cidade não de I.ewis Mumford, O da "cultura das
foi atada pelo bomem, mas lodo O cidades". Tampouco recorrerei a uma
cvlllrár/o, cvmwllcando essa espécie de
sociologia que trabalha com cultura eru­
nostalgia arqueológica cvm quefala dos
edtjictos cvmo sefossem seres bwnanos... dita, média e popular nos meios urbanos,
G. (;abre"" Infante:, Tres tristes tigres ou reconstruirei imagens da vida u rbana
a partir de viajantes, romancistas ou me­
Norsos cidades n20 têm estilo. Não mori.1istas. O que estamos buscando é o
obstallle, estamos agora COIlStatando que ambiente urnano, não como descrito e
elas lb7J o que poderfamos chamar de um analisado, mas como cxpe rimenL�do e
terccjro c;5:Iilo: O eslUo dar colsasque não expresso. As cidades tomam-se teatrOS e
tbn esli/o. nossos infoffilantcs, atores. Estes últimos
Alejo Carpentier, Tlenlosy diferrmclas não são repórteres ou especialisL1.S em
cadinho - um recipiente onde você coloca
substancias para uma experiencia.
diagnósticos, mas participantes en\'Olvi­
um recipiente para transformacao.
dos, que se lançam sobre todas as fonleS
ou recursos intelectuai s e psíquicos de
stas reflexões sobre "as cidades que dispõem para interpretar, não a con­
como arenas culturais" seguem dição urnana, mas a condição humana.
uma linha de estudos que interpreta as NoSSls cicbdes são P-.uis (mas sem
cidades como cadinhos de mudança na nunca perder Londres de vista); São Pe­
era moderna. Todavia, ao iluminar a ên­ tersburgo e Viena na periferia mediata;
f.se comumente cbda às cidades como Rio de]aneiro e Buenos Aires na periferia

Nala.· Esre lalO foi public2do Dojollrna/ oj Urban HJslory, vol. 10. nO 04, 310 1984. A Induçjo é de::
Fn.ncisco de Castro Azevedo, revista por Dora Rocha c Gilbc.no Velho.

l1stu"or Históricos, Rio dc:Jancito. vol. 8. nO 16. 1995. p. 205-225.


206

mais arnsrada. Os economistas tal.,cz rei. comunidade urbana como um todo pa­
vindiquem terem divulgado esse modelo dronizado que sucumbe �ela cei1!Cada
de ooncerllricidade. Em todo caso, nossa no individuo isolado dentro desse pa­
inves!igação não herda desse modelo ne­ drão. O obsernulor toma-se uma lente
nhuma imputação nece ssária de domina­ parti cular apontada para a sociedade ur­
ção do centro ou de resposta mimética bana, isolado como um personagem ex­
da periferia. Estamos � espreita de oon- cêntríco de Dickens ou o poetaneurotico
traOOilCOtes e mensagens Vd.l'13Jltes. de Baud elaire. O obsetv.rdor é alienado

A primeira parIC deste artigo expõe de uma comuni dade que se rcansfonnou
uma visão das cidades ociden!ai' do r0- em uma multidio ou eu. uma anticomu­
mantismo ao modernismo, dando desta­ ni dade dotada de poder mas sem dis­
que u conrcibuições modemisras de São cernimento. Os arquétipos d<-sses dois
Pe lClsb"rgo e V"1Cf\a. F.sses casos suge­ proc.ssos relacionados furam lDodres e
,em as precondiçiies para o modernismo Paris, "ddades mítkas centmis" da EUn?
na América útina e também as resislên­ pa do século XIX, pioneiras de um desti­
cjas que podem desviar, acender ou me· no aparentemente universal. Aceitaw.·se
tamorfosear a inspiração modernista. AD como definitivo que, ao final, o seu futu­
Dostoievskl de São Pelersburgo e ao gru­ ro se eslenderia � soci edades urlJanas
po de Viena oon!Capomos o Machado de mais afastadas, reféns de instituições e
Assis do Rio de Janeiro que, por ser con­ sistemas econômicos arcaicos e embebi­
fusamente cético em mação à moderni­ das de cultura regional ou costumbrlsta.
dade, só agora pode ser ap reciado como
Em seu bmoso ensaio "Paris, capilal
um pós-modernista. Seu quadro dantes­
do século XIX" , Walter Benjamin !Catou
co servirá para dar mainr precisão à ver­
aquela cichde como protótipo, sentindo
são de José Luis Romero da evolução
que seu passado receute ap resentav.l
latino-americana das cidades patrícias
uma série de fuses encaixadas e lógicas,
(1830-1880) para as hurguesas (1880-
de significado profético.2 A seqüência
1930), uma aw1iação que ampliamos
tem início rum as galerias comerci.1is da
lembrando o surto modemistada déGid.
dteada de 1820, as primeiras lojas de
de 1920. Uma sinopse final lenta definir
depatlamento a p roclamar a separação
o signifocado hislÓrico das cidades latino­
enlCe as melC3dorias !Cadicionais e as
americanas como areoas culturais e !Caça
flnwias desejáveis. Depois, a fOlografia
resumidamente um quadro contempo­
cria ofena e demanda para reproduções
râneo que convida � imerprelação.
ilusórias de pessoas, lugares e eventos,
sin alizando uma no"" senswilidade em
relação � propria vida. A seguir vêm as
To.."as para o modornlsmDI exposições universais, g1orillcrção fln­
Paris, São Polorsbur.o, Vlona rasmag6rica dos valores de troca em de­
trimento dos w.lores int.rínsecos, acom­
AD recuperar a imagem da cidade na panhadas de uma indús!Cia de en!Celeni­
literatura européia e americana do sécu­ mento que manipula o proprio público
lo XVIII ao início do xx, BurlOo Pike como uma me",!doria. A poesia de nau­
organiza seu rndocíniocm tomo de duas delaite celebra um mundo umano asso­
lendências I A primeira é a mudança da ciaI, no qual também a arte se toma
esrase para o fluxo, da yjs.10 dos monu­ mercadoria, é divor ciada da mudmça
mentos fisicos ou das classes sociais em tecnológica, sujeila � ondas agitadas da
n:Iaçóes 6"". para uma montagem de moda e glo rificada como arIC pela arte.3
justaposições fluidas. A ou!Ca é a visão da Por úbimo, chega Haussmann, para co-
C1I.TUWI 207

locar a cicL1de fuica sob um rontrole çio, e Dostolevski assoprou suas pelaI>"
cen tral, defendê-Ia rontra insurreições, ções aré a incandescência. O talento des
homogeneizar OS quat1le/S e garan tir o te último para vislumbrar as ronseqüên­
distanciamento dos parisienses de seu cias funtlsticas e irracionais a que o pen­
hábital samento e o esforço racionais podiam

No tratarnento evolucionário de Ben­ levar derivava em parte da vantagem ar­


jamin, cada época sonha rom a próxima bitrária da origem em São PetersbUrgO,
na medida em que Paris caminha in� que fora erguida por ordem imperial em
rave1mente rumo ao seu momento de um pânlano finlandês e modelada
despenar em meio às convulsões da ec0- "romo uma janela para o Ocidente de
nomia de consumo. Reconhecem-se "os urna cultura atrasada e profundamente
monumentos da burguesia como ruinas nâo-européia, capital instllltânea de um
antes mesmo de eles terem ruído". Pode­ vasto império .) O narrador de Memó­
"

se naturaJmente questionar se Paris foi a rim de um subterrrflneo (1864) chamava­


"capital do século XIX" ou tão-somente a a de "a mais abstrata e in tencional cirJade
capital de um consumismo conspícuo, de todo o mundo" uma cidade cujo
I

pois, pelos padrões de comparaçio do car:iter ilusionista a escuridão e névoa


industrialismo capitalista, a Manchester faziam ressa'tar, dando-lhe uma vida "at·
de Tocqueville, Engels e Dickens segura­ mosférica". O capimlismo chegara atrasa­
mente superou Paris Nenhuma cidade
. do e de forma abrupta, capturando e...
poderia ser a sede de todos os ingredien­ sua rede mundos sociais autônomos que
tes que forjaram a lêmpera moderna. no Ocidente estavam desmoronando.
Mais ainda, o modernismo nas artes e nas Comunidade e alienação, fenômeno e
letcas - parcialmente definível romo um abstração, senso romum e espiriwalida­
assalt o cognitivo às contcadiçôes da mo­ de colidiam violentamen te. Difelente­
dernidade - lIolcsceu sobre ananonis­ mente de Balzac e DickMlS, DostoJevskl
mos que se mantiveram não-reconheci­ não cond escendia com a nos1algia e a
dos na consumista Paris onde o passado
,
eslr.lnbeza do período. Em sua ascensâo
era visto como cumulativo e até certo para um rcalismo mais elevado, "o lastro
ponto era reverenciado, e tudo que era. cômiro foi deixado de lado, .. e o grotes­
novo era !ta última palavran• Os moder·
.

