Gestão Do Conflito Escolar - Chrispino
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Gestão Do Conflito Escolar - Chrispino
Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.15, n.54, p. 11-28, jan./mar. 2007
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realizado por un instituto de pesquisa nha, Argentina e Chile, dentre outros, onde
que muestra la importancia que el joven já se percebe um conjunto de políticas pú-
atribuye a la educación, a la escuela y blicas mais ou menos eficientes dirigidas aos
al profesor y, también, su preocupación diversos atores que compõem este comple-
con la violencia. El texto aborda los xo sistema que é o fenômeno violência es-
conceptos de conflicto y de conflicto colar. Estes países possuem já alguma tradi-
escolar, presenta innumeras maneras de ção em programa de redução da violência
clasificar los conflictos y los conflictos escolar como apontam Debarbieux e Blaya
escolares a fin de contribuir para el (2002) e, no Brasil, é possível enumerar al-
entendimiento del problema e indica la guns estudos pontuais até aproximadamen-
mediación del conflicto como alternativa te 2000, quando passamos a contar com
potente y viable para la disminución de um número maior de estudos e pesquisas
la violencia escolar. Al final enumera sobre os diversos ângulos da violência es-
cuestiones que deben ser consideradas colar como, por exemplo, Abramovay e Rua
cuando la escuela se propone a (2002), Ortega e Del Rey (2002), Chrispino
implantar un programa de mediación e Chrispino (2002), dentre outros.
escolar del conflicto.
Palavras clave: Políticas educacionales. Os diversos estudos publicados em lín-
Violencia escolar. Conflicto escolar. gua portuguesa disseminaram idéias, acla-
Mediación del conflicto escolar. raram os problemas e listaram alternativas
já testadas em sociedades distintas, permi-
Introdução tindo que a comunidade educacional bra-
A seqüência de episódios violentos en- sileira reunisse informações para enfrentar
volvendo o espaço escolar não deixa dúvi- um problema importante, no esforço de ti-
da quanto à necessidade de se trazer este rar a “diferença” causada por alguns anos
tema à grande arena de debates da educa- de atraso na percepção do problema e na
ção brasileira. Os acontecimentos que se re- busca de soluções próprias. No rastro des-
petem nos diversos pontos do país, e que sas iniciativas, a produção acadêmica bra-
nos privaremos de citar por ser absoluta- sileira já começa a demonstrar bons resul-
mente desnecessário para a análise, expõem tados no tema, apesar de serem encontra-
uma dificuldade brasileira pela qual já pas- dos apenas 7 grupos de pesquisa no Dire-
saram outros países, o que seria, por si só, tório LATTES, quando consultado utilizando
um convite para a reflexão de educadores e as palavras chave “violência escolar” e “vi-
de gestores políticos, visto que o movimento olência na escola”, o que indica que a pro-
mundial em educação indica semelhança dução deve estar vinculada a grupos com
de acontecimentos mesmo que em momen- linhas de pesquisa e temas de pesquisa ou-
tos diferentes da linha de tempo. tros que absorvem os assuntos correlacio-
nados com o universo da violência escolar.
Já dissemos alhures (CHRISPINO;
CHRISPINO, 2002) que os problemas no- Experiências importantes vêm sendo re-
vos da violência escolar no Brasil são um alizadas como a do programa de Mestra-
problema antigo em outros países como Es- do da Universidade Católica de Brasília/
tados Unidos, França, Reino Unido, Espa- Observatório da Violência que já produz
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uma série de pesquisas focada na violên- No que pese tudo isto, recentemen-
cia escolar, mas correlacionando-a com a te o Sindicato dos Estabelecimentos de
visão docente (OLIVEIRA, M. G. P., 2003; Ensino do Rio de Janeiro – Sinepe Rio
OLIVEIRA, R. B. L., 2004), com a comuni- –, solicitou ao IBOPE uma pesquisa in-
dade (SILVA, 2004), com o rendimento es- titulada “O jovem, a sociedade e a éti-
colar (VALE, 2004), com a gestão esco- ca” (RIO DE JANEIRO, 2006), que re-
lar (CARREIRA, 2005), com a visão dis- colheu opiniões de jovens entre 14 e 18
cente (RIBEIRO, 2004; FERNANDES, anos. O resultado mostra o quanto a
2006), dentre outras. escola e a educação povoam o imagi-
nário dos jovens, o quanto estes ainda
Tudo leva a crer que o tema tenha ocu- vêem na escola e na educação instru-
pado um lugar de destaque na sociedade mentos importantes para suas vidas e o
e academia brasileiras, o que pode resultar quanto a violência na escola os afasta
na transferência da escola da editoria poli- de seus sonhos ou os amedronta. Veja-
cial para a editoria de direitos sociais nos mos alguns resultados:
grandes veículos de mídia nacional.