co e o absurdo - rontra o pano de fundo


nistas parisienses pouco se preocu pavam da funtástica São Petersburgo - asrumi­
com a questão da "identidade nacional" ram uma rigidez existencial, urna belfla
francesa. sombria e uma tragédia nova e inquestio­
As linútações de Bal:mc e BaudeJaire nável".6 Embora os seus dramas tenham
como profetas do espírito moderno se transrorrido em meio à sordidez e à alie­
tomam aparerotes quando eles são colo­ nação mais profundas, DostoJevskl nâo
cados ao lado de DoslOievski, cuja São era um escritor naturalista, porque, ao
Petersburgo, peJa distância mesma em eliminar o détacbemenl do leilOr das
que se encontrava do eixo Patis-Londres, sin1açóes aberrantes, conquistou o reco­
estava em posiçio de contriluir com nhecimento do grotesco como um cami­
mensagens de rara penetraçio. Em seu nho para a belet;!, do sofrimento para a
esrudo sobre O "realismo rom.lnticott , felicidade e da humilhação para a liber­
Fanger trata Dostoievski como o herdei­ dade. Sua fuçanha de ter tomado o absur­
ro imediato de Bal:mc de Dickens e de
, do ao mesmo tempo rotidiano e poético
seu compatriota GogoL4 Os três, afirma transformou-se na marca de autenticida­
ele, foram os primeiros a C'l'lorar a pro­ de do modernismo ocidental e, como se
messa da metrópole como tema de Ilc- verá, em uma reveJaçio para Robeno
208 muool Hll1ÓijlOl - 1995/11

Arll, décadas depois, na diswuc periferia lógica, e de prod'lZir. ponanlO, uma psi-­
de Buenos Aires. cologia de classe mMi_ Os lemas ooro­
As iOersôes de sensibilidade de Dos- Jários desle sáo OS efeilOS da repressão
1Oie>ski advenem-o os de que o conslrUlO social sobre a política, a educação, a eco­
"ceolrO-periferia" é craiçoeiro para a hislÓ­ nomia, os papéis das mulheres e os h:íbi­
ria cultural. Enquan 10 olhamos para Creo Ie lOS sexuais. A pompa e deg.'incia da vida
para o modernismo, culminação de um pública e da classe superior expressavam
século de cricicas alusiv.lS, e muitlS wICS uma "forntalidade pelriDcada" revestin­
panicularizadas, da cullura capil.lista, do um caos culrural, um "esplendor ner­
DoslOievski nos prepara para ver i'".uis 9
voso" na fdiz expressão de MOClOn. Exa­
como uma arena primordial, e não como minadas de perco, as glórias supedlciais
o berço d.� explosão modem isca. Não so­ uansfo rmam-se em seu OpoSIO. Scborske
menle O bappenfng de Paris [cauta pro­ afirma que os lileralOS vienenses care­
felas itinerancesda Emopa ceolta!e orien­ ciam do espírito antiburgues de seus
caJ, da Espanha, da Irlanda e até "....rno equivalences franceses ou do meliorisrno
das Américas, corno OS ingrediences para otimisla dos ingleses. Nem dégagés nem
a prlse de conscúmce há muilO vinham engagés, des olhavam para o imperador
fcnnentando ao longo de um eixo escan­ como um p:u-procelOr distanle; fultando­
dinavo-germ.'inico, que se cscendia de lhes independência, buscavam proleção
Oslo e Copenhagen em dircçio ao sul até na arisux:racia. Daí, a preeminência do
Berlim,Zurique e Viena, confonnc procla­ anti-semitismo, da opereta, da psicanáli­
mou O escrilOr din:unarques Gcorg Bran­ se, que manifeslam, lOdos os crês, uma
des em Mim oflhe modem breaklhrough fuga da fruscração burguesa para um pas­
7
(1883) Consideraiemos aqui o caso de sado mágico e reveladoro Daí, ca.mbém, o
V"lCIla porque foi bem estudado e porque sentido da valsa vienense - não, como
serve à nossa inves�ção Iatino-america­ pode parecer na versão exponada, uma
na. Ao deixumos a São Pelersburgo de cerimônia complacenIe e arislOCrática,
OoslOievski, partimos de um local de oon­ mas uma dança demoníaca de exorcis­
frontaÇÕCS espirituais definitivas para ou­ mo, que abandona os compassos racio­
ICO que põe em oonfronlO idéias filosóficas
8 nais da quadrilha para expressar ondas
e sociológicas. de desespero interior eill rodopios verti­
wgo de início, Jani!< e Toulmin lem­ ginosos. Viena era, apropri.1d.,mente, a
bram-nos de Kakan ia, o apelido que no. cidade de Alfred Adler, que propôs o
beCl MusiJ deu à sociedade vienense, cu­ "complexo de inferioridade".
nhado ostensivamente com as iniciais im· O coLopso inevitável da política liberal
periais e reais K. K. (KafsX!rllch e KDnf­ em um meio oomo este Jeve dois resulta­
gllch), 01.15 que L�mbém encerra a cono­ dos. Primeiro, fuvoreoeu o esceticisrno, a
L,çãO excremcnLlI da linguagem infantil. saber, a cransfonmçio da cultura de uma
(Os Lotino-americanos lcmbrar-se-ão da fonle de valor em uma expressão de valor,
"VL,gem à cidade escura de Cacodélf)a", isco é, em uma cultura de hedonismo
o equivalcnle infemal de Buenos Aires, nervoso ou de extrema ansiedade. A psi­
que aparece no romance Adán Bueno­ cologia subSÚluiu assw a política oomo
sayres de J..copoldo Marechal, de 1948.) foco de inleresse. IsIO produziu a segunda
A preocupação dos es ludos sobre Viena conseqüência: movimenlOS de massa cujo
é que esta capiLlI de um império art:lico ardo políúco residia no sioo.isrno, no an ti-
pareci., incapaz de engaL1C-se na serrususmo, no pan-germarusmo ou no
• • •

tiva do progresso, de atingir o elhos bur­ soc:±illsmo crisr;jo, cada um deles, à sua
guê, da modernidade e da ulOpia Iecno- rn.'UlciLa, uma revolta mntra a razão.
15 ODADES ·l'ERIftilClS· rolO IlEIIAI UlTUWI 209

Esses dois desafios convidav.un à aro­ plodiu sistematicamente os cãnones


modaçãoe aocontr:ldesafo. Uma impor· aceitos da composição musical; e Freud
tante acomodação foi a crj;Jção da "Viena ekl'lirou impledosarnenteos sonb ose os
do Ringsuasse", que se comou, como lapsos lingüísticos da vida co tidiana. Mais
sugere Schorske, um epíteto tão signifi­ significativo que todos foi Wittgenstein,
cativo como a "Londres vitorhna" ou a cujo Tractatus Janik e Touimin procla­
"Paris do Segundo Império". O plano do mam como uma critica abrangente da
Ringstr:lsse oa um banoco às avessas, própria IinguageilL
. .
que usava as massas arqunetonu'3s nao

..

para dominar o espaço mas para mago.;.


ftcl-lo. O espaço era olJÇooi7:!do sem des­ Transisão para o Novo Mundo
tinações visíveis. O bulevar em círculo
ampulava a cidade de seus subúrbios e A Siio Petersburgo de Dostoievsk.i e a
suprimia as grandes perspectivas em be· Viena de WlIlgensaein moslCam que uma
nefício do Duxo circular. Os novos edifí­ sociedade luban a recalcilCaOte pode ins­
cios públicos, baseado s em modelos his­ pirar . - de vanguarda. A perife­
tóricos considerados apropriados para ria pasw assim a ser ceflUO. O que dizer
cada caso, não se orientavam uns para os então das cidades latino-ameriemas em
QUUOS estilística e espacialmente. Os ur­ uma periferia mais distante, colonial'
banislaS traduziram em termos físicos as Selá que elas não ofereciam solos ainda
diretrizes políticas implícilaS de tempo e mais férteis para mensagens proféticas?
lugar: monumencalidade sem coordena­ Como sugerirei posteriormente, essas
ção centrai, mobilidade espacial sem in­ mensagens existiram, mas expressas em
tegração social. um idioma tão "caseiro" que só agora sua
O contradesa60 veio de artlslaS e inte­ força se tomou aparente. Até mesmo
lectuais que achavam a sociedade vienen­ quando surgiu um mestre como o brasi­
se patológica por ter erguido barreiras leiro Machado de Assis, s"as par:Ibolas
monstruosas conlCa qualquer discussão brilha0tes - tivCSSCiü elas enroo trado pú·
profícua sobre a opressão em suas inú­ boco além-mar - teriam parecido esqui­
mems formas. Eles se julgavam sem as sitas ou obscuras às sensibilidades mes­
ferramen IaS ou o idioma de diagnóstico metindas (para "53r um neologismo da
em um mundo em que cxplcx1iam sinto­ época) pela Europa capitalista.
mas: an ti-sentilismo, elevada taxa de sui­ Em vez de uma digressão pela história
ódios, rígidas coo·.,.cnçóes sexuais, senti­ comparativa, apresentarei, ao acaso,
• •

men Ll1idwe nas artes, ambigüidade p0- duas chaves que poderão ajudar a expli­
lítica, nadonallimos divisores. Tomada car a periferia mais distante. Primeiro, se
em seu conjunto, essa sintomatologia de­ Pedro, O Grande, criou o que para Dos­
nunciava o dhórcio entre as realidades toievski era lia mais abSlJ'ata e intencional
sociais e os pressupostos consensuais da cidade" do mundo, os espanhóis do sé­
arislOCr:Jcia dos Habsburgo. A situação culo XVI espalharam centenas de centros
exigia não persuas50 ou ideologia, ou urbanos geométricos através de um vasto
continente e meio. tO Mas, dos pontos de
-

mesmo análise, e sim, de maneira mais


fundamental, uma ou várias linguagens vista político, socia1, econôntico e ecle­
que pudessem reSlabelecer o intercâm­ siástico, esSls ddades e missões, se bem
bio entre as circu nstâncias e as tdées que plenamente intencionais, estav.un
reçues. O arquiteto Adolf Loos despojou­ longe de ser abstraIaS. Seu signifICado
se da omamenlação para deixar a função logo se tomou transparente para a popu­
transparente no projelO; Schoenberg ex- lação nativa amerindia, e assim penn;m e-
210