Pergunta: Dentre estes, quais são os dois
Educação, juventude e mais graves problemas do Brasil?
violência
A formação de opinião sobre a esco-
la e a juventude exclusivamente pelas
manchetes de jornais e televisão, resulta
numa visão por ângulos restritos da rea-
lidade educacional.
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Pergunta: Gostaria que você dissesse, para cada uma das pessoas e instituições que
vou falar, se você confia ou não confia
INSTITUIÇÕES CONFIA NÃO CONFIA NÃO TEM OPINIÃO
Professores 84% 13% 3%
Escola Particular 77% 18% 5%
Escola Pública 76% 19% 5%
Médicos 75% 21% 4%
Religião 71% 23% 6%
Igreja Católica 66% 26% 8%
Igreja Evangélica 61% 30% 8%
Televisão 60% 36% 4%
Rádios 62% 35% 4%
Jornais 59% 37% 4%
Pergunta: Para cada frase citada, gostaria de saber se você concorda ou discorda
PONTOS CONCORDA DISCORDA
A educação dos jovens deve ter limites bem definidos 82% 14%
No Brasil, é possível melhorar a 73% 21%
condição social através do voto
No Estado, um cidadão não tem só direitos, 70% 24%
tem deveres para com a sociedade
O voto pode mudar a situação do país 64% 30%
O importante para os jovens é viver o momento, 57% 40%
sem se preocupar com o futuro
Os jovens são desmotivados e nada lhes interessa 50% 46%
A experiência profissional é mais 49% 46%
importante que a educação
Os direitos humanos no Brasil só protegem os que 49% 44%
não respeitam os direitos dos outros
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Pergunta: Dentre estes, para qual pon- na escola como instrumento de mobilidade
to você julga que uma boa escola deveria social e de diferenciação para o futuro.
estar voltada? (1º e 2º lugares)
Motivado por isso, podemos buscar
entender melhor o que pode estar causan-
do a violência na escola, sempre lembran-
do que a nossa é uma leitura, uma pro-
posta, uma alternativa. Certamente haverá
outras, desenvolvidas e amparadas a par-
tir de outras percepções e experiências.
O conflito e o
Podemos depreender da pesquisa (1) que
o jovem identifica na violência o maior pro- conflito na escola
blema da sociedade atual, superando, in- Conflito é toda opinião divergente ou ma-
clusive, o desemprego; (2) que a escola ocu- neira diferente de ver ou interpretar algum acon-
pa o segundo lugar entre as instituições im- tecimento. A partir disso, todos os que vivemos
portantes para o desenho de seu futuro, per- em sociedade temos a experiência do conflito.
dendo apenas para a família; (3) professo- Desde os conflitos próprios da infância, passa-
res e escolas são as duas “instituições” que mos pelos conflitos pessoais da adolescência e,
encabeçam a lista de confiança com altos hoje, visitados pela maturidade, continuamos
índices percentuais; (4) os jovens, diferente- a conviver com o conflito intrapessoal (ir/não ir,
mente do que diz o senso comum, solicitam fazer/não fazer, falar/não falar, comprar/não
os limites próprios à juventude e (5) confir- comprar, vender/não vender, casar/não casar
mando o item 4, o jovem julga que a disci- etc.) ou interpessoal, sobre o qual nos detere-
plina rígida, juntamente com criatividade e mos. São exemplos de conflito interpessoal
diálogo, fazem parte da boa escola, para a briga de vizinhos, a separação familiar, a
desespero de gestores e docentes que de- guerra e o desentendimento entre alunos.
fendem o “vai-levando” ou o laissez-faire, (CHRISPINO; CHRISPINO, 2002).
certamente pela lei de menor esforço, já que
o salário é o mesmo no final do mês. Poderemos buscar, numa adaptação de
Redorta (2004, p. 33), grandes exemplos
Apesar de todas as dificuldades, o jovem de conflito nos conhecidos movimentos de
ainda crê na educação como alternativa e rompimento de paradigmas:
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Podemos esperar que, pela diferença entre • ajuda a definir as identidades das
as opiniões, haja conflito no espaço escolar. partes que defendem suas posições;
Um conflito criado pela diferença de conceito • permite perceber que o outro possui
ou pelo valor diferente que se dá ao mesmo uma percepção diferente;
ato. Professores e alunos dão valores diferentes • racionaliza as estratégias de compe-
à mesma ação e reagem diferentemente ao mes- tência e de cooperação;
mo ato: isso é conflito. Como a escola está acos- • ensina que a controvérsia é uma opor-
tumada historicamente a lidar com um tipo tunidade de crescimento e de ama-
padrão de aluno, ela apresenta a regra e re- durecimento social.
quer dos alunos enquadramento automático.