<eu lanlOpara os grupos privilegia"os ca. Q"'odo o Brasil produziu um com­


romo para os desen:fa"os. Após a inele- posilOl" de ópeaa talmtoso, COmO Carlos

seto.cs da
InleUI.genlsI.a naSSA, 05 pensadOles b,j,.
no.a.ocrican os não podiam ron trapor à
m<XIunizaçio uma allClllativ.a indígena,
espirilU3l e romulÚlária. Tampouco as MachaoI. ti. Aa1sa
SOl"ied.desurbanas, anleSdo nosso sécu­ - ..........
lo, estavam 9lflC;.cnteil'ClllC radooa'iza.
das para produzir a puspu:1iv.l particu­
Para enIeOder por que as sociedades
Jarwlda e dissociada do poeta paris.:use
ou do homem do sublerràneo ""'''''
ptÓrihns das de DosIok:'Skj, Musi1 e
m(51110 Baudebire, helh()s ronSllltar seu
ra e pro...éin da intctpretação sociológica par brasiltiro, Jmquim Mor;' Machado
de Adorno para a m1ísica de rooce rto de Assis (1839-1908). Machado �>eu
_. . 11 ,-,_ H_ a b'a09Ç10 loda a sua vida 00 Rio de Janeiro, cidad e
.......�
�.I:l.
.. nuu mO f*"lJLlI,
• -

de MCQ"rt a Bectho'.cn para a glande era a aV3leiro de um vaslO qdXDotinente,


da sioCooQ e da ópera 00010 a paSS"gelll ecoam de OVXJ;tanbas tiilr.l vag;l!O &es, ba­
de um mundo aristoaál.ico, fMIl que as nhada por baías e praias iridesrcDIeS,
audições ralir"",Y.lJ1l o status das audibl­ ...gura em seu pieslÍgio de capiraI impe­

das lestrilas, para um mundo butguês, rial ou depo� de 1889, em suas IIKn�
,

em que as ap"'CllIações respondiam às rias imperiais.. Em nosso Kodo, o Rio de


frustrações e wlIasias de um público de Janeiro transferiu a primazia erooômica
dasse média. O roosumidof da música e aculêmica para São Paulo e a sede do
. - go"UuO feder.al pan B raSl1ia, lUas sem se
romJnuca se:nla.-se, DOlO cmpcudo e de

peruca, JUDto mm seus pares, fMIl uma


privar da hegemooja ...olÍllaeo raI. O Rio


sa1a iluminada a luzde >ebs, mas perdido é um mundo em si rTU!$17U} e, pomo10,
oa escuridão de uma ampla sala de roo­ uma arroa que os espíritos li�ICS podem
certos. A música o jmeigcciII umaromu- aw,mjrooOVl oproprlomundo. Macba-.
' -'-
OHl:t d e OC(JOICíI ao mesmo Iflllpo ctD
• .

que libera Sl!3' fmlasias . Ela loogedeserchata, podc·


proporciona uma ir.Iização subsliruliv.l se chamar o imperial de coraÇio do
das aspirações de idenlidade comuna! e Brasil, o que correspon daiola Mosrou. e
pessoal que a vida pública, competitiva, a Paulo imperialista de cahcça do
-
nega. Tal\'CZ por ser menos e•.,licita e (X"S, o que coiles:poo. dena
. a
intdccaualr13da que a U".,lh1ta, a in'1ICO· bUlgo. Como o DosIoieriki do Rio de
ção musical ela mais viva nas periferias Janeiro, Machado /Oi impemdw:l ao en­
caoto de qualquer "Palácio de CrisraI".12
-
mediatlS da Rlíssia, Alahaoba, Ausllil e
Ilália do que 00 eixo J'aris.-loodres. A Falemos primeiro do mundo de Ma­
América Ialina, oa orla mais dislànle, cbado, de seu teatro humano. ° Suas
apesar da fenilidade de sua cultura mu­ hislórias focalizam com piCciS'O uma ca·
sic!) informal, não dispunha das rondi­ fitada de grupos em ascensão: banqu�
ções sociológicas oecesslrias, quando ros, comerciantes, fuZ(ndeinlS, prolissi"
não slIOcicnaes, para a inspiração sinffuü..

2lI

na for...,
dor ubíquo, que sjenh61jça da iuminaçí<' das r
1l'2C• DOa
ohOlle
de
•• t l ' lt l �
-

'Ui doOlja ca

pela violência fia;a e moral. Os


ajrjcam P'v±ado poiljLle, apcsudonl\­
gue

que
oonGa'l9l de tudo que t moliv.lção h...
-di que 05 eso)láSlÍC05
Yiam a "Rita COliJO ro�
.
lI__filO pcClmmoso e 030 roaMIO pra:ur-
-

em que já ou sc:xa do apit;dismo. Jgwn'."MÇll &c.. o poder


mmo a p:lI2 o pi6piio poJí'ico ajo ua Ui.'! força modeIadora a

minaçãodocp..eumsi Ifil*! de ...iugança Smilec sdJ,� a icnov.lÇão da pasooaljcta


. . .
mqihK....a
. I� de, Inu nos pteceiros oomportunen tljs
Nc:sIc: \IORUSO, a nova burguesia que da Teoria do medolhiio machadiana
16
cha""! a a'enção de Macbac10 nijo é lQlIC'-­ (1881).
b burguesia aGilu;a.iv.a de ftpfz.tc, Dic..
o Rio de Janeiro de Machado t a�
Banão
iOit;vlo mm a Kakania vienense de Ro­
boI Musi, mos com uma dif<-icoÇL A
- -.
vaogtn'di W"omse moVJ3 cnlMA's à teSaor ,-
Sua asc(nOO deronenão da orpoizaçío
-

têncfa focal à modemidade e, ao mesmo


intenciooal da pusona1jcbde,llt;tS da vi� lClOpo, pronvwia refolmulaçócs pionei­
:ncaac:aaa por um golpe 0010 ou ras na psimlngia, nas artes, oa li'eM.ah'ta,
Uícjto da fortuna 5''35 regns rompona­ na filoso6a., na mÍlsica e na lingftí qica
de Para Machado, poiém, a possibilidade de
quca modemizaçio vÍfsse a ser "ior.em;
um pro&e&oroupad,bWo, e o SIIrgillW:n. 1Cn<h" no Rio dej2neiro era um", sombra
10 de um plano de vida aulÔoomo. inde- luaÍ5 j(iII(Ma do que: em V.en.a, e o prog.
1<ndc:nse de infiuêoebc OÓSfim de enpj:hlwlltot cbdos 05 sinais
rio'f1' pode proYOCat "Uer"'$" aa dC530Qltldoc. Por' tSSOf
. • • • •

. QC
..!t
_
tas!
dirigiu seus dardos crl1iros COIltra apró­
A sociedode Wb102 de Moch.do p:ue­ pria mo(/em/dade. icscrv:mdo Inla­
ce fsa:$'jc:I e ele a aborda OOUM) um ;;
• 103' a soc.,<bde que a
lista, nunca oomo um terapeutil. Son acolheria. Assim, embora icpudnsse o
212 [IT� HISTÓRJ(� - 1995/16

romantismo ("a grande musa moribunda espelho distorcido, a D/vlna comédia.


,
que gerou a nova gernção ,17), ele lam­ Compreende-se esse mundo não por
bém não queria convelSa com o naturn­ seus antecedentes, elementos e forç-as,
Iismo e o positivismo.18 Na verrlade, Ma- mas pelos principios mor:lÍS que discri­
. chado tinha em parte ..mio ao afirmar minam o bem e o m:tI em toda a sua
que nada eslava "acontecen do". Hoje em graduação. A ve rsão de Dante é uma
dia, ainda ch amamos o Brasil de econo­ sucessão monótona e repetitiva de pará­
aUClmenle dependente; o país ainda bolas que exemplifiCam o desígniO de
tenta incorporar inovações leQlológicas; Deus, um p6s-vida em que as :tImas per­
o republicanismo ainda é problemático; dem toda iniciativa. Aquelas que cheg;tm
e, quando pensamos nas masS::Js, a escra· ao inferno, cuja única bagagem é o cum­
vidão ainda não foi abolida. Tudo isto primento absoluto da paixão, voam an­
ajuda a explicar por que Machado, com siosamente rumo à sua punição.21
sua imagin ação questionadorn, sua visão
O Inferno deixou uma impressão du­
helerodoxa e sua fortaleza inlelectu:tl,
rndourn em Machado. Ele cita IJ.Ulte 24
tomou-se um pilar do eslabl/sbment vezes, sem contar as referências diretas
como funcionário minislerial e fundador
ou indirelaS.22 São 19 as cilações do In­
de uma academia de letras franc6fi1a. 19
ferno (ele chegou mesmo a Ir:lduzir o
O essenci:tl não é se Machado foi um Canto XXV) , e o leitor sente-se tcn lado a
conserv.tdor, ou um jornalista ntinucio­ especubr se, ao seu toque, o Rio de
SO, ou um espectador irônico, mas que Janeiro não se Ir:lnsformaem um Inferno
ele leve sua própria visão cocrenle do completo. No entanto, com apenas um
espetáculo. Não dispondo de elementos inferno a divina comédia desaparece. A
para uma inlerprelação dialética do pro­ religião seadariza-se; a linha entre o
cesso soci..ll, ele via as estruturas sociais mundo e o pós-vida se dissolve; o arre­
como controladas por sentimentos e pai­ pendimento cristão toma-se mero re­
xões de indivíduos. Daí, seu L1Sánio pe­ morso; e o demônio, exorc.iz;J.do pela
las Ir:ljelÓrias individuaís - suas motiva­ ciência, reaparece na pseudociência, no
ções psíquicas e os mecanismos ocultos espiritismo e nas curas mil1grosas.
da :tIma.
Os palamares em cireuJo do inferno
A vida nessa sociedade faz com que as
pareceil� remodelados por Dali na p�is.1.
pe ssoas percam o controle de seu desti- .
gem urbana SUH',dt<;1a do Rio deJaneiro.
no, adotem máscaras e deformem os im­
Faz-se necessário um guia, o Conselheiro
pulsos mais nobres. Nos romances da
Aires, não para ajudar a SUpOrL"lC o peso
maturidade de Machado, os problemas
esmagador da PalaVr:l (Virgílio como a
sociais cedem di:U\1e da lUla "no inlerior
R:tz:io e Beatriz como O Amor), mas para
do co rnção humano, onde reside sua
indicar os mistérios e ambigüidades e,
causa última - o ódio, a crueldade, a
como um diplomata que não toma parti­
cobiÇ! e a indiferença do amor pro.
do, a1en.1r gen tilmente con Ir:l as explica­
prio".20 Esle reino não oferece nicho
ções f:lceis neste reino de a1 0ri:1S enga­
para o homem do subterrâneo de Dos­ en
nosas e idenucbdes veladas.
toievski, porque nem apresenta a intro­
missão do cientismo e do utililarismo Por tadas (Wls referências, insinuações
como implacável nem comporta insinua­ e perspectivas oscil1n tes,lr:lIa-se no fundo
ções de redenção apoc:tlíptica. O que de um mundo fragmenlado a que fulla a
pe rmanece é uma moralidade (no senti­ força unificadorn do amor. Mesmo assim,
do telr:tl) vasla e cheia de compartimen­ e até mesmo sem uma Beatriz, uma Oor
tos que evoca, como que por meio de um sempre viceja na lapela do Conselheiro.
AS aOAll[S "PEIIFtWS· COlO AlDIAS UlTUüIS 213

da moda fr.mcesa e classes populares


Amérlc. Latin., 1830·1930.
destinadas, ou condenadas, ao uso de
d •• dd.d.. patrícia. às cld.d ..
roupas, comidas e anefuos locais. O me­
burguesas
dlo pelo, colhido no meio das duas, elll
uma fusão infeliz. Ainda assim, a divisão
As mensagens cifradas de Machado de elll compUcada A atração da classe supe­
Assis, vagamente sugestiY.lS para os blll - rior pelo estilo e o disrurso europeus elll
sileiros contemporâneos, levaram déca- temperada pelo OIgulho da linhagem,
das para atrair uma ooterle internacional por uma ordem herdada de deferência,
Foi necessãrio que a roda da mudança do e pelo apego sentimental às origens re­
mundo girasse em sua direção. Nesse gionais. Por outro lado, lo crio/lo não elll
meio tempo, dispomos de proY.lS menos um etbos inteiramente nativo, pois os
enigmáticas dos atrilOS da modemizlção únicos nativos do Novo Mundo eram OS
nas sociedades umanas Iatino-america- amerindios, que não tinham deixado
nas. José Luis Romero fornece uma rica ma".,.s em HaY.llla, no Rio de Janeiro ou
amostcagem desSlS provas em seu livro em Buenos Aires. Além disso, "nativo"
sobre "cidades e idéias" btino-america- implica "aul.eIlticidade", como no na,...
nas, que abrange cinco séculos e já con- rodn/cbestvo russo; e autenticidade im-
quislOu seu lugar ao lado dos estudos pUca uma base para a aUlO-eXpressão e
europeus ciT3dos acima.24 Sãode interes- reconstrução. Todavia, mesmo na Guate-
se aqui os capítulos sobre as "cidades mal. e no Equador a cultura amerin(lia
patricias"(1830-1880) e as "cidades bur- não poderia, para além de vagas simpa­
guesas" (1880-1930). tias, ser IOmada seriamente como plata-
.
forma para a reabilitação social Do pon10
As cidades patricias do periodo p6s-in- .
de vista cosmopoUT3no, a cultura amerin­
dependência cresceram menos rapida-
dia não era mais nativa do que as culturas
mente do que seus blnterlonds em uma
de origem africaoa ou ibérica. E para
época em que as populações nacionais
complicar ainda 1T1ais, os imigrantes Í1a-
eram consideravelmente "ruralizldas".
Ii.oos ou sírios podiam temperar O criol-
Depois das rupturas provocadas pela
Itsmo das classes populares. O que sigoi-
guerra e do desmanTelamenlO das buco-
fica dÍ7er que uma fusão plebéia de ele-
crncias coloniais, o poder foi reconstruí-
menlOS ex6genos talvez Casse mais au-
do sobre bases preferencialmente des-
lêntica do que a cultura senhorial das
centraJiz:Jdas e rurais. Este foi o apogeu
eUtes tradicionais.
lógico, ainda que aparentemente anár-
quico, dos caudilhos regionais. Sem ex- O caso latino-americano não era igual
ponações lucrativas e a necessidade con- ao da Europa ocidental, na qual as cultu-
comiL�nte de empresariado e finanças ras nacionais podiam ser tranqüilamente
modernas, as cidades maiores assumi- assumidas. Nem elll o mesmo da Rússia,
ram o papel "de parasiw" que Miguel onde eslavóllios travavam baTalha com
25 ocidentalizldores para afirmar uma cuI-
Samper atribuiu a Bogotá em 1867.
Nesse ambiente de passividade, em uma tura indígena mais aulênlica e mais ver-
época em que as cid.. des ocidcolais, da dadeiramente cristã do que a cultulll
Europa e da América do Norte, oesciam usurpadora. Tampouco tinha a ver com
rapidamente com a onda da industriali- o dos japoneses, que criaram um Institu­
zação e do comércio, OS viajantes ficavam 10 para O Estudo dos Uvros B:\maros (o
inlrigados com a coexislênciagenernlizl- germe da Universidode de Tóquio), com
da de traços crioulos e estrangeiros, que o objetim de albiuar o que era minima­
pareciam anunciar uma eUte enamorada mente requerido do exótico Ocidente
-

paI2� aulOp�.� da sociOOade l0-


cal. NaAUL'Wa I;uaoa, O� IObár-
baro oão

uma volta do para- ginou que a C!ohoção csaiw:soe DO desdo.

oos oam brsUeJJ n"io<iwMckts, sose


2plicav.a q.. pade tj....-.t... 1 FORça do
sfodo XIX. Em seu çA'ado ....n: a 000- e
napokônim de nyrnaJifhde
que 56 ganhou bça rm 1870,
de modo que a cid>de
do sul (Ida
ip......1eS,
ámjdos.

o
Um pat15 de 1840 re-
que
ção ÍDCU!a enuc seu blnlerland e as

OI _"li •
'livaknae c: aOO:-Rtal1Omou4 YUJ-
çi<> al••
--
aCCl.a
",-, a «'IOS •.,...
' If'n
de ""a '\'I5lO
D(M:np
-

ingênua. ou m;aJjc0Q. da cidade pre&en­


,

sÍ'lSl através dos c:6os do ""ira OOscr.


",..tor - que: não p3,'Cc{m abundar na

lradiçio

11m
(1845) da

1847, "'" que: fiU


Pas.., cnÓ'l2 ffficjclc,arque F·rn«b de puguobS d(-••didot" sob«:
O ccnáÓO que Vali dn01e de si19 Porque

, -
t 0- S'ÓO um ediljcjo para
..
i.a espaohola.A " a..u
..lZ1Ç2º nao .nus
.. · - "
(j)Iiillf') as
Dle P1H{((U um rcfIe-
, -
"li'! � � de acS0C'2çao alOp(T.I- a PU na ap3nXC
tiva que na CIKDO'"<h bOto nas 00"''''.
njd=edrs urbanas "polO nas (DIhlIOW­ -
,_ a
..... _-.�
nn.u
-�_� �
._ 030 con
.
"... ::.... ­ fi..
da fronreir:a dos Emdos diohcão? Como as freiras de um (X)iIJ,'.CG-

.....hes"? Por que: (iÔ51C um dcp6sào de


21S

o line.o jraJiaoQ ou com a tradução �


paoholapublbd! aotesdaapuseotação
gado; quando a gente tem muitas cabe- no jomalEJNaclcP!al. Fmal11M'"te, o pró­
prio (umpalsano, não um
aulêtlliro), chamado de ARam
sia eI PoIIo (Frango), aa uma 1<SpQ'"
nlÍrjca a Arderto d GaIIo (Galo), nbção
Em Bueoos Aires, cidade maior e mais ji salÍlin de umpoeta gaúcho mais ao ...
ooslUopoli13, o dualismo da Caracas de go, Rit.rio AscaSlIDi (1807-1875). Anas..
. - é uma 0-_
Ir nao' .- ell""ema'X'a evid
1Ufi.1.U. <n-
Daniel Mendoza e,'ilh.çou-sc; embora _ .

sem enconlraCum desfixi", nos paradig­


mas�lucion:írios daépoca.SuvcrfrilJ..
d__"te, o poema gaúcho Fausto, de Esta..
nidao dei Campo (1834-1880), oom o
sublÍrulo de "Impa.sões do gaúcho
Anastasio d Pol1o sobre a aprfçeotaçio liro FallslO da Ir.Idiçío e da lenda aos
deo'a ópe1'a", pode paico'v um fvrácio Fallstos ponmtooos e .intelcdlla1izados
na linha oostumbrlsta de Mendoz;. 30 de Madowe e Goelhe, ao Faus'O do con­
Trata-se, politu. de um eocootro 1U3is sumidor burguês de Goun od, e de wlta
denso e compL':0 entre /o crú:J1Jo e uma ao F.UIgto popular de EsranidaodelDO),.