Quanto mais diversificado for o perfil dos alu- Outro mito importante construído em torno
nos (e dos professores), maior será a possibili- do conflito, e que está também sendo supera-
dade de conflito ou de diferença de opinião. E do, é aquele que diz que o mesmo atenta con-
isso numa comunidade que está treinada para tra a ordem. Na verdade, o conflito é a mani-
inibir o conflito, pois este é visto como algo ruim, festação da ordem em que ele próprio se pro-
uma anomalia do controle social. duz e da qual se derivam suas conseqüências
principais. O conflito é a manifestação da or-
Porém, o mito de que o conflito é ruim está dem democrática, que o garante e o sustenta.
ruindo. O conflito começa a ser visto como
uma manifestação mais natural e, por conse- A ordem e o conflito são resultado da inte-
guinte, necessária às relações entre pessoas, ração entre os seres humanos. A ordem, em
grupos sociais, organismos políticos e Esta- toda sociedade humana, não é outra coisa
dos. O conflito é inevitável e não se devem senão uma normatização do conflito. Tome-
suprimir seus motivos, até porque ele possui mos como exemplo o conflito político: apesar
inúmeras vantagens dificilmente percebidas por de parecer ruptura da ordem anterior, há con-
aqueles que vêem nele algo a ser evitado: tinuidade e regularidade em alguns aspectos
• Ajuda a regular as relações sociais; tidos como indispensável pela sociedade, que
• ensina a ver o mundo pela perspecti- exige a ordem e de onde emanam os conflitos.
va do outro;
• permite o reconhecimento das dife- Somente estudo e compreensão das rela-
renças, que não são ameaça, mas re- ções que existem dentro da ordem podem per-
sultado natural de uma situação em mitir o entendimento completo dos conflitos que
que há recursos escassos; nela se originam e que, por fim, são a razão
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de sua existência. Por exemplo, os sócios que brigam pela posse da casa onde moravam, mes-
brigam. É necessário ver as condições em que mo possuindo outras imóveis de igual valor. Na
se fez a sociedade e as expectativas dos sóci- verdade, a posição de posse da casa esconde
os. Possivelmente, cada um deles terá entendi- um interesse implícito: quem ficar com a casa do
mento pessoal das regras que iniciaram a so- casal tem a sensação de vitória sobre o outro.
ciedade e possuíam, por derivação, expectati-
vas diferentes. Instala-se o conflito! Classificações dos conflitos
A fim de melhor entender suas possibi-
O conflito está regulado de tal modo que nem
lidades, buscaremos alguns exemplos de
sempre nos damos conta sequer de sua existên-
classificação de conflito, pois, segundo Re-
cia. Como exemplo disso, temos o futebol ou o
dorta (2004, p. 95),
desfile das escolas de samba: eles excluem a vio-
classificar é uma forma de dar sentido.
lência como a entendemos comumente e prevê-
A classificação costuma ser hierárquica
em um modelo de comportamento cooperativo,
e permite estabelecer relações de per-
mas os interesses são frontalmente conflitantes!
tencimento. Ao classificar definimos, e
Acontece, muitas vezes, que o conflito é de- ao defini-lo, tomamos uma decisão a
flagrado e não sabemos exatamente o que o respeito da essência de algo.
provoca, pois a posição conflitante é diferente do
Vamos buscar algumas classificações
interesse real das partes. O interesse é a motiva-
gerais de conflito segundo Moore (1998),
ção objetiva/subjetiva de uma conduta, a partir
Deutsch (apud MARTINEZ ZAMPA, 2004)
da qual esta se estrutura e se distingue da posi-
e Redorta (2004) e classificações de confli-
ção, que é a forma exterior do conflito, que pode
tos escolares a partir de Martinez Zampa
esconder o real interesse envolvido. Os comerci-
(2004) e Nebot (2000).
antes têm interesses conflitantes: o vendedor quer
vender mais caro, enquanto o comprador quer Para Moore (1998, p. 62), os conflitos
pagar menos [...], mas os interesses são claros e podem ser classificados em estruturais, de
definidos. Diferentemente com o que ocorre no valor, de relacionamento de interesse e
conflito causado pela separação de casais que quanto aos dados:
TIPOS DE CONFLITO CAUSAS DOS CONFLITOS
Estruturais Padrões destrutivos de comportamento ou interação; controle,
posse ou distribuição desigual de recursos; poder e autoridade
desiguais; fatores geográficos, físicos ou ambientais que impeçam
a cooperação; pressões de tempo.
De valor Critérios diferentes para avaliar idéias ou comportamentos;
objetivos exclusivos intrinsecamente valiosos; modos de vida,
ideologia ou religião diferente.
De relacionamento Emoções fortes; percepções equivocadas ou estereótipos; comunicação
inadequada ou deficiente; comportamento negativo – repetitivo.