importação culrural erudila O poem. po. Todavia, O elo final não completa o
inspirou--se 02 estréia em Buenos Aires, circuiJo, porquedelCampoaaumpoeta
em 24 de agosto de 1866, do FtnlSto de urbano e não um poeIa do po>u. Além
Gounod, encenadoem Paris pela primei­ disso, O públioo argentino eSlava 0011$­
.
ra 'o elD 1859. Fala de um C1ipira que ciente de que, se Goelhe
assôslÍU à ópera e alguns dias mais aarde FalIsto, Gounod vutg;.imlCl G()C1be. O
a ruuT3 para um amigo da melhor 1ll3Dei­ texto de de! Campo iC,,(la que de "SOU
ra que pôde CDlendê-la. o Iibrclo e seu próprio lroYador para
conduzir um diálogo rum seus
Quando rdlclimos sobre ....e oontra­
An's13sjo de Euo :wmln da degrndação
ponto eolre o ingênuo e o cosmopolita­
de Goelhe esoolhendoas mais
no, surgem oomplicações. Primeiro, ape­
vulneráveis do IibrelO. O FaIlSIO de
sar de usar o idioma ooloquial, dei Cam­
Goethe, que fuz um esforço úlâniro para
po tia um intdecUI31 udxlOo-com sim­
tr.lns((nder Sf"lIS limites, é icd·rzido pelo
parias populares, é claro inspirado em
libretista de Gounod a uma criablra de
-

um' lradição óladin a da Iiterarura gaú­


apetiteSSCDs"ais 31 Del Campo O if1rain
cha. Segundo, desde a inauguração do ainda 1113i5:
TealrO ColÓll em 1857 oom lA travtaJa,
dei Campo vinha alimenmndo a idéia de
oon lr3smr o histriôniro do paloo oom os Dfjo que nada podia
sentimentos da plaléia. Terceiro, a InIeI­ 00
.. Ia amcfa que est"dfó
Ifgmtsia argentina oonhecja r.l7D3>e1- que él a una rubfa queria
mente Ix111 oFausto de Goethe (Eslcoon pero que a élla ruhla rUJ.
Echevenía, inldeC1loal da ''Geração de
1837", j:í se apropriara de seus lemas) e Looge de ser "ma obra •

eSlava bastante pleparada para avaliar a o Fausto de dei Campo é uma brinadei­
versão de Gounod. QuarIo, o prOlagnnis­ ra elabor:)(Ja, permeada de bUliRs, cuJ·os
la analfubelo de deI C'mpo fuz um re blO pelSOllagCDS paisanos são inlerloculO­
da ópera que exigiria oom res de um cénacIe Iiler:írio: a narralÍva de
216 ESTUDOS HlSTÓ�(OS -Im/li

uma narrativa, um jogo dentro de um de clien telismo familiar em grande parte


jogo, uma relJexijQ sobre o drama-ópera se mantiveram, contra as instituiçôcs ra­
de Goelhe-Counod, conforme fora re­ cionalizadas, que visavam objetivos espe­
presenlado na feonteita longínqua da ci­ cificas. Ao mesmo tempo, as elites urba­
dade modema que era Buenos Aires. nas começuam a absorver grupos da
Anderson Imbert o chama de galeria de c1as'i(! média e de imigrantes e a partilhar
espelhosdislOlccdores, com "transmuta­ do elbos febril da especulação e do auto­
ções e duplicaçôcs, simetrias e contras­ engrandecimento. Isso significou um
tes, cruzamentos e paralelas".32 E nós afroux:unenw dos Iaços fumilia,es e das
somos levados a perguntar: se um poeta antigas associações, exemplificado na
argentino pode satiriZlr deIkadamente o substituição dos eventos religiosos por
m,'U goslO da ópera francesa, o que acon­ teatros, clubes e esportes.
tece com a construção cenlrO-periferia? Os romances naturnlistas forneceram
Será que os argentinos são paroquiais uma pawlogia (lessa sociedade quase­
por consuntircm Goelhe e Gounod ou burguesa com relalOS de chicana finan­
será que os parisienses são paroqu iais ceira, de arrivismo e ostcntação social, de
por não consumirem Estanislao deI Cam­ suicídio, de prostituição, e os poetas e
po? Como um proft:ta, dei Campo mos­ ensaístas parnasianos - quaisquer que
trou ter m,lis agilid1de e vis.'io múltipla tenham sido as apreensões quanlO ao
do que a capacidade de seu contemporá­ materialismo e à opres.são social que pos­
neoJosé Hemández, autor do épico Mar­ sam ter exprimido - serviram ao gosw
Ifn FIeIlV, para tratar e dar forma a um refinado dos poderosos contra a vulgari­
conjunlO de questões. Nesse sentido, ele dade e o arcaismo das m"ssas. Para com­
foi o precursor de Jorge Luis Borges e pensar o afro"'mmenlO dos laços f:un.il1�­
Julio Con:lzlf mais que de IUcardo Güei­ res, as novas oligarquias juraram recupe­
raldes e Eduardo Mallea. rar o caráter patricio e excluir, reprimir
ou pacificar os deserdad os. Politicamen­
Se detectamos um lampejo modernis­
te, a era do popu1ismo, ou a sua forma
ta no olhar de deI Campo, é que ele
manipulada de "CPS1rismo democráti-­
sincopa as categorias de José Luis Rome­
co", estava à mão. Aos grupos situados
co, esticando um fio conector do alto do
além dos limites do mundo evolucioná­
periodo "patricio" à conclusão moder­
rio e europei:z:Jdo - como os indios dos
nista dos anos "burgueses". 1510 não im­
pampas argen tinos. os camponescs de
plica ingratidão para com a robusta an­
Sonora e Yucatán ou os chamad os funá­
daimaria de Romeco, uma vez que a sin­
ticos do interior brasileiro só restava a
copação exige uma estrutura de susten­
-

eliminação. Os intelectuais urbanos rati­


tação. Aceita·se fucilmente a caracteriza­
ficaram essas campanhas assegurando
ção de Romeco da era burguesa como o
seus leiwres do caráter inalO ou ambien­
período de haussm.1nniz:,ç'".lO da gran
talmente adquirido das deficiências dos
aldea, como o auge doei senorpresiden­
povos não-europeus.
te ou do caudilho da belle époque. Qual­
quer amostragem de suas pinceladas
produz um quadro convincente. Ele es­
creve sobre as sociedades urbanas que
tinham começado a se distinguir das ci­
dades patriarcais do interior, controL�das Certas características da pawlogio bur­
ainda por aristoc racjas vigorosas e bom" guesa de Romero aplicam-se às cidades
gêneas, uma "democracia de fidllgos". da Europa ocident.I
l
Sociologicamente, porém, as estruturas obsCUlte: como aprendemos com São
AS 00.(1)[\ "PER�tRlC4l' mIO .\lUAS cu.TUiAJ\ 217

Petersburgo e Viena, e como é \'isível no Como nem a América Latina nem o


Rio de janeiro de Machado de Assis, não modemismo são monolíticos, a campa·
se pode dizer que a periferia reOita o ração de algumas poucas arenas urbanas,
centro. Uma imagem espelhada não telll por mais esquemática que seja, pode aju­
raJúmale autônoma além da reversão dar a particularizar e a aprofundar nossa
gratuita de direita e esquerda. A cidade compreensão daprlse de consclence mo­
periférica não é mirnética, mas responde dernista da década de 1920.33 O ponto
a uma lógica interna. Paris podia inspirar de partida óbvio é São Paulo, uma flores­
parcialmente, mas não podia in'icntar a cente capital financeilll e teUiológica que
biperconsciência do bomem do subter­ Cora catapultada de séculos de vida exí­
râneo de Oostoievski, ou a psi. cm:llise de gua e espartana paIll se tomar o cen tro
freud, ou as paclbolas dan tescas de Ma­ industrial mais atu alizado do continente.
chado de Assis. Se os latino-americanos Forças econômicas invisíveis, rn.'1is que
do f1n-de-sikle se preocuparam com o movimentos políticos comunitários, ha­
arcaísmo e a entropia, isto se deveu, po­ viam produzido a transformação. Em
delitOS supor, ao fuo de eles não enxer­ uma cidade cujos traços coloniais haviam
garem promessas redentoras de origeul desaparecido, cujas ruas Coram inunda­
popu1are nativa nem poderem antecipar das por ilali:mos, sirios e japoneses, cujo
com cerre711 como suas sociedades urba­
céu foi perfurado da noite para o dia por
nas modernas reprod uziriam uma dinâ­
chaminés, a im.'lginação livre Coi desafia-
mica da mudança. •

da não a entender mas a ver, náo a expU·


Após a virada do século e dUra0 te as
car mas a apreender. foi pedido um ato
dé<adas que encerraram a jcbde burguesa
de cognft;ão. Em Paulicéla desvairada
de Romero, esses Impedimentos a uma
(1922), seu primeiro livro de poemas da
prlse de começU'"am a deslll�
maturidade, Mârio de Andrade (1893-
ronar. Isto aconteceu quando a própria
1945), o "papa" do modernismo paulis­
EUlOp� col'elimentou a crise de nervos
ta, foi descaradamente lírico em relação
associad, com a tecüllmção, a mercuto­
aiz:u;io, a alienação e o desenCldeamento a São Paulo. O poema de abertura chama
da violência, e conceihI3IiZ:!l1:! no moder­ a cidade de "comoçío de minha vida".
nismo, nas contradições neomarxistas, na Mesmo com a sua identidade histórica
decadência splengeriana e nas invasões apagada pelo comércio e pela indúslria,
freudianas do inconsd<:i1 te. A prlse de São Paulo podia ainda ser vista em anti­
consciena latino-americana precisava gos termos carnavalescos que transporta­
vam o observador para uma Cesta arlequi­
«p'amen tedes" dissoluçãodas rattona­
/es evolucionária e mdiorista A Europa naI de cinza e ouro, cinzas e dinheiro,
ofeteria ago... patologias tanto quanto arrependimento e voracidade. O mundo
modelos. O desencantunento weberiano do poeta não e ... um mundo que ele
no centro lançou as bases para a "milita­ decompusera, como um imagista ou sue·
ção nas bordas. Como suas insinuações realista poderia ter feito, nem um mundo
brotun da sociologia política, a transição que se decompusera ou perdera seu cen­
que Homero posntia das cid,ules burgue­ tro. Tratava-se antes de um mistério que
sas para as cidades "massifll'3d;')s" por 'VOl­ se autopropunba, estimuIando-o a evo­
ta de 1930 deixa escapar o signillaulo do .car a figura do polichinelo que simboli­
.
modernismo Iatio o. Por isso zava o mito antigo e o ser solitário, a Cesta
mesmo, sua análise é essencial paIll o e a tristeza, a 10ucUlll e a s:Jbedoria. A
entendimento do que chamamos de "sin­ tradição cuhural e a raciona1izaçio im�
copação" da resposta Ialino-americana. sitiva fun dirarn-se !Ia poesia de Mário de
paulo .industrial
A Il...·
"'JS � da dt''''da de 1920, há

Buenos Aires C o IIonaso.