De interesse Competição percebida ou real sobre interesses fundamentais
(conteúdo); interesses quanto a procedimentos; interesses psicológicos.
Quanto aos dados Falta de informação; informação errada; pontos de vista diferentes
sobre o que é importante; interpretações diferentes dos dados;
procedimentos de avaliação diferentes.
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Para Deutsch (apud MARTINEZ ZAMPA, contatos entre si), latentes (conflitos cuja
2004, p. 27), os conflitos podem ser clas- origem não se exteriorizam) e falsos (se
sificados em 6 tipos: Verídicos (conflitos baseiam em má interpretação ou percep-
que existem objetivamente), contingen- ção equivocada).
tes (situações que dependem de circuns-
tâncias que mudam facilmente), descen- Para Redorta (2004), a tipologia de con-
tralizados (conflitos que ocorrem fora do flito é de tal importância que ele dedica toda
conflito central), mal atribuídos (se apre- uma obra a essa tarefa. Podemos sintetizar
sentam entre partes que não mantêm a sua tipologia, no quadro a seguir:
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com a assistência de uma pessoa imparci- as, das ideologias, do poder, da posse, das
al – o mediador –, colocam as questões diferenças de toda ordem; onde as regras e
em disputa com o objetivo de desenvolver aquilo que é exigido do aluno nunca estão
opções, considerar alternativas e chegar a no campo do subjetivo ou do entendimen-
um acordo que seja mutuamente aceitável. to tácito: estão explícitos, falados e discuti-
dos. Em síntese, devemos ser explícitos na-
A mediação pode induzir a uma reori- quilo que esperamos dos estudantes e na-
entação das relações sociais, a novas for- quilo que nos propomos a fazer.
mas de cooperação, de confiança e de so-
lidariedade; formas mais maduras, espon- Sobre a gestão destes itens, escreve
tâneas e livres de resolver as diferenças Heredia, citando Ray Scanhaltz (apud
pessoais ou grupais. HEREDIA, 1998), diretor de programas
educacionais de San Francisco:
A mediação induz atitudes de tolerân- Pedir aos estudantes disciplina, sem pro-
cia, responsabilidade e iniciativa individu- vê-los das habilidades requeridas, é
al que podem contribuir para uma nova como pedir a um transeunte que encon-
ordem social. tre Topeka, Kansas, sem fazer uso de
uma bússola [...]. Não podemos espe-
O primeiro ponto para a introdução da rar que os estudantes se comportem de
mediação de conflito no universo escolar é um modo disciplinado se não possuem
assumir que existem conflitos e que estes as habilidades para fazê-lo.
devem ser superados a fim de que a escola
cumpra melhor as suas reais finalidades. É possível, também pensar na introdu-
Há, portanto, dois tipos de escola: aquela ção do tema mediação de conflito no cur-
que assume a existência de conflito e o rículo escolar, o que seria uma oportuni-
transforma em oportunidade e aquela que dade para verbalizar a questão e tornar cla-
nega a existência do conflito e, com toda a ro o que se espera dele – o jovem – no
certeza, terá que lidar com a manifestação conjunto de comportamentos sociais. De
violenta do conflito, que é a tão conhecida outra forma, é dizer ao jovem e à criança
violência escolar. que suas diferenças podem transformar-se
em antagonismos e que, se estes não fo-
As escolas que valorizam o conflito e rem entendidos, evoluem para o conflito,
aprendem a trabalhar com essa realidade, que deságua na violência. Cabe ressaltar
são aquelas onde o diálogo é permanente, que esse aprendizado e essa percepção
objetivando ouvir as diferenças para me- social, quando ocorrem com o estudante,
lhor decidirem; são aquelas onde o exercí- são para sempre.
cio da explicitação do pensamento é in-
centivado, objetivando o aprendizado da Eis algumas vantagens identificadas
exposição madura das idéias por meio da para a mediação do conflito escolar
assertividade e da comunicação eficaz; onde (CHRISPINO, 2004):
o currículo considera as oportunidades para • O conflito faz parte de nossa vida pes-
discutir soluções alternativas para os diver- soal e está presente nas instituições.
sos exemplos de conflito no campo das idéi- ‘É melhor enfrentá-lo com habilidade
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Referências
ABRAMOVAY, M.; RUA, M. G. Violências nas escolas. Brasília, DF: UNESCO, 2002.
DEBARBIEUX, E.; BLAYA, C. (Org.). Violência nas escolas: dez abordagens européias.
Brasília, DF: UNESCO, 2002.
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RIO DE JANEIRO (RJ). O jovem, a sociedade e a ética. Rio de Janeiro: IBOPE., 2006.
Disponível em: < http://oglobo.globo.com/rio/jovens.ppt >. Acesso em: 9 abr. 2007.
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