O oolllplell",010 de Borges é JIob<'1O
Alil (1900- 1944), filho de imigraoleS da

IOOU ta010 na culnIra de ca'nrf do ta0go de seu " illpO e lugar, espcdClf'3il__nte
oa ruJtwa aqt!des IirniIeS dmliO des quais se mo­
10&. Mais que outras cidades 'adoo-a.......
vll__ntava.37 No entlDlO, bi 60 intensa
i
ficaoa', &IC!I<» Aires (X"upartjlbava do
etboE do """,CIuKIIVl de traoSC:fndeu o nanlralj$llM) par.a che­
ocjdcotll, de modo que os gar, 00i"1O Borges, ao domínkl do pata-
mlms da e da cultura uginoaje

ou

' -
j({lXl d
lue«(ra contra IÇ'oenlle5"la $'tl'2
.

çãoe os .,"010 que pro«5SJ O cas:unen­


história. Um amhienae primitivo de
&o é a dásW:! frllSl'nção que a
moosuos, SC;f{ns e magnetns que mn-

à rorina elerna As siurlrias asslISlaol2S


o
fundei" as bússolas dos navios CX)C'-isre
de Blake COQMmioam o mundo de ArlL
oom a babanera do primeõro (eal'!io e
Apmqinua que vai para casa ao encooliO

de<asa que (cecioe o DWido se pinla


aDIeS dele chegar. O filho de imigraoleS
tQj a nov.a poúria ao aoeiMr os ideais dos
entidade psíquica rom um ....

pais, luas trai esses ideais ao aceitar a
QllíscjQM), oa qual "nada do que -dSlDI se pálria. Poc 1Oda5 as narrativas de Alil
ILij dissipado C rodas as f,aws anteriolcs rone o tema da traição, assim oomo pela
o"rula popular do tango e do salnete.
Alil boça. assim, uma ponte en\re Bue­
nosAircs ea alienaçãodOSloieviskianado
hOIiKm udpoo no Ocidente. Seus para­
doolJS e bbirinros, originados das yjtbs
dacm:Se, junta,,",Ilte oom os de Borges,
das fronteiras da epistemolo-
21'

DO numo" o ttv'idolal das G ,crd>cns,


b,ipOlldo o.sto. -. A
No conin
ihI
h dojs JWW'1m caMah para aprlsle de
11 . . . .

da de 1920. Um t a Ckhde do
'Im m.lO do de 00solescI'ruia cakidc!JCÓ.
11m pica., no '1"411, scguado a (lllUM;O do
Manljesto romunfsta. "'udo quct ""'ido
d I 00 u". Sc o ...Jajealln co.....
do de dcw:r de: espaOtar 'boIS panllDa das ..... 11 ... ' •• -.

notíriac", O outro f. Uh,!. capital de 11m


de
nto. Aqui, O
.1; -an. o
".
-

, ... . , "'

··-' ''
pr'I'I �g

nae puboiu;ãn de .""s hdaoças? Todas as

do Per" dos anos

"' .. .

au'
" '',
tiro NjooI." I (1825-185S).
paa m'moç"

�_ .ís"
nesse 2mbkoac
a muito
a de �bCihaD Bc....30, que iotapuu a _ ... .. ... - , � de
"atalh1a da "�wlilj1adc" na
pnS*jll" da E"copJ WIü n=firafociae pa' . . " .

a
Janeiro de Nrlxlo de Assh, Ihais per­
mksho
ai". Na R/íccu, a modc...khde bi ioau-
a tenfio cn� a a'raç20 pela
c l.
"Wlõmia c poIí,jc:a c a smnçá<> de que:
....
220 ESIUOO1 HISTÓijeOl - 199sn l

ses sociais, para a liberação espontânea Lima, traçou um diagnóstico doméstico


das forças sociais e psíquicas reprimidas. revolucionário comparável ao de Tcher­
Foi lá que o homem do suhterrâneo de nishevski, ou quando Roberto Artt desco­
Dostoie ..ki parou de se insinuar como briu o homem do subterrâneo em Bue­
uma enguia entre os pedesues e levan­ nos Aires Mas isto não quer di7er que os
.

tou-se para bater em cheio contra o ofi­ paí= em desenvolvimento repetem os


cia1 aristoccltico. estágios uns dos outros: eles não o fuzem,
A pactir da perspectiva Nevsk.i e dos assim como não imitam os dos países
buJevares de HaUSSOl.'UlR, Bennan mos-. desenvolvidos. Afinal de contas, os sábios
lrÓi seu contraste entre o modernismo mexicanos estavam projetando Galileu e
do subdesenvolvimento e o modernismo Gotssendi em sua capital ortOgonal antes
das ruas parisienses. Por maior que fosse mesmo de São Petersburgo ser apenas
seu desprew pelo "p rogresso ", Baude­ um lampejo no olhar de seu fundador. A
laire sentia-se parte de urna turba que resposta latino-americana à moderniza­
poderia se mobili",r para afirmar seus ção foi ao mesmo tempo mais dócil e
direilDS: "Ele pode sentir-se como um mais recalcitrante do que a da Rússia,
estranho no universo, mas está em asa como inferimos de Machado de Assis.
como homem e como cidadão nas ruas
Aí está a questão. Se a perspectiva
de Paris." Em São Petersburgo, nem as
NevslU precedeu os bulevaces de Paris de
forças de produção ainda tinham sido
urna geração e a haussmanni",ção do Rio
implan tadas nem os oprimidos partilha­
de Janeiro se fez urna geração depois
vam de urna tradição defratemilé. Daí,
deles, esta última parece urna nota de
o significado da manifestação de rua in­
rodapé, um reJJexo. A "perspectiva Nevs­
dividual e a necessidade de invenrarurna
lU" de Machado de Assis não foi a avenida
cultura política subterr.inea ex n/h/lo.
Central, que só foi na cidade nos
Este solo exótico instilou no modernis­
anos fin:ús de sua vida, mas a rua do
mo "urna incandescênci... desesperada
Ouvidor, uma rua de dez quadras, estrei­
que o modernismo ociden tal, lão mais à
ta e tradicional, que se tomou a vitrine
vontade em seu mundo, raramente p0-
dos aaavios europeus e o ponto de en­
derá esperar alcançar". DostoievslU ensi­
contro das elites. Aqui o escravo bêbado
nava que, quando os homens do subter­
ocasional ou a mulaaa insinuante eram
cineo afirmassem suas próprias abstra­
intrusos, párias. Era rn."lis um ambiente
çôes e intençôes, a espiritual iluminação
que confirmava o status quo do que,
de rua de São Petersburgo ganharia um
como a perspectiva N cvsk.i, o suspendia.
novo brilho. Isto na verdade começou a
O professor primário da cidade do inte­
acontecer em 1905. rior de Machado de Assis guardou da rua
Berman sugere que a América útina, do Ouvidor a lembrança duradoura de
na expressão de Octavio Paz, também ter visto um negro sendo levado para a
40
eslá "condenada à modcrnid
..de" e agora forca. Mactinez Estrada traçou conclu­
abriga as conCronL"çôes que ele explora são semelhante para a CalIe Florida, a
em São Petersburgo. Natur.wnente, a grande rua comercial de Buenos Aires .

Américaútina é urna hmília de países de Como a do Ouvidor, era uma rua antiga,
difeieote5 Tr.ljelÓrias, e nela não se pode sendo em 1823 a única da cidade com
identificar com certem uma única São pavimentação de pedra. A Calle Florida
Petersburgo. Por certo aceitamos implici­ não é urna inserção confronaacional de
tamente que aprise de conscience russa modernidade. Suas vitrines expõem mer­
da década de 1860 repercutiu aqui na cadorias "acima de nossos meios e fora
década de 1920, quando Mariátcgui, em de nosso destino"; dentro de sua grande
AS OOAD[S "P[iIFt�[A\- COIlO AROOI CUlTURAIS 221

ficção, "todos se enganam a si mesmos do Ocidente deverá finalmente dar aten­


sem objetivo"; a Calle Florida cria ilusões' ção a eles e a seus sucessores.
e não agenda.41 Os "redistas fmtástiros" não são ne·
cessariamente atraídos, como Baudel.i­
Muitos hislDriadores, talvez dese.pe­
te, Dostoievski e Freud, para temas da
rados diante da multiplicidade da Améri­
vida urbana, porque es'ão annados com
ca úlÍna e impacien tes com sua resis­
a recalcitrincia da mesma forma que com
tência seletiva aos
axiomas da moderni­
a ruptura. Ainda assim, a metrópole ine­
zação, acatam uma interpretação que fiz
vi Lavelmente incendeia a imaginação,
da região o rabo do cachorro do capita­ _
nao menos que a aldeia onírica, o árido
lismo internacional. O envolvimento
in teriar brasileiro ou a fron teira am:\ZÔ­
econômico com O exterior period.i7;J. seu
nica. A tenl:ulva de identificar espaços
tratamento e, para onde quer que olhem,
urbanos emblemiticos na América útina
do século XVI ao xx. detcct:lm a comer­
contemporlnea ab'y;tr1a o escopo deste
cialização inexorável dos laços humanos
artigo. Mas pode-se supor que eles não
e a transformação de castas em classes.
são os equivalentes dos bulevares pari­
Nossas testemu nhas internas, porém, su­
sienses ou da perspectiva Nevski, e que
gerem que o mbo do cachono abanou
com firmeza Os estopins urnanos de suas ambigüidades são mais an tigas do
que as do RingSlr.Js.se de Viena. Mais que
mudanças foram menos identificáveis,
arenas de conllilD e lr.Jnscendência, eles
ou menos porten IDSOS, do que em Sio
seriam arenas de acomodação e resistên­
Petersburgo ou Viena, e a América úlÍna
cia sob a sombm da autoridade onipre­
de oOlem nio prodllziu nenhum Dos­
sente mas nio onipotente. Revelari.�m
toievski ou Freud para virar o espelho na
uma combinação inconsLwte de pers­
direção da modernidwe ocidenL-.I. Mas
pectivas, com o mais moderno e ociden­
os artisL-.s modernisL-.s da década de
tal por Vl"7eS aparecendo gaslD pelo ma­
1920 e os romancisL-.s a partir da década
nuseio e com o mais venerável, e até
de 1950 criam novas visões e levantam
mesmo o mais exótico, freqüentemente
questões atuais. Ees desafClm a eficíci3
evidenciando a "razão vital" de Ortega. O
do tempo evolucionário. Questionam se
mal mais ameaçador aqui poderiam ·ser
os traumas e o molde formador do pas­
os p«:Jdos mortais danteseos do Rio de
sado são canceláveis. Os romancistas
Janeiro de Machado de Assis, e não ne­
exortam de milhares de maneiras a Amé­
ces.ariamente a desumanização da "se­
rica úlÍna a esL-.belecer fronteiras à ra­
miperiferia" de K:úka, embora a esperan­
cionalização e ao desencanto. O moder­
ça de salvação talvez brilhe mais na reli­
nismo é, de muitts maneiras, coerente
giosidade dos grupos ou nos vesúgios da
com o seu "realismo fantástico", e Gera·
história sempre presente do que na retó­
via Paz afumou que, sem as energias
rica populisla e na prosa da sociologia
criticas modemisL-.s, a América L1tina cti­
emptnca.
, .

ria no cesarismo frenético ou na força


opressom da burocracia. Mas, à medida Cada país, cada regiio da América ú­
que o "jogo final" pós-modernista de tina certamente possui ",cnas desse tipo.
Samuel Beckett avulta no horizonte, os Se IOssemos procurar as mais amplamen­
camin hos cultul".lis passam a divergir te expres.ivas, poderiamos esperar en­
mais acen tuadamen te. O malicioso p..iI­ contrá-Ias na Afro.América, o cintucio
marote, O astuto Anastasio eI Pollo e o carnavalesco que se estende das Antilhas
irônico homem do establ/sbment que foi ao Brasil, onde as sociedades e as culturas

Machado de Assis acabam revelando-se, sio menos segmentadas do que na Indo­


nio esquisilDS, mas proféticos. O resto América e menos bloquead-.s do que nas
m
-

=nca. Basta CO(l)llba ncm a an(giUM"rHação e a bo-


jX!lInr no T.opican". fih Havana, de Ca­
biela Inbn� "o calxart MAIS &bllloso bod e da "RMera"
do l\fUNOO", ou 00prodigiosn
na tendi., pteklêuria
na
1OIer1oriJ i eai_v da

à batida e à da guoracha de
Macho CallucbO: NA YWh é unra rois:a
fenomenal; para fialle ou� u:1s,
ninrb e ducb3mpboa do tiuebol e das
remo quer que wxê baboo:. Os dois
esc:ohs de SJmIn A seguir, 1em início a
C'SCIÍ1Ofes enudaçzm um "()dcL,.�" de
leoaa inwsão de banhistas de tocbs as
IltJU gostO, roc.irtil2do, pl1!1C1l5ioso, e
. '
un ta cuIbJra esIridente, seOUCOIiKUQI...
-",
.

?;Ida, maliciosa, de origcos afn>.iI",<o- .


lUnst
a idosos muglDaK
s
,"
• .

Os grupos socbis e élDicos se aOVJDtmm,

tjcaCiwnte CK,JOS'DS SI'bd:ituem su tilmen-


te as bKiarquns dos ambitiltes de uaM
lho pela deu__ntlc hierarquia corporal.
poder popular, mídia eLebÔOica a ritmos
Generais do &trcÍlO podem ser turislas
lJibais As lâmpadas de "..gnésio nvxter­
dames podem ser
oNa. substituem 05 bials de g;is bruxu­
flTandes
plusliol';)s A l31'de, o futebol e o YÕlei
teaoleS de Machado de As!;, apenas para
rouoom brgos tiohos de arei! aos m.
prod,qjr os dics da clmea, angulados e
nhims e liqueE nTm as batidas fulUmb5
jofioi.amnue reproduaívcis, que irão
de pistão dos COUed01CS eu. unt) coreo.
capw seu quadro daoleSCO.
grafia IJibaI Sob as ondas huutm3S e de
e espiJ"tJ, sente.se agora o refluxo dos
IiKDOS il;.;xlja.incb. o observ.Idor pode g;uis ">lidos de cor-de-branja que lim­
fazer diretamente o recooh ecil.h1110 das pam a praja, dos >'Cndedolcs de comida
praos do Rio de janeiro. Desde 05 dos C! bebida cobendo remo moscas na areia
de Machado de Assis (que pensava que e dos ubíqu05 moIeqiJCS ou pÍVCIes aleD·
Copacabana, ,� por IÚnd ao centro lOS a bolsas ou IOOlhas que em algum
do Rio em 1892, oferecia um Iug;u agra­ momcnto deixem de ser vigiacbs. AI:J cair
dáw:l e excêntrico p.3r.! Ullti1 casa em um da noile, ch cg.am as prostitutas, 'anlO
mundo de areia c lIur� e desdc a décP­ ClIlplifg;unsgcnm que be,lscam tneiosde
da de 1920 (anos do Copacabana Pabce dar de comcr a aiJnÇa5 $Cm pai, quanlO
Holel, um pedaço dislanle da Côle d'A- pro6ssionais astutlS carnes de habilido­
mr, cup perSL'1"WÇ"O milo DVlOUmeo.to sa' picslidigilaÇÓCS com 05 relógios e as
. -

hislóriro dos anos de ouro do Rio de candr:lS iccheadas dos clkntes. Depois
janeiro está hoje em debale), os políLicos que cscurece, acólilOS invisíKis arendlecimo
ampLiatam ronsidera>'CJmenIe as prnos velas a deuses dCSOOleci lh dos, em ofe­
em uma estra1égia populista de padftM reodas feiras com MchaÇ! barata ou com
çío. Ainda .ssim as praos cariocas reiC .. uawSS3s brias de boa remida e champa­
CIda5 como pão.c<irco não são aqudas nhe. O refluxo bUIINOO obtcie seu triun�
expuiali(nbdas como lC3tro. Aqui náo se fo cOlÍdbno e se roncenua em sua onda
223

.
gqpnresca 20ual par.il OS nhl31$
" de I;eni_ 7. M·lroIm 1lradbury e)amcs M. _
. . -
OSDIO,' ' ' 1 :-' muita-
1"3çao esup� ' sc..'·nos
, . nc (orgo.), ModemIsm (Iiarm

e dissolulO.lS de dasses, de que p:utid­ 1976). cap 3.


p>m milhões de pcS'OOs 112 noite do a O � ���aYau ��
e!li ADanJ;;lOik c Sct:pNli Tou'mio. VlIJIiJInu­

&..en �se bem oporquê<bspiC""" uln', \''''1110 (NcA' Yod<, 1973), c Cad I!.
So.iOI'!ke, FI
"de. lA:Je VIt'DiQ (Nca' York
r;oesn-"", do anuop6'ogo conin a interpreM 1981). Este último foi Indu,jo1o para o �n.­
ção de Copacah1oa, a "utopia wbJoa",
&In pv Denise Doarmo: 'VImaJb.4=·sIkJe,
mmo /OCUS de aljenaç1o '" A reifica..
" ".
poIÍlica e aJlura (Sõo p,,,1o, 1988) .
Çio, a indiw:hmç1o e o COlSU mjslllo fS
lijo longe de 100.... o l� de aDlips
JD()I'3lidades, asscxi3çôes e Ohl3is Diao·
10. WoodlOk' Borab. "Ft"q:<an culttual
te desse espetículo. ao li;smo tempo
inOucnae in Ibc: ra...·!ion ollbc: Iint pIan foe
modeiUo e atemporal, Baudebire e, sim, wban CU"CTI ma' bashucd 10 our rj11o.c". «lil
até 11___5[DO DosIoicvski, patC('C1II esqui- R P. Sch'cdcJ Cl ai
silOS. E nós >is/umb rnfDOS fronlcir:ls n�
.•

J!lÃW en Am {;Ica lallna (Linn, p.


Y.IS, ou recé:Jn.icnovadas, da nosSl hisl{).. 3So54.
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11m l'iajaote p:llIlisa e fuwro Ulipn::drio c
N.....
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J(ejlecllons, p. 15So200 (lr.Id,'ÇÍO br:05ilc:ira
I'6lIdo thimancha no ar. a aventura. da �
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demitiaM (Sõo ""uIo, 1982).
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pensadores), SOo p,."o, 1975), bIa da r.oiv.a 13. Minha sinopse de+<: mnilo a R.1ymun­
impotcnlC do pocca vis-Q.vis as cm5S3S metr"f> do Faoro, Machado de Assú- a pirâmide e o
poIit:m:lS :unortos. Ver tambélu, de Ilenj:uniu, /T
a"..." (Sõo p,uIo, 1974).
o.arres 8audelalre: a l)ricpoel In lhe era of
blgb capllaltsm, lr.Id"zido para o inglês poc
HanyZobn (Iondn:s, 1973) ou Cbarles Boi"
delohe: um lírico no '"i,W do C"AplllIl/.sJno,
tc:Idl[ziclo patil o português (XX" Jcyé CarIo5
Martins B,<\x>s c H.rnerson Alycs Baptisa 15. M;acb,do de Assis, "'EvoIuçio", «i!i
(5;0 P,ulo 1989).
Obra compklo (4' cd. Rio deJ:mci.ró, 1979),
YOI. n. p. 703-8.
4. Don:lId F:u11lO',DosIoevsky and/'IlmQ7I­
IIc realtsm (Cbicogo, 1967). 16. Macb;J<k:) de � Wfeoóa do mma­
Ib;o", ao Obra compIela, op. cit, >Oi. n. p.
5. Bwmn Plk.c, op. aL, p. 89. 253-95. Enudanto. o avnpcAI,Imm CO afetho
6. Don:lId FanIlO', op. cit., p. U6. foi um antídOUl sanptt pi(:5cru:e par, O fcw·
224 ESTIIXlS HISTÓRJ(OS - Im/ll

malismo e • pomposidade brasileir:ls, Quan­ .. argentina", Desarollo Erolm


r ld lco, mI, 20
do o telefone chegou à Viena., "as cham3das (1980), 271-4,
limitavam-se a 10 minutos. dos quais pelo 25, Miguel S:unper, La mlserla de Bogotá
menos seis eram t.ornados poc deliáasos ara­ y alTos esaltos (Bogo� 1969), Ver também
bescos proux:obrcs" (Monon, op, cil, p, 38), Tulio Halperin Dongbi, Historio rontempo­
É dificiJ im'giJUr que isso pudesse .contecel' ranea de An .él/ca latina (2' ed" Madri,
no Rio de Janeiro, onde blagucs e congr:>ça­ 1970), cap, 3,
mm.tQ5 suavizaram o advento da mexiaILÍda­
de, rejuvenescendo, dessa forma., as bicr.lC­ 26, Manus B. J=.Japan mui Its world,
quias locais, lwo allt"""s o/cbange (Princeton, 1980), p,
38, 44-5,
17, "A nova gemção" (1879), em Machado
de Assi� Obra rompkla, op, cil" mI, lII, p, 27. Eugen Weba, hasants Into Frencb­
men, lhe modern/mlton o/ rural France,
810,
187()'1914 (Stanford, 1976),
18. Oickens, Thadcc'ay, B:dnc e Flaubc:tl
28. Donúngo F, Sarmiento, U/e In the Ar­
est:lv.un nas CSt:lntes de Machado de Assis,
gent/ne Jlepubl/c In the days o/ the Iyrants
mas Zola não, O que ele tinha de D:uwin e
(New Yori<, 1961) e Travels In the Unlted
Spencer forneceu-lhe m:ueriaJ p3I'3 a "HlUl\.õr
States In 1817, tr.Iduzido pasa o inglês por
niw", ClÇooda sobre o positivismo an Memó­
Michael A. RockJand (Princeton, 1970),
riaspdslumas de Brás Cubas (1881) e Qufn..
ros Borba (1891), Jean Michel Massa, "LI 29, Antologfa de rost!<mhrtstas vene;:n/a­
bibliothl:que de Machado de Assis", Jlevtsla nos dei sI[io XIX (Caracas, 1964), p, 92·107,
do Livro, vol, 6 (1961), 19S-238 30, Usei • edição de Fausto de Horacio
19, R Ma�ãesJúnior, Machado de AssIs Jorge &0:0, com prólogo de Jorge Luis Bor­
público (2' ed" Rio de Janeiro, ges (Buenos Aires, 1969). O estudo critico de
1970), Enrique Andason 1mbert, Anállsls de "Falls­
lo" (Buenos Aires. 1968) foi útil,
20, Helen Cald-u. Machado de Assis, lhe
Braz/llan masler mui bis noveis (1lerkeley, 31. N:lAlemanha, . 6pern de Gounod nem
1970), p, 67, sequer é cham3da Faust, mas Margarelbe.

21, George Sanlay:m:l. "Dante", em 1bree 32, Imbert. op, cil, p, 32,
pbllosopblcalpoets (Cambridge, 1945), p, 73- 33, O bolanço apresentldo nCSIa pane do
135; Mark Van Oocen, "The Divine Comedy" , artigo resume r.lpidamente parte de outro
a.. 1be nobel volce (New Yori<, 1946), p, ensaio em andamento.
172-230, 34, Jorge Luis Borges, Obras completas
22, Edoaedo Bizzacri, "Machado de Assis e (Buenos Air� 1974), p, 81, O poet:l posu:­
Dante", em O meu Dante, Instituto Cultural riormente mudou o adjetivo do útulo de "mi­
tológiCl" pó1l2 "nútica".

ltalo-Brasileiro, C,demo 5 (São Paulo, 1965),


p. 131-44. Ver também Mário de Andrade, 35, Sigmund Freud, ClvIl1zatwII mui i/5
"Machado de Assis", em Aspectos do Ilteratu· dlsron/ellts (New York, 1961), p, 17, Tradu­
ra brasileira (4' ed" São Paulo, 1972), p, çãobrasileira, o maJ-estarllQ c/vüimçiio (Rio
89-108; Jean Michel Massa, "LI présence de de Janeiro, 1974),
Dante dans l'ocuvre de Machado de Assis",
36, Jorge Luis Borges, "AutobiographicaJ
tt..desluso-bréstliennes, v, 11 (1966), p, 168-
essay" , em 1be AJepb mui otber S/orles 1933-
76; Cald-u. op, cil, passim; e Luís da Cõm;u:o
1969 (Ncw York, 1971), p, 155, A versão de
Cascudo, Dante AJlgbferl e a tradlçãc popu­
Fervor. . an Obras. . (l i-52) esú muito revis­
lar no Brasil (Pocto Alegre. 1963),
, .

ta em relação ao original.
23. Va"'''':, eJacó (1904) e MelnorlaJ de
37, St:lSyS GOSt:lU� Buenos AIres y Arlt,
Aires (1908),
DostalevskJ, Martinez Estrado y Escalabrlnl
24, José lA!is Romao, Latlnoamérlca: las Orttz(Madri, 1977); Diana Guerrero,Roherlo
clruJades y las ldeas (México, 1976). Tulio Arll, el habllante JOlllarlo (Buenos Aires,
lWperin Dongbi faz uma análise do li vro em 1972); David Malda..ky, las atsts en la nar­
"José Lllis Romao ysu lugaren la historiogra- rativa de lInberlo Arll (Buenos Aires, 1968),
AS OOADB ·f[ilftmus· mIO AiEIIAS CllTUiAII 225

38. M:lr.iball Berman, Tudo que é sólido tr.Iduzido para o inglês por Gregory Rabos..
desmancha no ar: a aventura da modelnl­ (New Yoel<, 1980). Ambos foram ediudos no
dade, Op. ciL Brasil: Três tristes tigres, tr:lduzido poc SteUa
39. Ver tunbém Eugcne Lunn, Mar.x1sm & lronardos (Rio deJanciro, 1981), eA lf/IOI"a­
,noderntsm (Berkeley, 1982). cba do Macbo Camacbo, tr.Jduzido por Eliane:
Zagury (Rio de Janeiro, 1981).
40. Jdfrey D. Necde1l, "1be origins ollhe

Carioca BcUe Epoque" (dissertação pua 43. na, o mundo de Machado .. , p. 46.
Ph.D, Stanfoed Univasity, 1982), p. 381-6; 44. Gilberto Velho, A utopia urbana (Rio
Miécio Táti, "Ouvidoc, a sedutota", an O de Janeiro, 1973), p. 92.
mundo de Machado de Assis (Rio deJanciro,
1961), p. lIH4; Macb:ulo de Assis, QlIlncas
Borba, C1p. 47, em Obras completas, op. ciL, (Recebido parapubllcat;do em
vol l. abril de 1995)
41. Ezequiel Martinez futr.lda, )(.ray ofthe
Pampa, uaduzido para o inglês por A1ain Rlchard M. Morse, bislOriadoe n"""amo­
S"kllicki (AUSlin, 1971), p. 248-53 (primeira ricano, é aUID< de O espelho de Próspero:
publiClção em 1933). cultura e idéias nas Amérka< (São Paulo,
42. G. C,b,= Infante, Tbree trapped 11· Companhia das I..etras, 1988) e A volta de
gers, tr.Jduzido para o inglês por Oonald Goro. M elubanaima: cinco estudos solenes e uma
ncr e Suz:mne Jill l.evene (New Yorl<, 1978); br/nradelra séria (São Paulo, Companhia das
Luis Rafael Sáncbez, Macho Camacbo 's beaJ, Letras, 1990).

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